a política como arte do achaque.
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a política como arte do achaque.
*Francisco Baltazar Neto Engenheiro Eletricista com especialização em Eletrônica, extensão em Gestão Empresarial Pública e Gestão Estratégica. É Diretor-Presidente da Fotossensores Tecnologias. Livre Pensar A POLÍTICA COMO ARTE DO ACHAQUE por Francisco Baltazar Neto* O atual sistema político brasi- gumas pessoas que alegavam querer nos rios títulos de eleitor, muitos dos quais leiro afasta a grande maioria conhecer melhor. Íamos, conduzidos seriam entregues futuramente em gados possíveis bons gestores por cabos eleitorais e candidatos a ve- rantia do “não voto”. Somente uma vez públicos vindos do mundo empresa- readores. Ao final de cada visita, éramos tivemos de uma senhora um pedido de rial e que poderiam e deveriam dar invariávelmente convidados à alcova, à emprego para seu filho que havia se forsua parcela de contribuição. Com co- camarinha, ao quarto de dormir, geral- mado em técnico de enfermagem. nhecimento de causa, afirmo que uma mente separado da sala por uma cortina Uma campanha política, é a arte da campanha política é a incubadora dos de chita que substituia a porta. Quanta fofoca, da mentira e do achaque. Como ovos da corrupção. E somos todos cor- gentileza! Eu tinha a certeza que, após na guerra, é onde o ser humano se desresponsáveis, quer por retroalimentar- nosso discurso bacana, cheio de pro- pe de suas máscaras deixando aparecer mos ou por calarmos ante tão perversa postas e esperanças, havíamos conquis- virtudes ou, na sua maioria, o mais vil sistemática eleitoral. Por idealismo, vivenciei e partici- tado aqueles votos. Pura inocência! A visita geralmente dos interesses. A vontade de desistir só não era pei do último pleito municipal como terminava em pedidos de telhas, lajo- maior do que os ideais que me seguracandidato, em Guaraciaba do Nor- tas, cimento, equipamentos para irriga- vam e me impunham o dever de contite, minha cidade natal. No início da ção, carrinhos de mão, caixas-d’água, nuar. Assustou-me, nessa experiência, a campanha, me comoviam os convites duzentos reais ou mais por voto. Como forma como pessoas por mim considerecebidos para visitar a residência de al- prova de “honestidade” mostravam vá- radas dignas, justificavam a necessidade simec em revista - 15 de receber determinada quantia em donar aqueles que acreditaram nos dinheiro, benesses de cargos futuros e nossos ideais e projetos de melhoria. • É melhor mal acompanhado que sozinho; outros favores em troca do apoio a um Existia, porém, principalmente nas projeto por todos, por Guaraciaba do classes mais pobres, exemplos de pes- • Eleitor só vale enquanto não vota; Norte. Muitos, das classes menos favo- soas dignas e honestas que continua- • Político não tem mãe; recidas, também externavam sua po- vam acreditando em um futuro, se não • Quem ganha é quem compra mais breza de bens materiais, de caráter ou melhor, pelo menos diferente. • Voto não empanzina; votos; completa falta de perspectivas e visão Alguns chavões são de fato práticas • Prometa, nunca diga não ao eleitor; de futuro. Aqueles, os da elite, viciados correntes no meio político-partidário, • Político bom é aquele que promete na mamata dos bens públicos e estes, que podemos hoje, com o milagre da coisas que só Deus pode cumprir; escravizados pela ignorância e da de- transparência das redes sociais, confir- • Ser roubado e enganado é normal. pendência institucionalizada. mar. Eleitores e assessores afirmavam: Repito: cheguei a pensar várias ve- Quando sentar na cadeira, você desconta. zes em desistir e só não o fiz, além do E é isso que comprovamos com os que já expus, porque o mal maior seria atuais escândalos, que não são prer- a transformação do amor que tenho à rogativas só deste nem do governo minha terra natal em rejeição e com- anterior, e que nos levou a um acele- pleto abandono das minhas raízes, de rado processo de mecanização, fatos tudo e de todos, além do eterno mar- vivenciados hoje no nosso cotidiano. tírio que viveria pela covardia de aban- A descrença dos jovens nas institui-