Trabalho - Turbocompressores
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Trabalho - Turbocompressores
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG 312 – PROJETOS MECÃNICOS I AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE MÁQUINAS PELO ENFOQUE DA MANUTENIBILIDADE: O CASO DO SISTEMA DE TURBOCOMPRESSORES Autores: David Queiroz Luz Felipe Andrade Torres João Paulo Leite dos Santos Professor Orientador: MSc. Roberto César Fernandes Sacramento Salvador 2008 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE MÁQUINAS PELO ENFOQUE DA MANUTENIBILIDADE: O CASO DO SISTEMA DE TURBOCOMPRESSORES Autores: David Queiroz Luz Felipe Andrade Torres João Paulo Leite dos Santos Trabalho apresentado ao Prof. Roberto Sacramento da Disciplina ENG 312 - Projetos Mecânicos I do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como prérequisito para aprovação na disciplina. Curso: Engenharia Mecânica Área de concentração: Pesquisa e avaliação da manutenibilidade dos sistemas mecânicos. Orientador: Prof. MSc. Roberto César Fernandes Sacramento Salvador 2008 3 RESUMO Este trabalho avalia, a partir da análise do nível de manutenibilidade de seus componentes, o projeto de um turbocompressor. Foi realizada uma breve descrição do sistema, da sua aplicação, funcionamento e principais elementos integrantes. Em seguida foram avaliados os possíveis defeitos e suas causas, a partir de visitas técnicas e entrevistas a profissionais da área de manutenção desses equipamentos. Levando em consideração criticidade, freqüência e custo, a manutenibilidade foi avaliada a partir da comparação entre duas marcas de turbocompressor. Através da análise dos resultados da avaliação de manutenibilidade, foi observado que dentre os dois modelos avaliados, o da marca Masterpower teve melhor desempenho que o da marca Garrett, além de ter sido levado em consideração o índice de falhas. Palavras-chave: Projetos mecânicos, manutenibilidade, turbocompressores. 4 ABSTRACT This work evaluates, from the analysis of the maintainability level of its components, a turbocompressor project. We performed a brief description of the system, its application, operation and main integral components. Then were evaluated the possible damages and its causes, from technical visits and interviews with professionals in the area of maintenance of these equipments, linking them to the project of the system. Thus it was possible to establish the criteria for analysis and comparison between the machine manufacturers, identifying the criticality, the frequency and cost of problems, comparing with other brands including, besides those used in this work. By analyzing the results of the maintainability, we observed that among the two models of turbocharger chosen, the brand Masterpower was better than the mark Garrett, as well as take into account the rate of failures. Keywords: Mechanical projects, maintainability, turbocompressors. 5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1: Turbocompressor Garrett Gt15. (Fonte: Autor) .................................................................10 Ilustração 2: Turbocompressor Masterpower 802129. (Fonte: Autor) ..................................................10 Ilustração 3: Localização Do Turbocompressor. (Fonte: Howstuffworks)............................................17 Ilustração 4: Carburador. (Fonte: Pandapedia)........................................................................................18 Ilustração 5: Injeção Eletrônica. (Fonte: Wikipedia) ................................................................................18 Ilustração 6: Como Um Turbocompressor É Instalado Em Um Carro. (Fonte: Garrett) ....................19 Ilustração 7: Gráfico Da Energia Térmica Total. (Fonte: Garrett) .........................................................20 Ilustração 8: Vista Explodida De Um Turbocompressor. (Fonte: Masterpower) .................................21 Ilustração 9: Corte De Um Turbocompressor. (Fonte: Masterpower)...................................................23 Ilustração 10: Funcionamento Do Motor Com Turbocompressor. (Fonte: Garrett) ............................24 Ilustração 11: Funcionamento Em Corte De Um Turbocompressor. (Fonte: Garret).........................26 Ilustração 12: Aspiração Natural Em Veículo. (Fonte: Autor) ................................................................26 Ilustração 13: Compressor Mecânico Acionado Por Polia. (Fonte: Jackson Racing) ........................27 Ilustração 14: Turbocompressor Aplicado Ao Veículo. (Fonte: Autodynamics) ..................................28 Ilustração 15: Desenhos Técnicos De Turbocompressor (Fonte: Garret) ...........................................28 Ilustração 16: Diagnóstico De Manutenção (Fonte: Masterpower) .......................................................32 Ilustração 17: Efeitos Da Falta De Lubrificação. (Fonte: Autor) ............................................................33 Ilustração 18: Efeitos De Objeto Estranho. (Fonte: Autor) .....................................................................34 Ilustração 19: Eixo Normal X Eixo Superaquecido. (Fonte: Autor) .......................................................35 Ilustração 20: Ações Preventivas Em Turbocompressores (Fonte: Masterpower) ............................36 Ilustração 21: Reposições De Componentes Em Turbocompressores. (Fonte: Masterpower)........37 Ilustração 22: Mangueira De Lubrificação. (Fonte: Ancona) ..................................................................38 Ilustração 23: Filtro De Ar Esportivo. (Fonte: Ancona) ...........................................................................38 Ilustração 24: Mancal De Rolamento De Esferas Em Eixo De Turbocompressor (Fonte: Aps Engineering) .........................................................................................................................................45 Ilustração 25: Torque Devido Ao Atrito Nos Diferentes Tipos De Mancais Dos Turbocompressor (Fonte: Aps Engineering) ...................................................................................................................46 Ilustração 26: Variação De Temperatura Nos Mancais Do Turbo Compressor Após O Desligamento Do Motor (Fonte: Aps Engineering) ........................................................................47 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Elementos de máquinas encontrados em Turbocompressores........ 22 Tabela 2: Análise de falhas em turbocompressores......................................... 40 7 ÍNDICE LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................... 5 LISTA DE TABELAS ............................................................................................. 6 ÍNDICE ................................................................................................................... 7 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 1.1 CONCEITOS ............................................................................................................................. 11 1.2 OBJETIVO ................................................................................................................................ 15 1.3 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 16 2. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ................................................................ 16 2.1 Turbocompressor .................................................................................................................... 16 2.2 Energia para alimentar o turbocompressor ......................................................................... 19 2.3 Componentes de um turbocompressor ................................................................................ 20 2.4 Funcionamento de um turbocompressor ............................................................................. 23 2.5 Comparação entre diferentes métodos para aumento de potência .................................. 26 3. PROCESSO DE MANUTENÇÃO .................................................................... 29 3.1 Etapas de manutenção ........................................................................................................... 29 3.2 Descrição dos defeitos ........................................................................................................... 32 3.3 Principais problemas encontrados ....................................................................................... 33 3.4 Problemas de maior criticidade ............................................................................................. 34 4. AVALIAÇÃO DA MANUTENIBILIDADE ......................................................... 36 4.1 Custos de manutenção ........................................................................................................... 36 4.2 Tempo necessário para manutenção .................................................................................... 39 4.3 Análise de falhas ..................................................................................................................... 40 4.4 Avaliação dos indicadores de manutenibilidade ................................................................. 41 4.5 Análise do defeito mais crítico .............................................................................................. 43 4.6 Soluções existentes e propostas de melhorias ................................................................... 45 8 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 48 APÊNDICE A ....................................................................................................... 51 APÊNDICE B ....................................................................................................... 52 9 1. INTRODUÇÃO “Atualmente cada vez mais são realizados estudos de análise de manutenibilidade aplicada principalmente à engenharia” (SACRAMENTO, 2008), isso se deve à crescente necessidade de se pesquisar possíveis melhorias de projetos mecânicos. O presente trabalho fez abordagens de conceitos básicos, seguido de um detalhamento nos sobrealimentadores, com um enfoque em turbocompressores automotivos de passeio, que são componentes dos motores de veículos. Por ser um componente que opera a altas rotações, o sistema está sujeito a falhas, que foram discutidas neste trabalho. Também foram discutidos os elementos mecânicos presentes neste sistema. Por fim, foram discutidas propostas de melhorias para os dois modelos de turbocompressores e foi apresentado o comparativo de manutenibilidade dos turbocompressores. Uma das maneiras de se obter mais potência de um motor é aumentar a quantidade de ar e de combustível para a queima. Uma forma de se fazer isso é adicionando cilindros ou tornando maiores os cilindros existentes, mas, como essas alterações nem sempre não são possíveis, na maioria dos carros de passeio, por questões de inviabilidade econômica e maior consumo de combustível, um turbocompressor pode ser uma forma mais simples e compacta de adicionar potência, especialmente por ser um acessório vendido em lojas ou oficinas de preparação de motores. (NICE, 2008) Na elaboração deste trabalho, foram considerados dois modelos de turbocompressores automotivos: Garrett® (Modelo: GT15) e Masterpower (Modelo: 802129), mostrados nas ilustrações 1 e 2 da página seguinte. 10 Ilustração 1: Turbocompressor Garrett GT15. (Fonte: Autor) Ilustração 2: Turbocompressor Masterpower 802129. (Fonte: Autor) O presente trabalho foi motivado pelo Prof. Msc. Roberto Sacramento da disciplina Projetos Mecânicos I do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia, com o objetivo de fomentar o pensamento crítico a respeito de um projeto mecânico sob o conceito da manutenibilidade. 11 1.1 CONCEITOS A partir de alguns conceitos que serão descritos a seguir, será possível facilitar a compreensão dos questionamentos e assuntos abordados neste trabalho. Manutenibilidade: “É a relativa facilidade e economia de tempo e recursos com o qual um item pode ser mantido ou restaurado a uma condição especificada quando a manutenção é realizada por pessoal com determinadas habilidades técnicas, utilizando procedimentos prescritos e recursos, para cada nível de reparo e manutenção. Neste contexto, a manutenibilidade é uma função do projeto.” (UNITED STATES DEPARTMENT OF DEFENSE HANDBOOK, 1997). “Pode ser conceituada como uma característica de um equipamento ou instalação em permitir um maior grau de facilidade na execução de serviços de manutenção.” (KARDEC e NASCIF, 2001) Projeto: Conjunto de atividades que precede a execução de um produto, sistema, processo ou serviço. Segundo Bazzo e Pereira (2000), projetar é estabelecer um conjunto de procedimentos e especificações que, se postos em prática, resultam em algo concreto ou um conjunto de informações. De acordo com Shigley (2005), projeto consiste em formular um plano para a satisfação de uma necessidade especifica quanto em solucionar um problema. Se tal plano resultar na criação de algo tendo uma realidade física, então o produto deverá ser funcional, seguro, confiável, competitivo, utilizável, manufaturável e mercável. Confiabilidade: “A medida estatística da probabilidade de que uma determinada componente mecânica não falhará durante seu uso é denominada confiabilidade desse elemento.” (SHIGLEY, 2005) No método de confiabilidade de projeto, a tarefa do projetista é fazer uma seleção cuidadosa dos materiais, dos processos e da geometria (tamanho), visando a atingir uma meta de confiabilidade. De acordo com Kardec e 12 Nascif (2002), é a probabilidade de que um item possa desempenhar sua função requerida, por um intervalo de tempo estabelecido, sob condições definidas de uso. Defeito: Segundo Houaiss (2007), é a falta de perfeição causando funcionamento irregular ou falho de qualquer mecanismo. Engenharia Reversa: O termo “Engenharia Reversa” tem sua origem na análise de hardware, pois é comum a prática de decifrar projetos de produtos finalizados com intuito de duplicá-los. É definido por Vitali (2008) como sendo o processo de descobrir os princípios tecnológicos de um dispositivo/objeto ou de um sistema com a análise de suas estruturas, função e operação. Manutenção: Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994), manutenção é definida como a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida. Kardec e Nascif (2001) definem manutenção como sendo uma garantia a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção e a preservação do meio ambiente, com confiabilidade, segurança e custo adequados. Tipos de manutenção: De modo geral, atualmente são praticados quatro tipos de manutenção. Essas procuram envolver: conservação, adequação, restauração, substituição e prevenção dos equipamentos de forma técnica e suficiente para alcançar os objetivos da função (BELMONTE e SCANDELARI, 2005). Conforme Kardec e Nascif (2001), os quatro tipos de manutenção são: 13 Manutenção corretiva: De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994), é a manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane, destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida. Como é dita por Belmonte e Scandelari (2005), é definida como sendo, a atuação para a correção da falha ou do desempenho menor do que o esperado. Esta pode ser subdividida em outras duas, são elas: Manutenção corretiva não planejada: é a correção da falha de maneira aleatória. Em Belmonte e Scandelari (2005) há uma complementação de Kardec e Nascif (2001), onde ele diz que a manutenção ocorre no fato já ocorrido ou no momento seguinte à identificação do defeito. Implicam na paralisação do processo, perdas de produção, perdas de qualidade e elevação de custos indiretos de produção. A manutenção objetiva colocar o equipamento nas condições de voltar a exercer sua função. Manutenção corretiva planejada: é a correção do desempenho menor do que o esperado ou da falha, por decisão gerencial. Em Belmonte e Scandelari (2005) há uma ênfase em que a manutenção é efetuada em um período programado, com intervenção e acompanhamento do equipamento, desde que o defeito não implique necessariamente na ocorrência de uma falha. Caso a decisão seja deixar o equipamento funcionando até quebrar, recomenda-se compartilhar com outros defeitos já relatados e tomar ação preventiva e naturalmente econômica. O planejamento é fundamental e deve considerar fatores diversos para o não comprometimento do processo produtivo. Manutenção preventiva: Na norma ABNT NBR 5462/94, a manutenção preventiva é definida como sendo a manutenção efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. Segundo Belmonte e Scandelari (2005), manutenção preventiva é a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no 14 desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo. Belmonte e Scandelari (2005) subdividem a manutenção preventiva em: Manutenção preventiva programada ou sistemática: É quando os serviços de manutenção são efetuados de maneira periódica, através de intervalos pré-estabelecidos, dias de calendários, ciclos de operações, horas de operações e outros desprezando as condições dos componentes envolvidos. Manutenção preventiva de rotina: São as manutenções preventivas feitas com intervalos pré-determinados e de tempos reduzidos, com prioridades claramente definidas e curtas duração de execução, na maioria das vezes apoiadas apenas nos sentidos humanos, sem causar a indisponibilidade da instalação ou equipamento. Geralmente são conhecidas como inspeções e verificações sistemáticas apoiadas pelo uso de check list ou demais controles. Se houver bom treinamento, este tipo de preventiva poderá ser realizado pela própria equipe de produção a partir do uso do check list e programação desenvolvida pela própria equipe de manutenção ou inspetores. Manutenção preditiva: De acordo com a ABNT NBR 5462/94, é a manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se meios de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva. Para Belmonte e Scandelari (2005), é a atuação realizada com base em modificação de parâmetro de condição ou desempenho, cujo acompanhamento obedece a uma sistemática. Também em Belmonte e Scandelari (2005) a manutenção preditiva é definida como aquela que indica as condições reais de funcionamento das máquinas com base em dados que informam o seu desgaste ou processo de degradação. Trata-se de uma importante ferramenta da manutenção, porém ainda pouco usada, pois visa 15 acompanhar o equipamento ou as peças, através de monitoramento, por medições e por controle estatístico para “predizer” a ocorrência de uma falha. 1.2 OBJETIVO Este trabalho tem como principal objetivo analisar os projetos de turbocompressores, através do conceito da manutenibilidade. Através da engenharia reversa, propor melhorias para os projetos de turbocompressores automotivos e uma possível redução de custos de manutenção. "O estudo dos turbocompressores se justifica devido à crescente demanda por este equipamento, largamente utilizado em motores de veículos utilitários de médio a grande porte, embarcações e carros esportivos, sendo requerido para carros familiares e urbanos como alternativa a motores de maior cilindrada, sendo um solução viável para redução de peso, consumo de combustível e emissões de poluentes. “O mercado crescente para os turbocompressores e veículos turboalimentados, demanda projetos mais eficientes de turbocompressores, tanto pelo aumento da eficiência nos motores, quanto pela manutenibilidade.” (ANFAVEA, 2008) 16 1.3 METODOLOGIA Para o desenvolvimento do trabalho, primeiramente fizemos uma revisão bibliográfica sobre o tema. Juntamente a essa primeira etapa foi elaborado pela equipe um questionário de manutenibilidade que foi passado às assistências técnicas especializadas (ver em APÊNDICE B), a fim de se obter maiores informações sobre: maiores causas de problemas em turbocompressores, níveis de criticidade dos problemas relacionados, custos de manutenção envolvidos, tempo médio de manutenção, número de pessoas envolvidas no processo de manutenção e comparar dois turbocompressores de mesma capacidade e marcas diferentes, a fim de conhecer o melhor projeto em termos de manutenibilidade. A partir das informações obtidas nas assistências técnicas, foi dado início a parte escrita do trabalho, envolvendo diversos aspectos, inclusive conceituação de termos. Após isso, realizamos uma análise do projeto dos turbocompressores e propomos melhorias para o mesmo, além de realizar uma análise dos custos envolvidos na manutenção. 2. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA 2.1 Turbocompressor Embora hoje muito se fale a respeito dos motores turboalimentados, eles não são produtos de uma tecnologia tão recente quanto possa parecer. O processo de turboalimentação tem sua história ligada à aviação. Com uma pressão maior do que a atmosférica nos cilindros, compensava-se o problema da rarefação do ar em grandes altitudes. Paralelamente, o motor também aumentava sua potência, o que depois se tornou um recurso a mais para os carros de corrida da década de 30. (MASTERPOWER, 2008) 17 De acordo com a Garrett® (2008), um turboalimentador é um componente que torna o motor mais potente, sem aumentar seu tamanho e peso. A potência do motor está limitada a quantidade de ar que ele pode aspirar. O turboalimentador fornece maior quantidade de ar ao motor, fazendo com que o combustível seja queimado de maneira mais eficiente, com melhor aproveitamento e conseqüente aumento de potência. A sua localização no veículo pode ser observada através da ilustração a seguir: Ilustração 3: Localização do turbocompressor. (Fonte: HOWSTUFFWORKS) Carros mais velhos, com carburadores, aumentam automaticamente a vazão de combustível para se ajustar ao maior fluxo de ar que entra nos cilindros. O carburador é um aparelho ou dispositivo, que a partir de um combustível líquido e do ar da atmosfera, prepara e fornece para todos os regimes de trabalho do motor, uma mistura de fácil queima. “A função principal de um carburador é a de fornecer ao motor a mistura ar/combustível finamente pulverizada em proporção exata, de modo que se possa obter a mais perfeita combustão possível.” (RENAULT CLUBE, 2008) 18 Ilustração 4: Carburador. (Fonte: PANDAPEDIA) Carros modernos com injeção de combustível também fazem isso até certo ponto. O sistema de injeção depende dos sensores de oxigênio no escapamento para determinar se a relação ar-combustível está correta, de forma que esses sistemas aumentarão a quantidade de fluxo de combustível automaticamente se um turbo for adicionado. “A injeção eletrônica é um sistema de alimentação de combustível e gerenciamento eletrônico de um motor de um automóvel. Esse sistema permite um controle mais eficaz da mistura admitida pelo motor.” (WIKIPEDIA, 2008) Ilustração 5: Injeção eletrônica. (Fonte: WIKIPEDIA) De acordo com SANTOS, VERAS e CARVALHO (2002), se um turbocompressor com muita pressão é instalado num carro com injeção de combustível, o sistema pode não fornecer combustível suficiente. Dessa maneira, ou o software programado no controlador não permite que isso ocorra, ou a 19 bomba e os injetores não são capazes de fornecê-lo. Nesse caso, outras modificações terão que ser feitas para se conseguir o máximo benefício do turbocompressor. A pressão de superalimentação típica fornecida por um turbocompressor é 2 de 6 a 8 libras por polegada quadrada ( lb pol ). Como a pressão atmosférica 2 normal é de aproximadamente 14,7 lb pol ao nível do mar, o turbo coloca 50% mais ar no motor. Com isso, espera-se um ganho de 50% na potência do motor, mas, por não haver eficiência na mesma proporção, é normal atingir um ganho de 30% a 40%. Uma causa da ineficiência vem do fato de que a potência para girar a turbina não é livre. Ter uma turbina no fluxo de escapamento aumenta a restrição de saída dos gases queimados. Isso significa que, no curso de escapamento, o motor contrapressão. Isso faz diminuir tem um que empurrar pouco a uma potência. (HOWSTUFFWORKS, 2008) Ilustração 6: Como um turbocompressor é instalado em um carro. (Fonte: GARRETT) 2.2 Energia para alimentar o turbocompressor “De toda energia gerada por um motor de combustão interna, apenas um terço é aproveitado para movimento do girabrequim, outro terço se dissipa através do sistema de refrigeração e o terço restante se desperdiça como gases de escape.” (SANTOS; VERAS; CARVALHO, 2002) 20 O turboalimentador aproveita-se da energia das fases de escape; o rotor da turbina reage à pressão e velocidade destes gases girando e, por estar unido a um eixo comum, faz girar o rotor do compressor, no outro extremo, à mesma velocidade, comprimido assim o ar que entra no cilindro a uma pressão de até 3 vezes a atmosférica. Ilustração 7: Gráfico da energia térmica total. (Fonte: GARRETT) 2.3 Componentes de um turbocompressor O turbocompressor é composto de um compressor de ar centrífugo, diretamente ligado a uma turbina centrípeta. O rotor do compressor e o rotor da turbina estão ligados por um eixo suportados por mancais flutuantes, alojados em uma carcaça central. O compressor centrífugo consiste de uma carcaça de alumínio e um rotor. A turbina centrípeta é formada por uma carcaça de ferro fundido e pelo eixo rotor. A carcaça central incorpora o prato do compressor, protetor térmico, anéis trava dos mancais, mancais radiais, mancal de encosto, colar centrífugo, anéis de pistão e anel de vedação. 21 Podemos identificar os componentes de um turbocompressor e listá-los: Ilustração 8: Vista explodida de um turbocompressor. (Fonte: MASTERPOWER) Legenda: A – Carcaça do compressor G – Anel de vedação de óleo Q – Rotor da turbina B – Anel elástico do H – Guia do eixo R – Mancal de Deslizamento I – Flange S – Arruela J – Vedação do compressor T – Carcaça/Suporte central L – Anéis de vedação de óleo U – Flange de fixação da compressor C – Flange de fixação do compressor D – Parafuso da turbina M – Parafusos da carcaça central E – Rotor do compressor N – Porca do rotor do compressor V – Carcaça da turbina F – Flange da carcaça da O – Flange anti-chama turbina P – Anel de vedação de óleo turbina 22 Ainda sobre os componentes, podemos diferenciá-los através dos tipos de elementos de máquinas: Tipo de elemento Componente Parafusos, porcas e Letra correspondente Anéis Elásticos B Suporte de fixação C, U Vedação D, M, N, S Anéis de vedação L, P Junta de vedação J Apoio Fixação arruelas Fotos Mancais de deslizamento R Tabela 1: Elementos de máquinas encontrados nos turbocompressores (Fonte: Autor) 23 Podem-se identificar através da ilustração 9, seguinte, os principais componentes de um turbocompressor e suas respectivas descrições: Legenda: 1 – Carcaça compressora e rotor do compressor 2 – Carcaça central 3 – Eixo e carcaça da turbina Ilustração 9: Corte de um turbocompressor. (Fonte: MASTERPOWER) Legenda para o corte do turbocompressor: 1 - Carcaça compressora e rotor do compressor: O compressor de ar centrífugo tem a função de aspirar o ar atmosférico e comprimi-lo para o interior do cilindro, chegando a atingir até três vezes a pressão atmosférica. 2 - Carcaça central: recebe óleo lubrificante do próprio motor e serve de sustentação ao conjunto eixo da turbina e rotor do compressor que flutuam sob mancais radiais. 3 - Eixo e carcaça da turbina: a turbina centrípeta é acionada pela energia térmica dos gases de escape e tem a função de impulsionar o compressor centrífugo. 2.4 Funcionamento de um turbocompressor De acordo com Nakano e Pimenta (2007), existem diferenças entre o funcionamento de um motor com turbocompressor adaptado e um naturalmente aspirado. Na admissão do motor aspirado o ar é admitido pela 24 depressão gerada pelo movimento descendente do pistão (no ciclo de admissão) enquanto no motor turboalimentado a pressão positiva gerado pelo compressor é responsável pelo preenchimento da câmara de admissão com mistura ar-combustível, como em (1) na ilustração 10. Como existe uma pressão positiva, o preenchimento da câmara de combustão é mais completo, podendo haver até pressões acima da atmosférica no final do ciclo de admissão de um motor turboalimentado. Podemos visualizar o funcionamento na ilustração que se segue, onde são enumerados os componentes envolvidos para o funcionamento de um motor com turbocompressor. Ilustração 10: Funcionamento do motor com turbocompressor. (Fonte: GARRETT) Do compressor o ar comprimido atravessa um intercooler em (3) na ilustração 10, caso este exista, para diminuir a temperatura do ar admitido e 25 melhorar a eficiência do sistema e ruma para o cabeçote e posteriormente a câmara de combustão. Na câmara de combustão, entre (4) e (5) na ilustração 10, a ocorre uma queima mais limpa e homogênea devido à maior pressão e turbulência existente na câmara, em relação ao motor aspirado, gerando economia de combustível e maior potência. As solicitações na câmara são superiores e existe uma PCP (pico de pressão na câmara) maior, gerando menor durabilidade. É possível notar que Bell (1997) cita que em um motor com turbocompressor adaptado com o dobro de potência do motor original o pico de pressão na câmara é 30% maior que o PCP do motor aspirado, e não o dobro como se supõe inicialmente. Porém devido à maior quantidade de mistura o trabalho útil de expansão dos gases é maior e mais prolongado utilizando o ângulo de virabrequim como referencial, proporcionando o dobro da potência com apenas 30% a mais de PCP. Com a mistura queimada após o ciclo de combustão, os gases passam pela válvula de escape em (5) na ilustração 10, onde podem atingir até 1200ºC. Assim devem-se evitar longos períodos com carga plena em motores com turbocompressor adaptado, sob pena de fadigar termicamente este componente. Após sair do cabeçote a mistura entra na turbina, em (6) na ilustração 10, a temperaturas de até 1000ºC, liberando entalpia que se transformará em energia mecânica e alimentará o compressor. Após a turbina, em (7) na Ilustração 06 os gases queimados são liberados à atmosfera. 26 Ilustração 11: Funcionamento em corte de um turbocompressor. (Fonte: GARRET) 2.5 Comparação entre diferentes métodos para aumento de potência Uma comparação definida por Nakano e Pimenta (2007) pode ser vista abaixo: Aspiração Natural: Aumentos de potência da ordem desejada mantendo a aspiração natural são difíceis para motores já prontos, pois necessitariam de grandes aumentos no deslocamento volumétrico do motor e nas rotações (mantendo o torque constante), o que acaba tendo alto custo e afetando a disponibilidade de torque, já que compromete a linearidade da curva de torque do motor. Aspiração natural sem sobrealimentação de ar. Ilustração 12: Aspiração natural em veículo. (Fonte: Autor) 27 Sobrealimentação por compressor mecânico: A utilização de um compressor mecânico consegue atingir as metas de aumento de potência, mas por utilizar a potência disponível no virabrequim, aumenta muito o consumo de combustível. Os compressores mecânicos são menos eficientes que os turbocompressores, gerando maiores perdas. Porém a resposta do compressor mecânico é instantânea, eliminando o lag existente no uso do turbocompressor. Ilustração 13: Compressor mecânico acionado por polia. (Fonte: Jackson Racing) Sobrealimentação por turbocompressor: O turbocompressor depende do fluxo de gases no coletor de escape para funcionar, e as partes móveis do turbocompressor têm uma inércia não desprezível, o que significa que nem sempre será possível comprimir o ar admitido pelo motor, gerando respostas instantâneas de entrega de potência. Este é o principal viés à utilização do turbocompressor e pode ser atenuada pela correta escolha do turbocompressor para cada motor e desejo de dirigibilidade do motorista. O turbocompressor tem a vantagem de utilizar uma energia que seria desperdiçada, a energia dos gases de escapamento, para comprimir o ar admitido pelo motor, sendo assim a opção mais com menor consumo de combustível dentre as três. Com a adaptação do turbocompressor o motor mantém-se original, assim como no compressor mecânico, facilitando a manutenção. No Brasil é a solução que tem maior disponibilidade no mercado para a faixa de aumento de potência especificada. Por estes motivos, escolheu-se o turbocompressor frente aos dois outros. 28 Turbocompressor Ilustração 14: Turbocompressor aplicado ao veículo. (Fonte: AutoDynamics) Ilustração 15: Desenhos técnicos de Turbocompressor (Fonte: GARRET) 29 3. Processo de manutenção O processo de manutenção do sistema de turbocompressor automotivo tem alta relevância, uma vez que este trabalho tem como foco a avaliação da manutenibilidade. Com base nisso, foram descritas as etapas de manutenção, além de serem citados e comentados os principais problemas nos sistema em estudo. 3.1 Etapas de manutenção Um exemplo de cronograma das etapas básicas de manutenção, a fim de se obter resultados mais satisfatórios tendo como base um padrão préestabelecido, pode ser visto a seguir, e é de suma importância não só no processo de manutenção do sistema de turbocompressores, mas como também em quaisquer outros casos de manutenção, como vemos: 30 A) Etapa de diagnóstico: Após o veículo apresentar alguma perda de potência, ruído estranho, ou quaisquer outros problemas na sua operação usual, o motorista costuma levar o veículo à assistência técnica ao verificar este possível defeito. Esta etapa consiste basicamente na identificação do problema através das informações levadas pelo motorista em conjunto com a análise técnica especializada, e então é dado início às propostas de conserto. B) Etapa de orçamento e autorização: Após o problema ser diagnosticado, a assistência técnica realiza um orçamento do custo total de manutenção envolvido para o determinado problema, onde são levados em consideração custos como mão-de-obra e peças a serem substituídas. Sendo assim, o cliente, no caso o motorista do veículo, autoriza ou não o serviço. C) Etapa de desmontagem: Nessa etapa, o sistema é desmontado por um técnico especializado com o objetivo de confirmar o diagnóstico previamente realizado na primeira etapa. D) Etapa de aquisição de peças e materiais: Quando não for possível a recuperação, as peças a serem substituídas devem ser adquiridas para a realização do serviço. Geralmente é necessário fazer o pedido da peça com o fornecedor do equipamento, mas é possível que a própria assistência tenha a peça em estoque. Se isto ocorrer, economiza-se tempo nesta etapa. E) Etapa de intervenção: Ocorre a realização da manutenção propriamente dita, ou recuperação do sistema, caso seja possível. Normalmente o defeito do sistema já foi identificado na etapa de diagnóstico e confirmado na desmontagem e só ficou restando a manutenção do mesmo, que é realizada na própria assistência técnica, seja ela a troca ou a recuperação de algum componente. F) Etapa de montagem: Após o provável defeito ter sido sanado, o conjunto do turbocompressor é então montado novamente para que seja dado início à próxima etapa. 31 G) Etapa de testes e entrega: Nesta última etapa, é onde são realizados os testes com os turbocompressores com o objetivo de verificar que a manutenção foi realizada de forma correta e com isso, caso o problema diagnosticado e trabalhado tenha sido resolvido, o turbocompressor é entregue ao cliente e remontado no veículo. 32 3.2 Descrição dos defeitos Um diagnóstico de manutenção foi elaborado pela Masterpower (2008), e destacamos alguns dos itens mais importantes que foram analisados, são eles: Ilustração 16: Diagnóstico de manutenção (Fonte: MASTERPOWER) Legenda para a ilustração acima: A - Rotor do compressor totalmente danificado por ingestão de objeto estranho na carcaça compressora. B - Lubrificante contaminado. C - Falha no sistema de lubrificação. D - Palheta do rotor do compressor danificada por ingestão de objeto estranho na carcaça compressora. E - Depósito de impurezas nos canais de lubrificação do mancal de encosto. F - Palheta do rotor da turbina danificada por ingestão de objeto estranho na carcaça da 33 turbina. G - Carcaça da turbina azulada, com trincas internas e na base, causada pelo superaquecimento. H - Mancal de encosto e colar azulados por falha no sistema de lubrificação. I - Mancais riscados devido à presença de impurezas no óleo lubrificante (contaminado). J - Lubrificante carbonizado, excesso de temperatura ou má qualidade do óleo. 3.3 Principais problemas encontrados Em turbocompressores são encontrados diversos problemas que foram comentados nas assistências técnicas, principalmente relacionados à falta de lubrificação e superaquecimento das palhetas, provocando uma série de defeitos conseqüentes. Os problemas mais sérios em turbocompressores serão listados a seguir: Falta ou deficiência de lubrificação Ilustração 17: Efeitos da falta de lubrificação. (Fonte: Autor) Contaminação do sistema de lubrificação Objeto estranho no sistema de exaustão ou na entrada de ar 34 Desgaste das palhetas Ilustração 18: Efeitos de objeto estranho. (Fonte: Autor) Material e construção (possíveis falhas de fabricação ou projeto) Motor jogando compressão (anéis do pistão estão gastos, dando passagem de óleo pelo retorno da turbina). Obstrução da entrada de óleo (mangote de óleo danificado) e retorno do óleo obstruído. 3.4 Problemas de maior criticidade O problema mais crítico apontado pelas assistências técnicas é a falta ou deficiência de lubrificação, além de ser listada como o problema de maior custo e maior freqüência de ocorrência, resultando em problemas graves de quebra do turbocompressor, tais como: Desgaste do eixo Desbalanceamento do eixo do turbocompressor Superaquecimento e usinagem do eixo até a quebra 35 Ilustração 19: Eixo normal x Eixo superaquecido. (Fonte: Autor) 36 4. Avaliação da manutenibilidade 4.1 Custos de manutenção Em relação aos custos de manutenção, alguns dos principais itens foram analisados e tiveram seus preços pesquisados, e suas ações preventivas foram analisadas pela Masterpower (2008) e estão listadas as mais críticas, são elas: Ilustração 20: Ações preventivas em turbocompressores (Fonte: MASTERPOWER) Também de acordo com a Masterpower (2008), podem-se identificar algumas das reposições de componentes de turbocompressores com maior freqüência de defeitos, são eles: 37 Ilustração 21: Reposições de componentes em turbocompressores. (Fonte: MASTERPOWER) Foram levantados alguns custos relacionados à manutenção de turbocompressores nas próprias assistências técnicas, entre elas destacam-se: 38 Recuperação do turbocompressor: ± R$ 400,00 Aquisição de um turbocompressor novo (motores ciclo Diesel): entre R$ 3.000,00 a R$ 3.500,00 Aquisição de um turbocompressor novo (motores ciclo Otto): entre R$ 1.500,00 a R$ 3.500,00 Mangueira de lubrificação de óleo da turbina (carros esportivos): R$ 42,00 Ilustração 22: Mangueira de lubrificação. (Fonte: Ancona) Filtro de ar (elemento de papel): R$15,00 a $50,00 Filtro de ar esportivo: R$ 40,00 a R$ 150,00 Ilustração 23: Filtro de ar esportivo. (Fonte: Ancona) Os custos dos componentes acima listados foram tomados com base na média de preço que as assistências técnicas forneceram para a realização deste trabalho. 39 4.2 Tempo necessário para manutenção O tempo médio necessário para a manutenção de um turbocompressor foi levantado nas próprias assistências técnicas durante o período de visita, onde foi avaliada a média do tempo para reparo, sendo que: Para a recuperação da turbina do turbocompressor gastam-se em média 3 horas. São necessários 3 profissionais para realizar a manutenção: 1 montador, 1 lavador e 1 retificador. Troca do filtro de ar: 1 profissional, 10 minutos Troca ou reparo da mangueira de lubrificação da turbina: 1 profissional, 40 minutos. 4.3 Análise de falhas Tabela 1: Análise de falhas em turbocompressores (Fonte: GARRET) Através desta análise de falhas em turbocompressores, podemos observas as principais falhas relacionadas aos turbocompressores automotivos, além das suas causas mais freqüentes e suas ações corretivas. 4.4 Avaliação dos indicadores de manutenibilidade Indicadores Peso Freqüência 20 Complexidade 10 Acessibilidade 10 Facilidade do diagnóstico 10 Disponibilidade de peças 05 Durabilidade das peças 10 Custo de manutenção 15 Tempo de manutenção 15 Conteúdo do manual 05 TOTAL 100 Os indicadores primários são: A) Tempo e custo de manutenção Tempo e custo são indicadores primários que englobam todos os outros indicadores, visto que índices secundários como complexidade, acessibilidade e etc. estão ruins, implicam em um maior tempo gasto na manutenção, o que por sua vez acarreta num maior custo para o consumidor. O peso atribuído foi 0,15. Os indicadores secundários são: B) Freqüência É considerado um indicador de grande importância, pois implica no intervalo de tempo em que ocorre a falha. Quanto mais freqüente a falha, indica 42 de forma mais evidente um erro de projeto ou uma falha no processo de manutenção. Foi atribuído o peso 0,20, devido sua importância. C) Complexidade Este indicador corresponde à complexidade de manutenção e do ferramental utilizado. Quanto mais simples a manutenção e o ferramental necessário, maior a nota do indicador. Foi atribuído peso 0,10. D) Acessibilidade É um item considerado importante por interferir na cadeia da manutenção, desde o diagnóstico até a execução e montagem do sistema. Sistemas de difícil acesso implicam em maior tempo e custo de manutenção. Foi dado a este item peso 0,10. E) Facilidade de diagnóstico Este indicador está diretamente ligado à acessibilidade, complexidade, tempo e custo da manutenção, pois quanto mais rápido e fácil o diagnóstico da falha, menores serão o tempo e o custo da manutenção e maior será a nota do indicador. O peso deste item é 0,10. F) Disponibilidade das peças Este indicador está relacionado à facilidade de se encontrar a peças de reposição necessárias. Quanto maior a disponibilidade, maior o indicador. O peso deste item é 0,05. G) Durabilidade das peças É um indicador importante relacionado com a freqüência da falha e vida útil, quanto maior a durabilidade das peças implica no maior cuidado do projeto e da fabricação e numa menor freqüência de falhas. O peso atribuído a este item é 0,10. H) Conteúdo do manual Este indicador está relacionado com a capacidade de instrução do manual em facilitar o processo de operação e manutenção do equipamento, 43 aumentando a vida útil e evitando erros na manutenção. Quanto melhor o conteúdo do manual, maior a nota do indicador. O peso é 0,05. 4.5 Análise do defeito mais crítico Critério adotado para a definição das notas: Nota Conceitos 0,0 a 3,0 Insuficiente 4,0 a 5,0 Regular 6,0 a 8,0 Bom 9,0 a 10,0 Ótimo O defeito mais crítico e comum encontrado em ambas as marcas de turbocompressores e bastante citado nas assistências técnicas é o desgaste do eixo das palhetas. Este foi o defeito escolhido para ser avaliado neste trabalho, onde foram inicialmente atribuídos pesos dos critérios escolhidos e então foram dadas notas para as duas marcas de turbocompressores para que então fosse realizada a comparação final e os comentários em cima dos resultados. Modelos Indicadores Peso Masterpower Garrett GT15 802129 Freqüência 0,20 9 7 Complexidade 0,10 8 8 Acessibilidade 0,10 8 8 Facilidade do diagnóstico 0,10 9,5 8 Disponibilidade de peças 0,05 9 6 Durabilidade das peças 0,10 9 6 Custo de manutenção 0,15 8 6 Tempo de manutenção 0,15 8 7 Conteúdo do manual 0,05 9 7,5 Nota final 1,0 8,55 7,025 44 Através das notas obtidas pelas duas marcas de turbocompressores, podemos inferir que o modelo 802129 da Masterpower obteve melhor resultado final quando comparado com o modelo GT15 da Garret. A variação das notas ocorreu entre 6 a 9,5 que demonstra que o sistema de turbocompressores automotivos apresenta uma boa manutenibilidade. 45 4.6 Soluções existentes e propostas de melhorias A) Turbocompressores roletados: Este tipo de turbocompressor tem no lugar dos mancais de deslizamento, mancais de rolamento, que reduzem o torque necessário para girar os rotores e o calor gerado pelo atrito do eixo com os mancais. "Nos mancais de deslizamento, o óleo é fornecido através das buchas e forma uma lâmina entre o eixo do turbocompressor e as buchas. Desta forma, o eixo depende de um constante fornecimento de óleo novo e limpo sobre uma larga área de contato para manter o afastamento adequado do mancal." (APS ENGINEERING, 2008) Esta característica torna este tipo de mancal mais susceptível à falha devido à deficiência na lubrificação ou sujeira no óleo lubrificante. Ilustração 244: Mancal de rolamento de esferas em eixo de turbocompressor (Fonte: APS Engineering) Como se pode ver na figura acima, o eixo do turbocompressor é suportado por dois rolamentos de esferas de fileira única. Estes também são lubrificados pelo óleo do motor, mas não mais dependem de uma fina camada de óleo sobre uma larga área para suportar o eixo. No entanto ainda não é uma solução definitiva, pois com as altas rotações do eixo e calor transmitido para o eixo através das paletas da turbina os rolamentos metálicos sofrem dilatações térmicas, reduzindo sua vida útil vindo até a travar. 46 B) Turbocompressores roletados cerâmicos: Assim como os turbocompressores roletados, utilizam mancais de rolamento, feitos de material cerâmico, mais apropriados para resistir a altas temperaturas com dilatação térmica tolerável para o bom funcionamento do conjunto rotativo. Ilustração 255: Torque devido ao atrito nos diferentes tipos de mancais dos turbocompressor (Fonte: APS Engineering) O gráfico acima mostra o torque devido ao atrito vs. a velocidade do turbocompressor para os mancais de deslizamento comuns e para os modernos turbocompressores com mancais de rolamento. São claramente evidentes os benefícios dos turbocompressores com mancais de rolamento de esferas – especialmente na faixa abaixo de 60,000 RPM aonde as perdas devido ao atrito são reduzidas em 40% a 50%. Isto se traduz diretamente em uma resposta mais rápida do turbocompressor quando solicitado. C) Turbocompressores arrefecidos a água: Segundo a APS Engineering (2008), desde o início da utilização de turbocompressores em automóveis, o óleo do motor tem a função de promover a lubrificação e o arrefecimento do equipamento. Em aplicações que exigem uma melhor performance do sistema, a confiabilidade e durabilidade se tornaram prejudicada devido às falhas ocorridas nos eixos e mancais devido às altas temperaturas às quais a turbina e os mancais estão sujeitos. Criando câmaras de passagens de água ao redor do turbocompressor, o líquido de arrefecimento do motor é utilizado para diminuir significativamente as 47 temperaturas nos mancais. Desta forma, é possível eliminar os problemas de superaquecimento do óleo (criação de borra) e do eixo do turbocompressor, problemas recorrentes em turbocompressores comuns. Ilustração 266: Variação de temperatura nos mancais do turbo compressor após o desligamento do motor (Fonte: APS Engineering) O gráfico acima mostra o aumento de temperatura que os mancais sofrem desde o momento do desligamento do motor até 20 minutos depois disto. A temperatura é mostrada também com relação à temperatura de 'cozimento' (superaquecimento) do óleo mineral de alta qualidade. É possível perceber que turbocompressores não arrefecidos a água operam acima da temperatura de superaquecimento do óleo quando estão sujeitos a grandes solicitações e sofrem brusco aumento de temperatura devido à parada de fluxo de ar no sistema ocasionada pelo desligamento do motor. Os turbocompressores arrefecidos a água por sua vez, permanecem abaixo da temperatura de superaquecimento do óleo, para toda a faixa de tempo após o desligamento do motor, impedindo a formação de resíduos sólidos e borras de óleo nos mancais de apoio do eixo do turbocompressor. 48 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994 ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Disponível em: < http://www.anfavea.com.br/ >. Acesso em: 21 de Outubro de 2008. APS ENGINEERING – Air Power Systems Engineering. Disponível em: < http://www.airpowersystems.com >. Acesso em: 11 de Dezembro de 2008. BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V.; Introdução à Engenharia Mecânica, 6ª Ed., Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2000. BELL, Corky; Maximum Boost: Designing, Testing, and Installing Turbocharger Systems. Cambridge: Ed. Robert Bently, 1ª Edição; 1997. 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Endereço: Rua Fernandes Vieira, nº. 94 – Mares, CEP: 40.410-560 Tel.: (71) 3312-2053 / Fax: (71) 3312-0237 Contato: Almir Lopes Brás Turbinas Endereço: Rua Fernandes Vieira, nº. 96 – Mares, CEP: 40.410-560 Tel.: (71) 3316-3393 / (71) 9963-6198 Contato: Eloísio 52 APÊNDICE B Questionário de manutenibilidade que foi aplicado às assistências técnicas de turbocompressores, a fim de se obter mais informações a respeito da manutenibilidade e manutenção dos turbocompressores: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG 312 – PROJETOS MECÃNICOS I PROF.: ROBERTO SACRAMENTO QUESTIONÁRIO DE MANUTENIBILIDADE Alunos: David Queiroz Luz - 200520213 Felipe Andrade Torres - 200320136 João Paulo Leite dos Santos - 200120132 Objetivo: Este questionário apenas caráter informativo quanto ao que se refere à manutenção em geral de atuadores para cadeiras odontológicas com base na manutenibilidade. 53 Este questionário foi solicitado pelo professor a fim de obtermos mais informações sobre as questões de manutenibilidade que envolvem nosso projeto. Dados da empresa: Nome: Contato: Questionário: Qual o tipo de manutenção que esta empresa aplica? ( ) Preventiva ( ) Preditiva ( ) Corretiva Planejada ( ) Corretiva Não-Planejada Quais são as maiores causas de problemas em cadeiras odontológicas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Quais os níveis de criticidade desses problemas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 54 Quais são os encargos financeiros relacionados a esses problemas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Quanto tempo em média se leva para realizar a manutenção desses problemas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Quantos homem/hora trabalhada envolvem essas manutenções? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Qual a freqüência de defeitos relacionados a esses problemas? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________