Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e
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Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e
CAIXA DE FERRAMENTAS (TOOLKIT) DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO HIV, Tuberculose e Malária e Fortalecimento dos Sistemas de Saúde Parte 1: O Sistema de M&A e os Requisitos de M&A do Fundo Global Terceira Edição Fevereiro de 2009 O toolkit de M&A encontra-se disponível eletronicamente no website: http://www.theglobalfund.org. Para fazer sugestões de aprimoramento do toolkit ou solicitações relacionadas com a presente publicação, entre em contato por e-mail com M&[email protected]. As designações geográficas aqui empregadas não representam ou constituem opinião ou julgamento do Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária sobre a situação legal de qualquer país, território, cidade ou área, ou de seus governantes ou autoridades nacionais ou, ainda, da delimitação de suas fronteiras ou divisas. A menção de companhias específicas ou de certos fabricantes de produtos não implica endosso ou recomendação dos mesmos pelo Fundo Global em preferência a outros não mencionados, porém de natureza semelhante. A inclusão de fotos de pessoas não deve ser interpretada como indício do seu estado de saúde. Todos os direitos são reservados. O presente documento pode ser livremente lido e consultado, citado, reproduzido ou traduzido, parcialmente ou em sua íntegra, desde que a sua fonte seja devidamente mencionada. O Fundo Global aceita contribuições de governos, fundações e de pessoas físicas ou jurídicas. Para contribuir, basta visitar nosso website ou entrar em contato com a equipe de Relações Externas pelo e-mail [email protected]. Para maiores informações e atualizações sobre a situação do Fundo Global, visite www.theglobalfund.org. © Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária ISBN No.: 92-9224-152-4 Toolkit de Monitoramento e Avaliação - 3ª. Edição – Cópia Impressa em Português Indice Agradecimentos.................................................................................................................................. 5 1. Introdução ................................................................................................................................... 6 1.1 O porquê deste toolkit ............................................................................................................................................ 6 1.2 A quem ele se dirige? .............................................................................................................................................. 6 1.3 Qual é o conteúdo?.................................................................................................................................................. 6 1.4 Atualização recente................................................................................................................................................. 7 Parte 1 O sistema de M&A e os requisitos de M&A do Fundo Global......................................... 7 2. Elementos básicos do sistema de M&A................................................................................... 11 2.1 Um sistema nacional de M&A ............................................................................................................................. 11 2.2 Conceitos gerais de M&A..................................................................................................................................... 12 2.3 Componentes de um sistema funcional de M&A ............................................................................................... 14 2.4 O plano de M&A................................................................................................................................................... 16 2.5 Definição dos resultados esperados ..................................................................................................................... 17 2.6 Métodos de coleta de dados .................................................................................................................................. 19 2.7 Monitoramento dos resultados e impacto do programa .................................................................................... 31 2.8 Avaliação e pesquisa operacional ........................................................................................................................ 32 3. Fortalecimento do sistema de M&A........................................................................................ 33 3.1 Avanço da agenda de M&A ................................................................................................................................. 33 3.2 Resolução de questões de qualidade dos dados .................................................................................................. 33 3.3 Monitoramento da qualidade dos serviços.......................................................................................................... 35 3.4 Monitoramento da prestação de serviços a subgrupos da população ......................................................... 36 3.5 O tratamento da questão do gênero no monitoramento de programas............................................................ 36 3.6 Geração de informação estratégica ..................................................................................................................... 37 3.7 Institucionalização do processo de revisão anual ............................................................................................... 37 3.8 Avaliações de M&A e acompanhamento ............................................................................................................ 38 4. Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global ................................................................. 45 4.1 Financiamento baseado no desempenho e M&A................................................................................................ 45 4.2 Acompanhamento do desempenho ...................................................................................................................... 45 4.3 Como usar o toolkit para um programa financiado pelo Fundo Global.......................................................... 46 4.4 Relatórios ao Fundo Global ................................................................................................................................. 47 4.5 Seleção dos indicadores para relatório para o Fundo Global ........................................................................... 48 4.6 Os 10 principais indicadores ................................................................................................................................ 49 4.7 Perguntas frequentes ............................................................................................................................................ 52 Agradecimentos Este toolkit de M&A é o resultado de um processo colaborativo entre especialistas da área de M&A de organizações internacionais, agências bilaterais, organizações privadas e não governamentais, assim como grandes parceiros, entre eles os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o Fundo Global, a Health Metrics Network, as parcerias Roll Back Malaria e Stop TB, a UNAIDS, a OMS (inclusive o Programa Global contra a Malária, o Departamento de HIV/AIDS e o Departamento Stop TB), o Banco Mundial, o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da AIDS (Escritório do Coordenador de Combate à AIDS dos Estados Unidos), a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa Presidencial contra a Malária e a MEASURE Evaluation. As contribuições de várias correntes de trabalho que tratam da saúde mundial e das questões de M&A ajudaram a compor seções relevantes do presente toolkit. O processo colaborativo e consultivo garantiu que as recomendações aqui contidas estejam de acordo com aquelas utilizadas por todas as organizações, de forma a promover um entendimento comum do M&A no âmbito das três doenças e do fortalecimento dos sistemas de saúde, bem como a utilização de um conjunto de indicadores comuns. Além do Grupo de Referência de Monitoramento e Avaliação da UNAIDS e do processo facilitado de parcerias, amplas consultas técnicas foram realizadas para melhor definir as atividades de M&A, no nível comunitário. As conclusões, em particular, foram resumidas por meio de um seminário que contou com a participação de representantes de 22 países. Foram feitas consultas com especialistas em assuntos de gênero e com especialistas em M&A de qualidade de serviços, cujas informações estão inseridas nos capítulos pertinentes desta publicação. Por último, mas não de menor importância, muitos colegas do Fundo Global procuraram garantir que este toolkit seja de grande utilidade para o público a que se dirige. Agradecemos a todos pelos esforços e contribuições. 6 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 1. Introdução 1.1 O porquê deste toolkit Com a intensificação do movimento global para ampliar o combate às três maiores doenças infecciosas (HIV, tuberculose e malária), os profissionais de saúde pública têm que prestar contas em diferentes níveis de suas atividades a vários dos grupos servidos. É cada vez mais necessário que os países possam fornecer dados precisos, pontuais e comparáveis às autoridades nacionais e instituições doadoras para garantir a continuidade do financiamento necessário para expandir os programas. Ainda mais importante, eles têm que estar prontos e aptos a usar essas informações internamente para fortalecer programas em evolução. É particularmente importante que os responsáveis pela implementação dos programas nacionais e seus gestores tenham acesso a informações de alta qualidade para fazer ajustes e tomar decisões programáticas e técnicas. O toolkit de M&A foi desenvolvido com o apoio de agências técnicas internacionais e especialistas em M&A. Seu objetivo é dar orientação sobre como desenvolver sistemas robustos de M&A, recolher indicadores padronizados e selecionados para gerir os resultados e monitorar o impacto dos programas de HIV, TB e malária, incluindo os programas de fortalecimento dos sistemas de saúde. Além disso, o toolkit traz referências a materiais e recursos de grande utilidade. • 1.2 A quem ele se dirige? O público principal do toolkit é constituído de gestores de programas nacionais de HIV, TB e malária, líderes de projeto, executivos e coordenadores de M&A, agências doadoras, parceiros técnicos e de implementação, além de organizações não governamentais que trabalhem com HIV, TB e malária. O toolkit também pode ser útil para os profissionais de M&A de setores afins tais como educação, questões de gênero e sociais, transportes e questões legais, bem como os envolvidos em pesquisas de saúde pública. No âmbito dos programas e projetos financiados pelo Fundo Global, o público-alvo é constituído pelos membros do mecanismo de coordenação nacional, pelos agentes locais do Fundo e pelos administradores e responsáveis por M&A dos principais recebedores. 1.3 Qual é o conteúdo? A terceira edição do toolkit de M&A consiste de duas partes concebidas de modo a permitir um fácil acesso aos recursos que ele oferece e de acordo com as necessidades de cada usuário. • A Parte 1 contém uma orientação geral sobre os sistemas de M&A e os passos necessários para fortalecê-los, além de informações sobre os requisitos de M&A do Fundo Global no contexto do financiamento baseado no desempenho, inclusive com guias e perguntas frequentes. • A Parte 2 inclui quatro seções independentes com listas de indicadores recomendados e descrições de indicadores para HIV, TB, malária e fortalecimento dos sistemas de saúde. O toolkit de M&A busca auxiliar os países para: • coordenar a preparação de relatórios com os sistemas nacionais e os parceiros internacionais para promover a utilização de medições existentes, amplamente acordadas e exatas; • selecionar indicadores padronizados e medir, relatar e usar informações de boa qualidade de saúde, ou relacionadas à saúde, de uma forma que atenda às necessidades tanto de doadores como dos próprios países; • definir claramente o padrão de serviço prestado por um programa e estabelecer medidas de progresso, tanto rotineiras como de longo prazo; • formular uma estratégia nacional e participatória de M&A, dando uma ideia geral das principais questões a considerar; • avaliar, analisar e aperfeiçoar os sistemas de M&A com o tempo e na medida em que se intensifiquem as intervenções de prevenção e redução da morbidade e mortalidade associadas ao HIV, TB e malária; e comunicar os requisitos e processos de M&A do Fundo Global no âmbito do financiamento baseado no desempenho. Terceira edição Introdução 1.4 Atualização recente A terceira edição do toolkit de M&A não introduz uma nova estrutura de preparação e apresentação de relatórios, mas sim um detalhamento e aperfeiçoamento da segunda edição do toolkit. O toolkit usa a mesma estrutura de medição desenvolvida nas duas primeiras edições (publicadas em junho de 2004 e janeiro de 2006). A presente atualização trata dos avanços mais recentes em M&A voltados à melhoria dos sistemas de medição e de M&A em geral. As atualizações deste novo toolkit de M&A incluem: • maior ênfase e orientação quanto a sistemas harmonizados de M&A em cada país, inclusive os que se encontram fora da estrutura pública; • melhores métodos e orientação sobre como harmonizar os esforços de coleta de dados (por exemplo, pelo mapeamento da programação de levantamentos) e como monitorar serviços de base comunitária, definir os resultados esperados e medir a qualidade dos serviços; • um maior enfoque nas questões de gênero, para dar-lhes mais importância nos programas específicos de cada doença, e na necessidade de desagregar os indicadores relevantes por sexo e idade para medir o progresso; • orientação sobre como avançar além do estágio de avaliação de M&A e concentrar o foco no monitoramento da implementação do plano de M&A (ou seja, fazer M&A do M&A), inclusive com a criação de uma estrutura de qualidade dos dados; e • um conjunto atualizado de indicadores de acordo com a evolução das estratégias e recomendações para o M&A da implementação dos programas de HIV, TB e malária e para o fortalecimento dos sistemas de saúde, incluindo uma revisão dos dez principais indicadores programáticos e indicadores de impacto e resultado alcançado que devem ser relatados ao Fundo Global. Fevereiro de 2009 7 A maioria dos indicadores incluídos neste toolkit é resultado de um consenso global. Eles fazem parte dos indicadores básicos que passaram a ser usados depois da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNGASS), incluindo os indicadores nacionais adicionais recomendados sobre HIV, os usados pela Parceria “Stop TB", os usados pelo Grupo de Referência de Monitoramento e Avaliação "Roll Back Malária" e os usados pela rede de metrologia sanitária, a “Health Metrics Network”. Além disso, alguns indicadores capturam dados em áreas nas quais os países necessitam de fundos substanciais do Fundo Global, entre elas as áreas de comunicação para mudança de comportamento, atendimento e serviços de apoio e outros serviços prestados às comunidades. Esses indicadores devem ser vistos como preliminares, pois serão revistos e substituídos por indicadores consensuados mundialmente, quando estes estiverem disponíveis. Parte 1 O sistema de M&A e os requisitos de M&A do Fundo Global Parte 1 O sistema de M&A e os requisitos de M&A do Fundo Global Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 11 2. Elementos básicos do sistema de M&A Um sistema de M&A funcional é uma pedra fundamental na resposta de um país para combater uma doença. É ele que fornece as informações estratégicas necessárias à tomada de decisões acertadas para a gestão e melhoria do desempenho dos programas, a preparação de mensagens de esclarecimento sobre diretrizes públicas e de mobilização social, e um melhor planejamento dos programas. Também gera dados para atender às exigências de prestação de contas. Muitos países já estão adiantados no processo de desenvolvimento e implementação de sistemas nacionais de M&A. As avaliações sistemáticas de M&A, fenômeno recente, têm ajudado a identificar as forças e debilidades dos sistemas nacionais e a preparar planos e orçamentos de M&A para o fortalecimento desses sistemas de uma forma coordenada por todas as partes interessadas. Esta seção oferece orientação de como montar e fortalecer um sistema nacional de M&A unificado e coerente. Ela descreve brevemente os componentes de um sistema funcional de M&A e a estrutura metrológica no que se refere a métodos de coleta de dados. 2.1 Um sistema nacional de M&A A coordenação do sistema geral de M&A para atender aos requisitos tanto do país como dos dadores é um primeiro e importante passo na montagem de um sistema comum de M&A que possa atender a várias necessidades distintas. Os princípios de alinhamento e harmonização, embutidos nos chamados princípios dos “Três Uns” e na Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento (Quadro 1), obrigam os parceiros a contribuírem ao desenvolvimento e utilização dos sistemas nacionais de M&A. Apesar dos princípios dos “Três Uns” terem sido criados para o HIV, eles têm também relevância geral para o M&A. QUADRO 1. Implementando os compromissos de desenvolvimento global com a harmonização e o alinhamento “Os Três Uns”: Princípios de gestão que orientam as respostas nacionais ao HIV (2004) Em 25 de abril de 2004, representantes dos principais parceiros para o desenvolvimento e de muitos países de renda média ou baixa adotaram três princípios que formam um arcabouço para melhor coordenar a ampliação dos programas nacionais de HIV e respostas relacionadas à epidemia de HIV. “Os Três Uns” são: • • • Uma estrutura consensuada de ação em HIV/AIDS que serve de base para coordenar o trabalho de todos os parceiros; Uma autoridade nacional de coordenação em AIDS cuja base de atuação seja ampla e abarque múltiplos setores; e Um sistema previamente acordado de monitoramento e avaliação em nível nacional. A Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento (2005) Mais de 100 países assinaram a Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento em 2005. Ela promove a responsabilização mútua, ou seja, tanto países doadores como países recebedores assumem a responsabilidade por garantir que a ajuda aos países seja usada de forma eficiente. São cinco os princípios que a declaração promove: apropriação pelo país, alinhamento com os sistemas e processos nacionais, harmonização com os parceiros, gestão centrada nos resultados e responsabilização mútua. Aplicada ao M&A, ela significa atender às prioridades nacionais de M&A e alinhar-se com o sistema nacional de informações de saúde. Terceiro Fórum de Alto Nível sobre Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento (2008) O Terceiro Fórum de Alto Nível sobre Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento, realizado em 2008, enfatizou mais uma vez o uso dos sistemas nacionais de M&A. Como declara a chamada “Agenda de Accra para a Ação”: “Os países em desenvolvimento e os países doadores deverão avaliar em conjunto a qualidade dos sistemas nacionais, num processo liderado pelo país e que utilize ferramentas de diagnóstico previamente acordadas. Se os sistemas nacionais necessitarem de reforços adicionais, os países em desenvolvimento assumirão a liderança na definição dos programas e prioridades das reformas. Os países doadores darão apoio a essas reformas e assistência no desenvolvimento de capacidades.” Fevereiro de 2009 12 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Enfatizar a importância de criar, implementar e fortalecer um sistema unificado de M&A no âmbito nacional não é exagero. Um sistema de M&A forte e unificado pode ajudar a garantir que: • dados relevantes, oportunos e precisos sejam colocados à disposição dos líderes e gestores de programas nacionais, em cada nível do programa e do sistema de saúde; • dados selecionados de alta qualidade possam ser informados aos líderes nacionais; e • o programa nacional possa atender às exigências de relatórios dos organismos doadores e internacionais, dentro de um esforço global unificado. Um sistema unificado de M&A tem várias vantagens. Ele contribui para o uso mais eficiente dos dados e recursos ao garantir, por exemplo, que os indicadores e métodos de amostragem sejam comparáveis ao longo do tempo e ao reduzir a duplicação de esforços. Como os recursos para a coleta de dados são limitados, esse sistema ganha importância particular pois ele permite aos países dividirem entre si os custos da agenda de coleta de dados, contribuindo todos para um pool de fundos. Do ponto de vista do programa nacional, um sistema unificado de M&A ajuda a garantir que os esforços de M&A financiados pelos doadores contribuam da melhor maneira possível para atender às necessidades nacionais. Essas necessidades vão além do M&A focalizado em somente uma doença, estendendo-se ao fortalecimento do sistema geral de informações de saúde sobre várias doenças e questões de saúde. Uma outra vantagem é que um sistema unificado de M&A auxilia e facilita a coordenação e a comunicação entre os grupos que participam da resposta nacional ao HIV, TB e malária. Entre estes estão os ministérios que se concentram no bem-estar social ou infantil, além dos ministérios responsáveis por estatística e planejamento. Os relatórios preparados e apresentados pela sociedade civil e o setor privado também fazem parte integral do sistema nacional de M&A. A concordância entre as principais organizações doadoras, de apoio técnico e de implementação quanto à estrutura básica do M&A reduzirá a carga adicional de solicitações de dados feitas por diferentes agências. O planejamento e execução em comum da coleta, análise e divulgação dos dados reduz a superposição de atividades de M&A e reforça a cooperação entre os grupos, do que resulta um uso mais eficiente dos recursos. Finalmente, um sistema unificado de M&A é um meio de reunir todas as partes interessadas na definição de resultados esperados em comum e de verificar o impacto conseguido pelo esforço colaborativo no combate às três doenças. 2.2 Conceitos gerais de M&A 2.2.1 Qual é a diferença entre monitoramento e avaliação? Monitoramento é o acompanhamento e divulgação rotineiros de informações de alta prioridade sobre um programa ou projeto, seus insumos e produtos esperados, resultados alcançados e impacto. Os dados são obtidos por meio de registros, relatórios regulares e sistemas de vigilância, ou pela realização de observações e levantamentos. O monitoramento ajuda os gestores de programas ou projetos a definir que áreas exigem uma dedicação maior de sua parte e a verificar se estão conseguindo alcançar os resultados esperados e ter impacto. Em um sistema de M&A bem concebido, os dados coletados rotineiramente por meio das atividades de monitoramento contribuem enormemente à avaliação. Os indicadores selecionados para o monitoramento diferem, dependendo do nível de apresentação de relatórios dentro de um sistema de saúde. Mais informação é necessária para a gestão de projetos do que para os níveis nacional ou internacional. Assim, o número de indicadores para os quais se coletam dados deve reduzir-se substancialmente quando se passa do nível regional aos níveis nacional e internacional. Mas alguns indicadores são úteis em todos os níveis do sistema. É muito importante selecionar um número limitado de indicadores, ou seja, somente aqueles que os responsáveis pela implementação e gestores de programas realmente necessitam para tomar decisões eficazes. Além disso, o monitoramento é usado para medir tendências ao longo do tempo e, portanto, os métodos usados necessitam ser uniformes e rigorosos para garantir uma comparação apropriada dos dados. Por outro lado, a avaliação é uma coleta, feita de forma rigorosa e com base científica, de informações sobre as atividades, características e resultados alcançados por um programa ou intervenção que permita identificar o mérito ou valor desse programa ou intervenção. Os estudos de avaliação fornecem informações fidedignas que serão utilizadas na melhoria dos programas ou intervenções, na identificação das lições aprendidas e para informar as decisões sobre alocações futuras de recursos. A avaliação da relação custo-eficácia ou do custo-benefício é útil para determinar o valor agregado de um programa ou projeto particular. A avaliação do Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A impacto de um programa exige um investimento considerável nos esforços de M&A, sendo difícil, às vezes, verificar até que ponto programas individuais ou componentes individuais dos programas contribuem para a redução geral do número de casos e aumento da sobrevivência. O estabelecimento de uma relação de causa e efeito para uma dada intervenção poderá exigir estudos de concepção experimental ou quase experimental para demonstrar seu impacto. O monitoramento dos indicadores de produtos ou resultados também poderá identificar essas relações e dar uma indicação geral do progresso do programa de acordo com as metas e resultados previamente acordados. Os objetivos e os métodos usados no monitoramento e na avaliação são diferentes. Em geral, a avaliação é mais difícil tendo em vista o nível de rigor metodológico exigido: sem este rigor, poderão ser tiradas conclusões equivocadas sobre o valor de um programa ou projeto. Além disso, ela é mais custosa, particularmente a avaliação de resultados alcançados e a avaliação do impacto, porque geralmente exige a realização de levantamentos populacionais ou modelos mais rigorosos de avaliação como os que incluem grupos ou regiões de comparação. A avaliação deve procurar aproveitar os dados e levantamentos disponíveis nacionalmente e realizados regularmente como, por exemplo, os levantamentos populacionais, registros vitais ou dados de doenças de sítios sentinelas. 13 2.2.2 A estrutura de M&A O M&A usa estruturas variadas. Nos últimos anos, uma estrutura amplamente acordada tem sido usada com frequência: a estrutura de insumos–atividades– produtos–resultados esperados–impacto. Isto reflete o uso de indicadores em níveis diferentes para medir o que acontece em um programa ou projeto e que resultados são alcançados. Para que um programa ou projeto atinja suas metas, insumos tais como o dinheiro e o tempo dedicado pelo pessoal devem resultar em produtos tais como novos ou melhores serviços, mais pessoal treinado, mais pessoas cobertas pelos serviços, etc. Esses produtos são o resultado de atividades específicas, tais como atividades de treinamento do pessoal. Se esses produtos forem significativos e se forem atingidos para os grupos populacionais visados, o programa ou projeto tem a probabilidade de ter efeitos ou resultados positivos a médio e longo prazo, tais como maior uso do preservativo nas relações sexuais com parceiros ocasionais, maior uso de mosquiteiros tratados com inseticidas, maior aderência aos tratamentos com medicamentos de TB, ou um aumento da idade média dos jovens à época da primeira experiência sexual. Esses resultados positivos devem levar a mudanças no impacto a longo prazo dos programas, medido em termos de menos casos de HIV, TB ou malária e do ônus a elas relacionado entre as pessoas infectadas e afetadas (tais como órfãos e crianças vulneráveis ou viúvas). No caso do HIV, um impacto desejado entre pessoas infectadas inclui uma melhor qualidade e maior expectativa de vida. Informações adicionais sobre as estruturas de M&A podem ser vistas nos seguintes sites: • PNUD: http://www.undp.org/gef/undp-gef_ monitoring_evaluation; • MEASURE Evaluation: http://www.cpc.unc.edu/ measure; • Governo dos Estados Unidos: globalHIVevaluation.org; and • UNAIDS: http://www.unaids.org/en/default.asp. http://www. A Figura 1 da página 14 mostra as principais questões a serem respondidas ao planejar um sistema nacional e abrangente de M&A, além das principais perguntas de avaliação e os métodos correspondentes de coleta de dados que podem ser utilizados para responder às mesmas. Fevereiro de 2009 14 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Fig. 1. Abordagem do M&A em HIV com perguntas de saúde pública Estamos realizando esforços em escala suficientemente grande? Determinação da eficácia coletiva Estamos executando os programas corretamente? MONITORAMENTO DE RESULTADOS E IMPACTO Os esforços coletivos estão sendo implementados em escala suficientemente grande para ter impacto sobre a epidemia (cobertura e impacto)? Levantamentos e vigilância As intervenções estão funcionando ou fazendo alguma diferença? RESULTADOS ALCANÇADOS Estudos de avaliação de resultados alcançados Estamos implementando o programa conforme planejado? Monitoramento e avaliação dos programas nacionais PRODUTOS Monitoramento dos produtos programs O que estamos fazendo? Estamos fazendo corretamente? ATIVIDADES Estamos fazendo as coisas certas? Entendimento das respostas potenciais Monitoramento e avaliação do processo, avaliação da qualidade Que intervenções e recursos são necessários? INSUMOS Necessidades, recursos, análise das respostas e monitoramento dos insumos Que intervenções podem funcionar (eficácia e eficiência)? Estudos de eficácia e eficiência, avaliação formativa e somativa, síntese de pesquisa Quais são os fatores contribuintes? Pesquisa de determinantes Identificação dos problemas Qual é o problema? Análise da situação e vigilância Fonte: Organizing framework for a functional national HIV monitoring and evaluation system. Genebra, UNAIDS, 2008 (http://siteresources.worldbank.org/INTHIVAIDS/Resources/375798-1132695455908/GROrganizing FrameworkforHIVMESystem.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008) 2.3 Componentes de um sistema funcional de M&A Os compromissos globais assumidos quanto à harmonização e alinhamento dos sistemas de M&A só podem ter o efeito desejado se forem operacionalizados em nível nacional. Ainda resta muito a fazer nos países para desenvolver e fortalecer os sistemas de M&A já existentes e para se ter uma gestão colaborativa entre os parceiros nacionais e internacionais de forma a obter resultados. Os países têm necessidades diferentes de M&A, determinadas em parte pelo ônus das doenças prevalente em cada país, pelas características das várias epidemias, pelo sistema nacional de saúde e pelos recursos disponíveis (ou que podem se tornar disponíveis) para o M&A. Alguns países já montaram um sistema nacional de M&A completamente integrado que serve a todos os programas de controle de doenças comunicáveis, bem como aos programas de saúde reprodutiva, saúde infantil e adolescente e outros programas de saúde. Já outros países criaram sistemas de M&A específicos para certas doenças. Independente da abordagem adotada ser integrada ou específica a uma doença, são necessários métodos comuns de coleta de dados, análises uniformes e análises (avaliações) anuais conjuntas para usar os recursos de forma mais eficiente. Em apoio aos esforços para criar melhores sistemas nacionais de M&A para o HIV, os países e parceiros globais desenvolveram e endossaram a estrutura organizacional de um sistema de M&A nacional e funcional para o HIV. 1 Essa estrutura descreve os 12 componentes de um sistema de M&A nacional, funcional e multi-setorial para o HIV e oferece um marco de referência em comparação ao qual o progresso pode ser avaliado. Apesar dessa estrutura ter sido desenvolvida para os sistemas de 1 Organizing framework for a functional national HIV monitoring and evaluation system. Genebra, UNAIDS, 2008 (http://siteresources.worldbank.org/INTHIVAIDS/Resources/3757981132695455908/GROrganizingFrameworkforHIVMESystem.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008) Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 15 M&A para o HIV, seus componentes podem ser adaptados para os sistemas de M&A relativos a outras doenças. A Tabela 1 na página 15 apresenta os componentes e suas metas respectivas de desempenho. Tabela 1. Doze componentes de um sistema funcional de M&A Componente Meta de desempenho para este componente 1. Estruturas organizacionais com funções de M&A Estabelecer e manter uma rede de organizações responsáveis pelo M&A no nível nacional, regional e de prestação dos serviços 2. Capacidade humana para M&A Verificar a existência de recursos humanos qualificados e adequados em todos os níveis do sistema de M&A para garantir a conclusão de todas as tarefas definidas no plano de trabalho anual de M&A. Isto inclui capacidade analítica suficiente para utilizar os dados e apresentar relatórios relevantes 3. Parcerias para planejar, coordenar e gerir o sistema de M&A Estabelecer e manter parcerias entre as partes interessadas nacionais e internacionais envolvidas no planejamento e gestão do sistema nacional de M&A 4. Plano nacional e multi-setorial de M&A Desenvolver e atualizar regularmente o plano nacional de M&A, inclusive as necessidades identificadas de dados, os indicadores nacionais padronizados, os procedimentos e ferramentas de coleta de dados, e os papéis e responsabilidades pela implementação 5. Plano de trabalho de M&A nacional, anual e de custos definidos Elaborar um plano de trabalho de M&A, nacional, anual e de custos definidos, que inclua as atividades específicas de M&A, com custos definidos, a serem empreendidas por todas as partes interessadas relevantes, identificar as fontes de financiamento e usar este plano para coordenar e avaliar o progresso da implementação do M&A durante todo o ano 6. Ativismo, comunicação e cultura para o M&A Garantir que os responsáveis pelas políticas públicas, gestores e pessoal dos programas e outras partes interessadas conheçam e demonstrem seu compromisso com o M&A e o sistema de M&A 7. Monitoramento de rotina do programa Produzir dados de alta qualidade (válidos, confiáveis, abrangentes e em tempo hábil) de monitoramento de rotina do programa 8. Levantamentos e vigilância Produzir dados em tempo hábil, válidos e confiáveis a partir de levantamentos e vigilância 9. Bancos de dados nacionais e regionais Desenvolver e manter bancos de dados nacionais e regionais que permitam às partes interessadas acessar dados relevantes para a formulação de políticas e para administrar e aperfeiçoar os programas 10. Apoio de supervisão e auditoria de dados Monitorar periodicamente a qualidade dos dados e resolver os obstáculos à produção de dados de alta qualidade (isto é, válidos, confiáveis, abrangentes e em tempo hábil) 11. Avaliação e pesquisa Identificar as questões de avaliação e pesquisa, coordenar estudos para atender às necessidades identificadas e incrementar o uso das conclusões da avaliação e da pesquisa 12 Disseminação e utilização dos dados Disseminar e utilizar os dados do sistema de M&A para guiar a formulação de políticas e o planejamento e melhoria dos programas Fonte: Adaptado de "Organizing framework for a functional national HIV monitoring and evaluation system". Genebra, UNAIDS, 2008 (http://siteresources.worldbank.org/ INTHIVAIDS/Resources/375798-1132695455908/GROrganizingFrameworkforHIVMESystem.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008).. Fevereiro de 2009 16 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 2.4 O plano de M&A Um plano nacional de M&A descreve a organização do sistema de M&A de um país e as atividades relacionadas de M&A e, portanto, constitui a base de implementação de um sistema funcional de M&A. É importante entender que o plano de M&A inclui as necessidades de dados já identificadas e os indicadores padronizados nacionais para monitorar o alcance dos objetivos e metas do programa. Ele inclui os valores de base do indicador e os resultados a alcançar, os métodos de coleta de dados, as fontes de dados, a frequência da coleta de dados e os parceiros responsáveis pela coleta de dados e a gestão. O plano nacional de M&A cobre todos os componentes do sistema de M&A, inclusive as necessidades de avaliação e como elas serão tratadas: análise de dados e utilização dos dados em níveis diferentes do sistema. O plano nacional de M&A deve estar ligado à estratégia nacional de controle da doença e cobre normalmente as atividades de M&A por um período de 3 a 5 anos. Ele deve ser desenvolvido e atualizado regularmente em consulta com as várias partes interessadas envolvidas no programa, inclusive autoridades regionais e representantes da sociedade civil. Ele deve definir como cada um dos 12 componentes de um sistema funcional de M&A será implementado (e fortalecido, se necessário), idealmente baseado numa avaliação nacional de M&A. O plano também deve indicar a disponibilidade de recursos (técnicos e financeiros) para implementá-lo e delinear a estratégia de mobilização de recursos. Os diferentes setores, parceiros de desenvolvimento e entidades regionais envolvidos na implementação do programa podem desenvolver seus próprios planos de M&A que detalhem sua programação de coleta de dados e apresentação de relatórios. Todos esses planos devem estar vinculados ao plano nacional e multisetorial de M&A e contribuir a um único sistema nacional de M&A. Recomenda-se a utilização de indicadores padronizados para os quais a coleta e análise de dados já foram testadas em campo e validadas, para que os riscos ligados à sua medição sejam minimizados e sua utilidade maximizada. O uso sistemático de indicadores padronizados, baseados em normas globais previamente acordadas, fornece aos programas nacionais medidas valiosas e comparáveis para a análise de tendências. Ele também permite a comparação entre vários países, regiões e grupos populacionais. 2 Mas, em alguns casos, os indicadores padronizados específicos a certas áreas de prestação de serviços poderão não estar disponíveis. Nesses casos, os países poderão usar indicadores nacionais ou regionais ou outros indicadores propostos neste toolkit, os quais foram desenvolvidos por meio de vários processos consultivos. Quando se combina dados de diferentes fontes para fins de análise, essa triangulação de dados permite a avaliação nacional, regional ou local dos esforços empreendidos pelo programa. Para implementar um sistema nacional de M&A baseado num plano nacional de M&A, deve-se elaborar um plano de trabalho de M&A, também nacional e de custos definidos, para orientar o investimento em atividades de M&A de alta prioridade. O período coberto pelo plano de trabalho de M&A depende do contexto do país e pode variar de um a vários anos. O plano de trabalho de M&A deve se basear no plano nacional de M&A e deve descrever as atividades principais de M&A durante o período coberto pelo plano, além de incluir os seguintes elementos: • metas de desempenho do sistema de M&A e resultados a serem alcançados; • atividades de M&A com seu prazo de implementação (data de início e de conclusão); • definição das responsabilidades implementação de cada atividade; e • custos de cada atividade e fontes identificadas de financiamento (inclusive as fontes já garantidas, mas também as lacunas de financiamento e como estas serão tratadas). pela O plano de trabalho de M&A deve cobrir as atividades de M&A e os papéis e responsabilidades previamente acordados de todas as partes interessadas relevantes. Ele poderá tratar das atividades do setor de saúde e de outras atividades multissetoriais relevantes ou poderá ser específico a uma determinada doença. É uma boa prática integrar o plano de trabalho de M&A no plano geral de trabalho e orçamento de M&A do setor de saúde para garantir que haja uma vinculação adequada dos vários esforços de coleta de dados, gestão e análise como parte de um único sistema nacional de M&A. 2 Esforços estão sendo empreendidos no momento, sob a orientação do Grupo de Referência de Monitoramento e Avaliação da UNAIDS, para melhor definir indicadores padronizados. Os resultados serão publicados no website da UNAIDS depois de finalizados Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 2.5 Definição dos resultados esperados A definição dos resultados esperados não é simplesmente uma questão de ampliar o alcance e a escala atuais da prevenção, tratamento e serviços de atendimento. Bons resultados programáticos precisam estar vinculados a uma análise abrangente e atualizada da situação e das necessidades, e a um plano estratégico de controle e gestão do ônus da doença. Um elemento importante do processo de planejamento é estabelecer resultados esperados ambiciosos, porém realistas. Acompanhar e relatar o progresso no alcance desses resultados esperados ao longo do tempo ajuda os programas a administrar os recursos e a melhorar a sua própria gestão para alcançar resultados e ter impacto. 3 O financiamento baseado no desempenho funciona dentro do princípio de só desembolsar fundos em função dos resultados alcançados, quando estes são comparados aos resultados esperados anteriormente acordados e limitados por prazos. Os resultados esperados devem se basear em necessidades muito bem definidas, considerando-se a cobertura das intervenções em curso. Na falta de dados epidemiológicos específicos à doença e de dados sobre a cobertura do programa, deve-se tomar a iniciativa de estabelecer os valores de base o mais cedo possível. Além disso, a definição de resultados esperados tem que considerar as restrições atuais e previstas à expansão dos programas. As restrições mais comuns são as limitações de recursos humanos qualificados, infraestrutura, instalações, equipamentos e sistemas de apoio à prestação dos serviços. Deve-se planejar para enfrentar essas restrições, que podem ser tratadas por meio de atividades de fortalecimento dos sistemas de saúde. A definição das necessidades programáticas, da cobertura atual e dos impedimentos à expansão exigem planejamento, tempo suficiente e recursos. É, portanto, essencial iniciar o processo de avaliação o mais cedo possível e procurar garantir que haja recursos suficientes disponíveis para recolher as informações necessárias. 3 A “Gestão Centrada nos Resultados” é um dos cinco compromissos de parceria que constam da Declaração de Paris sobre Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento. A Declaração de Paris, endossada em 2 de março de 2005, é um acordo internacional ao qual aderiram mais de 100 ministros, diretores de agências e outros altos funcionários, assumindo o compromisso, em nome de seus governos, de continuar a aumentar os esforços de harmonização, alinhamento e gestão da ajuda para obter resultados com um conjunto de ações e indicadores que podem ser monitorados. Fevereiro de 2009 17 Várias publicações oferecem orientação quanto ao estabelecimento dos resultados esperados para HIV. 4 Os princípios e métodos contidos nessas diretrizes específicas ao HIV aplicam-se também a outras doenças. O Quadro 2 na página 18 indica os principais passos do processo de definição de resultados esperados ambiciosos, porém realistas. 4 OMS, UNODC e UNAIDS. Guia técnico da OMS/UNODC/UNAIDS para os países definirem resultados esperados de acesso universal à prevenção, tratamento e atendimento de HIV para usuários de drogas injetadas (IDUs). Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2006 (http://www.who.int/hiv/idu/target_setting/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Donoghoe M et al. Setting targets for universal access to HIV prevention, treatment and care for injecting drug users (IDUs): towards consensus and improved guidance. Internacional Journal of Drug Policy, 2008, 19:5–14. Setting national targets for moving towards universal access by 2010: operational guidance. Genebra, UNAIDS, 2006 (http://data.unaids.org/pub/Guidelines/2006/20061006_ report_universal_access_targets_guidelines_en.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Scaling up towards universal access: considerations for countries to set their own national targets for HIV prevention, treatment, and care. Genebra, UNAIDS, 2006 (http://data. unaids.org/pub/Report/2006/Considerations_for_target_setting_ April2006.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). A framework for monitoring and evaluating HIV prevention programs for most-at-risk populations. Genebra, UNAIDS, 2007 (http://www.unaids.org/en/PolicyAndPractice/ Prevention/HIVprevKeyPopulations, acessado em 15 de setembro de 2008). Estimating prevalence: indirect methods for estimating the size of the drug problem. Viena, Escritório das Nações Unidas para Questões de Drogas e Crime, 2003 (http://www.unodc.org/documents/GAP/GAP%20Toolkit%20M odule%202%20Final%20ENGLISH%2002-60052.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Guidelines for sampling orphans and other vulnerable children: to estimate the size and characteristics of OVC populations. New York, Better Care Network, Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2003 (http://www.crin.org/BCN/details.asp?id=9031&themeID=1001 &topicID=1008, acessado em 15 de setembro de 2008). UNAIDS/OMS: Grupo de Trabalho da UNAIDS/OMS sobre Vigilância de HIV/AIDS/ISTs. Estimating the size of populations at risk for HIV: issues and methods. Genebra, UNAIDS, 2003 (http://www.who.int/ hiv/pub/surveillance/pub336e/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). 18 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde QUADRO 2. Principais passos da definição de resultados esperados 1. Definir os grupos e subgrupos populacionais com risco de infecção e os já infectados e necessitados de diagnóstico, tratamento, cuidados e serviços de apoio. • • • • • • Identificar a natureza da epidemia (por ex. de baixo nível, concentrada, holoendêmica, etc.). Identificar os principais riscos de transmissão devidos a fatores ambientais, tais como geografia, economia e comércio, ambiente urbano ou rural, cultura, religião e política. Definir, identificar e enumerar os subgrupos populacionais vulneráveis e já afetados pela doença ou infecção de acordo com fatores relevantes de ordem geral ou local, tais como características físicas, estado civil, sexo, idade, situação social, emprego, comportamento, estilo de vida, religião, etc. Mapear as características, dimensão e localização da população vulnerável e dos subgrupos mais sujeitos ao risco, para identificar as pessoas que necessitam de prevenção da doença e de intervenções para a promoção da saúde. Mapear as características, dimensão e localização dos subgrupos populacionais já infectados e afetados e que, portanto, necessitam de diagnóstico, atendimento, tratamento e apoio. Definir as intervenções mais relevantes, apropriadas e comprovadamente eficazes e os serviços que necessitam ser implementados para esses subgrupos populacionais. 2. Definir o número de pessoas que necessita de intervenções e serviços de prevenção, tratamento e atendimento para cada subgrupo definido (a lacuna). • • • • • • Avaliar a cobertura atual (número de pessoas vulneráveis e já afetadas), bem como a tendência recente de ampliação de cada intervenção e serviço definidos. Avaliar a qualidade e relevância dos serviços prestados atualmente e determinar se esses serviços são apropriados para a expansão e se é necessário fazer ajustes. Identificar outros subgrupos que precisam de intervenções e serviços específicos. Identificar a lacuna a ser preenchida para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os objetivos estratégicos do plano nacional, etc. Projetar o potencial de expansão do oferecimento de intervenções e serviços para cada ano para o qual serão definidos resultados esperados, levando em consideração as seguintes limitações e os esforços em paralelo para reduzir seu impacto no desempenho e expansão do programa: - barreiras tais como costumes e crenças, estigmas e marginalização; - restrições tais como limitações da capacidade e produtividade dos recursos humanos, compras e gestão de suprimentos, capacidade e qualidade laboratorial, equipamentos e instalações de transportes; e - obstáculos ambientais tais como a geografia e o terreno, bem como os políticos, de infraestrutura física e de clima. Estabelecer resultados esperados anuais específicos e ambiciosos para intervenções e serviços baseados na análise de lacunas e um entendimento da viabilidade de expansão. As atividades que buscam reduzir o impacto das barreiras, restrições e obstáculos identificados, como se vê abaixo, também têm que ter seus próprios resultados esperados. 3. Identificar atividades e estabelecer resultados esperados para reduzir o impacto das barreiras, restrições e obstáculos identificados. • • • Determinar os recursos atualmente disponíveis (humanos, materiais, financeiros, etc.). Identificar quais e quantos recursos adicionais serão necessários para tratar das barreiras, restrições e obstáculos de forma a resolver a lacuna programática para os resultados esperados das intervenções e serviços identificados no passo 2. Estabelecer prioridades para as intervenções e serviços de acordo com sua importância para alcançar os objetivos estratégicos nacionais, as Metas de Desenvolvimento do Milênio e atingir um impacto sobre a epidemia, levando em consideração ao mesmo tempo os recursos disponíveis. Fonte: Adaptado de "Setting national targets for moving towards universal access by 2010: operational guidance”. Genebra, UNAIDS, 2006 (http://data.unaids.org/pub/Guidelines/2006/20061006_report_universal_access_targets_guidelines_en.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 2.6 Métodos de coleta de dados Geralmente, os dados de medição dos indicadores vêm de fontes de dados rotineiras. A frequência da coleta de dados depende das necessidades de dados no nível nacional, regional e da prestação de serviços, considerando-se um prazo razoável para que a mudança esperada ocorra e a capacidade de M&A do país ou local. É particularmente importante incluir a coleta de dados rotineiros e os relatórios de dados relativos ao programa para fins de gestão (trimestral, semestral ou anualmente) e planejar, desde cedo, as atividades de coleta de dados junto à população, dados 19 estes que refletem os resultados esperados a médio prazo (a cada 1 a 5 anos). A Tabela 2 sugere a frequência da coleta e relatório dos dados e os métodos correspondentes de medição para os diferentes níveis de indicadores da cadeia de resultados “insumo–atividade–produto–resultado– impacto”. A Tabela 3, na página 20, descreve resumidamente os métodos e ferramentas de coleta de dados usados mais frequentemente (monitoramento rotineiro ou não rotineiro). Tabela 2. Frequência recomendada de relato dos dados e métodos de coleta para diferentes tipos de indicadores Tipo de indicador Insumo ou atividade Frequência recomendada de relato dos dados Regularmente, por ex., mensal, trimestral, semestral ou anual Exemplos de métodos de coleta de dados • • Produto Regularmente, por ex., mensal, trimestral, semestral ou anual • • • Resultado esperado Impacto 1–5 anosa • • • • • a Métodos de rotina − Estatísticas de serviços de saúde − Registros administrativos Levantamentos − Levantamentos das unidades de saúde Censo das unidades de saúde Métodos de rotina − - Estatísticas de serviços de saúde − - Registros de treinamento Levantamentos − Levantamentos de unidades de saúde − Levantamentos de vigilância sobre o comportamento Censo das unidades de saúde Métodos qualitativos Métodos de rotina − Estatísticas de serviços de saúde − Registro civil (registro de mortes e nascimentos) − Vigilância Levantamentos − Pesquisas de base populacional (tais como as DHS e MICS) − Levantamentos de unidades de saúde − Levantamentos de vigilância sobre o comportamento Métodos qualitativos A frequência de apresentação de relatórios depende dos métodos de coleta de dados: coleta de dados rotineira – dados relatados trimestral a anualmente; levantamentos – dados relatados a cada 2–3 anos; e pesquisas de base populacional – dados relatados a cada 3–5 anos. Fevereiro de 2009 20 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Tabela 3. Descrição das ferramentas de medição Ferramentas de medição Estatísticas de serviço de saúde Registros administrativos Censo de unidades de saúde Levantamento de unidades de saúde Registro civil Vigilância de sítio sentinela Principais características Exemplos de métodos de medição usados Dados rotineiros relatados por duas fontes principais: • Dados rotineiros coletados de estruturas governamentais estabelecidas, mas que incluem também dados de unidades de saúde administradas pelo setor privado e a sociedade civil • Registros de implementação de programas – documentos de fonte mantidos em cada ponto de prestação de serviços. Esta categoria aplica-se principalmente a organizações não governamentais e organizações da sociedade civil que oferecem serviços fora da unidade de saúde, mas registros similares poderão talvez ser encontrados em estruturas governamentais estabelecidas e no setor privado Documentos fonte relacionados à gestão administrativa dos pontos de prestação de serviços. Esta categoria aplica-se principalmente às organizações da sociedade civil, mas registros similares poderão talvez ser encontrados em estruturas governamentais estabelecidas e no setor privado Contagem ou listagem oficial de todos as unidades de saúde. O censo coleta informações sobre as características físicas da unidade, o pessoal que aí trabalha e a prestação de serviços no local. Os censos das unidades de saúde são realizados com pouca frequência por serem muito caros Levantamento de uma amostra representativa das unidades de saúde, para reunir informações sobre a disponibilidade de recursos humanos, equipamentos, produtos básicos e medicamentos e tipos de serviços aí prestados Dados registrados nas unidades de saúde, inclusive os registros de pacientes, fichas de pacientes, receituário, fichas ou registros de estoque, registros de saída de medicamentos e registros de contagem Dados registrados fora das unidades de saúde, inclusive registros e fichas de pacientes Registros administrativos de eventos vitais tais como nascimentos, óbitos, mortes de fetos, casamentos e divórcios de uma população. A maioria dos países tem dispositivos em suas constituições para garantir o registro de eventos vitais Coleta de informações de prevalência junto a populações mais ou menos representativas da população geral (como mulheres grávidas) ou populações consideradas de alto risco de infecção e transmissão Fichas de estoque, folhas de inventário, testes anteriores ou posteriores relacionados ao treinamento, registros de farmácia Observação direta Questionário usando perguntas cujas respostas são sim ou não Questionário usando perguntas cujas respostas são sim ou não Observação direta Exemplos de levantamentos de unidades de saúde: − Levantamentos das instalações feitos no local, como, por ex., a Avaliação da Prestação de Serviços de HIV/AIDS − SAMS (Levantamentos de Mapeamento da Disponibilidade dos Serviços) Pesquisas familiares com módulos de autópsia verbal que são usados para estimar proporcionalmente as causas das mortes Registros de nascimento Sero-vigilância de HIV em mulheres grávidas ou em grupos identificados de alto risco. Podem ser testes anônimos vinculados ou não vinculados, com ou sem consentimento informado Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A Ferramentas de medição Métodos qualitativos Pesquisa operacional Principais características Exemplos de métodos de medição usados Determinar “o que existe” e “por que existe”, em vez de “que quantidade ou volume existe”. Ao permitir que as pessoas manifestem suas opiniões, visões e experiências da forma que quiserem, os métodos qualitativos buscam entender a realidade como ela é definida pelo grupo a ser estudado, sem impor à população, de antemão, um questionário ou estrutura (que sempre é elaborado pelos pesquisadores) Técnicas de pesquisa sistemática para o programa tomar decisões de como conseguir um resultado específico. A pesquisa operacional fornece aos formuladores de políticas públicas e gestores evidências que podem usar para melhorar as operações do programa. Ela difere dos outros tipos de pesquisas devido às seguintes características: • Ela trata de problemas específicos dentro de programas específicos e não questões gerais de saúde. • Ela trata dos problemas que estão sob o controle dos gestores, tais como os sistemas do programa, treinamento, preços e fornecimento de informações. Entrevista detalhada (indivíduos, grupos de enfoque, prestadores importantes de informações) Observação direta Técnica interativa ou projetiva (comentários em cartazes, histórias sem fim predeterminado ou comentários sobre as histórias, representação de papéis) Pesquisas populacionais Levantamento baseado numa amostragem da população alvo ou população geral, geralmente com o fim de representar as características, comportamento e práticas desse grupo populacional. O tamanho da amostra tem que ser suficiente para representar a população como um todo e para ser analisado em subgrupos por idade, sexo, região e grupo de população alvo Estimativas populacionais As estimativas populacionais são produzidas anualmente usando métodos que contabilizam as mudanças no número de nascimentos e mortes, bem como mudanças na epidemiologia das doenças. Essas estimativas geralmente servem como denominadores dos indicadores 5 6 21 Questionário usando perguntas cujas respostas são sim ou não Entrevista detalhada (indivíduos, grupos de enfoque e prestadores importantes de informações) Observação direta Dados registrados dentro e fora das unidades de saúde Exemplos de pesquisa operacional: • Cobertura, qualidade dos serviços incluindo serviços de diagnóstico e de entrega de medicamentos e produtos, sistemas e informações de encaminhamento médico, programas de educação e comunicação • Questões administrativas tais como manutenção de registros, disseminação de informações e questões éticas • Questões comunitárias e sociais, inclusive estigmas, poder de compra e barreiras à participação Questionário usando perguntas cujas respostas são sim ou não Testes, quando aplicável Exemplos de levantamentos populacionais: Levantamentos de Grupos de Indicadores Múltiplos (MICS), Pesquisas Demográficas e de Saúde (DHS e DHS+), Levantamentos de Indicadores de AIDS (AIS), Levantamentos de Vigilância Comportamental (BSS), Prioridades dos Esforços Locais de Controle da AIDS (PLACE), 5 Modelo de Registro Vital com Autópsia Verbal (SAVVY) 6 Relatórios das agências nacionais de estatística Estimativas da OMS sobre a situação da doença em cada país Weir S et al. PLACE. Priorities for Local AIDS Efforts: a manual for implementing the PLACE method. Chapel Hill, NC, MEASURE Evaluation, 2005. Sample Vital Registration with Verbal Autopsy [website]. Chapel Hill, NC, MEASURE Evaluation, 2008 (http://www.cpc.unc.edu/measure/tools/monitoring-evaluation-systems/savvy, acessado em 15 de setembro de 2008) Fevereiro de 2009 22 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde As seções específicas a cada doença na Parte 2 deste toolkit fornecem métodos de coleta de dados para indicadores selecionados. Para harmonizar a apresentação de relatórios com os esforços de coleta de dados em curso, é importante considerar todos os métodos de coleta de dados disponíveis no país. A Figura 2 dá orientação de como mapear as fontes de dados de forma que a coleta de dados se baseie em processos já existentes no país. A seção 2.6.1 descreve dados de rotina em mais detalhes, enquanto que a seção 2.6.2 focaliza os levantamentos. Finalmente, a programação da coleta de dados deve ser resumida em uma tabela e incluída no plano e/ou plano de trabalho de M&A. Fig. 2. Mapeamento da coleta de dados para os indicadores de HIV, TB e malária Não Método de coleta de dados? Pesquisa Levantamento planejado? Levantamento já planejado que mede ou poderia medir o indicador Método possível de coleta: relatório ou levantamento rotineiro Sim Existe um sistema de rotina? Um sistema de rotina, tal como um sistema de informações de saúde, captura os dados Sim Não • Certifique-se de que a(s) ferramenta(s) • Certifique-se de que a coleta de dados de de levantamento inclua(m) questões para medir exatamente a mesma informação incluída na definição do indicador • Estime e contribua ou aloque recursos ao levantamento (se necessário) • Alinhe o prazo do relatório com a programação de levantamento rotina e as ferramentas de apresentação de relatórios capturem exatamente a mesma informação incluída na definição do indicador • Alinhe o prazo do relatório com a programação existente de relatórios de rotina • Planeje antes de fazer o levantamento; estime os recursos necessários • Para fins de apoio financeiro e técnico e para garantir que haja harmonização, envolva outros parceiros que trabalham na mesma área de enfoque dos indicadores • Aloque e solicite recursos para o levantamento 2.6.1 Relatório rotineiro Indicador Para cada indicador, consulte a definição Relatórios de rotina Sistemas de rotina para acompanhar a demanda e a oferta de serviços devem estar em funcionamento no nível nacional, regional e da prestação dos serviços. • Inicie a discussão de como os dados requeridos podem ser capturados por meio do sistema de rotina • Desenvolva ferramentas de coleta de dados e de apresentação de relatórios ou revise as existentes (conforme for necessário) • Alinhe o prazo de apresentação de relatórios com o sistema de rotina existente Dados padronizados de todos os prestadores de serviços, inclusive os baseados nas unidades de saúde e os não baseados nas unidades de saúde (base comunitária), devem ser coletados rotineiramente e relatados regularmente. Os dados que precisam ser Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 23 capturados em relatórios de rotina incluem os insumos (recursos tais como pessoal, fundos, materiais, instalações e suprimentos), atividades (intervenções e serviços tais como treinamento e tratamento) e produtos (resultados imediatos tais como o número de funcionários treinados e o número de clientes tratados). Em muitos países, os relatórios de dados de rotina não são muito abrangentes, pois geralmente faltam os dados dos serviços prestados pela sociedade civil e o setor privado. A Tabela 4 descreve alguns dos desafios enfrentados ao relatar dados de rotina tanto no âmbito das unidades de saúde como fora delas. 2.6.2 Monitoramento dos serviços prestados em unidades de saúde O sistema de informações de saúde de um país deve acompanhar rotineiramente os dados dos programas (insumos, atividades e produtos) de todas as unidades de saúde administradas pelos setores público e privado e a sociedade civil. Poderá ser necessário o fortalecimento do sistema para garantir dados válidos e confiáveis para todos os tipos de indicadores. Estes incluem dados de insumos (informações sobre a força de trabalho de saúde, orçamento e gestão do estoque), dados de produtos e dados de impacto (tais como a existência de um sistema de monitoramento de pacientes ou informações de vigilância sentinela). Apesar de progresso significativo ter sido alcançado no estabelecimento de sistemas funcionais para acompanhar, analisar e reportar a prestação de serviços pelas instalações de saúde públicas, são necessários mais e maiores esforços para o monitoramento dos serviços prestados em unidades controladas pelo setor privado e a sociedade civil. Para facilitar o trabalho regular e completo de apresentação de relatórios, o sistema de informações de saúde deve ter as seguintes características: • Os formulários de coleta de dados devem ser simples e fáceis de usar para evitar sobrecarregar os trabalhadores de saúde que, geralmente, têm que trabalhar com diferentes doenças e programas de saúde. • Os esforços de coleta de informações devem ser harmonizados entre os diferentes programas de saúde. • Somente a informação que é usada para a gestão de programas e a tomada de decisões deve ser coletada. • Os métodos e ferramentas de coleta de dados devem ser harmonizados entre o setor público, setor privado e sociedade civil. • Os sistemas de relatórios em nível regional e nacional devem ser capazes de agregar dados provenientes das várias fontes mais localizadas (setor público, setor privado e sociedade civil). Tabela 4. Mapeamento da prestação de serviços de rotina nos diferentes níveis Quem presta o serviço Setor público Setor privado Sociedade civil Onde o serviço é prestado Nas unidades de saúde (tais como Fora das unidades de saúde (locais de clínicas de HIV ) trabalho, escolas, salões comunitários, pontos de táxi, domicílios, etc.) A apresentação de relatórios já está Lacunas na apresentação de relatórios incluída nos sistemas de informações que precisam ser resolvidas de saúde dos países A apresentação de relatórios já está incluída nos sistemas de informações de saúde dos países, mas necessita ser Grandes lacunas na apresentação de relatórios que precisam ser resolvidas reforçada para usar toda a funcionalidade possível Fonte: Preparado em um workshop internacional sobre monitoramento de serviços e sistemas no nível comunitário, Agosto de 2008, Pretória, África do Su Fevereiro de 2009 24 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 2.6.3 Monitoramento dos serviços de base comunitária (fora das unidades de saúde) Serviços de base comunitária são entendidos neste toolkit como aqueles prestados fora das unidades de saúde, tais como apoio a órfãos e crianças vulneráveis, controle domiciliar da febre e tratamento diretamente observado da TB. Eles incluem serviços prestados tanto por pessoal do governo como não governamental. Dependendo da situação específica de cada país, vários passos precisam ser tomados para fortalecer o monitoramento dos serviços no âmbito comunitário. O Quadro 3 faz um resumo desses passos. QUADRO 3. Strengthening the M&E of services provided at the community level • Mapear serviços e atividades relacionadas de M&A (setor público, setor privado ou sociedade civil) no nível comunitário. • Identificar lacunas nas atividades de M&A usando uma avaliação de M&A. De preferência, isto deve fazer parte da avaliação nacional do sistema de M&A. • Incluir medidas de fortalecimento das atividades de M&A no nível comunitário no plano de trabalho nacional de M&A. • Definir parcerias e os papéis e responsabilidades pelo M&A no nível comunitário. • Reforçar a capacidade do setor público, setor privado e sociedade civil para realizar o M&A dos serviços no nível comunitário. • Estabelecer mecanismos para garantir que o sistema nacional de M&A seja alimentado com os dados obtidos com o M&A dos serviços prestados no nível comunitário. Devido ao aumento significativo de propostas apresentadas pelos países solicitando o apoio do Fundo Global na prestação de serviços de HIV, TB e malária no nível comunitário, o uso de indicadores padronizados para intervenções similares em todos os países está se tornando cada vez mais importante. Para facilitar isto, o Fundo Global, a Equipe de Suporte Regional da UNAIDS para as regiões da África Oriental e Austral, e o Banco Mundial (Equipe de Monitoramento e Avaliação Global de HIV/AIDS) promoveram um workshop internacional de 3 dias sobre o monitoramento de serviços e sistemas no nível comunitário, com mais de 40 parceiros de implementação de 22 países, em Pretória, África do Sul, em agosto de 2008. O objetivo do workshop era rever e detalhar os indicadores no nível comunitário que os países vêm usando para monitorar e avaliar as intervenções relativas às 3 doenças, inclusive a coleta de dados fora das unidades de saúde (no nível comunitário). Os indicadores recomendados por este processo consultivo foram integrados às seções relevantes que tratam de cada doença e do fortalecimento do sistema de saúde. Os indicadores e métodos incluídos neste toolkit se baseiam em indicadores já em uso pelos países. Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 2.6.4 25 Sistema de vigilância A base de um sistema de vigilância é a “coleta de dados para a ação”. Como tal, o sistema deverá ser útil, simples, flexível, integrado e com ênfase nas ações. A vigilância se concentra principalmente nas causas principais da morbidade, mortalidade e incapacidade. A Tabela 5 mostra as principais fontes de dados para a vigilância. Tabela 5. Fontes de dados de vigilância Fontes Doenças Periodicidade dos relatórios Relatórios de rotina Todas as doenças Mensalmente Relatórios epidêmicos Cólera, meningite, febre amarela, malária, febre hemorrágica viral, sarampo Imediatamente e, depois, semanalmente Relatórios por caso Malária (em áreas alvo para a eliminação) Assim que ocorrer, imediatamente Relatórios de sítios sentinelas Seroprevalência de HIV Mensal, trimestral ou anualmente Seroprevalência de HIV entre pacientes de TB Malária (resistência ao medicamento) Fevereiro de 2009 26 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 2.6.5 Registro civil estimar as distribuições proporcionais de causa da morte em amostras representativas da população, especialmente no caso de mortes de adultos. Esta opção é mais econômica e pode ser implementada mais rapidamente do que um censo; ela pode, portanto, ser uma opção para os países com recursos limitados que precisam rapidamente das informações. Esta seria também a ferramenta de preferência se o país necessitar de dados em um determinado ponto no tempo ao invés do monitoramento das mudanças ao longo do tempo. No entanto, é preciso ter cuidado pois o processo da autópsia verbal pode sofrer vários níveis de parcialidade. Os sistemas de registro civil coletam informações de rotina sobre o número de nascimentos e mortes e, em alguns países, vinculam os óbitos a uma causa estabelecida continuamente ao longo do tempo. As estatísticas vitais são essenciais para a formulação de políticas, para o planejamento e a pesquisa e para orientar as intervenções e avaliar o impacto dos programas. Os dados de vários indicadores de impacto podem ser coletados pelos sistemas de registro civil, inclusive as cifras e taxas de mortalidade atribuídas à malária, TB ou HIV (desagregados por idade e sexo). Como indicado pela OMS 7 , um número limitado de países tem um sistema de registro civil com estatísticas da causa da morte. Mais frequentemente, as mortes não são registradas uniformemente nas unidades de saúde e as que ocorrem nos domicílios não são capturadas pelo sistema de registro. Além disso, mesmo quando as mortes são registradas, frequentemente não é informada a causa da morte ou é informada incorretamente ou sem atestado médico. A garantia de qualidade deve, portanto, ser um componente integral dos sistemas de registro civil. • Os locais de vigilância demográfica permitem um monitoramento contínuo das mortes e suas causas (por meio da autópsia verbal) em áreas menores. Esta é a abordagem mais econômica para gerar dados contínuos sobre a mortalidade de causa específica para uma dada localidade, e deve ser considerada como uma alternativa aos levantamentos se o interesse for o de monitorar tendências ao longo do tempo ao invés de obter um quadro instantâneo da situação. Mas os resultados podem não ser generalizáveis para um país como um todo porque a localidade selecionada poderá não ser suficientemente grande ou estatisticamente representativa da situação de todo o país. • Um sistema de registro civil por amostragem 10 depende de amostras nacionalmente representativas para fornecer dados contínuos de registro civil de uma parte da população (este sistema funciona atualmente na Índia e na China). A causa da morte baseia-se na autópsia verbal. Esta é uma alternativa a um sítio de vigilância demográfica e deve ser considerada se o interesse for obter dados de mortalidade representativos para um país. Este sistema é mais caro do que a vigilância demográfica e é um caminho em direção a um sistema mais completo de registro civil. Devido ao seu escopo reduzido, ele é mais econômico que o registro vital e leva menos tempo, mas mesmo assim é preciso dispor de Apesar de ser necessário um maior esforço dos países para estabelecer ou melhorar o registro civil nacional, algumas soluções preliminares podem ser usadas para gerar dados relevantes com identificação da provável causa da morte. 8 Essas soluções incluem o seguinte: • O censo pode incluir uma pergunta sobre a causa da morte, quando esta ocorre no domicílio, embora os censos geralmente só sejam realizados a cada dez anos, o que limita o seu uso para o planejamento dos programas. • Os levantamentos feitos a domicílio com módulos de autópsia verbal 9 podem ser usados para 7 8 9 Civil registration: why counting births and deaths is important. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs324/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Dados de mortalidade [website]. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 (http://www.who.int/whosis/mort/en, acessado em 15 de setembro de 2008). Mathers CD et al. Counting the dead and what they died from: an assessment of the global status of cause of death data. Boletim da Organização Mundial da Saúde, 2005, 83:171–177. Mahapatra P et al. Civil registration systems and vital statistics: successes and missed opportunities. Lancet, 2007, 370:1653– 1663. Mathers CD et al. Counting the dead and what they died from: an assessment of the global status of cause of death data. Boletim da Organização Mundial da Saúde, 2005, 83:171–177. Diretrizes sobre a autópsia verbal podem ser vistas em: WHO Statistical Information System [website]. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 (http://www.who.int/whosis/mort/ verbalautopsystandards/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). 10 Setel PW et al. Sample registration of vital events with verbal autopsy: a renewed commitment to measuring and monitoring vital statistics. Boletim da Organização Mundial da Saúde, 2005, 83:611–617 Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A recursos consideráveis. Além disso, os locais de amostragem são selecionados cientificamente. A rede metrológica de saúde "Health Metrics Network" desenvolveu um toolkit de recursos que mostra, passo a passo, como fortalecer os sistemas de estatísticas vitais. 11 Os objetivos são: desenvolver e testar abordagens inovadoras para registrar eventos vitais e identificar opções estratégicas apropriadas aos diversos cenários dos países; gerar melhores dados sobre os níveis de mortalidade, tendências, diferenciais e causas de morte por idade e sexo, bem como sobre os nascimentos; estimular a contagem de todos os eventos vitais ou, se isto não for possível, o nível mais elevado de representatividade que for viável de uma amostragem das mortes; aperfeiçoar o uso dos dados de mortalidade para a alocação de recursos, planejamento e avaliação; e incrementar a capacidade interna do país para gerir e manter sistemas nacionais de registro civil. 27 2.6.6 Levantamentos Os levantamentos populacionais, os levantamentos de unidades de saúde ou os levantamentos comportamentais são geralmente usados para a coleta de dados dos indicadores de resultados e impacto. Os levantamentos exigem um planejamento cuidadoso, detalhado e longo se quiserem obter financiamento suficiente e consultoria técnica adequada (fato este que é frequentemente subestimado). Os gestores e parceiros de programas devem discutir coletivamente e endossar a agenda de levantamentos para a coleta de dados e incluí-la no plano de M&A (de longo prazo) e no plano de trabalho e orçamento anual (anualmente). Nesse processo, as necessidades de dados que forem cuidadosamente mapeadas e aquelas que puderem ser atendidas pelo mesmo levantamento devem ser consolidadas para evitar esforços múltiplos e díspares de coleta de dados, quando possível. Isto ajuda gestores e parceiros a alavancar os esforços em curso e a maximizar as oportunidades de compartilhar a consultoria técnica e dividir os custos. Isto exigirá uma forte liderança do grupo de trabalho ou unidade de M&A nos respectivos ministérios. A Figura 2 (página 22) ilustra como mapear os planos de coleta de dados, inclusive levantamentos. A Tabela 6 na página seguinte fornece orientação adicional aos países para planejar e prover de fundos os levantamentos. Ela lista os levantamentos mais importantes, faz referência aos recursos disponíveis ao planejamento e fornece exemplos práticos dos custos envolvidos. 11 Health Metrics Network. Stepping stones to improving the monitoring of vital events [website]. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 (http://www.who.int/healthmetrics/ tools/logbook/en/move/web/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). AbouZahr C et al. The way forward. Lancet, 2007, 370:1791– 1799. Fevereiro de 2009 28 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Tabela 6. Guia geral para planejar grandes levantamentos Ferramentas de medição Principais características Exemplos de métodos de medição usados Frequência Information for planning Levantamento do centro ou unidade de saúde Levantamento centrado nas unidades de saúde para recolher informações sobre a disponibilidade de recursos humanos, equipamentos, produtos essenciais e medicamentos e sobre o tipo de serviço prestado Levantamentos das unidades no próprio local (ex., a Avaliação da Prestação de Serviços para HIV) A cada 3–5 anos A Avaliação da Prestação de Serviços é parte do programa internacional MEASURE DHS implementado pela Macro Internacional Inc. e financiado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). 12 A USAID e/ou outros doadores financiam levantamentos nacionais. Levantamentos gerais de base populacional 12 13 14 15 16 Levantamento baseado em amostragem da população geral, buscando representar as características, comportamento e práticas dessa população. Ele exige um tamanho suficiente da amostra para fornecer indicadores precisos e permitir a análise em subgrupos por idade, sexo e região. O custo varia amplamente, dependendo do escopo e do tamanho da amostra (número de instalações). Ele exige um tamanho suficiente da amostra (número de unidades de saúde) que permita a análise por subgrupos, por tipo de instalação e/ou por região. Mapeamento da Disponibilidade do Serviço (SAM) Semestral Sua principal aplicação é no âmbito regional ou distrital, onde as equipes distritais de gestão de saúde podem usar os resultados do Mapeamento da Disponibilidade do Serviço 13 em conjunto com a aplicação HealthMapper 14 da OMS. Levantamentos de Grupos de Indicadores Múltiplos (MICS) A cada 3 anos Os Levantamentos de Grupos de Indicadores Múltiplos 15 são geralmente realizados por organizações governamentais com o apoio e assistência da UNICEF e outros parceiros. A assistência técnica e o treinamento para os levantamentos são fornecidos por meio de uma série de workshops regionais, cobrindo: conteúdo do questionário, amostragem e implementação do levantamento, processamento de dados, qualidade de dados e análise, e preparação e disseminação dos relatórios. Pesquisas Demográficas e de Saúde (DHS), algumas das quais incluem testes de HIV para estimar sua prevalência A cada 3–5 anos Pesquisa de Indicadores de AIDS (AIS), um subgrupo das DHS que focaliza somente o HIV; algumas AIS incluem testes de HIV A cada 2–3 anos O custo varia consideravelmente, dependendo do tipo e escopo do levantamento, tipo de biomarcadores incluídos e tamanho da amostra. Mas o escopo das AIS e MIS é limitado quando comparado com as DHS. Com tamanho idêntico de amostra e mesmo tipo de biomarcador, uma AIS ou MIS é, portanto, significativamente mais econômica que uma DHS. Pesquisa de Indicadores de Malária (MIS), que pode ser combinado com uma AIS A cada 2–3 anos Está disponível um pacote contendo diretrizes, questionários e manuais de apoio à realização da MIS, bem como tabulações recomendadas para analisar os dados. 16 Service Provision Assessments [website]. Calverton, MD, MEASURE DHS, 2008 (http://www.measuredhs.com/aboutsurveys/spa.cfm, acessado em 15 de setembro de 2008). Service Availability Mapping (SAM) [website]. Genebra, Organização Mundial da (http://www.who.int/healthinfo/systems/serviceavailabilitymapping/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Saúde, 2008 Infância, 2008 The HealthMapper [website]. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 (http://www.who.int/health_mapping/tools/healthmapper/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Multiple Indicator Cluster Survey/MICS 3 [website]. New York, Fundo (http://www.childinfo.org/mic3_background.html, acessado em 15 de setembro de 2008). das Nações Unidas para a The RBM Partnership Monitoring Evaluation Reference Group (MERG): Survey and Indicator Guidance Task Force [website]. Genebra, Roll Back Malaria, 2007 (http://www.rollbackmalaria.org/merg.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A Ferramentas de medição Levantamentos especiais com bases populacionais Principais características Levantamentos repetidos em populaçôes selecionadas, ao longo do tempo. Eles usam métodos confiáveis para acompanhar o comportamento de risco em HIV ao longo do tempo como parte de um sistema integrado de vigilância que monitora os vários aspectos da epidemia. 29 Exemplos de métodos de medição usados Frequência Information for planning Levantamento sobre a prevalência da doença (TB) para determinar a prevalência da TB pulmonar em um ponto definido no tempo, em um país A cada 5–10 anos Uma pesquisa típica nacional de prevalência da TB pode custar de US$ 0,5 milhão a US$ 2 milhões, dependendo do tamanho da amostra e do custo dos recursos humanos no país. 17 Levantamento de vigilância comportamental para acompanhar as tendências do conhecimento, atitudes e comportamentos relacionados ao HIV A cada 4–5 anos, para a população geral; a cada ano para os subgrupos entre os quais as iniciativas de prevenção do HIV estão mais concentradas O custo de coletar dados de comportamento varia consideravelmente de um país a outro; ele depende do número de pessoas entrevistadas, da cobertura geográfica, do desenho da amostra e da frequência e métodos de coleta de dados. Os levantamentos de vigilância comportamental são menos caros do que levantamentos domiciliares representativos de todo um país (em parte porque os tamanhos das amostras são muito menores e a cobertura geográfica é mais limitada), mas eles geralmente são mais frequentes. As rodadas iniciais de levantamentos de vigilância comportamental - que podem incluir pesquisas formativas para definir os grupos populacionais mais apropriados, além de treinamento e trabalho de mapeamento bastante amplos - podem ser mais caros que as rodadas subsequentes. Na medida em que os levantamentos de vigilância comportamental vão se tornando uma rotina dentro do processo de M&A da resposta nacional ao HIV, os custos caem porque ganha-se experiência com amostragens e entrevistas mais eficientes dos subgrupos populacionais. A publicação Behavioral surveillance surveys: guidelines for repeated behavioral surveys in populations at risk of HIV 18 é uma referência, em um só documento, para ajudar dirigentes dos órgãos de saúde pública a criar e administrar sistemas que fornecem informações confiáveis sobre as últimas tendências do comportamento de risco em HIV. Também fornece informações para ajudar os 17 18 Budget components [anexo]. Em: Generic protocol for school tuberculin survey. The Hague, KNCV Tuberculosis Foundation, 2007 (http://www.kncvtbc.nl/Site/Components/SitePageCP/ShowPage.aspx?ItemID=c2739d3a-8f52-482b-8d01b55e09edf2ed&SelectedMenuItemID=2588b0df-6a8f-4c37-9a96-4e6811c834c4, acessado em 15 de setembro de 2008). Dye C et al. Measuring tuberculosis burden, trends, and the impact of control programs. Lancet Infectious Diseases, 2008, 8:233–243. Glaziou P et al. Tuberculosis prevalence surveys: rationale and cost. International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, 2008, 12:1003– 1008. Assessing tuberculosis prevalence through population-based surveys. Manila, Escritório Regional da OMS para o Pacífico Ocidental, 2007 (http://www.wpro.who.int/publications/publications.htm, acessado em 15 de setembro de 2008). Behavioral surveillance surveys: guidelines for repeated behavioral surveys in populations at risk of HIV. Arlington, VA, Family Health International, 2000 (http://www.fhi.org/en/HIVAIDS/pub/guide/bssguidelines.htm, acessado em 15 de setembro de 2008). Fevereiro de 2009 30 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Ferramentas de medição Principais características Exemplos de métodos de medição usados Frequência Information for planning responsáveis pela implementação dos levantamentos. Estimar o ônus da TB resistente a drogas usando métodos padronizados para comparar dados entre as regiões e dentro das mesmas, monitorar as tendências de resistência ao tratamento, avaliar o desempenho dos programas de controle da TB e orientar quanto ao regime terapêutico Levantamentos sobre resistência às drogas anti-TB; podem ser conduzidos em todo o país ou regionalmente (estado, província, distrito ou cidade) A cada 3–5 anos Os levantamentos de resistência a drogas exigem tamanhos suficientes das amostras tanto de novos casos de TB como de re-tratamentos. Também necessitam de laboratórios que possam realizar exames de cultura e testes de suscetibilidade à droga (pelo menos às drogas de primeira linha usadas contra a TB). Os laboratórios envolvidos nos levantamentos de resistência a drogas devem ter sua garantia de qualidade assegurada por um laboratório de referência supranacional. O custo dos levantamentos de resistência a drogas varia entre US$ 80.000 e US$ 120.000, dependendo do tamanho da amostra, do tipo de assistência técnica necessária e se eles cobrem ou não os testes de drogas anti-TB de segunda linha. Duas publicações da OMS fornecem informações para o planejamento dos levantamentos de resistência a drogas. 19 Estimar o ônus da TB relacionada ao HIV em situações onde os testes de HIV de rotina não estão sendo feitos com todas as pessoas com TB em ambientes de baixa prevalência 19 20 21 Vigilância periódica ou sentinela da prevalência de HIV em casos de TB no âmbito nacional A cada 2–3 anos Para assistir os países no planejamento e condução desses levantamentos, a OMS publicou Guidelines for HIV surveillance among tuberculosis patients 20 em inglês, francês, russo e espanhol. Essas diretrizes incluem uma lista de verificação para fazer estimativas de custos (Quadro 4 das diretrizes). Levantamento de infecção de TB (“pesquisa de tuberculina”), geralmente executado sob a forma de um levantamento na escola ou na comunidade, visando somente as crianças A cada 5–10 anos Para assistir os países no planejamento e condução deste levantamento, um protocolo genérico com orçamento foi colocado à disposição pela KNCV Tuberculosis Foundation. 21 Interim recommendations for the surveillance of drug resistance in tuberculosis. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2007 (http://www.who.int/tb/publications/mdr_surveillance/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Abdel Aziz M et al., eds. Guidelines for the surveillance of drug resistance in tuberculosis. 2nd ed. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2003 (http://www.who.int/tb/publications/mdr_surveillance/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). TB/HIV Working Group of the Global Partnership to Stop TB and the UNAIDS/WHO Working Group on Global HIV/AIDS/STI Surveillance. Guidelines for HIV surveillance among tuberculosis patients. 2nd ed. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2004 (http://www.who.int/tb/publications/2004/en/index.html, acessado em 15 de setembro de 2008). Budget components [annex]. Em: Generic protocol for school tuberculin survey. The Hague, KNCV Tuberculosis Foundation, 2007 (http://www.kncvtbc.nl/Site/Components/SitePageCP/ShowPage.aspx?ItemID=c2739d3a-8f52-482b-8d01b55e09edf2ed&SelectedMenuItemID=2588b0df-6a8f-4c37-9a96-4e6811c834c4, acessado em 15 de setembro de 2008). Terceira edição Parte 1: Elementos básicos do sistema de M&A 2.7 Monitoramento dos resultados e impacto do programa A análise das conquistas de um programa culmina no monitoramento dos resultados e impacto, cujo objetivo é avaliar se as intervenções têm feito alguma diferença e se estão sendo feitas em escala adequada (Fig. 1, pág. 14). Quanto aos resultados, isto inclui avaliar a cobertura das intervenções (por exemplo, as dirigidas à malária) ou a mudança de comportamento dos grupos populacionais visados (como no caso do HIV). Para isto, depende-se frequentemente dos levantamentos de base populacional, embora a cobertura também possa ser avaliada em termos do número de pessoas com acesso aos serviços, se o denominador (isto é, aqueles que necessitam dos serviços) para a população-alvo puder ser determinado ou estimado com certo nível de confiança. Algumas medidas comumente usadas para monitorar o impacto são a mortalidade, a incidência, a prevalência e a sobrevivência. A medição do impacto depende geralmente de três principais fontes de informações: 1. registros de clínicas, hospitais ou sítios sentinela: estes dados permitem a avaliação da sobrevivência após o tratamento, a notificação de casos e a mortalidade relacionada à doença para as populações específicas; 2. o registro civil, que fornece informações sobre mortalidade e causa da morte; e 3. levantamentos feitos juntos à população para avaliar a prevalência e a mortalidade. A mortalidade tende a ser o padrão de ouro para avaliar o impacto do programa de controle de uma doença, pois ele capta as dimensões de prevalência, incidência e sobrevivência. A mortalidade também mede a redução da mortalidade atribuível àquela doença dentro da população-alvo. Mas os dados de mortalidade são coletados por sistemas de registro civil, e o número de países com alto ônus que dispõem de sistemas de registro confiáveis é limitado. Um levantamento (por exemplo, para avaliar a mortalidade, por todas as causas, de crianças com até cinco anos de idade), possivelmente usando a autópsia verbal, poderia ser outro método de coleta de dados relacionados à causa da morte. No entanto, a autópsia verbal está geralmente associada com vários níveis de parcialidade. A tabela 2 (página 19) lista exemplos de métodos de coleta de dados que auxiliam o monitoramento dos resultados e impacto. Fevereiro de 2009 31 Como o principal objetivo de medir o impacto e os resultados alcançados é avaliar mudanças no ônus da doença e mudanças na cobertura ou comportamento como resultado das intervenções, é essencial dispor de dados de base antes da implementação do programa, para fins de comparação. A Parte 2 deste toolkit apresenta indicadores e métodos para medir resultados e impacto. É importante observar que a medição do impacto é às vezes complicada pela fragmentação dos sistemas de informações usados pelos programas ou projetos relativos a uma determinada doença. É essencial poder maximizar a integração dos diferentes sistemas ou mesmo dos programas relativos a uma doença, já que os instrumentos de coleta de dados são frequentemente os mesmos. Isto pode ser realizado, por exemplo, alinhando as agendas globais de levantamentos com os cronogramas do planejamento nacional na área de saúde. A harmonização desses cronogramas entre as respectivas doenças poderia permitir que os recursos fossem utilizados de forma mais eficiente. Isto exige a institucionalização da agenda de medição do impacto sob a liderança nacional e a garantia de um nível sustentável de investimento nos sistemas de medição do impacto. Isto inclui resolver lacunas dos sistemas de informações de saúde, apoiar a implementação dos levantamentos e reforçar os sistemas de registros vitais e comunitários. O Quadro 4 resume os passos necessários para aperfeiçoar os esforços de medição do impacto no âmbito de cada país. QUADRO 4. Prioridades para melhorar a medição do impacto no âmbito de cada país • Institucionalizar a agenda nacional de medição do impacto no plano de M&A e no plano de trabalho anual de M&A, com o apoio de um grupo multissetorial de trabalho técnico de M&A • Definir e implementar estratégias para reforçar a capacidade de medição do impacto • Utilizar os dados já existentes no país (por meio de armazenamento, disseminação e uso adequados), inclusive desenvolvendo a capacidade de analisar e administrar os dados • Melhorar o planejamento de levantamentos e estudos especiais e alinhar os cronogramas às necessidades nacionais • Aperfeiçoar os sistemas rotineiros de coleta de dados, bem como os sistemas de registro civil e de vigilância, já que a medição do impacto utiliza todas essas fontes 32 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde • Usar a triangulação para fazer uma verificação cruzada dos dados de diferentes fontes e confirmar os dados obtidos • Otimizar os fluxos de financiamento para atender às necessidades nacionais e preencher as lacunas dos recursos necessários à coleta de dados sobre o impacto 2.8 Avaliação e pesquisa operacional A gestão da resposta a uma doença exige frequentes coletas e análises de dados sobre a situação da epidemia e a resposta local para saber se nossas ações são as mais corretas e se as empreendemos corretamente (Fig. 1, pág. 14) ou se há uma melhor maneira de levá-las a cabo. Isto poderá incluir a avaliação dos custos e benefícios das diferentes intervenções e da sua viabilidade, tendo em vista os recursos humanos e financeiros disponíveis. Ao permitir comparar a resposta com a epidemiologia atual (e em evolução) das doenças, as conclusões das informações estratégicas e os recursos disponíveis permitirão aos planejadores dos programas estabelecer prioridades entre as intervenções. Também é uma oportunidade para definir resultados esperados ambiciosos, realistas e mensuráveis. Além dos dados obtidos com o sistema rotineiro de coleta de dados, os levantamentos regulares e o sistema de vigilância, uma gestão adequada da resposta depende, portanto, das informações obtidas com atividades de avaliação e pesquisa planejadas em tempo hábil, as quais aperfeiçoarão ainda mais a análise do desempenho do programa. A avaliação e a pesquisa devem ser vistas como componentes essenciais de um sistema abrangente de M&A. Elas permitem transformar dados qualitativos e quantitativos em informações de evidência, o que é essencial aos processos de tomada de decisões. A pesquisa operacional pode ser vista como uma interface entre o M&A e a gestão do conhecimento. Seu objetivo é produzir um conhecimento que pode ser colocado em prática e ser usado pelos gestores para melhorar a qualidade operacional da implementação do programa e/ou ampliar a oferta de serviços. Enquanto a avaliação examina se uma mudança nos resultados pode ser atribuída a um programa particular, a pesquisa operacional examina se as operações do programa são eficientes ou se as intervenções seguem o modelo mais eficaz e pode indicar como tirar proveito de outras oportunidades de expansão dos serviços, inclusive a pessoas particularmente vulneráveis. Mais importante ainda, o objetivo de uma pesquisa operacional é oferecer sugestões concretas de como transformar em ação o conhecimento produzido. Assim, a pesquisa operacional é o meio de continuar a melhorar sempre a qualidade operacional de um programa. A pesquisa operacional está se tornando cada vez mais importante, dada a rápida evolução da evidência sobre novas intervenções de controle das doenças e a introdução de novas tecnologias. A pesquisa operacional ajuda os gestores de programas a avaliar se a adoção dessas novas intervenções e tecnologias poderia melhorar a eficiência de um programa. A pesquisa operacional pode ser conduzida como um estudo de diagnóstico, avaliação ou intervenção, ou ela pode aplicar outros métodos e modelos de pesquisa. Nem todos os tópicos de pesquisa operacional podem ser especificados durante a concepção do programa, já que certas necessidades de alguns estudos de pesquisa operacional só surgem durante a implementação do programa. Os estudos de pesquisa operacional podem ser criados para tratar de questões em nível de projeto, da comunidade ou até em nível nacional. A proposta Framework for operations and implementation research in health and disease control programs 22 , preparada por vários parceiros, é um conjunto de diretrizes abrangentes para gestores e executores de programas, pesquisadores e responsáveis pela formulação de políticas públicas. Ela reúne toda a informação prática de como criar e gerir projetos de pesquisa operacional, como disseminar seus resultados e como colocar em prática a pesquisa operacional para expandir os serviços de saúde e melhorar a qualidade dos programas. Os países devem considerar as necessidades em potencial de pesquisa operacional em sua programação nacional de planejamento e reservar fundos suficientes no orçamento de M&A. 22 Framework for operations and implementation research in health and disease control programs. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (http:// www.theglobalfund.org/documents/me/FrameworkForOperation sResearch.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A 33 3. Fortalecimento do sistema de M&A normas nacionais e/ou internacionais referentes a dados. 23 3.1 Avanço da agenda de M&A Já houve progresso na criação de sistemas de M&A e na eliminação da duplicação de esforços e racionalização das atividades de M&A. No entanto, ainda resta muito a fazer para ajudar os países a reforçarem sua capacidade de M&A. A Tabela 7 na página ao lado mostra de forma resumida como estão hoje os sistemas de M&A e identifica alguns passos que poderiam permitir aos gestores de programas apresentarem dados com base nos quais seria possível tomar decisões mais acertadas nos programas e finalmente medir seu progresso no combate a doenças. A preparação da Tabela 7 na página 33 baseou-se nas informações obtidas pelo trabalho em andamento com várias partes interessadas do âmbito nacional. Muitos dos itens da agenda listados para os próximos 5 a 10 anos baseiam-se em pedidos dos parceiros e foram confirmados pelas conclusões a que se chegou na recente Avaliação de Cinco Anos do Fundo Global. Foram feitos esforços no âmbito global e nacional nos últimos anos para aumentar os recursos financeiros para o M&A de forma a atender à recomendação de que eles constituam de 5 a 10% do orçamento geral dos programas. É urgente alocar parte desses recursos para garantir que as atividades listadas abaixo sejam respaldadas. 3.2 Resolução de questões de qualidade dos dados A qualidade dos dados inclui várias dimensões, entre elas: • exatidão: os dados medem exatamente aquilo que tencionavam medir originalmente; • confiabilidade: as medidas não mudam em função de quem as usa ou de quando ou com que frequência são usadas; • precisão: os dados têm o nível necessário de detalhamento; • integralidade: os dados incluem todo o necessário, não são parciais; • pontualidade: são atualizados e ficam disponíveis em tempo hábil; • integridade: não sofrem deliberada ou manipulação; e • confidencialidade: os clientes têm a garantia de que seus dados serão mantidos em atendimento às Fevereiro de 2009 de Apesar da crescente atenção dedicada à qualidade dos dados produzidos por sistemas de M&A, esses esforços devem ser incrementados ainda mais. Sem dados confiáveis, a gestão dos programas fica dependente de informações não otimizadas, leva a decisões equivocadas e resulta finalmente no desperdício dos escassos recursos. Uma qualidade limitada dos dados também tem implicações para a disponibilização de fundos por parte dos doadores. Os países devem desenvolver e adotar uma estrutura de qualidade de dados e incorporar a garantia de qualidade de dados nos mecanismos de rotina para a coleta de dados. Além disso, devem ser realizadas auditorias regulares da qualidade dos dados para complementar os procedimentos de rotina de garantia de qualidade. O uso de ambos os métodos ajudará a identificar lacunas logo no início e planejar ações oportunas de remediação. Métodos tais como a Ferramenta de Auditoria da Qualidade dos Dados ("Data Quality Audit Tool") 24 já foram desenvolvidos em colaboração com parceiros. Uma Ferramenta de Avaliação de Rotina da Qualidade dos Dados (RDQA) está sendo desenvolvida para uso pelos países para facilitar a garantia da qualidade de seus dados de rotina. A continuação do treinamento e uma supervisão interessada devem fazer parte integral do processo de garantia da qualidade. . 23 parcialidade 24 Data Quality Audit Tool: guidelines for implementation. Chapel Hill, NC, MEASURE Evaluation, 2008 (http://www.cpc.unc.edu/measure/tools/monitoring-evaluationsystems/ data-quality-assurance-tools/dqa-auditing-toolimplentation-guidelines.pdf, accessed 15 September 2008). Data quality assurance tools [website]. Chapel Hill, NC, MEASURE Evaluation, 2008 (http://www.cpc.unc.edu/measure/tools/monitoring-evaluationsystems/data-qualityassurance-tools, acessado em 15 de setembro de 2008). 34 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Tabela 7. A agenda de M&A nos próximos 5–10 anos Área M&A hoje Agenda de M&A para os próximos 5–10 anos Monitoramento de dados de rotina (em unidades de saúde e nas comunidades) Os sistemas existentes de coleta de dados nem sempre incluem dados do setor público, setor privado e sociedade civil Ter uma alta porcentagem dos dados coletados do setor privado e da sociedade civil incluídos nos dados relatados em nível nacional, o que permitirá uma visão abrangente do desempenho do setor A informação gerada pelos programas no nível comunitário ainda é deficiente e incompleta Ter um conjunto de indicadores, as ferramentas e o sistema de M&A adaptado para monitorar e avaliar a prestação de serviços no nível comunitário (subseção 2.6.3) Registro civil Em muitos países, os sistemas de registro civil não utilizam toda a sua capacidade para monitorar a mortalidade geral e a de causa específica Investir de forma suficiente para fortalecer o sistema de registro civil, usando fundos alocados por parceiros de forma a produzir estatísticas vitais confiáveis em cada país (subseção 2.6.5) Levantamentos Existe superposição e duplicação nos levantamentos implementados. Coleta-se um excesso de informações não utilizadas posteriormente para a tomada de decisões Obter um aumento de eficiência na utilização dos recursos, particularmente em termos de custo e tempo, pelo melhor planejamento e concepção dos levantamentos necessários para responder às necessidades dos programas e dos doadores (subseção 2.6.6) Medição da qualidade da prestação dos serviços A medição da qualidade dos serviços prestados geralmente não está embutida na gestão do programa Ter um conjunto de indicadores, ferramentas e o sistema de M&A adaptado para monitorar a qualidade da prestação de serviços, tanto nas instalações de saúde como na comunidade (subseção 3.3) Monitoramento da prestação dos serviços entre as populações de maior risco, separada por gênero Os dados referentes aos grupos de maior risco frequentemente não realimentam o programa e consequentemente não são usados para o planejamento e a tomada de decisões Gerar informação estratégica pela identificação dos elementos impulsionadores da doença e pela identificação das populações de maior risco (inclusive considerações de gênero) e usá-la em todos os níveis do planejamento de programas, alocação de recursos e melhor monitoramento (subseções 3.4 e 3.5) O tratamento da questão do gênero fica limitado à desagregação dos dados e aos indicadores por gênero Geração de informações estratégicas Falta de capacidade analítica no âmbito de cada país para gerar informações estratégicas em apoio a novas iniciativas Reforçar a capacidade para analisar, interpretar e usar os dados e informações (subseção 3.6) Avaliação e pesquisa operacional O foco é no monitoramento e na dependência do sistema de rotina e dados quantitativos Estabelecer avaliações regulares (inclusive pesquisa operacional) para complementar as informações existentes, em particular em áreas tais como igualdade de gênero, qualidade dos serviços, identificação e contato com os grupos populacionais de maior risco e avaliação do impacto do programa (subseção 2.8) M&A do M&A Muitos países têm um plano de M&A, porém este nem sempre é implementado, a implementação não é acompanhada rotineiramente, ou os recursos necessários não são alocados Utilizar um sistema regular de avaliação de M&A para identificar prioridades para o fortalecimento do sistema de M&A e para alocar recursos de forma eficiente Não há uma estrutura claramente definida de qualidade dos dados no âmbito de cada país, somente tentativas improvisadas de verificar inconsistências na coleta de dados e apresentação de relatórios Incluir uma estrutura acordada de qualidade dos dados no plano de M&A, com monitoramento e supervisão regulares, verificação no local e auditorias da qualidade dos dados (subseção 3.2) Qualidade dos dados Institucionalizar um processo anual de análise, com um alto nível de participação das partes interessadas (subseção 3.7) A implementação dos planos de M&A e dos planos de trabalho é acompanhada como parte do processo de análise e revisão do programa (subseção 3.8) Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A 3.3 Monitoramento da qualidade dos serviços A qualidade dos serviços prestados afeta os resultados esperados dos vários programas de saúde. Atividades e serviços de baixa qualidade, que não são prestados de acordo com as normas reconhecidas, levarão a resultados não otimizados, mesmo que a cobertura seja grande. Esta seção salienta a importância de medir a qualidade dos serviços e faz recomendações de como enfrentar os desafios a ela associados. Ela também traz referências de vários métodos, ferramentas e diretrizes de gestão de qualidade que foram desenvolvidos para ajudar a aperfeiçoar a qualidade. 25 3.3.1 Por que medir a qualidade? A qualidade dos serviços pode ser medida com três objetivos mutuamente complementares. 1. Melhoria da qualidade no âmbito da prestação de serviços. Refere-se à prestação de serviços dentro dos padrões de atendimento estabelecidos internacional ou nacionalmente. Dependendo do tipo de serviço, os padrões podem ser definidos de várias formas: procedimentos operacionais padronizados (tais como os procedimentos operacionais padronizados para garantir a segurança do sangue), diretrizes (tais como as diretrizes da OMS sobre o início da terapia antirretroviral baseado na contagem de células CD4), e protocolos (tais como os protocolos de tratamento da malária com uma terapia combinada à base de artemisinina). 2. Melhoria dos resultados do programa. Em alguns casos, o alcance de resultados no programa pode ser usado como um substituto para a avaliação da 25 Service provision assessments [website]. Calverton, MD, MEASURE DHS, 2008 (http://www.measuredhs.com/aboutsurveys/spa.cfm, accessed 15 September 2008). The Quality Assurance Project: healthcare & workforce improvement [website]. Bethesda, MD, Quality Assurance Project, 2008 (http://www.qaproject.org, accessed 15 September 2008). Performance measurement and quality improvement resources [website]. Washington, DC, Public Health Foundation, 2008 (http://www.phf.org/infrastructure/phfpage. php?page_id=55&pp_id=52, accessed 15 September 2008). The HIV/AIDS Program: HIVQUAL Continuous Quality Program [website]. Rockville, MD, Health Resources and Services Administration, United States Department of Health and Human Services, 2008 (http://hab.hrsa.gov/special/hivqual.htm, accessed 15 September 2008). Quality information & improvement: tools & resources [website]. Rockville, MD, Agency for Healthcare Research and Quality, United States Department of Health and Human Services, 2008 (http://www.ahrq.gov/qual/qualix.htm#tools, accessed 15 September 2008) Fevereiro de 2009 35 qualidade dos serviços. Um baixo desempenho indicador de resultados deve levar os gestores programas a dar início a uma avaliação detalhada qualidade dos serviços específicos, usando indicadores de produto e cobertura.. do de da os 3. Melhoria da prestação de contas. A qualidade também pode ser medida e usada como um barômetro pelos tomadores de decisões e agências doadoras para demonstrar a qualidade geral das suas carteiras em nível nacional, regional e global e para monitorar as mudanças da qualidade ao longo do tempo ou fazer comparações entre programas, países e regiões. 3.3.2 Fortalecimento da medição da qualidade dos serviços A qualidade dos serviços é o grau em que os serviços de saúde aumentam a probabilidade de atingir os resultados esperados de saúde e refletem o conhecimento profissional atual. Medir a qualidade dos serviços é parte integral do sistema de M&A. Além de indicadores específicos de qualidade, há muitos indicadores quantitativos que são usados atualmente pelos programas e que medem inerentemente a qualidade. Um conjunto básico e previamente acordado de indicadores para medir a qualidade dos serviços está sendo desenvolvido no momento, esperando-se em breve mais orientação sobre o assunto. Definir e colocar em prática padrões de qualidade, melhorá-los continuamente e medir a qualidade dos serviços continuam a ser desafios, devido à complexa dinâmica do atendimento de saúde, dos vários níveis em que o atendimento pode ser avaliado e da necessidade de considerar as diferentes perspectivas das principais partes interessadas. Apesar desses desafios, a medição da qualidade dos serviços pode ser fortalecida pelo: • • desenvolvimento de uma estrutura de responsabilização que define as entidades responsáveis por aspectos específicos da qualidade de serviço, as condições em que se aplica a responsabilização, os níveis de responsabilização e o equilíbrio entre a responsabilização profissional e a pessoal; estabelecimento de critérios explícitos de avaliação do desempenho do serviço de saúde: padrões, procedimentos, diretrizes, protocolos, descrições de habilidades e termos de referência; • seleção de um subconjunto de indicadores para a apresentação de relatórios de rotina; e • coordenação do monitoramento da qualidade como parte do sistema de M&A, por exemplo, execução rotineira de M&A, auditorias de qualidade e garantia da qualidade dos dados. 36 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 3.4 Monitoramento da prestação de serviços a subgrupos da população É preciso dar prioridade às intervenções que tratam dos grupos populacionais com risco mais alto de contrair e, se for o caso, de transmitir uma determinada doença. Esses grupos populacionais também devem ter prioridade nos esforços de M&A dos programas nacionais e regionais. A escolha das populações-alvo das intervenções e, portanto, dos esforços de M&A deve se basear, em última análise, na avaliação do nível de prevalência da doença e tamanho da população, dos fatores de risco comportamental e do potencial de resposta. Apesar da categorização desses grupos populacionais de maior risco (que, no caso do HIV, se baseia principalmente no seu comportamento) ter sido útil até agora para servir de alvo para as intervenções de prevenção e tratamento, nem todas as pessoas de risco pertencem a um só grupo e nem todas as pessoas de um dado grupo têm alto risco de contrair a doença. Esta superposição deve ser considerada no planejamento, no relato dos dados e na análise das informações. 26 Para o HIV, os grupos populacionais em que os fatores comportamentais de risco se concentram são os profissionais do sexo, os clientes dos profissionais do sexo, os usuários de drogas injetáveis e os homens que fazem sexo com homens. Para a TB, os grupos populacionais de maior risco incluem encarcerados, migrantes e pessoas que vivem com o HIV. Para a malária, crianças com menos de 5 anos e mulheres grávidas têm um risco maior de contrair a doença. Além disso, outros grupos podem ter um maior risco de infecção em uma dada comunidade ou país. Esses grupos populacionais adicionais variam para cada doença, país e situação. É igualmente importante identificar e visar esses grupos como alvo das intervenções de prevenção e tratamento e, portanto, das atividades de M&A. 3.5 O tratamento da questão do gênero no monitoramento de programas A escolha das populações de maior risco como alvo das atividades programáticas e de M&A também exige tratar da questão do gênero durante esses esforços. O gênero se refere aos atributos e oportunidades econômicos, sociais, políticos e culturais associados à condição de homem ou mulher; o sexo refere-se a pessoas biologicamente definidas como homens ou mulheres. Em sociedades diferentes, moças e rapazes, mulheres e homens são influenciados por normas de gênero, são valorizados de forma diferente e têm oportunidades e perspectivas de vida desiguais. Devido às diferenças sociais (gênero) e biológicas (sexo), as mulheres e homens enfrentam diferentes riscos de saúde, são tratados de forma diferente pelos sistemas de saúde, buscam atendimento de saúde de forma diferente e, finalmente, têm diferentes resultados esperados de saúde. Como o poder é distribuído de forma desigual na maioria das sociedades, geralmente as mulheres têm menos acesso e controle das informações sobre saúde, do atendimento e serviços e dos recursos para proteger sua saúde e a dos seus filhos. As normas de gênero podem também afetar os homens designando-lhes papéis que estimulam o comportamento arriscado e leva-os a negligenciar sua saúde e a de suas famílias. Mais ainda, a questão do gênero interage com as questões de raça, classe, casta e outros tipos de estratificação social, variando de um país a outro. 27 O resultado mais comum desta situação é uma distribuição desigual de benefícios entre os vários grupos sociais e entre homens e mulheres. As questões relacionadas a gênero, em qualquer doença, variam enormemente de um país a outro e exigem abordagens e respostas diferentes, porém as relações de gênero afetam particularmente as infecções sexualmente transmitidas. Uma abordagem sensível à questão de gênero no planejamento dos programas de saúde reconhece as diferenças tanto de sexo como de gênero e busca promover um acesso igual para homens e mulheres ao tratamento e aos serviços que respondem à situação da doença em questão. A análise deve focalizar como as diferenças inerentes a mulheres e homens podem afetar o acesso igualitário aos serviços de saúde. Subsequentemente, as conclusões de uma tal análise 26 A framework for monitoring and evaluating HIV prevention programmes for most-at-risk populations. Genebra, UNAIDS, 2007 (http://data.unaids.org/pub/ Manual/2007/20070420_me_of_prevention_in_most_at_risk_po pulations_en.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). 27 O texto neste parágrafo se baseia em: Strategy for integrating gender analysis and actions into the work of WHO. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2007 (http://www.euro. who.int/document/gem/fi nal_strat_sep07.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008).. Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A devem orientar o planejamento e a implementação do programa. 28 A desagregação de dados epidemiológicos por sexo e idade é um ponto de partida natural para entender a doença e como ambos os sexos são afetados. Quando sistemas de saúde não conseguem fornecer dados desagregados por sexo e idade, é preciso fortalecê-los para que consigam fazer isso. Neste estágio, esta edição do toolkit não propõe indicadores padronizados adicionais para medir diretamente a equidade de acesso ou atendimento de saúde para as três doenças e o fortalecimento dos sistemas de saúde. 29 30 Recomenda-se aos países usarem indicadores nacionais, de preferência tirados do plano nacional de M&A, e avançar para uma análise mais abrangente com base nas informações geradas por dados desagregados (sexo, grupos etários e regiões geográficas). A interpretação dos resultados obtidos deve levar em consideração as informações epidemiológicas e os antecedentes culturais. Este tipo de análise deve ser um componente essencial do processo de revisão anual. 3.6 Geração de informação estratégica Os países devem estar preparados para gerar as informações estratégicas necessárias para aumentar sua compreensão das doenças e estar cientes do que resta fazer para conseguir o impacto pretendido. A Fig. 1 (pág. 14) indica as perguntas que é preciso fazer para melhorar a utilização dos dados e, desta forma, reforçar a programação e o aprendizado baseado em evidências e a alocação de recursos. Os dados que vem sendo coletados continuamente necessitam ser consolidados e avaliados periodicamente usando métodos de triangulação de dados em momentos marcantes da agenda nacional de M&A, tais como a época das revisões anuais e das revisões da metade do prazo. A geração de informação estratégica conforme descrito acima exige a montagem de uma capacidade analítica mais poderosa dentro do país, tanto nos níveis nacional como regional. O fortalecimento da capacidade 28 29 30 Integrating gender into HIV/AIDS programme in the health sector: tool to improve responsiveness to women’s needs. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2008 Para ver possíveis indicadores de gênero, consultar: Transforming the nacional AIDS response: mainstreaming gender equality and women’s human rights into the “three ones”. New York, Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento das Mulheres, 2008 (http://www.unifem.org/gender_issues/recursos.php?WebSectio nID=2, acessado em 15 de setembro de 2008). A Parte 2 do toolkit oferece mais informações sobre publicações relacionadas ao gênero. Fevereiro de 2009 37 analítica é um processo a longo prazo e o investimento deve ser planejado de forma a responder às várias necessidades em todos os níveis do sistema de saúde. Existem disponíveis vários pacotes de treinamento e fortalecimento da capacidade, os quais foram preparados em parceria com universidades regionais e centros de treinamento, podendo ser adaptados às necessidades específicas de cada país. 31 3.7 Institucionalização do processo de revisão anual A revisão anual é uma avaliação abrangente e sistemática da resposta geral nacional a uma doença, executada em conjunto com as partes interessadas e parceiros relevantes como parte integral do ciclo programático e estratégico nacional da dita doença. A revisão anual reúne os resultados para todos os indicadores relativos a um dado ano e inclui uma autoavaliação do progresso, das barreiras enfrentadas, dos sucessos e fracassos. Ela permite aos gestores de programas aperfeiçoar a tomada de decisões, estabelecer prioridades entre as intervenções e gerar mais recursos. Além disso, os doadores usam os resultados da revisão anual como uma fonte de informação contextual para interpretar os resultados alcançados em comparação com os resultados esperados. A revisão anual reúne as partes interessadas para avaliar o desempenho de uma forma conjunta e transparente e para analisar e revisar gastos e orçamentos. Para ter mais força, a revisão anual deve se orientar por uma matriz de desempenho na qual estão identificados resultados esperados e prazos de execução. Essa matriz deve cobrir todos os componentes relevantes e ser aprovada por todas as partes interessadas que apoiam o programa. Para essa revisão, devem estar disponíveis dados de alta qualidade, sejam ou não de rotina, para informar a análise e o processo de tomada de decisões. O uso de dados da avaliação e da pesquisa operacional deve ser encorajado e, cada vez mais, a análise da equidade no acesso aos serviços deve ser abordada, levando em consideração grupos etários específicos, a questão do gênero e a análise da prestação de serviços de qualidade. Mais ainda, o processo de revisão é uma oportunidade de acompanhar o progresso na implementação do plano de trabalho anual, inclusive 31 Training and capacity building [website]. Chapel Hill, NC, MEASURE Evaluation, 2008 (http://www.cpc.unc.edu/measure/training, acessado em 15 de setembro de 2008). 38 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde intervenções específicas destinadas a fortalecer o sistema de saúde (em particular, o fortalecimento do sistema de M&A). Também oferece um fórum onde compartilhar informações sobre tendências e melhores práticas entre todas as partes interessadas. As conclusões da revisão são resumidas em um relatório da equipe de revisão, o qual é distribuído às partes interessadas relevantes para fins de consenso e acompanhamento. Este acompanhamento só será bemsucedido se houver um planejamento robusto e uma fase preparatória da revisão com os parceiros e partes interessadas relevantes. Esse é o ponto que dá origem à participação e apropriação do processo de revisão anual e das recomendações da revisão. Recomenda-se designar um grupo diretor técnico para orientar e supervisionar o planejamento e implementação dos elementos da revisão anual e dar seguimento às recomendações. O Quadro 5 lista os principais elementos da revisão anual e os passos a tomar no processo de planejamento. QUADRO 5. Elementos essenciais da revisão anual e planejamento da implementação 1. Planejamento da implementação: comitê diretor ou consultivo • Estabelecer um grupo de trabalho técnico para supervisionar a revisão anual • Preparar os termos de referência da revisão • Mobilizar recursos humanos e financeiros • Constituir a equipe de consultores da revisão • Preparar os termos de referência da equipe • Preparar os contratos com produtos e expectativas claras • Preparar o plano de implementação da revisão • Logística do plano – visitas de campo, workshops ou reuniões e transporte • Planejar para o seguimento 3.8 Avaliações de M&A e acompanhamento O fortalecimento do sistema de M&A de cada país exige um esforço contínuo. Os países devem ser capazes de monitorar continuamente o desempenho e, após cada monitoramento, decidir sobre as formas de melhorar as áreas deficientes. Quando robustos, os sistemas de M&A fornecem dados oportunos, relevantes e de alta qualidade para a tomada de decisões. Por isto é tão importante o investimento no fortalecimento do sistema nacional de M&A, pois, em última análise, é ele que permite economizar recursos que, de outra forma, poderiam ser gastos em programas ineficazes ou na duplicação das atividades pelas várias partes interessadas. Esta seção indica os principais passos para o fortalecimento dos sistemas de M&A e as ferramentas usadas para respaldar esse processo. O processo de fortalecimento dos sistemas de M&A inclui: (1) a avaliação periódica do sistema nacional de M&A pelas partes interessadas; (2) a elaboração ou revisão do plano de M&A e do plano de trabalho com base nos resultados da avaliação; (3) a implementação do plano (atualizado) de M&A e plano de trabalho de M&A; e (4) o acompanhamento contínuo do progresso da implementação do plano de M&A ou plano de trabalho de M&A (Fig. 3). 2. Coleta de dados 3. Utilização dos dados: análise e síntese das conclusões 4. Disseminação dos acompanhamento dados: feedback e 5. Utilização dos dados para informar as políticas e a direção a ser seguida pelo programa Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A 39 Fig. 3. Processo de fortalecimento do sistema de M&A 1. Avaliar o sistema de M&A Periodicamente e por meio de um workshop com as várias partes interessadas e parceiros 2. Elaborar e rever o plano de M&A e o plano de trabalho de M&A Os planos deverão: (1) incluir medidas de fortalecimento para tratar das lacunas identificadas e (2) indicar as contribuições técnicas e financeiras dos parceiros 4. Acompanhar Acompanhamento diário e revisão contínua como parte do processo de revisão do programa e vinculação do investimento em M&A com a melhoria do sistema 3. Implementar o plano de M&A e o plano de trabalho de M&A Os parceiros implementam sua parte de acordo com as responsabilidades definidas no plano de M&A e plano de trabalho de M&A Fevereiro de 2009 40 3.8.1 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Avaliação do sistema de M&A O fortalecimento do sistema de M&A de um país deve ser guiado pelo diagnóstico periódico e sistemático (conduzido pelo próprio país) dos desafios existentes, bem como das vantagens e das oportunidades. Idealmente, isto pode ser alcançado por meio de uma abordagem participativa tal como um workshop de avaliação das partes interessadas, usando ferramentas concebidas especificamente para este fim (Quadro 6). Essa avaliação sistemática deve identificar as medidas de fortalecimento necessárias para lidar com as deficiências do sistema de M&A, aproveitar as vantagens atuais e garantir a pontualidade e qualidade dos dados para os relatórios, a gestão dos programas e a colocação em prática das políticas. A condução da avaliação por meio de um processo consultivo ou de um workshop de partes interessadas contribui à harmonização e alinhamento da coleta de dados, dos sistemas de relatórios e de outras atividades de M&A. Também garante a apropriação do plano de M&A e do respectivo plano de trabalho pelas várias partes interessadas que contribuem técnica e financeiramente à implementação do sistema nacional de M&A. Finalmente, as visitas ao local, inclusive a verificação dos dados no local e os censos de instalações de saúde, podem ajudar a produzir um diagnóstico sólido das forças e debilidades do sistema nacional de M&A. QUADRO 6. Que ferramentas de avaliação devem ser usadas para avaliar os sistemas de M&A? Existem várias ferramentas de avaliação de M&A disponíveis, as quais foram preparadas por grupos técnicos de trabalho. O Fundo Global, em colaboração com seus parceiros, criou a Ferramenta de Fortalecimento dos Sistemas de M&A. 32 Esta ferramenta dá aos países uma estrutura para diagnosticar sistematicamente seu sistema de M&A (para HIV, TB e malária) e para planejar em comum acordo a implementação de atividades de fortalecimento do sistema de M&A. Parceiros mundiais atuantes na área de HIV, entre eles o Fundo Global, criaram uma abordagem unificada do reforço da capacidade de M&A no âmbito de cada país, usando uma estrutura para a organização de um sistema nacional de M&A que seja funcional. Com este fim, uma ferramenta harmonizada para a avaliação de todos os 12 componentes de um sistema nacional de M&A está atualmente sendo testada e deverá estar disponível no início de 2009. Depois de finalizada, a ferramenta de avaliação harmonizada poderá substituir todas as ferramentas existentes de avaliação do sistema nacional geral de M&A em HIV. Além disso, foi preparado um guia operacional para selecionar ferramentas apropriadas para avaliar componentes específicos do sistema de M&A. 33 Durante os últimos dois anos, muitos países avaliaram seus sistemas de M&A para identificar vantagens e debilidades e definir medidas apropriadas para tratar das áreas deficientes. Um estudo dos relatórios de avaliação mostra que os quatro desafios comuns do M&A estão relacionados ao processo de gestão de dados e à qualidade dos dados, à capacidade de recursos humanos e, em particular, à capacidade analítica e ao uso dos dados. 34 Mas ainda é preciso fazer mais para que os países possam tirar todo o proveito da abordagem participativa na auto-avaliação do sistema nacional de M&A. O Quadro 7 na página 40 resume os desafios para empreender essas avaliações. 32 33 34 M&E Systems Strengthening Tool. Genebra, Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria, 2008 (http://www.theglobalfund.org/en/performance/monitoring_eval uation, acessado em 15 de setembro de 2008). Organizing framework for a functional national HIV monitoring and evaluation system. Genebra, UNAIDS, 2008 (http://siteresources.worldbank.org/INTHIVAIDS/ Resources/375798-1132695455908/GROrganizingFramework forHIVMESystem.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Baseado num estudo de 58 relatórios de avaliação de M&A, ver: M&E systems strengthening tool. Genebra, Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria, 2007 (não publicado). Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A QUADRO 7. de avaliação • Principais desafios do processo Pouca preparação prévia para fazer a avaliação: preparação das partes interessadas do país para examinar previamente a ferramenta de avaliação e os recursos de M&A existentes tais como o plano nacional e o plano de trabalho de M&A, além do orçamento • Entendimento equivocado do objetivo da avaliação: a ferramenta não é vista como uma base para o fortalecimento da capacidade • Resultados incompletos: o plano de trabalho de M&A não é abrangente, não tem seus custos definidos e falta a definição de prazos; as atividades não são específicas e/ou não têm prazo estabelecido, a maioria não tem seus custos inteiramente definidos e o papel dos parceiros no apoio financeiro e técnico não está incluído • Falta de documentação sobre o processo de avaliação, criando dificuldades para a análise da qualidade dos resultados da avaliação 3.8.2 Elaboração e revisão do plano de M&A e plano de trabalho (inclusive o orçamento de M&A) Uma vez concluída a avaliação e identificadas as medidas de fortalecimento, estas devem ser incorporadas ao plano de M&A e plano de trabalho existentes (com o respectivo orçamento estimado e com a definição clara das responsabilidades de todas as partes interessadas). Os processos de elaboração dos planos de M&A e planos de trabalho devem envolver todos os parceiros relevantes. Isto permitirá uma atribuição clara dos papéis, das responsabilidades e da supervisão na implementação do plano de M&A e plano de trabalho previamente acordados. Se o país não tiver um plano de M&A ou plano de trabalho de M&A, esses documentos devem ser preparados. Para as atividades de M&A que não puderem ser cobertas com os recursos disponíveis, recomenda-se enfaticamente que os países as incluam como parte de sua proposta ao Fundo Global ou em suas solicitações de financiamento a outros parceiros. O plano de trabalho e o orçamento de M&A devem incluir todos os custos em nível nacional e regional relacionados à coleta de dados, registro, verificação, processamento, análise e apresentação de relatórios; levantamentos, avaliação e pesquisa; recursos humanos; a logística do treinamento e supervisão de campo; apoio técnico; equipamentos e sistemas de Fevereiro de 2009 41 informática; além de relacionados ao M&A. quaisquer outros custos 3.8.3 Implementação do plano de trabalho de M&A A implementação do plano de M&A e plano de trabalho de M&A é a razão primordial para realizar uma avaliação. O governo e os parceiros necessitam alocar recursos e implementar atividades com base nas responsabilidades designadas no plano de M&A e no plano de trabalho. Entre os passos específicos para garantir que o plano de trabalho seja implementado, estão: • acrescentar responsabilidades de M&A que aparecem no plano de trabalho às descrições das funções do pessoal de M&A; • supervisão contínua pelo grupo de trabalho técnico de M&A; e • obter (e não só identificar fontes potenciais de) financiamento necessário ao M&A. 3.8.4 Acompanhamento da implementação do plano de M&A e plano de trabalho de M&A, inclusive orçamento e gastos de M&A Apesar de haver agora maior interesse na avaliação dos sistemas de M&A e ter aumentado o investimento nos mesmos, existe pouca evidência sobre o que realmente melhorou. As tendências no fortalecimento dos sistemas de M&A não têm sido, portanto, documentadas com muito sucesso. O progresso alcançado na implementação do plano de trabalho de M&A deve ser revisto regularmente, pois trata-se aqui de fazer um M&A do próprio M&A. De forma similar à implementação do programa de acompanhamento, o investimento em M&A tem que estar ligado à obtenção de melhorias do sistema de M&A ao longo do tempo (Quadro 8 da página 41). Os países devem identificar a forma mais adequada de acompanhar o progresso do fortalecimento do sistema de M&A, de preferência como parte do processo de revisão do programa nacional para a doença em questão (por exemplo, revisões anuais conjuntas). Todas as partes interessadas devem estar envolvidas no M&A do M&A. 42 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde QUADRO 8. sistema Perfis nacionais de M&A: vinculação do investimento em M&A com o desempenho do O Fundo Global está desenvolvendo uma abordagem sistemática para captar e resumir as conclusões das avaliações de M&A e de outras fontes, entre elas o plano de M&A, os relatórios de avaliação da qualidade dos dados e outros relatórios relevantes. Esses resumos serão publicados como perfis nacionais de M&A e darão uma ideia da capacidade em M&A dos programas de HIV, TB e malária nos países onde o Fundo Global tem investimentos. Esses perfis por país servirão então como plataforma para compartilhar informações sobre os sistemas de M&A. Os perfis serão uma importante fonte de informações para identificar que países, que componentes das doenças e que áreas de M&A mais necessitam de apoio. Além disso, eles permitem acompanhar, ao longo do tempo, as tendências de desempenho dos sistemas de M&A no âmbito de cada país. Os perfis também serão compartilhados com os respectivos países com os seguintes fins: (1) confirmar as informações captadas; (2) fornecer aos países informações sobre áreas de M&A que necessitam de reforço adicional e assim estimular os países a reprogramar ou a apresentar solicitações adicionais de fundos em sua próxima proposta ao Fundo Global; e (3) promover uma abordagem harmonizada do fortalecimento dos sistemas de M&A (por ex., formando um pool de fundos ou de apoio técnico nas áreas que necessitam ser reforçadas). Informações adicionais serão pedidas às partes interessadas no sentido de aumentar a completude e qualidade dos perfis. Por exemplo, os gastos com M&A constituem uma área específica que, potencialmente, poderia usar como base a avaliação da UNAIDS sobre gastos nacionais relativos à AIDS. Nos últimos dois anos, o Fundo Global repassou à UNAIDS as conclusões preliminares que obteve com a análise das avaliações de M&A. Esses esforços de colaboração serão intensificados e ampliados para cobrir todas as três doenças. Os perfis nacionais de M&A fornecerão informações qualitativas sobre a força do sistema de M&A de um país específico segundo três grandes áreas: 1. Existem planos para um sistema de M&A? • Existe um plano nacional de M&A e/ou estrutura de medição de indicadores (também chamada, às vezes, de estrutura de resultados)? • Existe uma concepção geral de um sistema de coleta de dados e mecanismo de gestão de dados? • As necessidades de recursos de M&A já foram estimadas? • Existe uma concepção geral dos produtos de informação e mecanismos de disseminação? • Existe uma estratégia minuciosa de fortalecimento da capacidade? 2. Há recursos disponíveis? • O quadro de M&A tem um número adequado de pessoas (“adequado” aqui refere-se ao aspecto de atender aos requisitos nacionais)? • Existe uma infraestrutura adequada (formulários, registros, computadores, conexão à Internet e sistemas de gestão das informações, etc.) já instalada nos diferentes níveis? • Há um orçamento de M&A disponível? Até que ponto ele cobre as necessidades identificadas? 3. O sistema de M&A funciona? • O programa vem apresentando relatórios em tempo hábil (ao Fundo Global, como representante substituto pela capacidade geral de apresentação de relatórios)? • Como os produtos de informação são disseminados e usados? • Que problemas de qualidade dos dados existem? • Quanto é gasto em M&A? Terceira edição Parte 1: Fortalecimento do sistema de M&A 3.8.5 Acompanhamento do orçamento e gastos de M&A É amplamente recomendado que o orçamento de M&A seja de até 10% do orçamento geral do programa (Tabela 8). Esta é uma recomendação de ordem geral, a alocação exata deve se basear num plano robusto que trate das necessidades específicas de M&A. Várias partes interessadas, inclusive governos, contribuem geralmente ao orçamento geral de M&A. 35 Devem ser alocados e garantidos fundos suficientes para tratar de áreas essenciais tais como: fortalecimento do sistema de informações de saúde, reforço da capacidade de recursos humanos e destinação de fundos ao sistema de registro civil, apoio técnico, pesquisa operacional e avaliação, pois esses custos são frequentemente subestimados. Da mesma forma que é feito o acompanhamento do orçamento e dos gastos de implementação dos programas, também deve ser acompanhada a alocação de recursos e os gastos de M&A. O acompanhamento do orçamento nacional geral de M&A e dos gastos (de todas as fontes) é mais informativo para mostrar as lacunas de recursos do que o acompanhamento das alocações e gastos específicos às subvenções ou aos doadores. O acompanhamento do orçamento e dos gastos de M&A, por meio de categorias de custos coerentes e abrangentes e usando sistemas nacionais de rotina, contribuirão para delinear um quadro mais completo do investimento em M&A e sua vinculação com melhorias no sistema de M&A. 3.8.6 Solicitação de apoio técnico em M&A O fortalecimento dos sistemas de M&A fez aumentar a demanda por apoio técnico em M&A. A obtenção, em tempo hábil, de um apoio técnico de boa qualidade tem sido frequentemente um impedimento para os esforços de fortalecimento dos sistemas de M&A. A implementação dos seguintes passos reduzirá a possibilidade de surgir este impedimento. • 35 Definir as necessidades de apoio técnico em M&A o mais cedo possível. Quanto mais cedo a necessidade de apoio técnico for considerada, mais apropriado será esse suporte. Idealmente, as necessidades de apoio técnico devem ser identificadas ao elaborar o plano de M&A e 2008 Report on the global AIDS epidemic. Genebra, UNAIDS, 2008 (http://www.unaids.org/en/KnowledgeCentre/HIV Data/GlobalReport/2008/2008_Global_report.asp, acessado em 15 de setembro de 2008). Fevereiro de 2009 43 durante a preparação subsequente do plano de trabalho. • Desenvolver o escopo de trabalho com base nas deficiências identificadas de uma forma coordenada. As avaliações dos sistemas de M&A e os perfis nacionais de M&A do Fundo Global fornecem informações sobre os pontos fracos dos sistemas de M&A, sendo este o ponto de partida para a elaboração do escopo de trabalho. Depois de pronto, divida e discuta o escopo de trabalho com o grupo de trabalho técnico de M&A para evitar superposições ou lacunas. • Definir e alocar o orçamento necessário para o apoio técnico. O orçamento de M&A (que se recomenda ser de 5% a 10% dos recursos do programa) deve ser também usado para financiar o apoio técnico de M&A, conforme apropriado. • Identificar os serviços de apoio técnico mais apropriados. Os países têm à sua disposição muitos profissionais ou serviços de apoio técnico. Para identificar serviços de apoio técnico de alta qualidade, que atendam às suas necessidades, os gestores de programas podem entrar em contato com parceiros técnicos, entre eles os escritórios da OMS e UNAIDS no país, equipes de apoio regional, o Governo dos Estados Unidos, a equipe de Monitoramento e Avaliação Global de HIV/ AIDS do Banco Mundial e membros do mecanismo de coordenação por país. As seções do toolkit específicas a cada doença fornecem referências adicionais quanto ao apoio técnico e links a websites relacionados. A Tabela 8 dá uma breve orientação sobre como preparar pedidos de apoio técnico. 44 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Tabela 8. Como preparar justificativas de pedidos de apoio técnico Pontos a considerar Explicação Razão do pedido de apoio Explique brevemente qual é o problema. Isto pode ser expresso sob a forma de perguntas para as quais se deseja respostas. Por que a questão deveria ser tratada com a ajuda de pessoal de apoio técnico Explique a razão pela qual necessita de apoio técnico externo: necessidades de habilidades específicas; experiência adequada e/ou tempo que não está disponível internamente; necessidade de tratar do problema com uma entidade independente; ou outros fatores ou combinações dos anteriores. Resultados esperados e benefícios Quais seriam os possíveis resultados e benefícios de um apoio técnico bem sucedido? Ele permitirá obter respostas claras aos problemas identificados? Essas respostas permitirão tomar melhores decisões e empreender ações mais eficazes? Defina o prazo pretendido de apoio técnico Defina realisticamente em que momento será necessário dispor do apoio técnico e qual deve ser a sua duração, levando em consideração os processos logísticos e de tomada de decisões que afetam os prazos. Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 45 4. Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 4.1 Financiamento baseado no desempenho e M&A QUADRO 9. Estrutura do financiamento baseado no desempenho O propósito do Fundo Global é “captar fundos, aplicálos e ajudar a provar a contribuição desse investimento ao combate das doenças”, em parceria com outras organizações nacionais e internacionais e, de forma crucial, com aqueles que implementam os programas e projetos financiados pelo Fundo Global. O sistema de financiamento baseado no desempenho do Fundo Global busca: O financiamento baseado no desempenho tem uma função central no mecanismo do Fundo Global ao garantir que a captação, aplicação e prova da contribuição dos fundos estejam intimamente ligados entre si. Os fundos são liberados quando se obtém progresso no alcance dos resultados esperados e acordados. Para isto, é necessário que: • as metas gerais sejam formuladas claramente; • os serviços sejam claramente definidos, agrupados em áreas de prestação de serviços e relacionados às metas; • exista um sistema confiável de M&A em funcionamento; e • os indicadores sejam selecionados, os resultados esperados sejam estabelecidos e o progresso seja relatado com frequência. O desempenho se baseia em até que ponto os indicadores podem ser medidos, documentados e verificados, em comparação com os resultados esperados e acordados, para atingir as metas da proposta. Há, portanto, incentivos muito fortes para se obter regularmente resultados claros, simples, mensuráveis e bem comunicados. Medições mais amplas do progresso também devem ser relatadas, mas o desempenho básico vai depender de alguns resultados esperados que sejam claros e significativos. O financiamento baseado no desempenho ajuda a garantir que os fundos sejam aplicados da forma mais correta tendo em vista as metas do projeto e, em última análise, que os serviços sejam prestados àqueles realmente afetados pela doença. Os fundos captados, como também os programas apoiados, não pertencem ao Fundo Global mas, sim, às pessoas que necessitam urgentemente dos serviços. O financiamento baseado no desempenho permite também estabelecer uma base e plataforma para reivindicar um financiamento sustentável e confiável (Quadro 9). Fevereiro de 2009 • garantir que o dinheiro seja gasto em serviços para as pessoas necessitadas; • vincular os desembolsos ao alcance dos resultados esperados; • dar incentivos para se concentrar nos resultados e na implementação em tempo hábil; e • liberar recursos comprometidos com programas que não apresentam um desempenho condizente, podendo assim ser realocados a programas que possam ter bons resultados. 4.2 Acompanhamento do desempenho Para facilitar o financiamento baseado no desempenho, o Fundo Global acompanha os resultados e as realizações mais relevantes ao desempenho usando um conjunto claro de indicadores e resultados da proposta original e incorporados ao contrato de subvenção. A informação recolhida é usada em três estágios principais da avaliação do desempenho. • Desembolsos regulares (a cada 6 meses, como padrão). A concordância sobre alguns indicadores de progresso é usada para a liberação financeira regular a cada 3 a 6 meses. Os fundos são liberados com base nos pedidos de desembolso acompanhados de atualizações sobre o progresso em termos de resultados alcançados comparados a resultados esperados, com uma explicação ou autoavaliação feita pelo programa. Os programas financiados pelo Fundo Global não necessitam definir resultados esperados e relatar resultados alcançados para todo e qualquer indicador em todo e qualquer período de relato. O período de relato deve estar alinhado com o sistema nacional de informações. Os programas financiados pelo Fundo Global precisam explicar por que certos resultados não corresponderam aos resultados esperados. • Revisões anuais (a cada 12 meses). Estas revisões reúnem os resultados para todos os indicadores do ano e incluem uma autoavaliação quanto ao progresso, barreiras encontradas, sucessos e fracassos. O Fundo Global usa essas atualizações para relatar o progresso da implementação de todos os programas da sua carteira e como fonte essencial de informação contextual para interpretar 46 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde o enfoque de mínimo desempenho sob a forma de resultados alcançados versus resultados esperados. O Fundo Global não exige um relatório específico e pode usar as revisões anuais existentes ou relatórios anuais dos programas.. • Avaliação da Fase 2 (de 18 a 20 meses). O financiamento é empenhado por um primeiro período de 2 anos. Depois de 18 meses, o programa apresenta uma proposta para a Fase 2 de financiamento para cobrir um período adicional de 3 anos (total de 5 anos de financiamento). É usada uma revisão geral do desempenho como base para que o Secretariado do Fundo Global recomende o financiamento subsequente da Fase 2. Isto inclui um relatório minucioso sobre os resultados alcançados comparados aos resultados esperados e às metas da proposta e sobre a prestação dos serviços essenciais relevantes ao combate das três doenças. A autoavaliação feita pelo programa é um elemento importante, incluindo a possibilidade de sugerir uma mudança no programa, em função da experiência até então. Os resultados esperados não devem ser mudados, mas o Fundo Global considera as explicações de por que os resultados alcançados não corresponderam aos esperados, ao julgar o desempenho. Prepara-se um cartão de pontuação combinando os resultados agregados com a verificação independente e avaliação dos dados de desempenho dos programas financiados pelo Fundo Global. O cartão de pontuação tornase, assim, a base para as decisões referentes à Fase 2 do financiamento tomadas pelo Conselho Apesar do financiamento baseado no desempenho dos programas financiados pelo Fundo Global atingir um marco crítico no estágio de financiamento da Fase 2, o sistema de mensuração e avaliação começa desde o início da subvenção, quando os recebedores e o Fundo Global chegam a um acordo sobre os indicadores e os resultados esperados, os quais, por sua vez, se tornam parte integrante do primeiro contrato de subvenção. Os resultados esperados são acompanhados a cada estágio do processo: definidos na proposta de subvenção; incorporados ao contrato de subvenção (no quadro de desempenho); seu progresso é relatado antes de cada desembolso (atualização do progresso), em revisões anuais e consolidado na proposta apresentada pelo mecanismo de coordenação nacional de continuação do financiamento na Fase 2; dentro dos relatórios da Fase 2; e posteriormente à Fase 2. O financiamento baseado no desempenho ocorre continuamente durante toda a vida de uma subvenção do Fundo Global. O objetivo do financiamento baseado no desempenho é usar ativamente os resultados relatados como base para a autoavaliação e as decisões dos programas e do Fundo Global. A comparação dos resultados alcançados com os resultados esperados é somente a base da classificação do desempenho. Igualmente importantes são a autoavaliação e a explicação do progresso pelo programa e as medidas corretivas propostas para garantir um aprendizado rápido e a expansão dos programas. O desempenho geral incorpora tanto os elementos quantitativos da comparação de resultados alcançados com os resultados esperados como a avaliação qualitativa do progresso e de fatores contextuais importantes. Finalmente, a apropriação demonstrada por cada país fornece a base do financiamento baseado no desempenho. Os resultados esperados devem resultar das propostas nacionais e serem acordados por ambas as partes do contrato de subvenção. 4.3 Como usar o toolkit para um programa financiado pelo Fundo Global O toolkit de M&A deve ser usado para orientar a apresentação da proposta, para finalizar o quadro de desempenho à qual são incorporados os indicadores e resultados esperados, e para orientar a apresentação de relatórios durante todo o ciclo de vida de uma subvenção. Ele é usado para escolher, de dentro do plano de M&A (mais amplo), um conjunto mais limitado de indicadores para os quais serão estabelecidos resultados esperados como base de apresentação de relatórios ao Fundo Global. É importante saber distinguir, entre os vários níveis do M&A, o conjunto mais amplo de indicadores necessários para a gestão de um programa e os poucos indicadores que devem ser relatados aos doadores e entidades internacionais. O que o Fundo Global busca é levar às pessoas serviços de alta qualidade para influenciar o controle das três doenças. Na medida em que o programa se tornar mais estabelecido, passa-se a relatar mais informações sobre o crescente número de pessoas atendidas e, depois, os indicadores de resultados e impacto. O Fundo Global reconhece que isto exige o fortalecimento não só dos sistemas de M&A, mas também dos sistemas gerais de saúde e, por isto, o toolkit inclui orientação sobre o fortalecimento de ambos esses sistemas. Os indicadores e as áreas de prestação de serviços relacionadas ao fortalecimento dos sistemas de saúde foram incluídos. Estes podem ser incluídos em componentes de doenças para os casos do HIV, TB e malária. Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 47 O objetivo central é aumentar a cobertura das atividades de prevenção, tratamento e atendimento do HIV, TB e malária e poder medir essa cobertura. Para demonstrar isto internacionalmente, considerando os vários países e programas, alguns indicadores padronizados e de alto nível sobre o número de pessoas que recebem serviços dos programas financiados pelo Fundo Global são altamente valorizados. Além disso, são relatados também, ao longo do tempo, as mudanças de comportamento da população e o impacto sobre as doenças, em colaboração com os parceiros nacionais. 4.4 Relatórios ao Fundo Global Os programas ou projetos devem ter metas e objetivos muito bem definidos. Este é o ponto de partida para a apresentação de relatórios ao Fundo Global. Para atingir estas metas e objetivos, as áreas de prestação de serviços devem estar claramente definidas e, destas áreas de prestação de serviços, devem ser selecionados alguns indicadores. Esses indicadores precisam ser confiáveis e medidos com frequência. A uniformidade das metas e serviços prestados é importante como forma de avaliar, a médio prazo, o progresso alcançado no combate às três doenças em termos do impacto e da mudança de comportamento. As metas gerais são amplas e de grande alcance: por exemplo, “redução da mortalidade relacionada ao HIV”, “redução do ônus da TB” e “redução da transmissão da malária”. Para cada meta, devem ser escolhidos indicadores de impacto. Os objetivos devem ser descritos claramente para cada meta. O objetivo descreve a intenção dos programas para os quais se busca financiamento e fornece uma estrutura dentro da qual os serviços serão prestados. Exemplos de objetivos são: “melhorar as taxas de sobrevivência das pessoas com infecção avançada de HIV em 4 províncias”, “reduzir a transmissão da TB entre os encarcerados nas dez maiores prisões do país” e “reduzir a morbidade relacionada à malária entre as mulheres grávidas em 7 distritos rurais”. O próximo passo, que constitui o núcleo do financiamento baseado no desempenho, é o de identificar os serviços essenciais a serem prestados e associar aos indicadores resultados esperados que possam ser medidos e que possam demonstrar um progresso programático regular no caso de cada serviço. Sob cada um dos objetivos, os indicadores são então agrupados dentro de suas respectivas áreas de prestação de serviços (uma área de prestação de serviço corresponde a um serviço específico que é oferecido). Um programa tem uma ou duas metas. Cada meta tem um objetivo, cada objetivo inclui várias áreas de prestação de serviço e cada área de prestação de serviço é avaliada segundo um ou mais indicadores. A Fig. 4 ilustra a relação entre os componentes de doença, as áreas de prestação de serviço e os indicadores. Fig. 4 Componente de saúde Áreas programáticas HIV Prevenção TB Tratamento Malaria Atendimento e apoio Fortalecimento dos sistemas de saúde Fevereiro de 2009 Ambiente propício Exemplos Exemplos de áreas de prestação de serviços Comunicação para mudança de comportamento Aconselhamento e testes Mosquiteiros tratados com inseticidas TB resistente a múltiplas drogas Prevenção de transmissão materna à criança Número de pessoas servidas Pacientes de TB que recebem aconselhamento e fazem testes de HIV Número de pontos de serviço apoiados Unidades de microscopia de TB apoiadas Número de prestadores de serviços treinados Técnicos de laboratório treinados 48 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Os programas financiados pelo Fundo Global devem alavancar os sistemas nacionais de M&A existentes. Esses sistemas são fundamentais para a apresentação de relatórios ao Fundo Global. As informações que serão coletadas para a gestão dos programas e para fins de M&A no âmbito de cada país (muitos outros indicadores) devem ser claramente distintas das que são apresentadas ao Fundo Global para avaliar o desempenho programático (que se concentram em 5 a 15 indicadores essenciais). Os indicadores relatados ao Fundo Global devem formar um conjunto simples tirado do plano geral de M&A. Para prestar essa informação, o país tem que ter sistemas sólidos de M&A que possam captar os dados requeridos. QUADRO 10. Recomendações ao escolher indicadores Os indicadores devem: • poder medir o desempenho e prestar informações estratégicas úteis; • ser coerentes com os objetivos e atividades propostos; • ser de número reduzido: até 15 indicadores de produtos ou cobertura e 2 a 5 indicadores de impacto ou resultados; • ser claros, com numeradores e denominadores bem definidos (de preferência, devem usar definições padronizadas) para evitar interpretações diferentes durante sua medição e dupla contagem; • ser coerentes com o plano de M&A e estarem respaldados no plano de trabalho e no orçamento; • ser selecionados de acordo com o ritmo da implementação e frequência da coleta de dados, de forma que os resultados estejam disponíveis até o 18o mês do ciclo de vida da subvenção para que o financiamento continue na Fase 2, e até o 42o mês para continuar além da Fase 2; • ser harmonizados entre as várias subvenções para a mesma doença e a mesma atividade; e • incluir os “dez principais” indicadores relevantes ao programa. 4.5 Seleção dos indicadores para relatório para o Fundo Global Nos programas financiados pelo Fundo Global, os indicadores são selecionados e os resultados esperados são definidos com base nas atividades propostas pelos países e incluídas no quadro de desempenho. O quadro de desempenho é parte integral do contrato formal de subvenção. Os programas financiados pelo Fundo Global devem relatar um conjunto menor de indicadores para áreas definidas de prestação de serviço, de acordo com o alcance de suas metas e objetivos. O financiamento baseado no desempenho é geralmente empreendido focalizando 5 a 15 indicadores de produtos (Quadro 10). Além disso, o quadro de desempenho deve incluir indicadores relevantes de impacto e resultados com valores de base e resultados esperados. Devem ser alocados recursos suficientes para a coleta de dados e o relato desses indicadores. Os dados de resultados e impacto são cada vez mais importantes para ter acesso ao financiamento além da Fase 2 de um programa financiado pelo Fundo Global. Para receber financiamento além da Fase 2, os programas financiados pelo Fundo Global precisam demonstrar um desempenho vigoroso e sinais de impacto logo no início. Também deve haver um equilíbrio entre os indicadores que podem ser relatados em base rotineira e aqueles relatados por meio do sistema de vigilância sentinela ou de levantamentos. A Fig. 5 na página 47 ilustra os indicadores usados em diferente estágios do ciclo de vida da subvenção. O relato de indicadores deve estar alinhado com a frequência das medições e deve acompanhar os planos de coleta de dados do país. O planejamento da medição dos indicadores de resultados e impacto deve começar o mais cedo possível (de preferência, por ocasião da redação da proposta de subvenção), pois a medição desses indicadores é intensiva no uso de recursos. São necessários esforços conjuntos de todas as partes interessadas, nacionais e internacionais, ao medir o impacto e resultados de um programa. Os países devem aproveitar os sistemas de vigilância e levantamentos existentes para evitar a duplicação de esforços. Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 49 Fig. 5. Uso de indicadores no financiamento baseado no desempenho Exemplos de áreas de medição Categoria Decisões de financiamento baseado no desempenho Menor morbidade e mortalidade Impacto Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (a cada 1 a 5 anos) Comportamento mudado Financiamento do Fundo Global baseado no desempenho Resultados esperados Número de pessoas que recebem os serviços Pessoas servidas (em 12 meses) Reforço da capacidade (desde o início da subvenção) Número de pessoas treinadas Produto Número de pontos de serviço apoiados supported Número de cursos de treinamento de pessoal Dinheiro Processo Gestão nacional do programa Insumo 4.6 Os 10 principais indicadores O Fundo Global selecionou, em colaboração com os parceiros, um conjunto das 10 principais atividades de prestação de serviços (Tabela 9 da próxima página). Os indicadores relacionados são usados pelo Fundo Global para apresentar relatórios internacionais e regulares sobre toda a sua carteira de programas subvencionados. Destinam-se tanto à apresentação frequente de relatórios como para o desembolso regular de fundos. Esses indicadores devem ser incorporados aos relatórios da subvenção onde quer que os serviços sejam prestados. De modo semelhante, os dez principais indicadores de resultados e impacto (Tabela 10, página 49) são os indicadores mais frequentemente informados nos relatórios de médio prazo (a cada 1 a 5 anos). O Fundo Global recomenda usar esses indicadores conforme forem relevantes ao programa e de forma coerente com a programação de coleta de dados dos países. Os levantamentos existentes devem ser aproveitados e os dados analisados como parte de um esforço coletivo nacional. Os programas devem aproveitar o máximo possível as informações existentes de vigilância, Fevereiro de 2009 Decisões de desembolsos periódicos (a cada 3, 6 ou 12 meses) Decisões de renovação da subvenção na Fase 2 (depois de 2 anos) Decisões de continuação do financiamento pelo Canal de Continuação (RCC) (depois de 5 anos) inclusive estudos de avaliação do impacto já implementados nos países. Se tais levantamentos não existirem, devem ser usados fundos do programa do Fundo Global para preencher as lacunas, recomendando-se ainda fortemente o investimento tanto no monitoramento como na avaliação. Como as dez principais atividades de prestação de serviços representam áreas básicas dos programas, o alcance dos resultados esperados com base nesses indicadores é de particular importância quando é preciso tomar decisões sobre a continuidade do financiamento pelo Fundo Global. Em casos onde outros serviços (e, portanto, indicadores) forem mais ou igualmente relevantes para atingir a meta do programa geral, o sistema do Fundo Global para a avaliação do desempenho considerará os resultados alcançados de forma correspondente. Note-se que os indicadores para as dez principais atividades de prestação de serviços não medem a cobertura dos serviços. A razão é a dificuldade, frequentemente encontrada, para definir denominadores para as populações-alvo (tais como as populações de maior risco). No entanto, o Fundo 50 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Global recomenda que as informações sobre cobertura sejam incluídas no quadro de desempenho (isto é, o número e valor percentual de um indicador), quando estiverem disponíveis e forem confiáveis. A interpretação dos resultados relatados para as dez principais atividades de prestação de serviços leva em consideração o contexto e as limitações da informação fornecida. Tabela 9. Dez indicadores principais para os relatórios de rotina para o Fundo Global Doença Indicadores para os relatórios de rotina para o Fundo Global 1 HIV Número de adultos e crianças com infecção avançada de HIV que recebem atualmente terapia antirretroviral 2 TB Número de (a) novos pacientes de TB detectados por teste de baciloscopia positiva, (b) novos pacientes de TB detectados por teste de baciloscopia positiva que foram tratados com sucesso, e (c) pacientes com TB resistente a múltiplas drogas inscritos para tratamento anti-TB de segunda linha 3 Malária Número de (a) mosquiteiros tratados com inseticida ou kits de retratamento distribuídos às pessoas e (b) domicílios (ou estruturas ou paredes) em áreas designadas como alvo que foram borrifados com spray residual de uso interno nos últimos 12 meses 4 Malária Número de pessoas com febre que estão recebendo tratamento antimalária nos termos da política nacional (especificar se é terapia combinada à base de artemisinina versus outras terapias) 5 HIV Número de mulheres e homens de idade entre 15 e 49 anos que fizeram um teste de HIV nos últimos 12 meses e que conhecem o resultado 6 HIV Número de mulheres grávidas soropositivas que receberam antirretrovirais para reduzir o risco de transmissão materna à criança 7 HIV Número de preservativos distribuídos 8 HIV, TB e malária Número de pessoas que se beneficiam dos programas de base comunitária: especificar (a) atendimento e apoio, inclusive apoio a órfãos, gestão domiciliar da malária e terapia diretamente observada (TDO); (b) atividades de promoção da comunicação para mudança de comportamento, inclusive grupos específicos visados; e (c) prevenção da doença para as pessoas de mais alto risco (exceto a comunicação para mudança de comportamento) 9 HIV/TB Número de pacientes de TB cujo resultado do teste de HIV foi incorporado ao registro de TB 10 Fortalecimento dos sistemas de saúde para HIV, TB e malária Número de pessoas treinadas para uma melhor prestação de serviços relativos a HIV, TB e malária (especificar se é (a) instalação de saúde ou (b) instalação externa) Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 51 Tabela 10. Dez principais indicadores de resultado e impacto a médio prazoa Doença Indicadores recomendados para a epidemia generalizada e áreas de alta endemicidadeb Indicadores recomendados para epidemia concentrada e áreas de baixa endemicidadeb Porcentagem de populações de maior risco infectadas com HIV 1 HIV Porcentagem de mulheres e homens entre 15 e 24 anos infectados com HIV 2 HIV Porcentagem de adultos e crianças com HIV que sabidamente estão recebendo o tratamento 12 meses depois de iniciada a terapia antirretroviral (estender a 2, 3 e 5 anos na medida em que o programa continuar a amadurecer) 3 HIV Menor transmissão materna de HIV a crianças: Porcentagem de bebês nascidos de mães infectadas por HIV 4 HIV Porcentagem de pessoas de 15 a 49 anos com mais de um parceiro sexual nos últimos 12 meses que declararam ter usado o preservativo em seu último ato sexual 5 TB Taxa de detecção de casos de TB e taxa de sucesso do tratamento 6 TB Taxa de prevalência de TB: número estimado de casos de TB (todas as formas) por 100.000 pessoas 7 Malaria Taxa de mortalidade por todas as causas de crianças com menos de 5 anos Mortalidade específica da malária: proporção de mortes atribuídas à malária entre crianças com menos de 5 anos (ou outros grupos-alvo) 8 Malaria Número de casos (confirmados) de malária vistos por trabalhadores de saúde (em unidades de saúde e/ou em trabalho comunitário) a. Índice anual de parasitas Porcentagem de pessoas da população de maior risco com mais de um parceiro sexual nos últimos 12 meses que declararam ter usado o preservativo em seu último ato sexual b. Taxa de resultados positivos no teste de lâmina ou teste de diagnóstico rápido 9 Malaria Número de pessoas que dormiu sob um mosquiteiro impregnado de inseticida na noite anterior ao levantamento (especificar a população-alvo: todos os residentes do domicílio, crianças com menos de 5 anos, mulheres grávidas) 10 Fortalecimento dos sistemas de saúde Taxa de mortalidade por todas as causas de crianças com menos de 5 anos a As tabelas de indicadores da Parte 2 e as descrições relevantes fornecem detalhes sobre o grupo dos dez principais indicadores. b Para fins de seleção dos dez principais indicadores mais apropriados à situação epidêmica regional ou nacional, sobretudo no caso de HIV e malária, eles são apresentados em duas categorias diferentes: (1) HIV – epidemia generalizada versus epidemia concentrada ou baixa prevalência; e (2) malária – malária estável versus malária instável. No entanto, isto não deve impedir o país de relatar os indicadores de impacto ou resultados (especialmente no caso do HIV) que, de outra forma, podem ser úteis para o monitoramento de sua resposta programática. Fevereiro de 2009 52 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde Para obter mais informações sobre o M&A de programas financiados pelo Fundo Global, inclusive sobre o preenchimento do quadro de desempenho, consulte o Manual de Monitoramento e Avaliação do Fundo Global.. 36 4.7 Perguntas frequentes 1. Quais são os requisitos de M&A do Fundo Global para a assinatura do contrato de subvenção? Quando as propostas, apresentadas pelos países para solicitar apoio do Fundo Global estão sendo transformadas em contratos de subvenção, o requisito de M&A prepara o caminho para o financiamento baseado no desempenho que será aplicado durante todo o período da subvenção. Os requisitos relacionados a M&A à época da assinatura do contrato de subvenção são os seguintes. Avaliação do Fundo Global relevantes deste toolkit. O quadro de desempenho é um documento legalmente vinculante anexado ao contrato de subvenção. Ele focaliza um subgrupo de indicadores do plano de M&A que são usados para medir o desempenho do programa durante sua existência. Um plano de M&A 38 é um documento desenvolvido em consulta com as principais partes interessadas que descreve como o sistema nacional de M&A funciona e como ele será fortalecido em toda a duração do plano. No mínimo, o plano de M&A deve descrever os seguintes itens ou componentes: • nome e definição dos indicadores, valores de base, resultados esperados em múltiplos anos, ferramentas e métodos usados para a coleta de dados, frequência da coleta de dados e pessoa ou agência responsável por coletar os dados, por apresentar os relatórios e fazer as análises; • produtos de informação: descrever como os dados coletados e analisados serão colocados à disposição das partes interessadas e do público em geral; • garantia da qualidade dos dados; • um plano anual de trabalho de M&A (ou como componente do plano de trabalho anual do setor) acordado entre todas as partes interessadas, que descreve as atividades de M&A, bem como responsabilidades, orçamento e cronogramas; e • o orçamento de M&A. 2. Apresentação do plano de M&A 3. Avaliação do sistema de M&A • O principal recebedor terá que completar a autoavaliação de M&A antes da assinatura do contrato de subvenção, na qual ele faz uma avaliação do seu próprio sistema de M&A nacional ou específico a um programa, identifica as deficiências e desafios de M&A e apresenta um plano (acompanhado de orçamento) de reforço do sistema de M&A. A autoavaliação de M&A é seguida de uma análise independente do plano de fortalecimento derivado dessa avaliação. Essa análise é feita pelo agente local do Fundo, que avalia se o principal recebedor indicado tem a capacidade para coletar, registrar e relatar dados programáticos com medidas apropriadas de controle de qualidade. Também inclui uma avaliação de como o plano de trabalho e o orçamento reforçarão a capacidade de M&A dentro do programa proposto. Com base nas conclusões da autoavaliação de M&A, o agente local do Fundo preenche a seção de M&A do relatório de avaliação do principal recebedor antes da assinatura do contrato de subvenção. Este toolkit (subseção 2.4) dá informações mais detalhadas sobre o conteúdo de um plano de M&A. 37 Mais detalhes sobre requisitos específicos estão disponíveis no Manual de Monitoramento e 38 36 Manual de monitoramento e avaliação. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (http://www.theglobalfund.org/en/performance/monitoring_eval uation, acessado em 15 de setembro de 2008). e nas seções 2. Qual é a diferença entre um plano de M&A e um quadro de desempenho? 1. Apresentação do quadro de desempenho • 37 Manual de monitoramento e avaliação. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 http://www.theglobalfund.org/en/performance/monitoring_evalu ation, acessado em 15 de setembro de 2008). Guidelines for submission of an M&E plan for Global Fund grants. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (http://www.theglobalfund.org/en/ performance/monitoring_evaluation, acessado em 15 de setembro de 2008) Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 3. O principal recebedor precisa ter um plano de M&A específico para o Fundo Global? O Fundo Global exige a apresentação de um plano de M&A por ocasião da assinatura do contrato de subvenção. Na maioria dos casos, o principal recebedor tem que apresentar somente um plano nacional de M&A (específico a uma doença ou para a combinação das três doenças ou específico ao setor de saúde em geral) que tenha sido preparado para monitorar a estratégia nacional à qual o programa apoiado pelo Fundo Global contribui. Mas há as seguintes exceções: • em caso de subvenção a múltiplos países – nesse caso, será preciso elaborar um plano de M&A específico para a região, alinhado com os planos nacionais de M&A de todos os países envolvidos; • o plano nacional de M&A não se apresenta suficientemente detalhado para atender aos requisitos do Fundo Global – neste caso, o principal recebedor deve preparar um anexo ao plano nacional de M&A para fornecer a informação que falta, e o Fundo Global e o principal recebedor estabelecerão em conjunto um prazo para a apresentação de um versão atualizada do plano nacional de M&A que cubra inteiramente o escopo das atividades do programa nacional ou financiadas pelo Fundo Global; • • o país não tem um plano nacional de M&A e o processo de elaboração de um plano levaria mais tempo do que o período de negociação da assinatura da subvenção – neste caso, poderá ser preparado um documento provisório que será atualizado ou substituído depois de elaborado o plano nacional de M&A; e o principal recebedor é uma organização da sociedade civil – neste caso, o principal recebedor deverá apresentar um plano de M&A que delineia as atividades de M&A em atendimento às diretrizes do plano de M&A e descreve como elas estão integradas ao sistema nacional de M&A. 53 4. Os resultados esperados que constam da proposta podem ser modificados durante a aplicação da subvenção? Os resultados esperados devem ser coerentes com os indicados na proposta apresentada ao Fundo Global e não podem, normalmente, ser modificados durante a implementação. Os resultados esperados somente poderão ser revistos (aumentados ou reduzidos) em circunstâncias especiais e em atendimento à diretriz estabelecida pelo Secretariado do Fundo Global, 39 conforme se descreve brevemente abaixo: • quando os resultados originalmente esperados foram grandemente subestimados – isto fica geralmente aparente durante o processo da Fase 2, quando os resultados são ultrapassados em muito com um dado orçamento (neste caso, os resultados esperados precisam ser aumentados para a segunda fase do programa); • quando dados atualizados, confiáveis e colocados à disposição por levantamentos internacionalmente reconhecidos e sistemas de vigilância demonstrarem que os dados de base necessitam ser ajustados para cima ou para baixo e, como consequência, os resultados esperados também têm que ser ajustados – isto também se aplica quando as tendências da doença ou estimativas de população mudam, o que por sua vez modifica as premissas sobre as quais as projeções de resultados esperados foram feitas à época da preparação da proposta; • quando mudam as fontes de financiamento das atividades do programa (por ex., ajustes dos parceiros financeiros ou em espécie) e/ou os preços de bens ou serviços flutuam substancialmente; e • quando há algum erro óbvio (por ex., pressupostos incorretos ou erros matemáticos) na proposta. Na maioria dos casos, os pedidos de revisão de resultados esperados devem ser apoiados por documentação técnica relevante e/ou corroborados por agências técnicas tais como a OMS ou UNAIDS. Uma mudança importante das atividades e resultados esperados em termos de escopo e escala exigirá a realização de uma consulta com o Painel de Revisão Técnica do Fundo Global. 39 Fevereiro de 2009 O Fundo Global tem uma diretriz referente a mudanças no escopo e escala das propostas apresentadas ao Conselho. 54 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde 5. Como o país deve planejar para apresentar proposta de financiamento além da Fase 2? O financiamento além da Fase 2 (também conhecido como Canal de Continuação) oferece um canal alternativo para que as subvenções que demonstrem um desempenho sólido possam continuar a receber financiamento (por 6 anos, em vez dos 5 anos das subvenções por rodada) para as atividades existentes (quando for apropriado ao contexto atual da doença) e para ampliar o pacote de intervenções ao qual contribuía a subvenção prestes a expirar. Ele oferece um incentivo para apresentar uma proposta pelo canal de continuação “além da Fase 2” e obter, assim, mais financiamento para as mesmas intervenções às quais a subvenção original já contribuía ou para um pacote mais amplo. Esse alargamento programático inclui mudanças na escala e/ou escopo das intervenções para permitir que o programa se alinhe com as necessidades do país, que podem ter mudado, e para criar programas mais eficazes e sustentáveis de prevenção e controle da doença. Além disso, um candidato qualificado tem que demonstrar que as metas e objetivos da proposta contribuirão ao potencial de impacto sobre a doença relevante e provar que há sustentabilidade. O planejamento para obter financiamento para além da Fase 2 exige programar a medição do impacto o mais cedo possível durante a implementação da subvenção, de forma a poder demonstrar resultados a tempo. Isto inclui indicadores claros, valores de base e resultados esperados de alta qualidade e mecanismos de financiamento da coleta e análise dos dados. Os candidatos qualificados podem geralmente solicitar que as atividades continuem sob a proposta anterior de subvenção. Mas onde for necessário, essas atividades anteriores podem (e, em casos relevantes, devem) ser alteradas para responder às mudanças das informações sobre a epidemiologia da(s) doença(s). De forma semelhante a uma solicitação de uma rodada regular de financiamento, o quadro de desempenho para os próximos 6 anos precisa ser apresentado como parte da documentação exigida. Em função disso, o quadro de desempenho será preparado para os primeiros 3 anos da subvenção sob canal de continuação com base nos mesmos princípios em que se baseia uma solicitação para a Fase 2 de uma subvenção. O Manual de Monitoramento e Avaliação do Fundo Global 40 resume os aspectos principais da preparação do quadro de desempenho para além da Fase 2. O financiamento para além da Fase 2 e as rodadas subsequentes levaram, em alguns países, a uma abordagem de financiamento e implementação centrada no projeto. Para aumentar sistematicamente a cobertura dos serviços às populações necessitadas e, como resultado, contribuir à meta sobrejacente do programa, os países devem preparar uma proposta holística baseada numa avaliação abrangente das necessidades e sólida do ponto de vista epidemiológico. Para ver mais perguntas frequentes sobre o financiamento além da Fase 2, consulte o website do Fundo Global.. 41 6. Quando um programa pode passar a relatar resultados esperados no âmbito nacional? Idealmente, o pedido para relatar resultados esperados em nível nacional deve ser feito no momento de apresentação da proposta. No entanto, um principal recebedor poderá seguir em frente com a mudança por ocasião da Fase 2 ou solicitar isto além da Fase 2 também. Os resultados esperados nacionais podem ser relatados fora da abordagem do setor como um todo (ver a pergunta 7 adiante) e somente para indicadores relevantes selecionados do quadro de desempenho do Fundo Global, se ocorrerem as seguintes condições: • • • • • 40 41 existência de uma estratégia nacional válida de controle da doença ou do setor de saúde, com resultados esperados em múltiplos anos; quando o Fundo Global estiver financiando um elemento essencial das áreas de prestação de serviços, por exemplo fornecimento de medicamentos, recursos humanos, infraestrutura (inclusive clínicas, laboratórios e unidades de teste) e/ou o sistema de distribuição e logística de saúde; o Fundo Global contribui com recursos financeiros significativos ao programa nacional; as contribuições financeiras do governo e dos parceiros encontram-se mapeadas; e programa nacional tem tido um bom desempenho e não há registros históricos de problemas de qualidade de dados. Manual de monitoramento e avaliação. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (http://www.theglobalfund.org/en/performance/monitoring_eval uation, acessado em 15 de setembro de 2008) Rolling continuation channel frequently asked questions. Version 4. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (http://www.theglobalfund.org/en/fi les/apply/rcc/RCC_FAQ.pdf, acessado em 15 de setembro de 2008). Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global 55 7. Como relatar os resultados quando se aborda todo o setor de saúde? No contexto de uma abordagem de todo o setor, é tão importante que os governos nacionais e os doadores tenham informações completas sobre o sistema de M&A quanto nos esquemas tradicionais de financiamento, pois essas informações é que mostram o progresso no alcance das metas nacionais de saúde e informam as decisões de investimento de recursos. Numa abordagem de todo o setor, as seguintes condições precisam ser atendidas para que o principal recebedor relate ao Fundo Global os resultados esperados no âmbito nacional: • • • • É preciso haver uma estratégia nacional válida de controle da doença ou do setor de saúde, com resultados esperados definidos para múltiplos anos. É preciso haver um plano nacional de M&A coerente com a estratégia nacional e de acordo com os requisitos do Fundo Global para o plano de M&A. É preciso haver uma matriz ou quadro de desempenho (também chamado de quadro de resultados) criado a partir do plano de M&A, que apresente todos os indicadores usados para monitorar o progresso da implementação do programa. A matriz ou quadro de desempenho pode ser para todo o setor de saúde ou pode ser específico à doença. Seja qual for a opção escolhida, ele deve atender aos padrões de qualidade estabelecidos pelos requisitos de M&A do Fundo Global. Se este quadro de desempenho contiver somente indicadores de resultados e impacto de alto nível, o Fundo Global poderá pedir ao principal recebedor que forneça indicadores adicionais que melhor abordem as atividades financiadas pelo Fundo Global. O Fundo Global chegará a um acordo com o principal recebedor e os parceiros comuns responsáveis pelos mecanismos de financiamento sobre os indicadores específicos às doenças e indicadores de fortalecimento dos sistemas de saúde que as revisões de meio e fim de ano deverão considerar. Para implementar o financiamento baseado no desempenho, deverão ser feitas revisões regulares de desempenho de meio e fim de ano em colaboração com outros parceiros, as quais deverão seguir, de modo geral, os mesmos princípios de revisão do desempenho dos outros programa financiados pelo Fundo Global. Os resultados de meio e final de ano devem ser apresentados dentro de pelo menos 3 a 6 meses do Fevereiro de 2009 • fim do período a relatar e devem incluir explicações de possíveis desvios dos resultados esperados. Nesse processo, o Fundo Global, como fazem outros parceiros, considerará relatórios de meio ou fim de ano específicos às doenças ou levantamentos adicionais; informação contextual relacionada ao setor de saúde e/ou sistemas de saúde (compras, financeiro, M&A e recursos humanos); desempenho geral do setor; e circunstâncias excepcionais definidas que estão fora do controle do principal recebedor. Se os resultados do meio do ano não forem fornecidos dentro do prazo requerido de 3 a 6 meses, o Fundo Global não terá condições de proceder com os desembolsos de valor integral e no momento mais propício. Baseado na rolagem dos resultados esperados para o triênio, o processo de revisão anual chegará a um acordo sobre (1) a necessidade de ajustar os resultados esperados (nos próximos dois anos) e (2) os resultados esperados para o 3o ano do próximo período trienal. Mas, em geral, os resultados esperados definidos no quadro de desempenho para os próximos três anos não podem ser modificados. Se for preciso modificar os resultados esperados, aplicam-se as mesmas condições que as de outras subvenções do Fundo Global. 42 O processo para a avaliação da Fase 2 no caso de subvenções controladas por um mecanismo de financiamento comum resulta inteiramente do processo de revisão anual. O momento de execução dessa avaliação deve estar alinhado com o ciclo de apresentação de relatórios do mecanismo de financiamento comum. A documentação exigida para a proposta da Fase 2 é a mesma que para as outras subvenções, porém ela resulta de dados e relatórios nacionais já existentes. 8. Qual é a estrutura do Fundo Global quanto à qualidade de dados? O Fundo Global, com os parceiros, desenvolveu uma estrutura para avaliar sistemas de M&A e, especialmente, a qualidade dos dados relatados. • 42 Ferramenta de fortalecimento dos sistemas de M&A. Esta é uma estrutura para os países diagnosticarem seus sistemas de M&A, usando um processo participativo e dentro do objetivo de fortalecer a capacidade e identificar as medidas O Fundo Global tem uma diretriz sobre mudanças no escopo e escala das propostas aprovadas pelo Conselho. 56 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde de fortalecimento para focalizar o orçamento de M&A da subvenção nas áreas específicas do plano de M&A que necessitam de financiamento. As medidas de fortalecimento devem apoiar o reforço do plano de M&A e do plano de trabalho de M&A em nível nacional. 43 • • 43 Verificação dos dados no local. Este método dá orientação aos agentes locais de financiamento do Fundo Global para conduzir uma verificação dos dados nos próprios pontos de prestação de serviço. O método consiste em agregar os dados de registros primários e comparar os números recontados com os resultados contidos nos relatórios de resumo, chegando até o nível nacional. A verificação de dados no local é realizada uma vez ao ano para cada subvenção, de preferência combinando avaliações dos mesmos indicadores de todas as subvenções relacionadas à mesma doença. Além da verificação dos dados de rotina, um exercício extra de verificação de dados poderá ser necessário quando existirem problemas de qualidade dos dados. Em um modelo padrão de apresentação de relatório, o agente de financiamento local resume as conclusões e recomendações das ações de remediação que devem contribuir ao fortalecimento do mecanismo de coleta de dados e à qualidade geral dos dados. Ferramenta Independente de Auditoria da Qualidade dos Dados (DQA). Este método fornece uma avaliação independente e externa da qualidade dos dados, inclusive a avaliação de sistemas nacionais de gestão de dados e a verificação minuciosa da qualidade dos dados relatados para indicadores essenciais em alguns locais selecionados. As auditorias de qualidade dos dados são realizadas a cada ano com cerca de 5% de toda a carteira de subvenções do Fundo Global. Essas subvenções são selecionadas aleatoriamente ou quando os gestores do programa, o Fundo Global ou outras partes interessadas no país percebem que existem problemas de qualidade dos dados. O relatório de auditoria final resume as conclusões da equipe de auditoria e inclui recomendações de como melhorar a qualidade dos dados diretamente ligados às conclusões da auditoria. Execução de uma autoavaliação de M&A. Em: Manual de Monitoramento e Avaliação. Genebra, Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária, 2008 (Module 4; http://www.theglobalfund.org/en/performance/monitoring_evalu ation, acessado em 15 de setembro de 2008). Essas três ferramentas se complementam e, desta forma, oferecem uma abordagem bastante abrangente da questão de qualidade dos dados durante o ciclo de vida da subvenção. Idealmente, antes de começar uma auditoria independente da qualidade dos dados, os recebedores de subvenções do Fundo Global devem ter previamente aplicado a Ferramenta de Fortalecimento dos Sistemas de M&A e se submetido a pelo menos uma verificação de dados no local conduzida pelo agente local do Fundo. Isto dá aos países várias oportunidades para identificar e resolver deficiências potenciais na sua gestão de dados e nos sistemas de relatórios antes de implementar uma auditoria de qualidade dos dados. Para colocar em prática uma garantia sistemática da qualidade dos dados do M&A de programas nacionais relevantes, vários parceiros desenvolvem atualmente em conjunto uma Ferramenta de Avaliação da Qualidade dos Dados de Rotina (RDQA), que é uma versão adaptada da Ferramenta Independente de Auditoria da Qualidade dos Dados. 9. Como monitorar a sensibilidade ao gênero nos programas financiados pelo Fundo Global? Para responder à crescente necessidade dos programas adotarem uma abordagem mais sensível à questão do gênero, o Fundo Global vem pedindo aos solicitantes que forneçam um quadro detalhado da epidemia em seus países, como ela afeta homens, mulheres, rapazes e moças de forma diferente e como seus programas propõem tratar desta potencial desigualdade. Isto exige que as estratégias nacionais já tenham adotado uma abordagem sensível ao gênero que, idealmente, já deveria estar refletida em seus planos de trabalho e orçamentos anuais. Ao preparar esses quadros, os países devem não só demonstrar um conhecimento da epidemia no país e a vulnerabilidade de gênero, mas também desagregar os dados por sexo e idade. Esta informação é necessária para se poder desenvolver uma resposta programática apropriada à situação prevalente. O Fundo Global pedirá aos programas que apresentem, anual ou bienalmente (dependendo da situação), dados quantitativos desagregados para serviços essenciais prestados aos beneficiários. Esta informação deve ser complementada pelos dados qualitativos que descrevem o progresso alcançado na luta por uma maior igualdade de gênero, comparado com a situação de linha de base indicada na proposta. Além disso, os solicitantes poderão considerar desagregar os dados sobre acesso a serviços de saúde nos setores público e privado e nos ambientes rural e urbano. Esta informação adicional revelaria de forma ainda melhor as possíveis lacunas e contribuiria, portanto, para Terceira edição Parte 1: Princípios e requisitos de M&A do Fundo Global definir uma evidências. resposta programática baseada 57 em A desagregação dos dados é o primeiro passo para entender a epidemia em um país, mas isto não nos fornece toda a informação necessária. Os dados desagregados não identificam e examinam, por exemplo, fatores relacionados às razões sociais e comportamentais subjacentes às diferenças no acesso aos serviços de saúde. Por isso, o Fundo Global recomenda enfaticamente que os gestores de programas e responsáveis pelas políticas públicas usem recursos das subvenções para implementar métodos qualitativos de M&A, tais como estudos de avaliação e pesquisa operacional. O acompanhamento do desempenho de programas financiados pelo Fundo Global não exigirá dados desagregados por sexo e/ou idade, exceto se as atividades forem dirigidas a grupos de um sexo específico ou de uma determinada faixa etária. Nesses casos, os principais recebedores do Fundo Global terão que apresentar relatórios sobre os mesmos com a frequência previamente acordada e, idealmente, de acordo com a programação dos relatórios nacionais. 10. Como o Fundo Global aplica ao M&A os princípios da Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento? O Fundo Global foi criado para prestar uma ajuda eficaz que tenha impacto sobre as três doenças. Como uma das organizações signatárias da Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento, o Fundo Global empenha-se integralmente em cumprir esse conjunto de princípios: apropriação pelos países, alinhamento, harmonização, gestão centrada nos resultados e responsabilização mútua. Os seguintes elementos-chave ilustram como o Fundo Global coloca na prática de M&A os princípios da Declaração de Paris. Apropriação e alinhamento • • Os países são estimulados a basear seu pedido de financiamento nas suas estratégias nacionais para a doença ou na estratégia para o setor de saúde. Os períodos de apresentação de relatórios da subvenção são alinhados de modo a coincidir com as revisões de meio e final de ano. Sempre que possível, indicadores e resultados esperados são tirados da lista nacional de indicadores e as características dos quadros de desempenho (tais como frequência e momento mais apropriado para a apresentação de relatórios sobre indicadores) devem estar Fevereiro de 2009 alinhadas com o plano nacional de M&A (se existir). • Exceto se o principal recebedor e o mecanismo de coordenação nacional tiverem boas razões para propor de outra maneira, o Fundo Global usa o sistema nacional de informações de saúde e as ferramentas e levantamentos de coleta de dados já existentes. O dinheiro do Fundo Global é investido para fortalecer esses sistemas. Harmonização com os parceiros • Entidades de coordenação de M&A, bem como estruturas e processos que já funcionam são usados para supervisionar os programas do Fundo Global. • O Fundo Global está pronto para receber análises setoriais e tirar informações contextuais necessárias e preparar relatórios programáticos e financeiros a partir desse processo. • Sistemas já existentes de avaliação de M&A estão sendo usados e podem ser usados como substitutos para atender à necessidade de uso da Ferramenta de Fortalecimento dos Sistemas de M&A. Gestão centrada em resultados e responsabilização • O alcance de resultados pela aplicação do princípio do financiamento baseado no desempenho é o principal enfoque do Fundo Global. • O Fundo Global exige a apresentação de quadros de desempenho sólidos que propiciem uma situação de transparência e responsabilização. • Os países recebedores podem usar o quanto for necessário dos fundos da subvenção para fortalecer os sistemas de M&A, inclusive o sistema de informações para a gestão de saúde, a capacidade de análise, a pesquisa operacional e os levantamentos. 11. Como os países com sistemas deficientes de M&A apresentam relatórios ao Fundo Global? Vários países, tais como os que têm guerras civis repetidamente ou sofrem de instabilidade governamental, não dispõem de um sistema nacional confiável de M&A para relatar os resultados de uma forma oportuna. Nesses casos, deve-se criar um sistema preliminar de M&A mais simples e específico para os projetos que se deseja financiar. Este sistema simplificado cobriria as áreas básicas de prestação de serviços. Mas o desenvolvimento de um sistema unificado nacional continua a ser uma prioridade 58 Toolkit de monitoramento e avaliação: HIV, tuberculose e malária e fortalecimento dos sistemas de saúde importante e, portanto, devem ser tomadas simultaneamente medidas de longo prazo para fortalecer e desenvolver um sistema nacional de M&A. Os recursos necessários, inclusive apoio técnico, devem ser orçados na proposta apresentada ao Fundo Global. 12. Quais são os aspectos essenciais a considerar ao preparar o quadro de desempenho de um programa regional? De forma semelhante a outras subvenções, o quadro de desempenho faz parte do contrato de subvenção, para uma subvenção regional. O principal recebedor deve considerar o seguinte ao preparar o quadro de desempenho. • Usar a estratégia regional de controle da doença e o plano regional de M&A com seus respectivos indicadores. Se não houver plano regional de M&A, prepare um plano específico para a subvenção, que descreva os sistemas de M&A (em funcionamento ou que serão colocados em funcionamento) para as subvenções regionais ou para os vários países apoiados pelo Fundo Global. • A disponibilidade de dados nacionais e a viabilidade de coletar e agregar esses dados no âmbito regional devem ser levadas em consideração. • Em particular, é preciso garantir o monitoramento dos indicadores de impacto e resultados nos respectivos níveis nacionais para relatar os dados agregados em nível regional. Poderá ser necessário fazer estudos em outros países para avaliar a situação de grupos-alvo específicos, tais como migrantes ou motoristas de caminhão. Isto exigirá ação coletiva e um alto nível de colaboração entre os países envolvidos. 13. O que é a consolidação de subvenções? A consolidação de subvenções refere-se ao processo de união de duas ou mais subvenções em uma só, quando estas forem implementadas pelo mesmo principal recebedor para a mesma doença. Isto inclui combinar os planos de trabalho, planos de compras, orçamentos e quadros de desempenho de várias subvenções e preparar um só contrato consolidado de subvenção. Os seguintes passos devem ser dados para preparar o quadro de desempenho de uma subvenção consolidada: • harmonizar as definições de indicadores para todas as subvenções e racionalizar o número total de indicadores, selecionando aqueles que reflitam as atividades mais importantes apoiadas pelo programa consolidado; • combinar os resultados esperados para indicadores idênticos de produtos e harmonizar os indicadores de impacto e resultados alcançados, bem como resultados esperados para todas as subvenções, alinhando os respectivos períodos de apresentação de relatórios; e • atualizar as linhas de base dos indicadores de produto e resultado esperado ou impacto de acordo com os últimos resultados relatados em função dos levantamentos nacionais e sistema de vigilância. Terceira edição © Fundo Global de Luta Contra a AIDS, Tuberculose e Malária Número ISBN: 92-9224-146-X Toolkit de Monitoramento e Avaliação - 3a. Edição, Cópia em Português