Notícia publicada no semanário do Patriarcado: "Voz da Verdade"
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Notícia publicada no semanário do Patriarcado: "Voz da Verdade"
Domingo, 15 de novembro de 2015 Semanário • 0,40 € Diretor: P. Nuno Rosário Fernandes Ano 83 • Edição nº 4188 OS FORMADORES DOS FUTUROS PADRES Na Semana dos Seminários (8 a 15 de novembro), o Jornal VOZ DA VERDADE dá a conhecer a equipa formadora do Seminário de Cristo Rei, nos Olivais, constituída por cinco jovens sacerdotes. pág.02 ‘Presépio na Cidade’ vai iluminar Lisboa | pág.06 Bispos portugueses reunidos em Assembleia Plenária | pág.06 Os 50 anos da Residência Universitária Domus Nostra, em Lisboa | pág.10 P. Nuno Rosário Fernandes Simplesmente servir Lisboa ATENDER CADA PESSOA DE FORMA INTEGRAL Centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, assinalado em Lisboa, apelou à defesa da Medicina como ‘ciência humana’.| pág.07 Editorial pág.04 Reportagem www.vozdaverdade.org Especial “A MISSÃO, HOJE, NÃO TEM FRONTEIRAS” Num encontro sobre Evangelização, no Carregado, o CardealPatriarca reconheceu que Lisboa “tem muito trabalho a fazer” na comunicação da fé aos outros. | pág.08 Guilherme d’Oliveira Martins P. Gonçalo Portocarrero de Almada Discernimento e integração 1279 Santos! Opinião pág.05 o2/ Reportagem Semana dos Seminários FORMAR GENTE QUE NÃO TENHA MEDO DE SER PASTOR Quem forma os candidatos ao sacerdócio? Como é constituída a equipa formadora do Seminário Maior da diocese? Que desafios se colocam à formação dos futuros sacerdotes? Na Semana dos Seminários (8 a 15 de novembro), o Jornal VOZ DA VERDADE dá a conhecer a equipa formadora do Seminário de Cristo Rei, nos Olivais. texto e fotos por Filipe Teixeira São cinco os padres que constituem a atual equipa formadora do Seminário dos Olivais, na Diocese de Lisboa. Aos seus cuidados estão 47 jovens candidatos ao sacerdócio, mas nem todos são de Lisboa. “É uma comunidade de vida PADRE JOSÉ MIGUEL PEREIRA 44 ANOS REITOR “A minha missão é tentar ser congregador, é conseguir que, numa coresponsabilidade, nos animemos, como equipa, para assumir esta missão de cuidar daqueles que o Senhor confia à nossa guarda, numa sintonia afetiva e pastoral com o nosso Bispo, mas também com os outros Bispos e reitores que têm aqui seminaristas. Com a ‘rapaziada’, procuro ser um bocadinho o rosto do chamamento de Deus junto deles.” Este sacerdote destaca a importância da família para o processo formativo do seminarista, embora reconheça a necessida- cristã, em formação para o sacerdócio e corresponde à última fase do itinerário de formação da Diocese de Lisboa e de outras dioceses que também fazem, no Seminário dos Olivais, a formação dos seus futuros sacerdotes”, explica o reitor deste de de um “maior aprofundamento” nesta temática. “Fazemos anualmente alguns momentos de encontro com as famílias. Depois, a propósito dos passos que vão dando, sempre que há instituições ou ordenações, as famílias são convidadas para virem ao seminário, bem como na comemoração dos aniversários”, refere o reitor, lembrando que “o caminho do seminarista também é o caminho da família, e o caminho da família também acompanha o caminho do seminarista”. Para este sacerdote, que está nestas funções desde 2011, os frutos do trabalho como formador vão-se vendo nas “vidas que se vão aprendendo a aprofundar, a solidificar em alguns dinamismos de fé, a lidar com as suas fraquezas e dificuldades”. “É muito consolador chegar ao dia das ordenações e participar daquilo que é a ordenação de um novo padre”, afirma, satisfeito. Para o reitor do Seminário dos Olivais, os desafios que se colocam na formação de novos padres são a capacidade de formar “gente que não tenha medo de ser pastor, que não seja apenas aplicador de doutrina ou de regras, mas que também não seja árbitro que faz aquilo que, em cada momento, sente. E também que sejam muito desafiados a serem pastores, a caminharem num rebanho e a confiar que é o Espírito Santo que conduz o seminário, padre José Miguel Pereira. O Seminário de Cristo Rei, nos Olivais, é o Seminário Maior do Patriarcado de Lisboa e acompanha os seminaristas do 3º ao 6º ano de Teologia – a última etapa daqueles que procuram ver confirmada a rebanho, a acompanhar proximamente cada um e o povo de Deus nos desafios que vai fazendo. É um dinamismo de comunhão, na pluralidade”, justifica. PADRE ALEXANDRE PALMA 37 ANOS PREFEITO “Enquanto os diretores espirituais fazem um acompanhamento mais interno e pessoal, os prefeitos fazem um acompanhamento mais atendendo e observando todas as outras dimensões da vida, ou seja, os estudos, a iniciação pastoral, a vida comunitária e, obviamente, a vida de oração.” O padre Alexandre Palma entrou para a equipa formadora do Seminário dos vocação a que foram chamados. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, os membros da equipa formadora deste seminário descrevem a sua missão e falam sobre os principais desafios para a formação dos novos padres. Olivais em abril de 2012. No “longo prazo”, este sacerdote considera que o grande fruto da formação de novos padres é “ver gente a crescer, ver gente que dá passos humanos, espirituais, de fé, e intelectuais”. “Nuns casos mais, noutros menos”, aponta este sacerdote, afirmando que o trabalho que é feito na formação terá, “para graça ou desgraça”, uma “reflexão no presbitério das dioceses que são formadas no Seminário dos Olivais”. “Há agora um estilo de se ser padre que tempos novos exigem”, aponta o padre Alexandre Palma. “Por um lado, somos herdeiros de gerações anteriores, de padres mais velhos que devemos saber honrar. Há um capital de generosidade e martírio, até, que devemos saber honrar, estar a altura do legado de quem nos precedeu. É uma ideia que temos de cultivar nos novos padres. É uma coisa que nos precede e que nos sucede”, define um dos dois prefeitos do Seminário dos Olivais. Para o padre Alexandre Palma, um segundo aspeto reside na existência de “um estilo de ser padre mais simplificado, no sentido de uma presença simples, que talvez venha das provocações e interpelações do Papa Francisco”. Na formação dos seminaristas, há também um desafio que passa pela http://seminarios.patriarcado-lisboa.pt Novo site reúne informação sobre os quatro seminários diocesanos, em Lisboa: Seminário de Cristo Rei, nos Olivais, Seminário de São José, em Caparide, Seminário de Nossa Senhora da Graça, em Penafirme, e Seminário Redemptoris Mater, em Caneças. Reportagem /03 preparação para um “estilo de vida presbiteral e eclesial, mais assente na lógica da comunhão”, de modo a “construir comunidades com leigos, religiosos, não crentes e ser um fator de comunhão entre pessoas” e “com o próprio presbitério, com o Bispo à cabeça”, assegura. PADRE CARLOS MIGUEL GONÇALVES 41 ANOS DIRETOR ESPIRITUAL “A minha missão é acompanhar uma pessoa que alegadamente é chamada por Deus para este ministério. Há uma história que me precede. Tenho também uma função própria de diretor espiritual, como padre, ou irmão mais velho, de ir acautelando, ajudando, mostrando caminhos, prevenindo armadilhas, enganos, para que a resposta seja a adequada ou para que seja a descoberta de que afinal Deus não chama.” Há cerca de um ano na função de diretor espiritual do Seminário dos Olivais, o padre Carlos Gonçalves acompanha, de muito perto, alguns dos candidatos ao sacerdócio que estudam neste seminário. “A caminhada espiritual dos candidatos acaba por ser a caminhada geral da sua vida, nesta fase em que eles estão a ser iniciados no ministério sacerdotal”, refere. “A minha função aparece no quadro global do seminário que tem uma proposta formativa e que é muito mais abrangente do que apenas a direção espiritual. É também dialogando com a parte mais global e do foro externo que eu ajudo estas pessoas que nós achamos que, neste momento, têm vocação ao sacerdócio”, descreve o padre Carlos Gonçalves. Neste trabalho de formação, “uma grande parte dos frutos, nem os conhecemos. Se a pessoa responde adequadamente ao chamamento de Deus e se isso acontece já é um fruto” que se “torna mais concreto com a ordenação”, afirma. “Quase sempre vemos caminhadas muito significativas de crescimento espiritual, de crescimento humano, cristão, de vida evangélica... mesmo com algum seminarista que saia do seminário porque descobriu que a sua vocação é outra. Tudo isso são frutos”, salienta. Sobre os desafios que se colocam aos novos sacerdotes, o padre Carlos sublinha que “ser padre para este tempo significa algo muito concreto: ser ao mesmo tempo rosto de misericórdia para esta humanidade, na Igreja, sem que isso seja contraditório – e não é –, com a apresentação de uma proposta firme e concreta de alguém que guia o povo, que é pastor. Outro desafio é também combater uma conceção ideológica do ministério, de militante, no fundo, trabalhar para que apareça a conceção evangélica do que é ser padre, no contexto que é a Igreja”, refere o padre Carlos Gonçalves, diretor espiritual. PADRE PEDRO LOURENÇO 42 ANOS PREFEITO E RESPONSÁVEL PELA FORMAÇÃO MUSICAL E LITÚRGICA hor Patriarca D. José Policarpo pediu-me a responsabilidade da formação musical e litúrgica no seminário. No ano seguinte, o número de seminaristas aumentou bastante com os alunos vindos de outras dioceses e foi necessário alargar as responsabilidades dos membros da equipa formadora. Então, voltei a assumir a missão de prefeito, mantendo a responsabilidade da formação musical e litúrgica no Seminário dos Olivais”, conta o padre Pedro Lourenço. Este sacerdote garante que “a preparação não passa tanto por aulas de liturgia, uma vez que o curso é feito na universidade, mas passa muito por um cuidado na preparação das celebrações, pelo acompanhamento regular”, observa. Dos desafios que se apresentam à formação dos candidatos ao sacerdócio, o padre Pedro Lourenço destaca “a consolidação interior, ou seja, uma vida espiritual intensa, bem fundamentada, porque é isso que permite partir em missão. Aquela ideia contrária, de um certo ativismo, de partir em missão conforme estamos, depois dá maus frutos”. “Para sairmos de nós mesmos também temos que nos encontrar com nós mesmos”, conclui. PADRE RUI PEDRO CARVALHO 37 ANOS DIRETOR ESPIRITUAL “Na missão como prefeito, estou a acompanhar o curso do 4º ano, com 18 seminaristas. Passa por acompanhar o dia-a-dia da missão deles, sobretudo nas coisas práticas, como por exemplo, na vida académica e na ligação com o trabalho que fazem nas paróquias ao fim-de-semana.” Foi ordenado sacerdote há 17 anos e, ao final de dois, foi trabalhar para o Seminário dos Olivais, integrando a equipa formadora. Mais tarde, foi para Roma estudar liturgia e regressou, depois, a este seminário. “Quando regressei, voltei a integrar a equipa formadora e, na altura, nem fiquei como prefeito porque o sen- “Ser diretor espiritual é conhecer o candidato por dentro e ir ajudando a estruturar um homem, um cristão, um santo e um padre, sendo também seu confessor. Vamos experimentando, através do acompanhamento, como Deus os olha com misericórdia, como os vai chamando e fazendo uma obra neles, na medida em que eles também se deixam transformar por Ele.” Em funções há um ano e meio, este jovem padre olha para o trabalho de direção espiritual como “uma sementeira”. “Quando a olhamos diariamente, parece que está sempre tudo igual mas, passado algum tempo, olhamos e vemos que há aqui coisas a acontecer. É progressivo e tem fases”, descreve. Neste trabalho de “acompanhamento interior”, o padre Rui Pedro reconhece que “Deus chama homens frágeis e pecadores” para os tornar também “curadores feridos, à imagem de Jesus”. Por isso, tornar visível “a experiência do encontro com Deus” e “serem pastores humildes e perceberem que este ministério não tem a ver com a qualidade humana dos seminaristas ou por serem o ‘supra-sumo dos cristãos’”, é o desafio que se coloca à formação dos futuros padres. O padre Rui Pedro, que é também o diretor da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, afirma que o acompanhamento das famílias e dos seminaristas é uma “mais-valia e tocam-se muito, porque os problemas que os casais vão vivendo no casamento, como por exemplo na falta de diálogo, por vezes é o problema que os celibatários têm na falta de oração”. “Na Igreja somos uma família. É um jardim com vocações muito belas, ao matrimónio e ao celibato. Elas ajudam-se, são complementares. Preparamos padres para ajudarem as famílias a serem famílias e teremos famílias que vão ajudar os padres a serem padres”, aponta. SEMINARISTAS Atualmente, o Seminário Maior de Cristo Rei, nos Olivais, tem 47 seminaristas, oriundos de várias dioceses portuguesas e estrangeiras: Lisboa, Santarém, Funchal, Aveiro, Portalegre-Castelo Branco, Leiria-Fátima, Santiago e Mindelo, em Cabo Verde, Cochim, na Índia, e São Tomé e Príncipe. Domingo, 15 de novembro de 2015 www.vozdaverdade.org o4/ Editorial SIMPLESMENTE SERVIR P. Nuno Rosário Fernandes, diretor um chamamento. Se entendermos um cargo político, uma qualquer profissão desempenhada, um simples serviço, um qualquer cuidado, uma qualquer palavra de conforto ou correção, no momento próprio. Em tudo podemos ser servos inúteis. No nosso ministério, nos serviços paroquiais, nas funções eclesiais, sobretudo, devemos assumir esta postura. O Papa Francisco tem-nos desafiado a isso, constantemente, e será o nosso testemunho que pode tocar e marcar. EM FOCO Neste Domingo termina a Semana dos Seminários. Um tempo em que fomos convidados a rezar, também, por aqueles que se predispõem a moldar o seu coração à imagem de Cristo Bom Pastor. Ele é o Servo dos servos e d’Ele podemos aprender o serviço. Reconhecendo que, apesar de todo o nosso pecado, pela sua misericórdia fomos escolhidos para servir, devemos sentir-nos ainda mais comprometidos com a missão que nos é confiada, seja ela qual for. “Fazer o que devemos fazer, com um sentido de serviço, alimentado por uma humildade interior, consciente de um fazer como discípulos de Cristo. Fazer como missão, não na procura de um poder, ou de uma satisfação de um ego, ou na expectativa da compensação que daí possa advir.” © Nuno Rosário Fernandes [email protected] Por ironia do destino, no dia em que o país estava de atenções viradas para a Assembleia da República, para ver cair o Governo que foi eleito pelo povo na sua expressão democrática que é a eleição, o Evangelho do mesmo dia deixava-nos um grande desafio: ser como servos inúteis. Esta deve ser a nossa atitude diante das coisas, dos cargos e das missões que assumimos. Fazer o que devemos fazer, com um sentido de serviço, alimentado por uma humildade interior, consciente de um fazer como discípulos de Cristo. Fazer como missão, não na procura de um poder, ou de uma satisfação de um ego, ou na expectativa da compensação que daí possa advir. Fazer como serviço, como entrega, como esvaziamento de si próprio, como oferta, como oblação da vida que se pode tornar amor para os outros. Mas estaremos nós conscientes deste desafio que nos é proposto? A resposta todos seremos chamados a dar, se entendermos, inclusive, o trabalho como dom, missão e resposta a Os seminários do Patriarcado de Lisboa reuniram-se, no dia 7 de novembro, em Penafirme, para celebrar Semana dos Seminários e o habitual Magusto de São Martinho. Na celebração da Eucaristia foram admitidos como candidatos às ordens sacras cinco seminaristas do Seminário dos Olivais. FRASES QUE MARCAM “Todos nós queremos que todos ganhem mais no sentido de uma vida mais justa para todos, mas isso significa que haja meios para cumprir tal desiderato. Creio que todos os agentes políticos com a responsabilidade que têm saibam conjugar estes fatores: o ideal que temos e os meios que temos para o atingir num quadro nacional e internacional que implica responsabilidades aqui e compromissos de fora. Mas os agentes políticos até pelo acesso que têm a dados e conhecimentos encontrem a melhor forma de o fazer.” D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, à Renascença “Os jovens são aqueles capazes de superar preconceitos e derrubar muros, barreiras, se existem, porque têm essa disponibilidade interior para gerar amizade e contribuir para este caminho da unidade.” D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre-Castelo Branco, à Agência Ecclesia, a propósito do Fórum Ecuménico Jovem “A vaidade não se limita a afastar-nos de Deus; torna-nos ridículos.” Papa Francisco, @pontifex_pt Leia todos os artigos de opinião em www.vozdaverdade.org Guilherme d’Oliveira Martins Discernimento e integração «A família ensina-nos a ultrapassar as oposições e diz-nos que temos que voltar a ser um, se quisermos gerar e criar» - afirmava Jean Lacroix, no final dos anos quarenta, num livro célebre, «Força e Fraquezas da Família» (tradução de João Bénard da Costa, Moraes, 1959). «Inimigos ou estranhos, os homens, destruindo-se a si próprios, destroem necessariamente tudo com eles; a forma mais radical de auto-negação é a negação dos outros. E é entregando-se ao outro que somos cada vez mais e criamos novos seres». Para o filósofo francês, a participação integral no mistério familiar é a plena entrega de carne e espírito. Falar de família é referir, assim, a dimensão ontológica, a expressão psicológica e moral e a consideração sociológica e jurídica. Estas considerações merecem ser lembradas perante a «Relação Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família ao Santo Padre» (24 de outubro de 2015) – que parte do «desejo fundamental de formar uma rede amorável, sólida e intergeracional da família», que se apresenta significativamente constante, «para além dos limites culturais e religiosos e das transformações sociais». O texto merece leitura muito atenta e circunstanciada, para além dos aspetos que mais interesse suscitaram à comunicação social. A família cristã é a Igreja doméstica, o que obriga à compreensão do contexto antropológico-cultural, das contradições culturais e da necessidade de se fortalecer a família, na sua complexidade, para fazer face às fragilidades. «A família é uma escola do mais rico humanismo», como nos ensinou o Concílio Vaticano II (G.S., 52), merecendo uma especial atenção por parte dos responsáveis pelo bem comum, por se tratar da célula fundamental da sociedade e por construir elos sólidos, nos quais se baseia a convivência humana, assegurando a renovação e o futuro da sociedade. Longe de corresponder a um conjunto genérico de orientações, o documento do Sínodo apresenta desafios exigentes, que obrigam a um empenhamento de todos – no sentido de responder à solidão e à precaridade, de ligar economia e equidade, de combater a pobreza e a exclusão e de articular a responsabilidade da família no tocante ao equilíbrio ecológico, à coesão e à inclusão social. Mas «seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família» - como lembrou o Papa Francisco. Importa, porém, referir a ênfase especial dada ao pa- P. Gonçalo Portocarrero de Almada 1279 Santos! Segundo a revista do Expresso, de 17 de Outubro de 2015, em Portugal, só no primeiro semestre de 2015, foram registados 1279 Santos! Em boa hora o calendário litúrgico dedica uma solenidade, que é de preceito, à inumerável multidão dos santos, no primeiro dia de Novembro, um dos tais feriados que, segundo consta, serão em breve repostos no calendário nacional. Para quem apenas se consegue lembrar de uma escassa meia dúzia de bem-aventurados portugueses, talvez surpreenda uma tão elevada cifra de Santos nacionais. Como explicar, então, os 1279 Santos, só no primeiro semestre deste ano?! A resposta é mais óbvia do que, à primeira vista, podia parecer: estes 1279 Santos não são compatriotas nossos que chegaram aos altares, mas o total dos cidadãos nacionais que, segundo o Instituto de Registos e Notariado, foram, no primeiro semestre do corrente ano, registados com este apelido... Deixando de lado a questão onomástica, de somenos importância, interessa afirmar que, mesmo sendo poucos os santos portugueses oficialmente reconhecidos como tal, são certamente muitos mais do que os beatificados ou canonizados, mas talvez não tantos quantos os que usam um nome tão expressivo da nossa tradição cristã. A ideia de que a santidade é apenas para uma elite de cristãos ou, pior ainda, que é preciso ser especial para ser santo, não é apenas errada, mas herética. Com efeito, o Concílio Vaticano II proclamou solenemente, como antes preconizara S. Josemaria Escrivá, que todos os cristãos são chamados à santidade. Os primeiros seguidores de Cristo consideravam-se, sem qualquer tipo de presunção, santos, e como tal são referidos, habitualmente, por São Paulo, nas suas cartas. A santidade não é a excepção, mas a regra da condição cristã: anormal não é quem é santo mas quem, podendo e devendo sê-lo, o não é. Um cristão que não é santo é alguém que frustrou a sua vocação, que ficou aquém do desígnio para o qual tinha sido criado, redimido e santificado. Pelo contrário, um santo mais não é do que um cristão normal, ou seja, alguém que realizou em si mesmo a plenitude Opinião /05 pel determinante da mulher na vida pessoal, familiar e social – considerando uma maior valorização da responsabilidade da mulher na Igreja. «A emancipação feminina apela a um repensamento dos papéis dos cônjuges, na sua reciprocidade e na responsabilidade comum na vida familiar». Neste contexto coloca-se o matrimónio na ordem da criação e da plenitude sacramental – a partir da fidelidade, da relevância da vida afetiva e da formação com vista ao dom de cada um. Importa, porém, compreender as dificuldades, as angústias, os conflitos, o sofrimento, a doença, a provação e as incertezas. Não podemos esquecer que a fecundidade é multímoda, como o amor é polifacetado – eros, filía e agapé – e que o sentido pleno é espiritual, o que nos conduz à misericórdia do coração e da revelação. Eis por que razão o acompanhamento pastoral da família terá de ser compreensivo das situações complexas, da necessidade de regular a conflitualidade e da recusa das soluções simplificadoras e ilusórias. Daí a importância do discernimento e da integração. O Sumo Pontífice lamentou, por isso, que alguns «corações fechados» optem por «julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas». Sem soluções ou receitas uniformes, há um apelo à compreensão humana. Os pontos 84, 85 e 86 do documento foram aprovados por mais de dois terços dos padres presentes no Sínodo (177 em 265). A fórmula do nº 85 sobre o acompanhamento das pessoas «no caminho do discernimento segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do bispo» obteve mais um voto do que o necessário, correspondendo a um forte apelo à responsabilidade nas relações interpessoais, já que «uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia de Deus, que não é negada a ninguém». Por outro lado, o número 84 afirma que os divorciados recasados têm de estar «mais integrados nas comunidades cristãs» (187 votos). Numa palavra, o Sínodo deu passos seguros no sentido da abertura, que se concretizará na inteligência, compreensão e discernimento da ação pastoral, devendo salientar-se que pela primeira vez há indicação pormenorizada de como foram votados os diversos pontos das conclusões – o que cria precedentes importantes: o da colegialidade e o da votação pública das decisões, ponto por ponto. «A experiência do Sínodo (afirmou, em suma, o Papa) fez-nos compreender melhor (…) que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão». da vida cristã para a qual tinha sido por Deus chamado. Não é o santo que é um sobredotado, mas o não santo que é, em termos de vida cristã, um frustrado espiritual. Se houve santos estranhos, com vidas insólitas, pejadas de fenómenos invulgares, não se deve pensar que foi por isso, mas apesar disso, que chegaram ao Céu. A santidade não se afere em função de acontecimentos extraordinários, mas pela forma extraordinária como se cumprem as obrigações comuns, sejam elas pessoais, familiares, laborais, políticas, sociais ou religiosas. Desde que seja moralmente lícito, tanto dá o que se faz, desde que se cumpra, com perfeição cristã, o próprio dever e, sobretudo, se ame a Deus e ao próximo. Para ser santo não é preciso mudar de actividade, de estado, de trabalho ou de local de residência, porque é na família, ofício e lugar de cada qual que se pode e deve alcançar essa meta, que é acessível a todos os fiéis, sem excepção. Por muito que nos maravilhem as biografias espectaculares de certos santos, aos quais foram concedidas grandiosas visões, ou a graça de realizarem surpreendentes milagres, a verdade é que nenhum desses bem-aventurados iguala a qualidade sobrenatural das duas criaturas mais santas de toda a humanidade: Nossa Senhora e São José. Maria não deixou, para a posteridade, a lembrança de nenhum milagre por ela realizado em vida, nem sequer nenhuma famosa receita de culinária… Seu marido, carpinteiro de profissão, também não se destacou por nenhuma obra-prima, nem protagonizou, que se saiba, qualquer feito milagroso. Contudo, ambos foram, certamente, os mais excelsos santos cristãos, pelo cumprimento amoroso das suas tão vulgares obrigações familiares, religiosas e profissionais, cheias de sentido sobrenatural e de eficácia evangelizadora. Não estranha, portanto, que Jesus tenha dedicado a quase totalidade da sua existência terrena à prosaica vida familiar, religiosa e laboral de Nazaré. Desse modo, o carpinteiro, filho de Maria e de José, ensinou o caminho da santidade que devem trilhar todos os fiéis que, imitando o divino Mestre, são chamados à perfeição da caridade através da dedicação à sua família, da sua integração e serviço na respectiva comunidade eclesial e do seu empenho na transformação do mundo, através do seu trabalho profissional. Domingo, 15 de novembro de 2015 www.vozdaverdade.org o6/ Lisboa Recolha de sangue em São Domingos de Rana Agrupamento 113 do Corpo Nacional de Escutas organiza recolha no próximo dia 21 de novembro, sábado, das 15h às 19h, no salão paroquial de São Domingos de Rana Encontro com a ACEGE Assembleia Plenária da CEP “Tratar os trabalhadores como família” Igreja procura a “renovação permanente da catequese” Num encontro com os membros da ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou que os trabalhadores das empresas devem ser tratados como família. ‘Catequese: A alegria do encontro com Cristo’ é o título do documento que os Bispos portugueses estão a debater esta semana, na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que visa a “renovação permanente da catequese”. Encontro Matrimonial São Tomás de Aquino CNJP De 8 a 22 de dezembro O movimento Encontro Matrimonial promove, de 20 a 22 de novembro, em Alfragide, Lisboa, a atividade ‘Um Fim-de-Semana muito especial…’, uma “experiência para ser vivida por casais”, que é uma “oportunidade de se conhecerem melhor e amarem-se mais” e pretende “enriquecer o sacramento do Matrimonio” e “fazer de um bom casal, um casal ainda melhor”. Um comunicado cita testemunhos de casais participantes em atividades anteriores: “é como estar em lua-de-mel outra vez”; “melhorámos muito o nosso diálogo íntimo”. Informações: [email protected] ‘Misericórdia e inquietação humana – A misericórdia no coração da humanidade’ é o tema da conferência que o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vai proferir na noite (21h30) do próximo dia 1 de dezembro, terça-feira, na igreja de São Tomás de Aquino, em Lisboa. Este encontro insere-se no ciclo de conferências ‘Bem-aventurados os misericordiosos’, organizado por esta paróquia da Vigararia Lisboa III, que terá ainda mais quatro sessões, nos dias 26 de janeiro de 2016, 1 de março, 5 de abril e 3 de maio. Informações: www.paroquiatomasaquino.com A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) deseja colocar o combate às desigualdades nas prioridades políticas. Por ocasião da conferência ‘Sociedade Desigual ou Sociedade Fraterna?’, o presidente da CNJP, Pedro Vaz Patto, recorda à Agência Ecclesia que “são vários os estudos que revelam que a desigualdade se tem acentuado”, em Portugal e a nível mundial, pelo que é necessário perceber “até que ponto” essas desigualdades são compatíveis com “uma sociedade fraterna”. “É preciso encarar o acentuar das desigualdades como algo a que há que pôr termo e inverter este ciclo”, acrescentou. A Rua Garrett, junto à Basílica dos Mártires, na Baixa de Lisboa, vai acolher o ‘Presépio na Cidade’, este ano com o lema ‘Todos os homens verão a Salvação de Deus’ (Lc 3,6). De 8 a 22 de dezembro, entre as 14h00 e as 19h00, este projeto de leigos católicos que nasceu em Lisboa no ano 2000 pretende “celebrar em grande festa o Nascimento de Jesus”. Destaque ainda para a Via da Alegria, no dia 19 de dezembro, a partir das 16h00, no Arco da Praça do Comércio, que termina com a Bênção das Grávidas, às 18h30, na Basílica dos Mártires. Informações: www.presepionacidade.org A informação foi revelada pelo presidente da CEP, no passado dia 9 de novembro, em Fátima, no discurso de abertura da reunião do Episcopado. “Bem de acordo com o ensinamento do Papa Francisco, delineia-se um perfil de crente que urge formar: o “discípulo missionário”. Daqui o objetivo da catequese: «levar cada catequizando a encontrar Cristo como um amigo que vem ao seu encontro e o chama a caminhar com Ele e a colaborar na missão, esperando dele uma responsabilidade concreta ao serviço da humanidade que Ele ama»”, anunciou D. Manuel Clemente, citando o documento em estudo, acrescentando que “o objetivo só se atingirá com a integração do catequizando em «comunidades vivas e missionárias»” e “a participação indispensável das famílias”. “Tudo exigindo catequistas convictos, que testemunhem o que já vivem, com Cristo e a partir de Cristo”, lembrou. No discurso inaugural da Assembleia Plenária, que decorreu até dia 12, o presidente da Conferência Episcopal falou do “momento que vivemos como sociedade portuguesa” e garantiu que “todos ganharemos se forem tidos em conta os princípios do pensamento social cristão”. “Trata-se, em suma, de salvaguardar a vida humana em todas as suas fases, da conceção à morte natural; da valorização da vida familiar e da educação dos filhos, com referência masculina e feminina de geração ou adoção; de satisfazer as necessidades primárias de educação, saúde, segurança social, trabalho e emprego; de promover uma vida empresarial criativa e solidária; de acolher imigrantes ou refugiados…”, exemplificou D. Manuel Clemente. © Agência Ecclesia Cardeal-Patriarca com o novo presidente da ACEGE, João Pedro Tavares © Agência Ecclesia começar por onde se aprende, porque quando não se aprende isso na família, é muito difícil aprender num compêndio”. Entretanto, a ACEGE elegeu como presidente João Pedro Tavares, um engenheiro civil de 53 anos atualmente ligado à área da consultadoria. Numa mensagem, o novo responsável, que substitui António Pinto Leite, destacou a importância de continuar a “inspirar líderes” para a verdade e justiça. © Arlindo Homem “Cada empresário cristão, onde estiver e em tudo quanto possa, olhe para aquele homem e para aquela mulher não como uma peça isolada e como mais ou menos recursos humanos, mas naquela humanidade relacional que eles têm e mantêm”, desafiou D. Manuel Clemente, num encontro com os membros desta associação profissional, que decorreu no dia 5, na igreja de São Nicolau, em Lisboa. “Isto tem implicações, como todos sabem, que nunca mais acabam, com essas famosas leis de mercado e da competição tão inexoráveis, mas onde não podemos falhar”, observou. Na sua intervenção, o Cardeal-Patriarca sublinhou ainda que o núcleo das sociedades é a própria família: “Quando [o Papa] incita as comunidades cristãs levarem isto a sério para serem, como diz o Evangelho, fermento na massa, provocarem um bom contágio nas outras realidades sociais, confessionais ou não, é porque está completamente convencido que para reestruturar uma comunidade temos de ‘Um Fim-de-Semana muito especial…’ Cardeal-Patriarca reflete sobre misericórdia Combate às desigualdades nas prioridades políticas ‘Presépio na Cidade’ ilumina Lisboa Lisboa /07 Despertar da Fé: Advento e Natal Dia 18 de novembro, das 14h30 às 18h00, na Obra Social Paulo VI, no Campo Grande, em Lisboa, realiza-se o encontro de preparação para a vivência do Advento e Natal nas instituições, famílias e comunidades (inscrições: 218810500 ou [email protected]) Centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses “Medicina deve retomar-se como ‘ciência humana’” O Cardeal-Patriarca de Lisboa congratulou-se pela “existência e persistência” que caracterizaram os 100 anos da Associação dos Médicos Católicos Portugueses. Na comemoração do centenário desta associação, D. Manuel Clemente apontou o retomar da “ciência humana” como resposta aos desafios enfrentados, hoje, pela Medicina. texto por Filipe Teixeira; fotos por AMCP “Trata-se hoje em dia de defender a sociedade duma desvalorização fatal que lhe corroesse a centralidade humana e responsável”, apontou D. Manuel Clemente, como objetivo para os membros da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP). No encontro que decorreu no passado sábado, 7 de novembro, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, o Cardeal-Patriarca referiu os incalculáveis “resultados positivos” que a associação trouxe à sociedade, ao longo destes 100 anos de existência, e fez uma resenha dos tempos primórdios de criação da AMCP, num período de transformação da sociedade portuguesa. “Há cem anos correspondia à novidade dos tempos, que exigiam participações livremente conjugadas para defender causas e promover valores. Em Portugal, e depois dos graves problemas levantados pela Lei de Separação de abril de 1911, (...) o Episcopado conclamou à “união” dos católicos, para defenderem o direito de o serem publicamente também”, referiu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, destacando depois alguns desafios para a medicina: “Os desafios culturais são grandes, pela fragmentação evidente de saberes, práticas e propósitos. Mais do que nunca, a medicina deve retomar-se como ‘ciência humana’, atendendo a cada pessoa na respetiva totalidade psicofísica e relacional”. Na primeira linha A celebração do centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses contou igualmente com a participação do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, que no seu discurso, na sessão de abertura, enalteceu a importância das associações da Igreja Católica na prestação de cuidados de saúde, em Portugal. “Muitas vezes, assistimos a alguma confusão relativamente à avaliação daquilo que tem sido [a atuação] de muitas associações da Igreja Católica no contexto da produção de cuidados de saúde, onde, com alguma frequência, se cai numa confusão entre aquilo que é a defesa do laicismo, com aquilo que, muitas vezes, não acaba por ser mais do que um anticlericalismo de primeira linha e que, logo de seguida, se tenta disfarçar com um outro qualquer discurso que, na realidade, não é consentâneo com aquilo que se disse anteriormente”, referiu o ministro, defendendo ainda a “enorme importância” que a Associação dos Médicos Católicos tem para o país. A primeira parte da comemoração do centenário contou igualmente com o discurso de abertura, pelo presidente nacional da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, Carlos Alberto da Rocha, com uma reflexão do professor catedrático Walter Osswald, com o tema ‘Médicos e Católicos: 100 anos de uma associação’, e ainda com a entrega de medalhas comemorativas do centenário aos antigos presidentes da AMCP. Cuidar com ternura Na Sala Luís de Freitas Branco, no CCB, a presidente da Associação dos Médicos Católicos de Lisboa, Sofia Reimão, apresentou uma reflexão sobre ‘Ser Médico, ser Católico: pertencer, hoje, à Associação de Médicos Católicos?’, apontando um duplo desafio para quem pertence, hoje, a esta associação profissional católica: “Procurar perceber o mundo e o contexto em que estamos inseridos na prática da Medicina e tentar, depois, encontrar uma resposta concreta, através de uma vivência, em Igreja, do testemunho de ser discípulos de Cristo, partilhando e recebendo de outros profissionais a experiência da sua vida”. Para esta profissional de Saúde, existem três pontos centrais que podem ser resposta aos desafios da Medicina nos dias de hoje. No primeiro, sobre a “Evolução e domínio da Técnica e da Ciência”, Sofia Reimão apela ao facto de “o médico não poder menosprezar os recursos tecnológicos existentes” e ser chamado a “utilizá-los como um recurso e não como finalidade em si mesmos”. O segundo ponto referido, sobre “O que é o homem? A dignidade da pessoa humana”, toca na questão do aborto e da eutanásia. São “questões fulcrais ligadas profundamente à dignidade do ser humano, dessas resultando a forma como olhamos o homem concreto”, afirma Sofia Reimão, lembrando o termo ‘cultura do descarte’, tantas vezes usado pelo Papa Francisco, na encíclica Laudato si’, para se referir ao mundo atual, onde se “esquece que o valor inalienável do ser humano”. No terceiro ponto, esta médica do Hospital de Santa Maria salienta a reflexão sobre ‘A imortalidade e o enigma da morte na sociedade moderna’ como um dos pontos centrais que podem responder aos desafios da Medicina. “Ao refletir sobre o problema da morte, somos confrontados com o derradeiro mistério do homem, encerrando em si a essência do que é ser humano: ser mortal. Centram-se, aqui, muitos dos problemas éticos da medicina e da sociedade pós-moderna, nomeadamente a eutanásia, o suicídio ou os cuidados dos doentes terminais”, considerou Sofia Reimão, deixando ainda um desafio aos médicos católicos, citando palavras do Papa Francisco, na sua última carta Encíclica: “Aprendermos e vivermos a ‘grande ternura, própria não de quem é fraco, mas de quem é verdadeiramente forte, atento à realidade para amar e servir humildemente’, aprender ‘a cuidar, motivando-nos a trabalhar com generosidade e ternura para proteger aqueles que Deus nos confiou’”. A presidente da Associação dos Médicos Católicos de Lisboa, Sofia Reimão, apresentou uma reflexão sobre ‘Ser Médico, ser Católico: pertencer, hoje, à Associação de Médicos Católicos?’ BÊNÇÃO APOSTÓLICA PARA OS MÉDICOS CATÓLICOS O encontro comemorativo do centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses culminou com a leitura da Bênção Apostólica do Papa Francisco, pelo Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, que também presidiu à Missa, no Mosteiro dos Jerónimos, no final do encontro. Domingo, 15 de novembro de 2015 o8/ Especial Encontro sobre Evangelização, na Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer EVANGELIZAR UM MUNDO COM SEDE DE DEUS O Cardeal-Patriarca reconhece que Lisboa tem “muito trabalho a fazer em termos de evangelização” e convidou os cristãos a comunicarem a fé. “A vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós”, lembrou D. Manuel Clemente, num encontro vicarial sobre Evangelização, no Carregado, onde garantiu sentir hoje na sociedade “muita avidez para falar de Deus”. texto e fotos por Diogo Paiva Brandão Na Quinta de Vale Flores, no Carregado, no primeiro encontro temático vicarial da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca começou por falar sobre o impulso evangelizador sentido pelas comunidades cristãs primitivas, frisando que “Jesus estava completamente convicto de que nos vinha responder a tudo aquilo que temos no coração”. “Ele tinha sido esperado e anunciado por tudo aquilo que nós chamamos Antigo Testamento. Ele próprio disse: ‘Eu vim dar pleno cumprimento às profecias, vim realizar plenamente o que estava na lei – os 10 Mandamentos, Eu sou Aquele por quem vocês esperavam, o Messias’. Um mundo cheio da presença de Deus, de reconciliação e de paz – Jesus estava plenamente convicto que era isso que vinha fazer no mundo”, lembrou D. Manuel Clemente, na noite do passado dia 6 de novembro. Neste sentido, sustentou, estes ensinamentos não eram apenas dirigidos “àquele pequeno grupo” dos discípulos. “Esta manifestação de Deus no mundo, esta alegria verdadeira, que tanto é para os momentos alegres como para os momentos tristes, porque está cheia da vida de Deus, era para dar aos outros. A vida de Deus é para passar de uns para os outros, como na nossa própria vida natural que passou dos nossos pais para nós. Agora, esta vida eterna passa de Jesus para os primeiros e dos primeiros para os segundos e dois mil anos depois cá estamos nós”, frisou. Um mundo com Deus, um mundo com os outros Garantindo, depois, que “receber a vida de Jesus é receber uma vida que nunca mais acaba, uma vida que transborda”, o Cardeal-Patriarca de Lisboa desafiou os cristãos da Vigararia de Alenquer ao anúncio: “A vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós. Quando é verdadeira, comunica-se. A alegria do Evangelho é uma alegria que acontece e pode acontecer em todo o lado, porque em todo o lado está esta vida de Jesus Ressuscitado. A vida de Cristo é uma vida vencedora, mas não é vencedora à maneira das vitórias deste mundo – que é gente a sobrepor-se aos outros e a ser mais que os outros, a ser melhor que os outros –; A CATEQUESE E A INCULTURAÇÃO Numa questão colocada pela numerosa assistência deste encontro sobre Evangelização, no Carregado, foi sublinhado que “a catequese não transmite a fé”. “Atingimos a mente, mas não chegamos ao coração nem à ação”, lamentou um dos sacerdotes presente. Perante este problema concreto, o Cardeal-Patriarca lembrou: “Quando evangelizamos, lançamos a semente mas também temos que ter atenção à maneira como ela vai crescer e vai dar fruto”. Depois, destacou o exemplo de inculturação, ou seja da adaptação cultural da prática da fé cristã na sua divulgação, como o Pão por Deus, no Dia de Todos os Santos, ou as Festas do Espírito Santo em Alenquer, que foram restauradas há pouco mais de uma década. Sobre as orientações do Papa Francisco aos Bispos portugueses durante a recente visita ad limina, a propósito da catequese, D. Manuel Clemente observou que “hoje existem meios técnicos e materiais que permitem uma transmissão mais ágil”, mas lembrou igualmente que “há muita oferta” às crianças e jovens. “Hoje, qualquer miúdo que vá para a catequese já viu e ouviu tanta coisa, tanto boneco, tanta imagem… portanto, a transmissão da história de Cristo já está mais misturada com outras histórias e não tem o impacto que tinha no meu tempo, porque na minha infância não havia televisão”, constatou. Neste sentido, a catequese, “como qualquer ato de Igreja, tem de ser de Igreja”, tem de “envolver a família”, “integrar a comunidade” e deve procurar, “como antigamente, um ambiente de amizade, oração, que metia brincadeira, doutrina, jogos”. “Ficávamos cheios de vida cristã!”, recordou. Especial /09 JESUS, ORAÇÃO, TESTEMUNHO O encontro sobre Evangelização, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, começou com a visualização de um vídeo (acessível em https://goo.gl/3zdxS5) do encontro do Papa Francisco com os movimentos eclesiais, na Vigília de Pentecostes, a 18 de maio de 2013, na Praça de São Pedro. À pergunta dos movimentos sobre como comunicar, de maneira eficaz, a fé, o Papa sublinhou que “o mais importante é Jesus”. “Se pretendemos avançar com mais organização, com outras coisas – coisas certamente boas –, mas sem Jesus, não avançamos, não resulta”, garantiu Francisco, lembrando ainda a importância da “oração” – o “deixar-se guiar por Ele”, porque “somos verdadeiros evangelizadores, quando nos deixamos guiar por Ele” – e o “testemunho” – porque “a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor”. Convidado a comentar o vídeo, D. Manuel Clemente observou que “o que importa na evangelização não é uma ideia, não é uma teoria, é uma pessoa, e essa pessoa chama-se Jesus”. “Olhar para Jesus, deixarmo-nos olhar por Jesus e deixarmo-nos guiar por Jesus. Como nós acreditamos que Deus vem ao nosso encontro na figura de Jesus, temos que estar muito atentos. ‘Olhar para Jesus’ é ter os olhos da alma bem abertos, para reparar na sua presença, como Ele está na nossa vida, mantê-lo muito presente na nossa memória lembrando as cenas do Evangelho em que Ele se manifestou. ‘Deixarmo-nos olhar por Jesus’, porque nós acreditamos que em Jesus Deus tem olhos humanos para nos olhar e, agora, o olhar ressuscitado de Jesus enche o mundo inteiro. Finalmente, ‘deixarmo-nos guiar por Jesus’ mostra como é tão diferente levarmos a nossa vida só a partir da nossa cabeça, dos nossos desejos, dos nossos propósitos ou deixarmo-nos guiar por aquilo que Jesus nos diz, pelo menos, no Evangelho de cada Domingo para depois toda a semana ser feita segundo aquilo que Ele lá diz”, frisou o Cardeal-Patriarca, no Carregado. “Quando se fala de evangelização é pôr o Evangelho, a Boa Nova de Jesus, na nossa vida. Depois, seja o que Deus quiser”, terminou. pelo contrário, é a vitória da vida entregue, do que se ganha quando se entrega e que se vence quando se dá e que vai ao encontro dos outros e que faz deste mundo aquilo que Jesus Cristo começou e a que chamou Reino: um mundo com Deus, um mundo com os outros”. Na sua intervenção, na noite da passada sexta-feira, D. Manuel Clemente alertou, ainda, para o drama vivido, “nos dias de hoje”, pelos “cristãos que morrem diariamente pela fé”. “Nós aqui nem temos bem a noção disso, mas o cristianismo é a religião mais perseguida”, denunciou. Lisboa, terra de missão Neste encontro em que estiveram reunidas as paróquias da Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca foi questionado sobre em que medida a evangelização levada a cabo pelos portugueses nos Descobrimentos – reconhecida no título Patriarcal da Diocese de Lisboa – pode ser inspiradora da evangelização nos nossos dias. “Com certeza que é inspiradora! O Papa Clemente XI, quando atribuiu a Lisboa o título de Patriarcado, quis lembrar o esforço missionário das missões que daqui tinham partido para todo o mundo. Hoje continua gente a partir, mas também somos missionados. Ai de nós, na nossa diocese, se desses sítios e outros, para onde os nossos antepassados foram levar o Evangelho não viessem, hoje, concretamente padres e freiras para nos trazer o Evangelho”, lembrou, reconhecendo que “ir e voltar, estar e partir ou regressar fazem parte do dinamismo do Evangelho e caracterizam Lisboa há muito tempo”. Na presença dos três Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina, D. Manuel Clemente considerou também que Lisboa é terra de missão. “A nossa dimensão patriarcal missionária abre-nos estes horizontes bonitos. Tudo isto é a vida da Igreja e é o mesmo Jesus que se transmite de uns para os outros, porque hoje em dia a nossa diocese tem cá muito trabalho a fazer em termos de evangelização”, frisou. Socorrendo-se do refrão do hino do Sínodo Diocesano de Lisboa 2016 – ‘É o sonho missionário de chegar a toda a gente. Longe ou perto, o necessário é mostrar Cristo presente’ – o Cardeal-Patriarca sublinhou a importância de mostrar hoje Cristo presente no mundo. “Isto hoje é longe, é perto, o Ressusci- tado enche o mundo inteiro! E mostrar que Ele está presente, mostrar que está presente no Evangelho que transmitimos, que recebemos e oferecemos, mostrar que Ele está presente na nossa vida”, desafiou, lembrando: “A missão, hoje, não tem fronteiras. Missão quer dizer envio: quem está com Jesus Cristo é imediatamente enviado a contar aos outros”. Falar de Deus Nesta reflexão em torno da evangelização, D. Manuel Clemente testemunhou o que tem sentido nos contactos com pessoas anónimas, nos mais diversos locais. “Hoje, em qualquer meio onde me desloco, encontro muita gente com interesse em saber coisas de Cristo, em saber coisas de Deus, em fazer conversa religiosa. É impressionante! Não há uma semana em que eu não tenha encontros espontâneos com pessoas que mostram interesse em falar de Deus. Sinto que há hoje mais interesse nisso do que noutras alturas, e às vezes onde menos se espera e de quem a gente menos espera. O Evangelho só não vende porque é de graça! Mas Ele está aí e há muita expectativa”, observou, destacando o sucesso de iniciativas de evangelização para jovens como a Missão País e os Campos de Férias Católicos. “Portanto, isto funciona! Tudo isto são sinais e não há razão nenhuma para pensar que isto passou de moda. Pelo contrário. Até noto, hoje, uma avidez, um desejo de participar, de fazer coisas e uma disponibilidade que talvez há 30, 40 anos não notasse”, reforçou. Domingo, 15 de novembro de 2015 www.vozdaverdade.org 10/ Juventude Residência Universitária Domus Nostra, em Lisboa 50 anos a ser uma casa que é nossa No dia 7 de novembro, juntaram-se 50 anos no mesmo espaço. A Domus Nostra, residência de estudantes universitárias, em Lisboa, celebrou os 50 anos de existência num dia de ação de graças, reencontros e muitos abraços. texto e fotos por Clara Nogueira A manhã já ia longa quando a entrada da Domus Nostra se encheu de caras alegres, reencontros e sorrisos de espanto. Muitas raparigas, agora mulheres, voltavam a entrar no edifício que lhes tinha servido de casa quando a que era sua estava longe.“Tu estás a mesma!”, ouvia-se vezes sem conta. Era isso e os abraços sem fim de quem já não se via há mais do que o coração pedia. Depois dos reencontros iniciais e de tempo – sempre pouco – para saber novidades e notícias, seguiu-se a celebração da Eucaristia, na capela da residência. Uma Missa presidida pelo Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente e concelebrada por sacerdotes amigos da casa, entre eles D. António Carrilho, Bispo do Funchal e antigo capelão da residência. Em busca da sabedoria que é Deus Partindo das Bodas de Caná, D. Manuel lembrou que “aquele primeiro milagre de Jesus é para agora, para quem vive e convive nesta casa”. O Cardeal destacou a atualidade do sinal, garantindo que “Jesus se dispõe a resolver os problemas mas que não os quer resolver sozinho”. O Patriarca de Lisboa apelou, por isso, à busca da “verdadeira sabedoria” e à aspiração de uma “sabedoria mais completa do que a sabedoria humana”. E garantiu que só “Deus é a sabedoria completa”. “Sabedoria é saber e sabor. Saber não só de prática mas de saborear o que se conhece. A sabedoria já é divina tal é a sua proximidade com Deus”, sublinhou D. Manuel Clemente. “Para atingir a sabedoria toda a nossa água é necessária, toda a nossa correspondência é exigida para que as nossas talhas de água fiquem bem cheias”, observou depois. E a Domus Nostra existe também “para que cada uma parta dali com a sabedoria da relação pessoal com Jesus Cristo”. A solidão acompanhada É a ser apoio nessa busca que a residência universitária se propõe na sua missão. Nascida em 1965, e localizada muito perto da Cidade Universitária, a Domus Nostra é animada pelas Filhas do Coração de Maria. A proposta é a mesma há 50 anos: colaborar na formação, atenuar a dor da separação e fazer do edifício uma verdadeira casa para quem lá vive. “Fazer da residência a nossa casa”, repete, vezes sem conta, Madalena Lopes, a atual diretora. “É assim desde o início. O futuro vai ser igual”, garantiu. Agora são 87 as residentes que ali vivem. 87 estudantes que “partilham a solidão”, explica Madalena ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Estão sós mas acompanhadas. Tudo está pensado para cada uma ter o seu espaço e o seu silêncio”, mas ao mesmo tempo “ter alguém com quem possa contar”. E aqui nada se impõe. Há espaço para que todas “sejam livres e façam as suas escolhas”, garante Madalena. “Mas claro, estamos sempre disponíveis para conversar”, frisa. Deus vai-se fazendo notar no dia-a-dia da casa. Na capela, nos momentos em que O celebram. “Deus não impomos. O lugar já fala muito por si”, conta Madalena. Amigas para a vida Prova disso são os sorrisos e boas recordações de Margarida, Joana, Teresa e muitas outras. Viveram ali no início dos anos 90. Entre uma garfada e outra, estão numa roda-viva de risos e recordações. Suspiram de espanto quando contam que já foi há mais de 20 anos que fizeram daquela a sua casa. Lembram a cumplicidade, a camaradagem, os incontáveis momentos caricatos. “Estávamos sempre acompanhadas, fizemos amigas para a vida”, garantem, entre muitos sorrisos. O banquete, que tinha começado com a Eucaristia, continuou de outra forma. No jardim, no refeitório e um pouco por toda a parte, gerações, estudantes e alunas diferentes partilharam a mesma refeição para celebrar 50 anos de uma casa que um dia foi de todas – a residência universitária Domus Nostra. Juventude /11 O Serviço da Juventude na internet www.juventude.patriarcado-lisboa.pt www.facebook.com/juventudelisboa Encontro decorreu em Alvide, Alcabideche AmarTe: a missão continua Num dia de oração, formação e missão, os jovens da diocese anunciaram a alegria do Evangelho: cantaram, conversaram, pintaram paredes e até limpezas fizeram. Tudo em nome de Jesus, na missão AmarTe. TESTEMUNHOS DE ALGUNS PARTICIPANTES Na atenção aos que estão sozinhos, nos cânticos entoados pelas ruas de Alvide ou na limpeza de uma casa: foram muitas as atividades missionárias que os participantes da missão AmarTe puderam experimentar, no sábado, dia 24 de outubro, em Alvide, Alcabideche. “Foi um desafio grande de confiança. Trabalhámos até sexta à noite e depois começámos a confiar. Não correu tudo como estava planeado mas, tudo correu com naturalidade e simplicidade! Fomos onde nos sentimos chamados por Jesus, através da Igreja, para rezar, partilhar e servir, em nome de Jesus”, diz Pedro Mateus, chefe da missão. Ao longo do dia, os participantes puderam ouvir testemunhos de quem já partiu em missão, juntaram-se em oração e, no fim, partiram para uma de seis atividades de missão (evangelização de rua, visita a idosos, oração, limpeza e pintura de casas degradadas e catequese). “Foi bom estar ali. Poder conhecer e encontrar pessoas diferentes, que têm formas diferentes de estar na Igreja, rezam de formas diferentes, estão em missão em locais e de formas diferentes! E o Amor de Deus e a missão da Igreja englobam-nos a todos”, diz o jovem da paróquia de Agualva, que está inserido no movimento Jovens Sem Fronteiras. “Para o futuro, não sei. Mas, a missão da Igreja continua!”, garante. “A Missão AmarTe deu-me a conhecer a associação ‘Just a change’. Através da ajuda de voluntários permite a remodelação de habitações de famílias carenciadas. Um projeto muito interessante e que me fez perceber que é importante que o voluntariado vá cada vez mais de encontro às reais necessidades das pessoas. Ao meu grupo coube a tarefa de limpar a casa de um idoso, que vivia sozinho e que tinha uma deficiência que o impedia de mover o braço direito.” “Jesus lançou-nos um desafio e fomos AmarTe! Foi um dia cheio, onde vários jovens se uniram e mostraram à comunidade de Alvide uma Igreja viva que sai ao encontro do outro, através de várias missões. Queremos ser discípulos missionários. Queremos descobrir a cada dia que ser missionário, mais do que fazer coisas, é fazê-las por Jesus, para que sejamos canal do Seu Amor a todos aqueles que Deus permitir cruzarem o nosso caminho.” Joana André (Paróquia de Sobral de Monte Agraço) “Conversando com outros missionários, percebemos que a maior parte das pessoas que foram alcançadas nas diversas evangelizações ficaram encantadas e ao mesmo tempo perplexas por verem jovens anunciando, com toda a alegria, o nome de Jesus. Com certeza esta missão irá gerar bons frutos, seja para aqueles que foram encontrados nas evangelizações, seja para os missionários que participaram.” “Aprendi que ser cristão não é só ir à Missa ao Domingo, mas é dar o testemunho todos os dias e mostrar que Cristo morreu por nós e que Ele é bom.” João Coelho (Belas, Caminho Neocatecumenal) Clara Marcos (Paróquia da Brandoa) Gilson Paulo (Missionário - Comunidade Aliança de Misericórdia) texto por Missão AmarTe; fotos por André Jerónimo XVII Fórum Ecuménico Jovem, em Castelo Branco Conformismo, não! Transformação, sim! Mais de 200 jovens ‘invadiram’ Castelo Branco, a 7 de Novembro, para a 17ª edição do FEJ. À organização (Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana), juntaram-se os Ortodoxos. A festa começou na Igreja de Nossa Senhora de Fátima com saudações. D. Manuel Felício levou palavras de incentivo da Conferência Episcopal Portuguesa. D. Antonino Dias fez as honras de anfitrião e deu as boas vindas a todos. O Dr. Luís Correia, Presidente da Câmara, mostrou a alegria de acolher o evento. D. Sifredo Teixeira saudou os presentes em nome do Conselho Portu- guês das Igrejas Cristãs. E a festa continuou com a oração da manhã e a partilha bíblica orientada pelo Bispo Sifredo. A não conformação e a transformação de vida foram analisadas à luz das atitudes do cego Bartimeu, da Samaritana e de Zaqueu. Concluiu com um apelo à solidariedade e ao acolhimento aos refugiados porque ‘a Fé tem de nos transformar e de transformar o mundo á nossa volta’. Os jovens reflectiram em pequenos grupos e prepararam uma oração para a Celebração Final. O almoço foi partilhado. A tarde iniciou com workshops plurais, desde a visita a Museus (Cargaleiro, Francisco Tavares Proença Júnior, Arte Sacra), até partilhas de temas e experiências como a Ecologia, o Voluntariado hospitalar e missionário, a vida sofrida dos cristãos perseguidos, as respostas sociais das Igrejas. O encerramento foi celebrativo, na Igreja de São Tiago, a partir das convicções de que só o Amor de Deus transforma, de que não há transformação sem arrependimento e confissão dos pecados, de que a transformação requer tempo para ouvir a Palavra de Deus e exige momentos de Oração. Concluiu-se que transformados por Deus, os jovens ajudam a transformar o mundo em que vivemos. Na hora da despedida, a alegria era imagem de marca e prova de que foi um grande momento ecuménico. Os abraços não esconderam a gratidão ao Departamento de Pastoral Juvenil da Diocese de Portalegre-Castelo Branco e às paróquias da Cidade que prepararam, acolheram e animaram o FEJ 2015. texto por Tony Neves; fotos por OMP Domingo, 15 de novembro de 2015 www.fundacao-ais.pt 12/ Igreja no Mundo Padre americano apoia antigos prisioneiros dos Gulags Orações clandestinas Trocou o Alasca pelas terras geladas da Sibéria para ajudar antigos prisioneiros dos Gulags. Conheceu histórias de coragem, de terços rezados em silêncio, de mulheres forçadas a abortar. Hoje, o Padre Michael Shields quer reconciliar todas estas pessoas com a vida, depois de um tempo em que foi decretada a morte de Deus… Foi um chamamento interior. O padre americano Michael Shields, dos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus, estava em retiro, em Anchorage, no Alasca, numa altura em que sentia abalados os alicerces da sua vocação. Michael ouviu como que uma voz a interpelar a sua consciência, a mandá-lo para a Rússia, para junto dos que viviam nos campos de prisioneiros, os famosos Gulags. Alguns anos antes, em 1989, o Padre Michael Shields tinha estado, de facto, num desses terríveis campos, em Magadan, onde o regime soviético depositava todos os que, de alguma forma, representavam uma ameaça ou simplesmente questionavam o poder de Moscovo. Campos de morte Foram 40 dias de retiro. A ideia de dedicar a sua vida, o seu sacerdócio, àquelas pessoas que tinham sido despojadas de dignidade, que foram empurradas para a morte nos campos gelados da Sibéria, começou a ganhar forma. No princípio, assustou-se com a ideia. Depois, compreendeu que tudo faria sentido. E foi. Em 1992, já com o regime soviético a desmembrar-se, Michael Shields decidiu trocar as terras geladas do Alaska pelas terras inóspitas e frias de Magadan. Tudo ali era como que um símbolo desses anos terríveis em que milhares e milhares de homens e mulheres foram deportados para os campos de trabalho. Muitos – um número incalculável – morreram na própria viagem. Morreram de frio, de fome, de doenças. Morreram violentados. Morreram esgotados. forçados, da vida nos barracões, da violência dos guardas, era como que avivar uma ferida que teimava em não sarar. Muitos dos que foram desterrados para os campos de Magadan provinham de países do então império soviético com uma forte tradição cristã: Polónia, Ucrânia, Lituânia… Se o regime havia decretado a morte de Deus, ali, nos Gulags, seria inimaginável qualquer manifestação de fé. Orações clandestinas E, no entanto, todos os dias havia quem rezasse. “Eles rezavam em silêncio. Nem sequer moviam os lábios para não lançarem qualquer suspeita”, explica o Padre Michael recordando as muitas conversas com antigos prisioneiros. “Uma mulher disse-me que nunca tinha experimenta- do uma Páscoa tão indescritível como no campo de trabalhos forçados. Eles guardavam pedaços de pão e assim celebravam juntos a Páscoa.” Todos os condenados para os Gulags sabiam que provavelmente não sobreviveriam à prisão. Tudo ali era violento, agreste, miserável. Mas foi ali, naqueles barracões onde se amontoavam os presos políticos do regime soviético, que aconteceram as mais incríveis histórias de abnegação e coragem. Histórias de fé que o Padre Michael nunca mais conseguirá esquecer. zes é tratado. Chama-se Braslava e um dia decidiu prescindir do pedaço de pão escuro que era distribuído aos prisioneiros para fazer pequenos rosários. Amassando o pão, juntando cinza dos pequenos fogões a lenha que havia nos quartéis, ela fazia as bolinhas que iria transformar em contas que deixava a secar. À noite, no escuro, com uma agulha feita com uma espinha de peixe, e com uma linha arrancada da sua própria roupa, ia fazendo os rosários. Depois, oferecia-os aos outros prisioneiros, explicando-lhes o significado daquela oração. Histórias de fé Trabalho pró-vida Uma das mulheres que sobreviveu aos trabalhos forçados é agora uma grande amiga do “padre americano”, como às ve- “O Senhor está a abençoar o nosso trabalho e a abrir portas que durante muito tempo estiveram fechadas. Honrar a memória Quando chegou a Magadan, o Padre Michael estava decidido a ajudar o maior número possível de pessoas. Era preciso honrar a memória dos que tinham falecido e era urgente ajudar os que conseguiram sobreviver. Foi difícil. Poucos aceitaram falar. Lembrar os tempos dos trabalhos A missão do Pe. Michael é ajudar os sobreviventes dos Gulags a reconciliarem-se com a vida. Rosário de pão e cinza, feito secretamente por prisioneiros nos Gulags para os ajudar a manter a fé. São imensas as cicatrizes do sofrimento que se escondem nas ruas, nas casas, nos próprios rostos dos que habitam hoje em Magadan. Para o Padre Michael, a sua missão é clara: ajudar os sobreviventes dos Gulags a reconciliarem-se com a vida, a aprenderem o verdadeiro significado da palavra perdão. Mas há outro trabalho que mobiliza todas as suas energias. O regime soviético usou o aborto como meio de controlo de natalidade, obrigando milhares e milhares de mulheres a interromperem a gravidez. Desenvolver um trabalho pró-vida é, agora, uma das missões do “padre americano”. Com o apoio da Fundação AIS, abriu, em 2008, a Estalagem da Natividade numa aldeia junto a Magadan e tem sido surpreendente o impacto desta iniciativa junto da população local. O Padre Michael está eufórico. “Tem sido maravilhoso, porque a Rússia está a voltar uma página na sua história e agora quer que haja mais crianças”, diz, acrescentando: “O Senhor está a abençoar o nosso trabalho e a abrir portas que durante muito tempo estiveram fechadas.” texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre www.fundacao-ais.pt | 217 544 000 Roma /13 com Aura Miguel Jornalista da Rádio Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão Papa apela ao convívio familiar “Jantar agarrado ao telemóvel não é uma família, é uma pensão”, manifestou o Papa Francisco. Na semana em que visitou Florença, o Papa voltou a falar da missão do Bispo. Foi ainda anunciada a vontade de Francisco ir a Auschwitz rezar e foi assegurado que a reforma, em curso, do Vaticano vai continuar. 1. 2. 3. 5. 4. 1. O Papa lamenta a fraca convivência a que muitas vezes se assiste nas famílias. “A convivência é um termómetro seguro para medir a saúde das relações: se na família alguma coisa não está bem, ou há uma ferida escondida, à mesa, percebe-se logo. Uma família que quase nunca come em conjunto ou que, à mesa, não fala mas vê a televisão ou olha para o smartphone, é uma família ‘pouco família’. Quando os filhos, à mesa, estão agarrados ao computador, ao telemóvel e não se ouvem uns aos outros, isto não é família, é uma pensão”, observou, na audiência-geral desta quarta-feira, 11 de novembro. Ainda a propósito da imagem de uma família reunida à mesa, o Papa Francisco lembrou a desigualdade a nível global sobre o acesso aos alimentos. “Nos países ricos somos induzidos a gastar dinheiro para comer excessivamente e, depois, somo-lo de novo para remediar o excesso. Este negócio insensato desvia a nossa atenção da verdadeira fome do corpo e da alma. Quando não há convivência, há egoísmo, cada um só pensa em si, ajudado pela publicidade que a reduziu a uma linguagem de lanches e guloseimas, enquanto tantos, demasiados irmãos e irmãs, ficam fora da mesa. Isto é uma vergonha!”, concluiu. 2. O Papa referiu, em Florença, que a reforma da Igreja é mais do que mudar “estruturas” e implica a mudança de uma atitude “defensiva”, centrada no passado. “Diante dos males ou dos problemas da Igreja é inútil procurar soluções em conservadorismos ou fundamentalismos, na restauração de comportamentos e formas ultrapassadas que nem sequer culturalmente têm capacidade de ser significativas”, alertou, na passada terça-feira, 10 de novembro, num longo discurso proferido perante os 2500 participantes no 5º Congresso Nacional da Igreja Católica na Itália. Na Catedral de Florença, Francisco sustentou que a missão dos católicos é “trabalhar para fazer deste mundo um lugar melhor”, inspirados numa “fé revolucionária”. O Papa manifestou o seu apoio a uma Igreja “inquieta”, que consiga estar mais perto dos abandonados e de quem falha. “Sonhai também vós com esta Igreja, acreditai nela, inovai com liberdade”, pediu. Durante a tarde, na Missa celebrada no estádio Artemio Franchi, em Florença, que se apresentava completamente cheio, o Papa afirmou que, tal como Jesus, a Igreja deve viver no meio do mundo e aí levar a sua fé. “Conservar e anunciar a fé em Jesus Cristo é o coração da nossa identidade cristã”, salientou. 3. O Papa voltou a afirmar que o episcopado é um serviço e não uma honraria. Na ordenação episcopal de D. Angelo De Donatis, novo Bispo Auxiliar de Roma, que decorreu no dia Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a 9 de novembro, o Papa Francisco lembrou que “o Bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado que pelas honrarias recebidas”. “Anuncia a Palavra em cada ocasião oportuna e, às vezes, não oportuna; admoesta, censura, mas sempre com doçura; exorta com magnanimidade e doutrina”, sublinhou. “As tuas palavras sejam simples, que todos entendam, que não sejam longas homilias. Permito-me dizer-te: recorda-te do teu pai, de como ficou feliz por ter encontrado uma outra paróquia onde se celebrava a Missa sem homilia! Que as homilias sejam a transmissão da graça de Deus: simples, que todos entendam e todos tenham a vontade de se tornarem melhores”, desejou o Papa, fazendo um pedido concreto: “Peço-te, como irmão, sede misericordioso. A Igreja e o mundo têm necessidade de tanta misericórdia. Tu ensinas aos presbíteros, aos seminaristas o caminho da misericórdia. Com palavras, sim, mas sobretudo com a tua atitude”. 4. O Papa Francisco manifestou o desejo de visitar o antigo campo de concentração nazi de Auschwitz, durante a sua visita à Polônia, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude ( JMJ), em Cracóvia. A informação foi revelada esta segunda-feira, dia 9, pelo presidente polaco, Andrzej Duda, após uma audiência com o Papa. Segundo Duda, o Santo Padre quer visitar a cidade de Czestochowa e “poder rezar” em Auschwitz, que se tornou um monumento em memória das vítimas do holocausto. 5. O Papa reagiu, no passado Domingo, 8 de novembro, às recentes polémicas sobre as atividades financeiras da Santa Sé, após a publicação de dois livros com documentos confidenciais do Vaticano, e garantiu que a “reforma” em curso vai continuar. “Quero assegurar-vos que este triste facto não me desvia, certamente, do trabalho de reforma que estamos a levar por diante, com os meus colaboradores e com o apoio de todos vós”, referiu, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, na reci- tação do Angelus. Numa intervenção acolhida com muitos aplausos, Francisco começou por reconhecer que muitas pessoas ficaram “perturbadas” com as notícias que circulam nos últimos dias “a propósito de documentos confidenciais da Santa Sé, que foram subtraídos e publicados”. “Por isso, gostaria de dizer-vos, antes de mais, que roubar estes documentos é um crime, um ato deplorável que não ajuda”, lamentou. Na segunda-feira anterior, dia 2 de novembro, o Vaticano tinha anunciado a detenção de monsenhor Lucio Angel Vallejo Balda e de Francesca Chaouqui, respectivamente secretário e membro da Comissão relativa ao estudo e orientação sobre a organização das estruturas económico-administrativas da Santa Sé (COSEA), instituída pelo Papa em julho de 2013 e posteriormente dissolvida, após cumprir o seu mandato. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou depois que os dados revelados nos livros ‘Via Crucis’, de Gianluigi Nuzzi, e ‘Avarizia’, de Emiliano Fittipaldi, publicados em Itália, têm a sua origem na COSEA. O Papa explicou que foi ele próprio a “pedir que se fizesse este estudo” sobre a situação financeira e patrimonial das instituições da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. “Eu e os meus colaboradores conhecíamos bem estes documentos e foram tomadas medidas, que começaram a dar frutos, alguns dos quais visíveis”, assinalou ainda Francisco. “Agradeço-vos e peço-vos que continuem a rezar pelo Papa e pela Igreja, sem deixar-vos perturbar, mas seguindo em frente com confiança e esperança”, concluiu. Domingo, 15 de novembro de 2015 www.vozdaverdade.org 14/ Missão www.fecongd.org FEC promove Seminário Internacional ‘Repensar o Desenvolvimento, Reinventar a Cooperação’, em Lisboa Ao celebrar 25 anos, a FEC – Fundação Fé e Cooperação realiza um Seminário Internacional, no próximo dia 19 de novembro, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, entre as 9h00 e as 19h00. Com o tema ‘Repensar o Desenvolvimento, Reinventar a Cooperação’, pretende-se impulsionar o pensamento da sociedade civil, ONG, cidadãos, financiadores, apoiantes e governos sobre como construir um futuro sustentável com uma sociedade civil dinâmica, robusta e pertinente. Ao longo do dia haverá espaço para debater e analisar tendências para discernir o que o futuro reserva e como devemos ajustar estratégias, políticas e práticas a um contexto em constante mudança. Iremos lembrar 2015 como um ano chave no setor do desenvolvimento? A agenda global do desenvolvimento define este ano como um marco. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabeleceram um novo conjunto de metas que são mais inclusivas, atingindo todos os países como mais ambiciosos que os seus antecessores, os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, envolvendo temáticas ambientais e novos atores na área do desenvolvimento. Dada a oportunidade e urgência de uma tomada de consciência profunda, o Papa Francisco veio marcar esta agenda com a publicação, em junho, da Encíclica Laudato si’, sobre o Cuidado da Casa Comum, marcando presença na Cimeira da ONU em setembro e lembrando que o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral. Mas, por trás desta agenda global para o desenvolvimento, irão as pessoas que enfrentam a pobreza e a falta de oportunidades nas suas vidas lembrar 2015 como um tempo de mudança? Irão as sociedades civis, em todo o globo, fazer eco das vozes das pessoas e defender os seus, os nossos direitos? Citando Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, “iremos ser capazes de viver de acordo com o desafio de não deixar ninguém para trás? Num contexto de rápida mudança e incerto, este é um desafio para todos. As sociedades civis não são exceção e devem desempenhar um papel de liderança”. que poderão ser alcançados entre diferentes abordagens de desenvolvimento, será cada vez mais decisivo para o futuro das sociedades. Que Desenvolvimento? Que tipo de cooperação? Qual o papel para as sociedades civis e para as ONG internacionais? A realidade mostra-nos que existe uma necessidade fundamental de mudança de paradigma. A FEC (enquanto membro de uma ampla rede de agências) acredita que a procura de alternativas para o Desenvolvimento “engloba uma nova narrativa de bem-estar humano integrada na criação, com respeito pela igualdade de género, fundamentada na solidariedade e com uma economia ao serviço da sociedade que respeite limites e os recursos naturais do planeta”. Os elementos chave que sustentam esta visão incluem: uma repartição mais justa e equitativa dos recursos, associada a um respeito pelos limites dos recursos naturais; sistemas de governação nos quais as relações de poder e as regras democráticas e globais permitam o florescimento de alternativas locais; economias baseadas no bem comum e que promovam atores diversificados e estruturas descentralizadas. Definir os modelos de desenvolvimento que vencerão, ou identificar os compromissos A FEC e outras agências de desenvolvimento acreditam que, enquanto ONG, precisamos de reexaminar as nossas relações com as organizações parceiras à volta do mundo; investir numa abordagem de rede e aumentar o nosso apoio ao fortalecimento das iniciativas das pessoas e dos movimentos sociais. Ao mesmo tempo, também precisamos de revitalizar as raízes nas nossas comunidades e comprometermo-nos em debates que preocupam os nossos próprios modelos de sociedade. Parcerias institucionais, trabalho de influência política, trabalho comunitário, divulgação junto da opinião pública e financiamento devem conseguir juntar-se num conjunto coerente. Ao celebrar os seus 25 anos, a FEC – Fundação Fé e Cooperação gostaria que este Seminário Internacional impulsionasse o pensamento da sociedade civil, ONG, cidadãos, financiadores, apoiantes e governos sobre como construir um fu- turo sustentável com uma sociedade civil dinâmica, robusta e pertinente. Gostaríamos de debater e analisar tendências para discernir o que o futuro reserva e como devemos ajustar estratégias, políticas e práticas a um contexto em constante mudança. Queremos partilhar boas práticas e gerar um debate que conduza à ação. Pois acreditamos que mais do que nunca é fundamental Repensar o Desenvolvimento e Reinventar a Cooperação. No final do dia irá decorrer o lançamento do filme ‘5 Crianças - 5 Direitos’, produzido pela FEC e realizado por Tiago Leão, e que encerrará ao som da cantora guineense Karyna com temas criados para a banda sonora do filme. Porque acreditamos que mais do que nunca é fundamental Repensar o Desenvolvimento e Reinventar a Cooperação. PROGRAMA E INSCRIÇÕES Pode consultar o programa completo do seminário em: http://www.fecongd. org/fec/pdf/seminario25anos/seminarioFEC25anos_programa.pdf As inscrições serão limitadas à lotação da sala e podem ser feitas em: https:// goo.gl/UTZ92s Venha celebrar os 25 anos da FEC! www.twitter.com/vozverdade Domingo /15 www.facebook.com/vozdaverdade À PROCURA DA PALAVRA SUGESTÃO CULTURAL Família Franciscana em Portugal DOMINGO XXXIII TEMPO COMUM Ano B “Hão-de ver o Filho do Homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória.” Ordens e outras formas de vida consagrada O livro ‘Família Franciscana em Portugal Ordens e outras formas de vida consagrada’ procura ser um dicionário sobre a vida consagrada franciscana em Portugal. “O tronco da espiritualidade franciscana gerou, nestes oitocentos anos de história, várias ordens religiosas masculinas e femininas que reinterpretaram o legado espiritual do Pai fundador e o adaptaram a cada tempo através de modelos institucionais de vocação e configuração diversa. [...] Esperamos que esta edição especial de um dicionário sobre a vida consagrada franciscana em Portugal seja uma oportunidade para dar a conhecer melhor a extraordinária fecundidade do carisma franciscano e para se perceber a importância transformadora e modeladora que este carisma teve a continua a ter na história e na sociedade portuguesas”, refere a Apresentação da obra, da autoria de José Eduardo Franco. ‘Família Franciscana em Portugal - Ordens e outras formas de vida consagrada’ é publicado com a chancela da editora Lucerna. Mc 13, 26 A esperança é uma coisa boa Eis o que dizia um dos personagens do filme “Os condenados de Shawshank”, enquanto, sem ninguém saber, escavava o túnel por onde iria fugir da prisão em que se encontrava inocentemente condenado. Perante as mais desesperadas situações, torna-se difícil acreditar nisto, principalmente porque as nossas referências são sobretudo os passados “felizes”, mas, como dizia há dias o psicólogo Eduardo Sá, a propósito de adolescentes com saudades da infância, “o melhor do mundo é o futuro.” Não sei se é este dinamismo do futuro que desde cedo me fez ter o “bichinho” da ficção científica, mas encanta-me toda a expectativa de surpresa que cada momento e cada dia traz consigo. As descrições evangélicas do fim dos tempos apontam-nos, em linguagem simbólica, um horizonte de esperança. Mesmo o tema do juízo final sublinha o encontro com a verdade de nós mesmos e a verdade de Deus, e essa já nos foi revelada por Cristo como amor. Não pretendem atemorizar-nos, mas despertar-nos para o essencial, iluminar as nossas escolhas. O futuro não é simplesmente a consequência do presente, pois há sur- pelo P. Vítor Gonçalves presas que não determinamos, mas depende muito da orientação que escolhemos. Há quem se instale num passado ideal que nunca consegue reproduzir, ou num presente acomodado e se deixa ir com o vento, ou ainda num futuro pintado de negro que produz cegueira no presente. Por isso, a esperança é a melhor aposta, mas não a podemos limitar nem impor condições. Gosto de lembrar o que dizia Charles Péguy no seu “Pórtico do mistério da segunda virtude”: “Mas a esperança, diz Deus, cá está o que me espanta. / A mim mesmo./ Isso é que é espantoso.// Que essas pobres crianças vejam como tudo isso corre e creiam que amanhã as coisas irão melhor. / Que elas vejam como as coisas correm hoje é creiam que irão melhor amanhã de manhã.” E chamava-lhe “uma miudinha de nada. (...) Só ela, levando as outras [Fé e Caridade], é que há-de atravessar os mundos revolvidos.” Como a esperança é uma virtude, quer dizer, força e dinamismo, ela é dom de Deus e responsabilidade nossa, como é próprio de todos os dons. É importante pedi-la e exercitá-la, pois não é com exercício que se musculam os atletas e as “célulazinhas cinzentas” produzem inteligência e sabedoria? Que pena o crescimento da obesidade física e mental tão propagado por um ambiente que limita a esperança ao próximo modelo de telemóvel ou ao bilhete premiado do Euromilhões. Que esperanças vivemos e semeamos? Pois trata-se de uma sementeira este caminho de mãos dadas com a esperança. Como nos poderíamos parecer um pouco com o Barão Bodo von Bruemmer que a “Notícias Magazine” de Domingo passado nos deu a conhecer, e que aos 96 anos começou a produzir vinho e aos 104 diz: “Todos os dias compreendo coisas novas. E gosto de ficar mais velho porque aprendo mais e mais”? Passarão o sol e a lua, a terra e os astros, mas a esperança que nos anima tem o rosto glorioso e feliz do Filho do Homem. Por isso, nada do que é belo se perderá, nada do que é bom será esquecido, nada do que é verdadeiro será apagado. A esperança vence o medo e abre-nos à surpresa, convoca o melhor que há em cada pessoa e situação, ilumina o que antes era escuro. Se acreditamos que é “uma coisa boa” o que falta para a abraçarmos mais? SOLENIDADE DE CRISTO REI – ANO B (22 DE NOVEMBRO) DEPARTAMENTO DE LITURGIA DO PATRIARCADO DE LISBOA USO LITÚRGICO CÂNTICO COMPOSITOR FONTE Entrada O Cordeiro que foi imolado A. Cartageno ver site* Entrada Sobre um trono vi sentado um homem A. Cartageno CEC II 147 Entrada / A. dos Dons O Cordeiro que foi imolado F. Santos CEC II 145 Apresentação dos Dons Jesus, Rei admirável A. Cartageno IC 518/LHCII 102 A. Dons / Com. / P. Com. O Senhor é Rei para sempre M. Luís CAC 402 Comunhão O Senhor está sentado C. Silva CEC II 151 Pós Comunhão Louvarei para sempre o vosso nome M. Luís SR 134 Final A Vós, Senhor, pertence a honra e o poder M. Luís CAC 250 Final Cristo vence A. Kunc CEC II 149 SIGLAS | CAC – Manuel Luís, Cânticos da Assembleia Cristã, Secretariado Nacional de Liturgia | CEC – Cânticos de Entrada e Comunhão, vol. I-II, Secretariado Nacional de Liturgia | IC – A Igreja Canta, Comissão Bracarense de Música Sacra | LHC II – Liturgia das Horas. Edição para Canto. Vol. II, Secretariado Nacional de Liturgia | SR – Manuel Luís, Salmos Responsoriais | * http://corolaudate.home.sapo.pt/Pdf/E81GloriaAoSenhor.pdf Domingo, 15 de novembro de 2015 www.vozdaverdade.org 16/ Última Página AGENDA SEMANAL [16 a 22 de novembro] Segunda-feira, dia 16 10h00 – Conselho Episcopal – preside Cardeal-Patriarca 21h00 – Conferência no Seminário de Vida no Espírito, no Grupo de Renovação Carismática de Casal de Cambra: ‘O Espirito Santo em Maria’ – D. Joaquim Mendes 21h30 – Conferência em São Julião da Barra – Cardeal-Patriarca Terça-feira, dia 17 10h00 – Encontro com os Formadores dos Seminários Diocesanos, no Seminário dos Olivais – Cardeal-Patriarca 10h00 – Encontro com o clero da Vigararia de Loures - Odivelas – D. Nuno Brás 10h00 – Reunião do clero da Vigararia de Caldas da Rainha - Peniche, em Santa Catarina – D. José Traquina 10h30 – Reunião com o clero da Vigararia de Amadora – D. Joaquim Mendes 15h00 – Visita Pastoral à paróquia de Aldeia Galega, até dia 22 – D. Nuno Brás 17 a 22 – Visita Pastoral na paróquia de Sobral de Monte Agraço – D. José Traquina Quarta-feira, dia 18 18h00 – Missa nas Mercês - Algueirão – D. Joaquim Mendes 18 a 21 – Plenário da Congregação para o Clero, em Roma – Cardeal-Patriarca Quinta-feira, dia 19 10h00 – Reunião de Coordenação dos Departamentos e Setores da Cúria Diocesana, em São Vicente de Fora – Bispos Auxiliares de Lisboa 21h30 – Encontro com os crismandos da FICHA TÉCNICA paróquia de Rio de Mouro – D. Joaquim Mendes Sexta-feira, dia 20 10h30 – Reunião com o clero da Vigararia de Torres Vedras, no Turcifal – D. José Traquina 21h00 – Encontro com os crismandos da Unidade Pastoral de Sintra – D. Joaquim Mendes Sábado, dia 21 19h00 – Crisma na paróquia de Rio de Mouro – D. Joaquim Mendes Domingo, dia 22 9h00 – Missa no Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima – preside Cardeal-Patriarca 11h30 – Crisma na igreja de São Miguel de Sintra – D. Joaquim Mendes 12h00 – Encerramento da Visita Pastoral à paróquia de Aldeia Galega – D. Nuno Brás 16h00 – Crisma na paróquia de São Miguel de Queijas – D. Joaquim Mendes 19h00 – Crisma em Alverca – D. Nuno Brás 19h00 – Crisma na paróquia do Senhor dos Navegantes, em Paço de Arcos – D. Joaquim Mendes PAGAMENTO Pede-se aos assinantes individuais e às paróquias que fazem o pagamento por meio de cheque ou vale postal o favor de os passar à ordem de: ‘Nova Terra, Empresa Editorial, Lda’. Voz da Verdade na internet www.vozdaverdade.org NA TUA PALAVRA O Papa fala de Jesus D. Nuno Brás A revista Forbes publica todos os anos a lista das pessoas mais poderosas do planeta. De entre os homens, depois de V. Putin (1º lugar) e de B. Obama (2º lugar), surge o Papa Francisco (3º lugar). Tenho a certeza de que o Papa pouco se importa com a lista da Forbes – a sua ação não é realizada com o objectivo de ser mais ou menos poderoso, mais ou menos influente na cena mundial. Contudo, não deixa de ser estranho que, no meio de uma lista cheia de políticos ou multimilionários, surja o nome do Santo Padre, figura tão deslocada e tão fora do ambiente dos demais homens com poder. Com efeito, o Papa não é dono de nenhuma multinacional da qual retire dividendos económicos, com os quais possa influenciar o mundo das finanças; nem tem ao seu serviço nenhum exército que o torne temível; nem está à frente de nenhum grande país, com poder político sobre a vida de vários milhões de cidadãos. O Papa prega, tão simplesmente, em cada gesto, em cada palavra, o Evangelho de Jesus, o Ressuscitado. É certo que o Santo Padre tem uma presença acolhedora, mas nem por isso menos exigente; vigorosa, mas também frágil e desconcertante, a olharmos para as modas do mundo. É também verdade que as suas palavras e os seus gestos poucos se atrevem a contradizê-los publicamente, mesmo que, na realidade, muitos dos que o louvam desse modo não pensem sequer por um momento em tomar a sério aquilo a que o Papa os convida. Contudo, não deixa de ser significativo este olhar que o mundo tem sobre o Papa Francisco. É certo que nós, cristãos, não olhamos para o Santo Padre como se fosse um qualquer poderoso, ainda que mais humilde, ou mesmo como um simples líder espiritual. De pouco nos importam também as classificações das revistas. O nosso olhar só pode ser de fé. No entanto, esta lista não deixa de ser significativa sobre a sede de Deus que o mundo contemporâneo mostra. O mundo vê de modo errado a figura de Pedro, mas não deixa de encontrar nela a resposta para tantas interrogações e apelos que encontra no seu coração. É que, muito simplesmente, o Papa fala de Jesus. Registo n.º 100277 (DGCS) - Depósito legal: 137400/99; Propriedade: Nova Terra, Empresa Editorial, Lda; Capital Social: 100.000 euros; NIF: 500881626; Editor: Nova Terra, Empresa Editorial, Lda.; Tiragem: 11.000 exemplares; Diretor: P. Nuno Rosário Fernandes ([email protected]); Site: www.vozdaverdade.org; Redação: Diogo Paiva Brandão ([email protected]), Filipe Teixeira ([email protected]); Colaboradores regulares: Aura Miguel, Clara Nogueira, D. Nuno Brás, Margarida Vaqueiro Lopes, P. Vítor Gonçalves; Fotografia: Arlindo Homem, Filipe Amorim, Luís Moreira; Opinião: António Bagão Félix, A. Pereira Caldas, Guilherme d’Oliveira Martins, Henrique Joaquim, Isilda Pegado, Padre Alexandre Palma, Padre Duarte da Cunha, Padre Gonçalo Portocarrero de Almada, Padre Manuel Barbosa, Pedro Vaz Patto; Colaboração: Departamento de Liturgia, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, FEC - Fundação Fé e Cooperação, Setor de Animação Vocacional, Setor da Pastoral Familiar, Serviço da Juventude, Comissão Justiça e Paz dos Religiosos; Design Gráfico e Paginação: Moving Wide, Lda., [email protected]; Pré-impressão e impressão: Empresa do Diário do Minho, Lda. - Rua Cidade do Porto, Complexo Industrial Grundig Lote 5 Fracção A, 4700-087 Braga - [email protected] - Tel: 253303170; Distribuição: Urgentíssimo Transportes, Lda. 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