Produção Textual
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Produção Textual Aluno Caderno de Atividades Pedagógicas de Aprendizagem Autorregulada - 03 7º Ano | 3º Bimestre Disciplina Curso Bimestre Ano Produção Textual Ensino Fundamental 3º 7º Habilidades Associadas 1. Definir os elementos básicos da narrativa: tempo, espaço, enredo, personagens, narrador. 2. Aplicar os recursos usados para a criação de efeitos de suspense. 3. Relacionar o título do texto a sua compreensão. 4. Criar uma pequena narrativa dos gêneros estudados. Apresentação A Secretaria de Estado de Educação elaborou o presente material com o intuito de estimular o envolvimento do estudante com situações concretas e contextualizadas de pesquisa, aprendizagem colaborativa e construções coletivas entre os próprios estudantes e respectivos tutores – docentes preparados para incentivar o desenvolvimento da autonomia do alunado. A proposta de desenvolver atividades pedagógicas de aprendizagem autorregulada é mais uma estratégia pedagógica para se contribuir para a formação de cidadãos do século XXI, capazes de explorar suas competências cognitivas e não cognitivas. Assim, estimula-se a busca do conhecimento de forma autônoma, por meio dos diversos recursos bibliográficos e tecnológicos, de modo a encontrar soluções para desafios da contemporaneidade, na vida pessoal e profissional. Estas atividades pedagógicas autorreguladas propiciam aos alunos o desenvolvimento das habilidades e competências nucleares previstas no currículo mínimo, por meio de atividades roteirizadas. Nesse contexto, o tutor será visto enquanto um mediador, um auxiliar. A aprendizagem é efetivada na medida em que cada aluno autorregula sua aprendizagem. Destarte, as atividades pedagógicas pautadas no princípio da autorregulação objetivam, também, equipar os alunos, ajudá-los a desenvolver o seu conjunto de ferramentas mentais, ajudando-o a tomar consciência dos processos e procedimentos de aprendizagem que ele pode colocar em prática. Ao desenvolver as suas capacidades de auto-observação e autoanálise, ele passa ater maior domínio daquilo que faz. Desse modo, partindo do que o aluno já domina, será possível contribuir para o desenvolvimento de suas potencialidades originais e, assim, dominar plenamente todas as ferramentas da autorregulação. Por meio desse processo de aprendizagem pautada no princípio da autorregulação, contribui-se para o desenvolvimento de habilidades e competências fundamentais para o aprender-a-aprender, o aprender-a-conhecer, o aprender-a-fazer, o aprender-a-conviver e o aprender-a-ser. A elaboração destas atividades foi conduzida pela Diretoria de Articulação Curricular, da Superintendência Pedagógica desta SEEDUC, em conjunto com uma equipe de professores da rede estadual. Este documento encontra-se disponível em nosso site www.conexaoprofessor.rj.gov.br, a fim de que os professores de nossa rede também possam utilizá-lo como contribuição e complementação às suas aulas. Estamos à disposição através do e-mail [email protected] para quaisquer esclarecimentos necessários e críticas construtivas que contribuam com a elaboração deste material. Secretaria de Estado de Educação 2 Caro aluno, Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas habilidades e competências do 3° Bimestre do Currículo Mínimo de Produção Textual do 7º Ano do Ensino Fundamental. Estas atividades correspondem aos estudos durante o período de um mês. A nossa proposta é que você, aluno, desenvolva estas Atividades de forma autônoma, com o suporte pedagógico eventual de um professor, que mediará as trocas de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você desenvolver a disciplina e independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional no mundo do conhecimento do século XXI. Neste Caderno de Atividades, vamos conhecer os elementos básicos da narrativa, relacionar o título do texto a sua compreensão, além de conhecer um pouco mais sobre as narrativas de aventura, de suspense e de terror. Você também aprenderá a criar pequenas narrativas desses gêneros. Este documento apresenta 04 (quatro) aulas. As aulas podem ser compostas por uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e atividades respectivas. Leia o texto e, em seguida, resolva as Atividades propostas. As Atividades são referentes a dois tempos de aula. Para reforçar a aprendizagem, propõese, ainda, uma avaliação sobre o assunto. Um abraço e bom trabalho! Equipe de Elaboração 3 Sumário Introdução ..........................................................................................................3 Aula 1: Que aventura! .......................................................................................... 5 Aula 2: Mistério! ................................................................................................. 10 Aula 3: Hora do terror! ....................................................................................... 14 Avaliação ............................................................................................................ 18 Referências ......................................................................................................... 22 4 Aula 1: Que aventura! Caro aluno, nesta atividade, iremos conhecer melhor o gênero textual Narrativa de aventura. Você gosta de aventuras? Sabia que há muitos filmes de aventuras? Já ouviu falar em Indiana Jones? Esse personagem é o herói de quatro bem-sucedidos filmes: “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Indiana Jones e o Templo Perdido” (1984), “Indiana Jones e a Grande Cruzada” (1989) e, o mais recente, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (2008). Indiana está presente na ficção. Assim como ele, o personagem principal das narrativas de aventuras é um herói que vive situações arriscadas e incríveis, mas que não conseguem abater o aventureiro. O herói usa a criatividade e esperteza para conseguir escapar dos perigos. As narrativas de aventura podem acontecer em viagens pelo céu, pelo mar ou pela terra, os lugares quase sempre são exóticos, como florestas, deserto ou ilhas. A história é repleta de ação, obstáculos e perigos. Verifica-se quase sempre a presença de um antagonista, que pode ser um vilão, pirata, animais ferozes, criaturas estranhas, povos desconhecidos etc. A viagem narrada nessas histórias pode ser para testar a capacidade de sobrevivência do herói ou ser motivada pela busca de algum objeto valioso ou tesouro. Geralmente, o plano da viagem é feito a partir de um mapa que pode ser disputado, roubado ou dividido ao meio. ELEMENTOS ESSENCIAIS DAS NARRATIVAS A história – o que acontece e forma o centro da narrativa O narrador – quem conta a história. Foco narrativo: 1ª pessoa (também é personagem) 3ª pessoa (não faz parte da história). Protagonista- é o personagem central, principal. Na narrativa de aventura, é o herói. Antagonista- é o personagem que se opõe ao protagonista. É o vilão. Personagens secundários- circulam entre os personagens principais, ajudando a compor a história. Tempo: momento em que ocorre a ação. 5 Espaço: local em que se passa a narrativa. Vamos ler um trecho de uma narrativa de aventura. É um trecho do livro ”Robin Hood”. Robin Hood é a figura do herói vingador surgida de uma lenda inglesa entre 1150 e 1250. Robin vivia na cidade de Nottingham. Não suportando mais os desmandos do malvado príncipe que mandava matar fazendeiros para ficar com suas terras e cobrava impostos altíssimos, Robin resolve fugir dos soldados se escondendo na floresta de Sherwoor. Lá, forma um grupo que resolve lutar para ajudar os moradores pobres da cidade. (...) Aos poucos, o príncipe João foi se revelando um homem muito mau, mandando matar os fazendeiros para ficar com as suas terras. Tudo passou a ser propriedade do príncipe. Um dia, ele tomou o castelo do conde de Lockesley e deu as terras de presente ao seu amigo, o barão Guy de Gisborne. Quando Robert, o filho do conde, voltou da guerra, levou o maior susto. Não tinha mais casa e seu pai havia morrido... Will, seu melhor amigos, explicou-lhe: - O príncipe João assassinou seu pai. Ele e o xerife de Nottingham tiram dinheiro do povo. Aumentaram os impostos. O príncipe está cada vez mais rico. Não se pode mais caçar por essas terras. Tudo pertence a ele, que manda prender e matar homens, mulheres e até crianças. Robert ficou horrorizado com a situação do seu povo e jurou vingança. - Daqui para a frente serei apenas Robin... Robin Hood (...) Robin, além de vingar a morte do pai, também queria ajudar o seu povo. Nunca tinha visto tanta gente passando fome, pedindo esmola. 6 - Vamos assaltar os ricos amigos do príncipe e do xerife que passam pelas estradas, explicou Robin. - Eles não tomam o dinheiro dos pobres? Pois então! Vamos tirá-lo dos seus amigos e devolver aos pobres. Que tal? - Mas seremos só nós dois contra muitos soldados! Will falou sério. - Aposto que arrumaremos mais gente... Robin puxou o capuz sobre a cabeça. Tinham achado uma grande clareira na floresta. Foi lá que começaram a praticar arco e flecha. Por sorte havia também uma caverna, para abrigo em dias de chuva. - Precisamos de dinheiro! - Robin estava reunido com seus homens na caverna. - Há muita gente passando fome em Nottingham. Temos de ajudá-los. - Soube que um amigo do príncipe está a caminho... - informou João Pequeno. - Parece que está trazendo muito dinheiro. - Vamos assaltar o ricaço! - Robin chamou seus homens. - Precisamos de paus, arcos e muitas flechas. Não se esqueçam de cobrir a cabeça com o capuz. - Preparariam uma armadilha bem no meio de uma estrada muito estreita. Alguns homens fingiriam consertar uma carroça para obrigar a comitiva a parar. Com isso, eles atacariam pelos lados, saindo do meio das árvores. A armadilha funcionou direitinho. Assim que o ricaço desceu da carruagem para ver o que estava acontecendo, Robin o atacou. Num minuto, seus homens dominaram o cocheiro e os demais empregados. (...) - Vamos! Entregue o dinheiro! Robin ordenou. - Tenho certeza de que não vai lhe fazer falta. Aposto que tem muito mais que isso! – Robin tomou a caixa do homem. - Tenha piedade, moço... - o homem pediu. - Pois eu tenho. Tenho pena dos pobres, dos miseráveis, dos esfomeados, das pessoas que estão sem casa para morar... Este dinheiro, senhor, vai ajudar os necessitados. É para uma boa causa! Ah, estou vendo que carrega um baú bem grande... Roupas! (...) - Vou con... contar tu... tudo ao pri... príncipe... - ele gaguejava. - Pois conte tudo. Conte que foi... assaltado. (...) 7 Telma Guimaraes Castro Andrade. Robin Hood. São Paulo: Scipione, 1998. P. 6-8. Agora, vamos testar nossos conhecimentos? Você é capaz! Atividade 1 1. Complete com os elementos da narrativa do texto lido. a) Protagonista: _____________________________________________________ b) Antagonista: ______________________________________________________ c) Foco narrativo ____________________________________________________ d) Tempo: __________________________________________________________ e) Espaço: __________________________________________________________ 2. O que fez Robert mudar seu nome para Robin Hood? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 3. O que você achou da atitude de Robin de roubar dos ricos para dar aos pobres? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4. Imagine e crie um diálogo entre o homem que foi assaltado e o príncipe João. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 8 _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 5. Continue a narrativa. Descreva o momento em que Robin Hood entrega roupas e alimentos para os pobres. Conte qual foi a reação do povo, o que disseram e como agiram. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 9 Aula 2: Mistério! Caro aluno, agora que já estudamos o gênero textual Narrativa de Aventura, podemos compreender melhor outro gênero: Narrativa de suspense. Você gosta de uma boa história de suspense? É curioso? Já ouviu falar do detetive Sherlock Holmes? Suas histórias são repletas de suspense e ele consegue resolver todos os casos, analisando as pistas que o criminoso deixa. Sua fala mais marcante é: “Elementar, meu caro Watson.” A narrativa de suspense é um gênero textual que atrai um público de todas as idades. A história é construída de modo a causar tensão e criar expectativas no leitor, prendendo sua atenção e deixando-o curioso a respeito de algum mistério. O suspense pode ser construído de várias formas: pela caracterização de personagem, pela ação e pelo ritmo com que se desenrola a narrativa. Quase toda narrativa de suspense tem como personagens: o criminoso, a vítima, os suspeitos, o detetive. O texto narrativo, além de conter os elementos fundamentais, vistos na aula anterior, apresenta uma estrutura básica: Situação inicial : onde se expõe o assunto, o lugar ou a ação que vai acontecer. Complicação: parte em que o problema vai se apresentando gradativamente. Clímax: a complicação elevada ao máximo de suspense. Desfecho: é o desenlace, a parte final onde se soluciona ou se tenta solucionar o problema. Agora, vamos ler um trecho de uma narrativa de suspense. Preste atenção aos detalhes! O hotel era mesmo um horror. Ficava no alto de uma colina, logo na entrada de Rincocó, pintado de cinza, com inúmeros telhados escuros parecendo escorrer pelas paredes, cercado por um bosque de eucaliptos, que o frio intenso de julho 10 desfolhara quase que inteiramente. Resumindo: tínhamos a impressão de estar em algum lugar da Europa, quem sabe na Transilvânia. Rincocó , afinal, era só uma cidadezinha bem mineira, encarapitada na serra da Mantiqueira, pouco conhecida e muito valorizada como local de repouso pelos velhos que chegavam das localidades mais próximas. Não parecia acontecer nada ali (...) Como só devia haver velhos no hotel, certamente o teríamos inteirinho para as brincadeiras que pretendíamos inventar, aguçada nossa imaginação pela atmosfera do antigo casarão e pelos empregados mais estranhos que já tínhamos visto. Não eram muitos: apenas dois garçons, cada um parecendo ter mais de cem anos, duas camareiras com tipo de espiãs de filmes sobre nazistas, e uma espécie de porteirogerente-carregador de malas, lembrando aquele Boris Karloff dos filmes de terror da juventude de papai. (...) - Alguém tem ideia de quem foi o gênio que colocou uma piscina entre as árvores? Eu, que não tinha entendido a observação dele, rebati: - Qual é o problema? - Não bate sol nunca, sua anta! – respondeu Amanda, que nem estava na conversa. - Se começar a me aporrinhar, volta para o hotel! - Não enche, Filé! - Fica na sua, que é melhor para você! A discussão só não se prolongou porque um “Oh, meu Deus” nos interrompeu: Feijão havia se aproximado da piscina. Expressão assustada, demoramos quase meio minuto para perceber que ele apenas apontava para alguma coisa dentro da piscina, sem conseguir balbuciar uma palavra. - Não me diga que tem sapo aí dentro! – Amanda fez uma careta de nojo que me deliciou. Feijão não parava de tremer. Achei que devia ser o frio, mas, então - e era só o que nos faltava - o cretino desmaiou - ou melhor, foi caindo durinho feito um cabo de vassoura para dentro da piscina. Caramba, às vezes, até eu me espanto com a minha 11 rapidez: consegui agarrá-lo pelo suéter no último instante. Grande coisa! Caímos os dois dentro da piscina gelada. Eu não sabia se afogava, se congelava ou se salvava Feijão, que nem com toda aquela água capaz de congelar instantaneamente uma “sevenup” tinha se recuperado do desmaio. Tentei voltar à tona e dei de cara com um rosto inchado e azul, que me olhava com o mais profundo terror. Acho que engoli metade da piscina com o susto, pois, de repente, senti que estava com a cabeça do lado de fora da água, gritando como se carregasse aquela coisa aferrada em meus calcanhares. (...) Cadáver? Foi a última coisa que me passou pela cabeça, antes da água ficar inteiramente negra e eu (...) NEVES ,Antonio Carlos. Fantasmas. São Paulo: Saraiva, 2001. Pág.6-9 (Texto adaptado) Vocabulário SevenUp : uma marca de refrigerante comum nos EUA. Atividade 2 Depois de ler o fragmento do livro “Fantasmas”, responda às questões a seguir: 1. Que tipo de narrador aparece no texto? _________________________________________________________________________ 2. A partir das informações descritas no texto, diga que palavras antecipam ao leitor que algo ameaçador se aproxima criando uma atmosfera de suspense? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 12 3. Que título poderia ser dado para esse trecho do livro? Crie um bem interessante e que desperte o interesse de um possível leitor. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 4. Que fato da narrativa pode ser considerada clímax da história? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 5. Que tal fazer de conta que você é um detetive como Sherlock Holmes? Vamos desvendar o mistério dessa história? Se possível, em dupla, imagine de quem seria o cadáver e como foi parar na piscina? Imagine e continue a narrativa. Solte sua criatividade! _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 13 Aula 3: Hora do terror! Caro aluno, vamos conhecer mais uma variedade de narrativa? Você já sentiu pavor lendo um livro? Gosta de emoções fortes? A narrativa de terror tem como objetivo despertar no leitor sensações fortes, como as que sentimos quando assistimos a um filme de terror. Para isso, há um misto de suspense, de grande expectativa perante a iminência de acontecimentos, notícias, decisões ou revelações inesperadas nesse tipo de história. O autor usa vocábulos que ajudam a criar um clima de suspense. Os advérbios e as locuções adverbiais são fundamentais, como por exemplo: em silêncio, sorrateiramente, no cemitério, à noite, de madrugada, no escuro, dentre outros. Outro recurso desse tipo de narrativa é detalhar bem a descrição da cena, as reações das personagens e omitir algumas informações. Isso tudo ajuda a despertar no leitor sensações de medo e horror referentes à morte ou à loucura. As personagens podem ser sobrenaturais, ou pessoas assombradas por fantasmas, monstros, vampiros ou por um mal que se esconde na mente humana. Algumas vezes, para alívio do leitor, o desfecho pode apresentar tudo como um sonho ou imaginação. Vamos ler um trecho desse tipo de história? A obra Frankenstein é considerada o primeiro clássico da literatura de horror e conta a história do estudante de química e biologia Victor Frankenstein que decide criar um ser humano de 2,5 m de altura. Ao concluir o trabalho, não resiste à emoção e desmaia. A criatura desaparece. Meses depois, Victor recebe a notícia de que seu irmão caçula fora assassinado à beira do lago de Genebra e deduz que a criatura era a culpada de sua morte. Vejamos um trecho: Frankenstein Ele se aproximou. Sua cara era um misto de angústia e maldade, por trás de uma feiúra quase intolerável para os olhos humanos. Quando se aproximou a poucos 14 metros, não me contive: "Demônio! Como ousa aproximar-se de mim? Para pagar pelo crime, sua miserável existência teria que ser destruída mil vezes!". E então, para minha indescritível surpresa, o demônio falou! "Eu esperava essa reação", ele disse, com voz rouca, mas firme e afinada. "Os homens odeiam os desgraçados, logo devo ser odiado. E devo sê-lo mais do que todos, por ser o mais desgraçados de todos os seres vivos. Até por você, meu criador: que está ligado à sua criatura por laços que só se dissolverão pelo aniquilamento de um de nós." Refeito do susto de ouvi-lo falar - e de forma tão diabolicamente articulada -, atirei-me sobre ele, carregado de toda ânsia de vingança de que era capaz. Mas ele se desviou com grande facilidade e continuou a falar: "Tenha calma. Não tente de novo. Sou muito maior, mais forte e mais resistente - você me fez assim. A vida pode ser apenas uma sucessão tristezas, mas eu a prezo e pretendo defendê-la. Quero apenas que me ouça. Lembre-se: sou uma criatura. Eu poderia ter sido seu Adão. Mas, em vez disso, sou apenas um anjo caído, expulso de um paraíso onde reina a felicidade. E por quê? Pelo aspecto repulsivo com que você me criou". "Monstro! Assassino!", berrei. "Não o criei para provocar a morte e a destruição!” "Já fui benevolente e bom", ele respondeu. "Minha alma transbordava de amor. Mas a intolerância me ensinou a odiar”. (...) "Se meu próprio criador me abomina", disse o monstro, "o que posso esperar dos outros? Todos me enxotam e me odeiam. As escarpas são o meu refúgio. Meu lar são as cavernas de gelo, em que o homem não ousa penetrar. E, para mim, as tempestades de neve são mais amigas do que qualquer humano. Se a humanidade soubesse de minha existência, faria como você: se armaria para destruir-me”. (...) Mary Shelley. Frankenstein. História contada por Ruy Castro. São Paulo: Cia das Letras, 1994. p. 47-49 Agora, vamos às atividades! 15 Atividade 3 1. Quem é o narrador do texto? _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. A quem o narrador chama de demônio e por quê? ______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 3. A criatura comenta que já foi boa, mas que se transformou. O que causou essa transformação? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. Essa história denuncia a exclusão social e a importância que a sociedade dá para o exterior, o desrespeito com quem é diferente. Pense um pouquinho. Quem seriam os excluídos hoje em dia? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5. Você acha que as pessoas que sofrem algum tipo de preconceito podem se tornar violentas? Justifique sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 16 _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6. Agora, imagine que você encontrou uma criatura como o Frankenstein vagando pela noite e, nesse encontro, você percebeu como essa criatura é triste e sozinha. Qual seria sua reação? O que diria a ela? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 17 Avaliação Caro(a) aluno(a), Depois de ter estudado as três aulas, você está preparado para testar os conhecimentos adquiridos ao longo desse mês! A seguir, você deverá responder às questões propostas. Elas foram formuladas de acordo com as habilidades trabalhadas neste caderno. Bom trabalho! Vamos ler um trecho da obra “A ilha do Tesouro”. (...) Mamãe e eu não sabíamos o que fazer. O morto nos devia dinheiro. Todavia, Cão Negro ou o cego poderiam estar vindo para tentar descobrir alguma coisa que – por acaso, o capitão guardasse. (...) O relógio da sala soou. Eram seis horas. Procurei a chave nos bolsos do morto. Achei moedas, um dedal, fios de linha, agulhas grossas, fumo de rolo, navalha, compasso... Tateei o corpo, cheio de repugnância. A chave estava num barbante, pendurado no pescoço gorduroso e sujo. Peguei a chave e subimos ao quarto dele. Quem sabe não encontraríamos a quantia que nos devia? Lá estava o baú. Tinha a letra B gravada na tampa, e os cantos estavam gastos e sujos. A chave era a mesma do baú, que abrimos com facilidade. Desprendia um cheiro forte de tabaco. Tinha uma roupa nova, dobrada com cuidado. Quando a levantamos, apareceram pistolas, fumo de rolo, um velho relógio de bolso, compassos, duas bússolas, uma barra de prata e um pacote enrolado num tecido sujo, impermeabilizado por alcatrão. Ah, e uma sacola com dinheiro! Mamãe separou o que o velho nos devia e recolocou o saco no baú. (...) Percebia que subiam as escadas, indo para o quarto. Abriram uma janela e berraram para o cego, na estrada com outros dois: - Mexeram no baú! O cego perguntou pelo papel de Flint. 18 - Não está aqui! – responderam. – Também não está no corpo dele! - Deve estar com aquele garoto - disse o cego, furioso- Vamos procurá-lo. (...) Compreendi, imediatamente, que estávamos arruinados, minha mãe e eu. E me dei conta de que o tal embrulho no meu bolso, devia ter muito valor. Era atrás disso que eles estavam. Com certeza. (...) Era o mapa de uma ilha, com longitude e latitude, sondagens de profundidades, nomes de suas baías e enseadas, morros e colinas. A ilha era parecida com um dragão, nem pequena nem grande. Num ponto determinado, estava assinalado: “Tesouro principal”. (...) Não entendi nada, mas o doutor e o lorde ficaram contentes. - Liveseyy – disse o lorde – vamos nessa! Sigo para Bristol amanhã. Em um mês, ou em dez dias até, teremos um ótimo navio e a melhor tripulação da Inglaterra. STEVENSON, R. L. A Ilha do Tesouro. São Paulo: Scipione, 1996, p. 13-18. Texto adaptado. 1. Como podemos enquadrar essa história? É uma narrativa de aventura, de suspense ou de terror? Justifique sua resposta. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 2. Qual é o foco narrativo do trecho lido? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 3. Como será que ocorreu a viagem? Imagine a paisagem da ilha do tesouro, se o encontraram com facilidade ou se houve complicações e continue a narrativa. É hora de soltar a imaginação! Capriche! _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 19 _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Agora, leia o trecho de outra narrativa muito interessante. O céu estava escurecendo rapidamente, fechado, com nuvens escuras, quase pretas, anunciando uma tempestade de trovões, relâmpagos e água pesada. Manezinho apressou o passo na estrada deserta meio sem saber o que fazer. Tinha pegado uma carona até o trevo e agora caminhava em direção à cidade que se escondia do lado de lá da pequena montanha. Quase uma hora de caminhada e via apenas a estradinha se espichando em direção ao monte da terra. Tomaria chuva, com certeza. No máximo, tentaria se esconder debaixo de uma daquelas arvorezinhas raquíticas que margeavam o caminho. A escuridão aumentou ainda mais, fazendo com que ele, um homem danado de corajoso, tivesse medo do temporal e do aguaceiro que estavam por vir. [...] Edson Gabriel Garcia. O casal de velhos. In: Sete gritos de terror. São Paulo: Veredas, 1991. p. 17. Vocabulário: Raquíticas: fracas, pequenas. Trevo: quando duas vias expressas se encontram 4. Que palavras antecipam ao leitor que algo ameaçador se aproxima criando uma atmosfera de suspense? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 20 5. Vimos que é comum a presença de um herói nas narrativas de aventura. Você já quis ser um herói (heroína)? Ou seria melhor um super-herói (heroína)? Pense um pouco e imagine que poderes teria, qual seria seu nome, seu ponto fraco, o que ou quem combateria. Em seguida, elabore uma pequena narrativa com o herói criado e invente um título bem sugestivo. Você é capaz! _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 21 Referências [1] ANDRADE, Telma Guimaraes Castro. Robin Hood. São Paulo: Scipione, 1998. p. 6-8. [2] GARCIA, Edson Gabriel. O casal de velhos. In: Sete gritos de terror. São Paulo: Veredas, 1991. p. 17. [3] KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto. 2009. [4] MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. Parábola Ed., 2009. [5] NEVES, Antonio Carlos. Fantasmas. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 6- 9 (Texto adaptado). [6] SHELLEY, Mary. Frankenstein. História contada por Ruy Castro. São Paulo: Cia das Letras, 1994. P. 47-49. [7] STEVENSON, R. L. A Ilha do Tesouro. São Paulo: Scipione, 1996, p. 13-18. 22 Equipe de Elaboração COORDENADORES DO PROJETO Diretoria de Articulação Curricular Adriana Tavares Maurício Lessa Coordenação de Áreas do Conhecimento Bianca Neuberger Leda Raquel Costa da Silva Nascimento Fabiano Farias de Souza Peterson Soares da Silva Ivete Silva de Oliveira Marília Silva PROFESSORES ELABORADORES Heloisa Macedo Coelho Ivone da Silva Rebello Rosa Maria Ferreira Correa 23