TRADUÇÃO AUTOMÁTICA: OS PROCESSOS DA TRADUÇÃO
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TRADUÇÃO AUTOMÁTICA: OS PROCESSOS DA TRADUÇÃO
ISSN 2237-7891 TRADUÇÃO AUTOMÁTICA: OS PROCESSOS DA TRADUÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR* Sílvia Gusmão SALES, UESB# [email protected] Resumo. Este artigo descreve um projeto de pesquisa que consistiu no conceito de tradução na visão teórica e do advento disponível na internet, a tradução automáti ca. No estabelecimento de uma metodologia de prática de exercícios de tradução com o uso do dicionário e tradutor automático. Finalizando, diagnosticou os requisi tos necessários com os alunos do curso de Letras da Universidade Estadual do Su doeste da Bahia, como conhecimento prévio da estrutura da língua inglesa, o con texto da época e do autor. Estes recursos presentes, tradutores automáticos somados ao conhecimento prévio, possibilitou a otimização do tempo no processo de tradu ção de textos em inglês. Palavras-chave. Tradução automática. Conhecimento prévio. Otimização. Abstract. This paper describes a project that consisted of translation conception in the theoretical vision and the available advent in the Internet, the automatic transla * # Trabalho apresentado no XI Simpósio Nacional e I Simpüósio Internacional de Letras e Linguística – Linguagem e Cultura: Intersecções promovido pelo Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, nos dias 22, 23 e 24 de novembro de 2006. Especialista em Tradução. Professora Auxiliar no Departamento de Ciências Humanas e Letras (DCHL) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). © 2010 DCHL – UESB Sab. em persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez 2011 Sílvia Gusmão SALES 20 tion. In the establishment of a practical methodology of exercises translated with the dictionary and the automatic translator. Finishing, it diagnosised the neces sary requirements with the Letters Course students in the Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, as previous structure knowledge of the English language and the time and author context. These resources, automatic translators added the previous knowledge made possible the optimization of the time in the process of the English texts translation. Keywords. Translations. Previews knowledge. Optimization. 1. Introdução O objetivo deste artigo é apresentar o projeto de pesquisa, Tradução Au tomática: os processos da tradução mediada por computador no curso de Letras da UESB, conceituando tradução na visão teórica de alguns estudiosos da área, considerando o advento da internet como inovador das formas de tradução atu ais, abordando a história da tradução automática e seus avanços. Os dados que serão apresentados ao longo deste artigo vem mostrar, que em momento algum da História houve uma necessidade tão grande de superar as barreiras linguísti cas que dividem os povos como agora, pois num mundo mais globalizado fazse necessário que essas barreiras sejam superadas, para que o acesso às informa ções e transformações que as diversas áreas vêm sofrendo chegue ao conheci mento de todos. Sendo assim, dispor de meios alternativos que poderão propor cionar a otimização do tempo no processo de tradução, para dar conta do ritmo acelerado aos avanços tecnológicos que o homem vem impondo, e a produção de conhecimentos nas suas áreas de atuação, poderá ser um dos meios para tornar possível a quebra dessas barreiras. Para que o resultado alcançasse os objetivos desta pesquisa, verificouse o tempo no processo de tradução, como também, foi considerado o nível de pro ficiência em inglês dos alunos participantes. Este nível foi avaliado, durante as aulas de Língua Inglesa I e Literatura Norteamericana, ambas ministradas por mim, pesquisadora, o que a possibilitou observar dois pontos principais quanto ao nível de proficiência do aluno, que são: leitura e compreensão de textos em inglês. Essa pesquisa mostra o uso do tradutor automático em textos de inglês, por alunos do I e VII semestre do curso de Letras, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), considerando que este tradutor poderá ser ou não de © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 21 grande ajuda para ganhar tempo durante o processo. Em nenhum momento foi desconsiderada a tradução já desenvolvida pelos alunos. Logo, destacaramse as vantagens do tradutor automático, ampliando e enriquecendo o campo de conhe cimento de forma mais rápida, não esquecendo que na maioria das vezes o aluno não dispõe de tempo suficiente para traduzir uma diversidade de material exis tente. Sendo assim, a possibilidade de ter acesso ao um maior número de materi al em inglês em diversas áreas em pouco tempo, poderá fazer do tradutor auto mático uma boa ferramenta. Para o bom andamento deste trabalho, foi priorizada a importância de se ter o conhecimento prévio da estrutura da língua inglesa, como também do conteúdo dos textos a serem traduzidos, tendo em vista que se o aluno não conhece a estrutura da língua, como ela funciona, quais são as regras que a norteiam, etc., e não tem uma leitura do tema a ser traduzido, possivelmen te poderá ser uma barreira para que este possa se beneficiar dos recursos ofereci dos pelo tradutor automático. Vale salientar neste artigo, que estamos num novo milênio, em que há necessidade de que façamos bom uso das ferramentas que o mundo da informáti ca está nos oferecendo, nos capacitando para respondermos de forma cada vez melhor à demanda e ocuparmos uma posição firme e sólida no mercado de traba lho. Logo, com todo esse crescimento tecnológico, a tradução não poderia ficar de fora, pois a sua evolução deve também ao crescente avanço da internet no de correr dos anos. 2. Conceito de tradução De acordo com Moran Costas (2000a) “aprender é passar da incer teza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e as novas sínteses”. O processo da tradução é um caminho de incertezas conduzido a uma certeza que chegará as novas descobertas e a novas sínteses, ou seja, descobrir o outro através do perceber e compreender o que o escritor quer falar e transmitir em outro idioma. Para isso, fazse necessário ao tra dutor mergulhar nas multi significações que as palavras, frases e períodos possuem, absorvendo a essência do que está sendo traduzido. Esta não é uma tarefa simples e fácil, mas para aquele que é dotado das armas neces sárias como: conhecer, entender a estrutura do idioma, tem o conhecimen © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 22 to do assunto de que se trata o material traduzido, somado ao auxílio do tradutor automático terá a oportunidade de verificar como funciona esse programa. Para Moran Costas (2000b) “A construção do conhecimento a par tir do processamento multimídico é mais livre, menos rígido, com cone xões mais abertas...”. Ao considerar tal visão percebese que o traduzir através do processo multimídico significa permitir ao tradutor viajar a um mundo amplo da tecnologia, que oferece recursos que poderão viabilizar seu trabalho de forma mais rápida. De acordo com Ronai (1981, p. 28) “o tradutor deve conhecer a língua estrangeira o bastante para desconfiar cada vez que a compreensão insuficiente de uma palavra ou de um trecho obscurece o sentido do con junto”. Isto implica num conhecimento prévio da estrutura do idioma tra duzido, bem como também segundo Ronai (1981, p. 30), Um bom profissional tentará familiarizarse igualmente, na medida do possível, com os costumes, a história, a geografia, o folclore, as instituições do país de cuja língua traduz, além de se munir da indispensável cultura geral. Como em toda área de estudo e pesquisa, o tradutor é compelido a buscar o crescimento profissional e aperfeiçoarse naquilo que escolheu, sendo assim, é importante conhecer a história, vida e cultura de quem e do que está sendo traduzido. O estudo da estrutura de uma língua pode conduzir a um universo das palavras, que se aglomeram ordenadamente formando frases, transfor mandose em períodos que compõem um texto. Jacques Derrida, filósofo francês de origem judaica, elaborou o conceito de desconstrução, tratan dose de uma crítica de pressupostos dos conceitos filosóficos. Vale sali entar que tal noção de desconstrução aparece primeiramente na introdu ção à tradução de 1962. Assim como, é importante o estudo da estrutura da língua, como ela é formada no processo de tradução, Derrida (1972) vem apresentar através do Desconstrutivismo, que através da composição © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 23 dos elementos da escrita é possível descobrir partes do texto que estão en cobertos, possibilitando uma leitura mais detalhada. Nem todos aplaudem este conceito de desconstrução, mas há seguidores como Arrojo no Brasil. Segundo, Arrojo (1992, p. 26), Nas mãos de Derrida, a desconstrução se torna uma poderosa arma, um instrumento de capacidade inesgotável, que serve para perfurar um texto até as suas entranhas e explorálas a fim de desenterrar aquele “ponto cego” que o autor nunca viu e nem quis ver, e que o texto procura, na medida do possível, acobertar para que ninguém o veja. Um dos pontos significativos em uma tradução é que o processo de percepção e compreensão alcance a língua alvo, de maneira prática e rápida. Para Ronai (1981, p. 31) “a tradução é o melhor, talvez, o único exercício realmente eficaz para nos fazer penetrar na intimidade dum grande espírito”. Este ofício de traduzir muitas vezes discriminado pro porciona ao tradutor a visualização dos sentimentos mais profundos do autor ao contemplar a possibilidade de penetrar em tal sentimento. Logo por que não utilizar o tradutor automático para facilitar o trabalho de alu nos na tradução de textos em inglês? 2.1 O advento da internet inovando as formas de tradução No presente século falar da internet significa viajar num mundo sem fronteiras onde o imaginário tornase real. Sua história tem seus pri meiros registros comprovados através de memorandos escritos por J.C.R. Licklider, do Massachussets Institute of Technology (MIT) em agosto de 1962, onde o mesmo discutia o conceito da “Rede Galáxia”. A visão de Licklider era computador interconectado globalmente, possibilitando para todos o acesso a dados e programas de qualquer parte do mundo, de for ma rápida. Durante o período em que esteve trabalhando neste projeto convenceu seus futuros sucessores Ivan Sutherland, Bob Taylor e Lawren ce G. Roberts o quanto o conceito de redes computadorizadas é importan © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 24 te. A forte convicção de Licklider do valor deste conceito tem sido com provada ao longo dos anos. O primeiro trabalho sobre a teoria de trocas de pacotes foi publica do em julho de 1961 por Leonard Kleinrock, do Massachussets Institute of Technology (MIT), alguns anos depois o primeiro livro sobre o assunto em 1964. Mais tarde Kleinrock consegue da possibilidade teórica das co municações usando pacotes de computadores, resultando posteriormente um dos grandes avanços nesta área, que foi fazer os computadores se con versarem. O feito de Roberts e Thomas Merrill concretizouse em 1965 com a conexão de um computador TX2 em Massachussets com um Q32 na Califórnia com uma linha discada de baixa velocidade, criando assim o primeiro computador de rede do mundo, comprovando que computadores poderiam trabalhar juntos, rodando programas e recuperando dados quan do necessário em máquinas ultrapassadas, mas que o circuito do sistema telefônico era totalmente inadequado tornar realidade o intento. A convic ção de Kleinrock a respeito da necessidade de trocas de pacotes foi com provada. Em 1966, Roberts iniciou seu trabalho no DARPA1 com a finalida de de desenvolver o conceito das redes computadorizadas e elaborou seu plano para a ARPAnet2 que foi publicado em 1967. Nesta conferência houve oportunidade de apresentação de trabalhos, bem como a socializa ção de conhecimento e conceitos, como o de Donald Davies e Roger Scantlebury, da NPLNuclear Physics Laboratory. Após um breve relato dos momentos iniciais da internet ainda num estágio embrionário. Vale mencionar, que ela nasceu há cerca de 40 anos como uma rede, cujo objetivo era preservar a segurança militar dos Esta dos Unidos. Esta seria criada com uma estrutura de comunicação descen tralizada para proteger em caso de ataque nuclear os núcleos onde se ar mazenava a informação. Através da rede denominada ARPAnet, a infor 1 2 Department of Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA). Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET) rede de computadores criada pela Advanced Research Projects Agency (ARPA). Net é abreviatura de Network (rede em inglês). © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 25 mação estava em toda parte e em parte alguma, tornando sua destruição impossível. Na sua trajetória até o uso militar, a rede passou a ser utilizada por centros de pesquisa, tornandose durante a década de 90, no principal ca nal de informação que emprega no mundo quase 500 milhões de pessoas. A utilidade original da internet para a qual havia sido criada foi posta à prova no dia do ataque terrorista, seu uso superou as expectativas da mí dia, principalmente nos Estados Unidos. A internet competiu com as ca deias de televisão que transmitiam ao vivo o drama americano. Os inter nautas3 conectados maciçamente em questão de minutos saturaram seus servidores. Além do seu papel na comunicação de informar e conectar povos, a internet passou a oferecer serviços de qualidade na área da tradução au tomática, disponibilizando tradutores automáticos como Globalink Power Translator Pro4, Altavista e outros para todos os interessados gratuitamen te. A procura destes tradutores tem crescido, mas a única dificuldade é em relação ao usuário. Ele precisa tomar conhecimento do que é necessário, para que possa aproveitar de todos os recursos que o tradutor automático tem a lhe oferecer. 2.2 A história da tradução automática De acordo com Nirenburg, S (1987) durante a década de 40, a tra dução automática teria sido a primeira aplicação não numérica proposta dentro da nova área da ciência da computação, resultando no desenvolvi mento de áreas como a Linguística Formal e a Inteligência Artificial. Para Mateus, M. H. M. (1995) todos esses avanços na área foram impulsiona dos a princípio pela necessidade de se obter informações sigilosas (início da Guerra Fria) e mais tarde, para se ter acesso à exposição de dados gera dos por centros informativos de pesquisa. O principal objetivo era promo 3 4 Explorador do espaço cibernético (INTERNAUTA) GLOBALINK The translation Company ©copyrigth 1997 Globalink, Inc. Disponível em: <http://www.globalink.com/About_Us.htm>. Acessado em15 de novembro de 2005. © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 26 ver a obtenção de informações científicas soviéticas à distância e da ma neira mais rápida possível. Os pioneiros nesta área são o inglês Booth e o americano Warren Weaver, que desenvolveram uma calculadora científica com dados sufici entes para realizar uma tradução palavra a palavra, sem se preocupar com as questões lingüísticas como a sintaxe ou a ordem lexical. Logo, por meio de uma lista de palavraschave, uma pessoa teria uma ideia do con teúdo do texto traduzido. Anterior ao inglês Booth e ao americano Warren Weaver, o cientista russo SmirnovTrojanskij apresentou, em 1933, uma máquina com capacidade de traduzir diversas línguas simultaneamente e à distância, sendo considerado em 1939 pelos cientistas soviéticos como ineficiente, foi também desconsiderado em 1944 pelo Instituto de Auto matização e Telemática da Academia das Ciências da URSS. Dando continuidade as pesquisas na tentativa em aprimorar os mé todos de tradução automática já existentes em 1948, o inglês Richens acrescentou ao programa desenvolvido por Booth e Weaver informações com respeito à análise gramatical das desinências russas, proporcionando ao leitor informações mais precisas sobre a função da palavra na sentença, diminuindo assim, o uso do dicionário, consequentemente acelerando a consulta automática. Novas tentativas surgiram na década de 50, com trabalhos apresen tados em congressos. Vale mencionar o congresso de 1952 do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, sobre os problemas da tradução automática. Neste congresso alguns pontos foram discutidos e analisados como, a frequência das palavras, equivalências linguísticas, memórias eletrônicas e outros aspectos técnicos para depois passarse à análise sintática e à construção de programas de tradução. Outro ponto também discutido e considerado importante foi o desenvolvimento de um programa que reali zasse a tradução em um único sentido entre duas línguas, sem a preocupa ção imediata com a produção de máquinas multilíngues. Também neste momento foi cogitada a utilização de uma língua intermediária, neutra, para se realizar a tradução entre duas línguas, técnica empregada até hoje. © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 27 Depois de algumas tentativas da nova ciência da computação, sur giu o projeto que seria o primeiro sistema de tradução automática, o Geor getown Automatic Translation (GAT). Em 1954, na Universidade de Ge orgetown, é realizada a primeira experiência de tradução automática do russo para o inglês com um computador. O vocabulário continha 250 pa lavras e seis regras sintáticas. O projeto começou em 1952 com sucesso, e seu sistema entrou em operação em 1964, mesmo tendo sido abandonado em meados dos anos 60, continuou sendo utilizado até meados dos anos 70. O objetivo deste sistema era detectar o conteúdo e o interesse de docu mentos estrangeiros, através de substituição de palavra por palavra. O sis tema era adaptado para cada texto diferente, e não era fundamentado em uma teoria linguística, apresentando um resultado muito pobre. Apesar de tudo isso, atingiu os seus objetivos pelo qual o sistema foi criado. Depois que o projeto foi encerrado, muitos integrantes fundaram novos grupos de pesquisa, desenvolvendo com sucesso um sistema que é utilizado até os dias de hoje, é o caso de Peter Toma que logo depois desenvolveu o siste ma SYSTRAN5. Quanto ao sistema SYSTRAN, o primeiro programa foi instalado em 1970, opera (tradução russoinglês na USAF FTD). Dentre alguns dos usuários, podese destacar a NASA em 1974, e o EURATOM, que substi tuiu o GAT com o mesmo propósito de adquirir informações. Posterior mente, outras versões do sistema foram compradas e desenvolvidas. A General Motors do Canadá utiliza a versão inglêsfrancês para traduzir manuais variados. Em dezembro de 1997, o Altavista™ serviço de busca na Internet, passou a oferecer um serviço de tradução on-line de páginas na World Wide Web através do sistema SYSTRAN, visando principalmente a aqui sição de informações. O projeto Mechanical Translation and Analysis of Language (ME TAL) foi iniciado em 1961 com o propósito de realizar traduções do ale 5 SYSTRAN é um software tradutor da SYSTRAN Language Translation Technologies. Disponível em: < http://www.systransoft.com/index.html>. Acessado em: 15 de novembro de 2005. © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 28 mão para o inglês. Sendo adotado o paradigma transformacional de Chomsky, através de uma interlíngua sintática baseada em estruturas pro fundas. Entretanto, chegouse à conclusão de que somente a lingüística transformacional não era suficiente para suportar um sistema operacional, sendo feitas outras adaptações. Em 1974 os fundos governamentais foram interrompidos e o projeto cancelado, sendo retomado alguns anos depois com novas verbas. Em 1980, com a interrupção das verbas governamentais, a Sie mens passou a patrocinar o projeto, dedicandose à tradução alemãoin glês na área de telecomunicações. Os testes publicados comprovam a qua lidade do sistema, traduzindo entre 45% e 85% com uma boa aceitação. 6 Segundo Slocum (1985) após um período de cerca de dez anos, nos anos 80 foi despertado novos interesses pela tradução automática com a criação da Comunidade Econômica Européia, a explosão da informati zação, o desenvolvimento e o estabelecimento de teorias no âmbito da lin guística formal, com grande investigação semântica, o processamento in formatizado de línguas naturais com base em gramáticas de análise e de geração, possibilitando à abertura de novos horizontes a inteligência arti ficial, a linguística computacional e a tradução automática, recebe desta que e apoio por parte de um grande número de países, especialmente na Europa. Consequentemente, o investimento da indústria privada também abriu um novo horizonte para projetos de tradução automática e tradução assistida por computador. Os Estados Unidos da América teve um posici onamento contrário ao dos países europeus até 1984. Para Slocum, além de focar o desenvolvimento linguístico e tecno lógico, o ponto principal responsável pelo ressurgimento do interesse pela tradução automática foi adaptação das expectativas para um contexto mais realista, sabese que, quanto mais focalizada e especializada a área de atuação de um tradutor, maior o grau de perfeição que ele tenderá a atingir, isto vem mostrar indícios de que o conhecimento prévio da estru tura de uma língua e do contexto traduzido, de fato influenciará no resul 6 © Siemens Corporation © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 29 tado e na qualidade do texto traduzido. Segundo Slocum (apud ALFARO, 1998). A meta deixou de ser a amplitude de áreas e línguas aliada à perfeição do resultado final, passandose a buscar principalmente sistemas que de fato pudessem alcançar resultados práticos, representando um ganho efetivo em tempo e dinheiro, que em momento algum a necessidade dos tradutores foi questionada. Pelo contrário; desde a adaptação das expectativas com relação à tradução automática, ela foi pensada como um auxílio aos tradutores profissionais. (p.12) 3. Descrição metodológica Esta pesquisa teve como objetivo verificar se o tradutor automático pode auxiliar na otimização do tempo na tradução de textos em inglês, por alunos do I e VII semestre do curso de Letras. No primeiro contato, entre a pesquisadora e os alunos, houve uma conversa informal por dez minu tos, onde através de perguntas pode ver o grau de conhecimento dos alu nos quanto aos métodos de traduções existentes. A metodologia aplicada nesta pesquisa foi dividida em duas etapas: préteste e intervenção. A pri meira etapa aconteceu com uma breve conversa entre alunos e pesquisa dora seguida do cumprimento do exercício de tradução com dicionário feito pelos alunos neste encontro. Os alunos do I e VII semestre do curso de Letras traduziram um parágrafo sobre a vida e obra dos autores nor teamericanos Stephen Crane e Herman Melville. Um parágrafo com dez linhas e o outro com sete linhas. Para o cumprimento desta tarefa foi dado aos alunos uma hora e quarenta minutos. Na segunda etapa, foram apre sentados aos alunos alguns tradutores automáticos disponíveis na Internet, como Globalink Power Translator Pro e Altavista, depois foi solicitado que traduzissem os mesmos textos sobre os autores norteamericanos Stephen Crane e Herman Melville, usando desta vez o tradutor automáti co. O tempo dado para esta tarefa foi de cinquenta minutos. Num terceiro encontro aconteceu o segundo momento da segunda etapa, os alunos es colheram um outro texto na internet sobre o mesmo tema, e em seguida fizeram a tradução, de acordo com a orientação da pesquisadora. Neste © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 30 momento, os alunos tiveram cinquenta minutos para escolher o texto e traduzilo com o auxílio do tradutor automático, depois fazer as corre ções. 3.1 Descrição do ambiente e instrumentos de coleta Os dados foram coletados durante a terceira unidade do semestre do ano letivo de dois mil e cinco. O ambiente selecionado para ser feita a coleta desta pesquisa foi a UESB, campus Vitória da Conquista, onde os encontros com os alunos aconteceram no Centro de Aprendizagem Autô noma de Línguas Estrangeiras – CAALE, onde após uma conversa infor mal foi realizado um préteste, constituído de exercício proposto para ava liar o conhecimento dos alunos quanto à tradução de textos em inglês. O préteste foi elaborado com dois parágrafos em inglês. O primeiro pará grafo sobre o autor americano Stephen Crane, o segundo sobre Herman Melville. Foi dado aos alunos uma hora e quarenta minutos para traduzir com o auxílio de dicionários. Essa atividade teve uma duração média de uma hora e trinta minutos. Na segunda etapa houve a intervenção com dois momentos. O primeiro durou aproximadamente quarenta minutos. Os alunos tiveram um contanto inicial com alguns tradutores automáticos que se encontram disponíveis na internet, como Globalink Power Translator Pro e Altavista com o objetivo de observar o conhecimento deles em relação ao uso dos mesmos. Em seguida, ocorreu a realização do mesmo exercício do préteste, sendo que neste momento os alunos não usaram o dicionário, escolheram um tradutor automático para execução da tarefa proposta e digitaram um dos parágrafos para que a tarefa fosse cumprida em cinquenta minutos. No segundo momento houve a continuidade da in tervenção, os alunos foram orientados a acessarem a internet, pesquisa rem sobre um autor norteamericano, escolherem um texto e traduzilo com o auxílio do tradutor automático. Depois deveriam fazer leitura e cor reções necessárias, seguindo o texto original em inglês, durante cinqüenta minutos. Os textos em inglês do préteste e da intervenção compõem o © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 31 material que conduziu esta pesquisa (material encontrado no apêndice e anexos deste trabalho). 3.2 Descrição dos sujeitos Para este trabalho de pesquisa foram selecionados dois alunos re gulares um do I e outro do VII semestre do Curso de Letras com Dupla Habilitação em Português e Inglês. A escolha de alunos do I e do VII se mestre do Curso de Letras devese ao fato de serem alunos da pesquisado ra e porque os mesmos estão matriculados em semestres diferentes, onde o conteúdo da disciplina de língua inglesa estudado é diferente. Os sujei tos possuem idade entre 20 e 23 anos. Ambos possuem o mesmo nível de proficiência em relação à língua inglesa, como também já estudam a lín gua inglesa há cinco anos em cursos livres. O nível de proficiência dos dois foi avaliado através das provas de I e II unidade, assim como pela observação do desempenho deles durante as aulas das disciplinas Língua Inglesa I e Literatura Norteamericana, ministradas pela pesquisadora. Após observar o desempenho de seus alunos, a pesquisadora concluiu que ambos possuíam o mesmo nível de proficiência. 4. Apresentação e discussão de dados Este trabalho de pesquisa apresentou os seguintes dados: primeiro as alunas foram observadas e avaliadas durante o préteste, quanto ao cumprimento da tarefa de traduzir dois textos sobre a vida e obra de auto res americanos (Stephen Crane e Herman Melville) com a utilização de um dicionário. A intervenção aconteceu com dois momentos, abordagem a respeito dos tradutores automáticos, como, seguido da tarefa de traduzir os mesmos textos do préteste, mas desta vez com o auxílio do tradutor automático. No segundo momento da intervenção as alunas navegaram na internet, escolheram um tradutor automático e um texto sobre um autor norte americana, traduziram e fizeram as correções necessárias. © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 32 4.1 Pré-teste No préteste havia dois textos sobre a vida e obra de autores ameri canos (Stephen Crane e Herman Melville). Durante a realização do mes mo, os alunos não se mostraram inseguros na execução da tarefa exigida. A Aluna (A1) pareceu tranqüila durante a tradução dos parágrafos. Obser vouse que a Aluna (A2) estava um pouco preocupada com o tempo para cumprimento da tarefa. Este comportamento pode ser justificado, consi derando que somos indivíduos diferentes, podendo não apresentar com portamentos iguais, diante das situações as quais somos expostos. A pes quisadora considerou que a situação de traduzir textos em inglês usando dicionário de inglês não proporcionaria a elevação do filtro afetivo dos alunos, podendo ser uma tarefa familiar às duas alunas, desde o curso fun damental no colégio, então a pesquisadora deixou as alunas sozinhas na sala para tentar abaixar o nível de stress e ansiedade (fatores negativos que poderiam interferir na precisão da coleta dos dados). A aluna (A2) apresentou ter dificuldade. Este tipo de problema aconteceu por tratarse de uma aluna que, embora tenha o conhecimento prévio da estrutura da língua inglesa, nunca havia estudado a língua focando a tradução e nem havia tido o contato com o tema do texto traduzido, preocupandose so mente com o estudo da língua para comunicação e compreensão em in glês. Já a aluna (A1) está cursando o VII semestre do curso de Letras, não apresentou dificuldade na tradução, pois além de ter o conhecimento pré vio da estrutura da língua inglesa, a mesma está estudando sobre autores norteamericanos e suas obras na disciplina de Literatura Norteamerica na, tendo conhecimento também do tema abordado nos textos traduzidos. 4.2 Intervenção Durante a intervenção foram trabalhados dois textos, vida e obra dos autores norteamericanos Stephen Crane e Herman Melville, que se encontram no apêndice, como também mais dois textos escolhidos pelas alunas sobre autores norteamericanos, os mesmos se encontram em ane © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 33 xo. Esta etapa aconteceu após o préteste com dois momentos, no primei ro os sujeitos foram conduzidos para uma outra sala do CAALE, onde eles foram submetidos ao mesmo exercício do préteste de forma diferen te. Desta vez eles utilizaram o tradutor automático para traduzir o mesmo texto após uma breve explicação a respeito do tradutor automático e sua utilidade. A duração entre explicação sobre tradutores automáticos e cum primento da tarefa foi de quarenta minutos. Através desta troca de infor mações foi avaliado o conhecimento das alunas, em relação aos tradutores disponíveis na internet, como Globalink Power Translator Pro e Altavis ta. Embora já conhecessem os tradutores não tinham a ideia como usálos, como ferramenta na otimização do tempo. As alunas não imaginavam o quanto poderiam viabilizar todo o processo. Elas questionaram quando as dificuldades que teriam ao corrigir o texto traduzido pelo tradutor, quanto à consulta a gramática inglesa, o que fazer se a palavra em inglês não ti ver uma tradução em português, etc. Enfim, a possibilidade de ganhar tempo na tradução, trouxe certa ansiedade para terminar o trabalho e ver o resultado. Em princípio as alunas tiveram um pouco de dificuldade para organizar as ideias, principalmente a aluna do I semestre, considerando que embora a mesmo possua o conhecimento prévio da estrutura da lín gua inglesa, não tem o conhecimento do tema em questão, vida e obra de autores norteamericanos. As alunas tiveram cinquenta minutos para o cumprimento da tarefa. O texto traduzido pela aluna do I semestre com sete linhas, e o texto traduzido pela aluna do VII semestre com dez linhas. No segundo momento da intervenção, primeiro foi solicitado às alunas que ligassem o computador e navegassem na internet a procura de um dos tradutores automáticos apresentados anteriormente. Depois as alu nas foram orientadas a pesquisar a respeito de um autor americano do in teresse delas. Em seguida usassem o tradutor automático na tradução do texto escolhido. O próximo passo foi fazer as correções necessárias no texto traduzido pelo tradutor automático. A aluna (A2) que está cursando o I semestre do curso de Letras não apresentou dificuldade em relação à estrutura da língua inglesa por conhecêla, mas quanto ao conteúdo dos textos traduzidos observouse © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Sílvia Gusmão SALES 34 que, por se tratar de algo novo, não foi possível valerse dos benefícios do tradutor automático em relação ao tempo. Isto não implicou no cumpri mento da tarefa pela aluna (A2). Quanto à aluna (A1) teve sucesso na exe cução da sua tarefa, devido ao seu conhecimento prévio da estrutura da língua inglesa, como também do tema abordado nos textos, autores norte americanos. 5. Considerações finais Neste trabalho foi mostrado que a falta de conhecimento prévio tanto da estrutura de uma língua estrangeira como do tema abordado pode ser fator de interferência na compreensão de mensagens. Através da expo sição de teorias e explicações, percebeuse que, o conhecimento deste, permitirá que possamos nos beneficiar das vantagens que a internet possa proporcionar aos interessados pela tradução de textos em inglês. Obvia mente, não existe uma resposta definitiva para por fim a esta dúvida quan to ao funcionamento eficaz do tradutor, até porque os alunos possuem es tilos de aprendizagem diferente e o que pode ser eficaz para um, pode não ser para outro. Durante todas as etapas deste trabalho, foi possível verifi car a hipótese de que, o conhecimento das vantagens do tradutor quanto ao tempo, o conhecimento do tema a ser traduzido, mais o conhecimento prévio da estrutura da língua inglesa, poderia permitir que o aluno alcan çasse os objetivos propostos inicialmente. Como também, a pesquisadora comprovou a hipótese de que o aluno poderia não conhecer os diversos ti pos de tradutores automáticos e não se valer dos seus benefícios, encon trandose despreparado para sua utilização, devido à falta de conhecimen to do tema sobre escritores norteamericanos, embora conhecesse a estru tura da língua inglesa. Os resultados do préteste comprovaram também, que as alunas se guem modelos de tradução já utilizados ao longo dos anos, com a utiliza ção unicamente do dicionário. Entretanto, o período de intervenção e os resultados demonstraram que o conhecimento prévio pode ser uma ferra menta eficaz para o aprendizado. O número de acertos da aluna (A1) do © 2011 DCHL – UESB Sab. em Persp. Jequié v.1 n.1 p. 19-37 set./dez. 2011 Tradução automática 35 período posterior à intervenção não foi significativo, revelando que a alu na aprendeu sobre um dos recursos que a internet oferece aos interessados na área de tradução, mas a sua aplicabilidade não teve sucesso, embora conhecendo a estrutura do inglês, a falta de conhecimento do tema: vida e obra de autores norteamericanos tornaramse uma barreira no cumpri mento da sua tarefa quanto ao tempo. Já a aluna (A2) beneficiouse do tradutor automático na tradução dos textos sobre autores norteamerica nos, porque além de ter o conhecimento prévio da estrutura da língua in glesa, também possui o conhecimento do tema abordado nos textos. Apesar das lacunas deixadas nesta pesquisa. Apoiada na afirmação de Ellis (1999) de que “um estudo tem mais utilidade pelos questiona mentos que levanta do que pelas respostas que fornece”, admito que esta pesquisa possa ser um início para se buscar perguntas, respostas e solu ções para a utilização de software de tradução no curso de Letras da UESB, bem como, somar à necessidade do aluno de aprender e estudar o inglês de forma mais prazerosa e eficaz, percebendo que, assim como, as demais áreas de estudo, a tradução de textos em inglês tem seguido de perto os avanços e benefícios da tecnologia atual. No final dos três encontros, foi possível cumprir os objetivos pro postos desta pesquisa, principalmente, despertar a consciência das alunas para a importância da utilização do tradutor automático, como também, reconhecer que o mesmo otimiza o tempo, viabilizando o trabalho do tra dutor nesta era informatizada. Referências bibliográficas ARROJO, Rosemary (org). 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