Untitled - Sinduscon-SP
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2 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO EDITORIAL Déficit habitacional caiu Sergio Watanabe* P ela primeira vez desde o início dos estudos sobre o tamanho do déficit habitacional brasileiro, o SindusCon-SP e a Fundação Getulio Vargas chegaram a números relativos aos anos de 2007 e 2008 que dão uma dimensão mais aproximada da realidade das carências habitacionais no país. Houve duas mudanças metodológicas importantes: 1) agora, o déficit habitacional é calculado pela soma das moradias inadequadas (habitações em favelas e cortiços, domicílios improvisados e rústicos) com apenas aquelas em que existe coabitação involuntária (moradias em que convivem famílias onde uma delas manifestou o desejo de se mudar). Antes, toda moradia onde havia coabitação era considerada parte do déficit, mesmo aquela onde não havia desejo de mudança, porque o número de quantos coabitavam involuntariamente não era conhecido. Ao excluir da contagem a parcela da coabitação voluntária, esta mudança metodológica reduziu a estimativa do déficit habitacional. 2) os pesos amostrais da pesquisa mudaram a partir da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) de 2007, devido à recontagem da população pelo IBGE em 2006. Ela mostrou um número menor de famílias do que se supunha, o que também reduziu a estimativa do déficit habitacional. Assim, a nova estimativa relativa a 2007 apontou não mais um déficit de 7,123 milhões de unidades habitacionais, mas sim de 5,760 milhões de moradias. Este número é a soma de 3,495 milhões de moradias inadequadas com 2,265 milhões de famílias em coabitação que manifestaram o desejo de se mudar. Mas apenas política que garanta recursos permanentes logrará resolver o problema Em 2008, o número do déficit habitacional absoluto caiu, devido ao declínio do número de famílias em coabitação. Contudo, o número de moradias inadequadas aumentou um pouco. A estimativa é de que em 2008 houve um déficit habitacional de 5,572 milhões de unidades habitacionais (queda de 3,3% em relação a 2007). Este número é a soma de 3,552 milhões de moradias inadequadas (aumento de 1,6%) com 2,020 milhões de famílias em coabitação que manifestaram o desejo de se mudar (queda de 10,8%). A diminuição do número de famílias em coabitação deve-se a vários fatores. Desde 2006, a quantidade de novas residências vem superando o número de novas famílias. Em 2008, para 1,434 mi- lhão de novas famílias, foi construído 1,778 milhão de novas habitações. Adicionalmente, a maior oferta de crédito, a queda dos juros habitacionais, as melhores condições de amortização dos financiamentos imobiliários e o aumento da renda contribuíram para a redução da coabitação, sobretudo no segmento de 4 salários mínimos para cima. Já o aumento das moradias inadequadas se deve basicamente ao fato de as favelas não terem se reduzido. São 2,1 milhões de moradias que se situam em favelas. De 2005 a 2008, aumentou em 110 mil o número de domicílios em favelas. O programa habitacional Minha Casa Minha Vida, que contempla subsídios para as faixas de renda mais baixas, só começou em 2009 e deverá entregar as primeiras unidades em 2010. Outro dado particularmente relevante para a construção paulista é que, do déficit habitacional de 5,572 milhões de moradias, 1,139 milhão situa-se no Estado de São Paulo. Vale destacar que 80% do déficit habitacional nacional é constituído por famílias com renda de até 3 salários mínimos. Isso confirma o que o SindusConSP tem defendido: apenas uma política de Estado, que subsidie a habitação de baixa renda e ultrapasse o período do mandato do governo de plantão, será capaz de proporcionar moradia digna a todos os brasileiros. * PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP cas, mentários, críti Envie seus co mas gestões de te perguntas e su na: para esta colu m .b r nd us co ns p. co si @ te pr es id en REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3 ESCREVA PARA ESTA SEÇÃO VOZ DO [email protected] Fax (11) 3334-5646 R. Dona Veridiana 55, 2º andar 01238-010 São Paulo LEITOR CONGRATULAÇÕES Encaminho cópia do requerimento de autoria do vereador Dilermando Dié (PSDB), aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de São José dos Campos, registrando a publicação da edição de outubro da revista Notícias da Construção e parabenizando a equipe responsável. “Destacamos a importante iniciativa das lideranças em buscar a união das entidades da construção para o fortalecimento do setor. Nossos cumprimentos à equipe responsável pelo excelente conteúdo do informativo”, diz o requerimento. Vereador Alexandre da Farmácia (Presidente da Câmara Municipal de São José dos Campos) 6 Capa 19 Imobiliário Construtoras e fornecedores ganham com os convênios da CompraCon-SP Seminário apresenta regras para helipontos 20 SindusCon-SP 75 anos Presidente SERGIO TIAKI WATANABE Vice-presidentes CRISTIANO GOLDSTEIN DELFINO PAIVA TEIXEIRA DE FREITAS FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO HARUO I SHIKAWA JOSÉ ANTONIO MARSILIO SCHWARZ JOSÉ CARLOS MOLINA JOSÉ ROBERTO PEREIRA ALVIM LUIZ ANTÔNIO MESSIAS MARCOS R OBERTO C AMPILONGO CAMARGO MARISTELA ALVES LIMA HONDA MAURICIO LINN BIANCHI ODAIR GARCIA SENRA PAULO BRASIL BATISTELLA Diretores das Regionais JOSÉ BATISTA FERREIRA (RIBEIRÃO PRETO) JOSÉ ROBERTO ALVES (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS) LUÍS GUSTAVO RIBEIRO (PRESIDENTE PRUDENTE) LUIZ CLÁUDIO MINNITI AMOROSO (CAMPINAS) RENATO TADEU PARREIRA PINTO (BAURU) PAULO PIAGENTINI (SANTO ANDRÉ) RICARDO BESCHIZZA (S ANTOS) RONALDO DE OLIVEIRA LEME (SOROCABA) SILVIO BENITO MARTINI FILHO (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO) Representantes junto à Fiesp Titulares: EDUARDO C APOBIANCO, JOÃO C LAUDIO ROBUSTI Suplentes: SERGIO PORTO, ARTUR QUARESMA FILHO Assessoria de Imprensa RAFAEL MARKO - (11) 3334-5662 NATHALIA BARBOZA - (11) 3334-5647 A expansão na gestão de Julio Capobianco Custo-benefício é compensador A opção pode ser importar Já são 12 os convênios assinados Missão é desenvolver a cadeia Batimat tem estande do SindusCon-SP 12 Perspectivas Construção deve crescer 8,8% em 2010 Favela é desafio do déficit habitacional Setor quer PEC da Habitação Burocracia é o grande obstáculo 17 Habitação SindusCon-SP no Conselho de Habitação 27 Meio ambiente Aquecedores solares serão estudados 30 SindusCon-SP em Ação Osasco apresenta Operação Urbana MBA da Construção abre inscrições MP fará seminários para a construção Espanhóis visitam SindusCon-SP 35 Notícias das Regionais Ribeirão festeja 75 anos do SindusCon-SP Santos investe em segurança Seconci tem unidade em Santo André Bauru debate financiamento Cursos orientam sobre protetor solar Rio Preto ensina sobre NF-e COLUNIST AS COLUNISTAS CONSELHO EDITORIAL: DELFINO TEIXEIRA DE FREITAS, EDUARDO MAY ZAIDAN, JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, MAURÍCIO LINN BIANCHI, FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO, ODAIR SENRA, SALVADOR BENEVIDES, SERGIO PORTO SUPERINTENDENTE: RICHARD OUANG GERÊNCIA DE MERCADO: IGOR ARCHIPOVAS SECRETARIA: MARCIA LAURINO EDITOR RESPONSÁVEL: RAFAEL MARKO REDAÇÃO: NATHALIA BARBOZA (SÃO PAULO) COM COLABORAÇÃO DAS R EGIONAIS : NERLI PERES (SOROCABA) ANDRE LUIZ RESENDE, MARCIO JAVARONI (RIBEIRÃO PRETO) SUELI OSÓRIO (SANTO ANDRÉ) ESTER MENDONÇA E ANA LÍGIA PASCHOALETTI (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO) GISELDA BRAZ (SANTOS) HOMERO FERREIRA (PRESIDENTE PRUDENTE) JOSÉ CARLOS DUCATTI (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS) VILMA GASQUES (CAMPINAS) SABRINA M AGALHÃES (B AURU ) COMUNICAÇÃO: MARCELO DA COSTA FREITAS/CHEFE DE ARTE JECYANE C OSTA /PRODUTORA GRÁFICA SANDERS CAPARROZ GIULIANI, ELAINE CRISTINA STEOLLA/ DESIGNERS GRÁFICOS; TEREZA CRISTINA PAIÃO/WEB DESIGNER PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. (11) 3334-5627 [email protected] Tel. (11) 9212-0312 5 PAULO GALA - CONJUNTURA 32 GIANFRANCO PAMPALON - SEGURANÇA DO TRABALHO 16 CELSO PETRUCCI - FINANCIAMENTO 34 JOSÉ CARLOS BAPTISTA PUOLI - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 18 MARIA ANGELICA LENCIONE PEDRETI - GESTÃO 37 ALEXANDRE TADEU NAVARRO GONÇALVES - JURÍDICO 24 LUIZ HENRIQUE CEOTTO - QUALIDADE E PRODUTIVIDADE 38 JOÃO FELÍCIO MIZIARA FILHO - PREVENÇÃO E SAÚDE 26 MARIA ANGELICA COVELO SILVA - GESTÃO DA OBRA 40 ANTONIO JESUS DE BRITTO COSENZA - MARKETING Tiragem desta edição: 9 VAHAN AGOPYAN - INOVAÇÃO As opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente as posições do SindusCon-SP ENDEREÇO: R. DONA VERIDIANA, 55, CEP 01238-010 SÃO PAULO-SP CENTRO DE ATENÇÃO AO ASSOCIADO TEL. (11) 3334-5600 CTP/ IMPRESSÃO: LEOGRAF 28 PEDRO LUIZ ALVES - MOTIVAÇÃO 42 MIL EXEMPLARES [email protected] www.sindusconsp.com.br 4 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO CONJUNTURA O que esperar de 2010 Paulo Gala* O ano de 2010 será marcado pela volta dos elevados déficits em conta corrente. Depois de uma sequência de cinco anos com superávits, iniciada em 2003, o país voltou a ter moderados déficits em 2008 e 2009. Tudo leva a crer, entretanto, que em 2010 teremos um déficit maior do que 3% do PIB. A retomada do nível de atividade econômica, com crescimento do consumo, investimentos e gastos do governo, aliada à forte apreciação da taxa de câmbio dos últimos meses, produzirá um pequeno déficit na balança comercial. Some-se a isso a balança de serviços, que deverá ser fortemente deficitária devido às remessas de lucro para o exterior, juros e turismo, e chegaremos a um nível bem maior de déficit em contas correntes. Os dados recentes já davam uma indicação desse processo. O Brasil registrou em outubro o maior déficit mensal do ano nas suas transações correntes com o resto do mundo. O resultado total da conta corrente foi deficitário em US$ 2,911 bilhões no mês. Na comparação dos meses de outubro de 2008 e 2009, o déficit corrente subiu de US$ 1,239 bilhão para US$ 2,911 bilhões, principalmente devido à elevação dos gastos líquidos com serviços e remessas de rendas. Nessa rubrica, as despesas líquidas subiram de US$ 3 bilhões para US$ 4,4 bilhões. Com esse resultado, o déficit acumulado no ano atingia US$ 14,788 bilhões, confirmando a previsão de que o país teria saldo negativo em suas transações correntes pelo segundo ano consecutivo. O déficit acumulado no ano ainda estava menor do que no mesmo período de 2008 (US$ 24,122 bilhões). Vale destacar: a qualidade do financi- Maior déficit em conta corrente prenuncia mais volatilidade cambial amento do déficit em 2009 é melhor, por ser mais do que coberto por investimentos estrangeiros diretos (IED). Até outubro, as transações correntes foram responsáveis por saídas de US$ 14,788 bilhões, enquanto o ingresso líquido de IED era de US$ 19,25 bilhões. A queda ocorrida nas transações correntes em comparação com os dez primeiros meses de 2008 deve-se, em parte, à ligeira recuperação do saldo comercial, que subiu de US$ 20,92 bilhões para US$ 22,64 bilhões. Também contribuiu uma pequena melhora da balança de serviços e rendas que apresentou resultado menos negativo (o déficit recuou de US$ 48,415 bilhões para US$ 40,088 bilhões). Esse comportamento foi provavelmente influenciado pela desvalorização do real no início do ano, fato que vem sendo revertido com muita força nos meses recentes. A brutal queda de atividade econômica interna como consequência da crise também contribuiu, pois desestimulou importações e gastos no exterior. No agregado, o balanço de pagamentos continua apresentando superávits. O saldo de outubro foi positivo em US$ 9,2 bilhões. A conta capital e financeira apresentou superávit de US$ 11,7 bilhões superando muito o déficit das transações correntes. Destacaram-se no mês os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros em carteira, US$ 17,1 bilhões, grande parte direcionada à bolsa de valores. Ou seja, nossos déficits comerciais e de serviços tendem a ser cada vez mais financiados pelos fluxos de capital. Em 2010, observaremos um forte aumento de déficit em conta corrente financiado por forte aumento de fluxo de capital estrangeiro para a economia brasileira. O que significará isso em termos práticos? Muito mais volatilidade no câmbio. Enquanto a mania de Brasil perdurar, recursos serão abundantes. Qualquer soluço lá fora ou mudança de idéia em relação às virtudes do país se traduzirão em saídas de capital e desvalorizações cambiais. * PROFESSOR DA ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su @fgv.br na: paulo.gala para esta colu REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 5 CAPA Um público de 140 pessoas, entre construtores e fornecedores, lotou o auditório do sindicato para conhecer as vantagens da CompraCon-SP Aqui se ganha Rafael Marko U m novo cenário favorável às construtoras e aos fornecedores de insumos do setor começou a se tornar realidade, graças ao crescente número de convênios firmados pela CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo). Isto ficou demonstrado no evento A Consolidação de um Novo Cenário de Compras, no qual representantes de construtoras e de fornecedores apresentaram as vantagens conquistadas com os convênios já firmados. Conduzido pelo presidente da CompraCon-SP, Alexandre Luis de Oliveira, o encontro reuniu 140 pessoas, lotando o auditório do sindicato em novembro. “Quando construtoras se juntam com seus ofertantes de insumos, a cadeia produtiva da construção sai fortalecida, com grandes benefícios para o setor e a sociedade”, afirmou a vice-presidente do SindusCon-SP, Maristela Honda, ao fa- 6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO “Quando construtoras e fornecedores se unem, quem sai fortalecida é a cadeia produtiva” lar em nome do presidente Sergio Watanabe. “Formar a CompraCon-SP foi uma idéia genial”, testemunhou o presidente interino do Secovi-SP, Basílio Jafet. “Em vez de só tentar juntar as construtoras em compras conjuntas, o que é muito difícil, a associação idealizou convênios em que os fornecedores se comprometem com preços menores e condições especiais de comercialização. Isso permite às construtoras economizar, repassando à sociedade a redução dos custos, e dedicar uma parcela maior de seu tempo à concepção dos projetos, tornando-os mais produtivos.” Para Jafet, que também assinou convênio com a CompraCon-SP por meio da trading Comexport representada por ele, “estamos em um jogo ganha-ganhaganha, que beneficia construtoras, fornecedores e um número crescente de pessoas que poderão comprar imóveis graças aos preços acessíveis”. O mesmo benefício será atingido nas obras públicas, afiançou no encontro o diretor executivo da Apeop, Carlos Eduardo Jorge. “Os órgãos públicos nos obrigam a seguir tabelas de preços que nem sempre refletem a realidade do mercado. Por isso, saber comprar bem e planejar é fundamental para as empresas do segmento. Com a CompraCon-SP, todos se beneficiam e os oligopólios e monopólios de fabricantes de insumos não nos deixam reféns. O confronto é substituído por objetivos comuns, para que todos saiam lucrando”, comentou. Custo-benefício é compensador Fernandes: desenvolver novos fornecedores Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico “Até me associar à CompraCon-SP, eu pagava caro pelos meus insumos por ter pouco tempo para dedicar ao planejamento das compras”, relatou no evento o conselheiro da associação, Eduardo Sobrosa. À frente da Sobrosa e Melo Engenharia, seu foco está nos contratos por empreitada global para a construção de indústrias. Os prazos muito curtos limitavam seu planejamento. “Os convênios da CompraCon-SP oferecem preços de insumos que compensam largamente o custo de se associar à entidade. Os melhores preços aumentaram as nossas margens e elevaram a qualidade das nossas propostas, porque agora temos mais tempo para planejar as aquisições de insumos. O próximo passo é desenvolver mais parceiros.” As vantagens obtidas nas tabelas dos convênios da CompraCon-SP possibilitam a prática de preços próximos aos obtidos pelos grandes compradores. A constatação foi do vice-presidente da associação, Fernando Fernandes. Sócio da Construtora Fiorese Fernandes, ele relatou no encontro que a troca de informações entre as associadas permite saber como está o mercado de forma regionalizada. “Vamos nos agrupar para obter melhores preços e ampliar o número de fornecedores. Um dos próximos alvos será o desenvolvimento de insumos que deverão ser demandados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.” Fernandes, Jorge, Jafet, Oliveira, Maristela e Sobrosa: união pelo aumento da produtividade A opção de importar Dois terços a 70% dos insumos de uma obra têm preços competitivos no Brasil. Nos outros 30%, a construtora pode optar pela importação. Entretanto, ela precisa levar em consideração outros fatores além do preço. Esse foi o recado passado no evento por Basílio Jafet, ao falar pela Comexport, trading que movimenta US$ 2 bilhões por ano e mantém convênio com a CompraCon-SP. “É preciso atentar para a complexidade logística da importação, o Custo Brasil, os ensaios de adequação do produto importado às necessidades nacionais, carregamento do navio, frete, impostos e entrega na obra. Portanto, viabilizar essas operações só é possível com grande escala e planejamento de curto prazo”, aconselhou Jafet. CompraCon-SP tem diversas benefícios, assegurou no evento o representante da Portinari-Cecrisa, João Pitol. Entre estes, figura o estreitamento do diálogo com as construtoras, o que permite um atendimento adequado e um melhor dimensionamento da demanda futura. Na mesma linha testemunhou o representante da AMG Elevadores, Edmilson Vieira, representante dos equipamentos da fabricante espanhola Orona, ligada à cooperativa Mondragon (uma das maiores do mundo, que também engloba um banco e uma universidade). “Além de ajudar a atender a demanda pelo equipamento, estamos trazendo tecnologia e nos preocupando com um atendimento pósvenda adequado. O estoque de peças de reposição já é suficiente para uma distribuição por diversas capitais do país em no máximo 24 horas”, disse. “Viabilizar importações só é possível com escala e planejamento de curto prazo” Benefícios do fornecedor O produtor de insumos da construção que se tornar conveniado da REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 7 Fornecedores mostraram seus produtos e serviços aos representantes das construtoras... Contato direto Ao final do evento A Consolidação de um Novo Cenário de Compras, os fornecedores mostraram seus produtos e serviços aos representantes das construtoras, em estandes especialmente confeccionados para a ocasião. Para se associar à CompraCon-SP, a empresa deve entrar em contato com seu diretor executivo, Robson Colamaria: [email protected] ou pelo telefone (11) 3334-5678. Site: www.compracon.com.br . • Comexport, trading que oferece assessoria de importação em materiais de construção de diversos países. Trabalha no desenvolvimento de novos fornecedores, negociando as melhores condições, acompanhando o processo produtivo e realizando os ensaios de qualidade. Acompanha embarque e desembarque / desembaraço. Também pode fazer a logística de distribuição; Doze convênios com indústrias, comércio e importação de insumos já foram assinados • Docol, uma das principais indústrias de metais sanitários; • Encon/KME Comercial de Condutores Elétricos, um grande distribuidor que disponibiliza os melhores preços dos principais fabricantes de fios e cabos elétricos; • Formaplan, fabricante nacional de chapas compensadas; • Forsa, fabricante multinacional de fôrmas e sistemas de alumínio para concreto; • Granilita, produtora de tintas especiais à base de água, produtos que respeitam o ecossistema. Possui grande portfólio de texturas (revestimentos de fachada) com preços competitivos; • Grupo Roca, detentor das renomadas marcas de louças sanitárias Incepa e Celite; • Orona, fabricante espanhola de elevadores, empresa de grande destaque no mercado europeu, presente em mais de 80 países e que começa a disponibilizar seus equipamentos no Brasil. • Portinari/Cecrisa, envolvendo um mix de produtos em revestimentos cerâmicos; • Supergreen, comercializadora de produtos, sistemas e soluções completas em água e energia, com a visão de excelência ambiental e inovação; os produtos têm baixo impacto ambiental; • Viapol, um dos principais fabricantes de impermeabilizantes, mantém um mix diversificado de produtos para impermeabilização e químicos. ... que puderam conferir os preços melhores e as condições comerciais diferenciadas Veja os acordos já assinados Até o início de dezembro, a CompraCon-SP já havia assinado convênios com as seguintes empresas, que oferecem às construtoras associadas seus produtos e serviços por preços atrativos e condições comerciais diferenciadas: • Belmetal, uma das maiores e mais bem preparadas empresas de transformação de alumínio. Disponibiliza grande linha de esquadrias e sistemas de fachadas, além de projetos específicos; 8 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Missão: desenvolver a cadeia A CompraConViabilizar negócios SP é uma associaO compromisção de empresas da so da CompraConconstrução civil SP é viabilizar ne(construtoras e ingócios ampliando corporadoras), criao poder de compra da, incubada e inde insumos e sercentivada pelo Sinviços de suas emdusCon-SP, com o presas associaapoio da CBIC (Câdas, gerando benemara Brasileira da fícios e soluções inIndústria da Constegradas, para: trução), do Secovi• obter maior poder SP (incorporação de negociação e de imóveis) e da melhoria das condiApeop (empresas ções comerciais; de obras públicas). • ser um canal para O SindusConimportações de diSP vem atuando na versos produtos; promoção desta • limitar a atuação iniciativa desde Alexandre Luis de Oliveira, presidente da CompraCon-SP: atuação organizará a demanda de intermediários; 2008 com o intuito • realizar aproximade fortalecer cada ção estratégica com vez mais o setor. No Brasil, ações semeassociações de classe dos fornecedores; ficiar a categoria através de acordos, conlhantes se propagam por meio das Co• desenvolver e qualificar fornecedovênios ou contratos; opercons. res para atender nossas associadas em: c) organizar a comercialização por A associação desenvolve convênios qualidade do produto; cumprimento de intermédio de compras e vendas assoe estudos do mercado, para que a consprazos; capacidade ciativas; trução possa ser suprida com as melhoinstalada de produd) buscar meres condições mercadológicas. ção; flexibilidade, e lhor qualidade e responsabilidade menor custo, na Objetivos estatutários socioambiental inaquisição direta, • Colaborar com o desenvolvimento tegrada à produpelos associados, da cadeia produtiva da construção civil; ção; de insumos, equi• colaborar para a organização do • desenvolver pamentos e servisetor na relação com os agentes que inteprodutos, metodoços utilizados na caragem na cadeia produtiva; logias ou serviços deia produtiva da • colaborar para que as empresas do padronizados; construção civil, prosetor da construção civil tenham competi• viabilizar a aquisição de produtos movendo atividades de exportação e imtividade no mercado. indiretos à construção civil e quaisquer portação, se necessário; outros tipos de produtos que demandem e) firmar convênios e parcerias com Algumas finalidades estatutárias as associadas; outras entidades e empresas visando proa) trabalhar pelo desenvolvimento • representar as associadas, agreganmover o aprimoramento técnico dos seus econômico, financeiro e comercial empredo os setores da cadeia produtiva, por associados, mediante cursos e treinasarial, visando os associados; meio de mapeamento e análise das vanmentos, objetivando a transferência de b) fomentar e incentivar o desenvolvitagens competitivas de cada segmento novas tecnologias utilizadas na área da mento de uma ação social que vise beneda cadeia. construção civil; Elevar competitividade das construtoras é um dos objetivos da associação de compras REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9 Show de bola O estande próprio do SindusConSP na 27ª Batimat Paris 2009, a maior feira mundial de construção civil, sinalizou o prestígio e a importância com que o Brasil tem sido tratado recentemente pelo mercado internacional. Instalado no Pavilhão de Serviços, o estande, com 84 m², acolheu mais de 500 pessoas, de 2 a 7 de novembro. O espaço se transformou num concorrido meeting point. “Tivemos a visita de pelo menos 500 pessoas, que pararam e conheceram um pouco mais sobre o sindicato. A bandeira do Brasil no fundo do estande fez muito sucesso não só entre os brasileiros”, comentou o diretor de Relações Internacionais do SindusConSP, Salvador Benevides. O espaço tinha recepcionista, computador ligado ao site do SindusCon-SP e sofá. “Fomos muito bem recebidos. Foi ótimo ter estado lá e visto a bandeira brasileira. Estava faltando esta presença institucional”, afirma José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva). “O Brasil está sendo convidado a fazer parte da Champions League do mundo. O estande do SindusCon-SP mostrou que aceitamos o 10 chamado”. A Champions é o mais importante campeonato interclubes europeu de futebol e reúne a elite do esporte. Além do presidente do Sinaenco, Benevides recepcionou Marie-Ange Joarlette, diretora da Promosalons Brasil, no estande. Benevides recepciona Marie-Ange Joarlette, diretora da Promosalons, no estande do SindusCon-SP em Paris Promissor Para Benevides, ficou claro que “os empresários estrangeiros consideram o Brasil um mercado sedutor e um produto promissor”. Segundo ele, representantes da Europa, da Ásia, dos Es- Feira mostrou que produtos sustentáveis dominarão a construção a partir de agora tados Unidos e do Oriente mostraramse interessados em fazer negócio. Além de organizar o estande, cedido ao sindicato pelo Grupo Reed Exhibitions, a Diretoria de Relações Internacionais do SindusCon-SP foi responsável pela organização e acompanhamento de um grupo de 180 pessoas, boa parte delas empresários e diretores de construtoras de vários Estados, como São Paulo, Tocantins, Espíri- to Santo, Distrito Federal, Rondônia e Paraná. Chamou a atenção do grupo o “fracasso” de público da Batimat nos primeiros dois dias e os espaços vazios de exposição fechados por tapumes, em contraste com a multidão que visitou o pavilhão nos dias seguintes. Para Martinho Fedatto, da construtora e incorporadora Fedatto, de São José dos Campos, a situação refletiu bem o momento econômico da Europa, “que ainda não saiu da crise”. Ele foi à Batimat Paris observar como a construção civil está fora do país. O que viu, animou o empresário. “A receptividade para os brasileiros é grande e observamos que estamos atualizados em relação ao resto do mundo.” “Estamos muito bem” “Há na Batimat ainda muita coisa que não se aplicaria ao Brasil, mas outras tantas já chegaram”, contou a engenheira Juliana Vanessa Tartaglia, da Construtora J. Bianchi, de Mogi das Cruzes. “Não estamos muito para trás”, afirmou, referindo-se ao software BIM ( Building Information Modeling ), que ajuda na gestão de novos empreendimentos da construção civil. “A feira abriu a nossa mente, ofuscada pela rotina diária da área de projetos”, completou. Além disso, contou a engenheira, a viagem estimulou a troca de ex- Bandeira do Brasil virou meeting point para visitantes da feira REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Fotos: Salvador Benevides periências sobre soluções técnicas que ela já começa a propor à construtora na sua volta ao trabalho. “A adoção de caixas individuais de correio nas unidades de um prédio é uma delas. Também estudamos a substituição dos muros tradicionais por outros que agregam plantas, para melhorar o paisagismo”, revelou. A oportunidade de fazer novos contatos profissionais também foi o ponto alto da viagem, atestou José Roberto Alves, diretor da Prazzo Engenharia e da Regional São José dos Campos do SindusCon-SP. Ele também se mostrou “feliz” com a grande evolução que a construção brasileira apresentou nos últimos anos. “Estamos muito bem. Há 5 anos, víamos o mundo muito mais desenvolvido do que nós”, comentou. Alves também aproveitou a conversa com um arquiteto chileno responsável pelo empreendimento conhecido pelo grupo durante uma visita técnica promovida pelo SindusCon-SP. “É uma obra premiada, e percebemos que o conceito de sustentabilidade que ela carrega leva a mesma mentalidade da que colocamos nos nossos projetos industriais”, revela. Sustentabilidade Neste ano, a sustentabilidade foi o tema-chave da Batimat, que reuniu fornecedores do mundo todo –muitas empresas do Leste Europeu, como Rússia e Hungria. “O que impressionou na feira foi a importância da temática da sustentabilidade. Não é à toa que a França se mostrou empenhada, junto com o Brasil, em salvar alguma coisa da Conferência sobre o Clima (COP15), neste mês”, disse Bernasconi. “Este movimento é mais do que discurso. É para já! Os governos vão começar a acelerar medidas, e temos de acompanhar. A França, por exemplo, já elaborou uma legislação bastante completa com exigências de sustentabilidade e sanções para quem não quiser colaborar.” Segundo ele, o caminho é um único: em breve, todos os materiais de construção especificados terão de levar em conta duas variáveis: o balanço energético de sua produção e o desempenho ambiental e energético futuro. Entre os produtos voltados à sustentabilidade apresentados na feira, Benevides destacou uma nova fachada de pele de vidro filetada que faz as vezes do receptor de calor para o sistema de aquecimento solar. A propósito, os sistemas de aquecimento solar mostraram-se muito mais diversificados e sofisticados, com opções de células fotovoltaicas de todos os tipos. Fabricantes mostraram ainda um poste de iluminação pública que absorve o calor para usá-lo à noite e uma manta de impermeabilização que recolhe o calor, além de novos tubos de iluminação de fibra ótica. “Quem conhece a Batimat sabe que a oferta de produtos é enorme, mas que é preciso garimpar muito”, disse Benevides. Sucesso do estande do SindusCon-SP na Batimat prova que país também é craque na construção civil A fachada filetada tipo pele de vidro coleta a energia solar para o aquecimento de água Um dos exemplos de fôrma metálica para concretagem Equipamento de energia fotovoltaica, para ser aplicado às fachadas: exemplo de eficiência energética Calendário 2010 Para quem perdeu as atividades internacionais do SindusCon-SP em 2009, Salvador Benevides avisa que o calendário 2010 já está montado. As próximas viagens internacionais do sindicato começam com a missão técnica à África do Sul, em abril. Em agosto, os empresários serão acompanhados a mais uma feira internacional sobre sustentabilidade. A programação termina em outubro, com uma viagem ao Japão. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11 PERSPECTIVAS “O susto passou” Nathalia Barboza O s prognósticos mais pessimistas feitos para a construção civil no final de 2008, diante da crise financeira internacional, não se confirmaram. A despeito do efeito nocivo da crise sobre os gastos das famílias, o PIB (Produto Interno Bruto) da construção brasileira deverá crescer cerca de 1% em 2009, chegando a R$ 147,7 bilhões. Mais do que isso, o PIB em 2010 começará com uma expectativa de subir 8,8% até dezembro, atingindo R$ 150 bilhões (a preços de 2008). As previsões foram anunciadas pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, em entrevista coletiva à imprensa, no início de dezembro, com a participação do diretor de Economia do sindicato, Eduardo Zaidan, e da consultora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ana Maria Castelo. “Nos canteiros de obra, o ano acabou sendo melhor do que se esperava ao final de 2008”, confirmou Zaidan. “O ano foi mesmo atípico. Começou de forma sombria e, à medida que foi passan- do, as condições melhoraram muito”, disse Ana Maria. “O susto passou”, decretou a economista. Vários indicadores sustentam esta constatação. O mais expressivo deles é o do nível de emprego da construção brasileira, que cresceu 7,3% entre janeiro e setembro de 2009, comparado a igual período de 2008. Ao final de setembro, havia 2,297 milhões de trabalhadores com carteira assinada na construção civil, 212 mil dos quais contratados nos primeiros nove meses do ano. Os segmentos de infraestrutura, com alta de 4,82% no emprego, e de imobiliário, com elevação de 8,08%, foram os responsáveis pela maior parte das contratações. As vagas surgiram no país como um todo. “As obras não pararam e o governo entrou com medidas anticíclicas que foram responsáveis pela inflexão do ambiente desfavorável”, afirmou Ana Maria. Entre as ações que contribuíram para a melhora do humor dos empresários estão a abertura de linhas de crédito para capital de giro, a desoneração tributária de materiais e o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida. Construção civil supera crise e estima que PIB tenha crescido 1% em 2009 Descolamento Por tudo isso, o SindusConSP e a FGV alertaram que os números oficiais dos PIBs trimes- 12 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO trais da construção, divulgados pelo IBGE, “descolaram” do estado de arte das construtoras, que não param de contratar mão de obra. A explicação é que o PIB é profundamente influenciado pelos indicadores negativos da produção de materiais e do comércio varejista de insumos da construção, que ainda não se recuperaram. “A produção de materiais baixou 9,7% e a receita nominal de vendas das lojas teve queda real de 7% até setembro”, apontou Ana Maria. Segundo ela, o resultado foi desigual em relação ao desempenho das famílias, o que deve levar o PIB da construção a uma queda de 8,7% no terceiro trimestre de 2009. Watanabe detalhou a visão do SindusCon-SP a jornalistas, durante a coletiva de imprensa Mais investimentos O otimismo voltará a dar o tom em 2010. “O crescimento da construção será comandado pela ampliação dos investimentos públicos e privados”, afirmou Sergio Watanabe. Segundo ele, espera-se uma taxa de investimento em torno de 20% do PIB: as inversões crescerão de R$ 476 bilhões para R$ 625 bilhões. “Os setores que receberão mais recursos serão o residencial e o de energia; os investimentos imobiliários deverão passar de R$ 170 bilhões em 2009 para R$ 202 bilhões em 2010”, disse. O impacto desta expansão deverá se refletir em novo aumento no nível de emprego na construção civil. “A expectativa Evolução do PIB é de que os postos de trabalho com carteira assinada no setor cresçam 8% em 2010. Isto significa que deveremos chegar a cerca de 2,4 milhões de empregos formais no ano que vem.” As boas expectativas dos empresários da construção civil brasileira com relação ao desempenho de suas empresas também aparecem nos resultados da 41ª Sondagem Nacional da Construção, realizada pelo SindusCon-SP e pela FGV em novembro. Os empresários mostraram-se satisfeitos com o desempenho atual das construtoras e revelaram previsões ainda melhores: o crédito imobiliário poderá crescer, bem como a captação das empresas no mercado de capitais. Ele avaliaram ainda que o número de lança- (*) Projeção FGV - Fonte: IBGE mentos imobiliários aumentará, com destaque para empreendimentos voltados para as famílias de média e de baixa ren- da, e disseram esperar aumento dos investimentos em infraestrutura em 2010, um ano eleitoral. Favela é maior desafio do déficit A redução de 3,3% do déficit habitacional brasileiro em 2008 –5,572 milhões de unidades habitacionais contra os 5,760 milhões de 2007–, não esconde a imensa dificuldade de lidar com o problema da falta de moradias dignas para a população de mais baixa renda. A avaliação é do SindusCon-SP, que calculou o déficit junto com a FGV, com base na PNAD 2008 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). “O déficit por inadequação não tem caído. Este é um dado fundamental e escandaloso. Estamos muito longe de resolver o problema”, reclamou Eduardo Zaidan, diretor de Economia do SindusCon-SP. São 2,1 milhões de casas em favelas, 110 mil a mais do que em 2005. O número está incluído nos 3,552 milhões de moradias inadequadas (além das favelas, os domicílios improvisados, rústicos e cortiços). Há 2,020 milhões de famílias em coabitação. Depois de passarem por duas mudanças metodológicas importantes, os números do IBGE dão agora a dimensão mais real das carências habitacionais do país. “Os pesos amostrais mudaram em 2007, devido à recontagem da população em 2006, o que resultou em um número menor de famílias do que se supunha. Além disso, o déficit passou a levar em conta só os domicílios em que existe coabitação involuntária. Antes, toda a coabitação fazia parte do déficit”, explicou. A diminuição do déficit deve-se a vá- O déficit habitacional rios fatores. Para começar, desde 2006, a quantidade de novas residências vem superando o número de novas famílias. Em 2008, para 1,434 milhão de novas famílias, foi construído 1,778 milhão de novas habitações. A maior oferta de renda e do crédito, a queda dos juros e as melhores condições de amortização dos financiamentos contribuíram para a redução da coabitação, sobretudo no segmento de 4 salários mínimos para cima. Moradia digna As famílias de até 3 salários mínimos são 80% do déficit habitacional. Para o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, “este fato reforça a tese de que apenas uma política de Estado, que subsidie a habitação de baixa renda e ultrapasse o período do mandato do governo de plantão, será capaz de proporcionar moradia digna a todos os brasileiros”. A base dessa política é garantir recursos permanentes dos Orçamentos para subsidiar a moradia às famílias que não têm capacidade de assumir as prestações de um financiamento imobiliário. “Neste sentido, defendemos a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Habitação”, afirmou ele. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 13 Mesmo com todo o crescimento da renda e do crédito imobiliário, 80% do déficit habitacional continuam concentrados nas famílias que ganham até 3 salários mínimos por mês. Por isso, a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Habitação (conhecida ainda por PEC da Moradia Digna), é fundamental para a erradicação deste déficit. Esta posição, defendida pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, no painel sobre Habitação dentro do 8º Construbusiness (Congresso Brasileiro da Construção), recebeu o apoio dos demais segmentos do setor. Realizado em novembro na Fiesp, o evento revelou os gargalos à construção e apresentou propostas. No documento final, figurou a proposição de “construir solução definitiva para o déficit habitacional brasileiro por meio da PEC Moradia Digna e a consequente implementação do PlanHab (Plano Nacional de Habitação)”. No painel, o presidente do SindusCon-SP lembrou que a PEC da Habitação pretende assegurar recursos para subsidiar a habitação de interesse social. A proposta é destinar 2% da arrecadação da União e 1% daquela dos Estados e Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico Setor quer PEC da Habitação Robusti, Crestana e Hereda: unidos pela Proposta de Emenda Constitucional Municíos para os fundos de habitação de interesse social, por um prazo definido: 20 anos ou até o fim do déficit, o que ocorrer antes. Planhab necessário O representante do SindusCon-SP na Fiesp e diretor-adjunto do Deconcic (Departamento de Construção Civil) da federação, João Claudio Robusti, destacou a importância da aprovação da PEC junto com a implementação do Plano Nacional de Habitação (PlanHab): “Será que o empresário vai continuar investindo em habitação de interesse social se a política for provisória? Já vimos no passado a descontinuidade de programas por falta de uma política de Estado. Devemos também abrir novas fontes de financiamento, como a securitização de recebíveis”. Ao lado de Robusti, pronunciaramse, na mesma linha, o presidente do Secovi-SP, João Crestana, e o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda. Falaram ainda a subsecretária de Habitação do Ministério das Cidades, Junia Santa Rosa; e o secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl. Construção defende recursos garantidos para erradicar o déficit habitacional Foto: Divulgação/FIESP Ao lado de Mario William (à esq.), da ABCP, Watanabe exalta a PEC da Habitação 14 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Burocracia custosa Outro tema que agitou os debates do painel foram os entraves burocráticos aos empreendimentos imobiliários. Os realizadores do Construbusiness propuseram a adoção de um Programa de Eficiência Institucional Pública e Privada. Segundo estudos do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 108ª posição entre 181 países pesquisados na obtenção de alvará de construção. O processo aqui envolve 18 procedimentos e chega a levar 411 dias. Um estudo da CBIC foi mostrado, revelando que os trâmites burocráticos para aprovar empreendimentos de interesse social no município de São Paulo requerem 35 etapas e encarecem em até 10% o custo final da obra. Planinfra e precatórios A estruturação do Planinfra (Plano Nacional de Infraestrura) foi defendida no painel anterior, como forma de dar prosseguimento aos princípios e à forma de gestão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Além dessas posições, a Carta Aberta divulgada ao final do encontro também defendeu a proposta da Fiesp para a PEC dos Precatórios, para dar mais segurança jurídica aos investidores: em vez de leilão, instituir um fundo com os recebíveis dos precatoristas, para aplicação em infraestrutura e habitação. Burocracia é o grande obstáculo da Copa e das Olimpíadas Foto: Divulgação/FIESP A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 podem representar um xeque-mate na estrutura burocrática do país. A afirmação foi feita em novembro pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr., durante a abertura do 8º Construbusiness (Congresso Brasileiro da Construção), na Fiesp. “A estrutura burocrática brasileira é muito lenta. Como a Copa e as Olimpíadas têm data Orlando Silva: Brasil precisa dar xeque-mate na burocracia e hora marcadas para começar, serão necessárias medidas que agilizem zar a administração de recursos e aceleo processo de seleção pública de contrarar as obras, e cobrou o Congresso. “O tação, assim como o de execução das Parlamento tem obrigação de viabilizar os obras”, disse Silva Jr. O ministro demonsprocessos e promover condições instituciotrou preocupação com o ritmo das obras, nais para isso”, completou. sobretudo em relação à modernização dos Como representante do presidente aeroportos paulistas. “O cronograma que Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Dea Infraero tem de modernização dos aerosenvolvimento, Indústria e Comércio Exportos é justo. Tem que ser cumprido rigoterior, Miguel Jorge, calculou que “mais de rosamente, sob pena de não termos conR$ 200 bilhões serão movimentados pela dições necessárias para que a Copa aconCopa e pelas Olimpíadas”. Já a infraestruteça com sucesso”, alertou. Ele defendeu tura aeroportuária receberá R$ 6 bilhões o modelo de concessão privada dos aeroem investimentos e as obras de mobilidaportos o que, segundo ele, poderia otimide urbana somarão 64 intervenções em 12 cidades, revelou Silva. Mas o ministro classificou como crítico o setor de hotelaria. “É de conhecimento de todos o alto grau de informalidade desse segmento. Contra isso, o BNDES já prepara uma linha de financiamento para estimular a qualificação do mercado", revelou. Miguel Jorge também criticou a burocracia no setor de construção civil. “É impossível ter um país que gera emprego e renda e está sujeito não a leis, mas a resoluções e circulares. Temos que mudar isso radicalmente”, disse. Segundo ele, “a construção precisa de novas regras para ser mais competitiva e enfrentar os desafios”. O foco na gestão eficiente também foi considerado primordial pelo empresário Jorge Gerdau. “Através da gestão é possível fazer milagres. Para cada real aplicado em programas de eficiência, 75 reais retornam à empresa”, afirmou. Alta velocidade O grande benefício das obras da Copa e das Olimpíadas se espalhará pelo país, garantiu o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. “Os R$ 30 bilhões que serão empregados no TAV [Trem de Alta Velocidade, que deverá ligar o Rio a São Paulo] vão incentivar o crescimento de todos os municípios por onde ele passar, até porque 70% desses recursos vão para a infraestrutura nas cidades, com novas obras e a aquisição de materiais”, comentou. O diretor-titular do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da Fiesp, José Carlos de Oliveira Lima, expressou preocupação com o ritmo do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). “Permanece expressiva ainda a distância entre a efetiva dotação do plano e os pagamentos”, reclamou. Segundo ele, leva-se mais de 5 anos para implementar um empreendimento rodoviário. “São 3 anos só com questões burocráticas. Em São Paulo, há 35 etapas para aprovar um projeto”, denunciou. Para Lima, além dos recursos para a infraestrutura, é importante que o país tenha uma política de continuidade dos investimentos em habitação de interesse social para além do programa federal Minha Casa, Minha Vida. (Nathalia Barboza e Rafael Marko) Infraestrutura será melhor em vários municípios, diz Skaf REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15 FINANCIAMENTO Natal inesperadamente feliz Celso Petrucci * P articipei de confraternização de uma grande empresa incorporadora de capital aberto e ouvi frase que me fez refletir bastante: “No início de 2008, estávamos eufóricos com o mercado e terminamos o ano sem imaginar como se comportaria o futuro. Em 2009 aconteceu o inverso, iniciamos o ano sem muitas perspectivas e estamos terminando em um ambiente praticamente de euforia”. Aliás, mais de um economista –brasileiro ou não– nos alertou de que ser a bola da vez, o queridinho do mundo, quase nunca é vantajoso, mormente com a globalização em que decisões são tomadas, por vezes, pelo mercado. Mas não reconhecer que este Natal era inesperado e que o ambiente econômico no próximo ano está amplamente favorável seria, no mínimo, fechar os olhos para os acontecimentos e para os pressupostos econômicos para 2010. Os financiamentos com recursos da Caderneta de Poupança previstos para este ano, de R$ 28 bilhões –redução de mais de 6% em relação a 2008–, encerrarão com a aplicação de R$ 32 bilhões e projeção para 2010 de R$ 40 bilhões. A Caixa estimava no início do ano investimentos de R$ 24 bilhões em habitação e apresentou balanço de janeiro a novembro confirmando a contratação de R$ 39 bilhões com a assinatura de mais de 5 mil operações de financiamento por dia. Parte desta contratação deve-se ao programa Minha Casa, Minha Vida que não existia no começo do ano. Até outubro, o Brasil foi o país do G20 (excetuando a China) que mais criou empregos formais –1,17 milhão. A construção civil foi responsável por 210 mil empregos adicionais no período. Estimativas do Ministério do Trabalho apontam 16 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Fica a preocupação com oligopólios de insumos, burocracia e travas ambientais para 2 milhões de empregos formais líquidos em 2010. O PIB estimado para o ano que vem pelas diversas consultorias econômicas está entre 5% e 6%, e em alguns casos aponta para 6,5% ou 7%. A classe média, no conceito da Fundação Getulio Vargas, continua crescendo. Era 42,4% da população em 2002 e em junho deste ano atingiu 53,2%. No mesmo período de 2002 a junho de 2009, a classe baixa decresceu de 29,2% para 18,3% da população. A massa salarial do trabalho crescerá em 2009, nas seis principais regiões metropolitanas do País, e o índice de 4,43% saltará pra 6,32% em 2010. A relação crédito/PIB do Brasil atingiu 45,7%. Nada mau para quem possuía em 2003 um estoque de crédito de apenas 21,8% do PIB. Porém, ainda é muito pouco se comparado com países como Chile (69,2%), Índia (76,1%) ou Itália (97,2%). Isso indica que nosso crédito tem um espaço monumental para crescer. Bastaria a leitura acima para imaginarmos um 2010 auspicioso para a construção civil e imobiliária. Entretanto, a grande surpresa de 2009 ficou por conta de sua majestade “o consumidor”, este sim o que menos sentiu a crise instalada há pouco mais de um ano. De norte a sul do País, há otimismo e previsão de crescimento do mercado imobiliário variando de 20% a 25%. De toda forma, estimamos um desenvolvimento do setor no município de São Paulo entre 10% e 15%. Como outros tantos e apesar de neste Natal termos muito a comemorar, fica a preocupação com obstáculos que ainda precisarão ser enfrentados, como a pressão dos materiais de construção dos oligopólios, as questões do meio ambiente, a burocracia excessiva na aprovação de empreendimentos, o desenvolvimento de tecnologia que permita a redução do ciclo da construção e tantas outras questões a serem resolvidas. Mas não é hora de falar sobre isso e sim de desejar boas festas e um 2010 com muita paz. * ECONOMISTA-CHEFE DO SECOVI-SP, DIRETOR-EXECUTIVO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA DO SINDICATO E MEMBRO TITULAR DO CONSELHO CURADOR DO FGTS cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu uo l.c om .b r ce ls op et ru cc i@ SindusCon-SP integra Conselho de Habitação Público lotou o auditório na cerimônia Representando o SindusCon-SP, o diretor-adjunto do Deconcic/Fiesp, João Claudio Robusti, tomou posse em dezembro como membro titular do Conselho Municipal de Habitação de São Paulo, para o biênio 2009/2011. Como membro suplente, tomou posse o gerente de Produção e Mercado, Elcio Sigolo. Participaram da cerimônia, realizada no auditório do Edifício Matarazzo, o prefeito Gilberto Kassab; o secretário municipal de Habitação, Elton Santa Fé Zacarias; e o presidente da Co- hab, Ricardo Pereira Leite, além de vereadores, subprefeitos, outros secretários municipais, conselheiros eleitos e um grande público. “O papel do Conselho é fundamental na condução das políticas habitacionais da cidade e na decisão dos investimentos que serão feitos em prol do município. Tenho certeza de que os conselheiros irão atingir as metas para as quais se propuseram”, disse o prefeito. O secretário de Habitação ressaltou o papel dos conselheiros da ges- Órgão orienta a política de combate ao déficit habitacional tão anterior, que “ajudaram nesse grande desafio que é o combate ao déficit habitacional de São Paulo. A colaboração dos novos membros é decisiva para trazer projetos que contribuam à superação desse e de outros obstáculos.” A superintendente de Habitação Popular e secretária executiva do Conselho, Elisabete França, afirmou que “o órgão vem se consolidando cada vez mais, o que só traz benefícios. Pelo caráter democrático que tem, estimula o debate e ajuda no aprimoramento da condução das políticas públicas.” Entre os 48 conselheiros, 16 representam os movimentos populares de moradia. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17 GESTÃO EMPRESARIAL Mais evidências empíricas Maria Angelica Lencione Pedreti * N a última edição, comentei sobre três importantes conclusões de uma pesquisa efetuada pela consultoria Bain e Company: 1. empresas que investem frequentemente, inclusive adquirindo outras companhias, oferecem melhores retornos aos seus acionistas que aquelas que investem esporadicamente; ou seja, as empresas também aprendem com a prática; 2. empresas detentoras de uma tese de investimento sólida e fiéis a ela têm desempenho melhor e menos volátil que as que aguardam oportunidades; é mais importante o fundamento das transações que o momento no qual elas ocorram; 3. empresas que começam por transações menores e progressivamente aumentam seus empreendimentos têm melhores retornos que as protagonistas de poucas grandes transações. Hoje, agrego as considerações finais da pesquisa, corroboradas pela evidência empírica. Um conhecido indicador de saúde financeira das companhias é o lucro por ação. O estudo da Bain investigou se investimentos que elevaram o lucro por ação das empresas realmente trouxeram maiores retornos aos acionistas e concluiu que não necessariamente. A principal razão para isso é o que discutimos em edições anteriores: os lucros não são atualmente uma boa aproximação dos fluxos de caixa da companhia; e o retorno dos acionistas (composto por dividendos e valorização dos preços das ações) depende muito mais de fluxos de caixa que de lucros. Esta conclusão corrobora tudo o que temos discutido nesta coluna, nos últimos anos. A consequência é que as empresas não devem investir buscando maximizar 18 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Investimento deve buscar maximizar fluxos de caixa e não os lucros lucros, mas maximizar fluxos de caixa. O mesmo estudo da consultoria internacional buscou mensurar o impacto da cultura das empresas sobre o sucesso de seus investimentos. Concluiu, ao contrário do que esperaríamos, que questões culturais não interferem significativamente no sucesso de um investimento. Ou seja, existiu pouca diferença entre os resultados de empresas que enfrentaram problemas culturais e os de outras que não os enfrentaram no curso de seus investimentos. A descoberta: o impactante não é a questão cultural existir ou não, mas a empresa investidora ter ação proativa para identificar e enfrentar tais questões (a empresa que agiu proativamente obteve um retorno 5,1% maior que a que fracassou na identificação ou solução do problema). Mais: abordar questões culturais proativamente tem maior impacto em transações de escala, onde a integração deve ser total e a assimilação da cultura se torna crucial, sempre consoante à tese de investimento, claro. Já em transações que visavam à ampliação do escopo das companhias, a empresa investidora poderia manter as culturas, da empresa investidora e do negócio adquirido, separadas, ou criar uma nova cultura. E o sucesso de cada estratégia dependeria do grau de sobreposição entre os investimentos: onde a sobreposição fosse maior, criar uma nova cultura seria mais efetivo; com mais independência entre os investimentos, a estratégia das culturas separadas foi mais eficaz. O sucesso de todo investimento depende da correta integração dos quatro fatores que temos comentado: 1) saber claramente o motivo daquele investimento, como ele pode gerar fluxos de caixa ou reduzir o risco do investidor; 2) avaliar bem, para não pagar mais que o justo; 3) identificar questões culturais e agir proativamente quando elas aparecem, sempre em consonância com a tese de investimento; 4) reavaliar, quando as surpresas aparecem, admitindo e enfrentando erros (o que não deixa de ser a oportunidade de aprender mais). Afinal, cada dia, cada ano não é mais uma oportunidade de aprender?! Neste fim de ano, desejo a todos muitas chances e muito sucesso! * PROFESSORA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DA FGV, MESTRA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, TRABALHA EM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO cas, mentários, críti Envie seus co mas gestões de te perguntas e su @ fg vs p. br ne io nc na : m le pa ra es ta co lu IMOBILIÁRIO O ninho do pássaro A novíssima Lei 15.003, que disciplina a construção e o uso de helipontos na cidade de São Paulo, foi a atração do último módulo do 2° Seminário Legalização de Empreendimentos no Município de São Paulo, promovido pela vice-presidência de Imobiliário do SindusCon-SP de 9 de setembro a 25 de novembro. Com o auditório da sede sempre lotado, as 12 semanas do evento tiveram palestras de representantes das secretarias e autarquias envolvidas na aprovação de projetos imobiliários. “Aprová-los no dia-a-dia não é tarefa fácil. O evento atendeu às expectativas dos que enfrentam esta maratona” afirmou Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, no encerramento do seminário. Watanabe aproveitou para incentivar os presentes a participarem das audiências públicas que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deverá realizar provavelmente no início de 2010 para discutir uma nova regulamentação sobre ruídos de helipontos. Doris Vieira, diretora da agência, disse que o texto está no Departamento Jurídico. Segundo Doris, os pareceres finais sobre o nível de ruído das aeronaves nos helipontos agora é atribuição da Anac, e o grau de decibéis permitido é determinado pela frequência de voos de helicópteros em um dia ou um ano. A Anac chamará para as audiências pelo site www.anac.gov.br. A Lei 15.003, de 23 de outubro, estabelece as diretrizes e normas referentes à construção, instalação, reforma, ampliação e utilização de aeródromos, heliportos e helipontos no município. Pela lei, a Prefeitura só aprovará os helipontos, mesmo os em operação, se tiver um parecer favorável da Anac. Os já instalados teriam um mês para comprovar regularidade. Segundo o Código Brasileiro de Aeronáutica, nenhum aeródromo Comar e Anac detalharam processos legais para aeródromos civil poderá ser utilizado sem estar cadastrado. Aeródromo rampas de aproximação, erros no preené aquele que tem pista e área patrimonichimento e de cumprimento de requisitos al, sem necessariamente dispor de áreas do ofício padrão (n° 008/2009/SMDU), de passageiros e lojas, por exemplo. Os que encaminha a situação dos heliponprivados são abertos por um processo de tos da cidade de São Paulo junto à Prefeiregistro. A Portaria de Registro tem valitura, além de posturas municipais e amdade de 5 anos, renováveis por mais 5, bientais e problemas de operação. mas a determinação está sendo revista. Além disso, a operação do aeródromo é Zoneamento de responsabilidade de seu proprietário. Na implementação de um aeródromo, Segundo Douglas Targa, gerente de há casos em que as prefeituras assumem Engenharia de Infraestrutura Aeroportuáa análise do zoneamento. “Isso é perigoria da Anac, na esso”, alerta o tenente Robinson Buschetti, colha do local do hedo IV Comar (Comando Aéreo Regional). liponto, é necessáPara ele, “muitas vezes a prefeitura não rio verificar a viabilianalisa a presença dos equipamentos dade da implantaobrigatórios de auxílio à navegação. O ção quanto aos cóComar e o Ministério Público vão reagir e digos municipais, podem até embargar a obra”, alertou. estaduais e federais O capitão Willians Ogata, do IV Coe as interferências nas áreas de pouso e mar, vai além. Ele lembra que não só as decolagem. É preciso ainda garantir que propriedades vizinhas dos aeródromos o ruído gerado por sua operação esteja mas também as das instalações de auxíem níveis aceitáveis e considerar os imlio à navegação aérea estão sujeitas a pactos de uma expansão futura de sua restrições legais especiais. “As decisões capacidade. técnicas da Anac não vinculam as deciEntre as dificuldades mais comuns de sões do Comar. Se houver algo errado, o registro de um heliponto, identificadas parecer não será acatado”, advertiu. pela Anac, estão conflitos referentes às (Nathalia Barboza) Evento ajuda a entender regras de helipontos na Capital REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 19 SINDUSCON-SP 75 ANOS Visão aguçada Nathalia Barboza E le era vice-presidente da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas) quando foi convidado a ingressar no SindusCon-SP, no início da década de 1980. Achou o seu lugar e fez muito mais do que isso. Liderou um dos momentos mais produtivos do sindicato, que culminou com a aprovação de um novo estatuto, mais democrático. Em entrevista exclusiva, Julio Capobianco, ex-presidente (1983-1992) do SindusCon-SP, conta detalhes daqueles anos e revela como ajudou a fazer do SindusCon-SP o maior sindicato patronal da América Latina. Notícias da Construção – Como o senhor chegou ao SindusCon-SP? Julio Capobianco – Eu fazia parte da Apeop e recebi um convite do João Prósperi. Entrei como secretário, no início dos anos 80. Era uma época em que os empresários simplesmente diziam para você: Agora é a sua vez! O engenheiro Carlos Engel era o presidente. Junto com o Conselho, ele resolveu construir o atual edifício-sede, na rua Dona Veridiana. Eu assinei a planta da construção no fim do mandato dele, quando já havia sido escolhido candidato a presidente. Durante as obras, ocupamos uma casa da rua Edgard de Souza, no Pacaembu. O sindicato era feito de gente seriíssima, de primeira linha, mas muito conservadora. A ideia era alugar os andares para escritórios e ocupar apenas o térreo e o primeiro pavimento. NC – Como veio então a ocupação do prédio todo? 20 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Capobianco – Já na presidência, resolvi que o prédio inteiro seria do sindicato. Foi uma grande jogada não alugá-lo. Mas o sindicato tinha poucos funcionários. Resolvi comprar móveis para todos os andares e o primeiro avanço tecnológico do SindusCon-SP: um aparelho de telex. Achava que deveríamos ter um ponto de encontro para atrair não só os empresários, mas também secretários de Estado, ministros e senadores e, assim, acompanhar o desenvolvimento político que pretendíamos na ocasião. NC – Como atuava o sindicato? Capobianco – Os dirigentes tinham uma ética e uma pureza de princípios incríveis, só queriam fazer algo pela classe, mas o sindicato só tratava das grandes questões da construção e era muito modesto em termos de presença, ao contrário de outras entidades. Até a área de comunicação era precária: os comunicados eram rodados em mimeógrafo, com aquela cor azulada... Nossa meta era ter uma “O estatuto de 92 foi um grande avanço democrático. Sindicato não é carreira para ninguém”, diz o expresidente Capobianco NC – Sua gestão também implementou um programa de qualidade... Capobianco – Foi outra novidade da minha gestão, que voltou a ocupar uma vice-presidência na Fiesp. Minha posse foi na sede da Fiesp. O Luís Eulálio Bueno Vidigal me nomeou diretor do Departamento da Construção Civil. Desde o Roberto Simonsen que não tínhamos representantes na federação. Levei o Roberto de Souza, que hoje é diretor do CTE, para criar um Programa de Qualidade para o setor. O assunto era complicado; os empresários o confundiam com custos. Também nesta fase criamos os Cursos de Alfabetização nos Canteiros de Obra. Queríamos educar o operário para dar a ele o upgrade que precisava para melhorar a qualidade do seu serviço e a produtividade no canteiro de obra. Ele não estava preparado para isso. Não conseguia entender uma planta direito. No primeiro ano, 200 trabalhadores formaram-se. NC – Como foi feita a expansão para o interior do Estado? Capobianco – O sindicato era muito paulistano e tínhamos apenas 50 associados. Membros da diretoria sugeriram que encontrássemos gente do interior interes- sada em participar. O primeiro a ser procurado foi o Sergio Porto. Ele era da Aconvap e se tornou nosso primeiro delegado, trazendo muitas ideias. Um fato curioso é que, depois de um tempo, tivemos de mudar o nome “delegacia” porque as pessoas confundiam e vinham chamar a po- Ao lado de Sergio Porto (dir.), Julio Capobianco comemora em 1992 lícia. De qualquer a inauguração do auditório da sede, que leva o seu nome forma, foi graças a esta expansão que o SindusCon-SP amjá vinha sendo pensado há mais de ano, pliou muito o número de associados. Chemas o sindicato tinha uma oposição firme. gamos aos 1.000, 1.500 e 2.500. Mas as Foi a maior assembleia que o sindicato já delegacias não eram estatutárias; a genteve. Foi um grande avanço democrático te as abria por teimosia. Só em 1992 é do SindusCon-SP. Sindicato não é carreique elas foram estabelecidas nos estatura para ninguém. É preciso sair e abrir tos. Olhando para trás, hoje eu acredito caminho para os outros. Eu mesmo fiquei que essas modificações começaram bem mais tempo porque estava difícil enconantes do meu mandato, quando me “obritrar quem quisesse assumir o cargo. Meu garam” a ser presidente. Eles [os dirigenprograma de vida era outro: o processo tes da época] sabiam quais eram minhas sucessório das minhas empresas. opiniões. O grupo já tinha esta visão de como eu atuaria. NC – Como foi a sua sucessão? Capobianco – Foi sofrida, porque NC – Como o SindusCon-SP foi orquebramos a tradição para transferir o ganizado internamente? poder de pai para filho. Mas eu achava Capobianco – O primeiro setor foi o que o Eduardo era um grande nome e ele de Economia. Por lei, o SindusCon-SP era já trabalhava no sindicato há muito temobrigado a calcular o CUB (Custo Unitápo. Foi a primeira eleição com o acompario Básico) e cumpria essa exigência, mas nhamento de uma auditoria externa, da guardava os resultados na gaveta. O meu Arthur Andersen. Estava no novo estatuto. filho (Eduardo Capobianco) sugeriu o Só presidi a eleição. A votação foi aguerEduardo Zaidan para trabalhar nisso. Os rida, com uma disputa muito acirrada. dois tiveram a ideia de publicar o CUB no Diário Oficial. De repente, isso começou a NC – Como o sr. vê o sindicato? ser referência nacional. Capobianco – Estou afastado, mas sei que o [Sergio] Watanabe está fazendo um NC – Conte como foi a criação do bom serviço. Todos os ex-presidentes são novo estatuto. muito competentes. Pessoal bom sabe o Capobianco – Este foi outro passo que faz. A única coisa que eu peço a eles enorme e um marco para o sindicalismo. é que mantenham a independência do Numa assembleia pesada, aprovamos sindicato. Eu não poderia continuar. Quangestões de dois anos, com direito a só do deixei o cargo, foi para não atrapalhar; uma reeleição. Isso não foi de última hora, e o SindusCon-SP está muito bem. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Foto: Arquivo casa respeitável, e a diretoria inteira topou a ideia de fazer um bar inglês no 7° andar, com bebidas boas, para receber essas autoridades antes dos almoços. Além disso, o SindusCon-SP tinha uma coisa fantástica nas mãos, que era o Seconci. Só o tempo mostrou o quanto ele era importante. As empresas queriam um serviço social próprio do setor. Ao mesmo tempo, não aceitavam mais recolher para a Previdência Social e dar ainda 1% da folha de pagamento para o Seconci; elas alegavam que era bitributação. Minha única condição para ser candidato a presidente era trabalhar junto com as grandes entidades, então nossa estratégia foi chamar os críticos para fazer parte do SindusCon-SP, que estatutariamente apoiava e defendia o Seconci. A Apeop era a crítica mais ferrenha. Com isso, acabamos com a briga. 21 JANEIRO 2010 Dia 14, em São Paulo Telecobrança e Recuperação de créditos Dia 22, em São Paulo Nota Fiscal Eletrônica - Sistema Público de Escrituração Fiscal Dia 28, em São Paulo Análise de Crédito e Cadastro - Pessoa Física e Jurídica Dia 25, em Bauru RAT X FAP (Novas Regras de recolhimento do Risco de Acidente do Trabalho a partir de 2010) Dia 28, em Presidente Prudente PIS/PASEP e COFINS nos Regimes Cumulativo e Não-cumulativo - IRPJ E CSLL Dia 19, em São Paulo Instrução Normativa 971/09 - Conheça os Benefícios Previdenciários introduzidos por esta IN para a Construção Civil Dia 27, em Campinas RAT X FAP (Novas Regras de recolhimento do Risco de Acidente do Trabalho a partir de 2010) Dia 29, em São Paulo Desenvolvimento de Analista em Administração do Pessoal na Construção Civil Dia 22, em São Paulo ISS - Imposto sobre Servidos aplicados à Construção Civil Dia 28, em São Paulo DIRF – Declaração do Imposto de Renda na Fonte Dia 29, em São Paulo Técnicas de Vendas e as Regras de Ouro (O vendedor nota 10) Dia 14, em São Paulo PIS/PASEP e COFINS nos Regimes Cumulativo e Não-cumulativo - IRPJ E CSLL FEVEREIRO 2010 Dia 3, em São Paulo Assistente Fiscal com Foco na Construção Civil Dia 22, em Campinas ISS - Imposto sobre Serviços aplicados à Construção Civil Dia 24, em São Paulo Lucro Real e Lucro Presumido na Construção Civil Dia 9, em São Paulo Os Contratos na Legislação Previdenciária Dia 22, em Sede Retenção Previdenciária - Cessão de Mão-de-obra de Empreitada Dia 25, em São Paulo Técnicas para Apresentação em Público Dia 17, em São Paulo Cadastro, Crédito e Cobrança Dia 23, em São Paulo Dicas Práticas Previdenciárias para uma Vida Tributária Saudável com foco na Construção Civil Dia 25, em São Paulo Controladoria e Gestão Econômica CURSOS IN COMPANY Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP criou a modalidade In company, que tem como objetivo treinar e capacitar profissionais de forma exclusiva. A facilidade na escolha da data, os temas e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade. ÁREAS DE AT U A Ç Ã O • Comércio Exterior • Marketing e Vendas • Empresarial • Produção • Estoque e Logística • Qualidade • Financeira • Recursos Humanos • Responsabilidade Social • Tributária e Trabalhista informações e inscrições: (11) 3334-5600 ou [email protected] www. s i n d u s c o n s p . c o m . b r QUALIDADE E PRODUTIVIDADE O impacto do clima Luiz Henrique Ceotto * N o verão, os edifícios são postos à prova, e seu desempenho resulta das premissas adotadas nos seus projetos bem como da qualidade das suas construções. As mudanças climáticas que estão acontecendo precisarão ser consideradas nos novos projetos. Caso contrário, poderemos construir edifícios problemáticos e com desempenho abaixo da expectativa dos usuários. O tipo de edifício projetado e as premissas de seu funcionamento indicarão os requisitos de desempenho que se devem buscar. Como o assunto é relativamente novo, os parâmetros climáticos a serem adotados e que “prepararão” os edifícios para os próximos 50 anos ainda não foram considerados nas normas, tornando as soluções não triviais. A definição de novos parâmetros normativos acarretará estudos de séries climáticas, muitas vezes não disponíveis para todo o Brasil. Frequentemente, os dados são mais voltados à agricultura. Um exemplo é a pluviometria. A maioria dos dados diz respeito à quantidade total de chuva precipitada. Embora isso seja importante para dimensionar caixas de retardo, precisamos saber se esse volume de chuvas esta sendo distribuído ao longo de 24 h, 12 h ou se existe uma tendência de concentração em apenas 2 h. Muitas vezes, em determinada região, o volume médio diário da pluviometria não está mudando significativamente, mas o tempo da “pancada” sim e isso vai afetar significativamente as soluções de projeto, tais como a quantidade necessária de ralos, o dimensionamento das tubulações, a declividade dos pisos, as soluções de drenagem de jardins, as proteções de rampas e assim por diante. Grande parte das normas foi baseada em estudos de séries climatológicas feitas 24 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Mudanças no projeto podem compensar o custo futuro de não tê-las realizado há mais de 20 anos. Muitas vezes a norma foi revista em alguns itens, mas no todo aproveitaram-se os mesmos parâmetros adotados há algumas décadas, sem uma análise mais profunda se eles deveriam ser alterados ou não. Assim, usar uma norma editada recentemente não significa necessariamente termos em mãos parâmetros climatológicos consistentes com a realidade. Exemplo disso é a NB-6123 (Forças devidas ao vento em edificações) que data de 1988, tema que preocupa, devido aos recentes tornados. Menos por questões de dimensionamento de estruturas de concreto armado e mais para projetos de coberturas e fachadas, é preciso analisar e decidir se são ou não necessárias mudanças de seus parâmetros das velocidades de rajadas entre outros. Outro exemplo é a NBR-10844 (Instalações prediais de águas pluviais) que data de 1989. O assunto é relevante devido aos alagamentos de ruas e coberturas/embasamentos de edifícios. Com base na precipitação diária medida pelo INMET na estação Mirante de Santana nos últimos 10 anos (http://www.inmet.gov.br), calculei um crescimento de 43% do volume precipitado diário no período. Esse grande aumento não significa que, se analisado numa série histórica de 50 anos, ele vá ocorrer nessa mesma proporção. Embora estejamos sofrendo muito com alagamentos, particularmente nos últimos 5 anos, muitas vezes esses eventos recentes traem nossa percepção sobre os comportamentos climáticos em longos períodos de tempo e somente uma análise estatística mais consistente poderia indicar de forma inequívoca a existência dessa tendência. Essas questões precisam ser esclarecidas com rapidez, pois estamos decidindo hoje soluções que afetarão os edifícios e seus usuários nos próximos 50 anos. Na minha empresa, estou alterando significativamente os parâmetros de projeto, pois prejuízos futuros decorrentes de mau desempenho dos edifícios poderão ser bem maiores do que eventuais acréscimos de custo por adotar posições mais conservadoras. O impacto nos edifícios As principais variáveis climatológicas que podem afetar os sistemas de edifícios são pluviometria, temperaturas do ar, velocidade dos ventos e intensidade de raios em tempestades. Elas atuam principalmente no “envelope” do edifício: cobertura, fachadas, embasamento, sistemas de climatização, esgoto, águas pluviais, eletricidade e comunicações, bem como na Tabela 1 – Interferência das variáveis climáticas nos sistemas dos edifícios garantia da emissão de esgoto e águas pluviais para as redes públicas. O grau de influência dessas variáveis é resumido na Tabela 1. Pluviometria É a variável climática que parece mais impactar o desempenho dos edifícios. Se confirmados grandes aumentos no volume de precipitação nas pancadas de chuva, os sistemas de coleta de água pluvial das coberturas e embasamento, os parâmetros de especificações de pisos e telhados, bem como os sistemas de drenagem de jardins precisarão ser revistos. Como as calhas das ruas poderão sofrer inundação em regiões de menor declividade, soluções de projeto precisarão ser pensadas para impedir que a água das calhas entre nos edifícios pelas rampas de veículos e escadas. Situações como essas poderão paralisar o uso do edifício, pois a água pode atingir os poços de elevadores, câmaras transformadoras, geradores de emergência etc. Também as redes públicas de esgoto e águas pluviais poderão sofrer “afogamento”, tornando-se temporariamente inoperantes. Em situações como essa, é comum haver refluxo de efluentes para dentro do edifício. Soluções que impeçam esse refluxo bem como o armazenamento temporário dos efluentes do edifício devem ser pensadas. Temperaturas Estudos mostram grande possibilidade de aumento da temperatura em pelo menos 2º C nos próximos 40 anos. Os sistemas de climatização deverão levar em conta essa nova situação. As soluções mais inteligentes serão voltadas a manter o conforto interno sem aumentar o consumo de energia. Soluções de fachada que reduzam o aumento da carga térmica (vidros de maior eficiência, sombreamento, isolamento térmico etc.), uso de roda entálpica e controle do teor de CO2 na renovação de ar devem ser estudados. Velocidade dos ventos Os telhados e coberturas bem como Sistemas do Edifício Pluviometria as fachadas Coberturas alta serão os sisEmbasamento alta temas mais Fachadas alta Climatização baixa impactados Água baixa caso aumenEletricidade baixa te a velocidaComunicação baixa de das rajaEsgoto alta Água pluvial alta das de curta duração em tempestades. Os processos de fixação precisarão ser mais reforçados. bem como as pressões de dimensionamento dos caixilhos e componentes (vidro, alumínio, pedras, pré-moldados etc.). O dimensionamento das estruturas de concreto será pouco afetado devido a sua massa inercial, o mesmo não acontecendo com as estruturas metálicas de galpões, muito mais leves. Urge criar um grupo de estudos para enfrentar a nova realidade Descargas elétricas O aumento dos surtos de energia é a consequência mais imediata do aumento dos raios em tempestades. Paradas frequentes do fornecimento de energia seguidas de sobrecargas de tensão na religação serão cada vez mais comuns. Estudos minuciosos das proteções das entradas dos sistemas elétricos precisarão ser feitos com parâmetros mais rígidos, sob pena de se intensificar a queima de transformadores, quadros elétricos, disjuntores etc. Como o risco de queima de equipamentos de grande porte vai aumentar, é necessário prever no projeto acessibilidade para sua fácil retirada, evitando que o edifício fique longos períodos de tempo sem energia ou trabalhando precariamente por dificuldade de acesso à manutenção. Sistemas de geração de energia para 100% da demanda serão cada vez mais Velocidade Temperaturas dos Ventos média baixa alta alta - alta baixa alta baixa baixa baixa baixa alta Descargas Elétricas média baixa alta baixa alta média - viáveis de forma a poder se desligar um fornecimento instável da concessionária, reduzindo riscos. Será necessário aterrar melhor a fachada, os elementos metálicos de coberturas e varandas e instalar melhor o pararaios. O dito popular “raio não cai duas vezes no mesmo lugar” provavelmente será esquecido Outros aspectos deverão ser analisados e urge criar um grupo de estudos multidisciplinar para orientar projetistas, incorporadores e construtores em como enfrentar essa possível nova realidade. O CBCS –Conselho Brasileiro da Construção Sustentável– poderia coordenar essa tarefa. Precisamos ter em mente que decisões tomadas no presente afetarão o comportamento dos edifícios em toda sua vida útil. Alguns itens poderão ser corrigidos e o edifício atualizado, mas outros serão inviáveis devido ao alto custo de sua implantação com o edifício em funcionamento. Embora precisemos de estudos consistentes, o momento não requer precisão. Precisamos ser mais engenheiros que cientistas. Eventuais pequenas diferenças na adoção de parâmetros por essa falta de precisão impactarão pouco nos custos e os riscos de não fazermos isso agora é a obsolescência dos nossos edifícios em um futuro próximo. * ENGENHEIRO E PROFESSOR CONVIDADO DA POLI-USP, É DIRETOR DA TISHMAN SPEYER E MEMBRO DO CTQ DO SINDUSCON-SP cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu .b r an sp ey er.c om lh ce ot to @ tis hm REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 25 GESTÃO DA OBRA Estruture o processo Maria Angelica Covelo Silva * A gestão de obras tem sido um desafio crescente em função de uma série de aspectos que interferem diretamente sobre os resultados de prazos e custos, qualidade, segurança no trabalho, e impacto sobre o meio ambiente, sustentabilidade e sobre o entorno do empreendimento. Contratantes públicos e privados possuem práticas distintas de contratação de obras e, dentro de cada um destes tipos de contratantes, dependendo também da tipologia, comerciais ou industriais, do mercado imobiliário ou outro, os fatores que influenciarão sobre a gestão de obras são muitos e variados. Independentemente do segmento, é possível listar alguns dos fatores determinantes: 1. Desde a definição do terreno em que se pretende implantar o empreendimento, os aspectos que influenciarão a obra devem ser analisados. Análises de solos, topografia, condições de meio ambiente, acessos e impacto da logística necessária à realização da obra são dados que, se não investigados adequadamente, poderão gerar impactos significativos sobre a obra. Muitas vezes, contratantes de obras ou setores de negócios de empresas que vão construir seus próprios empreendimentos não fazem as investigações adequadas e as áreas ou empresas de engenharia e construção assumem riscos que podem gerar grandes impactos sobre custos, prazos, qualidade, e outros aspectos. 2. A contratação e a coordenação do desenvolvimento dos projetos é a chave para que a obra seja bem sucedida. O bom andamento da obra depende de um projeto que: tenha sido objeto de uma seleção e qualificação de projetistas com 26 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO A boa gestão começa muito antes da execução do empreendimento conhecimento compatível com as características da obra; obteve uma correta identificação das especialidades necessárias às características da obra; tenha sido coordenado, de fato, estabelecendo-se as melhores soluções tecnológicas, solucionando-se adequadamente as interfaces entre subsistemas e especificando-se de forma completa os materiais. Os atrasos, custos adicionais e problemas relativos à qualidade são em grande parte decorrentes deste quadro. 3. O planejamento deve ser completo antes do início da obra e utilizado numa gestão baseada em dados e fatos e não apenas em “percepções e sentimento” sobre a obra após seu início. Por planejamento completo, entende-se o que verdadeiramente simula a obra com o exercício sobre como será o efeito das condições climáticas em cada etapa, como será a logística da obra, como serão a sequência e as relações de interdependência entre as atividades, o fluxo de compras e contratações etc. 4. É preciso que haja fluxo de caixa adequado. Atrasos nos pagamentos de parcelas medidas nas obras viram uma “bola de neve”. Muitos problemas desta natureza vividos no final de 2008 e em 2009 afetaram com grande impacto o andamento de obras, com difícil recuperação dos prazos. 5. O contrato de execução da obra deve se basear no relacionamento adequado entre contratante e contratado. O mecanismo de pura e simples transferência de riscos não é o caminho mais inteligente para a gestão de um contrato, mas, infelizmente, se constitui numa situação ainda existente em nosso mercado, em que todos saem perdendo. Com isso, assegurada a estrutura de processos, a competência e a capacitação da equipe e as ferramentas de gestão adequadas por parte da empresa de engenharia e construção serão os fatores que determinarão o sucesso na gestão da obra, o que será tema de nossos próximos artigos. * ENGENHEIRA CIVIL, MESTRE E DOUTORA EM ENGENHARIA, DIRETORA DA NGI CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu lto ria .c om .b r ng i@ ng ic on su MEIO AMBIENTE Cobertor curto P reocupado com os sérios problemas envolvendo a aplicação da Lei do Aquecimento Solar (Lei 14.459) na cidade de São Paulo, o SindusCon-SP reuniu-se em novembro com a Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), na sede do sindicato. O vice-presidente de Meio Ambiente do sindicato, Francisco Vasconcellos Neto, reclamou que as construtoras têm enfrentado inúmeras dificuldades para encontrar soluções técnicas de dimensionamento e especificação do sistema de aquecimento de água por energia solar que sejam compatíveis com o que determina a lei e economicamente viáveis. Segundo ele, “o problema tem sido agravado, e muito, pela postura intransigente da Prefeitura de São Paulo, que não tem levado em conta as dificuldades de implementação do sistema nos novos empreendimentos”. Na Lei do Aquecimento Solar paulistana, o poder público havia se comprometido a aceitar laudos técnicos que provassem a inviabilidade técnica de aplicação do sistema em conformidade com o que a legislação exige. “Quando a Prefeitura fala em ajustes no projeto, certas vezes força baixar o número total de unidades, o que pode inviabilizar os empreendimentos”, disse Vasconcelos. Vasconcellos, Kaulb, Watanabe e Mazzon articulam ações de construtores e fabricantes A Lei 14.459, de 3 de julho de 2007, dispõe sobre a instalação de sistemas de aquecimento de água por energia solar nas novas edificações do Município de São Paulo. A lei foi regulamentada pelo Decreto 49.148, de 21 de janeiro de 2008, que determina um mínimo de 40% de água aquecida pelo sistema. Carlos Artur de Alencar, vice-presidente de Operações e Finanças da Abrava, disse que o Guia de Parametrização elaborado junto com a Abrasip (entidade dos instaladores prediais) foi um primeiro passo no sentido de contribuir para o esclarecimento do que a Lei efetivamente determina. O SindusConSP foi representado ainda pelo presidente Sergio Watanabe; pelos vice-presidentes Maurício Bianchi (Tecnologia e Qualidade) e Odair Senra (Imobiliário); pelo coordenador do GT de Sistemas Prediais do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), Renato Genioli; e pelo superintendente Richard Ouang. Carlos Borges, superintendente do CB-02 da ABNT e vice-presidente do Secovi-SP, e Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP, também estiveram presentes. Pela Abrava compareceram o presidente Luiz Augusto Ferrari Mazzon, o vice- SindusCon-SP e Abrava estudarão soluções técnicas para aplicar aquecimento solar presidente de Relações Institucionais do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), José Ronaldo Kaulb, e o gestor do Dasol Marcelo Mesquita. Ações possíveis O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, destacou que o problema requer um esforço adicional da indústria para ser resolvido. Diante da solicitação do SindusCon-SP para uma atuação das entidades junto à Prefeitura, o presidente da Abrava, Luiz Augusto Ferrari Mazzon, sugeriu a formação de um petit committé com representantes de ambas as entidades para estudar as ações possíveis. Mazzon sugeriu ainda a formação de um grupo técnico de trabalho para estudo e disseminação das soluções técnicas já disponíveis no mercado. Foi deliberado então que Marcelo Mesquita, do Dasol/Abrava, e Maurício Bianchi, Renato Genioli, Carlos Borges, José Paulo Jereissati e Renato Sofiatti, pelo SindusCon-SP, iniciem as conversações para estabelecerem uma pauta de reuniões e a agenda de ações. Há a intenção de, num segundo momento, convidar outras entidades para a discussão. O assunto também deverá fazer parte da programação do 7º Seminário de Sistemas Prediais que o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) e do Comasp do SindusCon-SP realizarão em meados de 2010. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 27 MOTIVAÇÃO Sem preconceitos Pedro Luiz Alves * R ecentemente, li uma reportagem intrigante e passível de muita reflexão, publicada no jornal Washington Post. O texto falava sobre os dias de hoje, sobre nossas percepções, sobre como enxergamos as pessoas e principalmente como não temos dado atenção a tantas oportunidades de conhecer “gente boa” que se esconde em corredores, ruas e sem dúvida nas organizações, convivendo anonimamente ao nosso lado. O texto relatava uma pesquisa realizada em uma estação de metrô de Washington e dizia o seguinte: Washington, DC - Metro Station, em uma manhã fria de janeiro em 2007, um homem simples, com um violino, tocava a Sexta Sinfonia de Bach há aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, cerca de duas mil pessoas circularam pelos corredores da estação e a maioria delas estava a caminho do trabalho. Após 3 minutos de música, finalmente um homem de meia idade parou para apreciar. Ele diminuiu o ritmo das passadas e parou por alguns segundos, próximo ao músico, e então apressou-se para cumprir seus compromissos. Quatro minutos depois, o violinista recebeu seu primeiro dólar, uma mulher jogou o dinheiro no chapéu e, sem parar, continuou andando. Seis minutos mais tarde, um rapaz encostou na parede para ouvilo, então olhou para o relógio e começou a andar novamente. Aos 10 minutos de música, um 28 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Quantos talentos já deixamos de perceber por termos visão preconcebida? nheiro a ele, mas continuaram andando sem perder o ritmo das passadas. O homem recolheu ao todo 32 dólares. Finalmente, após 1 hora, ele terminou a execução da peça musical e o silêncio tomou conta da estação, ninguém notou, ninguém aplaudiu, nem havia qualquer sinal de reconhecimento. Ninguém sabia também, mas o violinista que tocava sozinho, nos corredores da Metro Station, vestindo roupas simples, sem pompas, era Joshua Bell, um dos maiores músicos do mundo. Para se ter uma noção, dois dias antes de tocar no metrô, Joshua Bell se apresentou em um teatro em Boston, onde cada ingresso para assisti-lo custava em média US$ 100. menino de aproximadamente três anos parou, mas a mãe o arrastou junto a ela. O garoto insistiu e ficou parado olhando e ouvindo o violinista, mas novamente a mãe o puxou em sua direção e continuaram caminhando. Por várias vezes, a criança virou a cabeça antes de perder contato visual com o músico. Curiosamente, esta ação foi repetida por várias outras crianças, mas todos os pais, sem exceção, forçaram seus filhos a passar rapidamente. Depois de 45 minutos de música ininterrupta, apenas seis pessoas haviam parado para escutá-lo, por um curto espaço de tempo. Cerca de vinte pessoas deram algum di- Esta é uma história verdadeira, Joshua Bell, incógnito, tocou na estação de metrô de Washington em um experimento social sobre percepção, gosto e prioridades das pessoas, organizado pelo Washington Post. Depois desse relato, certamente teremos o que pensar sobre nossas vidas e nos perguntar: “quantas pessoas ao nosso redor possuem um talento que deixamos de perceber? quantas pessoas passaram por nossas vidas, sem que nos déssemos conta de sua importância?”. Tenho absoluta certeza de que eu, você, todos nós já prejulgamos alguém pelo fato de não seguir os padrões e os estereótipos adotados pela sociedade e pelas organizações. Deixamos de olhar para a essência, para olharmos como as pessoas estão trajadas ou quão bem sucedidas demonstram ser. A verdade é que, na maioria das vezes, não estabelecemos um padrão de comunicação, verbal ou não, que capaz de abrir uma possibilidade de ouvir ou ver a outra pessoa. Nas organizações, certamente, deixamos de perceber grandes talentos por essa razão. Não quero dizer que a maneira como as pessoas se vestem ou que a capacidade de realizar um bom marketing pessoal não sejam importantes, mas talvez haja uma etapa anterior a tudo isso, que seria identificar e instruir os potenciais talentos para que saibam viver ou conviver em uma realidade corporativa. Certamente, muitos talentos que são despercebidos em sua organização acabam virando ícones da competência no seu concorrente. Talvez devêssemos aproveitar Precisamos aprender a ver e ouvir aqueles que não dispõem de marketing pessoal Oxalá consigamos romper alguns paradigmas organizacionais e sociais para estabelecermos em 2010 um plano de desenvolvimento, para que os talentos despercebidos se transformem em seus “potenciais” de realizações. ADMINISTRADOR E SÓCIO DA ACT –AÇÃO CONSULTORIA E esse final de 2009 para refletir e perceber as pessoas que convivem conosco. Tomara que possamos, com esse exercício, estabelecer um processo de empatia, permitindo vermos essas pessoas simplesmente como “gente”, sem nos preocuparmos se são diferentes dos padrões, olhando apenas para suas qualidades. TREINAMENTO, MEMBRO DO BOARD DA ASTD-BRASIL cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu .b r ns ul to ria .c om pe dr o@ ac ao co REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 29 SINDUSCON-SP EM AÇÃO Osasco apresenta Operação Urbana merciais, residenciais e habitaA Operação Urbana Tietê 2, ções de interesse social, novo de revitalização do centro de paço municipal, remodelação Osasco, foi apresentada em nodas estações ferroviária e rodovembro no SindusCon-SP pelo viária e até uma ponte retrátil soprefeito daquele município, Emíbre o Rio Tietê. Haverá incentidio de Souza (PT). Acompanhavos, como aumento do potenciram-no os secretários municial construtivo e cessão de árepais da Habitação, Sergio Gonas e de concessões, em troca çalves; de Obras, Waldir Ribeiro da construção do novo paço Filho; e Paulo Fiorilo, da Admimunicipal. nistração. Além disso, a Prefeitura esRecepcionaram os visitantes tava prestes a fazer o primeiro o presidente do sindicato, SerO prefeito Souza apresentou o projeto da Operação Tietê 2 chamamento empresarial para a gio Watanabe; os vice-presidenconstrução de 400 unidades habitaciotes Cristiano Goldstein, José Carlos Monais destinadas a famílias de baixa renCBIC no Conselho Nacional de Cidalina, José Antonio Schwarz, Luiz Antôda, dentro do programa Minha Casa Mides, Miguel Sastre. nio Messias e Maristela Honda; e o nha Vida. No total, planeja-se a construA Operação Urbana Tietê 2 consiste membro do Núcleo de Habitação Popução de 3 mil moradias para esta faixa. na construção de empreendimentos colar do sindicato e representante da MP fará seminários O Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo realizará seminários abertos às construtoras, sobre os principais pontos a serem observados nos empreendimentos imobiliários, em relação ao atendimento das exigências ambientais e de uso e ocupação do solo. Este foi o principal resultado da visita feita em novembro pelos presidentes do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, do Secovi-SP, João Crestana, e da Fiabci-Brasil, Ricardo Yazbek, ao procurador geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella, e ao corregedor geral de Justiça do Estado de São Paulo, Antonio de Pádua Bertone. Acompanhou a visita o vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP, Odair Senra. 30 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Abertas as inscrições do MBA Já estão abertas as inscrições para a 7ª Turma do MBA Executivo da Construção Civil, resultado da parceria entre o SindusCon-SP e a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV). O processo de seleção vai até 12 de fevereiro e as aulas terão início em março. Curso de pós-graduação lato sensu universitário, o MBA objetiva proporcionar ao aluno conhecimentos amplos sobre a construção e capacitá-lo a avaliar vários temas, como: os impactos das variáveis macroeconômicas sobre os negócios; o gerenciamento econômicofinanceiro em indústria de ciclo longo, e o gerenciamento de contratos privados e públicos. A metodologia de ensino é moderna e dinâmica, abordando áreas de economia, administração e finanças essenciais ao gerenciamento da empresa. Inscrições: www.eesp.fgv.br . Os candidatos preenchem o currículo e marcam entrevista com o coordenador do curso. Se aprovados, matriculam-se na mesma hora! Mais informações: (11) 3799-3413 ou e-mail [email protected]. Espanhóis visitam Organizada pela Taiet Brasil Inversiones (TBI) Mediador Estratégico, uma delegação de empresários espanhóis foi recebida pelo superintendente do SindusCon-SP, Richard Ouang, em novembro. A visita objetivou apresentar novas empresas e agremiações, conhecer o perfil da construção civil paulista e estreitar laços. Ouang representou o diretor de Relações Internacionais do sindicato, Salvador Benevides. Esta foi a segunda passagem dos empresários espanhóis pelo SindusCon-SP. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 31 SEGURANÇA DO TRABALHO Motive os trabalhadores Gianfranco Pampalon * D entro do novo quadro de crescimento econômico e aumento da competição, em que as empresas construtoras se inserem, há uma grande necessidade de mudanças radicais no setor. Isto acontece porque o acirramento competitivo força a indústria da construção civil à modernidade no planejamento, gestão e execução de seus processos empresariais. Em consequência, todos os setores da empresa acabam sendo a estimulados a também se modernizar. No Brasil, a construção passou por momentos de altos e baixos nos últimos anos. Recentemente, os anos mais difíceis em termos econômicos aconteceram no período de 2001 a 2003. A partir de 2004, o crescimento foi expressivo. Depois dos meses em que o setor ficou parado no fim de 2008 e início de 2009, hoje a construção voltou a ser uma das molas propulsoras da economia brasileira, com absorção de mão de obra e participação significativa no PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Uma prática eficiente de melhoria do processo construtivo está relacionada com a participação dos trabalhadores no planejamento da produção. O mestre de obras e os encarregados devem ouvir os operários para serem seus porta-vozes, além de darem suas próprias contribuições nas reuniões de planejamento. Os processos construtivos tendem a ser mais eficazes e eficientes com a integração, no sistema de construção, de todos os envolvidos no processo, criando um ambiente de cooperação interna. Isto é de vital importância para que os operários estejam motivados a participa- 32 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Planejamento deve ter participação dos encarregados e mestres de obras rem efetivamente do planejamento das atividades dentro dos canteiros de obras. Fundamental é ter a participação do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) ou dos responsáveis pela segurança do trabalho neste planejamento. A verdadeira prevenção se faz com o planejamento e a inserção nos projetos dos dispositivos de segurança do trabalho. A boa gestão prevê que as boas práticas de algumas construtoras devam ser imitadas e incorporadas às outras obras. Todos aqueles que trabalham na construção civil sabem que a eficiência na produção é função da qualidade de seu planejamento. Uma produção bem planejada cria condições para menos interrupções dos processos construtivos e facilita a execução correta na primeira vez. Assim, a produção bem planejada vai reduzindo o retrabalho, eliminando desperdícios e, principalmente, diminuindo o número de acidentes e doenças do trabalho, além de evitar os passivos trabalhistas. Atente bem, estou falando de aumento dos lucros da empresa! O Brasil é signatário da Convenção n° 167 de 1988 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre segurança e saúde na construção. Ou seja, o país assumiu o compromisso de implementar este acordo. Transcrevo um de seus itens: “É direito e dever dos trabalhadores participar e opinar sobre métodos de trabalho que afetem sua segurança no trabalho”. Com o gerenciamento participativo, essa prática passa a criar mais responsabilidade entre operários e gerentes, motivando-os a participarem dos planejamentos e da melhoria da produção. No dia 27 de novembro, foi comemorado o Dia do Profissional de Segurança no Trabalho. Parabéns aos muitos engenheiros e técnicos de segurança do trabalho que contribuem para a prevenção de acidentes e para a qualidade da saúde dos trabalhadores da indústria da construção civil. Sucesso e feliz 2010. * ENGENHEIRO CIVIL E DE SEGURANÇA DO TRABALHO, É AUDITOR FISCAL DO TRABALHO DA SRTE/SP cas, mentários, críti Envie seus co mas gestões de te perguntas e su na: para esta colu uo l.c om .b r p@ os gi an fra nc REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 33 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Mesmo após a construção José Carlos Baptista Puoli * O s condicionamentos ambientais devem ser criados e aplicados para impor: ao poluidor, a obrigação de recuperar e indenizar danos; ao usuário, a contribuição pela utilização de recursos ambientais. É o que dispõe o artigo 4º, inciso VII, da Lei 6938/81. De um lado, disto decorre a responsabilidade ambiental objetiva (que impõe o dever de responder por danos ambientais, ainda que não haja culpa). De outro, o princípio do poluidor-pagador prevê que só o fato da utilização de bem ambiental faz surgir a necessidade de o interessado contribuir, pagando pelo uso. Por isso, no momento da formação do preço de um produto imobiliário, é preciso levar em consideração não apenas itens usualmente analisados (insumos, lucratividade etc.), como também outros que decorrerão da produção e/ou implantação da obra. Por exemplo, o incremento do trânsito devido à construção de um shopping center gerará custos que não eram tradicionalmente cobrados do proprietário: melhoria das vias do entorno, maior fiscalização/sinalização do tráfego etc.. Tal cenário mudou e, buscando inspiração na teoria econômica, o Direito Ambiental passou a exigir que o empreendedor arque com tais custos (sociais e/ou ambientais). Fala-se das “externalidades”, ou seja, de custos que usualmente não eram considerados no processo produtivo mas que, direta ou indiretamente, são gerados pela atividade econômica e devem ser pagos, não pela sociedade como um todo, mas pelo realizados da obra. A construção já convive com exigências deste tipo. Quando a prefeitura condiciona a expedição da licença para construir um shopping center a que o interes- 34 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Custos sociais ou ambientais do empreendimento podem ser cobrados sado realize melhorias no entorno, se estará dando vazão ao raciocínio de que a mera utilização do espaço urbano (bem ambiental) gera custos externos à obra, os quais também devem ser pagos pelo interessado. Quando tais exigências são feitas num momento prévio, a conta de viabilidade econômica do empreendimento fica nítida e a opção do empresário passa a ser segura. Ele pode verificar os custos (diretos, indiretos e/ou “externos”) e decidir se a obra é ou não viável. Quando estes custos externos não são exigidos previamente, isso não isentará o empreendedor plenamente contra eventual cobrança futura. A inexistência da cobrança prévia não impede que, mais tarde, a questão seja suscitada por outras entidades (Ministério Público, ONGs, entre outros) que podem atuar em defesa da coletividade e, independentemente de não ter havido a exigência prévia, podem, até em juízo, “cobrar” do responsável a fatura respectiva. Neste caso, será indispensável um processo judicial, no qual a defesa buscará demonstrar que não se pode surpreender o empreendedor com custos que, se cobráveis, deveriam ter sido anteriormente exigidos. Este tipo de demanda pode implicar interrupções da obra (caso em que a ONG e/ou o MP peçam embargo liminar para impedir que ela seja finalizada até que os custos externos estejam contemplados) e/ou pode gerar condenações posteriores, com potencial para consumir parcela importante (e/ou a totalidade) da rentabilidade do empreendimento. Portanto, estes riscos devem ser objeto de prévia cautela do empreendedor pois, conforme o vulto da obra, é necessário haver a prévia consideração destes elementos e o respectivo contingenciamento de recursos para fazer frente à situação, se for o caso, evitando o prejuízo mencionado.Trata-se, assim, de mais um elemento que deve ser prévia e tecnicamente considerado pela construção, pois a lei permite a cobrança de tais custos externos. * ADVOGADO DO ESCRITÓRIO DUARTE GARCIA, CASELLI GUIMARÃES E TERRA, DOUTOR PELA FACULDADE DE DIREITO/USP E MEMBRO DO CONSELHO JURÍDICO DO SINDUSCON-SP cas, mentários, críti Envie seus co as m te de s gestõe perguntas e su om .b r t.c cg dg na : jp @ pa ra es ta co lu NOTÍCIAS DAS REGIONAIS Ribeirão festeja 75 anos do SindusCon-SP Os 75 anos do SindusCon-SP foram homenageados pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto com uma moção de congratulações, aprovada em plenário. O autor do requerimento, vereador Nicanor Lopes (PSDB), ressaltou na ementa o valor do SindusCon-SP e o trabalho da atual diretoria. “O presidente Sergio Watanabe vem desempenhando importante papel na condução do sindicato nesta nova fase de pujança da construção civil brasileira”, disse. Para o diretor da Regional Ribeirão Preto do SindusCon-SP, José Batista Ferreira, a homenagem representou o reconhecimento da cidade pelo esforço e participação da entidade em promover ações socioambientais e na discussão dos pro- Santos investe em segurança Foi um sucesso o 1º Encontro dos Empresários sobre Gestão de Segurança e Meio Ambiente no Trabalho, realizado na Regional Santos do SindusCon-SP em novembro. A avaliação é do diretor Ricardo Beschizza. No evento, o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, falou sobre novos aspectos da segurança no trabalho. O auditor fiscal da SRTE, Antônio Pereira, enfatizou a responsabilidade civil e criminal do empresário em caso de acidente. E o gerente de Segurança e Saúde no Trabalho do Sesi, Augusto Gouvêa Dourado, distribuiu o Manual de Segurança na Construção Civil, que mostra como melhorar as condições de segurança, higiene e saúde (Giselda Braz) nos canteiros. Lopes e Batista: defesa do interesse público blemas públicos, sempre em benefício da cidadania. “Defendemos os interesses da indústria da construção civil, mas sempre pensando no bem-estar da comunidade e nosso papel social”, afirmou. Habiarte Barc campeã Em uma final emocionante, decidida em 5 a 4 na cobrança de pênaltis, a Habiarte Barc venceu a Copema e sagrou-se campeã da 10ª Copa Cimento Itaú/SindusCon-SP de Futebol, em novembro. A competição reuniu 12 equipes de associados da Regional Ribeirão Preto do SindusConSP, durante quase dois meses, no complexo esportivo do Olé Brasil. Em clima de muita descontração, a cerimônia de premiação teve distribuição de troféus e medalhas, e contou com as presenças do diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira, dos diretores das empresas campeã e vice e de representantes da Cimento Itaú. (Márcio Javaroni) Seconci-SP em Santo André A inauguração da unidade de atendimento do Seconci-SP em Santo André atendeu a uma antiga reivindicação dos trabalhadores, afirmou o presidente do sindicato dos trabalhadores local, Luiz Carlos Biazi, elogiando a alta qualidade dos serviços oferecidos. Ele participou da solenidade, ao lado do presidente do Seconci-SP, Antonio Carlos Salgueiro de Araújo, e do diretor da Regional Santo André do SindusCon-SP, Paulo Piagentini. Na opinião da diretora-adjunta da Regional, Rosana Carnevalli, a nova unidade vai ajudar muito os trabalhadores e seus familiares em diagnósticos preventivos, “dando mais qualidade de vida aos funcionários, o que gera melhor produtividade no trabalho”, avaliou. Para o empresário Ricardo Di Fol- Araújo, Piagentini e Biazi, na nova unidade co, foi relevante receber a unidade na região, pois o serviço beneficiará o trabalhador da construção, evitando que ele entre em longas filas para conseguir atendimento no SUS. (Sueli Osório) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35 Bauru debate financiamento Empresários do SindusCon-SP, Sescon-SP e Secovi-SP participaram de um encontro com a Caixa Econômica Federal, para discutir a nova política de crédito e pré-aprovação de financiamentos. O superintendente regional da Caixa, José Paulo Amorin, apresentou as opções de financiamento oferecidas pela instituição e as principais exigências do banco para a liberação dos recursos às empresas. De acordo com o diretor da Regional Bauru do SindusCon-SP, Renato Parreira, o principal foco do evento foi o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. “A Caixa tem realizado este encontro em todas as Regionais do sindicato, no intuito de esclarecer as dúvidas e incentivar o cadastramento das empresas (Geric), para que possam construir pelo programa. Com a adesão das construtoras conseguiremos garantir que este programa, tão bem estruturado, tenha continuidade e atinja o sucesso que todos esperamos”, disse. Evento incentivou participação das empresas no programa Minha Casa, Minha Vida Na Unimar O cenário da construção e as perspectivas para os próximos meses foram tema de uma palestra realizada pelo diretor da Regional, durante a Semana de Engenharia da Universidade de Marília (Unimar). “Mostramos, para um grupo de 90 alunos, como tem sido o desenvolvimento da construção civil nos últimos meses e a plena recuperação do setor –o que garante milhares de empregos e ajuda a tirar o Brasil da crise”, destacou Parreira. Protetor solar: orientação As Regionais Presidente Prudente e São José do Rio Preto do SindusCon-SP promoveram palestras para quebrar preconceitos e conscientizar trabalhadores, técnicos de segurança, mestres de obras e engenheiros ao uso de protetor solar. Em Rio Preto, cerca de 40 pessoas assistiram à palestra da médica Maricy Aparecida Masini Busico, que falou da dificuldade enorme de se convencer as pessoas a se proteger do sol, uma vez que o câncer de pele só aparece mais tarde. “Além disso, muitos operários pensam que o protetor é um cosmético”, comentou. O técnico de segurança do trabalho João Cândido ressaltou a relevância do evento. “Nossa empresa já dis- 36 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO ponibiliza os protetores. O que faltava eram as informações técnicas para reforçar a campanha de uso”, afirmou. Bloqueador obrigatório Em Prudente, a médica do trabalho do Seconci Emília Mary Lino abordou os riscos da exposição ao sol e orientou sobre o uso de protetor. A Cláusula 18ª da convenção coletiva de trabalho, assinada pelo SindusCon-SP com os sindicatos e a federação estadual dos trabalhadores do setor, determina às empresas oferecerem o protetor aos trabalhadores expostos ao sol. (Ester Mendonça, Ana Lígia Paschoaletti e Homero Ferreira) Na oportunidade, o diretor chamou a atenção dos estudantes para a importância da legalização no setor. “Os universitários são a futura força de trabalho, que estará nas construtoras nos próximos anos. Eles precisam aprender o valor de uma obra executada de acordo com as determinações legais, uma obra devidamente legalizada. Temos índices altíssimos de informalidade e de irregularidades hoje, e isso precisa ser revertido, pelo bem do setor e de toda a sociedade”, (Sabrina Magalhães) acrescentou. Rio Preto ensina NF-e Funcionários das áreas de contabilidade, informática e administração de diversas empresas da construção civil participaram em novembro do curso Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e Sistema Público de Escrituração Digital. Promovido pela Regional São José do Rio Preto, o curso teve como palestrante o contador Edson Paulo Evangelista. Para o contador Roberto Carlos Menoni, que participou do curso, o novo sistema ajuda. “As boas empresas, que cumprem com a responsabilidade fiscal, só têm a ganhar com o sistema, que simplifica a sistemática entre fornecedo(EM e ALP) res e clientes.” JURÍDICO A retomada do imóvel Ricardo Negrão * A atual lei de locações de imóveis urbanos causou estardalhaço nos meios jurídicos quando entrou em vigor em 1991. Em novembro, com a aprovação pelo Congresso do Projeto 140/09 (que pretende alterar alguns dispositivos daquela lei), o debate ganhou relevo. Isso ocorreu, a nosso ver, porque a relação entre locadores e locatários é das mais difundidas, seja no âmbito residencial (ainda há déficit habitacional) como no âmbito não residencial (boa parte do varejo se desenvolve por meio da locação). De modo geral, o projeto avançou no conceito de privilegiar o direito de propriedade, favorecendo o locador, principalmente com vantagens processuais. O foco é a maior eficiência na retomada do imóvel. Vamos aqui mencionar apenas alguns aspectos mais polêmicos. O primeiro deles é a inclusão do parágrafo 3º do artigo 13 da lei (equiparação da cessão da locação à venda do controle da sociedade locatária). A intenção é clara: em reconhecimento ao caráter personalíssimo da relação, o projeto estabelece que o locador deve concordar com essa transferência. Na maioria dos casos, essa disposição mostra-se justa. Mas, em alguns casos (como nas locações com grandes redes varejistas), o que importa é a manutenção da marca e do produto e, assim, a venda do controle societário não afeta o locador. Por isso, o ideal seria talvez acrescentar-se ao dispositivo a expressão “salvo expressa disposição em contrário”. Daí ficaria claro que a questão pode ser ajustada pelas partes. Outro ponto interessante do projeto As mudanças na Lei do Inquilinato favorecem mais o lado do locador é autorizar a concessão de liminar para despejo do locatário logo no início da ação (desocupação em 15 dias), nos casos em que o locatário (de imóvel não residencial) não restituiu o espaço locado ao final da locação (e desde que proposta a ação no prazo de até 30 dias). Trata-se de antecipação de tutela em ação de despejo por denúncia vazia! Da mesma forma poderá o locador pretender o despejo liminar no caso de o locatário ficar em mora e, cumulativamente, deixar o contrato sem garantia. O projeto merece aplauso ainda quanto à exclusão da exigência de caução prévia, para que o locador possa requerer o despejo (em execução provisória) após sentença que reconheça a falta de pagamento. Hoje o locador deve, após a sentença favorável, aguardar alguns anos para julgamento do recurso ou oferecer caução em quantia equivalente a 12 alugueis. Por fim, vale mencionar as alterações quanto à ação renovatória. Nesse âmbito o projeto aborda temas delicados: 1) propõe a redução do prazo para desocupação do imóvel de seis meses para 30 dias no caso de improcedência da ação; e 2) propõe a possibilidade de pedido de liminar (de tutela antecipada) para despejo em quinze dias, caso haja proposta de terceiro com condições mais vantajosas (despejo esse que poderá ser evitado caso o locatário cubra a proposta). A redução do prazo nos parece adequada, já que a locação não renovada estará vigorando por prazo indeterminado. A autorização para concessão de liminar poderá sofrer certa resistência no Judiciário. Talvez o projeto, reconhecendo o direito do proprietário de ser adequadamente remunerado, poderia ter feito algumas imposições a mais, visando dar maior segurança jurídica às relações e evitar que o expediente seja utilizado de má-fé com apresentação de propostas inidôneas. Certamente, após a definição final do texto, muito ainda se debaterá para aperfeiçoamento desses institutos. * ADVOGADO, SÓCIO DO ESCRITÓRIO A. LOPES MUNIZ E MEMBRO DO CONSELHO JURÍDICO DO SINDUSCON-SP cas, mentários, críti Envie seus co as m te gestões de perguntas e su na: para esta colu uol.com.br almlaw.com.br@ ricardonegrado@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 37 PREVENÇÃO E SAÚDE A saúde do homem João Felício Miziara Filho * A lguns assuntos são vistos como tabu no meio masculino. Um dos campeões é o exame preventivo do câncer de próstata. Enquanto a maioria das mulheres encaram a ida regular ao ginecologista como algo natural, os homens ainda relutam em procurar o médico. Mas os números são preocupantes e servem de alerta para aqueles que ainda se iludem em pensar que estão imunes ao problema. Segundo dados divulgados em novembro pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2010 o Brasil terá quase 500 mil novos casos de câncer. Esses números fazem parte de um estudo publicado a cada dois anos, adotado como uma das ferramentas para o planejamento e a gestão da saúde pública em câncer. Com exceção dos tumores de pele não melanomas (os mais comuns e de melhor prognóstico), o câncer mais comum nos homens é o de próstata (28,7%), seguindo-se o de pulmão (9,7%) e o de estômago (7,6%). Há dois fatores confirmadamente associados a um aumento do risco de câncer de próstata: a idade e o histórico familiar. Assim como em outras doenças, a idade é um fator de risco importante, ganhando um significado especial no câncer da próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam consideravelmente após os 50 anos. Histórico familiar de pai ou irmão com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade pode aumentar o risco de câncer em três a dez vezes em relação à população em geral. Embora ainda não haja confirmação científica de que a alimentação inadequada pode contribuir para o problema, já está comprovado que uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura, principalmente 38 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Cuidado preventivo pode detectar câncer de próstata em estágio inicial e levar à cura as de origem animal, não só pode ajudar a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial. O câncer da próstata surge quando, por razões ainda desconhecidas da ciência, as células da próstata passam a se dividir e se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um tumor. Alguns desses tumores crescem de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos do corpo, podendo levar à morte. A maior parte deles, porém, cresce de forma tão lenta que não chega a dar sintomas durante a vida nem a ameaçar a saúde do homem. Presença de sangue na urina, jato urinário fraco, dor ou queimação ao urinar são alguns dos sintomas que sinalizam problemas na próstata e requerem uma consulta ao médico. Porém a presença de um ou mais desses sintomas não significa que a pessoa esteja com câncer, pois várias doenças podem acarretar sintomas semelhantes. Somente um médico poderá orientar sobre os exames necessários a fazer para um diagnóstico mais preciso. A chance de cura do câncer de próstata, quando tratado no seu estágio inicial, é de quase 100%. Por isso, em um setor como o da construção civil, em que a população masculina é predominante, campanhas preventivas fazem a diferença. Ciente da sua responsabilidade social, o Seconci-SP tem investido amplamente em ações preventivas e de orientação voltadas especialmente para os homens na faixa etária acima de 40 anos. Todo o processo começa com uma consulta médica e o exame clínico, seguido da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês) e ultrassonografia, quando necessário. A maior preocupação é deixar de lado o preconceito que ronda o assunto e oferecer aos nossos usuários todo o suporte clínico e informações claras e objetivas para uma vida longa e saudável. (*) MÉDICO ESPECIALISTA EM PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL, ADMINISTRADOR HOSPITALAR E SUPERINTENDENTE AMBULATORIAL DO SECONCI-SP cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu g. br se co nc i-s p. or co m un ic ac ao @ EMPREENDIMENTO COM MANUAL DE GARANTIA Elaborados pelo SindusCon-SP, Secovi-SP e por uma equipe de construtoras, advogados, fornecedores incorporadores e construtores no pós-ocupação. Os dois manuais ajudam as construtoras na de materiais e equipamentos e consultores de tarefa de instruir os novos ocupantes para garantir a diferentes áreas, o Manual do Proprietário e o Manual vida útil de seus empreendimentos recém entregues de Áreas Comuns são ferramentas fundamentais aos por muito mais tempo. Informe-se no Centro de Atenção ao Associado e saiba como adquirir seus manuais Fone: (11) 3334-5600 ou e-mail: [email protected] REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 39 MARKETING Criando valor Antonio Jesus de Britto Cosenza * A criação de valor é, para o marketing, a forma mais eficaz de se manter os clientes. Entretanto, algumas empresas, antes de investigar o mercado para conhecer o que o cliente valoriza de fato, partem do pressuposto de que já o sabem e iniciam campanhas de comunicação promovendo esse(s) suposto(s) benefício(s). Um cliente de banco gostaria que todos os ATMs dessem acesso à sua conta corrente para que ele pudesse efetuar as suas transações com uma maior conveniência. Essa foi a proposta do banco 24 horas que deixou de ser “eficaz” quando cada instituição financeira resolveu ter a sua própria rede de ATMs dando acesso exclusivo aos seus correntistas. Um cliente de cartão de crédito/débito gostaria de que a(s) bandeira(s) à(s) qual(is) ele é associado fosse(m) amplamente aceita(s) e que as máquinas processadoras fossem de fácil operação por parte dos funcionários do estabelecimento, para evitar transtornos de reprocesso. Já o proprietário do estabelecimento que trabalha com as bandeiras gostaria de não ter de pagar por várias máquinas para poder processar os cartões. Em vez disso, as empresas operadoras investem em comunicação de mudança de marca e em democratização(?) de equipamentos processadores. Um cliente de restaurante gostaria de escolher o seu vinho após ter tomado o seu aperitivo junto com o couvert e selecionado o(s) prato(s) que vai degustar. Em vez disso, os “atendentes” trazem a carta de vinhos antes mesmo de entregarem o cardápio. E os exemplos poderiam seguir em profusão. Criar valor é entender o que o merca- 40 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO É preciso entender o que o mercado espera para atender suas expectativas do espera para atender as suas expectativas de forma a reter os clientes e tê-los como defensores de sua atividade por meio da geração de um boca a boca positivo para a sua marca. Basta uma investigação preliminar, não onerosa, para se compreender quais as expectativas dos clientes em cada setor de atividade. Mas algumas empresas não a realizam sob alegação de “fazerem economia”, o que sairá muito caro, uma vez que isso levará a desperdício de investimentos em aspectos não valorizados pelo mercado. Aí começa a surgir uma demanda, por parte da direção financeira das empresas, para indicadores de desempenho das atividades de marketing. É claro que não haverá retorno se os investimentos forem posicionados de forma equivocada, o que provoca uma descrença na eficácia das ferramentas de marketing. Mas os discursos continuam alinhados. Segundo as organizações, o consumidor é soberano, o cliente é o mais importante, e elas são orientadas pelo e para o mercado, mas continuam sem conhecer o que cada mercado de cada categoria de produto e/ou de serviço efetivamente espera. O país vai sediar dois grandes eventos esportivos internacionais. Como as marcas vão aproveitar essas excelentes oportunidades para se fazerem presentes nas mentes dos clientes? Mais do que isso, para construírem uma imagem positiva e se integrarem ao espírito dos eventos? Esperemos que não seja por meio de intervalos comerciais que interrompam a cada quinze minutos as competições. Esperemos que haja o bom senso de se integrarem ao contexto de forma a provocarem satisfação do público alvo e não rejeição a uma intromissão abusada. Se o valor não é criado, o desperdício acontece e o marketing, enquanto disciplina, enquanto ferramenta para maximizar os negócios, é considerado o culpado. E com isso as oportunidades de mercado são desperdiçadas e os investimentos considerados despesas e reduzidos a cada período fiscal. * CONSULTOR DE EMPRESAS E PROFESSOR DA EAESPFGV E DA BBS cas, mentários, críti Envie seus co as m te de gestões perguntas e su na: para esta colu .com.br nzaeassociados se cosenza@co REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 41 INOVAÇÃO O alcance da certificação Vahan Agopyan* V olto a destacar a importância da certificação para os produtos, sistemas e serviços inovadores. Para o que já é consagrado, a certificação é um instrumento poderoso para o consumidor, por garantir que o bem adquirido atende especificação previamente acordada. A certificação mais reconhecida é a de terceira parte, onde uma certificadora atesta que o produto, sistema ou serviço atende aos requisitos da certificação adotada. Nesta metodologia, produtor e consumidor confiam na entidade certificadora e acatam as suas ponderações. Para itens já normalizados, a certificação tem uma rotina bem estabelecida, e no país as entidades certificadoras são credenciadas pelo Inmetro, o que oferece ao consumidor leigo uma garantia adicional. A autocertificação pelo próprio produtor não deve ser vista com desdém. Se ela for oferecida com toda a transparência, esclarecendo plenamente a metodologia adotada e os parceiros envolvidos, é válida. No exterior, tem-se até a declaração de durabilidade do produto como um certificado de garantia. Para produtos, sistemas e serviços inovadores, a certificação fica bem mais complexa. Como não existem normas de consenso, tanto o fornecedor como o consumidor devem ter uma grande interação com a entidade que fará a avaliação, que nem sempre pode ser denominada de certificação. A metodologia adotada pela avaliadora deve ser exaustivamente discutida entre as partes e reconhecida como válida, bem como as suas incertezas explicitamente descritas para que as partes assumam conscientemente os seus riscos. Essa metodologia é imprescindível porque avaliza a inovação e contribui para sua aprimoração. Nos procedimentos de 42 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Avalizar produtos e sistemas inovadores requer amplo diálogo entre todas as partes avaliação/certificação de inovações, como a entidade que atua é certificadora e centro de pesquisas, ela tem condições de sugerir aperfeiçoamentos. Daí meu entusiasmo pelo Sinat (Sistema Nacional de Aprovação Técnica), por acreditar que ele, além de fornecer garantia e maior confiança ao usuário da inovação, vai contribuir para adequá-la e consolidá-la no mercado. Destaco compreensão clara do que uma certificação significa e o seu adequado emprego. Em linhas gerais, a certificação é uma constatação do atendimento aos requisitos de uma especificação. Portanto, dois produtos certificados podem ter desempenho distinto, mesmo atendendo à certificação estabelecida. O produtor/fornecedor pode incluir, para o seu objeto, atributos novos ou valores melhores aos requisitos normalizados. Cabe ao profissional cliente/usuário compreender essas diferenças e avaliar sua necessidade. Em recente evento sobre Construção Sustentável, notei a surpresa dos participantes, quando o palestrante que estava apresentando um sistema de certificação de construção sustentável (o BREEAM, ainda não utilizado no país) mencionou esse fato. A certificação/avaliação “verde” na construção civil é um procedimento inovador e depende da plena compreensão do seu alcance pelo produtor e pelo consumidor. No exemplo citado pelo palestrante, um condomínio horizontal, no norte da Inglaterra, atendia às exigências mínimas do sistema de certificação, mas a certificadora, um centro de pesquisa tradicional na construção civil, recomendou um aprimoramento do projeto, e o empreendimento tornou-se muito mais sustentável, principalmente pela redução do consumo de energia e de água, com valores consideráveis, da ordem de 30% e 20%, respectivamente. Não basta ter o produto, sistema ou serviço certificado, é necessário compreender o seu alcance. Mais ainda, a certificação não é apenas uma garantia mínima ou um instrumento de marketing, ela pode ser uma ferramenta importante para o aprimoramento de uma inovação. * PROFESSOR TITULAR DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP cas, mentários, críti Envie seus co as m gestões de te perguntas e su na: para esta colu n@ po li. us p. br va ha n. ag op ya REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 43 44 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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