Diuréticos. Quando devo associar
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Diuréticos. Quando devo associar
11/06/2014 DIURÉTICOS QUANDO DEVO ASSOCIAR Curso de Emergências em Cardiologia de Cães e Gatos Valéria Marinho Costa de Oliveira Diuréticos Definição Medicamentos que aumentam a diurese, diminuindo a quantidade de água no corpo Utilizados para controle de excesso de líquido corporal em condições como Insuficiência cardíaca hepática Algumas nefropatias Cirrose Insuficiência cardíaca conceito • Síndrome provocada por disfunção sistólica (diminuição na contratilidade) ou diastólica (enchimento ventricular inadequado) que causa a queda de ejeção ventricular e dificulta o retorno venoso • O coração é incapaz de bombear sangue em nível adequado para suprir as demandas metabólicas tissulares, resultando em congestão, remodelamento cardíaco e, em última instância, manifestações clínicas ↓DC e CONGESTÃO 1 11/06/2014 Cardiopatias e suas manifestações • Nem toda a alteração anatômica cardíaca e funcional leva ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca • Nem em todos os casos é necessário intervir • Manifestações clínicas podem ser comuns a outras doenças Insuficiência cardíaca congestiva ↓ PS arterial efetiva vasoconstricção periférica ⇧ Estimulação adrenérgica ↑RVP (pós carga) ativação SRAA Angiotensina II ↓DC ↑ précarga vasoconstricção renal ↓TFG retenção renal de Na ↓excreçao urinária Na ↑absorção de H2O ↑ pressão hidrostática ↑volume plasmático aldosterona ↑ sede vasopressina ↓ pressão osmótica edema Insuficiência cardíaca congestiva • ICC esquerda • ↑pressão AE congestão de veias pulmonares ↑pressão hidrostática capilarial filtrado >> remoção linfática edema intersticial fluido ultrapassa endotélio alveolar edema alveolar • ICC direita • ↑pressão AD congestão de veias sistêmicas e hipertensão portal ↑pressão hidrostática capilarial filtrado >> remoção linfática ascite efusão pleural e edema de membros 2 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva Manifestações clínicas • Gerais • diminuição da tolerância a exercícios • letargia • comumente, auscultação de sopro sistólico Insuficiência cardíaca congestiva Manifestações clínicas • ICC esquerda: • tosse • taquipnéia, distrição respiratória, ortopnéia • cianose • ↑ murmúrio bronquiobronquiolar a estertores Insuficiência cardíaca congestiva Manifestações clínicas • ICC direita • Ascite: • ↑volume abdominal • Edema subcutâneo • sinal de Godet • cardiogênico: acompanhado sempre por ascite • Efusão pleural: • distrição respiratória, cianose, ↓ murmúrio bronquiobronquiolar, hipofonese de bulhas 3 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva Radiografia • Raio X tórax • Pulmão • Edema cardiogênico • Início: perihilar • Bilateral, simétrico ou assimétrico • Padrão intersticial (cuidado: ~ doenças crônicas de vias aéreas) • interstício-alveolar • alveolar • Aumento do calibre de vasos • Efusão pleural Insuficiência cardíaca congestiva E Ecocardiograma • Aumento atrial esquerdo • Ruptura de corda tendínea • Dilatação das veias pulmonares Insuficiência cardíaca congestiva E Ecocardiograma • Padrão de enchimento pseudonormal ou restritivo • Relação E/TRIV > 2,50 DDCVM > 1,88 CMD Fonte: HOVET- FMVZ-USP 4 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva D Ecocardiograma • aumento atrial direito • Dilatação da veia cava Insuficiência cardíaca classificação • Classificação (ISACHC) • Classe I: assintomático • IA: s/ aumento de câmaras cardíacas • IB: cardiomegalia • Classe II: IC leve a moderada • Sinais de ICC em repouso e atividade física leve • Classe III: IC grave • Sinais óbvios de ICC • IIIA: tratamento em casa • IIIB: necessidade de hospitalização (emergência) Doença cardíaca valvar classificação Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 5 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva TRATAMENTO ↓ PS arterial efetiva vasoconstricção periférica Inotrópicos positivos ⇧ Estimulação adrenérgica ↑RVP (pós carga) ativação SRAA Angiotensina II ↓DC ↑ précarga vasoconstricção renal ↓TFG retenção renal de Na aldosterona ↓excreçao urinária Na ↑ sede ↑absorção de H2O vasopressina DIURÉTICOS ↑ pressão hidrostática ↑volume plasmático ↓ pressão osmótica edema Diuréticos utilizados no controle da ICC • Primeira linha • Diuréticos de alça • Potência alta • Furosemida • Torsemida • Segunda linha • Antagonistas de aldosterona • Potência baixa • Espironolactona • Terceira linha • Tiazídicos • Potência baixa a moderada • Hidroclorotiazida Ca 1 acetazolamida 2 diurético osmótico 3 diuréticos de alça 4 tiazídicos 5 Antag aldosterona 6 11/06/2014 Furosemida • Diurético de alça • Amplo espectro de dose efetiva • Gatos mais sensíveis que cães • Administração oral, SC ou IV • Oral • Início de ação em 60 minutos • Pico de ação: 1 a 2 horas • Tempo de ação: 6 horas • • • • Promove venodilatação Espolia sódio, cloro, cálcio, magnésio e potássio Estimula o SRAA Elevação de níveis plasmáticos de Cr e U Torsemida • Diurético de alça • Efeito antagonista da aldosterona • Diminui processo de fibrose miocárdica • Diminui fenômeno de resistência ao diurético Effects of the loops diuretics furosemide and torsemide on diuresis in dogs and cats Ueki, Matsuoka et al. J Vet Med Sci 65 (10): 1057-63. 2003 • Espolia menos cloro e potássio que furosemida em cães • Estudo em gatos revelou maior excreção de K • Estudo em cães • Intervalo de doses igual, N pequeno • Elevação maior de Cr e U Torsemida • 10 vezes mais potente que a furosemida • Meia-vida mais longa • Início de ação em 60 minutos • Pico de ação: 2 horas em cães e 5-6 horas em gatos • Tempo de ação: 12 horas • Dose: • Um décimo da dose de furosemida via oral 7 11/06/2014 Espironolactona • Liga-se ao receptor de aldosterona por competição • Início de ação lento em cães • Pico de ação em 2 a 3 dias • Duração de efeito por 2 a 3 dias após suspensão do tratamento • Poupa potássio e magnésio • Estimula liberação de renina • Diminui a fração de filtração glomerular a curto prazo • Cuidado em IR aguda ou descompensada • Dose: 1-2 mg/kg sid a bid vo Hidroclorotiazida • Produzem pequeno a moderado aumento no volume urinário e na excreção de Na (cerca de 1/3 dos diuréticos de alça) • Ineficazes quando o fluxo renal é baixo • Ineficaz em casos avançados de IC grave e IR • Via oral • Início do efeito: 1-2 horas • Pico de efeito: 4 horas • Duração de efeito: 12 horas • Diminui a fração de filtração glomerular • Estimula liberação de renina • Após a introdução de espironolactona • Dose (cães): 0,5–1,0 mg/kg e.d.a. a bid vo Insuficiência cardíaca congestiva Tratamento Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 ? iECA 8 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva aguda • ICCC agudamente descompensada • Edema pulmonar em cardiopata crônico • ICC aguda • Ruptura de corda tendínea • Endocardite • Insuficiência ventricular direita aguda • Embolismo pulmonar • Choque cardiogênico • Disfunção sistólica grave ou regurgitação maciça • Efusão pericárdica aguda • Arritmias graves sustentadas Hipervolêmicos ou normovolêmicos Insuficiência cardíaca congestiva Diuréticos QUANDO • Animal agudamente descompensado • Emergência • Classes C1 e Di • Imediato com hospitalização Quase SEMPRE FUROSEMIDA Insuficiência cardíaca congestiva aguda Hipervolêmicos ou normovolêmicos • C1 (nem sempre hipervolêmico) • Não recebe furosemida • Recebe dose baixa de furosemida em casa • Qual o grau de distrição respiratória e de estertoração • D1 (sempre hipervolêmico) • Recebe doses médias a altas de furosemida • Associado ou não a outros diuréticos 9 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva aguda • Via intravenosa • Início de ação em 5 minutos • Pico de ação em 30 minutos • Tempo de ação de cerca de 2 a 3 horas • Dose • Cães: 1-4 mg/kg cd 1-4 hs in bolus • Ou bolus + infusão contínua: • 0,25-0,5 mg/kg/h com acesso a água (máximo de 12 mg/kg/dia) • ou 0,7-1,0mg/kg/h até no máximo 4 horas • Gatos: 1-4 mg/kg cd 2 a 8 horas (máximo de 6 mg/kg/dia) • Subcutânea • Em emergência, se não for possível acesso venoso • Ou após controle de FR e melhora da estertoração Insuficiência cardíaca aguda congestiva • Quando associar a outros medicamentos na emergência? • Quando não houver rápida resposta • Vasodilatador • Ventilação mecânica • Quando houver regurgitação maciça em animal normovolêmico • Ruptura do corda tendínea, endocardite superaguda • Usar dose baixa • Associar com vasodilatadores • Quando houver choque • Associar a inotrópicos positivos • se arritmia presente, antes controlar a arritmia • Possibilidade de uso de droga vasoativa Insuficiência cardíaca aguda congestiva • Efusão pericárdica + ICC direita • Drenar • Não usar diuréticos • Efusão pericárdica + ICC esquerda • Geralmente secundária à ruptura atrial esquerda • Dose baixa de furosemide • Drenar se possível 10 11/06/2014 Insuficiência cardíaca aguda congestiva • Implicações do tratamento da ICC aguda • Alta dose de diuréticos • ↑ pressão oncótica e ↓ pressão hidrostática nos capilares peritubulares ↑ absorção de Na e água no túbulo proximal • ATIVAÇÃO DO SRAA ↑ de volume no leito venoso ↑da pressão no AD congestão venosa congestão renal ↓TFG Insuficiência cardíaca aguda congestiva • Implicações do tratamento da ICC aguda • Alta dose de diuréticos risco de desidratação hipovolemia baixo DC perfusão glomerular • Vasodilatadores arteriais IV risco de hipotensão e baixa perfusão renal Insuficiência cardíaca congestiva crônica QUANDO • Animal estável • Em casa • C2: compensado • D2: refratário estável ??? 11 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva crônica Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 • estágio C2 pacientes com sintomas clínicos prévios ou atuais de IC ou baixo débito cardíaco + alteração estrutural do coração • Consenso: • iECA • furosemida v.o. se necessário • doses variáveis • restrição de sal moderada, dieta calórica e com alto teor de proteína Insuficiência cardíaca congestiva crônica Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 • estágio C2 • Furosemida via oral • Dose • Cães: 1-4 mg/kg eda a tid (até máximo de 12 mg /kg/dia) • Gatos: 1-4 mg/kg eda a bid Insuficiência cardíaca congestiva crônica Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 • estágio C2 • Sem consenso • maioria dos cardiologistas: • espironolactona • alguns cardiologistas: • hidroclorotiazida • torsemide 12 11/06/2014 Insuficiência cardíaca congestiva crônica Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 • estágio D2 • pacientes com ICC refratários à terapia principal • manifestações de baixo débito são mais evidentes • hipertensão pulmonar, arritmias, ruptura de cordoalha, ruptura atrial, disfunção miocárdica • Consenso: igual a C em maiores doses • iECA • furosemida • na mínima dose possível até 4 mg/Kg TID • substituir uma ou mais doses orais por SC • adicionar diuréticos • espironolactona (2mg/kg bid) • hidroclorotiazida Insuficiência cardíaca congestiva crônica Atkins C, Bonagura J, Ettinger S, Fox P, Gordon S, Haggstrom J, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of canine chronic valvular heart disease. J Vet Intern Med 2009; 23: 1142-1150 estágio D2 pacientes com ICC refratários à terapia principal manifestações de baixo débito são mais evidentes hipertensão pulmonar, arritmias, ruptura de cordoalha, ruptura atrial, disfunção miocárdica • Sem consenso • espironolactona em doses inferiores a 2 mg/Kg • subsituição de uma ou mais doses de furosemida por torsemida 13 11/06/2014 Cuidados • Hidratação • Função renal • Eletrólitos • Pressão arterial sistêmica Antes de associar ou subir a dose Otimizar terapia para ICC iECA Inotrópico positivo Vasodilatadores arteriais Anti-arritmicos In memorian Obrigada val. [email protected] 14
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