Gisela Pelissari Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira.
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Gisela Pelissari Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira.
GISELA PELISSARI Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de MESTRE em BIODIVERSIDADE VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área de Concentração de Plantas Vasculares em Análises Ambientais. SÃO PAULO 2012 GISELA PELISSARI Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de MESTRE em BIODIVERSIDADE VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área de Concentração de Plantas Vasculares em Análises Ambientais. ORIENTADORA: Dra. INÊS CORDEIRO SUPERVISÃO: Dr. SERGIO ROMANIUC NETO São Paulo 2012 Ficha Catalográfica elaborada pelo NÚCLEO DE BIBLIOTECA E MEMÓRIA Pelissari, Gisela P384f Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira / Gisela Pelissari -- São Paulo, 2012. 191 p. il. Dissertação (Mestrado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2012 Bibliografia. 1. Moraceae. 2. Figueiras. 3. Taxonomia. I. Título CDU: 582.635.3 “O Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, eterna é a vossa bondade”. Salmo 137, 8 Aos meus pais, Rosemeire e Renato e à minha avó Maria José, pelo amor, incentivo e apoio, e por serem luz na minha vida, dedico AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por cuidar de mim, por colocar pessoas tão maravilhosas no meu caminho, por me socorrer nos momentos difíceis e por realizar verdadeiros milagres na minha vida. Ao CNPq, pela bolsa concedida para realização desse trabalho. Ao Instituto de Botânica de São Paulo e ao Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP, pela infraestrutura fornecida para a realização desse trabalho. Ao Dr. Sergio Romaniuc Neto, um profissional que eu muito admiro e prezo, por me apresentar aos Ficus, pela oportunidade de realizar esse trabalho, pelos ensinamentos não só em relação às plantas e pelo respeito. A Dra. Inês Cordeiro, pela orientação formal e por ser sempre tão amável. A querida Renata Scabbia que, durante a graduação, me fez “ver as plantas com outros olhos”, por ter se lembrado de mim e por ter me apresentado ao Dr. Sergio Romaniuc Neto. Ao Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta, pelo carinho que tem com os Ficus, por ter, gentilmente, me hospedado em sua casa durante minha visita aos herbários do Rio e por me deixar consultar sua biblioteca particular. Á sua irmã, Glorinha, pela simpatia e pelo café. Aos pesquisadores e funcionários do Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP: Cinthia Kameyama, Eduardo Catharino, Gerleni Esteves, Lúcia Rossi, Maria Cândida Henrique Mamede, Maria das Graças Lapa Wanderley, Maria Margarida Fiúza de Melo, Rosângela Simão Bianchini, Sônia Aragaki, Néia, Ana Célia, Evandro, pela convivência agradável e pela ajuda nos momentos difíceis. A todos os professores do Curso de Graduação e de Pós-Graduação que muito contribuíram para a minha formação. Aos Drs. Ricardo Francischetti Garcia e Roseli Buzanelli Torres pelas sugestões feitas para a melhoria do trabalho. A Dra. Roseli Buzanelli Torres, por me levar até a Serra da Pedra Branca, em Caldas/MG, onde pude ver e coletar F. lagoensis. Muito obrigada! Ao curador Lúcio Leoni (GFJP), pela hospitalidade e por me acompanhar em coleta em Itaperuna e Carangola. E a sua família pela hospitalidade. Aos colegas Cátia Takeushi, Victor Martins, Rodrigo Sampaio, Cíntia Vieira, Juliana Santos, Alexandre Indriunas, Talisson Capistrano, Carol Coelho, pela amizade e ajuda. Aos colegas Allan Pscheidt e Rafael Felipe de Almeida, pela amizade, pela companhia durante visitas aos herbários e pela ajuda com os mapas. Aos meus queridos amigos cariocas: Leandro Pederneiras, Anderson Machado e Pedro Paulo de Souza, pela amizade, carinho, ajuda e conhecimento compartilhado. Aos funcionários da Pós-Graduação, pela dedicação ao Programa e aos alunos durante todo o período e, pela paciência. Aos curadores dos herbários visitados Alexandre Salino (BHCB), Vinícius Dittrich (CESJ), Vinícius Souza (ESA), Heron Zanellatto (GUA), Lúcio de Souza Leoni (GFJP), Julio Lombardi (HRCB), Sylvia Therese Meyer Ribeiro (HXBH), Roseli Torres (IAC), Carlos Franciscon (INPA), Andréia Fonseca Silva (PAMG), Ricardo Garcia (PMSP), Luci Senna-Valle (R), Rafaela Forzza (RB), Maria Cândida. Henrique Mamede (SP), Renato Mello-Silva (SPF), João Pastore (SPSF), Washington Marcondes-Ferreira (UEC) e Flávia Garcia (VIC), pela hospitalidade e pelo carinho com que tratam de suas coleções. Aos curadores dos herbários estrangeiros: Christine Niezgoda (Field), Gerard Thijsse (U), Robert Vogt (B), Elizabeth Howard (Kew), Hans-Joachim Esser (M), Piet Stoffelen (BR), Laura Guglielmone (TO) pela atenção e por enviarem cópias das imagens dos tipos sempre que eu solicitei e por permitirem o uso dessas imagens. A funcionária da Biblioteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Carla Lourenço Carneiro, pelo envio de obras solicitadas. Ao Alan Freire de Lima, Maria Helena S. C. Gallo e demais funcionários do Núcleo de Biblioteca e Memória do Instituto de Botânica de São Paulo pela ajuda, sempre que necessário. Ao Evandro, por sempre me ajudar com as exsicatas. A Ana Célia (Celinha) por sempre me receber com um sorriso e por toda a ajuda durante o Mestrado. A Claudinéia (Néia), pelo carinho, amizade e pelo “cafééééé”. As queridas Alessandra Caldeira Savastano e Danielle Andreazzi Lobato, pela amizade, por me receberem e acolherem em sua casa e por tudo o que fizeram por mim durante a viagem à Belo Horizonte. As minhas amigas e irmãzinhas queridas, Alessandra dos Santos, Berta Lucia Villagra, Patrícia Aparecida de São José e Melanie Diniz-Vieira e ao meu querido amigo e irmãozinho André, pela paciência, amizade, carinho, apoio, risadas e conselhos. A minha querida amiga e irmã Alessandra dos Santos, pela confiança, conselhos, paciência e por cuidar de mim. Ao seu marido Paulo, pela ajuda e paciência. A minha querida madrinha, Solange Aparecida Pelissari, por toda a ajuda, desde a minha infância, pelo carinho e incentivo. A minha família querida, em especial meus primos Cristina Galdino Silva, Wendel Robson Leite, Mariana Pelissari Leite, Carla Mongs, Rafael Mongs, Luiza Mongs de Menezes, Luana Costa Pelissari, Piero Hideo Pelissari Oka, Bianca Yumi Pelissari Oka, Bruno Akio Pelissari Oka, Angelo Abreu Pelissari, e meus tios Mari Angela Pelissari e Rufino Mongs pelo carinho, paciência e momentos de bagunça e descontração necessários. Aos meus tios Angela Peterson e Donald Peterson, pelos conselhos e incentivo. Aos meus primos Bruno e Piero pela ajuda com os desenhos e impressões. Ao meu irmãozinho Rafael Mongs, pelo ombro amigo, pelo amor e carinho, pelas risadas, por estar presente nos bons e maus momentos. A minha supermãe, Rosemeire, meu paizão Renato e minha querida avó, Maria José, por tudo o que fizeram por mim, por serem minha base, por estarem sempre presentes, pelas palavras de incentivo, pelas orações, paciência, amor incondicional, carinho, enfim, por estarem sempre ao meu lado. Amo vocês. CONTEÚDO RESUMO .................................................................................................................................. xiii ABSTRACT .............................................................................................................................. xiv 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1 1.1. Serra da Mantiqueira ................................................................................................ 2 1.2. Objetivos ................................................................................................................... 8 2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................... 9 2.1. Área de estudo .......................................................................................................... 9 2.2. Levantamento bibliográfico .................................................................................... 11 2.3. Coleta e processamento do material botânico ........................................................ 12 2.4. Consulta a herbários ............................................................................................... 13 2.5. Estudos morfológicos ............................................................................................. 15 2.6. Estudos taxonômicos .............................................................................................. 16 2.7. Distribuição geográfica ........................................................................................... 16 2.8. Conservação ............................................................................................................ 18 2.9. Elaboração da dissertação ....................................................................................... 18 3. O GÊNERO FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA .................................................................... 20 3.1. Morfologia .............................................................................................................. 20 3.1.1. Hábito ......................................................................................................... 20 3.1.2. Látex ........................................................................................................... 21 3.1.3. Indumento .................................................................................................. 21 3.1.4. Estípula ....................................................................................................... 22 3.1.5. Folha ........................................................................................................... 24 3.1.6. Sicônios, flores e frutos .............................................................................. 26 3.1.7. Polinização ................................................................................................. 30 ix 3.2. Taxonomia .............................................................................................................. 32 3.2.1. Histórico taxonômico de Ficus ............................................................................ 32 4. TRATAMENTO TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES DE FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA ............. 38 1. Ficus adhatodifolia Schott ................................................................................. 47 2. Ficus arpazusa Mill. ........................................................................................... 50 3. Ficus castellviana Dugand ................................................................................. 55 4. Ficus clusiifolia Schott ....................................................................................... 57 5. Ficus eximia Schott ............................................................................................ 61 6. Ficus gomelleira Kunth ...................................................................................... 64 7. Ficus guaranitica Chodat ................................................................................... 68 8. Ficus hirsuta Schott ............................................................................................ 70 9. Ficus lagoensis C. C. Berg & Carauta ............................................................... 73 10. Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. ...................................................................... 77 11. Ficus mariae C. C. Berg, Emygdio & Carauta ................................................. 82 12. Ficus mexiae Standl. ......................................................................................... 84 13. Ficus obtusifolia Kunth .................................................................................... 90 14. Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. ........................................................................ 94 15. Ficus organensis (Miq.) Miq. ........................................................................... 96 16. Ficus pulchella Schott ...................................................................................... 99 17. Ficus trigona L.f. ............................................................................................ 100 5. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA .............................................................................................. 110 6. CONSERVAÇÃO ................................................................................................................... 129 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 135 8. LISTA DE EXSICATAS ........................................................................................................... 137 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 141 x ÍNDICE DAS FIGURAS Figura 1: Mapa da área de estudo com as variações altitudinais ........................................... 10 Figura 2: Mapa da área da Serra da Mantiqueira ................................................................... 17 Figura 3: Variação do hábito, látex e estípula em Ficus ........................................................ 23 Figura 4: Morfologia das folhas das espécies de Ficus ......................................................... 25 Figura 5: Morfologia dos sicônios de Ficus .......................................................................... 27 Figura 6: Morfologia das flores e frutos de Ficus ................................................................. 29 Figura 7: Mapa da distribuição de Ficus na Mantiqueira .................................................... 113 Figura 8: Mapa de distribuição geográfica de F. adhatodifolia e F. arpazusa ................... 116 Figura 9: Mapa de distribuição geográfica de F. castellviana e F. clusiifolia .................... 117 Figura 10: Mapa de distribuição geográfica de F. eximia e F. gomelleira .......................... 118 Figura 11: Mapa de distribuição geográfica de F. guaranitica e F. hirsuta ........................ 119 Figura 12: Mapa de distribuição geográfica de F. lagoensis e F. luschnathiana ................ 120 Figura 13: Mapa de distribuição geográfica de F. mariae e F. mexiae ............................... 122 Figura 14: Mapa de distribuição geográfica de F. obtusifolia e F. obtusiuscula ................ 123 Figura 15: Mapa de distribuição geográfica de F. organensis e F. pulchella ..................... 124 Figura 16: Mapa de distribuição geográfica de F. trigona .................................................. 125 Figura 17: Delimitação geográfica dos padrões de distribuição .......................................... 126 Figura 18: Ação antrópica na região de Caldas/MG. .......................................................... 130 ÍNDICE DAS PRANCHAS Prancha 1: Ilustrações de F. adhatodifolia, F. castellviana, F. arpazusa e F. clusiifolia ..... 60 xi Prancha 2: Ilustrações de F. eximia, F. gomelleira, F. guaranitica , F. hirsuta e F. lagoensis .......................................................................................................................... 76 Prancha 3: Ilustrações de F. luschnathiana, F. mariae, F. mexiae e F. obtusifolia .............. 93 Prancha 4: Ilustrações de F. obtusiuscula, F. organensis, F. pulchella e F. trigona .......... 103 ÍNDICE DAS TABELAS Tabela 1: Localidades visitadas ............................................................................................. 12 Tabela 2: Herbários visitados ................................................................................................. 13 Tabela 3: Posicionamento de Ficus nos principais sistemas de classificação de Moraceae .. 36 Tabela 4: Classificação das espécies de Ficus na região da Serra da Mantiqueira, segundo o sistema biogeográfico proposto por Morrone (1999, 2002) ............................... 112 Tabela 5: Distribuição das espécies de Ficus nas formações vegetais ................................ 114 Tabela 6: Lista das espécies de Ficus e seus respectivos padrões de distribuição geográfica ............................................................................................................................. 127 Tabela 7: Número de espécies e porcentagem dos padrões de distribuição geográfica ...... 128 Tabela 8: Distribuição das espécies de Ficus em áreas protegidas ...................................... 133 Tabela 9: Categorias de conservação ................................................................................... 134 ÍNDICE DE ANEXOS ANEXO I: Tipos das espécies de Ficus .................................................................................. 154 ANEXO II: Lista dos municípios limítrofes da Mantiqueira .................................................. 178 ANEXO III: Lista das Unidades de Conservação e outras áreas especialmente protegidas da região da Serra da Mantiqueira .......................................................................... 186 xii RESUMO (Ficus L. da Serra da Mantiqueira). A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizada na região sudeste do Brasil, entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, estendendose pelos quatro estados da região, sendo que sua maior porção encontra-se no estado de Minas Gerais e a menor porção no Espírito Santo. O estudo aqui apresentado é resultado do levantamento das espécies de Ficus da região da Serra da Mantiqueira. Ficus é o maior gênero das Moraceae, com aproximadamente 800 espécies distribuídas na região tropical. Nos neotrópicos há registros de ocorrência de 100-120 espécies. No Brasil, ocorrem 76 espécies sendo 55 referenciadas para a Amazônia, 22 para a Caatinga, 5 são encontradas no Pantanal, 39 no Cerrado e 42 na Mata Atlântica, sendo 69 incluídas na seção Americana do subgênero Urostigma e 7 na seção Pharmacosycea do subgênero Pharmacosycea. Ficus é monofilético, incluindo espécies arbustivas, arbóreas, hemiepífitas e trepadeiras. As características mais marcantes são a inflorescência do tipo sicônio e sua polinização por vespas. O levantamento das espécies ocorrentes na Mantiqueira foi realizado com base na análise de aproximadamente 1500 materiais de herbários brasileiros, principalmente os da região sudeste, além de observações de populações na natureza. São apresentadas descrições, observações sobre fenologia e distribuição geográfica, categorias de conservação, comentários e ilustrações das espécies. Foram encontradas 17 espécies nativas na região: Ficus adhatodifolia Schott, Ficus arpazusa Casar., Ficus castellviana Dugand, Ficus clusiifolia Schott, Ficus eximia Schott, Ficus gomelleira Kunth, Ficus guaranitica Chodat, Ficus hirsuta Schott, Ficus lagoensis C.C. Berg & Carauta, Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, Ficus mexiae Standl., Ficus obtusifolia Kunth, Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ficus organensis (Miq.) Miq., Ficus pulchella Schott e Ficus trigona L.f. A elas somam-se 8 espécies exóticas: Ficus aspera G. Forst., Ficus auriculata Lour., Ficus benjamina L., Ficus carica L., Ficus elastica Roxb., Ficus lyrata Warb., Ficus microcarpa L.f. e Ficus pumila L. Palavras-chave: Subgênero Urostigma, Subgênero Pharmacosycea, Sudeste, Taxonomia, Conservação. xiii ABSTRACT (Ficus L. from Mantiqueira Ridge). Mantiqueira Ridge is a mountain chain located Southeast of Brazil, between the Atlantic Forest and Cerrado biomes, extending through four states in the region, with its major portion in Minas Gerais State and the minor portion of it in Espírito Santo State. The study presented here is the result of the checklist of Ficus species from Mantiqueira Ridge. Ficus is the largest genus of Moraceae, with approximately 800 species in the tropics. Within the neotropics there are records of about 100-120 species. In Brazil, 76 species are recorded, 55 to the Amazon region, 22 to the Caatinga, five are found in Pantanal, 39 in Cerrado and 42 in the Atlantic Forest, with 69 included in the American section of the subgenus Urostigma and 7 from the section Pharmacosycea subgenus Pharmacosycea . Ficus is monophyletic, and includes shrubs, trees, vines and hemiepiphytes. Its most striking features are the type inflorescence syconium and its pollination by wasps. The checklist of species occurring in Mantiqueira was based on the analysis of approximately 1500 materials of brazilian herbaria, especially the southeast ones, as well as observations of populations in nature. Descriptions, comments on phenology and geographic distribution, conservation categories, comments and illustrations of native species are presented here. We found 17 native species in the region: Ficus adhatodifolia Schott, Ficus arpazusa Casar., Ficus castellviana Dugand, Ficus clusiifolia Schott, Ficus eximia Schott, Ficus gomelleira Kunth, Ficus guaranitica Chodat, Ficus hirsuta Schott, Ficus lagoensis Carauta & C.C. Berg, Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ficus mariae C.C. Berg & Emygdio Carauta, Ficus mexiae Standl., Ficus obtusifolia Kunth, Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ficus organensis (Miq.) Miq., Ficus pulchella Schott, and Ficus trigona L.f. To these are added eight exotic species: Ficus aspera G. Forst., Ficus auriculata Lour., Ficus benjamina L., Ficus carica L., Ficus elastica Roxb., Ficus lyrata Warb., Ficus microcarpa L.f. and Ficus pumila L. Keywords: Subgenus Urostigma, Subgenus Pharmacosycea, Southeast, Taxonomy, Conservation. xiv G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO O bioma Mata Atlântica, que nos seus primórdios estendia-se ao longo da costa oriental brasileira, numa faixa de largura variada, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, que cobria tanto a planície costeira como as encostas e planaltos, ocupando uma área de aproximadamente 1 milhão de km2, atualmente está restrita à cerca de 15% do seu território original (Peixoto et al. 2002, Rocha et al. 2006). A associação da forte influência oceânica, condições ecológicas, climáticas e geomorfológicas favoreceu o desenvolvimento de uma vegetação exuberante com uma flora diversificada (Peixoto et al. 2002). Segundo Bigarella et al. (1994), a origem da Mata Atlântica tem seus primórdios na fragmentação do supercontinente Gondwana, no Jurássico, que separou a América do Sul da África originando, na margem continental, numerosas e profundas bacias de sedimentação preenchidas com sedimentos cretáceos e cenozóicos. A floresta que cobre a costa oriental do Brasil, incluindo a da Serra da Mantiqueira, é testemunha de complexos eventos geomorfológicos, climáticos, biológicos e ecológicos, que a originaram. Cada trecho é único em sua história geomorfológica e em seu conjunto de formas vivas. Cinco séculos de ocupação da floresta atlântica a reduziu significativamente em tamanho, colocando em risco sua biodiversidade. As principais causas da drástica redução da Mata Atlântica, particularmente na região das serras do Mar e Mantiqueira, foram apontadas por Joly (1991), como sendo o extrativismo, que teve início com a exploração do pau-brasil e expandiu-se para outras madeiras, além do palmito e xaxim. Desde a expansão de culturas de cana-de-açúcar, café, cacau e banana, nos séculos XIX e XX, até atualmente com a agricultura, pastagem e especulação imobiliária, estas regiões do sudeste brasileiro ainda sofrem graves pressões antrópicas. 1 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO Embora o bioma Mata Atlântica seja considerado uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, é um dos mais ameaçados, sendo incluído na lista das 34 áreas prioritárias para conservação da biodiversidade do globo, chamados de hotspots (Mittermeier et al. 1999). Hoje a maior parte da área litorânea, que era coberta pela Mata Atlântica, é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam remanescentes da floresta original na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil. 1.1. SERRA DA MANTIQUEIRA A Serra da Mantiqueira, no seu conjunto, forma o segundo degrau sudeste do planalto brasileiro, com uma imponente escarpa votada para o Vale do Paraíba e suas altitudes ultrapassam 2000 metros (Mazzei 2007). A Serra da Mantiqueira, pelas peculiaridades, riqueza florística e devido ao longo histórico de ocupação, onde a paisagem florestal foi substituída por culturas agrícolas e florestais ou transformadas para a implantação de atividades agropecuárias, foi considerada como área de importância biológica especial, prioritária para conservação e proteção de mananciais (Martinelli 1996, Menezes & Giulietti 2000, Drummond 2005). Entre 1850 e 1929 a zona da mata mineira juntamente com o sul de Minas, se especializaram na agricultura do café, sendo responsável pela derrubada das matas, que deram lugar a cultura cafeeira (Souza 2009). A Serra da Mantiqueira, tratada por Rizzini (1997) como um dos núcleos centrais da Mata Atlântica brasileira, é uma das maiores cadeias de montanhas do leste sul-americano ocupando uma extensa área da região sudeste do Brasil, nos estados de Minas Gerais, São 2 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo (Mendes Junior et al. 1991, Meirelles 1991, Hueck 1972). Em 1909, Mello & Mello a descrevem como uma grande cordilheira no interior do Brasil, seguindo na direção sudoeste-nordeste, ao longo do vale do rio Paraíba do Sul, nas divisas entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, apresentam prolongamentos para o norte de Minas, onde hoje á denominada Serra do Espinhaço, e suas continuações se estenderiam à Chapada Diamantina, na Bahia. Seu limite meridional seria a Serra da Cantareira, próximo à cidade de São Paulo. Várzea (1942) em seu trabalho sobre o relevo brasileiro relata uma delimitação parecida com a proposta por Mello & Mello (1909), onde a serra se estende da margem norte do rio Tietê, em São Paulo (onde se localiza o Pico do Jaraguá) até o sul da Bahia (onde se localiza o morro do Descobrimento), englobando a área da Serra do Caparaó. Várzea ainda relata que, do ponto de vista da geografia física, a serra está marcada por “...vestígios de antigos vulcões, não inteiramente mortos, pois as fontes termais da região de Poços de Caldas são a derradeira manifestação de crateras apagadas há milhares de anos...”. Na delimitação proposta por Machado-Filho et al. (1983) a Serra da Mantiqueira é formada por dois planaltos principais, um setentrional e um meridional. A região da Mantiqueira Setentrional compreende três unidades geomorfológicas denominadas patamares escalonados do sul capixaba, maciços do Caparaó e serranias da zona da mata mineira; limitase a oeste com a região dos compartimentos planálticos do leste de Minas, a sul com o Vale do Paraíba do Sul, a leste é limitada pelas colinas e maciços costeiros, onde estão localizadas algumas cidades importantes do Estado de Minas Gerais, como Manhuaçu, Carangola e Juiz de Fora. Já a região da Mantiqueira Meridional, compreende as unidades geomorfológicas referentes aos planaltos de Campos do Jordão e de Itatiaia; limita-se com as regiões do planalto do alto Rio Grande a norte, do Planalto centro-sul de Minas a leste, do Vale do 3 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO Paraíba do Sul, a sul e do Planalto de Amparo, a oeste. No diagnóstico ambiental realizado pelo Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC 1983) a Serra da Mantiqueira é delimitada, no Estado de Minas Gerais, da seguinte maneira: “Esta unidade estende-se a partir das cabeceiras do rio Camanducaia, no sul do Estado, pela divisa de Minas Gerais com São Paulo e Rio de Janeiro, e prossegue de modo descontínuo ao longo da fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. a partir das cabeceiras do Rio do Peixe, afluente do Paraibuna, o bloco maciço da Mantiqueira bifurca-se: uma faixa de elevações prossegue até Juiz de Fora, e a outra até as proximidades de Santos Dumont. Interrompida a nordeste de Juiz de Fora pela Depressão do Paraíba do Sul, ressurge na região de Astolfo Dutra, onde é atravessada pelo Rio Pomba. Este segundo bloco de elevações prolonga-se até as nascentes do Rio Matipó. Participando desse mesmo sistema de cristas e vales de alinhamento geral norte-sul, ocorrem ainda três blocos isolados, paralelos. O mais oriental, na divisa com o Estado do Espírito Santo, constitui a Serra do Caparaó, onde está situado o Pico da Bandeira... Os outros dois blocos se interrompem, um ao sul de Manhuaçu, e o outro, mais a oeste, ao sul de Caratinga”. A essa delimitação são acrescentadas as regiões do Planalto de Campos do Jordão e Serra do Itatiaia. Não há uma delimitação geográfica exata da Serra da Mantiqueira até o momento, a maioria dos autores que citam a região divergem sobre os seus limites, desde o início do século XX. A conservação da natureza tem sido um dilema para a biologia moderna, uma vez que as atividades antrópicas são mais rápidas na alteração do meio biológico do que o avanço do conhecimento da biodiversidade que o compõe. A região da Serra da Mantiqueira, embora rica em sua flora, ainda não é suficientemente conhecida para assegurar um desenvolvimento capaz de conservar sua riqueza florística. 4 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO Levando-se em conta o avanço na perda da biodiversidade do bioma Mata Atlântica apontado por diversos autores (Kurtz & Araújo 2000, Tabarelli et al. 2005), é urgente o conhecimento da diversidade existente nas áreas naturais remanescentes, entre elas a Serra da Mantiqueira, com o propósito de se fornecer subsídios para estudos de conservação. Tais estudos são essenciais para o estabelecimento de prioridades e ações que devam ser adotadas para conservação destas áreas. Dentre as famílias ainda pouco conhecidas na região da Serra da Mantiqueira está Moraceae, sendo Ficus o mais representativo para a região. Ficus compreende cerca de 800 espécies com distribuição tropical e subtropical, raramente em regiões temperadas. Dessas, 100-120 espécies estão localizadas na região Neotropical. No Brasil, são reconhecidas 76 espécies nativas, até o momento, distribuídas em dois subgêneros: Pharmacosycea (Miq.) Miq. e Urostigma (Gasp.) Miq. (Romaniuc Neto et al. 2010). Destas, 15 ocorrem no estado de São Paulo (Mendonça-Souza 2006), 25 no Rio de Janeiro, 30 em Minas Gerais e 25 no Espírito Santo (Romaniuc Neto et al. 2010). Caracteriza-se principalmente pelo hábito arbóreo ou hemiepifítico, presença de látex leitoso em todas as partes da planta, estípulas terminais bem desenvolvidas, folhas com glândulas no pecíolo ou na base da lâmina, inflorescências únicas, bissexuadas, denominadas sicônios, que abrigam numerosas flores estaminadas e pistiladas circundadas por bractéolas, frutos do tipo drupa com exocarpo membranáceo, reduzido, por essa razão muitas vezes lembrando um aquênio. As figueiras fazem parte de um sistema ecológico rico e variado, pelo tipo de interação com as vespas polinizadoras e pelo fato de seus frutos alimentarem uma grande variedade de animais, auxiliando no equilíbrio biológico das florestas. Aves, morcegos, macacos e animais rasteiros se alimentam dos frutos das figueiras caídos ao solo. Até peixes se alimentam das infrutescências (sicônios ou figos), quando as árvores estão próximas a cursos d´água ou 5 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO lagos, sendo responsáveis pela dispersão das sementes de figueiras (Carauta 1989, MendonçaSouza 2006). Embora cada figo contenha um grande número de sementes, permitindo uma alta dispersão, a conservação das espécies de Ficus exige um processo sofisticado para que uma população estável possa sobreviver de forma ideal. É importante evidenciar que o cultivo e o plantio de figueiras nativas têm um papel importantíssimo na recuperação de áreas degradadas, de revitalização da vida animal silvestre no local da vegetação original destruída e de proteção das encostas sujeitas a chuvas diretas e intensas, uma vez que suas raízes mantêm estáveis encostas íngremes em áreas de matas degradadas (Carauta & Diaz 2002a). Além do aspecto ecológico, Ficus tem grande importância em algumas religiões, como o budismo e hinduísmo. Na Índia, as figueiras são protegidas, contra corte, pela população (Carauta & Diaz 2002a). Ficus é utilizado na alimentação do homem desde as civilizações antigas. Segundo Condit (1969) Ficus sycomorus L. era cultivado desde aproximadamente 3.000 a.C., na época dos faraós do Egito. Romanos e gregos também utilizavam o figo na alimentação. O cultivo era tão importante que a exportação dos melhores figos era proibido por lei, na Grécia antiga. No Brasil, os maiores produtores são Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina (Carauta & Diaz 2002a). O uso de figueiras no paisagismo brasileiro começou a ser feita por Glaziou, no século XIX, sendo usadas, basicamente, espécies exóticas. No Rio de Janeiro é comum encontrar indivíduos de Ficus microcarpa L.f., Ficus benjamina L., Ficus lyrata Warb., Ficus elastica Roxb. e Ficus religiosa L., entre outras. No Jardim Botânico do Rio de Janeiro há uma seção (29B) onde são encontradas várias espécies exóticas de Ficus. Em São Paulo são encontradas, no paisagismo urbano, basicamente quatro espécies exóticas: Ficus microcarpa, Ficus benjamina, Ficus elastica e Ficus pumila L., utilizada na cobertura de muros. 6 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO Outro aspecto importantíssimo e muito interessante do gênero é a sua polinização, feita por pequenas vespas da família Agaonidae. A relação figo-vespa é obrigatória e data de aproximadamente 60 milhões de anos (Ronsted et al. 2005). Por se tratar de uma inflorescência fechada, e com inúmeras flores, o figo se tornou espaço apropriado para a ovoposição das larvas e desenvolvimento das vespas. A fêmea entra carregando o pólen e, durante o processo de polinização, deposita seus ovos no interior das flores pistiladas (Pereira et al. 1995, Pereira et al. 2000, Elias et al. 2007, Dunn et al. 2011). Há poucos e incompletos trabalhos sobre Moraceae para a região da Serra da Mantiqueira, principalmente de Ficus, causando lacunas em seu conhecimento. O conhecimento de Ficus da região da Serra da Mantiqueira poderá contribuir para que políticas de conservação de espécies e espaços possam ser implementadas, resguardando espécies importantes para a restauração e reabilitação da biodiversidade vegetal. 7 G. Pelissari 2012 INTRODUÇÃO 1.2. OBJETIVOS Por estar em uma região entre biomas (Mata Atlântica e Cerrado) e em vista do quadro de ocupação desordenada ao longo da história da Serra da Mantiqueira, de sua importância ecológica, ausência de dados consistentes sobre Ficus, com o intuito de reunir e complementar os dados sobre o gênero nessa área, o presente trabalho teve como principais objetivos: • Reconhecer as espécies de Ficus da Serra da Mantiqueira; • Ampliar e enriquecer as coleções de Ficus dos herbários da região Sudeste, por meio da realização de coletas e da inclusão de novas coleções nos acervos; • Levantamento de dados ecológicos e de distribuição geográfica; • Realizar estudos visando o esclarecimento de problemas taxonômicos do gênero; • Fornecer dados que possam auxiliar em ações que visem a conservação dessas espécies e dos espaços onde estão inseridas. 8 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. ÁREA DE ESTUDO Frente à complexidade e divergência na delimitação da Serra da Mantiqueira observada na literatura, optou-se por adotar a delimitação proposta por Machado-Filho et al. (1983), incluindo os limites apresentados por CETEC (1983) para a porção norte, e os prolongamentos descritos por Várzea (1942) para a porção sul. Quanto aos limites leste-oeste foram consideradas todas as áreas adjacentes a linha norte-sul, levando-se em consideração menções, em diferentes trabalhos, na Serra da Mantiqueira (Colabardini 2003, Lima 2008, Garcia Junior 2011), sobre a base cartográfica de Weber et al. (2004). Foram acrescentadas a essa delimitação cidades limítrofes que fazem parte de áreas protegidas na Serra da Mantiqueira. Desta forma a região, como acima descrita e com delimitação específica para este trabalho, será denominada para fins de praticidade de Mantiqueira (Figura 1). A Mantiqueira está inserida entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado e nela encontramse quatro dos dez maiores picos do Brasil. Os topos mais elevados encontram-se nas bordas do Planalto de Campos do Jordão e das serras do Itatiaia e Caparaó (1700-2890 m). Distribuída entre os diferentes níveis de altitude, a vegetação local varia, desde floresta ombrófila densa, com presença de araucárias, e floresta estacional semidecidual, além de áreas de Cerrado. A partir dos 2000 m encontram-se os campos de altitude, adaptados às temperaturas baixas. O clima varia igualmente com a elevação, predominando temperaturas médias, entre 17° e 20°C. A área está inserida entre três importantes bacias hidrográficas: bacia hidrográfica do rio Doce, do rio Paraná e do rio Paraíba do Sul. Há predominância de solos Latossolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho amarelo e afloramento de rochas. 9 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS Figura 1: Mapa da área de estudo com as variações altitudiais. 10 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS 2.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO A etapa preliminar desse trabalho constou de revisão e compilação de dados bibliográficos específicos relacionados à Ficus e Moraceae. Foram examinadas monografias e publicações mais recentes que abordassem o tema em questão. O levantamento foi feito utilizando-se a rede clássica e virtual de bibliotecas acessíveis. As publicações dizem respeito, principalmente, à taxonomia, ecologia, florística, filogenia, polinização e conservação. Também foram consultadas obras clássicas para a família, além das descrições e ilustrações originais dos binômios de Ficus. As principais bibliotecas consultadas foram a do Instituto de Botânica de São Paulo, a do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e a do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde foram solicitadas cópias das obras de interesse. Além disso, foram consultadas as bibliotecas particulares do Prof. Dr. Sergio Romaniuc Neto e do Prof. Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta. Os principais portais de periódicos e referências disponíveis em via eletrônica também foram consultados http://www.biodiversitylibrary.org/, (por exemplo: http://www.botanicus.org./, http://www.archive.org/, http://gallica.bnf.fr/, http://www.ipni.org/, http://scielo.org/, http://www.tropicos.org/, entre outros). As abreviações dos periódicos e das obras clássicas seguem Bridson & Smith (1991) e Stafleu & Cowan (1976-1988). Os nomes dos autores estão de acordo com Brummitt & Powell (1992). 11 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS 2.3. COLETA, PROCESSAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL BOTÂNICO No intuito de complementar as coleções de Ficus, nos casos de materiais duvidosos ou escassos, e de observar as espécies em seu ambiente natural, foram realizadas viagens de coleta, pela região da Mantiqueira (Tabela 1). Tabela 1. Localidades visitadas Período 13-15/12/2010 Estado MG Município Viçosa 16/12/2010 MG Araponga 15/02/2011 SP 16/02/2011 RJ Pindamonhangaba, Roseira, Aparecida Resende 17/02/2011 22/09/2011 RJ RJ 23/09/2011 MG 24/10/2011 MG Resende Itaperuna, Porciúncula Carangola,Espera Feliz Caldas Localidade Mata do Paraíso, Mata do Seu Nico e arredores da UFV Parque Estadual da Serra do Brigadeiro Maromba, Maringá e Visconde de Mauá Penedo Fazenda Santa Rita Serra da Pedra Branca O material coletado foi herborizado de acordo com as técnicas propostas por Fidalgo & Bononi (1989) e processados segundo Mori et al. (1989). A fim de auxiliar na análise morfológica, os sicônios dos espécimes coletados foram fixados em álcool 70°, sempre que possível. Foram feitas, durante a coleta, observações gerais sobre a altura dos indivíduos, coloração e aspecto do látex e do sicônio, coloração das flores e frutos e, quando possível, fotografias dos indivíduos em seu ambiente natural. A identificação foi feita através de estudos morfológicos usuais, bibliografia específica e comparação com exsicatas depositadas nos herbários, principalmente os da região sudeste. 12 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS Materiais tipos de todas as espécies e sinônimos foram consultados para confirmação taxonômica e fazem parte do Anexo I. As informações de rótulo, bem como a imagem das exsicatas examinadas, foram inseridas em um banco de dados para facilitar o intercambio de informações entre outros especialistas do grupo, bem como outras bases de dados virtuais. 2.4. CONSULTAS A HERBÁRIOS O levantamento do material botânico das espécies ocorrentes na Serra da Mantiqueira foi realizado através de visitas a herbários nacionais, principalmente os da região sudeste, com o propósito de se obter material suficiente de cada táxon para uma análise satisfatória da variabilidade morfológica, fenologia e distribuição geográfica. Os herbários cujas coleções foram examinadas são listados abaixo. Os acrônimos e denominações estão de acordo com Holmgren & Holmgren (2011). Tabela 2. Herbários visitados HERBÁRIO BHCB: Instituição, cidade, estado. Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Belo Horizonte, MG. CESJ: Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica,Herbário Leopoldo Krieger, Juiz de Fora, MG. ESA: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Botânica, Piracicaba, SP. GUA: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, Serviço de Ecologia Aplicada, Herbário Alberto Castellanos, Rio de Janeiro, RJ. GFJP: Faculdade Redentor, Herbário Guido F. J. Pabst, Itaperuna, RJ. 13 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS HRCB: Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Herbário Rioclarense, Rio Claro, SP. HXBH: Fundação CETEC, Setor de Recursos da Terra, Belo Horizonte, MG. IAC: Instituto Agronômico de Campinas, Centros de Recursos Genéticos Vegetais e Jardim Botânico, Campinas, SP. INPA: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Pesquisas em Botânica. Manaus, AM. PAMG: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Departamento de Pesquisa. Belo Horizonte. MG. PMSP: Prefeitura de Município de São Paulo, Departamento de Parques e Áreas Verdes, Herbário Municipal, São Paulo, SP. R: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Botânica. Rio de Janeiro, RJ. RB: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas, Rio de Janeiro, RJ. SP: Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP, Herbário “Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo”, São Paulo, SP. SPF: Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica, São Paulo, SP. SPSF: Instituto Florestal, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Herbário D. Bento Pickel. São Paulo, SP. UEC: Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Botânica, IB, Campinas, SP. VIC: Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Biologia Vegetal, Viçosa, MG. Os materiais tipos e os protólogos das espécies foram examinados. Alguns destes materiais foram vistos e fotografados em herbários nacionais, outros possuem fotos disponíveis em meio eletrônico, “on-line” via internet. Dentre os herbários que disponibilizam esse tipo de consulta e que concentram as maiores coleções de tipos de Moraceae, destacam-se: B, Botanischer Garten und BotanischesMuseum Berlin-Dahlem, Berlin; K, Royal Botanics Garden, Kew; LINN, 14 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS Linnean Society of London, London; MO, Missouri Botanical Garden, Saint Louis; NY, New York Botanical Garden, New York; P, Laboratorie de Phanérogamie, Muséum National d`Histoire Naturelle, Paris; U, Institute os Systematic Botany, Utrecht. Materiais não disponíveis em meio eletrônico foram solicitados aos herbários via email. 2.5. ESTUDOS MORFOLÓGICOS Os estudos morfológicos basearam-se na análise de caracteres relativos ao hábito, forma e dimensões de folhas e estípulas, indumento, além do tamanho e aspectos do sicônio, flores e frutos de todos os materiais provenientes da Mantiqueira. Materiais coletados em estado vegetativo serviram apenas para a complementação da análise dos caracteres morfológicos das estruturas vegetativas, não sendo, portanto, depositados e registrados em nenhum herbário. Como referência para a terminologia morfológica de hábito, indumento, forma das folhas, inflorescência, flores e frutos adotou-se Lawrence (1971), Hickey (1973), Radford et al. (1974), Font-Quer (1985), Bell (1993), Ash et al. (1999) e Stearn (2004). Para as estruturas reprodutivas utilizou-se os trabalhos de Berg (2001) e Mello-Filho et al. (2001). As ilustrações foram feitas pelo ilustrador botânico Klei Sousa, com auxílio de estereomicroscópio acoplado à câmara clara e cobertas a nanquim, onde foram representados detalhes das principais estruturas diagnósticas para os táxons, bem como o aspecto geral de algumas espécies. As pranchas de fotografias foram montadas com fotos tiradas durante as viagens de coleta. 15 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS 2.6. ESTUDOS TAXONÔMICOS O estudo taxonômico baseou-se na análise dos materiais estudados durante as visitas aos herbários. Também foi feito o levantamento dos materiais tipo e protólogos das espécies, onde foi possível ser feita a comparação entre material coletado e material tipo, para confirmação do nome. O posicionamento do gênero e suas divisões segue o sistema proposto por Corner (1962) e modificado por Berg (2003). 2.7. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA A análise da distribuição geográfica das espécies foi realizada com base nos dados obtidos a partir das etiquetas de herbário, bem como através dos dados da literatura, principalmente Carauta (1989), Berg & Simonis (2000) e Beg & Villavicencio (2004). Foi elaborado um mapa da área de estudo, com as variações altitudinais (Figura 1) e, para a discussão sobre a distribuição geográfica das espécies ocorrentes na Mantiqueira, foi utilizado como base um mapa de quadrículas (Figura 2), de acordo com as delimitações propostas por Machado-Filho et al. (1983), CETEC (1983) e Várzea (1942), juntamente com as cidades limítrofes (Anexo II) que fazem parte de áreas protegidas da Mantiqueira. 16 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS Figura 2: Mapa da área da Serra da Mantiqueira. Os pontos de coleta eta das espécies foram georeferenciados georefere e, para materiais materia que não apresentavam dados de coordenadas geográficas foi utilizada a ferramenta geoLoc da rede speciesLink (http://splink.cria.org.br/geoloc http://splink.cria.org.br/geoloc), ), onde foi georeferenciado o município de coleta e, para a conversão das coordenadas grau-min-seg grau em graus decimais ais foi utilizada a ferramenta conversor da rede speciesLink (http://splink.cria.org.br/conversor (http://splink.cria.org.br/conversor). Para a confecção dos mapas utilizou--se o programa ArcGis versão 9.3 (ESRI 2008). 2008) Para a discussão da ocorrência das espécies foi adotado o sistema de classificação class da vegetação proposto por Veloso et al. (1991) além de dados sobre vegetação encontrados em CETEC (1983) e Machado-Filho Filho et al. (1983). 17 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS 2.8. CONSERVAÇÃO Na tentativa de propor critérios de conservação para as espécies de Ficus da Mantiqueira, foram consultadas as categorias estabelecidos pela IUCN (apud Carauta et al. 2001), atualizados por IUCN (2011), além das metodologias dos livros vermelhos do Brasil (Mello Filho et al. 1992, Mamede et al. 2007, Giulietti et al. 2009). Foi verificada a ocorrência das espécies em unidades de conservação na região da Mantiqueira, municipais, estaduais e federais (Anexo III) e utilizado a lista de municípios para detectar espécies em áreas não protegidas. As categorias de conservação foram propostas de acordo com as categorias da IUCN, considerando também observações realizadas durante o trabalho de campo e informações oriundas dos rótulos dos espécimes examinados em herbários. 2.9. ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO O presente trabalho segue as normas recomendadas pelo Programa da Pós Graduação do Instituto de Botânica de São Paulo. As citações bibliográficas no texto e as referências bibliográficas seguem as normas apresentadas pelo periódico Hoehnea, disponíveis em http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/hoehnea/normas.php. O tratamento taxonômico segue as recomendações do periódico Rodriguésia, disponíveis em http://www.rodriguesia.jbrj.gov.br/normas.html. São apresentadas descrições do gênero e espécies, chave de identificação, ilustrações, dados sobre ecologia e fenologia e comentários gerais sobre cada táxon. As descrições das espécies foram feitas com base nos materiais provenientes dos municípios localizados na 18 G. Pelissari 2012 MATERIAL E MÉTODOS região da Mantiqueira, com exceção de F.clusiifolia, F. guaranitica, F. hirsuta, F. luschnathiana, F. mariae e F. obtusifolia, que tiveram que ser complementadas com materiais de outros municípios, dando-se preferência à municípios da região Sudeste. Em “material examinado” foram apresentados todos os materiais analisados. Os estados e municípios estão listados em ordem alfabética; os coletores e número de coleta são destacados em itálico. Todo o material examinado, selecionado e/ou adicional examinado encontra-se fértil, com sicônios em distintos estágios de desenvolvimento, não sendo assim necessária a indicação da fase fenológica junto ao voucher. O material examinado foi citado obedecendo a seguinte ordem: local e data de coleta, nome e número do coletor (utilizando et al. quando houver mais de dois) e sigla(s) do(s) herbário(s) entre parêntesis, segundo o Index Herbariorum. Quando não havia número de coletor, o número de registro do espécime, juntamente com a sigla do herbário, foi citado. Os nomes dos estados foram citados por extenso, em letras maiúsculas e em ordem alfabética, seguidos dos respectivos materiais estudados. Foi elaborada uma lista de exsicatas, com base em todos os materiais examinados, por ordem alfabética de sobrenome do coletor, seguido do número de coletor e número da espécie entre parêntesis. Na ausência do número de coletor, é citado o acrônimo do herbário depositário e número de registro. Quanto à distribuição geográfica das espécies, foi citada a distribuição global de cada espécie e a distribuição para a Mantiqueira. 19 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA 3. O GÊNERO FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA 3.1. MORFOLOGIA 3.1.1. HÁBITO Ficus possui hábito arbóreo, arbustivo, trepadeira e hemiepifítico. As espécies ocorrentes na Mantiqueira são arbóreas ou hemiepifíticas. Espécies pertencentes ao subgênero Pharmacosycea (Miq.) Miq. são sempre árvores e geralmente muito altas, podendo atingir 40 m altura. O hábito hemiepifítico é encontrado em espécies do subgênero Urostigma (Gasp.) Miq. (Figura 3, A). Neste caso, as plantas iniciam seu desenvolvimento como epífitas e suas raízes se desenvolvem em direção ao solo, envolvendo a árvore hospedeira. A distribuição das figueiras hemiepífitas está associada a fatores que influenciam na sua germinação e estabelecimento, como luminosidade, predação de sementes, umidade, presença de dispersores de sementes e local de deposição das sementes nos hospedeiros e ausência de temperaturas negativas (Laman 1995, Athreya 1999, Diaz 2003), além de características associadas às árvores hospedeiras, tais como textura da casca, arquitetura da copa da hospedeira e presença de nutrientes em fendas ou no tronco do hospedeiro (Laman 1996, Daniels & Lawton 1991, Michaloud & Michaloud-Pelletier 1987). Diaz (2003) salienta que, no Brasil, as figueiras são raramente encontradas em clima semi-árido, em vegetação da caatinga ou em campos rupestres, devido a baixa umidade. Devido a essa elevada necessidade de água, as espécies de Ficus, principalmente do subgênero Urostigma, possuem um sistema radicular extenso e de extrema importância para sua sobrevivência e desenvolvimento. 20 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA A importância ecológica das figueiras hemiepífitas tem sido associada ao seu papel na estrutura e dinâmica do dossel florestal (Prósperi et al. 2001, Lawton & Willians-Linera 1996) e à importância de seus frutos como recurso alimentar para animais frugívoros (Terborgh 1986). No entanto, nem todos os Ficus apresentarão tal hábito, uma vez que suas sementes podem ser lançadas diretamente ao solo e, ao germinarem, apresentarão hábito arbóreo (Figura 3, B). 3.1.2. Látex Ficus possui látex leitoso, distribuído por todas as partes da planta. As diferenças de suas características estão relacionadas à abundância, coloração, concentração e oxidação. Por exemplo, podemos encontrar em F. adhatodifolia látex branco, espesso, tornando-se rosado durante a oxidação (Figura 3, C-D). F. arpazusa (Figura 3, E) e F. eximia apresentam látex ralo. F. luschnathiana e F. gomelleira apresentam látex branco, espesso, sendo mais abundante em F. gomelleira. Algumas espécies apresentam látex espesso e pouco abundante, como no caso de F. organensis. No caso de F. obtusiuscula, o látex apresenta-se abundante, porém ralo. 3.1.3. Indumento Carauta (1989) separa as espécies brasileiras de Ficus em glabras e pubescentes. Já Berg (2001) utiliza a característica de presença ou ausência de tricomas glandulares para separar as seções ocorrentes na região tropical. Mendonça-Souza (2006) ao estudar as espécies 21 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA ocorrentes no Estado de São Paulo, sob microscopia eletrônica, observou a presença de tricomas glandulares capitados em todas as espécies, o que não confirmou a separação sugerida pelos autores. Sob microscopia eletrônica de varredura Mendonça-Souza (2006) encontrou dois tipos de tricomas: simples, podendo ser longos ou curtos e ainda uncinados, e glandulares diminutos, capitados, estipitados ou sésseis. A autora apontou a variação da quantidade de tricomas glandulares e a ocorrência de tricomas pluricelulares simples e longos como importante caráter taxonômico para o grupo. 3.1.4. Estípula As espécies de Ficus possuem estípula completamente amplexicaule, podendo ser caducas, deixando cicatrizes anelares nos ramos, como em F. mexiae (Figura 3, G) ou persistentes, como em F. gomelleira (Figura 3, F). Variações quanto ao tamanho, persistência e coloração são consideradas por vários autores (Berg & Villavicencio 2004, MendonçaSouza 2006, Romaniuc Neto et al. 2009a) como importantes na delimitação dos táxons. 22 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA Figura 3: Variação do hábito, látex e estípulas em Ficus. A. F. luschnathiana, hemiepífita. B. F. gomelleira, árvore. C-D. F. adhatodifolia,, látex. C. corte transversal do ramo, látex branco, do tipo espesso. D. corte no tronco, látex oxidando rapidamente e tornando-se se rosado. E. F. arpazusa,, corte transversal do ramo, látex do tipo ralo. F. F. gomelleira, estípula persistente. G. F. mexiae, estípula persistente (seta). H. F. arpazusa,, glândula acropeciolar (seta). I. F. adhatodifolia,, par de glândulas baselaminares (setas). (Fotos: G. Pelissari). 23 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA 3.1.5. Folha Ficus apresenta folhas simples, inteiras ou raramente lobadas, com disposição alterna espiralada, margem inteira, com lâmina de forma, ápice e base variáveis, podendo ser cartáceas ou coriáceas (Figura 4). O pecíolo varia em tamanho, com epiderme geralmente persistente ou, no caso de F. pulchella, desprendendo-se em placas quando seco (esfoliada). Apresentam venação broquidódroma. O número de nervuras secundárias varia de 4-18 e apresentam coloração mais clara, na maioria das espécies, podendo ser planas ou salientes na face abaxial da lâmina, como em F. castellviana, F. eximia e F. gomelleira. As nervuras terciárias variam de escalariformes a reticuladas. Outra característica importante na separação das duas seções de Ficus ocorrentes no Brasil é a presença e posição de estruturas glandulares na lâmina (Carauta 1989, Berg 2001, Berg & Simonis 2000, Mendonça-Souza 2006). As espécies do subgênero Pharmacosycea seção Pharmacosycea apresentam um par de glândulas baselaminares (Figura 3, I) e as espécies do subgênero Urostigma seção Americana apresentam apenas uma glândula acropeciolar (Figura 3, H). 24 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA Figura 4: A-Q. Q. Morfologia das folhas das espécies de Ficus. A. F. adhatodifolia. B. F. castellviana. castellviana C. F. arpazusa. D. F. clusiifolia.. E. F. eximia. F. F. gomelleira. G. F. guaranitica.. H. F. hirsuta. I. F. lagoensis. J1-J2. F. luschnathiana. luschnathiana K. F. mariae. L1-L2. F. mexiae. M. F. obtusifolia.. N. F. obtusiuscula. O. F. organensis. P. F. pulchella. pulchella Q. F. trigona. (Fotos: G. Pelissari). 25 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA 3.1.6. Sicônios, flores e frutos Ficus apresenta um tipo de inflorescência cimosa, urceolada, exclusiva do gênero: o sicônio. Os sicônios estão dispostos geralmente aos pares (Figura 5, A), com exceção das espécies do subgênero Pharmacosycea seção Pharmacosycea, onde os sicônios mostram-se solitários (Figura 5, B). Mello-Filho et al. (2001) propõem termos morfológicos para os diversos tipos de brácteas que ocorrem dentro e fora do sicônio como: tegilo, bráctea única, caduca, em forma de capuz, que protege os sicônios quando jovens (Figura 5, C); as brácteas que estão inseridas na base da inflorescência, junto ao pedúnculo, são chamadas epibrácteas (Figura 5, F); orobrácteas são brácteas posicionadas na entrada do sicônio, formando o ostíolo (Figura 5, D); bractéolas são brácteas dispostas no interior do sicônio, entre as flores. Os sicônios apresentam variações quanto a forma, tamanho, coloração e indumento e essas variações são relevantes para a separação das espécies na Mantiqueira. Além disso, podem ser sésseis ou pedunculados, o pedúnculo também apresenta variações quanto ao tamanho, coloração e indumento. A disposição das orobrácteas caracteriza a forma do ostíolo. As espécies podem apresentar ostíolo plano (Figura 5, G), levemente proeminente a proeminente (Figura 5, H) ou crateriforme (Figura 5, E), ou então circundado por anel triangular ou circular formado pela parede do sicônio. Essas variações de posicionamento e coloração são importantes na separação dos táxons, assim como as variações no tamanho, coloração e pilosidade das epibrácteas. Os sicônios podem ainda apresentar máculas em seu exterior, sendo glabras e de coloração de alvas a vináceas. 26 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA Figura 5: Morfologia dos sicônios de Ficus. A. F. luschnathiana, sicônios aos pares.. B. F. adhatodifolia, sicônios solitários. C. F. mexiae,, tegilo (seta). D. F. luschnathiana,, orobrácteas formando o ostíolo. E. F. arpazusa, ostíolo crateriforme. F-G. F F. luschnathiana, F. epibrácteas na base do sicônio (seta); G. ostíolo plano. H. F. eximia,, ostíolo proeminente. (Fotos: G. Pelissari). 27 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA As flores estaminadas e pistiladas (Figura 6, A), estão dispostas na parede interna do sicônio, são sésseis a pediceladas, hialinas, intercaladas por bractéolas também hialinas. Confirmando o que foi sugerido por Berg (2001) e Carauta (1989), as espécies da Mantiqueira apresentam protogenia, ou seja, as flores pistiladas (Figura 6, B) se desenvolvem primeiro que as estaminadas. O desenvolvimento das flores masculinas se dá juntamente com o desenvolvimento dos frutos e das vespas. As flores pistiladas estão presentes em maior número que as estaminadas e ambas estão dispersas por todo o interior da inflorescência, além disso, estão intercaladas por bractéolas hialinas, geralmente menores do que as flores. As flores pistiladas podem ser pediceladas e com estilete curto, onde as vespas geralmente depositam seus ovos, e as sésseis com estilete longo, que são polinizadas e produzem frutos. As flores pistiladas apresentam um único ovário, 1-locular, 1-ovular em posição subapical, estilete único, lateral com estigma bífido (Figura 6, E-F). As flores estaminadas são sésseis ou pediceladas e apresentam perianto com 2-5 tépalas, 1-2 estames, anteras dorsifixas, rimosas, extrorsas, 2-tecas (Figura 6, G-H). Berg (2003) denomina os frutos de Ficus de aquênios ou drupéolas (pequenas drupas). Com a justificativa de serem morfologicamente peculiares, Carauta & Diaz (2002a) sugerem chama-los de “sicocarpos”. Adotou-se neste trabalho a denominação de fruto drupáceo, com exocarpo crustáceo e albúmen reduzido (Figura 6, I-J). 28 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA Figura 6: Morfologia das flores e frutos de Ficus: A. F. gomelleira,, corte longitudinal do sicônio, mostrando o posicionamento das flores no interior da inflorescência. B. F. adhatodifolia,, corte longitudinal do sicônio, evidenciando as flores pistiladas em fase receptiva ao grão de pólen. C-D. C F. luschnathiana,, corte longitudinal lon do sicônio, detalhe das vespas no interior da inflorescência (setas). E-F. E F. mariae,, E. flor pistilada com estilete curto; F. flor pistilada com estilete longo. G. F. clusiifolia, flor estaminada com uma antera. H-I. I. F. pulchella, H. flor estaminada com duas anteras; I-J. F. mariae, mariae fruto. (Fotos: G. Pelissari). 29 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA 3.1.7. Polinização O sicônio apresenta protogenia, ou seja, as flores pistiladas se desenvolvem antes das estaminadas. Isso está relacionado ao tipo de polinização encontrada no gênero. As vespas fêmeas, aladas, que vieram de outro sicônio, em fase masculina, são atraídas por substâncias voláteis exaladas pelos sicônios (van-Noort et al. 1989, Ware et al. 1993). Essas vespas adentram o sicônio através do ostíolo, na fase feminina ou fase receptiva do grão de pólen, fase onde as orobrácteas estão flácidas, permitindo a entrada das vespas. Segundo Galil & Eisikowitch (1968) e Pereira et al. (2000) muitas dessas vespas perdem asas ou antenas durante o processo. No interior do sicônio, as vespas fêmeas (Figura 6, C-D), que vieram de outros sicônios em fase masculina, carregando grãos de pólen, polinizam as flores de estilete longo durante o processo de ovoposição nas flores de estilete curto. Por não conseguirem sair após o processo, essas vespas morrem no interior do sicônio (Pereira et al. 2000; Mendonça-Souza 2006). As vespas se desenvolvem juntamente com as flores masculinas. As primeiras vespas a deixar o interior dos ovário são os machos. Ao saírem se dirigem às flores onde estão as fêmeas, fazem uma pequena abertura no ovário da flor e introduzem seu aparelho reprodutor por essa abertura, para fecundar as vespas fêmeas. Após serem fecundadas e saírem do ovário das flores, as fêmeas se dirigem às flores masculinas, e carregam grãos de pólen em “bolsas”, estruturas especializadas localizadas na face ventral do tórax. Enquanto isso, os machos perfuram a parede do sicônio ou o ostíolo, abrindo passagem para que as fêmeas possam sair. Esse é o último trabalho dos machos, que morrem em seguida. As fêmeas, no entanto, saem do sicônio carregando seus ovos e grãos de pólen e seguem em direção à outros sicônios para dar continuidade ao processo. Cabe ressaltar que enquanto os machos não possuem asas e olhos desenvolvidos as fêmeas possuem olhos bem desenvolvidos e são aladas. 30 G. Pelissari 2012 MORFOLOGIA Figueiras e vespas possuem um forte relação mutualística, apresentando alto grau de especificidade entre a espécie de figueira e espécies de vespa polinizadora (Carauta & Diaz 2002a, Ronsted et al. 2005). Alguns estudos filogenéticos foram feitos para estimar a data da origem da relação figo-vespa. Machado et al. (2001) obtiveram um intervalo de idade entre 75-100 milhões de anos, o que para Ronsted et al. (2005) é uma data superior ás evidências fósseis disponíveis de Ficus, que datam de pelo menos 15 milhões de anos. O trabalho de Ronsted et al. (2005), no entanto, sugere um período de tempo entre 60-70 milhões de anos para a origem da associação figo-vespa. 31 G. Pelissari 2012 TAXONOMIA 3.2. TAXONOMIA 3.2.1. Histórico taxonômico de Ficus A história taxonômica de Ficus inicia-se em 1700, quando Tournefourt descreve o gênero e seis espécies. Tournefourt não utilizava o sistema binomial para nomear as plantas, tratando todas as espécies por Ficus americana, diferenciando-as por características da inflorescência. Apesar de ter descrito o gênero pela primeira vez, a autoria de Ficus é aplicada a Linnaeus, já que a obra Species Plantarum (1753) é considerada o ponto de partida para os estudos nomenclaturais (Mcneill et al. 2006). Linnaeus descreve 7 espécies, entre elas F. religiosa, F. pumila e F. carica, citada como primeira espécie e considerada como tipo para o gênero. Jussieu (1789) é quem faz a reunião dos grupos afins de Ficus, colocando-o na Ordo III - Urticae, dividindo-a em dois grupos, separados pela disposição das flores na inflorescência. Ficus é apresentado como um gênero no grupo das plantas com flores dispostas em receptáculos involucrados, ao lado de Ambora Juss., Dorstenia L., Hedycaria Forst L.f. e Perebea Aubl. Em 1826 Gaudichaud dividiu Urticeae, proposta por Jussieu (1789), em cinco tribos ou subfamílias. Utilizando caracteres relacionados à posição do óvulo e do embrião para propor esta divisão, o autor posiciona Ficus no grupo que apresenta óvulos apicais ou laterais e embrião curvo. Este grupo é subdividido em Broussonetieae, Cannabineae, Celtideae, Dorstenieae, Ficeae (incluindo somente Ficus) e Moreae. Miquel (1847) propõe uma nova classificação para Ficus, dividindo-o em sete gêneros: Urostigma, Pharmacosycea, Pogonotrophe, Sycomorus, Ficus, Covellia e Synoecia. 32 G. Pelissari 2012 TAXONOMIA Urostigma é o único subdividido em três subgêneros: Genuinae, Americanae e Oreosycea. Os subgêneros Urostigma e Pharmacosycea são citados para as Américas e os demais referidos para África e Ásia. Os caracteres utilizados por Miquel para separar os gêneros estão relacionados principalmente com a estrutura da inflorescência, como quantidade de brácteas, presença de flores uni ou bissexuadas e estrutura do perianto das flores. Em 1851 Liebmann, num estudo sobre a Ordo Urticaceae do México e América Central, utilizou as subdivisões propostas por Gaudichaud (1826) e a apresentou dividida em quatro famílias: Artocarpeae, Moreae, Urticeae e Ulmaceae. Ficus e suas espécies foram incluídas na família Artocarpeae, tribo Ficeae e descritas nos gêneros Pharmacosycea e Urostigma. Seis anos após sua primeira proposta, Miquel (1853) na Flora brasiliensis considerou Urticae de Jussieu como Ordo Urticineae, dividida em quatro Subordos: Artocarpeae, Cannabineae, Ulmaceae e Urticeae. Artocarpeae é composta de duas tribos Artocarpeae e Moreae. Miquel utilizou caracteres de posição dos estames no botão floral para separação das tribos: retos para Artocarpeae e curvos em Moreae. Nas subtribos de Artocarpeae ele utilizou caracteres referentes à posição do óvulo, podendo ser subapical e anátropo (Brosimeae, Euartocarpeae, Ficeae, Olmedieae e Soroceae), lateral e semi-anátropo (Pouroumeae), ou ainda, basal e ortótropo (Conocephaleae). Para a subtribo Ficeae, Miquel seguiu seu sistema de classificação de 1847, onde as espécies brasileiras foram incluídas nos gêneros Pharmacosycea e Urostigma. Bureau (1873) propôs a subdivisão das Urticae, de Jussieu (1789), em Artocarpaceae, Cannabineae, Moraceae, Ulmaceae e Urticaceae. O autor utilizou caracteres das estruturas reprodutivas, como tipo e posição dos óvulos, formato e sexo das inflorescências, disposição das flores e diferenças nos verticilos florais, para organização das tribos. Ficus foi mantido na tribo Ficeae, em Artocarpaceae, juntamente com Sparattosyce Bureau. 33 G. Pelissari 2012 TAXONOMIA Bentham & Hooker (1880) apresentaram em seu sistema de classificação Urticaceae subdividida em oito tribos: Artocarpeae, Cannabineae, Celtidae, Conocephaleae, Moreae, Thelygoneae, Ulmeae e Urticeae. Os autores utilizaram, para essa divisão, caracteres de posição e tipo do óvulo e tipo de inflorescência e flor. Ficus manteve-se posicionado em Artocarpeae. Esta tribo é dividida em quatro subtribos: Brosimeae, Euartocarpeae, Ficeae e Olmedieae. Os gêneros Ficus e Sparattosyce foram mantidos em Ficeae, sendo que Sparattosyce é um gênero monoespecífico e restrito a Nova Caledônia. Os autores ainda sugeriram as subdivisões de Ficus nos subgêneros Covellia, Eusyce, Pharmacosycea, Synoecia e Urostigma, com base nas características florais, principalmente número de tépalas e estames. Engler (1889), em seu sistema de classificação considerou Urticaceae, senso Bentham & Hooker (1880), como três famílias distintas: Moraceae, Ulmaceae e Urticaceae. Moraceae é dividia em quatro subfamílias: Artocarpoideae, Cannaboideae, Conocephaloideae e Moroideae. Moroideae é subdivida em cinco tribos: Brossonetieae, Dorstenieae, Fatoueae, Moreae, Strebleae e Artocarpoideae, sendo esta última subdividida em quatro tribos, Brosimeae, Euartocarpeae, Ficeae e Olmedieae. Ficus e Sparattosyce são mantidas na tribo Ficeae. Corner (1958) sugeriu uma nova classificação para Ficus subdividindo-o em três subgêneros: Ficus, Urostigma e Sycomorus. Em 1962, propõe nova classificação para Moraceae, dividindo-a em seis tribos, com base em caracteres como o formato e o sexo e disposição das flores na inflorescência: Moreae, Artocarpeae, Olmedieae, Brosimeae, Dorstenieae e Ficeae. A partir daí, Ficeae passa a ser uma tribo monogenérica com a transferência de Sparatosyce da tribo Ficeae para Olmedieae. 34 G. Pelissari 2012 TAXONOMIA As classificações para Ficus propostas por Corner em 1958 e 1962, serviram de base para as divisões propostas por outros autores, como por exemplo Berg (1973, 1978, 1989a, 1989b, 2003). Berg (1973) reduziu Moraceae a apenas quatro tribos: Ficeae (Ficus), Dorstenieae (incluindo Brosimeae), Moreae (incluindo Artocarpeae) e Olmedieae, utilizando, para delimitação das tribos, os mesmos conceitos de Corner (1962). Cronquist (1981, 1988) baseado em caracteres vegetativos e reprodutivos, como disposição e forma das folhas e caracteres das inflorescências, flores e óvulos, classificou a família Moraceae na Ordem Urticales. Baseando-se em características da inflorescência, sexo e disposição das flores, Berg (1989b) propõe uma nova classificação para Moraceae, dividindo-a em cinco tribos: Artocarpeae, Castilleae, Dorstenieae, Ficeae e Moreae, onde Ficeae é composta apenas pelo gênero Ficus, subdividido em cinco subgêneros: Ficus, Pharmacosycea (que inclui as seções Oreosycea e Pharmacosycea), Sycidium, Sycomorus e Urostigma (incluindo as seções Galoglychia, Malvanthera e Urostigma). Em 2003 Berg, utilizando os conceitos propostos por Corner (1962) e as análises filogenéticas de Weiblen (2000) propõe a subdivisão de Ficus em seis subgêneros: Ficus, Sycidium, Synoecia, Sycomorus, Urostigma e Pharmacosycea. Estudos moleculares recentes (Weiblen 2000, Datwyler & Weiblen 2004) têm mantido a tribo Ficeae como grupo monofilético e monogenérico (Tabela 3). 35 como tribo ou equivalente) FAMÍLIA1 AUTOR TRIBO2 GÊNEROS Jussieu (1789) Urticaceae Gaudichaud (1826) Urticaceae Ficeae Ficus Liebmann (1851) Artocarpeae Ficeae Pharmacosycea, Urostigma, Ficus Miquel (1853) Urticineae Artocarpeae subtribo Ficeae Pharmacosycea, Urostigma, Ficus subfamília Artocarpeae G. Pelissari 2012 Tabela 3: Posicionamento de Ficus nos principais sistemas de classificação de Moraceae. (1. Descrita como família ou equivalente; 2. Descrita SUBGÊNEROS Ficus Bureau (1873) Artocaraceae Ficeae Ficus, Sparattosyce Bentham & Hooker (1880) Urticaceae Ficeae Ficus, Sparattosyce Engler (1889) Moraceae Ficeae Ficus, Sparattosyce Covellia, Eusyce, Pharmacosycea, Synoecia, Urostigma Subfamília Artocarpoideae Moraceae Ficeae Ficus, Sparattosyce Ficus, Sycomorus, Urostigma Corner (1962) Moraceae Ficeae Ficus Berg (1989b) Moraceae Ficeae Ficus Ficus, Pharmacosycea, Sycidium, Sycomorus, Urostigma Berg (2003) Moraceae Ficeae Ficus Ficus, Pharmacosycea, Sycidium, Sycomorus, Synoecia, Urostigma TAXONOMIA Corner (1958) 36 G. Pelissari 2012 TAXONOMIA Quanto à filogenia do grupo a primeira análise filogenética molecular de Ficus (Herre et al. 1996) incluía apenas 15 espécies. Esse estudo foi baseado na sequencia rbcL de plastídeo e sequencia de tRNA. Estudo feito por Weiblen (2000) baseado em seqüências ITS e morfologia, incluiu 46 espécies de Ficus, sendo a maioria de espécies dióicas. Jousselin et al. (2003) usou uma combinação de dados ITS (internal transcribed spacer) e ETS (external transcribed espacer) da região rbcL de DNA de cloroplasto, para 41 espécies de Ficus, e incluiu representantes da maioria das seções de Ficus. Mesmo com o avanço dos estudos de filogenia do grupo (Sytsma et al. 2002, Datwyler & Weiblen 2004, Ronsted et al. 2008) e do grande número de trabalhos taxonômicos, Ficus ainda possui muitos problemas nomenclaturais, particularmente devido à diferença de posicionamento entre os autores quanto à circunscrição das espécies. Atualmente a classificação proposta por Berg (2003) para a organização das espécies em seis subgêneros é a mais aceita. No Brasil as espécies nativas de Ficus estão incluídas nos subgêneros Pharmacosycea e Urostigma (Romaniuc Neto et al. 2010). 37 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 4. TRATAMENTO TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES DE FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA O presente capítulo segue as normas de publicação previstas no manual de instruções para elaboração de artigos da Revista Rodriguésia, exceto pelo material examinado, ao qual se optou por apresentar todos os materiais analisados. Por estarem férteis, com sicônios em distintos estágios de desenvolvimento, não foi indicada a fase fenológica junto ao voucher. Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira, Brasil1 Ficus L. (Moraceae) from Mantiqueira Ridge, Brazil. Gisela Pelissari2,3 & Sergio Romaniuc Neto2 1 Parte da dissertação de mestrado apresentada pela primeira autora ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo. Bolsista do CNPq e apoio do PNADB/Capes. 2 Instituto de Botânica – IBt –Núcleo de Pesquisa da Curadoria do Herbário SP, Caixa Postal 3005 – CEP 01031-970, São Paulo, SP, Brasil. 3 Autor para correspondência: [email protected] Resumo A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizada na região sudeste do Brasil. Encontra-se entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, se estendendo pelos quatro estados da região, sendo que sua maior porção está no estado de Minas Gerais e a menor no Espírito Santo, na Serra do Caparaó. Ficus da Mantiqueira reuniu o exame de materiais 38 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO depositados em 18 herbários brasileiros, principalmente os da região sudeste, além de coletas e observações das populações na natureza. São apresentadas descrições, observações sobre fenologia e distribuição geográfica, categorias de conservação, comentários e ilustrações. Foram encontradas na região 25 espécies de Ficus, 17 nativas e oito exóticas. São descritas, nesse trabalho as espécies nativas, dentre as quais seis encontram-se em perigo, devido à fragmentação do habitat e interferência antrópica. Palavras-chave: Ficus, taxonomia, conservação, Serra da Mantiqueira. Abstract Mantiqueira Ridge is a mountain chain located in southeastern Brazil. It is located between the Atlantic Forest and Cerrado biomes, extending to four states in the region, with its major portion in Minas Gerais State and the minor one in Espírito Santo State, in Caparaó Ridge. Ficus from Mantiqueira is the result of the examination of materials deposited in 18 Brazilian herbaria, especially the southeast, as well as collections and observations of populations in nature. Descriptions, comments on phenology and geographic distribution, conservation categories, comments and illustrations are presented. We found 25 species of Ficus, being 17 native and eight exotic. Native species are described here, which six of them are considered endangered due to habitat fragmentation and anthropogenic interference. Keywords: Ficus, taxonomy, conservation, Serra da Mantiqueira. 39 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO INTRODUÇÃO Após extenso levantamento bibliográfico notou-se que há poucos e incompletos trabalhos sobre Moraceae, principalmente de Ficus, para a região da Serra da Mantiqueira, causando lacunas em seu conhecimento e consequentemente comprometendo sua conservação. Por estar em uma região entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado e em vista do quadro de ocupação desordenada ao longo da história da Serra da Mantiqueira, o presente trabalho poderá contribuir para que políticas de conservação possam ser implementadas na região. São descritas as espécies, apresentadas a distribuição, comentários sobre o habitat e estado de conservação sugerido para a Mantiqueira, além de realizar estudos visando o esclarecimento de problemas morfológicos e taxonômicos do gênero. O estudo taxonômico e de distribuição geográfica de Ficus é fundamental para a viabilização das políticas de conservação que incluam espécies de Moraceae. A família é frequentemente citada como importante na composição da flora, particularmente nas florestas, e o reconhecimento das espécies de Ficus da Mantiqueira poderá servir para resguardar espécies importantes para a restauração e reabilitação da biodiversidade vegetal. MATERIAL E MÉTODOS A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizada entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Frente à complexidade e divergência na delimitação da Serra da Mantiqueira observada na literatura, optou-se por adotar a delimitação proposta por Machado-Filho et al. (1983), incluindo os limites apresentados por CETEC (1983) 40 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO para a porção norte e os prolongamentos descritos por Várzea (1942) para a porção sul. Quanto aos limites leste-oeste foram consideradas todas as áreas adjacentes a linha norte-sul, levando-se em consideração menções, em diferentes trabalhos, na Serra da Mantiqueira (Colabardini 2003, Lima 2008, Garcia Junior 2011). Foram acrescentadas à essa delimitação cidades limítrofes que fazem parte de áreas protegidas na Serra da Mantiqueira. Desta forma a região, como acima descrita e com delimitação específica para este trabalho, será denominada para fins de praticidade de Mantiqueira. Foram realizadas viagens de coleta entre dezembro de 2010 e outubro de 2011 às áreas da Mantiqueira. Todo o material coletado foi processado de acordo com os métodos usuais em taxonomia (Fidalgo & Bononi 1989, Mori et al. 1989) e depositado no herbário do Instituto de Botânica de São Paulo (SP). Os materiais dos herbários visitados (BHCB, CESJ, ESA, GUA, GFJP, HRCB, HXBH, IAC, INPA, PAMG, PMSP, R, RB, SP, SPF, SPSF, UEC, VIC) serviram de base para a análise do material de Ficus para a região da Mantiqueira. Os caracteres morfológicos segue as terminologias apresentadas por Lawrence (1971), Radford et al. (1974) e Mello-Filho et al. (2001). Foi considerada apenas a variação morfológica observada nos exemplares provenientes da área de estudo, exceto em espécies com poucos materiais, onde foram utilizados materiais adicionais de localidades próximas, para complementação da descrição. Apenas as espécies nativas foram inventariadas. A análise da distribuição geográfica das espécies foi realizada com base nos dados obtidos a partir das etiquetas de herbário, bom como através dos dados da literatura, principalmente Carauta (1989), Berg & Simonis (2000) e Beg & Villavicencio (2004). Foi elaborado um mapa de quadrículas da área de estudo, utilizando o programa ArcGis versão 9.3 (ESRI 2008), para a discussão sobre a distribuição geográfica das espécies ocorrentes na Mantiqueira, com base nas delimitações propostas por Machado-Filho et 41 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO al. (1983), CETEC (1983) e Várzea (1942), juntamente com as cidades limítrofes que fazem parte de áreas protegidas na Mantiqueira. Para a discussão da ocorrência das espécies foi adotado o sistema de classificação da vegetação proposto por Veloso et al. (1991) além de dados sobre vegetação encontrados em CETEC (1983) e Machado-Filho (1983). Foi verificada a ocorrência das espécies em unidades de conservação na Mantiqueira, municipais, estaduais e federais, além de áreas particulares. As categorias de conservação foram estabelecidas de acordo com os critérios da IUCN (apud Carauta et al. 2001), atualizados por IUCN (2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ficus está representado na Mantiqueira por 17 espécies. Dentre as formações vegetais a floresta ombrófila densa apresentou oito espécies, a floresta estacional semidecidual 16, a floresta ombrófila mista apresentou duas e cerrado apresentou duas espécies. Além disso, de acordo com as categorias propostas pela IUCN (apud Carauta et al. 2001), atualizados por IUCN (2011), quatro espécies encontram-se vulneráveis (VU), uma se encontram em perigo (EN) e uma está criticamente em perigo (CR). 42 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Ficus L., Sp. Pl. 1059. 1753. Árvores ou hemiepífitas, monóicas; látex leitoso, branco a creme, ralo ou espesso; ramos castanho-acinzentados a castanho-avermelhados, glabros a tomentosos, indumento de tricomas alvos, ferrugíneos a avermelhados. Estípulas terminais, completamente amplexicaules, caducas, raro persistentes, verdes a avermelhadas ou castanho-amareladas a vináceas, quando secas; faces ventral e dorsal glabra a pubescente. Folhas simples, inteiras, alternas-espiraladas, pecioladas; glândulas acropeciolares ou baselaminares. Lâminas elípticas, oblongas, obovadas ou ovadas, ápice acuminado, agudo, arredondado ou retuso, base cuneada, aguda, obtusa, truncada, arredondada, retusa, cordada a subcordada, margem inteira, cartácea ou coriácea, glabras ou pubescentes, macias ou escabras; nervação broquidódroma, nervuras na face abaxial proeminentes ou planas; pecíolo com epiderme persistente ou esfoliada. Sicônios com anisostilia, axilares, solitários ou aos pares, sésseis a pedunculados, globosos, oblongos ou piriformes, lisos ou verrucosos, verdes a verde-amarelados, verdes a violáceos na maturação, máculas brancas, creme, alvo-esverdeadas, amareladas castanho-escuro ou vináceas, glabros ou pubescentes; ostíolo plano, proeminente, crateriforme, circular a triangular; orobrácteas externas 2-7, imbricadas; epibrácteas 2-3, faces ventral e dorsal glabra a pubescente; bractéolas numerosas, hialinas, alvas. Flores estaminadas sésseis a pediceladas, tépalas 2-5, hialinas, livres ou adnatas na base, cuculadas, alvas, alvo-amareladas, alaranjadas ou rosadas, estames 1-2, anteras rimosas, 2-tecas, dorsifixas; flores pistiladas, sésseis a pediceladas, tépalas 3-5, hialinas, livres ou levemente adnatas na base, cuculadas, alvas, alvo-amareladas, alaranjadas ou rosadas, ovário súpero, 1-locular, 1-ovular, estilete 1, inteiro, lateral, estigma bífido, plumoso ou liso, decurrente 43 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO ou reto. Drupas globosas a ovais, exocarpo membranáceo. Sementes 1, alvo-amarelada a alaranjada, endosperma crustáceo. Ficus compreende ca. 800 espécies, predominantemente tropicais. Para a região neotropical ocorrem ca. 100-120 espécies. No Brasil encontram-se 76 espécies (Romaniuc Neto et al. 2010) sendo 69 incluídas na seção Americana do subgênero Urostigma e 7 na seção Pharmacosycea do subgênero Pharmacosycea. Na região da Mantiqueira foram encontradas 25 espécies, sendo oito exóticas e 17 nativas. Das nativas, 14 estão incluídas na seção Americana do subgênero Urostigma (F. arpazusa Mill., F. castellviana Dugand, F. clusiifolia Schott, F. eximia Schott, F. gomelleira Kunth, F. guaranitica Chodat, F. hirsuta Schott, F. lagoensis C.C. Berg & Carauta, F. luschnathiana (Miq.) Miq., F. mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, F. mexiae Standl., F. obtusifolia Kunth, F. organensis (Miq.) Miq. e F. trigona L.f.) e três na seção Pharmacosycea do subgênero Pharmacosycea (F. adhatodifolia Schott, F. obtusiuscula (Miq.) Miq. e F. pulchella Schott). Chave para identificação das espécies de Ficus da Mantiqueira 1. Sicônios solitários. 2. Pecíolos 2-7 cm compr., epiderme do pecíolo persistente; ostíolo proeminente .................................................................................................................... 1. F. adhatodifolia 2´. Pecíolos 1-1,5 cm compr., epiderme do pecíolo esfoliada; ostíolo plano ..... 16. F. pulchella 44 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 1´. Sicônios aos pares. 3. Ostíolo crateriforme. 4. Ostíolo triangular ......................................................................................... 17. F. trigona 4´. Ostíolo circular. 5. Estípulas glabras; lâminas de ápice acuminado; 6-9 pares de nervuras secundárias ................................................................................................................. 2. F. arpazusa 5´. Estípulas hirsutas; lâmina de ápice agudo a levemente cuspidado; 11-14 pares de nervuras secundárias ................................................................................ 11. F. mariae 3´. Ostíolo plano a proeminente. 6. Folhas pilosas. 7. Lâminas 2,5-5 cm compr., base aguda a arredondada ............................... 8. F. hirsuta 7´. Lâminas 6-26 cm compr., base truncada ou cordada. 8. Base da lâmina truncada; sicônios sésseis ........................................ 9. F. lagoensis 8´. Base da lâmina cordada; sicônios pedunculados. 9. Ostíolo plano sem anel circular; pedúnculos 1-4 mm compr.; folhas, estípulas e sicônios com tricomas avermelhados ....................................... 3. F. castellviana 9´. Ostíolo plano com anel circular; pedúnculos 6-13 mm compr.; folhas, estípulas e sicônios com tricomas ferrugíneos .......................................... 6. F. gomelleira 6´. Folhas glabras. 10. Sicônios piriformes a oblongos. 11. Lâminas oblongas, ápice acuminado, base cordada; sicônios piriformes, ostíolo plano .......................................................................................... 7. F. guaranitica 45 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 11´. Lâminas obovadas, ápice arredondado, base aguda a cuneada; sicônios oblongos, ostíolo proeminente .................................................. 13. F. obtusifolia 10´. Sicônios globosos. 12. Sicônios séssies. 13. Estípulas caducas; lâminas elípticas a oblongas, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa; ostíolo plano sem anel circular ... 10. F. luschnathiana 13´. Estípulas persistentes; lâminas obovadas a oblanceoladas, ápice arredondado, acuminado a obtuso, base arredondada a hastado-cordada; ostíolo plano com anel circular ............................................... 12. F. mexiae 12´. Sicônios pedunculados. 14. Lâminas obovadas, ápice arredondado, base arredondada ... 4. F. clusiifolia 14´. Lâminas elípticas a oblongas, ápice agudo, acuminado a cuspidado, base aguda, cordada a truncada. 15. Estípulas 27-45 mm compr.; estames 2 ................... 14. F. obtusiuscula 15´. Estípulas até 25 mm compr.; estame 1. 16. Lâminas elípticas a oblongas, ápice acuminado a cuspidado, base cordada, subcordada a truncada; sicônios com máculas cremes, ostíolo proeminente ...................................................... 5. F. eximia 16´. Lâminas elípticas a ovais, ápice agudo, base aguda; sicônios com máculas vináceas, ostíolo plano .......................... 15. F. organensis 46 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 1. Ficus adhatodifolia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. v. 4 (2, App.): 409. 1827. Nomes populares: figueira branca, figueira de barranco, figueira vermífuga. Prancha 1: A-F. Figura 8: A. Anexo I: 1. Árvores 8-25 m alt.; látex branco, espesso; ramos 3-7 mm diâm., castanho-acinzentados, glabros. Estípulas 1,5-5 cm compr., caducas, verde-claro, castanho-esverdeadas quando secas, glabra em ambas as faces. Lâminas elípticas a oblongas, 6,5-26,5 x 4,5-14 cm, cartáceas a coriáceas, ápice agudo a levemente acuminado, base aguda a levemente truncada, face adaxial glabra a pubérula, tricomas alvo-esverdeados, macia a escabra, face abaxial pubérula, tricomas alvo-esverdeados, macia a escabra; 11-16 pares de nervuras secundárias, levemente proeminentes na face abaxial; pecíolos 2-7 cm compr., glabros, epiderme persistente, par de glândulas baselaminares. Sicônios solitários, globosos, 1,5-2,7 cm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvo-esverdeados, macios a levemente escabros, verdes, castanho-escuros quando secos, máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 5-14 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvoesverdeados; ostíolo proeminente, circular, 2-3 mm diâm.; orobrácteas externas 5-7; epibrácteas 3, face ventral glabra, face dorsal glabra a pubérula, tricomas alvo-esverdeados. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvas a rosadas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5, livres, alvas a rosadas, estigma liso, reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. 47 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO F. adhatodifolia é frequentemente confundida com Ficus insipida Willd.(Anexo I, 2). Para Berg & Villavicencio (2004), F. adhatodifolia apresenta estípula até 4,5 cm compr., em alguns casos até 6 cm (podendo chegar a 9 cm), lâmina pilosa e escabra e distribuição no leste do Brasil e algumas regiões amazônicas, como nos estados do Mato Grosso e Pará e na Bolívia, enquanto que F. insipida apresenta estípula de 4,5-5 cm compr. e lâminas glabras e macias com distribuição amazônica estendendo-se até a América Central, não ocorrendo no leste do Brasil. Ainda, Carauta & Diaz (2002a) apresentam como característica importante a coloração das flores no interior do sicônio, rosadas em F. adhatodifolia e alvas em F. insipida. Os caracteres apontados por Berg & Villavicencio (2004) e Carauta & Diaz (2002a) não são suficientes na separação dos táxons, uma vez que o material estudado para a Mantiqueira apresenta sobreposição no tamanho das estípulas, variação na coloração das flores e no indumento da lâmina foliar. Através da análise da arquitetura foliar dos materiais tipo de ambas as espécies, com base no trabalho de Ash (1999), foi possível notar que as nervuras secundárias em F. insipida são intramarginais (as nervuras secundárias terminam paralelas a uma nervura marginal), o que não ocorre em F. adathodifolia, onde as nervuras são arqueadas, não apresentando uma nervura marginal. Nenhum material estudado da Mantiqueira apresentou lâminas com venação intramarginal. Essa característica, aliada a distribuição geográfica dos táxons onde, F. adathodifolia se distribui principalmente no leste do Brasil, do Ceará a Argentina e Bolívia, passando por Goiás, Distrito Federal a Mato Grosso, enquanto que F. insipida ocorre na região amazônica desde a bacia amazônica até a América Central, perrmitem a separação das espécies. Portanto, aceitamos os caracteres descritos por Carauta & Diaz (2002a) e Berg & Villavicencio (2004) como variações do táxon e, nesse tratamento taxonômico, utilizamos as 48 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO características da venação foliar e os dados de distribuição geográfica para a separação de F. insipida e F. adhatodifolia, sendo o primeiro de distribuição amazônica e o segundo encontrado no leste da América do Sul, incluindo a Mantiqueira. Distribuição geográfica: ocorre no leste do Brasil, estendendo-se ao Paraguai, Argentina e Bolívia. Na Mantiqueira: B5, B6, B7, C5, C6, D2, D3, D4, D5 e E2. Habita floresta ombrófila densa submontana e montana, floresta estacional semidecidual submontana e montana, floresta ombrófila mista e mata ciliar. Em locais sombreados, em altitudes que variam de 390 a 1000 m. Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro a maio, julho e de setembro a dezembro. Vários materiais apresentaram vespas negras e galhas de vespas no interior dos sicônios. Etimologia: o epíteto refere-se à semelhança das folhas com as do gênero Adhatoda da família Acanthaceae (Carauta & Diaz 2002a) Conservação: categoria proposta (LC). Apesar de ter poucos registros em áreas de conservação é uma espécie de ampla distribuição na Mantiqueira. Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Fazenda Cachoeira Alegre, 13.IX.2000, E. A. Costa 73 (RB); Três Estados, 12.X.2000, E. A. Costa 84 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, Serra do Papagaio, I.1997, L. S.Leoni 3585 (GFJP, GUA). Dores do Turvo, 15.X.2001, J. P. D. Heleno 133 (GFJP). Olaria, Estrada Rio Preto, 10.XI.2003, F. R. G.Salimena 1111 & P. H. Nobre (CESJ). Rio Doce, Estrada entre Rio Doce e Santana do Deserto, 16.X.1997, I. Cordeiro 1661 (SP). Viçosa, 19.I.1931, Y. Mexia 4740 (VIC); Campus da UFV, 14.III.1995, E. Santos 1 (VIC); 3.IX.2007, P. P. Souza 203 (GFJP, R, VIC); 11.III.2008, P. P. Souza 242 (R, 49 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 189 et al. (SP); Escola Superior de Agricultura de Viçosa, 5. XI.1934, J. G. Kuhlmann s.n. (SP 293380, VIC); Mata do Paraíso, 30.III.1995, E. Santos 2 (VIC); 16.V.2007, fr. P. P. Souza 177 (GFJP, R, RB, VIC); Palmital, 26.IX.2007, P. P. Souza 198 (GFJP, VIC); Paula Cândido, 7.XII.1993, M. F. Vieira 813 (SP, VIC); Sítio Bonsucesso, 17.I.1008, P. P. Souza 232 (GFJP, R, VIC); Sítio Santo Antônio, 26.VII.2007, P. P. Souza 185 (GFJP, VIC). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Distrito de Penedo, 23.III.2002, P. P. Souza 145 (R, RB); 30.IV.2003, P. P. Souza 156 (R); 17.II.2011, G. Pelissari 202 et al. (SP); 17.II.2011, G. Pelissari 203 et al. (SP); 17.II 2011, G. Pelissari 204 et al. (SP). SÃO PAULO: Bragança Paulista, Mato Dentro, 4.VI.1946, M. Kuhlmann 1366 & P. Gonçalves (SP). Monte Alegre do Sul, Bairro do Lambedor, 23.VII.1949, fr. M. Kuhlmann 1830 & E. Kühn (SP). Pindamonhangaba, Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, 18.VII.1999, S. A. Nicolau 1753 et al. (SP). Roseira, ca. 5-10 km da margem direita do rio Paraíba do Sul, à direita da rodovia Presidente Dutra, 20.I.1995, S. Romaniuc Neto 1409 et al. (SP). São Paulo, Parque Estadual do Jaraguá, Trilha do Mauro, 4.XII.2007, F. M. Souza 1031 et al. (SPSF). Serra Negra, Serra Negra, 22.XI.1991, F. Barros 2351 & S. A. C. Chiea (SP). 2. Ficus arpazusa Casar., Nov. Stirp. Bras. 15. 1842. Nomes populares: mata pau. Prancha 1: N-R. Figura 8: B. Anexo I: 3-4. 50 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Árvores ou hemiepífitas 4-10 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-5 mm diâm., castanhos, glabros. Estípulas 4-16 mm compr., caducas, vináceas, glabras em ambas as faces. Lâminas elípticas, 4,5-13 x 2,5-6,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice acuminado, base cuneada, obtusa a arredondada, glabra em ambas as faces, macia; 6-9 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-4,5 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 1-1,7 cm diâm., lisos, glabros, macios, verdes, castanhos quando secos, máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 5-10 mm compr., glabros; ostíolo crateriforme, circular, 3-5 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas quando secas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. Há três binômios frequentemente confundidos com F. arpazusa: F. guaranítica Chodat, F. pertusa L.f. e F. eximia Schott. F. guaranitica é tratada por Berg & Villavicencio (2004) como sinônimo de F. citrifolia Mill. (Anexo I, 5), sendo descrito com folhas de base cordada, sicônios globosos a obovoides e ostíolo plano a levemente proeminente. Carauta (1989) aceita as quatro espécies, citando F. glabra ao invés de F. eximia e F. arpazusa como um dos sinônimos de F. citrifolia. No entanto, Berg & Villavicencio (2004) tratam F. arpazusa como sinônimo de F. pertusa, utilizando o termo “arpazusa-form” para os materiais do leste brasileiro que apresentam sicônios entre 1 e 1,5 cm diâm. e ostíolo crateriforme. Na lista de espécies de Moraceae do Brasil, Carauta et al. (1996) utiliza o binômio F. arpazusa, não citando F. citrifolia. Isso é observado, também, em suas obras subsequentes 51 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO (Carauta et al. 2001, Carauta & Diaz 2002a) e em outros trabalhos taxonômicos sobre Ficus (Leoni et al. 2005, Souza 2009, Pederneiras 2011). Tanto F. citrifolia quanto F. arpazusa foram validamente publicadas. No entanto, verificou-se que os tipos de ambas as espécies são diferentes onde, F. citrifolia apresenta folhas ovais de base subcordada, enquanto F. arpazusa apresenta folhas ovais a ovada-elípticas com base arredondada. Além disso, os protólogos contêm informações a respeito do sicônio: receptáculos axilares, globosos umbilicados em F. arpazusa, e frutos roxos, pequenos em F. citrifolia. Neste tratamento taxonômico adotamos como nome ocorrente na Mantiqueira F. arpazusa por apresentar sicônio globoso com ostíolo crateriforme e lâminas elípticas com base arredondada, após avaliar as informações contidas no protólogo e examinar o material tipo da espécie depositado no herbário de Torino (TO), Itália. Na Mantiqueira ocorrem três das quatro espécies citadas no início, diferenciadas, principalmente, pelas características das inflorescências: F. arpazusa apresentando sicônio globoso com ostíolo marcadamente crateriforme, F. eximia com sicônio globoso e ostíolo proeminente e F. guaranitica, que apresenta sicônio piriforme e ostíolo plano a levemente proeminente. Distribuição geográfica: ocorre em Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Mantiqueira: A7, B5, B6, B7, C3, C4, C5, C6, D4, E2: encontrada em floresta ombrófila densa submontana, montana e alto-montana e floresta estacional semidecidual submontana e montana, crescendo em fissuras de rochas e em pleno sol, em altitudes que variam de 340 a 920 m. 52 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Fenologia: coletada com sicônio durante todo o ano. Foi observada a presença de vespas negras e galhas de vespas no interior dos sicônios. Etimologia: Segundo Carauta & Diaz (2002a) o epíteto pode estar associado à palavra grega harpazo que, em princípio, significa arrancar. Ou, como por motivos religiosos, pode também significar enlevo ou êxtase. Conservação: categoria proposta: LR. Possui registros em áreas protegidas, particulares e em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira. Material examinado: MINAS GERAIS: Araponga, na entrada de uma fazenda, 8.VI.1995, L. S. Leoni 2957 & B. Cosenza (GFJP). Baependi, Toca dos Urubus, 1.III.2005, F. M. Ferreira 858 (CESJ, HUEFS). Barroso, mata do Baú, 15.XII.2001. L. C. S. Assis 412 & M. S. Magalhães (CESJ, ESAL, GUA, VIC); 5.IV.2003, L. C. S. Assis 785 & M. S. Magalhães (MBM, SPF). Carangola, Belvedere, 1.IX.1990, L. S. Leoni s.n. (GUA 37914); Córrego Alvorada, 1.IX.1990, L. S. Leoni 1214 (GFJP); Fazenda Antônia, área de impacto ambiental da PCH, 10.VIII.2000, S. L. S. Faria 39 (GFJP); Fazenda Montes, 1.II.1990, L. S. Leoni s.n. & A. M. Leoni (GFJP 1054); Fazenda Orita, perto da represa, 3.II.2009, F. Marcolino 47 (GFJP); Fazenda Santa Clara, ao lado do rio Carangola, 1.IV.2000, B. E. Diaz 417 (GFJP); Fazenda Santa Rita, 25.I.1993, L. S. Leoni 2067 & J. P. P. Carauta (GFJP); VIII, 1997, L. S. Leoni 3701 (GFJP); Fazenda Ventania, área PCH Carangola, 10.VIII.2006, M. F. B. Silva 135 (GFJP); Serra da Alvorada, passarela, 7.VII.2009, F. Marcolino 37 (GFJP); Serra da Grama, Fazenda Neblina, P.E.S.B., 17.XI.1999, L. S. Leoni 4282 (GFJP); Lado direito da estrada, em direção à Fazenda Neblina, 17.XI.1999, L. S. Leoni 4288 (GFJP).Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 18.I.1985, P. M. Andrade 603 & M. A. Lopes (BHCB). Coronel Pacheco, Estação Experimental, 13.XII.1944, E. P. Heringer 1694 53 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO (SP); Estrada MG-133, 26.V.1983, J. R. Pirani 670 & O. Yano (SP). Descoberto, Reserva Biológica Represa do Grama, 24.I.2001, R. M. Castro 76 et al. (CESJ, RB); 26.I.2002, B. K. S. Franco 61 et al. (CESJ, SPF). Divino, perímetro urbano, 3.IX.2002, L. S. Leoni 5138 & A. L. Silva (GFJP). Ewbank da Camara, Fazenda Cascatinha, 13.IX.1994, H. G. P. Santos 313 et al. (CEN, SP). Faria Lemos, Fazenda Santa Rita, 14.V.2006, M. F. B. Silva 121 (GFJP). Guaraciaba, UHE Jurumirim, 12.XI.2007, C. V. Vidal 644 & T. Mansur (BHCB, RB). Itamarati de Minas, Mineração de Alumínio – CBA, I.1998, L. V. Costa s.n. (BHCB 16597); Juiz de Fora, 2.VI.1984, L. Krieger s.n. (CESJ, SP 304074); Sem data, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304095); sem data, L. Krieger 1904 (BHCB, CESJ, ESA, GUS, HUFU, MBM, SP, SPF, UPCB); Poço D’Antas, III.1977, J. A. Silva 16365 (CESJ, RB); Reserva Biológica Municipal Santa Cândida, XII.2005, P. O. Garcia s.n. & A. O. Cordeiro (CESJ 47129); II.2006, P. O. Garcia s.n. & A. O Cordeiro (CESJ 47994); Mata do Krambeck, XI.2006, A. Valente 433 et al. (CESJ); 25.III.2008, F. S. Souza 336 et al. (CESJ); Morro do Imperador, 8.IV.2003, D. S. Pifano 514 et al. (BHCB, CESJ); Parque da Lajinha, 26.III.2004, F. R. G. Salimena s.n. et al. (CESJ 42458, GUA). Lima Duarte, 11.X.1989, L. Krieger 24279 & M. Brugger (GUA, SP, UFJF); São José dos Lopes, Fazenda da Serra, 10.IV.1994, V. C. Almeida 8 (R); Serra Negra, 26.X.2008, J. H. C. Ribeiro 46 et al. (CESJ). Piau, Fazenda Boa Vista, 27.XI.1944, E. P. Heringer 1667 (SP). Rio Preto, 19.III.1997, M. C. Brugger s.n. (CESJ 54825); 13.IX.1997, M. C. Brugger s.n. (CESJ 54836); UHE de Melo, 1.III.1997, F. R. Pires 187 & P. H. Nobre (CESJ, SP). São Tomé das Letras, 1.VII.1987, H. F. Leitão-Filho 19386 et al. (UEC). Tombos, APA Água Santa de Minas, 30.V.2007, L. S. Leoni 6926 (GFJP). Viçosa, 19.I.1931, Y. Mexia 5316 (VIC); 1935, Kuhlmann s.n. (VIC 2072); BR-120, 13.VIII.2008, J. Lino Neto s.n. & L. F. Gomes (VIC 31463); Campus da UFV, Recanto das cigarras, 1984, W. Ramírez 13-84 (VIC); Horto Botânico, 18.IV.1995, E. 54 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Santos 14 (VIC); Escola Superior de Agricultura, I.1935, M. Kuhlmann, s.n. (RB 2186, US); 29.III.1935, M. Kulhmann s.n. (RB 2195, VIC); 16.V.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2213); 27.I.1936, M. Kuhlmann s.n. (RB, SP 293417, VIC); Ipiúna, em pasto aberto, 19.IX.2007, P. P. Souza 197 (GFJP, R, RB, VIC); Sítio Bonsucesso, mata do Seu Nico, 18.VII.2007, P. P. Souza 182 (GFJP, R, VIC); 17.I.2008, P. P. Souza 234 (GFJP, R, RB, VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 186 (SP); Sumidouro, margem esquerda do rio Turvo Limpo, 9.XI.2007, P. P. Souza 211 (GFJP, R, RB, VIC). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, 7.V.2009, R. D. Ribeiro 1100 et al. (RB). Penedo, Avenida 3 cachoeiras, 23.III.2002, P. P. Souza 146 (R, RB); 23.VIII.2002, P. P. Souza 151 (R); SÃO PAULO: Atibaia, Fazenda Grota Funda, 16.XI.1987, J. A. A. Meira Neto 21287 et al. (UEC, VIC). 3. Ficus castellviana Dugand, Caldasia 1(4): 33. 1942. Prancha 1: G-M. Figura 9: A. Anexo I: 6. Árvores ou hemiepífitas 3-8 m alt.; látex creme a branco, ralo; ramos 3-8 mm diâm., avermelhados, pubescentes, tricomas avermelhados. Estípulas 1-1,5 cm compr., caducas, tomentosas em ambas as faces, tricomas avermelhados. Lâminas oblongas, 11-25 x 4,5-11,5 cm, coriáceas, ápice acuminado, base cordada a subcordada, raramente arredondada; face adaxial pubescente, macia, face abaxial pubescente, tricomas avermelhados, macia; 12-16 pares de 55 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 3-7 cm compr., pubescentes, tricomas avermelhados, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 8-11 mm diâm., lisos, pubescentes, tricomas avermelhados, macios, castanhoavermelhados quando secos, máculas creme; pedúnculos 1-4 mm compr., pubescentes, tricomas avermelhados; ostíolo plano, circular, 2-4 mm diâm., anel circular ausente; orobrácteas externas 2; epibrácteas 2, face ventral glabra a pubescente, tricomas avermelhados, face dorsal pubescente, tricomas avermelhados. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 3, adnatas na base, alvoavermelhadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3, adnatas na base, alvo-avermelhadas, estigma plumoso, reto. Drupas ovais. Sementes amareladas. A espécie é facilmente reconhecida pela presença de tricomas avermelhados nos ramos, folhas, estípulas e sicônios. Berg & Villavicencio (2004) sugerem que F. castellviana se assemelha à F. citrifolia, diferenciando-as pela presença de tricomas avermelhados em todas as partes da planta em F. castellviana. Distribuição geográfica: ocorre nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil, estendendo-se a Bolívia e Colômbia. Na Mantiqueira: A6, B5, B6 e C6. Encontrada em floresta estacional semidecidual, próxima a cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 210 a 740 m. Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro a março, agosto, setembro e novembro. Foi observado a presença de vespas negras e galhas no interior dos sicônios. Etimologia: segundo Carauta (1989) Dugand dedicou a espécie ao missionário capuchinho e filósofo Marcelino de Castellvi, diretor do Centro de Investigações da Amazônia Colombiana. 56 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Conservação: categoria proposta (NT). Foi verificada a presença de F. castellviana em apenas uma área protegida. Os demais registros são de áreas particulares ou locais sob ação antrópica. Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Fazenda Macedônia/Cenibra, 22.XI.1991, P. I. S. Braga s.n. et al. (BHCB, RB 380447). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 2.II.2000, P. C. L. Faria s.n. et al. (BHCB 122962, CESJ); 2.II.2002, L. D. Meireles s.n. et al. (CESJ, GUA 48387). Muriaé, margens do rio Glória, A. Salino 4114 (BHCB, VIC). Paula Cândido, Sítio das Palmeiras, 23.X.2007, P. P. Souza 207 (VIC). Viçosa, Porto Firme, 30.VIII.1986, A. L. Pinheiro s.n. (GUA 39072). 4. Ficus clusiifolia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. 4 (2, App.): 409. 1827. Nome popular: figueira. Prancha 1: S-X. Figura 9: B. Anexo I: 7. Árvores 4-10 m alt.; látex branco, espesso; ramos 4-6 mm diâm., castanho acinzentados, glabros. Estípulas 14-17 mm compr., caducas, verdes, glabra em ambas as faces. Lâminas obovadas, 4-12,5 x 2,5-7 cm compr., coriáceas, ápice arredondado, base arredondada; glabra em ambas as faces, macia; 11-14 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-3 57 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO cm comp., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-7 mm diâm., lisos, glabros, macios, amarelos, máculas brancas; pedúnculos 1-2 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvos; ostíolo plano, 2 mm diâm.; orobrácteas externas 2; epibrácteas 2, bipartindo-se ao amadurecer, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2, livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. Berg & Villavicencio (2004) posicionam F. clusiifolia no complexo americana, caracterizado por apresentar sicônios que nascem abaixo das folhas ou por apresentar ramifloria. A espécie característica desse complexo é F. guianensis Desv. Para esses autores a espécie encontrada no sudeste brasileiro é F. clusiifolia, que ocorre na Mantiqueira, distinguindo-se das demais espécies do complexo por apresentar sicônios até 0,5 cm diâm., pedúnculo curto (0,1-0,3 cm compr.), e epibrácteas relativamente grandes (2-3 mm comp.). F. clusiifolia é próxima à F. mathewsii (Miq.) Miq., outra entidade do complexo, encontrada na bacia amazônica, no entanto, as folhas, sicônios e epibrácteas são menores, se comparadas à F. clusiifolia. Distribuição geográfica: ocorre em todo o Brasil, exceto na região sul. Na Mantiqueira: A7, B6, B7, C6: encontrada em floresta estacional semidecidual, próximo a estradas e cursos d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 110 a 580 m. Fenologia: coletada com sicônio durante os meses de janeiro, março, junho e novembro. Etimologia: segundo Carauta (1989) e Carauta & Diaz (2002a) o epíteto dado por Schott faz menção à semelhança com as folhas do gênero Clusia (Guttifera). 58 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Conservação: categoria proposta: NT. Possui dois registros em áreas de preservação, as demais coletas foram feitas em áreas de elevada ação antrópica. Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Reserva Biológica de Caratinga, 18.III.1994, J. Gomes 106 (BHCB). Miradouro, ao lado da BR-116, I.1994, L. S. Leoni 2454 & B. Cosenza (GFJP). Muriaé, Rio Muriaé, 17.XI.2001, L. S. Leoni 4786 (GFJP). Tombos, APA da Água Santa de Minas, 14.VI.2007, L. S. Leoni 6894 (SP). RIO DE JANEIRO: Itaperuna, lado direito da estrada sentido Natividade, 23.IX.2011, G. Pelissari 205 et al. (SP); 23.IX.2011, G. Pelissari 206 et al. (SP). Porciúncula, Fazenda Elefantina, 9.I.1984, J. P. P. Carauta 4538 et al. (GUA). Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Castelianos, Praia dos castelianos, 15.XII.2008, F. Marcolino 18 (GFJP, SP). RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, Aeroporto Santos Dumont, praça Senador Salgado Filho, 31.X2010, G. Pelissari 157 et al. (SP). Magé, rua Malvino Ferreira de Andrade, 1.XI.2010, G Pelissari 165 et al. (SP). 59 Prancha 1: A-F. F. adhatodifolia, A. detalhe da base da lâmina foliar e par de glândulas baselaminares; B. indumento de tricomas escabros na lâmina foliar; C. detalhe da estípula terminal no ramo; D. sicônio; E. vista basal do sicônio e epibrácteas; F. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. G-M. F. castellviana, G. ramo com folhas, estípula e sicônios; H. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; I. indumento da face abaxial da lâmina; J. detalhe da estípula terminal no ramo; K. sicônio; L. visão basal do sicônio e epibrácteas; M. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. N-R. F. arpazusa, N. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; O. detalhe da estípula terminal no ramo; P. sicônio; Q. visão basal do sicônio e epibrácteas; R. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. S-X. F. clusiifolia, S. ramo com folhas, estípula e sicônios; T. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; U. detalhe da estípula terminal no ramo; V. sicônio; W. visão basal do sicônio e epibrácteas; X. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-F. Pelissari 205; G-M. Salino 414; N-R. Pelissari 186; S-X. Pelissari206). G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 60 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 5. Ficus eximia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. 4 (2, App.): 409. 1827. Ficus glabra Vell., Fl. Flumin. Icon. 11. t. 50. (1827) 1831. Nomes populares: figueira, figueira brava, gameleira. Prancha 2: A-G. Figura 10: A. Anexo I: 8. Árvores ou hemiepífitas 5-22 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-7 mm diâm., castanho claros, glabros. Estípulas 9-25 mm compr., caducas, esverdeadas, marrom quando secas, face dorsal glabra, face ventral glabra a pubérula, tricomas amarelos concentrados no ápice. Lâminas elípticas a oblongas, 8,5-27 x 3-15,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice acuminado a cuspidado, base cordada, subcordada a truncada, glabra em ambas as faces, macias; 7-15 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 5-12,5 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-10 mm diâm., lisos, pubérulos, tricomas alvo-esverdeados, macios, verdes, castanho quando secos, máculas creme; pedúnculos 1-4 mm compr., pubérulos, tricomas alvo-esverdeados; ostíolo proeminente, circular, 2-3 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral serícea, tricomas alvo-amarelados, face dorsal pubérula, tricomas alvos. Flores estaminadas sésseis ou pediceladas: tépalas 2-3, livres, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres, alvo-amareladas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. 61 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO F. eximia é comumente identificada como F. glabra (Anexo I, 9) nos trabalhos sobre Ficus (Carauta 1989, Carauta & Diaz 2002a, Machado & Pederneiras 2007, Souza 2009, Pederneiras 2011). Carauta (1989) adota como nome válido para o táxon F. glabra, justificando sua decisão pelo fato da descrição de Schott se apresentar insuficiente para caracterizar o táxon e o material tipo encontrar-se em estado vegetativo. F. glabra foi descrita por Vellozo na Flora Fluminensis volume 11, obra essa que, apesar de ter sido finalizada em 1790 foi publicada somente quatro anos após a publicação de Schott, como esclarecido por Carauta (1969, 1973). Além disso, a tábula de Vellozo (1831) mostra sicônios com epibrácteas um tanto curtas e ostíolo plano a levemente proeminente, diferente do encontrado em F. eximia, onde as epibrácteas chegam a cobrir até dois terços do sicônio e o ostíolo é proeminente. Mesmo que o táxon tenha sido sucintamente descrito, como é o caso de todas as espécies descritas por Schott, e o material tipo encontrar-se em estado vegetativo, o binômio foi validamente publicado, não podendo ser substituído por um binômio de publicação efetiva com data posterior, de acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006, Mcneill & Turland 2011, Prado et al. 2011). Um caracter observado em F. eximia foi a coloração das folhas que se mantem verdes mesmo quando secas, sendo este um caracter único para essa espécie na Mantiqueira. Neste tratamento taxonômico adota-se o proposto por Berg & Villavicencio (2004) e Romaniuc Neto et al. (2009b), considerando como binômio válido F. eximia e F. glabra como sinônimo. 62 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Distribuição geográfica: ocorre desde a região sul, estendendo-se pelo sudeste e estados da Bahia e Mato Grosso do Sul, região amazônica e Bolívia. Na Mantiqueira: B6, C5, D2, D3, D4: encontrada em floresta ombrófila densa submontana e montana e floresta estacional semidecidual submontana e montana, crescendo geralmente em pleno sol, em altitudes que variam de 400 a 780 m. Fenologia: coletada com sicônio o ano todo. Vários materiais apresentaram vespas negras e galhas de vespas no interior do sicônio. Comentários: o sicônio, quando jovem, é completamente coberto pelas epibrácteas. Conservação: categoria proposta (LC). Possui registros em áreas protegidas, particulares e em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira. Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, 17.IX.1994, L. S. Leoni 4251 (GUA); Rio Carangola, 17.VIII.1989, L. S. Leoni 833 (GUA); Fazenda Santa Clara, X.1996, L. S. Leoni 3483 & P. Nolasco (GFJP); Serra da Caiana, 1IV.2000, L. S. Leoni 4405 & E. Dias (GFJP, RB); Fazenda Santa Maria, 1.IV.2000, E. A. Costa 51 (GFJP, RB); Varginha, 10.IV.2000, L. S. Leoni 4407 (GFJP). Ewbank da Camara, Fazenda do Sr. Albaninho, 13.IX.1994, H. G. P. Santos 329 et al. (CEN, SP). Ponte Nova, margem do rio Piranga, 1.VII.1995, G. E. Valente 65 et al. (SP, VIC); III.1997, L. V. Costa s.n. (RB, SP 423589). Rio Preto, Sítio da figueira, 18.VIII.1997, F. R. S. Pires s.n. & P. H. Nobre (CESJ 54833). Viçosa, UREMG, 17.II.1968, A. S. Moreira 56 (GUA); Bairro Coelho, 8.VIII.2007, P. P. Souza 188 (RB, SP, VIC); Campus da Universidade Federal de Viçosa, 6.XII.1979, R. S. Ramalho 1700 (GUA); 14.XI.1984, W. Ramírez 12-84 (SP, VIC); 6.IV.1995, E. Santos 9 (VIC); Próximo à sede da Fazenda do Machado, 26.VII.2007, P. P. Souza 186 (SP, VIC); Estrada para Conde, 29.VIII.2007, P. P. Souza 191 (R, RB, SP, VIC); Mata 63 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO do Seu Nico, 12.IX.2007, P. P. Souza 195 (R, RB, VIC); Sítio Bonsucesso, 14.XII.2010, G. Pelissari 187 et al. (SP). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, distrito de Penedo, margem direita do rio das Pedras, 23.III.2002, P. P. Souza 147 (RB). SÃO PAULO: Amparo, estrada Amparo-Pedreira, 05.IV.1993, S. Romaniuc Neto 1363 & J. V. Godoi (SP). Rodovia João Beira, SP-095, sítio São José, 13.V.2005, L. R. Mendonça-Souza 44 et al. (SP). Guaratinguetá, Fazenda São Bento, 23.VI.2005, Mendonça-Souza 46 et al. (SP). Monte Alegre do Sul, E. E. Monte Alegre, 16.VI.1994, L. C. Bernacci 407 et al. (IAC, SP). Monteiro Lobato, margem do rio Paraíba, VIII.1988, E. L. M. Catharino s.n. (SP 234224). Roseira, Fazenda do Aristide, 20.I.1995, S. Romaniuc Neto 1412 et al. (SP); Roseira Velha, 26.VI.2005, L. R. Mendonça-Souza 47 et al. (SP); próximo ao Centro de Estudos Ambientais do Vale do Paraíba (CEAVAP), 15.II.2011, G. Pelissari 195 et al. (SP). 6. Ficus gomelleira Kunth emend Carauta & Diaz, Index Seminum Hort. Bot. Berol. 1846: 18. 1847. Albertoa ser. Urticineae (Urticales) 10: 67-68. 2002. Nomes populares: figueira, gameleira, gameleira branca. Prancha 2: H-L. Figura 10: B. Anexo I: 10. Árvores ou hemiepífitas 11-20 m alt.; látex branco, espesso; ramos 0,5-1 cm diâm., castanho claros a castanho avermelhados, tomentosos, tricomas ferrugíneos. Estípulas 1-2,5 cm 64 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO compr., caducas, verdes, seríceas, tricomas ferrugíneos. Lâminas elípticas, ovadas a oblongas, 626 x 3-16 cm, coriáceas, ápice arredondado a acuminado, base cordada; face adaxial pubescente, tricomas ferrugíneos, macia, face abaxial tomentosa, tricomas ferrugíneos, macia; 9-13 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 2-4,5 cm compr., tomentosos, tricomas ferrugíneos, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 1,3-2 cm diâm., lisos, pilosos a tomentosos, tricomas alvos a ferrugíneos, verdes, castanhos quando secos, máculas creme a castanho-escuro; pedúnculos 6-13 mm compr., tomentosos, tricomas ferrugíneos; ostíolo plano, circular, 1-2 mm diâm., anel circular; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal pilosa, tricomas ferrugíneos. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 3, livres ou adnatas na base, alvo-rosadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3, livres ou adnatas na base, alvo-rosadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas a ovais. Sementes amareladas. Kunth (1847) organizou e publicou a diagnose de 67 espécies de Ficus cultivadas no Jardim Botânico Real de Berlim, incluindo F. gomelleira, no artigo “Enumeratio synoptica Ficus specierum...” no documento Index Seminum in Horto Berolinensi Anno 1846 Collectorum. Miquel (1847) publicou uma nova combinação para a espécie, Urostigma gomelleira, atribuindo a autoria da espécie a Kunth & Bouché. Após a publicação de Miquel vários autores (Berg et al. 1984, Carauta 1989, Berg & Simonis 2000, Berg & Villavicencio 2004) atribuíram a autoria de F. gomelleira a Kunth & Bouché. Carauta & Diaz (2002b), durante a revisão do trabalho de Kunth (1847), complementam a descrição de F. gomelleira, adicionando a descrição do sicônio e corrigindo a autoria da espécie. De fato, Kunth & Bouché foram os editores responsáveis pela publicação do Index Seminum 65 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Hort. Bot. Berol., no entanto, o capítulo onde estão descritas as espécies de Ficus foi publicada por Kunth, cabendo unicamente a ele a autoria da espécie, como apontado por Carauta & Diaz (2002b). Distribuição geográfica: ocorre nas regiões norte, nordeste, sul e sudeste do Brasil, até o estado do Mato Grosso, estendendo-se até a Bolívia, Colômbia, Guianas, Equador, Peru, Venezuela e Trinidad. Na Mantiqueira: A6, A7, B6, B7, C5, C6, C7, D3, D4: encontrada em floresta estacional semidecidual submontana e montana, em áreas de pasto e também próximo a cursos d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 210 a 730 m. Fenologia: coletada com sicônios de janeiro a maio e julho a dezembro. Observou-se a presença de vespas de coloração marrom escuro a negras e galhas de vespas no interior dos sicônios. Etimologia: Kunth utilizou o epíteto gomelleira, que é uma corruptela de gameleira, designação usual de figueira no Brasil (Carauta & Diaz 2002a). Gameleira é termo proveniente de gamela, utensílio utilizado pelos escravos na faiscação de ouro e, posteriormente, no transporte de alimentos para os trabalhadores no campo (Souza 2009). Comentários: Esta espécie costuma apresentar copa muito ampla. Segundo Lorenzi & Abreu Matos (2008) F. gomelleira é utilizada na medicina popular, por via oral, como medicação tônica, depurativa e antisifilítica e, externamente, para o tratamento de úlceras por meio de lavagens locais. Conservação: categoria proposta (LR). Possui registros em áreas protegidas, particulares e em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira. 66 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.X.2000, E. A. Costa 82 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, próximo à margem do rio Carangola, 20.IX.1988, L. S. Leoni 437 (GUA); Rio Carangola, II.1989, L. S. Leoni 683 & A. M. Leão (GUA); 15.III.1989, L. S. Leoni 728 (GFJP, GUA, RB); V.2002, L. S. Leoni 5008 (GFJP); Bairro Coroado, ao lado do córrego dos Rodrigues, 3.X.1992, L. S. Leoni 1959 (GFJP); Perímetro urbano, 3.X.1992, L. S. Leoni s.n. (GUA 40213); Serra da Caiana, 1.IV.2000, L. S. Leoni 4404 & E. Dias (GFJP); Beira da estrada que liga Carangola a Faria Lemos, 29.XII.2007, J. P. D. Heleno 140 & L. S. Leoni (GFJP); Nas proximidades de Laticínio Marília, 24.III.2009, F. Marcolino 80 & L. S. Leoni (GFJP). Fazenda Santa Rita, entrada da fazenda, 24.IX.2011, G. Pelissari 207 et al. (SP). Caratinga, APA Lagoa Silvana, 5.X.2002, M. O. D. Pivari 159 & L. G. S. Soares (CESJ); Estação Biológica de Caratinga, 25.VII.1984, P. M. Andrade 325 & M. A. Lopes (BHCB, ESA, SPF). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 10.XI.2001, R. M. Castro 659 et al. (BHCB, HUFU, RB). Faria Lemos, beira do rio Carangola, VIII.1992, B. Cosenza 1 (GFJP); Fazenda Santa Rita, 14.VII.2009, R. S. Pereira 35 & L. S. Leoni (GFJP). Fervedouro, curva da piscina, 9.III.2009, F. Marcolino 64 (GFJP). Juiz de Fora, 14.IX.1982, L. Krieger s.n. (CESJ 19934); Parque Halfeld, 2.II.1988, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA SP 304091). Lima Duarte, 28.VII.1979, L. Krieger 16299 & M. Sabino (CESJM GUA, HUFU, MBM, SP). Ponte Nova, III.1997, L. V. Costa s.n. (BHCB 37493, RB); Beira do rio Piranga, 1.VII.1995, G. E. Valente 69 et al. (SP, VIC). São João Nepomuceno, Serra do Núcleos, 11.II.2003, R. M. Castro 782 et al. (CESJ). Viçosa, 6.IV.1995, E. Santos 2 (GUA, VIC); 1996, E. Santos s.n. (GUA 46486, VIC). Bairro Amoras, 3.IX.2007, P. P. Souza 202 (VIC). Bairro Belvedere, 13.V.2008, P. P. Souza 253 (R, RB, VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 191 et al. (SP). Campus da UFV, 14.XII.1961, M. Magalhães s.n. (RB 179834); 6.XII.1979, R. S. Ramalho 1701 (GUA); 1984, W. Ramírez 13-84 67 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO (VIC); 6.IV.1995, E. Santos 5 (VIC); 11.X.1996, E. Santos s.n. (GUA 46478); 30.I.2007, P. P. Souza 167 (GFJP VIC). Departamento de Dendrologia da Universidade Rural, 8.IX.1967, J. P. P. Carauta 402 (GUA). Escola Superior de Agricultura, 1935, J. G. Kuhlmann s.n. (SP 293382, VIC). Estrada para Paula Cândido, 26.VII.2007, P. P. Souza 184 (GFJP, VIC). Ipiúna, 8.VIII.2007, P. P. Souza 187 (R, RB, VIC). UREMG, ESF, 7.III.1968, Ladeira s.n. (GUA 6061). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Distrito de Penedo, 23.III.2002, P. P. Souza 144 (R, RB). Natividade, Fazenda de Edésio Barbosa da Silva, XI.1979, R. Ribeiro 38 (GUA). SÃO PAULO: Aparecida, arredores da cidade, 12.VII.1989, S. Romaniuc Neto 1021 (SP). Pindamonhangaba, antiga estrada Pindamonhangaba-Roseira, 15.II.2011, G. Pelissari 193 et al. (SP); Bairro de Taipas, 15.II.2011, G. Pelissari 194 et al. (SP). Roseira, à direita da Rodovia Presidente Dutra, 20.I.1995, S. Romaniuc Neto 1410 et al. (SP). 7. Ficus guaranitica Chodat in Chodat & Vischer, Bull. Soc. Bot. Genève, ser. 2. v. 11: 254. 1920. Nomes populares: figueira. Prancha 2: M-Q. Figura 11: A. Anexo I: 11. Árvores ou hemiepífitas 5-7 m alt; látex branco a creme, ralo; ramos 3-5 mm diâm., castanho acinzentados, glabros. Estípulas 6-15 mm compr., caducas, verdes a avermelhadas, 68 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO vináceas quando secas, glabras. Lâminas oblongas, 8,5-15,5 x 5,5-8,5 cm compr., cartáceas, ápice acuminado, base cordada; glabra em ambas as faces, macia; (10-)11-13 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos (2,5-)5,5-7 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, piriformes, 7-12 mm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvos; esverdeados, macios, castanhos quando secos, máculas alvoesverdeadas, pedúnculos 4-12 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas inconspícuos; ostíolo plano, circular, 2-3 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvas, estames 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas. Sementes alvo-amareladas. F. guaranitica é tratada por Berg & Villavicencio (2004) como sinônimo de F. citrifolia, que o descreve com folhas de base cordada, sicônios globosos a obovóides e ostíolo plano a levemente proeminente. Carauta (1989) as diferencia pelas características do formato do sicônio, ostíolo e tamanho do pedúnculo. F. guaranitica é a única espécie da área estudada a apresentar sicônio piriforme. Distribuição geográfica: ocorre nas regiões sul e sudeste do Brasil, e também em Goiás e Mato Grosso do Sul, estendendo-se até a Argentina, Bolívia e Paraguai. Na Mantiqueira: C2, C3, D3: encontrada em floresta estacional semidecidual, em borda de mata, em altitudes que variam de 800 a 1100 m. Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de abril, maio e novembro. Foi observada a presença de galhas de vespas nos sicônios. 69 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Eimologia: a espécie foi assim chamada por Robert Hyppolyto Chodat pelo fato de existir na pátria do povo guarani, o Paraguai (Carauta 1989). Comentários: é a única espécie da Mantiqueira a apresentar sicônio piriforme. Conservação: categoria proposta (NT). Possui apenas quatro registros na área, sendo dois em área de conservação. Material examinado: MINAS GERAIS: Alfenas, Fazenda do Porto, 1991, M. C. W. Vieira 1807 (RB); RPPN Jequitibá, 30.IV.2007, M. C. W. Vieira 2203 (RB); 18.V.2007, M. C. W. Vieira 2210 (RB). SÃO PAULO: Pinhal, bairro das três fazendas, 15.XI.1947, M. Kuhlmann 1558 (SP). Material adicional examinado: MINAS GERAIS: São Roque de Minas, V.1995, J.N. Nakajima 1102 et al. (HUFU, SP). SÃO PAULO: Campinas, VII.1965, W. Hoehne 6026 (SP); III.2004, I Cordeiro 2812 et al. (SP). 8. Ficus hirsuta Schott in Sprengel, Syst. Veg. 4 (2, App..): 410. 1827. Ficus hirsuta Vell., Fl. Flumin. Icon. 11. t. 49. (1827) 1831. Prancha 2: R-W. Figura 11: B Anexo I: 12. 70 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Árvores 5-7 m alt; látex branco, ralo. Ramos 3-4 mm diâm., castanhos, hirsutos, tricomas alvos. Estípulas 5-9 mm compr., caducas, castanhas quando secas, hirsutas, tricomas alvos. Lâminas elípticas, 2,5-5 x 1,5-2,5(-3) cm, cartáceas, ápice agudo a acuminado, base aguda a arredondada; hirsuta em ambas as faces; 5-7 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 4-8 mm compr., hirsutos, tricomas alvos, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-6 mm diâm., lisos, verdes a roxos, castanhos quando secos, macios, hirsutos, tricomas alvos, máculas vináceas; pedúnculos 1-2 mm compr., hirsutos, tricomas alvos; ostíolo plano a proeminente, circular, 1 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal hirsuta, tricomas alvos. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2, livres ou adnatas na base, alvas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2, livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, reto. Drupas globosas. Sementes amareladas. F. hirsuta é descrita tanto por Vellozo (1831) (Anexo I, 13) quanto por Schott (1827). No entanto, apesar de ter sido descrita em 1790, a obra Flora Fluminensis de Vellozo (1831) foi publicada posterior à Schott (1827). Carauta (1989) ressalta que os 11 volumes da obra de Vellozo foram consultados por botânicos estrangeiros que visitaram o Rio de Janeiro, antes da publicação da obra em Paris. Pode ter havido coincidência na escolha do nome ou Schott pode ter optado por manter o binômio dado por Vellozo. De acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006, Mcneill & Turland 2011, Prado et al. 2011) tem prioridade o nome mais antigo publicado, sendo, portanto considerado como nome válido para o táxon F. hirsuta Schott. A espécie é considerada por Carauta (1989) e Carauta & Diaz (2002a) próxima à F. organensis, pois ambas apresentam folhas e sicônios reduzidos. Na Mantiqueira podem ser 71 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO diferenciadas pelas características do indumento foliar, sendo hirsuto em F. hirsuta e glabro em F. organensis. Distribuição geográfica: ocorre na região sudeste, estendendo-se aos estados da Bahia e Alagoas e Mato Grosso do Sul. Na Mantiqueira: C6: encontrada em floresta estacional semidecidual, em borda de mata, em altitude de 340 m. Fenologia: coletada com sicônio no mês de setembro. Etimologia: o epíteto faz referência à pilosidade (indumento) das folhas e figos (Carauta & Diaz 2002a). Comentários: Segundo Carauta & Diaz (2002a) a espécie encontra-se em perigo de extinção pelo fato de ser considerada medicinal e o porte pequeno facilitar o seu corte. Conservação: categoria proposta (CR). Apesar de ser encontrada em área de preservação, foi encontrado apenas um registro da espécie na região. Material examinado: MINAS GERAIS: Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 22.IX.2002, R. C. Forzza 2224 et al. (CESJ, MBM, SPF). Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra, Área 100 da Aracruz Celulose S.A., 25.VIII.1992, O. J. Pereira 3772A (SP, VIES). Vila Velha, Restinga de Interlagos, 17.VIII.1995, O. Zanbom 82 (SP, VIES). RIO DE JANEIRO: Silva Jardim, Reserva Biológica de Poço das Antas, 12.I.1993, S. V. A. Pessoa 639 (SP, RB). 72 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 9. Ficus lagoensis C.C. Berg & Carauta, Brittonia 54(4): 243. 2003. Nomes populares: figueira. Prancha 2: X-C´. Figura 12: A. Anexo I: 14. Árvores ou hemiepífitas 15-20 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-5 mm diâm., castanho acinzentados a castanho escuros, pubescentes a hirtelos, tricomas alvos. Estípulas 4-10 mm compr., caducas, verdes, castanhas quando secas, seríceas, tricomas alvos. Lâminas elípticas a ovais, 6-13,5 x 3-6,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice agudo a arredondado, base truncada; face adaxial pubérula, hirsuta na região das nervuras, tricomas alvos, macia, face abaxial hirsuta, tricomas alvos, macia; 6-10 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1,3-3 cm compr., hirtelos, tricomas alvos epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 4-8 mm diâm., lisos, seríceos, tricomas alvos, macios, verdes, castanhoavermelhados quando secos, máculas avermelhadas quando secas; sésseis; ostíolo plano a proeminente, circular, 1mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal serícea, tricomas alvos. Flores estaminadas não observadas; flores pistiladas: tépalas 3, livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, reto. Drupas ovais. Sementes amareladas. F. lagoensis é considerada, por Berg & Villavicencio (2004) próxima à F. hirsuta devido ao indumento hirsuto das folhas de ambas, distinguindo-as pelo tamanho das lâminas, 9-14 cm compr., pecíolos 2-4 cm compr., 7-12 pares de nervuras secundárias e sicônios sésseis em F. 73 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO lagoensis e lâminas 0,3-1(-2,3) cm compr., pecíolos 2-8 cm compr., 4-6 pares de nervuras secundárias e pedúnculo 1-3 mm compr. em F. hirsuta. Mendonça-Souza (2006), ao estudar Ficus do Estado de São Paulo, considera F. lagoensis como sinônimo de F. hirsuta. Entretanto, é possível notar uma sobreposição dos caracteres apontados por Berg & Villavicencio (2004) nos materiais analisados pelo autor. Para a Mantiqueira F. lagoensis e F. hirsuta são tratadas como táxons distintos, aceitando como caracteres distintivos os apontados por Berg & Villavicencio (2004). F. lagoensis possui folhas de 6 a 13,5 cm compr., pecíolo de 1,3 a 3 cm compr., 6 a10 pares de nervuras secundárias e sicônios sésseis, enquanto que F. hirsuta apresenta folhas de 2,5 a 5 cm compr., pecíolo de 4 a 8 mm compr., 5 a 7 pares de nervuras secundárias e sicônios pedunculados. Distribuição geográfica: ocorre nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Na Mantiqueira: B4, C3, C4, D2, D3, D4: encontrada em cerrado e floresta estacional semidecidual, em áreas de pasto e próxima a cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 490 a 1100 m. Fenologia: coletada com sicônio durante os meses de janeiro, abril a junho, agosto a dezembro. Vespas negras no interior do sicônio. Comentários: o indivíduo coletado em Caldas, Minas Gerais possui aproximadamente 30 m de altura e tronco muito rígido. Conservação: proposta (VU). Possui poucas coletas na Mantiqueira e apenas um registro em área de conservação. Material examinado: MINAS GERAIS: Alfenas, Fazenda da Ilha, 18.V.1987, M. C. W. Vieira 1165 (RB, SP). Barroso, Mata do Baú, 13.IV.2001, L. C. S. Assis 80 & M. K. Ladeira (CESJ, 74 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO ESA, GUA); 26.XI.2001, L. C. S. Assis 395 & M. K. Ladeira (CESJ, SPF); 28.IX.2002, L. C. S. Assis 580 & M. S. Magalhães (CESJ, ESA, MBM, SP, SPF, RB); 03.V.2003, L. C. S. Assis 828 et al. (CESJ, ESA, RB, SP). Caldas, Propriedade do Prof. Roberto Noritaka, 24.X.2011, G. Pelissari 211 et al. (SP). Camanducaia, mata ciliar degradada do rio Jaguari, 24.XI.1999, R. B. Torres 963 et al. (IAC). Entre Rios de Minas, I.1970, L. Krieger 8329 (CESJ, SP). Fazenda Pedra Branca, 18.V.1987, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304081). SÃO PAULO: Amparo, Cachoeira do Rio Camanducaia, 22.XII.1942, M. Kuhlmann 286 (SP); Moirões de cerca, 20.VIII.1943, M. Kuhlmann 915 (SP). Pinhal, bairro das três fazendas, 15.XI.1947, M. Kuhlmann 3329 (SP). Queluz, 23.VI.1999, Sem coletor 64 (SP 23850). 75 Prancha 2: A-G. F. eximia, A. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; B. detalhe da estípula terminal no ramo; C. detalhe do ápice da estípula com tricomas; D. sicônio; E. vista basal do sicônio e epibrácteas; F. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas; G. detalhe da face ventral da epibráctea. H-L. F. gomelleira, H. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; I. detalhe da estípula terminal no ramo; J. . sicônio; K. vista basal do sicônio e epibrácteas; L. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. M-Q. F. guaranitica, M. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; N. detalhe da estípula terminal no ramo; O. sicônio; P. vista basal do sicônio e epibrácteas; Q. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. R-W. F. hirsuta, R. ramo com folhas, estípula e sicônios; S. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; T. detalhe da estípula terminal no ramo; U. sicônio; V. visão basal do sicônio e epibrácteas; W. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. X-C’. F. lagoensis, X. ramo com folhas, estípula e sicônios; Y. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; Z. detalhe da estípula terminal no ramo; A’. sicônio; B’. visão basal do sicônio e epibrácteas; C’. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-G. Mendonça-Souza 44; H-L. Pelissari 193; M-Q. Vieira 2210; R-W. Forzza 2224; X-C’. Pelissari 211). G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 76 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 10. Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ann. Mus. Lugduno.-Batavi 3: 298. 1867. Urostigma luschnathianum Miq. in Martius, Fl. Bras. 4(1): 101. 1853. Nomes populares: figueira, figueira da pedra, mata-pau, gameleira-vermelha. Prancha 3: A-E. Figura 12: B. Anexo I: 15. Árvores ou hemiepífita 2-25 m alt.; látex branco, espesso; ramos 4-7 mm diâm., castanho claros a castanho escuros, glabros. Estípulas 1-2 cm compr., caducas, esverdeadas a alaranjadas, avermelhadas quando secas, glabra em ambas as faces. Lâminas elípticas a oblongas, 6-20 x 37,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa, glabra em ambas as faces, macia; 7-11 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1,5-7 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 810 mm diâm., lisos, glabros, verdes, vináceos na maturação, verdes a castanhos quando secos, máculas brancas; sésseis; ostíolo plano, circular, 2-4 mm diâm., anel circular ausente; orobrácteas externas 2, raro 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estames 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas. Sementes alvo-amareladas. F. luschnathiana é geralmente determinada, principalmente nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, como F. enormis (Miq.) Miq. (Anexo I, 18). Carauta (1989) as difere 77 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO principalmente pela inserção dos sicônios nos ramos, sendo que a primeira apresenta sicônios distribuídos ao longo dos ramos e a segunda sicônios aglomerados no ápice dos ramos. Este carácter não pode ser adotado para a separação dos táxons, pois tanto nos materiais de herbários quanto nas observações de campo foram encontrados sicônios aglomerados e dispersos ao longo dos ramos no mesmo indivíduo. Foi possível notar, em um mesmo indivíduo que há diferenças entre ramos jovens e ramos mais velhos. Os ramos mais jovens apresentavam folhas maiores, entrenós mais espaçados, portanto, sicônios distribuídos nos ramos, enquanto que os ramos mais velhos apresentavam folhas menores, entrenós curtos e sicônios aglomerados no ápice dos ramos. A comparação dos mateiras coletados com o isótipo de F. luschnathiana, localizado no National Botanic Garden of Belgium (BR) e em viagem de coleta à Cabo Frio, localidade típica da espécie, foi possível concluir que o táxon ocorrente na Mantiqueira, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, é F. luschnathiana. O material tipo de F. enormis encontra-se em estado vegetativo e as folhas mostram-se obovadas, característica não encontrada nos espécimes examinados da Mantiqueira. Apesar de Carauta & Diaz (2002a) salientar que o tipo de F. enormis possui materiais de duas procedências (São Paulo e Minas Gerais) nenhum indivíduo coletado em São Paulo e Rio de Janeiro apresenta folhas obovadas, de base arredondada a subcordada. Assim como Mendonça-Souza (2006) realizamos expedições pela cidade de Aparecida do Norte, Pindamonhangaba e Roseira, na tentativa de elucidar os problemas taxonômicos que envolvem ambas as espécies. Como a autora, não foi encontrado nenhum indivíduo semelhante à F. luschnathiana ou F. enormis, apenas indivíduos de F. eximia e F. gomelleira. Pelo exposto acima, adotamos o posicionamento de Berg & Villavicencio (2004) e Romaniuc Neto et al. (2009b), considerando os materiais examinados da Mantiqueira, que apresentam folhas elípticas, como pertencentes a F. luschnathiana. Assim como Mendonça- 78 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Souza (2006), não trataremos F. enormis como sinônimo, uma vez que se assemelha mais a F. mexiae. Distribuição geográfica: ocorre nas regiões sul e sudeste do Brasil, estendendo-se até o Uruguai, Argentina e Paraguai. Na Mantiqueira: C2, C4, D2, D3, D4, D5, E2, E3: encontrada em floresta ombrófila densa montana, floresta estacional semidecidual montana, floresta ombrófila mista e cerrado. Facilmente encontrada desenvolvendo-se sobre afloramento rochoso. Encontrada em interior ou borda de mata e também em mata ciliar, em altitudes que variam de 400 a 1300 m. Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Foi observada a presença de vespas negras e galhas de vespas no interior, além de vespas deixando o sicônio por uma abertura feita no ostíolo. Etimologia: segundo Carauta (1989), Friedrich Anton Miquel dedicou a espécie ao coletor Bernhard Luschnath. Conservação: categoria proposta (LR). Espécie de ampla distribuição, principalmente nas porções paulista e carioca da Mantiqueira, com registros em áreas de preservação. Material examinado: MINAS GERAIS: Camanducaia, Mata do Ferreirinha, 28.VIII.1999, J. R. Stehmann 2575 (BHCB, CESJ, SPF); Mata dos Vargas, 14.X.1999, R. B. Torres 881 et al. (IAC); Mata ciliar degradada do rio Camanducaia, 18.VII.2001, R. B. Torres 1432 et al. (IAC). Caldas, Propriedade do Zé Painha, 24.X.2011, G. Pelissari 208 et al. (SP); G. Pelissari 209 et al. (SP); G. Pelissari 210 et al. (SP). Caxambu, Fazenda Juca Leite, 26.II.1987, P. L. Senna 2 (RB). Rio Preto, Funil, 20.II.2004, L. C. S. Assis 1008 et al. (CESJ); RPPN São Lourenço, 9.XII.2007, S. A. Roman 44 et al. (CESJ). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, distrito de Maringá, margem direita do rio das Cruzes, 16.II.2011, G. Pelissari 200 et al. (SP); Distrito de Maromba, 13.I.2003, P. P. Souza 79 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 155 (R); margem direita do rio Preto, 16.II.2011, G. Pelissari 196 et al. (SP); Estrada para o Poção de Maromba, 16.II.2011, G. Pelissari 197 (SP). Distrito de Maromba, estrada MarombaMaringá, 16.II.2001, G. Pelissari 199 et al. (SP). Mont Serrat, 8.I.1930, M. Kuhlmann s.n. (GUA, RB 111692). Parque Lago Azul, 26.V.1961, E. Pereira 5701 (PEL, RB). Distrito de Penedo, 2.V.2001, P. P. Souza 131 (R); 24.II.2002, P. P. Souza 143 (RB). Sítio do Walter, IV.1926, A. J. Sampaio 4129 (R). Distrito de Visconde de Mauá, 6.X.1995, S. J. Silva-Neto 788 et al. (Rb, SP); RJ-163, 12.XII.2008, R. D. Ribeiro 1083 et al. (SP). Resende, estrada Capelinha, Pedra Selada, 23,III.2002, P. P. Souza 148 (R, RB); Margem direita do córrego Cruz das almas, 21.VI.2008, P. P. Souza 250 (VIC); Mauá, 13.II.1982, M. R. Barbosa 271 & H. Q. Fernandes (GUA); Parque Nacional de Itatiaia, 14.X.1980, E. S. F. Rocha 177 (GUA); Próximo à Cachoeira Véu de Noiva, 01.V.1985, G. Martinelli 10776 et al. (RB, SP); Picada Três Picos, 1.V.1985, G. Martinelli 10794 (KEW, R, RB, SI, US). SÃO PAULO: Amparo, margem do rio Camanducaia, 18.XII.1942, M. Kuhlmann 174 (SP). Atibaia, 18.XI.1987, J. A. A. Meira Neto 335 et al. (GUA, UEC); Fazenda Grota Funda, 1.VI.1987, J. A. A. Meira Neto 21142 et al. (UEC, VIC); 2.VI.1987, J. A. A. Meira Neto 21177 et al. (UEC); J. A. A. Meira Neto s.n. et al. (UEC, VIC 12058); 16.XI.1987, J. A. A. Meira Neto 21368 et al. (UEC, VIC); Parque Municipal da Grota Funda, 24.V.1997, Fábio 35517 et al. (UEC); Trilha de acesso à Pedra Grande, 7.V.1997, A. M. G. A. Tozzi N97-35 et al. (UEC). Campos do Jordão, Parque Estadual de Campos do Jordão, 14.VI.1984, J. P. M. Carvalho 100 & M. J. Robim (GUA, SPSF). Guarulhos, Aeroporto Internacional de São Paulo, 1984, S. Gandolfi 4822 et al. (UEC); Bairro dos Pimenta, 16.VI.1980, F. R. Martins 11237 & J, Y, Tamashiro (UEC). Jundiaí, 12.XI.1945, D. B. Pickel s.n. (SPSF 2391); Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, 22.IX.1983, S. C. Chiea 342 (SP); 22.IX.1983, M. Sugiyama 15524 & S. C. Chiea (UEC); 15.V.1984, L. P. M. Fonzar 15978 & R. 80 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO R. Rodrigues (UEC); 23.I.1985, L. P. C. Morellato-Fonzar 16830 & R. R. Rodrigues (UEC); 1.IX.1997, R. A. S. Pereira 70 & Janete (UEC); 8.VI.1998, E. C. Leite 749 (UEC); 19.X.2004, A. B. Junqueira 207 et al. (SPF); 25.XI.2006, C. B.Caselli s.n. (UEC 152309); 5.XII.2007, J. A. Lombardi 708 et al. (HRCB); 8.II.2008, C. B. Caselli s.n. (UEC 152308); 22.VIII.2008, J. A. Lombardi 7471 et al. (HRCB). Lindóia, margem do rio Peixe, 9.V.1942, M. Kuhlmann 1202 & E. Kuehn (SP). Mairiporã, Parque Estadual da Cantareira, 23.XII.2000, F. A. R. D. P. Arzolla 228 & A. C.Vasconcellos (HRCB, SPSF, UEC); 20.VII.2005, J. A. Pastore 1324 et al. (SPSF); 18.III.2008, R. Cielo Filho 796 et al. (SPSF). Monteiro Lobato, Serra da Mantiqueira, 8.XI.1953, M. Kuhlmann 2913 (SP). Pedra Bela, Bairro do Lima, 8.V.1995, J. Y. Tamashiro 937 et al. (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC); J. Y. Tamashiro 952 et al. (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC). Queluz, 14.X.1995, S. Romaniuc Neto 1514 (SP). São José dos Campos, Reserva Florestal da Boa Vista, 8.X.1985, A. F. Silva 1254 (UEC, VIC); 23.V.1986, A. F. Silva 1440 & F. M. G. Pereira (UEC, VIC); 23.VIII.1986, A. F. Silva 1441 & F. M. G. Pereira (UEC, VIC). São Paulo, Parque Estadual do Jaraguá, 26.VII.2007, F. M. Souza 861 & et al. (SPSF); 27.VII.2007, F. M. Souza 884 & et al. (SPSF). Serra da Cantareira, 18.VII.1948, G. Hashimoto s.n. (GHSP, SP 411915); 30.III.1967, J. Mattos 14546 (SP); Região do Pinheirinho, 26.VII.1990, O. T. Aguiar 381 (SPSF). Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo, morro da Companhia Nacional da Álcalis S.A., 29.I.2006, M. D. M. Vianna Filho 1220 & T. T. Carrijo (R, SP). Cabo Frio, distrito de Tamoios, condomínio Florestinha, 02.XI.2010, G. Pelissari 174 et al. (SP). Cachoeiras de Macacu, Estação Ecológica Estadual de Paraíso, 19.II.1992, C. M. Vieira 186 et al. (HUEFS, R, RB); Reserva Ecológica de Guapiaçu, 12.V.2007, A. Quinet 1101 (RB, SP). 81 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 11. Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, Bradea 8(20) 112. 1999. Nome populare: figueira de Maria. Prancha 3: F-K. Figura 13: A. Anexo I: 16. Árvores 8-32 m alt.; látex branco, espesso; ramos 2-7mm diâm., castanhos a avermelhados, pubescentes, tricomas alvos a castanhos. Estípulas 1 cm compr., caducas, vináceas, hirsutas, alvos a castanhos. Lâminas elípticas a oblongas, 6-13 x 4,5-7 cm, subcoriácea, ápice agudo a levemente cuspidado, base arredondada, glabra em ambas as faces, com pilosidade restrita às nervuras principal e secundárias, tricomas alvos a castanhos; 11-14 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-2 cm compr., hirsutos, alvos a castanhos, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônio aos pares, globosos, 8-10 mm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvos a castanhos quando secos, macios, máculas creme; pedúnculos 2-4 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvos a castanhos; ostíolo crateriforme, circular, 2-3mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal hirsuta, tricomas alvos a castanhos. Flores estaminadas sésseis a pediceladas: tépalas 3, livres, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas tépalas 3, livres, alvo-amareladas, estigma bífido, liso, reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. Alguns materiais de F. mariae foram identificados nos herbários como F. matiziana Dugand, devido à semelhança na pilosidade das lâminas e formato do ostíolo. No entanto as 82 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO lâminas de F. matiziana apresentam nervura principal avermelhada, não observado em F. mariae. Além disso, em F. matiziana o ostíolo, apesar de ser crateriforme, apresenta um anel elevado, tribracteado (Carauta 1989). F. mariae possui sicônios com ostíolo crateriforme, mas não possuem anel elevado. Também diferem quanto à distribuição geográfica sendo, F. matiziana, encontrada na região amazônica, Colômbia, Venezuela e Guianas, enquanto F. mariae, apesar de ser encontrada na Bolívia e Peru, possui distribuição extra-amazônica. Pode ser confundida com F. trigona, mas se diferencia desta por apresentar sicônios com ostíolo crateriforme, circular, estípulas vináceas e lâminas com 11-14 pares de nervuras secundárias, enquanto que F. trigona apresenta sicônios com ostíolo crateriforme, triangular, estípulas castanho-amareladas e lâminas com 4-8 pares de nervuras secundárias. Distribuição geográfica: ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Rio de Janeiro, e em países limítrofes como Bolívia e Peru. Na Mantiqueira: A7, B6, B7: encontrada em floresta estacional semidecidual submontana, em solo brejoso ou próximo a cursos d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 400 a 770 m. Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro, agosto, outubro e novembro. Vespas negras e galhas de vespas foram encontradas nos sicônios. Etimologia: o epíteto foi dado em homenagem a Maria Werneck de Castro (1905-2000), desenhista de plantas brasileiras, principalmente do cerrado e da Mata da encosta Atlântica (Carauta & Diaz, 2002a). Conservação: categoria proposta (EN). Além de possuir poucas coletas na Mantiqueira possui apenas uma referência em área de conservação. 83 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, Rio Carangola, 20.VIII.1989, L. S. Leoni 834 (GFJP). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 1.X.1984, K. B. Strier 662 (RB); Fazenda Montes Claros, 9.I.1980, A. Nishimura 28 (RB). Viçosa, estrada para Airões, 9.XI.2007, P. P. Souza 210 (GFJP, VIC). Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra, Fazenda Rancho Tropical II, 5.VII.2007, C. Farney 4760 et al. (K, MBM, MO, RB, SP, VIES). 12. Ficus mexiae Standl., Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 17(2): 173. 1937. Nomes populares: figueira de mexia, gameleira, mata pau, figueira brava. Pr5ancha 3: L-Q. Figura 13: B. Anexo I: 17. Árvores ou hemiepífitas 6-15 m alt.; látex branco, espesso; ramos 3-8 mm diâm., castanho escuros, glabros. Estípulas 1,2-2,5 cm compr., persistentes, esverdeadas, castanhas quando secas, glabra em ambas as faces. Lâminas obovadas a oblanceoladas, 6-18,5 x 2-8 cm, coriáceas, ápice arredondado, acuminado a obtuso, base arredondada a hastado-cordada, glabra em ambas as faces, macia; 8-12 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 0,7-3,5 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 0,5-1,5 cm diâm., lisos, glabros; verdes, castanhos quando secos, macios, máculas brancas a 84 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO esverdeadas, castanho escuro quando secas; sésseis; ostíolo plano, circular, 1-4 mm diâm., anel circular presente; orobrácteas externas 2; epibrácteas 2, glabras em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2, adnatas na base, castanhas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3, adnatas na base, castanhas, estigma bífido, plumoso ou reto. Drupas globosas. Sementes amareladas. F. mexiae é mais uma espécie, além de F. luschnathiana, geralmente identificada como F. enormis. Carauta (1989) reconhece as três espécies como binômios válidos. Carauta & Diaz (2002a) apresentam os dois binômios diferenciando-os pelo pecíolo com 1,3 a 3 cm comp., folha lanceolada-oblonga em F. mexiae e pecíolo de 5-9 cm compr., folha obovada a obovadas-oblonga em F. enormis. Curiosamente, nas fotografias apresentadas não é observada nenhuma folha obovada ou obovada-oblonga nem pecíolos maiores que 5 cm, sugerindo tratar-se de F. luschnathiana. Cabe ressaltar que não há material examinado citado. Apesar de ser descrita por Standley com folhas oblanceoladas a oblongas é possível ver que o material tipo de F. mexiae possui lâminas oblanceoladas a obovadas, característica dessa espécie. Vários materiais da Mantiqueira apresentaram estípula persistente, o que pode ser considerado também um carácter importante para a determinação da espécie. Analisando o tipo de F. mexiae é possível ver lâminas obovadas, com base arredondada a subcordada, não vistas em F. luschnathiana. Berg & Villavicencio (2004) propõem a sinonímia de F. mexiae sob F. enormis, justificando sua decisão pelo fato de F. enormis apresentar variações quanto ao tamanho e formato das lâminas, comprimento do pedúnculo, presença de indumento, assim como o número de orobrácteas, tratando as características morfológicas de F. mexiae como variações de F. 85 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO enormis. Carauta & Diaz (2002a) afirmam que o tipo de F. enormis, coletado por C. F. P. von Martius apresenta, provavelmente, materiais de duas procedências, Minas Gerais e São Paulo. Foi possível observar indivíduos de F. mexiae na localidade típica, na cidade de Viçosa, Minas Gerais. Todos os materiais apresentaram folhas obovadas de base arredondada a subcordada. Poderíamos adotar o proposto por Berg & Villavicencio (2004) e tratar F. mexiae como sinônimo de F. enormis. Ambas as espécies ainda necessitam estudos mais aprofundados, tanto moleculares quanto anatômicos, para elucidar esse problema nomenclatural. Pelo exposto acima, trataremos F. mexiae e F. enormis como táxons distintos, sendo o primeiro de ocorrência na Mantiqueira. Distribuição geográfica: ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Mantiqueira: B5, B6, B7, C2, C3, C4, C5: encontrada em floresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual submontana e montana e cerrado. Encontrada tanto em solos brejosos como arenosos, em áreas sombreadas ou com luminosidade intensa, em altitudes que variam de 500 a 1400 m. Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Pode-se observar sicônio muito jovens inseridos no tegilo e sicônios em fase receptiva, com vespas negras no interior. Etimologia: O material tipo foi coletado na Fazenda da Aguada, em Viçosa, no ano de 1930 e o epíteto homenageia a coletora-fundadora d herbário VIC, Ynes Mexia (Carauta & Diaz 2002a, Souza 2009). 86 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Conservação: categoria proposta (LR). Facilmente encontrada em áreas não preservadas, no estados de Minas Gerais, no entanto, há vários registros da espécie em áreas de conservação, além de ser amplamente distribuída na Mantiqueira, principalmente na região mineira. Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Mundo Novo, 15.III.2001, E. A. Costa 87 (RB). MINAS GERAIS: Sem localidade, sem data, Sem coletor s.n. (CESJ, SP 304083). Alto Caparaó, córrego Caparaó, 3.XII.2003, L. S. Leoni 5539 (GFJP, R); Parque Nacional da Serra do Caparaó, 6.VI.1996, L. S. Leoni 3362 (GUA); XII.1997, L. S. Leoni 3828 (GFJP); 27.IX.2007, T. T. Carrijo 1058 et al. (R, RB). Alto Jequitibá, VII.2005, L. S. Leoni 6251 (GFJP). Araponga, Serra do Brigadeiro, Fazenda Brigadeiro, VI.1996, L. S. Leoni 3392 (GFJP, GUA). Serra da Araponga, Fazenda Neblina, 26.V.1994, L. S. Leoni 2581 et al. (GFJP); IX.1997, L. S. Leoni 3777 (GFJP). Barroso, Mata do Baú, 25.XI.2001, L. C. S. Assis 391 & M. S. Magalhães (CESJ, GUA); 17.II.2002, L. C. S. Assis 473 & M. S. Magalhães (CESJ, GUA, VIC); 28.IX.2002, L. C. S. Assis 579 & M. S. Magalhães (CESJ, ESAL, MBM, RB, SP, SPF); Caparaó, RPPN, crescendo emfrente à sede, 7.XI.2004,L. S. Leoni 6043 (GFJP). Carangola, Bom Jesus do Madeira, X.1995, L. S. Leoni 3110 (GFJP, GUA, SP); Cachoeira Torta, 14.II.1993, L. S. Leoni 2107 (GFJP, GUA); Serra da Araponga, 9.X.1997, L. S. Leoni s.n. (GUA 46146); Serra da Grama, 1.V.1991, L. S. Leoni s.n. (GUA 39894). Caxambu, Parque das Águas, 24.XI.2005, R. A. S. Pereira 142 (RB, SPFR). Conceição do Ibitipoca, estrada para Santana do Garambéu, 17.XI.1996, F. R. G. Salimena 973 & P. H. Nobre (CESJ, GUA). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 18.V.2002, A. V. Lopes 47 et al. (CESJ, RB). Espera Feliz, chalé, 25.XI.1996, L. S. Leoni 3569 (GFJP). Próximo à Fazenda José Arantes, 18.I.2006, L. S. Leoni 6375 & P. P. Souza (GFJP). Fervedouro, Bom Jesus do Madeira, 26.III.2000, B. E. Diaz 242 87 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO (GFJP). Do lado da estrada em direção ao Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, 25.III.2000, L. S. Leoni 4397 & E. Dias (GFJP, RB). Estrada Fervedouro – PESB, 13.IV.2009, F. Marcolino 86 (GFJP). Itamarati de Minas, Mineração de Alumínio – CBA, I.1998, L. V. Costa s.n. (BHCB 14428). Juiz de Fora, Morro do Imperador, 7.XI.2001, D. S. Pifano 110 & M. O. D. Pivari (CESJ, GUA). Museu Mariana Procópio, 09.III.1988, B. B. S. Coelho 247 (CESJ, GUA, RB, SP). Torreões, I.1970, L. Krieger 7990 (CESJ, GUA, SP). Lima Duarte, 11.1989, L. Krieger 24276 & M. Brugger (CESJ, GUA, MBM, SP, UFJF); 11.X.1989, L. Krieger s.n. & M. Brugger (CESJ, SP 304075); 22.XI.2002, F. M. Ferreira 411 et al. (CESJ). Parque Estadual do Ibitipoca, 30.VII.1987, P. Andrade 1004 (BHCB, GUA); 19.V.2002, F. R. G. Salimena 1053 & P. H. Nobre (BHCB, CESJ); 10.III.2004, R. C. Forzza 3170 et al. (CEPES, ESA, K, RB, SP); 30.III.2004, R. C. Forzza 3291 et al. (K, MBM, RB, SP). São José dos Lopes, I.1994, V. C. Almeida s.n. (R 190176); 19.III.1994, V. C. Almeida 2 (GUA); 20.IV.1994, V. C. Almeida 11 (GUA, R). Serra Negra, 10.V.2008, N. L. Abreu 221 & L. Menini Neto (CESJ); 15.XI.2008, F. R. G. Salimena 2762 & P. H. Nobre (CESJ); 4.IV.2009, J. H. C. Ribeiro 77 et al. (CESJ); 20.IV.2009, J. H. C. Ribeiro 106 et al. (CESJ); 25.X.2009, J. M. Santana 9 et al. (CESJ). Olaria, São Domingos da Bocaina, 10.X.1989, L. Krieger s.n. et al. (CESJ, GUA, MBM, SP 304101, UPCB). São Francisco do Prata, 1.VIII.1992, E. R. Ribeiro 2 (CESJ, GUA, MBM, SP). Poços de Caldas, 1.IX.1980, J. Y. Tamashiro 181 et al. (UEC). Mata da Colina 4.XI.1980, A. C. Gabrielli 329 et al. (UEC); 27.X.1981, J. Y. Tamashiro 1272 et al. (UEC). Pouso Alegre, Fazenda Remonta, 21.VII.1969, J. P. P. Carauta 875 (GUA, RB). Rio Preto, estrada do Funil, 21.III.2004, K. Antunes 1 et al. (CESJ). Funil, estrada de acesso para Fazenda Tiririca, 25.IV.2004, K. Antunes 112 et al. (CESJ, SP); K. Antunes 113 et al. (CESJ, SP). São João Nepomuceno, Serra dos Núcleos, 14.II.2003, R. M. Castro 813 et al. (CESJ). São Tomé das Letras, 13.X.1984, L. 88 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Krieger s.n. & Pavam (CESJ, GUA, MBM, SP 304078). Viçosa, 1935, Kuhlmann s.n. (VIC 2067). Campus da Universidade Federal de Viçosa, próximo à reitoria, 20.XI.1978, R. S. Ramalho 1315 & G. Rodrigues (RB). Divisão de Projetos e Obras, 26.III.2000, B. E. Diaz 244 (GFJP). Horto Botânico, 03.V.1995, E. dos Santos 18 (SP, VIC). Horto botânico, 14.II.1996, G. E. Valente 168 (GUA, VIC). Horto, 15.III.2000, G. E. Valente 450 (SP, VIC). Mata do Borges, 16.V.1995, E. Santos 16 (SP, VIC). Mata da Biologia, beira da estrada, 23.V.2007, P. P. Souza 178 (R, RB, VIC). Estrada para a praça das bandeiras, 06.V.2008, P. P. Souza 251 (RB, SP, VIC). Posto de fiscalização, 19.IX.2008, P. P. Souza 261 (SP, VIC); Próximo à entrada da trilha para educação ambiental, 14.XII.2010, G. Pelissari 188 et al. (SP). Casquinha, 3.X.1979, R. S. Ramalho 1599 & E. Faria (GUA). Centro da cidade, 1.III.2007, P. P. Souza 169 (R, SP, VIC). Escola Superior de Agronomia, X.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2189). Estrada para Canaã, Sítio sem peixe, 15.XII.2010, G. Pelissari 192 et al. (SP). Fazenda Cachoeirinha, antiga Fazenda Funarbe, 29.VIII.2007, P. P. Souza 193 (RB, VIC). Fazenda do rio Casca, 7.IX.1957, J. P. P. Carauta 50 (R). Mata da prefeitura, 30.I.1980, R. S. Ramalho 1744 (GUA). Mata do Paraíso, trilha principal, 13.IV.2010, P. P. Souza 170 et al. (R, SP, VIC); 12.III.2010, F. C. P. Garcia 1104 et al. (VIC). Estrada para Cachoeirinha, 29.VIII.2007, P. P. Souza 192 (GFJP, SP, VIC). Palmital, 26.IX.2007, P. P. Souza 199 (R, RB, SP, VIC). Pedreira, beira de brejo, 17.X.2007, P. P. Souza 206 (SP, VIC). Sumidouro, margem da estrada, 10.I.2008, P. P. Souza 224 (SP, VIC). Sítio Bonsucesso, mata do Seu Nico, 14.XII.2010, G. Pelissari et al. 184 (SP). Próximo ao Diretório Acadêmico Navarro de Andrade, 15.III.1968, Ladeira s.n. (GUA, PEL, SP 20665). 89 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 13. Ficus obtusifolia Kunth in Humboldt & Bonpland, Nov. Gen. Sp. 2: 49. 1817. Prancha 3: R-W. Figura 14: A. Anexo I: 19. Árvores ou hemiepífitas 12-18 m alt.; látex branco, espesso; ramos 5mm diâm., castanho claros a marrom escuros, glabros. Estípulas 1-1,7 cm compr., caducas, verdes, castanhoavermelhada quando secas, glabras a pubescentes, tricomas alvos. Lâminas obovadas, 6-21 x 3-8 cm, coriáceas, ápice arredondado, base aguda a cuneada, glabra em ambas as faces, macia; 7-10 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-5 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, oblongos, 1,5-2 cm diâm., lisos ou verrucosos, pubescentes, tricomas alvos, macios, verdes, castanho-claro a castanho-escuro quando secos, máculas creme, castanhas quando secas; pedúnculos 2-4 mm compr., pubérulos, tricomas alvos; ostíolo proeminente, circular, 3-4 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral pubescente na base, tricomas alvos, face dorsal pubescente, tricomas alvos. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 3, livres, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 34, livres, alvo-amareladas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas subglobosas a ovais. Sementes amareladas. Carauta (1989) utiliza F. obtusifolia de forma ampla, adotando F. gardneriana (Miq.) Miq. e F. mattogrossensis Standl. como sinônimos, entretanto, sugere a separação dos três táxons através das diferenças da base da lâmina e indumento do sicônio, sendo base da lâmina cuneada e 90 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO sicônios glabros em F. obtusifolia, base arredondada e sicônios gris-tomentosos em F. gardneriana e, base da também cuneada e sicônios pubérulos em F. mattogrossensis. Berg & Villavicencio (2004) propõem a sinonímia desses três táxons, esclarecendo que os espécimens brasileiros são morfologicamente variáveis. Ainda afirmam que F. obtusifolia é espécie próxima a F. catappifolia Kunth, diferenciando-os de acordo com a base da lâmina foliar, número de nervuras secundárias e formato do sicônio. No entanto, Santos (2010) propõe a sinonímia de F. catappifolia em F. obtusifolia, uma vez que os indivíduos estudados apresentaram variações em todos os caracteres. Optou-se por adotar a proposta de Berg & Villavicencio (2004) e considerar, como táxon ocorrente na Mantiqueira, apenas F. obtusifolia. Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a América Central. Na Mantiqueira: C5, D2, D3: encontrada em floresta estacional semidecidual submontana, em altitudes que variam de 540 a 1100 m. Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de abril, maio, agosto, setembro, novembro e dezembro. Etimologia: o epíteto ressalta a característica das folhas obtusas. Conservação: categoria proposta (VU). Possui poucas coletas na área e nenhuma referência em área de conservação. Material examinado: MINAS GERAIS: Ewbank da Câmara, Fazenda Cascatinha, 13.IX.1994, H. G. P. Santos 323 et al. (CENARGEN, SP). SÃO PAULO: Águas de Lindóia, estrada de terra para Barão de Ataliba, 9.V.1995, J. Y. Tamashiro 1037 et al. (ESA, HRCB, SP, SPF). Amparo, 91 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO estrada Amparo-Pedreira, 05.IV.1993, S. Romaniuc Neto 1365 & J. V. Godoi (SP). Aparecida, Fazenda Motuca, 4.XII.1999, E. A. Rodrigues s.n. (SP 397013). Itapira, estrada Itapira-Mogi Mirim, 22.XI.1992, S. Romaniuc Neto 1333 & J. V. Godoi (SP). Pinhal, Fazenda Santa Tereza, 13.XI.1947, M. Kuhlmann 1528 (SP, SPF). Material adicional examinado: MINAS GERAIS: Carmópolis de Minas, Estação Ecológica da Mata do Cedro, 29.X.1995, L. Echternacht 1076 & J. R. Stehmann (HRCB, R). 92 Prancha 3: A-E. F. luschnathiana, A. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; B. detalhe da estípula terminal no ramo; C. sicônio; D. vista basal do sicônio e epibrácteas; E. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. F-K. F. mariae, F. ramo com folhas, estípula e sicônios; G. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; H. detalhe da estípula terminal no ramo; I. sicônio; J. visão basal do sicônio e epibrácteas; K. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas.L-Q. F. mexiae, L. ramo com folhas, estípula e sicônios; M. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; N. detalhe da estípula terminal no ramo; O. sicônio; P. visão basal do sicônio e epibrácteas; Q. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. R-W. F. obtusifolia, R detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; S. indumento dos sicônios; T. detalhe da estípula terminal no ramo; U. sicônio; V. visão basal do sicônio e epibrácteas; W. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-E. Pelissari 200; F-K. Nishimura 28; L-Q. Souza 251; R-W. Romaniuc Neto 1365). G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 93 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 14. Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ann. Mus. Lugduno-Batavi 3: 300. 1867. Pharmacosycea obtusiuscula Miq., London J. Bot. 7: 69. 1848. Nomes populares: figueira, lombrigueira. Prancha 4: A-E. Figura 14: B. Anexo I: 20. Árvores 5-10 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-6 mm diâm., castanho claro a castanho acinzentado, glabros. Estípulas 2,7-4,5 cm compr., caducas, verdes, castanho-esverdeadas a castanho-escuro quando secas, glabras em ambas as faces. Lâminas elípticas, 6-14 x 2-6 cm, coriáceas, ápice agudo a levemente acuminado, base aguda, glabra em ambas as faces, macia; 1114 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-3,5 cm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvos, epiderme persistente, par de glândulas baselaminares. Sicônios aos pares, globosos, 4 -14 mm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvos, macios, verdes, castanho-esverdeados quando secos, máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 1-5 mm compr., glabros; ostíolo plano a proeminente, circular, 1-3 mm diâm.; orobrácteas externas 5; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvoamareladas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5, livres, alvo-amareladas, estigma liso, reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas. F. obtusiuscula é geralmente confundida com F. adhatodifolia. Pertencem ao subgênero Pharmacosycea, no entanto F. obtusiuscula apresenta folhas de 6 a 14 cm compr., sicônios aos 94 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO pares de 0,4 a 1,4 cm diâm., enquanto que F. adhatodifolia, que apresenta folhas de 6,5 a 26,5 cm compr. e sicônios solitários, de 1,5 a 2,7 cm diâm. Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a Argentina e Paraguai. Na Mantiqueira: B6, B7, C5, C6, C7, D4: encontrada em floresta estacional semidecidual submontana, próximo a cursos d’água, em mata ciliar, sobre solo brejoso ou argilo-arenoso, desenvolvendo-se em pleno sol, em altitudes que variam de 190 a 770 m. Fenologia: coletada com sicônios entre fevereiro e outubro. Foi observada a presença de vespas de coloração acinzentada no interior dos sicônios. Etimologia: o epíteto refere-se à forma do áoice das folhas (Carauta & Diaz 2002a). Conservação: categoria proposta (VU). Apesar de possuir um número considerável de coletas na região, não há registro de coletas em áreas de conservação. Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.X.2000, E. A. Costa 85 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, centro da cidade, 29.VI.2000, L. S. Leoni 4459 & J. B. Costa (GFJP); Rio Carangola, 29.V.1988, L. S. Leoni 1 (GUA); 29.V.1988, L. S. Leoni 206 (GFJP)II. 1992, L. S. Leoni s.n. (GFJP, GUA 42253); 9.V.1996, P. Nolasco 7 & L. S. Leoni (GFJP). Chiador, UHE Simplício, 5.VII.2006, G. Pereira-Silva 10839 et al. (CEN, VIC). Faria Lemos, Fazenda Santa Isabel, 27.X.1992, L. S. Leoni 1997 (GFJP, GUA). Laranjal, 07.02.1971, L. Krieger 10013 (CESJ, SP). Muriaé, Usina Hidrelátrica Cachoeira Encoberta, 17.IV.1999, A. Salino 4611 & P. O. Morais (BHCB, CESJ); Centro, X.2000, L. S. Leoni 4523 & B. Cosenza (GFJP). Ponte Nova, 03. VIII. 1995, G. E. Valente 115 et al. (SP, VIC); III.1997, L. V. Costa s.n. (BHCB 27492, RB); Perto de Bucha, 15.IV.1976, M. P. Corvo 76-55 & S. L. Lima (VIC). 95 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Tombos, Fazenda São Pedro, 7.IV.2003, L. S. Leoni 5287 (GFJP). Viçosa, Duas Barras, 8.VIII.2007, P. P. Souza 189 (SP, VIC); margem direita do rio Turvo Limpo, 8.VIII.2007, P. P. Souza 190 (SP, VIC); Sumidouro, 03.IX.2007, P. P. Souza 200 (SP, VIC). RIO DE JANEIRO: Itaperuna, Fazenda Barra do Carangola, 18.III.2010, L. S. Leoni 7603 (GFJP). Itatiaia, às margens do rio Campo Belo, 1.II.2001, P. P. Souza 84 (RB). Porciúncula, rio Carangola, IX.1998, L. S. Leoni 4023 (GFJP). Resende, Avenida Presidente Kennedy, 16.II.2011, G. Pelissari 201 et al. (SP); Porto Real, 22.X.1981, J. P. P. Carauta 4273 et al. (RB). 15. Ficus organensis (Miq.) Miq., Ann. Mus. Bot. Lugduno-Batavi 3: 299.1867. Urostigma organense Miq., London J. Bot. 6: 542. 1847. Nomes populares: gameleira brava, mata pau. Prancha 4: F-J. Figura 15: A. Anexo I: 21. Árvores ou hemiepífitas 2-20 m alt.; látex branco, espesso; ramos 2-4 mm diâm., castanho acinzentado, glabros a pubérulos, tricomas alvos. Estípulas 0,2-0,7 cm compr., caducas, esverdeadas, avermelhadas quando secas, face dorsal pubescente, tricomas alvos, face ventral glabra. Lâminas elípticas a ovais, 3,5-7,5 x 1,5-3,5 cm, cartáceas, ápice agudo, base aguda, glabra em ambas as faces, macia; 7-10 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 815 mm compr., glabros a pubescentes, tricomas alvos, epiderme persistente, glândula 96 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-7 mm diâm., lisos, glabros, macios, verdes, castanho-claro a castanho-escuro quando secos, máculas vináceas; pedúnculos 1-4 mm compr., glabros; ostíolo plano, circular, 1-2 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face dorsal glabra, face ventral glabra a pubérulo, tricomas alvos. Flores estaminadas sésseis a pediceladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas. Sementes amareladas. Berg & Villavicencio (2004) trataram F. organensis como sinônimo de F. cestrifolia Schott, considerando esta última como espécie próxima a F. hirsuta, pelo fato de ambas apresentarem folhas pequenas. No entanto, F. cestrifolia apresenta número maior de nervuras secundárias, ao contrário de F. hirsuta que apresenta folhas com até 6 nervuras secundárias. Os materiais de F. organensis estudados na Mantiqueira possuem lâminas glabras, com 7 a 10 pares de nervuras secundárias. Além disso, os sicônios de F. organensis são recobertos por máculas vináceas, apontadas por Souza (2009) como importante carácter taxonômico. Optou-se por considerar F. organensis e F. cestrifolia como espécies distintas, devido à presença de máculas vináceas e lâminas glabras nos exemplares examinados de F. organensis. F. cestrifolia não ocorre na Mantiqueira. Distribuição geográfica: ocorre do sul ao sudeste do Brasil. Na Mantiqueira: B6, D4, D5, E3: encontrada em floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual submontana e montana, em mata ciliar próximo a cursos d’água, em altitudes que variam de 430 a 1200 m. 97 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Foram observadas nespas negras e galhas de veslas no interior dos sicônios. Etimologia: Friedrich Anton Miquel deu a esta espécies o epíteto organensis pelo fato do holótipo ter sido coletado na Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro. Conservação: categoria proposta (VU). Assim como F. obtusiuscula não há registro de coletas da espécie em área de conservação. Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, Serra da Grama, 12.II.1995, L. S. Leoni 2784 et al. (GFJP). Fervedouro, córrego Ararica, 19.V.2009, F. Marcolino 20 & R. S. Pereira (GFJP); Marcolino 126 & J. P. D. Heleno (GFJP); Serra da Grama, 17.II.2005, L. S. Leoni 6107 (GFJP). Pedra Dourada, VIII.1997, L. S. Leoni 3702 (GFJP). Rio Preto, Serra Negra, 10.IV.2004, K. Antunes 78 et al. (CESJ, SP). Viçosa, 25.I.1935, Kuhlmann s.n. (SP 293381, VIC); Bairro Belvedere, 10.III.2008, P. P. Souza 240 (GFJP, VIC); Campus da UFV, 31.X.1978, R. S. Ramalho 1292 et al. (RB); 16.V.1995, E. Santos 15 (VIC); 2.VII.2008, P. P. Souza 258 (VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 190 et al. (SP); Escola de Agronomia de Vi;cosa, 13.XI.1934, Kuhlmann s.n. (VIC 1641); 25.I.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2179). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, estrada do Maromba, próximo à ponte do Maromba, 23.IV.2001, H. C. Lima 5767 et al. (RB, SP). SÃO PAULO: São José dos Campos, margens do Rio Paraíba do Sul, 22.VI.2002, M. C. Assis 1551 et al. (HRCB, RB, SP). 98 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 16. Ficus pulchella Schott in Spreng., Syst. Veg., ed. 16. 4(2, App.): 410. 1827. Nomes populares: figueira, caxinguba. Prancha 4: K-O. Figura 15: B. Anexo I: 22. Árvores 15 m alt.; látex branco, espesso; ramos 5 mm diâm., castanhos, glabros. Estípulas 1,7 cm compr., caducas, verdes, castanho-avermelhadas quando secas, glabras. Lâminas elípticas a oblongas, 8-13 x 3,5-7 cm, coriáceas, ápice agudo, base aguda, glabra em ambas as faces, macia; 15-18 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-1,5 cm compr., glabros, epiderme esfoliada, par de glândulas baselaminares. Sicônios solitários, globosos, 1,5-2 cm diâm., lisos, glabros, macios, verdes, castanho-escuro quando secos, máculas creme; pedúnculos 7 mm compr., glabros; ostíolo plano, circular, 1 mm diâm.; orobrácteas externas 5-7; epibrácteas 3, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvoamareladas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5, livres, alvo-amareladas, estigma liso, reto. Drupas ovais. Sementes amareladas. F. pulchella é considerada por Berg & Villavicencio (2004) espécie próxima a F. piresiana Vázq.Avila & C.C.Berg, descrita para a Amazônia venezuelana, no entanto os autores diferenciam F. piresiana pelo tamanho do pecíolo de 0,8 a 3(-3,5) cm compr. e epiderme persistente, enquanto que F. pulchella apresenta pecíolo de 0,3 a 1(-2,5) cm compr. e epiderme esfoliada. 99 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Distribuição geográfica: ocorre no sul e sudeste do Brasil e na Bacia Amazônica, estendendo-se até as Guianas. Na Mantiqueira: A7, D3. Encontrada em remanescente de floresta ombrófila densa, entre 550 e 580 m de altitude. Fenologia: coletada com durante os meses de maio, agosto e outubro. Foram observadas galhas de vespas no interior do sicônio, além de frutos, o que não foi observado por MendonçaSouza (2006). Etimologia: o epíteto pulchella está associado à palavra latina pulchra, que significa bela (Carauta & Diaz 2002a). Conservação: categoria proposta: NT. A espécie possui registro de coleta na Estação Biológica de Caratinga. No entanto, as coletas datam de aproximadamente 20 anos atrás. Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 6.IV.1990, L. V. Costa s.n. et al. (BHCB 22378); 20.X.1993, P. M. Andrade 417 & M. A. Lopes (BHCB, SP). SÃO PAULO: Roseira, Fazenda do Aristide, 16.VIII.1995, S. Romaniuc Neto 1411 (SP). 17. Ficus trigona L.f., Suppl. Pl. 441. 1782. Nomes populares: figueira, mium. Prancha 4: P-T. Figura 16 Anexo I: 23. 100 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Árvores ou hemiepífitas 5-14 m alt.; látex branco a creme, espesso; ramos 5-8 mm diâm., acinzentados a castanho-claros, pubescentes, tricomas alvo-amarelados. Estípulas 0,6-1,4 cm compr., castanho-amareladas quando secas, face ventral glabra, face dorsal pilosa a serícea, tricomas alvo-amarelados. Lâminas elípticas, ovadas ou obovadas, 6-14 x 3-7,5 cm, coriáceas, ápice agudo a acuminado, base arredondada a retusa; face adaxial glabra, face abaxial glabra a pilosa, tricomas alvo-amarelados concentrados nas nervuras, macia; 4-8 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-2,5 cm compr., pubescentes, tricomas alvoamarelados, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-10 mm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvo-amarelados, macios, verdes, castanhos quando secos, máculas brancas; pedúnculos 2-4 mm compr., pubescentes a pilosos, tricomas alvoamarelados; ostíolo crateriforme, triangular, 2-3cm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal pubescente a serícea, tricomas alvo-amarelados a castanhos. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas; estame 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas; estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas. Sementes amareladas a alaranjadas. Berg & Simonis (2000) e Berg & Villavicencio (2004) designaram 17 sinônimos para a espécie, sendo que 13 já haviam sido propostos na Flora da Venezuela e oito propostos no estudo das espécies amazônicas de Ficus de Berg et al. (1984). F. trigona pode ser confundida com F. mariae, no entanto diferencia-se desta por apresentar ostíolos crateriformes triangulares, estípulas castanho-amareladas e lâminas com 4-8 pares de nervuras secundárias, enquanto que F. mariae possui ostíolos crateriformes circulares, estípulas vináceas e lâminas com 11-14 pares de nervuras secundárias. 101 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela e Guianas. Na Mantiqueira: B6, B7, C5, C6, D4. Encontrada em floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual, frequentemente coletada próximo a cursos d’água, em áreas alteradas ou pastagens, em altitudes que variam de 270 a 720 m. Fenologia: coletada com durante os meses janeiro e de março a outubro. Foram observadas vespas negras e galhas de vespas no interior dos sicônios. Etimologia: o epíteto da espécie faz referência a forma triangular do ostíolo (Carauta & Diaz 2002a). Conservação: categoria proposta (LC). Apesar da maioria das coletas serem de áreas sujeitas à ação antrópica, a espécie possui registros recentes de coletas em áreas de conservação. Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.-X.2000, E. A. Costa 81 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, Rio Carangola, 8.VI.1988, L. S. Leoni 2 (GUA); 19.IX.1991, L. S. Leoni, 1644 (GFJP, GUA). Coronel Pacheco, Estação Experimental de Água Limpa, 28.VIII.1976, M. B. Ferreira 9579 (PAMG). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 27.V.2000, F. R. G. Salimena s.n. et al. (CESJ 3185, GUA, MBM); 21.IV.2001, R. M. Castro 282 et al. (BHCB, CESJ, GUA); 27.V.2000, P. C. Zampa s.n. et al. (CESJ, GUA 48385). Ponte Nova, 01.VII.1995, G. E. Valente 67 et al. (VIC, SP). Santa Rita do Jacutinga, 03.III.1987, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304073). Tombos, Mata do Banco, 13.VII.2007, L. S. Leoni 6946 (GFJP); Usina de Tombos, VIII.2007, L. S. Leoni 6956 (GFJP). Viçosa, Sítio Bonsucesso, 17.I.2008, P. P. Souza 231 (SP, VIC); 12.III.2008, P. P. Souza 243 (SP, VIC); Sumidouro, 10.I.2008, P. P. Souza 223 (SP, VIC). 102 Prancha 4: A-E. F. obtusiuscula, A. detalhe da base da lâmina foliar e par de glândulas baselaminares; B. detalhe da estípula terminal no ramo; C. sicônio; D. vista basal do sicônio e epibrácteas; E. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. F-J. F. organensis, F. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; G. detalhe e indumento da da estípula terminal no ramo; H. sicônio; I. visão basal do sicônio e epibrácteas; J. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. K-O. F. pulchella, K. detalhe da epiderme do pecíolo esfoliada; L. detalhe da estípula terminal no ramo; M. sicônio; N. visão basal do sicônio e epibrácteas; O. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. P-T. F. trigona, P. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; Q. detalhe da estípula terminal no ramo; R. sicônio; S. visão basal do sicônio e epibrácteas; T. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-E. Pelissari 201; F-J. Pelissari 190; K-O. Andrade 417; P-T. Souza 223). G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO 103 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela concessão de bolsa de mestrado à primeira autora. Aos curadores e funcionários dos herbários visitados. Aos colegas que me acompanharam durante as viagens de coleta. Aos Drs. Sergio Romaniuc Neto e Inês Cordeiro pela orientação e sugestões prestadas. Ao Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP e ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo. Ao ilustrador botânico Klei Souza pelo capricho das pranchas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ash, A. W.; Ellis, B.; Hickey, L. J.; Johnson, K. R. & Wilf, P. 1999. Manual of leaf architecture: morphological description and categorization of dicotyledons and net-veined monocotyledonous angiosperms. Smithsonian Institution. Washington D.C. Pp. 67. Berg, C. C. & Carauta, J. P. P. 2003. New species of Ficus (Moraceae) from Brazil. Brittonia 54(4): 236-250. Berg, C. C. & Simonis, J. E. 2000. Moraceae. In: Riina, R. (ed.). Flora de Venezuela. MoraceaeCecropiaceae. Pp. 5-189. Berg, C. C. & Villavicencio, X. 2004. Taxonomic studies on Ficus (Moraceae) in the West Indies, extra-Amazonian Brazil, and Bolivia. Ilicifolia 5: 1-177. Berg, C. C..; Avila, M. V. & Kooy, F. 1984. Ficus species of Brazilian Amazonia and the Guianas. Acta Amazonica Supl. 14(1/2): 159-194. 104 G. Pelissari 2012 TRATAMENTO TAXONÔMICO Berg, C. C.; Mello-Filho, L. E. & Carauta, J. P. P. 1999. Ficus mariae (Moraceae), nova espécie Sul-Americana. Bradea 8(20): 111-113. Carauta, J. P. P. 1969. A data efetiva de publicação da Flora Fluminensis. Vellozia 7: 26-33. ____. 1973. 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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Ficus apresenta distribuição pantropical e possui aproximadamente 800 espécies, distribuídas em seis subgêneros: Ficus, com ocorrência na Malásia, África e Mediterrâneo; Synoecia, com distribuição das Ilhas Salomão e Austrália até o Japão e Sri Lanka; Sycidium, distribuído da África à Austrália e ilhas do Pacífico; Sycomorus, da África até as ilhas do Pacífico; Pharmacosycea e Urostigma com ocorrência da África até a Austrália, ilhas do Pacífico e América tropical. Na região neotropical são encontradas cerca de 120 espécies de Ficus que ocorrem desde o México, América Central e Antilhas até a América do Sul (Berg 2001, Berg & Villavicencio 2004). São 76 espécies referidas para o Brasil (Romaniuc Neto et al. 2010), sendo 54 com ocorrência na Região Norte, 40 no Nordeste, 41 no Centro-Oeste, 21 no Sul e 35 no Sudeste. Na região da Mantiqueira há ocorrência de 25 espécies, dentre as quais oito são exóticas. Os dados de distribuição geográfica das espécies estudadas para a Mantiqueira permitiram classificá-las no sistema biogeográfico, proposto por Morrone (1999, 2002), de forma satisfatória sendo incluídas em duas subregiões e quatro províncias (tabela 4). A Mantiqueira mostra-se como ponto de convergência entre duas províncias biogeográficas: província do bosque paranaense e província do bosque atlântico brasileiro, sofrendo ainda influência da província do cerrado. Também podemos observar a influência da província de bosque de Araucaria angustifolia, particularmente nas regiões de Itatiaia e Campos do Jordão. F. luschnathiana é a única espécie que se distribui pelas quatro províncias, propostas por Morrone (1999, 2002), na Mantiqueira. Isso pode ser explicado pela grande plasticidade 110 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA morfológica e adaptativa encontrada nessa espécie, o que a permite se adaptar a ambientes úmidos ou secos e a altitudes variadas. F. adhatodifolia não ocorre na província de cerrado na Mantiqueira, sendo frequentemente encontrada nas demais províncias, próxima a cursos d’água em locais sombreados. F. mexiae não ocorre na província de bosque de Araucaria angustifolia, no entanto, é encontrada nas demais províncias da Mantiqueira, inclusive do cerrado. Uma característica que pode explicar a ocorrência dessa espécie em ambientes secos, como o cerrado, é a presença de estípula persistente, de até 2,5 cm compr., que permite maior proteção das gemas apicais. Algumas espécies ocorrentes na Mantiqueira distribuem-se até a região sul do país, Argentina e Paraguai e, também, até a América Central, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Antilhas e México, como por exemplo F. castellviana, F. luschnathiana, F. obtusifolia e F. trigona. Na área estudada Ficus está bem representado (Figura 7), no entanto, as espécies apresentam diferente distribuição quanto às suas áreas de ocorrência. Algumas espécies como F. luschnathiana e F. mexiae são frequentes na região, no entanto, verifica-se que F. mexiae distribui-se apenas em Minas Gerais e Espírito Santo e F. luschnathiana ocorre com maior frequência em São Paulo e Rio de Janeiro. Ficus habita preferencialmente as áreas de floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual e em menor incidência em áreas de cerrado (Tabela 5). Na Serra da Mantiqueira é possível observar indivíduos de Ficus em áreas de pastagens a pleno sol. Com exceção de F. pulchella, que habita áreas de floresta ombrófila densa, todas as demais espécies ocorrem em floresta estacional semidecidual. Além de F. pulchella, outras sete espécies ocorrem em floresta ombrófila densa: F. adhatodifolia, F. arpazusa, F. eximia, 111 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA F. luschnathiana, F. mexiae, F. organensis e F. trigona. Em floresta ombrófila mista foram encontradas F. adhatodifolia e F. luschnathiana e, em áreas de Cerrado, foram encontradas F. luschnathiana e F. mexiae. Tabela 4: Classificação das espécies de Ficus na região da Serra da Mantiqueira, segundo o sistema biogeográfico proposto por Morrone (1999, 2002). Subregião Paraense Subregião Região Neotropical Chaquenha Província Bosque Província do Província do Província do Bosque Atlântico Brasileiro Bosque cerrado de Araucaria Paranaense angustifolia X F. adhatodifolia X X F. arpazusa X X F. castellviana X X F. clusiifolia X X F. eximia X X F. gomelleira X X F. guaranitica X X F. hirsuta X X F. lagoensis X X F. luschnathiana X X F. mariae X X X F. mexiae X X F. obtusifolia X X F. obtusiuscula X X F. organensis X X F. pulchella X X F. trigona X X X 112 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 7: Mapa da distribuição de Ficus na Mantiqueira. F. luschnathiana é a única espécie encontrada nos quatro tipos de formação vegetal na Mantiqueira. F. adhatodifolia (Figura 8, A) é encontrada em floresta ombrófila densa submontana e montana e em floresta estacional semidecidual montana e submontana e floresta ombrófila mista. É geralmente encontrada próxima a cursos d’água, em mata ciliar, crescendo em locais com altaa luminosidade, em altitudes que variam de 390 a 1000 m. F. arpazusa (Figura 8, B) habita áreas de floresta ombrófila densa submontana á altoalto montana e estacional semidecidual submontana e montana. Pode ser encontrada próxima a 113 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA cursos d’água, em fissuras de rochas e interior de mata, geralmente em locais sombreados, em altitudes que variam 340 a 920 m. F. castellviana (Figura 9, A) ocorre em áreas de floresta estacional semidecidual, também encontrada próximo aos cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 210 a 740 m. Tabela 5: Distribuição das espécies de Ficus nas formações vegetais. FOD: Floresta Ombrófila Densa. FES: Floresta Estacional Semidecidual. FOM: Floresta Ombrófila Mista. CER: Cerrado. Espécie Formação Vegetal FOD FES FOM F. adhatodifolia X X X F. arpazusa X X F. castellviana X F. clusiifolia X F. eximia X X F. gomelleira X F. guaranitica X F. hirsuta X F. lagoensis X F. luschnathiana X X X X X F. mariae F. mexiae CER X X F. obtusifolia X F. obtusiuscula X F. organensis X F. pulchella X F. trigona X X X X 114 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA F. clusiifolia (Figura 9, B) é encontrada em floresta estacional semidecidual, geralmente em beira de estradas, pastagens ou margem de córregos, em altitudes que variam de 110 a 580 m. F. eximia (Figura 10, A) habita áreas de floresta ombrófila densa montana e submontana e floresta estacional submontana e montana. É encontrada próximas a cursos d’água, crescendo geralmente em locais com alta luminosidade, em altitudes que variam de 400 a 780 m. F. gomelleira (Figura 10, B) ocorre em áreas de floresta estacional semidecidual submontana e montana. Encontrada geralmente em beira de estradas ou próximas a cursos d’água e também foram observados indivíduos isolados em pastagens, em altitudes que variam de 210 a 730 m. F. guaranitica (Figura 11, A) é encontrada em floresta estacional semidecidual. Em área remanescente, na orla da mata, em altitudes que variam de 800 a 1100 m. F. hirsuta (Figura 11, B) habita área de floresta estacional semidecidual, em borda de mata, em altitude de 340m. F. lagoensis (Figura 12, A) habita áreas de floresta estacional semidecidual, em borda ou interior de mata. Coletada próximo a cursos d’água, em mata ciliar ou em pastagens, em altitudes que variam de 490 a 1100 m. F. luschnathiana (Figura 12, B) é encontrada em áreas de floresta ombrófila densa montana, estacional semidecidual montana, floresta ombrófila mista e cerrado. Pode ser encontrada no interior ou borda de mata, próxima a cursos d’água, em mata ciliar ou se desenvolvendo sobre afloramento rochoso, em altitudes que variam de 400 a 1300 m. 115 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 8: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. adhatodifolia. B. F. arpazusa. 116 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 9: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. castellviana. B. F. clusiifolia. 117 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 10: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. eximia. B. F. gomelleira. 118 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 11: Mapa de distribuição geográfica de Ficus Mantiqueira: M A. F. guaranitica. B. F. hirsuta. hirsuta 119 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 12: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. lagoensis. B. F. luschnathiana. luschnathiana 120 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA F. mariae (Figura 13, A) habita floresta estacional semidecidual submontana, podendo ser encontrada desenvolvendo-se em solo brejoso, ou próximo a curso d’água, em altitudes que variam de 400 a 770 m. F. mexiae (Figura 13, B) ocorre em áreas de floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual submontana e montana e cerrado. Encontrada em beiras de estradas, borda e interior de mata, próximo a cursos d’água, em solo brejoso ou arenoso, em áreas que variam de sombreado a áreas com luminosidade intensa, em altitudes que variam de 500 a 1400 m. F. obtusifolia (Figura 14, A) habita áreas de floresta estacional semidecidual submontana, sendo observada também em pastagens, em altitudes que variam de 540 a 1100 m. F. obtusiuscula (Figura 14, B) ocorre em floresta estacional semidecidual submontana. É encontrada frequentemente próxima a cursos d’água, em mata ciliar, sobre solo brejoso ou argilo-arenoso, em altitudes que variam de 190 a 770 m. F. organensis (Figura 15, A) habita áreas de floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual submontana e montana. É encontrado próximo a cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 430 a 1200 m. F. pulchella (Figura 15, B) ocorre em área remanescente de floresta ombrófila densa, em altitudes que variam de 550 a 580 m. F. trigona (Figura 16A) habita áreas de floresta ombrófila densa e estacional semidecidual. Coletada próxima a cursos d’água, sendo observada também em áreas alteradas ou de pastagens, em altitudes que variam de 270 a 720 m. 121 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 13: Mapa de distribuição geográfica de Ficus Ficu na Mantiqueira: A. F. mariae. B. F. mexiae. mexiae 122 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 14: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. obtusifolia. B. F. obtusiuscula. 123 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 15: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. organensis. B. F. pulchella. 124 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 16: Mapa de distribuição geográfica de Ficus trigona na Mantiqueira. Foram também definidos os padrões de distribuição geográfica das 17 espécies de Ficus (Tabela 6). ). Os padrões de distribuição geográfica foram baseados em Ribeiro & Lima (2009), considerados suas ocorrências exclusivas em cada padrão, conforme figura figura 17 e sumarizados na tabela 7. 125 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Figura 17: Delimitação geográfica dos padrões de distribuição (abreviados de acordo com a tabela 7) modificado de Ribeiro & Lima (2009), verificados para Ficus da Mantiqueira. 126 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Tabela 6: Lista das espécies de Ficus registradas para a Mantiqueira com seus respectivos padrões de distribuição geográfica, SEGUNDO Ribeiro & Lima (2009). NEO: neotropical. ACO: América do Sul CentroOriental. SE/NE: Atlântico Sudeste-Nordeste. SE/S: Atlântico Sudeste-Sul. MAN: Mantiqueira. Espécie Padrões de distribuição F. adhatodifolia ACO F. arpazusa ACO F. castellviana NEO F. clusiifolia SE/NE F. eximia ACO F. gomelleira NEO F. guaranitica SE/S F. hirsuta F. lagoensis SE/NE SE F. luschnathiana SE/S F. mariae NEO F. mexiae SE/NE F. obtusifolia NEO F. obtusiuscula NEO F. organensis SE/S F. pulchella F. trigona SE/NE NEO Neotropical (NEO) – Abrange a América do Sul e Central, estendendo-se até o México. Caracterizada por espécies que extrapolam os limites brasileiros, distribuindo-se desde a Argentina até o México. Está representado por seis espécies: F. castellviana, F. gomelleira, F. mariae, F. obtusifolia, F. obtusiuscula e F. trigona (ca. 35%). América Centro-Oriental (ACO) – Abrange o Brasil Central, Nordeste e Sudeste, podendo se estender até o Nordeste da Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. Está representado por três espécies: F. adhatodifolia, F. arpazusa e F. eximia (ca. 18%). 127 G. Pelissari 2012 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Atlântico Sudeste-Nordeste (SE/NE) – Abrange a extensão Sudeste-Nordeste da costa atlântica brasileira. Está representado por quatro espécies: F. clusiifolia, F. hirsuta, F. mexiae e F. pulchella (ca. 23%). Atlântico Sudeste-Sul (SE/S) – Abrange a extensão Sudeste-Sul da costa atlântica, desde o Espírito Santo até a Argentina. Está representado por três espécies: F. guaranitica, F. luschnathiana e F. organensis (ca. 18%). Sudeste (SE) – Abrange a porção central da costa atlântica brasileira. Está representado por uma única espécie, F. lagoensis (ca. 6%). Mantiqueira (MAN) – Abrange a extensão de vales e montanhas da Mantiqueira, entre São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais até a Serra do Caparaó, no Espírito Santo. Nesse padrão estariam representadas as espécies exclusivas da região. No entanto não foi encontrada nenhuma espécie endêmica da Mantiqueira. Tabela 7: Número de espécies e porcentagem dos padrões de distribuição geográfica. Abreviação dos Padrões: NEO - América do Sul, Central e México; ACO - Centro-Oriental, Nordeste da Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina; SE/NE - Costa atlântica, desde o estado de São Paulo até o Ceará; SE/S – Costa atlântica, desde o estado do Espírito Santo até a Argentina; SE - estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo; MAN - Endêmicas da Mantiqueira. Padrões Nº de espécies % NEO 6 35 ACO 3 18 SE/NE 4 23 SE/S 3 18 SE 1 6 MAN 0 0 128 G. Pelissari 2012 CONSERVAÇÃO 6. CONSERVAÇÃO Segundo Rocha et al. (2006) as comunidades de organismos mudam ao longo do tempo ecológico através de três formas: as espécies podem ser perdidas (extinção), adicionadas em uma região (invasão) ou mudar em abundância/densidade relativa. Os processos mais perigosos são os de extinção e de invasão. Perda de espécies e extinção são processos naturais, no entanto, têm alcançado taxas maiores devido à ação humana. Afirmam, ainda, que os primeiros candidatos à extinção, provavelmente, são as espécies endêmicas (com distribuição geográfica restrita e espécies raras, com baixa abundância local). O quadro se agrava se a espécie reunir essas duas características. A Serra da Mantiqueira, pelas peculiaridades, riqueza florística e devido ao longo histórico de ocupação, onde a paisagem florestal foi substituída por culturas agrícolas e florestais ou transformadas para a implantação de atividades agropecuárias, foi considerada como área de importância biológica especial, prioritária para conservação e proteção de mananciais (Martinelli 1996, Menezes & Giulietti 2000, Drummond 2005). Uma das grandes preocupações na região é a ação antrópica, observada durante o desenvolvimento deste trabalho (Figura 18). A região da Serra da Mantiqueira está atualmente cercada por áreas de pasto e produção agrícola, ações que são devastadoras em uma região tão rica em biodiversidade. Também foram observadas queimadas e atividades mineradoras na região. Apesar do quadro de degradação observado, 15 das 17 espécies ocorrentes na área, foram encontradas em unidades de conservação, seja municipal, estadual ou federal. (Tabela 8). No entanto, as unidades de conservação estão próximas a centros urbanos e áreas agrícolas, estando desta forma suscetível à pressão antrópica. 129 G. Pelissari 2012 CONSERVAÇÃO Figura 18: Ação antrópica na região de Caldas/MG. A. queimadas. B. exploração de minérios. C-D. C áreas de cultura agrícola. E. áreas de pasto, o gado é encontrado em áreas de altitude elevadas. 130 G. Pelissari 2012 CONSERVAÇÃO No que diz respeito à conservação, algumas espécies merecem atenção especial como, por exemplo, F. hirsuta. Na Mantiqueira foi encontrada apenas uma coleta, na Reserva Biológica da Represa do Grama. Esse indivíduo merece atenção especial, pois pode representar o único indivíduo na área. Há registro de coleta de F. pulchella na Estação Biológica de Caratinga. No entanto, as coletas datam de aproximadamente 20 anos atrás. F. castellviana, F. clusiifolia, F. guaranitica, F. mariae e F. trigona são encontradas em áreas de conservação, no entanto a maioria das coletas dessas espécies está em áreas de fazendas, sítios ou próximas a estradas. F. mariae possui pouquíssimas coletas na área e apenas uma referência em unidade de conservação. F. lagoensis e F. obtusifolia possuem poucas coletas na área, sendo que a primeira possui apenas uma referência em área de conservação, e a segunda não é referida em áreas protegidas, o que é extremamente preocupante. Foram observadas muitos indivíduos de F. obtusiuscula e F. organensis, no entanto apenas F. organensis é referida em áreas de conservação. F. arpazusa, F. gomelleira, F. luschnathiana e F. mexiae possuem ampla distribuição na Mantiqueira. Apesar de serem encontradas com facilidade em beiras de estradas e áreas particulares, também foram observados vários registros em áreas protegidas. F. adhatodifolia e F. eximia possuem ampla distribuição na Mantiqueira, foram observadas em áreas protegidas e não protegidas, como beiras de estradas. Duas áreas particulares foram consideradas nesse trabalho importantes para a conservação de algumas espécies, a Fazenda Santa Rita em Carangola e o Sítio Bonsucesso, também conhecido por Mata do Seu Nico, em Viçosa, ambas no estado de Minas Gerais. Apesar das áreas de pasto encontradas nas duas propriedades, ambas possuem uma grande área de mata remanescente e áreas de ravina onde foram encontradas cinco espécies na fazenda Santa Rita 131 G. Pelissari 2012 CONSERVAÇÃO (F. arpazusa, F. eximia, F. gomelleira, F. mariae e F. trigona) e 5 espécies no Sítio Bonsucesso (F. adhatodifolia, F. arpazusa, F. eximia, F. mexiae e F. trigona). Além das áreas de mata, faz-se necessário também a preservação de córregos e rios da região, uma vez que 12 espécies foram encontradas e coletadas próximas a cursos d’água, como F. adhatodifolia, F. castellviana, F. arpazusa, F. clusiifolia, F. eximia, F. gomelleira, F. luschnathiana, F. mariae, F. mexiae, F. obtusiuscula, F. organensis e F. trigona. Neste trabalho propoe-se categorizar as espécies do ponto de vista de sua conservação para a região da Mantiqueira (Tabela 9) e com isso pretendemos colaborar com subsídios para que os estudiosos da área de conservação da biodiversidade possam fazer uso desse trabalho para a proteção das espécies de Ficus. 132 guaranitica. 8. F. hirsuta. 9. F. lagoensis. 10. F. luschnathiana. 11. F. mariae. 12. F. mexiae. 13. F. obtusifolia. 14. F. obtusiuscula. 15. F. organensis. 16. F. pulchella. 17. F. trigona. Área 1 3 4 5 6 7 X 8 Espécie 9 10 11 12 13 14 15 16 17 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X CONSERVAÇÃO 133 RPPN Jequitibá PN Serra do Caparaó Serra da Araponga Serra da Alvorada Serra da Caiana Serra da Grama Serra do Papagaio APA Lagoa Silvana Estação Biológica de Caratinga Parque das Águas Estação Experimental de Água Limpa Reserva Biológica da Represa do Grama Reserva Biológica Municipal Santa Cândida Mata do Krambeck Parque da Lajinha Parque Halfeld Parque Estadual da Serra do Ibitipoca Serra Negra Parque das Águas RPPN São Lourenço do Funil Serra dos Núcleos APA Água Santa de Minas Jardim Botânico de Viçosa Parque Lago Azul Parque Nacional do Itatiaia Parque Nacional da Grota Funda Parque Estadual de Campos do Jordão Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi Parque Estadual da Cantareira Estação Experimental de Monte Alegre APA Serra da Mantiqueira Reserva Florestal da Boa Vista Parque Estadual do Jaraguá 2 G. Pelissari 2012 Tabela 8: Distribuição das espécies de Ficus em áreas protegidas. 1. F. adhatodifolia. 2. F. arpazusa. 3. F. castellviana. 4. F. clusiifolia. 5. F. eximia. 6. F. gomelleira. 7. F. 2009; G. Pederneiras et al. 2011; H. IUCN 2011. Critérios: CR: criticamente em perigo; DD: dados deficientes; EN: em perigo; LC: menor preocupação; LR: baixo risco; NT, nt: próximo a ameaçado; VU: vulnerável. Categorias Táxon 1989A 1996B 2001C 2006D 2006(E) 2009(F) 2011(G) (Brasil) (Brasil) (Brasil) (São Paulo) (Bahia) (Viçosa) (Restingas do 2011(H) G. Pelissari 2012 Tabela 9: Categorias de conservação às espécies de Ficus. A. Carauta, 1989; B. Carauta et al., 1996; C. Carauta et al. 2001; D. Mendonça-Souza 2006; E. Castro 2006; F. Souza Atual (Serra da Mantiqueira) Rio de janeiro) F. adhatodifolia Protegida LR --- LC DD --- --- LC F. arpazusa Protegida LR NT LC LC --- NT LR F. castellviana Em perigo VU --- --- VU --- EN F. clusiifolia Protegida LR NT --- LC --- NT NT F. eximia Protegida LR, nt --- LC --- --- EN LC F. gomelleira Protegida LR, nt --- NT LC --- VU LR F. guaranitica Protegida LR --- LC --- --- --- NT F. hirsuta Em perigo EN EN CR VU --- VU --- --- --- --- --- --- VU VU Protegida LR LC --- --- --- LR F. mariae --- --- --- --- EN --- --- EN F. mexiae Rara VU --- --- VU --- --- F. obtusifolia Protegida LR --- LC VU --- --- VU F. obtusiuscula Protegida LR, nt --- NT VU --- --- VU F. organensis Protegida LR, nt --- LC --- LR NT VU F. pulchella Protegida VU --- CR VU --- CR F. trigona Protegida LR --- NT VU --- EN F. lagoensis F. luschnathiana LR, LC LR, nt VU CR LR NT LC 134 CONSERVAÇÃO VU NT G. Pelissari 2012 CONSIDERAÇÕES FINAIS 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a realização do levantamento bibliográfico e leitura crítica da bibliografia disponível sobre Ficus, da análise dos materiais depositados nos herbários, do estudo detalhado da morfologia e da observação das espécies em seu habitat, foi possível reconhecer 17 espécies de Ficus para a região da Mantiqueira: F. adhatodifolia Schott, F. arpazusa Casar., F. castellviana Dugand, F. clusiifolia Schott, F. eximia Schott, F. gomelleira Kunth, F. guaranitica Chodat, F. hirsuta Schott, F. lagoensis C.C. Berg & Carauta, F. luschnathiana (Miq.) Miq., F. mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, F. mexiae Standl., F. obtusifolia Kunth, F. obtusiuscula (Miq.) Miq., F. organensis (Miq.) Miq., F. pulchella Schott e F. trigona L.f. A elas somam-se 8 espécies exóticas: F. aspera G. Forst., F. auriculata Lour., F. benjamina L., F. carica L., F. elastica Roxb., F. lyrata Warb., F. microcarpa L.f. e F. pumila L., não tratadas nesse trabalho. Os materiais tipos e protólogos das espécies da Mantiqueira foram analisados. Uma espécie anteriormente referida para a região foi tratada como sinônimo: F. glabra como sinônimo de F. eximia. Foram analisadas exsicatas depositadas principalmente nos acervos da região Sudeste. Todas as informações dos materiais, bem como imagens das exsicatas foram incluídas num banco de dados que conta, até o momento, com cerca de 1800 registros de Ficus, utilizado para facilitar o intercambio de informações entre outros especialistas do grupo, bem como com outras bases de dados virtuais. Esse banco de dados foi fundamental para a elaboração das descrições das espécies, comentários e mapas de distribuição geográfica e discussão dos padrões de distribuição geográfica. As coletas de campo permitiram observar as espécies em seu ambiente natural. Observações gerais sobre altura dos indivíduos, aspectos do tronco, coloração e textura do 135 G. Pelissari 2012 CONSIDERAÇÕES FINAIS látex, coloração das flores, aspectos ecológicos, principalmente com relação a presença de vespas polinizadoras foram feitas e fotografadas sempre que possível. A separação das espécies foi baseada principalmente nas características da inflorescência. Os sicônios mostraram-se bastante particulares em cada espécie. As variações de forma, coloração, indumento, tamanho, coloração das máculas e, sobretudo o formato do ostíolo foram indispensáveis na separação das espécies. No entanto variações dos caracteres vegetativos também foram importantes nessa etapa do trabalho (indumento dos ramos, folhas e estípulas, formato das folhas). Neste trabalho optou-se por dar maior atenção aos caracteres visíveis a olho nu, para que possa ser utilizado em campo, sem dificuldades na identificação das espécies da região. Durante o desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que grupos de espécies como F. luschnathiana, F. enormis e F. mexiae, F. adhatodifolia e F. insipida e, F. citrifolia e F. arpazusa necessitam de estudos mais aprofundados, como estudos anatômicos e filogenéticos para melhor delimitação taxonômica. Consideramos ter atingido o objetivo de identificar e descrever as espécies de Ficus ocorrentes na Mantiqueira. Indicando espécies de Ficus que estão criticamente em perigo ou vulneráveis, não presentes em unidades de conservação, estaremos alertando quanto a necessidade de rever os espaços protegidos atuais. Assim, pretendemos colaborar com subsídios para proteção das espécies de Ficus ainda ameaçadas. Também acreditamos ter apresentado dados sobre a distribuição geográfica e conservação das espécies, os quais poderão colaborar na elaboração de políticas de conservação para a região da Serra da Mantiqueira. 136 G. Pelissari 2012 LISTA DE EXSICATAS 8. LISTA DE EXSICATAS Abreu, N.L.: 221 (12). Aguiar, O.T.: Cosenza, B.: 1 (6). Costa, E.A.: 51 (5), 381 (10). Almeida, V.C.: 2 (12), 8 (2), 73 (1), 81 (17), 82 (6), 84 (1), 85 (14), 11 (12), R 190176 (12). Andrade, P.: 87 (12). Costa, L.V.: BHCB 14428 (12), 1004 (12). Andrade, P.M.: 325 (6), 417 BHCB 16597 (2), BHCB 22378 (16), (16), 603 (2). Antunes, K.: 1 (12), 78 BHCB 27492 (14), BHCB 37493 (6), SP (15), 112 (12), 113 (12). Arzolla. 423589 (5). Diaz, B.E.: 242 (12), 244 F.A.R.D.P.: 228 (10). Assis, L.C.S.: 80 (12), 417 (2). Echternacht, L.: 1076 (9), 391 (12), 395 (9), 412 (2), 473 (12), (13). Fábio: 35517 (10). Faria, P.C.L.: 579 (12), 580 (9), 785 (2), 828 (9), 1008 BHCB 122962 (2). Faria. S.L.S.: 39 (2). (10). Assis, M.C.: 1551 (15). Barbosa, Farney, C.: 4760 (11). Ferreira, F.M.: M.R.: 271 (10). Barros, F.: 2351 (1). 411 (12), 858 (2). Ferreira, M.B.: 9579 Bernacci, L.C.: 407 (5). Braga, P.I.S.: (17). Fonzar, L.P.M.: 15978 (10). RB 380447 (2). Brugger, M.C.: CESJ Forzza, R.C.: 2224 (8), 3170 (12), 3291 54825 (2), CESJ 54836 (2). Carauta, (12). Franco, B.K.S.: 61 (2). Gabrielli, J.P.P.: 50 (12), 402 (6), 875 (12), 4273 A.C.: 329 (12). Gandolfi, S.: 4822 (10). (14), 4538 (4). Carrijo, T.T.: 1058 (12). Garcia, P.O.: CESJ 47129 (2), CESJ Carvalho, J.P.M.: 100 (10). Caselli, 47994 (2). Garcia. F.C.P.: 1104 (12). C.B.: UEC 152308 (10), 152309 (10). Gomes, J.: 106 (4). Hashimoto, G.: SP Castro, R.M.: 76 (2), 282 (17), 659 (6), 411915 (10). Heleno, J. P. D.: 133 (1), 782 (6), 813 (12). Catharino, E.L.M.: 140 (6). Heringer, E.P.: 1667 (2), 1694 SP 234224 (5). Chiea, S.C.: 342 (10). (2). Hoehne, W.: 6026 (7). Junqueira, Cielo Filho, R.: 796 (10). Coelho, A.B.: 207 (10). Krieger, L.: 1904 (2), B.B.S.: 247 (12). Cordeiro, I.: 1661 (1), 7990 (12), 8329 (9), 10013 (14), 16299 2812 (7). Corvo, M.P.: 76-55 (14). (6), 24276 (12), 24279 (2), CESJ 19934 137 G. Pelissari 2012 LISTA DE EXSICATAS (6), SP 304073 (17), SP 304074 (2), SP 5008 (6), 5138 (2), 5287 (14), 5539 (12), 304075 (12), SP 304078 (12), SP 6043 (12), 6107 (15), 6251 (12), 6375 304081 (9), SP 304091 (6), SP 304095 (12), 6894 (4), 6926 (2), 6946 (17), 6956 (2), SP 304101 (12). Kuhlmann, J.G.: (17), 7603 (14), GFJP 1054 (2), GUA SP (6). 37914 (2), GUA 39894 (12), GUA Kuhlmann, M.: 174 (10), 286 (9), 915 40213 (6), GUA 42253 (14), GUA (9), 1202 (10), 1366 (1), 1528 (13), 1558 46146 (12). Lima, H.C.: 5767 (15). (7), 1830 (1), 2913 (10), 3329 (9), RB Lino 2186 (2), RB 2189 (12), RB 2195 (2), Lombardi, J.A.: 708 (10), 7471 (10). RB 2213 (2), RB 111692 (10), SP Lopes, A.V.: 47 (12). Magalhães, 293417 (2). Kuhlmann: RB 2179 (15), M.:RB 179834 (6). Marcolino, F.: 18 SP 293381 (15), VIC 1641 (15), VIC (4), 20 (15), 37 (2), 47 (2), 64 (6), 80 (6), 2067 (12), VIC 2072 (2). Ladeira:GUA 86 (12), 126 (15). Martinelli, G.: 10776 6061 (6), SP 20665 (12). Leitão-Filho, (10), 10794 (10). Martins, F.R.: 11237 H.F.: 19386 (2). Leite, E.C.: 749 (10). (10). Mattos, J.: 14546 (10). Meira Leoni, L.S.: 1 (14), 2 (17), 206 (14), 437 Neto, J.A.A.: 335 (10), 21142 (10), (6), 683 (6), 728 (6), 833 (5), 834 (11), 21177 (10), 21287 (2), 21368 (10), VIC 1214 (2), 1644 (17), 1959 (6), 1997 (14), 12058 (10). Meireles, L.D.: GUA 48387 2067 (2), 2107 (12), 2454 (4), 2581 (12), (2). Mendonça-Souza, L.R.: 44 (5), 46 2784 (15), 2957 (2), 3110 (12), 3362 (5), 47 (5). Mexia, Y.: 4740 (1), 5316 (12), 3392 (12), 3483 (5), 3569 (12), (2). Moreira, A.S.: 56 (5). Morellato- 3585 (1), 3701 (2), 3702 (15), 3777 (12), Fonzar, L.P.C.: 16830 (10). Nakajima, 3828 (12), 4023 (14), 4251 (5), 4282 (2), J.N.: 1102 (7). Nicolau, S.A.: 1753 (1). 4288 (2), 4397 (12), 4404 (6), 4405 (5), Nishimura, A.: 28 (11). Nolasco, P.: 7 4407 (5), 4459 (14), 4523 (14), 4786 (4), (14). Pastore, J.A.: 1324 (10). Pelissari, 293380 (1), SP 293382 Neto, J.: VIC 31463 (2). 138 G. Pelissari 2012 LISTA DE EXSICATAS G.: 157 (4), 165 (4), 174 (10), 184 (12), (10). Romaniuc Neto, S.: 1021 (6), 186 (2), 187 (5), 188 (12), 189 (1), 190 1333 (13), 1363 (5), 1365 (13), 1409 (1), (15), 191 (6), 192 (12), 193 (6), 194 (6), 1410 (6), 1411 (16), 1412 (5), 1514 (10). 195 (5), 196 (10), 197 (10), 199 (10) 200 Salimena, F.R.G.: 973 (12), 1053 (12), (10), 201 (14), 202 (1), 203 (1), 204 (1), 1111 (1), 2762 (12), CESJ 3185 (17), 205 (4), 206 (4), 207 (6), 208 (10), 209 CESJ 42458 (2). Salino, A.: 4114 (2), (10), 210 (10), 211 (9). Pereira, E.: 4611 (14). Sampaio, A.J.: 4129 (10). 5701 (10). Pereira, O.J.: 3772A (8). Santana, J.M.: 9 (12). Santos, E.: 1 (1), Pereira, R.A.S.: 70 (10), 142 (12). 2 (1),2 (6), 5 (6), 9 (5), 14 (2), 15 (15), Pereira, R.S.: 35 (6). Pereira-Silva, G.: 16 (12), 18 (12), GUA 46478 (6), GUA 10839 (14), Pessoa, S.V.A.: 639 (8). 46486 (6). Santos, H.G.P.: 313 (2), 323 Pickel, D.B.: SPSF 2391 (10). Pifano, (13), 329 (5). Sem coletor: 64 SP 23850 D.S.: 110 (12), 514 (2). Pinheiro, A.L.: (9), SP 304083 (12). Senna, P.L.: 2 (10). GUA 39072 (2). Pirani, J.R.: 670 (2). Silva, J.A.: 16365 (2). Silva, M.F.B.: Pires F.R.S.: CESJ 54833 (5). Pires, 121 (2), 135 (2). Silva. A.F.: 1254 (10), F.P.: 187 (2). Pivari, M.O.D.: 159 (6). 1440 (10), 1441 (10). Silva-Neto, S.J.: Quinet, A.: 1101 (10). Ramalho, R.S.: 788 (10). Souza, F.M.: 861 (10), 884 1292 (15), 1315 (12), 1599 (12), 1700 (10), 1031 (1). Souza, F.S.: 336 (2). (5), 1701 (6), 1744 (12). Ramírez, W.: Souza, P.P.: 84 (14), 131 (10), 143 (10), 12-84 (5), 13-84 (2), 13-84 (6). Ribeiro , 144 (6), 145 (1), 146 (2), 147 (5), 148 J.H.C.: 46 (2), 77 (12), 106 (12). (10), 151 (2), 155 (10), 156 (1), 167 (6), Ribeiro, E.R.: 2 (12). Ribeiro, R.: 38 169 (12), 170 (12), 177 (1), 178 (12), (6). Ribeiro, R.D.: 1083 (10), 1100 (2). 182 (2), 184 (6), 185 (1), 186 (5), 187 Rocha, E.S.F.: 177 (10). Rodrigues, (6), 188 (5), 189 (14), 190 (14), 191 (5), E.A.: SP 397013 (13). Roman, S.A.: 44 192 (12), 193 (12), 195 (5), 197 (2), 198 139 G. Pelissari 2012 LISTA DE EXSICATAS (1), 199 (12), 200 (14), 202 (6), 203 (1), 206 (12), 207 (2), 210 (11), 211 (2), 223 (17), 224 (12), 231 (17), 232 (1), 234 (2), 240 (15), 242 (1),243 (17), 250 (10), 251 (12), 253 (6), 258 (15), 261 (12). Stehmann, J.R.: 2575 (10). Strier, K.B.: 662 (11). Sugiyama, M.: 15524 (10). TamashiroJ.Y.: 181 (12), 937 (10), 952 (10), 1037 (13), 1272 (12). Torres, R.B.: 881 (10), 963 (9), 1432 (10). Tozzi, A.M.G.A.: N97-35 (10). Valente, A.: 433 (2). Valente, G.E.: 65 (5), 67 (17), 69 (6), 115 (14), 168 (12), 450 (12). Vianna Filho, M.D.M.: 1220 (10). Vidal, C.V.: 644 (2). Vieira, C.M.: 186 (10). Vieira, M.C.W.: 1165 (9), 1807 (7), 2203 (7), 2210 (7). Vieira, M.F.: 813 (1). Zampa, P.C.: GUA 48385), (17). Zanbom, O.: 82 (8). 140 G. Pelissari 2012 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Archive. 2011. Internet Archive. http://www.archive.org/ (acesso em 22.03.2011). 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(Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244671 / ImageId: 257085) [accessed 07-Sep-11] Ficus adhatofifolia Schott – Holótipo 1 155 Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B -W 19297 -01 0 / ImageId: 261893) [accessed 30-Nov-10]. Ficus insipida Schott – Holótipo 2 156 157 Botany Department – Field Museum of Natural History Ficus castellvian a Dugand – Isótipo 3 158 Dipartimento di Biologia Vegetale – Università di Torino Ficus arpazusa Casar. – Holótipo 4 159 Dipartimento di Biologia Vegetale – Università di Torino Ficus arpazusa Casar. – Isótipo 5 Ficus citrifolia Mill. – Holótipo 6 160 Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244665 / ImageId: 257079) [accessed 09-Oct-11]. Ficus clusiifolia Schott – Holótipo 7 161 Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0002772) [accessed 07-Sep-11]. Ficus eximia Schott – Holótipo 8 162 Ficus glabra Vell. – Tábula 50 9 163 Ficus gomelleira Kunth – Isótipo 10 164 Reproduced with kind permission of the Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew Ficus guaran itica Chodat – Isótipo 11 165 Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244646 / ImageId: 257060) [accessed 07-Sep-11]. Ficus hirsuta Schott – Holótipo 12 166 Ficus hirsuta Vell. – Tábula 49 13 167 Ficus lagoensis C.C. Berg & Carauta – Parátipo 14 168 Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. – Isótipo 15 169 Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta – Holótipo 16 170 171 Botany Department – Field Museum of Natural History Ficus mexiae Standl. – Holótipo 17 Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. – Isótipo 18 172 Ficus obtusifolia Kunth – Holótipo 19 173 Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. – Isótipo de Pharmacosycea obtusiuscula Miq. 20 174 Reproduced with kind permission of the Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew Ficus organensis (Miq.) Miq. – Holótipo de Urostigma organense Miq. 21 175 Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244630 / ImageId: 256697) [accessed 07-Sep-11]. Ficus pulchellaa Schott – Holótipo 22 176 Ficus trigona L. – Holótipo 23 177 G. Pelissari 2012 ANEXO II Anexo II. Lista dos municípios limítrofes da região da Serra da Mantiqueira, proposta neste trabalho. Município Estado Altitude Quadrícula Alegre ES 254 B7 Divino de São Lourenço ES 680 B7 Dores do Rio Preto ES 770 B7 Guaçuí ES 590 B7 Ibitirama ES 770 B7 Irupi ES 730 B7 Iúna ES 661 B7 Abre Campo MG 548 B6 Aiuruoca MG 974 C4, D4 Alagoa MG 1132 D4 Albertina MG 1011 D2 Além Paraíba MG 140 C6 Alfenas MG 881 C2, C3 Alfredo Vasconcelos MG 1052 C5 Alto Caparaó MG 1000 B6, B7 Alto Jequitibá MG 645 B6, B7 Alto Rio Doce MG 793 B5, C5 Amparo da Serra MG 580 B6 Andradas MG 913 C2, D2 Andrelândia MG 998 C4 Antônio Carlos MG 1058 C5 Antônio Prado de Minas MG 312 B6, C6 Aracitaba MG 573 C5 Arantina MG 1049 C4 Araponga MG 1040 B6 Argirita MG 250 C6 Baependi MG 893 C4, D4 Barão de Monte Alto MG 205 C6 Barbacena MG 1164 C4, C5 Barroso MG 922 C4, C5 Belmiro Braga MG 493 C5, D5 Bias Fortes MG 763 C5 Bicas MG 601 C5 Bocaina de Minas MG 1210 D4 Bom Jardim de Minas MG 1112 C4, D4 Bom Repouso MG 1375 D2 Bom Sucesso MG 952 B4, C4 Borda da Mata MG 892 D2 Brasópolis MG 922 D3 Bueno Brandão MG 1204 D2 Cachoeira de Minas MG 849 D3 Caiana MG 750 B7 Cajuri MG 698 B6 Caldas MG 1105 C2, D2 Camanducaia MG 1048 D2, D3 178 G. Pelissari 2012 ANEXO II Cambuí MG 907 C2, D3 Cambuquira MG 950 C3 Campanha MG 928 C3 Canaã MG 718 B6 Caparaó MG 850 B7 Caputira MG 592 B6 Carandaí MG 1080 B5, C5 Carangola MG 408 B6, B7 Caratinga MG 578 A6, A7 Careaçu MG 816 C3, D3 Carmo da cachoeira MG 945 C3 Carmo de Minas MG 958 C3, D3 Carrancas MG 1052 C4 Carvalhópolis MG 868 C3 Carvalhos MG 1092 C4, D4 Casa Grande MG 972 B4, B5 Cataguazes MG 169 C6 Caxambu MG 895 C3, C4, D4 Chácara MG 800 C5 Chiador MG 332 C5, C6, D5, D6 Coimbra MG 720 B6 Conceição da Barra de Minas MG 928 C4 Conceição das Pedras MG 1068 D3 Conceição do Rio Verde MG 880 C3, C4, D3 Conceição dos Ouros MG 863 D3 Congonhal MG 862 D2, D3 Consolação MG 1035 D3 Cordislândia MG 819 C3 Coronel Pacheco MG 484 C5 Coronel Xavier Chaves MG 931 B4, C4 Córrego do Bom Jesus MG 911 D2, D3 Cristina MG 1025 D3 Cruzília MG 1010 D4 Delfim Moreira MG 1200 D3 Descoberto MG 340 C5, C6 Desterro do Melo MG 818 C5 Divinésia MG 753 B5, B6, C5, C6 Divino MG 660 B6 Dom Viçoso MG 923 D3 Dona Euzébia MG 222 C3 Dores de Campos MG 931 C4, C5 Dores do Turvo MG 672 B5, C5 Elói Mendes MG 907 C3 Entre Rios de Minas MG 957 B4, B5 Ervália MG 730 B6 Espera Feliz MG 772 B6, B7 Espírito Santo do Dourado MG 907 C2. C3, D2, C3 179 G. Pelissari 2012 ANEXO II Estiva MG 560 D2, D3 Estrela Dalva MG 218 C6 Eugenópolis MG 194 B6, C6 Ewbank da Câmara MG 778 C5 Extrema MG 973 D2 Fama MG 776 C3 Faria Lemos MG 380 B6, B7 Fervedouro MG 697 B6 Goiana MG 410 C5 Gonçalves MG 1256 D3 Guaraciaba MG 578 B5, B6 Guarani MG 420 C5, C6 Guarará MG 558 C5, C6 Guidoval MG 302 C6 Guiricema MG 298 B6, C6 Heliodora MG 893 D3 Ibertioga MG 1032 C4, C5 Ibitiura de Minas MG 913 D2 Ibituruna MG 892 C4 Inconfidentes MG 869 D2 Ingaí MG 951 C3, C4 Ipuiuna MG 1182 C2, D2 Itajubá MG 856 D3 Itamarati de Minas MG 243 C6 Itamonte MG 906 D4 Itanhandu MG 892 D3, D4 Itapeva MG 989 D2 Itumirim MG 871 C4 Itutinga MG 958 C4 Jacutinga MG 839 D2 Jequeri MG 412 B6 Jesuânia MG 903 C3, D3 Juiz de Fora MG 695 C5 Lagoa Dourada MG 1080 B4, B5, C4 Lambari MG 887 C3, D3 Laranjal MG 175 C6 Lavrinhas MG 508 D4 Leopoldina MG 212 C6 Liberdade MG 1152 C4, D4 Lima Duarte MG 728 C4, C5 Luisburgo MG 800 B5 Luminárias MG 957 C3, C4 Machado MG 820 C2, C3 Madre de Deus de Minas MG 1018 C4 Manhuaçu MG 635 A6, B6, B7 Manhumirim MG 611 B6, B7 Mar de Espanha MG 478 C5, C6 180 G. Pelissari 2012 ANEXO II Maria da Fé MG 1278 D3 Maripá de Minas MG 550 C5, C6 Marmelópolis MG 1277 D3 Martins Soares MG 700 B7 Matias Barbosa MG 474 C5 Matipó MG 615 B6 Mercês MG 522 C5 Minduri MG 1000 C4 Miradouro MG 409 B6 Miraí MG 306 C6 Monsenhor Paulo MG 898 C3 Monte Sião MG 857 D2 Munhoz MG 1235 D2 Muriaé MG 209 B6, C6 Natércia MG 918 D3 Nazareno MG 935 C4 Olaria MG 912 C4, C5 Olímpio Noronha MG 890 D3 Oliveira MG 982 B4 Oliveira Fortes MG 851 C5 Oratórios MG 494 B6 Orizânia MG 819 B6 Ouro Fino MG 908 D2 Paiva MG 568 C5 Palma MG 172 C6 Paraguaçu MG 826 C3 Paraisópolis MG 931 D3 Passa Quatro MG 938 D3, D4 Passa Vinte MG 752 D4 Passa Tempo MG 980 B4 Patrocínio do Muriaé MG 179 C6 Paula Cândido MG 731 B5, B6 Pedra Bonita MG 900 B6 Pedra da Anta MG 632 B6 Pedra Dourada MG 741 B6 Pedralva MG 911 D3 Pedro Teixeira MG 818 C5 Pequeri MG 571 C5 Piau MG 462 C5 Piedade de Ponte Nova MG 421 B6 Piedade do Rio Grande MG 1022 C4 Piranguçu MG 907 D3, E3 Piranguinho MG 837 D3 Pirapetinga MG 152 C6 Piraúba MG 374 C5, C6 Poço Fundo MG 836 C2, C3 Poços de Caldas MG 1196 C2 181 G. Pelissari 2012 ANEXO II Ponte Nova MG 431 B5, B6 Porto Firme MG 595 B5, B6 Pouso Alegre MG 832 D2, D3 Pouso Alto MG 884 D3, D4 Prados MG 979 B4, B5, C4 Queluzita MG 952 B5 Raul Soares MG 294 A6, B6 Recreio MG 193 C6 Reduto MG 610 B7 Resende Costa MG 1032 B4 Ressaquinha MG 1123 C5 Rio Casca MG 333 B6 Rio Doce MG 380 B6 Rio Novo MG 418 C5 Rio Pomba MG 441 C5 Rio Preto MG 430 C5, D5 Ritápolis MG 1051 B4, C4 Rochedo de Minas MG 330 C5, C6 Rodeio MG 336 C6 Rosário da Limeira MG 680 B6, C6 Santa Bárbara do Leste MG 850 A6 Santa Bárbara do Monte Verde MG 730 C5, D5 Santa Bárbara do Tugurio MG 605 C5 Santa Cruz de Minas MG 911 C4 Santa Cruz do Escalvado MG 412 B6 Santa Margarida MG 720 B6 Santa Rita de Caldas MG 1072 C2, D2 Santa Rita de Ibitipoca MG 1101 C4, C5 Santa Rita de jacutinga MG 550 D4, D5 Santa Rita de Minas MG 950 A6 Santa Rita do Sapucaí MG 826 D3 Santana do Deserto MG 372 C5, D5 Santana do Garambeu MG 1105 C4, C5 Santana do Manhuaçu MG 650 A7, B7 Santana dos Cataguases MG 232 C6 Santo Antônio do Aventureiro MG 625 C6 Santo Antônio do Grama MG 421 B6 Santos Dumont MG 839 C5 São Bento Abade MG 971 C3 São Francisco do Glória MG 729 B6 São Geraldo MG 372 B6 São Gonçalo do Sapucaí MG 868 C3, D3 São João da Mata MG 884 C2, C3 São João Del Rei MG 910 C4 São João do Manhuaçu MG 852 B6 São João Nepomuceno MG 370 C5, C6 São José do Alegre MG 851 D3 182 G. Pelissari 2012 ANEXO II São Lourenço MG 874 D3 São Miguel do Anta MG 760 B6 São Pedro dos Ferros MG 363 A6, B6 São Sebastião da Bela Vista MG 842 D3 São Sebastião da Vargem Alegre MG 718 B6, C6 São Sebastião do Rio Verde MG 897 D3, D4 São Thomé das Letras MG 1291 C3, C4 São Tiago MG 1103 B4, C4 São Vicente de Minas MG 1057 C4 Sapucaí-Mirim MG 885 D3 Senador Amaral MG 1505 D2 Senador Cortes MG 585 C6 Senador Firmino MG 660 B5 Senador José Bento MG 885 D2 Senhora dos Remédios MG 810 B5, C5 Sericita MG 772 B6 Seritinga MG 979 C4 Serrania MG 875 C2 Serranos MG 1031 C4 Silverânia MG 512 C5 Silvianópolis MG 897 C3, D3 Simão Pereira MG 472 C5, D5 Simonésia MG 591 A6, A7, B6, B7 Soledade de Minas MG 881 C3, C4, D3, D4 Tabuleiro MG 459 C5 Teixeiras MG 648 B6 Timóteo MG 333 A6 Tiradentes MG 927 C4 Tocantins MG 363 C5, C6 Tocos do Moji MG 1059 D2 Toledo MG 1128 D2 Tombos MG 273 B6, B7 Três Corações MG 864 C3 Turvolândia MG 840 C3 Ubá MG 338 B5, C5, C6 Urucânia MG 437 B6 Vermelho Novo MG 640 A6, B6 Viçosa MG 648 B6 Vieiras MG 718 B6 Virgínia MG 945 D3 Visconde do Rio Branco MG 352 B6, C6 Volta Grande MG 209 C6 Wenceslau Braz MG 1005 D3 Cantagalo RJ 391 C6, D6 Carmo RJ 347 C6, D6 Itaperuna RJ 108 C6, C7 Itatiaia RJ 390 D4 183 G. Pelissari 2012 ANEXO II Laje do Muriaé RJ 172 C6 Miracema RJ 137 C6 Natividade RJ 182 B7, C6, C7 Paraíba do Sul RJ 275 D5 Porciúncula RJ 190 B6, B7, C6 Porto Real RJ 385 D4 Quatis RJ 415 B4 Resende RJ 407 D4 Rio das Flores RJ 525 D5 Santo Antônio de Pádua RJ 86 C6 Sapucaia RJ 221 C6, D6 Três Rios RJ 269 D5, D6 Valença RJ 560 D4, d5 Varre-Sai RJ 680 B7 Águas da Prata SP 842 C2 Águas de Lindóia SP 904 D2 Amparo SP 674 D2 Aparecida SP 542 D3 Atibaia SP 803 E2 Bom Jesus dos Perdões SP 770 E2 Bragança Paulista SP 817 D2, E2 Cachoeira Paulista SP 521 D3, D4 Caieiras SP 785 E2 Campo Limpo Paulista SP 745 E2 Campos do Jordão SP 1628 D3 Canas SP 530 D3 Cruzeiro SP 517 D3, D4 Espírito Santo do Pinhal SP 870 D2 Francisco Morato SP 792 E2 Franco da Rocha SP 740 E2 Guaratinguetá SP 539 D3, E3 Guarulhos SP 759 E2 Igaratá SP 745 E2 Itapira SP 643 D2 Jarinu SP 755 D2, E2 Joanópolis SP 906 E2 Jundiaí SP 761 E1, E2 Lindóia SP 677 D2 Lorena SP 524 D3, D4 Mairiporã SP 750 E2 Monte Alegre do Sul SP 750 D2 Monteiro Lobato SP 685 D3, E3 Nazaré Paulista SP 845 E2 Pedra Bela SP 1120 D2 Pindamonhangaba SP 557 D3, E3 Pinhalzinho SP 910 D2 Piquete SP 645 D3 184 G. Pelissari 2012 ANEXO II Piracaia SP 792 D2, E2 Potim SP 535 D3 Queluz SP 497 D4 Roseira SP 551 D3, E3 Santo Antônio do Jardim SP 850 D2 Santo Antônio do Pinhal SP 1080 D3 São Bento do Sapucaí SP 886 D3 São João da Boa Vista SP 767 C2, D2 São José dos Campos SP 600 D2, D3, E2, E3 São Paulo SP 760 E2 Serra Negra SP 925 D2 Socorro SP 752 D2 Tremembé SP 560 D3 Tuiuti SP 790 D2 Vargem SP 845 D2 Várzea Paulista SP 745 E2 185 G. Pelissari 2012 ANEXO III Anexo III. Lista das Unidades de Conservação e outras áreas especialmente protegidas da região da Serra da Mantiqueira (PAQE - Parque Estadual; PAQF - Parque Federal; PAQM - Parque Municipal; APAE - Área de Proteção Ambiental Estadual; APAF - Área de Proteção Ambiental Federal; APAM - Área de Proteção Ambiental Municipal; RE – Reserva Estadual; RF – Reserva Federal; RBM - Reserva Biológica Municipal; EE – Estação Experimental; RPPN – Reserva Particulares do Patrimônio Natural; RPPNE – Reserva Particular do Patrimônio Natural Estadual; RPPNF – Reserva Particular do Patrimônio Natural Federal; RVSE – Refúgio Estadual de Vida Silvestre; Flona – Floresta Nacional; ANT – Áreas Nacionais Tombadas Esraduais; VF – Viveiro Florestal). Sigla Unidades de Conservação e outras Municípios UF áreas especialmente protegidas PAQF Parque Nacional do Caparaó Iúna, Ibitirama, Dores de Rio Preto e ES outros APAE Do Rio do Machado Alfenas, Congonhal, Espírito Santo MG do Dourado, Fama, Machado, Paraguaçu, Poço Fundo, Santa Rita de Caldas, São João da Mata APAE Felício dos Santos Águas Vertentes MG APAE Fernão Dias Brasópolis, Camanducaia, Extrema, MG Gonçalves, Itapeva, Paraisópolis, Sapucaí-Mirim e Toledo APAE Mata do Krambeck Juiz de Fora MG APAE Serra de São José Coronel Xavier Chaves, Prados, MG Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Tiradentes APAF Serra da Mantiqueira Bocaina de Minas, Alagoa, MG Aiuruoca, Virgínia, Baependi, Delfim Moreira, Itanhandu, Itamonte, Liberdade, Passa Quatro, Marmelópolis, Passa Vinte, Piranguçu, Pouso Alto, Bom Jardim de Minas, Wenceslau Brás APAM Água Limpa Miraí MG APAM Água Santa de Minas Tombos MG APAM Alto da Conceição Carangola MG APAM Alto do Barroso Carangola MG APAM APA de Ervália Ervália MG APAM APA do Município Rio Pomba Rio Pomba MG APAM APA Municipal de Caiana Caiana MG APAM Araponga Araponga MG APAM Árvore Bonita Divino MG 186 G. Pelissari 2012 ANEXO III APAM Ato Taboão Espera Feliz MG APAM Babilônia Rosário da Limeira MG APAM Bom Jesus Divino MG APAM Brauna Paula Cândido MG APAM Brecha Guaraciaba MG APAM Canaã Canaã MG APAM Cantagalo Cantagalo MG APAM Caparaó Caparaó MG APAM Do Gavião Eugenópolis MG APAM Felício Felício dos Santos MG APAM Fervedouro Fervedouro MG APAM Jequeri Jequeri MG APAM Lagoa Silvana Caratinga MG APAM Manhumirim Manhumirim MG APAM Matinha Guaraciaba MG APAM Miraí Miraí MG APAM Montanha Santa Guiricema MG APAM Morro da Torre Carangola MG APAM Ninho das Garças Patrocínio do Muriaé MG APAM Nô da Silva Cajuri MG APAM Pedra Branca APAM Pedra Dourada Pedra Dourada MG APAM Pedra Itaúna Caratinga MG APAM Pico do Itajuru Muriaé MG APAM Pontão Muriaé MG APAM Santa Helena Miraí MG APAM Senador Firmino Senador Firmino MG APAM Serra da Providência São Francisco do Glória MG APAM Serra da Vargem Alegre Espera Feliz MG APAM Serra das Aranhas Rosário da Limeira MG APAM Serra das Pedras Guidoval, Guiricema MG APAM Serra dos Núcleos São João Nepomuceno MG APAM Serrana Divinésia MG APAM Teixeiras Teixeiras MG EE EE de Treinamento e Educação Viçosa MG Caldas MG Ambiental Mata do Paraíso EE Estação Experimental de Água Limpa Coronel Pacheco MG EE Mar de Espanha Mar de Espanha MG FLONA Ritápolis Ritápolis MG PAQE Parque Estadual da Serra do Brigadeiro Araponga, Divino e Ervália, MG 187 G. Pelissari 2012 ANEXO III Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita PAQE Parque Estadual da Serra do Papagaio Baependi, Itamonte, Aiuruoca, MG Alagoa e Pouso Alto PAQE Parque Estadual de Nova Baden Lambari MG PAQE Parque Estadual do Ibitipoca Lima Duarte e Santa Rita do MG Ibitipoca PAQE Parque Estadual do Rio Doce Timóteo MG PAQE Parque Estadual do Rio Preto Rio Preto MG PAQF Parque Nacional do Caparaó Caparaó, Espera Feliz, Alto Caparaó MG e outros PAQF Parque Nacional do Itatiaia Itamonte, Bocaína de Minas e MG Alagoa PAQM Manoel Pedro Rodrigues Alfenas MG PAQM Parque da Serra de São Domingos Poços de Caldas MG PAQM Parque de Pouso Alegre Pouso Alegre MG PAQM Parque Ecológico Municipal Sagui Manhumirim MG Paraguaçu MG Serra PAQM Parque Municipal Coronel Olyntho Oliveira Leite PAQM Parque Municipal da Cachoeira da Vigia São Tiago MG PAQM Parque Municipal Halfeld Juiz de Fora MG PAQM Parque Natural Municipal da Lajinha Juiz de Fora MG PAQM Parque Natural Municipal de Aracitaba Aracitaba MG RBM Engenho Velho Campanha MG RBM Pinheiro Grosso Barbacena MG RBM Poços d’Antas Juiz de Fora MG RBM Pouso Alegre Pouso Alegre MG RBM Represa do Grama Descoberto MG RBM Reserva Biológica Municipal Santa Juiz de Fora MG Cândida RBM Santa Clara Cambuquira MG RBM Serra dos Toledos Itajubá MG RBM Serra Pedra do Coração Caldas MG RPPN Mato Limpo Rio Preto MG RPPNE Alto Gamarra Baependi MG RPPNE Alto Rio Grande Bocaina de Minas MG RPPNE Ave Lavrinha Bocaina de Minas MG RPPNE Berço de Furnas Aiuruoca MG RPPNE Berço de Furnas II Aiuruoca MG 188 G. Pelissari 2012 ANEXO III RPPNE Cachoeira do Tombo Aiuruoca MG RPPNE Cambuí Velho Cambuí MG RPPNE Campina Aiuruoca MG RPPNE Células Verdes Baependi MG RPPNE Córrego da Onça Carmo de Minas MG RPPNE Da Fragalha Aiuruoca MG RPPNE Da Mata Aiuruoca MG RPPNE Darcet Batalha Tombos MG RPPNE Do Bonfim Espera Feliz MG RPPNE Fazenda Alto da Conceição Carangola MG RPPNE Fazenda Boa Esperança Descoberto MG RPPNE Fazenda Boa Vista Fervedouro MG RPPNE Fazenda da Gruta Santana do Deserto MG RPPNE Fazenda das Pedras Leste Poços de Caldas MG RPPNE Fazenda Jequitibá Alfenas MG RPPNE Fazenda São Lourenço Itamarati de Minas, Manhuaçu e MG Rio Preto RPPNE Feliciano Miguel Abdala Caratinga MG RPPNE Floresta Pengá Aiuruoca MG RPPNE Habitat Engenharia Juiz de Fora MG RPPNE Irmã Scheila Manhuaçu MG RPPNE Mitra do Bispo Bocaina de Minas MG RPPNE Morro das Árvores Poços de Caldas MG RPPNE Morro Grande Caldas MG RPPNE Ovídio Antônio Pires 3 Bom Jardim de Minas MG RPPNE Ovídio Antônio Pires 4 Bom Jardim de Minas MG RPPNE Ovídio Antônio Pires 5 Andrelândia MG RPPNE Ponte Funda Antônio Carlos MG RPPNE Recanto dos Sonhos Andrelândia MG RPPNE Retiro Branco Poços de Caldas MG RPPNE São Paulo Espera Feliz MG RPPNE São Vicente Espera Feliz MG RPPNE Serra do Ibitipoca Lima Duarte MG RPPNE Serra dos Garcias Aiuruoca MG RPPNE Sítio Dois Irmãos Itamonte MG RPPNE Sítio Du Tileco Machado MG RPPNE Sítio Raio Solar Camanducaia MG RPPNE Sítio Ventania Miraí MG RPPNE Terra da Pedra Montada Marmelópolis MG RPPNE Usina Coronel Domiciano Muriaé MG 189 G. Pelissari 2012 ANEXO III RPPNE Vale de Salvaterra Juiz de Fora MG RPPNF Dr. Marcos Vidigal de Vasconcelos Tombos MG RPPNF Estação Biológica Mata do Sossego Simonésia MG RPPNF Fazenda Alto da Boa Vista Descoberto MG RPPNF Fazenda Alto da Boa Vista II Descoberto MG RPPNF Fazenda da Serra Lima Duarte MG RPPNF Fazenda Iracambi Rosário da Limeira MG RPPNF Fazenda Pedra Bonita São João Nepomuceno MG RPPNF Ly e Cléo Monte Sião MG RPPNF Mata do Bugio Rio Novo MG RPPNF Nave da Esperança Aiuruoca MG RPPNF Panelão dos Muriquis Fervedouro MG RPPNF Parque Arqueológico Santo Antônio Andrelândia MG RPPNF Reserva Sarandi Santa Bárbara do Monte MG RPPNF Semente do Arco Íris Toledo MG RPPNF Sítio Cerro das Acácias São João Nepomuceno MG RPPNF Sítio Estrela da Serra Olaria MG RPPNF Sítio Raio Solar Extrema MG RPPNF Sítio Sannyasim Descoberto MG RPPNF Sítio São Domingos Espera Feliz MG RPPNF Terras dos Sabiás Pouso Alegre MG RPPNF Usina Maurício Itamarati de Minas, Leopoldina MG RVSE Libélulas da Serra de São José Coronel Xavier Chaves, Prados, MG Santa Cruz de Minas, São João Del Rei, Tiradentes APAF Serra da Mantiqueira Resende RJ PAQF Parque Nacional do Itatiaia Resende e Itatiaia RJ ANT Reserva Estadual da Cantareira e Parque Caieiras, Guarulhos, Mairiporã e SP Estadual A. Löefgren São Paulo ANT Serra de Atibaia ou Itapetinga Atibaia e Bom Jesus dos Perdões SP ANT Serra do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara Jundiaí e outros SP APAE Campos do Jordão Campos do Jordão SP APAE Estadual do Banhado São José dos Campos SP APAE Jundiaí Jundiaí, Campo Limpo Paulista, SP Jarinu e outros APAE Piracicaba e Juqueri Mirim (área II) Amparo, Bragança Paulista, SP Joanópolis, Monte Alegre do Sul, Nazaré Paulista, Pedra Bela, Pinhalzinho, Piracaia, Serra Negra, Socorro, Vargem, Mairiporã e 190 G. Pelissari 2012 ANEXO III outros APAE Represa Bairro da Usina Atibaia SP APAE São Francisco Xavier São José dos Campos SP APAE Sapucaí-Mirim Santo Antonio do Pinhal e São SP Bento do Sapucaí APAE Sistema Cantareira Mairiporã, Atibaia, Nazaré Paulista, SP Piracaia, Joanópolis, Vargem e Bragança Paulista APAE Várzea do Rio Tietê Guarulhos, São Paulo e outros SP APAF Bacia do Rio Paraíba do Sul Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, SP Guarulhos, Igaratá, Monteiro Lobato, Pindamonhangaba, Piquete, Queluz, São José dos Campos e outros APAF Serra da Mantiqueira Campos do Jordão, São Bento do SP Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Piquete, Queluz e outros em SP, RJ e MG ASPE da Roseira Velha Roseira SP PAQE Parque Ecológico Tietê São Paulo, Guarulhos e outros SP PAQE Parque Estadual Campos do Jordão Campos do Jordão SP PAQE Parque Estadual do Jaraguá São Paulo e outros SP PAQE Parque Estadual Juquery Franco da Rocha, Caieiras SP PAQE Parque Estadual Mananciais de Campos Campos do Jordão SP Atibaia SP de Jordão PAQM Parque Municipal do Itapetinga Grota Funda RE Águas da Prata Águas da Prata SP RF Reserva Florestal da Escola de Guaratinguetá SP especialistas de Aeronáutica RPPN Ecoworld Atibaia SP RPPN Fazenda San Michele São José dos Campos SP RPPN Parque das Nascentes Bragança Paulista SP RPPN Parque dos Pássaros Bragança Paulista SP RPPN Sítio Capuavinha Mairiporã SP RPPN Sítio do Cantoneiro Monteiro Lobato SP RPPN Sítio Sibiuna Joanópolis SP VF Viveiro Florestal de Pindamonhangaba Pindamonhangaba SP 191 Fotos da região da Serra da Mantiqueira, da esquerda para a direita, direita, de cima para baixo: baixo: 1. Afloramentos rochosos do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Araponga/Minas Gerais. 2. Vista do mirante do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Brigadeiro Araponga/Minas Gerais. 3. Vista do Parque Nacional do Itatiaia, Visconde de Mauá/Rio Mauá de Janeiro. 4. Pôr do sol em Carangola/Minas Gerais. 5. Pedra Branca, Caldas/Minas Gerais. 6. Cachoeira do Escorrega, Maromba/Rio de Janeiro. Fotos: 1-6: G. Pelissari. 2010-2011.