ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS - EAIC
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ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS - EAIC
ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS EXTENSORES DE TRONCO DURANTE EXERCÍCIOS DO MÉTODO PILATES Karen Obara (PIBIC/CNPq), Maryela O. Menacho, Josilene S. Conceição, Matheus L. Chitolina, Daniel R. Krantz, Rubens Alexandre da Silva Jr, Jefferson R. Cardoso (Orientador), email: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Fisioterapia/Grupo de Pesquisa Avaliação e Intervenção em Fisioterapia/Universidade Norte do Paraná/Laboratório de Avaliação Funcional e Performance Motora Humana Londrina-PR Palavras-chave: Pilates, Multífidos, Eletromiografia, RMS. Resumo O objetivo do estudo foi comparar a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos extensores de tronco durante três exercícios do método Pilates. A amostra foi composta por 11 mulheres saudáveis e ativas, que realizaram os exercícios em solo: swimming, single leg kick e double leg kick. O swimming foi o exercício na qual houve maior ativação muscular. Introdução Os componentes musculares da coluna vertebral são considerados de grande importância para a sua estabilização e sustentação de cargas fisiológicas impostas diariamente. Os músculos multífidos são reconhecidos como estabilizadores espinhais predominantes1. Pilates é uma modalidade de exercício utilizada com o objetivo de melhorar a estabilidade da coluna, bem como força e resistência dos músculos do tronco2. Esse método enfatiza o fortalecimento dos músculos abdominais e lombares usando diferentes abordagens, enquanto mantêm uma boa postura e o alinhamento corporal3. Robinson et al. sugeriram que o Pilates pode ser usado como progressão do tratamento, ou ainda, para prevenção de dor lombar4. Apesar de um grande número de profissionais da saúde utilizar o Pilates na prática clínica, há ainda uma carência de evidências científicas quanto aos fenômenos associados a esse método no campo da reabilitação5. Portanto, a compreensão da ativação muscular num exercício individual do Pilates deve ser um pré-requisito para uma prescrição adequada em um programa de treinamento ou reabilitação. O objetivo do estudo foi comparar a atividade eletromiográfica (EMG) e sua progressão durante três exercícios do método Pilates dos extensores de tronco. Materiais e Métodos Participaram do estudo 11 mulheres, com idade média de 21,9 anos (DP = 4,9 anos), com índice de massa corporal (IMC) de 21 kg/m2 (DP =1,2 kg/m2) e uma altura média de 165 cm (DP = 6,7 cm). As voluntárias deveriam ser saudáveis, praticantes de atividade física regular, porém não praticantes de Pilates. Os critérios de exclusão foram: dor lombar, histórico de cirurgia abdominal, escoliose evidente, desordens musculoesqueléticas e gravidez. Cada voluntária assinou o termo de consentimento livre e esclarecido, após conhecimento do objetivo do estudo e possíveis riscos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEL (266/07). Para obtenção dos dados, foi utilizado um eletromiógrafo de 16 canais (modelo MP150 WSW, BIOPAC System, USA). Este sistema possui dois amplificadores conectados ao computador, com impedância de 2 MΩ, razão de rejeição de modo comum de 1.000 MΩ e com sinais ajustados para 2000 amostras por segundo e o filtro numa freqüência de passagem de 20 a 450 Hz. Eletrodos ativos, bipolares (TSD 150) com 13,5 mm de diâmetro foram conectados a um pré-amplificador de 100 MΩ de impedância. Foi utilizado um programa de aquisição de dados (AcqKnowledge 3.9.1). Os eletrodos foram posicionados bilateralmente, na altura da vértebra L5, que corresponde aos músculos multífidos. O eletrodo de referência foi colocado no processo estilóide do rádio. O procedimento de colocação dos eletrodos seguiu as recomendações da SENIAM (Surface-EMG for the Non Invasive Assessment of Muscle). Uma câmera de vídeo de 30 Hz (Sony) foi utilizada para gravar a execução dos exercícios, para posterior identificação de cada fase do mesmo e seu respectivo sinal EMG. Primeiramente, foram realizados os testes de contração isométrica voluntária máxima (CIVM) para os músculos multífidos, conforme descrito por Juker et al.6 Foram realizadas três tentativas, e o maior valor foi considerado. Após um intervalo de dez minutos, os indivíduos realizaram um aquecimento com exercícios do método voltados para mobilização da coluna e alongamento da cadeia posterior. Em seguida, realizaram os exercícios escolhidos em solo: swimming, single leg kick e double leg kick. Foram realizadas oito repetições de cada exercício, com um tempo de execução aproximado de 30 segundos. Os sinais EMG foram processados e filtrados por meio de sub-rotinas no programa Matlab (versão 7, The Mathworks Inc., Natick, MA). Para os sinais EMG vindos da CIVM, o Root Mean Square (RMS) foi calculado em sucessivas janelas temporais de 250 ms (512 pontos). O valor pico RMS representou a maior atividade EMG referente às CIVMs e foi escolhido como referência (RMS CIVM ) para normalização do sinal EMG durante os exercícios. Posteriormente, encontrou-se a média dos valores RMS durante cada exercício (RMS EXE ) e para cada músculo. Os valores foram expressos em porcentagem para determinar a magnitude de ativação em cada exercício, como segue a fórmula abaixo: ATIVAÇÃO (%) = RMS EXE / RMS CIVM 100 As variáveis numéricas foram testadas quanto à distribuição de normalidade usando o teste Shapiro-Wilk. A análise de variância de dois fatores foi usada para verificar diferenças entre os lados direito e esquerdo e entre os exercícios. A significância estatística foi estipulada em 5%. As análises foram feitas com o programa SPSS® versão 13.0. Resultados e Discussão Não houve diferença entre lados nos músculos avaliados, nas três condições de exercício (P = 0.091), o que corrobora com outros estudos que avaliaram os extensores de tronco em diferentes exercícios7. Os valores de ativação dos músculos extensores variaram entre 15% e 61% nos três exercícios estudados. Não foi encontrada interação entre músculos e exercícios para a variável ativação (P > 0,05) (Tabela 1). Durante o exercício single leg kick, a média de ativação muscular foi 17%, o que pode ser relacionado à hiperextensão lombar estática durante todo o exercício. O exercício double leg kick ativou em média 47% dos extensores, maior ativação que o single leg kick (Tabela 1). Este achado pode ser explicado pela biomecânica da coluna lombar nessa condição, que implica numa ação concêntrica e intermitente dos músculos do tronco, simultânea a extensão bilateral do quadril, em decúbito ventral. Assim, há um aumento significativo da atividade EMG devido à carga imposta ao tronco pela mudança de posição das mãos e membros inferiores durante o exercício8. Tabela 1. Ativação dos músculos extensores de tronco durante exercícios do Pilates. Variável Ativação (%) Músculos MU-L5-D Exercícios Pilates SW SLK DLK 61 (21) 19 (15) 52 (17) P Músculos Exercícios 0.091 < 0.0001 Interação 0.655 Teste de Tukey MU-L5-E 51 (14) 15 (10) 42 (12) SWSLK, DLK DLKSLK Resultados: efeito principal para músculos e exercícios. Valores são apresentados em média e desvio padrão. Diferenças significantes (P 0,05) estão em negrito. Músculos: MU-L5-D (Multífido direito), MU-L5-E (Multífido esquerdo). Exercícios: (1) swimming (SW), (2) single leg kick (SLK), double leg kick (DLK). Finalmente, o principal resultado do estudo foi que no swimming a atividade EMG foi em média 56% da CIVM, condição na qual houve a maior ativação muscular (Figura 1). O indivíduo move os braços estendidos e eleva o tronco e as pernas durante o exercício. Assim, com os membros superiores afastados do eixo de rotação da coluna lombar há um aumento progressivo da atividade muscular. Sekendiz et al. mostraram que o exercício swimming proporcionou aumento de força e resistência nos músculos do tronco em mulheres saudáveis9. Figura 1. Ativação dos músculos multífidos (direito e esquerdo) durante os três exercícios: swimming (SW), single leg kick (SLK) e double leg kick (DLK). Os exercícios SW e DLK aumentaram significativamente a atividade muscular. Conclusões Os resultados mostraram que os exercícios abordados no estudo são efetivos para aumentar a ativação dos músculos extensores, e que o swimming foi o exercício no qual houve maior atividade EMG. Portanto, esses exercícios podem ser uma alternativa para o treinamento dos músculos extensores de tronco. Referências 1. Ng J.K.F.; Richardson C.A.; Jull G.A. Electromyographic amplitude and frequency changes in the iliocostalis lumborum and multifidus muscles during a trunk holding test. Phys. Ther. 1997,77,954. 2. Bernardo L. The effectiveness of Pilates training in healthy adults: An appraisal of the research literature. J. Bodyw. Mov. Ther. 2007,11,106. 3. Endleman I.; Critchley DJ. Transversus abdominis and obliquus internus activity during Pilates exercises: measurement with ultrasound scanning. Arch. Phys. Med. Rehabil. 2008,89,2205. 4. Robinson L.; Fischer H.; Knox J.; Thomson G. Official body control Pilates manual: the ultimate guide to the Pilate method. Ed.: Macmillan (ed.) London, 2002. 5. Anderson B.D.; Spector A. Introduction to Pilates based rehabilitation. Orthop. Phys. Ther. Clin. North. Am. 2000,9,395. 6. Juker D.; McGill S.; Kropf P.; Steffen T. Quantitative intramuscular myoelectric activity of lumbar portions of psoas and the abdominal wall during a wide variety of tasks. Med. Sci. Sports. Exerc. 1998,30,301. 7. Da Silva R.A.; Lariviere C.; Arsenault A.B.; Nadeau S.; Plamondon A. Pelvic stabilization and semisitting position increase the specificity of back exercises. Med. Sci. Sports. Exerc. 2009,41,435. 8. Plamondon A, Serresse O, Boyd K, Ladouceur D, Desjardins P. Estimated moments at L5/S1 level and muscular activation of back extensors for six prone back extension exercises in healthy individuals. Scand. J. Med. Sci. Sports. 2002,12,81. 9. Sekendiz B.; Altun Ö.; Korusuz F.; Akin S. Effects of Pilates exercise on trunk strength, endurance and flexibility in sedentary adult females. J. Bodyw. Mov. Ther. 2007,11,318.
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