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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO FORTALEZA 2009 SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional e Políticas Públicas, do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Ph. D. Paulo César de Sousa Batista FORTALEZA 2009 SILVIA KATAOKA DE OLIVEIRA MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE GESTÃO PARA HOSPITAIS SECUNDÁRIOS NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional e Políticas Públicas, do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Ph. D. Paulo César de Sousa Batista . Aprovada em: 29/12/2009 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof. Ph.D. Paulo César de Sousa Batista (Orientador) Universidade Estadual do Ceará ___________________________________________ Prof. Dr. Paulo César de Almeida Universidade Estadual do Ceará __________________________________________ Prof. Dr. Roberto Sérgio Farias de Souza Universidade do Vale do Acaraú A Jeová, Deus, que colocou as pessoas certas no meu caminho, mantendo-as ao meu lado, sempre que foi preciso. Aos meus pais, Mario e Lourdinha, pelo exemplo de amor e dedicação, ao meu esposo, Tonguinho, e as minhas filhas, Ester e Natalia. DEDICO AGRADECIMENTOS Ao Secretário Bismarck Maia, que oportunizou a minha participação no Curso de Mestrado Profissional em Planejamento e Políticas Públicas, com recursos do PRODETUR, por meio do Banco do Nordeste. Ao Dr. João Borges, Diretor Geral do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, a diretora Mariâm Lopes e aos diretores Fernando Carvalho e Barbosa Júnior, que colaboraram e acreditaram nesse trabalho, abrindo as portas dessa instituição à realização dessa dissertação. Ao professor Paulo César de Sousa Batista, que pelo seu vasto e brilhante conhecimento, me proporcionou grande crescimento profissional e pessoal na orientação desta dissertação, e, também, por confiar e acreditar no meu trabalho. Ao Professor Horácio Frota, coordenador do mestrado, cuja competência e dedicação têm permitido que muitos profissionais no Estado tenham uma melhor qualificação técnica. A amiga Socorro Lima, pela ajuda e leal parceria profissional. Aos companheiros e companheiras do GesPública, nacional e local, pela colaboração ao compartilhar conhecimentos e experiências. Aos amigos de trabalho, pelo incentivo e ajuda profissional: Ariana Falcão, Edmar Mendes, Desirée Mota, Lúcia Cidrão, Soraya Victor, Ernesto Sabóia, Fernando Carvalho (Etice), Alda Oliveira, Wilton Bessa, Márcia Ximendes, Lúcia Pompeu, Osterne Feitosa e Simone Nascimento. Aos amigos e parentes (em especial Gorete Fontenele) pela compreensão da minha ausência em vários momentos importantes de suas vidas, mas que já sinalizaram que irão me aceitar de volta. RESUMO Este estudo propõe uma metodologia para medição da performance através da implantação do Balanced Scorecard (BSC), no Hospital Municipal João Elísio de Holanda – HMJEH. O Hospital presta assistência no nível secundário de complexidade do sistema de saúde pública, sendo localizado na cidade de Maracanaú, Estado do Ceará, e mantido pela Prefeitura Municipal dessa Cidade. Metodologicamente, a pesquisa é um Estudo de Caso do Hospital, e utiliza como métodos auxiliares a entrevista e a realização de painéis e oficinas de trabalho. O estudo tem como contexto a evolução da gestão pública e do sistema de saúde no Brasil e assenta-se teoricamente nas contribuições sobre desempenho, avaliação de desempenho e na contribuição de autores como Kaplan e Norton (1997). São ainda relevantes as concepções teóricas e a sistemática de avaliação de desempenho do Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP, do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. O modelo de avaliação proposto é composto de quatro perspectivas para medir o desempenho do hospital, que são: Sustentabilidade, Aprendizado e Crescimento, Modernização Administrativa e Stakeholders, apresentadas, com suas relações de causa e efeito, por meio de um Mapa Estratégico. Como parte da proposta foram especificados indicadores para cada uma das perspectivas, de forma a possibilitar a medição e o acompanhamento do sucesso das estratégias definidas para a instituição, contemplando a formação das equipes, a definição e desenvolvimento dos planos de ação e a montagem do sistema de informações sobre os resultados dos indicadores do BSC e dos indicadores dos planos de ação. Para o sucesso da implementação e da utilização do modelo, foi ainda definido o processo de monitoramento e análise desses indicadores, bem como explicitados os fatores facilitadores e dificultadores e as mudanças necessárias ao Hospital. Como o modelo pode ser utilizado em qualquer tipo de organização pública, ajustadas às suas especificidades, sugere-se sua implementação e o monitoramento dos resultados, de modo a consolidar esta proposta como referência em modelo de avaliação de desempenho de organizações públicas em geral. Palavras-chave: Avaliação Desempenho, Balanced Scorecard, Gestão Pública e Gestão Hospitalar. ABSTRACT This study proposes a methodology to measure the performance of the County Hospital João Elísio de Holanda (Hospital Municipal João Elísio de Holanda) – HMJEH through the implementation of a Balanced Scorecard (BSC). This hospital provides assistance at the secondary level of complexity of the public health system; it is located in Maracanaú, state of Ceará, and it is maintained by the City Government. Methodologically, this research is a Case Study of the hospital, and it utilizes as auxiliary methods interviews and workshop panels. The study has as context the evolution of the public management and of the health system in Brazil and theoretically it fits within the contributions about performance, performance evaluation, and on the contributions of the authors Kaplan and Norton (1997). Also important are the theoretical conceptions and the systematic performance evaluation of the Public Management Model of Excellency – MEGP, of the National Program of Public Management and Elimination of Bureaucracy. The model of evaluation proposed is composed of four perspectives to measure the performance of the hospital, which are: Sustainability, Learning and Growth, Administrative Modernization, and Stakeholders presented with their cause and effect relationships through a Strategic Map. As part of the proposal, indicators were specified for each of the perspectives in order to make possible the measurement and follow up of the success of the strategies defined for the institution, contemplating the teams formation, the definition and development of action plans, the development of the information system about the results of the indicators of the BSC and of the indicators of the action plans. To ensure the success of the implementation and use of the model, the process for monitoring and analyzing these indicators was defined, the factors that would facilitate or make it more difficult were made explicit, as well as the necessary changes in the Hospital. Since the model can be used at any type of public organization, with adjustments to its specificities, it is suggested to implement and monitor the results in such a way to consolidate this proposal as a reference model of performance evaluation for public organizations in general. Key-words: Performance Evaluation, Balanced Scorecard, Public Management, and Hospital Management. SUMÁRIO LISTA DE QUADROS.............................................................................................................9 LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................11 LISTA DE TABELAS............................................................................................................12 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...........................................................................13 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................15 1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL..................................................19 1.1 Reforma Administrativa da Nova República: concepção, características e objetivos .............................................................................................................................................. 21 1.2 Gestão Pública Gerencial............................................................................................. 26 1.3 Gestão Pública Orientada para Resultados ............................................................... 30 2 O SISTEMA DE SAÚDE E A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR .................................36 2.1 O Setor de Saúde........................................................................................................... 36 2.1.1 O Setor Público de Saúde ........................................................................................ 38 2.1.2 O Setor Privado de Saúde........................................................................................ 42 2.2 Papel do Hospital no Sistema de Saúde ...................................................................... 44 2.3 Empresa de Saúde e suas Singularidades................................................................... 46 2.4 Gestão Hospitalar ......................................................................................................... 49 2.4.1 A Qualidade no Setor de Saúde............................................................................... 56 2.4.2 A Qualidade nos Hospitais Brasileiros.................................................................... 59 3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ..................................................................................62 3.1 O Conceito de Desempenho Organizacional e sua Aplicação em Organizações de Saúde.................................................................................................................................... 62 3.1.1 Indicadores de Desempenho.................................................................................... 64 3.1.2 Modelos de Decisão ................................................................................................ 66 3.1.3 Modelos de Mensuração.......................................................................................... 69 3.1.3.1 Modelo de informação...................................................................................... 71 3.1.4 Acreditação Hospitalar ............................................................................................ 72 3.2. Avaliação de Desempenho no Setor Público Brasileiro - Modelo de Excelência de Gestão (MEGP) do GesPública ......................................................................................... 75 3.2.1 Princípios e Fundamentos do MEGP ...................................................................... 78 3.2.2 Instrumentos para a Avaliação da Gestão Pública .................................................. 80 3.2.3 Diretrizes para a Pontuação ..................................................................................... 84 3.3 Avaliação de Desempenho na Abordagem do Balanced Scorecard.......................... 85 3.3.1 Perspectiva Financeira .......................................................................................... 90 3.3.2 Perspectiva dos processos Internos ......................................................................... 91 3.3.3 Perspectiva do Cliente ............................................................................................. 93 3.3.4 Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento ......................................................... 95 3.4 Análise de Stakeholders ................................................................................................ 96 4 METODOLOGIA..............................................................................................................100 4.1 Natureza da Pesquisa ................................................................................................. 100 4.2 Pesquisa Exploratória ................................................................................................ 103 4.3 Delineamento da Pesquisa.......................................................................................... 104 4.4. Tratamento e Análise dos Dados.............................................................................. 107 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................108 5.1 Caracterização do Campo Empírico da Investigação ............................................. 109 5.2. Missão e Visão............................................................................................................ 111 5.3. Escopo do Hospital: Usuários, Produtos, Serviços e Região de Atendimento ..... 111 5.4 Diagnóstico Estratégico.............................................................................................. 112 5.5 Análise dos Stakeholders do HMJEH........................................................................ 116 5.6 Apresentação das Definições Estratégicas................................................................ 124 5.7 Construção do Mapa Estratégico e dos Indicadores ............................................... 128 5.8 Metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores.................................... 136 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................146 APÊNDICE A .......................................................................................................................154 RESUMO...............................................................................................................................154 AUTOAVALIAÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL DR. JOÃO ELÍSIO DE HOLANDA............................................................................................................................154 APÊNDICE B.......................................................................................................................163 RESUMO DO MAPEAMENTO DO PROCESSO SAME...............................................163 ANEXO I ...............................................................................................................................170 ANEXO II..............................................................................................................................171 ANEXO III ............................................................................................................................173 QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - RESULTADOS ORGANIZACIONAIS..............173 ANEXO IV ............................................................................................................................174 QUESTIONÁRIOS DA PESQUISA...................................................................................174 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Classificação do Setor Privado de Saúde ........................................................... 42 QUADRO 2: Definição do Setor Supletivo de Saúde.............................................................. 43 QUADRO 3: Tipos de Local de Atendimento por Assistência à Saúde .................................. 46 QUADRO 4: As Sete Perspectivas Estratégicas Hospitalares ................................................. 50 QUADRO 5: Componentes da Gestão Operativa Hospitalar................................................... 51 QUADRO 6: Aspectos para Gerenciamento na Instituição Hospitalar.................................... 54 QUADRO 7: Missões da Gerência na Instituição Hospitalar .................................................. 54 QUADRO 8: Pilares da Qualidade e Seus Conceitos .............................................................. 57 QUADRO 9: Conceitos da Teoria Geral de Sistemas.............................................................. 57 QUADRO 10: Fases do Processo Decisório ............................................................................ 68 QUADRO 11: Descrição dos Tipos de Mensuração ................................................................ 70 QUADRO 12: Características Distintas entre Administração Pública e Privada..................... 76 QUADRO 13: Princípios Constitucionais da Gestão Pública .................................................. 78 QUADRO 14: Fundamentos da Gestão Pública ...................................................................... 79 QUADRO 15: Critérios do MEGP - GesPública ..................................................................... 82 QUADRO 16: Critérios de Avaliação ...................................................................................... 83 QUADRO 17: Critérios e Pontuações Máximas do GesPública.............................................. 85 QUADRO 18: Atributos para a Identificação das Diferentes Classes de Stakeholders........... 97 QUADRO 19: Usuários, Principais Produtos/Serviços e Municípios atendidos pelo HMJEH ................................................................................................................................................ 112 QUADRO 20: Análise do Ambiente Externo ........................................................................ 114 QUADRO 21: Análise do Ambiente Interno ......................................................................... 115 QUADRO 22: Relação dos Principais Stakeholders e do Papel Exercido em Relação à Saúde/HMJEH........................................................................................................................ 117 QUADRO 23: Relação das CLASSES de Stakeholders considerando os atributos da Teoria ................................................................................................................................................ 118 QUADRO 24: Jogos de Atores do HMJEH ........................................................................... 121 QUADRO 25: Desafios Estratégicos e Objetivos Associados............................................... 122 QUADRO 26: Matriz dos Atores x Objetivos (MAO) .......................................................... 124 QUADRO 27: Descrição dos Indicadores da Perspectiva dos Stakeholders ......................... 129 QUADRO 28: Descrição dos Indicadores da Perspectiva da Modernização Administrativa 131 QUADRO 29: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Aprendizado e Crescimento........ 133 QUADRO 30: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Financeira.................................... 134 QUADRO 31: Informações X Partes Interessadas................................................................. 136 QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH................................................................. 137 QUADRO 33: Reuniões de Acompanhamento e Avaliação de Desempenho do HMJEH.... 139 QUADRO 34: Indicadores de Acompanhamento e Monitoramento dos Indicadores e dos Planos de Ação ....................................................................................................................... 140 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Pirâmide do Sistema de Saúde.............................................................................. 45 FIGURA 2: Modelo de Decisão. .............................................................................................. 67 FIGURA 3: Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais. .......................................... 70 FIGURA 4: Integração dos Modelos de Decisão, de Mensuração e de Informação................ 71 FIGURA 5: Diagrama do PDCA.............................................................................................. 80 FIGURA 6: Representação do Modelo de Excelência em Gestão Pública, em blocos............ 81 FIGURA 7: Instrumentos para Avaliação da Gestão Pública. ................................................. 84 FIGURA 8: As quatro perspectivas.......................................................................................... 89 FIGURA 9: Cadeia de Valor na Formulação do BSC.............................................................. 91 FIGURA 10: Perspectiva clientes esquema relacional............................................................. 94 FIGURA 11: Classes qualitativas e tipos de Stakeholders....................................................... 98 FIGURA 12: Percurso Metodológico da Investigação........................................................... 100 FIGURA 13: Fases da Autoavaliação .................................................................................... 105 FIGURA 14: Estrutura organizacional do HMJEH................................................................ 110 FIGURA 15: Mapa Estratégico do Hospital de Maracanaú ................................................... 135 FIGURA 16: Ciclo do Aprendizado Organizacional ............................................................. 141 LISTA DE TABELAS TABELA 1:Quantidade de respondentes por stakeholder do HMJEH.................................. 106 TABELA 2: Quadro de Pessoal.............................................................................................. 111 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária APO – Administração por Objetivo BSC – Balanced Scorecard CBC – Colégio Brasileiro de Cirurgiões CEO – Centro de Especialidades Odontológicas CIT – Comissão de Intergestão Tripartite CNS – Conselho Nacional de Saúde COMAS e CONASEMS – Conselhos Nacional de Secretários Estaduais e de Secretários Municipais de Saúde COSEMS – Conselho dos Secretários Municipais de Saúde DASP – Departamento de Administração do Serviço Público EQ – Escritório da Qualidade FNPQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade GesPública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização GM – Gabinete do Ministério da Saúde HMJEH – Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda IAG – Instrumento de Avaliação de Gestão JIT – Just-In-Time LOS – Leis Orgânicas da Saúde LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal MACTOR - Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força MARE – Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado MEGP – Modelo de Excelência de Gestão Pública NOB – Normas Operacionais Básicas NPM – Nova Gestão Pública OMS – Organização Mundial da Saúde ONA – Organização Nacional de Acreditação Hospitalar OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde PA – Plano de Ação PAB – Piso de Assistência Básica PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade PDCA – Ciclo Deming da Qualidade / Plan, Do, Check e Action PDRAE – Plano Diretor da Reforma do Estado PPA – Plano Plurianual PPI – Programação Pactuada e Integrada PQGF – Prêmio Nacional de Gestão Pública PQSP – Programa da Qualidade no Serviço Público PrND – Programa Nacional de Desburocratização PSF – Programa de Saúde da Família SAME – Serviço de Arquivos Médicos e Estatística SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats SUS – Sistema Único de Saúde TCU – Tribunal de Contas da União TQM – Total Quality Management INTRODUÇÃO As constantes mudanças ocorridas na tecnologia, ciência, meios de comunicação e economia, dentre outros, têm influenciado diretamente a sociedade e, consequentemente, as empresas e instituições prestadoras de serviços a promoverem mudanças para se ajustar aos complexos ambientes em transformação, manterem-se competitivas e satisfazer seus clientes ou usuários. Semelhantemente às empresas da iniciativa privada, as instituições públicas têm, nas últimas décadas, buscado mecanismos capazes de reinventar-se e de modernizar seus modelos de gestão. Apesar de não se orientarem por critérios empresariais que visam à maximização do lucro, as organizações públicas têm sido cobradas no sentido de aumentar o seu nível de eficiência e eficácia, produzindo serviços públicos de melhor qualidade para atender a demanda dos cidadãos usuários. Além disso, as dificuldades do cenário econômico mundial têm reduzido as receitas públicas e as possibilidades de gastos, fatores que se acrescem às pressões da sociedade para induzir a gestão estratégica dos recursos públicos e da avaliação de desempenho. Paralelamente, as idéias sobre a melhoria da gestão pública beneficiaram-se das contribuições de Peter Drucker, cujas idéias influenciaram a revolução da gestão privada e pública, conforme Osborne e Gaebler (1994). Posteriormente, na década de 90, esses autores também contribuíram significativamente para difundir as idéias inovadoras aplicadas à gestão pública através da publicação do livro “Reinventando o Governo. Como o espírito empreendedor está transformando o setor público”. Os conceitos de desempenho e gestão por resultados, ou como preferiram esses autores, o “Governo de resultados”, emergiram no século passado e significaram a transferência do foco da gestão da burocracia para o beneficiário da ação do Governo: o cidadão. Essa mudança também implicou na necessidade de medir a performance das organizações públicas, o que, em si, desencadeia um processo de aprendizado pela 15 necessidade de se investigar as causas do desempenho aferido, levando a aperfeiçoamentos nos governos e órgãos que a adotaram. A força dos mecanismos de avaliação dos resultados, dentre outros aspectos, pode ser encontrada nos princípios de “que tudo que é avaliado se realiza; se os resultados não forem avaliados, não há como distinguir sucesso de insucesso e quem não pode ver o sucesso, não pode aprender com ele” (OSBORNE; GAEBLER, 1994, p.157). Estabelecida a importância de se medir o resultado das organizações públicas, houve a necessidade de avançar nas questões conceituais associadas a essa avaliação, entre as quais, o próprio conceito de resultados e a construção de sistema de informações capaz de recolher os dados requeridos pelo cálculo dos diversos indicadores de desempenho. Tendo esses desafios presentes, este trabalho de pesquisa procurou aplicar o conceito de gestão por resultados a uma organização do setor público cearense, como estudo de caso, tendo sido escolhido para isto o Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda (HMJEH). Fundado em 1952, o hospital HMJEH foi concebido como um sanatório de tuberculose, vinculado ao Ministério da Saúde. Essa instituição de saúde exerceu uma forte influência no desenvolvimento da região de Maracanaú, com melhoria do transporte rodoviário e ferroviário, abertura de novas oportunidades de emprego, além de ter propiciado a criação do primeiro banco de sangue da região e da primeira biblioteca especializada, com um inovador serviço de documentação científica. Em 1982, o Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda passou à condição de hospital geral, tornando-se posteriormente uma unidade pública integrante do Sistema Único de Saúde – SUS. O Hospital é atualmente uma instituição de médio porte com nível de complexidade secundário e desenvolve atividades de medicina curativa de abrangência geral, que atende a 8 municípios do estado do Ceará, com o total de, aproximadamente, 420.000 habitantes. O HMJEH tem um complexo sistema de serviços que contempla 19 especialidades médicas em sua Policlínica e 7 especialidades odontológicas no Centro de Odontologia. Diante da relevância de sua atuação, o hospital foi escolhido como estudo de caso nesta pesquisa. 16 O modelo selecionado para servir de paradigma nessa aplicação é o Balanced Scorecard (BSC), sistema balanceado de indicadores desenvolvido por Kaplan e Norton (1997), que tem recebido larga aplicação em organizações e empresas públicas e privadas. Faz parte ainda do referencial do trabalho a Teoria da Gestão por Resultados e o Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP, do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública, de iniciativa do Governo Federal, presentemente em difusão no conjunto de organizações públicas no estado do Ceará. Em vista disso, este trabalho dissertativo, tem caráter de pesquisa empírica participativa, sendo orientado pelo seguinte questionamento: Qual a metodologia adequada à medição do desempenho em um hospital público? Na solução desse questionamento, as dificuldades inerentes à complexidade de organizações profissionais como um hospital e, ao mesmo tempo, a condição de organização pública, são consideradas, assim como a necessidade de mudanças na própria cultura interna, que são previsíveis, quanto à forma como profissionais e gestores em saúde vêem a gestão e a medição de resultados em gestão. Os hospitais públicos têm realidades complexas representadas pela combinação dos fatores específicos de sua natureza de organizações de saúde, com um quadro de escassez crônica de todos os recursos decorrente da demanda reprimida por serviços de saúde de populações pobres afetadas por uma situação sócio-econômica adversa. Essa situação conduz, na maioria das vezes, a grandes dificuldades na definição de um rumo estratégico e no foco da gestão de recursos públicos para esse tipo de serviço prestado ao cidadão, o que justifica a escolha desse tipo de organização como objeto do estudo e da experimentação desta dissertação. Feitas essas considerações, o objetivo geral deste trabalho é o de oferecer uma proposta de modelo de medição de desempenho adequado a organizações hospitalares públicas. Os objetivos específicos decorrentes podem, portanto, ser enunciados como: a) Definir as perspectivas do modelo e os indicadores específicos adequados à medição do desempenho da gestão do hospital público, levando em conta suas especificidades; 17 b) Definir a metodologia de monitoramento e avaliação dos indicadores gerenciais do modelo, a serem utilizados como auxiliares ao processo decisório e de aprendizado; c) Definir as etapas de implantação do modelo de avaliação de desempenho; d) Identificar as mudanças internas preparatórias à implantação do modelo de avaliação de desempenho, orientando a execução dessas medidas pelas equipes internas do hospital. No cumprimento desses objetivos, esta dissertação foi estruturada em cinco capítulos, além da introdução e das considerações finais. O primeiro capítulo trata da evolução da gestão pública, compreendendo o desenvolvimento dos conceitos e da prática de gestão desde a reforma da Nova República, nos anos 30, até os modernos conceitos do gerencialismo e da gestão por resultados, onde foram abordadas as concepções básicas do planejamento estratégico e do Balanced Scorecard; o segundo capítulo aborda a estrutura da atual organização do sistema de saúde brasileiro e das origens da instituição hospitalar; no terceiro capítulo, são discutidos os modelos de ferramentas de avaliação de desempenho de organizações; o capítulo quatro expõe detalhadamente a metodologia utilizada durante o desenvolvimento desta pesquisa; no quinto e último capítulo é feita a análise do corpus estudado e a apresentação das conclusões obtidas. 18 1 A EVOLUÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica de temas pertinentes à fundamentação teórica desta pesquisa, que tem como foco central propor um modelo de medição de desempenho, na melhoria da gestão em uma organização hospitalar pública, no Brasil. Inicialmente, trata-se da reforma administrativa ocorrida no Brasil durante a Nova República, e dos fatos que contribuíram para o cenário atual da administração pública. Em seguida, comenta-se a respeito da gestão pública gerencial cujo modelo descentraliza os poderes de decisão do Estado, proporcionando maior autonomia às entidades (estados, municípios, servidores) na execução do serviço público. Finalizando este primeiro capítulo, é abordada a gestão pública orientada para resultados que tem seus procedimentos focados na meta central da administração pública: a satisfação do cidadão. Conforme Ferreira et al. (2006), três abordagens administrativas surgiram ao longo da história para contextualizar uma visão em torno de modelos típicos das organizações de trabalho: Abordagem Estrutural, Abordagem Humanística e Abordagem Integrativa. Os autores sugerem que a gestão pública burocrática, por exemplo, cujo objetivo principal é organizar detalhadamente e dirigir rigidamente as atividades de uma instituição com a maior eficiência possível, tem seus princípios originados na abordagem estrutural, fortemente influenciada por ideologias racionalistas e mecanicistas que marcaram a Revolução Industrial e as sociedades que se formaram posteriormente. Ferreira et al. (op. cit.) afirmam que, durante algum tempo, esse modelo adaptouse muito bem ao sistema capitalista por atender à demanda de integração e controle que caracterizava o modo de produção da época. Conforme Weber (2000), isto acontecia porque o capitalismo baseia-se no trabalho coletivo, o qual requer uma divisão metódica do trabalho, separando-se nitidamente as funções de direção e de execução, ou seja, uma vez transformados em coletivo os procedimentos de produção, era necessário uma coordenação diretiva dos trabalhadores. Esta visão tornou-se cultura no funcionalismo público e, até hoje, ainda subsiste em algumas áreas da administração estatal com características tais como: 19 separação entre propriedade e administração; caráter legal das normas e regulamentos; hierarquia da autoridade; impessoalidade nas relações; rotinas e procedimentos padronizados. De acordo com Ferreira et al. (2006), a abordagem humanista foi além da preocupação exclusiva com a produção e introduziu reflexões acerca das relações psicossociais existentes nas empresas/instituições, em especial às formas de liderança e trabalho em equipe. Essa perspectiva orienta que as organizações tenham “em seus quadros pessoas que gostam do que fazem e que sejam capazes de manter um continuum de harmonia entre seus ambientes de trabalho” (FERREIRA, 2006, p.92). Apesar dessas características, o modelo de gestão humanista foi duramente criticado pelo fato de invadir a vida pessoal do funcionário. Para Ferreira et al. (op. cit), antes do advento dessa abordagem: as pessoas procuravam as organizações formais para trabalhar e receber salários, havendo uma fronteira clara entre as empresas e a vida pessoal dos seus funcionários. O comportamentalismo surgiu (...), sufocando outros espaços sociais e difundindo uma perversa lógica de dominação e controle social. (FERREIRA, 2006, p.98) Os autores apontam que a falta de integração entre a empresa e o meio sóciocultural em que está inserida foi a causa principal para a rejeição da abordagem humanista, fazendo-se necessário o surgimento de outros modelos que suplantassem essa limitação. E assim surge a abordagem integrativa, fruto do trabalho de escolas clássico-científicas e de relações humanas. Para Ferreira et al. (op. cit.), o modelo integrativo representa as primeiras contribuições da teoria administrativa e gerencial relacionadas aos complexos processos de mudança organizacional. Essa abordagem une algumas características dos modelos anteriores e integra a preocupação com a força de trabalho (os profissionais envolvidos) à necessidade de planejamento e estabelecimento de metas para a obtenção de resultados em uma organização. Assim, pode-se dizer que o modelo de gestão, foco de interesse nesta pesquisa, teve seus princípios influenciados pela abordagem integrativa, uma vez que o modelo a ser proposto busca contemplar os processos envolvidos na reforma da administração pública brasileira. 20 1.1 Reforma Administrativa da Nova República: concepção, características e objetivos Conforme Pereira (2001), as constantes mudanças tecnológicas, econômicas, políticas, sociais e administrativas do cenário mundial influenciam a sociedade de tal forma que atingem também o modo de atuação do Estado. No entanto, nem todos os governos conseguem acompanhar o ritmo acelerado dessas mudanças, pois, para que isso ocorra, é necessária a existência de estruturas governamentais ágeis e flexíveis que viabilizem o desempenho satisfatório das funções públicas, libertando-as da lentidão burocrática e da cultura do desperdício material. Na tentativa de atingir esse patamar de transformações, a Administração Pública Federal Brasileira tem, segundo o autor, passado por movimentos periódicos e sofrido freqüentes reformas, desde longo tempo. De acordo com Marini (1999), o ritmo acelerado no desenvolvimento da indústria brasileira na década de 30, levou o Estado a concentrar sua atenção na produção e a combater os excessos do modelo patrimonialista, cuja característica principal era a confusão entre o interesse público e o privado. Segundo Pereira (2001), a tentativa de introduzir o modelo burocrático na administração pública originou a criação do Departamento de Administração do Serviço Público - (DASP), em 1936, e da primeira autarquia que descentralizou a prestação dos serviços públicos para a administração direta, dois anos depois. De acordo com Pereira e Spink (1998), a criação do DASP não apenas representou a primeira reforma administrativa do país, com a implantação da administração pública burocrática, como também a afirmação dos princípios centralizadores e hierárquicos da burocracia clássica. Os autores explicam que o Departamento era responsável pela formação dos administradores públicos do primeiro escalão e fixação do orçamento nacional, como também pelo estabelecimento de critérios profissionais para ingresso no serviço público, pelo desenvolvimento do plano de carreiras e de regras de promoção baseadas no mérito. Entretanto, embora tenha contribuído com um dos primeiros grandes passos em direção à reforma administrativa, o DASP não adotou uma política voltada aos recursos humanos que respondesse às necessidades do Estado. 21 Pereira e Spink (op. cit.) afirmam que a prática da administração pública formal, alicerçada em princípios burocráticos, buscava contrapor-se ao patrimonialismo e ao nepotismo, contudo, não conseguiu extingui-los, pois ainda perduram em algumas esferas da administração pública. Pereira (2001) menciona que a criação do Ministério da Desburocratização, chefiado por Hélio Beltrão, no início dos anos 80, representou nova tentativa de reformar a burocracia do serviço público. As ações do Programa Nacional de Desburocratização - (PrND) definidas pelo Ministério buscavam a descentralização do poder, o combate ao excesso de formalismo no processo administrativo e a implantação de uma administração pública eficiente voltada para a sociedade. Segundo Beltrão (1984 apud PEREIRA, 2001, p.238), as medidas políticas propostas visavam “retirar o usuário da condição colonial de súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado”. Pereira (2001) salienta que, apesar da aparente conquista democrática, o processo de descentralização e desburocratização do gerenciamento da administração pública ficou, na realidade, paralisado. O autor aponta como causas dessa estagnação a autonomia para os estados e municípios que, embora indispensável, agravou a crise fiscal do Governo e a divisão dos cargos da administração pública entre os partidos vitoriosos, durante esse período, o que contribuiu para o ressurgimento da prática patrimonialista no Brasil. O retrocesso aumentou com a promulgação da Constituição em 1988. Conforme Pereira (op. cit.), as normas burocráticas adotadas no núcleo do Estado foram estendidas, quase na íntegra, para os serviços públicos e as empresas estatais, gerando uma rigidez no sistema estatal. A partir da nova Constituição, o Poder Executivo perdeu sua autonomia para estruturar as repartições públicas, instituindo-se a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da união, dos estados e dos municípios. Embora tenha instituído a obrigatoriedade de concurso público para entrada no serviço público, a Constituição de 1988 concedeu estabilidade aos servidores civis, o que, segundo Pereira (op. cit.), impedia o ajuste dos quadros funcionais e dificultava a cobrança de resultados. Não obstante a desintegração do aparelho estatal durante o Governo Collor, que provocou a demissão em massa de funcionários, o autor sugere que esse mesmo governo pode 22 ser responsabilizado, ainda que indiretamente, pela qualidade que surgiu na década de 90. A abertura da economia brasileira ao mercado internacional, através da redução das alíquotas de importação, ocasionou um aumento na qualidade e na competitividade dos produtos nacionais. Em virtude disto, o Governo Federal lançou o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP do qual, um ano mais tarde, originou-se o Subcomitê Setorial da Administração Pública, com a função de introduzir práticas gerenciais no setor público visando à melhoria da qualidade e a reformulação dos procedimentos processuais em prática, agregando-lhes eficiência e eficácia. Contudo, em virtude da burocracia ainda existente na administração pública, o Programa não teve o êxito esperado nos primeiros anos. Diante da realidade enfrentada pela administração pública brasileira, e na tentativa de instituir um Prêmio Nacional da Qualidade que incentivasse uma reação rumo às melhorias das práticas gerenciais, em 1991, surge, de acordo com Melgaço (2003), a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ, baseado no prêmio americano ‘Malcolm Baldridge National Quality Award’. Com essa iniciativa, o sistema de gestão por excelência consolidouse também como prática nas instituições públicas do Brasil. Conforme Melgaço (op. cit.), o Governo seguinte, do Presidente Itamar Franco, pouco fez pela reforma do Estado, limitando-se a restabelecer os salários dos servidores, drasticamente reduzidos no Governo Collor. O assunto somente retorna ao centro das discussões em 1994, durante a campanha presidencial. A crise fiscal, a persistência da cultura burocrática em meio a práticas patrimonialistas e o profundo déficit de desempenho em termos de quantidade e qualidade na prestação de serviços públicos levaram os então candidatos a debaterem acerca da necessidade de direcionar a administração pública para o cidadão com suas atividades focadas em resultados, como forma de levar o Estado a reavaliar suas funções, objetivos e procedimentos de trabalho. Agindo-se nesse sentido, em 1995, é criado o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), contudo, de acordo com Pereira (2001), o Órgão não tinha poder suficiente para a implementação da reforma almejada. Por esse motivo e sob a justificativa de que somente um ministério que controla o orçamento público teria poder para executar a reforma gerencial, três anos mais tarde, o Presidente Fernando Henrique Cardoso autoriza a fusão do MARE ao Ministério do Planejamento, dando origem ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 23 Conforme Pereira (op. cit.), o ministério não deu a devida atenção à nova missão de reestruturação do serviço público alegando que a SEGES, secretaria do ministério responsável pela gestão, não possuía quadro de pessoal tampouco poder suficiente para implementar a reforma. As secretarias de Planejamento e Investimento e a de Orçamento Federal não tinham nenhum interesse de participar da realização do novo processo, como consequência, o orçamento não foi diretamente relacionado com o programa de gestão. Os concursos públicos anuais para as carreiras de Estado foram interrompidos a título de economia fiscal. Rezende (2002) aponta a extinção do MARE e a preocupação com a economia como causas da substancial alteração da política de reformas, a qual perdeu o foco na gestão para se dedicar ao ajuste fiscal. Na tentativa de solucionar mais esse entrave, foi aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF e lançado o Programa Avança Brasil - Plano Plurianual (PPA) 2000/2003. O PPA 2000/2003 era formado por cerca de 350 programas de governo que propunham um plano de desenvolvimento, abalizado em estratégias governamentais destinadas a consolidar a estabilidade econômica com crescimento sustentado. Segundo Martins (2001), os programas observavam diversos critérios, como a concepção de eixos de desenvolvimento, estabelecidos de acordo com uma logística territorial, de infra-estrutura e mercado, bem como metodologia de identificação de ações públicas. O novo conceito de programa organizava, na figura do gerente de programa, as demandas e os recursos do governo de acordo com os problemas e ser resolvidos. Contudo, tal qual as tentativas anteriores, o Programa Avança Brasil teve, conforme o autor, uma baixa importância estratégica, em função da baixa adesão dos personagens econômicos públicos e privados nacionais à concepção dos eixos de desenvolvimento. Em relação a isto, Martins (2001, p.8) sugere que o Plano Plurianual “poderia ser uma grande oportunidade de busca de direcionamento, de aprendizado estratégico, mas tende a tornar-se um plano burocrático, com baixa legitimidade e adesão intra e extra governo”. Além da pouca expressão e apoio ao PPA, severas limitações metodológicas relativas ao desenho dos programas, sua implantação e monitoramento e, sobretudo, à baixa atenção dispensada à necessidade de promoção de transformações organizacionais 24 dificultaram a implementação do Avança Brasil. Chegou-se, então, à conclusão que somente o estabelecimento de metas e gerentes não era suficiente para a obtenção dos resultados. Em 2003, buscando corrigir os erros metodológicos do Plano Avança Brasil, é lançado o PPA 2004-2007 – Plano Brasil de Todos, que apresentava os seguintes (mega) objetivos: a) inclusão social e decréscimo das desigualdades sociais; b) desenvolvimento com geração de trabalho, emprego e renda e ambientalmente sustentável; e, c) promoção e expansão da cidadania e fortalecimento da democracia. A partir dessas metas, procurou-se capacitar e estimular a aprendizagem contínua de gerentes e servidores públicos em gestão pública, com foco em planejamento, gerenciamento e avaliação de programas. Para Marini (2003), a reforma de 2003 herda alguns aspectos da Reforma do Aparelho do Estado ocorrida em 1995. Embora a crise fiscal e administrativa continue presente, a estratégia de enfrentamento da mesma nega, explicitamente, a crise do Estado e tenta inverter a situação afirmando que o Governo deve ser mais atuante e assegurar direitos civis e sociais. Em 2004, o atual governo Lula elaborou uma agenda baseada em ações voltadas para a melhoria da qualidade do gasto público e para o aumento da qualidade e desburocratização dos serviços públicos com o foco em resultados na administração pública. Nesse contexto, o Programa da Qualidade no Serviço Público – PQSP e a Desburocratização fundem-se para a formação do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública, Decreto Nº 5.378, de 05 de fevereiro de 2005, com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do país. O programa busca promover a construção de organizações públicas de alto desempenho e elevar a satisfação do cidadão com a administração pública. As tentativas de reforma administrativa discutidas até o momento não esgotam os fatos ocorridos durante a Nova República na busca de um serviço público de excelência e de atendimento as necessidade do cidadão. Contudo, os programas e ações comentados demonstram o contexto em que a necessidade de uma gestão pública gerencial surgiu no Estado brasileiro. 25 1.2 Gestão Pública Gerencial Na última década, a discussão em torno da reforma do Estado e da implementação da nova gestão pública tornou-se, de acordo com Pereira (2001), tema central na vida das sociedades contemporâneas. Entende-se que a nova gestão pública é o canal pelo qual a eficiência das ações governamentais pode ser melhorada, de maneira que os serviços prestados pela administração pública concentrem seus esforços no cidadão, colocando seus processos burocráticos internos em segundo plano. Pereira (op. cit.) ressalta que no Brasil, os debates não ignoram tal necessidade. Cada vez mais se percebe nos governantes, técnicos e servidores públicos a preocupação com a construção de um modelo de gestão pública capaz de tornar o Governo mais transparente e voltado para o interesse público, mais flexível às necessidades sociais e participativas dos cidadãos brasileiros, bem como mais eficiente na relação com a economia e a prestação dos serviços públicos. Importante frisar que a necessidade de uma reforma administrativa pública não foi arbitrária. Conforme Pereira (1996), ela surgiu principalmente da mudança de consciência dos cidadãos e do reconhecimento de que a administração pública burocrática não correspondia às demandas que a sociedade civil apresentava aos governos por ela eleitos. Na tentativa de acompanhar todo esse movimento, em 1995, chegou ao Brasil o New Public Management (Nova Gestão Pública ou NPM). Pereira (2001) explica que esse movimento busca implantar o modelo de administração pública gerencial e baseia-se nos seguintes princípios: a) reorientação dos mecanismos de controle (os quais devem ser baseados em indicadores de resultados ao invés de primordialmente focados nos meios e recursos); b) foco na racionalização de recursos (aumentar a produtividade na administração pública melhorando a qualidade dos seus gastos); c) focalização da ação do Estado no cidadão; d) flexibilidade administrativa (autonomia para as organizações públicas); e) controle social através da prestação social de contas e avaliação de desempenho; e, 26 f) valorização do servidor1. Como resultado da implantação desse novo modelo de gestão gerencial, o Plano Diretor da Reforma do Estado – PDRAE (1995) propõe-se a: dar um salto adiante, no sentido de uma administração pública que chamaria de “gerencial”, baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o controle dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade democrática, é quem dá legitimidade às instituições e que, portanto, se torna cliente privilegiado dos serviços prestados pelo Estado. (BRASIL, 1995, p.8) A transição de um modelo de administração pública burocrática para o gerencial provoca mudanças não apenas de comportamentos, mas também de valores. Novos valores e práticas gerenciais precisam ser consolidados de forma que seu foco esteja voltado para os resultados, atendimento ao usuário, eficiência dos processos e qualidade dos serviços, dentre outros. Por outro lado, determinados parâmetros do modelo burocrático não podem ser ignorados, afinal, práticas como o processo seletivo público e prestação de contas aos órgãos de controle, por exemplo, são imprescindíveis a uma reforma focada para o atendimento ao cidadão. A concretização de produtos que, efetivamente, agreguem valor à sociedade, requer um modelo de gestão pública que não esteja voltado exclusivamente para a provisão de bens e serviços aos seus usuários, mas para a criação de um diálogo permanente com a sociedade, por meio da participação social e do respeito aos valores constitucionais e democráticos. Para alcançar tais fins, o PDRAE estipulou as seguintes metas: a) aumentar a capacidade administrativa do Estado; b) limitar as funções do Estado àquelas que lhe são próprias; c) descentralizar para estados e municípios as ações de caráter local; d) transferir, parcialmente, para os estados as ações de cunho regional; e, e) adjudicar ao Estado novas possibilidades de desenvolvimento. 1 Quanto a esse último aspecto, Marini (2003) salienta que, para a implantação de uma nova gestão pública, mais importante que mudar sistemas, organizações e legislação, é criar condições objetivas de desenvolvimento/capacitação das pessoas que conduzirão e realizarão as reformas. Em outras palavras, o modelo de gestão precisa contemplar uma assistência voltada para a força humana do serviço público a fim de que as transformações esperadas ocorram, pois quem coloca todo o planejamento em prática são as pessoas, ou seja, o servidor público. 27 Esse processo de transformação possui um grau elevado de complexidade e um longo prazo para se estabelecer de forma concreta, uma vez que a descentralização de atividades concede poder de decisão para os indivíduos e para as equipes, responsabilizandoos pelo alcance dos resultados. Em suma, a gestão gerencial pública poderia ser considerada como um modelo flexível e eficiente cujo poder de decisão é descentralizado para estados e municípios em busca de maior eficiência e autonomia nos serviços focados no cidadão/sociedade, os reais clientes do serviço público. Conforme Pereira (1998): A administração gerencial deve estar fortemente voltada para a satisfação do usuário final dos serviços de caráter público, o chamado “cliente”, na abordagem da iniciativa privada. Isso pressupõe a ampla disseminação de mecanismos de aferição da satisfação do cidadão com os serviços públicos e de transparência no acesso a informações. (PEREIRA, 1998, p.20) A ênfase, antes dispensada aos procedimentos formais, é voltada para os resultados com controle administrativo a posteriori. Considerado o responsável pela real implantação do modelo, o servidor público também recebe tratamento diferenciado e investimento em sua capacitação. Os indicadores desse modelo de gestão gerencial são: eficiência, eficácia e efetividade. Quanto aos indicadores, não há na literatura um consenso em relação à definição dessas palavras. Para Vale (1994 apud VILLARINHO, 1999), por exemplo, a eficácia é avaliada por indicadores de qualidade que refletem a posição da empresa na geração do produto ou serviço no intuito de atender às necessidades do cliente; já a eficiência busca a racionalização no uso dos recursos disponíveis. Os Indicadores de Desempenho (2005), documento do Programa Excelência Gerencial do Exército Brasileiro, aduzem uma definição semelhante à de Vale (op. cit.). Nessa obra, a eficácia também é medida pela qualidade, centrada no índice de satisfação dos clientes e as características do produto/serviço. A efetividade, por sua vez, avalia o impacto das conseqüências da prestação dos produtos/serviços, enquanto a eficiência considera a produtividade. 28 Pelos conceitos adotados no documento Técnicas de Auditoria: Indicadores de Desempenho e Mapa de Produtos (2002) do Tribunal de Contas da União (TCU) entende-se que: i) Eficiência - é a relação entre os bens e serviços gerados por uma atividade e os custos dos insumos empregados em um determinado período de tempo; ii) Eficácia - é o grau de alcance das metas programadas em um determinado período de tempo, independente dos custos implicados; iii) Efetividade - é a relação entre os impactos reais observados na população e os impactos que seriam esperados decorrentes da ação institucional. Comparando as definições expostas, nota-se que a definição de eficácia apresentada por Vale (op. cit.) é um pouco mais abrangente que esta última do TCU. No entanto, elas não são opostas, antes se complementam, uma vez que a qualidade é um item de extrema importância na conquista da satisfação do cliente. Com base nas definições expostas, conclui-se que uma instituição governamental pode comprometer a qualidade da prestação do serviço se buscar apenas a eficiência, pela redução de custos e aumento da produtividade. Além disso, tornar-se eficiente e eficaz na oferta de um produto e/ou serviço não implica em alcançar a efetividade, meio pelo qual são gerados benefícios, impactos diretos ou indiretos no cumprimento de sua atividade. Em regimes democráticos, a eficiência, a competência e a probidade no uso de recursos públicos constituem, de acordo com Arretche (2001), um dos requisitos para a confiança no Estado e suas instituições. A perspectiva dos processos internos, adaptada aos preceitos da Nova Gestão Pública, deve estar focada na eficiência das ações públicas, ou seja, um Estado que busca a eficiência procura evitar o desperdício e a má utilização dos recursos. A racionalização dos recursos públicos é o meio pelo qual o Estado pode fortalecer a democracia, compensar e satisfazer o contribuinte (obrigado a pagar impostos para a manutenção dos serviços públicos) e criar condições para a ampliação da prestação dos serviços estatais. Preocupados com o assunto, Arretche (2001) e Osório (2003) afirmam que não é possível analisar a eficiência dissociando-a da efetividade e isto porque “otimizar os recursos 29 públicos sem oferecer bons serviços ou sem resolver os problemas sociais é incompatível com os valores defendidos na democracia” (OSÓRIO, 2003. p.43). Um programa de vacinação, por exemplo, pode ser bem-sucedido em termos de sua eficácia ao cumprir ou ultrapassar a meta de vacinação estabelecida em um prazo dado. Todavia, isto não implica dizer que o programa atingiu o indicador de efetividade, considerando que somente reduziu a doença que se propunha erradicar. Com base no exposto, conclui-se que os indicadores de eficiência, eficácia e efetividade podem ser melhores avaliados pelos produtos alcançados na prestação do serviço, ou seja, pelos seus resultados. Dessa forma, o modelo de gestão a ser adotado precisará incorporar o monitoramento a ele inerente, isto é, dirigir seus procedimentos e práticas de forma a obter os resultados esperados. 1.3 Gestão Pública Orientada para Resultados Para Bowersox et al. (1996), o modelo de gestão que tem por essência o estabelecimento de metas e controles para a obtenção de êxito no que foi planejado é conhecido como Administração por Objetivo (APO) ou Gestão por Resultados. Segundo os autores, a proposta APO consiste em um planejamento desenvolvido pelos gestores de uma organização no qual são apontados os objetivos propostos para determinada ação. Os objetivos são traduzidos em planos de ação e repassados para os gestores das diversas áreas de responsabilidade, que deverão descrever as posições alcançadas. Importante ressaltar que a estrutura organizacional deve ser consistente com a capacidade para alcançar os objetivos estabelecidos sob pena de fracassar em todo o planejamento realizado. Bowersox et al. (1996) explicam que, após a delegação de atividades aos gestores, individualmente ou em equipe, deve-se ainda estabelecer padrões de desempenho para guiálos em suas atividades. Como forma de motivar (ou recompensar) os gestores, que alcançarem os padrões de desempenho estabelecidos, é importante a elaboração de uma estrutura de avaliação e recompensa de desempenho. Cada gestor deverá ser avaliado em seu grau de 30 sucesso quanto ao alcance dos padrões de desempenho estabelecidos, momento em que ações corretivas necessárias devem ser implementadas. Com base no que foi discutido até o momento, pode-se dizer que a Administração por Objetivo depende fortemente do planejamento que, quando aprovado, se torna base (padrão) para a mensuração de desempenho operacional. Ainda em relação ao assunto, Horngren (apud OLIVA; BORBA, 2004) defende a idéia de que, para a estruturação adequada de um sistema de controle gerencial, é necessário utilizar medidas financeiras e não-financeiras no mesmo nível de importância, no intuito de alinhar os indicadores às metas da organização e contemplar todas as atividades-chave. Esse sistema de controle gerencial deverá ser objetivo e facilmente mensurável para o uso sistemático dos funcionários, a fim de se tornar uma ferramenta de avaliação de desempenho da equipe com vistas à recompensa pelos resultados alcançados. Conforme Miranda e Silva (2001), o investimento em sistemas de mensuração de desempenho é extremamente importante para: controlar as atividades operacionais da empresa; alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; criar, implantar e conduzir estratégias competitivas; identificar problemas que necessitem intervenção dos gestores; verificar se a missão da empresa está sendo atingida; e controlar o planejamento. (MIRANDA; SILVA, 2001, p.132) Em outras palavras, o sistema de avaliação de desempenho em uma empresa, quando bem estruturado e executado, é capaz de beneficiar toda a estrutura da empresa ou instituição. Mesmo que os objetivos propostos no planejamento não tenham sido alcançados, o sistema propicia mecanismos para o ajuste das metas de forma executável. No que diz respeito ao sistema gerencial do Estado, vale ressaltar que, na proposta do PDRAE, a relação entre o núcleo estratégico (governantes estatais) e as demais organizações deixaria de ser de subordinação burocrática para se tornar contratual em consonância com os preceitos da NPM. Assim, os controles seriam centrados em resultados e custos, orientados para satisfação dos cidadãos. Esta, por sua vez, seria conseqüência da divulgação dos resultados dos contratos para favorecer a transparência e permitir um maior controle social. Como consequência, os contratos passaram a ser formalizados com o estabelecimento de compromissos de resultados, tendo como contrapartida a garantia de recursos e aumento de autonomias. 31 Nesse mesmo período, foram difundidas, de acordo com Miranda e Silva (2001), diversas ações transformadoras com vistas à superação da cultura burocrática e expansão da capacidade de obter mais resultados a partir dos recursos existentes. Dentre essas ações, podemos citar: a revisão da reforma constitucional e da legislação corrente; o processo de valorização do servidor por meio de uma nova política de recursos humanos, da intensificação da capacitação de funcionários, do fortalecimento de um plano de carreiras e da reavaliação da política de remuneração, no intuito de viabilizar o processo de modernização administrativa a partir de uma mudança cultural nas instituições públicas e na sociedade de um modo geral. Além dessas inovações, criou-se, em 1996, o Prêmio Helio Beltrão – Concurso de Inovações na Gestão Pública que, desde então, tem a missão de identificar e divulgar as experiências de gestão executadas na administração pública federal, segundo os princípios da administração gerencial. Outra iniciativa nesse mesmo sentido veio em 2001, com a Fundação Prêmio Nacional de Qualidade (FPNQ), um comitê que discutia as melhores práticas na área de medição do desempenho global. Em seu relatório, o comitê afirmou que “o estudo das organizações que têm se mantido em liderança em seus setores de atuação por longos períodos, mostra que a habilidade de medir sistematicamente seu próprio desempenho é uma característica sempre presente” (FPNQ, 2001, p.7). Segundo a avaliação do Comitê, as empresas/organizações precisam encontrar soluções competentes para os desafios do dia-a-dia se quiserem construir o futuro desejado. Superar essas dificuldades é justamente o escopo da gestão estratégica. Ela é um processo de ação gerencial sistemática e contínua que visa assegurar à organização, simultaneamente, senso de direção e continuidade a longo prazo e flexibilidade e agilidade nas decisões. Assim o planejamento estratégico tem sido uma das técnicas mais utilizadas na gestão estratégica, pois permite que a organização se volte para o futuro e para o seu ambiente externo, com o objetivo de promover a melhoria do desempenho. Isto é contemplado em sua metodologia de desenvolvimento, onde o estudo de cenários com diagnósticos estratégicos considera além do ambiente externo, o ambiente interno, permitindo por meio de comparações e ponderações dos fatores desses cenários, que seja estabelecida a postura estratégica da organização. 32 O desenvolvimento do planejamento estratégico começa com a definição de missão, visão e valores da organização junto com a análise de competitividades externas, econômicas e ambientais, que podem ser descritas em atributos como pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças da empresa, abreviadas como SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats). Os atributos externos e internos, quando bem analisados por meio da matriz de SWOT, ajudam a equipe executiva a compreender as questões-chave a serem abordadas durante o desenvolvimento da estratégia. De posse dessas informações os gestores podem explorar “os pontos fortes para o aproveitamento das oportunidades e para prevenção de ameaças, ao mesmo tempo em que se mantêm alertas em relação aos pontos fracos e às ameaças a serem superados pela estratégia” (KAPLAN; NORTON, 2008, p. 50). Drucker (1984) afirma que o planejamento estratégico organiza as atividades necessárias à execução das decisões que, por meio de uma retroalimentação organizada e sistemática, mede seus resultados em confronto com as expectativas alimentadas. Assim o autor avalia o planejamento estratégico como um processo contínuo que minimiza os riscos na tomada de decisões. De acordo com esse entendimento, Oliva e Borba (2004) concordam que o planejamento estratégico busca essencialmente a definição de diretrizes e estratégias para o desenvolvimento da instituição. E a estratégia definida visa à vantagem competitiva. Ambas, por seu turno, dependem da relação da empresa com seu entorno, ou seja, as partes interessadas formadas por clientes, fornecedores e concorrentes - stakeholders. A interação com esses componentes deve ser planejada e balanceada entre si, em processo integrado de planejamento, para que eles tenham no sistema de gestão e controle, o complemento do ciclo de planejamento da organização. Desta forma, as definições dos objetivos e estratégias que surgem como resultados das avaliações dos ambientes internos e externos da organização, no momento do planejamento, servem de base para definir o caminho a ser seguido pela organização. Uma vez que esses objetivos e estratégias sejam selecionados, chega o momento da implementação da estratégia, que deverá ser precedida pela elaboração dos planos de ação. Nessa fase, são definidos os indicadores, medidas fundamentais que servirão para acompanhar e avaliar a execução da estratégia. 33 O planejamento estratégico tem se mostrado como uma base instrumental do Balanced Scorecard – BSC, ferramenta de gestão estratégica utilizada por organizações públicas e privadas em cerca de 45% das empresas européias e 50% das empresas americanas apontadas na Fortune 1000 (SANTINI JÚNIOR, 2005). Esse sistema foi elaborado por Robert S. Kaplan2 e David P. Norton3 na tentativa contemplar uma forma de avaliação relacionada aos ativos intangíveis4 que fosse além das medidas tradicionais contábeis e financeiras, visto que tais medidas não são suficientes para assegurar à organização o desempenho almejado. Para Kaplan e Norton (1997), no atual cenário competitivo em que o mundo é regido por aqueles que dominam o conhecimento da informação, é impossível gerenciar o que não pode ser medido. Por essa razão, é mister a criação de indicadores que avaliem apropriadamente o desempenho desses ativos. Um estudo minucioso dos ativos de organizações viabiliza a identificação de objetivos estratégicos que podem ser organizados em quatro perspectivas: Financeira, Cliente, Processos Internos, Aprendizado e Crescimento. Essas perspectivas são relacionadas por um aspecto de causa e efeito que permite aos gestores/gerentes perceberem as correlações entre diversas áreas e atividades na empresa. A relação de causa e efeito garante um encadeamento entre os objetivos das perspectivas, tais como: melhoria contínua, responsabilização das equipes e o processo de inovação, de forma a refletir as relações de causa e efeito assumidas na formulação das estratégias. No intuito de satisfazer os stakeholders (os acionistas, os clientes e os funcionários)5, o balanceamento de todas as perspectivas oferece à organização uma rápida e abrangente visão de seu negócio, ou seja, os indicadores financeiros tradicionais retratam o passado da organização enquanto outro conjunto de indicadores impulsionam o seu desempenho futuro. E é isto o que, na visão de Kaplan e Norton (op. cit.), o BSC proporciona 2 3 4 5 Professor na Harvard Business School. Presidente da Balanced Scorecard Collaborative, Inc. Os ativos intangíveis são os produtos e serviços de alta qualidade, a percepção do cliente, o uso da tecnologia da informação, processos internos eficientes, habilidades da força de trabalho e o clima organizacional de cada empresa. O BSC centra suas atenções basicamente nos acionistas, clientes e funcionários, entretanto, sob a perspectiva de uma análise mais ampla, a sociedade, o governo, os fornecedores e o meio-ambiente também são considerados interessados no desempenho da empresa/organização, sobretudo, tratando-se de uma instituição pública. 34 aos seus usuários: o acompanhamento do desenvolvimento financeiro que monitora, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro. Assim, sistemas de mensuração estratégicos, como o BSC, e o planejamento estratégico são instrumentos contemporâneos das novas idéias de gestão, que deram origem a NPM. A revisão de literatura neste capítulo também revelou a preocupação de acadêmicos, gestores e funcionários públicos com a mudança da realidade da administração pública, notadamente, no que tange à busca da eficiência, da eficácia e da efetividade das iniciativas das organizações voltadas para a satisfação do seu principal cliente: o cidadão. Os êxitos e fracassos, além das inovações e modificações, promovidas na tentativa de que o serviço público oferecido à sociedade seja de qualidade, deixa clara a complexidade de todo o processo. A discussão sobre essas ferramentas representa referencial teórico desta investigação, uma vez que o BSC é o modelo escolhido para apoiar a aplicação da gestão de resultados na organização hospitalar, escolhida para ser o campo empírico do trabalho. Por essa razão, o próximo capítulo aborda o sistema de saúde e a organização hospitalar, com destaque para o papel exercido pelos hospitais dentro do sistema de saúde e suas peculiaridades em relação a outros tipos de organizações. Uma crítica comparativa entre os modelos de gestão, voltados para a qualidade no setor público e nos hospitais brasileiros, encerra essa parte. 35 2 O SISTEMA DE SAÚDE E A ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR No capítulo anterior foi discutida, a perspectiva histórica da reforma administrativa no Brasil e o contexto em que se desenvolveu o interesse por uma mudança nos princípios patrimonialista e burocrático que, até então, dominavam a cultura no serviço público. O presente capítulo trata de questões estruturais e gerenciais, especificamente, na rede de saúde e na organização hospitalar. Inicialmente, serão abordados aspectos relacionados com o setor de saúde, nos moldes em que se apresentam atualmente, contemplando as funções da organização hospitalar no sistema de saúde e, conseqüentemente, na sociedade. Antes de passar à gestão hospitalar, propriamente dita, é mister uma reflexão acerca das peculiaridades que pairam sobre esse tipo de organização, com destaque para os motivos que justificam a proposta de elaboração de modelo de avaliação do desempenho de gestão na área hospitalar. 2.1 O Setor de Saúde O conceito de saúde foi entendido por muito tempo, de maneira restrita, como basicamente a ausência de doença. Contudo, a Organização Mundial de Saúde ampliou esse conceito para contemplar o bem-estar físico, mental e social das pessoas. Dessa forma, o cuidado com a saúde mostrou-se mais abrangente, exigindo a consideração de ações intersetoriais e interdisciplinares que criassem condições de vida saudável para todas as pessoas (TANCREDI, 2002). Assim a carta de Ottawa, elaborada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, no Canadá, explica esse conceito ampliado de saúde: processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente (...). Assim a promoção de saúde não é responsabilidade exclusiva do setor de saúde e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. (BRASIL, 1996) 36 Paralelamente a essa tendência, a evolução da assistência à saúde foi acompanhada de uma elevação da complexidade das ações e dos altos custos dos procedimentos envolvidos. De fato, segundo Oliva e Borba (2004), em 1990, os gastos com saúde no mundo chegaram a aproximadamente 1,7 trilhões de dólares americanos, equivalente a 8% do produto mundial. Os autores também comentam o resultado de um estudo feito entre 1970-90, que avaliou a realidade de 8 países do primeiro mundo6, onde se observou um crescimento de 650% nos custos com saúde, enquanto o PIB desses países passou de 5,8% para 8,2%, em média, apresentando um crescimento de somente 41%. Esses dados mostram a crise que tem se instalado no sistema de saúde em todo o mundo, que além de ter seus custos cada vez mais elevados, ainda contempla um aumento crescente no número de excluídos do sistema. Assim sendo, com recursos escassos frente à demanda crescente por serviços, os setores público e privado buscam racionalizar seus custos com saúde procurando alternativas mais eficientes de produção de serviços, eliminando consumos desnecessários e selecionando bens e serviços mais adequados às suas atividades. Essa estratégia procura equilibrar os objetivos da equidade, da eficiência e da qualidade, sem deixar de buscar a capacidade de inovar e criar requisitos fundamentais à manutenção e ao desenvolvimento do bem-estar requerido pelos cidadãos (OLIVA; BORBA, 2004). No Brasil, a estrutura da saúde pública tem sido construída com a participação do governo e da sociedade, passando por inúmeras transformações com vistas a superar as dificuldades e atender da melhor forma possível os anseios sociais. Por essa razão, representantes do governo, instituições de saúde e sociedade civil organizada têm procurado representar os interesses coletivos perante o Estado, que aparece como mediador, executor e/ou financiador das políticas públicas de saúde. A formatação desse processo, com suas complexidades e abrangência, é tratada nos subitens a seguir, no intuito de propiciar um maior entendimento sobre o sistema de saúde e as organizações hospitalares. 6 Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. 37 2.1.1 O Setor Público de Saúde A Constituição Federal de 1988 aprovou a reforma sanitária brasileira com o objetivo de reestruturar financeira, organizacional e institucionalmente o setor público de saúde sobre três eixos principais: a) transferir a responsabilidade da prestação da assistência à saúde do governo da União para os governos locais; b) consolidar o financiamento e a provisão de serviços públicos de saúde orientando-os para a eqüidade, a universalidade e a integralidade da atenção; e, c) facilitar a participação efetiva da comunidade no planejamento e controle do sistema de saúde (BRASIL, MS, 1987). O texto constitucional configura a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, sob a garantia de políticas econômicas e sociais para o setor e sob o Sistema Único de Saúde - SUS de caráter público, federativo, descentralizado, participativo e de atenção integral. O SUS, regulamentado pela Lei 8.080/90, agrega todos os serviços públicos (nos níveis federal, estadual e municipal) e os serviços privados, quando credenciados por contrato ou convênio (BRASIL, op. cit.). Anteriormente, no início da década de 80, já existia o esforço de se tentar consolidar o processo de expansão da cobertura assistencial iniciado em meados dos anos 70, em atendimento à proposta da Organização Mundial da Saúde - OMS, na Conferência da Alma-Ata, em 1978, que preconizava “Saúde para Todos no ano 2000”, com foco, principalmente, na atenção primária à Saúde. Segundo Malik e Schiesari (2002), esse período coincide com o começo do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira que defendia a construção de uma política de saúde efetivamente democrática, que considerava a descentralização, universalização e unificação, elementos essenciais para a reforma do setor. Várias foram as propostas de implementação desse plano até que, em março de 1986, na 8° Conferência Nacional de Saúde, ficaram consagrados os princípios preconizados pelo Movimento da Reforma Sanitária. Assim, em 1987, é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado da Saúde (SUDS), que adota como diretrizes a universalização e a equidade no acesso aos serviços, a integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde, a implementação de 38 distritos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos. Em outubro de 1988, com a nova Constituição, fica consagrado todo o esforço do Movimento que garante a criação do SUS, ocorrida em 1990, como resultado da determinação do artigo 196, onde consta que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”. A reorganização institucional definida nessa legislação e o processo de descentralização foram regulamentados por Normas Operacionais Básicas (NOB) aprovadas nas instâncias colegiadas da Direção Nacional do Sistema: a Comissão de Intergestão Tripartite (CIT) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) (MALIK; SCHIESARI, 2002). O sistema de serviços de saúde brasileiro, definido pela NOB 01/96, está formado por uma rede complexa de provedores e financiadores, que engloba os segmentos público e privado. O segmento público é composto por provedores das três esferas de governo, assim concebidos: no nível federal, com o Ministério da Saúde (gestor nacional do SUS), os hospitais universitários do Ministério da Educação e os hospitais de serviços pertencentes às Forças Armadas; e, nos níveis estadual e municipal, com uma ampla rede de estabelecimentos governamentais próprios. A NOB 01/96 também cria o mecanismo da Programação Pactuada e Integrada (PPI) que compreende três campos de custeio da assistência do SUS: assistência hospitalar e ambulatorial; vigilância sanitária e epidemiologia; e controle de doenças. A articulação das ações do SUS nas três esferas de gestão governamental funciona por meio de duas instâncias de negociação e pactos: no âmbito estadual, a Comissão de Intergestão Bipartite, com representação paritária da Secretaria Estadual de Saúde e do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), e, no âmbito nacional, a Comissão de Intergestão Tripartite, com representação paritária do Ministério da Saúde e dos Conselhos Nacional de Secretários Estaduais e de Secretários Municipais de Saúde (COMAS e CONASEMS). Os acordos alcançados nessas comissões são formalizados no nível de esfera de gestão correspondente (BRASIL, LOS, 1990). Em 2006, foi definido um novo instrumento de compromisso, o “Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e da Gestão”, resultado de um longo processo de negociação entre os gestores, iniciado em 2003 (Portaria GM Nº 399; 22 de fevereiro de 2006). O Pacto, aprovado 39 pela CIT e pelo CNS, em fevereiro de 2006, estabelece uma nova dinâmica nas relações de intergestão do SUS e introduz mudanças nos processos de articulação entre os níveis Federal, Estadual e Municipal do Governo e incluem: a) a substituição do processo de habilitação pela adesão solidária aos Termos de Compromisso da Gestão; b) a regionalização solidária e cooperativa como eixo estrutural do processo de descentralização; c) a integração de várias formas de utilização dos recursos federais; e, d) a unificação dos diferentes pactos préexistentes (Pacto da Assistência Básica, da Vigilância, e outros acordos). A participação da sociedade acontece por meio dos conselhos e das conferências de saúde onde são definidas as estratégias e avaliadas a execução da política sanitária em todos os seus aspectos. Os conselhos e as conferências contam com representantes de todas as instâncias governamentais (Governos Federal, Estaduais e Municipais), dos prestadores de serviços, dos profissionais da saúde e dos usuários. Os dois últimos grupos têm representação paritária em relação aos conjuntos de representantes dos dois primeiros grupos (BRASIL, op. cit.). Outra relevante ação do Governo para reduzir a desigualdade e estimular a reorientação da assistência na estrutura de um modelo universal e integral, antes centrado excessivamente na assistência hospitalar, foi a criação dos chamados Piso de Assistência Básica (PAB) e Programa de Saúde da Família (PSF). O PAB define os recursos destinados à assistência básica nos municípios, principalmente nas ações ligadas à Programação Pactuada e Integrada (PPI). Já o PSF, principal programa de incentivo, lançado em 1994, oferece assistência integral de saúde a grupos de pessoas por área territorial, por meio de equipes multiprofissionais compostas por, no mínimo, um médico, um enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. O PSF veio a substituir, de forma ampliada, a iniciativa anteriormente executada pelos agentes comunitários de saúde. Segundo a OPAS, 2007, atualmente, cada equipe do PSF pode vir a ser responsável pelo acompanhamento de até 1.000 famílias. Em 2005, esse programa já estava presente em 4.837 municípios, atendendo em torno de 40% da população brasileira. O financiamento do poder público que garante os recursos para o SUS provém das três instâncias governamentais que o compõem, sendo que o Governo Federal é responsável pela maior parte desses recursos. Em 2004, o percentual gasto pelos Estados e pelo Distrito 40 Federal com recursos para o SUS correspondeu a 26,6, o dos municípios foi de 22,7, enquanto que ao Governo Federal participou com o percentual de 50,7 (OPAS, 2007). Ao Ministério da Saúde coube a definição dos critérios de regulamentação, fiscalização e controle de toda a produção de bens e serviços no setor sanitário, principalmente no âmbito das ações de saúde, tanto ambulatoriais como hospitalares, nos diversos níveis de complexidade (básica, média e alta). Como estratégia para regular a oferta e a demanda em saúde foram criados os “complexos reguladores”, que organizam de maneira articulada e integrada o conjunto de ações de normalização do acesso à assistência (centrais de internação, centrais de consultas e exames, protocolos assistenciais), na tentativa de adequar a oferta de serviços da Saúde às necessidades realmente existentes (BRASIL, 2005). O controle sanitário da produção e comercialização de produtos e serviços de interesse da saúde, processos, insumos e tecnologias, são exercidos pelos órgãos federais, estaduais e municipais que compõem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. O Ministério da Saúde coordena o sistema por intermédio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL. Lei No 9.782, de 1999), cuja esfera de atuação inclui ainda o controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras. O exercício das diferentes profissões de saúde está sujeito à regulamentação por meio da vigilância sanitária federal. Cabe também aos conselhos profissionais a responsabilidade do controle do exercício das profissões de assistência à saúde, que mantêm delegações regionais com jurisdição em cada Estado da Federação. Estes conselhos são entidades públicas não estatais, criadas por lei e com autonomia para supervisionar os aspectos éticos e legais do exercício profissional nas suas respectivas jurisdições. Desta forma, o setor público de saúde, além do atendimento à demanda universal dos serviços coletivos (vigilância epidemiológica e sanitária, controle de doenças transmissíveis, etc.), é responsável também por garantir assistência ambulatorial para 75% da população, uma vez que somente 25% dela é assistida por planos ou seguros de saúde privados (BRASIL, op. cit.). 41 2.1.2 O Setor Privado de Saúde O atendimento de saúde no segmento privado pode acontecer de duas maneiras: por entidades com fins lucrativos ou por entidades beneméritas. Os planos e seguros de saúde, integrantes do sistema privado, oferecem cobertura a 24,5% da população, sendo 44% titulares desses planos e 56%, dependente. Parte deste universo, nos casos de tratamentos mais complexos, também utiliza o sistema público de saúde, como acontece nas instituições hospitalares onde o sistema se baseia predominantemente no reembolso público dos serviços prestados por essas entidades privadas, chegando a 80% os estabelecimentos hospitalares que prestam serviços ao SUS (OPAS, 2007). Acredita-se que menos de um terço da população brasileira não tenha acesso a nenhum serviço de saúde, apesar do que está garantido na Constituição. Isto acontece devido às deficiências na prestação de serviços no setor público o que tem contribuído para a expansão do setor privado de assistência que, segundo Oliva e Borba (2004), pode ser classificado em 3 grupos, conforme apresentado no Quadro 1, abaixo. GRUPO QUADRO 1: Classificação do Setor Privado de Saúde DESCRIÇÃO Segmento não lucrativo Lucrativo complementar Lucrativo assistencial Sem fins comerciais é formado por entidades filantrópicas, representado principalmente pelas Santas Casas e pelas instituições formadas por grupos de imigrantes. Também denominado de Setor Supletivo de Saúde, é formado pelas empresas de assistência médica e seguradora. Formado por instituições assistenciais que geralmente não mantêm nenhum vínculo com o SUS. Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004). Já a OPAS (1998) classifica o segundo grupo, atividades do Setor Supletivo de Saúde, em quatro categorias: duas na modalidade de pré-pagamento, medicina de grupo e cooperativas médicas; os planos de saúde de empresas em modalidades que compreendem uma combinação de serviços de autogestão e compra de serviços de terceiros; e os segurosaúde, modalidade de cobertura por indenização ao segurado ou a terceiros. Essas categorias são assim definidas por Oliva e Borba (2004), conforme definição no Quadro 2. 42 CATEGORIA QUADRO 2: Definição do Setor Supletivo de Saúde DESCRIÇÃO Medicina de grupo Utiliza a rede de servidos e hospitais por meio do sistema de prépagamento dos serviços. Cooperativas São formadas por médicos que participam pelo sistema de cotas. Oferecem planos individuais e coletivos para empresas e utilizam os serviços próprios e contratados. Seguro-saúde Não possui hospitais ou médicos próprios, trabalhando no sistema de reembolso de despesas e pagamente à rede. Planos de administração Administram planos contratando médicos e hospitais indicados pela própria empresa e funcionando como sistema de pagamento pelos serviços prestados. Autogestão Os contratos são feitos internamente nas empresas, ou por caixas beneficentes, ou ainda por terceirização do serviço por meio de consultorias. O contrato de prestação de serviços é feito diretamente entre a empresa e o credenciado. Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004). As empresas nas modalidades de medicina em grupo e cooperativas geralmente possuem laboratórios, hospitais, além de outros recursos próprios e normalmente não atendem aos SUS. A distribuição no mercado do Setor Supletivo de Saúde, na década de 90, tinha a seguinte configuração: medicina de grupo - 47% do mercado; cooperativas médicas - 25%; planos de saúde de empresas - 20%; e, seguro-saúde - 8% (OPAS, 1998). A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), desde 1998, monitora a evolução dos preços dos planos privados, assim como a de seus prestadores e dos insumos utilizados, autoriza operações empresariais de subdivisão, fusão, incorporação, modificação ou a transferência do controle acionário e supervisiona a articulação com as entidades de defesa do consumidor. Desde que se iniciou a regulamentação estatal à assistência prestada pelos planos privados, foram introduzidas mudanças importantes no setor que tiveram forte impacto sobre a sua dinâmica e sobre suas estratégias competitivas. Um estudo recente mostrou uma redução de 17%, entre 2000 e 2003, no número de empresas de “medicina de grupo”, que funcionam como um sistema de pré-pagamento, e de 23% no âmbito das empresas de autogestão. No mesmo período, o número de seguradoras registradas aumentou de 4 para 14, o de administradoras, de 28 para 37, configurando-se um aumento de 32% (OPAS, 2007). 43 2.2 Papel do Hospital no Sistema de Saúde A Organização Mundial a Saúde (OMS), em seu relatório n° 122, de 1957, define a instituição hospitalar como: parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive domiciliar e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhes supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. Assim o hospital é também um centro de investigação biopsicossocial. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1957) No Brasil, conforme apontado anteriormente, o atendimento das demandas sanitárias no âmbito governamental, que contempla os serviços prestados aos cidadãos e às exigências ambientais, são de responsabilidade do SUS que o classifica em três grupos: i) Serviços assistenciais - voltados para os indivíduos ou coletividades, são prestados em centros de atenção ambulatorial, hospitalar e domiciliar; ii) Intervenções ambientais - compreendendo o controle de vetores e hospedeiros, o saneamento ambiental e as condições sanitárias dos ambientes de vida e trabalho; e, iii) Políticas externas ao setor saúde - voltadas para os determinantes sociais do processo saúde-doença (OPAS, 1998). No caso dos serviços assistenciais, segundo Oliva e Borba (2004), eles ainda podem ser subdivididos em: promoção de saúde, prevenção e serviços curativos. A atividade de promoção de saúde parte do próprio indivíduo, pois envolve seu estilo de vida e a qualidade do meio ambiente em que ele vive. A prevenção acontece por meio das campanhas direcionadas para alertar a população contra os riscos de hábitos não saudáveis e do diagnóstico tardio de algumas enfermidades. Já os serviços curativos são os principais responsáveis pelos serviços de assistência à saúde no Brasil, onde os serviços médicos e hospitalares focam mais a doença do que a saúde. 44 Os serviços curativos, conforme propõem Oliva e Borba (op. cit.), podem ser separados de acordo com o nível de atenção que é dado à população (ver Figura 1). Esferas de atendimento Terciário Locais de atendimento Hospitais especializados Hospitais de distrito Secundário Sistema de atenção Primário A Saúde em nível de distrito Centros de saúde Domiciliar FIGURA 1: Pirâmide do Sistema de Saúde. Fonte: ALENCAR apud OLIVA; BORBA (2004). Os atendimentos recebidos pelos usuários em ambulatórios ou consultórios são classificados como serviços de atenção primária. Já nos serviços prestados por intermédio de instituições de médio porte, hospitais de distritos, a classificação passa a ser atenção secundária. No caso da atenção terciária, o atendimento é realizado em hospitais especializados (OLIVA; BORBA, 2004). Ainda de acordo com os autores, os serviços de assistência à saúde são executados nesses diferentes tipos de estabelecimentos, dependendo de sua complexidade, Quadro 3. 45 QUADRO 3: Tipos de Local de Atendimento por Assistência à Saúde LOCAL DE ATENDIMENTO ASSISTÊNCIA À SAÚDE Posto de saúde Faz atendimentos nos procedimentos mais simplificados, para uma população entre 500 e 2.000 habitantes, com profissionais de nível médio. Centro de saúde Realiza procedimentos mais complexos, conta com assistência médica com pouca tecnologia e disponibiliza profissionais de nível superior. Unidade mista Faz as atividades de um centro de saúde mais a internação, dispõe de mais recursos tecnológicos e equipe com médicos especialistas. Policlínica Apresenta atendimento ambulatorial especializado, só atuando nessa área. Pronto-socorro Atende situações de emergência e urgência médica, dispondo de recursos tecnológicos e humanos variados. Hospital Voltado principalmente para assistência médica em regime de internação, sendo alguns deles voltados para o atendimento especializado. Fonte: adaptado de OLIVA; BORBA (2004). As peculiaridades do funcionamento dos hospitais, objeto do estudo de caso desta dissertação, são apresentadas na secção seguinte. 2.3 Empresa de Saúde e suas Singularidades O hospital é uma das mais complexas organizações da sociedade por apresentar uma equipe multidisciplinar com elevado grau de autonomia para dar assistência à saúde em caráter preventivo, curativo e reabilitador a pacientes em regime de internação. Além disso, ainda se constitui num espaço de prática de ensino-aprendizagem e produção científica (AZEVEDO, 1993). Essa complexidade pode ser explicada por uma série de características singulares à sua constituição formal e operacional: i) A individualidade e a personalização que caracterizam seus serviços de atenção à saúde; ii) A baixa importância econômica de suas atividades em relação ao valor social e humanitário que ele produz; 46 iii) A dependência às necessidades e às demandas da comunidade, além de ser, potencialmente, um fator indutor delas; iv) A vulnerabilidade em relação às situações de emergência; v) A natureza de seu processo de produção, que se constitui de pessoas cuidando de pessoas; vi) A dificuldade da autoridade do gestor pela inexistência de uma única linha de comando; vii) A operacionalidade baseada na coordenação dos esforços e atividades dos diferentes grupos de profissionais especializados e interdependentes, conseqüência do fato de ser uma organização formal e, em certa medida, burocrática; viii) A demonstração de sua eficiência por meio do beneficio social; e, ix) A constante incorporação de tecnologia, o que aumenta sua credibilidade perante a sociedade (GONÇALVES, 1983; DARR, 1997 apud ZOBOLE, 2004). Díaz (2003) inclui ainda outras características como: x) A gerência que acontece por transferência de risco, tornando-se por isso indispensável o planejamento participativo; xi) O principal insumo que é quem vai receber o serviço, exigindo o respeito à sua autonomia, devendo-se diminuir seu tempo de intervenção; e por último, xii) Os pacientes que não pagam, deixando de existir um controle direto do consumidor, nos casos das organizações públicas. Além dessas características, o hospital contempla um universo de diferentes tipos de recursos materiais e humanos que, na busca das finalidades de assistência, ensino e pesquisa, se articulam em sistemas de lógicas totalmente distintas. Esses sistemas incluem o assistencial, voltado para os cuidados direto à pessoa e marcado pela lógica da significação, e 47 o administrativo, que utiliza a lógica racionalizadora típica de empresas, praticada por profissionais voltados ao provimento de recursos material, pessoal e financeiro, necessários ao atendimento das atividades fins do hospital, “buscando pelo controle social e pelos meios de produção fazer frente aos altos custos, o que nem sempre constitui tarefa simples” (LÉVY e Col. 1981 apud ZOBOLE, 2004, p.35). Assim, considerando os recursos utilizados na estrutura hospitalar, que possui uma gama de diferentes tipos de profissionais, inúmeros serviços inter-relacionados, recursos tecnológicos de última geração e organização científica e burocrática compatível com as atividades a serem desempenhadas, questiona-se: o hospital poderia ser visto como empresa? Se for, como ele deveria ser administrado? (ZOBOLE, 2004). Para responder a essas perguntas, a autora realizou uma análise comparativa entre as características da empresa e do hospital, citando alguns pontos de convergência e de distanciamento entre os dois conceitos. Dentre eles, foi destacado como uma das principais divergências o fato de um hospital ser uma instituição que se sustenta no interesse coletivo da saúde e o persegue independentemente de questões financeiras, característica que não acontece numa empresa de mercado cujo principal foco é o lucro. Por outro lado, como convergência, foi visto que muitas de suas práticas administrativas são formalmente próprias de empresas o que aproxima a instituição hospital deste conceito. O interesse coletivo pela saúde faz com que o setor operacional na organização hospitalar concentre o poder sob o aspecto estrutural de uma burocracia profissional. Os padrões de seus procedimentos, princípios éticos e legais, são definidos e fiscalizados por entidades do governo e de diversas categorias profissionais externas ao seu ambiente, o que confere ao corpo técnico autonomia e independência da gerência estratégica. Isso contribui para que as organizações hospitalares, públicas ou privadas, estejam inseridas num ambiente complexo e singular que as condicionam a um funcionamento inadequado diante da lógica da característica de empresa de mercado. Por último, a pluralidade das partes interessadas no funcionamento de uma organização hospitalar é outra característica que merece destaque, por conferir-lhe complexidade pela diversidade de interesses a contemplar: 48 i) Dos usuários - que demandam assistência das mais variadas formas; ii) Dos trabalhadores da saúde - que buscam melhores remunerações e condições de trabalho; iii) Dos acionistas, em se tratando de hospital privado - que objetiva o lucro, ou de representantes da sociedade ou do Governo, no caso de organizações sociais ou públicas; iv) Dos empresários que mantêm relação comercial com o hospital, fabricantes e distribuidores de insumos, seguradoras e planos de saúde – que também visam o lucro; e, finalmente, v) Dos poderes formalmente constituídos na gerência hospitalar e no governo que têm seus interesses focados nos objetivos técnicos e no alcance de metas programáticas da política de saúde (NOGUEIRA, 1994). 2.4 Gestão Hospitalar Existem vários sistemas que se pode utilizar na gestão de uma organização, dentre eles encontra-se o sistema holístico que busca o atendimento das “necessidades dos stakeholders de forma harmônica, juntando o pragmatismo da busca de metas, mas com respeito à dignidade humana no trabalho por meio de uma seleção de ferramentas de gestão dos grandes modelos de gestão atual” (OLIVA; BORBA, 2004, p.45). Para Díaz (2003), no caso dos hospitais, a metodologia mais efetiva para sua gestão é a construção de consensos para o estabelecimento de objetivos, metas e tomadas de decisões. Ele defende que a participação nesses consensos deve ser ampla, acontecendo em todos os níveis de gerência da instituição hospitalar, com o objetivo de melhorar a produção e humanizar a atenção. Gerenciar um hospital supõe planejar, dirigir, coordenar, motivar as pessoas, controlar o que se faz para conseguir as finalidades da instituição. As características das complexidades da organização hospitalar impõem estilos de condução participativa (MARIN, 2002 apud DÍAZ, 2003, p.56, tradução nossa). 49 O modelo de gerência administrativa do hospital proposto por Díaz (op. cit.) deve ser o participativo buscando acordos pelos objetivos institucionais. Deve ocupar-se dos processos gerenciais para que estes possam ser geridos a partir de uma visão sistêmica de interação e interatuação para a melhoria dos seus sete campos de ação que são: a) relacionar o hospital com o entorno político, setorial e social; b) construir os objetivos em médio prazo; c) melhorar os aspectos produtivos (gestão por processo); d) melhorar a gestão cotidiana; e) conter o aumento dos gastos; f) racionalizar os custos; e, g) melhorar a capacidade técnica e o clima organizacional. O autor defende que a gestão profissional dos hospitais, com o compartilhamento das responsabilidades e das tomadas de decisões, permitirá o desenvolvimento da instituição como uma empresa de conhecimento e de relações humanas, de construção de missão e de visão compartilhada, impulsionada por valores institucionais onde as equipes de trabalho, com uma concepção sistêmica organizacional, estarão motivadas a vencer os desafios para atingir as metas. Para Diaz (op. cit.), um hospital é uma empresa de multiprodutos que deve ser eficiente porque os recursos são limitados e a demanda é crescente. É uma instituição que deve desenvolver mecanismos de aprendizagem organizacional em vários aspectos procurando manter o foco estratégico nas perspectivas apresentadas no Quadro 4, ajudando no contexto político e melhorando todo o sistema de saúde. QUADRO 4: As Sete Perspectivas Estratégicas Hospitalares PERSPECTIVAS ESTRATÉGICAS 1 – Econômica, Financeira, Orçamentária, Faturamento. 2 – Produção, Utilização. 3 – Qualidade Técnica. 4 – Formação, Aprendizagem, Processos. 5 – Satisfação do usuário e do cliente interno. 6 – Resposta aos requerimentos da comunidade, demandas sanitárias. 7 – Influência política, definindo prioridades. Fonte: adaptado de DÍAZ (2003). Além disso, Pérez (2001 apud DÍAZ, 2003) acredita que uma empresa sanitária que deseje aumentar sua competência deve começar a diferenciar sua gestão em: a) gestão estratégica; b) gestão executiva; e, c) gestão operativa. 50 A Gestão Estratégica é o processo no qual a alta direção ou gerência planeja sobre os objetivos a curto, médio e longo prazo, analisando o ambiente externo de mercado, procurando identificar como irá superar suas ameaças, aproveitar suas oportunidades e usar as políticas que servirão para melhorar seus relacionamentos com os usuários, empregados e comunidade (FORTUNA apud DÍAZ, 2003). A Gestão Executiva é que deve implementar as diretrizes estratégicas na produção assistencial, solucionando os problemas para que a sua direção possa desenvolver a gestão operativa. Por sua vez, a Gestão Operativa está sustentada na gestão de vários segmentos do ambiente hospitalar, quais sejam: gestão de pacientes, gestão clínica, gestão de variabilidade, gestão de processos e na atenção médica que compreende distintos aspectos da produção assistencial (DÍAZ, 2001). QUADRO 5: Componentes da Gestão Operativa Hospitalar GESTÃO OPERATIVA Gestão de Pacientes Gestão Clínica Gestão de Variabilidade Gestão de Processos Gestão da Atenção Médica Fonte: adaptado DÍAZ (2001) i) Gestão do paciente - está voltada para a melhoria da eficiência institucional, e procura facilitar o acesso dos serviços aos usuários, com menos burocracia, mais satisfação, ouvidoria e diligência. Ela tem como pilares “os serviços de admissão, atenção ambulatorial, emergência, atenção médica imediata, unidade de consultórios externo e estudos complementares distribuídos em blocos funcionais”. (DÍAZ, 2003, p. 60). ii) Gestão clínica - refere-se à administração da prática assistencial que permite oferecer aos usuários os melhores resultados assistenciais possíveis (efetividade), demonstrando capacidade de melhorar o quadro clínico do paciente (eficácia), com o menor inconveniente para o paciente e os menores custos para a sociedade (eficiência). A gestão participativa com objetivo nos serviços deve ter por base a gestão clínica porque ela gera o impulso que provem do núcleo do trabalho clínico. 51 iii) Gestão de variabilidade - fundamenta-se nas coisas mutáveis como os pacientes, a evolução tecnológica, a organização da oferta, os incentivos e o despreparo profissional. É a conformação de uma organização de alto desempenho onde os que constituem o núcleo operativo estão capacitados no âmbito terciário, no qual exige uma condição importante de seu nível de independência e autonomia nas decisões relacionadas com os pacientes. iv) Gestão por processos assistências - é o conjunto de procedimentos diagnósticos, terapêuticos e preventivos complexos que servem para alterar o curso natural da doença, prevenir, curar, reabilitar, dando respostas às expectativas dos clientes internos e dos usuários. v) Gestão da atenção médica – leva os gestores a compreenderem e atuarem num contexto de especificidades de atenção médica adquirindo de forma permanente, novas capacidades que os habilitam na formulação inteligente de objetivos e controles de gestão. Isto traduz um novo marco dentro da gerência institucional hospitalar que é a produtividade social, que consiste em maximizar a eficácia de atenção, a satisfação do usuário, gastando a menor quantidade de recursos possíveis. O autor coloca que o hospital deve ser gerido como uma empresa, porque a saúde é responsabilidade do Estado, portanto ele deve prover resultados efetivos, eficiente, que assegurem os aspectos de equidade e respostas integradas ante o aumento da demanda. Neste processo, uma das ações mais importantes que deve ser priorizada é o esforço para se introduzir uma gestão eficiente dos prestadores de serviços sanitários, desenvolvendo estratégias e ferramentas para implementar essas mudanças, focando assim na melhoria do sistema de saúde. Um dos recursos fundamentais para essa mudança está nos dirigentes, na transformação da função gerencial e na participação dos atores. Para Bourdieu (1993 apud DÍAZ, 2003): ator não é aquele que atua conforme o lugar que ocupa na organização social, e sim o que modifica o entorno material e todo o ambiente social em que está colocado ao transformar a divisão do trabalho, os modos de decisão, as relações de dominação e as orientações culturais. Pode se tratar de uma pessoa ou uma equipe. (BOURDIEU, 1993 apud DÍAZ, 2003, p.61, tradução nossa) 52 Hoje, o grande desafio do Gestor Hospitalar é o desenvolvimento gerencial. A função de direção necessita de um apoio claro pela existência de uma interfase hierárquica complexa entre a influência política, a configuração da rede de serviços e as necessidades da comunidade (DÍAZ, 2003). As autoridades hospitalares devem reconhecer que são gestores de uma rede, isto é, que eles são o ponto de destino de uma transferência de risco cuja autoridade de gerenciamento é parcial, pois muitas vezes necessitam de poder, porém não dispõem de instrumentos de gestão adequados. Existe um distanciamento complexo entre os gestores e os profissionais da área que emperram a evolução das instituições, aumentando os custos, colocando em dificuldade a imagem corporativa e interferindo na formação das áreas clínicas. Díaz (2002) diz que para diminuir essa lacuna entre gestores e profissionais, devese implementar três ações básica: i) Melhorar a formação e o aperfeiçoamento dos gestores – os investimentos na formação e aperfeiçoamento não devem focar somente nas aquisições de conhecimentos e habilidades, mas gerar e compartilhar dúvidas, visões, compromissos frente aos agentes sanitários e à sociedade, dividindo não apenas os problemas de seu meio e de seus usuários, mas também o conhecimento da complexidade dos paradigmas envolvidos no processo de melhorias; ii) Modificar o sistema financeiro insuficiente e de caráter histórico – antes de definir os gastos a serem realizados com a saúde por meio de análises econômicas e de mercados, deve-se, primeiramente, analisar quanto será necessário para atender as necessidades existentes e, somente a partir daí, definir como resolvê-las; e, iii) Transformar o esquema contratual – este último item envolve desde o compromisso de gestão assumido pela empresa até o gerenciamento do fator humano, que envolve os profissionais atuantes, os demais funcionários, como também o cidadão que se dirige à instituição para suprir alguma necessidade relacionada à área fim. Rubio (apud DÍAZ, 2003) descreve o que se deve gerenciar numa instituição hospitalar, em 8 itens que são apresentados no Quadro 6. 53 QUADRO 6: Aspectos para Gerenciamento na Instituição Hospitalar 1 O QUE SE DEVE GERENCIAR A saúde das pessoas 2 Os processos produtivos 3 A gestão do conhecimento 4 Interrelações pessoais 5 Os interesses das cinco coletividades que o integram 6 O grande volume de recursos econômicos 7 A práxis médica e a medicina defensiva 8 A necessidade de objetivar os interesses de distintas coletividades e a luta pelo poder Fonte: Adaptado de DÍAZ (2003). JUSTIFICATIVA Porque num hospital os profissionais lidam com coisas bem diferentes como nascimento e a morte. São ações integradas e complementares. Porque são seqüências de ações e intervenções dirigidas na entrega de serviço integral ao usuário. Pela necessidade de aumentar a competência, melhorar em aspectos técnicos e em serviço ao usuário, além de buscar incorporar novos avanços técnicos. O hospital é uma instituição de máxima interrelação social. As pessoas que estão ou se sentem enfermas são ajudadas por outras que se sentem saudáveis. Isso faz com que seja a organização mais complexa de se gerir. Os cidadãos, os profissionais da área de saúde, as pessoas e, geral, os gestores e os proprietários, porque conforme visto anteriormente, têm interesses distintos. Dos quais 70% englobam recursos humanos. Pelos conflitos de interesses em relação aos objetivos organizacionais. Pelos conflitos de interesses em relação aos objetivos organizacionais Rubio (op. cit.) ainda apresenta, no Quadro 7, as principais responsabilidades da gerência. QUADRO 7: Missões da Gerência na Instituição Hospitalar ITEM MISSÕES DA GERÊNCIA 1 Conduzir o hospital ao cumprimento da missão. 2 Relacionar o hospital com o diretório ou conselho de administração. 3 Relacionar a instituição com seu entorno. 4 Desenvolver a gestão estratégica. 5 Conter o aumento dos gastos e reduzir os custos. 6 Implementar o controle integrado da gestão. 7 Melhorar o clima organizacional. Fonte: Adaptado de DÍAZ (2003). Basicamente administrar um hospital consiste em conduzi-lo ao cumprimento de sua missão ou razão de ser. Para essa condução ser possível é necessário ter uma visão e fixar objetivos coerentes com essa visão. A estratégia e a visão da empresa de saúde devem estar alinhadas com o compromisso da organização e de seus integrantes. Sem visão é impossível decidir racionalmente, não se tem noção do futuro e não há meta a ser alcançada (DÍAZ, 2002). 54 A visão compartilhada é o que se vê nas organizações inteligentes. Ela deve ser clara e conter os valores organizacionais para que possa ser repassada para toda a organização buscando o comprometimento das equipes de trabalho. Isso implica inicialmente em três tarefas vinculadas com o pensamento estratégico, que só podem ser implementadas por meio de planejamento, organização, execução, coordenação e controle da gestão: i) Vincular o hospital com seu entorno – isto é, com os usuários, as áreas de influência e programática, os provedores e competidores, buscando as oportunidades, identificando as falhas de mercado, detectando as divergências de informações, levantando a demanda sanitária, trabalhando em redes de serviços e melhor orientando as ações para os pacientes de primeiro nível de atenção; ii) A gestão, o gerenciamento e o controle integral – consiste em coordenar e motivar as pessoas para conseguir os objetivos planejados; e, iii) Manter o clima organizacional para o desenvolvimento máximo da capacidade de seus integrantes – é a base para a geração do compromisso, de atitude e da parceria. Díaz (2003) considera que todos esses fatores são necessários para que o gerenciamento do hospital deixe de ser uma burocracia profissional para tornar-se um hospital com características de autogerenciamento e possa evoluir futuramente para uma autogovernabilidade. 55 2.4.1 A Qualidade no Setor de Saúde A preocupação com a qualidade na área da saúde esteve presente desde as primeiras organizações voltadas para os cuidados aos enfermos. Mas, somente na metade do século XIX, durante a guerra da Criméia, é que se tem registro da implantação do primeiro modelo de melhoria contínua de qualidade em saúde pela enfermeira inglesa Florence Nightingale, onde ela executou práticas relativas ao controle de infecção, diminuindo consideravelmente o número de soldados que morriam, apenas pelo cuidado em separar os enfermos infectados dos não infectados. Porém a sistematização e os primeiros modelos voltados à gestão da qualidade da assistência médica e hospitalar só aconteceram a partir de 1913, pelo médico cirurgião norte-americano Ernest Amory Codman, quando ele publicou seus primeiros trabalhos sobre a necessidade e a importância de se garantir a qualidade dos resultados das intervenções médicas nas ações de saúde (GASTAL; QUINTINO NETO, 1997). Na questão da qualidade, há um consenso no setor saúde que os programas de qualidade devam focar, além das condições de infraestrutura física, os processos e os resultados. Este conjunto, apesar de identificar elementos importantes e imprescindíveis para a qualidade dos serviços, o que se tem observado é que ele se restringe ao diagnóstico e ao posicionamento das organizações com base em modelos referenciais. Geralmente, o que se tem visto é a identificação do problema sem apontar sua solução, o que induz à descontinuidade do processo de melhoria (VIEIRA; CARVALHO, 1999). Donabedian (1990) ampliou o conceito de qualidade em saúde com o que ele chamou de “sete pilares da qualidade”: eficácia, efetividade, eficiência, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade, Quadro 8. 56 QUADRO 8: Pilares da Qualidade e Seus Conceitos PILARES DA QUALIDADE DESCRIÇÃO O melhor que se pode fazer para melhorar a saúde nas condições mais favoráveis, dado o estado do paciente e mantidas constantes as demais circunstâncias. O grau em que o cuidado, cuja a qualidade está sendo avaliada, alça-se ao EFETIVIDADE nível de melhoria da saúde, que os estudos de eficácia tem estabelecido como alcançáveis. É a medida do custo com o qual uma dada melhoria na saúde é alcançada. Se EFICÊNCIA duas estratégias de cuidado são igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo. Medida onde os efeitos do cuidado da saúde não são avaliados em forma OTIMIZAÇÃO absoluta, mas relativamente aos custos; onde adicionar benefícios pode não ser viável devido ao alto incremento nos custos. Sinônimo de adaptação do cuidado aos desejos, expectativas e valores dos pacientes e de suas famílias. Depende da efetividade, eficiência e ACEITABILIDADE otimização, além da acessibilidade do cuidado, das características da relação médico-paciente e das amenidades do cuidado. Aceitabilidade do cuidado da forma em que é visto pela comunidade ou LEGITIMIDADE sociedade em geral. Princípio pelo qual se determina o que é justo ou razoável (aceitável) na EQUIDADE distribuição do cuidado e de seus benefícios entre os membros de uma população. Fonte: Adaptado de DONABEDIAN (1990). EFICÁCIA Donabedian (1992) também definiu um quadro conceitual fundamental para o entendimento da avaliação de qualidade em saúde envolvendo estrutura, processo e resultado, que correspondem às noções de Teoria Geral de Sistemas: input-process-output (Quadro 9). QUADRO 9: Conceitos da Teoria Geral de Sistemas ITEM ESTRUTURA DESCRIÇÃO Recursos físicos, humanos, materiais e financeiros necessários para a assistência médica. Inclui financiamento e disponibilidade de mão de obra qualificada. PROCESSO Atividades envolvendo profissionais de saúde e pacientes, com base em padrões aceitos. A análise pode ser sob o ponto de vista técnico e/ou administrativo. RESULTADO Produto final da assistência prestada, considerando saúde, satisfação de padrões e de expectativas. Fonte: Adaptado de DONABEDIAN (1992). a) Estrutura – envolve a parte física, a disponibilidade de equipamentos, organização dos serviços até a capacitação dos indivíduos que prestam serviços. Apesar da dificuldade em quantificar a influência desses componentes na qualidade final da assistência prestada, não há dúvida que as estruturas mais adequadas aumentam a probabilidade da assistência prestada ser de melhor qualidade. 57 b) Processo – são as atividades desenvolvidas entre os profissionais de saúde e os pacientes. É sobre essas relações que se obtêm os resultados da assistência. Nos processos aparecem os aspectos éticos e da relação médico/profissional/equipe de saúde-paciente. Normalmente tudo que diz respeito ao tratamento diretamente e no momento em que ele está ocorrendo pode ser considerado um processo. c) Resultado – devido à dificuldade de uma definição precisa acerca da boa prática médica, o resultado da assistência se restringe às mudanças observadas no estado e saúde do paciente, que podem ser atribuídas à assistência médica. Porém para que isso corresponda à mensuração precisa da qualidade da assistência médica, é necessário isolar as demais causas das mudanças. Essa classificação proposta por Donabedian (op. cit.) tem por objetivo a sistematização da complexidade da saúde, permitindo que, a partir dela, se estabeleçam indicadores específicos para cada uma das dimensões consideradas. O autor desenvolveu esse trabalho a partir do monitoramento do desempenho clínico objetivando a melhoria da qualidade, pois segundo ele, o desempenho da atividade médica é o foco central e tudo se passa a partir da ótica desse profissional. Gurgel e Vieira (2002) defendem que a teoria sistêmica tem se mostrado insuficiente para o desenvolvimento de programas de qualidade e processos de mudanças sustentáveis com possibilidades de êxito no setor de saúde. Isto ocorre devido à complexidade do setor e aos inúmeros trade–off a considerar, sobretudo quanto à satisfação do cliente em conflito direto com a racionalidade técnica do processo de trabalho em saúde. A percepção da qualidade, e conseqüentemente seu gerenciamento, poderá variar amplamente dependendo da forma de sua implementação, pois sofre grande influência do grupo da organização que estará conduzindo o processo, podendo vir a comprometer a precisão e confiabilidade dos resultados obtidos (VIEIRA, 1997 apud GURGEL; VIEIRA, 2002). Estas disjunções teórico-conceituais apresentadas e os problemas metodológicos dos programas têm levado à aplicação de soluções superficiais que não geram ganho institucional ou não resolvem o problema na origem, restringindo-se, muitas vezes, à aplicação de um pequeno conjunto de técnicas, incompatíveis com o grande número de 58 variáveis e elementos estruturais envolvidos em seus processos (GASTAL; QUINTO NETO, 1997). Malik e Schiesari (2002, p. 8) também entendem a complexidade na avaliação da qualidade em sistemas de saúde e sugerem seu desenvolvimento de maneira global, tendo em vista que “as metodologias de avaliação disponíveis são muito mais apropriadas para responder às características dos serviços de saúde de modo isolado, ou aplicáveis a programas em desenvolvimento ou desenvolvidos”. Conforme Vieira (1997 apud GURGEL; VIEIRA, 2002), a Gestão Estratégica da qualidade engloba uma multiplicidade de fatores muito difíceis de enquadrar num esquema prescritivo simplificado. Para isso, é necessária uma abordagem da realidade organizacional que fundamente a ação gerencial a partir de um conjunto amplo de teorias não-circunscritas ao ambiente intraorganizacional. Neste sentido, a evolução dessas práticas no setor saúde deve enfatizar aspectos gerenciais aliados aos processos assistenciais (GASTAL; QUINTO NETO, 1997), fundamentados na perspectiva do direito à saúde como um bem público, dentro do contexto da cidadania. 2.4.2 A Qualidade nos Hospitais Brasileiros Nos últimos anos, os hospitais brasileiros têm procurado melhorar seus processos de gestão tentando mudar a imagem de instituição de baixa qualificação para atendimento à população usuária, que muitas vezes enfrenta a realidade de não ser bem atendida. Em função da conscientização da população em relação aos seus direitos e da cobrança do governo sentindo-se pressionado por seus eleitores, os hospitais começam a implementar melhorias nos processos de gestão, buscando resgatar a credibilidade e o respeito de seus serviços e de seus profissionais. Assim, motivados por esse desejo, os hospitais começaram a aderir aos programas de qualidade. Comprovar excelências nos serviços é uma tendência cada vez mais forte entre as empresas da saúde, atribuídas não somente ao cumprimento das imposições legais, mas também na necessidade de credibilidade junto a seus clientes. Com referência à qualidade no 59 setor de saúde Novaes (1998 apud AZEVEDO, 2002, p.3) afirma que “o desenvolvimento de Programas de Garantia de Qualidade é uma necessidade em termos de eficiência e uma obrigação do ponto de vista ético e moral”. Para o autor existem, no mínimo, quatro formas de avaliar e atestar a qualidade dos serviços de uma instituição hospitalar no Brasil. A primeira delas é composta por um conjunto de procedimentos burocráticos que habilita a organização para o funcionamento na área de saúde, que são a habilitação e a licença sanitária ou alvará, fornecidas pela autoridade sanitária jurisdicional, pela Agência de Vigilância Sanitária ou por outra entidade com autoridade e competência para este propósito. A segunda forma de avaliação acontece no momento de classificar os serviços que são prestados pela instituição. Por meio desse critério de classificação é possível determinar as funções, a concentração das atividades e os benefícios de acordo com o tipo de estabelecimento em análise. Essa categorização é que determina quais os serviços que podem ser prestados e quais são as redes provedoras. A terceira forma de avaliação acontece por meios dos programas de autoavaliação (pesquisa “in loco”) onde são monitoradas as atividades hospitalares, baseadas em critérios aceitáveis e explícitos de desempenho. Por último, há a Acreditação Hospitalar que é o método de avaliação externa dos recursos institucionais, voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos. O objetivo de todas essas práticas é garantir a qualidade da prestação dos serviços hospitalares aos cidadãos usuários, incentivando as organizações de saúde à continua busca de melhoria em seus processos. Os autores Malik e Schiessari (2002), além da Acreditação Hospitalar da Organização Nacional de Acreditação (ONA), apontam outros dois modelos de avaliação externa da qualidade bastante conhecidos que são a International Standardization Organizations (Normas ISO) e o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). 60 Ainda existe o Prêmio Nacional de Gestão Pública (PQGF), que é o Prêmio Qualidade do Governo Federal cuja finalidade é reconhecer e premiar as organizações públicas com qualidade em gestão, que comprovem alto desempenho institucional. O Prêmio tem o propósito de contribuir para a transformação da gestão pública estimulando, pelo reconhecimento, aquelas que evidenciam melhoria gerencial na direção da inovação, da redução de custos, da qualidade dos serviços e da satisfação do cidadão. O PQGF acontece em ciclos anuais de premiação onde são avaliados e reconhecidos os processos de gestão de cada instituição candidata, tomando-se por base o Modelo de Excelência em Gestão Pública – MEGP, do GesPública. 61 3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Este capítulo apresenta uma abordagem sobre a medição de desempenho como um instrumento de gestão. Essa abordagem é realizada a partir da revisão da literatura relacionada ao processo de estruturação de um Sistema de Administração do Desempenho, apresentando as etapas que devem contemplar este método. Em princípio é exposto um breve histórico acerca da evolução das medidas de desempenho e também das principais características do processo de medição. Depois são apresentados e discutidos os principais modelos de decisão, de mensuração e métodos, classificações e abordagens encontradas na literatura para o desenvolvimento e implementação de sistemas de indicadores de desempenho. Como modelos de avaliação de gestão são apresentadas as metodologias de Acreditação Hospitalar e da Autoavaliação de Gestão do Programa do Governo Federal do GesPública, no modelo de 250 pontos. Na última seção, o modelo do Balanced Scorecard é apresentado, com a discussão das perspectivas e da sistemática de estabelecimento de estratégias e de indicadores de avaliação. 3.1 O Conceito de Desempenho Organizacional e sua Aplicação em Organizações de Saúde Até a década de 80, havia uma predominância de utilização de medidas de desempenho relacionadas à eficiência, tais como a produtividade física e financeira (por exemplo, custo e lucratividade). Segundo Bonnelli et al. (1994), a razão para o uso dessas medidas era a existência de paradigmas taylorista e fordista de padronização em massa e eficiência que dominavam as práticas gerenciais durante esse período. No Japão, durante os anos 50, as empresas, como a Toyota Motors, precisaram fazer alterações na organização de seus processos de produção devido à introdução de conceitos voltados à flexibilidade como eficiência, redução de estoques, parcerias com 62 fornecedores e foco nos requisitos dos clientes (SHINGO, 1996). Como conseqüência disso, houve a necessidade de introduzir e implantar novas tecnologias e filosofias de gestão e produção, como a Gestão da Qualidade Total (TQM) e o Just-In-Time (JIT), para que as empresas pudessem estar inseridas nesse novo ambiente competitivo. Verificou-se que somente os dados fornecidos pelos indicadores voltados ao modelo tradicional de contabilidade de custo não eram suficientes para fornecer informações que possibilitassem avaliar o grau de competitividade dessas empresas no contexto de mercado. Seriam necessárias informações complementares que avaliassem a organização sob vários aspectos. Na concepção de Moreira (1996): Um Sistema de Medição de Desempenho é um conjunto de medidas referentes à organização como um todo, às suas partições (divisões, departamento, seção etc.), aos seus processos, às suas atividades organizadas em blocos bem definidos, de forma a refletir as diferentes características de desempenho em cada nível da empresa (MOREIRA, 1996, p.17). Logo, o sistema de medição de desempenho tem por objetivo estabelecer o grau de evolução, estagnação ou involução dos processos e atividades da empresa, assim como o grau da adequação ao uso de seus bens e serviços. Ele deve fornecer informação adequada e no momento preciso, a fim de prover ações preventivas e/ou corretivas que levem à conquista de metas e objetivos da empresa. Para Bond et al. (2001), o desempenho das organizações é o produto da análise de todas as atividades de uma empresa, desde a formulação das estratégias até a análise de ações e resultados alcançados. Portanto, o gerenciamento do desempenho pode indicar se as empresas irão ou não conseguir atingir as metas estabelecidas. Contudo, para gerenciar o desempenho de uma organização há necessidade de um sistema de medição que permita o monitoramento, manutenção e controle das atividades; além de viabilizar o seu crescimento e aprimoramento contínuo. Surge, assim, a importância atribuída aos indicadores no controle das operações, quais sejam: conhecer e identificar pontos críticos que possam vir a comprometer o desempenho e auxiliar no processo de implementação e gerenciamento das melhorias e mudanças (BOND, 2001.). 63 Ademais, essas mudanças fizeram com que as empresas começassem a sentir a necessidade de introduzir medidas quantitativas e qualitativas em seus controles, que permitissem avaliar seus desempenhos relativos a essas novas dimensões competitivas. Kaplan e Norton (1996) destacam que a base para o sucesso de um sistema de medição de desempenho, tem como princípio: medir somente as coisas que indiquem o sucesso organizacional; manter um conjunto de medidas equilibradas, considerando as perspectivas das pessoas que tomam decisões, incentivando a participação sobre o que deve ser medido; envolver os funcionários na configuração e implementação do quadro de indicadores de desempenho; alinhar os objetivos e as estratégias organizacionais com as medidas, de forma a proporcionar suporte à tomada de decisões; e orientar os esforços para cumprimento das metas estabelecidas. De acordo com Gonçalves (2002), aplicar bem os indicadores para a medição de desempenho, possibilitando um maior conhecimento dos processos relacionados aos pontos críticos de sucesso, permitindo uma avaliação contínua da eficiência dos processos e das pessoas, deve ser uma característica fundamental nas organizações. Dessa forma a gestão organizacional deve estar fundamentada nos resultados apresentados por seus indicadores de desempenho. No setor público, onde a prática mais comum tem sido a avaliação ligada ao controle tendo como premissa básica o cumprimento dos requisitos legais, o processo de avaliação é mais complexo, pois deve ainda considerar os resultados sociais gerados. Assim, a natureza da avaliação da gestão do setor público tem um foco diferenciado do setor privado que é predominantemente administrativo. 3.1.1 Indicadores de Desempenho Segundo Oliva e Borba (2004), para o desenvolvimento de um Sistema de Administração do Desempenho, primeiro é necessário passar pelo entendimento das classificações dos indicadores tratadas na literatura. 64 Os autores destacam as classificações de maior importância, que são: a) Financeiro versus não financeiro – além dos indicadores financeiros são necessários outros tipos de indicadores não-financeiros para complementar o Sistema de Administração do Desempenho; b) Global versus parcial – os indicadores globais auxiliam a alta administração, enquanto os indicadores parciais são orientados para os gestores médios e suas áreas de atuação; c) Interno versus externo – os indicadores internos servem para monitorar os aspectos internos da organização e os externos para monitorar o ambiente externo da organização, tais como clientes e fornecedores; d) Hierarquia organizacional – o enfoque nessa classificação é a utilização da estrutura organizacional que define as relações verticais da organização com base para integração dos indicadores de desempenho; e, e) Área de aplicação – o entendimento é que cada unidade na organização precisa ter seus próprios indicadores de desempenho. O passo seguinte para o desenvolvimento de um Sistema de Administração de Desempenho, para Flapper et al. (apud OLIVA; BORBA, 2004), consta de um método que deve conter, no mínimo, três etapas: a) definição dos indicadores de desempenho; b) definição das relações entre eles; e, c) fixação de metas de valores para eles. Na Etapa 1 – Definição dos Indicadores de Desempenho, podem ser consideradas duas abordagens, tanto de baixo para cima (operacional/estratégico) como de cima para baixo (estratégico/operacional). No primeiro caso, os indicadores partem das atividades realizadas na organização e, no segundo, o foco está nas funções da organização e nas responsabilidades de quem executa as atividades. Na Etapa 2 – Definição das Relações entre os Indicadores de Desempenho, as relações entre os indicadores podem ser de dois tipos, relações internas, usadas dentro do contexto de uma função e relações externas, quando se usa indicadores de diferentes funções. Na Etapa 3 – Fixação de Metas de Valores para os Indicadores de Desempenho, um sistema de Administração de Desempenho não é caracterizado somente por um conjunto de Indicadores de Desempenho, mas também pelo alcance de valores que justificam suas 65 diferentes ações. As metas devem ser negociadas tanto para atender aos objetivos da alta administração, como também para ser viável a sua execução por quem operacionaliza as atividades. Os autores chamam a atenção para o cuidado que se deve ter com a atualização dos indicadores após a implantação do Sistema de Administração de Desempenho. Além disso, eles alertam para o fato de que o Sistema é específico para a realidade da organização, na época da sua definição. Caso aconteça alguma mudança no ambiente de negócio da organização, o Sistema deve ser novamente formatado para a nova realidade. Apesar de existirem diversas propostas de Sistemas de Administração de Desempenho, Oliva e Borba (2004) identificaram os três pontos comuns a todas elas, que são: a) as medidas de desempenho devem derivar da estratégia de negócio; b) há uma hierarquia no conjunto das medidas de desempenho, devendo ocorrer uma integração nas funções de negócio; e, c) as medidas devem refletir todo o ambiente de negócio. Desta forma, a medida de desempenho deve estar presente em todos os níveis hierárquicos, ou seja, alta administração, nível operacional e ambiente empresarial interno e externo. E os indicadores de desempenho devem permitir a mensuração, análise e aperfeiçoamento dos resultados do negócio da empresa, para que os administradores possam alinhar a estratégia e os objetivos ao desempenho global do negócio (OLIVA; BORBA, 2004). Para o sucesso na implementação de uma estratégia de negócio é necessário ainda que a empresa equilibre à estratégia discutida e divulgada, um sistema de gestão coerente e um sistema de administração de desempenho adequado. Porém de nada adiantará tudo isso se a empresa não dispuser de ferramentas que auxiliem a análise e a tomada de decisão a respeito do que fazer com os resultados alcançados por esses indicadores. 3.1.2 Modelos de Decisão O significado da palavra modelo, como afirma Guerreiro (1989 apud SANTOS; PONTE, 1998), é uma representação simplificada da realidade com o objetivo de facilitar a compreensão de estruturas e relações complexas, por meio da identificação de aspectos fundamentais relativos ao problema enfocado. 66 Ao considerar a administração sob uma perspectiva científica, Cornélio (1999) aborda a influência da Teoria Clássica da Administração dominada, principalmente, pela racionalidade econômica. Segundo os pressupostos da Teoria Clássica, a tomada de decisão deverá ser baseada em um processo de seleção e escolha que conduza àquela alternativa que for considerada ótima para a organização. O estudo da decisão por meio de ações prescritivas e normativas estabelece regras e modelos que criam condições para que o tomador de decisão faça uma escolha racional, baseada na melhor opção dentre as alternativas que se apresentam. No sistema empresa, para Oliva e Borba (2004), o modelo de decisão é um elemento de apoio ao processo decisório, que permeia todo o processo de gestão. Ele é uma ferramenta que dá suporte aos gestores que os utilizam para predição dos resultados que virão das alternativas avaliadas, que deverão resultar na melhor escolha. A Figura 2 apresenta o fluxo de um modelo de decisão. Para Guerreiro (1989 apud SANTOS; PONTE, 1998), o processo de tomada de decisão deve, além de compreender as fases de planejamento, execução e controle, considerar também as crenças, princípios e valores dos gestores e das partes interessadas da organização, tendo por finalidade orientar todo o processo administrativo da organização. Outro ponto importante a ser mencionado diz respeito à incerteza inerente ao processo de escolha, que tende a diminuir quando utilizados modelos consistentes de decisão. MODELO DE GESTÃO MISSÃO, CRENÇA E VALORES PROCESSO DE GESTÃO AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PLANEJAMENTO EXECUÇÃO Tomada de decisão PROCESSO DECISÓRIO IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA CONTROLE / FORMULAÇÃO DAS ALTERNATIVAS AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS SELEÇÃO DE UMA ALTERNATIVA MODELO DE DECISÃO FIGURA 2: Modelo de Decisão. Fonte: Adaptado de FIPECAFI (1998, p.5). 67 Para os autores, as decisões são tomadas tanto no nível estratégico como no operacional e administrativo, e são assim compreendidas: as decisões estratégicas estão relacionadas com o ambiente da organização; as decisões operacionais envolvem a transformação interna dos recursos; e as decisões administrativas preocupam-se com a estruturação dos recursos da empresa de modo a criar possibilidades de execução com os melhores resultados. Santos e Ponte (1998) concluem que a estruturação do processo decisório na concepção de vários autores, Guerreiro (1989), Almeida (1996) e Santos (1995), convergem para as fases demonstradas no Quadro 10: QUADRO 10: Fases do Processo Decisório FASE Caracterização da necessidade de decisão Definição do objetivo Definição e obtenção de informações relevantes Formulação das alternativas Avaliação das alternativas Escolha da alternativa DESCRIÇÃO Momento em que se define o objeto da decisão, ou seja, o que precisa ser resolvido. Identificação dos objetivos que devem ser alcançados com a solução do problema Fase de definição e levantamento de informações sobre as variáveis que devem ser consideradas no processo de tomada de decisão Fase em que são formuladas as diversas opções de ação que poderão solucionar o problema Fase de ponderação e análise das conseqüências derivadas das várias alternativas de solução do problema Fase da escolha da alternativa que melhor se adequa à solução do problema Fonte: Adaptado de SANTOS; PONTE (1998). Os modelos de decisão permitem que as consequências das várias alternativas sejam avaliadas antes de se tomar a decisão, possibilitando ao decisor escolher aquela que apresente os melhores resultados. Constituem, assim, um procedimento estruturado, no qual as diversas variáveis que impactam a decisão podem ser organizadas e examinadas de modo sistemático e consistente. Conforme definido por Santos (1995 apud SANTOS; PONTE, 1998): diferentes tipos de modelos de decisão poderão compor o banco de modelos do decisor; conforme a natureza da situação decisória, alguns modelos serão mais apropriados do que outros. O tipo mais adequado dependerá da natureza matemática ou não das variáveis envolvidas, dos objetivos do decisor, do grau de controle exercido sobre as variáveis de decisão e do nível de certeza associado com o ambiente da decisão. (SANTOS, 1995 apud SANTOS; PONTE, 1998, p. 45) 68 Segundo Oliva e Borba (2004), quando o gestor toma decisão pela melhor alternativa de solução, na verdade ele está procurando maximizar o volume de produtos ou serviços de suas respectivas áreas de responsabilidade, visando à redução de custos, esforçando-se para ser eficiente segundo algum critério operacional. Conforme os autores, essa busca de maximização de resultados com a redução de custos “requer então um modelo de mensuração que traduza para a mesma linguagem os critérios de eficiência operacional” (OLIVA; BORBA, 2004, p.84). 3.1.3 Modelos de Mensuração Shank e Govindarajan (1999) mencionam que, até a década de 80, a mensuração de desempenho era feita, quase que exclusivamente, com enfoque em aspectos financeiros, divulgados por meio de relatórios financeiros. Estes relatórios limitavam-se a fornecer demonstrativos de desempenho financeiro periódicos após a consecução dos fatos, mas sem os devidos esclarecimentos sobre os fatores que afetavam o desempenho da empresa. Como somente informações financeiras não são suficientes para gerenciar a melhoria de desempenho de uma organização, determinar o que medir passa, então, a ser a primeira questão enfrentada pelos dirigentes quando se pensa em implantar um Sistema de Administração de Desempenho. As mensurações são necessárias, no contexto empresarial, para expressar objetivos e clarificar metas, bem como para controlar e avaliar os resultados das atividades envolvidas nos processos para atingir as metas. Os níveis de mensuração que integram os Sistemas Organizacionais, sugeridos por Sink e Tuttle (apud OLIVA; BORBA, 2004), são os apresentados na Figura 3. 69 Sistemas fornecedores Recursos (INPUT) Processo de transformação (Atividade) Produtos (OUTPUT) Eficiência (CPR/CER) 1ª Q2 Q1 Sistema cliente Resultado da cadeia do valor Eficácia (PO/PE) 1ª Q3 Q3 Q4 Produtividade [(PO/PE)/(CPR/CER)] 1ª Interno Q5 Q5 Resultado interno Externo Q6 FIGURA 3: Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais7. Fonte: Oliva e Borba (2004, p.87) No Quadro 11 encontram-se as explicações referentes a Figura 3, que mostra os Níveis de Mensuração de Sistemas Organizacionais. QUADRO 11: Descrição dos Tipos de Mensuração MENSURAÇÃO DESCRIÇÃO 1. Eficiência Preocupa-se com o menor custo possível por unidade produzida. É a razão entre os recursos estimados e os realmente consumidos na consecução dos objetivos, metas e atividades. 2. Eficácia Relação entre resultados obtidos e resultados planejados. É a realização dos propósitos, objetivos, metas e atividades em quantidade, qualidade e prazo adequado. 3. Produtividade Relação entre os outputs produzidos por um sistema organizacional num determinado período de tempo e os inputs requeridos para produzir os mesmos outputs. Pode ainda ser classificada em: 3.1. Produtividade Quando se considera apenas um dos insumos Parcial utilizados, podendo ser mão de obra, capital, energia, matérias-primas, etc.; 3.2. Produtividade Quando se utilizam os insumos de capital e de Total dos Fatores mão de obra, simultaneamente, que são avaliados de acordo regras pré-estabelecidas que permite uma medida única desses insumos; 3.3. Produtividade Quando outros fatores (particularmente Múltipla de Fatores matérias primas e energia), além da mão de obra e do capital são considerados. 4. Resultado Econômico Está relacionado ao lucro e renda. Os autores entendem que o valor da empresa corresponde ao fluxo de benefícios futuros trazidos a valor presente, ou seja, benefícios significando lucro econômico. 5. Eficácia Empresarial A Administração por Objetivos focaliza a eficácia das áreas que integram as organizações. Assim, a eficácia da Gestão é o grau com que os gestores atingem os níveis de exigências estabelecidos para os resultados associados aos seus cargos. Fonte: Adaptado de Oliva e Borba (2004, pp.86-94) 7 Q1, Q2, ....Q6 = Pontos de Verificação da Qualidade PO = Produtos Obtidos PE = Produtos Esperados CPR = Consumo Previsto de Recursos CER = Consumo Efetivo de Recursos 70 3.1.3.1 Modelo de informação Segundo Lemes (1996, p.99), “Informação é um conjunto de dados, que produz um conhecimento lógico e útil para o receptor da mensagem”. Guerreiro (1995) estende essa definição e menciona que modelo de informação é um conjunto de critérios e procedimentos padronizados que definem a comunicação das informações nas organizações. O modelo deve definir: como as informações serão distribuídas aos gestores e seus colaboradores; como elas poderão ser acessadas diretamente por eles, permitindo a facilidade de interação dos usuários por meio de um banco de dados unificado e estruturado pelo conceito de engenharia da informação; e como serão fornecidas com oportunidades para ações gerenciais no momento da ocorrência dos eventos. Vale acrescentar que essas características devem apresentar uma relação custo/beneficio favorável. A disponibilização das informações, além de favorecer diretamente o aumento da produtividade nas organizações, contribui, indiretamente, “como um mecanismo poderoso para reforçar o sentido de liderança de vários postos da estrutura hierárquica” (Passos, 1999, p.51). Essa informação útil deve estar disponível para cada posto de trabalho no momento exato de sua utilização e com o conteúdo adequado à necessidade do usuário. A integração dos modelos de decisão, de mensuração e de informação pode ser visualizada na Figura 4, a seguir: Modelo de decisão Tomada de decisão Modelo de mensuração Informação Modelo de informação FIGURA 4: Integração dos Modelos de Decisão, de Mensuração e de Informação Fonte: Oliva e Borba (2004, p.105). 71 3.1.4 Acreditação Hospitalar A Acreditação Hospitalar está relacionada à origem da palavra “acreditar”, que significa dar crédito, merecer confiança e credibilidade. O processo de Acreditação consiste numa avaliação da Qualidade dos Serviços, tendo como referência padrões pré-definidos que expressam a visão de grupos da sociedade interessados em garantir as boas práticas dos serviços prestados na área de saúde (ONA, 2001). Os primeiros registros que fazem referência à padronização de hospitais datam de 1913, quando o Dr. Ernest Codman apresentou à Sociedade Médica do Condado de Filadélfia (EUA) sua dissertação "O Produto dos Hospitais". A obra pretendia estimular a reflexão e o debate em torno da padronização dos hospitais, para que fosse possível melhorar a qualidade dos produtos e do emprego dos recursos, melhorando a organização como um todo (MALIK; SCHIESSARI, 2002). Com a nova proposta do Dr. Ernest Codman, alguns médicos se reuniram para formar o Colégio Americano de Cirurgiões, que instituiu o primeiro Programa de Padronização de Hospitais, evoluindo, cinco anos depois, para a adoção de um padrão oficial denominado "Padrão Mínimo". Porém a Acreditação de organizações de saúde só surgiu nos Estados Unidos a partir de 1951, quando foi criada a Joint Commission, formada pela American College of Surgeons, American College of Physicians, American Hospital Association, American Medical Association e Canadian Medical Association (MALIK; SCHIESSARI, 2002). Aos poucos a Acreditação foi se estendendo para outros países, inclusive o Brasil, onde, em 1945, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões – CBC publicou documento contendo os critérios mínimos para sua realização. Em 1992, houve a primeira reunião sobre Acreditação promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, em Brasília. Atualmente, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, desenvolve o Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar com base no Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde, criado pela Portaria GM/MS 1.107, de 14 de junho de 1995. 72 Em novembro de 1997, aconteceu a revisão, adaptação e redação do manual brasileiro de Acreditação hospitalar a partir do manual para Acreditação de hospitais na América Latina e no Caribe – OPAS. Isto foi resultado da necessidade que as Instituições e Associações de saúde brasileiras sentiam em construir um instrumento de avaliação adaptado à realidade nacional. Segundo Quinto Neto (1997), cinco aspectos foram considerados para esta criação: a) a falta de uma tradição de autoavaliação e de rigorosa revisão interna nos hospitais; b) o impacto insignificante dos programas de garantia da qualidade onde não existem programas de Acreditação; c) a dificuldade dos administradores hospitalares de decidirem sobre procedimentos inadequados realizados pelo pessoal técnico; d) a carência de informações concretas sobre a eficiência, a adequação e a eficácia dos serviços de saúde; e, e) a pressão externa sobre os serviços de saúde. A consolidação da versão final do manual brasileiro de Acreditação Hospitalar aconteceu em março de 1998. No dia 05 de maio de 1999, foi assinada a Ata de instituição da Organização Nacional de Acreditação (ONA). O processo de Acreditação Hospitalar no Brasil, nos dias atuais, está sendo operacionalizado pela ONA, com reconhecimento do MS por meio da Portaria 538, de 17 de abril de 2001 (MS). Em 17 de abril de 2002, o Ministério da Saúde e a ONA firmaram convênio por meio da Portaria nº 538, na qual reconheceram o "Sistema Brasileiro de Acreditação” como a única ferramenta de avaliação da qualidade dos hospitais no país, estabelecendo o compromisso de que o processo de Acreditação tivesse o foco nas estratégias do setor saúde dos programas do governo. A ANVISA, que também é parceira nesse processo, formalizou este ato por meio da Resolução/ANVISA nº 921, de maio de 2002. Estas parcerias têm permitido o planejamento em conjunto das ações de forma coerente, dentro da dimensão de cada órgão, aumentando as possibilidades de interação e discussões entre essas entidades. O Sistema Brasileiro de Acreditação tem por objetivo promover o desenvolvimento e a implementação de um processo permanente de avaliação de saúde, permitindo o aprimoramento contínuo da atenção, de forma a garantir a qualidade na assistência de saúde de nossos cidadãos, em todas as organizações prestadoras de serviços de saúde do país. 73 Dentre as principais vantagens da Acreditação, pode-se destacar a segurança para os pacientes e profissionais e a qualidade da assistência, promovendo uma melhor construção de equipe e melhoria permanente nos procedimentos hospitalares. Outra vantagem é a possibilidade de se utilizar a Acreditação como um instrumento de gerenciamento, pois contempla critérios e objetivos concretos adaptados à realidade brasileira. Baseada nos padrões definidos pela ONA (2001), de acordo com requisitos de complexidade, a organização pode ser classificada em três níveis. Para cada nível são definidos itens de verificação que orientam a visita e a preparação do hospital. Os três níveis de complexidade são crescentes e cada um deles tem princípios específicos, que são: • Nível 1 – segurança: é a referência básica, isto é, o limite essencial da qualidade com o qual deve funcionar um serviço hospitalar; • Nível 2 – organização: demonstra evidências da adoção de planejamento na organização da assistência hospitalar; • Nível 3 – práticas de gestão e qualidade: evidências de políticas institucionais globais e sistêmicas de melhoria contínua. A avaliação é feita por meio de lista de itens de verificação, da observação do local, do contato com os profissionais dos diversos serviços e cargos e com clientes e familiares. Baseados nos dados, os avaliadores podem considerar o hospital como não acreditado, acreditado, acreditado pleno ou acreditado com excelência. É importante ressaltar que a Acreditação Hospitalar não é imposta pelo governo e, sim, solicitada pelo próprio hospital ou instituição de saúde. O hospital ou serviço de saúde que recebe o certificado de Acreditação tem sua imagem melhorada perante a opinião pública, fortalecendo a confiança da comunidade. Caso o serviço de saúde não seja Acreditado, receberá o relatório contendo os itens não atingidos e poderá solicitar nova visita após um ano, se, porventura, tiver interesse em receber este reconhecimento (MALIK; SCHIESSARI, 2002). 74 3.2. Avaliação de Desempenho no Setor Público Brasileiro - Modelo de Excelência de Gestão (MEGP) do GesPública A avaliação como técnica de gestão administrativa ajuda a melhorar o desempenho das organizações porque produz informações necessárias ao conhecimento dos processos e de seus resultados, baseado nas estratégias e planos, propiciando o entendimento das distorções que afetam o seu sistema produtivo. Por estes motivos, as empresas necessitam realizar a medição de seu desempenho, para que possam identificar as atividades que agregam valor aos seus produtos e/ou serviços, realizar comparações de desempenho com seus concorrentes e rever estratégias organizacionais para curto, médio e longo prazo com foco na melhoria dos resultados. No Brasil, as organizações públicas têm focado a avaliação de gestão, quase que exclusivamente, nas funções de controle com ênfase no cumprimento dos requisitos legais, principalmente aos que dizem respeito ao uso dos recursos financeiros. O objetivo dessa avaliação praticamente se resume na análise dos resultados obtidos entre o orçamento previsto e o executado (LIMA, 2007). O autor destaca ainda que, apesar desse tipo de avaliação ser necessário, ele é muito restrito, pois não considera objetivos e resultados de longo prazo que é a principal função de uma avaliação de gestão. Nesse tipo de avaliação, é possível até igualar o orçamento previsto ao executado sem, no entanto, caminhar em direção aos objetivos da missão da organização. Sá (2005) destaca que a dificuldade em avaliar a gestão pública deve-se à existência de muitos fatores intangíveis, peculiares às organizações públicas, que dificultam a identificação de indicadores para aferição. Isso faz com que a natureza da avaliação no setor público se diferencie do setor privado, tornando-se necessária a utilização de modelos distintos. No Quadro 12 são apresentadas algumas dessas diferenças. 75 QUADRO 12: Características Distintas entre Administração Pública e Privada Característica Administração Pública Administração Privada Objetivo Publicidade Pessoas Receita Mantenedores Legislação Regida pela supremacia do interesse público. Necessidade de controle social que implica em garantia da transparência. Tratar todos igualmente e com qualidade. Busca gerar valor para a sociedade. Contribuições compulsórias de cidadãos e empresas. Só pode fazer o que a lei permite. Conduzida pela autonomia da vontade privada. Preservação e proteção dos interesses dos dirigentes e acionistas. Pode usar estratégias de segmentação de “mercado”, diferenciando o atendimento de seus cliente. Busca o lucro. Recursos particulares com interesses capitalistas. Pode fazer tudo que a lei não proíbe. Fonte: Adaptado do IAPG (2008/2009) – GesPública. Para a medição do desempenho organizacional, Rummeler e Barche (1994) definem três níveis possíveis de avaliação. O primeiro nível diz respeito ao gerenciamento da organização; o segundo nível, ao gerenciamento dos processos; e, o terceiro nível, ao gerenciamento do trabalho dos executores. Já para um sistema de avaliação de resultados da gestão pública, Ospina (2002) sugere um modelo composto de três enfoques de análise: macro, médio e micro. O macro trataria do desempenho do governo na implementação de suas políticas públicas, o médio consideraria o desempenho das organizações públicas e o micro mediria a contribuição produzida pelo desempenho dos servidores no cumprimento da missão. Além disso, Ospina (2002) ainda destaca a diferença entre os termos “medição do desempenho” e “gestão do desempenho”, mostrando que o primeiro se refere à criação de um sistema de indicadores com mecanismos de medição para aferir o desempenho das políticas, organizações e servidores públicos; e o segundo se refere ao uso dessas informações no momento das tomadas de decisões dos gestores das organizações. O aprendizado gerado quando se usa os indicadores de desempenho de maneira sistemática e correta, consiste na diferença entre medição e gestão do desempenho. A maior dificuldade a ser enfrentada consistirá na criação de uma cultura organizacional que priorize o hábito dessa prática como ferramenta de gestão. 76 Lima (2007) defende que avaliar um sistema de gestão consiste em verificar a aderência entre a composição, direcionalidade, princípios e características de um sistemamodelo. O autor explica que a composição diz respeito aos elementos que integram o sistema-modelo onde a direção é caracterizada pelo tipo de liderança; o planejamento requer planos e estratégias; o cidadão e a sociedade são os mantenedores e destinatários dos serviços da organização; a gestão corporativa da informação e do conhecimento devem servir de base para a tomada de decisões; a força de trabalho deve ser motivada e capacitada para exercer suas funções; os processos devem ser eficientes; e os resultados devem atender aos objetivos da missão da organização. No Brasil, o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública, compreendendo que um dos maiores desafios do setor público brasileiro é de natureza gerencial, buscou um modelo de gestão focado em resultados e orientado para o cidadão. Esse modelo de excelência em gestão se baseou em modelos de padrão internacional, expressando o entendimento vigente sobre o “estado da arte” da gestão contemporânea. Ele foi concebido partindo-se da premissa de que a administração pública tem que ser excelente sem deixar de considerar sua natureza pública. Considerando esses fatores foi definido o Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP. 77 3.2.1 Princípios e Fundamentos do MEGP O Modelo de Excelência de Gestão Pública – MEGP tem como base os cinco princípios Constitucionais da administração pública e como pilares os treze fundamentos da excelência gerencial que, juntos, indicam os valores e diretrizes estruturais que devem orientar o funcionamento do sistema de gestão das organizações públicas. Os princípios constitucionais são os citados no artigo 37, da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, que diz: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (CF, 1988, Art.37). Dessa forma, a gestão pública tem que ser legal, impessoal, moral, pública e eficiente, conforme descritos abaixo, Quadro 13: QUADRO 13: Princípios Constitucionais da Gestão Pública Princípio Constitucional Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Descrição Estrita obediência à lei, pois nenhuma gestão poderá ser reconhecida como de excelência à revelia da lei. Não fazer acepção de pessoas, sendo os tratamentos diferenciados restritos aos casos previstos em lei. Pautar a gestão pública por um código de moral, que são princípios de aceitação pública. Ser transparente, dar publicidade aos fatos e aos dados induzindo ao controle social. Maximizar o que deve ser feito ao menor custo possível, ou seja, buscar a melhor relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto. Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, p. 9). O MEGP tem como fundamentos: o pensamento sistêmico, o aprendizado organizacional, a cultura da inovação, a liderança e constância de propósitos, a orientação por processos e informações, visão de futuro, geração de valor, comprometimento com as pessoas, foco no cidadão e na sociedade, desenvolvimento de parcerias, responsabilidade social, controle social e, por último, gestão participativa. Conforme diretrizes do Instrumento de Avaliação da Gestão Pública – Ciclo 2008/2009, do MP/Seges, os fundamentos são assim definidos, Quadro 14: 78 QUADRO 14: Fundamentos da Gestão Pública Fundamento Pensamento sistêmico Aprendizado organizacional Cultura da inovação Liderança e constância de propósitos Pensamento sistêmico Aprendizado organizacional Cultura da inovação Liderança e constância de propósitos Orientação por processos e informações Visão de futuro Geração de valor Comprometimento com as pessoas Foco no cidadão e na sociedade Desenvolvimento de parcerias Responsabilidade social Controle social Gestão Participativa Descrição Entendimento das relações de interdependência entre os componentes internos e externos à organização. É a contínua melhoria da gestão do conhecimento, individuais e coletivos por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e experiências. Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação de novas idéias que possam gerar um diferencial para a atuação da organização. Atuação de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas. Entendimento das relações de interdependência entre os componentes internos e externos à organização. É a contínua melhoria da gestão do conhecimento, individuais e coletivos por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e experiências. Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação de novas idéias que possam gerar um diferencial para a atuação da organização. Atuação de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da cultura da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas. Compreensão e segmentação de um conjunto de atividades e processos da organização que agregue valor para as partes interessadas, sendo que a tomada de decisões e execução de ações deve ter como base a decisão e análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluir os riscos identificados. Compreensão dos fatores que afetam a organização, seu ecossistema e o ambiente externo no curto e longo prazo, visando a sua perenização. Alcance de resultados consistentes, assegurando a perenidade da organização pelo aumento do valor tangível de forma sustentada para todas as partes interessadas. Estabelecimento de relações com as pessoas, criando condições de melhoria da qualidade nas relações de trabalho, para que elas se realizem profissional e humanamente, maximizando seu desempenho por meio de comprometimento, de oportunidade para desenvolver competências e de empreender com incentivo e reconhecimento. Direcionamento das ações públicas para atender, regular e continuamente, as necessidades dos cidadãos e da sociedade, na condição de sujeitos de direitos, beneficiários dos serviços públicos e destinatários da ação decorrente do poder de Estado exercido pelas organizações públicas. Aprimoramento de atividades em conjunto com outras organizações com objetivos específicos comuns, buscando o pleno uso das suas competências complementares para desenvolver sinergias. Atuação voltada para assegurar às pessoas a condição de cidadania com garantia de acesso aos bens e serviços essenciais, tendo, ao mesmo tempo, a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais como um dos princípios gerenciais, potencializando a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades. Atuação que se define pela participação das partes interessadas no planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades da Administração Pública. Estilo de gestão que determina uma atitude gerencial da alta administração que busque o máximo de cooperação das pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um de forma a harmonizar os interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia da equipe de trabalho. Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, pp. 10; 16). 79 3.2.2 Instrumentos para a Avaliação da Gestão Pública A estratégia do GesPública quando optou por um modelo de gestão que utilizasse Critérios de Excelência adotados em vários países, inclusive o Brasil, precisou adaptar a linguagem, de forma a respeitar a natureza pública de nossas organizações e, ao mesmo tempo, preservar as características que definem todos os modelos analisados como de excelência de gestão. Acrescenta-se ainda, que o modelo utiliza como pilar conceitual o ciclo do PDCA por ser um método de gerenciamento de processos ou sistemas, que pode ser utilizado como um caminho para se atingir as metas. Seu uso é uma forma de agregar valor ao produto ou serviço, por meio da execução dos quatro elementos que compõem o método – Planejar, Executar, Controlar e Agir – fazendo, assim, a retroalimentação do processo de gestão. A Figura 5 representa graficamente o PDCA - Plan (Planejar), Do (Executar), Check (Verificar) e Action (Ação), método que foi utilizado como referência teórica no Modelo de Excelência de Gestão Pública, do GesPública. FIGURA 5: Diagrama do PDCA Fonte: Adaptado de GesPública (PQGF 2008/2009, p. 21). Nesta perspectiva, o Modelo do GesPública (Figura 6), torna-se um sistema gerencial constituído de oito partes interligadas (agrupadas em 4 blocos), que orienta a adoção 80 de práticas de excelência em gestão, onde todos os seus componentes estão cobertos por um Sistema de Informações e Conhecimento, que se relacionam de forma harmônica e integrada, gerando resultados que permitem a melhoria organizacional, Quadro 15. BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4 FIGURA 6: Representação do Modelo de Excelência em Gestão Pública, em blocos. Fonte: Adaptado de GesPública (PQGF 2008/2009, p. 20). O Bloco 1, constituído pelos fundamentos de Liderança, Estratégias e Planos, Cidadãos e Sociedade, corresponde à ação de Planejar. Por meio da liderança forte e da alta administração, que deve estar focada nas necessidades dos cidadãos-usuários, os serviços, os produtos e os processos são planejados conforme os recursos disponíveis, para melhor atender aos objetivos. O Bloco 2, dos fundamentos de Pessoas e Processos, representa a ação de Executar o planejamento. Nessa fase acontecem as ações que transformam objetivos e metas em resultados. O Bloco 3, do fundamento de Resultado, representa a ação de Verificar, pois serve para acompanhar o atendimento à satisfação dos destinatários dos serviços e da ação do Estado, o orçamento e as finanças, a gestão das pessoas, a gestão de suprimento e das parcerias institucionais, assim como o desempenho dos serviços/produtos e dos processos organizacionais. 81 O Bloco 4, do fundamento de Informações e Conhecimento, oferece à organização a capacidade de Ação (corrigir ou melhorar) suas práticas de gestão, obtendo, como consequência, a melhoria de seu desempenho. QUADRO 15: Critérios do MEGP - GesPública ITEM CRITÉRIO DESCRIÇÃO Este critério examina a governança pública e a governabilidade da organização, incluindo aspectos relativos à transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Também examina como é exercida a liderança, incluindo temas como mudança cultural e implementação do sistema de gestão da organização. O critério aborda a análise do desempenho da organização enfatizando a comparação com o desempenho de outras organizações e a avaliação do êxito das estratégias. Este critério examina como a organização, a partir de sua visão de futuro, da 2. Estratégias e análise dos ambientes interno e externo e da sua missão institucional formula Planos suas estratégias, as desdobra em planos de ação de curto e longo prazos e acompanha a sua implementação, visando o atendimento de sua missão e a satisfação das partes interessadas Este critério examina como a organização, no cumprimento das suas 3. Cidadãos competências institucionais, identifica os cidadãos usuários dos seus serviços e produtos, conhece suas necessidades e avalia a sua capacidade de atendêlas, antecipando-se a elas. Aborda também como ocorre a divulgação de seus serviços, produtos e ações para fortalecer sua imagem institucional e como a organização estreita o relacionamento com seus cidadãos usuários, medindo a sua satisfação e implementando e promovendo ações de melhoria. Este critério examina como a organização aborda suas responsabilidades 4. Sociedade perante a sociedade e as comunidades diretamente afetadas pelos seus processos, serviços e produtos e como estimula a cidadania. Examina, também, como a organização atua em relação às políticas públicas do seu setor e como estimula o controle social de suas atividades pela Sociedade e o comportamento ético. Este critério examina a gestão das informações, incluindo a obtenção de 5. Informação e informações comparativas pertinentes. Também examina como a organização Conhecimento identifica, desenvolve, mantém e protege os seus conhecimentos. Este critério examina os sistemas de trabalho da organização, incluindo a 6. Pessoas organização do trabalho, a estrutura de cargos, os processos relativos à seleção e contratação de pessoas, assim como a gestão do desempenho de pessoas e equipes. Também examina os processos relativos à capacitação e ao desenvolvimento das pessoas e como a organização promove a qualidade de vida dos indivíduos interna e externamente ao ambiente de trabalho. Este critério examina como a organização gerencia, analisa e melhora os 7. Processos processos finalísticos e os processos de apoio. Também examina como a organização gerencia o processo de suprimento, destacando o desenvolvimento da sua cadeia de suprimento. O critério aborda como a organização gerencia os seus processos orçamentários e financeiros, visando o seu suporte. Este critério examina os resultados da organização, abrangendo os 8. Resultados orçamentários financeiros, os relativos aos cidadãos-usuários, à sociedade, às pessoas, aos processos finalísticos e processos de apoio, assim como aos relativos ao suprimento. A avaliação dos resultados inclui a análise da tendência e do nível atual de desempenho, pela verificação do atendimento dos níveis de expectativa das partes interessadas e pela comparação com o desempenho de outras organizações. Fonte: Adaptado do GesPública (PQGF 2008/2009, pp. 25; 61). 1. Liderança 82 Para efeito da avaliação da gestão pública, os oito critérios do Modelo de Excelência em Gestão Pública foram transformados em Critérios de Avaliação da Gestão Pública. A esses critérios foram incorporados referenciais de excelência (requisitos) a partir dos quais a organização pública pode implementar ciclos contínuos de avaliação e melhoria de gestão. Na dimensão de processos gerenciais, critérios de 1 a 7, são avaliados os fatores Enfoque, Aplicação, Aprendizado e Integração. Na dimensão dos resultados gerenciais são avaliados os fatores Relevância, Tendência e Nível Atual. Esses fatores referem-se ao grau em que as práticas de gestão da organização estão dispostas, conforme descritos no Quadro 16. QUADRO 16: Critérios de Avaliação FATORES DE AVALIAÇÃO SUBFATORES ADEQUAÇÃO ENFOQUE PROATIVIDADE APLICAÇÃO DISSEMINAÇÃO APRENDIZADO CONTINUIDADE REFINAMENTO INTEGRAÇÃO COERÊNCIA INTER RELACIONAMENTO COOPERAÇÃO RESULTADO RELEVÂNCIA TENDÊNCIA NÍVEL ATUAL DESCRIÇÃO Atendimento aos requisitos do critério ou item, incluindo os mecanismos de controle, de forma apropriada ao perfil da organização. Capacidade de se antecipar aos fatos, a fim de prevenir a ocorrência de situações potencialmente indesejáveis e aumentar a confiança e a previsibilidade dos processos. Implementação, horizontal e vertical, pelas áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas, conforme pertinente ao item, considerando-se o perfil da organização. Utilização periódica e ininterrupta. Decorrentes do processo de melhorias, tanto incrementais quanto de ruptura. Relação harmônica com as estratégias e objetivos da organização. Implementação de modo complementar com outras práticas de gestão da organização, quando apropriado. Colaboração entre as áreas da organização e entre a organização e as suas partes interessadas, onde pertinente, na implementação das práticas de gestão. Importância do resultado para determinação do alcance dos objetivos estratégicos e operacionais da organização. Comportamento ao longo do tempo. Comparação do valor atual em relação às informações comparativas pertinentes. Fonte: Adaptado de Brasil, IAPG 2008/2209. O GesPública disponibiliza três instrumentos que amplia o processo progressivo de melhoria da Gestão, quais sejam: Instrumento de Avaliação de Gestão Pública – IAPG de duzentos e cinqüenta (250), IAPG de quinhentos (500) e IAPG de mil (1.000) pontos, conforme apresentado na Figura 7. Os três instrumentos contêm o mesmo conjunto de 83 conceitos e parâmetros de avaliação da gestão do MEGP, aprofundando apenas o nível de exigência de cada um deles. FIGURA 7: Instrumentos para Avaliação da Gestão Pública. Fonte: Ministério do Planejamento (2009). No escopo deste trabalho é utilizado o instrumento de 250 pontos estruturado em oito Critérios e 44 itens. Optou-se pela utilização desse instrumento em virtude do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda não ter experiência no uso de autoavaliação, no modelo do GesPública. 3.2.3 Diretrizes para a Pontuação O sistema de pontuação tem por objetivo determinar o estágio de maturidade da gestão da organização considerando os requisitos baseados nos fundamentos do MEGP, levantados na análise dos Processos Gerenciais e dos Resultados Organizacionais. Esse resultado é identificado em uma das Faixas de Pontuação Global da tabela do MEGP (Anexo I), onde está descrito o perfil de gestão da organização. a) Os critérios relativos aos processos gerenciais são pontuados segundo as diretrizes do “Quadro de Pontuação (%) – Processos Gerenciais”, Anexo II e de acordo com a seguinte seqüência: 84 i. Determina-se o nível que melhor explica o estágio de cada um dos fatores de avaliação Enfoque / Aplicação / Aprendizado / Integração; ii. O valor percentual do critério é igual ao do fator de menor avaliação, acrescido de 10 pontos percentuais caso, pelo menos, 2 outros fatores estejam em estágio superior; e, iii. Multiplica-se o percentual encontrado pela pontuação máxima do critério. A pontuação do critério será o valor dessa multiplicação. b) Os Critérios relativos aos resultados organizacionais são pontuados segundo as diretrizes do “Quadro de Pontuação (%) – Resultados Organizacionais”, Anexo III e de acordo com a seguinte seqüência: i. Determina-se o nível que melhor explica o estágio de cada um dos fatores de avaliação Relevância / Tendência / Nível atual; ii. O valor percentual do critério é igual ao do fator de menor avaliação, acrescido de 10 pontos percentuais caso os outros 2 fatores estejam em estágio superior; e, iii. Multiplica-se o percentual encontrado pela pontuação máxima do critério (ver Quadro 17). A pontuação do critério será o valor dessa multiplicação. c) A pontuação final é a soma da pontuação dos critérios, conforme se apresenta no Quadro 17. E, para se obter o percentual de aderência aos critérios, basta utilizar o percentual máximo em substituição à pontuação máxima. QUADRO 17: Critérios e Pontuações Máximas do GesPública Critérios de Avaliação 1. LIDERANÇA 2. ESTRATÉGIAS E PLANOS 3. CIDADÃOS 4. SOCIEDADE 5. INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO 6. PESSOAS 7. PROCESSOS 8. RESULTADOS TOTAL Pontuação Máxima 22 22 22 22 22 22 22 96 250 Fonte: Adaptado do IAG 250 pontos GesPública (2008). 3.3 Avaliação de Desempenho na Abordagem do Balanced Scorecard A metodologia do Balanced Scorecard – BSC, desenvolvida por Robert Kaplan e David Norton, se consolidou numa importante ferramenta para implementação da estratégia 85 das organizações. Ela foi proposta com o objetivo de traduzir e comunicar a estratégia e a visão de uma organização, por meio de um conjunto coerente de indicadores, para facilitar e estimular o uso pela liderança de mensurações abrangentes, direcionadas pela estratégia e pela comunicação de prioridades. Segundo Kaplan e Cooper (1998), o BSC foi definido inicialmente por seus criadores como um conjunto de indicadores que ofereceriam à alta gerência uma rápida e ampla visão do negócio sob quatro perspectivas distintas. Elas fazem alusão à necessidade do balanço entre os objetivos de curto e longo prazo, entre as medidas financeiras e não financeiras e entre as perspectivas externas e internas. Posteriormente, devido ao seu sucesso junto às empresas privadas, a aplicação do modelo foi se expandindo, tornando-se cada vez mais abrangente, passando a ser utilizado em corporações, universidades, empresas sem fins lucrativos e entidades governamentais. O desenvolvimento conceitual e estrutural do BSC ocorreu em fases, sendo estimulado pela experiência dos autores com os resultados de casos de sua aplicação, os quais evidenciavam limitações ou possibilidades de novos usos para expansão do conceito. Tendo sido inicialmente concebido como um modelo de mensuração de desempenho, o BSC é hoje considerado um sistema de gestão estratégica, resultado de uma evolução que pode ser identificada por três fases. A primeira fase corresponde a sua concepção e introdução no mercado, em 1992, como um sistema de mensuração de desempenho que era composto por quatro perspectivas que favorecia o desenvolvimento de mensurações mais holísticas do desempenho organizacional. Essa proposta tinha por objetivo proporcionar uma visão abrangente, rápida e menos complexa do desempenho organizacional, integrando os indicadores de resultado (lagging indicators) – medidas da tradicional perspectiva financeira – aos indicadores de direcionamento do desempenho futuro (leading indicators), desenvolvidos a partir de três perspectivas adicionais: do cliente, dos processos internos e de aprendizado e crescimento. A segunda fase teve início em 1993, quando se passou a perceber a importância de conectar a mensuração do desempenho à estratégia decorrente de estudos de Kaplan e Norton com a Rockwater e a FMC Corporation. Nesse estágio, o BSC começa um movimento para se tornar um sistema de gestão estratégica, com a finalidade de conectar os objetivos e as 86 iniciativas operacionais de curto prazo de uma organização, utilizando, segundo Kaplan e Norton (2000), como meio para promover essa conexão em seus quatro processos gerenciais que são: a) Tradução da visão – ajuda os gerentes a desenvolver o consenso em torno da estratégia da empresa, expressando-a em termos que orientam a ação no nível local; b) Comunicação e conexão – permite que os gerentes comuniquem a estratégia para cima e para baixo na organização e a conecte às metas das unidades e dos indivíduos; c) Planejamento de negócios – permite que a empresa integre o plano de negócio e o plano financeiro; e, finalmente, d) Feedback e aprendizado – proporciona à empresa a capacidade de aprendizado estratégico, que consiste em reunir feedback, testar as hipóteses em que se baseou a estratégia e efetuar os ajustes necessários. A terceira fase é iniciada a partir da expansão das aplicações do BSC como um sistema de gestão estratégica com a incorporação dos cinco princípios que a liderança deve compreender e implementar, para estabelecer as condições necessárias para a realização dos quatro processos gerenciais e os mapas estratégicos. Os mapas estratégicos representam as quatro perspectivas e suas inter-relações e são utilizados para traduzir a estratégia em planos de ação (KAPLAN; NORTON, 2001). Os cinco princípios de uma organização orientada para a estratégia são assim descritos por Herreiro (2005): a) Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva – a liderança é o ponto de partida, devendo existir um patrocinador executivo da alta administração que deve assumir como líder do processo e, junto com a equipe, definir a missão, a visão, os valores e a estratégia da organização. b) Traduzir a estratégia em termos operacionais – traduzir a visão e a estratégia em objetivos e medidas, por meio de um conjunto transparente e equilibrado de perspectivas, incluindo as medidas dos resultados desejados e dos processos capazes de assegurar a obtenção desses resultados no futuro. De acordo com Kaplan e Norton (2004), para descrever a estratégia e construir o scorecard de 87 indicadores, são definidas as metas, elaboradas e priorizadas as iniciativas e atribuídas responsabilidades de modo que todos possam entendê-las. O mapa estratégico é utilizado como instrumento de comunicação para mostrar a correlação de causa e efeito como, por exemplo, os ativos intangíveis se transformam em resultados financeiros (tangíveis). É fundamental que se defina claramente a visão de futuro da empresa para toda a organização, criando assim aspirações compartilhadas. Deve-se criar um modelo holístico da estratégia, mostrando à todos os funcionários como eles podem contribuir para o sucesso organizacional, dando foco aos esforços de mudança. Se os objetivos e medidas certos forem identificados, haverá sucesso na implantação. c) Alinhar a organização com sinergia – a sinergia passa a existir a partir do envolvimento e comprometimento de todos. Nesta etapa é feita a definição do papel da corporação ou matriz, o alinhamento entre corporação, unidade de negócio, unidades de apoio, parceiros externos e o conselho de administração. O desafio é integrar as estratégias das unidades de negócios, das áreas e dos indivíduos com a estratégia da organização, promovendo sinergia e utilizando os temas e prioridades estratégicas como instrumento de gestão e comunicação. Estabelecida essa sinergia, o todo passa a ser maior que a soma das partes e essas partes, interessadas entre si, tornam-se então alinhadas. d) Motivar para transformar a estratégia em tarefa cotidiana de todos – a estratégia passa a ser tarefa de todos por meio da contribuição individual para sua implementação. Nesta etapa é feita a promoção da consciência estratégica pela divulgação de procedimentos de ação da diretoria às equipes, educando todos sobre os conceitos de negócio e de estratégia competitiva da organização. Também são feitos o alinhamento dos objetivos pessoais, dos incentivos pessoais (sistema de remuneração e recompensa) e o alinhamento do desenvolvimento de competências vinculando-os às formas de ação. O desafio é traduzir a estratégia em termos operacionais. e) Transformar estratégia em processo contínuo por meio do aprendizado – nesta etapa é feita a implantação do sistema de reporting; a realização de reuniões de aprendizado estratégico; a integração do planejamento de RH e TI à estratégia; a conexão entre compartilhamento de conhecimentos e gerenciamento da estratégica 88 e a criação da unidade de gestão estratégica. Neste quinto princípio desenvolve-se o sistema de feedback, potencializando o processo de aprendizado organizacional. O BSC, conforme visto, é um Sistema de Avaliação de Desempenho Empresarial, cujo principal diferencial é reconhecer que os indicadores financeiros, por si só, não são suficientes num processo de avaliação, uma vez que somente apresentam os resultados dos investimentos e das atividades, não contemplando os impulsionadores de rentabilidade de longo prazo. O BSC complementa as medições financeiras com avaliações sobre o cliente, identifica os processos internos que devem ser aprimorados e analisa as possibilidades de aprendizado e crescimento, assim como os investimentos em recursos humanos, sistemas e capacitação que poderão mudar substancialmente todas as atividades. Por isso, difere das ferramentas tradicionais de Avaliação de Desempenho por ampliar o escopo dos indicadores, não se limitando apenas à análise de resultados financeiros. As perspectivas do BSC estão inter-relacionadas por meio de conexões denominadas de causa e efeito, de cima para baixo e de baixo para cima (Figura 8). Visão e Missão Financeira “Se formos bem sucedidos, como cuidamos dos nossos acionistas?” Cliente Objetivos Indicadores Metas Benefícios Objetivos Indicadores Metas Benefícios Objetivos Indicadores Metas Benefícios “Para realizar a visão, como devemos cuidar dos clientes?” Interna “Para satisfazer os nossos clientes, em quais processos internos devemos ser excelentes?” Aprendizado e Crescimento Objetivos Indicadores Metas “Para realizar a visão, como a organização deve aprender e melhorar?” FIGURA 8: As quatro perspectivas Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2001, p. 89). 89 Os resultados, objetivos, mensurações e metas são definidos de cima para baixo, a partir do propósito da organização e dos resultados almejados para os acionistas e clientes, delimitando-se os objetivos, mensurações, metas e iniciativas para as quatro perspectivas, começando pela financeira. A obtenção dos resultados definidos é direcionada de baixo para cima, ou seja, os resultados de uma perspectiva inferior direcionam o alcance dos resultados da próxima perspectiva, que lhe é superior. Essa estrutura interliga as perspectivas de processos, pessoas, tecnologias e culturas com a proposta de valor para os clientes e com os objetivos financeiros para os acionistas (KAPLAN; NORTON, 2008). 3.3.1 Perspectiva Financeira As medidas financeiras indicam se a estratégia da organização, sua implementação e execução estão contribuindo para melhoria dos resultados financeiros. Ela tem a capacidade de sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de fatos já ocorridos. As inovações no BSC ocorrem nas outras três perspectivas que assegurarão o desempenho financeiro futuro. Kaplan e Norton (1997) mencionam que os objetivos e medidas financeiras devem desempenhar um duplo papel: definir o desempenho financeiro esperado da estratégia, satisfazendo as necessidades dos acionistas e servir de meta principal para os objetivos e medidas de outras perspectivas do Balanced Scorecard. A perspectiva financeira deverá ser montada a partir de três itens: i) Crescimento e mix de receita – deverá focar a ampliação da oferta de produtos e serviços, a conquista de novos mercados e as alterações do mix de produtos e serviços. A medida mais comum de aumento de receita, nas diversas fases da empresa, são os percentuais de aumento de vendas e participação de mercado para regiões, mercados e clientes. No caso de empresas hospitalares, pode-se considerar como exemplo: aumento do número de serviços, tais como: tipos de cirurgias e atendimentos ambulatoriais, entre outros. ii) Redução de custos e aumento da produtividade – ações que busquem baixar o custo direto e indireto de produtos e serviços, bem como otimizar a utilização de recursos. 90 iii) Utilização dos ativos e estratégias de investimentos – utilização de forma adequada dos ativos financeiros e físicos. 3.3.2 Perspectiva dos processos Internos Uma vez definidos os objetivos em relação aos clientes e em relação às perspectivas financeiras, a organização passa a identificar os processos críticos nos quais a empresa deve buscar a excelência visando atender aos objetivos dos clientes e dos acionistas. Os processos internos priorizados serão os que irão gerar maior impacto na satisfação dos clientes e, dessa forma, auxiliar no aumento da competitividade da organização no mercado. Nesse caso, os fatores que se destacam são: a produtividade, a eficiência, a qualidade e o tempo de resposta. Deve-se ter o cuidado de procurar medir somente os processos críticos e neles mensurar o que for realmente essencial. Essas medidas, como também seus objetivos, devem refletir a importância que a alta administração atribui a cada um dos fatores, para que toda a organização se comprometa e foque em seus resultados. Segundo Kaplan e Norton (2000), a habilidade de desenvolver uma estratégia bem-sucedida e sustentável consiste em assegurar o alinhamento entre as atividades internas da organização e a proposição de valor para o cliente. As atividades de uma organização estão incorporadas nos processos internos que compõem sua cadeia de valor. A cadeia de valor genérica, Figura 9, que servirá de base na definição da perspectiva de processos internos do BSC inclui três processos principais: inovação, operações e serviços de pós-venda (KAPLAN; NORTON, 1997). Inovação Necessida de do Cliente Identificar mercado Serviços Operações Criar produto ou serviço Produzir produto ou serviço Entregar produto ou serviço Serviços ao cliente Necessida de do cliente satisfeita FIGURA 9: Cadeia de Valor na Formulação do BSC. Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997). 91 a) Inovação - o processo de inovação deve ser considerado como um elemento interno crítico do processo de criação de valor, não como elemento de apoio. Ele envolve atividades internas de pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços até a formação de parcerias com outras organizações para esse objetivo. Para Kaplan e Norton (1997), o processo de inovação é um ciclo de longa duração, que os autores chamam de “a onda longa da criação de valor”. Ele possui dois componentes: a identificação do mercado e a idealização da oferta de produtos e serviços. Nesse processo, a empresa (ou organização) cria valor projetando e desenvolvendo novos produtos ou serviços que lhes permitem atingir novos mercados, satisfazendo as crescentes demandas de exigências dos clientes. b) Operações – os processos operacionais envolvem as questões relacionadas à gestão da cadeia de fornecimento e da capacidade como, por exemplo: redução de tempos e custos, melhoria da qualidade etc. Eles são definidos por Kaplan e Norton (op. cit.) como a “onda curta da criação de valor”, na qual as empresas oferecem aos clientes e mercado produtos e serviços já existentes. Este processo tem início quando o cliente faz um pedido e termina quando o produto, ou prestação do serviço, lhe é entregue. Por serem essas operações repetitivas, elas permitem a utilização de técnicas de administração científica para o gerenciamento do recebimento e do processamento dos pedidos dos clientes e dos processos de suprimentos, produção e entrega. c) Serviços – ou processos de gerenciamento do cliente, englobam serviços aos clientes, assessoria, gestão do relacionamento etc. Nesse tipo de processo, encontram-se os serviços de pós-venda que incluem garantia e conserto, correção de defeitos e devoluções, além de outros. Para os autores, um dos fatores importantes da proposta de valor para serviço pós-venda são os serviços e garantias baseados em eficiência, cortesia e confiabilidade. Já em Kaplan e Norton (2001), o modelo da cadeia de valor genérica foi expandido para quatro conjuntos genéricos de processos de negócio, considerando que a estratégia de uma organização pode enfocar, em um dado período, um ou mais temas estratégicos globais, que podem ser categorizados em: construir a franquia, aumentar valor 92 para os clientes, atingir a excelência operacional e ser bom cidadão corporativo. O quarto processo que passou a compor a cadeia de valor genérica redefinida por esses autores foram os processos reguladores e ambientais. Esses processos envolvem iniciativas relacionadas à preservação do meio ambiente, ao desenvolvimento e assistência social, às condições do ambiente de trabalho etc. Todos esses processos de negócios são importantes, porém a empresa deve buscar a excelência nos processos que provocam o maior impacto na proposta de valor para os seus clientes. 3.3.3 Perspectiva do Cliente Kaplan e Norton (1996) mencionam que, atualmente, os clientes têm aparecido como a principal prioridade da gestão das organizações. Mesmo as empresas que têm por objetivo a maximização do lucro para os acionistas ou as organizações sem fins lucrativos têm colocado o cliente no centro de atenção de sua gestão. O BSC permite que os gestores consigam definir sua missão e visão sobre os clientes, direcionando a organização para a satisfação de suas necessidades nos segmentos e mercado de atuação que são alvo da organização. Se, no passado, as empresas focavam na produção fazendo com que os clientes se adaptassem às suas ofertas, hoje, a diversidade de fornecedores tem feito com que as empresas tenham que adaptar seus processos produtivos às suas necessidades, invertendo-se os papéis. Para que se definam os objetivos dessa perspectiva, os autores recomendam: delimitar claramente os clientes e os segmentos de mercado-alvo por meio de pesquisa de mercado; direcionar o foco para esses segmentos; determinar os objetivos e as medidas essenciais para cada um deles. Então, conforme se apresenta na Figura 10, independente do tipo de empresa, as medidas mais importantes para a avaliação dessa perspectiva são: a participação no mercado, 93 a retenção de clientes, a atração de novos clientes, a satisfação dos clientes e a rentabilidade dos clientes. Podemos, assim, descrever essas medidas: a. Participação de mercado – demonstra a fatia do mercado que o negócio detém ou deverá deter em termos de clientes, valores gastos ou volume unitário vendido; b. Captação de clientes – mede, em termos absolutos ou relativos, a intensidade com que uma unidade de negócios atrai ou conquista novos clientes ou negócios; c. Retenção de clientes – avalia e controla a intensidade com que uma unidade de negócios retém relacionamentos contínuos com seus clientes; d. Satisfação dos clientes – mede o nível de satisfação dos clientes de acordo com critérios específicos de desempenho dentro da proposta de valor; e, finalmente, e. Lucratividade dos clientes – mede os lucros líquidos gerados pelos clientes ou segmentos, sendo deduzidas as despesas utilizadas para sustentar esses clientes. Rentabilidade do cliente Atração de novos clientes Participação de mercado Retenção de clientes Satisfação do cliente FIGURA 10: Perspectiva clientes esquema relacional Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1996). O conceito fundamental para o entendimento das medidas de satisfação, captação, retenção e participação de mercado, na concepção de Kaplan e Norton (1997), é a proposta de valor. As propostas de valor são os atributos oferecidos pelos fornecedores por meio de produtos e serviços aos clientes que podem ser divididos em três categorias: a. Atributos dos produtos/serviços - esses atributos contemplam a funcionalidade do produto/serviço, seu preço e qualidade; 94 b. Relacionamento com os clientes - este atributo refere-se à disponibilidade dos produtos/serviços, taxa do tempo de resposta e entrega e o conforto do cliente. Neste tributo é que se tem a resposta do porquê do cliente escolher uma ou outra empresa; c. Imagem e reputação - a dimensão deste atributo reflete os fatores intangíveis que atraem um cliente para a empresa. 3.3.4 Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento Essa perspectiva serve de base para que as outras três perspectivas atinjam seus objetivos, focando no que é prioritário para estabelecer um ambiente favorável à melhoria e ao crescimento organizacional. Segundo Kaplan e Norton (1997), esta perspectiva identifica a infraestrutura necessária para gerar crescimento e melhoria em longo prazo, baseadas em três fatores principais: a. Pessoas - medidas baseadas nos funcionários que incluem satisfação, retenção, treinamento e habilidades dos funcionários com vetores específicos dessas medidas genéricas; b. Sistemas - é a capacidade dos sistemas de informação prover informações. Ela é medida pela disponibilidade em tempo real, para os funcionários que se encontram na linha de frente da ação e tomada de decisões, de informações relevantes e precisas sobre clientes e processos internos; c. Procedimentos organizacionais - promovem o alinhamento dos incentivos aos funcionários estratégicos da organização e os índices de melhoria dos processos críticos, internos ou voltados para clientes. De acordo com Kaplan e Norton (2000), a estratégia de aprendizado e crescimento define os ativos intangíveis necessários ao desempenho das atividades organizacionais e dos relacionamentos com os clientes em níveis de qualidade cada vez mais elevados. Esses ativos envolvem três categorias principais: 95 a. Competências estratégicas – habilidades e conhecimentos estratégicos indispensáveis para que a força de trabalho possa atender aos objetivos da organização; b. Tecnologias estratégicas – sistemas de informação, bancos de dados, ferramentas e redes imprescindíveis à implementação da estratégia; c. Clima para a ação – clima organizacional favorável à motivação, capacitação e alinhamento da força de trabalho em apoio à estratégia. Kaplan e Norton (2000) ressaltam que a perspectiva de aprendizado e crescimento é inserida na base do scorecard porque constituem o alicerce de tudo que se ergue acima, cujas iniciativas são os vetores mais importantes dos resultados da estratégia. 3.4 Análise de Stakeholders As organizações contemporâneas têm aprendido a lidar com novos desafios mais rapidamente devido ao fato do ambiente externo ser altamente dinâmico e influenciado, como por exemplo, pela globalização e a evolução tecnológica (OLIVEIRA; FORTE, 2003). Acompanhando essa tendência, o ambiente interno das organizações também apresenta constantes modificações resultantes de vários fatores, dentre eles a mão-de-obra e acesso a mercados protegidos e recursos financeiros ou a matéria-prima. Nesse contexto surge a importância dos stakeholders para as organizações que necessitam de bons resultados para garantir sua contínua sobrevivência no mercado. Segundo Freeman e Liedtka (1997, p. 286), a abordagem dos stakeholders está “conectada a uma tradição muito antiga que observa os negócios como uma parte integrada à sociedade, ao invés de uma instituição que é separada e puramente econômica por natureza”. Segundo Freeman e Reed (1983), stakeholder é qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar o alcance dos objetivos da organização e que é afetado pelo alcance dos objetivos da organização. Dentre esses grupos estão os concorrentes, sindicatos, empregados e acionistas, que dependendo dos objetivos organizacionais, eles podem ser ampliados. No estudo de caso do HMJEH, objeto desta pesquisa, serão identificados os stakeholders que têm poder de influenciar a organização, assim como entendidas suas 96 expectativas em relação a essa organização. Para o alcance desses objetivos serão utilizados dois métodos combinados. O primeiro método, baseado na teoria dos stakeholders, irá tratar da identificação considerando os critérios de poder, urgência e legitimidade. O segundo método, o MACTOR (Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força), será aplicado com o objetivo de melhor entender as expectativas dos stakeholders. Para os autores, Roberto e Serrano (2007), a distancia entre a empresa e os stakeholders é cada vez menor quando se pensa na constituição do desempenho empresarial. E, essa proximidade aumenta, quanto maior for o grau de prioridade concedido pelos gestores à esses grupos de interesse. Para tratar desses aspectos relacionais entre a organização e seus stakeholders, Mitchell, Agle e Wood (1997) apresentam a “Teoria da Saliência”. Essa teoria seria definida a partir da inter-relação de três atributos: poder, legitimidade e urgência, de acordo com as classes definidas no Quadro 18. QUADRO 18: Atributos para a Identificação das Diferentes Classes de Stakeholders Pode influenciar nas decisões sob a forma normativa (exigências, leis), coercitiva e utilitária, ou seja, domínio de alguns dos seguintes elementos: recursos, tecnologia, conhecimento ou prerrogativas legais. Poder Legitimidade Urgência Condição social desejável pela organização, construída a partir de um sistema de normas, valores e crenças presentes nos indivíduos, nas organizações e na sociedade . É definida pelo grau de atenção reinvidicada pelo stakeholder. Pode atrair a atenção do gestor pela exigência em ser atendido. Dependentes - não possuem legitimidade e seu poder não é recíproco, dependente de outros stakeholders ou gestores da organização para terem suas expectativas atendidas. Poder Urgência Poder Legitimidade Legitimidade Urgência Dominantes – têm mecanismos formais para influenciar as decisões da organização e podem ser representados por acionistas, credores, lideres da comunidade e investidores. Perigosos – por não ter poder de influenciar a organização, eles poderão tentar obter o poder por meio da coerção ou violência. Fonte: Adaptado de Mitchell, Agle e Wood (1997) Segundo os autores, os atributos que compõem a “Teoria da Saliência” podem ser combinados originando sete possíveis classes de stakeholders, que formariam 3 grandes grupos: i) latentes, são aqueles que possuem apenas um dos três atributos conforme quem os avalia (Adormecido, Discricionário ou Reclamante); ii) com expectativas, são aqueles formados pela interseção de dois tipos de grupos de interesse (Dominante, Perigoso e 97 Dependente), e iii) definitivo, formado pelos stakeholders que possuem os três atributos, Figura 11. Assim, segundo Mitchell, Agle e Wood (1997), o alto grau de saliência ocorrerá quando os stakeholders conseguirem obter os três atributos: poder, legitimidade e urgência. Desta combinação surge a sétima classe, que é classificada como “definitivo, decisivo”, condição esta, onde os gestores darão prioridade para atender as expectativas. FIGURA 11: Classes qualitativas e tipos de Stakeholders Fonte: Roberto e Serrano (2007) Para melhor entender as expectativas dos stakeholders será utilizado o método MACTOR (Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força), onde são valorizadas as relações de força entre os atores e feito um estudo sobre suas convergências e divergências em relação a um determinado número de posturas e objetivos associados. Inspirado na teoria dos jogos e na análise sociológica das organizações, o método MACTOR foi desenvolvido em 1990 por Michel Godet e sua equipe, François Bourse e Francis Meunier. Este método é um excelente instrumento de análise dos jogos entre diferentes atores, que permite organizar a informação de uma forma sistemática e simplificada. O método MACTOR é uma ferramenta de análise prospectiva que, conforme descrito por Godet (1993, p.41), se baseia principalmente nas seguintes ações: “i) desenvolver modelos lógicos para tratamento de variáveis-chave do futuro; ii) analisar o jogo entre os 98 atores envolvidos (dinâmica e conflitos); iii) reduzir a incerteza; iv) construir os cenários; e, v) definir as opções estratégicas.” Batista et al. (2006), afirmam que com essas características, o MACTOR apresenta-se como uma ferramenta para definir as implicações estratégicas de cada stakeholder na arena de atuação, contribuindo dessa forma para a construção de estratégias que atendam aos interesses de todos, considerando sempre as bases éticas das relações. Dessa forma, para o desenvolvimento desse trabalho a pesquisa será aplicada de modo parcial, com o objetivo de investigar as implicações estratégicas dos stakeholders do HMJEH, na seguinte sequência: i) identificação dos atores envolvidos; ii) aplicação da pesquisa para confirmação dos objetivos; iii) construção do quadro de estratégias dos atores; e, iv) identificação dos desafios estratégicos e objetivos associados. A importância deste capítulo à pesquisa em tela, deve-se ao fato da apresentação detalhada de alguns dos modelos de gestão de maior destaque no mercado como o sistema Balanced Scorecard – BSC e sobretudo, daquele dirigido ao serviço público, a saber, o GesPública. A metodologia de análise de Stakeholder proposta neste capítulo é aplicada para auxiliar a estruturar melhor o modelo de avaliação de desempenho de gestão, com o intuito de potencializar seus resultados. Na próxima seção é apresentada a metodologia utilizada na aplicação da pesquisa com a descrição de seus objetivos, da sua natureza e de seu delineamento. 99 4 METODOLOGIA Este capítulo descreve a metodologia utilizada no desenvolvimento desta dissertação com vistas ao cumprimento do objetivo de identificar as contribuições que a implantação de modelos de medição de desempenho oferece às organizações hospitalares públicas. A ilustração do percurso metodológico adotado é feita na Figura 12, que indica a natureza da pesquisa, as técnicas de coleta de dados, procedimentos técnicos e técnicas a serem adotadas na análise dos dados, além do roteiro a ser seguido na investigação. Percurso Metodológico da Investigação Abordagem Metodológica Referencial Teórico e Empírico Quadro da Referência Teórica: Quadro da Referência Empírica: Gestão Pública. Sistema de Saúde e Organização Hospitalar. Avaliação de Desempenho (MEGP e BSC). Histórico e Perfil do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda – HMJEH. Técnicas de Coleta: Pesquisa Documental e Bibliográfica Observação Participante Entrevistas em Grupo Grupo Focal Procedimento Técnico: Roteiro do Estudo de Caso Apresentação do Campo Empírico: HMJEH. Identificação dos Steak – holders e Expectativas Definições Estratégicas do HMJEH. Teoria da Saliência Pesquisa Participante Método Mactor Pesquisa Qualitativa Objetivo: Identificar as contribuições que a implantação de modelos de medição de desempenho oferece a melhoria das organizações hospitalares públicas. Definição dos elementos estruturantes e Indicadores; Construção do Mapa Estratégico. Suporte técnico-metodológico Metodologia de Análise Crítica dos Indicadores. FIGURA 12: Percurso Metodológico da Investigação Fonte: a autora 4.1 Natureza da Pesquisa A pesquisa pode ser definida como uma: atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados. (MINAYO, 1993, p.23). 100 Por ser um processo formal e sistemático, segundo Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático de desenvolvimento de um método científico. Seu principal objetivo é descobrir respostas para problemas mediante a utilização de práticas científicas sob metodologias diversas. No caso específico deste trabalho o problema está associado à contribuição que o uso de métodos de avaliação de desempenho pode oferecer à melhoria das práticas de gestão organizacional. Para avaliar essa contribuição, foi necessário o desenho de uma pesquisa que envolvesse desde a seleção do modelo de avaliação de desempenho adequado a essas organizações, até sua construção, proposta para implementação e, finalmente, os resultados esperados. Essas etapas existiram para que fosse possível avaliar a contribuição que essa avaliação pode oferecer à melhoria da gestão da organização estudada e, por conseqüência, às das instituições de sua categoria. Esses passos e resultados intermediários para a consecução do objetivo foram definidos em termos dos objetivos específicos da investigação. O conceito de desenho da investigação foi definido por Goulart e Carvalho (2005, p. 125) como “a concepção global da investigação, desde a idéia inicial a respeito da temática de interesse e elaboração de um projeto, até a forma pela qual serão divulgados os resultados”. Em vista do propósito da investigação, foi necessária a utilização de um estudo de caso, como estratégia de pesquisa, que teve como campo empírico o Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, de Maracanaú, município da Região Metropolitana de Fortaleza, no qual está localizado o maior parque industrial do Estado do Ceará. As múltiplas formas de investigação envolvidas no estudo de caso favoreceram a classificação da natureza da pesquisa sob três diferentes aspectos: i) do ponto de vista de sua natureza, esta é uma pesquisa aplicada, empírica e participante; ii) quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa; e, iii) sob a perspectiva de seus objetivos, temse uma pesquisa exploratória. O estudo de caso é normalmente associado à abordagem qualitativa, dentre outros aspectos por três pressupostos principais (Goulart e Carvalho, 2005), a saber: 101 i) epistemológico, porque o pesquisador interage com o objeto ou sujeitos pesquisados; ii) axiológico, considerando que o papel dos valores são assumidos e compõem o estudo; iii) metodológico, por tratar-se de processo indutivo, onde padrões e teorias são utilizados para o entendimento do fenômeno estudado e a acurácia e consistência do processo de pesquisa são obtidos pela verificação e pela força da argumentação teórica. De fato, na implementação da pesquisa houve um relacionamento e atuação direta e prolongada com o ambiente e a situação investigada, os agentes envolvidos com o problema, sendo observados, selecionados, analisados e interpretados os dados coletados no ambiente em estudo. Todo o processo de pesquisa foi caracterizado pela existência de uma relação dinâmica com o hospital, onde a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados foram básicas. O hospital foi a fonte direta para coleta de dados, que foram analisados e cujos resultados levaram a concepção do modelo de avaliação de desempenho de gestão, foco principal da abordagem. A caracterização da pesquisa como aplicada resulta de que para o desenvolvimento do objetivo central foi necessário a utilização do Balanced Scorecard e da metodologia de autoavaliação do GesPública, contemplando avaliações de situações reais do hospital, de forma interativa, gerando, além disso, informações que foram usadas para a intervenção na dinâmica do funcionamento do hospital por parte dos seus gestores. A pesquisa pode ser classificada como exploratória porque favoreceu maior familiaridade com o problema e o campo empírico da investigação com vistas a definir e construir o modelo adequado à avaliação de desempenho da organização e à identificação da contribuição que essa ferramenta pode oferecer à contínua melhoria da gestão. A pesquisa pode ainda ser caracterizada como participante considerando o ativo envolvimento da pesquisadora na implementação específica das metodogias de avaliação da gestão do hospital (autoavaliação do GesPública) e da construção das perspectivas, mapa estratégico e indicadores de desempenho integrantes das etapas de construção o Balanced Scorecard. 102 4.2 Pesquisa Exploratória Em relação aos procedimentos técnicos mencionados por GIL (1991), este Estudo de Caso contemplou: a) Pesquisa Bibliográfica – levantamento teórico a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e de eventos de caráter científico, além de material disponibilizado na Internet; b) Pesquisa Documental – obtida com a gerência administrativo-financeira e a Diretoria Técnica do hospital contemplando registros históricos da organização, desde o planejamento estratégico até os índices de informações do Sistema de Saúde e da gestão administrativa e financeira; c) Entrevistas - com a finalidade de se obter uma visão de posicionamento a respeito da possibilidade de adoção do modelo a ser proposto, da possível aderência ou rejeição dos gestores e da equipe técnica do hospital em relação ao modelo, e dos resultados esperados com a adoção do novo sistema. Além disso, houve um envolvimento cooperativo com os funcionários e gestores do hospital a partir de encontros de trabalho e oficinas necessários ao desenvolvimento do estudo. A participação ativa de ambos os lados nas atividades foi considerada fundamental para a efetividade do modelo proposto. O levantamento bibliográfico dos temas serviu de base para a compreensão da realidade da administração pública, sistema de saúde e hospitalar além dos modelos de avaliação de gestão, envolvendo o estudo do referencial teórico sobre Gestão Pública no Brasil, o Sistema de Saúde e as Organizações Hospitalares, Avaliação de Desempenho, incluindo a metodologia do GesPública e do Balanced Scorecard. A pesquisa documental compreendeu o levantamento dos registros históricos do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, além de informações sobre o conteúdo de seu planejamento, sua atual estrutura organizacional e sistemas de informações. 103 As entrevistas foram realizadas inicialmente na fase exploratória com o objetivo de investigar a aceitação de modelos de mensuração do desempenho, envolvendo membros da Direção do Hospital, gestores intermediários e chefes de equipe, além de outras lideranças e partes interessadas identificadas na perspectiva da Teoria dos Stakeholders. 4.3 Delineamento da Pesquisa O delineamento da pesquisa compreendeu o estudo de caso, que se trata de estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real (YIN, 2001). Além disso, foi adequado em função da complexidade e da peculiaridade do fenômeno estudado, do relato rico e holístico envolvido na investigação, na profundidade de análise requerida sobre o objeto da investigação, e na sua relação com o contexto, além da deficiência teórica sobre o assunto. Esses elementos estavam, de fato, presentes na investigação levada a cabo no HMJEH, uma vez que a avaliação de desempenho da gestão envolveu múltiplas dimensões da organização, de modo a configurar uma visão balanceada da performance, além de compreender fatores internos e externos a organização. O desempenho da gestão é ainda um fenômeno sujeito às perplexidades e seu estudo em organizações da área de saúde não é comum, considerando que essas instituições são focadas na avaliação das ocorrências da assistência e em questões epidemiológicas. O delineamento da pesquisa ocorreu em 10(dez) etapas indicadas a seguir: Etapa 1 – Investigação do Campo Empírico, compreendendo o levantamento das responsabilidades legais do hospital e de elementos da estrutura organizacional do HMJEH e de números agregados capazes de caracterizar sua atividade assistencial; Etapa 2 – Realização de oficina de autoavaliação através da metodologia do GesPública. As etapas relativas ao desenvolvimento dessa oficina, Figura 13, constaram do levantamento do perfil da organização, através de gestores selecionados, de modo a promover- 104 se o nivelamento de conhecimentos sobre a estrutura organizacional, atividades, quadro de colaboradores do hospital, além da avaliação do modelo de gestão. Sugestões de melhoria foram feitas ao Hospital, como resultado dessa fase. Todas as atividades envolvidas nesta etapa estão ilustradas na FIGURA 13. 1 Inicio AutoAvaliação Formulário evidências e Planilha de Pontuação da Organização Seleção dos Avaliadore Esboço do Planejamento De Melhoria Planejamento da auto- Elaboraçã o do perfil Perfil Validação PMG Planilha de Validação 1 FIGURA 13: Fases da Autoavaliação Fonte - IAGP GesPública Etapa 3 – Mapeamento do processo do Sistema de Arquivo Médico e Estatística SAME, com o objetivo de melhor se definir e controlar o processo de registro, recuperação e tratamento das informações e estatísticas dos serviços de atendimento no hospital, condição essencial para uso de modelos de avaliação baseados em indicadores. Etapa 4 – Realização da análise do SWOT, a partir do uso dos relatórios das oficinas de autoavaliação e do mapeamento do SAME, o que ocorreu em onze encontros presenciais, de quatro horas de duração, envolvendo todas as áreas do hospital, representadas por 51 servidores e a alta administração. A análise macroambiental do HMJEH serviu de base para a definição das diretrizes estratégicas do hospital, assim como para a identificação dos principais objetivos que foram utilizadas nos questionários aplicados aos stakeholders do HMJEH. Etapa 5 – Identificação dos principais Stakeholders do hospital, a partir da aplicação da Teoria da Saliência, que, conforme a tipologia de Mitchell, Agle e Wood (1997), 105 podem-se formar até sete classes de grupos de interesses. Essa teoria, descrita no Capítulo 3, desta dissertação, utiliza os atributos de legitimidade, poder e urgência, para identificar o grau de prioridade dos stakeholders, classificando-os em três tipos: os latentes, os com expectativas e os definitivos. Em conformidade com a metodologia utilizada, foram considerados como principais stakeholders os identificados como definitivos e os com expectativas. Etapa 6 – Identificação das coalizões existentes entre os interesses de stakeholders que podem influenciar indiretamente outros stakeholders, abrindo dessa forma uma série de oportunidades para a formulação de ações estratégicas de cooperação. Essa investigação foi feita com a utilização do Método MACTOR. Esse método permite não só a identificação das estratégias dos diferentes atores, como também as divergências e convergências entre esses. Para identificar os objetivos dos stakeholders, os problemas e os meios ou estratégias para solucioná-los, foram feitas entrevistas com auxílio de nove diferentes questionários (Anexo IV). Foram entrevistadas pessoas estratégicas de cada um dos segmentos dos stakeholders: o Diretor Geral do HMJEH, os diretores da Clínica, de Serviços Assistenciais e Administrativo, a gerente da Ouvidora, a gerente do SPI, coordenadoras do SAME e da Informática, todos estes do hospital, além do Secretário da Saúde do Município, do Diretor Geral do Tribunal de Contas dos Municípios, da Diretora da Escola de Contas e Gestão do TCM, um Líder Comunitário, um Líder Indígena, dentre outros. A Tabela 1 apresenta o número de respondentes relacionado a cada uma das classes de stakeholders selecionado. TABELA 1:Quantidade de respondentes por stakeholder do HMJEH Stakeholders Número de respondentes CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE 03 SECRETARIA DA SAÚDE DO MUNICÍPIO 03 ALTA ADMINISTRAÇÃO DO HMJEH 04 CORPO CLÍNICO DO HMJEH 05 COLABORADORES DO HMJEH 07 PACIENTES/FAMILIARES DO HMJEH 09 FORNECEDORES DO HMJEH 03 COMUNIDADE 05 TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS 02 TOTAL 41 Fonte: Dados da Pesquisa 106 Etapa 7 – Definição das Estratégicas do HMJEH, compreendendo a missão, a visão de futuro, o escopo de clientes e produtos; Etapa 8 – Definição dos elementos estruturantes do Modelo do Balanced Scorecard, envolvendo as perspectivas do negócio do hospital, os indicadores correspondentes com suas fórmulas de cálculo e a construção do mapa estratégico; Etapa 9 – Definição da proposta de metodologia para acompanhamento e análise dos indicadores identificados na etapa anterior; Etapa 10 – E por fim, foram apresentadas as contribuições que o uso do modelo de avaliação de desempenho pode oferecer à melhoria da gestão. 4.4. Tratamento e Análise dos Dados A análise das informações da pesquisa de campo foi feita por meio da análise do conteúdo das entrevistas, para a investigação das contribuições para a melhoria da gestão a partir do uso do modelo de avaliação de desempenho. Segue no decorrer do próximo capítulo, a apresentação dos resultados das diversas fases da pesquisa apresentadas neste capítulo de metodologia do trabalho. 107 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Este capítulo trata dos resultados do estudo de caso do Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda, método básico para o cumprimento do objetivo da dissertação de construir um modelo de medição de desempenho das organizações hospitalares públicas. O capítulo é iniciado pela apresentação do hospital, o campo empírico da investigação, compreendendo sua missão, declaração de escopo, produtos, serviços, área de atuação, modelo organizacional e composição do quadro de colaboradores. Contempla ainda o capítulo o diagnóstico estratégico do hospital, baseado na sistemática de autoavaliação do GESPÚBLICA e na metodologia do SOWT, além de apresentar os resultados da Análise de Stakeholders. Nas análises realizadas foi levada em conta que o hospital é uma organização de especialistas, aberta às relações com a comunidade, agências reguladoras e governo municipal, dentre outros atores. Em seguida, são descritas as definições estratégicas da organização, assim entendidas a visão de futuro, os objetivos estratégicos e as perspectivas do negócio da organização, tendo a contribuição de Kaplan e Norton (2000, 2008) como referencial teórico relevante. Prosseguindo o desenvolvimento do capítulo, passa-se a tratar dos indicadores de desempenho e do mapa estratégico da organização, como uma representação gráfica das relações de causa e efeito dos indicadores. Finalmente, na última parte é apresentada uma proposta de metodologia para o monitoramento e análise dos indicadores com o objetivo de implementar a estratégia do HMJEH. 108 5.1 Caracterização do Campo Empírico da Investigação O Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda (HMJEH), de Maracanaú, Estado do Ceará, é vinculado à Secretaria de Saúde do Município, e integrante da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Fundado em 1952, o hospital foi concebido como um sanatório de tuberculose, ligado ao Ministério da Saúde e, desde o início de seu funcionamento, passou a ser referência no cenário nacional em sua especialidade. Em 1982, o HMJEH passou à condição de Hospital Geral, tornando-se posteriormente uma unidade pública integrante do Sistema Único de Saúde – SUS. Em 2000, com o advento da municipalização dos serviços de saúde, a gestão do HMJEH passou a ser de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. Atualmente o HMJEH é uma unidade hospitalar pública de médio porte e de nível de complexidade secundária, que oferece atendimento em regime ambulatorial e de internação a cerca de 420.000 habitantes dos municípios que compõem a 3ª Microrregião de Saúde do Estado. A estrutura organizacional da instituição (Figura 14) contempla além da diretoria geral, mais três diretorias, que compõem a alta administração do hospital: Diretoria Clínica, Diretoria de Serviços Assistenciais e Diretoria de Serviços de Apoio Gerencial. Para dar suporte às tomadas de decisão de maneira participativa, o HMJEH conta ainda com seis comissões formadas por seus colaboradores: Ética Médica; Óbitos, Prontuários e Auditoria; Padronização de Materiais e Medicamentos; Controle de Infecção Hospitalar; Mortalidade Materna e Neonatal; Prevenção e Atendimento aos Maus Tratos a Crianças e Adolescentes. 109 DIRETORIA GERAL SECRETARIA CCIH OUVIDORIA COMISSÃO DE ÉTICA COM. MORTALIDADE MATERNA/NEONATAL COMISSÃO PADRONIZAÇÃO MAT/MED COM. MAUS TRATOS CRIANÇAS/ADOLESCENTES COM. ÓBITOS, PRONTUÁRIOS, AUDITORIA CONTAS MÉDICAS, ESTATÍSTICAS, ARQUIVO DIRETORIA CLÍNICA CLÍNICA MÉDICA DIRETORIA DE SERVIÇOS ASSISTENCIAIS DIRET. SERV. APOIO GERENCIAL ODONTOLOGIA (CEO) ALMOXARIFADO PEDIATRIA NUTRIÇÃO FINANCEIRO OBSTETRICIA CENTRO DE IMAGENS RECURSOS HUMANOS TISIOLOGIA CENTRO DE REABILITAÇÃO MANUTENÇÃO CIRURGIA EMERGÊNCIA CENTRO DE ANÁLISES CLÍNICAS VIGILÂNCIA FARMÁCIA HOSPITALAR SERVIÇOS GERAIS SERVIÇO SOCIAL ATENDIMENTO CHEFIAS DE EQUIPE (9) BANCO DE LEITE HUMANO INTERNAÇÃO DOMICILIAR BANCO DE SANGUE ENFERMAGEM UNIDADES DE INTERNAÇÃO (5) CENTRO DE ESPECIALIDADES CENTRO CIRÚRGICO E DE MATERIAL CENTRO OBSTÉTRICO EMERGÊNCIA FIGURA 14: Estrutura organizacional do HMJEH Fonte: HMJEH, 2009 Para prestar atendimento aos seus usuários o HMJEH conta, atualmente, com um quadro de pessoal composto de 1.005 colaboradores. Desse quantitativo de pessoas, 339 (33,7%) são empregados temporários. Nesta modalidade de contratação, o empregado sente-se instável em relação à manutenção do emprego e insatisfeito com a situação funcional, o que compromete o clima organizacional da instituição. 110 Outra modalidade de contratação de técnicos no HMJEH é a realizada por meio de cooperativas. Nessa condição encontram-se os médicos cujo quantitativo/mês tem se mantido em torno de 110 profissionais, que sempre sofre alterações conforme a demanda de serviços. Como este contingente é variável, esse tipo de profissional não foi contemplado na Tabela 02, onde é apresentada o Quadro de Pessoal, atualmente em exercício no hospital. TABELA 2: Quadro de Pessoal Colaboradores Quantidade Servidores Municipais 440 Cedidos pelo Estado 9 Cedidos pelo Ministério da Saúde 185 Servidores Temporários 339 Ocupantes de Cargos Comissionados 32 TOTAL 1.005 Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú - 2009. Percentual % 43,8 0,9 18,4 33,7 3,2 100,0 5.2. Missão e Visão O HMJEH tem por missão: Prover a assistência à saúde da população de Maracanaú e dos municípios integrantes da terceira região de saúde do Estado, por meio de serviços humanizados e de alta resolutividade. Já a visão, que tem o papel de orientar a caminhada da organização num rumo de longo prazo conduzido pela gerência, foi definida pelos profissionais do HMJEH, como sendo: Ser um hospital de referência estadual na atenção secundária em saúde, com atividades consolidadas de ensino e pesquisa. 5.3. Escopo do Hospital: Usuários, Produtos, Serviços e Região de Atendimento No quadro a seguir (Quadro 19), estão relacionados os usuários, os principais produtos e serviços, além dos municípios que compõem a 3ª Microrregião de Saúde do Estado atendida pelo HMJEH. Nos serviços oferecidos pelo hospital encontram-se as internações em 6 tipos de clínicas, policlínica com 19 especialidades médicas, centro de análises com 88 tipos de exames, centro de imagens com 6 tipos de exames, atendimento a mulher além de outros. Dentre todos os serviços da instituição, destaca-se o de assistência prestada à mulher, que deverá sofrer melhora considerável pela ampliação da capacidade operacional do Hospital, 111 particularmente no campo da obstetrícia e da neonatologia, em vista da inauguração das instalações do Hospital da Mulher, prevista para o primeiro semestre de 2010. QUADRO 19: Usuários, Principais Produtos/Serviços e Municípios atendidos pelo HMJEH ESCOPO DESCRIÇÃO Usuários • Principais • Produtos/Serviços Recém nascidos, Crianças, Adultos e Idosos. Serviços ambulatoriais com especialidades em cardiologia, endocrinologia, neurologia, pediatria, pneumologia, dermatologia, pequenas cirurgias, otorrinolaringologia, hematologia, gastroenterologia, urologia, patologia cervical, infectologia (DST/HIV); • Serviços ambulatoriais para mulher em ginecologia, pré natal risco, mastologia; • Internação em 113 leitos, distribuídos nas clínicas de Pediatria (17), Médica (22), Tisiologia (18), Obstetrícia (23), Médio Risco Neonatal (8), Emergência (17) e Cirurgia Geral (8); • Serviço Social; • Odontologia com os serviços de: clínica, cirurgia, odontopediatria, dentística, pacientes especiais, periodontia, endodontia, pacientes soropositivos HIV, emergência 24 horas; • Enfermagem com os serviços de planejamento familiar, estomaterapia e vacinas; • Centro Integrado de Reabilitação com serviços de fisioterapia motora e respiratória, fonoaudiologia e terapia ocupacional.; • Programa de Internação Domiciliar; • Assistência em Hemoterapia; • Banco de Leite Humano; • Nutrição e Dietética; • Farmácia Hospitalar; • Centro de Imagem com radiologia convencional e contrastada; ultrassonografia geral, obstétrica e ginecológica; mamografia; tomografia computadorizada (TC); endoscopia digestiva alta; broncoscopia; métodos gráficos: ECG, Ergometria, MAPA, Ecocardiografia; • Núcleo de Análises Clínicas com serviços de bioquímica, parasitologia, microbiologia, imunologia e hematologia; • Maranguape, Guaiúba, Pacatuba, Redenção, Acarape, Barreira, Palmácia e Maracanaú. Municípios 3ª Microrregião de Saúde do Estado Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú – 2009 5.4 Diagnóstico Estratégico Nesta etapa foram utilizadas duas metodologias de diagnóstico, sendo a primeira a autoavaliação do GesPública e a segunda a análise de SWOT. O trabalho de mapeamento do SAME também ofereceu subsídios ao diagnóstico. A partir dos objetivos encontrados por meio da aplicação das metodologias, foram definidos os desafios estratégicos e os objetivos associados a eles, o que subsidiou o Mapa Estratégico do HMJEH. a) Autoavaliação do GesPública 112 A autoavaliação do HMJEH foi iniciada em abril de 2009, com a realização de oficina do GesPública, que gerou dois produtos: um diagnóstico detalhado da gestão da instituição e uma proposta de Plano de Melhorias para ser implementado no hospital. Em seguida, em maio de 2009, foi realizada a oficina de mapeamento do processo de Sistema de Arquivo Médico e Estatística - SAME, com o objetivo de melhor definir e controlar o processo de registro, recuperação e tratamento das informações e estatísticas dos serviços de atendimento no hospital. Com base nas informações coletadas nos encontros presenciais ocorridos durante a realização dessas oficinas e com os resultados apresentados em seus relatórios, partiu-se para a análise de SWOT. b) Análise de SWOT Foram identificadas as ameaças e oportunidades relativas ao ambiente externo da organização, assim como os pontos fortes e fracos de seu ambiente interno, considerando as informações já compiladas, conforme os Quadros 20 e 21. Dentre as oportunidades identificadas no ambiente externo, considera-se como principal, a oportunidade do HMJEH passar a ser um hospital de ensino e pesquisa de uma das melhores universidades particulares do norte e nordeste do país, a Universidade de Fortaleza. Esse desafio mobilizará tanto os governantes do município, como a alta administração do hospital na busca de implementar, com a maior brevidade possível, melhorias de infraestrutura e investimentos em recursos técnicos para que o hospital possa ser qualificado pelo Ministério de Educação – MEC, como instituição de ensino. Outro fator, que também deve ser considerado como motivador para as mudanças, é o fato da sociedade, consciente de seus direitos, cobrar atendimento de melhor qualidade, com maior agilidade e resolutividade. Para isso ela tem se mobilizado por meio dos conselhos, feito articulações políticas, e ainda, tem utilizado os recursos da mídia em geral para pressionar por essa melhoria nos serviços. Já na análise das ameaças, dois fatores destacam-se: a insuficiência de recursos financeiros e a carência de especialidades médicas no mercado. Porém a possibilidade do credenciamento do hospital pelo MEC poderá contribuir de maneira significativa para 113 minimizar essa debilidade, pois credenciado pelo MEC a instituição passará a receber mais recursos financeiros, habilitando-a a pagar melhores salários visando atrair estes profissionais. Já as correções dos desbalanços de especialidades, dependem de fatores que influenciam a oferta e a demanda por essas especialidades, que não são influenciáveis pelo hospital. A M B I E N T E E X T E R N O • • O P O R T U N I D A D E S • • QUADRO 20: Análise do Ambiente Externo Cobrança da sociedade por serviços de melhor qualidade. Participação do HMJEH no estabelecimento de políticas com as instâncias de saúde municipais, regionais e estaduais. Inserção em Programas do Ministério da Saúde, como: Humanização; Hospitais Sentinela e ONA. Tornar-se um Hospital de Ensino, com vínculo com a Universidade de Fortaleza – UNIFOR. • Recursos financeiros incompatíveis com as necessidades de custeio e investimento. • Valores da tabela do SUS insuficientes para a cobertura das despesas. • Precariedade da rede pública de saúde, com carência de infraestrutura na região. • Processos administrativos burocráticos. • Dificuldade de relacionamento entre poderes públicos externos ao HMJEH. • Crescente demanda de atendimento em relação à capacidade técnica instalada. • Carência de especialidades médicas para contratação. • Política salarial do Governo. Fonte: Dados de Pesquisa. A M E A Ç A S No Quadro 21, que trata dos pontos fortes e fracos do hospital, pode-se destacar o esforço pessoal de parte dos profissionais, que tem contribuído para os resultados positivos da instituição. Esse grupo de pessoas, apesar de todas as dificuldades existentes atualmente no hospital, tem conseguido manter um atendimento aceitável pela instituição e pela comunidade, o que demonstra a importância do envolvimento da força de trabalho com a missão do HMJEH. Outro o ponto forte é o comprometimento do Diretor Geral, e dos demais Diretores, com a melhoria da gestão, fator que influencia de maneira positiva o clima organizacional e que se reflete diretamente nos resultados da instituição. O ponto fraco mais citado pela equipe do HMJEH foi a escassez de recursos financeiros. Esse fator é responsável pelo aparecimento de uma série de outras fraquezas no hospital, mas poderá ser minimizado com o credenciamento do hospital como instituição de ensino, conforme abordado anteriormente. A deficiência de capacitação dos gestores foi também apresentada como ponto fraco, a qual poderá ser sanada com um programa de capacitação voltado à utilização de 114 técnicas modernas de gestão. Isto se faz necessário para que se possa implementar uma gestão profissional na organização, que envolva toda a equipe técnica no estabelecimento de padrões de trabalho para orientar a execução adequada dos processos, utilizando indicadores como base para a tomada de decisões e monitorando os resultados para verificação do cumprimento das metas estabelecidas. Além disso, foi colocada a necessidade de se manter um programa de capacitação continuada, para que a força de trabalho incorpore os princípios de qualidade e humanização nos procedimentos, visando melhorar o atendimento dos usuários e habilitando o hospital a apoiar programas criados pelo Ministério da Saúde, tais como: Programa de Acreditação Hospitalar, Programa de Humanização, Projeto Hospitais Sentinela e Programa de Resíduos Hospitalares. Por último, foi citada a ausência de políticas de recursos humanos como ponto fraco a ser destacado. Como a melhoria na prestação de serviços depende das pessoas, é necessário estimular e envolver a força de trabalho com os objetivos da instituição, criando mecanismos que incentive a consecução desses objetivos. Para isso, foi solicitada a implantação de ações de valorização dos servidores visando motivá-los para o enfrentamento dos desafios, atualmente postos à instituição. QUADRO 21: Análise do Ambiente Interno Multidisciplinaridade e amplitude de serviços assistenciais oferecidos à comunidade. P F Comprometimento e esforço pessoal de parte dos profissionais, com resultados positivos O O na assistência. N R • Determinação do Diretor Geral em melhorar o modelo de Gestão e em transformar o T T HMJEH em um Hospital de Ensino. A O E • Imagem da Instituição. M S S • Ouvidoria. B • Transparência da gestão. I • Força de trabalho desmotivada e com diversos vínculos empregatícios. E • Profissionais sem qualificação técnica ou com especializações específicas fora de sua área N P F de atuação. T O R • Gestores não capacitados nas tecnologias de gestão. E N A • Gerenciamento ineficaz de receitas e despesas e de aquisição de bens e serviços. T C • Ausência de políticas de Recursos Humanos. I O O • Dificuldade de relacionamento entre as áreas. N S S • Tecnologia da Informação obsoleta ou inexistente. T • Espaço físico e mobiliário insuficiente e deteriorado, sem manutenção adequada. E R • Processos de Trabalho indefinidos ou não padronizados. N • Princípios da Humanização não incorporados nos processos de trabalho. O • Inexistência de política socioambiental. Fonte: Dados de Pesquisa. • • 115 A natureza da missão, da visão de futuro e os resultados e do diagnóstico estratégico, conduziram à escolha das seguintes estratégias para o HMJEH: • • • • Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente; Desenvolvimento e valorização dos colaboradores; Gestão profissional e eficiente na utilização dos recursos e orientada para resultados; Promoção de ações de responsabilidade socioambiental. 5.5 Análise dos Stakeholders do HMJEH Com base nas informações coletadas nas oficinas realizadas com os técnicos do hospital e análise da literatura, foram identificados 18 stakeholders do HMJEH, cujas implicações dos papéis exercidos em relação ao hospital estão descritos no Quadro 22. Para selecionar os principais stakeholders da instituição, foi utilizada a Teoria da Saliência e adotados os atributos de legitimidade, poder e urgência, para identificar o grau de prioridade dos stakeholders, conforme classificação abaixo explicitadas: a) Latentes – são os stakeholders, que possuem apenas um dos atributos.: adormecido (poder); discricionário (legitimidade); e reclamante (urgente); b) Com expectativas – são os stakeholders, que possuem dois atributos: dependentes (poder e urgência); dominantes (poder e legitimidade); e perigosos (legitimidade e urgência); c) Definitivo ou decisivo – são os formados pelos três atributos, que são poder, legitimidade e urgência. Dessa forma, baseado nas informações obtidas nos encontros com os gestores do hospital e com os conceitos dos atributos de poder, legitimidade e urgência, de Roberto e Serrano (2007), foi descrito o papel de cada um dos stakeholders em relação a sua ligação com o hospital e, posteriormente, foram analisadas as aderências do grupo considerando os conceitos da Teoria da Saliência. 116 QUADRO 22: Relação dos Principais Stakeholders e do Papel Exercido em Relação à Saúde/HMJEH STAKEHOLDERS DESCRIÇÃO DO PAPEL EXERCIDO O Conselho Municipal de Saúde é um órgão permanente e deliberativo, com Conselho Municipal representantes do Governo, dos prestadores de serviço, profissionais de saúde e Saúde de Maracanaú usuários. Atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. Tem por competência programar, executar e controlar todas as atividades relativas Secretaria de Saúde de às ações básicas de saúde e de vigilância sanitária do município, bem como Maracanaú promover e desenvolver uma eficiente fiscalização sanitária, dando especial cobertura ao enfoque epidemiológico, concentrando atenção nos produtos, nos serviços e nos fatores ambientais que propiciam risco de saúde. Cidadãos dos 8 municípios atendidos pelo HMJEH. Comunidade Cidadãos usuários dos serviços prestados pelo HMJEH. Pacientes/Familiares Fornecedores/Prestador Atendem as necessidades básicas da organização, fornecendo produtos e serviços ao HMJEH. es de Serviços Gerencia a execução das diretrizes do HMJEH, prestando apoio nas áreas clínica, Alta Administração administrativa, financeira e de comunicação. É o conjunto de médicos que tem a incumbência de prestar assistência aos Corpo Clínico pacientes do HMJEH. Equipe de profissionais que executa as atividades relativas à administração e ao Colaboradores funcionamento operacional do HMJEH. A ANS tem por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na Governo/ANS assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais - inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores - e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no País. A Prefeitura é o órgão responsável pelas ações do Poder Executivo do Município. Prefeitura de É comandada pelo Prefeito e dividida em Secretarias, dentre elas a da Saúde. Maracanaú É uma autarquia federal responsável por habilitar o médico a exercer seu trabalho e Conselho Regional de fiscalizar o cumprimento da legislação pertinente à sua profissão. Medicina CFM, é um órgão que possui atribuições constitucionais de fiscalização e Conselho Federal de normatização da prática médica. Medicina O MP é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, Ministério Público do incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses Ceará sociais e individuais indisponíveis. Órgão de controle externo competindo-lhe, entre outras, as atividades de apreciar Tribunal de Contas do e as julgar as contas de administradores e responsáveis por dinheiros e bens Município - Ceará públicos. Acompanha e divulga informações relativas à área de saúde. Mídia Local A Secretaria de Saúde do Estado é responsável pela formulação da Política Secretaria de Saúde do Estadual de Saúde e de suas diretrizes, norteada pelos princípios do SUS. Estado do Ceará Hospitais da rede pública de saúde do estado do Ceará, que recebem pacientes Outros hospitais transferidos do HMJEH. Fonte: Dados de Pesquisa Os stakeholders considerados principais para o HMJEH, são os enquadrados na classificação da Teoria da Saliência como com expectativas e definitivo. O resultado da análise é apresentado no Quadro 23, onde nove stakeholders foram identificados como sendo os principais: Conselho Municipal de Saúde; Secretaria de Saúde de Maracanaú; Comunidade; Pacientes/Familiares; Fornecedores/Prestadores de Serviços; Alta Administração; Corpo Clínico; Colaboradores e Tribunal de Contas dos Municípios. Os stakeholders selecionados são do número 1 até o número 9. 117 QUADRO 23: Relação das CLASSES de Stakeholders considerando os atributos da Teoria da Saliência N° CLASSES DOMINANTES (PODER E LEGITIMIDADE) – tem mecanismos formais para influenciar as decisões do HMJEH e é representado por 1 líderes da comunidade. DOMINANTES (PODER E LEGITIMIDADE) – tem mecanismos formais para influenciar as decisões do HMJEH e é representado por líder 2 da comunidade. DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para 3 serem atendidos. DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para 4 serem atendidos. DEPENDENTE (PODER E URGÊNCIA) – não possuem legitimidade e seu poder depende de outros stakeholders ou gestores da organização para 5 serem atendidos. DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas. 6 DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas. 7 DEFINITIVO (PODER, LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – são os que têm prioridade no atendimento de suas expectativas. 8 PERIGOSO ( LEGITIMIDADE E URGÊNCIA) – tem o poder de influenciar a organização por meio de coerção. 9 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 10 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 11 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 12 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 13 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 14 RECLAMANTE (URGÊNCIA) – pode atrair a atenção do gestor pela exigência de ser atendido. 15 DISCRICIONÁRIO (LEGITIMIDADE) – legitimidade construída por meio de um sistema de normas. 16 ADORMECIDO (PODER) – influencia na decisão sob forma utilitária, no provimento de recurso ao HMJEH. 18 Fonte: Dados de Pesquisa STAKEHOLDERS Conselho Municipal de Saúde de Maracanaú Secretaria de Saúde de Maracanaú Comunidade Pacientes/Familiares Fornecedores/Prestador es de Serviços Alta Administração Corpo Clínico Colaboradores Tribunal de Contas do Município – Ceará Conselho Regional de Medicina Conselho Federal de Medicina Ministério Público do Ceará Governo/ANS Prefeitura de Maracanaú Mídia Local Secretaria de Saúde do Estado do Ceará Outros hospitais A fase seguinte da pesquisa contemplou a aplicação do Método MACTOR (Matriz de Alianças e Conflitos: Táticas, Objetivos e Recomendações), gerando o Quadro de Estratégia dos stakeholders, que contempla em sua diagonal os objetivos, os problemas e os meios para atingir estes objetivos. Nas linhas do Quadro de Estratégias, foram colocadas as demandas e expectativas de cada um dos stakeholders, sobre os demais. 118 Com base nesta matriz, observa-se que a Secretaria da Saúde do Município tem por objetivo programar, financiar e fiscalizar os serviços prestados aos usuários do HMJEH, para garantir atendimento pleno de saúde à população, com qualidade e resolutividade. Porém os recursos financeiros do município destinados ao custeio e investimento do hospital, não são suficientes para atender a demanda existente. Assim a Secretaria precisa melhorar seu planejamento no segmento de saúde, encontrando alternativas para minimizar os problemas decorrentes da carência de profissionais de saúde no mercado e do aumento de demanda de serviços em saúde, ocasionado, inclusive, pelo aumento da expectativa de vida da população. Para contornar todas essas dificuldades e atingir seus objetivos, a Secretaria precisa articular junto aos órgãos competentes um aumento nos repasses de recursos financeiros e planejar melhor sua aplicação. Mas em relação aos demais stakeholders, a SSM se posiciona da seguinte maneira: a) Alta administração – A SSM demanda da alta administração do Hospital que aumente o número de atendimentos e otimize a utilização dos recursos disponíveis; b) Corpo clínico – A SSM tem a expectativa de que o corpo clínico agilize o atendimento e eleve o nível de satisfação dos usuários; c) Colaboradores – A SSM demanda dos colaboradores do hospital a melhoria da qualidade da prestação de serviços e o aumento do nível de satisfação dos usuários; d) Fornecedores – A SSM requer dos fornecedores que forneçam produtos de qualidade com custo adequado e tenham presteza na entrega; e) Pacientes/Familiares – A SSM solicita aos paciente/familiares que utilizem de forma racional os recursos e serviços disponibilizados pelo hospital e que colaborem na fiscalização da qualidade dos serviços prestados pela instituição; f) Comunidade – A SSM deseja que a comunidade se dirija ao hospital somente para atendimento de nível secundário e que dê atenção aos programas de prevenção de doenças do MS; g) TCM – A SSM deseja do TCM maior atuação nas ações de orientação e educação no uso dos recursos públicos para o HMJEH e forneça relatórios de auditoria operacional para subsidiar os gestores do hospital no desempenho de suas atividades. Pela análise do Quadro 24, das Estratégias, pode-se observar que a alta administração espera que os cidadãos usuários do hospital se mobilizem e reclamem por 119 melhores serviços, exigindo mais recursos dos cofres públicos para investimento em infraestrutura e contratações de médicos, visando a melhoria no atendimento. O Quadro de Estratégias ainda revela as dificuldades da gestão de pessoas no hospital, o que se reflete na insatisfação manifestada pelas diferentes equipes de trabalho motivada, dentre outros aspectos, por um pretenso tratamento diferenciado dado ao corpo clínico. Foi relatado ainda, insatisfação dos profissionais em relação à alta administração, explicada, em parte, pela percepção da prática de um modelo de gestão centralizador. 120 QUADRO 24: Jogos de Atores do HMJEH O JOGO DOS ATORES DO HMJEH AÇÃO DE SOBRE ALTA DIREÇÃO CORPO CLÍNICO COLABORADORES FORNECEDORES 1. Pressão para agilizar o atendimento dos usuários. 2. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários. 1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários. 2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços. 1. Pressão para fornecer produtos de qualidade com baixo custo. 2. Agilidade no fornecimento e qualidade dos produtos e serviços prestados. OBJETIVO: Garantir atendimento de qualidade, com resolubilidade e satisfação dos usuários. Ter eficiência nos processos. Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa. PROBLEMA: Limitação de recursos finaceiros, falta de profissionais no mercado e necessidade de capacitação gerencial e técnica. MEIOS: Adequar a equipe de profissionais do HMJEH e investir em capacitação. 1. Compromisso com a missão e visão do hospital. 2. Melhorar a qualidade na prestação de serviços. 1. Melhorar a qualidade na prestação de serviços. 2. Melhorar o sistema de informações e estatistica. 1. Provimento de produtos e serviços de qualidade, com preços justos. 1. Implantação do PCCS. 2. Melhores condições de infraestrutura física, pessoal e material para o execução dos serviços. OBJETIVO: Melhorar a qualidade na prestação dos serviços. Gestão participativa. PROBLEMA: Deficiência nas condições física, no quadro de pessoal e no fornecimento de material para a prestação dos serviços. MEIOS: Gestão participativa no planejamento e controle das diretrizes, objetivos e metas do HMJEH, capacitar as equipes de serviços e corpo clínico e otimizar os processos. 1. Capacitação continuada e comprometimento com a qualidade na prestação dos serviços. 1. Garantia de entrega de produtos e serviços no prazo com controle de qualidade. OBJETIVO: Melhores condições de trabalho com isonomia de salários e benefícios, estabilidade no emprego e instalações físicas e equipamentos adequados. PROBLEMA: Deficiência na qualificação técnica e na disponibilidade de recursos financeiros para o HMJEH. MEIOS: Reduzir a terceirização de serviços, investir em capacitação e articulação para melhoria de contratação e das condições de trabalho. 1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade. 2. Ética e presteza no atendimento das solicitações do HMJEH. SECRETARIADASAÚDE 1. Pressão para aumentar o número de atendimento. 2. Pressão para otimizar os gastos, com transparência na aplicação dos recursos. ALTADIREÇÃO OBJETIVO: Programar, financiar e fiscalizar os serviços prestados à população dos municípios atendidos,visando a melhoria dos serviços, com resolubilidade. PROBLEMA: Orçamento insuficiente para atender às necessidades de investimento em saúde, falta de planejamento, carência de profissionais no mercado, aumento da demanda por serviços de saúde, aumento da expectativa de vida da população. MEIOS: Articular junto aos órgãos competentes aumento nos repasses de recursos financeiros e fazer planejamento estratégico. 1. Articulação e pressão junto às instâncias superiores para o aumento de 1. Pressão junto aos órgãos competentes recursos para o setor de saúde. para alocação de mais recursos para o 2. Estalecer e fortalecer serviços HMJEH. orientados a promoção de saúde de forma sustentável. 3. Maior autonomia para gerir o HMJEH. CORPOCLÍNICO 1. Espera que o HMJEH seja atendido com produtos de qualidade e preços justos. 1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH. 2. Fortalecimento das unidades de 1. Ações conjunta com a comunidade atendimento básico de saúde. para reivindicação de mais recursos para 3. Maior investimento nos programas de o setor de saúde. prevenção das doenças. 4. Articulação junto à Prefeitura para a melhoria do saneamento básico do município. COLABORADORES 1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários. 2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços. 1. Maior interação de seus membros com a sociedade visando o aumento de recursos para a saúde. 2. Apoio na fiscalização da gestão de pessoas no HMJEH. 1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH. 2. Fortalecimento das unidades de atendimento básico de saúde. 3. Provimento de pessoas para adequação da força de trabalho do HMJEH. 1. Implantação do PCCS, com isonomia da força de trabalho. 2. Aumento de oportunidades de capacitação. 3. Melhores condições de infraestrutura física, pessoal e material para a execução dos serviços. 4. Gestão participativa. 1. Melhoria na comunicação interna. 2. Melhoria do clima organizacional. FORNECEDORES 1. Pressão para elevar o nível de satisfação dos usuários. 2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços. 1. Fiscalização visando garantir os recursos para o setor de saúde do município. 1. Pressões para garantia de recursos para o pagamento das faturas de produtos e serviços prestados. 1. Agilidade na aquisição de produtos e serviços e no processo de pagamento das faturas. 2. Gerenciamento da qualidade de produtos e serviços dos fornecedores do HMJEH. 1. Atualização no conhecimento de novos 1. Atualização no conhecimento de novos PROBLEMA: Burocracia na administração pública e processo de compras mal definido no produtos do mercado. produtos do mercado. HMJEH. 2. Ética e responsabilidade profissional. 2. Ética e responsabilidade profissional. PACIENTES/FAMILIARES 1. Pressão para ampliar e melhorar o acesso aos serviços do hospital. 2. Pressão para melhorar a qualidade na prestação de serviços. 1. Mobilização para a garantia de recursos na prestação de serviços de saúde. 2. Fiscalização visando a ampliação do atendimento de qualidade, para a população. 3. Promova o Controle Social na utilização de recursos na saúde. 1. Atendimento de qualidade com foco na humanização. 2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital. 3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH. 4. Provimento de serviços médicos, acomodações e alimentação de qualidade. 1. Alto nível de satisfação com o atendimento recebido. 2. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos. 1. Atendimento de qualidade com foco na 1. Ética e responsabilidade no humanização. 2. Alto nível de satisfação com os fornecimento de produtos e serviços. serviços recebidos. 3. Agilidade e respeito no atendimento. COMUNIDADE SAÚDE SECRETARIA DA SAÚDE 1. Pressão relacionada à liberação de mais recursos para a saúde. 2. Pressão relacionada as diretrizes de atuação do HMJEH. 1. Exerça de forma efetiva seu papel de representante da sociedade nos interesses da saúde. 1. Exerça de forma efetiva o seu papel de 1. Garantia de recursos financeiros e entidade responsável pela defesa dos humanos para o bom funcionamento do interesses da sociedade, em relação à HMJEH. saúde pública. 1. Atendimento de qualidade com foco na humanização. 2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital. 3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH. 4. Provimento de serviços médicos, acomodações e alimentação de qualidade. 5.Transparência na aplicação dos recursos do HMJEH. 1. Alto nível de satisfação com o atendimento recebido. 2. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos. 1. Agilidade e qualidade nos serviços recebidos, com foco na humanização. 1. Ação mais efetiva na mobilização da sociedade e na definição das diretrizes de saúde para o município. 2. Rigor na fiscalização da aplicação dos recursos destinados à saúde no município. 3. Pressão no controle do meio ambiente. 1. Atender bem e de forma humanizada a população, garantindo seus direitos 1. Agilidade e qualidade nos serviços constitucionais. prestados à população. 2. Oferecer soluções completas para o 2. Ética profissional. cidadão usuário, sustentada pela 3. Otimização dos recursos disponíveis. assistência integral. 3. Responsabilidade socioambiental. MUNICÍPIO TRIBUNALDECONTASDO CONSELHO MUNICIPALDE CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE OBJETIVO: Poder de definir e fiscalizar as diretrizes de atuação do HMJEH. PROBLEMA: Falta de recursos e dificuldade em fazer articulação política. MEIOS: Maior aproximação das instâncias governametais e melhor representatividade da sociedade. 1. Garantia de recursos para o bom funcionamento do HMJEH. 2. Diversificação de serviços a serem prestados no hospital. 3. Aumento no número de atendimentos do HMJEH. 4. Concurso público para a adequação do quadro de servidores do hospital. 1. Planejamento e controle dos investimentos realizados com recursos destinados à área de saúde. 2. Responsabilidade socioambiental. 3. Estalecer e fortalecer serviços orientados a promoção de saúde de forma sustentável. OBJETIVO: Garantia do fornecimento de produtos e serviços e pagamentos nos prazos previstos. MEIOS: Padronzição dos procedimentos, planejamento e controle da qualidade dos fornecedores do hospital. 1. Responsabilidade na prestação de serviços aos cidadãos e uso racional dos recursos disponíveis. 1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade. 2. Ética e honestidade no fornecimento de produtos e serviços. 1. Fornecimento de produtos e serviços de qualidade, com preços justos. 2. Honestidade e transparência na execução dos contratos. Fonte: Dados de Pesquisa 121 Porém, a principal constatação dessa análise foi a de que todos os stakeholders desejam que a melhoria na qualidade da prestação de serviços seja o principal objetivo da instituição, o qual é também compartilhado pelos profissionais que compõem a força de trabalho do hospital. Na etapa seguinte, foram identificados os desafios estratégicos como resultado da análise do Quadro de Estratégia de Atores. Esses desafios estratégicos, impostos pela interação dos atores e os objetivos de cada um deles para a superação destes desafios, estão apresentados no Quadro 25. A partir dessas informações, pode-se analisar as implicações das relações entre os atores, favorecendo a formulação de estratégias para viabilizar os objetivos a serem perseguidos. DESAFIOS QUADRO 25: Desafios Estratégicos e Objetivos Associados OBJETIVOS ASSOCIADOS ESTRATÉGICOS Ser um hospital de excelência e humanização na assistência à saúde do paciente. O1 Melhorar a qualidade na prestação de serviços. O2 Melhorar o acesso aos serviços. O3 Agilizar o atendimento de usuários. O4 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa. Manter política de desenvolvimento e valorização dos colaboradores. O5 Fortalecer o desempenho individual orientado para resultado. O6 O7 Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços, com foco na humanização. Prover gestão participativa para resultados. Ter gestão profissional e eficiente na utilização dos recursos e orientada para resultados. O8 Padronizar e controlar os processos. O9 Melhorar o sistema de comunicação. O10 Sistematizar o uso de ferramentas de gestão. O11 Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada. O12 Ampliar a utilização de recursos tecnológicos. O13 Melhorar o sistema de informações e estatísticas – SAME. O14 Melhorar o clima organizacional. O15 Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital. O16 Garantir o suprimento de produtos e serviços de qualidade. O17 Aumentar os recursos financeiros para custeio e investimento. O18 Otimizar gastos. O19 Promover ações de responsabilidade O20 socioambiental. Fonte: Dados da Pesquisa Prover transparência da alocação e utilização dos recursos. Implementar política de responsabilidade socioambiental. 122 Dando sequência aos procedimentos do Método MACTOR, foram avaliadas as convergências, divergências e neutralidades quanto aos objetivos apresentados no Quadro 25. O resultado dessa investigação está registrado no Quadro 26, Matriz de Atores e Objetivos (MAO). As células da matriz podem assumir valores -1, que representa divergência ou discordância; 0, neutralidade e +1, que significa convergência ou concordância. Na MAO, as duas últimas colunas do Quadro 26, expressam o número de convergências (S+) e divergências (S-) de cada ator em relação aos objetivos identificados. Por outro lado, as duas últimas linhas apresentam a quantidade de atores que concordam ou discordam em relação a um dado objetivo. Dos vinte objetivos relacionados, onze receberam concordância unânime dos stakeholders. Os outros nove objetivos tiveram concordância ou posições de neutralidade. Grande parte dessas posições de neutralidade foi manifestada por fornecedores, pelos pacientes e pela comunidade. Baseado nessas informações, pode-se adiantar que não existem conflitos entre os atores quanto aos objetivos apresentados. Dentre todos os stakeholders, os fornecedores foram os que apresentaram mais posições de neutralidade, revelando alheiamento a objetivos que não se referem diretamente a seus interesses específicos. Quanto aos objetivos, a menor convergência de interesses na MAO ocorreu em relação ao Objetivo 10, que trata da sistematização do uso de ferramentas de gestão. Esse resultado pode representar dificuldade dos atores em identificar os benefícios da melhoria da gestão para a maior eficiência e eficácia do Hospital, redundando em expansão e melhoria da qualidade da assistência. Portanto, baseado nesses resultados, pode-se concluir que, a despeito dos pontos fracos e dificuldades enfrentadas pelo Hospital, e das insatisfações registradas nos questionários de pesquisa, não há comprometimento do grau de aceitação dos objetivos estratégicos da organização. 123 QUADRO 26: Matriz dos Atores x Objetivos (MAO) ATORES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 S+ S- A1 1 A2 1 A3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 20 20 0 0 0 A4 A5 A6 A7 A8 A9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20 20 12 20 18 20 0 0 0 0 0 0 S+ 9 9 9 7 8 8 8 9 8 6 9 9 8 8 8 9 9 9 9 9 S- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Fonte: Dados da Pesquisa Nota: A descrição dos objetivos pode ser vista no Quadro 25 0 0 0 0 0 0 0 0 0 OBJETIVOS Conselho Munic. Sec. Saúde Alta Adm. Corpo Clin. Colabor. Fornecedor Pacientes/F. Comunidade TCM 5.6 Apresentação das Definições Estratégicas Para validar as etapas da metodologia já realizadas como a análise de SWOT, a análise dos stakeholders e da matriz de MAO, foi realizada uma reunião com os gestores estratégicos do HMJEH para validar a Missão e Visão da organização, além dos desafios definidos no Quadro 25 - Desafios Estratégicos e Objetivos Associados. A seguir são descritos esses desafios estratégicos e apresentados suas fundamentações obtidas em pesquisa: a) Ser um hospital com excelência e humanização na assistência à saúde do paciente - Todos os stakeholders do HMJEH manifestaram preocupação com a elevação do nível de satisfação dos usuários com os serviços prestados pelo hospital, resultado que torna prioritária a medição dessa satisfação e das ações necessárias a elevação do grau percebido pelos usuários. Um exemplo desse tipo de preocupação pode ser ilustrado pelo depoimento do Pesquisado No. 28: “Precisa melhorar a qualidade na prestação de serviços. Falta capacitação. Precisa de maior número de funcionários e falta corpo clinico.” 124 Dentre as ações identificadas, foram priorizadas a melhoria na qualidade dos serviços prestados, a agilização do atendimento e, também, maior acessibilidade aos serviços. Em relação à acessibilidade, há problemas na infraestrutura física do hospital dificultando o acesso dos pacientes aos locais de atendimento, além de deficiência de comunicação visual, necessitando de investimento em sinalização e na divulgação de informações para melhor orientação dos usuários, conforme as opiniões a seguir: • “Problema de acesso aos serviços. Dificuldade de acesso nas dependências do hospital. Falta de informações sobre os serviços além do tratamento inadequado dos servidores com os usuários.” (Pesquisado 17) • “Faltam instrumentos para a divulgação dos serviços para o público interno e externo ao hospital.” (Pesquisado 18) O projeto que possibilita o hospital tornar-se uma instituição de ensino e pesquisa, também aparece como uma grande oportunidade no sentido de melhorar a qualidade dos serviços prestados, pois irá favorecer de forma rápida a qualificação profissional de toda a força de trabalho, produzir conhecimento de valor científico, assim como irá prover melhorias em suas instalações, e também, propiciar a atualização dos recursos tecnológicos. b) Manter políticas de desenvolvimento e valorização dos colaboradores – Foi sugerido que para melhorar a qualidade na prestação de serviços seria fundamental o investimento na qualificação da força de trabalho da instituição, implementando política de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização. Também foi colocada, como forma de incentivar a incorporação dos princípios da qualidade e da humanização nos processos de trabalho, a adesão do hospital em programas criados em nível nacional, pelo Ministério da Saúde. Os depoimentos abaixo apóiam a necessidade do programa de qualificação voltado para a humanização das práticas hospitalares, dentre outros objetivos. • “Descaso dos funcionários com a enfermidade dos pacientes e familiares. Falta de explicação dos médicos ao tratamento adequado e má informação nas recepções de emergência e do CEO.” (Pesquisado 18) • “Necessita que haja realmente pessoas qualificadas e com senso de humanização.” (Pesquisado 33) 125 • “Ausência de políticas que viabilizem a aplicabilidade de assistência igualitária e humanizada.” (Pesquisado 40) c) Ter gestão profissional e eficiente na utilização de recursos e orientada para resultados – Os depoimentos a seguir enfatizam a necessidade de melhorias na gestão do hospital, incluindo a prática de modelos mais participativos, com o envolvimento dos colaboradores do hospital e de outros stakeholders. • “Falta recursos financeiros para investir em ferramentas de gestão.” (Pesquisado 8) • “Ausência de gerenciamento nos setores e nas clínicas.” (Pesquisado 14) • “A dificuldade da gestão participativa vem da cultura organizacional, que sofre muita interferência política tendo que muitas vezes contratar pessoas despreparadas tecnicamente para assumir os cargos.” (Pesquisado 16) • “O atual modelo de gestão não propicia a gestão participativa. Seria bom criar um conselho local, no hospital, com a participação de funcionários e usuários.” (Pesquisado 18) Em relação à necessidade de melhoria dos processos, foi proposta a otimização dos principais processos, criando padrões e definindo indicadores para o melhor monitoramento dos resultados. Na pesquisa, 24% dos consultados que se manifestaram em relação à gestão, priorizaram essa atividade. Manifestações a respeito são ilustradas abaixo: • “Há excesso de burocracia, personalização no fluxo, além de desqualificação do servidor.” (Pesquisado 7) • “Inexistência de documentação dos procedimentos.” (Pesquisado 22) • “Baixa capacidade gerencial para exercer os papéis de gestão e controle.” (Pesquisado 41) Outra questão também priorizada, relacionada com o modelo de gestão, foi a necessidade de se manter um clima organizacional satisfatório (19%), afetado atualmente por vários fatores como: problemas de comunicação, ausência de Plano de Cargos e Carreira para os servidores, deficiência na política de valorização do servidor, conforme se depreende das contribuições transcritas a seguir: • “Existe muita dificuldade na comunicação interna do hospital. Também há um déficit na política de valorização do servidor.” (Pesquisado 17) • “Existe muita insatisfação com a diferenciação entre as categorias de servidores. Seria bom que tivesse uma equiparação no tratamento.” (Pesquisado 20) 126 A tecnologia foi lembrada como suporte para a melhoria das atividades no hospital. Seu uso no hospital tem se tornado imprescindível e, de fato, isso se comprova quando 31% dos pesquisados priorizaram ações relativas à ampliação e utilização de recursos tecnológicos, sendo que 70% desses respondentes são profissionais da casa. Essas expectativas são enfatizadas nas opiniões abaixo: • “Falta de informatização na organização, com computadores obsoletos, falta de equipamentos e ausência de rede lógica.” (Pesquisado 8) • “Ausência de infraestrutura física e lógica da rede e a inexistência de equipamentos que atendam a demanda existente.” (Pesquisado 19) O planejamento no suprimento de produtos e serviços no HMJEH foi identificado na pesquisa como fundamental para viabilizar a prestação de serviços de qualidade para os cidadãos usuários 32% dos consultados disseram que o fornecimento de produtos e serviços de qualidade, nos prazos definidos em contratos, era necessário para a execução das atividades no hospital. Depoimentos exemplificativos dessas manifestações são apresentados a seguir: • “Falta de verbas ou recursos financeiros para fornecer tratamento (ex. medicamentos, curativos, soros).” (Pesquisado 27) • “Existe problema de reutilização de materiais que deveriam ser descartáveis e falta de medicamentos adequados.” (Pesquisado 30) • “Faltam recursos financeiros para suprimento de material e medicamento no hospital.” (Pesquisado 31) • “Pedido de material insuficiente para o que precisa.” (Pesquisado 38) Após a elevação do nível de satisfação dos usuários com a prestação de serviços do hospital, a gestão financeira efetiva foi indicada como a segunda maior prioridade, por 56% dos pesquisados, sendo que 52% desses stakeholders consultados eram servidores do hospital e 48% eram pessoas externas ao HMJEH. Pode-se concluir que o problema da escassez de recursos financeiro no hospital é de conhecimento de todos e uma preocupação geral, pois muitas ações relativas à melhoria dos serviços do hospital dependem de aumento no orçamento. As alternativas sugeridas para solucionar o problema são: articulação da alta administração do hospital junto às instâncias políticas superiores; mobilização da sociedade junto ao conselho municipal de saúde, à prefeitura de Maracanaú e as prefeituras dos municípios atendidos pelo HMJEH e melhoria no controle dos prontuários. Evidências das 127 preocupações dos stakeholders com as carências financeiras do Hospital são apresentadas a seguir: • “Falta de priorização da saúde por parte da Prefeitura e do Estado.” (Pesquisado 15) • “Falta de prioridade dos segmentos públicos externos ao município, sobre o HMJEH. Falta de participação dos gestores nas instâncias de definição e distribuição de recursos.” (Pesquisado 20) • “Ausência de planejamento para a captação de recursos financeiros.” (Pesquisado 23) • “Escassez de recursos próprios da Prefeitura e subsídio do Ministério da Saúde está defasado.” (Pesquisado 32) d) Responsabilidade Social – As ações de responsabilidade social de instituições hospitalares visam priorizar e viabilizar o tratamento preventivo de tudo aquilo que a organização pode causar de negativo, direta ou indiretamente, à sociedade e aos ecossistemas, em decorrência de seus produtos, de seus processos e de suas instalações. Dessa forma, apesar de não ter aparecido nas pesquisas ações visando atender esse desafio devido à limitação de escolhas de objetivos no formulário, na oficina de autoavaliação essa pauta foi muito debatida tendo sido inclusive sugeridas ações imediatas do hospital, que foram definidas em seus Planos de Ação, conforme as sugestões abaixo: • “O processo de reciclagem de resíduos deverá envolver todos os setores do hospital. Coleta seletiva com identificadores de resíduos (papel, vidro, plástico e resíduo orgânico).” • “A limpeza da área externa deverá ocorrer com agenda específica e datas determinadas.” 5.7 Construção do Mapa Estratégico e dos Indicadores A fase seguinte da metodologia foi a construção do Mapa Estratégico baseado nos objetivos derivados dos desafios estratégicos. Estes objetivos foram agrupados em quatro perspectivas, quais sejam: sustentabilidade, aprendizado e crescimento, modernização administrativa e stakeholders, todos levantados a partir da contribuição das partes interessadas nos resultados da instituição. 128 No Mapa Estratégico esses objetivos foram conectados por relações de causa e efeito, dentro da concepção do BSC, mostrando como eles vão contribuir para o alcance da Missão e Visão do HMJEH (Figura 13), bem como para nortear as ações a serem trabalhadas na obtenção dos resultados. Na contextualização das quatro perspectivas do Mapa Estratégico, descritas abaixo, estão incluídas também as descrições dos indicadores que foram definidos para cada um dos objetivos estratégicos. a) Perspectiva dos Stakeholders – A primeira perspectiva do Mapa Estratégico do HMJEH é denominada de Stakeholders e nessa perspectiva estão contemplados: os cidadãos usuários e seus familiares; a força de trabalho do hospital composta pela alta administração, corpo clínico e colaboradores; instituições públicas como Secretaria Municipal de Saúde, Tribunal de Contas do Município - TCM e o Conselho Municipal de Saúde - CMS; e por fim, a comunidade. Nessa perspectiva, a satisfação dos usuários é considerada, por todos os stakeholders, como objetivo prioritário. Para atingir essa satisfação a instituição deverá melhorar sua infraestrutura, otimizar seus processos, investir em tecnologia, capacitar seus técnicos e gestores, melhorar a qualidade técnica, gerenciar o risco clínico, além de aprimorar e agilizar o atendimento do paciente, ações previstas nas outras perspectivas do BSC do HMJEH. Para que tudo isso aconteça, o hospital deve ter garantido recursos financeiros suficientes para apoiar a execução de todas essas ações de melhoria. Logo, a perspectiva dos Stakeholders é o resultado final do desempenho obtido nos objetivos das demais perspectivas do Mapa Estratégico. No Quadro 27, são apresentados os indicadores para a perspectiva Stakeholders: QUADRO 27: Descrição dos Indicadores da Perspectiva dos Stakeholders OBJETIVO Melhorar a qualidade na prestação de serviços. DESCRIÇÃO DO OBJETIVO Prever e suprir as demandas dos cidadãos usuários, de forma plena, ágil e eficaz. NOME DO INDICADOR Índice de satisfação dos usuários. FÓRMULA DE CÁLCULO Pesquisa de opinião sobre satisfação. Percentual de reclamações da Ouvidoria. (Quantidade de reclamações / Total de registros de atendimentos) x 100 Fonte: Dados da Pesquisa 129 b) Perspectiva da Modernização Administrativa – Para dar destaque ao aprimoramento da gestão, foi criada a perspectiva da Modernização Administrativa por se tratar de um processo chave para tornar o hospital mais ágil, orientado para resultado e com foco na satisfação de seu cidadão usuário. Os objetivos dessa perspectiva interferem de forma direta nos resultados a serem alcançados na perspectiva superior, dos stakeholders, e foram agrupados em três macros objetivos: Excelência Operacional, Excelência Clínica e Gestão Profissional. Todos esses objetivos têm como estratégia o desenvolvimento de melhores serviços, com ganhos de eficiência em termos de rapidez, flexibilidade, qualidade e otimização de recursos. Nessa perspectiva foi priorizada a necessidade de otimizar os processos finalísticos e de apoio, devendo estes serem racionalizados, padronizados e controlados por meios de indicadores. Como requisito básico para a garantia de satisfação dos usuários do hospital foi colocados como Excelência Clínica os objetivos relacionados ao atendimento clínico, contemplando a agilidade do atendimento, a qualidade técnica da assistência e o gerenciamento dos riscos associados à ação direta ou indireta dos profissionais em relação aos cuidados de saúde. Também foi colocada, a necessidade da garantia do fornecimento de produtos e serviços de qualidade, nas quantidades e nos prazos estabelecidos, uma vez que sem isso não há como se fazer assistência à saúde que atenda as expectativas dos stakeholders. Também, deve-se cuidar de prover e manter infraestrutura adequada para a prestação desses serviços. Como base para a execução eficiente dos processos, encontra-se a força de trabalho do HMJEH, que deverá estar motivada por meio de delegação de responsabilidades, compartilhamento de decisões, ações de capacitação e integração. Como a força de trabalho é responsável pelos resultados da organização, é fundamental ainda, que se defina um perfil mínimo de qualificação técnica para cada posto de trabalho do hospital e que sejam definidas metas para avaliação de desempenho. Finalizando essa perspectiva foi colocado ainda, como objetivo estratégico, a gestão participativa, com política de valorização dos servidores e reconhecimento por 130 resultados, que propiciará o atendimento das metas definidas e acordadas com as gerências imediatas, contribuindo para o alcance das metas institucionais. A cultura de gestão profissional deverá ser estabelecida por meio da sistematização do uso de ferramentas de gestão, que deverão ser avaliadas com base na quantidade de novas técnicas e práticas de gestão implementadas na instituição. No Quadro 28, a seguir, estão descritos os indicadores definidos para essa perspectiva. QUADRO 28: Descrição dos Indicadores da Perspectiva da Modernização Administrativa OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO INDICADOR FÓRMULA DE CÁLCULO Padronização e controle dos processos. Diagnosticar, analisar e racionalizar os principais processos e procedimentos, definir indicadores e monitorar os resultados. Percentual de processos estruturados e controlados. (Número de processos estruturados e implantados/ Total de processos existentes) x 100 Garantir o suprimento de produtos e serviços de qualidade. Atender as demandas com excelência na qualidade, nas quantidades e prazos previstos. Percentual de solicitações atendidas com excelência. (Número de solicitações atendidas com excelência/ Total de solicitações registradas) x 100. Sistematizar o uso de ferramentas de gestão. Implementar técnicas e práticas de gestão visando habilitar a instituição à prestar serviços de excelência, no cumprimento de sua missão. Medir o quantitativo de técnicas ou práticas de gestão implementadas. Somatório de técnicas ou práticas de gestão implementadas. Prover gestão participativa para resultados. Gerir pessoas para somar esforços e potencializar resultados, por meio de delegação de responsabilidades, compartilhamento de decisões, ações de capacitação, valorização e integração. Grau médio de consecução dos objetivos. Média dos percentuais de alcance de metas estabelecidas para os objetivos estratégicos. Aprimorar e agilizar o atendimento do paciente. Planejar, sistematizar e agilizar o atendimento dos cidadãos usuários. Tempo médio de espera para atendimento por tipo de serviço (consulta internamento, exame). Média mensal do tempo de espera por tipo de serviço e/ou local de atendimento. Melhorar a qualidade técnica e gerenciar o risco clínico. Buscar implementar melhorias por meio de novas práticas e monitorar os riscos associados à ação direta ou indireta dos profissionais, resultante da ausência/deficiência de políticas e ações organizadas na prestação de cuidados de saúde. • Inovação em serviços e em condutas médicas. • Percentual de complicações ou intercorrências. • Taxa média de infecção hospitalar. • Taxa de mortalidade institucional. • Número de melhorias ou Novas práticas implementadas. • (Número de complicações ou intercorrências / Total de pacientes) x 100 • (Número de infecções / Total de pacientes) x 100 • (Número de óbitos institusinal / Total de óbitos) x 100 Fonte: Dados da Pesquisa 131 c) Perspectiva do Aprendizado e Crescimento – Nessa perspectiva foram definidos três macros processos que são Desenvolvimento de Competências, Clima Organizacional e Tecnologia e Conhecimento. No desenvolvimento de competências, o Plano de Capacitação deve ser elaborado considerando-se a visão da instituição, a qualificação técnica exigida para as funções existentes no hospital e a formação técnica dos colaboradores. Esse plano deve contemplar toda a força de trabalho do hospital de forma irrestrita, tantos gestores como servidores, adequando o nível do treinamento e a carga horária às necessidades de cada um deles. O indicador desse objetivo é medido com base no número de horas/aula. Prover um ambiente de trabalho motivador e desafiador irá melhorar o clima organizacional, o que resultará numa equipe mais comprometida com a visão e missão da instituição. Também deverão ser definidos procedimentos para melhorar a comunicação da instituição, tanto entre as áreas do hospital como para a comunidade em geral. A utilização de tecnologia deve ser incentivada por meio da disponibilização de equipamentos modernos de TI e da aquisição de novos recursos tecnológicos para procedimentos clínicos. Além disso, para garantir a disponibilidade de indicadores, será necessária a implementação de sistemas informatizados eficazes que permitam a produção e compartilhamento de informações, para todos os níveis gerenciais. Os sistemas deverão prover ambientes para registro, tratamento e recuperação de informações gerenciais (indicadores) e assistenciais (prontuário eletrônico), em tempo hábil, permitindo assim a melhoria na tomada de decisões por parte dos gestores. Além disso, a qualificação do HMJEH como um hospital de ensino e pesquisa, irá colaborar para elevar o nível de satisfação dos cidadãos usuários, uma vez que ampliará as oportunidades de capacitação e desenvolvimento profissional para os servidores, irá prover aumento no quantitativo da força de trabalho, e contribuirá para a captação adicional de recursos financeiros. Os indicadores desses objetivos estão descritos no Quadro 29: 132 QUADRO 29: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Aprendizado e Crescimento OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços, com foco na humanização. Prover ambiente de trabalho motivador e desafiador. Capacitar continuamente gestores para liderar e operar mudanças e o corpo técnico para melhor execução das atividades. Promover ações que incentive o trabalho em equipe, a valorização do servidor e o alcance dos resultados esperados. NOME DO INDICADOR Percentual de Capacitação de lideranças e de equipes de serviços. Grau de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores. Índice de Rotatividade (Turn over) Índice de absenteísmo Melhorar o sistema de comunicação. Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada. Ampliar a utilização de recursos tecnológicos. Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa. Desenvolver mecanismos de melhoria na comunicação interna do hospital de forma que as informações sejam confiáveis e disseminadas de forma ágil, chegando à todos da instituição. Investir na aquisição de novos equipamentos, substituindo os que estão obsoletos e garantir a correta manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos instalados. Informatizar todas as áreas do hospital, investindo no desenvolvimento de sistemas de apoio administrativo, financeiro e sistemas de informações hospitalares, além da aquisição de equipamentos com novas tecnologias para serem utilizados nos procedimentos clínicos. Preparar infraestrutura, capacitar corpo técnico, padronizar procedimentos e providenciar documentação para ser credenciado junto ao MEC/MS, como hospital de ensino. FÓRMULA DE CÁLCULO (Número de servidores capacitados com no mínimo 40 horas anuais/Total de servidores) x 100 Pesquisa de Clima Organizacional (Número de substituições/ Total de colaboradores) x 100 (Número de faltas/dias úteis x total colaboradores) x 100 Índice de satisfação dos colaboradores com a comunicação. Pesquisa interna, por meio eletrônico, sobre a satisfação dos colaboradores em relação ao sistema de comunicação. Percentual de equipamentos disponíveis com tecnologia atualizada por equipamentos instalados. Modernização tecnológica do HMJEH. (Número de equipamentos com tecnologia atualizada/ Total de equipamentos instalados) x 100 Percentual das ações implementadas do plano de ação (PA) de credenciamento para hospital de ensino. (Números de ações implementadas do PA/Total de ações necessárias do PA para o credenciamento do hospital) x 100 Número de sistemas informatizados implantados e número de equipamentos com novas tecnologias adquiridos. Fonte: Dados da Pesquisa d) Perspectiva Sustentabilidade – Essa última perspectiva, a de Sustentabilidade, funciona como base de todo o Mapa Estratégico, pois as demais perspectivas são influenciadas diretamente por ela, uma vez que se trata de uma instituição pública, sem fins lucrativos, e cujos recursos se originam exclusivamente da receita do SUS e de aporte do Governo Municipal. O ingresso de recursos do SUS não tem sido suficiente para cobertura das despesas e para os investimentos na modernização do Hospital, o que requer aportes adicionais do Governo, que não têm sido viabilizados. Há, portanto, a necessidade de por em prática estratégias para ampliar a arrecadação do SUS, de outras fontes e do próprio Governo Local; 133 disso dependendo o Hospital para o cumprimento de seus objetivos estratégicos compreendidos pelas outras perspectivas. Paralelamente a isso, a Perspectiva de Sustentabilidade compreende ações de responsabilidade social, envolvendo a transparência da aplicação dos recursos para melhor controle, tanto dos órgãos competentes como também da sociedade, e a implantação das políticas de responsabilidade socioambiental para o hospital, visando a redução dos riscos ambientais para profissionais, pacientes e comunidade. No Quadro 30 são apresentados os indicadores dessa perspectiva. QUADRO 30: Descrição dos Indicadores da Perspectiva Financeira OBJETIVO Aumentar recursos financeiros para custeio e investimento. Otimizar gastos. DESCRIÇÃO DO OBJETIVO Articular com instâncias governamentais, parcerias com instituições de ensino e outras, visando a captação de recursos para o HMJEH, além de melhorar o registro dos serviços realizados. Assegurar a utilização racional de recursos materiais, orçamentários e financeiros. NOME DO INDICADOR Índice de crescimento de receitas. FÓRMULA DE CÁLCULO Receitas líquidas do ano / receitas líquidas do ano anterior * 100 Índice de pactuação. Valor produzido / valor pactuado Índice de glosa. Valor recebido / valor faturado pactuado Índice de gastos sobre receitas líquidas. ((Custos+despesas) / receitas líquidas) x 100 Percentual de Execução orçamentária. (Orçamento executado / Orçamento Planejado) x 100 Prover transparência na alocação e utilização de recursos. O controle social é a principal arma de pressão para se conseguir mais recursos dos governantes para investimento e custeio nos órgãos e entidades que prestam serviços diretos à população. Percentual de ações realizadas na divulgação da prestação de contas financeira e operacional do HMJEH. (Número de ações realizadas / Total de ações previstas) x 100 Implementar política de responsabilidade socioambiental. Definir políticas de responsabilidade socioambiental para o hospital e criar projetos com ações que visem prevenir e reparar os danos causados ao entorno hospitalar. Percentual de cumprimento das ações definidas para as políticas de responsabilidade socioambiental (Número de ações concluídas/Total de ações definidas) x 100 Fonte: Dados da Pesquisa Levando em conta todos os indicadores apresentados para as perspectivas propostas, bem assim a hierarquia entre elas, o Mapa Estratégico do Hospital foi construído, tendo a feição apresentada na FIGURA 15. 134 Visão Missão Visão: Ser um hospital de referência estadual na atenção secundária em saúde, com atividades consolidadas de ensino e pesquisa. Missão: Prover a assistência à saúde da população de Maracanaú e dos municípios integrantes da terceira região de saúde do Estado, por meio de serviços humanizados e de alta resolutividade. Perspectiva “Steakholders” Cidadão Usuário Equipe do HJMEH SMS ,TCM e CMS Comunidade Melhorar a qualidade na prestação de serviços Perspectiva Modernização Administrativa Excelência Operacional Garantir o suprimento de produtos e serviços de qualidade Padronizar e controlar processos Perspectiva Aprendizado e Crescimento Excelência Clínica Aprimorar e agilizar o atendimento do paciente Desenvolvimento de Competências Gestão Profissional Melhorar a qualidade técnica e gerenciar o risco clínico Prover gestão participativa por resultado Clima Organizacional Prover ambiente de trabalho motivador e desafiador Prover capacitação técnica para gestores e equipes de serviços, com foco na humanização Financeiro Melhorar o sistema de comunicação Sistematizar o uso de ferramentas de gestão Tecnologia e Conhecimento Ampliar a utilização de recursos tecnológicos Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa Responsabilidade Social Perspectiva Sustentabilidade Aumentar recursos financeiros (custeio e investimento) Otimizar gastos Prover transparência na alocação e utilização de recursos Implantar política de responsabilidade sócioambiental FIGURA 15: Mapa Estratégico do Hospital de Maracanaú 135 5.8 Metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores Para o acompanhamento dos indicadores de desempenho visando atender as expectativas dos stakeholders da instituição, há necessidade de se criar um sistema de informações confiável, que seja facilmente acessível e que contribua para mensurar os resultados e orientar a implementação da estratégia do hospital. Com base nas informações do Mapa Estratégico do HMJEH, a relação de interesses entre os stakeholders e os tipos de informações geradas pelos indicadores definidos nas várias perspectivas do BSC é apresentada no Quadro 31. QUADRO 31: Informações X Partes Interessadas Tribunal de Contas do Município X X X X X X X Comunidade X X X X X X X Pacientes/Familiares X X X X X X X X X X X X X X X X X Fornecedores Colaboradores X X X Corpo Clínico X X X X X X Alta Administração X X X Secretaria de Saúde do Município Tipo de Informação Satisfação do Usuário Qualidade clínica Aspectos Relativos às Pessoas Aspectos Relativos à Gestão Modernização Tecnológica Credenciamento Hospital de Ensino Aspecto Financeiro Responsabilidade Social Conselho de Saúde Municipal Partes Interessadas X X X X X X X Fonte: Dados da Pesquisa Para cada um dos objetivos estratégicos definidos no BSC devem ser pactuadas metas e implementadas as ações necessárias ao seu alcance. Para alguns desses objetivos haverá a necessidade de elaborar Planos de Ação para o alcance das metas cuja execução deverá, também, ser monitorada por meio de indicadores, de modo a propiciar o gerenciamento no alcance dos resultados, esperados para o HMJEH. O Quadro 32 contempla os indicadores relacionados às quatro estratégias do HMJEH, apresentando proposta de freqüência para análise desses indicadores e indicando suas posições em relação as perspectiva do BSC do hospital: 136 a) Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente - apresenta indicadores relacionados com a satisfação dos usuários e a qualidade clínica do hospital, localizados nas perspectivas Stakeholders e Modernização Administrativa; b) Desenvolvimento e valorização dos colaboradores – contempla indicadores relativos aos colaboradores e corpo clínico, e encontram-se nas perspectivas Aprendizado e Conhecimento e Modernização Administrativa; c) Gestão profissional - abrange a eficiente utilização de recursos e está orientada para resultados, contemplando indicadores relacionados à gestão, à modernização tecnológica, à aspectos financeiros e às ações de credenciamento do hospital pelo MEC e MS e encontramse nas perspectivas Aprendizado e Conhecimento, Modernização Administrativa e Sustentabilidade; e por último, d) Promoção de ações de responsabilidade socioambiental - com indicadores relativos as ações definidas para as políticas de responsabilidade socioambiental e transparência das ações administrativas, encontrando-se todas na perspectiva de Sustentabilidade. QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH DESAFIOS ESTRATÉGICOS TIPO DE INFORMAÇÃO Excelência e humanização na assistência à saúde do paciente Satisfação do Usuário Qualidade Clínica Desenvolvimento e valorização dos colaboradores Aspectos Relativos às Pessoas INDICADOR FREQUÊNCIA DE ANÁLISE BSC Índice de satisfação dos usuários. Mensal SH % Reclamações da Ouvidoria. Semanal SH Tempo médio de espera para atendimento por tipo de serviço (consulta, internamento, exame). Número de inovação em serviços e condutas médicas. % Complicações ou intercorrências. Taxa média de infecção hospitalar. Taxa de mortalidade institucional % Capacitação de lideranças e de equipes de serviços. Grau de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores. Índice de Rotatividade (Turnover). Semanal MA Trimestral MA Mensal Mensal Mensal Trimestral MA MA MA AC Semestral AC Semestral AC Índice de absenteísmo. Mensal AC Índice de satisfação do corpo clínico e dos colaboradores, com a comunicação. Grau médio de consecução dos objetivos. Semestral AC Trimestral MA 137 QUADRO 32: Principais Indicadores do HMJEH - continuação DESAFIOS ESTRATÉGICOS TIPO DE INFORMAÇÃO Gestão Profissional eficiente na utilização de recursos e orientada para resultados Aspectos Relativos à Gestão modernização Tecnológica Credenciamento como Hospital de Ensino Aspectos Financeiros INDICADOR FREQUÊNCIA DE ANÁLISE BSC % Processos estruturados e controlados. % Solicitações atendidas com excelência. Semestral Mensal MA MA Número de técnicas ou práticas de gestão implementadas. % Equipamentos disponíveis com tecnologia atualizada. Número de sistemas informatizados implantados e equipamentos com novas tecnologias. % Ações implementadas do plano de ação de credenciamento para hospital de ensino Semestral MA Semestral AC Semestral AC Mensal AC Índice de crescimento de receitas. Trimestral S Índice de pactuação. Trimestral S Índice de glosa. Mensal S Índice de gastos sobre receitas líquidas. Mensal S % Execução orçamentária. Trimestral S Responsabili- % Ações realizadas na divulgação da Semestral S Promoção de dade prestação de contas financeira e operacional ações de sóciodo HMJEH responsabilida ambiental de % Cumprimento das ações definidas para as Semestral S socioambiental políticas de responsabilidade socioambiental. Fonte: Dados da Pesquisa Legenda BSC: SH - Stakeholders, MA – Modernização Administrativa; AC – Aprendizado e Crescimento; S – Sustentabilidade. O processo de monitoramento requer o concurso de profissionais para comporem a equipe técnica responsável pela coordenação e, em alguns casos, pela execução das atividades relativas ao acompanhamento, registro, tratamento e controle dos indicadores, além da divulgação das informações às partes interessadas. No caso do HMJEH, essa atividade poderá ser desenvolvida no Escritório de Planejamento e da Qualidade – EPQ, que será responsável por coletar as informações referentes aos indicadores do BSC e dos Planos de Ação. Esses indicadores deverão ser consolidados em relatórios gerencias que serão apresentados aos gestores do hospital, em reuniões sistemáticas, conforme sugestão apresentada no Quadro 33, mantendo-os atualizados sobre o desempenho do hospital. 138 Reunião de Análise Crítica de Desempenho Global Reunião de Análise Crítica Reuniões de acompanhamentos dos Planos de Ação QUADRO 33: Reuniões de Acompanhamento e Avaliação de Desempenho do HMJEH Periodicidade Mensal (antes da reunião de Análise Crítica) Participantes Técnicos do EPQ e responsável pelo PA Objetivos • Acompanhar a implementação dos Planos de Ação • Monitorar os indicadores de resultado e execução do PA • Definir ou repassar as ações corretivas • Registrar as não conformidades, com suas justificativas • Repassar as diretrizes da reunião de Análise Critica • Reforçar a visão e missão do HMJEH Periodicidade Mensal Participantes Gerente do EPQ e gestores estratégicos do hospital Objetivos • Monitorar os resultados do BSC • Acompanhar os projetos em andamento • Analisar o relatório dos Planos de Ação • Promover as correções de rumo necessárias • Aprovar novos projetos, recursos e investimentos Periodicidade Trimestral Participantes Gerente do EPQ e Alta Administração Objetivos • Monitorar os indicadores do BSC • Acompanhar a implementação das estratégias • Analisar indicadores sobre informações qualitativas, variáveis do ambiente externo e informações comparativas pertinentes • Deliberar sobre propostas de ajustes apresentadas para os PA e objetivos estratégicos • Definir novas estratégias, caso seja necessário • Estabelecer prioridades de ações Fonte: Dados da Pesquisa O acompanhamento e análise da evolução dos indicadores dos planos de ação (tanto os de resultados, como os de execução), deverão ser feitos por meio de reuniões de acompanhamento dos PA, definidas em calendário corporativo, onde o responsável por cada plano de ação irá prestar contas ao técnico do EPQ sobre o desenvolvimento dos Planos de Ação sob sua responsabilidade. Nesse momento, o técnico da equipe do EPQ verifica o cumprimento dos prazos, os resultados obtidos e a definição das ações corretivas, caso sejam necessárias, registrando as justificativas para as não conformidades identificadas. De posse das informações referentes aos indicadores do BSC e dos Planos de Ação, o gerente do EPQ consolida esses indicadores e elabora os relatórios gerenciais que deverão ser apresentados, mensalmente, aos gestores estratégicos do HMJEH, em reuniões de análises criticas. As decisões/ações deliberadas por esses gestores deverão constar em ata, que deverá ser divulgada para todos os envolvidos diretamente nas estratégias da instituição. No Quadro 34, abaixo, são apresentados alguns dos principais indicadores para acompanhar e monitorar, de maneira sistemática, os resultados da instituição. 139 QUADRO 34: Indicadores de Acompanhamento e Monitoramento dos Indicadores do BSC e dos Planos de Ação OBJETIVO DESCRIÇÃO DO OBJETIVO NOME DO INDICADOR Índice de reuniões realizadas. FÓRMULA DE CÁLCULO Sistematizar reuniões com gestores para análise dos resultados alcançados. Para que se possam alcançar os resultados desejados é necessário que os indicadores sejam, sistematicamente, acompanhados, monitorados e analisados pelos gerentes dos planos de ação, gestores estratégicos e alta administração. (Quantidade e reuniões realizadas / por Reuniões definidas) x 100 Identificar o percentual de etapas dos planos de ação implementadas. É de fundamental importância para o gerenciamento dos planos de ação, o conhecimento, de maneira tempestiva, das etapas dos planos de ação implementadas para que se possam adotar ações corretivas, quando necessário. Índice de etapas do plano de ação implementadas. (Quantidade de etapas das etapas do plano de ação implementadas / Quantidade de etapas do plano de ação definidas) x 100 Identificar os ajustes necessários de forma a garantir a implementação dos planos de ação. O acompanhamento da realização das providências necessárias ao realinhamento ou correções das atividades previstas para a execução dos planos de ação, deve ser feito em todas as reuniões com os gestores. Índice de ajustes realizados. (Quantidade de ajustes realizados/ Quantidade de ajustes identificados) x 100 Identificar o percentual de planos de ação concluídos. Para a identificação dos atendimento das metas globais é necessário se conhecer o quanto já se avançou em relação aos objetivos estratégicos definidos. Índice de planos de ação concluídos. (reuniões com: gerentes dos planos de ação / gerentes estratégicos / alta administração) (ações de realinhamento ou corretivas) (Quantidade de planos de ação concluídos / Quantidade de planos de ação definidos) x 100 Fonte: Dados da Pesquisa As deliberações resultantes da reunião de análise crítica serão utilizadas para implementar as ações corretivas e as oportunidades de melhorias na organização. Sendo essa reunião realizada apenas com os gerentes estratégicos, quando pertinente, os resultados gerados e as principais decisões adotadas deverão, também, ser comunicadas à força de trabalho e aos demais stakeholders, buscando envolvimento de todos com o alcance dos objetivos estratégicos. E, como última etapa do sistema de monitoramento aqui proposto, deverão ser realizadas reuniões trimestrais com a alta administração e o gerente do EPQ para analisar criticamente o desempenho global, considerando as estratégias e planos, os processos principais, os resultados dos indicadores estratégicos e os interesses dos stakeholders. Nas reuniões de análise crítica global é importante que sejam apresentados os indicadores sobre informações qualitativas, variáveis do ambiente externo e informações comparativas pertinentes, pois é o momento em que a alta administração deverá se posicionar 140 em relação aos resultados obtidos, às propostas de ajustes apresentadas ao realinhamento dos planos de ação, aos objetivos estratégicos estabelecidos, validando ou sugerindo novas estratégias de solução. Nessa etapa ocorre o processo de feedback, pois são apresentados os ajustes necessários considerando os desvios identificados na estratégia definida, o que conduzirá ao refinamento e à evolução do processo de Aprendizado Organizacional, fechando-se assim o ciclo PDCA (Figura 16). Aprendizado Organizacional 3x Fazer (D) Planejar (P) Planejar (P) Definir PAs 3x Definir/ Redefinir PA e Indicador de BSC Realizar reunião de acompanhament o Propor ações de melhoria Controlar, analisar e gerar relatório de PA e indicador de BSC Controlar (C) Avaliar (A) Fazer (D) 3x 3x Propor ajustes. Disseminar deliberações para steakholders Realizar análise crítica global trimestral com diretoria Avaliar (A) Controlar (C) FIGURA 16: Ciclo do Aprendizado Organizacional Fonte: Adaptado do MEGP Todas essas etapas compõem o modelo de avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas. Espera-se que, uma vez implantado no HMJEH, esse modelo funcione como um “painel de bordo” para orientação dos tomadores de decisões contribuindo para a implementação das estratégias da Instituição e para a melhoria do objetivo de proporcionar uma assistência à saúde efetiva e humanizada. 141 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de muitos gestores públicos desejarem implementar esse novo modelo de gestão, muitas organizações não dispõem de mecanismos que viabilizem essas ações, limitando-os muitas vezes apenas ao cumprimento das exigências legais relativas à execução do orçamento e a publicização dos seus atos. Entretanto, a sociedade contemporânea, conhecendo os seus direitos e insatisfeita com os serviços prestados pelos entes públicos, tem cobrado resultados de maneira enfática, forçando os dirigentes a buscarem mecanismos para enfrentar esse desafio. No modelo desenvolvido, que corresponde ao objetivo geral da dissertação, o BSC foi utilizado como uma ferramenta que permite medir os resultados da estratégia implementada no hospital. Com base nas informações obtidas durante a interação com a equipe do HMJEH e seus stakeholders, foram identificados os fatores que deverão ser trabalhados para a obtenção das mudanças pretendidas, de modo a que o objetivo de maior hierarquia do modelo – melhoria da qualidade da prestação de serviços – seja obtido. O Mapa Estratégico do hospital apresenta todos os objetivos pretendidos, e a relação de causa e efeito entre eles. Esses objetivos estão integrados as quatro perspectivas para o HMJEH: Sustentabilidade; Aprendizado e Crescimento; Modernização Administrativa e Steakeholders. De forma resumida, pode-se dizer que a perspectiva Sustentabilidade foi definida abrangendo os aspectos financeiros e socioambientais; na perspectiva Aprendizado e Crescimento foi dada atenção para os colaboradores da instituição, modernização tecnológica e conhecimento, requisitos básicos para que ocorram as melhorias necessárias; dando destaque ao aprimoramento da gestão, foi criada a perspectiva Modernização Administrativa; e por último, foi criada a perspectiva dos Stakeholders, cujos resultados das demais perspectivas irão propiciar a plena satisfação de institucional e interno do hospital apresenta suas expectativas. Foram formulados 17 objetivos estratégicos, que contemplam as expectativas dos principais stakeholders investigados. A consecução desses objetivos será medida pelo conjunto de 26 indicadores, inteiramente definidos na proposta do modelo. 142 Esse conjunto de elementos – perspectivas, objetivos e indicadores – compõe o Modelo de Avaliação de Desempenho proposto para o hospital, em atendimento ao objetivo geral da dissertação. Além disso, em cumprimento aos objetivos específicos, o trabalho contempla a metodologia de Monitoramento e Análise dos Indicadores, compreendendo desde a formação das equipes, o desenvolvimento e a implementação dos Planos de Ação, a montagem de sistema de informações sobre os resultados desses planos e sobre os valores dos indicadores constantes do modelo. São contempladas, ainda, a sistemática de realização das reuniões de análise crítica e uma proposta indicadores para o próprio monitoramento desses encontros. Porém, para que a implementação do BSC no hospital aconteça com sucesso, alguns problemas foram identificados e merecem tratamento prioritário. A eliminação dessas fragilidades caracteriza as transformações necessárias ao HMJEH, hospital público municipal, para que seja possível a implementação de um modelo de medição de desempenho, questionamento indutor da pesquisa. Os problemas que necessitam ser minimizados são: a) A baixa expectativa da força de trabalho em relação à possibilidade de melhorias na instituição, considerando os sérios problemas financeiros vivenciados no dia a dia, como, por exemplo, a recorrente falta de material básico para a realização das atividades; b) As limitações de recursos financeiros pelo fato de ser uma instituição pública, onde sua sustentação depende de recursos do SUS e do Governo Municipal, e este tem restrições financeiras para suprir o hospital dos recursos necessários ao seu adequado funcionamento; c) A baixa qualificação técnica da maioria dos colaboradores do hospital, particularmente no uso de ferramentas de gestão e qualidade; d) A grande quantidade de servidores temporários (aproximadamente, um terço da força de trabalho), com baixa remuneração, poucos benefícios e uma situação funcional instável, condição que compromete o clima organizacional da instituição, refletindo nos resultados desejados; 143 e) O baixo nível de informatização do hospital, que compromete a qualidade e confiabilidade dos dados, o que representa um grande desafio a ser contornado, uma vez que o BSC trabalha com o monitoramento de indicadores, que devem ser coletados, registrados, tratados e disponibilizados para todos os interessados, de maneira tempestiva; e por último, f) A grande deficiência do sistema de comunicação interna e externa da instituição, que precisa ser melhorado para promover maior integração das pessoas e a sinergia necessária à implementação das estratégias do BSC. A despeito dessas dificuldades, existem dois elementos facilitadores muito importantes para a implementação do modelo. O primeiro deles reside no fato de que já existe na instituição a maioria dos procedimentos necessários à geração das informações para a construção dos indicadores, que necessitam apenas serem compiladas e formatadas de modo adequado para seu uso. E, o outro elemento facilitador é a simplicidade da ferramenta BSC, que traduz a estratégia da organização em uma linguagem comum, passando a ser entendida por todos os colaboradores, em todos os níveis da instituição. Como forma de dar continuidade ao estudo do desempenho em organizações públicas de saúde, sugere-se que futuras pesquisas monitorem a experiência de implementação do modelo, no próprio HMJEH, e avalie sua contribuição na melhoria da gestão e dos resultados do hospital, bem como, experimente formulações semelhantes ou adaptadas em outras organizações do setor de saúde, de modo a consolidar uma proposta de avaliação de desempenho ajustada às especificidades dessas instituições. Com isso, espera-se que a implementação desse modelo no HMJEH e as melhorias que dele decorram, contribuam efetivamente para a maior eficácia e eficiência na gestão dos recursos públicos alocados à instituição e para o adequado exercício de sua missão de promover a saúde das populações de sua região de atuação, tornando-a uma experiência de excelência na gestão pública, que possa servir de referência e estímulo para outras organizações similares. Finalmente, como o modelo é aplicável a qualquer tipo de organização pública, sugere-se seu uso em outros órgãos/entidades, como Secretaria do Turismo, Secretaria de Planejamento e Administração, Secretaria de Segurança Pública, como também em programas oriundos de políticas públicas de governo, como a Ronda do Quarteirão, entre outros, 144 fazendo em cada caso específico, os ajustes necessários ao modelo, de modo a adequá-lo às especificidades de cada uma das atividades desenvolvidas por essas entidades. 145 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRETCHE, Marta T. S. Tendências no estudo sobre avaliação. In: RICO, Elizabete Melo (org.). Avaliação de políticas sociais. São Paulo: IEE, 2001, p.29-39. AZEVEDO, C. S. Gerência hospitalar: a visão dos diretores de hospitais públicos do município do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado. Instituto de Medicina Social, Universidade Federal do Rio Janeiro, Rio de Janeiro, 1993. AZEVEDO, D. L. 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PROCESSOS GERENCIAIS Critério 1: Liderança Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 1 Liderança – Alínea A Reuniões esporádicas, apenas quando em situações de emergência, não havendo planejamento estratégico definido e interação eficaz entre os setores. Reuniões programadas com participação dos setores visando integração intersetorial e dos profissionais das diversas categorias. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Comunicação direta entre as lideranças e esta para os servidores dos seus setores. 2. Desenvolver um estreitamento da relação entre a alta administração e os servidores. Critério: 1 Liderança – Alínea B As decisões são divulgadas para os diversos setores, sem a participação dos atores, causando muitas vezes a não adesão das partes interessadas, invalidando, na maioria das vezes, a implementação das decisões. As decisões são implementadas de maneira co-participativa, ouvindo as partes Interessadas, levantando as necessidades e priorizando as mais urgentes. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Melhoria da comunicação inter-setorial. 2. As decisões deverão ser comunicadas através de documentos formais e reuniões para facilitar entendimento e adesão. Critério: 1 Liderança – Alínea C Para o usuário, a alta administração procurava assegurar o atendimento de suas necessidades. Em relação ao servidor, o atendimento era precário no que se refere às condições de trabalho, humanização a insatisfação dos profissionais. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Criar uma prática que permita a internalização dos princípios. Critério: 1 Liderança Alínea D Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Realizando reuniões com as lideranças dos setores para que os mesmos divulguem as ações com os demais priorizando as necessidades mais urgentes. 2. Realizando levantamento das necessidades por um grupo de assessores da consultoria. Critério: 1 Liderança – Alínea E Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Desenvolver uma ferramenta para analisar criticamente o desempenho, avaliar as práticas de gestão. Critério: 1 Liderança – Alínea F Não foi registrada a prática. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Não foi registrada a prática de melhoria. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. 154 Critério 2: Estratégias e Planos Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea A de ação em fase de implantação e disseminação. Houve um levantamento das necessidades e foram definidos 21 projetos. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Democratizar as informações. 2. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Antecipar-se aos problemas (pro-ativa). Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea B Os indicadores e as metas foram estabelecidos e estipulados, com prazos, entretanto não foram disseminados pela Assessoria. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Disseminar as informações (indicadores, metas e prazos). Integração dos grupos. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea C Estão sendo alocados recursos financeiros e humanos de acordo com as prioridades do plano de ação. Ex: nutrição, lavanderia e destino do lixo hospitalar. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Compra de equipamentos. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea D O plano de ação está sendo comunicado em reuniões quinzenais das lideranças, sendo que as metas e as estratégias ficam restritas aos grupos, não estão sendo repassadas às demais lideranças. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Disseminar informações através de mural. Critério: 2 Estratégias e Planos – Alínea E Reuniões semanais dos grupos inseridos no plano de ação, com definição de um líder e um secretário, que registram as atividades, os prazos, os responsáveis para avaliar o que foi implementado ou não e redefinir as estratégias. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Mais integração dos grupos. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. Critério 3: Cidadãos Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 3 Cidadãos – Alínea A As necessidades e expectativas de cidadãos-usuários são identificadas por demanda espontânea dos mesmos por meio do: corpo funcional do hospital, principalmente as gerências; serviço de Ouvidoria; administração da instituição; administração municipal; e Conselho Municipal de Saúde. A análise dessas demandas é realizada pelo serviço de Ouvidoria, pelos gestores da instituição e gestão municipal. A utilização dessas informações para definição e melhoria dos produtos, serviços e processos de organização é feita pelos gestores do hospital e administração municipal. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Aperfeiçoar o serviço de Ouvidoria do hospital (ampliar a divulgação do serviço e investir em instrumentos de trabalho para o setor). 2. Realizar Investimentos em projetos de avaliação de satisfação dos usuários na instituição. Critério: 3 Cidadãos – Alínea B A divulgação dos produtos e serviços e ações de melhoria da instituição é realizada esporadicamente em jornal periódico de circulação local da administração municipal e no site do Município. Atualmente, não existem padrões de atendimento na instituição. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Implantação de padrões de atendimento. 2. Criação e análise de indicadores de qualidade. 3. Criação do site do hospital. 4. Criação de um jornal informativo da própria instituição. 155 Critério: 3 Cidadãos – Alínea C As reclamações e sugestões que chegam informalmente por meio do cidadão-usuário para o corpo funcional do hospital são acatadas e quando possível atendidas ou comunicadas aos gestores da instituição. Aquelas que chegam formalmente por meio do Serviço de Ouvidoria passam por um processo padrão do serviço. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Implantação de um sistema padrão de fluxo, centralizado no Serviço de Ouvidoria para todas as demandas (formais e informais). Critério: 3 Cidadãos – Alínea D Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Implantação de um projeto de avaliação de satisfação dos usuários. 2. Criação e análise de indicadores de qualidade. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. Critério 4: Sociedade Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 4 Sociedade – Alínea A A instituição não possui um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde atuante. Os resíduos estão em desacordo com a legislação vigente (RDG) nº 306/Anvisa. Quanto à saúde coletiva, alguns telhados e estruturas físicas acumulam água facilitando a proliferação do mosquito da dengue. No que diz respeito à segurança, podemos relatar que os portões permanecem abertos diuturnamente, permitindo a entrada de qualquer pessoa sem identificação, gerando assim situações de furtos de objetos, bicicletas, carros etc. Podemos dizer também da falta de segurança dos núcleos do hospital para os funcionários e plantonistas. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Existência de plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde atuante. Os resíduos devem ser segregados, transportados, acondicionados, pesados e abrigados adequadamente, de acordo com a legislação vigente. 2. No tocante ao mosquito da dengue, deve-se ter um envolvimento dos agentes de endemias pela Secretaria de Saúde. 3. Segurança armada nas portarias principais. E segurança de controle nas entradas internas do hospital. 4. Criação de um selo de identificação para os carros dos funcionários. 5. Educação para o uso consciente da água e papel. 6. Melhoria do serviço de fonia. Obs.: Através da reciclagem dos resíduos, gerar a captação de recursos para suprimento de fundos para os setores com finalidade de apoio ao bom funcionamento. Critério: 4 Sociedade – Alínea B É precária. Quanto a reciclagem dos resíduos acontece de forma muito reduzida e não envolve todos os setores. Quanto à limpeza da área externa, existe uma parceria com a Secretaria de Obras que vem eventualmente realizar a capinagem. Inexistência de eventos que promovam conscientização e envolvimento da sociedade quanto à responsabilidade socioambiental. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. O processo de reciclagem de resíduos deverá envolver todos os setores do hospital. Coleta seletiva com identificadores de resíduos (papel, vidro, plástico e resíduo orgânico). 2. A limpeza da área externa deverá ocorrer com agenda específica e datas determinadas. 3. Vídeos informativos nas salas de espera das clínicas. 4. Folders nas áreas de circulação de usuários. 5. Eventos que envolvam a sociedade com a responsabilidade socioambiental. 156 Critério: 4 Sociedade – Alínea C Não existe nenhuma forma de comunicação do hospital com a população (reuniões, outdoors, informações veiculadas). Conhecemos a atuação do Serviço Social do registro de nascimento de nascidos vivos. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Veiculação de informações através de seminários com a população, através de rádio, televisão, outdoors. 2. Promoção de ginástica laboral e relaxamento para os funcionários. 3. Criação do “cantinho do bem estar”. 4. Comunicação visual em todos os setores do hospital. os 5. Divulgação dos n de atendimentos realizados mensalmente por todos os serviços em painéis visíveis ao usuário. Critério: 4 Sociedade – Alínea D Desconhecemos a prática de gestão para estimular o exercício da responsabilidade social.Desconhecemos a existência do código de ética do hospital.Falta de informação para o usuário com relação aos serviços oferecidos.Falta de informação para os funcionários sobre os riscos inerentes a suas funções, CAT – Cadastros de Acidente de Trabalho subnotificados. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. O código de ética se existente deverá ser amplamente divulgado para os funcionários. 2. Humanização do serviço. 3. Informações corretas e precisas dos séricos ofertados e que os funcionários tenham o conhecimento destas informações mesmo não sendo do setor específico de suas atividades. 4. Informações sobre os riscos inerentes às funções exercidas, pois com o conhecimento levará ao comprometimento e prevenção de acidentes de trabalho. Critério: 4 Sociedade – Alínea E Não existe uma sistemática de identificação das necessidades da sociedade através da investigação de dados. Tem prática em relação ao atendimento de pacientes em traumatologia e atendimento em odontologia em pacientes especiais. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Realização da investigação dos dados. 2. Apoio dos meios de divulgação para eventos temáticos dos diversos serviços oferecidos pela instituição com calendário pré-definido e com periodicidade mensal. Ex: saúde bucal, saúde mental, nutrição, saúde vocal, DST, planejamento familiar, tabagismo, violência à criança e ao idoso etc., tendo como slogan “conhecendo o seu hospital”. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. Critério 5: Informações e Conhecimento Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea A As necessidades são identificadas, definidas e implantadas por setores individualmente, com os recursos existentes. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Integração, participação de todos os níveis gerenciais, na identificação e soluções. Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea B Não existe segurança devido à fragilidade do sistema de informação. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Implantação de sistemas de maior confiabilidade, que não permitam subnotificação. Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea C Precariamente. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Criar mecanismos para registro de informações que possam auxiliar nas tomadas de futuras decisões. 157 Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea D Atualmente não são utilizadas outras organizações como referencial comparativo. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Reforçar o sistema de informação que permita estabelecer comparação com organizações similares. Critério: 5 Informações e Conhecimento – Alínea F Rudimentarmente, com sistema de informação precário e pouco confiável. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Reforçar tecnologicamente as informações da organização. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009 Critério 6: Pessoas Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 6 Pessoas – Alínea A O Hospital é dividido em Núcleos com organizações próprias. Existem níveis de coordenação com autonomia pontual. O modelo de gestão ainda é centralizado. A força de trabalho é desmotivada. Existem diversos vínculos empregatícios e não existem requisitos técnicos definidos para exercer atividades específicas. Espaço físico deteriorado dificultando a realização das atividades gerando insatisfação. Existem profissionais competentes, porém desmotivados a dar o seu melhor. Existem profissionais com especializações específicas fora de sua área de atuação. Existem pessoas sem qualificação para as funções que exercem. Falta adequação da contratação para atender as necessidades do hospital. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Hoje para o nível tecnológico, padrões de acessibilidade e proposta de trabalho humanizado, se faz necessário mudar o modelo de gestão de “centralizadora” para uma gestão mais participativa. Desburocratizando processos, agilizando decisões, delegando responsabilidades às pessoas. O profissional tem que ser sujeito do processo. Critério: 6 Pessoas – Alínea B Não existe uma política para estimular a força de trabalho em busca de melhores resultados. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Implantação de uma política de humanização com usuários e profissionais 2 .Processo de motivação profissional. Critério: 6 Pessoas – Alínea C Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Planejamento de capacitação profissional para o desenvolvimento de pessoas. Critério: 6 Pessoas – Alínea D Existe de forma fragmentada. Existe, em processo de implantação, o programa de capacitação, porém sem a identificação, o planejamento e a promoção de ações de capacitação e desenvolvimento técnico. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Identificação das necessidades específicas de cada área. 2. Planejar ações de capacitação. 3. Promover a capacitação para o desenvolvimento técnico. 158 Critério: 6 Pessoas – Alínea E Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1.Implantação da CIPA e 2. Implantação da CCIH Existe o setor responsável pela identificação dos perigos e dos risos relacionados a saúde ocupacional, CCIH c/reestruturação. 3. A divulgação das atividades desenvolvidas e processos executados. ERGONOMIA Dar prioridade à preservação da integridade física da força de trabalho, razão pela qual as práticas voltadas para a saúde ocupacional, segurança e ergonomia devem ser tratadas com atenção. Devemos estabelecer métodos que identifiquem os perigos e riscos envolvidos em suas operações e definam formas de reduzir sua importância ou, mesmo, de eliminar os riscos. As atividades de identificação de riscos podem ser realizadas por meio de mapeamento de riscos e análises de probabilidade de ocorrência e impacto. Em função da gravidade dos riscos identificados, devem ser estabelecidas ações preventivas. Considerando-se que a segurança das pessoas é bastante dependente de aspectos comportamentais, ações de conscientização quanto aos riscos envolvidos devem também ser consideradas na implementação de ações preventivas. Critério: 6 Pessoas – Alínea F Não existe. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Implantação e implementação do RH em seu âmbito geral 2. Contratação de psicóloga para o RH 3. Interação do RH com os servidores (interação) 4. Política de valorização do servidor. Critério: 6 Pessoas –Alínea G Existe de forma fragmentada. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. Critério 7: Processos Descrição das Práticas de Gestão – Processos Gerenciais Critério: 7 Processos – Alínea A Ambulatorial: • O processo de atendimento ambulatorial de forma eqüitativa entre as AVISAS, tendo por base a população existente conforme o SISREG; • Usuário recebe a guia referência ambulatorial na unidade de saúde por indicação profissional para a consulta de especialidade que necessita. • Após o atendimento o usuário recebe os devidos encaminhamentos (exames, retornos, outras especialidades e outros). • Este processo foi desenhado visando a satisfação do usuário e eliminando apadrinhamentos e outros entraves, objetivando os princípios do SUS. • Obs.: só avaliamos a questão ambulatorial. Ficou faltando: internação hospitalar e domiciliar, urgência e emergência. • Treinamento de humanização e relações interpessoais. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Identificar os motivos dos não-atendimentos, como também quais os usuários atendidos. 2. Identificar a demanda reprimida nas unidades básicas para que possamos planejar as especialidades a serem contratadas, como também estimar a relação de oferta/demanda. 3. Treinamento de humanização e relações interpessoais. 159 Critério: 7 Processos – Alínea B Processo de monitoramento: • As metas são definidas conforme nº de especialidades, especialistas, carga horária e não por necessidade da população. • A meta é estimada pelo especialista/especialidade e não pela instituição. • O controle dos objetivos atingidos é realizado por comparação de anos anteriores (2006 – atualmente), por não haver registros. • Ausência de políticas norteadores para a execução dos processos (normas, rotinas e fluxos de atendimento). • A autonomia administrativa é comprometida das seguintes formas: tem autonomia e não exerce e não tem autonomia. Existência de profissionais competentes para o cargo e presença de pessoas não habilitadas em cargos de gestão. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito • As metas devem ser definidas em conformidade com a Portaria 1101/SAS/MS, na qual se baseia o atendimento à população. • Elaboração de normas, rotinas e fluxos de atendimento. • Formação pessoal de liderança e gestão pública. Critério: 7 Processos – Alínea C Os processos de análise podem ser: 1. Quantitativo – realizado através da consolidação e envio da produção ambulatorial para o sistema de informação ambulatorial (SIA/SUS). 2. Qualitativo – inexistente e/ou esporádico. 3. Nos últimos dois anos: 4. A consolidação mensal dos dados; 5. Apresentação dos resultados obtidos durante o ano pelos setores; 6. Elaboração do relatório de gestão; 7. Citamos como uma nova característica no serviço ambulatorial o sistema de regulação dos procedimentos, onde o acesso do usuário foi facilitado. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito Não foram relatadas oportunidades de melhoria. Critério: 7 Processos – Alínea D Os formulários são selecionados a partir da necessidade da demanda (usuário), da oferta disponível, da possibilidade financeira, do preço e qualidade, da estrutura existente e das políticas do SUS. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Adequação e manutenção da estrutura física do serviço prestado. 2. Sistemática aquisição e manutenção dos equipamentos. 3. Constante monitoramente dos fornecedores e produtos adquiridos. 4. Adequar temporalmente aquisição a necessidade. Critério: 7 Processos – Alínea E Os fornecedores são avaliados de modo informal, conforme as insatisfações informadas por setores, serviços, profissionais e usuários. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito 1. Um sistema de ouvidoria. 2. Criar prática de avaliação sistemática e formal dos fornecedores. 3. Fiscal de contrato. 4. Parecer da equipe técnica. Critério: 7 Processos – Alínea F 1. Elaboração centralizada, a nível da equipe da Secretaria Municipal de Saúde e técnicos da Secretaria do Planejamento. 2. Gerenciamento do orçamento - realização pela direção do Hospital. 3. O Hospital não tem autonomia financeira. Oportunidades para Melhoria (OM) relativas ao Requisito • É democratizar a elaboração e gerenciamento do orçamento, elegendo as prioridades e com a participação dos gestores dos serviços. • Orçamento participativo. Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. 160 Critério 8: Resultados - Cidadãos - Usuários Resultados Organizacionais Resultados - Cidadãos-Usuários Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Resultados relativos aos cidadãos-úsuários: Foi recente a implantação dos serviços de ouvidoria, ainda em fase de estruturação, não dispondo de banco de dados para uma avaliação de resultados. 2006 2007 2008 Critério: 8 Total de atendimento: 2006:155.388; 2007: 131-571; 2008:143.131 155388 131571 Ouvidoria 143131 3.429 Critério: 8 Resultados - Sociedade Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Resultados relativos à sociedade: Existe um trabalho social realizado na tisiologia e clínica médica com pacientes sem teto, voltados para a aquisição de documentos e aposentadorias, aquisição de vale-transporte para o paciente internado com TB, para viabilizar a visita de familiares (doação pelo fundo global), bem como aquisição de registro de nascimento em famílias carentes. Desconhecemos os dados relativos à sociedade contabilizados. 2006 2007 2008 Leite humano coletado 293 341 479 Leite humano distribuído 100% 100% 100% Critério: 8 Resultados – Orçmentários e Financeiros Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Em relação à redução de custos operacionais: Aquisição de alguns aparelhos: - chip-cell (redução de gastos com telefone fixo); - duplicadora (redução de gastos com impressos); - convênio com a Coelce (para reativar grupo gerador); trocas de lâmpadas e renovação de contratos de manutenção. Diante dessas medidas para contenção de despesa, foi observada uma redução nos valores dos gastos, porém não temos indicadores contabilizados no momento. 2006 2007 2008 Faturamento/ média mensal 354.665,00 389.943,00 490.537,00 SAI/SIH 426.628,70 487.327.8 60,6237,2 Faturamento anual 4959481 5,58666 5,86666 Critério: 8 Resultados - Pessoas Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Resultados relativos às pessoas: Existe trabalho de capacitação com os servidores realizado pela Educação Continuada, CCIH; acompanhamento prático de acadêmicos de enfermagem pela Estomoterapia e acadêmicos de medicina pelos técnicos da Tisiologia; 2. Dificuldade de cumprimento de plano de capacitação devido à alta rotatividade dos servidores, dificultando o desenvolvimento correto das práticas; 3. Existe busca ativa pelo CCIH de infecções hospitalares por clínica, e contabilidade dos índices; 4. Notificação (CCIH) dos acidentes de trabalho com material perfuro-cortante e acompanhamento do servidor com exames/medicamentos; 5.Não temos índices contabilizados dos acidentes e capacitação; 6.Desconhecemos o percentual de absenteísmo e rotatividade dos servidores. 161 Critério: 8 Resultados – Processos de Suprimento Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Tempo médio de atendimento pelos fornecedores: Dependendo do tipo de material ou fornecedor, a aquisição é entregue em tempo hábil, porém, na maioria das vezes existe o descumprimento do prazo de entrega do material, prejudicando o andamento do serviço. Critério: 8 Resultados – Processos Finalísticos e Apoio Apresentação objetiva dos resultados em relação ao Requisito Taxa de ocupação - pediatrica Taxa de mortalidade Taxa de ocupação - tisio Taxa de mortalidade Média de permanência/ tisio/dia 2006 58,6 0 79,1 18,8 29 2007 58,6 0 69,3 17,2 37 2008 72,4 0,2 90,7 15,2 39 Fonte: Autoavaliação do Hospital de Maracanaú/2009. 162 APÊNDICE B RESUMO DO MAPEAMENTO DO PROCESSO SAME 1 INTRODUÇÃO O Serviço de Arquivo Médico e Estatística – SAME é uma atividade na área hospitalar responsável pela guarda, inspeção e controle da movimentação dos prontuários médicos (arquivo ativo e inativo), pela coleta de dados, apuração e elaboração de estatísticas, controle da movimentação das fichas de Pronto Atendimento e manutenção do local de guarda de documentos, além de informar o resultado das inspeções realizadas. Os empréstimos dos prontuários, que é realizado mediante autorização por escrito do Coordenador Clínico, também é de responsabilidade da unidade do SAME, que controla sua movimentação e garante a rastreabilidade das informações. Os empréstimos ocorrem dentro ou fora de suas dependências sempre que há necessidade de revisão ou análise dos prontuários pelos setores solicitantes. Além dessas atividades, o SAME realiza a coleta de dados do Censo Diário, que gera as estatísticas relacionadas ao movimento físico do Hospital e as envia para as diversas áreas administrativas e clínicas, visando auxiliar na geração de informações para as tomadas de decisões. Mensalmente o SAME notifica à Secretaria de Saúde, todos os pacientes que saíram de alta hospitalar/óbito com seus respectivos diagnósticos de saída, por meio da “Comunicação de Internação Hospitalar – CIH”, os nascidos vivos na instituição, por meio do “Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC” e o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES. 2 OBJETIVO Mapear o processo de Sistemas de Arquivos Médicos e Estatísticas – SAME, do Hospital Dr. João Elísio Holanda, por meio de oficina utilizando a metodologia de simplificação de processos desenvolvida pelo GESPÚBLICA. Na oportunidade foi capacitado um grupo de servidores do hospital na referida metodologia que poderá ser utilizada nos demais setores do hospital. 2.1 Objetivos específicos Detalhar as atividades executadas no processo simplificado. Identificar e propor soluções para as causas de problemas na execução do processo. Identificar oportunidades de melhoria, de forma a garantir tempestivamente as informações do SAME com qualidade. 3 JUSTIFICATIVA A melhoria do processo de Atividades do SAME faz-se necessária em virtude da insatisfação de seus usuários em relação a disponibilidade, qualidade e integralidade de suas informações. O conhecimento da execução do processo é fragmentado, restrito aos envolvidos em cada setor que exerce alguma atividade do processo, não sendo de domínio geral de todos que contribuem para a sua realização. Esse problema tornando-se crítico pela inexistência de pontos de controle na execução desse processo. Além disso, existe a atividade de Contas Médias, que atualmente está integrada ao processo e que deveria ser tratada separadamente. Visando melhorar a qualidade das informações e implantar controles nos subprocessos contemplados nas atividades do SAME torna-se necessário um novo desenho, que contemple a definição de seu fluxo com indicadores de eficácia e eficiência, além de ações que garantam que todos os envolvidos em sua realização estejam capacitados, com pleno conhecimento das atividades que executam, não se restringindo apenas à sua operacionalização. Por fim, para que haja uma melhoria de impacto urge a implementação de um sistema informatizado que contemple todas as áreas envolvidas no processo e que estão detalhadas neste documento. 163 Figura 1- Fluxograma atual das atividades do SAME detalhado. Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME. 164 4.5 Análise e Melhoria do Processo 4.5.1 Problemática do processo priorizado Intraestrutura Ineficiência de informação em rede. Local inadequado. Sistema informatizado não atende às necessidades. Materiais Materiais de consumo Insuficiente informação em rede. Equipamentos Falta de processo seletivo adequado. fornecedores. Retorno financeiro inferior ao necessário produzido. Alocação inadequada de recursos Finanças Método Indefinição Definição da chefiaEquipament do papel e respeitar os os do SAME. demais insuficientes profissionais(sem (mobiliário). demonstrar Falta de competitividade). controle Prontuários Falta de preenchidos do censo capacitação de forma diário dos inadequada de pessoal. Rotativi dade de Inexistência de local para o SAME. Comunicação ineficiente Espaço entre SAME, físico clientes e inadequado RH pacientes. Médico não preenche CID. Desconhecime nto da importância do adequado preenchimento dos formulários. Equipamento s obsoletos (informática). Falta de fluxo de pacientes Planejamento de compras inadequado. Inexistência de normas/ POP´s/ fluxos em geral. Inexistência de gestão do Gestão de pessoas ineficiente. Falta de informação na abertura dos prontuários. Gestão Informações inconsistent es, gerando insatisfação dos clientes do SAME. Iluminação/loc al adequado. Meioambiente Figura 18 – Análise de causa e efeito do problema do processo priorizado Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME. 4.5.2.1 Desenho do novo fluxo 165 Figura 19 - Fluxograma da melhoria proposta para o SAME Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME. 166 Diagramas de interação dos processos Finalidade • Registrar os atendimentos e tratamentos médicos fornecidos ao usuário pelo Hospital de Maracanaú. Subisidiar a classificação de dados e estatísticas do SAME. Viabilizar a rastreabilidade de informações acerca dos atendimentos prestados ao usuário. • • ENTRADAS SUBPROCESSO - F1 – Boletim de Atendimento Emergencial (BAE). Dados do paciente. - F4 – Laudo para solicitação de autorização para internação hospitalar. F5 – Folha de exame clínico. F6 – Evolução do caso. F7 – Plano Terapêutico e Tratamentos. F8 – Resumo de alta. F9 – Ficha de controle de antimicrobianos (Farmácia). F11 – Formulário de obstetrícia. F12 – Formulário de pediatria. SAÍDAS - BAE finalizado. - F2 preenchido. - F1/ F3 / F4 / F5 / F6 / F7/ F9 / F14 preenchidos (registros do atendimento e tratamento médico efetuados). REGISTRO DE INFORMAÇÕES DO SAME - F3 – Ficha de referência e contrareferência. F14 – Requisições. -Censo hospitalar diário elaborado. - BPA/BPI elaborados. - F13 – Censo Hospitalar. - F15 – Boletim de Produtividade Ambulatorial (BPA). - F16 – Boletim de Produtividade Individual (BPI). Necessidades do cliente • Treinamento dos envolvidos no processo otimizado. • Contratação de pessoal com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo. • Automatização do processo. • Acesso via internet para acompanhamento do processo. Recursos • • • • • • POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F6/F8/F11/F12/F14). Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente). Sistema de registro e controle de informações do SAME. Acesso à internet. Estações de trabalho (monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente). Material de consumo. Pontos de Controle • % de informações corretas nos prontuários. 167 Finalidade • • • Acompanhar a execução dos procedimentos médicos e a resolução de pendências médicas. Realizar e controlar o censo hospitalar e o controle de antimicrobianos no hospital. Fornecer dados às Contas Médicas para geração de fatura. ENTRADAS SUBPROCESSO SAÍDAS - BPA. - Formulários mensais. - Formulário de prontuário. - Prontuário. - F13 – Censo Hospitalar. CLASSIFICAÇÃO DE DADOS E ESTATÍSTICAS - Custos / BPA / AIH (Autorização de Internação Hospitalar). - Organização de prontuário / dados corretos. - Censo hospitalar atualizado constando de: - Formulário. BAE finalizado. • - F2 preenchido. • - F1/ F3 / F4 / F5 / F6 / F7/ F9 / F14 preenchidos (registros do atendimento e tratamento médico efetuados). • • • -Censo hospitalar diário Elaborado. • - BPA/BPI elaborados. Necessidades do cliente Treinamento dos envolvidos no processo otimizado. Contratação de pessoal com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo. Automatização do processo. Acesso via internet para acompanhamento do processo. Recursos • • • • • • • POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F5/F6/F8/F11/F12/F 14). POP da elaboração do BPA / BPI. Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente). Sistema de registro e controle de informações do SAME. Acesso à internet. Estações de trabalho (monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente). Material de consumo. Demonstrativo de nº de cirurgias. Demonstrativo de procedimento ambulatoriais e hospitalares. Boletim Mensal de nº de atendimentos. Movimento hospitalar de transferências. Demonstrativo do número de óbitos. Indicadores hospitalares (taxa de ocupação / Média diária de pacientes / Média de permanência / Taxa de Mortalidade Institucional de Geral). Pontos de Controle • % de prontuários encaminhados para faturamento. Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME. 168 Finalidade • • Enviar prontuários concluídos para o Serviço de Contas Médicas. Viabilizar a rastreabilidade de informações acerca dos atendimentos prestados ao usuário. ENTRADAS SUBPROCESSO SAÍDAS - Informação do prontuário. - Prontuário/ BPA/ BPI finalizados. - Dados de verificação do usuário. - Prontuário atualizado. ARQUIVAMENTO - Formulário. - Prontuário. - 2ª via de documentos ou declarações. - Custos / BPA / AIH (Autorização de Internação Hospitalar). - Organização de prontuário / dados corretos. - Censo hospitalar atualizado. Necessidades do cliente Treinamento dos envolvidos no processo otimizado. Contratação de pessoal com perfil compatível à execução das atividades relacionadas ao processo. Recursos • • Automatização do processo. Acesso via internet para acompanhamento do processo. • • • • • POP da sistemática de atendimento médico do hospital (contemplando F3/F1/F7/F5/F6/F8/F11/F12/F 14). POP da organização e controle do arquivamento de registros do Hospital de Maracanaú. Biros, cadeiras, armários (quantidade a ser averiguada internamente). Sistema de registro e controle de informações do SAME. Acesso à internet. Estações de trabalho (monitores, cpu´s, teclados – quantidade a ser verificada internamente). Material de consumo. Pontos de Controle • Índice de perda de prontuários. Fonte: Oficina de simplificação do processo de atividades do SAME. 169 ANEXO I TABELA DAS FAIXAS DE PONTUAÇÃO GLOBAL 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Enfoques altamente proativos, refinados, inovadores, totalmente disseminados, com uso continuado, sustentados por um aprendizado permanente e plenamente integrados. Tendências favoráveis em todos os resultados. Nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para quase todos os indicadores. Liderança no setor reconhecida como "referencial de excelência" na maioria das áreas, processos ou produtos. Enfoques muito refinados, alguns inovadores, proativos, com uso continuado e muito bem disseminados pelas áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. O aprendizado promove fortemente a inovação. As práticas entre itens e critérios são na maioria integradas. Tendências favoráveis em todos os resultados. Nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para quase todos os resultados, sendo referencial de excelência em muitas áreas, processos ou produtos. Enfoques adequados para os requisitos de todos os itens, sendo a maioria refinada a partir de aprendizado e inovação para muitos itens. Quase todos os requisitos são atendidos de forma proativa. Uso continuado em quase todas as práticas, disseminadas pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas . Existem algumas falhas na sinergia entre áreas e/ou partes interessadas, afetando eventualmente a integração. Quase todos os resultados apresentam tendência favorável e nenhum apresenta tendência desfavorável. Nível atual superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos resultados, sendo considerado líder do ramo e referencial de excelência em algumas áreas, processos ou produtos. Enfoques adequados para os requisitos de todos os itens, sendo alguns refinados e a maioria proativos, bem disseminados pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Uso continuado em quase todas as práticas. As práticas de gestão são coerentes com as estratégias da organização, o refinamento decorre do aprendizado e inovação para muitas práticas do item. Existe inter-relacionamento entre as práticas de gestão, mas ainda existem algumas lacunas de cooperação entre áreas e/ou partes interessadas, afetando em parte a integração. Quase todos os resultados apresentam tendência favorável. O nível atual é igual ou superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos resultados, podendo ser considerado líder do ramo. Enfoques adequados para os requisitos de quase todos os itens, sendo vários deles proativos, disseminados pelas principais áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Uso continuado em quase todas as práticas, com controles atuantes. Existem algumas inovações e muitos refinamentos decorrentes do aprendizado. As práticas de gestão são coerentes com as estratégias da organização, existem algumas lacunas no inter-relacionamento entre as práticas de gestão, e existem muitas lacunas de cooperação entre áreas e/ou partes interessadas, afetando regularmente a integração. A maioria dos resultados apresenta tendência favorável. Nível atual é igual ou superior aos referenciais pertinentes para alguns resultados. Enfoques adequados para os requisitos da maioria dos itens, sendo alguns proativos, disseminados na maioria das áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas, com controle das práticas para muitos itens. Uso continuado para a maioria das práticas. O aprendizado, o refinamento e a integração ocorrem para muitos itens. As práticas de gestão são coerentes com a maioria das estratégias da organização, mas existem lacunas significativas no interrelacionamento entre as práticas de gestão. Muitos resultados relevantes são apresentados como decorrência da aplicação dos enfoques. Alguns resultados apresentam tendências favoráveis. Início de uso de informações comparativas. Enfoques adequados aos requisitos de muitos itens com proatividade, estando disseminados em algumas áreas, processos, produtos e/ou partes interessadas. Existem incoerências entre as práticas de gestão e as estratégias assim como existem muitas lacunas no inter-relacionamento entre as práticas de gestão. O aprendizado, o refinamento e a integração ocorrem para alguns itens. Alguns resultados relevantes decorrentes da aplicação dos enfoques, avaliações e melhorias são apresentados com algumas tendências favoráveis. Os enfoques se encontram nos primeiros estágios de desenvolvimento para alguns itens, com práticas proativas, em consideração aos fundamentos da excelência, existindo lacunas significativas na aplicação da maioria deles. Algumas práticas apresentam integração. Começam a aparecer alguns resultados relevantes decorrentes da aplicação de enfoques implementados. Estágios preliminares de desenvolvimento de enfoques, quase todos reativos, associados aos fundamentos da excelência, considerando os requisitos dos Critérios. A aplicação é local, muitas em início de uso, apresentando poucos padrões de trabalho associados aos enfoques desenvolvidos. O aprendizado ocorre de forma isolada, podendo haver inovação esporádica. Não ocorrem o refinamento e a integração. Ainda não existem resultados relevantes decorrentes de enfoques implementados. 851 – 1.000 751 – 850 651 – 750 551 – 650 451 – 550 351 – 450 251 – 350 151 – 250 0 – 150 170 ANEXO II QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - PROCESSOS GERENCIAIS 0% 20% 40% 60% 80% 100% • As práticas de gestão apresentadas são adequadas para muitos requisitos do critério e apropriadas ao Perfil. • As práticas de gestão apresentadas são adequadas para a maioria dos requisitos do critério e apropriadas ao Perfil. • As práticas de gestão apresentadas são adequadas para quase todos os requisitos do critério e apropriadas ao Perfil. • As práticas de gestão apresentadas são adequadas a todos os requisitos do critério e apropriadas ao Perfil. • O atendimento a algum(ns) requisito(s) é proativo. • O atendimento a muitos requisitos é proativo. • O atendimento a maioria dos requisitos é proativo. • As práticas de gestão adequadas estão disseminadas em todas as principais áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes. Enfoque • As práticas de gestão são inadequadas aos requisitos do item, não são apropriadas ao Perfil, ou não estão relatadas. • As práticas de gestão apresentadas são adequadas para alguns dos requisitos do critério e apropriadas ao Perfil. Aplicação • As práticas de gestão adequadas não estão disseminadas. • As práticas de gestão adequadas estão disseminadas em algumas áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes. • As práticas de gestão adequadas estão disseminadas em muitas das áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes. • As práticas de gestão adequadas estão disseminadas na maioria das áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes. • Uso não relatado. • Uso continuado em alguma(s) das práticas de gestão adequadas • Uso continuado em muitas das práticas de gestão adequadas. • Uso continuado na maioria das práticas de gestão adequadas. • As práticas de gestão adequadas estão disseminadas em quase todas as principais áreas, processos, produtos e/ou pelas partes interessadas pertinentes. • Uso continuado em quase todas as práticas de gestão adequadas. • Não há mecanismo de avaliação das práticas de gestão adequadas. • Não há melhorias sendo implantadas. • Há melhorias sendo implantadas. • Alguma(s) das práticas de gestão adequadas apresenta melhorias decorrentes do aprendizado. • Muitas das práticas de gestão adequadas apresentam melhorias decorrentes do aprendizado. • Uso continuado em todas as práticas de gestão adequadas. Aprendizado • A maioria das práticas de gestão adequadas apresenta melhorias decorrentes do aprendizado. 171 Integração • As práticas de gestão adequadas não são coerentes com as estratégias e objetivos da organização. • Quase todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização. • Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização. • Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização; a maioria das práticas de gestão adequadas está interrelacionada com outras práticas de gestão, quando apropriado. • Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização; quase todas as práticas de gestão adequadas estão interrelacionadas com outras práticas de gestão da organização, havendo cooperação entre a maioria das áreas da organização na sua implementação, quando apropriado. • Todas as práticas de gestão adequadas são coerentes com as necessidades organizacionais ou das partes interessadas e estão interrelacionadas com outras práticas de gestão, havendo cooperação entre quase todas as áreas da organização na sua implementação, quando apropriado. Notas: (1) Abrangência: "algum (as)" (>0 e <1/4); "muitas" (= ou >1/4); "maioria" (= ou >1/2); "quase todas" ( = ou >3/4); "todas" (=100%). (2) Para determinação da abrangência do atendimento (alguns, muitas, etc.) considerar que cada pergunta dos critérios de processos gerenciais contempla um ou mais requisitos. (3) Nota zero em "enfoque" implica em nota igualmente zero em "aplicação", "aprendizado" e "integração". (4) Nota zero em "aplicação" implica em nota igualmente zero em "aprendizado". 172 ANEXO III QUADRO DE PONTUAÇÃO (%) - RESULTADOS ORGANIZACIONAIS 0% 20% 40% 60% 80% 100% Relevância • Não foram apresentados resultados relevantes. •Tendências desfavoráveis para todos os resultados apresentados ou impossibilidade de avaliação de tendências. • Alguns dos resultados relevantes foram apresentados • Muitos dos resultados • A maioria dos resultados relevantes foram relevantes foi apresentados. apresentada. • Quase todos os resultados relevantes foram apresentados. • Todos os relevantes apresentados. Tendência (ver nota 3) • Tendência favorável em um dos resultados relevantes apresentados. • Tendência favorável em • Tendências favoráveis alguns dos resultados em muitos dos resultados relevantes apresentados. relevantes apresentados,. • Tendências favoráveis na maioria dos resultados relevantes apresentados. • Tendências favoráveis em quase todos dos resultados relevantes apresentados. • Foram apresentadas algumas informações comparativas, ainda que o nível atual seja inferior a essas informações. • O nível atual de muitos resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes. • O nível atual de muitos dos resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes. resultados foram Nível atual • Não foram apresentadas informações comparativas. • Foi apresentada pelo menos uma informação comparativa, ainda que o nível atual seja inferior a essa informação. •O nível atual de alguns resultados relevantes apresentados é igual ou superior às informações comparativas pertinentes. Notas: (1) Abrangência dos fatores Relevância, Tendência e Nível Atual: "algum (ns)" (> 1 e <1/4); "muitos" (= ou >1/4); "maioria" (= ou >1/2); "quase todos" (. = ou >3/4); "todos" (=1/1). (2) Para avaliar os fatores "tendência” e "nível atual” considerar somente os resultados relevantes apresentados. (3) Nota zero em "relevância" implica em nota igualmente zero nos demais fatores. (4) Para avaliação da tendência, considerar resultados dos dois últimos ciclos de avaliação ou planejamento. (5) Resultado estratégico é aquele utilizado para a determinação do alcance das estratégias. 173 ANEXO IV QUESTIONÁRIOS DA PESQUISA STAKEHOLDER: Tribunal de Contas do Município O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação da Empresa Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos do Tribunal de Contas do Município em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Tribunal de Contas do Município para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Prestar assistência humanizada, integral, equânime e universal. 2.1.2 Ser efetivo em relação ao seu papel no Sistema de Saúde 2.1.3 2.1.4 Aplicar de maneira racional e responsável os recursos financeiros e materiais Prover transparência da alocação e utilização dos recursos 2.1.5 Implementar política de responsabilidade socioambiental 2.1.5 Ser reconhecido e ter credibilidade 174 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Alta Direção O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos da Alta Administração em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Alta Administração para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.2 Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 2.1.9 Prover capacitação técnica para os gestores Prover oportunidades de cursos para a equipe de serviços Melhorar o sistema de informações e estatísticas Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital Utilizar ferramentas de gestão Melhorar o acesso aos serviços do hospital Ampliar a utilização de recursos tecnológicos 2.1.10 Ter acesso a métodos e ferramentas de pesquisa 2.1.11 Melhorar os serviços prestados pelos fornecedores 2.1.12 Comprometer os colaboradores com a missão e visão da instituição 2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa 2.1.14 Ser reconhecido e ter credibilidade 175 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Colaboradores O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos dos Colaboradores em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Colaboradores para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1. Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.2. Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos 2.1.3. 2.1.4. 2.1.5. 2.1.6. 2.1.7. 2.1.8. 2.1.9 Prover capacitação técnica para os gestores Prover oportunidades de cursos para as equipes de serviços Melhorar o sistema de informações e estatísticas Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital Dispor de processos padronizados e controlados Ampliar a utilização de recursos tecnológicos Prover Gestão participativa para resultados 2.1.10 Dispor de Instalações físicas e equipamentos adequados 2.1.11 Disponibilizar acesso a novas tecnologias 2.1.12 2.1.13 Implantar plano de cargos e carreira com política de valorização e recompensa por resultados Melhorar o sistema de comunicação 2.1.14 Melhorar o clima organizacional 176 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Comunidade O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos da Comunidade em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Comunidade para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimentos 2.1.2 Diversificar os serviços do hospital 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 2.1.9 2.1.11 Melhorar a qualidade na prestação de serviços Agilizar o atendimento de usuários Elevar o nível de satisfação dos usuários Aumentar a capacidade de captar recursos Otimizar os gastos Garantir a transparência da alocação e utilização dos recursos Realizar parcerias visando ampliar captação de recursos e serviços para o hospital Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização Implantar política de responsabilidade socioambiental 2.1.12 Divulgar informações dos serviços prestados pelo hospital 2.1.10 2.1.13 177 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Conselho Municipal de Saúde O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação da Empresa Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos do Conselho Municipal de Saúde em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Conselho Municipal de Saúde para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimentos 2.1.2 Ampliar e melhorar o acesso aos serviços do hospital 2.1.3 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.4 Agilizar o atendimento de usuários 2.1.5 Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.6 Melhorar o sistema de informações e estatísticas 2.1.7 Otimizar os gastos 2.1.8 Aumentar a capacidade de captar recursos 2.1.9 Prover transparência da alocação e utilização dos recursos 2.1.10 2.1.12 Realizar parcerias visando ampliar a alocação de recursos e serviços no hospital Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização Implementar política de responsabilidade socioambiental 2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa 2.1.11 2.1.14 178 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Corpo Clínico O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Hospital Municipal Dr. João Elísio de Holanda Número Total de Funcionários 1.005 Servidores/Empregados 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos do Corpo Clínico em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos do Corpo Clinico para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.2 Aumentar recursos financeiros para custeio e investimentos 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 2.1.9 Prover capacitação técnica para os gestores Prover oportunidades de cursos para as equipes de serviços Melhorar o sistema de informações e estatísticas Adequar a equipe de colaboradores às necessidades do hospital Prover processos padronizados e controlados Ampliar a utilização de recursos tecnológicos Prover Gestão participativa para resultados 2.1.10 Prover instalações físicas e equipamentos adequados 2.1.11 Disponibilizar acesso a novas tecnologias 2.1.12 Melhorar o clima organizacional 2.1.13 Melhorar o sistema de comunicação 179 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Fornecedores/Prestadores de Serviços O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos dos Fornecedores/Prestadores de Serviços em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Fornecedores para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1. Pagar preços justos 2.1.2. Garantir agilidade no pagamento das faturas 2.1.3. 2.1.4. 2.1.5. 2.1.6. 2.1.7. 2.1.8. Melhorar a organização da instituição Prover processos padronizados e controlados Gerenciar a qualidade dos serviços e produtos fornecidos ao hospital 180 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Pacientes/Familiares O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação do Hospital Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos dos Pacientes/Familiares em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos dos Pacientes/Familiares para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1. Aumentar o número de atendimentos 2.1.2. Diversificar os serviços do hospital 2.1.3. 2.1.4. 2.1.5. 2.1.6. 2.1.7. 2.1.8. 2.1.9 2.1.10 Melhorar a qualidade na prestação de serviços Agilizar o atendimento de usuários Elevar o nível de satisfação dos usuários Aumentar a capacidade de captar recursos Prover ambiente físico adequado e limpo Garantir o suprimento de medicamentos e material necessários ao funcionamento satisfatório do hospital Prover alimentação de boa qualidade 2.1.11 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização Prover tratamento adequado ao paciente com equipe treinada 2.1.12 Disponibilizar equipamentos com tecnologia atualizada 181 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA STAKEHOLDER: Secretaria de Saúde O presente questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a construção de modelo avaliação de desempenho de organizações hospitalares públicas, a partir da Teoria dos Stakeholders, que realça a importância dos objetivos das diversas partes interessadas da organização. Todas as informações obtidas serão utilizadas para fins exclusivamente acadêmicos, não sendo individualizados os respondentes na análise e apresentação de resultados. I – CARACTERIZAÇÃO (Responda somente os itens aplicáveis) 1.1. Identificação da Empresa Nome Número Total de Funcionários 1.2. Identificação do Respondente Nome Cargo que ocupa II – IDENTIFICAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS DOS STAKEHOLDERS 2.1. Objetivos da Secretaria da Saúde em relação ao HMJEH Com base em pesquisa, foram identificados os seguintes objetivos da Secretaria de Saúde para o HMJEH. Por favor, indique, marcando com X, o grau de importância que atribui a estes objetivos, conforme a escala abaixo. Caso algum objetivo que julgue relevante não tenha sido listado, por favor, acrescente-o com letra de forma, indicando o grau de importância que atribui ao mesmo. (ESCALA: SI – sem importância; PI – pouco importante; I – importante; MI – muito importante) Marque com X, o grau de OBJETIVOS importância SI PI I MI 2.1.1 Aumentar o número de atendimento 2.1.2 Melhorar a qualidade na prestação de serviços 2.1.3 Ter um modelo de “Gestão Profissional” no hospital 2.1.4 2.1.5 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 2.1.9 Promover capacitação técnica para os gestores Promover oportunidades de cursos para equipes de serviços Melhorar o sistema de informações e estatísticas Otimizar os gastos Agilizar o atendimento de clientes Melhorar o acesso aos serviços do hospital Elevar o nível de satisfação dos usuários 2.1.10 2.1.11 Implementar políticas de desenvolvimento de pessoas com foco na humanização Prover transparência da alocação e utilização dos recursos 2.1.12 Implementar política de responsabilidade socioambiental 2.1.13 Tornar-se um hospital de ensino e pesquisa 182 VERSO DE TODOS OS QUESTIONÁRIOS III – IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 3.1 PROBLEMAS 3.1.1 Aponte os problemas que você identifica para a obtenção dos objetivos, classificados como importante e muito importante, na pergunta anterior. Siga o modelo do exemplo a seguir: Objetivo: Melhorar o sistema de informações e estatística / Problema: Ausência de sistema informatizado para cadastro e tratamento das informações. IV – IDENTIFICAÇÃO DOS MEIOS 4.1 MEIOS 4.1.1 Indique os principais meios ou estratégias para solucionar os problemas citados no item anterior. 183