Estudo para a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde
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Estudo para a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde
Estudo para a Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil RELATÓRIO FINAL Setembro, 2010 ANTONIS MAVROPOULOS EPEM SA 141 Β Acharnon Str. 104 46 Atenas, Grécia Tel: +30-210 8627 598 Fax: +30-210 8627 189 e-mail: [email protected] Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Conteúdo 0. INTRODUÇÃO 5 1. RISCOS ASSOCIADOS AOS RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE 6 1.1 GERAL 6 1.1 RISCOS ASSOCIADOS À DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM LIXÕES E ATERROS NÃO-CONTROLADOS 7 1.1.1 LIXÕES 7 1.1.2 ATERROS SANITÁRIOS 10 2 GESTÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO MUNDO 12 2.1 TENDÊNCIAS GLOBAIS 2.2 A NECESSIDADE DE FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO 12 15 3 PERFIS DOS PAÍSES 21 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 21 24 27 30 32 34 37 EUA PORTUGAL ITÁLIA FRANÇA ALEMANHA ÁUSTRIA REINO UNIDO 4 OBSERVAÇÕES CONCLUSIVAS COM BASE NOS PERFIS DOS PAÍSES 41 5 SOBRE O USO DE INCINERADORES DE RSU PARA A GESTÃO DE RSS 44 5.1 INCINERADORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 5.2 INCINERADORES DE RESÍDUOS PERIGOSOS 5.3 FATORES QUE AFETAM A CO-INCINERAÇÃO DE RSS NO IRSU 5.3.1 CONTEÚDO DE PVC E DE CLORO 5.3.2 PRODUTOS QUÍMICOS & FARMACÊUTICOS 5.3.3 CONTEÚDO DE ÁGUA 5.3.4 OUTROS 5.4 IMPLICAÇÕES PARA O IRSU NO CASO DA CO-INCINERAÇÃO DE RSS 5.4.1 SISTEMA DE MANEJO 5.4.2 TEMPERATURA MAIOR NECESSÁRIA 44 45 46 46 48 48 49 49 49 50 Página 2 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 5.4.3 SISTEMAS ANTIPOLUIÇÃO MELHORES 5.4.4 MAIORES TAXAS DE CORROSÃO 5.5 PRÁTICAS ADOTADAS EM PAÍSES DA UE 5.6 IMPACTOS NO MERCADO DE RSS 50 50 50 50 ANEXO I: VISÃO GERAL DA LEGISLAÇÃO DA UE SOBRE GESTÃO DE RSS 52 ANEXO II: CATEGORIAS DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 57 ANEXO III: DETALHES DE INTERESSE 59 Página 3 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Abreviações UE: União Européia CER: Catálogo Europeu de Resíduos RSS: Resíduos de Serviços de Saúde LAGA: Länder-Arbeitsgemeinschaft Abfall (Associação de todos os Estados Federados da Alemanha para o desenvolvimento de diretrizes para a gestão de resíduos) RSU: Resíduos Sólidos Urbanos SNS: Sistema Nacional de Saúde RMR: Resíduos Médicos Regulamentados OMS: Organização Mundial da Saúde Página 4 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 0. Introdução O objetivo deste relatório é apresentar o status e as tendências da gestão atual dos Resíduos dos Serviços de Saúde em países selecionados e apresentar conclusões sobre temas específicos, tais como tecnologias utilizadas e conceitos regulatórios. Dentro desta estrutura, apresentamos o perfil dos países selecionados, sendo apresentados os conceitos regulatórios, com especial ênfase nas questões relacionadas com a segregação e incineração dos Resíduos dos Serviços de Saúde. Nos últimos anos, houve um aumento da preocupação do público com relação à gestão dos resíduos dos serviços de saúde a nível mundial, tendo sido direcionado um esforço significativo no sentido da realização de uma gestão adequada e segura dos resíduos perigosos advindos dos serviços de saúde. Esta preocupação cresceu devido ao conhecimento obtido nas últimas décadas sobre os riscos impostos à saúde pública e ao meio ambiente por uma gestão inadequada dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS). Está comprovado que os resíduos gerados pelos serviços de saúde podem ser perigosos, tóxicos e até mesmo letais devido ao seu alto potencial de transmissão de doenças. Os componentes perigosos dos RSS impõem riscos físicos, químicos, radiológicos e/ou microbiológicos ao público e àqueles envolvidos no seu manuseio, tratamento e disposição. Ferimentos físicos causados pelo descarte de agulhas é o risco mais significativo associado aos RSS e pode contribuir diretamente com a transmissão de agentes infecciosos microbiais. Além disso, riscos à saúde podem ser gerados através da liberação de poluentes tóxicos durante o tratamento dos resíduos. 1 A disposição inadequada de resíduos dos serviços de saúde, por exemplo, despejo a céu aberto ou a queima não-controlada, aumenta o risco da propagação de infecções e da exposição a emissões tóxicas provenientes da combustão incompleta. A legislação da UE proíbe a disposição de resíduos infecciosos em aterros sanitários. Portanto, os resíduos dos serviços de saúde devem ser esterilizados ou incinerados antes da sua disposição. De acordo com o acima mencionado, o presente Estudo apresenta: Os Riscos associados à disposição inadequada dos Resíduos dos Serviços de Saúde As tendências mundiais e os perfis dos seguintes países: EUA, Portugal, Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Áustria. Questões relacionadas com a co-incineração dos Resíduos Sólidos Urbanos e dos Resíduos dos Serviços de Saúde Por fim, são apresentadas e destacadas algumas conclusões gerais, especialmente para países em transição como o Brasil. 1 Collins CH., & Kennedy DA.,1992 “The microbiological hazards of municipal and clinical wastes” J.Appl. Bacteriology. 73: 1-6. Página 5 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 1. Riscos Associados aos Resíduos dos Serviços de Saúde 1.1 Geral A causa mais comum e mais investigada dos riscos microbiológicos associados aos RSS são os ferimentos devido a agulhas. 2,3,4,5 Outros resíduos perfurocortantes que apresentam riscos similares incluem objetos de vidro e plástico utilizados em clínicas e em laboratórios anatômicos, sistemas de coleta de sangue para a obtenção de espécimes e lâminas de bisturis utilizados em procedimentos cirúrgicos. Todos estes objetos perfurocortantes podem ter tido contato com patógenos microbiais. Ainda mais importante, os objetos perfurocortantes podem causar ferimentos e, portanto, criar uma abertura para a entrada de agentes infecciosos no corpo. Estes últimos constituem um dos cinco elementos essenciais na aquisição de infecções microbiais como discutido a seguir. A maioria das exposições aos riscos biológicos dos resíduos dos serviços de saúde ocorre nas instalações de tratamento de resíduos e em outros locais onde os trabalhadores lidam manualmente com os resíduos não tratados. Os trabalhadores podem ser expostos a fluídos sanguíneos e corporais vindos do vazamento de contêiners assim como a patógenos transmitidos pelo ar, enquanto os resíduos entram no processo de tratamento. Enquanto estes estudos analisam as situações em países desenvolvidos, pouco se sabe sobre a situação em países em desenvolvimento, onde se supõe que a exposição é muito maior, assim como os riscos à saúde. Os componentes dos resíduos dos serviços de saúde também podem criar riscos microbiológicos como fonte de aerossóis infecciosos, isto é, pingos de menos de 1-3 micros de diâmetro, que contém agentes etiológicos de doenças humanas e animais. Culturas e colônias de laboratórios clínicos contêm altas concentrações de vários agentes infecciosos, por exemplo, Mycobacterium tuberculosis, que é naturalmente transmitida aos seus hospedeiros através da inalação,5, 6, embora, de modo geral, todos os resíduos infecciosos de laboratório sejam tratados na fonte. Tecidos, órgãos e partes do corpo humano ou de animais também foram descritos na literatura científica como sendo fontes de aerossóis infecciosos7. Por fim, materiais utilizados como leito de animais, que foram saturados com fluídos corporais, sangue e excrementos, podem gerar aerossóis, que são um risco microbiológico potencial. Sangue e produtos derivados do sangue, assim como vários tipos de fluídos corporais, podem ser capazes de transmitir patógenos quando trazidos ao contato direto com a mucosa que recobre a boca e o nariz, os olhos e as áreas da pele que contêm cortes e abrasões. Existem vários relatos na literatura sobre a transmissão de HIV, HBV, HCV e de outros patógenos através de respingos de sangue em superfícies não protegidas de mucosa e pele durante procedimentos de emergência ou 2 Dale JC., Pruett SK., & Maker MD., 1998, “Accidental needle sticks in the phlebotomy service of the department of labortory medicine and pathology at Mayo Clinic Rochester”, Mayo clin Proc, 73:611-615. 3 Haiduven DJ, Simpkins SM, Phillips ES, & Stevens DA., 1999, “A survey of percutaneous/mucocutaneous injury reporting in a public teaching hospital” J Hosp Infect, 41:151-154. 4 Morgan DR., 1999, “Needlestick and infection control: policies and education”, AIDS Letter, 71: 1-4. 5 Smedley J, Coggon DE, Heap D, & Ross A.,1995, “Management of sharps injuries and contamination incidents in health care workers: an audit in the Wessex and Oxford regions”, Occup Med, 45:273-275. 6 Gershon RR, Vlahov D, Escamilla-Cejudo JA, et. al, 1998 “Tuberculosis risk in funeral home employees”, J Occup Environ Med, 40:497-503. Sterling, TR, Pope, DA, Bishai, WR, Harrington, S, Gershon, RR, & Chaisson, RE., 2000, “Transmission of Mycobacterium tuberculosis from a cadaver to an embalmer”, New Eng J Med, 342:246-248. 7 Página 6 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil cirúrgicos e mesmo no tratamento comercial dos RSS. 8,9,10,11 Os seguintes indivíduos são os com maior probabilidade de entrar em contato com os RSS durante sua geração, manuseio, tratamento e disposição, estando portanto sujeitos ao maior risco: • Pessoal dos serviços de saúde • Funcionários de laboratório • Trabalhadores que lidam com resíduos • Viciados em substâncias • Público geral Além disso, em países de baixa renda, os seguintes grupos especiais podem ter maior risco de contato com os RSS: • Catadores de lixo buscando material nos RSS e nos RSU contendo RSS, frequentemente sem qualquer equipamento de proteção individual ou mesmo roupas adequadas; e • Pacientes, através do reuso de seringas ou de outras formas de equipamento médico que foram “recicladas” sem o tratamento apropriado. 12 1.1 Riscos Associados à Disposição de Resíduos de Serviços de Saúde em Lixões e Aterros Não-Controlados 1.1.1 Lixões Em vários países em desenvolvimento, os RSS são descuidadamente dispostos em lixões a céu aberto. Os regulamentos e as normas ainda estão na fase inicial de desenvolvimento e implementação, e a aplicação das regras ainda está sendo encaminhada. Em geral, as pessoas não têm consciência do risco imposto pela disposição de resíduos de serviços de saúde sem controle em lixões junto com os resíduos sólidos urbanos. A disposição inadequada dos RSS tem levado à transmissão de doenças transmissíveis tais como infecções gastroentéricas, infecções respiratórias, infecções na pele, olhos e várias outras incluindo HIV, Hepatite B, C, E e TB, registradas em todo o mundo. É característico que vários estudos tentaram analisar o conteúdo dos resíduos dos serviços de saúde, em comparação com os resíduos domésticos. A maioria deles analisou a concentração de microorganismos, que se descobriu ser comparável em ambos os tipos de resíduos. O número de 8 Centers for Disease Control and Prevention, 1997, “Occupational exposure to HIV: information for healthcareworkers”, Hosp Inf Prog. 9 Leese KE, Cole EC, & Jensen PA., 1999, “Assessment of blood-splash exposures of medical-waste treatment workers”, Enviro Hlth, 8-11. 10 Satori M, Gaglietta M, LaTerra G, Manzin A, Navino C, & Verzetti G., 1993, “Transmission of hepatitis C via blood splash into conjunctiva”, Scan J Inf Dis, 25:270-271. 11 Weber AM., Boudereau Y., & Mortimer VD., 1999, “Health hazard evaluation report 98-0027-2709”, Stericycle, Inc, Morton, Washington, Cincinnati, National Institute for Occupational Safety and Health. 12 Kane A., Lloyd J., Zaffran M., Simonsen L., & Kane M., 1999, “Transmission of hepatitis B, hepatitis C, and human immunodeficiency viruses through unsafe injections in the developing world: model-based regional estimates”, Bull World Health Org, 41:151-154. Página 7 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil microorganismos, sem identificação, não fornece muita indicação da patogenicidade dos resíduos. Entretanto, em outro estudo, os tipos de microorganismos foram analisados, e descobriu-se que os resíduos dos serviços de saúde contêm uma maior variedade de microorganismos que os resíduos domésticos, que têm um conteúdo maior de microorganismos de origem fecal. 13 Propagação de infecções/patógenos O maior risco de dispor resíduos de serviços de saúde em lixões a céu aberto é a propagação de graves infecções virais, tais como HIV/AIDS e hepatite B e C entre os trabalhadores da saúde através de ferimentos com elementos perfurocortantes (principalmente agulhas hipodérmicas). Este risco é também significativo para indivíduos que catam lixo em lixões, normalmente garrafas, latas, carvão, seringas para usos múltiplos, além de outros materiais. A infecção normalmente ocorre através da penetração da ferida, a chamada ferida causada por “elementos perfurocortantes” ou por “agulhas", embora a contaminação de pele nãointacta ou respingos nos olhos também possam transmitir infecção. Vírus transmissíveis pelo sangue (hepatite B, hepatite C, vírus de imunodeficiência humana) são as ameaças mais sérias, embora infecções respiratórias, nos tecidos moles e infecções entéricas não sejam desconhecidas. 14 Muitos casos de indivíduos expostos a resíduos de serviços de saúde infecciosos e/ou tóxicos dispostos em lixões foram relatados em todo o mundo. Em países como o México, a Colômbia e o Brasil, assim como em vários países da Ásia e da África, os lixões são uma fonte de recursos econômicos para um significativo número de catadores. Estes catadores de lixo não utilizam roupas protetoras, se expondo a ferimentos e a doenças. Além disso, muitos viciados em drogas frequentemente reutilizam seringas descartáveis jogadas no lixo. Em outubro de 2008, os subprodutos de uma campanha de vacinação em massa de 1,6 milhões de pessoas contra a pólio foram descartados em um lixão municipal em Kabul, no Afeganistão, causando ferimentos infectados em catadores buscando por itens reutilizáveis no lixão. 15 Outra pesquisa realizada no Paquistão revelou que os resíduos de serviços de saúde, tais como tubos e seringas, são catados por catadores nos lixões e vendidos. De acordo com a Rede de Ação de Proteção à Criança (C-PAN), pelo menos sete crianças envolvidas na catação de lixo na Província de Herat, a Oeste do Afeganistão, foram infectadas pela hepatite B, sífilis e casos suspeitos de HIV, em 2008. 16 As crianças coletaram agulhas contaminadas, bolsas de soro e bandagens nos lixões. 13 14 http://www.who.int/water_sanitation_health/medicalwaste/en/microbhazards0306.pdf Blenkharn J.I., 2006, “Lowering standards of clinical waste management: Do the hazardous waste regulations conflict with the CDC’s Universal /Standard Precautions?”, disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16455157. 15 Harhay M.O., Halpern S.D., Harhay J.S. & Olliaro P.L., 2009 “Health care waste management: a neglected and growing public health problem worldwide”, disponível em: « http://www.publichealth.med.upenn.edu/Documents/TMIH_MWArticle.pdf». 16 Oke IA., 2008, “Management of immunization solid wastes in Kano State, Nigeria”, Waste Management 28, 2512–2521. disponível em: http://www.alertnet.org/thenews/newsdesk/IRIN/fb0b02c252800fd18716034303f6dcc4.htm». Página 8 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Uma pesquisa abrangente no Vietnã revelou que a maioria dos catadores tem contato diário com o seguinte: sangue, matéria fecal, vidro quebrado, agulhas, objetos perfurocortantes de metal, partículas aéreas, vapores químicos, água de chuva, ratos/ratazanas, moscas, mosquitos, animais desgarrados e carcaças de animais. Quase todos os catadores sofreram cortes em suas mãos, pés e membros, e todos os catadores foram picados por mosquitos. 17 Cortes, incisões, abrasões e outras formas de rupturas na continuidade dessas barreiras favorecem a entrada de patógenos e o desenvolvimento potencial de uma infecção. Além disso, o contato do sangue e de fluídos corporais com a pele exposta tem contribuído para a transmissão de infecções entre os trabalhadores da saúde. Além da pele e das membranas das mucosas, outros determinantes, incluindo a condição imunológica do hospedeiro, sua idade, genética, etc., tudo contribui para a suscetibilidade de um indivíduo a uma infecção e o subsequente desenvolvimento da doença. Na Índia, um exame físico em 40 catadores e em 70 trabalhadores de hospital que estiveram diretamente envolvidos na disposição de resíduos hospitalares revelou que quase 40% (n = 47) deles sofreram infecções de pele e/ou tiveram cortes ou abrasões em suas palmas, mãos ou pés. Nenhum deles sequer uma vez utilizou luvas para as mãos durante o trabalho e apenas alguns poucos (n = 23) utilizavam sapatos ao entrar em contato com os resíduos hospitalares. 18 No Sul da Ásia, equipamentos de injeção usados são procurados para reciclagem, principalmente para a indústria de objetos de plástico. Tais práticas levam a ferimentos causados por agulha nos catadores de lixo e ao recondicionamento ilegal de seringas para reuso em hospitais e clínicas. 19 O risco de infecção não atinge apenas os trabalhadores, mas suas famílias e amigos próximos fora do local de trabalho. Esta transmissão pode ocorrer porque o trabalhador pode levar agentes infecciosos para casa em suas roupas se não forem fornecidos e utilizados equipamentos de proteção individual e roupas protetoras como recomendado. Além dos catadores de lixo e de trabalhadores da saúde que entram em contato direto com os RSS, montes de resíduos em lixões a céu aberto se tornam solo fértil para moscas, outros insetos e ratos, que podem transmitir doenças aos humanos. Em um estudo conduzido no Vietnã, relatou-se que durante o dia, cabras e outros rebanhos pastam a vegetação que cresce no lixão, já que os criadores locais soltam os animais nesta área diariamente. Estes animais são vetores de doenças parasíticas humanas. Além disso, o procedimento de dispor RSS em lixões a céu aberto está normalmente relacionado com a geração de aerossóis a partir de endotoxinas transmissíveis pelo ar dos microorganismos presentes nos resíduos. 17 Nguyen H.T.L., Chalin C.G., Lam T.M., & Maclaren V.W. “Health & Social Needs of Waste Pickers in Vietnam”, disponível em: «http://www.utoronto.ca/waste-econ/HuyenNguyen.pdf». 18 Vinit Sharma, Rajkumar Bansal, Anuragini Sharma, & Cr Ramachancran, 1994, “Waste disposal and infection transmission in health care institutions”, disponível em: http://heapol.oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/9/1/86». 19 Yvan Hutin, Anja Hauri, Linda Chiarello, Mary Catlin, Barbara Stilwell, Tesfamicael Ghebrehiwet, Julia Garner, & the Members of the Injection Safety Best Practices Development Group, “Best infection control practices for intradermal, subcutaneous, and intramuscular needle injections", disponível em: « www.icn.ch/Best Practices.pdf». Página 9 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Corpos D´Água Contaminados Indiretamente, os resíduos dos serviços de saúde podem contaminar o lençol freático e as águas superficiais que são fontes de água potável para a população. Os resíduos depositados em aterros sanitários ou em lixões imediatamente se tornam parte do sistema hidrológico predominante. Os fluídos derivados da água da chuva, derretimento da neve e do lençol freático, juntamente com os líquidos gerados pelos resíduos através dos processos de hidrólise e solubilização, ocasionados por uma série de reações bioquímicas complexas durante a degradação dos resíduos orgânicos, percolam através do depósito e mobilizam outros componentes dentro dos resíduos. O chorume resultante, posteriormente migra do aterro ou do lixão e tem o potencial de contaminar o lençol freático local, seja através da infiltração direta no local ou através de infiltração da água escoada carregada de chorume para fora do local de sua geração. Quando uma quantidade significativa de resíduos de serviços de saúde é disposta em lixões a céu aberto existe um risco maior da migração de infecções com o chorume através da infiltração nas fontes de água potável alimentadas pelo lençol freático. Além disso, resíduos químicos e farmacêuticos dispostos em quantidades menores ou significativas nos lixões podem lixiviar substâncias tóxicas no lençol freático ou nas águas superficiais próximas, onde tais materiais podem ser consumidos por plantas e animais, contaminar o abastecimento de água potável para a população ou volatilizar e contaminar o ar interno em edificações próximas. Em áreas secas, a contaminação do solo pode se espalhar através de poeira levada pelo vento. Uma vez que a contaminação do solo migra para os corpos d´água, ela também pode se acumular em sedimentos, o que pode ser muito difícil de remediar, podendo afetar os ecossistemas e a saúde humana do local. Os efeitos potenciais podem ser agudos ou crônicos. Outros riscos É importante mencionar que muitos produtos farmacêuticos tais como citostáticos/citotoxinas são perigosos e não devem ser dispostos em um aterro sanitário. Além disso, o pessoal do aterro ou os catadores podem facilmente entrar em contato com os citotóxicos tocando ou inalando pequenas quantidades de aerossóis ou poeira contendo tais drogas. O contato com drogas citotóxicas podem causar problemas imediatos, tais como dermatites, tontura, náusea e dor de cabeça. Estudos sugerem que a exposição repetida a pequenas quantidades de drogas pode causar dano a órgãos e cromossomos e prejudicar a fertilidade. 20 1.1.2 Aterros Sanitários Os aterros sanitários são normalmente não recomendados para a disposição de resíduos de serviços de saúde infecciosos e perigosos devido à experiência passada e à fragilidade dos países em desenvolvimento em inspecionar 100% das operações realizadas nos aterros. Aproximadamente há 20 anos, era política geral em vários países de alta renda coletar e dispor RSS junto com os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Como resultado, a presença de agulhas era 20 Pierro Sismondi, Annamaria Ferrero, Franca Coffredo, Rosella Marchese, 2001, “Safety of cytotoxic drug handling, preparation, storage, etc.: the role of the pharmacists and nurses, Torino, Italy”, disponível em: «www.cme.hu/dlObject.php?aid=293&/153-156.pdf». Página 10 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil frequentemente relatada pelos trabalhadores dos RSU. Por exemplo, no início dos anos 70, houve entre 50-100 ferimentos causados por agulhas nos coletores de RSU na Cidade de Nova York. 21 Embora os trabalhadores dos RSU em países de alta renda geralmente utilizem alguma forma de equipamento de proteção individual para minimizar o contato direto com os resíduos, eles ainda apresentam uma maior incidência de doenças infecciosas. Por exemplo, como observado acima, investigações na Dinamarca indicaram que os trabalhadores dos RSU apresentavam uma probabilidade seis vezes maior de sofrer alguma forma de doença infecciosa em comparação com a força de trabalho total da Dinamarca. Os resultados de outros estudos dinamarqueses indicaram que estes mesmos trabalhadores foram expostos a níveis maiores de patógenos transmitidos pelo ar. 22 Investigações realizadas em 1990, em Gênova, Itália, demonstraram uma maior soroprevalência de hepatite nos trabalhadores dos RSU da cidade, em relação à população em geral. 23 Se os trabalhadores lidando com resíduos apresentam maior risco de contrair uma infecção a partir de patógenos contidos nos resíduos, isto tem várias implicações na seleção das opções de gestão dos RSS. Deve-se ter este fato em mente durante o processo de tomada de decisões sobre adicionar ou não componentes específicos dos RSS no fluxo de RSU. Mesmo se os RSS tiverem que ser dispostos em um aterro, medidas especiais para cercar e controlar o acesso à área são essenciais. Não pode ser permitida a catação de lixo na área protegida. Além disso, o maquinário para compactar os resíduos não deve entrar em contato direto com os mesmos. Ao invés disso, os resíduos devem ser colocados em uma vala onde uma camada apropriada de solo é jogada sobre os resíduos. Apenas depois disso, recomenda-se que o maquinário trabalhe sobre os resíduos cobertos com solo para compactá-lo e nivelar a superfície para que a infiltração da água da chuva seja minimizada. Entretanto, há dúvidas se um aterro sanitário pode ser operado adequadamente para garantir que não seja imposto nenhum risco aos trabalhadores, ao público e ao meio ambiente. Quando o aterro é a única opção disponível, os RSS infecciosos devem ser tratados para destruir/remover seu potencial infeccioso, preferivelmente no local da geração dos resíduos. Isto pode ser realizado utilizando-se técnicas eficientes conhecidas, tais como autoclavagem, tratamento com microondas, esterilização através de calor seco ou desinfecção química. Em tais casos, os trabalhadores dos resíduos devem ser treinados para se conscientizar sobre as questões de saúde, segurança e ambientais relacionadas com os resíduos de serviços de saúde, além de se melhorar as habilidades e o conhecimento sobre a gestão de RSS dos trabalhadores da saúde. Além disso, pode se tornar necessário projetar e construir instalações extras para receber e pré-tratar os RSS. 21 Cimino JA., 1975, “Health and Safety in the Solid Waste Industry”, American Journal of Public Health, 65(1):38-46. 22 Poulsen OM., Breum NO., Ebbehoj N., Hansen AM., Ivens UI., van Lelieveld D., Malmros P., Matthiasen L., Nielsen BH., Nielsen EM., et al., 1995, “Collection of domestic waste. Review of occupational health problems and their possible causes” Science of the Total Environment, 170(1-2):1-19.23 Kanitz S., Franco Y., Roveta M., Patroone V., & Raffo E., 1991, “Sanitary landfilling: Occupational and health hazards”, Proceedings of Sardinia 91, Third International Landfill Symposium. 23 Kanitz S., Franco Y., Roveta M., Patroone V., & Raffo E., 1991, “Sanitary landfilling: Occupational and health hazards”, Proceedings of Sardinia 91, Third International Landfill Symposium. Página 11 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Box 1.1: Os RSS não devem nunca ser dispostos em aterros sem pré-tratamento, mesmo no melhor aterro 2 Depositar RSS em aterros significa uma grande ameaça de transmissão de graves infecções virais (HIV/AIDS, hepatite B e C, etc.), além de ferimentos em trabalhadores que lidam com resíduos, catadores e outros indivíduos que entram em contato direto ou indireto com os RSS. Existem inúmeros registros de incidentes envolvendo trabalhadores e catadores que se feriram ou foram infectados quando entraram em contato com os RSS em lixões e em aterros sanitários. Existe uma preocupação crescente com a poluição das águas superficiais e/ou subterrâneas com substâncias tóxicas e/ou perigosas ao depositar RSS em lixões assim como em aterros sanitários (nenhum aterro sanitário garante 100% de impermeabilização do local). Depositar RSS em um aterro sanitário ao invés de em um lixão pode apenas minimizar mas não anular o potencial de transmissão de infecções para a população. Os trabalhadores que lidam com resíduos urbanos em países em desenvolvimento normalmente não têm experiência suficiente e treinamento adequado, não apenas em questões relacionadas com a gestão de RSS, mas também nas operações diárias de um aterro sanitário municipal. Mesmo quando o aterro é a última e única opção para a disposição de RSS, os resíduos devem ser pré-tratados para destruir seu conteúdo infeccioso e remover as substâncias altamente tóxicas e perigosas. Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde no Mundo Esta seção descreve as tendências globais na gestão de RSS e apresenta algumas ferramentas genéricas que podem ser facilmente utilizadas para a avaliação da efetividade das atividades de gestão dos RSS. 2.1 Tendências Globais A gestão dos resíduos de serviços de saúde é uma preocupação mundial devido aos riscos impostos ao meio ambiente e à saúde pública devido a seu tratamento e disposição inadequados. Tradicionalmente, a incineração in loco foi amplamente utilizada em vários países industrializados para o tratamento dos RSS. Entretanto, os problemas com a limpeza inadequada de gases causando transtornos para os vizinhos e para o público, o medo das emissões de dioxina e normas ambientais legais mais severas levaram ao fechamento da maioria das instalações de incineração in loco. Página 12 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Outro problema muito importante, especialmente em países em desenvolvimento e transição, foi o custo relativamente alto por tonelada de resíduo, que combinado com a capacidade normalmente pequena dos incineradores in loco levou a condições impróprias devido ao custo alto e à falta de qualquer manutenção. Hoje em dia, a tendência em vários países industrializados é deixar de lado a incineração e buscar tecnologias alternativas que não produzam qualquer dioxina. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de incineradores de resíduos médicos em todo o país caiu drasticamente de 6.200 em 1988 para menos de 100 nos dias de hoje. Países como Irlanda e Portugal fecharam completamente todos os seus incineradores. O Canadá efetivamente descartou a incineração em favor de outras alternativas que não esta. Embora a Alemanha opere um pequeno número de grandes incineradores, o país fechou todos os seus incineradores hospitalares in loco em 2002. O mesmo aconteceu com a Grécia, onde dois incineradores centrais de RSS (um já em operação e o outro em construção) serão utilizados e todas as instalações in loco serão fechadas, exceto esterilizadores apropriados. Alguns países em desenvolvimento fizeram o mesmo, como as Filipinas e grandes cidades como Nova Deli e Buenos Aires, que baniram ou impuseram uma moratória aos incineradores. Entretanto, uma tendência oposta está ocorrendo em outros países em desenvolvimento na África e na Ásia, com centenas de incineradores sendo instalados, normalmente com controle inadequado ou sem controle nenhum da poluição atmosférica. Em vários casos, estes incineradores são trazidos através de empréstimos ou doações por parte de agências de ajuda oficial ao desenvolvimento ou de ajuda internacional. A introdução de tecnologias alternativas em outros países industrializados está aumentando devido à crescente demanda do público pelo recrudescimento das normas de emissão e aos custos significativos associados às melhorias necessárias nas instalações de incineração. Os projetos utilizando calor, produtos químicos, microondas e outras ondas de rádio para desinfetar os resíduos são inúmeros. Existe uma utilização significativa destes sistemas em todo o mundo. Todavia, ainda não existem padrões internacionais acordados sobre sua eficácia ou normas ambientais. Mas as normas têm sido criadas e, através de um processo interativo, continuam a ser refinadas. Estas normas são reconhecidas por organizações reguladoras como sendo as “melhores disponíveis” e tratam principalmente da eficácia dos sistemas de tratamento. Os países de baixa e média renda que estão lidando com seus problemas relacionados com os resíduos de serviços de saúde, pela primeira vez, estão considerando a possibilidade de utilizar tecnologias alternativas que tenham operação menos sofisticada e menores custos de capital. Embora a seleção de tecnologia adequada para o tratamento de resíduos de serviços de saúde seja essencial, a gestão dos resíduos nos estágios iniciais é também importante. Portanto, nos últimos anos tem sido enfatizada a segregação adequada dos RSS em diferentes categorias de resíduos que podem ser recicladas ou tratadas de outras maneiras. Os hospitais podem evitar enormes pressões financeiras melhorando a segregação dos seus resíduos e implementando programas de redução dos resíduos de serviços de saúde. Entretanto, em várias partes do mundo, a segregação da porção perigosa dos resíduos de serviços de saúde não é praticada. É também nessas regiões que os resíduos dos serviços de saúde serão depositados em lixões, sendo que em muitos casos estes lixões têm catadores removendo todos os Página 13 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil materiais que têm valor, ou na pior hipótese, eles podem até estar vivendo em tais lixões. Melhorar significativamente estas situações tem alta prioridade. 24 A atual política da OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece a importância da redução e segregação efetivas dos resíduos e também convocam a promoção de alternativas sem queima como uma estratégia de longo prazo. Além disso, a OMS está para publicar o seu novo “Livro Azul” sobre gestão de RSS que é uma revisão do “A Gestão Segura dos Resíduos dos Serviços de Saúde”, conhecido como Livro Azul que foi primeiramente publicado em 1999. Neste novo “Livro Azul”, a OMS deu seguimento a mudanças específicas descrevendo a nova política que quer ver promovida a curto, médio e longo prazos, como descrito a seguir. No curto prazo, a política da OMS diz respeito a: maior reciclagem dos resíduos médicos uso de dispositivos médicos livres de PVC uso de alternativas de incineração de pequena escala para países de baixa renda No médio prazo, a política da OMS diz respeito a: redução das injeções desnecessárias pesquisa sobre os perigos da dioxina questões sobre incineração e exposição aos resíduos de serviços de saúde No longo prazo, a OMS quer: Aumentar o uso de tecnologias que não a incineração para a disposição final de RSS Apoiar países que desenvolvam e implementem planos, políticas e legislação nacional sobre resíduos de serviços de saúde; Promoção dos princípios da gestão ambientalmente correta dos RSS como definido na Convenção da Basiléia Melhoria da alocação de recursos humanos e financeiros Por fim, a Convenção de Estocolmo demanda que seja dada prioridade a tecnologias alternativas que não gerem dioxinas. A Convenção também convoca o uso de boas práticas ambientais. 24 ISWA, 2007, “Technical Policy No. 11: Healthcare Waste”, Version 2., disponível em: «https://www.iswa.org/en/290/iswa_ publications_detailview/publicationdetail/technical-policy-11-healthcare-waste.html». Página 14 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 2.2 A necessidade de ferramentas de avaliação A gestão de resíduos associada aos serviços de saúde apenas surgiu como uma importante questão global nos últimos vinte e cinco anos do século vinte, quando várias organizações nacionais e internacionais forneceram informação, dados e assessoria para ajudar os países a lidar com este importante fluxo de resíduos. Infelizmente, muito desta orientação inicial negligenciou o crescente e importante empenho internacional identificado na Conferência de Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSSD) em 2002, onde os governos concordaram com uma impressionante variedade de compromissos para agir na promoção da implementação da Agenda 21. Isto influenciou o pensamento dos elaboradores de políticas e as visões do público em geral com relação a se alcançar um desenvolvimento mais sustentável. O trabalho limitado relatado nas implicações do desenvolvimento sustentável para as instalações de saúde não foi ajudado pela ausência de uma estrutura adequada para a avaliação do que significa desenvolvimento sustentável no contexto dos recursos e resíduos dos serviços de saúde. Isto precisa ser desenvolvido para fornecer indicadores de desempenho importantes que permitam avaliar a situação atual e as mudanças necessárias para fazer com que as melhorias na sustentabilidade se tornem mais aparentes. W. Townend e C. Cheeseman fizeram a abordagem mais integrada desta questão e a seguir apresentamos partes selecionadas de sua publicação25. As diretrizes para a avaliação e estimativa da gestão de resíduos e recursos em instalações de saúde devem ser simples, elegantes e efetivas, sem comprometer a complexidade subjacente associada a estas questões. Elas precisam identificar com clareza os aspectos importantes que precisam ser considerados para proporcionar uma melhoria no desempenho. Ficou decidido que cinco diferentes níveis de desempenho operacional, apresentados na Tabela 1, seriam considerados, variando de “operando de maneira totalmente insustentável com relutância em mudar” (nível 0) a “operando de maneira que exiba todas as características normalmente associadas ao desenvolvimento sustentável” (nível 4). Foram identificados dois grupos diferentes de características a serem considerados e avaliados. O primeiro inclui características gerais associadas à gestão das instalações de saúde e à utilização de recursos (Tabela 2). O segundo grupo está mais diretamente relacionado com a gestão de resíduos e questões relativas ao manuseio de materiais (Tabela 3). O uso deste sistema de avaliação integrado propicia uma avaliação completa de todas as dimensões da gestão de resíduos e é sugerido para: • A introdução de novas tecnologias e sistemas de gestão • Avaliação da eficiência dos sistemas atuais 25 Guidelines for the evaluation and assessment of the sustainable use of resources and of wastes management at Healthcare Facilities, W.K. Townend, C.R. Cheeseman Waste Management & Research 2005: 23: 398-408 Página 15 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 1: Níveis de Desempenho Operacional utilizados nas Diretrizes de Avaliação 26 Desempenho operacional Nível 0 Operando de maneira totalmente insustentável com relutância em mudar. Nível 1 Geralmente operando de maneira insustentável, embora haja alguma evidência de conscientização e vontade de mudar. Nível 2 Operando com alguns aspectos que são considerados sustentáveis e outros que são considerados insustentáveis. Nível 3 Geralmente operando de acordo com o desenvolvimento sustentável, mas alguns aspectos não são ideais. Nível 4 Operando de maneira que exiba todas as características normalmente associadas com o desenvolvimento sustentável. Tabela 2: Avaliação das características gerais da gestão de recursos e resíduos nas Instalações de Saúde Nível 0 Gestão geral • • • • • • • Gestão não consciente do desenvolvimento sustentável (DS). Sem compromisso com DS. Sem realização de balanço de massa. Evidência de corrupção. Falta de conscientização sobre o melhor valor. Sem melhoria continuada. Sem ISO 14001 Questões sociais • • • • • • Sem conselho consultivo do pessoal. Sem conselho consultivo dos pacientes. Sem conselho de saúde e segurança. Sem representantes de saúde e segurança. Sem política de oportunidades iguais. Sem Investidor para projetos para a População ou similar. Saúde e segurança • • • • • Consciência sobre Saúde e segurança (S&S). Sem política de S&S. Sem assessor de S&S. Sem posters sobre S&S. Equipamentos de proteção básicos. Uso de energia e água • • • • • • • • • 1 • • • • • • • Alguma consciência da gestão superior sobre desenvolvimento sustentável (DS). Compromisso mínimo com DS. Sem realização de balanço de massa. Evidência de corrupção. Mínima conscientização sobre o melhor valor. Mínima melhoria continuada. Sem ISO 14001 • • • • • • Sem conselho consultivo do pessoal. Sem conselho consultivo dos pacientes. Sem conselho de saúde e segurança. Sem representantes de saúde e segurança. Alguma política de oportunidades iguais. Sem Investidor para projetos para a População ou similar. • • • • • Política de Saúde e segurança (S&S). Sem implementação da política. Sem assessor de S&S. Sem posters sobre S&S. Equipamentos de proteção básicos. • • • • • • • • 2 • • • • • • • Toda a gestão superior consciente sobre desenvolvimento sustentável (DS). Algum compromisso com DS. Sem realização de balanço de massa. Sem evidência de corrupção. Mínima conscientização sobre o melhor valor. Alguma melhoria continuada. Sem ISO 14001 • • • • • • Sem conselho consultivo do pessoal. Sem conselho consultivo dos pacientes. Sem conselho de saúde e segurança. Com representantes de saúde e segurança. Política de oportunidades iguais. Sem Investidor para projetos para a População ou similar. • • • • • Política de Saúde e segurança (S&S). Avaliação básica de risco. Pessoa responsável por S&S.. Posters sobre S&S. Equipamentos de proteção básicos. • • • • • • • • 3 • • • • • Parte da gestão superior treinada em desenvolvimento sustentável (DS). Algum compromisso com DS. Sem realização de balanço de massa. Sem evidência de corrupção. Conscientização • • • • • Conselho consultivo do pessoal. Sem conselho consultivo dos pacientes. Conselho de saúde e segurança. Com representantes de saúde e segurança. Política de • • • • • Política de Saúde e segurança (S&S). Avaliação e controle de risco. Assessor de segurança em meio período. Posters sobre S&S. Alguns • • • • • • Sem política de energia. Sem checagem do uso de energia. Sem fontes de energia renovável. Construções sem isolamento. Sem checagem do consumo de água. Sem inspeção para detectar desperdício de água. Sem esquema de carona de pessoal. Pequena porcentagem do uso de transporte público. Sem política de energia. Checagem do uso de energia. Sem fontes de energia renovável. Algumas construções com isolamento. Sem checagem do consumo de água. Sem inspeção para detectar desperdício de água. Sem esquema de carona de pessoal. Porcentagem média do uso de transporte público. Sem política de energia. Checagem do uso de energia. Algumas fontes de energia renovável. Algumas construções com isolamento. Checagem do consumo de água. Sem inspeção para detectar desperdício de água. Sem esquema de carona de pessoal. Porcentagem média do uso de transporte público. Política de energia. Checagem do uso de energia. Algumas fontes de energia renovável. Algumas construções com isolamento. Checagem do consumo de água. Sem inspeção para 26 Compras e suprimento • Compras e suprimento não coordenados. • Sem especificações detalhadas para os bens. • Sem prevenção de resíduos. • Preocupação com a taxa de uso devido a circunstâncias econômicas. • Sem preocupação com a produção limpa realizada pelos fornecedores. • Algum controle sobre os fornecedores. • Sem especificações detalhadas para os bens. • Sem prevenção de resíduos. • Sem preocupação com a produção limpa realizada pelos fornecedores. • Algum controle sobre os fornecedores através de processos licitatórios. • Algumas especificações detalhadas para os bens. • Sem prevenção de resíduos. • Sem preocupação com a produção limpa realizada pelos fornecedores. • Compras e fornecimento coordenados. • Trabalho com fornecedores e prestadores de serviço para: • Reduzir o uso de materiais. • Reduzir as embalagens. • Reduzir o uso de Página 16 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • • sobre o melhor valor. Alguma melhoria continuada. Sem ISO 14001 • oportunidades iguais. Sem Investidor para projetos para a População ou similar. equipamentos de proteção. • • 4 • • • • • • Gestão superior treinada em desenvolvimento sustentável (DS). Alto compromisso com DS através da estrutura do conselho. Realização de balanço de massa. Sem evidência de corrupção. Melhor valor e desenvolvimento continuado realizados. Com ISO 14001 • • • • • • • Conselho consultivo do pessoal. Conselho consultivo dos pacientes. Conselho de saúde e segurança. Com representantes de saúde e segurança. Política integral de oportunidades iguais. Estrutura para implementação de oportunidades iguais. Investidor para projetos para a População ou similar. • • • • • • Política de Saúde e segurança (S&S). Avaliação integral de risco. Controle integral de risco. Assessor de segurança em tempo integral. Amplo uso de Posters sobre S&S. Todos os equipamentos de proteção. • • • • • • • • • detectar desperdício de água. Sem esquema de carona de pessoal. Porcentagem média do uso de transporte público. Política de energia integral. Checagem regular do uso de energia. Algumas fontes de energia renovável. Construções com isolamento. Checagem regular do consumo de água. Inspeção anual para detectar desperdício de água. Com esquema de carona de pessoal em operação. Alta porcentagem do uso de transporte público. Recuperação de calor e energia da disposição de resíduos. Tabela 3: Avaliação do ciclo de gestão de resíduos Nível 0 Gestão de resíduos – responsabilidade, segregação, armazenamento e embalagem • • • • • • • Sem estratégia de gestão de resíduos. Resíduos organizados pelo pessoal de operação. Segregação limitada de alguns dos resíduos perigosos mais perigosos. Sem regulamentação ou controle da segregação. Containers de armazenamento não específicos. Sem código de cores. Resíduos jogados fora da construção. Transporte de resíduos • • Coleta e transportes de Resíduos sólidos urbanos (RSU) em veículos abertos para todos os resíduos. Sem compactação. Reciclagem e reuso de resíduos • • • Algum reuso dos materiais. Reutilização de seringas. Sem reciclagem nas instalações de saúde. • • • • • • 1 • • • • Sem estratégia de gestão de resíduos. Pessoa responsável em meio período. Alguma segregação dos resíduos perigosos, por exemplo, objetos pontiagudos e infecciosos, material radioativo. Containers específicos para armazenamento de materiais pontiagudos. • • Coleta e transportes de Resíduos sólidos urbanos (RSU) em veículos fechados com compactador da maioria dos resíduos Coleta seletiva de resíduos em veículos fechados. • • • Algum reuso dos materiais. Reutilização de seringas. Reciclagem mínima nas instalações de saúde. • • • • • Compras e fornecimento coordenados. • Trabalho com fornecedores e prestadores de serviço para: • Reduzir o uso de materiais. • Reduzir as embalagens. • Identificar materiais para reciclagem. • Reuso quando assim previsto. • Reduzir o uso de produtos químicos perigosos. • Gestão de estoques. • Uso de produtos reciclados. • Avaliação do ciclo de vida. • Eliminação de outros metais pesados. • Sempre considerar os custos de toda a vida dos materiais. 26 Tratamento de resíduos • produtos químicos perigosos, por exemplo, CFCs. • Gestão de estoques. Autoclavagem dos resíduos de laboratórios. Incineração in loco dos resíduos perigosos em estado natural. Encapsulamento de materiais perigosos, por exemplo, objetos pontiagudos usando argamassa de cimento. Alguma queima em instalações de saúde em áreas remotas. Devolução de produtos farmacêuticos vencidos para o fornecedor. Desinfecção química de fluídos corporais e fezes para todas as doenças infecciosas. Poluição ambiental e perigo para a saúde pública devido à incineração em estado natural. Tratamento por autoclavagem dos resíduos de laboratórios. Alguma queima em instalações de saúde em áreas remotas. Devolução de produtos farmacêuticos vencidos para o fornecedor. Usina de incineração de célula simples. Disposição fora do local • Aterros de Nível 1. • Catação e reciclagem por catadores que vivem nos lixões. • Seringas recicladas para reuso. • Animais e insetos presentes nos lixões. • Poluição ambiental. • Perigos à saúde pública. • Sem segurança no local. • Aterros de Nível 1. • Alguma catação e reciclagem por catadores que vivem nos lixões. • Seringas recicladas para reuso. • Animais e insetos presentes nos lixões. • Poluição ambiental. • Perigos à saúde pública. • Sem segurança no local. Página 17 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • • 2 • • • • • • 3 • • • • • • • • • 4 • • • • • • • • • • Sem código de cores. Resíduos jogados fora da unidade. Política de costumes e de práticas. Pessoa responsável pela gestão de resíduos em meio período. Segregação dos resíduos perigosos. Containers e embalagem específicos para armazenamento de materiais pontiagudos e resíduos perigosos. Outros não especificados. Abrigo Estratégia e política de gestão local de resíduos. Gestor de resíduos em meio período. Segregação de alguns materiais: retornáveis, perigosos, infecciosos, radioativos, papel. Código de cores integral. Armazenamento de materiais perigosos em containers e embalagens aprovadas pelas Nações Unidas. Containers de objetos pontiagudos de acordo com a norma. Todos os resíduos em containers ou sacos de acordo com a norma. Limpeza de containers. Compactação quando apropriado. Complexo de resíduos em construção específica (abrigo). Política de gestão de resíduos. Gestor de resíduos em tempo integral.. Segregação de todos os materiais: retornáveis, recicláveis, perigosos, infecciosos, radioativos, material de construção, compostos, eletroeletrônicos e alimentos. Contratos com indústria de matériaprima secundária. Código de cores integral. Armazenamento em containers e embalagens aprovadas pelas Nações Unidas. Todos os resíduos em containers ou sacos de acordo com a norma. Limpeza de containers. Compactação quando apropriado. Enfardamento de • • • Coleta e transporte de RSU em veículos fechados com compactador para resíduos não perigosos. Veículos específicos para resíduos perigosos de RSS. Documentação de transporte de produtos perigosos. • • Algum reuso dos materiais. Alguma reciclagem nas instalações de saúde, por exemplo, papel, papelão, metais. • Poluição ambiental pelo incinerador. • Tratamento por autoclavagem dos resíduos de laboratórios. Usinas de incineração com câmaras múltiplas. Sistemas alternativos de tecnologia de tratamento (por exemplo, microondas). Alguma poluição ambiental dos incineradores (Fora das Normas da UE). • Aterros de Nível 2. • RSS em áreas especialmente preparadas. • Alguma poluição ambiental. • Alguns perigos à saúde pública. • Segurança durante o horário comercial. • Sem cerca. Tratamento por autoclavagem dos resíduos de laboratórios in loco. Sistemas alternativos de tecnologia de tratamento de resíduos infecciosos. Incineração de materiais perigosos segundo as Normas de Incineração da UE. Usinas municipais de incineração segundo as Normas de Incineração da UE. • Aterros sanitários com projeto de engenharia de Nível 3. • Apenas RSS tratado no aterro. • Resíduos fragmentados tratados com tecnologias alternativas. • Resíduos do incinerador depositados em aterro sanitário com projeto de engenharia para resíduos perigosos. • Local cercado. Tratamento por autoclavagem dos resíduos de laboratórios in loco. Sistemas alternativos de tecnologia de tratamento de resíduos infecciosos. Incineração de materiais perigosos segundo as Normas de Incineração da UE. Usinas municipais de incineração segundo as Normas de Incineração da UE. Resíduos perigosos depositados em aterros rigidamente controlados. Resíduos do incinerador reciclados quando possível. Resíduos desinfectados utilizados como combustível renovável após fragmentação. • Aterros sanitários com projeto de engenharia de Nível 4. • Resíduos fragmentados tratados com tecnologias alternativas. • Resíduos perigosos depositados em aterros rigorosamente controlados. • Local cercado. • • • • • • • • • • • • • • • • • Coleta e transporte de RSU em veículos fechados com compactador para resíduos não perigosos. Aplicação dos requisitos da Convenção da Basiléia. Veículos específicos para resíduos perigosos de RSS. Documentação de transporte de produtos perigosos. Transportadores registrados. Nomeação de conselheiros para o transporte de produtos perigosos. Coleta e transporte de RSU em veículos fechados com compactador para resíduos não perigosos. Aplicação do princípio de proximidade. Carga útil máxima para reduzir as emissões veiculares. Aplicação dos requisitos da Convenção da Basiléia. Veículos específicos para resíduos perigosos dos RSS. Documentação de transporte de produtos perigosos. Transportadores registrados. Nomeação de assessores para o transporte de produtos perigosos. • • Algum reuso dos materiais. Alguma reciclagem nas instalações de saúde, por exemplo, papel, cartuchos de impressora, óleo usado. • • • • • • • Reuso dos materiais quando possível. Reciclagem de: papel, vidro, plástico, metal, entulho de construção, compostos verdes, eletro-eletrônicos, tecidos, resíduos alimentares, cartuchos de impressoras, óleo usado. Busca pela melhoria da economia e do emprego locais através do desenvolvimento do uso de recicláveis. • • • • • • • Página 18 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • resíduos. Armazenamento em complexos de resíduos específicos e seguros. Finalmente, uma comparação genérica muito importante de tecnologias foi desenvolvida pelos mesmos autores e é apresentada na Tabela 4. 26 Tabela 4: Tecnologias de RSS e sua comparação Critérios de comparação Autoclave / tratamento térmico úmido Ondas eletromagnéticas (microondas e ondas de rádio) Desinfecção química Incineração à alta temperatura Destruição de microorganismos infecciosos Boa. Pode alcançar Nível III STAATT de destruição de microorganismos infecciosos. Boa. Pode alcançar Nível III de destruição de microorganismos infecciosos. Boa. Pode alcançar Nível III de destruição de microorganismos infecciosos. Muito boa. Destrói totalmente os microorganismos infecciosos. Fatores que afetam a eficácia Temperatura e pressão. Conteúdo de umidade dos resíduos. Concentração química. Mistura adequada. Temperatura Conteúdo de umidade dos resíduos. Embalagem inadequada pode afetar a penetração de vapor; podem ocorrer pontos “frios”. Fragmentação necessária para melhorar a eficácia. Comprimento do ciclo de tratamento. Remoção incompleta do ar da câmara pode afetar a esterilização do vapor. Tamanho da carga de resíduos. Pode demandar fragmentação adicional para destruir objetos pontiagudos. Razões éticas contra a destruição de partes do corpo. Potência da fonte de microondas. Valor do pH. Duração da exposição às microondas. Tempo de contato com os produtos químicos. Composição da mistura nos resíduos. Mistura adequada com os produtos químicos é essencial, sendo, portanto, importante a fragmentação. Enchimento da câmara de combustão. Tempo de permanência. Fragmentação para melhorar a eficácia. Relatos de que a eficiência das microondas decresce se o conteúdo líquido dos resíduos for > 10%, conteúdo de metais > 1% ou peças de metal > 0,2 kg. Pode demandar fragmentação adicional para destruir objetos pontiagudos. Os desinfetantes podem ter a interferência dos compostos orgânicos presentes nos resíduos. A incineração destrói todos os objetos pontiagudos e torna os resíduos irreconhecíveis. A incineração destrói todas as partes do corpo e torna os resíduos irreconhecíveis. Pode demandar fragmentação adicional para destruir objetos pontiagudos. Razões éticas contra a destruição de partes do corpo. Razões éticas contra a destruição de partes do corpo. Destruição de quantidades residuais de drogas citotóxicas e produtos farmacêuticos Não pode destruir quantidades residuais de drogas citotóxicas e produtos farmacêuticos A incineração pode destruir todas as quantidades residuais de drogas citotóxicas e produtos farmacêuticos. Impactos no meio ambiente Pode gerar compostos orgânicos voláteis tóxicos, formaldeídos, vapor de mercúrio e outras emissões atmosféricas não caracterizadas. Pode gerar compostos orgânicos voláteis tóxicos, formaldeídos, vapor de mercúrio e outras emissões atmosféricas não caracterizadas. Pode gerar compostos orgânicos voláteis tóxicos, formaldeídos, vapor de mercúrio e outras emissões atmosféricas não caracterizadas. Compostos orgânicos voláteis tóxicos serão incinerados. Gera odores desagradáveis e sujeitos a objeções. Pode ser produzida uma pequena quantidade de esgoto pela condensação. O esgoto pode ser considerado como resíduo químico e tratado como tal. Os desinfetantes podem reagir com resíduos químicos e produzir substâncias químicas desconhecidas. Gera esgoto da condensação. O esgoto pode ser considerado como resíduo químico e tratado como tal. Redução do volume dos Pode gerar odores. Será produzida uma grande quantidade de esgoto. O esgoto pode ser considerado como resíduo químico e tratado como tal. Não pode reduzir significativamente o volume de resíduos a menos que seja utilizado Entretanto, podem ser formados dioxinas e vapor de mercúrio. Todos os poluentes atmosféricos devem ser removidos por equipamento apropriado para a redução da poluição. A incineração reduz o Página 19 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil resíduos tratados fragmentador ou compactador após o tratamento. volume dos resíduos sem fragmentação. Redução do peso dos resíduos tratados Não pode reduzir o peso dos resíduos. O peso pode aumentar devido à adição de destruidor/valor ou produtos químicos. A incineração reduz o peso dos resíduos em mais de 90%. Manuseio dos resíduos do tratamento dos resíduos Os resíduos tratados devem ser depositados em aterros ou incinerados no Incinerador de RSU. A cinza do fundo deve ser disposta em aterro sanitário. Os resíduos tratados que podem ter sido contaminados com quantidades residuais de produtos químicos, farmacêuticos, drogas citotóxicas devem ser adequadamente dispostos. Segurança operacional e questões de saúde Confiabilidade e fácil manutenção Fragmentação dos sacos com resíduos clínicos para melhor penetração do vapor pode causar a produção de aerossóis microbiais e requer controle apropriado. Fragmentação dos sacos com resíduos clínicos para melhor penetração do vapor pode causar a produção de aerossóis microbiais e requer controle apropriado. Fragmentação dos sacos com resíduos clínicos para melhor penetração do vapor pode causar a produção de aerossóis microbiais e requer controle apropriado. Manutenção dos fragmentadores contaminados por resíduos clínicos pode impor riscos de segurança e saúde ocupacional. Manutenção dos fragmentadores contaminados por resíduos clínicos pode impor riscos de segurança e saúde ocupacional. Manutenção dos fragmentadores contaminados por resíduos clínicos pode impor riscos de segurança e saúde ocupacional. Autoclaves operando sob alta pressão precisam ser cuidadosamente controladas segundo a legislação local. Microondas e ondas de rádio que não podem ser detectadas pelos sentidos humanos podem impor risco de saúde significativo se houver vazamento. A ocorrência de vazamentos deve ser continuamente monitorada no local de trabalho. Muitos desinfetantes são perigosos ou tóxicos e necessitam de armazenamento apropriado e de manuseio cuidadoso. Objetos duros nos resíduos podem criar problemas na fragmentação. Objetos duros nos resíduos podem criar problemas na fragmentação. Objetos duros nos resíduos podem criar problemas na fragmentação. Não é necessário fragmentador. O risco de incêndio deve ser apropriadamente controlado. Tecnologia bem conhecida e desenvolvida por mais de cem anos. Sem problemas com fragmentação. Necessidade de espaço Necessidade de espaço Auxiliar Custo de Capital e Custo Operacional Percepção do público Tratamento adicional necessário antes da disposição final A mesma para instalações de autoclave e de ondas eletromagnéticas Um pouco maior do que para instalações de autoclave e de ondas eletromagnéticas devido à necessidade de armazenar os produtos químicos. Mais que os outros devido à presença de equipamento para redução da poluição atmosférica. A mesma para todas as instalações uma vez que elas precisam de áreas para armazenamento de resíduos, áreas para caçambas de trânsito para todos os hospitais e clínicas, área para limpeza e desinfecção das caçambas, áreas para os equipamentos de segurança, área de recepção para os veículos de coleta de lixo e instalações para pesar os veículos e caçambas, área de armazenamento frio para manutenção de órgãos humanos, ventilação geral e instalações para controle de odores, etc. Deve ser aplicado o princípio do poluidor-pagador. Os custos de capital de instalações com novas tecnologias será muito menor que a incineração com equipamento completo de limpeza de gases. Os custos de operação serão possivelmente similares. Um número de fatores afetará os custos totais e, portanto, deve ser feita uma análise cuidadosa de todos os custos antes de qualquer decisão. Uma tabela de avaliação de custos pode ser encontrada na publicação da OMS produzida por Townend e Pruess (1999). Não deve atrair a atenção do público e de grupos ambientalistas. Não deve atrair a atenção do público e de grupos ambientalistas. Não deve atrair a atenção do público e de grupos ambientalistas. Os trabalhadores do hospital podem discordar da localização no hospital. Os trabalhadores do hospital podem discordar da localização no hospital. Os trabalhadores do hospital podem discordar da localização no hospital. Fragmentação e compactação / enfardamento antes do envio para o aterro. Fragmentação e compactação / enfardamento antes do envio para o aterro. Fragmentação e compactação / enfardamento antes do envio para o aterro. Os resíduos devem ser secos ou transportados em veículos / containers impermeáveis antes do envio para o aterro. Os resíduos devem ser secos ou transportados em veículos / containers impermeáveis antes do envio para o aterro. Os resíduos devem ser secos ou transportados em veículos / containers impermeáveis antes do envio para o aterro. A percepção do risco pelo público sempre leva à objeção dos residentes locais e dos grupos ambientalistas. Fragmentação e compactação / enfardamento antes do envio para o aterro. Página 20 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Outros critérios 3 A autoclave é um método tradicional de tratamento de culturas microbiológicas em laboratórios clínicos. As instituições médicas estão familiarizadas com este método. Algumas instalações exigem desinfetantes patenteados, o que pode ser caro e não flexível no uso de outros desinfetantes. Existe potencial para a recuperação de calor. Pode tratar todos os tipos de resíduos médicos sem a necessidade de uma segregação rigorosa nos hospitais e clínicas. Perfis dos países Nesta seção, os sistemas atuais de gestão de RSS nos EUA e em países específicos da UE como Portugal, Alemanha, etc., são apresentados. Ela enfoca o arcabouço legal que atualmente regulamenta os RSS, as tecnologias de disposição aplicadas e o grau de segregação na fonte que tem sido praticado. A classificação de RSS nos EUA e na Europa é apresentada no Anexo II. Para os EUA, as categorias aceitas de RSS são aquelas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No que diz respeito aos países da UE, os RSS são classificados em categorias específicas que foram introduzidas no Catálogo Europeu de Resíduos (CER). 3.1 EUA Arcabouço Legal A necessidade de elaborar regulamentos aplicados aos resíduos médicos nos EUA começou logo após itens, como seringas e bisturis, terem sido encontrados em praias oceânicas no verão de 1988. Em 1988, o governo federal aprovou a Lei de Rastreamento de Resíduos Médicos que definiu normas para a regulamentação governamental dos RSS. Esta lei serviu para definir as normas para a disposição dos RSS efetivando as seguintes exigências: estabelecimento de uma definição para resíduos médicos; definição de um sistema de rastreamento efetivo; e estabelecimento de normas nacionais para a segregação, rotulação e armazenamento de resíduos médicos. Após a revogação da lei, foi atribuída aos Estados a responsabilidade de regulamentar e aprovar leis relacionadas com a disposição de resíduos médicos. Os cinquenta estados variam entre não ter regulamentos e ter regulamentos bem rigorosos. Resíduos médicos mais específicos são regulamentados a nível estadual e local ou regidos por regulamentos federais. Normalmente, os estados desenvolvem regulamentos para resíduos de escritórios ou do tipo urbano, enquanto que o governo federal desenvolve regulamentos para resíduos perigosos, como mercúrio e resíduos radioativos. Os regulamentos estaduais normalmente cobrem resíduos médicos potencialmente infecciosos, algumas vezes denominados como resíduos médicos regulamentados. Os regulamentos estaduais e federais exigem que os Resíduos Médicos Regulamentados (RMR) utilizados em hospitais e em outras instalações de saúde sejam tratados antes da disposição. Página 21 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Vários estados possuem regulamentos exigindo que as tecnologias de tratamento de resíduos médicos sejam certificadas, licenciadas ou regulamentadas. Alguns estados têm suas próprias exigências. Muitos estados se reportam a um documento chamado, Manual de Assistência Técnica: Supervisão Regulatória Estadual das Tecnologias de Tratamento dos Resíduos Médicos, desenvolvido pela Associação Estadual e Territorial de Tecnologias Alternativas de Tratamento. Em maio de 2009, a Lei de Gestão de Resíduos Médicos de 2009 – Altera a Lei de Disposição de Resíduos Sólidos26 foi introduzida para: (1) revisar a definição de resíduos médicos; (2) exigir que o Administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA) promulgue regulamentos listando os tipos de resíduos médicos; e (3) exigir que o Administrador conduza um programa de gestão de resíduos médicos para proteger a saúde humana e o meio ambiente dos resíduos médicos e promulgue regulamentos para o rastreamento, rotulagem, embalagem, armazenamento, manuseio, monitoramento e disposição de resíduos médicos. A Lei de Gestão de Resíduos Médicos de 2009, ou HR 2552, foi levada para análise do Comitê Parlamentar de Energia e Comércio. Ela ordena o monitoramento dos resíduos do local de origem até as instalações de disposição, e determina procedimentos para a disposição de seringas. Além disso: Exige que geradores de resíduos médicos (incluindo estabelecimentos de tatuagem e arte corporal): (1) forneçam aos transportadores de resíduos uma garantia por escrito de que o gerador cumpriu com as exigências de rotulagem, embalagem e armazenamento e de uma forma manifesta para o transporte de tais resíduos; (2) sejam registrados junto ao Administrador; e (3) forneçam ao Administrador os nomes de todos os transportadores de resíduos. Exige que os transportadores: (1) não aceitem resíduos médicos de um gerador sem o recebimento de tal garantia; (2) sejam registrados junto ao Administrador; e (3) divulguem para o Administrador o número e tipo de veículos utilizados no transporte de resíduos médicos e os equipamentos e métodos utilizados para garantir a segregação e o manuseio de tais resíduos. Exige que proprietários ou operadores de instalações de armazenamento e disposição: (1) notifiquem a disposição dos resíduos médicos para o gerador; e (2) sejam registrados junto ao Administrador. Define disposições relativas às inspeções, registros públicos e aplicação desta Lei. Exige que o Administrador: (1) estabeleça um programa para educar o público sobre, aumentando o acesso a, métodos aceitáveis para a disposição de seringas usadas; (2) estude e relate ao Congresso os resíduos médicos gerados e sua gestão e disposição; e (3) consulte a Comissão Internacional Conjunta sobre o rastreamento de resíduos médicos que entram nos Estados Unidos vindos do Canadá. 26 http://frwebgate.access.gpo.gov/cgi-bin/getdoc.cgi?dbname=111_cong_bills&docid=f:h2552ih.txt.pdf Página 22 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Gestão dos RSS Em 1997, a agência ambiental EPA dos EUA estimou que havia 2.400 incineradores hospitalares incinerando resíduos clínicos in loco. Em 1997, no mesmo ano, a EPA emitiu, pela primeira vez, diretrizes finais rigorosas para a emissão atmosférica para uso dos Estados na elaboração de seus planos para reduzir a poluição atmosférica advinda dos incineradores de resíduos médicos existentes e para reduzir a poluição atmosférica advinda de incineradores construídos após 20 de junho de 1997. Os regulamentos também dispunham sobre pequenos hospitais rurais comunitários ajudando a reduzir as emissões de maneira que fosse economicamente possível. Hoje em dia, em vários estados, os incineradores existentes foram fechados de acordo com a legislação e a abertura de novos incineradores passa por questões de localização e licenciamento. O fechamento de incineradores de resíduos médicos em todos os Estados Unidos tem sido saudado como boas novas para o ambiente e para a saúde pública. Alternativas à incineração como autoclavagem, microondas e tratamento químico, etc., estão ganhando reconhecimento. 27 Em geral, aproximadamente 60 por cento dos resíduos médicos são tratados in loco nas instalações hospitalares utilizando tecnologia de Autoclave e Esterilização a Vapor ou incineração in loco. Após o tratamento, as cinzas resultantes ou materiais esterilizados e desinfectados devem ser transportados para instalações de tratamento comerciais ou levados diretamente para os aterros. A Tabela 1 no Anexo III apresenta a situação em 2004 com relação à adoção dos Planos Estaduais para a implementação das exigências da Lei Federal do Ar Limpo e o número de instalações de incineração de resíduos médicos indicando se estão vinculadas a hospitais, instalações de pesquisa ou a instalações de gestão de resíduos. O número de incineradores de resíduos médicos foi reduzido drasticamente para 103. Além disso, a Tabela 2 (Anexo III) apresenta o número de Unidades de Tecnologias Alternativas em uso nos EUA em 1997. Os RSS são regulamentados por uma ampla variedade de regulamentos em diferentes estados americanos, tendo sido implementados vários programas diferentes relacionados com a gestão de RSS. Em vários destes programas de gestão de RSS, existe uma grande prioridade na minimização e eliminação da geração dos resíduos médicos na fonte através da aplicação: - Redução dos resíduos - Redução na fonte - Reuso - Reciclagem Com relação à segregação, a legislação federal exige que os trabalhadores da saúde segreguem os resíduos médicos em contêiners especiais; se os resíduos forem transportados para tratamento, eles devem ser rotulados com o nome do gerador, portando um símbolo de perigo biológico. 27 http://www.frost.com/prod/servlet/market-insight-top.pag?Scr=RSS&docid=196483572 Página 23 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Embora pareça que a gestão de resíduos em serviços de saúde tenha melhorado, o setor de Saúde nos EUA enfrenta um problema crescente relacionado com o crescimento da geração de resíduos médicos produzidos por prestadores de assistência médica a domicílio. Como resultado de novas estratégias de cuidado com os pacientes e crescentes custos médicos, doenças mais prolongadas estão sendo tratadas em casa. Isto significa que resíduos médicos estão sendo dispostos junto com o lixo doméstico comum. Clínicas médicas e usuários de drogas intravenosas também são suspeitos de contribuir com a disposição insegura de resíduos médicos. Box 3.1: EUA Nos EUA, a gestão in loco de RSS é a prática mais comum. A incineração de RSS foi limitada e novas tecnologias alternativas à incineração estão ganhando reconhecimento – Minimização e eliminação da geração de resíduos médicos têm alta prioridade. Apenas resíduos médicos esterilizados ou incinerados são enviados aos aterros. Existe um problema crescente com os RSS produzidos nas residências que são normalmente dispostos junto com o lixo doméstico comum – esta tendência deve ser seriamente levada em consideração, especialmente nas cidades grandes emergentes dos países em transição. 3.2 Portugal Arcabouço Legal O arcabouço legal da gestão dos RSS em Portugal se baseia em: - O Plano Estratégico para Resíduos Hospitalares (PERH) Ele foi aprovado em 1999 através da normativa conjunta no. 761/99, de 31 de agosto, dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, tendo sido aplicado no período 1999-2005. O Plano Estratégico para Resíduos Hospitalares visava estabelecer estratégias e metas para reger a gestão dos resíduos hospitalares, considerando sua definição legal e o universo abrangido, sendo necessário identificar seus produtores e suas origens. Atualmente, o Plano Estratégico para Resíduos Hospitalares foi atualizado devido à mudança no arcabouço legal da gestão dos RSS na UE e às perspectivas para o desenvolvimento futuro do setor de Saúde. Este novo Plano Estratégico abrangerá o período 2010-2016. Ele enfatiza a segregação e minimização dos RSS na fonte, a redução dos efeitos adversos no meio ambiente e na saúde pública, assim como a redução dos custos de disposição e tratamento. - A Lei No. 242/96, de 13 de agosto, que classifica os Resíduos Clínicos em quatro grupos distintos de resíduos não perigosos (Grupos I e II) e perigosos (Grupos III e IV) (veja Tabela 3, Anexo III), e define as normas para a gestão adequada dos resíduos clínicos de acordo com o Página 24 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil grupo ao qual pertencem. Define a obrigação de cada Instalação de Saúde de preparar um plano de circulação dos resíduos em suas dependências. Além disso, descreve as condições de armazenamento e define as responsabilidades dos indivíduos envolvidos na gestão dos RSS nas unidades de Saúde. - O Decreto no. 174/97 de 10 de março, que estabelece regras para a instalação e operação de unidades ou equipamentos para a recuperação ou disposição de resíduos hospitalares perigosos. - A Lei no. 84/97 de 16 de abril – Regras para a proteção dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos no trabalho. - O Decreto No. 335/97 de 16 de maio – Regras para o transporte de resíduos. - A Lei no. 178/2006, de 5 de setembro, sobre gestão dos resíduos. Nesta lei, a gestão dos resíduos é considerada como parte do seu ciclo de vida e, portanto, a separação dos resíduos na fonte é essencial. - O Decreto No. 209/2004, de 3 de março, aprovando a Lista Européia de Resíduos (RSI), - A Lei no. 85/2005 de 28 de abril, que estabelece o regime legal da incineração e da coincineração de resíduos, transpondo para lei nacional a Diretiva 2000/76/EC do Parlamento e do Conselho Europeus de 4 de dezembro. - - Outras leis concernentes: A Lei no. 173/2008, de 26 de agosto, que estabelece o regime legal para a prevenção e controle da poluição (Diploma PCIP); A Lei no. 147/2008, de 29 de julho, estabelecendo o regime legal da responsabilidade ambiental baseada no princípio do poluidor-pagador; A Lei no. 45/2008 de 11 de março, que garante a implementação e assegura o cumprimento das obrigações do Estado da Regulamentação Portuguesa (CE) No. 1013/2006 do Parlamento e do Conselho Europeus de 14 de junho sobre a transferência de resíduos; A Lei no. 183/2009, de 10 de agosto, que estabelece o regime legal da disposição de resíduos em aterros, e as exigências gerais a serem seguidas no projeto, construção, operação, fechamento e pós-fechamento dos aterros, incluindo as especificações técnicas para cada classe específica de aterro; Gestão dos RSS Até 1995, uma gestão ambientalmente consistente dos resíduos hospitalares em Portugal era virtualmente inexistente. Existia um sistema de separação na fonte muito precário e, como resultado, 50% dos resíduos (25.000 t/ano) eram considerados perigosos. Os destinos finais dos resíduos perigosos eram 40 incineradores de resíduos médicos in loco. O desempenho ambiental destes incineradores era muito precário. A temperatura da câmara de combustão da maioria deles era inferior a 800°C. Eles não possuíam nenhum tipo de sistema de tratamento de gás de combustão e não havia monitoramento da poluição atmosférica. Devido à pressão do público, em 1996, o Governo aprovou uma nova legislação que finalmente permitiu a autoclavagem de resíduos infecciosos. Com este novo arcabouço legal e o Plano Estratégico para Resíduos Hospitalares aprovado pelo governo em 1999, os incineradores ficaram limitados a dois incineradores em 2004, com um melhor sistema de segregação. Página 25 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Como resultado, a incineração de resíduos hospitalares caiu drasticamente de 25.000 t em 1995, para 5.726 t em 2001, e 3.174 t em 2002. 28 Atualmente, os RSS são tratados em duas grandes autoclaves nacionais, que tratam mais de 80% do total de resíduos hospitalares perigosos produzidos em Portugal. Além disso, existe uma empresa que trabalha com os resíduos procedentes de unidades de saúde que produzem pequenas quantidades de resíduos. Ela utiliza um processo químico para o tratamento de resíduos hospitalares. Desde 1995, melhores práticas de segregação levaram à redução constante dos resíduos hospitalares perigosos (25.000 t em 1995, 16.469 t em 2001, e 15.336 t em 2002). Embora a segregação tenha melhorado, ainda existem várias instalações de saúde onde a segregação não é eficiente devido à falta de treinamento e de recursos. Os problemas mais comuns identificados são o uso inadequado de sacos (cor) para separação, falta de informação e utilização inadequada dos equipamentos de proteção individual. Uma pesquisa que avaliou as práticas de gestão dos resíduos médicos nos hospitais do Algarve, em Portugal, revelou que os médicos têm o menor conhecimento sobre separação de resíduos médicos dos grupos envolvidos com a gestão de RSS. 29 Outros problemas identificados no sistema de gestão de RSS de Portugal foram o transporte e o armazenamento inadequados de RSS. A maioria dos RSS é transportada manualmente e os locais de armazenamento não possuem sinalização apropriada para manter visitantes e pacientes afastados. Tais práticas expõem os trabalhadores que lidam com resíduos e os pacientes a possível contaminação. Espera-se que Portugal solucione estes problemas e desenvolva ainda mais a gestão dos RSS dentro do Novo Plano Estratégico de Resíduos Hospitalares (2010-2016). Ele enfatiza uma melhor segregação, minimização e reciclagem dos resíduos médicos na fonte para reduzir os impactos ambientais e na saúde, assim como os custos de tratamento e disposição. Box 3.2: Portugal Portugal não mais incinera RSS. As tecnologias alternativas à incineração estão ganhando apoio. Os RSS são tratados em instalações de tratamento centralizadas. 80% dos RSS são tratados em duas grandes autoclaves nacionais. Portugal tem enfatizado a aplicação de um sistema melhor de segregação e minimização no setor de RSS. A segregação na fonte enfrenta problemas devido à falta de informação e à utilização inadequada de equipamentos de proteção individual – treinamento e educação do pessoal é fundamental para a implementação bem sucedida da Gestão dos RSS. 28 Health CareWithout Harm Europe, 2004, “Non-Incineration Medical Waste Treatment Technologies in Europe”, disponível em: «http://www.3rkh.net/3rkh/files/2004-Non%20Incineration%20technologies%20in%20Europe.pdf». 29 Vera Ferreira, “Margarida Ribau Teixeira, Assessing the Medical Waste Management practices and associated risk perceptions in Algarve hospitals, Portugal”, disponível em: «http://www.iswa.it/materiali/iswa_apesb_2009/1-356paper_long.pdf». Página 26 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 3.3 Itália Arcabouço Legal Até 2003, a gestão dos resíduos de serviços de saúde, incluindo resíduos perigosos, era regulamentada pela Lei 22/97, art. 45 e pelo decreto ministerial de 26/6/00, no. 219, para prevenir riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Para este fim, foram definidos requerimentos específicos para cada fase do ciclo de gestão: esterilização, armazenamento temporário, coleta, transporte e disposição. O processo de esterilização deve seguir as normas definidas no decreto 219/2000 e as instalações de esterilização devem passar por inspeções periódicas realizadas pelas autoridades competentes. Devem ser utilizadas embalagem e rotulação especiais para o armazenamento, coleta e transporte, de modo a distinguir e a manusear com segurança os resíduos infecciosos. Os resíduos infecciosos devem ser incinerados em instalações autorizadas para os resíduos perigosos, enquanto que os resíduos infecciosos esterilizados podem ser incinerados em incineradores de resíduos não perigosos ou depositados no aterro em segurança. 30 A complexa história da gestão dos resíduos médicos testemunha, de tempos em tempos, a predominância dos apoiadores da incineração ou da disposição em aterro após esterilização. A promulgação do Decreto Ministerial 219/2000 parece ter deixado na complexa gestão dos resíduos médicos algum elemento de preocupação, especialmente com relação à absorção dos resíduos médicos perigosos na cidade após o procedimento de esterilização. Para esclarecer a questão relacionada com a assimilação dos resíduos médicos pelos resíduos urbanos e outras questões, o legislativo promulgou a Lei no. 179, de 31 de julho de 2002, intitulada “Disposições sobre o meio ambiente”, art. 24, segundo a qual as regras para a gestão dos resíduos médicos deveriam ser reformuladas, colocando ordem final na disciplina de tal tipo de resíduo, incluindo a rejeição do Art. 45 do Decreto Legislativo 22/97, e resultando em um texto consolidado. Consequentemente, foi emitido o Decreto Presidencial no. 254, de 15 de julho de 2003, “regulamentos que regem a gestão dos resíduos médicos” de acordo com o art. 24 da Lei no. 179 de 31 de julho de 2002, que rejeitou todas as regras anteriores, definindo novos critérios para a gestão dos resíduos médicos. Este novo regulamento promove a redução de resíduos como prioridade; encoraja o reuso, a reciclagem e a recuperação; promove o treinamento para a gestão adequada dos resíduos médicos; promove o uso preferencial, quando tecnicamente possível, de plásticos não clorados; encoraja o uso de tecnologias de tratamento de resíduos médicos projetadas para a recuperação de materiais e de energia. Mais especificamente, o Decreto no. 254 de 15 de julho de 2003, “regulamentos que regem a gestão dos resíduos médicos”: 30 Georgio Cesari-APAT, “Waste Management Italy”, disponível em: «http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:oBHZl9RfjrcJ:www.gmes.info/ pages-principales/library/forum-and-events/2nd-gmesforum/thematic-session-3/%3Fno_cache%3D1%26download%3D2F_Th3_Cesari_Presentation-Text_V1.pdf%26did%3D262+healthcare +waste+legislative+framework+germany&hl=el&gl=gr&pid=bl&srcid=ADGEESgJNfqwp_4_9cJt_w3tRz2Jxx4SwSokNjVfTL2wAqL_jeZyFOkS5v DC_UiaK9eztLn8dXbslg7y2P5HSf7A0Hdj9XwgBo5yP1ggUSRqaBNRZ6qYj6JmM0edJbmQbFQGO6k0Xvez&sig=AHIEtbTbe21RjuXbxad8EB nn4CeVW72aNA». Página 27 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • • • • Finaliza a gestão da proteção ambiental e da saúde pública. Codifica os resíduos de acordo com o tipo com base no novo código ERC 2002. Reduz as quantidades de todos os tipos de resíduos médicos. Reduz a quantidade de resíduos médicos e, portanto: promove padrões de comportamento / comunicações para modernizar a coleta de resíduos e promover sua destinação própria; encoraja a recuperação de materiais recicláveis (papel, vidro, pilhas, mercúrio) em hospitais; ajuda a racionalizar o uso de dispositivos descartáveis; direciona políticas de aquisição para dispositivos ecológicos. 31 Outro importante regulamento relacionado com os RSS na Itália é o Decreto no. 152/03.04.2006 – Lei Ambiental (Legislação da Estrutura Nacional de Resíduos) que contém todas as prescrições para a gestão de resíduos e define as responsabilidades entre os atores do sistema nacional de gestão de resíduos. Além disso, ele proíbe a colocação em aterros de resíduos líquidos, explosivos e/ou combustíveis, substâncias corrosivas, resíduos de atividades médicas, resíduos gerados na produção de pesticidas, substâncias resultantes das atividades de pesquisa, cujo efeito no meio ambiente e na saúde humana não pode ser estimado, etc. O Decreto 152/2006 foi posteriormente modificado pelo decreto no. 4 de 16 de janeiro de 2008. Gestão dos RSS A disposição de RSS infecciosos é feita através de incineração em instalações específicas ou com sistemas de alimentação separados. O DPR 254/2003 estipula como uma forma adicional de tratamento a esterilização dos resíduos médicos e a disposição dos resíduos tratados no incinerador de resíduos municipal. Esta segunda forma de disposição é atualmente muito desenvolvida na Itália. Atualmente, existem 50 instalações de incineração operando principalmente nas regiões central e norte do país (13 na Lombardia, 9 na Emilia e 8 na Toscana). Isto levou a uma sensibilização crescente com relação à gestão interna cuidadosa dos resíduos dos serviços de saúde, também utilizando a coleta seletiva, que nos últimos anos está começando a dar frutos. 32 Embora muitos hospitais, principalmente hospitais universitários, tenham desenvolvido projetos específicos relacionados com a reciclagem e minimização dos RSS, existem casos de hospitais na Itália que enfrentam problemas na segregação apropriada de RSS. 33 31 32 33 www.ospedalesanpietro.it/convegni/sala.../battistelli_mari.ppt http://www.iswa.it/materiali/ecomondo2009/convegno_rifiuti_sanitari/musmeci.pdf http://www.mondoecoblog.com/2010/05/03/rifiuti-ospedalieri-lo-smaltimento-negli-ospedali-italiani-costa-183-milioni-lanno/ Página 28 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Box 3.3: Itália A tendência atual na Itália é o pré-tratamento dos RSS em instalações de desinfecção (esterilização) in loco e posterior incineração em Incineradores de RSU. A co-incineração com outros resíduos requer um sistema de alimentação separado se os resíduos não forem esterilizados. A segregação, reciclagem, reuso e minimização dos RSS estão se tornando prioridade na Itália, mas ainda não desempenham o papel necessário. Página 29 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 3.4 França Arcabouço Legal O Decreto No. 97-1048 / 6-11-1997 sobre a disposição de partes do corpo e resíduos infecciosos do setor de saúde pública constitui os princípios básicos da gestão dos RSS na França. A lei fornece a definição de RSS na França e sua Classificação em diferentes categorias. Em 2002, os RSS eram classificados com um código de 6 dígitos no Anexo II do Decreto no. 2002-540 / /18-04-2002, de acordo com o CER. O arcabouço legal básico para a gestão dos RSS é apresentado a seguir: • Código de Saúde Pública • Decreto No. 97-1048 / 6-11-1997 que dispõe sobre a disposição de partes do corpo e resíduos infecciosos do setor de saúde pública. • Decreto No. 2002-540 / /18-04-2002 relacionado com a classificação de resíduos • Ordem de 7 de setembro de 1999, sobre o controle das rotas de disposição de resíduos das atividades de saúde e riscos relacionados com a infecção e peças anatômicas, • Ordem de 20 de setembro de 2002, sobre a incineração e co-incineração de resíduos não perigosos e de resíduos infecciosos. • Ordem de 24 de novembro de 2003, sobre a embalagem de resíduos de atividades de saúde e riscos relacionados com a infecção e espécimes anatômicas de origem humana. • Várias circulares sobre gestão de RSS que foram aplicadas desde 1991. Gestão dos RSS A incineração de RSS in loco foi disseminada por toda a França desde 1991. Os incineradores foram instalados através da promoção da vantagem da autonomia e da eliminação do transporte de RSS para fora das Instalações de Saúde (IS). Embora esta prática tenha solucionado o problema da disposição de RSS por alguns anos, a promulgação de uma legislação rigorosa dispondo sobre as emissões atmosféricas levou ao fechamento de incineradores in loco nas IS. Em 1992, os incineradores in loco na França eram 1.400, enquanto que em 1996 eles eram 200 e em 2001, 4. Atualmente, não existem incineradores in loco em operação na França. Entretanto, alguns dos incineradores de RSS foram renovados para atender às normas ambientais e de saúde, sendo categorizados como “Incineradores Especiais” que foram utilizados para o tratamento de RSS gerados em IS específicas, assim como em outras IS. Página 30 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Em 2002, a disposição de RSS na França incluiu o pré-tratamento de RSS em dispositivos esterilizados e posterior incineração nas seguintes unidades de combustão. -22 Incineradores de RSU ((Bayet, Blois, Brest, Cergy Pontoise, Chambéry, Collombelles, Créteil, Douchy les Mines, Grenoble, Le Mans, Ludres, Montauban, Nantes, Nice, Noyelles sous Lens, Rouen, Saran, Sète, Toulon, Toulouse, Tronville e Barrois et Vedène). Nestas unidades, certos procedimentos operacionais tais como separar o que entra e temperatura maior de combustão são a regra. - 4 Incineradores de Resíduos Especiais (caso de Limoges, etc.) - 2 Incineradores de Resíduos Industriais (Strasbourg e Salaise sur Sanne) Mais de 50 operadores na França já introduziram sistemas de fragmentação/vapor/secagem para o tratamento dos RSS nos últimos 15 anos. A operação das unidades de desinfecção na França requer a avaliação do procedimento técnico e a validação da unidade pelo Conselho de Saúde Pública da França. Em 2002, 16 dispositivos de desinfecção foram validados pelo Conselho de Saúde Pública da França. Em geral, a incineração e a esterilização têm sido utilizadas por vários anos para a disposição apropriada dos RSS na França. De acordo com o estudo da ADEME “Tratamentos de Resíduos Médicos na França – Relatório 2002/2003”, a incineração de RSS representou 88% dos RSS tratados em 2003, sendo a desinfecção responsável por 12% dos RSS tratados no mesmo ano. Box 3.4: França Na França: A prática de incineração in loco foi abandonada. Os RSS são tratados em unidades centrais de incineração (Incineradores de Resíduos Especiais, Incineradores de RSU & Incineradores de Resíduos Industriais), mas no caso de incineradores de RSU, tratamento prévio com esterilização ou desinfecção e separação da carga é necessário. A tecnologia de desinfecção é também utilizada especialmente para o pré-tratamento dos resíduos antes da incineração Página 31 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 3.5 Alemanha Arcabouço Legal A gestão dos RSS na Alemanha é regulamentada por uma legislação derivada da legislação da UE, por lei federal, leis regionais dos estados federados e por leis da autoridade local responsável pelos serviços de gestão de resíduos. Em geral, os mesmos regulamentos que são aplicáveis à gestão de resíduos do setor da saúde são também aplicáveis a outros setores da sociedade. Além da legislação específica da gestão de resíduos, outras leis que desempenham um papel importante especialmente no contexto dos hospitais são a lei do direito à água, regulamentos sobre o controle de doenças e de substâncias perigosas e a lei dos transportes. Desde 1996, a lei mais importante que regulamenta a gestão de resíduos na Alemanha tem sido a Lei do Ciclo Fechado de Substâncias e da Gestão de Resíduos (KrW-AbfG). Além disso, o Decreto dos Conceitos de Gestão de Resíduos e sobre os Balanços de Resíduos (AbfKoBiV) regulamentou a preparação dos documentos concernentes pelas entidades produtoras de resíduos. Este Decreto foi abolido em 1 de fevereiro de 2007 pelo Artigo 2 do Decreto de Simplificação do Monitoramento da Gestão de Resíduos de 2006. A Lei do Ciclo Fechado de Substâncias e da Gestão de Resíduos coloca especial ênfase na responsabilidade das empresas e instalações de saúde (como produtoras de resíduos) na redução, recuperação e disposição de resíduos. Ela objetiva assegurar a completa redução e recuperação de resíduos, incluindo resíduos perigosos. Desta forma, a redução tem precedência sobre a recuperação, que por sua vez vem antes da disposição. A redução de resíduos é implementada, entre outras coisas, através da responsabilidade ampliada do produtor, que de um lado envolve o desenvolvimento de produtos e substâncias com a maior vida útil possível e, de outro lado, a introdução de técnicas de produção que gerem o menor volume possível de resíduos através das melhores técnicas disponíveis (MTD), requisitos do sistema de licenciamento para instalações industriais. Sob a responsabilidade ampliada do produtor, os produtores de um produto são obrigados a considerar os impactos ambientais e possíveis riscos de um produto durante todo seu ciclo de vida (precaução). Em colaboração com as outras partes envolvidas – produtores, distribuidores, consumidores, empresas de disposição e reciclagem, órgãos governamentais (cooperação) – o produtor é demandado a criar um sistema que minimize os impactos ambientais adversos e maximize a recuperação de recursos. Em 2002, a LAGA (Länder-Arbeitsgemeinschaft Abfall) publicou uma Diretriz para a Disposição de Resíduos de serviços de saúde, fornecendo conselhos práticos para hospitais e outras instalações de saúde sobre a gestão apropriada de resíduos, incluindo, embalagem, armazenamento, transporte, tratamento reciclagem e disposição de resíduos. Até 1998, os resíduos de serviços de saúde na Alemanha eram classificados de acordo com o Catálogo de Resíduos da LAGA (ver Tabela 4, Anexo III). Agora, o Catálogo de Resíduos da LAGA foi substituído pelo Catálogo Europeu de Resíduos (CER). Com a emenda ao Decreto sobre Incineração e Co-incineração de Resíduos de 2003, a legislação alemã de resíduos foi adaptada às exigências da Diretiva da UE sobre Incineração. Página 32 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Gestão dos RSS A gestão dos resíduos de serviços de saúde na Alemanha tinha uma tradição de incineração in loco. Em 1984, havia 554 instalações de incineração in loco em hospitais. Em 1987, este número foi reduzido a 218 e, no momento, existe apenas um hospital (Heidelberg) com um incinerador de resíduos hospitalares que será fechado. A Alemanha não mais permite a incineração in loco de resíduos médicos. Ao invés disso, os resíduos devem ser enviados a incineradores de resíduos municipais equipados com controles avançados de poluição atmosférica e operados por pessoal profissional treinado. Além das instalações de incineração de resíduos perigosos, existe apenas um incinerador comercial externo em Kiel que incinera resíduos clínicos especiais, além de duas unidades de tratamento separadas em Augsburg e Bielefeld, combinadas com um incinerador de resíduos municipal onde os resíduos infecciosos são incinerados em unidades de incineração separadas. Como normalmente ocorre no caso de todas as soluções de tratamento centralizadas, uma parte dos resíduos infecciosos é transportada até os incineradores de resíduos perigosos em containers licenciados para tal fim. Sistemas utilizando microondas e tratamento térmico úmido são também utilizados na Alemanha, embora não se saiba o número exato destes sistemas. Entretanto, o número está decrescendo devido à sobrecapacidade dos incineradores regionais de resíduos perigosos. O custo por tonelada da incineração de resíduos clínicos foi estruturado de modo a que tal incineração fosse atrativa. Na maioria dos casos, a maior parte dos RSS é tratada com vapor em instalações in loco e então disposta como lixo doméstico ou incinerada. Para mais detalhes sobre a situação da gestão dos RSS na Alemanha veja a Tabela 5, Anexo III. As quantidades de resíduos de serviços de saúde produzidas na Alemanha são mais ou menos as mesmas no resto da Europa, muito embora as quantidades de resíduos infecciosos sejam muito menores na Alemanha do que, por exemplo, no Reino Unido. Isto se deve a diferenças nas definições de resíduos infecciosos e também ao grau de segregação que ocorre. No Reino Unido, todos os resíduos contendo sangue são considerados infecciosos, enquanto que na Alemanha apenas sangue contendo resíduos de pacientes infectados é considerado infeccioso. Os resíduos de serviços de saúde são a maior parte. 34 Algumas das mais importantes especificações para a coleta, transporte e tratamento dos RSS na Alemanha são resumidas na Tabela 6, Anexo III. 34 http://www.astee.org/partenaires/echanges/fichiers/agenda/293.pdf Página 33 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Box 3.5: Alemanha A Alemanha enfoca a combinação de instalações descentralizadas e centralizadas para o tratamento final dos Resíduos de Serviços de Saúde. A maior parte dos RSS é tratada com vapor em instalações in loco e então disposta como lixo doméstico ou incinerada. Os RSS Perigosos são tratados em incineradores específicos e em um número pequeno de incineradores municipais de resíduos com mudanças adequadas em seu projeto de alimentação. Não é utilizada incineração in loco. As tecnologias alternativas à incineração também são utilizadas. A Lei do Ciclo Fechado de Substâncias e da Gestão de Resíduos na Alemanha tem o objetivo de assegurar a completa redução e recuperação de resíduos incluindo os resíduos perigosos. 3.6 Áustria Arcabouço Legal35 A gestão dos RSS na Áustria é regulamentada por legislação específica desde 1988, e tem sido melhorada e enriquecida com outros regulamentos advindos da legislação da UE, lei federal e Regras Normativas, além de leis regionais dos estados federados. Os regulamentos mais significativos relacionados com a gestão de RSS na Áustria são os seguintes: - - - - ÖNORM S 2000 “Designação e Definição dos Resíduos” Nesta ÖNORM, as origens, composição e propriedades dos resíduos são identificadas e padronizadas. ÖNORM S 2025 Determina os requisitos para o armazenamento dos containers de coleta de resíduos dentro e fora das edificações. ÖNORM S 2100 “Catálogo para os Resíduos Especiais & Perigosos” Nesta ÖNORM, é atribuído um código numérico para cada tipo de resíduo (resíduos perigosos e não perigosos), sendo determinados os métodos de disposição e tratamento apropriados para cada um dos tipos. ÖNORM S 2104 “Resíduos de Instalações Médicas” O objetivo desta ÖNORM é o Tratamento apropriado dos RSS para evitar ferimentos, infecções ou o envenenamento de pessoas, além de efeitos ambientais adversos. 35 Franz F. Reinthaler, Branchenkonzept für Abfälle aus dem medizinischen Bereich, Teil A – Rahmenbedingungen – abfallwirtschaftliche Grundlagen Página 34 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Por esta razão, a ÖNORM define os requisitos para o manuseio apropriado (coleta, armazenamento para transporte, recuperação e disposição) dos RSS e os classifica nos seguintes grupos: 1. Resíduos sem risco de infecção que não precisam ser tratados de modo especial. 2. Resíduos que podem ser infecciosos ou que apresentam o risco de ferir apenas dentro do centro médico. Eles não precisam de tratamento especial fora da área médica. 3. Resíduos que representam perigo dentro e fora da área médica. Eles devem ser tratados de modo especial. Esta categoria inclui também resíduos perigosos (ÖNORM S 2100) e resíduos perigosos que requerem supervisão (ÖNORM S 2101), por exemplo, pilhas, termômetros clínicos, medicamentos usados, solventes. De acordo com os regulamentos acima, se partes do corpo, órgãos, carcaças de animais usados em experiências e certos resíduos perigos forem incinerados, isto deve ser feito em um incinerador de resíduos perigosos. Outros tipos de RSS podem ser incinerados em um incinerador de RSU. - Resíduos Perigosos e Materiais dos Resíduos – Lei Federal, Diário II, No. 227/1997, alterada pela Lei Federal, Diário II, No. 178/2000. Lei da Gestão de Resíduos 2002 – Lei Federal, Diário I, No.102/2002 sobre Gestão Sustentável de Resíduos (antiga Lei de Gestão de Resíduos de 1990). A Lei da Gestão de Resíduos de 1990 claramente estabelece a “hierarquia dos resíduos” como o princípio orientador para a política da gestão de resíduos e promovia a minimização de resíduos através da redução e da reciclagem. A Lei da Gestão de Resíduos de 2002 definiu as seguintes prioridades: - - • Princípio da redução (As quantidades e a periculosidade dos resíduos devem ser mantidas o mais baixo possível (redução de resíduos).”) • Princípio da reciclagem (reciclagem dos resíduos quando ambientalmente apropriado e tecnicamente possível) • Princípio dos resíduos (Resíduos não recicláveis devem ser adequadamente tratados por meios biológicos, térmicos, químicos e físicos devido a sua natureza) Lista de Decretos sobre Resíduos – Lei Federal, Diário II, No. 570/2003 Este regulamento foi promulgado na Áustria para adaptar o Catálogo Europeu de Resíduos (CER) e • Compreende uma lista de resíduos • Determina quais resíduos são perigosos • Estabelece um código para cada tipo de resíduo, e • Especifica critérios para a classificação de resíduos utilizando o código. A lista de resíduos é apresentada no Apêndice 2 do Decreto do Catálogo de Resíduos. Deve-se observar que a Lista de Resíduos da Áustria da ÖNORM S 2100 é atribuída ao Catálogo Europeu de Resíduos. Minuta do Regulamento sobre os Requisitos do Tratamento de Resíduos (Regulamento sobre a Obrigação do Tratamento de Resíduos – GZ 62 3507/2-VI/2/04. Página 35 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Nesta minuta do Ministério do Meio Ambiente da Áustria, são definidos os requisitos da coleta, armazenamento e tratamento de fluxos específicos de resíduos. Estão incluídos os RSS e os resíduos de mercúrio. Outras leis concernentes: - Lei Federal sobre Segurança e Saúde no Trabalho (Lei de Proteção do Trabalhador) - Diário no. 450/1994 alterada pela BGBI I No. 159/2001-A Ação de Proteção do Trabalhador (AschG) Decreto dos Aterros – Lei Federal, Diário No. 164/1996, alterada pela Lei Federal, Diário II, No. 49/2004. A proibição de RSS infecciosos nos aterros é aplicada de acordo com a legislação da UE. - Decreto sobre Incineração de Resíduos – Diário II, Lei no. 389/2002 alterada por 49/2004 Decreto sobre a incineração de resíduos perigosos - Lei Federal, Diário II, No. 22/1999, alterada pela Lei Federal, Diário II, No. 389/2002. Etc. Gestão dos RSS Na Áustria, já há 15 anos, foram estabelecidos uma logística de coleta na área rural para RSS perigosos (aproximadamente 5% do total de RSS), incluindo a introdução de receptáculos descartáveis especiais, uma rede de instalações de armazenamento a frio intermediária e uma disposição centralizada na usina de forno rotativo de resíduos perigosos em Viena. Partes do corpo, órgãos, carcaças de animais utilizados em experiências e certos resíduos perigosos eram incinerados neste incinerador de resíduos perigosos, enquanto que outros tipos de RSS eram tratados em dois incineradores de RSU (Incineradores de RSU de Oberisterrich e de Flotzersteig, em Viena). 36 Atualmente, os hospitais na Áustria tendem a esterilizar seus resíduos. Além disso, existe uma política geral para implementar práticas de minimização da geração de RSS na fonte. Portanto, muitos hospitais estão reduzindo a quantidade e a natureza dos resíduos, tornando reutilizável o que pode ser esterilizado. A introdução de alternativas livres de PVC é também uma prática que tem sido realizada em muitas Instalações de Saúde para evitar a emissão de dioxinas quando é feita a incineração. A Lei da Gestão de Resíduos e várias medidas e regulamentos enfatizavam a redução do volume global dos resíduos gerados na Áustria. Esta política é claramente implementada pelo Setor de Saúde da Áustria através da prática de uma melhor segregação e do treinamento do pessoal envolvido com a gestão dos RSS. Portanto, foram implementados programas específicos de minimização de resíduos em hospitais de toda a Áustria. Por exemplo, em certo hospital na Áustria, o pessoal recebeu material informativo sobre a correta segregação de resíduos e foram organizados cursos de treinamento sobre temas ambientais. Cinco cursos de treinamento com a duração de um dia foram realizados para um total de 460 funcionários. Os cursos trataram da correta segregação dos resíduos, com especial ênfase nos normalmente problemáticos resíduos gerados em hospitais. O sucesso desta iniciativa foi muito impressionante, considerando que em um ano foram reduzidas 32 toneladas de resíduos. 36 LI Run-dong, NIE Yong-feng, Bernhard Raninger, & WANG Lei, 2006, “Options for Healthcare Waste Management and Treatment in China” The Chinese Journal of Process Engineering, disponível em: «http://www.jproeng.com/qikan/manage/wenzhang/206510.pdf». Página 36 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Também foi relatado que a parte reciclável do fluxo de RSS cresceu de 3 a 3,5 vezes na década 19922002. Isto foi alcançado não devido ao aumento relativo do fluxo global de RSS, mas devido a melhores práticas de segregação e aos regulamentos. Box 3.6 A Áustria foi um dos primeiros países da UE a utilizar instalações centralizadas para tratamento de RSS Os RSS são incinerados em Incineradores para Resíduos Perigosos A política de gestão dos RSS enfatiza a minimização dos RSS gerados no setor de Saúde da Áustria Os programas de reciclagem dentro das Instalações de Saúde lograram um aumento de 3 a 3,5 vezes dos resíduos recicláveis na década 1992-2002 As Instalações de Saúde passaram a considerar certos materiais reutilizáveis que podiam ser esterilizados. Programas de treinamento contribuíram para a melhoria das práticas de segregação nas instalações de saúde e para a redução dos resíduos gerados que requerem um manuseio especial. 3.7 Reino Unido Arcabouço Legal No Reino Unido, o manuseio e a disposição de resíduos clínicos são cuidadosamente regulamentados. A legislação concernente compreende a Lei de Proteção Ambiental do Reino Unido de 1990, os Regulamentos de Licenciamento da Gestão de Resíduos do Reino Unido de 1994 e os Regulamentos sobre Resíduos Perigosos (Inglaterra & País de Gales) de 2005. Além disso, os Regulamentos sobre Resíduos Especiais da Escócia desempenham um papel vital na atual legislação do Reino Unido relativa à gestão de resíduos clínicos. Com a implementação (em 2005) dos Regulamentos sobre Resíduos Perigosos de 2004, passou a existir uma grande variedade de leis, Códigos de Prática e condições de licenciamento que regem a norma para a operação dos produtores de resíduos, assim como dos que fornecem serviços comerciais de disposição de resíduos clínicos. Isto abrange todas as questões do transporte, armazenamento e disposição de resíduos, incluindo aspectos de higiene e segurança no local. Obrigações adicionais são impostas aos hospitais do Reino Unido pela legislação de Saúde & Segurança. A legislação e a documentação básicas da gestão de RSS no Reino Unido são as seguintes: • Regulamentos sobre Resíduos Perigosos (Inglaterra & País de Gales) 2005 Página 37 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • Regulamento sobre a Lista de Resíduos (Inglaterra) 2005 • Regulamentos sobre a Proteção Ambiental (Dever de Cuidar) 1991 • Um Guia sobre os Regulamentos de Resíduos Perigosos, Guia (Notificação) de Registro de Instalações Locais • Gestão Segura dos Resíduos de Serviços de Saúde - HTM 07-01 (2006) • Memorando Técnico de Saúde 2006 – Segregação de fluxos de resíduos em áreas clínicas • HTM 07-05 – O tratamento, recuperação, reciclagem e disposição segura de resíduos eletroeletrônicos (REE) • HTM 07-06 - Disposição de resíduos farmacêuticos em farmácias comunitárias • Nota sobre Transferência de Resíduos • Nota sobre Consignação O Memorando Técnico de Saúde (HTM) de 2006 é o melhor guia prático para os RSS no Reino Unido, que levou em consideração as mudanças legais ocorridas ao longo dos anos anteriores. Este documento é o quarto documento de orientação produzido pelo governo, com o original tendo sido publicado em 1982. 37 Gestão dos RSS No Reino Unido, os resíduos de serviços de saúde eram tradicionalmente tratados in loco nos hospitais em incineradores próprios. Isto começou a mudar no final dos anos 80, seguido de um rápido fechamento de centenas de incineradores hospitalares desatualizados, mudanças na gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da introdução no mercado de empresas com incineradores comerciais no estado da arte. As mudanças ocorridas resultaram na redução de incineradores utilizados para os resíduos clínicos para 700 operando no início dos anos 90. Em 2003, a maior parte dos RSS perigosos era tratada por incineração em aproximadamente 37 incineradores, alguns dos quais estavam localizados em hospitais, sendo a maioria operada comercialmente por empresas privadas. Estas unidades tiveram que adicionar novos equipamentos tecnológicos para atender os novos critérios de incineração. Entretanto, na visão de Wyatt (2003)38 nenhuma das unidades existentes do SNS deveria investir em modernização e os incineradores do setor privado deveriam também fechar. Finalmente, em 2007 o número foi reduzido para 28 incineradores comerciais operados a altas temperaturas. 39 37 William K. Townend, Christopher Cheeseman, Jen Edgar, & Terry Tudor, 2009, “Factors driving the development of healthcare waste management in the United Kingdom over the past 60 years”, Journal Waste Management & Research, disponível em: « http://wmr.sagepub.com/cgi/content/abstract/27/4/362». 38 SMD.SA,2003, “Membership doubles in 12 months”, Journal News & Views”, disponível em: «http://www.smdsa.com/files/newsletters/27Issue%204.pdf». 39 Terry L. Tudor, William K. Townend, Christopher R. Cheeseman & Jen E. Edgar, 2009, “An overview of arisings and large-scale treatment technologies for healthcare waste in the United Kingdom”, Journal Waste Management & Research, disponível em: «http://wmr.sagepub.com/cgi/content/abstract/27/4/374». Página 38 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil A disposição de RSS em Incineradores de RSU também foi praticada no Reino Unido. Os RSS poderiam ser dispostos em incineradores de RSU após terem sido desinfectados. A Agência Ambiental (Agência Ambiental para a Inglaterra e para o País de Gales, 2003) emitiu uma orientação técnica sobre o licenciamento da gestão de resíduos para as instalações de gestão de RSS perigosos, também para permitir o tratamento dos RSS perigosos em unidades municipais de incineração. Além da incineração, tecnologias alternativas de tratamento (tratamento com calor e químico) também são praticadas no Reino Unido. A Tabela 7 no Anexo III relaciona os tipos e localização de 20 unidades alternativas de tratamento no Reino Unido e a Tabela 8 descreve as categorias de RSS que podem ser tratadas utilizando tecnologias alternativas de tratamento no Reino Unido. É importante notar que no Reino Unido os resíduos infecciosos foram banidos do aterro, embora possam ser pré-tratados (por exemplo, através de um tratamento alternativo) para se tornarem não infecciosos e adequados para o aterro. Alguns tipos de resíduos de serviços de saúde podem ser diretamente dispostos no aterro (por exemplo, resíduos não infecciosos com odores desagradáveis e utilizados em higiene). Outro aspecto importante da gestão dos RSS no Reino Unido é a segregação em diferentes categorias na fonte. Em Londres, no início dos anos 80, isto não ocorria e mostrou ser difícil de ser implementado. Mesmo em 1997, muitas instalações de saúde não eram capazes de segregar seus RSS de maneira suficiente. Comprovou-se que isso era devido à falta de treinamento e competência do pessoal dos hospitais. Em 2006, a Comissão de Concorrência (2006) relatou que o Departamento de Saúde estimou que aproximadamente 40% dos RSS perigosos segregados consistiam tipicamente de resíduos sólidos urbanos (jornais, embalagem de alimentos, etc.). 40 Entretanto, o Reino Unido tenta desenvolver as atuais práticas de segregação e atender às exigências legais dos Regulamentos sobre Resíduos Perigosos. De acordo com os Regulamentos sobre Resíduos Perigosos de 2005, misturar diferentes tipos de resíduos perigosos e misturar resíduos perigosos com os não perigosos é proibido. Isto significa que resíduos clínicos tais como das Farmácias requerem pelo menos dois containers, um para resíduos “citotóxicos e citostáticos” e outro para resíduos “não citotóxicos e não citostáticos”. Existem outros deveres que recaem sobre o consignador de produtos perigosos aplicados pelos Regulamentos de Transporte (promulgados pelo HSE) para garantir apropriada: classificação e identificação; embalagem; marcação; rotulação; e documentação. Além disso, o documento do Departamento de Saúde HTM 07-01 identifica a correta segregação dos resíduos clínicos e as opções para a sustentabilidade do tratamento/disposição. Isto garante que os resíduos sejam corretamente segregados e a rota da disposição final seja correta. Para tal fim, a codificação dos resíduos clínicos através de cores é utilizada na maioria das instalações de saúde. (Um resumo das cores atribuídas no HTM 07-01 é apresentado na Tabela 9, Anexo III). 40 William K. Townend, Christopher Cheeseman, Jen Edgar, & Terry Tudor, 2009, “Factors driving the development of healthcare waste management in the United Kingdom over the past 60 years”, Journal Waste Management & Research, disponível em: « http: //wmr. sagepub. com/cgi/content/abstract/27/4/362». Página 39 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Deve-se notar que as normas de desempenho na gestão dos resíduos de serviços de saúde na Inglaterra se aplicam principalmente na segregação e no armazenamento de resíduos. Box 3.7: Reino Unido Os RSS foram banidos dos aterros A incineração in loco tem sido significativamente reduzida desde 1990 Os RSS são tratados em incineradores centrais de RSS a altas temperaturas A disposição dos RSS desinfectados em incineradores de RSU também é praticada. Tecnologias alternativas à incineração são utilizadas para o pré-tratamento dos RSS antes de sua disposição final. A correta segregação e disposição dos resíduos médicos são altamente enfatizadas. Existe um sistema de código por cores. Página 40 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 4 Observações conclusivas com base nos perfis dos países Com base nos perfis dos países apresentados, nesta seção são feitas algumas observações conclusivas e todo o quadro será composto. A Tabela 5 resume as principais conclusões nos perfis dos países. Tabela 5: Principais conclusões nos perfis dos países PAÍS EUA Principais questões Nos EUA, a gestão in loco de RSS é a prática mais comum. A incineração de RSS foi limitada e novas tecnologias alternativas à incineração estão ganhando reconhecimento - Minimização e eliminação da geração de resíduos médicos têm alta prioridade. Apenas resíduos médicos esterilizados ou incinerados são enviados aos aterros. Existe um problema crescente com os RSS produzidos nas residências que são normalmente dispostos junto com o lixo doméstico comum – esta tendência deve ser seriamente levada em consideração, especialmente nas cidades grandes emergentes dos países em transição. Portugal não mais incinera RSS. As tecnologias alternativas à incineração estão ganhando apoio. Os RSS são tratados em instalações de tratamento centralizadas. 80% dos RSS são tratados em duas grandes autoclaves nacionais. Portugal tem enfatizado a aplicação de um sistema melhor de segregação e minimização no setor de RSS. A segregação na fonte enfrenta problemas devido à falta de informação e à utilização inadequada de equipamentos de proteção individual – treinamento e educação do pessoal é fundamental para a implementação bem sucedida da Gestão dos RSS. A tendência atual na Itália é o pré-tratamento dos RSS em instalações de desinfecção (esterilização) in loco e posterior incineração em Incineradores de RSU. A co-incineração com outros resíduos requer um sistema de alimentação separado se os resíduos não forem esterilizados. PORTUGAL ITÁLIA Página 41 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil A segregação, reciclagem, reuso e minimização dos RSS estão se tornando prioridade na Itália, mas ainda não desempenham o papel necessário. A prática de incineração in loco foi abandonada Os RSS são tratados em unidades centrais de combustão (Incineradores de Resíduos Especiais, Incineradores de RSU & Incineradores de Resíduos Industriais), mas no caso de incineradores de RSU, tratamento prévio com esterilização ou desinfecção e separação da carga são necessários A tecnologia de desinfecção é também utilizada especialmente para o prétratamento dos resíduos antes da incineração A Alemanha enfatiza a combinação de instalações descentralizadas e centralizadas para o tratamento final dos Resíduos de Serviços de Saúde A maior parte dos RSS é tratada com vapor em instalações in loco e então disposta como lixo doméstico ou incinerada. Os RSS Perigosos são tratados em incineradores específicos e em um número pequeno de incineradores municipais de resíduos com mudanças adequadas em seu projeto de alimentação. As tecnologias alternativas à incineração também são utilizadas. A Lei do Ciclo Fechado de Substâncias e da Gestão de Resíduos na Alemanha tem o objetivo de assegurar a completa redução e recuperação de resíduos incluindo os resíduos perigosos. A Áustria foi um dos primeiros países da UE a utilizar instalações centralizadas para tratamento de RSS Os RSS Perigosos são incinerados em Incineradores para Resíduos Perigosos A política de gestão dos RSS enfatiza a minimização dos RSS gerados no setor de Saúde da Áustria Os programas de reciclagem dentro das Instalações de Saúde lograram um aumento de 3 a 3,5 vezes dos resíduos recicláveis na década 1992-2002 Programas de treinamento contribuíram para a melhoria das práticas de segregação nas instalações de saúde e para a redução dos resíduos gerados que requerem um manuseio especial. Os RSS foram banidos dos aterros A incineração in loco tem sido significativamente reduzida desde 1990 Os RSS são tratados em incineradores centrais de RSS a altas temperaturas A disposição dos RSS desinfectados em incineradores de RSU também é FRANÇA ALEMANHA ÁUSTRIA Reino Unido Página 42 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil praticada. Tecnologias alternativas à incineração são utilizadas para o pré-tratamento dos RSS antes de sua disposição final. A correta segregação e disposição dos resíduos médicos são altamente enfatizadas. Existe um sistema de código por cores. Em resumo, ficou claro que a disposição em aterros de RSS não tratados é uma prática proibida por lei em todos os países analisados. Deve-se mencionar que esta prática é proibida mesmo em aterros sanitários apropriados, e não apenas em lixões. Isto se deve aos grandes riscos impostos pelos RSS não tratados tanto aos trabalhadores dos aterros e às suas famílias quanto ao ecossistema, especialmente aos corpos d´água. É óbvio que a política e os regulamentos são os principais motivadores da modernização e da eficiência da gestão dos RSS. Em seguida, a partir da Tabela 5, as seguintes observações podem ser feitas. 1. A segregação em diferentes fluxos é a principal tendência global para os RSS e é amplamente reconhecida e promovida pelos novos regulamentos. Isto se deve a três razões: • • • A segregação bem feita está de acordo com a hierarquia dos resíduos, que é mais ou menos reconhecida como um princípio orientador na gestão de resíduos, juntamente com sua viabilidade econômica. A segregação apropriada ajuda na redução e na reciclagem dos resíduos, que são as opções mais preferidas, e assim contribui para uma melhor gestão de recursos. A segregação apropriada gera menos riscos na gestão dos RSS. A segregação apropriada reduz o custo do tratamento dos RSS porque reduz substancialmente o volume de resíduos tratados. A principal barreira para uma segregação bem implementada é a falta de treinamento, educação e supervisão. 2. O tratamento in loco através de incineração está diminuindo rapidamente e tende a ser eliminado em muitos países uma vez que é considerado mais caro e menos efetivo no tratamento dos RSS. As tecnologias alternativas como esterilização e desinfecção são preferidas para tratamento in loco e externo porque produzem níveis aceitáveis de tratamento e de redução de risco a um custo menor. A esterilização, em especial, é facilmente adaptada devido à sua capacidade de preparar os resíduos tratados seja para incineração ou para disposição apropriada no aterro. 3. Especialmente na Europa, a incineração centralizada dos RSS é realizada em instalações de incineração específicas para resíduos médicos ou para Resíduos Perigosos. Deve-se notar que a incineração de resíduos não tratados na UE pode ser apenas realizada em Incineradores específicos para Resíduos Perigosos ou Clínicos. Embora alguns países utilizem Incineradores de Resíduos Urbanos para RSS, isto é apenas efetivo quando os RSS são pré-tratados com esterilização ou com outras técnicas devido aos problemas que serão explicados no próximo capítulo. Página 43 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil 4. O treinamento e a educação do pessoal envolvido é essencial para o sucesso da implementação de programas de gestão de RSS efetivos, em todos os níveis de administração das instalações médicas e de saúde. 5. Existe um problema crescente com os RSS produzidos nas residências que são normalmente dispostos junto com o lixo doméstico comum – esta tendência deve ser seriamente levada em consideração, especialmente nas grandes cidades emergentes dos países em transição. 5 Sobre o uso de Incineradores de RSU para a gestão de RSS Existe uma questão com relação ao uso de Incineradores de Resíduos Sólidos Urbanos (IRSU) para o tratamento de RSS. Nesta seção, esta questão será desenvolvida e discutida, sendo tiradas algumas conclusões. Como já mencionado, uma grande parte dos RSS é considerada como Resíduos Perigosos e, portanto, na Europa, prefere-se tratá-la em instalações especiais para Resíduos Perigosos. Isto também é observado como boa prática na diretiva sobre Controle Integrado da Poluição e da Redução. Obviamente, como já apresentado, existem casos onde os RSS são direcionados para o IRSU, mas: • Isto é apenas para resíduos pré-tratados, utilizando esterilização ou outras técnicas • Isto demanda projeto e arranjos operacionais específicos na IRSU com relação à alimentação dos resíduos, à porcentagem global dos RSS alimentados, à temperatura da incineração e à manutenção da câmara do incinerador. Para iniciar uma discussão mais detalhada, é preciso desenvolver a questão e analisar: • • • • • As diferenças entre as unidades de IRSU e de Incineração de Resíduos Perigosos Os fatores que afetam a co-incineração de RSS e RSU As implicações para o IRSU no caso da co-incineração de RSS As práticas adotadas em certos países Os impactos no mercado de RSS 5.1 Incineradores de Resíduos Sólidos Urbanos Os incineradores com fornalha de grelha são, de longe, a tecnologia mais comum para a incineração dos RSU. Eles realizam a assim chamada queima de massa que requer pré-processamento mínimo (tais como redução, fragmentação, etc.) e que ocorre em instalações com tamanhos variados (de 50 até mais de 2.000 toneladas de resíduos por dia), normalmente com alimentação contínua. Os fluxos de resíduos que recebem não são sempre muito consistentes. Como indicado pelo nome, os incineradores de fornalha com grelha consistem de uma fornalha onde os resíduos são queimados sobre uma grelha. 41 Os incineradores de resíduos urbanos normalmente operam à 8500C e, devido à natureza da operação, demandam ar secundário bem direcionado para garantir uma combustão eficiente dos resíduos. Os gases da exaustão, após serem passados através de uma caldeira para a recuperação de 41 Disponível em: http://www.ejnet.org/dioxin/eur18717en.pdf Página 44 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil energia, são normalmente passados, após condicionamento com água, para um precipitador eletrostático para a remoção de partículas suspensas que normalmente carregam matéria orgânica residual absorvida e adsorvida. Em alguns casos, é realizada a injeção de cal seco antes do precipitador eletrostático para neutralizar os componentes ácidos, e algumas vezes é utilizado o friccionamento do gás úmido antes do precipitador eletrostático para reduzir as emissões ácidas e outras emissões a níveis menores de contaminantes. Fornos rotativos foram e são algumas vezes utilizados para a incineração de resíduos urbanos, mas são muito menos comuns que os do tipo fundo móvel de fornalha. 42 5.2 Incineradores de Resíduos Perigosos Unidades de resíduos perigosos tratam principalmente os resíduos perigosos de fontes industriais, incluindo indústrias químicas e farmacêuticas, de tinta, fábricas de alimentos e operações de processamento de metal. Os resíduos perigosos são tratados quase que exclusivamente pela incineração. A incineração deve ser aqui entendida como um elemento com logística abrangente para o tratamento daqueles resíduos que, devido à sua natureza perniciosa, devem ser manejados em separado dos resíduos urbanos. Os resíduos perigosos são os resíduos que requerem supervisão especial, que, por sua natureza, condição ou quantidade, impõem um risco particular à saúde, ao ar e/ou à água, ou que são particularmente explosivos, ou que podem conter ou produzir patógenos de doenças transmissíveis. Uma vez que os resíduos perigosos são gerados, na sua maior parte, na produção industrial, especialmente na indústria química, também são chamados de resíduos industriais. Os resíduos que vão para incineração são normalmente uma mistura de vários tipos de resíduos que podem ser diferentes na composição e estar presentes na forma sólida, semilíquida ou líquida. Sua descrição química é diferente da descrição dos resíduos urbanos. Uma vez que os resíduos perigosos têm várias consistências, o forno rotativo é amplamente utilizado como um processo de incineração universalmente aplicável. Apenas em casos excepcionais, os resíduos perigosos são incinerados em uma câmara de combustão convencional, em uma fornalha do tipo amortecedor ou em outro sistema de incineração. O forno rotativo opera de acordo com o princípio do fluxo paralelo, onde o material a ser incinerado e o gás de combustão são transportados na mesma direção, do lado frio para o lado quente. Com temperaturas de combustão entre 800 e 1200oC, o tempo de residência dos sólidos no forno rotativo é de até 1 hora, enquanto que para os gases de combustão, é de apenas alguns poucos segundos. O resíduo gasoso produzido durante o processo de combustão é alimentado em uma câmara pós-incineração, onde a temperatura mínima entre 850 e 1200oC é mantida para um tempo de residência de pelo menos 2 segundos. 43 Fornos de cimento são particularmente apropriados para a disposição de produtos farmacêuticos vencidos, resíduos químicos, óleo usado, pneus, etc. Durante a incineração, a matéria-prima do cimento alcança temperaturas de 1450oC, enquanto que os gases de combustão alcançam temperaturas de até 2000oC. O tempo de residência do gás a estas altas temperaturas é de vários segundos. Nestas condições, todos os componentes dos resíduos orgânicos são efetivamente desintegrados. Alguns produtos da combustão potencialmente perigosos ou tóxicos são absorvidos no produto da escória do cimento ou são removidos no equipamento de troca de calor. 42 Basel Convention, 1997, Technical Guidelines on Incineration on land” disponível em: http://www.basel.int/meetings/sbc/ workdoc/old%20docs /tech-d10.pdf 43 Mr. Bernt Johnke, “Emissions From Waste Incineration”, disponível em: http://www.ipccnggip.iges.or.jp/public/gp/bgp/5_3_Waste_Incineration.pdf Página 45 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Em vários países, não existem incineradores de alta temperatura, com duas câmaras, projetados para trabalhar com compostos halogenados em mais de 1%. Tais incineradores atendem a normas de controle de emissão rigorosas, tais como aquelas publicadas pela União Européia. 5.3 Fatores que afetam a co-incineração de RSS no IRSU 5.3.1 Conteúdo de PVC e de Cloro O conteúdo de plástico e cloro no fluxo de RSS é considerado um parâmetro crucial para o projeto e operação de uma unidade de incineração quando não é feita segregação na fonte. Isto se deve ao fato de que uma crescente quantidade de cloro nos resíduos incinerados tem sido acusada da chuva ácida e das emissões de dioxina/furano. Embora o PVC seja apenas um dos contribuintes de cloro, o PVC foi acusado de ser a principal causa destas emissões, aumentando os custos com reagentes e com a disposição do pó. É fato que o plástico é amplamente utilizado no setor de saúde. Por exemplo, 85.000 toneladas de PVC são utilizadas por dispositivos médicos na UE. As duas principais áreas de aplicação do PVC são os containers flexíveis e a tubulação médica: isto é, bolsas de urina, bolsas de ostomia, bolsas de sangue, etc., e diferentes tipos de tubo para cateteres, etc. O extensivo uso de plástico no setor de saúde resultou em um conteúdo crescente de PVC e cloro nos RSS gerados, que correspondem ao dobro do conteúdo de PVC e cloro presente nos RSU. Um incinerador no qual compostos orgânicos halogenados são incinerados requer ar enriquecido com oxigênio para produzir produtos adequados de combustão. Os produtos da combustão potencialmente incluem oxigênio não reagido e compostos orgânicos halogenados que podem reagir com o oxigênio para produzir furanos e dioxinas halogenadas. A formação dos furanos e dioxinas halogenadas é minimizada com um bico de gás, queimando um combustível contendo hidrogênio a uma estequiometria rica em combustível. As dioxinas são altamente tóxicas e devem ser adequadamente controladas para minimizar as emissões. O gás resultante do processo de combustão deve ser elevado a uma temperatura de 850oC por pelo menos 2 segundos na câmara de combustão, para que as dioxinas geradas a partir da incineração de RSU sejam completamente destruídas. Entretanto, as dioxinas podem ser formadas novamente no sistema de recuperação de energia em quantidade de traço quando a temperatura cai para a faixa de 400oC a 200oC. Para minimizar esta nova formação de dioxinas, o gás de combustão é resfriado rapidamente para menos de 200oC. Os tubos da caldeira devem ser limpos regularmente para evitar a formação de cinza suspensa que pode servir como um catalizador para a nova formação de dioxinas. De acordo com a Diretiva da UE, resíduos que contenham mais de 1% de compostos orgânicos halogenados devem ser incinerados a uma temperatura de pelo menos 1100oC, com um tempo de residência de 2 segundos. As dioxinas também foram detectadas em concentrações significativas na cinza suspensa e de fundo dos incineradores de RSS. Hagenmaier e seus colegas na Alemanha relataram que os níveis de dioxina e furano na cinza suspensa coletada de incineradores de resíduos médicos podem ser duas vezes maiores que os níveis encontrados na cinza suspensa em incineradores de resíduos urbanos44,45. 44 Dr. Paul Connett, Medical Waste Incineration: A Mismatch Between Problem and Solution Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd48/mismatch.pdf Página 46 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Em setembro de 1994, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA) publicou um relatório preliminar46 que analisava as fontes conhecidas de dioxina nos EUA, e concluiu que a incineração de resíduos médicos era a maior fonte identificada: 5100 gramas de um total geral de 9300 de equivalentes tóxicos de dioxina por ano. Duas explicações foram dadas sobre o porquê dos incineradores de resíduos médicos produzirem mais dioxinas e furanos, por tonelada de resíduo queimado, do que os incineradores de resíduos urbanos. A primeira sugestão é que os resíduos médicos contêm mais plástico por volume (aproximadamente 30% versus 7%) que os resíduos urbanos, e a maior parte do plástico é clorada (por exemplo, PVC). A segunda sugestão é que quando as comparações foram feitas, os incineradores de resíduos urbanos eram equipados com controle de poluição atmosférica muito mais avançado do que os incineradores de resíduos médicos. É possível que ambas as explicações sejam corretas. Entretanto, aqueles que enfatizam a primeira explicação advogam a remoção do PVC e de outros plásticos clorados do hospital. Na Áustria, estabeleceu-se que os hospitais não deveriam utilizar PVC de modo algum47. Na Índia, a Autoridade de Controle da Poluição está considerando exigir dos hospitais que desejam instalar incineradores remover o PVC antes da queima. 48 Notou-se que quando resíduos altamente clorados são destruídos, o potencial para a corrosão da caldeira em sistemas de recuperação de energia é alto. O mecanismo de corrosão envolve a interação de óxidos sulfúricos com cloretos nos depósitos para gerar HCl e cloro na superfície do metal. Cloretos de metal também podem contribuir para a formação de substâncias eutéticas de baixa temperatura de fusão. 49 Em 1999, medições de grandes quantidades de emissão de PCDD/PCDF foram realizadas em dois incineradores hospitalares (Hospital S. João (HSJ) e Hospital S. Antonio (HSA)) no Porto. Naquele momento, ambos os hospitais eram equipados com incineradores com controle de ar com dois estágios de combustão. As emissões resultantes da operação destas duas unidades estavam claramente acima dos limites da UE: as emissões no HSA eram 10 a 60 vezes maiores que o limite, e das emissões do HSJ.50 O mais avançado controle de poluição utilizado para limitar as emissões de dioxina dos incineradores compreende da injeção de carbono ativado e pasta fluída de cal (hidróxido de cálcio) nos gases de combustão emergentes da fornalha ou do trocador de calor, coletando o particulado resultante em um 45 Hagenmaier. H., M. Kraft. H. Brunner and R. Haag (1987). Catalytic Effects of Fly Ash from Waste Incineration Facilities on the Formation and Decomposition of PCDDs and PCDFs Env. Sci. Tech., 21, 1080-1084. (cited in reference 32 ) 46 US EPA (1994). Estimating Exposure to Dioxin-Like Compounds, Volumes I, II and III. Review Draft. EPA/600/688/OO5C a,b,c. (cited in reference 32 ) 47 Green (author or publication?) (1995). PVC in Hospitals, Use, Risks and Alternatives in the Health Care Sector, Vienna (cited in reference 32 ). 48 Chaturvedi B., and R. Agarwal. Personal communication. In a letter dated June 11, 1996, I was informed that based on discussions at the "Peer and core group Standards Committee" of the Central Pollution Control Board, "there is a strong likelihood that PVC will not be incinerated, but shredded and either autoclaved or chemically disinfected." SRISHTI 1001, Antariksh Bhawan 22, Kasturba Gandhi Marg, New Delhi, India 10001(cited in reference 32 ). 49 Krause H.H., 1986, High temperature Corrosion problem in Waste Incineration System”, Disponível em: http://www.springerlink.com /content/v75276pl5k178725/ 50 M. Coutinho, M. Pereira, R. Rodrigues, C. Borrego , 2005,“Impact of medical waste incineration in the atmospheric PCDD/F levels of Porto, Portugal” Disponível em: http://infolib.hua.edu.vn/Fulltext/ChuyenDe2009/CD295/51.pdf Página 47 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil filtro de pano (algumas vezes chamado de coletor de poeira). Isto é algumas vezes seguido de um sistema de friccionamento úmido antes de liberar os gases no meio ambiente. No caso de incineradores muito grandes operando em áreas onde os óxidos de nitrogênio representam um problema (grandes cidades e aquelas que têm problema de inversão), pode ser necessário um sistema caro de de-NOx. Isto significa que se os RSS forem alimentados em unidades de incineração de RSU, tais unidades devem possuir tecnologias de controle da poluição mais avançadas. Portanto, pode-se concluir que no caso de RSS rico em plástico ser incinerado, isto significa (em comparação com um IRSU clássico): • • • • Mais produção de dioxinas e furanos que são substâncias extremamente perigosas Necessidade de melhor manutenção e melhores medidas anticorrosão para proteger a câmara dos produtos corrosivos da incineração do plástico Maiores temperaturas de operação para garantir que as dioxinas e os furanos sejam removidos Melhor equipamento antipoluição 5.3.2 Produtos Químicos & Farmacêuticos A incineração de resíduos químicos e farmacêuticos requer altas temperaturas quando não é feita a segregação na unidade de saúde, havendo casos em que o fluxo misturado de RSS inclui quantidades de produtos químicos e/ou farmacêuticos. Os resíduos devem ser incinerados em incineradores específicos para resíduos perigosos, a altas temperaturas acima de 1100oC, e com sistemas de limpeza adequados. O tratamento dos resíduos sólidos farmacêuticos tem grande importância porque eles possuem propriedades relacionadas com a segurança que são: – Corrosiva (solventes e ácidos utilizados na preparação de alguns medicamentos) – Inflamáveis (a maioria dos medicamentos contém álcool, destilados, extratos, etc.) – Reativa (ácidos orgânicos utilizados como componente na preparação de alguns analgésicos e xaropes) – Inflamável (a maioria dos solventes utilizados na preparação de medicamentos) Incineradores modernos pirolíticos com câmara dupla são adequados, desde que uma temperatura de 1200oC com um tempo mínimo de residência do gás de 2 segundos ou 1000oC com um tempo mínimo de residência do gás de 5 segundos seja alcançado na segunda câmara. O incinerador deve ser equipado com equipamento de limpeza de gases. 51 5.3.3 Conteúdo de Água RSS específicos contêm alto conteúdo de água, tal como sangue, que reduz o valor calórico do resíduo. Grandes quantidades de fluídos e grandes objetos úmidos serão queimados lentamente e 51 Safe management of wastes from health care activities. WHO: 1999. Available from: http://www.who.int/cytotoxic waste management. Página 48 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil produzirão temperaturas relativamente baixas. Combustível adicional pode ser necessário para queimar grandes quantidades de resíduos úmidos. Portanto, os RSS normalmente requerem longos períodos de incineração para garantir uma queima completa e uma qualidade ótima dos resíduos. 5.3.4 Outros Resíduos que contêm mercúrio (por exemplo, resíduos de amálgama de dentistas), assim como resíduos radioativos e resíduos que contêm quantidades significativas de metais pesados, não podem ser incinerados. 5.4 Implicações para o IRSU no caso da co-incineração de RSS As seguintes implicações devem ser consideradas quando o IRSU incinerará RSS. 5.4.1 Sistema de manejo Com relação à co-incineração dos RSS com os resíduos urbanos, os resíduos infecciosos de saúde devem ser diretamente alimentados na fornalha sem antes serem misturados com outras categorias de resíduos e sem manuseio direto. Estes resíduos devem ser entregues, armazenados e transportados até a instalação em containers apropriados e de tal modo que cumpram com a orientação nacional sobre o manejo e transporte de resíduos infecciosos de saúde. O armazenamento intermediário de resíduos infecciosos de saúde pode ser realizado pelo menor período de tempo possível. Deve ser considerado o uso de armazenamento refrigerado. Em alguns casos, quando for necessário que os resíduos clínicos sejam armazenados por mais de 48 horas, os resíduos podem ser mantidos em áreas de armazenamento refrigeradas com uma temperatura máxima restrita (por exemplo, +10oC). Isto significa que locais adequados de armazenamento devem ser projetados e construídos próximo ao incinerador de resíduos urbanos para atender às necessidades de armazenamento dos RSS. Mais especificamente, o seguinte deve ser utilizado: • Containers exclusivos e o fornecimento de instalações de lavagem/desinfecção • Containers combustíveis vedados e robustos, por exemplo, para materiais perfurocortantes e com risco biológico • Sistemas de carregamento automático de fornalha, por exemplo, monta-cargas exclusivo de caixas • Áreas segregadas de armazenamento e transferência • Armazenamento refrigerado ou freezer, se necessário. Além disso, um plano de manejo de derramamentos deve ser desenvolvido para a instalação de incineração para lidar adequadamente com os derramamentos e outros despejos que possam vir a ocorrer in loco devido ao armazenamento e ao tratamento dos RSS. O plano de manejo de derramamentos deve incluir, pelo menos, as seguintes informações: • • • Procedimentos de monitoramento e relatório para todos os possíveis derramamentos de RSS; Identificação de todos os equipamentos e conteúdos da instalação; Uma descrição dos riscos dos RSS que podem estar envolvidos em derramamentos potenciais; Página 49 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • • • • • Procedimentos de fechamento emergencial; A indicação da cadeia de comando durante um incidente de derramamento; Lista de contatos de emergência com números de telefone; Especificação dos equipamentos disponíveis para procedimentos de contenção e limpeza; e Opções disponíveis para a disposição final dos materiais envolvidos em um derramamento. A infraestrutura acima mencionada aumentará os custos de um incinerador de resíduos urbanos típico, se for adicionado o fluxo de RSS. 5.4.2 Temperatura maior necessária Como indicado pelas atuais boas práticas, RSS não tratados devem ser incinerados em temperaturas certamente superiores a 1000oC ou mesmo acima de 1200oC. Isto significa um aumento da temperatura média do incinerador de 150-350 graus Celsius, o que definitivamente aumentará os custos de um IRSU típico que é operado a aproximadamente 850 oC. 5.4.3 Sistemas antipoluição melhores Como anteriormente explicado, devido à alta porcentagem de plásticos e PVC nos RSS, prevê-se um aumento da participação de dioxinas e furanos na corrente do ar de exaustão. Esta é a razão pela qual alguns países têm aplicado um certo limite à carga de RSS no caso destes serem co-incinerados com os RSU. Um exemplo típico é a França onde a porcentagem de resíduos clínicos que pode ser tratada em incineração combinada não pode exceder 10% em carga térmica. 5.4.4 Maiores taxas de corrosão A grande presença de PVC e cloro nos RSS cria condições corrosivas dentro da câmara de incineração, aumentando também os custos de manutenção desta, o que já foi mencionado. 5.5 Práticas adotadas em países da UE A maioria dos países da UE utiliza incineradores de Alta Temperatura exclusivos para RSS, sendo isto reconhecido como a atual Boa Prática para sua gestão. Como já foi mencionado, a prática da co-incineração de RSS e RSU é adotada principalmente na Itália e na França. Em muito poucos casos, práticas de co-incineração são adotadas na Alemanha e na Dinamarca. Deve-se mencionar que em todos os casos o pré-tratamento dos RSS é absolutamente necessário e exigido pela legislação concernente, tanto por questões práticas de manuseio quanto por questões ambientais. 5.6 Impactos no mercado de RSS De acordo com experiências européias, os seguintes impactos nos mercados de RSS devem ser considerados no caso da co-incineração de RSS em IRSU. Página 50 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • • • • • • • Segregação intensiva dos RSS, especialmente dos plásticos e de PVC, para reduzir o potencial de emissões de dioxinas e furanos, assim como o potencial corrosivo dos RSS. O pré-tratamento dos RSS deve ser realizado como uma regra padrão antes de sua coincineração – devem ser elaborados regulamentos concernentes. Esta é a razão pela qual normalmente a co-incineração demanda longas viagens dos RSS, que devem ser realizadas segundo as regras aplicadas aos Resíduos Perigosos. No caso do pré-tratamento ser legalmente exigido (que é o caso nos países da UE), os mercados de esterilização e desinfecção não são limitados, e sim intensificados. Não existe nenhum caso na UE onde a co-incineração seja feita sem tratamento prévio dos RSS. Deve ser mencionado que a co-incineração é uma solução que trabalha apenas com custos operacionais maiores do IRSU – neste caso, a competitividade do IRSU é reduzida e as taxas de admissão dos RSS aumentam consideravelmente. A co-incineração é uma solução apropriada quando já existe um IRSU – não faz sentido discutir a co-incineração como plano futuro porque as incertezas relacionadas com a efetiva implantação do IRSU são muito grandes. Finalmente, existem alguns casos onde a co-incineração de RSS e RSU cria reações sociais inesperadas que vieram a cancelar esforços similares ou mesmo interromper os procedimentos de incineração. Página 51 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil ANEXO I: Visão Geral da legislação da UE sobre Gestão de RSS A legislação e os antecedentes legais da gestão dos resíduos de serviços de saúde na UE foram formados através de Diretivas e regulamentos da UE relacionados com a gestão de resíduos, em especial os perigosos. Praticamente quase toda a legislação ambiental para os países dentro da União Européia (UE) é decidida pela UE, sendo que depois que uma Diretiva da UE é aprovada ela deve ser implementada através da legislação nacional dos Estados-Membros. Os resíduos clínicos são caracterizados como uma categoria especial no Catálogo Europeu de Resíduos e sua gestão, tratamento e disposição são determinados através de regulamentos gerais apresentados no Esquema 1. Página 52 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Esquema 1: Legislação & Antecedentes Legais da gestão de resíduos na Europa Nova Diretiva sobre a Estrutura dos Resíduos Diretiva sobre a Estrutura dos Resíduos (2008/98/EC) (2006/98/EC) (abolindo 2006/12/EC, 75/442/EEC, 91/689/EC) (antiga 75/442/EEC) Diretiva sobre Resíduos Perigosos 91/689/EC com Dec. 2000/532/EC EWC Regulamento sobre Expedição de Resíduos Reg. EC/1013/2006 (antiga EEC 259/93) Estrutura / Fundamentos dos Resíduos & disposições gerais Especificação das operações de tratamento de resíduos Diretiva sobre Aterros Sanitários Diretiva sobre Incineração de Resíduos 1999/31/EC com Dec. 2003/33/EC 2000/76/EC Diretiva sobre PCIP 2008/1/EC (antiga 96/61/EC) Resíduos Especiais Lodo de Esgotos Dir. 86/278 Pilhas & Baterias Dir. 2006/66 Embalagens & Resíduos de Embalagem Dir. 94/62 PCIs Dir. 96/59 Veículos em Final de Uso Dir. 2000/53 Óleo Usado Dir. 75/439 Resíduos de Mineração Dir. 2006/21 Restrição de certas substâncias perigosas Dir. 2002/95 Equip. Eletroeletrôni cos usados Dir. 2002/96 Página 53 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Diretiva do Conselho 2006/12/EC antiga 75/442/EEC “sobre resíduos” • • • • • • • • Diz respeito a todos os resíduos, exceto: resíduos radioativos; resíduos resultantes da extração e prospecção de recursos minerais; resíduos agrícolas não perigosos; esgotos – com exceção de resíduos na forma líquida; explosivos desativados; Determina uma hierarquia da gestão de resíduos: (1) redução, (2) reuso e reciclagem, (3) recuperação da energia; Obriga as autoridades competentes dos Estados-Membros a elaborar e implementar planos de gestão de resíduos; Recomenda o estabelecimento de uma rede integrada de instalações de disposição de resíduos, levando em consideração a melhor tecnologia disponível e o uso dos princípios da autossuficiência e da proximidade; Introduz os requisitos das licenças para o processamento e disposição dos resíduos; Torna necessário manter um registro que compreenda o tipo de resíduo, quantidade, origem, destino, frequência da coleta, modo de transporte e métodos de tratamento; De acordo com o princípio do “poluidor-pagador”, o custo da disposição dos resíduos deve ser arcado por aquele que os detém; Obriga os Estados-Membros a relatar periodicamente para a Comissão as medidas adotadas para implementar a Diretiva. Diretiva do Conselho 91/689/EEC “sobre resíduos perigosos” • • • • Refere-se diretamente à Diretiva 75/442/EC sobre resíduos; Diz respeito aos resíduos listados em uma especificação formulada pela Decisão do Conselho Europeu 94/904/EC de 22 de dezembro de 1994, estabelecendo a lista de resíduos perigosos e de quaisquer outros resíduos que, de acordo com o Estado-Membro, exibam quaisquer das propriedades definidas na Diretiva como sendo perigosas; Obriga as autoridades competentes dos Estados-Membros a preparar, implementar e tornar publicamente disponível os planos de gestão de resíduos perigosos; Obriga os Estados-Membros a estabelecer arranjos legais para garantir que: Detentores de resíduos perigosos não misturem diferentes categorias destes resíduos, Detentores de resíduos perigosos mantenham registros dos mesmos, Os resíduos perigosos sendo transportados sejam acompanhados por declarações, cujas cópias serão devolvidas para o produtor como confirmação de que os resíduos foram adequadamente dispostos. Diretiva do Conselho 2008/98/EC A Diretiva 2008/98/EC sobre resíduos, adotada em novembro de 2008, prevê uma nova abordagem à gestão de resíduos baseada na prevenção dos impactos adversos da geração e gestão de resíduos na saúde humana e no meio ambiente, objetivando limitar a produção de resíduos, assim como encorajar o uso de resíduos como um recurso através da reciclagem e da recuperação. A Diretiva cria uma hierarquia de resíduos e coloca questões complexas no atual processo de transposição. Ela tem o objetivo de melhorar a redução de resíduos introduzindo programas de redução como um instrumento da política para os Estados-Membros. A reciclagem e a recuperação de resíduos estão sendo promovidas por metas, critérios de coleta seletiva e de eficiência energética. O princípio da responsabilidade do produtor foi ampliado e os Estados-Membros terão que encontrar meios de transpor Página 54 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil este princípio, levando em consideração suas estruturas administrativas nacionais e o papel desempenhado pelos municípios. Espera-se que novas definições de subprodutos derivados, fim-dos-resíduos (end-of-waste), reciclagem e recuperação – parcialmente enriquecendo a jurisprudência do Tribunal de Justiça Europeu – assim como uma maior ênfase nos planos de gestão de resíduos, venham a promover uma melhor implementação da legislação da gestão de resíduos. A Diretiva tem que ser implementada até dezembro de 2010. O objetivo da conferência é de reunir os interessados dos Estados-Membros, da Comissão Européia, do Parlamento Europeu, do Tribunal de Justiça Europeu, advogados e acadêmicos para analisar as inovações da diretiva e organizar uma plataforma européia para a discussão de um modelo para a sua transposição nos Estados-Membros e a implementação de estratégias. Diretiva do Conselho 1999/31/EC “sobre aterros de resíduos” A Diretiva objetiva prevenir ou reduzir os efeitos adversos dos aterros de resíduos no meio ambiente, em particular nas águas superficiais e subterrâneas, no solo, ar e na saúde humana. Além disso, a diretiva introduz a proibição do aterro de líquidos, produtos inflamáveis, corrosivos, oxidantes, explosivos e resíduos dos serviços de saúde ou de pneus inteiros; ela também não permite a mistura e codisposição dos resíduos listados com outros tipos de resíduos. Diretivas sobre a Incineração de Resíduos O setor da incineração de resíduos tem sido objeto de amplas exigências legais a níveis regional, nacional e Europeu, por vários anos. Além das exigências da Diretiva PCIP, o setor da incineração (e associados) também é objeto das exigências de legislação específica. No presente, as seguintes diretivas da UE estão em vigor para as unidades de incineração de resíduos: • 89/369/EEC para novas unidades de incineração de resíduos urbanos • 89/429/EEC para unidades existentes de incineração de resíduos urbanos • 94/67/EC para a incineração de resíduos perigosos (incluindo co-incineração) • 2000/76/EC para a incineração de resíduos (incluindo co-incineração) • Regulamento (CE) No. 1774/2002 do Parlamento e do Conselho Europeus de 3 de outubro de 2002, definindo regras de saúde relativas aos subprodutos animais não destinados ao consumo humano. Deve-se notar que a Diretiva 2000/76/EC progressivamente abole as três primeiras diretivas. Esta diretiva determina as exigências mínimas com relação às emissões permitidas, monitoramente e certas condições operacionais. O escopo da 2000/76/EC é amplo (certas exclusões estão especificamente listadas no Artigo 2) e não apresenta um limite de capacidade inferior. Com relação às condições de operação, a Diretiva contém obrigações para: Página 55 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil • Garantir que a temperatura medida por 2 segundos próximo à parede interna da câmara de combustão não seja inferior a 850oC e 1100oC se resíduos perigosos contendo mais de 1% de compostos orgânicos halogenados forem incinerados; • Equipar cada linha da unidade de incineração com pelo menos um bico de gás auxiliar; • As unidades de incineração devem ser operadas de modo a alcançar um nível de incineração tal que o conteúdo de Carbono Orgânico Total (COT) de cinzas de escória e de fundo seja inferior a 3% ou que sua perda de ignição seja inferior a 5% do peso seco do material; • O operador da unidade de incineração de resíduos deve medir continuamente: • NOx, CO, poeira total, COT, HCl, HF, SO2; A temperatura próxima da parede interna da câmara de combustão e o gás de exaustão; Pelo menos duas medições por dia de metais pesados, dioxinas e furanos; Os resíduos infecciosos de saúde devem ser diretamente alimentados na fornalha sem antes serem misturados com outras categorias de resíduos e sem manuseio direto. Página 56 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil ANEXO II: Categorias de Resíduos de Serviços de Saúde Classificação da OMS De acordo com a OMS (Gestão Segura de Resíduos das Atividades de Saúde, OMS, 1999), o termo “resíduos especiais dos serviços de saúde” resume diferentes tipos de resíduos: Infecciosos: Materiais descartados de atividades de saúde com humanos ou animais que têm o potencial de transmitir agentes infecciosos para os humanos. Estes resíduos incluem materiais ou equipamentos descartados de diagnósticos, tratamentos e prevenção de doenças, avaliação ou para fins de identificação das condições de saúde, que tiveram contato com sangue e seus derivados, tecidos, fluídos de tecidos ou excrementos ou com resíduos de áreas isoladas de infectologia. Tais resíduos incluem, mas não estão limitados a, culturas e colônias; tecidos; bandagens, algodões e outros itens encharcados com sangue; agulhas de seringas; bisturis; fraldas; bolsas de sangue. Materiais de incontinência de enfermarias domésticas, tratamento domiciliar ou de estabelecimentos especializados de saúde que não tratam rotineiramente de doenças infecciosas (por exemplo, clínicas psiquiátricas) são uma exceção a esta definição e não são considerados resíduos infecciosos de serviços de saúde. Objetos perfurocortantes (agulhas de seringas, bisturis, conjuntos de infusão, facas, lâminas, vidro quebrado), sejam ou não contaminados, devem ser considerados como um subgrupo dos resíduos infecciosos dos serviços de saúde. Anatômicos: Consistem de partes do corpo reconhecíveis. Farmacêuticos: Consistem de ou contêm produtos farmacêuticos, incluindo: medicamentos com prazo de validade vencido ou não mais necessários; containers e/ou embalagens, itens contaminados por ou contendo produtos farmacêuticos (garrafas, caixas). Genotóxicos: Consistem de ou contém substâncias com propriedades genotóxicas, incluindo medicamentos citotóxicos e antineoplásicos; substâncias químicas genotóxicas. Químicos: Consistem de ou contém substâncias químicas, incluindo: produtos químicos laboratoriais; revelador de filmes; desinfetantes com prazo de validade vencido ou não mais necessários; solventes, produtos de limpeza e outros. Metais Pesados: Consistem de materiais e equipamentos com metais pesados e derivados, incluindo: pilhas, termômetros, manômetros. Containers pressurizados: Página 57 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Consistem de containers cheios ou vazios com líquidos, gases ou materiais pulverizados sob pressão, incluindo containers de gás e latas de aerosol. Materiais radioativos: Incluem: líquidos não utilizados de radioterapia ou pesquisa de laboratório; objetos de vidro, embalagens ou papel absorvente contaminados; urina e excrementos de pacientes tratados ou testados com radionuclídeos não lacrados; fontes lacradas. Classificação da UE De acordo com o Catálogo Europeu de Resíduos (CER) (Dir. 2000/532/EC) que diz respeito à lista de 20 categorias de resíduos, os Resíduos de Serviços de Saúde estão sumarizados no capítulo 18. A tabela a seguir mostra os códigos dos resíduos de serviços de saúde que se supõem sejam perigosos. Código CER Descrição dos resíduos 18 01 xx Resíduos de cuidados com recém-nascidos, diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças em humanos 18 01 01 Objetos perfurocortantes exceto 18 01 03 * 18 01 02 Partes do corpo e órgãos incluindo bolsas de sangue e sangue conservado (exceto 18 01 03*) 18 01 03* Resíduos cuja coleta e disposição estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções 18 01 04 Resíduos cuja coleta e disposição não estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções, por exemplo, bandagens, emplastros, roupas de cama, roupas descartáveis 18 01 06* Produtos químicos compostos de substâncias perigosas 18 01 07 Produtos químicos que não os mencionados em 18 01 06* 18 01 08* Medicamentos citotóxicos e citostáticos 18 01 09 Medicamentos que não os mencionados em 18 01 08* 18 01 10* Resíduos de amálgama de tratamento dentário 18 012xx Resíduos de pesquisa, diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças envolvendo animais 18 02 01 Objetos perfurocortantes exceto 18 01 02 * 18 01 02* Resíduos cuja coleta e disposição estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções 18 01 03 Resíduos cuja coleta e disposição não estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções 18 01 05* Produtos químicos compostos de substâncias perigosas 18 01 06 Produtos químicos que não os mencionados em 18 01 05* 18 01 07* Medicamentos citotóxicos e citostáticos 18 01 08 Medicamentos que não os mencionados em 18 01 07* *Registros da lista de resíduos perigosos Página 58 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil ANEXO III: Detalhes de Interesse Página 59 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 6: Levantamento do número de incineradores e do status dos planos estaduais em 2004 [USA EPA] Região da EPA Estado Connecticut (Deve assumir a delegação do plano federal) (aplica-se o plano federal) Região I 0 Massachusetts (aplica-se o plano federal) 0 X Rhode Island 0 X Vermont 0 New York Puerto Rico Virgin Islands (aplica-se o plano federal) Declaração Negativa Apresentada X 2 Instalações Hospitalares New Jersey (aplica-se o plano federal) Região III Plano Estadual Aprovado 1 Instalações de Pesquisa Maine (aplica-se o plano federal) New Hampshire Região II Incineradores de Resíduos Médicos Minuta ou Documento Final do Plano Estadual em Revisão 1 Instalação de Pesquisa 2 Instalações Hospitalares 4 Instalações Hospitalares 1 Instalação de Gestão de Resíduos 0 X X X X 3 Instalações Hospitalares Distrito de Columbia 0 X Delaware 0- X Maryland 2 Instalações de Pesquisa X Página 60 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Região da EPA Estado Incineradores de Resíduos Médicos Minuta ou Documento Final do Plano Estadual em Revisão Plano Estadual Aprovado Declaração Negativa Apresentada 5 Instalações Hospitalares 3 Instalações de Gestão de Resíduos Pennsylvania Virginia (aplica-se o plano federal) West Virginia Alabama Florida Região IV 3 Instalações de Pesquisa 1 Instalação de Gestão de Resíduos X 0 X 14 Instalações Hospitalares Kentucky 0 Mississippi 0 Tennessee (aplica-se o plano federal) Illinois Região V Indiana X X X 1 Instalação de Pesquisa X 2 Instalações de Gestão de Resíduos 0 X 1 Hospital X 11 Instalações Hospitalares 1 Instalação de Gestão de Resíduos 6 Instalações Hospitalares X X 2 Instalações de Gestão de Resíduos 0 South Carolina (aplica-se o plano federal) X 2 Hospitais Georgia North Carolina (aplica-se o plano federal) X 5 Instalações Hospitalares X X Página 61 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Incineradores de Resíduos Médicos Minuta ou Documento Final do Plano Estadual em Revisão Michigan (aplica-se o plano federal) 1 Instalação de Gestão de Resíduos X Minnesota (aplica-se o plano federal) 1 Instalação de Gestão de Resíduos X Região da EPA Estado Ohio (aplica-se o plano federal) Região VI 1 Instalação de Gestão de Resíduos Wisconsin (aplica-se o plano federal) 1 Instalação Hospitalar Arkansas (aplica-se o plano federal) 0 Louisiana 0 New Mexico 0 Oklahoma 0 Texas (aplica-se o plano federal) Iowa Kansas Região VII Região VIII 7 Instalações Hospitalares 1 Instalação de Pesquisa 2 Instalações de Gestão de Resíduos 2 Instalações Hospitalares 1 Instalação Hospitalar 1 Instalação de Gestão de Resíduos Plano Estadual Aprovado Declaração Negativa Apresentada X X X X X X X Missouri 0 X Nebraska 0 X Colorado 0 X Página 62 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Região da EPA Estado Montana Incineradores de Resíduos Médicos Minuta ou Documento Final do Plano Estadual em Revisão Plano Estadual Aprovado 1 Instalação de Pesquisa X North Dakota 1 Instalação de Gestão de Resíduos X South Dakota 0 X 1 Instalação de Gestão de Resíduos X 1 Instalação Hospitalar X 0 X Utah Wyoming Arizona California (aplica-se o plano federal) Hawaii (aplica-se o plano federal) Declaração Negativa Apresentada 3 Instalações Hospitalares 1 Instalação Hospitalar Região IX Região X Nevada 0 American Samoa (aplica-se o plano federal) 0 Guam (aplica-se o plano federal) 1 Instalação Hospitalar Alaska (aplica-se o plano federal) 1 Instalação Hospitalar Idaho 0 Oregon 0 Washington (aplica-se o plano federal) X X X 1 Instalação de Pesquisa Página 63 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 7: Número de Unidades de Tecnologia Alternativa nos EUA [Jane Rubenstein 1997, Fonte de Dados: Associação de Indústrias Ambientais] Tipo Número de instalações Autoclave 931 Tratamento Químico 173 Tratamento Térmico com Vapor Quente 92 Radiação Eletrotérmica 5 Microondas 254 Novas Tecnologias 61 TOTAL 1516 Tabela 8: Categorias de resíduos clínicos em Portugal de acordo com o documento legal Ordem No. 242/96 (13 de agosto de 1996) Grupo Tipo Caracterização I Similar aos resíduos urbanos, não sujeito a tratamento especial II Não sujeito a exigências especiais no seu tratamento, portanto pode ser classificado como similar aos resíduos urbanos III Consiste de resíduos contaminados ou potencialmente contaminados IV Resíduos não perigosos Resíduos Perigosos Consiste de vários tipos de resíduos que devem ser incinerados Página 64 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 9: Classificação de resíduos de acordo com o Catálogo de Resíduos LAGA - Alemanha52 Grupo A Definição Resíduos que não requerem qualquer tratamento especial ou monitoramente do ponto de vista ambiental e sanitário Categorias de Resíduos Resíduos domiciliares e materiais similares Resíduos comerciais similares a resíduos domiciliares Resíduos de cozinha Resíduos desinfetados do grupo C Grupo B Definição Resíduos que requerem tratamento especial em instalações de saúde para prevenir infecções Categorias de Resíduos Resíduos tais como sangue, secreções e excrementos, roupas, artigos descartáveis incluindo bisturis, cânulas, injeções, etc. Grupo C Definição Resíduos que requerem tratamento especial dentro e fora das instalações de saúde para prevenir infecções (chamados de resíduos infecciosos, transmissíveis ou altamente transmissíveis) Categorias de Resíduos Resíduos que requerem tratamento de acordo com § 10 da Lei Federal sobre Doenças. Este é o caso de resíduos contendo patógenos de doenças que requerem registro/relatório, portando sendo possível a transmissão de doenças (por exemplo, resíduos de laboratórios, infecciosos e de estações de diálise) Grupo D Definição Resíduos que requerem disposição especial da perspectiva da higiene ambiental dentro e fora das instituições de saúde Categorias de Resíduos Resíduos minerais sólidos tais como vidro, cerâmicas com poluentes perigosos tais como resíduos de laboratório, substâncias químicas, produtos e resíduos farmacêuticos incluindo drogas citostáticas e material de desinfecção Resíduos de laboratório de raiox, resíduos contendo chumbo, resíduos não ferrosos como NiCd, baterias e pilhas, óleos minerais e sintéticos, etc. Grupo E Definição Resíduos médicos que requerem tratamento específico devido a razões éticas Categorias de Resíduos Partes do corpo, órgãos e sangue conservado 52 Abfallwirtschaftliches Brabchenkonzept fϋr sachsische Krankenhauser p.10, 1997 Página 65 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Página 66 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 10: Visão Geral das Unidades para Tratamento Térmico de Resíduos Infecciosos, Resíduos de Órgãos e Partes do Corpo de Hospitais e Outros Estabelecimentos de Saúde na Alemanha (2000) Unidades de incineração para resíduos Instalações de incineração de resíduos perigosos incinerando resíduos Instalações especiais para a desinfecção de resíduos infecciosos ou instalações com infecciosos junto a outros resíduos perigosos infecciosos câmaras/unidades especiais para incineração de resíduos infecciosos Augsburg. Resíduos tratados em 1999: Bergkamen Braunschweig, 1.373 toneladas Biebesheim am Rhein, Zwönitz, Bielefeld. Resíduos tratados em 1999: Burghausen, Frießnitz 1.516 toneladas Frankfurt am Main, Capacidade de tratamento: aproximadamente 800 – 1.000 t/a Kiel-Wellsee. Resíduos tratados em 1999: Hamburg, Leipzig Freittal. Resíduos tratados em 1999: 52 toneladas 527 toneladas Herten, Münster. Capacidade de tratamento: aproximadamente 130 t/a Heidelberg. Resíduos tratados em 1999: Krefeld, 400 toneladas (capacidade de tratamento: Leverkusen, 2000 t/a) Ludwigshafen , Marburg, Schwedt/Oder, Wesseling, Dormagen, Schwarzheide, Baar-Ebenhausen, Schöneiche Página 67 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 11: Diretrizes para a disposição de resíduos - Alemanha Categoria de Resíduos Descrição Especificações para o Tratamento AS 18 01 01 Objetos perfurocortantes (exceto 18 01 03) Objetos perfurocortantes como agulhas, seringas, bisturis, etc., devem ser coletados, transportados e dispostos em containers especiais a prova de furos e de quebra, não acessíveis a pessoas não autorizadas AS 18 01 02 Partes do corpo e órgãos incluindo bolsas de sangue e sangue conservado (exceto 18 01 03) Devem ser coletados e tratados em separado e transportados em containers seguros até uma central de coleta. Não é permitido decantar nem separar estes resíduos. AS 18 01 03* Resíduos cuja coleta e disposição estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções Devem ser coletados no local da geração em containers a prova de rasgo e vazamento (embalagem especial para itens perigosos) e transportado até a central de coleta sem decantação ou separação Deve ser colocado um rótulo escrito “risco biológico”. Os containers não devem ser muito grandes para garantir um manuseio seguro. Devem ser incinerados em uma instalação de incineração especial certificada sem compressão ou esmagamento prévio. (CER) Se não houver partes do corpo, órgãos ou patógenos de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET), podem ser sujeitos a desinfecção (com desinfetantes certificados), antes da disposição. AS 18 01 04 Resíduos cuja coleta e disposição não estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções Devem ser coletados no local da geração em containers a prova de rasgo e vazamento e transportados até a central de coleta sem decantação ou separação Os containers não devem ser muito grandes para garantir um manuseio seguro. Página 68 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 12: Localização e tipos de instalações de tratamento alternativo para RSS no Reino Unido em 2007 País Localização Tipo de Tecnologia Inglaterra Rotaclaves duplas Inglaterra Anglia Região central Região central Região central Região central Inglaterra Nordeste Rotaclaves duplas Inglaterra Nordeste Trado Inglaterra Sul Autoclave Inglaterra Sudoeste Autoclave Inglaterra Sul Trado Inglaterra Thames Hidroclave dupla Inglaterra Thames Microondas Inglaterra Thames Autoclave tripla Inglaterra Thames Autoclave Inglaterra Inglaterra Inglaterra Desinfecção química Desinfecção química Trado Rotaclaves duplas Wales Nordeste Trado País de Gales Central Trado Escócia Sudoeste Trado Escócia Sudoeste Trado Escócia Sudoeste Autoclave Irlanda do Norte Nordeste Autoclave Página 69 de 71 Estudo para a Gestão dos Resíduos dos Serviços de Saúde no Brasil Tabela 13: Categorias de RSS adequadas para tratamentos alternativos no Reino Unido CER 18 01 Descrição Resíduos de cuidados com recém-nascidos, diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças em humanos 18 01 03* Resíduos cuja coleta e disposição estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções 18 02 Resíduos de pesquisa, diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças envolvendo animais 18 02 02 Resíduos cuja coleta e disposição estão sujeitas a exigências especiais para prevenir infecções Tabela 14: Código de cores – segregação de resíduos no Reino Unido Cor Resíduos Tratamento / Disposição Resíduos clínicos que requerem disposição através de incineração O tratamento/disposição indicado é a incineração em instalação adequada com permissão ou licença Resíduos citotóxicos e citostáticos O tratamento/disposição exigido é a incineração em instalação adequada com permissão ou licença Resíduos clínicos que podem ser “tratados” O tratamento/disposição indicado é ser “tornado seguro” em instalação adequada com permissão ou licença, normalmente em instalações de tratamento alternativo. Entretanto, estes resíduos também podem ser dispostos através de incineração. Resíduos com odores ofensivos / utilizados em higiene O tratamento/disposição exigido é a disposição em aterro adequado com permissão ou licença Resíduos com odores ofensivos não devem ser compactados em instalações sem licença ou permissão. Resíduos de amálgama Para recuperação. Resíduos domiciliares (urbanos) O tratamento/disposição mínimo exigido é a disposição em aterro adequado com permissão ou licença Os componentes recicláveis devem ser removidos através da segregação. Página 70 de 71