- Centro Empresarial de São Paulo
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JUNHO-JULHO-AGOSTO/2009 São Paulo na visão de seus governantes Seminário na FAAP reúne nove governadores do Estado Turismo O que é que a Bahia tem 2 | | JUN/JUL/AGO – 2009 As últimas décadas na visão dos governadores O Estado de São Paulo cresceu pela força de seus fundadores, a garra de seus habitantes – imigrantes de diferentes países, trabalhadores de todos os estados – e a contribuição de seus líderes políticos, que conseguiram interpretar uma soma de anseios, necessidades e desejos. Todo esse amálgama, em meio às circunstâncias e características positivas da geografia, recursos naturais e de formação de seu povo, fez de São Paulo uma potência econômica superior a alguns países de iguais dimensões territoriais. As últimas décadas marcam um período de intenso crescimento populacional e econômico que foi retratado, segundo a visão dos últimos nove governadores do Estado, em evento promovido pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), no mês de março último. Tive o prazer de participar desse acontecimento, parte dele narrado nas páginas desta revista. Não foi uma disputa entre governadores para saber quem fez mais pelo seu Estado, mas um registro histórico da contribuição que cada um procurou dar a São Paulo e à sua população no sentido de seu desenvolvimento e de seu papel em termos de colaboração para o progresso de todo o País. Ainda sob o impacto da crise econômica mundial e de seus reflexos na nossa economia, que, segundos recentes indicadores, se encontra em recuperação, trazemos uma reportagem com o presidente da BM&FBovespa, que assumiu depois da fusão da Bolsa de Mercadorias e Futuros com a Bovespa, em que ele aponta diversas opções de investimentos. Edemir Pinto conta que para proteger os investidores das turbulências do mercado, as bolsas brasileiras desenvolveram um conjunto de mecanismos, envolvendo aperfeiçoamento profissional e tecnologia, um aparato tecnológico de sistemas de negociação que representa, segundo ele, “o que há de mais moderno no mundo”. A BM&FBovespa fechou acordo com a norte-americana CME, a maior bolsa de derivativos do mundo, que permitiu aos investidores participarem do mercado das principais bolsas de todo o planeta. Também foram criadas outras alternativas, incluindo um programa especial para empresas de diferentes portes, inclusive para aquelas que ainda não fazem parte do mercado, para abertura de capital e emissão de títulos de dívida privada até leilões, custódia e gerenciamento de risco. Ainda nesta edição, em meio a outros textos, que esperamos sejam de agrado dos leitores, Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo e presidente do Comissariado Brasileiro coorganizador das atrações do Ano da França no Brasil, fala sobre os eventos que teremos o prazer de conferir nos destaques da programação para o Estado. Temos também Oded Grajew fazendo a avaliação dos dois anos do Movimento Nossa São Paulo e do seu novo trabalho de criação de novos indicadores de qualidade de vida da população de São Paulo. Espero que esta edição seja de seu agrado, Orestes Quércia Presidente da Panamby Empreendimentos e Participações Ltda. JUN/JUL/AGO – 2009 | | 3 Centro Empresarial de São Paulo avança no programa de modernização Uma das marcas do Centro Empresarial de São Paulo é a visão estratégica de promover constante modernização de sua infraestrutura, facilidades e serviços. Desta vez, o passo dado pelo condomínio foi em relação aos sistemas de distribuição de ar condicionado. Depois de ter instalado modernos chillers que otimizaram o sistema, garantindo maior eficiência energética, foi atualizado o gerenciamento da operação das controladoras dos fan-coils, aparelhos que condicionam a temperatura dos ambientes de escritórios e lojas, espalhados nos andares dos edifícios. Após estudos, a Johnson Controls, através de sua Divisão de Sistemas, instalou uma rede de comunicação com seis gerenciadoras Metasys modelo NAE, destinadas a eliminar a tradicional operação manual de liga e desliga das controladoras e promover a identificação de falhas nos condicionadores de ar, antes que o usuário possa perceber alguma anomalia. O novo sistema, que começou a operar em abril, coordena a operação das mais de 00 controladoras de fan-coils e permite que toda a programação do sistema de ar condicionado seja feita numa tela de computador. Assim, os ajustes de temperatura são imediatos e eliminam o serviço manual, proporcionando otimização de tempo e custo, em função da gestão integrada das unidades instaladas, e também melhor eficiência energética. “O sistema Metasys de gerenciadoras NAE e controladoras de fan-coil regulam com maior eficiência a temperatura nos ambientes de trabalho de escritórios, possibilitando maior conforto térmico para as pessoas e melhor gestão da produção de frio pela central de água gelada. Em outras palavras, o Centro Empresarial de São Paulo elimina gastos desnecessários com energia e aumenta a satisfação de seus usuários”, explica Emílio Miranda, gerente de Contas da Divisão de Sistemas da Johnson Controls. Nos últimos anos, o Centro Empresarial de São Paulo contratou a YK/Johnson Controls para uma reforma em sua central de água gelada. Foram instalados três Chillers YK, marca YORK, fabricados pela Johnson Controls, que operam com gás refrigerante ecológico e geram 3100 TR´s de refrigeração, resultando na redução dos gastos com a produção de frio em cerca de 0 a 0%. “A meta é sempre proporcionar maior conforto aos usuários, com modernas tecnologias, menor índice de manutenção, baixos custos e o melhor desempenho sustentável”, explica Marcos Maran, gerente de Manutenção, Operação de Utilidades e Obras do Centro Empresarial de São Paulo. Entre as Utilidades de responsabilidade da Gerência de Manutenção estão 100 TR (toneladas de refrigeração), 0 fan-coils e km de dutos para climatizar adequadamente todas as dependências do condomínio; 13 subestações que gerenciam 23 mil KVA de energia elétrica; a distribuição de 10 m3 de água em reservatórios; além da rede de gás natural; sistemas de segurança, elevadores e escadas rolantes, para citar alguns exemplos. As inovações implantadas no Centro Empresarial foram destaque da seção Eficiência Energética, da Revista Construção Mercado – Editora PINI, publicada na edição no 9, de junho de 2009. Fundação Dixtal abre inscrições para trabalho voluntário no programa Um Milhão de Rodas Se você gosta de trabalhar com pessoas e é apaixonado por livros e pelo conhecimento, então entre para o Programa Um Milhão de Rodas e divirta-se! A Fundação Dixtal seleciona e prepara pessoas apaixonadas e conscientes para atuar como mediadores de leitura. O Programa tem como objetivo geral fortalecer a formação do sujeito colaborativo e promover o encantamento pela leitura, pelo livro e pelo conhecimento. As Rodas acontecem em escolas, bibliotecas, organizações não | | JUN/JUL/AGO – 2009 governamentais e bairros próximos ao Jardim São Luis, com crianças, jovens e adultos. No primeiro semestre de 2009, mais de 00 pessoas, entre participantes das Rodas, parceiros e voluntários, estão praticando o exercício de relacionar-se sob uma nova perspectiva de trabalho colaborativo no processo de mudança e melhoria na educação. Mais informações: www.fundacaodixtal.org.br ou [email protected] Remodelação dos controles de acesso A partir do próximo ano serão implantados controles de acesso exclusivos em cada um dos blocos do Centro Empresarial de São Paulo. Para que isso aconteça, serão construídos seis anexos que funcionarão como uma interligação entre o Piso Panamby e o nível dos jardins. Esses anexos ocuparão o espaço onde hoje estão os shafts de iluminação, que perpassam os dois pavimentos e os andares das garagens. Uma parte desses vãos, que abrigam jardins, vai ser ocupada pelas novas instalações. O plano de obras prevê, ainda, o transplante da vegetação exótica que deve ser transferida com todos os cuidados para os jardins externos. Segundo o gerente de Manutenção, Operação de Utilidades e Obras do Centro Empresarial de São Paulo, Marcos Maran, os anexos sairão do Piso Panamby, passarão por todas as garagens e chegarão até o nível dos jardins, onde serão implantadas as entradas sociais de cada um dos blocos do condomínio. Os anexos terão um total de 14 elevadores, dois em cada um deles e mais dois exclusivos para o transporte de cargas entre o Piso Panamby e Piso Shopping. Com as mudanças, o acesso das pessoas aos blocos será controlado a partir de cada uma das torres. Os anexos facilitarão o controle do fluxo de pessoas e de visitantes aos escritórios. Serão instaladas catracas e um sistema de CFTV com identificação de perfil. O circuito fechado de TV também será ampliado para abranger todos os anexos. Já o acesso ao Piso Shopping a partir das entradas e dos jardins continuará a ser livre para todos os visitantes. As obras para a implantação do sistema de acesso começam no início de julho e a previsão é de que os primeiros blocos comecem a operar com os anexos a partir de janeiro. Os controles de acesso serão implantados de forma gradativa, até que a totalidade da obra seja concluída, em junho de 2010. JUN/JUL/AGO – 2009 | | 09 FINANÇAS ENTREVISTA SOCIEDADE 16 ESPECIAL 14 MEMÓRIA SUSTENTABILIDADE 07 SUMÁRIO 18 24 O3 EDITORIAL | 21 QUALIDADE DE VIDA | 27 TURISMO | 30 CULTURA EXPEDIENTE Panamby Empreendimentos e Participações Ltda. PRESIDENTE: Orestes Quércia DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Alvino José de Oliveira e Sidnei Bertazzoli CENTRO EMPRESARIAL SP NEWS: JUNHO-JULHO-AGOSTO/2009 EDIÇÃO, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Diferencial Assessoria & Comunicação JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lucimar Franceschini (MTb. 889/5/137 DF) EDITOR CHEFE: Silvano Tarantelli (MTb 14.492) REDAÇÃO: Fernando Caldas COLABORADORES: Rita Gallo, Davi Brandão e Roberto Shinyashiki COMERCIALIZAÇÃO: Mart Bureau e Editora Tel.: 3815-5566 ramal: 27 FOTOS: Paulo Bareta e Márcia D’Ambrósio IMPRESSÃO: GT Editora e Gráfica Ltda. CONDOMÍNIO CENTRO EMPRESARIAL DE SÃO PAULO: Av. Maria Coelho Aguiar, 215 Bloco B ASSESSORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: Patrícia De La Sala Tel.: (11) 3741-6685 /Fax: (11) 3741-5152. CENTRO EMPRESARIAL SP NEWS é uma publicação do Centro Empresarial de São Paulo, com distribuição gratuita interna e via postal para executivos, clientes, fornecedores e formadores de opinião. Todos os textos são de responsabilidade do Centro Empresarial, sendo que os assinados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem autorização prévia. Envie sua opinião, crítica ou sugestão para a redação: [email protected] | | JUN/JUL/AGO – 2009 Aquecimento global, uma ameaça real Por efeitos naturais e ação do homem sobre a natureza, o aumento de temperatura da Terra é uma realidade que merece atenção especial dos governantes e de toda a sociedade Por Rita Gallo “O aquecimento global é uma realidade que trará para o nosso planeta, a médio prazo, um custo econômico enorme e um custo social maior ainda”, afirma o professor em geociências e glaciologista do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Simões. A grande mudança que tem preocupado Jefferson Simões e cientistas do mundo todo é o aumento de 50 C na temperatura dos oceanos, que vem acelerando os ciclos de desaparecimento da calota glacial na parte ocidental da Antártida, voltada para a América do Sul. Para Simões, há evidências de que a Antártida Oci- dental pode sofrer colapsos, o que contribuirá para a elevação do nível do mar. “Mesmo não sendo uma notícia particularmente nova, há um alerta para a necessidade de uma administração do aquecimento global”, afirma o professor. Segundo ele, é fundamental que o assunto seja tratado por todo o planeta e não apenas por alguns países isoladamente. Simões explica que o governo Barack Obama já demonstra uma atitude positiva em relação ao assunto, após 13 anos de descaso com o tema. “Durante o governo George Bush havia um incentivo ao descrédito do aquecimento global, capitaneado por políticos ultraconservadores e subsidiados por companhias de petróleo e tabagistas”, diz Simões. Para o professor da UFRS, o aquecimento global deveria estar no planejamento de estado de cada nação, pois com a elevação do nível do mar e o desaparecimento de faixas costeiras, haverá imigração e um custo portuário altíssimo. “O homem é adaptativo e não é necessário alarmismo, mas é fundamental que o aquecimento global esteja em todos os planejamentos dos estados”, enfatiza Simões. Profundo conhecedor do tema, o professor é coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, com sede no Instituto de Geociências da UFRS, que integra sete laboratórios nacionais para implementar o programa nacional de pesquisa da criosfera (a massa de neve e gelo da Terra). O programa inclui a montagem na UFRS do laboratório brasileiro para análise e interpretação de testemunhos de sondagem de gelo e do centro nacional de monitoramento da criosfera (principalmente para avaliar o impacto do derretimento de parte do gelo para o nível médio dos mares). JUN/JUL/AGO – 2009 | | A terra viveu momentos parecidos em um período entre 3 milhões e 5 milhões de anos atrás. Quando a temperatura na Antártida esteve mais alta, ocorreu o colapso do manto de gelo, que pode voltar a acontecer se o cenário de aquecimento global persistir. Mas para especialistas do setor é remota a possibilidade de um colapso catastrófico ocorrer em uma escala ainda mais curta, nos próximos séculos. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Wellington, na Nova Zelândia, baseada na análise dos sedimentos da terra, indica que nos últimos cinco milhões de anos as flutuações de gelo nessa região do continente gelado tiveram um ciclo de 40 mil anos. “Esse ciclo está ligado a variações da inclinação da Terra” em relação ao Sol, afirma um estudo. A pesquisa mostra ainda que na ausência do homem, esses ciclos continuariam no mesmo ritmo no futuro, em escalas de várias dezenas de milhares de anos. Antes de se tornarem icebergs, as geleiras da calota polar antártica seguem para o oceano, e sua extremidade se transforma em plataformas ligadas ao continente. Caso as extremidades desapareçam, em função do aumento da temperatura do oceano causada pelo aquecimento global, haverá uma aceleração do derretimento das geleiras, que se tornariam mais finas, terminando por se dissolver por completo. | | JUN/JUL/AGO – 2009 Nada diferente no Ártico Estudo feito a partir de novos dados obtidos pelo satélite Acqua, da Nasa – agência espacial norte-americana –, mostra que continua o processo de diminuição do gelo marinho no Ártico, que já dura uma década. O manto de gelo também está cada vez mais fino. “Essa é uma realidade que já conhecemos”, afirma o professor da UFRS. O gelo marinho no Ártico funciona como se fosse uma espécie de ar condicionado para o sistema climático global. O gelo naturalmente esfria as massas de ar e água, tem papel fundamental na circulação oceânica e reflete a radiação solar de volta ao espaço. Pesquisadores que monitoram a calota glacial ártica a partir do espaço afirmam que no último inverno (no hemisfério Norte) o gelo no círculo polar apresentou a quinta menor extensão desde que esse tipo de registro começou a ser feito, em 1979. Os seis menores níveis ocorreram justamente nos últimos seis anos, de 2004 a 2009. A velocidade com que o gelo marinho no extremo norte do planeta está encolhendo tem surpreendido os cientistas. Até recentemente, a maior parte do gelo marinho no Ártico costumava permanecer por no mínimo um verão e, muitas vezes, durante vários. Mas tal cenário tem mudado dramaticamente, segundo Charles Flowler, da Universidade do Colorado, que coordenou o novo estudo. Hoje, o gelo sazonal fino – que derrete e recongela a cada ano – responde por cerca de 70% da cobertura no Ártico no inverno. Até a década de 1990, o total desse tipo de gelo chegava no máximo a 50%. Segundo os cientistas, o gelo mais espesso, capaz de resistir por dois ou mais anos, agora equivale a apenas 10% da cobertura ártica no inverno. Até a década de 1990, variava entre 30% e 40%. Segundo a Agência Fapesp, o estudo destaca que a extensão máxima do gelo marinho na região no período 2008-2009, atingida em 28 de fevereiro, chegou a 15 milhões de quilômetros quadrados. O total corresponde a 720 mil quilômetros quadrados a menos do que a média entre 1979 e 2000. “A extensão do gelo é uma medida importante da saúde do Ártico, mas ela nos dá apenas uma visão bidimensional da cobertura do gelo. Espessura também é importante, especialmente no inverno, porque se trata do melhor indicador geral da calota. À medida que a camada de gelo no Ártico fica mais fina, ela se torna mais vulnerável ao aquecimento que ocorre no verão”, explicou Walter Meier, um dos pesquisadores do grupo de Flowler. Segundo os cientistas, conforme o gelo mais espesso desaparece, ele é substituído por uma camada mais nova. Essa cobertura é também mais fina e mais suscetível ao derretimento no verão. O gelo sazonal tem em média 1,8 metro, enquanto que a capa mais espessa – capaz de sobreviver a mais de um verão – tem cerca de 2,7 metros. Os governadores e a história de São Paulo Cláudio Lembo, Rubens Ricupero, Orestes Quércia, José Serra, Paulo Egydio Martins e José Maria Marin A Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) conseguiu reunir em um mesmo evento oito governadores do Estado, além do atual, governador José Serra. A façanha aconteceu no seminário “A Pujança de São Paulo – A Transição do Século XX para o Século XXI”, com mediação do embaixador Rubens Ricupero. Trata-se de um registro da história recente de São Paulo, por quem esteve no poder do Estado em mais de quatro das últimas décadas. O quadro estaria completo, não fossem as ausências de André Franco Montoro e de Mario Covas, já falecidos, dois dos mais destacados políticos brasileiros, que governaram o Estado de 1983 a 1987 e de 1995 a 2001. A seguir alguns dos principais trechos dos depoimentos dos governadores. Laudo Natel (1966 - 1967/ 1971 - 1975): “(...) Então veio o convite para ser vice-governador. Aliás, naquele tempo, o vice-governador era atrelado ao governador para efeito de voto. (...) Mas em um universo de três milhões de eleitores, que era na época o eleitorado do Estado de São Paulo, acabei tendo 1,2 milhão de votos e fui eleito. Na viagem (durante a campanha eleitoral), notei que tinha um forte respaldo para disputar o governo do Estado, mas aí aconteceu uma coisa inesperada: o governador Adhemar de Barros, que fora um dos lideres civis que apoiou a Revolução de 1964, foi cassado, e tive de assumir o governo. Certo dia, recebi um telefonema do presidente Castelo Branco. (...) ‘Preciso que o senhor assuma o governo de São Paulo, pois não quero fazer uma intervenção no Estado. ’ Pego de surpresa, tive que compor uma equipe para me ajudar a governar no pouco tempo em que atuei, para dar sequência à administração e terminar o governo de meu antecessor. A eleição não era mais direta, passou a ser indireta. Muita coisa mudou e o meu cacife político poderia valer ou não para o futuro. Parece que valeu! Um dia, recebi, outra vez, um telefonema do presidente. Já não era o Castelo Branco, mas Emílio Garrastazu Médici, informando-me que eu havia sido escolhido pelo partido para ser o candidato na eleição indireta ao governo do Estado, e ele ainda teve a gentileza de dizer: ‘Olha, não agradeça essa escolha porque nós chegamos ao seu nome. ’ Seminário faz um registro da história recente de São Paulo por quem esteve no poder do Estado nas últimas quatro décadas E assim, pela segunda vez, assumi o governo de São Paulo. (...) Entre a eleição e a posse (...) pude me concentrar nas ideias, naquilo que poderia fazer como governador; pude analisar com quem poderia contar para me auxiliar a executar um plano de realizações poucas vezes registrado na história administrativa de São Paulo. Laudo Natel JUN/JUL/AGO – 2009 | | Paulo Maluf (1979-1982): “(...) Da minha par- Paulo Maluf te, eu tenho orgulho do que fiz como governador, mas não quero estender o meu discurso, fazendo um rosário das minhas obras; porém, já que estamos aqui do lado... Eu me lembro que, quando chovia no bairro do Pacaembu, a avenida Pacaembu transformava-se num rio. Quando fiz os piscinões, disseram-me: ‘isso não vai funcionar’, mas hoje, graças a Deus, é o modelo mais eficaz de combate às enchentes. Quando executamos as obras viárias, de segurança pública, de educação, de saúde pública etc., eu tinha muito orgulho de que aqui na cidade de São Paulo não se andava um quilômetro sem uma obra para a qual eu não tenha colaborado. Quando colocamos o termômetro debaixo do braço, vemos se estamos ou não com febre através de uma medida. A minha medida, da qual tenho muito orgulho, é que, na última eleição para deputado federal, eu não fui só votado nos 645 municípios, fui votado em todas as 77 mil urnas do Estado de São Paulo! Não teve uma urna na qual alguém não se lembrou que o Paulo Maluf esteve na sua cidade, fez uma escola, fez o posto de saúde, asfaltou a rua, providenciou iluminação pública, acabou com a enchente, botou a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na rua para que os munícipes pudessem andar com tranquilidade onde quisessem. Luiz Antonio Fleury Filho Geraldo Alckmin Luiz Antonio Fleury Filho - (1991 1995): “Assumi numa época terrível, quando o Brasil estava sob o impacto do Plano Collor II, que trouxe uma inflação de 40% ao mês, além da recessão. No período do meu mandato, além da instabilidade econômica e de uma instabilidade política, tive de conviver com três moedas diferentes, dois planos econômicos, oito ministros da Fazenda, cinco presidentes do Banco Central e dois presidentes da República. Quando o cidadão perde o emprego, qual é a primeira coisa que ele perde? O plano de saúde. Em seguida, ele tira a criança da escola particular e Paulo Egydio Martins 10 | José Maria Marin | JUN/JUL/AGO – 2009 a matricula na escola pública. Só para terem uma ideia, em 1992 nós tivemos 35% de aumento na demanda de matrículas nas escolas públicas de São Paulo. Não foi nada fácil governar numa situação dessas e sem recursos. O que nós fizemos? Convocamos a iniciativa privada para participar desse esforço e iniciamos o Fórum Paulista de Desenvolvimento, do qual nasceram mais de 200 mil empregos, entre os quais o acordo da indústria automobilística de 1992, que reduziu o valor dos impostos, fez crescer a venda de veículos novamente e, com isso, a roda da economia passou a girar de uma forma mais adequada. No meu governo, ocorreu o impeachment de um presidente da República, mas tudo isso aconteceu sem nenhuma perturbação da ordem, sem nenhum movimento que pudesse justificar qualquer tipo de intervenção, por exemplo, a militar. Geraldo Alckmin (2001- 2007) “O meu governo foi no Plano Real, ou seja, com moeda estável. O Estado de São Paulo construiu toda a sua economia fundamentada na indústria do café. A própria FAAP é um exemplo disso, pois o seu fundador foi um homem importante, um destacado player na cadeia produtiva do café. (...) A minha geração não sabia o que era uma moeda estável, tivemos uma inflação de 2.000% ao ano. Mas o Brasil fez, no final das contas, um grande esforço na questão do ajuste das contas públicas, o qual acabou originando uma lei federal de grande significado que é a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que foi um grande salto de qualidade na gestão pública brasileira. (...) o nosso Estado se destacou nas concessões para a iniciativa privada. Eu dou um exemplo: a rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, começou a ser duplicada quando eu era deputado federal, no último governo militar, ou seja, as obras começaram no governo Figueiredo. Passaram-se sete governos federais e não se conseguiu duplicar a rodovia Régis Bittencourt, que de tantos acidentes ficou conhecida também como a ‘rodovia da morte’. Com o auxílio da iniciativa privada, conseguimos a duplicação da Imigrantes em 32 meses, e a concessionária conquistou, inclusive, a certificação ISO 14.001 (ambiental) pelos cuidados com a Mata Atlântica. A primeira pista da Imigrantes foi inaugurada por Laudo Natel e eu o convidei para a cerimônia de entrega da nova pista. Acredito que, entre as obras mais importantes que foram executadas no meu governo, devo destacar duas. A primeira é a desativação da penitenciária do Carandiru, que virou o Parque da Juventude, e por São Paulo ter construído as penitenciárias de segurança máxima que o Brasil não tinha. A outra obra é a do rio Tietê (aprofundamento da sua calha), que eu diria histórica, porque praticamente nunca mais nós tivemos enchentes provocadas por esse rio, que passa na cidade de São Paulo e que nasceu entre os rios Tietê e Tamanduateí. Foi uma obra estruturante de grande significado.” Paulo Egydio Martins (1975 - 1979): “(...) No meu governo, vivi grandes crises também, uma delas foi a da saúde. Precisei enfrentar duas epidemias gravíssimas de meningite. Pois bem, vacinamos 25 milhões de pessoas, sendo que 23 milhões viviam aqui no Estado de São Paulo e dois milhões eram habitantes do Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais, que moravam bem próximos da fronteira de São Paulo. Outra crise estava também ligada com a saúde, devido à situação catastrófica em que se encontrava São Paulo, no tocante ao saneamento básico. Peguei a Grande São Paulo com 42% das casas com água potável e deixei com 93%. Tínhamos em São Paulo um índice de mortalidade infantil superior ao de Recife (Pernambuco). Isso ocorria por razões extremamente simples: o nosso solo em São Paulo é altamente permeável, temos três bacias, as dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí; nosso lençol freático tem oito metros de profundidade e não tínhamos esgoto, o que contaminava integralmente o lençol freático. Dávamos águas de poço, que estava contaminada, para as crianças, e era inevitável que elas morressem. Muitos me aconselharam a não gastar dinheiro ‘enterrando canos’. Todo mundo acha que a maior obra que eu fiz foi a rodovia dos Bandeirantes. A Bandeirantes é um piolhozinho. A minha maior obra foi a de saneamento básico. Incrível, mas boa parte dos governantes é ainda contra obra enterrada, pois acredita que os eleitores se esquecem dela. Mas, tendo em vista o índice de mortalidade de São Paulo, preferi enterrar canos a enterrar crianças.” José Maria Marin (1982-1983): ”(...) Nos dez meses de meu governo, a grande preocupação foi a segurança do cidadão e da sua família. Assim, criamos novas vagas para delegado de classe especial na Polícia Civil. Melhoramos os salários dos integrantes da Polícia Militar. Além disso, fizemos questão absoluta de dar o suporte possível à magistratura e ao nosso Ministério Público. Na Polícia Civil, todos os concursados que não tinham sido nomeados foram regularizados, o que beneficiou, na ocasião, 2.637 funcionários. Quero dizer algumas palavras especificamente aos estudantes da FAAP que estão nos ouvindo. Falou-se muito em crise em diversas exposições, e realmente estamos em crise. Eu sempre estive no meio da luta, enfrentando as dificuldades com muita fé, com muita confiança em mim, com muito espírito cristão e, principalmente, vendo o exemplo em minha casa, pois o meu pai foi um imigrante espanhol e um lutador de boxe. Com ele aprendi que poderia superar todos os desafios, tendo fé e perseverança e acreditando em Deus. Por isso, meus caros estudantes, apesar de estarmos em crise, enquanto São Paulo continuar tendo esse povo generoso, estendendo os braços e as mãos, não só aos nossos irmãos de outros Estados, mas também para os imigrantes de todos os países – para espanhóis, árabes, judeus, japoneses etc. e para os descendentes de todos eles – que vierem aqui para nos ajudar a criar essa grandeza do nosso Estado, estaremos aptos a superar qualquer desafio, por mais complicado que ele seja.” Orestes Quércia (1987 - 1991): “(...) Meu primeiro ato como governador, minha primeira assinatura, foi criar a Secretaria do Menor. E escolhi para dirigi-la Alda Marco Antonio, hoje vice-prefeita de São Paulo. Ela fez um trabalho notável, que deu a São Paulo um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU). Na sua gestão, criamos o SOS Criança – existente até hoje –, os Circos-Escola, as Casas Renascer (para crianças viciadas) e o Clube da Turma, entre outros. Fizemos um trabalho maravilhoso e encaminhamos mais de 200 mil crianças. Outra questão dramática da época era a segurança. Fizemos um trabalho imenso: compramos seis mil novos carros para a polícia, instalamos 52 novos distritos policiais, criamos rádio-patrulhamento padrão e construímos 22 presídios e 37 delegacias da mulher. Quando assumi o governo, o Datafolha dizia que o grande problema em São Paulo era a questão da segurança, com 53% das respostas, e no final do meu governo era a quarta preocupação, com 8%. Todos os sequestradores, sem exceção, foram presos durante os quatro anos do meu governo. No tocante ao transporte, construímos a linha Leste-Oeste do metrô, até Itaquera, e a linha Paulista. Ao todo, durante a minha gestão, foram construídos 25 km de metrô e 9 km deixados em construção. Fizemos a duplicação das principais rodovias de São Paulo (a Pedro I, a Washington Luis, a Anhanguera, a Manuel da Nóbrega etc.), num total de 1.200 km. Além disso, foram construídos 8 mil Km de estradas vicinais. Todos os municípios do Estado tiveram vicinais construídas. Na questão da saúde, aumentamos de 4% do orçamento para 12% os gastos nesse setor. Naquela época, houve a questão da AIDS, e foi feito um trabalho importante com a criação de cinco hemocentros regionais, com os quais praticamente se resolveu a questão da transfusão de sangue, algo dramático em todo o País. Na habitação, criamos a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), e é JUN/JUL/AGO – 2009 | | 11 o único governo que tem um trabalho de casas populares. O meu amigo Mario Amato, que era presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma vez me disse: ‘Quércia, por que você não destina 1% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para construção de casas populares?’ Gostei da sugestão e fiz uma lei estabelecendo isso. Durante o meu governo foram construídas 150 mil casas.” Cláudio Salvador Lembo (2006): “Fui governador de São Paulo por um período muito curto – nove meses –, mas mesmo assim pude apresentar e tive a possibilidade rara de ter uma visão de toda a complexidade que é administrar o Estado e, em particular, a Grande São Paulo. Apenas quando fui galgado ao posto de governador é que percebi plenamente que São Paulo tem seríssimos problemas de grandeza e de muita pobreza, e esse é o desafio que nós teremos que enfrentar daqui para frente. Tive também oportunidade de viver um dos momentos mais complexos da história administrativa do Estado, e provavelmente do Brasil, que foi aquele em que o crime organizado resolveu enfrentar o Estado de Direito. Foi um grande equívoco do crime organizado. Naquele episódio do PCC (Primeiro Comando da Capital), os meios de comunicação, incluindo-se a televisão, perderam o equilíbrio, dando informações deformadas e inverídicas. Aliás, uma das informações deformadas foi em relação aos presídios e aos ‘possíveis mortos’. O que de fato aconteceu é que 18 de nossos presídios foram totalmente destruídos pelos internos, mas com o auxílio da Polícia Militar foi possível preservar a disciplina e não houve uma morte sequer. A minha grande obra foi, sem dúvida, o Rodoanel. Disseram alguns: ‘Ele é louco!’ Mas o Rodoanel está aí, o Mario Covas começou a sua construção, o Geraldo Alckmin continuou. O Rodoanel tinha uma questão que particularmente os bacharéis de Direito precisam estudar cada vez mais, que é o Direito Ambiental, cada dia mais difícil e mais complexo. Ele tinha um nó infernal, que era a licença ambiental. Mas, ‘conversando’ tensamente com os desembargadores federais, chegamos finalmente a um termo de ajustamento e o Rodoanel pôde ser construído. Depois, evidentemente, de termos acertado tudo com os índios do Alto da Serra, que receberam até uma poupança.” Orestes Quércia Cláudio Lembo José Serra 12 | | JUN/JUL/AGO – 2009 José Serra (2008); “(...) Aqui no nosso Estado, a primeira providência que tomei foi cuidar das condições macroeconômicas da administração pública. E isso é fundamental, não se pode governar com déficit. Portanto, nós planejamos muito bem toda a nossa ação nessa área, seja na administração das despesas, seja no que se refere à receita, seja na obtenção de recursos extraordinários para elevar a capacidade de investirmos. (...) Um exemplo foi a criação da nota fiscal paulista, com a qual se visa, no fundo, à modernização do pagamento dos impostos no varejo, sendo que os consumidores têm direito à devolução de 30% de imposto ao valor adicionado do varejo. Isso melhorou muito a arrecadação e, ao mesmo tempo, diminuiu a carga tributária individual, porque permitiu incorporar ao sistema tributário milhões de transações que se faziam à margem, ou seja, a sonegação. Na Educação, a nossa ênfase agora é qualidade, porque a inclusão já aconteceu, está todo mundo na escola, inclusive no ensino médio. A escola, em geral, está com as instalações ótimas. Claro que o Estado é responsável por mais de 5 mil escolas, e se em 1% delas houver problema, os meios de comunicação já falam de precariedade de toda a rede escolar, o que é uma inverdade. Em geral, a rede escolar é boa. Há merenda, uniforme, material escolar, transporte etc. Só falta o aluno aprender! Na saúde, estamos dando uma grande ênfase para a reabilitação física. São Paulo tem quatro milhões de deficientes físicos, segundo dados do IBGE. Criamos uma rede hospitalar que já tem três hospitais sendo construídos e em breve serão seis para cuidar de deficientes. Além disso, existe uma secretaria específica para essa finalidade, e estamos estimulando os municípios a terem pelo menos um departamento para lidar com a questão das pessoas que têm deficiência física, para efeito de acessibilidade, tratamento, oportunidade de trabalho etc. Na questão do meio ambiente, que veio para ficar, os embates também são complexos, e é difícil chegarmos a uma solução que agrade a todos. Por exemplo, na área de plantio de cana-de-açúcar, São Paulo tem 4 milhões de hectares com cana, em 25 milhões de superfície de hectares, ou seja, 10% do nosso território tem queimada todos os anos. Mudei a lei existente para antecipar o fim de todas essas queimadas até 2014.” Suas atitudes determinam seu sucesso POR ROBERTO SHInYASHIKI Você sabe o que destrói suas chances de vitória? Pouca gente se dá conta de que um profissional entra em crise em sua carreira quando, simplesmente, ele se acomoda. A acomodação é a pior inimiga do bom profissional. É preciso saber que o sucesso “engorda” o cérebro. A pessoa para de pensar e relaxa, pois acha que já descobriu a fórmula da vitória. Por isso, é muito raro ver pessoas que permanecem sempre evoluindo e arriscando. Muita gente perde a maior parte de seu tempo alimentando o próprio ego, sem conseguir olhar o que acontece à sua volta. Essa atitude é crucial, porque insere o profissional numa “redoma de vidro”, incapaz de conviver em grupo e culpando os outros por sua infelicidade. E quando a crise chega, o abalo é tão grande, que a simples tentativa de se reerguer transforma-se em um pesado fardo. Os bons profissionais e equipes campeãs são aqueles que mesmo diante da adversidade acreditam que podem se superar sempre e saem das crises com maturidade, pois envolvem toda a empresa na busca por resultados e pela superação. Derrotas vão fazer parte, cada vez mais, da vida dos campeões. Só quem não for para o campeonato mundial é que não vai perder nenhum jogo. Aprender com as derrotas é mais importante do que ganhar todas as partidas. bons profissionais são aqueles que “ Osmesmo diante da adversidade acreditam que podem se superar sempre, pois envolvem toda a empresa na busca por resultados e pela superação. ” O campeão sabe que derrotas fazem parte da vida. Tem sabedoria para aprender com os erros. Sabe ser tão grande nas derrotas quanto nas vitórias. Nossa tendência é pensar que o nosso problema é o maior do mundo. Certamente, é assim com todas as pessoas. Mas as dificuldades não são baseadas no tamanho dos problemas, e sim nas soluções criadas. Se sua vida não está do modo como gostaria, dê um jeito de transformá-la. É o maior presente que pode dar a si mesmo. Não podemos simplesmente deixar a pressão destes tempos nos afundar. Não podemos simplesmente deixar que as crises nos paralisem. O mundo exige uma postura inédita, um modo original de olhar. Resultados são sempre consequência de muita dedicação, boas estratégias e, principalmente, prazer de viver. Roberto Shinyashiki é psiquiatra, palestrante e autor de 14 títulos, entre eles: Os Segredos dos Campeões, Tudo ou Nada, Heróis de Verdade, Amar Pode Dar Certo, O Sucesso é Ser Feliz e A Carícia Essencial (www.clubedoscampeoes.com.br) JUN/JUL/AGO – 2009 | | 13 FINANÇAS | O jogo da bolsa A BM&FBovespa e a preparação para dar toda a segurança aos investidores Por Rita Gallo Edemir Pinto, diretor-presidente da BM&FBovespa 14 | | JUN/JUL/AGO – 2009 As Bolsas de valores e de derivativos de todo o mundo figuram com destaque no ranking das principais vítimas da crise econômica global. A turbulência foi tão impactante que a todo instante era comparada com a Grande Depressão, que causou tantos estragos no mundo a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. No Brasil, a BM&FBovespa entrou em queda livre com o agravamento da crise, em setembro do ano passado, e seu principal índice (o Ibovespa) despencou mais de 30 mil pontos. Diante desse quadro, a direção da Bolsa brasileira, que tinha acabado de se transformar em uma empresa aberta, viveu um período inédito de incerteza. “A crise mundial foi uma verdadeira prova de fogo para os mercados da BM&FBovespa”, recorda o diretor-presidente da Bolsa, Edemir Pinto, que mal tinha assumido o cargo quando a turbulência devastou a economia. Vindo da antiga BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), ele se tornou o principal executivo da nova Bolsa depois da fusão com a Bovespa, e assumiu o posto no momento mais difícil enfrentado pelo mercado financeiro nas últimas décadas. Diante de um quadro tão incerto, Edemir pôde constatar na prática a importância dos mecanismos de proteção que as Bolsas brasileiras desenvolveram nos últimos anos. No começo do segundo trimestre deste ano, ele já podia respirar mais aliviado. “A alta volatilidade que surgiu no meio do furacão da crise demonstrou a eficiência de nossos controles de gerenciamento de risco e mecanismo de proteção de mercado”. O presidente da BM&FBovespa recorda que para criar esse “escudo” contra as turbulências, que amortiza os impactos de situações de estresse de mercado, a Bolsa brasileira investiu pesado, tanto no desenvolvimento de seu pessoal quanto em tecnologia. Ele destaca que a Bolsa montou “um aparato tecnológico dos sistemas de negociação, que representa o que há de mais moderno no mundo”. Como parte importante desse trabalho, a BM&FBovespa fechou acordo com a norte-americana CME, a maior bolsa de derivativos do mundo, formada pela união das líderes Chicago Mercantile Exchange e Chicago Board of Trade, com outras bolsas de destaque global. A aliança com a CME ajudou a desenvolver a tecnologia, aliada de primeira hora quando a crise eclodiu, além de abrir a possibilidade de investidores brasileiros fazerem aplicações diretamente no maior mercado do planeta e vice-versa. “É nesse ambiente que o investidor pode planejar seu futuro aplicando, por exemplo, em longo prazo, nos mercados de ações da Bolsa”, afirma Edemir Pinto. “Ele tem essa importante ferramenta e, ao mesmo tempo, contribui para financiar as empresas e o desenvolvimento do País.” As companhias de capital aberto têm no mercado de ações uma fonte de recursos para seus planos de investimento a longo prazo, a um custo bem menor do que o dos empréstimos. Outra alternativa oferecida pela BM&FBovespa, lembra seu diretor-presidente, são os mercados de derivativos. Muitas vezes apontados como um dos responsáveis pelo agravamento da crise, esses mercados podem ser de grande valia para quem os acessa. Edemir Pinto considera que essa alternativa permite fazer o seguro de preço, também conhecido como hedge (proteção): “Por meio desses instrumentos, empresários, agricultores, exportadores e importadores se protegem das variações de preço das moedas, commodities agrícolas e de outros referenciais financeiros, gerenciando assim seus riscos para que possam obter resultados melhores”. Para impulsionar ainda mais esses mercados, ele lembra que a Bolsa lançou, no final de abril, o programa BM&FBovespa Empresas, para oferecer às companhias – inclusive as que ainda não fazem parte do mercado – soluções para Foto: Isabel Frontana seus negócios que vão além de mecanismos de garantia, proteção e transparência. O programa inclui desde a abertura de capital e emissão de títulos de dívida privada até leilões, custódia e gerenciamento de risco. “O objetivo é agregar eficiência, transparência e segurança para os negócios das empresas”, diz Edemir. Os produtos são direcionados a empresas de vários portes (não se limitam às grandes) e de todos os setores. Ao buscar essas soluções no programa da BM&FBovespa, a empresa poderá ter acesso aos mercados de Bolsa, balcão, câmbio e títulos públicos; aos procedimentos de listagem e segmentos de governança corporativa; ao Ibovespa e outros índices; a cursos, simuladores e publicações sobre mercado de capitais e derivativos; a registros de títulos e créditos imobiliários; à custódia de ativos e títulos de renda fixa corporativa; a uma infraestrutura completa para realização de leilões, entre outros produtos e serviços. Edemir Pinto diz também que a Bolsa acaba de lançar o Dia da Empresa na BM&FBovespa, em que as companhias são convidadas a participar da abertura simbólica do pregão, com o toque da campainha. Na ocasião, também participam de encontro com os principais executivos da Bolsa e fazem uma visita especial à área de trading. JUN/JUL/AGO – 2009 | | 15 ESPECIAL | O Brasil um pouco mais francês Por Fernando Caldas O ano de 2009 está sendo marcado por uma nova invasão francesa no Brasil. Desta vez, não se trata de aventureiros aportando em terras brasileiras, como aconteceu na era das grandes navegações, mas de centenas de artistas, músicos, pintores, intelectuais e executivos franceses que aqui chegam para apresentar ao público brasileiro a diversidade cultural do seu país. Esse acontecimento inédito foi lançado oficialmente em dezembro de 2008 pelos presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkosy por ocasião da visita do chefe de Estado francês ao Brasil. O Ano da França no Brasil, cujo logo oficial é “França.br 2009”, recebeu a inscrição de cerca de 800 projetos artísticos e culturais francobrasileiros. Estão incluídos também eventos científicos, acadêmicos, econômicos e esportivos, que reforçam a parceria estratégica selada entre os dois países. Mais de 80 cidades brasileiras estão envolvidas no projeto. A programação pródiga e variada satisfaz todos os gostos. Nas artes plásticas, estão programadas exposições de Fernand Léger, Henri Matisse, e Marc Chagall. A fotografia com obras de Robert Doisneau, Sophie Calle e Pierre Verger. A música lírica tem seu lugar com seis óperas no suntuoso Teatro Amazonas, em Manaus. A dramaturgia será representada pela peça de Bernard-Marie koltès. A cinematografia com um festival de cinema mudo. A moda com coleções de Christian Lacroix, Thierry Mugler e Yves Saint-Laurent. Na área da literatura, além de lançamentos de livros, está programada uma exposição sobre língua francesa. Além disso, uma série de colóquios e debates vão tratar de temas 16 | | JUN/JUL/AGO – 2009 Ministra do Comércio Exterior da França, Anne-Marie Idrac, em visita a São Paulo como arquitetura, musica clássica, jazz, circo e arte de rua (veja a programação completa no site do Ministério da Cultura: anodafrancanobrasil.cultura.gov.br). No dia 7 de setembro, o presidente Nicolas Sarkosy volta ao Brasil para assistir à Festa da Independência do Brasil e no dia seguinte participará das festividades programadas na cidade São Luis, do Maranhão, única cidade brasileira fundada por franceses, em 1612. Ano econômico Para além da programação cultural, o Ano da França no Brasil volta-se também para o estreitamento das relações econômicas entre os dois países. Ao longo do ano estão previstas 30 ações para fomentar negócios em dez grandes setores de interesse. Em maio deste ano, quem desembarcou no Brasil foi a ministra do Comércio Exterior, Anne-Marie Idrac, com a missão de dar efetividade ao Ano Econômico da França no Brasil, promovido pela Ubifrance (agência francesa para o desenvolvimento internacional das empresas) e pela rede das Missões Econômicas. A ministra veio acompanhada por uma delegacão de representantes de empresas e de bancos franceses para cumprir uma agenda de encontros estratégicos com autoridades do governo e lideranças do setor privado brasileiros. Durante sua visita, Anne-Marie Idrac procurou estreitar a parceria estratégica bilateral nos setores de defesa, de energia nuclear civil e transportes urbanos. Dois grandes projetos públicos têm o interesse direto da comitiva francesa: a linha do trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro e a compra de caças pela Força Aérea Brasileira. Sobre a construção da nova linha ferroviária, Idrac disse que há grande atenção sobre a licitação que deve ocorrer no final do ano para a totalidade do projeto. “Totalidade quer dizer infraestrutura, sistemas, materiais e equipamentos e a exploração da mesma. Naturalmente, estamos neste momento observando como os especialistas franceses estão se articulando com figuras chaves do projeto e com empresas brasileiras com competência nessa área de trabalhos públicos para desenvolver o projeto.” A França pretende demonstrar que é o pais com mais tradição e eficiência no que diz respeito a alta velocidade em trilhos. O custo da linha que ligará Rio, São Paulo e Campinas é de R$ 15 bilhões. A previsão é que ela entre em operação em 2014, com oito estações e um movimento de 31 milhões de passageiros. A ministra do Comércio Exterior acrescentou que, além desses projetos, a França procura ampliar sua presença econômica no Brasil nos setores de bens de capital; infraestrutura, logística e construção; bens de consumo; agroindustrial, setor jurídico; tecnologia da informação; saúde, biotecnologia e turismo; meio ambiente; construção naval; e os setores de petróleo, gás e energia. Idrac disse que existe uma parceria com o governo brasileiro para a formação de um grupo de trabalho voltado a estudos sobre administração de governo, que envolvem taxas, impostos e outros assuntos técnicos relacionados ao comércio bilateral. Uma outra grande expectativa do governo francês é a de que o Brasil considere reabrir a sua estratégia nuclear, de modo que esta venha a fazer parte de uma estratégia de desenvolvimento durável e sustentável. “Vamos organizar também um colóquio sobre energias do futuro e biocarburantes, assunto que discutimos com o presidente da Petrobras, empresa de grande importância no mundo e que tem uma visão de longo prazo da economia e da capacidade de investimento”, avaliou a ministra. Afirmando a antiga tradição de relacionamento entre os dois países, Anne-Marie Idrac destacou que a estratégia de comércio exterior da França neste momento é ampliar a participação nos mercados dos países emergentes. “O Brasil está em primeiro lugar no que diz respeito a operações de investimentos. Colocamos uma energia muito forte aqui. Temos empresas bem ancoradas e felizes de operarem no Brasil. Fiquei muito impressionada com o vigor da economia brasileira.” “A Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB-SP) já atua há mais de cem anos no País. Hoje, temos mais de 400 empresas francesas atuando no Brasil, nos mais diversos setores da economia. O Ano da França no Brasil chega para reforçar essa parceria e estimular ainda mais o intercâmbio comercial. As discussões geradas durante a vasta programação de eventos vão gerar benefícios e pautas de interesses recíprocos. As comemorações do Ano do Brasil na França, em 2005, mostraram a disposição de ambos em equilibrar economia e cultura de forma inovadora e diversificada. Agora é a nossa vez de retribuir essa ação e estreitar, ainda mais, os laços francobrasileiros. Em tempos difíceis de crise econômica, nada melhor do que o desafio de propagar a imagem de uma França inovadora e com expertise em novas tecnologias, que muito tem a agregar ao Brasil. E junto com isso, temos o prazer de viver um pouco da cultura francesa em solo brasileiro.” Louis Bazire, presidente da CCFB-SP JUN/JUL/AGO – 2009 | | 17 Danilo Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo e comissário brasileiro do Ano da França na Brasil, fala sobre a programação de eventos culturais que acontecem nas cidades paulistas Inquietude além Por que o Sesc-SP é um dos anfitriões do evento França.Br2009? Os eventos têm uma relação direta com a participação dos franceses na formação cultural do Estado de São Paulo? O Sesc apoia este evento substancialmente com o que sabe fazer: programação sociocultural de qualidade. Como fui convidado pelo então ministro da Cultura Gilberto Gil a presidir o Ano da França no Brasil no Comissariado Brasileiro, foi inevitável envolver a instituição que dirijo há mais de 20 anos. É uma prova também de que acredito muito na possibilidade de fazer parcerias quando as ideias são boas, como esta de trazer um pouco da França atual ao Brasil por sete meses. Danilo Miranda 18 | | JUN/JUL/AGO – 2009 Relate um pouco do que já vem sendo apresentado ao público paulista? Por exemplo, como é a instalação ‘Le Chant des Sirènes”. Ela é dirigida a que público e onde está instalada? Le Chant dês Sirènes foi instalada na praça do Patriarca durante a Virada Cultural, mas segue para algumas unidades do Sesc SP. Em Santo André, no dia 7, e em Interlagos ela esteve nos dias 9 e 10 de maio. Ela é dirigida a um público que se interessa por música experimental, mas também aos interessados em um espetáculo visual e auditivo muito diferente do que se é acostumado a ver. E, por isso, é surpreendente como proposta. Existe também um trocadilho no nome, sirène e sereia são a mesma palavra em francês (sirène), uma ironia com o canto da sereia que, na mitologia grega, era uma forma de ser levado a mergulhar no mar iludido por um canto que, num primeiro momento, parece bonito, mas cuja sedução da imaginação tem uma finalidade perversa. Essa referência mitológica pode ou não fazer parte do repertório de quem escuta. Independentemente disso, a apresentação já mostra que a música é muito envolvente, ainda que produzida por elementos que nos lembram mais os apitos de fábrica. Não é uma forma de dizer que acabou o expediente, nem um toque de recolher. Ao contrário, é um aviso de que aquele som urbano pode ser incorporado a uma apresentação artística numa reverência à cidade, aos espaços urbanos. O grupo Mécaniques Vivantes tem uma forma peculiar de lidar com aquele som volumoso e ser, ao mesmo tempo, um grupo intimista, que incita o pensamento a respeito dos sons que escutamos pelas cidades, sejam eles chamados de música ou não. Eles contaram, inclusive, com a participação do trombonista Bocato no domingo da Virada Cultural. E Bocato improvisou livremente com as sirenes e os dois músicos. Quais outras manifestações culturais serão apresentadas durante este ano nas unidades do Sesc-SP? Quais unidades do Sesc-SP estão envolvidas na programação? Todas as unidades do Sesc SP estão envolvidas no Ano da França. Algumas com uma programação mais pontual, outras com o cotidiano praticamente voltado para a França, como o Sesc Pompeia, que, este ano, tem três exposições programadas em comemoração ao Ano da França no Brasil: Luz e Sombra, da La Vilette de Paris, a partir de 26 de agosto a 29 de novembro, Cartazes Contemporâneos de Chaumont e Sophie Calle, uma das mais célebres exposições da última Bienal de Veneza, no Videobrasil, a partir de 10 de julho. O Sesc Pinheiros terá a exposição de Henri-Cartier Bresson, um fotógrafo fundamental na história da fotografia, fundador da Agência Magnum e de uma grande obra do instantâneo, com abertura prevista para o período de 18 de setembro a 20 de dezembro, com curadoria de Eder Chiodetto. Serge Gainsbourg ganhará uma versão da exposição mais comentada em 2008 em Paris, de 4 de julho a 7 de setembro no Sesc Avenida Paulista, o que dará oportunidade para muitos brasileiros conhecerem quem foi o músico e letrista mais aclamado e contestador dos anos 60 e 70 na França. Teremos um Seminário Internacional sobre o Trabalho Social no SESC Vila Mariana de 24 a 26 de setembro. A companhia Transe Express nos dias 18 e 19 de julho no Parque da Independência, com o espetáculo Os Reis Preguiçosos. De 10 e 13 de setembro, teremos Patrice Chéreau que vem com duas peças, uma de Marguerite Duras, com Dominique Blanc, no elenco “A Dor” e outra de Dostoievski, “O grande inquisidor”. Também está prevista a apresentação de Isabelle Huppert, com a direção de Bob Wilson e um espetáculo de Heiner Muller chamado Quartett, em outubro/novembro. Encontros de mulheres de Aubervilliers com comunidades de Santo Amaro no Sesc Santo Amaro. Seremos parceiros também do Festival Música Nova, que trará o compositor Georges Aperghis, um programa de Philippe Manoury e o grupo Percussões de Strasbourg, em setembro/outubro. Também teremos a Carolyn Carlson com um espetáculo que mistura dança e arte digital com o grupo Electronic Shadow. Será também em setembro. As irmãs Lovett, Anne e Maud, virão em setembro para se apresentarem no Sesc Vila Mariana, com um repertório de música erudita para violino e piano. Também teremos o grupo Plasticiens Volants que faz um espetáculo que une o trabalho de teatro de rua com o grafitti da dupla Os Gêmeos, previsto para 14 e 15 de novembro. Enfim, é bom se lembrar que o Ano da França começou no dia 21 de abril e, desde então, o Sesc já recebeu as companhias Tango Sumo, com uma dança contemporânea muito interessante, Les Souffleurs, com poesia ao pé do ouvido, Mécaniques Vivantes, com suas sirenes no interior do estado, nos SESCs das cidades de Ribeirão, Araraquara, Piracicaba, Campinas e São Carlos, a Orquestra de Champs Elysées, no Sesc Itaquera, o Colóquio sobre Tolerância e Paz, no Sesc Pinheiros, a pianista Marilyn Frascone, no Sesc Vila Mariana. Ou seja, a temporada cultural do Sesc SP está presente do início ao fim do Ano da França. O que significa para a população do estado entrar em contato com os eventos do Sesc-SP relacionados diretamente com a França? Significa conhecer um pouco da França atual, de uma França não clássica, mas diversa e contemporânea que dialoga com seus problemas e suas virtudes. E, claro, além disso, desfrutar de uma programação de qualidade a preços sociais ou gratuitas em sua maioria. JUN/JUL/AGO – 2009 | | 19 O multiculturalismo é um traço fundamental da França contemporânea. De que forma este aspecto contribui para a aproximação das culturas francesa e brasileira? O multiculturalismo dos dois países reforça a troca de bens culturais entre nós e os franceses, o que é admirável. O conceito do Ano é, juntamente com o critério de parceria entre franceses e brasileiros, a forma de fazer um intercâmbio de artistas e debates produtivos, vivos e pulsantes, misturando os sons e os saberes. Foi de comum acordo entre franceses e brasileiros que a França que fosse mostrada não estivesse ligada aos símbolos já conhecidos no Brasil, por mais interessantes que eles sejam. O que queremos mostrar é uma França aberta para o mundo, com problema a ser solucionado e como exemplo a ser imitado. Também apresentaremos a França que se relaciona com a África e o Caribe, ex-colônias, em tudo o que isso pode representar: a influência destas culturas na cultura francesa, a admiração pelas artes produzidas nas ex-colônias e também as complicações da França por ter sido um país colonizador por tanto tempo. É necessário que tenhamos a preocupação contínua de democratizar a cultura e também de mostrar que ela é uma forma de educação permanente e informal. Nossos eventos culturais foram, sobretudo, pensados para estarem associados ao lazer de qualidade e voltados para o bem-estar social e para a formação da cidadania, para a compreensão do mundo e do homem. Além da programação cultural, o Ano da França no Brasil pode ser visto como uma grande oportunidade para o intercâmbio técnico-científico e para o aprofundamento de relações comerciais entre os dois países? Sem dúvida. Temos mais de 150 colóquios, seminários, debates e encontros acadêmicos, que gerarão relacionamentos saudáveis entre universidades, docentes e alunos. O Brasil e a França se respeitam muito e trocam pesquisas de vários 20 | | JUN/JUL/AGO – 2009 temas constantemente. É evidente que a França exerce desde muito tempo um papel primordial na educação brasileira. Muito do formato da nossa grade escolar foi uma réplica do que era na França. A vinda da família real para o Brasil e o fascínio que a França clássica exercia sobre ela influenciaram muito a maneira como nós vemos a França, sempre um país elegante, com uma formação intelectual consistente. A literatura clássica francesa e a filosofia francesa são parte de toda a nossa formação acadêmica durante todo o século XX no Brasil. Este elã cultural nos trouxe um vínculo enorme com a França, talvez só menor que o que temos com Portugal. De Voltaire a Foucault, passando por Auguste Comte – que a propósito é mais conhecido aqui que lá –, de Balzac a Le Clezio, passando por Proust e Rimbaud, vários franceses encantaram o Brasil. A USP foi fundada por franceses nos anos 30 do século passado e os estudos sociais brasileiros devem muito aos franceses. Houve uma renovação na maneira de analisar e criticar a sociedade. Os professores Lévi-Strauss, Roger Bastide e Fernand Braudel não eram famosos. Ficaram depois de passarem pelo Brasil, depois de fundarem a USP. Braudel, um dos historiadores mais importantes do século XX, diz que se tornou inteligente no Brasil, mais especificamente em São Paulo. Lévis-Strauss era filósofo, mas sempre quis ser antropólogo. Então, um dia, George Dumas o chamou para a missão que fundaria a USP e o Brasil e seus índios foram objeto de estudo do famoso livro Tristes Trópicos. Darius Milhaud compôs obras que ficaram muito famosas no mundo todo quando foi adido cultural no Rio, enquanto Paul Claudel era embaixador da França no Brasil. Nossa história é repleta de franceses importantes. Há quem diga que o Rio de Janeiro, antes de ser fundado por Estácio de Sá, já era habitado por um francês, o navegador Nicolas Villegaignon, que perdeu o Rio para os portugueses que se aliaram aos Tupinambás. Como uma das principais instituições promotoras da cultura no país, o Sesc de São Paulo tem divulgado, especialmente, novos artistas e produtos culturais. Essa tônica também está presente na programação do Ano da França no Brasil? Sim, a ideia é mesmo de tratar a França como um país que não imaginamos, como é o slogan da campanha “A França muito além do que você imagina”. É mais uma busca de uma França contemporânea e, por isso, foi proposital a organização e curadoria da programação serem direcionadas para a França atual. A França clássica parece muito distante de nós, atualmente. O Sesc se preocupa em mostrar que a cultura – como educação permanente e informal – e o lazer de qualidade voltado para o bem-estar social são motores da formação da cidadania, da compreensão do mundo e do homem. A programação do Sesc é dinâmica porque é também inquieta ao desempenhar seu papel de promover ações visionárias, que antecipam muitas vezes o que o mercado cooptará depois, na intenção de sempre valorizar o que pode ser consumido culturalmente. Exemplos? Bajofondo, que se apresenta em grandes salas de shows em São Paulo hoje, se apresentou primeiro no Sesc, Jorge Drexler também, entre outros vários... E isso, para nós, é motivo de muito orgulho. Não queremos que os artistas fiquem se apresentando nos mesmos lugares, queremos que eles ampliem suas plateias. Mas é bom que se diga que também desejamos que eles sejam acessíveis a todos os públicos. Acredito que os frequentadores do Sesc saibam desta prerrogativa do Sesc SP em trabalhar com uma programação rica, diversificada, com a facilitação do acesso direto e do entrelaçamento da cultura na vida das pessoas. O Ano da França também zela por estes princípios. Tem muito da teoria que aplicamos ao Sesc permanentemente no Ano da França no Brasil. E este reflexo pode ser visto com mais ênfase, claro, na programação do Ano da França no Sesc. Saúde em gotas Por Rita Gallo Livre-se do estresse Intervalo saudável. Esse é um dos segredos para que a rotina diária não se torne uma inesgotável fonte de dores musculares nem motivo para abusar de hábitos não muito saudáveis, como na comida. Segundo o gerente técnico da Monday Academia, Márcio Scomparin, uma rotina de trabalho estressante pode causar diversos transtornos de saúde, tanto emocionais quanto comportamentais aos funcionários e consequentes prejuízos às empresas. O gerente acredita que a solução está em fazer uma pausa nas atividades – o intervalo saudável –, com atividades físicas e sociais, que são um antídoto contra o estresse. “Exercitar o corpo e a mente atua de forma terapêutica e preventiva contra os males ocasionados pelo estresse do trabalho e ainda funciona como um instrumento de motivação, o que reflete diretamente na produtividade”, garante. Márcio diz que a ansiedade, depressão, irritações, distúrbios e lesões musculares são algumas das consequências de um cotidiano atribulado. “Cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores é investir nos lucros da empresa”, acredita. Pesquisa realizada com 752 profissionais pela International Stress Management Association (ISMA), associação que estuda o estresse e suas formas de prevenção, revela que 58% dos profissionais atribuem o estresse ao trabalho. O relato do estresse ocupacional vem acompanhado de sintomas físicos, como cansaço crônico, insônia e distúrbios gastrointestinais, além de dores musculares. Já os sintomas emocionais são ansiedade, angústia, irritação e raiva. Finalmente, a pesquisa revelou que os principais sintomas comportamentais do estresse são consumo excessivo de álcool, cigarros e automedicação, além de agressividade, distúrbios de apetite e mudanças na libido. O gerente da Monday Academia lembra que pessoas saudáveis são mais produtivas. “O bemestar é essencial para um bom desempenho profissional”, avalia Márcio. Márcio Scomparin, gerente técnico da Monday Academia, localizada no Piso Panamby, do Centro Empresarial de São Paulo JUN/JUL/AGO – 2009 | | 21 S P A Ao lado, o gerente do SPA The Sensory, Wilson Carvalho. Abaixo, tratamento com pedras quentes Rota dos SPAs Urbanos São Paulo está se especializando em criar oásis em tratamentos de beleza e massagens relaxantes. Denominados SPAs Urbanos, essas ilhas de tranquilidade oferecem bem-estar e o encontro da harmonia entre corpo e mente. Instalados em hotéis ou em pontos centrais da cidade, os SPAs Urbanos contam com aromaterapia facial, reflexologia e pedras quentes, entre outros tratamentos. Selecionamos SPAs na região sul de São Paulo com o poder de proporcionar momentos de rainha ou de rei, ao oferecer tratamentos e terapias holísticas, estéticas e clínicas. Confira! The Sensory Localizado no Hotel Hilton Morumbi, o The Sensory oferece serviços em que predominam os conceitos de saúde e qualidade de vida. O gerente do SPA, Wilson Carvalho, conta que The Sensory SPA pode ser frequentando por hóspedes e não-hóspedes, que têm direito a aproveitar a piscina olímpica do hotel e de pacotes especiais para empresas e datas especiais, como 22 | | JUN/JUL/AGO – 2009 o Dia da Noiva e o Dia dos Namorados, este último focado em massagens. “Hoje, 80% dos frequentadores do nosso SPA são hóspedes”, diz Carvalho. Segundo ele, o pacote para empresas tem desconto no preço do balcão. O The Sensory oferece massagens relaxantes e energizantes – como shiatsu e as aromáticas, além dos mais diversos tratamentos de beleza corporais e faciais. “Nosso público se divide em 50% feminino e 50% masculino”, explica o gerente do SPA. Existem pacotes individuais, para casais e Day Use e Day SPA. O valor das massagens varia de R$ 116 (relaxante com duração de 30 minutos) a R$ 215 (aromática com duração de 60 minutos). Para os tratamentos, os valores vão de R$ 125 (hidratação facial simples) a R$ 242 (envoltório corporal). O The Sensory tem sido anualmente premiado pelo Guia Quatro Rodas como o melhor SPA de São Paulo. Segundo Carvalho, existe uma preocupação constante em modernizar o espaço e promover a atualização dos profissionais que trabalham no local, todos com formação em fisioterapia, educação física ou massoterapia. Para a gerente-assistente da academia do Hilton, Priscila Menussi, o SPA está dentro do conceito de Live Well, no qual, por exemplo, o hóspede estrangeiro pode amenizar a sensação de jet lag (fadiga de viagem que traz consequências como cansaço, entre outros problemas mais sérios). “Oferecemos massagens para diminuir dores nas costas, por exemplo”, diz Priscila. Ela acrescenta ainda que “o hotel oferece espaço para práticas físicas, o que possibilita que o hóspede, e o não-hóspede também, relaxe emocional e fisicamente”. Endereço: Av. das Nações Unidas, 12.901. Tel (11) 6845.0034 Amanary SPA Instalado no Grand Hyatt São Paulo, em uma área de 770m2 com entrada independente do hotel, oito salas privativas de tratamento, piscina aquecida e sauna seca, o Amanary SPA oferece tratamentos faciais e corporais para o relaxamento e bem-estar do corpo e da mente. O Amanary é aberto ao público em geral. Além dos tratamentos e Day SPA, há também o Day Use. Este serviço custa R$ 80 por pessoa e inclui o uso das piscinas interna (aquecida) e externa, sauna seca e fitness center. Amanary SPA, no Grand Hyatt São Paulo Informações e agendamentos: (11) 2838-3300 ou www.amanary.com.br. Kyron SPA A filosofia do SPA Kyron é promover o equilíbrio, resgatando o bem-estar, a qualidade de vida e a auto-estima através de tratamentos e terapias holísticas, estéticas e clínicas. Segundo Andrea Bourroul, do Kyron SPA, o foco do trabalho está no atendimento personalizado e exclusivo e num ambiente acolhedor. “Todos os meses, oferecemos algo diferenciado e especial”, afirma Andrea. Segundo ela, é necessário agendar um horário para os tratamentos, que têm preço médio de R$ 190,00. O SPA também tem Dia da Noiva e Dia do Noivo. Kyron SPA, no Shopping Center Iguatem Shopping Iguatemi, mezanino, loja Y 27, Cidade Jardim, São Paulo, SP, tel. (11) 3095-3000. Site: www.kyron.com.br Kyron SPA, no Shopping Center Iguatemi JUN/JUL/AGO – 2009 | | 23 Utopia e acões concretas Movimento Nossa São Paulo completa dois anos com lançamento de novos indicadores de bem-estar Por Fernando Caldas Fotos: Paulo Bareta Desde o seu lançamento, em maio de 2007, o Movimento Nossa São Paulo acumula uma importante folha de serviços prestados à cidade de São Paulo. Foram várias ações e campanhas desenvolvidas ao longo desses dois anos: o Dia Mundial Sem Carro; o Observatório Nossa São Paulo – banco de dados virtual que disponibiliza um conjunto de indicadores sociais, ambientais, econômicos, políticos e culturais sobre a cidade de São Paulo e cada uma de suas 31 subprefeituras; a divulgação de estudo sobre o orçamento da capital paulista; a mobilizacão para aprovação da emenda que insituiu na Lei Orgânica do Município o Programa de Metas; a campanha pela redução da taxa de enxofre no diesel vendido no país, entre outras. O empresário Oded Grajew, um dos criadores do movimento, explica que seu objetivo original foi mobilizar empresas, sociedade e governo para a elaboração de um conjunto de metas capazes de 24 | | JUN/JUL/AGO – 2009 reverter os graves problemas sociais da capital. ”O Movimento Nossa São Paulo nasceu da constatação de várias pessoas e lideranças da sociedade civil de que, para se caminhar para uma sociedade justa e sustentável, seria absolutamente fundamental o comprometimento tanto da sociedade como dos sucessivos governos em torno de uma agenda justa e sustentável. A criação desse movimento em São Paulo faz parte de uma estratégia maior do que a cidade. Nossa ideia aqui, como a maior cidade do pais, é dar a exemplaridade de que isso é possível e que o exemplo possa contagiar o Brasil”, diz Grajew. Utopia e ações concretas fundem-se no vocabulário dos participantes do movimento, que reúne cerca de 600 organizações da sociedade civil. A reinvenção da cidade baseada em um modelo de desenvolvimento sustentável alia fantasia e espírito prático. Desde a realização do primeiro fórum, em maio de 2007, milhares de pessoas foram estimuladas a formular e apresentar propostas para os principais desafios sociais, econômicos, políticos, ambientais e urbanos de São Paulo. Naquela ocasião, diversos grupos de trabalho do Movimento sistematizaram cerca de 900 propostas para os bairros, as subprefeituras e a cidade. As sugestões foram então encaminhadas aos então candidatos a prefeito nas eleições municipais de 2008, para que eles as considerassem em seus programas de governo. Com o objetivo de obter o comprometimento dos candidatos com a melhoria do serviço público e da qualidade de vida na cidade, o Movimento Nossa São Paulo promoveu antes das eleições uma série de encontros com candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal. Todos os candidatos e candidatas foram convidados para os eventos. Programa de Metas Todavia, a principal conquista do movimento foi a aprovação da Emenda no 30, em fevereiro de 2008, pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. Por meio dela, os sucessivos prefeitos passam a ter o compromisso de apresentar, até 90 dias após o início dos respectivos mandatos, um programa detalhado de governo com metas claras e prestação de contas semestral. O Programa de Metas tem que ser separado por subprefeituras e distritos da cidade. Em 31 de março, como determina a lei, a gestão Gilberto Kassab apresentou o programa, batizado de Agenda 2012. Esta foi apresentada e discutida em uma série de audiências públicas realizadas em todas as subprefeituras. “A aprovação da lei que incluiu o Programa de Metas na Lei Orgânica do Município foi uma vitória extraordinária, uma mudança política muito importante, que faz com que o gestor público da cidade, de agora em diante, tenha de apresentar um plano de sua gestão para toda a cidade, para cada uma de suas regiões e para os diferentes temas”, avalia Oded Grajew. Segundo ele, uma das motivações do movimento é superar o que ele entende ser uma doença gravíssima da sociedade: o baixo crédito que as instituições democráticas usufruem atual- mente. “Queremos a recuperação da credibilidade das instituições públicas por meio de ações concretas. A lei das metas realmente faz com que haja um ganho de credibilidade do Executivo e da Câmara dos Vereadores. E nós queremos contribuir com esse ganho de credibilidade por meio de parcerias em ações concretas.” A cidade de São Paulo tem hoje, portanto, um conjunto de 223 metas concretas a serem cumpridas em todas as áreas da cidade, com o acompanhamento da sociedade. Foi a primeira cidade do Brasil a aprovar esse tipo de emenda, cujo modelo já foi seguido por oito municípios, que adotaram a mesma legislação. Novos indicadores para a cidade Senadora Marina Silva O Movimento Nossa São Paulo comemorou no último dia 15 de maio seus dois anos de atividade com mais uma novidade: o IRBEM – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município. A ideia é construir um conjunto de indicadores, a partir de uma ampla consulta popular, com o propósito de identificar o que é mais importante e valorizado pelas pessoas para a qualidade de vida na cidade. Perguntas como “o que faria você se sentir melhor em São Paulo?” ou “o que é importante para a sua qualidade de vida na cidade?” serão a base para a construção coletiva de novos indicadores de bem-estar da população. O ato de lançamento do IRBEM reuniu no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, a senadora Marina Silva (PT-AC), o filósofo Mário Sergio Cortella, a psicóloga e antropóloga Susan Andrews e os economistas José Eli da Veiga e Ladislau Dowbor. Todos enfrentaram o desafio de tentar responder como é possível medir bem-estar, bem-viver e felicidade. A senadora Marina Silva perguntou por que num determinado momento algumas pessoas resolveram dizer Nossa São Paulo. “É porque a ciJUN/JUL/AGO – 2009 | | 25 dade foi ficando tão rarefeita nas relacões com as pessoas, que houve a necessidade de uma reapropriação. Não daquela São Paulo que acabou com o rio Tietê, que impermeabilizou as ruas e que é insustentável em vários aspectos, mas de uma nossa São Paulo que seja capaz de dar qualidade de vida e bem-estar. Essa resignificacão e reapropriação têm o sentido de fazer com que a gente possa questionar as coisas que fizemos e que não desejamos que continuem”, disse Marina. A ex-ministra do Meio Ambiente ponderou que é preciso resignificar as formas de pensar a felicidade e bem-estar. Segundo ela, riqueza e felicidade nem sempre andam juntas. “Se formos medir o bem-estar de São Paulo pelas coisas que ela tem, com certeza seria uma cidade mais feliz do que, por exemplo, o local onde moram os índios do Jordão. Mas, será assim? Talvez estes, que andam de barco e comem mandioca, sejam mais felizes do que aqueles que têm tantas coisas a mais e são mais ricos.” No começo, as mudanças são apenas pequenos desvios, disse Marina, arrematando: “Temos de ficar atentos para os desvios que queremos fazer prosperar e desconstruir aqueles que não queremos que prosperem. Para fazer isso precisamos de visão mais democrática, transparente e transformar o dito em feito”. Índices Para o economista José Eli da Veiga, o PIB (Produto Interno Bruto) é um indicador péssimo e absolutamente precário para medir os resultados do desenvolvimento econômico. Além de dizer muito pouco sobre o nível de bem-estar das pessoas e dos países, não leva em consideração aspectos fundamentais como saúde, pobreza, mudanças climáticas, dilapidação dos recursos naturais e outros. Na mesma linha de raciocínio, Ladislau Dowbor atentou para a necessidade de atribuir valor ao tempo vivido, como recurso escasso e nãorenovável e tomá-lo como elemento de cálculo de perdas ou ganhos. Segundo ele, com esses indicadores sugeridos pelo Movimento Nossa 26 | | JUN/JUL/AGO – 2009 São Paulo, pela primeira vez, a cidade passará a dispor de um instrumento adequado para ter compreensão do que está acontecendo e assim evoluir para uma apropriação dos processos. Já o filósofo Mário Sérgio Cortella, para ilustrar o processo participativo de construcão dos indicadores, recorreu à ideia de “multirão”, palavra indígena que significa juntar as mãos para se realizar uma obra coletiva, como a que pretende o Nossa São Paulo. “Mas não basta juntar as mãos. É preciso voar por cima do óbvio. Indicadores servem para que os ultrapassemos como obviedade, que precisa ser construída. Por isso o IRBEM, pensar bem, viver bem, voar bem.” Cortella concluiu citanto frase do escritor Luciano De Crescenzo: “Somos anjos de uma só asa. Só voamos abraçados”. Ousadia Ao apresentar o IRBEM, Oded Grajew disse que o momento é de ousar. “Temos a obrigação de tentar, independentemente do que vai acontecer, diante da gravidade da situação que o Brasil e o mundo estão vivendo. Coragem de colocar em prática na maior cidade do país tudo o que foi proposto pelo movimento, que é fazer com que São Paulo seja avaliado, guiado, administrado, acompanhado e vivido com parâmetros que coloquem a qualidade de vida e o valor humano acima de qualquer outro tipo de valor.” Grajew destacou que a construção do IRBEM não vai ter a participação apenas de especialistas, de um grupo de sábios que vai dizer o que é qualidade de vida. A participação de todos será fudamental para a elaboração dos indicadores. “A idéia é que seja um processo participativo, no qual a sociedade diga o que realmente importa para a qualidade de vida. O que cada um acha que é importante e prioritário. Será um processo reflexivo, pedagógico e educativo. Precisamos hierarquizar e situar uma escala de valores. Vamos apresentar questionários provocativos que não fechem as questões. Muita gente que vai responder ao questionário irá se perguntar: o que que estou fazendo com a minha vida?”, previu Grajew. Conheça as etapas de construção do IRBEM e saiba como as pessoas podem participar • De 15 de junho a 30 de setembro – Pesquisa preliminar com a população. As respostas servirão de base para que, a partir de outubro, o Ibope elabore uma grande pesquisa com amostragem técnica para envolver vários segmentos da sociedade. O questionário on-line estará disponível no portal do Nossa São Paulo e a versão impressa será distribuída em escolas, organizações da sociedade civil, universidades, empresas e em várias regiões da cidade. A população poderá responder sobre o que é mais importante para a qualidade de vida na cidade. Por exemplo: posto de saúde próximo de casa, coleta seletiva de lixo, horas de lazer, rios despoluídos... • Outubro – Seleção dos itens que foram citados na pesquisa como os mais importantes para a qualidade de vida da população. O Ibope vai incorporar tais itens na pesquisa anual do Movimento para checar qual é o nível de satisfação e valorização em relação a eles. • Novembro – Aplicação da pesquisa Ibope com os paulistanos, em amostra proporcional aos vários segmentos da população. Depois disso, será feita a sistematização e construção dos indicadores (IRBEM). • Janeiro de 2010, aniversário da cidade de São Paulo – Lançamento público do IRBEM Dos negócios ao lazer Setor hoteleiro investe em novos espaços para atrair a atenção de empresários e executivos que buscam locais para eventos corporativos Por Davi Brandão Unir o útil ao agradável. A premissa é adotada em diversas situações do dia-a-dia pelos mais diversos dos imortais e, nos últimos tempos, também entrou na agenda de executivos e empresários, que, por vezes, necessitam sair da cidade para reuniões e eventos corporativos fora da pauliceia. Para acompanhar o crescimento do segmento de feiras e eventos, verificado nos últimos tempos no país, a rede de hotelaria nacional investe em novos espaços tanto para recebimentos de workshops, reuniões, congressos e palestras quanto para lazer e entretenimento. Resultado: uma boa oportunidade para os hóspedes, especialmente ao público empresarial, que consegue, mesmo diante do trabalho, relaxar com os encantos de um bom destino. Com 961 apartamentos distribuídos em seis empreendimentos, o Rio Quente Resorts se destaca no setor hoteleiro nacional e oferece, ao longo das 24 horas do dia, excelentes opções de lazer e entretenimento. Quem diria que após um congresso seria possível relaxar em termas de águas quentes? Pois bem, essa é uma das propostas do empreendimento, localizado no município de Rio Quente, a cerca de 3 horas da capital goiana. Com aproximadamente de 100 eventos corporativos por ano, o Destination Resort oferece seis salas modulares e intercambiáveis, que podem receber até 750 pessoas, um auditório para até 170 lugares e mais duas salas de apoio, uma para 10 pessoas e a outra para até 50 pessoas com infraestrutura para a realização palestras, Instalacões do Rio Quente Resorts treinamentos ou grupos de incentivos. As grandes empresas podem utilizar todos os equipamentos audiovisuais disponíveis, equipe especializada e, também, usufruir de cardápios diferenciados. Para atender essa demanda de público, cada vez mais crescente, o empreendimento oferece o conceito After Six, que aproveita toda a estrutura do complexo para oferecer ao viajante de negócios diversão e entretenimento depois de um dia de trabalho. Após as 18 horas, o cliente pode relaxar em ambientes únicos e desfrutar das piscinas naturais. Para os grupos, a equipe do hotel organiza jantares temáticos nos decks, luaus na Praia do Cerrado, festas privativas nos jardins e coquetéis no Parque das Fontes. São momentos de descontração com sabor de primeira. Isso sem falar que os espaços Stella Artois Lounge, Espaço Mac e Clube Chopp Brahma também estão disponíveis para este público. E a aposta de confiança nesse segmento é cada vez maior. Prova disso são os investimentos estimados em R$ 7 milhões em uma nova área para um Centro de Convenções, que segundo o diretor de marketing e vendas, Manoel Carlos Cardoso, elevarão o faturamento do empreendimento em 20%. “A ideia é fazer com que o nosso hóspede corporativo otimize a permanência no hotel para o desenvolvimento pessoal e profissional. Hoje contamos com pelo menos 220 dias de eventos por ano, entre semanas temáticas, torneios esportivos e programação musical. Nossa meta é expandir os horizontes para este segmento, que se mostra cada vez mais importante. JUN/JUL/AGO – 2009 | | 27 Visão panorâmica do Costão do Santinho O projeto, previsto para meados de 2013, contará com 7 mil metros quadrados e capacidade para 1.440 pessoas em nove salas moduláveis. Serão construídos também dois novos hotéis com 580 apartamentos – o Hotel Convenções, com 360 suítes família, e o Golf Club Resorts, com 220 suítes famílias e campo de golfe. Energia da Bahia Localizado no município de Mata de São João, litoral norte da Bahia, a Costa do Sauípe se destaca no segmento com seus cinco resorts e seis pousadas de padrão internacional. Atualmente, o destino abriga cinco operações da Sauípe Hotéis & Resorts (SHR) — Costa do Sauípe Suítes, Costa do Sauípe Grande Hotel, Costa do Sauípe Golf & SPA, Costa do Sauípe All-Inclusive e Pousadas de Sauípe e a cadeia jamaicana Superclubs, com o Superclubs Breezes Costa do Sauípe. Ao todo são 1.584 apartamentos dirigidos à família, aos grupos corporativos e aos clientes, tanto nacionais quanto internacionais, que possuem interesses especiais no calendário promocional. Além da oferta de hospedagem, lazer e natureza, o empreendimento detém excelente infraestrutura para convenções, com capacidade para até 5 mil pessoas, podendo abrigar vários tipos de eventos, desde reuniões e grandes congressos até festivais e torneios esportivos. O complexo turístico também conta com um pavilhão “móvel” de eventos para até 7 mil pessoas. Atualmente, são mais de 40 eventos de repercussão internacional por ano, distribuídos em um calendário que contempla os mais variados gostos e satisfaz todos os públicos do destino tu- Costa do Sauípe Golf & SPA 28 | | JUN/JUL/AGO – 2009 rístico. Para delírio dos participantes o empreendimento dispõe de mais de 27 lojas, 15 restaurantes, 18 piscinas, campo de golfe com 18 buracos, 15 quadras de tênis, SPA, quadras poliesportivas e centros náutico e equestre. Verdadeiro oásis de diversão. Agitos de Floripa Um descanso à beira de uma praia paradisíaca, um tempo para praticar esportes radicais e de aventura ou uma pausa para encontrar o equilíbrio interior. Não se assuste, pois mesmo se tratando de negócios, o Costão do Santinho, em Florianópolis, propõe todas as emoções frisadas anteriormente. Diversão apropriada para adultos e crianças, o golfe, além de um excelente passatempo, é um ótimo exercício físico e mental. E após uma reunião se revela como um excelente anti-estressante. O campo de golfe do Costão do Santinho, primeiro de Florianópolis, possui 571 mil metros quadrados e nove buracos. A estrutura e o projeto paisagístico são equiparados aos melhores campos dos Estados Unidos e da Europa. O destaque fica para a área “driving range”, onde os hóspedes podem treinar tacadas longas e de precisão. Também para relaxar, o Day SPA oferece aos hóspedes massagens e tratamentos hidroterápicos, como talassoterapia, saunas e ducha escocesa, além de outras atividades programadas, que incluem tratamento estético, fisioterapia, ioga, meditação e dança. E certamente não poderíamos esquecer de falar da boa mesa, pois longe dos fast foods, a culinária catarinense propõe um gastronomia baseada em peixes e frutos do mar, que também é destaque no empreendimento. Hotel Tropical Manaus Com constante crescimento, o Costão também investiu no bom atendimento corporativo e, recentemente, inaugurou seu Centro Internacional de Eventos (CIE), nomeado de Espaço Tuguá, um gigantesco complexo que, com capacidade de acomodar até 3 mil pessoas, é ideal para convenções, feiras, formaturas, congressos, entre outros eventos. No ranking de um dos maiores e mais confortáveis locais para eventos da região Sul do país, o espaço contou com investimentos estimados em torno de R$ 2,5 milhões. Ao todo 1,8 mil metros quadrados e pé direito de 7,5 metros. Encantos da Amazônia Zoo Tropical Manaus Calor e muito calor. Assim se caracteriza a temperatura da capital amazonense, principalmente para aqueles que saem da região sul para visitar a cidade. Calor a parte, o destino reserva várias surpresas, porém, a mais importante, sem dúvida, é a dos encantos da fauna e flora brasileiras. Localizado a 10 km do Aeroporto de Manaus e a 16 km do centro da cidade, na praia de Ponta Negra, está praticamente “dentro” da Floresta Amazônica o Hotel Tropical Manaus — maior empreendimento hoteleiro da Tropical Hotels & Resorts Brasil e da região norte do Brasil. Conta com 594 apartamentos em uma área construída de 61 mil metros quadrados, em terreno com píer particular às margens do rio Negro. Um verdadeiro oásis. Sua área de lazer inclui piscinas para adultos e infantil, quadras de tênis, playground, galeria de lojas, quadras de areia para voleibol e futebol, sala de jogos, pista de cooper, sauna, sala de ginástica, salão de beleza unissex, coffeeshop, cyber café, restaurantes com especialidades da cozinha brasileira e internacional, bar e churrascaria. Para os executivos e empresários, o complexo possui um hotel especial com 16 andares, o Tropical Hotel Business. Os eventos acontecem nas salas dispostas em seu último andar, que propicia aos envolvidos a bela vista panorâmica das águas do rio Negro. Simplesmente fantástico. Além de sua infraestrutura, os participantes também podem aproveitar as atividades oferecidas no resort do empreendimento. Serviço: * Rio Quente Resort: Informações pelo site www.rioquenteresorts.com.br * Costa do Sauípe: Informações: (71) 21048080 ou pelo site www.costadosauipe.com.br * Costão do Santinho: Informações: 0800 48 1000 ou pelo site www.costao.com.br * Tropical Hotels: Informações: (92) 2123-5000 ou pelo site www.tropicalhotel.com.br * Maresias Beach Hotel: Informações: (12) 38917500 ou pelo site www.maresiashotel.com.br JUN/JUL/AGO – 2009 | | 29 HSBC BRASIL TEATRO ALFA (Rua Bragança Paulista, 1281 – Chácara Santo Antônio) (Rua Bento de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro) JUNHO Uma Mulher de Vestido Preto (Adulto) Edson & Hudson Dia 19 de junho - sexta-feira - 22h Até 28 de junho sábados, 21h | domingos, 20h Texto: Jorge Félix Direção: Roney Facchini Direção musical: Zezinho Mutarelli Elenco: Cristina Mutarelli e Nilton Bicudo Cenário: Luís Frugoli Figurino: Mira Haar Iluminação: Jairo Matos Direção de produção: Sonia Kavantan A Bela e a Fera Dias 20 (sábado, às 15h e às 19h), 21 (domin go, às 15h), 27 (sábado, às 19h) e 28 de ju nho (domingo, às 15h). Nova montagem com imagens em 3D. Direção Billy Bond O Rappa e Jota Quest Dia 26 de junho - sexta-feira - 22h JULHO Nós na Fita Dias 10 e 11 de julho - sexta e sábado - 22h Pré-venda exclusiva para clientes HSBC até dia 22 de maio. Hi-5 Cinco Sentidos Dias 18 e 19 de julho - sábado, às 17h30 e domingo, às 14h30 e 17h30 Elenco oficial latino-americano Nelson Freitas e Vocês Dias 25 e 26 de junho - sexta e sábado 22h Frejat Dia 17 de julho - sexta-feira - 22h Nova turnê “Intimidade Entre Estranhos” Frejat fará apresentação no HSBC Brasil em julho AGENDA C U LT U R A L Dicas de atrações culturais que acontecem bem próximo ao Centro Empresarial de São Paulo AGOSTO e SETEMBRO Deznecessários Dias 08 e 09 de agosto - sábado, às 22h e domingo, às 20h Revelação Dia 21 de agosto - sexta-feira - 22h Menino Tereza Até 26 de julho sábados e domingos, 16h Direção e texto: Marcelo Romagnoli Elenco: Cláudia Missura e Tata Fernandes Músicas originais e execução ao vivo: Tata Fernandes Figurinos: Verônica Julian Luz e cenário: Marisa Bentivegna Programação visual: João Batista Corrêa Produção Teatro Alfa: Stella Marini - Banda Mirim A Noviça Rebelde A Bela e a Fera 30 | Cláudia Missura, em Menino Tereza | JUN/JUL/AGO – 2009 Até 2 de agosto Sextas, 21h30 Sábados, 17h e 21h - Domingos, 15h e 19h Musical montado pela primeira vez na Broadway narra a história de amor entre a jovem noviça e o capitão viúvo e pai de sete filhos. A célebre versão cinematográfica de 1965 foi premiada com cinco Oscars 32 | | JUN/JUL/AGO – 2009