Produção Textual

Transcrição

Produção Textual
Produção
Textual
Aluno
Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada - 03
7º Ano | 3º Bimestre
Disciplina
Curso
Bimestre
Ano
Produção Textual
Ensino Fundamental
3º
7º
Habilidades Associadas
1. Definir os elementos básicos da narrativa: tempo, espaço, enredo, personagens, narrador.
2. Aplicar os recursos usados para a criação de efeitos de suspense.
3. Relacionar o título do texto a sua compreensão.
4. Criar uma pequena narrativa dos gêneros estudados.
Apresentação
A Secretaria de Estado de Educação elaborou o presente material com o intuito de estimular o
envolvimento do estudante com situações concretas e contextualizadas de pesquisa, aprendizagem
colaborativa e construções coletivas entre os próprios estudantes e respectivos tutores – docentes
preparados para incentivar o desenvolvimento da autonomia do alunado.
A proposta de desenvolver atividades pedagógicas de aprendizagem autorregulada é mais uma
estratégia pedagógica para se contribuir para a formação de cidadãos do século XXI, capazes de explorar
suas competências cognitivas e não cognitivas. Assim, estimula-se a busca do conhecimento de forma
autônoma, por meio dos diversos recursos bibliográficos e tecnológicos, de modo a encontrar soluções
para desafios da contemporaneidade, na vida pessoal e profissional.
Estas atividades pedagógicas autorreguladas propiciam aos alunos o desenvolvimento das
habilidades e competências nucleares previstas no currículo mínimo, por meio de atividades
roteirizadas. Nesse contexto, o tutor será visto enquanto um mediador, um auxiliar. A aprendizagem é
efetivada na medida em que cada aluno autorregula sua aprendizagem.
Destarte, as atividades pedagógicas pautadas no princípio da autorregulação objetivam,
também, equipar os alunos, ajudá-los a desenvolver o seu conjunto de ferramentas mentais, ajudando-o
a tomar consciência dos processos e procedimentos de aprendizagem que ele pode colocar em prática.
Ao desenvolver as suas capacidades de auto-observação e autoanálise, ele passa ater maior
domínio daquilo que faz. Desse modo, partindo do que o aluno já domina, será possível contribuir para
o desenvolvimento de suas potencialidades originais e, assim, dominar plenamente todas as
ferramentas da autorregulação.
Por meio desse processo de aprendizagem pautada no princípio da autorregulação, contribui-se
para o desenvolvimento de habilidades e competências fundamentais para o aprender-a-aprender, o
aprender-a-conhecer, o aprender-a-fazer, o aprender-a-conviver e o aprender-a-ser.
A elaboração destas atividades foi conduzida pela Diretoria de Articulação Curricular, da
Superintendência Pedagógica desta SEEDUC, em conjunto com uma equipe de professores da rede
estadual. Este documento encontra-se disponível em nosso site www.conexaoprofessor.rj.gov.br, a fim
de que os professores de nossa rede também possam utilizá-lo como contribuição e complementação às
suas aulas.
Estamos à disposição através do e-mail [email protected] para quaisquer
esclarecimentos necessários e críticas construtivas que contribuam com a elaboração deste material.
Secretaria de Estado de Educação
2
Caro aluno,
Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 3° Bimestre do Currículo Mínimo de Produção Textual do
7º Ano do Ensino Fundamental. Estas atividades correspondem aos estudos durante o
período de um mês.
A nossa proposta é que você, aluno, desenvolva estas Atividades de forma
autônoma, com o suporte pedagógico eventual de um professor, que mediará as trocas
de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você desenvolver a disciplina e
independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional no mundo do
conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades, vamos conhecer os elementos básicos da
narrativa, relacionar o título do texto a sua compreensão, além de conhecer um pouco
mais sobre as narrativas de aventura, de suspense e de terror. Você também
aprenderá a criar pequenas narrativas desses gêneros.
Este documento apresenta 04 (quatro) aulas. As aulas podem ser compostas por
uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e
atividades respectivas. Leia o texto e, em seguida, resolva as Atividades propostas. As
Atividades são referentes a dois tempos de aula. Para reforçar a aprendizagem, propõese, ainda, uma avaliação sobre o assunto.
Um abraço e bom trabalho!
Equipe de Elaboração
3
Sumário
Introdução ..........................................................................................................3
Aula 1: Que aventura! .......................................................................................... 5
Aula 2: Mistério! ................................................................................................. 10
Aula 3: Hora do terror! ....................................................................................... 14
Avaliação ............................................................................................................ 18
Referências ......................................................................................................... 22
4
Aula 1: Que aventura!
Caro aluno, nesta atividade, iremos conhecer melhor o gênero textual
Narrativa de aventura. Você gosta de aventuras? Sabia que há muitos filmes de
aventuras? Já ouviu falar em Indiana Jones? Esse personagem é o herói de quatro
bem-sucedidos filmes: “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Indiana
Jones e o Templo Perdido” (1984), “Indiana Jones e a Grande Cruzada” (1989) e, o mais
recente, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (2008).
Indiana está presente na ficção. Assim como ele, o personagem principal das
narrativas de aventuras é um herói que vive situações arriscadas e incríveis, mas que
não conseguem abater o aventureiro. O herói usa a criatividade e esperteza para
conseguir escapar dos perigos. As narrativas de aventura podem acontecer em viagens
pelo céu, pelo mar ou pela terra, os lugares quase sempre são exóticos, como
florestas, deserto ou ilhas. A história é repleta de ação, obstáculos e perigos.
Verifica-se quase sempre a presença de um antagonista, que pode ser um
vilão, pirata, animais ferozes, criaturas estranhas, povos desconhecidos etc.
A viagem narrada nessas histórias pode ser para testar a capacidade de
sobrevivência do herói ou ser motivada pela busca de algum objeto valioso ou tesouro.
Geralmente, o plano da viagem é feito a partir de um mapa que pode ser disputado,
roubado ou dividido ao meio.
ELEMENTOS ESSENCIAIS DAS NARRATIVAS
A história – o que acontece e forma o centro da narrativa
O narrador – quem conta a história.
Foco narrativo: 1ª pessoa (também é personagem) 3ª pessoa (não faz parte da
história).
Protagonista- é o personagem central, principal. Na narrativa de aventura, é o herói.
Antagonista- é o personagem que se opõe ao protagonista. É o vilão.
Personagens secundários- circulam entre os personagens principais, ajudando a
compor a história.
Tempo: momento em que ocorre a ação.
5
Espaço: local em que se passa a narrativa.
Vamos ler um trecho de uma narrativa de aventura. É um trecho do livro
”Robin Hood”.
Robin Hood é a figura do herói vingador surgida de uma lenda inglesa entre
1150 e 1250. Robin vivia na cidade de Nottingham. Não suportando mais os
desmandos do malvado príncipe que mandava matar fazendeiros para ficar com suas
terras e cobrava impostos altíssimos, Robin resolve fugir dos soldados se escondendo
na floresta de Sherwoor. Lá, forma um grupo que resolve lutar para ajudar os
moradores pobres da cidade.
(...)
Aos poucos, o príncipe João foi se revelando um homem muito mau, mandando
matar os fazendeiros para ficar com as suas terras. Tudo passou a ser propriedade do
príncipe.
Um dia, ele tomou o castelo do conde de Lockesley e deu as terras de presente
ao seu amigo, o barão Guy de Gisborne.
Quando Robert, o filho do conde, voltou da guerra, levou o maior susto. Não
tinha mais casa e seu pai havia morrido...
Will, seu melhor amigos, explicou-lhe:
- O príncipe João assassinou seu pai. Ele e o xerife de Nottingham tiram
dinheiro do povo. Aumentaram os impostos. O príncipe está cada vez mais rico. Não se
pode mais caçar por essas terras. Tudo pertence a ele, que manda prender e matar
homens, mulheres e até crianças.
Robert ficou horrorizado com a situação do seu povo e jurou vingança.
- Daqui para a frente serei apenas Robin... Robin Hood
(...)
Robin, além de vingar a morte do pai, também queria ajudar o seu povo. Nunca
tinha visto tanta gente passando fome, pedindo esmola.
6
- Vamos assaltar os ricos amigos do príncipe e do xerife que passam pelas
estradas, explicou Robin. - Eles não tomam o dinheiro dos pobres? Pois então! Vamos
tirá-lo dos seus amigos e devolver aos pobres. Que tal?
- Mas seremos só nós dois contra muitos soldados! Will falou sério.
- Aposto que arrumaremos mais gente... Robin puxou o capuz sobre a cabeça.
Tinham achado uma grande clareira na floresta. Foi lá que começaram a
praticar arco e flecha. Por sorte havia também uma caverna, para abrigo em dias de
chuva.
- Precisamos de dinheiro! - Robin estava reunido com seus homens na caverna.
- Há muita gente passando fome em Nottingham. Temos de ajudá-los.
- Soube que um amigo do príncipe está a caminho... - informou João Pequeno.
- Parece que está trazendo muito dinheiro.
- Vamos assaltar o ricaço! - Robin chamou seus homens. - Precisamos de paus,
arcos e muitas flechas. Não se esqueçam de cobrir a cabeça com o capuz.
- Preparariam uma armadilha bem no meio de uma estrada muito estreita.
Alguns homens fingiriam consertar uma carroça para obrigar a comitiva a parar. Com
isso, eles atacariam pelos lados, saindo do meio das árvores.
A armadilha funcionou direitinho. Assim que o ricaço desceu da carruagem para
ver o que estava acontecendo, Robin o atacou. Num minuto, seus homens dominaram
o cocheiro e os demais empregados.
(...)
- Vamos! Entregue o dinheiro! Robin ordenou. - Tenho certeza de que não vai
lhe fazer falta. Aposto que tem muito mais que isso! – Robin tomou a caixa do homem.
- Tenha piedade, moço... - o homem pediu.
- Pois eu tenho. Tenho pena dos pobres, dos miseráveis, dos esfomeados, das
pessoas que estão sem casa para morar... Este dinheiro, senhor, vai ajudar os
necessitados. É para uma boa causa! Ah, estou vendo que carrega um baú bem
grande... Roupas!
(...)
- Vou con... contar tu... tudo ao pri... príncipe... - ele gaguejava.
- Pois conte tudo. Conte que foi... assaltado. (...)
7
Telma Guimaraes Castro Andrade. Robin Hood. São Paulo: Scipione, 1998. P. 6-8.
Agora, vamos testar nossos conhecimentos? Você é capaz!
Atividade 1
1. Complete com os elementos da narrativa do texto lido.
a) Protagonista: _____________________________________________________
b) Antagonista: ______________________________________________________
c) Foco narrativo ____________________________________________________
d) Tempo: __________________________________________________________
e) Espaço: __________________________________________________________
2. O que fez Robert mudar seu nome para Robin Hood?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
3. O que você achou da atitude de Robin de roubar dos ricos para dar aos pobres?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
4. Imagine e crie um diálogo entre o homem que foi assaltado e o príncipe João.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
8
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
5. Continue a narrativa. Descreva o momento em que Robin Hood entrega roupas e
alimentos para os pobres. Conte qual foi a reação do povo, o que disseram e como
agiram.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
9
Aula 2: Mistério!
Caro aluno, agora que já estudamos o gênero textual Narrativa de Aventura,
podemos compreender melhor outro gênero: Narrativa de suspense.
Você gosta de uma boa história de suspense? É curioso? Já ouviu falar do
detetive Sherlock Holmes? Suas histórias são repletas de suspense e ele consegue
resolver todos os casos, analisando as pistas que o criminoso deixa. Sua fala mais
marcante é: “Elementar, meu caro Watson.”
A narrativa de suspense é um gênero textual que atrai um público de todas as
idades. A história é construída de modo a causar tensão e criar expectativas no leitor,
prendendo sua atenção e deixando-o curioso a respeito de algum mistério. O
suspense pode ser construído de várias formas: pela caracterização de personagem,
pela ação e pelo ritmo com que se desenrola a narrativa.
Quase toda narrativa de suspense tem como personagens: o criminoso, a
vítima, os suspeitos, o detetive.
O texto narrativo, além de conter os elementos fundamentais, vistos na aula
anterior, apresenta uma estrutura básica:
Situação inicial : onde se expõe o assunto, o lugar ou a ação que vai acontecer.
Complicação: parte em que o problema vai se apresentando gradativamente.
Clímax: a complicação elevada ao máximo de suspense.
Desfecho: é o desenlace, a parte final onde se soluciona ou se tenta solucionar
o problema.
Agora, vamos ler um trecho de uma narrativa de suspense. Preste atenção aos
detalhes!
O hotel era mesmo um horror. Ficava no alto de uma colina, logo na entrada
de Rincocó, pintado de cinza, com inúmeros telhados escuros parecendo escorrer
pelas paredes, cercado por um bosque de eucaliptos, que o frio intenso de julho
10
desfolhara quase que inteiramente. Resumindo: tínhamos a impressão de estar em
algum lugar da Europa, quem sabe na Transilvânia.
Rincocó , afinal, era só uma cidadezinha bem mineira, encarapitada na serra da
Mantiqueira, pouco conhecida e muito valorizada como local de repouso pelos velhos
que chegavam das localidades mais próximas. Não parecia acontecer nada ali (...)
Como só devia haver velhos no hotel, certamente o teríamos inteirinho para as
brincadeiras que pretendíamos inventar, aguçada nossa imaginação pela atmosfera
do antigo casarão e pelos empregados mais estranhos que já tínhamos visto. Não
eram muitos: apenas dois garçons, cada um parecendo ter mais de cem anos, duas
camareiras com tipo de espiãs de filmes sobre nazistas, e uma espécie de porteirogerente-carregador de malas, lembrando aquele Boris Karloff dos filmes de terror da
juventude de papai.
(...)
- Alguém tem ideia de quem foi o gênio que colocou uma piscina entre as
árvores?
Eu, que não tinha entendido a observação dele, rebati:
- Qual é o problema?
- Não bate sol nunca, sua anta! – respondeu Amanda, que nem estava na
conversa.
- Se começar a me aporrinhar, volta para o hotel!
- Não enche, Filé!
- Fica na sua, que é melhor para você!
A discussão só não se prolongou porque um “Oh, meu Deus” nos interrompeu:
Feijão havia se aproximado da piscina. Expressão assustada, demoramos quase
meio minuto para perceber que ele apenas apontava para alguma coisa dentro da
piscina, sem conseguir balbuciar uma palavra.
- Não me diga que tem sapo aí dentro! – Amanda fez uma careta de nojo que
me deliciou.
Feijão não parava de tremer. Achei que devia ser o frio, mas, então - e era só o
que nos faltava - o cretino desmaiou - ou melhor, foi caindo durinho feito um cabo de
vassoura para dentro da piscina. Caramba, às vezes, até eu me espanto com a minha
11
rapidez: consegui agarrá-lo pelo suéter no último instante. Grande coisa! Caímos os
dois dentro da piscina gelada.
Eu não sabia se afogava, se congelava ou se salvava Feijão, que nem com toda
aquela água capaz de congelar instantaneamente uma “sevenup” tinha se recuperado
do desmaio. Tentei voltar à tona e dei de cara com um rosto inchado e azul, que me
olhava com o mais profundo terror. Acho que engoli metade da piscina com o susto,
pois, de repente, senti que estava com a cabeça do lado de fora da água, gritando
como se carregasse aquela coisa aferrada em meus calcanhares. (...)
Cadáver? Foi a última coisa que me passou pela cabeça, antes da água ficar
inteiramente negra e eu (...)
NEVES ,Antonio Carlos. Fantasmas. São Paulo: Saraiva, 2001. Pág.6-9 (Texto adaptado)
Vocabulário
SevenUp : uma marca de refrigerante comum nos EUA.
Atividade 2
Depois de ler o fragmento do livro “Fantasmas”, responda às questões a seguir:
1. Que tipo de narrador aparece no texto?
_________________________________________________________________________
2. A partir das informações descritas no texto, diga que palavras antecipam ao leitor
que algo ameaçador se aproxima criando uma atmosfera de suspense?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
12
3. Que título poderia ser dado para esse trecho do livro? Crie um bem interessante e que
desperte o interesse de um possível leitor.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4. Que fato da narrativa pode ser considerada clímax da história?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5. Que tal fazer de conta que você é um detetive como Sherlock Holmes? Vamos
desvendar o mistério dessa história? Se possível, em dupla, imagine de quem seria o
cadáver e como foi parar na piscina? Imagine e continue a narrativa. Solte sua
criatividade!
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
13
Aula 3: Hora do terror!
Caro aluno, vamos conhecer mais uma variedade de narrativa? Você já sentiu
pavor lendo um livro? Gosta de emoções fortes?
A narrativa de terror tem como objetivo despertar no leitor sensações fortes,
como as que sentimos quando assistimos a um filme de terror. Para isso, há um misto
de suspense, de grande expectativa perante a iminência de acontecimentos, notícias,
decisões ou revelações inesperadas nesse tipo de história.
O autor usa vocábulos que ajudam a criar um clima de suspense. Os advérbios e
as locuções adverbiais são fundamentais, como por exemplo: em silêncio,
sorrateiramente, no cemitério, à noite, de madrugada, no escuro, dentre outros.
Outro recurso desse tipo de narrativa é detalhar bem a descrição da cena, as
reações das personagens e omitir algumas informações. Isso tudo ajuda a despertar no
leitor sensações de medo e horror referentes à morte ou à loucura.
As personagens podem ser sobrenaturais, ou pessoas assombradas por
fantasmas, monstros, vampiros ou por um mal que se esconde na mente humana.
Algumas vezes, para alívio do leitor, o desfecho pode apresentar tudo como um sonho
ou imaginação.
Vamos ler um trecho desse tipo de história?
A obra Frankenstein é considerada o primeiro clássico da literatura de horror e
conta a história do estudante de química e biologia Victor Frankenstein que decide
criar um ser humano de 2,5 m de altura. Ao concluir o trabalho, não resiste à emoção e
desmaia. A criatura desaparece. Meses depois, Victor recebe a notícia de que seu
irmão caçula fora assassinado à beira do lago de Genebra e deduz que a criatura era a
culpada de sua morte.
Vejamos um trecho:
Frankenstein
Ele se aproximou. Sua cara era um misto de angústia e maldade, por trás de
uma feiúra quase intolerável para os olhos humanos. Quando se aproximou a poucos
14
metros, não me contive:
"Demônio! Como ousa aproximar-se de mim? Para pagar pelo crime, sua
miserável existência teria que ser destruída mil vezes!".
E então, para minha indescritível surpresa, o demônio falou!
"Eu esperava essa reação", ele disse, com voz rouca, mas firme e afinada. "Os
homens odeiam os desgraçados, logo devo ser odiado. E devo sê-lo mais do que
todos, por ser o mais desgraçados de todos os seres vivos. Até por você, meu criador:
que está ligado à sua criatura por laços que só se dissolverão pelo aniquilamento de
um de nós."
Refeito do susto de ouvi-lo falar - e de forma tão diabolicamente articulada -,
atirei-me sobre ele, carregado de toda ânsia de vingança de que era capaz. Mas ele se
desviou com grande facilidade e continuou a falar:
"Tenha calma. Não tente de novo. Sou muito maior, mais forte e mais
resistente - você me fez assim. A vida pode ser apenas uma sucessão tristezas, mas eu
a prezo e pretendo defendê-la. Quero apenas que me ouça. Lembre-se: sou uma
criatura. Eu poderia ter sido seu Adão. Mas, em vez disso, sou apenas um anjo caído,
expulso de um paraíso onde reina a felicidade. E por quê? Pelo aspecto repulsivo com
que você me criou".
"Monstro! Assassino!", berrei. "Não o criei para provocar a morte e a
destruição!”
"Já fui benevolente e bom", ele respondeu. "Minha alma transbordava de
amor. Mas a intolerância me ensinou a odiar”. (...)
"Se meu próprio criador me abomina", disse o monstro, "o que posso esperar
dos outros? Todos me enxotam e me odeiam. As escarpas são o meu refúgio. Meu lar
são as cavernas de gelo, em que o homem não ousa penetrar. E, para mim, as
tempestades de neve são mais amigas do que qualquer humano. Se a humanidade
soubesse de minha existência, faria como você: se armaria para destruir-me”.
(...)
Mary Shelley. Frankenstein. História contada por Ruy Castro. São Paulo: Cia das Letras, 1994. p. 47-49
Agora, vamos às atividades!
15
Atividade 3
1. Quem é o narrador do texto?
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. A quem o narrador chama de demônio e por quê?
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
3. A criatura comenta que já foi boa, mas que se transformou. O que causou essa
transformação?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. Essa história denuncia a exclusão social e a importância que a sociedade dá para o
exterior, o desrespeito com quem é diferente. Pense um pouquinho. Quem seriam os
excluídos hoje em dia?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Você acha que as pessoas que sofrem algum tipo de preconceito podem se tornar
violentas? Justifique sua resposta.
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
16
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6. Agora, imagine que você encontrou uma criatura como o Frankenstein vagando pela
noite e, nesse encontro, você percebeu como essa criatura é triste e sozinha. Qual
seria sua reação? O que diria a ela?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
17
Avaliação
Caro(a) aluno(a),
Depois de ter estudado as três aulas, você está preparado para testar os
conhecimentos adquiridos ao longo desse mês! A seguir, você deverá responder às
questões propostas. Elas foram formuladas de acordo com as habilidades trabalhadas
neste caderno.
Bom trabalho!
Vamos ler um trecho da obra “A ilha do Tesouro”.
(...) Mamãe e eu não sabíamos o que fazer. O morto nos devia dinheiro.
Todavia, Cão Negro ou o cego poderiam estar vindo para tentar descobrir alguma
coisa que – por acaso, o capitão guardasse.
(...) O relógio da sala soou. Eram seis horas. Procurei a chave nos bolsos do
morto. Achei moedas, um dedal, fios de linha, agulhas grossas, fumo de rolo, navalha,
compasso... Tateei o corpo, cheio de repugnância. A chave estava num barbante,
pendurado no pescoço gorduroso e sujo. Peguei a chave e subimos ao quarto dele.
Quem sabe não encontraríamos a quantia que nos devia?
Lá estava o baú. Tinha a letra B gravada na tampa, e os cantos estavam gastos
e sujos. A chave era a mesma do baú, que abrimos com facilidade. Desprendia um
cheiro forte de tabaco. Tinha uma roupa nova, dobrada com cuidado. Quando a
levantamos, apareceram pistolas, fumo de rolo, um velho relógio de bolso,
compassos, duas bússolas, uma barra de prata e um pacote enrolado num tecido sujo,
impermeabilizado por alcatrão. Ah, e uma sacola com dinheiro!
Mamãe separou o que o velho nos devia e recolocou o saco no baú. (...)
Percebia que subiam as escadas, indo para o quarto. Abriram uma janela e
berraram para o cego, na estrada com outros dois:
- Mexeram no baú!
O cego perguntou pelo papel de Flint.
18
- Não está aqui! – responderam. – Também não está no corpo dele!
- Deve estar com aquele garoto - disse o cego, furioso- Vamos procurá-lo.
(...) Compreendi, imediatamente, que estávamos arruinados, minha mãe e eu.
E me dei conta de que o tal embrulho no meu bolso, devia ter muito valor. Era atrás
disso que eles estavam. Com certeza.
(...) Era o mapa de uma ilha, com longitude e latitude, sondagens de
profundidades, nomes de suas baías e enseadas, morros e colinas. A ilha era parecida
com um dragão, nem pequena nem grande. Num ponto determinado, estava
assinalado: “Tesouro principal”.
(...) Não entendi nada, mas o doutor e o lorde ficaram contentes.
- Liveseyy – disse o lorde – vamos nessa! Sigo para Bristol amanhã. Em um
mês, ou em dez dias até, teremos um ótimo navio e a melhor tripulação da Inglaterra.
STEVENSON, R. L. A Ilha do Tesouro. São Paulo: Scipione, 1996, p. 13-18. Texto adaptado.
1. Como podemos enquadrar essa história? É uma narrativa de aventura, de suspense
ou de terror? Justifique sua resposta.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2. Qual é o foco narrativo do trecho lido?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3. Como será que ocorreu a viagem? Imagine a paisagem da ilha do tesouro, se o
encontraram com facilidade ou se houve complicações e continue a narrativa. É hora
de soltar a imaginação! Capriche!
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
19
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Agora, leia o trecho de outra narrativa muito interessante.
O céu estava escurecendo rapidamente, fechado, com nuvens escuras, quase
pretas, anunciando uma tempestade de trovões, relâmpagos e água pesada.
Manezinho apressou o passo na estrada deserta meio sem saber o que fazer. Tinha
pegado uma carona até o trevo e agora caminhava em direção à cidade que se
escondia do lado de lá da pequena montanha. Quase uma hora de caminhada e via
apenas a estradinha se espichando em direção ao monte da terra. Tomaria chuva,
com certeza. No máximo, tentaria se esconder debaixo de uma daquelas arvorezinhas
raquíticas que margeavam o caminho. A escuridão aumentou ainda mais, fazendo
com que ele, um homem danado de corajoso, tivesse medo do temporal e do
aguaceiro que estavam por vir. [...]
Edson Gabriel Garcia. O casal de velhos. In: Sete gritos de terror. São Paulo: Veredas, 1991. p. 17.
Vocabulário:
Raquíticas: fracas, pequenas.
Trevo: quando duas vias expressas se encontram
4. Que palavras antecipam ao leitor que algo ameaçador se aproxima criando uma
atmosfera de suspense?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
20
5. Vimos que é comum a presença de um herói nas narrativas de aventura. Você já
quis ser um herói (heroína)? Ou seria melhor um super-herói (heroína)? Pense um
pouco e imagine que poderes teria, qual seria seu nome, seu ponto fraco, o que ou
quem combateria. Em seguida, elabore uma pequena narrativa com o herói criado e
invente um título bem sugestivo. Você é capaz!
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
21
Referências
[1] ANDRADE, Telma Guimaraes Castro. Robin Hood. São Paulo: Scipione, 1998. p. 6-8.
[2] GARCIA, Edson Gabriel. O casal de velhos. In: Sete gritos de terror. São Paulo:
Veredas, 1991. p. 17.
[3] KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de
produção textual. São Paulo: Contexto. 2009.
[4] MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.
Parábola Ed., 2009.
[5] NEVES, Antonio Carlos. Fantasmas. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 6- 9 (Texto
adaptado).
[6] SHELLEY, Mary. Frankenstein. História contada por Ruy Castro. São Paulo: Cia das
Letras, 1994. P. 47-49.
[7] STEVENSON, R. L. A Ilha do Tesouro. São Paulo: Scipione, 1996, p. 13-18.
22
Equipe de Elaboração
COORDENADORES DO PROJETO
Diretoria de Articulação Curricular
Adriana Tavares Maurício Lessa
Coordenação de Áreas do Conhecimento
Bianca Neuberger Leda
Raquel Costa da Silva Nascimento
Fabiano Farias de Souza
Peterson Soares da Silva
Ivete Silva de Oliveira
Marília Silva
PROFESSORES ELABORADORES
Heloisa Macedo Coelho
Ivone da Silva Rebello
Rosa Maria Ferreira Correa
23