Tuning - Bosch
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Tuning - Bosch
capa3 21/03/05 16:38 Page 1 VidaBosch Abril de 2005 • nº 2 Agulha, linha, ação! Tuning as máquinas envenenadas Débora Falabella assume a direção Redescobrindo a BR-101 São Paulo a Salvador via litoral capa3 22/03/05 15:01 Page 2 21/03/05 16:41 Page 1 1 VidaBosch Ellen Paula Daniel Cymbalista/Pulsar 02 02 viagem 08 eu e meu carro 10 torque e potência Desvendando as paisagens e as curvas da BR-101 O primeiro automóvel de Débora Falabella Os velozes caminhões da F-Truck conquistam o público 14 08 Ricardo Ayres/Photocamera Nesta segunda edição, a revista VidaBosch reforça ainda mais o compromisso de tornar a sua vida melhor e promove uma nova incursão no mundo das curiosidades, do entretenimento e das tendências. Você vai passear por belezas como as do litoral que extasia os olhos de quem viaja pela BR-101 — cruzando os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia — e conhecer a elegância discreta da atriz Débora Falabella, que tem atuado com desenvoltura e competência em diversos palcos e telas do país. Esta edição vai levar você a descobrir como o trabalho manual estimula a criatividade e como o todo-poderoso vinho tinto pode fazer maravilhas na culinária. Mais adiante no mundo das curiosidades, você vai descobrir como a Bosch participa do setor dos medicamentos genéricos e da construção das grandes obras brasileiras. Na seção atitude cidadã, as histórias sobre voluntariado vão mostrar que podemos fazer um mundo melhor. A revista também vai proporcionar a você conhecimentos sobre tuning — a arte de personalizar um carro. Enfim, a VidaBosch traz uma seleção de informações especiais, e a Bosch se orgulha de estar presente em todas essas situações. Boa leitura! 42 VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (ADV). 14 casa e conforto 20 saudável e gostoso 26 tendências 28 grandes obras 34 Brasil cresce 38 atitude cidadã 42 aquilo deu nisso 46 áudio Presidente: Edgar Silva Garbade Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Campos Bicudo, 98, 3° andar, CEP 04536-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3066-5115, fax (11) 3167-4141, e-mail: [email protected] Projeto gráfico e diagramação: Renata Buono Design ([email protected]), tel. (11) 3129-5083 Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Globo Cochrane Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) Trabalhos manuais estimulam a criatividade A alegria do vinho tinto invade as caçarolas Sistemas de alarme acionados pela web Metrô de São Paulo ganha novos contornos Fôlego redobrado dos medicamentos genéricos Empresas aderem ao trabalho voluntário Tuning, a arte de dar alma às máquinas DVD no carro, crianças felizes, pais sossegados Rachel Guedes Presente a toda hora Rachel Guedes sumário1 viagem7 21/03/05 2 16:47 Page 2 viagem Bosch São Paulo Rio de Janeiro 624 km Parati 261 km 176 km Búzios 298 km Louise Chin/Lost Art 363 km Guarapari 474 km Rio-Santos: o trecho que liga São Paulo ao Rio oferece a diversidade das praias de São Sebastião (acima e no alto à dir.) e o charme das fachadas de Parati (à dir.) Paisagens e histórias da BR-101 POR EDER CHIODETTO As boas paradas dos mais de 2.300 quilômetros que ligam São Paulo a Salvador v iajar de São Paulo à Bahia de carro, pelo litoral, é mais que uma aventura solar. É também a possibilidade de vislumbrar algumas das mais belas paisagens do planeta e enveredar por vestígios da descoberta e ocupação dessa porção do território outrora nomeada Terra do Pau-Brasil. Ao inverter o ponto de vista da chegada de Caminha, ou seja, manter-se de frente para o mar e de costas para o Brasil, o viajante deverá ter em mente que, se navegar é preciso, entregar-se à imprevisibilidade dos tantos e tão sedutores desvios de rota que o asfalto oferece é o que há de melhor para quem tem alma de aventureiro e prefere roteiros erráticos e, por isso, surpreendentes e inesperados, a uma tediosa excursão pré-programada. Carro revisado, CDs escolhidos, boa companhia e um guia com um bom mapa de viagem a bordo, é hora de partir. O caminho, um só: BR-101, a estrada federal que liga o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, descortinando a maior faixa litorânea do país. Mas vamos por partes: VidaBosch percorreu os exatos 332 km viagem7 22/03/05 11:38 Page 3 3 Salvador 1.381 km 317 km Trancoso 732 km 85 km SE Praia do Forte Louise Chin/Lost Art Itaúnas 15 14 BA 13 Oceano Atlântico Rachel Guedes 12 11 10 ES 9 MG 8 7 RJ 6 4 5 2.357 quilômetros que separam a cidade de São Paulo da Praia do Forte, no município de Mata de São João, no norte da Bahia. Roteiro ideal para fazer durante um mês de férias, com paradas de dois a quatro dias nas praias e cidades que já sabemos lindas e interessantes, mas também nos muitos lugares até então desconhecidos e fascinantes que irão surgir diante do pára-brisa. Há, porém, um caminho de pedras, buracos, curvas inconcebíveis, má sinalização e ultrapassagens dramáticas que nos separa do paraíso: a BR-101. Ao mesmo tempo que é exuberante por causa da vista que oferece – sobretudo no trecho em que serpenteia entre o oceano e a Mata Atlântica –, ela também oculta al- guns perigos e requer muita atenção. Em sua maior parte, a estrada possui apenas uma pista de mão dupla e há buracos, principalmente no trecho fluminense e em parte da Bahia. Por isso, uma boa dica é percorrer até 300 quilômetros por dia e nunca dirigir à noite. Dessa forma, além de aumentar a segurança, será possível a observar a paisagem que surge como um inspirado videoclipe. Enfim, vá devagar e pare sempre, afinal a vida real se desenrola muito mais no acostamento do que na via expressa. Do litoral norte de São Paulo à Praia do Forte, na Bahia, há locais obrigatórios, como Parati, Niterói, Búzios, Guarapari, Vitória, Itaúnas, Trancoso, Morro de São Paulo e Salvador. Entre centenas de ou- « m 3 2 1 SP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 São Paulo Camburi Parati Rio de Janeiro Niterói Búzios Anchieta Guarapari Vitória Itaúnas Caraíva Trancoso Morro de SP Salvador Praia do Forte viagem7 21/03/05 4 16:48 Page 4 viagem Bosch « É NO ESPÍRITO SANTO que a BR-101 exibe um de seus momentos sublimes. Há uma seqüência de vales e montanhas com recortes inusitados e florações multicores tras cidades e praias, há uma diversidade capaz de impressionar qualquer urbanóide convicto: dunas, restingas, Mata Atlântica, falésias, manguezais, cachoeiras, arrecifes e rios desenham a irregular e vasta geografia da costa brasileira. Após ver a cidade de São Paulo sumir no retrovisor do carro, o melhor é uma parada rápida para já entrar em sintonia com o que está por vir. São Sebastião oferece uma infinidade de possibilidades: Barra do Sahy, Camburi, Boiçucanga, Maresias ou Toque-Toque Grande. Todas essas praias têm boa infra-estrutura e são muito limpas. Essa faixa de areia possui algumas subdivisões não muito claras de “tribos” que costumam ocupá-las. Na alta temporada, Maresias tem shopping, restaurantes badalados, reggae, muita gente bonita e um pouco afetada. O clima de paquera é total. Surfistas fazem seu “point” no canto direito da praia, onde as ondas são mais fortes. Camburi é a praia onde a turma acima dos 30 anos faz a festa, sem a ditadura do corpo escultural. Para quem quer começar a trilha mais devagar para tirar a metrópole da corrente sangüínea, a melhor opção são as sossegadas Barra do Sahy, Paúba e Toque-Toque Grande ou Pequeno. Depois é hora de cruzar a primeira divisa: Parati é uma ótima pedida. Fundada no final do século 16, mantém a beleza delicada de uma das poucas cidades coloniais brasileiras preservadas. Meca de estrangeiros e artistas em geral que se deslumbram entre suas ilhas, mantém as ruas pavimentadas com pedras irregulares (mulheres, esqueçam o salto alto!) e casas com fachadas coloridas. As melhores praias de Parati estão Fotos Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Segurança Comodidade Em uma viagem pelo litoral brasileiro, é muito freqüente a ocorrência de chuvas, principalmente durante o verão. Por isso, antes de pegar estrada, é recomendável verificar as condições da palheta do limpador de pára-brisa. Com o objetivo de aumentar a segurança nos dias de chuva, a Bosch disponibiliza no mercado brasileiro o jogo de palhetas Clear Plus, produzidas com uma borracha mais resistente e flexível que a dos modelos convencionais. O acessório oferece maior capacidade de limpeza da água, além de funcionamento mais silencioso. A Clear Plus pode ser instalada em quase todos os modelos nacionais e importados. Fazer uma longa viagem e não ter que se preocupar em ligar os faróis e o limpador de pára-brisa já é uma realidade no setor automobilístico. Desenvolvido pela Bosch, o sensor de chuva e luminosidade tem ganhado popularidade na Europa e começa a ser aplicado também no Brasil. O sensor consegue avaliar a intensidade da chuva e adaptar a velocidade da palheta para a limpeza do vidro: quanto mais cai água, mais rápido trabalha o limpador. No mesmo módulo, há também um sensor de luz que aciona os faróis quando o veículo entra, por exemplo, num túnel ou numa garagem escura. 21/03/05 16:49 Page 5 Ignácio Aronovich/Lost Art A ponte Rio-Niterói faz parte da rodovia BR-101. Antes de chegar nela, é hora de escolher entre ficar um tempo na capital fluminense ou seguir em frente. Independentemente da opção, não deixe de visitar o MAC (Museu de Arte Contemporânea) de Niterói. Projetado por Oscar Niemeyer, lembra uma espaçonave pousada no mirante da Boa Viagem, com uma vista esplêndida da cidade do Rio de Janeiro. Se você optar por viajar na alta temporada e, por acaso, chegar a Búzios num final de semana ou feriado prolongado, terá feito uma besteira. Nessa época, Búzios fica absolutamente tomada por turistas, não sobra espaço nas praias mais interessantes, a infra-estrutura da cidade não dá conta dos serviços básicos, os preços são extorsivos e você provavelmente ficará mal-humorado. Programe-se, portanto, para chegar a Búzios durante a semana e poder conhecer e curtir as praias Azeda, Azedinha e Geribá, as mais bonitas. Um passeio de escuna para fazer o reconhecimento de Ignácio Aronovich/Lost Art justamente nas ilhas próximas, acessíveis por barco. Não titubeie. Alugue um barco (não deixe de pechinchar o preço) ou vá de escuna. As águas de Parati, assim como as de Angra dos Reis, são cristalinas e mornas. Perfeitas para mergulhos. Os deleites aquáticos pedem mais que o mar, por isso conhecer a Cachoeira da Penha é quase uma obrigação: ela está a cerca de 9 quilômetros de Parati, na estrada que dá acesso à cidade de Cunha. A água da cachoeira escorre por uma imensa pedra, onde os mais corajosos escorregam, como se estivessem num tobogã, para serem lançados num poço fundo de águas revoltas e frias. Diversão garantida. Retornando 16,4 quilômetros do trevo de Parati, encontra-se o acesso para a praia de Trindade. Há um vilarejo habitado por pessoas que parecem formar uma congregação de viúvas de Raul Seixas. Portanto, “faça o que tu queres, pois é tudo da lei”. Dali, por trilha, há um acesso para o Cachadaço, piscina natural formada por pedras que, caprichosamente, represam a água do mar. Eder Chiodetto 5 « viagem7 BR-101 afora, o viajante experimenta a vista de paisagens exuberantes: o MAC de Niemeyer, em Niterói; um vôo de asa-delta no Rio de Janeiro e o horizonte de Itaúnas, no Espírito Santo viagem7 21/03/05 6 16:50 Page 6 Rogério Reis/Pulsar viagem Bosch O que é que a Bahia tem: o mar deslumbrante de Caraíva (acima) e as ruínas do forte de Morro de São Paulo (à esq.) Daniel Cymbalista/Pulsar toda orla que enlouqueceu Brigitte Bardot nos anos 60 é programa certeiro. À noite, é inevitável o passeio pela rua das Pedras, onde há um movimentado comércio com butiques e restaurantes de primeira linha. É no estado do Espírito Santo « A CHEGADA a Salvador é precedida de um “pit stop” na ilha de Itaparica e de uma vista magnífica da cidade natal de Castro Alves que a BR-101 exibe um de seus momentos sublimes. Há uma seqüência de vales e montanhas com recortes inusitados e florações multicores. Também é no trecho entre Vitória e a divisa com a Bahia que a estrada é “menos pior”, com bom asfalto, embora permaneça a falta de sinalização. A cidade histórica de Anchieta, onde viveu o jesuíta, fica 102 quilômetros antes da capital. É um bom lugar para abandonar a estrada, fazer um passeio a pé, dar um mergulho nas águas calmas (e frias) da praia de Ubu e almoçar uma autêntica moqueca capixaba (não leva azeite-dedendê) ou uma lagosta na manteiga. Guarapari e Vitória oferecem infra-estrutura de metrópole. As praias são densamente povoadas, sobretudo por mineiros ávidos por um lugar ao sol no verão. Bom para quem gosta de axé music, frescobol e trânsito. Se você já estiver um pouco entediado do esquema chinelobiquíni-areia, é a chance de se refugiar num shopping ou ir ao cinema. Se preferir deitar numa rede e contar estrelas no céu ouvindo as ondas do mar, a parada perfeita está 290 quilômetros adiante, na paradisíaca Itaúnas, perto de Conceição da Barra, próximo da divisa com a Bahia. A principal marca de Itaúnas são as dunas com até 30 metros de altura. Na década de 20, a areia “engoliu” totalmente o vilarejo dos pescadores. Em determinadas épocas é possível ver a cruz que havia no alto da antiga igreja, agora soterrada. A cidade só foi reconstruída a partir dos anos 60. Hoje os turistas an- viagem7 21/03/05 16:50 Page 7 7 dam de bicicleta no Parque Estadual de Itaúnas, observam os filhotes de tartarugas do Projeto Tamar e, à noite, dançam forró embalados pela xiboquinha – mistura “inesquecível” de aguardente, canela, cravo, mel e gengibre. “Sorria, você está na Bahia”, diz uma placa na divisa do estado com o Espírito Santo. Mediante 1 real, um garoto vai se oferecer para tirar uma foto sua com cara de turista bocó ao lado da placa. Sorria. O sul da Bahia tem dois endereços certos: Trancoso e Caraíva. A escolha só não é óbvia para aqueles que preferem fazer uma lavagem cerebral e estomacal em Porto Seguro ouvindo 323 vezes a execução de “Poeira”, com Ivete Sangalo, e tomando capeta, bebida à base de leite condensado, vodca, conhaque, Cinzano, guaraná em pó, canela e qualquer outro ingrediente que o barman das milhares de barracas espalhadas pelo corredor da pinga – a rua principal – achar que “combina” com você. Trancoso, como Itaúnas, fora de tem- porada é um lugar de sossego e turistas mais descolados. O comércio do vilarejo é dominado por paulistas, fluminenses e mineiros que trocaram a vida agitada da metrópole pela calmaria das praias locais. A praia do Coqueiral é própria para os adeptos do naturismo. Por estrada de areia, ou de barco, chega-se a Caraíva, uma vila rústica sossegadíssima, onde carro não entra – há estacionamento próximo ao rio – e não há energia elétrica. Passeios noturnos são iluminados por lanternas. Leve a sua. Para chegar à ilha de Tinharé, onde fica a vila de Morro de São Paulo, é preciso deixar o carro na cidade de Valença e seguir de barco. No verão, turistas argentinos chegam a formar metade da população. Há quatro praias facilmente acessíveis. São chamadas de Primeira, Segunda, Terceira e Quarta. A Primeira é um pouco poluída. A Segunda é a mais agitada. A Terceira é a melhor para nadar, e a Quarta é a mais isolada e por isso a preferida dos amantes. A chegada a Salvador é precedida por um “pit stop” na ilha de Itaparica e pela balsa, que oferece uma vista magnífica ao se aproximar da cidade natal de Castro Alves. A praia do Porto da Barra continua sendo um clássico da costa brasileira. Dali o pôr-do-sol é dionisíaco. Entre tantas atrações, passear num final de tarde pela ponta do Humaitá e pelo bairro da Ribeira é fundamental para decodificar a beleza e a cadência do baiano. O ponto final desse roteiro nos leva à Praia do Forte, onde está a principal unidade do Projeto Tamar, que em alguns anos repovoou a costa brasileira com as tartarugas marinhas, que estavam em extinção. Há também as ruínas do castelo Garcia d’Ávila, de 1551, que sediou as sesmarias cujas terras se estendiam da Bahia ao Maranhão. Uma boa dica para as próximas férias, não? Para saber quais cidades ao longo da BR-101 têm oficinas da rede Bosch Service, acesse: www.bosch.com.br Ricardo Azoury/Pulsar Fim da viagem: o roteiro termina na Praia do Forte, principal unidade do Projeto Tamar, famoso pela preservação das tartarugas marinhas eu e meu carro1b 8 21/03/05 16:51 Page 8 eu e meu carro Bosch A elegância discreta de Débora Falabella A atriz de 25 anos quer muito mais que um carrinho bonito eu e meu carro1b 22/03/05 11:40 Page 9 9 o que a escolha de um carro pode revelar sobre a personalidade de seu dono? No caso da atriz Débora Falabella, muito. A mineira de 25 anos tratou a escolha de seu primeiro carro, há apenas três anos, com a mesma seriedade e discrição que a caracterizam profissionalmente. Débora não é uma aventureira e gosta de se preparar. Antes de estrear na tela da Globo, em 1998, ela já tinha atrás de si uma bagagem de anos de estudo e prática de teatro, isso sem contar a influência artística dos pais: uma cantora lírica e um dramaturgo. Quietinha, como boa mineira, ela conquistou seu espaço em todas as áreas da dramaturgia nacional e hoje tem em seu currículo cinco novelas, o mesmo número de filmes, alguns prêmios e várias peças de teatro. E não se deixe enganar pelo jeito doce de boa menina – Débora não pára. Emendou a última novela das 8, Senhora do Destino, com a peça Noites Brancas, com a qual excursiona pelo país. E já tem engatilhado seu próximo projeto: uma adaptação de A Serpente, de Nelson Rodrigues, que começa a ensaiar no meio do ano. Apesar de vir de uma família de classe média, Débora não foi daquelas adolescentes que esperavam ansiosamente o 18º aniversário para começar a dirigir. Nessa época, sua cabeça já estava completamente tomada pelo teatro e pela faculdade de Publicidade, que cursou durante um ano e meio. A decisão de comprar um carro demorou, e só chegou quando ela teve que mudar para o Rio de Janeiro por motivos profissionais. “Eu não ligava muito e vivia de carona, de táxi. No Rio, descobri que isso era impossível”, diz. Só então, aos 22 anos, foi aprender a dirigir. Na hora de escolher seu primeiro – e atual – automóvel, a primeira coisa que veio à cabeça de Débora foi seu próprio estilo e sua personalidade. “Queria um carro que fosse bonito, claro, e que combinasse comigo. Não queria al- go enorme, chamativo”, revela a atriz. Pudera: a elegância discreta e sólida é a marca registrada de Débora – que não tem nenhum parentesco com o ator Miguel Falabella. Mas a aparência é só o começo. Passada a primeira seleção, os modelos aprovados pelo crivo estético da bela disputaram a decisão final, que ficou por conta dos diversos test-drivers que Débora fez antes de escolher um Renault Clio. “Ele tem direção hidráulica, é muito macio e fácil de dirigir”, diz ela, que ainda nota o resultado de sua pesquisa quando dirige os carros das irmãs, por exemplo: “São muito duros”. Segurança, para ela, foi fator indiscutível – considerou airbags, por exemplo, como itens de fábrica, e não opcionais. “Atualmente os carros novos têm que vir com todos esses dispositivos”, decreta. Hoje, ela confessa que adora dirigir e a independência que o carro proporciona. Moradora da Barra da Tijuca, Débora conta que, por causa das grandes distâncias que precisa percorrer, às vezes o automóvel acaba virando uma extensão da própria casa. Assim, é comum encontrar roupas de ioga, livros e scripts espalhados pelo carro da atriz. No entanto, os objetos mais fáceis de achar no carro de Débora são os CDs de música. “Adoro. A hora que eu mais ouço música é quando estou dirigindo”, diz, afirmando ainda que não se restringe aos CDs e gosta também de acompanhar as novidades das rádios. E que, como qualquer mortal, aproveita o raro momento de privacidade para fechar os vidros, aumentar o volume e se desligar do mundo. A trilha sonora geralmente é MPB ou rock, mas sempre reflete o humor do dia. As músicas mais agitadas ganham vez quando a atriz está alegre e cheia de energia, e as mais calmas são reservadas para um momento de reflexão. E, se a paixão por carros demorou a chegar, aparentemente veio para ficar. Débora já anda de olho nos companheiros de pista e confessa sua nova predileção por carros “redondinhos e altinhos” como o Citroën C3. A Bosch na sua vida Fotos Arquivo Bosch POR CARINA MARTINS Energia extra O ditado popular “o barato sai caro” pode ser muito bem aplicado quando o assunto é bateria para carros. Com defeito ou de má qualidade, ela pode causar problemas de partida, sobretudo em dias mais frios. Com o objetivo de oferecer bateria de qualidade a um preço competitivo, a Bosch disponibiliza no mercado brasileiro uma ampla linha de baterias automotivas, incluindo as baterias SuperTecno, constituídas de materiais que garantem maior durabilidade e desempenho. A linha cobre a maioria dos modelos nacionais. Revisão Para manter o carro em boas condições de uso, é recomendável uma revisão periódica — principalmente em itens como freios, faróis, palhetas, velas, cabos de ignição, radiador, mangueiras e bateria. Durante a revisão, deve-se ainda verificar a regulagem do motor (injeção e ignição), além dos níveis de óleo, água do radiador e água no limpador de párabrisa. Segundo recomendação da Bosch, a checagem dos freios é um dos aspectos mais importantes na revisão. Nesse caso, deve-se verificar as condições das pastilhas, lonas, discos e tambores, além de checar também se não há vazamento no sistema. torque 21/03/05 16:55 Page 10 10 torque e potência Bosch POR GUILHERME PREZIA Tamanho é documento Gigantes nos motores e nas dimensões, os caminhões de Fórmula Truck alcançam velocidades de até 240 km/h i magine um caminhão pesando o equivalente a quatro carros populares sair da imobilidade e alcançar 100 km/h em apenas 7 segundos, e que consiga atingir velocidade máxima próxima a 240 quilômetros por hora. Imagine também que esse caminhão dispute uma corrida com outros veículos de mesmo porte e desempenho. Engana-se quem acha que se trata de um jogo de videoga- me ou filme de ficção científica. A corrida de caminhões superpotentes existe e acontece no Brasil sob o nome de Fórmula Truck. Para entender o segredo do elevado desempenho desses caminhões, basta abrir o capô de um deles. Pelo menos nesse caso, o ditado popular “tamanho é documento” faz todo o sentido. Tudo num caminhão de Fórmula Truck tem dimen- Quatro vezes mais pesado que um carro comum, o F-Truck atinge 100 km/h em 7 segundos sões exageradas. O motor, por exemplo, com 12 litros de cilindrada, pode gerar 1.000 cavalos, potência dez vezes maior que a de um veículo médio de passeio. Além de ter motor gigante, os caminhões que disputam a competição passam também por uma série de modificações técnicas. A principal delas é a adoção de um sistema de turbocompressor, cuja função é jogar uma quantidade maior de ar para dentro do motor. Com mais oxigênio na câmara de combustão, o motor consegue trabalhar ainda mais rápido e gerar potência maior. E, para controlar essa verdadeira fera sobre rodas, a Fórmula Truck conta com uma atração especial: a bela Débora Rodrigues, ex-capa da Playboy e que desde 1998 disputa a competição. Para aqueles que acham que lugar de mulher não é num caminhão, muito menos de F-Truck, Débora vai logo dizendo que encara a máquina desde os 13 anos, por influência do pai, caminhoneiro experiente e seu primeiro professor de pilotagem. “Quase nasci dentro da boléia. O caminhão é minha segunda pele”, brinca. Antes mesmo de entrar para a competição, a beleza de Débora já chamava a atenção da mídia quando ela ainda era uma desconhecida militante do MST (Movimento dos Trabalhadores 21/03/05 16:55 Page 11 11 Fotos Divulgação ORIGENS F-Truck surgiu na Europa A ex-sem-terra Débora Rodrigues e sua máquina: atração dentro e fora das pistas « torque As corridas de caminhões começaram na Europa, no início dos anos 80. O principal campeonato da categoria é a Copa Européia de Caminhões, organizada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) desde 1990. O campeonato europeu é considerado um dos eventos mais importantes do automobilismo mundial, perdendo em quantidade de público apenas para a tradicional Fórmula 1. Em terras brasileiras, a Fórmula Truck começou a ser praticada em 1987, mas somente em provas de exibição. A oficialização veio no final de 1995, quando recebeu a homologação da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) para se tornar um campeonato oficial a partir do ano seguinte. Em 1999 a competição começou a bater recordes de público, com mais de 30 mil pessoas no circuito de Tarumã, no Rio Grande do Sul. No mesmo ano, a prova de Interlagos, em São Paulo, recebeu cerca de 50 mil pessoas. Em 2000, a competição passou a contar com outro atrativo – um show com manobras radicais de caminhões e motos, comandado pelo experiente piloto Aurélio Batista Félix, promotor da F-Truck. A exibição, feita com três caminhões de 5 toneladas cada um, ajudou a atrair ainda mais o público e a atenção da mídia. Os caminhões de corrida utilizados na Europa são similares aos da Fórmula Truck brasileira – só não são iguais os modelos de pneus e algumas especificações mecânicas. Mas a principal diferença entre os dois campeonatos está na quantidade de pessoas presentes nas provas. Apesar de o campeonato brasileiro estar em franco crescimento, as provas da Europa ainda conseguem atrair um público maior. O circuito de Nurburgring (Alemanha), por exemplo, chega a receber cerca de 150 mil pessoas em quatro dias de evento – entre treinos livres, tomadas de tempo e corrida. torque 21/03/05 16:56 Page 12 12 torque e potência Bosch « APESAR DO Fotos Divulgação elevado nível de segurança, pilotar um F-Truck exige experiência e muita perícia do piloto, que deve estar sempre atento aos pneus Com caminhões mais velozes e seguros a F-Truck ganha admiradores: de 1996 a 2004 o público saltou de 12 mil para 35 mil pessoas. Os pilotos Débora Rodrigues e o marido, Renato Martins, ajudam a atrair público Rurais Sem Terra). Não demorou muito para receber convite da Playboy e posar para a revista em 1997, que trazia na capa sua foto acompanhada do título “A sem-terra mais bonita do Brasil”. No entanto, mesmo com a fama conquistada após posar nua, Débora não deixou de ir atrás do que realmente gosta de fazer, e em 1998 estreou como a primeira mulher a disputar a Fórmula Truck. A potência e a força bruta gerada pelos caminhões F-Truck nunca intimidaram a ex-sem-terra. “Me sinto segura no meu caminhão de corrida”, conta. Segundo ela, os veículos passam por diversas modificações para aumentar a segurança, como suspensão rebaixada, para melhorar a estabilidade, e amortecedores especiais de competição, mais firmes e resistentes. Além disso, o motor é deslocado para baixo e o chassi, cortado para reduzir a distância entre os dois eixos Campeonato Brasileiro 2005 Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Data 13/03 10/04 15/05 05/06 10/07 07/08 11/09 06/11 11/12 do caminhão, fazendo com que o veículo fique mais estável em curvas e em velocidades elevadas. Além das mudanças no motor e na suspensão, os caminhões ganham também um reforço extra no interior da cabine. Para aumentar a proteção dos pilotos, a carroceria ganha novas estruturas Autódromo Caruaru Goiânia São Paulo Santa Cruz do Sul Londrina Campo Grande Curitiba Tarumã Brasília Estado PE GO SP RS PR MS PR RS DF tubulares, totalmente independentes do resto. Dessa forma, no caso de uma capotagem, a cabine tende a se desprender do chassi, protegendo o piloto numa espécie de “célula de sobrevivência”. Apesar do elevado nível de segurança, pilotar um F-Truck exige experiência e muita atenção do piloto. De acordo com 21/03/05 16:56 Page 13 13 o atual campeão da competição, Beto Monteiro, da equipe Ford, os competidores devem estar sempre atentos à temperatura dos pneus, pois quando esquentam podem estourar e provocar uma capotagem. “Nessa situação, o piloto perde completamente o controle do caminhão.” Em seus sete anos de Fórmula Truck, Débora tem sustos para contar. Seu acidente mais grave aconteceu no circuito de Tarumã, no Rio Grande do Sul, na temporada de 2004. O bloco do motor explodiu durante a corrida. Para controlar a máquina em chamas, Débora teve que fazer malabarismos no volante. “Fiquei na contramão da pista e tive que descer rápido do cockpit porque o caminhão incendiou”, relembra. Em outro episódio, Débora passou maus momentos depois que seu veículo perdeu o freio nos boxes, após uma pane no sistema hidráulico. Como o local ficava numa descida, a máquina continuou se movimentando com a pilota dentro e quase atropelou pessoas que estavam na frente. No entanto, Débora conseguiu segurar o caminhão após uma rápida redução de marchas e, por sorte e perícia, ninguém saiu ferido. Mesmo com os percalços da profissão, tanto Monteiro quanto Débora consideram o F-Truck uma máquina segura de guiar. Ele defende que o caminhão é mais seguro que um carro de corrida, em grande parte por causa da maior altura e do tamanho da cabine. Com caminhões cada vez mais velozes e seguros, a Fórmula Truck vem ganhando popularidade a cada edição. Segundo a organização do campeonato, a média de público por corrida aumentou quase três vezes nos últimos anos, saltando de 12 mil pessoas em 1996, quando a competição passou a existir de modo oficial, para 35 mil na temporada de 2004. Os organizadores esperam que para este ano a audiência continue a crescer. Para ajudar a popularizar ainda mais a competição, a edição 2005 deverá ganhar um reforço de peso: o piloto tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet. Apesar de ainda não ter sido confirmada oficialmente, sua presença é dada como quase certa para a nova temporada. Segundo informações divulgadas no início do ano, Piquet será, nessa temporada companheiro de equipe de Pedro Muffato, outro veterano das pistas. Outra novidade para 2005 é a inclusão, no calendário, do novo autódromo de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, estado que passa a contar agora com três circuitos. A abertura da Fórmula Truck 2005 aconteceu no dia 13 de março em Caruaru (Pernambuco) e reuniu 45 mil pessoas. Ao todo essa temporada terá, ao longo de nove meses, nove circuitos no Distrito Federal e em cidades do Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Mais informações podem ser obtidas no site www.formulatruck.com A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Agência Estado torque Incentivo Líder no mercado nacional de sistemas de injeção a diesel, a Bosch participa da Fórmula Truck como patrocinadora da competição e fornecedora de tecnologia para quase todas as equipes. Os sistemas de injeção da Bosch são um dos principais responsáveis pelo gerenciamento do motor, proporcionando alto desempenho com baixos níveis de emissão de poluentes — características importantes mesmo em campeonatos como a Fórmula Truck. Fora dos autódromos a empresa também se destaca: para veículos comerciais de série, os sistemas de injeção da Bosch são projetados para suportar mais de 1 milhão de quilômetros rodados com um caminhão, distância equivalente a 25 voltas ao redor da Terra. casa e conforto2 21/03/05 16:58 Page 14 Fotos Rachel Guedes 14 casa e conforto Bosch casa e conforto2 21/03/05 16:59 Page 15 15 POR CAROLINA CHAGAS E PAULA MEDEIROS Mãos à ! obra Ótimos para ocupar aquele tempinho ocioso, os trabalhos manuais também são terapêuticos p ara fugir dos inúmeros pretendentes, que queriam ocupar o lugar de seu marido, Ulisses – um dos heróis da Guerra de Tróia e protagonista de A Odisséia, obra do grego Homero –, Penélope, a mocinha da história, disse-lhes que só aceitaria um pedido de casamento depois que tecesse uma mortalha para seu sogro, Laerte, usar no leito de morte. Esse caprichado tecido nunca ficava pronto. Todo o trabalho cuidadosamente feito durante o dia era desfeito durante a noite. Dessa forma Penélope conseguiu driblar os pretendentes por quase dez anos, quando Ulisses finalmente retornou a Ítaca, sua terra natal. Desde os idos de Penélope (alguns séculos antes de Cristo), os trabalhos ma- nuais são passatempo sobretudo de mulheres. Poucas, felizmente, tiveram de fazer o mesmo uso da personagem da trama de Homero, mas muitas são as referências em obras e pesquisas históricas de grupos de mulheres tecendo ou executando outros trabalhos com as mãos . No livro A Roupa e a Moda, um dos principais curadores de museu da Inglaterra, James Laver, aponta a invenção da agulha de mão como “um dos maiores avanços tecnológicos da história do homem, comparável em importância à invenção da roda e à descoberta do fogo”. Em seguida, ressalta que há mais de 40 mil anos grandes quantidades dessas agulhas feitas de marfim de mamute, ossos de rena e presas de leão-marinho foram encontradas em expedições arqueológicas. Com a invenção da agulha foi possível costurar pedaços de pele e moldar tecidos, abrindo caminho para a infinidade de usos que hoje damos às mais diversas tramas. A queima do barro para a criação de utensílios domésticos mais resistentes também data de milhares de anos e representou outro salto na evolução humana. Tanto os tecidos quanto as peças de cerâmica evoluíram em modelos e técnicas, e hoje há uma infinidade de possibilidades para as Penélopes modernas ocuparem seu tempo ocioso. Isso mesmo: trabalhos manuais podem ser ótimas Pintura em tecido, crochê (ao lado), fuxico e porcelana são ótimas alternativas para preencher aquela horinha perdida « casa e conforto2 21/03/05 17:03 Page 16 16 casa e conforto Bosch O TRABALHO manual estimula a criatividade pois mexe com áreas do cérebro pouco usadas nas atividades intelectuais mais comuns « alegrias para aquelas horinhas perdidas dentro de casa. “Além de muito terapêuticos, os trabalhos com as mãos estimulam a criatividade, pois mexem com áreas do nosso cérebro pouco usadas nas atividades intelectuais mais comuns”, afirma a terapeuta ocupacional Dayse Noronha. Segundo ela, nos trabalhos com idosos ou até ex-dependentes de drogas, meninos de rua e depressivos, todas as modalidades de atividades manuais são extremamente eficazes. “Mas isso não quer dizer que uma pessoa saudável não deva exercitá-los também”, diz ela. “Não há nada mais agradável do que receber um elogio por uma peça bem-feita.” A VidaBosch pesquisou uma série de alternativas de trabalhos manuais. Com o cardápio a seguir nas mãos, tente fazer uma opção e descobrir o prazer de ter peças feitas por você mesmo. Cerâmica - A cerâmica e a terracota são base de utensílios domésticos desde o início da história da humanidade. A origem da porcelana é incerta, mas o local não: tudo começou na China. São da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) as primeiras peças de que se tem notícia. No final do século 13, Marco Polo levou peças de “ouro branco” – nome dado à porcelana na época – para a Europa. A partir desse momento, em vários pontos da Europa, iniciou-se a tentativa de reprodução da massa. Os europeus penaram, até que no século 18 conseguiram fazer suas primeiras peças. A presença de caulim na região de Meissen, na Alemanha, garantiu ao local a melhor porcelana, apesar de a França e a Itália também terem conseguido bons resultados. Com o domínio da técnica em vários pontos do globo, a porcelana passou então a ser muito apreciada e tem atualmente inúmeras possibilidades de pintura. A técnica é extremamente sofisticada. Depois de pintada, a peça volta ao forno e ganha cores vivas e resistência. Fuxico - Fuxico é a arte de transformar pedacinhos de tecido em trouxinhas, que, juntas, formam uma infinidade de peças: roupas, tapetes, colchas, cortinas, bolsas. O fuxico é uma criação nacional nascida nas senzalas. As escravas se juntavam para costurar roupas e outras peças com o que sobrava de pano da casa dos senhores. Elas cortavam os retalhos em pedacinhos, que eram alinhavados, franzidos e emendados uns nos outros. Enquanto costuravam, falavam da vida. Da sua e da dos outros. No interior do país, antigamente, não era difícil encontrar mulheres reunidas sentadas a fuxicar. As rodelas de pano de várias cores, depois de alinhavadas, cobriam almofadas e camas. No Dicionário Houaiss, além de fofoca, fuxico quer dizer “cerzidura ou remendo malfeito”. Redescoberto há alguns anos, o artesanato virou cult e hoje pode tomar a forma que o artesão desejar: de luminária a jogo americano, de bolsa a tapete. As trouxinhas ganharam o mundo e conquistaram até Jean Paul Gaultier, que aplicou fuxicos nas peças do verão passado. Tapete brasileiro - Há mais de 35 anos, duas hábeis costureiras e rendeiras de Pernambuco resolveram fazer um trabalho social com mulheres de baixa renda. Como essas pessoas dificilmente poderiam trabalhar fora de casa, a idéia era ensinar um ofício que pudesse lhes render algum dinheiro. A pequena casa caiada, que virou ponto de encontro do grupo de artesãs no Recife, deu também nome à empresa. Foi ali que elas começaram a formar a tradição do tapete brasileiro. Os modelos produzidos na Casa Caiada são bordados sobre tela, como o arraiolo português. Os primeiros desenhos foram inspirados nos azulejos coloniais portugueses, dos séculos 17 e 18. Depois, vieram temas florais, geométricos, ecológicos, infantis e muitos outros, produzidos sob encomenda. Hoje, o trabalho que elas executam é cada vez mais valorizado, pois é feito à mão e apresenta desenhos originais e sofisticados. A cada dois anos, a Casa Caiada lança uma nova coleção, e seus produtos são exportados para os Estados Unidos e para a Europa. Macramé - A palavra macramé tem origem francesa e apareceu pela primeira vez em 1889. Mas a arte de dar nós em cordas e cordões é tão antiga quanto o homem. Acredita-se que a técnica tenha sido desenvolvida ainda na Idade da Pedra, quando foi inventada a rede de pesca, feita com fibras vegetais e tiras de couro. Com certeza, os pesquisadores sabem apenas que o macramé era conhecido pelos povos que habitavam regiões próximas ao Nilo, no Egito, e por uma civilização recém-descoberta no Peru. Diz o ditado popular: onde há rede, há renda. Hoje, a técnica de entrelaçar fios para criar desenhos é usada em vários artigos, de toalhas de mesa a suporte de vaso. Os fios mais usados para o trabalho são barbantes e cordas e materiais como algodão, linho, sisal, cânhamo e outros. Uma técnica antiga, conhecida como macramé chinês, é usada há séculos na fabricação dos delicados botões que enfeitam as roupas orientais, como os drapeados, feitos de seda, e uma coleção de pequenos nós que, juntos, formam figuras geométricas ou de animais. Ponto cruz - Para os antigos romanos, o bordado era “uma pintura feita com agulhas”. O ponto cruz nasceu quando os homens ainda moravam em cavernas. Segundo registros históricos, era com esse tipo de ponto que eles uniam casa e conforto2 21/03/05 17:03 Page 17 Terapeutas ocupacionais garantem que não há prazer comparável a um elogio a algo que foi feito por você « Gettyimages Rachel Guedes Rachel Guedes Rachel Guedes Gettyimages 17 casa e conforto2 21/03/05 17:05 Page 18 18 casa e conforto Bosch A EXPRESSÃO “almofadinha” surgiu quando rapazes sofisticados de Petrópolis promoveram um concurso beneficente de bordado de almofadas. A partir dali, eles ficaram conhecidos como “os almofadinhas” « as peles dos animais com que cobriam o corpo. As agulhas eram feitas de ossos e, na falta de linha, usavam fibras vegetais ou tripas de animais. No Egito, pedaços de linho encontrados em escavações mostram que o ponto cruz era usado para cerzir as peças. Mas ainda não se sabe quando ele deixou de ser usado com essa função e passou a ser ponto de bordado. Há teorias de que o ponto cruz surgiu na China e foi levado para a Europa, pois no século 18 a “febre do ponto cruz” atingiu o continente e pessoas de todas as classes sociais bordavam loucamente. Foi quando apareceram os primeiros mostruários, para facilitar a escolha dos motivos e das cores. Almofadinha - No dicionário, a expressão “almofadinha” designa “homem que se veste com apuro exagerado”. Em A Casa da Mãe Joana, Reinaldo Pimenta explica a origem de várias palavras e expressões curiosas. “Almofadinha”, por exemplo, foi um apelido que surgiu quando os rapazes mais sofisticados de Petrópolis promoveram entre si um concurso beneficente de bordado de almofadas. Por isso, acabaram conhecidos na cidade como “os almofadinhas”. Tricô e crochê - Na definição do Houaiss, tricô é todo “tecido de malhas entrelaçadas, feito à mão, com agulhas casa e conforto2 21/03/05 17:07 Page 19 19 Bordado, tear, macramé e tricô são técnicas que com treino podem ser dominadas por qualquer um Mais informações As bancas de revista dispõem de grande variedade de publicações sobre trabalhos manuais e são os melhores endereços para obter dicas práticas sobre o assunto. Os sites abaixo também ajudam bastante. www.netmarkt.com.br/artesanato www.ateliervera.com.br sites.mpc.com.br/paulamarcondes www.eseb.ipbeja.pt/jcosta/manualatelier2.htm Rendas e bordados - Segundo a designer Lia Mônica Rossi, que pesquisa a tradição do bordado no Brasil, a origem das comunidades de bordadeiras e rendeiras do Norte e Nordeste do país é recente, tem cerca de dois séculos. A tradição de bordar veio com as freiras e seus colégios para moças da sociedade, que aprendiam prendas domésticas em sala de aula, como costurar, cerzir e, claro, bordar. Os nomes dados aos pontos do bordado refletem a realidade do entorno das bordadeiras: olho de pombo, carocinho de arroz, testa de touro, estrela. A Bosch na sua vida Fotos Arquivo Bosch especiais ou à máquina”. A palavra aparece pela primeira vez na França, em 1660, mas a técnica é bem antiga e recebeu inclusive citações na Bíblia. No Brasil, a cidade de Monte Sião (MG) é considerada a capital nacional do tricô. A história começou com a mecanização da lavoura, que comprometeu a renda dos trabalhadores. Para ajudar no sustento da casa, as mulheres faziam peças de tricô e vendiam a produção na praça. Com isso, o tricô, que era só uma tradição entre as mulheres da colônia italiana, passou a ser a principal atividade econômica da cidade. Hoje, em Monte Sião, funcionam cerca de 1.600 empresas, lojas e indústrias dedicadas ao tricô. O crochê é uma variação do tricô, mas feito com uma única agulha. Fotos Rachel Guedes www.pinturaemporcelana.com.br Roupas delicadas Sensor de sujeira A linha de lavadoras de roupa da Bosch oferece diversas funções para facilitar a vida do usuário. Entre elas, um dispositivo bastante útil é o hand wash, recurso indicado para lavar tecidos muito delicados, que normalmente são lavados à mão – como, por exemplo, rendas e bordados. Além disso, a lavadora conta ainda com um sistema de centrifugação de roupas mais eficiente, capaz de girar mil vezes por minuto, velocidade quase duas vezes mais rápida que a dos modelos convencionais. O recurso é indicado sobretudo para tecidos de difícil secagem, como malhas de tricô e crochê. As peças de porcelana podem ir para a Lavalouças Intelligent da Bosch, já que, depois de pintadas, voltam ao forno de alta temperatura. Além disso, a lavalouças Bosch conta com diversos programas de lavagem e com o Aqua Sensor, dispositivo capaz de detectar o nível de sujeira da louça. Com isso, ele seleciona automaticamente a melhor seqüência de lavagem, o tempo adequado, a temperatura correta e o volume de água na medida certa. Além de facilitar a vida do usuário, o Aqua Sensor evita desperdícios de água e de energia elétrica. saudavel 7 21/03/05 17:08 Page 20 Gettyimages 20 saudável e gostoso Bosch Além de melhorar o clima geral do ambiente, o vinho tinto é saudável graças aos flavonóides, que reduzem a ação do colesterol ruim saudavel 7 21/03/05 17:09 Page 21 21 POR CARINA MARTINS O todo-poderoso vinho tinto Amada por religiosos, mundanos e saudáveis de plantão, a bebida também reina nas panelas vinho suaviza os humores. Transforma reuniões em festas, deixa as convicções mais flexíveis, e uma taça sempre ajuda a dar sabor à vida. Isso é líquido e certo há milênios e não é novidade para ninguém. O que às vezes passa despercebido, no entanto, é que o vinho tinto tem exatamente essa mesma ação sedutora na gastronomia – amaciando carnes, enriquecendo molhos e espalhando sabor. Não se sabe ao certo quando o vinho nasceu, e há quem acredite que a bebida existia antes mesmo da escrita. Muitas lendas cercam sua origem. Uma das mais famosas conta a história de um certo senhor persa que era um grande apreciador de uvas e as guardava em recipientes para consumir ao longo do ano. Para que seus empregados não as roubassem, no entanto, dizia tratar-se de veneno. Certa vez, sua amante preferida ficou triste ao ser trocada por outra e resolveu dar cabo da própria vida com aquele veneno. Provou, gostou e o resto é história. O certo é que as antigas civilizações já colocavam o vinho em lugar de honra em sua sociedade. Às vezes, seu papel chegava – e ainda chega – a ser sagrado. Gregos e romanos consagraram-lhe um deus, e ainda hoje o vinho é parte importante de vários ritos e tradições religiosas. Para os cristãos, por exemplo, o vinho de missa é tão importante que foram os monges católicos os grandes impulsionadores e mestres da cultura da vinha e da produção do vinho no continente europeu, o mais importante produtor do mundo. Mas mesmo cercado de religiosidade e misticismo, o vinho nunca se separou completamente de sua outra faceta: a carnal e luxuriosa. Tanto que seus deuses antigos – Dionísio para os gregos, Baco para os romanos – incentivavam o relaxamento provocado pelo excesso da bebida. As festas em homenagem ao deus romano, regadas a galões de vinho e orgias, deram origem à palavra “bacanal”. Afinal de contas, Baco não era o deus “apreciador de vinho”, e sim deus da bebida e da embriaguez. Isso não quer dizer, no entanto, que o vinho não tenha benefícios mais humanos e pudicos, distantes tanto da religião quanto da luxúria. Uma frase célebre é atribuída a Alexander Fleming, criador da penicilina: “A penicilina cura os homens, mas é o vinho que os torna felizes”. De fato, vinho não cura ninguém. Mas o que Fleming não sabia é que a bebida não só torna os homens felizes, como também mais saudáveis. Algumas pesquisas relatam que a ingestão moderada, de aproximadamente uma a duas taças de vinho tinto por dia, pode prevenir doenças cardíacas. “O consumo moderado em indivíduos saudáveis dificulta a adesão de placas de gordura nas paredes das « o saudavel 7 21/03/05 17:09 Page 22 22 saudável e gostoso Bosch UMA FRASE CÉLEBRE é atribuída a Alexander Fleming, criador da penicilina: “A penicilina cura os homens, mas o vinho é que os torna felizes” artérias, acarretando um menor índice de infartos”, explica a nutricionista Patrícia Bertolucci. Segundo ela, o vinho possui compostos fenólicos denominados flavonóides e polifenóis, que possuem ação antioxidante, inibindo a oxidação de LDL (colesterol ruim). Os mesmos benefícios não se encontram no suco de uva exatamente por causa da falta de álcool. “Apesar de o suco de uva ser rico em compostos fenólicos, não possui o etanol, que aumenta as propriedades antioxidantes das uvas”, diz Patrícia. Todos esses aspectos da complexa personalidade do vinho se encontram na panela. O ingrediente é usado principalmente para dar sabor e textura aos pratos, afirma o chef Benny Novak, do Ici Bistrô (SP). “Pode ser usado para marinar, fazer confit, em molhos clássicos ou simplesmente para o cozimento de alimentos em que não seja utilizado como molho no final”, ensina. Benny Novak explica qual é o erro mais comum na hora de cozinhar usando vinho. Segundo ele, o segredo está na redução: “O erro mais comum é reduzir demais e ficar muito doce, ou de menos, e ficar muito ácido”. Para evitar tropeços, basta escolher um vinho seco – não precisa ser muito caro – e ficar de olho no ponto do molho. Segundo o chef, “a consistência legal de um molho é quando ele cobre as costas de uma colher e não escorre”. O vinho pode ser a estrela do prato ou apenas um coadjuvante que ajuda o ingrediente principal a brilhar. Nos dois casos, o melhor acompanhamento é... mais vinho. “Se estiver acompanhando um prato em que o vinho reina, o ideal é seguir pelo menos a mesma uva”, diz Benny. Caso contrário, a escolha da bebida segue as convenções normais usadas para o ingrediente principal do prato. Além de tudo, ter vinho no prato e no copo ainda duplica as oportunidades para brindar. Saúde. « Fotos Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Potência Segurança Para situações de cozimento que requerem uma chama mais potente, a Bosch oferece em sua linha de Fogões Profissionais um queimador central (foto à esq.), composto de três anéis que proporcionam uma chama mais potente. O recurso é ideal para receitas que exigem maior rapidez no preparo ou ainda maior potência do fogo – como, por exemplo, o cozimento em caçarolas e panelas grandes. A linha de Fogões Profissionais da Bosch conta com dispositivos que visam garantir o máximo de segurança ao usuário. O principal deles é o safe cooking, mecanismo cuja função é evitar um eventual vazamento de gás. Em caso de a chama se apagar ou, ao ligar o fogão, a chama não acender, o sistema interrompe imediatamente a passagem do gás, tanto no forno como no fogão. saudavel 7 21/03/05 17:10 Page 23 Fotos Gettyimages 23 Da parreira para o cesto: um lote recém-colhido de uvas Cabernet Sauvignon « saudavel 7 21/03/05 17:11 Page 24 24 saudável e gostoso Bosch Fotos Rachel Guedes « A ousadia clássica de Benny Novak Mixando pratos franceses e culinária judaica, o chef dá duas receitas à base de vinho tinto o Benny Novak do Ici Bistrô: o vinho tinto é muito usado para dar textura e sabor aos pratos chef Benny Novak, de 35 anos, comanda o bem- sucedido Ici Bistrô, em São Paulo, onde mistura uma formação clássica em receitas de inspiração francesa, toques judaicos e ousadias orientais. A cozinha sempre esteve entre as paixões de Benny, que costumava cozinhar na casa de amigos. Em 1998, no entanto, resolveu elevar o hobby ao nível profissional. Abandonou a faculdade de Administração de Empresas e foi cursar a prestigiosa escola Le Cordon Bleu, em Londres. Em 2002, abriu o Ici, que já teve que mudar para um espaço maior por causa do sucesso. Você pode testar suas habilidades nas receitas que o chef selecionou especialmente para a VidaBosch. saudavel 7 21/03/05 17:14 Page 25 25 RECEITAS Boeuf Bourguignon Ingredientes • 1 quilo de músculo extralimpo em cubos grandes • 1 cebola picada a grosso modo • 1 cenoura picada a grosso modo • 30 gramas de farinha • 4 dentes de alho • 10 grãos de pimenta-preta • 1 bouquet garni (tomilho, alecrim, louro e salsa) • 500 ml de vinho tinto • 500 ml de caldo de carne • Óleo de milho ou canola • Sal e pimenta • Açúcar Modo de preparo Em um recipiente, colocar os cubos de carne, o alho, a cebola, a cenoura, o bouquet garni e os grãos de pimenta e cobrir com o vinho tinto. Fechar com filme plástico e deixar marinar por 24 horas na geladeira. Retirar a carne e os legumes da marinada, coar o vinho e reservar tudo, menos a pimenta. Esquentar uma caçarola, colocar óleo e dourar a carne. Adicionar a cebola e a cenoura, mexer e levar ao forno por alguns minutos. Voltar ao fogo e misturar a farinha e o vinho, mexer, colocar o caldo de carne, os dentes de alho e o bouquet garni. Cobrir a caçarola com papel-manteiga e levar ao forno preaquecido, a 180°C por aproximadamente 2h30. Retirar do forno. Tirar os pedaços de carne e reservar em uma tigela. Passar o molho no chinois (peneira), voltar a caçarola ao fogão até o molho ficar com a consistência desejada. Servir com cogumelos paris na manteiga e bacons dourados. Pêras ao Beaujolais Ingredientes • 4 pêras grandes descascadas, mas com o cabinho • 750 ml de vinho tinto Beaujolais • 100 ml de creme de cassis • 1 fava de baunilha ao meio • 6 grãos de pimenta-do-reino • 2 cravos • tomilho fresco • 100 g de açúcar Modo de preparo Em uma panela, arrume as pêras de pé e junte os outros ingredientes já misturados. Tampe e ferva em fogo médio. Cozinhe até que fiquem tenras, mas não moles. Retire do fogo. Deixe esfriar no próprio líquido. Antes de servir, deixe 24 horas na geladeira. tendencias1 21/03/05 17:22 Page 26 26 tendências Bosch Sistemas de monitoramento e alarme ganham mobilidade e podem ser acessados à distância apenas com o uso da internet P O R A L A N I N F A N T E Segurança Fotos Arquivo Bosch ao alcance de um clique O gerenciamento dos sistemas pode estar em qualquer lugar, em uma guarita, na entrada de um condomínio; basta uma senha e acesso à internet tendencias1 21/03/05 17:22 Page 27 27 a ssim que o casal chega à casa de veraneio, a mulher liga o notebook e acessa a internet. Na barra de endereços, digita os números que acabou decorando e entra na página com seu login e senha. Seus filhos aparecem na tela, dormem no quarto da residência da família, que fica na capital. Pelo sistema, ela verifica que o alarme antiinvasão não está ligado, os garotos mais uma vez se esqueceram. Ela o aciona. Em duas clicadas, verifica a sala bagunçada e a fachada da casa, deserta. Além de assegurar tranqüilidade, o acesso à distância de sistemas de segurança e monitoramento proporciona aos usuários cada vez mais autonomia. Hoje, a tecnologia desenvolvida pela Bosch já permite que, de qualquer ponto do globo, uma pessoa com um computador com internet controle o acesso às salas de um prédio, veja quem e o que está ou esteve nele e seja alertada, nesse caso também por telefone ou rádio, em situações de arrombamento, invasão e incêndio. Para possibilitar essa variedade de recursos, a Bosch desenvolveu quatro sistemas de segurança com programação, controle e alerta remotos. O mais tradicional deles é o de antiinvasão, capaz de detectar movimentos, sons e alterações de temperatura e analisá-los de modo a identificar se esses sinais caracterizam um arrombamento ou a presença de uma pessoa na área monitorada. A ferramenta ainda pode ser acionada, desligada ou programada para funcionar durante períodos preestabelecidos, também pela internet, através de senhas. Os alarmes de incêndio da Bosch também avançaram e hoje oferecem mais que um simples alerta. Por meio de detectores de fumaça no teto, eles conseguem discernir e indicar quais os pontos da planta de um local estão sendo atingidos pelo fogo. Informação útil em casos de evacuação, isolamento de áreas, e para o trabalho dos bombeiros. Os sistemas de câmeras também deixaram de ser apenas uma extensão dos olhos do vigia. Os equipamentos da Bosch funcionam de maneira inteligente, registrando os momentos precedentes e subseqüentes ao disparo do alarme em casos de invasão ou incêndio, o que permite que se descubra o que causou o alerta. Eles também podem ser programados à distância, pela internet, o que dá maior autonomia ao usuário. O quarto sistema é o de controle de acesso. Por meio dele, o administrador da ferramenta da Bosch pode permitir, ou não, o acesso a determinadas salas de um imóvel. Também é possível programálo para destravar as portas para determinadas pessoas, que antes de entrar se identificam num painel por meio de cartão eletrônico ou pela impressão digital. O terminal de gerenciamento desse sistema pode ser uma guarita blindada na entrada de uma empresa ou condomínio, ou qualquer outro lugar. Basta que a pessoa que comandar o sistema tenha uma senha de acesso e um computador ligado à internet ou à rede corporativa. Quando instalados interativamente, esses quatro sistemas da Bosch oferecem ainda mais recursos. No caso de um incêndio, por exemplo, ao disparo do alarme, o sistema de TV começa a gravar no servidor as imagens captadas. O gerenciador pode identificar as salas afetadas e, por meio do controle de acesso, isolar áreas estratégicas. Além de interativos, esses componentes podem ter seu funcionamento interligado a equipamentos de telefonia (fixa ou celular), redes de transmissão de dados (corporativa, intranet ou internet) e sistemas de radiofreqüência. O acesso aos canais de comunicação existentes permite a adequação dessas ferramentas a casos particulares, tanto para residências como para empresas. Esse avanço tecnológico dos sistemas de segurança da Bosch torna-se ainda mais expressivo quando os novos recursos são comparados aos que existiam na década de 70, período em que começaram a surgir no Brasil os primeiros equipamentos eletrônicos nesse setor. Naquela época, o conceito dos sistemas de segurança era apenas de alerta local. “A aparelhagem era basicamente composta de sensores infravermelhos, contatos magnéticos em portas e janelas, detectores de quebra de vidro e câmeras analógicas com autonomia limitada”, conta Fabrício Sacchi, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). “E esse era o material top de linha”, destaca. Os sistemas com reporte e programação remotos surgiram nos anos 80, mas tomaram corpo no Brasil com a abertura comercial, em 1990. “Hoje, essa tecnologia está consagrada. O envio do sinal de alerta a outro lugar amplia a margem de certeza na tomada de providência, principalmente quando o aviso chega a uma empresa de segurança, que está preparada para atender corretamente o chamado”, avalia. Segundo a Abese, só em São Paulo, estado que concentra quase 50% das empresas do segmento, existem 360 mil imóveis com sistemas eletrônicos de segurança instalados. A casa do médico Fábio de Souza Neto é um deles. Há um ano e meio, ele decidiu que sua casa deveria ter um sistema de vigilância. Souza providenciou a instalação de três câmeras, duas na frente da casa e uma na garagem, acessadas pela internet ou por um canal da TV a cabo. Para inibir a ação de criminosos, também foram instaladas cercas elétricas nos muros. Para ele, os equipamentos não proporcionam apenas a sensação de segurança, mas uma segurança efetiva. “Sabemos que estamos sujeitos a assaltos e que, se alguém realmente quiser, consegue entrar na casa. Mas esse aparato garante que a casa não será invadida por um ladrão despreparado, que aterrorize minha família pela própria insegurança.” grandesobras.qxd 22/03/05 14:15 Page 28 28 grandes obras Bosch POR ARYANE CARARO Caminhos debaixo da terra Construção da Linha Amarela do metrô de São Paulo movimenta mais de R$ 3 bilhões, envolve 7 mil operários e, quando concluída, transportará pelo menos 900 mil pessoas por dia. Não à toa, é considerada a maior obra urbana em andamento no país b árbara é sempre a primeira a entrar no túnel. Só assim, com a presença da imagem de gesso da santa católica, os operários começam a trabalhar na escavação dos túneis do metrô de São Paulo. De acordo com a tradição religiosa, santa Bárbara é a protetora contra mortes trágicas e, no subsolo, ganha a fama de evitar desmoronamentos. É com base nessa crença que trabalham os operários envolvidos na construção da maior obra urbana brasileira em andamento: o prolongamento de uma linha do metrô já existente e a criação de outra na cidade de São Paulo. Pela primeira vez na história da capital, dois ramais estão sendo construídos ao mesmo tempo. A primeira obra é de extensão da Linha Verde em 3,5 quilômetros, que vão ligar a estação Ana Rosa ao Ipiranga, ambos na zona sul de São Paulo. A segunda é a construção da Linha Amarela do metrô – que ligará a estação Luz, no centro da cidade, ao pátio de estacionamento de trens na Vila Sônia, zona sul. Quando estiver concluído, em 2009, o novo ramal deverá transportar cerca de 900 mil pessoas por dia. A previsão é que o trajeto completo, de 12,8 quilômetros, seja percorrido em 20 minutos, contra os habituais 90 gastos de carro em dias de trânsito lento. Os números de custos e ganhos com a nova linha justificam o título de maior obra urbana em andamento no país. A obra está orçada em R$ 3,1 bilhões, sendo R$ 1,9 bilhão do governo do estado e o restante da iniciativa privada. Envolveu a desapropriação de 172 mil metros quadrados e conta com o trabalho de cerca de 7 mil operários, ligados direta ou indiretamente à obra nos setores de construção civil, fabricação de equipamentos, montagens e serviços. A ebulição de máquinas, pás e picaretas embaixo da terra começou oficialmente no dia 2 de setembro de 2004, data em que o governador Geraldo Alckmin deu a largada formal às obras. Foi o sinal verde para as empreiteiras perfurarem os primeiros poços. Ao final das obras, terão sido retirados 2 milhões de metros cúbicos de terra. Enquanto a máquina escavadeira retira a terra, uma grossa camada de cimento é jogada ao redor do poço para que o solo não desmorone. Quando o túnel estiver pronto, terão sido usados 550 mil metros cúbicos de concreto. Após a etapa de revestimento, terão início a escavação e o escoramento dos lugares que abrigarão as 11 estações, cada uma com 136 metros de comprimento. grandesobras.qxd 22/03/05 14:16 Page 29 Túnel por onde passará o novo metrô paulista: a obra usará mais de 550 mil metros cúbicos de concreto « Mônica Zarattini/AE 29 grandesobras.qxd 22/03/05 14:16 Page 30 Fotos Mônica Zarattini/AE 30 grandes obras Bosch Prevista para ser entregue em 2009, a Linha Amarela do metrô permitirá a interligação de todas as regiões de São Paulo « QUANDO estiver concluída, daqui a quatro anos, a Linha Amarela do metrô deverá reduzir para 20 minutos a passagem pelos 12,8 quilômetros que hoje tomam até 90 minutos de carro Para interferir o mínimo possível na superfície da cidade, poucas valas serão abertas. Pelo método cover-and-cut (cobrir e cortar), abre-se uma vala, não muito profunda, que é logo coberta com uma camada de concreto. Ao mesmo tempo, máquinas perfuram buracos laterais que serão preenchidos de concreto e servirão como paredes da estação. Então, operários entram para aprofundar o corpo da estação. A idéia é fazer com que as pessoas na superfície não percebam que há um intenso trabalho embaixo da terra. Outros trechos da Linha Amarela serão abertos à base de picaretas, pelo método mineiro ou NATM (New Austrian Tunneling Method). O prolongamento da Linha Verde, por exemplo, está sendo todo feito por esse método. Por dia, cada frente de trabalho avança 1,5 metro em cada túnel. Um trabalho lento, se comparado ao que faz a vedete das escavações: a máquina shield, apelidada no Brasil de “tatuzão”. Na década de 90, durante a abertura do ramal sob a avenida Paulista – da Linha Verde do metrô –, o “tatuzão” conseguiu avançar num único dia 45 metros. Mas a média, conservadora, é de 20 metros de túnel por dia. Em janeiro de 2006, chegará ao Brasil o “supertatuzão”. Essa evolução do shield deverá ser capaz de fazer um túnel por grandesobras.qxd 22/03/05 14:18 Page 31 31 onde passam dois trens ao mesmo tempo – hoje, faz-se túnel com trilho único, como aconteceu nas obras das linhas Azul, Vermelha e Verde do metrô. Até por isso o tamanho deste túnel duplo é maior: 8,4 metros de diâmetro interno, enquanto os atuais têm 5,9 metros. A eficiência, claro, custa caro: de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões. Quando o “tatuzão” foi usado pela primeira vez no Brasil, há 30 anos, durante a construção da Linha Azul, despertou a curiosidade e a imaginação popular. Na época, a máquina precisava operar em um ambiente com ar comprimido, para evitar inundações – hoje o “supertatuzão” dá conta do recado sem precisar comprimir o ar do túnel inteiro. Por causa disso, a própria seleção do operariado era rigorosa, com exames médicos e avaliações físicas feitas em câmaras de ar comprimido. Temia-se que os operários desenvolvessem uma embolia pulmonar. Não se sabe por qual motivo surgiu o boato de que o ar comprimido causava impotência sexual. E, por pouco, a obra que iria marcar o transporte de São Paulo não foi boicotada por falta de trabalhadores. Mitos como esse fazem parte da história do metrô de São Paulo, já que sua construção exigiu soluções inéditas no Brasil. Por causa das obras, por exemplo, ocorreu a primeira implosão de um prédio no país, em novembro de 1975. Em nove segundos, o edifício Mendes Caldeira, de 28 andares, sucumbiu ao lado da Catedral da Sé. A cidade inteira parou para ver. Não deverá ser diferente na Linha Amarela. ”Como o projeto tem um preço fechado, você incentiva e desafia a engenharia nacional a encontrar soluções mais econômicas e viáveis e, com isso, acaba desenvolvendo tecnologia", afirma Luiz Carlos David, presidente do Metrô. SUBTERRÂNEO Como funciona o “tatuzão” O shield, ou “tatuzão”, é uma espécie de faz-tudo em matéria de túneis. À sua frente, encontra a terra. Quando passa, deixa para trás um túnel quase pronto. Acompanhe as etapas: 1. Na parte dianteira, o “tatuzão” tem diversas pás que, em movimentos rotatórios, escavam a terra, como se fosse um grande ralador de queijos. A máquina também joga jatos d'água para amolecer o solo e facilitar o trabalho. Desafio é pouco para definir a empreitada. Imagine uma das avenidas vitais de São Paulo ficar completamente oca sem, para isso, precisar interromper o trânsito. Pois é o que o Metrô vai fazer embaixo da rua da Consolação. Ao longo de 507 metros, acompanhando o Cemitério da Consolação até a avenida Paulista, o subsolo vai virar um enorme buraco para servir de estacionamento para os trens. À medida que o “supertatuzão” for abrindo caminho, operários o seguem para finalizar o túnel. É o momento de colocar trilhos, parafusar batentes, soldar barras de ferro, instalar cabos de energia que alimentam os trens, ajustar apare- 2. Se o shield encontrar um lençol freático, o próprio compartimento dianteiro faz compressão para que a água não invada o túnel. 3. A terra escavada entra no “tatuzão” e, por uma esteira rolante, é levada para a parte traseira até sair da máquina. 4. Ao mesmo tempo em que a parte dianteira escava, a traseira coloca anéis de concreto armado (divididos em partes) para escorar a terra. O próprio shield aparafusa um anel no outro, deixando pronta a armação de concreto do túnel. Divulgação 5. Após a passagem do “tatuzão”, que desliza com o auxílio de macacos hidráulicos que o empurram, o túnel está praticamente pronto. Então, é só colocar trilhos e sistemas operacionais e pôr os trens para rodar. Para interferir o mínimo possível na rotina dos transeuntes, poucas valas serão abertas durante a obra grandesobras.qxd 22/03/05 14:19 Page 32 32 grandes obras Bosch « UMA DAS VIAS vitais da cidade, a rua da Consolação ganhará um enorme buraco subterrâneo no trecho entre o Cemitério da Consolação e a avenida Paulista: será o estacionamento dos trens lhos de mudança de via, lixar, martelar e apertar os últimos parafusos. O shield encerra seu trabalho no início de 2007. Os operários seguem com os acertos finais até 2008. Nesse ano, 15 dos 25 trens previstos passarão a percorrer a linha, que terá 11 estações. Nessa primeira fase, porém, apenas as paradas Luz, República, Paulista, Pinheiros e Butantã estarão em funcionamento, além do pátio de estacionamento de Vila Sônia, que tem área de 111 mil metros quadrados – o equivalente a 16 campos de futebol. As demais estações (Morumbi, Três Poderes, Faria Lima, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higie- nópolis) devem ser entregues somente em 2009. Durante o lançamento das obras, Alckmin afirmou que existe ainda a possibilidade de construção de uma 12ª estação na própria Vila Sônia. Quando a Linha Amarela estiver concluída, estará completa a chamada “linha da integração”, que interligará todas as linhas de metrô existentes – atualmente com 58 quilômetros de trilhos. “Além disso, é a primeira que aponta para fugir dos limites do município de São Paulo, devendo ir, numa terceira fase, até o município de Taboão da Serra”, ressalta David. Mas isso já é coisa para outro capítulo da história da engenharia nacional. E mais um trabalho para santa Bárbara. Fotos Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Toque final Serra-tudo O acabamento é uma das etapas mais importantes na construção de um túnel. Para deixar lisa e brilhando toda a estrutura de concreto, é necessário o uso de máquinas especiais. Na ampliação da Linha Amarela do metrô de São Paulo, a Bosch participa com fornecimento de diversas ferramentas, entre elas a lixadeira de concreto. Pesando pouco mais que 2 quilos, o modelo tem a função de retirar defeitos e irregularidades da superfície do concreto. Além disso, a lixadeira da Bosch oferece um eficiente sistema de sucção, capaz de eliminar o excesso de poeira gerada, diminuindo os riscos à saúde do operário. A rapidez é um dos aspectos mais importantes no setor de construção civil, de túneis ou estações de metrô, bem como nas marmorarias. Para isso, uma ferramenta fundamental é a serra mármore, capaz de fazer cortes retos ou curvos em qualquer tipo de pedra decorativa – como mármore, granito ou ardósia. A Bosch comercializa a nova serra mármore GDC 14-40, mais leve que seus principais concorrentes no mercado brasileiro. Outra grande vantagem é a praticidade: ela dispensa o uso de bancadas no local, economizando um tempo precioso durante os serviços de acabamento. Além disso, é a única capaz de fazer cortes com profundidade de até 40 milímetros. grandesobras.qxd 22/03/05 14:19 Page 33 33 CURIOSIDADES Conheça o traçado da nova linha do Metrô paulistano Lendas do mundo subterrâneo Rio Tiet Rep blica Luz Higien polis Rio Pinheiros S Oscar Freire Paulista Pinheiros Butant Fradique Coutinho Faria Lima Morumbi 1. Conta-se que, por volta de 1975, quando era construída a estação da Sé, trabalhava no local um carpinteiro maranhense metido a piadista. De tanto fazer graça, um dia foi demitido. Ele, então, pediu aos superiores que o deixassem terminar seu serviço, que era o de fazer moldes em madeira dos pilares para receber concreto. Concluiu o serviço, deu suas ferramentas e seu radinho de pilha para aos colegas e desapareceu. O concreto, então, foi colocado no molde. Uma semana depois, ao retirar as madeiras, os operários levaram um susto: havia dois bicos de botina e duas luvas de borracha aparecendo no pilar. Não houve dúvidas entre os trabalhadores: “O peão se suicidou! Ficou tão triste que decidiu ficar para sempre na Sé”. Decidiram tirá-lo dali. Só quando começaram a perfurar o concreto perceberam que aquela tinha sido sua última brincadeira. Tr s Poderes Vila S nia Esta es da nova linha Linha 1 - Azul Linha 2 - Verde Linha 3 - Vermelha Linha 4 - Amarela Linha 5 - Lil s 2. Também entrou para a história a lenda do cemitério secreto de filhos dos padres. Na década de 70, quando trabalhavam no subsolo das proximidades da Igreja do Carmo, os operários encontraram ossadas. Logo correu o boato de que os restos mortais eram de filhos dos padres e que aquele local era um túnel por onde as freiras promoviam encontros secretos com os diáconos. A explicação real, no entanto, é bem menos picante: os ossos eram restos de um antigo cemitério vertical que ficava ao lado da igreja e foi demolido durante o período da gripe espanhola (1918), porque se temia que, daquele jeito, os corpos pudessem transmitir a doença. As ossadas, com o entulho do cemitério, nunca foram retiradas do local, até serem encontradas pelos operários. Os mortos continuaram assustando os operários ao longo dos anos. Na década de 90, quando era construída a Linha Verde, foi preciso escavar ao lado do Cemitério do Araçá. Com medo de encontrar ossos ou, pior, assombrações, muitos se recusaram a trabalhar. Mas, como bem lembra Sérgio Salvadori, diretor de Engenharia e Construções, o túnel fica muito abaixo dos tradicionais sete palmos de covas. Nenhum osso foi desenterrado. genéricos1.qxd 22/03/05 14:11 Page 34 Fotos Rachel Guedes 34 Brasil cresce Bosch A hora e a vez dos genéricos POR RICARDO MEIRELLES Espera-se que até 2007 a participação dos genéricos no Brasil dobre e conquiste 20% do mercado farmacêutico genéricos1.qxd 22/03/05 14:12 Page 35 35 Indústria desses medicamentos alternativos prevê dobrar de tamanho e abocanhar 20% do mercado farmacêutico brasileiro até 2007 NO MERCADO Entenda as diferenças entre os remédios Medicamento de referência Remédio original (não copia outro já existente) com marca comercial, desenvolvido pela indústria farmacêutica após pesquisas e liberado para uso no Brasil após aprovação e registro no Ministério da Saúde. Medicamento genérico grande letra “G” em cor preta impressa sobre uma faixa amarela tem sido um símbolo cada vez mais comum no cotidiano do brasileiro. Ela estampa um tipo de remédio que até o começo da década representava menos de 1% dos medicamentos vendidos no país: os genéricos. Pouco a pouco, doses cavalares desse produto começaram a chegar às farmácias, a ponto de ele ter sustentado o crescimento da indústria farmacêutica do Brasil nos últimos anos. A primeira leva estreou nas prateleiras em fevereiro de 2000; eram então apenas seis remédios, que mal chamavam a atenção do consumidor ou dos farmacêuticos. Hoje, são mais de 1.400 registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que atuam contra enfermidades tão diversas como Aids, câncer de mama, alergias, bronquite, diabetes, glaucoma, hipertensão e mal de Parkinson, entre várias outras. Somado, esse coquetel é responsável por 9,86% das unidades e 7,86% do valor das vendas de remédios comercializados no Brasil, segundo dados de dezembro de 2004 da Pró-Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos). A diferença entre a participação dos genéricos no volume e no valor de vendas é a pista para o principal chamariz do setor: os preços baixos. “O genérico é, em média, 40% mais barato que os medicamentos de referência. Mas há situações em que eles são 60%, até 70% mais baratos”, afirma a diretora executiva da Pró-Genéricos, Vera Valente, que foi gerente-geral de Medicamentos Genéricos do Ministério da Saúde entre 2000 e 2003, quando esses remédios começaram a fazer efeito no mercado nacional. A imagem de produto mais barato também se destacou em uma pesquisa feita pela Anvisa no final de 2001, em 236 municípios: 71% dos entrevistados afirmaram que os genéricos pesam menos no bolso. Esse fator é especialmente importante para os genéricos abrirem espaço no mercado das classes D e E. “A análise da situação socioeconômica brasileira mostra que a maioria da população não tem acesso aos medicamentos essenciais, nem mesmo aos de uso contínuo”, constata um estudo da Anvisa, que considera os genéricos uma alternativa para o problema. Cálculos do Ministério da Saúde apresentam avaliação semelhante: em tratamentos prolongados, o alívio financeiro encosta na casa dos R$ 2 mil anuais. O preço quase sempre menor foi fundamental para vitaminar o setor em seus primeiros anos de vida, o que fortaleceu a então combalida indústria nacional. « a Remédio que contém o mesmo princípio ativo (substância responsável pelo efeito terapêutico do medicamento), na mesma dose e forma do medicamento de referência, e que é administrado pela mesma via (oral, subcutânea etc.). Entra no mercado após passar por testes de bioequivalência, que comprovam que eles têm o mesmo efeito do remédio original. Não é vendido com marca, mas com o nome do princípio ativo (por exemplo: ácido acetilsalicílico). Medicamento similar Remédio que tem a mesma indicação, o mesmo princípio ativo, a mesma concentração, forma farmacêutica e indicação do medicamento de referência, mas não passa por teste de bioequivalência. Alguns são vendidos com marca comercial, outros, com o nome do princípio ativo. O Ministério da Saúde está obrigando esses remédios a passar por testes de bioequivalência. genéricos1.qxd 22/03/05 14:12 Page 36 36 Brasil cresce Bosch O MEDICAMENTO genérico é geralmente mais barato do que o de referência, pois requer menos investimento em pesquisa e publicidade « “Como aconteceu em outros países, o setor de genéricos teve um avanço acelerado no início”, afirma Vera Valente. Mas ela acredita que ainda há espaço para crescer. Sua expectativa é que a participação dos genéricos dobre até 2007, passando dos atuais 10% para 20% do mercado farmacêutico do Brasil, o décimo maior do mundo e que movimenta hoje US$ 5 bilhões por ano. As previsões da Pró-Genéricos baseiam-se em dois principais fatores. Um deles é o vencimento, nos próximos anos, de patentes de medicamentos importantes, sobretudo antibióticos. Os genéricos são remédios que copiam os chamados medicamentos de referência — aqueles que, após pesquisas e testes de eficácia nos órgãos de controle, são lançados no mercado com uma fórmula original e nome comercial (Aspirina, Viagra, Novalgina etc). A lei brasileira assegura a patente desse medicamento por 20 anos; depois desse período, fica liberada a fabricação dos genéricos — que contêm o mesmo princípio ativo que um remédio de referência, são ministrados pela mesma via e têm a mesma indicação. O genérico, que não tem nome comercial (a “marca” é o princípio ativo), foi regulamentado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1984 e existe em vários países, como Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Áustria, Itália, Dinamarca, Índia e China. Em todos esses casos, ele é geralmente mais barato que o medicamento de referência, pois requer menos investimentos em pesquisa e publicidade. Os genéricos são geralmente 40% mais baratos que os medicamentos de referência Outro pilar que sustenta as previsões da Pró-Genéricos está ligado a um terceiro tipo de remédio, esse mais tipicamente brasileiro: o similar. Como até 1999 o Brasil não tinha uma lei de patentes farmacêuticas, conviviam no país os medicamentos de referência patenteados no exterior e cópias desses medicamentos produzidas no Brasil, geralmente com matéria-prima importada. O problema é que os similares não precisavam passar por exames que comprovassem sua semelhança com os originais (testes de bioequivalência), o que podia levantar dúvidas sobre sua eficácia. Para o gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Paulo Santa Rosa, no entanto, isso não era problema. “Existem inúmeros similares antigos no mercado cuja eficácia vem sendo comprovada pelo uso no decorrer do tempo.” Apesar dessa declaração, a Anvisa genéricos1.qxd 22/03/05 14:13 Page 37 37 Rachel Guedes mina em 2008 e para os de bioequivalência em 2013. “Uma boa parte dos fabricantes já está fazendo os testes mesmo antes do prazo de renovação, porque muitos compradores (hospitais, seguros de saúde e, principalmente, o setor público) estão exigindo os testes”, observa Santa Rosa. “Acreditamos, dessa forma, que até 2008 boa parte do mercado terá sido testada.” A Bosch na sua vida está obrigando agora que todos os similares sejam submetidos aos testes de bioequivalência, o que, segundo a Pró-Genéricos, deve eliminar marcas de similares não-confiáveis e desobstruir o mercado para os medicamentos genéricos. Os prazos para que os similares passem pelos exames está sendo escalonado. Alguns já precisam estar com o processo concluído, mas o cronograma para os testes químicos (equivalência farmacêutica) ter- Valente, o mercado estará mais próximo da estabilização. Os similares poderão abandonar o nome comercial e se transformar em genéricos ou manter a marca e concorrer com os medicamentos de referência. “A marca tem um forte poder de atração no mercado. O médico e os usuários se lembram e confiam na marca e compram assim”, comenta Santa Rosa. “Embora muitas vezes a manutenção da marca tenha um custo para o laboratório, em outras ocasiões ela ajuda a reduzir o custo. Talvez um mesmo fabricante gaste mais para se estabelecer como líder em genérico do que para manter a marca que já vinha trabalhando há muito tempo”, compara. Até lá, porém, a indústria de genéricos no Brasil espera poder contar com outra carta na manga, que abriria mais espaço com o maior comprador de remédios do país, o governo. A Pró-Genéricos se prepara para fazer lobby para modificar a lei de licitação de medicamentos: em vez de usar o preço como critério principal, o setor público deveria dar mais peso à qualidade do produto. Essa exigência, já existente nos Estados Unidos, por exemplo, emprestaria mais poder de fogo para os genéricos concorrerem contra os similares nas compras públicas. A Anvisa admite rever o procedimento, mas aos poucos. “O aumento de exigências deve ser feito de forma gradual, não reduzindo a concorrência do mercado, o que poderia resultar num aumento desnecessário de custos e, conseqüentemente, numa redução do acesso da população aos medicamentos”, defende Santa Rosa. “Não são mudanças que podem ser feitas da noite para o dia.” Arquivo Bosch Nesse momento, conjectura Vera Tecnologia de embalagem A Bosch fornece máquinas de embalagem para as indústrias cosmética, química, alimentícia e farmacêutica. No setor farmacêutico, da qual é fornecedora desde o início da década de 70, a empresa possui uma linha completa de equipamentos voltada para fabricantes de medicamentos, atuando na área de produtos líquidos (como ampolas, frascos e seringas) e sólidos (como cápsulas, cartuchos e blísteres — cartelas de comprimidos). No Brasil, a Bosch fornece, para diversas empresas farmacêuticas, máquinas para o enchimento e o empacotamento de ampolas para vacinas, como contra febre amarela, picada de cobra (soro antiofídico) e sarampo. As empacotadoras comercializadas pela Bosch no país possuem alta produtividade e seguem padrões internacionais de fabricação. O modelo GKF, por exemplo, é capaz de encher e fechar até 150 mil cápsulas por hora. No segmento de remédios genéricos e similares, a Bosch tem forte presença com suas máquinas encapsuladoras, montadas na unidade de Tecnologia de Embalagem, em Alphaville, próximo de São Paulo. voluntariado3 21/03/05 18:07 Page 38 POR MARÍLIA JUSTE 38 atitude cidadã Bosch Pessoas interessadas em ajudar assumem uma postura mais independente, ao mesmo tempo em que o setor privado abraça a causa das ações solidárias trabalho voluntário já não é visto mais como tarefa de velhinhas religiosas que distribuem sopa aos pobres depois da missa. “O mundo mudou muito nos últimos anos. O voluntariado também”, define Anísia Sukadolnik, diretora do Centro de Voluntariado de São Paulo. “Hoje, esse tipo de trabalho não é mais visto como simples assistencialismo, mas como forma efetiva de mudar a sociedade.” As pessoas estão deixando de ver o trabalho voluntário como algo feito em instituições fechadas ou como parte de um setor específico, para tomarem consciência do seu dever individual de ajudar o outro. Em vez de ajudar só quando a oportunidade se apresenta, como por exemplo quando uma igreja clama pelo apoio aos pobres, os brasileiros estão indo sozinhos atrás de opções. Essa mudança na visão em relação ao voluntariado não acontece somente aqui. Segundo o coordenador do programa de voluntariado das Nações Unidas (UN-Volunteers) no Brasil, Dirk Hegmanns, esse movimento já existe há algum tempo na União Européia e principalmente nos Estados Unidos. “Nesses países existe um histórico bastante antigo de associar a ação voluntária à questão da responsabilidade social. No Brasil, isso começa a surgir mais recentemente, depois das atividades realizadas no país inteiro em 2002, o Ano Internacional do Voluntariado.” De acordo com Bruno Ayres, coordenador-geral do site Portal do Voluntariado, a ação voluntária possui obrigatoriamente três características: ela é espontânea, ou seja, não vem de uma pressão externa, mas da própria vontade do indivíduo; não é remunerada; e possui uma finalidade pública. Dentro disso, há uma série de atividades que podem ser realizadas. Desde vizinhos que se reúnem para reformar o hospital local até jovens que dão aulas de reforço a crianças carentes, passando por pessoas que se dedicam integralmen- « o voluntariado3 21/03/05 18:08 Page 39 39 Voluntariado de Arquivo Bosch cara nova Luciana Fagundes, da Bosch, ensinando os primeiros passos de balé: “O trabalho voluntário me trouxe novos amigos dentro e fora da empresa” voluntariado3 22/03/05 11:42 Page 40 Arquivo Bosch 40 atitude cidadã Bosch Voluntário da Bosch: Horácio Meza usa música em suas aulas de inglês para crianças de escola pública « AS EMPRESAS fazem a intermediação entre os funcionários voluntários e quem precisa de ajuda te a complexos trabalhos de serviço à comunidade. “A vontade de ajudar vem naturalmente de qualquer pessoa que olha para os indicadores sociais deste país e percebe o quanto eles são péssimos”, afirma Anísia. “Quem percebe isso e se importa, automaticamente pensa: ‘eu posso ajudar a transformar a vida de outra pessoa’.” Essa participação, segundo a diretora, é capaz de mudar completamente a vida dos voluntários. “Esse tipo de trabalho não é bom somente para quem é ajudado, mas principalmente para quem ajuda. Ele nos faz cidadãos melhores, pessoas melhores.” A ação do setor privado Além das ações individuais, tem crescido no Brasil a participação das empresas privadas na área. Segundo levantamento realizado em 2004 pelo Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) com 61 empresas do Brasil inteiro, 55% delas afirmaram que realizavam algum tipo de trabalho voluntário. “Hoje, uma firma que não se preocupa com a sociedade onde está inserida está fadada a ser excluída do mercado”, acredita Ayres. As empresas brasileiras que apóiam esse tipo de atividade normalmente funcionam como mediadoras entre os fun- voluntariado3 21/03/05 18:09 Page 41 41 cionários que querem ser voluntários e quem precisa de auxílio. Além de ajudar a comunidade, a empresa ganha, principalmente, com funcionários mais motivados. “O empregado que participa de uma ação voluntária através de sua empresa gosta mais do local onde trabalha. Ele ‘veste a camisa’ da empresa porque ela está ‘vestindo a camisa’ da comunidade”, diz Anísia. “Mesmo tendo gastos, a empresa ganha tanto da porta para fora quanto da porta para dentro. Fora, sua imagem melhora, pois a comunidade passa a associar aquela companhia a ações positivas. Dentro, os funcionários têm uma nova perspectiva de seu trabalho e se tornam mais produtivos”, completa Ayres. A iniciativa, segundo ele, é cada vez mais forte nas grandes empresas, mas atinge também as pequenas e médias. “A pressão da sociedade para que as empresas trabalhem pelo bem de suas comunidades atinge a todos, mesmo as firmas menores”, explica. No entanto, a vontade de ajudar pode não ser o bastante no caso das empresas voluntárias. É preciso muita organização para os gastos não suplantarem os benefícios. “O setor privado tem um papel inquestionavelmente importante no voluntariado, mas em muitos casos ele precisa ser mais bem organizado”, diz Hegmanns. Segundo ele, muitas companhias acabam gastando dinheiro além da conta para realizar suas atividades voluntárias. “As empresas têm o dinheiro, mas a experiência está com as entidades que costumam realizar esse tipo de ação”, afirma. “Muitas vezes uma parceria com organizações não-governamentais pode resultar em trabalhos mais eficientes e com menos gastos”, aconselha. “É claro que qualquer iniciativa do setor privado é melhor que nenhuma. Mas, se estamos dispostos a trabalhar, devemos fazê-lo da forma mais eficiente possível”, acredita. Por isso, Hegmanns dá o seguinte conselho às empresas que querem entrar nesse tipo de atividade: “Acho que as ONGs e as empresas deveriam trabalhar mais juntas sempre que possível”. VOLUNTARIADO NA BOSCH A ação solidária é uma tradição da Bosch desde a sua fundação. E não teria como ser diferente. Do capital da empresa, 92% pertence à Fundação Robert Bosch, na Alemanha. “Apesar de estar em evidência atualmente, o trabalho social já faz parte da história da Bosch há muitos anos”, explica Carlos Abdalla, gerente de Relações Corporativas da empresa no Brasil. Aqui, a Bosch incentiva o voluntariado em suas quatro unidades, somando mais de 400 voluntários. São programas desenvolvidos sob coordenação da área de Recursos Humanos, através dos quais seus colaboradores recebem orientações sobre o trabalho voluntário e também conhecem oportunidades para atuação. Nas duas unidades da cidade de Campinas, em São Paulo, os projetos sociais da empresa estão focados nas comunidades de Vila Boa Vista, Parque Via Norte e Campo Grande. Em Curitiba, o trabalho é realizado no bairro de Vila Verde. Já em Aratu, na Bahia, a empresa apóia projetos sociais desenvolvidos pelas entidades Fundação Crê, Lar Vida e Irmã Benedita. Quem se dedica a ações fora dos projetos desenvolvidos ou apoiados pela Bosch também é valorizado. “Nós incentivamos todos os nossos colaboradores que decidem se preocupar em ajudar o próximo, independentemente de atuarem em projetos da própria empresa ou em outros nas comunidades”, diz Abdalla. Valéria Dias Alves, do setor de benefícios da unidade da Bosch na Bahia, costuma não apenas ajudar nas campanhas de arrecadação de mantimentos da empresa, mas também organizar essas iniciativas. “Na Gincana da Cidadania, no ano passado, arrecadamos mais de 15 mil itens. No Desafio Solidário, em comemoração aos 50 anos da Bosch no Brasil, foram mais de 23 mil”, conta. “Muitas vezes o que não nos faz falta pode mudar a vida de uma pessoa. Fico muito feliz de ajudar com essas ações”, afirma Valéria. Em Campinas, Luciana Fagundes e Horácio Meza, analistas de exportação, são dois dos voluntários da unidade. Luciana, bailarina treinada dos 12 aos 27 anos, dá aulas de dança para crianças de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da Escola Municipal Carlos Zink, no bairro Vila Boa Vista. O trabalho mudou não apenas a vida das crianças — melhorando a auto-estima, o trabalho em grupo e força de vontade — como também a de Luciana. “O trabalho me trouxe novos amigos dentro e fora da empresa, um bem-estar emocional muito grande e me reaproximou de algo que eu sentia muita falta, a dança”, conta. Horácio também tem uma experiência positiva com o voluntariado. Ele dá aulas de inglês para crianças da mesma escola. Com quatro outros professores, todos da Bosch, ele ensina um grupo de 80 crianças de 1ª a 4ª série. “Elas gostam muito, porque tentamos tornar as aulas bem divertidas. Fazemos jogos, cantamos músicas.” Horácio também se sente recompensado. “O voluntariado ensina muito. E acaba se refletindo na sua vida profissional. Aprendi a trabalhar em equipe de modo mais eficiente e a tirar o máximo possível do mínimo de recursos”, ressalta. tunning1 21/03/05 18:10 Page 42 42 aquilo deu nisso Bosch Os carros envenenados da década de 70 são os avós de uma mania que invadiu Europa, Japão, EUA e agora firma os dois pés no Brasil A evolução do tuning POR RICARDO LOPES n a década de 70, o barato era ter um carro “envenenado”. Rodas esportivas com pneus de banda de rodagem maior (mais conhecidos como tala larga), suspensão rebaixada, carburador especial – para aumentar o desempenho –, escapamento barulhento e som bacana faziam a cabeça da moçada que queria se diferenciar dos demais motoristas. De lá para cá, as mudanças ficaram mais elaboradas e radicais, e a prática ganhou o nome de tuning, que em inglês significa algo como “ajuste fino”. A única coisa que permanece ao longo das décadas, no entanto, é a vontade dos proprietários de modificar o carro para deixá-lo com a sua cara. O vendedor de motos Carlos Roberto de Freitas, 44 anos, de Londrina (PR), conta que, no fim dos anos 70, seu passatempo era cuidar do seu Ford Maverick ano 77, de oito cilindros. Para ele o veneno era ter um motor com novo comando de válvulas, escapamento dimensionado e um carburador maior. “O toque final era abastecer o carro com gasolina de avião”, lembra. A moda fez com que vários itens fossem incorporados com o tempo, como teto solar, adesivos, pára-brisas com fai- xa degradê, entre outros. Uma curiosidade desse período é que havia, até o final da década de 80, uma diferença entre os “fuçadores” de carros de acordo com a cidade onde moravam. Geralmente, nas capitais o pessoal optava mais por transformações no visual dos carros, das mais variadas formas possíveis, enquanto no interior o aumento de potência do motor era a mudança mais praticada. Aos poucos as fábricas se renderam a esse gosto, optando por oferecer versões esportivas ou séries limitadas. A Ford, por exemplo, desenvolveu 18:11 Page 43 43 Fotos Rachel Guedes 21/03/05 Barras de luz néon e DVD com tela separada capaz de rodar MP3 são destaques dos carros “tunados” « tunning1 tunning1 21/03/05 18:12 Page 44 44 aquilo deu nisso Bosch Fotos Rachel Guedes « PARA OS adeptos, o tuning é a arte de personalizar um carro de acordo com os seus desejos e dar nova “alma” à máquina Mudanças podem incluir novos mostradores e volante esportivo Samuel César Martins, orgulhoso das mudanças no Astra vários modelos denominados GT, uma sigla para representar “Gran Turismo”, que na prática eram carros com ares esportivos oriundos das pistas. A Volkswagen inovou nos anos 80 com o lançamento do Gol GT, um sonho para a geração da época. Logo em seguida a Ford apresentou o Escort XR3, enquanto a Fiat modificava o 147 criando versões especiais, como a Rallye. Logo, a Chevrolet, que sempre teve o Opala e o Chevette em versões esportivas, lançava o Monza SR. Mas, mesmo com o número de opções aumentando, ainda havia os que preferiam um toque personalizado, abrindo espaço para o tuning no final da década de 80.Tudo começou com as provas tunning1 21/03/05 18:12 Page 45 45 ram, por exemplo, R$ 20 mil). Na prática, o tuning envolve alterações em vários pontos de um carro, que vão desde a troca de rodas e pneus, passando por uma pintura especial, até alterações no motor, na suspensão e nos freios. Na parte mecânica, o mais comum é a instalação de turbina e sistema de injeção de óxido nitroso (NO2), que fornece mais oxigênio para a queima do combustível e aumenta a potência do carro. Samuel César Martins, responsável pela modificação do Astra, conta que o carro ganhou novas rodas, agora com aro de 17 polegadas, molas e amortecedores especiais para dar o aspecto “rebaixado”, e barras de luz néon. Por dentro também foram colocados barras de néon e detalhes de acabamentos, A Bosch na sua vida Padrão de qualidade Arquivo Bosch Arquivo Bosch de arrancada, evento que ocorria em várias regiões do Brasil e reunia o pessoal que mexia nos carros. Logo surgiram os campeonatos de som automotivo e as primeiras modificações no visual dos automóveis. No final dos anos 90, o termo “tuning”, uma mania de transformar radicalmente o visual e a mecânica de carros, já consolidada nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, invadiu o Brasil. Para eles, o tuning é a arte de personalizar um carro de acordo com os seus desejos e dar “alma” à máquina. O público desse mercado é conhecido por ser jovem e de alto poder aquisitivo, o que é necessário, uma vez que a brincadeira envolve cifras bem elevadas (as modificações no Chevrolet Astra que aparece ilustrando a reportagem custa- Potência sonora Padrão europeu Para aumentar a segurança e dar ainda um visual diferenciado, a Bosch disponibiliza ao mercado brasileiro a linha Compass 2000 de faróis de neblina e auxiliares, disponíveis nas versões halógena e Xenon. O ponto forte desses equipamentos está na qualidade do material empregado, que segue rígidas exigências do mercado europeu. Os faróis de neblina e auxiliares da Bosch possuem lentes plásticas e carcaça de alumínio, materiais que oferecem grande resistência contra impactos e corrosão. Além disso, esses faróis podem ser instalados na maioria dos veículos nacionais. Todo carro “preparado” tem que contar, no mínimo, com um som de qualidade. Para isso, é indispensável um amplificador, que amplifica o sinal sonoro gerado pelo aparelho de CD ou DVD. Através da Blaupunkt, a Bosch comercializa o amplificador ODA Surround. Seu processador interno é capaz de amplificar seis canais de áudio independentes, num sistema similar ao dos modernos home theaters (Dolby Digital). Ele é comandado por controle remoto com visor digital, que define volume, equalização e efeitos. Para aumentar a segurança contra roubos, o aparelho é projetado para ser instalado em locais de difícil acesso. como manopla de câmbio e pedaleiras. “Uma das novidades nesse carro é o DVD, que vem com tela separada e toca também MP3”, diz. Hoje o tuning se converteu em um dos mais bem-sucedidos segmentos do mercado automotivo. As empresas se dividem nas mais diversas especialidades, desde a produção de um cabo de vela especial com encaixes banhados a ouro, passando por empresas de película para vidros, pneus especiais, rodas e uma infinidade de possibilidades. Nessa onda surgiram os campeonatos específicos, em que os proprietários apresentam seus carros “tunados”. Os interessados também podem descobrir as novidades do setor em feiras especializadas, como a Feisa (Feira Internacional do Setor Automotivo). A idéia é de Luis Rogério Weissmann, presidente da USAC do Brasil – uma marca de campeonato de som automotivo e também uma revista especializada –, que adotou a prática muita difundida nos Estados Unidos: um local para gerar negócios. “O tuning entrou efetivamente no Brasil há dois anos e até então não tínhamos um espaço para os fabricantes e importadores fazerem negócios e lançarem produtos”, explica. Outro evento ocorre neste ano entre os dias 6 e 10 de abril na Bienal no Ibirapuera. Organizada pelo ex-piloto Emerson Fittipaldi, essa feira pretende ser um marco no tuning brasileiro. “O assunto já é uma realidade comercial no Brasil e acredito ser o momento ideal para sua realização. No meu caso também é o retorno às minhas origens, já que comecei a minha vida profissional fabricando volantes especiais”, diz. É importante só tomar cuidado com a empolgação, para que ela não comprometa a engenharia original do carro, o que pode resultar em multas. Algumas alterações são proibidas ou requerem autorização do Departamento de Trânsito, explica Emílio Lopes, diretor de licenciamento do Departamento Estadual de Trânsito em São Paulo. A lei só permite, por exemplo, alterações na suspensão e nas lanternas e faróis se não atrapalharem o seu perfeito funcionamento. DVD3 21/03/05 18:13 Page 46 Rachel Guedes 46 áudio Blaupunkt Crianças brigando, nunca mais 21/03/05 18:15 Page 47 47 Colocar um aparelho de DVD no carro pode ser a solução para aquelas viagens atribuladas em que a molecada fica bagunçando no banco de trás POR GUILHEME PREZIA n o filme Férias Frustradas, uma família tipicamente americana se envolve em aventuras e confusões durante uma viagem de carro pelo país. Apesar de exagerado, o longa-metragem aborda com bastante humor uma situação comum à maioria das famílias quando decidem pegar estrada: os filhos reclamando, brigando e fazendo todo tipo de bagunça no banco de trás. Para solucionar esse problema, algumas famílias estão apelando para uma medida no mínimo curiosa: a instalação de um aparelho de DVD no veículo. Dessa forma, enquanto os pais conversam e apreciam a paisagem do passeio, os filhos ficam entretidos no banco detrás com filmes, desenhos e shows. Foi pensando nisso que o comerciante Davi Chicanini resolveu instalar um DVD em seu carro. Com o equipamento, suas viagens com a família para o litoral paulista passaram a ser feitas com mais tranqüilidade. Durante o passeio, seus três filhos adolescentes se distraem com o DVD e jogos de videogame. “Antes eles faziam muito estardalhaço. Era um horror dirigir daquele jeito”, lembra sem saudade. Ao contrário do que se pode imaginar, ter um DVD no carro não é exclusividade dos mais abastados. Hoje, com cerca de R$ 1.800 é possível instalar um kit básico com tocador de DVD e monitor de cristal líquido. É importante lembrar, no entanto, que a legislação brasileira proíbe a instalação de monitores na parte frontal da cabine. Segundo a lei, o mo- nitor pode ficar visível apenas aos passageiros do banco traseiro. Existem no mercado dois tipos básicos de monitores para o banco traseiro. Um deles é para ser instalado no encosto de cabeça dos bancos da frente. O modelo é indicado para uso de carros de médio porte, como Golf e Vectra. Já o segundo modelo foi projetado para ser fixado no teto interno do carro – indicado para veículos maiores, como vans e caminhonetes com cabine dupla. No caso de Chicanini, a opção foi instalar o monitor no encosto do banco dianteiro. Foi preciso fazer um corte no encosto de cabeça do passageiro para que o monitor pudesse ser fixado. Ele teve de instalar ainda um adaptador de voltagem, que permitiu ligar um videogame ao monitor do DVD. O interessado em instalar um sistema deve ficar atento também a algumas especificações técnicas. É importante checar, por exemplo, se o monitor possui alto-falante embutido. Caso contrário, é necessário certificar-se de que o veículo já oferece sistema de som para a área traseira da cabine. Outro detalhe interessante é verificar se o monitor tem entrada para vídeo adicional, necessária para conexão de outros aparelhos eletrônicos, como videogame, filmadora ou câmera de fotografia digital. Assim como a família Chicanini, o representante de vendas Roberto Mantova também viaja ao som de shows no DVD. No entanto, para instalar o aparelho ele teve antes que convencer sua na- « DVD3 DVD3 21/03/05 18:19 Page 48 48 áudio Blaupunkt « Arquivo Bosch O USUÁRIO deve atentar ao tipo de monitor, ao melhor local para instalação e aos recursos que o aparelho oferece, como controle remoto Lugar do DVD é o mesmo das crianças: o banco de trás morada. “No começo ela dizia que era futilidade, mas depois da primeira viagem ela aprovou”, relembra. Segundo ele, o aparelho é hoje um acessório indispensável em suas viagens para Bertioga, no litoral norte de São Paulo. “A viagem termina antes que o DVD chegue ao fim”, conta. Para proteger o aparelho de ladrões, Mantova optou por instalá-lo embaixo do banco do motorista. A fim de aumentar a mobilidade do sistema, o representante fixou o aparelho com velcro. Dessa forma, quando chega de viagem, Mantova costuma retirar o DVD do carro e conectá-lo à TV de sua casa. Segundo instaladores, o DVD pode ainda ficar “escondido” em outros lugares do veículo, como no porta-luvas ou no porta-malas. Além de estar atento à escolha do monitor e ao local de instalação do DVD, o usuário deve ficar atento aos recursos oferecidos pelo aparelho. Um dispositivo bastante importante é o controle remoto, útil principalmente se o aparelho estiver instalado em local de difícil acesso. Outro recurso é o rádio AM e FM, que apesar de comum ainda não é oferecido em todos os modelos de DVD para carro. No entanto, o mais importante é sem dúvida verificar se o DVD reproduz também arquivos de MP3. Com o dispositivo, o usuário poderá gravar num único disco de dados cerca de 13 horas de música com qualidade similar ao do CD de áudio comum. Dessa forma, não precisará ficar trocando constantemente de CDs, aumentando a segurança e a comodidade. Fotos Arquivo Bosch Home theater no carro Toca-tudo Os aparelhos de DVD para carro da Blaupunkt apresentam qualidade de áudio e vídeo comparável à dos aparelhos domésticos. Além de rodar DVDs e CDs, o aparelho ME 2 reproduz arquivos de MP3, formato que permite colocar cerca de 150 músicas num único disco. No modo DVD, ele seleciona áudio, legendas e capítulos. Os aparelhos de DVD da Blaupunkt têm saída para conexão a um monitor, mas com um difusor de sinais (IVSC 5502) é possível conectá-los a mais quatro monitores. Para evitar roubos, o aparelho pode ficar no porta-luvas — nesse caso, o comando é feito por controle remoto. Monitores A Bosch disponibiliza no Brasil, através da marca Blaupunkt, dois modelos de monitores de DVD para veículos. O IVMS 5802, com 5,8 polegadas, possui alto-falante integrado, sendo indicado para instalação no encosto de cabeça. Já o monitor de 9 polegadas (IVMR 9002) é indicado para instalação no teto do interior do veículo. Além de ter alto-falante integrado, o modelo conta com entrada para fone de ouvido. Dessa forma, os ocupantes do banco traseiro podem assistir a um filme sem incomodar o motorista ou o passageiro do banco da frente. DVD3 22/03/05 15:10 Page 50 DVD3 22/03/05 15:19 Page 49
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