O Burnout e estratégias de coping nos docentes do Instituto Piaget
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O Burnout e estratégias de coping nos docentes do Instituto Piaget
O BURNOUT E AS ESTRATÉGIAS DE COPING DOS DOCENTES DO INSTITUTO PIAGET Alicia Lamia, Ana Santos, Ana Júlia Clara, Cláudia Mendes, Eugénia Oliveira, Francisco, Inácio, Mª. José Teixeira, Nadine Vaz, Patrícia Cunha, Patrícia Tenreiro, Rute Oliveira, Sandra Silva, Solange Coutinho, Sónia Costa, & Susana Lucas. Instituto Superior de Estudos Interculturais e transdisciplinares/ Viseu Instituto Piaget-Portuga Uma das áreas de grande impacto na psicologia da saúde tem sido sem dúvida o burnout, a sua relação com a saúde e a doença, qualidade de vida e prestação de serviço na área do ensino. Com esta investigação pretendeu-se avaliar os níveis de burnout, verificar o papel e o tipo de relação das estratégias de coping utilizadas pelos docentes do Instituto Piaget de Viseu. O síndrome de burnout é considerado como uma resposta ao stress profissional prolongado e crónico, que pode ocorrer quando as capacidades ou competências de resiliência e as estratégias de coping (mecanismos para lidar com situações difíceis) utilizadas pelo sujeito, se revelam inadequadas ou insuficientes. A amostra é constituída pelos docentes do Instituto Piaget de Viseu (I.S.E.I.T., E.S.E. e Escola de Saúde) de ambos os sexos. O protocolo de avaliação é composto por três partes: dados sócio-demográficos (estado civil, género, idade, anos de profissão, área de leccionamento, modalidades de contrato, número de alunos, carga horária, local de residência e meio de transporte), a Escala Toulousiana de Coping (Tap, Sordès-Arder e Esparbès, 1993) e o Inventário de “Burnout” de Maslach (1997). Palavras-chave: burnout, coping, estratégias, docentes, ensino superior 1. INTRODUÇÃO Stress Nos dias de hoje, todos temos consciência do stress. Não há pessoa ou média que não invoque, justifique ou até reconheça o seu interesse. O stress faz parte da vida do ser humano e quando as capacidades pessoais não são as mais adequadas para lidar com as novas problemáticas, situações de stress podem ocorrer. Como tal, perante as diferentes situações de vida o indivíduo pode reagir com maiores ou menores níveis de stress. Pode ser entendido como uma reacção do organismo com componentes psicológicas, físicas, mentais e hormonais que surgem quando existe a necessidade de uma adaptação a um determinado acontecimento. Lazarus e Folkman (1984) referem que uma situação é percebida pelo indivíduo como mais ou menos ameaçadora, a partir da avaliação que ele faz dela em função do significado que ela tem para si. Uma vez que as pessoas não são todas iguais, um acontecimento que deixa um indivíduo muito perturbado pode ser indiferente para outro, existindo uma grande variabilidade entre os acontecimentos indutores de stress e a vulnerabilidade. 973 Estratégias de Coping Apesar de inúmeras definições do conceito de coping este deve ser definido como o: “conjunto de esforços cognitivos e comportamentais, em permanente mudança, realizados pelo indivíduo para lidar (dominar, reduzir ou tolerar) com as exigências específicas, internas ou externas, que são avaliadas como (...) ultrapassando os seus recursos” (Lazarus & Folkman, 1984, p.141). Sordès-Ader, Fsian, Esparbès e Tap (1996) descrevem o coping dentro de uma dinâmica de personalização e socialização, permitindo ao sujeito adaptar-se para a resolução do problema, defender-se da gestão das emoções e orientar-se nas suas condutas. As estratégias que estão relacionadas com a resolução do problema, podem custar energia e tempo para se tornarem eficazes, mas podem potencialmente diminuir o valor da ameaça ou, remover de uma vez por todas a fonte de perturbação (Serra, 1999). Por sua vez, as estratégias que estão relacionadas com o controlo emocional apesar de consumirem inicialmente menos energia, a longo prazo podem representar um custo maior como resultado do contínuo desgaste dos recursos de coping (Lovallo, 1997). Burnout A noção de “esgotamento profissional”, hoje mais conhecido por Burnout data da década de 70 e surgiu nos Estados Unidos (Canouï & Mauranges, 2004). Em 1970, Freudenberger, psiquiatra que trabalhava numa unidade de cuidados de saúde, observou que muitos voluntários com os quais trabalhava, apresentavam uma perda emocional gradual, com perda de motivação e empenhamento, sendo este processo acompanhado por uma variedade de sintomas físicos e mentais. Para assinalar este particular estado mental de exaustão, utilizou uma terminologia que era habitualmente usada quando se queriam referir ao efeito crónico de abuso de drogas, “o burnout”. O burnout, também denominado por Stress profissional, é “um estado causado pela utilização excessiva da energia e dos recursos [do indivíduo], o qual provoca [nele] o sentimento de ter fracassado, de estar exausto ou mesmo de estar esgotado” (Freudenberger, 1974, cit. por Canouï & Mauranges, 2004). O Burnout nos Docentes O burnout nos docentes não aparece de uma forma brusca, mas como fase final de um processo contínuo que vai evoluindo e que se identifica com sinais, tais como: a sensação de inadequação ao posto de trabalho, sensação de falta de recursos para encarar a profissão, 974 sentimento de falta de formação necessária, diminuição da capacidade para resolução dos problemas, falta de tempo, entre outras (Jimenez, 2002). Sendo assim, o burnout nos docentes tem sido conceptualizado de forma quase universal (Maslach e col., 1975 cit. por Pinto, Silva & Lima, 2000), como sendo um fenómeno multidimensional, em que interagem três componentes fundamentais e que objectivamente se manifesta da seguinte forma: - Exaustão emocional (EE): situação em que os professores, depois de uma interacção intensiva com os alunos, sentem que afectivamente, já não podem trabalhar com a mesma dedicação e energia que apresentavam no início das suas carreiras, devido ao desgaste das suas energias emocionais resultante do contacto diário com os problemas no ambiente escolar. Esta dimensão manifesta-se através do esgotamento de recursos emocionais próprios, pelo qual o docente sente que não pode dar mais de si a nível emocional. - Despersonalização (DP): ocorre quando os docentes apresentam atitudes negativas como o tratamento depreciativo, cinismo, atitudes frias e distantes e/ou desconexão dos problemas dos estudantes. Estes distanciam-se dos alunos, como se ficassem “entrincheirados” atrás das suas mesas, desarmonizando-os com pressões psicológicas (Schaufeli & Enzmann, 1998; cit. por Jimenez, 2002; Ferenhof & Ferenhof, 2002). - Falta de realização pessoal no trabalho (RP): os professores, desgastados profissionalmente, sentem-se insatisfeitos com o seu trabalho, o que os leva a revelar sentimentos de ineficácia no desenvolvimento do seu trabalho e predispondo-os a sentimentos de profundo desapontamento podendo enfrentar depressão psicológica (Schaufeli & Enzmann, 1998, cit. por Jimenez, 2002; Ferenhof & Ferenhof, 2002). Esta dimensão tende a manifestar-se mais reduzidamente perante estilos de coping activos e de confronto (Pinto e col., 2000). Procurando uma sistematização dos factores do burnout nos docentes, Esteves (1989, 1991, 1992) refere uma dupla dimensão: Factores de 1ª ordem ou de incidência directa sobre a acção do professor: factores que incidem directamente na acção do professor na sala de aula, como: deficientes condições de trabalho e escassez de recursos materiais, mudanças nas relações entre o professor e o aluno, fragmentação do trabalho do professor, problemas de segurança em turmas superlotadas. Factores de 2ª ordem ou contextuais: factores que exercem uma acção indirecta no desempenho do professor, como o aumento das exigências em relação ao professor, a mudança de expectativas em relação ao sistema educativo, a modificação do apoio da sociedade ao sistema educativo, a inibição educativa de outros agentes de socialização, a imagem social do professor, a mudança do conteúdos curriculares, a contestação da função docente, a crença docente de que alunos, pais, administradores escolares e o público em geral se apresentam 975 indiferentes para os professores e para as escolas, o desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola, a relação com os colegas, a ruptura do consenso social sobre a educação (Jesus, 2002; Costa & Moura, 1999). Relativamente, às consequências da situação de burnout, Nóvoa (1991, cit. por Jesus, 2002) refere que estão à vista de todos, nomeadamente, a desmotivação pessoal e os elevados índices de absentismo e de abandono. Para Couty (1981, cit. por Costa & Moura, 1999), essas consequências observam-se nas repetidas licenças por doença, no aumento dos pedidos de aposentação, na solicitação do exercício a tempo parcial, na rejeição da profissão, nas doenças nervosas (Breuse, 1981, cit. por Costa & Moura, 1999) e nos pedidos de mudança da escola (Amiel, 1984, cit. por Costa & Moura, 1999). 2. MÉTODO 2.1. Problemática A problemática desta investigação foi: Qual o nível de burnout dos docentes do Instituto Piaget – Viseu, e quais as estratégias de coping por eles utilizadas? 2.2. Amostra A população desta investigação é constituída por 51 docentes do Instituto Piaget de Viseu, destes 51 professores, 21 (41,2%) são do sexo masculino e 30 (58,8%) são do sexo feminino. Esta amostra é também dividida segundo a variável idade, criando-se assim dois grupos: “os mais novos”, que engloba 44 sujeitos (86,3%), com idades compreendidas entre os 28 e os 44 anos; e os “mais velhos” que engloba 7 sujeitos (13,7%), com idades compreendidas entre os 45 e os 61 anos. No que diz respeito à variável vinculo à instituição, a amostra divide-se em dois grupos: os efectivos, que são 12 sujeitos (23,5%) e os não efectivos, que são 39 sujeitos (76,5%). Em relação à variável número de alunos, a amostra divide-se em três grupos: os que leccionam a um número de alunos compreendido entre 1 e 160 (39 sujeitos que representam 76,5%), os que leccionam a um número de alunos compreendido entre 161 e 323 (7 sujeitos que representam 13,7%), e os que leccionam a um número de alunos compreendido entre 324 e 500 (4 sujeitos que representam 7,8%). Finalmente, no que concerne à variável carga horária, a amostra organiza-se em três grupos: os que têm uma carga horária nada excessiva, que são 29 sujeitos (56,9%), os que têm uma carga horária excessiva, que são 18 sujeitos (35,3%), e os que têm uma carga horária muito excessiva, que são 2 sujeitos (3,9%). 976 2.3. Instrumentos A recolha de dados para a presente investigação foi efectuada com base no consentimento expresso do indivíduo. Na aplicação dos instrumentos foi dito a cada sujeito que os resultados eram confidenciais. Elaborou-se um protocolo de avaliação composto por três partes, um questionário sócio-demográfico e duas escalas: I. Inventário de Burnout de Maslach (1997) composto por 22 itens, que medem três dimensões: - Exaustão emocional: descreve sentimentos de exaustão emocional no trabalho, como a fadiga e a perda de recursos emocionais; - Despersonalização: descreve uma forma insensível e impessoal de relacionamento com os receptores de cuidados ou serviços; isto é, indiferença e atitudes de distancia para com o trabalho que é realizado; - Realização pessoal: descreve sentimentos de competência e de realização pessoal de trabalho, isto é a eficácia percebida no desenvolvimento do trabalho. O estudo das qualidades psicométricas na versão portuguesa do inventário evidenciou valores de consistência interna, α de cronbach, de 0,82 para a escala total. Escala Toulousiana de Coping, de Tap, Sordes-Arder & Esparbés (1993). II. A versão portuguesa foi aferida por Tap e Alves em 2004. É constituída por 54 itens e apresenta cinco tipos de estratégias de coping: retracção emocional e adictividade, controlo, suporte social, conversão- planificação e recusa. Os estudos de validação incidentes na versão portuguesa da escala mostram que esta evidencia valores de consistência interna, α de cronbach, de 0,80 para a escala total. 2.4. Hipóteses A hipótese geral colocada foi: O stress profissional e as estratégias de coping variam consoante as características sócio-demográficas do professor (o género, a idade, o vínculo à instituição, o número de alunos a quem lecciona e a carga horária). Foram colocadas também 5 hipóteses operacionais: Hipótese operacional 1: O género feminino mostra índices superiores de exaustão emocional, recorrendo mais ao suporte social como estratégia de coping, em contra-partida o género masculino apresenta despersonalização socorrendo-se do controlo. 977 Hipótese operacional 2: Os indivíduos mais velhos demonstram uma maior realização pessoal e utilizam a recusa como estratégia, por sua vez, os mais novos têm maiores índices de despersonalização e de suporte social. Hipótese operacional 3: Os sujeitos efectivos na instituição demonstram maiores níveis de exaustão emocional e socorrem-se do controlo, no entanto sujeitos não efectivos demonstram despersonalização apoiando-se na recusa como estratégias. Hipótese operacional 4: Os professores com um maior número de alunos apresentam um índice de exaustão emocional e despersonalização e recorrem ao suporte social. Hipótese operacional 5: Os docentes que detém uma elevada carga horária demonstram exaustão emocional, recorrendo ao suporte social, no entanto os que apresentam uma carga nada excessiva evidenciam despersonalização e conversão/planificação. Por sua vez os que comportam uma carga excessiva valem-se do suporte social. 2.5. Variáveis: Tendo em consideração as explicações teóricas e dados empíricos avançados neste domínio, procedeu-se à realização de uma investigação em que as variáveis independentes são: género, idade, vinculo à instituição, número de alunos a quem lecciona, e carga horária. No que concerne às variáveis dependentes, estas são duas: o burnout que é avaliado segundo três dimensões (exaustão emocional, despersonalização, e realização pessoal), e as estratégias de coping que são cinco (retracção emocional e adictividade, controlo, suporte social, conversão/ planificação e recusa). 2.6. Resultados Para a análise dos dados recorreu-se ao programa SPSS (Statistical Pakage for the Social Sciences) na versão 13.00 para o Windows. Nesta investigação, encontraram-se valores significativos para as variáveis idade e carga horária, respeitantes ao burnout. Foi efectuado uma Anova com a finalidade de verificar se existem diferenças entre a idade e o burnout. Os resultados obtidos (Tabela I) revelam que existe diferenças estatisticamente significativas entre a idade e a dimensão despersonalização [F (1,51) =4,55; p≤0.05]. Os docentes mais novos apresentam níveis de despersonalização mais elevados (m=2,49; dp=1,07) do que os docentes mais velhos (m=1,77; dp=0,84). Isto pode ser explicado pelo facto dos sujeitos mais novos terem, ainda, elevadas expectativas em relação à sua competência e capacidade, pelo que, qualquer obstáculo à sua progressão implica neles um elevado nível de stress que é exteriorizado por uma atitude depreciativa, cínica, fria e distante em relação aos 978 alunos. Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas ente a idade e a exaustão emocional [F (1,51)=1,48; p=0.56]e a realização pessoal [F (1,51)=0,84; p=0.51]. Tabela I – Idade e Burnout Exaustão emocional Despersonalização Realização pessoal Modalidades N Média Mais Novos 39 2,89 Desvio Padrão 0,74 Mais Velhos 12 2,58 0,8 Mais Novos 39 2,49 1,07 Mais Velhos 12 1,77 0,84 Mais Novos 39 2,66 0,8 Mais Velhos 12 8,89 0,58 F 1,48 (ns) 4,55* 0,84 (ns) Nota: * p≤0.05, ns – não significativo No que diz respeito à carga horária, pode-se observar (Tabela II), que existem diferenças significativas entre a dimensão despersonalização [F (1,51)=5,84; p≤0.05]: o grupo dos indivíduos com carga horária excessiva (m=2,62; dp=0,97) apresenta níveis de burnout (despersonalização) mais elevados do que qualquer dos outros grupos com carga horária nada excessiva (m=2,02; dp=1) ou muito excessiva (m=4,2; dp=0,57). Assim, pode-se concluir que o facto de um docente ter que dedicar um elevado número de horas ao ensino vai provocar nele stress, uma vez que se encontra mais tempo exposto às dificuldades da profissão, e tem por consequência, menos tempo disponível para actividades de lazer intra e inter-pessoais. Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas ente a carga horaria e a exaustão emocional [F (2,29) =0,59; p=0.56] e a realização pessoal [F (2,29)=0,68; p=0.51]. 979 Tabela II – Carga horária e Burnout Modalidades N Média Desvio Padrão Nada excessiva Exaustão emocional Excessiva Muito excessiva Nada excessiva Despersonalização Excessiva Muito excessiva Nada excessiva Realização pessoal Excessiva Muito excessiva Nota: * p≤0.05, ns – não significativo 29 2,73 0,72 18 2,93 0,87 2 3,17 0,24 29 2,02 1 18 2,62 0,97 2 4,2 0,57 29 2,64 0,81 18 2,87 0,74 2 2,38 0,18 F 0,59 5,84* 0,68 Relativamente à carga horária e suporte social encontraram-se diferenças estatisticamente significativas [F (2,29) =2,32; p≤0.05]. Os docentes com cara horária excessiva (m=2,97; dp=0,93) apresentam mais necessidade de níveis superiores de suporte social, do que os docentes com carga horária nada excessiva (m=2,71; dp=0,52) e muito excessiva (m=2,86; dp=0,40). O facto do docente ter à sua disposição pouco tempo para actividades que não as de trabalho, vai fazer com que este procure ajuda, conselhos, informações, reconhecimento, alento, e alguém que o escute, como forma de preencher essa falha de suporte social. Tabela III – Carga Horária e Suporte Social N Média Desvio Padrão Nada Excessiva 29 2,71 0,52 Excessiva 18 2,97 0,93 Muito Excessiva 2 2,86 0,40 F 2,32* Nota: * p≤0.05 980 3. CONCLUSÃO O Burnout é um síndrome que afecta todas as classes de trabalhadores, nomeadamente, profissões expostas a grandes níveis de stress, como a docência -facto que foi corroborado nos docentes do Instituto Piaget de Viseu, mas deve ser salientado que o factor determinante é o sentido que o trabalhador dá à sua profissão. A realidade de burnout nos docentes do Piaget varia entre níveis médio (n=31; 60,8%) e alto (n=15; 29,4%). No que diz respeito às variáveis carga horária e idade encontrou-se uma influência significativa sobre o factor despersonalização. Esta dimensão do burnout é caracterizada na docência por: atitudes negativas como o tratamento depreciativo, cinismo, atitudes frias e distantes e/ ou desconexão dos problemas dos estudantes. As pessoas com carga excessiva e as mais novas apresentam um nível mais importante de despersonalização. Os sujeitos mais novos estão, em princípio, ainda a constituir família, ou fizeram-no recentemente; se os docentes têm, pela carga horária, de passar grande parte do seu tempo na instituição a leccionar, o que vai provocar neles um sentimento de frustração, falta de recursos, energia e de tempo. Estes sentimentos, a longo prazo, podem provocar o stress laboral, também denominado burnout. A estratégia de coping utilizada pelos docentes do Instituto Piaget, de forma prioritária é o suporte social (MD=2,82; DP=0,70). A carga horária é a única variável estatisticamente significativa relacionada com o suporte social. Os docentes com carga horária excessiva utilizam mais frequentemente esta estratégia. Parte da hipótese operacional 5 é assim confirmada: os docentes com elevada carga horária recorrem à estratégia de coping “suporte social”. Esta investigação deveria ter sido realizada com um maior número de docentes de forma a representar significativamente todas as modalidades, e assim, poder concluir sobre todas as hipóteses. 981 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Canouï, P. & Mauranges, A. (2004). Le burn out – Le síndrome d’épuisement professionnel des soignants. Paris: Masson. Costa, V., & Moura, L. (1999). (IN)Satisfação Docente. Consultado em 12 de Maio de 2005 através de http://www.cffh.pt/public/elo7/elo_36.htm. Ferenhof, I. & Ferenhof, E. (2002). Burnout em professores. Eccos – Revista Científica – Avaliação e Mudanças. Vol. 1. nº4. pp. 131-151. Jesus, S. (2002). Do mal-estar ao bem-estar docente. Psychologica. nº30. pp. 217-227. Jimenez, B., Hernadez, E., Galvez, M., Gonzalez, J., & Pereira, A. (2002). A avaliação do burnout em professores. Comparação de instrumentos: CBP-R e MBI-ED. Psicologia em Estudo. Vol. 7. nº1. pp. 11-19. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress, Appraisal and coping. Nova Iorque: Springer. Pinto, A., Silva, A., & Lima, M. (2000). Burnout profissional em professores portugueses. Consultado em 8 de Março de 2005 através de http://fsmorente.filos.ucm.es/publicaciones/iberpsicologia/congreso/trab.../marques.htm. Sordes-Ader, F. (1997). Les stratégies de coping chez les adolescents atteints de cancer. Les Cahiers Internationaux de Psychologie Sociale, 33(l), 96-108. Sordes-Ader, F., Fsian, H., Esparbés-Pistre, S., & Tap, P. (1996). Stratégies de coping et désirabilité sociale. Aprendizagem e Desenvolvimento, IV (15/16), 165-173. Vaz Serra, A. (1999). O Stress na Vida de Todos os Dias. Coimbra: Gráfica Editora. 982
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