Edição 02 Universo Tecnológico Julho a Dezembro de 2012
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Edição 02 Universo Tecnológico Julho a Dezembro de 2012
ISSN 2317-255X UNIVERSO TECNOLÓGICO Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN v. 01 n. 2 Jul/Dez – 2012 - Semestral Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Geral Fernando Bom Costalonga Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Coordenadora Acadêmica Kessya Pinitente Fabiano Costalonga Coordenadora de Graduação Alcione Cabaline Gotardo Coordenadores de Curso Administração Sabryna Zen R. Ferreira Ciências Contábeis / Petróleo e Gás Alcione Cabaline Gotardo Direito Maxwiliam Oliveira Novaes Educação Física Dayane Graciele Miranda Enfermagem Ivan Paulino Engenharias Giuliana de Angelo Ferrari Pedagogia / Letras Manuela Brito Tiburtino Camata Psicologia Andre Mota do livramento Serviço Social Cristiane Oliose Bibliotecária Alexandra Barbosa Oliveira Presidente da Comissão Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Comissão Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Kessya Pinitente Fabiano Costalonga Suelen Alves Seglia Universo Tecnológico/ Faculdade Capixaba de Nova Venécia– v. 1. n.2, 2012 – Nova Venécia: UNIVEN, 2012. Semestral ISSN 2317 – 255X 1. Pesquisa científica: Periódicos. I. Faculdade Capixaba de Nova Venécia. CDD. 620 Endereço para correspondência Biblioteca Pe. Carlos Furbetta Rua Jacobina, 165 – Bairro São Francisco - 29830-000 – Nova Venécia – ES e-mail: [email protected] Capa: Alex Cavalini Pereira UNIVERSO TECNOLÓGICO ARTIGOS SUMÁRIO Desenvolvimento de um abrigo pré-moldado de concreto para pontos de ônibus .... 5 Alternativas de aplicação em sistemas de piso e detalhes construtivos para vigas alveolares ............................................................................................................................ 18 Logística reversa e a sua importância no pós-consumo ................................................. 30 Como obter o melhor rendimento através da escolha do combustível. Estudo de Caso: Postos de Combustível dos municípios de Barra de São Francisco – ES, São Domingos do Norte – ES e Nova Venécia – ES ............................................................... 49 A importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo ........................ 79 O etanol como um dos principais pioneiros na matriz energética brasileira ............. 102 Giuliana de Angelo Ferrari Luiza Baptista de Oliveira Maisa Guimarães Tonetto Maria das Graças Santana Fernandes Renato Ziviani Cleiane dos Santos Neres Eduardo Coelho Silva Juciele Carminati Bromatti Letícia Paula Brune Maria das Graças Santana Fernandes Francis Michel Gonçalves da Silva Jackson João Cozzer Lucas Merçon Maria das Graças Santana Fernandes Ana Paula Possmoser Derlânia Pereira Pimenta Maria das Graças Santana Fernandes ISSN 2317- 255X EDITORIAL Na tentativa de inserção dos acadêmicos na iniciação científica, procurando o despertar dos discentes na pesquisa científica em Engenharias e Tecnologia, fizemos a publicação de nosso 1° número da REVISTA UNIVERSO DAS ENGENHARIAS E TECNOLOGIA, na qual apresentamos artigos originais, que nos foram encaminhados por docentes e discentes dos cursos de Engenharia e do curso Tecnólogo em Gestão de Petróleo e Gás da Instituição. No segundo número do nosso periódico, publicamos artigos originais encaminhados por docentes e discentes dos cursos de Engenharia e do Curso Tecnólogo em Gestão de Petróleo e Gás da Instituição, bem como artigos de colegas de profissão que cederam o produto de suas pesquisas para esta publicação. Nossa proposta é de um periódico semestral, com a divulgação de artigos, projetos e pesquisas; resultado do trabalho de nosso corpo docente e discente. Estamos abertos para contribuições diversas e críticas, que nos ajudarão na melhoria do trabalho acadêmico. Boa leitura! Profª. Giuliana de Angelo Ferrari CREA – MG- 127811D Coordenadora dos Cursos de Engenharia da UNIVEN 5 DESENVOLVIMENTO DE UM ABRIGO PRÉ-MOLDADO DE CONCRETO PARA PONTOS DE ÔNIBUS Giuliana de Angelo Ferrari1 RESUMO Muitos dos elementos pré-moldados de concreto oferecidos atualmente no Brasil, apresentam poucas variações arquitetônicas e baixo desempenho estrutural quanto à durabilidade. No que tange aos abrigos pré-moldados de concreto para pontos de ônibus, os aspectos arquitetônico e estrutural adquirem maior importância, visto que estes elementos são utilizados como mobiliário urbano, interferindo na paisagem da cidade e causando riscos à população em geral. Este trabalho tem como objetivo principal apresentar a concepção arquitetônica, análise estrutural via elementos finitos, dimensionamento, detalhamento, definição do processo produtivo e orçamento de um abrigo pré-moldado de concreto. Para o desenvolvimento deste elemento, consideram-se os aspectos de conforto e proteção dos usuários e os aspectos econômicos do processo produtivo. Os elementos pré-moldados foram concebidos em módulos de 60 cm de largura, permitindo a composição de abrigos de diversas larguras. Para a análise estrutural, foi desenvolvido um modelo de elementos finitos que consideram a interação solo-estrutura, visto que o elemento pré-moldado desenvolvido é monolítico, abrangendo em uma só peça a fundação e a estrutura de proteção do abrigo. Foram avaliadas duas estratégias de modelagem em elementos finitos, sendo uma com elementos de casca fina (Shell Thin) e outra com elementos de casca espessa (Shell Thick). O elemento foi dimensionado considerando as condições de movimentação, transporte e de vida útil. Para o processo produtivo, admitiu-se uma fábrica de média mecanização, com galpão de moldagem, central de concreto e cura térmica. O ciclo de produção do elemento envolveu moldagem e desforma em períodos de 24 h e foi especificado um concreto com fck = 25 MPa. Em função do trabalho desenvolvido, obteve-se um componente monolítico, cujo projeto estrutural considera todas as etapas construtivas e de serviço do elemento, com boas características contra vandalismos e viável economicamente para cidades de pequeno e médio porte no Brasil. Apesar dos abrigos para pontos de ônibus em concreto pré-moldado serem elementos comumente utilizados por todo o mundo, ainda é necessário promover o desenvolvimento destas soluções de maneira integrada no Brasil, com vistas a incentivar o desenvolvimento de produtos que atendam aos requisitos de desempenho construtivo, estrutural e quanto à durabilidade. PALAVRAS CHAVE: Pré-moldado. Abrigo. Modelagem Numérica. ABSTRACT Many of precast concrete currently offered in Brazil have few architectural variations and structural performance and low durability. With respect to shelters precast concrete for bus stops, architectural and structural aspects acquire greater importance, since these elements are 1 Mestranda em Engenharia Civil - Universidade Federal de Viçosa. Graduada em Engenharia Civil – Universidade Federal de Viçosa. Pós-graduanda em Didática do Ensinho Superior - UNIVEN. Coordenadora de Engenharia Ambiental, Civil e de Produção – Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. Email: [email protected] 6 used as street furniture, interfering in the city landscape and causing risks to the general population. This paper aims to present the main architectural design, structural analysis via finite element design, detailing, manufacturing process definition and a budget under precast concrete. To develop this element are considered aspects of comfort and protection of users and the economic aspects of the production process. The precast elements are designed in modules 60 cm wide, allowing the composition shelters of various widths. For structural analysis was developed a finite element model that considers the interaction soil-structure, since the precast element carried is monolithic, one-piece covering the foundation and the structure of the protective shelter. We evaluated two strategies for finite element modeling, one with thin shell elements (Shell Thin) and one with thick shell elements (Shell Thick). The element has been designed considering the conditions of handling, transportation and working life. For the production process was assumed to mean a factory mechanization, with molding shed, central heat and curing of concrete. The production cycle of the molding element involved in de-forms and periods of 24 hours was specified with a concrete fck = 25 MPa. Depending on the work yielded a monolithic component, whose structural design considers all stages of construction and the service element, with good characteristics against vandalism and economically viable cities to small and medium sized companies in Brazil. Despite the shelters for bus stops in precast concrete elements are commonly used throughout the world, it is still necessary to promote the development of these solutions in an integrated way in Brazil, aiming to encourage the development of products that meet the performance requirements of constructive , and the structural durability. 1. INTRODUÇÃO Muitos dos elementos pré-moldados de concreto oferecidos atualmente no Brasil, apresentam poucas variações arquitetônicas e baixo desempenho estrutural e quanto à durabilidade. No que tange aos abrigos pré-moldados de concreto para pontos de ônibus (Figura 1), os aspectos arquitetônico e estrutural adquirem uma maior importância, visto que estes elementos são utilizados como mobiliário urbano, interferindo na paisagem da cidade e causando riscos à população em geral. (a) (b) Figura 1 - Abrigos pré- moldados de concreto para pontos de ônibus. 1.1. OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo principal apresentar a concepção arquitetônica, análise estrutural via elementos finitos, dimensionamento, detalhamento, definição do processo 7 produtivo, e orçamento de um abrigo pré-moldado de concreto, oferecendo elementos com variações arquitetônicas dimensionados de acordo com as normas técnicas atuais. 2. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento deste elemento, consideram-se os aspectos de conforto e proteção dos usuários e os aspectos econômicos do processo produtivo. 2.1. CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA Os elementos pré-moldados foram concebidos em módulos de 60 cm de largura, permitindo a composição de abrigos de diversas larguras. Nas Figuras 2a e 2b, são apresentadas respectivamente as dimensões e uma perspectiva do módulo utilizado. (a) dimensões do elemento. 8 (b) perspectiva do elemento. Figura 2 - Concepção arquitetônica do elemento. 2.2. ANÁLISE ESTRUTURAL Para a análise estrutural foi desenvolvido um modelo de elementos finitos que consideram a interação solo-estrutura, visto que o elemento pré-moldado desenvolvido é monolítico, abrangendo em uma só peça à fundação e à estrutura de proteção do abrigo. Nas Figuras 3a e 3b, são apresentadas respectivamente a malha de elementos finitos utilizada na modelagem, bem como o elemento utilizado para considerar a interação solo-estrutura. Foram avaliadas duas estratégias de modelagem em elementos finitos, sendo uma com elementos de casca fina (Shell Thin) e outra com elementos de casca espessa (Shell Thick). Uma perspectiva do elemento modelado com a utilização de cascas é apresentada na Figura 3c. (a) Malha utilizada na modelagem numérica. (b) Elemento de interação (c) Perspectiva da solo-estrutura. Figura 3 – Análise estrutural do elemento. modelagem com cascas. 9 2.3. DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO O elemento foi dimensionado considerando as condições de movimentação, transporte e de vida útil. Nas Figuras 4a e 4b, são apresentadas respectivamente a distribuição de momentos fletores e o detalhamento do elemento. (a) distribuição de momentos fletores. (b) detalhamento do elemento. Figura 4 – Dimensionamento e detalhamento do elemento. 2.4. DEFINIÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO Para o processo produtivo admitiu-se uma fábrica de média mecanização, com galpão de moldagem, central de concreto e cura térmica. O ciclo de produção do elemento envolveu moldagem e desforma em períodos de 24 h e foi especificado um concreto com fck = 25 MPa. 2.4.1. CONCEPÇÃO E PREPARO DAS FORMAS Na execução do elemento utilizaram-se formas de aço concebidas de maneira a garantir a qualidade do elemento após a desmoldagem (Figura 5). Devido às suas boas características quanto ao processo produtivo e ao fato de permitirem entre 500 e 800 reutilizações (EL DEBS, 2000), as formas em aço constituem-se numa boa alternativa para os elementos préfabricados. Os cuidados necessários na utilização das fôrmas de aço referem-se somente à limpeza e à aplicação de desmoldante nas partes que ficarão em contato com o concreto antes da moldagem do elemento. O uso de espaçadores é indicado de forma a garantir a cobertura adequada da armadura. 10 Figura 5 – Detalhamento da fôrma do elemento. 2.4.2. MOLDAGEM DO ELEMENTO O lançamento do concreto nas fôrmas dá-se na direção indicada na Figura 6a, e o adensamento do elemento é feito com a utilização de vibradores tipo sapos fixados à parede da fôrma, conforme a Figura 6b. (a) lançamento do concreto nas fôrmas. (b) adensamento com vibradores tipo sapo. Figura 6– Moldagem do elemento. 2.4.3. DESMOLDAGEM DO ELEMENTO A desforma do abrigo pré-moldado de concreto dá-se em 24 horas; de forma direta, com retirada parcial das fôrmas. 11 2.4.4. TRANSPORTE INTERNO DO ELEMENTO Devido ao peso de cerca de 840 kg do elemento, define-se que o mesmo deve ser içado por ponte rolante e transportado internamente por ela. A peça deve ser içada em pontos estratégicos de forma a não provocar esforços diferentes daqueles previstos no projeto. Desta maneira, definiu-se o centróide da seção do elemento com o auxílio do programa computacional autoCAD por meio do comando MASSPROP, e definiu-se também um triângulo retângulo que marca na seção da peça, os pontos estipulados para o içamento da mesma. Nota-se nas Figuras 7 e 8 que os centróides do triângulo e da seção transversal da peça são próximos e, assim sendo, não surgem no elemento esforços para os quais o mesmo não foi projetado. Além disso, a definição de três pontos de içamento faz com que a peça se reequilibre e redistribua os esforços não havendo assim, grandes problemas quanto à posição dos pontos de içamento. Figura 7. Definição dos pontos de içamento do elemento. Figura 8. Içamento do elemento em perspectiva. Por meio da verificação do içamento do elemento, feita com o auxílio do software SAP 2000 v.10, mostrou-se que os esforços obtidos nos pontos de travamento não foram significativos, não havendo assim, problemas quanto ao içamento do abrigo pré-fabricado, mesmo que este processo seja feito após 24 horas da moldagem, quando o elemento ainda possui cerca de 50% da resistência aos 28 dias. 12 Para auxiliar neste processo, utilizam-se os dispositivos apresentados nas Figuras 9, 10 e 11. Figura 9. Dispositivos auxiliares para o manuseio do elemento. Figura 10. Detalhe do dispositivo auxiliar. Figura 11. Transporte interno por meio de ponte rolante. 2.4.5. ARMAZENAMENTO O armazenamento do elemento é feito em galpão de maneira a permitir o ganho de resistência e o planejamento da produção. As peças são apoiadas em tábuas de madeira conforme a Figura 12. 13 Figura 12. Esquema de armazenamento dos elementos no galpão. 2.4.6. TRANSPORTE EXTERNO O transporte externo à fábrica dá-se por meio de caminhões ou carretas respeitando-se as recomendações devido ao içamento do elemento. Nas Figuras 13a e 13b, apresentam-se as dimensões dos caminhões utilizados no transporte externo do elemento. Figura 13a. Dimensões dos caminhões utilizados no transporte externo à fábrica. Figura 13b. Dimensões dos caminhões utilizados no transporte externo à fábrica. 14 2.4.7. MONTAGEM Para a montagem do abrigo pré-fabricado de concreto, utiliza-se um guindaste acoplado ao caminhão de transporte externo conforme a Figura 14. Figura 14. Guindaste acoplado ao caminhão de transporte externo. Os módulos de 60 cm acoplam-se uns aos outros com o uso de chapas metálicas e parafusos conforme a Figura 15. Figura 15. Esquema de Montagem das peças. 2.4.8. SEQUÊNCIA PRODUTIVA E LAYOUT DO CANTEIRO A sequência produtiva e o layout do canteiro são apresentados nas Figuras 16 e 17. 15 Figura 16. Sequência produtiva da fábrica. Figura 17. Layout do Canteiro. 2.4.9. APRIMORAMENTO DO ELEMENTO Para fins de aprimoramento do elemento pode-se admitir o uso de pigmentos conforme a Figura 18. 16 Figura 18. Pigmentos em óxido de ferro. 2.5. ORÇAMENTO Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados respectivamente os quantitativos e o preço por elemento. Tabela 1 - Quantitativos por elemento. 0,354 m³ CA-50: ϕ 5,0 → 49,86 m (com perdas), ϕ 6,3 → 53,96 m (com perdas) Aço CA-25: 3,90 m (com perdas) Área a ser aplicado: 7,56 m² Desmoldante Rendimento do desmoldante: 40 m²/l Volume: 190 ml 4 oficiais 4 serventes jornada de trabalho de 8 horas diárias 4 elementos/dia Mão-de-obra 1 oficial e 1 servente por peça trabalhando 2 horas em torno da peça Fôrmas metálicas desmontáveis que podem ser reutilizadas cerca de 500 vezes Formas Para cada peça: 1/500 = 0,002. Concreto 17 Material Concreto Barra ϕ 5,0 Barra ϕ 6,3 Barra ϕ 12,5 Desmoldante Fôrma metálica Mão de obra Encargos Unidade m³ barra (12m) barra (12m) barra (12m) l conjunto h 100% Tabela 2 - Preço do elemento. Preço Quantidade R$ 230,00 R$ 6,60 R$ 11,00 R$ 44,00 R$ 9,00 R$ 2.000,00 R$ 11,05 R$ 11,05 0,354 49,86 53,96 3,9 0,19 0,002 2 2 Sub-total BDI (30%) Total Preço de venda: Preço/Elemento R$ 81,42 R$ 27,42 R$ 49,46 R$ 14,30 R$ 1,71 R$ 4,00 R$ 22,10 R$ 22,10 R$ 222,52 R$ 66,75 R$ 289,27 R$ 350,00 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em função do trabalho desenvolvido, obteve-se um componente monolítico, cujo projeto estrutural considera todas as etapas construtivas e de serviço do elemento, com boas características contra vandalismos e viável economicamente para cidades de pequeno e médio porte no Brasil. 4. CONCLUSÕES Apesar dos abrigos para pontos de ônibus em concreto pré-moldado serem elementos comumente utilizados por todo o mundo, ainda é necessário promover o desenvolvimento destas soluções de maneira integrada no Brasil, com vistas a incentivar o desenvolvimento de produtos que atendam aos requisitos de desempenho construtivo, estrutural e quanto à durabilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. [2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9062 – Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. [3] EL DEBS, M. K. Concreto Pré-Moldado: Fundamentos e Aplicações. São Carlos: EESC-USP, 2000. 18 ALTERNATIVAS DE APLICAÇÃO EM SISTEMAS DE PISO E DETALHES CONSTRUTIVOS PARA VIGAS ALVEOLARES Luiza Baptista de Oliveira2 RESUMO A expansão do segmento da construção metálica no Brasil tem sido acompanhada de uma demanda crescente por recursos que subsidiem todo processo de projeto de estruturas de aço, desde sua concepção até sua materialização. Nesse contexto, observa-se o ressurgimento do interesse pelas vigas alveolares, em função das vantagens técnicas e estéticas que esses elementos oferecem, em parte motivado pelo início da produção de perfis I de aço laminados no Brasil, a partir de 2002. Embora as vigas alveolares sejam uma solução antiga, abandonada devido ao aumento dos custos de fabricação em determinada época, mais recentemente voltaram a figurar como uma solução competitiva, devido aos avanços tecnológicos em automação de corte e solda de aço estrutural. Tendo em vista a ampla gama de possibilidades atualmente existente para a fabricação de vigas alveolares, facilitadas pelos recursos de projeto e fabricação assistidos por computador, este trabalho teve como objetivo verificar alternativas de aplicação de vigas alveolares em sistemas de piso e os detalhes construtivos necessários para a sua execução, em função da carência de prescrições técnicas atualizadas sobre o tema. PALAVRAS CHAVE: Vigas Alveolares. Sistemas de Piso. Detalhes Construtivos. ABSTRACT The expansion of the steel construction sector in Brazil has been accompanied by a growing demand for resources that support the whole process of design of steel structures, from its conception to its realization. In this context, there has been a resurgence of interest in cellular beams, depending on the technical and aesthetic advantages that these elements offer, partly motivated by the start of production of profiles I rolled steel in Brazil, from 2002. Although the beams are a solution alveolar old, abandoned due to rising manufacturing costs at a given time, most recently returned to appear as a competitive solution due to technological advances in automated cutting and welding of structural steel. Given the wide range of possibilities now exists for manufacturing cellular beams, facilitated by project resources and computer-aided manufacturing, this work aimed to verify alternative application of cellular beams in floor systems and construction details required to their execution, due to the lack of technical updates on this topic. KEYWORDS: Catellated Beams. Floor systems. Construction Details. 2 Mestre em Engenharia Civil - Universidade Federal de Viçosa. Graduada em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal de Viçosa. Email: [email protected] 19 1. INTRODUÇÃO A construção metálica ganhou um grande impulso na primeira metade do século XX, com a invenção da solda elétrica no final dos anos 20. O advento da solda possibilitou uma série de novas alternativas para elementos estruturais e para ligações entre os elementos. Dentre elas, soluções que viabilizam estruturas leves, capazes de vencer grandes vãos, e com rigidez suficiente para manter os deslocamentos dentro dos limites preconizados pelas normas técnicas vigentes (Vieira, 2011). Frequentemente na construção metálica, o dimensionamento das peças fletidas é condicionado por limitações de flecha. Neste caso, os perfis trabalham sob tensões relativamente baixas, o que pressupõe a necessidade maior de rigidez do que de resistência propriamente. Considerando-se que as flechas são inversamente proporcionais à inércia da seção, e esta, por sua vez, depende fundamentalmente da área de seus banzos e do quadrado de sua altura, a forma mais econômica de aumentar a inércia e, em consequência, reduzir as deformações é aumentar a altura mantendo a área dos banzos. Com base nessa premissa surgem soluções como as vigas treliçadas e as vigas alveolares, que são obtidas a partir de perfis I laminados normalmente produzidos pela indústria. Esses perfis são cortados ao meio, longitudinalmente, de modo que as duas metades possam ser reposicionadas mais afastadas uma da outra. Com isso a altura da seção aumenta e conseguem-se peças com uma inércia superior, mantendo-se o mesmo valor da área da seção e, portanto, o mesmo peso da estrutura. O campo de aplicação das vigas alveolares é bastante amplo, envolvendo estruturas com grandes vãos e pequenas cargas, ou que demandem aberturas nas vigas para a passagem de dutos, ou ainda como solução para atender a exigências do partido arquitetônico, pela questão estética ou de extensão dos vãos. Em supermercados e grandes lojas, por exemplo, como as coberturas têm sempre grandes vãos livres e cargas pequenas, as vigas alveolares são uma alternativa interessante. O mesmo ocorre em vigas de coberturas e pisos de estações rodoviárias e ferroviárias. Já em edifíciosgaragem, projetados com vãos sempre muito maiores do que um prédio convencional de escritórios, por exemplo, essas vigas possibilitam um espaço que facilita manobras dos veículos e otimiza o número de vagas. Quando aplicadas na cobertura de galpões industriais, resultam em vigas leves pela redistribuição dos momentos. Como componente de pórticos, apresentam bom desempenho, pois para um mesmo momento de inércia são sempre mais leves do que as vigas de alma cheia. Em virtude desse conjunto de características, as vigas alveolares podem ser empregadas em diversos contextos, sendo os mais recorrentes, os sistemas de piso e de cobertura. Em geral, a configuração geométrica das vigas alveolares permite maior expressão arquitetônica e confere maior leveza visual para os ambientes nos quais são aplicadas. As vigas alveolares destinadas aos sistemas de piso são utilizadas, muitas vezes, para acomodação de instalações técnicas como sistema elétrico, hidráulico, ar-condicionado, entre outros, e também para vencer grandes vãos, como é o caso dos edifícios do tipo garagem (Figura 1). 20 Figura 1 – Whitehall Road, Leeds, 18,5 m; e Cambridge Car Park, 16 m (fonte: www.westok.co.uk – acessado em 11/05/2011). O uso das vigas alveolares para suporte de coberturas permite que grandes vãos sejam vencidos com a intervenção de menos pilares, e com uma mesma quantidade de aço, o que pode ser vantajoso sob o ponto de vista econômico. Além disso, ter menos pilares favorece a funcionalidade do ambiente, por torná-lo menos limitado ao posicionamento da estrutura. A escolha de vigas alveolares para vencer grandes vãos, pode ocorrer em função de requisitos estruturais, como é o caso dos edifícios garagem ou até mesmo por uma questão estética. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. VIGAS ALVEOLARES PARA SISTEMAS DE PISO a) Passagem de instalações técnicas Uma importante vantagem das vigas alveolares é a possibilidade da passagem dos dutos de instalações através das aberturas, evitando corte na alma ou aumento da altura da construção, que ocorre necessariamente quando os dutos passam sob as vigas. A passagem das instalações por dentro das aberturas tem duas implicações: a economia de espaço vertical e a melhor adaptação das edificações à tendência de abrigar uma quantidade cada vez maior de instalações. Economia de espaço vertical Em edificações com vigas sem aberturas, a passagem de dutos consome parte da altura útil do pé-direito da edificação (Figura 2), o que muitas vezes gera a necessidade de aumentar o pédireito total do pavimento. A redução do espaço vertical proporcionada pelas vigas alveolares, permite menores alturas entre pavimentos, o que pode, em alguns casos, viabilizar mais pavimentos num mesmo gabarito. 21 Figura 2 – Passagem de dutos de serviços por dentro dos alvéolos. Para visualizar a economia e altura útil do pé-direito, a título de exemplo, suponha-se uma edificação de 12 pavimentos, com pé-direito de 3 m e gabarito final 30 m, em que são utilizadas vigas alveolares no lugar das vigas de alma cheia (Figura 3a). Neste caso, tem-se a possibilidade de passar a tubulação através dos alvéolos e assim economizar cerca de 30 cm em cada pavimento. Com esta economia surgem duas possibilidades: manter o valor do gabarito final de 45 m e aumentar de 12 para 13 o número de pavimentos na edificação (Figura 3b); ou, manter a edificação com 12 andares e economizar o equivalente a um pavimento em material de construção, mão de obra de execução, acabamento, custos de fachada, estrutura, circulação vertical, etc., conforme ilustrado na Figura 3c. 22 Figura 3c – Exemplo comparativo: alternativas com viga alveolar e viga de alma cheia. Tendência em aumentar a quantidade de instalações técnicas O outro aspecto relacionado ao aumento do interesse por vigas alveolares é o aumento do número de edificações que exigem a acomodação de um número cada vez maior de instalações técnicas como sistemas elétrico, hidráulico, sanitário, ar-condicionado, segurança, automação e outros. As edificações que geralmente demandam um número maior de instalações, são as de escritório, hospitalares e de laboratórios. b) Grandes vãos Maior flexibilidade para o leiaute do pavimento Além de permitir a passagem de instalações pelos alvéolos, as vigas alveolares facilitam a criação de grandes espaços, com vãos que podem chegar a 18 m, quando se considera uma relação L/dg = 20. Na Figura 4 ilustra-se a comparação entre vãos vencidos por vigas alveolares e vigas de alma cheia. Comparativamente, o fato de a viga alveolar vencer grandes vãos reduz o número de pilares no pavimento, o que além de representar até 30% de economia no peso da estrutura (de acordo com os fabricantes ArcelorMittal e CMC Steel Products) permite que o ambiente seja menos limitado ao posicionamento do sistema estrutural, 23 portanto mais flexível quanto à disposição do leiaute. Essa flexibilidade constitui-se numa vantagem arquitetônica muito interessante para modificações não previstas no uso da edificação. Figura 4 – Comparação do número de peças estruturais entre pavimentos com viga de alma cheia e com viga alveolar. As vigas alveolares são uma alternativa viável também para edifícios destinados a estacionamento, pois os vãos usuais para este tipo de edificação, entre 15 e 16 m, estão entre os vãos típicos da viga alveolar aplicada em sistemas de piso. A utilização de vigas alveolares com contraflecha nesse tipo de edifício, possibilita a construção de painéis de piso com ligeiro caimento, facilitando a drenagem. Competitividade Utilizando como base a comparação formulada pela CMC Steel, ilustrada na Figura 5, pode-se observar que a solução com vigas alveolares conduz quase à mesma quantidade de aço que a com vigas de alma cheia. No entanto, a redução do número de pilares e fundações, pode conduzir a uma economia de até 30% no custo da estrutura. Um aspecto que não pode deixar de ser levado em conta na análise da viabilidade das vigas alveolares, é que vãos maiores significam menos pilares e menos pontos de fundação, o que, consequentemente, diminui custos com materiais e mão de obra de execução. Numa obra é preciso buscar o conjunto vão livre/número de bases de melhor desempenho para a edificação. 24 Figura 5 – Comparação do consumo de aço entre pavimentos com viga de alma cheia e com viga alveolar. c) Comportamento misto aço-concreto As vigas alveolares de sistemas de piso também podem trabalhar solidárias às lajes de concreto, formando vigas mistas. O comportamento estrutural é análogo ao já bem conhecido para as vigas mistas envolvendo perfis I de alma cheia. Neste caso, a diferença principal para a viga isolada é que a linha neutra plástica se desloca para a posição do baricentro da seção mista, e a seção do perfil alveolar fica sujeita em grande parte, ou totalmente, à tração. Há que se dar atenção a dois outros estados limites, que não ocorrem para as vigas de alma cheia, quais sejam: a flambagem do montante de alma (Figura 6) e a formação de mecanismo plástico por efeito Vierendeel. Figura 6 – Aspecto da flambagem do montante de alma numa viga alveolar mista (foto: ArcelorMittal). Da mesma forma como acontece nas vigas mistas com perfis de alma cheia, a mesa superior do perfil é menos solicitada. Assim, tendo em vista seu processo de fabricação, no caso de vigas alveolares a serem empregadas em sistemas de piso misto, pode ser interessante fabricar vigas com seção assimétrica, como as mostradas na 25 Figura 7. A metade superior da viga é obtida de um perfil com mesa menor, e a metade inferior é obtida de outro perfil com mesa maior. Figura 7 – Perfil alveolar assimétrico (fontes: www.arcelormittal.com – acessado em 04/10/2011 e www.streamrice.com - acessado em 29/02/2012). Para obtenção das vigas alveolares assimétricas, é necessário que sejam utilizados dois perfis originais diferentes, sendo um perfil destinado para confecção de dois cordões superiores e outro perfil destinado à confecção de dois cordões inferiores. 2. DETALHES CONSTRUTIVOS Algumas situações em que as vigas alveolares são aplicadas exigem soluções específicas quanto à disposição dos alvéolos e dos montantes. Os itens abaixo apresentam as situações e suas respectivas soluções mais usuais. 2.1. AUMENTO DO ALVÉOLO PARA PASSAGEM DE TUBULAÇÃO Às vezes é necessário eliminar o montante entre dois alvéolos para dar espaço à passagem de tubulações. Esta solução pode ser prevista e resolvida ainda na fase de projeto, o que proporciona maior agilidade na fase de instalação das tubulações de serviços. Na Figura 8, nota-se que outros montantes entre dois alvéolos, além dos que foram utilizados para passagem de tubulações, foram também eliminados, provavelmente para a passagem de mais instalações. Na medida do possível, deve-se eliminar o montante entre dois alvéolos na região mais próxima do meio do vão, pois nessa região o perfil está sujeito a um menor esforço de cisalhamento. Quando não é possível fazer o aumento do alvéolo na região central do vão, e este fica, portanto, mais próximo dos apoios da viga, muitas vezes é necessário acrescentar uma placa para enrijecer a extremidade da viga. 26 Figura 8 – Alongamento do alvéolo para passagem de tubulação (fonte: www.westok.co.uk – acessado em 11/05/2011). 2.2. FECHAMENTO DE ALVÉOLO Em alguns casos, devido à magnitude da força cortante na região próxima aos apoios, ou por outro requisito de dimensionamento, como no caso de incêndio, pode ser necessário realizar o fechamento completo de alguns alvéolos, preenchendo-os com uma chapa compatível com a chapa da alma do perfil (Figura 9). Figura 9 – Fechamento do alvéolo (fonte: www.arcelormittal.com – acessado em 04/10/2011). Há casos em que não é necessário realizar o fechamento total do alvéolo, mas sim parcial (Figura 10810). Esta solução é geralmente utilizada para propiciar condições de ligação entre vigas principais e secundárias. Figura 108 – Fechamento parcial dos alvéolos. 27 No caso de vigas celulares, é possível definir, na fase de projeto, a distância pretendida entre alvéolos e o espaçamento entre os alvéolos de extremidade em relação aos apoios da viga. Essa flexibilidade permite adequar a posição dos montantes e dos alvéolos em função da necessidade de ligações intermediárias ocasionada pelo encontro entre duas vigas, geralmente principal com secundária. O fechamento parcial do alvéolo para facilitar ligações (Figura 10811) é mais simples e econômico que o fechamento total dos alvéolos. Figura 11 – Viga alveolar rigidamente ligada a perfis de alma cheia nas extremidades (fonte: www.westok.co.uk – acessado em 11/05/2011). 2.2. REFORÇO DE ALVÉOLO Há casos em que devido à magnitude da força cortante na região próxima aos apoios, é necessário reforçar os alvéolos, mas por algum requisito de projeto não é possível realizar o fechamento completo dos alvéolos. Nessas situações pode-se reforçar a seção introduzindo um aro soldado ao longo do contorno da abertura para aumentar a sua rigidez (Figura 12912). Figura 129 – Reforço com aro soldado ao longo do alvéolo. Na Figura 13 pode-se observar um caso em que esse tipo de reforço foi utilizado numa viga castelada. Evidentemente, este detalhe onera a fabricação da viga e somente é utilizado quando estritamente necessário. 28 Figura 13 – Fábrica do Trabalho 747 TDB Projetos 3. CONCLUSÕES Os detalhes construtivos estão diretamente relacionados às decisões de projeto e dependem em grande parte do cálculo estrutural de cada viga. As soluções são muito específicas para cada caso e devem ser analisadas de modo a garantir um custo competitivo e principalmente a exequibilidade do detalhe. A investigação acerca das aplicações das vigas alveolares em sistemas de piso, demonstra que, na maior parte dos casos, essas vigas são aplicadas em grandes vãos de projeto, pois, em grandes vãos, tira-se maior proveito do custo benefício do aumento da altura da seção da viga alveolar, que a torna mais resistente e menos sensível a deformações. As vigas mais altas apresentam maior momento de inércia em relação ao plano de flexão, podendo receber cargas de 10% a 50% maiores e/ou atingir vãos livres mais extensos atendendo aos limites de deslocamento máximo admissível, sem acréscimo de aço. Um importante critério que demanda perfis com maior altura, é o deslocamento máximo admissível para as vigas estabelecido pelas normas técnicas para estruturas de aço. No Brasil, aplicando-se o método de cálculo estabelecido pela ABNT NBR 8800:2008 (Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios), muitas vezes o dimensionamento de peças submetidas à flexão é condicionado por limitações de flecha. Nesses casos, os perfis metálicos de alma cheia trabalham sob tensões relativamente baixas, o que pressupõe um desperdício de material. Como as flechas são inversamente proporcionais à inércia da seção, a forma mais econômica de aumentar a inércia, e assim reduzir as deformações, é aumentar a altura do perfil sem acrescer sua massa. O aumento da inércia do perfil alveolar, comparado ao perfil de alma cheia original, representa, portanto, uma redução da flecha de peças submetidas à flexão com melhores taxas de consumo de aço. Uma evidência identificada no estudo das aplicações das vigas alveolares é que existe outro fator para a escolha da viga alveolar que independe dos custos: o apelo estético. Observa-se uma preferência de mercado por utilizar as vigas alveolares ou até as vigas com furos, pela intenção em explorar o efeito visual que essas vigas provocam no ambiente. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ARCELORMITTAL. Disponível em <http://arcelormittal.com/sections> acessado em 04/10/2011. [2] STREAM RICE CO., LTD. Cellular Beam <http://www.streamrice.com/> acessado em 29/02/2012 (Thailand). Disponível em [3] VIEIRA, W. B. Simulação numérica do comportamento estrutural de vigas casteladas de aço com ênfase na flambagem do montante de alma. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UFV, Viçosa, 2011. [4] WESTOK. Disponível em <http://www.westok.co.uk> acessado em 11/05/2012 30 LOGÍSTICA REVERSA E A SUA IMPORTÂNCIA NO PÓS-CONSUMO Maisa Guimarães Tonetto3 Maria das Graças Santana Fernandes4 Renato Ziviani5 RESUMO Utilizando-se dos conceitos referentes à logística e logística reversa, cadeia de suprimentos, canais de distribuição, propõe-se com este trabalho mostrar a importância, as dificuldades de implantação, as vantagens da utilização da logística reversa dentro de uma empresa. Alguns motivos vistos para a implantação da logística reversa são: legislação ambiental, benefícios econômicos e consciência ambiental. Tais motivos são ainda complementados pela competitividade empresarial, pois a utilização da logística reversa está sendo vista como uma tática de marketing, assim elevando a imagem das organizações perante a sociedade. Com o foco na importância da logística reversa do canal pós-consumo, analisa-se a reciclagem de diversos produtos para o retorno no ciclo produtivo. Através dos métodos de pesquisa exploratória, descritiva e bibliográfica (fontes secundárias) é identificada a importância da logística reversa mostrando a utilização da reciclagem dos produtos dentro de uma empresa. A pesquisa evidencia a logística reversa de pós-consumo como um diferencial das empresas e apontam a importância com o meio ambiente, sendo que a reciclagem de produtos como um fator que a logística reversa proporciona. PALAVRAS-CHAVE: Redução de custos. Competitividade. Meio ambiente. ABSTRACT Using concepts related to logistics and reverse logistics, supply chain, distribution channels, it is proposed to show the importance of this work, the difficulties of implementation, the advantages of using reverse logistics within a company. Some reasons seen for the implementation of reverse logistics are: environmental legislation, economic benefits and environmental awareness. Such motives are still supplemented by business competitiveness, since the use of reverse logistics is seen as a marketing tactic, thereby elevating the image of organizations in society. With the focus on the importance of reverse logistics channel postconsumer analyzes the recycling of various products for return in the production cycle. Through the methods of exploratory, descriptive and bibliographical (secondary sources) is identified the importance of reverse logistics showing the use of recycling products within a company. The research highlights the reverse logistics of post-consumer as a spread of 3 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 4 Graduada em Administração de Empresas, Pós-/graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia - UNIVEN 5 Graduado em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 31 companies and point to the importance of the environment, and recycling of products as a factor that provides reverse logistics. KEYWORDS: Cost reduction. Competitiveness. Environment. 1. INTRODUÇÃO No mundo atual falar de resíduos está chamando atenção de forma geral, quer seja dos governantes, como também da sociedade como um todo, face ao volume produzido e suas consequências quanto aos malefícios proporcionados ao meio ambiente. Com base nesta preocupação, o presente artigo tem como razão identificar a importância da logística reversa, de forma na qual os modelos logísticos reversos possam ser determinantes no tratamento dos resíduos pós-consumo. Segundo Leite (2003), logística reversa é a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, tanto do retorno dos bens de pós venda como de pós-consumo no ciclo de negócios ou no ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas como: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem, entre outros. Neste sentido, pode-se afirmar que para início de um trabalho sobre o tema abordado, será necessário conhecer e entender os conceitos referentes à logística, os tipos de logística, a cadeia de suprimentos, os canais de distribuição, a logística reversa (pós-consumo), assim como a competitividade e principalmente a sustentabilidade ambiental. Nos últimos anos aumentou a necessidade de coleta e tratamento de resíduos industriais. A necessidade da Logística é essencial dentro de uma empresa que tenha a preocupação com os aspectos de negócios e produtivos. Os bens consumidos pela sociedade que são descartados de vida útil podem ser reutilizados dentro de um ciclo pelos canais de distribuição reversos. Atualmente, um termo que mais tem destaque nos meios de comunicação é “sustentabilidade ambiental”, tendo em vista que é algo relevante à conscientização das organizações, que os recursos utilizados, deverão passar por processos logísticos reversos, nos quais poderão ser transformados em matéria-prima para a construção de outros produtos similares, assim como terem um descarte adequado. Analisando o desenvolvimento sustentável no cenário atual, a conscientização sobre a importância do descarte adequado para bens de pós-consumo, impedem que no futuro o meio ambiente pague pelos atos de descarte inadequado. Sendo assim, o estudo de formas de se obter um novo destino para estes bens de pós-consumo, como por exemplo, o refino de óleos lubrificantes, torna-se uma alternativa de menor impacto ambiental. Propõe-se com este trabalho, mostrar a importância e as vantagens da logística reversa dentro de uma empresa. No presente artigo, buscou-se demonstrar a importância da Logística Reversa no tratamento dos resíduos pós-consumo e a preocupação com o canal de distribuição utilizado para chegar aos consumidores finais. Ante a elevada preocupação que tem despontado no cenário atual com referência a degradação do meio ambiente, muitas organizações tem buscado alternativas que possa estar 32 minimizando as ações provocadas. Neste sentido, busca-se responder a seguinte questão: Como a logística reversa no processo pós-consumo pode influenciar na redução de custos e degradação do meio ambiente? O trabalho de pesquisa tem como objetivo geral identificar a importância da logística reversa, sendo analisada dentro do canal inverso de pós-consumo, assim como necessidade do gerenciamento da cadeia de suprimentos dentro da logística na redução de custos e a consciência ambiental. Nos objetivos específicos destacam-se: demonstrar as dificuldades da aplicabilidade da logística reversa; demonstrar como ocorre o processo inverso do canal de distribuição; demonstrar a importância da responsabilidade ambiental das empresas; identificar como a logística reversa pode influenciar na redução de custos; apontar as vantagens proporcionadas pela Logística Reversa e identificar como a ferramenta logística reversa pode atuar como estratégia competitiva. Para tanto, levantou como hipótese que uma dificuldade pode ser citada de grande importância, é a adequação na ISO 14000 (normas técnicas internacionais), que estabelecem diretrizes sobre a gestão ambiental dentro de empresas, pois sendo implementa a ISO 14000, as empresas poderão obter muitos benefícios internamente, tais como: controle de custos; assegurar aos clientes o comprometimento com uma gestão ambiental; redução de riscos ambientais; conscientização dos empregados e um diferencial competitivo. Analisando o cenário atual, grande parte dos resíduos são transportados via terrestre, assim, outra dificuldade encontrada pelas empresas é a aquisição de veículos e manutenção destes, visto que a malha rodoviária não apresenta em sua maioria as melhores condições para se trafegar. Outra dificuldade seria o uso de um roteirizador, software que determina as melhores rotas para serem seguidas pelos veículos. No caso seria mais um planejamento de rotas, sendo que tal software e planejamento teria a finalidade de reduzir custos de forma significativa e maior satisfação para com os clientes, pois eles seriam atendidos com mais agilidade. 1.1. METODOLOGIA O trabalho de pesquisa classificou-se quanto aos objetivos e técnicas em pesquisa exploratória, descritiva e pesquisa bibliográfica. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 66), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Quanto à pesquisa exploratória para Gil (2002, p. 41), “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. A pesquisa bibliográfica segundo Gil (1999, p. 65), “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Neste trabalho foram utilizadas as fontes secundárias para a coleta de dados, advindas de materiais bibliográficos que mostram de forma mais ampla a importância da logística reversa no pós-consumo. 33 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para melhor compreensão sobre o tema abordado, torna-se necessário conhecer algumas definições chaves sobre o assunto. 2.1. LOGÍSTICA A Logística na atualidade é um dos processos de maior importância, pelo fato de planejar, implantar e controlar de forma eficaz e eficiente os produtos ate que possa atender as necessidades do consumidor. Na visão do Council of Supply Chain Managemennte Professionals norte americano (apud NOVAES, 2007, p. 35): Logística é o processo de planejar, implantar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem ate o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. A logística tem seu início no ato de desenvolver estudos e inseri-los em um planejamento, uma vez desenvolvido um projeto e este aprovado, a próxima fase é implantação do mesmo para a execução. Porém, muitas empresas falham nesta fase, por achar que o processo termina aí, mas o processo logístico necessita de um monitoramento constantemente, para haver um controle eficiente, assim atingindo os objetivos de proporcionar ao cliente final, menores custos e atendimento eficaz. Observa- se ainda que para Novaes (2007), a logística em si procura diminuir no processo tudo o que não seja de valor para o consumidor, ou seja, tudo que acarrete custos e perda de tempo para o consumidor. Esses mercados tão competitivos de hoje, as empresas estão sendo desafiadas a produzir com preços menores e atender com qualidade que os clientes exigem, a fim de atender suas necessidades. De acordo com Bowersox e Closs (2001), o objetivo da logística é tornar disponíveis aos consumidores, produtos e serviços no local onde são necessitados, no momento exato no qual são desejados. Como visto nas definições dos autores, a logística é inserida no contexto atual como uma ferramenta de interligação dentro de uma empresa, pois ela combina ações como planejamento, implementação e controle do fluxo de materiais, e armazenamento de produtos, assim como associar os serviços e informações de maneira eficiente, levando para o cliente final, produtos ou serviços de forma rápida e com menor custo possível. 2.2. LOGÍSTICA NO BRASIL Ao bordar sobre logística no Brasil, Leite (2009) afirma que o Brasil é um país emergente e globalizado que demonstrou no início da implementação da logística empresarial, uma 34 defasagem considerável em relação aos países desenvolvidos, porém, atualmente está apresentando um grande crescimento no segmento de atuação da logística empresarial. Seguindo este pensamento, Novaes (2007) complementa que uma das limitações observadas nas empresas brasileiras, quanto às possibilidades de evolução em termos logístico, é a sua estrutura organizacional. Observa-se ainda, segundo Leite (2009), que foi a partir da década de 1990 que a logística empresarial começou se desenvolver e ter importância no cenário nacional, pois a partir dessa década, muitas empresas internacionais começaram entrar no mercado brasileiro, isso porque, houve uma redução de tarifas de importação para diversos setores da economia brasileira, fato esse que alavancou fortemente o panorama empresarial brasileiro. Partindo dessa concepção, Leite (2009) destaca que a verdadeira “explosão” logística no país, foi a partir do ano de 1994, quando aumentaram o desenvolvimento expressivo das transações empresariais das cadeias industriais e agropecuárias, bem como a forte atuação de empresas logísticas internacionais no Brasil, a realização de privatizações na área ferroviária, hidroviária e portuária, e pelo fato do país estar se postulando emergente, com uma maior participação no cenário internacional. De acordo com Leite (2009), como resultando dessa internacionalização do país logisticamente dizendo, houve um crescimento considerável nas cadeias produtivas existentes, como na entrada de novos produtos no mercado, fato que evidencia a importante contribuição da logística em seu desenvolvimento. Alicerçados no que foi mencionado pelos autores acima, pode-se concluir que com a logística no Brasil, ocorreu uma evolução positiva para a economia do País. Esta ficou evidenciada, pois a entrada de novas empresas, que fizeram um “boom” em alguns setores, demonstra que a atuação de empresas logísticas fortaleceram o crescimento das cadeias produtivas, sendo um fator que contribuiu para o aumento de novos produtos ao País. 2.3. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SCM) Não faz tanto tempo que o foco logístico está apenas em rapidez operacional, porém, com o decorrer dos anos, grandes empresas observaram dificuldade competitiva atrelada à grande necessidade de serviços de qualidade, tendo que satisfazer o cliente como foco principal. Desta forma apresentando uma ótima visualização pelo mercado consumidor. De acordo com Christopher (2002), ao fim do século XX o mercado sofreu com altos índices de choques comercias, dando origem a grandes dificuldades em grandes empresas que até então estavam entre os lideres de mercado. “As fusões e as transferências de controle mudaram o perfil de muitos mercados e o advento da concorrência global” (CHRISTOPHER, 2002, p. 192). Estas mudanças que são claramente observadas impõem ás empresas, mudanças no quesito agilidade, mediante à grande procura de serviços de qualidade. Partindo deste pressuposto, o Supply Chain Management se caracteriza como uma rede organizacional dentro das empresas. Para ter um melhor fluxo organizacional, a utilização de uma estratégia competitiva contribui com o aumento da lucratividade total da empresa. 35 Complementando, Novaes (2007) afirma que dentro da esfera da logística o SCM – Supply Chain Management (do inglês Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos) apresenta grande destaque por proporcionar vantagens competitivas, porque ao invés de focar na melhoria da pontualidade operacional, visualizando as operações logísticas apenas como gerador de capital, as empresas de SCM visam inovações através da logística para tornar-se mais competitivas e inserir-se em novos mercados. A logística é de fundamental importância para que proporciona algo de diferencial para qualquer organização que busque atender seus clientes de forma eficaz, sendo uma dessas a agilidade dos processos, que, conforme Christopher (2002), a agilidade não se limita em colocar o cliente como foco do negócio, mas desenvolver seu conjunto de sistema, para com isto, imprimir maior velocidade operacional e confiabilidade no retorno. Como isto e para isto, ocorreu a necessidade de achatar a pirâmide organizacional, reduzindo a burocracia. Apesar de empresas com o perfil tradicional de organização, que apresentam níveis sobre níveis de gerentes e burocracia em excesso, apresentam pouca ou nenhuma competitividade no mercado, o achatamento organizacional por si só não trará benefícios, porque deve ser acompanhada de inovações na ponta da cadeia, ou seja, inovações na prestação direta de serviço ao cliente. O Gerenciamento da cadeia de suprimento é administrar a logística integrada da empresa com a utilização de tecnologias avançadas, para planejar e controlar, podendo produzir e fornecer produtos e serviços que possam satisfazer o cliente. 2.4. CADEIA DE SUPRIMENTOS Entende-se por cadeia de suprimentos a sinergia entre empresas e seus setores, que interliga a cadeia produtiva, desde o fornecedor do início da cadeia, até o fornecedor do produto acabado. Segundo Chopra e Meindl (2003), “o termo cadeia de suprimento representa produtos ou suprimentos que se deslocam ao longo da seguinte cadeia: fornecedores, fabricantes, distribuidores, lojistas e clientes”. A cadeia de suprimento é considerada como uma “rede logística”, porque desempenha o papel de ligar os setores, desde o nível estratégico, tático, até o operacional. Em Simchi-Levi, Kaminsky e Simichi-Levi (2003), “a cadeia de suprimento é uma rede complexa de instalações e organizações com objetivos distintos e conflitantes”. À medida que cresce a necessidade do cliente, aumenta também pressão nos fabricantes para disponibilizar produtos de boa qualidade, em tempo de entrega menor e com custo reduzido. De acordo com Simchi-Levi, Kaminsky e Simichi-Levi (2003), este é um sistema dinâmico, onde ao decorrer dos anos foi evoluindo. Além da demanda do consumidor e da capacidade do fornecedor, ouve mudanças no que diz respeito ao relacionamento na cadeia de suprimentos. Um grande exemplo está na personalização de produtos para satisfazer o consumidor final. As organizações nas últimas décadas visualizaram a necessidade de um esquema de distribuição que lhes garantisse competitividade e visualização no mercado. Com isto veio o 36 conceito de cadeia de suprimentos, onde todas as necessidades são calculadas, desde a necessidade de um produto, até a forma de como será o layout para que haja um processamento mais eficiente. 2.5. LOGÍSTICA REVERSA Na sociedade atual, visa-se muito a sustentabilidade e meio ambiente e muitas empresas estão tendo um redirecionamento a partir destas tendências. A logística reversa vem com o propósito de reduzir, recolher e dar uma disposição final ao resíduo ou produto usado. Neste sentido, empresas que geram resíduos que degradam o meio ambiente, estão se adequando às normas e especificações (ISO 14000), no intuito de redução de custos, comprometimento ambiental, redução de riscos ambientais, conscientização dos empregados e um diferencial competitivo. Em C.L.M. - Council of Logistics Managment (apud LEITE, 2002, p.1) logística reversa: É um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens... A necessidade da logística reversa é a responsabilidade com a saúde humana, tanto como produtos contaminantes e vencidos, ou os produtos que estão em seu final de vida útil. A logística reversa provém das leis que impedem o descarte de resíduos no meio ambiente, com isso incentivando o reaproveitamento dos mesmos como a reciclagem e outros. Stock (apud LEITE, 2002, p.1) classifica a logística reversa em: Uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura... No ponto de vista de Rogers e Tibben-Lembke (apud LEITE, 2002, p.1) a logística reversa pode ser definida como: Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino. Algumas razões consideradas por Martinato (2008), motivam as empresas atuarem de forma mais forte na logística reversa: Legislação ambiental - as empresas se vêem na responsabilidade de dar o retorno adequado aos seus produtos e tratá-los quando necessário; Benefícios econômicos - redução de custos no descarte destes produtos, podendo otimizar o fluxo reverso com o retorno do produtos ao processo de produção; Conscientização ambiental de consumidores - levar aos consumidores de forma explicativa as melhores maneiras de descarte dos produtos, afim de sempre respeitar o meio ambiente. 37 Algumas outras razões são enfatizadas por Rogers e Tibben-Lembke (apud MARTINATO, 2008, p. 21) como motivos estratégicos: Razões competitivas – Diferenciação por serviço; Limpeza do canal de distribuição; Proteção de margem de lucro; Recaptura de valor e recuperação de ativos. De acordo Nhan, Souza e Aguiar (apud LIVA et al. 2003), existem três tipos de Logística Reversa: Logística Reversa de pós-venda; Logística Reversa de pós-consumo; e Logística Reversa de embalagem. Porém, neste projeto estaremos abordando apenas a Logística Reversa de pós-consumo. Ainda observado por Nhan, Souza e Aguiar (apud LIVA et al. 2003), a Logística Reversa de pós-consumo é o momento de execução dentro do fluxo físico, usando as informações correspondentes dos bens de pós-consumo descartados pela sociedade, como: produtos que apresentam um fim de vida útil próximo ou aquele usado que apresenta uma possibilidade de reutilização; e resíduos industriais que retornam ao ciclo de negócios assim ao ciclo produtivo, administrados e conduzidos pelos canais de distribuição reversos específicos. Esses produtos de pós-consumo poderão originar-se de bens duráveis ou descartáveis que poderão sofrer por alguns processos como: Reuso – os produtos poderão ser normalmente inseridos no mercado, denominado de mercado de “segunda mão”, até atinja o seu “fim da vida útil”; Desmanche – depois de passar por um desmonte, as peças que poderão ser aproveitadas ou processadas para reutilização; Reciclagem – os materiais que constituem os produtos são reaproveitados e se transformarão em matérias-primas secundárias, assim, retornarão ao ciclo produtivo. Não havendo nenhuma forma de utilização em nenhum dos processos citados, o produto será descartado a um “destino final”, no qual poderá ser aterros sanitários, lixões ou ainda passarem por incineração. Segundo Nhan, Souza, Aguiar (apud LACERDA, 2002), os tipos de logística reversa demandarão de uma série de atividades do processo logístico reverso que estão representados na Figura 1. 38 Figura 1 - Atividades típicas do processo de logística reversa Fonte: Lacerda (apud OLIVEIRA e SILVA, 2004, p. 10). Ao analisar a figura 1, observa-se o funcionamento do processo logístico reverso. Ainda observa-se que os produtos podem tomar várias formas de retorno, sendo elas: retorno aos fornecedores iniciais, sendo que haja por parte dos fornecedores um consentimento; revenda se apresentarem condições adequadas para venda; recondicionamento, dando ao produto nova condição para venda, sendo que seja viável economicamente; reciclagem, caso não seja possível dar condições necessárias de venda ao produto. Sendo este produto destinado a locais apropriados para o seu descarte final. Como visto nos conceitos, observa-se que a finalidade da logística reversa de pós-consumo é planejar, operar e, por fim, controlar o retorno de todos os produtos de pós-consumo, isto é, fazer de maneira planejada e organizada que todos os produtos possam ser manipulados, controlando o seu retorno a fim da redução de custos logísticos e menores danos ao meio ambiente. 2.5.1. DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA Atualmente, muitas empresas têm a consciência da importância que o fluxo reverso dos produtos/serviços tem. Grande parte delas, hora têm dificuldades ou não, se interessam pela implantação da Logística reversa. Algumas razões são apontadas por Daher, Silva e Fonseca (2006) como determinantes para a não implantação da logística reversa nas empresas, por exemplo: A falta de sistemas informatizados que se integrem ao sistema existente de logística tradicional. (CALDWELL, apud DAHER; SILVA; FONSECA, 2006); A dificuldade de medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com o consequente desconhecimento da necessidade de controlá-lo. (ROGERS E TIBBENLEMBKE, apud DAHER; SILVA; FONSECA, 2006); O fato de que o fluxo reverso não representa receitas, mas custos e como tal recebem pouca ou nenhuma prioridade nas empresas. (QUINN, apud DAHER; SILVA; FONSECA, 2006). As razões citadas acima demonstram que dificuldades existem na implantação do sistema logístico reverso, porém, as empresas estão sendo mais conscientes em relação à redução de custos e ao reverso do produtos do pós-consumo ao meio ambiente. 2.5.2. VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA Observado por Fleury et al. (apud SÁ; SOUZA, 2007), a redução de custos atua como um importante aspecto relevante, para que as organizações implementem atividades relacionadas à logística reversa, pois uma vez visto que tais práticas proporcionam economia com a utilização de embalagens retornáveis, ou com o reutilização de materiais para a produção. 39 Assim, o sucesso dessa prática vem sendo vista como vantajosa e estimulando cada vez mais novas organizações em investir em tal iniciativa. Segundo Guarnieri (apud SÁ; SOUZA, 2007), um ponto importante também que gera vantagem para a empresa que adota o processo de logística reversa, é a diferenciação por serviço, ou seja, os donos de comércio observam e acreditam que atualmente, seus clientes dão valor às empresas que possuem políticas mais liberais em relação ao retorno de produtos. Tal vantagem é percebida quando os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de produtos danificados. Porém, para chegar ao sucesso desta iniciativa, exige-se o planejamento de suporte, para uma estrutura de recebimento, classificação e expedição de produtos a serem retornados. Observa-se que essa iniciativa vem sendo reforçada pelo fato da existência de legislação de defesa dos consumidores, que vem garantir o direito de devolução ou troca. Outro importante ponto levantado por Fleury et al. (apud SÁ; SOUZA,2003) é de que o pensamento de responsabilidade ambiental vem como uma tendência de grande impacto, pois umas vez que as empresas caminham num sentido conforme a legislação ambiental determina, isto possibilitará as empresas serem cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, ou seja, as empresas deverão ser legalmente responsáveis pela destinação de seu produto após a entrega aos clientes e pelo seu impacto no meio ambiente. Ainda segundo Fleury et al. (apud SÁ; SOUZA,2007), pode ser mencionado um segundo aspecto ainda em torno da questão ambiental, sendo ele, o aumento de consciência ecológica dos consumidores, pois estes consumidores esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente, o que tem feito as empresas promover ações que visam comunicar ao publico uma imagem institucional “ecologicamente correta”. 2.6. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO A distribuição física é a parte de maior importância na Logística, que tem a capacidade de deslocar os produtos acabados até o consumidor final. Stern et al. (apud NOVAES, 2007, p. 124), define “canais de distribuição como conjuntos de organizações independentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível para uso ou consumo”. Rolnicki (apud NOVAES, 2007, p.124), considera que os profissionais das áreas de marketing e vendas enfatizam em sua visão, dentro da cadeia de suprimentos, apenas os aspectos diretamente ligados à comercialização de produtos e à sua propriedade. Como a maioria dos produtos no comércio varejista chegam aos consumidores por meio do intermédio de terceiros, o canal de distribuição representa a sequência de organizações ou empresas que vão transferindo a posse de um produto desde o fabricante até o consumidor final. Demonstrando assim, por exemplo, alguns setores em que o canal de distribuição de um determinado produto pode envolver: Fabricante; Atacadista; Varejo; Serviços de pós-venda (montagens, assistência técnica). 40 Na cadeia logística todos esses membros acima devem estar interligados para melhor funcionamento dos canais de distribuição fazendo com que o produto ou serviço cheguem até o cliente. Um dos principais objetivos dos canais de distribuição é a disponibilidade de produtos com rapidez e com redução de custo. 2.7. CANAL REVERSO: PÓS-CONSUMO Semelhante entre si no que diz respeito ao fluxo de informações e distribuição física, o ponto crucial da diferença entre a logística habitual e a logística reversa está na direção do fluxo dos bens. Leite (apud LEITE, 2009, p. 8) denomina os canais de distribuição reversos de pós-consumo como: As diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos de pósconsumo ou de seus materiais constituintes desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária. Em relação à logística Reversa de pós–consumo, Leite (2009) denomina como: A área de atuação da Logística Reversa que igualmente equaciona e operacionaliza o fluxo físico, e as informações correspondentes de bens de pós–consumo descartados pela sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo através de canais de distribuição reversos específicos. No canal reverso, os produtos já consumidos e descartados pelo consumidor final retornam a indústria com o objetivo de reciclagem, reutilização, ou seja, o produto já consumido retorna a indústria como matéria prima de novos produtos, sendo assim reinseridos no mercado de produção através da logística reversa. 2.7.1. CANAIS REVERSOS DE MATERIAIS PÓS-CONSUMO QUE PROPORCIONAM RETORNO ECONÔMICO Em relação aos materiais de pós-consumo, Guarnieri et al. (2006) enfatiza algumas informações relevantes sobre estudos de caso realizados pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem – Cempre, com o panorama da reciclagem de diversos produtos no Brasil, demonstrado no quadro 1, a seguir. Observa-se que a logística reversa de pósconsumo está inserida em diversas empresas, sendo que possibilita a reciclagem de diversos produtos. Isso ocorre devido à grande abertura de oportunidade de empregos diretos e indiretos que tal iniciativa proporciona. Outro ponto a ser observado, é que o Brasil é um dos maiores país recicladores em escala mundial. 41 Materiais Destinação A reciclagem de papel, Um total de 3.017.400 toneladas de papéis recuperados (sendo 61,7% de papelão e embalagens longa- caixas de papelão ondulado), 128 fabricantes, 28.347 empregos diretos vida no Brasil gerados e faturamento de R$ 3.269.038.000. (Este é o resultado obtido, em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa). A reciclagem de alumínio no Um total de 121 mil toneladas de latas de alumínio recicladas, 35 recicladores, Brasil 152 mil empregos diretos e indiretos gerados e faturamento de R$ 850 milhões. (Este é o resultado obtido em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio - Abal). A reciclagem de aço no Em 2002, cinco milhões de toneladas de sucatas de aço foram usadas no Brasil Brasil, sendo que 3,3 milhões de toneladas se destinaram à produção de novo aço. A fabricação de folhas metálicas para embalagens de aço consumiu 1 milhão de toneladas. As latas de folha de flandres correspondem a 21% do mercado nacional de embalagens, 6% ficam com as latas para bebidas carbonatadas e o restante está nas mãos das aciarias que derretem a sucata para novos produtos ou novas chapas de aço. A reciclagem de plásticos no Para a Abiquim, o potencial do mercado de reciclagem de plásticos é grande: a Brasil capacidade instalada da indústria já alcança cerca de 340 mil toneladas/ano e movimenta, em valor de produção, mais de R$ 200 milhões anuais. Em 2001, a produção de plásticos atingiu 3,7 milhões de toneladas e, em 2002, chegou a 3,9 milhões de toneladas. A reciclagem de vidro no O último levantamento da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Brasil Automáticas de Vidro (Abividro) mostra que os investimentos na reciclagem do vidro foram de aproximadamente R$ 700 mil, renderam R$ 56 milhões e geraram 1.200 empregos diretos e mais de 10 mil indiretos. A reciclagem de PVC no O PVC tem taxa de reciclagem de cerca de 10%, sendo que sua participação Brasil no lixo urbano é menor do que 0,5%. Trata-se de uma resina com longo ciclo de vida – cerca de 50 anos – aplicada prioritariamente (70% da produção) na construção civil. A reciclagem de pneus no De acordo com informações da Associação Nacional Da Indústria De Brasil Pneumáticos (Anip), apenas cinco laminadores têm cadastro no Ibama, porém mais de 20 trabalham informalmente, reciclando pneus convencionais que são transformados em produtos como solado de sapato e percintas para sofás, entre outros. Segundo a Anip, cerca de 70 mil toneladas de pneus foram destinadas à reciclagem em 2002. Reciclagem de lubrificante usado óleo Dados da coleta de 2002 do Cempre revelam que a coleta nesse ano foi de 221,0 milhões de litros, portanto, em torno de 22,0%. O volume de óleo usado coletado possibilitou, em 2002, a fabricação de 155 milhões de litros de óleo 42 básico rerrefinado. Reciclagem de baterias de Nos países desenvolvidos, a reciclagem está próxima de 95 % enquanto que no chumbo-ácido no Brasil Brasil a reciclagem fica em torno de 80 %, sendo que nas grandes áreas urbanas chegam a 85 % e em áreas mais remotas, pouco é recuperado. Quadro 1 – Casos de canais reversos de materiais descartados pós-consumo que proporcionam retorno econômico. Fonte: Adaptado de Cempre (apud GUARNIERI et al, 2006). 2.7.2. CICLOS REVERSOS ABERTOS E FECHADOS Segundo Leite (2009), os canais reversos de ciclo aberto, não diferenciam os bens de pósconsumo, o que é visado nestes bens é a possibilidade da revalorização dos materiais extraídos. O ciclo aberto nada mais seria, a utilização do bem reciclado, sendo este diferente do bem de origem. Leite (2009) ainda afirma que o que diferencia o canal reverso de ciclo aberto para o canal reverso de ciclo fechado, é que neste canal, visa-se na reciclagem do bem, para a utilização deste, como um bem similar ao original. Estes bens passam por processos nos quais são extraídos materiais que possam dar para este bem, condições necessárias de retorno ao ciclo produtivo. 2.7.3. CICLOS REVERSOS FECHADOS De acordo com Leite (2009), os canais de distribuição reverso de ciclo fechado, constituem as etapas do retorno dos produtos de pós-consumo. A partir deste retorno, são originados materiais, provenientes de produtos descartados, que apresentam seu fim de vida útil. Tais materiais que apresentarem valor serão matéria-prima para a fabricação de um produto similar ao de origem. Para Leite (2009), uma das principais características dos canais reversos fechados é apresentar alta eficiência no fluxo reverso em razão da importância econômica do uso de seu material constituinte. Tabela 1 – Exemplos de canais reversos de ciclo fechado Produto de origem Principais materiais de pós-consumo extraídos Óleos lubrificantes usados Eliminação de impurezas e Novo produto Óleos lubrificantes novos acréscimo de aditivos Baterias de veículos Plástico, extração de descartadas chumbo Latas de alumínio de Extração da liga de alumínio embalagens descartadas Fonte: Leite (2009). Baterias de veículos novas Latas de alumínio novas 43 Na Tabela 1 representam-se exemplos das fases da cadeia reversa nas quais os produtos de pós-consumo, de maneira específica, passam por esse fluxo e são manuseados a fim de serem extraídos materiais para darem origem a produtos novos ou similares. 2.8. REDUÇÃO DE CUSTOS Para as empresas que concorrem diretamente em preço, custo será seu principal objetivo de produção. Slack et al. (2009, p. 49) diz que “Todas as operações possuem interesse em manter seus custos tão baixos quanto possível, desde que compatíveis com os níveis de qualidade, velocidade, confiabilidade e flexibilidade que seus consumidores demandam.” Para Novaes (2007, p. 239), “Pode-se conseguir reduções adicionais nos custos das atividades de valor a medida que o grupo de empresas que formam a cadeia for aumentando sua participação no mercado e investindo em novas expansões.” Os custos com transporte influenciam todo o transporte de produtos até seus clientes. O transporte até o consumidor, na maioria das vezes, domina a decisão de localização quando é caro ou difícil. Slack et al. (2009, p. 155) menciona que “[...] Operação que transporta seus bens até os clientes, consideramos o transporte como um fator de lado da oferta, porque, quando a localização muda, alteram-se os custos de transporte.” 2.9. COMPETITIVIDADE Atualmente observa-se uma crescente no nível de competitividade. Isto ocorre conforme o crescimento do número de empresas que oferecem os mesmos produtos e/ou serviços, o que levam por sua vez os clientes exigirem produtos e/ou serviços com maior qualidade e maiores benefícios para sua satisfação na compra. Ao ser abordado por Giacobo, Estrada e Ceretta (apud SILVA; COLMENERO, 2010), a implantação da logística reversa de forma clara e objetiva é de grande importância, pois assim todos os envolvidos nas atividades do processo, poderão ter a visão que o processo logístico reverso é um diferencial, proporcionando para a empresa uma de vantagem competitiva, ou seja, não sendo apenas um custos para a empresa. A implantação da gestão do processo logístico reverso, por si só é um investimento alto, porém, eleva o prestígio da empresa perante A sociedade. Observado isso, a logística reversa está sendo utilizada como ferramenta de estratégia de marketing, por ser um ponto determinante de competitividade empresarial. 2.10. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL A tendência com o crescimento do impacto ambiental que os produtos e os processos industrias estão provocando no meio ambiente, também aumenta a pressão de solucionar esses problemas que as empresas causam com descartes de resíduos. 44 Leite (2009 p. 115) menciona que “a sensibilidade ecológica, tanto da sociedade como das organizações empresarias, tem se transformando recentemente, devido à crescente visibilidade dos efeitos, seja por se mostrarem realmente evidentes às pessoas ou por elas terem informações sobre suas consequências, percebida nos desastres ecológicos”. O produto em seu fim de vida, que na maior parte dos casos causa impactos no meio ambiente, e sofre pressões e críticas dos ambientalistas ao consumo desses produtos sem responsabilidade empresarial, induzem cada vez mais as empresas a incluírem em sua contabilidade os custos ecológicos. Algumas empresas revelam um comprometimento com o meio ambiente, para ter melhor reflexão estratégica como um elevado diferencial competitivo. Segundo Leite (2009), as empresas desenvolvem vantagens competitivas por meio de cumprimentos das leis existentes e de melhorias em seus produtos, tornando-os menos agressivos ao meio ambiente. Lacerda (2002) ainda complementa que existe uma tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de incentivar cada vez mais as empresas a serem responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos. Ou seja, as empresas serem legalmente responsáveis pela destinação após a entrega dos produtos aos clientes, assim como o impacto que estes possam produzir ao meio ambiente. Como o aumento da conscientização dos consumidores que esperam menos impactos que afetam o meio ambiente, as empresas estão buscando maior comprometimento ambiental, pois buscam grande diferencial competitivo. 3. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 3.1. CONCLUSÃO Neste trabalho foi utilizada uma forma na qual os conceitos sobre logística reversa e suas atividades auxiliares buscam levar ao leitor o que é o processo, como é gerenciado, o que faz motivar a implantação e a gestão do processo, e, principalmente demonstrar a importância do processo reverso dos produtos em relação ao meio ambiente, competitividade e gestão de custos. A logística reversa poder ser analisada ainda é de maneira geral, como um processo de baixa prioridade na sua aplicabilidade, por ser visto como processo que tenha uma participação baixa no setor empresarial mundial. Em virtude das atividades de logística reversa encontramse num estágio inicial de implementação pelas organizações, existe um “preconceito” pelas organizações, em não ter a sagacidade de visualizar os ganhos gerados por este processo. Porém, os gestores das organizações estão começando a perceber que, com a mudança nas leis ambientais, que o cliente está cada vez mais rigoroso, que é necessário reduzir custos e ser competitivo. Isto vem levando as organizações a reverem com mais atenção os benefícios que podem ser atingidos com a implantação do processo logístico reverso. Para atingir a proposição desse artigo, apresentou-se como objetivo geral, identificar a importância da logística reversa, sendo analisada dentro do canal inverso de pós-consumo, 45 assim como necessidade do gerenciamento da cadeia de suprimentos dentro da logística na redução de custos e a consciência ambiental. As atividades de desmanche, reciclagem e reutilização de produtos do pós-consumo estão sendo um diferencial competitivo para as empresas que estão aderindo a essas atividades. Isso ocorre devido à crescente preocupação dos clientes em relação ao meio ambiente e esta preocupação vem aumentar também o grau de exigência dos cliente, o que favorece o crescimento de empresas implantando essas atividades. Alguns aspectos importantes em relação ao canal reverso devem ser considerados como: atender as necessidades dos clientes, fazendo com ele, exigente que é, seja atendido de maneira satisfatória; demonstrar e agir de forma sustentável para que a população possa confiar em uma organização que tem uma imagem de responsabilidade ambiental e social; utilizar atividades como desmanche, reciclagem e reutilização como fator de redução de custos; promover uma sinergia de cooperação entre os setores da cadeia, sendo um ponto de relevância para atingir sucesso das atividades envolvidas na cadeia reversa. Ao abordar os objetivos específicos, no decorrer da pesquisa constante no item 2.5.1, dificuldades de implantação da logística reversa, uma dificuldade apontada seria o uso de um roteirizador, software que determina as melhores rotas para serem seguidas pelos veículos, que em contrapartida existe no processo logísitico tradicional. Ao analisar a responsabilidade ambiental, o item 2.9 busca revelar um comprometimento com o meio ambiente, para ter uma melhor reflexão estratégica como um elevado diferencial competitivo. A logística reversa atualmente é repentinamente relacionada com as questões ambientais e ecológicas, isso porque estas questões estão atreladas a atividades como de desmanche, reciclagem e reutilização. Todavia, a logística reversa tende fazer um elo entre o desenvolvimento sustentável, a competitividade e a redução de custos. Partindo do dito anterior, o item 2.9 vem demonstrar a competitividade como ferramenta logística reversa atuando como estratégia competitiva. No intuito que fora observado pelas organizações que os clientes estão cobrando por produtos e/ou serviços com maior qualidade, isso ocorrendo com perfeição eleva o prestígio da organização perante o seu público. A logística reversa conforme apresentado neste trabalho, é uma fonte vantajosa de competitividade para as organizações, de acordo com os autores pesquisados, visto que na medida ocorre uma competição entre as empresas que abastecem a cadeia de suprimento, um esforço para à otimização da cadeia direta. Assim, acabam deixando de lado a cadeia reversa, gerando a oportunidade de haver uma competitividade entre as empresas que focam não apenas na cadeia direta e sim na cadeia integral (direta e reversa). Partindo desse pressuposto, vale ressaltar no item 2.7.1 o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem), que destaca o Brasil como sendo um dos países mais recicladores de produtos no mundo. CEMPRE ainda revela que foi coletado no ano de 2002, 221,0 milhões de litros de óleo, portanto possibilitou a fabricação de 155 milhões de litros de óleo básico rerrefinado. A logística reversa possibilita maior reciclagem de produtos dentro de uma empresa. Por fim, as hipóteses levantadas neste trabalho podem ser consideradas verdadeiras, pois é possível verificar a partir do item 2.5.2, que a logística reversa no processo pós-consumo pode 46 influenciar na redução de custos e degradação do meio ambiente, e ainda com destaque nos itens 2.9 e 2.10, onde observa-se a competitividade sendo tratado como ferramenta logística reversa atuando como ferramenta de estratégia de marketing, assegurando aos clientes o comprometimento de dispor produtos e/ou serviços de qualidade, além de um comprometimento com o meio ambiente, pois se trata de um fator muito questionado pelos consumidores. Dificuldades, todos os trabalhos apresentam e neste não seria diferente. A principal foi não poder fazer um estudo de caso em uma organização, onde seria possível estabelecer parâmetros de estudos para evidenciar todo o processo reverso do sistema logístico, inclusive de forma prática. 3.2. RECOMENDAÇÕES Para um próximo estudo, seria interessante analisar quais as áreas de atuação do processo de logística reversa, procurando demonstrar como as questões de desenvolvimento sustentável, competitividade e redução de custos, podem trazer ganhos significativos, não somente para a organização, mas também para a sociedade e para o meio-ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia de trabalho ciêntifico: elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. [2] BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Makron, 2000. [3] BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 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Cleiane dos Santos Neres6 Eduardo Coelho Silva7 Juciele Carminati Bromatti 8 Letícia Paula Brune9 Maria das Graças Santana Fernandes10 RESUMO Este trabalho tem como objetivo indicar o melhor combustível para o abastecimento de veículos automotivos, demonstrando a relação entre o Etanol e a Gasolina, de forma a esclarecer qual apresenta o melhor custo/beneficio ao consumidor, na região Norte Capixaba no que tange as cidades de São Domingos do Norte, Barra de São Francisco e Nova Venécia. Considerando que atualmente muito tem se buscado por alternativas que garanta uma qualidade vida melhor aliada com redução de custos. Para isto, foram utilizados os métodos de pesquisa exploratória, descritiva, e, com intuito de mensurar qual maior consumo entre os combustíveis, foi utilizada a técnica de estudo de caso, pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Para obter os dados necessários, foi empregado um questionário aos responsáveis dos Postos potenciais de abastecimento de cada município. Através dos dados analisados, foi possível visualizar que a gasolina apresenta um maior poder calorífico, dessa forma proporcionado um melhor rendimento energético quando comparado com o etanol. PALAVRAS-CHAVE: Custo/benefício. Qualidade energética. Viabilidade. ABSTRACT This paper aims to show the best fuel for the supply of automotive vehicles, demonstrating the relationship between Ethanol and Gasoline, to clarify which features the best cost / benefit to the consumer, in the north of the state regarding the cities of São Dominic North, Barra de São Francisco and New Venetia. Whereas currently has long been sought for alternatives to ensure a better quality of life coupled with cost reduction. For this, we used the methods of exploratory, descriptive, and, in order to measure what greater consumption by fuel, we used the technique of case study literature and field research. To obtain the necessary data, we used a questionnaire to the heads of potential supply stations in each municipality. Through the 6 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 7 Graduado em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 8 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 9 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 10 Graduada em Administração de Empresas, Pós-graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia - UNIVEN 50 data analyzed, it was possible to see that the gas has a higher calorific value thus provided an improved energy efficiency when compared to ethanol. KEYWORDS: Cost / benefit. Power quality. Viability. 1. INTRODUÇÃO Nos dias atuais a busca por alternativas que venham proporcionar qualidade de vida, tanto no tocante a primar o meio ambiente, como também economicamente, é constante em todas as camadas sociais. Ante a essa premissa, Loureiro (apud KNIGHT, 2006, p. 9) destaca que: Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos e que possam tornar o ar: Impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem-estar público; danoso aos materiais à fauna ou à flora; prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. Neste sentido, ao tratar de combustível, pode-se analisar que é um produto de extrema necessidade diária, com relação ao abastecimento de seus automóveis. Porém, há opções em qual combustível comprar: gasolina ou etanol? Ambos há diferenças em custos e benefícios. O combustível é quimicamente combinado com outras substâncias, assim, transformando em uma reação que libera calor. Isto é, qualquer outra substância que reage com oxigênio de forma brusca, onde irá produzir calor, logo ocorre a liberação de energia potencial para ser utilizável. Neste artigo foram realizadas pesquisas sobre a gasolina e etanol, onde se analisou dados que teve como meta demonstrar qual melhor combustível a ser utilizado no momento do abastecimento de automóveis. Salienta-se ainda que no mundo contemporâneo, a preocupação quanto à melhor escolha no momento de adquirir um bem, produto ou serviço é constante. Partindo desse princípio ao chegar aos postos distribuidores de combustíveis, o consumidor sempre tem dúvida na escolha de qual dos combustíveis: Etanol (álcool etílico) ou Gasolina? Qual irá proporcionar um melhor desempenho? Pois, muito se diz sobre o que é melhor para o carro e principalmente qual é o mais econômico, porém, o que grande maioria dos consumidores busca, é saber qual combustível deve ser utilizado. Para a formação do Etanol e da gasolina, é necessário todo um processo, sendo que o álcool passa por um processo de destilação, e a gasolina passa por um processo de refino. Assim, podemos notar que por apresentarem formações diferentes, consequentemente suas reações, seus preços e outros, também serão diferentes. Desta forma, surge então uma necessidade de conhecimento abrangendo como um todo, a questão desses dois combustíveis, pois tanto o álcool quanto a gasolina são de grande importância para a sociedade, quanto ao abastecimento de veículos automotores. Dentro desta 51 esfera do conhecimento pesquisas mostraram que no momento de abastecer com o álcool, o mesmo tem que estar com o preço de 70% da gasolina para que ele seja rentável, caso contrário, o consumidor terá prejuízo. Porém, essas questões devem ser bem analisadas, pois a gasolina possui certo percentual de álcool em sua composição, que seria o álcool anidro e tem também o álcool hidratado que é o álcool utilizado para abastecimento. O estudo delimitou a identificar e analisar o processo de formação do álcool e da gasolina e o preço médio dos dois combustíveis, para a verificação do percentual de 70% que é conhecido popularmente, se é válido no momento em que será avaliado qual dos combustíveis é mais vantajoso para o consumidor abastecer de forma econômica e atendendo as necessidades de desempenho desejado do veículo em questão. Como o etanol e a gasolina estão sempre variando de preço um em relação ao outro, e como a tecnologia flex tem se difundido entre os modelos de automóveis fabricados, onde se fala muito que a diferença de preço do etanol tem que estar 70% do preço da gasolina, ou seja, 30% mais barato que a gasolina, ante tal incógnita, tem-se como problemática: descobrir se esta diferença de preço entre um combustível e outro, tem mesmo que ser levada em conta. O presente estudo de pesquisa tem como objetivo geral analisar tecnicamente se os 70% conhecido popularmente, é um número adequado para a viabilidade em relação ao custo/benefício para o consumidor e como objetivos específicos (a), demonstrar o processo de destilação do etanol e refino da gasolina; (b) analisar tecnicamente se os 70% conhecidos popularmente, é um número adequado para a viabilidade em relação ao custo/benefício para o consumidor; (c) apresentar vantagens e desvantagens do abastecimento do etanol e gasolina; (d) apresentar dados de preços sendo os mesmo do Norte do Espírito Santo, demonstrando qual dos dois combustíveis em questão, apresenta o melhor custo/benefício para o consumidor. Com a preocupação contínua dos consumidores por alternativas que venham minimizar os custos em seus orçamentos, este estudo tem como resposta ao problema levantado a seguinte hipótese: O Etanol poderia ser mais rentável na hora de abastecer se o valor fosse os 70% propostos pelos cálculos de consumo, mas comprovado por estudos e consulta de preço, é que ainda está longe de ser uma boa opção a sua utilização como combustível principal para uso veicular. 1.1. METODOLOGIA Nesse trabalho foram utilizados dois tipos de pesquisa: a pesquisa exploratória que para Andrade (2001), a pesquisa exploratória busca o aprimoramento de ideias, sendo assim tem como finalidades, sobretudo quando bibliográficas, proporcionarão maiores informações sobre determinado assunto; facilitarão a delimitação de um tema de trabalho; definirão os objetivos ou formularão as hipóteses de uma pesquisa ou até mesmo descobrirão novo tipo de enfoque para o trabalho, e a pesquisa descritiva que segundo Cervo e Bervian (1996) dizem que se trata de conhecer diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política e econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto o indivíduo em grupo ou individualmente. Assim, busca descobrir com precisão a frequência com que um fato ocorre, sua relação, suas características, etc. Para a efetivação da pesquisa, as técnicas propostas foram à pesquisa bibliográfica, estudo de caso e pesquisa de campo. 52 A pesquisa bibliográfica foi utilizada como um vínculo para adquirir embasamentos necessários ao decorrer do desenvolvimento proposto. Foram as informações apresentadas no trabalho realizadas na biblioteca da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, juntamente com pesquisas através de sites, revistas, e outros, buscando sempre a forma mais viável para esclarecer o requisito que foi abordado. Gil (2002) afirma que este tipo de pesquisa é baseada em materiais já elaborados como artigos científicos e principalmente livros, ou seja, possibilita um melhor entendimento sobre determinado assunto, devido a suas diferentes contribuições científicas. Quanto ao estudo de caso, Vergara (2000) consiste em um estudo profundo a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. De maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Essa técnica costuma ser utilizada em estudos exploratórios, especialmente quando se trata de uma área de pesquisa recente, e pouco conhecimento sobre o assunto (YIN, 2001). Já a pesquisa de campo foi feita junto aos responsáveis pelos postos de combustível em cada município. De acordo com Andrade (2001, p. 127), “a pesquisa de campo assim é denominada porque a coleta de dados é efetuada “em campos”, onde ocorrem espontaneamente os fenômenos, uma vez que não há interferência do pesquisador sobre eles”. Neste trabalho foram utilizadas fontes primárias advindas dos dados que foram pesquisados junto aos postos de combustíveis. Também foram utilizadas fontes secundárias que utilizaram dados que já foram publicados, através de monografias, livros e etc. Segundo Andrade (2001, p. 43), Fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto. Enquanto que a fonte secundária, segundo Richardson et al (1999, p. 253), “É aquela que não tem uma relação direta com o acontecimento registrado, senão através de algum elemento intermediário”. O universo pesquisado foram os postos de gasolina. Entretanto, a pesquisa foi realizada nos Postos de Combustível de 3 bandeiras diferentes para que não ocorresse a tabelação de preços, nos seguintes municípios Barra de São Francisco – ES, São Domingos do Norte – ES e Nova Venécia– ES. Sendo realizada entre os dias 14 de setembro a 18 de outubro de 2012. Para tanto, utilizou como instrumento para a coleta de dados da pesquisa, questionário, que de acordo com Barros e Lehfeld (2000), é o instrumento mais usado para o levantamento de informações, por ser constituído por uma série de perguntas (não há restrições na quantidade de questões), que devem ser respondidas por escrito pelo entrevistado, de preferência sem a presença do pesquisador, sendo aconselháveis questões que não sejam exaustivas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. COMBUSTÍVEL Com a necessidade da produção de calor, energia ou luz, para o desenvolvimento dos processos, o combustível torna-se de fundamental importância. Segundo José (2004), combustível é uma substância suscetível de se combinar quimicamente com outra através de uma reação exotérmica, isto é, uma reação que libera calor. Ou seja, quando qualquer substância que reage com oxigênio de forma violenta ou de forma a produzir calor, chamas e gases, assim, ocorrendo à liberação de uma energia potencial para uma forma utilizável. Desta forma, pode-se observar que combustível é qualquer substância que em contato com oxigênio, e diretamente dependente de uma ignição para incendiar-se e produzir calor, sendo 53 este uma forma de energia química que pode ser convertida nas demais formas de energia. Para o nosso objeto de estudo, a energia a ser considerada para conversão é energia mecânica, que dará inicio e continuidade ao movimento de veículos automotivos. De acordo com Andrade (2012), em relação ao estado físico, os combustíveis podem ser: a) Sólidos: Para que sejam utilizados devem possuir poder calorífico elevado, alta disponibilidade e que queime com facilidade. Podem ter em sua composição C, H2, O2, S (carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre), sendo que todos estes elementos sofrem combustão facilmente. Exemplos: Naturais: lenha, casca, turfa, carvão mineral, xisto. Artificial: coque, briquetes, carvão vegetal. b) Líquidos: Possuem certas vantagens em relação aos sólidos, tais como poder calorífico mais elevado, maior facilidade e economia de armazenagem e fácil controle de consumo. Podem ser encontrados na forma mineral ou não mineral. Exemplos: Naturais: petróleo bruto. Artificiais: produtos da destilação do petróleo, alcoóis e óleos vegetais. c) Gasosos: Permitir a eliminação de parte de fumaça e cinza, melhor controle de temperatura e comprimento das chamas. Exemplos: Naturais: gás natural. Artificiais: GLP, acetileno, propano, butano. Diante das formas físicas em que os combustíveis podem ser encontrados, sabe-se que aqueles que possuem um maior poder de compressibilidade e maior poder calorífico, apresentam maior eficiência energética. Assim, pode-se determinar que combustíveis líquidos e gasosos sejam mais eficientes do ponto de vista químico e mecânico em relação aos combustíveis sólidos, além dos mesmos apresentarem uma maior emissão de poluentes em relação aos sólidos. Para Bizzo (2003), os combustíveis para utilização em energia e aquecimento industrial apresentam características importantes. O tipo de combustível industrial mais utilizado são os derivados do petróleo por preencherem grande parte dessas características, tais como: Baixo custo por conteúdo energético; Disponibilidade; Facilidade de transporte e armazenamento; Possibilidade de utilização dentro de tecnologias disponíveis; Baixo custo operacional e de investimento, e outros. Diante das várias possibilidades de fontes de combustível disponível, torna-se fundamental para uma boa otimização do custo/benefício, com um rendimento energético esperado, a característica física do mesmo, além das características químicas, tais como poder calorífico e taxa de compressibilidade. 2.1.1. TIPOS DE COMBUSTÍVEIS Após a Revolução Industrial, a demanda por combustíveis cresceu em escala exponencial. Com o passar dos anos, os combustíveis de origem fóssil detinham uma grande parte do mercado. Com a evolução tecnológica e verificação do grande impacto ambiental causado 54 pelo mesmo, e com o intuito de reduzir a dependência da importação de gasolina, o mercado brasileiro deu início da busca por combustíveis vegetais em especial ao álcool. Neste sentido Bizzo (2003) afirma que, de modo geral, os combustíveis podem ser classificados em dois tipos: Combustíveis fósseis; Combustíveis vegetais. Observa-se que para José (2004), o combustível fóssil engloba um grande número de compostos orgânicos minerais, podendo ser sólidos, líquidos ou gasosos. Resultam de um processo muito lento de decomposição de plantas e animais (matéria orgânica). Combustíveis básicos e derivados: petróleo (GLP, gasolina, óleo diesel, óleo combustível, óleos residuais); gás natural; xisto betuminoso e carvões minerais (gases manufaturados). Fica clara a limitação da produção em longo prazo de combustíveis fósseis, visto que seu processo de formação é extremamente lento, levando milhões de anos para ser gerado. Assim, pode-se constatar que atualmente busca-se explorar reservas que foram constituídas em eras geologias distantes, e com previsão limitada de exploração com o passar das décadas. Após abordar sobre os combustíveis fósseis, torna-se necessário conhecer os combustíveis vegetais, que são todos os combustíveis produzidos a partir de matéria orgânica vegetal. Para Dionysio e Meirelles (2012), estes são alguns exemplos de combustíveis vegetais básicos e seus derivados: cana-de-açúcar (bagaço de cana, álcool etílico); lenha (carvão vegetal, gases manufaturados, metanol); resíduos vegetais (biogás). Complementando, Dionysio e Meirelles (2012), destacam que os combustíveis fósseis podem apresentar algumas características, como: não renovável, baixa velocidade de formação e sua queima provoca o aumento da quantidade de CO2 na atmosfera. Já os combustíveis vegetais são biodegradáveis, renováveis e a produção de CO2 é compensada com o consumo posterior. Nota-se que podendo dividir os combustíveis em dois tipos, fica clara a diferença fundamental entre os dois, sendo que os combustíveis fósseis resgatam fontes primárias acumuladas ao longo das eras geológicas, desprendendo desta forma quantidades de carbono que desequilibram o ecossistema, por ser um resgate de carbono sem compensação. No caso dos combustíveis vegetais, os quais são fontes renováveis, possuem um ciclo fechado de carbono, ou seja, todo carbono que é lançado à atmosfera é reabsorvido pela planta no processo de fotossíntese, assim fixando todo o carbono que foi liberado em sua combustão. Pode-se observar ainda que em detrimento dos grandes problemas enfrentados nas últimas décadas, referentes ao meio ambiente, estes tipos de combustíveis vem ganhando força no mercado e na opinião de ambientalistas, porém visto o elevado preço em relação aos combustíveis fósseis, os mesmos ficam limitados a sua oscilação de preços, além da oscilação do preço de combustíveis derivados do petróleo. Como a extração do petróleo não sofre com sazonalidade e intempéries, o seu preço é menos oscilante conseguindo atender a uma grande parcela do mercado a um custo acessível. 2.2. GASOLINA Combustível derivado do petróleo, representa uma das frações destiladas do mesmo. Em sua composição apresenta uma substância conhecida como octanas, sendo elas as responsáveis pela qualidade energética deste combustível. Este produto tem espaço garantido no mercado 55 desde a Revolução Industrial, sendo um dos principais combustíveis utilizados nos dias de hoje. De acordo com Infk (2008), a gasolina é uma mistura proveniente de uma faixa de destilação do petróleo, possui centenas de hidrocarbonetos que têm entre 3 a 12 carbonos. E na gasolina há componentes mais leves e mais pesados. “Assim, conforme o tempo passa, se diz que a gasolina “ficou velha” ou “estragou”, pois os mais leves se evaporam, deixando apenas os mais pesados (octanagem menor), podendo causar “batidas de pino” no motor. Podemos descrever a gasolina conforme a sua composição química ou as suas propriedades: 1. Composição Química: a gasolina é uma complexa mistura de centenas de hidrocarbonetos, que variam por classe- parafinas, olefinas, compostos cíclicos e aromáticos e, em cada classe, por tamanho. Esta mistura de hidrocarbonetos (e oxigenados) na gasolina determina suas propriedades físicas e características de desempenho do motor. 2. Propriedades: a gasolina é produzida para atender os limites das especificações e da regulamentação local, e não exatamente para alcançar uma distribuição específica de hidrocarbonetos por classe e tamanho em sua composição. Entretanto, em graus de variação, estes limites definem a sua composição química. Considere, por exemplo, a volatilidade da gasolina. A gasolina evapora dentro de uma faixa de temperatura, de acordo com o perfil de destilação, conferindo as especificações do combustível, o papel de limitante para a amplitude desta faixa. Cada hidrocarboneto evapora a uma temperatura específica, denominada ponto de ebulição e, geralmente, este ponto cresce com o peso molecular. Consequentemente, requerer um perfil de destilação à gasolina é equivalente a exigir uma mistura de hidrocarbonetos em uma certa gama de pesos moleculares. Os limites de temperatura do perfil de destilação excluem hidrocarbonetos menores com ponto de ebulição inferiores e maiores hidrocarbonetos com pontos de ebulição superiores (SZKLO e ULLER, 2008, p.189). Seguindo a linha de raciocínio dos autores, fica entendido que apesar de ser um produto definido como único, o mesmo apresenta algumas variações com: gasolina aditiva, comum, de aviação. A principal diferença entre elas é sua composição química e forma de destilação. Mesmo dentro deste conceito, é necessário atingir os requisitos mínimos de qualidade conferida pela ANP. Observa-se que complementando, José (2004) afirma que esse tipo de combustível é o mais consumido entre os que são utilizados em transporte rodoviário. É mais adequado para motores de ciclo Otto, devido apresentar relativamente alta densidade energética. Porém, possui um número de octanagem menor do que outros combustíveis usados nestes motores, o que limita as razões de compressão e a eficiência energética dos motores é a gasolina. Para José (2004), encontram-se disponíveis no Brasil três tipos de gasolinas: Gasolina Comum ou Regular: é a gasolina mais simples, com octanagem mínima de 80, medida pelo método Motor (MON), não recebe nenhum tipo de aditivo ou corante, sua cor original de produção (amarelada). 56 Gasolina Regular Aditivada: difere da gasolina regular apenas pela presença de aditivos detergentes/dispersantes que tem função de limpar e manter limpo todo o sistema de alimentação de combustível (tanque, bomba de combustível, tubulações, carburador, bicos injetores e válvulas de admissão). É permitida a adição de corantes, tendo cores diferenciadas por distribuidoras. Gasolina Premium: gasolina com octanagem mínima de 91, o que proporciona um melhor desempenho do motor, medida pelo índice Antidetonante (MON+RON) /2, possui coloração amarelada. Segundo Mendonça (2008), a gasolina apresenta algumas vantagens e desvantagens quanto ao seu uso, como: Vantagens: O arranque e desenvolvimento do carro são mais eficientes que um motor a diesel, quando a gasolina é utilizada na combustão do motor; Quando há utilização da gasolina com aditivos, ela ajuda a limpar e manter limpo os sistemas de injeção, com o sistema de injeção limpo o desgaste das peças diminui protegendo o motor; A gasolina com maior octanagem, queima de forma mais eficiente no motor, resultando em alguns cavalos a mais de potência em alguns veículos. Dessa forma, este combustível é o resultado de um processo mais apurado no refino do petróleo, em que são eliminadas impurezas naturais que podem prejudicar a combustão; Apresenta alta energia de combustão. Para Cerberus (2010), a gasolina apresenta algumas desvantagens, como: Depende do petróleo, portanto é uma fonte esgotável; Elevado preço; Quando queimadas nos motores dos carros, cria um problema em relação ao o efeito estufa, pois produz monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, e hidrocarbonetos não queimados. Diante do abordado, pode-se observar que as vantagens apresentadas pela utilização da gasolina, limitam-se ao desempenho do motor, e com adição de alguns componentes químicos colabora para uma melhor conservação de sistema. Em contra partida traz como item desfavorável a imensa colaboração para degradação atmosférica, além de ser derivado fóssil, apresentando desta forma estimativa de escassez. 2.2.1. REFINO DA GASOLINA Para abordar sobre o assunto torna-se necessário entender sobre o refino da gasolina, que conforme Antunes (2007) existem três passos básicos da petroquímica que são: a extração de petróleo, o refino e a sua transformação em produtos. No refino do petróleo para a obtenção dos produtos como a gasolina, são envolvidos os seguintes processos: Destilação: ocorre através do fornecimento de calor e resulta na decomposição do petróleo em diversos produtos finais, assim como vapores e líquidos. São obtidas as frações. Dentro dos equipamentos de destilação encontra-se a torre dessalgadora (que separa os produtos em líquidos e óleos); a Torre de Destilação Atmosférica (separam componentes através da vaporização e condensação, obtendo produtos diferentes); a 57 Torre de Destilação a Vácuo (aquece o resíduo da Torre de Destilação Atmosférica, causando a vaporização do gasóleo contido). Extração dos solventes: objetiva a extração líquido-líquido e recupera as frações oleosas ricas em asfaltenos. Processo de conversão: é a geração de novos produtos através de processos químicos de quebra de moléculas. Craqueamento catalítico: é a quebra de moléculas com a utilização de catalisadores, para transformar as frações mais pesadas em outras, mais leves. Os produtos obtidos neste processo são: Gás combustível, Nafta, óleo leve; óleo decantado. Reforma catalítica: refino através de catalisadores que resultam em obtenção de gasolina com elevado índice de octanas ou um produto rico em hidrocarbonetos aromáticos nobres, como o benzeno. Acontecem as seguintes etapas: Seção de prétratamento; Seção de reforma; Seção de estabilização. Coqueamento retardado: processo que visa a valorização econômica dos óleos pesados. Estes processos demonstram que é um produto inerente do petróleo, sendo desta forma, ela não é desenvolvida, mas, separada das outras frações advindas do composto. Após o termino do processo o produto final em questão (gasolina), já está devidamente separada, tratada e especificada para a disponibilização aos consumidores. Segundo Costa (2012), para a obtenção da gasolina no processo de refino do petróleo, a gasolina é um dos numerosos derivados do petróleo bruto, que é destilado nas refinarias na torre de destilação fracionada. O petróleo é aquecido num forno até a temperatura que garanta a vaporização de todos os produtos a serem extraídos. À medida que o vapor sobe na coluna da torre de destilação fracionada, vai-se condensando em níveis diferentes. A gasolina obtida na torre de destilação fracionada tem um índice de octana baixo, pelo que terá que ser tratada a fim de se obter um índice de octana mais elevado para eliminar, ou pelo menos neutralizar, os elementos corrosivos ou que produzem resíduos gomosos. Após esse tratamento, é misturada para que possa apresentar vários índices de octana, sendo-lhe também acrescentados os aditivos que aumentam a sua resistência à formação de gelo no carburador (COSTA, 2012). Para Cúneo (2012), após a primeira etapa na destilação fracionada, para melhor aproveitamento dos resíduos, é utilizado na indústria o craqueamento térmico, onde as moléculas de C14 a C16 são aquecidas na presença de catalisadores (alumina Al2O3) e sofrem decomposição térmica, produzindo mais gasolina (faixa de C6H14 aC10H22). Acontece a alquilação, onde as moléculas pequenas de alcanos e alcenos (resultantes do craqueamento) se juntam, originando moléculas maiores, produzindo mais gasolina (processo inverso do craqueamento). C4H10 + C4H8 -------> C8H18 C3H8+ C3H6 -------> C6H148, assim a produção de gasolina aumentou e apresenta melhor qualidade. Como o objetivo de obter um melhor rendimento na produção de gasolina (esta maior produção é determinada pela necessidade do mercado), e também um produto de melhor qualidade, as formas de refino foram ao longo do tempo, assim, atualmente quando existe no mercado uma necessidade de maiores quantidades de gasolina utilizamos hidrocarbonetos 58 considerados pesados (hidrocarbonetos de cadeia longa), para o aumento da produção através das quebras destes em hidrocarbonetos menores que compunham o combustível em questão. 2.3. ETANOL Para entender o estudo ora proposto, é fundamental conhecer a definição que segundo Carvalho et al (2012), o etanol e álcool metílico são sinônimos, pois os dois se referem a um tipo de álcool constituído por dois átomos de carbono, cinco átomos de hidrogênio e um grupo hidroxila, composta por um único tipo de molécula: C2H5OH. O álcool etílico ou etanol, popularmente conhecido apenas por álcool, pertence ao grupo hidroxila dos alcoóis, sendo que sua forma comum é o álcool hidratado em um percentual de 95% vol., ou seja, em sua composição encontra-se um percentual de cerca de 5% de água. Para Infk (2008), o etanol é considerado uma substância pura, mesmo que encontrado nos postos como sendo uma mistura de 95% de etanol e 5% de água, em volume. Por ter oxigênio na composição, a molécula ganha uma polaridade que faz com que o etanol seja líquido à temperatura ambiente pela maior coesão entre as moléculas. De acordo com Dionysio e Meirelles (2012), o etanol combustível pode ser usado sob duas formas no Brasil: Etanol anidro: aquele usado como aditivo para a gasolina. Possui cerca de 0,5% de água, em volume. Teor alcoólico máximo de 99,3º (INPM). Etanol hidratado: aquele que é usado diretamente como combustível para os carros a álcool ou bicombustível. Possui cerca de 5% de água, em volume. Mistura hidroalcólica com teor alcoólico mínimo de 92,6º (INPM). O etanol é hoje introduzido na gasolina como antidetonante, foi o substituto do chumbotetraetila, que por anos foi utilizado com esta mesma finalidade, porém o etanol é um combustível limpo e não tóxico. Mas para esta função há a necessidade que ele seja anidro (na linguagem química – sem água), pois a água compromete a mistura, tornando-a ineficiente. Para o álcool hidratado, esta função não se aplica, mas o mesmo pode ser aplicado como combustível direto, sendo que o apresenta afinidade com a água. Segundo Brazil (2006), o uso do etanol como combustível tem suas vantagens, mas também desvantagens. Tais como: Vantagens: Combustível renovável; Alto índice de octanas; Preço acessível; (situação relativa para 2006 é um fato, mas que não se apresenta em 2012); O etanol está muito mais limpo que os combustíveis fósseis; Pode ser cultivado em qualquer solo, possibilitando ser um país independente das produções estrangeiras (produtor nacional); Utiliza uma tecnologia bem fácil de ser manejada e não oferece dificuldades para quem quer produzir, seja na versão bioetanol ou em síntese química; 59 Libera grande quantidade de energia ao ser queimado (emissões líquidas de CO2 praticamente nulas). Desvantagens: Gastos altos de energia durante a produção; O etanol combustível do tipo bioetanol necessita de muitos terrenos de cultivo para obter a matéria prima, isso pode resultar em menos terra usada para produzir alimentos e também ajudando a aumentar o desmatamento por diversas áreas. Apesar de apresentar grandes vantagens no quesito ambiental, este combustível traz grandes problemas socioeconômicos, que está diretamente ligado ao cultivo de sua matéria-prima, que se apresenta como um puxar de linha de um carretel, desenrolando problemas, com efeito, cascata. Um grande desafio é encontrar o equilíbrio para que este combustível limpo seja também um combustível socialmente benéfico. 2.3.1. DESTILAÇÃO DO ETANOL Celso (2007) diz que, o álcool pode ser obtido por diferentes processos a partir de diversas fontes. A biomassa é a fonte de maior significância no Brasil, onde se destaca a cana-deaçúcar como matéria- prima, e nesse processo é utilizada a fermentação alcoólica como base para produção de etanol. Mesmo sendo proposta novas pesquisas a cerca da melhor matéria-prima para produção de etanol, ainda hoje o melhor rendimento por hectare é proporcionado pela cana-de-açúcar. Pesquisas recentes demonstram que o capim elefante propicia um ótimo rendimento por hectare, além de apresentar um ciclo produtivo menor que o da cana. Contudo, a principal matéria prima produzida em larga escala no país é a cana. De acordo com Celso (2007), a fermentação alcoólica pode ser considerada como a oxidação anaeróbica parcial da glicose, por ação de leveduras. Nesse processo utiliza-se com maior frequência as leveduras Saccharomyces cerevisiae, que é um aeróbio facultativo. Assim, os produtos finais de metabolização irão depender das condições ambientais em que a levedura se encontra. Deste modo, enquanto uma porção de açúcar é transformada em biomassa em aerobiose (CO2 e H2O), a maior parte é convertida em etanol e CO2 em anaerobiose. Após a fermentação o álcool é destilado, processo físico que consiste em desdobrar misturas homogêneas, como as soluções de sólidos em líquidos ou as soluções de dois ou mais líquidos. Compreende o aquecimento de uma mistura de mais de dois líquidos que possuem pontos de ebulição não muito próximos. Assim, a solução é aquecida e se separa, inicialmente, o líquido com o menor ponto de ebulição. Em seguida, a solução é aquecida até se separar o líquido com ponto de ebulição acima do primeiro líquido separado, e assim sucessivamente até a separação do líquido com maior ponto de ebulição. No caso do álcool, apesar das diversas destilações realizadas, precisa-se também realizar a desidratação, pois não se pode obter, apenas por destilação, 60 álcool etílico com concentração superior a 97,2% em volume (95,6% em peso). Isso porque nessa concentração a mistura de água e etanol é azeotrópica (mistura líquida de duas ou mais substâncias que se comporta como uma substância única, quando o vapor produzido pela evaporação parcial do líquido tem a mesma composição que o líquido. A mistura em ebulição constante apresenta um ponto máximo ou mínimo de ebulição, comparado com o de outras misturas das mesmas substâncias.) (CELSO, 2007). Para Costa et al (2008), existem fatores que podem influenciar o processo da fermentação, tais como a temperatura da fermentação, a velocidade de alimentação e formação de subprodutos. E também fatores que causam perdas na fermentação, como as espumas e floculação. Deve existir um controle rigoroso quanto aos parâmetros apresentados acima, com o intuito de manter/garantir uma melhor qualidade do produto, e um rendimento produtivo dentro ou acima do esperando, assim, aumentando a produtividade e consequentemente a lucratividade. Carvalho et al (2012) diz que, a produção industrial do etanol, o tipo hidratado é o que sai diretamente das colunas de destilação. Para produzir o etanol anidro é necessário utilizar um processo adicional que retira a maior parte da água presente. O etanol anidro ou álcool anidro é utilizado em laboratórios e para adição como antidetonante na gasolina, sendo que o álcool hidratado é usualmente encontrado em supermercados farmácias e afins, além de ser também comercializado na forma de gel. Desta forma, apresenta um leque de oportunidades comerciais. Segundo Alcarde (2012), a produção do etanol envolve as seguintes etapas: Lavagem da cana e preparação para a moagem; Extração do caldo: moagem; Tratamento do caldo para produção de álcool; Fermentação do caldo; Destilação do vinho; Desidratação: álcool anidro ou álcool hidratado. Nenhuma destas etapas deve tal pouco, ser pulada ou substituída, visto que isto implicaria diretamente na qualidade do produto final. 2.4. OCTANAGEM DA GASOLINA E ETANOL Segundo Szklo e Uller (2008), a combustão do motor Otto é iniciada por um centelhamento elétrico. Assim, quando a combustão é anormal, causa um aumento súbito de pressão do cilindro do motor, devido a uma autoignição espontânea do combustível, ou seja, conhecido como “bater pino” do motor. Portanto, podendo resultar em ruído, perda de potência, sobreaquecimento, dano ao equipamento. Na maioria das vezes o chamado “bater pino”, ocorre por conta de combustível de má qualidade ou mesmo combustível que apresente alta taxa de compressibilidade. Neste caso irá ocorre duas detonações quase que simultâneas onde a primeira é determinada pela centelha, e a segunda pela autoignição do combustível, causando uma turbulência, o que gera ruído inadequado no motor. 61 De acordo com Szklo e Uller (2008), a detonação pode ser definida como a explosão da mistura por efeito da pressão. A resistência à detonação é uma característica muito importante dos combustíveis de motores de ignição por centelha (esta propriedade antidetonante do combustível depende basicamente de sua composição química). Apesar da alta taxa de compressibilidade ser de suma importância para um melhor rendimento do combustível, e consequentemente para o motor em questão, cada veículo vem com uma especificação onde apresenta qual o combustível mais adequado para seu motor, ou seja, mesmo que economicamente seja melhor a utilização de combustíveis de alta compressibilidade pode acarretar problemas ao motor se não for adequado para o mesmo. O índice de octano (IO) é uma propriedade da gasolina que indica a qual limite máximo a mistura vapor de combustível-ar pode ser comprimida dentro da câmara de combustão, sem que haja detonação espontânea, ou seja, sem que a mistura entre em combustão antes da centelha da vela de ignição (mede a resistência de um combustível a inflamar-se espontaneamente). Quanto maior for seu índice de octanas, maior temperatura e pressão o combustível poderá suportar, maior será sua resistência à detonação. Motores com taxas de compressão elevadas requerem gasolina de maior octanagem, para apresentar rendimento termodinâmico mais elevado e maior desempenho. No caso de o motor com alta taxa de compressão receber combustível de octanagem insuficiente, seu sistema de monitoramento eletrônico reduzirá automaticamente a taxa de compressão, a fim de evitar a batida de pino. Isto resulta, contudo, em perda de potência (SZKLO e ULLER, 2008, p.194). Para Szklo e Uller (2008), o IO é uma representação numérica do poder antidetonante de um combustível. Para fornecer uma intensidade padrão de batidas, é feito o método de ensaio que consiste nas condições padrões para operar o motor com uma mistura de referência (isoctano mais heptano) e com o combustível a ser testado e ajustar a razão de compressão. Para fornecer as mesmas características de detonação do combustível utilizado, é feita a proporção de isoctana na mistura de referência, que é indicada como índice de octano. No caso da gasolina, este combustível possui um componente chamado heptano (C7H16), que tem baixa resistência à compressão, e o iso-octano (C8H18), que tem grande resistência à compressão. Assim, em termos simplificados e comparativos, quando uma gasolina tem 80 octanos, ela se comporta em relação à detonação por compressão da mesma forma que uma gasolina que tivesse 80% de isso-octano (2,2,4 tri-metil-pentano) e 20% de heptano em sua composição. Ou, ainda, o índice de octanos foi convencionado como igual a 100 para o isooctano e “0” para o heptano. As especificações da gasolina, em termos de octanagem, evoluíram em passo com a evolução dos motores, em termos de taxa de compressão (SZKLO e ULLER, 2008, p.194). 62 Segundo Szklo e Uller (2008), o IO tem grande importância nos motores a gasolina, pois um motor só opera adequadamente quando a inflamação se produz no momento em que a vela salta a faísca e não de modo incontrolado. De acordo com o procedimento empregado no ensaio do combustível, existem dois índices de medição do IO, que são: 1. Método MON (Motor Octane Number ou método motor – ASTM D2700): representa a operação em condições mais severa (temperatura alta da mistura e velocidade relativamente altas). Ou seja, avalia a resistência a detonação da gasolina na situação em que o motor está em carga total e em alta rotação. 2. Método RON (Research Octane Number ou método pesquisa – ASTM D2699): determinado em condições relativamente suaves (temperatura baixa da mistura e velocidade baixa do motor). Ou seja, avalia a resistência à detonação da gasolina na situação em que o motor está carregando e em baixa rotação (até 3000 rpm). Estes testes são feitos para determinar qual o momento em que a combustão deve ocorre em diferentes situações, além de determinar o consumo em momentos extremos de rotatividade. De acordo com Martinelli (2010), o etanol é um excelente combustível automotivo, devido apresentar um índice de octanagem superior ao da gasolina. Contudo, o seu baixo poder calorífico não o compensa. Assim sendo, a gasolina apesar de apresentar um menor índice de octanagem apresenta vantagem significativa em liberação de energia a partir da sua combustão. Segundo Nascimento (2008), o etanol não propicia a alta-ignição, porque esse suporta a alta compressão. Assim, o álcool tem um poder antidetonante maior do que a gasolina, pois, enquanto a gasolina comum tem 87 octanas (72 para os carros antigos a carburador e 87 para os carros modernos a injeção eletrônica), o álcool etílico tem o equivalente a 110 octanas. Ou seja, isto significa que um motor a álcool passa a ter uma taxa de compressão maior do que um motor a gasolina. Enquanto a gasolina possui uma taxa de compressão de 9:1 a 10:1, o álcool possui uma taxa de compressão de 10, 5:1 a 13:1. Com um rendimento térmico de um motor (quantos % da energia do combustível é transformada em movimento pelo motor) aumenta conforme aumenta sua taxa de compressão, os motores a álcool tendem a ter um rendimento térmico maior do que um motor a gasolina, compensando parte do menor poder calorífico. 2.5. FATORES QUE INFLUENCIAM A QUALIDADE ENERGÉTICA DA GASOLINA E ETANOL Segundo Szklo e Uller (2008), a eficiência energética dos motores Otto depende de uma série de variáveis que vão além de simples propriedades do combustível, como tamanho do veículo, aerodinâmica, características do motor, etc. e também são importante às condições ambientais de operação do motor, as condições da estrada, o estilo de direção do motorista e outros. Existem três características básicas do combustível que afetarão o uso final de energia do motor Otto (para uma mesma razão de compressão); 1. Calor de combustão: é a quantidade de calor liberada na combustão completa de uma molécula-grama de uma substância. Em geral, refere-se a valores ou a pressão constantes. Independente da 63 velocidade com que se procede a combustão, a formulação da gasolina afeta bastante esta propriedade. Por exemplo, compostos aromáticos tendem a aumentar o poder calorífico da gasolina (são, contudo, normalmente tóxicos e cancerígenos). Por sua vez, os oxigenados reduzem o poder calorífico da gasolina. A redução percentual, neste caso, é próxima do percentual de massa de oxigênio adicionada à gasolina. Por exemplo, uma gasolina oxigenada com 2,7% em massa de oxigênio tem um poder calorífico cerca de 2,7% menor do que a gasolina convencional. 2. Calor latente de vaporização: é a quantidade de calor que deve ser fornecida ao líquido para vaporizá-lo, a uma dada temperatura. (O etanol necessita de maior energia do que a gasolina para vaporizar-se). Por exemplo, a gasolina oxigenada com etanol necessita de calor adicional para vaporizar o combustível final. 3. Ponto de ignição: temperatura a que se deve aquecer (ou pressão a que se deve comprimir) uma substância para ocorrer a sua combustão. Depende da atmosfera em que está inserida a substância (SZKLO e ULLER, 2008, p.196). Para Martinelli (2010), o etanol anidro tem poder calorífico inferior e superior de 21,2 e 23,4 MJ/I (mega joule por litro), respectivamente, contra 30,1 e 34,0 MJ/I da gasolina. Com isto a representação energética da gasolina supera os 30% em relação ao etanol. Para Infk (2008), a molécula de etanol contém oxigênio, por este motivo apresenta um poder calorífico menor que o da gasolina, sendo que mais de 30% do peso molecular do etanol é oxigênio, fazendo com que o peso molecular total aumente, porém este aumento no peso não aumenta a quantidade de energia produzida. Por este fato, o álcool apresenta um menor rendimento do litro por Km do que a gasolina. Em questões de percentual, o etanol hidratado tem um rendimento energético de 20,05 MJ/litro, já a gasolina libera 27,57 MJ/l. Assim podemos perceber que para um litro de cada combustível teremos quantidades de Km rodados diferente. Neste caso, em um motor que apresenta mesmo rendimento térmico com gasolina seriam percorridos 10 Km/L, e com a utilização do álcool percorreria apenas 7,27 Km/L. 2.6. RELAÇÃO DE PREÇO DA GASOLINA E ETANOL Ribeiro (2010) diz que a relação média de equilíbrio de preço é de 70%, ou seja, para o álcool ser mais rentável, seu preço tem que ser 30% a menos que o valor da gasolina, caso contrário, vai valer mais a pena optar pela gasolina. Sendo assim, para calcular essa relação, basta dividir o preço do álcool pelo o da gasolina: Preço do álcool Relação = -----------------------------------Preço da gasolina Ou seja, se o resultado for igual ou até 0,7, compensa trocar a gasolina pelo etanol, e se o resultado passar de 0,7 compensa utilizar gasolina. Caso queira achar o percentual, é só multiplicar o resultado por cem: 64 Preço do álcool Relação = ------------------------------------ x 100 Preço da gasolina A pesar da gama de informações que os consumidores recebem em relação à determinação do preço do etanol, ou seja, mesmo tendo conhecimento de que o etano deve ter seu preço fixado em 70% ou menos do preço da gasolina, ainda assim os consumidos apresentam dúvidas ao abastecer. Estas dúvidas são decorrentes de outras questões como a questão ambiental. 2.7. RAZÕES QUE LEVAM A ESCOLHA DO TIPO DE COMBUSTÍVEL Segundo Abreu (2010), existe duas razões principais que os veículos flex fuel têm dominado o mercado brasileiro automobilístico, que são: 1. O preço de mercado deste veículo se assemelha aos automóveis convencionais, devido às tecnologias usadas pela indústria automobilística; 2. O etanol vem mantendo seu preço competitivo com a gasolina. Apenas da indústria automobilística viabilizar e de certa forma influenciar no aumento do consumo de etanol, neste presente ano não é o que se apresenta nos postos, visto que o preço do etanol em 2012 não apresenta competitividade na maioria dos postos do país o que reduz a sua demanda. Para Abreu (2010), no automóvel flex fuel, o etanol proporciona um rendimento satisfatório principalmente pela sua elevada octanagem, pois promove o aumento na potência do motor e o torna eficiente. Porém, deve ser considerado que o rendimento final do etanol é de aproximadamente 30% inferior ao da gasolina, sendo assim, se com 1L de gasolina um automóvel percorre 10 km, com 1L de etanol o mesmo automóvel só percorreria 7 km. Dessa forma, o que influencia a escolha entre os combustíveis é o preço de mercado de cada um, sendo que para que o abastecimento com etanol seja de forma economicamente benéfica, o preço do mesmo deve ser inferior ou igual 70% do preço da gasolina, caso contrário poderá ter prejuízo. Ainda de acordo com Abreu (2010), no Brasil, duas vantagens relacionadas ao etanol destaca como o combustível mais viável. A primeira é o caso do preço do etanol ser inferior ao da gasolina em mais de 30% em quase todos os estados brasileiros. E a segunda está relacionada com a redução da emissão de gases de efeito estufa, pois, o etanol é produzido através da cana-de-açúcar como matéria prima renovável. Assim, todos esses fatores contribuem para o sucesso do automóvel flex fuel. Dessa forma, algumas pessoas optam por abastecer utilizando os dois combustíveis simultaneamente, porém esta mistura não provoca diferenças no rendimento, podendo o cliente, observar os preços de ambos combustíveis (etanol e gasolina) considerando a diferença no rendimento dos mesmos e optar por abastecer somente com o mais viável economicamente. O surgimento dos flex fuels fez com que a demanda de etanol e gasolina se tornasse mais volátil, sendo que o fator preponderante na escolha dos combustíveis é o seu preço relativo. Segundo os pesquisadores, 0,70 é a razão entre preço do etanol e gasolina que determina o nível de escolha dos consumidores (por exemplo, um preço relativo maior que 0,70 sugere que consumidor deva consumir 65 gasolina se sua escolha se basear apenas no critério preço) (LOSEKANN e CASTRO apud ANDRADE e VERÍSSIMO, 2011, p. 4). Segundo França (2010), para os especialistas, na hora de escolher o combustível para o carro, o consumidor deve levar em consideração não somente a questão financeira, mas também ambiental. Dessa forma, o etanol leva vantagem, por ser um combustível renovável, feito de cana-de-açúcar. Mesmo que o etanol emita CO2 na sua queima, os canaviais absorvem esse gás no processo de fotossíntese. Já a gasolina é um combustível fóssil, derivada do petróleo, que emite CO2 ao ser queimada nos motores e contribui para o aquecimento global. Por isso, do ponto de vista do aquecimento global, o álcool é considerado um combustível limpo. O etanol apresenta um ciclo fechado do carbono, ou seja, todo carbono liberado através de sua combustão é reabsorvido pelas lavouras, o que equilibra o quesito emissão/absorção. Já a gasolina é considerada uma reserva energética com grande potencial para liberação de carbono, visto que não absorve o que libera através de sua combustão. Assim sendo, não apresenta equilíbrio entre emissão/absorção, o que contribui em larga escala para o adensamento da atmosfera fazendo com que aumento o aquecimento da terra, desequilibrando o efeito estufa natural. França (2010) diz que o etanol é uma energia renovável, ele reduz as emissões de gases de efeito estufa em mais de 80% em substituição à gasolina, diferente do petróleo que é um produto finito, sendo uma energia não renovável. Além disso, algumas substâncias químicas presentes na composição da gasolina reagem na combustão - reação do combustível com o oxigênio presente na atmosfera com liberação de energia - formando outros compostos (SO2 e H2S) e possui também a combustão incompleta, lembrando que todo produto tem algum tipo de impacto ambiental e social, mas o consumidor pode optar por aqueles que têm mais impactos positivos. 2.8. PORQUE 70%? Quando é estabelecida uma relação de preços entre a gasolina e o etanol, esta é vinculada a fatores de rendimento do combustível em seu consumo interno do motor em questão. De acordo com site SEMPRETOPS (2011) do portal R7, o consumo de gasolina nos motores de ciclo Otto chega a ser até 20% menor que o consumo do etanol. Afirmando que o Fiat Uno Vivace apresenta uma media de consumo de 15,6 km/l (gasolina) e 10,5 km/l (etanol) na cidade. Já o Attractive apresenta a média de consumo de 14,7 km/l (gasolina) e 10,3 km/l (etanol) em uso urbano. O Celta da Chevrolet apresenta consumo médio de 6,7 km/l (álcool) e 8,3 km/l com gasolina, na cidade. O Astra, também da montadora Chevrolet, chega a percorrer com gasolina 12 quilômetros com um litro do combustível. Abastecido com álcool, a média cai para 8,7 km/l. De acordo com a tabela abaixo, PETROBRAS (2012), pode-se concluir que a partir de sua detonação, o etanol libera cerca de 35,4% menor quantidade de energia em comparação com a gasolina. Por conta disto, o preço do etanol deve ser equivalente a 70% do preço da gasolina, ou seja, o etanol deve apresentar preço 30% menor que o preço da gasolina para ser rentável economicamente. 66 Densidade e Poderes Calorificos Superiores Gasolina Densidade Poder Calorífico 0,742 8,325 Kcal/L Álcool Hidratado 0,809 5,380 Kcal/L Quadro 1- Densidades e poderes caloríficos. Fonte: http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/servicos/formulas-de-conversao/detalheformulas-de-conversao/densidade-e-poderes-calorificos-superiores.htm Apesar do valor entre poder calorífico e entalpia de combustão apresentar valores diferenciados, ambos giram em torno de 30% de diferença. 3. ESTUDO DE CASO Neste capítulo abordam-se históricos de algumas regiões Norte do Espírito Santo, bem como os dados do questionário aplicado aos proprietários/responsável dos postos de abastecimentos. Ambos visaram analisar tecnicamente os 70% conhecido popularmente, quanto ao consumo do etanol, é um número adequado para a viabilidade em relação ao custo/benefício para o consumidor. 3.1. REGIÃO NORTE DO ESPIRITO SANTO: OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA Para melhor análise do estudo de pesquisa utilizado, busca-se apresentar de forma resumida sobre a história de cada região escolhida para a aplicação do questionário no Norte do Espírito Santo, cujas informações são advindas do IBGE (2010): Barra de São Francisco Com a denominação de Barra de São Francisco, por estar localizado na confluência dos rios São Francisco e Itaúnas, o Patrimônio de São Sebastião foi elevado, em 1938, à sede de distrito e, em 1943, instalou-se oficialmente como município, desmembrado de São Mateus. Elevado à categoria de município com a denominação de Barra de São Francisco, pelo decreto-lei estadual nº 15177, de 31-12-1943, desmembrado do município de São Mateus. Em divisão territorial datada de 2001, o município é constituído de 8 distritos: Barra de São Francisco, Cachoeira de Itaúna, Itaperuna, Monte Sinaí, Paulista, Poranga, Santo Antônio e Vargem Grande. A população habitante é de 40.649, sendo 20.408 homens e 20.241 mulheres. Área da unidade territorial (Km²) 933,754. Densidade demográfica (hab/Km²) 43,53. Nova Venécia: O município está alocado em sua maior parte sobre uma formação rochosa antiga, sendo esta formação um escudo cristalino formado durante o período geológico pré-cambriano. É uma região montanhosa e tem várias jazidas de granito, que é beneficiado no local. A parte leste do município, onde a limite territorial com São Mateus, se inicia a bacia sedimentar. 67 A população residente é no total 46.031, sendo 23.111 homens e 22.920 mulheres. Área da unidade territorial (Km²) 1.448,362. Densidade demográfica (hab/Km²) 31,78. São Domingos do Norte São Domingos nasceu a cerca de 50 km de Colatina, quando os colonizadores, no início do século, começaram a desbravar o Norte do Estado. O produtor rural Giocando Malacarne, com 73 anos de idade e morador na localidade desde 1940, conta com segurança que um agrimensor do Estado Bortolo e sua equipe chegaram a São Domingos para trabalhar exatamente num dia de domingo, razão pela qual batizaram o novo local, coberto pela mata, com o nome que continua até hoje. A população é no total de 8.001 moradoras, sendo 3.837 mulheres e 4.164 homens. Área da unidade territorial (Km²) 299,490. Densidade demográfica (hab/Km²) 26,72. 3.2. APRESENTAÇÃO DOS DADOS A presente pesquisa foi aplicada nas cidades de São Domingos do Norte, Nova Venécia e Barra de São Francisco, todas situadas no norte do Espírito Santo. O presente trabalho foi realizado em 6 postos, sendo 2 de cada cidade referida. 3.2.1. QUESTIONÁRIO APLICADO JUNTO AOS PROPRIETÁRIOS DOS POSTOS Aos serem questionados sobre o que motiva a dúvida dos consumidos em relação ao abastecimento com etanol ou gasolina, constatou-se que 83,33% dos arguidos afirmaram que a dúvida está relacionada ao melhor custo benefício em relação a Km percorridos. E 16,67% relacionou a dúvida no momento do abastecimento ao valor do combustível sem levar em conta qualquer cálculo a ser feito. Quando questionados sobre a preferência dos consumidores em relação aos combustíveis gasolina e etanol, observou-se que 100% dos arguidos afirmaram que a gasolina é o combustível preferido dos consumidores. Quando questionados sobre o percentual médio de venda dos combustíveis, observou-se que 66,66% dos arguidos afirmaram que a gasolina é o combustível mais vendido, e 16,67% afirmam que o etanol é o combustível mais vendido. Já 16,67% afirmam que outros combustíveis exceto a gasolina e o etanol são mais vendidos. Aos serem questionados sobre a visão pessoal do percentual de preço do etanol ser 70% do preço da gasolina, constatou-se que 83,33% dos entrevistados afirmaram que é um percentual válido, já 16,67% afirmam que não é um percentual válido. Continuando sobre a questão acima, a justificativa de cada responsável pode ser visualizada na Tabela 1: 68 Tabela 1 – Visão quanto à questão dos 70%. Descrição FA % 2 33.333 abastecimento. 2 33.333 Levar em consideração a questão ambiental 2 33.333 Total 6 100 Por simples razões econômicas O quanto de energia cada combustível gera para mover o veículo. Os fatores que fazem a diferença no momento do Quando questionados sobre o que o consumidor leva em conta da hora do abastecimento, a qualidade ou o preço, constatou-se que 66,67% dos arguidos afirmaram que o consumidor leva em conta a qualidade, e 33,33% afirmam que os consumidores levam em conta o preço. Aos serem questionados sobre o fator primordial para escolha da bandeira, constatou-se que 66,66% dos arguidos afirmaram ter escolhido a bandeira considerando a credibilidade no mercado, e 16,67% afirmaram ter escolhido levando em consideração o preço do produto. Sendo que também 16,67% afirmam que escolheram bandeira branca por ter liberdade de escolha no momento da compra. Quando questionados sobre qual o melhor combustível entre a gasolina e o etanol, observouse que 50% dentre os entrevistados afirmaram que a gasolina é o melhor combustível e 50% afirmaram que o melhor combustível é o etanol. Assim, de acordo com os entrevistados, suas justificativas a respeito desse assunto podem ser visualizadas na Tabela 2. Tabela 2 – Melhor Combustível entre a Gasolina e o Etanol. Descrição FA % Gasolina, pois é mais econômica, ou seja, mais volatilidade do preço. 2 33.33 Gasolina, pois o etanol é um produto novo no mercado, já a gasolina 1 16.67 Etanol, por questão ambiental. 2 33.33 Etanol, por ser mais barato desde a produção até o consumo. 1 16.67 Total 6 100 vem a muitos anos provando sua qualidade. Aos serem questionados sobre a influência na diferença do preço entre a bandeira, constatouse que 50% dos arguidos afirmaram que a diferença apresenta-se pela qualidade, e 50% afirmam que a diferença está na marca. 69 Diante da visão pessoal de cada entrevistado, identificaram-se as razões descritas na tabela 3, porém, apenas cinco dos entrevistados justificaram suas respostas em relação à questão citada. Tabela 3 - Influência na diferença de preço entre as bandeiras. Descrição FA % Qualidade, pois quando possui um preço elevado é devido à 1 20 2 40 2 40 5 100 qualidade. Qualidade devido ser essencial, pois um produto ruim não traz lucro. Marca, porque a diferença de preço varia de acordo com os investimentos de propaganda Total Ao serem questionados sobre o qual a influência da entressafra no preço do etanol, constatouse que 85,72% dos arguidos afirmaram que a entressafra influencia o preço, e 14,28% afirmaram que a entressafra não influencia no preço. Dados apresentados na tabela a seguir: Tabela 4 – Influência da Entressafra no Preço do Etanol. Descrição FA % Sim 6 85,72 Não 1 14,28 Total 7 100 Obs: O número de resposta é superior à amostra (06), face o entrevistado poder escolher mais uma opção. De acordo com o esboçado acima, a justificativa quanto a influência da entressafra no preço do etanol, 100% considera que seja por questão da oferta e da procura. 3.2.2. PORQUE 70% Analisando os dados da tabela pode-se perceber que a gasolina garante uma maior autonomia de locomoção para o consumidor. 70 TABELA 5 - CONSUMO MÉDIO Modelo Gasolina km/L Etanol km/L Fiat Uno Vivace 15,6 10,5 Fiat Uno Attractive 14,7 10,3 Celta 8,3 6,7 Astra 12 8,7 Fonte: http://www.sempretops.com/carros/consumo-de-combustivel-novo-uno-celta-i30-e- astra/ Adaptada Os dados expressos na tabela acima podem ser comparados com o que fora destacado no capítulo 2, item 2.8. Mas porque isto ocorre? Fazendo uma comparação molecular entre os combustíveis, fica claro o menor poder calorífico do álcool, que mesmo apresentando um alto índice de octanagem, não compensa o baixo poder calorífico. Sendo assim, apresenta um menor rendimento energético em comparação com a gasolina. Estas afirmações podem ser comprovadas a partir do cálculo da entalpia de combustão do etanol e da gasolina. Vejamos: FÓRMULA MOLECULAR Gasolina C8H18(l) Etanol C2H5OH(l) Quadro 2 – Cálculo da entalpia de combustão Fonte: http://www.infoescola.com/quimica/entalpia/exercicios/ COMBUSTÍVEL ΔHo (kJ/mol) -5400 -1400 Os dados de densidade estão expressos no item 2.8 na tabela da PETROBRAS (2012). Etanol – Dados: ∆H= - -1400 kJ/mol; d = 0,809; 1 mol = 46g 17,586 é a quantidade de mol para 1L do combustível. 809 g n = ---------- = 17,586 46 g -1400 kJ ------------------- 1 mol x ------------------- 17,586 mol x = 24620.04 kJ Gasolina – Dados: ∆H= -5400 kJ/mol; d = 0,742; 1 mol = 51g 14,549 é a quantidade de mol para 1L do combustível. 742 g n = ---------- = 14,549 51 g 71 -5400 kJ ------------------- 1 mol x ------------------- 14,549 mol x = 78564.6 kJ Analisando os resultados, percebe-se que a entalpia de combustão, ou seja, o calor liberado na queima da gasolina é 31.34% maior que o calor liberado pela combustão do etanol. 3.3. ANÁLISE DOS DADOS Diante a análise dos dados feitos através do questionário com os responsáveis dos postos de abastecimentos, constatou-se que grande parte dos consumidores têm dúvida no momento de abastecer com etanol ou gasolina, devido não saberem ao certo qual combustível apresenta melhor custo/benefício por quilômetros percorridos. Assim, esta questão se afirma quando Mendonça (2008) fala das vantagens da gasolina e diz que “Apresenta alta energia de combustão e por ser uma combustível não renovável” e, de acordo com Brazil (2006), as vantagens do etanol “Libera grande quantidade de energia ao ser queimado e é um combustível renovável”, pois ambos apresentam alta energia, porém, um é renovável e o outro não. Dessa forma, criando uma dúvida para saber qual tem melhor desempenho porque cada combustível tem suas vantagens e desvantagens, deixando assim os consumidores sem saber ao certo qual seria o mais ideal por não terem total conhecimento a respeito dos dois combustíveis. Mesmo com dúvidas em relação aos combustíveis (etanol e gasolina), percebe-se que os consumidores optam praticamente pela gasolina do que pelo o etanol. Infk (2008) confirma quando diz que “a molécula de etanol contém oxigênio, por este motivo apresenta um poder calorífico menor que o da gasolina, sendo que mais de 30% do peso molecular do etanol é oxigênio, fazendo com que o peso molecular total aumente, porém, este aumento no peso não aumenta a quantidade de energia produzida. Por este fato, o álcool apresenta um menor rendimento do litro por Km do que a gasolina”, os consumidores buscam o melhor rendimento no litro por quilômetros, ou seja, melhor rendimento e automaticamente menor custo. A grande maioria dos responsáveis dos postos de abastecimentos onde foram entregues os questionários, informaram que o combustível mais vendido é a gasolina. Assim, José (2004) afirma quando destaca que “esse tipo de combustível é o mais consumido entre os que são utilizados em transporte rodoviário. É mais adequado para motores de ciclo Otto, devido apresentar relativamente, alta densidade energética”. Pode-se perceber que a questão apresentada MP tocante à justificativa sobre a questão dos 70%, mostra variações nas respostas de cada responsável. Dessa forma, fica claro que a questão dos 70%, deve ser levada em conta para melhor custo/beneficio, pois a questão está no combustível que faz a diferença no momento do abastecimento, sendo o que gerar mais energia para mover o veiculo, ou seja, Km percorridos + preço. Portanto, percebe-se que a questão ambiental como na maioria das vezes não é muito lembrada, podendo se afirmar a questão quando Ribeiro (2010) diz que, “a relação média de equilíbrio de preço é de 70%, ou seja, para o álcool ser mais rentável, seu preço tem que ser 30% a menos que o valor da gasolina, caso contrário, vai valer mais a pena optar pela gasolina [...]”. Vale ressaltar que apesar das diversas diferenças entre o etanol e a gasolina, os consumidores na sua grande maioria, no momento da escolha para abastecer seu veículo, se baseiam nos 72 critérios de preços, ou seja, o que tiver menor custo, resultado este que vem confirmar o que destacam Losekann e Castro (apud ANDRADE e VERÍSSIMO, 2011, p. 4) quando dizem: O surgimento dos flex fuels fez com que a demanda de etanol e gasolina se tornasse mais volátil, sendo que o fator preponderante na escolha dos combustíveis é o seu preço relativo. Segundo os pesquisadores, 0,70 é a razão entre preço do etanol e gasolina que determina o nível de escolha dos consumidores (por exemplo, um preço relativo maior que 0,70 sugere que o consumidor deva consumir gasolina se sua escolha se basear apenas no critério preço). Outro ponto a destacar é que para a escolha da bandeira, sendo ela uma marca adotada por uma distribuidora. O fator primordial para essa escolha é ter uma bandeira com credibilidade e marca no mercado, pois ambos é que trazem o sucesso para o posto, ou seja, um posto com uma marca ruim, por exemplo, provavelmente não terá muito lucro, devido não ser bem vista pelos consumidores. Diante do esboçado sobre o melhor combustível entre gasolina ou etanol, a gasolina para 33,33% dos responsáveis se torna uma fonte mais econômica, devido à volatilidade do preço. Assim, Abreu (2010) confirma essa questão quando diz que “deve ser considerado que o rendimento final do etanol é de aproximadamente 30% inferior ao da gasolina, sendo assim, se com 1L de gasolina um automóvel percorre 10 km, com 1L de etanol o mesmo automóvel só percorreria 7 km [...]”. Ou seja, com a gasolina, o consumidor andará 3Km a mais que o etanol, mesmo a gasolina tendo seu preço mais elevado terá um lucro. Já 33,33% dos responsáveis dizem que o etanol é um combustível melhor, por ser menos poluente, ou seja, o meio ambiente agradece. Este fato se afirma quando França (2010) diz que “o etanol leva vantagem, por ser um combustível renovável, feito de cana-de-açúcar, mesmo que o etanol emita CO2 na sua queima, mas os canaviais absorvem esse gás no processo de fotossíntese”. De acordo com os dados da tabela 3, constatou que 40% diz qualidade por ser essencial para obter sucesso, já 40% diz a marca, pois as grandes bandeiras gastam cada vez mais com propagandas. A diferença do preço varia de acordo com esses investimentos com propagandas, assim, tanto a marca quanto a qualidade influenciam no preço. Quando feita análise na tabela 4 e nas justificativas dos entrevistados, a respeito da influência da entressafra no preço do etanol, fica evidente que a entressafra influencia no quesito preço, pois quanto maior a oferta, menor o preço. 4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 4.1. CONCLUSÃO O trabalho de pesquisa teve como objetivo analisar tecnicamente se os 70% conhecido popularmente, é um número adequado para a viabilidade em relação ao custo/benefício para o consumidor. Frente ao exposto, fica clara a relação do sistema produtivo com o preço final do produto. Mediante a maior produção e não interferência climática a produção da gasolina se torna, 73 mais barata em relação ao etanol, já que o mesmo sofre variações da chamada entressafra. Porém, o grande fato que interfere na comercialização econômica do etanol, está relacionado à sua baixa capacidade de liberação de energia em comparação com a gasolina. A pesquisa mostra que o etanol, mesmo apresentado um maior compressibilidade, onde neste ponto é superior a gasolina, a liberação de energia a partir de sua combustão não supera a da gasolina, tão pouco se equilibra com sua maior compressibilidade para dar-lhe maior competitividade com a gasolina. Sendo assim, o etanol torna-se economicamente inviável quando não apresenta 70% do preço da gasolina, ou seja, 30% mais barato. Visto que seu rendimento energético gira em torno de 30% menos que a gasolina. Ao analisar todas as informações contidas através de pesquisas e questionário, pode-se constatar que dentre o refino da gasolina e destilação etanol, nota-se que muitos são os processos utilizados para se obter cada combustível, sendo que essas etapas devem ser feitas conforme o estipulado, pois caso não seja, podem interferir na qualidade do produto. Portanto, diante de todas as vantagens e desvantagens de cada combustível, e seus dados de preço, mesmo a gasolina tendo seu preço mais elevado e o etanol ser um combustível mais adequado para o meio ambiente, os consumidores acabam optando pela gasolina. A hipótese apresentada no inicio do trabalho torna-se verdadeira, fazendo alusão ao item 2.6 do referencial teórico onde o autor afirma que o etanol apresenta menor rendimento energético do que a gasolina. Como este rendimento é de cerca de 30% inferior ao da gasolina, o preço do etanol dever ser 70% do preço da gasolina para ser economicamente viável. 4.2. RECOMENDAÇÕES Diante das dúvidas decorrentes de como utilizar o combustível e qual o melhor combustível a ser utilizado para os motores de ciclo Otto, onde a maior dúvida está direcionada ao custo benefício da utilização de um ou outro combustível, sugere-se que sejam feitas novas pesquisas de desenvolvimento tecnológico para melhoria na produção do etanol, com o objetivo de redução dos custos totais, reduzindo o preço do produto para o consumidor. Sugere-se também a realização de pesquisas laboratoriais com motores de ciclo Otto, com o objetivo de viabilizar a utilização econômica do etanol visto que é um combustível limpo em relação aos derivados do petróleo especialmente neste trabalho em relação à gasolina. 74 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ABREU, Yolanda Vieira de. Vantagens e desvantagens do uso da gasolina considerações. 2010. Disponível em: <www.eumed.net/libros/2010e/827/VANTAGENS%20E%20DESVANTAGENS%20DO%2 0USO%20DA%20GASOLINA%20CONSIDERACOES.htm> Acesso em: 31 mai. 2012. 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De acordo com as vantagens e desvantagens de ambos os combustíveis (etanol e gasolina), sabe-se que os consumidores no momento do abastecimento têm suas dúvidas, pois buscam o melhor custo/benefício. De acordo com seu entendimento, qual seria o motivo dessa dúvida no momento do abastecimento? ( ) O combustível que atenderá melhor as exigências do motor de seu veículo. ( ) Melhor custo benefício em relação a KM percorridos. ( ) Valor do combustível sem levar em conta qualquer cálculo a ser feito. 2. Pode- se notar que no mundo de hoje os motores flex não só emplacaram com grande aceitação, como representam a maioria dos motores disponíveis no mercado. Diante dessa possibilidade de escolha de combustível para o abastecimento, neste estabelecimento os consumidores têm preferência por qual combustível? ( ) Gasolina ( ) Etanol 3. Na sua visão, qual o percentual em média de venda dos combustíveis? ( ) Gasolina de 20 a 70% ( ) Gasolina de 30 a 70% ( ) Outros ________ ( ) Etanol de 20 a 70% ( ) Etanol de 30 a 70% 4. No que tange a queima desses combustíveis nos automóveis, sabe-se que o álcool queima mais rápido e por isso é menos econômico que a gasolina, embora possibilite ao carro um desempenho superior. Você, como proprietário ou responsável, concorda que se deve levar em conta os 70% em relação ao custo/benefício? ( ) Sim ( ) Não Justifique sua alternativa. 5. É comum e sempre presente as diferenças de preço entre estes dois combustíveis, e também o comportamento do carro em matéria de autonomia e desempenho, quando o utilizado seja a gasolina ou o etanol, ou ainda ambos de uma vez. Dessa forma, na hora de abastecer, os consumidores optam mais pelo valor do que a qualidade? ( ) Sim ( ) Não 6. A bandeira é a marca de uma distribuidora, ou seja, que o posto está vinculado àquela distribuidora e, portanto, só poderá comprar e vender combustível daquela distribuidora. Sendo assim, qual foi o fator primordial para escolha da bandeira adotada? ( ) Possibilidade em poder escolher onde comprar o combustível. ( ) Ter uma bandeira com marca e credibilidade no mercado. ( ) O preço do produto. 7. Ter a opção de abastecer o carro, seja com gasolina ou etanol, é um privilégio viável tanto em quesito econômico, quanto em matéria de mobilidade. Em sua opinião, qual o melhor combustível? 78 ( ) Gasolina ( ) Etanol Justifique sua alternativa. 8. Visto que os preços de um produto são determinado por impostos federais/estaduais, e pela percentagem de lucro que toda empresa deve ter para se manter no mercado, em sua opinião, o que influencia na diferença de preço entre as bandeiras? ( ) Qualidade ( ) Marca Justifique sua alternativa. 9. O uso do etanol em veículos automotores tem sido um considerável avanço, pois é menos inflamável e menos tóxico que a gasolina, e por ser gerado principalmente da cana-de-açúcar. Assim, em relação ao preço do álcool, você acha que a entressafra influencia no aumento do preço do Etanol? ( ) Sim ( ) Não Por quê? 79 A IMPORTÂNCIA DAS ROCHAS SEDIMENTARES PARA A FORMAÇÃO DO PETRÓLEO Francis Michel Gonçalves da Silva11 Jackson João Cozzer12 Lucas Merçon13 Maria das Graças Santana Fernandes14 RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo descrever a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo, bem como buscar informações de como essas rochas se originam no meio ambiente. Através de pesquisa exploratória, descritiva, bibliográfica, tornou-se possível a construção de todo referencial teórico, permitindo assim um embasamento adequado para o tema proposto. Obteve-se como resultado que as rochas sedimentares se originam no meio ambiente através de um conjunto de fenômenos sob a influência de agentes externos. As rochas sedimentares são importantes para a formação do petróleo, pois estas dão condições suficientes para que o petróleo seja originado, pois o petróleo precisa de sedimentos orgânicos para sua formação e um ambiente que seja permeável e poroso como é o ambiente das rochas sedimentares, uma vez que o petróleo é formado por sedimentos impermeáveis e pouco porosos. PALAVRAS CHAVE: Meio ambiente. Agentes externos. Sedimentos. ABSTRACT This study aims to describe the importance of sedimentary rocks for oil formation, as well as seeking information on how these rocks originate in the environment. Through exploratory, descriptive literature, it became possible to build entire theoretical framework, thus allowing a proper foundation for the theme. Obtained as a result of sedimentary rocks that originate in the environment through a set of phenomena under the influence of external agents. Sedimentary rocks are important for the formation of oil, since these give sufficient conditions for oil is originated because the oil needs of organic sediments to their training and an environment that is permeable and porous as is the setting of sedimentary rocks, one since oil is formed by low porosity and impermeable sediments. KEYWORDS: Environment. External agents. Sediments. 11 Graduado em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 12 Graduado em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 13 Graduado em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 14 Graduada em Administração de Empresas, Pós-graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia - UNIVEN 80 1. INTRODUÇÃO O petróleo é fundamental para o desenvolvimento do país, em face de sua necessidade para fazer vários setores funcionar. Entretanto, para se chegar a esse tão importante combustível, é interessante saber a influência das rochas sedimentares e como essas são formadas. As rochas sedimentares estão presentes em grande parte do continente, isto porque existem vários ambientes sedimentares que são influenciados pela ação do vento, clima das regiões. É importante lembrar que o processo de formação de uma rocha sedimentar leva muitos anos, isso porque elas precisam passar por todo um processo de transformação, que são influenciados pela natureza, para que a rocha fique pronta. As rochas sedimentares são importantes tanto para os estudos geológicos, tanto para a economia do planeta. Isto porque os geólogos as utilizam para descobrir alguns feitos históricos da terra, pois estas são grandes depósitos de restos de fósseis. Para a economia, também são importantes, pois nelas podem ser encontrados petróleo e gás natural, que são grandes geradores de lucros para a economia do mundo. Para a formação do petróleo, as rochas sedimentares são importantes, pois essas rochas são formadas em grande parte pela decomposição de materiais orgânicos e pelo desprendimento de sedimentos de outras rochas. A presença de materiais orgânicos nas rochas sedimentares faz com que o ambiente sedimentar fique propício para a formação do petróleo, uma vez combinado com todos os fatores necessários para que o petróleo tenha sua origem. Este artigo procurou descrever a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo, bem com é importante estudar como se dá o processo de formação das rochas sedimentares, os ambientes sedimentares existentes, e, ainda, os tipos de rochas sedimentares encontrados no ambiente. A escolha desse tema teve influência da curiosidade dos componentes do grupo em relação ao surgimento das rochas sedimentares, visto que o seu surgimento depende da existência de outras rochas e a ação da natureza para a sua formação. E por ser um processo de formação que leva muitos anos, uma vez que não tem a interferência do homem. Nessa linha de raciocínio entendeu-se ser importante estudar sobre o tema, pois as rochas sedimentares tem um papel importante para a formação do petróleo, informação esta pouco estudada em pesquisas já feitas, uma vez que as pesquisas são mais direcionadas a exploração do petróleo. Assim sendo, este trabalho buscou informações de forma mais profunda sobre as rochas sedimentares e a importância que elas têm sobre a formação do petróleo, proporcionando para o grupo um maior conhecimento sobre o assunto, bem como transmitir conhecimentos para as pessoas que futuramente possam a vir pesquisar este material. O tema delimitou-se em analisar as definições concretas sobre o surgimento das rochas sedimentares e a importância dessas rochas para a formação do petróleo. Neste sentido, e na buscando do aprofundamento do conhecimento em que o processo de formação de uma rocha sedimentar é longo, precisa-se que os sedimentos passem por vários processos até que eles se transformem em rocha sedimentar. A partir do momento que essas rochas estão presentes no meio ambiente, elas servem de depósito para o petróleo. Pretendeu-se no decorrer deste trabalho responder a seguinte pergunta: Como se dá o surgimento das rochas sedimentares e qual sua importância para a formação do petróleo? Tendo como objetivo geral descrever a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo, bem como buscar informações de como essas rochas se originam no meio ambiente. Os objetivos específicos são: descrever como se origina 81 as rochas sedimentares; identificar os principais tipos de rochas sedimentares existentes e identificar a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo. A hipótese é a parte mais criativa do trabalho, pois busca dar uma resposta para o problema levantado. De acordo com Ferrão (2003, p. 90) “A criação da hipótese deve ocorrer a partir do momento que o problema é selecionado para o estudo e é a parte mais criativa da pesquisa. Ela representa uma antecipação dos fatos”. Sendo assim, espera-se no final deste estudo encontrar a seguinte resposta para o problema levantado: “As rochas sedimentares surgem quando outras rochas existentes sofrem algum tipo de modificação causado pela força da natureza. Elas são importantes para a formação do petróleo, uma vez que o petróleo é formado por sedimentos impermeáveis e pouco porosos, precisando assim, buscar abrigo em rochas que são permeáveis e porosos como as rochas sedimentares”. Para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, utilizou-se da pesquisa exploratória, descritiva e a técnica de pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (2002, p. 41) a pesquisa exploratória, “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou constituir hipóteses, tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou descobertas de intuições”. Na pesquisa descritiva Andrade (2001, p. 124) fala que: Nesse tipo de pesquisa, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador. Quanto às técnicas para coleta de dados utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que para Gil (2002, p. 44) é “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora quase em todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas”. Este artigo está organizado em quatro partes, são elas: A primeira parte apresenta a introdução, justificativa da escolha do tema, delimitação do tema, formulação do problema, objetivos, hipótese de estudo e a metodologia de pesquisa utilizada para colher as informações necessárias para o desenvolvimento do trabalho. Na segunda parte é contextualizado o referencial teórico, no qual são abordados tópicos importantes como origem das rochas sedimentares, origem do petróleo, importância das rochas sedimentares para a origem do petróleo, entre outros tópicos importantes para o desenvolvimento do objetivo proposto neste trabalho. Na terceira parte é apresentada a conclusão do trabalho e seus resultados, e expostas as recomendações, e, por fim, na quarta parte são apresentadas as referências utilizadas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. ORIGEM DAS ROCHAS SEDIMENTARES A formação das rochas sedimentares ocorre sobre a influência de agentes externos da natureza, onde há uma decomposição através do intemperismo nas rochas antigas existes que as transformam em sedimentos. 82 De acordo com Popp (2010), durante o ciclo de transformação das rochas, ocorre um conjunto de fenômenos sob a influência dos agentes externos que constituem o ciclo exógeno de transformações no qual se formam as rochas sedimentares. Para que haja a formação das rochas sedimentares, estas precisam passar por uma serie de transformações no ambiente que estão inseridas, uma vez que são originadas da decomposição de organismos mortos, ou sofrem a influência da erosão para sua formação. Segundo Zeferino e Martins (2010, p. 37): As rochas sedimentares resultam do transporte, acumulação e consolidação dos sedimentos, provenientes quer da erosão de rochas preexistentes, quer da precipitação química de substâncias, quer ainda de material correspondente a conchas, esqueletos, espículas de organismos mortos. Estas rochas constituem uma fina película na crusta terrestre, cuja espessura raramente ultrapassa os 2 Km, cobrindo, no entanto, cerca de 80% da superfície do planeta e constituindo a maioria das suas paisagens. As rochas sedimentares sofrem um longo processo de transformações, que se inicia com a alteração e termina na diagénese ou litificação. Como pode ser observado, para a formação de uma rocha sedimentar, a natureza leva muitos anos, visto que o homem não interfere no processo de formação da rocha sedimentar. Para uma melhor compreensão, os fenômenos chamados de gênese das rochas sedimentares serão descritos no sub-tópico a seguir. 2.1.1. GÊNESE DAS ROCHAS SEDIMENTARES O processo de formação de uma rocha sedimentar é longo, necessita-se que ela passe por vários processos, por um grande período de tempo. É sempre bom lembrar que gênese das rochas sedimentares corresponde a uma série de fatos ocorridos para que se tenha uma rocha sedimentar formada. Para abordar sobre a gênese das rochas sedimentares, Press et al (2008) diz que para uma rocha ser formada na natureza torna-se necessário que ela passe por processos que estruturam os estágios sedimentários. Esses estágios denominados gênese das rochas sedimentares, são compostos por intemperismo, erosão, transporte, deposição ou sedimentação, soterramento e diagênese, sendo que este pode ser dividido em compactação e cimentação. O ciclo começa pelo intemperismo, que é responsável de decompor as rochas mais antigas, transformando-as em sedimentos e solos. De acordo com Azevedo e Marques (2006, p. 29) “os processos físicos, químicos e biológicos, responsáveis pela fragmentação das rochas, são conhecidos como intemperismo”. Depois de sofrerem as transformações causadas pelo intemperismo, as partículas são transportadas pela erosão. Segundo Press et al (2008, p. 106), erosão “é o conjunto de processos que desprendem o solo e as rochas, transportando-as para locais onde são depositados em camadas de sedimentos”. Mostrando assim que não só a erosão é responsável pelo transporte das partículas que irão 83 formar os sedimentos, o transporte pode ser feito ainda pelas correntes de ventos, água e deslocamento de geleiras. Teixeira et al (2003) diz que após o transporte inicial que é feito pela erosão, que são os movimentos gravitacionais nas encostas da terra, o grão é incorporado à carga dos rios e corredeiras de escarpa, atingindo os rios de mais baixo gradiente. O transporte do grão da serra para o mar corresponde a um período intenso de amadurecimento ou maturação em sua biografia. Como as partículas estão em movimento devido os agentes de transportes mencionados acima, elas precisam parar de se movimentar para que sejam depositadas em ambientes sedimentares. A partir daí, as partículas dão origem aos sedimentos. De acordo com Press et al (2008, p. 197): Deposição (também chamado de sedimentação): as partículas sedimentares depositam-se quando o vento se aquieta, as correntes de água se desaceleram, ou os bordos das geleiras se fundem. Essas partículas formam camadas de sedimentos nos continentes ou no leito marinho. No oceano ou nos ambientes aquáticos continentais, formam-se precipitados químicos que se depositam, e conchas de organismos mortos são quebrados e depositadas. Com a ação do intemperismo e dos agentes de transportes, são produzidos dois tipos de sedimentos: os sedimentos clássicos e os sedimentos químicos e biológicos. Segundo Press et al (2008, p. 106): Sedimentos clássicos são partículas depositadas fisicamente, como grãos de quartzo e feldspato derivados de um granito alterado. (Clássico é derivado da palavra grega klastos, ‘quebrado’.) Esses sedimentos são depositados pela água corrente, pelo vento e pelo gelo, e formam camadas ‘de areia, silte e cascalho. Sedimentos químicos e bioquímicos são substâncias químicas novas que se formam por precipitação quando alguns dos componentes das rochas dissolvem-se durante o intemperismo e são carregados pelas águas dos rios para o mar. Entre esses sedimentos, incluem-se as camadas de minerais como a halita (cloreto de sódio) e a calcita (carbono de cálcio, frequentemente encontrado na forma de recifes de conchas). O vento e as correntes de águas de rios e mares carregam os sedimentos até determinados locais propícios para a formação das rochas sedimentares. O acumulo de sedimentos em um mesmo local são chamados de depósitos. Estes ficam soterrados sendo formados por materiais orgânicos. Teixeira et al (2003, p. 39) diz que ‘os depósitos sedimentares de origem orgânica são acúmulos de matéria orgânica tais como restos de vegetais, conchas de animais, excrementos de aves, etc”. E por fim, ocorre a diagênese que nada mais é das mudanças ocorridas quando os sedimentos são soterrados. Essas mudanças permitem que as rochas sedimentares ganhem uma nova identidade. 84 Segundo Teixeira et al (2003, p. 288) “ao conjunto de transformações que o depósito sedimentar sofre após sua decomposição, em resposta a estas novas condições, dá-se o nome de diagênese”. Cada parte do processo de formação da rocha sedimentar é importante, pois cada etapa é responsável por um processo que, sem ele, a rocha sedimentar não seria formada. Como pode ser observado, o caminho de formação de uma rocha sedimentar é longo, pois esta necessita a ação dos agentes da natureza para sua formação. 2.1.2. AMBIENTES SEDIMENTARES Para que se tenha a formação de rochas sedimentares, levam-se em conta as condições ambientais no qual o processo de formação está inserido. Considera-se o tipo e a quantidade de água, o relevo e a atividade biológica encontrada no ambiente. Segundo Press et al (2008, p. 200): Os ambientes de sedimentação estão relacionados com seu posicionamento na placa tectônica. Por exemplo, o ambiente de uma trincheira oceânica profunda é encontrado numa zona de subducção, enquanto espessos depósitos aluviais (fluviais) estão tipicamente associados a montanhas formadas pela colisão de continentes. Os ambientes de sedimentação podem ser afetados ou determinados tanto pelo clima, como pela tectônica. Por exemplo, um ambiente desértico tem um clima árido, um ambiente glacial, frio. Os ambientes de sedimentação, na maioria das vezes, estão agrupados por sua localização, podendo ser continentes, regiões costeiras e até mesmo nos oceanos ou um bairro habitado. Basta que em cada ambiente tenha as condições necessárias para se tornar um ambiente de sedimentação. O quadro abaixo mostra os ambientes de sedimentação existente, as condições ambientais e os processos geológicos de cada ambiente de sedimentação. Ambientes continentais Lago Aluvial Os ambientes Agente de Correntes Correntes continentais transporte lacustres, ondas fluviais mostram uma Sedimentos Areia e lama, Areia, lama e variação de precipitados cascalho temperatura e salinos em precipitação de climas áridos Desértico Vento Glacial Gelo, água de gelo Areia e pó Areia, lama e cascalho chuva. Clima Árido e úmido Árido e úmido Árido Frio Processos Organismos de Matéria Pouca atividade Pouca orgânicos água doce e orgânica em orgânica atividade precipitados depósitos lamosos de inundação orgânica 85 Ambientes costeiros Delta Praia Planície de maré Correntes de maré Os ambientes Agentes de Correntes Ondas, costeiros são transporte fluviais, ondas correntes de dominados pela ação de ondas, maré Sedimentos Areia e lama marés e correntes Areia e Areia e lama cascalho Clima Árido a úmido Árido a úmido Árido e úmido Processos Soterramento de Pouca atividade Organismos orgânicos detritos vegetais orgânica misturados aos sedimentos Ambientes marinhos Mar profundo Plataforma Recifes orgânicos continental continental Os ambientes Agente de Correntes marinhos são transporte oceânicas, oceânicas e influenciados correntes de ondas principalmente turbidez pelas correntes Sedimentos Lama e areia Ondas e marés Margem Areia e lama Ondas e marés Organismos Correntes Lama e areia calcificados Processos Deposição de Deposição de Secreção de Deposição de orgânicos restos orgânicos restos de carbonatos por restos de organismos corais e outros organismos organismos Quadro 1: Ambiente de sedimentação. Fonte: Press et al (2008, p. 201) Como pode ser observado no quadro acima, os ambientes de sedimentação estão estruturados no entorno de rios, desertos, lagos e geleiras. Para uma melhor compreensão desses tipos de ambientes sedimentares existentes, torna-se importante estudá-los separadamente conforme seguem os subtópicos. 2.1.2.1. AMBIENTES CONTINENTAIS Os ambientes sedimentares estão presentes em diversos lugares do continente, isto porque cada ambiente tem uma característica adequada para a formação dos sedimentos. Engana-se que essa formação se dá em locais isolados, até mesmo em um bairro de movimento pode haver um ambiente sedimentar. Torna-se importante dizer que o homem não interfere na formação da rocha sedimentar, mas esse pode contribuir para a formação dos ambientes sedimentares, pois, através da ocupação desordenada do homem na natureza, muitos sítios, por exemplo, de erosão e deposição, foram ocupados pelo homem e é por esse motivo que pode ter formação de rocha sedimentar em bairros e avenidas (TEIXEIRA et al 2003). 86 Nas palavras de Teixeira et al (2003), pode-se perceber que a ação modeladora dos processos sedimentares não ficam restringidos aos adventos naturais. O homem também pode contribuir para a formação de ambientes sedimentares. Isto porque o homem desrespeitou os sítios naturais de erosão e deposição, fazendo com que haja ambientes sedimentares no caos das avenidas e bairros marginais. Os ambientes de sedimentação nos continentes estão localizados pertos de rios, mares, lagos e dependem muito da temperatura e da quantidade de chuva destes continentes. Existem diversos ambientes de sedimentação nos continentes, isto porque existe uma grande variação de temperatura e chuva na superfície dos continentes. Outro ponto a ser destacado é que estes ambientes estão estruturados no entorno de rios, desertos, lagos e geleiras. Por causa dessa estrutura, esses ambientes recebem nomes específicos, passando a ser chamados de ambiente aluvial, ambiente desértico e árido, ambiente lacustre e ambiente glacial (PRESS et al, 2008). O primeiro ambiente a ser tratado é o ambiente aluvial. Os rios estão presentes em todos os continentes com exceção da Antártica, permitindo que os depósitos aluviais estejam amplamente distribuídos pelo planeta. Conforme mencionado no quadro 1 deste trabalho, os sedimentos presentes no ambiente aluvial são a areia, lama e cascalho, sendo que nesse tipo de ambiente, o clima é árido e úmido. As correntes fluviais são responsáveis de fazer o transporte dos sedimentos até os depósitos sedimentares, para que seja formada a rocha sedimentar. Teixeira et al (2003, p. 205) diz que: Dada a grande variedade dos fatores que controlam os diferentes tipos de rios e leques aluviais, é possível elaborar uma infinidade de modelos deposicionais. Leques aluviais de climas áridos e úmidos, assim como rios entrelaçados, meandrantes e anastomasados, entendidos como termos extremos das propostas de classificação. O segundo ambiente continental a ser tratado neste trabalho refere-se ao ambiente desértico e árido. Para que haja a formação de sedimentos neste tipo de ambiente, precisa ocorrer uma combinação do vento com os rios, ou seja, ambos têm que trabalhar juntos para que o sedimento seja formado. De acordo Press et al (2008), no ambiente desértico e árido, os sedimentos são formados pela combinação da ação do vento com o trabalho dos rios que correm nele. A aridez inibe o crescimento orgânico, de modo que o organismo tem pouco efeito nos sedimentos. As dunas de areia no deserto proporcionam um ambiente arenoso especial. O terceiro tipo de ambiente continental é o ambiente lacustre. Os sedimentos podem ser formados em lagos de água doce, bem como em lagos salinos, pois esses ao evaporarem dão origem a diversos minerais, destacando a halita. O ambiente lacustre é caracterizado pelo clima árido e úmido, sendo que nesse tipo de ambiente são encontrados sedimentos como areias e lama, e, em caso de lagos salinos, são encontrados precipitados salinos (PRESS et al 2008). Press et al (2008, p. 202) diz que: 87 Um ambiente lacustre é controlado pelas ondas relativamente pequenas e pelas correntes moderadas dos corpos interiores de água doce e salina. A sedimentação química da matéria orgânica ou carbonos, pode ocorrer em lagos de água doce. Os lagos salinos, como aqueles encontrados em desertos, evaporam e precipitam diversos minerais evaporativos, como o halita. O Grande Lago Salgado (EUA) é um exemplo. O quarto e último tipo de ambiente continental a ser tratado nesta pesquisa, diz respeito ao ambiente glacial, onde se predomina as massas de gelo e o clima frio. Pode-se ocorrer sedimentação diretamente nas geleiras, bem como em locais mais afastados, pois devido ao degelo, as partículas de sedimentos podem ser levadas pela ação da água. Teixeira et al (2003, p. 228) fala que: A sedimentação glacial terrestre ocorre quando a geleira termina em condições subaéreas ou terrestres. Essa sedimentação pode envolver diretamente as geleiras e ocorrer em contato com/ou nas proximidades delas, como também, em regiões mais afastadas pela ação da água de degelo (sedimentação gláciofluvial), ou em corpos de água doce (sedimentação gláciolacustrina). Pode-se concluir que a formação de rochas sedimentares está presente em todos os continentes, isto porque em cada continente existem condições climáticas e meio de transportes adequados para a formação de ambientes sedimentares. 2.1.2.2. AMBIENTES COSTEIROS Os ambientes costeiros são identificados pela costa, sendo esta composta de imensa margem, fazendo com que exista uma diversidade de ambientes geográficos e geológicos. Segundo Popp (2010, p. 203) “a maior parte dos ambientes costeiros resulta das ondas e das correntes marinhas e de suas interações com o vento e a descarga dos rios sobre as rochas preexistentes, que também são extremamente variáveis em sua origem e constituição”. Evidenciando assim que os ambientes costeiros sofrem influência das ondas que são produzidas pelo vento, é um agente erosivo, pois contém partículas de areia. Teixeira et al (2003) diz que as ondas são grandes responsáveis pela remobilização de sedimentos nas plataformas continentais. Elas são geradas em zonas de alta pressão atmosférica, no meio dos oceanos, propagando-se a partir daí, em direção aos continentes. Os ambientes costeiros ainda sofrem influência das marés e suas correntes para a formação dos sedimentos. As marés são produzidas pela Lua e pelo Sol, conforme Popp (2010, p. 203 – 204): As marés são produzidas pela Lua e, em menor escala, pelo Sol, graças à influência que esses corpos exercem sobre o campo gravitacional da Terra. [...] Correntes de marés. As correntes produzidas durante as marés altas (preamar) e as correntes de retorno que atingem a maré baixa (baixa-mar) são importantes agentes de sedimentação e erosão. 88 Entre os ambientes costeiros existes, os mais comuns são os ambientes deltaicos, ambientes de planície de maré e ambientes praias. Popp (2010, p. 212) diz que “os depósitos deltaicos apresentam uma espessa e extensa área de material que fica descoberta pela maré, mas os sedimentos são de origem eminentemente continental, em contraste com as planícies de maré”. Outro ambiente costeiro a ser destacado é o ambiente de planície de maré. Este tipo de ambiente tem como agente de transporte as correntes de maré, e a areia e a lama são os sedimentos encontrados nesse tipo de ambiente. Press et al (2008, p. 202) diz que: “ambientes de planície de maré, onde extensas áreas expostas na maré são dominadas por correntes de maré”. De acordo com Mckee (apud POPP, 2010), ambientes de planícies de maré resultam do transporte de sedimentos sob a ação das marés nos baixos que bordejam o mar, incluindo partes do delta, planícies aluviais, estuários e mangues. Como resultado do movimento da maré, essas areias ficam alternativamente submersas pela preamar, sendo que esta sedimentação é de origem marinha e expostas durante a baixa-mar, ocorrendo dissecação periódica de grandes áreas sedimentares, o que lhes dá características peculiares. As planícies de mares estão divididas em três zonas distintas: na zona de supramaré, intermaré e inframaré. Isto porque existem oscilações de marés sobre a linha da costa. A zona de supramaré é formada por um ambiente que fica permanentemente exposto pelas marés de sizígia, ou seja, por grandes marés ocasionadas pela força gravitacional na mesma direção do sol e da lua cheia e nova (MARTINEZ, 2007). Nas palavras de Martinez (2007) a zona de supramaré está situada acima da maré alta normal. O ambiente fica permanentemente inundado por maré de sizígia ou de tempestade. A estrutura da zona de supramaré é caracterizada por gretas de ressecamento, laminação, estruturas algais e intraclastos. Outro ambiente das planícies de marés é o ambiente de intermaré. Este tipo de ambiente é ocasionado pela maré alta e baixa maré ou normais, é um ambiente que só aparece uma ou duas vezes por dia, devido à oscilação das marés durante o dia. De acordo com Martinez (2007), o ambiente de intermaré está situado entre as marés alta e baixa normais, ficando expostas uma ou duas vezes por dia, pois depende do regime de várias marés e das condições do vento. Esta zona é muito favorável para a formação de espessos pacotes de calcarenito olítico, constituindo os conhecidos shoals, que funcionam como barreiras separando as fáceis de supra e inframarés. E, por fim, o ambiente de inframaré, sendo que este está localizado abaixo da maré baixa. Neste ambiente encontram-se dois ambientes de sedimentação: as lagunas carbonáticas e as rampas carbonáticas. Nos ambientes costeiros têm-se os ambientes praiais, que tem como agentes de transporte as ondas e as correntes de maré. Os sedimentos encontrados nesse tipo de ambiente são a areia e o cascalho, que segundo Press et al (2008, p. 202), “ambientes praiais, onde as ondas fortes que se aproximam e arrebatem no litoral, distribuem os sedimentos na praia, depositam faixas de areia ou cascalho”. 89 Os sedimentos são distribuídos na praia, nos ambientes praiais através das fortes ondas. Esses sedimentos são agrupados para formar a areia e o cascalho que são predominantes nesse tipo de ambiente. Pode-se concluir que a ação do vento e das ondas são essenciais para o transporte dos sedimentos até os ambientes costeiros descritos nesse tópico. O Brasil tem um vasto território costeiro, o que proporciona muitos ambientes costeiros para que estes abriguem os sedimentos para darem origem às rochas sedimentares. 2.1.2.3. AMBIENTES MARINHOS Os ambientes marinhos podem ser subdivididos de acordo com a profundidade da água, pois de acordo com essa profundidade, existem os agentes de transportes específicos para a formação do sedimento. Ainda podem ser classificados com base na distância até a margem continental. Os ambientes de plataforma continental localizam-se em águas rasas e tem como agente de transporte, as ondas e as marés. Nesse tipo de ambiente sedimentar encontra-se sedimentos de areia e lama. Press et al (2008, p. 202) fala sobre os ambientes de plataforma continental: Estão localizados em águas rasas distantes das praias continentais, onde a sedimentação é controlada por correntes relativamente calmas. A sedimentação pode ser clástica ou química, dependendo da fonte de clásticos e da intensidade da produção de carbono por organismos ou das condições de formação de evaporitos. Os recifes orgânicos são ambientes marinhos que tem como agente de transporte as ondas e as marés. Nesse ambiente sedimentar é formado sedimentos orgânicos calcificados, isto porque os sedimentos são formados por secreção de carbono, secretados de corais e outros organismos. O ambiente marinho denominado plataforma continental também é conhecido por ambiente de margem continental. Esses ambientes são encontrados em águas mais profundas, tendo como agentes de transporte as ondas e marés, conforme especificado na figura 1 deste trabalho. Para Press et al (2008, p. 202) os “recifes orgânicos são compostos por estruturas carbonáticas formadas de material secretado por organismos, construídas sobre plataformas continentais ou em ilhas vulcânicas oceânicas”. Teixeira et al (2003, p. 278) diz que a margem continental Constitui a unidade de transição entre o continente emerso e o assoalho oceânico, abrangendo uma subdivisão longitudinal à costa em três províncias bem individualizadas – plataforma continental, talude continental e elevação ou sopé continental. Como esse ambiente de sedimentação fica em águas profundas, torna-se necessários que os sedimentos sejam levados a esses ambientes, isso ocorre graças às correntes de turbidez. Nas palavras de Teixeira et al (2003, p. 270): 90 Os ambientes gravitacionais associados às correntes de turbidez são mecanismos mais efetivos na construção de cânions e na transferência de sedimentos para o oceano profundo. Essas correntes projetam, a partir da borda da plataforma e do talude continental, a velocidade proporcional às diferenças de densidade entre o fluxo e o meio aquoso e a declividade do talude. E por fim, têm-se os ambientes marinhos profundos, sendo estes localizados nos assoalhos dos oceanos profundos. Para que os sedimentos como a areia e lama sejam formados nesses ambientes, eles têm como agente de transporte as correntes oceânicas e as correntes de turbidez. Press et al (2008, p. 202) dizem que: Ambientes marinhos profundos compreendem todos os assoalhos do oceano profundo, distante dos continentes, onde as águas calmas são perturbadas apenas ocasionalmente por correntes oceânicas. Entre esses ambientes pode-se citar o talude continental, que é constituído por correntes de turbidez deslocando-se para longe das margens continentais; as planícies abissais, as quais acumulam sedimentos supridos predominantemente por esqueletos de plâncton, provenientes de águas mais superficiais, e as dorsais mesoceânicas. Para melhor compreensão quanto ao ciclo sedimentar, a figura abaixo mostra como ocorre esse processo. Figura 1 – Ciclo sedimentar Fonte: Zeferino e Martins (2010) Independente da profundidade de água encontrada nos mares é possível encontrar um ambiente sedimentar, basta que os agentes de transportes ajudem para levar as partículas que formam esses sedimentos e as condições ambientais e processos geológicos que cada ambiente sedimentar contribui para a formação dos sedimentos. 2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES Para classificar as rochas sedimentares, os geólogos observam algumas de suas características podendo essas denominações variarem de um autor para o outro. No decorrer deste tópico será apresentada a visão de alguns autores, de acordo com a classificação mais comum de ser encontrada nos livros. 91 De acordo com Azevedo e Marques (2006), as rochas sedimentares podem ser classificadas como clásticas, quando são formadas por sedimentos. Orgânicas, formadas pelo acúmulo de restos orgânicos. Químicas, formadas pela precipitação química. Conforme observado na citação acima, as rochas sedimentares podem ser formadas quando os sedimentos e micro-organismos se acumulam nos ambientes sedimentares, conforme já estudado nesta pesquisa. Alguns destes ambientes sofrem reações químicas a partir de qual acúmulo encontrado em cada ambiente, ou a reação química que este sofreu, as rochas sedimentares vão recebendo nomes. Segundo Zeferino e Martins (2010, p. 42), as rochas sedimentares se classificam em: “Rochas Sedimentares Detríticas; Rochas Quimiobiogénicas ou Organogénicas; Rochas Quimiogénicas”; Complementando a definição acima, Zeferino e Martins (2010, p. 42/43) descrevem: Rochas Sedimentares Detríticas: são rochas cuja componente predominante são os detritos de rochas preexistentes, resultantes, sobretudo, da alteração e erosão que atuaram sobre essas mesmas rochas. Rochas Quimiobiogénicas ou Organogénicas: resultam da acumulação de organismos depois de mortos ou de detritos da sua atividade. Rochas Quimiogénicas: resultam da precipitação a partir de substâncias dissolvidas na água que poderão, através dela, serem transportadas a longas distâncias. Como pode ser observado, os autores mencionados usam o que é encontrado nos ambientes sedimentares para classificar as rochas sedimentares. Assim, as rochas são denominadas de acordo com o sedimento de sua formação. 2.2.1. PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHAS SEDIMENTARES Existem vários tipos de rochas sedimentares espalhados pelo planeta, suas denominações são as mais variadas possíveis, sendo que cada uma serve para as pessoas das formas mais variadas quando estas são utilizadas. De acordo com Teixeira et al (2003), tem-se rochas sedimentares denominadas de rudito, arenito, lamito, conglomerado, brecha, folheto, ritmito, calcário, dolomito, entre tantos outros nomes. Esta pesquisa descreverá apenas os principais tipos de rochas sedimentares, os que são mais conhecidos pelas pessoas, assim como são uteis para o seu dia a dia. Para uma melhor compreensão nos subtópicos abaixo, serão descritos esses tipos de rochas sedimentares. 2.2.1.1 ARENITOS Os arenitos são formados por grãos de areia que são compactados nos ambientes sedimentares. Podem ser formados por uma junção de alguns tipos de minerais encontrados no ambiente. De acordo com Fernanda (2011): 92 Depósitos de areia consolidados denominam-se de arenitos e, embora normalmente formados por minerais de sílica, podem apresentar composição mineralógica complexa, unindo minerais detríticos, como minerais de sílica (predominantemente quartzo); minerais de argila e minerais placóides (micas, clorita, etc.); minerais pesados e finalmente, fragmentos líticos ou de rochas. De acordo com os minerais que são encontrados em cada tipo de arenito, esses recebem denominações diferentes, assim, os grupos são classificados de acordo com sua mineralogia e a textura. Press et al (2008, p. 210) diz que: O quartzarenito é constituído quase que inteiramente por grãos de quartzo, geralmente bem selecionados e arredondados. Essa areia de puro quartzo resulta de um intenso intemperismo que ocorreu desde antes, e também, durante o transporte, removendo tudo, exceto o quartzo, que é o mineral mais estável. O arcázio ou arenito feldspático contém mais de 25% de feldspaltico; os grãos tendem a ser mal arredondados e menos selecionados que os quartzarenitos. Esse arenito rico em feldspato provém de terrenos graníticos e metamórficos rapidamente erodidos, onde o intemperismo químico é subordinado ao físico. O arenito lítico contém muitos fragmentos derivados de rochas de textura fina, predominantemente folhetos, rochas vulcânicas e rochas metamórficas de grão fino. A grauvaca é uma mistura heterogênea de fragmentos rochosos e grãos angulares de quartzo e feldspato, sendo os grãos arenosos envolvidos por uma matriz argilosa de grãos finos. No dia a dia, as pessoas costumam utilizar o arenito na construção civil. Desta forma, observa-se que as rochas sedimentares estão presentes no cotidiano das pessoas sem que estas tenham muito conhecimentos dos nomes das rochas sedimentares existentes. Nas palavras de Teixeira et al (2003, p. 302), “arenitos róseos e amarelados constituem exemplo de pedra de revestimento muito utilizada nas casas e edifícios do Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste”. O arenito é importante de ser estudado, pois principalmente as pessoas que trabalham com petróleo têm que conhecer como estes são formados na natureza. Press et al (2008, p. 210) diz que: Os geólogos do petróleo precisam saber sobre a porosidade e cimentação dos arenitos, pois boa parte do petróleo e do gás descobertos nos últimos 150 anos foi encontrada em reservatórios areníticos. Aém disso, grande parte do urânio utilizado em usinas nucleares e bombas atômicas é proveniente do urânio diagenético de arenitos. Como pode ser observado neste tópico, a rocha sedimentar conhecida como arenito é importante para a vida do homem, pois além de servir para a construção civil, nelas podem ser encontrados petróleo e gás que são importantes para a economia do país. 93 2.2.1.2. CALCÁRIO Dentre todas as rochas sedimentares existentes, o calcário torna-se o mais conhecido das pessoas. É uma pedra de coloração clara formada após areia e lama carbonáticas serem compactada no ambiente sedimentar. Segundo Press et al (2008, p. 215): A rocha sedimentar bioquímica litificada a partir de sedimentos carbonaticos mais comum é o calcário, composto principalmente de carbono de cálcio (CaCO3) na forma do mineral calcita. O calcário é formado a partir de areias e lamas carbonáticas e, em alguns casos, de recifes antigos. É uma rocha muito utilizada na construção civil, uma vez que sua composição serve de matéria-prima para a fabricação do cimento, sendo este essencial para a construção de casas, edifícios, pontes, entre outros. Segundo Zeferino e Martins (2010), a pedra calcária é utilizada como matéria-prima para a fabricação do cimento. Pode ser empregada como pedra de cantaria em janelas e portas, como pedra decorativa, ou ainda, após britagem, como inertes para argamassas. O calcário, portanto, está presente no cotidiano das pessoas quando estas têm que utilizar algum tipo de material de construção que tem o calcário em sua composição. Assim, a rocha sedimentar denominada calcário torna-se grande conhecida da população. 2.3. PETRÓLEO Desde a descoberta do petróleo, ele vem sendo usado para suprir necessidades como energia e combustível, entre outras coisas onde o combustível é utilizado pela sociedade. Torna-se importante dizer que a maior fonte de energia utilizada no mundo, assim como conhecer algumas de suas características, uma vez que é composto por carbono e hidrogênio, podendo ser encontrado em diversas cores no ambiente. De acordo com Cardoso (2004, p. 21): [...] É um hidrocarboneto, quer dizer, é formado por um átomo de carbono e quatro de hidrogênio, que combinados formam a molécula do petróleo. Esta substância (hidrocarboneto) é formada pelos restos de seres vivos que, por razões de modificações bruscas em seu habitat, morreram há milhares de anos atrás. Nas palavras de Cardoso (2004), o petróleo encontra-se abundante na natureza, principalmente nos fundos dos oceanos, podendo ser encontrado também em terra. É formado por restos de seres vivos que sofreram modificações aos longos dos anos, pois essas modificações fazem surgir átomos de carbono e hidrogênio que combinados, formam a molécula do petróleo. O petróleo em seu estado líquido é uma substância oleosa, sendo esta substancia inflamável, sua densidade é menor do que a da água. Possui coloração que varia entre o negro e castanhoclaro e apresenta cheiro característico. Nas palavras de Thomas (2004, p. 4): 94 Do Latim petra (pedra) e oleum (óleo), o petróleo no estado líquido é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e cor variando entre o negro e o castanho – claro. O petróleo é constituído, basicamente, por uma mistura de compostos químicos orgânicos (hidrocarbonetos). Para que haja a formação do petróleo, torna-se necessário que as condições ambientais e geológicas sejam especiais, isto porque os restos de seres vivos ao serem soterrados tem que sofrer as reações adequadas nos ambientes sedimentares para serem transformados e preservados nos sedimentos marinhos. Segundo Press et al (2008, p. 554): O petróleo (também chamado de “óleo cru”) e o gás natural, que podem ser explorados, formam-se em condições ambientais e geológicas especiais. Ambos são antigos detritos de formas de vidas-planta, bactérias, algas e outros microorganismos que foram soterrados, transformados e preservados em sedimentos marinhos. Portanto, o petróleo em seu estado bruto é uma substância que levou milhares de anos para ser transformado pela natureza, uma vez que precisa-se de tempo para que os restos de seres vivos cheguem ao ambiente adequado para que seja transformado em moléculas de petróleo. Seu cheiro, coloração e densidade o diferenciam de outras substâncias líquidas, sendo este fácil de ser identificado. 2.3.1. ORIGEM DO PETRÓLEO Os geólogos acreditam que o petróleo é formado por substâncias orgânicas, ou seja, é formado por restos de animais que entraram em decomposição há milhares de anos na natureza. A partir do momento em que as matérias orgânicas são depositadas no ambiente, elas sofrem reações químicas que contribuem para que elas sejam transformadas em hidrogênio e carbono, sendo que estes dois componentes químicos estão presentes na molécula do petróleo (CARDOSO 2004). Nas palavras de Cardoso (2004, p. 16): O petróleo tem origem a partir da decomposição da matéria orgânica resultante de restos de animais e plantas juntamente com rochas sedimentares, que após longo tempo sofrendo ações bacterianas e químicas, ativadas pelo aumento de pressão e temperatura, acabam por se transformar em hidrocarbonetos. Então, além da matéria orgânica, as rochas sedimentares também têm suma importância na geração do petróleo. O petróleo pode ser encontrado em áreas onde houve decomposição de rochas sedimentares, onde os restos orgânicos dos animais e plantas foram acumulados por várias ações da natureza. Assim, fica excluída a possibilidade de se encontrar petróleo em rochas ígneas e metamórficas. De acordo com Cúneo (2012, p. 1): Diversas teorias tentam explicar a origem do petróleo. Atualmente, a mais aceita entre os geólogos é a de que seja oriundo de substâncias de natureza orgânica. Com 95 base na teoria orgânica da origem do petróleo, o mesmo deverá ser encontrado com maior probabilidade nas áreas em que, no decorrer de diferentes eras geológicas, houve deposição de rochas sedimentares e acumulação de restos orgânicos. Fica então, praticamente excluída a possibilidade da presença de petróleo nas rochas ígneas e metamórficas, porém, a confirmação só é possível com a perfuração. Para a origem do petróleo, torna-se necessário que a matéria orgânica seja depositada nos sedimentos. A matéria orgânica marinha formada por micro-organismos e algas, tem que ter ambiente propício para que se transformem em petróleo. De acordo com Thomas (2004, p. 15): O petróleo tem origem a partir da matéria orgânica depositada junto com os sedimentos. A matéria orgânica marinha é basicamente originada de microorganismos e algas que formam o fitoplâncton e não pode sofrer processo de oxidação. A necessidade de condições não oxidantes pressupõe um ambiente de deposição composto de sedimentos de baixa permeabilidade, inibidor da ação da água circulante em seu interior. A interação dos fatores-matéria orgânica, sedimento e condições termoquímicas apropriadas - é fundamental para o início da cadeia de processos que leva à formação do petróleo. A matéria orgânica proveniente de vegetais superiores também pode dar origem ao petróleo. Todavia sua preservação torna-se mais difícil em função do meio oxidante onde vivem. Torna-se necessário que as matérias orgânicas fiquem soterradas por milhões de anos para sofrerem as reações químicas necessárias para a origem do petróleo, uma vez que a alta temperatura dos ambientes que acontecem os soterramentos as matérias orgânicas são transformadas em composto de hidrogênio e carbono ou hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são materiais combustíveis do petróleo. Press et al (2008, p. 554): Durante milhões de anos de soterramento, as reações químicas desencadeadas pelas temperaturas elevadas em profundidade lentamente transformaram parte do material orgânico em compostos de hidrogênio e carbono (hidrocarbonetos) líquidos e gasosos. Os hidrocarbonetos são os materiais combustíveis do petróleo e do gás natural. A compactação dos sedimentos orgânicos lamosos, que são as fontes de hidrocarbonetos, força os fluidos e os gases que os contêm a se deslocarem para as camadas de rochas permeáveis (como arenitos ou calcários porosos), que são denominados de reservatórios de petróleo. A baixa densidade desses bens energéticos faz com que eles ascendam até as partes mais altas que por ventura possam alcançar, onde, então, flutuam no topo da água que quase sempre ocupa os poros das formações permeáveis. Pode-se concluir que para que o petróleo seja originado, torna-se necessário que matérias orgânicas de restos de animais e de plantas sejam soterradas em ambientes sedimentares. Nesses ambientes não pode haver oxidação, uma vez que a oxidação não permite reações químicas necessárias para a formação da molécula do petróleo. 2.3.2. GEOLOGIA DAS FORMAÇÕES PETROLÍFERAS As rochas aos quais criam condições para a formação do petróleo são chamadas de rochas geradoras. Estas rochas têm como função inibir a ação da água e diminuir a quantidade de oxigênio existente. As rochas geradoras do petróleo só dão condições para que o petróleo seja 96 originado. A partir daí, o petróleo necessita de uma rocha que servirá de reservatório, que para chegar até este, é preciso uma armadilha geológica para que o petróleo seja acumulado. Nas palavras de Cardoso (2008, p. 17): [...] Estamos falando de um mineral formado principalmente pelo acúmulo de fragmentos de outros minerais e detritos orgânicos, e que, quando se encontra num ambiente de pouca permeabilidade – o que inibe a ação de água circulante e diminui a quantidade de oxigênio existente - , cria as condições necessárias para a formação do petróleo. Tal rocha é, por isso, chamada ROCHA GERADORA. Após o processo de formação do petróleo, para que o mesmo se acumule, formando posteriormente um reservatório, é necessário que após a geração ocorra a migração do petróleo, e que no percurso desta migração exista alguma armadilha geológica que permita a acumulação do óleo. [...] Deste modo, o petróleo migra da rocha geradora para outra rocha, porosa e permeável, chamada ROCHA RESERVATÓRIO, e continua seu fluxo no interior da mesma, até ser contido por uma armadilha, isto é, uma estrutura geológica compreendida dentro de uma rocha selante (impermeável), que permita que o petróleo ali se confine. Não havendo a presença de uma rocha selante e de uma armadilha (também chamada trapa), o petróleo não se acumularia, e continuaria seu fluxo rumo a áreas de menor pressão, culminando em exsudações ou perda por degradação bacteriana e oxidação. Para que se tenha armadilhas adequadas para acumulação de grande quantidade de petróleo, precisa-se que haja uma combinação das condições geológicas de cada ambiente e os tipos de rochas existentes, para que assim sejam criadas barreiras impermeáveis dando condições para que o petróleo migre até o topo. Segundo Press et al (2008, p. 554): As condições geológicas que favorecem a acumulação em grandes proporções de petróleo e gás natural são combinações da estrutura com os tipos de rocha, as quais criam uma barreira impermeável à migração desses hidrocarbonetos para o topo – uma armadilha de petróleo. As armadilhas formadas pela natureza recebem denominações diferentes, pois apresentam características e tipos de formações específicas, de acordo com o ambiente em que se encontram. Press et al (2008, p. 554): Algumas são causadas por uma deformação estrutural e são chamadas de armadilhas estruturais. Um tipo de armadilha estrutural é formado por um anticlinal, no qual uma camada impermeável de folhelho está sobrejacente a uma camada permeável de arenito. Para uma melhor compreensão, a figura 2 mostra como é uma armadilha estrutural formada por um anticlinal. 97 Figura 2: Armadilha anticlinal Fonte: Press et all (2008, p. 555) De acordo com Press et all (2008), existem situações em que o petróleo e o gás acumulam-se na crista do anticlinal, onde o gás na posição mais alta, o petróleo logo abaixo e ambos flutuam na água subterrânea que satura o arenito. Da mesma forma, uma discordância angular ou deslocamento em uma falha, pode colocar uma camada mergulhante de calcário permeável ao lado de um folhelho impermeável, criando uma armadilha estrutural para petróleo. A figura 3 mostra como é a estrutura de uma armadilha de falha para que as rochas possam armazenar o petróleo. Figura 3: Armadilha de falha Fonte: Press et al (2008, p. 555) Existem alguns casos em que as armadilhas do petróleo são criadas no momento da sedimentação. Estas armadilhas são denominadas de armadilhas estratigráficas. Neste caso, há um estreitamento de uma camada de arenito com o folheto impermeável. A partir desse encontro, a natureza se encarrega de criar uma armadilha para que o petróleo seja armazenado. Press et al (2008, p. 555) diz que “outras armadilhas de petróleo são criadas pelo padrão original da sedimentação, como, por exemplo, quando uma camada mergulhante de arenito permeável estreita-se no contato com um folhelho impermeável”. 98 A figura 4 ilustra como é uma armadilha estratigráfica, no qual proporcionam ajuda para que o petróleo possa ser armazenado. Figura 4: Armadilha estratigráfica Fonte: Press et al (2008, p. 555) E por fim, temos as armadilhas denominadas domos de sal. De acordo com Press et all (2008), o petróleo pode também ser aprisionado por uma massa impermeável de sal, em armadilhas de domos de sal. A figura 5 mostra como é uma armadilha de domo de sal. Figura 5: Armadilha domo de sal Fonte: Press et al (2008, p. 555) Pode-se concluir que o petróleo necessita que a natureza haja a seu favor desde o momento em que os restos de animais e vegetais entram em decomposição para que com as reações químicas do ambiente sejam transformados em petróleo. As rochas geradoras que dão condições para que o petróleo seja originado, não tem condições de armazenar o petróleo, assim o petróleo passa a depender das armadilhas do petróleo originadas na natureza para que só então o petróleo chegue a uma rocha com condições de armazena-lo. 99 2.4. IMPORTANCIA DAS ROCHAS SEDIMENTARES PARA A FORMAÇÃO DO PETROLEO Conforme já estudado em tópicos anteriores desse trabalho as rochas sedimentares são formadas por restos de matéria orgânica que entram em decomposição e sofrem reações químicas nos ambientes sedimentares. O petróleo por sua vez também se origina de decomposições orgânicas, assim como as rochas sedimentares tem grande presença de restos de organismos e reações químicas em seus ambientes, o petróleo encontra um ambiente propicio para sua origem. De acordo com Cardoso (2008, p. 16 – 17) O petróleo tem origem a partir da decomposição da matéria orgânica resultante de restos de animais e planas juntamente com rochas sedimentares, que após longo tempo de sofrendo ações bacterianas e químicas, ativas pelo aumento de pressão e temperatura, acabam por se transformar em hidrocarbonetos. As rochas sedimentares dão condições suficientes para que o petróleo seja originado, pois como precisam de sedimentos orgânicos para sua formação os poros das rochas sedimentares ajudam no processo de formação do petróleo. Nas palavras de Press et al (2008, p. 218 – 219): O petróleo e o gás são fluidos que normalmente não são classificados com as rochas sedimentares. Entretanto, eles podem ser considerados sedimentos orgânicos, pois se formam pela diagênese desse material nos poros das rochas sedimentares. O soterramento profundo transforma a matéria orgânica originalmente depositada junto com os sedimentos inorgânicos em fluido que, então, migra para outras formações porosas e lá fica aprisionado. Outro ponto importante a ser destacado sobre a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo é que o petróleo é formado por sedimentos impermeáveis e pouco porosos, precisando de um ambiente permeável e poroso. De acordo com o Projeto Descobrindo o Mar (2010, p. 2): O petróleo é formado em sedimentos impermeáveis e pouco porosos, porém após sua formação, ele acaba migrando para rochas sedimentares porosas e permeáveis através de falhas e fissuras nas rochas, por alívio de pressão. Como a pressão na rocha geradora é muito alta, depois de formado, o petróleo tende a abandonar essa rocha migrando para regiões no sedimento com menores pressões que ocorrem em rochas porosas e permeáveis como os arenitos. De acordo com Santiago (2010) as rochas sedimentares “são as fontes de petróleo e hidrocarbonetos, de importância capital para a economia atual”. As rochas sedimentares, portanto, contribuem para a formação do petróleo, sendo que este é um importante contribuidor para a economia do país, uma vez que sua extração e comercialização faz com que gere riquezas, movimento assim a economia atual. 100 3. CONCLUSÃO 3.1. CONCLUSÃO No início deste trabalho eram muitos os questionamentos sobre como ocorria o surgimento das rochas sedimentas e qual era a sua importância para a formação do petróleo, isso porque os trabalhos realizados eram mais focados para a extração do petróleo e não para sua origem. No decorrer do trabalho pode-se chegar a conclusões importantes agregando conhecimento ao estudo proposto. O problema central deste trabalha girava em torno do seguinte questionamento: Como se dá o surgimento das rochas sedimentares e qual sua importância para a formação do petróleo? Tornou-se necessário a construção de um objetivo geral que procurava descrever a importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo, bem como buscar informações de como essas rochas se originam no meio ambiente com o intuito de responder o problema central desta pesquisa. Para que o objetivo geral pudesse ser respondido de forma mais clara e objetiva, este foi desdobrado em três objetivos específicos, ficando assim mais fácil alcançar o objetivo proposto do trabalho. No que diz respeito como se origina as rochas sedimentares, pode-se concluir através do tópico 2.1 que para que haja a origem das rochas sedimentares é preciso que ocorra um conjunto de fenômenos sob a influência de agentes externos. Os agentes externos são responsáveis de transportar, acumular, consolidar os sedimentos provenientes da erosão de rochas preexistentes, de precipitação química de substâncias ou de materiais orgânicos. O tempo e a natureza, portanto, são encarregados pela formação das rochas sedimentares. Através do tópico 2.2.1 tornou-se possível descrever os principais tipos de rochas sedimentares existentes, sendo que essas rochas são denominadas de rudito, arenito, comito, conglomerado, brecha, folheto, ritmito, calcário, dolomito entre outros nomes. No entanto, as mais conhecidas pelas pessoas são os arenitos que são utilizadas na construção civil e o calcário que também é utilizado construção civil, pois sua composição serve de matéria prima para a fabricação de cimento. No que se refere à importância das rochas sedimentares para a formação do petróleo, o tópico 2.3.1 diz que o petróleo tem sua origem a partir da decomposição da matéria orgânica resultante de restos de animais e plantas juntamente com rochas sedimentares, assim, a matéria orgânica é depositada junto com os sedimentos. O tópico 2.4 diz que as rochas sedimentares dão condições suficientes para que o petróleo seja originado, pois o petróleo precisa de sedimentos orgânicos para sua formação e as rochas sedimentares ajudam no processo de formação do petróleo. Santiago (2010) diz que as “rochas sedimentares são fontes de petróleo e hidrocarbonetos, de importância capital para a economia atual”. Por fim, a hipótese levantada nesta pesquisa é verdadeira, uma vez que as rochas sedimentares surgem quando outras rochas existentes sofrem algum tipo de modificação causado pela força da natureza, entre outras formas de surgimento citadas neste trabalho. As rochas sedimentares são importantes para a formação do petróleo, uma vez que o petróleo é formado por sedimentos impermeáveis e pouco porosos, precisando assim, buscar abrigo em rochas que são permeáveis e porosos como as rochas sedimentares. 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. [2] AZEVEDO, Izabel Christina Duarte ; MARQUES, Eduardo Antonio Gomes. Introdução à mecânica das rochas. Viçosa: UFC, 2006. [3] CARDOSO, Luiz Cláudio dos Santos. Logística do petróleo: transporte e armazenamento. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. [4] CÚNEO, Roberto Grillo. Petróleo. 2012. Disponível <http://www.algosobre.com.br/quimica/petroleo.html>. Acesso em: 1 set 2012. em: [5] FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica: para iniciantes em pesquisa. Linhares, ES: Incaper, 2003. [6] FERNANDA, Talita. Tipos de rochas sedimentares. 2011. Disponível em: <http://www.slideshare.net/gessicasantos2000/tipos-de-rochas-sedimentares-9864334>. Acesso: 07 jun 2012. [7] GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. [8] MARTINEZ, Mario Iglesias. Estratigrafia e tectônica do grupo babuíno norte do estado minas gerais. Dissertação de mestre – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2007. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB76LHRV/disserta__o.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 jun 2012. [9] POOP, José Henrique. Geologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. [10] PRESS, Frank et al. Para entender a terra. 4. ed. São Paulo: Bookman, 2008. [11] PROJETO DESCOBRINDO O MAR. Formação do petróleo. 2010. Disponível em: <http://descobrindoomar.wordpress.com/2010/05/20/formacao-do-petroleo-da-camada-presal/>. Acesso em 27 out 2012. [12] SANTIAGO, Emersom. Rochas sedimentares. 2010. Disponível <http://www.infoescola.com/geologia/rochas-sedimentares/>. Acesso: 05 jun 2012. em: [13] TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a terra. São Paulo: 2003. [14] THOMAS, José Eduardo, organizador. Fundamentos de engenharia de petróleo. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. [15] ZEFERINO, Arthur; MARTINS, João Guerra. Materiais de construção I: rochas naturais. 4. ed. 2010. Disponível em: <http://www2.ufp.pt/~jguerra/PDF/Materiais/MCI%20%20Rochas_2010.pdf>. Acesso: 02 jun 2012. 102 O ETANOL COMO UM DOS PRINCIPAIS PIONEIROS NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA Ana Paula Possmoser15 Derlânia Pereira Pimenta16 Maria das Graças Santana Fernandes17 RESUMO O processo de combustão do petróleo causa grandes impactos ao meio ambiente, e devido a esse fator ambiental, bem como fatores econômicos, surge a necessidade de buscar outras fontes e energias alternativas. Além da visão ambiental, tem-se também que o petróleo é uma fonte de energia não renovável e que irá se esgotar em um futuro próximo. Observa-se que o mercado do petróleo é também instável, devido a conflitos entre os maiores produtores de óleo. Com o foco na busca por combustíveis alternativos ao uso do petróleo, e visando também a poluição atmosférica, analisa-se a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, como também de outras fontes de matéria-prima, vindo a ser o combustível a suprir a escassez futura do petróleo. Apresenta-se através dos métodos de pesquisa exploratória, descritiva e bibliográfica (fontes secundárias) onde são identificadas vantagens e desvantagens do uso do etanol, como também a sua perspectiva de crescimento, caso haja investimentos no setor. A pesquisa evidencia o surgimento do etanol, bem como todo o seu processo histórico no Brasil, buscando mostrar a importância desse biocombustível para matriz energética do país, bem como os investimentos necessários para ampliação do setor sucroalcooleiro. PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente. Petróleo. Biocombustíveis. Investimentos ABSTRACT The combustion process of oil causes major impacts on the environment, and due to this environmental factor, as well as economic factors, there is a need to seek other sources and alternative energy. Besides the environmental vision, has also that oil is a nonrenewable energy source and will be exhausted in the near future. It is observed that the oil market is too unstable, due to conflicts among the largest producers of oil. With the focus in the search for alternative fuels to oil use, and aiming at the smog, it looks at the production of ethanol from sugar cane, as well as other sources of raw material, been the fuel to meet future scarcity of oil. Presents itself through the methods of exploratory and descriptive literature (secondary sources) which are identified advantages and disadvantages of using ethanol, as well as its growth prospects, if there is investment in the sector. The research highlights the emergence of ethanol as well as your entire historical process in Brazil, seeking to show the importance 15 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 16 Graduada em Tecnologia em produção de Petróleo e Gás pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – UNIVEN. 17 Graduada em Administração de Empresas, Pós-graduada em Didática no Ensino Superior pela UNIVEN e professora da Faculdade Capixaba de Nova Venécia - UNIVEN 103 of this biofuel energy matrix of the country, as well as the necessary investments for expansion of this sector. KEYWORDS: Environment. Oil. Biofuels. investments 1. INTRODUÇÃO Todos os dias, ouve-se falar da preocupação com o meio ambiente, do aquecimento global e da grande emissão de poluentes causada pelos combustíveis fósseis, que são fontes de energia não renováveis, devido a crescente demanda de veículos automotores e também da geração de energia que exige uma produção maior destes combustíveis, que um dia podem vir a acabar. Alicerçados nesta preocupação com o ecossistema e levando a todos a repensar suas ações e atitudes, os biocombustíveis surgem com o intuito de amenizar os dois problemas: a poluição ambiental e, por serem fontes de energia renováveis, a possibilidade de substituírem os combustíveis usados atualmente. Buscando assim, direcionar para uma nova realidade quanto o que se necessita no tocante as alternativas que possam minimizar a degradação do ecossistema, torna-se de fundamental importância para a sobrevivência de todas as espécies. “A Idade da Pedra não acabou por falta de pedras. E a Era do Petróleo não vai acabar por falta de petróleo. Acabará quando nós decidirmos mudar para algo melhor, mais eficiente, mais lucrativo, mais limpo e mais sustentável.” (GORE JR, 2006) Embasados nesta nova realidade que são os biocombustíveis, este trabalho objetivou aprofundar o conhecimento sobre um dos principais biocombustíveis gerados: o etanol. Este pode ser usado tanto para o abastecimento de veículos, quanto na geração de energia, bem como na indústria alcoolquímica, destacando o seu descobrimento, composição, como é feito, vantagens e desvantagens e a sua importância na matriz energética brasileira dentre muitos outros aspectos, utilizando-se de livros e internet como fonte de pesquisa para a elaboração do mesmo, visando a melhor forma de transmitir aos demais, o entendimento adquirido com a realização do trabalho. Objetivou-se ainda, a intensa busca pelo melhoramento das questões ambientais no que diz respeito à poluição, bem como o aquecimento global aumenta a necessidade de descobrir alternativas que amenizem, ou até mesmo resolvam o problema enquanto ainda há tempo. Como é sabido que os combustíveis fósseis são um dos pioneiros para a existência de tais problemas com o meio ambiente devido a elevada emissão de gases poluentes, o tema etanol tem relevância quando escolhido para desenvolvimento mais aprofundado, uma vez que se torna um combustível totalmente limpo. Ante o exposto e devido à grande preocupação quanto aos impactos ambientais, percebeu-se a necessidade de pesquisar sobre o etanol e sua importância no cenário brasileiro como fonte de energia e com menor agressão ao meio ambiente. A pesquisa delimitou-se a se aprofundar sobre os combustíveis fósseis que são fontes de energias não renováveis, buscando mostrar o etanol como um dos pioneiros na matriz energética brasileira. 104 Diante da grande preocupação com questões ambientais, escassez energética e divergências políticas em relação ao petróleo, procurou responder a seguinte pergunta: Qual é a verdadeira importância da participação do etanol na matriz energética do país? O presente estudo tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o etanol, visando sua importância no cenário brasileiro como fonte de energia, com menor agressão ao meio ambiente, bem como um possível substituto aos combustíveis fósseis em anos vindouros. Para alcançá-lo têm-se os objetivos específicos: identificar a importância do etanol no cenário brasileiro, de forma a atender as necessidades energéticas do país; demonstrar estratégias utilizadas para minimizar a agressão ao meio ambiente quanto à emissão de gases poluentes; mostrar as vantagens e desvantagens do uso do etanol, e destacar as perspectivas de crescimento e expansão do setor alcooleiro no Brasil. Com o desenvolvimento desta pesquisa espera-se ter como resposta ao problema levantado a seguinte hipótese: Como a produção do etanol sofre influência direta do clima, e por ser produto com aplicabilidade limitada em relação ao petróleo, observa-se que o mesmo pode apresentar um bom potencial energético no quesito combustível quando a tecnologia de produção existente possibilita o desenvolvimento da principal matéria prima – a cana de açúcar – de forma a manter uma média de produção estável do Etanol, que possa atender o mercado interno. 1.1. METODOLOGIA No desenvolvimento deste estudo, a pesquisa classificou-se em exploratória, que Cervo e Bervian (2002), a define como uma pesquisa flexível, pois deve dar espaço para considerações dos mais variados aspectos de um determinado assunto. Este seguimento proporciona descrições precisas do que está sendo abordado. Também como uma pesquisa descritiva que, segundo Barros e Lehfeld (2000), o pesquisador não interfere na pesquisa, apenas descreve o objeto estudado, procurando descobrir sua natureza, característica, frequência, relações com outros temas, entre outros. A técnica escolhida foi a pesquisa bibliográfica por ser esta a base científica e teórica para o estudo. Segundo Gil (2002), trata-se de material já publicado em livros, artigos, internet, revistas, sempre com o objetivo de ampliar o conhecimento e a visão crítica sobre o tema. O presente trabalho de pesquisa está dividido em quatro capítulos apresentados da seguinte forma: No primeiro capítulo é feita a introdução, justificativa da escolha do tema, delimitação e formulação do problema, os objetivos gerais e específicos, a hipótese e a metodologia utilizada. No segundo capítulo são abordados os seguintes conteúdos: biocombustíveis, etanol, etanol na matriz energética brasileira, prós e contras do uso do etanol na matriz energética, perspectivas de crescimento e expansão do setor alcooleiro no Brasil e alcoolquímica. No terceiro capítulo aborda-se a conclusão do trabalho e as possíveis recomendações para pesquisas e implementações futuras, e, por fim, no quarto capítulo abordam-se as referências utilizadas no desenvolvimento deste artigo. 105 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. BIOCOMBUSTÍVEIS Muito se fala em fonte de energias mais limpas e renováveis. Uma dessas fontes seriam os biocombustíveis, que para Farias (2010), biocombustível é toda substância de origem vegetal que pode sofrer combustão quando há liberação de energia. Barros & Bichiatto (2010) definem que biocombustíveis são derivados da biomassa renovável que podem vir a substituir os combustíveis fósseis em motores de combustão ou para a geração de energia. Complementando, Rocha (2012) afirma que o termo biocombustíveis designa “fontes de energia renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana de açúcar, plantas oleaginosas, biomassa e ácidos graxos de origem animal”. Diante das afirmações, vê-se que os biocombustíveis, mesmo com definições diferentes, sempre será envolvido com as questões ambientais, uma vez que é derivado de componentes da biomassa. 2.1.1. ORIGEM DOS BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL Conforme Petrobras (2008), a história dos biocombustíveis no Brasil teve início entre 1905 e 1925, a partir de testes pioneiros realizados com o álcool combustível. Nota-se então que desde essa época já existiam estudos para uso de materiais que pudessem vir a ser uma fonte de energia substituta do petróleo. Neste sentido, Farias (2010) diz que, mesmo que os biocombustíveis estejam ligados, nos dias de hoje ao etanol e ao biodiesel, não se pode esquecer que quando queimamos a madeira para fazer uma fogueira, há o emprego de uma espécie do biocombustível. Sendo assim, seu uso vem desde tempos remotos, antecedendo o surgimento das civilizações atuais e até mesmo relacionado à história da humanidade, como se pode confirmar no versículo bíblico do livro de Êxodo 35, 8 que diz: “E azeite para a luminária, e especiarias para o azeite da unção, e para o incenso aromático”. Na concepção de Barros & Bichiatto (2010), quando falamos em biocombustíveis, o primeiro pensamento é no etanol porque o estudo deste tipo de combustível deu-se com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975, poucos anos após a primeira crise do petróleo. 2.2. ETANOL 2.2.1. HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO ETANOL Ao abordar sobre o histórico do surgimento do etanol, o enfoque dado será a partir de sua utilização como combustível em motores a combustão. Neste sentido, Farias (2010) afirma 106 que a utilização do etanol como combustível é tão antiga quanto o motor a combustão interna, sendo que Nikolaus Otto, inventor do motor a combustão interna, o utilizou em seu projeto. De acordo com Farias (2010), nos anos 10 e 20, o álcool era utilizado no Brasil em corridas automobilísticas. Ao decorrer da Segunda Guerra Mundial, esta utilização foi intensificada por conta da escassez do petróleo no mercado. Alicerçados com as informações, pode-se perceber que desde quando foi introduzida no Brasil, a cana de açúcar vem sendo importante na economia nacional, já que o país é o maior produtor. O álcool produzido é o hidratado e o anidro que pode ser utilizado adicionado à gasolina como também combustível para carros. Esse álcool abastece o mercado interno e externo. Complementando essa ideia, o autor ressalta ainda que desde 1515, a principal matéria prima para fabricação do álcool tem sido a cana de açúcar, planta nativa do sudeste asiático, teve um ótimo desenvolvimento no nordeste brasileiro por conta do clima e solo propício, sendo que durante mais de três séculos foi a principal renda do país. Seguindo o raciocínio do autor, em 1903, o presidente Rodrigues Alves promoveu uma exposição com equipamentos movidos a álcool, sendo feita no Rio de Janeiro e chamada de Exposição Internacional de Aparelhos a Álcool. Após seu término, passou-se a utilizar o álcool ao invés da utilização do querosene, na iluminação pública. Com base na informação, percebe-se que a importância do etanol não está limitada apenas em ser um combustível a ser usado em motores. Pode-se perceber que a sua aplicabilidade destina-se também às indústrias químicas, farmacêuticas, entre outras, conforme abordado no item 2.6 em que se trata da Álcoolquímica. O autor ressalta ainda que mais tarde, na década de 30, foi testada uma locomotiva a álcool, porém, seu rendimento era baixo - 1,3 L por quilometro rodado. Na mesma década, já no governo Vargas, houve a criação do Instituto do Açúcar e Álcool, visando certo controle da produção dos mesmos, mas com uma visão de aumento da produção de álcool. Segundo Farias (2010), apenas a partir de 1975 o etanol foi finalmente incorporado à matriz energética brasileira. Isto se deu por conta da então crise mundial do petróleo, onde seus preços se elevaram. Neste momento, o Brasil criaria o Proálcool (hoje mundialmente conhecido). Além de ser utilizado como combustível no Brasil, o etanol é adicionado à gasolina em um percentual de 25% (especificação dada pela Agência Nacional do Petróleo). 2.2.2. PROÁLCOOL Na década de 70, o mundo vivenciou uma das maiores crises do petróleo, o que acarretou em uma grande corrida em busca de alternativas energéticas que pudessem suprir o mercado de combustíveis. O governo brasileiro movido por esta busca, com o intuito do reduzir a necessidade do petróleo criou então Proálcool. O PROÁLCOOL foi um programa bem-sucedido de substituição em larga escala dos derivados de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando dos choques de preço de petróleo. De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. Acrescido a isso, o Programa substituiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consumida por uma frota superior a 10 milhões de veículos à gasolina, evitando, assim, nesse período, emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões de toneladas de carbono (contido no CO 2), a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo e, ainda, proporcionando uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares (BIODIESELBR, 2012). 107 Observa-se que o incentivo da inclusão do bioetanol na matriz energética e a obrigação de sua adição à gasolina causaram grandes melhorias a economia e ao meio ambiente. De acordo com site BiodieselBR (2012), este programa apresentava como objetivo aumentar a produção para que atendesse ao mercado interno e externo, bem como a expansão da produção de matéria prima, modernização das destilarias, implantação de novas unidades destiladoras, além da expansão agrícola, unidades armazenadoras. Ainda dentro da esfera ambiental, observa-se nas informações do autor que a produção de álcool atenderia a necessidade da substituição do chumbo, que antes era adicionado à gasolina como antidetonante. Pode-se observar que essa adição de álcool causaria um impacto menor à atmosfera e um custo menor para o país, já que somos os maiores produtores de cana de açúcar. Para Farias (2010), o primeiro país a eliminar o chumbo da composição da gasolina foi o Brasil, após a comprovação de que o mesmo apresenta efeito tóxico. No caso em questão era adicionado à gasolina o chumbo-tetraetila, que apresenta a fórmula molecular Ph(C2H5)4. O mesmo foi substituído definitivamente em 1992 pelo álcool anidro, ou seja, álcool que apresenta zero % de água em sua composição. Esta mistura que proporciona uma maior resistência à detonação é benéfica ao meio ambiente já que com esta adição de álcool é reduzida a quantidade de gás carbônico lançado na atmosfera. Como toda inovação, este programa apresentou algumas dificuldades no que diz respeito à aceitação por parte dos produtores. Farias (2010) nos diz ainda que os usineiros da época não apreciaram a ideia de mudança, o novo os incomodou, já que o processo de fabricação na época era voltado para a produção de açúcar. Além do mais, a estatal Petrobras via o álcool como vilão, como concorrente direto do seu produto, o que de fato não é. Com esta relutância da estatal que se agravou ao logo dos anos, seu ápice foi dado no governo Fernando Henrique Cardoso. Esta fez com que no segundo mandato FHC o Proálcool fosse abandonado. Um dos grandes responsáveis pelo Proálcool foi o professor e pesquisador Urbano Ernesto Stumpf (1916-1998), do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA), que há muito pesquisava o desenvolvimento de motores que utilizassem o etanol como combustível (as experiências anteriores foram feitas com motores desenvolvidos para o uso da gasolina). Em 1975, em visita ao CTA e após duas horas de conversa e explicações com o professor Stumpf, convenceu-se o presidente Geisel da viabilidade do uso do álcool em larga escala (FARIAS, 2010, p. 9). Nota-se que a confirmação positiva das pesquisas feitas no CTA já mencionadas, depara-se com um novo desafio: instigar as montadoras a fabricar automóveis movidos a álcool. Sendo assim, Farias (2010) complementa sua ideia afirmando que, a FIAT foi a primeira a fabricar um carro a álcool: o Fiat 147. Após este, outros foram fabricados, entre eles caminhões e tratores também. Contudo, como toda novidade chegou a seu ponto alto, em 1986 chegou a representar 95% da fabricação de carros de passeio no país. Desta forma houve um aumento da demanda. Assim sendo, a produção de álcool foi obrigada a aumentar. A procura passou a ser de tamanha intensidade que foi preciso importar o produto, o que fez com que os preços elevassem. A partir daí, surgiu a desconfiança nos carros a álcool, que perduraram longos 15 anos. 108 Embasado nessa ideia, percebe-se que o etanol é uma grande fonte energética e que a falta de incentivos e subsídios do governo causaram a sua queda e desvalorização em relação aos seus concorrentes como o petróleo. Durante este tempo houve um aumento nas vendas de automóveis a gasolina, associado também à queda do preço do petróleo. Três anos mais tarde houve uma grave crise, advinda da falta de etanol no mercado e gerando grande desconfiança no Proálcool por parte da população. Nesta época era o governo quem ditava a quantidade de álcool a ser produzida em cada região, como a quantidade que seria armazenada. Com base nas definições acima, podemos ver que uma das causas de o uso em carros de motores a álcool perderem o seu lugar no mercado foi a má política regulatória para o setor. No auge do Proálcool, o consumo de etanol chegou a representar 22,4% do total de combustíveis, sendo que, até 1996, o uso do etanol representou uma economia (considerada a menor importação de petróleo) de aproximadamente 33 bilhões de dólares (FARIAS, 2010, p. 11). Alicerçados nas informações, nota-se que a utilização do álcool como fonte alternativa de energia contribui para diminuir a dependência do país em relação a importação do petróleo, setor esse que não se torna muito confiável devido a constantes conflitos internacionais entre os países mais produtores. No entanto, nos últimos anos, percebe-se um grande crescimento na frota de carros Flex, carros com motores que podem utilizar tanto álcool, como gasolina, inclusive, ambos ao mesmo tempo. O grande lance neste caso para os consumidores não está condicionado ao meio ambiente, mesmo que o álcool seja melhor em questões ambientais, o que realmente percebemos que está valendo na bomba de combustíveis é o preço do mesmo relacionado ao seu rendimento em quilômetros rodados com um litro do combustível. Neste caso, pode-se concluir que a produção de etanol necessita de grandes incentivos do governo para que se tenha menor preço do combustível na bomba e venha a se tornar um dos melhores e mais recomendáveis combustíveis para substituir o petróleo. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Farias (2010) diz que em 2008 que o álcool foi mais consumido do que a gasolina, fato este que não ocorria desde 1988, porém, isto foi viável pelo preço acessível do etanol em relação ao preço da gasolina. Farias afirma ainda que o álcool brasileiro é avançado em relação a outros que são extraídos do milho ou outras matériasprimas que não seja a cana-de-açúcar. 2.2.3. CARACTERÍSTICAS DO ETANOL De acordo com Barros & Bichiatto (2010), as principais características do etanol são: incoloração, livre de qualquer impureza, cheiro agradável e penetrante, sabor cáustico e ardente, possibilitando que sua combustão seja mais limpa, com melhor desempenho dos motores, reduzindo assim, as emissões poluidoras. Conhecido como álcool etílico, o etanol é uma substância incolor com sabor e odor agradável com ponto de ebulição a 78º C, podendo ser produzido por vários processos, sendo o mais viável economicamente o processo da fermentação (ROCHA, p.19, 2012). 109 Para Agrizzi (2012), o etanol é uma substância orgânica incolor, volátil, inflamável e solúvel em água, obtida da fermentação de açúcares derivados da cana-de-açúcar, milho, uva, beterraba, entre outros cereais, podendo ser encontrado em bebidas alcoólicas como a cerveja, o vinho e a aguardente, bem como na indústria de perfumaria. Analisando as informações, entende-se que além de ser uma fonte mais limpa de energia, o processo para obtenção do etanol é mais simples, exigindo assim, investimentos e gastos menores para sua produção. Isto refletiria no preço do álcool na bomba, que deveria ter um custo menor, mais devido ao descaso do governo, não acontece. Está aí o motivo de se criar uma política nacional para que venha regularizar e valorizar o consumo deste produto. 2.2.4. MATÉRIAS PRIMAS PARA PRODUÇÃO DO ETANOL O etanol é produzido principalmente através de componentes encontrados na natureza, o que concretiza o pensamento de que este seja um “combustível verde”. Enfatizando tal pensamento, Barros & Bichiatto (2010) afirmam que o etanol pode ser produzido a partir de qualquer biomassa que contém grande quantidade de açúcares, ou composto químico de elevada massa molecular de açúcares que podem ser os sacarídeos (contém açúcar), os amiláceos (contém amido) e os lignocelulósicos (contém lignina + celulose + hemicelulose). Diz ainda que dos sacarídeos pode-se destacar como principal matéria prima a cana-deaçúcar, o melaço e a beterraba açucareira. Dos amiláceos tem-se o milho, o trigo e a cevada, e, dos lignocelulósicos há os resíduos agro-florestais, madeiras, babaçu e a palha da cana-deaçúcar, sendo, de todos estes, a cana-de-açúcar o mais usado no Brasil. Para Agrizzi (2012), o etanol é uma substancia obtida da fermentação de açúcares, hidratação do etileno ou redução do acetaldeído. Rocha (2012) diz que para a produção do etanol, pode ser utilizado milho, alcachofra, beterraba sacarina, cana-de-açúcar, plantas e desperdícios agrícolas. Diante de tais afirmações, pode-se confirmar o pensamento citado anteriormente, uma vez que as principais matérias primas usadas para sua produção são de origem vegetais, com objetivos de diminuir a poluição do meio ambiente. Souza (apud SALLA et al, 2009) destaca que a indústria sucroalcooleira vem investindo na área agrícola e industrial com o objetivo de elevar a produção por meio do aumento da produtividade, da expansão das unidades produtivas e das inovações tecnológicas. Uma dessas tecnologias que vem sendo desenvolvidas, inclusive pelo Brasil, é a produção de álcool a partir da celulose por meio do processo de hidrólise, visto que as matérias-primas celulósicas são menos onerosas do que, por exemplo, o milho. Complementando, Macedo (apud SALLA et al, 2009), afirma que “o custo para converter a celulose em etanol é muito elevado. Desse modo, o grande desafio científico é reduzir o custo desse processo e tornar essa tecnologia viável economicamente e ambientalmente”. Com base nas informações, nota-se que a procura do etanol para ser fonte de energia alternativa na substituição de combustíveis fósseis vem causando grandes interesses, onde se percebe que empresas já buscam produzir etanol de outras matérias-primas, porém, são 110 necessárias estratégias para esse novo mercado, visando redução no custo de produção como também no custo de venda. 2.3. ETANOL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA Como se sabe, os biocombustíveis apresentam muitas vantagens ambientais. O tipo de biocombustível mais utilizado na matriz energética brasileira é o etanol, proveniente da canade-açúcar. Complementando essa ideia, o site Biólogo (2012), afirma que o álcool proveniente desta matéria-prima tem sido o biocombustível número 1 na política brasileira de incentivo a energias alternativas ao petróleo. De acordo com Petrobras (2007), o Brasil é conhecido mundialmente como o pioneiro na utilização do etanol na sua matriz energética como fonte renovável de energia. O país cresceu muito na produção de etanol nos últimos anos, como pode ser visto no gráfico abaixo. Gráfico 1 – Evolução da produção de bioetanol no Brasil Fonte: Setor Sucroalcooleiro Brasileiro: Evolução e Perspectivas disponível em http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/liv_perspec tivas/07.pdf O gráfico acima mostra que desde a década de 90 quando começou a fabricação de carros de motor a álcool até o ano de 2005, o consumo de etanol como combustível vem crescendo gradativamente. Alguns dos fatores de incentivo ao aumento da produção seriam a crise do petróleo da década de 70, preocupações ambientais, a obrigação da mistura de álcool anidro à gasolina, e também a grande quantidade de terras agricultáveis no país. 2.4. PRÓS E CONTRAS DO USO DO ETANOL NA MATRIZ ENERGÉTICA Tavares (2009), fala que o etanol é uma fonte de energia menos poluente, porém, essa energia renovável ainda tem um percentual pequeno na matriz energética mundial. Já no Brasil, representa cerca de 45% da oferta. Se um volume de 27 bilhões de litros de etanol for consumido nos motores de veículos, estará evitando a emissão de 53 toneladas de gás carbônico de uma floresta de 100 milhões de árvores adultas. Neste mesmo conceito, Macedo 111 (apud TAVARES, 2009, p. 5) afirma que no Centro-Sul do Brasil são produzidos 7 mil litros de etanol por hectare e traz 8,9 unidades de energia renovável para cada unidade de energia fóssil no ciclo da sua produção. Segundo Jank (apud TAVARES, 2009, p. 5), o setor alcooleiro no Brasil vem crescendo e uma das vantagens econômica é o fato de proporcionar 1 milhão de empregos. Visando ainda a economia, ETH (apud TAVARES, 2009, p. 5) diz que, utilizando-se o álcool combustível entre os anos de 1976 e 2005, o Brasil economizou US$ 69,1 bilhões com a importação de petróleo. Do cenário brasileiro surge então o álcool que passa a ser exemplo no mundo. O Brasil com o avanço na tecnologia produz, assim, o carro do tipo flex, tecnologia essa que segundo o jornal Folha de São Paulo (apud MARCOCCIA, 2007, p. 34) faz o ex-presidente americano Bush dizer que o papel dos governantes de outros países é se inspirar na inovação da tecnologia brasileira na utilização do etanol, vindo, no entanto, a diminuir a dependência de importação de petróleo. A produção do etanol no Brasil causou grandes repercussões mundiais formando diversas opiniões quanto ao seu uso. Se de fato seria mesmo um benefício ao meio ambiente, segundo Agrizzi (2012), as vantagens ambientais do álcool é ser uma fonte renovável de energia, possuir alta miscibilidade com a gasolina, ser um composto oxigenado e não possuir enxofre. O mesmo afirma ainda que a desvantagem ambiental seria que devido o mercado desse produto crescer e se tornar cada vez mais lucrativo, os produtores não estariam preocupados com questões ambientais e sim cada vez lucrar mais. Desta forma, a produção de etanol passa a causar uma ameaça ao meio ambiente, pois a ganância dos produtores iria acelerar a desflorestação em busca de novas terras agricultáveis, e a utilização de fertilizantes poderia contaminar o solo e cursos de águas e lençóis freáticos. Portanto, os produtores estariam mais interessados em produzir o combustível etanol ao invés de produzir alimentos, causando um aumento significativo nos preços dos produtos alimentícios. Petrobras (2007) diz que a produção de cana-de-açúcar não causa nenhuma ameaça à região da Amazônia, porque essa região não possui terras propícias a plantações de cana. O Brasil possui 90 milhões de hectares de terras agricultáveis sem incluir logicamente a Amazônia, Pantanal e as florestas nativas. Já TAVARES, 2009, p. 10, afirma que “o Brasil necessita apenas de 2% de suas terras cultiváveis para mover toda frota nacional de veículos leves exclusivamente a etanol”. Em resposta a dizer que a produção de etanol prejudicaria a oferta de alimentos, Petrobras (2007), afirma que: Não procede o argumento de que haja escassez de alimentos no mundo ou, em particular, no Brasil; o que falta é renda para a população mais carente comprar o alimento que, muitas vezes, é destruído pelo produtor ou deixado no campo sem ser colhido, devido ao baixo preço no mercado. [...] No Brasil, áreas antes não utilizadas pela agricultura, ou não adequadas ao cultivo de alimentos devido ao baixo índice de precipitação pluviométrica, são as mais utilizadas para o processo de expansão do cultivo de matérias-primas para a produção de biocombustíveis. Tavares (2009) afirma que a produção de álcool não pode ser responsabilizada pela alta nos preços de alimentos. Este acréscimo é causado devido ao aumento de especulações das bolsas de mercadorias em todo o mundo. Devido às bolsas serem interligadas, o que acontece fora do 112 Brasil acaba refletindo aqui. Outros fatores seriam o aumento do preço das commodities, o aumento da demanda chinesa por alimentos e o aumento do preço do petróleo. Segundo a Petrobras (2007), no ano de 2006 o país produziu 17,7 bilhões de litros de etanol, onde 3,3 bilhões de litros foram exportados, ficando assim, cerca de 1 bilhão de litros aqui no país, sendo utilizado em fins industriais e alimentícios, e mais de 13 bilhões de litros utilizados como combustível automotivo. O Brasil tem projeções de 37 milhões de metros cúbicos em 2015. O crescimento da exportação do etanol depende da velocidade com que o mercado internacional irá se desenvolver, mas, mesmo assim, as expectativas de exportação são positivas. A exportação de etanol pode estimular a fixação do homem no campo e causar o desenvolvimento social e econômico do país, sem contar a geração de muitos empregos nas indústrias alcooleiras. Com relação à logística do etanol, funciona de forma bem simples, sendo que o combustível é produzido nas usinas e levado por meio rodoviário até suas bases de distribuição, e dali pode ser vendido como álcool hidratado em postos, e, em alguns casos, misturado à gasolina. Complementando essa ideia, Marcoccia (2007), afirma que o Brasil possui uma infraestrutura de logística de exportação que permite embarcar 2,5 bilhões de litros por ano. Alicerçados nessa ideia, observa-se que o fato de o etanol poder ser produzido de diversas fontes de matéria-prima, dá condições para que cada nação adote o método que mais lhe convier. De fato a preocupação com o aquecimento global vem crescendo e é praticamente impossível consumir energia sem causar algum dano ao meio ambiente. Sendo assim, o correto a ser feito é buscar fontes de energias que causem menores impactos ao planeta. O setor sucroalcooleiro tem sofrido desabastecimento interno devido ter-se uma dificuldade muito grande em se criar a política nacional de seu consumo e produção, conforme o Anuário (2012) afirma que a safra 2010/2011 não cresceu o previsto para o setor e que a previsão de crescimento era de 12%, mas se obteve apenas 7% de avanço. Complementando, o Anuário (2012) destaca que os motivos dessa queda seriam problemas com a seca de 2010, a valorização do açúcar no mercado internacional, que fez com que aumentasse a exportação de açúcar produzindo uma quantidade menor de etanol. O Brasil então se viu obrigado a importar etanol. Nota-se que esses fatores causaram então grandes problemas, principalmente no preço do combustível nas bombas. O aumento do preço do etanol fez com que o seu consumo como combustível caísse de forma significativa, apesar dessa queda ainda houve a necessidade de sua importação. Segundo o Anuário (2012), fica evidenciado que o crescimento do setor alcooleiro no Brasil depende da solução de conflitos e investimentos para o setor que até então ainda não são muitos. Diante da queda do consumo do etanol em 2011 e do desabastecimento interno, o governo federal criou uma política regulatória para o setor. A primeira iniciativa seria que o órgão responsável para fiscalizar e regulamentar a indústria alcooleira seria a ANP, dessa forma, o etanol brasileiro deixa de ser apenas produto agrícola e se torna combustível estratégico (ANUÁRIO, 2012). Pode-se perceber que a entrada da estatal Petrobras na produção de etanol brasileiro vai aumentar significativamente os investimentos na área. A Petrobras pretende criar a maior 113 usina de etanol do mundo, tendo um investimento de 521 milhões de reais, e esta terá capacidade para 700 milhões de litros. 2.5. PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO E EXPANSÃO DO SETOR ALCOOLEIRO NO BRASIL De acordo com Vieira (2012), o país tem muitas vantagens para se obter um crescimento no mercado internacional com a produção de bioetanol. O Brasil possui longos anos de experiência, é modelo para vários outros países, é o maior produtor e consumidor do mundo, possui terras e condições climáticas propícias, tem tecnologia agrícola e industrial e o custo de produção é o mais baixo do mundo. Com base nas informações de Vieira (2012), temos que a estimativa de crescimento da demanda de açúcar para o ano de 2013 é realmente algo relevante. A Datagro estima que na safra 2013/2014 que 30,8 bilhões de litros de álcool sejam produzidos, sendo que 24,9 bilhões é para consumo interno e 5,9 bilhões para exportação, sendo necessárias 640 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para atender a demanda. Com um maior incentivo financeiro e uma melhor ação estrutural do governo, Vieira (2012) afirma que alguns estudos confirmam que para 2025 podemos ter de 5% a 10% de substituição de toda gasolina no mundo por bioetanol. Para melhor compreensão quanto o que fora mencionado, pode-se observar na tabela abaixo o cenário para 2025. Tabela 1 – Previsão de crescimento com incentivos Cenários para 2025 Necessidades 5% 10% Etanol 102,5 milhões de m³/ano 205 milhões de m³/ano Terra 21,5 milhões de há 43 milhões de há Destilarias 615 1230 * Considera os parâmetros atuais de produtividade para as estimativas de necessidade de área e destilarias Fonte: Setor Sucroalcooleiro Brasileiro: Evolução e Perspectivas disponível em http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/liv_perspec tivas/07.pdf A tabela acima mostra que para um aumento na produção do bioetanol para substituição da gasolina é necessário maiores investimentos em construções de destilarias e um aumento na quantidade de terras agricultáveis. Alicerçado na visão de Vieira (2012) e Anuário (2012), o uso da cana de açúcar não fica apenas restrito a produção de combustível, mas também a geração de energia através de seu bagaço e palha. Essa energia gerada será consumida na própria fabricação do bioetanol, a necessidade de incentivos nesse setor ainda é muito grande, temos em nosso país um dos mais importantes tipos de bicombustíveis. 114 Que o uso de petróleo mais cedo ou mais tarde cessará, não é nenhuma novidade mais. O que se deve fazer é conscientizar as nações com altos níveis de consumo energético para usarem essa energia de maneira racional e eficiente. O etanol, como se sabe, não acaba com o problema energético, mas contribui muito na redução de poluentes. O Brasil possui terras propícias ao cultivo da cana-de-açúcar, o que resta é o poder público estimular pesquisas para transformar o tradicional setor alcooleiro em uma agroindústria capaz de competir de forma sustentável com o mercado petrolífero. Dando sequência a essa ideia, Tavares (2009) diz que a UNICA (União da Indústria de Canade-Açúcar) tenta por meio de ações de relações públicas influenciarem na construção da imagem do etanol brasileiro, diante dos principais formadores de opinião mundial. A UNICA tenta alertar a população brasileira que o uso do etanol vai além de um preço vantajoso e que se tem ganhos ambientais, sociais, econômicos e tecnológicos para o nosso país. 2.6. ALCOOLQUÍMICA Muitas pessoas ainda possuem uma visão pragmatizada de que o etanol só pode ser utilizado para substituir o petróleo se for como combustíveis em carros flex, mas, o que muitos não sabem, é que a indústria alcoolquímica nos oferece diversas situações em que o etanol pode suprir o petróleo na formação de novos produtos. De acordo com Vieira (2012), os derivados químicos de etanol no Brasil passaram a ser produzidos no ano de 1920 pela Rhodia, sendo que os primeiros derivados produzidos foram cloreto de etila, éter dietílico e ácido acético. Foi então a partir daí que o país viu a riqueza do álcool e passou a produzir uma série de derivados como eteno, butadieno, polibutadieno, acetona, butanol, cloreto de etila, estireno e aldeído acético. Dessa forma temos que: Com a crise do petróleo em 1975 e o Proálcool, a indústria química passou a receber subsídios para utilização do etanol na produção alternativa de derivados produzidos pela rota petroquímica. O programa de subsídios para a indústria alcoolquímica passou por várias alterações e foi encerrado em 1984. Paulatinamente, a produção via alcoolquímica foi abandonada e provocou o sucateamento das unidades existentes. Restou apenas a produção de ácido acético e de seus derivados e éteres glicólicos (VIEIRA, p. 239, 2012). Com as evidências de que o petróleo não é uma fonte de energia renovável, que sua produção cessará e também pela alta constante no preço do barril, poderá fazer com que muitas empresas fabricantes de produtos que utilizam o petróleo como matéria-prima vão em busca de fontes alternativas, principalmente o etanol vindo da biomassa. Do bioetanol, podem ser fabricados ácido acético, utilizado na fabricação de perfumes, polietileno, estireno, acetona, acetaldeído, poliestireno, éter, e toda a gama de produtos extraídos do petróleo. Seu uso variado inclui a fabricação de fibras sintéticas (seda artificial), pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, inseticidas, papéis fotográficos e remédios como a aspirina, entre outros (VIEIRA, p. 239, 2012). 115 Segundo Vieira (2012), por volta de 2020 a substituição do petróleo pelo etanol na indústria química poderá atingir 7 bilhões de litros onde 5,5 bilhões serão utilizados na produção de eteno e 1,5 bilhões na fabricação de outros derivados. Observa-se com base no que afirmam os autores, que de fato o etanol será um grande concorrente do petróleo, e que com o passar dos anos, pode vir a substituir totalmente. Devido a isto é eminente que a produção de etanol é de muita importância para o Brasil, justamente por esse ser o maior produtor de cana-de-açúcar. 3. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 3.1. CONCLUSÃO A Pesquisa realizada sobre “o etanol como um dos principais pioneiros na matriz energética brasileira” foi de grande importância, enriquecendo o campo de conhecimento sobre o assunto. Respaldado por esse pensamento, o problema central do trabalho resumiu-se na seguinte questão: Qual é a verdadeira importância da participação do etanol na matriz energética do país? E com o intuito de respondê-lo, levantou-se objetivo geral deste que se concentrou em aprofundar o conhecimento sobre o etanol, visando sua importância no cenário brasileiro como fonte de energia, com menor agressão ao meio ambiente, bem como um possível substituto aos combustíveis fósseis em anos vindouros. Posteriormente, com o objetivo de atender ao propósito do trabalho, a pesquisa abordou questões acerca dos quatros objetivos específicos. Sendo esses apresentados e respondidos abaixo: O primeiro objetivo específico concentrou-se em identificar a importância do etanol no cenário brasileiro, de forma a atender as necessidades energéticas do país, sendo este respondido no capítulo 2, item 2.3, onde aborda em todos os ângulos a importância da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar para o Brasil, conforme afirma o site Biólogo (2012), que o álcool proveniente desta matéria-prima tem sido o biocombustível número 1 na política brasileira de incentivo a energias alternativas ao petróleo. A eficiência energética do etanol para o Brasil é tão importante, que a própria estatal Petrobras resolveu investir no setor, dizendo construir a maior usina alcooleira do mundo. O segundo objetivo específico teve como propósito, analisar e demonstrar estratégias utilizadas para minimizar a agressão ao meio ambiente quanto à emissão de gases poluentes. Este foi respondido no capítulo 2, item 2.2, sub-item 2.2.3 quando diz que a utilização do bioetanol é uma estratégia viável para substituição de combustíveis fósseis e não renováveis, onde Barros & Bichiatto (2010) afirmam que as principais características do etanol são: incoloração, livre de qualquer impureza, cheiro agradável e penetrante, sabor cáustico e ardente, possibilitando que sua combustão seja mais limpa, com melhor desempenho dos motores, reduzindo assim, as emissões poluidoras. Desta forma, percebe-se que o correto a ser feito é a busca de fontes de energia que causem menores impactos ao planeta. O terceiro objetivo específico que foi identificar, analisar e mostrar as vantagens e desvantagens do uso do etanol, que pôde ser respondido no capítulo 2 ao longo do item 2.4, quando aborda-se que a produção do etanol no Brasil causou grandes repercussões mundiais 116 formando diversas opiniões quanto ao seu uso, e se de fato seria mesmo um benefício ao meio ambiente. Segundo Agrizzi (2012), as vantagens ambientais do álcool é ser uma fonte renovável de energia, possuir alta miscibilidade com a gasolina, ser um composto oxigenado e não possuir enxofre. Agrizzi afirma ainda que os produtores estariam mais interessados em produzir o combustível etanol ao invés de produzir alimentos causando aumento significativo nos preços dos produtos alimentícios. Dessa maneira nota-se que não existe a produção de energia que não cause repercussões onde várias opiniões irão surgir. Sendo assim, o correto é a análise das informações e buscar de um produto onde temos melhorias econômicas e causem menores impactos e danos ao meio ambiente. No quarto objetivo específico que é destacar as perspectivas de crescimento e expansão do setor alcooleiro no Brasil, este pode ser respondido no item 2.5, quando de acordo com Vieira (2012), o país tem muitas vantagens para se obter um crescimento no mercado internacional com a produção de bioetanol. O Brasil possui longos anos de experiência e é modelo para vários outros países, é o maior produtor e consumidor do mundo, possui terras e condições climáticas propícias, tem tecnologia agrícola e industrial e o custo de produção é o mais baixo do mundo. Por fim, foi possível concluir que a hipótese levantada inicialmente - como a produção do etanol sofre influência direta do clima, e por ser produto com aplicabilidade limitada em relação ao petróleo, observa-se que o mesmo pode apresentar um bom potencial energético no quesito combustível quando a tecnologia de produção existente possibilita o desenvolvimento da principal matéria prima – a cana-de-açúcar – de forma a manter uma média de produção estável do Etanol, que possa atender o mercado interno, pode-se concluir que essa é verdadeira, considerando que o que fora mencionado em todo desenvolvimento do item 2.5 do capítulo 2. Pode-se destacar ainda que diante da pesquisa bibliográfica desenvolvida, ficam evidenciados efeitos positivos em relação ao etanol, pois o Brasil tem muitas vantagens para se obter um crescimento no mercado nacional e internacional, com a produção de bioetanol. O Brasil possui longos anos de experiência e é modelo para vários outros países, é o maior produtor e consumidor do mundo, possui terras e condições climáticas propícias, tem tecnologia agrícola e industrial e o custo de produção é o mais baixo do mundo. Ressalta-se ainda que a produção de etanol seja de fundamental importância para o desenvolvimento da economia do país, gerando mais vagas de empregos em usinas alcooleiras, reduzindo dessa maneira o número de desemprego e movimentando cada vez mais o comércio interno do país. Outro fato importante é que com o abastecimento interno de etanol e a maior conscientização em relação ao uso desse combustível, o país passa a importar menos petróleo, deixando assim de depender de um produto cujo mercado é instável. 3.2. RECOMENDAÇÕES Para tanto, fica aqui a recomendação diante do resultado da pesquisa: que novos estudos sobre o tema sejam realizados, buscando maior aprofundamento no item 2.6 sobre alcoolquímica com a intenção de derrubar essa visão pragmatizada de que o etanol só pode ser utilizado para substituir o petróleo se for como combustíveis em carros flex. O que muitos não sabem é que a indústria alcoolquímica nos oferece diversas situações em que o etanol pode suprir o petróleo na formação de novos produtos. 117 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] AGRIZZI, Alexandre Demo. Biocombustíveis. Faculdade Capixaba de Nova Venécia, 05 mar. 2012. (Notas de aula). [2] ______. Produção do etanol. Faculdade Capixaba de Nova Venécia, 16 abr. 2012. (Notas de aula). 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