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E CICLOS I T O R I A L Antonio Ajudarte Lopes Filho Presidente da ABQCT D Ciclos são uma seqüência de fatos que se renova por períodos; essa é uma das definições possíveis, haverá outras por certo, mas não vêm ao caso agora. O que vem ao caso neste momento, e de muita relevância para a ABQCT, é o fato de esta Diretoria estar encerrando o mandato, conforme eleições convocadas para o dia 23/11/04, mandato este que deveria ser de dois anos mas que por motivos perfeitamente justificáveis foi adiado por mais um ano, uma vez que tínhamos em curso o grande desafio de concretizar de forma vitoriosa, como o foi, o XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil, mas assim que cumprimos as metas propostas, achamos por bem convocar imediatamente a eleição. A ABQCT acaba de completar 30 anos de existência que podem ser divididos em dois grandes ciclos: o primeiro, e mais difícil, foi o período compreendido entre 1974 , data da fundação, e 1994, período que se caracterizou por puro idealismo e voluntarismo. Éramos verdadeiros nômades a procura da terra prometida e por conseqüência tivemos muitas dificuldades nas realizações. Podemos dizer que o grande feito desse período foi manter viva a Associação e seus ideais, além de conseguir, a duras penas e muita economia de recursos, comprar a sede própria da ABQCT. O segundo grande ciclo foi o período que considero encerrar-se agora, de 1994 até 2004. Foi um período mais fértil e de importantes realizações; quem puder reler nosso Editorial da revista n° 37 verá que a proposta na época, com a posse de nova Diretoria, era justamente a de mudar alguns conceitos, partindo da aquisição de nossa sede e da profissionalização da gestão, até então voluntária. Na época, nos baseamos no livro Organizações sem Fins Lucrativos, escrito por Peter Drucker, abordando a necessidade de se adotar modelos de gestão mais profissionais. Tomamos as medidas nessa direção e podemos considerar este segundo ciclo muito profícuo e de grandes realizações, graças a essas mudanças. Nos primeiros 20 anos, publicamos 35 números da revista Química Têxtil, muitas vezes com déficit e sem periodicidade adequada. No segundo ciclo de 10 anos, publicamos mais 42 revistas, sendo que a n° 77 está em suas mãos, e outros tantos eventos. Em 1994, Agostinho de Souza Pacheco foi contratado como Gerente Operacional da ABQCT e da revista Química Têxtil, se transformando no ponto de referência diário da ABQCT neste segundo período, demonstrando assim a eficácia da transformação adotada na época. Recentemente, realizamos a eleição para a nova Diretoria, o que confirma o histórico acima, pois, em caráter totalmente inédito em nossa Associação, estivemos com duas chapas de altíssimo nível concorrendo à eleição, fato este que não deixa nenhuma dúvida quanto a consolidação definitiva da ABQCT e por que não dizer a concretização de nossos sonhos. Caros colegas, independente da chapa vencedora, considero que estamos iniciando nosso terceiro ciclo de mudanças que, com certeza, trará uma nova fase de grandes conquistas, mantendo a proporção de crescimento exponencial até agora conquistado. Me despeço como Presidente do período de dez /2001 a dez/ 2004 com a sensação de que fizemos muito, mas também de que poderíamos e podemos fazer muito mais, tal o potencial de nossos profissionais. Entretanto, esse sentimento renova a confiança absoluta na nova Diretoria que virá, que com o mesmo amor e respeito a tudo que a instituição ABQCT representa realizem o melhor par todos nós. Agradeço a todos os membros da Diretoria que, juntamente comigo, se empenharam sempre que solicitados a vencer os desafios propostos. Agradeço também, de forma especial, a todos os anunciantes de nossa revista, empresas estas que vestiram a camisa e entenderam os ideais de que juntos somos mais fortes. Um grande e sincero abraço a todos, desejando sucesso total à nova Diretoria. Me despeço aqui deste tão importante espaço editorial, me desculpando pelos erros cometidos. Um feliz Natal a todos e um próspero Ano Novo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Membro titular FLAQT AATCC Corporate Member site: www.abqct.com.br CORRESPONDÊNCIA DIRETORIA NACIONAL Presidente: Antônio Ajudarte Lopes Filho Vice-Presidente: José Clarindo de Macedo 1º Secretário: Calil Hafez Neto 2º Secretário: Haroldo Castanho Pedro 1º Tesoureiro: Agostinho de Souza Pacheco 2º Tesoureiro: Tiago J. Fonseca Diretor Técnico: Frits V. Herbold Núcleo Santa Catarina Prezada Solange, Acabei de ler o exemplar 76 da Revista Química Têxtil da ABQCT e gostaria de parabenizá-la por sua excelente matéria sobre o XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil. Fiquei muito contente e honrado por ter participado como Conferencista desse evento de tão grande importância para a Química Têxtil; também por rever os amigos profissionais e, naturalmente, pelos novos contatos obtidos. Foi com grata satisfação que conheci você pessoalmente e espero estar presente e colaborar em novos eventos em futuro próximo. Continue com seu ótimo trabalho jornalístico junto à ABQCT! Grande abraço, Kelson dos Santos Araújo Consultoria em Cores e Colorimetria [email protected] ou [email protected] Rio de Janeiro - RJ Caros amigos Ajudarte/Agostinho Parabéns pela bela festa e pela organização.E,muito obrigado pela homenagem que fizeram aos velhos fundadores. Espero que os vencedores façam o melhor para a nossa ABQCT como vocês têm feito. Abraços do velho amigo (amigo velho?) Rey. Reynaldo Madureira Vinhedo -SPaulo SUMÁRIO Editorial .............................................................................................. 3 Coordenador Geral: Carlos Eduardo E. Ferreira Amaral Vice-Coordenador: Clovis Riffel Secretário: Wilson França de Oliveira Filho Tesoureiro: Gilmar Jadir Bressanini Suplente: Lourival Schütz Junior Núcleo Rio de Janeiro Coordenador Geral: Francisco José Fontes Vice-Coordenador: Francisco Romano Pereira Secretário: Ricardo Gomes Fernandes Tesoureiro: Emanuel de Andrade Santana Suplente: Antonio Wilson Coelho Núcleo Rio Grande do Sul Coordenador Geral: Clóvis Franco Eli Vice-Coordenador: Eugênio José Witriw Secretária: Maria Julieta E. Biermann Tesoureiro: José Ariberto Jaeger Suplente: João Alfredo Bloedow CORPO REVISOR A revista Química Têxtil conta com uma equipe técnica para revisar os artigos que são publicados. Os autores devem enviar seus artigos para publicação com pelo menos 3 meses de antecedência. A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Abrão Jorge Abrahão Antônio Ajudarte Lopes Filho Ivonete Oliveira Barcellos Luiz Cláudio R. de Almeida Úrsula Axt Martinelli Vidal Salem IPT Rosset FURB SENAI/CETIQT FURB VS Consultoria ABQCT comemora 30 anos ..................................................................... 5 EXPEDIENTE As aplicações do plasma nos processos têxteis de tingimento e acabamento - 1ª parte (José Cegarra Sanchez) ................................................................................ 10 Aplicações do plasma e do laser nos processos têxteis de fibras sintéticas e suas misturas - 2ª parte (José Cegarra Sanchez) ................................................................................ 29 Degradê de cor em bobinas cruzadas acrílico/algodão 50/50 (Washington Vicente dos Santos) ......................................................... 42 Economia dos processos em solvente (Sperotto Rimar) ............................................................................................. 45 Viscosimetria das fibras de poliéster (J. Gacén, D. Cayuela, M. Tzvetkova) ............................................................. 52 Nanotecnologia ................................................................................. 64 Um caso suíço (Reisky Máquinas) ......................................................................................... 74 Produtos & Serviços ...................................................................... 76 4 Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores. Periodicidade: Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.) e-mail: [email protected] ISSN 0102-8235 Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT, indústrias têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC. Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná. Jornalista Responsável: Solange Menezes (MTb 14.382) e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727 Produção Editorial: Evolução Comunicações Impressão: Ipsis Gráfica Administração e Depto. Comercial: ABQCT C.G.C. 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est. isento Praça Flor de Linho, 44 - Alphaville 06453-000 Barueri SP - Tel. (11) 4195.4931 Fax (11)4191.9774 - e-mail: [email protected] Química Têxtil n° 77/dez.04 Eventos ABQCT comemora 30 anos com eleição inédita Solange Menezes Fotos: Valdir Guerra A ABQCT - Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis está comemorando seu aniversário com um acontecimento inédito: pela primeira vez em 30 anos duas chapas disputaram a eleição à diretoria da associação (a Chapa 1 liderada por Frits Herbold e a Chapa 2 liderada por Evaldo Turqueti). Para Antonio Ajudarte, atual presidente, essa eleição marca o início de um novo ciclo da ABQCT, com sua consolidação. Durante a cerimônia de abertura do evento, Ajudarte lembrou as dificuldades enfrentadas pelos primeiros sócios para manter a entidade funcionando. “Éramos como nômades, usávamos salas emprestadas e estávamos sempre procurando um novo local para ser a sede da ABQCT”, recorda. “Por isso, acho que posso dividir a trajetória da associação em dois ciclos: o primeiro, entre 1974 e 1994, período que se caracterizou por puro idealismo e voluntarismo. O segundo grande ciclo foi de 1994 até 2004, período de profissionalismo e reconhecimento da entidade. Acredito que inicia-se agora um terceiro ciclo, com a nova diretoria, o da consolidação da ABQCT” (veja mais detalhes no Editorial). A ABQCT nasceu da necessidade de se ter uma entidade que congregasse os químicos e técnicos do segmento. Até então não havia intercâmbio técnico ou união entre os químicos têxteis no Brasil, como já acontecia em outros países da América Latina. Com o intuito de Cerimônia de abertura viabilizar essa associação, um grupo de profissionais entre eles Vidal Salem, Gilberto Bretz Pinho, Wilson Camargo, Horácio Ribeiro, Gastão Leônidas Camargo, Luciano Migliaccio, Giovanni Manzo e João Thomaz de Almeida - se reuniu e esboçou a idéia de criar uma associação que congregasse os profissionais da química têxtil. Assim, em 11 de dezembro de 1974, foi fundada a ABQCT e eleita sua primeira diretoria, com a presidência de Wilson Augusto Camargo. O orgulho dos fundadores da ABQCT está também associado ao brilhantismo com que a entidade driblou os períodos de crise econômica do país e conseguiu, não só se manter, como também crescer, junto com várias indústrias do setor. Luciano Migliaccio, sócio de nº 6 da associação, lembra que os anos entre 1975 e 1990 foram muito conturbados para a economia do país. A 5 indústria têxtil sofreu penosamente e os técnicos têxteis foram suas vítimas. “Pessoalmente, tive momentos que me permitiram acompanhar muito de perto a evolução da ABQCT. Em 1975 estava terminando o grande projeto de transferência da Karibé da capital paulista para Santa Isabel, uma cidadezinha a 60 km de São Paulo. Estava, portanto, vivendo um momento de grande realização profissional e a ABQCT fazia parte desse momento mágico de criatividade”, lembra. Atividades não faltaram ao longos destes 30 anos. Como lembra Vidal Salem, ao intenso trabalho da fundação seguiu-se uma grande adesão de novos valores, contribuindo para o desenvolvimento de um ideal. “Fundamos núcleos regionais em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e nesses anos foram proferidas inúmeras palestras e realizados vários simpósios nos diversos núcleos”. Ele ressalta que, na década de 80, durante o congresso da FLAQT - Federação Latino Americana de Químicos Têxteis, na Argentina, a ABQCT tornou a única associação brasileira filiada à Federação. O ponto alto dessa parceria, foi a realização, pela ABQCT, do XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil, em agosto, em São Paulo, com a participação de mais de 600 congressistas. Entre as inúmeras conquistas da ABQCT estão a compra da sede própria, no Centro Comercial de Alphaville, em São Paulo; a publicação da revista Química Têxtil, que já está em sua 77ª edição; e a filiação à AATCC - American Association of Textile Chemists and Colorists, dos Estados Unidos, em 2002. O número de sócios também cresceu e hoje passa de 2200 associados. Só após o Congresso, mais de 90 profissionais se filiaram à entidade, o que ressalta a competência com que a ABQCT realizou o evento. A nova Diretoria O evento que marcou a eleição da nova diretoria da ABQCT contou com a presença de 119 associados votantes de São Paulo e muito entusiasmo de todos os presentes. Evaldo Turqueti, presidente eleito, trouxe até torcida organizada. Evaldo é profissional da indústria têxtil há 25 anos e é gerente de desenvolvimento de qualidade na Santa Constança. “Nós sabemos que é difícil administrar uma entidade do nível da ABQCT, teremos muito trabalho pela frente, mas as pessoas escolhidas para compor a diretoria têm garra e estão dispostas a trabalhar”, diz ele. “Nossos objetivos são agregar conhecimentos entre fornecedores e usuários da química têxtil, promover palestras e cursos técnicos não só no núcleo São Paulo, mas em outras regiões brasileiras, através de videoconferência ou internet”. A nova diretoria pretende também revitalizar os núcleos regionais e criar novos núcleos em outras regiões, além de intensificar o intercâmbio com outras associações da América Latina e com instituições de ensino como Senai/Cetiqt Durante o evento, uma homenagem especial aos sócios mais antigos da ABQCT: srs. Horácio Ribeiro, Reinaldo Madureira, Gastão Leônidas, Vidal Salem e Giovanni Manzo 6 homenagem e reconhecimento pela dedicação à entidade ao longo destes 30 anos. Para Antonio Ajudarte, esse evento foi um fato histórico. “Eu acho que a associação chegou num ponto de consolidação com essa eleição. Significa que todos os sonhos, todos os ideais plantados no início, que imaginávamos como futuro, estão acontecendo. O futuro chegou. Tivemos uma eleição limpa, transparente e a nova diretoria está recebendo uma associação madura e preparada para os novos desafios”. COMPOSIÇÃO DA NOVA DIRETORIA DA ABQCT - SÃO PAULO Evaldo Turqueti, novo presidente da ABQCT Presidente: Evaldo Turqueti Vice-Presidente: Lourival Santos Flor e FEI. Quer ainda consolidar parcerias com outras entidades do segmento têxtil, como ABTT e ABIT. “Esperamos realizar este terceiro ciclo que o Ajudarte falou, com o início de uma nova carreira”, diz Evaldo Turqueti. “Essa diretoria é composta de um pessoal mais jovem, com idéias inovadoras, e queremos acrescentar ao que foi feito pelas diretorias anteriores, que foram muito boas. O fato de termos tanta gente nesse evento mostra o grande prestígio da associação e estamos com bastante garra para começar”. O momento mais emocionante da cerimônia foi a homenagem feita a cinco membros da ABQCT presentes ao evento, representando os sócios mais antigos da associação. Os senhores Horácio Ribeiro, Gastão Leônidas Camargo, Giovanni Manzo, Reinaldo Madureira e Vidal Salem representam a história da ABQCT e tiveram uma justa Esta eleição contou até com torcida uniformizada 8 1° Secretário: Celso de Oliveira 2° Secretário: Alexandre Thim 1° Tesoureiro: Adir Grahl 2° Tesoureiro: André Luis Dechen Diretor Técnico: Rodrigo chrispim Química Têxtil n° 77/dez.04 Tecnologia Processos As aplicações do plasma nos processos têxteis de tingimento e acabamento 1a parte - Fibras naturais Dr. Ing. José Cegarra Sánchez - Prof. Emérito da Universidade Politécnica da Catalunha – Espanha Tradução: Agostinho S. Pacheco – ABQCT Artigo também publicado na Revista da Indústria Têxtil de Barcelona Fazemos uma introdução com respeito aos distintos sistemas de tratamentos com plasma, assim como dos elementos que constituem um dispositivo para produzir o plasma ou outras fontes de energia. São apresentados os diferentes tipos de máquinas existentes no mercado para o tratamento de tecidos de algodão, linho, lã e seda, ou de mechas de lã. A ação do plasma sobre o algodão e a viscose produz uma melhora da hidrofilidade, assim como uma melhora da resistência do urdume nos tecidos de algodão, indicando os resultados obtidos no tingimento com corantes diretos e reativos. Nos tecidos de linho tratados com plasma se observa uma melhora da hidrofilidade. São analisados os resultados obtidos ultimamente sobre a ação do plasma em baixa temperatura sobre a modificação da curva de carga/alongamento e da umectabilidade da fibra de lã, assim como as condições consideradas ótimas para seu tratamento. São apresentados os resultados obtidos em uma planta piloto e em uma instalação industrial para o tratamento da fibra de lã. Deste modo, se analisa a influência do tratamento com plasma sobre o tingimento e acabamento dos tecidos. Ao mesmo tempo são apresentados os últimos resultados obtidos sobre a fibra de seda mediante tratamento com plasma polimerizante, empregando a metilacrilamida e o 2-hidroximetilmetacrilato como monômeros enxertados. 10 Introdução O interesse despertado pela aplicação do plasma ou outras fontes de energia para a modificação da superfície dos materiais têxteis, a fim de lhes conferir novas propriedades não existentes no polímero inicial, já exposto pelo autor em maio de 1998(1), segue vigente e são numerosas as publicações, tanto científicas como de aplicação industrial, que no transcurso destes cinco anos foram surgindo. O plasma é um estado da matéria, muito mais ativado do que os estados sólido, líquido e gasoso. Por isso, o plasma é considerado como o “quarto” estado da matéria. O plasma é constituído por um gás parcialmente ionizado que contém íons, elétrons, radicais e partículas neutras, produzido por um campo eletromagnético em um gás sob uma adequada pressão. O número de elétrons e íons é igual, pelo que o plasma é neutro. A modificação da superfície dos polímeros se produz com um plasma que contém elétrons em uma concentração 16 3 compreendida entre 1015- 10 /mm e kT de 2 eV. Nesses plasmas, seu campo de ação se encontra entre 333105 µm da fonte de emissão, podendo variar quando (2) varia a voltagem desta . Independente do tipo e tamanho do dispositivo empregado, a geração do plasmas requer três ou quatro elementos fundamentais, segundo se trate de utilizar somente o ar ou outros tipos de gases, respectivamente. Tecnologia Processos 1. Uma fonte de energia para a ionização – para isso se emprega a energia elétrica fornecida por dois eletrodos situados na câmara de reação. Se utiliza corrente alternada comercial de uma freqüência de 50-60 Hz (comercial) ou ainda de 10-20 kHzm, de 13,56 MHz ou de 2,45 GHz. A corrente é aplicada pelos dois eletrodos na câmara de reação. 2. Um sistema de geração de vácuo – composto de uma bomba rotativa e uma bomba de óleo, para assegurar a eliminação do gás. 3. Uma câmara de reação – que contenha a matéria a tratar e que possa ter diferentes formas construtivas, dependendo do tipo de matéria a tratar, tecido, nãotecido, mecha ou cabo. Na indústria têxtil, são utilizados dois tipos de câmaras de reação: para o tratamento em contínuo, caso de mechas ou cabos e para o tratamento descontínuo, no caso de tecidos e de nãotecidos. Alguns desses elementos construtivos serão expostos posteriormente. 4. Uma bomba para o fornecimento do gás – os gases empregados costumam ser inorgânicos, tais como o hidrogênio, oxigênio, argônio, helio, cloro; ou orgânicos, tais como o etileno, propileno, metilacrilamida etc. Tipos de tratamento Dependendo da pressão do gás utilizado, são conhecidas duas formas importantes de descarga: 1. Descarga “corona” (DC) – essa é gerada a pressões superiores ou iguais a atmosférica com um campo eletromagnético de alta voltagem (>15 kV) e uma freqüência na faixa de 20-40 kH para a maioria das aplicações atuais. Nesse tipo de descarga são formados ozônio, radicais, elétrons e luz UV. A Figura 1 mostra o esquema de uma célula “corona” (coroa). 2. Descarga “luminescente” (DL) – se denomina “Tratamento por Plas12 Química Têxtil - n° 77/dez.04 ma” quando os gases empregados são inorgânicos, incluindo o ar e o anidrido carbônico, entre estes. Nesse caso, o polímero da matéria têxtil experimenta uma degradação em sua morfologia externa que se manifesta por uma abrasão de sua superfície, perda de peso, a implantação de átomos e a geração de radicais (Tabela 1). Na Tabela 1 se pode apreciar que a perda de peso vem influenciada pela composição e estrutura química, sendo as poliolefinas as que perdem menos peso do que aqueles compostos que têm um átomo de oxigênio em sua molécula. Os tipos de átomos e radicais formados dependem do tipo de gás empregado; empregando ar, oxigênio ou nitrogênio na superfície do polímero aparecem grupos – OH, =CO, -COOH, -SO3, -NH2, -NHCO, os quais modificam as propriedades da superfície do polímero, alterando-a de hidrófoba para hidrófila. A produção de radicais na superfície do polímero mediante os elétrons cria no polímero a capacidade de iniciar a polimerização por enxerto em contato com determinados monômeros. Quando um polímero é submetido à ação do plasma, seu espectro de ressonância do elétron spin (E.S.R.), mostra que se formaram radicais. A formação de radicais no polímero só se produz em sua superfície, se bem que outras fontes de energia podem entrar no interior do polímero. Denomina-se “Polimerização por plasma” quando os gases empregados são orgânicos, tais como etileno, propileno, butileno etc. Mediante o emprego desses gases são produzidos produtos semelhantes a polímeros sobre os substratos têxteis que se encontram na câmara Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos Técnicas empregadas As técnicas empregadas para detectar esses tratamentos com plasma são: · Microscopia eletrônica de varredura (SEM) e Microscopia de força atômica (AFM) para conhecer a morfologia física da superfície do polímero. · Espectrometria eletrônica para análise química (ESCA), para determinar os grupos químicos na superfície do polímero. · Ensaios físicos, tais como carga/alongamento, anti-ruga, umectabilidade, coeficiente de fricção etc.. de reação. O produto se denomina “Polímero de plasma” e sua aparência e estado físico variam segundo as condições do plasma: magnitude da descarga, caudal do gás introduzido e pressão na câmara de reação. A Figura 2 mostra o conjunto de reações que podem ser (3) produzidas na polimerização por plasma . Dado que o tratamento com plasma se efetua somente na superfície mais externa das capas moleculares dos polímeros, os têxteis tratados com plasma conservam suas propriedades de resistência inalteradas, mostrando uma elevada energia superficial e por isso adquirem propriedades hidrofílicas, mesmo se o têxtil original for repelente à água. A maior efetividade dos produtos químicos empregados no acabamento se deve a uma melhor uniformidade na distribuição dos enlaces químicos entre os grupos ativados presentes sobre a superfície do polímero têxtil e os grupos do produto empregado na polimerização por plasma. Por isso, é possível obter acabamentos antiestáticos, antibactérias, resistentes a manchas, retardantes de chamas, com elevada resistência à lavagem e ao uso. A aplicação do plasma nos materiais têxteis foi efetuada pela primeira vez em 1956, por Paul Kassenbeck, no Instituto Têxtil da França, fazendo atuar a descarga “corona” sobre lã e mohair. Desde então, muitos aspectos dessa tecnologia têm sido estudado em diversos países, não decaindo seu interesse atualmente, devido aos avanços produzidos no tratamento das superfícies, no campo elétrico e no conhecimento das tecnologias de vácuo e alta freqüência. Tratamento das matérias têxteis com plasma Nesta exposição nos limitaremos ao tratamento com plasma das matérias têxteis naturais, algodão, linho, lã 14 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos e seda, em suas diferentes formas de apresentação, mechas de fibras, fios, tecidos planos, malhas e nãotecidos. Primeiramente trataremos do equipamento necessário e suas características principais, para depois nos concentrarmos no tratamento dos diferentes tipos de fibras. Equipamentos O tratamento das mechas de lã e possivelmente de algodão costuma ser efetuado em contínuo, tal como mostra a Figura 3, para o caso das mechas de lã. O tratamento de tecidos e nãotecidos costumam ser efetuados em descontínuo, em uma câmara fechada, formada por dois corpos cilíndricos, um deles fixo e outro colocado sobre o primeiro. Existem dois cilindros que atuam de suporte do tecido, permitindo o enrolamento em um deles e posterior passagem para o outro; depois de cada passagem o sentido é invertido (tipo jigger). Além disso, nesse corpo cilíndrico estão situados os eletrodos em passagem múltipla, tal como se pode ver no esquema da Figura 4. No mesmo sistema, estão acoplados os motores que acionam os cilindros de enrolamento e desenrolamento e o sistema basculante do corpo superior, com o qual se fecha a câmara de reação. Toda a aparelhagem elétrica, assim como as bombas de circulação do fluido e a de dosagem dos gases, costumam ser colocadas separadamente. As instalações atuais são usualmente empregadas tanto para o “Tratamento com Plasma”, como para a “Polimerização com Plasma”. Nesses tipos de máquinas podem ser tratadas as fibras naturais, sintéticas e suas misturas. Na Figura 4 apresentamos o esquema de uma máquina MPCh 180 (5) da empresa Floha (Suíça) e na Figura 5, uma vista da (6) mesma máquina . 16 As características técnicas desta máquina estão (6) indicadas na Tabela 2 . Existem outros tipos de máquinas de características algo diferentes, tal como a que foi apresentada por FhG-IFAM (R.F.A.). Ambos os tipos de máquinas também são construídos para cintas de aproximadamente 30 cm., que trabalham a pressão atmosférica, podendo alcançar até velocidades de (7) 400 m/min. . Tabela 2 Gerador de Vácuo · Volume da câmara em m³ · Bomba de injeção · Bomba de vácuo · Pressão de trabalho em Pa · Tempo de passagem · Tempo de evacuação em minutos 11 180 l/s = 648 m3/h 1500 l/s = 5400 m3/h 50 até 70 5 seg. até alguns minutos 10 até 15 Gerador de plasma · Freqüência em KHz · HF – Potencia em kW · Voltagem em V 8 60 até 100 400 até 600 Potencia total necessária em kW Medidas em mm ·Comprimento/Largura/Altura · Peso em kg Água fria necessária em m3/h Largura dos cilindros em mm Largura dos tecidos tratados Velocidade dos tecidos em m/min Tecido na zona de plasma em m 75 até 110 5800/3250/4150 8700 1 até 1,5 1700 1600 0 até 125 9 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos (8) Recentemente , os ensaios efetuados sobre tecidos de algodão de diferentes estruturas tiveram por objetivo verificar se o tratamento com plasma, tanto em nível de laboratório como na instalação industrial, melhora a umectabilidade do algodão sem descrudar e sua influência sobre o tingimento, seja em esgotamento ou nos processos contínuos. Referindose unicamente aos ensaios na instalação industrial Floha como mais interessantes no ponto de vista industrial, os resultados sobre tecido plano e de malha de algodão sem descrudar com plasma de ar, seja em três passagens de 10 segundos cada uma ou em uma passagem de 30 segundos do tecido na zona de plasma, mostram que se obtém uma melhora da hidrofilidade em ambos os casos, em comparação com a obtida no algodão sem tratamento, tal como (6) demonstra a Figura 6 . Em outra série de ensaios foi possível apreciar que o tratamento com plasma do algodão sem descrudar produz tecidos ou malhas de hidrofilidade similar àquelas obtidas com o descrude alcalino com soda cáustica. O emprego de produtos auxiliares pode ser reduzido e em alguns casos eliminados, nos tecidos tratados com plasma, segundo a procedência do algodão e a estrutura do tecido. Celulósicas Algodão (1) Na nossa primeira comunicação já havíamos feito referência ao melhoramento observado na umectabilidade do algodão em cru quando se tratava com um plasma de oxigênio em baixa temperatura, indicando que os estudos efetuados, em nível de laboratório, demonstravam que a hidrofilidade obtida era similar a que se conseguia com o sistema convencional de descrude alcalino. 17 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos Foram efetuados ensaios na máquina industrial MPCh 180 com vários tecidos de peso variável entre 50 até 500 g/m², com velocidade de operação de 15 m/min, com quantidades de tecidos de 100 até 1000 metros. O efeito do tratamento com plasma de ar foi “determinado pelo tempo de penetração, em segundos, de uma gota de água através do tecido”, e os resultados são indicados a seguir, na Tabela 3, para idênticas condi(6) ções de tratamento com plasma . Tabela 3 Tipo de Artigo Tecido plano de algodão (sem tratar) Tecido plano de algodão (tratado com plasma) Malha de algodão (sem tratar) Malha de algodão (tratado com plasma) Tecido de viscose (sem tratar) Tecido de viscose (tratado com plasma) Tempo de penetração em segundos 998 30 90 6 37 20 Outros estudos efetuados sobre tecido plano de algodão cru, desengomado e alvejado industrialmente, tendo por objetivo a melhora da hidrofilidade, a variação do pH e a resistência à ruptura do artigo tratado com plasma em (7) uma instalação piloto , indicam o seguinte: Tal como se pode observar na Figura 7, a hidrofilidade do tecido em cru é muito pior do que do tecido desengomado quando medida durante as três primeiras passagens. Sem dúvida, para um número de passagens superior a três, se produz um rápido aumento da hidrofilidade no tecido cru, alcançando valores muito similares ao do tecido desengomado. 18 Por outro lado, o número de passagens também in(7) flui no pH do extrato aquoso do algodão em cru . Assim, para um pH inicial de 6,6 se obtém um decréscimo gradual do pH conforme se aumenta o número de passagens, alcançando um pH aproximadamente de 5 para a passagem de número 10. Essa diminuição do pH indica uma acidificação do algodão, tanto maior quanto mais intenso for o tratamento com plasma. A acidificação se produz pela presença de grupos carboxílicos, confirmando resultados anteriores dos autores. A resistência à ruptura do tecido em cru foi comparada, antes e depois do tratamento com plasma, observando-se que a resistência aumenta na trama e não no urdume engomado. Isso se explica porque a ação do plasma na trama não engomada produz o surgimento de grupos polares, os quais são responsáveis por um aumento da coesão interfibras, com o correspondente au(7) mento de resistência . Outro dos aspectos a considerar é a influência do pré-tratamento com plasma sobre o tingimento com corantes diretos e reativos. No caso do tingimento por esgotamento com corantes diretos (C.I. Direct Red 80), em baixa temperatura (40°C) e em presença de 2 g/l de sulfato de sódio, não se percebe diferença no esgotamento final entre o algodão cru tratado com plasma e os algodões desengomados ou alvejados sem tratar com plasma, observando-se uma diferença considerável com (7) relação ao algodão em cru sem tratar, Figura 8 . Quando o tingimento é feito a 90°C e 6 g/l de sulfato de sódio, as diferenças são menos aparentes. Em tingimentos a 60°C e em presença de um umectante não iônico, no caso do algodão alvejado, as vantagens do pré-tratamento de plasma do algodão desengomado tinto em ausência de produto auxiliar, em relação com algodão alvejado, não são apreciáveis. Isso significa que, neste caso, o pré- tratamento com plasma equivale à ação do produto auxiliar no tingimento do algodão alvejado. As solidezes à lavagem a 40°C são equivalentes (7) em ambos os casos . É evidente que para confirmar essa tendência seria necessário efetuar tingimentos com Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos outros corantes de cada um dos três grupos nos quais estão classificados esses corantes. Os estudos efetuados sobre tecido de algodão alvejado pré-tratado com plasma e sem tratar, em planta piloto de tingimento em contínuo com o corante reativo C.I. Reactive Blue 114, mediante o método de impregnação em foulard e repouso a frio, nas concentrações de 5, 15 e 30 g/l, mostraram uma maior intensidade no tecido pré-tratado com plasma em comparação com o não tratado. Do mesmo modo, foram obtidos resultados análogos com o C.I. Direct Orange 39 a 5 g/l, aplicado pelo método foulard/vaporização. As solidezes à fricção úmida e seca, assim como a lavagem a 40°C foram si(6) milares em ambos os tipos de materiais . (8) Em um recente estudo foram avaliadas as propriedades tintoriais de um artigo de malha de algodão submetido a um processo de cationização mediante a ação de um plasma polimerizante, sob duas modalidades. A primeira modalidade consistiu em submeter o algodão à ação de um plasma de aminas (EDA ou TETA) em uma só etapa, durante 5 a 30 minutos, com uma potência entre eletrodos variando de 10 a 30 W. Na segunda modalidade foi seguido um processo em duas etapas; na primeira etapa se submeteu o algodão a um plasma de argônio durante 30 minutos a 30 W e em seguida se submergiu o algodão em uma solução de água destilada contendo a amina (EDA ou TETA) em três concentrações, durante vários tempos de tratamento. O material 20 assim tratado foi tinto com Preto Remazol B, em presença de cloreto de sódio e carbonato de sódio, durante 30 minutos a 60°C. O resultado desses trabalhos mostrou um aumento da intensidade do tingimento sobre o algodão tratado com plasma, uma redução da quantidade de corante necessária para obter a intensidade desejada e redução no consumo de água. Os autores prosseguirão com futuros estudos dentro dessa área. Outro trabalho recente se aprofundou na ação de um plasma de ar/hélio, em pressão atmosférica, sobre a eliminação de uma engomagem sobre fibra de algodão, (9) baseada em álcool polivinílico (APV) . Os resultados deste trabalho mostram que a engomagem de APV é eliminada entre 10,7% e 21,1%, segundo a intensidade do tratamento, sendo o efeito mais importante o considerável aumento da solubilidade do APV em água fria, que permite uma eliminação entre 94% e 97,6%. Também ficou comprovado que a fibra de algodão não experimenta perda em sua resistência à tração. Essa eliminação permite uma considerável economia energética e uma redução do consumo de água. Linho Os estudos efetuados sobre linho até agora tiveram por objetivo comprovar em que condições de tratamento com plasma se pode melhorar a umectabilidade dos tecidos de linho. Para isso foram utilizadas as técnicas de microscopia eletrônica de varredura (ESEM), microscopia de força atômica (AFM). Foram utilizados os plasmas de oxigênio e argônio com diferentes tempos de exposição, 20, 40 e 60 minutos. Os resultados mostram que o plasma de oxigênio é mais enérgico do que o de argônio; por outro lado, o ataque das fibras é função do tempo de exposição, notando-se o surgimento de pequenas crateras nas fibras aos 40 minutos (10) para o oxigênio e aos 60 minutos para o argônio . Os (11) mesmos autores, em um estudo posterior estudaram a influência dos plasmas de oxigênio e argônio em baixa temperatura, na umectabilidade do linho, mediante a determi- Química Têxtil - n° 77/dez.04 nação dos ângulos de avanço e retrocesso. Seus resultados indicam que o tratamento com plasma melhora a umectabilidade da fibra de linho, podendo obter elevados graus de absorção de água com tempos de tratamento de 2,5 minutos; um aumento do tempo de tratamento, independente do tipo de gás e da intensidade do tratamento com plasma, não é aconselhável, posto que pode dar origem a perdas de peso e diminuição de resistência da fibra. (6) Por outros investigadores foi possível comprovar que o tratamento com plasma de ar ou de oxigênio em baixa temperatura melhora a umectabilidade dos tecidos de linho, obtendo-se uma redução no tempo de impregnação da gota de água de 79 segundos para o linho não tratado com plasma a 17 segundos para o tratado com plasma de ar e 8 segundos para o tratado com plasma de oxigênio. Os estudos sobre a fibra de linho, mesmo sendo promissores, necessitam de um esforço investigador considerável até conhecer com mais detalhes o que sucede no pré-tratamento do tingimento e nos processos tintoriais por esgotamento e em contínuo. Tecnologia Processos Protéicas Lã A primeira patente descrevendo o tratamento de lã e mohair com a descarga “corona” (DC) foi outorgada a Paul Kassenbeck, investigador do Instituto Têxtil da França, em 1956. No período de 1970-1975, os resultados obtidos na Europa e Estados Unidos foram apresentados na 5ª Feira Inter. Wool Tex. Res. Conf. De Aachen (RFD), em 1975. Entre 1975-1994, prosseguiram os estudos em vários países, tais como Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Japão e China, principalmente, tendo sido apresentando alguns deles na edição da mesma Feira em 1995 em Biela (I) e os últimos desenvolvimentos na 10ª edição dessa Feira, que foi realizada outra vez em Aachen, em 2001. A partir de 1971, o tratamento da fibra de lã foi efetuado com plasma luminescente, dado que os resultados obtidos sobre essa fibra são mais consistentes e efe(12 - 13) tivos do que com o tratamento com plasma corona . Tecnologia Processos O objetivo de todos os tratamentos com plasma sobre a lã é obter uma fibra que não encolha, similar a obtida com outros tratamentos tais como o do ácido Caro e o obtido mediante o hipoclorito de sódio e resinas que permitem a lavagem em máquinas de lavar, alcançando níveis de não encolhimento segundo as normas estabelecidas pelo Secretariado Internacional da Lã (IWS). Esse objetivo se fundamenta na eliminação dos tratamentos do tipo químico antes citados, a fim de evitar os efluentes altamente contaminantes destes, obtendo-se dessa forma um sistema de tratamento ecológico. Mesmo que o tratamento com plasma possa ser efetuado sobre tecido em lotes, na máquina KPR-180 construída pela empresa Tecnoplasma S.A., com diver(1) sos tipos de gases , a tendência atual é a de efetuar o tratamento sobre mechas de lã de forma contínua, com a finalidade de obter fios destinados a tecido de malha, setor do mercado de grande importância. Portanto, somente nos referimos neste trabalho aos últimos resultados obtidos nesse campo. Os estudos efetuados mais recentemente englobam dois campos importantes do problema. Por um lado, os estudos se aprofundaram no mecanismo da ação do plasma na fibra de lã, tanto a partir de um ponto de vista físico como químico. De outro lado, chegou-se à construção de um protótipo automatizado capaz de obter 1-2 Kg/h, com a colaboração da indústria e institutos de investigação e apoio econômico do Ministério de Educação e Investigação da Republica Federal Alemã. Posteriormente, foi desenvolvida uma máquina industrial capaz de produzir 12 Kg/h de lã penteada tratada com plasma. Do ponto de vista físico, nos referiremos às modificações que experimenta a morfologia externa da fibra através do tratamento com plasma e suas repercussões em seu comportamento reológico e umectabilidade. a) Pela ação do plasma, em condições controladas, a morfologia externa da fibra experimenta uma diminuição da altura das escamas, tal como foi possível se apreciar mediante imagens AFM. Isso produz uma redução entre o coeficiente de fricção ponta/raiz e de raiz/ponta, 22 Química Têxtil - n° 77/dez.04 os quais quase se igualam com o resultado do tratamen(14) to de recobrimento com resina, Figura 9 . Além disso, os valores da fricção são aumentados pelo efeito do plasma, e de forma muito significativa pelo tratamento adicional com resina. Ambos efeitos produzem uma redução da feltragem (14) da lã, tal como pode ser observado na Figura 10 , onde a adição da resina sobre a fibra tratada com plasma origina, em diferentes tratamentos com plasma-resina, valores de densidade de feltragem em g/cm² comparáveis aos obtidos com o tratamento Cloro-Hercosett. b) A fibra de lã no tratamento com plasma experimenta uma modificação de sua curva carga/alongamento no sentido de um aumento do esforço para um mesmo alongamento, ou seja, uma superior resistência à deformação. A absorção de umidade é superior nas fibras tratadas com plasma do que nas não tratadas, devido a uma maior interação entre a água e a lã tratada, em conseqüência da modificação dos grupos químicos existentes (15) na cutícula da fibra . Resultados de outros investigadores mostram também um ligeiro aumento da tenacidade em úmido da fibra de lã tratada com plasma e homoplasma, não se observando o contrário para descargas do tipo sinusoidal, os quais podem produzir uma diminuição da tenacidade, como conseqüência do dano térmico produzido pela fibra que provoca (14) áreas super contraídas e desfibrilamento da fibra . Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos Do ponto de vista químico, no tratamento com plasma onde existe oxigênio origina uma modificação nos grupos químicos existentes na capa externa da cutícula. As mais importantes são: a) Mediante espectrometria foi apreciada uma oxidação dos lípidos aderidos e covalentemente fixados na superfície da fibra, os quais mostram um aumento no número de grupos carbonilo. Além disso, se observa uma diminuição dos lípidos superficiais, a qual aumenta com o tempo de tratamento de 0,55% inicialmente (s.p.f.) para 0,40% aos 35 segundos de tratamento com plasma. b) Por espectrofotometria eletrônica foi possível apreciar um aumento dos grupos amino na lã tratada com (14) plasma, tal como se mostra na Tabela 4 . Tabela 4. Quantidade de grupos amino na superfície da fibra de lã não tratada e tratada com plasma Tratamento Sem tratar Plasma luminescente Plasma barreira atmosférica Grupos Amino em % 1,2 5,3 3,9 O aumento dos grupos carboxílicos, amino e hidróxilo pela ação do plasma na superfície da fibra induz a um aumento de sua umectabilidade, tal como é mostrado na (14) Figura 11 . Esse aumento da umectabilidade da fibra é necessário para o posterior recobrimento com a resina, para oferecer boa diminuição da feltragem na lavagem em má24 quinas. Para esse fim, a Bayer desenvolveu um novo tipo de resina de isocianato que se estende uniformemente sobre a fibra tratada. Fundamentado nos conhecimentos anteriores, foi feita uma investigação de desenvolvimento desse novo processo. Isso demandou um primeiro estudo das condições de aplicação do plasma em escala de laboratório e um segundo estudo em uma planta piloto, ainda em escala de laboratório, capaz de produzir 1 a 2 kg/h de mecha de lã e o desenvolvimento de uma planta industrial com uma capacidade de produção de 12 kg/h de mecha de lã. Do primeiro estudo somente mencionaremos a parte experimental que foi adotada para ulteriores desenvolvimentos. A fonte de geração de plasma adotada foi a denominada SLAN II para tratamento dinâmico, caracteri(17) zada pelos parâmetros que estão indicados na Tabela 5 . Tabela 5 Potencia da fonte de microondas Distancia radial ao centro de SLAN II Longitude de tratamento Velocidade da mecha de lã Tempo de tratamento Caudal da bomba de fluido Tempo de circulação por lote operado 4.5 kW 150 mm 1.2 m 1,2 – 3,6 m/min 60 – 20 segundos 500 – 1000 m3/h 20 – 40 minutos Na Figura 12 podemos apreciar um esquema para o (17) tratamento anteriormente indicado . O gás empregado no tratamento é proporcionado pela mesma mecha de lã, a qual libera água e oxigênio, ao entrar em contato com a câmara de tratamento, em quantidade suficiente para tornar desnecessário um forneci- Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos mento posterior de oxigênio. Nessas condições de tratamento e com a aplicação posterior de resina de isocianato foi conseguida uma densidade de feltragem inferior a 0,04 g/cm³, que é o requerido para um processo comercial. Nessas condições, nem a cor da fibra e nem sua longitude foram afetadas pelo tratamento. Para um processo comercial é necessário assegurar um sistema de controle muito efetivo para que a lã não seja atacada durante o tratamento com plasma, tendo presente que esse tratamento, segundo a experiência adquirida nos ensaios, pode ocasionar ataques à fibra. O sistema de controle deveria se comportar de tal maneira que se antecipasse às condições em que a fibra poderia ser atacada. Entre os diferentes sistemas ensaiados, o único que reuniu tais condições foi um sistema (18) de controle baseado em espectrofotometria de massas . Com toda essa informação foi construída uma planta piloto para operar em contínuo, capaz de produzir 1-2 kg/h de mecha de lã. Por razões de tipo econômico, foi escolhida a descarga de plasma “barrera” a pressão at(19) mosférica . Do resultado dessa investigação e entre os diferentes tipos de descarga “barrera” utilizados, sinusoidal e uniforme, se chegou às conclusões que: · A descarga uniforme é necessária para evitar a destruição da lã. · Os eletrodos de dupla barreira são os mais adequados. · A ação dos eletrodos pelas duas faces produz um tra- tamento mais uniforme da mecha. · Uma corrente de ar no interior do sistema que contenha os eletrodos melhora o tratamento da mecha. Estudos efetuados posteriormente por ou(20) tros autores com plasma de oxigênio e em sistema estático com tecido plano de lã, em determinadas condições de freqüência, vários níveis de potência durante 60 segundos, com um tratamento posterior com dois polímeros de silicone, obtiveram as seguintes conclusões: . Os átomos de oxigênio induzem na superfície da lã o grupo -CO-COO- e o grupo -SO H, 3 os quais representam um papel importante na hidrofilidade da superfície da lã. - A estabilidade dimensional do tecido de lã tratado com plasma e silicone é superior àquela do tecido de lã tratado somente com silicone. - O tecido de lã tratado com plasma de oxigênio aumenta significativamente o coeficiente de fricção da lã, aumenta o toque áspero, diminui a resistência à ruptura e aumenta a resistência ao rasgamento. Com o pós-tratamento com silicone, melhoram o toque e a resistência à ruptura e a resistência ao rasgamento diminui ligeiramente. (21) Em outro caso , os autores trabalharam com plasma de ar e nitrogênio, em sistema estático, com tecido de malha de lã, em um reator de microondas, em condições de potência e pressão constantes, variando o tempo de tratamento entre 10 e 600 segundos. Como polímero de recobrimento os autores utilizaram chitosan, por ser biocompatível, biodegradável e não tóxico. As conclusões deste estudo podem ser resumidas da seguinte forma: - O plasma de ar é mais efetivo do que o de nitrogênio em tratamentos de tempos mais curtos. Em tempos superiores a 40 segundos, ambos os gases se comportam de igual maneira. O tratamento com plasma de ambos os gases confere umectabilidade e resistência ao encolhimento. - A medida da umectabilidade, mediante a técnica de ângulos de contato, sugere a formação de novos grupos químicos na superfície da fibra, -SO e –COOH, orientados 3 26 Química Têxtil - n° 77/dez.04 para o exterior e a eliminação parcial dos ácidos graxos covalentemente unidos à superfície da fibra. A presença desses novos grupos depende do gás utilizado e do tempo de tratamento. As alterações mais relevantes se produzem nos tempos mais curtos do tratamento com plasma. - A resistência ao encolhimento é atribuída às alterações de índole física na superfície da fibra, devido a uma redução do coeficiente de fricção direcional. - Os resultados dos ângulos de contato e a observação SEM sugerem que a epicutícula foi modificada quimicamente, mas que ainda está presente na superfície da fibra. Seda Ainda que os primeiros estudos sobre a ação do plasma sobre a fibra de seda foram orientados para a ação (1) do plasma luminescente , rapidamente se alterou a linha de investigação em direção ao recobrimento da fibra mediante um polímero e recentemente à aplicação da polimerização por enxerto com o objetivo de aumentar o peso da seda, sua resistência à formação de rugas, Tecnologia Processos sua fotoestabilidade e um aumento do esgotamento dos corantes durante o tingimento. Os agentes para o enxerto sobre a seda podem ser classificados em três grupos básicos: estireno e seus derivados, metacrilatos e acrilamidas. Entre estes, os mais utilizados, por razões de custo, facilidade de controlar sua qualidade e por sua fácil aplicação para serem enxertados são a metilacrilamida (MA) e também o 2hidroxietil metacrilato (HEMA). As duas possibilidades de aplicação por enxerto de polímeros sobre a seda são: a química e a de radiação. A primeira, empregando o 2-hidroxietil metacrilato foi aplicada com êxito pela indústria têxtil na China, como (22) processo para aumentar a carga da seda . A última (23) apresenta várias vantagens, tais como : - Não requerem iniciadores químicos. - Se produz uma distribuição regular dos radicais com o que resulta em um enxerto regularmente distribuído. - Devido a uma baixa energia inicial de reação, as condições para o enxerto são tênues e a temperatura ambiente. Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos - O grau de enxerto pode ser facilmente controlado pelo ajuste das condições de radiação. O enxerto por radiação é fundamentado em um me(24) canismo de reação de radicais . Em um enxerto da seda por radiação elétrica, o bombardeio de elétrons de alta energia induz radicais sobre o substrato da seda. Em conseqüência disso, a copolimerização por enxerto tem lugar através de um mecanismo de radicais. A radiação por feixes de elétrons pode ser efetuada de duas maneira: 1. Mediante pré-radiação seguida de enxerto. Nesse processo, a seda é submetida primeiro à radiação, seja em atmosfera de ar ou de nitrogênio. Depois a fibra radiada é introduzida em uma solução aquosa contendo HEMA em pH 3 e durante um tempo determinado. Na pré-radiação acontece: em primeiro lugar a formação de radicais livres e posteriormente se produz a copolimerização por enxerto. 2. Mediante enxerto por corradiação. Nesse processo, a seda é tratada com a solução aquosa de HEMA em pH 3 mediante impregnação em foulard e posterior secagem. A radiação é efetuada em atmosfera de nitrogênio ou em atmosfera de nitrogênio e ar; em ambos os casos, durante um tempo determinado. Na corradiação, a formação de radicais livres e a copolimerização por enxerto tem lugar simultaneamente. Em ambos os processos se procede posteriormente a eliminação dos monômeros não enxertados e outras impurezas, mediante um tratamento aquoso de ensaboamento a 80°C, durante 20 minutos. Os resultados deste estudo podem ser resumidos da (24) seguinte forma : · O enxerto do HEMA na seda, mediante radiação por feixe de elétrons, aumenta o peso da seda e sua resistência a rugas. Se produz uma certa coloração amarelada e uma perda de resistência máxima de 13-15% para doses do grau de enxerto da ordem de 16%. · No processo de corradiação se produz um maior grau de enxerto, da ordem de 16% (s.p.f.), em comparação ao de pré-radiação, que é da ordem de 6%. 28 · No processo de corradiação em atmosfera de nitrogênio se produz o maior grau de enxerto, da ordem de 16%, em comparação com o realizado em atmosfera de ar, que é da ordem de 8%. · O grau de enxerto aumenta significativamente com a dose de radiação absorvida, enquanto que não aumenta com a velocidade da radiação absorvida. Bibliografia 0. Vohrer U., Hegemann D., Oehr C., Hydrophobirung polymer Materialen mittels Plasma, Textil Veredlung, 5, (2002). 1. Cegarra J., Aplicaciones del Plasma en el Acabado Textil, Rev. de la Industria Textil, n° 358, 51-68, (1998). 2. Yasuda H., Lamace C.E., Sakaoku J., Appl. Polym. Sci., 17, 173, (1973). 3. Yasuda H., J. Macromolecular Sci. Chem., A 10, 383, (1976). 4. 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José Cegarra Sánchez - Prof. Emérito da Universidade Politécnica da Catalunha – Espanha Tradução: Agostinho S. Pacheco – ABQCT Artigo também publicado na Revista da Indústria Têxtil de Barcelona Neste trabalho efetuamos uma revisão da situação do conhecimento atual sobre a aplicação do laser e do plasma sobre as fibras sintéticas de poliéster, poliamida, acrílica e polipropileno. Os resultados desses estudos indicam que, em geral, tanto na aplicação do laser como do plasma, se obtém um aumento da hidrofilidade da superfície, o qual favorece uma boa distribuição do acabamento aplicado, uma redução da quantidade deste, com a conseqüente economia e a diminuição do impacto ecológico. Introdução Na primeira parte deste trabalho, centramos nossa exposição na ação de diferentes tipos de plasma no tingimento e acabamento das fibras têxteis naturais. Esta segunda parte, dedicaremos à ação de duas fontes de energia, plasma e laser, sobre diferentes processos têxteis surgidos depois daquela publicação(1), tanto na texturização como no acabamento e tingimento de diferentes fibras sintéticas e na mistura dessas fibras com fibras naturais. Definidas as características do plasma na primeira parte, convém comentar algo sobre o laser que é atualmente empregado em diferentes campos da tecnologia, tais como na cirurgia, biologia, defesa, propriedades óticas dos materiais, metalurgia, ótica eletrônica e computadores, holografia, construção, têxtil etc.. Exemplos da variedade de aplicações tão contrastantes encontramos na perfuração de túneis e na cirurgia do olho. O laser pode ser considerado como a energia luminosa vibrando em linha reta, a partir de sua fonte de emissão. O tipo de fonte de emissão define as características da longitude de onda do laser. Assim, o laser empregado na perfuração de túneis tem como fonte de emissão o hélio-neon e uma longitude de onda de 0,6 mm, enquanto que o laser empregado em cirurgia do olho, para processos de coagulação da retina, cataratas e glaucoma, é do tipo diretivo e tem como fonte de emissão o CO2, o argônio etc., com diferentes longitudes de onda de forma que o impacto, por exemplo, sobre a retina possa ser regulado entre 50 a 1000 mm. Aplicações do plasma e do laser na indústria têxtil Poliéster Nas aplicações sobre o poliéster podemos considerar os seguintes campos: Texturizado: a operação de texturização tem por objetivo conferir aos filamentos lisos do poliéster uma ondulação que aumenta seu volume e confere umas características estéticas aos tecidos que são muito apreciadas comercialmente. Essa operação é efetuada atualmente, na maioria dos casos, mediante a ação do calor aproveitando as propriedades termoplásticas do poliéster; também se emprega, se bem que em menor escala, a texturização por jatos de ar em grande velocidade, obtidos mediante tubulações, os quais incidem sobre o 29 Tecnologia Processos filamento, produzindo uma distorção que também aumenta seu volume. Quando a texturização por calor foi introduzida, o fato de se obter a temperatura de termoplasticidade da fibra, na zona de texturização, não apresentava inconvenientes, dado que a velocidade de passagem do filamento era pequena. Sem dúvida, a medida que a velocidade de passagem foi sendo incrementada, a zona de texturização teve que ser aumentada, de tal forma que atualmente as máquinas de texturizar possuem grandes zonas de texturização. (2) Para vencer esse problema, Don E. Olsen propôs um aquecedor de 125-1000 mm de comprimento e 50100 mm de diâmetro, baseado em um laser de monóxido de carbono que, conjuntamente com uma lente, fornece a energia necessária para a texturização do filamento de poliéster. A superfície interna do aquecedor é revestida de um material refletivo, de forma que o raio de laser incide várias vezes sobre o filamento de poliéster. A superfície de reflexão pode ser especular ou difusa e o número de reflexões aumenta, conforme o ângulo entre o raio de laser e o filamento se aproxima dos 90°. Para prevenir perdas de calor, a superfície externa da zona de aquecimento é isolada termicamente. O esquema da Figura 1 oferece uma idéia do sistema proposto. Parte da energia incidente do laser excita os átomos do filamento até um estado de energia superior. Dado que os Química Têxtil - n° 77/dez.04 átomos voltam ao seu estado de relaxamento estável, a energia liberada no filamento produz o aquecimento deste. A variação de calor entre o centro e o exterior da circunferência da zona de aquecimento não é superior a 5%, pelo que se pode texturizar vários filamentos simultaneamente. Mediante esse sistema, podemos texturizar diferentes fibras sintéticas, tais como o poliéster, poliamida, acrílica, elastoméricas, politetrafluoretileno, aramida etc.. Modificação da superfície: o emprego do laser UV também tem sido utilizado para a modificação física e química da superfície dos polímeros, não somente como um processo fototérmico, mas também como um pro(3) cesso fotoquímico . Em geral, a modificação química de um polímero por radiação UV se produz na superfície, até um limite máximo de 100 hm ou menos, sem (4) afetar as propriedades gerais do polímero . (5) No presente estudo os autores apresentaram como objetivo do estudo a modificação superficial e química de um tecido plano de poliéster e a de uma película do mesmo polímero de 100 mm de espessura. Ambos os materiais foram irradiados com um laser pulsante de KrF, em condições atmosféricas, que opera em uma longitude de onda de 248 nm. A radiação foi produzida em altos e baixos níveis de energia, 50 e 150 mJ/cm2 respectivamente. Os resultados podem ser resumidos da seguinte forma: · A modificação da superfície da fibra de poliéster é função do nível energético do laser. Para um laser de alto nível de energia se produz um considerável enrugamento da superfície da fibra em forma de colinas e vales bem orientados, enquanto que um laser de baixo nível de energia origina um enrugado submicroscópico. · A modificação química da superfície da fibra de poliéster também é função do nível energético do laser. Para um laser de alto nível de energia se produz uma relação ∆O/C decrescente, que diminui com o número de 30 Tecnologia Processos pulsações, devido a formação de resíduos carbônicos na superfície da fibra, que aumenta sua hidrofobicidade com o conseqüente aumento do ângulo de contato (∆50°). O contrário ocorre com o laser de baixo nível de energia, produzindo-se um aumento da relação ∆O/C que não varia significativamente com o número de pulsações devido a um aumento do número de grupos carboxílicos que aumenta sua hidrofilidade com a conseqüente diminuição do ângulo de contato (-∆6°). · Como conclusão final, podemos indicar que para o tipo de laser empregado, o aumento da hidrofilidade da fibra de poliéster somente se consegue com tratamento de baixa energia e um número elevado de pulsações. É bem conhecido, pela maioria dos consumidores, que os tecidos de poliéster são algo desconfortáveis e com uma “caída” pouco agradável, devido à alta eletricidade estática que se desenvolve como conseqüência de sua baixa hidrofilidade (0,2-0,8%). Algumas dessas desagradáveis propriedades podem ser modificadas mediante a polimerização por plasma, criando grupos hidrofílicos na superfície da fibra. (6) Estudos efetuados por Wakida e colaboradores mostraram que com um elevado grau de polimerização por plasma e sem alterar as propriedades gerais do poliéster, podiam obter uma modificação substancial das propriedades superficiais da fibra. Em trabalhos mais recentes de Negulesco e colabo(7) radores foi empregada a polimerização por enxerto para aumentar a hidrofilidade do poliéster. Para isso, trataram um tecido de poliéster de 150 g/m2 com plasma a diferentes pressões no reator, em uma atmosfera de tetraclorosiloxano, SiCl4, durante 2-10 minutos, e outras condições constantes. Posteriormente, em atmosfera úmida, os grupos enxertados de SiCl 4 se hidrolisaram a grupos SiOH, com o que, ao terem mais conteúdo de oxigênio e menos de carbono, modificaram as propriedades do tecido, as quais foram avaliadas mediante o sistema Kawabata (KS). Os resultados desse estudo estão assim resumidos: · O ângulo de contato decresce desde 86°, no tecido de 32 Química Têxtil - n° 77/dez.04 poliéster sem tratamento, para 60° no tecido de poliéster tratado durante 30 segundos. Tempos mais longos de tratamento não modificam sensivelmente o decréscimo do ângulo de contato. · Além da presença de grupos polares, a modificação da topografia da superfície da fibra pelo tratamento com plasma também melhora a hidrofilidade, tal como mostram as imagens de microscopia de força eletrônica (AFM) obtidas. · A modificação da topografia da superfície também melhora as propriedades do tecido segundo o sistema Kavabata. Entre os 16 parâmetros estudados, foi percebida a seguinte evolução: · Aumentou consideravelmente a rugosidade do tecido, tanto no urdume como na trama. · A espessura do tecido, seu peso específico e a resistência ao alongamento e ruptura não tiveram modificações em relação às do tecido original. · A flexibilidade e a compressibilidade do tecido mudaram ligeiramente com o tratamento. · A rigidez ao corte e a histerese aumentaram, talvez devido a maior superfície de fricção e a rugosidade do tecido tratado. (8) Wong e colaboradores estudaram a modificação da superfície externa e da composição química do poliéster submetido à ação de um laser de KrF sob condições de elevado e baixo poder de ablação. Os resultados de seus trabalhos podem ser resumidos como: · Sob um tratamento energético a superfície do poliéster aparece sulcada, com umas colinas e vales, de forma ondulada, enquanto que com um tratamento pouco enérgico a superfície do poliéster reduz o efeito anterior a um nível submicronicotal, com é mostrado na Figura 2. · O tratamento de alta energia produz na superfície do poliéster a deposição de resíduos carbônicos que variam de cor amarelada até preta, como resultado de uma redução da relação O/C. Pelo contrário, o tratamento de baixa energia produz oxidação, com formação de grupos carboxílicos, talvez devido a uma oxidação com o O2 da atmosfera sob essas condições suaves do tratamento com laser. Tecnologia Processos Química Têxtil - n° 77/dez.04 A.Geschewski e outros efetuaram um estudo sobre a ação do plasma de oxigênio em baixa pressão sobre poliéster sob a forma de um nãotecido, para determinar a influência de tal plasma sobre a estrutura física e química do nãotecido. Os resultados podem ser resumidos assim: · O plasma de oxigênio produz uma oxidação do poliéster máxima na capa do nãotecido mais próxima da zona de radiação e menos intensa nas camadas mais distantes da fonte de radiação. Essa oxidação se manifesta pela maior presença de grupos carboxílicos, os quais aumentam a hidrofilidade da fibra de poliéster. N. V. Bath e Y. N. Benjamin trataram um tecido de algodão e outro de poliéster, enxertados com monômeros de acrilamida e acrilonitrilo, com plasma radiofreqüência (em ar) em diferentes níveis de potencia (11) e intervalos de tempo . Alguns dos resultados de seu estudo são os seguintes: · O conteúdo de umidade do tecido de algodão tratado com plasma em baixas concentrações de umidade no ar é similar ao do tecido não tratado. Em elevadas concentrações de umidade no ar (70%), o conteúdo de umidade do tecido de algodão tratado é inferior a do tecido não tratado. · No caso do poliéster em baixas concentrações de umidade no ar, o conteúdo de umidade no poliéster não é afetado pelo tratamento com plasma, enquanto que em elevadas concentrações de umidade no ar o conteúdo de umidade no poliéster aumenta, talvez devido a um processo de oxidação. U. Vohrer e outros estudaram a influência de um tratamento de acabamento com plasma polimerizante sobre um tecido de algodão/poliéster para obter um efeito de repelência à água. Para isso, empregaram um monômero de viniltrimetilsilano (VTMS) em dois diferentes tempos de exposição e um monômero de fluorcarbono, comparando seus efeitos com a repelência à água obtida no acabamento com um composto de (12) fluorcarbono . Os resultados indicam o seguinte: · A ação do plasma depende da espessura do nãotecido, sendo máxima nas fibras situadas na capa externa do nãotecido, mais próximas da fonte de radiação, e mínima naquelas situadas nas camadas mais distantes da fonte de radiação. · Com o acabamento com plasma de fluorcarbono (C3F6) se obtém resultados similares ao acabamento convencional com compostos de fluorcarbono. Os resultados com plasma de VTMS são inferiores aos anteriores. · Foi estudado o efeito de uma secagem prévia sobre o Weilling Xu e Chaoli Yang estudaram a influência da radiação por microondas sobre a hidrólise do poliéster ao ser tratado com soda cáustica em várias condições, em comparação com o tratamento convencional e sua influên(9) cia no tingimento com corantes dispersos . Os resultados desse estudo podem ser resumidos da seguinte forma: · A hidrólise em presença de microondas é muito mais rápida do que quando se utiliza o procedimento convencional por aquecimento da solução de soda cáustica. Assim, com um tratamento convencional de 15 minutos, 2% de soda cáustica na solução e com o aquecimento produzido (1000 W) foi obtida uma perda de peso de 7,16%, enquanto que para as mesmas condições de tempo e concentração de soda cáustica e 900 W de potência do microondas, se obteve uma perda de peso de 10.11%. Para se obter a mesma perda de peso daquela que se obtém com o tratamento convencional é necessária uma potência de apenas 360 W em microondas. · O esgotamento do tingimento é superior no poliéster hidrolisado em presença de microondas do que o tratado pelo procedimento convencional. Essa diferença depende, logicamente, do processo de tingimento empregado. (10) 34 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos resultado de repelência à água do tecido tratado com C3F6. Depois de uma lavagem, o tecido foi seco sob duas condições diferentes de secagem: vácuo e temperatura de secagem 80°C e secagem com ar. O melhor efeito foi obtido com a secagem prévia com ar. Poliamida A fibra de poliamida, da mesma forma que a do poliéster, também tem sido objeto de estudos sobre a ação do plasma e do laser sobre a modificação da estrutura de sua superfície externa e, no caso da poliamida, de sua hidrofobicidade e propriedades tintoriais. Um grupo do Institut of Textiles and Clothings, pertencente a The Polytechnic University of Hong Kong, se dedicou a isso e publicamos abaixo um resumo de seus estudos. (13) O primeiro trabalho se refere ao efeito de um plasma de baixa temperatura de tetrafluormetano sobre as propriedades físico-químicas da superfície da fibra de poliamida e de seu comportamento tintorial com relação aos corantes ácidos e dispersos. Para isso, um tecido plano de filamento de poliamida foi submetido, adequadamente limpo de impurezas, à ação de um plasma de tetrafluormetano em baixa temperatura, em determinadas condições de energia de descarga, tempo, pressão e caudal do gás. Os tecidos assim tratados e um tecido não tratado foram analisados quanto às propriedades de suas superfícies e quanto ao comportamento tintorial. As conclusões resumidas do estudo foram as seguintes: · O exame feito através do SEM mostra que no tecido tratado aparecem umas pequenas crateras sobre a superfície do filamento, devido à formação de uma fina película do polímero tetrafluormetano - Figura 3. · A análise XPS mostra que a relação C/O decresce depois do tratamento com plasma, enquanto que a relação C/F e a relação O/F aumentam desde 0,00 até 0,97 e 5,74 respectivamente, por conseqüência da incorporação de átomos de flúor à superfície do tecido tratado com plasma. Como os novos grupos criados, -CF2- e –CF3 não são polares, o aumento desses grupos na superfície aumentas a hidrofobicidade do tecido de poliamida. · Com relação a suas propriedades tintoriais, a Figura 4 mostra o comportamento com respeito aos corantes ácidos e dispersos, respectivamente. (14) O segundo trabalho tem por objetivo conhecer como um laser UV que opera com gás de fluoreto de argônio e que produz luz a uma longitude de onda de 193 nm com uma velocidade de repetição de 1 Hz, com uma densidade por pulso de 50 mJ/cm2 e 10 pulsos, afeta a superfície da fibra de um tecido plano de nylon 6 trilobal e as propriedades tintoriais da fibra. Os resultados e conclusões dessa investigação foram as seguintes: · As propriedades superficiais analisadas por SEM mostram que a superfície do nylon sem tratar é completamente lisa, enquanto que a do nylon tratado se apre35 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos · A determinação do grau de cristalinidade mostra que as propriedades do conjunto da fibra não foram modificadas pelo tratamento com laser. · As cinéticas de tingimento mostram que para os corantes ácidos a velocidade de tingimento é superior no tecido tratado do que no não tratado, sendo muito iguais os esgotamentos depois de 60 minutos. Pelo contrário, para os corantes dispersos, a velocidade de tingimento é muito similar entre ambos materiais e o esgotamento é algo superior no nylon 6 tratado com laser. (13 - 14) Como resumo de ambos trabalhos os autores consideram que tanto o tratamento com plasma como o de laser, abrem novas perspectivas para futuras aplicações industriais. Poliacrilonitrilo A fibra de poliacrilonitrilo é de tingimento muito difícil e por isso foi necessário a sua copolimerização com outros monômeros tais como o ácido acrílico, o senta como uma superfície gravada, sulcada por microcolinas e microvales que aumentam a rugosidade da fibra, produzindo um aumento de sua superfície e uma reflexão difusa. Na Figura 5 pode-se apreciar esses fenômenos. · A análise XPS foi empregada para conhecer como se havia modificado a composição química da superfície do nylon 6. Para isso, foram analisadas as relações O/C e N/C, as quais mostram um decréscimo de 22% e de 7% respectivamente. Isso indica que uma carbonização teve lugar na superfície da fibra, como conseqüência do tratamento com laser. · A análise espectral sugere que se produziu um aumento do número de grupos aminos terminais, como conseqüência do tratamento com laser do nylon 6. 36 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Processos metilacrilato, o metilmetacrilato etc. para obter um copolímero que pudesse ser tinto em temperaturas inferiores a 100°C. Tal como vimos em capítulos anteriores, o tratamento com plasma e a polimerização com plasma foram freqüentemente empregados em determinados polímeros sintéticos para aumentar a afinidade pelos corantes e sua umectabilidade em meios aquosos. (15) No estudo que mostramos a seguir , foram introduzidos, na superfície da fibra de PAN de um tecido plano, mediante a técnica de polimerização por plasma, três diferentes tratamentos com o objetivo de modificar sua umectabilidade, melhorar sua capacidade tintorial e sua resistência às manchas. Para isso, foram empregados gases de ácido acrílico, água e argônio, mediante um reator de plasma luminescente, em determinadas condições, variáveis segundo o gás empregado. Os resultados e discussão do tratamento com plasma estão indicados a seguir: · As microfotografias obtidas por SEM mostram que a morfologia das fibras de PAN tratadas com plasma de ácido acrílico mudaram intensamente e que sua superfície foi recoberta por uma fina película do polímero de ácido acrílico. Similares resultados foram obtidos com os outros gases, se bem que os átomos que aparecem na superfície são diferentes em cada caso. · A modificação introduzida origina grupos polares, os quais aumentam a umectabilidade do tecido de PAN. Assim, a umectabilidade do tecido sem tratar é de 4,3 segundos, enquanto que no caso do tratamento com os três gases os resultados de umectabilidade estão entre 0,3 e 0,4 segundos para as condições ótimas de tratamento com plasma. · Tal como foi indicado, a capacidade tintorial da fibra PAN é muito baixa em temperaturas até 100°C. Quando o tecido de PAN é submetido a um tratamento com plasma, tal como foi o caso deste estudo, a capacidade tintorial medida pelos valores K/S é se altera para os (15) valores indicados na Tabela 1 . 38 Tabela 1 Tipo de Tecido Valores F/S PAN não tratado PAN tratado com plasma de ácido acrílico PAN tratado com plasma de água PAN tratado com plasma de argônio 9,80 13,50 12,56 8,88 · A resistência às manchas foi avaliada mediante a limpeza produzida por um sistema de lavagem padrão (5 a 10 vezes) sobre o tecido manchado com uma mistura padrão de pó de carvão e parafina. Os valores de ∆E medidos com um espectrofotômetro de reflexão indicam a resistência ao manchado. Tomando um valor médio entre os três tratamentos com plasma e o não tratado, se obtiveram os seguintes resultados: - Tecido não tratado e lavado 10 vezes - ∆E = 3,50 - Tecido tratado e lavado 10 vezes - ∆E = 7,50 o que indica que os tecidos tratados sujam menos do que o não tratado. Polipropileno Polipropileno, PP, é a fibra sintética mais utilizada para produzir aplicações de têxteis técnicos, nãotecidos e fios de alta tenacidade. Dado sua natureza altamente hidrófoba, requer a aplicação de elevadas quantidades de agentes antiestáticos e outros produtos (finish) durante sua fiação por fusão, depois da obtenção do filamento, para que a fibra possa ser processada em cardas de alta velocidade. Calcula-se que são necessários aproximadamente três vezes mais finish do que o necessário para o poliéster e poliamida. No presente trabalho, os autores estudaram a possibilidade de aumentar a hidrofilidade do PP mediante a aplicação de plasma corona em linha de fiação por fusão a 250°C. A fibra em forma de mecha foi tratada por plasma corona, com um gerador de 20 kHz de freqüência e uma potência máxima de 2 kW, antes da aplicação (16) dos agentes de finish, conforme a Figura 6 . A caracterização das fibras de PP tratadas e não tratadas, foi efetuada por determinação do finish mediante Tecnologia Processos espectrofotômetro FTIR; determinação da umectabilidade mediante um analisador de ângulos de contato; a caracterização das propriedades antiestáticas mediante um Tex-Ohm-Meter e as propriedades de fricção mediante um aparelho para medir o coeficiente dinâmico de fricção metal-fibra. Os resultados desse trabalho de investigação, podemos resumir da seguinte forma: · A adição do finish à mecha durante o processo de fiação por fusão foi efetuado em duas etapas: antes do tratamento por corona e depois do frisado da fibra, uma vez tratada por corona. As propriedades superficiais, medidas pelo tempo de absorção em segundos, da fibra tratada por corona e da não tratada diferem consideravelmente para pequenas quantidades de finish. Assim, para uma quantidade de finish de 0,13% (s.p.f.) os tempos de absorção são da ordem de 3,3 segundos para a fibra tratada e 10 minutos para a não tratada. Conforme aumenta essa quantidade até 0,25% de finish, a diferença vai diminuindo. · Com o tratamento corona em diferentes energias, os ângulos de contato de avanço e retrocesso diminuem mais na fibra tratada do que na não tratada, diminuindo ainda mais quando se aumenta o nível de energia. Isso porque na fibra tratada se formam cavidades pelo efeito 40 Química Têxtil - n° 77/dez.04 do plasma, que tornam a superfície mais rugosa, o que produz uma diminuição dos ângulos de contato e por conseguinte, uma maior umectabilidade da superfície da fibra. · A maior umectabilidade faz com que as propriedades antiestáticas originadas pela fricção das fibras durante a carda, na fiação convencional, sejam menores na fibra tratada com plasma do que na não tratada com plasma. Assim, para uma adição de finish de 0,12% (s.p.f.) em ambos os tipos de fibra, o coeficiente de fricção é da ordem de 0,36 para a tratada e 0,57 para a não tratada. · Dados os resultados obtidos nesses ensaios de tipo industrial, que também repercutem em uma menor adição de finish sobre a fibra com a conseqüente economia e a menor poluição, os autores solicitaram a correspondente patente para esse novo processo. McCord e outros trataram de modificar a superfície de um tecido de nylon 66 e de outro de polipropileno (PP) mediante a ação de um plasma de hélio (He) e de um plasma de hélio/oxigênio (He-O2) para conhecer sua (16) influência nas propriedades de ambas fibras . Dado que anteriormente já tratamos da influência do plasma sobre o nylon 6, nos limitaremos a indicar aqui o que se refere ao PP. Os resultados obtidos sobre o PP podem ser resumidos assim: · A superfície do PP é muito pouco afetada pelo plasma de He, mas se transforma em uma superfície rugosa e ondulada pelo plasma He-O2. · Os efeitos do plasma He-O2 sobre a composição química da superfície do PP são notáveis, já que se produz um aumento considerável do conteúdo de oxigênio (O/C), passando de zero a 29% aproximadamente. Isto significa um considerável aumento da umectabilidade do PP. · Não se nota nada com respeito a possível modificação da resistência à ruptura do tecido de PP por efeito do tratamento com plasma. Química Têxtil - n° 77/dez.04 Outras fibras sintéticas A informação relacionada com o tratamento com plasma de outras fibras sintéticas é praticamente inexistente, pois temos encontrado somente referências a esse respei(17) to. Uma referência relacionada ao Polietileno submetido a ação de um plasma de nitrogênio sobre um polietileno de baixa densidade, (N2-PeBD), em cujo caso as substâncias polares de baixo peso molecular eram dispersadas no ar e os grupos polares enxertados na superfície da fibra alteravam de posição e se situavam no interior da superfí(18) cie. A segunda referência é sobre o Polipirrol enxertado sobre tecidos de poliéster submetidos previamente a ação de um plasma frio de argônio, para usos do tipo técnicos em transporte, compostos de pouco peso em arquitetura, filtros para líquidos inflamáveis ou corrosivos e proteção para militares. O processo requer três etapas: a) ativação da superfície do tecido de poliéster com o plasma de argônio; b) enxerto “in situ” do (1-(3-hidroxilpropil) pirrol); c) copolimerização do pirrol com (1-(3-hidroxipropil)pirrol). Tecnologia Processos Bibliografia 1. Cegarra J., Aplicaciones del Plasma en el Acabado Textil, Rev. de la Industria Textil, nº 358, 51-68, (1998). 2. Don E. Olsen, High Performance Textiles, U.S.Patent 5 780 524, Febrero (1999). 3. Novis Y., Pireaux J.J., Brezine A., Petit E., Caudano R., Br. Polymer J., 21, 147-153, (1989). 4. Lázare S., Granier V., Laser Chem., 10, 25-40, (1989). 5. Wong W., Chan K., Yeung K.W., Textile Res. J., 71 (2), 117-120, (2001). 6. Wakida T., Tokino S., Niu S., Kavamura H., Sato Y, Lee M., Uchiyama H., Inaki H., Textile Res. J., 63 (8), 433-438, (1993). 7. Negulescu I.I., Despa S., Chen J., Collier B.J., Textile Res. J., 70, 1-7, (2000). 8. Wong W., Chang K., Yeung K.W., Textile Res. J., 71, 117-120, (2001) 9. 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Química Têxtil n° 77/dez.04 Tecnologia Tingimento Degradê de cor em bobinas cruzadas acrílico/algodão 50/50 Estudo sobre as causas do problema de degradê ou faixas em bobinas cruzadas de substratos mistos PAC/CO mistura íntima tinta em autoclave Washington Vicente dos Santos* 1. Introdução 3. Análise das causas É dificil imaginar uma tinturaria trabalhando com 100% de aproveitamento quanto a capacidade instalada, qualidade final do substrato e índice de reprocesso. Existem especificidades inerentes ao maquinário, água, logística, fluxograma de produção, procedência e tipo de substrato que se vai beneficiar. Um dos problemas que temos visto e que mereceu um estudo mais aprofundado de nossa parte, envolve valores percentuais altos de reprocesso nas tinturarias envolvidas. Falamos da incidência de degradê ou faixa, em fio de PAC/CO 50/50 acondicionado em bobina cruzada tinto em autoclave. Análises realizadas em laboratório mostraram que algumas condições presentes nas empresas contribuem para a ocorrência desse tipo de problema: 1º - Partidas de tingimento com peso acima da capacidade projetada da máquina. 2º - Bomba de pressão da máquina trabalhando abaixo de sua capacidade plena. 3º - Bobinas com densidade muito alta. 4º - Dureza da água de tingimento muito alta. 5º - Vazamento de banho pelo chapéu da espada ou vela no porta-materiais. 6º - Tempo de reversão dentro-fora/fora-dentro incorretos. 7º - Tipo e procedência do acrílico e do algodão que se está beneficiando. Verificamos que esse tipo de problema não ocorre quando se está beneficiando acrílico 100% nas mesmas condições. O acrílico em sua forma 100% possui capacidades viscoelásticas própias, assim como o algodão 100%. Quando misturadas, a característica final do substrato quanto a elasticidade muda sensivelmente. 2. Descriço O problema em si consiste em uma diferença na intensidade da cor tinta em três campos (espaços) de uma mesma bobina, ou seja, a cor tinta tende a ficar de 3 a 5% mais forte no miolo próximo à niquelina e na parte externa da bobina e mais fraca no meio da bobina. Quando se confecciona a malha de amostragem dessa bobina fica visível as diferenças de tonalidade do início, meio e final da bobina. Os desenhos abaixo mostram a que nos referimos. O problema citado chega a ocasionar uma perda de até 15% na produção final da empresa, visto que o miolo e a extremidade da bobina normalmente são destinados à fabricação de estopa, ou quando reprocessado concorre para aumentar em muito o índice de reprocesso. 42 Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Tingimento A partir das informações acima obtidas e através de testes em laboratório, montamos uma tabela que, se seguida a risca, tende a eliminar ou diminuir em muito esse tipo de problema. 1º - A relação de banho em autoclave convencional que mais se aproxima do ideal está entre 1/8 e 1/10. 2º - A bomba de pressão da máquina nas condições de rel. banho 1/8 - 1/10 precisa estar entre 95 a 100%. 3º - A densidade ideal das bobinas em fio 18/2 NE PAC/ CO 50/50 é de 300 a 320 g/cm² e dureza de 43 a 47 Shore. Neste ítem é preciso considerar se o acrílico possui até 15% de seu peso formado por outro componente que não o poliacrilonitrilo; isso influi na viscoelasticidade e elasticidade final da fibra. 4º - Água muito dura pode ocasionar filtração no iniício da bobina, formando uma barreira que dificulta o atravessamento do banho, acarretando o problema de degradê (principalmente sílica). A dureza ideal para este tipo de tingimento é a seguinte: Substância Ferro Sílica Dureza total Manganês Alcalinidade (CaCO3) Sólidos totais dissolvidos P.P.M 0,02 - 0,1 0,5 -1,5 0,0 -25,0 0,0 -0,02 20 -40 50 -100 5º - Em alguns porta-materiais o sistema de prensagem e fixação das bobinas nas velas ou espadas possuem molas que acompanham a retração do fio durante o processo de beneficiamento (retração total de até 15 cm no sentido do comprimento) e outras são fixas. Nesse caso, ocorre perda significativa de pressão no tunel formado pelas niquelinas sobrepostas e nos dois casos pode haver vazamento do banho, com perda de pressão por amassamento da chapa que reveste o sistema de prensagem ou o chapéu de vedação. O vazamento de banho pelo chapéu diminui a pressão dentro do tunel e o banho perde a força necessária para atravessar a bobina de um lado a outro causando o efeito degradê. No caso de vazamento por amassamento do chapéu, a solução é colocar arruelas de teflon para vedar o local problemático. 6º - O tempo de reversão ideal para esse tipo de substrato é de 4 a 5 min. dentro-fora e 2 a 3 min. fora-dentro. Durante o processo de tingimento, a pressão e a temperatura fazem com que a fibra do acrílico se expanda ligeiramente no sentido da força da pressão, facilitando a passagem das moléculas do corante, auxiliares e eventuais produtos de dureza da água, porém, o algodão presente na mistura exerce efeito contrário. O algodão tende a retrair, diminuindo a elasticidade final do substrato. Nessas condições, o banho contendo os corantes, auxiliares, dureza etc. tende a se concentrar próximo à niquelina no sentido dentro-fora e na parte externa da bobina no sentido fora-dentro. Assim, sempre haverá mais moléculas de corante e auxiliares no miolo e na parte externa da bobina e o tempo de atravessamento do banho sempre será menor próximo à niquelina e parte externa da bobina. Portanto, o corante tende a fixarse em maior quantidade nesses espaços na fase de migração, causando o efeito degradê ou faixa. O que se percebe é que em todas as fases do processo ocorre a tendência da concentração de produtos nesses espaços. O peso do substrato seco nessas duas faixas é maior do que no meio da bobina, evidenciando a concentração de produtos. Teoricamente, bastaria uma diminuição no tensionamento da bobina e a máquina funcionando nas condições ideais para se conseguir solucionar o problema. Porém, sabemos que uma tensão muito baixa ocasiona o desmanchamento das camadas externas de fio da bobina quando submetido a pressão e temperatura, além de diminuir significativamente a produção final da empresa. Desenvolvemos um produto deslizante (facilitador de fluxo) para melhorar a fluidez do banho e tornar a fibra ligeiramente mais elástica e lisa, isso em conjunto com os parâmetros colocados acima, que eliminou em 100% o problema em laboratório. Conclusão O trabalho proposto objetivou entender as causas de um problema grave e propor soluções que fossem acessíveis e de fácil aplicação nas tinturarias envolvidas. O resultado final foi amplamente satisfatório, para o qual colocamo-nos a disposição no sentido de esclarecer eventuais duvidas. *Washington Vicente dos Santos Coordenador Técnico da Cassema Corantes Tel .: 6411-1100 - [email protected] 44 Química Têxtil n° 77/dez.04 Tecnologia Preparação Economia dos processos em solvente Artigo gentilmente cedido pela SperottoRimar SRL Tradução: Peter J. Wechsler A indústria têxtil tem contribuído e continua contribuindo, em medida considerável, para a poluição da água. Conseqüentemente os custos relativos aos processos de lavagem (obtenção da água e tratamento dos efluentes) são muito elevados. Ainda mais elevados são os custos com a energia necessária para o aquecimento e secagem dos artigos têxteis processados. Por outro lado, a vantagem resultante do uso de solventes orgânicos selecionados devese à propriedade de serem recuperáveis em mais de 98%, requerendo para isto pouca energia. A demanda total de água, necessária apenas para refrigeração durante o processo de condensação do solvente, é drasticamente reduzida e toda água de refrigeração utilizada é totalmente reaproveitável na tinturaria sem nenhuma contaminação a 45-50°C: Isto propicia um reaproveitamento energético de aproximadamente 125.000 kJ/m³. A Tabela 1 ilustra as principais propriedades físico-químicas do percloroetileno, o solvente clorado mais freqüentemente utilizado na área têxtil, comparadas com as da água. O calor específico do PER é aproximadamente 1/5 do da água e o calor latente de evaporação é cerca de 10 vezes inferior. Isto reduz em mais de 90% a demanda total de energia para evaporação do PER em relação à água. Isto significa uma evaporação muito mais rápida e econômica poupando muito tempo e energia durante a secagem. A mais baixa tensão superficial do PER favorece a impreg- nação mais rápida e mais profunda das fibras, tornando qualquer processo de lavagem ou acabamento mais completo e uniforme. Principais vantagens do processo em solvente: redução drástica da poluição hídrica necessidade de água somente para resfriamento indireto e totalmete recuperável consumo inferior de energia, sobretudo energia térmica redução da duração dos processos tratamento "dry-to-dry" (seco a seco) dos substratos instalações compactas de dimensões reduzidas, portanto menos espaço necessário Tabela 1: comparação das propriedades de PER e água 45 Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 77/dez.04 completa do tecido: os vapores de solvente são refrigerados, condensados e recuperados. O ar puro, também refrigerado, retorna ao circuito de aquecimento em um ciclo totalmente fechado. Deste modo, fica evidente que o processo de secagem se torna economicamente vantajoso graças à baixa entalpia de evaporação do percloroetileno e conseqüente baixo consumo de energia. Fig. 1 O alto poder dissolvente do PER de substâncias hidrófobas permite efetuar com maior facilidade, economia e qualidade, todos os processos de lavagem para os quais, caso se trabalhasse em meio aquoso, teria que se utilizar tensoativos, com a conseqüente poluição dos efluentes e necessidade de depuração das águas descarregadas. A aplicação de acabamentos Tabela 2: consumos 46 hidrófobos sobre artigos têxteis também torna-se mais fácil. O tratamento seco a seco é possível porque a máquina possui unidades de lavagem e secagem conjugadas. Ambas são parte integrante do equipamento (fig. 1). Na unidade de secagem o tecido, carregado de solvente, é aquecido até a evaporação total do solvente e secagem 1) Comparando os dois sistemas, aquoso e em solvente, constata-se que o processo em solvente permite uma economia considerável, economia esta que não decorre unicamente das propriedades físicas do solvente, mas que está também relacionada a um melhor controle do processo de secagem que resulta num mais eficiente desempenho na evaporação. No exemplo a seguir são comparados os processos de lavagem secagem e termofixação em solvente com o mesmo procedimento efetuado em meio aquoso. água totalmente recuperável, límpida, a 40-45°C Tecnologia Preparação Ambos os sistemas requerem uma instalação de purga (remoção de óleos) e uma de termofixação. Porém: - no meio aquoso o equipamento de termofixação tem que ser usado também para secagem. - no processo em solvente, já que a máquina possui uma unidade de secagem, o tecido entra seco na termofixação. Para fins de cálculo comparativo as duas instalações (aquosa e solvente) foram dimensionadas de tal modo que ambas produziriam quantidades iguais do mesmo artigo 100% sintético. Os dados de consumo utilizados para cálculo (Tab. 2) foram obtidos com base nas características técnicas fornecidas pelos fabricantes das respectivas máquinas (Sperotto Rimar Srl. para a instalação de tratamento em solvente e Santex AG para a lavadora aquosa e rama). Os valores de energia térmica foram calculados a partir das respectivas capacidades térmicas e convertidas, para facilitar o cálculo de custo, em consumo de vapor. Química Têxtil - n° 77/dez.04 A utilização de água no sistema em solvente é destinada única e exclusivamente à refrigeração, não entrando em contato nem com o solvente, nem com o material têxtil tratado, não sofrendo portanto nenhum tipo de contaminação. A água de refrigeração é totalmente recuperável a 4550°C para reutilização na tinturaria, ou reciclável, após ser refrigerada, na própria instalação em solvente. Independentemente dos ciclos de trabalho, podemos constatar que a máquina de lavar aquosa por si só consome quase a mesma quantidade de vapor que a instalação em solvente completa incluindo unidades de lavagem e secagem (950 resp.1000 kg/h). O consumo adicional de vapor no sistema aquoso, decorrente exclusivamente da operação de secagem, seria de 800 kg, aumentando o consumo total de vapor para 1750 kg. O uso de detergentes no sistema aquoso e o consumo de PER no sistema em solvente, são considerados como consumo de "produtos químicos". A diferença de 750 kg de consumo de vapor entre o sistema aquoso e em solvente é também devido ao processo de lavagem em si, pois no sistema aquoso aumenta a demanda de energia por causa da grande quantidade de água que precisa ser aquecida, enquanto que o solvente normalmente trabalha à temperatura ambiente. O tratamento dos efluentes no sistema aquoso encontra um paralelo na eliminação do lodo (resíduos da destilação) no sistema em solvente. Comparando o consumo total de vapor dos dois sistemas completos, portanto incluindo também a operação de termofixação, verificamos uma eco- nomia de cerca de 20% (760 kg/h) em favor do sistema em solvente. Podemos concluir que graças às propriedades físicas particularmente favoráveis do solvente, a tecnologia de secagem em circuito fechado das instalações em solvente garante uma performance muito superior aos equipamentos de secagem convencionais de circuito aberto. Infelizmente, a aplicação da tecnologia de evaporação em circuito fechado a sistemas aquosos não é conveniente, nem do ponto de vista econômico, nem do ponto de vista produtivo. O uso do processo em solvente, sempre que indicado do ponto de vista técnico para substituir o processo convencional aquoso, traz uma série de benefícios: por um lado, às áreas específicas de energia e economia e, por outro, aos aspectos mais gerais relativos à produção, qualidade e ecologia. O trabalho pioneiro que a Sperotto Rimar desenvolve há trinta anos, e as cerca de 200 instalações em funcionamento pelo mundo inteiro, demonstram que a tecnologia avançada inerente aos equipamentos contínuos de lavagem em solvente contribui consideravelmente para tornar o acabamento têxtil mais competitivo e mais corresponsável em relação ao meio-ambiente. Maiores informações: Giovanni Manzo telefax (11) 3097.8704 - e-mail: [email protected] 47 INFORME PUBLICITÁRIO NOVA ECOKNIT Em geral, quando se menciona o ciclo de preparação de artigos elásticos de malharia, entende-se por malha artigos da linha praia em Kettenstuhl ou artigos Raschel para a produção de lingerie, por exemplo power net e construções similares. Para estes tipos de artigos de malha de urdume a Sperotto Rimar desenvolveu e implementou instalações para o tratamento em solvente, cujas configurações das unidades de lavagem e secagem foram otimizadas ao ponto de satisfazerem plenamente todas as exigências relativas aos efeitos de purga e encolhimento. 48 Estamos nos referindo, em particular, à NOVA ECOWARP 180/ 500, para produções pequenas e médias, e à NOVA ECOWARP 180/1300 para produção em grande escala. Ultimamente, porém, aumentou muito a demanda por artigos elásticos de malha circular, tanto para vestuário externo como íntimo, acarretando novos problemas de acabamento para as empresas habituadas aos artigos tradicionais de malhas de urdume. Estes problemas consistem sobretudo na tendência muito mais acentuada de enrolamento das ourelas e no controle muito mais difícil do encolhimento no sentido longitudinal da malha. Em outras palavras, tratando-se de malha circular, os procedimentos e equipamentos até hoje utilizados não são mais totalmente satisfatórios. A Sperotto Rimar, sempre atenta às mais novas tendências e exigências do mercado, prontamente pesquisou e projetou a última geração de máquinas de lavagem em solvente para artigos de malharia no sentido mais amplo da palavra: a NOVA ECOKNIT. INFORME PUBLICITÁRIO NOVA ECOKNT 200/600 Graças ao secador de concepção totalmente nova, a máquina pode trabalhar também com os artigos elásticos tradicionais de malha de urdume, mas se torna particularmente eficiente no trabalho com malha circular, elástica ou não, acabada tanto em forma tubular como aberta: - ourelas fortemente enroladas deixam de causar problema; - o encolhimento longitudinal pode chegar a 25% (ex.: jersey de nylon/lycra). As vantagens técnicas e produtivas da NOVA ECOKNIT permitem a escolha da seqüência ideal de trabalho de lavagem em solvente e posterior tingimento e acabamento. O acabador pode trabalhar com a malha tanto em forma tubular como aberta, conforme resumido na tabela abaixo. Logo após a entrada em funcionamento das primeiras unidades, constatou-se que a performance da máquina em termos qualitativos e produtivos superou as mais otimistas expectativas. O sucesso comercial da NOVA ECOKNIT é um fato que não deixa dúvidas como demonstram as catorze unidades vendidas na Europa, Turquia, Canadá e Brasil. Maiores informações: Giovanni Manzo - telefax (11) 3097.8704 e-mail: [email protected] 49 Química Têxtil n° 77/dez.04 Tecnologia Fibras Viscosimetria das fibras de poliéster J. Gacén e D. Cayuela - Universidade Politécnica da Catalunha - Espanha Milena Tzvetkova - Agência Espanhola de Cooperação Internacional - (AECI) Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT Foram determinadas as constantes viscosimétricas de várias fibras de poliéster que diferem em seu peso molecular e sua composição (homopolímeros, copolímeros, polímero ramificado). Notou-se que o cálculo da viscosidade intrínseca, partindo de uma única dissolução de polímero e utilizando as constantes da bibliografia, conduz a valores escassamente distantes de quando se calcula por extrapolação dos dados resultantes de dissoluções de várias concentrações. Introdução As fibras de poliéster PET (polietilenteraftalato) são, com toda segurança, as que oferecem a maior variedade de produtos ao mercado. A diversidade pode se referir a modificações geométricas, físicas ou mecânicas que não requeiram a modificação do polímero no que se refere a seu peso molecular ou a sua modificação por copolimerização. Em outro tipo de variante, o peso molecular ou a viscosidade intrínseca, a partir da qual se calcula, é inferior ou superior ao que se considera como mais freqüente (Mn ~ 20.000); este é o caso das fibras para usos técnicos (Mn ~ 22.500 - 29.500). Em outros casos, trata-se de polímeros ramificados (poliéster de baixo piling) ou de copolímeros que contenham unidades estruturais modificantes que oferecem resistência a chamas ou a possibilidade de tingir as fibras em temperaturas inferiores e sem necessidade de transportador, ou também e simultaneamente o tingimento com corantes catiônicos(1, 2). 52 O peso molecular médio das fibras de poliéster é calculado segundo a equação de Mark - Houwnik, [η] = KMα. Para isso, é necessário determinar a viscosidade intrínseca ou índice de viscosidade limite e aplicar algum dos numerosos valores K e α referidos na bibliografia(3), segundo o dissolvente utilizado e a temperatura na qual se efetuaram as medidas viscosimétricas. Os valores K e α são determinados a partir de amostras de diferente peso molecular, preparadas por fracionamento de uma amostra de polímero, ou procedendo a preparação de amostras de diferentes pesos moleculares por síntese, ou mediante um ataque químico que atue seletivamente rompendo unicamente a cadeia polimérica. O peso molecular das diferentes frações é calculado recorrendo-se a métodos que conduzem a pesos moleculares médios numéricos (Mn) ou em peso (Mw). A viscosidade intrínseca pode ser calculada mediante equações empíricas que relacionam a viscosidade especifica, ηsp, ou a viscosidade inerente ou índice logarítmico da viscosidade, ηinh, de dissoluções de polímero de diferentes concentrações, e a viscosidade intrínseca ou índice de viscosidade limite [η]. Quanto menor é a dispersão das frações separadas, maior é a confiabilidade dos resultados obtidos para o peso molecular ao aplicar a relação [η] = KMnα, ou, em seu caso, [η] = KMwα (4). Nas equações empíricas, a partir das quais se pode calcular a viscosidade intrínseca, aparecem constantes cujo conhecimento prévio permite conhecer a viscosidade intrínseca partindo de uma única dissolução de polímero. Essas constantes podem ser consultadas na bibliografia(5, 6, 7). Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Fibras Neste estudo, foi feito o cálculo da viscosidade intrínseca de diferentes tipos de fibras de poliéster, aplicando diferentes relações empíricas. Isso permitiu calcular as correspondentes constantes partindo de dissoluções de polímero de diferente concentração. As constantes calculadas foram contrastadas com as da bibliografia. Partindo dessas constantes, foi calculada a viscosidade intrínseca com os dados da viscosimetria correspondentes a uma única dissolução de polímero. Desse modo se pode comparar a viscosidade intrínseca calculada segundo diferentes equações empíricas, recorrendo às correspondentes constantes ou a partir dos dados de uma só dissolução de polímero. Parte experimental Material · Substrato A = Fibra tipo algodão. · Substrato B = Fibra para fios convencionais. · Substrato C = Fibra padrão para fiação de lã. · Substrato D = Fibra de baixa tendência ao pilling. · Substrato E = Fibra retardante de chamas. · Substrato F = Fio contínuo padrão. · Substrato G = Fio industrial cord. · Substrato H = Fio contínuo com afinidade a corantes catiônicos. Viscosimetria De cada amostra foram preparadas dissoluções de diferentes concentrações em uma mistura fenol/ tetracloretano como dissolvente. As concentrações foram de 0.2, 0.4, 0.6, 0.8 e 1.0 g/l. Os tempos de escoamento foram medidos a 20°C, com ambientação em um banho termostático. A partir dos tempos de escoamento do dissolvente e das concentrações correspondentes foram calculados os correspondentes parâmetros viscosimétricos. ηrel = t / to ηsp = (t - to) / to ηred = ηsp / C ηinh = In ηrel / C 54 (viscosidade (viscosidade (viscosidade (viscosidade relativa) específica) reduzida) inerente) onde to e t correspondem às temperaturas de escoamento do dissolvente e de cada dissolução. As mencionadas, e impropriamente denominadas, viscosidades não possuem as dimensões da viscosidade, razão pela qual a IUPA adequou sua terminologia, de modo que a viscosidade relativa passa a se denominar relação de viscosidade, a viscosidade específica não recebeu outra denominação por não fornecer nova informação, a viscosidade reduzida é substituída por um índice de viscosidade, a viscosidade inerente por um índice de viscosidade logarítmica, e a viscosidade intrínseca passa a ser denominada índice de viscosidade limite(8, 9). As equações empíricas, aquelas sobre as quais foram feitas referências na introdução, são as que se indicam(4, 10): (Huggins) [1] ηsp / C = [η] + k1[η]2C 2 In ηrel / C = [η] + k2[η] C (Kraemer) [2] (Schulz - Blaschke) [3] ηsp / C = [η] + KSB[η]ηsp As equações [1] e [2] se referem aos dois primeiros termos dos correspondentes desenvolvimentos em série, estando k1 e k2 matematicamente relacionados pela equação k1-k2 = 0,5(4). Isso significa que: [η] = (2(ηsp - In ηrel))1/2 / C Conhecida a viscosidade intrínseca, o peso molecular foi determinado segundo a equação de Griehl e Neue (10). [η] = 1,27 x 10-4 Mn0,86 Devemos levar em consideração que o dado objetivo é o da viscosidade intrínseca, já que sobretudo a constante α da expressão Mark-Houwnik esta relacionada com a rigidez da cadeia polimérica e, por isso, com sua forma de se comportar em uma dissolução. O expoente α calculado para homopolímeros pode resultar mais ou menos afetado quando se trata de polímeros ramificados ou de copolímeros. Resultados e discussão A determinação da viscosidade em diferentes concentrações permite calcular as constantes k1, k2 e KSB. Isso é assim porque o valor ηsp/C evolui linearmente ao ser relacionado com a concentração, com uma orde- Tecnologia Fibras nada na origem que corresponde à viscosidade intrínseca (Fig. 1), cujo conhecimento permite o cálculo de k1. O mesmo sucede na evolução Inηrel/C frente à concentração para o cálculo de k2. Por sua parte, a representação gráfica de ηsp/C frente à viscosidade específica permite, de modo similar, o cálculo de KSB (Fig. 2). Em todos os casos os coeficientes de correlação foram de 0,99. A Tabela 1 contém os valores de [η] segundo as expressões de Huggins e Schultz-Blaschke. Também contém os valores k1, (k1 - k2) e KSB, calculados para cada produto, com o efeito de compará-los com os da bibliografia (k1 = 0,35; k2 = 0,5 e KSB = 0,30). A Tabela 2 contém os valores da viscosidade intrín- Química Têxtil - n° 77/dez.04 seca e peso molecular dos diferentes substratos, sendo que os valores da viscosidade intrínseca foram calculados com os dados da dissolução de 0,4 g/100ml e utilizados os valores das correspondentes constantes. Na Tabela 1 podemos verificar que: 1. Os valores k1 - k2 se separam pouco do valor teórico 0,5, já que exceto no caso dos substratos D e H (0,57) estão compreendidos entre 0,47 e 0,55. 2. Somente cinco das amostras mostram valores de k1 iguais a 0,35 +/- 0,05. Os valores extremos, ambos situados fora desse intervalo, correspondem aos substratos H (0,26) e D (0,51). 3. Cinco valores de KSB se distanciam muito pouco do valor teórico 0,30. O desvio máximo é o correspondente ao substrato H (0,53). 4. Os valores da viscosidade intrínseca, calculados segundo a expressão de Schultz-Blaschke, em todos os casos, são maiores do que os que se derivam da de Hugguins. Não obstante, as diferenças são mínimas, já que são inferiores às tolerâncias indicadas nas especificações do resíduo de polímero que se utiliza na fabricação da fibra (< 0,015)(12). As diferenças de viscosidade intrínseca se traduzem em pesos moleculares que diferem em um máximo de 530 unidades (substrato G) e uma média de 300 unidades nos demais substratos. Na Tabela 2 pode-se verificar que o uso da constante k1 e do valor 0,5 para k1 - k2 conduz a viscosidades intrínsecas praticamente idênticas, de modo que a máxima diferença entre os pesos moleculares é de 80 unidades. 56 Tecnologia Fibras Mesmo ligeiramente maiores, as viscosidades intrínsecas calculadas a partir da constante KSB podem ser consideradas iguais àquelas obtidas aplicando a constante k1, com uma diferença máxima de 150 unidades entre os pesos moleculares dos oito substratos. Ao se comparar os pesos moleculares calculados a partir da equação de Huggins e do valor da constante k1 = 0,35, calculada para PET aplicada aos dados de uma única dissolução de polímero, resulta uma diferença média de 220 unidades, prescindindo-se da que se apresenta no substrato G (940). No caso da expressão de SchultzBlaschke e da constante KSB = 0,30, a diferença média é de 210 unidades considerando todos e de somente 112 se forem excluídas as dos substratos F (570) e G (560). Também é interessante calcular em que medida a oscilação das constantes k 1 e KSB influem nos valores da viscosidade intrínseca e do peso molecular calculado, tudo isso partindo 58 Química Têxtil - n° 77/dez.04 dos dados procedentes das medidas viscosimétricas de uma dissolução de PET de 0,4 g/dl, (Tabela 3). Por outro lado, convém considerar que a equação Mark-Houwnik depende da forma da macromolécula em uma dissolução. Para uma esfera significa α = 0, mas a maioria das macromoléculas se conformam em dissolução como pequenos ovos mais ou menos abertos, aos quais estão unidas as moléculas de dissolvente mediante forças de solvatação. Na maioria dos polímeros, os valores de α estão situados entre 0,5 (ovinho não solvatado) e 1,0 (ovinho completamente solvatado)(12, 13). A modificação de um homopolímero, seja por copolimerização ou provocando ramificações, conduz conseqüentemente a variações na flexibilidade/rigidez da cadeia polimérica e conseqüentemente no modo de se conformarem às macromoléculas em uma dissolução. Foi considerado conveniente calcular em que medida a variação do expoente α pode afetar o valor do peso molecular médio que corresponde a uma determinada viscosidade intrínseca. O motivo disso é que dois dos substratos ensaiados correspondem a copolímeros (E e H) e outro a um polímero ramificado (D). Nesses casos seria necessário determinar a constante K e, sobretudo, o expoente α para cada tipo de polímero ou polímero modificado. Para evitar os erros que podem ser produzidos, costuma-se recorrer à viscosidade intrínseca como parâmetro indireto para caracterizar o tamanho das macromoléculas. Não obstante, é interessante avaliar as variações de peso molecular que se produziriam ao aplicar valores de α = 0,86 +/- 0,01 a um poliéster de uma determinada viscosidade intrínseca, por exemplo [η]=0,60, Tabela 4. Química Têxtil - n° 77/dez.04 Tecnologia Fibras Bibliografia 1. Fourné; Man-made Fibers Year Book, 1992, p.29. 2. Gries; Chemical Fibers International, 48, Diciembre 1998, p.508. 3. Karata, Iwawa e Kamada; Polymer Handbook, edit. Braudrup e Immpergut, Witey, 1966, pp. IV 1-IV 72. Com esses dados, são oferecidas informações dos erros que eventualmente podem ser cometidos ao calcular o peso molecular utilizando valores incorretos do expoente α. Conclusões · Em uma ampla variedade de fibras de poliéster PET quanto ao peso molecular, produtos de copolímeros e polímero ramificado, foi notado que a viscosidade intrínseca, e a partir dela o peso molecular, pode ser calculada utilizando valores das constantes k1 e KSB da bibliografia para o PET homopolímero. · Os valores da viscosidade intrínseca calculados a partir da constante k1 = 0,35 e o valor k1 - k2 = 0,5 são praticamente idênticos. · Os valores do peso molecular calculado a partir da viscosidade intrínseca, deduzida segundo a equação e a constante de Schultz-Blaschke, são ligeiramente superiores àquelas obtidas através da expressão de Huggins. 4. Kisinger; Encyclopedia of Polymer Seince and Technology, ed. Mark, Gaylord e Bikales, vol. 14, pp. 717. 5. Schefer; Textilveredlung, n 3, 1975, p.106. 6. Fourné; Syntetic Fibres, Haurer, Munchan, 1999, p. 817. 7. Gacén; Revista de la Industria Textil, n° 316, 1994, p. 64. 8. Billmeyer; Ciencia de los Polimeros, p. 85, Reverte, Barcelona 1975. 9. Rosen; Fundamental Principles of Polymeric Materials, p. 52, Barns & Noble Inc. New York, 1971. 10. Schultz - Blaschke; Journal Prakt. Chem. 158, 1941, pp. 130. 11. Griehl e Neue; Faserforchung und Textiltechnik, 5, 1954, p´. 423. 12. Vease Ref. 6, p. 75. 13. Braun, Cherdrou e Kern; Practica de Quimica Macromolecular, p. 68, Instituto de Plasticos y Caucho, Madrid, 1968. O PROFISSIONAL DO SETOR TÊXTIL BEM INFORMADO LÊ E CONSULTA A REVISTA QUÍMICA TÊXTIL POR ISSO É IMPORTANTE ANUNCIAR QUI. Ligue: (11) 4195.4931 e-mail: [email protected] 60 A ABQCT DÁ AS BOAS VINDAS AO S N OVO S S Ó C I O S André Luis Dechen S. Bárbara D’Oeste SP Lourdes Pimpão Cajamar SP Antonio Carlos Borella Jr. Itatiba SP Lourival Santos Flor Guarulhos SP Antonio Carlos da Silva Itatiba SP Márcio Mandarino Cajamar SP Bernardo de Lima Galvão Itatiba SP Marlon Bernardo de Oliveira Itatiba SP Caio Pedro de Marchi Gaioski Arujá SP Mayra Alvarenga Barbosa São Paulo SP César Rogério Bianco Itupeva SP Otavio José Nunes Itaquaquecetuba SP Cipriano Brancos L. Filho Itatiba SP Paulo Sérgio Kreis Jaraguá do Sul SC Cláudio de Almeida Lima Praia Grande SP Patrícia Piazza Dias da Silva São Paulo SP David Ribeiro Chaves Cajamar SP Rafael Cesar Leonetti Bisco São Paulo SP Diego Luis dos Santos São Paulo SP Rodrigo Rodrigues Vaz São Paulo SP Edson Cesar Santos Americana SP Rogério Laurente São Paulo SP Edson de Souza Silva Itatiba SP Rogério Pulzi Cajamar SP Eduardo Fermandes Barueri SP Rosiane da Luz de Barras São Paulo SP Erlonney Paulo M. Sousa Maracanau CE Sandra Elena dos Santos Guarulhos SP Fábio Sumiya Alfenas MG Sérgio Henrique Thim Silva São Paulo SP Fernando Francisco Marin Itatiba SP Sidnei Maturano Lourenço Itatiba SP Heliete Aparecida Simão São Paulo SP Teodoro Velluto São Paulo SP Humberto Osti Sorocaba SP Vanessa Zózimo Z. Batista Jacareí SP Irani Monteiro Campinas SP Wagner Mota Cajamar SP Jadir Plinio Pereira Itatiba SP Walter Della Costa São Paulo SP João Batista Brandão Neto Itatiba SP Walter José Mota Cajamar SP João Luiz Martins Pereira São Paulo SP Wellington Kameoka Guarulhos SP William de Andrade Grisotti Itatiba SP José Antonio Marconi de Lima Votorantim SP Estamos orgulhosos de tê-los conosco, pois o apoio e a participação dos associados são de suma importância para o fortalecimento da Associação e para o aprimoramento técnico do setor têxtil brasileiro. Nós da ABQCT procuramos sempre fornecer informações atualizadas através da revista Química Têxtil e abrir canais de comunicação entre os profissionais através de cursos, palestras e outros eventos de integração. 62 Química Têxtil n° 77/dez.04 Eventos Bem-vindo ao mundo da nanotecnologia Imagine um automóvel com componentes estruturais e peças feitas em material plástico mais resistente que o aço, películas refletivas de calor em pára-brisas, vidros e espelhos, utilizando lubrificantes de longuíssima duração ou com motores que não necessitam de lubrificação. Ou tecidos que não percam a cor, mesmo depois de inúmeras lavadas, que não absorvem umidade, leves e adaptáveis ao frio e ao calor. Equipamentos eletrônicos miniaturizados com muito mais capacidade que os atuais e novas e múltiplas funções. Materiais e ligas metálicas com resistências impensáveis nos dias de hoje. Cosméticos com propriedades revolucionárias de rejuvenescimento da pele. Medicamentos que atacam diretamente a doença com infalível eficácia. O que para muitos parece ficção, aos poucos se torna realidade com a intensificação do uso da nanotecnologia. Já está em curso no mundo uma verdadeira revolução tecnológica, fruto da crescente capacidade de manipulação de átomos e de moléculas, com amplas possibilidades nas áreas de novos materiais, novas ligas e no desenvolvimento de novos produtos de consumo e processos industriais. A nanotecnologia é um campo multidisciplinar que reúne a Química, a Física, a Biologia, a Ciência, a Engenharia de Materiais e a Computação de última geração, cujo nome vem do grego “nano”. Um bilionésimo de metro, um nanômetro, é a medida nessa escala. 1 nanômetro = 10-9 m = 0,000000001 m = 1 bilionésimo do metro. Inúmeras são as aplicações do nanoconhecimento, especialmente no campo industrial, como tornar possível aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar materiais mais leves e mais resistentes que os existentes no mundo de hoje e outras aplicações que 64 ultrapassam os limites tradicionais da imaginação e da criatividade humana. Os investimentos em pesquisa em 2004 dos países mais desenvolvidos nessa área superam os US$ 70 bilhões e as projeções internacionais indicam que a nanotecnologia movimentará negócios de cerca de um trilhão de euros até 2015. Diante desse cenário e em paralelo às comemorações do Ano Mundial da Física, 2005 se transformará no Ano da Nanotecnologia Aplicada no Brasil, através de uma série de eventos, como seminários setoriais para os executivos das empresas dos segmentos eletro-eletrônico, plástico e embalagens, têxtil, autopeças, entre outros. Em julho, realizam-se os eventos máster sobre o tema: Nanotec 2005 - Congresso Internacional de Nanotecnologia Aplicada e Nanotec Expo 2005 - Exposição Internacional de Produtos, Materiais e Projetos Nanotecnológicos. A Nanotec 2005 contará com a presença de renomados cientistas nacionais e internacionais, focalizando o estado da arte do nanoconhecimento e promoverá seminários setoriais que abordarão a aplicação prática da nanotecnologia em áreas industriais como eletro-eletrônica, autopeças, plástico, têxtil e de confecções, cosmetologia, novos materiais e tratamentos de superfícies. A Nanotec Expo 2005 apresentará projetos de pesquisa e soluções nanotecnológicas nacionais e internacionais, disponíveis ou em desenvolvimento, de interesse para as comunidades empresariais e de negócios do Brasil e da América do Sul (B2B). Além do Brasil, serão especialmente convidados os países líderes mundiais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para mostrar os avanços mais recentes do nanoconhecimento. O que é nanotecnologia? (*) Cylon Gonçalves da Silva Há mais de 2.500 anos, alguns filósofos gregos se perguntavam se a imensa variedade do mundo que nos cerca não pode ser reduzida a componentes mais simples. A própria palavra átomo vem daquele tempo e significa "indivisível". A última fração da matéria, segundo esses filósofos o "tijolo" fundamental de tudo o que existe, não poderia mais ser dividida em outras partes mais simples. Podemos fazer uma comparação elementar, apenas para fins didáticos. Em uma padaria, você encontra uma grande variedade de pães, bolos, biscoitos, tortas, todos produzidos a partir de um pequeno número de ingredientes: farinha, fermento, manteiga, óleo, açúcar, chocolate etc... Muitas vezes, os ingredientes de pães diferentes são os mesmos, apenas mudam suas quantidades relativas e a forma de preparação. Da mesma maneira, quando olhamos o mundo a nossa volta, vemos uma variedade incrível de seres vivos e objetos inanimados, de um grão de areia a galáxia, de um vírus a uma baleia. Quantos tipos de "ingredientes" diferentes são necessários para produzir esse mundo? Entre os gregos e a nossa época, muito se aprendeu sobre o universo. Sabemos, hoje, que o mundo que nos é familiar é formado por átomos, não exatamente aqueles imaginados inicialmente, mas que com eles compartilham o papel de "tijolos" fundamentais. Aprendemos que, ao contrário do que diz seu nome, eles são, de fato, divisíveis (mas isto é uma história para outra ocasião). Os átomos são formados por um núcleo positivo, onde reside praticamente toda sua massa, e por elétrons, negativos, que circulam em torno do núcleo. Sabemos, também, que ocorrem naturalmente no universo apenas noventa e dois tipos de átomos diferentes. Esses tipos podem ser classificados pelo número de prótons (partículas sub-atômicas de carga elétrica positiva) contidos em seus núcleos. Sabemos ainda que esses átomos podem não ser o fim da história, pois pode haver no universo partículas ou alguma forma de energia ainda não descobertas - ou pode ser que nossas teorias sobre o universo precisem algum dia ser revisadas, se esses novos "ingredientes" não forem encontrados. Tudo isso é parte do mundo fascinante da pesquisa científica - cada pergunta respondida leva a novas perguntas. Em ciência, as respostas raramente são definitivas, mas as perguntas perduram. A certeza científica de que tudo é feito de átomos é muito recente. Há apenas cerca de cem anos, os cientistas obtiveram evidências fortes de que a velha hipótese atômica, formulada há dois e meio milênios, corresponde à realidade da natureza. No decorrer do século XIX, os químicos foram, aos poucos se convencendo de que a melhor maneira de explicar quantitativamente reações químicas é supondo que essas se dão entre unidades bem definidas de cada compos66 to. Alguns físicos, já quase no final do século XIX, formularam uma teoria "estatística" da matéria, na qual se busca explicar o comportamento dos corpos com os quais lidamos quotidianamente pelo comportamento dessas pequenas unidades "invisíveis" da matéria, os átomos e as moléculas (moléculas são átomos do mesmo tipo ou de tipos diferentes, fortemente ligados entre si, formando novas entidades, com propriedades físico-químicas distintas). Essas teorias foram recebidas, inicialmente, com grande ceticismo pela própria comunidade científica. Por que tanta dificuldade para aceitar uma idéia velha de milênios? O problema é que átomos são muito pequenos, medem menos de um centésimo de bilionésimo de metro, e obedecem a leis físicas bastante diferentes daquelas com as quais estamos acostumados no nosso mundo familiar. O seu tamanho é tal que não podem ser vistos diretamente. Instrumentos especiais tiveram de ser desenvolvidos antes que fosse possível "ver" um átomo. Um dos mais práticos desses instrumentos, o microscópio de tunelamento, somente foi inventado na década de 1980. Seus inventores, Heinrich Rohrer e Gerd Binnig, dos laboratórios da IBM em Zürich, Suíça, ganharam o prêmio Nobel por seus trabalhos. O funcionamento desse microscópio depende das leis da mecânica quântica, que governam o comportamento dos átomos e moléculas. Portanto, a existência de átomos e as leis da natureza no mundo atômico tiveram de ser pacientemente descobertas a partir de experimentos especialmente concebidos. Este processo levou décadas e envolveu grandes cientistas. Instrumentos como o microscópio de tunelamento e outros estendem nossa "visão" até tamanhos na faixa de bilionésimo de metro. Um bilionésimo de metro chama-se "nanômetro", da mesma forma que um milésimo de metro chama-se "milímetro". "Nano" é um prefixo que vem do grego antigo (ainda os gregos!) e significa "anão". Um bilionésimo de metro é muito pequeno. Imagine uma praia começando em Salvador, na Bahia, e indo até Natal, no Rio Grande do Norte. Pegue um grão de areia nesta praia. Pois bem, as dimensões desse grão de areia estão para o comprimento desta praia, como o nanômetro está para o metro. É algo muito difícil de imaginar. Mesmo cientistas que trabalham com átomos todos os dias, precisam de toda sua imaginação e muita prática para se familiarizar com quantidades tão pequenas. Ainda antes dos cientistas desenvolverem instrumentos para ver e manipular átomos individuais, alguns pioneiros mais ousados se colocavam a pergunta: o que aconteceria se pudéssemos construir novos materiais, átomo a átomo, manipulando diretamente os tijolos básicos da matéria? Um desses pioneiros foi um dos maiores físicos do século XX: Richard Feynman. Feynman, desde jovem, era reconhecido como um tipo genial. Uma de suas invenções foi o primeiro uso de processadores paralelos do mundo. Em Los Alamos, na época do desenvolvimento da primeira bomba nuclear, havia a necessidade de se realizarem rapidamente cálculos muito complexos. Feynman, então, teve a idéia de dividir os cálculos em operações mais simples, que podiam ser realizadas simultaneamente, e encheu uma sala com jovens secretárias, cada qual operando uma máquina de calcular (naquela época não havia computadores, nem calculadoras eletrônicas, e as contas tinham de ser feitas à mão, ou com calculadoras mecânicas limitadas às mais simples operações aritméticas). Hoje em dia, essa mesma idéia é usada em computadores de alto desempenho, com microprocessadores substituindo as jovens secretárias! Em 1959, em uma palestra no Instituto de Tecnologia da Califórnia, Feynman sugeriu que, em um futuro não muito distante, os engenheiros poderiam pegar átomos e colocá-los onde bem entendessem, desde que, é claro, não fossem violadas as leis da natureza. Com isso, materiais com propriedades inteiramente novas, poderiam ser criados. Esta palestra, intitulada "Há muito espaço lá embaixo" é, hoje, tomada como o ponto inicial da nanotecnologia. A idéia de Feynman é que não precisamos aceitar os materiais com que a natureza nos provê como os únicos possíveis no universo. Da mesma maneira que a humanidade aprendeu a manipular o barro para dele fazer tijolos e com esses construir casas, seria possível, segundo ele, manipular diretamente os átomos e a partir deles construir novos materiais que não ocorrem naturalmente. Um sonho? Talvez, há quarenta anos atrás. Mas, como o próprio Feynman dizia em sua conferência, nada, nesse sonho, viola as leis da natureza e, portanto, é apenas uma questão de conhecimento e tecnologia para torná-lo realidade. Hoje, qualquer tocadisco de CD's é uma prova da verdade do que Feynman dizia. Os materiais empregados na construção dos lasers desses toca-discos não ocorrem naturalmente, mas são fabricados pelo homem, camada atômica sobre camada atômica. O objetivo da nanotecnologia, seguindo a proposta de Feynman, é o de criar novos materiais e desenvolver novos produtos e processos baseados na crescente capacidade da tecnologia moderna de ver e manipular átomos e moléculas. Os países desenvolvidos investem muito dinheiro na nanotecnologia. Mais de dois bilhões de dólares por ano, se somarmos os investimentos dos Estados Unidos, Japão e União Européia. Países como Coréia do Sul e Taiwan, que têm sido muito melhor sucedidos que o Brasil na utilização de tecnologias modernas para gerar bons empregos e riquezas para seus cidadãos, também estão investindo centenas de milhões de dólares nessa área. nanotecnologia não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Biologia, na ciência e Enge68 nharia de Materiais, e na Computação, que visam estender a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo. As aplicações possíveis incluem: aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos, mais seguros e menos prejudiciais ao paciente dos que os disponíveis hoje; criar materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos, para prédios, automóveis, aviões; e muito mais inovações em desenvolvimento ou que ainda não foram sequer imaginadas. Economia de energia, proteção ao meio ambiente, menor uso de matérias primas escassas, são possibilidades muito concretas dos desenvolvimentos em nanotecnologia que estão ocorrendo hoje e podem ser antevistos. No Brasil, a nanotecnologia ainda está começando. Mas, já há resultados importantes. Por exemplo, um grupo de pesquisadores da Embrapa, liderados pelo Dr. L. H. Mattoso, desenvolveu uma "língua eletrônica", um dispositivo que combina sensores químicos de espessura nanométrica, com um sofisticado programa de computador para detectar sabores. A língua eletrônica da Embrapa, que ganhou prêmios e está patenteada, é mais sensível do que a própria língua humana. Ela é um produto nanotecnológico, pois depende para seu funcionamento da capacidade dos cientistas de sintetizar (criar) novos materiais e de organizá-los, camada molecular por camada molecular, em um sensor que reage eletricamente a diferentes produtos químicos. Você pode imaginar alguns usos para uma língua eletrônica? Para saber mais, visite a página www.cnpdia.embrapa.br. Não é só na Embrapa, entretanto, que se faz nanotecnologia no Brasil. O mesmo acontece nas principais universidades e centros de pesquisa do país. Aplicações em catálise - isto é, na química e na petroquímica, em entrega de medicamentos, em sensores, em materiais magnéticos, em computação quântica, são alguns exemplos da nanotecnologia sendo desenvolvida no Brasil. O que precisamos agora é aprender a transformar todo este conhecimento em riquezas para o país. A nanotecnologia é extremamente importante para o Brasil, por que a indústria brasileira terá de competir internacionalmente com novos produtos para que a economia do país se recupere e retome o crescimento econômico. Esta competição somente será bem sucedida com produtos e processos inovadores, que se comparem aos melhores que a indústria internacional oferece. Isto significa que o conteúdo tecnológico dos produtos ofertados pela indústria brasileira terá de crescer substancialmente nos próximos anos e que a força de trabalho do país terá de receber um nível de educação em ciência e Tecnologia muito mais elevado do que o de hoje. Este é um grande desafio para todos nós. (*) Cylon Gonçalves da Silva é físico, ex-diretor do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron e idealizador do Centro Nacional de Referência em Nanotecnologia. Química Têxtil n° 77/dez.04 Tecnologia Corantes Enia, há 80 anos oferecendo soluções para os mercados consumidores de corantes A Enia Indústrias Químicas S. A - a primeira indústria de corantes do Hemisfério Sul e da América Latina - está comemorando 80 anos de existência. A empresa é produtora de corantes e alvejantes óticos destinados aos mercados de couro, têxtil e papel. Fundada em 1924, sua primeira instalação fabril se localizou no tradicional bairro do Ipiranga, na capital de São Paulo. Em 1980, a fábrica se transferiu para o município de Itupeva, no mesmo Estado, onde produz cerca de 12.000 tons de mais de 70 produtos puros, nas formas pó e líquida. A Família Falzoni, de origem italiana, exerceu 100% do controle acionário até 1983, quando a Nordeste Química S.A. - Norquisa - holding de empreendimentos petroquímicos e de química fina passou a ter parte do capital da empresa, vindo a assumir o controle majoritário a partir de 1988. A Enia concorreu com grupos estrangeiros que vieram a se instalar no Brasil fabricando corantes para o setor têxtil e, sempre acompanhando a evolução do mercado, ampliou o seu negócio passando a fornecer corantes para o setor de couro e, mais adiante, corantes e alvejantes óticos para o setor de papel, sempre com tecnologia desenvolvida pelo seu corpo técnico e em instalações próprias. Em fase mais recente, a Enia construiu o Centro Tecnológico com as mais atualizadas instalações para P&D e para reprodução em escala laboratorial dos efeitos que os corantes e alvejantes óticos teriam de 70 apresentar na aplicação final, o que permitiu, portanto, contribuir para que a decisão de compra do cliente se tornasse mais segura. A assistência técnica prestada aos clientes para a aplicação de seus produtos tornou o nome Enia e as marcas de seus produtos bastante conhecidos e respeitados pelo mercado, o que certamente contribuiu para a permanência da empresa por tantos anos, ao longo dos quais tantas mudanças ocorreram, tais como: política de governo, transformações de mercados, novos hábitos de consumo e evolução tecnológica. Eventos marcantes representaram um cenário de mudança nos negócios. O fechamento ou fusão de empresas em um ambiente de globalização, a abertura comercial do Brasil e o crescimento da concorrência asiática foram motivos de ajustes para que a Enia se estruturasse e se adequasse a novas realidades. A empresa se modernizou no aspecto administrativo, através da sua profissionalização e da capacidade de atrair para seu quadro de funcionários técnicos de experiência em empresas de grande porte, permitindo, assim, sua constante atualização, sem dispensar colaboradores de anos, com seus conhecimentos e memória. A Enia, após tantas passagens em sua longa caminhada, continua atuando plenamente, reunindo condições para atender às necessidades atuais de seus clientes e para representar de forma honrosa seu papel de empresa industrial brasileira. Impressões e reflexões sobre o XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil Sem dúvidas o XVII congresso da FLAQt, desta vez organizado pela ABQCT, é o evento mais importante na Amerca Latina na área têxtil e os organizadores acharam no Hotel Gran Mélia WTC em São Paulo um lugar adequado e digno para este encontro. A organização não deixou nada a desejar, os palestrantes escolhidos representaram alguns dos mais conceituados institutos têxteis do mundo, os temas abordados eram extremamente atuais e prometeram um alto nível, o “timing” das palestras durante o congresso estava perfeito e o material entregado em forma de CD é bastante completo e vai deixar os curiosos e estudiosos ocupados por algum tempo. Parabéns a ABQCT, seu presidente Antônio Ajudarte Lopes Filho e ao diretor técnico, Frits Herbold, e a sua equipe organizadora. A participação ao nível América Latina também estava garantida, apesar dos custos altos de deslocamento dos participantes. Basta de falar em generalidades e vamos ao ponto. O que trouxe este evento para mim como Professor de ensino superior na área têxtil? Primeiramente o evento proporcionou para mim a oportunidade de encontrar os grandes mestres e pesquisadores nesta área em nível acadêmico e industrial vindo da Alemanha, da Espanha, de Portugal, da Suíça, dos Estados Unidos e da América Latina. Muito louvável foram os painéis de discussão, que contribuíram de forma construtiva para a interação entre os palestrantes e os participantes, e a reunião das Universidades (instituições de ensino superior) dos diferentes paises para aproximar os esforços de ensino e facilitar cooperações futuras e pesquisa também. O mesmo cabe dizer sobre o apoio financeiro da FLAQT – foi confirmado durante o congresso a continuação deste apoio - para projetos de pesquisa originais. Com certeza a pesquisa na área têxtil, e especialmente a investigação realizada em institutos de pesquisa e de ensino superior brasileiros ainda é pouca e precisa ser estimulada 72 e apoiada. Quando comparamos o Brasil com os paises da Europa, cuja indústria têxtil já está decaindo e migrando para a China e outros paises de baixo nível salarial, o Brasil tem ainda muito a oferecer para os pesquisadores Brasileiros, pois existe uma indústria nacional na sua porta com equipamentos reais. Por outro lado, a indústria brasileira da cadeia têxtil deveria aproveitar este potencial e se juntar com os pesquisadores para desenvolver produtos e processos novos. Se folharmos algumas revistas internacionais na área têxtil, como o Coloration technology o AATCC Review, o Textile Research Journal, o Melliand Textilberichte ou o Journal of the Textile Institute e outros encontramos muito poucas publicações brasileiras. A própria revista Química Têxtil sofre do mal da falta de artigos originais de qualidade reconhecida pela CAPES para publicar nas suas 4 edições por ano. Mais uma razão para estimular a pesquisa nesta área e estimular a publicação destes resultados. Precisamos de uma pesquisa mais forte e projetos mais ousados nesta área para que possamos concorrer e competir também em nível acadêmico e industrial com a Ásia e o resto do mundo. O congresso mostrou muito bem que há várias frentes de trabalho para os diversos interesses como por exemplo a nanotecnologia, a biotecnologia, a espatulagem (coating) e a estamparia digital. Com tantos pontos positivos os Professores Ivonete Barcellos e Jürgen Andreaus lamentam somente que o tempo, como sempre nestes eventos, é muito curto não sendo possível assistir todas as palestras, falar com todos os especialistas e fazer todos os contatos que gostariam de fazer.. Parabéns novamente a ABQCT e aos organizadores do evento. Jürgen Andreaus e Ivonette O. Barcellos Prof. do Dept. de Química da FURB - Universidade Regional de Blumenau Química Têxtil n° 77/dez.04 Informe Equipamentos Um caso suíço Artigo gentilmente cedido por Reisky Máquinas Ltda* Reduzir custos operacionais, produzir alta qualidade, reagir com flexibilidade às mais extremas exigências dos clientes: isto são contradições incompatíveis? Não! A Schellenberg Textildruck AG de Fehraltorf, a mais moderna empresa de acabamento para terceiros na Suíça, venceu essas contradições através de investimentos inteligentes em seus equipamentos de tingimento e acabamento. Em entrevista a Jürgen Lamsfuss, redator chefe da revista "Textilveredelung", publicada na edição 3/4 de 2004, Peter Schellenberg, presidente da Schellenberg Textildruck AG, terminou com a frase: "Voltaremos a investir também este ano. Trata-se de uma instalação contínua para lavar tecidos sensíveis com largura útil de até 260 cm, um investimento total de aproximadamente 2 milhões de francos suíços. Essa máquina deverá ser fornecida ainda em abril de 2004". Peter Schellenberg e o seu diretor técnico Urs Weder optaram pela cooperação com a empresa alemã Erbatech GmbH (antiga Brückner Apparatebau). Esta empresa é especializada no desenvolvimento e na fa- Figura 1. Descarga do compartimento principal de lavagem de 3 estágios 74 bricação de instalações contínuas de pré-tratamento (lavagem/branqueamento) e de pós-tratamento de tingimento. Já em outras ocasiões, a Erbatech provou possuir grande know-how e muita experiência no tratamento úmido de artigos sensíveis, sejam eles tecidos planos ou de malha aberta. Em conjunto com a Schellenberg, a Erbatech melhorou o já comprovado conceito da máquina de lavar "SCOUT" para atender as necessidades e prioridades específicas de seu cliente. Gerou-se um conceito de máquina "sob medida" para a lavagem após o tingimento e a estamparia da Schellenberg. O equipamento impressiona sobretudo pelos seus baixos valores de consumo, apresenta excelentes resultados de lavagem e, além disso, dá à Schellenberg um elevado grau de flexibilidade na produção. O cantão de Zurique não só é conhecido pelos mais altos salários da Suíça, mas também pelos enormes encargos a respeito do meio ambiente. Água é considerada um bem precioso. A nova instalação de lavagem possibilita a Schellenberg a lavagem após o tingimento com um consumo de água de 4 litros/kg para tingimentos com tonalidades claras, até o máximo de 12 litros/kg para tonalidades escuras. Esse baixo consumo de água deve-se, sobretudo, ao coração da instalação, o compartimento de lavagem principal, composto de 12 estágios de lavagem. Ele permite longos tempos de permanência de até 30 minutos (2,5 minutos por estágio de lavagem). Além disso, o equipamento, com um total de 18 estágios de lavagem, trabalha em constante contra-fluxo de banho. Figura 2. A instalação em funcionamento O seu alto grau de automação que efetua todas as regulagens de parâmetros, permite a uma única pessoa operar a instalação. Após a escolha da respectiva receita no monitor "Touch-Screen", o equipamento se configura sozinho. Todos os dados podem ser transferidos para um gerenciador central. A passagem do tecido aberto por repetidos sistemas de alargamento evita, de maneira segura, a formação de pregas e o enrolamento das ourelas. Os compartimentos de lavagem de tambor, equipados com sensíveis controles de tensão, possibilitam um transporte cuidadoso e praticamente sem tensão, que tem seqüência através das três mesas de transporte do compartimento principal de lavagem em três pisos. Referente a eficiência de lavagem e a solidez de cor, a máquina também impõe critérios, visto que ela é composta por um total de 18 estágios de lavagem. Espremedores distribuídos estrategicamente garantem a necessária separação de banho e conseqüente aumento da eficiência de lavagem. A composição da máquina atende plenamente às necessidades especiais de flexibilidade de produção da Schellenberg. Com seus 18 estágios de lavagem - 6 compartimentos de tambor e 12 estágios de lavagem por penetração - pode se emendar lotes com tonalidades diferentes e processá-las diretamente em seqüência - sem parada de máquina. Com tonalidades pouco divergentes não há mais necessidade de troca de banho. Em caso de grande variação de cor (por exemplo, amarelo/vermelho escuro), basta encaixar uma tela de 200 m para realizar a troca do banho. Considerando o conteúdo total de banho de 3.600 litros, a perda de água é baixa. O equipamento também oferece flexibilidade em relação a variedade de qualidade de tecidos a serem processados. Como prestadora de serviços, a Schellenberg Textildruck AG é confrontada com vasta variedade de artigos. Graças ao sensível controle de tensão do material e ao seu cuidadoso transporte praticamente sem nenhuma tensão, agora a Schellenberg pode processar em seqüência partidas de elasticidades variadas sem interrupções de operação. Além da certificação "Öko-Tex-Standard 100" para têxteis isentos de substâncias nocivas, a Schellenberg já possui há aproximadamente 4 anos também a certificação "Öko-Tex Standard 1000" de produção com proteção ao meio ambiente. Atualmente somente 10 empresas de acabamento no mundo (incluindo tinturarias de fios) possuem essa certificação. Há dois anos, a Schellenberg Textildruck AG conseguiu sua certificação para o "COOP Naturaline". Sem dúvida, um justo motivo de orgulho para Peter Schellenberg. E esse novo investimento se encaixa perfeitamente nessa filosofia. As primeiras experiências adquiridas com o novo equipamento foram tão convincentes, que a Schellenberg Textildruck AG já encomendou uma segunda instalação em julho de 2004. Ela deverá ser utilizada para a lavagem de tecidos alvejados e mercerizados em processo Pad Batch. O equipamento será fornecido em meados de novembro, devendo iniciar sua produção em fins de 2004 e início de 2005. * Traduzido de "Textilveredelung 9/10 de 2004" por Reisky Máquinas Ltda. - www.reisky.com.br 75 Química é o novo curso da Uninove A partir do primeiro semestre de 2005, a Uninove (Centro Universitário Nove de Julho) passa a oferecer, entre seus mais de 40 cursos, a graduação em Química Licenciatura. Com duração de três anos, o curso será oferecido nos campi Vila Maria e Vergueiro. Um dos diferenciais do curso da Uninove será o desenvolvimento da competência para ensinar nos futuros profissionais, uma vez que segue as novas exigências para a formação de professores, estipuladas pelo MEC (Ministério da Educação). Isso gabaritará o aluno a atuar em instituições de educação básica (ensino fundamental e médio) nas redes pública e privada, centros de pesquisa e editoras responsáveis por textos especializados em Química. Informações: www.uninove.br. Lavadora contínua em solvente SperottoRimar Mais dois grandes fabricantes de malhas e tecidos sintéticos mistos com Lycra investem na sofisticada tecnologia fornecida pela SperottoRimar-Itália. A Têxtil Matec Confecções Ltda. inaugurou há alguns meses em sua moderna fábrica a máquina modelo Nova Ecoknit Color 240/800 que incorpora a recentíssima tecnologia da lavagem posterior dos tingimentos sobre PES. A lavagem contínua em solvente substitui a tradicional lavagem redutiva, dispensando o uso de agentes redutores. A TDB Têxtil S.A., tradicional fabricante de variados artigos a base de Lycra, acaba de adquirir a máquina modelo Nova Ecowarp 250/1000 para atender às 76 novas exigências qualitativas dos mercados interno e externo, cada vez mais competitivos, bem como às suas crescentes demandas. Maiores informações pelo telefax (11) 3097.8704, com Giovanni Manzo. E-mail: [email protected]. EMPRESAS PROCURAM COLORISTA Empresa de médio porte do setor têxtil (confecção infantil em malha), nacional, com mais de 10 anos no mercado procura Colorista para trabalhar na cidade de Pomerode/SC. Requisitos: Profissional para atuar no desenvolvimento de cores para estamparia rotativa e localizada, utilizando pastas clear e mix (a base de água) e em plastisol (gel incolor). Ter conhecimentos de pigmentos e corantes e suas respectivas proporções para seu equilíbrio e obtenção de solidez a lavagem e fricção dentro dos padrões internacionais. Salário a combinar. Contato: Interessados enviar currículo para [email protected] ou entrar em contato com Michelle pelo fone (47) 3041-0041. TÉCNICO QUÍMICO TÊXTIL Empresa procura o profissional acima para efetuar o processo de tingimento do produto, preparando máquinas e/ou equipamentos, identificando parâmetros, bem como inspecionando a produção, a fim de atender ao programa de produção dentro dos prazos, quantidades e padrões de qualidade preestabelecidos. Requisitos: formação técnica, disponibilidade para trabalhar em turnos e mudança de residência (Piçarras/SC) Os interessados devem enviar currículo com pretensão salarial para o e-mail [email protected] ou para BR 101 KM 100 - Bairro Santo Antônio - Piçarras - SC - 88380-000 A/C RH. Indústria química bate recorde de produção A indústria química nunca produziu tanto como em agosto. O IGP Abiquim-Fipe, índice empregado pela Associação Brasileira da Indústria Química para acompanhar a evolução da produção do setor químico, atingiu o patamar de 131,3, o maior da história do setor. No mês, a produção aumentou 2,93% e, no acumulado do ano, o crescimento é de 8,31% em relação ao período janeiro a agosto do ano passado. A Abiquim atribui o crescimento à melhora do mercado interno e ao aumento das exportações. As vendas internas de produtos químicos de uso industrial, que apresentaram o significativo aumento de 8,42% em agosto, acumulam no ano crescimento de 13,26%. O aumento das vendas é explicado pela maior atividade de setores industriais relacionados ao agronegócio e a exportações, como veículos. Agosto trouxe mais um sinal positivo, com a melhora do mercado de tintas. Esses resultados também tiveram reflexos sobre o número de empregados no setor, que aumentou 0,23% em agosto. No acumulado do ano, houve crescimento de 0,59% no total de pessoas empregadas pela indústria química. Clariant bate recorde de vendas com corante para a área têxtil A Clariant recentemente conseguiu um expressivo recorde de vendas na exportação da sua linha de corantes para a área têxtil. O aumento, da ordem de 30%, se refere aos corantes reativos Drimaren, que atingiram em agosto a marca de 1.000 toneladas exportadas este ano. "Esse resultado é a comprovação de que a planta da Clariant em Resende (RJ) tem custo competitivo e qualidade internacional, atendendo os mais exigentes mercados mundias, tais como: Estados Unidos, Suíça, México, Turquia, Indonésia, entre outros", afirma Paulo Pimentel, gerente de corantes têxteis. Ele acrescenta que outro motivo para o incremento das exportações é a versatilidade dos corantes. Os corantes reativos Drimaren XN são especialmente desenvolvidos para tingimento de fibras celulósicas, no processo por esgotamento, em artigos malhas e fios. Tem como características principais a excelente reprodutibilidade e altíssima solidez à lavagem e luz. Os corantes reativos Drimaren CL são polifuncionais para tingimento de fibras celulósicas. Possuem baixa substantividade (na fase sal) e média reatividade - características que conferem enorme versatilidade de processos de tingimento. "É possível trabalhar com estes corantes nos processos semicontínuos, contínuos (pad batch, pad dry steam e outros) e também nos descontínuos (esgotamento 100% Celulose ou mistos de PA/Cel e PES/Cel)", afirma Pimentel. "Ainda é possível citar os altos índices de solidez do produto, com excelente lavabilidade e elevada confiabilidade de processo, em termos de dependência de sal, tempo, temperatura e relação de banho". Rhodia investe e amplia a produção de polímeros de nylon A Rhodia está fazendo um investimento da ordem de US$ 1 milhão na modernização e ampliação da capacidade de produção de polímeros de nylon da sua unidade em Santo André (SP), visando atender principalmente a demanda do mercado externo. Os polímeros são utilizados para a fabricação de compostos plásticos de engenharia destinados aos setores automotivo e eletro/ eletrônico, fios têxteis e fios industriais para pneumáticos e air bags. Com o investimento, que estará completado no primeiro trimestre de 2005, a capacidade total de polimerização da Rhodia será acrescida de mais 15 mil toneladas anuais, destinadas a vendas no mercado, principalmente para os Estados Unidos, Mercosul e Ásia. “O mercado mundial de polímeros nylon apresenta uma taxa anual de crescimento de 5% e existem oportunidades interessantes para o Grupo Rhodia ter uma posição de maior destaque no mercado de polímeros nessas três regiões, sobretudo nos Estados Unidos, onde as produções a partir do Brasil têm correta competitividade, 77 além de não ficarem sujeitas às variações cambiais que ocorrem por exemplo entre o euro e o dólar norte americano”, diz Luiz Carlos Fernandes, presidente Rhodia Intermediários e Polímeros América do Sul. A entrada em operação desse novo investimento deverá incrementar em 30 milhões de dólares anuais o faturamento da Rhodia Intermediários e Polímeros América do Sul, responsável também pelos negócios da empresa na produção e comercialização do Fenol/Acetona, Bisfenol e Acido Adípico, que são insumos importantes para vários setores da economia nacional. Em 2003, o faturamento da Rhodia IPAS alcançou US$ 255 milhões, 75% desse total foram vendidos ao mercado e os demais 25% alimentaram as cadeias de produtos da Rhodia no Brasil. Nos nove primeiros meses de 2004, essa empresa do grupo Rhodia faturou 30% acima do que o mesmo período do ano passado, com um extraordinário crescimento em volumes. A empresa concluiu recentemente um investimento de US$ 10 milhões na ampliação de capacidade de produção de fenol/acetona em sua unidade industrial de Paulínia, que passou a produzir 165 mil toneladas de fenol por ano. FEI desenvolve tecidos ecológicos A parceria firmada entre o curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da FEI e o estilista paranaense Caio Von Vogt começa a gerar frutos. Recentemente, Vogt apresentou à imprensa e convidados as peças confeccionadas com o tecido desenvolvido a partir da fibra da juta, erva cultivada na Amazônia desde 1940, e aprimoradas com técnicas de coloração não-poluentes pelos alunos e professores do curso de Engenharia Têxtil da FEI. Há mais de um ano, os professores e estudantes de Engenharia Têxtil da FEI se empenham em pesquisar novos corantes e técnicas de fixação e amaciamento do tecido. “O nosso objetivo é despertar nos alunos uma maior consciência ecológica no desenvolvimento de processos e produtos”, afirma Regina Sanches, coordenadora do curso de Engenharia Têxtil da FEI. 78 Extraídas de plantas naturais, como folha de mamona, açafrão, macela e urucum, as cores foram produzidas em 10 tons: salmão, rosa, verde-água, lilablau, terra, amarelo-suave, azul-nice, marfim, carmim e vinho. O preço do tecido é considerado inferior a tecidos como o linho, o veludo e a seda: varia de R$ 12 a R$ 18 o metro. Segundo o estilista, a participação da FEI no projeto é essencial para o aperfeiçoamento do tecido. “A juta é um produto muito rústico, que necessita de um cuidado técnico muito especial”, explica Caio Von Vogt. A fibra do produto é normalmente usada na confecção de sacaria e, por isso, é considerada de pouco valor para a indústria têxtil. “A proposta é mostrar a criação do primeiro tecido 100% natural e a importância deste projeto nas áreas sociais, culturais e ambientais”, afirma Vogt. BASF apresenta Fundação Espaço ECO Quem participou do IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação em Curitiba, em outubro, conheceu um projeto pioneiro na América Latina: a Fundação Espaço ECO, fruto de uma cooperação entre a BASF, a GTZ (agência do governo alemão para a cooperação internacional), com adesão da UNIDO (Organização para Desenvolvimento Industrial da ONU) e apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, SENAI e SESI. As obras para a construção da Fundação foram iniciadas em setembro deste ano e será um centro de excelência em desenvolvimento sustentável, disponibilizando o primeiro centro de Ecoeficiência Aplicada da América Latina. Abrigará projetos de educação ambiental e reflorestamento de uma área que faz parte do cinturão verde da cidade de São Paulo e é considerada pela UNESCO patrimônio ambiental mundial. Até 2009, serão investidos cerca de R$ 4 milhões para a conclusão do projeto. A previsão é de que as atividades da Fundação sejam iniciadas no início do próximo ano. As análises que serão realizadas pelo Centro Regional de Ecoeficiência comparam produtos e processos a fim de avaliar qual é o mais ecoeficiente, ou seja, aquele que mais satisfaz aos requisitos econômicos, sociais e ambientais. Essa análise tem como base a metodologia de avaliação do ciclo de vida dos produtos e processos, de acordo com conceitos que combinam requisitos ambientais, avanços econômicos e necessidades sociais. A inovadora ferramenta é certificada por institutos independentes e foi desenvolvida e aperfeiçoada na BASF AG, Alemanha. Com a criação da Fundação, a análise de ecoeficiência será colocada à disposição de empresas interessadas em utilizar a metodologia para avaliar a ecoeficiência de seus produtos e de seus processos, cujos resultados podem ser publicados e levados ao conhecimento do consumidor final de diversas formas. Em outras palavras, a análise possibilita agregar vantagem competitiva ao produto e às empresas que a usam. Corantes dispersos estabelecem novos padrões para a estamparia digital A DyStar está lançando os quarto primeiros corantes dispersos para jato de tinta - Jettex D (CMYK) para estamparia digital em poliéster. Essa linha estabelece novos padrões: ao contrário dos corantes para sublimação (corantes para transfer) eles garantem ótima intensidade de cor e brilho, boa cobertura do espectro de cores, alta solidez e ótima fixação, utilizando-se de todos os métodos comuns de fixação. Jettext D são corantes dispersos a base de água que utiliza em sua fabricação uma nova tecnologia de formulação para garantir uma alta estabilidade. São idênticos aos corantes dispersos utilizados na estamparia convencional em poliéster, o que garante uma maior confiabilidade no processo, transferência laboratórioprodução e reprodutibilidade de cores. Esses corantes são particularmente adequados para estamparia digital de bandeiras, banners, materiais de propaganda e roupas femininas. Alta solidez à luz. Em tecidos com anti-chama tipo Trevira® CS, há redução desta propriedade. Novos corantes estão sendo desenvolvidos para completar as quatro tonalidades básicas lançadas. O novo Jettex D complementa a linha de corantes reativos Jettex R e a de corantes ácidos - Jettex A, já disponíveis no mercado. Rhodia lança projeto para valorizar indústria de calçados A Rhodia, uma das empresas pioneiras do desenvolvimento industrial do país, está lançando o projeto “Rhodia Footwear Technology” para valorizar a indústria de calçados brasileira, um dos setores mais importantes da pauta de exportações do país. O objetivo é colocar nesse segmento toda a sua competência no desenvolvimento de novas tecnologias, a partir dos seus laboratórios instalados no país e com parcerias com empresas do setor. 79 “O que queremos com esse projeto é transferir para toda a cadeia produtiva o conhecimento do mercado e o expertise em tecnologia que desenvolvemos ao longo de 85 anos de atividades no país”, afirma José Luiz Redondo, gerente geral da Rhodia Sílica Systems e coordenador do grupo de trabalho da empresa voltado para o segmento de calçados. Segundo ele, o projeto é inspirado no projeto de desenvolvimento que a empresa realizou no setor têxtil desde meados dos anos 50, quando introduziu no Brasil a produção de fios têxteis sintéticos. O trabalho integrado entre a Rhodia, a indústria de calçados, a indústria de componentes para calçados e os estilistas visa responder às necessidades e os desejos dos consumidores finais, sejam brasileiros ou estrangeiros, com um produto de qualidade, confortável, que incorpore novos materiais e que sejam bonitos, ou seja, tenham um apelo de moda importante. A Rhodia também é um dos principais apoiadores do projeto de realização do livro “O calçado e a moda no Brasil - Um olhar histórico”, uma iniciativa da Assintecal - Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos - que resgata a história do setor desde os tempos do Brasil Colônia até o final do século XX e aponta as tendências para as próximas décadas. Indústria química realiza 80% de suas compras via comércio eletrônico A indústria química transaciona 80% dos 27 mil pedidos de compras anuais por meio do mercado eletrônico. Foi em uma das reuniões do Grupo Gesup (Gestores de Suprimentos) da Abiquim, há três anos, que a BASF iniciou os estudos referentes ao comércio eletrônico em compras. Certa das vantagens que as ferramentas poderiam proporcionar aos negócios da companhia, a indústria química foi a campo conhecer como as empresas de business to business disponíveis no mercado trabalhavam. Experiência e know how fizeram do Mercado Eletrônico (www.me.com.br) o marketplace escolhido pela 80 BASF, tornando-a pioneira em B2B no segmento. Hoje, dois anos e meio após o início da utilização do Mercado Eletrônico, dos 27 mil pedidos de compras anuais feitos pela BASF, cerca de 80% são feitos eletronicamente. No início de sua utilização este número chegava a apenas 5%. Com o sucesso da implementação a empresa no Brasil tornou-se modelo e já está estudando a possibilidade de expandir os serviços para as unidades da América do Sul. DyStar está adquirindo o Grupo Rotta A DyStar, empresa líder mundial em corantes têxteis, assinou um contrato para adquirir as atividades do Grupo Rotta, fabricante de produtos químicos auxiliares para as indústrias têxteis, couros e papel. A aquisição compreende os negócios da Rotta na Alemanha e suas subsidiárias no Brasil, China, França, Itália e Turquia. A empresa tem 200 empregados e atende a 1.300 clientes em 80 países. "A aquisição da Rotta é o primeiro passo em direção ao futuro. Os produtos comercializados por nossas duas companhias encaixam-se de maneira excelente, habilitando-nos a oferecer aos nossos clientes tanto os corantes têxteis quanto os auxiliares. Dessa forma, a DyStar está iniciando a adaptação de sua estrutura - reflexo das dramáticas alterações das condições do mercado", explicou o CEO da DyStar Dr. Clemens Willée. Detalhes financeiros da negociação não serão divulgadas. Alfred Mittelmann, Diretor Administrativo da Rotta, que será responsável pelo negócio de auxiliares na DyStar no futuro, está otimista com a transação. Da mesma forma que a DyStar em corantes, a Rotta é o maior fornecedor de auxiliares para a indústria têxtil. Seu portfolio compreende produtos para pré-tratamento, auxiliares para tingimento, produtos para acabamento de resinas, coating, tratamento de lã e acabamento de fios. Outra linha forte da empresa é a de produtos para acabamentos de couro para a indústria automobilística, de móveis e calçados. A Rotta também comercializa auxiliares para a indústria de papel. CONTROLE DE QUALIDADE TÊXTIL Procedimento de Ensaio IPT DQ-LPTex-PE 19.0.11 IPT Laboratório de produtos têxteis Exposição à luz fluorescente, radiação UV-B 313 nm, para materiais não metálicos Parte integrante da revista Química Têxtil n° 77/dez..2004 1. OBJETIVO Este procedimento prescreve o modo pelo qual se avalia a resistência de materiais, a solidez da cor ou qualquer outra alteração física ou visual que se deseja avaliar, à radiação ultravioleta destinada a reproduzir aceleradamente os efeitos do intemperismo que ocorrem quando são expostos à luz solar, no uso real, sob a ação de chuva ou orvalho. Neste procedimento usa-se a lâmpada fluorescente UVB-313, cuja radiação primária origina-se de um arco de mercúrio de baixa pressão, que é transformada em elevado comprimento de onda através de fosfato fluorescente. A radiação ultravioleta é aquela energia radiante na qual os comprimentos de onda dos componentes monocromáticos, são inferiores àque- les da radiação visível e superiores a 100 nm. Os limites dos espectros de radiação ultravioleta se situam entre 400 e 100 nm e se dividem em três tipos: UV-A, no campo espectral de (315-400) nm; (lâmpada fluorescente UV tipo I) UV-B, no campo espectral de (280-315) nm; (lâmpada fluorescente UV tipo II) UV-C, no campo espectral de (100-280) nm. A Figura 1 apresenta os comprimentos de onda da luz solar e a irradiância nas regiões visível e ultravioleta e os da luz UV-B do aparelho C-UV. A Figura 2 apresenta a irradiância da lâmpada UV-B 313, com pico de irradiância da ordem de 313 nm, com e sem filtro do vidro de janela, e a luz solar com filtro do vidro de janela(2) Quanto à ação da radiação UV, apresentamos a Tabela 1(1). Apesar do fato da radiação UV-B representar só aproximadamente 1,7% da energia solar, há muitos casos de sua predominância na degradação de materiais devido a ação sinérgica com o intemperismo, isto é, sob a ação da luz (comprimento de onda da radiação), umidade e temperatura. Embora as lâmpadas UV-A permitam uma conclusão mais próxima do intemperismo real, as lâmpadas UV-B são usadas mais amplamente que as UV-A, porque, para a maioria dos materiais de revestimentos, a lâmpada UV-B produz resultados aceitáveis, principalmente àqueles materiais mais sensíveis à umidade. Para ilustração, apresentamos na Tabela 2 os espectros de ativação de polímeros. 2. CAMPO DE APLICAÇÃO Este procedimento é aplicável aos materiais não metálicos, dos quais deseja-se avaliar o espectro de ativação dos polímeros que normalmente apresentam comprimentos de onda de ativação máxima, na faixa da radiação, como mostra a Tabela 2. Para a maioria dos materiais de revestimentos, a radiação UV-B acelera sua deterioração duas vezes mais rápido que a radiação UV-A. Por isso, no caso de se ensaiar uma amostra com as lâmpadas que emitem radiações UV-B e UV-A e observar-se como única diferença a velocidade e não o tipo de deterioração, perceber-se-á a vantagem do ensaio com a lâmpada UV-B. Como o vidro de janela usado como filtro de luz elimina a maioria dos comprimentos de onda da região de 310 nm, as lâmpadas UV-B 313 não são recomendadas para simulações da luz solar através do vidro de janela ( "indoor" ). Por isso, o equipamento CUV não é recomendado para materiais onde vidro ou plástico transparente façam parte da superfície a ser exposta do corpo-de-prova, a não ser que se queira. 3. REFERÊNCIA ISO 4892.3-1994 Plásticos - Métodos de exposição a fontes de luz de laboratório Parte 3: Lâmpadas fluorescentes UV. 4. NORMAS COMPLEMENTARES 4.1. DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002 Escala cinza para a avaliação da alteração da cor nos ensaios de solidez da cor de têxteis. 4.2. ISO 4582 - 1998 Plásticos - Determinação da alteração da cor e variações em propriedades após exposição à luz do dia sob vidro, intemperismo natural ou luz artificial. 5. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 5.1. Aparelho CUV, Ultravioleta "B"/Condensação, código CUV-01, marca Comexim, Sistema Acelerado de Envelhecimento para Não Metálicos, usando um grupo de quatro lâmpadas fluorescentes no painel dianteiro e outro grupo também de quatro lâmpadas fluorescentes no painel posterior; 5.1.1. Lâmpadas UV-B 313, substituídas a cada 1600 h de uso, conforme Figura 3 - Reposição escalonada de lâmpadas. Essas lâmpadas tipo II têm uma distribuição espectral de radiação com picos próximos à linha do mercúrio, de 313 nm. Elas emitem teores significantes de radiação abaixo de 300 nm, comprimento de corte nominal da radiação solar, que poderá resultar em processos de envelhecimentos que não ocorrem ao ar livre. rações da cor e aspectos superficiais, ensaia-se somente um corpo-de-prova; 7.3. Quando, após o ensaio no aparelho CUV deseja-se determinar alterações mecânicas, verificar no ensaio mecânico correspondente o número mínimo de corpos-de-prova e suas dimensões; 7.4. Para corpos-de-prova de materiais isolantes, como madeira, plástico, laminados porosos, etc., a espessura máxima deve ser de 20 mm; 7.5. Identificar cada corpo-de-prova com tinta indelével, em área que não será usada nos ensaios mecânicos, visuais e outros. 5.1.2. Os suportes dos corpos-de-prova podem ser de materiais resistentes à corrosão que não afetam os resultados como ligas de alumínio e aço inox resistentes à corrosão. Bronze, aço ou cobre não devem ser utilizados próximos aos corpos-de-prova. 6. ATMOSFERA PADRÃO DE ENSAIO Neste procedimento as amostras e os corposde-prova não precisam ser condicionados e ensaiados na atmosfera padrão de ensaio (conforme ISO 139-73). 7. PREPARAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA 7.1. As dimensões dos corpos-de-prova podem ser variáveis, desde que caibam nos suportes do aparelho, de acordo com o ensaio que se deseja efetuar. É recomendado um corpo-de-prova quadrado de dimensões mínimas de (100 ± 5) mm; 7.2. Quando se deseja avaliar somente as alte- 8. PROCEDIMENTO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 8.1. Antes de expor os corpos-de-prova à radiação ultravioleta, verificar se ensaios mecânicos serão posteriormente efetuados. Se o ensaio for destrutivo, usar dois corpos-de-prova excedentes da quantidade mínima especificada no ensaio mecânico; 8.2. Montar os corpos-de-prova nos suportes do aparelho CUV de modo que não estejam sujeitos à tensão. Verificar se as condições de exposição são uniformes, preenchendo, se preciso, todos os espaços vazios dos suportes, com painéis de material resistente à corrosão; 8.3. As avaliações de alteração da cor e da aparência e propriedades superficiais (vide itens 8.8 e 9.1) são efetuadas baseando-se na comparação com corpos-de-prova não expostos, armazenados no escuro. Não é recomendado o uso de anteparos opacos cobrindo parte da superfície dos corpos-de-prova durante a exposição para depois comparar-se a parte exposta e não exposta às ra- diações. Esse sistema é passível de fornecer resultados imprecisos, porque a parte coberta dos corpos-de-prova permanece exposta à temperatura e à umidade, que poderão afetar o material; 8.4. Quaisquer condições de ensaio podem ser usadas desde que detalhadas com exatidão no Relatório de Ensaio. A Tabela 3 indica algumas condições de exposição representativas, obtidas da norma ASTM G 154-2000. Essas condições não são necessariamente as recomendadas. Elas são somente condições de referência. Observações: 1) O ciclo 1 tem sido largamente utilizado para revestimentos espalmados; o ciclo 2 tem sido usado para materiais de exterior automotivo; o ciclo 3 tem sido usado para materiais de coberturas (telhados); 2) Ao selecionar programas de exposição UV seguido por condensação é preciso lembrar que o aparelho leva até 2 h para elevar a temperatura da água, da temperatura ambiente até a ebulição. Portanto, quando se indica que se está usando 4 h de condensação, na verdade obtémse somente 2 h de condensação efetiva em regime contínuo. Não se pode efetuar ciclos de ex- posição com menos de 4 h de condensação. Suponhamos que um cliente solicite ciclos de exposição com somente 1 h ou 2 h de condensação, isso é inviável porque, nesses ciclos, ainda não houve formação de vapor ou, no mínimo, está se iniciando a condensação do vapor no corpo-de-prova. Qualquer ensaio feito nessas condições apresentará resultados iguais a ciclos sem condensação. Portanto, para se obter resultados corretos, independentemente das características do corpo-de-prova, é indispensável utilizar no mínimo 4 h de condensação. O emprego de tempos de condensação superiores a 4 h talvez venha a ser necessário, em amostras especiais de difícil umectação. 3) A temperatura superficial dos corpos-de-prova é um item de ensaio essencial. Geralmente os processos de degradação são acelerados com o aumento da temperatura. O aumento da temperatura em 10ºC provoca uma aceleração de até 100% do efeito degradante. A temperatura do ensaio deve ser registrada na metade do tempo do ciclo de luz e quinze minutos antes do término do ciclo de condensação. 4) As lâmpadas fluorescentes UV emitem relativamente pouca radiação no infravermelho, com- paradas com as fontes de arco de xenônio e de carbono. Nos equipamentos com lâmpadas fluorescentes UV o aquecimento primário da superfície dos corpos-de-prova é por convecção do ar aquecido, passado diante do painel com os corpos-de-prova. Por isso há uma diferença mínima entre: termômetros isolados ou não, de painel branco ou negro; da superfície do corpo-deprova; do ar na câmara do aparelho; ou em amostras de diferentes cores. 8.5. Programar o aparelho para os ciclos prédeterminados, a fim de operar continuamente durante todo o período de exposição do ensaio. As interrupções para a manutenção do equipamento ou para a inspeção dos corpos-de-prova devem ser as menores possíveis; 8.6. Como a irradiância nos painéis frontal e pos- terior variam ao longo do comprimento do painel, para a exposição de até três corpos-de-prova deve-se utilizar a região central dos painéis, não havendo a necessidade de efetuar-se o rodízio dos mesmos. Para a exposição de quatro a mais corpos-de-prova deve-se efetuar o rodízio como segue, (Figura 4): 8.6.1. Para até treze corpos-de-prova de (29,0 X 7,5) cm: a) Numerá-los de 1 a 13, da esquerda para direita; b) Retiram-se dos painéis os corpos-de-prova da posição 1 e 13; c) Deslocam-se os corpos-de-prova das posições 2 até 7, de uma posição à esquerda; e os corpos-de-prova das posições 8 até 12, de uma posição à direita; d) Recoloca-se o corpo-de-prova que estava na posição 1 para a posição 7, e o corpo-de-prova que estava na posição 13 para a posição 8, conforme a Figura 4. OS), efetuar os ensaios de acordo com seus respectivos procedimentos de ensaio; 8.6.2. Para até vinte e seis corpos-de-prova de (15,0 X 7,5) cm: Nesse caso, além do rodízio indicado no item 8.6.1, é necessário alterar a cada parada, também, as posições "A"/"B" (vide Figura - 4) dos corpos-de-prova, girando-os, dentro dos suportes, num ângulo de 180°, de modo que a posição "A" que se encontrava na parte superior fique agora na parte inferior, e assim sucessivamente durante todo o rodízio girando-se os corpos-de-prova. 8.10. Apresentar no Relatório de Ensaio: · O tipo de lâmpadas fluorescentes UVB usadas; · O número de corpos-de-prova submetidos às radiações UVB; · Especificar o ciclo de exposição e o número total de horas de exposição; · A temperatura da câmara durante o ensaio no ciclo de luz e no ciclo de condensação; 8.6.3. A periodicidade do rodízio dos corpos-deprova deve ser da seguinte ordem: a) Para ensaios até 200 h de exposição, efetuar o rodízio na metade do tempo total de exposição. b) Para ensaios superiores a 200 h de exposição, efetuar o rodízio a cada quatro dias. 8.7. Se for necessária a remoção dos corpos-deprova para inspeção periódica, cuidar para não tocar ou desarranjar a sua superfície. Após a inspeção, o corpo-de-prova é recolocado na câmara com sua superfície na mesma orientação em que estava anteriormente, a não ser no caso de retirada para rotação do corpo-de-prova, vide item 8.6. 8.8. Concluída a exposição, após a secagem do corpo-de-prova ao ar, avaliar a solidez da cor quanto a sua alteração, de acordo com o Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002 - Emprego da escala cinza para a avaliação da alteração da cor em materiais têxteis; 8.9 Quando se deseja quantificar outras propriedades do corpo-de-prova exposto à radiação UVB, como suas propriedades superficiais, mecânicas ou outras (vide item 9 - COMENTÁRI- · Qual face da câmara o ensaio foi realizado e a sua irradiância média central em W/m2 pela banda de 300 a 312 nm; . Especificar o processo de reposicionamento (rodízio) dos corpos-de-prova adotado; · O resultado numérico da alteração da cor dos corpos-de-prova; · A aparência / propriedades superficiais do corpo-de-prova após o ensaio, (item 9.1); · Se solicitado, a variação das características mecânicas e outras (itens 9.2 e 9.3). 9. COMENTÁRIOS As variações na aparência e propriedades superficiais são estimadas qualitativamente podendo ser expressas numa escala registrada entre as partes. Recomenda-se a seguinte estimativa: · · · · Nenhuma variação Variação mal perceptível Variação moderada Variação substancial (NV) (VMP) (VM) (VS) Esta escala é arbitrária e embora de muito uso ao se avaliar simultaneamente muitos corposde-prova, é preciso muito cuidado na interpretação dos resultados de diferentes observadores. Os efeitos destrutivos do intemperismo acelera- do, compreendem normalmente: 9.1. Aparência e propriedades superficiais; 9.1.1. Alteração da cor; 9.1.2. Perda de brilho ("gloss lost") pela ação da umidade, luz e calor; 9.1.3. Transparência ou fosqueamento ("Haze" ou "Hazing") perda ou migração de componentes da amostra; 9.1.4. Exudação, afloramento ("Blooming"); 9.1.5. Formação de fina camada de pó na superfície do corpo-de-prova ("Chalking") ou calcinação; alongamento à ruptura; 9.2.2. Propriedades de flexão; 9.2.3. Resistência ao impacto; 9.2.4. Resistência ao rasgamento; 9.1.6. Ataque biológico pelo desenvolvimento de microorganismos; 10. NORMAS TECNICAMENTE EQUIVALENTE 9.1.7. Aparência de teia de aranha ("Crazing"); 9.1.8. Aparecimento de bolhas ("Blistering") em revestimentos secos, pela ação da falta de aderência ao substrato; 9.1.9. Aparecimento de pequenas bolhas, tipo fervura ("Embrittlement") pela ação de umidade e calor; 9.1.10. Curvatura do urdume ("Warping"); 9.1.11. Delaminação; 9.2. Propriedades mecânicas; 9.2.1. Propriedades de tração, principalmente 9.3. Outras propriedades; 9.3.1. Variações de comprimento, largura e espessura; 9.3.2. Variação de massa; 9.3.3. Variações de densidade, e outras propriedades (Ver ISO 4582-1998, Anexo A.3) ASTM G 154 - 2000 Standard Pactice for Operating Fluorescent Light Apparatus for UV Exposure of Nonmetallic Materials. ASTM G 151 - 2000 Standard Pactice for Exposing Nonmetallic Materials in Accelerated Test Devices that Use Laboratory Light Sources. Eraldo Maluf - Laboratório de Produtos Têxteis - IPT tel. (11) 3767.4664 / e-mail: [email protected] - www.ipt.br O PODER DO ENTUSIASMO A palavra entusiasmo vem do grego e significa “ter Deus dentro de si”. Os gregos eram politeistas. A pessoa entusiasmada era aquela possuída por um dos deuses e, por causa disso, poderia transformar a natureza e fazer coisas acontecerem. Assim, se você fosse entusiasmado por Ceres, Deusa da Agricultura, seria capaz de fazer acontecer a melhor colheita e assim por diante. Só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do cotidiano. Era preciso, portanto, entusiasmar-se. O entusiasmo é diferente do otimismo. Otimismo significa acreditar que uma coisa vai dar certo. Talvez até torcer para que ela dê certo. Muita gente confunde otimismo com entusiasmo. No mundo de hoje é preciso ser entusiasmado. A pessoa entusiasmada é aquela que acredita na sua capacidade de transformar as coisas, de fazer dar certo. Entusiasmada é a pessoa que acredita em si. Acredita nos outros. Acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a própria realidade. Só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasticamente! Se formos esperar ter as condições ideais primeiro para depois nos entusiasmarmos, jamais nos entusiasmaremos com coisa alguma, pois sempre teremos razões para isso. Não é sucesso que faz o entusiasmo. É o entusiasmo que traz o sucesso. Há pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar para depois se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com coisa alguma. O entusiasmo é que traz a nova visão da vida. Como vai o seu entusiasmo pelo Brasil, por sua empresa, por seu emprego, por sua família, por seus filhos, por seus estudos, pelo sucesso dos seus amigos? Se você é daqueles que acham impossível entusiasmar-se com as condições atuais, acredite: jamais sairá desta situação. É preciso acreditar em você. Acreditar na sua capacidade de vencer, de construir o sucesso, de transformar a realidade. Deixe de lado todo o negativismo. Abandone a descrença e seja entusiasmado com sua vida e principalmente entusiasmado com VOCÊ. Você verá a diferença. SUCESSO!! Um feliz Natal a todos e um Ano Novo entusiasmado.