análise do poema “hijo del alma” de josé martí e as dificuldades

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análise do poema “hijo del alma” de josé martí e as dificuldades
PROFT em Revista
ISBN 978-85-65097-00-0
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Vol. 2, Nº 1 Junho de 2012
ANÁLISE DO POEMA “HIJO DEL ALMA” DE JOSÉ
MARTÍ E AS DIFICULDADES TRADUTÓRIAS DO
ESPANHOL PARA O PORTUGUÊS DO BRASIL
RESUMO
Jefferson Odair da Silva Santos
Professor de Espanhol e Leitura e Produção de
Textos (LPT) da Universidade do Vale do
Paraíba (UNIVAP)
Professor com formação em letras
Português/Espanhol Universidade de Taubaté
(UNITAU)
Pós-graduado em tradução
Espanhol/Português Universidade Gama Filho
São Paulo (UGF)
Luzimar Goulart Gouvêa
Graduado em Letras pela Universidade de
Taubaté,
Mestrado em Teoria e História Literária pela
Unicamp;
Professor Unitau e Fatec-BP
Jefferson Odair da Silva Santos
Contato:
[email protected]
Este trabalho tem por tema o cotejamento e a análise da tradução de
textos literários. Toda língua estrangeira, ao ser introduzida num outro
contexto sociocultural, leva certo tempo para ser assimilada devido às
diferenças, nos aprendentes, dos registros gramaticais, quer nos âmbitos
sintático, morfológico, fonológico-fonéticos, quer no âmbito semântico,
tanto em manifestações escritas quanto em manifestações orais. Como é
possível traduzir textos, e mais ainda textos literários, para nossa língua
materna sem perder os elementos poéticos, como, por exemplo, na
poesia, a sonoridade das rimas ou a métrica das sílabas? É possível
conservar a riqueza de um poema e manter a mesma emoção e sentido
que o poeta tenta passar para seus leitores? Eis algumas perguntas que
se nos apresentam em nossa pesquisa. Visando responder a alguns dos
problemas da tradução de textos poemáticos, selecionamos e
traduzimos, para o português do Brasil, um texto do poeta cubano José
Martí, especificamente o poema “Hijo del alma”, de sua obra Ismaelillo,
(1ª ed. – 1969), em duas modalidades: uma tradução literal e uma
tradução transcriada. Para dar cabo deste trabalho, tivemos por
objetivo, inicialmente, apresentar alguns aspectos teóricos da tradução.
A seguir, nosso objetivo foi o de apresentar a poesia de José Martí.
Finalmente, em face do texto original e dos textos por nós traduzidos,
procedemos a um cotejamento deles em que foram observadas as
fidelidades e as infidelidades em relação aos elementos poéticos do
texto original, as soluções semânticas, as soluções gramaticais e as
aproximações e os diálogos multiculturais. A realização deste trabalho
de cotejamento justifica-se pela tentativa de discussão acerca do ato
tradutório, pelo desvelamento do trabalho de tradução como um
trabalho de transcriação e de diálogos culturais, na perspectiva presente
dos estudos multiculturalistas. Este trabalho também se justifica pela
contribuição que pode dar a estudantes do Ensino Médio e a estudantes
universitários, bem como a professores universitários, recolocando em
circulação, no fluxo dos estudos literários, textos do poeta cubano, um
autor de importância capital para a literatura cubana e latinoamericana.
A fundamentação teórica desta pesquisa encontra ancoradouro em
autores como Arrojo (1998, 2002 e 2003), Otoni (1998), Candido (2004),
Norma Goldstein (2004), Campos (1992), Rodrigues (2011), entre outros.
A metodologia empregada foi a da pesquisa bibliográfica. Como
resultados de nossa pesquisa, vimos que, pelo fato de o poema de José
Martí não apresentar uma marcação de forma (métrica e rímica,
principalmente), os impasses maiores no ato da tradução são os de
natureza semântica, o que leva ao recurso da transcriação e para o qual
se pode lançar mão de um aproveitamento da cultura para a qual se
traduz o texto, configurando-se aquilo que preconizam os estudos
multiculturais.
Palavras-Chave: José Martí; tradução;
multiculturais, cotejamento de obras.
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transcriação;
estudos
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Análise do Poema “Hijo Del Alma” de José Martí e as Dificuldades Tradutórias do Espanhol para o Português do Brasil
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Toda língua estrangeira, ao ser introduzida num outro contexto sociocultural, leva certo
tempo para ser assimilada devido às diferenças, nos aprendentes, dos registros gramaticais,
quer nos âmbitos sintático, morfológico, fonológico-fonéticos, quer no âmbito semântico, tanto
em manifestações escritas quanto em manifestações orais. Este trabalho tem por tema a
tradução, o cotejamento e a análise da tradução de texto literário.
É possível traduzir textos, e mais ainda textos literários, para nossa língua materna sem
perder os elementos poéticos, como, por exemplo, na poesia, a sonoridade das rimas ou a
métrica das sílabas? É possível conservar a riqueza de um poema e manter a mesma emoção e
sentido do poema original? Eis algumas perguntas que se nos apresentam no início de nossa
pesquisa. É visando a essa problemática que iremos trabalhar com uma análise minuciosa e
tentaremos mostrar, no poema do poeta cubano José Martí, assim como em um trabalho de
tradução feito por nós, para o português do Brasil, a fidelidade de tom, o universo vocabular,
ou seja, a conservação de elementos intrínsecos do texto original. Fica, assim, estabelecido nosso
corpus: o poema “Hijo del alma”.
Finalmente, em face do texto original e do texto traduzido, procederemos a um
cotejamento dos textos em que serão observadas as fidelidades e as infidelidades em relação
aos elementos poéticos do texto original, as soluções semânticas, as soluções gramaticais e as
aproximações e os diálogos multiculturais.
A realização deste trabalho de cotejamento justifica-se pela tentativa de discussão acerca
do ato tradutório, pelo desvelamento do trabalho de tradução como um trabalho de
transcriação e de diálogos culturais, na perspectiva presente dos estudos multiculturalistas. Este
trabalho também se justifica pela contribuição que pode dar a estudantes do Ensino Médio e a
estudantes universitários, bem como a professores universitários, recolocando em circulação,
no fluxo dos estudos literários, textos do poeta cubano, um autor de importância capital para a
literatura cubana e latinoamericana. A fundamentação teórica desta pesquisa encontra
ancoradouro em autores como Arrojo (1998, 2002 e 2003), Ottoni (1998), Candido (2004), Norma
Goldstein (2004), Campos (1992), Rodrigues (2011), entre outros. A metodologia empregada é a
da pesquisa bibliográfica.
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1 A tradução e suas principais teorias
Para Rosemary Arrojo (2002, p.10), “a tradução é uma das mais complexas de todas as
atividades realizadas pelo homem que implica necessariamente uma definição dos limites e do
poder dessa capacidade tão ‘humana’, que é a produção de significados”.
Arrojo (Idem, 2002, pp. 11-12) cita J. C. Catford, um dos teóricos mais conhecidos e
divulgados no Brasil. Para ele, “a tradução é a substituição do material textual de uma língua
pelo material textual equivalente em outra língua”.
Em outra obra, a autora (2002, p. 12) cita também Eugene Nida, outro teórico
importante, que expande essa imagem pela comparação das palavras de uma sentença a uma
fileira de vagões de carga. Ele sugere que, assim como os vagões podem variar em quantidades
de carga, para mais ou para menos, semelhantemente algumas palavras “carregam” vários
conceitos e outras têm de se juntar para conter apenas um, de maneira que o que importa nesse
processo de tradução é que todos os componentes significativos do original alcancem a línguaalvo e que possam ser usados pelos receptores.
Para Arrojo (2002, p. 12),
Se pensarmos o processo de tradução como transporte de significados
entre língua A e língua B, acreditamos ser o texto original um objeto
estável, “transportável”, de contornos absolutamente claros, cujo
conteúdo podemos classificar completa e objetivamente. Afinal se as
palavras de uma sentença são como carga contida em vagões, é
perfeitamente possível determinarmos e controlarmos todo o seu
conteúdo e até garantirmos que seja transposto na íntegra para outro
conjunto de vagões.
Arrojo (2002, pp. 12-13) conclui, dizendo que,
se compararmos o tradutor ao encarregado do transporte dessa carga,
será como uma função mecânica que se restringe a garantir que essa
carga chegue intacta a seu destino, ou seja, o papel do tradutor será o de
transportar a carga de significados, mas não poderá interferir nela, ou
seja, “interpretá-las”.
Segundo ela, essa visão tradicional pressupõe uma determinada teoria de linguagem
que reflete também nas diretrizes estabelecidas para o trabalho do tradutor.
Arrojo cita também Alexander Frase Tytler, outro teórico, um dos pioneiros a definir os
três princípios básicos para a boa tradução (2002, p. 13):
A tradução deve reproduzir em sua totalidade a idéia do texto original;
O estilo da tradução deve ser o mesmo do original; e a tradução deve ter
toda a fluência e a naturalidade do texto original.
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Arrojo (2002, p. 40) diz que um texto/poema não mantém sua fidelidade cada vez que é
reescrito, uma vez que, ao ser reescrito, sofre a interpretação de cada escritor, de sua época e de
sua cultura e também da época em que foi criado, dando lugar a uma nova escrita do mesmo
texto, sendo, dessa forma, impossível resgatar na íntegra as intenções do autor do texto original.
Afirma também que não existem (2002, p. 76) fórmulas mágicas nem atalhos fáceis para se
aprender a traduzir, já que a tradução é, para a autora, uma atividade essencialmente produtora
de significados e um trabalho tão complexo quanto o do escritor de textos “originais”.
Para Arrojo (2002), faz-se necessário ao tradutor praticar a leitura de poemas, ter conhecimento
sobre sua comunidade cultural e sobre a obra do poeta que pretende ler, para que se obtenha
sucesso em suas leituras e, consequentemente, em suas traduções, escrevendo com o mesmo
cuidado e atenção daquele que pretende tornar-se um escritor. Também faz-se necessária uma
constante busca de estudos de teorias a respeito da tradução. Dessa forma, haverá uma maior
compreensão e uma reflexão crítica sobre a essência do trabalho do tradutor.
Portanto, para a autora, traduzir não pode ser meramente o transporte, ou a
transferência, de significados estáveis de uma língua para outra língua, porque o próprio
significado de uma palavra, ou de um texto, na língua de partida, somente poderá ser
determinado, provisoriamente, por meio de uma leitura.
Arrojo diz que os tradutores em geral aspiram a atingir uma fidelidade que é, na
verdade, relativa, visto que as circunstâncias, o momento histórico, a visão de mundo e o
próprio inconsciente do leitor/tradutor o conduzem a uma interpretação particular e
provisória. Isso porque o significado não se encontra armazenado no texto à espera de uma
interpretação correta, nem tampouco é um objeto permanente e invariável, protetor das
intenções do autor.
Partindo desse pressuposto, Arrojo afirma que, muitas vezes, as opiniões de críticos e
tradutores não coincidem, pois cada um constrói seus próprios significados a respeito do texto
original. A autora (2002, p. 73) não concorda com os que acreditam ser o tradutor alguém capaz
de colocar-se na pele, no lugar e no tempo do autor que traduz, sem deixar de ser ele mesmo e
sem violentar a sintaxe e a fluidez de sua língua, de seu tempo e de sua cultura.
A respeito da desconstrução, Arrojo (2002, p. 77) cita Sherry Simon:
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A partir da desconstrução, a tradução se torna “objeto de um tipo de
reformulação conceitual, localizado no centro do debate contemporâneo
acerca de processos de transmissão cultural e de suas relações com a
linguagem”. “Mais do que uma técnica de simples “transferência
lingüística”, a tradução passa a ser reconhecida como “ um processo que
gera novas formas textuais, que cria novas formas de conhecimento e
introduz novos paradigmas culturais”.
Para a autora, a grande maioria dos escritores e poetas que abordam a questão da
tradução de textos literários considera que traduzir é destruir, é descaracterizar, é trivializar.
Nesse contexto, a autora diz que tal alegação desses escritores que dão a ideia de
intraduzibilidade aos textos/poemas é, muitas vezes, uma maneira de manifestar a necessidade
de controlar e de proteger o texto do olhar alheio, ou seja, a concepção de que o texto deve
permanecer intocado para que possa preservar suas próprias características. Como uma
“idolatria pelo texto”, uma busca de tentar controlar o que é incontrolável.
Para Arrojo (2002, pp. 126-27), o escritor ou leitor que escolhe “depositar” ou
“encontrar” um significado especial num determinado texto se encontra dividido entre a
convicção inconsciente de que esse significado é seu, e não do texto, e a necessidade de negar e
esquecer essa convicção.
Arrojo (2002, pp. 44-45) afirma ainda que, tanto nos textos literários ou poéticos, assim
como nos não-literários e não-poéticos, é importante haver a ligação entre forma e conteúdo
para que não sejam vistos como “textos pacificamente traduzíveis”, levando em consideração o
conceito de tradução como de “transformação”, em que há uma interferência inevitável de
todos os envolvidos, direciona a uma afirmação de que todo texto pode ser traduzido de modo
que, cada vez que esse conceito for aceito e compreendido, o tradutor terá seu papel “autoral”
admitido e valorizado.
A autora (2002, p. 44) ainda observa que:
A tradução de qualquer texto poético ou não, será fiel não ao texto
“original”, mas àquilo que considerarmos ser o texto original, àquilo
que consideramos constituí-lo, ou seja, à nossa interpretação do texto de
partida, que será, como já sugerimos, sempre produto daquilo que
somos, sentimos e pensamos. Além da fidelidade de leitura feita do
texto de partida, nossa tradução será fiel a nossa concepção de tradução.
Contudo, se concluirmos que toda tradução é fiel às concepções textuais
e teóricas da comunidade interpretativa a que pertence o tradutor e
também aos objetivos que se propõe, isso não significa que caem por
terra quaisquer critérios para avaliação de traduções.
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E conclui dizendo (2002, p. 162): o tradutor é exatamente aquele leitor que se apropria
do texto de outro e o reescreve numa outra língua, deixando nele as marcas dessa apropriação e
dessa “traição”; um ato, entretanto, que tem de se manter escondido, escamoteado.
Segundo Paulo Ottoni (1998, p. 11), ao praticar a diferença entre as línguas, a tradução
inevitavelmente evidencia também as suas semelhanças e (1998, p. 16) entre as línguas
envolvidas na tradução e o que ocorre é uma espécie de tradução recíproca. Ainda, Ottoni
(1998, p.11) diz que não é mais possível desvincular tradução e desconstrução.
O conceito de multiculturalismo também interessa de perto à tradução. Segundo
Rodrigues (2011, s/p.) é “o jogo de diferenças, quando diversos elementos culturais se juntam
dentro de um mesmo espaço, forjando as características de uma sociedade. Ele é
frequentemente pensado como oposto ao etnocentrismo.”
Outro conceito que se faz necessário aqui é o de transcriação, que, segundo Campos
(1992, p. 35), assim se particulariza: “O significado, o parâmetro semântico, será apenas e tãosomente a baliza demarcatória do lugar da empresa recriadora. Está-se pois, no avesso da
chamada tradução literal.”
Complementando a teoria sobre a tradução, trataremos agora do estudo da análise do
poema e não mais do ato tradutório propriamente dito. Para isso, apresentaremos, a seguir,
alguns pressupostos teóricos colhidos em Antonio Candido, em seu O estudo analítico do poema
(2004).
Para Candido (2004, p. 17),
[...] o estudo da poesia apresenta algumas dificuldades especiais, uma
vez que no universo prosaico o meio de expressão é mais próximo da
linguagem cotidiana, já na linguagem da poesia é mais convencional e
impõe uma maior atenção, sobretudo por ela se manifestar em geral nos
nossos dias, em peças curtas e concentradas e por isso são menos
acessíveis ao primeiro contato.
O autor explica a diferença entre poema e poesia, sendo que o poema está relacionado à
sua escrita, seu conteúdo e suas manifestações concretas; por outro lado, a poesia é o substrato
imaterial do poema. O estudo do poema, no seu todo, deve partir da sua estrutura (versos
metrificados ou livres) e da sua sonoridade (ritmo). Esta análise pressupõe a interpretação por
meio do leitor com ou sem o recurso do comentário, ou seja, o esclarecimento objetivo dos
elementos necessários para o entendimento do poema.
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A respeito da interpretação, Candido (2004, p. 23) cita que, para os estudiosos de
mentalidade positiva, o comentário é base importante e respeitável, porque “está dirigido a
aspectos de cunho históricos, linguísticos, bibliográficos entre outros” e que “a interpretação é
demasiado pessoal para ser considerado objeto de ensino”. Outros vão além e entendem que a
poesia possui uma essência incomunicável quando fora da experiência pessoal e tem uma
profunda irracionalidade que a torna significativa apenas na intuição pessoal de cada um.
Entretanto, ainda segundo Candido (2004), alguns autores mais modernos tomam
posição oposta e afirmam que a poesia só pode ser estudada a partir desta sua natureza íntima
e que ela pode ser objeto de estudo sistemático. Outros ainda vão além e afirmam que o
comentário, além de desnecessário, pode ser até mesmo prejudicial.
Por fim, Candido (2004, p. 25) considera que a investigação sobre o poema deve ser feita
em duas etapas virtuais: “Comentário e interpretação ou comentário analítico e análise
interpretativa”, que, para ele, estão intimamente ligados, mas que podem se dissociar, e
esclarece que “não há comentário válido sem interpretação”, mas que “pode haver
interpretação válida sem comentário”. Ele ressalta que tanto um quanto o outro precisam estar
focados no poema como ponto comum de interesse, porque é o poema como unidade concreta
que limita e concentra a atividade do estudioso.
Para o autor, o comentário é uma espécie de tradução feita antes da interpretação, que é
inseparável em sua essência, porém teoricamente é possível se tornar uma operação separada.
Para Emil Staiger, citado por Candido (2004, p. 28),
Interpretar significa reproduzir e determinar com penetração
compreensiva e linguagem adequada à matéria, a estrutura íntima, as
normas estruturais peculiares, segundo as quais uma obra literária se
processa, se divide e se constitui de novo como unidade.
Ainda sobre interpretação, Candido (2004, p. 28) aponta os seguintes tópicos:
Natureza: “[…] a interpretação é uma tradução do tipo mais difícil que a
tradução de uma língua para outra […]”
Dificuldades: “um poema não se revela por si mesmo, nem para os que
falam a mesma língua. É espantoso o quanto o leitor desprevenido (ou
ingênuo) lê mal e não percebe”. Daí a necessidade de ensinar e aprender
a interpretação sistemática.
Requisitos: - Não se prender exclusivamente à forma nem ao conteúdo
(“formalismo” e “ materialismo”); não utilizar padrões alheios ao
poema.
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- Não falar de si mesmo, mas da obra, isto é, não emprestar a ela os
sentimentos e idéias pessoais que gritam por sua sugestão; mas procurar
extrair os que estão contidos nela.
Regras: “[…] aprender a ler, saber ouvir, prestar atenção a todas as
particularidades”.
Sobre a sonoridade do poema, Candido (2004, p. 37) afirma que “todo poema é uma
unidade sonora”. Para ele, antes de qualquer aspecto significativo mais profundo, o poema tem
esta realidade, sendo “um dos níveis ou camadas de sua realidade total”. A sonoridade pode
ser “altamente regular, muito perceptível, determinando uma melodia própria na ordenação
dos sons, ou de maneira discreta que quase não se distingue da prosa”. Em outras palavras, o
poeta explora a sonoridade das palavras e dos fonemas e tenta obter os efeitos baseados em
seus sentimentos.
Candido (2004, p. 49) cita também Maurice Grammont e sua teoria, como exemplo de
uma das que afirmam a existência de correspondências entre sonoridade e sentimento. Para
Candido (2004, p. 61), dentre os recursos mais usados para obter efeitos de sonoridade do verso,
o principal é a rima. Segundo Manuel Bandeira, citado por Candido, rima “é a igualdade ou
semelhança de sons na terminação das palavras”. A principal função da rima no poema é a de
criar a recorrência do som de modo marcante, estabelecendo uma sonoridade contínua e
nitidamente perceptível. Essa liberdade trouxe o uso do verso livre, com ritmos mais pessoais,
de modo que os poetas desposavam suas inflexões, o que permitia deixá-la de lado. De um
modo geral, a poesia moderna se apóia mais no ritmo que na rima.
Em resumo, ritmo é, pois, uma alternância de sonoridades mais fracas e mais fortes,
formando uma unidade configurada. E segue, dizendo que “o ritmo é a alma e a razão de ser do
movimento sonoro, ou seja, o esqueleto que ampara todo o significado”.
Na síntese do autor, podemos afirmar que seu ponto de vista em relação ao ritmo é que
o ritmo está ligado à vida como um todo, à existência, aos movimentos, às atividades sociais e à
natureza, de tal forma que o homem impõe o ritmo na sua vida, assim como o poeta impõe o
ritmo em seu poema, tornando-o a alma do verso que escreve, ultrapassando o limite entre
sensibilidade e simples capricho, ligando-o ao mais profundo sentimento que o poeta consegue
exprimir.
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2 José Martí e sua poesia
O autor escolhido para a elaboração deste trabalho de análise tradutória é José Martí.
Segundo Salgado (2009), quando o poeta nasceu, em 28 de janeiro de 1853, Cuba era
uma das últimas províncias ultramarinas da Espanha. Filho de José Julián Martí y Perez,
espanhol de Valencia, e Leonor Pérez Cabrera, das Ilhas Canárias, José Martí é natural de
Havana e teve sete irmãs. Aos 16 anos, influenciado pelas idéias separatistas de seu professor, o
poeta Rafael Maria de Mendive, publica seu primeiro drama patriótico em versos, o Abdala, no
único número do jornal La Pátria Libre. Este período é marcado pelo início da primeira luta pela
soberania de Cuba, que ficou conhecida como a Guerra dos Dez Anos (1868-1878), a qual Martí
apóia publicamente.
Durante essa época, Martí é preso por seus ideais revolucionários e é condenado a seis
anos de trabalhos forçados por sua participação política. Por seis meses, fica retido em uma
pedreira perto de Havana.
Devido a problemas de saúde agravados no cárcere e por conta dos esforços de sua mãe,
consegue o indulto e é deportado para a Espanha, em 1871, aos dezoito anos. Publica El presídio
político en Cuba, o primeiro de muitos manifestos sobre a independência. Nele, conta os horrores
que passou nos presídios da ilha. Passa a articular com outros cubanos que estão fora da ilha e
levanta o tema da independência para a imprensa espanhola.
Matricula-se na Universidad Central, mas termina seus estudos na Universidad de
Zaragoza, onde se licencia em Direito, Literatura, Filosofia e Letras. Muda-se para a França e, em
1875, para o México, onde se casa com Carmen Zayas Bazón. Em 1877, vai para a Guatemala e
passa a lecionar na Universidad Nacional.
Volta a Cuba, em 1878, com o fim da Guerra dos Dez Anos, mas é novamente
deportado, por suas atividades revolucionárias na chamada Guerra Chiquita, que durou até
1880. Em 22 de novembro de 1878, nasce seu filho José Francisco, em Havana.
Vai para os Estados Unidos e vive, entre 1881 e 1895, em Nova Iorque. Antes, passa um
curto período na Venezuela, mas tem problemas com o governo e retorna a Nova Iorque.
Trabalha como jornalista nos jornais The Hour e The Sun. No ano de 1882, trabalha para o La
Nación, da Argentina, e publica o poema “Ismaelillo”, considerado o precursor do modernismo
hispano-americano.
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Funda o Partido Revolucionário Cubano, sendo eleito para a organização pela luta da
independência. No mesmo ano, funda seu jornal diário separatista contra a dominação
espanhola, o Pátria. Dois anos depois, é nomeado cônsul do Uruguai, mas logo após renuncia
por causa de sua atividade política. Viaja para diversos países da América Central e estabelece
contato com Máximo Gómez e Antonio Maceo, idealistas como ele e revoltosos da guerra dos
10 anos.
Neste período – início do imperialismo norte americano – percebe a urgência em formar
uma identidade americana e passa a usar o termo Nuestra América. Escreve para dezenas de
periódicos sobre literatura, política e artes e trabalha como tradutor. Volta a Cuba para articular
a luta.
A segunda etapa da guerra, iniciada em 1895, foi liderada por José Martí, Antonio
Maceo e Calixto García. A luta ganhou força e fez com que os espanhóis buscassem soluções
conciliatórias. Em fevereiro de 1878, foi assinado pelos revoltosos e pelas autoridades coloniais
o Pacto de Zangón. As decisões do acordo não foram cumpridas e o processo reformista ganhou
força mais uma vez. José Martí encarregou-se de reagrupar os revoltosos. Seu papel é de suma
importância, pois é seu mentor intelectual. José Martí morre, lutando, em 19 de maio de 1895,
após seu pequeno contingente de revoltosos se deparar com as tropas espanholas no vilarejo de
Dos Ríos. É mutilado pelos soldados e exibido à população. É sepultado em Santiago de Cuba.
Como escritor, José Martí foi um dos precursores do modernismo iberoamericano.
Publicou centenas de poemas, novelas e dramas, além de cartas e artigos de jornal. Entre os
mais famosos estão o Ismaelillo (1882), os Versos Sencillos (1891) e os Versos libres (1892).
Publicado em 1891, o poema Versos Sencillos é a sua maior realização no campo da
literatura. É um grande poema de amor à mulher e à pátria, passando pelos filhos e pela
natureza. Também foi marcante a publicação da novela Amistad funesta (1885), além de dezenas
de ensaios. Em 1889, fundou e dirigiu a revista infantojuvenil La edad de oro, em que aborda
clássicos da literatura em linguagem acessível. Seu estilo é simples e suas obras completas são
formadas por 73 volumes.
Para que os ideais do poeta não fossem esquecidos, foi construído, entre 1958 e 1959, o
Memorial José Martí, na Plaza de la Revolución, em Havana.
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3 O poema “Hijo del alma”
Tú flotas sobre todo,
Hijo del alma!
De la revuelta noche
Las oleadas,
En mi seno desnudo
Déjante el alba;
Y del día la espuma
Turbia y amarga,
De la noche revueltas
Te echan las aguas.
Guardancillo magnánimo,
La no cerrada
Puerta de mi hondo espíritu
Amante guardas;
¡Y si en la sombra ocultas
Búscanme avaras,
De mi calma celosas,
Mis penas varias,
En el umbral oscuro
Fiero te alzas,
Y les cierran el paso
Tus alas blancas!
Ondas de luz y flores
Trae la mañana,
Y tú en las luminosas
Ondas cabalgas.
No es, no, la luz del día
La que me llama,
Sino tus manecitas
En mi almohada.
Me hablan de que estás lejos:
¡Locuras me hablan!
Ellos tienen tu sombra;
¡Yo tengo tu alma!
Ésas son cosas nuevas,
Mías y extrañas.
Yo sé que tus dos ojos
Allá en lejanas
Tierras relampaguean,?
Y en las doradas
Olas de aire que baten
Mi frente pálida,
Pudiera con mi mano,
Cual si haz segara
De estrellas, segar haces
De tus miradas!
¡Tú flotas sobre todo,
Hijo del alma!
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Segue nossa tradução literal para o português do Brasil:
Tu flutuas sobre tudo,
Filho da alma!
Da revolta noite
As ondas batem,
Em meu peito nu
Apesar do alvorecer;
E do dia a espuma
Turva e amarga,
Da noite revolta
Te lançam as águas.
Guardiãozinho magnífico,
A não fechada porta
De meu fundo espírito
Amante guardas;
E se na sombra te escondes
Procuram-me avaras
De minha calma invejas
Minhas dores várias,
No umbral escuro
Feroz te levantas
E lhes fecham os passos
Tuas asas brancas!
Ondas de luz e flores
Traz a manhã
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E tu nas luminosas
Ondas cavalgas
Não é, não, a luz do dia
A que me chama
Mas, sim, tuas mãozinhas
Em meu travesseiro.
Falam-me que estás distante:
Loucuras me falam!
Eles têm tua sombra,
Eu tenho tua alma!
Essas são coisas novas
Minhas e estranhas.
Eu sei que teus olhos
Lá nas distantes
Terras relampagueiam,
E nas douradas
Ondas de ar que batem
Minha pálida testa.
Pudesse com minha mão,
Como numa colheita
De estrelas, colher
Teus olhares:
Tu flutuas sobre tudo,
Filho da alma!
PROFT em Revista
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Análise do Poema “Hijo Del Alma” de José Martí e as Dificuldades Tradutórias do Espanhol para o Português do Brasil
Segue nossa tradução literária para o português do Brasil:
“Filho da alma”
Tu flutuas no espaço,
filho da alma!
As ondas da revolta
noite batem
em meu peito nu,
apesar do alvorecer.
E as águas da noite
revolta te lançam
à espuma do dia,
turva e amarga.
Guardiãozinho magnífico,
guardas a porta aberta
de meu fundo
espírito amante;
E, se te escondes nas sombras,
minhas várias dores
procuram-me avaras
e invejosas de minha calma.
No umbral escuro
te levantas feroz
e tuas asas brancas
lhe impedem os passos!
PROFT em Revista
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Jefferson Odair da Silva Santos / Luzimar Goulart Gouvêa
A manhã traz
ondas de luz e de flores
E tu cavalgas
nas ondas luminosas.
Não, não é a luz do dia
quem me chama
mas, sim, tuas mãozinhas
em meu travesseiro.
Me falam que estás longe:
loucuras me falam!
Eles têm tua sombra,
E eu tenho tua alma!
Essas são coisas novas
e estranhas para mim.
Eu sei que teus dois olhos
relampejam lá nas
distantes terras,
E nas douradas
ondas de ar que batem
na minha testa pálida.
Pudesse colher, com minha mão,
como numa colheita
de estrelas, teus olhares:
tu flutuas no espaço,
filho da alma!
PROFT em Revista
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Análise do Poema “Hijo Del Alma” de José Martí e as Dificuldades Tradutórias do Espanhol para o Português do Brasil
Passamos a fazer alguns comentários sobre os impasses tradutórios da tradução literal.
Vejamos:
POEMA ORIGINAL: Las oleadas
TRADUÇÃO LITERAL: As ondas batem
COMENTÁRIO: Foi feita a opção pela inclusão do verbo bater, já que oleadas vem no sentido
de ondas fortes. O verbo vem acrescentar este sentido na tradução para o português, pois nós
usamos ondas fortes ou fortes ondas e, se optássemos por ondas apenas, ficaria sem o sentido
completo.
POEMA ORIGINAL: Dejante al alba
TRADUÇÃO LITERAL: Apesar do alvorecer
COMENTÁRIO: A dificuldade aqui é semântica: dejante não é uma palavra usual em todos os
países de língua espanhola. Segundo a RAE (2012), é prep.: Aparte de, además de. ~ que. e loc.
conjunt. No obstante, además de que, e não há termo correspondente em português, para “dejante"
por isso optamos por “Apesar do (alvorecer)”.
POEMA ORIGINAL: La no cerrada/ Puerta
TRADUÇÃO LITERAL: A não fechada/ Porta
COMENTÁRIO: Opção pela manutenção da correspondência linguística, para conservação do
ritmo.
POEMA ORIGINAL: ¡Y si en la sombra ocultas/ Búscanme avaras…
TRADUÇÃO LITERAL: E se na sombra te escondes/ Procuram-me avaras
COMENTÁRIO: uso de um verbo equivalente, diferente do correspondente em português.
POEMA ORIGINAL: En el umbral obscuro
TRADUÇÃO LITERAL: No umbral escuro
COMENTÁRIO: Permanência do vocábulo, embora de pouco uso cotidiano, pela sua força
expressiva (Umbra, no latim, sombra).
POEMA ORIGINAL: Y les cierran el paso
TRADUÇÃO LITERAL: E lhes fecham os passos
COMENTÁRIO: Opção por um equivalente em português, porque o verbo cerrar (fechar) não
é muito usual nesta acepção.
POEMA ORIGINAL: Me hablan de que estás lejos
TRADUÇÃO LITERAL: Falam-me que estás distante
COMENTÁRIO: lejos: longe, distante. A opção pelo termo distante implica mais a dor da
separação do que o estar longe, simplesmente.
POEMA ORIGINAL: Yo sé que tus dos ojos/ Allá en lejanas/ Tierras relampaguean
TRADUÇÃO LITERAL: Eu sei que teus olhos/ Lá nas distantes/ Terras relampagueiam
COMENTÁRIO: lejanas/distantes . Relampaguear: para fugir do popular no português do
Brasil relampejar. Mantém-se, com isso, um certo traço de erudição.
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Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Jefferson Odair da Silva Santos / Luzimar Goulart Gouvêa
4 Considerações finais
O poema de José Martí não apresenta uma marcação de forma (métrica e rímica,
principalmente) que exija, tanto na tradução literal quanto naquela que se aproveita das
possibilidades da transcriação, uma preocupação com o ato tradutório no sentido da
conservação da cadência e da sonoridade dos versos.
A tradução literal conseguiu manter a erudição do texto original e lidou, quase tãosomente, com os impasses de natureza semântica, conforme comentamos acima. A tradução
literal manteve os hipérbatos (inversão frasal) do original.
A tradução que se aproveita do recurso da transcriação teve de desfazer os hipérbatos e,
com isso, o texto parece ter ganhado leveza. A aproximação sintática do português do
Brasil ajudou a dar fluência e ritmo novos ao texto, perdendo sua erudição, mas
enriquecendo-o de uma facilidade de comunicação poética, que o faz aproximar-se e dizer
o sentimento poético da morte mais próximo dos brasileiros e da língua por nós falada na
contemporaneidade,
cumprindo
aquilo
que
se
tem
pensado
nos
estudos
multiculturalistas, ou seja, o aproveitamento da cultura para a qual o texto é traduzido.
Como citar:
SANTOS, Jefferson S. ; GOUVEA, L. G. . "Analise do poema 'Hijo del Alma' de José Martí e as
dificuldades tradutórias do espanhol para o português do Brasil". PROFT em Revista: Anais do
Simpósio Profissão Tradutor 2011, v. 2, n. 2, p. 22-39. jun. 2012.
PROFT em Revista
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011
Análise do Poema “Hijo Del Alma” de José Martí e as Dificuldades Tradutórias do Espanhol para o Português do Brasil
5. Referências
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Gredos, 1950.
ARROJO, Rosemary. Oficina de tradução: a teoria na prática. 4. ed. São Paulo: Ática, 2002.
CAMPOS, H. Metalinguagem e outras metas. 4. ed. Sao Paulo: Perspectiva, 1992.
CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. São Paulo: Associação Editorial Humanitas,
2004.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. São Paulo: Ática, 2004
MIRANDA,
Antonio.
Poesía
de
Iberoamérica:
José
Martí.
Disponível
http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/cuba/jose_marti.html.
Acesso
25.10.2010.
________,http://www.guantanamera.org.br/marti.htm
em:
em
OTTONI, Paulo. Tradução: a prática da diferença. Campinas, SP: Unicamp, FAPESP, 1998.
RAE.
Disponível
em:
http://buscon.rae.es/draeI/SrvltConsulta?TIPO_BUS=3&LEMA=dejante,
acessado
em
03.02.12
SALGADO, Wellington Luiz. “Con todos y para el bien de todos”: José Martí e a independência de
Cuba. (monografia de graduação) Universidade de Taubaté, Departamento de Ciências Sociais e
Letras. Taubaté, 2009.
RODRIGUES,
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Multiculturalismo.
http://www.tcdesign.uemg.br/en/pdf/antonio_greco.pdf , acessado em 21.10.2011.
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PROFT em Revista
Anais do Simpósio Profissão Tradutor 2011