SuceSSão Familiar
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SuceSSão Familiar
N˚ 11 - ano 04 agosto/2012 A Revista da produção animal Nutrition for Tomorrow Sucessão odoFuturo alimentar mundonasmãosde Familiar famíliasbrasileiras www.nftalliance.com.br Quando o assunto é lucratividade e segurança, confie na marca líder de mercado. A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos. MSD Saúde Animal é a unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc. MSD Saúde Animal 0800 70 70 512 www.msd-saude-animal.com.br índice 4 5 Editorial eventos 6 | Espaço Carne Giro na Produção Animal 8 | Prêmio Nelson Pineda encerraprogramação do Circuito Feicorte NFT 2012 10 | NFT Training 2012 Gestão 16 | Sucessão Familiar: o Futuro alimentar do mundo nas mãos de famílias brasileiras 28 | Cooperjovem 34 | sucessão: um desafio de gerações à frente Copagril 46 | Produção brasileira de leite será recorde em 2012? 15 | Megaleite 2012 Suinfest 2012 18 | Sucessão: a difícil quadratura do círculo! 29 | PROGRAMA FORMAÇÃO DE JOVENS LIDERANÇAS COOPERATIVISTAS 32 | Gestão e mercado 44 | Incertezas 14 | 36 | C. Vale 24 | A gestão antecipa e facilita a sucessão 30 | CONHECIMENTO AO ALCANCE DE TODOS 38 | Cooper Itaipu 40 | Famílias que mudam o mundo 48 | De onde vem a pressão? bovinos de leite 52 | Tamponamento ruminal em vacas leiteiras 50 | INTERFERÊNCIAS DA NUTRIÇÃO NOS EFEITOS FARMACOLÓGICOS DO rBST considerados no uso de Proteases para monogástricos Zilpaterol para suínos 78 | problemas de casco cooperativismo Notícias dos parceiros Tecno Tilápia COPACOL 82 | Rotavirose Neonatal e do Pós-desmame em Suínos Alta Gerência e Empreendedorismo 96 | frigorífico pamplona 88 | copacol 100 Locomoção aves 66 | Pontos a serem bovinos de CORTE 60 | Cloridrato de suínos 70 | Alimentos alternativos 56 | Escore de 101 Notícias dos parceiros Tiago Arantes, gustavo costa e cristiano leite na MSD Saúde Animal 102 agenda NT N˚ 11 I ano 04 I Agosto/2012 Expediente A REVISTA NT é uma publicação trimestral da Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída gratuitamente para a cadeia da produção animal. Celso Mello Diretor Presidente da Nutron Alimentos Comitê NFT Alliance: MSD Saúde Animal: Vilson Simon Nutron Alimentos: Celso Mello Serrana Nutrição Animal: Thaís Martins Gestão NFT Alliance: Alessandro Roppa Carolina Tanese Jornalista responsável: Fernanda Mello MTB 41.373/SP Produção: Júlia Magalhães Ilustração 3D capa: Gabriel Muller Terminado o primeiro semestre e conforme já antecipávamos, a crise econômica mundial se intensifica e seus reflexos já se fazem sentir acentuadamente em todo o mundo. A economia brasileira acusa o golpe e o próprio governo já oficializou redução do PIB para 2012 para algo entre 2,0-2,5%. Sem dúvida o segundo semestre será desafiador. Em paralelo estamos assistindo a uma escalada dos preços dos principais insumos das rações animais (milho e farelo de soja), como há muito não se via. O preço da soja “disparou” em função da seca na Argentina e Sul do Brasil, resultando em quebra da safra esperada em dois dos maiores exportadores mundiais. No embalo, presenciamos neste exato momento uma forte seca nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos, considerada a pior dos últimos 25 anos, que está afetando profundamente a produção americana de milho e soja, entre outras culturas. Este fato tem pressionado fortemente os preços destes ingredientes (e seus sub-produtos), resultando em forte aumento no custo de produção das rações animais, que infelizmente não deve se alterar durante o segundo semestre. Neste cenário desafiador, cabe a toda cadeia agropecuária buscar por alternativas que resultem em ganho de eficiência produtiva. Veja bem, não estamos falando necessariamente em redução de custos, mas sim evitar perda de rentabilidade (geração de caixa x despesas). Todos os fornecedores de insumos devem fazer o seu papel no sentido de ajudar o produtor neste difícil momento. Esta 11º edição da revista NFT traz informações que nos auxiliam no entendimento do dinâmico mercado em que estamos inseridos e cumpre sua missão de ser um difusor de tecnologia e boas práticas para o agronegócio brasileiro. Abordamos temas relevantes como sucessão familiar nas propriedades agrícolas e apresentamos um caso de sucesso no segmento de piscicultura, mais precisamente na COPACOL (Cooperativa Agroindustrial Consolata - Cafelândia-PR). Apresentamos também um resumo das ações e eventos da NFT Alliance no primeiro semestre deste ano, bem como a cobertura do Nutrition for Tomorrow Training, realizado no último mês de junho, que abordou a importância do processamento e da qualidade da dieta no desempenho de aves e suínos. Boa leitura a todos. Fotos: César Machado - Agrostock Projeto gráfico e diagramação: Produção Coletiva www.producaocoletiva.com.br Impressão: Silvamarts Tiragem: 15 mil exemplares Contato: [email protected] A revista em formato eletrônico pode ser acessada no site www.nftalliance.com.br Nutrition for Tomorrow Alliance é um projeto desenvolvido e administrado pela Nutron Alimentos que reúne empresas do setor da produção animal, concentrando o melhor capital humano e fornecendo conteúdo técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade dos clientes. A REVISTA NT é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos, pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia de produção animal. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e dos artigos publicados sem autorização. 4 NT Vilson Simon Diretor Presidente da MSD Saúde Animal A pecuária de corte brasileira iniciou uma nova etapa. Após uma longa espera, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) concedeu o registro do uso de beta-agonistas para gado confinado no Brasil. A MSD Saúde Animal foi a primeira empresa de Sanidade Animal a obter o registro em bovinos de corte, com o registro do ZILMAX® (cloridrato de zilpaterol). Esse marco representa um novo horizonte para a pecuária de corte brasileira, que precisa dar um salto em produtividade para manter e aumentar sua competitividade global. Agora, o Brasil tem um novo aliado para atender demandas internas e externas de proteína de origem animal de qualidade, com menor custo e de modo sustentável. Esse é um dos principais desafios do agronegócio: produzir mais com menos. Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informam que a população mundial chegará a 9 bilhões em 2050. Só conseguiremos atender a demanda de proteína animal com a utilização de tecnologias seguras e já estabelecidas no mercado, melhorando a nossa competitividade, sem agredir o meio ambiente. Novas tecnologias permitem utilizar ainda mais a lucratividade dos confinamentos. Agora, o próximo passo é conquistar a liberação de mais tecnologias já existentes e disponíveis globalmente, mas ainda restritas ao mercado brasileiro. Boa leitura! shaping tomorrow’s nutrition A Cargill Company GIRO na produção animal “Nós sabemos que é impossível impedir a migração do jovem para a cidade. Mas estamos, pelo menos, cumprindo o papel de orientar. Se o jovem quer migrar que eles sejam conscientes. E se ele quer permanecer no campo que eles tenham o apoio da cooperativa, tenha o apoio dos pais.” Maritânia Bagnara, da Cooper Alfa em entrevista sobre sucessão familiar. “Boi ladeira abaixo, milho ladeira acima e temos um pessimismo que não se via há muito tempo. O reflexo disso certamente aparecerá lá na frente, quando o segundo turno do confinamento começar a pipocar.” Lygia Pimentel, consultora na Bigma Consultoria e Agrifato. “A eficiência, da vaca a todos os setores da fazenda, mais do que nunca será o divisor de água entre o sucesso e o fracasso das propriedades leiteras neste cenário desafiador do mercado mundial de comodities.” Eduardo Vargas, Gerente Nacional de Negócios de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. “O potencial agrícola brasileiro não é difícil de enxergar. Difícil mesmo é entenderem que produzir alimentos para 7 bilhões de pessoas não se faz apenas com hortas”. “A expectativa é de que a situação seja amenizada e os produtores possam cobrir os custos de produção, uma vez que estamos garantindo renda para os criadores nesse momento de dificuldades”. Hyberville Neto, Scot Consultoria. Mendes Ribeiro Filho, Ministro da Agricultura sobre plano para amenizar a crise na suinocultura. NT 5 CIRCUITO FEICORTE NFT 2012 Espaço Carne encerra programação do Circuito Feicorte NFT 2012 Objetivo do Espaço foi promover o aumento do consumo, a disseminação dos conceitos de sustentabilidade e a divulgação das qualidades da carne A segunda edição do Espaço Carne, evento idealizado pelo Agrocentro e NFT Alliance com objetivo estratégico de divulgação da carne bovina nacional, esteve maior e trouxe uma série de atividades inovadoras para o público presente. Realizado dentro da Feicorte 2012 – 18ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne, que aconteceu de 11 a 15 de junho, em São Paulo, o Espaço reuniu 34 empresas que representam os diversos elos da cadeia com exposição de produtos e disseminação de conhecimento sobre a pecuária e produção de carne bovina. “Este ano tivemos um aumento no número de empresas participantes e de atividades visando fundamentalmente o fomento do aumento do consumo da carne e de suas qualidades, além de mostrar ao produtor a importância de investir no processo de produção”, disse Carla Tuccilio, gerente do Agrocentro. O Espaço Carne fechou a programação do Circuito Feicorte NFT, projeto inovador para a pecuária nacional que atraiu mais de 4.000 participantes, que representam 17 milhões de cabeças de gado, em quatro Estados. Como divulgado na NT10, o evento passou por Cuiabá (MT), Salvador (BA), Goiânia (GO) e Campo Grande (MS) nos meses de março, abril e maio. Sob o formato de feira de negócios integrada a um programa de workshops e palestras, o Circuito Feicorte NFT levou a produtores e profissionais da cadeia da carne a oportunidade de ampliar relacionamento, contatos, negócios e conhecimento sobre as grandes novidades em tecnologia, produtos e serviços para o desenvolvimento da pecuária de corte. Nas quatro etapas regionais, foram realizadas mais de 80 apresentações dentro dos painéis Tecnologia, Mercado e Gestão, com discussão de assuntos como avaliação genética, manejo, confinamento, cruzamento industrial, economia e tendências de mercado e gestão de pessoas. Allysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura entre Hudson Castro e Cidinei Miotto da Nutron Alimentos 6 NT Congresso Internacional Pecuária Corte O Congresso Internacional Pecuária Corte contou com dois dias de apresentações e discussões em torno do tema Posicionamento Estratégico para a Pecuária. Durante o Congresso aconteceu o fechamento do Circuito Feicorte NFT 2012. Dr. Luciano Roppa, responsável pela programação de palestras do Circuito apresentou os dados da avaliação dos participantes. “Distribuímos avaliações aos participantes em todas as etapas. Segundo estas avaliações, 94% dos participantes avaliaram o evento e as palestras como ótimo ou bom. Este dado comprova a importância do evento para o pecuarista.”, explica Roppa. Ainda durante o encerramento do Circuito Vilson Simon, Diretor Presidente da MSD Saúde Animal, reforçou a importância do Circuito e a continuidade do projeto para o próximo ano. “Quando a NFT Alliance entrou no projeto do Circuito Feicorte NFT tínhamos três grandes objetivos: difusão de conhecimento, união da cadeia produtiva e mudar o jogo da competitividade no Brasil. Isso é um projeto de longo prazo e, por isso, no ano que vem estaremos no Circuito novamente.” Allysson Paulinelli recebe homenagem durante Congresso Internacional Outras atividades no Espaço Carne Caminho da Carne: dinâmica que envolveu as etapas da produção da pecuária: genética, manejo, sanidade, nutrição, meio-ambiente, gestão e mercado. Painéis com imagens 3D apresentavam ao produtor os motivos e necessidades de se investir em cada uma das etapas para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade da carne. O espaço inovou com a apresentação de um mini-confinamento. Prêmio Nelson Pineda: Excelência em Confinamento: homenagem aos 40 confinamentos mais eficientes do País e os 10 que mais se destacaram em sustentabilidade e bem estar animal durante o processo produtivo em 2011. Os primeiros colocados em cada categoria foram contemplados com uma viagem para os EUA, oferecidas pela Nutron e MSD Saúde Animal, onde conhecerão o sistema de produção norte-americano visitando alguns confinamentos e uma unidade de processamento de grãos da Cargill. (veja matéria completa nesta edição). Espaço Degustação: Degustação diária de carne bovina e comparativa de cortes das raças: Dorper, Brangus, Nelore (Carlos Viacava), Braford e Hereford e Simental. Cada raça teve um dia todo e seu para degustação. Academia da Carne: projeto de palestras e experiências para estudantes das áreas de agronomia, zootecnia e veterinária. NT 7 EVENTOS Melhores confinamentos do País são homenageados com o Prêmio Nelson Pineda A 2ª edição do Prêmio Nelson Pineda – Excelência em Confinamento homenageou os 40 melhores confinadores do Brasil. O evento, que é uma iniciativa do Agrocentro, Assocon - Associação Nacional dos Confinadores e Scot Consultoria, integrou as atividades do Espaço Carne. O prêmio atraiu atenção dos pecuaristas, que tiveram uma participação maciça, com mais de 100 inscrições. Os primeiros colocados de cada índice foram contemplados com uma viagem para os EUA, onde conhecerão o sistema de produção norte americano visitando um grande confinamento e uma unidade de processamento de grãos. As viagens foram oferecidas pela Nutron Alimentos e MSD Saúde Animal. Seis categorias foram avaliadas de acordo com seus índices. Os vencedores foram: - índice Excon (eficiência produtiva do confinamento): Fazenda Rio Novo - índice de sustentabilidade: Confinamento Monte Alegre - Equipe Nota 10: Fazenda Santa Rosa - Eficiência na nutrição de gado confinado: Estância Bahia 8 NT - Inocuidade na produção de alimentos: Fazenda São Marcelo - Produção total de arrobas engordadas: Fazenda Conforto Além disso, ainda foram homenageados 40 confinamentos destaques do País (lista completa abaixo). Também receberam uma homenagem os 10 confinamentos que mais se destacaram em sustentabilidade: Agropecuária Fazenda Brasil, Agropecuária HS LTDA, Estância Monte Alegre, Fazenda Bonanza, Fazenda Lago Azul, Fazenda Nossa Senhora das Graças, Fazenda Passagem Boa, Fazenda Ponderosa / Boa Esperança, Fazenda Três Pontes e Vera Cruz Confinamento. O Prêmio Nelson Pineda – Excelência em Confinamento foi criado para incentivar a produção de carne bovina nacional e o nome foi escolhido para homenagear o pecuarista Nelson Pineda, um dos grandes exemplos entre os criadores e selecionadores brasileiros. Nelson Pineda teve como prioridade a preservação do meio ambiente, o respeito às pessoas e a utilização de melhoramento genético na evolução da atividade como um todo e com sustentabilidade. 40 destaques Excon Agropecuária Fazenda Brasil Fazenda Rio Novo Estância Bahia Estância Monte Alegre Fazenda Bonanza Fazenda Bosco Fazenda Bragança Fazenda Cachoeirão Fazenda Califórnia Confinamento Fazenda Conforto Fazenda Córrego da Areia Fazenda das Represas Fazenda Estrela do Araguaia Fazenda Grama Fazenda Guaicuí Fazenda Itaipê Fazenda Jaó Fazenda Lago Azul FazendaNossaSenhoradasGraças Fazenda Paiolão Fazenda Passagem Boa Fazenda Pedra Grande Fazenda Pirapó Fazenda Planalto Verde 6 FazendaPonderosa/BoaEsperança Fazenda Rancho Alegre Fazenda Santa Helena Fazenda Santa Rita Fazenda Santa Rosa Fazenda São Francisco Fazenda São João Baptista Fazenda São Lucas Fazenda São Marcelo Fazenda São Sebastião da Limeira Fazenda Três Pontes Fazenda Vale Formoso Marca Agropecuária PrimusIpanemaAgropecuáriaLTDA Sitio São Vicente Vera Cruz Confinamento Proprietário Armando Braga R. Pirez Neto e Outro Agropecuária HS LTDA Maurício Tonhá André Perrone dos Reis Eswalter Zanetti João Bosco Altoé Júnior Alfeo Boscoli neto José Rodrigues Pereira e irmãos Sebastião e Romeu Ribeiro Flor Alexandre Funari Negrão Arapé Agroindustria Rodrigo Odilon Guedes Mesquita Grupo Benedito Silveira Rubia Abrão Martins Baduí e outros Luiz Francisco da Costa Eudson Leme Costa Roberto Guidoneo Sobrinho Maria José teixeira Gontijo André Bartocci Nelson Krause JorgeAndradeRebeloeMarcosReinach Miguel Ângelo Valdrighi Gustavo Guimarães Costa Álvaro José Sanches Paulo Roberto do Nascimento Ronárcio Barcelos de Souza Amadeu Duarte Lanna João Borges do Santo Júnior Agropastoril Pascoal Campanelli Norberto Lanzara Giangrande Júnior Agropecuária Comercial Conquista Alexandre Pasquali Parise Grupo JD Agnaldo Moreira da Costa Walter e Jorge Biasi Ricardo Brunieri Roberto Nascimento de Oliveira Primus Ipanema Vicente Mariotto Fábio Maya Depoimentos “O premio Nelson Pineda apesar de jovem já marcou seu espaço. Além do prêmio propriamente dito, nos incentiva a buscar melhoras continuas, criando um momento providencial para fazermos um benchmark do nosso negócio com nossos colegas confinadores. As expectativas para a viagem são as melhores possíveis, creio que serão momentos de grande aprendizado dos quais sem dúvida tirarei grande proveito para minha vida profissional e para nosso negócio.“ Victor Campanelli, Agro-Pastoril Paschoal Campanelli S/A. “O prêmio Nelson Pineda , é algo incentivador e diretamente ajuda a melhorar os indicadores para melhores resultados . A concorrência saudável é importante estímulo para a equipe e o prêmio vem fechar com chave de ouro este reconhecimento . A expectativa da viagem é alta pois é uma oportunidade de ver algo de novo que se converterá em inspiração para melhoras internas no próximo ano.” Arnaldo Eijsink, Grupo JD. “Este prêmio é muito gratificante por que nos mantêm motivados na atividade por saber que estamos no caminho certo e vem selar todo o êxito de nosso trabalho. Durante a viagem, vou buscar conhecimento para melhorar ainda mais nossos índices de produção já premiados (eficiência alimentar, produção de arrobas/animal e sanidade dos animais)” Vicente Mariotto, Fazenda Rio Novo, da Agropecuária HS Ltda. “Foi muito gratificante, é uma promoção que vem a calhar com todo trabalho que fazemos ao longo do ano. É algo que sempre buscamos fazer, cada vez com mais eficiência. É muito importante o reconhecimento deste trabalho árduo, detalhista e harmonioso que realizamos dentro do confinamento. Quanto a viagem aos Estados Unidos a expectativa é grande. Todo o sucesso dos quase 10 anos do nosso negócio está baseado na busca de conhecimento. E a viagem vem a calhar, vamos continuar buscando esse conhecimento e conhecer esses confinamentos vai ajudar.” André Perroni Reis, da Fazenda Monte Alegre. “Ganhar um prêmio como o Nelson Pineda aumenta a nossa responsabilidade em manter a atividade sustentável nos pilares máximos da responsabilidade econômica, social e ambiental. Quanto a viagem aos Estados Unidos, a expectativa é de trazer conhecimentos e procedimentos para aperfeiçoar nossas atividades.” Maurício Tonhá, Estância Bahia. ”Receber o prêmio Nelson Pineda como maior confinador do brasil é uma honra para nós que fazemos parte da equipe da Fazenda Conforto e é, também, a confirmação do profissionalismo com que executamos no nosso projeto. Nós acreditamos muito na pecuária e, por isso, recebemos pelo segundo ano consecutivo o prêmio. Este ano com destaque especial para a viagem aos Estados Unidos. É sempre bom ver novos projetos, principalmente lá onde já se confina bois há mais de 50 anos.” Claudio Braga, da Fazenda Conforto. NT 9 EVENTOS NFT Training 2012 O NFT Training é um dos principais eventos anuais realizados pela NFT Alliance. Neste ano, o assunto central do evento foi a importância do processamento e da qualidade da dieta no desempenho de aves e suínos. Segundo Cidinei Miotto, diretor comercial da Nutron Alimentos, o evento é muito importante por ir ao encontro do objetivo principal da NFT Alliance - disseminar o conhecimento. “Por ser um evento em formato de mini curso, onde nós procuramos sempre trazer o melhor do mundo, a pessoa que está mais preparada para falar sobre o assunto dentro da matéria escolhida. Formato de mini curso é escolhido para que ele consiga explorar todo o conteúdo em um período de dois dias, e possa trazer para os clientes conhecimento que agregue nas indústrias ou empresas deles”, explica Miotto. Participaram do evento cerca de 250 profissionais das principais cooperativas e empresas privadas produtoras de aves e suínos da América Latina que tiveram acesso a palestras com os principais especialistas mundiais do tema. Dr. Mario Penz, diretor mundial de aves da Provimi/Cargill, ressaltou a importância da qualidade das matérias primas para a fábrica de rações durante suas palestras. Ernst Nef, especialista do Swiss Institute of Feed Technology fez palestras sobre fábricas de ração, mistura, dosagem e moagem. Álvaro Dubois falou sobre o impacto da peletização e expansão na performance dos animais e Reinaldo Favoretto sobre os programas de qualidade e legislação. Durante o evento três importantes aspectos foram abordados, tendo como objetivo principal oferecer ferramentas adequadas para que os nutricionistas possam aproximar suas fórmulas daquilo que o conceito da nutrição de precisão propõe. O NFT Training 2012 deu ênfase aos aspectos relacionados à qualidade das matérias primas, as formas com que elas devem ser tratadas durante o processamento das dietas, a legislação atual, referente aos processos de biossegurança e rastreabilidade, e como operacionalizar o controle da produção, atendendo todas estas necessidades, para que sejam obtidas dietas com pouca variabilidade final. 10 NT “O evento é extremamente importante, agregando muitos valores ao dia-a-dia da fábrica. A forma como está sendo abordado o treinamento, é uma forma muito simples, e nós vamos aplica-lo no dia-a-dia com certeza.” Vera Lúcia Berwanger , da Copagril. “Este evento tem grande importância, porque promove a interligação entre as áreas, e isso faz com que o setor ganhe importância e mais aplicabilidade. É possível aplicar isso tranquilamente em nossas plantas em busca de um resultado único que é a conversão em grande parte dos animais. Nós buscamos isso, sabemos da importância de buscar essas melhorias. Estamos aqui com os melhores palestrantes do mundo. O professor Nef, por exemplo, é um profissional reconhecido mundialmente.” Valter Sbaraini, da Brazil Foods “É a primeira vez que eu estou participando do NFT Training, e acho que o grande diferencial desse evento é o fato de ser extremamente técnico e, esse ano, estar muito focado na fábrica de ração. Temos bastante carência em treinamentos, em eventos focados nas fábricas de rações. Por isso, o tema escolhido para esse ano foi bem interessante.“ Letícia Lorençon, da Cooperativa Lar “As palestras foram bem escolhidas, existe sempre uma expectativa, ficamos aguardando o ano todo para estarmos aqui presentes acompanhando as novidades em pesquisa e desenvolvimento de produtos. É a primeira vez que eu venho, mas sempre vem alguém da minha empresa, e passa para os outros as atividades que aconteceram aqui.“ Jorge Coneglian, do Grupo Pluma “Como em todos os anos, o evento supera as expectativas, sendo sempre muito proveitoso. Os assuntos são muito pertinentes a área, e contribuem bastante no nosso dia-a-dia. O conteúdo terá bastante aplicabilidade, os assuntos são realmente bem ligados ao nosso dia-a-dia, algumas informações a gente tem, mas sempre tem alguma coisa nova. O curso tem uma aplicação bastante prática, bastante fácil.” Almiro Bauermann, do Frango Ceva “A participação está muito boa, evento muito bem organizado, com palestrantes de renome, está sendo um aprendizado contínuo para nós. É o meu primeiro ano no NFT Training, mas está sendo uma experiência muito boa, está agregando muito, inclusive a aplicabilidade está sendo boa, estamos vendo potenciais de ganho. O coffee-break serve de networking para nós. Os participantes são pessoas importantes do setor, acabamos conhecendo muitas pessoas, trocando idéias.” Jefferson Caus, da Cooperativa Agrária NT 11 “O treinamento tem surpreendido, tanto no ambiente como no nível dos palestrantes. Estamos aprendendo bastante e acredito que vai ser válido para todas as pessoas que estão aqui. Além de participar do treinamento, nós encontramos com outros colegas, outros parceiros, e podemos trocar experiências, novas idéias, e com isso nós podemos melhorar os nossos processos.” Flávio Paulert, da Cvale “A participação está sendo muito boa, especialmente pelo momento em que vivemos na avicultura e principalmente pelo assunto que está sendo tratado. Matéria prima e fábrica de ração, são pontos fundamentais para a avicultura e para qualquer processo produtivo em termo de aves, suínos, e principalmente nós que trabalhamos com aves, é o ponto principal de toda a nossa cadeia produtiva. O conteúdo apresentado pelo Dr. Nef pode ser aplicado na realidade brasileira. São informações extremamente técnicas e importantes, que as vezes até nós, dentro da empresa, temos alguma dificuldade de conseguir essas informações. Além disso, aqui tivemos contato com pessoas de empresas diferenciadas, que trabalham com exportação, com mercado interno, com situações muito parecidas e muito diferenciadas também, com plantas totalmente diferenciadas. Essa troca de informação é muito legal.“ Vilmar Burtuli, da Geal “É um evento de uma importância enorme, já é o quarto evento, e estamos sentido que temos mais de 100 empresários e temos pessoas de toda a América Latina. O volume de informação passado, parece que até para o tempo será curto, mas o que vai ser absorvido com certeza será usado de uma forma fantástica. Portanto gostaria de parabenizar todo mundo que promoveu este evento, agradecer o convite, e dizer que é o pessoal está de parabéns pelo nível do curso, que é fantástico.” Erwin Brentzel, do Grupo Flamboyant “A participação está sendo muito interessante, porque temos oportunidade de ter acesso ao que tem de mais novo em processamento de ração para os nossos animais, nós estamos na lida do dia-a-dia e eventualmente fica difícil ter acesso por nos termos as nossas ocupações diárias, e essa oportunidade é bem interessante, até pela troca de experiências com toda a America Latina.“ André Rocha, da Nova Granja “Hoje, nós clientes, estamos levando para as nossas empresas, vários conceitos importantes para melhorar técnicamente o nosso dia-a-dia visando melhorar a produção, a rastreabilidade, segurança alimentar... Então, está sendo maravilhoso e muito importante participar. O que estamos aprendendo aqui com certeza será aplicado no dia-a-dia.” Clodoaldo de Sousa, da Cooperativa Holambra “O treinamento é excelente. O conteúdo é o melhor que podemos encontrar. Sem falar na troca de experiências. O Brasil, hoje, é um dos maiores produtores de frango do Brasil e tem muito mais experiência que a gente. Nós de países menores como a Venezula, nos nutrimos de toda essa exepriência e tratamos de reaplicá-lo em nossos países. Por isso eventos como o Training são muito importantes para nós.” Rafael Comenars, da Alconca (Venezuela). 12 NT EVENTOS Nutron e MSD participam do Megaleite 2012 Um dos maiores eventos da pecuária de leite do Brasil, a Megaleite superou mais uma vez as expectativas em número de animais expostos e negócios, além de ser um consagrado ponto de encontro de todos os elos da cadeia produtiva. Realizada em Uberaba (MG) no mês de julho no Parque Fernando da Costa, a Megaleite contou com a participação das raças girolando, gir leiteiro, holandês, indubrasil, guzerá, pardo-suíço, simental, sindi, além de búfalos. Eduardo Valias Vargas, Gerente de Negócios de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos, explica a participação no evento. “Nossa participação no evento é dentro da parceiria que mantemos com a Girolando, uma Associação de Criadores que prima pelo empre- 14 NT endedorismo e profissionalismo em prol do desenvolvimento da cadeia produtiva do leite como um todo.” Denise Resende Pereira, Promotora Técnica em Pecuária da MSD Saúde Animal, acredita que o objetivo principal da Megaleite é levar informação de qualidade ao produtor de leite e mostrar as várias tecnologias disponíveis em saúde, produção e reprodução animal. “Precisamos impulsionar o uso das tecnologias nas fazendas leiteiras, mostrando a necessidade de adoção dessas tecnologias para o produtor se manter competitivo na cadeia produtiva do leite”, declara. A programação da Megaleite contou com leilões, shoppings de animais, palestras técnicas, fórum de debates, além das competições de torneio leiteiro e julgamento. Suinfest 2012 Os parceiros NFT Alliance participaram de um dos grandes eventos nacionais para os negócios da suinocultura, a Suinfest. Os estandes da Nutron Alimentos e da MSD Saúde Animal reuniram produtores e parceiros do setor. O Gerente de Negócios Regional de Suínos da Nutron Alimentos, Thiago de Lala explica que “Temos um compromisso com os suinocultores de Ponte Nova, que é aproximar cada vez mais nossos clientes da estrutura que a Nutron desenvolveu nos últimos anos. Precisamos transferir para os suinocultores de forma consistente e ágil as boas práticas de produção e conceitos que possam melhorar a rentabilidade do negócio. Apenas com eficiência e planejamento será possível manter a atividade sustentável para os grandes desafios que encontraremos nos próximos anos.” O gerente completa que “recebemos muitos suinocultores e amigos na “Suinfest” e nestes momentos podemos transmitir de forma pessoal nosso comprometimento com a suinocultura brasileira. Nesta oportunidade, a Nutron junto a ABCS apoiou o encontro da Associação com Governo Federal em Brasília, realizado no dia 12 de julho. Essa reunião gerou uma série de contra medidas para que os suinocultores consigam suportar o momento de turbulência.” Leonardo Burcius, Gerente Nacional de Produtos de Suinocultura da MSD Saúde Animal, reforça a importância do evento. “Por ser um dos maiores e mais importantes eventos do Estado de Minas Gerais e sediado em Ponte Nova, uma das regiões mais tradicionais da suinocultura nacional, a companhia tem como objetivo compartilhar informações e fortalecer a parceria de longa data que possui com os produtores de Ponte Nova e região”. O seminário contou com uma programação com renomados palestrantes, como Enzo Donna, administrador de empresas e especialista no mercado de food service; Renato Meireles, Sócio-Diretor do Data Popular, publicitário com MBA em gestão de negócios; Lygia Pimentel, Veterinária, analista e consultora de commodities; e Paulo Storani, ex-capitão do BOPE. NT 15 gestão Sucess Familiaão r Sucessão Familiar A falta de mão de obra é um problema conhecido em diversos países. No Brasil, a boa fase econômica, a geração de novos cargos e os investimentos na industria e comércio nos últimos anos vem acentuando esse problema. Se a falta de mão de obra nas grandes cidades é um problema, é um problema ainda maior nas áreas rurais. A população rural perdeu 2 milhões de pessoas nos últimos 10 anos e, agora, representa 15,6% da população total do país. (29,8 milhões de um total de 190,8 milhões). Esses 16% são responsáveis por produzir alimentos para si e sua família, mas também para manter os que foram para a cidade. A sucessão familiar é apontada por diversos especialistas com uma das principais saídas para que a produção de alimentos não seja interrompida por falta de mão de obra no campo. No sul do pais, onde as pequenas propriedades são maioria, e muitas delas são ligadas a cooperativas, o trabalho para garantir a sucessão começou há alguns anos. “Desde 95 ou 96, começamos a nos preocupar não somente em que o filho ficasse na propriedade, mas sim em prepará-lo para ser o produtor que ficasse na propriedade.” comenta, Marco Zordan, da cooperativa Aurora. Zordan explica que na época começou se a fomentar alguns pontos importantes. O primeiro era que o produtor aceitasse o filho ou a esposa como participante real do planejamento e do resultado da propriedade. As decisões deveriam ser tomadas em conjunto. Outro fator importante, citado por Zordan e por outros entrevistados, é que para que o filho permaneça na propriedade é muito importante que ele tenha participação nos lucros do negócio. O presidente da CooperAlfa, Romeu Bet, reforça que “É muito importante que o jovem participe de fato dos negócios da família. Somente participando do planejamento, esforços e resultados ele permanecerá na propriedade.” Ainda nesse especial conheceremos o programa Família na Terra, desenvolvido pela cooperativa neste sentido. Para o presidente da Copérdia, Valdemar Bordignon, falta também não somente aos jovens criados no campo, mas a toda a sociedade, o reconhecimento ao produtor rural. “Além de toda a formação técnica que oferecemos a nossos cooperados, temos também que reforçar a importância de sua atividade. A produção de alimentos tem que ser vista com a importância que tem.”, reforça. 16 NT o Futuro alimentar do mundo nas mãos de famílias brasileiras Cremilde Andreolli, Coordenadora de Cooperativismo da Copagril, desenvolve programas não somente na cooperativa, mas também da palestras por todo Brasil, reforçando a importância da atividade para que o jovem tenha orgulho de ser produtor. “O produtor tem sua atividade econômica, mas além disso produz alimentos. Ele tem que reconhecer que a roupa que compramos tem como matéria prima o trabalho do agricultor, o mate que tomamos depende dele também, quem cuida da água? É o agricultor. Em todos os setores o trabalho do agricultor está presente e, por isso, ele deve ter orgulho de sua atividade.” Andreson Sabadin, diretor executivo da Primato, acredita que a sociedade em geral precisa entender de onde vem o alimento. “A grande mídia tem que parar de tratar o produtor como um inimigo, como a pessoa que desmata, que destrói. Se ficar no campo, significa ser taxado de destruidor, significa poder ser multado, o jovem não ficará. A profissão tem que ser reconhecida com o valor que tem.” A Copérdia desenvolve diversos projetos focados às mulheres, bem-estar da família, saúde, bem como a formação dos jovens. O vice-presidente da cooperativa destaca que “a sucessão passa pela educação. Por isso, investimos em programar para formar produtores, formar lideranças.” Citaremos a frente um dos principais programas desenvolvidos pela cooperativa, o Unicoper. Para o presidente da Copacol, Valter Pitol, “o principal atrativo para que os filhos dos produtores continuem nas propriedades são as atividades que oferecemos para a diversificação das atividades, que geram resultados econômicos e também promovem uma qualidade de vida para todas as famílias de associados.” O presidente da CVale, Alfredo Lang, reforça a importância da diversificação. “Os trabalhos que desenvolvemos visam preparar o jovem para assumir papéis de liderança na cooperativa e principalmente na propriedade rural, utilizando-se da diversificação de atividades oferecidas pela cooperativa como o frango, suíno, leite e mandioca, sendo uma alternativa de mantê-lo na condução das atividades da propriedade rural.” Arno Pandolfo, Presidente da Cooperativa Itaipu, acredita que o problema da sucessão familiar já foi pior, mas reforça a importância da lucratividade da propriedade. “Hoje, desenvolvemos diversos projetos para incentivar a sucessão familiar. Esse é o primeiro passo, mas ela realmente só acontece se houver resultados.” Segundo Pandolfo, 50% dos cooperados já tem a sucessão familiar definida. “Os programas que desenvolvemos, o trabalho forte com os produtores, aliados ao financiamento do Governo “Mais Alimentos” e os preços em alta nos últimos três ou quatro anos fizeram com que o produtor permanecesse na propriedade”, explica o presidente. Além de toda a formação oferecida pelas cooperativas, a vocação é um fator determinante para o sucesso da sucessão. Maritânia Bagnara, da Cooper Alfa, comenta que “se o jovem não teve contato com a produção até seus 15 anos, é muito difícil que ele se desenvolva como produtor.” Arno Pandolfo opina da mesma forma: “Não podemos deixar de citar a vocação do produtor. Se não tiver vocação não adianta todo nosso trabalho. O jovem tem que gostar. A profissionalização ajuda muito. Ela é muito importante porque quem não se profissionalizar vai ficar de fora.” Os cursos oferecidos pelas cooperativas trabalham também a capacitação com pais, mulheres e filhos. “Trabalhamos com toda a família para amenizar o choque de gerações. Muitas vezes o filho volta a propriedade com conhecimentos técnicos e não valoriza a experiência do pai. Ao mesmo tempo, o pai não respeita a opinião do filho que quer trazer inovações para propriedade. Trabalhamos para que eles entendam a importância dos dois pontos” explica, Cremilde Andreolli. “Pregamos sempre a importância do diálogo na família. A cooperativa começa na família. A família é uma cooperativa, com trabalho de cooperação elas progridem. E as que não tem diálogo não vão pra frente.” Na sequência apresentaremos alguns programas desenvolvidos, artigos de especialistas, além de exemplos de famílias em que a sucessão familiar está trazendo frutos. NT 17 gestão Sucessão: a difícil quadratura do círculo! 18 NT Sucess Familiaão r Francisco Vila Consultor Internacional Trata-se da transformação de um estado para outro, na esperança de se aperfeiçoar as condições, seja das pessoas, seja do negócio. O assunto da sucessão familiar é carregado de emoção. Imediatamente surgem e sobrepõem-se imagens reproduzindo múltiplas experiências da nossa vida. As mais freqüentes são lembranças de velórios, cenas de filmes com patriarcas poderosos ou recordações de conflitos na convivência familiar. No entanto, nada disso reflete a verdadeira natureza da sucessão. A vida pessoal, familiar, empresarial ou de uma nação se desenvolve em passos contínuos. Dificilmente uma situação é idêntica à outra anterior. O mecanismo do tempo faz crescer, amadurecer, mudar, enfraquecer ou destruir organismos e estruturas. Perceber e antecipar essa evolução natural das coisas é o que se entende por gerenciar a sucessão. Nesse sentido, sucessão é sinônimo de mudança. Sucessão é continuação em outras circunstâncias Essa pequena reflexão filosófica é importante para compreender que sucessão é algo natural e positivo. Ano após ano, a pessoa adquire novas experiências que facilitam o processo da melhoria sucessiva. Com isso chegamos ao ponto central da sucessão. O mercado, a tecnologia, os relacionamentos humanos e comerciais, ou seja, tudo muda e evolui o tempo todo. Ou, com outras palavras, nada fica igual. Por conseqüência, a competitividade precisa ser (re)conquistada a cada dia. Na agropecuária de alto empenho, o lucro é resultado da competitividade e essa se obtém através de incorporação contínua de novas tecnologias e de aperfeiçoamento dos processos administrativos e comerciais. Isto envolve novos conhecimentos e a construção de novas redes e alianças. Tanto na ‘novela da vida’ como no ciclo da vida de uma empresa, as situações sucedem-se ininterruptamente. Assim, a sucessão é um fenômeno onipresente em todas as vertentes de famílias e negócios, mesmo não sendo sempre percebido como tal. Planejamento, observação, avaliação e adaptação são os elementos principais da gestão desse processo. Com essa visão, desvinculamos o termo sucessão de eventos trágicos na vida das pessoas. A sucessão acontece sucessivamente e não deve ocorrer em função de um evento espontâneo. Ao reduzir o sentimento de desconforto que normalmente paira sobre a questão, ganhamos distância e objetividade para planejar um processo natural e de longo alcance da modernização da atividade agropecuária e da inevitável transferência de responsabilidade de sua gestão entre gerações. Isto envolve não apenas o eventual futuro sucessor e outros herdeiros, mas também os membros da equipe profissional que operam no campo. Sucessão é assunto para tudo e para todos. Os múltiplos aspectos da sucessão A sucessão na agropecuária pode e deve ser vista sob diversos ângulos. Normalmente, o foco está limitado aos aspectos humanos da família e à antecipação dos prováveis desdobramentos patrimoniais da atividade rural após a retirada do atual responsável. E, na verdade, já há muitas facetas que precisam ser avaliadas apenas nesses dois eixos do assunto. NT 19 tégicas entre produtores ou fornecedores e clientes. Está terminando o ciclo histórico no qual o produtor oferecia qualquer tipo de tecnologia animal, em qualquer estado de acabamento, Insumos TERRA em qualquer época do ano para qualquer Ativo Fixo frigorífico com o qual negociava cada venda como se fosse a primeira. No futuro (que na verdade já começou) será o mercado que capital/boi Ativo Circulante sinalizará ao frigorífico que tipo de carne, SISTEMA produto para qual região, em qual época de ano e PRODUTIVO Gestão para qual faixa de preço pretende comempresarial liquidez prar (naturalmente com qualidade regular e sanidade certificada). E essas ‘ordens de compra’ serão passadas para os produtores capazes de atender pedidos específicos pessoas em programas plurianuais de fornecimento Lucro cadeia com preços diferenciados. ALIANÇAS Ou seja, o valor agregado adicional da produção bovina deve ser obtido através da aplicação cada vez maior de tecnologias de No entanto, a reflexão no espaço de uma revista que insumos e genética, bem como de processos administratem por objetivo difundir novas perspectivas mercadolotivos e comerciais inovadores que representam um divisor gias e tecnologias que assegurarão a Nutrition for Tomorde água entre o modelo tradicional e o negócio da agrorow, o escopo precisa ser ampliado para outros campos pecuária do futuro. Essa tecnologia está disponível e já é que, também, são diretamente influenciados pela sucesamplamente difundida (Circuito NFT-FEICORTE). são. Uma análise em 3 passos ajuda a compreender o proA passagem do bastão - a tempo cesso de transformação contínua para qual a sucessão é É aqui que entra novamente a questão da sucessão. um elemento chave. O ponto de partida é o Modelo de Não é lógico e nem seria justo esperar do atual proprieNegócio da agropecuária de alto empenho que podemos tário responsável pela gestão de negócio que seja ele a prever como realidade necessária para o cenário do merrealizar o salto qualitativo exigido pela pecuária compecado em 2020. A seguir, compara-se esse perfil do sistema titiva nas próximas décadas. Na maioria dos casos, esse produtivo com os traços principais da pecuária tradicional. pai de família já modernizou a fazenda herdada da geraPor fim, cabe identificar o caminho, os instrumentos e o ção anterior através de programas de tecnificação parcial foco necessários para assegurar o salto qualitativo para (rotacionado, adubação, suplementação, confinamento). atingir o novo patamar competitivo da pecuária de ponta (com animais padronizados dentro de programas de fidelização e com preços diferenciados da grande maioria dos produtores ainda com sistemas tradicionais de produção). No modelo competitivo acrescentam-se aos tradicionais fatores da produção agropecuária (terra, capital/boi e pessoas) 5 novas aspectos que mudam completamente o perfil técnico e econômico da atividade. Podemos observar um expressivo deslocamento dos fatores físicos (terra, animal, trabalho braçal) em direção dos chamados fatores soft que combinam novas tecnologias com novas habilidades, numa cadeia da carne invertida, com Sucessão Familiar – Um desafio formas modernas de de sincronização gestão de risco e inéditas alianças estraCorrida para a pecuária de 2020 O Modelo de Negócio da Agropecuária – 2020 20 NT A absorção dessas tecnologias certamente exigiu bastante esforço, pois normalmente O desafio da Sucessão Familiar: Conciliar 3 a geração que atualmente está no comando princípios de decisões divergentes não teve a oportunidade de aprender esses conceitos e tecnologias nas faculdades da especialidade. Uma vez que a transformação do moNEGÓCIO FAMÍLIA delo tradicional para a pecuária de alto Eficácia Justiça empenho se processa basicamente através em todas perante todos da incorporação de novas tecnologias e da as decisões os membros adaptação dos processos da gestão, cheempresariais da família gou o momento no qual a nova geração, em princípio mais profissionalizada, deve ser chamada para assumir a “co-gestão” do negócio que se prepara para a expansão direito qualitativa e quantitativa. Como na corrida Legalidade de revezamento, o sucessor já deve aceledos contratos rar enquanto o sucedido ainda não chegou a parar. O importante é não deixar o bastão cair. Nos negócios, esta constelação se chama “zona de equilíbrio dinâmico”. Cada parte, ou seja, o futuro sucedido (ou testador) contribui com sua experiência, calma e uma situação bem diferente a do seu pai. Enquanto esse conhecimento da natureza humana, enquanto o sucessor dirigiu a propriedade com confortável autonomia, nem traz novos conceitos, novos relacionamentos (as famosas perguntando e pouco informando aos outros familiares, redes da geração Y) e o dinamismo da juventude. Sem dúo eventual sucessor terá que desenvolver um negócio do vida, será difícil sincronizar os dois ritmos; no entanto, a qual ele possui apenas uma parte e ainda com a necessiquestão é se uma transmissão abrupta do poder resolveria dade de ter que dar satisfação aos outros sócios. melhor a transição de um modelo para outro e da geração dos pais para a geração do sucessor e dos herdeiros. Certamente não. Interesses e divergências legítimas Indivíduo – Família – Negócio bovino E aqui chegamos a outro ponto de tensão na modernização das empresas agropecuárias. Se a família morasse na propriedade (o que é a exceção no caso de fazendas de porte médio e grande), se o dono tivesse apenas um filho e se esse filho mostrasse vocação e motivação para perpetuar o negócio familiar, somente teríamos que gerenciar os conflitos naturais entre gerações. Esse cenário podemos encontrar mais facilmente na pecuária do leite ou na suinocultura. Porém, a realidade da grande maioria das pecuárias de corte é diferente. A família mora na cidade (muitas vezes longe da produção). Normalmente existem outros sócios minoritários (avós, irmãos ou cunhados). Casais com 60 a 65 anos hoje costumam ter 2 a 3 filhos e, muitas vezes, não se encontra nenhum filho ou sobrinho capacitado e interessado na continuação do negócio. E, mesmo se houver alguém da próxima geração disposto a tocar a fazenda, ele enfrentará Na passagem da agropecuária familiar para a próxima geração enfrentamos os seguintes desafios: O número de sócios aumenta (e com isso a expectativa de sustento); A estrutura de tomada de decisões passa a ser mais difusa; Com a rentabilidade reduzida da bovinocultura semi-tecnificada existe o conflito entre distribuição e reinvestimento de lucros; Sem o investimento em modernização o potencial de lucro diminui; Mais cedo ou mais tarde surgirá a questão da venda, divisão ou do arrendamento da propriedade para atender aos interesses conflitantes. NT 21 É de lembrar que existem diferenças de interesses naturais e legítimas, mesmo nas famílias que zelam pela paz e compreensão mútua. Por esse motivo, o processo da sucessão (que envolve a perspectiva da multiplicação de sócios-herdeiros) deve ser iniciado o quanto antes. Com a devida antecedência e serenidade será possível construir e testar opções empresariais que permitam manter o patrimônio e o legado familiar unidos e, ao mesmo tempo, atender às necessidades de sustento, patrimoniais e outros (ocupação de familiares). Parcerias com outros produtores para ampliar a base física para o crescimento do negócio, um envolvimento mais profundo de profissionais da equipe da fazenda e a participação em cooperativas e outras alianças são perspectivas que normalmente ajudam a moldar o processo sucessório no sentido da preservação dos interesses dos familiares e das necessidades de desenvolver o negócio. No entanto, no início do processo deve ser elaborado um diagnóstico que retrate o crescimento da árvore genealógica e, antecipando as exigências por sustento por um período de 5 a 10 anos, procure equilibrar os naturais conflitos de interesse entre a família e o negócio. Sucessão = a arte de equilibraR a Família com o Negócio interesses da família Valores da família reconhecimento laços emocionais segurança patrimonial sustento financeiro prestígio social posição de proprietário 22 NT interesses do negócio Cultura competitiva Recompensa material Imposições do mercado Capital de risco Rentabilidade Avaliação pelos clientes Todos os envolvidos Farelo de Soja O melhor alimento para seu gado de leite Uberlândia-MG (34) 3218-5294 Rio Verde-GO (64) 3611-1854 Três Lagoas-MS (67) 3509-2514 Primavera do Leste-MT (66) 3495 3518 Barreiras-BA (77) 3611 9503 Ponta Grossa-PR (42) 3219-3089 www.cargill.com.br Sucess Familiaão r gestão A gestão antecipa e facilita a sucessão Há alguns anos temos acompanhado casos e desafios de produtores diante da necessidade de organizar a sucessão familiar. Sejam casos que assistimos diretamente, ou que acompanhamos a atuação de outros profissionais através da proximidade ou por leituras e estudos de casos. O tema sucessão é desafiador. Desafiador e apaixonante. É apaixonante porque de certa forma quase todos passam por isso, principalmente no ramo agropecuário. Na própria Bigma Consultoria, quatro, dos seis profissionais de nossa equipe, são descendentes de produtores rurais e, em algum momento, passaram ou passarão pela sucessão familiar. Essa sucessão pode ser traumática, podendo comprometer o futuro da empresa, ou pode ser feita com base em critérios técnicos, de forma planejada. Nessa segunda forma, o processo de sucessão em si acabará por fortalecer a empresa. É evidente que os casos mal feitos de sucessão, que acabam por destruir famílias, devem ser estudados e exemplificados. Afinal, é uma chance de evitar erros cometidos pelos outros. Mas, não é o caso deste texto, focado na gestão. Francisco Vila, consultor especializado no assunto, faz questão de lembrar que é um erro associar a sucessão com o final da vida do empresário que está no comando. Nem com o final de sua vida e nem com o final de suas atividades. A ideia da sucessão não é passar o bastão, abandonar tudo e perder o controle da empresa. 24 NT A ideia é partilhar o controle, treinar líderes que serão capazes de manter a empresa no rumo no futuro. Evidentemente, quando os rumos da empresa estiverem garantidos, no processo, o empresário poderá finalmente reduzir a sua atividade, a rotina e diminuir o estresse. Parar de trabalhar? Só se for a sua vontade, mas o fato é que, independente disso, a empresa permanecerá sólida e crescendo com base nos valores de seu atual líder ou proprietário. Quando se fala em sucessão, muitos acreditam tratar-se de um tema difícil de conduzir, complicado e demorado. Na verdade, o problema não é a sucessão em si, mas a organização das informações da empresa. A maior parte dos produtores brasileiros trata do assunto sem que antes tenha organizado gerencialmente a empresa. Aí sim os resultados serão demorados. Na prática, o processo todo envolve trazer familiares para dentro da rotina da empresa. Forma-se um conselho familiar que muitas vezes será composto por profissionais de outras áreas, que não entendem da rotina da empresa. O problema é maior ainda quando se trata de produtores rurais, especialmente pecuaristas. Para que os demais entendam do processo para, ao menos, decidir de forma embasada a administração precisará elaborar e fornecer relatórios objetivos, eficazes, inteligíveis. É preciso debater com base em fatos e dados e não na sensibilidade de seu líder Maurício Palma Nogueira Engenheiro Agrônomo e Diretor da Bigma Consultoria maior, o atual dirigente. E os relatórios precisam acompanhar o básico em economia, com descrição de custos, investimentos, fluxo de caixa, despesas, indicadores de resultados, etc. O pró labore dos familiares envolvidos na rotina precisa ser claro, assim como as justificativas dos custos ou das decisões que levam aos investimentos. Embora as decisões passadas já tenham sido adotadas, as futuras serão compartilhadas entre todos os sócios, estejam eles ou não na rotina da propriedade. Uma decisão não será mais imposta, mas sim “vendida” aos demais. Ou seja, o administrador terá que convencer, seduzir os sócios com relação aos rumos da empresa. E é daí que podemos concluir que o processo de sucessão, por si, já melhora consideravelmente a empresa. Para investir o empresário precisará se organizar e apresentar as suas intenções em formato de projeto, com análise de investimentos, retorno e prazos. Ótimo!!! Ao ler o raciocínio que vem sendo desenvolvido, nos parágrafos anteriores, a primeira sensação é que haveria uma burocratização da empresa, que ficaria engessada, lenta. Os passos seriam dados só depois do endosso de um conjunto de sócios, leigos no assunto. Mas não é bem assim. As decisões compartilhadas serão apenas as de nível estratégico, que envolvem investimentos tecnológicos ou medidas que mudarão significativamente a rotina da empresa nos próximos meses ou anos. São exemplos deste tipo de decisão: a compra de outra área; o investimento em irrigação; confinamento; a implementação de um projeto de intensificação; a diversificação; o início de uma parceria com pecuaristas ou agricultores ou a própria integração lavoura e pecuária, entre outras. Observe que são medidas que não podem ser adotadas de uma hora para outra, sem que haja um planejamento prévio e uma avaliação técnica dos impactos na empresa. Mais uma vez, a necessidade de compartilhar estaria contribuindo para organizar os passos que serão dados na empresa. As decisões gerenciais ou operacionais continuam nas mãos daqueles que representam a administração da empresa. Até mesmo os investimentos necessários de rotina, ou a substituição de alguns bens, serão decididos por este profissional ou esta equipe responsável pela gestão. Por isso, não há a preocupação de que o processo burocratize a empresa. Essa organização, prévia, é fundamental para o sucesso de um processo de sucessão. Quando recomendamos tais passos a um empresário, até sugerimos que ele comece a envolver a família nas decisões sem avisar, antecipadamente, que está querendo iniciar um processo de sucessão. Essa opção possibilita tempo e fôlego para que o empresário se organize no “seu ritmo”, sem sofrer pressões ou criar expectativas não atendidas nos familiares. Muito pior do que não pensar na sucessão é começar a organizá-la e não dar sequência. Isso é frustrante para o demais e aumentará o problema no futuro. Pois bem, voltando ao processo, observe que lentamente os relatórios de custos, resultados e investimentos vão sendo organizados. A empresa começa a ser capaz de visualizar e antecipar as decisões orçamentárias, evitando erros e maximizando resultados, ao mesmo tempo que melhora o planejamento tecnológico. O negócio fica mais sólido e as diversas oportunidades, que antes eram nebulosas, vão naturalmente aflorando. O empresário começa a perceber que é preciso estabelecer critérios e limites para si mesmo, o que envolverá a formulação de objetivos e metas concretas, baseadas em números. Números que agora são mensuráveis com agilidade. Um exemplo simples? Qual a porcentagem dos lucros anuais será distribuída ou investida. Empresas que não geram dividendos acabam tendo vida curta. No caso de sociedades, a falta de dividendos pode virar um problema entre os sócios. Principalmente se a empresa gera recursos e não os divide. Mesmo que seja parte dos dividendos que serão investidos – o que é de extrema importância – é essencial que os demais sócios NT 25 conheçam as razões pelas quais estão realizando tais investimenvariáveis interessa muito às empresas. tos. E saibam exatamente a diferença entre lucro e fluxo de caixa. Entendendo esse conceito, e usando-o no dia a dia, decisões É interessante notar que no caso de propriedades rurais, os difíceis poderão, ao menos, ficar mais claras por eliminação de sócios que estamos falando aqui são simplesmente herdeiros, que hipóteses. São exemplos práticos, deste tema, assuntos que enainda não possuem direito sobre os lucros da empresa. Mas mesvolvem a idoneidade na compra de insumos, endividamento, somo assim, é preciso que eles compreendam a dinâmica do lucro licitação de recursos, contratações de serviços, venda de bovinos, e dos investimentos. Só assim, enxergando benefícios financeiros respeito a carência de produtos veterinários, forma de lidar com empresariais, um herdeiro que não optou por trabalhar no ramo os funcionários, utilização de produtos certificados, práticas contáacabará por se interessar pela empresa. beis e diversas outras atividades em que muitas vezes, dependendo Olha que irônico, apesar de muito comum. Os pais batalham, da situação, o empresário se vê “tentado” a decidir do modo apainvestem tudo que podem para aumentar o patrimônio dos filhos, rentemente mais fácil. Ou, simplesmente por distração, deixa de usufruindo o mínimo possível dos lucros. Os filhos, diante da rotina atentar-se a questões importantes. dos pais, acabam por não enxergar o potencial da empresa e, futuPor mais que pareça pouco prático, numa análise mais simramente, irão arrendar ou vender todo o patrimônio. E fazem isso plista, atuar com base em valores, tende a contribuir a favor da por achar que o negócio é ruim. eficácia e competitividade da empresa ao longo dos anos. E essa atitude não é culpa dos filhos. Esse é o resultado de uma Bom, seguindo adiante, o planejamento estratégico consiste falha de comunicação e treinamento num processo que precede em diagnosticar a situação atual da empresa, estabelecer objetivos, a sucessão familiar. É preciso estimular o interesse dos sócios, ou traçar e operar um plano para atingir tais objetivos. futuros sócios, pela própria empresa. E essa é uma função da atual liderança. As principais funções do planejamento A importância desta aproximação com os demais não fica estratégico, portanto, são: apenas nos números. Conceitualmente a empresa pode e deve iniciar um processo de definição de sua própria importância. E o Conhecer as condições da organização; produto dessa definição será a formulação de um planejamento Definir em quais condições a empresa deverá estratégico completo, mensurável, o que possibilitará o sucesso e a estar após um determinado período de tempo; perpetuação ao longo dos anos. É nesse momento que os envolvidos começarão a debater os Elaborar o plano para atingir as condições almejadas; valores e formular a missão da empresa, caso ainda não tenha. Garantir que seja possível atingir os objetivos Trata-se de um exercício fundamental em que as verdades são estabelecidos no plano. postas em discussão. Alguns se divertem brincando e dizendo que discutir valores e missão é, na verdade, “poesia agrícola”. Mas a importância do assunto é grande. Os valores norteiam as decisões, minimizando Observe, na figura 1, o nexo essencial da formulação estratégierros e conduzindo a acertos. ca e as fases da administração envolvidas. Sabe-se que o “norte” da empresa, no planejamento estratégico, é fornecido pelo direcionamento. O direcionamento, por sua vez, inclui valores, missão, objetivos e metas. Figura 1: Estrutura essencial da Portanto, além da ideologia, a visão agrega objetivos formulação estratégica concretos: a visão de uma empresa. Na prática, os valores servem para definir quais as ações que NÃO devem ser tomadas. Na prática, eliminarão as ações inaceitáveis dentro da organização. Portanto, na verdade, os valores servem de parâmetro para que a empresa saiba o que não se deve fazer. É uma formalização cultural que define, resumidamente, a ética praticada na organização. E tais parâmetros já consistem em pré-requisito essencial para o processo decisório. Em momentos que demandam decisões mais complexas, os valores reduzem o número de variáveis disponíveis, o que aumenta a capacidade deFonte: Flexa, I.A. cisória. Na prática, em termos de eficiência, a redução de 26 NT Os objetivos são definidos na fase de direcionamento no planejamento estratégico. As demais fases consistem no: - posicionamento, que é a definição dos produtos e serviços. No caso da pecuária de corte, os produtos podem ser bezerros, garrotes, bois, novilhas, tourinhos, receptoras, etc. - fatores críticos de sucesso, que são as fontes geradoras de valor, as características essenciais para que o produto ou serviço tenha sucesso no mercado. No mercado de boi gordo, por exemplo, os fatores críticos de sucesso são peso, terminação, qualidade do couro, idade de abate, etc. - processos organizacionais chave, que é composto pelas técnicas e práticas operacionais de produção. Trata-se da organização do dia a dia, das técnicas que permitem atender os fatores críticos de sucesso. Envolvem manejo de pastagens, alimentação dos animais, programa sanitário, manejo dos animais e todas as técnicas de produção. A estratégia engloba todos os níveis administrativos: operacional, gerencial e estratégico. Vai desde as definições da empresa até a rotina diária de produção. O processo de implantação do planejamento estratégico envolve diversas reflexões, buscando definir os pontos fortes e fracos e todas as variáveis gerais e operacionais que existem na empresa. A empresa será capaz de maximizar os seus pontos fortes e suas oportunidades ao mesmo tempo em que limita suas fraquezas e se prepara para as crises. Dentre os diversos benefícios que o empresário pode colher com o planejamento estratégico, pode-se destacar: - Seleção e avaliação da equipe; através da definição e divulgação dos valores, a empresa será mais eficiente em selecionar e avaliar funcionários e parceiros que integram o seu quadro. - Constância de propósitos; pelo posicionamento a empresa será capaz de manter ordenadamente a linha de produção. É comum empresas perderem dinheiro por mudar o foco de produção. Sem um planejamento técnico e financeiro, decisões de nível estratégico podem acarretar em prejuízos, o que infelizmente acontece normalmente. - Definição de critérios para investimentos; diretamente rela- cionado com o item anterior, o planejamento estratégico auxiliará na definição dos investimentos em bens de produção: benfeitorias, edificações, máquinas, etc. É comum empresas com mau dimensionamento estrutural, superdimensionado em alguns recursos e subdimensionado em outros. Em empresas rurais, o mau investimento é um grande consumidor de recursos que poderiam ser melhores empregados na atividade. O planejamento ajuda a evitar tais erros. - Redução/diluição de custos; através da organização dos processos, espera-se um aumento na eficiência de aproveitamento dos recursos (insumos e serviços) demandados na atividade. É comum que empresas rurais, organizadas, apresentem desperdícios de tempo pela simples desorganização da rotina e das tarefas diárias e semanais. O planejamento da rotina, de acordo com o alinhamento estratégico da empresa, é eficaz em eliminar tais desperdícios. - Melhoria dos resultados; também relacionado com a organização dos processos, espera-se uma melhoria nos índices técnicos de produção. As técnicas, padronizadas e detalhadas, serão empregadas de maneira eficaz pelos envolvidos na atividade. O planejamento é eficiente na maximização de resultados. - Capacidade decisória; manter um planejamento estratégico requer análise de fatos e dados. Em momentos de crise, ou mesmo de oportunidades, a capacidade decisória do empresário será mais rápida e eficaz. Atualmente essa é uma vantagem competitiva de grande valor. Esses são alguns exemplos de benefícios que o planejamento estratégico pode trazer. Empresas rurais são caracterizadas pela produção biológica a céu aberto, e ainda atuam num mercado com diversas variáveis possíveis. Quanto maior o número de variáveis no sistema, maior a importância de um bom planejamento estratégico. Organizar a empresa é fundamental para o sucesso no mercado. E tais passos são fundamentais para se organizar um processo de sucessão familiar. Sendo assim, nada mais importante que já incluir os familiares no próprio desenvolvimento do processo. Dessa forma, facilitará a compreensão e consolidação do futuro da empresa. NT 27 Sucess Familiaão r gestão Cooperjovem Em 1996, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) - Lei 9.394/96, criou-se a parte diversificada do ensino, concebida para que as escolas pudessem contemplar, no seu currículo escolar, alguns conteúdos que refletissem a realidade local onde estavam inseridas, sem prejuízo da base nacional comum. A iniciativa de ensino do cooperativismo nas escolas resultou no Cooperjovem, um programa do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), voltado para professores, técnicos de cooperativas e alunos. O Cooperjovem reforça o 5º e o 7º princípios universais do cooperativismo, respectivamente: Educação, Formação e Informação e o Interesse pela Comunidade. O Programa oferece formação continuada aos estudantes do ensino fundamental, a partir de linguagem e metodologia adequadas ao público infanto-juvenil, ao mesmo tempo em que apoia as escolas, agregando oportunidades para definir novas temáticas curriculares, na propagação da cultura da cooperação nas comunidades e dos benefícios do cooperativismo. No ensino fundamental, o aluno tem seu primeiro contato com o cooperativismo por meio de atividades apoiadas pelo material didático composto pelos livros “Iniciando a Cooperação” – 1º ao 4º ano e 5º ao 9º ano, do aluno e do professor. Podemos citar também as revistas da Turma da Cooperação, cujos personagens são protagonistas de aventuras de histórias em quadrinhos que contam e informam, de forma lúdica, o que é, quando e como surgiu o cooperativismo e sua divisão em ramos. Além disso, o Cooperjovem proporciona capacitação para os professores das escolas, fornecendo- lhes condições de trabalhar o conteúdo do cooperativismo em sala de aula, seja de forma transversal ou por meio de projetos educacionais. O programa foi desenvolvido com o objetivo de: inserir a cooperação/cooperativismo como temática de educação nas escolas e cooperativas educacionais; oportunizar experiências positivas de ajuda mútua, cooperação e solidariedade; e desenvolver habilidades necessárias à vida em sociedade, por meio do estudo, reflexão e atividades que leve o aluno a compreender e a exercer o seu papel na construção da história. Pretende ainda inserir a filosofia do cooperativismo numa abordagem introdutória, como temática nas escolas de nível fundamental e médio, com ênfase ao incentivo da prática dos valores ético-sociais, solidariedade, autonomia, responsabilidade, democracia, igualdade e equidade, honestidade e ajuda mútua. Anualmente, desde 2007, são realizadas duas premiações: o Prêmio do Professor Cooperjovem, que visa identificar e dar visibilidade aos melhores projetos desenvolvidos pelos educadores que fazem parte do programa; e o Prêmio de Redação do Programa Cooperjovem, que premia as melhores produções textuais em torno de um tema definido pela unidade nacional do Sescoop, sempre incentivando a leitura e os debates sobre o conceito da cooperação, os valores, princípios e a doutrina cooperativista. Números do programa Unidade Estadual do SESCOOP AL GO MS PA PB PE PI PR RN RO SC SP TO Total Escolas Professores 5 31 20 8 35 29 8 92 3 3 55 39 9 337 37 481 300 30 480 299 87 163 73 47 490 200 57 2744 Cooperativas 4 7 11 1 6 6 8 7 3 3 20 14 4 94 Alunos Municípios 977 6.123 8.839 286 7.870 12.000 1.585 4.435 360 299 13.047 2.590 2.529 60.940 4 8 15 1 10 6 5 23 2 3 39 6 6 128 *ESCOLAS – Estão neste item, as cooperativas educacionais e escolas onde o programa é desenvolvido; *COOPERATIVAS – São cooperativas, de diversos ramos, que apóiam o programa. 28 NT PROGRAMA FORMAÇÃO DE JOVENS LIDERANÇAS COOPERATIVISTAS O programa de formação para jovens lideranças cooperativistas desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), atende jovens entre 16 e 30 anos, cursando ou com ensino médio concluído e que pertença a uma cooperativa ou resida em um comunidade próxima a cooperativa. O programa tem como objetivos fomentar estratégias de gestão de cooperativa e viabilizar alternativas de sucessão nessas organizações, garantindo a continuidade e o fortalecimento do sistema; desenvolver nos alunos habilidades e competências que os conscientizem a respeito da importância de se organizar por meio do cooperativismo. Alem disso, objetiva também despertar o interesse pelo negócio cooperativo, bem como capacitar os jovens para gerir esse negócio de forma competitiva, exercendo o seu papel de liderança no processo e que os jovens líderes tenham clareza a respeito da importância de seu papel na organização cooperativa, habilitando-os a integrar, inspirar e desenvolver pessoas e equipes. Para participar do programa o jovem deve passar por um processo seletivo com entrevista individual com o responsável pelo Programa e realizar um teste de Língua Portuguesa e de Redação sobre um tema relativo ao papel e a importância da jovem liderança no cenário cooperativista. Anterior à implantação do Programa, será necessária a verifi- cação de itens essenciais à realização do mesmo (infraestrutura da cooperativa, recursos didáticos, público-alvo etc). Esse levantamento será realizado por um técnico da unidade nacional do Sescoop junto à respectiva unidade estadual, em visita técnica que identificará: Alianças estratégicas: quais as entidades, regionais ou nacionais, poderão ser parceiras na execução do projeto; Público-alvo: quantos jovens serão beneficiados e se o perfil desses jovens atende aos requisitos do programa; Data de realização: quando será ministrado o programa; Infraestrutura: verificação da infraestrutura disponível para execução do programa no período proposto, incluindo as condições das salas de aula e a existência dos recursos didáticos necessários; Divulgação: realização de uma ação, junto à unidade estadual e à cooperativa envolvida, visando “marcar” o início do Programa. Essa ação terá o apoio da Gerência de Comunicação da unidade nacional. O programa, que tem 290 horas/aula, é dividido em quatro etapas que englobam conteúdo Teórico, vivência, estratégias ao sair do programa e acompanhamento do jovem. A conclusão com sucesso de todas as fases do programa pode resultar em convênios/parcerias/alianças com instituições de ensino superior (IES), iniciativa privada e organizações cooperativas para o desenvolvimento de estágios e atividades práticas. Números do projeto UF AL PE AM BA ES RJ SP SC TOTAL UE 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Coord.Est. 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Cooperat. 5 4 2 38 2 14 4 69 Municípios 4 2 2 4 5 2 5 4 28 Turmas 8 1 2 5 5 2 3 4 30 Instrutores 140 20 5 10 20 78 21 4 298 Jovens 215 45 43 218 162 54 179 103 1019 Obs: Números referentes aos alunos matriculados em 2009 e 2010. *UE – UNIDADE ESTADUAL / *COORD.EST. – COORDENAÇÃO ESTADUAL / *COOPERAT. – COOPERATIVAS NT 29 CONHECIMENTO AO ALCANCE DE TODOS Sucess Familiaão r Copérdia implanta projetos que levam conhecimento gratuito aos associados, melhorando resultados e rentabilidade. Em seis anos, 80% dos jovens formados em um dos cursos oferecidos pela cooperativa, ainda permanecem na propriedade rural. Com o objetivo de levar conhecimento administrativo e empreendedor aos associados e filhos de sócios, a Copérdia criou a Universidade Copérdia (Unicoper). O curso foi criado em 2006 em parceria com a Universidade do Contestado (UnC) campus Concórdia/SC e Núcleo de Educação Profissional (NEP). Com o passar dos anos o Unicoper criou três extensões e se dividiu em Gestão da Propriedade Rural, Suinocultura Profissional e Empreendedorismo Rural (PER). O Unicoper Gestão da Propriedade Rural foi criado para garantir a sucessão da propriedade, atingindo níveis competitivos de produtividade e rentabilidade. Em seis anos, essa modalidade já formou 267 alunos, associados à Copérdia. Este ano há uma turma em andamento com 38 alunos. A formatura será este ano e a Copérdia vai encerrar 2012 com 305 alunos formados. O Unicoper Empreendedorismo Rural (PER) é uma modalidade desenvolvida para melhorar a atividade já desenvolvida pelos associados e oportunizar os produtores a desenvolver novas atividades, melhorando a renda e a qualidade de vida. Implantado em 2007, o PER mantém a parceria com o Senar/SC e, durante o curso, os alunos desenvolvem um projeto individual que será aplicado posteriormente na propriedade. O projeto tem a orientação do instrutor do curso e visa a melhoria das atividades ou implantação de um novo negócio na propriedade rural. Até o momento 259 associados estão formados no programa, mas até o final deste ano, outros 42 vão encerrar as atividades e receber o diploma de 30 NT conclusão de curso. Já o Unicoper Suinocultura Profissional tem o objetivo de profissionalizar os suinocultores fomentados à Copérdia para que produzam suínos com qualidade, sanidade e produtividade, seguindo os padrões exigidos pelo mercado e consumidor final. Criado em 2007, o curso é desenvolvido em parceria com a Embrapa Suínos e Aves. Dessa modalidade foram formadas duas turmas: uma com suinocultores integrados à Copérdia. Outra com os técnicos do Fomento de Suinocultura da cooperativa, responsáveis por prestar assistência às propriedades dos fomentados. Ao total foram 41 alunos formados. Conforme o presidente da Copérdia, Valdemar Bordignon, a partir da implantação do Unicoper pode-se constatar a redução no êxodo rural na região de atuação da Copérdia. “Dos alunos formados no Unicoper, 80% ainda estão no campo, desenvolvendo atividades agropecuárias. São jovens produtores rurais com espírito empreendedor, que estão realizando as atividades de forma profissional e com rentabilidade”, destaca o presidente. O vice-presidente da Copérdia, Ademar da Silva, está à frente dos projetos sociais da cooperativa. Para ele o Unicoper é uma oportunidade do associado permanecer na propriedade de forma competitiva. “A Copérdia se preocupa com a qualidade de vida dos associados e abre portas para o conhecimento. Os jovens têm a oportunidade de receber informações para a melhoria de resultados e na rentabilidade da atividade que conduz”, avalia Silva. Resumo das extensões do Unicoper 1) Extensão : Empreendedorismo Rural Início: 2007 Alunos já formados: 259 Parceria: SENAR/SC Carga horária: 138h/aula 2) Extensão : Suinocultura Profissional Início: 2007 Alunos formados: 41 Parceiro: Embrapa Suínos e Aves. Carga Horária: 148h/aula 3) Extensão: Gestão da Propriedade Rural Início: em 2006 Alunos formados: 267 alunos Parceiros: Universidade do Contestado (UnC) e Núcleo de Educação Profissional (NEP). Carga Horária: 208 h/aula DEPOIMENTO Kelvin Chilantti - formado no Unicoper Empreendedorismo Rural e aluno do Unicoper Gestão da propriedade Rural A família de Adile Chilantti (Concórdia) se dedica à produção de leite. O filho, Kelvin, participou de cursos para melhorar e prosseguir na atividade leiteira com rentabilidade e profissionalismo. Entre os cursos que Kelvin participou estão o Programa De Olho na Qualidade Rural, Qualidade Total Rural (QT), Programa Empreendedorismo Rural (PER) e está cursando o Unicoper Gestão da Propriedade Rural. Durante o PER, Kelvin desenvolveu o programa sobre de dieta alimentar para o rebanho leiteiro. As metas estabelecidas pelo projeto foram alcançadas. Kelvin projetou 500 litros de leite/dia com as 28 vacas em lactação, porém, alcançou a meta com apenas 23 vacas. “As metas foram atingidas antes mesmo de eu concluir o curso. O ajuste na dieta das vacas foi responsável para alcançar os números estabelecidos”, destaca o jovem. Os próximos projetos a serem implantados na propriedade é a ampliação da sala de alimentação, construção de um espaço para bezerros, e aumentar o plantel e produção diária. O objetivo da família é alcançar 1.000 litros de leite por dia. Para isso, serão necessárias algumas melhorias: ampliação da área de pastagem e ampliação do plantel conforme a disponibilidade de pasto. “Antes de aumentar o plantel é preciso avaliar se a propriedade comporta o plantel de 40 vacas que pretendemos implantar”, ressalta Kelvin. Hoje a propriedade está com 22 animais em lactação e produção diária de 500 litros. Para ficar na propriedade, Kelvin recebeu o incentivo dos pais. Adile e Zelir deram a oportunidade para o filho ficar na propriedade e tocar os negócios da família. “Ele quis ficar e estamos apoiando. Kelvin faz cursos, busca informações e conhecimento para se profissionalizar na atividade nós estamos felizes em vê-lo na propriedade”, destacam os pais. NT 31 Gestão e sucessão: Sucess Familiaão r A cooperativa Agroindustrial Alfa atua em Santa Catarina e 3 municípios do Paraná. O estado Catarinense caracteriza-se por topografia acidentada e agricultura de base familiar, propriedades com a média de 20 hectares. Pesquisas regionais, feitas pela Epagri de SC e pelo IBGE, registraram forte movimento migratório campo-cidade. Esse processo até a década de 90 exportou mão-de-obra excessiva para atender as demandas do complexo agroindustrial e dos espaços urbanos. Já o processo migratório registrado nas últimas duas décadas tornou-se sinônimo de mão-de-obra vital para a renovação e perpetuação das unidades familiares no campo. Aquela força humana que saiu, hoje faz falta. Fatores como a significativa redução do número de filhos e, especialmente a migração feminina, têm desenhado um cenário de masculinização e envelhecimento no espaço rural catarinense. A Cooperalfa possui 78% dos associados com idade acima de 45 anos. A significativa migração das moças está ligada ao histórico cultural de subalternidade vivido pelas suas mães e avós. Na tentativa de não reproduzir o papel das gerações anteriores, a preferência pela cidade se dá visando ascensão social e econômica seja pelo trabalho, ou pelo casamento. Nem mesmo as conquistas alcançadas nos últimos 30 anos pelos movimentos sociais de mulheres agricultoras que 32 NT asseguraram uma série de direitos e inserção política, foram capazes de conter a excessiva migração feminina. Agindo com responsabilidade social, a Cooperalfa desenvolveu inúmeras iniciativas para abordar “Gestão e Sucessão Familiar” com as famílias cooperadas e comunidade. Tal temática é complexa por envolver diversos viéses que dizem respeito unicamente ao seio familiar. Nesse contexto é importante cada membro entender seu papel. Atualmente ser agricultor é uma ESCOLHA entre outras profissões. A terra continuará produzindo, no entanto, para a Cooperativa é interessante a permanência da “Família na Terra”, pois é produtora de diversidade de riqueza local. Superando a visão produtivista, a Cooperalfa passou a desenvolver estrategicamente uma série de ações para conscientizar, manter e atrair o maior número de pessoas no campo. Não é interessante para a sociedade um vazio social no espaço rural, que foca a produtividade acima de tudo e a qualquer custo, até porque, família na terra, é a verdadeira essência do campo. Os trabalhos começaram em 2007, onde a Cooperalfa reuniu 2100 jovens agricultores, para entender: por que os jovens migram? O resultado do trabalho apontou duas direções: por um lado, o conflito geracional estabelecido principalmente entre pais e filhos; por outro, o incentivo maior da mãe para o filhos(as) migrarem. Por isso, em 2008, foram reunidas as mulheres (5.000 um desafio de gerações mães), justamente por serem as maiores responsáveis pelo incentivo à migração dos filhos, mas ao mesmo tempo, sofrem emocionalmente com a ausência deles. Percebeu-se que o incentivo ocorre devido a subalternidade no espaço privado (lar). Em 2009 realizaram-se eventos com 2.450 jovens agricultores onde foi feita uma pesquisa que retratou a identidade do jovem, (quem é esse público? O que pensa? Seus sonhos e dificuldades na gestão familiar e do negócio. Ficou notória a importância de mobilizar os pais (casal), para discutir o tema “Relacionamento Conjugal e Subalternidade Feminina”, efetivado em 2010, envolvendo 5.000 casais. Após abordagem do assunto com os diferentes membros da família, em momentos distintos, em 2011 a Alfa convidou as famílias (pais e filhos), para discutir o tema “Gestão e Sucessão Familiar”, no evento “Família na Terra - a Essência do Campo”. Participaram 9.159 pessoas em 18 seminários. As gerações anteriores não foram preparadas para falar em sucessão. Atualmente, “sucessão” é uma ferramenta de gestão, talvez não a mais importante, mas aquela que pode por em cheque todo processo desenvolvido anteriormente. O planejamento sucessório garante menos implicações jurídicas e, especialmente, a conservação dos laços familiares, estabelecendo regras e participação de cada membro, inclusive na renda. Em resumo, o “Projeto Família na Terra” - proporcionou esclarecimento acerca da diferenciação de “família” e “negócio”. Despertou forte atenção da sociedade, órgãos públicos, imprensa e entidades privadas. Entre os resultados alcançados, estão os testemunhos de pais que conseguiram envolver ou trazer os filhos(as) que já haviam migrado, de volta para a propriedade. Percebe-se nos diálogos dos membros das famílias (pai, mãe e filhos) a facilidade de falar sobre o assunto e a preocupação com o destino da propriedade rural, após abordagem do tema nos seminários. O Projeto “Familia na Terra” continuará sendo desenvolvido pela Cooperalfa e seus resultados serão mensurados ao longo de gerações. Essa visão orgânica de um crescimento com sustentabilidade social,vai permitir que todos os players conectados ao modelo Catarinense, também possam criar suas perspectivas e estratégias de longo prazo. Por: Maritânia Bagnara – MSc. em Ciências Ambientais Vilmar José Dal Bosco – Especialista em Economia e Cooperativismo Ambos integrantes da Assessoria de Comunicação Social Cooperalfa/Chapecó-SC NT 33 Copagril A Copagril realiza trabalho constante com os jovens cooperativistas, através da ACJC (Associação dos Comitês de Jovens da Copagril). Atualmente, são 14 comitês de Jovens, espalhados em cinco municípios da área de atuação da Copagril. O objetivo principal é a formação de lideranças cooperativistas e a sucessão familiar, além de conscientizar o jovem de que ele, vivendo na propriedade rural e produzindo alimentos para o mundo, tem uma qualidade de vida melhor, faz seus próprios horários e ainda, tem as mesmas oportunidades que um jovem da cidade. Ele tem acesso à tecnologia da informação / meios de comunicação, estudo e até, tem mais cursos do que um jovem que não reside no campo. A Copagril, em parceria com 34 NT Sucess Familiaão r o Senar, Sescoop e outros, capacita os jovens do meio rural, além de fazer trabalhos com as mulheres e também com os cooperados, para que haja um diálogo maior entre a família, para que, aos poucos, os pais repassem o patrimônio para seus filhos e também a administração da propriedade. Cremilda Andreolli, responsável pelos projetos explica que “é importante que façam uma passagem da gestão da propriedade de uma geração para outra. Não apenas os bens materiais, mas também os valores, princípios, ética e experiências para os filhos, para que possam, realmente, dar continuidade aos negócios da família.” As associações A ACFC – Associação dos Comitês Femininos da Co- pagril, é formada por sócias da Copagril, esposas, filhas e demais familiares. O principal objetivo é difundir a filosofia do cooperativismo, formar lideranças cooperativistas femininas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Oportunizando o desenvolvimento pessoal, social, cultural, econômico, desportivo e outros que correspondam aos interesses da Associações e dos comitês Femininos da Copagril filiados. Recebem orientações sobre a Sucessão Familiar, que nada mais é do que a passagem gradual do patrimônio e gestão da propriedade de uma geração para outra. Não apenas dos bens materiais, mas também valores éticos e morais que são repassados aos filhos, para que eles saibam dar conti- nuidade aos negócios da família. Ao todo são 16 comitês com aproximadamente 700 sócias. A ACJC – Associação dos Comitês de Jovens da Copagril, é formado por jovens sócios da Copagril, seus familiares e amigos. O principal objetivo é difundir a filosofia do cooperativismo e formar lideranças, através do trabalho coletivo. Oportunizando o desenvolvimento pessoal, social, cultural, econômico, desportivo e outros que correspondam aos interesses da Associações e dos comitês de Jovens da Copagril filiados, visando a melhoria de vida das pessoas. Recebem orientações sobre a sucessão familiar e da propriedade. No total são 15 comitês com aproximadamente. NT 35 C. Vale A C.Vale desenvolve atividades cooperativistas, de capacitação envolvendo os associados e seus familiares. Essas atividades incluem lideranças, jovens e senhoras com o objetivo de proporcionar capacitação pessoal, profissional e técnica. A cooperativa desenvolve um trabalho de educação cooperativista, envolvendo crianças em idade escolar; no ensino fundamental, visando difundir os ideais e conceitos cooperativistas. Na C.Vale, o projeto Cooperjovem envolve alunos e professores do quarto ano do ensino fundamental das escolas públicas e privadas da área de ação da C.Vale. Desde 1999, quando iniciou o projeto 20.150 participaram do projeto, distribuídos em 925 turmas.s Segundo Jonis Centenaro, gerente de assessorial de 36 NT Sucess Familiaão r qualidade e comunicação social da C.Vale os principais impactos dos projetos são a conscientização de professores com potencial para multiplicação do conteúdo sobre cooperativismo; a conscientização e capacitação de professores de 4º ano da rede municipal e particular de ensino, dos municípios da área de atuação da cooperativa sobre a importância da cooperação e do cooperativismo; a conscientização dos alunos de 4º ano da rede municipal e particular de ensino sobre a importância da cooperação e do cooperativismo; a imagem da cooperativa perante as escolas e a comunidade e a percepção da importância da cooperação e do cooperativismo nas comunidades onde a cooperativa está inserida. Jovens Preparar novas gerações de produtores e cooperativistas é uma das preocupações da C.Vale. A cooperativa mantém um programa de qualificação com três linhas de atuação: estimular os filhos dos associados a dar continuidade às atividades dos pais, torná-los empreendedores rurais para que aproveitem as oportunidades de diversificação oferecidas pela cooperativa, e formar futuros líderes para a C.Vale. Essa qualificação é conseguida através de cursos, seminários e treinamentos. Formação pessoal e cooperativista Eventos 211 Participantes 18.962 Mulheres As associadas e esposas de cooperados da C.Vale têm uma organização própria dentro da C.Vale. Elas são qualificadas nas areas de formação pessoal e profissional, saúde e alimentação, e geração de renda. Com o apoio da cooperativa, as integrantes dos núcleos femininos realizam ações solidárias. Eles promovem campanhas para arrecadação de agasalhos e alimentos e os repassam a entidades assistenciais. Assim, ajudam a diminuir as dificuldades das parcelas mais necessitadas da população. As atividades de qualificação oferecidas pela C.Vale permitem que as associadas aprendam ou aprimorem técnicas para a produção de alimentos e artesanato. Com esse conhecimento, elas podem se tornar empreendedoras rurais comercializando o que produzem para melhorar o nível de renda da família. Um dos eventos de qualificação é o Seminário da Mulher, realizado anualmente com cerca de 1.500 pessoas. A organização feminina também é o canal que as associadas têm para apresentar suas demandas e sugestões à diretoria da C.Vale. Organização Feminina Eventos 107 Participantes 6.698 NT 37 Cooper Itaipu Sucess Familiaão r A CooperItaipu desenvolve diversos programas visando a sucessão familiar. O QT é um deles. O programa que muda a mentalidade e o comportamento das pessoas que fazem parte da organização: da família do empresário rural ao trabalhador contratado. O desafio do Programa D’Olho na Qualidade Rural, realizado pela cooperativa é criar condições e um caminho mais seguro, prático e de fácil entendimento para que se apliquem conceitos e princípios da Qualidade Total nas empresas rurais. Como parte do treinamento, ao final do curso, os participantes apresentam um teatro onde encenaram tudo o que aprenderam, abordando a sensibilização, descarte, organização, limpeza, higiene e a ordem mantida, temas abordados ao longo do curso. Conforme Arno Pandolfo é sempre importante que os associados participem e aproveitem a oportunidade para desenvolver suas atividades mais motivados. “O objetivo do Programa é produzir com mais qualidade, fazendo com que os empresários rurais, trabalhadores e familiares adquiram novos hábitos, novos comportamentos e novas atitudes no dia a dia visando sempre qualificar o produto e a vida do empresário rural” finaliza Pandolfo. Outro programa desenvolvido pela Itaipu é o “Educando na Cooperativa”. O programa tem por objetivo oportunizar a complementação escolar dos seus funcionários, proporcionando maior possibilidade de evolução profissional e contribuindo para o desenvolvimento social e familiar. Objetivo alcançado, os formandos demonstraram grande satisfação, lembrando o ano de grande esforço por parte dos então estudantes que concluíram com êxito mais essa conquista. Para o desenvolvimento do programa a Cooperitaipu firmou parceria com a Horus Faculdades, que foi responsável pelo desenvolvimento das aulas através de professores habilitados e pela certificação dos alunos; SESCOOP/SC que participa com o apoio financeiro para pagamento das despesas com a instituição de ensino e materiais necessários. 38 NT Os alunos estiveram divididos em duas turmas, cuja quais se reuniam uma vez por semana, sendo um grupo na terça-feira e a outra na quinta-feira à noite, utilizando o auditório da matriz como sala de aula. O corpo docente era formado por três professores devidos em Nivelamento e Alfabetização, Matemática e Pós-Alfabetização. Preocupada com o desenvolvimento pessoal e profissional de adolescentes, a Cooperitaipu mantém em seu quadro de funcionários, Jovens Aprendizes de 14 a 16 anos, projeto que existe desde o ano de 2004. São filhos de associados, funcionários e outros que tem por interesse preparar-los para o mercado de trabalho e atuar no setor do cooperativismo. Conforme o presidente da Cooperitaipu – Arno Pandolfo, o programa é uma oportunidade de vivenciar o trabalho na prática, pois proporciona a aprendizagem de rotinas administrativas, além de despertar no jovem o compromisso com a empresa e com o trabalho, através do comprometimento com prazos e horários, além de ser para o jovem uma excelente oportunidade para se encaminhar na empresa. O programa é patrocinado pelo SESCOOP/SC e ministrado pelo SENAC, ficando a cargo da cooperativa a responsabilidade pelo pagamento dos salários e encargos trabalhistas. Os jovens que tiverem interesse em participar do programa, podem procurar o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA. Jovens Lideranças Cooperativistas é um programa realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC), órgão vinculado à Organização das Cooperativas do Estado de SC (Ocesc), em parceria com as cooperativas COOPER A1 de Palmitos, AURIVERDE de Cunha Porã e COOPERITAIPU de Pinhalzinho. O objetivo é viabilizar alternativas de fortalecimento e sucessão nas propriedades e cooperativas, por meio da preparação de lideranças, com a perspectiva de formação de futuros associados e dirigentes de cooperativas. NT 39 Sucess Familiaão r gestão Famílias qUE Família Pigoso - Primato Gilmar, Terezinha, Denis e Carine Denis desde pequeno sempre ajudou os pais com o trabalho na propriedade. Gilmar e Terezinha sempre incentivaram os filhos a estudar e deixaram que eles escolhessem suas profissões. Enquanto Carine resolveu trabalhar em um banco, Denis estuda para permanecer e fazer seu futuro na propriedade. Hoje a família investe na cria de leitões e o jovem é responsável dentre outras coisas pela inseminação das matrizes. Família Lawich - Primato Ivo, Elza, Elaine e Carlos Quando Elaine se casou com Carlos decidiu assumir a produção de leite da propriedade. Com o novo animo a família investe para aumentar o rebanho e melhorar a produção. A produção de suínos fica por conta dos homens da família. Família Mattiuzzi - CVale Inácio, Neuza, Tiago e Marcos Tiago, apesar de sofrer com piadinhas dos colegas na faculdade, após cursar administração de empresas resolveu que seu trabalho de conclusão de curso seria voltado à propriedade. “No trabalho fiz todos os levantamentos de custos e resultados. Ficou comprovado que vale a pena investir no leite. Temos mais seis anos para cumprir nossa meta”. O irmão mais novo, Marcos, também pretende cursar veterinária e seguir na propriedade. Ambos ajudam desde cedo no dia a dia da propriedade e participam de atividades desenvolvidas pela CVale. 40 NT mudam o mundo Família Notter - Copagril Hélio, Leni, Leila, Liliane e Eduardo Leila e Liliane terminaram os estudos e decidiram permanecer na propriedade da família. As filhas de Helio e Leni participam das atividades da cooperativa e junto com os pais resolveram investir na produção de leite. “Se elas querem trabalhar conosco o melhor a fazer é investir” explica, Hélio Notter. A família que produz hoje 970 litros de leite/dia pretende dobrar a produção. Família Rogowski – Copérdia Ivo e Giovani Ivo herdou a propriedade dos pais e mudou os rumos da saindo da produção agrícola para começar a produção de proteína animal. Seu filho, Giovanni seguiu os passos do pai e depois de ficar 3 anos estudando com Concórdia voltou a propriedade para investir na produção de suínos. Apesar dos pais serem contrários a decisão, Giovani tinha certeza de que essa seria a melhor opção. Ao se casar, sua esposa assumiu a produção de leite, enquanto ele cuida da produção de suínos. Família Ruppenthal – Copérdia Marcos e Luiz A família Ruppenthal resolveu investir R$600 mil para aumentar seu plantel de 150 para 500 matrizes de suínos. Segundo Marcos, Luiz assumiu a maternidade da propriedade com 13 anos e desde então, decidiu suceder o pai na propriedade. Luis comenta que fez diversos cursos oferecidos pela Copérdia e que seu futuro é mesmo na propriedade. NT 41 SAC: 0800 979 9994 www.nutron.com.br Todos os direitos reservados. Proibida a cópia e/ou reprodução total ou parcial. Quando você escolhe um produto Nutron, recebe a visão 360o da nutrição animal focada para o máximo retorno do seu investimento. SOLUÇÕES MOLDADAS PARA VOCÊ. A Nutron tem soluções direcionadas para as necessidades específicas e soluções completas para resultados de ponta. CONSULTORIA Acompanhamento técnico completo da produção. DIAGNÓSTICO TÉCNICO verificação, organização e retificação de processos. GESTÃO DE RECURSOS E DE PROCESSOS Gerenciamento abrangendo todas as etapas do negócio. PLANEJAMENTO Estudos, estratégias e projeções para avaliação de impactos. CAPACITAÇÃO HUMANA Oferecimento de workshops e treinamentos. UMA PLATAFORMA QUE ASSEGURA O MÁXIMO RETORNO DO SEU INVESTIMENTO. MERCADO Incertezas à frente O primeiro semestre chegou ao fim e o pecuarista não vai sentir medida pelo IGP-DI, 3,6%. saudades. O período foi marcado por considerável pressão de baixa Em resumo, foi um semestre de pressão sobre as margens da para os preços do boi gordo. atividade pecuária. Segundo levantamento da Scot Consultoria, na comparação entre as médias de janeiro e de junho deste ano, o recuo foi de 6,0%. Queda também em relação a 2011 Mas não foi só para o boi gordo. A reposição também teve os O resultado foi de queda não só no último semestre, mas tampreços achatados, reflexo de uma oferta mais volumosa e da conbém na comparação entre os primeiros semestres de 2011 e 2012. juntura negativa para o preço dos animais terminados. Tabela 1: Média dos preços nominais dos animais Fizemos um resumo do semestre, atraterminados e de reposição (São Paulo), boi casado, Índice vés dos resultados observados em janeiro e em junho deste ano e da comparação entre Scot de Custo de produção, IGP-DI, e sua variação em cada as médias dos primeiros semestres de 2011 e intervalo analisado. de 2012. (Tabela 1). É notável a maior queda de preço das Descrição Janeiro Junho Var. 1º sem. 1º sem. Var. 2012 2012 2011 2012 fêmeas terminadas em relação aos machos. Boi gordo (R$/@) 99,98 94,00 -6,0% 101,19 97,05 -4,1% Enquanto a cotação da arroba do boi gordo Vaca gorda (R$/@) 93,86 85,50 -8,9% 92,54 88,89 -3,9% caiu 6,0% no semestre, a cotação da vaca Bezerro (R$/cabeça) 703,75 690,00 -2,0% 737,00 693,93 -5,8% gorda teve queda de 8,9%. Boi magro (R$/cabeça) 1.212,50 1.150,00 -5,2% 1.223,17 1.183,83 -3,2% Dessa forma, o diferencial vaca-boi se Boi casado (R$/kg) 6,37 6,01 -5,7% 6,21 6,11 -1,6% alongou. Passou de -6,1% em janeiro para ISCP* (100=agosto/94) 723,36 741,66 2,5% 680,85 728,84 7,0% -9,0% em junho. IGP-DI** (100=agosto/94) 465,60 482,31 3,6% 454,21 473,37 4,2% A cotação do boi magro e do bezerro caíram 2,0% e 5,2%, respectivamente. * Índice Scot de custo de produção da pecuária de corte (alta tecnologia). Enquanto isso, no mesmo período, o ** Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna. índice de custo de produção calculado pela Fonte: FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br Scot Consultoria subiu 2,5% e a inflação, 44 NT Gustavo Aguiar Zootecnista e Analista de Mercado da Scot Consultoria Colocamos este comparativo, que consta na tabela 1, também graficamente na figura 1, para facilitar a visualização. Na comparação anual, fica ainda mais evidente o momento nega- Figura 1: Comparativos de preços e resultados entre o primeiro semestre de 2011 e 2012. Média do primeiro semestre de 2011 = base 100. IGP-DI** ISCP* Boi casado Boi magro Bezerro Vaca 108,00 1o sem. 2011 1o sem. 2012 106,00 104,00 102,00 -3,9% -5,8% -3,2% -1,6% +7,0% +4,2% 100,00 98,00 96,00 -4,1% 94,00 92,00 90,00 * Índice Scot de custo de produção da pecuária de corte (alta tecnologia). ** Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna. Fonte: FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br tivo de preços. E mais uma vez, os custos e a inflação não dão trégua. O recente balanço dos abates de bovinos no primeiro trimestre, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou aumento da participação de fêmeas no abate. Segundo o IBGE, as fêmeas compuseram 45,5% dos bovinos abatidos sob algum tipo de inspeção no primeiro trimestre de 2012. Normalmente este é um período de maior abate de fêmeas, devido ao descarte das vacas que não emprenharam na estação de monta. Mas mesmo na comparação com o mesmo intervalo no ano passado ocorreu aumento na participação de fêmeas nos abates. Em 2011 esta participação foi de 43,5%, dois pontos percentuais menor. Foi o segundo aumento consecutivo. Isto corrobora com o cenário de oferta maior de animais para abate e de preços em queda que tem sido observado. O bezerro perdeu a força de alta observada nos anos anteriores, o que torna cada vez mais caro e desestimulante a retenção das matrizes. E o próximo? Neste momento, sob qualquer ponto de vista, fica difícil ser otimista para o mercado do boi no futuro próximo. A expectativa é de devemos ter recuperação de preços no segundo semestre, corrigindo a queda de preço do primeiro. Mas afirmar que o preço médio de julho a dezembro será maior do que o registrado no primeiro semestre, como ocorre historicamente, carrega consigo um alto grau de incerteza. NT 45 MERCADO Produção brasileira de leite será recorde em 2012? Segundo a Pesquisa Trimestral do Leite, divulgada no final de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre deste ano foram adquiridos 5,7 bilhões de litros de leite pelos laticínios e cooperativas. A pesquisa considera apenas a produção formal, ou seja, o leite com inspeção municipal, estadual ou federal. 46 NT O volume adquirido de janeiro a março deste ano foi 2,9% menor em relação ao trimestre anterior. Veja a figura 1. Normalmente, a captação de leite no quarto trimestre é maior em relação a do primeiro trimestre. Em dezembro, foi registrado o pico de produção na média Brasil. Entretanto, o volume de leite captado no primeiro trimestre de Jéssyca Guerra Zootecnista da Scot Consultoria Figura 1: Volume de leite adquirido pelos laticínios e cooperativas, por trimestre – em bilhões de litros. Figura 2: Volume de leite adquirido pelos laticínios e cooperativas nos últimos treze meses – em bilhões de litros. 2,1 6,0 2,0 5,8 1,9 5,6 5,4 1,8 5,2 1,7 Fonte: IBGE / Adaptado por Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br 2012 aumentou 4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Analisando a captação mensal, o volume adquirido em janeiro foi o maior do trimestre, 2,0 bilhões de litros de leite (figura 2). Houve queda no volume de leite entregue à indústria em janeiro e fevereiro em função da irregularidade e menor volume de chuvas, mas em março a captação subiu. Captação de leite por região Na tabela 1 está um comparativo da captação de leite no Brasil e por região. Em relação ao 1º trimestre de 2011, a captação de leite aumentou significativamente apenas no Sul do país, 15,7%. Como o Sul do país é a segunda região com maior captação de leite, estes números fizeram com que na média Brasil o volume aumentasse 4,4% no primeiro trimestre de 2012. Com exceção do Norte, onde o volume cresceu 0,7%, nas outras regiões houve queda na captação. Quando se compara o 1º trimestre de 2012 com o 4º trimestre de 2011, apenas o Nordeste e o Centro-Oeste tiveram incremento no volume de leite adquirido pela indústria. No Nordeste, o 1º trimestre do ano é normalmente o período de maior captação. É o início da estação chuvosa na região. Considerações finais Em curto prazo, a expectativa é de aumento na produção e captação de leite no país. mar/12 jan/12 fev/12 dez/11 nov/11 out/11 set/11 ago/11 1O trim 2012 jul/11 4O trim 2011 jun/11 3O trim 2011 mai/11 2O trim 2011 mar/11 1O trim 2011 abr/11 1,6 5,0 Fonte: IBGE / Adaptado por Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br Segundo o Índice Scot de Captação de Leite, em abril e maio houve queda na captação, considerando a média nacional. Para junho os dados parciais indicam alta. A expectativa é de que a captação aumente em 2012 em relação ao volume captado em 2011, mas alguns pontos merecem atenção. São eles: a pressão de baixa no mercado do leite que pode desestimular os investimentos; aumento dos custos de produção, com destaque para a alta de preço dos farelos; e por fim o clima, que tem pregado peças. Tabela 1: Captação de leite por região e no Brasil (em bilhões de litros) e comparativo com trimestres anteriores. Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 1o trim. 2012 0,31 0,35 2,22 2,03 0,82 5,73 1o trim. 2012 x 1o trim. 2012 1º trim. 2011 x 4º trim. 2011 0,7% -15,5% -2,6% 1,7% -0,1% -3,4% 15,7% -2,7% -2,8% 1,5% 4,4% -2,9% Fonte: IBGE / Adaptado por Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br NT 47 MERCADO De onde vem a pressão? 48 NT Rafael Ribeiro de Lima Filho Zootecnista da Scot Consultoria O mercado do milho tomou um rumo diferente em julho. Desde o começo do mês os preços subiram no mercado internacional, repercutindo em aumentos também no mercado brasileiro. Em Campinas-SP, a saca de 60kg está cotada em R$29,00. Uma alta de 13,7% em relação ao começo do mês. Veja a figura 1. Mas de onde vem essa pressão, considerando que, no Brasil, estamos em plena colheita do milho de segunda safra e a expectativa é de uma oferta de 12 milhões de toneladas a mais em relação à passada? O principal ponto é a qualidade do milho norte-americano 2012/2013. Nos últimos relatórios de acompanhamento de safra, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) revisou para baixo a porcentagem de lavouras em condições boas e excelentes (figura 2). Figura 1: Preço do milho em Campinas-SP, valores nominais - em R$/saca de 60kg. 02/01/2012 10/01/2012 18/01/2012 26/01/2012 03/02/2012 13/02/2012 23/02/2012 02/03/2012 12/03/2012 20/03/2012 28/03/2012 05/04/2012 16/04/2012 24/04/2012 03/05/2012 11/05/2012 18/05/2012 28/05/2012 05/06/2012 14/06/2012 22/06/2012 02/06/2012 10/06/2012 34,00 32,00 30,00 28,00 26,00 24,00 22,00 Com este cenário, o USDA diminuiu as estimativas com relação à produção e estoques finais de milho nos Estados Unidos. No relatório de oferta e demanda divulgado no dia 12 de julho, o Departamento estimou a produção norte-americana em 329,45 milhões de toneladas em 2012/2013. Este volume é 12,3% menor na comparação com a estimativa apresentada no relatório anterior (junho). O clima seco e quente está prejudicando as lavouras. Com isso, os estoques finais nos Estados Unidos foram reduzidos para 30,0 milhões de toneladas em 2012/2013. No relatório de junho a estimativa do USDA era de 47,8 milhões de toneladas. Considerações finais Em curto prazo, a expectativa é de mercado firme para o milho. Além do cenário atual no mercado internacional, a valorização do dólar frente ao real e a boa oferta de milho no mercado interno devem favorecer as exportações brasileiras. Choveu nos Estados Unidos nos últimos dias, mas os volumes nas regiões produtoras de milho foram abaixo do esperado. Para as próximas semanas a expectativa é de chuva, porém em volumes menores no corn belt ou cinturão do milho (figura 3). Por outro lado, é preciso acompanhar a evolução da colheita do milho safrinha no Brasil e o aumento da disponibilidade do grão no país. Figura 3: Previsão de chuvas nos Estados Unidos - em milímetros. Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br Figura 2: Porcentagem de lavouras de milho (2012/2013) em condições boas e excelentes nos Estados Unidos. 65% 63% 60% 12 a 19 de julho 56% 55% 48% 50% 45% 40% 40% 20 a 28 de julho 35% 19 de junho 25 de junho 2 de julho 9 de julho Fonte: USDA / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br Fonte: IGES / COLA / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br NT 49 bovinos de LEITE INTERFERÊNCIAS DA NUTRIÇÃO NOS EFEITOS FARMACOLÓGICOS DO rBST 50 NT Guilherme Megalli Zootecnista, Pós-Graduado em Pecuária Leiteira e Promotor Técnico da MSD Saúde Animal dieta é necessário para que o animal mantenha bom escore de A atividade leiteira, hoje é um dos setores mais explorados condição corporal. da pecuária brasileira, porém, mesmo sendo expressivamente O aumento de produção gera um aumento de consumo extensa, vem, com os anos, sofrendo aumento de custos e redude 1,24kg/dia de matéria seca e de 330g/dia de proteína brução de lucros. Para alterar esse quadro, os produtores têm como ta. Tendo-se em vista que o quilo de matéria seca da dieta toalternativas investirem no aumento da produção, podendo este tal tem um custo em torno de R$ 0,70 (depende da região do ser de três maneiras: 1- Genética; 2- Aumento do número de país), tem-se um custo adicional de R$0,86/dia. Sabendo que o animais; 3- Aumento da produtividade. A genética é uma imporrBST possui intervalo de aplicação de 14 dias e um custo métante ferramenta para melhoria do rebanho, no entanto necesdio de R$16,00, com um aumento de produção de 56kg (4kg/ sita de um período maior de tempo para conseguir resultados. O dia x 14 dias) neste intervalo, tem-se um custo com esse aniaumento no número de animais apresenta resultados em curto mal de média de R$28,50 (R$0,86 x 14 + R$16,00) no período prazo, no entanto, necessita de espaço adequado para alocar os citado, como demonstra a Tabela 1. Com o preço médio pago animais. Já o aumento de produtividade esta relacionado a fatoao produtor de R$0,80/litro, tem-se um rendimento de R$44,80 res como conforto, dieta e as tecnologias de produtividades entre (R$0,8x56kg)/14 dias. Com isso o lucro (rendimento – custo = elas a utilização do rBST. lucro) é R$16,64 a cada 14 dias, que gera um rendimento menO rBST é um controlador homeorrético que transfere a parsal de R$434,35/animal durante um ano. Em uma propriedade tição dos nutrientes que são mais utilizados na síntese do leite. com 100 animais em aplicação, tem-se assim, um lucro anual de Seus efeitos estão ligados ao direcionamento do uso de nutrienR$43.343,50, conforme tabela 01. tes absorvidos, o que envolve coordenação do metabolismo de Desta forma pode-se concluir que a adoção de tecnologias vários órgãos e tecidos do corpo. A somatotropina tem um efeito único no estímulo de desenvolvimento da glândula mamária e da lactação. Uma vez que os elementos precursoTabela 01: Analise financeira em res do leite são provenientes do sangue, a taxa de síntese do mesmo é intimamente dependente do fluxo sangüíneo função da produtividade de leite que chega à glândula mamária, propiciando uma melhor Índices Produção absorção de nutrientes. 30kg 34kg Desta forma o aumento da produção de leite é em IMS (kg) 20,12 21,36 parte devido ao aumento do metabolismo de glicose, sínPB (kg) 3,17 3,50 tese de lactose, aumentando a lipólise e a lipogênese, suNEL (Mcal/dia) 31,30 34,20 primento de precursores lipídicos e também modificando Custo Dieta R$ 14,08 14,95 o metabolismo de proteínas, suprimento de aminoácidos. R$/dia de BST a 16,00 dose 0,00 1,14 Como resultado, a produção de leite aumenta e sua composição não difere do normal. Renda bruta dia/animal em R$ (R$ 0,8) 24,00 27,20 Com o uso do rBST espera-se um aumento de produRenda bruta - dieta e uso rBST 9,92 11,11 ção em torno de 3 a 7 Lts/animal/dia em relação a produção 100 animais 992,00 1111,00 atual. E para que os animais recebam a aplicação de rBST é Diferença entre animais sem e com rBST/dia 1,19 essencial que eles estejam em balanço energético positivo, 365 dias lucro/animal 434,35 que é atingido próximo ao pico de produção o qual ocorre 100 animais em aplicação/365 dias 43.343,50 em torno de 60 a 90 dias pós-parto. Deve-se levar em consideração o aumento de consumo alimentar, pois o animal que produz mais tem maior necessidade nutricional, necessitando de produtividade, como o uso de rBST, associada a genética permite um ganho de produção e maior rentabilidade da atividade. de uma dieta mais elaborada e rica em nutrientes. Considerando, uma vaca holandesa de 550kg que, na ausência do rBST, produz 30kg/dia de leite, consome 20,12 kg de Referencias Bibliográficas matéria seca/dia e 3,17kg de proteína bruta/dia, ao passar a reBAUMAN, D.E. Bovine Somatotropin: Review of an Emerging ceber doses de rBST passa a ter uma produção aproximada de Animal Technology. Journal of Dairy Science. v.75, n.12, p.343234kg/dia de leite e uma necessidade nutricional de 21,36kg/dia 3451. 1992 de matéria-seca e 3,5kg/dia de proteína bruta. Esse ajuste de Dados do NRC 2001 NT 51 bovinos de LEITE Tamponamento ruminal em vacas leiteiras 52 NT Diego Langwinski Engenheiro Agronômo, MSc. em Nutrição de Ruminantes e Coordenador Técnico Comercial da Nutron Alimentos Introdução Seria um erro falar de tamponamento ruminal sem abordar alguns aspectos importantes do equilíbrio ácido-base sistêmico, pois em algumas situações específicas, o pH ruminal é afetado pelo mesmo. Um exemplo clássico é o efeito do estresse calórico no pH ruminal.  - regulação pulmonar. O sistema tampão (realizado principalmente pelos ânions bicarbonato e fosfato) é de rápida atuação e o responsável por corrigir variações bruscas no pH sistêmico. O sistema renal regula a excreção de íons hidrogênio e a produção de amônia, fosfato, creatinina e uréia. Já o sistema pulmonar é responsável por 50-75% da regulação do pH corporal através da concentração de gás carbônico, ajustada pelo volume sanguíneo e a frequência respiratória. Estes são os sistemas atuantes em todos os animais, sejam não ruminantes ou ruminantes. Resposta ruminal ao stress térmico Rumen pH 6.6 6.2 Entendendo o tamponamento ruminal Em ruminantes, temos mais um sistema que exige regulação ácido- base dentro do sistema de regulação sistêmico. Desta forma, temos de manter um sistema tampão ativo com pH próximo a 6,0-6,2 dentro de um sistema tampão maior que funciona com pH 7,3-7,4. O importante é que não podemos pensar neles isoladamente, ou seja, temos que entender como um sistema pode afetar o outro. Pensando em tamponamento ruminal, temos que buscar o equilíbrio entre a entrada e produção de ácidos dos alimentos e os sistemas de remoção e 5.8 5.4 Ameno=18ºC Quente=29,4ºC Adaptado de Mishra e colaboradores, 1979 J.Anim. Sci. 30:1023 Entendendo o tamponamento sistêmico (equilíbrio ácido-base) A vida dos organismos animais é mantida através de diversos mecanismos de regulação. Um destes mecanismos é responsável pela manutenção do equilíbrio entre a produção de ácidos e bases dentro do corpo. A maioria dos fluídos corporais e sistemas enzimáticos funcionam próximos da neutralidade (ao redor do pH 7,0). A ingestão de alimentos ácidos e a produção de ácidos no metabolismo intracelular faz com que haja um desequilíbrio em favor dos ácidos que, se fosse mantido, levaria a um quadro de acidose metabólica, causando uma série de danos à estrutura celular. No entanto, o organismo animal possui três sistemas principais que regulam o equilíbrio ácido-base: - sistema tampão; - regulação renal; Equilíbrio do ph pH Ótimo (6,5) Produção Ácido Lático Produção AGV Reduz pH Absorção AGVs Utilização Ácido Lático Tampão Salivar Aumenta pH NT 53 neutralização destes ácidos. Quando falamos em entrada de ácidos, temos que levar em conta o pH natural dos ingredientes que são fornecidos na dieta, principalmente dos alimentos fermentados. O pH natural da silagem de milho fica ao redor de 4,0. Neste caso, o sistema tamponante que atua no rúmen deve levar a silagem de milho do pH 4,0 até o pH de 6,0-6,2. Também devemos levar em conta a produção dos ácidos graxos voláteis que é resultante de uma série de fatores relacionados com a fermentabilidade da dieta: amido, açúcares, fibra solúvel, FDN degradável no rúmen e proteína degradável do rúmen. Quanto maior for a fermentabilidade, mais eficiente tem que ser o sistema de tamponamento/remoção destes ácidos. O melhor tamponante do sistema ruminal é a saliva. A produção de saliva se dá nas glândulas salivares e é estimulada pela ingestão de alimentos fibrosos (grosseiros). Além da saliva, que é rica em ânions bicarbonato e fosfato, as glândulas salivares produzem muco, que lubrifica o trato digestivo superior para ingestão deste tipo de alimento. Desta forma, alimentos fibrosos, com tamanho de partícula e estrutura química que estimulem a ruminação/mastigação, contribuem muito para o tamponamento ruminal ou neutralização de parte dos ácidos produzidos durante a fermentação. A remoção dos ácidos graxos voláteis é também uma forma de manter o equilíbrio ácido-base no rúmen. Porém, sabe-se muito pouco de como explorar este mecanismo. Talvez a única forma de contribuir fosse melhorando a distribuição das frações que compõem os carboidratos não fibrosos, além de buscar fibra de maior digestibilidade. Resumindo, buscaríamos frações com diferentes velocidades de fermentação ruminal, produzindo ácidos de forma gradual e constante. A neutralização dos ácidos graxos voláteis via suplementação de tamponantes é atualmente muito utilizada para corrigir ineficiência no manejo dos animais ou mesmo uma necessidade dependendo dos alimentos que são disponibilizados ao nutricionista ou das condições de estresse calórico. Vanguarda em nutrição animal A aquisição da Provimi pela Cargill está trazendo uma série de tecnologias para a equipe de Coordenadores Técnicos da Nutron Alimentos: - Dairy Max, o mais completo software de formulação Forage Particle Scorer 54 NT de dietas para bovinos de leite; - Forage Particle Scorer, um determinador de tamanho de partículas que serve para alimentar o Dairy Max; - Kernel Hardness Tester, um equipamento para medir a dureza dos grãos de milho, também utilizado para alimentar o Dairy Max. Todas estas tecnologias juntas geram um número muito grande de informações que, acompanhadas de um portfólio de serviços diferenciado, vão mudar os rumos da Nutrição de Bovinos de Leite no Brasil. O Dairy Max traz um novo conceito relacionado com o tema tamponamento ruminal, o Rumen Health Index (rH). Este índice considera os efeitos físicos e químicos da dieta na função ruminal. Ele é uma combinação das análises dos nutrientes com as características físicas que ajudam a predizer o pH ruminal. Com o Dairy Max, os nutricionistas da Nutron terão uma ferramenta de formulação para buscar a quantidade de tamponante realmente necessária para garantir a saúde ruminal e a longevidade das vacas leiteiras, levando em consideração uma série de outros fatores que são únicos em cada propriedade de bovinos de leite. A Nutron lançou recentemente uma nova linha que contém uma série de produtos tamponantes, cada um desenvolvido com diferente combinação de produtos alcalinizantes, tamponantes e aditivos. Isso proporciona um pacote completo de soluções para as mais variadas situações encontradas no campo. #$% "#$%&'()&*%#)+"#*,&( #*, )+#*,-.+)&(/+0*+.+)1( #$% "#$%&'#/('#/2$,13&/ 0HOKRUHÀFLrQFLDUHSURGXWLYD $XPHQWRQDSURGXomRGHOHLWH 'LPLQXLomRGDFRQWDJHPGH FpOXODVVRPiWLFDV "456789(9(84:;7:<9(=>?@4 0HOKRUTXDOLGDGHGHFDVFR 0HOKRUHÀFLrQFLDDOLPHQWDU ! ! $=LQSU $=LQSUR0LQHUDO3HUIRUPDQFHWHPVXDHÀFLrQFLDFRPSURYDGDFLHQWLÀFDPHQWHDRORQJR( R GRVDQRVH GRVDQRVHVmRRVYHUGDGHLURVH~QLFRVPLQHUDLVGHSHUIRUPDQFHGRPHUFDGR$VSHVTXLVDV( EU VREUHPLFURPLQHUDLVWrPPRVWUDGRTXHRVPLQHUDLVGHSHUIRUPDQFHGD=LQSURSURSRUFLRQDP( HPLFURP HOKRUGHVHP PHOKRUGHVHPSHQKRHPDLRUHVUHVXOWDGRVHFRQ{PLFRVQDSURGXomRGHOHLWH2VEHQHItFLRVTXH( RVPLQHUDLVGHSHUIRUPDQFHGD=LQSURSURSRUFLRQDPLQFOXHP 3HUIRUPDQF =LQSUR3HUIRUPDQFH0LQHUDOVKiPDLVGHDQRVFXPSULQGRRFRPSURPLVVRGHGHVHQYROYLPHQWRGHQtYHLV RU VXSHULRUHVGHFLrQFLDHGDTXDOLGDGHGHSURGXWRVPara HVGHFLr mais informações, entre em contato pelo e-mail [email protected], telefone (19)sac 3432 7372 ou acesse www.zinpro.com. .za Performance marcas registradasdadaZinpro ZinproCorp. Corp. PerformanceMinerals Minerals!®eeAvaila Availa!®Sow 4 sãosão marcas registradas ©2012 Zinpro Corp. Todos Todos os os direitos direitos reservados. bovinos de LEITE Escore de Locomoção 56 NT Rogério Isler Médico Veterinário e Gerente de Ruminantes Brasil da Zinpro Performance Minerals é uma ferramenta para identificação prévia dos problemas de cascos Pesquisadores do Estados Unidos e Europa reportam que o custam médio da manqueira está ao redor de US$346 por caso. Sendo que o custo com as lesões infecciosas são menores, em torno de US$100, e o das lesões não infecciosas chega próximo de US$500. O caso de manqueira não tratado pode afetar o consumo de matéria seca pelo animal, a produção de leite, o desempenho reprodutivo, a saúde do animal e sua longividade e por fim a lucratividade do negócio. A identificação e o tratamento antecipado das vacas mancas mantém os animais produtivos. Para monitoramento e manejo adequado da saúde de casco é importante que o produtor identifique os animais afetados. O sistema de escore de locomoção é uma ferramenta que permite a identificação prévia dos problemas de locomoção, essa foi desenvolvida para simplificar o trabalho de gerenciamento dos problemas de casco. O escore de locomoção é um processo simples de avaliação da postura da linha de dorso do animal, tanto parado quanto caminhando. Atribuindo uma nota de 1 (postura e marcha normal) a 5 (manqueira severa) permite identificar as vacas que ainda não apresentam manqueiras mas já estão com algum tipo de lesão de casco. Pesquisadores de universidade tem documentado que vacas com problemas de casco mudam sua postura da linha de dorso, movimento da cabeça, tanto quanto o movimento de suas pernas e pés, para compensar a dor devido as injúrias de casco. Os objetivos desse programa é identificar as vacas com escore de locomoção 2 (manqueira moderada) ou maior (3 a 5, manqueira moderada a severa) como canditadas para casquemento preventivo ou tratamento e avaliar a prevalência de manqueira do rebanho. O escore de locomoção auxilia na identificação prévia de problemas de casco, antes que esses problemas se tornem graves, dolorosos e tragam grandes prejuízos para o rebanho. Escore de locomoção pode ser realizado em várias condições: pastejo, freestalls, sala de espera ou na saída da ordenha. A avaliação do escore deve ser realizado num local com piso plano, sem obstáculos, buracos ou pedras para que os animais possam caminhar sem alterar sua real postura. Muitos produtores optam para fazer a avaliação quando as vacas estão se movem para a ordenha ou voltando para o curral após da ordenha. Cuidado deve ser tomado para garantir que as vacas possam caminhar confortavelmente e não sendo empurradas. Para identificar os animais com escore 2 ou maior, todas as vacas dentro do rebanho ou lote precisam ser identificadas. Portanto, se o objetivo é uma avaliação global da manqueira do rebanho, só um grupo representativo pode ser avaliado. Pesquisadores de universidades e da indústria sugerem que sejam avaliados no mínimo de 25 a 50% de todas as vacas. Cuidado deve ser tomado durante a avaliação para a distribuição das vacas mancas dentro do grupo, caminhando ou deitadas, não seja uma forma de seleção. A rotina de avaliação do escore de locomoção a cada 2 a 4 meses pode ser uma medida efetiva para avaliar o impacto do manejo, ambiente e nutrição do rebanho sobre a manqueira. Escore de locomoção pode servir como um sistema NT 57 de identificação prévia de um potencial problema de casco do rebanho. Portanto, os animais devem ser avaliados e identificados com candidatos ao casqueamento preventivo de rotina, por exemplo ao parto, a inseminação, na secagem, a chegada para o grupo de ordenha. A identificação prévia, o tratamento corretivo, a atenção ao conforto da vaca e garantir uma boa nutrição, incluindo minerais de alta performance, pode melhorar a saúde geral de casco e ter um efeito positivo de desempenho do rebanho e a lucratividade. Selecionando um grupo representativo de vacas dentro do rebanho ou lote (pelo menos 25 a 50% do grupo ou 50 animais) para avaliar o escore de locomoção irá melhorar a eficácia do programa preventivo e a avaliação global da manqueira do rebanho. A afecção de casco é uma doença multifatorial. Os seguintes fatores de manejo irão influenciar na incidência de claudicação. Embora pequenas quantidades sejam necessárias, os microminerais são importantes elementos da nutrição. Eles fazem parte da composição e mantém o funcionamento do organismo animal. O Zinco é essencial para a produção do tecido córneo e desempenha um papel importante na resposta imunológica do animal. O efeito do zinco sobre a manqueira em bovinos está normalmente relacionado a cicatrização de ferida, reparo do tecido epitelial, dureza do casco e manutenção da integridade celular. O cobre é essencial para do tecido córneo do casco saudável. Uma deficiência de cobre pode interferer na síntese de queratina, inibindo o desenvolvimento de um tecido córneo. O manganês tem importante papel no processo de cicatrização de feridas, formação do colágeno e elastina presentes nas laminas do casco, articulações e ligamentos. A maioria dos nutricionistas tem trabalhado com níveis superiores de microminerais das tabelas de requerimentos definidas pelo NRC. Por não considerar o estresse relacionado ao aumento na produção de leite e ou doenças, além do efeito dos agentes antagonistas muitas vezes presentes na água e em outros alimentos, as pesquisas tem demonstrado que quantidades superiores de alguns microminerias tem apresentado grandes resultados, melhorando o desempenho animal. Por isso dizemos que requerimento é a quantidade necessária para a manutenção, crescimento, lactação e gestação. Enquanto recomendações são as quantidades validadas pelas pesquisas que comprovam que a suplementação aumenta o desempenho ou melhora a saúde do animal. 58 NT A afecção de casco é uma doença multifatorial. Os seguintes fatores de manejo irão influenciar na incidência de claudicação. 1. Conforto da vaca Evitar aglomeração de animais Proporcionar local adequado para a permanência das vacas, limpo e seco Minimizar estresse calórico Evitar pisos escorregadios ou pisos que causam abrasão das cascos 2. Cuidados com os cascos Promover casqueamento de manutenção, 2 vezes ao ano Promover casqueamento terapêutico Promover a higienização dos cascos utilizando pedilúvio Conservar as áreas de tráfegos limpas e sem irregularidades 3. Período de transição Minimizar as trocas abruptas de ração, diminuindo o risco de acidose ruminal Promover a máxima saúde para a vaca nesse período 4. Nutrição Fornecer dietas corretamente balanceadas Fornecer dietas misturadas corretamente Formular dietas de forma a minimizar o consumo seletivo pelas vacas Fornecer dietas com níveis adequados de microminerais Fornecer minerais de alta performance para promover uma maior integridade dos cascos bovinos de corte Cloridrato de Zilpaterol: Tecnologia que envolve melhoria no desempenho animal de forma sustentável em confinamento Detentor do maior rebanho comercial do mundo e vivendo um momento de extrema expansão na produção de grãos, o Brasil tem se posicionado como país favorável para a utilização de técnicas intensivas de produção de carne bovina. Dentro deste cenário de oportunidades e também de desafios, a adoção de novas tecnologias no dia a dia no confinamento torna-se essencial. Avanços científicos na área de nutrição de bovinos, objetivando aumentar o desempenho, elevar o retorno 60 NT econômico e preservar os recursos ambientais são fatores vitais para uma pecuária moderna, competitiva e sustentável e, neste sentido, melhoradores de desempenho denominados de beta-agonistas representam este futuro. Os beta-agonistas que são agentes melhoradores de desempenho ou agentes de repartição de nutrientes utilizados no meio zootécnico são farmacologicamente similares às catecolaminas, como a dopamina, a norepinefrina e a epinefrina, que são compostos utilizados na medicina Rodrigo Goulart Médico Veterinário, Ph.D. na área de Exigência de Fibra para Bovinos em Confinamento pela USP/ESALQ e Gerente Técnico da MSD Saúde Animal humana há mais de 30 anos como bronco dilatadores. Nos animais de produção, os beta-agonistas são administrados pela via oral, por meio da adição direta destes à ração na fase final de engorda, durante os últimos 20 a 40 dias. Inúmeros trabalhos científicos publicados nos últimos anos em diferentes países como: Estados Unidos, Canadá, México e África do Sul foram unânimes quanto aos efeitos positivos do uso do beta-agonista cloridrato de zilpaterol em confinamento. O cloridrato de zilpaterol tem sido amplamente utilizado na África do Sul desde 1997, no México desde 1999, nos Estados Unidos desde agosto de 2006 e mais recentemente, em 2009, o Canadá aprovou o uso deste composto em confinamento. Seguindo esta série histórica de adoção ao uso do cloridrato de zilpaterol em confinamentos, no dia 25 de julho de 2012, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) concedeu ao Brasil a licença para a comercialização do NT 61 produto cloridrato de zilpaterol da MSD Saúde Animal tornando-se o primeiro laboratório veterinário a receber o certificado de registro do uso de beta-agonista em confinamentos nacionais. Cloridrato de zilpaterol é um aditivo melhorador de desempenho que tem como objetivo: aumentar o ganho de peso diário, melhorar a conversão alimentar do animal e principalmente, elevar o rendimento de carcaça de bovinos de corte em fase de terminação em confinamento. O cloridrato de zilpaterol é administrado pela via oral durante os últimos 20 a 40 dias de confinamento pela adição direta deste à ração total, com retirada do mesmo 3 dias antes do abate. Seu modo de ação se dá por modificações de alguns sinais metabólicos nas células musculares e de gordura dos bovinos, por meio de ligações entre o cloridrato de zilpaterol e receptores específicos na membrana celular. Dessa forma, o cloridrato de zilpaterol primariamente muda a partição de energia vinda do alimento ingerido, aumentando o aporte de energia da dieta para o tecido muscular em comparação ao tecido adiposo. 62 NT Os receptores específicos dos beta-agonistas em animais são divididos em três subtipos: receptores beta1, beta-2 e beta-3 e estes estão presentes na maioria das células de mamíferos. Contudo, a distribuição e a proporção dos subtipos de receptores variam entre os tecidos e as espécies. Em bovinos, por exemplo, predominam os receptores do tipo beta-2 nas células musculares e adipócitos, podendo chegar à proporção de 75% de beta-2 e 25% de beta-1 nas células de gordura. A maior afinidade do cloridrato de zilpaterol por receptores do tipo beta-2, justifica a razão desta molécula elevar o desempenho de bovinos, elevar o rendimento de carcaça, como também, proporcionar maior rendimento de carne à desossa da carcaça de animais alimentados com este beta-agonista. Além de diversos experimentos conduzidos no exterior com cloridrato de zilpaterol, estudo realizado no Brasil utilizando a mesma molécula pela equipe do pesquisador e professor da ESALQ/USP Dante Pazzanese Lanna puderam concluir os benefícios do uso deste beta-agonista em confinamento. Utilizando em seu experimento animais não castrados da raça Nelore e cruzamentos com Nelore, tais autores demonstraram ganho adicional de 14 kg de peso vivo final, melhora na conversão alimentar de 13% e ganho adicional de peso de carcaça quente de 16 kg para os animais suplementados com Cloridrato de Zilpaterol em comparação à média dos animais não tratados com o beta-agonista. Neste cenário, utilizando os dados de peso de carcaça quente oriundo dos animais suplementados com Cloridrato de Zilpaterol apresentados no trabalho a cima, conclui-se que a cada 18 animais enviados ao frigorífico é possível obter um ganho bruto adicional de 288 kg de carcaça ou em outras palavras, 1 boi adicional a cada caminhão boiadeiro. Por outro lado, além de elevar a lucratividade do confinador, torna-se importante ressaltar os benefícios ao meio ambiente quanto a economia de água, de alimento e a não eliminação de dejetos em confinamento ao se utilizar beta-agonista. Assim, ainda utilizando o mesmo raciocínio a cima, a cada boi adicional pelo envio de uma carreta ao frigorífico contendo bois suplementados com Cloridrato de Zilpaterol é possível prever economia de aproximadamente 5.300 litros de água, 600 kg de milho e a não eliminação de aproximadamente 320 kg de matéria seca de fezes em confinamento com duração de 100 dias alimentação. Assim sendo, sabendo dos benefícios do beta-agonista no desempenho animal, torna-se imprescindível a implantação desta tecnologia em confinamentos brasileiros, pois produtores serão capazes de aumentar a rentabilidade na propriedade e frigoríficos terão oportunidade de receber uma carcaça com maior rendimento de desossa. Além disso, o uso de beta-agonistas poderá promover benefícios ambientais indiretos, ou seja, menores proporções de terra, água, alimento e fontes de energia serão gastos no sistema de produção de carne. Referencia: Moody, D.E.; Hanchock, D.L.; Anderson, D.B. 2000. Phenethanolamine repartitioning agents. Pages 65-95 in FArm Animal Metabolism and Nutrition. J.P.F. D’Mello, ed. CAB Int, New York, NY. ALGUMAS QUESTÕES IMPORTANTES ENVOLVENDO O USO DE BETA-AGONISTAS COMO MELHORADORES DE DESEMPENHO PARA BOVINOS EM FASE DE TERMINAÇÃO Os beta-agonistas são considerados hormônios? Não. Beta-agonistas não são hormônios. Beta-agonistas são aditivos melhoradores de desempenho que atuam em nível celular e não afetam a concentração hormonal do animal. Por que se recomenda a adição de beta-agonistas apenas por um curto período de tempo? Experimentos científicos consagrados demonstraram que a utilização de beta-agonistas por mais de 40 dias não causaram aumento no desempenho dos animais. Teoricamente, o organismo do animal se adapta a atividade dos beta-agonistas após 40 dias, não apresentando resultados positivos no desempenho de bovinos após este período. Fisiologicamente qual o efeito quando se faz a retirada do beta-agonista na ração dos animais dias antes do abate? Aproximadamente 3 dias após a retirada do beta-agonista na dieta, o desempenho do animal retornará ao nível de quando estes não eram suplementados com o aditivo alimentar, não havendo perda em desempenho animal. Neste período, o animal retornará a direcionar maior energia vinda do alimento para a síntese de gordura em detrimento da síntese de tecido muscular. O uso de superdosagem de beta-agonista trará maiores benefícios para animais em confinamento? Não. Pesquisas utilizando dietas com superdosagens não demonstraram efeito positivo no desempenho dos animais ou na deposição de tecido muscular. É recomendadA a utilização de beta-agonistas em animais destinados a reprodução ou animais de exposição? Não. Este produto não é aprovado para uso em animais destinados a reprodução ou animais em exposição. NT 63 aves Pontos a serem considerados no uso de Proteases para monogástricos 66 NT Julio Carvalho Zootecnista, Dr. em Nutrição de Monogástrico e Gerente de Produtos de Aves na Nutron Alimentos As proteases têm sido incorporadas aos alimentos das aves e suínos com o propósito de melhorar digestibilidade das fontes proteicas consequentemente a melhoria do desempenho e, com isso, sua rentabilidade. As dietas das aves e suínos, compostas principalmente de milho, soja e ingredientes de origem animal, possuem algumas características ou componentes que podem dificultar digestão e prejudicar a integridade intestinal dos animais. A soja, por exemplo, contribui com cerca de 70% da proteína em dietas avícolas e possui fatores antinutricionais que proporcionam decréscimos da digestibilidade da proteína e da gordura e reduzem a absorção de nutrientes, principalmente de aminoácidos sulfurados. Dessa forma, enzimas com atividades de proteases estão sendo utilizadas como alternativa para melhorar a qualidade do farelo de soja e de outros ingredientes protéicos, como a farinha de penas, carnes e ossos etc. Outro ponto importante também é a proteína do milho (8%), seu conteúdo é baixo mas representativo em uma dieta, visto que o mesmo representa 70% da mesma e pode contribuir com até 25% da proteína da dieta. Contudo a solubilidade da proteína do milho, é de extrema importância, pois o mesmo encontra-se em sua maioria no endosperma encapsulando o amido, podendo interferir na digestibilidade do amido e consequentemente na contribuição energética do milho. O que são Enzimas? Enzimas são catalisadores biológicos que aceleram reações químicas intra ou extracelulares. As enzimas exógenas, ou seja, aquelas adicionadas à ração, atuam no lúmen intestinal, a partir do momento que encontrarem condições de pH, temperatura e umidade para ficarem ativas. Para poder entender as limitações e as potencialidades do uso de enzimas na nutrição de aves, é importante relembrar alguns aspectos de enzimologia. São eles: as enzimas são moléculas proteicas complexas (com número e sequência de aminoácidos constante) que catalisam uma reação química; são altamente específicas para as reações que catalisam e para os substratos que estão envolvidos na reação; exigem que sua estrutura permaneça inalterada para garantir sua atividade, a qual depende de vários fatores (exemplo: tipo e quantidade de substrato, pH, temperatura, presença de inibidores enzimáticos) e, por serem proteínas, podem ser inativadas e desnaturadas por pHs extremos e calor e também podem ser degradadas por outras enzimas (proteases) (Nagashiro, 2007). Com relação a esses aspectos, Marquardt et al. (1996) indicaram que os seguintes fatores devem ser considerados, quando se utilizam produtos enzimáticos: o suplemento enzimático deve conter um espectro apropriado de atividade enzimática, de tal forma que os efeitos antinutricionais do substrato alvo sejam neutralizados (exemplo: beta-glucanos presentes na cevada e aveia, arabinoxilanos presentes no centeio, trigo e triticale); o suplemento deve conter quantidades adequadas de substância ativa de enzimas apropriadas para neutralizar os efeitos antinutricionais da dieta; cereais diferentes possuem quantidades distintas de fator antinutricional sensíveis às enzimas. Portanto, a resposta pode variar de acordo com o cereal ou a dose a ser utilizada, devendo ser de acordo com a quantidade e o tipo de substrato; os resultados são afetados pela classe e pela idade das aves. As respostas em suínos, normalmente, são menores que as encontradas em aves e ainda não foram bem estudadas; as enzimas exógenas não devem ser inativadas pelo processamento da ração, pelo baixo pH ou serem degradadas pelas enzimas endógenas presentes no trato gastrintestinal. NT 67 Segundo Tejedor (2000), na prática, somente um pequeno número de enzimas conhecidas pode ser utilizado em alimentação animal. As principais limitações são disponibilidade, custos e estabilidade operacional. A estrutura molecular das enzimas é bastante frágil e pode ser desnaturada pelo calor, pelos ácidos, pelas vitaminas, pelos minerais, pelos metais pesados e por outros agentes oxidantes, a maioria usualmente encontrada no premix (Graham & Inboor, 1991). Por essa razão, existe a preocupação de que as enzimas utilizadas na alimentação animal possam manter nível de atividade suficiente para se obter resposta significativa (Classen et al., 1993). Quais são os pontos Críticos? Entre vários pontos a serem abordados na ação de uma protease, sem dúvida alguns tem maior impacto sobre as dietas de aves e suínos. Elevada eficiência catalítica Degrada proteínas de estoque da soja Degrada fatores anti-nutricionais da soja Melhora a digestão das proteínas do milho Especificidade no Substrato (Vegetais vs animal) Resistência a protease endógena e interação com outras enzimas pH de ação Resistência térmica (peletização) 68 NT Alguns desses pontos serão discutidos abaixo, mas a interação entre os mesmo são fundamentais para garantir uma melhora atuação e consequente benefício para o animal. Como agem? As dietas constituem basicamente de Milho, Farelo de Soja, e Farinhas de Origem animal (carne e ossos; penas, vísceras). Neste sentido, é importante saber que todas estas acima citadas são substrato de possível ação de uma protease. As proteases como toda enzima é especifica, sendo assim, sua ação sobre fontes de origem vegetal e animal, diferem e apresentam potenciais de melhora diferente dependente do substrato (vegetal ou animal) e consequentemente da sua afinidade pelo mesmo. Seu modo de ação consiste em degradando as proteínas complexas reduzindo-as em frações menores, consequentemente inativando fatores antinutricionais. A descoberta dos inibidores de proteases provenientes de leguminosas, particularmente da soja, estimularam pesquisas sobre a ação em animais experimentais, devido a sua interferência na nutrição animal (Rackis, 1974). Os efeitos nocivos dos inibidores de proteases em animais alimentados com leguminosa crua são complexos. Muitos estudos com animais monogástricos têm atribuído aos efeitos deletérios, principalmente alterações metabólicas do pâncreas (aumento da secreção enzimática, hipertrofia e hiperplasia) e redução da taxa de crescimento, à presença de inibidores de tripsina na alimentação à base de leguminosas (Al-Wesali et al., 1995). Nitsan & Liener (1976) estudaram o efeito de dietas com farinha de soja crua e Alguns dos fatores antinutricionais de maior impacto para nutrição animal como as Lectina e inibidores de tripsina, reduzem o aproveitamento dos farelos proteicos de origem vegetal, para aves e suínos e pode impactar significativamente no desempenho dos animais. Origem Proteína (%) Urease (mg N/g min) Argentina Brasil China Europa Índia USA Global 43,9 – 46,9 46,6 – 49,2 43,2 – 46,1 43,4 – 49,3 48,2 – 49,9 48,2 – 49,4 43.2 - 49.9 0,02 – 0,02 0,02 – 0,15 0,02 – 2,59 0,02 – 0,17 0,02 – 0,22 0,02 – 0,02 0.02 - 2.59 Inibidor Tripsina (mg/g) 0,4 – 1,3 1,5 – 2,5 1,0 – 6,8 1,6 – 3,5 1,5 – 3,2 2,2 – 3,3 0.4 - 6.8 Lectina3 (mg/g) 0,02 – 0,09 0,09 – 0,38 0,34 – 2,28 0,01 – 0,13 0,20 – 1,24 0,02 – 0,05 0.01 - 2.28 Antigenicidade Total1,3 (%) 0,3 – 3,7 5,2 – 8,9 1,7 – 13,1 11,7 – 16,0 9,7 – 10,2 14,1 – 17,1 0.3 - 17.1 1. % do grão referência (não desativado). 2. Rafinose + Estaquiose + Verbascose . 3. ELISA Finfeeds international ltda 46,2 – 59,0 63,8 – 66,1 55,7 – 60,0 57,9 – 64,4 48,4 – 59,7 57,1 – 66,1 46.2 - 66.1 n = 19 . gráfico 1 110 Digestibilidade aparente proteína (% do controle) aquecida sobre os níveis de tripsina, quimotripsina e amilase no pâncreas de ratos. Os autores concluíram que a ingestão de soja crua, ao contrário da soja cozida, estimulou a secreção das enzimas pancreáticas. As evidências experimentais induzem a aceitação do mecanismo de inibição retroativa do controle da secreção do pâncreas, para a explicação da hipertrofia pancreática provocada em ratos com administração de altas doses de inibidor de tripsina. No mecanismo de inibição retroativa proposta para a regulação da secreção enzimática do pâncreas, os níveis de tripsina e/ou quimotripsina livres no intestino delgado determinam a quantidade de secreção pancreática, isto é, quando o nível de tripsina abaixa a certo limiar o pâncreas é induzido através da colecistoquinina a secretar mais enzima (Rackis & Gumbmann, 1982). O inibidor de tripsina bloqueia a ação da tripsina resultando em aumento excessivo da concentração plasmática de colecistoquinina e desta forma, o pâncreas é continuamente estimulado a liberar mais enzima, provocando hipertrofia pancreática (Liddle et al., 1984). O excesso de secreção pancreática leva a excessiva perda fecal de proteína, visto que as enzimas pancreáticas são ricas em aminoácidos sulfurados e esta perda endógena não pode ser compensada pela ingestão de proteína de leguminosas (Rackis & Gumbmann, 1982). Alguns dos fatores antinutricionais de maior impacto para nutrição animal como as Lectina e inibidores de tripsina, reduzem o aproveitamento dos farelos proteicos de origem vegetal, para aves e suínos e pode impactar signi- Oligossacarídeos2 (mg/g) 99 100 90 94 85 80 70 64 60 50 40 IT 0,21 IT 2,49 Lectina 0,16 Lectina 0,96 NT 69 Gráfico 2. Especificidade de substrato das proteases é importante para a destruição efetiva dos inibidores de tripsina. Huo et al. 1993, SAC Aberdeen Protease 1 Inibidor de tripsina remanescente (% de controle) Protease 2 80 Protease 3 70 Protease 4 60 54 50 40 37,1 36,3 30 20 7,8 10 0 ciar e muito no desempenho dos animais de diversas maneiras. A escolha da protease correta, levará ao melhor benefício em inativação e consequentemente o melhor desempenho dos animais. O Gráfico (2) demostras que dentre as 4 candidatas, apenas a protease 2 obteve níveis aceitáveis de inativação, sendo assim, será eleita para os próximos passos para definição do melhor produto a ser aplicado. As principais proteínas de armazenamento no milho são zeína e kaferina (McDonald et al., 1990). Zeína é quantitativamente a mais importante e é deficiente em aminoácidos indispensáveis, como o triptofano e lisina. Existem quatro tipos de zeinas alfa, beta, gama e delta, estas por sua vez tem um papel importante pois encontram-se encapsulando a superfície dos grânulos de amido do milho, sendo que alfa e beta zeinas penetram no endosperma, enquanto beta e gama formam ligações cruzadas resultando em amido “hidrofóbico” (Hoffman e Shaver, 2008). Essas proteínas são responsáveis diretas pela formação da matriz externa do amido, podendo influenciar sua digestibilidade diretamente. A adição de proteases exógenas pode representar um potencial desejável em suplementar a atividade proteolítica em animais jovens, liberando peptídeos menores e facilitando a ação das enzimas endógenas. Além de auxiliar na inativação de fatores proteináceos anti-nutritivos, derivados de encapsulamento e retrogradação do amido, geralmente atribuídos a temperatura de secagem e processos de térmicos (peletização e expansão) podem ainda degradar proteínas como zeína e kafirina (DARI, 2006). Contribuindo de forma significativa para degradação da matriz que envolve o grânulo de amido, liberando-o para ação das enzimas endógenas. Digestibilidade de AA totais (%) ficativamente no desempenho dos animais. Dentre os fatores antinutricionais que o farelo de soja contém, as lectinas, também conhecidas como hemaglutininas ou fito-hemaglutininas, são glicoproteínas que se ligam á superfície celular, especificamente com oligossacarídeos ou glicopeptídeos, e têm alta afinidade com a superfície das células do epitélio do intestino delgado. As lectinas podem produzir mudanças no epitélio do intestinal e estas mudanças podem resultar em danos na borda em escova por ulcerações continuadas dos vilos, causando aumento da perda endógena de nitrogênio (Douglas, et al., 1999), este mesmo autor, trabalhando com frangos e empregando sojas cruas, selecionadas para baixo conteúdo em lectina e fator antitripsínico (fator de kunitz), soja convencional e farelo de soja comercial, relataram que aproximadamente 15% do mau desempenho dos animais se devem á lectina. gráfico 3 A interação entre os fatores antinutricionais (Inibidores de tripsina e lectina), provocam decréscimo 103,5% na digestibilidade da proteína da dieta (grafico1), 103,9% 102,5% portanto, enzimas proteolíticas que provocam a 102,0% degradação destes melhoram o aproveitamento da 101,5% proteína da dieta em detrimento a degradação dos 101,0% mesmo. 100,0% O uso de proteases para quebras dos inibidores 99,5% 99,0% de tripsina, são fundamentais na escolha de uma protease eficiente para fontes proteicas de origem vegetal, visto que este está presente nas mesmas e seus efeitos como relatados acima, podem influen- 70 NT Corn Soy 0 2500 5000 Dose Protease (u/g) 10000 gráfico 4 1,900 CA 0 - 42 dias 1,850 1,830 1,828 1,800 1,750 1,700 1,650 Controle Protease 1 Determinação do nível de aplicação. É Sabido que existe um limiar de funcionamento das enzimas, a partir do qual não se observa mais efeitos benéficos sobre o substrato de ação em detrimento a melhora de digestibilidade das dietas, ou seja, a relação substrato:enzima é fundamental para verificar o melhor nível de aplicabilidade dos 1,761 produtos. Desta forma, o gráfico abaixo, demostra o efeito do nível crescente de uma protease sobre a digestibilidade da dieta contendo milho e Farelo de soja. (Gráfico 4). Este estudo concluiu que 5000 u/g de protease, foi suficiente para melhorar em 3% a Protease 2 digestibilidade total de aminoácidos da dieta. Valores acima, não produz efeito de melhora em digestibilidade de aa e consequentemente não refletirá os efeitos no desempenho das aves, o mesmo raciocínio é valido para os níveis inferiores. Para uma protease ser eficiente é necessário que sua atividade biológica resista aos rigores de fabricação, à estocagem da ração e ao baixo pH. Efeito sobre outras enzimas? A interação de protease com outras enzimas é um dos passos mais importante a serem avaliados, visto que, toda enzima é uma proteína e ao adicionar enzimas com fitase, amilase, xilanase ou outras, deve-se ter dimensionado o efeito da protease em conjunto com as demais, uma vez que ela pode degradar as demais enzimas e não trazer o efeito tão desejado com a associação das enzimas. No gráfico 3, pode-se notar que a protease 1 em conjunto com adição de amilase + xilanase, provavelmente ocasionou a destruição das demais enzimas e o não benefício do uso em conjunto das mesmas. A protease 2, mostrou-se neste caso mais efetiva em atuar no substrato e não prejudicou a ação das demais enzimas. Portanto a interação de uma protease com as demais enzimas, é fundamental e determinar sua utilização quando combinada com outras enzimas. Conclusão. O uso de protease em dietas para aves e suínos tem demostrado efeitos significativos e positivos, relacionados principalmente a melhoria das fontes de origem vegetal, colaborando principalmente na desativação de fatores antinutricionais. A escolha do produto tem que levar em consideração os efeitos relacionados a dose em função do substrato e a interação entre outras enzimas utilizadas na nutrição animal, afim de definir a melhor estratégia e combinação entre os produtos para o melhor benefício económico. 72 NT suínos Na suinocultura, viabilidade econômica de produção depende essencialmente da disponibilidade local e regional de alimentos a preços compatíveis com os preços pagos por quilograma de suíno. Sabe-se que o custo da ração representa, aproximadamente, 70% dos custos de produção, sendo que as fases de crescimento e terminação apresentam juntas, mais de 60 % dos gastos com ração (Fialho et al., 2009). Os ingredientes mais utilizados na formulação de rações para suínos, milho e farelo de soja, sofrem constantemente variações de preço refletindo diretamente na margem de lucro do suinocultor e torna muitas vezes a produção de suínos economicamente inviável. Dessa forma, a busca por alimentos alternativos que atendam às exigências de nutrientes e de energia nas diferentes fases de produção a menor custo sem afetar negativamente o desempenho dos 74 NT animais é uma necessidade para maior eficiência de produção e manutenção dos preços de mercado. Neste contexto, pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de determinar as melhores opções de utilização de alimentos alternativos energéticos, protéicos e minerálicos, os quais além de proporcionar um bom desempenho produtivo e reprodutivo dos suínos, podem reduzir o custo de alimentação resultando em maior lucratividade ao produtor. De acordo com Bellaver e Ludke (2004), as alternativas de alimentação de suínos disponíveis para uso direto nas granjas são restringidas aos macro-ingredientes de origem vegetal, que podem ser: 1) Essencialmente Energéticos: raiz de mandioca (in natura, silagem da raiz, raspa integral, farinha, farelo residual) e caldo de cana. O nível de proteína nesses ingre- Ronan Carlos Saraiva Santana Zootecnista e MSc. em Nutrição Animal do Depto de Inovação, Qualidade de Produto e Assistência Técnica da Vale Fertilizantes Alimentos alternativos para Suínos dientes é baixo, exigindo que seja aumentada a proporção das fontes protéicas, o que representa uma importante limitação. A raspa (seca) integral da raiz de mandioca em termos percentuais pode responder por até 50% da dieta. O caldo de cana apresenta em termos comparativos uma energia metabolizável de 3202 Kcal/kg quando expresso com um valor hipotético de 88% de matéria seca. Entretanto, este ingrediente é de difícil manejo e transporte, podendo até mesmo inviabilizar a sua utilização. 2) Energéticos idênticos ao milho: sorgo, milheto, grão de arroz e arroz na forma de quirera. Apresentam a possibilidade de substituição total do milho causando apenas pequenos ajustes na porcentagem dos demais ingredientes da ração. No mesmo grupo podem ser incluídas muitas sementes de gramíneas. Porém, algumas delas (principalmente as tropicais) apresentam valor energético muito menor do que o milho. A silagem de grão de milho úmido pode ser estrategicamente usada visando à redução em até 28 dias no tempo de ocupação da lavoura, e a sua inclusão nas dietas de todas as categorias de suínos pode ser realizada via substituição total do milho, desde que realizados os ajustes em função do teor de umidade, da maior disponibilidade dos minerais e, proporcionalmente a um mesmo nível de umidade, maior valor de energia metabolizável. 3) Fornecedores de energia com nível de proteína mais elevado do que o milho (pelo menos acima de 14%): farelo de arroz integral (muito sensível à rancificação), semente de girassol e soja integral inativada (tostada, cozida, extrusada). São os ingredientes que apresentam elevado teor de extrato etéreo e por esse motivo apresentam maior densidade energética. São recomenda- NT 75 dos para substituir entre 75 a 100% da proteína fornecida pelo farelo de soja em dietas para matrizes em lactação. A soja devidamente processada pode ser incluída em até 20% nas dietas nutricionalmente equilibradas a serem fornecidas para os leitões nas dietas pré-iniciais e iniciais. Para suínos em terminação o elevado teor de gordura insaturada afeta a qualidade da gordura na carcaça. A inclusão do farelo de arroz integral em rações para suínos em crescimento e terminação deve ser restringida até um máximo de 30% da dieta. 4) Fornecedores de proteína: farelo de algodão, farelo desengordurado de arroz, farelo de girassol e sementes de leguminosas, em especial o guandú. São ingredientes aptos à inclusão em dietas de suínos em crescimento e terminação e fêmeas em gestação, substituindo entre 50 a 75% da proteína oriunda do farelo de soja. Como regra geral as sementes de leguminosas apresentam, em níveis variados, fatores antinutricionais que devem ser adequadamente inativados (exceção feita para a ervilha). 5) Fornecedores de proteína com baixa energia: feno de leucena e feno da folha de mandioca que podem substituir parcialmente o farelo de soja. São ingredientes preferenciais para serem incluídos em proporção definida (no máximo 10%) nas dietas de fêmeas em gestação porque apresentam elevado teor de fibra bruta e baixa densidade energética. Limitações na utilização de alimentos alternativos A presença de fatores antinutricionais nas rações dos animais monogástricos que podem diminuir a digestibilidade dos nutrientes, afetando o consumo e o desempenho animal é uma das maiores limitações na utilização de subproduto de origem vegetal ou animal. Além disso, o processamento para inativação dessas substâncias antinutricionais nem sempre apresentam resultados satisfatórios e muitas vezes o custo desses procedimentos pode tornar o emprego desses alimentos economicamente inviável. Um exemplo dos compostos antinutricionais são os chamados polissacarídeos não-amídicos (PNA) que encontra-se nos grãos de cereais. Os PNA são resistentes a hidrólise no trato digestivo dos suínos devido à natureza das cadeias de ligações das unidades de açúcar. Celulose, β-glucanos e pentosanas são exemplos de PNA. A presença desses compostos leva a diminuição no trânsito intestinal e na digestibilidade dos alimentos por aumentar a viscosidade no interior do intestino e por diminuir o aceso de 76 NT enzimas digestivas ao bolo alimentar. Também pode haver a presença de hemaglutinina e taninos, nas leguminosas, e sua desativação só ocorre pelo processamento dos grãos. Com a diversidade da natureza química dos compostos antinutricionais, estes podem ser melhores classificados com base no tipo de nutrientes que afetam direta ou indiretamente e no tipo de resposta biológica produzida. Chubb (1982), dividiu-os em dois grandes grupos: 1 Substâncias que prejudicam a digestibilidade ou utilização metabólica das proteínas: Inibidores de enzimas digestivas Lectinas (hemaglutininas) Saponinas Compostos fenólicos 2 Substâncias que reduzem a solubilidade ou interferem com a utilização de elementos minerais: Ácido fítico Ácido oxálico Glicosinolatos Gossipol Para superar os fatores antinutricionais têm-se utilizado enzimas digestivas como catalisadores da digestão com o objetivo de melhorar o valor nutricional dos cereais. As principais são as celulases, pentosanases, beta-glucanases, xilanases, fitases e outras, que não são sintetisadas pelos não ruminantes. Entre os vários benefícios da ação das enzimas exógenas adicionadas às rações de suínos destacam-se: efeito sobre a parede celular das fibras provocando sua ruptura; redução da viscosidade intestinal provocadas pelos PNA; eliminação de fatores e propriedades antinutricionais e melhora na digestão do amido e proteínas aumentando a retenção de energia e o desempenho produtivo dos animais. suínos O impacto negativo dos problemas de casco no desempenho produtivo e reprodutivo das porcas 78 NT Ton Kramer Médico Veterinário e Gerente Comercial Suínos Brasil na Zinpro Performance Minerals Introdução Os problemas de casco há tempo são reconhecidos como tal e têm sido associados com a diminuição da fertilidade em fêmeas (Penny, 1980). Porcas com claudicação produzem menos leitegadas do que aquelas sem esse problema (menos de 3,0 leitegadas e 4,5 leitegadas, respectivamente; Grandjot, 2007). Além disso, há também maiores perdas de leitões nas matrizes com manqueira, quando comparadas com fêmeas sadias (27% e 12,4%, respectivamente; Grandjot, 2007). Os problemas locomotores têm sido reconhecidos como sendo as principais causas de descarte de porcas (Friendship et al., 1986; Jorgensen, 2000). Essas perdas produtivas, em conjunto com o descarte prematuro de matrizes com problemas de casco causam uma perda financeira para o sistema de produção de suínos, estimado em US$ 52/fêmea (Grandjot, 2007). Assim, a manutenção da produtividade do rebanho, com a remoção e reposição das fêmeas não produtivas, provou ser crucial para o bem-estar e o sucesso do negócio. O conhecimento e o entendimento das claudicações têm evoluído à medida que novas pesquisas tem sido desenvolvidas. Tem se mostrado que a manqueira está relacionada com a diminuição significativa da produtividade das fêmeas, bem como com o descarte precoce de porcas (Anil et al., 2008). Normalmente, as fêmeas removidas do plantel em função da claudicação têm uma idade menor se comparadas com aquelas que são descartadas por outros motivos. A precocidade na remoção das fêmeas tem um impacto negativo no tamanho das leitegadas, na sobrevivência dos leitões e pode levar a um aumento de problemas ligados ao status sanitário do rebanho (Dagorn and Aumaitre, 1979; D’Allaire et al., 1987; Patterson et al., 1997). Comparando os efeitos da claudicação na performance produtiva e na longevidade de fêmeas, observou-se que fêmeas com problemas de manqueira tiveram leitegadas com menor tamanho e com um número menor de leitões nascidos vivos, sendo ainda descartadas precocemente (Anil et al., 2009). Porcas com unhas com crescimento excessivo, rachaduras no casco e erosão e sobrecrescimento da almofada plantar têm pior desempenho reprodutico e, ainda, o crescimento desigual das unhas impacta significativamente na incidência de manqueiras (Vestergaard et al., 2006; Anil et al., 2008). Infelizmente, pouca atenção tem sido dada à questão das lesões de casco na suinocultura brasileira. Estudos americanos têm mostrado que mais de 88% das fêmeas tem pelo menos alguma lesão em uma das patas (Anil et al., 2007). Além disso, constatou-se que menos de 1% das fêmeas não têm alguma lesão no casco em levantamento realizado na Europa (Pluym et al., 2011). Levantamentos realizados no Brasil mostram que 99% das porcas têm algum tipo de lesão e que mais de 46% das fêmeas apresentam algum grau de claudicação (Kramer, 2012 - dados não publicados). Esses números podem variar de acordo com influências ambientais e comportamentos de agressividade, dependendo se as fêmeas são alojadas em grupos (baias coletivas) ou em gaiolas individuais. As lesões de maior importância são aquelas que penetram a parede do casco atingindo o córion, promovendo assim reações inflamatórias, dor e claudicação. Lesões como rachaduras profundas da parede e lesões na linha branca incluem-se nesta relação (Figura 1). Diminuição da ingestão de alimento e particionamento dos nutrientes Inflamação, geralmente acompanhada pela dor, é uma das conseqüências mais comuns das claudicações. Muitas vezes as fêmeas com manqueira são excessivamente magras e tem uma pior condição corporal. Geral- NT 79 mente, em casos de problemas crônicos, há uma diminuição na ingestão de ração. Os ajustes nos hábitos de ingestão das porcas irão levar a complicações posteriores, como as observadas nas mudanças da performance reprodutiva. Geralmente se uma marrã não come o suficiente, ela terá uma diminuição na sua capacidade reprodutiva. Porcas de primeiro parto são mais sensíveis aos efeitos negativos da baixa ingestão de nutrientes durante a lactação, se comparadas a fêmeas mais velhas ou multíparas (Eissen et al., 2003). A lactação é um dos momentos de maior demanda energética e de atividades desafiadoras que uma fêmeas pode passar. Assim, manter a ingestão de alimento é crucial para o bem estar do animal e sua performance geral. Ingestão de alimento, especialmente durante certos estágios do ciclo reprodutivo, influencia muitos dos sistemas corporais de várias maneiras. Por exemplo, a diminuição do consumo de energia e proteína durante a lactação pode perturbar ou mesmo alterar a quantidade de sinalização do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) no hipotálamo. Esse sinal impacta na quantidade de LH e FSH liberado e, consequentemente, afeta a esteroideogênese do ovário. Os efeitos reprodutivos da inadequada ingestão de nutrientes durante a lactação parece ser mediada, ao menos em parte, através da secreção de LH e da mortalidade embrionária (King e Martin, 1989). Alcançar níveis suficientes de energia e proteína através consumo de alimento é fundamental para a liberação dos hormônios necessários para o funcionamento adequado do aparelho reprodutivo. As inflamações não apenas levam à redução do consumo de alimentos, mas promovem a liberação de citocinas em resposta a inflamação, o que provocará uma alteração em como e com qual prioridade os nutrientes serão utilizados pelo corpo. Quando uma resposta inflamatória é sinalizada, o animal irá alterar o destino dos nutrientes, priorizando órgãos do sistema imune, fígado, pulmões e cérebro, enquanto sistemas não prioritários para a sobrevivência, como o reprodutivo, receberão uma quantidade menor de nutrientes (Spurlock, 1997). Assim sendo, os efeitos da inflamação no consumo de ra- 80 NT ção e partição de nutrientes impacta negativamente a composição e condição corporal da fêmea durante a lactação. Condição corporal A condição corporal de uma porca é classificada de acordo com uma escala de 1 a 5, sendo 1 um sub-condicionamento e 5 um sobre-condicionamento. Frequentemente as porcas ou leitoas com baixo consumo de ração durante a lactação têm escore 1. Estes animais com baixos escores geralmente apresentam baixo desempenho reprodutivo. Isto foi evidenciado em trabalho que demonstrou que fêmeas com um escore de condição corporal (ECC) de 1 tem uma frequência maior de ovários acíclicos se comparadas com fêmeas com o ECC de 4 (Knauer et al., 2007). A baixa ingestão de ração durante a lactação pode levar a uma perda excessiva de peso corporal que, por fim irá resultar na diminuição da longevidade da porca (Gaughan et al., 1995) e da performance reprodutiva (Quesnel, 2005). Além disso, restrição protéica duranFigura 1: Cascos apresentando te a lactação altera a concentração e inflamação, lesão de linha circulação de horbranca, erosão de sola, mônios somatotrósobrecrescimento de unhas e ficos e insulina ao final do período de sobre-unhas lactação. Essas baixas concentrações impactam negativamente a taxa de ovulação após a desmama (Mejia-Guadarrama et al., 2002). Vale destacar que o desenvolvimento folicular limitado e a recuperação incompleta do trato reprodutivo à desmama parece ser a principal causa da diminuição da sobrevivência embrionária no segundo parto de fêmeas com desmame precoce (Willis et al., 2003). A prevenção e o tratamento precoce das manqueiras e lesões de casco ajudarão a manter o consumo de ração e o apetite, diminuindo assim as complicações reprodutivas devido às claudicações. Estado inflamatório Quando ocorrem processos inflamatórios, todos os sistemas corporais são alterados. Lesões nos cascos promovem reações inflamatórias crônicas e agudas, causando uma dramática alteração no sistema reprodutivo. A liberação de citocinas que acompanha as lesões leva, por fim, a complicações na reprodução das fêmeas, que incluem aumento nos abortos, absorções embrionárias, diminuição do tamanho das leitegadas e aumento das fêmeas retornando ao cio quando apresentam-se com manqueira severa. Porcas com abcessos nas patas traseiras podem apresentar ovários acíclicos (P<0,01; Knauer et al., 2007). Da mesma forma, animais que apresentam lesões nos cascos podem não manifestar cio, mesmo estando ciclando normalmente. É importante compreender que a inflamação devido às manqueiras manifesta-se da mesma forma que respostas in- flamatórias consequentes à desnutrição, mastite e disfunções da barreira imune. Impacto da Nutrição Os nutrientes de maneira geral são fundamentais para a saúde dos cascos. No entanto, microminerais e vitaminas têm uma importância significativa na produção e manutenção da integridade dos tecidos queratinizados (Mulling et al., 1999). Neste sentido, aumentar a biodisponibilidade dos nutrientes, especialmente dos microminerais, melhora seu aproveitamento e, por consequência, a integridade dos tecidos queratinizados (Ballantine et al., 2002). Zinco, Manganês, Cobre e Selênio desempenham um papel importantes no processo de queratinização dos cascos (Tomlinson et al., 2004). A suplementação de complexo Zinco, Manganês e Cobre-Aminoácido Quando Zn, Mn e Cu para fêmeas alojadas em gaiolas de gestação resultou em uma diminuição nas lesões de cascos (Anil et al., 2009). Resultados indicaram que as porcas que receberam os microminerais na forma de complexo com aminoácido tiveram menos lesões (P<0,05) nos membros posteriores que os animais controle, além de menor prevalência de claudicação (P<0,05) para as fêmeas alimentadas com complexos metal-aminoácido do que em fêmeas alimentadas com minerais inorgânicos (34% e 51%, respectivamente) e melhor performance reprodutiva: verificou-se mais (P<0,05) leitões nascidos vivos (11,07 ± 0,21 e 10,44 ± 0,22, respectivamente) e o peso da leitegada ao nascimento mostrou uma tendência (P<0,07) de ser maior (16,99 ± 0.31 e 16,16 ± 0,33 kg, respectivamente; Anil et al., 2010). Conclusão A saúde dos cascos é indispensável para o bem estar geral das matrizes e bons desempenhos produtivos e reprodutivos. Se não tratadas adequadamente, as condições negativas dos cascos podem levar a claudicação e outras complicações, que incluem perdas na performance reprodutiva e da longevidade das porcas. Com o entendimento e intervenção sobre os fatores que contribuem para a manqueira e os processos inflamatórios espera-se melhorar os desempenhos produtivos, reprodutivos e financeiros da produção suína. NT 81 suínos Rotavirose Neonatal e do Pós-desmame em Suínos 82 NT Amauri Alcindo Alfieri*, Elis Lorenzetti*, Alice Fernandes Alfieri* Pesquisadores do Laboratório de Virologia Animal, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina Entre as diversas doenças que podem acometer os suínos as infecções entéricas representam importante problema sanitário e podem ocasionar consideráveis prejuízos econômicos para a suinocultura em todo o mundo, particularmente devido às altas taxas de morbidade e de mortalidade. A diarreia caracteriza-se pelo aumento na frequência de eliminação das fezes, que devido ao grande volume de água eliminada, apresentam-se com consistência pastosa a líquida. Como consequência, o animal pode desenvolver um quadro clínico caracterizado por desidratação, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica. A síndrome diarreia ocorre tanto em animais lactentes quanto recém-desmamados, comprometendo a saúde dos leitões nas fases de maternidade e creche e é considerado o principal problema sanitário que acomete essas fases da criação. A diarreia neonatal suína, na dependência da frequência e intensidade com que ocorre, ocasiona prejuízos econômicos de ordem direta e indireta. Os principais prejuízos econômicos diretos são representados pelo aumento na mortalidade de leitões, gastos adicionais com medicamentos e desinfetantes, intensificação da mão de obra e aumento no custo de produção. Dentre os prejuízos indiretos tem-se o aumento da taxa de conversão alimentar, redução no ganho de peso, desuniformidade das leitegadas, diminuição do peso ao desmame, queda na imunidade e, consequentemente, predisposição para a ocorrência de infecções secundárias, particularmente as respiratórias. Fatores nutricionais e fisiológicos, manejo, alterações ambientais, imunidade do hospedeiro e agentes infecciosos podem estar envolvidos tanto no desenvolvimento quanto na intensidade de diarreia. A falha na proteção passiva, principalmente em leitões provenientes de matrizes primíparas, e o sistema imunológico imaturo do recém-nascido representam as principais causas da maior susceptibilidade dos animais lactentes às infecções entéricas. Devido às alterações alimentares e de ordem social, as duas primeiras semanas pós-desmame também são considerados períodos críticos para o desenvolvimento de episódios de diarreia. Na etiologia das infecções entéricas em leitões incluem-se protozoários (Criptosporidium spp., Isospora suis, Eimeria sp.), bactérias (Escherichia coli enterotoxigênica, Clostridium perfringens tipo A e C, Clostridium difficile, Salmonella spp.) e vírus (rotavírus, coronavírus, sapovírus, norovírus). A presença de mais de um agente infeccioso (infecções mistas ou múltiplas) em quadros clínicos de diarreia é comum, sendo que alguns micro-organismos podem predispor à infecção por outro enteropatogeno. É importante ressaltar que nem todos os animais acometidos por uma infecção entérica desencadearão o quadro clínico de diarreia. Porém, estes animais considerados assintomáticos, podem da mesma forma contribuir para alteração na taxa de conversão alimentar e no ganho de peso comprometendo o desempenho dos animais. Rotavírus Dentre os episódios diarreicos de etiologia viral o rotavírus é considerado o principal agente etiológico relacionado com a diarreia neonatal e do pós-desmame dos suínos. Dois aspectos devem ser considerados com relação ao rotavírus. Primeiro, que animais em fase aguda da infecção eliminam grande quantidade de partículas virais pelas fezes, podendo alcançar a ordem de 10 trilhões, ou até mais, partículas virais infecciosas, por grama de fezes. Segundo, Figura 1. Ilustração de um leitão com diarreia causada por rotavírus. fotos: david barcellos NT 83 que os rotavírus são extremamente resistentes às condições de meio ambiente, podendo permanecer infecciosos nas instalações, quando protegido por matéria orgânica, por semanas ou meses. Os rotavírus também são resistentes a alguns princípios ativos de desinfetantes utilizados regularmente na atividade suinícola. Estas características fazem com que a infecção tenha caráter endêmico no rebanho, ou seja, o rotavírus mantém-se nas instalações e nos rebanhos quase que impossibilitando a sua eliminação. Com base na proteína viral VP6, presente no capsídeo, os rotavírus podem ser classificados em sete grupos sorológicos distintos. O principal grupo responsável por infecções seguidas de sinais clínicos (episódios de diarreia) em seres humanos e em animais, incluindo os suínos, é o sorogrupo A. Porém, os grupos B e C de rotavírus também são descritos em infecções em leitões tanto nas fases de maternidade quanto de creche. Porém, a principal classificação sorológica e molecular do rotavírus grupo A tem como base duas proteínas importantes presentes no capsídeo externo do vírus, denominadas VP7 e VP4. Com base nessas duas proteínas o rotavírus grupo A é classificado em sorotipos e/ou genotipos G e P, respectivamente. As associações de genotipos mais frequentes encontradas em rotavírus identificados em suínos com diarreia são G5P[7] (OSU), G4P[6] (Gottfried), G11P[7] (YM) e G3P[7] (CRW8). Em todo o mundo, os estudos abordando as infecções de suínos com rotavírus dos grupos B e C são realizados com menor frequência em comparação com aqueles que abordam o rotavírus grupo A. No período agudo da infecção o número de partículas virais excretadas pelos animais infectados com rotavírus dos grupos B e C é consideravelmente menor que a excretada nas infecções com o rotavírus grupo A. Com isso, o diagnóstico das rotaviroses ocasionadas por esses grupos de rotavírus é mais difícil e menos frequente. Rotavirose em suínos A infecção pelo rotavírus pode acometer leitões desde a primeira até a sexta semana de vida, entretanto a maior prevalência ocorre em animais com duas a quatro semanas. A infecção em animais neonatos (primeira semana) geralmente está associada à falha na imunidade passiva, devido à ingestão insuficiente de colostro ou colostro de baixa qualidade (baixo título de anticorpos), ou ainda pela infecção por um genotipo de rotavírus diferente daquele que ocorre de forma endêmica no rebanho. Em animais com quatro semanas de vida as infecções ocorrem, principalmente, pela queda da imunidade passiva associada à deficiente resposta imunológica ativa do leitão, além do estresse de origem alimentar e social ocasionado pelo desmame. Em animais nas fases de maternidade e creche a rotavirose geralmente é acompanhada de sinais clínicos, no entanto, animais das outras fases de criação apresentam infecção assintomática. Os animais assintomáticos são considerados portadores e importantes transmissores deste vírus para indivíduos das outras fases de criação. Além dos animais assintomáticos, as matrizes durante o período do periparto (pré e pós-parto) também são consideradas importante fonte de infecção para os neonatos. Alguns fatores que podem influenciar a presença e a intensidade dos sinais clínicos são a idade e o status imunológico do leitão, a virulência e a carga viral da estirpe infectante, bem como a presença de outros patógenos entéricos. Os rotavírus infectam os enterócitos das porções apical e intermediária das vilosidades intestinais, presentes no segmento final do duodeno e inicial do jejuno. A infecção promove a lise dos enterócitos, diminuindo a capacidade de Quadro 1. Distribuição das amostras de fezes de leitões lactentes colhidas para o diagnóstico do rotavírus suíno grupo A por eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE), de acordo com as características das fezes e o local de colheita, Brasil. ESTADO MUNICÍPIOS GRANJAS PR SC RS MS MT TOTAL 23 15 38 1 3 80 51 22 49 3 5 130 AMOSTRAS DE FEZES DIARREICAS NORMAIS 126 108 99 57 151 73 15 9 37 6 428 253 TOTAL 234 156 224 24 43 681 Laboratório de Virologia Animal / UEL (Linares et al., 2009 – Braz.Arch.Biol.Techn., v.52, p. 63-68). 84 NT absorção e das funções digestivas. Os sinais clínicos ocasionados pela rotavirose resumem-se em diarreia, de consistência pastosa à líquida e cor variável que perdura por dois a cinco dias, anorexia, prostração e desidratação (Figura 1). Em casos mais graves, em decorrência dos episódios de diarreia, o animal pode desenvolver desequilíbrio eletrolítico, acidose metabólica e morte. Os quadros caracterizados por infecções mistas, com mais de um tipo de enteropatógeno envolvido, geralmente são clinicamente mais graves. Um dos principais problemas da rotavirose suína é a redução do peso ao desmame dos animais acometidos e, consequentemente, desuniformidade dos lotes ao desmame. Os animais infectados geralmente recuperam-se em até 10-15 dias, mas alguns animais podem morrer em decorrência da desidratação ou de infecções secundárias. Estudos revelam que grupos de animais que foram acometidos por surtos de diarreia nas fases da maternidade e/ou na creche apresentam maior probabilidade de desenvolverem problemas respiratórios nas fases posteriores da criação. Diagnóstico Quadros clínicos caracterizados por diarreia, desidratação, anorexia, prostração, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica expressos por leitões com diarreia neonatal ou mesmo diarreia do pós-desmame não possibilitam a definição do diagnóstico de rotavirose. Outros enteropatógenos (bactérias e protozoários) determinam sinais clínicos exatamente iguais, inviabilizando o diagnóstico clínico. O diagnóstico definitivo da rotavirose somente pode ser realizado por meio de exames laboratoriais. Algumas características dos rotavírus como o genoma viral ser constituído por 11 segmentos de RNA fita dupla e pela excreção de altos títulos de vírus no período agudo da infecção possibilitam o diagnóstico por meio de uma técnica molecular denominada eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE). Essa técnica é específica, relativamente sensível, fácil de ser realizada, de baixo custo, não necessita de equipamentos sofisticados e permite o processamento de várias amostras fecais simultaneamente. A PAGE apresenta ainda outra grande virtude que é a possibilidade de definição dos grupos de rotavírus (A, B ou C) presente nas amostras fecais. Essa técnica, apesar de antiga, é universalmente utilizada para o diagnóstico primário da rotavirose em seres humanos, animais de produção e estimação e também em aves como frangos de corte e galinhas poedeiras comerciais. Dentre as técnicas que detectam proteínas virais duas destacam-se por suas características favoráveis de praticidade e baixo custo. Vários sistemas de ELISA direto e de látex aglutinação, tanto obtidos de fontes comerciais quanto aqueles produzidos em laboratórios de pesquisa, são disponíveis para o diagnóstico da rotavirose humana e animal. Esses sistemas identificam uma importante proteína viral (VP6) presente na camada intermediária do capsídeo viral. Apesar da boa sensibilidade e especificidade apresentada por alguns sistemas de ELISA e de látex aglutinação essas técnicas somente possibilitam o diagnóstico do rotavírus grupo A. Sem dúvida o rotavírus grupo A é o mais importante e o mais prevalente nas infecções em mamíferos (seres humanos e animais). Entretanto, tanto os sistemas de ELISA quanto de látex aglutinação grupo A-específicos não são capazes de identificar as rotaviroses ocasionadas pelos grupos B e C. Finalmente, a técnica denominada reação em cadeia da polimerase, precedida de transcrição reversa, ou simplesmente RT-PCR é, sem dúvida, a mais sensível e específica. Essa técnica tem sido universalmente empregada no diagnóstico de diferentes classes de patógenos (bactérias, parasitas e vírus) em distintas espécies de hospedeiros incluindo seres humanos e animais. Porém, todas as características da infecção e do próprio rotavírus, comentadas anteriormente e que facilitam o diagnóstico, fazem com que a RT-PCR não seja indispensável na rotina de diagnóstico das ro- Tabela 1. Distribuição do resultado da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE) para a detecção do rotavírus suíno grupo A, de acordo com as características das fezes de leitões lactentes avaliados, Brasil. FEZES DIARREICAS NORMAIS TOTAL PAGE POSITIVA (%) 157 (36,7) 36 (14,2) 193 (28,3) TOTAL NEGATIVA (%) 271 (63,3) 217 (85,8) 488 (71,7) 428 253 681 p=0,0001; OR=3,49 (2,29 < OR < 5,34) Laboratório de Virologia Animal / UEL (Linares et al., 2009 – Braz.Arch.Biol.Techn., v.52, p.63-68). NT 85 taviroses ocasionadas pelo rotavírus grupo A, particularmente aquelas que comprometem animais. Entretanto, a RT-PCR é de fundamental importância para o diagnóstico das infecções ocasionadas por rotavírus grupo B e grupo C e, principalmente, para a definição dos genotipos (G e P) de rotavírus grupo A envolvidos em surtos de diarreia. Com o uso da RT-PCR os diagnósticos de infecções com rotavírus grupos B e C, particularmente em suínos, tem sido mais frequentes, aumentando a importância desses vírus na etiologia do complexo diarreia neonatal e do pós-demame dos leitões. Adicionalmente, o uso da RT-PCR tem possibilitado o esclarecimento de falhas vacinais por meio da definição do genotipo de rotavírus circulante em um rebanho suíno e comparação com os genotipos presentes nas vacinas. Por meio da RT-PCR (diagnóstico e genotipagem) tem sido também possível caracterizar o aspecto zoonótico das rotaviroses. Com o uso mais amplo da RT-PCR e a definição do genotipo viral tem-se observado infecções em seres humanos ocasionadas por estirpes de rotavírus de origem animal e infecções em animais ocasionadas por estirpes virais de origem humana, caracterizando assim o seu papel como zoonose. Rotavirose suína no Brasil Há mais de duas décadas o Laboratório de Virologia Animal da Universidade Estadual de Londrina desenvolve atividades de diagnóstico e pesquisa (genotipagem) envolvendo rotavírus de origem suína, bovina, aviária (frangos de corte) e também humana. Os primeiros estudos avaliando o envolvimento do rotavírus suíno em episódios de diarreia em leitões lactentes (maternidade) e recém-desmamados (creche) datam de 1989. Naquela ocasião, amostras fecais provenientes de leitões de granjas localizadas nos estados de SC, PR, SP e MG (estudo transversal) demonstraram a presença do rotavírus grupo A em 28% das amostras analisadas. A maior taxa de infecção ocorreu em animais com idade entre duas e quatro semanas nas quais em 41,8% das amostras foi possível identificar o rotavírus grupo A. Ainda nesse estudo, foi possível correlacionar a presença de rotavírus com o quadro clínico de diarreia uma vez que esse vírus foi identificado em 58,3% das amostras de fezes diarreicas, 22,7% nas amostras com consistência pastosa e em apenas 5,6% das amostras normais (controle). Outro estudo acompanhou os episódios de diarreia em uma granja na região sudoeste do estado do PR pelo período de 1 ano (estudo longitudinal). O rotavírus grupo A foi identificado em fezes diarreicas de leitões de todas as faixas etárias (1-6 semanas) incluídas no estudo. Porém, a maior frequência de infecção ocorreu em leitões com três (31,7%) e quatro (48,4%) semanas de vida. Mais recentemente (2009), com o objetivo de realizar uma análise comparativa sobre a frequência de ocorrência da rotavirose suína em rebanhos não vacinados de vários estados brasileiros (estudo transversal) novo inquérito epidemiológico foi realizado (Quadro 1). A taxa de diagnóstico positivo para o rotavírus grupo A foi de 28,3%. Porém, em amostras de fezes diarreicas a rotavirose foi identificada em 81,3% das amostras analisadas (Tabela 1). A maior frequência de infecção (54,7%) ocorreu em leitões com diarreia na faixa etária de 21 a 28 dias, período que coincide com a queda da imunidade passiva e em que o sistema imune do leitão ainda pode ser considerado imaturo para certos antígenos (Tabela 2). Entretanto, a alta taxa (32,3%) de diagnóstico de rotavírus em fezes diarreicas provenientes de leitões com 1 a 7 dias de idade alerta para a necessidade da adoção de medidas profiláticas com o objetivo de incrementar, em termos qualitativos, a imunidade passiva dos leitões (Tabela 2). A adoção de programas imunoprofiláticos, por meio da vacinação das matrizes no quarto final da Tabela 2. Distribuição das amostras de fezes diarreicas de leitões lactentes, positivas e negativas para o rotavírus suíno grupo A pela técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE), de acordo a faixa etária dos animais, Brasil. idade/semana PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA TOTAL AMOSTRAS DE FEZES POSITIVAS (%) NEGATIVAS (%) 41 (32,3) 86 (67,7) 31 (28,2) 79 (71,8) 44 (37,9) 72 (62,1) 41 (54,7) 34 (45,3) 157 (36,7) 271 (63,3) TOTAL 127 110 116 75 428 (X2=15; p=0,0018) Laboratório de Virologia Animal / UEL (Linares et al., 2009 – Braz.Arch.Biol.Techn., v.52, p.63-68). 86 NT gestação, tem como objetivo melhorar a qualidade do colostro. Tratamento Assim como em todas as viroses, não há tratamento específico para as rotaviroses. O tratamento consiste em evitar a progressão do quadro clínico, com uso de terapia suporte (reposição hidro-eletrolítica), e impedir as infecções bacterianas secundárias com a utilização de antimicrobianos com amplo espectro. Controle e profilaxia Tanto os animais assintomáticos quanto as matrizes, principalmente no período do peri-parto, eliminam o rotavírus no ambiente e podem ser considerados fontes de infecção. Leitões com infecção aguda, caracterizada por diarreia, eliminam grande quantidade de partículas virais que apresentam grande resistência às condições de meio ambiente. Essas particularidades da infecção fazem com que o controle da contaminação ambiental, esteja sempre em destaque para a redução das partículas virais expostas nos ambientes de criação. A assistência ao parto e o manejo das mamadas é fundamental, entre outros motivos, para que os leitões recém-nascidos recebam os anticorpos neutralizantes passivos, por meio da ingestão do colostro, tanto em quantidade quanto em qualidade adequadas. Sem dúvida, essa é a principal forma de proteção do leitão recém-nascido contra as infecções neonatais e, particularmente, contra a rotavirose. Com o objetivo de melhorar a qualidade do colostro com relação aos anticorpos para o rotavírus, recomenda-se um esquema de vacinação para fêmeas prenhes no período final da gestação. As vacinas disponíveis no mercado nacional são compostas pelos genotipos G4P[6] (Gottfried) e G5P[7] (OSU) de rotavírus grupo A, que são os genotipos mais frequentes nos rebanhos suínos brasileiros. Em geral, as vacinas destinam-se ao controle e profilaxia das diarreias neonatais e, com isso, em sua composição são ainda incluídos o toxóide do Clostridium perfringens tipo C e os antígenos fimbriais K88, K99, 987P e F41 da Escherichia coli. Ao implementar um programa de vacinação em um rebanho, Foto: César Feronato deve-se sempre administrar duas dose na primo vacinação e dose de reforço a cada gestação subsequente. Quanto ao esquema vacinal, estes devem ser seguidos conforme orientação dos laboratórios fabricantes. Como o objetivo final desse tipo de vacina é a imunização passiva do leitão, destacam-se mais uma vez a importância da assistência ao parto e do manejo das mamadas para que o Programa de Vacinação alcance os seus objetivos que são a redução no número e na intensidade dos episódios de diarreia neonatal. Destaca-se ainda que a vacina representa a medida específica mais importante no controle das infecções entéricas neonatais. Porém, o seu sucesso está diretamente relacionado à implantação de medidas inespecíficas de controle que objetivem reduzir o desafio ambiental e, consequentemente, o título viral por meio de métodos físicos (limpeza / vassoura de fogo) e químicos (desinfecção). Conclusão A frequência de diagnóstico e a distribuição das infecções pelos grupos de rotavírus, em especial o grupo A, evidenciam a importância da rotavirose na etiologia dos episódios de diarreia neonatal e do pós-desmame de leitões em todo o Brasil. Nesse contexto destaca-se a importância da adoção e monitoria de medidas inespecíficas e específicas de controle e profilaxia da infecção. A implementação de Programas de Vacinação com o objetivo de modular o potencial de resposta imune das fêmeas no período final da gestação e, com isso, melhorar a qualidade do colostro, produz consequências diretas e indiretas que favorecem o controle da infecção. Na prática observa-se em rebanhos vacinados redução no número e na intensidade dos episódios de diarreia. Consequentemente, observa-se também redução considerável da contaminação ambiental com partículas virais de um patógeno que é extremamente resistente às condições do meio ambiente. Essas duas consequências da vacinação contribuem consideravelmente com a redução da circulação viral tanto no hospedeiro quanto no ambiente, favorecendo o controle e profilaxia das rotaviroses que acometem leitões na maternidade e na entrada da creche. Foto: nilson costa NT 87 cooperativismo copacol A Copacol - Cooperativa Agroindustrial Consolata vem acumulando importantes conquistas ao longo dos quase 50 anos de história. Com o faturamento de R$ 1 bilhão e 388 milhões, a cooperativa cumpre as premissas do seu propósito estratégico GPS 2.5.25: gerar renda a seus 7.200 colaboradores, garantindo a sustentação no campo para os seus 4.700 associados integrados nas atividades de agricultura, avicultura, suinocultura, piscicultura e bovinocultura de leite. Segundo seu presidente, Sr. Valter Pitol, “mais do que renda, a Copacol gera orgulho a todas as famílias da região”. 88 NT Diversificação e inovação para mais 50 anos de crescimento sustentável! GPS A Copacol amplia seus negócios sempre buscando a sustentabilidade. Para isso a empresa conta desde 2009 com o Propósito Estratégico chamado G.P.S. 2.5.25. Nele a Copacol traçou metas de crescimento em cinco anos, considerando três pontos centrais: Geração de Receitas, com meta de alcançar R$ 2 bilhões em faturamento; Produtividade, com meta de obter a rentabilidade de 5%; e Sustentabilidade, com meta de capacitar e treinar 25 mil participantes em programas de desenvolvimento. NT 89 Sistema Integrado de Piscicultura Promover a diversificação na propriedade rural, oportunizando ao produtor mecanismos para que ele possa ter mais facilidade de mão de obra e acima de tudo uma maior renda através do trabalho familiar, é um dos principais compromissos da Copacol junto aos seus associados. Partindo desta proposta e diante da qualidade e da quantidade de água existente nos municípios de sua atuação, bem como na região, a Cooperativa colocou em atividade em junho de 2008, em um dos maiores complexos integrado de peixes do país. Diante da demanda para o abate do pescado, a Copacol buscou parcerias com os produtores, que aos poucos ingressaram na atividade, que hoje é fonte de renda para muitas famílias através da produção de tilápia. Este é o caso do produtor Augustinho Tenfen, que vive com a esposa em uma propriedade de 8,5 alqueires, entre outras atividades que desenvolve, a piscicultura no momento é a que lhe garante maior resultado. “Sempre tive vontade de lidar com peixes, mas não tinha nenhuma garantia para o manejo e para a comercialização, mas depois que a Copacol iniciou na atividade através do sistema integrado, fui um dos primeiros produtores a procurar a Cooperativa para me integrar e hoje estou contente com os resultados obtidos”, explica Augustinho. O piscicultor enfatiza que para ele e a esposa, o trabalho que realizam com os peixes é como se fosse uma terapia, uma vez que apreciam o barulho que fazem na água, sem falar que a atividade ainda gera renda para o casal. A motivação do associado Agostinho Tenfen e os incentivos oportunizados pela Copacol motivam a inserção de outros produtores na atividade. É o caso dos irmãos, Ênio Locks e Dante Locks do Município de Nova Aurora. Os irmãos que já atuam na agricultura e na avicultura pretendem aumentar a renda com a implantação de açudes em uma área de 2,5 alqueires. A grande quantidade de água que existe na propriedade, a boa localização do terreno o bom momento que vive o setor e a integração com a Cooperativa, são fatores indispensáveis para os irmãos ingressarem na atividade. “A piscicultura é uma atividade que embeleza a propriedade e pode ser explorada em um local declinado ou até mesmo em um banhado, além de ser uma boa opção de renda para o produtor”, contam os irmãos. Hoje, no Abatedouro de Peixes em Nova Aurora, são abatidas 25 toneladas de tilápia diariamente, já para 2015 o planejamento é de 40 toneladas de peixes por dia. O constante crescimento da atividade agrega bons resultados para todas as famílias de associados que investem na piscicultura. Além do abate de tilápias também são comercializados pescados de água salgada da Linha Mar, que contam com os seguintes produtos, salmão, camarão, filé de pescada, filé de abadejo, sardinha, merluza, posta de cação. 90 NT Agricultura A atuação da Copacol está focada no crescimento sustentável. A Cooperativa conta com 10 unidades para recebimento e armazenagem de grãos no Oeste do Paraná, onde são recebidas 800 mil toneladas de grãos, das culturas de soja, milho, trigo e café. Além de oferecer estrutura, a Copacol se preocupa com a capacitação e profissionalização de seus cooperados no campo em busca dos melhores resultados. Avicultura O abate de frangos da Cooperativa é de 320 mil aves ao dia, participam da atividade mais de 820 produtores associados. Através da Cooperativa Central Unitá, que está sendo construída em parceria com a Coagru em Ubiratã, a Copacol planeja chegar até o ano de 2016 com 500 mil aves abatidas ao dia. A avicultura contribui com 60% do faturamento da Cooperativa e os resultados refletem uma somatória de investimentos no processo de incubação de ovos, na assistência técnica ao produtor, no abate, na industrialização e na comercialização dos produtos, resfriados, congelados, temperados e embutidos, que contam com as certificações ISO 9001, BRC – Produtos Alimentícios e APPCC/HACCP – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle para atender as demandas dos mercados mais exigentes do Brasil e do exterior. A avicultura tornou-se ao longo dos anos uma excelente alternativa de renda para muitos produtores, enquanto que para os pequenos agricultores deixou de ser uma alternativa para ser a maior fonte de emprego e renda na propriedade. Em muitos casos e, dependendo do tamanho da propriedade, a atividade é a maior fonte de renda. Este é o caso do produtor, Paulo Manoel da Costa, da comunidade de Bela Vista município de Cafelândia que desde 1974 é associado à Cooperativa e desde 1987, é integrado à avicultura. Segundo ele nesses 25 anos de integração sempre obteve bons resultados, mas os melhores números começaram a aparecer a partir da reforma do aviário em 2010, quando instalou exaustores, novas cortinas, ergueu o ponto e colocou novas telhas dentre outras melhorias. Com mão de obra terceirizada, a média de produção em termos de remuneração teve um ganho expressivo e isso motiva tanto o proprietário como o funcionário, que estão agregando uma melhor renda. “Estamos satisfeitos com a atividade que nos possibilita uma excelente renda. Tudo isso só está se tornando possível graças aos investimentos realizados na reforma da granja e nos equipamentos, uma vez que investir em tecnologia é ter a certeza de melhores resultados”, diz o produtor. O produtor que mora na propriedade com a família vive com qualidade de vida, uma vez que produz grãos, mas a farta diversidade de produtos que colhe, como mandioca, suínos para consumo, frutas, verduras, legumes faz a diferença na vida da família. NT 91 SUINOCULTURA Através da Cooperativa Central Frimesa, a Copacol investe na suinocultura entregando cerca de 160 mil cabeças ao ano produzidas pelos produtores integrados. A suinocultura tem se tornado nos últimos anos uma boa alternativa de emprego e renda, e nesse sentido a Cooperativa oportuniza aos seus associados meios para que esses possam se inserir na atividade. Exemplo disso são os produtores, Valmor Felipe e Sideny Meurer que encontraram na suinocultura, uma fonte rentável de diversificação em suas propriedades. No caso do associado Valmor Felipe, há seis anos em uma área de quatro alqueires, iniciou na atividade com a produção de 500 cabeças, sempre colhendo bons resultados. O produtor foi um dos primeiros a receber leitões das UPLs (Unidade de Produção de Leitões) da Cooperativa. Diante dos bons resultados colhidos, há cerca de um ano ampliou sua produção com a construção de outra pocilga para mais 500 cabeças. “Os bons resultados, a integração com a Cooperativa e o apoio da família são os principais fatores que me motivaram em promover a ampliação do sistema”, ressalta ele. Segundo o suinocultor, a atividade não exige altos investimentos e por isso torna mais acessível a pequenos produtores e com pouca mão de obra, a suinocultura é uma atividade vantajosa que pode ser manejada pela família e desta forma indica a outros pro- dutores que ainda não estão na atividade. Já o associado Sideny Meurer, que há três anos construiu uma pocilga para produção de 500 cabeças, se mostra tão animado e otimista com o segmento que ampliou o empreendimento para mil cabeças com mão de obra familiar. Segundo ele, todo o empreendimento é 100% financiado, e mesmo assim consegue obter uma boa renda livre do financiamento, o que faz a diferença na renda da família, inclusive com as sobras no final do ano. “Estou contente e confiante com a atividade e com a Copacol que me dá toda a confiança para continuar investindo, e todo investimento tem o seu resultado, e desta forma são os investimentos feitos em minha propriedade”, conclui Sideny Meurer. Unidade Industrial de Soja A soja, uma das principais culturas produzidas pelos associados, está passando cada vez mais por um processo de profissionalização da produção. Dada a grande relevância da cultura para os cooperados, a construção da Unidade Industrial da Soja pela Copacol com investimentos de 80 milhões de reais, está oportunizando um grande salto no desenvolvimento dos associados. Inaugurada no dia 26 de janeiro de 2012, a indústria tem a capacidade para esmagar 1.800 toneladas de soja ao dia, com a geração de 65 empregos diretos divididos em três turnos de trabalho, 24 horas por dia. O farelo e óleo produzido na Unidade Industrial, atende as demandas que as fábricas de rações necessitam para as atividades de avicultura, suinocultura, piscicultura e bovinocultura de leite, trazendo oportunidades de melhores resultados para os produtores. A importância da indústria para a Copacol não está apenas no fato de que irá agregar valor à produção da soja. Oportunizará o crescimento integrado de todos os negócios da Cooperativa. 92 NT BOVINOCULTURA DE LEITE Com a parceria da Frimesa a Cooperativa também investe na bovinocultura de leite, são entregues por ano 8,9 milhões de litros de leite. Buscando essa evolução na produção de leite, a diretoria da Cooperativa realizou em outubro de 2011, a entrega oficial das instalações da UPBN (Unidade de Produção de Bezerras e Novilhas), localizada na Estação Experimental da Cooperativa em Cafelândia. Construída com o objetivo de recriar bezerras a partir dos 15 dias de vida, recebidas das propriedades dos associados, as matrizes ficam na UPBN até completar aproximadamente 22 meses de vida, após esse período são devolvidas aos produtores já prenhes de aproximadamente sete meses. O trabalho desenvolvido pela UPBN permitirá a potencialização da atividade da Bovinocultura de Leite, melhorando a qualidade da produção leiteira e aumentando a rentabilidade dos produtores. Essas melhorias na atividade são possíveis devido ao trabalho que é realizado durante a permanência das bezerras na unidade, onde os animais recebem todo o tratamento e acompanhamento para um desenvolvimento adequado das matrizes. Além da alimentação adequada e toda a assistência realizada por médicos veterinários e os técnicos da Cooperativa, quando as matrizes são inseminadas para voltarem as propriedades as mesmas vão melhorando a genética das próximas novilhas, por receberem o sêmen te touros de alto potencial. “Esse foi o melhor incentivo que a Cooperativa poderia ter realizado para os produtores de leite, com esse projeto posso me dedicar exclusivamente na produção de leite, sem ter que providenciar um espaço e toda a mão de obra que seria necessária, para promover um bom desenvolvimento das matrizes”, ressalta o produtor de leite e associado da Copacol Jair Kottwitz. Para o produtor que entregou 7 bezerras na unidade, entre elas a centésima, a estrutura esta facilitando os manejos na propriedade devido a dedicação exclusiva com a produção de leite, sem dividir os manejos na criação e formação das novilhas. NT 93 ENTREVISTA Valter Pitol NT - À beira de completar 50 anos, a Copacol é uma das grandes cooperativas brasileiras. Qual o segredo deste sucesso? Pitol - Sucesso é baseado em vários fatores, conhecimento da própria Cooperativa, decisões corretas e oportunas que são planejadas conforme as informações de todas as nossas atividades, ter uma gestão profissional, uma equipe capacitada que faça os trabalhos de forma correta e esteja preparada para vencer e superar os desafios. Trabalhamos para que a empresa esteja entre as mais eficientes e seja referência, na produção de alimentos. NT - Quais os planos e desafios da Cooperativa para os próximos 10 anos? Pitol - Para os próximos anos temos definidos de forma clara o crescimento das nossas atividades de avicultura, suinocultura, piscicultura e bovinocultura de leite, permitindo a participação cada vez maior dos nossos associados. Através da aplicação de novas tecnologias vamos aumentar as produções das nossas atividades nos próximos anos e seremos ainda mais fortes. NT - A Copacol é pioneira na criação e comercialização de peixes. Como o senhor vê esse mercado? Pitol - A piscicultura é uma atividade em que entramos em 2008 para oferecer mais uma oportunidade de diversificação para os nossos cooperados, que agora podem trabalhar com mais segurança. Muitos produtores já trabalham com a criação de peixes na nossa região mais enfrentavam muitas dificuldades com destaque para a comercialização. Com o investimento que realizamos os produtores tem a tranquilidade de trabalhar em um sistema integrado, onde oferecemos todo o suporte necessário, para a produção e comercialização da produção dos produtores. NT - Qual a mensagem que a cooperativa quer deixar a seus funcionários, cooperados e cidadãos atendidos por ela? Pitol - A Cooperativa tem clareza do seu caminho e o futuro dos seus negócios, procuramos crescer nas atividades, assim promovemos a evolução da Copacol e consequentemente o desenvolvimento da nossa região de atuação. Os nossos associados e colaboradores, também têm a oportunidade de crescer dentro da empresa e nas atividades que realizamos em parceria nas suas propriedades. De forma integrada, promovemos o crescimento e desenvolvimentos de todos que participam das atividades da Copacol direta ou indiretamente. 94 NT alta gerência e empreendedorismo frigorífico pamplona: Produzir sem poluir! Esse é o lema de um dos maiores frigoríficos do país. Segundo a última publicação da exame – Maiores e Melhores Empresas do Brasil/2012, tendo como base o ano de 2011, o Frigorífico Riosulense está entre as 10 melhores empresas brasileiras no setor de aves e suínos. Ocupa a 152ª colocação no ranking nacional das mil empresas brasileiras, tomando-se como base as vendas. Está, ainda, na 50ª colocação entre as empresas do Agronegócios da Região Sul, sendo a 6ª empresa catarinense que mais cresceu no ano de 2011. O Frigorífico Pamplona faturou R$ 615,7 milhões em 2011, apresentando um crescimento de 17% em relação aos R$ 526,6 milhões registrados no ano anterior. Se considerada a receita líquida, a empresa apresentou variação em torno de 23%, passando de R$ 466,5 milhões para R$ 577,9 milhões. O resultado do exercício apontou lucro de R$ 15,4 milhões, um expressivo aumento na comparação com o ano de 2010, quando o saldo ficou positivo em apenas R$ 1,4 milhão. 96 NT Um dos motivos para o expressivo crescimento foi que todas as ações planejadas em 2010 estavam voltadas à ampliação da produção e comercialização de produtos industrializados com maior valor agregado. “Os produtos destinados ao mercado interno foram escoados pelos centros de distribuição e tiveram como alvo o varejo, contribuindo assim para a elevação das margens”, explica Irani Pamplona Peters, presidente do Frigorífico. O FRIGORÍFICO RIOSULENSE S.A., uma sociedade anônima de capital fechado, foi fundado em 03 de maio de 1948 pelo Sr. Lauro Pamplona e sua esposa, a Sra. Ana Pamplona. No principio todo o trabalho era realizado manualmente, pois máquinas e equipamentos elétricos ainda não existiam. A vontade e determinação dos fundadores mudaram esse panorama. O empenho em crescer e a necessidade de fornecer produtos sempre com qualidade e atendimento diferenciado, fez este casal empreendedor acreditar que seria possível também a comercialização de carne suína. Surgia então, um novo produto, que permitia oferecer mais uma alternativa para os clientes. Diversificando ainda mais o mix, foram surgindo novas linhas de produtos, tais como: defumados, salgados, embutidos, linguiças e derivados. Com o ideal de crescer e inovar, que no ano de 1969, transferiu-se para a cidade de Rio do Sul/SC, com modernas e novas instalações para a época, passando então a utilizar nova denominação social: Frigorífico Riosulense Ltda. Alguns anos mais tarde, adequados a novas exigências e atualização do ramo, fez-se necessário o ingresso no SIF (Serviço de Inspeção Federal). Este procedimento resultou na abertura de novos mercados e o desenvolvimento de novos produtos. Com o mercado brasileiro em crescimento e as portas das exportações se abrindo para o nosso estado, houve a necessidade de ampliar a capacidade produtiva. Em função disto foi adquirido em 1989 um outro frigorífico, que está localizado na cidade de Presidente Getúlio/SC. Esta aquisição permitiu que a capacidade de produção e armazenagem da empresa tivesse um aumento significativo. Foi buscando uma melhor participação no mercado, que no ano de 1998 a companhia realizou as primeiras comercializações com o mercado externo. Atualmente exporta para: Ásia, Américas, África, Leste Europeu e Oriente Médio. O respeito e consideração pelo cliente e consumidor são sempre prioridade na empresa, e pensando nisso foi criado o Programa de Melhoramento Genético Pamplona (PMG-P). Este programa é responsável pela criação de animais de alto padrão genético, resultando assim, em carnes com mais qualidade e com baixos índices de gordura. Através deste programa a empresa adquiriu o status de “Granja Certificada”, obtendo a certificação das granjas localizadas nas cidades de Laurentino e Ituporanga, ambas no Estado Catarinense. São unidades produtoras que atendem as exigências na Instrução Normativa SDA Nº 19, produzindo animais de genética apurada e com elevado grau de sanidade. Possui ainda uma fábrica de rações, localizada na cidade de Laurentino/SC, responsável pela produção de rações e concentrados que suprem toda a necessidade do seu plantel e também a comercialização das Rações Pamplona, Com ausência de aditivo de melhorador de desempenho inclusive de ractopamina. Esta fábrica possui a cerificação de BPS e da IN 65 e está registrada no MAPA sob nr. 4852 SC. A companhia gera atualmente em torno de 1.600 empregos diretos em suas unidades, além de proporcionar inúmeros empregos indiretos, contribuindo assim, para o fortalecimento das regiões em que atua, pois está sempre preocupada com a integração entre o meio ambiente, a natureza e o homem. Sendo lema dos fundadores: trabalho, dedicação e amor ao que se faz, e por ser uma empresa familiar, acredita que o sucesso só é possível com o esforço coletivo, o que define a trajetória da família Pamplona. Por isso a Gestão Empresarial é marcada pela busca constante de modernização, crescimento e bem estar de clientes, colaboradores e sociedade, vinculados às questões de respeito social e Ambiental. MISSÃO “FORNECER ALIMENTOS PRÁTICOS, SAUDÁVEIS E SEGUROS” VISÃO “SER UMA EMPRESA DE ALIMENTOS GLOBALIZADA ATÉ 2015” VALORES INCENTIVAR O CRESCIMENTO PROFISSIONAL; PROPORCIONAR SEGURANÇA AOS COLABORADORES NO AMBIENTE DE TRABALHO; AGIR COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E RESPEITO COM O MEIO AMBIENTE; ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DAS NORMAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR; COMPROMETIMENTO COM OS RESULTADOS CONTRATADOS JUNTO AOS STACKHOLDERS; SATISFAÇÃO PLENA DOS CLIENTES; PARCERIAS SUSTENTÁVEIS COM OS NOSSOS FORNECEDORES. LEMA “PRODUZIR SEM POLUIR...” NT 97 entrevista: Irani Pamplona Peters NT - O lema de vocês é produzir sem poluir. Esse é um dos grandes desafios dos produtores de alimentos hoje. Quais os projetos desenvolvidos por vocês nesse sentido? Irani - A água é um bem universal que precisa ser preservada, e para isto mantemos práticas de melhoramento da qualidade da água, passando por sistema de tratamento de efluentes modernos e somente é devolvida aos rios depois de alcançar os parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais. Também incentivamos as unidades produtivas no reaproveitamento da água diminuindo o consumo de água potável. Nas propriedades com a atividade de suínos a nossa equipe técnica tem o cuidado de fazer uma análise criteriosa da propriedade, respeitando as distâncias das nascentes, córregos, rios, lagos, estradas, divisas e residências de acordo com a legislação ambiental, orientando a recomposição da mata ciliar elaborando projetos e monitorando as áreas recuperadas, bem como controlamos e monitoramos o sistema de tratamento e distribuição dos dejetos. Realizamos também palestras de educação ambiental, a todos os integrados da região, através de eventos para uniformização das ações de recuperação e acompanhamento técnico proporcionando melhoria na qualidade de vida das pessoas da região. O treinamento de pessoas na gestão ambiental e os investimentos em tecnologia são constantes em nossa empresa e sendo aperfeiçoados a cada momento. Nas instalações utilizadas para criação de suínos está sendo empregadas tecnologias para o melhor bem estar animal e proteção do meio ambiente, como por exemplo: calhas internas que diminuem a poluição visual; Revestimento de esterqueiras para que não haja infiltração de efluentes no solo; Construção de câmaras de decomposição; Construção de cisternas para reaproveitar águas pluviais dos telhados; Uso de bebedouros ecológicos para melhor aproveitamento da água e construção de biodigestores para aproveitamento do gás metano como combustível para a geração de energia elétrica e construção de esterqueiras comunitárias no qual o produtor tem livre acesso para utilizar os dejetos como adubo orgânico nas suas lavouras. Temos biodigestores para produção de biogás para geração de energia elétrica utilizada no aquecimento de ambientes, ou na combustão de motores estacionários, isto reduz a emissão de gases que causam o efeito estufa, é outra fonte de energia renovável que pode ser utilizada a favor neste tipo de agronegócio. Construímos uma compostagem com o objetivo de solidificar os dejetos líquidos facilitando o transporte dos mesmos. É uma tecnologia piloto no Alto Vale, construído em uma de nossas granjas que está sendo implantado nas propriedades rurais da integração. NT - Como a Pamplona vê o mercado internacional de carnes? Irani - Apesar de todos os problemas que o agronegócio no Brasil enfrenta, como a grande dimensão territorial dificultando a rastreabilidade do rebanho e o alto custo para 98 NT custeio de investimentos, as perspectivas são boas, pois existe um enorme potencial de expansão externa das carnes brasileiras, tanto de suíno, como de frango e bovino. Prova disto são as negociações em curso com EU, Japão, EUA, China e o México que demonstram interesses na abertura do mercado para o Brasil. Com um potencial tão grande podemos duplicar os volumes exportados atualmente. Isto tanto é verdade que o Brasil é o 4° exportador de carne suína, e estando em primeiro lugar nas exportações de carnes de frangos e bovinos, e as grandes empresas do agronegócio estão localizadas no estado de Santa Catarina que é o único estado livre de aftosa sem vacinação. NT - Quais as estratégias da empresa e onde pretende investir? Irani - Temos como estratégias a consolidação de nossa marca no mercado interno e externo oferecendo produtos práticos e saudáveis, focando no desenvolvimento de competências. Vamos investir em novas tecnologias para aumentar nossa participação de produtos industrializados e cortes especiais e diferenciados. NT - A Pamplona sempre se destacou por inovar e produzir produtos de qualidade. Quais são os projetos da empresa para nos próximos 10 anos seguir se destacando na comercialização de proteína animal? Irani - A Pamplona sempre acompanhou a evolução tecnológica na busca contínua de qualidade e inovação de seus produtos focados para o consumidor final e vamos continuar trabalhando nesta linha. Desta forma o nosso grande projeto é transformar nossa empresa numa empresa de alimentos com mais industrialização e diversidade de produtos. Para sermos uma empresa competitiva temos que incentivar nossos produtores parceiros e integrados no processo de especialização no sentido de aumento de escala com o aumento da produção e a redução no número de granjas. Isto já está acontecendo pois os avanços tecnológicos em genéticas, nutrição e eficiência técnica aumenta a qualidade dos animais que serão entregues para a indústria que será consequentemente mais competitiva. As pessoas estão se preocupando mais com sua qualidade de vida, e nossa empresa quer fornecer produtos que atendam esta exigência, desta forma oferecemos produtos rastreados e com ausência de aditivo de melhorador de desempenho inclusive de ractopamina, que são exigências de alguns mercados externos. noTÍCIAS DOS PARCEIROS NutronAlimentosparticipa do1ºTecnoTilápiaCOPACOL Para fomentar ainda mais a cadeia produtiva do peixe, orientar os produtores sobre o manejo e demais assuntos relacionados ao segmento, a Copacol realizou a primeira edição do Tecno Tilápia. O evento foi realizado na Aercol (Associação do Funcionários da Copacol) de Nova Aurora e teve como público alvo os piscicultores integrados e os técnicos da cadeia produtiva. No encontro foi apresentada a evolução da atividade de peixes na Copacol. Também foram abordados temas relativos ao manejo, nutrição e uso de aeradores do principal peixe de água doce criado na região, a tilápia. Houve ainda a exposição de máquinas, serviços de drenagem, escavação e equipamentos que facilitam o trabalho da piscicultura no dia a dia nas propriedades rurais. Segundo o diretor presidente da cooperativa, Valter Pitol, em todas as atividades que são trabalhadas com os associados é realizado um planejamento, para oferecer o suporte 100 NT técnico que os produtores precisam para alcançar bons resultados. “Estamos em constante evolução na nossa integração de peixe. Com isso, temos a possibilidade de promover uma atividade rentável para os nossos cooperados, hoje participam cerca de 150 produtores integrados que fornecem 40 mil tilápias por dia, para serem abatidas no abatedouro em Nova Aurora”, ressalta Pitol O Gerente de Negócios Aquacultura da Nutron, Hilton Hiroshi Oshima, participou do encontro como palestrante e ressaltou a importância do evento para o crescimento e o fortalecimento da piscicultura. “A produção de peixe é uma atividade em grande expansão no Brasil e no mundo. E a Copacol como pioneira no sistema de integração de peixes e uma das líderes nacionais, com a verticalização completa, demonstra a visão e a capacidade de inovar de seus dirigentes e cooperados”, elogia Oshima. TiagoArantesassumeGerênciadeNegócios Zilmax® daMSDSaúdeAnimal A obtenção do registro do Zilmax® representa um divisor de águas para a pecuária nacional. A MSD Saúde Animal compreende a grande responsabilidade que tem nas mãos na liderança como provedora dessa tecnologia. Assim sendo a Diretoria de Negócios Pecuária criou uma estrutura exclusiva para esse segmento de negócios: Tiago Arantes será o Gerente de Negócios Zilmax. Tiago será o responsável pela gestão da estrutura de negó- cios dedicada ao Zilmax® (marketing, comercial e técnico) com reporte direto ao Diretor de Negócios Pecuária, Alexandre Alves. A equipe contará ainda com Rodrigo Goulart, Gerente Técnico Zilmax e equipe de vendas exclusiva, que será definida em breve “A MSD Saúde Animal precisa de uma área com dedicação exclusiva para atender toda a demanda relacionada ao Zilmax. Esse novo produto representa a revolução da pecuária brasileira”, celebra Alexandre Silva Alves, Diretor de Negócios de Ruminantes. GustavoCostaassumeCoordenaçãoTécnica deAviculturadaMSDSaúdeAnimal Profissionalseráespecíficoparaalinhadeposturacomercial Gustavo Costa foi contratado para assumir a posição de Coordenador Técnico da linha de postura comercial, da unidade de negócios de Avicultura, da MSD Saúde Animal. O profissional será responsável pela consultoria técnica especializada, promovendo a saúde e a viabilidade econômica no setor de produção comercial de ovos, fomento para a linha de vacinas destinadas ao setor de produção de ovos, além de dar suporte à demanda criada pelos Coordenadores de Território e distribuidores. O cargo específico para este segmento foi criado com o objetivo de aumentar o market share em postura comercial, fazendo com que a MSD Saúde Animal tenha o mesmo reconhecimento que já conquistou em matrizes pesadas. “Vamos especializar o atendimento da companhia no mercado de postura comercial, participar no crescimento e profissionalização da cadeia de produção de ovos comerciais, em um mundo que visivelmente busca aumentar a produção de proteína animal para alimentação com eficiência e segurança (segurança alimentar)”, ressalta o profissional. Natural de Belo Horizonte/MG, Gustavo é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). CristianoLeitedeGodoyassumeCoordenação TécnicadeSuinoculturadaMSDSaúdeAnimal ProfissionalseráresponsávelpelasregiõesdeSantaCatarinaeRioGrandedoSul Cristiano Leite de Godoy foi contratado para assumir a posição de Coordenador de Assistência Técnica da unidade de negócios de Suinocultura, da MSD Saúde Animal. O profissional será responsável pelos serviços de pósvendas, geração de demanda e suporte aos Coordenadores de Território, junto às principais contas da região. Cristiano é graduado Engenharia Agrônoma pela Unoesc e possui graduação de técnico em agropecuária pelo Cedup – Centro de Educação Profissional Professor Jaldyr Bhering Faustino da Silva – Água Doce, acumulando mais de 10 anos de experiência no mercado de suínos NT 101 AGENDA Agosto World’s Poultry Congress Data: 5 a de agosto Local: Salvador (BA) Informações: www.wpc2012.com/br/ Agroleite Data: 7 a 11 de agosto Local: Castro Informações: www.agroleitecastrolanda.com.br V Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e IV Pig Fair Data: de 14 a 16 de agosto Local: Chapecó (SC) Informações: www.nucleovet.com.br Setembro Interleite Data: 11 a 13 de setembro Local: Uberlândia (MG) Informações: www.interleite.com.br Pork Expo 2012 Data: de 26 a 28 de setembro Local: Curitiba (PR) Informações: www.porkexpo.com.br Outubro Workshop Suprimentos Data: 24 a 26 de outubro Local: Rio de Janeiro (RJ) Informações: Nutron Alimentos Novembro Feileite Data: 19 a 23 de novembro Local: São Paulo (SP) Informações: www.feileite.com.br Avisulat Data: 21 a 23 de Novembro Local: Bento Gonsalvez (RS) Informações: www.avisulat.com.br 102 NT O aditivo antimicotoxinas aprova aves suínos Bovinos equinos in vivo contra fumonisinas O aditivo antimicotoxinas aprovado e aflatox in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas • Níveis de Garantia: • Níveis de Garantia: Aluminosilicato....................................................................................................................... Aluminosilicato....................................................................................................................... 88,00% 88,00% Composição básica do produto: Umidade................................................................................................................................. Umidade................................................................................................................................. 12,00% 12,00% Aluminosilicato de Sódio e Cálcio.................................100,0% Niveis de garantia: NOTOX O aditivo antimicotoxinas Oaprovado aditivo antimicotoxinas in vivo contra Controle de precis O aditivo antimicotoxinas aprovado aprovado in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas de micotoxinina BRASIL BRASIL fumonisinas e aflatoxinas • Dosagem ........................................................ • Dosagem ........................................................ ou 2,5 Adicionar kg. / ton. 0,25% deg/kg ração ou 2,5 pronta. kg. / ton. de ração pronta. AluminosilicatoAdicionar de Sódio e 0,25% Cálcio...............1.000,000000 Todas. Todas. • Fases da criação • ................................................................................................................ Fases da criação ................................................................................................................ uso: Modo de Conservar: • CuidadosIndicação no manuseio: •de Cuidados no Embora seja classificado como seja umclassificado material não como perigoso, um material e por ser não perigoso, e por ser Adsorvente de micotoxinas, commanuseio: atuação sobre Embora fumonisinas. Conservar ensacado em local seco e arejado. Modo de produto uso: Validade: produto extremamente fino e extremamente composto por SÍLICA, fino e composto é recomendável por SÍLICA, algumas é recomendável precauçõesalgumas na precauções na Adicionar de 0,25 a 0,5% ou 2,5 a 5,0kg/ton de ração pronta. 12 meses a partir da data de fabricação aplicação do produto. aplicação No manuseio do produto. direto com No manuseio o produto:direto deverá com sero usado: produto: deverá ser usado: • Óculos, máscaras e• luvas Óculos, de máscaras proteção. e luvas de proteção. “Uso exclusivo na Alimentação Animal” BRASIL INSPECIONADO INSPECIONADO Unidade Agronegócios A Data Data de validade: Fabricação: AA IO D GRIC ÉR R TU UL Data Data de fabricação Fabricação: MIN IS T Aluminosilicato Sódico aditivo adsorvente de micotoxinas BOVINOS BOVINOS AVES EQUINOS EQUINOS SUÍNOS SUÍNOS AVES Aluminosilicato Sódico NOTOX ADITIVO ADITIVO ADSORVENTE ADSORVENTE DE MICOTOXINAS DE MICOTOXINAS SC-7000 O aditivo antimicotoxinas SC-07000SC-7000 Oaprovado aditivo antimicotoxinas S.I.F. Controle de precisão in vivo contra Controle deS.I.F. precisão aprovado in vivo contra Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária de micotoxinas fumonisinas e aflatoxinas de micotoxininas Peso eLíquido Peso 30 Líquido kg 30 kg Abastecimento sob nº SC-0700020002 fumonisinas e aflatoxinas ESTABELECIMENTO REGISTRADO LOTE Nº LOTE Nº Fabricado por: Mineração e Pesquisa Brasileira Rodovia Alexandre Beloli, S/N - Primeira Linha CEP: 88803-470 - Criciúma - SC CNPJ: 79.917.597/0004-36 IE: 253.740.339 Responsável Técnico: Rosimeri Venâncio Redivo Engª M.Sc- Química Rótulo Registrado Rótulo no Ministério Registrado danoAgricultura Ministério sob da- Agricultura nº SC 00000000000 sob- CREA: nº SC29432-9 - 00000000000 shaping tomorr Conservar Ensacado Conservar em Lugar Ensacado Seco em e Arejado Lugar Seco e Arejado INdústrIA BrAsIleIrA Validade do Produto: Validade 12 meses do Produto: a partir 12 da meses data dea fabricação. partir da data de fabricação. Distribuído Exclusivamente por: SAC: 0800.979.99.94 Anuncio Notox NT04.indd 1 SAC: 0800.979.99.94| 0800 979 99 94 www.nutron.com.br Anuncio Notox NT04.indd Anuncio Notox NT04.indd 1 AnuncioNotox.indd 11 shaping tomorrow’s nutrition Nutron nutrition Alimentos Ltda. shaping tomorrow’s CNPJ - 01.961.898/0001-27 I.E. - 374.117.298.113 shaping tomorrow’s nutrition Rua Roupen Tilkian, 77 - Dist. Ind. H.R.O Cep: 13.970-970 - Itapira- SP www.nutron.com.br SAC: 0800 979 9994 www.nutron.com.br 03.08.10 15:50:05 shaping tomor www.nutro