Curriculum Europeu em Actividade Física Adaptada
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Curriculum Europeu em Actividade Física Adaptada
ADAPT Curriculum Europeu em Actividade Física Adaptada Capítulo 1 : Conceitos..............................................................................................2 Capítulo 2 : Problemas de saúde............................................................................17 Capítulo 3 : Assessment Avaliação........................................................................80 Capítulo 4 : Intervenção.......................................................................................100 Capítulo 5 : Desportos & Organizações...............................................................115 Capítulo 6 : Classificação.....................................................................................131 Capítulo 7 : Treino e ensino .................................................................................139 Capítulo 8 : Tecnologia & acessibilidade.............................................................163 Capítulo 9 : Envolvimento social..........................................................................172 Capítulo 10: Ciências.............................................................................................185 Co-ordinator: Prof. Herman Van Coppenolle Tervuursevest 101 3001 Heverlee België [email protected] Capítulo 1 1_1_01 Actividade Física Adaptada (AFA) O termo AFA foi introduzido em 1973, quando profissionais belgas e canadianos fundaram a Federação Internacional de Actividade Física Adaptada (IFAPA – International Federation of Adapted Physical Activity). A primeira reunião internacional da IFAPA aconteceu no Quebec, em 1977 e a segunda em Bruxelas em 1979. A primeira tentativa para uma definição internacional de AFA ocorreu durante o 9º Simpósio Internacional de Berlim, em 1989. Foi o maior simpósio na história da IFAPA, no qual Doll-Tepper e outros profissionais definiram a AFA numa perspectiva multinacional: “AFA refere-se ao movimento e às actividades físicas e desportivas, nas quais é dada uma ênfase especial aos interesses e às capacidades das pessoas com condições de deficiência, limitações, problemas de saúde e idosos.” A mensagem do Presidente da IFAPA sugeria que o objectivo dos profissionais da AFA deveria ser o de estimular todas as pessoas a participarem regularmente de actividades físicas, ao longo das suas vidas. “Nós valorizamos e promovemos a actividade física como forma de recreação, desporto, terapia, condição física ou expressão.” O Regulamento da IFAPA [adoptado pelo Conselho de Directores em Maio de 1997, na cidade de Quebec (Canadá)] defende que: Os programas e actividades da IFAPA estão particularmente vocacionados para pessoas com condições de deficiência, incapacidades ou desvantagens que possam limitar as possibilidades de o indivíduo se envolver em actividades físicas de seu interesse. Desta forma, a AFA pode então ser entendida como a provisão de: • Prácticas adaptadas • Ambientes sociais e físicos • Equipamentos • Regras e outros factores que permitam ao indivíduo portador de condições limitadas o desenvolvimento de um estilo de vida activo, através da participação em actividades físicas. www.ifapa.net 1_1_02 AFA como um sector no âmbito da Educação Física A Educação Física Adaptada é destinada a pessoas que, por qualquer razão, não estão aptas a participar com segurança ou sucesso na educação física regular. Basta alterar a palavra “adaptada” para “modificada” e ter-se-á a ideia do que seja a Educação Física Adaptada. O bom ensino é aquele que adapta (modifica) o currículo, a tarefa e/ou o envolvimento, de tal forma que TODOS os alunos possam participar plenamente da educação física. Os alunos recebem instruções numa variedade de contextos i.e., ambientes educativos. • A colocação do estudante em qualquer enquadramento educativo implica uma cuidadosa avaliação, devendo ser considerado o local onde ele pode melhor desenvolver o seu potencial em educação física A AFA, enquanto profissão, engloba uma vasta gama de profissionais, incluindo: professores treinadores terapeutas administradores pesquisadores … Para todas estas pessoas, a AFA é a arte e a competência de gerir factores pessoais e ambientais, promovendo a participação, na actividade física, de pessoas com condições limitadas de saúde. A AFA integra – ainda que não se limite – as seguintes práticas: • • • • • • • Planeamento Avaliação Prescrição/Colocação Ensino/Aconselhamento/Treino Coordenação de recursos Organização comunitária Promoção e auto-conhecimento 1_1_03 A AFA como uma disciplina escolar A AFA constitui um estudo multidisciplinar dos antecedentes, das circunstâncias, dos processos e dos resultados da actividade física adaptada ao serviço das pessoas com condições limitadas. Princípios-chave da teoria da ADAPTAÇÃO: • é um processo fundamental, interactivo e recíproco de intercâmbio entre o indivíduo e o ambiente • é um processo auto-organizado ou propositadamente articulado e planeado • implica a modificação, o ajustamento ou a acomodação das relações dentro de um ecossistema (pessoa, envolvimento, tarefa) • relaciona-se com a oferta de oportunidades para a actividade física (terapia, recreação, exercícios, desportos) e com a organização de serviços (integrados ou segregados) Os constructos teóricos mais largamente aceites no âmbito da AFA, incluem: • filosofia humanística • princípio da normalização • teorias da auto-actualização e da auto-determinação • teoria sócio-cognitiva • análise ecológica de tarefas • capacitação (empowerment). Disciplinas relevantes para a AFA: • Biomecânica • Psicologia do desporto • Fisiologia do exercício • Sociologia • Comportamento motor A aplicação dos paradigmas e das metodologias destas disciplinas, dentro dos contextos da AFA, é muito útil para o delineamento e a promoção de serviços e práticas destinados a indivíduos com funções limitadas. A teoria da Adaptação está fortemente relacionada com alguns dos conceitos-chave apresentados nesta secção, incluindo a Capacitação, a Organização de Serviços e a Análise Ecológica de Tarefas. 1_2_01 Problemas de saúde Aproximadamente 10% da população mundial tem problemas de saúde ou deficiências. Variadas taxionomias sobre os problemas de saúde utilizam a terminologia promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui três níveis: deficiência, incapacidade e desvantagem. Deficiência • É qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou da função psicológica, fisiológica ou anatómica. • Inclui a existência ou a ocorrência de uma anomalia, um defeito, a perda em um membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, incluindo o sistema relacionado com as funções mentais. • As percas e anomalias podem ser temporárias ou permanentes. Incapacidade • É qualquer restrição ou falta da capacidade (resultado de uma deficiência) para executar uma actividade, dentro do âmbito considerado “normal” para um ser humano. • Refere-se a actividades múltiplas ou integradas, relativas à pessoa como um todo, quando implicada numa determinada tarefa, habilidade ou forma de comportamento. • Envolve um excesso ou uma redução de tipos de comportamentos ou de actividades habitualmente esperadas para aquela determinada pessoa. • Pode ser: temporária ou permanente reversível ou irreversível progressiva ou regressiva A determinação de um quadro concreto de objectivos desempenha um papel-chave neste nível de experiências. As incapacidades podem surgir como uma consequência directa da deficiência ou, então, como uma resposta psicológica do indivíduo a deficiências físicas, sensoriais ou de outro tipo. Representam a operacionalização de uma deficiência, reflectindo as perturbações ao nível da pessoa. Desvantagem • É o impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou inibe a execução plena de uma actividade considerada “normal” para este indivíduo (considerando a idade, o sexo e os factores sócio-culturais). • a mesma desvantagem pode surgir em diferentes situações e, por isso mesmo, como consequência de diferentes incapacidades. • É um fenómeno social, que representa as consequências sociais e ambientais das deficiências e incapacidades. • É caracterizada por uma discrepância entre a performance ou o status do indivíduo e as expectativas do grupo específico do qual ele é membro. A desvantagem pode ser percebida subjectivamente: • pelo próprio indivíduo • pelas outras pessoas que são significativas para o indivíduo • pela comunidade como um todo A desvantagem representa a face social de uma deficiência ou de uma incapacidade e acarreta consequências para o indivíduo em diferentes áreas. 1_2_02 Problemas de saúde As definições actuais têm-se referido, cada vez mais, à habilidade enquanto conceito oposto à deficiência e à importância do contexto social de funcionamento do indivíduo como oposição ao modelo médico. Frequentemente, é preferível uma abordagem do tipo não-categorial, dado que a focalização nas categorias de diferenças individuais parece facilitar mais a exclusão do que a inclusão nas actividades físicas. Apesar disto, adoptou-se, para os problemas de saúde, uma perspectiva funcional, cujas categorias principais para a sua classificação são as seguintes: 1. Problemas sensorio-motores de saúde Relativos às funções dos sistemas neurológicos e músculo-esqueléticos (por exemplo, as lesões da espinal-medula, acidentes, amputações), que limitam o desenvolvimento, a coordenação e/ou a realização de um movimento. Os indivíduos com esses tipos de perturbação utilizam, frequentemente, dispositivos de apoio ou precisam de ajuda pessoal para executarem suas actividades diárias e recreativas. 2. Problemas internos de saúde Relativos às funções dos órgãos internos – endócrinos, respiratórios, cardiovasculares, renais e outros – que limitam a capacidade fisiológica. 3. Problemas psico-sociais de saúde Relativos às funções de interacção emocional e social (p. ex. autismo, esquizofrenia), limitando assim o contacto social da pessoa com o seu ambiente. 4. Domínios intelectuais de saúde Relativos às funções cognitivas superiores, especialmente relacionadas com a deficiência mental e com os distúrbios de aprendizagem, que podem afectar a capacidade que a pessoa tem de viver autonomamente. A informação detalhada sobre essas categorias pode ser encontrada em “Problemas de Saúde", no Menu Principal. 1_3_01 Funcionalidade CIF – OMS 2001 A Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (CIF) ® 1.5, recentemente revisada, sugere uma nova taxionomia, internacionalmente aceita, fornecendo critérios para a classificação, a avaliação e a intervenção. A CIF apresenta uma linguagem comum para descrever e compreender as deficiências e as doenças. Uma abordagem acerca de toda a amplitude da CIF pode ser encontrada no seguinte site. http://www3.who.int/icf/training/icf.ppt A CIF possui um conceito multidimensional que se aproxima muito mais de um modelo social do que de um modelo médico de saúde. O modelo social refere-se à igualdade de oportunidades, em termos de: • modificação do ambiente • acção social • consciência atitudinal Com base na CIF, são múltiplas as funções e as estruturas do corpo relacionadas com a actividade física. As limitações nas estruturas e funções do corpo são matéria fundamental para a estruturação dos serviços adaptados e das actividades, principalmente no que diz respeito à avaliação, colocação e intervenção. 1_3_02 Estrutura contextual da CIF Actividades e Participação O modelo da CIF sugere os seguintes tipos de actividade e critérios de participação, que se podem encontrar diminuídos quando ocorre um problema de saúde: • Aprendizagem e aplicação dos conhecimentos • Tarefas e exigências gerais do dia-a-dia • Comunicação • Movimento • Cuidados consigo • Vida doméstica • Relações interpessoais • Principais áreas da vida • Vida comunitária, social e cívica Dentre estes critérios, o movimento, a comunicação, a aprendizagem e as relações interpessoais são de particular interesse para a AFA. O desempenho e a aceitação em cada um desses domínios podem ser melhoradas através da AFA. Factores contextuais ambientais Os factores ambientais sugeridos pela CIF podem constituir facilitadores ou barreiras à participação, dependendo do grau em que os seguintes factores sejam proporcionados: • produtos e tecnologia facilitadores da acessibilidade • ambientes naturais e modificados pela acção humana • apoio e relacionamento com os pais e com outras pessoas significativas • atitudes do treinador, do professor, dos colegas e de outras pessoas significativas • serviços, sistemas e políticas, incluindo os meios de transporte Factores contextuais da pessoa As condições da pessoa, que não estão relacionados a problemas específicos de saúde, incluindo o género, o tipo somático e os atributos psicológicos (como o senso de coerência e a perspectiva de alcance de objectivos), podem influenciar no grau da participação e no resultado da actividade ocorrida num contexto específico. Uma análise contextualizada dos factores pessoais e ambientais, juntamente com as medidas apropriadas a serem tomadas, pode reduzir a frequência de resultados não desejados. 2_1 Adaptação Teoria da Adaptação "A arte e a ciência de manipular variáveis serve para alcançar resultados desejados" (Sherrill, 1997, 60). Qualquer actividade física pode ser modificada ou adaptada. A actividade física deve ser executada de acordo com as características específicas de cada deficiência, podendo incluir alterações em termos de: Equipamento: p. ex. o uso de diferentes materiais e bolas de diversos tamanhos. Ambiente: p. ex. baixando a altura de uma rede ou reduzindo o tamanho do recinto de jogo. Tarefa: tornar as actividades mais fáceis, alterando o objectivo, p. ex. jogar voleibol sentado ou em cadeira de rodas. Regras: p. ex. permitindo que a bola de ténis salte duas vezes antes que seja batida (aumento do tempo disponível para bater na bola) Instrução: Ajustamento às capacidades cognitivas, p. ex. sendo breve e simples, dando uma instrução de cada vez, movendo-se em linha recta e não em círculos. http://web.macam98.ac.il/%7Eshayke/thenapa/euro_resources.htm#tf Estas adaptações podem ser organizadas por actividade e por problema de saúde, como no exemplo apresentado a seguir: Actividade: corrida de 2000m 2_2_01 Organização dos Serviços A organização dos serviços é um método que assegura um ambiente mais acessível (menos restritivo) para o indivíduo que usufrui da AFA. As estratégias adoptadas devem garantir a existência de um Ambiente Menos Restritivo Possível (AMRP) para a prática da AFA. A adaptação ou a modificação do currículo de educação física e/ou da instrução deve ser direccionada às capacidades individuais de cada criança. As adaptações devem ser feitas de modo a assegurar que cada estudante tenha êxito num ambiente seguro. Sistema de Organização dos Serviços Para assegurar um AMRP ao longo de um processo de desenvolvimento, a colocação pode modificar-se no decorrer de algum tempo. Podemos encontrar variadas alternativas de colocações: • Escola especial • Classe especial em escola regular • Recurso a um professor assistente trabalhando com um pequeno grupo numa sala de aula regular • Trabalho em pares em sala de aula regular • Contexto de salas de aula regulares, sem apoio Quadro sobre Organização de Serviços para a Inclusão 2_2_02 Planeamento Individualizado em AFA (PIAFA) O PIAFA é um plano delineado pelos especialistas da AFA, que inclui objectivos claros e mensuráveis. As metas e os objectivos são extraídos do conteúdo educacional da actividade física e são monitorizados ou avaliados de acordo com uma política regional. Isto assegura que as metas e os objectivos sejam atingidos num quadro temporal determinado. Os Planos Educacionais Individualizados (PEI) foram adoptados por alguns países europeus (p. ex. Reino Unido e Portugal), mesmo nos casos em que não são exigidos pela legislação. Ter um PEI é uma boa prática para organizar uma sessão de AFA. O PIAFA leva em consideração questões como: Avaliação do estado actual de funcionamento Sugestões de metas concretas Identificação das adaptações necessárias para cumprir tais metas Planeamento O planeamento requer a avaliação e a definição de metas em vários domínios. 2_3_01 Inclusão Princípios da Inclusão O princípio fundamental da inclusão é a valorização da diversidade da comunidade humana. Alguns autores vêem a inclusão como um imperativo moral (Bricker, 1995; Rogers, 1993; Stainback & Stainback, 1996) insistindo numa inclusão não-categorial e ilimitada de crianças com todos os tipos de capacidades. A inclusão é muito mais do que simplesmente colocar juntas crianças com e sem condição de deficiência (o que é chamado de “integração”). Inclusão também significa a redistribuição dos serviços, modificando atitudes e desenvolvendo o sentido de responsabilidade. P. ex.: em lugar de unicamente preparar uma criança com uma deficiência para participar de uma classe regular, prepara-se também a classe para acolher esta criança. Porquê a Inclusão? Através da educação inclusiva, os pais adquirem uma visão mais equilibrada acerca das capacidades de seus filhos. Os colegas sem deficiências são expostos a vários desafios ao se confrontarem com os colegas com condição de deficiência e isto aumenta o seu repertório de apoio e empatia para com aqueles com diferentes capacidades. As crianças com condição de deficiência estarão a viver e a trabalhar com grupos diversificados de pessoas. Depois de terminarem a escolarização, estas experiências serão determinantes para a sua aceitação social. Os professores devem aprender a ensinar grupos diversificados de estudantes, o que exige dar oportunidades e traçar metas alternativas para alunos com as mais variadas capacidades. 2_3_02 A pertinência da Inclusão A inclusão é a perspectiva mais recente da visão humanística na educação de indivíduos com condição de deficiência. Ela promove a autodeterminação e a participação de indivíduos com deficiências, de maneira similar a qualquer outra minoria, dentro da comunidade. O Nirje (1969) desafiou o modelo dicotómico dos sistemas especializados de educação de crianças com deficiências mentais e físicas. Ele desenvolveu, a este propósito, o princípio da “normalização”. Wolfensberger et al. (1972) influenciou modificações consideráveis nos sistemas de apoios educativos, teorizando práticas de integração e, finalmente, de inclusão. Inclusão na Europa O Conselho da Europa introduziu os princípios da inclusão na sua Carta Européia: Desporto para todos – Pessoas com deficiência em 1987, e recomendou medidas de inclusão aos seus Estados Membros. A maior parte dos países europeus providenciaram educação para crianças com deficiências, integrando-as no sistema escolar regular. É claro que, embora alguns sistemas tivessem sido bem-sucedidos, isto conduziu a um quase total estrangulamento das práticas em educação física e dos desportos para muitas crianças com condição de deficiência (Carta Europeia, 1987:20). A Declaração de Madrid, intitulada “Não discriminação mais acção positiva igual a inclusão” foi escrita em 2002, conduzindo à realização do ‘Ano Europeu da Pessoa com Deficiência’, em 2003. O documento defende que as pessoas com condições de deficiência têm os mesmos direitos que qualquer outra e estabelece passos a dar em direcção a uma sociedade mais inclusiva. www.madriddeclaration.org A título de exemplo, na Finlândia, é oferecida a supervisão aos professores de Educação Física, de modo a apoiar a inclusão de crianças com condição de deficiência em aulas regulares de educação física (Heikinaro-Johansson, Sherrill, French & Huuhka, 1995). Também na Noruega, a confederação das organizações desportivas entrou em acção em 1998, encorajando as federações desportivas a assumirem a responsabilidade pelas actividades das pessoas com condição de deficiência. Até o momento, quatro organizações já assumiram a completa responsabilidade pelo desporto destas pessoas e 11 outras federações integraram atletas com alguma deficiência como parte das suas actividades. A Inclusão no Espaço Extra-Europeu Nos EUA, a administração e a prática da inclusão de indivíduos com condição de deficiência na Educação Física e Desportos foi organizada e posta em prática, em diferentes níveis, desde 1975 (p. ex., Block, 1999; Sherrill, 1998) A Austrália pratica a inclusão e integrou totalmente os seus atletas de elite nas actividades do Instituto Australiano de Desportos (Downs, 1995). Foram também lançados vários programas, a nível local, a fim de despertar a atenção das pessoas e conseguir os recursos necessários para a inclusão. No Canadá, desenvolveu-se, consensualmente, um Plano de Acção, em 1988. Este documento foi acompanhado por várias publicações, incluindo a série de manuais ‘Moving into Inclusion’, o ‘Action Pack for Promoting Inclusion’ e um outro conjunto de documentos, lançado recentemente por avaliadores de aptidão, que contêm os conhecimentos básicos sobre a inclusão de participantes com condição de deficiência. 2_4 Ecossistema O Sistema de Acção Baseado na tradição da Gestalt, Kiphard (1983) e Newell (1986) têm vindo a sugerir que a acção se encontra contextualmente relacionada e baseada nas relações recíprocas do indivíduo, das condições do ambiente e da tarefa. O ambiente apresenta barreiras que obrigam o indivíduo a desenvolver modelos sobre como poderiam realizar a tarefa. No entanto, os indivíduos não só se adaptam, mas também, alteram o ambiente cada vez que lhe respondem. Por isso, os padrões necessários a estas respostas nem sempre são estáveis, mas encontram-se em mudança, com base no desenvolvimento da acção e nas interacções entre o indivíduo e o ambiente. Exemplo 1: Lançamento de uma bola ao cesto, desde uma posição sentada (praticante em cadeira de rodas) Tarefa Ambiente fora do garrafão Indivíduo Tarefa: • Lançamento ao cesto de Ambiente: • A altura do cesto • O peso da bola • O tamanho da bola • Forma de propulsão (baseado nas dimensões e tipos de rodas, prensão, etc) Indivíduo: • A força muscular dos braços e do tronco • O controlo do tronco • A forma de propulsão da cadeira • A atenção perceptiva • Coordenação óculo-manual. Para mais exemplos, ACESSE a seguinte página do THENAPA. http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/quiz/examples_english.htm 2_5 Equidade Igualdade: é o acesso equivalente às diferentes oportunidades, isto é, dispor da mesma base de início para uma acção. Equidade: é disponibilizar, para todos, a mais ampla variedade possível de opções para a realização de uma acção. P. ex.: Igualdade = Todas as crianças da comunidade são bem-vindas a participar de um programa de futebol. Equidade = um professor de apoio ou um colega (tutor) é designado para apoiar uma criança com uma incapacidade. Igualdade = Espera-se que todas as crianças participem de um jogo de basquetebol. Equidade = a uma criança que está a usar uma cadeira de rodas, é dada a opção de lançar a bola num cesto mais baixo, com os oponentes a uma distância mínima de 2 metros. Ao longo dos últimos 20 anos, o termo igualdade foi evoluindo para o termo equidade. A equidade implica, assim, manter o ambiente livre de barreiras para que as pessoas pratiquem e demonstrem as suas habilidades, sem obstáculos físicos e sociais. Carta Europeia do Desporto para Todos Na Europa, o movimento a favor de uma actividade física acessível a todos os indivíduos foi, pela primeira vez, expresso, em Estrasburgo, em 1966, e reconfirmado, como plano de acção, em Maio de 1986. A Carta Europeia do Desporto para Todos responsabilizou os governos e as autoridades públicas locais pela adopção de medidas destinadas às pessoas com condição de deficiência, assim como os governos nacionais de educação, desporto e recreação pelo aperfeiçoamento de regras e regulamentos que permitissem o acesso e a participação destes mesmos indivíduos. As medidas sugeridas incluíram: Instalações desportivas acessíveis Assistência para o transporte Auxílio técnico para permitir a participação na actividade física 3_1 Educação A educação, com relação às deficiências e ao movimento da inclusão, é importante tanto na perspectiva do ensino das actividades físicas e desportivas como da sua aprendizagem. Por isso, iremos abordar tanto a educação física nas escolas como a formação na educação superior. Educação Física (EF) O objectivo principal da EF na escola é o de promover a base para um estilo de vida activo, através da introdução de: • Padrões básicos de actividades motoras • Jogos colectivos • Jogos de regras • Desportos aquáticos • Condição física A Actividade Física Adaptada (AFA) é a própria Educação Física, que tem sido adaptada ou modificada a fim de ser tão apropriada para uma pessoa com uma condição específica de deficiência, quanto o é para uma pessoa sem esta condição. Para que isto aconteça, são necessários especialistas mais qualificados em AFA ou professores de Educação Física com formação ao nível da deficiência. A legislação europeia, com relação aos estudantes com necessidades especiais, varia entre os diferentes países. Em alguns deles, a educação física não é ensinada por profissionais da EF na escola primária, mas só na escola secundária (p. ex. Inglaterra e Bulgária) Para os distintos países, acesse: http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/comparative/index.htm Universidade e Ensino Superior A formação de profissionais em EF e AFA varia entre os países, sendo necessário o estabelecimento de um campo comum para a graduação nestas áreas. Um dos objectivos do THENAPA tem sido o de analisar e aperfeiçoar os programas académicos em AFA, através da Europa. Criou um perfil ideal para um especialista em AFA, com base no conceito do Sistema Europeu de Transferência de Créditos. Este perfil de créditos representa os conteúdos mínimos sobre AFA, indispensáveis para os programas europeus de educação física e fisioterapia, bem como para os programas especializados em AFA, na Europa. Este CD-ROM apresenta o currículo básico em AFA, com temas essenciais para os diferentes graus de estudo, acima mencionados. Uma vez que os profissionais tenham conhecimentos académicos afins, a legislação para a inclusão será facilitada e poderá ter padrões equivalentes para todos os países da Europa. Os interessados em programas especializados de estudo em AFA podem visitar as seguintes páginas: http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/index.htm http://www.iseflombardia.it/deuapa http://www.iusm.it/didattica/master/link/22_07_02-programma.pdf 3_2 Desporto de Elite Os desportos competitivos para indivíduos com condição de deficiência são coordenados por várias organizações internacionais, que se desenvolveram durante o último século. Os indivíduos com problemas sensório-motores de saúde participam de actividades sob o comando do Comité Paralímpico Internacional (CPI). Os atletas desfrutam da participação, numa variedade de actividades desenvolvidas durante o movimento paralímpico, desde o trabalho pioneiro de Sir Ludwig Guttmann. Os indivíduos com deficiência auditiva estão organizados separadamente. Estes, amparados pelo Comité Internacional de Desportos para Surdos e de acordo com a sua própria decisão, competem nas Deaflympics. Os indivíduos com deficiência mental participam em várias actividades desportivas, locais e internacionais, apoiados pela organização das Olimpíadas Especiais. Para obter mais detalhes sobre este tema, ver ‘Desportos & Organizações’, no Menu Principal. 3_3 Recreação O objectivo principal das actividades recreativas é o de facilitar um estilo de vida activo e a livre escolha de como organizar o seu próprio lazer. Por isso, a promoção de oportunidades de recreação para indivíduos com condição de deficiência está directamente relacionada com a acessibilidade e com o conhecimento do ambiente social. A recreação tem-se tornado mais integrada e inclusiva devido ao desenvolvimento da consciência das pessoas e à legislação. Existe, entretanto, uma grande heterogeneidade de políticas nacionais a este respeito. Cada país tem as suas próprias medidas no campo dos desportos e das actividades, quando se trata de promover o direito à igualdade de oportunidades. 3_4 Reabilitação A reabilitação é um conjunto de acções profissionais, com o objectivo de reduzir ou prevenir o agravamento, ou de promover a restauração ou a melhoria das funções de qualquer problema de saúde. É, assim, baseada na avaliação do estado actual, com a análise dos objectivos da intervenção e com uma avaliação contínua sobre a forma de se atingir os resultados esperados. A reabilitação emprega vários tipos de tratamentos conhecidos como terapia, que apresentam um carácter mais de prestação de cuidados do que curativo. A terapia está vinculada às organizações profissionais de paramédicos, p. ex., a fisioterapia, a terapia ocupacional e a terapia da fala. Para além destas, a AFA está também relacionada com áreas como a terapia psicomotora, a dança e terapia do movimento, a recreação terapêutica, a hidroterapia (terapia aquática) e a reabilitação cardíaca. Os processos terapêuticos são aplicados em cada caso específico, isto é, os planos de intervenção para um objectivo em particular variam de acordo com a gama de situações relativas às deficientes condições de saúde. • p. ex., o treino para a melhoria do equilíbrio de indivíduos com ataxia deve seguir um plano de acção diferente do que deve ser desenvolvido para indivíduos com espasticidade. Frequentemente, a terapia é a actividade principal dentro de um processo de reabilitação (restauração funcional), como na recuperação de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). A AFA tem inúmeras funções relacionadas aos processos de terapia e de reabilitação: • uma parte significativa dos tratamentos directamente relacionados com as limitações funcionais primárias, p. ex., na reabilitação cardíaca, onde o treino controlado das funções cardiovasculares é crucial para atingir os objectivos terapêuticos e de reabilitação. • uma ligação com o tratamento das limitações funcionais secundárias, p. ex., na restauração da força e da resistência muscular de indivíduos com limitações funcionais, os quais muitas vezes tendem a evitar a actividade física. • na manutenção e acompanhamento do tratamento, a fim de prevenir a manifestação dos efeitos físicos e psicossociais potencialmente negativos, relacionados ao estilo de vida sedentário, muitas vezes adquirido pelos indivíduos com limitações funcionais ou problemas de saúde, p.ex., a actividade física em grupo, para mulheres, após a operação de cancro de mama (mastectomia). Para mais informações, ver também ' Intervenção' , no Menu Principal. Capítulo 2 1_1 Visuais Definições A pessoa com deficiência visual é aquela que apresenta uma deficiência na visão que, mesmo após correcção, afecta a sua vida diária. As deficiências visuais abrangem as pessoas que: • nunca tiveram nenhuma função visual • tiveram uma visão normal, durante alguns anos, antes de ficarem gradual ou repentinamente, parcial ou totalmente cegas • têm outras dificuldades para além da perca visual • têm deficiências selectivas de partes do campo visual • têm uma diminuição geral na acuidade do campo visual (OMS) Sub-categorias A cegueira e a baixa visão são definidas segundo a 10ª. Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) • CEGUEIRA: acuidade visual <3/60 ou correspondente perda de campo visual no melhor olho, com a melhor correcção possível (categorias 3, 4, 5). • BAIXA VISÃO: acuidade visual <6/18, mas igual ou melhor do que 3/60 no melhor olho, com a melhor correcção possível (categorias 1, 2). Causas Os distúrbios da visão têm 3 origens: • Doença: 42 % (glaucoma; cataratas senil; diabetes; acidente vascular; sífilis) • Congénita: 31 % (rubéola, toxoplasmose; tratamentos pré-natais, síndromes variadas) • Acidente: 27 % (lesões; acidentes de guerra, etc.) Incidência A incidência mundial estimada da cegueira é 0.7 %, segundo a OMS. Sintomas • • • • • • visão dupla modificação na cor da íris visão manchada, imagens fantasma perda repentina da visão num olho flashes de luz ou manchas pretas imagens desfocadas Precauções • bebés e crianças pequenas devem ser examinadas quanto aos problemas mais comuns dos olhos • adultos e pessoas mais velhas devem ser regularmente examinadas • uso de óculos protectores durante o desempenho de actividades que possam causar lesões nos olhos Intervenção A segurança e a capacidade para se vestir, comer e funcionar independentemente são de primordial importância para a pessoa cega. Muitos serviços, bem como métodos de aprendizagem e equipamentos estão disponíveis para promover o treino em casa, dando apoio a estas pessoas para que vivam autonomamente. References 1. 2. 3. 4. 5. Davis K, Kennedy JW, Kemp HG, et al. Complications of coronary arteriography from the Collaborative Study of Coronary Artery Surgery (CASS). Circulation 1979; 59: 1105-1111. De Bono D. 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Assim, as pessoas com deficiência auditiva podem ser classificadas em dois grupos: • Surdos: a pessoa é incapaz de compreender a fala por meio da audição, com ou sem próteses auditivas. • Deficientes auditivos: pessoas portadores de uma condição que torna difícil, mas não impede a compreensão da fala por meio da audição, com ou sem a ajuda de aparelhos. Sub-categorias • Surdez condutiva: dificuldades na audição por causa da diminuição do som ao percorrer os canais do ouvido externo e do ouvido médio. • Deficiência neuro-sensorial da audição: é um problema associado ao ouvido interno, onde os receptores sensoriais convertem as ondas sonoras em impulsos nervosos, que são enviados ao cérebro para descodificação e é o resultado de lesões ou degeneração de terminações nervosas. • Deficiência auditiva mista: é quando as deficiências tanto condutivas quanto neuro-sensoriais ocorrem simultaneamente. Causas • 50% por razões genéticas • 20% por razões específicas (exposição a ruídos altos durante um período longo de tempo; rubéola da mãe; prematuridade; meningite; tumores cerebrais; tensão alta; diabetes; medicamentos; drogas, etc.) • 30% por razões desconhecidas Incidência Segundo a OMS, cerca de 250 milhões de pessoas no mundo têm deficiência auditiva. Sintomas • dificuldade de compreender palavras, especialmente em ambientes ruidosos ou com muita da gente. • fala ou emite sons com uma intensidade muito baixa • necessita aumentar o volume do rádio ou da televisão • pede aos outros para falar mais alto, lenta e claramente • drenagem de fluidos pelos ouvidos • dificuldades de equilíbrio Intervenção • Deficiência condutiva * cirurgia e/ou medicação * uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares para melhorar a audição • Deficiência neuro-sensorial da audição * não corrigível com cirurgia ou medicação References 1. 2. 3. 4. 5. Erenberg, A., Lemons, J, Sia, C., et all: Newborn and infant hearing loss: detection and intervention. American Academy of Pediatrics, 1999; 103 (2): 52730 Freeman, R.D., Carbin, C.F., Boese, R.J: Can’t your child hear? In: A guide for those who care about deaf children. Baltimore, MD: University press; 1981 Mayo Foundation for Medical Education and Research(MFMER), 1998-2002 Morton, N.E. Genetic epidemiology of hearing impairment. Ann NY Acad Sci 1991; 630: 16-31 Twefik,T.L., Teebi, A.S., Der Kaloustian, V.M. Syndroms and conditions associated with genetic deafness(eds). Congenital Anomalies of the Ear, Nose and Throat, Oxford University Press; 1997 1_3 Neurológicos • Doença de Alzheimer • Paralisia cerebral • Doença de Parkinson • Esclerose múltipla • Epilepsia • Lesões na espinal-medula • Spina Bífida • Hidrocefalia • Derrame 1_3_01 Doença de Alzheimer Definição A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, caracterizada por um declínio progressivo da memória, do pensamento, da compreensão, do cálculo, da linguagem, da capacidade de aprendizagem e da racionalidade. Os sintomas da doença de Alzheimer devem ser diferenciados do declínio proveniente do envelhecimento normal das funções cognitivas, que é mais gradual e conduz a incapacidades muito menores. Subcategorias A progressão da doença varia de pessoa para pessoa. A Doença de Alzheimer geralmente progride de ligeira a moderada e, depois, para grave. • Ligeira: a pessoa pode viver sozinha e funcionar regularmente bem. • Moderada: a pessoa apresenta maior dificuldade de viver normalmente sem um apoio externo. • Grave: nesta fase, geralmente a pessoa não é capaz de tomar conta de si própria. Incidência: Cerca de 5% dos homens e 6% das mulheres com mais de 60 anos de idade. Sintomas: Certos sinais da doença incluem: • Aumento e persistência do esquecimento • Dificuldades com o pensamento abstracto • Dificuldades em encontrar a palavra certa • Desorientação • Perda da razão • Dificuldade em desempenhar tarefas familiares • Alterações na personalidade Factores de risco • • • Idade: idade > 65 (raramente < 40) Hereditariedade Alguns factores sócio-ambientais Intervenção Até o momento não há cura para a Doença de Alzheimer. Entretanto, os cuidados tomados: • Mantém o funcionamento do indivíduo • Reduzem a incapacidade causada pela perda das funções mentais; reorganizam as rotinas de modo a maximizar o uso das funções conservadas • Minimizam sintomas como a depressão, a agitação e a desconfiança • Proporcionam apoio às famílias • Intervenções psico-sociais: * educação * apoio * aconselhamento e cuidados esporádicos , tanto para os pacientes como para os familiares • Medicação • Exercício References Alzheimer' s Disease Education and Referral Centre, (2001). Progress Report on Alzheimer' s Disease: Taking the Next Steps. Alzheimer' s Disease Education and Referral Centre (NIH Publication No. 00-4859), Silver Spring, MD. 1_3_02 Paralisia cerebral Definição A paralisia cerebral (PC) é um termo muito amplo usado para descrever a disfunção motora resultante de uma lesão cerebral nos primeiros tempos de vida. Subcategorias • Espastica: é o tipo mais comum; os grupos musculares apresentam um padrão dominante de contracção - a diplegia afecta os braços e as pernas, ainda que de forma desigual. - a hemiplegia afecta os membros de um só lado do corpo - a tetraplegia afecta os quatro membros - a monoplegia afecta apenas um membro - a triplegia afecta três membros • Atetósica (ou disquinética): afecta de 10% a 20% dos pacientes com PC. Caracteriza-se por movimentos lentos e descontrolados das mãos, dos pés, dos braços ou das pernas. Às vezes afecta os músculos da face e da língua, causando esgares e falta de controlo da saliva. Outras vezes, afecta os músculos que controlam a fala, originando disartria. • Atáxica: afecta de 5% a 10% dos pacientes com PC. Compromete o equilíbrio, a percepção de profundidade, a coordenação, a firmeza da marcha, originando um padrão de “marcha alargada”. Muitos têm dificuldades com movimentos rápidos ou precisos. Às vezes existe um tremor em movimentos intencionais. • Mista: 10 % dos pacientes apresentam dois ou mais tipos de PC. Causas A paralisia cerebral não é nem contagiosa nem hereditária. Algumas causas da paralisia cerebral incluem: • Infecções durante a gravidez (rubéola, citomegalovirus e toxoplasmose, infecções ginecológicas/urinárias) • Provisão insuficiente de oxigénio durante o trabalho de parto e o nascimento • Prematuridade • Complicações durante o trabalho de parto e o nascimento • Outros problemas de nascimento • Paralisia cerebral adquirida: 10% devido a lesões cerebrais durante os dois primeiros anos de vida, tais como infecções cerebrais (meningite e encefalite) ou traumatismos cranianos Incidência Frequência: 3.5 casos de PC/1000 nascimentos Sintomas Os sintomas da PC diferenciam-se de pessoa para pessoa e podem alterar-se ao longo do tempo. • convulsões • dificuldade chupar ou comer • salivação excessiva • respiração irregular • desenvolvimento atrasado das habilidades motoras, como apanhar, sentar, rolar, rastejar, andar … • retardo motor/mental • anormalidades visuais, auditivas e da linguagem • espasticidade • contracturas progressivas das articulações • repertório limitado de movimentos Intervenção Neste momento, a PC não pode ser curada, porém, graças às pesquisas médicas, muitos pacientes podem desfrutar de uma vida quase normal se as suas dificuldades forem apropriadamente administradas. References 1. 2. Grether, J.K., Nelson, K.B. Maternal infection and cerebral palsy in infants of normal birth weight. Journal of the American Medical Association, volume 278, number 3, July 16, 1997, pages 207-211. Pellegrino, Louis. Cerebral palsy, in Batshaw, M.L. (ed.), Children With Disabilities, Fourth Edition, Baltimore, MD, Paul H. Brooks Publishing Company, 1997, 499-528. 1_3_03 Doença de Parkinson Definição A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo frequente, que resulta da degeneração de células nervosas (neurónios) na área cerebral que controla os movimentos (substância negra). Esta degeneração acarreta a falta de produção de um elemento químico sinalizador cerebral (neurotransmissor), chamado dopamina, causando disfunções motoras. Causas Há muitas teorias sobre as causas, como: • doença hereditária de Parkinson • um ou vários factores ambientais Incidência • • mais frequente entre os 70 e os 80 anos de idade mais comum em homens do que em mulheres Sintomas Primeiros sintomas: tremor num dos membros, especialmente quando o corpo está em repouso. O tremor frequentemente começa num dos lados do corpo, principalmente numa das mãos. Outros sintomas comuns incluem: • movimentos lentos (bradiquinesia) • inabilidade para a locomoção (aquinesia) • rigidez nos membros • arrasta o passo ao andar • postura estática • expressão facial reduzida • fala com voz fraca • depressão e demência Intervenção Ainda não há cura para a Doença de Parkinson. Os pacientes são tratados com medicação. References 1996 National Human Genome Research Institute (NHGRI) and the National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS) at the National Institutes of Health (June 1997 NHGRI) 1_3_04 Esclerose múltipla Definição A Esclerose Múltipla (EM) é um distúrbio degenerativo do sistema nervoso central. É uma doença crónica e potencialmente debilitante que afecta o cérebro e a espinal-medula (o sistema nervoso central). Subcategorias • Benigna. Em 10-15% das pessoas com EM, os sintomas variam de ligeiros a moderados, não pioram e não conduzem à incapacidade permanente. • Degenerativa-intermitente. Uma ou duas crises de EM ocorrem a cada 1, 2 ou 3 anos, seguidos a períodos de interrupção. As crises aparecem repentinamente e duram algumas semanas ou meses e, então, desaparecem gradualmente. Os sintomas podem ser cumulativos em cada repetição. 75% das pessoas começam com este tipo de EM e mais da metade terá esta forma da doença, pelo menos uma vez. • Progressiva Primária. (EMPP) Em 15% das pessoas com EM, a degeneração ocorre sem períodos de interrupção, após o aparecimento dos primeiros sintomas. • Progressiva secundária. Normalmente, depois de alguns anos de Esclerose Múltipla Degenerativa-intermitente, pelo menos metade das pessoas entra num estágio de deterioração contínua. Podem ocorrer recaídas súbitas que se sobrepõem a um estágio degenerativo contínuo. • Degeneração progressiva. Em 10% das pessoas com EM, a EMPP é acrescida de ocorrências repentinas de novos sintomas ou do agravamento dos sintomas já existentes. Causas Existe a probabilidade de que a doença seja auto-imune, o que significa que o sistema imunitário responde como se uma parte do corpo fosse um elemento estranho. Na EM, o corpo envia anticorpos e glóbulos brancos contra as proteínas existentes na bainha de mielina que circunda os neurónios e a espinal-medula. Isto causa inflamação e lesão na bainha e, por fim, nos nervos. O resultado pode ser a deterioração (esclerose) de múltiplas áreas. Os danos reduzem ou bloqueiam a coordenação muscular, a percepção visual e outros sinais nervosos. Incidência ¾ no sexo feminino, ¼ no sexo masculino Sintomas Os sintomas da EM variam dependendo da localização das fibras nervosas afectadas. Os sinais e os sintomas podem incluir: • torpor, fraqueza ou paralisia de um ou de vários membros • sensações esporádicas de dor, de adormecimento ou de choques eléctricos • tremor, falta de coordenação ou marcha insegura • visão deficitária, muitas vezes com dores durante o movimento dos olhos • movimentos desordenados dos olhos, causando visão dupla ou um campo instável de visão • fadiga • vertigem • • declínio cognitivo problemas de intestino e bexiga e disfunção sexual À medida em que a doença piora, podem desenvolver-se espasmos musculares, fala desarticulada, perda de visão, problemas de bexiga e de intestino, disfunção sexual e paralisia. Podem também ocorrer alterações mentais, como perturbações da memória ou confusão. Factores de risco Os seguintes factores podem aumentar o risco do desenvolvimento da EM: • Hereditariedade • Factores ambientais: muitos vírus e bactérias podem estar associados com a EM e podem accionar a doença, em pessoas susceptíveis a ela. References Medline medical encyclopaedia Pathology and implications for exercise for persons with chronic disease and disability. Neurological Disorders. European Master Degree Adapted Physical Activity, course from A. Niewboer, 2002-2003 1_3_05 Epilepsia Definição A epilepsia é um distúrbio cerebral no qual alguns conjuntos de células nervosas, ou neurónios, algumas vezes dão sinais anómalos. O padrão normal da actividade neuronal é danificado, causando sensações, emoções e comportamentos estranhos ou, às vezes, convulsões, espasmos musculares e perda da consciência. Quando uma pessoa tem duas ou mais crises, considera-se que ela tem epilepsia. Causas Qualquer lesão no córtex cerebral pode causar a epilepsia, incluindo infecções, traumatismos cranianos, derrames e tumores. Sintomas • "Inconsciência" ou períodos de memória confusa • Episódios de ausência ou períodos injustificados de indiferença • Movimentos involuntários de braços e pernas • Percepção de sons estranhos e sensações episódicas de medo sem explicação • Crises As crises podem variar desde os breves lapsos de atenção ou pequenos espasmos musculares até convulsões severas e prolongadas. Também podem variar na frequência: de menos de uma crise por ano até várias por dia. Classificação das crises: * Crise parcial ou focal - Crise parcial (focal) simples: sem prejudicar a consciência - Crise parcial complexa: com prejuízo da consciência * Crise generalizada - convulsiva: crises tónicas, clónicas ou ambas - não-convulsiva: crise de ausência * Estado epilético : - 30 minutos de crise contínua sem pausa ou recuperação entre cada episódio - 5 minutos de convulsão contínua - 3 convulsões discretas dentro de uma hora References 1. 2. 3. Devinsky, O. A guide to understanding and living with epilepsy. Philadelphia: F.A. Davis Co, 1994 Freeman, J.M., Vining, E.P.G., & Pillas, D.J. (2002). Seizures and epilepsy in childhood: A guide for parents (3rd ed.). Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press WHO; fact sheet: 165 1_3_06 Lesão da espinal-medula Definição Uma lesão na espinal-medula ocorre quando um traumatismo resulta na lesão das células da espinal-medula ou afecta as ligações nervosas que conduzem os sinais nervosos de e para a espinal-medula. Subcategorias • Contusão: esmagamento da espinal-medula • Compressão: pressão sobre a espinal-medula • Lacerações: separação ou dilaceramento de algumas fibras nervosas • Síndrome Medular Central: lesão nas células nervosas e nas estruturas localizadas no centro da espinal-medula, na coluna cervical. Incidência 1.2-3/100 000 por ano Causas Traumáticas: 75% • fractura ou deslocamento da coluna • acidentes de transito, na prática desportiva, quedas, tentativas de suicídio, violência Não-traumáticas: 25% • mielites, doenças vasculares, esclerose múltipla, hérnias de disco e tumores Sintomas • paralisias frequentes • perda da sensibilidade • perda da função abaixo do ponto lesionado, incluindo actividades autónomas como a respiração e o controlo do intestino e da bexiga • espasmos musculares • disfunções sexuais • infecções urinárias • infecções pulmonares Intervenção O tratamento imediato das lesões na espinal-medula inclui técnicas para alívio imediato da compressão da medula (nas primeiras 8 horas após a lesão), aplicação de medicamentos com corticoesteróides para minimizar o dano das células e imobilização das vértebras para prevenir lesões adicionais. References 1. 2. 3. Adams, M. (2003). Towards therapy for spinal cord injuries. Spinal cord. Aug, 41(8): 425-6 American Association of Neurological Surgery (1999). Patient disorder: Spinal cord. Hughes, J.T. (1978). Pathology of the Spinal Cord. Philadelphia, Saundres. 1_3_07 Spina Bífida Definição A Spina Bífida (SB) é um defeito do tubo neural – que envolve o desenvolvimento incompleto sistema nervoso, em particular da espinal-medula e/ou de suas camadas protectoras. É causada pela falta de fechamento adequado do tubo neural do feto, durante o primeiro mês da gravidez. Subcategorias: 1. Spina Bífida Oculta: abertura em uma ou em várias vértebras da coluna, sem dano evidente à espinal-medula. 2. Meningocelo: as meninges ou a camada protectora da espinal-medula foram empurradas para fora, pela abertura das vértebras, numa “bolsa” chamada "meningocelo". Entretanto, a espinal-medula permanece intacta. Esta forma pode ser tratada com muito pouco ou nenhum dano às estruturas nervosas. 3. Mielomeningocelo: é a forma mais grave de SB, na qual uma porção da própria espinal-medula se encontra fora da coluna vertebral. Em alguns casos, a “bolsa” está coberta pela pele; em outros, o tecido e os nervos estão expostos. Causas • 10% por conexão familiar • Febre alta durante a gravidez • Mulheres com epilepsia que tomaram “ácido valproico” para controlar os ataques • Baixa quantidade de ácido fólico antes e durante o primeiro mês de gravidez Sintomas • fraqueza ou paralisia muscular abaixo da área onde ocorreu o fechamento incompleto • perda de sensibilidade abaixo da abertura • perda de controle do intestino e da bexiga • acumulação de fluido no cérebro, conhecido como hidrocefalia Intervenção Normalmente não é necessário nenhum tratamento para a Spina Bífida Oculta. Para a Meningocelo e a Mielomeningocelo, é necessária uma correcção cirúrgica logo após o nascimento. References 1. 2. McLone, D. (1998). An introduction to spina bifida. Washington, DC: Spina Bifida Association of America. Sandler, A. (1997). Living with spina bifida: A guide for families and professionals. Chapel Hill, NC: University of North Carolina Press. 1_3_08 Hidrocefalia Definição A Hidrocefalia é um acumulo excessivo de líquido céfalo-raquidiano no cérebro. Isto resulta numa dilatação anormal dos espaços cerebrais, chamados ventrículos, causando uma pressão prejudicial sobre os tecidos do cérebro. Subcategorias • Hidrocefalia congénita ou adquirida Congénita: presente no nascimento, causada tanto por influências ambientais durante o desenvolvimento fetal quanto por predisposição genética. Adquirida: desenvolve-se no momento do nascimento ou, posteriormente, por lesão ou doença. • Hidrocefalia comunicativa ou não-comunicativa Comunicativa: é a obstrução do líquido céfalo-raquidiano, que vaza para fora do sistema ventricular Não-comunicativa ou "obstrutiva": é a obstrução do líquido céfaloraquidiano, que vaza para dentro do sistema ventricular • A Hidrocefalia ex-vacuo e de pressão normal, afecta principalmente os adultos. Ex-vacuo: causada por derrame ou lesão traumática, quando existe uma lesão no cérebro Pressão normal: caracterizada por vários dos sintomas associados aos problemas do envelhecimento, como a perda da memória, a demência, a dificuldade de caminhar, a incontinência urinária e a redução generalizada da actividade. Causas: A Hidrocefalia pode ocorrer por • herança genética ou distúrbios do desenvolvimento • complicações do nascimento prematuro, como a hemorragia intra-ventricular • doenças como a meningite, os tumores e a Spina Bífida • Traumatismos cranianos Sintomas Os sintomas variam com idade, com a progressão da doença e com as diferenças individuais na tolerância ao líquido céfalo-raquidiano. Na infância: • aumento rápido da circunferência craniana ou tamanho excepcionalmente grande da cabeça • vómitos, sonolência, irritabilidade, pálpebras caídas e convulsões. Em crianças mais velhas e adultos: • dor de cabeça seguida vómitos • papiledema (inflamação do disco óptico, que faz parte do nervo óptico), visão obscurecida, diplopia (visão dupla) • problemas de equilíbrio, má coordenação, perturbações da marcha • incontinência urinária, lentidão ou falta de desenvolvimento, sonolência, alterações da personalidade ou da cognição, incluindo perda de memória Intervenção O tratamento muitas vezes inclui a colocação cirúrgica de um sistema de drenagem. Este sistema desvia o líquido céfalo-raquidiano de um ponto do sistema nervoso central para outra área do corpo, onde ele possa ser absorvido pelo sistema circulatório. References 1. 2. Mayo Foundation for Medical Education and Research (MFMER). What is Hydrocephalus? (2003) National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS): Hydrocephalus Fact Sheet: http://www.ninds.nih.gov 1_3_09 Derrame Definição Um derrame ou um "acidente vascular cerebral" (AVC) ocorre quando os vasos, que transportam o sangue com oxigénio e outras substâncias nutritivas a uma parte específica do cérebro, rompem-se ou ficam subitamente bloqueados. Quando o sangue não consegue alcançar as partes afectadas do cérebro, a provisão de oxigénio é cortada e as células cerebrais começam a morrer. Subcategorias Os derrames são classificados em dois tipos gerais: isquémicos e hemorrágicos. Derrames isquémicos (80 % de todos os derrames). Ocorrem quando há uma falta repentina de fluxo sanguíneo nalguma parte do cérebro, normalmente devido a um coágulo de sangue que bloqueia uma artéria ou um vaso sanguíneo. • Trombose cerebral (50%): o coágulo de sangue formado vai-se depositando na parede da artéria cerebral, até que se torne grande o suficiente para bloquear o fluxo sanguíneo. • Embolia cerebral (30%): os coágulos de sangue podem causar a isquemia e o enfarte. O coágulo formado numa outra parte do corpo viaja através dos vasos sanguíneos e fica alojado numa artéria cerebral; este coágulo móvel, chamado embolus, muitas vezes forma-se também no coração. Derrame Hemorrágico (20 % de todos os derrames). Ocorre quando há o rompimento de um vaso sanguíneo localizado dentro ou ao redor do cérebro, derramando sangue naquela área. Quando isto ocorre, as células alimentadas pela artéria não conseguem obter a sua provisão normal de substâncias nutritivas e deixam de funcionar adequadamente. A hemorragia cerebral ocorre com maior probabilidade em pessoas que sofrem de uma combinação de arteriosclerose e tensão arterial alta. • Hemorragia Subaracnoidal: é a hemorragia que ocorre nas meninges entre o cérebro e o crânio. • Hemorragia Intracerebral: é a hemorragia causada pelo rompimento de uma artéria defeituosa localizada dentro do cérebro, inundando de sangue o tecido circundante. Os derrames hemorrágicos são frequentemente causados pelo rompimento de um aneurisma (uma “protuberância" anormal de um vaso sanguíneo cerebral) ou por uma malformação venosa (disfunção num conjunto de vasos sanguíneos). No caso de um aneurisma, o ponto fraco da parede do vaso pode se manter funcional durante anos, até que a tensão sanguínea alta cause o seu rompimento. O aneurisma pode não acusar nenhum sintoma até o seu rompimento, no entanto, a malformação venosa pode ter muitos sintomas associados, incluindo convulsões, problemas neurológicos progressivos e fortes dores de cabeça, que não são curáveis por via medicamentosa. Factores de Risco • Idade - Dois terços dos derrames ocorrem em pessoas acima dos 65 anos de idade. • Género - Por razões que ainda não são claras, o derrame é 25 por cento mais comum em homens do que em mulheres • Etnia - A incidência do derrame varia entre as etnias, por razões provavelmente relacionadas a factores genéticos • Família ou História Individual – O histórico de doenças vasculares cerebrais numa família parece ser um factor que contribui para o derrame Sintomas • Repentino torpor ou paralisia da face, de um braço ou de uma perna, especialmente num dos lados do corpo • Confusão repentina, dificuldade na articulação ou na compreensão da fala • Dificuldade repentina de enxergar com um ou ambos os olhos • Dificuldade repentina de caminhar, vertigem, perda de equilíbrio e de coordenação • Dor de cabeça muito forte e repentina, sem causa conhecida Intervenção e incapacidades causadas pelos derrames Algumas incapacidades que podem resultar de um derrame incluem paralisia, défice cognitivo, problemas de fala, dificuldades emocionais, dor e problemas nas actividades da vida diária. Há três etapas de tratamento para os derrames: a prevenção; a terapia imediatamente após o derrame e a reabilitação pós-derrame. A terapia medicamentosa é o tratamento mais comum. References 1. 2. Hayes, S.H., Carrol, S.R. Early intervention care in the acute stroke patient. Arch. Phys. Med. Rehabil., 67:319-321, 1986 Mohr, J.P, Caplan, L.R, Melski, J.W, et al. The Harvard Cooperative Stroke Registry: a prospective registry. Neurology. 1978; 28:754-762. 1_4 Distrofia Muscular Definição A distrofia muscular refere-se a um grupo de doenças genéticas caracterizadas pelo enfraquecimento e degeneração progressiva dos músculos esqueléticos ou voluntários, que controlam o movimento. Em algumas formas de distrofia muscular, o músculo cardíaco e alguns outros músculos involuntários também são afectados. Subcategorias Intervenção Fisioterapia preventiva: • Contractura = é uma condição na qual, devido ao encurtamento dos músculos, as articulações assumem posições anormais e dolorosas. • Ortotese = é a utilização de aparelhos ortopédicos como suporte para o movimento Em alguns casos, pode ser necessária cirurgia ortopédica correctiva para a melhoria da qualidade da vida. Os problemas cardíacos que ocorrem com a doença Emery-Dreifuss e com a Distrofia Miotónica podem necessitar um pacemaker. A miotonia (dificuldade em relaxar um músculo após uma forte contractura) pode ser tratada com medicamentos. References 1. 2. 3. Congenital muscular dystrophy: searching for a definition after 98 years. Neurology, 2001 Apr 24; 56(8): 993-4 Current status of Duchenne muscular dystrophy. Pediatr Clin Nord Am. 1992 Aug; 39(4): 879-94 NINDS Muscular Dystrophy Information Page: http://www.ninds.nih.gov 1_5 Esqueléticos O esqueleto humano tem 206 ossos. Aproximadamente 70% dos ossos de um adulto são compostos de minerais; os 30% restantes são matéria orgânica, principalmente a proteína colagenio. Os ossos fornecem suporte ao corpo e ajudam a manter a sua forma. Protegem os órgãos contra as lesões e permitem o movimento. As articulações existem onde dois ossos se encontram, tornando o esqueleto flexível. Sem elas, o movimento seria impossível. Mesmo sendo tão fortes, os ossos podem se partir e uma lesão ou doença podem danificar as articulações. A manifestação de doenças humanas no sistema esquelético é comum. O esqueleto pode ser o alvo primário ou secundário da doença e a doenças pode ser congénita ou adquirida. • Doenças reumáticas • Osteoporose 1_5_01 Doenças reumáticas Definição As doenças reumáticas são caracterizadas pela inflamação e perda da função de uma ou de várias conexões ou estruturas de apoio do corpo. As articulações, os tendões, os ligamentos, os ossos e os músculos são particularmente afectados. Algumas doenças reumáticas podem também envolver órgãos internos. Há mais de 100 tipos de doenças reumáticas. Subcategorias - Exemplos de Doenças Reumáticas • Osteoartrite: é um tipo comum que afecta, inicialmente, a cartilagem. A cartilagem começa a decompor-se e pode se desgastar inteiramente, causando dores e rigidez nas articulações • Artrite reumatóide: esta doença inflamatória da sinovia (o revestimento da articulação) resulta em dor, rigidez, aumento de tamanho e perda da função da articulação. A maior parte das doenças que afectam as articulações das mãos e dos pés tende a ser simétrica. • Artrite reumatóide juvenil: é a forma mais comum desta doença na infância, causando dor, rigidez, inflamação e perda da função das articulações. Pode estar associada com irritações cutâneas ou febres e pode afectar várias partes do corpo. • Lupus Sistémico Eritematoso: ou, simplesmente lúpus, é uma doença auto-imune, em que o sistema imunológico ataca as suas próprias células e tecidos saudáveis, resultando em inflamação e lesão nas articulações, pele, rins, coração, pulmões e cérebro. • Spondiloartropatia: é um grupo de doenças reumáticas que afecta a coluna vertebral. A espondilite enquilosante, não só afecta a coluna vertebral como também pode afectar os quadris, os ombros, os joelhos, os tendões e os ligamentos em volta dos ossos. As articulações ficam inflamadas, resultando em dor e rigidez. A artrite reactiva ou a Síndrome de Reiter é outro tipo de spondiloartropatia. Desenvolve-se depois de uma infecção que envolva o tracto urinário inferior, o intestino ou outro órgão e, normalmente, associa-se com problemas nos olhos, irritações cutâneas e chagas da boca. • Artrite infecciosa: causada por agentes infecciosos, como bactérias ou vírus. • Polimiosite: causa inflamação e fraqueza nos músculos e afecta todo o corpo. Resulta em deficiência. • Bursite: inflamação da bursa (pequenas “bolsas” cheias de um fluido que ajuda a reduzir a atrito entre os ossos e outras estruturas móveis das articulações). Pode ser causada pela artrite da articulação ou pela lesão ou infecção da bursa. A Bursite causa dor e hipotonia e pode limitar o movimento próximo das articulações. • Tendinite: inflamação nos tendões causada por uso excessivo, lesão ou problema reumático, resultando em dor e hipotonia, restringindo o movimento próximo das articulações. Causas Há vários factores de risco para o desenvolvimento de uma doença reumática, como: histórico familiar (factores genéticos), fraqueza hereditária da cartilagem, tensão excessiva exercida sobre uma articulação por causa de repetidas lesões. O género é um outro factor em algumas doenças reumáticas. O Lúpus e a artrite reumatóide são mais comuns entre as mulheres. Isto indica que os homónimos ou outras diferenças entre homens e mulheres podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento desses problemas. Sintomas • Inchaço de uma ou de várias articulações • Rigidez em volta das articulações durante, pelo menos, 1 hora, no início da manhã • Dor constante ou recorrente numa articulação • Dificuldade de utilizar ou movimentar normalmente uma articulação • Calor e vermelhão numa articulação Intervenção Os tratamentos de doenças reumáticas incluem descanso e relaxação, dieta apropriada e medicação. É necessário que sejam fornecidas indicações sobre o exercício adequado e o uso correcto das articulações, a fim de conservar energia. Em casos mais graves, a cirurgia pode ser necessária. References 1. Oxford Textbook of Rheumatology, 2nd ed. Oxford Medical, 1999; 58: 67(Jan) 2. Questions and answers about Arthritis and Rheumatic Diseases. NIAMS, 2002: 3. http://www.niams.nih.gov 1_5_02 Osteoporose Definição A Osteoporose faz com que os ossos fiquem débeis e frágeis, às vezes a tal ponto que, mesmo esforços mínimos, como debruçar-se ou tossir, podem causar uma fractura. Causas • deficiências hormonais, distúrbios endócrinos, uso excessivo de corticosteróides • imobilização e doenças ósseas • histórico familiar e idade Incidência Afecta principalmente as mulheres mais velhas, embora os homens mais velhos também a possam adquirir. Sintomas Nos estágios iniciais, normalmente não há nenhuma dor ou sintoma. Uma vez que os ossos sejam enfraquecidos pela osteoporose, surgem: • dores nas costas • perda de altura dentro de algum tempo, acompanhada de uma postura inclinada • fracturas das vértebras, pulsos, quadris ou outros ossos Intervenção e Precauções Os tratamentos para a osteoporose visam diminuir ou parar a evolução da perda óssea, prevenindo as fracturas ao minimizar o risco de quedas e ao controlar a dor associada à doença. • terapia de reposição hormonal • exercícios regulares (caminhar, correr, dançar) • uma dieta que inclui uma quantia adequada de cálcio, Vitamina D e proteína • Não fumar nem beber álcool References 1. 2. International Osteoporosis Foundation (2003). Osteoporosis: What you need to know. http://www.osteofound.org Mayo Foundation for Medical Education and Research (MFMER), 2003. Osteoporosis. 1_6 Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento Definição O Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento (DCD) resulta de atrasos no desenvolvimento de habilidades motoras, que não estão relacionados com algum problema médico ou neurológico. Este diagnóstico é, às vezes, referido como Sindroma da Criança Desajeitada. Basicamente, o Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento é a falta da coordenação motora, necessária para uma criança desempenhar tarefas que são consideradas apropriadas para a sua idade. Causas Pode ser conjugada a outros distúrbios de aprendizagem (distúrbios da comunicação e da expressão escrita) Prevalência Cerca de 6% das crianças em idade escolar tem algum grau deste distúrbio. Sintomas • atrasos no sentar, rastejar e andar • défices na caligrafia • problemas em coordenação motora global • problemas em coordenação motora fina • desarmonia de movimentos • marcha oscilante Intervenção A educação física e o treino perceptivo-motor continuam a ser a melhor abordagem para este tipo de distúrbio de coordenação. References 1. 2. 3. Cantell MH, Smyth MM, Ahonen TP. 1994. Clumsiness in adolescence: Educational, motor, and social outcomes of motor delay detected at 5 years. Adapted Physical Activity Quarterly 11(2): 115–129 Henderson, L., Rose, P., Henderson, L.P. (1992). Reaction time and movement time in children with developmental coordination disorder. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 33, 895-905 Polatajko, H.J., Fox, M., Missiuna, C. (1995). An international consensus on children with developmental coordination disorder. Canadian Journal of Occupational Therapy, 62, 3-6 1_7 Outros • • Síndromes neurológicas Tiques 1_7_01 Síndromes neurológicas Síndrome do neurónio motor periférico A lesão pode estar localizada no corno anterior da medula, nos núcleos do tronco cerebral, na raiz de nervo ou no nervo periférico. • Paresia ou paralisia • Hipotonia ou atonia • Hiporreflexia ou arreflexia (reflexos tendinais) • Hipotrofia ou atrofia • Fasciculação dos músculos afectados Síndrome piramidal A lesão encontra-se localizada não só nas células do corno anterior mas pode estar também no cérebro, no tronco cerebral (e não só nos seus núcleos) ou na espinal-medula. • Paresia ou paralisia • Hipertonia • Hiper-reflexia e clonus • Desaparecimento dos reflexos abdominais • Aparecimento de reflexos patológicos. O mais importante é o sinal de Babinski Síndrome cerebelosa Síndrome do vermis • Perturbação do equilíbrio estático • Perturbação de equilíbrio ao caminhar Síndrome do hemisfério cerebeloso • Hipermetria (dedo no nariz, calcanhar no joelho, …) • Tremor intencional • Adiadococinesia • Hipotonia Síndrome vestibular • Vertigem • Vómitos • Nistagmus: a fase lenta é direccionada para o lado onde ocorreu a lesão • Perturbações do equilíbrio: - Teste de Romberg: o paciente cai em direcção ao lado da lesão - Teste de Marcha: o paciente desvia-se na direcção da lesão Síndrome paleoestrial A lesão está situada no globus pallidus e na substância negra. A Doença de Parkinson está associada a esta síndrome. • Rigidez • Bradiquinesia ou aquinesia • Tremor quando em repouso Síndrome neoestrial A lesão está situada no putamen e no núcleo caudato. A Corea de Sydenham ou corea de Huntington encontra-se associada com esta síndrome. • Movimentos de tipo coreicos ou coreo-atetosicos • Hipotonia References Neurological Disorders. European Master Degree Adapted Physical Activity, course from A. Niewboer, 2002-2003 1_7_02 Tiques Definição Um tique é um movimento, um gesto ou uma vocalização repentina, rápida, repetitiva e não ritmada. Um tique isolado é usualmente breve (por volta de um segundo). Um conjunto de muitos tiques tende a ocorrer num curto período, com um breve intervalo entre um conjunto e outro. Subcategorias: • Distúrbio de tique transitório: muitas vezes começa durante os primeiros anos escolares e não persiste por mais de um ano. Os tiques mais comuns incluem o piscar de olho, o franzir de nariz, os esgares e o estrabismo. • Distúrbio crónico do tique motor: pode ser observado em crianças e em adultos. Os tiques motores crónicos normalmente surgem durante os períodos de grande tensão ou fadiga. Dura muitos anos e têm um carácter invariável. • Síndrome de Tourette (ST): é caracterizada por múltiplos tiques vocais e pela presença de um movimento involuntário, repetitivo e despropositado de grupos musculares múltiplos. A vocalização inclui estalos, latidos, fungadelas, tosses e palavras. A incidência ocorre antes dos 18 anos de idade. Causas A causa básica é desconhecida. A pesquisa actual sugere que haja uma anormalidade nos genes, afectando o metabolismo dos neurotransmissores cerebrais (a dopamina, a serotonina e a norepinefrina). Factores psicológicos, como tensão ou ansiedade, também aparecem como agentes potenciais de risco. Incidência As crianças têm maior probabilidade desenvolver tiques. Os homens são mais afectados: a proporção aproximada de homens para mulheres é de 9:1. Sintomas • tiques faciais - piscar de olho, franzir o nariz, esgares • movimentos de cabeça, estiramento do pescoço, batimento de pé, oscilações do corpo • emissão involuntária de sons como fungar, limpar a garganta e grunhir Intervenção A maioria das pessoas com tiques não necessita de medicação. Entretanto, a medicação é útil quando os sintomas interferem no funcionamento da pessoa. A psicoterapia e as técnicas de relaxação ajudam o indivíduo a lidar melhor com o distúrbio. Em muitos casos, o problema melhora com a idade. References 1. 2. Janovic, J. Rohaidy, H. (1987). Motor, behavioural and pharmacologic findings in Tourette’s syndrome. Canadian Journal of Neurological Science, 14, 541-546 Lang, A. (1991). Patient perception of tics and other movement disorders. Neurology, 41, 223-228 2_1 Cardiovascular • Doença cardíaca isquémica • Doença cardíaca valvular adquirida • Doenças cardíacas congénitas • Hipertensão cardíaca • Arritmia 2_1_01 Doença cardíaca isquémica Definição A doença cardíaca isquémica, também conhecida como Doença da Artéria Coronária, é um problema que afecta a provisão de sangue enviada ao coração. Há uma redução no fluxo de sangue coronário, ligado a um estreitamento ou bloqueio dos vasos sanguíneos devido a placas de colesterol existentes em suas paredes. Causas Um ou vários factores podem actuar no desenvolvimento da doença cardíaca isquémica: predisposição genética ou familiar; género (os homens têm maior probabilidade serem afectados); hipertensão; fumo; hipercolesterolemia (altos níveis de colesterol); estilo de vida sedentário; diabetes e tensão (stress). Sintomas • dor no peito, que pode irradiar pelo braço esquerdo, para a axila ou para as costas • impressão de sentir o coração bater (palpitações) • pulso irregular ou rápido • respiração rápida, ocorrendo depois se estar deitado por algum tempo • tosse • fadiga e fraqueza • inchaço geral As manifestações das doenças cardíacas isquémicas são: • Angina peitoral: uma isquémia passageira conduz à sensação de pressão, aperto ou peso no peito durante 1 a 3 minutos, normalmente provocados por exercício. • Enfarto do miocárdio: ocorre quando uma placa, que está a obstruir o fluxo de sangue ao músculo cardíaco, corta a provisão de sangue por alguns minutos. Este corte conduz à necrose do miocárdio. • Morte repentina: a primeira manifestação da doença cardíaca isquémica pode ser a própria morte. Intervenção • tratamento com medicação: beta-bloqueantes e nitratos • tratamento cirúrgico: colocação de bypass na artéria coronária • Angioplastia coronária percutanea transluminal • Tratamento dos factores de risco References 1. 2. Falk, E., Shah, P.K., Fuster, V. Coronary plaque disruption. Circulation 1995, 92: 657-71 Web Health Centre. Ischemic Heart Disease: http://www.webhealthcentre.com 2_1_02 Doença cardíaca valvular adquirida Definição As válvulas cardíacas (aórtica, mitral, pulmonar e tricúspida) podem falhar no regulamento do fluxo sanguíneo, tanto por causa de um fechamento incompleto quanto de uma abertura limitada. Ambos os problemas podem interferir seriamente na capacidade do coração de bombear o sangue através das cavidades do coração. Subcategorias: Os problemas de válvula cardíaca apresentam duas categorias: • Estenose: a abertura da válvula é demasiado estreita e isto interfere na passagem do fluxo sanguíneo • Refluxo: a válvula não fecha apropriadamente. Ela vaza, às vezes causando um retorno significativo de sangue. Causas A doença cardíaca valvular pode ser congénita. Pode ser causada por uma lesão do músculo cardíaco, resultante de uma doença reumática em indivíduos jovens ou de uma degeneração da válvula em idosos. Sintomas • fraqueza e falta de ar durante um esforço • batida acelerada do coração • desconforto no peito • inchaço nas pernas • às vezes assintomática Intervenção Tratamento por medicação com beta-bloqueantes e digoxina Cirurgia: restauração da válvula (valvuloplastia) ou substituição (por uma mecânica ou por uma feita, em parte, da válvula do porco) References 1. 2. Morphological aspects of valvular heart disease: Part 1. Curr Probl Cardiol. 1984, Oct, 9(7): 1-66 The Merck Manual of Medical Information-Home Edition. Section 3. Heart and Blood Vessels Disorders, chapter 19. Merck and Co, INC, 2000 2_1_03 Doenças cardíacas congénitas Definição As doenças cardíacas congénitas são malformações no coração, devido a uma deficiência no desenvolvimento normal do coração do embrião, que ocorre durante as dez primeiras semanas da gravidez. Pode afectar diferentes partes ou funções do coração. A malformação pode ser tão subtil que o bebé parece saudável por muitos anos depois do nascimento ou tão severo que a sua vida corre perigo imediato. Subcategorias: Muitos distúrbios cardíacos podem estar presentes no nascimento, tanto herdados quanto adquiridos no útero. • Lesões obstrutivas: estenose da válvula pulmonar; estenose aórtica; estrangulamento da aorta • Comunicações entre a circulação esquerda e direita = malformação átrio-septal; malformação ventricular septal; persistente ductus arteriosus • Bloqueio completo do átrio ventricular = provocado por dissociação entre a estimulação eléctrica do átrio e os ventrículos • Distúrbios mais complexos: tetralogia de Fallot, estenose subaórtica e atrosia pulmonar Causas • deficiência cromossomática no início da gravidez • exposição do embrião a agentes teratogenicos (rubéola; consumo de álcool; infecção por vírus; radiação; contacto com determinados produtos químicos) • hereditariedade • na maior parte dos casos, por razões desconhecidas Incidência Aproximadamente 1 por cento dos nascimentos Sintomas • ganho de peso não intencional • inchaço dos pés e dos tornozelos • veias do pescoço salientes • respiração curta - depois de actividade - depois de estar deitado durante algum tempo • dificuldade de sono • fadiga e fraqueza • pulso irregular ou rápido Intervenção Os objectivos do tratamento incluem a redução da carga de trabalho do coração, do controle do excesso de sal e da retenção de líquidos e a melhoria da função cardíaca. • diagnóstico de esforço • medicação • procedimentos médicos (colocação de cateter ou cirurgia) Em casos avançados ou quando a falha cardíaca ocorre repentinamente (crise cardíaca aguda), é recomendado o repouso ou a redução da actividade física para minimizar a carga de trabalho do coração. References Cardiac disorders - Pathology and Implications of Exercise for Persons with Chronic Diseases and Disabilities. European Master Degree Adapted Physical Activity, course from Prof. Dr. R.Fagard, 2002-2003 2_1_04 Hipertensão Definição A doença hipertensa cardíaca é uma complicação tardia da hipertensão que afecta o coração. A hipertensão é definida como SBP ≥ 160 and/or BBP ≥ 95 mm Hg. (OMS) Subcategorias: Hipertensão primária Hipertensão secundária Causas Hipertensão primária: nenhuma causa detectável (interacção entre factores genéticos e ambientais) Hipertensão secundária: causas detectáveis: doença renal, estenose da artéria renal, obesidade, diabetes millitus Incidência A hipertensão ou a tensão alta está presente em aproximadamente 10-15 % da população Ocidental Sintomas A ocorrência de uma crise cardíaca é um resultado possível da hipertensão. Os sintomas desta crise incluem: • Respiração ofegante, especialmente com a actividade • Despertar durante a noite com falta de ar • Sentir necessidade de dormir com a cabeça elevada para evitar a falta de ar • Pulso rápido ou irregular • Tosse, que pode produzir um muco espumoso ou com sangue • Inchaço dos pés e tornozelos • Aumento da frequência de urinar durante a noite Intervenção Tratamento médico: diuréticos, beta-bloqueantes, bloqueadores do canal de cálcio, angiotensina e vasodilatadores directos. A tensão sanguínea deve ser verificada regularmente para controlar o problema. Modificações no estilo de vida: • Perda de peso e dieta específica • Exercício • Modificações dietéticas (aumento da ingestão de frutas, verduras e produtos com pouca gordura) • Redução do consumo excessivo de álcool e fumo References Cardiac disorders - Pathology and Implications of Exercise for Persons with Chronic Diseases and Disabilities. European Master Degree Adapted Physical Activity, course from Prof. Dr. R. Fagard, 2002-2003 2_1_05 Arritmia Definição Arritmia é qualquer alteração no ritmo normal do batimento cardíaco. Subcategorias Há três tipos de perturbações no ritmo cardíaco: • Taquicardia = o coração bate demasiado rápido; a média do batimento cardíaco é de 100 batidas por minuto • Bradicardia = o coração bate demasiado lento; a média do batimento é de menos de 60 batidas por minuto • Batimento irregular: salta um batimento ou dá um batimento extra ou prematuro. Causas • Doença cardíaca, em particular a doença da artéria coronária, o funcionamento anormal da válvula cardíaca e paragem cardíaca. • Uso excessivo de álcool, fumo, cafeína, tensão ou exercícios. • Por vezes, não há nenhuma razão conhecida Sintomas • Impressão de sentir o coração bater • Cansaço • Vertigem • Dor no peito • Encurtamento da respiração • Modificações na frequência, no ritmo ou no padrão da pulsação • Palidez A pessoa pode não ter sintomas. O primeiro sintoma pode ser uma paragem cardíaca repentina, que necessita de RCR. Intervenção Tratamento de urgência • "choque" elétrico (desfibrilação ou cardioversão), • implantação temporária de um pacemaker para interromper rapidamente a arritmia (controlo da sobrecarga) • administração intravenosa de medicamentos Tratamento a longo prazo: • medicação diária (medicação antiarritmica, medicação para acelerar ou diminuir a velocidade dos batimentos cardíacos...) • ablação com cateter de radiofrequência References American Heart Association. Fighting heart diseases and stroke: What are arrhythmias? http://www.americanheart.org 2_2 Respiratória • • Doença obstrutiva pulmonar crónica Asma 2_2_01 Doença obstrutiva pulmonar crónica Definição A doença obstrutiva pulmonar crónica é um termo genérico usado para descrever a obstrução da corrente de ar que está associada principalmente com a bronquite crónica e o enfisema. • A Bronquite Crônica é uma doença inflamatória que começa nas vias aéreas mais pequenas e gradualmente avança para as vias aéreas maiores dos pulmões. Ela aumenta o muco nas vias aéreas e aumenta as infecções bacterianas nos brônquios, que, por sua vez, impede a passagem do ar. • O Enfisema causa danos irreversíveis no pulmão, enfraquecendo-o e rompendo os alvéolos. Como resultado, a elasticidade do tecido pulmonar é perdida, causando o colapso das vias aéreas e a obstrução do fluxo de ar. Causas • Fumo durante longo prazo de tempo (80-90 %) • Hereditariedade • Fumo indirecto • Exposição à poluição do ar no trabalho e no ambiente • Histórico de infecções respiratórias na infância Incidência Segundo o Relatório Mundial de Saúde 2000, as cinco doenças respiratórias mais frequentes são responsáveis por 17.4 % de todas as mortes e 13.3 % pela redução da expectativa de vida. Sintomas • tosse crónica • tensão no peito • encurtamento da respiração • esforço aumentado para respirar • produção aumentada de muco • limpeza frequente da garganta Intervenção É importante identificar e tratar a doença obstrutiva pulmonar crónica o mais rápido possível. Infelizmente, o seu diagnóstico é frequentemente feito quando os pacientes já estão no final dos seus 50 ou 60 anos de idade. Por isso, o objectivo de qualquer médico que trata de pessoas com esta doença deve ser o de aliviar os sintomas dos seus pacientes, para ajudá-los a lidar melhor com os efeitos da doença e viver o mais completa e activamente possível. Se os pacientes forem acompanhados de perto por especialistas, para desenvolver um programa completo de cuidados respiratórios, eles podem: • Melhorar a função pulmonar • Reduzir as hospitalizações • Prevenir episódios agudos • Minimizar a deficiência • Retardar a morte prematura References 1. 2. American Lung Association: Breathless in America-Background on COPD, Feb., 2001 Petty, T.L. A new national strategy for COPD. J. Resp. Dis. 1997; 18(4): 365-369 2_2_02 Asma Definição A asma é uma doença pulmonar crónica obstrutiva do pulmão, caracterizada pela hiperactividade e pela obstrução normalmente reversível das vias aéreas. As vias aéreas pulmonares ficam bloqueadas, fazendo com que os pulmões captem menos ar do que o normal. Causas A asma resulta de uma inflamação dos brônquios, causando uma restrição da corrente de ar e uma hiper-responsividade do pulmão. Quando a asma conduz a problemas respiratórios, isto é chamado de ataque de asma ou episódio da asma. O ataque de asma pode ser causado por algo que irrita os pulmões: desencadeadores de asma. Esses desencadeadores estão divididos em duas categorias principais: alérgicos e irritantes. Incidência Nos últimos 20 a 30 anos, a incidência da asma aumentou em aproximadamente 50 %, em cada dez anos. Factores ambientais e de estilo de vida, como as infecções infantis e a exposição ao ar poluído, podem ser parcialmente responsável pelo aumento observável da incidência da doença alérgica. Países da Europa Ocidental: a incidência das aero-alergias em crianças de 7 a 12 anos aumentou 30 %. Sintomas Os sintomas de um ataque de asma podem ser: • dificuldade em respirar • sensação de aperto no peito • tosse • chiado • dispneia Intervenção Depende principalmente de medicação, identificação e afastamento de estímulos que desencadeiam os ataques. É essencial que a pessoa saiba o que fazer diante de um episódio de asma. References Steerenberg, P.A., Loveren, H.; Vandebriel, R.J., Vos, J.G., Opperhuizen, A. The prevalence of asthma and allergy increases: a world-wide problem. Amsterdam JGC van 30 p in English, 2000 2_3 Metabólico • • • Diabetes Obesidade Doença renal 2_3_01 Diabetes Definição A diabetes, ou mais especificamente diabetes mellitus, é um distúrbio do metabolismo de hidratos de carbono, caracterizado por: • altos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia) • presença de açúcar na urina (glicosuria) Ela se desenvolve quando há uma produção inadequada de insulina pelo pâncreas ou uma utilização inadequada da insulina pelas células. A insulina é uma hormona que é necessária para converter o açúcar, o amido e os alimentos em energia necessária para a vida diária. Subcategorias Há dois principais tipos de diabetes: • Tipo I ou diabetes juvenil: o corpo não produz nenhuma insulina. Este problema ocorre mais frequentemente em crianças e jovens – os insulino-dependentes. • Tipo II ou diabetes da fase adulta: o corpo não pode produzir insulina suficiente ou utilizá-la correctamente – são os não-insulino-dependentes. Causas A hereditariedade parece desempenhar o papel principal tanto no Tipo I quanto no Tipo II de diabetes. Diabetes Tipo I Com a Diabetes Tipo I, as células beta do pâncreas são destruídas. A destruição pode ser causada: • pelo sistema imunitário do corpo, • pelo aumento da susceptibilidade da célula beta a vírus, ou • pela degeneração da célula beta Diabetes Tipo II A causa é um mistério, embora tanto os factores genéticos como ambientais (obesidade e falta de exercício) pareçam ter a sua importância. A Diabetes Tipo II é normalmente diagnosticada depois dos 30 anos de idade e 75 % dos indivíduos com este tipo é obeso ou tem um histórico de obesidade. O surgimento da doença é mais gradual e as causas são mais difíceis de serem detectadas. É, muitas vezes, caracterizada por alguma das três principais anormalidades metabólicas: • Atraso ou deficiência da secreção de insulina • Resistência à insulina nos tecidos responsivos à insulina, incluindo os músculos • Excessiva produção de glicose pelo fígado Incidência A incidência da diabetes aumenta com a idade. Afecta mais de 25 % da população com mais de 85 anos de idade. A distribuição aproximada das pessoas com diabetes é: • Diabetes Tipo I: 10 % a 15 % • Diabetes Tipo II: 85 % a 90 % Sintomas Sintomas da diabetes Tipo I: • Perda de peso, apesar de um aumento do apetite • Aumento da sede • Aumento da micção • Fadiga • Visão embaciada Sintomas da diabetes Tipo II: • Aumento da sede e do apetite • Aumento da micção • Adormecimento ou torpor nas mãos ou pés • Fadiga • Dificuldades na cicatrização • Impotência em homens Intervenção Os passos mais importantes para o cuidado com a diabetes são: acompanhamento e controle diário dos níveis de açúcar no sangue, dieta própria, medicação e exercício. A actividade física e o exercício devem ser diferentes para as pessoas com o Tipo I e para as pessoas com o Tipo II. As pessoas com o Tipo I devem consultar um médico para saber o que é necessário para prevenir os baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia) durante e depois do exercício. Indivíduos com o Tipo I, sem complicações, não necessitam restringir a actividade física, desde que os níveis de açúcar no sangue sejam apropriadamente controlados. References Diabetes and exercise. European Master Degree Adapted Physical Activity, course from Prof. M. Goris, 2002-2003 2_3_02 Obesidade Definição A obesidade é definida como uma quantidade excessivamente alta de gordura ou de tecido adiposo em relação à massa magra do corpo. Os homens, com mais de 25 % de gordura corporal e as mulheres, com mais de 35 %, devem ser considerados obesos. A distribuição da gordura corporal pode ser avaliada através das medidas das pregas de pele, da proporção da circunferência cintura-quadril, ou das técnicas como o ultra-som, a tomografia computadorizada ou a imagem por ressonância magnética. Subcategorias O Índice de Massa Corporal (IMC) exprime a relação (ou a proporção) peso-altura. É uma fórmula matemática na qual o peso do corpo de uma pessoa, em quilogramas, é dividido pelo quadrado da sua altura, em metros. Considera-se excesso de peso quando o indivíduo tem um IMC compreendido entre 25.0 e 29.9. Considera-se obesidade quando o indivíduo tem um IMC de 30.0 ou mais. Causas • um desequilíbrio envolvendo uma ingestão excessiva de calorias e/ou uma actividade física inadequada • desequilíbrio hormonal • principalmente por doenças orgânica e genéticas que afectam o metabolismo das gorduras • idade (o risco é maior com o avanço de idade) • género (as mulheres têm maior risco) • certas medicações • trauma psicológico e fisiológico Incidência No ano 2000, a estimativa era de aproximadamente 300 milhões de adultos obesos no mundo inteiro. 8 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade tinham, igualmente, excesso de peso. Complicações • Hipertensão • Doenças cardíacas • Diabetes • Cancro • Artrite degenerativa • Problemas respiratórios como a asma e a apnéia de sono • A obesidade durante a gravidez está associada ao risco de morte tanto da mãe quanto do bebé. Intervenção A obesidade é uma doença séria que pode levar a muitas complicações médicas. A obesidade e o excesso de peso estão associados com uma elevada média de mortalidade. Esta relação é exponencial e ocorre um grande aumento de risco quando o índice de massa corporal excede o valor de 30. O tratamento pode incluir uma combinação de dieta, exercício, modificações comportamentais e algumas medicações. Em casos extremos a cirurgia pode ser recomendada. References 1. 2. National Institutes of Health. Clinical guidelines on the identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults. Bethesda, Maryland: Department of Health and Human Services, National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute, 1998 Van Peteghem, A., Varray, A., Gosselink, R., Troosters, T. Comparison of two individualised training programmes for obese children. European Bulletin of Adapted Physical Activity Volume I, Issue 1 October 2002. http://www.bulletin-apa.com 2_3_03 Doença renal Definição O estado final das doenças renais é a perda da função do rim, ao ponto de uma severa redução da limpeza de produtos que deveriam ser necessariamente expelidos do sangue. Isto normalmente ocorre devido a uma falha renal crónica, que progride até a função do rim chegar a menos de 10% da linha de base. Causas O estado final das doenças renais é atingido quando os rins não são mais capazes de funcionar a um nível que é necessário para a vida diária. A falha da função renal aparece como consequência de algumas doenças, entre as quais a principal é a diabetes. Outros factores que contribuem para esta doença são: • hipertensão • glomerulonefrite (inflamação do rim) • rins policísticos • cancro renal • pedras no rim • certas drogas Incidência • A ocorrência desta doença vem crescendo consideravelmente em todo o mundo, com grandes diferenças nas suas manifestações. • As taxas de ocorrência e incidência diferenciam-se, ao nível mundial, devido a várias razões Sintomas • perda não intencional de peso • náusea, vómitos • mal-estar geral • fadiga • coceira generalizada • produção muito reduzida de urina • aparecimento fácil de hematomas ou hemorragias • falta de energia, sonolência, letargia • contracção ou crispação muscular • pele com aparência amarela ou castanha • sensibilidade reduzida nas mãos, pés ou outras áreas Intervenção O estado final das doenças renais resulta em anormalidades metabólicas severas, como: • acidose metabólica • hipertensão • hipertofia ventricular esquerda • anemia • neuropatia periférica • enfraquecimento muscular • disfunção autónoma A falha da função renal, em algumas fases agudas e em todas as fases crónicas, necessita de tratamento médico para preservar a vida. Há três opções de tratamento: hemodiálise, diálise peritonial e transplante de rim. References 1. 2. Maisoneueve, P., Agonda, L., Gellert, R. at al. Distribution of Primary Renal Disease. Am.J.Kidney Disease (2000) Vol.35 No.1:157-165 Kopple, J.D. Rationale for an International Federation of Kidney Foundations. Am.J.Kidney Disease (2000) Vol.36 No.5: 1059-1070 2_4 Outros • • Cancro Fibrose cística 2_4_01 Cancro Definições O cancro é mais comummente definido como um crescimento anormal e incontrolado de células que antes constituíam tecidos normais. Sub-categorias Há pelo menos 200 tipos diferentes de cancros. Eles podem desenvolver-se em quase qualquer órgão, fluido ou tecido. Alguns cancros afectam as células sanguíneas e os nódulos linfáticos; alguns afectam a pele; os outros afectam os ossos, o músculo ou o tecido nervoso. Causas Em geral, o cancro parece ser causado pela regulação anormal do crescimento das células. Basicamente, o crescimento das células no corpo é estritamente controlado - as novas células são feitas conforme o necessário para substituir as mais velhas ou para desempenhar as funções necessárias. As células morrem quando ficam danificadas e/ou não são mais necessárias. O cancro pode ocorrer quando o equilíbrio entre o nascimento e a morte das células é desordenado. Os problemas na regulação do crescimento das células podem ser causados por anormalidades do sistema imunitário, por algumas alterações genéticas hereditárias e por certos vírus. Outras causas potenciais de cancro incluem: • Radiação • Luz Solar • Fumo • Dieta Incidência O cancro é uma das principais causas de morte no mundo. Ultimamente, o aperfeiçoamento na detecção, no diagnóstico e no tratamento de muitos tipos de cancro aumentaram a taxa de sobrevivência. Sintomas Os sintomas do cancro dependem do tipo e da localização do tumor. Alguns cancros podem não ter absolutamente nenhum sintoma. Contudo, os sintomas seguintes são bastante comuns: • Calafrios • Suores nocturnos • Perda de peso • Perda de apetite • Fadiga • Mal-estar • Hemorragia ou perda anormal de sangue Intervenções O tratamento varia, baseado no tipo de cancro e no seu estado de evolução. O estado de um cancro depende do quanto ele cresceu e do quanto o tumor se espalhou a partir da sua localização original. Se o cancro está confinado num local e não se espalhou, o objectivo do tratamento pode ser a cirurgia e a cura. Este é o caso, muitas vezes, dos cancros de pele. Se o tumor se tiver disseminado apenas aos nós linfáticos, às vezes estes também podem ser eliminados. Se nem todo o tumor puder ser removido com a cirurgia, as opções de tratamento incluem a radioterapia, a quimioterapia ou ambas. Alguns cancros necessitam de uma combinação de cirurgia, rádio e quimioterapia. References 1. 2. National Cancer Institute. Cancer Facts: Questions and Answers, 2003. http://www.nci.nih.gov Salmon, E..S., Sartorelli, A.C. (1998) Cancer Chemotherapy. IN Basic & Clinical Pharmacology, Appleton & Lange: 881-915. 2_4_02 Fibrose cística Definição A Fibrose Cística (FC) é um distúrbio que põe em risco a vida e que afecta principalmente o sistema respiratório (vias aéreas e pulmões) e o sistema digestivo (estômago, intestinos e outros órgãos envolvidos no processo digestivo). O problema afecta as glândulas que produzem os mucos, as lágrimas, o suor, a saliva e os sucos digestivos. Normalmente, estas secreções são finas e oleosas, mas com a FC elas se tornam grossas, pegajosas e conduzem à obstrução dos tubos, dos ductos e das passagens, principalmente dos nos pulmões e do pâncreas. Causas A FC é uma doença genética hereditária. Um gene defeituoso, conhecido como gene recessivo, altera a proteína que regula a condução normal de sal (cloreto de sódio) para dentro ou fora das células. Para manifestarem esta doença, as crianças precisam herdar este gene, tanto da mãe quanto do pai. Incidência Se duas pessoas que transportam o gene defeituoso conceberem uma criança, há 25% de probabilidade de a criança ter FC, 25% de não ter FC e 50% de ser transportadora do gene. Sintomas • gosto salgado da pele • problemas de higiene fecal • tosse ou chiado crónicos • pólipos nasais • saliva grossa • crescimento atrasado • frequentes infecções respiratórias, como pneumonia e bronquite Intervenção Não há cura para a FC. Há muitos tratamentos que eliminam os sintomas e as complicações. O objectivo principal deve ser o tratamento das infecções, manter os pulmões sem secreções, melhorar a ventilação e manter uma dieta adequada de calorias e nutrientes. Para atingir estes objectivos, o tratamento pode incluir fisioterapia, ginástica respiratória, exercício e medicamentação. O tempo médio de vida dos pacientes com FC é cerca de 30 anos. References Mayo Foundation for Medical Education and Research: Cystic fibrosis. http://www.mayoclinic.com 3_1 Autismo Definição O autismo é um distúrbio crónico e severo de desenvolvimento, que ocorre antes dos 3 anos de idade. Manifesta-se pela falta de responsividade da pessoa no contacto com as outras, pela deficiência severa na comunicação e por um comportamento bizarro e estereotipado. Afecta o desenvolvimento normal do cérebro, no que diz respeito às habilidades sociais e de comunicação. Causas A pesquisa mostra que o autismo se encontra ligado a: • anomalias na estrutura ou função cerebral • desequilíbrio metabólico e nutritivo • exposição a produtos químicos durante a gravidez • não-tratamento da fenilcetonúria, da rubéola e da síndrome de mal-absorção intestinal • factores genéticos • qualquer agressão ao embrião pode contribuir para o autismo Incidência Na população em geral, o autismo afecta até 0.2% das crianças, mas o risco de se ter um segundo filho autista aumenta em mais de 50 vezes para 10-20 %. Um gémeo idêntico também tem maior probabilidade de ser autista do que um gémeo não idêntico ou outro irmão. O autismo afecta 3 a 4 vezes mais os rapazes do que as raparigas. Sintomas Alguma combinação das seguintes áreas pode ser afectada em graus variáveis: • Comunicação: Incapacidade de começar ou manter uma conversação; a linguagem ou não se desenvolve ou se desenvolve lentamente; repetição de palavras; repetição de pronomes; comportamento rítmico sem sentido; comunicação através de gestos em vez de palavras; curta duração da atenção. • Interacção social: Falta de empatia; dificuldade em fazer amigos; retracção; preferência por despender o tempo sozinho e não com os outros, pouco responsivo a estímulos sociais, tais como o contacto visual ou o sorriso. • Deficiência sensorial: Tem pouca ou excessiva sensibilidade visual, auditiva, táctil, olfactiva ou gustativa; leva os objectos à boca; esfrega-se nas superfícies; responde vagamente à dor; assusta-se pouco diante de ruídos altos. • Jogo: reduzida capacidade para jogos de faz-de-conta e de imaginação; reduzida capacidade de imitar as acções alheias; preferência por jogos solitários ou ritualistas. • Comportamento: movimentos corporais repetitivos; crises de ira; poucos interesses; preservação (interesse obsessivo num único item, ideia, actividade ou pessoa); aparente falta de senso-comum; pode ser agressivo consigo próprio ou com os outros; pode ser hiperactivo ou muito passivo. Intervenção Uma intervenção precoce apropriada e intensiva tem óptimos resultados em crianças com autismo. A maior parte dos programas são construídos a partir dos interesses da criança, num planeamento muito estruturado de actividades construtivas. Há muitas terapias eficazes, como o treino de integração auditiva, a análise comportamental aplicada, a medicação, musicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, integração sensorial e terapia da fala. References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_2 Distúrbio do Défice de Atenção com Hiperactividade (DDAH) Definição O DDAH é uma condição de neurobiológica caracterizada pelo desenvolvimento inadequado do nível de atenção, concentração, actividade, distractibilidade e impulsividade. É um dos distúrbios mentais mais comuns entre as crianças. A DDAH frequentemente continua até a adolescência e a idade adulta e pode acarretar frustrações e sofrimento emocional ao longo da vida. Subcategorias Com base nestes nesses sintomas, foram encontrados três tipos de DDAH: • Tipo desatento: a pessoa parece não conseguir focalizar ou manter-se focalizada numa tarefa ou actividade. • Tipo hiperativo-impulsivo: a pessoa é muito activa e frequentemente age sem pensar. • Tipo combinado: a pessoa é desatenta, impulsiva e demasiado activa. Causas As causas da DDAH são ainda desconhecidas. Contudo, os pesquisadores acreditam que algumas pessoas com DDAH não possuem certos neurotransmissores no cérebro. Estes elementos químicos ajudam o cérebro a controlar o comportamento. Incidência A DDAH afecta 3 a 5% de todas as crianças – pelo menos 5 dentre cada 100 em idade escolar. Ocorre 2 a 3 vezes mais em rapazes do que em raparigas. Sintomas Os sintomas normalmente aparecem aos 3 anos de idade. Défice de atenção: • não presta atenção em detalhes, por falta de cuidados mínimos, pode se enganar no trabalho, na escola ou em outras actividades • não conclui tarefas • dificuldade de organizar as tarefas • é facilmente distraído • é incapaz de seguir mais de uma instrução de cada vez Hiperactividade: • é agitado, irrequieto mesmo quando sentado, move-se constantemente • deixa o assento, na sala de aula, quando é esperado ficar • problemático em participar de actividades “silenciosas” como a leitura • fala excessivamente Impulsividade: • responde antes de que as perguntas tenham sido concluídas • tem dificuldade em esperar por um retorno • interrompe os outros • comportamento disrruptivo Outros: • problemas de sono • incapacidade de adiar a satisfação de um desejo • exclusão social ou solidão • descuido evidente com a própria segurança • comportamento normalmente não modificado por reforço ou punição • outros distúrbios específicos de aprendizagem Intervenção O exercício pode ser usado de muitas formas terapêuticas. A actividade física estimula a precisão e o desenvolvimento motor e direcciona a energia. Programas mais específicos para melhorar o planeamento do comportamento e reduzir a impulsividade combinam estratégias de modificação cognitiva do comportamento com exercícios motores e medicação. References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_3 Demência Definição A demência é um grupo de sintomas que envolvem a deficiência progressiva de todos os aspectos da função cerebral. É um problema médico, social e económico. O problema torna-se significativamente crescente à medida que aumenta a população de idosos. A maior parte das causas não são evitáveis. Causas • distúrbios que afectam as estruturas vasculares ou neurológicas do cérebro • tensão proveniente do hidrocéfalo • tumores cerebrais • causas metabólicas Incidência Há um alto risco de demência em idosos, em pessoas com histórico de demência na família e naquelas com risco de derrames cerebrais. Ocorre mais em mulheres do que em homens, porque estas, em geral, têm uma vida mais longa. Sintomas • • • • • • • perda progressiva de memória incapacidade de se concentrar decréscimo na capacidade de resolver problemas e de emitir juízos de valor confusão alucinação, delírio sensação ou percepção alteradas reconhecimento deficiente (agnosia) • deficiência no sistema motor - deficiência na função motora voluntária (apraxia) - modificações da marcha - movimentos impróprios • défice de memória a curto e a longo prazo • capacidade de comunicação ausente ou deficiente (afasia) • modificações na personalidade Intervenção Mesmo se o diagnóstico médico acusa uma forma irreversível de demência, muito pode ser feito para tratar o indivíduo e ajudar a família. Os medicamentos são usados para ajudar a controlar sintomas comportamentais da demência como a insónia, a agitação, a inquietude e a depressão. Os tratamentos não-medicamentosos visam assegurar que a pessoa com demência tenha uma dieta saudável, se exercite, participe de actividades sociais, tenha um cuidado médico regular e viva em ambientes seguros. References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_4 Depressão Definição Um distúrbio depressivo é uma doença que engloba o corpo, o humor e a cognição. Afecta o modo como uma pessoa come e dorme, a maneira como ela se sente a si própria e a forma como pensa a respeito das coisas. A depressão não é o mesmo que o mauhumor passageiro nem é um sinal de fraqueza pessoal ou um problema que possa ser desejado ou indesejado. Sem tratamento, os sintomas da depressão podem durar semanas, meses e até anos. Quando a depressão é extrema e persistente, ela pode interferir significativamente na capacidade de a pessoa de funcionar. Subcategorias • Doença bipolar ou Doença maníaca-depressiva: é uma doença tratável, marcada por extremas modificações de humor: severos altos (mania) e baixos (depressão). Às vezes as alterações de humor são rápidas e dramáticas, mas frequentemente são graduais. Quando em estado depressivo, o indivíduo pode ter um ou todos os sintomas da depressão. Quando em estado maníaco, pode tornar-se demasiadamente activo, falante e agressivo, com comportamento irresponsável e um sentido exagerado de auto-importância. • Depressão grave: manifesta-se através da combinação dos sintomas da doença depressiva, que interferem na capacidade de trabalhar, estudar, dormir, comer e de desfrutar de actividades agradáveis. Tal forma de depressão pode ocorrer uma única vez, embora seja mais comum ocorrer várias vezes durante a vida. • Distemia: é um tipo menos severo de depressão, que apresenta sintomas crónicos e a longo prazo, que não debilitam, mas retiram da pessoa a capacidade de funcionar ou sentir-se bem. Muitas pessoas com distemia também sofrem de Depressão Grave, em algum momento da sua vida. Causas • factores genéticos e biológicos • factores psicológicos (auto-estima baixa, perdas significativas, problemas de relacionamento) • factores ambientais (mudanças no padrão ou no estilo de vida) Incidência A depressão é duas vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens. Aproximadamente 5.8 % dos homens e 9.5 % das mulheres passam por um episódio depressivo em algum momento da vida. Sintomas • tristeza prolongada ou acessos de choro inexplicados • insónia ou excesso de sono • perda ou excesso de apetite • irritabilidade, raiva, preocupação, agitação, ansiedade • pessimismo ou indiferença • perda de energia, letargia persistente • incapacidade de concentrar-se, indecisão • incapacidade de sentir prazer em antigos interesses, afastamento da vida social • pensamentos frequentes de morte ou suicídio Intervenção O tratamento da maior parte das pessoas com depressão consiste na administração de medicamentos anti-depressivos, na psicoterapia ou na combinação de ambos. Outro método eficaz é a criação de uma rede de apoio para indivíduos, famílias e grupos vulneráveis. References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_5 Distúrbios alimentares Os distúrbios alimentares são caracterizados por uma preocupação com o peso que resulta em perturbações severas no comportamento de comer. A manifestação mais comum destes distúrbios inclui a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, segundo a CID-10. • Anorexia nervosa • Bulimia nervosa 3_5_01 Anorexia nervosa Definição A anorexia nervosa é, essencialmente, a auto-inanição ou recusa em manter um peso corporal minimamente aceitável. Para controlar o seu peso, as pessoas com distúrbios alimentares podem habituar-se a induzir o vómito e abusar no uso de laxantes, diuréticos e exercícios. Estes procedimentos podem torná-los magros ou até desnutridos. Em casos graves, a anorexia pode ser uma ameaça à vida. Subcategorias • Anorexia nervosa. O peso corporal é mantido em, pelo menos, 15% abaixo do nível esperado; a perda de peso é auto-induzida, há uma distorção da imagem corporal e um prevalente distúrbio endócrino. • Anorexia nervosa atípica. Uma ou várias características principais da anorexia nervosa estão ausentes. Causas A causa exacta da anorexia nervosa é desconhecida, mas acredita-se que as atitudes sociais em relação à aparência do corpo e os factores familiares desempenham um papel importante no seu desenvolvimento. Embora as causas fundamentais da anorexia nervosa permaneçam indefinidas, há uma evidência crescente de que a interacção de factores sócio-culturais e biológicos contribuam para o seu desenvolvimento, assim como alguns mecanismos psicológicos menos específicos e uma vulnerabilidade da personalidade. Incidência O problema normalmente ocorre na adolescência ou no início da idade adulta. É mais comum em mulheres, afectando 1-2% da população feminina e só 0.1-0.2 % da masculina. Aproximadamente 0.5% a 3.7% das mulheres apresentam anorexia nervosa durante a vida. Sintomas Os principais sinais e sintomas incluem: • Perda de peso, por vezes, grave • Medo intenso de ganhar peso • Perturbação da imagem corporal • Em mulheres, alterações menstruais ou ausência de menstruação • Restrições auto-impostas de alimentação • Atrofia dos músculos esqueléticos • Baixa tensão arterial • Vómito auto-induzido • Pele manchada ou amarelada Os sinais e sintomas secundários podem incluir: • Fadiga • Depressão • Ansiedade • Insónia • Afastamento de outras pessoas Intervenção O objectivo principal do tratamento é restaurar o peso corporal normal e os hábitos alimentares e, logo após, tentar resolver os problemas psicológicos. A hospitalização pode ser indicada quando o peso corporal fica abaixo de 30% do peso esperado. O apoio oferecido por profissionais ligados aos cuidados à saúde, a terapia comportamental estruturada, a psicoterapia e a administração de anti-depressivos são alguns dos métodos usados para o tratamento. A subnutrição severa, que ameaça a vida, pode necessitar de alimentação intravenosa. References American Psychiatric Association Work Group on Eating Disorders. Practice guideline for the treatment of patients with eating disorders (revision). American Journal of Psychiatry, 2000; 157(1 Suppl): 1-39. 3_5_02 Bulimia nervosa Definição A bulimia nervosa implica episódios repetidos de sobrealimentação (comer excessiva quantidade de alimentos em curtos períodos de tempo), seguidos de modos forçados de eliminar do corpo os alimentos ingeridos. Uma pessoa com bulimia pode consumir uma grande quantidade de alimentos calóricos e, então, induzir o vómito ou tomar laxantes para tentar expelir a comida, antes que as calorias sejam absorvidas. Uma pessoa pode apresentar este problema e ter um peso normal. Subcategorias • Bulimia nervosa: persistente preocupação em e desejo de comer, com frequentes tentativas de combater o excesso de peso e um medo mórbido de ser gordo. • Bulimia nervosa atípica: uma ou várias das características principais estão ausentes. Causas A causa exacta da bulimia é desconhecida, mas os factores contribuintes podem ser: • problemas de família • comportamento inadaptado • problemas de identidade • ênfase cultural exagerada sobre o aspecto físico Incidência O distúrbio ocorre mais frequentemente nas adolescentes ou nas jovens adultas. Estimase que a incidência seja 3 % da população em geral; mas 20% das mulheres em idade escolar sofrem deste distúrbio. Aproximadamente 1.1% a 4.2% das mulheres têm bulimia nervosa no decorrer da vida. Sintomas Os principais sinais e sintomas incluem: • Recorrentes episódios de sobrealimentação • Perda do controle sobre o comportamento alimentar • Auto-indução do vómito; uso de laxantes ou outros medicamentos; jejum ou exercício excessivo • Auto-avaliação incorrecta da forma e do peso corporal Os sinais e sintomas secundários incluem: • Cíclica perda e ganho de peso • Desidratação • Fadiga • Depressão • Dentes danificados pelo ácido contido no vómito • Faces inchadas devido aos vómitos frequentes Intervenção O tratamento visa quebrar os ciclos de comer e vomitar, uma vez que a pessoa é normalmente consciente de que o seu comportamento é anormal. O tratamento pode incluir técnicas de modificação de comportamento e aconselhamento individual, em grupo ou em família. References 1. 2. 3. American Psychiatric Association Work Group on Eating Disorders. Practice guideline for the treatment of patients with eating disorders (revision). American Journal of Psychiatry, 2000; 157(1 Suppl): 1-39. Bruce, B., Agras, W.S. Binge eating in females: a population-based investigation. International Journal of Eating Disorders, 1992; 12: 365-73. International statistical classification of diseases and related health problems (ICD-10), 10th rev. Geneva, World Health Organisation, 1992. 3_6 Esquizofrenia Definição A esquizofrenia é um sério distúrbio cerebral que se desenvolve lentamente durante meses ou até anos. Torna-se difícil para a pessoa dizer a diferença entre as experiências verdadeiras e as irreais, pensar logicamente, dar respostas emocionais normais aos outros e comportar-se normalmente em situações sociais. Sub-categorias Foram identificados cinco tipos de esquizofrenia • Tipo catatónico: - perturbações motoras - transe - inflexibilidade - excitação - pode ser incapaz de cuidar das necessidades pessoais - sensibilidade diminuída a estímulos dolorosos • Tipo desorganizado - incoerência (não compreensível) - comportamento regressivo - monotonia - delírios - alucinações - risos impróprios • Tipo paranóico: - manias de perseguição ou de grandeza - ansiedade - raiva - violência - afrontamento • Tipo não-diferenciado: Pode apresentar sintomas de mais de um subtipo de esquizofrenia • Tipo residual: Os sintomas proeminentes da doença desapareceram mas algumas características, como alucinações e monotonia, podem permanecer. Causas Não há uma causa única conhecida da esquizofrenia. Muitas doenças resultam da interacção de factores genéticos, comportamentais e ambientais, e este pode também ser o caso da esquizofrenia. Incidência Pensa-se que a esquizofrenia afecta aproximadamente 1% da população mundial. A taxa de homens e mulheres são equivalentes mas, nas mulheres, a ocorrência tende a ser posterior e ter um melhor desenvolvimento e um melhor resultado depois do tratamento. Sintomas • delírios: falsas crenças ou pensamentos sem base na realidade • alucinações: ouve, vê ou sente coisas que não existem • pensamento desordenado: os pensamentos "saltam" entre tópicos completamente sem relação; a pessoa pode dizer disparates • comportamento catatónico: comportamento motor grotesco, marcado por uma redução na reacção ao ambiente, ou uma hiperactividade não relacionada com o estímulo • monotonia: um aspecto ou um humor que não demonstra nenhuma emoção Intervenções O tratamento da esquizofrenia tem três componentes principais: • Medicação para aliviar sintomas e prevenir reincidência • Educação e intervenções psico-sociais para ajudar os pacientes e as famílias a lidarem com a doença • Reabilitação para a reintegração dos pacientes na comunidade References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_7 Outros • Classificação por Eixos do DSM-IV • Distúrbios de ansiedade • Distúrbios somatofórmicos 3_7_01 Classificação por Eixos do DSM-IV O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, 4ª. edição (DSM-IV: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition), apresenta um sistema de 5 eixos para o diagnóstico da saúde mental. Eixo I: Distúrbios clínicos: • Distúrbios normalmente diagnosticados na infância ou na adolescência (Autismo, DDAH, etc.) • Delírio, demência e outros distúrbios cognitivos (doença de Alzheimer, etc.) • Distúrbios mentais devido a problemas médicos em geral • Distúrbios relacionados com substâncias (como álcool ou drogas) • Esquizofrenia e outros distúrbios psicóticos • Distúrbios de humor (Depressão, Bipolar) • Distúrbios de ansiedade • Distúrbios somatofórmicos (Distúrbio de Conversão, Hipocondríase, etc.) • Distúrbios Dissociativos (Distúrbios de Identidade Dissociativa, etc.) • Distúrbio sexual e de identidade de género • Distúrbios alimentares (Anorexia, Bulimia, etc.) • Distúrbios de Sono (Insónia, Terrores Nocturnos, etc.) • Distúrbios do Controlo do Impulso (Distúrbio Explosivo Intermitente, Cleptomania, etc.) • Distúrbios de ajustamento Eixo II: Distúrbios de Personalidade e Atraso Mental Exemplos: • Distúrbio de personalidade Paranóica • Distúrbio de personalidade limite (borderline) • Distúrbio de personalidade anti-social • Distúrbio de personalidade dependente • Atraso mental Eixo III: Problemas Médicos em Geral Enumerados aqui estão os problemas médicos (físicos) em geral, que podem estar relacionados com a compreensão do distúrbio mental da pessoa, ou, então, com a forma como este distúrbio mental é gerido. Eixo IV: Problemas Psico-sociais e Ambientais • Problemas com o grupo primário de apoio (divórcio, abuso, mortes, nascimentos, etc.) • Problemas relacionados com o ambiente social (reforma, viver solitário/amizades, etc.) • Problemas educativos (analfabetismo, problemas académicos, conflito com professores, etc.) • Problemas ocupacionais (desemprego, condições de trabalho difíceis, descontentamento no emprego, etc.) • Problemas no lar (falta de lugar onde morar, vizinhança perigosa, problemas com vizinhos, etc.) • Problemas económicos (pobreza, rendimentos insuficientes, etc.) • Problemas com o acesso aos serviços de saúde (serviços de saúde inadequados, acesso às instituições de saúde, seguros de saúde, etc.) • Problemas relacionados com a interacção com o sistema legal/criminal (detenção, encarceramento ou vítima de crime, etc.) • Outros problemas psico-sociais e ambientais (desastres, problemas com os profissionais de saúde, etc.) Eixo V: Avaliação Global de Funcionamento Trata-se de uma escala, de 1 a 100, que reflecte o julgamento dos profissionais de saúde a respeito do nível evidente de funcionamento. Um delineamento destes níveis é o seguinte: 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Nenhum sintoma Sintomas mínimos, bom funcionamento Sintomas passageiros que são reacções esperadas às tensões psico-sociais Sintomas ligeiros OU alguma dificuldade no funcionamento ocupacional ou escolar Sintomas moderados OU dificuldade moderada no funcionamento social, ocupacional ou escolar Sintomas sérios OU qualquer deficiência séria do funcionamento social, ocupacional ou escolar Alguma deficiência na comunicação objectivamente constatada OU deficiência significativa em várias áreas como trabalho ou escola, relacionamentos familiares, julgamento, pensamento ou humor Comportamento notoriamente influenciado por delírios ou alucinações OU grave deficiência de comunicação ou julgamento OU incapacidade de funcionar em quase todas as áreas Algum perigo de ferir a si próprio ou aos outros OU, ocasionalmente, falhas em manter uma higiene pessoal mínima OU deficiências graves de comunicação Perigo persistente em ferir seriamente a si próprio ou aos outros OU persistente incapacidade de manter uma higiene pessoal mínima OU actos suicidas sérios com clara expectativa da morte Os 5 eixos consistem num diagnóstico completo quando todos eles são levados em consideração. 3_7_02 Distúrbios de ansiedade Definição A palavra "ansiedade" está normalmente ligada a medo, preocupação e nervosismo. Para algumas pessoas, a ansiedade é um factor constante em suas vidas. Quando uma pessoa tem um distúrbio de ansiedade, isto interfere na sua capacidade de funcionar normalmente em seu quotidiano. Subcategorias • Distúrbio de ansiedade generalizada, refere-se a um constante e intenso medo e tensão sobre uma variedade de coisas ou situações do dia-a-dia. • Síndrome do Pânico: é caracterizada por ataques de pânico ou episódios do medo intenso, que não ocorrem por nenhuma razão evidente. • Distúrbio de ansiedade social: é o medo intenso de situações sociais. • Distúrbio compulsivo-obsessivo: é caracterizado pelas obsessões - pensamentos ou impulsos que ocorrem repetidamente e que a pessoa sente que não os pode controlar - e compulsões - comportamentos ou rituais que a pessoa sente que tem de desempenhar para controlar seus pensamentos perturbadores e afastar os pensamentos que accionam a ansiedade. • Distúrbio da tensão pós-traumática: refere-se à ansiedade relativa a uma experiência passada traumática e aterrorizante. • Fobias específicas: são intensos medos não realísticos, relativos a situações ou coisas específicas (que não são de facto perigosas) como alturas, cães ou andar de avião. Causas Não há nenhuma causa para os distúrbios de ansiedade. Vários factores podem ser destacados: • genética • bioquímica cerebral • uma resposta constante do tipo "tudo ou nada” • tensão emocional ou física • efeitos colaterais de medicação Incidência Afecta tanto as mulheres como os homens. Os distúrbios de ansiedade podem aparecer durante toda a vida. Entretanto, aparecem mais frequentemente entre a infância e a meiaidade. Sintomas • • • • • Contracção ou tremor Tensão muscular Sudação e boca seca Dores de cabeça Batimento cardíaco rápido ou irregular Intervenção • • • • medicação terapia comportamental cognitiva ou outros tipos de terapia verbal relaxação ou biofeedback para controlar os músculos tensos combinação de tratamentos References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 3_7_03 Distúrbios Somatoformes Definição “Somatoforme” é um termo relativamente novo, usado para descrever um grupo de distúrbios caracterizados por queixas físicas que não podem ser totalmente explicados como sendo problemas neurológicos ou médicos em geral. Nos indivíduos com distúrbios somatoformes, os resultados dos exames médicos são normais ou não explicam os sintomas apresentados pela pessoa. Estes indivíduos não estão a “mentir” ou a inventar doenças: eles acreditam estar verdadeiramente doentes. Subcategorias • Distúrbio de somatização: distúrbio crónico e recorrente com múltiplas queixas, frequentemente apresentadas de forma dramática ou exagerada. • Distúrbio de conversão: é o tipo mais comum, diagnosticado em crianças. Implica sintomas inexplicados (visão tubular, torpor, ataques) ou défices (problemas para andar, falar e ouvir) que afectam o comportamento motor voluntário e a função sensorial. • Hipocondríase: é uma preocupação com o medo de ter uma doença séria, baseada na interpretação errónea da pessoa sobre os sintomas ou as funções do seu corpo. • Distúrbio da dor: é caracterizado pela dor como o foco predominante da atenção clínica. Julga-se que os factores psicológicos desempenhem um papel importante na crise, na gravidade e na manutenção da dor. Causas Não é conhecido exactamente como surgem os sintomas do distúrbio somatoforme. Estudos biológicos sugerem que há uma falha na percepção ou na avaliação das informações sensoriais no cérebro. Dados genéticos sugerem que o distúrbio tende a ocorrer nas famílias e que pode ser accionado por tensões, traumas e conflitos. Incidência Acredita-se que os Distúrbios Somatoformes ocorrem mais frequentemente em populações menos sofisticadas ou educadas. Em termos de diferenças de género, há uma proporção de 5:1 entre mulheres e homens. Sintomas • • • • • • Dores de cabeça frequentes Ansiedade e medo Fadiga Perda de apetite Dor nas costas, cólica abdominal, dor nas articulações, dor pélvica Deformidades ou defeitos físicos imaginados Intervenção O objectivo do tratamento do distúrbio somatoforme é tornar a pessoa capaz de viver uma vida normal, tanto quanto possível, ainda que continue a apresentar alguns sintomas. Deveria ser proporcionado o tratamento psicoterapêutico, bem como o tratamento com medicação. References Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 4_1 Deficiência mental Definição A deficiência mental é descrita como uma função intelectual abaixo da média geral, associada a défices do comportamento adaptativo, que ocorrem antes dos 18 anos de idade. Pessoas com deficiência mental têm baixos resultados em testes de funcionamento intelectual (testes de QI), mas os efeitos do funcionamento diário dependem da gravidade do atraso e da associação com outras deficiências. Causas A deficiência mental pode ser globalmente dividida em várias categorias de causas: • 75 % inexplicadas • traumas (pré-natal e pós-natal) • infecciosas (congénito e pós-natal) • anormalidades cromossómicas • anormalidades genéticas e distúrbios metabólicos herdados • metabólicas Incidência A deficiência mental afecta, aproximadamente, de 1 a 3% da população. Sintomas • • • • • • • fracasso ao atingir índices de desenvolvimento intelectual persistência num comportamento infantil falta de curiosidade dificuldade em lembrar-se de coisas capacidade de aprendizagem reduzida incapacidade de responder às exigências educativas da escola problemas na compreensão das regras sociais Intervenção O objectivo principal do tratamento é desenvolver ao máximo o potencial do indivíduo. A educação especial e o treino devem começar o mais cedo possível para ajudar a pessoa a aprender, a se desenvolver e a crescer num padrão, pelo menos, parcialmente autónomo de vida. É importante que um especialista faça também uma avaliação dos distúrbios afectivos coexistentes e que os trate adequadamente. References 1. 2. 3. 4. Batshaw, M.L. Children with disabilities (4th edition). Baltimore MD: Paul H. Brookes Publishing Co.; 1997. Mental Retardation. The Journal of American Medical Association (JAMA), vol.288, No.12, Sep, 2002 Murphy, C.C, Boyle, C., Schendel, D., Decouflé, P., Yeargin-Allsopp, M. Epidemiology of mental retardation in children. Mental Retardation and Developmental Disabilities Research Reviews 1998; 4:6-13. Smith, R. (Editor). Children with mental retardation: a parents'guide. Rockville, MD: Woodbine House; 1993. 4_2 Síndrome de Down Definição A Síndrome de Down é um distúrbio genético. Inclui uma combinação de deficiências genéticas e resulta em diferentes níveis de deficiência física e mental. A síndrome tem graus diferentes de gravidade e causa problemas de desenvolvimento, que variam de ligeiros a severos. Causas As células humanas normalmente contêm 23 pares de cromossomas, num total de 46. Em cada par, um cromossoma vem do pai e o outro da mãe. A Síndrome de Down é causada por uma das três formas anormais de divisão celular, que envolvem o 21º par de cromossomas. Estas anormalidades são: • Trissomia 21: defeito na divisão cromossómica, havendo um cromossoma a mais no par 21. • Translocação: durante a divisão cromossómica, uma parte do cromossoma 21 separa-se e liga-se a outro cromossoma. • Mosaicismo: após a fertilização ocorre a falha na divisão celular. Algumas células apresentam os 46 cromossomas normais, enquanto outras têm 47, criando um mosaico de células normais e anormais. Incidência A Síndrome de Down ocorre em aproximadamente 1 em cada 800 a 1000 bebés. Sintomas • • • • • • tonus muscular reduzido no nascimento crânio assimétrico ou com formato ímpar olhos puxados para cima boca pequena com língua protuberante mãos largas e curtas flexibilidade articular excessiva Intervenção Não há nenhum tratamento específico para a Síndrome de Down. A educação especial e o treino são disponibilizados pela maior parte das comunidades para as crianças com deficiência mental. Problemas cardíacos específicos podem necessitar de correcção cirúrgica. O potencial para problemas visuais, auditivos e a elevada susceptibilidade às infecções, requerem despistagens e tratamentos frequentes. References 1. 2. March of Dimes Birth Defects Foundation. Down syndrome. http://www.marchofdimes.com Roizen, H.J., Patterson, D. Down’s syndrome. Lancet. 2003, Apr; 361(9365): 1281-9 4_3 Distúrbios de aprendizagem Definição Os distúrbios de aprendizagem afectam a capacidade de compreender ou utilizar a linguagem falada ou escrita, fazer cálculos matemáticos, coordenar movimentos ou dirigir a atenção. Embora os distúrbios de aprendizagem ocorram em crianças muito pequenas, eles raramente são detectados até que a criança atinja a idade escolar. Subcategorias Segundo os critérios do DSM, os distúrbios de aprendizagem podem ser divididos em três grandes categorias: 1. Distúrbios do desenvolvimento da fala e da linguagem: • Distúrbio do desenvolvimento da articulação: problemas com o controlo da velocidade da fala e da produção de sons. • Distúrbios do desenvolvimento da linguagem expressiva: problemas em usar a linguagem falada para comunicar • Distúrbios do desenvolvimento da linguagem receptiva: problemas de compreensão da fala 2. Distúrbios das Habilidades Académica • Distúrbio do desenvolvimento da leitura: também conhecido como dislexia • Distúrbio do desenvolvimento da escrita • Distúrbio do desenvolvimento do cálculo 3. "Outros" distúrbios de aprendizagem: incluem atrasos na aquisição da linguagem, da produção académica e das habilidades motoras que podem afectar a capacidade de aprender, mas que, todavia, não são considerados distúrbios específicos de aprendizagem. Também estão incluídos aqui os distúrbios de coordenação que podem levar a uma fraca habilidade de escrita, assim como alguns distúrbios da fala e da memória. Causas Défices culturais e educacionais, problemas emocionais, deficiência mental e lesões no cérebro podem constituir causas das dificuldades de aprendizagem. Incidência Entre 2 e 8 % das crianças em início da escolaridade básica têm algum grau de distúrbio de aprendizagem. Sintomas Quando uma criança tem um distúrbio de aprendizagem, ela pode: • aprender a linguagem tardiamente ou ter um vocabulário limitado • ter dificuldade em aprender o alfabeto • ter uma caligrafia confusa ou segurar o lápis desajeitadamente • ter dificuldade em seguir instruções • confundir os símbolos matemáticos e ler mal os números • não ser capaz de recontar uma história em sua ordem original Intervenção Os serviços de educação especial podem incluir a ajuda de um especialista, o ensino individualizado ou a frequência numa classe especial. Cada indivíduo tem necessidades diferentes e um Plano Educativo Individualizado deve ser criado para cada criança. O reforço positivo é muito importante, uma vez que a maioria dos alunos com distúrbios de aprendizagem têm uma baixa auto-estima. O aconselhamento psicológico pode ser útil. References 1. 2. 3. Cordoni, B. Living with a Learning Disability. Carbondale, IL: Southern Illinois University Press, 1987 Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition (DSM-IV). American Psychiatric Association (APA), 1994 Lerner, J.W. (2000). Learning disabilities: Theories, diagnosis, and teaching strategies (8th ed.). Boston, MA: Houghton Mifflin. 4_4 Outros • Síndrome de Prader-Willi • Síndrome Rett 4_4_01 Síndrome de Prader-Willi Definição A síndrome de Prader-Willi (PWS: Prader-Willi Syndrome) é um distúrbio genético que geralmente ocasiona um baixo tonus muscular, a baixa estatura, o desenvolvimento sexual incompleto, deficiências cognitivas, problemas comportamentais e um sentimento crónico de fome que pode levar a uma alimentação excessiva e a uma obesidade que põe em risco a vida. Causas A maior parte dos casos da PWS são atribuídos a um erro genético espontâneo que ocorre no ou perto do momento da concepção, por razões desconhecidas. Numa percentagem muito pequena dos casos (2 por cento ou menos), verifica-se uma mutação genética que não afecta os pais, mas é transmitida à criança e, nessas famílias, mais de uma criança pode ser afectada. A PWS, enquanto um distúrbio, pode também ser adquirida depois do nascimento, quando uma parte do cérebro, chamada hipotálamo, é lesada por uma cirurgia ou acidente. Incidência É estimado que uma em 12.000 a 15.000 pessoas tenha a PWS. Embora seja considerada “rara”, a síndrome de Prader-Willi é um dos distúrbios mais frequentemente encontrados nas clínicas ligadas à genética e é a causa genética mais comum da obesidade que já foi identificada. A PWS é encontrada em pessoas de ambos os sexos e em todas as etnias. Sintomas • • • • • Hipotonia Hipogonadismo Hiperfagia Problemas cognitivos Comportamento difícil Intervenção Com ajuda, as pessoas com a PWS podem realizar muitas das coisas que os seus pares "normais" fazem - terminar a escolarização, conseguir um emprego e mudar-se da casa de seus pais ou familiares. Entretanto, também precisam de muito apoio, consultas psiquiátricas e supervisão nutricional para evitar a obesidade. References Haig, D., Wharton, R. Prader-Willi syndrome and the evolution of human childhood. Am J Human Biol. 2003 May-Jun; 15(3): 320-9. 4_4_02 Síndrome de Rett Definição A síndrome de Rett é um distúrbio neurológico do desenvolvimento infantil que afecta quase exclusivamente as mulheres. É caracterizada por um desenvolvimento inicialmente normal, seguido da perda dos movimentos intencionais das mãos, diminuição do crescimento do cérebro e da cabeça, anormalidades na marcha, convulsões e deficiência mental. Subcategorias Estágio I - estagnação precoce: geralmente começa entre os 6 e os 18 meses da idade. A criança começa a exibir menos contacto visual, interesse reduzido nos brinquedos, atraso no desenvolvimento de habilidades motoras básicas como sentar ou gatinhar, decréscimo do crescimento da cabeça. Este estágio geralmente dura poucos meses mas pode persistir durante mais de um ano. Estágio II - rapidamente destrutivo: normalmente começa entre 1 e 4 anos de idade e pode durar semanas ou meses. Há o aparecimento de movimentos estereotipados das mãos, às vezes enganchadas atrás das costas ou mantidas dos lados, com um arbitrário tocar, segurar e largar. Os movimentos persistem enquanto a criança está acordada mas desaparecem durante o sono. Podem surgir sintomas semelhantes ao autismo, como a falta de interacção social e de comunicação. Estágio III - pseudo-estacionário: normalmente começa entre os 2 e os 10 anos de idade e pode durar anos. A apraxia, os problemas motores e as convulsões são frequentes, mas uma melhoria no comportamento pode ser evidente: diminuição da irritabilidade, do choro e das características autistas. Muitas meninas permanecem neste estágio durante a maior parte das suas vidas. Estágio IV - deterioração motora tardia: pode durar anos ou décadas e é caracterizado por uma mobilidade reduzida, enfraquecimento dos músculos, rigidez, espasticidade, distonia e escolioses. As meninas que foram anteriormente capazes de andar podem deixar de o fazer. Em geral, neste estágio não há perca na cognição, na comunicação ou nas habilidades com as mãos. Causas: 80 % A síndrome de Rett é causada por um defeito no gene MECP2, encontrado no cromossoma X. 20-30 % Pode ser causada por mutações em outras partes do gene ou por genes que ainda não foram identificados. Incidência • ocorre em vários grupos étnicos no mundo inteiro • ocorre de 1:10,000 a 1:23,000 das mulheres nascidas vivas. Sintomas • O desenvolvimento parece normal até os 6-18 meses de idade • É seguido da perda da fala adquirida e das habilidades das mãos, pela redução do crescimento da cabeça e pelo surgimento de movimentos estereotipados das mãos, perda ou dificuldade de locomoção. • Estes movimentos estereotipados das mãos podem incluir os gestos de lavar as mãos, bater palmas, por a mão na boca, etc. • Incapacidade de desempenhar as funções motoras (apraxia) • Problemas adicionais podem incluir convulsões, irregularidades respiratórias (hiperventilação e apnéia), ranger de dentes e encurvamento lateral da coluna (escoliose) Intervenção Não há nenhuma cura para a síndrome Rett. A combinação de medicações, terapia ocupacional, fisioterapia e serviços especiais de apoio permite que as meninas e mulheres com síndrome Rett vivam relativamente bem até a meia-idade ou além. References 1. 2. Irsa, International Rett Syndrome Association, (Mar 8, 1998). http://www2.paltech.com/irsa/whatis.htm Johnston, M.V., Homann, C.F., Blue, M.E. (1995). Neurobiology in Rett syndrome. Neuropediatrics, 26, 199-122 Select from list (Combo box/drop down menu) Swimming back stroke o Catching a ball o Throwing a ball o Shooting a ball Select from list (Combo box/drop down menu) Wheelchair user o Ambulatory with assistive device Capítulo 3 1_1 Testes Uma bateria de testes deve considerar as mesmas variáveis básicas que seriam incluídas numa avaliação regular da condição física de uma pessoa saudável. Pode ser necessário adaptar certos procedimentos de medição para corresponder à natureza da deficiência do indivíduo. Factores a considerar: • Transporte e a acessibilidade ao local onde se vai realizar o teste • Problemas de comunicação entre o participante e o observador, que podem levar a pontuações inferiores às que representariam o verdadeiro potencial do participante. • A interpretação das pontuações pode ser dificultada pela falta de normas específicas, validadas para participantes com condição de deficiência. • A falta de experiência com exigências físicas pode levar o participante a temer um esforço máximo. • Habituação do participante às condições do teste e à pessoa que o aplica. Testes preliminares Exame de Despistagem Neurológica (NSE: Neurological Screening Examination) Um exame físico inicial de uma pessoa não suspeita de ter uma deficiência do sistema nervoso, precisa apenas de um breve exame neurológico. Os componentes de um NSE seguem três considerações: • Detectam problemas neurológicos comuns, que não são normalmente detectados. • Utilizam aqueles aspectos do exame que se revelam mais sensíveis: por exemplo, testes que, se tiverem resultados normais, predizem que qualquer teste subsequente não revelará qualquer problema. • Incluem aspectos objectivos e facilmente reproduzíveis, que revelam o desempenho em funções importantes. Integração sensorial e testes práxicos (SIPT: Sensory integration and praxis tests) Testes de despistagem úteis para pessoas com deficiências, especificamente distúrbios de integração sensorial, DDAH, lesões cerebrais, PC e autismo. O SIPT mede o processo de integração sensorial subjacente ao comportamento e à aprendizagem. Mede o desempenho visual, táctil, quinestésico, perceptivo e motor. Existem normas para cada item do teste, aferidas para crianças entre 4 e 9 anos de idade. É composto de 17 pequenos testes que levam 2 horas para serem concluídos, mas alguns dos testes individuais podem ser aplicados separadamente ou em combinação. Para obter informações sobre os últimos avanços, os testes de despistagem, assim como indicações para a aquisição de manuais, visite: http://www.tpc-international.com/resources/section.cfm?area=occup 1_2 Testes de Desenvolvimento Motor • • • • • • Teste de Desenvolvimento Motor Global 2 (TGMD 2: Test of Gross Motor Development 2) Avaliação da Função Motora Global (GMFM: The Gross Motor Function Measure) Movimento: Bateria de Avaliação para Crianças (Movement ABC: Movement Assessment Battery for Children) Teste de Proficiencia Motora de Bruininks-Oseretsky Escalas de Desenvolvimento Motor de Peabody – 2 (PDMS-2: The Peabody Developmental Motor Scales - 2) Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley – 2ª Edição (BSIDII: Bayley Scales of Infant Development – 2nd Edition) 1_2_01 Teste de Desenvolvimento Motor Global 2 (TGMD 2: Test of Gross Motor Development 2) Autor: Dale A. Ulrich, 2000 O TGMD2, revisão principal do TGMD, é uma avaliação normativa das habilidades motoras globais comuns. É um dos mais populares testes para se medir as habilidades motoras fundamentais. Faixa etária: de 3 a 11 anos Objectivo • Mede o controlo locomotor e de manipulação de objectos. • Identifica crianças que estão significativamente atrás dos seus pares no desenvolvimento da habilidade motora global • Os resultados desta avaliação podem ser usados para desenvolver programas educativos, monitorar o progresso, avaliar o tratamento e orientar outras pesquisas sobre o desenvolvimento motor global. Descrição Dois subtestes estão incluídos, cada um com seis habilidades: • Locomotor: correr, galopar, pular, salto horizontal e deslizar • Controlo do Objecto: bater uma bola parada, drible parado, pontapear, agarrar, lançamento de ombro e lançamento de precisão. Tempo necessário: de 15 a 20 minutos Os resultados podem ser interpretados tanto de uma forma normativa quanto criterial. http://www.tpc-international.com/occu/TGMD2.htm http://web.macam98.ac.il/%7Eshayke/thenapa/TGMDEng.files/frame.htm 1_2_02 Avaliação da Função Motora Global (GMFM: The Gross Motor Function Measure) Autores: Dianne J. Russell, Peter L. Rosenbaum, Lisa M. Avery, Mary Lane A Avaliação da Função Motora Global (GMFM) é a primeira medida de avaliação da função motora projectada para quantificar a modificação nas habilidades motoras globais de crianças com paralisia cerebral. Grupo-alvo: crianças com paralisia cerebral (CP) Objectivo Medir as modificações da função motora global (ao longo do tempo) Descrição Instrumento de observação de 88 itens • GMFM-66 (nova versão completamente revista) transforma o GMFM padrão em medidas de intervalo; • Fornece um ‘mapa de itens’ da dificuldade relativa entre itens • Inclui um programa de software fácil de usar, para ajudar na pontuação e na interpretação dos seus dados. • É estandardizado e validado http://canchild.interlynx.net/patches/GMFMScoresheet.pdf Estimativa da Capacidade Motora Global • Fornece uma medida de nível de intervalo da função motora global • Baseado nas pontuações das crianças dos itens da GMFM. Este teste é válido apenas para pessoas com PC. 1_2_03 Movimento: Bateria de Avaliação para Crianças (Movement ABC: Movement Assessment Battery for Children) Autor: Sheila E Henderson e David um Sugden, 1992 Considerando crianças com PC, o Movement ABC é um método mais avançado de pontuação, comparado com o GMFM Faixa etária: de 4 a 12 anos de idade Objectivo Despiste de problemas de movimento Identificar as crianças que necessitam de serviços especiais Permitir: a) investigação clínica, b) planeamento da intervenção, e c) avaliação do programa. Descrição O Movement ABC tem 32 itens organizados em 4 níveis etários, tendo, cada nível, 8 categorias de desempenho As oito categorias de desempenho são: • destreza manual (3) • habilidades com bola (2) • equilíbrio (3) A pontuação atingida é convertida numa escala de “dificuldades” de 0 a 5, com a pontuação máxima a indicar o pior desempenho. A pontuação total da dificuldade pode ser convertida em percentis. Além do seu valor como um teste normativo, o Movement ABC oferece uma apreciação qualitativa de muitos factores que contribuem para as dificuldades no domínio motor. Tempo necessário: de 20 a 40 minutos 1_2_04 Teste de Proficiencia Motora de Bruininks-Oseretsky Autor: Robert Bruininks, 1978 Robert H. O Bruininks começou o desenvolvimento do Teste de Bruininks-Oseretsky em 1972. Bruininks baseou o seu teste, em parte, na adaptação norte-americana do Testes de Proficiência Motora de Oseretsky. Faixa etária: de 4 a 15 anos de idade Objectivo O Teste de Bruininks-Oseretsky foi desenvolvido para fornecer aos educadores, médicos e pesquisadores, informações úteis para os auxiliar: • na avaliação individual das habilidades motoras dos estudantes. • no desenvolvimento e na avaliação de programas de treino motor. • na avaliação de disfunções motoras severas e de atrasos do desenvolvimento das crianças. Descrição O Teste de Bruininks-Oseretsky é: • um teste aplicado individualmente. • um teste normativo, orientado para o produto, que apresenta duas formas: uma longa e uma curta. A forma longa conta com 46 itens organizados em 8 subtestes: Velocidade e agilidade da corrida Coordenação dos membros superiores Equilíbrio Velocidade da resposta Coordenação bilateral Controlo visuo-motor Força Velocidade dos membros superiores e Destreza O teste apresenta pontuações padronizadas e atribui idades equivalentes para cada subteste. É possível, ainda, atribuir um nível motor global e motor fino, bem como outras pontuações padronizadas e percentis. A forma curta compreende 14 itens (pelo menos 1 de cada subteste da forma longa) e fornece uma pontuação padronizada e segundo diferentes percentis. Tempo necessário: de 45 a 60 minutos; forma curta - de 15 a 20 minutos 1_2_05 Escalas de Desenvolvimento Motor de Peabody – 2 (PDMS-2: The Peabody Developmental Motor Scales - 2) Autor: M. Rhonda Fólio e Rebecca R. Fawell O PDMS-2 é um programa de desenvolvimento motor infantil que oferece tanto uma avaliação detalhada quanto um treino ou uma intervenção ao nível das habilidades motoras globais e finas. Faixa etária: do nascimento até os 83 meses de idade Objectivo • Projectado para permitir a quantificação do desenvolvimento motor, tanto de habilidades motoras globais como finas • Identificar crianças cujas habilidades estão atrasadas ou são anormais • Determinar a necessidade / elegibilidade para programas de intervenção • Auxiliar a planear programas de intervenção • Avaliar modificações ocorridas num período de tempo Descrição O PDMS apresenta duas escalas: Motora Global (MG) e Motora Fina (MF). A Escala MG tem 12 itens divididos em cinco áreas de habilidades (reflexos, equilíbrio, não-locomotor, recepção e propulsão) para cada um dos 17 níveis de idade de um total de 170 itens. A Escala MF tem de 6 a 8 itens divididos em quatro áreas de habilidade (preensão, uso da mão, coordenação óculo-manual, destreza manual) para cada um dos 16 níveis de idade, num total de 112 itens. Os dados brutos podem ser convertidos em: Percentis Desenvolvimento padronizado Quociente motor Níveis basal e máximo de idade Os subtestes incluídos são: • Reflexos (do nascimento aos 11 meses apenas) • Imobilidade • Locomoção • Manipulação de Objectos (12 meses ou mais) • Preensão • Integração visuo-motora Tempo necessário: de 20 a 30 minutos para cada escala, num total de 45 a 60 minutos. 1_2_06 Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley – 2ª Edição (BSID-II: Bayley Scales of Infant Development – 2nd Edition) Autor: Nancy Bayley, 2001 Faixa etária: de 1 a 42 meses de idade Objectivo • avaliar as capacidades cognitivas, perceptivas e motoras precoces • identificar crianças com atrasos motores • delinear programas de intervenção • monitorar a efectividade dos programas de intervenção Descrição Esta actualização das clássicas Escalas de Bayley, criteriais e normativas, oferece uma compreensão alargada da avaliação do desenvolvimento infantil precoce. O BSID-II conserva a mesma gama de conteúdos que caracterizavam as escalas originais, incluindo: A Escala Mental (178 itens) - que avalia a acuidade sensorial e perceptiva, a discriminação, a aquisição da constância do objecto, a memória, a aprendizagem e a resolução de problemas, a vocalização, a comunicação verbal precoce e o pensamento abstracto, a adaptação, o mapeamento mental, a linguagem complexa e a formação de conceitos matemáticos. A Escala Motora (111 itens) - que avalia o grau do controlo corporal, a coordenação dos grandes grupos musculares, as habilidades de manipulação fina, o movimento dinâmico, a imitação postural e a estereognosia. Esta escala, que se direcciona para o controlo corporal e as habilidades motoras finas e globais, gera um Índice de Desenvolvimento Psicomotor padronizado e uma idade de desenvolvimento estimada. O Escala de Avaliação Comportamental (30 itens) - que mede a atenção e a prontidão, a orientação e a motivação, a regulação emocional e a qualidade motora. Tempo necessário: De 25 a 35 minutos para crianças com menos de 15 meses Até 60 minutos para crianças com 15 meses ou mais. http://www.tpc-international.com/occu/BSID2.htm 1_3 Testes aquáticos Medida de Independência Aquática (AIM: Aquatic Independence Measure) Autores: Shayke Hutzler, Chacham, Bergman e Reches, 1998 O AIM é adaptado da Lista de Verificação de Orientação na Água (Killian, JoycePetrovich, Menna e Arena, 1984) Objectivo Avaliar a orientação na água e as habilidades preliminares de natação Descrição Uma escala de 23 itens. A pontuação segue uma escala de 5 pontos: de (0) habilidade não aplicável, a (5) participante com habilidade totalmente independente. Os itens são organizados por ordem de dificuldade, variando desde a orientação elementar na água até o desempenho de um nado seguro e independente. Dependendo da deficiência, esta ordem pode variar. As primeiras 16 habilidades representam habilidades de prontidão para água e as últimas sete representam as habilidades para a natação. É importante que todas as avaliações sejam aplicadas pela mesma pessoa e sob semelhantes condições (temperatura da água, momento do dia e actividades de préteste). Natação com Medição Independente (SWIM: Swimming With Independent Measurement) Autores: K. Peacock e J. Mason Objectivo Este teste foi desenvolvido como um meio de avaliar crianças com incapacidades, que estão seguindo o sistema Halliwick. Descrição Composto de 11 itens Variedade de pontuação de 1 a 7 (pontuação máxima = 77) Desvantagem: ainda não validado 2_1_01 Introdução As pontuações de condição física oferecem informações gerais sobre: • capacidade funcional • saúde Testagem • permite a observação de uma pontuação melhorada • ajuda a motivar para um estilo de vida mais activo • oferece informações úteis para a recomendação de uma colocação ocupacional apropriada Os testes condição física de uma pessoa com condição de deficiência são importantes para optimizar programas de alto nível de treino e para acompanhar a reabilitação após uma lesão desportiva. Estes resultados proporcionam uma informação mais precisa sobre as habilidades funcionais e a saúde, demonstram as melhorias no desempenho e podem motivar uma pessoa, inicialmente inactiva, a assumir um estilo de vida mais activo. A maior parte destes testes foram originalmente desenvolvidos para pessoas com funções médias ou normais. Por isso, podem gerar grandes desafios e serem ineficientes para avaliar pessoas com condições de deficiência. 2_1_02 Introdução (cont). Os testes condição física possuem uma abordagem multidimensional, envolvendo medições: • das capacidades cardiovasculares • da força muscular • da composição corporal • da flexibilidade A flexibilidade é: • a capacidade de mover as articulações dentro de uma extensão de mobilidade prescrita A composição corporal é: • a massa corporal em relação à altura, isto é, o Índice de Massa Corporal (IMC= massa/altura2) • percentagem de gordura corporal O melhor procedimento para se determinar a composição corporal é a pesagem hidrostática (debaixo da água), onde se encontra uma densidade permanente do tecido magro para se poder calcular a composição corporal. Contudo, as populações especiais muitas vezes sofrem de desmineralização óssea, devido à doença ou à paralisia, o que afecta o seu poder de flutuação e a medição hidrostática. Os testes das pregas cutâneas são um outro procedimento para medir a gordura corporal, que pode ser bastante preciso quando usado por um observador bem treinado. Nas pessoas com condições de deficiência, a interpretação de seus resultados pode ser problemática, uma vez que as equações padronizadas nem sempre são adequadas para populações especiais. Todavia, o peso hidrostático ponderado e as medições das pregas cutâneas têm uma sensibilidade suficiente para controlar as modificações na composição corporal. A estimativa da massa corporal magra fornece um útil índice de desenvolvimento muscular que requer pouca cooperação do indivíduo. A força muscular é: • a capacidade para desempenhar uma acção não-contínua contra uma alta resistência P. ex. Força explosiva ou máxima A força máxima e a resistência muscular são geralmente testadas por técnicas padronizadas de laboratório, que medem a força da perna e/ou da preensão manual: • tensiometria isométrica • dinamometria • dinamometria isoquinética Podem ocorrer algumas dificuldades com esses testes, em relação à comunicação com pessoas cegas ou surdas, ou com relação à espasticidade ou aos distúrbios musculares das pessoas com PC. Foram desenvolvidas normas para a força da parte superior do corpo dos usuários de cadeira de rodas. Em relação às pessoas mais velhas, é importante estar consciente de que os testes de capacidade de explosão podem acarretar a fractura de ossos fracos ou desmineralizados. As acelerações rápidas são necessárias para as actividades em cadeira de rodas, tais como as corridas de curta distância ou o basquetebol, permitindo aos competidores actuar durante períodos mais longos de tempo. Para um usuário de cadeira de rodas, é também importante ter uma boa força muscular para desempenhar actividades da vida diária, como as transferências, e superar barreiras arquitectónicas como as rampas, as travagens e os terrenos acidentados. 2_2 Testes máximos Teste de Consumo Máximo de Oxigênio (VO2max) Teste de velocidade de 20 metros de corrida (Teste de Múltiplos Estágios da Condição Física) Teste de Condição Física de Doze Minutos de Distância sobre Rodas Submáximos Teste de 2 quilómetros de caminhada Teste PWC 170 (teste em bicicleta ergométrica) 2_2_01 Teste do Consumo Máximo de Oxigénio (VO2max) Grupo-alvo: atletas treinados com 18 anos de idade ou mais. Mais apropriado para atletas de rendimento. Procedimento: • Deve ser desempenhado num ergómetro apropriado (esteira, bicicleta, banco de natação) • A carga de esforço deve ser progressiva, variando de intensidade de moderada a máxima. • O consumo de Oxigénio é determinado pela medida de O2 e CO2 contida no ar expirado durante um minuto de ventilação - O nível máximo é determinado no ou perto do momento em que o teste for completado. - Os resultados são apresentados em l/min ou ml/kg/min. O VO2max é atingido quando mais de um dos seguintes itens ocorrem: 1. Atinge-se uma plataforma ou ponto máximo de absorção do oxigénio 2. A frequência cardíaca máxima é atingida – 220 (dependendo da idade) para exercícios com os membros inferiores, 210 (dependendo da idade) para exercícios com os membros superiores. 3. Proporção da troca respiratória de 1.15 ou mais 4. Exaustão voluntária Vantagens: Envolve medidas presentes do consumo corporal de O2 e a frequência cardíaca máxima. Desvantagens: o teste consume tempo e é caro. 2_2_02 Teste de velocidade de 20 metros de corrida (Teste de Múltiplos Estágios da Condição Física) Também conhecido como Beep test ou Leger test Grupo-alvo: equipas desportivas e grupos de alunos. • Para pessoas em cadeira de rodas, a distância é de 25 metros Procedimento • Medir o nível e o número de percursos alcançados antes de eles se tornarem incapazes de continuar a acompanhar o ritmo emitido pelos beeps do gravador de som. Há pontuações publicadas de VO2max equivalentes a cada nível. • Corrida contínua entre duas linhas, com 20m de distância, dentro do tempo dos beeps gravados. • O tempo entre os beeps gravados diminui a cada minuto. Vantagens: executado com grandes grupos, custos mínimos, mede até o máximo esforço/exaustão Desvantagens: a falta de prática e o nível de motivação pode influenciar os resultados 2_2_03 Teste de Condição Física de Doze Minutos de Distância sobre Rodas Também conhecido como teste de corrida em tempo ou distância fixos. Grupo-alvo: pessoas com paraplegia (em cadeira de rodas). Não é um bom preditctor para pessoas com tetraplegia. Procedimento • para avaliar aproximadamente a função cardio-respiratória • executado em pistas de corrida de 200 ou 400 metros • num período de 12 minutos, o máximo de voltas possíveis deve ser concluído e registado. • a pessoa deve ser estimulada ao máximo esforço, dentro do tempo estipulado. Vantagens: pode ser feito com um grupo, é fácil e simples Desvantagens: o teste torna-se difícil para pessoas sem experiência, no que diz respeito às diferenças na superfície do percurso, às condições da distância do percurso e aos tipos de cadeira de rodas. 2_2_04 Teste de 2 quilómetros de caminhada Grupo-alvo: pessoas entre 20-65 anos de idade, com baixa condição física, incapazes de concluir um teste de corrida. Procedimento • Implica o desempenho de uma marcha acelerada sobre um terreno duro. • Fornece informação directa sobre a condição física da marcha (tempo e frequência cardíaca) e pode ser usado para predizer o consumo máximo de oxigénio. • Os resultados são calculados através do tempo gasto para o percurso, a frequência cardíaca final, o índice de massa corporal e a idade. • Há normas disponíveis para se colocar a pontuação do indivíduo dentro de uma determinada categoria de condição física. Vantagens: os equipamentos necessários e os custos envolvidos são mínimos; pode ser aplicado pela própria pessoa; pode ser feito com grandes grupos e a medição é simples. Desvantagens: demasiado fácil para pessoas com elevada condição física 2_2_05 PWC 170 Teste (teste em bicicleta ergométrica) Grupo-alvo: todas as idades e níveis de condição física Procedimento • Medidas para a capacidade aeróbia sub-máxima • Executado numa bicicleta ergométrica fixa • Pedaladas contínuas por não mais de nove minutos • A carga de esforço é aumentada duas vezes (aos 3 e aos 6 minutos), isto é, 3 cargas no total • A frequência cardíaca é medida durante os últimos 15 segundos de cada aumento de carga (os aumentos de carga são regulados para que a frequência cardíaca atingida no final do teste não seja superior a 170 bpm) • É determinada uma carga de esforço correspondente a uma frequência cardíaca de 170 bpm Vantagens: permite testar as pessoas que não podem correr ou suportar bem o peso do corpo Desvantagens: é necessário dividir o resultado pelo peso corporal, para considerar qual será o peso suportado pela bicicleta. 2_2_06 Testes Aeróbicos Resistência cardiovascular ou condição física aeróbica: • É a capacidade de se exercitar continuamente durante extensos períodos de tempo • Depende da quantidade de oxigénio que pode ser transportada pelo corpo para os músculos em actividade. • É a eficiência destes músculos em usar o oxigénio. O melhor teste para a condição física aeróbia é o teste de consumo máximo de oxigénio (VO2max). MAS, como este teste pode ser caro e demorado, muitos outros testes mais simples foram desenvolvidos para predizer a quantidade de VO2max. Os testes de condição física aeróbia podem ser divididos em testes máximos ou submáximos: Máximos: • Exercitam o corpo até a exaustão (nem sempre apropriados) Submáximos: • Exercitam o corpo até níveis mais moderados e com limite de tempo • menos exigentes (embora, muitas vezes, sejam menos precisos) Podem ser encontrados inúmeros testes de condição física para crianças e adolescentes. Há um número consideravelmente menor de testes para adultos e idosos. Avaliações em laboratório para a capacidade do desempenho aeróbio com os braços, mais do que com as pernas, podem registrar uma frequência cardíaca máxima muito mais baixa do que numa pessoa com boa condição física e de mesma faixa etária, a correr numa esteira. 2_3_01 Considerações Ergómetros Considerações para a escolha de um determinado ergómetro: • altura e constituição física do usuário • espaço disponível para o teste • razões específicas para a execução de um dado teste • número de variáveis a serem controladas / testadas Ergómetros de Braço • útil para indivíduos dependentes de cadeira de rodas • apropriado para pessoas idosas e com restrições, tais como doenças cardiopulmonares, que não podem suportar altas intensidades de exercícios com as pernas • necessita de pouco espaço, mas tem de estar em locais com uma altura apropriada Bicicleta ergométrica • fornece a quantidade exacta do exercício a ser feito • facilmente controlada por computador • necessita de pouco espaço e tem um baixo custo • apropriadas para pessoas que não podem carregar peso ou que têm dificuldades de andar • a principal limitação é a fadiga dos músculos dos quadricipedes, nos utilizadores com pouca experiência em ciclismo Ergômetro de cadeira de rodas • apropriados para pessoas com lesão medular, spina-bifida, ou que necessitam de uma cadeira de rodas para as suas funções diárias • podem ser adicionados acessórios para melhorar a velocidade e a qualidade • os ergómetros de cadeira de rodas, montados a partir de bicicletas, proporcionam simulações insuficientes do exercício real, dado que dificilmente se adaptam aos aumentos de velocidade e resistência necessários ao teste. • a determinação do resultado da força pode ser inexacta Esteira • é mais apropriada para crianças e idosos • permite uma fácil observação e detecção de anormalidades • é ruidosa e necessita de um grande espaço • é difícil de quantificar a carga de trabalho • pode controlar o aumento da dificuldade e da velocidade 2_3_02 Considerações para a testagem de grupos de crianças Frequência cardíaca • Depois da puberdade, a frequência cardíaca máxima reduz com a idade, ano a ano, até uma taxa de 0.7 ou 0.8 batidas por minuto. • As mulheres têm uma maior frequência cardíaca do que os homens, em qualquer proporção de actividade física, depois da puberdade. • As crianças obesas têm uma frequência cardíaca submáxima mais elevada que as crianças magras, numa mesma actividade. • Exercícios em esteiras resultam em frequências cardíacas máximas ligeiramente mais elevadas que nas bicicletas ergométricas. Tensão Arterial • A tensão arterial sistólica máxima raramente excede 200mm Hg. • Não há nenhuma evidência de perigo quando a tensão sistólica atinge os 250mm Hg durante a actividade, numa criança ou num adolescente assintomático. • Os homens têm um débito sistólico máximo superior ao das mulheres, consequentemente, uma reposta da tensão sistólica também mais elevada. Nível de Tolerância ao Lactato • Os picos do nível de lactato, atingíveis durante o exercício, são menores nas crianças, em comparação com os adultos. • Muitas crianças não atingem um valor máximo real de consumo de oxigénio, porque elas não são motivadas a se exercitar até o ponto da exaustão. Para testes de exercícios com crianças, é recomendada a esteira ergométrica. 2_3_03 Considerações para a testagem de pessoas com paralisia cerebral (PC) Coordenação Pessoas com PC muitas vezes têm pouca eficiência mecânica: • espasticidade e tonus muscular excessivo conduz a contracturas • falta de inibição recíproca, criando movimentos irregulares ou descoordenados • dificuldades de iniciar o movimento devido ao reflexo hiperactivo de estiramento As técnicas de avaliação, que requerem padrões rítmicos repetitivos, podem ser difíceis para muitas pessoas com PC. Capacidade Cardio-respiratória • Pesquisas indicaram que pessoas com PC apresentam uma função cardiorespiratória reduzida, comparada com pessoas sem deficiência. Com esta população, os testes de condição física podem ser problemáticos devido a vários factores que limitam a adesão a protocolos padronizados. Por isso, a avaliação necessita de modificações criativas nos protocolos, tais como: 1. Utilizar, se necessário, um ergómetro para a parte superior do corpo. 2. Usar tiras de fixação para ajudar no posicionamento dos pés na bicicletaa ergométrica. 3. Usar ergómetros que controlam os resultados do trabalho específico e não os da cadência. 4. Desenvolver protocolos que reduzam a necessidade de alternar movimentos recíprocos. 5. Desenvolver conjuntos de bocais e molas nasais adaptados para testes de laboratório. 2_3_04 Considerações para a testagem de: Pessoas com deficiências cardíacas congénitas • A testagem deve ser desempenhada com uma medição contínua das trocas gasosas. • Frequentemente, os questionários que descrevem o histórico da doença são inexactos e não são suficientemente sensíveis para esta população. • A Ergospirometria permite uma avaliação precisa da função cardiovascular global. • Os testes de exercício podem ser executados em bicicletas ergométricas ou sobre esteira, preferencialmente, para testes de exercício com crianças. • Equipamentos de primeiros socorros devem estar prontamente disponíveis. Pessoas com lesões medulares • A frequência cardíaca é particularmente baixa nas pessoas com tetraplegia, dado que falta a estimulação normal do nervo simpático. • A força aeróbia, quando desempenhada com os braços, em lugar das pernas, origina uma frequência cardíaca máxima muito mais baixa. • Pode acontecer um sobreaquecimento corporal durante o exercício, uma vez que as pessoas com lesões na espinal-medula apresentam problemas com a regulação da temperatura corporal, dependendo do nível da lesão. Por isso, é necessária uma sala com temperatura apropriada e controlada. • Tiras podem ser necessárias para ajudar a preensão, se a pessoa tiver uma lesão num nível alto. Pessoas com deficiência mental e problemas psico-sociais • Precisam de demonstrações simples e visuais do exercício a ser desempenhado, podendo até necessitar uma sessão de treino. • Precisam de encorajamento extra para mantê-los motivados durante o teste. • Pode ter de visitar a sala de testes, antes do dia de testes, para se sentirem confortáveis com o ambiente. • O seu estilo de vida mais sedentário deve ser considerado antes dos testes. • O nível da deficiência mental pode afectar as variáveis observadas e os resultados finais do teste. 3_1 Introdução O desporto e a actividade física são indiscutivelmente benéficos à auto-estima, ao bemestar psicológico e contribuem para a prevenção de doenças. Pode melhorar a autoeficácia de indivíduos com vidas menos autónomas ou cujas vidas tenham sido dramaticamente alteradas, devido a uma lesão ou doença. A avaliação psico-social é necessária para : • Compreender como a presença da doença ou da deficiência pode afectar o self, bem como as suas implicações na saúde pública. • Definir os objectivos terapêuticos e manipular as estratégias de adaptação, quando um comportamento desviante é detectado tanto em pessoas saudáveis quanto psicologicamente perturbadas. • Garantir um modo sistemático de trabalhar. Os métodos de avaliação podem-se dividir em: • observação • auto-avaliação 3_2_01 Testes de observação LOFOPT Autor: J. Simons Grupo-alvo: pacientes psiquiátricos infantis e adultos Objectivo • Fornecer indicações directas para a terapia baseadas na observação de comportamentos durante sessões de movimento. • Observar o desvio do comportamento motor normal nas relações emocionais, na autoconfiança e na actividade física. • Fornecer uma abordagem sistémica à terapia, uma vez que os itens de observação são derivados dos objectivos terapêuticos. Descrição Os participantes devem estar engajados numa actividade física, jogo ou tarefa de grupo A observação realiza-se em 5 sessões, durante uma ou duas semanas. É usada uma escala de 7 pontos; de -3 a +3 (dos comportamentos excessivamente activos à falta de actividade ou emoção), sendo 0 a norma. Itens observados: 1. Relações emocionais 2. Autoconfiança 3. Actividade 4. Relaxação 5. Controlo de movimento 6. Focalização da atenção sobre a situação 7. Expressividade do movimento 8. Comunicação verbal 9. Capacidade de regulação social Vantagens: fácil de administrar, pode ser feito em qualquer situação Desvantagens: subjectivo; isto é, não há nenhuma descrição exacta possível do que seja o “comportamento normal” 3_2_02 Vídeo-distorção Autor: Michel Probst Grupo-alvo: pessoas com distúrbios alimentares Objectivo • Permitir que pacientes corrijam uma imagem distorcida de si próprios, exibida num ecrã, até que ela corresponda ao seu tamanho real. • Revelar o tamanho do corpo que eles sentem, e que eles desejam ser, e quem eles pensam (ou sabem) que são. Vantagens: usa um ecrã em tamanho natural Desvantagens: necessita de equipamento tecnológico 3_2_03 Vídeo-confrontação Autor: Michel Probst Grupo-alvo: pessoas com distúrbios alimentares Objectivo • Permitir que as pessoas que sofrem de distúrbios alimentares encarem os seus problemas • Confrontar a realidade Descrição A vídeo-confrontação consiste em fazer uma filmagem comum do paciente, geralmente vestido em fato de banho, no começo e no final do tratamento, e em intervalos fixos de tempo. O participante (possivelmente na companhia de outros pacientes) assiste as gravações. O participante, então, expressa os sentimentos evocados pelo vídeo e, depois, outros participantes do grupo têm a oportunidade de exprimir os seus e de fazer perguntas. Uma vez completada a reabilitação (“alta” do hospital) as primeiras e últimas gravações são vistas e comparadas. Os possíveis sentimentos de um paciente recuperado de uma anorexia, neste momento, são a indiferença, a surpresa, a confusão, a incerteza e o medo, o descontentamento, a repugnância, a negação, a vergonha, e a satisfação pessoal. 3_3 Auto-avaliação Teste de atitude corporal (BAT: Body Attitude Test) Autores: M. Probst, W. Vandereycken, H. Van Coppenolle e J. Vanderlinden, 1995 Grupo-alvo: mulheres com distúrbios alimentares Objectivo • Medir a experiência corporal subjectiva e a atitude da pessoa em relação ao seu próprio corpo. • Revelar os sentimentos sobre a apreciação do tamanho do corpo, a familiaridade e a insatisfação com o próprio corpo. Descrição O BAT consiste em 20 itens a serem pontuados numa escala de 6 pontos (0 a 5). A pontuação total máxima é 100: quanto mais alta a pontuação, mais atípica é a experiência corporal. Vantagens: Tem boa validade com questionários existentes Questionário da forma corporal Autores: Cooper PJ., Taylor, Cooper Z. e Fairburn, 1987 Grupo-alvo: mulheres com distúrbios alimentares Objectivo Avaliar questões relacionadas com a forma do corpo e os sentimentos de se estar acima do peso. Descrição Trata-se de um questionário de 34 itens, auto-preenchido. Diferencia-se claramente entre pacientes com bulimia e mulheres que não sofrem de distúrbios alimentares. As pontuações mais elevadas representam uma atitude corporal mais negativa. Vantagem: permite diferenciar entre sujeitos sem patologia e anoréxicos de pacientes bulímicos. Escala de auto-estima de Rosenberg Autor: Dr. Morris Rosenberg A escala de auto-estima de Rosenberg é, possivelmente, a medida de auto-estima mais amplamente usada na pesquisa em ciências sociais Grupo-alvo: irrestrito Objectivo Avaliar atitudes quanto à auto-valoração e a auto-estima global. Descrição • A escala original foi desenvolvida nos anos 60 e pontuada segundo a escala de Guttman. • Demonstra tanto uma escala de estrutura unidimensional quanto de dois factores (autoconfiança e auto-estima). • Alta confiabilidade Apesar de ter sido concebida para a escala de Guttman, a escala de auto-estima de Rosenberg é, actualmente, pontuada como uma escala de Likert. Os 10 itens são respondidos numa escala de quatro pontos, variando de concordo totalmente até discordo totalmente. Questionário de Auto-descrição (SDQ III: Self Description Questionnaire) Autor: H. Marsh, 1989 Objectivo Medir o auto-conceito em áreas específicas e globais. Grupo-alvo: adolescentes e jovens adultos Descrição É teoricamente baseado no modelo multifacetado e hierárquico do auto-conceito, da teoria de Shavelson. O SDQ III é um questionário de auto-preenchimento de 136 itens, com 13 escalas: • avaliação de 4 áreas de auto-conceito académico Verbal / Matemática / Solução de Problemas / Académico em geral • 8 áreas de auto-conceito não-académico Habilidade física / Aspecto físico / Relações entre colegas de mesmo sexo / Relações entre colegas de sexo oposto / Relações parentais / Estabilidade emocional / Honestidade e confiabilidade / Valores espirituais e religosos • Uma auto-escala geral derivada da escala de auto-estima de Rosenberg A pontuação total também foi conservada, por se tratar de um indicador do autoconceito geral ou total. Cada uma das 13 escalas é inferida com base nas respostas a 10 ou 12 itens, metade dos quais escritos em frases negativas, para romper a predisposição de responder sempre com concordância. Os participantes avaliam as suas respostas numa escala de 8 pontos: 1 = Definitivamente falso ↔ 8 = Definitivamente verdadeiro Capítulo 4 1_1 Introdução A intervenção em AFA é extensiva a profissões afins da área da saúde e focaliza-se no aprimoramento da actividade e da participação da pessoa ao longo da vida. A terapia é definida como uma abordagem sistemática, da qual se espera atingir resultados positivos com pessoas doentes ou com condição de deficiência. Em muitos países europeus, o termo Terapia Psicomotora (PMT: Psychomotor Therapy) é usado para descrever a tentativa de melhorar o funcionamento psico-social de pessoas com problemas psicológicos ou psiquiátricos, através do movimento e da experiência corporal. A Terapia Psicomotora fé destinada a pessoas com problemas psicológicos e trata-se de uma importante parte do contexto terapêutico. Ela inclui pacientes psiquiátricos que sofrem de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, esquizofrenia, demência, dentre outros. A terapia psicomotora é uma aplicação sistemática da actividade física, em forma de terapia. Pode beneficiar pessoas de todas as idades: crianças, adolescentes, adultos e idosos. A PMT se concentra nos aspectos positivos e alcançáveis, a fim de eliminar ou, pelo menos, diminuir os problemas das pessoas. As actividades de movimento oferecem muitas informações que indicam uma conexão bastante próxima entre movimento, expressão e personalidade. Os princípios básicos da Terapia Psicomotora fundamentam-se em: • Teorias gerais da terapia em psiquiatria • Características específicas dos problemas psiquiátricos • Métodos específicos de diagnóstico psicomotor A PMT gera um impacto psicológico através da actividade corporal, ao mesmo tempo que influencia toda a esfera emocional, o seu desenvolvimento, o seu papel na actividade corporal e na perseguição dos objectivos da própria pessoa. A PMT restitui a auto-confiança e traz mais equilíbrio para as relações existentes entre os sentimentos, as atitudes e os comportamentos. Ela tem um papel estimulante para se aprender a lidar com as situações tensas e faz uso do movimento para confrontar a pessoa com as suas experiências emocionais não resolvidas. Para mais informações sobre PMT e treino vocacional, visite os seguintes sites: www.kuleuven.ac.be/thenapa/education/pmt/index_pmt.htm www.pmtinfosite.nl/globe/globe-e.htm www.psychomot.org 1_2 Prática da Terapia Psicomotora (PMT) • • • • • • Condição física Método Sherborne Actividades Físicas Adaptadas PMT para anorexia PMT para demência PMT para crianças com atrasos de desenvolvimento 1_2_01 Condição física O treino da condição física tem sido encarado como uma estratégia efectiva, de custos baixos e com o mínimo de efeitos colaterais perniciosos. Pode ser utilizado isoladamente ou como um auxiliar nas formas tradicionais de tratamento de pessoas que sofrem de depressão. Um programa psicomotor estruturado e individualizado, utilizando o treino da condição física como uma estratégia anti-depressiva, foi implementado na reabilitação de pacientes não-psicóticos. Os objectivos do programa são: • Melhorar a condição física objectiva e subjectiva • Reduzir os sentimentos de ansiedade e tensão • Promover experiências de sucesso • Promover a auto-imagem • Ensinar as pessoas a buscar soluções activamente • Dar assistência a pessoas com habilidades verbais empobrecidas • Prevenir a recorrência da depressão O programa combina treino de força e resistência, três vezes por semana. 1_2_02 Método Sherborne A teoria que serve de base para o Método Sherbone é a análise do movimento humano, de Rudolf Laban. A intenção de Laban não era o desempenho bem-sucedido de movimentos, mas sim desenvolver a personalidade e o potencial das pessoas, ajudando-as a compreender e a experimentar a maior variedade possível de movimentos. As actividades, neste método, referem-se mais às experiências do que a exercícios. As experiências de movimento são essenciais para o desenvolvimento das crianças, mas são particularmente importantes para crianças com necessidades especiais. O Método Sherbone é aplicável a crianças com: • Dificuldades moderadas de aprendizagem • Dificuldades profundas e múltiplas de aprendizagem • Distúrbios emocionais e comportamentais • Deficiências físicas Os dois objectivos mais importantes são: • Desenvolvimento de relações • Desenvolvimento da consciência corporal 1_2_03 Actividades Físicas Adaptadas As Actividades Físicas Adaptadas podem melhorar a qualidade de vida: • • • • • • • Ensinando-nos a cooperar Melhorando o nível da condição física Fortalecendo o corpo para uma movimentação independente Promovendo oportunidades de socialização Promovendo sentimentos de capacitação Gerando prazer Compreendendo o próprio corpo As actividades podem ser feitas tanto em espaços abertos quanto fechados ou na água. O treinador ou terapeuta lidera as actividades com objectivos específicos em mente para cada participante em especial. 1_2_04 PMT para pessoas com anorexia A Terapia Psicomotora (PMT) para pacientes com Anorexia Nervosa inclui todas as formas de psicoterapia que se direccionam para o corpo como maneira de aprimorar a função psíquica. Nesta abordagem, as pessoas são envolvidas, inicialmente, em experiências não-verbais, as quais podem ser discutidas verbalmente mais tarde ou em qualquer momento do tratamento. A PMT faz uso frequente de exercícios de movimento, desportos, jogos, técnicas de relaxação e explorações e expressões corporais. Podem haver três possíveis pontos de partida para o padrão específico de conduta dos distúrbios alimentares: • Experiência corporal distorcida • Hiperactividade • Medo de perder o auto-controlo A PMT pode influenciar directamente estes três factores, se trabalhar em quatro objectivos específicos: 1. Reconstruir uma auto-imagem realística 2. Diminuir a hiperactividade, os impulsos e as tensões 3. Desenvolver habilidades sociais 4. Aprender a desfrutar do corpo Há várias técnicas a serem usadas para se atingir estes objectivos: • Exercícios de relaxação e respiração • Massagem • Role playing • Actividades físicas, desportos e jogos • Dança e movimento criativo • Treino de consciência sensorial • Imaginação guiada 1_2_05 PMT para pessoas com demência A actividade física ajuda a pessoa com demência a estabelecer contacto com outras pessoas e a comunicar-se, a fim de aflorar a sua passividade. Por isso, a PMT para pessoas com demência é sempre feita em grupos. Pessoas com demência “perdem” a expressão facial e emocional. O objectivo da PMT é tê-los a participar de actividades em que experimentem o prazer e as outras emoções. As sessões começam com exercícios familiares de aquecimento, para que todos se conheçam e para permitir a cada um o tempo necessário para estabelecer contacto com o grupo. Então, as actividades progridem para tarefas mais exigentes, exercícios de controlo motor e trabalhos de memorização e direccionados para outras pessoas. Estas actividades são destinadas a estimular a interacção grupal. As sessões incluem também a conversa entre o grupo, para provocar o diálogo sobre os sentimentos e as experiências vividas durante as actividades, e para que um comente sobre o desempenho do outro. Cada participante é também encorajado a liderar uma actividade, a fim de construir a confiança e o uso apropriado do discurso. 1_2_06 PMT para crianças com atraso de desenvolvimento Certos programas de PMT podem ser muito benéficos para crianças com DDAH, distúrbio coordenativo do desenvolvimento e distúrbios hiperquinéticos. Estes programas têm um enfoque tanto no indivíduo quanto no seu envolvimento, pois trabalham com: • O comportamento sócio-emocional • O comportamento motor e a percepção • A cognição • O contexto As técnicas de intervenção são, simultaneamente, específicas e não-específicas. Específicas: • Jogos e actividades que requerem habilidades sociais e interacção grupal • Interacção e construção de boas relações com o terapeuta e os pais • Inibição de respostas irrelevantes para a tarefa • Facilitação de habilidades perceptivas básicas • Controlo motor • Controlo do comportamento • Reacções planeadas e controladas • Redução de sintomas secundários • Aconselhamento (pais e professores) Não-específicas: • Diversão e movimento como forma de fortalecer a espontaneidade das crianças • Apoio • Capacitação (“empowerment”) da família • Execução de sequencias complexas • Regulação do tonus • Auto-conceito realístico • Motivação para o êxito • Reflexividade • Coesão grupal • Resposta social positiva As tarefas são explicadas e as crianças repetem-nas de forma a terem uma melhor orientação e preparação para as desempenhar. Desta forma, as crianças aprendem a esperar a sua vez, a cooperar e, também, a desenvolver imagens mentais. As crianças são ensinadas a ouvir e a auto-observarem-se. A maioria das crianças com distúrbios do desenvolvimento, implicadas em sessões de PMT, ao longo de um tempo, desenvolve a auto-confiança e a capacidade de fazer amigos. 2_1_01 Reabilitação Cardíaca: • Pode ser definida como: “O conjunto de intervenções necessárias para assegurar a melhor condição física, psicológica e social possível, para que os pacientes com doenças crónicas ou sub-agudas do coração possam, pelos seus próprios esforços, preservar ou recomeçar a vida, tão normal quanto possível, em função do seu estatuto regular da vida comunitária” (Randal, 1964; Task Force ESC, 1991) • Implica um tratamento multidisciplinar durante um longo período de tempo • A reabilitação cardíaca encontra-se subdividida em 3 fases, de acordo com a OMS, ainda que alguns países usem um modelo de 4 fases. 2_1_02 Fases da reabilitação Fase aguda (I): Após o diagnóstico, desenvolve-se um período precoce e progressivo de regime ambulatório. Neste período, inicia-se a educação sobre os factores de risco e a sua modificação. Este tipo de abordagem tem reduzido a incidência de complicações, porque evita um período prolongado de imobilização após o enfarto. A duração reduzida da hospitalização e a mobilização precoce do paciente, diminui os níveis de ansiedade e podem prevenir as chamadas de emergência e as desnecessárias readmissões no hospital. Fase do re-condicionamento (II): A fase ambulatória da reabilitação começa com um teste clínico, um teste máximo ou limitado às condições do sintoma e um exame psico-social, quatro semanas depois do episódio coronário agudo ou da cirurgia cardíaca. Os componentes mais importantes da fase II são o treino físico, a modificação do factor de risco e os programas de educação, o aconselhamento psico-social e, se necessário, o atendimento psicológico individual. A equipa de reabilitação cardíaca é normalmente composta de um médico, um fisiologista do exercício, um terapeuta do exercício ou fisioterapeuta, um assistente social, um psicólogo, um dietista ou nutricionista e um enfermeiro. Fase de manutenção (III): Esta fase é constituída pela manutenção e pela prevenção secundária. A ênfase é dada numa actividade física apropriada e na modificação dos factores de risco. As actividades desportivas são regularmente organizadas em ambientes menos clínicos (centros desportivos, piscinas). Os terapeutas e treinadores precisam ter uma boa formação em cardiologia e em técnicas de reanimação. Os clubes de doentes podem ser importantes, neste contexto, para a organização prática das actividades ou para motivar os participantes a se manterem em terapia. 2_1_03 Fase III: Exemplo de uma boa prática O HARPA (Heart Patients) é um clube desportivo para pacientes cardíados que finalizou a sua fase II (período de reabilitação). Uma equipa muito bem treinada, com um equipamento médico adequado e um plano de emergência, supervisiona toda a actividade. Natação e hidro-aeróbica são oferecidas uma vez por semana. As sessões principais de treino envolvem corrida, ginástica, exercícios de solo, basquetebol e voleibol, duas vezes por semana, durante 1 ou 2 horas. Para organizar todas estas actividades, o HARPA utiliza a infra-estrutura da Faculdade de Educação Física da Universidade Católica de Louvaina (Bélgica). Outras actividades organizadas pelo HARPA são: caminhadas, “dias desportivos”, sessões de informação para a actualização acerca das últimas novidades médicas sobre problemas cardíacos e vasculares, aulas de técnicas de reanimação para pacientes voluntários e actividades sociais. 2_2 Reabilitação Pulmonar A reabilitação pulmonar envolve um programa multidisciplinar, personalizado, que visa estabilizar ou reverter tanto a fisiologia quanto a psicopatologia da doença pulmonar, através de um diagnóstico apurado, da terapia, do apoio emocional e educacional. A intenção é devolver ao paciente a mais elevada capacidade funcional possível da sua condição pulmonar e da sua vida em geral. A reabilitação pulmonar inclui: • Exercícios físicos • Exercícios respiratórios • Expiração forçada • Drenagem postural • Compressão manual peitoral • Percussão e vibração As pessoas com doenças pulmonares podem ser, por vezes, afectadas por reacções psicossomáticas ao exercício físico. Os exercícios consistem em: • Treino intervalado • Treino de resistência • Pedalar com os braços • Pedalar com as pernas • Caminhada Treino dos músculos respiratórios e periféricos: Procedimentos: Intensidade - 55% a 90% da frequência cardíaca máxima ou 40 –85% do VO2max Duração - entre 20 e 60 minutos Frequência – 3 a 5 vezes por semana Treino de resistência e flexibilidade: 2 a 3 vezes por semana 2_3 Reabilitação da marcha O padrão da marcha (caminhada bípede) é naturalmente desenvolvido nos seres humanos. Entretanto, assim que ocorre um distúrbio no sistema neuromotor, devido a um acidente ou doença, a marcha se torna uma actividade extremamente complexa, que necessita ser reaprendida. Pessoas com problemas congénitos (como a Paralisia Cerebral), ou problemas ortopédicos e neurológicos adquiridos (como a lesão cerebral traumática, acidente vascular cerebral, lesão da espinal-medula, cirurgias da anca, artrites reumatóides) necessitam de um treino específico dos padrões da marcha. O uso de esteiras, particularmente aquelas que permitem um apoio parcial do corpo, tem recentemente despertado o interesse entre os profissionais e os cientistas. Com base na teoria ecológica, acredita-se que a superfície móvel da esteira induz situações que facilitam o desenvolvimento do padrão da marcha. Tiras e roldanas de pára-quedas podem ser usadas para compensar a perda do equilíbrio e das reacções reflexas, bem como suportar o peso do corpo. A esteira permite ao paciente exercitar séries complexas de marcha, com muitas repetições. No começo do tratamento, dois terapeutas auxiliam a movimentação, dando assistência à rotação os membros (sentados ao lado) e à transferência do peso, a extensão da anca e elevação do tronco (ficando em pé, atrás). Uma outra forma de iniciar o treino da marcha é através do movimento de pedalar. Este movimento estimula um padrão primitivo da marcha. http://userpage.fu-berlin.de/~bhesse/e_index.html 3_1 Dança e movimento A dança, enquanto terapia, passou a existir nos anos 40. A psicóloga e dançoterapeuta, Petra Klein, fundou, em 1983, na Alemanha, o Instituto Internacional de Dançoterapia (IIDT: International Institute for Dance Therapy), actualmente situado no Tenerife. A dança movimento e terapia é o uso psicoterapêutico do movimento e da dança, através do qual a pessoa se pode implicar, criativamente, num processo de promoção da integração emocional, cognitiva, física e social. Sua base está assentada no princípio de que o movimento reflecte um padrão do pensamento e dos sentimentos do indivíduo. A dançoterapia ajuda a pessoa a descobrir ou a redescobrir a si própria, a atingir uma maior auto-consciência e bem-estar. Ela aprimora a coordenação e o controlo corporal e melhora o equilíbrio. Trata-se de uma metodologia de grupo não-verbal, praticada tanto como terapia de grupo quanto individual. Benefícios • Melhora a auto-consciência, a auto-estima e a autonomia pessoal • Melhora e exercita comportamentos adaptativos e de confrontação • Ajuda a expressar e a lidar com pensamentos ou sentimentos muito intensos • Maximiza os recursos da comunicação • Avalia o impacto do self nas outras pessoas • Inicia modificações físicas, emocionais e/ou cognitivas • Desenvolve relações de confiança • Ajuda a pessoa a lidar com sentimentos que interferem com a aprendizagem • Melhora as habilidades de interacção social A dança movimento e terapia é benéfica para pessoas com: • Problemas de identidade (imagem corporal, auto-estima, vergonha, ansiedade) • Problemas de relacionamento • Histórico de abuso sexual, físico e/ou emocional • Atrasos cognitivos e/ou problemas neurológicos • Baixa capacidade de lidar com a agressividade • Falta de criatividade e bom-humor • Pouca capacidade de solucionar problemas • Problemas de comunicação e relacionamento familiar A dança movimento e terapia é disponibilizada na prática privada e em ambientes de serviços sociais, educacionais e de saúde, existindo, assim, como um serviço universal. Um bom link para os portais de dança é: http://www.artslynx.org/heal/dance.htm 3_2_01 Introdução A Hidroterapia ou a Terapia Aquática é geralmente referida como sendo a prática de exercícios terapêuticos dentro da água, na qual os efeitos da imersão são combinados com outros exercícios ou métodos sistematicamente aplicados. Estes métodos podem ser activos ou passivos e, em geral, dedicam-se a um ou mais problemas apresentados pelo paciente (dor, hipertonia, perda de força, problemas de equilíbrio, falta de capacidade aeróbia, etc.). A imersão e os exercícios aquáticos originam uma estimulação fisiológica que apresenta efeitos terapêuticos positivos, tanto a curto quanto a longo prazo, quando usados num sistema biológico deficiente (geralmente o sistema neuro-locomotor). O estímulo fisiológico usado é de origem fluido-mecánica e térmica: • Pressão hidrostática • Flutuação • Turbulência • Ondas • Temperatura Apesar da hidroterapia ter sido documentada, a princípio, em 2400 Antes de Cristo, a actividade da hidroterapia começou por volta de 1930, quando as vítimas de pólio começaram a fazer exercícios na água. O desenvolvimento das técnicas modernas começou com os Métodos Halliwick (1950) e Bad Ragaz Ring (1955). Actualmente, a hidroterapia é considerada uma forma comum de tartar diferentes tipos de problema, devido a um incremento na investigação sobre os seus efeitos. Na verdade, um crescente número de ensaios clínicos tem vindo a ser publicado. Visite: http://www.semaine-de-rhumatologie.org http://www.ewac.nl http://www.arjo.com 3_2_02 Métodos Método Bad Ragaz Ring O conceito de Halliwick Métodos de relaxação passiva • Técnica de Jahara • Watsu • Reequilíbrio oceânico • Aquasage • Aquamouvance • Waterdancing • Relaxação aquática • Waving Ai-Chi 3_2_03 Método Bad Ragaz Ring O Bad Ragaz Ring Method (BRRM) foi desenvolvido em sua forma básica, na Alemanha, por volta de 1950. Ele começou como uma forma de fortalecer os músculos, com padrões simples e uni-dimensionais. Os pacientes são colocados num equipamento flutuante e fazem os exercícios em decúbito ventral. O terapeuta controla o movimento enquanto o paciente se move na água. Em 1957, o método foi introduzindo no Centro de Saúde e Spa de Bad Ragaz, na Suíça. No início dos anos sessenta, foram acrescentados modelos tri-dimensionais aos movimentos, com base nas ideias da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. Outras alterações acrescentadas ao método, por volta de 1975, foram descritas pela fisioterapeuta, Beatrice Egger. Em 1990, ela escreveu um livro sobre o Novo BRRM e as actualizações estão agora disponíveis em CD-Rom, no seguinte endereço: www.halliwick.net/cdrom.asp Os objectivos do BRRM são: • Fortalecimento e reeducação muscular • Aumento da amplitude dos movimentos • Redução do tonus e relaxação • Melhoria do alinhamento e da estabilidade do tronco 3_2_04 O Conceito de Halliwick O Conceito de Halliwick é uma metodologia de ensino aplicável a todas as pessoas, principalmente àquelas com condições de deficiência ou distúrbios de aprendizagem, para que: • Participem em actividades aquáticas • Movam-se independentemente na água • Nadem Este método é baseado na ideia de que as actividades aquáticas são benéficas para o bem-estar, e o Conceito de Halliwick estabeleceu os fundamentos para a aprendizagem de habilidades aquáticas. Os benefícios das actividades aquáticas são: • Físicos • Pessoas • Recreativos • Sociais • Terapêuticos O Conceito de Halliwick foi desenvolvido por James McMillan (Inglaterra), em 1950, quando ele introduziu o seu Programa de Dez Pontos. Desde 1975, o Conceito se expandiu para as técnicas de hidroterapia e desenvolveu exercícios terapêuticos específicos. O Conceito se espalhou pelo mundo e, consequentemente, em 1994, estabeleceu-se, em Bad Ragaz (Suíça), a Associação Internacional de Halliwick. http://www.halliwick.org/ 3_2_05 Técnica de Jahara Este é um método para o ensino da consciência corporal dentro da água. Jahara tem sua base na compreensão de dois elementos fundamentais: 1. Os mecanismos corporais 2. As propriedades físicas da água Um equipamento de flutuação flexível, chamado “terceiro braço”, é usado para dar apoio ao corpo do participante. Este equipamento permite que o terapeuta movimente o participante sem esforço e gera uma sensação de leveza. A deslocação delicada e contínua da coluna resulta na “expansão” e no alívio do sistema muscular esquelético. A filosofia do Jahara é resumida nos seguintes conceitos: • Expansão • Apoio • Suavidade • Invisibilidade • Adaptabilidade http://www.jahara.com 3_2_06 Watsu (derivado de “WATer shiatSU”: “Shiatsu na Água”) Nos anos 80, Harold Dull (USA), um mestre de Zen-shiatsu, que fazia alongamentos e Shiatsu numa piscina, desenvolveu o Método Watsu. Ele achava que a combinação destes alongamentos, a aplicação da massagem Shiatsu e os movimentos suaves poderiam gerar uma profunda relaxação. Em termos simples, o Watsu é uma massagem flutuante. Com a ajuda do terapeuta: • O participante flutua confortavelmente numa grande piscina de água aquecida, enquanto os seus músculos são massajados • As articulações são mobilizadas e os grupos musculares são alongados • Os canais de energia são abertos e todo o corpo é suavemente movimentado na água. Os fisioterapeutas, massagistas e outros profissionais que trabalham o corpo, usam este método para tratar: • stress • dor lombar crónica • disfunções locomotoras • artrite • perturbações do sono • fibromialgia • outras patologias O Watsu pode ser combinado com o Shiatsu (em ambiente seco), meditação e outras técnicas de bem-estar (alternativas e orientais) Hoje em dia, o Watsu é praticado por mais de 1000 técnicos, treinados e certificados em todo o mundo, em: • termas e piscinas públicas • hospitais e clínicas de terapia corporal • Spas de beleza e bem-estar 3_2_07 Ai-Chi Ai-Chi é uma forma de terapia de relaxação activa, derivada do Tai-Chi. A relaxação é atingida através de uma série de movimentos lentos, combinados com técnicas de respiração. A progressão processa-se através da maior complexidade dos movimentos da coreografia. É uma técnica passiva que pode ser aplicada facilmente em programas comunitários. Outras técnicas, que também enfocam a combinação da respiração, do controlo postural e da relaxação, são: Wat-shi-gong, Aquatic Feldenkrais (http://www.feldenkrais.com), Aquatic Pilates e Halliwick, apresentado anteriormente. 3_3 Hipoterapia Montar cavalos foi inicialmente delineado como terapia por Elsbet Bodtker (Noruega), nos anos 50, e foi amplamente praticado na Alemanha, durante os anos 60. A hipoterapia é usada principalmente para pessoas com: • PC • Deficiência Mental e Síndrome de Down • Autismo • Spina Bífida • Distrofia muscular • Dislexia Os movimentos do cavalo estimulam todo o corpo do cavaleiro: • Sistema nervoso e cérebro • Propriocepção (sensibilidade aos movimentos das articulações) • Sistema vestibular (sentido de equilíbrio) • Sistema táctil (sensibilidade ao toque) • Sistema olfactivo (sensibilidade ao cheiro) • Visão Graças aos movimentos dos passos do cavalo, o centro de gravidade do cavaleiro é constantemente deslocado, requerendo um esforço constante para permanecer centrado na sela, o que estimula o controlo e a actividade muscular. O movimento dinâmico do cavalo (para frente e para trás, para cima e para baixo, para um lado e para o outro) estimula o sistema nervoso do paciente. Desenvolve, também, a consciência da pessoa sobre como o seu corpo se relaciona com o ambiente. A estimulação do sistema nervoso possibilita a melhoria do uso da linguagem e uma melhor planificação e execução dos movimentos de uma maneira mais espontânea. Quando a linguagem e as habilidades motoras se tornam automáticas, o sistema nervoso se torna mais eficiente para processar e organizar os estímulos sensoriais recebidos. Outros benefícios incluem a melhoria de: • Equilíbrio • Controlo postural • Consciência corporal • Percepção visual • Auto-confiança • Amplitude de movimentos • Desempenho da marcha 3_4 Ludoterapia A Ludoterapia é uma forma de: • Terapia psicanalítica sem ênfase na verbalização • Exploração e expressão, na qual a criança assume, em lugar do terapeuta, a liderança A ludoterapia funciona como aconselhamento para as crianças, ou como psicoterapia para os adultos. É benéfica para as crianças que sofrem de problemas emocionais e expressivos. isto é, crianças com DDAH, autistas, mutismo selectivo e outros distúrbios psicosociais, ou que sofreram abusos. A Sociedade Internacional para Crianças e Ludoterapia é a principal organização neste campo. http://www.bapt.uk.com Para mais informações, visite: http://www.playtherapy.org 3_5 Terapia de salto em trampolim (Rebound Therapy) A terapia de salto em trampolim (Rebound Therapy) foi implementada principalmente na Inglaterra e na Alemanha, desde os anos 60. São oferecidos cursos de trampolim e certificados enquanto terapia pela German Aktionskreis Psychomotorik. http://www.psychomotorik.com/ As propriedades elásticas da superfície do trampolim aumentam a função do movimento e diminuem o tonus em indivíduos com uma variedade de deficiências sensório-motoras, problemas de saúde psico-sociais e psicológicas, tais como lesões cerebrais, Fibrose Cística, PC, Distúrbio Coordenativo do Desenvolvimento, cegueira e autismo. A terapia de salto em trampolim é uma parte útil do tratamento para a reabilitação clínica e pós-clinica, se os princípios básicos de prevenção de acidentes forem observados. A terapia consiste em séries sistematizadas de exercícios, aplicadas por profissionais adequadamente treinados: professores de educação física, psico-pedagogos ou fisioterapeutas. Os benefícios incluem: • Uma boa alternativa para as corridas em esteira • Existe um estímulo biomecânico maior durante o salto em trampolim do que durante uma corrida • O aumento da estimulação gravítica, que aumenta a responsividade proprioceptiva • O aumento da força e do controlo do equilíbrio Capítulo 5 1_1 Desportos de ar livre • • • • • • • Tiro com arco Campismo Golf Corrida de orientação Escalada Rappell Percursos “todo o terreno” em cadeira de rodas 1_1_01 Tiro com arco O Tiro com arco é uma das mais antigas artes, tendo sido praticada, provavelmente, desde a Idade da Pedra. Pode ser praticada: • • • Ao ar livre ou em interiores Em equipas ou individualmente Em pé ou sentado Os participantes usam um arco para lançar as flechas para um alvo, composto de 10 círculos concêntricos. A pontuação para cada flecha depende do local onde ela acerta no alvo. Equipamentos modernos permitem às pessoas sem dedos a participarem regularmente. Visite www.archery.org . 1_1_02 Campismo Com todo o equipamento necessário, o campismo é acessível a todas as pessoas, desde as condições mais rústicas às mais confortáveis. O campismo pode ser feito numa tenda ou numa caravana. O facto da pessoa ter necessidades especiais não a deve impedir de experimentar estar ao ar livre e dormir na natureza. 1_1_03 Golf Para se jogar Golf, utiliza-se um taco para introduzir uma bola num buraco. Um percurso tradicional de Golf tem 18 ou 19 buracos, que podem ser facilmente reduzidos à vontade do praticante. È um jogo que desafia a precisão da coordenação óculo-manual. O mais importante é aprender a se concentrar no jogo enquanto, num outro nível, é possível também apreciar a natureza. 1_1_04 Corrida de orientação As actividades divertidas e cooperativas, como a corrida de orientação, podem ser facilmente organizadas em ambientes inclusivos. É uma maneira alegre e saudável de aprender mais sobre a natureza e a geografia, enquanto se pratica alguma actividade física. 1_1_05 Escalada A escalada requer alguma força e técnica. Os equipamentos, em geral, são um pouco caros. No entanto, muitos clubes têm os recursos necessários para a escalada em paredes, tanto em ambientes de interior quanto de exterior. 1_1_06 Rappelling O Rappell não exige tanto esforço quanto à escalada, ao participante. No entanto, exige força do assistente que segura a corda usada para praticar este desporto. O que os participantes precisam é de coragem para superar seus limites. 1_1_07 Percursos “todo o terreno” em cadeira de rodas Nos Alpes, por exemplo, existem cerca de 200 rotas demarcadas, acessíveis a cadeiras de rodas. Esta actividade pode ser praticada tanto como laser, com amigos e familiares, quanto competitivamente. Quem pode praticar? • Qualquer pessoa com movimentos nos braços para travar e manobrar. • Preferencialmente, praticar com um ou dois assistentes, para o caso de haver alguma parte da rota com degraus ou subidas íngremes. Há muitos avanços recentes em cadeiras de rodas – rodas, pneus e técnicas de travagem. Mais informações podem ser encontradas em: http://ftt.free.fr 1_2 Desportos de interior • • • • • • • • • Aeróbica Ténis de mesa Curling Lançamento de dardos Bowling Boccia Hockey Pára-quedas Dança 1_2_01 Aeróbica Aeróbica é uma óptima maneira de manter a condição física, que requer apenas a música. Os instrutores têm-se tornado cada vez mais criativos para adaptarem as rotinas tradicionais, assumindo que elas podem também ser praticadas com as pessoas sentadas. A aeróbica é um excelente desporto para melhorar a coordenação e a noção temporal. 1_2_02 Ténis de mesa O Ténis de mesa começou como um passatempo, na Inglaterra, por volta de 1880, usando mesas de jantar e bolas de cortiça. Os primeiros pioneiros referiram-se a este jogo como gossima, flim-flam ou ping-pong. Cerca de 1900, foi introduzida uma bola de celulose e, mais tarde, foi colocada, nas raquetes de madeira, uma camada de borracha. A Associação Internacional de Ténis de Mesa foi formada em 1926. O jogo pode ser praticado em singulares ou pares e requer um equipamento relativamente simples. O objectivo do jogo é simples e atractivo: jogar a bola com uma raquete, por cima de uma rede. A mesa e o jogo podem ser modificados, adaptando-se às capacidades das pessoas com coordenação motora comprometida. 1_2_03 Curling O Curling é um desporto em desenvolvimeto. Há pessoas que praticam o curling das mais variadas formas: competitivamente, em nível amador e até socialmente, com colegas e amigos. O curling é tradicionalmente praticado no gelo, no entanto, é sempre possível fazer adaptações nos equipamentos ou no ambiente. 1_2_04 Lançamento de dardos O lançamento de dardos originou-se nalgum lugar da Idade Média, quando as pessoas passaram a atirar flechas quebradas em 3 círculos demarcados. Eventualmente, tanto o alvo quanto os dardos se tornaram mais elaborados, até que se iniciaram torneios nacionais e internacionais. Há muitas versões criativas de lançamento de dardos e os equipamentos podem ser adaptados para a participação de pessoas com deficiências severas. Um exemplo é o lançamento de dardos usando o sopro. 1_2_05 Bowling Bowling é um jogo social para qualquer pessoa. Há muitas formas de adaptação, usando uma variedade de equipamentos regulares e adaptados, incluindo rampas, tacos, calhas e sistemas de lançamento electrónicos. 1_2_06 Boccia O Boccia pode ser jogado de um para um, em duplas ou em trios. O objectivo do jogo é atirar as bolas o mais perto possível de uma pequena “bola-alvo”. A partida começa com o lançamento da “bola-alvo” por um jogadores. Os oponentes, então, tentam acertar as suas bolas o mais perto possível desta “bola-alvo”. O Boccia pode ser praticado como recreação, como desporto competitivo ou como educação física em programas escolares. Requer planeamento e estratégia para se tentar jogar as bolas em posições que marquem o maior número de pontos. Desenvolve e melhora, também, a coordenação óculo-manual. O Boccia é uma actividade que pode ser desfrutada por pessoas de todas as idades e pessoas com um largo espectro de dificuldades. O jogo pode ser facilmente adaptado para permitir, aos jogadores com limitações funcionais, a usar calhas e rampas de forma a colocarem as suas bolas em jogo. As pessoas com grandes dificuldades motoras podem participar e atingir mesmo um alto nível de desempenho. 1_2_07 Hockey O Hockey é uma adaptação dos jogos de hockey no gelo e do ringette. As equipas são compostas de seis jogadores, incluindo o guarda-redes, embora o número e a posição dos participantes possam ser alteradas conforme a necessidade. Podem-se usar diferentes sticks e bolas ou discos, de forma a se adaptarem a cada indivíduo. O jogo pode também ser executado com cadeiras de rodas eléctricas. 1_2_08 Pára-quedas Um pára-quedas pode ser usado tanto para o aquecimento quanto para a volta à calma de actividades, jogos de bola ou de equipas. As ideias são infindáveis. Convidar os participantes para segurarem uma parte do páraquedas é uma forma atractiva de envolver a todos na actividade. http://www.teachingideas.co.uk/pe/parachute/contents.htm 1_2_09 Dança A dança é uma forma de expressão e interacção social. Qualquer um pode dançar, seja em pé ou usando uma cadeira de rodas. A dança em cadeira de rodas pode ser desfrutada em diferentes estilos, por exemplo, dança de salão, Folk, ballet clássico ou moderno. Há também distintas formas, como a Dança Combinada (uma pessoa em cadeira de rodas dançando com uma pessoa sem deficiência), Dança em Dupla (duas pessoas em cadeiras de rodas a dançar juntas), Dança de Grupo (grupos apenas de usuários de cadeira de rodas ou grupos mistos, com parceiros sem deficiência, em coreografias estruturadas ou livres) e Dança Individual (a pessoa em cadeira de rodas dança sozinha). 1_3 Actividades Aquáticas • • • • • • Caiaque Canoagem Esqui aquático Vela Actividades aquáticas Mergulho autónomo 1_3_01 Caiaque Usando um equipamento adaptado, muitas pessoas com condição de deficiência podem andar de caiaque numa pista de canoagem com seus companheiros sem deficiência. As modificações dos equipamentos incluem: • Um assento móvel para facilitar a entrada e a saída • Um par de flutuadores laterais que funcionam como estabilizadores do caiaque • Sensores colocados nos remos para controlar a direcção • Remos com pegas adaptadas 1_3_02 Canoagem A canoagem é mais regularmente praticada por 2 pessoas, mas pode ser praticada também individualmente. O remo é usado de um só lado (ao contrário dos remos duplos do caiaque) e pode, por isso, ser posto do lado dominante ou mais forte do corpo. Podem ser inseridas várias adaptações na canoa para compensar as diferentes necessidades. 1_3_03 Esqui aquático Ao longo dos anos, a prática do esqui aquático tem-se tornado mais fácil para as pessoas com condição de deficiência, nomeadamente: • Devido ao desenvolvimento de esquis, que são mais similares a pranchas ou pranchas de joelho, incluindo assentos flutuantes e apoios modificados para os pés. É um dos raros desportos de aventura nos quais as pessoas com condição de deficiência podem competir, com total autonomia, com atletas sem deficiência. • Condições adversas na superfície da água podem ser uma variável a considerar • É inútil a utilização de guias para cegos • O desporto é praticado sem a utilização de membros artificiais 1986 – Comissão de Esqui Aquático para pessoas com deficiência (formada na Noruega) 1987 – Primeiro torneio mundial, na Inglaterra Visite: International Wateresqui Federation (IWSF) e www.wateresquieame.org/disabled.htm Categorias: • Esquiadores sentados • Amputados de uma perna • Esquiadores com deficiência nos braços • Esquiadores com deficiência visual • Outros Modalidades: Slalom / Trick / Salto 1_3_04 Vela “...não há sentimento melhor do que ser capaz de sentar num barco e olhar para a sua cadeira de rodas vazia, na doca.” Chris Freeman, C4-5, tetraplégico. A vela recreativa, tanto no nível avançado quanto da aprendizagem, oferece oportunidades de: • Melhorar a reabilitação • Promover a auto-suficiência e a independência • Progredir, com base nas competências e capacidades • Intensificar as experiências de vida activa das pessoas com condição de deficiência, de sua família, de seus amigos e dos prestadores de cuidados de saúde. A Federação Internacional de Vela para Deficientes foi estruturada para promover todos os aspectos da vela adaptada mundial www.ifds.org Programa de vela - AIMS: www.aimssailing.org Opções para velejadores com condição de deficiência: www.footeprint.com/sailingweb 1_3_05 Actividades aquáticas Há infindáveis opções de actividades e jogos aquáticos. A natação permite mais independência e liberdade de movimentos corporais para as pessoas que não são tão hábeis em terreno seco. Muitos apoios à natação estão disponíveis para ajudar um nado independente, assim como o uso de vários objectos pode motivar o movimento e o desempenho físico. 1_3_06 Mergulho autónomo Até mesmo o mar profundo é acessível a qualquer pessoa. Água significa liberdade para as pessoas que têm dificuldades de se movimentarem em terra. O mergulho autónomo é praticado em muitos pontos turísticos, lagos, oceanos e até em piscinas, abrindo um mundo novo debaixo da água. Existem certificados de mergulho para pessoas com condição de deficiência. Visite: www.hsascuba.com www.ukddg.com 1_4 Actividades de Inverno Esqui alpino Começou como uma forma de fisioterapia recreativa para veteranos de guerra. Depois da 2ª Grande Guerra, os milhares de jovens atletas da Áustria e da Alemanha, amputados, não estavam dispostos a deixar o seu desporto favorito. 1948 • Ocorre o primeiro Campeonato para Deficientes, na Áustria • É criado o primeiro curso para esquiadores deficientes Deste momento em diante, o esqui para deficientes se desenvolveu rapidamente, ainda que somente para amputados e deficientes visuais. • Foi desenvolvida uma forma completamente nova de esquiar, com dois esquis curtos fixados às muletas. Assim, nascem os bastões dos modernos esquis para deficientes. • A introdução do mono-esqui, ou do esqui sentado, representou uma grande inovação, uma vez que possibilitou às pessoas com as mais severas deficiências a esquiar com a ajuda de dois bastões curtos. A tecnologia desempenha um importante papel no desenvolvimento do esqui para deficientes. Actualmente, existem conectores especiais que fixam os assentos dos esquis aos teleféricos. Veja as novidades em equipamentos, no site: http://www.dualesqui.com/liens-uk.htm 2_1 CPI: Comité Paralímpico Internacional • • • • • • • • CPI Temas e preocupações actuais Membros do CPI CP-ISRA IBSA INAS ISMWSF ISOD 2_1_01 CPI O Comitê Paralímpico Internacional (IPC: International Paralympic Committee) é o representante mundial das organizações de desportos de elite para atletas com deficiência. CPI • Estabelecido em 1989 • Uma das maiores organizações desportivas do mundo: 161 nações-membro; 5 federações desportivas internacionais de deficiências específicas (ISODs) • Ampla organização – representa todos os desportos e deficiências • Organiza, supervisiona e coordena os Jogos Paralímpicos e outras competições de multi-deficiências, ao nível de elite Link: http://www.paralympic.org 2_1_02 Temas e preocupações actuais O acordo entre o Comitê Olímpico Internacional (IOC: International Olympic Committee) e o CPI, estabeleceu uma parceria com benefícios mútuos. Os elementos-chave da parceria IOC/CPI são: • • Mídia: • • • Desenvolvimento dos jogos: • Marketing: Aspectos económicos• Transferência dos direitos internacionais do CPI Proporcionar novas oportunidades de marketing Aumento da exposição mediática Maior interesse de patrocinadores Aumento do valor da marca CPI • Um Comité Organizador unificado para os jogos Olímpicos e Paralímpicos “Mesmas” regras • • Eliminar o pagamento de ingresso para os atletas e proporcionar acomodação e transporte gratuitos Apoio aos Comités Paralímpicos Nacionais Apoio à administração do CPI Representação dos atletas Ter um atleta representante de cada país, para melhorar a representatividade de todos os atletas Desenvolver elevadas expectativas sobre eles próprios e sobre os jogos Paralímpicos Motivados pelo desejo de serem os melhores Encontrar critérios de qualificação e selecção de equipas Enfrentar as barreiras de acesso ao desempenho atlético de elite Usufruir do nível de equidade através dos Jogos Paralímpicos Impacto dos Jogos Paralímpicos Benefícios económicos Infra-estrutura: melhoria da acessibilidade das instalações, em termos arquitetónicos e dos transportes; proporcionar uma maior consciencialização sobre a necessidade de acessibilidade Impacto geral: influência na atitude do público sobre a deficiência e na atitude das pessoas com condição de deficiência sobre elas próprias Expectativas sobre os futuros Jogos: criar mais oportunidades, aumentar as expectativas, gerar benefícios económicos e melhor capacitação; atingir um desempenho mais elevado e melhorar os equipamentos. Desenvolvimento a nível fundamental Desenvolver o desporto adaptado ao nível básico para atletas com condição de deficiência Auxílio às nações em desenvolvimento e estabelecimento de novos desportos Desenvolvimento do processo de classificação 2_1_03 Membros do CPI 2_1_04 CP-ISRA: Cerebral Palsy International Sport and Recreation Association • Constituída em 1978, no seio da Sociedade Internacional de PC (International CP Society) é aceite nos Jogos Internacionais de Edinburgo, Escócia. • Torna-se a organização dirigente para o desporto de pessoas com PC e problemas neurológicos relacionados. • Torna possível que as pessoas com PC ou problemas neurológicos relacionados, tenham oportunidade de participar dos desportos e das actividades recreativas de sua escolha. A sua missão é promover e desenvolver os meios pelos quais as pessoas de todo o mundo podem ter acesso a oportunidades da participação em desportos e actividades recreativas. É interessante notar que a CP-ISRA é a única federação internacional que desenvolve a oportunidade de participação a nível recreativo. http://www.cpisra.org/ 2_1_05 IBSA: International Blind Sports Association • É fundada em1981, em Paris, com o objectivo de assumir a liderança nos desportos para pessoas cegas, a nível mundial. • Motivada pela convicção de que os atletas cegos, dentro da arena desportiva, são capazes de atingir quaisquer objectivos, quando os mesmos podem ser determinados pelos próprios atletas. • Procura garantir que estes desportos tenham o reconhecimento e a aceitação generalizada. • Dá especial ênfase ao desenvolvimento de programas para o treino de especialistas e de monitores de diferentes disciplinas, como uma maneira de melhorar as técnicas e a competitividade de seus atletas, tanto a nível básico quanto da alta competição. Link: http://www.ibsa.es/ 2_1_06 INAS-FID: International Sports Federation for Persons with Intellectual Disability • Fundada em 1986, com o objectivo de promover, num movimento internacional, o desporto para pessoas com deficiências intelectuais. • 86 Nações federadas • Defende que as pessoas com deficiência intelectual têm o direito de participar do desporto que escolherem, no nível de habilidade que desejarem. Sua filosofia está baseada nos princípios da normalização: Pessoas com deficiência intelectual são membros da sociedade, dignas dos mesmos direitos, oportunidades e obrigações do que qualquer outra. Elas não são especiais MAS têm necessidades especiais. Atletas com deficiência intelectual, quando participam de competições de elite, não apenas são modelos para os outros como também ajudam a diminuir a discriminação e a ignorância que, tão negativamente, limitam a vida das pessoas com deficiência intelectual. Link: http://www.inas-fid.org/ 2_1_07 ISMWSF: International Stoke Mandeville Wheelchair Sports Federation História: 1945 1948 1952 1960 Fundada por Sir Ludwig Guttmann, no Stoke Mandeville Hospital (Ingleterra), constituindo-se como pioneira na utilização do desporto numa perspectiva reabilitativa. Jogos de Stoke Mandeville em Cadeira de Rodas, organizado para os veteranos da 2ª Grande Guerra, com lesões medulares. Atletas da Holanda juntam-se aos jogos, que resultam nos primeiros jogos internacionais para pessoas com condição de deficiência. No mesmo local que os Jogos Olímpicos de Roma, o acontecimento dos jogos para pessoas com deficiência, como um evento paralelo às Olimpíadas, marcou o começo do movimento Paralímpico. Link: http://www.wsw.org.uk/ 2_1_08 ISOD: International Sports Organisation for the Disabled • 1964: fundada em Paris, a fim de oferecer oportunidades àqueles atletas que não se podiam filiar à ISMGF (International Stoke Mandeville Games Federations) • O objectivo inicial da ISOD era envolver, no futuro, todas as deficiências e actuar como um comité coordenador. • Responsável pela organização de programas desportivos para amputados e portadores de outras condições de deficiências locomotoras (os chamados “Les Autres”) No que respeita ao desenvolvimento de desportos para deficientes, esta organização tem como objectivos: - preparar e disseminar princípios e normas internacionais recomendados para aplicação em todos os programas de desportos para deficientes. - planear, promover e coordenar eventos internacionais 2_2_01 História Os Jogos Paralímpicos são os jogos Olímpicos dos atletas com condição de deficiência. Acontecem no mesmo ano e no mesmo local que os Jogos Olímpicos de Verão (desde 1988) e de Inverno (desde 1992). Os Jogos Paralímpicos são o segundo maior evento desportivo do mundo. A história do movimento Paralímpico é relativamente nova. Começou em 1948, quando Sir Ludwig Guttmann introduziu os primeiros Jogos de Stoke Mandeville para veteranos da 2ª Grande Guerra, com lesões medulares. Mais tarde, outros grupos de deficientes estabeleceram as suas organizações e prepararam vários eventos e competições. Ao longo do tempo, foram desenvolvidas competições para atletas com multideficiências: 1960 Um estilo de jogos Olímpicos para atletas com deficiência foram organizados pela primeira vez em Roma, tornando-se, mais tarde, nos Jogos Paralímpicos. 1976 durante as Paralimpíadas de Toronto, foram incluídos, pela primeira vez, os deficientes visuais e “Les Autres”. 1980 Nos Paralímpicos celebrados em Arnhem, Holanda, participaram atletas amputados e com Paralisia Cerebral. 1996 Os deficientes intelectuais fizeram a sua estreia nas Paralimpíadas de Atlanta. 2000 Em Sydney, é assinado um acordo segundo o qual as futuras cidades a organizar as Olimpíadas deverão, igualmente, ser sede das Paralimpíadas. Os Paralímpicos, hoje Actualmente, os Paralímpicos são um evento desportivo de elite para atletas de seis diferentes grupos de deficiências: • Amputados • Cegos e deficientes visuais • Paralisia Cerebral • Paralíticos • “Les Autres” • Deficientes intelectuais (em debate) Um dos objectivos dos jogos é enfatizar mais as capacidades dos atletas participantes do que as suas deficiências. 2_2_02 Desportos de verão: • • • • • • • • • Tiro com arco Atletismo Boccia Ciclismo Equitação Fencing Goalball Judo Halterofilismo • Vela • Tiro • Futebol (de 5 e de 7) • Natação • Ténis de mesa • Basquete em cadeira de rodas • Rugby em cadeira de rodas • Ténis em cadeira de rodas • Volleyball em cadeira de rodas Desportos de inverno: • Esqui Alpino • Esqui Nordico • Hockey no gelo • Curling 2_3_01 História Fundada nos Estados Unidos, em 1968, por Eunice Kennedy Shriver. É uma organização internacional dedicada à capacitação (empowerment) de pessoas com deficiência mental, através do treino e da competição desportiva, para que: • adquiram uma boa condição física • se tornem membros produtivos e respeitados na sociedade Oferece treino e competição, durante todo o ano, para crianças e adultos com deficiência mental: • em 26 tipos de desportos de verão e de Inverno • para mais de 1 milhão de participantes • em mais de 150 países O Juramento das Olimpíadas Especiais: “Deixe-me vencer. Mas, se eu não puder vencer, permita-me ser corajoso na minha tentativa” Missão: Promover oportunidades para desenvolver a condição física, demonstrar coragem, experimentar alegria e compartilhar as suas habilidades e o seu companheirismo com as suas famílias, com outros atletas das Olimpíadas Especiais e com a comunidade. Como os atletas se beneficiam das Olimpíadas Especiais: • ao melhorar a sua condição física e habilidade motora • ao adquirirem uma maior auto-confiança e uma auto-imagem mais positiva • ao amadurecerem mental, social e espiritualmente • ao desfrutarem dos valores da amizade • ao descobrirem novas habilidades, talentos e meios de se expressarem Quem pode participar? • Crianças com 8 anos ou mais • Diagnosticadas, por uma instituição ou por um profissional, como tendo uma das seguintes condições: deficiência mental ou atrasos cognitivos, diagnosticados através de uma avaliação formal problemas significativos vocacionais ou de aprendizagem, devidos a atrasos cognitivos que requerem ou tenham requerido serviços de educação especial http://www.specialolympics.org 2_3_02 Desportos • • • • • • • • • • • Alpino e “todo o terreno” Natação Atletismo Badminton Boccia Basquetebol Bowling Equitação Patinagem artística Hockey Futebol • Ginástica artística • Halterofilismo • Patinagem • Softball • Tenis de mesa • Andebol • Tenis • Voleibol • Snowshoeing • Patinagem de velocidade 2_4_01 História As competições formais internacionais oficiais entre atletas surdos começaram em 1924. Esses jogos tiveram três nomes oficiais: 1. Jogos Internacionais dos Surdos, 1924-1965 (Jogos Silenciosos Internacionais) 2. Jogos Mundiais para Surdos, 1966-1999 (Jogos Silenciosos Mundiais) 3. Deaflympics, 2000 O Comité Olímpico Internacional sempre se recusou a permitir o uso do termo "Olimpíadas" para as competições dos surdos. Os Deaflympic realizam-se a cada quatro anos. Os Jogos de Verão e os Jogos de Inverno são mantidos, por sua vez, a cada segundo ano. Os Deaflympic não são uma competição entre nações. Não há nenhuma classificação nacional nos seus resultados. Online em: http://www.deaflympics.com http://www.ciss.org Quem pode participar? A participação nos Deaflympic é restrita a atletas: • Surdos, diagnosticados como tendo uma perda auditiva de, pelo menos, 55dB • Cidadãos de nações-membro da CISS • Que não usem aparelhos auditivos ou implantes cocleares, durante qualquer evento dos Deaflympic Os objectivos dos Deaflympics incluem: • O bem-estar físico e mental dos desportistas surdos • Proporcionar oportunidades para as pessoas surdas participarem de desportos de elite • Reunir atletas de todo o mundo numa competição desportiva quadrienal • Promover os princípios da CISS, em todo o mundo, para criar um sentimento fraterno na comunidade surda 2_4_02 Desportos • • • • • • • • Atletismo Badminton Basquetebol Bowling Ciclismo Futebol Andebol Corrida de orientação • • • • Esqui (Alpino) Esqui (Cross) Snowboarding Hockey no gelo • Tiro • Natação • Ténis de mesa • Ténis • Voleibol • Pólo aquático • Luta Capítulo 6 1_1 Funcional Os sistemas funcionais classificam os atletas, individualmente, em distintas categorias de competição, com base nos seus níveis individuais de capacidade funcional, num sistema comparativo isto é, eles competirão com outros atletas com um nível similar de capacidade funcional. Os sistemas funcionais mais amplamente utilizados encontram-se baseados nas capacidades funcionais dos atletas isto é, o tipo de movimento nas partes afectadas do corpo ou a sua eficiência muscular e coordenação. Para cada grupo de deficiências estão estabelecidas classes funcionais, relacionadas com a natureza da deficiência de um indivíduo. Sistema de Classificação Desportiva Específica (Funcional) • Esta classificação baseia-se na capacidade funcional evidenciada no desempenho de tarefas específicas de uma determinada modalidade desportiva • A capacidade funcional é considerada independentemente do nível de habilidade ou de treino do competidor. • O número de classes por desporto é determinado de acordo com as exigências específicas de cada desporto e com a possível habilidade funcional dos atletas com diferentes deficiências. P. ex.: a natação usa um sistema de classificação funcional específico. Os sistemas de classificação específicos de cada modalidade são de natureza funcional porque estão focalizados na capacidade de desempenhar habilidades associadas a um determinado desporto. Entretanto, o sistema de classificação pode ser funcional, sem se referir, especificamente, a uma determinada modalidade. O termo “Classificação Funcional” envolve: • Um teste médico, para estabelecer se o atleta atinge o critério de ter uma deficiência para um dado desporto • A observação do atleta a praticar o desporto A classificação é tipicamente conduzida por especialistas com treino médico. Os sistemas de classificação usados no desporto para deficientes contemplam, geralmente, uma ou mais das seguintes variáveis: • A natureza e a gravidade da deficiência do atleta • A capacidade funcional do atleta para desempenhar habilidades associadas com o desporto • O desempenho do atleta em competições anteriores 1_2 Médica Dentro de um sistema médico, os atletas competem com outros atletas com a mesma deficiência. O termo médico reflecte a relevância dada às diferenças anatómicas ou fisiológicas associadas às deficiências específicas. Uma das principais críticas aos sistemas específicos para cada deficiência é que um único método de classificação dificilmente funcionará igualmente bem para todos os desportos. • As variáveis mensuráveis podem não ter impacto significativo no desempenho desportivo • Isto tende a resultar em demasiadas classes, que afectam a organização da competição e a sua competitividade (há um exagero de medalhas devido ao grande número de categorias de deficiências, dentro de um mesmo desporto) Historicamente, médicos e especialistas em reabilitação foram os primeiros a promover o desporto para pessoas com deficiências e a encorajar as pessoas com deficiência a participar no desporto. Contudo, o foco sobre o diagnóstico médico levou a uma proliferação de classes, especialmente entre os indivíduos com deficiências físicas. Uma abordagem médica para a classificação é incapaz de combinar as diversas incapacidades e as diferenças funcionais em várias classes. Ao aplicarem um sistema de classificação anatomicamente definido, as deficiências físicas eram divididas da seguinte forma: • Oito classes para indivíduos com lesões medulares, a competir em desportos em cadeira de rodas. • Nove classes para indivíduos com amputação de membros, a competir em eventos com e sem cadeira de rodas • Seis classes para indivíduos com deficiências ortopédicas, conhecidos como “Les Autres”, a competir com e sem cadeira de rodas. • Três classes para indivíduos com deficiência visual Actualmente, apenas o grupo dos deficientes visuais usam somente o teste médico para estabelecer a classificação desportiva dos seus competidores. Deficientes visuais (Blind): • Classificados por um exame visual – os atletas têm que ser portadores de cegueira legal • Divididos em 3 categorias: • B1: menos de 3/200 na escala Snellen (cego) • B2: 2/200 a 10/200 na escala Snellen • B3: cegueira legal – 20/200 na escala Snellen 2_1 Atletismo Classificação Existem seis categorias principais identificadas pela classificação médica: • • • Paralisia Cerebral Amputados Nanismo • Cadeira de rodas • Deficientes visuais • Distúrbios de aprendizagem Dentro destas categorias, existem subcategorias conhecidas como classes T (Track) = eventos de pista F (Field) = eventos em terreno O número que vem a seguir, indica a extensão da deficiência; quanto menor o número, mais grave é a deficiência. CLASSES DA PARALISIA CEREBRAL F32 T33/F33 T34/F34 T35/F35 T36/F36 T37/F37 T38/F38 Controlo limitado dos movimentos. Força total na parte superior do corpo e nas suas extremidades. Dirige a cadeira de rodas independentemente. Afecta tanto os braços como as pernas ou igualmente braço e perna Boa força funcional, com limitação mínima ou problemas de controlo nos membros superiores e no tronco. Afecta a parte inferior das pernas. Pode utilizar o auxílio de ortóteses. Afecta discretamente o equilíbrio e a parte inferior das pernas ou ambas as pernas e um braço. Caminha ou corre sem o auxílio de ortóteses. Tem problemas de equilíbrio e de coordenação motora fina. Boa capacidade funcional do lado dominante do corpo. Afecta a perna ou o braço do mesmo lado do corpo. Envolvimento mínimo: poderia estar presente na parte inferior das pernas, no braço e na perna de um mesmo lado do corpo, pode haver problemas de equilíbrio unilateral. CLASSES DOS AMPUTADOS A classificação depende de onde ocorreu a amputação e do grau da amputação. T42 T43 Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, deficiência mínima. Amputação dupla abaixo dos joelhos, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, com função normal no braço de lançamento. T44 Amputação dupla abaixo dos joelhos, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, com função moderadamente reduzida em um ou em ambos os membros. Amputação dupla acima ou abaixo dos cotovelos. Amputação única acima ou abaixo do cotovelo, amputação de membros superiores, com função normal no braço de lançamento. Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, função normal no braço de lançamento. Amputação dupla acima dos joelhos, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, com função normal no braço de lançamento. Amputação única acima do joelho, amputações combinadas de membros superiores e inferiores, função normal no braço de lançamento. Amputação dupla acima ou abaixo dos cotovelos. Amputação única acima ou abaixo do cotovelo, com função normal do membro superior no braço de lançamento. T45 T46 F42 F43 F44 F45 F46 NANISMO T40/F40 CLASSES EM CADEIRA DE RODAS Dependem do grau de capacidade T51 T52 T53 T54 F51 F52 F53 F54 F55 F56 F57 F58 Uso das palmas da mão para empurrar a cadeira de rodas, pode ter fraqueza nos ombros. A força para empurrar vem da extensão do cotovelo. Função normal dos membros superiores; tronco inactivo. Recurso ao movimento do tronco; usa o tronco para conduzir a cadeira; dupla amputação acima dos joelhos. Não tem preensão com o braço não-dominante; pode ter fraqueza nos ombros. Dificuldade de preensão com o braço não-dominante. Preensão quase normal com o braço não-dominante. Sem equilíbrio quando sentado. Equilíbrio moderado ou bom, quando sentado Bom equilíbrio e movimentos para a frente e para trás, boas rotações de tronco. Bons movimentos para a frente e para trás, normalmente para um dos lados (movimentos lado a lado). O registro do padrão muscular de todos os membros não deve exceder os setenta pontos. CEGOS T11/F11 T12/F12 T13/F13 Cego. Deficiente visual. Deficiente visual ligeiro. DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM O Comité de Atletismo ainda está a discutir sobre a sua elegibilidade. 2_2 Basquetebol Um exemplo claro da classificação funcional está no basquetebol em cadeira de rodas. Os organizadores do basquetebol em cadeira de rodas foram os líderes no desenvolvimento de um sistema funcional e específico para este desportivo. Este sistema permite às pessoas com várias deficiências físicas a competirem juntas em torneios de basquetebol em cadeira de rodas. O actual sistema de classificação dos jogadores de basquetebol em cadeira de rodas foi introduzido pelo doutor Horst Strohkendl, em 1982. Os objectivos deste sistema eram: • reduzir o estigma médico vinculado à classificação, usando a competência dos jogadores para perceber a dificuldade física em jogar basquetebol em cadeira de rodas • ser compreensível e aplicável a qualquer pessoa envolvida com este desporto, especialmente aos jogadores • promover oportunidades competitivas justas para todos os participantes, independentemente da natureza e da gravidade da sua deficiência física A classificação funcional identifica o perfil de acção e competência dos jogadores, quando em cadeiras de rodas, independentemente do seu talento, nível de treino ou experiência. A classificação actual do basquetebol em cadeira de rodas é fundamentada na observação dos atletas (durante o jogo, no seu desempenho competitivo ou nas sessões de treino), feita por classificadores especialmente preparados. No basquetebol de cadeira de rodas há cinco classes principais (1, 2, 3, 4 e 4.5). A maior parte dos atletas é facilmente colocada numa destas cinco classes. Todavia, há casos excepcionais ou limítrofes, em que se pode atenuar as circunstâncias através de uma classificação por 0.5 pontos. Desta forma, os atletas podem ser classificados em 1, 1.5, 2, 2.5, 3, 3.5, 4 e 4.5. O valor pontuado na classificação dos cinco competidores em jogo é somado e nunca pode exceder os 14 pontos em nenhum momento durante as competições internacionais. 2_3 Esqui Nórdico O Esqui Nórdico foi introduzido nas Paralimpíadas de 1984, com o uso de um trenó. Gradualmente, foi desenvolvida uma modalidade de “esqui sentado” que tem sido usada em competições, desde os Jogos de 1994. Aperfeiçoamento do sistema de pontuação Outro desenvolvimento importante foi a introdução de um novo sistema de classificação, que permitiu aos atletas, com níveis diferentes de capacidade, competirem conjuntamente. Tradicionalmente, os atletas das Paralimpíadas competiam apenas com atletas que estivessem especificamente dentro da sua classe. Este novo sistema, desenvolvido e inicialmente usado nos Estados Unidos, conduziu a um novo sistema de percentagem de classes, originalmente chamado de formato Supercup. O sistema de percentagem de classes foi usado pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de Inverno de Nagano, em 1998. O Sistema de Classificação categorias: esqui-sentado em pé deficientes visuais Cada uma dessas categorias é dividida em classes individuais, separando os atletas segundo a sua capacidade funcional. Uma classe é elegível para a competição quando há, pelo menos, quatro corredores de quatro países. Se este critério não for seguido, as classes são combinadas num evento multi-classes. O Biatlo e as competições de longa distância têm um sistema de três categorias. Os eventos de curta e média distância são organizados conforme o sistema individual de classificação. 1. 2. 3. Em pé: a maioria dos competidores têm alguma deficiência nos membros, como uma amputação abaixo do joelho, ou acima ou abaixo do cotovelo. As características desta categoria apresentam seis classes individuais: LW2, LW3, LW4, LW5/7, LW6/8 e LW/9. Esqui sentado: Os atletas, que se impulsionam para a frente com a ajuda de dois bastões, usam um trenó com uma cadeira especialmente projectada para ficar conectada ao par de esquis. Os competidores são divididos em três diferentes classes individuais: LW10, LW11 e LW12. Deficientes visuais: Os atletas que competem em todos os eventos do Esqui Nórdico são acompanhados por um guia, que fica imediatamente à frente e direcciona o competidor, através da voz ou de um rádio, alertando-o sobre todas as alterações de trajecto, incluindo curvas, subidas e descidas. As características desta categoria têm três classes individuais: B1, B2 e B3. Nos eventos de Biatlo, um sistema acústico conduz o atleta com deficiência visual até a meta final. Em todos os eventos, o guia também é premiado com uma medalha. Classes B1: B2: B3: LW2: LW3: LW4: LW5/7: LW6/8: LW9: LW10: LW11: LW12: De nenhuma a alguma percepção luminosa em ambos os olhos; incapaz de reconhecer a forma de uma mão, a qualquer distância ou direcção. Da capacidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual de 2/60 e/ou um campo visual de menos de 5 graus. De uma acuidade visual entre 2/60 e 6/60 e/ou um campo visual entre 5 e 20 graus. Atletas com severas deficiências num dos membros inferiores, a esquiar com 2 esquis e 2 bastões. Atletas com deficiências em ambos os membros inferiores, a esquiar com 2 esquis e 2 bastões. Atletas com deficiência num dos membros inferiores, a esquiar com 2 esquis e 2 bastões Atletas com deficiências em ambos os membros superiores, a esquiar com 2 esquis, mas sem bastões. A deficiência deve ser tal que não seja possível usar os bastões. Atletas com deficiências num dos membros superiores, a esquiar com 2 esquis e 1 bastão. A deficiência deve ser tal que não seja possível o uso funcional de mais de 1 bastão. Atletas com uma combinação de deficiências nos membros superiores e inferiores, a esquiar com o equipamento de sua escolha. Atletas com deficiências em ambos os membros inferiores, sem equilíbrio funcional sentado. Atletas com deficiências nos membros inferiores e com algum equilíbrio funcional sentado. Atletas com deficiências nos membros inferiores e um bom equilíbrio sentado. O sistema de percentagem Uma fórmula de ajustamento do tempo é usada para determinar o desempenho e a selecção dos competidores na corrida: uma percentagem baseada na classe de deficiência específica do indivíduo, multiplicada pelo tempo real da corrida. 2_4 Natação A natação, feminina e masculina, faz parte das Paralimpíadas desde os primeiros Jogos, em 1960, em Roma – Itália. Um sistema de classificação funcional é usado para se realizar uma competição justa e credível. O sistema esforça-se por relacionar o grau da incapacidade física com o desempenho potencial em natação. A natação é o único desporto que usa um sistema funcional que combina as condições da amputação (perda de um membro), a paralisia cerebral (coordenação e restrições de movimento), a lesão medular (fraqueza ou paralisia a envolver qualquer combinação dos membros) e outras deficiências de diversas classes. Equipa de classificação: • 1 médico • 1 classificador técnico de natação É realizado um processo de testes em terreno seco, um teste na água e a observação durante a competição. Os nadadores devem participar e cooperar totalmente em todas as partes dos testes para poderem ser classificados. O procedimento de classificação em terreno seco consiste num conjunto de testes, que envolvem a avaliação da função muscular, a coordenação, a amplitude dos movimentos e/ou o comprimento do membro, dependendo da natureza da deficiência do atleta. Durante o teste na água, os classificadores julgam a capacidade do nadador para executar as partidas, braçadas e as viragens. Os pontos obtidos na bateria inicial de testes, dão aos classificadores uma base por onde começar. O teste na água é usado para se tomar a decisão final. Os classificadores e os conselheiros técnicos trabalham numa equipa integrada a fim de garantir que a competição ocorra sem problemas. http://www.ipcswimming.org/mainframe.htm Nadadores com deficiências locomotoras [isto é, amputados, com Paralisia Cerebral, Les Autres, lesionados medulares e com poliomielite] competem nos estilos livre, costas e mariposa, nas classes S1(para deficiências severas) até S10 (para deficiências mínimas). No estilo bruços, estes nadadores são divididos nas classes SB1 até SB9. Os nadadores “estilos” competem nas classes SM1 até SM10 Os deficientes visuais competem nas classes S11 (cegos) até S13 (deficiência visual ligeira). Os atletas com deficiência intelectual nadam na classe S14. (Actualmente, os atletas INAS-FID encontram-se suspensos das competições organizadas pelo CPI) Capítulo 7 1_1_01 Processamento de informação A maioria das pessoas processa as informações da seguinte maneira: • O aprendiz recebe a informação através de seu sistema sensorial, processa os dados no cérebro e selecciona um grupo apropriado de respostas. • O feedback das modalidades sensoriais diminui a discrepância existente entre o resultado desejado e o resultado real, até que a pessoa atinja um resultado satisfatório. • Os objectivos do professor são o de demonstrar e explicar a tarefa (no momento em que o aprendiz recebe a informação) e o de dar feedback, incluindo indicações verbais e sensoriais (no momento em que o aprendiz responde). • O objectivo dos participantes é o de diminuir a discrepância existente entre a resposta real e a resposta desejada, utilizando um processo interno de feedback, recorrendo principalmente à percepção visual e à propriocepção. 1_1_02 Processamento de informação As pessoas com deficiências físicas podem ter uma percepção corporal alterada ou ter dificuldades com a propriocepção. As pessoas com deficiência mental podem ter dificuldade em um ou mais componentes do sistema de processamento de informação. Quando se trabalha com pessoas com deficiências mentais, é importante compreender as suas diferentes capacidades de processar informações e saber como adaptar-se a eles, enquanto professor ou instrutor. Instructional accommodations include: • Providing outlines of classes before class • Allowing a distraction-free environment for tests • Finding a student buddy • Allowing extended time for tasks and tests • Using short and simple instructions Algumas pessoas com DDAH, Síndrome de Tourrette, alguns tipos de distúrbios de aprendizagem, autismo, alguns distúrbios psicológicos, depressão clínica, problemas crónicos de saúde, alguns tipos de lesões cerebrais ou convulsões, podem sentir: • Dificuldade com a atenção, a concentração e a memória • Dificuldade em seguir instruções • Dificuldade de agir sob a pressão do tempo ou de responder a testes com tempo determinado. As adaptações de ensino incluem: • Planear previamente as aulas • Proporcionar um ambiente livre de distracções para os testes • Trabalhar em pares • Permitir um tempo maior para a execução das tarefas e dos testes • Usar instruções simples e curtas Os indivíduos com Síndrome de Down ou deficiência mental: • Podem não ser capazes de processar informações abstractas ou em série p. ex.: “Vá para o centro do campo, procure um jogador adversário e marque-o” • A informação deve ser transmitida de maneira muito simples, concreta e passo-apasso (uma única informação de cada vez). Pessoas com DDAH, disgrafia, dislexia, convulsões e alguns tipos de lesão cerebral podem sentir dificuldade com a orientação espacial. P. ex.: • Reconhecer a diferença entre direita e esquerda • Colocar uma informação na sequência correcta • Processar a informação num espaço predeterminado de tempo 1_1_03 Processamento de informação Pessoas com deficiências auditivas ou surdez, distúrbios de aprendizagem e algumas lesões cerebrais podem ter dificuldade com as informações apresentadas oralmente. Algumas podem ter dificuldade de discriminação entre certas palavras e sons. As adaptações no ensino incluem: • Uso de um emissor/receptor de FM • Uso da língua gestual • Uso do sistema Makaton ou outra língua auxiliar de sinais para facilitar a compreensão do ensino (excepto para os surdos) • Olhar frente-a-frente para a pessoa ao conversar • Designar um companheiro para a pessoa com necessidades especiais Um indivíduo com espasticidade: • Pode não ser capaz de contar com as suas respostas internas (proprioceptivas) para calcular o ângulo ou a velocidade do movimento de um membro. • Uma alternativa seria recorrer a respostas visuais. P. ex.: análise de vídeo para o treino da marcha (caminhada) após uma lesão cerebral ou derrame. Uma pessoa com deficiência visual: • Pode necessitar de uma quantidade maior de respostas proprioceptivas para compensar a reduzida capacidade e controlo visual. 1_2 Análise Ecológica de Tarefas A Análise Ecológica de Tarefas (ETA: Ecological Task Analysis) é uma parte da abordagem ecológica, que combina a tarefa com a acção do atleta e do ambiente. O modelo da Análise Ecológica de Tarefas, enquanto uma alternativa à conservadora teoria do processamento de informação, tem sido usado para estudar o processo do controlo motor. Apresenta os seguintes princípios básicos: • Subsistemas múltiplos • Possibilidades • Geração de padrões neurais • Factores dinâmicos de motivação • Parâmetros de controlo 1_2_01 Subsistemas múltiplos O movimento é o resultado da interacção de vários subsistemas, incluindo os sistemas esquelético, dos tecidos moles, dos músculos, neuronal e cognitivo, assim como os sistemas ambientais. Cada sistema pode influenciar os demais. 1_2_02 Possibilidades • São propriedades funcionais que existem entre o ambiente e um determinado actor (humano ou animal) • São os recursos ou apoios que o envolvimento oferece a um indivíduo e que devem ser compreendidos e utilizados por ele. P. ex.: • Superfícies que oferecem apoio, como a superfície das esteiras ou dos trampolins. • Objectos que podem ser manipulados, como bolas pequenas ou grandes. • Cargas adicionais, como o peso, ou cargas reduzidas, como a força da gravidade dentro de uma piscina. • Factores climáticos, como o vento que empurra de trás, aumentando a velocidade. A adição de cargas na AFA poderia incluir as seguintes práticas: * Manter-se atrás do aprendiz, que está a tentar um lançamento de distância, e segurar-lhe o braço durante o movimento, para aumentar a resistência. * Uma criança que está a tentar um salto em comprimento mas que, normalmente, demonstra um padrão assimétrico, pode ser ajudada, desempenhando o salto de uma plataforma mais alta. * Para aumentar a amplitude da flexão e da extensão dos joelhos, num salto em comprimento, manter-se em frente ao aprendiz e pressionar para baixo os seus ombros, enquanto ele está a tentar levantar-se. 1_2_03 Geração de padrões neurais Os padrões de movimentos são resultados de um processo selectivo. Os mapas neuronais estão baseados na ocorrência de determinadas correlações e no fortalecimento das conexões sinápticas resultantes da experiência. O objectivo de se utilizar a Análise Ecológica de Tarefas na intervenção em AFA é iniciar uma auto-selecção dos padrões compatíveis de movimento que, eventualmente, se podem vir a tornar estáveis. Durante a transição, estes padrões podem ainda permanecer instáveis. 1_2_04 Factores dinâmicos de motivação São padrões que afloram preferencialmente, mas não obrigatoriamente, como um comprometimento com as possibilidades do envolvimento. Estes motivadores podem ser estáveis (recuperam-se facilmente de uma perturbação) ou instáveis (diluem-se facilmente). Devido a condições limitativas, os motivadores tornamse instáveis e um padrão “anterior” ou alternativo é gerado. 1_2_05 Parâmetros de controlo São as relações específicas entre um indivíduo e o envolvimento, que fazem com que o padrão se modifique. P. ex.: O uso de “barbatanas” para aumentar a resistência da água pode facilitar o aparecimento de um padrão plantar e em dorsoflexão apropriado para a natação. A geração do padrão desejado está relacionada com o tamanho da barbatana, em relação com a força plantar e dosoflexora. http://www.forcefin.com/FF_PAGES/Truth_Swim2.html http://www.indiana.edu/~psych/faculty/thelen.html 1_3_01 Modificação do comportamento A gestão do comportamento é uma prática baseada na psicologia comportamental, que identifica os comportamentos inadequados, seus antecedentes e suas consequências. Por isso, utiliza-se o reforço para aumentar a frequência dos comportamentos desejados e diminuir a ocorrência dos comportamentos indesejados. A situação de modificação do comportamento ocorre num ambiente controlado pelo professor ou pelo treinador, e é comummente aplicada no ensino de pessoas com deficiência mental severa, autismo ou distúrbios comportamentais. A seguir, encontram-se diferentes métodos aplicáveis ao ensino ou às sessões de tratamento de crianças e jovens adultos com comportamentos difíceis. 1_3_02 Técnicas usadas para aumentar a frequência dos comportamentos desejáveis Princípio de Premack Em primeiro lugar, promover uma actividade na qual seja altamente provável que o aluno se envolva (p. ex., jogar futebol), a seguir, propor uma actividade menos provável, mas mais desejável (p.ex., fazer exercícios de relaxação). Sistema de economia de fichas Fichas ou outros materiais reforçadores (p. ex. pontos, estrelas etc.) podem ser ganhos após a manifestação de um comportamento desejável específico. Por sua vez, de posse destes mesmos materiais reforçadores, o aluno pode “negociar” uma actividade de sua preferência. Contratos de consequências Trata-se de um acordo, por escrito, feito entre o professor e os alunos, especificando as regras da actividade, as responsabilidades e as metas comportamentais esperadas por cada uma das partes. Modelagem Ao observar as consequências de um comportamento desejável manifestado pelos seus colegas, o aluno é indirectamente reforçado e, assim, estimulado a exibir comportamentos similares. 1_3_03 Técnicas usadas para diminuir a frequência de comportamentos indesejados Ao se determinar a causa ou as consequências esperadas de um comportamento indesejado, é possível compreender a razão pela qual a pessoa está a exibir aquele determinado comportamento que, frequentemente, é propositado. P. ex.: a indisciplina pode ser uma forma de chamar a atenção; a destruição do trabalho dos colegas pode ser uma forma de se proteger de uma autopercepção negativa e de evitar uma competitividade hostil. Estas consequências poderiam ser eliminadas. A técnica indicada é sinalizar, visual ou verbalmente, o comportamento inadequado. Estas técnicas são amplamente utilizadas nos desportos. P. ex.: o sistema de faltas individuais ou por equipas do basquetebol, do andebol e do pólo, e o sistema de cartões amarelos e vermelhos do futebol. Time out É a remoção de um reforçador durante um período fixo de tempo. Normalmente, a criança é colocada num envolvimento menos reforçador que o anterior. Custo da resposta É uma espécie de sistema de economia de fichas, em que o aluno perde os pontos recebidos anteriormente quando exibe um comportamento inadequado. Reparação É uma outra variação do sistema de economia de fichas, em que o aluno tem que “pagar” (com os materiais reforçadores recebidos) pelos comportamentos desajustados que dificultaram o bom desenvolvimento da tarefa. Extinction This means eliminating an undesirable behaviour by totally withholding the specific reinforcers (e.g. attention) identified as maintaining this behaviour. Restituição Comparável à reparação, esta técnica usa o trabalho do aluno, em vez das fichas. P. ex.: Pedir uma reparação superior aos danos provocados pelo aluno (por exemplo: arrumar toda a sala de aula, em vez de apenas as duas fileiras desarrumadas pelo aluno). Extinção É a eliminação de um comportamento indesejado através da completa remoção de reforços específicos (p. ex. a atenção) identificados como perpetuadores do comportamento. Restrição física Esta deveria ser a última estratégia, a ser utilizada apenas em casos de distúrbios severos de comportamento, como brigas ou destruição de mobiliário. Neste caso, o educador abraça fortemente o aluno, impedindo-o, fisicamente, de continuar com aquele comportamento. Pessoas com alguns tipos de distúrbios de aprendizagem, como a Síndrome de Tourrette, convulsões e alguns tipos de lesões cerebrais, podem se comportar inadequadamente porque não são capazes de detectar indicadores sociais subtis emitidos pelos outros (p. ex., expressões faciais ou tons de voz). Frequentemente, precisam falar mais alto do que o normal, fazer perguntas pouco pertinentes ou comentários não usuais na sala de aula, ou usar impropriamente as suas horas de trabalho. As estratégias de ensino incluem: • Não ignorar os comportamentos inadequados • Dialogar sobre aquele comportamento específico, fora do horário de aula • Criar um sinal, combinado com o aluno, para indicar quando ocorrem os comportamentos inadequados 1_4_01 Reestruturação cognitiva A reestruturação cognitiva é uma técnica psicológica para detectar, controlar e modificar os pensamentos irracionais, as emoções e os comportamentos. Esta técnica começou com a Terapia Racional-emotiva-comportamental de Albert Ellis (1957), sendo posteriormente transformada num conjunto de protocolos de intervenção. Estes protocolos oferecem um ambiente estruturado, no qual o participante pode ser treinado a comportar-se apropriadamente, sob condições que normalmente evocariam emoções negativas (ansiedade, medo, tristeza, frustração, raiva, culpa ou fuga) 1_4_02 Procedimentos típicos da reestruturação cognitiva e suas aplicações na AFA Avaliação da cognição Operacionalmente, a cognição é definida como uma “conversa com si próprio” e é identificada pelo uso de vários métodos, tais como a entrevista, a recordação, o inventário de auto-relato e o “pensar alto”. Assim, as cognições identificadas são listadas e quantificadas em termos de número de ocorrências ou tipos de distúrbios. P. ex.: Diante de uma criança que falha, repetidamente, ao atirar uma bola ao cesto, e que grita: “Eu sou mesmo estúpido! Hoje é um péssimo dia para mim! Eu nunca mais participarei deste jogo estúpido outra vez!”, o instrutor pode pedir para que ela faça uma lista de todas as suas emoções e enumerar cada uma delas, por ordem de importância. “Pare de pensar” A técnica do “pare de pensar” diminui a frequência e a duração dos pensamentos perturbadores, interrompendo-os ou substituindo-os por pensamentos opostos. P. ex.: A criança pode ser solicitada a fazer 10 lançamentos, o mais rápido possível, enquanto o treinador conta os segundos que se estão a passar. Eventualmente, o resultado será melhor (neste caso) do que estar a pensar antes de cada lançamento. Conflito e reestruturação de distorções cognitivas A pessoa é ensinada a encarar os seus pensamentos automatizados (originados por uma cognição desajustada) como hipóteses sujeitas a validação empírica, e não como factos estabelecidos. Assim, ela é treinada a assumir uma forma alternativa de cognição e outras estruturas de referência para avaliar a situação em termos objectivos e operacionais. Pede-se, então, à pessoa para tentar reestruturar os seus pensamentos, através de situações de role-play e, finalmente, em situações da vida real. P. ex.: Tal como no exemplo anterior do basquetebol, é possível desenvolver explicações alternativas para a prática ineficaz, especialmente para as condições externas (envolvimentos ou equipamentos não familiares) ou para as internas (exaustão) e tentar modificar estas condições. 1_5 Reflexão narrativa A experiência orientada de reflexão focaliza-se mais na própria percepção da pessoa do que no seu convencimento. Os professores e os pais devem ser encorajados para seguir práticas reflexivas, de modo a processar as experiências da criança, que são derivadas de um aconselhamento narrativo-cooperativo. Estas práticas consistem na curiosidade partilhada expressa através de perguntas, buscando reflectir a responsabilidade e o direito de experimentar situações de êxito e, desta forma, mobilizar o poder da pessoa para lidar com situações de desprazer. Questions are thus posed to the participant with the aims of: Assim, as perguntas são feitas à pessoa com os objectivos de: Estabelecer uma responsabilidade pessoal sobre o domínio das experiências Usar os seguintes tipos de perguntas: • Como explica o seu êxito? • Como fez com que isto acontecesse? • Como se preparou para alcançar este êxito? • O que é que este êxito tem a ver consigo? • Que tipo de forças foram necessárias para que tivesse alcançado este êxito? • Se houve momentos em que desejou abandonar a prova (p. ex.: durante uma corrida de longa distância), o que o fez continuar? • Quando foi que lhe ocorreu que podia vencer esta prova? Encontrar excepções no comportamento indesejado, buscando situações anteriores de domínio das experiências Usar os seguintes tipos de perguntas: • O que é que fez, anteriormente, que o ajudou a evitar a falha? • O que você pensa que pode fazer, no futuro, para mudar o resultado? • O que você pensa que pode poderia ser mudado na sua preparação? Aumentar a amplitude do domínio das experiências Usar os seguintes tipos de perguntas: • O que é que você fez, anteriormente, que poderia ter sido útil para prever o seu êxito? • Como você pode usar a sua competência no dia-a-dia? • Que tipos de sinais identifica como preditores de um novo êxito? • Quais são as suas expectativas de um futuro êxito? Reforçar com uma audiência (p. ex. colegas e outras pessoas significativas) que poderia esperar o êxito dos resultados Usar os seguintes tipos de perguntas: • Como é que pensa que os seus amigos vêem o seu êxito? • Quem será a pessoa que ficará menos surpreendida com o seu êxito? • A quem gostaria de contar o seu êxito? Generalizar o êxito Usar os seguintes tipos de perguntas: • Que diferença no seu comportamento/aparência pensa que os seus colegas/pais/professores irão reconhecer em si, após este êxito? • Como poderia usar a sua experiência para ajudar um amigo a enfrentar a mesma situação, tal como você o fez? Técnicas adicionais Usar os colegas como uma “equipa de reflexão” para melhorar ainda mais os resultados positivos. Usar metáforas para fortalecer o vínculo associativo com a experiência. • A mala mágica: Esta é uma mala imaginária que fica consigo em cada actividade. Que experiências tem colocado dentro desta mala? • A linguagem do polegar: Aponte o polegar para baixo para indicar as falhas, para cima para indicar os êxitos e para o lado para indicar indiferença. Como você pode fazer com que o polegar suba? 1_6_01 Modificações no ensino Considerações gerais Os alunos com problemas de locomoção ou de controlo motor (p. ex. Artrite, Distrofia Muscular, Esclerose Múltipla, Paralisia Cerebral, lesão cerebral, paralisias ou deficiência visual) podem ter dificuldades para aprender e para desempenhar tarefas motoras que, frequentemente, são triviais para os alunos sem incapacidades, como subir escadas ou percorrer longas distâncias. As modificações no ensino em geral, incluem: • Informar, antecipadamente, sobre as modificações que ocorrerão na classe • Modificar a sala de aula • Contar com um professor de apoio ou assistente na classe • Garantir um espaço suficiente • Dar um tempo extra para as tarefas • Encontrar um colega/aluno ajudante ou parceiro 1_6_02 Os ajustamentos específicos no ensino incluem • • • • • • • Indicação verbal Modelagem Orientação sensorial Manipulação táctil Ajuda física Adaptação do ensino Feedback 1_6_03 Indicação verbal (estilo de comando) Trata-se de encorajar a pessoa, verbalmente, a desempenhar uma tarefa. Esta indicação deve ser dada de maneira personalizada P. ex.: chamar a pessoa pelo nome 1_6_04 Modelagem Trata-se da demonstração de como desempenhar uma tarefa, normalmente feita após uma indicação verbal. No caso de o aluno não responder adequadamente, é possível fazer a demonstração simultaneamente com o indicativo verbal, com o objectivo de melhorar a compreensão da informação. 1_6_05 Orientação sensorial Algumas vezes é possível aumentar o afluxo de informações sensoriais, usando os proprioceptores (receptores cinestésicos) para além dos estímulos visuais e verbais. Isto pode ser feito conduzindo, passivamente, os membros da pessoa, de modo a ela executar o padrão de movimento desejado. P. ex.: • Manter-se atrás do aprendiz, que está a tentar um lançamento de precisão, e segurar-lhe o braço durante o movimento para a frente, para aumentar a resistência. • Se a criança estiver a tentar um salto em comprimento mas, frequentemente, demonstrar um padrão assimétrico, ela deve tentar executar o salto de uma plataforma mais alta. • Para aumentar a amplitude da flexão e da extensão dos joelhos num salto em comprimento sem balanço, manter-se em frente ao aprendiz e pressionar para baixo os seus ombros, enquanto ele está a tentar efectuar a impulsão para o salto. 1_6_06 Informação táctil do movimento Esta técnica é especialmente útil para indivíduos com deficiência visual. Trata-se de permitir que o aprendiz toque (sinta) o seu parceiro ou o seu instrutor a executar o padrão correcto de postura ou de movimento, que foi anteriormente difícil de aprender. O professor deveria seguir as seguintes regras: • Dizer à criança onde e quando tocar em si ou no parceiro, enquanto executa a tarefa • Deixar claro onde, quando e porquê a criança tocou em si ou no parceiro • Repetir, o quanto for necessário, para assegurar que o aprendiz compreedeu 1_6_07 Ajuda física Se o aprendiz é incapaz de desempenhar a tarefa de qualquer outra forma, pode ser útil dar-lhe um apoio físico parcial, ajudando-o a executar o movimento. No entanto, é importante possibilitar que o aprendiz se movimente por si próprio, sempre que possível. É também importante: • Dizer à criança quando se lhe vai tocar, quando se realizar a ajuda física • Ir reduzindo a ajuda física para um simples toque 1_6_08 Adaptação do ensino Um exemplo prático da adaptação do ensino: lançamento Passos úteis a seguir quando se está a ensinar uma pessoa cega a lançar uma bola. Utilizar ajudar física para que a pessoa assuma a posição inicial correcta (sem a bola): pernas afastadas à mesma largura dos ombros, um pé à frente do outro. Praticar a alternância de peso de um pé para o outro. Utilizar ajudar física para que a pessoa acrescente o movimento do braço ao exercício anterior: o braço oposto à perna dianteira faz o movimento de lançamento para a frente. Dois-a-dois, uma pessoa atrás da outra: a pessoa de trás posiciona a altura correcta do cotovelo e estimula o movimento do braço da pessoa cega. Aumentar o controlo sensorial do lançamento, através da orientação física: a pessoa com deficiência visual segura a ponta de uma corda esticada com a sua mão de lançamento, enquanto a outra pessoa, atrás, segura a outra ponta e, com cuidado, oferece resistência aos movimentos de lançamento, a fim de aumentar a propriocepção da posição do braço durante o movimento. O mesmo é possível com uma roldana. A mesma metodologia pode ser usada para o treino de atletas cegos, em outras situações de lançamento. 1_6_09 Feedback O feedback é uma informação dada ao aprendiz após o desempenho de uma tarefa, a fim de melhorar o desempenho ou aumentar a motivação para a execução da actividade. • Evitar o uso de expressões negativas, como “que mal” ou “não estava à espera que fizesse isso” • Falar das características relacionadas com o processo, em vez das relacionadas com o resultado, uma vez que estas são prontamente percebidas pelo aprendiz. Exemplos: • “O lançamento será mais eficiente se rodar o tronco durante o movimento” • “Continue o movimento do braço até o fim, em direcção à sua perna oposta, para aumentar a distância do lançamento” • “Se começar o salto mais cedo, a chamada será mais centrada no trampolim” 2_1 Ambiente O ambiente é composto pelos objectos físicos e demais equipamentos que permitem que a pessoa desempenhe uma tarefa. • A rede, no ténis de campo e de mesa, é um obstáculo sobre o qual as bolas deveriam ser lançadas. Entretanto, se o lançamento for uma acção muito difícil, é possível remover a rede para possibilitar que a bola seja jogada. • A altura da rede de voleibol ou do cesto de basquetebol pode ser modificada • Tanto para o badminton sentado quanto em cadeira de rodas, os limites do court podem ser diminuídos para aumentar a possibilidade de indivíduos com problemas de mobilidade baterem a bola. • As áreas recreativas deveriam ser duras e planas para facilitar a movimentação de cadeiras de rodas. As marcações em relevo nos recintos desportivos podem ser bastante úteis e importantes para pessoas com deficiências visuais ou perceptivas. Podem, ainda, ser colocadas nos pisos e nas paredes para ajudar a guiar as pessoas durante as tarefas. 2_2 Equipamento As actividades físicas envolvem uma grande variedade de equipamentos, incluindo, entre outros: Bolas e acessórios O tamanho e o peso de uma bola condicionam a técnica de lançamento e de pontapear, assim como a força necessária para executar estes movimentos com sucesso. Consideram-se, nesta categoria, o lançamento do dardo, o tiro e outros equipamentos de campo, que também possam ter o tamanho ou o peso alterados. Alvos O tamanho das balizas ou dos cestos de basquetebol pode ser aumentado ou diminuído, para que aumentar o sucesso da tarefa, respeitando-se a coordenação ou a força do participante. Raquetes A área da superfície e o peso das raquetes podem variar de acordo com a capacidade ou a força de cada indivíduo. Uma raquete pode também ser usada em lugar de um bastão ou de um stick, a fim de aumentar a possibilidade de acertar, por exemplo, numa bola leve de basebol ou de hóquei Auxiliares para a locomoção Podem ser usados para o treino ou para circuitos de corrida ou transporte, bicicletas, triciclos, equipamentos de esqui, pranchas, patins e até andadores, desde que a superfície seja suficientemente dura. A bicicleta Petra-cycle é um bom exemplo. Equipamentos de condição física Os equipamentos de treino com pesos podem ser usados por todas as pessoas, sem adaptações. Porém, com a construção de bancos ajustáveis e mais flexíveis e a colocação de assentos e barras nos equipamentos, mais pessoas podem ter acesso a este tipo de exercício. Auxiliares para as actividades aquáticas Os procedimentos de apoio para a propulsão na água são encontrados em larga escala. Barbatanas, palmares, pranchas, tapetes flutuantes, tubos e tiras podem ajudar a pessoa a flutuar e auxiliar na propulsão na água. 2_3_01 Tarefa Uma tarefa pode ser definida como qualquer tipo de movimento executado com um objectivo em mente. P. ex. Bater numa bola com uma raquete Correr 50m Lançar uma bola A compreensão de quão variada pode ser uma habilidade funcional nas diferentes pessoas, é um bom exemplo para imaginarmos as diversas formas pelas quais um indivíduo pode desempenhar uma tarefa. Exemplo O lançamento por cima da cabeça é um exemplo de movimento que tem um padrão típico de manipulação e projecção da bola com relativa precisão, quando se trata de pessoas sem deficiências. O padrão adequado e maturo desta tarefa encontra-se documentado no Teste de Comportamento Motor Global e é normalmente usado para identificar atrasos no desenvolvimento ou distúrbios de coordenação. 2_3_02 Outros exemplos Os exemplos a seguir oferecem uma variedade de padrões alternativos usados para concluir a tarefa de lançamento, usando padrões atípicos, derivados de problemas específicos da estrutura músculo-esquelética. • A participante que aparece na figura tem uma Atrofia Muscular Espinal (SMA: Spinal Motor Atrophy). No seu caso, apresenta paralisias severas do tronco e dos músculos dos membros inferiores. Devido à sua condição, ela pode usar apenas os músculos dos braços, e não os músculos do tronco. Sua adaptação é um padrão bilateral, no qual ela tenta, em dois diferentes estilos, um lançamento de peito e um lançamento por cima da cabeça. • Esta é uma participante com Paralisia Cerebral. O seu problema causa sérias deficiências de mobilidade e de estabilidade. Por isso, ela prefere usar um andador para lhe dar estabilidade durante o lançamento. Ela agarra-o, utilizando-o como um ponto de fixação, podendo, assim, ter um padrão quase “normal” com o braço colateral, usando a rotação do tronco. • Um outro exemplo é o padrão de lançamento de um adolescente com Spina Bífida. Ele consegue fazer lançamentos, usando a sua cadeira de rodas, com uma rotação completa da parte superior do corpo, utilizando os músculos fortes do tronco, enquanto se agarra à cadeira, usando-a como um ponto de fixação. Esta pessoa teve uma fixação de vértebras (um procedimento cirúrgico na coluna, devido a severas degenerações dos discos, no qual pequenos cilindros são colocados entre as vértebras), perdendo, assim, a mobilidade do tronco. Adquiriu um novo padrão de lançamento. 2_4 Regras As regras são o que permite às pessoas participarem de um jogo ou desporto juntas, comprometendo-se num objectivo comum. As regras não deveriam excluir as pessoas cujo funcionamento é diferente, mas, pelo contrário, deveriam inclui-las. Enquanto professor de uma escola ou de um centro desportivo, é importante ser criativo e inclusivo com as regras de um jogo ou de um desporto, a fim de estimular a completa participação de todos. A seguir, encontram-se alguns exemplos e sugestões de como as regras desportivas podem ser adaptadas. O ténis é um desporto popular que permite com que pessoas em cadeira de rodas joguem, recreativamente, com pessoas sem deficiência, ou que participem de competições com outras pessoas com mobilidade parecida. A única adaptação a ser feita é permitir que o usuário da cadeira acerte a bola depois de 2 toques no chão, em vez de um, como ocorre no ténis em pé. O ténis de mesa pode ser simplificado removendo-se a regra do “serviço cruzado” para os iniciados ou para os jogos recreativos. A altura e as dimensões da mesa devem ser adaptadas para os praticantes com ou sem cadeira de rodas. O Voleibol pode ser simplificado, sendo permitido que, em cada passe, a bola seja agarrada e depois lançada (em vez de um único toque). Pode contar com mais ou menos participantes e o número permitido de contactos com a bola, de cada um dos lados, pode ser aumentado. O Basquetebol requer poucas alterações para a adaptação a jogadores em cadeira de rodas. Por exemplo, é possível permitir que um jogador dê dois impulsos nas rodas da cadeira, antes de entrar em drible, passar ou lançar a bola. O tempo permitido dentro da área pode ser aumentado para dar tempo suficiente para a deslocação daqueles que estiverem em cadeira de rodas. Além disso, a própria cadeira de rodas pode ser considerada uma extensão do jogador, no caso de contacto ou de violação de limites. O Futebol de 7 pode ter algumas modificações, como eliminar a regra do fora de jogo, diminuir o campo ou as balizas ou permitir que o remate à baliza possa ser feito com um braço. As adaptações podem ser feitas dependendo dos tipos de deficiência apresentados pelas equipas. Muitos jogos podem ser igualmente adaptados às capacidades de qualquer um. Os jogos com pára-quedas, por exemplo, são bastante populares. Visite o site http://www.teachingideas.co.uk/pe/parachute/contents.htm 2_5_01 Segurança Considerações gerais A segurança é uma das mais importantes preocupações, durante a AFA, de modo diminuir o risco de lesões e outros problemas de saúde. Em geral, são recomendadas as seguintes práticas: • Eliminar ou, pelo menos, diminuir os obstáculos existentes nas áreas das actividades, mantendo livres as passagens e as outras vias de acesso. Estes obstáculos incluem aparelhos de ar condicionado salientes, halteres, malas escolares espalhadas, acessórios de natação ao redor da piscina e quaisquer outros objectos desnecessários. • Certifique-se que os participantes compreenderam as suas instruções. Faça uma segunda revisão, principalmente quando estiver numa actividade de exterior ou numa actividade de interior intensa. • Quando liderar actividades em cadeira de rodas, esteja seguro que os participantes tenham domínio do uso das suas cadeiras, incluindo as impulsões para a frente e para trás, as curvas e as viragens. Durante os desportos competitivos e de contacto, como o basquetebol em cadeira de rodas, é previsível que aconteçam quedas; por isso, certifique-se que os jogadores se sabem levantar após uma queda. Para além disso, assegure-se que a superfície da área desportiva seja plana, e que os participantes não irão passar por diferenças inesperadas de altura. Durante os exercícios de alongamento, verifique duplamente a amplitude de movimento, em especial, das articulações, para diminuir o perigo de lesão dos tecidos ou de deslocamento ósseo. • Ao conduzir actividades de condição física para pessoas em cadeira de rodas, leve em consideração a sua maneira usual de transferência e não sobrecarregue as articulações dos ombros, o que poderia resultar numa lesão muscular. Ao desempenhar actividades de contacto ou de alto impacto, leve em conta a densidade óssea dos participantes. Eles podem sofrer de osteoporose, osteogénese imperfeita ou osteopenia, correndo um sério risco de contrair uma fractura. Alguns participantes podem ter problemas excepcionais do sistema circulatório, digestivo ou urinário ou outros. Pergunte sempre às pessoas quais são os seus problemas específicos que devem ser considerados quando participam numa actividade física e como lidar com eles. • Tenha a certeza de ter revisto as precauções específicas, as contra-indicações ou as considerações médicas acerca dos problemas de saúde. Veja, por exemplo, a secção de detalhes sobre as deficiências, no site INSPIRE http://twu.edu/~f_huettig/fact_sheets/disabili.htm 2_5_02 Considerações específicas Esteja ciente das importantes precauções específicas de cada problema de saúde: • Estima-se que 15% das pessoas com Síndrome de Down apresentam instabilidade atlanto-axial. Este problema coloca em risco a espinal-medula, ao nível da articulação atlanto-axial, se a pessoa participar de exercícios inadequados como rolamentos, projecções de judo, etc. • Podem surgir escaras, se a pessoa se mantiver sentada durante muito tempo ou mover o corpo sobre superfícies irregulares. Os praticantes devem ser alertados para o risco potencial destas situações. http://www.spinalinjury.net/html/_pressure_sores.html • Sob condições excessivamente quentes ou frias, a regulação da temperatura pode ser uma preocupação séria das pessoas com lesões altas na espinal-medula. Devido à falta de comunicação entre a glândula tiróide e o cérebro, a parte paralisada do corpo não sua e, portanto, não se pode arrefecer. O corpo reage através de febre quando super-aquecido. • Alguns atletas com lesões medulares podem tentar melhorar o seu desempenho, activando uma disreflexia autónoma. Uma descarga repentina – devido a uma obstrução urinária ou outra medida agressiva – das funções autónomas do Sistema Nervoso Central, pode ser usada como artifício para melhorar o desempenho. Esta prática errónea pode pôr em risco a saúde do atleta. 3_1 Basquetebol em cadeira de rodas • • • • • • Introdução Condições ambientais Impulsão da cadeira de rodas Lançamento Manuseio da bola Condições físicas necessárias 3_1_01 Introdução O basquetebol em cadeira de rodas é o jogo mais popular para pessoas com condições de deficiência. Foi desenvolvido nos finais dos anos 40 por veteranos de guerra norteamericanos. Hoje em dia, cerca de 25.000 homens, mulheres e crianças com deficiência física praticam este desporto, em mais de 80 países. O critério de selecção para as competições internacionais de basquetebol em cadeira de rodas é possuir qualquer limitação funcional que impeça o jogador de participar em competições regulares de basquetebol. O desporto é praticado em clubes locais, regionais e nacionais e em competições internacionais. Muitos países contam com ligas mistas, a nível recreativo, de jogadores com e sem condição de deficiência (todos a usar cadeira de rodas). O actual Sistema de Classificação dos Jogadores da Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas foi adoptado em 1984 e é apresentado, neste CD, na secção Classificação. Mais informações sobre regras e práticas de competição de basquetebol em cadeira de rodas podem ser encontradas em http://www.iwbf.org/technical.htm 3_1_02 Condições ambientais Normalmente o ambiente do basquetebol em cadeira de rodas mantém-se inalterado. Para a inclusão de jogadores principiantes ou com capacidades funcionais limitadas (como tetraplegia ou distúrbios de coordenação), pode-se usar a técnica do twin basketball, desenvolvida no Japão. Trata-se do uso de um cesto separado, mais baixo, especificamente para as pessoas com poucas capacidades funcionais. Esta prática pode também ser usada em ambientes inclusivos, para integrar indivíduos com e sem condição de deficiência. Entretanto, o praticante deve estar seguro de duas questões importantes: 1. De que são tomadas medidas de segurança a fim de diminuir o risco de colisões entre um jogador em cadeira de rodas e um jogador sem deficiência. 2. De que as adaptações das regras asseguram que haja uma distância clara entre o usuário de cadeira de rodas e os jogadores de defesa sem cadeira de rodas – caso contrário, seria demasiado frustrante o facto de os usuários de cadeira de rodas nunca terem a possibilidade de arremessar a bola ao cesto. 3_1_03 Impulsão da cadeira de rodas As mãos impulsionam as rodas como uma forma de substituição da marcha. Agarrar o aro para impulsionar a cadeira é uma tarefa motora complexa e relativamente ineficiente, cujo objectivo é empurrar a cadeira para a frente. Diferentes técnicas podem ser usadas. Técnicas comuns de deslocar a cadeira: • Colocar a mão nos aros e nos pneus • Colocar os dedos no aro • Colocar o polegar e o pulso no aro. Esta técnica é geralmente preferida, porque está associada à diminuição da força para travar. * * * * O movimento de empurrar inclui uma fase propulsiva (30-40%) e uma fase de recuperação (60-70%). O movimento de empurrar é bilateral e é especialmente propício à assimetria (isto é, é muito importante que ambas as mãos toquem no aro ao mesmo tempo) Usando um relógio como metáfora, a fase propulsiva começa das 12:00 às 13:00 horas e continua até às 15:00 horas (dependendo do alinhamento do tronco) e a fase de recuperação continua com o movimento circular. Esta alternância de esforço permite diminuir a tensão das articulações. Os 2-3 primeiros impulsos necessitam ser mais fortes, até que a aceleração atinja o seu limite. 3_1_04 Adaptação da tarefa – lançamento ao cesto O lançamento ao cesto, a partir de uma posição sentada, apresenta diferenças importantes de postura e de movimento, quando comparado com um lançamento em pé. Vários estudos que exploraram as técnicas de lançamento no basquetebol em cadeira de rodas são discutidos, neste CD, na secção “Leia Mais”. Os critérios-chave são os seguintes: • Os jogadores de basquetebol em cadeira de rodas geralmente alinham as suas cadeiras num ângulo de 30-45 graus em relação ao cesto, dependendo da sua capacidade funcional. O ângulo de lançamento no basquetebol em cadeira de rodas é ligeiramente mais alto do que no basquetebol comum. • Para poder lidar com os problemas associados com a posição sentada e com a necessidade de aumentar a velocidade angular e dianteira, os jogadores de basquetebol em cadeira de rodas usam várias técnicas de compensação: * Aumentam a trajectória horizontal da bola, em vez da trajectória vertical do basquetebol comum. * Fazem um lançamento em movimento (em vez de parado), aproveitando a velocidade horizontal da cadeira. • Há vantagens para os jogadores mais altos. Quando estão debaixo do cesto, precisam usar apenas o movimento de lançamento com a mão por baixo da bola, sem precisarem recorrer à velocidade da cadeira. 3_1_05 Adaptação da tarefa – levantando ou apanhando a bola do chão Algumas vezes, a bola pode rolar no chão. Devido às suas deficiências, os jogadores de basquetebol em cadeira de rodas não são capazes de saltar para o chão para a agarrar. Por isso, foi desenvolvida uma técnica específica, usando a roda como um auxiliar. A técnica consiste, basicamente, em posicionar a cadeira de rodas, em movimento, rumo à bola. Perseguindo a bola, o jogador pressiona-a com uma das mãos contra os aros da roda e, assim, seguindo o movimento ascendente de rotação da roda, ele consegue trazer a bola até a altura da sua cintura e agarrá-la com a outra mão. 3_1_06 Condições físicas necessárias Para se jogar basquetebol em cadeira de rodas é necessário um modelo misto de treino aeróbico e anaeróbico. Contudo, a tensão do sistema cárdio-respiratório, quando se usa apenas a parte superior do corpo, pode ser muito menor nas pessoas em cadeira de rodas, atingindo apenas uma média de cerca de 60% do limite cardiovascular (entrada de VO2 de, aproximadamente, 2.5 litros por minuto). Por isso, a fadiga muscular localizada é o factor mais restritivo para o desempenho do atleta. Assim, o treino deve dar importância aos exercícios cardiovasculares elaborados para aumentar a resistência muscular. 3_2 Natação A água é acessível a todas as pessoas, permite uma maior liberdade funcional e dispensa muitos auxiliares de marcha. Alguns exemplos de estilos e técnicas de natação para deficiências específicas são apresentados a seguir. • • • Indivíduos com lesões medulares - Estilo de costas - Estilo de bruços - Estilo livre Indivíduos com distúrbios visuais Indivíduos com hemiplegia Acesso à piscina Nadadores em cadeira de rodas, que possuem funcionalidade nos braços e ombros, são estimulados a entrar e sair independentemente da piscina, usando as almofadas das suas cadeiras para prevenir as escaras. Alguns participantes podem, todavia, necessitar de assistência para se poderem transferir, com segurança, da e para a cadeira de rodas. É preciso, nestes casos, usar técnicas apropriadas e/ou um elevador. 3_2_01 Indivíduos com lesões medulares – Estilo de costas • O estilo de natação mais frequentemente recomendado às pessoas com lesões medulares é o estilo de costas. Devido à necessidade de manter as vias aéreas livres, recomenda-se que a introdução à natação se dê através do estilo de costas básico: executar uma braçada bilateral simultânea e executar a recuperação com os braços dentro da água. • Quando for capaz de controlar a posição de costas, o nadador pode evoluir para o padrão clássico do estilo, com braçadas alternadas • É especialmente importante aumentar a amplitude dos movimentos dos ombros, uma vez que os nadadores com lesões medulares frequentemente desenvolvem uma considerável rigidez nos músculos dos ombros. • O estilo de costas liberta a face da água e assegura uma respiração livre durante as braçadas. A maior barreira está no afundamento das pernas, que aumenta drasticamente a resistência ao deslizamento. • Para garantir um posicionamento horizontal, é preciso estimular a energia da braçada dentro da água, com o cotovelo flexionado ou com um movimento completo e superficial. Nadadores com lesões cervicais (tetraplegia) devem flexionar o pulso para compensar a sua incapacidade de juntar os dedos. • Para permitir a recuperação do outro braço durante a braçada, alguns nadadores executam só metade do movimento completo. Isto não é recomendado pelas seguintes razões: * Faz com que a mão se afunde e obrigue que a recuperação se inicie de uma posição muito baixa, empurrando a água para cima. Como resultado, os quadris são empurrados para baixo e o corpo afunda. * Reduz a frequência da braçada, que é necessária para diminuir a oscilação excessiva do quadril. 3_2_02 Indivíduos com lesões medulares – Estilo de bruços • O estilo de bruços exige braços relativamente fortes. Contudo, os nadadores com lesões nos músculos inferiores das costas podem não conseguir sustentar a cabeça e os ombros. Quanto mais vertical for a braçada, mais as pernas podem afundar. Por isso, geralmente é recomendado um puxão amplo e superficial. • Os nadadores também são estimulados a reduzir a frequência das respirações (1 em cada 2 ou 3 braçadas) para poderem reduzir o afundamento excessivo das pernas. Pela mesma razão, não é recomendado o deslizamento no começo da braçada. 3_2_03 Indivíduos com lesões medulares – Estilo Livre • O Estilo Livre é o que possui a braçada mais rápida, exigindo um puxão forte e rápido. Algumas pessoas podem ter dificuldade em executar a braçada deste estilo, devido ao mau funcionamento dos tricípedes ou dos músculos extensores e flexores dos dedos. Nestes casos, uma braçada ampla pode compensar a posição correcta, geralmente recomendada para o ângulo do cotovelo. • Ao contrário dos nadadores sem deficiências, a rotação do corpo pode ter que ser aumentada para compensar a perda de amplitude dos movimentos dos ombros. Uma recuperação ampla pode ser usada para aumentar a rotação do corpo e, assim, ajudar na respiração. • A frequência das respirações deve ser diminuída, uma vez que o movimento de levantar a cabeça e os ombros aumenta o afundamento das pernas • Arcar a parte inferior das costas e prolongar o puxão até o final da braçada, pode reduzir o afundamento das pernas. • Os nadadores com lesões cervicais têm, geralmente, uma respiração mais limitada, devido à deficiência dos músculos do tronco. Por isso, eles podem ter dificuldades em percursos de longa distância. Nestes casos, é recomendado que seja realizado treino intervalado, com períodos maiores de descanso. O atleta com lesão cervical pode também ter dificuldade em atingir uma frequência cardíaca acima dos 130, devido à deficiência do sistema nervoso autónomo. 3_2_04 Natação para indivíduos com deficiência visual Os nadadores com deficiência visual necessitam de dispor de capacidades de orientação na água, tal como os nadadores normo-visuais principiantes. Aprendem a nadar com base nas mesmas etapas, habilidades e técnicas. As principais considerações sobre a adaptação do ensino e do treino para nadadores com deficiência visual são: • Marcação: é importante equipar a piscina com sinais brilhantes que possam ajudar a orientação visual dos nadadores com deficiência visual. O amarelo ou o laranja são mais visíveis em contraste com fundos escuros. • Guias: os nadadores cegos precisam de alguma forma de direcção, conforme as suas preferências. Uma das práticas mais comuns é segurar o braço ou o ombro de um guia. • Ensino: A manipulação táctil (também chamada Patterning) é também um método muito útil para demonstrar os padrões de movimento àqueles indivíduos que nunca viram e que não conseguem reproduzir padrões similares de movimentos. A aprendizagem da viragem pode ser feita tocando lentamente o nadador enquanto ele executa o movimento. • Controlo das viragens: Alguns nadadores são ensinados a contar as braçadas para completar uma volta. Entretanto, geralmente é usado o toque para indicar a aproximação da borda da piscina. Alguns materiais, como tubos plásticos atados com cilindros de espuma, são usados para uma pessoa tocar levemente a cabeça do nadador. Durante uma competição, a função destes “tocadores” é muito importante e o nadador deve ter total confiança que o toque vai ser dado no momento exacto. 3_2_05 Natação para indivíduos com hemiplegia A hemiplegia é um problema caracterizado por uma lesão não-simétrica, no tronco e nos membros, como resultado de uma disfunção, congénita ou adquirida, no Sistema Nervoso Central. A hemiplegia é bastante comum em pessoas com Paralisia Cerebral. A natação, neste caso, tem objectivos tanto funcionais (competitivos) quanto terapêuticos. Os especialistas em AFA devem considerar qual destes objectivos é mais adequado para cada pessoa. • Para o objectivo terapêutico, deve ser garantido o uso simétrico dos braços e das pernas. Por este motivo, o estilo de bruços seria o mais apropriado para aprender, dando ênfase à amplitude do movimento do lado afectado. • Para o objectivo funcional, o Estilo Livre, na maioria dos casos, seria o estilo mais rápido a dominar, com os resultados de desempenho mais atractivos. Neste caso, todavia, necessitam de ser feitas uma série de adaptações. * Durante o treino, é, por vezes, mais eficaz executar o movimento de pernas apenas com a perna não afectada, frequentemente usando uma barbatana. * Se a lesão for profunda, deve-se procurar que o nadador mantenha o braço afectado embaixo do tronco, e não tente usá-lo para a propulsão. * O braço funcional, entretanto, deve ser usado com um puxão em forma de S mais acentuado e longo. • Em pessoas que tenham uma amplitude seriamente limitada de movimentos do lado afectado, a respiração deve processar-se do lado do braço não-deficiente, frequentemente, com uma rotação exagerada do ombro, para liberar a cabeça para a respiração, sem ter a que inclinar. A inclinação da cabeça pode aumentar a espasticidade e, assim, aumentar a resistência ao movimento. Por isso, deve-se encorajar a adopção um padrão no qual a cabeça rode juntamente com os ombros. Nos casos de uma maior amplitude de movimentos, estimula-se o uso de ambos os lados para respirar e aumentar a simetria da rotação do corpo e, assim, diminuir a resistência. 3_3 Ginástica A ginástica é uma área da actividade física que pode ser facilmente adaptada às diversas incapacidades. Devido ao uso regular e generalizado de marcações, a um apoio sistemático no ensino e à possibilidade de ensino através de colegas, as habilidades podem ser individual e gradualmente desenvolvidas, até se atingir a mestria. Os exemplos, a seguir, descrevem boas práticas de adaptação da ginástica em contextos escolares. • Adaptação da tarefa • Adaptação do equipamento 3_3_01 Adaptação de tarefa para alunos com deficiências motoras severas Maria é uma aluna do 12º ano de uma escola regular. Ela tem Paralisia Cerebral, que afecta todos os seus membros e o tronco (tetraplegia), com uma maior limitação nos membros inferiores. Caminha lentamente com muletas e precisa de ajuda em actividades motoras finas. Apesar de apresentar alguns problemas de articulação, a sua inteligência é normal e frequenta uma escola regular, na sua comunidade. Maria gosta tanto do ambiente recreativo regular quanto especial. Ela aprendeu a nadar com a ajuda de terapeutas aquáticos e pode, neste momento, nadar autonomamente, necessitando, unicamente, de ajuda para entrar e sair da piscina. Quando terminar o curso secundário, receberá, também, um diploma de ginástica. Tanto ela como o seu professor recorreram a um especialista em Actividade Física Adaptada e desenvolveram um programa de ginástica adaptada, tal como pode ser visto no vídeo. 3_3_02 Adaptação de equipamentos para alunos com problemas de coordenação e hipotonia Milena é uma aluna com Distúrbio do Desenvolvimento da Coordenação, que frequenta as aulas de ginástica numa escola regular. Consegue executar exercícios elementares de ginástica, com algumas adaptações tanto no ensino, no ambiente e nos equipamentos. • Para o rolamento para a frente, ela precisa de uma adaptação no ambiente, usando um plano inclinado; uma adaptação no ensino, usando uma ajuda física e uma série de exercícios preliminares para a auxiliar a aprender o padrão do movimento. • Para a roda, ela precisa de marcas no tapete para assinalar as posições correctas das mãos. • Para os exercícios de flexão de braços, uma adaptação da tarefa seria manter os joelhos no solo 3_4 Esqui Nórdico Ganhar ou perder, num desporto, depende do treino, do talento, da motivação e da capacidade. As diferenças nas técnicas do esqui Nórdico de todo terreno são baseadas no nível da lesão dos atletas, dos seus posicionamentos sentados e dos equipamentos usados. As técnicas são: • Duplo impulso: a técnica mais conhecida. Contém três fases: a colocação dos bastões, o empurrão e uma fase curta de recuperação. • Passo diagonal: tem as mesmas fases que o duplo impulso. É usada por atletas com lesões a um nível elevado e com deficiências nos músculos do tronco. Esta técnica é usada para manter o esqui em velocidade crescente, quando o duplo impulso é demasiado difícil. • Equilíbrio num só esqui: usado por atletas com controlo e sensibilidade do tronco, durante as descidas. Usam as pernas e os braços para manterem o equilíbrio nas curvas. 4_1 Critérios Uma maneira comum de avaliar os progressos efectuados no treino ou no ensino, é através da comparação dos resultados prévios e posteriores, relativos a uma tabela de referência baseada em dados normativos por género, idade, peso corporal, etc. A EUROFIT é uma referência comum para a avaliação de programas de educação e condição física, ao nível Europeu. A avaliação criterial é um método alternativo, usado para constatar os progressos efectuados em programas de intervenção. A avaliação criterial consiste num sistema contínuo de resposta que monitoriza e regista o nível de aprendizagem e os resultados dos alunos, sob condições de “vida real”, e que tem as seguintes vantagens: 1. pode ser aplicada dentro de um programa em curso 2. é desenhada individualmente e segue os objectivos de programas concretos 3. é muito sensível a qualquer nível de capacidade 4. os participantes são responsáveis pelas suas próprias aprendizagens 5. a avaliação ajuda os participantes a estabelecerem objectivos individuais, aumentando, assim, a motivação e o desafio Este método de avaliação utiliza tabelas de critérios (rubricas), sugerindo orientações qualitativas detalhadas para a tomada de decisões quanto às pontuações. Deve-se desenvolver uma tabela de critérios para avaliar: • a evolução ou a qualidade de uma dada habilidade • o produto ou a quantidade de um movimento (quão longe, quão rápido, quantos) • o nível de independência da habilidade para um movimento Capítulo 8 1_1 Vida diária Muitas pessoas com condição de deficiência conduzem suas vidas com muita independência e precisam de apenas algumas adaptações adicionais e apoios para as suas actividades da vida diária. Porém, há também pessoas para as quais podem ser necessárias adaptações, como cadeiras de rodas, cães-guia ou próteses. Os avanços nos equipamentos de apoio ajudaram as pessoas com condições de deficiência a tornarem-se mais independentes e estimularam a eliminação de barreiras sociais. A participação em actividades recreativas e de laser é essencial para romper com o estilo de vida sedentário e manter uma boa saúde. Infelizmente, ainda existem algumas dificuldades nas actividades diárias destas pessoas, como a falta de transportes, elevadores e acessos apropriados a edifícios públicos. É necessário adaptar e modificar para proporcionar um ambiente de qualidade para estas pessoas. A adaptação pode não diz respeito apenas às instalações ou aos transportes, mas também deve ser baseada em critérios sociais, para que os indivíduos com condições de deficiência possam ser tratados com dignidade e respeito. Se estas pessoas estão a procura de desafios, de interacção social e de condição física para competir ou para relaxar, é preciso garantir elas tenham acesso não só às instalações (acesso físico), mas à actividade (acesso social). 1_2 Desportos • • • • Técnicas e equipamentos desportivos Hand cycle Petra-cycle Vela 1_2_01Técnicas e equipamentos desportivos Cada vez mais, as oportunidades desportivas se encontram disponíveis e acessíveis para as pessoas com condição de deficiência. Embora as oportunidades sejam imensas, as barreiras para a total participação ainda estão presentes. É possível encontrar modalidades desportivas e equipamento adaptado para que qualquer pessoa com deficiência possa participar. Por exemplo: • Os equipamentos especializados, como os esquis e os trenós adaptados, permitiram que indivíduos com todos os tipos de deficiências pudessem participar dos desportos de Inverno. A técnica e o equipamento variam de acordo com: • O desporto • O tipo e a extensão da deficiência • A habilidade e o treino da pessoa • As preferências individuais Os equipamentos para fins desportivos são um importante aspecto para os futuros atletas. Sejam próteses do membro inferior, cadeiras de rodas de corrida, variadas bicicletas ou adaptações para tiro com arco, os equipamentos devem sempre corresponder especificamente a cada atleta em particular. Os equipamentos podem ser adaptados tanto em casa quanto em laboratórios sofisticados. O mais importante é que o atleta se sinta confortável e se sinta seguro quando utiliza o equipamento. As adaptações dos equipamentos variam das mais subtis (como a alteração na largura, no tamanho ou no material de uma tira), até as mais complexas (como o projecto de uma prótese de um membro inferior ou de uma cadeira de rodas de corrida). 1_2_02 Ciclismo manual O ciclismo manual é também conhecido como bicicleta manual. Praticar ciclismo manual é uma alternativa dentro dos desportos de ciclismo para indivíduos com deficiências nos membros inferiores. As bicicletas manuais foram projectadas com três rodas, em vez das bicicletas normais com duas rodas, para permitir ao praticante pedalar e conduzir apenas com a ajuda da parte superior do corpo e para, ao mesmo tempo, diminuir as exigências de equilíbrio. Hoje em dia, centenas de pessoas praticam este desporto em todo o mundo. Vão desde atletas Paralímpicos de elite até pessoas que desfrutam do ciclismo manual por motivos meramente recreativos. 1_2_03 Petra-cycle A Petra-cycle é uma modificação da bicicleta de três rodas, projectada e adaptada especialmente para oferecer uma modalidade mais “rápida” para pessoas com deficiências. A Petra-cycle desloca-se com relativa facilidade e mantém uma direcção estável, mesmo em terrenos de areia, pedras ou relva, devido ao seu sistema único de direcção e ao tamanho das rodas. A fácil deslocação e a estabilidade permitem até mesmo às pessoas com graves deficiências a oportunidade de se moverem. Onde quer que a Petra-cycle seja usada, ela tem rompido os limites entre o treino, a aprendizagem e o jogo. Ao mesmo tempo e para a mesma pessoa, ela pode servir como equipamento para deslocação, equipamento educativo ou terapêutico, ou como equipamento para desporto e laser. Ainda que o padrão de movimento nem sempre corresponda ao padrão da marcha ou da corrida normal, o corredor beneficia do uso deste equipamento ao adquirir uma experiência de movimento original e ao adquirir uma melhor condição física. 1_2_04 Vela Com os avanços recentes da tecnologia e com designs inovadores, os navegadores com as mais variadas deficiências (tetraplegia, paraplegia, cegueira, distrofia muscular, escletose múltipla, amputação, cancro, lesões cranianas e hemorragias cerebrais, pólio, etc.) podem agora ser capazes de tripular, activamente, barcos de qualquer tamanho. Últimas invenções de design e engenharia para navegadores com deficiências: • O 6-Way Power Helmseat proporciona uma posição de sentado, ergonómica e segura, para qualquer navegador, com ou sem deficiência. Para os navegadores com deficiências graves, como a tetraplegia, o controlador do assento pode ser colocado no modo automático, que permite “nivelar o assento”. Com isso, o assento ajusta-se automaticamente, mantendo a pessoa na posição vertical, independentemente do ângulo de inclinação do barco. Whitlock “Cobra” wheel é um sistema de navegação que permite um controlo muito sensível e ligeiro, quando o leme é demasiado grande para a pessoa. • O Portable Crew Seat Module proporciona uma posição de sentado, segura e funcional, para os navegadores com pouco equilíbrio corporal, quando estão a desempenhar tarefas típicas da navegação, dentro do cockpit. • O Sistema personalizado de elevador permite o acesso à cabine do barco, seja qual for a condição do mar. Link: http://www.martin16.com http://www.aimssailing.org 1_3 Cadeiras de rodas Os avanços tecnológicos ajudaram a melhorar imensamente o desempenho dentro e fora das áreas desportivas. As pesquisas em ciclismo, que foram aplicadas ao desenvolvimento das cadeiras de rodas, trouxeram modificações muito importantes. Há disponíveis, actualmente, inúmeros tamanhos de rodas, assim como vários tipos de pitons e assentos com tamanhos e inclinações ajustáveis. Os movimentos mais eficientes para a propulsão da cadeira de rodas têm sido estudados em termos do diâmetro do aro, da frequência dos impulsos, da altura do assento, da técnica, da velocidade, do grau de incapacidade do indivíduo e do tipo de evento (curta vs. longa distância). Os resultados variam de acordo com a complexidade da interacção das variáveis antes mencionadas, com o factor humano. Com a diminuição do peso das cadeiras e, ao mesmo tempo, com as adaptações personalizadas da altura dos assentos, da inclinação das rodas e do tamanho dos pitons, o desempenho dos atletas melhorou substancialmente ao longo dos anos. Sabemos, hoje, que a velocidade da deslocação da cadeira se encontra mais relacionada com a rapidez dos impulsos nos pitons do que na amplitude do impulso. As cadeiras de rodas desportivas são mais leves do que antes, e são, também, desenhadas para aproveitar um melhor desempenho das rodas e o máximo aproveitamento do vento. O tamanho, peso e altura das cadeiras de corrida podem ser alterados para se ajustar ao seu utilizador. As configurações do assento podem ser moldadas para um corpo específico. Os assentos de espuma ou almofadas especiais previnem as escaras. Os atletas competem, actualmente, em cadeiras de rodas muito especializadas; algumas são motorizadas, outras são projectadas para corridas de estrada e outras são alteradas para actividades específicas, como o basquetebol em cadeira de rodas, o rugby adaptado ou o ténis. 1_4_01 Auxílios especiais Dispositivos protésicos Os equipamentos especializados, como as próteses para mãos e pés, passaram por um enorme desenvolvimento, não somente em termos de design e funcionalidade, como também em termos de peso e de estética. A tecnologia da era espacial chegou até a área desportiva. Os artigos protésicos são mais leves, fortes e flexíveis. São geralmente feitos de titânio (o mesmo material dos aviões) ou de uma combinação de fibra de vidro e metal. Os atletas reivindicam, actualmente, equipamentos que sejam adaptados e que possam ser tão eficientes como os membros das pessoas sem deficiência. Materiais como o silicone e o urethane melhoram a comunicação entre o corpo e a prótese. Além disso, diminuem o impacto, a fricção e melhoram o conforto e o amortecimento. Apesar de toda a tecnologia desenvolvida, as fendas nas próteses de perna, em fibra de vidro, continuam a ser um problema para os corredores, ao mesmo tempo em que um mau ajustamento das próteses podem provocar lesões. 1_4_02 Auxílios especiais Auxílios especiais e reabilitação: terapia locomotora Com a possibilidade de apoiar e suportar o peso do corpo, a terapia em esteiras, ou terapia locomotora, abriu novas perspectivas para a reabilitação da marcha. Foi desenvolvido um novo aparelho, chamado Locomat, como um auxiliar automatizado para a marcha. Ele dá suporte para os movimentos das pernas de pacientes que não conseguem andar com autonomia numa esteira. O Locomat é uma ortótese de marcha electrónica, composta de uma parte para o quadril e duas partes para as pernas. Cada dispositivo ortótico para a perna tem um comando para o quadril e outro para o joelho. Além disso, graças à automação destes aparelhos, os terapeutas já não estão sujeitos a elevadas cargas físicas e, simultaneamente, podem tratar de vários pacientes ao mesmo tempo. Link: http://www.hocoma.ch 1_4_03 Auxílios especiais Os auxílios especiais no processo de avaliação O sistema Zebris de análise da marcha Win Gait desempenha diferentes níveis de análise da marcha: desde a análise de um membro inferior até a análise bilateral de todo o corpo. A análise da marcha pode ser feita através da caminhada numa esteira ou no chão. Estes métodos de análise da marcha podem ser coordenados com avaliações de dados electromiográficos e de pressão arterial. 2_1_01 Transporte Transporte público O transporte público deve ser adaptado à diversidade da população (ser acessível), deve abranger as necessidades de mobilidade de todas as pessoas (ser efectivo), ser compatível com o envolvimento (“amigo do ambiente”) e ser sustentável. O acesso ao transporte é uma das maiores barreiras para as pessoas com condição de deficiência. Quando se está a conceber um transporte acessível, deve-se considerar que as medidas a serem tomadas dependem do envolvimento e do meio de transporte em questão (autocarro, comboio, metro, etc.). Os veículos públicos devem: • Ser projectados a fim de permitir o acesso de todas as pessoas • Ter um piso baixo ou uma rampa que permita a qualquer um a entrada e a saída da viatura, independentemente da sua capacidade física • Dispor de espaço reservado para passageiros com necessidades especiais • Ser equipados com um sistema audiovisual integrado que forneça informações aos passageiros • Para os veículos com casa de banho (p. ex. comboios), estas devem ter o máximo de espaço possível e portas de correr. 2_1_02 Transporte Projecto ambiental As estações de transporte público e as paragens devem ser igualmente acessíveis a todos, contendo: • Entradas ao nível da rua ou rampas com inclinação suave • Elevadores acessíveis • Sinais informativos audiovisuais, com horários, destinos e números das plataformas • O espaço entre a plataforma e o veículo deve ser pequeno o suficiente para garantir a segurança de todos • As bilheteiras devem ter os botões numa altura adequada e devem proporcionar informação oral, escrita e em Braille. Os estacionamentos devem ser projectados com espaço suficiente, reservado para pessoas com condição de deficiência. Se o estacionamento estiver dentro de um prédio, o nível da superfície deve ser reservado para estas pessoas. As áreas de peões devem ser acessíveis, com rampas ou inclinações suaves. Os semáforos devem estar equipados com sinais audiovisuais para a segurança das pessoas com deficiência visual. 2_2_01 Instalações desportivas Exigências gerais para os edifícios desportivos Tanto as novas construções quanto os projectos de remodelação das instalações desportivas devem garantir a acessibilidade. As entradas principais, os vestiários e os vestíbulos devem estar todos no mesmo nível. Há regras gerais para a acessibilidade de uma construção. Entre as adaptações necessárias, estão: Portas de entrada: não devem ser pesadas para se abrir e, onde for necessário, devem ser instaladas portas automáticas. Balcão de atendimento: projectado para receber os clientes, estejam eles em pé ou em cadeira de rodas. Para as pessoas em cadeira de rodas, a altura adequada é 750-800 mm. Elevadores: com maior capacidade e com botões de controlo numa altura que seja adequada tanto para as pessoas em cadeira de rodas quando para os cegos (em pé) Escadas: devem ser em linha recta e com sinais contrastantes nos degraus Corredores: sem obstruções que possam gerar colisões e com largura suficiente para a passagem de cadeiras de rodas e outros dispositivos locomotores. As paredes devem ter corrimões para dar apoio às pessoas com pouca força ou equilíbrio. Casas de banho: devem ser sempre acessíveis, tanto na área pública quanto nos vestiários. Devem ter bastante espaço para que a transição da cadeira para a sanita possa ser feita de frente ou de lado. Ambos os lados da sanita devem ter barras de segurança dobráveis. Vestiários: com muito espaço no interior. Devem existir barras de segurança a diferentes alturas, para ajudar nas tarefas de vestir e despir e levantar do assento. Os cacifos também devem estar posicionadas em diversas alturas. 2_2_02 Instalações desportivas Adaptações específicas Piscinas: equipadas com degraus simples e corrimões em ambos os lados, e uma plataforma móvel, que usa a pressão da água para impulsionar o elevador. Ginásios e equipamentos de ginástica: os ginásios devem estar no mesmo nível das salas desportivas ou serem acessíveis através de rampas ou elevadores. Os equipamentos de ginástica devem ser utilizáveis, de forma independente, por pessoas com diferentes deficiências (p. ex. pesos com legendas em Braille para utentes com deficiências visuais ou assentos que podem ser levantados para dar espaço a uma cadeira de rodas). Salas de dança: devem ter mais espaço do que uma sala tradicional de dança, para permitir a entrada de cadeiras de rodas. Os comandos de som devem poder ser controlado de uma cadeira de rodas. Para pessoas com dificuldades auditivas, um sistema de arco indutivo permite escutar a música mais claramente. Estábulo de equitação: deve ter um lugar coberto onde as cadeiras de rodas possam ser guardadas. Deve ter uma rampa ou uma prancha para que se possa montar no cavalo. Recomenda-se que o assistente seja experiente e que o cavalo seja manso para assegurar a segurança e o bem-estar do cavaleiro. 2_3 Legislação A legislação é a preparação e a ratificação das leis, em nível local, estadual e nacional. A legislação está directamente relacionada com os financiamentos, uma vez que as leis não podem ser implementadas sem dinheiro. Os direitos humanos são um tema de interesse internacional e seus apoiantes e defensores exercem uma influência positiva, para além das fronteiras geográficas e culturais. Um número cada vez maior de países estão a adoptar leis em favor das pessoas com condição de deficiência. A legislação estabelece um quadro coerente e genérico para promover políticas justas e para assegurar a sua efectiva implementação. Cria procedimentos formais, que põem em marcha o processo de integração completa e total das pessoas com deficiência na sociedade. Facilita, ainda, a execução de políticas eficientes e permite com que sejam tomadas medidas severas contra aqueles que a infringem. • Legislação sobre acessibilidade nos países Europeus • Iniciativas Europeias 2_3_01 Legislação sobre acessibilidade nos países Europeus A legislação sobre acessibilidade nos países Europeus possui grandes diferenças, quer no âmbito, quer na estrutura (Accessibility Legislation in Europe, Status report). Em alguns países, a acessibilidade ainda não está consistentemente definida. A acessibilidade é, assim, tratada sob vários tipos de leis, que são produzidas em vários departamentos, muitas vezes sem qualquer coordenação (construções, transportes, normas de fabricação, políticas sociais). Esta situação tem duas consequências negativas: • A acessibilidade carece de uma abordagem global, mantendo-se afastada das agendas governamentais e administrativas. É tratada como sendo um assunto puramente técnico e de “pouca importância”, levando em conta, frequentemente apenas a perspectiva da pessoa em cadeira de rodas. • A informação, a tomada de consciência e a execução é dividida entre vários actores, sem uma visão comum, o que destrói a efectividade da sua estrutura reguladora. 2_3_02 Iniciativas Europeias Há muito tempo que a acessibilidade tem sido um tema de grande importância para a agenda política da União Europeia (UE). Muitos compromissos foram firmados durante estes anos, ajudando na promoção de um extensivo – senão completo – corpo de declarações políticas, normas técnicas e orientações. Iniciativas tomadas ao nível da UE: • Comunicação da Comissão “A Integração Social da Pessoa com Deficiência A Framework for the Development of Community Action”; Novembro de 1981; e a Resolução do Conselho de Ministros, Dezembro de 1981 As duas iniciativas propuseram um “programa integrado” de apoio aos projectos locais, com o objectivo de reduzir as barreiras rumo à completa participação das pessoas com deficiência na vida activa, incluindo o acesso aos edifícios e às instalações. • Os programas HELIOS (HELOIS I, 1988 e HELIOS II, 1993) projectos de apoio com o objectivo de promover formas independentes de vida, incluindo o acesso aos edifícios públicos e a outros equipamentos. • A Comunicação do Towards Barrier free Europe for People with Disabilities, 2000, que apelou a uma abordagem mais coordenada da acessibilidade entre as políticas, tanto a nível de EU quanto a nível nacional. A nível global, as Nações Unidas formaram um Comité Ad Hoc, em 2001, para analisar as “propostas para uma convenção internacional, global, para a promoção e a protecção dos direitos e da dignidade das pessoas com deficiência”, entre as quais a acessibilidade ao ambiente construído deve estar incluída. Link: http://www.sre.gob.mx/discapacidad/whatrights.htm Capítulo 9 1_1 Definição A versão revista da Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde CIF (OMS, 2001) [veja ' Conceitos' , no Menu Principal] descreve as restrições à participação como sendo as dificuldades que um indivíduo enfrenta na forma ou na amplitude de seu envolvimento em situações da vida diária. Estas situações devem-se às limitações funcionais ou estruturais de corpo ou aos factores contextuais (compostos por variáveis pessoais e ambientais: ambientes físico, social e atitudinal nos quais a pessoa vive e conduz a sua vida). Uma definição usual para “atitude” é “uma ideia carregada de emoções que predispõe para um tipo de acções em situações sociais específicas” (Triandis, 1971). Esta definição inclui os três componentes normalmente identificados nas atitudes em relação à deficiência: os atributos cognitivo, afectivo e comportamental (Antonak & Liveneh, 1998; Tripp & Sherrill, 1991). • Os atributos cognitivos estão relacionados com a visão estereotipada sobre as pessoas com deficiência, representados como necessitando constantemente de ajuda, sendo incapazes de desfrutar a vida, sendo tristes, etc. Um exemplo de uma frase que representa o aspecto cognitivo desta atitude é: “as crianças deficientes precisam de muita ajuda para fazer as coisas”. • Os atributos afectivos reflectem as reacções emocionais, incluindo a preocupação, a pena, a comoção, etc. Um exemplo que representa o aspecto afectivo é: “Eu sinto pena das pessoas deficientes”. • Os atributos comportamentais estão ligados à prontidão ou à resistência para interagir com pessoas com deficiência. Frases que representam este aspecto são: “Eu prefiro ficar longe de uma pessoa deficiente”, ou, “Eu não posso empregar um deficiente porque ele vai ficar doente muitas vezes”. 1_2_01 Pesquisa em AFA A atitude é um aspecto importante do desporto. As pesquisas acerca das atitudes em AFA, até o momento, têm sido direccionadas para: • As atitudes dos professores e dos professores em formação, em relação à actividade física (AF) dos indivíduos com deficiência. • As atitudes dos pares em relação à AF das pessoas com deficiência. • As atitudes dos indivíduos com deficiência em relação à sua participação em AF inclusiva. O género tem sido quase unanimemente reconhecido como um factor significativo em todas as categorias de participantes. Os profissionais, colegas e indivíduos, do sexo feminino, com condição de deficiência, tendem a ter uma visão mais positiva sobre a participação do que os homens. Pessoas que tiveram alguma experiência anterior com indivíduos com deficiência e/ou que participaram de cursos de AFA, parecem ter atitudes mais positivas em relação às pessoas com deficiência. A grande maioria dos estudos relacionados com as atitudes dos profissionais e dos pares, tem usado metodologias quantitativas, excepto um que incorporou também os dados qualitativos. Na Europa, uma investigação recente (de 2 de Janeiro a 6 de Fevereiro de 2001), onde foram entrevistadas mais de 16 mil pessoas (Euro barómetro 54.2), apresenta dados animadores sobre o conhecimento e as atitudes dos Europeus em relação à inclusão de indivíduos com deficiência. A esmagadora maioria (97%) parece ser a favor que se deve fazer algo para garantir uma melhor integração. Cerca de 80% dos Europeus sentir-seiam à vontade na presença de um vizinho, de um colega ou de um chefe em cadeira de rodas. 1_2_02 Pesquisa em AFA Pesquisas recentemente realizadas no âmbito do projecto THENAPA demonstraram que: • A análise da situação legal, em termos nacionais, criou algumas dificuldades no contexto legislativo. Alguns problemas específicos foram identificados, no que diz respeito às leis da educação especial. • Em todos os países Europeus, foram encontradas, na legislação, bases legais que apoiam a integração ou a inclusão. • Em geral, a legislação, a nível nacional, é estruturada de modo a oferecer amplas oportunidades educacionais aos estudantes com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Porém, a preocupação concentra-se no facto de a educação especial oferecer mínimas oportunidades de participação em educação física ou em actividades físicas. Nas conclusões deste estudo, foi recomendado que a legislação, ao nível nacional, deveria garantir que a educação física e os desportos adaptados para crianças com NEE fossem parte indissociável do planeamento educativo nacional, do desenvolvimento curricular e da organização da escola. (THENAPA, 2003) 1_3 Teorias As teorias são conjuntos de factos, ideias ou conceitos interrelacionados, que são sistematicamente organizados ao redor de um tema central. São usadas para descrever, explicar ou predizer ocorrências ou fenómenos. O incremento do conhecimento tornou, progressivamente, impossível lembrarmo-nos dos milhões de bits inacessíveis de informações que têm sido produzidos. A síntese dos factos relacionados e das ideias, podem formar teorias, o que ajuda a dar mais sentido ao mundo e a solucionar melhor os problemas que se apresentam (Sherrill, 1993). • A Teoria do Contacto • A Teoria da Acção Raciocinada e a Teoria do Comportamento Planeado • A Teoria da Dissonância Cognitiva 1_3_01 A Teoria do contacto A teoria do contacto é uma das abordagens teóricas mais amplamente utilizadas para o estudo das atitudes dos profissionais e dos pares, em relação aos indivíduos com deficiência (Allport, 1954). As condições necessárias para uma efectiva conexão intergrupal foram definidas por Allport da seguinte maneira: • Os grupos devem ser formados com estatutos iguais • Os grupos devem trabalhar em conjunto, para um fim comum • Os grupos devem cooperar entre si • Os grupos devem ser apoiados institucionalmente pelas autoridades e pelas disposições legais, a partir do momento em que eles se constituam formalmente. Actualmente, a teoria do contacto é utilizada não apenas para manter as pessoas unidas como também para a integração, que promove atitudes positivas, através de experiências planeadas de interacção e de um ambiente organizado com precisão (Horne, 1985; Jones, 1984). Se for cuidadosamente estruturado e implementado, o contacto entre as pessoas pode reduzir o preconceito e os estereotipos (Sherrill, 1998). 1_3_02 A Teoria da Acção Raciocinada e a Teoria do Comportamento Planeado A Teoria da Acção Raciocinada (TRA: Theory of Reasoned Action; Ajzen & Fishbein, 1980) ou a sua sucessora, a Teoria do Comportamento Planeado (TPB: Theory of Planned Behaviour; Ajzen, 1985) consiste num outro quadro de referência, que originaram instrumentos que permitem avaliar as atitudes dos profissionais da educação física, em relação às pessoas com deficiência (PEATH II: Physical Educators’ Attitudes toward Handicapped; Rizzo, 1984), as atitudes dos profissionais da educação física, em relação ao ensino de pessoas com deficiência (PEATIDIII: Physical Educators’ Attitudes toward Teaching Individuals with Disabilites; Rizzo & Vispoel, 1991) ou a crença dos instrutores de natação em relação à inclusão (AIBTI: Aquatic Instructors’ Beliefs Toward Inclusion; Conaster, Block & Gansender, 2002). Estes instrumentos utilizam afirmações em relação a determinadas categorias de alunos com características específicas. O PEATIDIII inclui afirmações em três domínios diferentes (Folsum-Meek & Rizzo, 2002): 1. Os resultados do ensino de alunos com deficiências (p. ex. a aceitação de crianças com deficiência pelos seus pares, a possibilidade de que as crianças com deficiência perturbem a harmonia da classe). 2. Os efeitos sobre a aprendizagem dos alunos (p. ex., aprendendo a trabalhar em conjunto para a realização de um objectivo, desenvolvendo um auto-conceito mais favorável nas crianças com deficiências). 3. Necessidade de mais preparação académica (isto é, não tendo formação suficiente). 1_3_03 A Teoria da Dissonância Cognitiva A Teoria da Dissonância Cognitiva (CDT: Cognitive Dissonance Theory; Festinger, 1957) é outra teoria possível para explicar as mudanças de atitudes. A dissonância cognitiva é um estado mental perturbador, no qual a pessoa sente que está a ter opiniões que não se encaixam nas suas outras opiniões formadas anteriormente. A CDT defende que, quando há uma dissonância, algo deve mudar para a eliminar e, assim, aliviar o estado mental perturbador. Para eliminar a dissonância, os indivíduos: • Reduzem a importância das crenças dissonantes • Acrescentam mais crenças consonantes do que valorizam as crenças dissonantes • Modificam as crenças dissonantes para lhes diminuir a dissonância 1_4 Considerações práticas • • • • • Panorama geral Análise contextual do ambiente social Barreiras sociais Facilitadores sociais Legislação Europeia e recomendações para a inclusão 1_4_01 Panorama geral A literatura que orienta a prática da modificação de atitudes (Petty, Priester, & Wegener, 1994; Yuker, 1987; Zimbardo & Leippe, 1991) sugere três tipos de abordagens: • Uma abordagem cognitiva, proporcionando o conhecimento sobre as deficiências, • Uma abordagem comportamental, fazendo um contacto directo com as pessoas com deficiências, a fim de impulsionar a remoção de barreiras, e • Uma abordagem afectiva-emocional, para a compreensão das experiências significativas (simulações) como base para o desenvolvimento da empatia e da aceitação social. A simulação (dramatização de determinados eventos) é o veículo principal para gerar a modificação de atitudes. A simulação é um conjunto de actividades, nas quais as tarefas devem ser negociadas sob condições simuladas de deficiência. A simulação, quando é analisada e reflectida profissionalmente, proporciona uma vivência na qual as reacções comportamentais, cognitivas e emocionais são experimentadas, incluindo todas as variáveis necessárias para a modificação de atitudes (Florian & Kehat, 1987). Descrições de práticas simuladas encontram-se em http://web.macam98.ac.il/~shayke/thenapa/structure.htm 1_4_02 Análise contextual do ambiente social Com base na taxionomia da CIF [ver ‘CONCEITOS’ no Menu Principal], parece que os atributos pessoais e ambientais têm uma função mediadora na estruturação do resultado da intervenção, que pode variar dependendo de cada âmbito da AFA (educação, desporto de elite, reabilitação e recreação). Por exemplo, se uma criança está a participar de um ambiente inclusivo em actividade física, ela pode ou não experimentar o êxito, dependendo da comparação social que for feita e que está fortemente relacionada com as reacções do professor e dos colegas. Comentários, como “você não é bom”; “eu não gosto de te escolher para a minha equipa”, reflectem claramente um envolvimento social hostil, onde a criança terá poucas oportunidades de se sentir bem sucedida e satisfeita com o seu desempenho. Estes tipos de factores deveriam ser considerados como barreiras à participação. As reacções de apoio, como “vem para o nosso grupo”; “eu quero jogar contigo”; “posso estar contigo nesta corrida? (em cadeira de rodas)”, são consideradas facilitadoras à participação. Barreiras Sociais Pares Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções entre pares. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração social: • Rir de uma criança que erra o alvo num lançamento de bola, quedas em obstáculos, etc. • Ridiculizar uma criança pela sua gordura • Superproteção de uma criança não lhe permitindo realizar qualquer actividade sozinha • Ignorar uma criança numa actividade social • Sentir pena de uma criança • Olhar fixamente uma criança que é diferente • Roubar objectos que ajudam a mobilidade de uma pessoa, como uma cadeira de rodas ou as muletas Profissionais (Professor, Treinador, Instrutor etc.) Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com profissionais. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração social: • • Ameaçar uma criança por causa da sua limitação Ridiculizar uma criança pela sua incompetência • • • • Superproteção de uma criança, não lhe permitindo realizar qualquer actividade sozinha Decidir por uma pessoa o que está bem ou mal para ela Impor competição, onde os participantes ainda estão ocupados em dominar as tarefas de objectivo Usar de cinismo com um participante Pais Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com os pais. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como barreiras de integração social: • • • • • • Superproteger uma criança, não lhe permitindo realizar qualquer actividade sozinha Exagerar sobre um certo objectivo e impor exigências não realísticas à criança Não providenciar os recursos mínimos necessários para optimizar as consequências das limitações funcionais, por exemplo, fisioterapia, apoio educacional adaptado, transporte, etc. Não fornecer um ambiente seguro que possa servir de refúgio aos desafios do envolvimento, no dia a dia “Saltitar” entre terapias, limitando a criança de interacções normais com os seus colegas e pedindo-lhe que se comporte como um adulto Pedir aos irmãos para se comportarem como assistentes de pais ou terapeutas 1_4_04 Facilitadores Sociais Pares Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções entre colegas. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração social: • • • • • Aceitar uma criança dentro de uma rede social Visitar a criança no seu tempo de lazer Convidar uma criança para actividades sociais em tempo de lazer como festas de aniversário, ir ao cinema Incluir uma criança em jogos e brincadeiras, se isto não comprometer consideravelmente a estrutura do jogo Proteger a criança, quando ela for vítima de decisões injustas, como por exemplo um conselho directivo escolar não se mostrar disposto a incluir uma criança numa excursão de turma Profissionais Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com profissionais. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração social: • • • • • • Utilizar as modificações mínimas necessárias para as actividades Apoiar de uma forma que não acentue a incapacidade Reconhecer as capacidades de uma criança e não as suas limitações Incluir uma criança no processo de tomada de decisão relacionado com um processo de modificação Criar uma atmosfera de pertença Criar uma atmosfera de empowerment Pais Seguidamente, serão apresentados alguns exemplos de interacções com os pais. Em crianças com limitações, estas interacções são vividas como facilitadores de integração social: • • • • • Proporcionar um desafio moderado em cada actividade Criar um ambiente seguro quando os desafios do envolvimento são grandes Fornecer todos os recursos necessários para responder aos desafios do envolvimento, como transporte, terapias, etc. Encorajar relações harmoniosas entre irmãos Reconhecer as necessidades da criança para brincar, em vez de só "trabalhar" durante a terapia 1_4_05 Legislação europeia e recomendações em inclusão Em 1986, o Comité de Ministros do Conselho da Europa adoptou a “Carta Europeia do desporto para todos: pessoas com deficiências” como uma recomendação aos governos dos Estados Membros. Esta carta refere-se a todos os tipos de incapacidade que podem ser abrangidas dentro do desporto. Foi recomendado aos governos dos Estados Membros: • • • encorajar as autoridades educativas a tomar medidas para ensinar nas escolas educação física adequada a crianças com deficiência e formar adequadamente aqueles que as ensinam desenvolver actividades apropriadas a todos os níveis de desporto (de alto nível, desporto organizado e recreativo, desporto para a saúde) para pessoas com deficiência reconhecer que pessoas com deficiência podem aspirar ao desporto de elite e participar nele segundo as suas capacidades sem qualquer discriminação, seja ela física, psicológica ou financeira • encorajar a cooperação entre várias autoridades públicas envolvidas no desporto para pessoas com deficiência, como saúde, segurança social, educação e departamentos de desporto Depois da iniciativa da Directoria Geral de Educação e Cultura e reagindo ao crescente interesse no desporto adaptado, o ECSPD - European Committee for Sports for people with disabilities (Comité Europeu do Desporto para Pessoas com Incapacidade) foi estabelecido em Novembro de 1993. Em 2001, o Parlamento Europeu adoptou uma resolução e acolheu a Comunicação 2000 da Comissão, intitulada “Em direcção a uma Europa sem barreira para pessoas com deficiência”. A Resolução afirmou que a criação de uma Europa sem barreiras requer medidas específicas a favor das pessoas com deficiência, acompanhadas pela implementação operacional, monitorização, bem como declarou o ano 2003 como o Ano Europeu da Pessoa com Deficiência. 2_1 Definições O conceito de empowerment reflecte uma base humanística e está baseado na ideologia da “ação social” dos anos 60 e, nos pontos de vista de “auto-ajuda”, enunciados nos anos 70 (Freire, 1970; Kiefer, 1984; Rappaport 1981). “Empowerment implica a crença no poder das pessoas de serem tanto senhoras do seu destino como de se envolverem na vida das suas diferentes comunidades de pertença” (Rappaport, 1987). Empowerment é um conceito central na actual perspectiva de qualidade de vida e autodeterminação encorajando a adaptação de um indivíduo com uma deficiência à sua sociedade e vice-versa. Empowerment é o antónimo do desanimo aprendido (Seligman, 1981) e caracteriza-se pelo aumento da actividade, da participação e da capacidade social. Vários elementos são comuns dentro da definição de empowerment: • Aumento de acesso a recursos (p. ex. habilidades, capacidades, suporte social), que permitem o controlo sobre a sua própria vida (Gutierrez, 1990). • Assumir responsabilidade por modificações que conduzem a um estilo de vida activa e saudável, quer física quer mental (Hutzler e Sherrill, 1999; Zimmerman e Rappaport, 1988). • Aumentar o nível de participação e assumir papéis activos em contextos sociais (Akseliuk, 1996). 2_2 Desenvolvimento e Prática • • • • Empowerment como Processo (1) Empowerment como Processo (2) Empowerment como Prática Empowerment como Resultao 2_2_01 Empowerment como Processo (1) Empowerment é percebido tanto como um processo como um resultado. O conceito de empowerment pode surgir a nível individual, pode fazer referência a um grupo ou pode enquadrar-se num nível social. O estudo do empowerment como um processo merece consideração na literatura Actividade Física Adaptada. • • • Para introduzir um modelo inicial de empowerment no desporto, foram usadas entrevistas detalhadas (Shayke Hutzler 1990), num um grupo heterogéneo de atletas de cadeira de rodas predominantemente do sexo masculino. O modelo sugeriu um desenvolvimento relativamente linear do poder pessoal baseado em experiências aprendidas, relativamente ao aumento da auto-eficácia, da auto-estima e aceitação social e na redução de comportamentos agressivos. Um estudo de follow-up foi realizado centrando-se no processo de empowerment em atletas femininas de corridas de cadeira de rodas (Wuerch e Sherrill, 1998) com base num processo simples, que incluiu: (a) uma fase de interacção com as barreiras e experimentação de relações recíprocas (b) uma fase de aprendizagem, e encontrar significados para experiências (c) aumentar percepções de auto-determinação, auto-estima e auto-eficácia 2_2_02 Empowerment como Processo (2) Vários modelos de empowerment (Dempsy e Capataz, 1997; Zimmerman et al., 1992) sugerem componentes-chave no seu desenvolvimento. Os seguintes elementos parecem recolher alguma unanimidade (Hutzler, 2003): • • • • um elemento intrapessoal, expresso como uma percepção de aumento de autoeficácia e controlo um elemento interactivo, que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias funcionais (capacidades) e recursos para o aumento da participação e da colaboração social um elemento comportamental que se refere às acções das pessoas na comunidade, através da sua participação em organizações e atividades um elemento cognitivo, associado a um pensamento crítico acerca de uma melhor compreensão das relações sociais e políticas. Os factores internos (Pensgaard e Soerensen, 2002) que estão fortemente relacionados com o desenvolvimento do empowerment são: • Auto-eficácia (Bandura, 1997) • Orientação para a Tarefa e para o Ego (Duda, 1989; Nichols, 1989) • Identidade da deficiência Os factores externos, que não podem ser manipulados, ainda não foram identificados. Parece que (a) o nível da experiência aprendida está relacionado com o esforço percebido e (b) o grupo comparável de colegas é um critério importantes para o desenvolvimento do empowerment. 2_2_03 Empowerment como Prática A reflexão sobre a experiência debruça-se mais sobre as percepções internas do que sobre as práticas. Professores e pais são encorajados a seguir práticas reflexivas, derivadas do aconselhamento narrativo-cooperativo. Dosagem da dificuldade de tarefa Os dados sugerem que falhar numa tarefa importante às vezes tem uma função de empowerment, por exemplo, “tenho que encontrar uma solução alternativa.” (Hutzler, Fliess, Chacham et al., 2002). A dosagem do suporte social é outro parâmetro importante. • • As práticas usadas por professores e outros adultos, afirmando que “Todos são vencedores” ou dando classificações de “A” em Educação Física (apesar de uma participação limitada) não contribuem para produzir empowerment. Pelo contrário, se a realização da tarefa é altamente valorizada por outros e/ou recebe uma valorização desproporcional, uma pessoa que tenha uma forte orientação para o ego e uma baixa orientação para a auto-eficácia, pode desenvolver "o pseudo-empowerment ", caracterizado por comportamentos desajustados como a batota, ou até colocar em risco a sua própria saúde de alguém (White e Duda, 1993). A modelação de papéis é uma modalidade importante, baseada na teoria da autoeficácia, para aumentar a motivação e o sentido da eficácia. O Empowerment tem início através do conflito e dos déficits e não pelas facilidades e pelo êxito. Assim, o empowerment não se realizará se só ocorrerem vitórias, uma vez que, neste caso, o indivíduo não tem necessidade dele. 2_2_04 Empowerment como Resultado O estudo dos resultados do empowerment tem um interesse particular em investigação sobre intervenção. O empowerment tem sido avaliado através de um dos seus componentes, nomeadamente, a auto-eficácia (Hedrick, 1985). Este estudo examinou o efeito de várias condições de ensino e prática de ténis com jovens em cadeira de rodas, que não tinham contacto prévio com este desporto. A principal questão da investigação centrou-se no impacto de ensinar e jogar ténis em ambientes inclusivos ou segregados. Este estudo usou: • • • Medições Reais de desempenho das habilidades de tênis Percepção de auto-eficácia Medida da ansiedade atingida em condições diferentes Os resultados sugeriram que a aprendizagem num envolvimento inclusivo era possível, mas jogar em envolvimentos inclusivos acrescenta um considerável stress ao empowerment pessoal, originando piores resultados, pior auto-eficácia e aumento de ansiedade. 3_1 Fases da Participação O desenvolvimento da carreira de atleta com deficiência pode ser descrito com a ajuda de um modelo de transição (Wheeler, Malone, VanVlack et al. 1996). O modelo apresenta três etapas de socialização e participação no desporto adaptado: • • • iniciação competição retirada Cada fase representa um período evolutivo na vida do atleta, que é interrelacionada com o procedimento e as fases seguintes, por etapas de transição. Este desenvolvimento é típico para a expansão de diferentes carreiras, contudo, no desporto adaptado, existem várias características únicas importantes. 3_1_01 Iniciação Nesta fase, o participante adquire socialização preliminar na estrutura do desporto, e no nível inicial da experiência competitiva. É uma fase importante, porque nesta etapa a identidade do atleta é estabelecida, com implicações no seu comprometimento e desempenho na sua carreira desportiva. Se o treino e o clima de competição não se enquadrarem nos objectivos dos participantes, em termos de orientação para a tarefa e para o ego, cedo o esgotamento e o abandono podem ser esperados (Pensgaard e Roberts, 2002). • • • Em atletas saudáveis, esta etapa muitas vezes dura 10-15 anos até que a competição internacional seja realizada. Nos atletas com defciência, muitas vezes passam-se menos de 2 anos nesta fase e logo participam em competições internacionais (Wheeler, Steadward, Legg, Hutzler et al., 1999). Num exemplo, Norma Lorincz (2001) relatou a sua experiência pessoal em que se tornou campeã mundial após 10 meses de prática em desportos competitivos. Alguns atletas atraem uma cobertura dos mídia, instantaneamente. Da mesma forma, um interesse político pode lisonjear o seu ego mas, igualmente, fazê-los negligenciar a sua persistência no treino, que é essencial aos atletas de elite. Tratase de um resultado evidente desta transição rápida, desde a iniciação até a competição. Neste processo, os treinadores e managers são encorajados a serem consistentes na provisão de modelos centrados na provisão de desempenho, em vez de criarem um clima de orientação para o ego. Outra desvantagem, muitas vezes presente na fase de iniciação, é a falta de modelos entre os colegas. Os atletas são obrigados a identificar e socializar-se com participantes que estão em diferentes faixas etárias. A falta de um sistema de suporte social apropriado entre o ambiente competitivo pode ter efeitos prejudiciais sobre participação e a própria carreira. 3_1_02 Competição Para a competição de atletas com deficiências, são cruciais dois elementos, para além de todas as variáveis que constroem a carreira de um atleta sem deficiência (como o suporte da família, a reação dos pares e o apoio material). • • A classificação desempenha um papel importante na construção da carreira de um atleta. Uma vez que há um número limitado de participantes por classe, os atletas que começaram a competir numa determinada classe podem ser chamados a competir em eventos internacionais, conjuntamente com participantes de classes mais altas. Isto é especialmente relevante em eventos femininos e nas classes mais baixas. Devido ao número limitado de participantes com deficiência, alguns participantes podem evidenciar um potencial atlético para mais de uma disciplina. Se os treinadores e os managers não forem cuidadosos nesta etapa, uma situação de escolha desadequada de disciplinas pode ocorrer, devido a modificações de classificação ou fusão de classes num determinado evento. Este tipo de situações pode conduzir a uma negligência na orientação do desempenho, a favor de uma orientação para o ego, limitando a perspectiva de carreira do atleta. Para atletas com deficiência é importante procurar uma carreira paralela, como a escola, a universidade ou uma profissão, a fim de ter perspectivas alternativas de objectivos de vida, sobretudo quando a competição já não seja recompensadora. 3_1_03 Retirada Uma retirada bem sucedida de uma carreira desportiva competitiva significa um reinvestimento do ego noutros aspectos da identidade pessoal. Isto significa que as perspectivas alternativas de identidade do participante necessitam de ser desenvolvidas durante a carreira competitiva, de modo a que esta transição não seja traumática. Em alguns casos, a mudança de categoria, na classificação, é a causa duma retirada involuntária repentina. • • • • Alguns participantes parecem ter desenvolvido uma identidade atlética como uma alternativa à identidade de deficiência. Se, contudo, não se desenvolver outra perspectiva, o sujeito pode invocar a identidade de deficiência novamente, depois da retirada do desporto. Devido ao seu ajuste psicológico e as exigências fisiológicas, que são menos exigentes em algumas modalidades desportivas para deficientes que no desporto normal, alguns atletas com deficiência continuam a participar nas competições, até uma idade na qual podem contrair riscos de saúde. A presença desses atletas limita, às vezes, o desenvolvimento das carreiras de atletas mais jovens, em particular em desportos de equipa, como o basquetebol em cadeira de rodas ou o goalball. As organizações desportivas e os atletas são encorajados a desenvolver actividades alternativas depois da sua retirada, para prosseguirem a sua actividade física, através, por exemplo, de competições de veteranos ou actividades de aventura. É recomendado deslocar o interesse de atletas séniores da competição para o treino, para a gestão e pela defesa dos interesses das pessoas com deficiência, construindo, desta forma, uma identidade aceitável para o atleta sénior, que se encontra ausente do modelo do atleta júnior. Assim, a retirada do desporto competitivo pode ser o início de uma nova identidade pessoal. Capítulo 10 1_1_01 Ciências Humanas Comportamento Motor Introdução O comportamento e o controlo motor exploram a contribuição das estruturas mentais e os processos da acção humana. Tradicionalmente, esta área abrange a investigação da aprendizagem e do controlo das capacidades motoras complexas. A terapia psicomotora é baseada na unidade corpo-mente. Tanto o corpo como a mente constituem a essência da natureza humana. O funcionamento somático influencia constantemente o funcionamento psíquico e vice-versa. Organizações: International Society for Ecological Psychology: http://www.trincoll.edu/depts/psyc/isep.html Revistas Científicas: Journal of Human Motor Behaviour Human Movement Science: http://www.sciencedirect.com/science/journal/01679457 Perceptual & Motor Skills: http://www.pr-pms.com Developmental Medicine & Child Neurology 1_1_02 Aplicações Práticas A prática consiste no ensino, treino, reabilitação médica, ergonomia e muitas outras áreas onde é essencial que seja compreendido o papel que o cérebro desempenha na actividade física. Com a evolução das novas tecnologias que permitem o estudo da percepção humana, da atenção, da memória e de outras funções cerebrais, emerge uma nova geração de investigadores. Este facto faz surgir um enorme número de oportunidades que contribuem para o encontro de soluções práticas para alguns dos problemas mais complexos da acção humana. 1_1_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA • Efstratopoulou, M;, Simons, J. e Coppenolle, H. KU Leuven, Bélgica. “Sobre as etapas de construção de uma checlist do comportamento motor para crianças”. O objectivo do estudo é a construção de um instrumento válido e fiável a ser usado por profissionais, professores de educação física e especialistas de comportamento motor, para fornecer informação acerca do comportamento motor, do comportamento cognitivo-motor, do comportamento afectivo e social de crianças em idade escolar, pela observação durante as aulas de educação física, em situações de jogo livre ou em sessões terapêuticas. http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/research/earapa.htm • Van Wijk, R., Reynders, K. KZ a Groningem, Holanda. “Sobre terapia psicomotora e dor crónica”. O objectivo do estudo é investigar a eficácia de um programa psicomotor em pacientes com dor crónica severa, em termos da redução da dor e stress, condição física e bem-estar e retorno a actividades da vida diária e integração social. http://www.rug.nl/ • Bianco, A. Universidade de Torino, Itália. “Sobre jogos motores para a avaliação de habilidades cognitivas em crianças com deficiência mental, integradas em classes de escolas regulares”. Criaram-se quatro tipos de jogos motores, organizados por idades, como método de avaliação. Cada jogo motor continha testes de habilidades diferentes: coordenação motora global e fina, percepção sensorial, linguagem, esquema corporal e tempo de realização de habilidades cognitivas. http://www.arpnet.it/irrsaeto/ 1_2_01 Pedagogia Introdução A Ciência da Educação Física A Pedagogia do Desporto é reconhecida como a ciência (teoria) da educação física (prática). Como disciplina de humanidades, a Pedagogia do Desporto tem a função de: • melhorar e orientar a actividade física para indivíduos e grupos de todas as idades • preparar, implementar e avaliar o ensino e o treino da actividade física e do desporto, de acordo com as características, locais, regionais, nacionais ou internacionais. Organizações: International Committee of Sport Pedagogy: http://www.icsspe.org Revistas Científicas: Journal of Comparative Physical Education and Sport European Physical Education Review: http://www.saqepub.co.uk 1_2_02 Aplicações Práticas Actualmente, a pedagogia do desporto está relacionada não só com a educação física nas escolas e com o desempenho dos atletas de elite, mas também com a recreação comunitária e respectivos centros e clubes desportivos, actividades seniores, bem como programas para pessoas com deficiência e de “desporto para todos”. 1_2_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA Um das questões pedagógicas actuais mais importantes é o estudo da inclusão de alunos com deficiência em classes regulares de educação física. As questões de investigação fundamentais são as seguintes: • • • • • • Os profissionais (professores, treinadores, e instrutores) melhoram as suas atitudes a favor da inclusão? Os colegas dos participantes com deficiência melhoram as suas atitudes a favor da inclusão? Os participantes com deficiência aderem à participação num contexto inclusivo? Como é que a auto-determinação/empowerment dos participantes com deficiência é influenciada pela inclusão? Como é o tempo académico de aprendizagem dos participantes, com e sem deficiência, num contexto inclusivo? Como são as capacidades de desempenho, de auto-eficácia, de ansiedade e outras variáveis psicológicas do participante com deficiência em ambientes inclusivos? Os exemplos seguintes mostram algumas abordagens que estudam este tema: • Obrasnikova, eu., Block, M.E., Valkova, H. Tese de Mestrado, EMDAPA. “Efeitos da inclusão na disciplina de educação física nos estudantes sem deficiência: investigação preliminar”. O objectivo do estudo é avaliar o impacto da inclusão de um aluno da 4º série, que usa cadeira de rodas, ao qual não é dado o apoio de um professor ou dos colegas. O estudo situa-se na avaliação das atitudes e aprendizagem deste aluno. http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter/newsletter3/index.htm • Fillat, A. Universidade de Lleida, Espanha. “Que oportunidades tenho de ser integrado nas aulas de educação físicas em escolas regulares?” A investigação tenta analisar a integração de crianças com necessidades especiais (com deficiências motoras) nas aulas de educação física, em escolas regulares, e até que ponto esta integração depende das atitudes e formação dos professores, e das características da própria criança. http://www.udl.es • Hutzler, Y., Zach, S., Gafni, O. Colégio de Zinman, Israel. “A auto-eficácia percebida e as atitudes de professores de educação física, relativamente à inclusão de estudantes com deficiência.” O objectivo do estudo é investigar a relação (a) do género, (b) da experiência anterior em ensinar indivíduos com deficiência, (c) da formação anterior em AFA, e (d) dos anos de experiência, com as atitudes em relação à inclusão de alunos com deficiência e o sentimento de auto-eficácia para ensinar estudantes com deficiência em classes integradas. Contact: [email protected] 1_3_01 Sociologia Introdução A Sociologia do Desporto existe como uma disciplina independente, desde os anos 60. A Sociologia do Desporto centra-se na história do desenvolvimento do desporto nas organizações que o corporizam, tais como federações e clubes. Esta disciplina situa a sua especificidade nos seguintes âmbitos: • Demonstrar a integração social e cultural do desporto • Descrever os valores sociais e as normas que afectam o desporto • Investigar as razões para o envolvimento com o desporto • Discutir as mudanças no desporto e respectivas organizações Organizações: The International Sociology of Sport Association: http://www.u2.u-strasbg.fr/issa/ Revistas Científicas: Sociology and Sport Journal: http://www.humankinetics.com The International Review for Sociology of Sport: http://firstsearch.oclc.org 1_3_02 Aplicações Práticas A Sociologia do Desporto procura contribuir para a compreensão do desporto e, também, informar as políticas que devem tornar a experiência desportiva menos desperdiçadoras de vidas e recursos. Isto pode ser realizado de vários modos: • Oferecendo conselho especializado a agências do governo, inquirições públicas e relatórios em áreas, tais como drogas, violência e educação para a saúde. • Apoiando a investigação em grupos que procuram desafiar a desigualdade de géneros, classes, idade e deficiência, relativamente ao acesso, recursos e status • Lutar pelos direitos e responsabilidades dos atletas 1_3_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA • Williams, T. Universidade de Loughborough, Reino Unido. “Actividade física e a construção social da deficiência em unidades de tratamento de lesionados medulares.” O estudo faz uma síntese das lesões medulares e de vários elementos conceptuais das deficiências resultantes destas lesões e, por outro lado, discute qual o nível sócio-cultural de competência necessária para viver como um indivíduo independente fora da unidade. http://www.lboro.ac.uk/departments/ss/index.htm • Sorenson, M., Kahrs, N. Universidade Norueguesa de Desporto e Educação Física. “Uma análise do processo de integração no desporto norueguês.” O objectivo do estudo é investigar os objectivos ideais da integração, definidos através dos seguintes critérios: aspectos organizacionais e estruturais, aspectos sociais-objectivos e sociais-subjetivos e aspectos de competência. http://www.nih.no • Ninot, G., Bilard, J., Delignieres, D. e Sokolowski, M.; o Montpellier, França. “Efeitos da participação no desporto integrado sobre a competência percebida de adolescentes com deficiência mental.” O objectivo do estudo é examinar os efeitos do tipo de programa e do tipo do desporto nas habilidades desportivas, na aceitação social percebida, na aparência física, na competência atlética e na auto-estima em geral. http://www.univ-montp2.fr 2_1_01 Ciências do Desporto Biomecânica Introdução A Biomecânica é definida como: • o estudo dos sistemas biológicos, usando os métodos da mecânica. • as forças internas e externas exercidas sobre o corpo e os efeitos produzidos por essas forças. O objectivo da biomecânica no desporto é: • aplicar o conhecimento biomecânico à análise de habilidades desportivas como um meio de melhorar a eficácia do desempenho humano e a segurança • melhorar a compreensão da complexidade do desempenho de alto nível • prever técnicas de desempenho mais eficazes Os métodos de investigação mais comuns em biomecânica incluem: • técnicas de análise de movimento, usando a cinemática e dados dinâmicos • electromiografia e cinesiologia • Posturografia Organizações: World Commission for Sport Biomechanics International Society of Biomechanics: http://www.isb.ri.ccf.org Revistas Científicas: Gait & Posture: http://www.elsevier.nl Journal of Biomechanics: http://www.jbiomech.com Journal of Rehabilitation Research and Development: http://www.vard.org/jour/jourindx.htm Journal of Prosthetics and Orthrotics http://www.aandp.org/jpo 2_1_02 Aplicações Práticas A biomecânica no desporto contribui para o aperfeiçoamento do desempenho em várias actividades. O conhecimento do tipo de actividade e da magnitude da carga e vibração nas estruturas músculo-esqueléticas e o efeito desta carga sobre os tecidos duros e moles foi aplicado à criação de programas de reabilitação, transplantes ortopédicos e a engenharia de próteses internas e externas. A Biomecânica também pode estar implicada numa larga variedade de projectos relacionados a marcha do amputado, o design de cadeiras de rodas, e o desenvolvimento das ajudas técnicas para os atletas ou membros gerais da comunidade com deficiência. 2_1_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA Os objectivos da pesquisa biomecânica em AFA são: • o aperfeiçoamento do treino e da prevenção de lesões, através de uma melhor compreensão das cargas mecânicas associadas a uma tarefa motora • optimização individualizada de habilidades adaptadas e técnicas desportivas • avaliação de exigências mecânicas no equipamento adaptado, como cadeiras de rodas ou bicicletas manuais. • Vanlandewijck, Y., Daly, D., Verellen, J., Van Houte, S. KU Leuven, Bélgica. “A Biomecânica na propulsão manual de cadeiras de rodas.” O estudo é sobre a relação entre o modelo biomecânico ideal e o estudo de movimento humano. Desafia biomecânicos em todo o mundo para modificar o seu campo do estudo de “movimento do corpo saudável” para “movimento Humano”, incluindo todas as pessoas, independentemente da extensão do seu potencial físico e funcional. http://www.kuleuven.ac.be • Vanlandewijck, Y. KU Leuven, Bélgica. “Biomecânica em Actividade Física Adaptada: a reabilitação, a aptidão relacionada com a saúde e a perspectiva de optimização do desempenho.” O estudo refere-se a como o contínuo da terapia desportiva reflecte o papel de especialistas de AFA em reabilitação, recreação e desporto competitivo na avaliação e intervenção. Refere, ainda, a forma como as análises biomecânicas podem ser usadas como uma ferramenta de avaliação, fornecendo feedback sobre a eficácia de diferentes estratégias de intervenção. http://www.kuleuven.ac.be • Janssen, T. et all. Universidade de Vrije, Holanda. “Análise biomecânica de atletas em cadeira de rodas.” Este projecto descreve a necessidade do consenso quanto à metodologia e às estratégias de pesquisa em biomecânica. Analisa, em termos biomecânicos, a propulsão de cadeiras de rodas manuais, levando à identificação dos factores que se podem tornar de risco na prática desportiva em cadeira de rodas. http://www.fbw.vu.nl 2_2_01 Fisiologia do Exercício Introdução A Fisiologia do Exercício, em parceria com a endocrinologia desportiva, imunologia e bioquímica do exercício, cobre aquelas áreas da medicina desportiva que investigam as alterações e os processos reguladores durante o exercício agudo e crónico. A Fisiologia de Exercício é a identificação de mecanismos fisiológicos subjacentes à actividade física, e a compreensão e a criação de serviços de intervenção referentes à análise, aperfeiçoamento e manutenção de saúde e aptidão física, a reabilitação de doenças cardíacas e pulmonares e outras doenças crónicas e/ou deficiências, bem como a adaptação humana ao exercício agudo e crónico. Organizações: European College of Sport Science: http://www.ecss.de Revistas Científicas: Journal of Applied Physiology: http://www.humankinetics.com Medicine and Science in Sports and Exercise European Journal of Applied Physiology: http://jap.physiology.org 2_2_02 Aplicações Práticas A fisiologia do exercício tem um largo espectro de aplicações práticas. Por um lado, a capacidade do desempenho é avaliada para dar a informação de, por exemplo, modelos de treino em atletas de elite ou níveis de aptidão física no âmbito da recreação. Por outro lado, o impacto do exercício agudo e crónico sobre as funções fisiológicas (por exemplo, a regulação da pressão sanguínea e as defesas imunológicas) é investigado para compreender os mecanismos fisiológicos sobre o aperfeiçoamento nos cuidados de saúde e na reabilitação de pacientes. O conhecimento sobre esses mecanismos reguladores é também muito importante para a prevenção de muitas doenças e ajudará a optimizar vários programas de reabilitação desportiva. 2_2_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA • Knechtle, B. et all. Centro Suíço de Paraplegia, Suíça. “Análise de exercício anaeróbico para testar protocolos em atletas em cadeiras de rodas.” O objectivo da pesquisa é determinar que velocidade e duração, num protocolo de exercício, é melhor para testar atletas em cadeira de rodas, desempenhando corridas de velocidade e, também, se as concentrações de lactato aumentam com a crescente duração do teste. http://www.paranet.ch • Lev, A., Vanhees, L. Tese de Mestrado, EMDAPA. “Efeitos do exercício em pacientes com doença de artéria coronária combinada e doença pulmonar obstrutiva crónica.” O estudo pretende investigar se um programa de reabilitação cardíaco pode melhorar significativamente a capacidade de exercício em pacientes com doença de artéria coronária combinada e em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crónica, bem como em pacientes cardíacos sem doença pulmonar obstrutiva crónica. http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter/newsletter4/index.htm • Moskova, K. et all. Universidade de Charles, República Checa. “Capacidade de exercício e deficiências locomotoras sobre sobreviventes da Doença de Hodgkin (DH).” O objectivo do estudo é investigar qual a relação dos testes de exercício na bicicleta ergonómica com a capacidade de exercício dos pacientes DH. Para além disso, é discutido o impacto da capacidade de exercício sobre as deficiências funcionais do sistema locomotor. http://www.cuni.cz 2_3_01 Medicina Desportiva Introdução A primeira definição moderna da medicina desportiva foi apresentada pelo Instituto de Cardiologia e Medicina Desportiva, em 1958, na Alemanha (Colónia) como: “a medicina desportiva inclui os ramos teóricos e práticos da medicina que investigam a influência do exercício, do treino, e do desporto em pessoas sãs e doentes, bem como os efeitos da falta do exercício, para produzir resultados úteis de prevenção, terapia e reabilitação.” A medicina desportiva contemporânea envolve a saúde e o cuidado médico das pessoas, que participam em desportos e actividades físicas, dos pontos de vista da medicina preventiva, cardiologia, ortopedia, medicina física e reabilitação. Organizações: International federation of Sports Medicine: http://www.fims.org Revistas Científicas: International Journal of Sports Medicine: http://www.thieme.de/sportsmed/ Journal of Sport Rehabilitation: http://www.humankinetics.com 2_3_02 Aplicações Práticas A aplicação de novos conhecimentos pela medicina desportiva deve beneficiar atletas de elite, participantes de desportos recreativos e pessoas de todas as idades, interessadas no exercício para a melhoria e manutenção da saúde e para o lazer. A conexão entre a medicina desportiva e a AFA pode ser, muitas vezes, descrita como: • estratégias de reabilitação em desporto adaptado • conhecimento de como evitar e de como curar lesões em atletas com deficiência (ao nível do desporto de elite bem como ao nível recreativo). 2_3_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA • Yi Kyung-Ok et all. Ewha Womans Universidade, Coreia. “Os efeitos do exercício em água profunda sobre a aptidão física, dor e modelo de marcha em mulheres idosas com osteoartrite degenerativa.” O estudo investiga o aperfeiçoamento da postura, a forma do corpo, o padrão de marcha, e também a redução da dor nas coxas, quadris e joelhos, devido a exercícios em água profunda. Este tipo do treino permite o estiramento profundo e forte e, ainda, desenvolve o equilíbrio entre os músculos flexores e extensores. Contacto: http://www.ewha.ac.kr/ewhaeng/ • Curtis, K.A., Black, K. Universidade do Estado da Califórnia, EUA. “Dor no ombro em jogadoras de basquetebol de cadeira de rodas.” O objectivo da pesquisa é avaliar o nível de actividade, a história médica, a prevalência e a intensidade da dor no ombro e nas extremidades superiores, sentidas durante as actividades funcionais em atletas do sexo feminino, que competem em basquetebol em cadeira de rodas. http://www.calstate.edu • Dickhuth, H.-Hermann. Universidade de Freiburgo, Alemanha. “Exercício e doença cardiorespiratória.” O estudo descreve a importância dos efeitos da actividade física na prevenção primária e secundária, bem como da reabilitação no desempenho físico e na mortalidade cardiovascular. http://www.uni-freiburg.de 2_4_01 Psicologia do Desporto Introdução A disciplina de psicologia do desporto é uma corrente científica e profissional do conhecimento, baseada em várias dimensões do comportamento e do exercício no desporto. O objectivo da psicologia do deporto consiste em descrever e utilizar processos psicológicos relacionados com: • • • promoção de actividades físicas de manutenção da saúde crescimento pessoal no contexto onde o exercício e o desporto são praticados melhoria do desempenho em exercício e desporto A observação, as técnicas introspectivas e as entrevistas directas são abordagens metodológicas de investigação em psicologia do desporto. Organizações: International society of sport psychology (ISSP): http://www.issponline.org European Federation of Sport Psychology: http://www.psychology.lu.se/fepsac/ Revistas Científicas: Journal of Sport and Exercise psychology: http://www.humankinetics.com International Journal of Sport Psychology: http://www.swets.nl Journal of Applied Sport Psychology: http://www.tandf.co.uk Psychology of sport and exercise: http://www.elsevier.nl/inca/publications/store/6/2/0/7/9/2/ 2_4_02 Aplicações Práticas A psicologia do desporto é orientada para três campos principais de aplicação prática: • Educação – disseminação do conhecimento a professores, treinadores, administradores e população com necessidades especiais, para ajudá-los a compreender e aplicar princípios psicológicos, quando enfrentam dilemas comportamentais e éticos. • Teoria e investigação – estabelecimento de modelos e teorias que representem os domínios do desporto e do exercício (motivação e atribuição, dinâmica de grupo e liderança, comunicação e emoções). • Aplicações a profissões – para várias profissões como o treino, educação, prática clínica, treino atlético e reabilitação. 2_4_03 Exemplos de Estudos recentes em AFA • Bredahl, A.M. Centro de desporto para a saúde de Beitostoelen, Noruega. “Actividade física e a utilização de acompanhamento psicológico.” O projecto investiga como a combinação do acompanhamento psicológico, oferecido por um psicólogo clínico, com a actividade física adaptada pode influenciar a auto-estima, a depressão, a solidão e a aceitação corporal de pessoas com deficiência, que nunca receberam acompanhamento psicológico anterior. http://www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter • • Holter, G., Ungerer-Roehrich, U. Universidade de Bayreuth, Alemanha. “Factores curativos subjectivos da AFA em populações clínicas.” O objectivo do estudo é explorar, com a ajuda de um questionário, o impacto de actividades físicas adaptadas sobre quatro aspectos da intervenção em pacientes clínicos: a) a experiência do corpo e do self, b) experiências biográficas, c) a actualização das relações do grupo e d) a actualização do movimento e bem-estar. http://www.uni-bayreuth.de • Flies-Douer, O., Vanlandewijck, Y, Van den Awelle, Y., Hutzler, Y. “Relação entre deficiência física funcional e perspectivas de objectivos dos jogadores de basquetebol em cadeira de rodas.” Este estudo examinou as perspectivas de objectivos de jogadores de basquetebol em cadeira de rodas, em comparação com jogadores “normais” e em relação à classificação funcional no basquetebol em cadeira de rodas. 59 jogadores flamengos de basquetebol em cadeira de rodas preencheram um Questionário de 13 itens de Orientação para o Ego, seguido de uma análise intra-individual de situações e reacções em basquetebol em cadeira de rodas, com padrões implicando uma extremamente alta ou extremamente baixa orientação para o ego. Os resultados sugerem que esta amostra é predominantemente orientada para a tarefa e que a orientação para os objectivos não foi influenciada pelo nível de classificação. Contacto: [email protected] http: // www.kuleuven.ac.be/thenapa/newsletter 3_1_01 Investigação Metodologia A metodologia que tem sido usada em AFA cobre todos os tipos de abordagens metodológicas, incluindo as ciências naturais e sociais. Dentro das sub-disciplinas relacionadas com as ciências do desporto e do movimento, deve ser escolhida uma metodologia de investigação apropriada. É importante observar que as metodologias "alternativas" (por exemplo, estudos de caso único e metodologias qualitativas) são usadas cada vez mais, de forma a dar uma resposta à grande heterogeneidade dos indivíduos com deficiência que participam em trabalhos de investigação. • • • • • Procedimentos Estatísticos Características da metodologia de investigação Margem de medição Sensibilidade Factores restritivos 3_1_02 Procedimentos Estatísticos A metodologia de investigação na actividade física adaptada utiliza conceitos gerais da investigação em estatística, de forma a analisar os dados com a ajuda de técnicas estatísticas, ler e interpretar os resultados. Estes procedimentos implicam, na maior parte dos casos: estatística descritiva básica métodos de correlação e predição estatística inferencial – t-testes e análise de variância técnicas estatísticas não-paramétricas análise multivariada 3_1_03 Características da Metodologia de Investigação Validade: o grau pelo qual um teste ou instrumento mede o que pretende medir. Validade interna – a razão pela qual os resultados de um estudo podem ser atribuídos aos tratamentos usados no estudo - Validade externa – a generalização dos resultados de um estudo: os resultados mantêm-se válidos para outras populações, contextos e instrumentos de medição para além daqueles usados no estudo específico? - Validade de critério – o grau no qual os resultados numéricos de um teste estão relacionados com um padrão ou critério previamente reconhecido • Confiança: é a coerência e a consistência de uma medida - A confiança inter-observador (objectividade) – dois observadores obtém os mesmos resultados, quando eles, independentemente um do outro, avaliam o mesmo comportamento ou sujeitos - A confiança Teste Reteste (estabilidade) – o observador obtém os mesmos resultados de teste, testando os mesmos sujeitos pela segunda vez - • - • A consistência interna (homogeneidade) – os diferentes itens da medida do teste avaliam o mesmo “facto” Significação: até que ponto os resultados são influenciados pelo programa de intervenção ou por outros factores implicados. 3_1_04 Margem da Medida Há situações nas quais uma parte dos dados parece estar perto das margens superiores ou inferiores da extensão da medição. Isto é chamado efeito de Chão e Tecto. Em tais casos, as diferenças entre grupos podem tornar-se não-significativas, porque alguns resultados estão perto do limite da medição. Exemplo Crianças de 10 anos, com e sem Distúrbio do Desenvolvimento Coordenativo [ver “Problemas de Saúde”] foram avaliadas por meio do “Test of Gross Motor Development” [ver “Avaliação”] antes e depois de uma intervenção, e não mostraram nenhuma melhoria visível. Os seus resultados aa execução da corrida e do salto variavam de uma pontuação de 0 (nenhum critério de habilidade encontrado) a 4 (todos os critérios de habilidade encontrados) em ambas as situações de avaliação. 3_1_05 Sensibilidade Algumas medidas, em particular em testes motores, são pontuadas por meio de escalas de intervalos ou ordinais que, muitas vezes, não são suficientemente sensíveis para mostrar a modificação dentro de algum tempo ou entre grupos. As escalas devem ser planeadas como parte do design do estudo e adoptar um modelo que permita indicar diferenças, se elas existirem. Quando se usa um teste de equilíbrio, por exemplo, o equilíbrio pode melhorar ou não mudar, conforme se usa uma escala adequada. Se, contudo, um teste, tal como o Body Co-ordination Test (BCT) [Ver “Avaliação”] é usado, dado que este inclui tabelas normativas, certamente as diferenças poderão ser constatadas. Escalas de medição: • Escalas Nominais: só nome, não pode ser comparado usando estatística. Exemplos: membro confirmado; nunca eleito; não está interessado • Escalas Ordinais: ordenação e classificação. Implica comparações. Exemplos: Feliz – Mais Feliz - o Mais Feliz Sempre – às Vezes – Nunca • Escalas intervalares: fornecem não só a ordem entre escalas, mas também a magnitude da distância entre elas. Os conjuntos de intervalos são significativos em função por exemplo, da classificação. Exemplo: Sempre 1 2 3 4 5 6 7 Nunca. • Escalas de Proporção: todas das propriedades de medidas nominais, ordinais e intervalos, mais um valor nulo verdadeiro que representa uma ausência completa da característica. 3_1_06 Factores Limitativos Aparecem problemas específicos quando se medem variáveis em AFA, que são normalmente explicados como uma indicação de certo nível da aptidão ou actividade mas que são, na verdade, devidos à limitações funcionais. Por exemplo: pessoas em cadeira de rodas normalmente apresentam valores limite de VO2max de 1.5-2.5 litros por minuto, o que pode ser entendido como baixa aptidão física. No entanto, devido à pouca massa muscular do participante, este valor pode, contudo, ser o resultado de outro factor que limita o desempenho máximo. 3_2 Considerações • • • Considerações Preliminares Como realizar uma investigação em AFA Condições especificas metodológicas para publicar artigos de investigação em AFA 3_2_01 Considerações Preliminares Um bom design de investigação em AFA deve considerar que o praticante poderia querer usar os resultados dos estudos para tomar decisões clínicas. Por isso, é importante tomar decisões apropriadas, antes que os resultados dos estudos sejam publicados como um relatório ou como um artigo científico. Actualmente, os editores de revistas cientificas controlam muito cuidadosamente o design e os erros de medição, quando recebem artigos para publicação. Uma das melhores fontes para procurar orientações e resultados de evidência em tratamentos físicos é o PEDro, Physiotherapy Evidence Database, que fornece um motor de busca por diferentes critérios, incluindo (a) terapia, (b) disciplina, (c) método de análise (d) problema, e (e) parte do corpo. O PEDro também enumera critérios de qualidade para conduzir a investigação, incluindo 10 itens enumerados na escala de PEDro. http://www.pedro.fhs.usyd.edu.au/FAQs/Scale/scaleitems.htm 3_2_02 Como realizar uma investigação em AFA Com seleccionar o melhor instrumento • Há três elementos básicos a considerar: Porque que medimos O que medimos Quem medimos • Conceitos básicos de medida a considerar: Conceitos relacionados com propriedades Psicométricas Conceitos relacionados com a utilidade Porque que medimos? • • • • • • Para fazer comparação Para informar o ensino Para monitorizar o progresso do individuo Para avaliação de um programa Para encontrar o nível etc O que medimos? • • • Movimento, habilidades motoras, aptidão física Capacidades, atitudes, motivação Conteúdos, conhecimento Pedagogia do Desporto Desenvolvimento motor Fisiologia do exercício Psicologia do desporto Biomecânica Recursos de informação Muitas páginas da Web tratam da investigação em geral e de metodologia estatística, que podem ser aplicadas às ciências humanas ou do desporto 1. http://www.sportsci.org/resource/stats/index.html 2. http://www.2.fmg.uva.nl/sociosite/topics/research.html 3. http://trochim.human.cornell.edu/kb/index.htm 4. http://www.sosig.ac.ik 3_2_03 Exigências metodológicas específicas para a publicação de investigação em AFA Duas importantes análises da literatura, publicadas na revista “Adapted Physical Activity Quarterly” (Porretta, Konzub & Lisboa, 2000; Sherrill & O’Connor, 1999) apresentaram critérios relacionados com a metodologia e a apresentação da informação em AFA. As respectivas sugestões podem ser sumariadas da seguinte forma: • • • • Criar a teoria a partir de questões de pesquisa Criar hipóteses ou perguntas de pesquisa, com relevância prática Descrever, detalhadamente, o processo de amostragem, incluindo os critérios de exclusão e inclusão de participantes. Existe uma influência potencial da selecção e da dimensão da amostra nos resultados que irão ser encontrados. Descrevendo detalhadamente a amostra de participantes, considerando as seguintes variáveis: o género, a etnia, a idade, a actividade diária, a condição • • • • • • de deficiência e respectiva severidade, a posição funcional e outros níveis de desempenho. - É recomendado não combinar condições de deficiência diferentes numa mesma amostra. - Os participantes de géneros diferentes não devem ser agrupados, dado que não favorecem uma boa discussão teórica. - Os participantes de diferentes níveis de desenvolvimento ou condição funcional não devem ser agrupados, para não dificultar o tratamento estatístico e a discussão dos resultados. Descrição de métodos de recolha de dados, tais como pesquisa enviada pelo correio, telefone, ou entrevista face a face. Descrição de instrumento, incluindo o número de itens e as escalas de cotação. Se for usada a metodologia qualitativa, o método e os critérios para encontrar as categorias de análise devem ser explicados detalhadamente. reportar a validade e a confiança dos instrumentos usados, incluindo os valores específicos da mostra. calcular a taxa de não-resposta, e discutir a sua influência potencial sobre a validade de resultados. Apresentação do valor médio individual - item por item - por sub-escala ou por resultados totais, dependendo do objectivo e do método estatístico. Analisar os efeitos nos resultados da dimensão da amostra.