eficiência energética na indústria de alimentos
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eficiência energética na indústria de alimentos
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus – Campo Mourão Engenharia de Alimentos Andressa Carla Cintra da Silva EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS BENEFICIAMENTO E CARA CTERIZAÇÃO DE DA INDÚSTRIA DE NA RAGIÃO DE CORUMBATAÍ DO SUL: APROVEITAMENTO DA CASCA ESTÁGIO SUPERVISIONADO Campo Mourão Julho/ 2013 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Campus – Campo Mourão Engenharia de Alimentos EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS _______________________________ _______________________________ Profa. Dra. Karla Silva Profa. Dra.Mirela Vanin S. Lima Professor (a) orientador (a) Professor (a) convidado (a) _______________________________ Andressa Carla Cintra da Silva Aluno (a) Campo Mourão Julho/2013 RESUMO A Companhia Iguaçu de Café Solúvel está entre as três maiores empresas no Brasil exportadoras de café, vice-líder no Brasil no segmento de café solúvel, e líder no segmento de cappuccinos no estado do Rio Grande do Sul. A Iguaçu atua com uma política de gerenciamento de insumos residuais, tanto energéticos quanto de matéria-prima, objetivando a sustentabilidade dos seus processos nas diversas etapas de produção. Essa política de vanguarda possibilitou a parceria entre a Cia. Iguaçu e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, visando o desenvolvimento de um projeto de pesquisa na área de gerenciamento energético. Durante o período de estágio, janeiro a julho de 2013, foi possível desenvolver avaliações de viabilidade técnica e econômica de projetos na área de otimização de processos e eficiência energética, a saber: dimensionamento e otimização do sistema de água gelada, aproveitamento de gases de exaustão como fonte de energia alternativa, ramificação de uma linha de ar comprimido, eficiência energética e otimização do processo spray drying utilizando desumidificador e aproveitamento de vapor flash. O estudo de aproveitamento dos gases de exaustão necessita de um maior aprofundamento em algumas questões técnicas relativas a grande quantidade de particulado arrastado com esses gases. A instalação do desumidificador se mostrou extremamente viável possibilitando o aumento de 20% da produção, entretanto para que haja retorno do investimento deve haver demanda de produção. Para o aproveitamento de vapor flash foram apresentadas duas possibilidades: uma utilizando um termocompressor e a outra instalando uma válvula controladora de pressão no tanque de coleta de condensado que modularia a utilização do vapor. O estágio possibilitou vivenciar o cotidiano da empresa e o aprendizado prático do estudo acadêmico. Essa experiência foi essencial para a solidificação da formação profissional. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA.................................................................................... 3 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................. 5 3.1 ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO ................................................. 5 3.2 RECONHECIMENTO DA ÁREA DE PRODUÇÃO.............................................. 5 3.2.1 Recepção da Matéria-Prima ...................................................................... 5 3.2.2 Torrefação.................................................................................................. 6 3.2.3 Extração ..................................................................................................... 6 3.2.4 Concentração............................................................................................. 6 3.2.5 Secagem .................................................................................................... 7 3.2.6 Envasamento ............................................................................................. 7 3.2.7 Sistemas de Refrigeração .......................................................................... 8 3.2.8 Caldeira de Biomassa ................................................................................ 8 3.2.9 Visão Geral ................................................................................................ 9 3.3 ESTUDOS PROPOSTOS ................................................................................... 9 3.3.1 Aproveitamento de Gases de Exaustão como Fonte de Energia Alternativa ........................................................................................................... 9 3.3.2 Eficiência Energética e Otimização do Processo Spray Drying Utilizando Desumidificador ................................................................................................ 11 3.3.3 Aproveitamento de vapor flash ................................................................ 14 3.3.4 Outros Estudos ........................................................................................ 15 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 15 5 CONCLUSÃO................................................................................................................................ 16 1 1 INTRODUÇÃO O grupo Iguaçu atua na fabricação e comercialização de café solúvel e derivados no mercado interno e externo, e o faz com preocupação para com o meio ambiente, controlando suas emissões atmosféricas, efluentes e resíduos, perigos e riscos ocupacionais físicos, químicos e ergonômicos. Diante do histórico industrial de consumo intensivo de insumos de disponibilidade finita, tanto energéticos como de matéria-prima, e do aumento do preço da energia com a inclusão dos custos sócio-ambientais e as dificuldades cada vez mais explicitas para extração de energia primária, os setores produtivos e de serviços do país conclamam por projetos de eficiência energética que possam agregar aos seus processos sustentabilidade, redução de custos e competitividade. Neste contexto, surge a parceria entre a Cia. Iguaçu e a UTFPR para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa de gerenciamento energético, visando a aplicação da teoria na prática industrial. Projetos de eficiência energética visam a redução do consumo de energia através da utilização de fluxos residuais como fonte de energia alternativa, ou otimização dos processos com a racionalização dos insumos aplicado em todas as etapas, possibilitando a diminuição da necessidade de se importar energia de fontes externas. A implementação desses projetos devem preconiza ainda a avaliação da viabilidade técnica e econômica, analisando o retorno do capital investido com relação a energia recuperada. No início do estágio houve um processo de três dias de integração e treinamento para familiarização com a empresa e suas politicas e regulamentos. Em seguida, durante aproximadamente vinte dias, foi realizada uma visita em todas as linhas de processo, desde a recepção da matéria-prima até a embalagem, visando o reconhecimento de todas as etapas de produção e os equipamentos utilizados, além dos colaboradores envolvidos. Depois do reconhecimento da unidade fabril, foi dado inicio aos estudos para proposição de projetos. Os estudos realizados foram: dimensionamento e otimização do sistema de água gelada, aproveitamento de gases de exaustão como fonte de energia alternativa, ramificação de uma linha de ar comprimido, eficiência energética 2 e otimização do processo spray drying utilizando desumidificador e aproveitamento de vapor flash. O presente relatório de estágio tem como finalidade descrever as principais atividades executadas durante o período de estágio. Todas as atividades executadas e aqui descritas, possibilitaram a prática do conhecimento adquirido durante o curso de Engenharia de Alimentos realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, bem como ter uma prévia da rotina de trabalho de uma indústria. 3 2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA Nome Companhia Iguaçu de Café Solúvel Local BR 369 – Rodovia Mello Peixoto, Km 88. Cornélio Procópio – Paraná – Brasil. Mão de Obra A empresa conta com 696 colaboradores. Insumos Matéria-Prima Café beneficiado cru em grãos; Leite em pó; Açúcar; Cacau em pó; Combustíveis Óleo BPF (Baixo Ponto de Fluidez); Borra de café; Gás Liquefeito de Petróleo; Cavaco de Madeira Unidade Fabril A Café Iguaçu foi fundada em 22 de junho 1967, ocupando uma área de terreno de 121.000 m², no município de Cornélio Procópio. A Figura 1 apresenta a unidade fabril. Figura 1. Cia. Iguaçu de Café Solúvel em Cornélio Procópio. 4 Política de Qualidade A Café Iguaçu foi a primeira empresa brasileira no segmento de alimentos a obter a certificação do SIG – Sistema Integrado de Gestões – que engloba as certificações ISO 9001 (Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente), Norma 18001 (Saúde e Segurança no Trabalho). Posteriormente obteve também a certificação APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). A fim de melhor atender o mercado internacional obtivemos as certificações BRC (British Retail Consortium) e também para comercialização de produtos Fair Trade e orgânicos nos mercados brasileiros (selo BR), europeu (selo EU) e americano (selo NOP/USDA). Há também o Programa 5S, que não é uma certificação e sim um programa de qualidade, de origem japonesa que tem como objetivos: eliminar desperdícios (material, tempo, mão-de-obra), o aumento de produtividade e a melhoria na qualidade. Existe na empresa desde 1992 e foi a base que auxiliou na implantação dos outros programas. Produtos A Cia. Iguaçu produz uma grande variedade de produtos, tanta para venda no mercado interno, como externo. São eles: Café torrado e moído Café solúvel em pó Café solúvel granulado Café solúvel liofilizado Óleo de café Extrato de café concentrado Misturas com café (cappuccinos, café com leite) 5 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 3.1 ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO O estágio teve inicio em fevereiro e término em julho de 2013, sendo o supervisor de estágio o Gerente de Projetos, Manutenção e Utilidades – Engenheiro Mecânico Ericsson Bernardino por parte da Cia. Iguaçu, e a Dra. em Engenharia de Alimentos – Professora Karla Silva por parte da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 3.2 RECONHECIMENTO DA ÁREA DE PRODUÇÃO Para o melhor desempenho no desenvolvimento das atividades específicas, o primeiro mês de estágio foi dedicado ao reconhecimento das diversas áreas de processamento de café. Dessa forma, um entendimento completo das linhas de processo, dos equipamentos envolvidos e a apresentação dos operadores, que poderiam posteriormente auxiliar nos estudos, pode ser estabelecido. 3.2.1 Recepção da Matéria-Prima Esta etapa engloba desde o recebimento do café verde, tanto conilon como arábica, passando pela sua seleção, classificação e estocagem. São recebidos diariamente cafés de diversas regiões do país, os quais adequadamente (blend) resultam na qualidade exigida por cada padrão. combinados 6 3.2.2 Torrefação O café verde entra no torrador em média com 13% de umidade e sai com 5% com uma variação de 1%. Na primeira etapa da torrefação, a uma temperatura de 180˚C, a água é removida e o grão verde torna-se marrom-palha. A formação da cor ocorre na segunda etapa, chamada de pirólise, em temperaturas superiores a 300˚C. Nesta etapa, o sabor e aroma se desenvolvem, além de ocorrer a emissão de uma fumaça oleosa e a dilatação do grão. Quando a cor desejada é alcançada o grão torrado é resfriado para interrupção imediata da pirólise. O processo de torrefação leva de 9 a 13 minutos, dependendo da temperatura e do tipo de café desejado. O café é enviado para granulação, para fragmentação dos grãos, e obtenção de uma granulometria uniforme. 3.2.3 Extração O grão torrado e granulado segue para a linha de extração. Cada linha possui oito colunas para extração, operadas a uma pressão de até 20 kgf/cm². A coluna consiste de um cilindro oco isolado, onde o café é alimentado no topo e água quente é inserida para extrair os sólidos solúveis. As colunas podem ser operadas com fluxo ascendente e descendente, uma vez que entupimentos de tubulações são frequentes, e dessa forma possa ser feita uma inversão de fluxo (reverso) para desentupir. A borra de café, resíduo da extração, é expulsa das colunas por arraste a vapor, onde é recuperada para posterior prensagem e queima na caldeira. Após esta etapa o produto passa a ser denominado extrato bruto. 3.2.4 Concentração Na linha de concentração, parte da água do extrato bruto é removida. Dependendo do café produzido, podem ser empregados diferentes equipamentos 7 para esta operação: evaporadores de múltiplo efeito, concentrador termo-centrífugo, crioconcentrador e concentrador à placas. 3.2.5 Secagem A secagem do extrato concentrado pode ser feito de duas formas, por aspersão e por liofilização. Na secagem por aspersão é utilizado um equipamento spray dryer, onde o extrato concentrado é atomizado em forma de gotículas no topo da torre de secagem ao mesmo tempo em que é submetido a uma corrente de ar quente, provocando a evaporação da água. O produto coletado na base da torre é o café solúvel em forma de microesferas, chamado spray dried, que pode ser transformado em café aglomerado se submetido a uma etapa adicional de aglomeração. A aglomeração ocorre em grandes câmaras, onde o café solúvel em pó é alimentado no topo junto com vapor. Durante a queda do pó com o vapor, as microesferas de aglomeram. Na secagem por liofilização, o extrato é congelado através de um fluxo de ar frio a baixas temperaturas, chegando até a -50˚C, formando uma placa maciça. Depois, essa placa é triturada, formando grânulos que se assemelham a cristais. Por meio de câmaras à vácuo, esses cristais são submetidos ao processo de sublimação, onde a água é removida em forma de vapor, sem passar pelo estado líquido. 3.2.6 Envasamento A Cia. Iguaçu possui uma grande diversidade de produtos, e de formas de envasamento. O produto final pode ser expedido em latas, vidros, pouch, bags e caixas. A linha de envasamento é praticamente toda automatizada. 8 3.2.7 Sistemas de Refrigeração A empresa utiliza dois sistemas de refrigeração, um por compressão mecânica operando em cascata e outro por absorção. O primeiro é utilizado para manter o sistema de condicionamento de ar para controle de umidade dos ambientes, uma vez que o café é um produto higroscópico. O sistema por absorção é utilizado somente para manter as linhas de café liofilizado. O ciclo de refrigeração por absorção se assemelha ao ciclo de refrigeração por compressão mecânica. Porem, ao invés da utilização de um compressor mecânico, os sistemas por absorção utilizam um compressor termoquímico, formado por dois componentes – gerador e absorvedor. Além disso, o sistema por absorção utiliza uma fonte de calor para o seu funcionamento, enquanto que o sistema tradicional necessita energia elétrica. 3.2.8 Caldeira de Biomassa A Cia. Iguaçu utiliza uma caldeira aquatubular, alimentada com biomassa, com capacidade de produção de 45 ton/h de vapor. Opera com cerca de 80% da sua capacidade, gerando 36 ton/h de vapor à 19 kgf/cm². Antes do vapor chegar ao processo, há instalada na linha principal uma válvula redutora de pressão, para que o vapor chega aos pontos de consumo a 14 kgf/cm². O combustível utilizado na caldeira é composto de 90% cavaco, e o restante borra proveniente do processo de extração. Cerca de 70% da água utilizada para alimentar a caldeira é condensado residual dos processos onde o vapor é utilizado, o restante é proveniente de poços. A água fria proveniente dos poços é tratada e entra em um tanque, onde ela se junta ao condensado residual. Em seguida, a água de alimentação segue para um desaerador, onde é injetado vapor, e depois para um economizador (trocador de calor que utiliza o calor sensível dos gases de exaustão), para então chegar no tanque de alimentação da caldeira. O ar atmosférico, utilizado como comburente na caldeira, é previamente aquecido. Primeiro ele passa por um trocador que utiliza vapor flash das descargas 9 da caldeira, em seguida por um aquecedor que utiliza calor dos gases de exaustão na saída do economizador. Os gases de exaustão, antes de serem enviados a atmosfera, passam por multiciclones que irão separar as cinzas. 3.2.9 Visão Geral Praticamente todas as linhas de processamento de café são automatizadas, cerca de 90% do processo. Dessa forma, quase eliminando as falhas operacionais inerentes ao ser humano, e conferindo ao processo maior confiabilidade, segurança e produtividade. A Iguaçu possui uma politica de gestão de resíduos eficiente. Todas as linhas de processo possuem algum tipo de sistemas de reaproveitamento, tanto energético quanto de insumos, possibilitando a otimização do sistema de produção, conjugando sustentabilidade, redução de custos e eficiência. 3.3 ESTUDOS PROPOSTOS 3.3.1 Aproveitamento de Gases de Exaustão como Fonte de Energia Alternativa Dados levantados por uma empresa de consultoria que realiza periodicamente um relatório referente ás emissões atmosféricas, apontaram um grande potencial para o aproveitamento dos gases de exaustão de um equipamento spray dryer. A alta vazão e temperatura dos gases indicaram uma grande quantidade de energia disponível para aproveitamento. O estudo de viabilidade técnica e econômica proposto foi realizado visando a instalação de um regenerador de calor para recuperação de parte do calor dos gases de exaustão, que são enviados para atmosfera, desviando seu fluxo para ajudar no pré-aquecimento do ar de suprimento do spray dryer. Assim, reduzir a 10 necessidade de se importar calor de fontes externas ao sistema em estudo, ou seja, aumentar sua eficiência energética. O estudo iniciou com a coleta de dados relevantes para dimensionamento do regenerador e avaliação da viabilidade técnica e econômica para instalação do equipamento. A segunda etapa foi o contato com fornecedores que pudessem desenvolver um equipamento que opere dentro das variáveis coletadas e que pudesse ser instalado no processo sem comprometê-lo. Além disso, para que o projeto seja aprovado deve haver viabilidade financeira, ou seja, um retorno econômico preferencialmente de curto período. Esse retorno é avaliado através dos ganhos agregados ao processo com a instalação do equipamento, com a redução do consumo energético e consequente aumento da eficiência energética. Dessa forma, avaliar a viabilidade entre capital investido e a energia recuperada. Foram contatados cinco fornecedores com tecnologia para recuperar calor de gases de exaustão. Porém, em função da pequena diferença de temperatura entre os gases de exaustão e o ar de suprimento (∆T de 65˚C), quatro deles consideraram o estudo inviável. Segundo esses fornecedores, esse tipo de tecnologia é aplicável na recuperação de calor de gases com temperatura superior a 300˚C, uma vez que é uma tecnologia de alto custo, ou quando a economia gerada é de uma fonte energética de alto valor. Como a economia gerada com a instalação do equipamento será vapor (fonte de energia de baixo custo), o projeto torna-se inviável, ou seja, o período de retorno do investimento seria elevado. Entretanto, um fornecedor simulou os dados de projeto com o aproveitamento do calor residual dos gases, e dimensionou um equipamento regenerador (trocador de calo ar-ar). A partir dos dados simulados, foi estimado que a instalação do equipamento geraria um ganho de temperatura do ar de suprimento será de 38˚C. A avaliação de viabilidade econômica da instalação do equipamento será feita sobre a quantidade de cavaco economizado com esse aumento na temperatura, ou seja, a redução na quantidade de energia que o pré-aquecedor terá que ceder para atingir a mesma temperatura de saída. O equipamento cotado é cipável, uma vez que há arraste de particulado nos gases de exaustão. Apesar do equipamento apresentar um payback simples de 11 cerca de 1,5 anos (considerado bom), a viabilidade técnica de implementação desse estudo é questionável. A grande quantidade de particulado arrastado acarretará na necessidade frequente de limpeza do equipamento. Como esse particulado é higroscópico e será arrastado junto com vapor d’água, irá formar uma película que reduzirá a eficiência de troca térmica. Entretanto, o equipamento spray dryer onde ele deverá ser instalado dificilmente interrompe sua operação. Outro empecilho técnico é a acidez desse particulado, pH 4. Considerando que o material construtivo do regenerador cotado é alumínio, o grau de corrosão do material, em função desse particulado, deve ser alto, consequentemente reduzindo sua vida útil. 3.3.2 Eficiência Energética e Otimização do Processo Spray Drying Utilizando Desumidificador Os desumidificadores são empregados para remoção da água em forma de vapor presente no ar. Dois métodos são largamente empregados na indústria, adsorção e refrigeração. A desumidificação por refrigeração é realizada pela passagem de ar por uma superfície suficientemente fria para condensar a umidade absorvida, reduzindo a quantidade de umidade total do ar. Nesse sistema, a umidade é removida pela refrigeração do ar abaixo do ponto de orvalho. O desumidificador adsortivo possui uma roda dessecante que gira lentamente entre duas correntes de ar primárias. Na corrente de ar de processo, o vapor d’água é removido quando este passa pela roda dessecante. Este ar desumidificado é enviado para o processo. A roda então gira para o setor de reativação onde uma corrente de ar aquecida passa pela roda. A roda dessecante libera o vapor d’água para esta corrente de ar. A maioria da energia requerida para este processo dessecante é usada no aquecimento da corrente de ar de reativação. Atualmente esse tipo de equipamento tem sido empregado em processos spray drying que utilizam ar atmosférico aquecido como meio de secagem. A redução na quantidade de vapor d’água no ar possibilita principalmente o aumento 12 da produtividade, bem como permitir a manutenção de uma baixa umidade durante o ano, permitindo padronizar a qualidade da produção. O estudo iniciou com a coleta de dados relevantes para dimensionamento do equipamento e avaliação da viabilidade técnica e econômica para sua instalação. Bem como, análise das características psicrométricas do ar e quantificação das entradas e saídas do processo de secagem. Alguns dados foram estimados através da aplicação de um balanço de massa, mostrado na Figura 3. Através desse balanço foi possível determinar a vazão de extrato, quantidade de água evaporada e energia consumida. Figura 3. Balanço de massa para o processo de secagem. Onde: (mear): vazão mássica de ar de suprimento; (mew): vazão mássica de vapor d’água que entra com o fluxo de ar de suprimento; (mp): vazão mássica de sólidos solúveis; (mpew): vazão mássica de água contida no extrato; (E): vazão mássica de extrato; 13 (mpws): vazão mássica de água que sai com produto; (P) vazão mássica de produto; (W): vazão mássica da saída do spray dryer. A capacidade de evaporação do processo foi determinada a partir da equação (1). O valor encontrado foi fixado e utilizado como parâmetro de eficiência de secagem do spray atualmente. Onde: ( ): vazão mássica de água evaporada no processo de secagem [kg/h]; ( ): vazão mássica de ar atmosférico [kg/h]; (w): umidade absoluta do ar [kg água/kg ar seco]. A energia necessária para evaporação da água foi encontrada a partir da equação (2). Onde: (Q): corresponde a energia requerida para evaporação [kJ/h]; (h): entalpia do ar seco [kJ/kg]. Dessa forma, com os dados levantados e a aplicação do balanço e equações, foi possível determinar os parâmetros do processo atual. Duas empresas fornecedoras de equipamentos desumidificadores foram contatadas para cotação. Uma para desumidificação por refrigeração e outra por adsorção. Com a simulação realizada pelas empresas contatadas, foi possível estimar um aumento de produção de 20%, e consequentemente uma redução no consumo energético de 17%. Apesar do maior custo com a instalação do equipamento, a desumidificação por adsorção acrescenta um menor custo fixo ao processo (0,8%), tornando sua implementação mais atrativa. Isso ocorre porque apesar do consumo de vapor, o ar de suprimento sai aquecido do equipamento reduzindo a carga térmica dos préaquecedores. 14 A instalação desse equipamento se mostrou extremamente vantajosa, entretanto para haja retorno deve haver demanda de produção. 3.3.3 Aproveitamento de vapor flash O tanque coletor de condensado da planta descarta parte do vapor flash gerado na descarga do condensado para atmosfera. Apesar de já haver instalado nesse tanque um equipamento que utiliza o vapor flash gerado, ainda há margem para melhoria. São duas as possibilidades para o aproveitamento desse vapor. A primeira é utilizar um sistema de termocompressão. Se for possível alcançar uma pressão de descarga acima de 3 kgf/cm² é possível utiliza-lo em um trocador de calor para préaquecimento de água de processo. Entretanto, existem alguns empecilhos na utilização dessa tecnologia. A pressão de sucção do termocompressor seria variável, uma vez que a pressão do tanque de condensado (gerador de vapor flash) varia de 0,2 a 0,6 kgf/cm². Além disso, a taxa de compressão seria bastante elevada devido a baixa pressão do flash, levando a um alto consumo de vapor motriz. E ainda, será necessário controlar o termocompressor para que ele não succione todo o vapor do tanque e ainda arraste ar pela saída que existe para atmosfera, o que pode ser conseguido com a instalação de uma válvula de retenção. A outra possibilidade é ramificar a linha no ponto onde o flash é descarregado para atmosfera e leva-la ate um trocador de calor para préaquecimento da água de processo de uma das linhas de extração. O tanque de coleta de condensado pode ser pressurizado até 1 kgf/cm² sem comprometer a drenagem da planta. Pressões superiores poderiam causar contra-pressão nos purgadores e consequente alagamento das linhas. Dessa forma, uma válvula controladora de pressão seria instalada no tanque para mantê-lo nessa pressão e modular a saída de vapor flash no ponto de ramificação. Uma solução mais simples que a do termocompressor. As duas possibilidades devem ser avaliadas mais profundamente a respeito da sua viabilidade técnica e econômica. 15 3.3.4 Outros Estudos Outros estudos propostos foram a ramificação de uma linha de ar comprimido e dimensionamento do sistema de água gelada da planta. O primeiro foi apenas um dimensionamento e cotação para levar uma linha de ar comprimido da planta de um ponto a outro. Quanto ao sistema de água gelada, a planta está operando com sobrecarga do sistema. Em dias mais quentes é frequente a falta de energia para troca térmica feita pela água, bem como falta de água (vazão) para chegar aos pontos de consumo. Assim, foi proposta a realização do dimensionamento real do sistema de água gelada para estimar através de dados operacionais o consumo de água gelada e o calor trocado nos pontos de utilização da planta. Dessa forma, identificar pontos passíveis de melhorias. A conclusão foi de que não há pontos passíveis de otimização, como pontos de troca ineficiente (baixo ∆T). Porém, através do estudo foi possível fazer um levantamento detalhado da dimensão dos pontos de consumo de água gelada a partir de dados operacionais, bem como atualizar o fluxograma existente. A sobrecarga do sistema demanda uma nova bomba, que deve ser instalada em paralelo as existentes para aumentar a vazão de fornecimento de água, bem como o estudo de um novo equipamento para refrigerar a água. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O histórico brasileiro de afastamento do conhecimento teórico da universidade da prática indústria, continua. Por um lado a academia é resistente no desenvolvimento de projetos práticos para otimização de equipamentos e processos visando o aumento da competitividade dos setores produtivos e de serviços do país, e por outro a indústria resiste em aceitar a aplicação do conhecimento teórico na sua prática, dando sempre preferência para o seu patrimônio de conhecimento prático. Enquanto houver esse afastamento, essas diferenças de interesses, acadêmicos sairão despreparados para o aprimoramento da indústria e a indústria estará despreparada para receber a inovação tecnológica implícita ao conhecimento teórico. 16 5 CONCLUSÃO O programa de estágio teve como objetivo o estudo de possibilidades de aproveitamento de fluxos residuais de energia do processo de produção para utilização como fonte de energia alternativa, bem como a otimização dos processos. Neste enfoque foram realizados alguns estudos, como aproveitamento de gases de exaustão, desumidificação de ar de suprimento de secagem e aproveitamento de vapor flash. Diversas possibilidades foram avaliadas e o resultado obtido foi satisfatório, porem como é uma área complexa, com muita burocracia envolvida e lentidão do sistema, não foi possível transforma-los em projetos aplicados. Entretanto, a experiência vivida na unidade fabril possibilitou o conhecimento dos equipamentos e processos envolvidos na produção de café solúvel. Foi possível também aplicar parte dos conhecimentos teóricos adquiridos na universidade, além de conhecer as limitações nessa aplicação, bem como adquirir experiência pratica. As relações interpessoais foram aprimoradas com o contato com os demais colaboradores formando características fundamentais para a entrada no mercado de trabalho.