PDF – Dados enviados sobre a história da vila de Loriga e outros
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PDF – Dados enviados sobre a história da vila de Loriga e outros
-1- Acidente de aviação em Loriga "Este avião é igual àquele que em 22 de Fevereiro de 1944 se despenhou na ""Penha do Gato"", próximo da vila de Loriga." O avião Hudson EW 906 da Royal Air Force (RAF) tinha descolado da ilha de Gibraltar e seguia em direcção a Inglaterra com seis tripulantes que iriam passar o Carnaval na terra natal. Pouco depois da meia-noite do dia 22 de Fevereiro de 1944, no auge da II Guerra Mundial e com muito nevoeiro a encobrir a serra, o avião embate violentamente nas rochas graníticas e desfaz-se em mil pedaços. Os dois tripulantes ingleses e quatro sul-africanos, que seguiam a bordo, morrem instantaneamente. "Todos os seis aviadores foram sepultados no cemitério de Loriga e aí repousam até hoje. O governo inglês todos os anos envia para a Junta de Freguesia local uma verba para que a ""Campa dos Ingleses"", como é conhecida popularmente, seja condignamente tratada." "A presença das simples seis pedras tumulares dos aviadores contrasta com os actuais túmulos portugueses, com mais ostentação. ""Mesmo que a embaixada inglesa não pagasse a verba,os loricenses iríam sempre manter as campas""." Augusto Pinto, 88 anos, tem bem viva na memória a recordação da queda do avião nos penedos da serra. """Os corpos dos aviadores vieram logo para baixo e ficaram na Capela de Santo António durante uma noite e ao outro dia foi o funeral"", recorda, lembrando que ""veio cá um padre da religião deles e a banda também foi. Deram dois contos de reis para a banda lá ir e eu nessa altura tocava lá e também fui""." "O cortejo fúnebre dos aviadores ""nem foi pelas ruas habituais, porque o padre nessa altura quis dar uma pujança ao funeral e foi feita um distância enorme para ir até ao cemitério. Foi para mostrar que apesar de não sermos da mesma religião também tínhamos sentimentos por eles""." "O octogenário relembra ainda que o ""padre deles lá os enterrou, esteve a responsá-los, mas a gente não entendia nada e apesar da situação ainda nos rimos um bocado""." "Já José Pina Gonçalves, 71 anos, tem uma visão mais limitada dos acontecimentos.""Tinha oito anos e quando vim de manhã para a escola ouvi dizer que tinha caído um avião na serra, mas como era muito novo não me deixaram ir vê-lo""." "Os corpos foram transportados em cobertores para a capela e ""eu e os meus colegas fomos lá vê-los"". Apesar de na altura ainda não ter muita noção dos acontecimentos, mais tarde foi recolhendo elementos sobre o maior acidente ocorrido na freguesia no século passado. Descobriu que na altura a Câmara Municipal de Seia ""não queria que o funeral deles fosse em Loriga, mas a população,o padre e o presidente da junta da época impuseram-se e disse que Loriga tinha condições para fazer um funeral condigno "". Assim foi, e os seis aviadores repousam num cemitério com vistas deslumbrantes sobre os vales serranos, como aqueles que terão sobrevoado muitas vezes a bordo das ""águias"" de ferro da RAF." -2- Seis vidas destruídas na flor da idade Campas dos seis militares no cemitério da vila de Loriga "A bordo do Hudson EW 906 da RAF que se despenhou junto da vila de Loriga seguiam seis tripulantes. O Capitão Roberto Tavener Hildick, o Tenente John Barbour; o Tenente Daniel De Waal Walters; o Tenente John Patie Thom; o 1º Cabo Jack Learoyd Walker e o 1º Cabo Henry Ernest Hedges. Os quatro oficiais eram da Africa do Sul e os cabos de Inglaterra." Conforme consta das certidões de óbito passadas pelo Registo Civil de Seia, as mortes ficaram registadas como tendo acontecido à 01H50 do dia 22 de Fevereiro de 1944. Segundo dados biográficos revelados o capitão Hildick nasceu em Pretória em 4 de Novembro de 1922, tendo sido educado na Escola de Eduardo VII. Alistou-se na Força Aérea Sul-africana em 21 de Janeiro de 1941, recebendo instrução na 75ª Esquadrilha Aérea de Pretória. Tornou-se piloto aviador em Fevereiro de 1942, quando foi promovido a 2º Tenente Piloto. Em Outubro de 1943 deixou a África do Sul e integrou a Royal Air Force, onde servia na 48ª Esquadrilha, sendo aqui promovido a capitão. O tenente Barbour nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 9 de Julho de 1914, tendo estudado na Escola de Stockbridge e depois na Escola Comercial de Stevensons. Em Julho de 1940 alistou-se na Força Aérea da África do Sul e quando já era 2º Tenente com a especialidade de metralhadoras aéreas alistou-se na Força Aérea Britânica, tendo também sido incorporado na 48ª Esquadrilha. Já o tenente Thom nasceu em Umbigintwni, na África do Sul. Alistou-se na Força Aérea sul-africana em Junho de 1940, tendo também tirado a especialidade de metralhadoras aéreas. Entrou para a RAF em Outubro de 1943. "No caso do tenente Walters nasceu a 9 de Junho de 1915 em Clan William, também na África do Sul. Entrou na Força Aérea Sul-africana em 1942, tendo-se especializado como observador de voo. Aderiu também à RAF em 1943. As informações sobre os dois cabos ingleses são mais escassas. Os dados conhecidos apontam que o 1º cabo Walker tinha 26 anos, era natural de Leicester e entrou na RAF em 1939. Quanto ao 1º cabo Hedges, tinha 30 anos, nasceu em Westminster ? Londres e alistou-se na RAF em 1940. A queda do avião levou mesmo a poetisa popular loriguense, Filomena Brito, a escrever no ano do acidente, várias quadras alusivas ao acontecimento. ""Homens fortes e valentes / Da RAF eles eram soldados / Quatro tinham o cargo de tenentes / E dois também já eram cabos"", é uma das 12 que escreveu em homenagem aos aviadores que perderam a vida na mais alta montanha de Portugal continental." TRAGÉDIA - Acidente em plena II Guerra Mundial Memórias frescas "A primeira coisa que vi foi o radiotelegrafista com o fardamento intacto que tinha os miolos de fora" -3- No dia 21 de Fevereiro de 1944 seis elementos da Royal Air Force subiram a bordo de um Hudson EW 906, na pista do rochedo de Gibraltar e levantaram voo rumo a Londres. Em plena II Guerra Mundial os quatro sul-africanos e dois ingleses tinham assistido durante o mês de Janeiro desse ano a uma inversão no curso da guerra. Em 16 de Janeiro o general norte-americano Eisenhower tinha sido nomeado como Comandante Supremo das forças aliadas na Europa. Nesse mesmo mês termina o cerco a Leningrado e os americanos invadem as ilhas Marshall. "No início de Janeiro, dia 4, começa em Itália a célebre batalha de Monte Cassino. Quatro dias depois os planos da invasão da Europa, com o nome de código ""Overlord"" (mais conhecido como dia D), são confirmados. Entre os dias 20 e 26 desenrola-se a ""Big Week"" (grande semana), no decurso do qual as forças aéreas britânica e americana realizam ataques coordenados, tanto de dia como de noite, à indústria aeronáutica alemã. No dia 22 ocorrerá a tomada de Krivoi-Rog (Rússia). Nesse mesmo dia os seis aviadores depois da meia-noite entram no nevoeiro da Serra da Estrela e já de lá não saem para poder assistir, ou quem sabe participar a 6 de Junho de 1944 na invasão da Normandia que acabaria por ser o princípio do fim do III Reich." Augusto Pinto trabalhava em 1944 numa fábrica de lanifícios, em Loriga. Estava no turno da noite quando chegou alguém a dizer que tinha caído um avião na serra. """Mesmo sem ordens do meu patrão decidi ir ver, houve vários colegas meus que também 'fugiram' para ir ver, devia ter pedido autorização mas naquela ânsia raspei-me pela serra acima e depois o patrão quando vim queria-me castigar, mas depois também queria saber coisas e já não me castigou (risos)"", recorda." "Subir até aos 1500 metros de altitude, na chamada ""Penha do Gato"", ""era uma distância grande"", mas a curiosidade ""acabou por ser maior""." A queda do avião já quase se tornou uma lenda em Loriga. Os rumores tornaram-se certezas, mesmo que as certezas não tenham confirmação. """Houve um homem que contou que viu o avião já a arder antes de embater na serra"", diz António Pinto." "Quando chegou ao alto da serra ""a primeira coisa que vi foi o radiotelegrafista ? diziam que era ele ? com o fardamento intacto e tinha era os miolos de fora. Foi 'cuspido' do avião a uma distância de uns 150 metros, bateu numa pedra e ficou com os miolos de fora e tinha o relógio no pulso ainda a trabalhar""." "Mais adiante ""estavam lá mais cinco carbonizados numa barroca grande, mas só os vi ao longe, porque tínhamos medo que estivesse lá alguma bomba nos destroços do avião""." "O ""filme"" na memória do homem de 88 anos vai sendo projectado nos seus olhos cada vez mais vivos. ""Foi uma romaria de gente a ir lá ver, depois as autoridades tomaram conta do caso e já nem me lembro quanto tempo é que demorou a trazer os destroços do avião cá para baixo, foram uma data de homens e mulheres a trazer. As mulheres traziam as peças mais pequenas e os homens as maiores""." "A Junta de Freguesia de Loriga ""vendeu depois aquilo a um sucateiro"". José Gonçalves interrompe para afirmar que o dinheiro dos destroços do avião ""reverteu a favor do calcetamento da rua desde o Santo Cristo até à Estação dos Correios""." A.C.® 22/02/2008 -1- Algumas associações e instituições Loricenses Centro do Apostolado da Oração em Loriga 6270 - Loriga -2- O Apostolado da Oração em Loriga, teve a sua fundação em 15 de Agosto de 1885, era pároco na altura, o Reverendo Manuel Matias dos Santos Figueiredo. As invasões Francesas pela europa, era um expoente máximo das ideias liberais surgidas em consequência da Revolução Francesa, por isso, eram politicamente tempos muito complicados e difíceis não só na França, como também em Portugal. Numa manifestação de Nosso Senhor à Santa Margarida Maria, ocorrido no Convento da Vizitação em Paray le Moniale - França, levou à inspiração uma ideia de fé. Assim uma onda de verdadeiro sentido de devoção fez-se sentir um pouco por todo lado, tornando cada vêz mais forma e vontade de iniciativa para a fundação do Apostolado da Oração, que rapidamente se estendeu por toda a europa, chegando mesmo também a Portugal . Após a missão apostólica do Padre Tomaz Vitalle S.J. de nacionalidade italiana por Loriga, teve início o Apostolado da Oração, passando a mesma a ser uma Associação, cujo Diploma de Agregação tinha que estar sempre colocado ao lado do Altar próprio como passaram a determinar os Estatutos. Foi com verdadeiro entusiasmo, que surgiu a ideia da fundação do Apostolado da Oração em Loriga, que teve na verdade determinante impulso, na vida religiosa desta Vila, bem como, no anexo Fontão, inscrevendo-se logo no seu início, 139 associados e 376 associadas. A oração era predominante no pedido a Nosso Senhor, a favor do próximo, dos mais desfavorecidos e acima de tudo o pedido da cura e purificação para tantas feridas morais que os homens faziam no constante dos seus crimes. De principio e por motivo de falta de meios, o Centro, como se veio depois a chamar, limitou-se a adquirir duas litografias devidamente molduradas de 0,50 de altura, uma do Sagrado Coração de Jesus e outra do Sagrado Coração de Maria, que ficaram à veneração dos associados e demais fieis, no local da igreja onde hoje está o altar do Imaculado Coração de Maria e que na festa eram conduzidas em andor. Cinco anos depois da fundação foi adquirido o Sagrado Coração de Jesus, que pouco tempo depois foi mandado fazer um altar próprio . O Apostolado da Oração passou também a ser a única fonte de receita com que o pároco podia contar para obras, remodelações, concertos e melhoramentos que se foram fazendo, quer na igreja quer nas capelas da Vila. Existiram épocas em que praticamente todas as pessoas que residiam em Loriga, faziam parte do Apostolado da Oração, sendo considerados associados, que pagavam uma pequena quantia anual para ajuda das despesas com a festa do Sagrado Coração de Jesus, que é feita anualmente, quando da Profissão de Fé. São as Zeladoras que têm ao seu cuidado o Altar Mor e o altar do Sagrado Coração de Jesus, que se esmeram para que estejam sempre bonitos. As Zeladoras de cada uma das zonas da Vila, encarregam-se de efectuar as cobranças das quotas, assim como, são elas encarregadas de distribuir gratuitamente pelos associados os Bilhetes Mensais. Adaptado aos meios de hoje, a existência do Apostolado da Oração de Loriga, continua a ser uma realidade, podendo-se até dizer, que é um dos organismos mais antigo fundado nesta Vila. A orgânica social deste Centro é composta por Direcção:Presidente, Secretária, Tesoureira e ainda as Zeladoras, que por norma têm uma reunião mensal. Por sistema é celebrada uma Missa na primeira Sexta-Feira de cada mês. No final do ano, o saldo existente é entregue à Comissão da Fábrica da Igreja. Para a história da fundação do Apostolado da Oração em Loriga, aqui se registam os nomes dos primeiros 7 Zeladores e das primeiras 13 Zeladoras, no ano de 1885: -Zeladores:-"José Mendonça Gouveia Cabral zelador-secretário; José Pinto Duarte Lourenço; António Mendes de Brito Lourenço; João Alves Luiz; Joaquim das Neves Carneiro; José Gonçalves da Cruz Júnior e José Marques Reida". -Zeladoras:- "Maria do Carmo Mendes Gouveia; Maria do Carmo Nunes; Maria Emília de Brito; Maria Lopes de Brito; Maria Mendes Luiz; Teresa de Jesus Luiz; Maria Teresa Mendes Lages; D.Ana Candida Monteiro de Pina; D.Maria da Anunciação Fonseca; Carolina do Rosário de Moura; D.Maria do Carmo Cândida de Pina; D.Maria Antónia de Brito Guimarães e Francisca de Brito". -3- Fundação Cardoso de Moura Rua Coronel do Reis 6270-090 Loriga No Diário da República - III Série - Nr. 125, de 30 de Maio de 1994, foi publicado uma Declaração em que se dá notícia de que se procedeu ao registo definitivo do acto de constituição e estatutos da Instituição Particular de Solidariedade Social, reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pública. É destinada a contribuir para a promoção da população de Loriga, através do propósito de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça social entre indivíduos, com a finalidade de facultar serviços ou prestações de segurança social. Fazem parte desta Fundação os imóveis a seguir mencionados: Em Lisboa: - 6 imóveis urbanos (actualmente estes imóveis encontram-se muito degradados, são neles que têm sido aplicados os respectivos rendimentos, em diversas obras de recuperação) Em Loriga;- Diversos imóveis -Um prédio situada na Rua Coronel Reis; com quintal anexo. -Os terrenos situados que ficam desde a "Carreira" até à Rua D. Afonso Henriques, onde está incluída uma casa "palheira". (Foram nestes terrenos instalados um Parque Infantil e o "Ringue" desportivo ) -Terrenos de Pinhal no lugar da Tapada do Ameal ou Seixinho. -Terrenos de Pinhal na zona do Surgaçal. -Terrenos no Penedo de Alvoco. -Terrenos de Pinhal na zona da N.S.da Guia, perto do Pero Negro -Terrenos de cultivo no Cabeço. ** Testamento de Sr. António Cardoso de Moura Última Vontade -4- "Eu abaixo assinado ANTÓNIO CARDOSO DE MOURA, casado, proprietário, com setenta e cinco anos de idade, vou escrever este meu testamento para que sejam cumpridas as disposições da minha última vontade, e sem prejuízo dos direitos do uso fruto que pertencem a minha esposa Eduarda Mendes Cabral e Moura, se esta me sobreviver, e ainda para se efectivar somente depois da morte da mesma minha esposa, instituo com os bens abaixo designados da minha meação, como instituição de beneficência, em Loriga, terra da minha naturalidade, um hospital ou asilo, ou qualquer outra instituição que à data da minha morte ou posteriormente, a Comissão, que adiante vou nomear, entender ser mais útil ou benéfica ao povo da minha freguesia. Para esclarecer melhor o meu pensamento, declaro que é minha vontade, que mesmo fundada qualquer daquelas instituições, se mais tarde se verificar que outra é mais útil ou benéfica, se faça a respectiva transformação, sem perda de tempo e sempre com o objectivo de tirarem em benefício do povo de Loriga, todo o proveito possível de que neste testamento instituo. Para a instalação de qualquer dos estabelecimentos que em cima instituo, estabelecimento esse, seja qual for a sua natureza, se destina a beneficiar os habitantes da freguesia de Loriga, deixo a minha casa de habitação e quintal anexo sita à rua da Amoreira na povoação de Loriga, com tudo quanto estiver dentro, com excepção de ouro, pratas, jóias e máquina de costura, porém como entendo que para o fim a que destino o recheio da referida casa, não é necessário o mobiliário do meu quarto de dormir e mobiliário que guarnece a casa de jantar, deve a Comissão a que adiante me refiro, vender se assim o entender, bem como outros objectos que não sejam precisos, revertendo o seu produto em benefício da instituição que desejo ser fundada. Se em qualquer tempo a Comissão adiante nomeada, entender instalar em qualquer outro edifício, construído ou a construir a instituição que desejo ser criada, é bem que o faça e destino a minha casa referida a obter rendimento para auxilio da manutenção da mesma instituição. Deixo à mesma instituição de beneficência já referida, as propriedades rústicas com as casas para palheiro que tenho na freguesia de Loriga, sitas ao Pero Negro, Carreira, Penedo de Alvoco, Tapada do Ameal, Montesinhas e Cabeço, bem como todos os prédios urbanos ou rústicos que à data da minha morte possuir na cidade de Lisboa, para com os respectivos rendimentos assegurarem tanto quanto possível a manutenção da instituição que fundo por esta minha última vontade. Para dar cumprimento a esta disposição da minha última vontade, fundando a instituição, administrando os bens que lhe ficam adestristos, superintendendo em todos os actos administrativos, e ainda para escrupulosamente defenderem o pensamento com que dito este meu testamento, constituo uma Comissão permanente composta sempre dos indivíduos que desempenham as seguintes funções na freguesia de Loriga: Médico Municipal, Pároco da Igreja Matriz, Professor ou Professora primária mais antiga nas escolas da freguesia, Presidente da Junta de Freguesia e Regedor ou qualquer outra autoridade administrativa que venha a substituí-lo. Os membros desta Comissão escolherão um nome a dar à instituição que fundo e o seu objectivo, bem como escolherão entre si o Presidente e distribuirão os cargos necessários. Quando algum dos indivíduos que desempenham as funções que lhe dão qualidade para fazer parte da Comissão, falecer, será na mesma Comissão substituído por quem vier a ocupar o seu lugar, mas a sua posição dentro da Comissão, será determinada por deliberação e escolha dos outros membro........................ Desejo ser enterrado no cemitério de Loriga e na sepultura qua lá possuo para mim e minha esposa" Ass) António Cardoso de Moura Elenco Directivo da Fundação Cardoso de Moura (2002/2005) Direcção Presidente:- Carlos Lopes Ortigueira 1º. Vogal: - Carlos Jorge M. Cardoso 2º. Vogal:- Carlos Pina Melo -5- Associação Loricense de Apoio à Terceira Idade Fundada em 12 de Julho de 1990 Nr.Cont. 502429356 Rua do Terreiro do Fundo 6270-103 Loriga - Telef. 238/954418 Esta Associação foi constituída por vontade de 25 Loricenses de todas as condições sociais, que outorgaram a respectiva escritura pública em 12.07.90, tendo os respectivos estatutos sido publicados no Diário da República, Nr.195, III Série de 24.08.90, e sendo a Comissão instaladora constituida pelos cinco primeiros outorgantes: -Carlos Nunes Cabral Júnior; António José Aparício Conde; Fernando Ambrósio Pereira; Padre Francisco Borges Ascensão e António Pinto Ascensão. No dia 5 de Dezembro de 1990, foi solicitado o respectivo registo, através de requerimento à Segurança Social da Guarda. A fundação desta Associação teve por objectivo, dar apoio aos idosos e promover o voluntariado humanitário em Loriga e, o seu âmbito de acção, abrange esta mesma freguesia. Como primeiro passo, foi adquirida a casa que se encontrava em ruínas, pertencente aos herdeiros de Maria do Carmo Mendes, tendo então sido construído um prédio com magnificas e modernas instalações e, ainda, as respectivas infra-estruturas necessárias numa obra de que todos os Loriguenses se orgulham. Numa actividade de apoio aos idosos, quer aos que ali se deslocam diariamente, quer o apoio domiciliário, é de facto gratificante a existência desta instituição na localidade de Loriga, onde as pessoas hoje em dia parecem sentir que não estão completamente abandonadas. Situada num local privilegiado desta Vila de Loriga, tem sido uma luta permanente e constante da Direcção desta Associação, a tentativa de concretização dos sonhos, projectos e objectivos que se propuseram alcançar em prol dos idosos e dos seus conterrâneos. Já com um número significativo de Associados, os seus dirigentes têm apelado no sentido de serem muitos mais pois, para o sucesso destas obras é necessária a congregação de forças e vontades de todos, para levar por diante tão importante agremiação. Recentemente foi adquirida uma Carrinha, que veio dar um grande apoio aos seus Associados. -6- Elenco Directivo para o Triénio 2005/2006 da Associação Loriguense de Apoio à Terceira Idade Assembleia Geral Presidente - Horácio Costa Pinto Ortigueira 1º. Secretário - Maria de Lurdes Mendes Claro 2º. Secretário José Florêncio Alves Direcção Suplentes Presidente - Jorge Manuel Costa Pinto Vice-Presidente - Álvaro Silva Pinto Secretário - Joaquim Santos Baptista (a) Tesoureiro - Fernanda Pires Amaral Vogal - Carlos Moura Romano Presidente - António Pinto Ascensão Vice-Presidente - Alfredo Pereira dos Santos Secretário - Maria Amélia Brito Aparício Tesoureiro - José Brito Ribeiro Vogal - José do Nascimento Claro Conselho Fiscal Suplentes Presidente - José Pina Gonçalves Vogal - António Fonseca Moura Vogal António Luis Amaro Presidente - José Manuel Marques Garcia Vogal António Ferreira Penas Vogal Maria Isabel Brito Aparício Centro de Assistência Paroquial de Loriga Largo do Adro 16 6270-074 Loriga Telef. 238/953191 Foi fundado em 1952 pelo Sr.Padre António Roque Abrantes Prata, que foi pároco em Loriga durante 22 anos. Os respectivos Estatutos foram, em principio, aprovados por Dom Domingos da Silva Gonçalves, Bispo da Guarda, em 25.7.1952, sendo oficializada essa aprovação em 07.de Maio de 1953 e publicado no Diário da República Nr.116, 3a. Série de 16.5.1953. Teve o seu registo definitivo na Direcção Geral de Acção Social, em 18 de Março de 1983, no Livro das Fundações de Solidariedade Social a Fls. 161 verso e 162 sob o número 24/83. Tinha como finalidade e objectivo, prestar auxilio social e moral aos jovens e crianças, bem como apoio à população activa através de promoção de desenvolvimento cultural e ainda assistência às pessoas idosas e necessitadas da freguesia. Tem sido um longo percurso de amor ao próximo, tendo o seu inicio ainda na década de 1950, com a chamada "sopa dos pobres", continuando a sua actividade orientada e materializada nos valores e principios defendidos pela Doutrina Social da Igreja, Em 2 de Julho de 1962, as Irmãs da Congregação de S.João Baptista, em Gouveia, ocuparam-se de todos os serviços do Centro, instalando-se na casa do Padre António Mendes Lages que, em vida, doou todos os seus bens para o Centro Paroquial. As actividades deste Centro tem sempre funcionado num sistema bem alargado, de acordo com os critérios estatuários para os fins que foi fundado. A Creche; Jardim de Infância; apoio aos jovens e orientação nas actividades dos tempos livres; Cantina e assistência domiciliária aos pobres e doentes, têm sido estas as actividades desenvolvidas em prol da população, e que vão de encontro aos ideais do seu fundador. Nos anos mais recentes, a preocupação deste Centro tem sido concentrada numa conjunção de esforços para com as pessoas chamadas de terceira idade, projectando e levando a efeito a construção da Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, que será de importância vital para a população, e que, por certo, irá contribuir para um melhor bem estar das pessoas idosas. -7- Grupo Desportiv o Loricense Fundado em 8 de Abril de 1934 Rua Viriato 6270-104 Loriga Telef. 238/953173 E.mail: [email protected] O Grupo Desportivo Loricense foi fundado em 8 de Abril de 1934, pelos Srs. Manuel Gomes Leitão; Carlos Nunes Pina; António Nunes Ribeiro e Joaquim Gonçalves Brito, quando, na década de 1930, muita juventude despontava já para a prática do desporto, sendo o desporto e a cultura os principais objectivos dessa fundação. O primeiro equipamento do Grupo Desportivo, em segunda mão, foi oferecido por Manuel Gomes Leitão, um dos fundadores. A primeira Sede foi no Terreiro da Lição para então, em 1938, ser mudada para a Rua Viriato onde se tem mantido até agora. O Campo de Jogos pertence ao Grupo Desportivo, que o adquiriu em 1961 por 14.000$00, importância em parte oferecida por um Loricense residente no Congo, António Lemos Leitão, que contribuiu com a quantia de 6.000$00. As actividades desportivas desenvolvidas pelo Grupo têm sido o futebol de onze e de salão, o atletismo, xadrez, damas, ténis de mesa, bilhar e cicloturismo. Ao longo destes anos de existência, são dignos de realce alguns bons executantes que serviram o Grupo na modalidade de futebol e que se poderiam ter distinguido no país. No entanto o que parece ter ficado como um símbolo foi, sem dúvida, o Armando "Folhadosa", que viria a morrer ainda jovem por doença que na altura vitimava muita gente e que, segundo dizem os antigos, era um jogador longilíneo, polivalente e aguerrido. O patamar mais elevado, ao nível da modalidade de futebol, foi quando se chegou a disputar o Campeonato Distrital da Guarda da 2a. Divisão. Nestes últimos anos, as modalidades praticadas e que mais se têm notabilizado, são o Xadrez; o Cicloturismo e o Atletismo, estando mesmo federado na Associação de Atletismo da Guarda. Anualmente, vem o Grupo Desportivo Loricense organizando a São Silvestre de Loriga que traz a Loriga muitos atletas da região e mesmo de outros pontos do país. Nos tempos actuais, um dos objectivos prioritários é a aquisição de Sede própria, tendo os seus dirigentes dado já passos importantes nesse sent ido. Elenco Directivo do Grupo Desportivo Loricense (Biénio 2004/2005) -8- Assembleia Geral Presidente - José Francisco L. Romano Secretário - Jorge Santos Marques 2º. Secretário - José Aparício Fernandes Direcção Presidente - Fernando Jorge M. Pereira Vice-Presidente - Vitor Manuel B. Moura 1º. Secretário - Flávio André P. Pereira 2º. Secretário - Carlos Manuel B. Lucas Tesoureiro - Rui Miguel G. Gomes Vogais - José Pereira Ano Bom; José M. Conde; António Manuel M. Marques e Bruno Miguel P. Santos Conselho Fiscal Presidente - José Manuel Almeida Pinto Secretário - Emídio Cristóvão S. Pereira Relator - Daniel Brito Lucas Casa do Povo de Loriga Rua Viriato 6270-103 Loriga Tutelada pelo Governo remonta à década de 1960 a criação desta Associação em Loriga, tal como vinha acontecendo um pouco por todo lado, aquando da extensão do Sistema da Segurança Social aos rurais em Portugal. Durante anos foi, de facto, uma verdadeira "caixa" dos rurais, mas não só, pois passou a abranger muitos dos idosos, principalmente os das classes menos favorecidas desta localidade, que passaram a ter direito a uma pensão de sobrevivência e a assistência médica. Esta medida veio proporcionar aos idosos, mesmos aos não contribuitivos, um melhor poder económico e uma velhice mais tranquila. Ao longo da sua existência, e numa permanente actividade pela causa dos mais necessitados, esta Associação teve também um papel fulcral no empenho que demonstrou junto da população, ao nível cultural, apoiando mesmo o grupo "Novo Horizonte", que propagou Loriga através da divulgação da música de raiz popular, fazendo renascer as "cantigas" que o Povo, em tempos passados, cantou. Com a extinção da Junta Central das Casas do Povo, em 1 de Agosto de 1990, as Casas do Povo deixaram de estar sob a tutela do Governo, e a Casa do Povo de Loriga não fugiu à regra, pois passou a viver pelos seus próprios meios, ficando o seu âmbito de acção bastante diminuído. Existindo a sede própria, e mantendo os seus órgãos sociais, urge dinamizar os projectos e objectivos culturais que os mesmos têm em mente, para o bem de Loriga. -9- Socorro Paroquial Loricense Fundado em 20 de Março de 1955 Rua Viriato 6270-103 Loriga Esta Associação foi fundada, em 1955, pelo Sr.Padre António Roque Abrantes Prata, inspirado na solidariedade humana e caridade cristã. Foi, durante anos da sua existência, um verdadeiro reforço, na ajuda à doença dos operários das fábricas mais necessitados, bem como um local de convívio, amizade e, ainda de algumas actividades recreativas dos associados e suas famílias. Esta Associação era, também, um local onde muitos Loricenses passavam muitas das horas a ver a televisão, numa época em que, a grande maioria da população, não era ainda possuidora dessa "caixinha" que viria então a modificar o mundo. Em 1960, cinco anos depois da sua fundação foi adquirida a Bandeira da Associação. Às quatro horas na madrugada de 26 de Dezembro de 1962, um violento incêndio destruiu completamente a sede do Socorro Paroquial Loricense, bem como todo o seu recheio, com as consequências que daí se possam adivinhar e que resultou em prejuízos na ordem de mais de uma centena de contos. Apesar disso, o desânimo que no momento tomou conta da população, não foi suficiente para fazer desistir os seus dirigentes e sócios. Reuniram-se esforços no sentido de reedificar esta Associação, sendo necessário procurar outra habitação, onde ainda hoje se encontra. Com o decorrer do tempo, e porque outros mecanismos de segurança e solidariedade social foram surgindo, o objectivo primeiro do Socorro Paroquial Loricense, idealizado pelo seu fundador, foi-se diluindo. Actualmente, esta Associação é um local de convívio e passatempo dos seus associados, frequentado por muitos Loricenses, continuando a fazer parte da vida social e cultura desta Vila de Loriga. ** Nota:- Em Assembleia Geral realizada no dia 20 de Março de 2005, foi deliberado o encerramento da porta desta Associação, por motivo de falta de elementos para integrar os seus corpos sociais. Encerra-se assim um circulo de 50 anos em prol da comunidade. - 10 - Cooperativ a Popular de Loriga Fundada em 13 de Fevereiro de 1954 Rua D.Afonso Henriques 6270-104 Loriga Telef. 238/953220 A fundação deste organismo em Loriga teve, como objectivo prioritário, pela prática de preços mais baixos, tornar mais acessível aos trabalhadores, principalmente aos operários, os bens de consumo essenciais, tendo na pessoa do Sr.Padre António Roque Barreiros Prata, um dos seus impulsionadores. Por vezes os tempos são difíceis, tornando os bens essenciais e de sobrevivência em valores altos e alcançando preços proibitivos. Por isso, o surgimento das cooperativas que tinham por finalidade libertar os seus associados dos encargos respeitantes aos lucros dos intermediários, nomeadamente em populações em que o nível de vida é baixo. Isso mesmo aconteceu nesta vila na década de 1950, em que as famílias eram numerosas e grande parte das pessoas trabalhavam nas muitas fábricas locais. Tratando-se de uma vila industrial, os bens essenciais atingiam preços elevados, pelo que surgiu a ideia de fundar a Cooperativa Popular de Loriga, numa união de forças da população a que se juntou a quotização dos associados. Com o decorrer dos tempos, foi construída uma sede própria, sendo o primeiro organismo associativo de Loriga a conseguir tal feito. Apesar de ter sido muitas das vezes ameaçada de encerramento durante a sua existência, conseguiu, no entanto, sempre sobreviver. A Bandeira desta Cooperativa foi idealizada como se de uma Associação se tratasse, tendo sido adquirida alguns anos mais tarde e benzida na igreja paroquial, durante a missa, no dia 1 de Janeiro de 1962. Elenco Directivo da Cooperativa Popular de Loriga (Biénio 2004/2005) Assembleia Geral Presidente - Carlos Alves Moura 1º. Secretário - José Florêncio Alves 2º. Secretário - Carlos José Pina Alves Direcção Presidente - Joaquim Mendes Costa Conselho Fiscal Vice-Presidente - António Brito Presidente - Carlos José Brito Aparício Marques Secretário - António Brito Lages Secretário - Jorge Alves Pina 2º. Secretário - José Brito Madeira Relator - António Marques Garcia Tesoureiro - António Santos Marques - 11 - Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia Estrada Nacional Nr.231 6270-808 Loriga Telef. 238/951852 - 238/951859 A Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, foi criada com base nos princípios e nos critérios do Centro de Assistência Paroquial de Loriga tendo, no Padre Francisco Borges de Assunção, o grande impulsionador para esta obra. Construída na Estrada Nacional que passa em Loriga, num local onde se pode vislumbrar uma paisagem impressionante sobre a Vila, é uma obra de vulto de que os loricenses se orgulham. O dia 18 de Dezembro de 1998, foi uma das datas histórica, ao ser concedida a adjudicação das obras, sendo assinado o contracto da Empreitada dez dias depois (28.12.98).Dois dias depois, em 30.12.1998, deu-se início à terraplanagem e preparação do terreno para a construção que, começando em bom ritmo, foi conhecendo alguns contra-tempos por motivos da orografia do terreno, que foram sendo ultrapassados. - 12 - No dia 3 de Setembro de 2000, já com as obras em andamento, foi realizada simbolicament e, a benção e lançamento da primeira pedra da Capelinha do Lar, numa cerimónia solene, a que se associaram numerosos loricenses, autoridade civis e religiosas . Hoje, a existência de obras sociais como esta, faz parte das transformaçõe s que se vêm operando na sociedade actual, onde é necessário e justo defender-se os valores fundamentais do humanismo em prol dos idosos, numa sociedade em que a solidão está cada vez mais presente nesta camada da população, a maior parte das vezes incapazes de fazer qualquer coisa por si próprios. - 13 - Em respeito à sensibilidade, ao carinho e à admiração pelas pessoas mais idosas, no sentido de minorar o seu sofrimento e proporcionar uma melhor qualidade de vida nos restantes anos que lhes estão reservados neste mundo, a Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, será um espaço de importância vital para a localidade de Loriga. Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia começou a funcionar no dia 13 de Setembro de 2004, em principio com apenas quatro idosos internados, mas logo depois muitos mais se seguiram, passando assim a estar em pleno funcionamento. A inauguração oficial realizou-se no dia 30 de Janeiro de 2005, pelo Senhor Ministro da Segurança Social, da Família e da Criança, Dr. Fernando Negrão e a benção das instalações com a celebração solene presidida pelo Senhor Bispo Coadjutor da Diocese da Guarda, D. Manuel Felício. Estiveram presentes também o Senhor Governador Civil da Guarda, o Presidente da Câmara, o Senhor Director do Centro Distrital de Segurança Social da Guarda, e ainda os dirigentes dos organismos administrativos e associativos de Loriga, bem como, muito povo. A Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia, é uma instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos, com sede em Loriga, cuja sede de freguesia tem por nome Loriga,distrito da Guarda. Tem estatutos e está registada na Direcção Geral de Segurança Social, pela inscrição Nr. 24/83, a fls. 161 verso e 162, em conformidade com o disposto no Nr.1 do artigo 34º. do Estatuto das Instituições Privadas de Solidariedade Social, e considera-se efectuado em 18 de Março de 1983. A Direcção Técnica compete a um técnico, nos termos do disposto na Norma XI, do Despacho Normativo Nr. 12/98, publicado no Diário da República I Série - B, Nr.47 de 25/02/98, cujo nome, formação e conteúdo funcional se encontra afixado em lugar visível. A lotação do Lar é de 50 utentes. Está preferencialmente, vocacionado, para o acolhimento com carácter permanente ou temporário de pessoas idosas de ambos os sexos, desintegradas do meio social e familiar, não autónomas na satisfação das suas necessidades básicas e que expressem livremente a sua vontade em serem admitidas, favorecendo as relações interpessoais entre os idosos e destes com outros grupos etários, a fim de evitar isolamento. O serviço prestado pelo Lar, baseado em - a)Alojamento; b)refeições; c)Convívio/ocupação; d)Cuidados de higiene e conforto; e)Tratamentos de roupas; f)Férias organizadas; g)Apoio médico e enfermeiro. Alguns apontamentos regulamentares: O Lar funciona sete dias por semana, durante 24 horas, em sistema de turnos. O atendimento ao público pela técnica Superior de Serviço Social é efectuada às terças, quartas e quintas-feiras, das 11,00 às 13,00 horas e das 14,00 às 16 horas. São facultativas visitas periódicas aos utentes pelos familiares e amigos, com horário diário das 15,00 às 16,30 horas e das 17,30 às 18,30 horas. O funcionamento orgânico do Centro de Assistência Paroquial de Loriga "Casa de Repouso Nossa Senhora da Guia", é definido por um regulamento interno aprovado em 27 de Agosto de 2004, em reunião de Direcção, assinado pelo Padre João António Gonçalves Barroso, Carlos José Brito Moura, Manuel Mendes Henrique Lemos e Joaquim Brito Santos. * Directora:- Dra. Ana Margarida (Assistente Social) - 14 - Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga Largo do Adro 6270-074 Loriga - 15 - A Irmandade do S.Sacramento e das Almas de Loriga, é a mais antiga de todas as associações de Loriga, sabendo-se que a sua fundação remonta ao século XIV e que noutros tempos funcionou como se fosse Santa Casa da Misericórdia de Loriga,embora nunca tivesse esse nome. Um dos documentos antigos mais interessantes encontrados, sobre a Irmandade das Almas em Loriga, data de 10 de Setembro de 1837 e é assinado pelo Sr. Manuel Pinto Galvão, ao tempo Regedor da Freguesia. Esta associação foi registada no Registo Civil da Guarda em 27 de Fevereiro de 1883, data da aprovação dos primeiros estatutos conhecidos, substituindo as directrizes com as quais até ali se regulamentavam, desde os tempos da sua fundação e de acordo com os termos em vigor e legais dos "Breves Pontifícios". Por ter desabado a Igreja Matriz, em consequência do um terramoto ocorrido meses atrás, foi na Capela do Santo António, que no dia 8 de Dezembro de 1882, se reuniram José Mendonça Gouveia Cabral e ainda mais onze irmãos da Irmandade, para na presença do Reverendo Pároco da Freguesia, Manuel Mathias dos Santos e Figueiredo, elaborarem os Estatutos segundo as leis vigentes e nos termos do disposto na portaria de 6 de Dezembro de 1872. Depois de discutidos e dado o parecer favorável, por todos os irmãos presentes, foram aprovados, sendo assinado a acta da sessão, onde alguns deles assinaram com uma cruz por não saberem ler e escrever. Constava nos seus primeiros estatutos, ser uma instituição religiosa estabelecida em Loriga e, tinha por finalidade, prestar culto e veneração a Deus para alcançar a Bem Aventurança, rogando pelos pecadores e ainda sufragar as almas dos Irmãos falecidos, praticar todos os actos de beneficência que estivessem ao seu alcance e subsidiando o ensino primário da Freguesia, nos termos da lei. Constava ainda desses estatutos, ter um altar privativo na Igreja Matriz, com a devoção ao Senhor das Almas mas, após a revisão dos mesmos em 1954, deixou de ser feita alusão ao altar, bem como deixou de constar a parte referente a subsidiar o ensino primário da Freguesia. É nas instalações desta associação, que está sediada a casa mortuária de Loriga, assim como um museu que guarda grande parte do espólio da Igreja Paroquial. A Direcção desta associação é composta pela mesa que funciona com os seguintes elementos: Juiz, Secretário, Tesoureiro e Vogais. Os seus associados pagam uma quotização e são referenciados por:- Irmãos no activo, inactivos, ausentes, casadas, solteiras ou viúvas e mulheres de Irmãos. Cada Irmão, por morte, tem serviço religioso gratuito, com missa de corpo presente, mais serviço do funeral e ainda 20 missas. Elenco Directivo da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga (2004-2005) Juiz - Joaquim Adelino Marques Secretário - Jorge Alves Pina Tesoureiro - Jorge Arménio Pina Figueiredo Vogais - António Manuel Moura Conde; Jorge Moura Mendes; Carlos Luís Moura Pina; Fernando Alves Pereira. "ANALOR" Associação dos Naturais e Amigos de Loriga Rua Sport Sacavanense Lote 30 - Loja A Quinta do Património 2685 - 010 Sacavém Telef. 21/9417640 - Fax. 21/9400515 e.mail: [email protected] - 16 - http://analor.no.sapo.pt Criar um espaço onde pudessem viver a sua terra, confraternizar e contribuir para a sua divulgação e desenvolvimento cultural, foi desde sempre um sonho dos Loricenses residentes na Grande Lisboa. Em 1987, num espirito de verdadeiro bairrismo, alguns Loricenses abraçaram a ideia de levar em frente a criação desta Associação, sendo registada em Cartório Notarial, em 5 de Março desse mesmo ano e publicado posteriormente no Diário da República ficando, assim, concretizado esse sonho de que os naturais de Loriga muito se orgulham. De acordo com o que consta nos estatutos, a morada da sua primeira sede era na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, nr.34 em Sacavém, casa de um dos fundadores. A sede oficial, passou depois a ser na Rua José Augusto Braancamp, nr. 27 em Sacavém, casa pertencente a um Loricense, que a disponibilizou para esse efeito. Mais tarde, e após um grande esforço de muitos dos associados e amigos de Loriga, em trabalhos de obras de recuperação e restauro de uma habitação em estado de degradação, pertencente à autarquia local, foi então transferida a sede da Associação para o Largo 5 de Outubro, nr.16 também nesta mesma cidade. - 17 - Entretant o, com o rigor do inverno, as estrutura s desta mesma casa começar am também a degradarse constitui ndo até um perigo a permanê ncia nas mesmas. Houve, assim, necessid ade de encontrar novas instalaçõ es, sendo a sede mudada para onde hoje se encontra, contribui ndo em muito, para este facto, o bom relaciona mento existente entre os Loricens es e a autarquia local, cujo apoio foi de grande importân cia para a resoluçã o deste Sede da ANALOR em Sacavém - 18 - parecendo até uma segunda Loriga. Por isso, também a justa e feliz ideia da geminação destas duas localidades em 1 de Junho de 1998. Das muitas actividades que a Associação dos Naturais e Amigos de Loriga leva a efeito, sobressai a organização, anual, da Semana Serrana, que normalmente é realizada em Junho, um evento de verdadeira dimensão, unindo os Loricenses com outras comunidades numa festa e num trabalho de aposta e divulgação dos valores e raízes culturais de Loriga e da região serrana. A ANALOR está inscrita no INATEL e na Federação das Colectividades de Cultura e Recreio. É uma Associação de interesse público e de carácter regional, que se esforça por promover o desenvolvimento de Loriga e da região da Serra da Estrela. Tem sido uma das organizações que mais tem contribuído, na Área Metropolitana de Lisboa, para a divulgação da região serrana, nomeadamente no que respeita às especificidades sócio-culturais e potencialidades de desenvolvimento. É da propriedade desta Associação o Jornal "Garganta de Loriga", com uma tiragem de 2.500 exemplares, que chega a todos os pontos do mundo onde existem Loricenses.Foi este jornal que alertou os Loricenses para a história plurimilenar da sua terra-natal,através principalmente dos artigos de António Conde,um grande historiador de Loriga. Existe, também, nesta cidade de Sacavém, uma rua com o nome de Loriga, uma homenagem que a autarquia local quis prestar à ANALOR e também a todos os Loricenses. * Condecoração Municipal Em 2005 a ANALOR - Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, foi condecorada com a Medalha Municipal de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Louros. Elenco Directivo da ANALOR (Biénio 2005/2006) Assembleia Geral Presidente - Rui Ortigueira Vice-Presidente - Mário Pina Secretário - José Mendes Direcção Presidente - Carlos Melo Vice-Presidente - António Santos Conselho Fiscal Tesoureiro - José Gouveia Presidente - José Ferreira Secretário - Sónia Galvão Vice-Presidente - Fernando Moura Vogais - António Pina; José Palas; Secretário - José Carlos Moura Fernando Cruz; Fernando Tiopisto Mendes Aurélio Pina; Casimira Mendes e Joaquim Silva. Centro Loricense de Belém-Pará Av. Osvaldo Cruz (Associação Vasco da Gama) Belém - Brasil Fundado em 4 de Julho de 1937 - 19 - Foi a primeira Associação Loricense a ser fundada fora de Loriga e, particularmente, a única até agora a ser criada no estrangeiro. A reunião realizada nessa data já distante de 4.7.1937 e efectuada na sede da "União Comercial do Pará" - Rua Senador Manuel Barata, ficou para sempre memorável, quando 113 filhos de Loriga ali acorreram para partilhar da ideia de alguns jovens verdadeiramente bairrista. Esses jovens eram liderados por Joaquim Mendes Simão, e tinham, como sonho, a criação de um núcleo associativo próprio da sua querida terra, que ficava situada lá muito distante. A primeira Direcção foi nomeada e ficou assim constituída: Presidente-Joaquim Mendes Simão 1.Secretário- Herculano de Brito Leitão 2.-Secretário - José Lucas Filho Tesoureiro - Mário Fernandes Carreira Directores:- António da Costa Lemos; Carlos Antunes Martins e Mário Aparício Martins. Num ideal de amor, força, e numa razão de engrandecimento da sua terra, nasceu o Centro Loricense em Belém do Pará.,A primeira sede social foi instalada na Trav.Frei Gil da Vila Nova; mais tarde mudou-se para uma casa mais espaçosa na mesma via para, muito mais tarde, passar a funcionar na Associação Vasco da Gama. E assim, os naturais da Vila de Loriga se uniam na recordação, com mais intensidade, à terra que os viu nascer, à casinha pequenina que tinha sido seu berço, invocarem os áureos tempos de suas infâncias, glorificando os familiares que deixaram, lembrando a igreja, o adro, a torre com os sinos, as ruas acanhadas, a escola onde soletraram o A,B,C., o som produzido pelas águas das suas ribeiras, o ruído característico e confuso das fábricas em plena actividade, as hortas, os milharais, os pinheiros, os castanheiros, as amoras silvestres nos muros e valados, as giestas e as plantas florindo no campo, as encostas suaves e agrestes, as andorinhas, os pardais, os folares da Páscoa as fogueiras de S.João, a romaria da N.S.da Guia, o Natal festivo, as noites quentes ao luar, os dias tempestuosos do inverno e ainda redendo culto à memória dos que na sua terra morriam. O Centro Loricense de Belém, apesar de distante, tem sido através dos anos, um exemplo máximo num desempenho bairrista e de engrandecimento da Vila de Loriga e continua a ser uma referência de identidade onde todos ainda podem gozar espiritualmente a ventura dos tempos que já lá vão, o presente e a sempre esperança do futuro. O Centro Loricense de Belém - Pará foi condecorado pelo governo português em 1959, com o Grau de Comendador da Ordem de Benemerência de Portugal, assinado pelo Presidente da República General Craveiro Lopes. Também foi agraciado pelo Conselho Estadual de Cultura do Pará, com a medalha e diploma "D.Pedro I" comemorativos dos 150 anos da Independência do Brasil. Possui a Medalha dos 40 anos da Revolução Nacional. O Estandarte do Centro Loricense recebeu a Medalha Comemorativa do desfile em Lisboa das Associações Portuguesas espalhadas pelo Mundo. Medalhas dos primeiros centenários do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e do Grémio Literário e Recreativo Português de Belém-Pará . - 20 - Bandeira do Centro Loricense de Belém-Pará Brasil Escola C+S Dr. Reis Leitão Loriga Telef. 238/954308 - 238/954361 Fax 238/954024 e.mail:- [email protected] www.escola-dr-reis.leitao.rcts.pt - 21 - Pode considerar-se a obra de maior vulto, construída em Loriga, nestes últimos anos. Foi, assim, concretizado um sonho que se tornou numa "vitória da presistência e da convicção", e de grande importância para esta vila e aldeias vizinhas da Região de Loriga. As origens da Escola C+S de Loriga remontam a 1968 com a criação da então chamada Escola Preparatória.Desde o início a funcionar em instalações exíguas e alugadas pelo Estado,que se resumiam ao Solar da Redondinha,do século XVII,e à antiga escola primária,o desejo de instalações próprias e dignas foi imediato.Entretanto a escola foi requalificada,o número de alunos aumentou,foram construídos pavilhões pré-fabricados,mas as instalações continuavam insuficientes e cada vêz mais degradadas,até que finalmente,em 1995,foi iniciada a construção do edifício da Escola C+S. Calendário do Processo da C+S Dr. Reis Leitão 1989 - Requalificação da Escola 14.09.1993 - Abertura do primeiro concurso de adjudicação da obra (D.R. Nr.216) 18.10.1993 - Abertura das propostas 14.04.1994 - Pagamento da maioria dos terrenos pela Câmara Municipal 07.06.1994 - Publicação do Protocolo entre a DREC e Câmara Municipal (D.R. Nr.131) 07.07.1994 - Por despacho, anulação do concurso, pelo Sr. Secretário de Estado Dr.Bracinha Vieira 16.11.1994 - Audiência da Junta de Freguesia com o novo Secretário de Estado, Dr. Castro Almeida na Escola C+S de Paranhos da Beira 30.12.1994 - Comunicação do Sr. Secretário de Estado à Junta de Freguesia e Câmara Municipal da intenção de lançamento da obra 23.06.1995 - Ministra da Educação, Manuel Ferreira Leite, anuncia na Câmara Municipal a concretização da obra, estando previsto o seu início para Outubro 25.07.1995 - Abertura de novo concurso de adjudicação da obra (D.R. Nr.170) 11.09.1995 - Abertura das propostas concorrentes na Direcção Regional em Coimbra 28.09.1995 - Assinatura de novo Protocolo entre a DREC e a CMS na Escola C+S de Loriga 02.10.1995 - O Grande Dia - Início da obra pela empresa vencedora do concurso - Manuel Rodrigues Gouveia, Lda. Com sede em Seia 30.09.1996 - Abertura do Ano Lectivo Novembro 1996 - Inauguração Oficial da Escola *** A Escola tem uma capacidade para 12 Turmas, custou cerca de 450 mil contos, tendo o projecto sido co-financiado pela União Europeia através do programa FEDER e também pela Câmara Municipal. No dia 5 de Setembro de 1997,a Escola C+S Dr. Reis Leitão de Loriga, recebeu a visita do Sr.Primeiro-Ministro, Eng. António Guterres, do Ministro da Educação, Dr. Marçal Grilo, da Secretária de Estado da Educação e Inovação, Dra. Ana Benavente e, ainda, do Secretário do Estado da Administração Educativa, Dr. Guilherme d´Oliveira Martins. Clube dos Metalúrgicos de Loriga Fundado em 16.11.1971 Rua da Sociedade Recreativa Musical Loricense 6270-110 Loriga - 22 - Clube fundado pelos trabalhadores da Metalúrgica Vaz Leal, idealizado como meio cultural e recreativo e ainda de encontro e passatempo desses trabalhadores. Abre todos os dias, sendo frequentado, sobretudo, pelos seus Associados. Outras Associações de Loriga, que se foram extinguindo através dos tempo, restando hoje apenas recordações, que ficaram para sempre na memória dos loriguenses. *** Associação Católica de Operários e Artistas Fundação 1 de Janeiro de 1923 Associação Operária da Industria Têxtil Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga Sociedade Loricense de Recreio e Turismo * * Sindicato Nacional dos Operários da Industria de Lanifícios (Secção) * Estas destinadas apenas para a alegada classe superior -1- A Indústria de Loriga Loriga, Vila Industrial A Vila de Loriga, foi sempre através dos tempos, caracterizada como Vila Industrial, onde as fábricas de Lanifícios, as fábricas de Malhas e ainda uma Firma Metalúrgica, foram desde sempre de grande valor económico e social para esta localidade. A Industria de Lanifícios em Loriga As primeiras referências sobre os Lanifícios em Portugal, datam do século XVII, mais precisamente ao ano 1675. Em alguns registos de Loriga do século XVIII, vamos encontrar dados concretos da existência já nessa altura de um próspero negócio de lã, a matéria prima para a Industria de Lanifícios. Nessa época a lã era manufacturada sem nenhum auxilio mecânico e, por isso mesmo, durante muitos anos, foi usada a fabricação doméstica, com teares manuais a trabalhar em diversas casas, ou com as escarameadeiras (mulheres que farripavam a lã depois de lavada tirando os ciscos e outras aderências) nas casas dos próprios fabricantes.Na vila de Loriga isso já acontecia no século XVI,e sabe-se que as origens são mais remotas. A partir do início do século XIX, começam então a construir-se as primeiras Fábricas que, durante mais de um século, foram de grande laboração e de enorme movimentação industrial. Apesar das deficientes vias de comunicação que obrigava o transporte das matérias-primas no dorso dos animais de carga, existindo apenas a velhinha estrada romana de Lorica,construída no século I antes de Cristo,Loriga, era em 1881, a localidade mais industrializada na aba ocidental da Serra da Estrela, com várias unidades de produção têxtil, empregando mais de 300 operários. As primeiras Fábricas a serem construídas em Loriga, foram por iniciativa de Manuel Mendes Freire e José Marques Guimarães, que na altura, eram já uns conceituados negociantes em Lã. Em 1872 o Jornal "O Conimbricense" publicado em Coimbra, escreveu sobre as Fábricas de Lanifícios em Loriga, onde publicava que havia nesta Vila quatro fábricas, três a funcionar e outra começada, que se deviam unicamente aos esforços particulares. À medida que iam procedendo na mecanização das Fábricas em Loriga, os industriais Loricenses, recorriam ao mercado da Covilhã, no sentido de contratarem especializados. Na última década do século XIX, chegou a Loriga um belga de nome Pierre, por onde se manteve até 1898; Joaquim F. Nogueira, que em Loriga constituiu família e veio a ser o pai do Cónego Manuel Fernandes Nogueira; um senhor de nome Teles, que viria a falecer já muito velhinho; Adriano de Sousa Torrão; António Ramos e muitos outros, que não sendo de Loriga, ficaram para sempre ligados à Industria de Lanifícios desta vila. A partir de 1930, e após a construção da estrada que passou a ligar São Romão a Loriga, a Industria de Lanifícios em Loriga, foi-se modernizando, de maneira a poder competir com a sua congénere do país. Desde meados do século XIX e até meados do século XX,Loriga era considerada a Vila mais industrializada do Concelho de Seia e também do Distrito da Guarda. As Fábricas de Lanifícios no Passado Aqui se faz a descrição de alguns dos registos mais relevantes das Fábricas de Lanifícios de Loriga, quando no surgimento no início do século XIX,e da modernização, ocorrida a partir da terceira década do Século XX. *** -2- Fábrica da Fonte dos Amores Fundada em 1856 por Manuel Mendes Freire, Manuel Moura Luís e Abílio Luís Brito Freire, cardava e fiava lã para frises, saragoças e palmilhas. Possuía uma roda hidráulica de madeira com força de 16 cavalos. Em 1899 passou para a firma Leitão & Irmãos e Companhia. Tinha Secção de Cardação; Secção de Tinturaria e Secção de Ultimação. Em 1939, foi construída a parte nova, reconstruído o prédio que tinha ardido, e também reconstruído a secção de tinturaria em 1954. Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 11.477 KVH, equivalente a 6.923$00, ocupando uma área de 2.810 m2. As máquinas que trabalhavam a vapor eram alimentadas por uma caldeira horizontal de vapor, que consumia 1.000 quilogramas de lenha por dia de oito horas Trabalhando normalmente gastava por ano cerca de 70.000 de matérias primas. Fabricava todo o género de artigos cardados, tanto para homens como para senhoras, passando mais tarde a dedicar-se a artigos leves para senhoras, como crepes, popelinas etc., e também a fazenda de agasalho para inverno. * Fábrica da Fândega Fundada em 1862 por José Marques Guimarães, Na década de 1920, esta Fábrica passou a pertencer à Sociedade Carlos Nunes Cabral & Comp., e mais tarde passando a ser propriedade da firma Moura Cabral & Companhia. Tinha duas rodas hidráulicas ambas no mesmo edifício junto à ribeira, uma roda de madeira com força de 30 cavalos, colocada no topo do edifício virado para o caminho, ou seja para o sul, e outra situada a nascente do edifício. Produzia frises, saragoças e palmilhas. Encerrou definitivamente em 1949. Sendo a primeira das fábricas, a paralisar, devido à impossibilidade de boas vias de acesso. * Fábrica do Regato -3- Foi organizada em 1869 pela firma Plácido Luís de Brito & Companhia. O seu nome deve-se ao facto de ter sido construída na propriedade do mesmo nome. Tinha uma roda hidráulica com força de 15 cavalos. Esta roda foi dali retirada pouco depois do 25 de Abril de 1974, tendo sido a última das rodas a desaparecer, da chamada industria de lanifícios de Loriga. Foi também construída a chamada "Fábrica de Cima" tendo sida edificada nesta um anexo em 1937. Substituiu a tecelagem manual pela mecânica em 1934 e em 1938 passou a ser a firma:-Pina Nunes & Companhia, sociedade que viria a terminar em 1950. Este edifício tinha também uma roda hidráulica, que tendo depois sido retirada foi substituída por um motor a gasóleo. Em 1962 encerrou definitivamente, como Fábrica de Lanifícios. Ocupava uma área total de 1.180 m2, sem contar com o anexo chamado Escaldadore. Tinha Secção de cardação e Secção de Ultimação. Produzia por mês (em horário de 8 oitos diárias) 5.000 quilogramas de fio Nr.50, consumindo por ano cerca de 50.000 quilogramas de matérias primas (lã e outras fibras). Fabricava todos os artigos para homem e senhora, especialmente artigos cardados. Mais tarde e até aos nossos dias, estas dependências passaram a laborar na actividade de malhas. Foto da Fábrica do Regato (Fábrica mais antiga) - Ano 1948 - -4- * Fábrica da Redondinha Entrou em laboração já depois de 1878, e durante muitos anos pertenceu ao industrial Augusto Luís Mendes, que a geriu sob a firma Augusto Luís Mendes & Comp. Limitada. Consumia mensalmente de energia eléctrica motriz e de iluminação 68.631 KWH, equivalente a 5.117$00 escudos. Ocupando uma área de 2.000 m2. Tinha duas rodas hidráulicas, uma no edifício (onde até à pouco anos esteve instalada a firma Jomabril) e outra na casa de baixo onde até à poucos anos esteve instalada a firma de Manuel Carvalho. O prédio de baixo, era o único quando iniciou a laboração. Em 1939, foram construídas novas instalações, tendo sido uma parte delas, devorada por um incêndio na década de 1950. Essas instalações, foram de imediato reconstruídas entrando novamente em laboração em 1954. Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação. Encerrou em definitivo as suas portas, em princípios da década de 1970. Foto interior da Fábrica da Redondinha - Ano 1919 * Fábrica Nova Iniciou a sua actividade laboral em 1905 sendo fundada pelos sócios Augusto César Mendes Lages & José Gouveia Júnior, que mandaram construir um prédio de laboração e um outro separado do primeiro, por roda hidráulica. No ano 1920 passou para a firma -Moura Cabral & Companhia, tendo, em 1939, mandado construir outro prédio muito mais amplo, sobranceiro aos prédios iniciais. Mais tarde, em 1956, procederam a nova ampliação das instalações, fazendo novo prédio ainda de maiores dimensões. Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 17.784 KVH, equivalente a 8.811$00 escudos, ocupando uma área total de 2.750 m2. Tinha Secção de Cardação, Fiação, Tecelagem, Lavagem, Tinturaria e Ultimação. * Fábrica das Lamas -5- Foi criada em 1932, por José Lages e, após o falecimento da sua esposa, passou a girar sob a firma:- Lages, Santos & Comp., pertencendo depois à firma Lages Santos & Sucessores, Lda. Era alimentada por uma turbina hidráulica de 36 HP e um motor a gasóleo de 22 cavalos, que trabalhava na falta de água. Ocupava uma área de 1.140 m2. Tinha Secção de Cardação, Fiação e Ultimação. Produzia por mês (em horário de 8 horas) 2.000 quilogramas de fio Nr.50, que trabalhando normalmente consumia por ano, 38.000 quilos de lã e outras fibras. Fabricava fazendas para moscous de sobretudos para homem e senhora. Encerrou definitivamente em 1972 . Mais tarde passou a pertencer à firma Pedro Vaz Leal e Comp., onde passou a desenvolver a actividade siderúrgica. * Fábrica das Tapadas Foi das primeiras fábricas a ser construída em Loriga, sendo atribuída a sua fundação a diversas pessoas. Em registos escritos em 1872, dão conta nesse ano da construção de uma casa bastante espaçosa e pertencente a diversos indivíduos, no sentido de sediarem alí, uma fábrica. Este local hoje chamado "Tapadas" na altura da construção desse prédio era mais conhecido por "Águas Limpas". Esta Fábrica durante a sua existência pertenceu a várias pessoas ou firmas e teve maior laboração a partir de 1918. Possuía uma roda de madeira, que durante grande tempo permitiu a sua actividade. Foto da Fábrica das Tapadas - Ano 1939 * Fábrica dos Leitões Foi criada em 1899 pela firma Leitão & Irmãos e Companhia. Em 1948 passou a ser gerida sob firma Leitão & Irmãos. Foi ampliada no ano de 1939, parte das instalações foi devastada por um incêndio, tendo depois, em 1954 sido restaurada. Encerrou em 1967 e, tempos depois e até hoje, várias firmas de malhas por ali já passaram, mantendo assim em laboração todas as dependências desta antiga fábrica. A fábrica Leitão & Irmãos, tinha duas rodas hidráulicas, uma no prédio de cima, outra no edifício de baixo. A roda de cima, foi retirada e no mesmo lugar foi construído um tanque hoje ainda existente. A prédio dos "bicos" assim chamado, nunca teve qualquer roda -6- Foto da Fábrica Leitão & Irmãos (Ano 1949) * Fábrica do Pomar Fábrica fundada em 1929, após constituição de uma sociedade registada como Nunes & Brito, firma esta que laborou até 1948. Consumia mensalmente de energia eléctrica em força motriz e iluminação, 6.015 KWH, equivalente a 3.700$00 escudos. Ocupando uma área de 1.938 m2. Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação. Em 17 de Fevereiro de 1948, e após escritura pública, a Fábrica do Pomar, passou a ser gerida pela firma:Nunes, Brito & Companhia, Limitada, criada por:- António Nunes Luíz; Alfredo Nunes Luíz; António João de Brito Amaro; António Nunes de Brito; António Nunes Ribeiro; José Nunes de Moura; Carlos Nunes Cabral; José da Silva Bravo e Maria dos Anjos Antunes de Moura. Constava dos seus Estatutos, como sendo uma firma constituída com um capital social de 252.000$00, em que tinha a sua sede em Loriga, na Fábrica do Pomar, e tinha como objectivo a exploração da industria e comércio de lanifícios. No ano de 1972, a Fábrica do Pomar passou a pertencer à firma:-Moura Cabral & Companhia. Foto do interior da Fábrica (Ano 1939) * Amostras de Fazendas Alguns recortes de Fazenda, eram pregadas em folhas normais de cadernos, para servirem de amostras de vendas. Esta Folha de um caderno com amostras, tal qual aqui representada, foi encontrada ainda não há muitos anos, nas ruinas de uma das Fábricas, entretanto há muito encerrada. -7- Foto - Amostras de Fazenda (1959) A Industria Metalúrgica em Loriga Os primeiros apontamentos sobre esta industria, remota à década de 1930, e está praticamente relacionada, com a criação da Firma Metalúrgica Pedro Vaz Leal, que chegou a ser uma das maiores Firmas desta Vila e uma das principais do distrito da Guarda e do Concelho de Seia. No entanto, foram sempre existindo em Loriga, oficinas de serralharia, que de entre outras se destaca pelo seu maior envolvimento as Oficinas de Serralharia de José Soares de Casegas, já não existente, e a de José Fernandes Moura (Família), ainda hoje em actividade. A Oficina Metalúrgica no Passado Aqui se dá conta de alguns registos mais relevantes da Oficina Metalúrgica de Loriga, fundada como firma familiar, vindo mais tarde a tornar-se numa Sociedade. *** Oficina Metalúrgica Pedro Vaz Leal A Metalúrgica Vaz Leal, foi fundada por Pedro Vaz Leal em 1931. Foi no local conhecido por Cabeço, onde iniciou a sua laboração, cujo crescimento rápido foi bem visível, para a partir de então não mais parar. Tempos depois e com o aumento dos quadros de pessoal, é transferida para o Terreiro da Lição, onde surge uma Oficina mais moderna, junto com a habitação onde passou a viver esse industrial e proprietário. A expansão desta firma continuou a registar grandes progressos, por isso a necessidade de instalações mais amplas. Tendo sido contruído novas instalações na Vista Alegre, onde foi instalada a fundição, serviço automóvel e ainda venda de combustível. Para ali viriam também a passar todos os serviços, deixando de ter actividade a oficina do Terreiro da Lição. Anos mais tarde, e já depois da morte de Pedro Vaz Leal, a empresa veio a adquirir a antiga Fábrica das Lamas, junto à Ponte do "Zé Lages" ficando assim muito mais alargadas as suas instalações em Loriga. Em 1994 deixou de pertencer maioritariamente aos herdeiros do seu fundador. -8- Interior da Oficina (Ano 1945) Oficina no Terreiro da Lição (Ano 1945) A Indústria de Malhas em Loriga A partir da metade do século XX, a Vila Loriga conheceu uma nova fase na sua história, com o surgimento da Industria de Malhas, que veio a projectar esta localidade num novo desenvolvimento industrial, que continua hoje em dia a ser predominante. As Fábricas de Malhas no Passado Alguns apontamentos mais relevantes das Fábricas de Malhas em Loriga, que com a criação da primeira Fábrica em 1946, a partir de então e sistematicamente, foram abrindo muitas outras mais. *** Fábrica da Sociedade de Malhas de Loriga, Lda. Foi esta a primeira Fábrica de Malhas criada em Loriga. Fundada em 1946, sob a gerência de Manuel Gomes Leitão Junior. Foi instalada no andar térreo da casa alugada. Consumia mensalmente de energia eléctrica cerca de 200$00. Tinha ao seu serviço 9 operários e operárias e as seguintes máquinas, 4 Teares manuais; 1 meadeira, 1 bobinador e 8 máquinas de costura Terminou a laboração em 1955, por desentendimento dos sócios. * Fábrica de Malhas "RAMOP" -9- Fundada em 1952, por António Nunes Luíz; Joaquim Gonçalves de Brito e José Nunes Abreu, tendo a sua sede no lugar do Escaldadore (Escaldadeiro, como popularmente se chamava). Consumia de energia eléctrica mensalmente cerca de 350$00 e tinha as seguintes máquinas: Secção de Tecelagem:- 1 máquina de cardar, 1 meadeira, 1 bobinador e parafinador de 20 fusos e 5 teares. Secção de Confecção e Acabamento:- 2 máquinas de coser e cortar, 1 máquina de casear e pregar botões, 2 máquinas de costura, 1 máquina de pregar botões. Produzia por ano para cima de 8.000 peças de malhas para homens, senhoras e crianças, que eram consumidas nos mercados da Metrópole e Províncias Ultramarinas. Empregava 4 operários, 20 operárias e 2 sócios administradores. * Fábrica de Malhas Lorilan-Nunes & Compª. Foi fundada em 1969, por Joaquim Fernandes Ferreira Simões, João Pereira da Costa e José Nunes Abreu este natural de Loriga. Dedicava-se ao fabrico de malhas, que enviava para todo o país e também para o estrangeiro, onde o desenvolvimento e a qualidade produtiva, acompanhavam a expansão desta industria que chegou a atingir períodos áureos. Em 1971 incorporou-se numa outra firma "Lorimalhas" entretanto criada nas antigas instalações da fábrica dos Leitões. Sediada no Regato, ao longo da sua existência conheceu muitas gerências e várias modificações. * Fábrica de Malhas " Lorimalhas" Foi fundada em 1971, mas só ficou juridicamente criada em Maio de 1973, após incorporação das Malhas Abreu "Lorilan-Nunes & Compª. Ld.ª., que laborava desde 1969, na antiga fábrica do Regato. A "Lorimalhas" que passou a ser a Empresa de Malhas Reunidas de Loriga, Lda., estava sediada na antiga fábrica dos Leitões, adquiridas em tribunal, ocupando uma área de 2.150 m2, tendo com esta incorporação a ter um total de 251 trabalhadores. Dedicava-se ao fabrico de malhas exteriores, compondo-se de diversas secções: cardação, fiação, tricolagem, confecção, serviço de aprovisionamento, armazém de materiais primas, fios de produtos acabados e, naturalmente, a secção de planeamento, serviços administrativos e serviços comerciais. Ao longo da sua existência, foram muitas a alterações na Administração desta empresa fabril que teve períodos áureos em que a sua produção tinha conceitos e estilos de qualidade, reconhecidamente muito procurados e enviados para todo o país e para o estrangeiro, nomeadamente Europa e EUA, conquistando o título de imagem de marca das malhas de Loriga. Em 1992, seria infelizmente adquirida por outros empresários, passando a ser Empresa de Malhas Têxtil Loriseia, Lda. A Indústria de Loriga, no Presente *** - 10 - Sociedade Têxtil Moura Cabral. S.A. Lanifícios Rua da Fândega Apartado 1 * 6270 - 073 Loriga Telef. 238/954008 PPC - Fax. 238/954035 Sediada no fim da Rua da Fândega, esta empresa faz parte da tradição fabril que remonta a meadas do Século XIX e então denominada Fândega. A Têxtil Moura Cabral conquistou o título de imagem de marca dos lanifícios de Loriga. Durante três décadas, liderada por Carlos Moura Cabral Junior, tornou-se numa firma de sucesso no desenvolvimento e progresso, merecidíssima reconhecida no concelho e no país. No últimos anos da década de 1990, foi adquirida por uma sociedade liderada por Valdemar Reis, ex emigrante no Luxemburgo, dinâmico empresário da região, que apoiando-se nos suportes financeiros da FRMERMI, SGPS, lançaram-se numa moderna gestão empresarial, num objectivo ambicioso e qualificado que lhes permite-se continuar a ser uma das mais importantes fábricas da Vila de Loriga e ainda a única sobrevivente de um período industrial áureo, A capacidade produtiva instalada; a criação de uma ETAR própria que garantisse o respeito pelo ambiente, equipamento industrial novo (teares), outros objectivos com implicações no modelo de produção em que a lã dominará o produto final e ainda a modernização de estruturas internas, foi o horizonte dos novos responsáveis desta empresa. A gestão do património veio então a conhecer diferentes conceitos e estilos, em que assentava as melhores expectativas de sucesso, no entanto hoje encontra-se ameaçada pelos dramáticas e vertiginosas mudanças que a globalização consigo arrasta, nomeadamente nesta indústria de lanifícios. Nota:- Esta firma encontra-se actualmente encerrada, encerramento ocorrido em Setembro de 2004, levando para o desemprego muitas famílias. O Fim de uma era Com o encerramento da última empresa Têxtil em Loriga no ano de 2004, os "Continos" passaram a fazer parte do Álbum de Recordações - 11 - M.P.L. Empresa de Malhas Pinto Lucas, Lda. Rua do Regato 6270 - 099 Loriga Foi constituída em 21 de Outubro de 1987, por José Pinto Lucas, Mário Pinto Lucas e Emílio Lucas Pinto, tendo dado inicio à actividade em 1 de Janeiro de 1988, sendo sediada no Regato nas instalações das antigas fábricas que ali chegaram a existir. Em Janeiro de 1994, a empresa é vendida a Valdemar Brito Reis e à firma Habinadeiros Lda., de Alvoco da Serra, propriedade de José Mendes Pinto (Cabalhanas). Em Fevereiro de 1996, a empresa foi adquirida pela Firma Habinadeiros Lda., e José Mendes Pinto, tendo como gerentes Jorge Rebelo Mendes e António José Rebelo Mendes. Na grande aposta de progresso e expansão, apoiando-se nos programas oficiais de incentivos, PEPID, S.I.P.I.E e I.A.P.M.E.I e dotados de uma visão estratégica, os administradores com esforço e determinação lançaram-se num projecto de grande envergadura e, num caminho do futuro que a tornaram numa firma moderna importante para o desenvolvimento industrial de Loriga. A M.P.L. é uma empresa do sector têxtil e do vestuário que se dedica à fabricação dos artigos em malha de gama média e média alta, que se destinam preferencialmente ao vestuário exterior de homem, senhora e criança, para as Estações de Primavera/Verão e Outono/Inverno. Seguramente o maior empreendimento industrial das últimas décadas em Loriga, o que é bem visível a imagem do dinamismo e coragem dos actuais proprietários. Onde a prioridade actual é sem dúvida a melhoria da qualidade, aos mais diferentes níveis e a produção de vestuário de maior valor, acrescentado como design inovador e de acordo com as tendências da moda, procurando progressivamente impor a sua marca nos mercados. Com duplicação da área e novas instalações, modernização do parque industrial e novas tecnologias, avançam com um projecto global que lhes permite, com serenidade consolidar a empresa como uma das de maior futuro na região. Em consonância com a actividade desenvolvida a MPL, empresa de malhas Pinto Lucas, Lda., tem por missão principal a satisfação dos seus clientes, através da produção de vestuário de malhas, garantindo uma boa relação qualidade/preço e cumprimento dos prazos estabelecidos, protegendo o meio ambiente. * Empresa de Malhas "Jomabril" Redondinha 6270 - 080 Loriga Telefone 238/954081 Empresa de malhas fundada em 1993, por José Manuel Almeida Pinto e Joaquim Brito Lages, estando sediada na Redondinha, em antigas instalações de fábrica de têxtil ali existentes em tempos passados. Dedicando-se à fabricação dos artigos em malha, conta com cerca de 20 empregados, sendo determinante o esforço dos seus responsáveis num maior desenvolvimento para projectos futuros. Nota:- Esta firma encerrou no principio do ano 2005, levando para o desemprego 16 pessoas. * Empresa de Malhas Têxtil "Loriseia, Lda." Estrada Nacional Nr. 231 (Leitões) Apartado 4 * 6270 - Loriga Telef. 238/954083-954046 * Fax.238/954072 - 12 - Sediada na antiga Fábrica dos Leitões, esta empresa, substituiu a extinta "Lorimalhas" num negócio que terá rondado os 200.000 contos. Iniciou a sua laboração em 23 de Março de 1992, admitindo mais de 80% dos trabalhadores da ex-Lorimalhas, prevendo depois criar mais postos de trabalho. Foi criada por sociedade com um capital social de 20.000 contos pertencentes, em parte iguais a um grupo de quatro pessoas, Valdemar dos Santos Reis; José A. Ribeiro de Matos; Abel Abrantes Nogueira e José Maria Pereira, que tinham em comum duas características importantes: dinamismo e espírito empreendedor. Chegou a ter cerca de 100 empregados e durante os primeiros anos teve uma regular facturação que rondava a mais de 100 mil peças anuais. Entretanto anos mais tarde esta sociedade foi desfeita, ficando à frente da mesma apenas um sócio, mas continuava a laborar em bom ritmo de laboração A partir de 2001, entrou em crise,devido a gerência deficiente. Decretou falência em 2003, após crise que se via acentuando e que se adivinhava a todo o momento no seu encerramento. Nota:- Esta firma encontra-se actualmente encerrada, tendo com o seu encerramento levado para o desemprego cerca de 80 pessoas. * Metalúrgica Vaz Leal, S.A Estrada Nacional (Vista Alegre) 6270 - 080 Loriga Telef. 238/954014-954802 - Fax. 238/954073 Sediada na Vista Alegre, esta empresa faz parte da tradição metalúrgica em Loriga, criada por Pedro Vaz Leal em 1931. A capacidade produtiva com que sempre laborou, a inteligência empresarial de Pedro Vaz Leal e depois dos seus familiares, tornaram a Metalúrgica Vaz Leal numa empresa de sucesso em Loriga, que chegou a ser uma das mais importantes do distrito da Guarda. Reconhecidamente como uma empresa industrial das mais importantes desta Vila, a sua laboração tem-se mantido em pleno funcionamento, apesar de, ter também conhecido ao longo dos anos acentuadas crises, que fez com que fosse deixando de ser empresa familiar, para se ir tornando numa sociedade e por isso várias alterações administrativas foram-se registando através dos tempos. Em 1994 deixou mesmo de pertencer maioritariamente aos herdeiros do seu fundador. Sendo as Minas da Panasqueira desde sempre, o destino da maioria da sua produção, não será por acaso que, hoje em dia, é propriedade de empresários daquela região. * "Loripão" Indústria e Comercialização de Pão, Lda. Rua do Teixeiro 6270 - 101 Loriga Telef. 238/953323 - 13 - Gerida pela mão de Fernando Brito e António Prates, a Loripão em Loriga, é uma promissora empresa no ramo da panificação, onde uma gestão sábia dos seus responsáveis, lhe confere o título de marca de Loriga e da região serrana. Acompanhando o progresso e o desenvolvimento que este ramo exige, é uma preocupação dos seus proprietários, torná-la numa empresa diferente, moderna e funcional, procurando ter os equipamentos das mais recentes tecnologia usados na produção e também embalagem, hoje muito importante e elementar nas regras que são exigidas na indústria alimentar, neste caso de panificação. Mesmo no acompanhamento deste todo modernismo, está sempre presente no espírito dos seus responsáveis o fiel respeito a processos de fabrico tradicional, onde ao lado de equipamentos mais modernos, lá está o imponente forno de lenha e ainda uma simples e magnífica peneira accionada mecanicamente. A sua produção diária, vai muito para além dos limites da região, estando no horizonte um crescimento de expansão ainda mais abrangente. A aquisição de um amplo edifício de uma antiga fábrica de lanifícios, toda ela construída em granito, foi uma ideia genial e ao mesmo tempo de audácia, levando em frente um investimento avultado que deu à Loripão, uma outra funcionalidade de expansão, um verdadeiro exemplo dos seus responsáveis, os quais, não querem de forma alguma fecharem-se ao mundo da panificação de que fazem parte. As instalações principais da Loripão, estão hoje sediadas na Rua do Teixeiro, estendendo-se pelo Vinhô (fabricação e depósito de venda) e Av. Augusto Luis Mendes (depósito de venda). -1- Figuras na História de Loriga Theotónio Luiz da Costa Em 1813 foi colocado em Loriga como pároco-colado, como se dizia na altura e lhe esteve atribuída durante muitos anos, apesar de temporariamente deixar esta localidade por motivo se ter alistado na milícia então organizada na época, para expulsar do solo da Pátria os franceses. Novo e cheio de vida, tinha a particularidade e tudo leva a crer que sim, de ser um homem combativo e enérgico, capaz de dar a vida pela causa que defendesse. Depois de ter contribuído para a expulsão dos franceses, viria novamente a participar nas "lutas" liberais, só depois regressando a Loriga em 1852, já cansado mas ainda com forças para paroquiar nesta "sua" paróquia até aos fins de Novembro de 1855. Apesar de cansado e velho mas estando por dentro das "lutas" liberais, quando regressou a Loriga, teve que enfrentar uma população verdadeiramente inclinada para a causa "Miguelista" tendo por isso muitos problemas, nomeadamente quando no altar e nas suas pregações expressava as suas ideias politicas e, por conseguinte feria aqueles com ideias contrárias. Por esse motivo, chegou ao ponto, de pegar numa cadeira e correr com todos eles até ao adro, quando lhe vinham, no final das mesmas, pedir explicações. Era de comprovado zelo paroquial e apesar da avançada idade permaneceu pároco-colado de Loriga até à sua morte. Sebastião Mendes de Brito Pertencendo a família abastada era natural de Loriga, foi na sua terra pároco-encomendado, como se dizia na altura, logo após o pároco-colado Theohtónio Luiz da Costa se ter alistado nas milícias. Padre rígido, disciplinado e bastante zeloso, ao ponto de pensar todos terem por obrigação o cumprimento da religião católica. Muitas vezes, e já paramentado, saía da igreja e obrigava a entrar nela, para assistir à missa, todos aqueles que se encontravam no adro ou que na altura por ali passavam. Viria a falecer no dia 24 de Dezembro de 1851 e segundo os escritos desse tempo foi sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor, no lugar onde o celebrante principiava as missas. Manuel Matias dos Santos e Figueiredo Nasceu na Vide, e depois de ter sido Pároco de Piodam, foi colocado em Loriga como Pároco-colado, onde esteve, desde Janeiro de 1860 até 1893. Os 33 anos como Pároco na freguesia de Loriga, foram ferteis em acontecimentos. Homem de uma personalidade bem vincada, onde acima de tudo era reconhecido por ser paciente, teve sempre contra si duas das famílias mais poderosas da terra, as famílias Marques e Britos. Em Novembro de 1882, desabou a igreja matriz, em consequência de um tremor de terra que se tinha sentido em Loriga, no mês de Setembro desse mesmo ano, o Padre Manuel Matias dos Santos Figueiredo, teve arte em conseguir unir todos os loriguenses, juntando a isso todas as forças possíveis, para concretizar a reconstrução, que se viria a verificar. Tendo sido restituída ao culto em fins de Setembro de 1884, para satisfação de todos e do próprio Pároco, que quando ao ver a igreja por terra, pensou que já não seria na sua vida que voltaria a ver a igreja edificada. -2Foi no seu tempo, quando Pároco de Loriga, que foi construída a Capela de Nossa Senhora da Guia, que na altura se tornou num problema conflituoso, por motivo do local escolhido pelos loriguenses, serem de família abastada na localidade e não aceitava de maneira nenhuma a ocupação abusiva daquele local. Em todo esse processo mais uma vez o Padre Matias, deu mostra da sua total paciência, que tanto o caracterizava. O Padre Matias, ficou na história da igreja de Loriga, que não sendo natural desta localidade, mais anos esteve efectivo como Pároco da Freguesia. António Mendes Lages 1838 - 1916 Nasceu em Loriga no dia 2 de Janeiro de 1838, era filho de António Mendes Lages e de Maria do Rosário de Moura. Com a idade de 21 anos entrou para a Universidade de Coimbra matriculando-se, ao mesmo tempo, em matemática e teologia. Em 1862 matriculou-se em medicina e arrastado pelas doutrinas desvairadas do tempo acamaradou com sociedades suspeitas, perdeu a fé abandonando mesmo as práticas religiosas que frequentara desde criança, chegando até a inscrever-se na Maçonaria. Terminada a formatura em 1867 sempre com excelentes classificações foi exercer clinica no Sabugal onde obteve o partido médico. Em 1870 deixou essa vila e foi para o Porto onde exerceu clínica no Hospital de St. António, esteve também na Golegã e, mais tarde, vai para Lisboa, onde se fixou, chegando a ser chefe de serviço no Hospital de S.José. Casou com Dona Adelaide Soriano em 1874, e foi pai de dois filhos. Com a morte da esposa em 1908, começou a sentir continuados rebates de consciência que o convidavam a servir a igreja e a emendar a vida desleixada, ingressou na Companhia de Jesus como noviço. Pensou ir a Roma expor ao Santo Padre a sua vida, mas antes foi confessar-se em Coimbra onde fez, durante oito dias, os exercícios de Santo Inácio, no final dos quais se sentiu de consciência tranquila e de bem com Deus. Colocando de parte a ideia de ir a Roma dedicou-se à defesa dos operários vindo a fundar a Associação "A Cruz do Operário e Artistas" promovendo conferências sociais que despertaram muito interesse em numerosas localidades e arrastaram muitos à conversão. Pediu admissão como noviço da Companhia de Jesus com 70 anos de idade, pedindo para entrar na Ordem de Jesuítas de Campolide em 1908, seguindo depois para Torres Vedras onde inicia o noviciado durante três anos. Em 1908 começou então a preparar-se para o Sacerdócio, ordenando-se em 8 -3de Maio de 1911, dia da festa do Patrocínio de S.José em Exaten na Holanda, com 73 anos de idade. Há no entanto, outros relatos que nos dão conta ter concluído o noviciado e obtida a licença necessária para a ordenação em 11 de Fevereiro de 1911, " atendendo às circunstâncias absolutamente extraordinárias do caso" , tendo de facto celebrado a sua primeira missa em Maio desse ano. Com a implantação da República teve muitos problemas e sofreu perseguições, tendo mesmo sido preso em 1910 e colocado na prisão de Caxias com outros jesuítas. Quando foi posto em liberdade, exilou-se na Holanda, chegando mesmo a ser-lhe suspensa a carta médica. Os últimos anos da sua vida foram passados na oração e no sacrifício, edificando os religiosos da Companhia pelas suas altas virtudes. Faleceu em Múrcia - Espanha, no dia 11 de Janeiro de 1916. A Companhia de Jesus em Portugal considerou-o como uma das suas glórias e Loriga pode orgulhar-se de ter sido o berço de tal filho. Augusto Luis Mendes 1851 - 1925 Nasceu em Loriga no dia 23 de Janeiro de 1851, filho de Manuel Mendes Aparício Freire e de Maria Teresa Luis Brito, foi um dos maiores industriais desta localidade. Na sua infância frequentou um colégio em Valezim, que nessa época ali existia. Homem culto, dinâmico e acima de tudo muito católico, de muito novo começou a ser atraído para os meios empresariais, passando a ter um conhecimento grande na industria de Lanifícios que o levaria a ser um industrial de sucesso. Era na sua fábrica da Redondinha que teciam os melhores panos e onde os melhores operários de Loriga tinham grande orgulho em ali trabalhar. Casou com D.Eduarda Guimarães, de quem veio a ter cinco filhos, e que viria a falecer quando ainda seus filhos eram novos. Tempos depois voltaria a casar pela segunda vez, com D. Maria do Carmo Monteiro, senhora abastada cuja riqueza junta à do marido, formaram uma das famílias mais ricas existentes nessa época em Loriga. O seu solar era um esmero naquele tempo, tendo ali recebido grandes personagens sociais, políticas e religiosas, mandando mesmo construir uma capela dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora onde, aos Domingos, fazia questão de ali assistir à missa rodeado da sua família e convidados. Nela foram também realizados os casamentos de seus filhos, o baptismo dos seus netos, e velado o corpo da sua primeira esposa, da sua filha Ermelinda, dos seus netos e também o seu próprio corpo, quando do seu falecimento em 1925. Foi sócio da empresa Hidroeléctrica e o grande impulsionador para trazer a electricidade para as industrias de Loriga, que fez também estender pelas ruas da povoação. Foi um dos maiores lutadores para conseguir a ligação da construção da estrada de São Romão a Loriga, assim como teve um papel -4importante para a criação do Posto Telegráfico e Correios nesta localidade, mandando também construir os poços na serra para que no Verão não falta-se a água para a rega. Reconhecido pelas suas virtudes humanas, era grande amigo dos pobres a quem distribuía esmolas semanalmente. Sendo possuidor de imensas terras de cultivo, viria a ser um grande benemérito para a sua terra que tanto adorava, oferecendo mesmo os terrenos que eram seus para neles ser construído o acesso principal à povoação por estrada. Esta doação foi de grande importância para a sua terra, bem reconhecida pelos seus conterrâneos loriguenses que, como prova de gratidão, e desde logo perpetuaram o seu nome naquele local, passando aquela via a chamar-se Av. Augusto Luis Mendes. Envelhecido, foi ficando quase cego, adoece e é levado para Coimbra, vindo a falecer no dia 26 de Novembro de 1925. O funeral é realizado numa manifestação de dor, onde toda a população chora o homem que muitos consideravam como pai dos pobres, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir para sempre um dos seus maiores beneméritos. Cónego Manuel F. Nogueira 1861 - 1944 Nasceu em Loriga no dia 7 de Abril de 1816, era filho de Joaquim Fernandes Nogueira e de Custódia Mendes Jorge e foi baptizado a 18 do mesmo mês. Cursou no Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 10 de Outubro de 1884. No ano seguinte, foi nomeado pároco do Píodam concelho de Arganil, onde transformou aquela freguesia de tíbia em fervorosa, iniciando e radicando nela práticas de piedade e devoções que não eram comuns naquela época, o que demonstra a sua intensa vida interior de fervoroso apostolado. Em 1886 levou para junto de si alguns rapazes para o ensino do curso preparatório dos seminários e do liceu, tendo formado no Píodam uma espécie de colégio por onde passaram filhos de famílias de todas as categorias sociais da região que durou até 1906. Durante esses 22 anos que esteve à frente daquela paróquia, para a população local o Sr.Cónego Nogueira foi como que um anjo enviado por Deus, onde a sua piedade era um dos aspectos mais característicos da bondade e zelo cristão. A sua pregação estendia-se também às freguesias vizinhas onde, percorrendo rudes caminhos pelas serras, levava a doutrina de Cristo e exercendo a sua verdadeira caridade, e distribuindo pelos pobres aquilo que lhe sobrava. Em 1907 foi colocado como director espiritual no Seminário de Coimbra e, em 1914, foi nomeado arcipreste do distrito eclesiástico de Coimbra. Em 5 de Janeiro de 1922, foi nomeado cónego da Sé, pelo Bispo D. Manuel Luiz Coelho da Silva. Mesmo assim e, dentro da feição espiritual que lhe era comum, ficou ainda pároco de Moinhos (Miranda do Corvo) conquistando ali também muita simpatia e admiração. -5A última vez que voltou à sua terra foi em 19 de Setembro de 1941, com 81 anos, já muito débil. Sentado no altar-mor a população de Loriga desfilou perante ele, ajoelhando-se e beijando-lhe as mãos, numa singela homenagem, para depois se dirigirem para junto do Largo Dr.Amorim, onde seria descerrada uma lápida colocada na casa onde oitenta e um anos antes ali tinha nascido tão ilustre Loriguense. Faleceu em 28 de Fevereiro de 1944 no Seminário de Coimbra e foi sepultado no cemitério do Pio, num dia em que choveu torrencialmente o dia inteiro, mesmo assim, não deixaram de ser centenas, as pessoas que o acompanharam à sua última morada, onde se podiam ver todas a classes sociais, assim como, mais de 50 sacerdotes que vieram de longe, representações de muitas comunidades religiosas, representações de muitas paróquias e organismos e até de Piodam, foram pessoas a pé até Coimbra para assistirem ao funeral. Em 1972, no Piodam, foi realizada uma homenagem dos 111 aniversário do seu nascimento, com a presença de muitas centenas de pessoas, onde foi inaugurado um monumento erguido ao Santo Cónego Nogueira, tendo sido dado o seu nome ao Largo da Igreja. Uma homenagem merecida a essa figura que ficou para sempre no coração do povo dessa localidade. Joaquim Augusto Amorim da Fonseca 1862 - 1927 Natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho) onde nasceu no ano 1862, era filho de Francisco da Fonseca e de D. Emília da Fonseca. Foi médico municipal em Loriga mais de 30 anos (1893 a 1927) onde viria a falecer com 65 anos, vítima do dever profissional quando nesta localidade se lutava contra a grave epidemia do "Tifo Exantematico" Homem de profundos sentimentos religiosos, era sempre com um sorriso nos lábios que falava aos pobres, ricos e até às criancinhas. Era verdadeiramente dedicado aos seus doentes, ao ponto de, muitas vezes, o verem chorar quando se via impotente para debelar a doença ou minorar o sofrimento dos seus pacientes. Quando concluiu a formatura médica, casou com D.Urbana Madeira natural da freguesia de Poiares concelho de Arganil, onde fixou residência até à sua colocação como médico municipal na freguesia de Loriga, e onde viria a construir a sua casa de habitação em terreno cedido gratuitamente pelo industrial Abilio L.Brito Freire. Além de Loriga prestava assistência médica às localidades vizinhas, onde se deslocava a pé ou de "mula" quer chovesse ou desse Sol, nevasse ou estivesse vento, nada cobrando a quem quer que fosse. Vivia feliz e alegre e nada lhe faltava, porque lhe ofereciam muitas recompensas materiais, pois era acima de tudo muito adorado pelo povo. Quando faleceu, em 21 de Maio de 1927, depois das respectivas exéquias, o seu corpo ficou depositado no jazigo do Sr.Augusto Luis Mendes. Mais tarde, em 19 de Setembro desse mesmo ano, foi transladado para a sua terra natal e sepultado no cemitério de Pedreira-Felgueiras, por decisão da família, num dia que ficou assinalado com a despedida emocionante do povo de Loriga, todo a chorar e dando adeus a tão grande e bom benemérito desta Vila. Anos mais tarde como prova de gratidão, a Junta de Freguesia mandou erguer uma estátua num dos largos da povoação, que passou também a chamar-se de seu nome. Em 1977 e quando da passagem do Cinquentenário da sua morte, ali -6lhe foi prestada uma homenagem alusiva a essa data, assim como, a todas as vítimas dessa epidemia de 1927. Pedro de Almeida 1873 - 1959 Nasceu em Santiago de Cassurrães - Mangualde, em 2 de Dezembro de 1873. Colocado em Loriga como professor primário, exerceu proficientemente o magistério, durante longos anos, nesta localidade, onde se veio a radicar. Professor culto, competente, profundamente dedicado aos seus alunos, tinha uma característica própria de ser também muito exigente nos seus ensinamentos, atraiu à sua escola estudantes de freguesias distantes, confiados pelos pais ao saber e cuidados do ilustre professor. Reconhecido por um republicano verdadeiramente fervoroso, era também rigoroso nas suas ideias e naquilo que acreditava, era um orador fluente, por isso também muito respeitado e admirado. Casado com D. Adelaide de Almeida, constituiu toda uma família virada para o ensino. Todos os seus filhos foram professores do ensino primário, que se distinguiram, por onde quer que passaram, e aos quais também doou a tradição republicana. Deixou ainda na hora da sua morte numerosa descendência entre a quais netos e bisnetos, que no ensino primário e secundário e em outras actividades ocupavam relevantes posições sociais. Muito católico, não faltava à missa dominical ou mesmo nas devoções das tardes celebradas na igreja, privando ainda da sua estima com todos, deixando muitas saudades. Contribuiu sempre, quando solicitado, para várias organizações loriguenses, tendo chegado a desempenhar diversos cargos, entre os quais de Julgado da Paz e Registo Civil. Faleceu em Loriga no dia 4 de Dezembro de 1959, com 87 anos, ao funeral incorporaram-se centenas de pessoas, muitas delas vindas de vários pontes distantes do país. Na igreja foram cantados Ofícios Solenes, o funeral realizou-se depois para o cemitério local, onde ficou sepultado. José Mendes dos Reis 1873 - 1971 Oficial Superior da Armada de Infantaria (Coronel) nasceu em 1 de Abril de 1873 em Macapá-Pará - Brasil, era filho de José dos Reis e de Maria Águeda Mendes Lemos naturais da Vila de Loriga. Alistou-se com voluntário em Infantaria 5, a 19.11.1889, sendo promovido a Alferes em 30.11.1895, tendo alcançando o seu posto de Coronel em 11.3.1922. Foi professor de esgrima na Escola Prática de Cavalaria e altamente premiadoem diversos concursos dessa disciplina. Em 1911-12 por ocasião das incursões e movimentos monárquicos do Norte comandou um grupo de metralhadoras em operações efectuadas em Braga, Arco de Valdevez, Chaves e -7Montalegre e foi comandante do destacamento que sufocou a rebelião de Celorico de Bastos em 1912. Comandou a força de Infantaria e Metralhadoras que forçou o Batalhão de Infantaria 21 mobilizado, a depor, a sua atitude de recusa para C.E.P. em França e comandou também uma força que prendeu os oficiais de Infantaria 34 que se recusavam, também a embarcar para a França em 1917. No ano seguinte foi ele mesmo também incorporado no C.E.P em França e em Inglaterra como chefe de uma missão militar. De 1919 a 1926 foi Senador da República em quatro legislaturas consecutivas e ainda 2. e 1. Secretário dessa Assembleia e representou-a como vogal no Concelho Colonial. Por ter chefiado a revolução de 7.1.1927 contra o governo saído do movimento de 28 de Maio, foi separado do serviço de 15.11.1927 a 11.7.1930, tendo sido preso e deportado para Angola e reformado a 12.7.1930. Passando pela ilha da Madeira por motivos de saúde, ali secundou o general Sousa Dias no movimento revolucionário eclodido no Funchal, sendo novamente preso e demitido do Exército em Abril de 1931, mas em 1937 foi reintegrado em situação de reforma. A folha de serviços como militar regista dezenas de altos louvores e condecorações que depois da sua morte e, a após a revolução dos cravos (Abril 1974) passaram a poderem ser visionadas e que fazem parte de um espólio que pertence e está à guarda da Junta de Freguesia de Loriga. São realmente muitas as condecorações e louvores que recebeu, no entanto são apenas algumas as que aqui se registam: -Medalha de Ouro comemorativa das Campanhas do Exército Português com a legenda "Sul de Angola 1914-1915"; Medalha Comemorativa do C.E.P. com a legenda "França 1917-1918"; Medalha da Vitória com estrela; Cruz de Guerra 1.Classe; Grau de Oficial da Ordem de Torre e Espada com palma dourada; os Graus de Comendador das Ordens de Cristo e de Sant´lago de Espada e a Ordem de Mérito Militar de Espanha com distintivo branco. Segundo relatos antigos, quando na passagem e, com alguma influência, pelos meios governamentais da época, o Sr. Coronel Mendes Reis conseguiu fixar em Loriga os Correios Centrais que eram já de grande necessidade, falta que se fazia sentir pois, nesses tempos, era já uma realidade o desenvolvimento das fábricas de Lanifícios nesta localidade. Por motivo de todos os contornos e audácia ao longo da sua vida militar, passou a sentir-se vigiado pelo poder governamental, refugiando-se em Lisboa na sua casa e junto à família, onde velho e cansado viria a falecer com 98 anos de idade, no dia 19 de Novembro de 1971. Emilia Mendes Brito 1874 - 1946 Nasceu em Loriga a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível a sua piedade, talvez fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à -8igreja da sua terra a sua total fidelidade, onde tratava da limpeza, no ornamento dos altares e dando catequese aos mais novos. Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como ela compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus infinitamente humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a viu, que não fosse no lugar mais solitário do templo, entregue à oração mais concentrada. Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era sempre uma presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão grande a sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar de comer o pão para com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não saiam da sua porta Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu dia. Ela era igualmente a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da sua queridíssima Propagação da Fé, inscrevendo novos associados, visitando os pobres protegidos pela Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas das vezes se encontrava à cabeceira dos moribundos recitando-lhes o ofício da agonia, apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos humanos. Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão diariamente. As pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as suas vestes a varrer o chão, passando pelas ruas sempre de olhos baixos como que desejando que ninguém a visse e, quando falava, a sua voz suave prendia todos aqueles que a escutavam, mas ela própria se arrepiava ao ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais insignificante que fosse. Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Janeiro de 1946 ocorre o seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um sorriso na sua boca, como que feliz, por partir para junto do Senhor a quem dedicou toda a sua vida. O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga, ao verem partir para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a sepultura onde descansa eternamente, e o povo da sua terra, como prova de gratidão, mandou colocar a mármore. Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se encontrar intacto na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das Santas mantém-se tal como foi durante a sua passagem pela vida". Maria Ermelinda Mendes Guimarães e Cunha 1881 - 1926 Nasceu em Loriga, era filha de Augusto Luís Mendes e de Eduarda Guimarães. Notabilizou-se como uma senhora de grande sensibilidade e de uma enorme ternura e amor pelos outros, principalmente para com os pobres da sua terra. Desde muito nova se evidenciaram as suas qualidades de bondade e de amor pelo próximo, bem demonstradas na sua atitude para com os mais necessitados. Numa época em que em Loriga, a pobreza extrema era bem -9visível, frequentemente, saía do seu Solar da Redondinha, a fim de visitar as casas dos mais carenciados, onde para além de esmola, levava carinho. A virtude de querer fazer o bem, aliada a outras qualidades, fizeram com que fosse adorada pelos pobres de Loriga. Para além das cestas com comida que mandava entregar em casa dos pobres, pelas suas criadas, intercedeu junto de seu pai para que fosse distribuída semanalmente uma esmola pelos mais carenciados, um gesto que se manteve durante muito tempo. Era uma excelente pianista, dando uma certa alegria àquele solar, quando o som das teclas do seu piano se faziam ouvir. Casou com o Sr. Fernandes da Cunha, vindo a ser mãe de quatro filhos. Faleceu no ano seguinte à morte de seu pai, com apenas 45 anos, deixando os filhos ainda muito novos. A sua morte causou grande consternação, e o povo chorou a sua perda. As cerimónias fúnebres foram realizadas na capela da Nossa Senhora Auxiliadora, na Redondinha, propriedade da sua família, sendo o seu corpo depositado no jazigo da família no cemitério local. José Gomes Luís Lages 1881 - 1950 Nasceu em Loriga no lugar do Cabrum em 1 de Outubro de 1881, filho de José Gomes Luís Lages e de Ana Jorge. Era o mais velho de três irmãos, que com o falecimento precoce do seu pai (com 24 anos) com apenas 8 anos e, após a abolição da escravatura no Brasil, viaja com o padrasto e o irmão António para este país, mais precisamente para o Rio de Janeiro. Residiu no vale do Rio Paraíba e depois foi viver para Belém do Pará e também para Manaus, onde já existia uma vasta comunidade loriguense, que trabalhava no Café, na cana-de-açúcar e na borracha e onde consegue sobreviver à febre amarela, na altura muito comum naquela região. Teve a sorte de regressar a Portugal em 1900, enquanto o irmão partiria para Argentina que à semelhança de tanta gente de Loriga, nunca mais voltou à sua terra. Em Portugal, começa por viver em Loriga com a irmã Teresa e com a avó paterna Emma. Depois trabalha com um primo em Mangualde até regressar a Loriga em 1902, para o casamento da irmã com José Gomes Luiz de Pina. Nesse mesmo dia, começa um namoro com a irmã do cunhado, com quem acaba por casar passado meio ano. Por via da mulher, Maria Emília de Luís Duarte Pina entra na Fábrica do Regato de onde sai após a morte do cunhado José, por tifo, e em divergência com a sogra e os restantes cunhados. Em 1929, trabalhou para Carlos Nunes Cabral e travou conhecimento e amizade com o Conde da Covilhã. Em 1930, após hipoteca das terras que herdou da avó no lugar do Cabrum, no "Portugal" e no Teixeiro, perante o Conde da Covilhã contrai um empréstimo de 500 contos que serviria para construir a Fábrica das Lamas, aproveitando a levada de água que alimentava também a Fábrica da Redondinha. Funda a Fábrica das Lamas e inicia a sociedade de lanifícios Lages que posteriormente adopta as designações de Lages, Santos & Companhia, Lda e - 10 mais tarde Lages Santos & Sucessores, Lda., não tendo já pertencido a esta sociedade que cessaria laboração em 1973 e que foi vendida por 500 contos em 1980 à firma Pedro Vaz Leal e Companhia. Da memória dos netos, na sua maioria afilhados, fica a ideia de um homem que se gabava de travar amizade e histórias com salteadores e nobres e de ser de estatura notoriamente mais baixa que a esposa. Católico e monárquico com um bigode com pontas encaracoladas e cicatrizes profundas nas mãos que passava muitas tardes a jogar às cartas com amigos de Loriga, como Joaquim Leitão, José Carreira e Pedro de Almeida, entre outros, no "Clube", que ficava na sua casa. Durante a vida, dos 14 filhos que teve, perdeu dois rapazes (António e Augusto), finalistas da Faculdade de Coimbra com tuberculose e um filho (Isaac Luís) de sete anos, afogado no poço que posteriormente teve o nome pelo qual era vulgarmente conhecido, na Ribeira de Loriga. No final da vida, fez as pazes com a família da esposa e viaja constantemente para Belas, onde visita a irmã, internada por demência após ter contraído meningite, em 1930. Veio a morrer em Coimbra, em 11 de Dezembro de 1950, aos 69 anos, após internamento por acidente cardíaco. A sua casa no "Pátio" , no local conhecido pela "Praça" em Loriga, continua a ser parte indivisível de todos os seus herdeiros. Loriga viu partir mais um dos seus filhos, fundador de uma das suas Fábricas de Lanifícios, que o tornou num dos muitos industriais que contribuíram em muito para o engrandecimento da sua terra. António Mendes Cabral Lages 1884 - 1969 Nasceu em Loriga em 23 de Agosto de 1884, filho de Augusto César Mendes Lages e de Rosalina Mendes Gouveia. Foi ordenado sacerdote em 18 de Julho de 1909, pelo Prelado D.Manuel Vieira de Matos na Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa em 25 do mesmo mês em Loriga. Pouco tempo depois foi colocado como pároco encomendado como se dizia na altura, na freguesia de Santa Maria de Manteigas e no ano seguinte foi nomeado pároco da freguesia de Aldeia da Ponte onde permaneceu até fins de Junho. Entretanto, como o seu tio e padrinho Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral por motivos de saúde e impossibilitado de estar à frente da paróquia de Loriga, fez um pedido ao Prelado para a vinda para a sua terra, que viria a acontecer em Julho desse mesmo ano e na sua terra permaneceu como pároco cerca de 34 anos. Paroquiou também em Valezim, Alvôco da Serra e foi o maior impulsionador para a construção das capelas da Teixeira de Baixo, Frádigas e Fontão. Formado em Teololgia no Seminário da Guarda além de sacerdote sentia-se politico, sendo caracterizado pela sua frontalidade e determinação, defensor dos mais desfavorecidos e dos pobres. Conhecia bem as diferencias sociais existentes na sua terra, por vezes dizia não serem justas e que apesar de não concordar com elas, estranhamente era com elas mesmo que tinha um mais estreito relacionamento. - 11 Muito devoto do Sagrado Coração de Jesus primava por ser um verdadeiro cristão. No entanto era, acima de tudo um disciplinador e exigente no ensinamento da catequese, tendo fundado em Loriga alguns organismos da Acção Católica que, mais tarde, o seu sucessor reorganizou. Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga em 1944, nos anos da II Guerra Mundial, onde a lei e justiça eram superados pelos interesses dos mais poderosos e teve grandes problemas com os seus paroquianos. Talvez fosse essa uma das causas mais marcantes para que o Bispo lhe retirasse a paróquia de Loriga, tendo-lhe até sido retirado o direito de celebrar missa no altar-mor da igreja, vindo a ser substituído pelo Sr.Padre Prata natural de Manteigas. Chegou mais tarde a ser pároco da localidade da Cabeça onde durante anos realizou ali obras de grande vulto e de valor, sendo o grande obreiro na edificação da igreja local de bela arquitectura. Já velho e cansado com frequência se podia ver passar umas horas no café do "Zé Maria" ou no "Clube", mas muitas mais horas passava refugiado na sua casa a bater nas "teclas" da sua velha máquina, escrevendo as suas memórias que intitulava de "Para Constar" que infelizmente muitas delas se viriam a perder. Possuidor de muitos bens, ainda em vida resolveu doar tudo à igreja paroquial, doação que foi importante para a Acção Social e Religiosa em Loriga, sendo instalada nesta vila uma Ordem de Irmãzinhas, onde passaria a viver mais acompanhado e acarinhado o resto dos seus anos de vida e onde viria a falecer após doença em 19 de Fevereiro de 1969, com a idade de 84 anos. António João de Brito Amaro 1890 - 1961 Natural de Loriga onde nasceu em 4 de Janeiro de 1890, foi um industrial e comerciante de sucesso, que muito contribuiu no desenvolvimento industrial da sua terra, e que se destaca, entre outros, na verdadeira expansão dos tecidos fabricados em Loriga para outros localidades nomeadamente ao mercado da Beira Baixa. Na sua infância fez parte da Banda Musical de Loriga onde tocava cornetim Era um cristão convicto e um verdadeiro católico praticante, possuidor de um coração bondoso tendo, ao longo da sua vida angariado a estima e amizade dos seus conterrâneos que, mesmo depois da sua morte o recordavam com saudade. Após o seu casamento com Maria José Nunes Brito, também natural de Loriga, o casal rumou para o Brasil - Estado de Manaus. Ali adquiriu uma mercearia que tinha em anexo uma olaria iniciando, assim, a sua actividade comercial que o levaria a manter-se por lá durante alguns anos. Regressou à sua terra em 1923, com alguns dos seus filhos ainda muito pequeninos, e que entretanto por lá tinham nascido e, mais tarde, o casal voltaria a ter mais filhos, mas desta feita nascidos em Loriga. No ano seguinte (1924) fundou em Loriga uma sociedade do ramo de lanifícios com os cunhados António e Alfredo Nunes Luis. Um ano mais tarde - 12 (1925) e na ideia de expandir as vendas dos tecidos que nesta localidade se fabricavam e ainda para estarem mais perto dos clientes na Beira Baixa, para onde se destinava a grande parte dos mesmos, compraram uma loja de mercearia na Covilhã, centro industrial por excelência, alterando a gerência da dita casa comercial com o sócio António Nunes Luis, um mês na Covilhã e outro em Loriga. Esta casa comercial na Covilhã viria a encerrar em 1935, passando a Sociedade a ter os seus negócios sediados apenas em Loriga. Entretanto esta sociedade é extensiva a mais familiares, com a finalidade de se expandirem um pouco mais na industria de lanifícios, tendo nesse mesmo ano arrendado a Fábrica da Redondinha (Augusto Luis Mendes & Comp.). Os sócios nomearam-no como gerente da dita fábrica, funções que viria a desempenhar até 1953. Foi também um dos sócios fundadores da fábrica Nunes Brito & Comp., criada em Loriga no mês de Fevereiro de 1948, que nessa época passou a ser uma das mais modernas. No ano de 1939 acontece o falecimento de sua esposa, Maria José Nunes Brito (28.10.1887 - 15.6.1939) com a idade de 51 anos, uma mulher muito sensível no seu trato e dotada de uma inteligência pouco vulgar para a época onde, o seu grande sentido de administração, contribuiu parte muitos dos êxitos nos negócios do marido. A morte de sua esposa foi um duro golpe que abalou profundamente o Sr. António João. Esta figura de Loriga viria a falecer em 5 de Fevereiro de 1961, ficando esta Vila mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus maiores industriais que em muito contribuiu na divulgação e expansão da industria de lanifícios da sua terra. Carlos Simões Pereira 1890 - 1977 Nasceu em Loriga em 9 de Agosto de 1890. Segundo se sabe, parece ter nascido para a música e, quando surge a ideia da fundação da Banda nesta vila, passou logo a fazer parte dela, aprendendo música com o mestre espanhol que viria a ser o primeiro regente. Eram tão grandes as suas qualidades para a música, que depressa aprendeu o suficiente e, em 1911, com apenas 21 anos, passou a ser o regente da Banda de Loriga funções que viria a desempenhar até 1914. Emigrou um dia tendo como destino o Brasil, onde esteve sempre em contacto com a música, fazendo mesmo parte e sendo até regente de diversas tunas. Regressou a pedido da família mas, mais tarde, partiu novamente, desta feita até ao Congo (África), mas só, que por lá, não esteve tão perto da música como desejaria. Regressou a Portugal e a Loriga por altura de 1937, e é ainda com mais intensidade que se dedica à música, e entra novamente como músico na Banda da sua terra ocupando-se, também, a ensaiar o Grupo Coral da Igreja Matriz. Era homem de verdadeiro sentido de interpretação musical, exigente, disciplinado e educador, ficando para sempre ligado como uma legenda pelas gerações de músicos que com ele muito aprenderam e, que a instituição musical desta localidade muito lhe ficou a dever. Pensou e reuniu uma - 13 série de músicas brasileiras que depois transcreveu para a banda executar com o título de Rapsódia Brasileira, assim como, copiou e aperfeiçoou muitas peças musicais, algumas das quais foram tocadas pela Banda de Loriga. Foi regente da Banda Musical de Loriga, de 1911-14; de 1922-24; de 1951-61 e de 1966-68, era também, acima de tudo, um cristão convicto que muito fez pela igreja da sua terra, tendo ainda, e durante muitos anos, desempenhado as funções de Regedor da Freguesia. Nos anos da década de 1950 e principio de 1960, consegue elevar a Banda Musical de Loriga a altos níveis e que ficaram famosos na história desta instituição. Entre outros feitos, recorda-se quando, entre muitas outras Bandas, foi a Banda Musical de Loriga honrada a tocar o Hino Nacional ao Cardeal António Cerejeira nas Festas da Rainha Santa realizadas em Coimbra no ano de 1956. O "Mestre Carlos" como popularmente assim era chamado, deixa de colaborar na Banda já velhinho, afastando-se completamente aos oitenta anos, vindo a falecer em Loriga no dia 13 de Agosto de 1977 com 87 anos. António Cardoso de Moura 1892 - 1967 Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1892, filho de Emídio Cardoso de Moura e de Benedita Luiz Moura. Uma vida recheada de múltiplos aspectos, teve na sua inteligência a virtude de angariar considerável fortuna, que foram frutos para que ao doá-los à sua querida terra, se tornaria no maior benemérito da Vila de Loriga. Nascido de uma família humilde, passou os primeiros anos entre a educação de seus pais e a frequência escolar, tendo obtido o diploma da 4ª. classe na Guarda. Tinha apenas 11 anos quando foi para o Brasil, com a sua família, trabalhou em diversos estabelecimentos comerciais, mas cedo começou a alimentar a ideia de se emancipar profissionalmente, assim aos 17 anos iniciou o trabalho por conta própria, e foi tão evidente a sua qualidade de trabalho, que se veio a impor-se como verdadeiro comerciante. Posteriormente viria a construir a primeira sociedade com o conterrâneo José Fernandes Gomes, surgindo assim a "União" para impor no conceito geral como casa de sólida constituição e renome no meio comercial. Todavia, seria na sua terra que não esquecia, que viria a começar novo ciclo, ao associar-se com alguns cunhados na constituição da firma industrial Moura Cabral & Comp. Homem de brio e de excepcionais qualidades de trabalho, que vindo de um meio comercial diferente para uma actividade industrial completamente desconhecida, veio a firmar-se como um orientador perspicaz, aliando ao exemplo de homem activo e de nobreza de trato, que fazia de cada fornecedor ou cliente um amigo. Desempenhou funções públicas tanto na Junta de Freguesia da sua terra, como também na Câmara Municipal de Seia, onde foi vereador durante muitos anos. Tinha o lema de acarinhar todas as obras ou iniciativas que tinham - 14 por fim desenvolver ou valorizar a sua terra, tendo mesmo pelos seus conterrâneos um certo carinho, que tentava por certos meios proteger, com todos colaborava e a todos subsidiava. Os desprotegidos da sorte ou instituições loriguenses, muito dele receberam, não só no incentivo moral, bem como material, como nunca ninguém o tinha feito. Era casado com D. Eduarda Mendes Cabral e Moura (11.11.1894 - 3.3.1971), onde a formação moral e cristã de ambos, se manifestou ao longo de 55 anos do casamento. Se a sua vida não bastasse para constituir um hino de exaltação ao trabalho generoso e honrado, à riqueza de carácter e à generosidade esclarecida, quis ainda prolongar para além da morte esse mesmo lema, deixando a maioria dos recursos tão laboriosamente adquiridos à sua terra Natal. Depois da sua morte e perante a doação feita a Loriga, foi constituída a Fundação Cardoso de Moura, sendo o prédio em que viveu este ilustre loriguense, situado na Rua Coronel Reis (antiga Amoreira), aquele que mais tem sido utilizado em prol da comunidade desta localidade. Já ali esteve sediado, a Junta de Freguesia; a Banda de Loriga; os Bombeiros quando a sua fundação; a Biblioteca; os CTT , enquanto se procediam a obras no edifício dos correios, assim como, foi utilizado com as máquinas da Associação da 3ª.Idade, enquanto não tinham sede, também funcionou ali o Curso dos Tapetes de Arraiolos e os Cortes e actualmente funciona ali o Posto de Informação Turística. Faleceu em 31 de Outubro de 1967, em Lisboa, com a idade de 75 anos, sendo o seu funeral realizado para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, conforme sua vontade. Os seus conterrâneos quiseram estar presentes, tomando em massa, parte activa nos ofícios fúnebres e missa, numa expressão sentida de estima e admiração. Esta presença espontânea de toda a freguesia, foi sinal de gratidão que tinham na alma, pois nesta altura ainda ninguém sabia das suas últimas vontades. António de Brito Pereira 1895 - 1987 Nasceu em Loriga, em 17 de Maio de 1895, filho de António Pereira e de Emília Lopes de Brito. Desde muito novo começou a ter um gosto especial pela Banda, onde ingressou, vindo a notabilizar-se ao tocar diversos instrumentos, mas seria o Bombardino, a consagrá-lo, dizem até, que era um verdadeiro artista a tocar esse instrumento. Homem humilde, de poucas falas, sofreu na carne a sua condição social. Alfaiate de profissão, ou por necessidade, era no entanto, a música que mais lhe estava no coração. Era do pão que lhe faltava em casa, cujo filhos bem sentiram. Só que em vez de cortar mais pano, copiava papéis de música horas e horas sem conto. Só que em vez de alinhavar mais, perdia-se no sonho belo da cultura musical da sua terra. Foi regente da Banda de Loriga, quando era ainda relativamente muito novo, funções que viria a desempenhar muitas mais vezes. No total deve ter estado na regência da Banda de Loriga cerca de 30 anos. Trabalhou sempre incansavelmente para não deixar acabar a Banda da sua terra, porque em determinada altura parecia agonizar, devido a uma boa parte de loriguenses partirem para outras paragens, nomeadamente Sacavém e Brasil. Esteve arredado da Banda Musical durante 30 anos, sofrendo interiormente - 15 quase um degredo. E era fácil vê-lo escutando a sua Banda, procurando ser discreto, mas a paixão não o deixava ocultar. Voltaria novamente à regência da Banda Filarmónica da sua terra, depois de todos esses anos, já velhinho, uma vez mais para a salvar. Popularmente mais conhecido por "Mestre Barriosa", foi a muitos que ensinou música, passando-lhe pelas mãos quase todos os executantes da Banda de Loriga no seu tempo, até se dizia que era "ele a fazer a Banda, e depois eram outros a possuí-la". Sendo pessoa de bem tinha na sua modéstia, uma virtude, que ao longo dos tempos lhe fez angariar a estima, a amizade e o respeito dos seus conterrâneos. Chegou a ser regente de outras Bandas, a de Silvares e depois a de Candosa, mas nelas não "murou" muito tempo, pois a Banda de Loriga e a sua terra, para ele eram tudo. Era casado com Maria dos Anjos Alves Dinis, e pai do Albano, Manuel, João, António e Idalina, que tal como o pai muito viriam a fazer pela comunidade loriguense. Faleceu velhinho e cansado em Loriga, no dia 24 de Junho de 1987, o funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultado. Perdendo Loriga um dos seus filhos queridos, que adorando a sua terra, acima de tudo amava a sua Banda, que por ela, grande parte da sua vida lutou, para que continua-se a manter-se bem viva e bem activa. José Lopes de Macedo 1897 - 1974 Nasceu em Loriga em 13 de Dezembro de 1897. Deixando a sua terra com destino a Belém-Pará Brasil ainda muito jovem. Estudou na Phenix Caixeral Paraense, onde concluiu o curso de Contador, vindo a ser um dos mais competentes profissionais numa época em que o ensino contábil no Pará ainda não era ministrado a nível superior. Patriota sincero, trabalhou na administração de todas as associações portuguesas luso-brasileiras, existentes no seu tempo e, presidiu por alguns anos no Centro Loriguense de Belém, do qual foi um dos seus fundadores, assim como foi membro de destaque da União Comercial do Prará-Brasil. Notabilizou-se nos desportos náuticos, onde alcançou vitórias para a TUNA, Luso-Brasileira, quando participou de guarnições de remo, que alcançaram o primeiro lugar nas regatas, conquistando troféus para a Entidade que representavam e medalhas de ouro individuais. Grande entusiasta da Obra da Associação do Pão de Santo António, de amparo às pessoas da terceira idade, juntamente com a sua esposa D.Josefina, prestaram aquele organismo, relevantes serviços onde durante muitos anos colaboraram em todas as promoções para angariar fundos para a manutenção dessa notável entidade filantrópica. Homem notável e de boas maneiras, apesar de tudo não esquecia a sua terra, sempre pronto a contribuir quando havia iniciativas a favor dela. Faleceu no Hospital da Beneficiente Portuguesa em Belém - Brasil, em 23 de Março de 1974, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos que longe se notabilizou. Emídio Gomes Figueiredo 1897 - 1969 Nasceu em Loriga, e era filho de Manuel Gomes Figueiredo e de Maria Gomes Lages. O "Ti Emídio Correia" como popularmente era mais conhecido, foi um - 16 dos maiores pastores da Serra da Estrela, senão mesmo o maior e foi, na realidade, uma referência tradicional dos tempos passados dum pastor loriguense verdadeiramente serrano. Pai de oito filhos, era um homem bom, honrado e simples, era conhecido por todos e com todos ele gostava de falar. A dedicação aos seus rebanhos era algo de impressionante, procurando para eles os melhores pastos que pudessem existir por toda a serra. A serra era o seu mundo, onde passou toda a sua vida como pastor, sendo considerado por muitos, o último guerreiro lusitano dos Montes Hermínios. Ao longo da sua vida teve sempre muitas histórias para contar da serra e dos seus cães, autenticas aventuras, que os mais novos as ouvindo as tornaram lendárias. Praticamente desde criança trabalhou no campo, vivendo da agricultura, mas foi à pastorícia que ele dedicou toda a sua vida, passando metade do ano na serra sem vir à povoação, onde guardava a maioria dos rebanhos da região, chegando mesmo a ser o pastor com o maior rebanho na Serra da Estrela. Há relatos até que dão conta de ter à sua guarda cerca de 10.000 cabeças de gado. Para os seus conterrâneos, o "Ti Emídio Correia", era um símbolo, e tinham por ele enorme admiração e respeito. A sua fama de grande pastor era bem conhecida por todos, tendo um dia sido fotografado, assim como, seu irmão Manuel, também ele um grande pastor, passando a partir de então a figurarem em postais ilustrados como pastores modelos da serra, postais esses que passaram a fazer parte das séries da Serra da Estrela. Conhecia a serra palmo a palmo, percorria caminhos que só ele conhecia, bem como conhecia todos os segredos e mistérios desse mundo serrano que, apesar de ser rude ele o adorava e considerava seu, mesmo, quando uma ou outra vez se sentia frustrado ao sentir-se impotente para lutar com a serra, quando esta era rigorosa e descarregava a sua ira por todo o lado e o impediam de conseguir para os seus rebanhos os melhores pastos. Com a pele enegrecida pelo sol, e pelas aragens frias e rígidas da serra, ainda hoje muitos dele se recordam, quando, ao escurecer, o viam chegar à povoação ou, mesmo estando em suas casas ouviam os seus passos lentos e pesados, arrastando as suas botas cardadas por brochas, ansioso por chegar a casa, e desfrutar um pouco do calor do seu lar e do amor da sua família. Pela manhã, e bem cedo ainda, lá partia novamente, voltando para o seu mundo, onde só ali se parecia sentir bem. Num começo de dia, que parecia igual a muitos outros, o velho pastor prepara-se para mais uma saída com o seu rebanho, coloca ao ombro a velha sacola com a "bucha", pega no seu inseparável cajado, prepara-se para se pôr a caminho. Começa a sentir-se mal, senta-se nos degraus da palheira da Tapada do Amial e, possivelmente deitando um último olhar em seu redor, tranquilamente adormece no sono eterno, quem sabe feliz por deixar esta vida dos vivos, longe da povoação e num mundo que foi todo a sua vida - a serra. Algum tempo mais tarde é encontrado por sua mulher naquele local, onde parecia existir uma verdadeira paz eterna. Junto dele, o seu cão e fiel amigo, fixava o seu olhar no velho pastor, e chorava parecendo um humano, cenário que não mais foi esquecido por aqueles que ali acorreram. Esse mesmo, cão com tal desgosto, deixou de comer e pouco tempo depois morreu também. Faleceu com 72 anos de idade, e o seu funeral realizou-se com verdadeiro pesar pelos muitos dos loriguenses que o acompanharam ao cemitério local, onde ficou sepultado. A serra pareceu também ficar triste, não vendo mais chegar até ela, um dos seus últimos guerreiros lusitanos, o velho pastor de Loriga. - 17 - Pedro Vaz Leal 1900 - 1964 Natural da Póvoa da Atalaia (Beira Baixa), onde ocorreu o seu nascimento em 8 de Março de 1900. Completou a instrução primária na sua terra natal, que deixou ainda novo, seguindo com destino a Loriga para se empregar na oficina do Sr. António Ferreira situada no Cabeço. Anos mais tarde casou com D. Alzira Machado natural desta localidade. Jovem inteligente e com vocação para aprender, depressa adquiriu uns certos conhecimentos da arte de ferreiro, que levaria a tornar-se em pouco tempo num brilhante profissional. Desde logo, e como também era dotado de uma certa ambição, e pretendia alargar os seus horizontes, pensou não ser, a oficina onde trabalhava, um lugar de futuro. Não foi, por isso, de estranhar a sua mudança para outro lugar, partindo para perto de Lisboa, onde se empregou desempenhando a profissão de ferreiro, dando ainda assistência às máquinas agrícolas nas quintas dessa região. Em 1931 regressa a Loriga para trabalhar por conta própria e, com alguma ajuda, alugou a velha forja do Cabeço, iniciando assim um trabalho cujo crescimento era bem visível e, a partir daí não mais parou. Não se contentando só em trabalhar para Loriga, depressa alargou o seu trabalho para o exterior, não tardando mesmo a ser um dos fornecedores mais creditados das Minas da Panasqueira, sendo ainda no Cabeço, o construtor das primeiras vagonetas para transporte do minério. Aumenta os quadros do pessoal, abre uma nova oficina já mais moderna no Terreiro da Lição, junto com a sua habitação onde sempre viveu. A expansão da sua firma continua a registar grandes progressos, por isso resolve fazer uma fundição na Vista Alegre com serviço automóvel e venda de combustível, acabando mais tarde por fazer novas instalações para onde passaria todos os serviços. Anos mais tarde, e já depois da sua morte, a sua empresa viria adquirir a antiga Fábrica das Lamas podendo, assim, alargar-se ainda mais em Loriga. Sempre caracterizado por trabalhador patrão, teve sempre presente a preocupação de que os seus empregados adquirissem cada vez mais conhecimentos e melhor valorização profissional. Por isso mesmo, a sua Oficina passou a ser uma Escola Técnica que proporcionou, a muitos jovens que por lá passaram, a profissionalização naquela área. A Metalúrgica Vaz Leal, foi uma das maiores Firmas de Loriga, e chegou a ser uma das principais do distrito da Guarda e uma das melhores do Concelho de Seia. Era casado com Alzira Gomes de Pina Leal (28.8.1906 - 7.9.1961) virtuosa senhora de bondade para com os pobres. Aos 64 anos, e após doença prolongada, em 14 de Junho de 1964 morre o Sr. Pedro Vaz Leal. Ficou sepultado em Loriga, à qual ficou para sempre ligado e que, apesar de não ser natural desta localidade ele dizia ser também sua. Na realidade, assim pareceu ser, tendo sido considerado um dos maiores obreiros no desenvolvimento da Vila de Loriga, pelo contributo dado ao longo da sua vida. - 18 Francisco Mendes Campos 1901 - 1957 Nasceu em Loriga em 18 de Fevereiro de 1901, ficando orfãm de pai e mãe, ainda com tenra idade. Foi uma personalidade de destaque na Colónia Loriguense de Belém, nas décadas de 1920/50, distinguindo-se como homem de letras, contribuindo também em muitas iniciativas em prol da sua terra. Após a morte dos seus pais, passou a ser criado aos cuidados da avó paterna Emília, que lhe dispensou especial carinho pelo que lhe ficou muito grato, manifestando publicamente, isso mesmo, num sentimental artigo publicado no "Jornal Lusitano" editado em Belém e no qual foi secretário. Foi para Belém do Pará, antes de 1920, onde possuía um tio paterno e outros familiares, formou-se na Escola Prática de Comércio, mantida pela Associação Comercial do Pará, e na qual foi um dos mais brilhantes alunos. Ainda muito cedo manifestou a sua inclinação para o ensino, sendo um excelente mestre de português e de contabilidade, exercendo o magistério na Escola Prática, Phenix Caixeiral Paraense, Grémio Literário Português e Curso Ciências e Letras. No Grémio foi vice-presidente e director de curso. Foi sócio e pertenceu aos corpos administrativos da Beneficente Portuguesa, Associação "Vasco da Gama", Tuna Luso Comercial, Liga Portuguesa de Repatriação, Phenix Caixeiral e Grémio Lusitano. Foi durante muito tempo um assíduo colaborador dos jornais "Lusitano" e "A Colónia" com artigos patrióticos e em defesa de portugueses que eram vítimas de ataques e perseguição de uma minoria dotada de xenofobia. Embora muito novo os seus artigos demonstravam fina sensibilidade. Assim os artigos "À minha Mãe além-túmulo"; "À minha Avó"; "À minha afilhada Vitória" outro sobre o escritor Gomes Leal e ainda uma réplica ao Padre Dubois por causa do poeta Guerra Junqueiro e, também pelo que escreveu contra o Marquês de Pombal, essas réplicas demonstraram grandes conhecimentos e uma maneira própria de o descrever. Em 1923 transferiu-se para Recife, onde se manteve pouco tempo, regressando novamente a Belém. Exerceu o cargo provisório de arquivista no Consulado de Portugal onde a sua inteligência e zelo nas funções ali desempenhadas, eram bem reconhecidas por todos. Viria a falecer ainda novo em 3 de Dezembro de 1957, no Hospital de D.Luiz I em Belém - Brasil, tendo sido sepultado no cemitério de Belém. Loriga foi o seu berço, mas foi em terras distantes que viveu e se notabilizou, e onde ficou também eternamente. José Fernandes Conde 1901 - 1972 Nasceu em Loriga em 16 de Maio de 1901, filho de António Fernandes Conde e de Ana Mendes de Moura. Foi durante muitos anos o varredor das ruas de Loriga e também coveiro com a nobre missão na "Obra de Misericórdia" de enterrar os mortos. Além disso tinha como muitos dos seus familiares a natural habilidade de trabalhar as pedras. Homem robusto, de caris temperamental, no interior era um coração de bondade. Cumpridor como poucos, era vê-lo logo pela manhãzinha orientando - 19 as águas nos regos, cujos canos ficavam entupir com lixos domésticos, que as mulheres ainda lusco-fusco deitavam nas águas correntes. As carências económicas e outras originavam que as pessoas fossem menos limpas. Era assim no tempo em Loriga com cerca de 4000 almas, tiremos daí as conclusões sobre a lida deste homem. Brioso, varria as rua como ninguém. Era vê-lo constantemente a fazer as suas próprias vassouras, com ramos de azinho e quando encontrava os miúdos nos regos a fazer traquinices, desviando-lhe as águas, corria-os com estas palavras "ide embora senão levais com o vassouram". Como coveiro tratou do cemitério de Loriga como poucos o fizeram. As campas na altura eram na maioria térreas, e o "Ti Zé Conde" a todos tratava com o mesmo carinho. Sabia quem tinha sido sepultado em cada côvado e por ordem de datas, tinha na sua cabeça aquilo que a Junta de Freguesia devia ter no papel, e não tinha. Quantas vezes este homem se levantou no meio da noite para abrir covas sozinho, debaixo de chuva e vento, para os funerais a realizar logo de manhã cedo. Mal pago pela Junta de Freguesia ignorado ao dever que tinham para com ele, sujeitava-se a receber alguma coisita que no dia dos finados lhe depositavam no bolso. Quem não se lembra de o ver à porta do cemitério, recebendo os seus mortos, com o chapéu na mão em sinal de grande veneração. Foram muitos anos e, muitas as centenas de Loriguenses que este homem desceu à terra. Era casado com Maria dos Anjos Brito Conde, tiveram quatro filhos, José, António, Adélia os três já falecidos e Maria do Carmo ainda viva. Deixou o reino dos vivos em 20 de Janeiro de 1972, sendo sepultado no seu cemitério que tantos anos da sua vida ali passou. Os Loriguenses viram assim partir um dos seus conterrâneos que se a sepultura aos mortos é sem dúvida uma obra de misericórdia, este homem pelas que praticou na sua terra, está de certeza junto do Misericordioso Deus, gozando a eterna Paz. Adelino Pereira das Neves 1901 - 1979 Natural de Santa Ovaia, onde nasceu em 15 de Julho de 1901, filho de António Francisco e de Maria dos Prazeres Pereira. Fixou-se em Loriga em 1925, logo após a construção da estrada que passou a ligar São Romão à Vila de Loriga. Criou uma carreira de transporte de passageiros, com um pequeno autocarro, de que era proprietário. Em 1931 fundou uma empresa de transportes públicos, "Auto Viação Serra da Estrela" já então com outras camionetas de passageiros, que ia de Loriga à estação ferroviária de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia de Transportes Hermínios, que passou a operar na região de Seia. Já na condição de aposentado, teve um carro de praça de que era proprietário e, durante algum tempo, exerceu essa actividade. Faleceu em 7 de Janeiro de 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério de Loriga. - 20 - Constança de Brito Pina 1901 - 1981 Grande parte da sua vida dedicou A quem vem ao mundo é para viver De mãos suaves e até milagrosas Muitos Loriguenses ajudou a nascer Nasceu em Loriga no dia 9 de Junho de 1901, filha de Plácido de Moura Pina e de Maria Tereza Luis de Brito. Foi durante mais de 40 anos a "parteira" da sua terra natal. Eram épocas há muito passadas, quando os nascimentos das crianças tirando uma ou outra excepção ocorriam nos domicílios. Por isso, de maneira alguma se poderá ignorar uma pessoa notável que através dos anos, décadas e gerações, prestou assistência a esses muitos nascimentos e que ficou para sempre registada como uma referência e uma legenda de Loriga. Com dignidade e amor à sua terra e aos seus conterrâneos, assistiu e ajudou a nascer gerações de loriguenses, ocorrendo ao chamamento a qualquer hora do dia ou noite, nunca se preocupando se a assistência que ia prestar era para rico ou pobre, nunca exigindo qualquer renumeração e, alguma gratificação que lhe ofereciam, era consoante as posses de cada um. Por tradição era a Sra. Constança que no dia do baptizado, levava ao colo os bebés que tinha ajudado a nascer. Por isso, perdeu o conto de quantos levou à igreja Matriz para receberem o baptismo, dado que foram décadas de anos em que a população se habituou a vê-la com os seus cabelos da cor da neve, a caminho da casa de Deus, sendo até uma das pessoas mais conhecidas de Loriga. Entretanto os tempos mudaram, e os nascimentos deixaram de ser nas próprias casas e aos poucos foi deixando de ser solicitada. Decorria então o ano de 1975 quando, definitivamente, deixou de prestar assistência de "parteira". Era casada com José Pinto Romano. Faleceu em 22 de Abril de 1981, ficando Loriga mais pobre ao ver partir, de certeza para o Céu, a mulher que durante uma vida inteira, foi a primeira a ver um Loriguense a nascer. Nota:- No dia 15 de Agosto de 2002, numa homenagem singela, esta figura passou a fazer parte na Toponímia de Loriga, ao ser atribuído o seu nome a uma das ruas desta localidade. José Mendes Garcia 1901 - 1985 - 21 Nasceu em Loriga, no ano de 1901, filho de José Mendes Garcia e Maria Teresa Garcia. Homem simples, dotado de um coração generoso e uma alma grande. Trabalhador da industria de lanifícios no sector da ultimação, quedou de velho quando as portas do seu "Regato" não mais se abriram para voltar a sentir o martelar dos seus pisões. Ao falar-se no "Ti Garcia" como popularmente assim era chamado, com naturalidade é recordado ligado à "Amenta das Almas". A ele se ficou a dever, pelo seu desempenho, preservação e continuação desta mais antiga tradição que Loriga se orgulha de ter. De uma voz grave, taciturna, monocórdica, cantou vezes sem conto, pedindo orações pelos mortos, durante cerca de 60 anos, em todas as semanas quaresmais de cada ano. Com ele cantaram várias gerações que seria difícil aqui descrever. Nunca faltava, até porque o ajuntamento se fazia na sua modesta casa, onde nunca faltava os figuitos e a aguardente que carinhosamente a esposa, Tia Cândida, deixava já em cima da mesa toalha de branco. Para o "Ti Garcia" cantar a "Amenta da Almas" era como que sagrado. Essas noites da quaresma, para ele, era de grande respeito, exigindo mesmo a todos que o acompanhavam, um silencio sepulcral, dizia ele, que só assim os corações podiam ouvir e rezar. Distribuía os pontos, para cantar, sempre com a aprovação de todos, porque ninguém teria a coragem de contrariar o homem cujo exemplo era o próprio a dar. Muito crente e devoto, era homem de bem. Se a Fé a todos acompanha, não deverá haver dúvidas, que este homem não pode estar noutro lugar senão junto a Deus. Após a passagem do centenário do seu nascimento, foi finalmente prestada uma justíssima e singela homenagem, pena foi, ter pecado por tardia. Em 8 de Março de 2003, a Junta de Freguesia de Loriga, mandou colocar uma placa evocativa, na casa onde viveu durante grande parte da sua vida, perpetuando assim para as gerações vindoiras o nome desta figura loriguense. Foi casado com Maria Cândida Martins de Ascenção, e desse casamento tiveram os filhos:- António, Emidio, Eduardo, Mário, Laurinda e Irene. Faleceu em 17 de Agosto de 1995 na Guarda, o funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado, sendo muitos os loriguenses que o acompanharam à sua última morada. Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos, que muito lutou para que a tradição mais antiga desta localidade não morresse e para que continua-se a manter-se bem viva de geração em geração. Irene Almeida Abreu 1904 - 1982 Nasceu em Loriga em 3 de Agosto de 1904, filha de Pedro de Almeida e de Maria Adelaide Abreu Amaral. Professora de reconhecido mérito, sempre muito dedicada aos seus alunos, tendo herdado os atributos de seu pai, Professor Pedro de Almeida, na - 22 missão de ensinar as primeiras letras às crianças. Exerceu o magistério em Loriga, durante quarenta e um anos. Ensinou gerações de alunos, cujos testemunhos evidenciam o rigor, o empenho e o elevado nível de exigência que colocava nos seus ensinamentos, e que se traduziam nos bons resultados por eles obtidos. Casou com Alberto Pires Gomes, também professor primários, que tinha sido colocado em Loriga, onde se radicou. No dia 22 de Dezembro de 1974, foi homenageada, bem como, o seu marido professor Alberto Pires Gomes, numa significativa homenagem que os antigos alunos de várias idades quiseram prestar, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande educadora e à qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de Freguesia e Banda da Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi realizada inserida nessa homenagem. Além de muitas pessoas que associaram à esta homenagem, esteve também presente muitos familiares desta distinta senhora, entre eles o seu sobrinho Dr. Almeida Santos na altura ministro da Coordenação do Território. A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu com justiça, que o nome desta ilustre professora passasse a fazer parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas, logo após este ter sido construído. Faleceu em Loriga, com 78 anos de idade, no 2 de Abril de 1982, perdendo Loriga uma senhora de grandes virtudes, sendo sepultada no cemitério local. António Moura Pina 1907 - 1988 Nasceu em Loriga em 15 de Setembro de 1907. Ainda novo foi aprendiz de tecelão, mas foi a profissão de sapateiro que ele viria desempenhar durante toda a sua vida, que o tornou um grande oficial nesta arte e com certa fama nos arredores. Homem popular e de boas maneiras, notabilizou-se por uma juventude de boémio, trovador, comediante, cantando serenatas que deleitavam os ouvidos das moças dos anos da década 1920 em Loriga. Nos bailes, vestia-se de mulher, fazendo critica de tudo que lhe parecia errado na sua terra sendo, por isso intitulado de "desavergonhado". Sempre de grande dedicação à música, passa pela Banda de Musical, ensina ainda viola e bandolim a muitos estudantes que se reuniam na sua sapataria que, mais parecia um local de verdadeiros concertos musicais, sobrando-lhe ainda tempo para fazer parte do Grupo Coral da igreja matriz, tocando o órgão. Verdadeiramente religioso, foi sempre um fiel servidor da igreja, ensaiado diversos grupos litúrgicos, sendo até um dos fundadores da Liga Eucarística dos Homens. Durante muitos anos exerceu ainda as funções de zelador da Irmandade, cargo que desempenhou com muita vocação e muita eficiência na organização das procissões, na distribuição das velas, na montagem trabalhosa da Essa ("Ercia" como era assim chamada pelo povo), para os funerais e o respectivo anúncio, logo pela manhã, dando volta à - 23 rua com a campainha na mão. Grande entusiasta pelo teatro amador que se realizava em Loriga, tinha verdadeira jeito na arte de representar, fazendo rir a plateia. Simultaneamente ensaiava e tocava ele próprio as músicas tanto à viola como ao bandolim sem nunca se cansar. Era Casado com Idalina Mendes Luis (21.4.1911 - 20.8. 1966). O Senhor António "Calçada" como popularmente assim era chamado, foi pai de 9 filhos, vindo a sofrer imenso com a morte do seu filho António, muito perto de ser Padre. Loriga já se congratulava com a ordenação de mais um sacerdote, mas por imposição dos meios eclesiásticos, esta ordenação, não se veio a concretizar. Tudo isto dois anos antes de ter ocorrido a morte deste seu filho. Apesar de a doença o ir vitimando aos poucos, trabalhou até ao fim da sua vida, com o mesmo entusiasmo de sempre, passa os últimos tempos a caminho da Senhora da Guia e do cemitério rezando o terço. Veio a falecer no dia 27 de Novembro de 1988 e Loriga viu desaparecer um homem do povo que tocou música, cantou, representou, fez rir e provavelmente também fez chorar. Alberto Pires Gomes 1910 - 1979 Nasceu em 28. de Junho de 1910. Colocado em Loriga, como professor primário, ali se radicou, onde veio a casar com D. Irene Almeida Abreu, também professora. Eram sobejamente conhecidas as suas qualidades como pedagogo, não só pelos seus colegas como também pelos seus alunos. Leccionando em Loriga durante longos anos, foram bem reconhecidos os grande benefícios que espalhou por esta localidade, ensinando gerações e gerações de loriguenses. No dia 22 de Dezembro de 1974, foi homenageado, bem como a sua digníssima esposa, professora D. Irene Almeida Abreu, numa significativa homenagem que os seus antigos alunos de várias idades lhe prestaram, como reconhecimento pelas suas virtudes de grande educador e à qual se associaram vários organismos de Loriga, Junta de Freguesia e Banda da Música, que acompanhou os cânticos na missa que foi realizada inserida nessa homenagem. Foram na realidade muitas as pessoas que quiseram estar presente nesse dia, vindo mesmo de fora antigos alunos, para todos juntos lhe demonstrar toda admiração, afecto e estima que tinham por tão nobre professor, que fez de Loriga a sua terra A Junta de Freguesia de Loriga, também como prova de gratidão, decidiu com justiça, que o nome deste ilustre professor fizesses parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas do Bairro das Penedas, logo após este ter sido construído. Faleceu em 6 de Outubro de 1979, em Loriga, com a idade de 69 anos, ficando sepultado no cemitério local, esta terra que ele considerava também sua. - 24 - José Luis dos Santos 1911 - 1993 Nasceu em Loriga em 5 de Outubro de 1911, filho de José Pinto Luis e de Maria do Carmo Santos. Um dos mais conceituados comerciantes de Loriga, reconhecido pelo seu dinâmico espírito para o meio negocial. As sequelas físicas, por motivo de um grave acidente originado por uma bomba de foguete, ocorrido quando era ainda criança, nunca foram impeditivas para o desempenho de qualquer actividade, nomeadamente, no ramo comercial. Sempre disponível para actividades da comunidade, durante muitos anos desempenhou funções na Irmandade das Almas, tendo sido igualmente importante, o seu contributo na década de 1940, como Escrivão de Loriga. Fixou em Loriga um Depósito central de tabaco e, durante décadas, abasteceu toda a região sendo, por isso, muito conhecido por todo o lado. Faleceu em Loriga 25 de Outubro de 1993, sendo sepultado no cemitério local. Mário Lopes Prata 1910 - 2000 Nasceu em Loriga a 3 de Agosto de 1910, sendo filho de Francisco Fernandes Prata e de Eduarda Pinto da Neves. Foi o sacristão da sua terra durante 48 anos, funções que desempenhava com toda a sua dedicação e onde a sua virtude de homem bom, granjeando ao longo da sua vida a amizade e a estima dos seus conterrâneos, onde em cada um tinha um verdadeiro amigo. Nascido no meio de uma família muito religiosa, foi baptizado dois dias depois do seu nascimento, ao crescer foi cultivando as qualidades que Deus lhe deu, tornando-se um homem sério, honrado, humilde e respeitador, por isso a admiração que toda a gente tinha por ele. A sua vida foi toda dedicada à agricultura e à igreja, tendo sido por mero acaso que começou a desempenhar as funções de sacristão. Na década de 1940, o pároco de então, Sr. Padre Prata, pediu-lhe para desempenhar essas funções enquanto o sacristão em actividade se encontrava doente. Assim com a promessa de apenas uns dias, passou a meses, e consequentemente passar depois as desempenhar as funções definitivamente. Uma maneira serena de estar na vida, a sua calma, a sua postura e o respeito quando estava na igreja, chegava a ser mesmo impressionante, um exemplo a seguir por toda a gente e principalmente por uma juventude que tinha por ele uma certa admiração e respeito. Foi o Sacristão numa Loriga de outras eras, onde os tempos eram difíceis e - 25 em que a população era muito mais, por conseguinte, eram também muitos mais os praticantes. Durante muitos desses anos, foram muitos os padres que ele conheceu, nomeadamente coadjutores que passaram por Loriga, para muitos deles o Sr.Mário Prata, foi mais que um sacristão, era acima de tudo um amigo um conselheiro, que na hora da despedida, não queriam partir sem lhe dar aquele abraço como prova de gratidão Era casado com a Sra. Maria dos Anjos, tiveram nove filhos, aos quais procurou incutir as mesmas virtudes por ele vividas. Na companhia de sua esposa e após deixar a sua actividade de sacristão, fixou-se em Coimbra, junto à família e ali viveu durante alguns anos. Viria a falecer no dia 8 de Dezembro de 2000, após doença. O seu funeral realizou-se para a sua terra que ele tanto amava, onde ficou sepultado no cemitério local. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre uma das suas figuras, o sacristão de muitos anos, ou melhor o Homem, que não queria dar nas vistas, mas as suas qualidade e as suas virtudes ficaram para sempre marcadas numa certa geração de loriguenses. Maria dos Anjos Pinto Neves 1912 - 2002 Nasceu em Loriga, em 6 de Março de 1912, filha de Beatriz Pinto Neves, sendo, por isso, mais conhecida por "Dos Anjos da Beatriz". Foi cozinheira de casamentos, baptizados, aniversários, festas religiosas e outros eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária e, por isso mesmo, a magnifica comida que confeccionava era apreciada por todos. Durante dezenas de anos cozinhou para as mais variadas festas, tendo sido mesmo, a cozinheira que mais tempo esteve em actividade ao serviço da comunidade loriguense. Sempre muito solicitada, não só em Loriga, como também para outras terras vizinhas, nunca dizia que não quando à porta lhe batiam a pedir-lhe para ser a cozinheira de qualquer boda que fosse, nunca fazendo preço ao seu trabalho, apenas aceitando o que lhe queriam dar. Nesses tempos, as pessoas pagavam normalmente com alguns artigos de mercearia e algum dinheiro, no entanto, quando via que as pessoas eram pobres, apenas aceitava a mercearia, recusando-se a receber o dinheiro. Esposa dedicada e mãe extremosa de nove filhos, que criou e educou com o maior desvelo e carinho, era também uma pessoa muito activa e despachada, parecendo ter sempre qualquer coisa para fazer. Religiosa convicta, era reconhecida pelas suas qualidades humanas, sendo a sua bondade e a sua sensibilidade para com os mais desfavorecidos, por demais evidente e, por todas essas razões, era muito respeitada pelos seus conterrâneos, que por ela tinham grande admiração. Faleceu em Loriga no dia 27 de Setembro, com a idade de 90 anos e o seu funeral realizou-se para o cemitério local, onde ficou sepultada. Foram muitos os loriguenses que a acompanharam à sua última morada, ficando - 26 Loriga, mais pobre ao ver partir com saudade uma mulher que tão soube exercitar a sua arte de cozinheira do povo. António Antunes Abranches 1913 - 2003 Nasceu em Loriga, em 9 de Dezembro de 1913, filho de José Antunes do Carmo e de D. Leonor Dias de Figueiredo. Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi para Lisboa com a idade de 12 anos. Dois anos depois ingressou no Seminário de Santarém, para mais tarde frequentar os Seminários pertencentes ao Patriarcado em Lisboa. Foi ordenado sacerdote no Seminário dos Olivais em 29 de Junho de 1938, seguindo-se tempos de muito trabalho, nomeadamente em outras paróquias, ajudando outros colegas. Poucos meses depois, teve a oportunidade de deslocar-se a Loriga, para finalmente celebrar a primeira missa na terra que o viu nascer. Estava há ainda à poucos dias na sua terra, quando foi chamado ao Cardeal Cerejeira, sendo então nomeado para ficar ao serviço do Patriarcado de Lisboa, trabalhando em diversas tarefas, nomeadamente na Acção Católica. Seria colocado na Paróquia de Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo, por motivo de o Pároco local se encontrar doente, onde se manteve durante cerca de 22 meses, executando ali um trabalho de grande valor. Foi professor na Escola Central de Graduados da Mocidade Portuguesa e depois na Casa Pia de Lisboa, onde chegou a ser o Capelão-Chefe cargo que desempenhou durante 4 anos. A partir de Outubro de 1945, foi colocado como Pároco na recém-criada Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma das novas paróquias das chamadas "avenidas novas" e onde se manteve até 1995, chegando, também, a acumular a paróquia de S.João de Deus. Foi de relevo todo o seu trabalho em prol da igreja, ao longo da sua vida sacerdotal. Sempre de espirito aberto e atento à evolução dos tempos, entregou-se totalmente a promover actividades que pudessem contribuir para uma presença da Igreja no mundo actual, nomeadamente nos meios de comunicação social, como o cinema e a televisão. Com um acentuado sentido de organização, por onde ia passando, deixava a sua marca em estruturas sólidas que permitiam às pessoas saberem onde situar-se e como tirar o melhor partido para as suas vidas e actividades. Amava a sua terra e a ela se referia com muito carinho e estima e, sempre que podia, aproveitava para ali passar uns dias de merecidas férias. Tinha imenso gosto em apresentar Loriga aos outros, por isso com regularidade a visitava com pessoas amigas e das suas relações. Em 1988, chegou mesmo a levar a Loriga, em visita particular, o Sr. Cardeal D. António Ribeiro. Gostava de ir a Loriga para assistir à Festa da Nossa Senhora da Guia, onde muitas das vezes foi o pregador. A sua voz forte e dinâmica, prendia todos aqueles que o escutavam, e que parecia chegar para além do recinto e da catraia. Durante 50 anos como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma grave doença impossibilitou-o, nos últimos anos da sua vida, - 27 de poder continuar a desempenhar essas funções paroquias, bem como, de visitar a sua terra como tanto gostava. No entanto permaneceu com o título de Pároco Emérito desta Paróquia, até ao fim da sua vida. Faleceu em Lisboa no dia 21 de Abril de 2003, tendo sido realizada na igreja de Nossa Senhora de Fátima, a missa do seu falecimento, que foi presidida pelo Cardeal de Lisboa D. José Policarpo. No dia seguinte o seu corpo seguiu para Loriga onde foi realizado o funeral, sendo sepultado no cemitério local na campa da Mãe, como era seu desejo. Ficando esta localidade mais pobre ao ver partir um dos seus filhos que, notabilizando-se longe dela, nunca a esqueceu. Manuel Gomes Leitão Júnior 1914 - 1990 Natural de Loriga, onde nasceu em 30 de Maio de 1914, era filho de Manuel Gomes Leitão e de Maria do Carmo Nunes Cabral, também naturais de Loriga. Verdadeiro bairrista e grande amigo da sua terra, a par da sua actividade como industrial de renome, na área dos lanifícios, desenvolveu outras actividades para as quais estava naturalmente vocacionado, e que estavam relacionadas com a sua paixão pelas letras. Assim, foi correspondente do Diário de Coimbra, onde escreveu algumas rubricas, bem como em outros jornais prontificando-se, sempre que se justificasse, a escrever sobre a sua terra. Estudou na Covilhã, onde concluiu o curso de Debuxo na Escola Campos de Melo. No entanto o âmbito da sua actividade profissional como industrial de lanifícios era mais alto, alargando-se a outras áreas. A ele se ficou a dever a organização da primeira fábrica de malhas em Loriga, que viria a ser de grande importância num novo desenvolvimento industrial desta localidade. Muito dinâmico desejando o melhor para a sua terra, estava sempre pronto a contribuir em tudo o que estivesse ao seu alcance. Foi director da Banda Musical, foi Juiz da Irmandade das Almas, sendo ainda um dos grandes impulsionadores na construção do bairro social Eng. Saraiva e Sousa, hoje Vista Alegre, assim como teve grande influência na instalação de um Posto da GNR em Loriga. Fundador do Grupo Desportivo Loriguense onde, por diversas vezes, fez parte dos corpos sociais, era um grande apaixonado pelo futebol, tendo mesmo criado, nesta colectividade, as melhores equipas de sempre. Para além disso, sonhava também com a existência de uma juventude culturalmente desenvolvida na sua adorada terra. Com 35 anos de idade foi Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, onde executou um trabalho brilhante apesar das dificuldades da época, nomeadamente no que diz respeito a algum saneamento básico da povoação. Foi também o grande obreiro do "deita abaixo" dos balcões (incluindo o seu), que existiam um pouco por toda a Vila e que, em grande parte, dificultavam o acesso a muitas das ruas e becos. Tinha ainda como um dos seus maiores anseios conseguir dar à Vila de Loriga, o asseio, a beleza e a cultura da sua gente. - 28 O Sr. "Manuelzinho" como assim era chamado pelo povo, passou os últimos anos da sua vida em Lisboa. No entanto, nunca esqueceu a sua terra, onde quis descansar para sempre, junto dos seus pais, vendo Loriga partir em 27.03.1989, um dos seus filhos que muito fez para o seu desenvolvimento e progresso. Herculano Brito Leitão 1914 - 1997 Nasceu em Loriga; em 12 de Agosto de 1914, e era filho de José de Brito Crisóstomo e de Maria do Anjos Leitão Brito. Um verdadeiro bairrista que, apesar de estar afastado da sua terra, tinha-a junto ao coração e queria para ela o que de melhor pudesse haver. Sempre que tinha conhecimento das várias carências existentes em Loriga, tudo fazia para conseguir que essa carência fosse ultrapassada estivesse onde estivesse. Notabilizou-se por ser o grande impulsionador e fundador dos Bombeiros Voluntários de Loriga, uma das carência existentes na sua terra, concretizando, assim, não só o seu sonho, como todos os loriguenses. Homem amigo do seu amigo, era de ideias firmes e claras, colocando nos seus objectivos as ideias em que acreditava. Os Bombeiros para Loriga eram uma prioridade mas, para a pôr em prática, teve que percorrer um longo caminho, dirigindo-se aos organismos competentes, vencer a burocracia, socorrer-se de gente influente, e debater-se também com algumas frustações. Contudo, no final, viu o seu trabalho recompensado com a fundação da Associação do Bombeiros Voluntários de Loriga, em 16 de Abril de 1982, o maior organismo criado em Loriga nas últimas décadas. Tinha apenas 12 anos quando foi para o Brasil, na companhia da sua família, passando a viver na cidade de Belém-Pará. Por lá se manteve durante 25 anos, não esquecendo nunca a sua terra, notabilizando-se também em iniciativas em prol de Loriga. Regressou a Loriga na década de 1940, tendo fundado na sua terra a Sociedade Industrial de Malhas e a Sociedade Comercial Irmãos Leitão Lda. Mais tarde partiu para Lisboa onde se fixou, para tempos depois se radicar em Santarém onde permaneceu largos anos. Do casamento com D.Inadina Ferreira Leitão, tiveram dois filhos António José Ferreira Leitão e Maria de Fátima Ferreira Leitão. Viria a ter um segundo casamento com Maria Eugénia Madeira Pereira Leitão. Depois de ter concretizado o sonho dos Bombeiros de Loriga, num novo desafio se envolveu. Desta vez, era no projecto de um Jornal para Loriga, uma ideia pela qual também muito viria a lutar, sem no entanto poder ver a sua concretização. Apesar de ter a convicção de que o projecto do Jornal não seria fácil, não era, no entanto pessoa de desistir logo que surgissem os primeiros obstáculos. Mas também foi certo, que estaria longe de imaginar as complicadas barreiras que lhe apareceram pelos caminho e que foram difíceis de ultrapassar, e que contribuíram para atrasar todo esse processo, nunca chegando a concluir o sonho então idealizado que era o - 29 projectado Jornal "Noticias de Loriga". Faleceu no dia 13 de Abril de 1997, em Santarém, onde foi sepultado no cemitério local. Aí se deslocou uma delegação dos Bombeiros Voluntários de Loriga, para o acompanhar à sua última morada, homenageando, assim, com um sentimento de gratidão, esta figura loriguense a quem os Bombeiros e Loriga muito ficaram a dever e que não poderá ser esquecido. Herculano de Brito Leitão foi, pois, uma Figura que ficou ligada aos Bombeiros de Loriga, que passou a ser uma referência desta instituição como fundador Nr.1. Por isso é bem ilustrativo e de justiça a sua fotografia figurar nas paredes da sede desta corporação. Joaquim Gonçalves de Brito 1915 - 2001 Nasceu em Loriga, em 15.08.1915, filho de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito. Bairrista convicto, que tanto amava a sua terra e, que por ela sempre lutou e fez tudo o que estava ao seu alcance para o seu desenvolvimento. Ainda muito novo, começou a trabalhar como empregado de escritório, em Loriga, e depois em Coimbra, no armazém de Lanifícios do industrial Sr. Carlos Cabral Leitão. Ainda rapazinho, foi contínuo na Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga, uma Associação destinada apenas à classe alta desta Vila, tais como, médicos, industriais, professores, padres etc. Esta sociedade seria mais tarde extinta dando lugar à Sociedade Loriguense de Recreio e Turismo, onde o Sr.Joaquim "Alho", como popularmente era conhecido, viria a fazer parte das diversas direcções. Fez parte de quase todas as direcções dos organismos de Loriga, sendo mesmo um dos fundadores do Grupo Desportivo Loriguense, pertencendo aos diversos Corpos Gerentes que por lá passaram. Na época, a fundação deste Clube, foi de grande importância para esta localidade a qual teve, como finalidade, atrair para o desporto, a grande massa de jovens existente nesta Vila preenchendo, assim, de forma saudável, os tempos de ócio. Pertenceu à direcção da Banda de Loriga, quando em 1956, esta associação atingiu um dos pontos mais altos da sua história, ao abrilhantar as Festas da Rainha Santa em Coimbra. De 1972 a 1976, pertenceu à direcção da Junta de Freguesia de Loriga, constituída por:-António Pinto Ascensão-Presidente, José de Pina Gonçalves-Secretário, e por ele próprio como Tesoureiro. Embora sendo uma época problemática, em que os meios financeiros eram escassos, funcionando sem subsídios, conseguiram levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como uma Vila mais moderna. Foi também Vereador da Câmara Municipal de Seia, durante quatro anos, sendo responsável pelo pelouro das obras. Dedicou-se à indústria, pertencendo à Sociedade Industrial de Malhas de Loriga tendo, mais tarde, constituído a firma Gonçalves & Nunes, Lda., uma fábrica de confecção de malhas. Posteriormente, fundou a firma de construção civil, "Joaquim Gonçalves Moura" que teve, no seu irmão José Gonçalves Brito, o seu braço direito e seu sócio. Com a colaboração dos - 30 seus sobrinhos, alargou o âmbito de actividade da empresa para outros ramos da construção civil, passando a ser muito reconhecida na região. Homem de uma calma impressionante, tinha uma maneira própria de estar na vida. Nunca casando, dedicou a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente os sobrinhos. A morte de seu irmão José, após doença prolongada, foi um rude golpe para ele. No entanto, resignado, continuou a orientar e a colaborar com os seus sobrinhos na empresa que se orgulhava de ter fundado. Sendo uma pessoa muito considerada na Vila e na região, era sempre atencioso com quem se lhe dirigia solicitando ajuda ou orientação para a resolução de qualquer problema. Faleceu em 31 de Julho de 2001, no Hospital de Viseu, aos 85 anos, e foi sepultado no cemitério de Loriga, sendo recordado pelos Loriguenses, como um bairrista que tanto amou a sua terra. António Fernandes Gomes 1915 - 2004 Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1915, Filho de José Fernandes Gomes e de Aurora Mendes Dias Santos. Conhecido por "Repórter Max", escreveu muito sobre a sua terra e a região serrana onde, nos seus artigos, exprimia a sua grande preocupação pela dignificação de Loriga e da região da sua Serra da Estrela, como também pela promoção das actividades tradicionais, e pela preservação das características paisagísticas e arquitectónicas desta região serrana. Fez parte dos quadros da Armada Portuguesa, tendo percorrido os quatro cantos do mundo, chegando a exercer o cargo de delegado marítimo em Benguela (Angola). Foi um dos mais activos defensores da imprensa regional, em cujos congressos nacionais se destacava sempre. Adorava a sua terra e foi, seguramente, quem mais escreveu sobre ela, quer em jornais nacionais, como o "Século" e o "Diário de Noticias", quer em jornais regionais, como a "Voz da Serra", "Porta da Estrela" e "A Neve". Escreveu, também, em muitos outros jornais do antigo ultramar português, nomeadamente, a "Voz de Macau" e o "Jornal de Benguela". A sua obra conhecida está reunida em três volumes que intitulou "Crónicas do Repórter Max", com edição do autor, onde estão compilados textos abarcando várias temáticas que escreveu em vários jornais. Faleceu no dia 3 de Julho de 2004 em Lisboa, onde foi sepultado. - 31 - António Nunes Ribeiro 1916 - 2005 Nasceu em Loriga no dia 3 de Julho de 1916, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito Moura. Depois de concluir a escola primária rumou para a Covilhã, onde estudou e tirou o curso de Debuxo Têxtil na conceituada Escola Industrial Campos Melo. Findo o curso voltou para a sua terra ingressando a trabalhar na Firma Pina, Nunes e Comp. no lugar do Regato. Mais tarde juntou-se aos tios António e Alfredo, na firma Nunes, Brito & Comp., Lda, onde entretanto, já possuía uma quota de herança do pai. Oriundo de família de industriais de lanifícios, veio a notabilizar-se pela sua dinâmica e ideias no melhor que sabia, para que o seu trabalho nas firmas fosse o melhor para todos. No campo social, António Ribeiro, cumpriu o seu papel como homem interessado pela sua terra. De muito novo, foi um dos fundadores e dirigente do Grupo Desportivo Loriguense, em 1934, onde imprimiu um rigoroso aprumo para a cultura da juventude da sua terra, principalmente a operária. Foi também director da Banda de Música de Loriga, nas décadas de 1940, 50 e 60, onde deixou a sua marca, nos fardamentos, no aprumo, no brio, na disciplina, elevando assim a Banda Filarmónica a um patamar invejável. Fez parte como vereador na Câmara Municipal de Seia, nos vários mandatos do Comendador Joaquim Fernandes Ferreira Simões, de quem era muito amigo. Passou também pela Junta de Freguesia de Loriga como presidente, tendo-se revelado um grande conhecedor dos problemas da sua terra e, interessado em resolvê-los. Casado com D. Aurora Brito Pina Ribeiro, era um cristão convicto, ficando mais apegado às coisas da fé depois do curso de cristandade, que frequentou no Seminário da Guarda no anos de 1965. Cumpriu diversos mandatos na Comissão Fabriqueira da Igreja, sempre com muito amor e carinho, pelas coisas da Igreja, e pelas valências da Acção Social. Os seus últimos dias de vida passou-os na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, onde faleceu em 18 de Dezembro de 2005, com a idade de 89 anos, após doença prolongada, vendo Loriga partir mais um dos seus filhos que muito fez por Loriga e pela comunidade. O funeral realizou-se em Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local. António Roque Abrantes Prata 1917 - 1993 - 32 Natural de Santa Maria de Manteigas, onde nasceu em 15 de Outubro de 1917, foi ordenado Presbítero em 8 de Setembro de 1940. Após ter estado algum tempo em Pero (Viseu) foi colocado como pároco de Loriga em 1944, onde se manteve durante 22 anos, localidade que viria a deixar em 18 de Dezembro de 1966 por motivo de ter sido chamado para trabalhar a tempo inteiro nas actividades pastorais da obra de Santa Zita em Lisboa. Na sua passagem de mais de duas décadas na Paróquia de Loriga, ficaria para sempre ligado a uma certa geração que não mais o esqueceu e o considerou uma das maiores figuras que a história de Loriga jamais conheceu. Grande entusiasta da juventude e entrega total à igreja, desenvolveu em Loriga uma larga e eficiente Açcão Social, nomeadamente na dinamização e impulso que imprimiu na fundação, orientação, apoio e ainda com grande contributo no desenvolvimento da freguesia. De grande zelo e convicções religiosas fez da doutrina aprendida a sua verdadeira vida durante os 53 anos de sacerdócio, sendo sempre de uma entrega total ao serviço do Senhor e da sua Igreja, onde a sua personalidade e respeito são virtudes dignas de registar. Enérgico nos seus pensamentos e nas suas ideias, para levar até ao fim tudo em que se envolvia, era um verdadeiro defensor dos mais desfavorecidos nomeadamente dos operários, ousado, ao dar força para que fosse devolvida aos trabalhadores a autonomia sindical notabilizando-se até, por acompanhar um grupo de Jocistas numa entrevista pedida ao então Primeiro-Ministro Dr. Oliveira Salazar. Enfrentou também em Loriga uma sociedade poderosa, por isso nem sempre foi totalmente pacifica a sua passagem por esta vila, tendo até existido um certo movimento de protestos enviados ao Bispo da Guarda, com ecos escritos e furiosos os quais o Sr.Padre Prata soube enfrentar como pároco de todos e de tudo. Durante a sua permanência em Loriga serão para sempre recordadas as suas obras que fundou e fez movimentar ou renascer outras já existentes e ainda na criação de muitas mais acções importantes para a população. Ficam aqui registadas algumas que ficam para sempre perpetuadas para as gerações vindoiras, e a frase que na sua simplicidade, costumava dizer "só Deus é que vê e julga as obras e as intenções" J.O.C.F.; L.O.C.; L.O.C.F.; Centro da Assistência Paroquial; Casa de Santa Teresa; Socorro Paroquial Loriguense; Apostolado da Oração; Museu Paroquial; Biblioteca Paroquial; Património dos Pobres; Agasalho aos Pobres, o reaparecimento como Boletim Paroquial "A Neve" ; Lâmpadas Vivas, Curso Unificado da Telescola; Bolsa de Estudos de N.S. da Guia: Sopa; Cantina; Rosário Perpetuo; Lausperene Semanal; Missões Paroquias; Retiros-Recolecções; Acção Missionária; Irmandade do Sacramento das Almas; Cursos de Cristandade; Conferência Vicentina e a construção da Residência Paroquial e Salão. A 8 de Dezembro de 1990, foi homenageado em Loriga no dia que fez as Bodas de Ouro sacerdotais numa verdadeira festa de fraternidade e de amizade do povo desta localidade, a que se associou também o Sr. Bispo da Guarda. Grande multidão aguardou na "Carreira" a chegada do Sr. Padre Prata e do Sr. Bispo que num cortejo informal pelas ruas, acompanhados pela Banda Musical, seguiu para a igreja onde foi efectuada uma concelebração, seguindo-se um almoço realizado no Salão Paroquial a que assistiram 230 pessoas. Faleceu por motivo de doença que o vinha vitimando, na manhã do dia 18 de Julho de 1993, na Casa se Santa Zita. O funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério dos Prazeres de Lisboa onde ficou sepultado. Deixou no seu testamento uma doação a Loriga, pedindo aos seus familiares para entregarem ao Centro de Assistência Paroquial de Loriga a quantia de - 33 6.800 contos. Em Agosto de 2001 e véspera da Festa de Nossa Senhora da Guia, foi inaugurada uma rua em Loriga à qual foi dado o seu nome, uma homenagem de gratidão que os Loriguenses lhe deviam. No dia 15 de Dezembro de 2003, os restos mortais do Senhor Padre Prata, foram transladados do cemitério de Manteigas para o cemitério de Loriga, concluindo-se assim, a vontade sempre manifestada em vida de tão proeminente figura, em repousar eternamente junto dos paroquianos que tanto amou durante os anos que paroquiou Loriga. Carlos Fernandes Urtigueira 1917 - 1996 Nasceu em Loriga a 26 de Fevereiro de 1917, filho de Alberto Fernandes Urtigueira e de Maria Emília Pinto Ascenção, Alfaiate de profissão, cortava o pano e alinhava os fatos tal como os seus dedos tocavam as cordas da sua guitarra. Era um grande profissional, talvez mesmo um dos melhores alfaiates de Loriga. Era na realidade um verdadeiro artista, tendo sempre a preocupação de actualização e modernidade. Começou a trabalhar numa alfaiataria situado no Santo Cristo, mais tarde mudou-se para o Largo Dr. Amorim da Fonseca, passando ainda pela "Carreira" para finalmente fixar a sua alfaiataria "Académica" na Rua principal da Vila, por cima do estabelecimento do Sr. José Luis Santos. Foi durante a sua vivência em Loriga a alma do Fado de Coimbra cantado na sua terra. Pela sua alfaiataria "Académica" passaram as diversas gerações de estudantes, e nela havia sempre uma guitarra e uma viola para acompanhar os que se dispusessem a entoar a velha canção coimbrã. Tinha ainda tempo e sempre disposição, para se juntar a outros loriguenses, que por vezes se reuniam nos balcões das ruas em verdadeiras serenatas, onde as cordas da sua guitarra faziam espalhar aquela melancólica música que deleitavam os ouvidos das pessoas que passavam. O falecimento da sua esposa Ermelinda, em 1959, foi um duro golpe e uma grande perda para os seus filhos, Fernando, José Alberto, Natércia e Maria Amélia. Procurando uma vida melhor, que a sua terra parecia não lhe poder dar, deixou Loriga na década de 1960, radicando-se na Póvoa de Santa Iria, mais tarde no Prior Velho e depois em Sacavém, onde instalou a sua alfaiataria. O fado de Coimbra parecia fazer parte de si, por isso mesmo, tinha sempre presente a sua velha guitarra, que mesmo longe de Loriga, o faziam continuar a dar alma ao velho fado dos estudantes que ele tanto amava. O Carlos "Governo" como popularmente era assim conhecido, deixou raízes nos seus filhos, Fernando e Zé Alberto, dignos continuadores dessa herança de tocadores de guitarras e violas, que ainda hoje deliciam todos aqueles que os escutam. Faleceu em Sacavém, após doença prolongada em 31 de Dezembro de 1996, e o funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre um dos seus filhos, recordando as suas qualidades de bem tocar o fado de Coimbra que ficaram - 34 para sempre marcadas numa certa geração de loriguenses. Amália Brito Pina 1917 - 2003 Nasceu em Loriga em 1917, filha de António Luis Duarte Pina e de Maria do Céu Brito Pina. Foi durante mais de quatro décadas, proprietária e Directora Técnica da Farmácia de Loriga. Tendo adquirido este estabelecimento à firma Leitão & Irmãos por compra, que passou a designar-se por Farmácia Popular de Loriga. Numa época em que a continuação de uma Farmácia em Loriga parecia estar complicada, foi determinante o empenho desta distinta senhora para que Loriga continuasse a ter este estabelecimento, indiscutivelmente muito importante para esta localidade e terras vizinhas. Pessoa de trato fácil e de leal colaboração profissional para com toda a gente, estava sempre disponível para dar a melhor informação medicinal aos doentes. Era casada com o professor António Domingos Marques. Foi a primeira monitora da Telescola, quando começou a funcionar em Outubro de 1966. Faleceu em 25 de Dezembro de 2003 em Braga, com a idade de 86 anos, estando sepultada em Loriga. António Domingos Marques 1917 - 2004 Nasceu no Fontão (Loriga) a 7 de Janeiro de 1917 filho de Maria José Gertrudes e de Manuel Domingos Marques. Depois de concluir a escola primária na sua terra, frequentou um colégio na Figueira da Foz, onde estudou e concluiu o curso de Professor Primário. Radicou-se em Loriga no desempenho das suas funções de professor. Os seus antigos alunos lembram com saudade, o homem, o professor, que tiveram nesta personalidade a base da sua formação para os desafios que o mundo contemporâneo exige. O Professor "Fontão" como popularmente era assim também conhecido, foi sem dúvida uma figura de grande relevo em Loriga, onde leccionou durante várias décadas, distinguindo-se como um professor brilhante e um homem de grande humanidade. Casou em Loriga com D. Amália Brito Pina, proprietária da Farmácia Popular, de quem veio a ter dois filhos. A sua vida profissional ficou então marcada por duas vertentes: o exercício de professor primário e a - 35 gestão conjuntamente com a sua esposa da Farmácia. Dedicou também parte da sua vida à causa pública e à comunidade. Foi Presidente da extinta Casa do Povo de Loriga e Presidente da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, onde realizou um trabalho meritório e notável. Como político liderou listas do P.S.D e uma lista do C.D.S como independente. Fez parte em vários mandatos, como Deputado da Assembleia de Freguesia de Loriga. Bairrista muito empenhado, conselheiro, nunca regateou os seus préstimos, para o bem comum, sempre disponível para toda e qualquer iniciativa que visasse o desenvolvimento de Loriga. Como prova de gratidão, as forças vivas de Loriga, prestaram-lhe uma Grande Homenagem, tendo-se associado um grande número de Loriguenses. A emoção vivida por esta personalidade foi tão grande, que o projectou para a doença que o acompanharia até ao último dos seus dias. Faleceu a 23 de Julho de 2004 em Loriga, ficando sepultado no cemitério local, ficando Loriga mais pobre ao ver desaparecer um Loriguense que deixou marcas indeléveis no exercício do magistério, na vida Associativa e Cultural. António Ambrósio de Pina 1918 - 1995 Nascido em Manaus-Brasil, filho de António Ambrósio de Pina e Maria dos Anjos de Brito Moura, foi apenas com três meses de idade que os pais o trouxeram para Loriga onde cresceu e fez a escola primária. Logo após completar a escola em Loriga foi para o Seminário da Costa em Guimarães, onde fez todos os seus estudos menores. No ano de 1936 entra para a Companhia de Jesus e, no ano de 1940, concluiu o Curso Superior de Letras e Humanidades para, de seguida, entrar na Faculdade.de Filosofia de Braga onde conclui a sua licenciatura em 1944. Em 1947 transferiu-se para Barcelona-Espanha a fim de frequentar a Faculdade de Teologia de Sarriá onde é formado em 1950, passando depois para a Faculdade de Teologia da Universidade Pontifica de Salamanca onde termina a tese do seu doutoramento. Durante alguns anos dedica-se ao apostolado nesta cidade espanhola a favor dos mais carenciados. Regressa a Portugal e organiza as comemorações do XVI Centenário de Santo Agostinho na cidade de Braga, participando ainda no I Congresso Nacional de Filosofia, também realizado nesta cidade. Professor na Faculdade de Filosofia de Braga, veio a notabilizar-se através dos anos como escritor, historiador, poeta, artista plástico, pensador, teólogo, sendo ainda um dos maiores colaboradores nos vários órgãos da imprensa religiosa nacional e espanhola, com numerosos trabalhos científicos no campo da Filosofia e Teologia, traduzidos em várias línguas. Apesar de estar sempre afastado de Loriga, pensava muito na terra que dizia também ser sua, sendo para ele alegria imensa ao encontrar-se com seus conterrâneos. Enquanto sua irmã Ruth Ermelinda foi viva, assim como outros seus familiares próximos, visitava regularmente a sua terra, por vezes passando até curtas férias. Depois deixou de ir à terra que ele - 36 tanto adorava, no entanto foi mantendo sempre alguma correspondência com um seu primo e amigo, ao qual enviou um dia uma declaração escrita, no sentido de quando ocorresse o seu falecimento, o seu corpo (ou restos mortais) fossem levados para a sua querida Loriga e que fossem sepultados no túmulo da mãe. Talvez por conhecimento tardio em Loriga da noticia da sua morte, o seu corpo viria a ser sepultado no cemitério do Monte de Arcos em Braga no talhão dedicado aos Padres Jesuítas, não sendo aceite pela Companhia de Jesus a declaração apresentada posteriormente, mas ficando em promessa, de essa declaração ser considerada para anos mais tarde. Laurinda Gonçalves de Brito 1918 - 1999 Nasceu em Loriga, em 5 de Março de 1918, filha de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito. Desde muito nova teve sempre uma maneira própria de viver, dedicando parte da sua vida em prol da comunidade, nomeadamente cozinhando nas bodas ou outras festas, onde os seus conhecimentos eram de uma tendência nata e inegável. Lendo leitura da especialidade, foi aperfeiçoando o seu saber, em dotes de cozinheira, adoçando muita gente não só com bolos, mas também com carinhos, assim como, muitos ainda recordam a arte como enfeitava as travessas para serem servidas. Muito religiosa, entregou-se de alma e coração a favor das obras da Paróquia, onde particularmente a sua opinião parecia nunca poder faltar. Tendo sido importante o seu contributo para a fundação do Centro Paroquial de Loriga. Auxiliou muito o Senhor Padre Lages, enquanto o Centro não foi fundado. Foi catequista, benfeitora e angariadora de fundos para obras religiosas. Trabalhos que executava com uma enorme força de vontade e dedicação. Arranjou durante muitos anos o altar das Almas. Foi Vicentina da Conferência de S.Vicente de Paulo, pedindo para os pobres e durante cerca de 60 anos foi a distribuidora do jornal "Bem Fazer" e das pagelas do Rosário. Foi sempre muito solicitada para madrinha do Crisma. Num determinado ano e numa dessas cerimónias que decorreu em Loriga, levou até junto do Senhor Bispo 12 crianças para crismar, este muito admirado chegou a comentar "esta traz um comboio". Nunca casando, dedicou toda a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente aos sobrinhos, em que era uma segunda mãe, madrinha, enfermeira e amiga, por isso, estes com carinho a chamavam por Nininha. Vivendo no Bairro de S.Ginês, junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo, durante alguns anos foi uma das mordomas, realizando um trabalhou incansável na angariação de fundos para obras de restauração da capela. E tal como ela dizia "queria que a Nossa Senhora do Carmo tivesse uma Capela linda". Faleceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1999, com 81 anos de idade, ficando - 37 esta localidade mais pobre ao ver partir quem tanto fez pela Acção Paroquial. O funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultada, sendo muitos os Loriguenses que a acompanharam à sua última morada. António Luis Amaro Tuna 1918 - 2003 Nasceu em Loriga, em 23 de Agosto de 1918, filho de José Luis Amaro Tuna e de Emília de Brito Miguel. Era ainda muito novo quando ficou órfão de seu pai, conhecido por José Farias (Barbeiro), que faleceu vitima da epidemia do "Tifo Exantemático" que ocorreu em Loriga no ano de 1927. Por esse facto, e dada a necessidade de ter que trabalhar para o sustento da casa, empregou-se numa das fábricas de lanifícios, onde viria a ser operário têxtil durante anos, profissão que deixou na altura em que encerrou definitivamente a Fábrica da "Redondinha". Nas horas livres, dedicava-se ao corte de cabelos e barba, seguindo os passos do pai, e depois do encerramento da fábrica onde trabalhava, dedicou-se de alma e coração à sua Barbearia, na arte que ele tanto adorava e que era a sua grande paixão. Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender, muitas das vezes só o fazendo a altas horas da noite. Não tinha horas nem para as refeições, privando, muitas vezes, a família da sua companhia nessas horas. Na altura da "Febre do Volfrâmio" deu também uma saltada à serra, à procura desse valioso minério, tendo sempre histórias curiosas para contar. Tinha uma maneira própria de ser, desenvolvendo um bom relacionamento com todos, fazendo dele um homem de bem, não se lhe conhecendo, por isso, qualquer inimigo. A sua Barbearia era como que um ponto de cavaqueira onde os fregueses liam o jornal, conversavam e falavam das novidades da terra, e onde o "Ti António Farias", mais popularmente assim chamado, tinha sempre histórias antigas para contar de Loriga, e das suas gentes. Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do cemitério e à Nossa Senhora da Guia, ou mesmo até na Igreja, onde por vezes se "refugiava" nas suas orações. Fazia longas as caminhadas pelos vários recantos da serrania, que parecia conhecer como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu a alguém para lhe escrever algumas palavras, tempos depois, numa das fragas junto à "Fonte dos Carreiros" feitas com ajuda de um pico e um pincel, onde foram aparecendo, como que misteriosamente, as legendas "Pensai e Meditai em Deus -Loriga 1990- Nossa Senhora Livrai-nos de todo o mal", Cantava o Fado de Coimbra, do qual era um grande entusiasta. Ao cantar, a sua voz emocionada deliciava as gentes de Loriga, e foram muitas as serenatas que ao longo da sua vida fez, na companhia de outros loriguenses. Um dia foi homenageado por um grupo de loriguenses, como prova de gratidão pela maneira simples e singela como se dedicava a cantar fado de Coimbra, com os amigos, homenagem que muito o sensibilizou e da qual falava vezes - 38 sem conto. Foi submetido a várias cirurgias, mas a sua grande força e fé, tornavam-no forte para poder suportar tudo com designação. Nos próprios hospitais, apesar da gravidade da sua enfermidade, era ele que prontamente dava estimulo aos outros doentes. Era casado com Maria do Anjos Alves Pereira, também de Loriga e pai de Maria de Fátima Alves Amaro Gonçalves. Faleceu em 18 de Fevereiro de 2003, ficando Loriga mais pobre ao ver partir um dos seus filhos mais queridos. Foram muitos o loriguenses que o acompanharam à sua última morada, sendo o funeral realizado para o cemitério local onde ficou sepultado. António Pinto Ascensão 1920 - 2005 Nasceu em Loriga em 8 Setembro de 1920, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio. "Mestre Ascensão", como muitos assim o chamavam, foi um dos maiores e mais conceituados maestros de música de Loriga e até mesmo da região. Muito novo ainda, e depois de concluir o ensino primário, onde foi "aprovado com distinção", começou a trabalhar numa das fábricas da indústria de lanifícios local. Mas foi também desde muito novo que nasceu nele a paixão pela música e, por isso, em 1935 iniciou a aprendizagem de música na Banda de Loriga onde foi executante de grande valor até 1948, ano em que assume pela primeira vez a regência da banda. Casou em 15 de Junho de 1946 com Maria dos Anjos de Brito Saraiva, casamento que durou 59 anos, só interrompido com a sua morte. Tiveram nove filhos, oito ainda vivos. Apesar das dificuldades de então proporcionou a todos uma educação de nível médio ou superior. Homem de convicção e de ideias firmes, caracterizava-o o seu espírito de iniciativa e acção, lutando sempre por aquilo em que acreditava, principalmente, pela sua terra que tanto adorava. Verdadeiro bairrista e querendo o melhor para a sua terra, nunca deixou de apresentar soluções e ideias, tanto de viva voz como através da sua pena nos jornais, nomeadamente, da região sendo, por vezes, mal compreendido. Nos anos 50, António Pinto Ascensão, foi pioneiro da exibição de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes aos jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos. Foi de facto, na época, uma lufada de cultura pois a maioria da população, principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte. Na década de 60, fecha a fábrica Leitão & Irmãos , onde trabalhava como - 39 encarregado de Ultimação. Desempregado e com quase 50 anos de idade, e todos os filhos a estudar, iniciou uma nova vida, abrindo uma loja em Loriga, no ramo dos electrodomésticos, situada na "Carreira", tornando-se um conceituado comerciante muito conhecido na região. Por várias vezes foi regente da Banda da sua terra (1949/53; 1962/65; 1982/87). Era um inovador por natureza quando assumia a regência de qualquer Banda, tendo sempre presente a preocupação de arranjar repertório novo, que tornaria qualquer Banda de música bastante mais rica. Quando da sua última passagem pela Banda Recreativa Musical de Loriga, 1982/87, foi o grande impulsionador da criação da publicação "A Voz da Banda" que teve, na altura, uma certa expressão, a qual, depois da sua saída, deixou de ser publicada. Ainda nessa altura, e por sua iniciativa, a Banda teve uma Escola de música, reconhecidamente muito importante, à qual aderiu muita juventude. Bem como, foi criado em Loriga o grupo "Amanhã", ao qual o mestre Ascensão deu preciosa ajuda contribuindo no aperfeiçoamento deste grupo de jovens de cantares tradicionais. Foi da sua autoria, a introdução do Hino "Ó Padroeira Amorosa" na Festa da Nossa Senhora da Guia em Loriga, que remonta ao ano de 1950, um arranjo do original cântico "Ó Padroeira Amorosa" que se cantava e ainda hoje se canta à Senhora da Nazaré na cidade de Belém-Pará-Brasil. Sem nunca deixar a sua dedicação à musica foi, durante cerca de 14 anos, regente da Banda de São Romão, onde desempenhou um trabalho de grande relevo ainda hoje ali recordado. Regeu também, durante algum tempo, as Bandas de Torrozelo e Paços da Serra. Frequentou um curso de Aperfeiçoamento e Didáctica Musical na Fundação Calouste Gulbenkian onde enriqueceu os seus conhecimentos musicais, que o habilitaram para dar aulas de Educação musical, primeiro no Externato Nossa Senhora da Conceição em São Romão e depois na Escola do Ciclo Preparatório em Loriga. Foi presidente da Junta de Freguesia de 1972 a 1976, anos problemáticos, em que os meios financeiros eram escassos, conseguindo levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como Vila mais moderna e, onde a preocupação ambiental foi sempre presente, tendo nessa altura sido levada a efeito uma grande campanha de incentivo junto à população, para uma Loriga mais limpa. É de registar o facto de que, após a revolução do 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia recebeu o voto favorável dos loriguenses numa reunião realizada no Salão Paroquial, completamente cheio. Foi o grande impulsionador e um dos fundadores da Associação de Apoio à Terceira Idade, um carência em Loriga, que apesar de o percurso não ter sido pacifico, contou sempre com a força e o dinamismo do senhor António Pinto Ascensão, para prosseguir, e que veio a concretizar-se, com a sua fundação em 12 de Julho de 1990, sendo uma mais valia para os idosos da sua terra. Foi o primeiro presidente desta Associação. O "Mestre Ascensão" era um verdadeiro compositor de peças de cariz popular, tendo ao longo da sua vida feito recolhas, e passou para o papel inúmeras cantigas populares que, de outra forma, se teriam perdido. Em 1988, foi ao maestro António Ascensão que o Etnomusicólogo Michel Giacometi se dirigiu com o intuito de recolher os cânticos da Ementa das Almas de Loriga. As gravações foram feitas em 5 de Outubro na Escola Primária de Loriga. A sua paixão pela música parecia ocupar todo o seu tempo. Entretanto, e com mais de setenta anos, "descobriu" o computador para registar dezenas de obras que graciosamente colocou à disposição das bandas de música da região, ganhando mesmo vários prémios. Em 1994, foi autor da letra e da música da marcha de São João, classificada em primeiro lugar na cidade de Viseu. Em 1997 voltou a - 40 brilhar nesta cidade ao conquistar novamente o primeiro lugar no concurso das marchas populares de Santo António. A marcha que apresentou ganhou ainda os prémios para o melhor arranjo musical e para a melhor letra. Integrado na Associação Humanitária de Paranhos da Beira, o "Mestre Ascensão" obteve nos anos 2003 e 2004, o primeiro prémio destinado a temas de canções e poesia entre idosos, que anualmente se realiza nos Concelho de Seia e Gouveia No dia 3 de Julho 2003, a convite do Presidente da Câmara Municipal de Seia, o maestro Ascensão, dirigiu, em simultâneo, sete bandas do concelho - Loriga, Seia, São Romão, Torrozelo, Tourais, Carragozela e Santa Marinha, na interpretação de uma marcha da sua autoria, especialmente composta para esse dia, com o tema "3 de Julho dia de Festa" , dedicado à inauguração da remodelação do edifício dos Paços do Concelho, e ao mesmo tempo assinalando as comemorações do XVIII aniversário da elevação de Seia a cidade. Em 2005, apresentou em Loriga uma Marcha para as festas de São João. É também da sua autoria a marcha do Centenário da Banda de Loriga, a comemorar em Julho de 2006, que a actual Direcção em boa hora lhe pediu para compor, o que fez com muito prazer e orgulho e que intitulou "Cavalgando no Futuro". A última manifestação pública, aconteceu no dia 11 de Outubro 2005, altura do seu 85º. Aniversário, quando a Banda Filarmónica de Tourais se deslocou, propositadamente, a Loriga, para lhe fazer uma singela homenagem, num reconhecimento público, ao trabalho e dedicação do "Mestre Ascensão" por aquela Banda. Poucos dias depois de ter completado 85 anos de idade, faleceu em Viseu no dia 29 de Outubro de 2005, onde se tinha deslocado para um controle de saúde. O funeral realizou-se em Loriga no dia seguinte, sendo sepultado no cemitério local. Terminou assim, a partitura da sua vida recheada de acordes harmoniosos, pautada pelo rigor e pela disciplina. Uma vida que começou no tear e acabou no computador, sempre com a harmonia que a música exige. Loriga viu também partir um dos seus maiores bairristas, ao qual muito ficou a dever e quem (qual fado de Loriga) nunca agradeceu. Carlos Leitão Bastos 1920 - 2006 Nasceu em Loriga no dia 1 de Fevereiro de 1920, filho de Carlos de Jesus Bastos e de Maria do Patrocínio Reis Leitão. Ainda muito novo foi para Lisboa, onde começou a estudar, vindo a formar-se mais tarde em medicina. Iniciou a sua actividade profissional no Instituto Português de Oncologia como assistente de Anatomia Patológica, passando ainda pelo Hospital de Santa Maria, onde esteve durante algum tempo. Habilitado pelo Instituto de Medicina Tropical exerceu, também, por algum tempo, clínica em Luanda. Desenvolveu trabalhos de investigação, um dos quais sobre ESFREGAÇOS EM PARAFINA, em que os resultados foram publicados em separata da revista - 41 Clinica Contemporânea tomo III Nr. 30 - Dezembro de 1949. Radicado em Campolide (Lisboa) desde 1944, ali veio a instalar o seu consultório e nele exercer a sua nobre profissão. Médico ilustre de elevado profissionalismo e competência técnica, ao longo de mais de cinquenta décadas teve o seu consultório instalado no pitoresco bairro de Campolide em Lisboa, onde era credor do maior afecto e simpatia por toda a gente. Devotou-se à medicina com paixão e total respeito por valor éticos. A sua solidariedade com os economicamente débeis, granjeou ao longo da sua vida enorme popularidade, nomeadamente no "seu" bairro de Campolide, cujas instituições ainda hoje realçam este traço marcante da sua personalidade. Sempre com o estetoscópio, que colocava aos ombros, assim que chegava ao seu consultório, caracterizava-o a sua maneira simples, sincera e franca, ao mesmo tempo de grande humanismo e nobreza de carácter e espírito de solidariedade. Era conhecido por "médico do povo" onde, a sua determinação e firmeza, aliadas a uma certa humanidade, o levou muitas vezes a consultas gratuitas a domicílios no Casal Ventoso, bairro problemático de Lisboa e bem perto de Campolide. Nos tempos negros da ditadura do salazarismo ficou também conhecido como o "pai dos pobres", devido às suas atitudes solidárias, que segundo a PIDE, o procuravam associar ao ideário comunista. Loriga era uma das suas paixões, adorava a sua terra e nutria um verdadeiro carinho e afecto pela suas gentes. Desde muito novo participou activamente em iniciativas, que com outros jovens loriguenses, também estudantes em Lisboa, os levaram à fundação do Centro de Assistência, numa altura em que a mortalidade infantil atingia a elevada taxa de 47%. Colaborou numa exposição "Loriga vista pelas crianças", com a realização de palestras sobre saúde pública, veterinária, cultura geral e agronomia, que tiveram lugar no Salão da Residência Paroquial e que foi de muita utilidade na época. Apoiou com entusiasmo, inúmeras diligências junto das entidades competentes, para elevar o nível de escolaridade em Loriga e que culminaria na construção da Escola. Foi o primeiro Director do Jornal "A Neve", fundado por ele e por um grupo de amigos e bairristas Loriguenses, no ano de 1949, em Lisboa. Jornal que teve o seu primeiro número em Março desse ano onde se podia ler no prefácio da sua primeira página -Por tudo e por todos - A bem de Loriga e da região. Como se disse, foi o primeiro e único director do Jornal "A Neve" enquanto na primeira fase da publicação de 1949 até 1951, ano em que foi interrompida a sua publicação para, anos mais tarde, voltar a surgir mas, desta vez, como Boletim Paroquial, que ainda hoje existe. Verdadeiro bairrista e amigo de Loriga, que apesar de estar fora estava sempre atento a tudo que se relacionasse à sua terra, nunca deixando, sempre que se tornasse oportuno, de apresentar as suas ideias ou pontos de vista. Deu, igualmente, todo o apoio à constituição da ANALOR e, sempre que podia, colaborava no jornal "Garganta de Loriga". Foi ao Dr. Bastos, que se ouviu pela primeira vez falar em turismo rural quando, em determinada época, ele chegou a dizer existir potencial para, nesta área, poder haver um meio de desenvolvimento para Loriga. Idealizou projectos de desenvolvimento para um futuro turismo rural na sua terra, tendo mesmo dado os primeiros passos, não se chegando a concretizar, infelizmente, por falta de apoios. Grande entusiasta pelo Campismo e pelo Atletismo, era um fervoroso adepto e associado do Sport Lisboa e Benfica, tendo sempre o hábito de dizer, para que todos soubessem, "ser um benfiquista ferrenho". Chegou a ser galardoado com a "Águia de Ouro" pelo Sport Lisboa e Benfica. - 42 Pessoa de ideias firmes, costumava dizer que nada neste mundo o fazia abandonar a medicina, porque "parar depois da reforma é morrer" e, por isso, aos 83 anos ainda exercia a sua nobre profissão, com toda aquela sua energia com que sempre se conheceu. Faleceu em Lisboa no dia 12 de Fevereiro de 2006, o funeral realizou-se para a sua terra natal, onde foi sepultado no cemitério local, como sempre foi o seu desejo. Loriga viu partir um grande bairristas e amigo da sua terra, ao qual muito ficou a dever, vendo-se também partir aquele, que na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam. Armando Fernandes dos Santos 1921 - 1952 Armando "Folhadosa" assim conhecido, era natural de Loriga onde nasceu no ano de 1921, ficando órfão ainda muito novo, depois de fazer a quarta classe foi trabalhar e viver com o padrinho Sr António Folhadosa, um oficial sapateiro com nome nas redondezas, que tinha uma sapataria junto ao Poleirinho, por onde também passariam outros que mais tarde se viriam a tornar grandes sapateiros. Anos depois da morte do padrinho, o Armando viria a tomar conta da gerência da sapataria, onde se viria a tornar num sapateiro de sucesso. No entanto, viria a morrer ainda muito novo, vitima de uma doença existente nesses tempos, que o minava e para a qual na época ainda não era possível a cura eficaz. Foi um grande dinamizador do futebol em Loriga, onde jogava a guarda-redes, e foi no apogeu da sua mocidade que foi fundado o Grupo Desportivo Loriguense, tendo os fundadores encontrado no Armando "Folhadosa" um dos principais apoiantes. Nessa altura não havia campo de futebol e era no Terreiro da Lição, Fonte do Mouro, Sargaçal e mais tarde o Campo da Vista Alegre onde era jogado esse desporto, o único em Loriga na época. Acérrimo defensor e grande adepto do Sporting que nessa altura dominava por inteiro o panorama futebolístico nacional, foi ele que lançou a semente do seu sempre querido clube cujos adeptos estavam em maioria em Loriga. A sua sapataria era um repositório dos grande ídolos daqueles tempos, Soeiro; Peyroteo; Pireza; João Cruz; Azevedo; Cardoso; Mourão; os famosos violinos etc., onde ali podiam ser vistos em todos os tamanhos. Com naturalidade, a sua sapataria era lugar de tertúlia, onde todos se informavam e discutiam os assuntos desportivos, principalmente o futebol, e onde os jornais e revistas da época:- Sports, Stadium e o recém aparecido "A Bola" faziam parte da mobília. Faleceu em 10 de Maio de 1952 com apenas 31 anos, sendo sepultado no cemitério local, vendo Loriga partir um grande desportista que muito tinha a dar à sua terra, mas que infelizmente, ainda muito novo partiu para sempre. Ilídia Nunes Pina Prata - 43 1921 - 2000 Nasceu em Loriga, a 5 de Fevereiro de 1921, notabilizou-se no ensino que durante décadas desempenhou com uma grande dedicação e alegria de ensinar. Frequentou em Loriga o ensino primário. Rumou depois para Viseu, onde conclui o ensino secundário no grande Colégio Português. Em 1944 ingressou na Escola do Magistério Primário de Coimbra, tendo concluído o curso em 1946. Nesse mesmo ano, regressou à sua terra natal para iniciar a sua actividade como professora do 1.ciclo do ensino básico. Em 1949, obteve a nomeação como efectiva para a Escola Primária de Vasco Esteves, onde se manteve até 1953, data a partir da qual foi colocada na Escola Primária do Pereiro. Em 1961, passou a fazer parte do quadro da Escola Nr.1 de Seia, onde permaneceu durante 30 anos precisamente até 1991. Aposentou-se com 45 anos de serviço e 70 anos de idade, tendo ao longo de todos esses anos granjeando a amizade e a estima dos habitantes de Seia e dos seus conterrâneos. Foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Seia, a Medalha de Mérito da Cidade. Faleceu em Coimbra no dia 3 de Maio de 2000, vendo os Loriguenses desaparecer uma sua conterrânea que, notabilizando-se fora de Loriga, deixou mais enriquecida a história desta localidade. António Mendes Cabral 1921 - 1976 Nasceu em Loriga em 16 de Fevereiro de 1921, filho de Alfredo de Mendes Cabral e de Maria Emília Moura Cabral. Desde muito novo era visivil um certa ideia objectiva, nomeadamente, uma inclinação num futuro apostolado. Ingressando no seminário logo após complectar a escola primária na sua terra. Foi ordenado sacerdote em 26 de Novembro de 1944 na cidade da Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa na semana seguinte (1 de Dezembro) em Loriga. Foi colocado como coadjutor na Guarda-Gare, sendo assim o começo da sua vida sacerdotál. Foi pároco em Girabolhos, Torroselo, Folhadosa e Vila Cova, Fatela e por fim na Cabeça, em todas as localidades deu um pedaço da sua vida espalhando a graça de Deus com a verdade do Evangelho e onde efectuou um trabalho de relevo e por isso ainda hoje é recordado. O padre Cabral tinha a paixão da história, e por vêzes nas suas homilias dava por si a dar aulas de história aos seus paroquianos. Foi professor de história na Escola C+S de Loriga, contagiando os seus alunos com a sua paixão. Ao ver que um dos seus alunos gostava de história como ele, emprestava-lhe livros e deixava-o frequentar a biblioteca da casa que possuía junto da Igreja Matriz. Esse seu antigo aluno ainda hoje se dedica ao estudo da história, e a ele se deve o conhecimento da história antiga de Loriga e a sua divulgação. Em 1969 celebrou na Cabeça as Bodas de Prata da Ordenação, no entanto, Loriga não quiz deixar também de homenagar, este seu filho e amigo neste seu aniversário festivo, tendo-se realizado no dia 8 de Dezembro em Loriga, por ser festa da Imaculada Conceição, uma singela homenagem, à - 44 qual se associou muito povo, recebendo também muitas ofertas em nome da Comunidade Loriguense. Faleceu subitamente em Loriga, em Janeiro de 1976 com a idade de 56 anos.As cerimónias fúnebres foram presididas pelo senhor Bispo da Guarda, D. Policarpo da Costa Vaz, concelebrando com muitos sacerdotes que se deslocaram a Loriga. O funeral realizou-se para o cemitério local, onde se incorporaram muitas pessoas que o acompanharam à última morada, onde ficou sepultado. Carlos Pinto Ascensão 1922 - 1997 Nasceu em Loriga no dia 25 de Dezembro de 1922, onde também frequentou a escola primária, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio. Com 13 anos de idade seguiu para o Seminário tendo passado por Santarém, Almada e Olivais. Anos mais tarde abandonou a vida eclesiástica e, no ano de 1944, ingressou como funcionário na Casa Pia de Lisboa. Entregando-se ao trabalho de educação dos adolescentes especialmente aos deficientes visuais e auditivos, foi ocupando nesta instituição sempre cargos de relevância, onde foi também granjeado a simpatia geral, vindo mesmo a ocupar funções directivas, nomeadamente no Instituto Jacob Rodrigues Pereira, tendo sido também Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos. Personalidade de reconhecido prestígio no plano internacional, viajou por todo o mundo em representação da Casa Pia, sempre com grande sentido do cumprimento do dever. Foi representante de Portugal no BIAP - Bureau Internacional de Audiophonologie, sendo por sua iniciativa criada uma Comissão Internacional a que presidiu desde a sua criação. Ao longo da sua carreira escreveu muito, principalmente dos temas que ele tão bem conhecia relacionados com o deficiente, colaborando em vários jornais e revistas destacando-se entre outros:- Diário popular; A Capital; o Diário de Noticias e a Flama. Dedicando toda a sua vida àquela Instituição, apesar de aposentado em 1992 a ela continuou ligado como Director da Revista da Casa Pia de Lisboa e também como Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos. Era por vezes acusado de ter esquecido Loriga, ao que ele respondia "Que se lembrava da sua terra todos os dias, e se há quem pense que ser bairrista é estar sempre presente em cima da terra, ser bairrista é fazer pela terra tudo quanto se pode sem se esquecer dela". Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em 1949, tendo colaborado com os seus escritos nos programas das Festas da Vila realizadas na década 50 e 60, escrevendo ainda alguns artigos no Jornal "Garganta de Loriga" nestes tempos mais recentes. Em 17 de Março de 1993, no Palácio da Ajuda, o Dr. Carlos Ascensão recebeu das mãos do então Presidente da República, Dr. Mário Soares, as insígnias de Comendador da Ordem de Mérito, numa consagração oficial e pública de uma vida dedicada à solidariedade. Faleceu no dia 23 de Agosto de 1997, vendo Loriga partir um dos seus - 45 filhos que se notabilizou fora dela, mas que a deixou mais enriquecida na sua história. José Nunes Moura 1923 - 2006 Nasceu em Loriga, no dia 24 de Março de 1923, filho de José Nunes Luiz e de Palmira Brito Moura. Depois de concluir a escolaridade obrigatória, prosseguiu outros estudos, tendo-se especializado em Técnico Debuxador. Regressou à sua terra e ingressou na Fábrica da Fândega e, mais tarde, na Sociedade Moura Cabral. Homem de trato fácil e de uma amabilidade extrema era, acima de tudo, um homem de corpo inteiro, sempre presente nas iniciativas em prol de Loriga demonstrando, assim, um louvável bairrismo e um profundo respeito e adesão aos valores do associativismo. Fez parte dos órgãos sociais de várias colectividades da sua terra, nomeadamente, da Banda Filarmónica, do Grupo Desportivo, do Sindicato, bem como fez parte da autarquia como Secretário da Junta de Freguesia, mandato dos últimos anos da década de 1950. Em 1961 constituiu uma sociedade comercial com os senhores Carlos Nunes Cabral e seu filho Carlos Nunes Cabral Júnior, designada "Carlos Cabral, Limitada", com sede em Lisboa, na Rua da Prata, nº 199, 1º. Esquerdo, com vista à comercialização de fazendas e lanifícios. Radicou-se então em Lisboa, onde passou a desempenhar a sua actividade. Após a extinção da referida sociedade, passou ele próprio a dedicar-se à comercialização de fazendas e também de malhas, tendo instalado o seu escritório na Praça da Figueira, onde esteve sediado durante muitos anos. Adorava a sua terra, que visitava com regularidade, estando sempre muito atento a tudo que se relacionava com Loriga sendo, por isso, bem reconhecido o seu bairrismo e dedicação às causas em prol da sua terra. Qualquer iniciativa levada a efeito, a presença do senhor José Moura era uma referência, mostrando sempre disponibilidade para dar o seu apoio. Até mesmo nos funerais dos seus conterrâneos falecidos em Lisboa, era sempre uma presença pois, de maneira alguma faltava para os acompanhar à ultima morada. Casado com Maria Teresa Nunes Cabral, da qual teve três filhos e, com netos e bisnetos era-lhe reconhecido a grande dedicação à sua família. Em 14 de Março de 1997, sofre um rude golpe com a falecimento da sua esposa. Desde então, passou a ver-se o senhor "Zé Moura" como popularmente era assim chamado, caracterizado com o preto do luto. Foi um grande apoiante da Associação de Apoio da 3ª. Idade, da qual era associado e que não esqueceu, tendo deixado em testamento a quantia de 5.000 Euros a esta associação. Entre outras doações não esqueceu também a Banda, à qual doou um belíssimo e artístico móvel, que veio enriquecer uma das salas desta instituição musical. Construir uma casa na sua terra, era uma sonho que sempre alimentou, o - 46 qual veio a concretizar e onde, com mais regularidade, pode passar um pouco mais do seu tempo. Foi convidado de honra nas comemorações do Centenário da Banda realizadas em Julho de 2006, o último acto público em que esteve presente, antes da doença que o vitimou. Faleceu em Lisboa, no dia 3 de Novembro de 2006, com a idade de 83 anos. O funeral realizou-se em Loriga, onde foi sepultado no cemitério local, vendo os loriguenses desaparecer um seu conterrâneo, com uma personalidade bem marcante, caracterizada pela simpatia e simplicidade na sua relação com os outros, pelo seu sorriso amável, e também pela estima e o respeito como tratava toda a gente. Manuel Dinis Pereira 1923 - 1996 Nasceu em Loriga a 1 de Junho de 1923, vindo a notabilizar-se ao longo de muitos anos pelo seu desempenho profissional no serviço de saúde, não só na sua terra como ainda nas freguesias periféricas. Era o Enfermeiro, mas em certas situações pareceu ser o médico. A sua humildade tornavam-no num homem simples, sendo um grande bairrista que adorava todas as coisas da sua terra. Além de tudo era um loriguense convicto e que acreditava na palavra, por isso a popularidade e a amizade que sempre granjeou dos seus conterrâneos. Após concluir a escola primária o médico de Loriga Dr. Andrade, chama-o para o seu consultório, passando a ser o seu "moço de recados" o que durante anos não parecia passar disso mesmo. No entanto o "Ti Manel Barriosa" como era assim chamado, foi deitando o olhar por tudo o que o rodeava. Tornou-se um ajudante imprescindível do médico, com quem teve sempre um bom relacionamento, muito embora este só o tenha inscrito na Previdência Social um pouco tarde, colaborou, após a morte do Dr. Andrade, com o filho deste, Dr. Jorge Andrade e, mais tarde, durante muitos anos, com o Dr.Bandeira. Foi adquirindo experiência, e apesar de não ter curso de enfermagem, adquire mesmo o estatuto de enfermeiro de Loriga. Deu injecções sem conto e, neste serviço de enfermagem aventura-se mesmo a fazer muito mais, chegando ao ponto de tirar dentes e a dar sem querer nada em troca medicamentos que ele por vezes conseguia de amostras de propaganda médica. Esta figura de Loriga marcou na sua terra uma época em que nunca poderá ser esquecido, destacando-se entre outras actividades, o ter sido um potencial impulsionador do teatro amador nesta localidade. Muitos ainda recordam quando pela sua mão houve a possibilidade de ser colocada em cena a "Casa do Pai" talvez um dos maiores êxitos que o teatro amador desta Vila conheceu. Homem simples e bom, foi sem dúvida muito importante e de grande utilidade para Loriga, pois estava sempre pronto para ajudar em tudo que fosse realizações de carácter cultural na sua terra. Havia até quem o chamasse de "festeiro", atendendo às ideias e iniciativas que pôs em prática, mesmo sendo ele a pagar do seu próprio bolso, para que tudo - 47 fosse possível fazer. Fez parte da Direcção da Banda de Música durante muitos anos, onde ainda hoje é recordado com saudade e foi, durante sete anos mordomo da Festa da N.S. da Guia, sendo ele também o promotor, em 1963 das primeiras marchas populares realizadas em Loriga. Os tempos mudaram foram surgindo os enfermeiros habilitados, o "Ti Manel Barriosa" o "Enfermeiro" de Loriga deixou de ser menos solicitado, mas nem por isso foi esquecido por muitos a quem ele, dedicadíssimo, prestou preciosa assistência. Faleceu a 21 de Outubro de 1996, vendo a população partir aquele que, na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam. Laura Moura Pina 1923 - 2007 Nasceu em Loriga em 19 de Fevereiro de 1923, filha de Plácido Aparício Pereira e de Maria do Carmo Moura Pina. De muito nova se apegou às coisas da Igreja na sua terra. Logo na catequese, entrou para o organismo das filhas de Maria, e da Cruzada, no tempo do saudoso Padre Lages e não mais se viria a despegar dos diversos organismos católicos da sua terra. Catequista zelosa durante largos anos. Zeladora do Apostolado da Oração e desagravo ao Sagrado Coração de Jesus. Era vê-la em muitas procissões, levando bem erguido o guião, sem que algum complexo lhe assaltasse a sua mente. Locista, interveniente nas famílias com problemas sociais e outros. Cantora de sempre nos grupos corais da Igreja, tinha muito gosto de cantar era mesma uma apaixonada, cantava como ninguém todo o Te Deum de Perosi sem falhar nada, tinha um hábito de entoar bem alto a sua voz "que era para Nosso Senhor a ouvir" como costumava dizer. Casou com José Duarte Gouveia conhecido por "Zé da Volta" que era para ela o melhor marido do mundo. Tiveram 10 filhos, mas chegaram a criar 11, ao ter tomado conta do filho da sua irmã falecida em Coimbra logo após o parto. Criou o seu sobrinho Joaquim ao mesmo tempo da sua filha Filomena, costumando dizer "que era uma mama para cada um". A tia Laura da "Santa Eufêmea" como popularmente era assim conhecida foi no campo das habilidades, uma pessoa fora de série, nomeadamente nas sua qualidades inigualável na área de laborar rendas, manejando as agulhas como ninguém era capaz de o fazer. Tudo imaginava e tornava mais belo desde lavores simples aos mais complicados, ao ponto de ornamentar as garrafas, com vestidinhos todos diferentes, cada qual com o seu chapeuzinho. A sua última paixão e da qual se orgulhava era fazer terços de renda que oferecia às pessoas com o propósito que fossem rezados, mesmo já doente no Hospital no Luxemburgo, chegou a fazê-los para depois os oferecer às enfermeiras. Na realidade os seus trabalhos mereciam figurar em museu tal é a grande obra de arte que executou ao longo dos anos. Quis Deus que a Tia Laura fosse morrer ao Luxemburgo, onde se encontrava de visita à família, cumprindo assim a mesma sina que seu filho Tó que ali morreu precisamente no mesmo Hospital. Regressou já sem vida à sua terra - 48 onde foi sepultada no cemitério local, vendo os loriguenses desaparecer uma das sua conterrâneas reconhecidamente admirada e estimada por todos. Joaquim Jorge Reis Leitão 1926 - 1994 Nasceu em Loriga em 5 de Novembro de 1926, filho de Emílio Reis Leitão e de D. Adélia Jorge Leitão. Fez na sua terra a escola primária, indo de seguida para o Liceu e depois para o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Estudante brioso e muito cumpridor, salientou-se no meio estudantil em que esteve envolvido onde acima de tudo eram bem evidentes a suas qualidades de inteligência e personalidade. Pouco tempo depois da sua licenciatura, foi Professor provisório da Escola Preparatória Nuno Gonçalves de Lisboa de 1953 a 1954, e nessa mesma Escola foi, a partir de 1957 a 1959 Professor secretário e de 1959 até 1967 Subdirector. Colocado no Ministério da Educação fez uma brilhante carreira ao longo de 37 anos, sempre desempenhando elevados cargos, tendo ainda participado em grupos de trabalhos e outras missões, como por exemplo na Presidência dos diversos júris de concursos de habilitação para pessoal administrativo, nomeadamente chefes de secretaria de estabelecimento de ensino. Teve ainda algumas participações em grupos de trabalho e outras missões, destacando-se entre outras as de Membro da Comissão Organizadora do Congresso Nacional do Ensino Técnico realizado em 1968, Revisão das estruturas administrativas dos estabelecimentos de ensino preparatório e secundário e frequência de um estágio em Paris para estudo da gestão dos estabelecimentos do ensino secundário franceses patrocinado pela OCDE. Grande amigo da sua terra e muito bairrista onde, por norma, se deslocava semanalmente, foi um grande obreiro para a criação da Escola Secundária nos finais da década de 1960 e cuja inauguração foi efectuada pelo então Ministro da Educação Dr. José Hermano Saraiva que foi recebido pela Banda de Loriga executando o Hino da Maria da Fonte. Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em Lisboa no ano de 1949, publicação que viria a ser interrompida poucos anos depois, passando mais tarde a ser publicado como Boletim Paroquial. Veio a ter grande influência na construção da Escola EB em Loriga à qual desde logo foi posto o seu nome:- Escola EB 2.3 Reis Leitão-Loriga, numa prova de gratidão da localidade, a tão grande bairrista loriguense. Faleceu em Lisboa a 29 de Agosto de 1994, sendo sepultado no cemitério de Benfica, longe da sua terra que tanto adorava, tendo a Vila de Loriga perdido uma das suas maiores figuras que em muito contribuiu para o desenvolvimento da sua terra. - 49 - Álvaro dos Santos Aparício 1926 - 2007 Nasceu em Loriga em 22 de Outubro de 1926, filho de Luciano dos Santos Aparício e de Maria Emília Mendes dos Santos. Não chegou a conhecer o seu pai, pois quando nasceu já ele tinha embarcado para o Brasil, destino comum de muitos loriguenses na época. Já crescido, o pai ainda o tentou levar para junto dele onde já se encontravam a irmã e irmão, só que a sua mãe não o permitiu. Grande bairrista, amava a sua terra como ninguém. Foi um cidadão exemplar, que dignificou a sua vida na comunidade, tornando-se uma das suas principais referências sociais e morais pela sua integridade e verticalidade, que eram mais que evidente na sua maneira própria de viver em bem. Sempre muito devoto, bem como a sua esposa, estava sempre disponível para colaborar nas actividades promovidas pela Igreja, em que se destacam os Cursos de Cristandade e a Liga Eucarística dos Homens. Pertenceu, e é bem lembrado, o seu envolvimento na JOC (Juventude Operária Católica) e na LOC (Liga Operária Católica), que tiveram no senhor Álvaro Aparício um dos seus mais importantes membros. Foi um dos sócios fundadores da Cooperativa Popular de Loriga e do Socorro Paroquial Loriguense, fez parte de diversas direcções da Irmandade das Almas e do Santíssimo Sacramento de Loriga, bem como de vários outros organismos. Solidariedade, amor ao próximo, dignidade profissional, desportista e activista cultural, transmitiu valores que perduram como guia de conduta social com gestos cativantes de humanidade e valores. A sua actividade profissional foi quase toda ela dedicada à firma Metalúrgica Vaz Leal, onde trabalhou cerca de quatro décadas. Logo após ter terminado a escola primária, começou a trabalhar na oficina Pedro Vaz Leal, nessa altura ainda na chamada "Forja" situada no Cabeço, que mais tarde passou para o Terreiro da Lição. Depois de meia dúzia de anos na oficina do Joaquim Correia (Casegas) voltou novamente para o Pedro Leal mas, desta feita, para a oficina já situada na Vista Alegre, onde esteve até se reformar aos 62 anos. Possuidor de uma energia que venceu desafios, independente dos poderes estabelecidos, colocou-se sempre ao lado dos mais humildes e pelas mais nobres causas, estando sempre atento a tudo que se relacionasse com a sua terra. Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga num mandato de três anos, de 1977 a 1979, nas primeiras eleições realizadas democraticamente, encabeçando a lista do Partido Socialista, da qual também faziam parte a D. Helena Leitão e o Sr. Horácio Ortigueira. Foram anos problemáticos à frente da autarquia, numa altura em que corriam os primeiros anos da democracia e que a situação do país era ainda um pouco confusa. Por outro lado, a escassez dos meios financeiros tornavam ainda mais difícil a tarefa de dirigir a Junta de Freguesia tendo, apesar de tudo, efectuado um trabalho digno de relevo ainda hoje muito recordado. De vários melhoramentos levados a efeito no seu mandato, destaca-se a - 50 construção do Ringue de Patinagem, num complicado processo da ocupação dos terrenos, pertencentes à Fundação Cardoso de Moura. Foram também concluídas as obras do abastecimento de água e saneamento em toda a vila. Como também foram efectuadas as obras para o alteamento e reforço de muros dos Poços de Loriga (Serrano e Covão das Quelhas), que se vieram a tornar de importância vital para a terra. Foi determinante, e também de grande realce, o seu envolvimento como presidente da Junta de Freguesia, na reorganização da Banda de Música de Loriga em 1978, após mais uma crise, (na altura encontrava-se encerrada), tendo sido igualmente fundamental o grande apoio e a contribuição dada por António de Brito Pereira o "Mestre Barriosa" como assim era chamado. Depois de finalmente organizada, a Banda retomou a sua actividade, o que aconteceu no dia do Corpo de Deus, estando ainda na lembrança de muitos loriguenses, quando nesse dia foi recebida na "Praça" com grande ovação. Foi, também, nessa altura, que a Banda foi inscrita na Federação Portuguesa das Actividades de Cultura e Recreio. No ano seguinte, em 24 de Junho de 1979, a Banda realizou uma digressão a Sacavém para obter apoios da comunidade loriguense. Para esse efeito, foi organizado um convívio na Quinta do Seminário dos Olivais e também um concerto na Cooperativa de Sacavém, bem difundido pela imprensa escrita, onde também esteve presente o senhor Álvaro Aparício na sua qualidade de presidente da Junta, que deu uma importante entrevista onde realçava as carências de Loriga. Casado com a D. Irene Gomes Dinis Prata, eram-lhe reconhecidos os atributos de dedicação à esposa e filhos. Também a sua humanidade e amizade para com os outros o fez sempre granjear a estima e admiração dos seus conterrâneos. Em 12 de Outubro de 1997, sofreu um rude golpe com o falecimento da sua esposa. Os últimos anos da sua vida foram vividos na Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia em Loriga, onde faleceu no dia 24 de Julho de 2007, com 81 anos, tendo sido sepultado no cemitério local, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos a quem tanto ficou a dever, e os Loriguenses viram partir mais um seu conterrâneo, uma notável figura por quem tiveram sempre uma grande admiração e estima. José Moura Mourita 1928 - 1998 Natural de Loriga onde nasceu em 12 de Julho de 1927, filho de Joaquim Moura Mourita e de Maria do Carmo Lopes Vide, também naturais desta localidade. Figura querida de Loriga foi o "último" Carteiro desta Vila, em épocas quando a nomenclatura das ruas ou mesmo os números das portas das habitações faziam parte do nosso imaginário, tendo ao longo de muitos anos desempenhando aquelas funções com muita dignidade. Foram quilómetros sem conto percorridos ao longo dos anos de serviço na sua profissão de Carteiro, devendo ser o único loriguense a conseguir pisar todas as ruas, becos, pátios, quelhas ou mesmo qualquer recanto da povoação, levando consigo boas e más noticias. Conhecia toda a gente pelos - 51 seus nomes e apelidos, apesar de serem tempos em que a população atingia números elevados que nada tem a haver com o movimento populacional de hoje, que se vem notando cada vez mais reduzido. Homem de uma calma impressionante e de pontualidade eficaz, ao sol, chuva, vento, frio ou neve, a partir das 11 horas da manhã era uma presença obrigatória pelas ruas da Vila, fazendo chegar aos seus destinatários a tempo e horas a correspondência que consigo levava, mesmo tendo por vezes o hábito de se entreter em "dois dedos de conversa" com os amigos ou aproveitando essas paragens por breves momentos para refrescar um pouco a garganta. Hoje nada sendo com antes, desempenhar o serviço de carteiro parece necessário ser bastante letrado e em vez do andar a pé, existem os transportes para se movimentarem, parecendo nada poder ser feito se não houver a ajuda da electrónica. No entanto o "Ti Zé Mourita" o carteiro de Loriga não precisou nada disso, pois registava mentalmente todos os nomes das pessoas da sua terra. Hoje em dia, se a memória nos falha, podemos socorrer-nos da nossa "memória electrónica", como é o caso do computador. Sendo bastante religioso era um cristão convicto e um fervoroso defensor da igreja, adorando igualmente a sua terra. Era casado com a Sra. Adélia Alves Jesus. Um dia, em caminhos que percorreu e tão bem conhecia, aconteceu o que nunca previa que viesse acontecer. Caiu e feriu um pé e uma a perna e, a partir daí não mais foi o mesmo, Foi adoecendo e essa mesma doença o viria a vitimar, falecendo no dia 20 de Abril de 1998. A população de Loriga viu partir o "último" Carteiro da Vila daquela época em que a correspondência, para chegar até nós, apenas bastava ter o nome. Mário Gonçalves da Cruz 1928 - 1999 Natural de Loriga onde nasceu em 16 de Janeiro de 1928, ficou na memória como um dos maiores bairristas loriguenses, onde o amor a Loriga estava sempre presente onde quer que fosse e estivesse em tudo o que se envolvesse relacionado com a sua querida terra. Esta figura loriguenses viveu quase toda a sua vida em Sacavém. Para muitos era como que um cônsul de Loriga nesta localidade, a quem muitos recorriam para saberem novidades e noticias e como não podia deixar de ser foi também um dos fundadores da ANALOR (Associação dos Naturais e Amigos de Loriga) à qual dedicou muito do seu tempo. Um dom poético o caracterizava para projectar a sua adorada terra através da poesia, escrevendo muitos poemas, quase sempre dedicados a Loriga e às suas gentes, não esquecendo os Bombeiros e Músicos pelos quais teve sempre uma grande admiração. Homem de alma grande, ficou na recordação de muitos quando organizava excursões a Loriga, nomeadamente no verão e mais precisamente para os festejos da Festa da N.S. da Guia, estando na lembrança a chegada à "Carreira" onde era enorme a emoção e quando da partida, a tristeza - 52 reinante era bem visível nos rostos de todos aqueles ao deixarem mais uma vez a sua terra. Pessoa simples e afável tinha uma maneira própria de falar das artes, dos livros, da poesia, nos acontecimentos diários, tendo também sempre histórias e peripécias para contar desses passeios excursionistas e ainda de uma vida que levou dedicada ao melhor que houvesse para Loriga. Faleceu em 28 de Dezembro de 1999, após doença, sendo sepultado no cemitério de Sacavém, ficando assim dividido por duas localidades que foram a sua vida, uma que foi seu berço e a outra em que ficou sepultado, ficando Loriga mais triste por não mais ver chegar aquele que um dia lhe cantou: "Eu canto Loriga canto. A tua Primavera em flor. Como eu te quero tanto. Minha terra, meu poema, meu amor". Carlos Nunes Cabral Junior 1928 - 2004 Nasceu em Loriga, em 16 de Maio de 1928, filho de Carlos Nunes Cabral e de Urbana Nunes Moura. Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi estudar para Coimbra, por onde se manteve durante alguns anos. Desde muito novo se notava a sua qualidade de empresário e cedo começou a pisar os passos de seu pai, também ele um grande industrial em Loriga. Homem de grande inteligência e de luta, empresário de enorme qualidade e sucesso. Após a morte de seu pai, tomou a liderança da Firma Moura Cabral & Comp., que administrou durante três décadas, chegando mesmo a ser uma firma de sucesso, em desenvolvimento, progresso e qualidade, merecidíssimas reconhecida no concelho e não só. Fez parte dos Corpos Sociais de vários organismos da sua terra natal, nomeadamente de carácter desportivo, cultural e humanitário, funções que sempre desempenhou com todo o empenho e dedicação. Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga de 1990 a 1993, onde se destaca a obra realizada e de grande valor, no desenvolvimento da sua terra. Depois do 25 de Abril de 1974 e até 1976, fez parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Seia Tanto como dirigente ou empresário, apoiou sempre todas as iniciativas, que fossem de beneficio para a sua terra. Em medas da década de 1980, foi determinante o seu contributo ao espírito impulsionador, em termos de panorama do futebol, elevando o Grupo Desportivo Loriguense, ao seu mais alto nível desde a sua existência, ao disputar pela primeira vez o Campeonato Distrital da 2ª. Divisão da Associação do Futebol da Guarda. Foi também nessa altura, o Presidente eleito desta popular colectividade loriguense. Poucos anos antes da sua morte, resolveu afastar-se do meio empresarial, deixando mesmo a sua empresa. Esta firma continua em laboração, sendo a única empresa de lanifícios, que actualmente e apesar de tudo, ainda sobrevive em Loriga. Faleceu inesperadamente em Coimbra, no dia 4 de Abril de 2004. O funeral - 53 realizou-se para a sua terra natal, onde ficou sepultado no cemitério local. Loriga ficou mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus industriais, que muito fez pela sua terra e que tanto adorava. Adélia Alves Martins 1929 - 1974 Nasceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1929, era filha de António Alves Martins e de Maria Emília Duarte Jorge. Desde muito nova se começou a destacar como cozinheira, numa maneira própria de muito bem confeccionar a comida regional. Os seus dotes culinários eram muitos reconhecidos não só em Loriga, mas também pelas outras terras da região, para onde era solicitada com regularidade. Cozinhava para bodas ou outros eventos, sendo a mais nova das cozinheiras a trabalhar para a comunidade em Loriga. Tal como era usual nesses tempos, nunca também fazia preço pelo trabalho que executava, aceitando o que as pessoas lhe queriam dar, sendo que, muitas vezes, o pagamento consistia apenas em mercearias. Muito devota e religiosa, teve sempre presente o cumprimento dos deveres da Igreja, tendo pertencido à JOCF e à LOCF, logo após a fundação destes organismos em Loriga, pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966). Foi a primeira cozinheira do Restaurante Império em Loriga, quando este foi inaugurado em 1972 onde, durante o tempo que ali trabalhou, a comida que confeccionava, era bastante apreciada pelas pessoas que vinham de fora. Teve sempre a preocupação de transmitir aos outros os seus conhecimentos de culinária e, por isso mesmo, os seus ensinamentos vieram a tornar-se muito úteis, para as pessoas que com ela muito aprenderam. Mãe de doze filhos, muito carinhosa e esposa resignada pelo infortúnio da doença do marido, viria a morrer relativamente nova, após doença prolongada, deixando seus filhos ainda muito novos e, quando ainda tinha muito para dar à família e também à gastronomia loriguense. Faleceu em 20 de Outubro de 1974, sendo sepultada no cemitério local, onde muitos loriguenses se deslocaram acompanhando-a até à sua última morada, num funeral de verdadeiro pesar, vendo Loriga, desaparecer para sempre, uma das suas cozinheiras, que deixou em todos, recordações e saudades. Adelino Moura Galvão 1929 - 1990 - 54 Nasceu em Loriga em 9 de Outubro de 1929, filho de Mateus de Moura Galvão e de Maria dos Anjos Pina Galvão. Professor primário de enormes qualidades, esforçando-se para que os seus ensinamentos fossem linhas orientadoras que permitissem aos seu alunos enfrentar sem temor o dia de amanhã. Era mesmo considerado como um verdadeiro mestre na arte de ensinar, tendo sempre como preocupação transmitir aos seus alunos todo o seu ensinamento que o distinguia. Alguns dos seus antigos alunos distinguiram-se como filhos ilustres desta vila, e um deles foi responsável pelo conhecimento e divulgação da história antiga de Loriga. Muito culto, disciplinado e de muito profissionalismo, deu o melhor que sabia ao ensino, tinha ainda uma particularidade muito própria, que mesmo para além do normal horário escolar levar os seus alunos para uma sua casa situada na "Vista Alegre" para estudarem, um acto que para tirar da rua os seus alunos para que aprendessem ainda mais, isto antes da entrada em actividade a nova Escola Primária de Loriga. Foi presidente da Junta de Freguesia na década de 1960, tendo projectado muitas ideias, que contribuíram para muito do desenvolvimento que na década seguinte se veio a concretizar na vila de Loriga. Era casado com D. Helena Leitão, que com os dois filhos formavam uma família que ele tanto adorava. Faleceu em Loriga, no dia 8 de Fevereiro de 1990, sendo sepultado no cemitério local. Vendo Loriga desaparecer mais um dos seus professores, deixando uma saudade em todos aqueles que muito o admiravam. Emílio Leitão Paulo 1932 - 2001 Nasceu em Loriga em 17 de Julho de 1932, foi uma figura de prestigio desta vila, distinguindo-se como personalidade bem vincada em todos os cargos que desempenhou. Fez o ensino primário na sua terra, licenciou depois em Coimbra, tendo sido diplomado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Trabalhou na Companhia dos Diamantes de Angola, durante alguns anos, regressou à Metrópole, tendo ingressado nos Nitratos de Portugal como Director Técnico. Transitou depois para a Metalúrgica Vaz Leal, em Loriga, onde foi sócio-gerente durante alguns anos, onde também teve sempre a preocupação de gerir esta firma industrial da sua terra, com o maior dinamismo e entusiasmo. Dedicou parte da sua vida à politica, militante pelo partido do CDS, teve um papel de relevo na organização deste Partido no distrito da Guarda, onde chegou a ser o mais votado, chegando mesmo também a ser Vice-Presidente do Conselho Nacional. Após o 25 de Abril de 1974, foi Deputado pelo CDS na Assembleia Constituinte pelo círculo da Guarda. A partir de 1978 foi nomeado para Governador Civil da Guarda, funções que desempenhou durante algum tempo. Foi também Vice-Presidente da Câmara de Seia. Pessoa de fino trato, e de elegante relacionamento, era bem reconhecido - 55 por todos o trabalho desempenhado nas suas funções politicas, onde procurava acima de tudo ser aberto a todos, sem distinção de ideologias, tentando servir o melhor possível os interesses do seu Distrito. Foi um dos sócios fundadores da Editora Porta da Estrela Lda., proprietária do Jornal da Porta da Estrela publicado em Seia. Casado em primeiras núpcias com D. Maria Lela de quem ficou viúvo, tendo casado em segundas núpcias com D. Maria de Lurdes D.Brito. Faleceu no Hospital Particular de Lisboa, no dia 12 de Outubro de 2001, vítima de doença. O seu funeral saiu da Igreja do Campo Grande-Lisboa para Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local. Joaquim Leitão da Rocha Cabral 1934 - 2003 Nasceu em Loriga, em 25 de Maio de 1934, filho de António da Rocha Cabral e de Guilhermina Reis Leitão Cabral. Vivendo praticamente sempre fora da sua terra, notabilizou-se pelo seu invejável e meritório curriculum, devido aos altos cargos que desempenhou ao longo da sua vida, e que o tornaram num loriguense de destaque. Chefiou e administrou muitas instituições públicas, e fez parte também de diversos governos, vivendo uma vida de actividade, que o impossibilitava de muitas mais vezes visitar Loriga, como decerto desejaria. Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico em 1951-58 e, posteriormente, viria a formar-se em Genie Atomique INSTN Saciay 1959; Calder Hall Operatine School 1960 e Auditor do Curso de Defesa Nacional 1993-94. De 1959 até 1976, foi Engenheiro da Companhia Portuguesa de Industrias Nucleares, bem como da Empresa Termo-Eléctrica Portuguesa e da Companhia Portuguesa de Electricidade. De 1976 até aos últimos tempos da sua vida, chefiou a Equipa de Projecto da Central Nuclear, passando à reforma em 1999, na função de assessor do Concelho da Gerência. Em 1977, foi nomeado Administrador da Electricidade de Portugal. De 1971 a 1983, foi representante português na Comissão de Estudos Nucleares da UNIPEDE, e em 1987 na Comissão Consultiva da EUROTOM. De 1983 a 1984, foi Vice-presidente da UFIPTE. Dedicou-se à politica, tendo feito parte do I Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia e Minas: (28-07-1976 a 07-01-1977) e de (07-01-1977 a 25-03-1977), do II Governo Constitucional, como Secretário de Estado da Energia e Indústrias de Base: (06-02-1978 a 28-07-1978), mantendo-se em gestão até à posse do 3º Governo Constitucional, em 29-08-1978, e do IX Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia: (18-06-1983 a 12-07-1985), mantendo-se em gestão até à posse do 10º Governo Constitucional, em 06-11-1985. Foi nomeado Secretário-Adjunto do Governo de Macau, de Julho de 1987 a Dezembro de 1989. Em 1992, candidatou-se à Junta de Freguesia do Campo Grande (Lisboa) onde saiu vencedor, tendo-se recandidato e vencido também em 1996. Pelos serviços prestados ao longo da sua vida, foi reconhecido pelo seu trabalho, ao ser-lhe atribuída a condecoração do Grão-Cruz da Ordem de Mérito Civil de Espanha. Foi casado com Maria Isabel Nunes Cabral, também natural de Loriga e pai de Ana Isabel Cabral Grade. Faleceu - 56 no dia 17 de Janeiro de 2003, e o seu funeral foi realizado para o cemitério do Alto São João - Lisboa, tendo Loriga ficado mais pobre ao ver desaparecer um dos seus mais nobre e ilustre filho. António Abreu de Pina 1937 - 1962 Nasceu em Loriga no dia 7 de Setembro de 1937, filho de António de Moura Pina e de Idalina Mendes Luis Abreu. Depois de frequentar a escola primária, ingressou no seminário da Guarda, que apesar de ser um jovem de uma maneira diferente de viver, era bem visível todas as condições para trepar facilmente as escadas do altar. Seminarista, escuteiro, jogador de futebol, tocador de viola, actor de teatro, era acima de tudo um jovem desinibido. Filho de uma família extremamente religiosa, possuidor de uma vasta inteligência, uma capacidade musical como poucos, uma desenvoltura linguística invulgar, que mais Deus tinha a dar a este futuro seguidor. Quando vinha à sua terra de férias, além das coisas da igreja estava em tudo. Fazia teatro, jogava futebol no Grupo Desportivo Loriguense, que ainda hoje é recordado como um dos melhores futebolistas de Loriga. Estava nas tertúlias que se sucediam nas sapataria do seu pai, tocava viola e cantava com os outros. Organizava acampamentos na serra, com a juventude, passeava nas ruas com tamanha elegância e à vontade que serviam de escola no seio da timidez que assolava a juventude de Loriga na época. O António Calçada, como popularmente era assim chamado, queria ser Padre. Mas um padre actual, virado para as questões sociais, para os problemas da juventude de uma era moderna e não um rezador de novenas. Só que na época os apoios eram parciais nos Seminários e as opiniões divididas. O António chega às ordens menores mas há hesitações dos superiores, procuram-se esperas, o bispo recebe dúvidas a arrasta o processo. Depois de tanta hesitação, o pároco de Loriga terá dado, segundo opinião de alguns, uma informação negativa e o seminário desaconselha, assim, a ordenação do futuro Padre Abreu. Caía a noticia em Loriga como uma bomba, e um trovão sobre a cabeça dos seus pais. O jovem António Abreu, parte então para Lisboa, empregando-se na Misericórdia dada a sua capacidade e paixão musical, frequenta o conservatório da música, e ali conheceu o Professor Santos Pinto, vindo a tornar-se grandes amigos. Avizinha-se o serviço militar, António sentia qualquer coisa de anormal no seu coração. Os médicos aconselham um exame difícil para a época: cateterismo. Foi fatal. Faleceu nas mãos dos médicos no dia 16 de Julho de 1962, com a idade de 24 anos. O Funeral realizou-se para o cemitério dos Olivais em Lisboa onde ficou sepultado. Loriga viu assim desaparecer um jovem que tanto queria ser Padre, e muito poderia fazer por Loriga, mas que as mentalidades conventuais, na época, não viam com aprovação a libertação deste jovem de outras ideias mais moderna. - 57 - António Gonçalves Ferreira 1944 - 2006 Nasceu em Loriga no dia 29 de Fevereiro de 1944, filho de José Gomes Ferreira e de Maria do Carmo Gonçalves. Um dos mais dinâmicos e trabalhador em prol da comunidade nestes últimos anos da chamada era moderna. Sempre activo, foi sem dúvida uma referência de bairrismo muito reconhecido pelos seus conterrâneos. Caracterizava-o a sua personalidade firme de homem forte e dotado de grande alma, bem patente na dedicação em tudo em que participava, os seus dotes de cantor e actor, estão ainda bem na memória de todos. Uma forma humilde e própria de estar na vida, na participação criativa, voluntária e desinteressada nas colectividades da sua terra e também em muitas iniciativas de solidariedade em que participava, fizeram-no num dos melhores filhos de Loriga. Foi vocalista no grupo musical os "Karts" criado na década de 1960, uma nova evolução na juventude Loriguense da época e que elevava o nome de Loriga onde quer que actuava. Participou em vários teatros, nomeadamente, cantando na sessão musical designada as "Melodias de Sempre" Trabalhou durante muitos anos na antiga Fábrica de malhas "Loriseira" em Loriga, foi Vogal suplente na Assembleia de Freguesia, grande entusiasta do associativismo, nos Bombeiros, Grupo Desportivo e outras colectividades, era também um colaborador incansável em tudo que fosse de bom para a sua terra. Estão ainda nas memórias as refeições que ele próprio confeccionava para todos os que gostavam de conviver e confraternizar, quer no Grupo Desportivo, Bombeiros ou nas festas anuais dos Sportinguista que ele tanto gostava. Casado com Maria Isabel Brito Aparício Ferreira e com dois filhos Pedro e Rita, o António foi sem dúvida de uma grande dedicação à família e também aos amigos, em que sua humanidade e amizade fez granjear de todos uma verdadeira admiração e estima. Faleceu em Loriga no dia 8 de Outubro de 2006 após doença prolongada, com a idade de 62 anos, sendo sepultado no cemitério local. Nesse dia chovia copiosamente, parecendo que o céu também chorava, unindo-se dessa feita aos seus conterrâneos que o acompanharam à sua última morada. Carlos Augusto Nunes de Pina 1945 - 2003 - 58 Nasceu em Loriga em 1945, filho de Carlos Nunes de Pina e de Maria dos Anjos Gomes de Pina. Fez a escola primária em Loriga e desde muito cedo se notava nele uma certa aptidão para a escrita. Depois de concluir os seus estudos enveredou pela carreira jornalística, onde se notabilizou com grande sucesso ao longo de mais de 30 anos, angariando sempre a estima e a admiração dos seus superiores e colegas. Iniciou o seu percurso jornalístico no Jornal "Diário de Noticias" passando pela categoria de revisor gráfico e de redactor. Foi subdirector e mais tarde director do Jornal "O Dia", foi ainda director da "48 Horas" e editor da revista "Tempo Livre" da Inatel. Ocupou no mundo da comunicação social outros cargos importantes que para além de ter sido co-fundador do "Jornal Novo", destaca-se de ter sido o jornalista responsável pela introdução da comunicação institucional, tendo para o efeito, fundado a INFOPLAN e a INFOPLUS. Nos últimos tempos da sua vida, exercia, as funções de director-adjunto da Revista "Homem Magazine". Foi um grande colaborador e bateu-se pelo aperfeiçoamento e melhor qualidade do Jornal "Garganta de Loriga", a ele se deve a nova linha gráfica deste jornal loriguense, propriedade da ANALOR. Adorava a sua terra e dela escrevia por onde quer que passasse, mantinha sempre bem vivas as recordações dos seus tempos de criança na sua terra natal, e onde quer que andasse não esquecia Loriga. Faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 2003, com a idade de 58 anos, e após doença prolongada. O funeral realizou-se para o Estoril, sua terra de residência. Foram muitos os amigos e conterrâneos que estiveram presentes para lhe prestar a última homenagem, e o acompanharem à sua última morada para o cemitério local onde ficou sepultado. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre mais um seu ilustre filho, e os seus conterrâneos viram desaparecer alguém, que pelo seu elevado nível de pessoa de enormes qualidades e capacidades, constituiu para todos motivo de orgulho. Fernando Luís Ferreira Ferrão 1958 - 2006 Natural de Loriga onde nasceu em 13 de Setembro de 1958, Filho de Herculano Luis Ferrão e de Maria Emília Ferreira. Sempre solidário, muitas vezes divertido e nunca ambicioso, dedicou grande parte da sua vida às causas sociais, sendo sem margem para dúvidas, um exemplo a seguir, pois quem o conhecia sempre o encontrava, incansável e solícito, em actividade nas colectividades e instituições de Loriga. Pertenceu a vários organismos das sua terra. Foi bombeiro, escuteiro, marchante, actor, músico, enfim, um sem números de causas em que estava sempre pronto para colaborar em tudo de bom para a Loriga. Era um bom bombeiro, sempre a postos para combater os fogos ou a cumprir outros serviços humanitários. Como escuteiro, estava ele sempre disponível a organizar caminhadas com os mais novos. Foi marchante e um entusiasta - 59 das Marchas Populares onde deixou a sua marca com garra e alegria. Foi também actor, longe de querer os holofotes voltados para ele, o "Ferrãozito", como era tratado, era um bom actor, participando activamente no grupo cénico do Grupo Desportivo Loriguense. Como músico começou na Banda de Loriga, animando depois os grupos de música tradicional, "Amanhã" e "Novo Horizonto" onde tocou viola e bandolim. Faleceu inesperadamente na sua casa onde vivia, no dia 6 de Julho de 2006, com a idade de apenas 47 anos, Loriga vê assim desaparecer um dos sue mais conceituados filhos, que muito contribuiu em prol da comunidade e do associativismo e que muito ainda tinha para dar à sua terra. O seu funeral realizou-se em Loriga, tendo tido Honras de Bombeiro, com o corpo levada em carro da corporação dos Bombeiros Voluntários de Loriga para a sua última morada no cemitério local. *** Loricenses Centenários Registo de algumas das pessoas nascidas em Loriga que viveram cem anos e mais. Urbana Pereira (Loriga *) 1885 - 1987 Albano Fernandes Conde (Brasil *) 1888 - 1988 - 60 - Maria dos Anjos Leitão Brito Crisóstomo (Loriga *) 1894 - 1995 Maria dos Anjos Jorge Moura de Joao Luíz (Argentina *) 1904 - (**) António Nunes Moita (Loriga *) 1898 - 1999 (*) Local onde viveram a maior parte do tempo da sua vida. (**) Sabe-se ter completado os cem anos em 2004, mas a partir de então não tenho registo de qualquer outra noticia respeitante a esta centenária loricense. © A.C. (Ano 2008) -1- Algumas figuras notáveis na História de Loriga Padre Theotónio Luiz da Costa * Em 1813 foi colocado em Loriga como pároco-colado, como se dizia na altura e lhe esteve atribuída durante muitos anos, apesar de temporariamente deixar esta localidade por motivo se ter alistado na milícia então organizada na época, para expulsar do solo da Pátria os franceses. Novo e cheio de vida, tinha a particularidade e tudo leva a crer que sim, de ser um homem combativo e enérgico, capaz de dar a vida pela causa que defendesse. Depois de ter contribuído para a expulsão dos franceses, viria novamente a participar nas "lutas" liberais, só depois regressando a Loriga em 1852, já cansado mas ainda com forças para paroquiar nesta "sua" paróquia até aos fins de Novembro de 1855. Apesar de cansado e velho mas estando por dentro das "lutas" liberais, quando regressou a Loriga, teve que enfrentar uma população verdadeiramente inclinada para a causa "Miguelista" tendo por isso muitos problemas, nomeadamente quando no altar e nas suas pregações expressava as suas ideias politicas e, por conseguinte feria aqueles com ideias contrárias. Por esse motivo, chegou ao ponto, de pegar numa cadeira e correr com todos eles até ao adro, quando lhe vinham, no final das mesmas, pedir explicações. Era de comprovado zelo paroquial e apesar da avançada idade permaneceu pároco-colado de Loriga até à sua morte. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Padre Sebastião Mendes de Brito * Pertencendo a família abastada era natural de Loriga, foi na sua terra pároco-encomendado, como se dizia na altura, logo após o pároco-colado Theohtónio Luiz da Costa se ter alistado nas milícias. Padre rígido, disciplinado e bastante zeloso, ao ponto de pensar todos terem por obrigação o cumprimento da religião católica. Muitas vezes, e já paramentado, saía da igreja e obrigava a entrar nela, para assistir à missa, todos aqueles que se encontravam no adro ou que na altura por ali passavam. Viria a falecer no dia 24 de Dezembro de 1851 e segundo os escritos desse tempo foi sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor, no lugar onde o celebrante principiava as missas. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Manuel Matias dos Santos e Figueiredo * -2- Nasceu na Vide, e depois de ter sido Pároco de Piodam, foi colocado em Loriga como Pároco-colado, onde esteve, desde Janeiro de 1860 até 1893. Os 33 anos como Pároco na freguesia de Loriga, foram ferteis em acontecimentos. Homem de uma personalidade bem vincada, onde acima de tudo era reconhecido por ser paciente, teve sempre contra si duas das famílias mais poderosas da terra, as famílias Marques e Britos. Em Novembro de 1982, desabou a igreja matriz, em consequência de um tremor de terra que se tinha sentido em Loriga, no mês de Setembro desse mesmo ano, o Padre Manuel Matias dos Santos Figueiredo, teve arte em conseguir unir todos os loriguenses, juntando a isso todas as forças possíveis, para concretizar a reconstrução, que se viria a verificar. Tendo sido restituída ao culto em fins de Setembro de 1884, para satisfação de todos e do próprio Pároco, que quando ao ver a igreja por terra, pensou que já não seria na sua vida que voltaria a ver a igreja edificada. Foi no seu tempo, quando Pároco de Loriga, que foi construída a Capela de Nossa Senhora da Guia, que na altura se tornou num problema conflituoso, por motivo do local escolhido pelos loriguenses, serem de família abastada na localidade e não aceitava de maneira nenhuma a ocupação abusiva daquele local. Em todo esse processo mais uma vez o Padre Matias, deu mostra da sua total paciência, que tanto o caracterizava. O Padre Matias, ficou na história da igreja de Loriga, que não sendo natural desta localidade, mais anos esteve efectivo como Pároco da Freguesia. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Doutor António Mendes Lages * 1838 - 1916 -3- Nasceu em Loriga no dia 2 de Janeiro de 1838, era filho de António Mendes Lages e de Maria do Rosário de Moura. Com a idade de 21 anos entrou para a Universidade de Coimbra matriculando-se, ao mesmo tempo, em matemática e teologia. Em 1862 matriculou-se em medicina e arrastado pelas doutrinas desvairadas do tempo acamaradou com sociedades suspeitas, perdeu a fé abandonando mesmo as práticas religiosas que frequentara desde criança, chegando até a inscrever-se na Maçonaria. Terminada a formatura em 1867 sempre com excelentes classificações foi exercer clinica no Sabugal onde obteve o partido médico. Em 1870 deixou essa vila e foi para o Porto onde exerceu clínica no Hospital de St. António e, mais tarde, vai para Lisboa chegando a ser chefe de serviço no Hospital de S.José. Casou e foi pai de dois filhos. Com a morte da esposa começou a sentir continuados rebates de consciência que o convidavam a servir a igreja e a emendar a vida desleixada. Pensou ir a Roma expor ao Santo Padre a sua vida, mas antes foi confessar-se em Coimbra onde fez, durante oito dias, os exercícios de Santo Inácio, no final dos quais se sentiu de consciência tranquila e de bem com Deus. Colocando de parte a ideia de ir a Roma dedicou-se à defesa dos operários vindo a fundar a Associação "A Cruz do Operário e Artistas" promovendo conferências sociais que despertaram muito interesse em numerosas localidades e arrastaram muitos à conversão. Pediu admissão como noviço da Companhia de Jesus com 70 anos de idade, pedindo para entrar na Ordem de Jesuítas de Campolide em 1908, seguindo depois para Torres Vedras onde inicia o noviciadado durante três anos. Em 1908 começou a preparar-se para o Sacerdócio, ordenando-se em 7 de Maio de 1910, dia da festa do Patrocínio de S.José em Exaten na Holanda, com 73 anos de idade. Com a implantação da República teve muitos problemas e sofreu perseguições, tendo mesmo sido preso e colocado na prisão de Caxias com outros jesuítas. Quando foi posto em liberdade, exilou-se na Holanda, chegando mesmo a ser-lhe suspensa a carta médica. Os últimos anos da sua vida foram passados na oração e no sacrifício, edificando os religiosos da Companhia pelas suas altas virtudes. Faleceu em Murcia, Espanha no dia 11 de Janeiro de 1916. A Companhia de Jesus em Portugal considerou-o como uma das suas glórias e Loriga pode orgulhar-se de ter sido o berço de tal filho. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Augusto Luis Mendes * 1851 - 1925 -4- Nasceu em Loriga no dia 23 de Janeiro de 1851, filho de Manuel Mendes Aparício Freire e de Maria Teresa Luis Brito, foi um dos maiores industriais desta localidade. Na sua infância frequentou um colégio em Valezim, que nessa época ali existia. Homem culto, dinâmico e acima de tudo muito católico, de muito novo começou a ser atraído para os meios empresariais, passando a ter um conhecimento grande na industria de Lanifícios que o levaria a ser um industrial de sucesso. Era na sua fábrica da Redondinha que teciam os melhores panos e onde os melhores operários de Loriga tinham grande orgulho em ali trabalhar. Casou com D.Eduarda Guimarães, de quem veio a ter cinco filhos, e que viria a falecer quando ainda seus filhos eram novos. Tempos depois voltaria a casar pela segunda vez, com D. Maria do Carmo Monteiro, senhora abastada cuja riqueza junta à do marido, formaram uma das famílias mais ricas existentes nessa época em Loriga. O seu solar era um esmero naquele tempo, tendo ali recebido grandes personagens sociais, políticas e religiosas, mandando mesmo construir uma capela dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora onde, aos Domingos, fazia questão de ali assistir à missa rodeado da sua família e convidados. Nela foram também realizados os casamentos de seus filhos, o baptismo dos seus netos, e velado o corpo da sua primeira esposa, da sua filha Ermelinda, dos seus netos e também o seu próprio corpo, quando do seu falecimento em 1925. Foi sócio da empresa Hidroeléctrica e o grande impulsionador para trazer a electricidade para as industrias de Loriga, que fez também estender pelas ruas da povoação. Foi um dos maiores lutadores para conseguir a ligação da construção da estrada de São Romão a Loriga, assim como teve um papel importante para a criação do Posto Telegráfico e Correios nesta localidade, mandando também construir os poços na serra para que no Verão não falta-se a água para a rega. Reconhecido pelas suas virtudes humanas, era grande amigo dos pobres a quem distribuía esmolas semanalmente. Sendo possuidor de imensas terras de cultivo, viria a ser um grande benemérito para a sua terra que tanto adorava, oferecendo mesmo os terrenos que eram seus para neles ser construído o acesso principal à povoação por estrada. Esta doação foi de grande importância para a sua terra, bem reconhecida pelos seus conterrâneos loriguenses que, como prova de gratidão, e desde logo perpetuaram o seu nome naquele local, passando aquela via a chamar-se Av. Augusto Luis Mendes. Envelhecido, foi ficando quase cego, adoece e é levado para Coimbra, vindo a falecer no dia 26 de Novembro de 1925. O funeral é realizado numa manifestação de dor, onde toda a população chora o homem que muitos consideravam como pai dos pobres, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir para sempre um dos seus maiores beneméritos. * Albrito *** Cónego Manuel F. Nogueira * 1861 - 1944 -5- Nasceu em Loriga no dia 7 de Abril de 1816, era filho de Joaquim Fernandes Nogueira e de Custódia Mendes Jorge e foi baptizado a 18 do mesmo mês. Cursou no Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 10 de Outubro de 1884. No ano seguinte, foi nomeado pároco do Píodam concelho de Arganil, onde transformou aquela freguesia de tíbia em fervorosa, iniciando e radicando nela práticas de piedade e devoções que não eram comuns naquela época, o que demonstra a sua intensa vida interior de fervoroso apostolado. Em 1886 levou para junto de si alguns rapazes para o ensino do curso preparatório dos seminários e do liceu, tendo formado no Píodam uma espécie de colégio por onde passaram filhos de famílias de todas as categorias sociais da região que durou até 1906. Durante esses 22 anos que esteve à frente daquela paróquia, para a população local o Sr.Cónego Nogueira foi como que um anjo enviado por Deus, onde a sua piedade era um dos aspectos mais característicos da bondade e zelo cristão. A sua pregação estendia-se também às freguesias vizinhas onde, percorrendo rudes caminhos pelas serras, levava a doutrina de Cristo e exercendo a sua verdadeira caridade, e distribuindo pelos pobres aquilo que lhe sobrava. Em 1907 foi colocado como director espiritual no Seminário de Coimbra e, em 1914, foi nomeado arcipreste do distrito eclesiástico de Coimbra. Em 5 de Janeiro de 1922, foi nomeado cónego da Sé, pelo Bispo D. Manuel Luiz Coelho da Silva. Mesmo assim e, dentro da feição espiritual que lhe era comum, ficou ainda pároco de Moinhos (Miranda do Corvo) conquistando ali também muita simpatia e admiração. A última vez que voltou à sua terra foi em 19 de Setembro de 1941, com 81 anos, já muito débil. Sentado no altar-mor a população de Loriga desfilou perante ele, ajoelhando-se e beijando-lhe as mãos, numa singela homenagem, para depois se dirigirem para junto do Largo Dr.Amorim, onde seria descerrada uma lápida colocada na casa onde oitenta e um anos antes ali tinha nascido tão ilustre Loricense. Faleceu em 28 de Fevereiro de 1944 no Seminário de Coimbra e foi sepultado no cemitério do Pio, num dia em que choveu torrencialmente o dia inteiro, mesmo assim, não deixaram de ser centenas, as pessoas que o acompanharam à sua última morada, onde se podiam ver todas a classes sociais, assim como, mais de 50 sacerdotes que vieram de longe, representações de muitas comunidades religiosas, representações de muitas paróquias e organismos e até de Piodam, foram pessoas a pé até Coimbra para assistirem ao funeral. Em 1972, no Piodam, foi realizada uma homenagem dos 111 aniversário do seu nascimento, com a presença de muitas centenas de pessoas, onde foi inaugurado um monumento erguido ao Santo Cónego Nogueira, tendo sido dado o seu nome ao Largo da Igreja. Uma homenagem merecida a essa figura que ficou para sempre no coração do povo dessa localidade. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Dr.Joaquim Augusto Amorim da Fonseca * 1862 - 1927 -6- Natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho) onde nasceu no ano 1862, era filho de Francisco da Fonseca e de D. Emília da Fonseca. Foi médico municipal em Loriga mais de 30 anos (1893 a 1927) onde viria a falecer com 65 anos, vítima do dever profissional quando nesta localidade se lutava contra a grave epidemia do "Tifo Exantematico" Homem de profundos sentimentos religiosos, era sempre com um sorriso nos lábios que falava aos pobres, ricos e até às criancinhas. Era verdadeiramente dedicado aos seus doentes, ao ponto de, muitas vezes, o verem chorar quando se via impotente para debelar a doença ou minorar o sofrimento dos seus pacientes. Quando concluiu a formatura médica, casou com D.Urbana Madeira natural da freguesia de Poiares concelho de Arganil, onde fixou residência até à sua colocação como médico municipal na freguesia de Loriga, e onde viria a construir a sua casa de habitação em terreno cedido gratuitamente pelo industrial Abilio L.Brito Freire. Além de Loriga prestava assistência médica às localidades vizinhas, onde se deslocava a pé ou de "mula" quer chovesse ou desse Sol, nevasse ou estivesse vento, nada cobrando a quem quer que fosse. Vivia feliz e alegre e nada lhe faltava, porque lhe ofereciam muitas recompensas materiais, pois era acima de tudo muito adorado pelo povo. Quando faleceu, em 21 de Maio de 1927, depois das respectivas exéquias, o seu corpo ficou depositado no jazigo do Sr.Augusto Luis Mendes. Mais tarde, em 19 de Setembro desse mesmo ano, foi transladado para a sua terra natal e sepultado no cemitério de Pedreira-Felgueiras, por decisão da família, num dia que ficou assinalado com a despedida emocionante do povo de Loriga, todo a chorar e dando adeus a tão grande e bom benemérito desta Vila. Anos mais tarde como prova de gratidão, a Junta de Freguesia mandou erguer uma estátua num dos largos da povoação, que passou também a chamar-se de seu nome. Em 1977 e quando da passagem do Cinquentenário da sua morte, ali lhe foi prestada uma homenagem alusiva a essa data, assim como, a todas as vítimas dessa epidemia de 1927. * Padre António Mendes Cabral Lages (Memórias) *** Pedro de Almeida 1873 - 1959 Nasceu em Santiago de Cassurrães - Mangualde, em 2 de Dezembro de 1873. Colocado em Loriga como professor primário, exerceu proficientemente o magistério, durante longos anos, nesta localidade, onde se veio a radicar. Professor culto, competente, profundamente dedicado aos seus alunos, tinha uma característica própria de ser também muito exigente nos seus ensinamentos. Reconhecido por um republicano verdadeiramente fervoroso, era também rigoroso nas suas ideias e naquilo que acreditava, era um orador fluente, por isso também muito respeitado e admirado. Constituiu toda uma família virada para o ensino. Todos os seus filhos foram professores do ensino primário, que se distinguiram, por onde quer que passaram, e aos quais também doou a tradição republicana. Contribuiu sempre, quando solicitado, para várias organizações loricenses, tendo chegado a desempenhar diversos cargos, entre os quais de Julgado da Paz e Registo Civil. Faleceu em Loriga no dia 4 de Dezembro de 1959, com 87 anos, sendo sepultado no cemitério local. -7- *** José Mendes dos Reis 1873 - 1971 Oficial Superior da Armada de Infantaria (Coronel) nasceu em 1 de Abril de 1873 em Macapá-Pará - Brasil, era filho de José dos Reis e de Maria Águeda Mendes Lemos naturais da Vila de Loriga. Alistou-se com voluntário em Infantaria 5, a 19.11.1889, sendo promovido a Alferes em 30.11.1895, tendo alcançando o seu posto de Coronel em 11.3.1922. Foi professor de esgrima na Escola Prática de Cavalaria e altamente premiadoem diversos concursos dessa disciplina. Em 1911-12 por ocasião das incursões e movimentos monárquicos do Norte comandou um grupo de metralhadoras em operações efectuadas em Braga, Arco de Valdevez, Chaves e Montalegre e foi comandante do destacamento que sufocou a rebelião de Celorico de Bastos em 1912. Comandou a força de Infantaria e Metralhadoras que forçou o Batalhão de Infantaria 21 mobilizado, a depor, a sua atitude de recusa para C.E.P. em França e comandou também uma força que prendeu os oficiais de Infantaria 34 que se recusavam, também a embarcar para a França em 1917. No ano seguinte foi ele mesmo também incorporado no C.E.P em França e em Inglaterra como chefe de uma missão militar. De 1919 a 1926 foi Senador da República em quatro legislaturas consecutivas e ainda 2. e 1. Secretário dessa Assembleia e representou-a como vogal no Concelho Colonial. Por ter chefiado a revolução de 7.1.1927 contra o governo saído do movimento de 28 de Maio, foi separado do serviço de 15.11.1927 a 11.7.1930, tendo sido preso e deportado para Angola e reformado a 12.7.1930. Passando pela ilha da Madeira por motivos de saúde, ali secundou o general Sousa Dias no movimento revolucionário eclodido no Funchal, sendo novamente preso e demitido do Exército em Abril de 1931, mas em 1937 foi reintegrado em situação de reforma. A folha de serviços como militar regista dezenas de altos louvores e condecorações que depois da sua morte e, a após a revolução dos cravos (Abril 1974) passaram a poderem ser visionadas e que fazem parte de um espólio que pertence e está à guarda da Junta de Freguesia de Loriga. São realmente muitas as condecorações e louvores que recebeu, no entanto são apenas algumas as que aqui se registam: -Medalha de Ouro comemorativa das Campanhas do Exército Português com a legenda "Sul de Angola 1914-1915"; Medalha Comemorativa do C.E.P. com a legenda "França 1917-1918"; Medalha da Vitória com estrela; Cruz de Guerra 1.Classe; Grau de Oficial da Ordem de Torre e Espada com palma dourada; os Graus de Comendador das Ordens de Cristo e de Sant´lago de Espada e a Ordem de Mérito Militar de Espanha com distintivo branco. Segundo relatos antigos, quando na passagem e, com alguma influência, pelos meios governamentais da época, o Sr. Coronel Mendes Reis conseguiu fixar em Loriga os Correios Centrais que eram já de grande necessidade, falta que se fazia sentir pois, nesses tempos, era já uma realidade o desenvolvimento das fábricas de Lanifícios nesta localidade. Por motivo de todos os contornos e audácia ao longo da sua vida militar, passou a sentir-se vigiado pelo poder governamental, refugiando-se em Lisboa na sua casa e junto à família, onde velho e cansado viria a falecer com 98 anos de idade, no dia 19 de Novembro de 1971. *** -8- Emilia Mendes Brito 1874 - 1946 Nasceu em Loriga a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível a sua piedade, talvez fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à igreja da sua terra a sua total fidelidade, onde tratava da limpeza, no ornamento dos altares e dando catequese aos mais novos. Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como ela compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus infinitamente humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a viu, que não fosse no lugar mais solitário do templo, entregue à oração mais concentrada. Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era sempre uma presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão grande a sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar de comer o pão para com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não saiam da sua porta Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu dia. Ela era igualmente a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da sua queridíssima Propagação da Fé, inscrevendo novos associados, visitando os pobres protegidos pela Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas das vezes se encontrava à cabeceira dos moribundos recitando-lhes o ofício da agonia, apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos humanos. Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão diariamente. As pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as suas vestes a varrer o chão, passando pelas ruas sempre de olhos baixos como que desejando que ninguém a visse e, quando falava, a sua voz suave prendia todos aqueles que a escutavam, mas ela própria se arrepiava ao ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais insignificante que fosse. Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Fevereiro de 1946 ocorre o seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um sorriso na sua boca, como que feliz, por partir para junto do Senhor a quem dedicou toda a sua vida. O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga, ao verem partir para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a sepultura onde descansa eternamente, e o povo da sua terra, como prova de gratidão, mandou colocar a mármore. Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se encontrar intacto na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das Santas mantém-se tal como foi durante a sua passagem pela vida". *** Maria Ermelinda Mendes Guimarães e Cunha * 1881 - 1926 -9- Nasceu em Loriga, era filha de Augusto Luís Mendes e de Eduarda Guimarães. Notabilizou-se como uma senhora de grande sensibilidade e de uma enorme ternura e amor pelos outros, principalmente para com os pobres da sua terra. Desde muito nova se evidenciaram as suas qualidades de bondade e de amor pelo próximo, bem demonstradas na sua atitude para com os mais necessitados. Numa época em que em Loriga, a pobreza extrema era bem visível, frequentemente, saía do seu Solar da Redondinha, a fim de visitar as casas dos mais carenciados, onde para além de esmola, levava carinho. A virtude de querer fazer o bem, aliada a outras qualidades, fizeram com que fosse adorada pelos pobres de Loriga. Para além das cestas com comida que mandava entregar em casa dos pobres, pelas suas criadas, intercedeu junto de seu pai para que fosse distribuída semanalmente uma esmola pelos mais carenciados, um gesto que se manteve durante muito tempo. Era uma excelente pianista, dando uma certa alegria àquele solar, quando o som das teclas do seu piano se faziam ouvir. Casou com o Sr. Fernandes da Cunha, vindo a ser mãe de quatro filhos. Faleceu no ano seguinte à morte de seu pai, com apenas 45 anos, deixando os filhos ainda muito novos. A sua morte causou grande consternação, e o povo chorou a sua perda. As cerimónias fúnebres foram realizadas na capela da Nossa Senhora Auxiliadora, na Redondinha, propriedade da sua família, sendo o seu corpo depositado no jazigo da família no cemitério local. * Albrito *** Padre António Mendes Cabral Lages * 1884 - 1969 - 10 - Nasceu em Loriga em 23 de Agosto de 1884, filho de Augusto César Mendes Lages e de Rosalina Mendes Gouveia. Foi ordenado sacerdote em 18 de Julho de 1909, pelo Prelado D.Manuel Vieira de Matos na Guarda, tendo celebrado a sua primeira missa em 25 do mesmo mês em Loriga. Pouco tempo depois foi colocado como pároco encomendado como se dizia na altura, na freguesia de Santa Maria de Manteigas e no ano seguinte foi nomeado pároco da freguesia de Aldeia da Ponte onde permaneceu até fins de Junho. Entretanto, como o seu tio e padrinho Monsenhor António Mendes Gouveia Cabral por motivos de saúde e impossibilitado de estar à frente da paróquia de Loriga, fez um pedido ao Prelado para a vinda para a sua terra, que viria a acontecer em Julho desse mesmo ano e na sua terra permaneceu como pároco cerca de 34 anos. Paroquiou também em Valezim, Alvôco da Serra e foi o maior impulsionador para a construção das capelas da Teixeira de Baixo, Frádigas e Fontão. Formado em Teololgia no Seminário da Guarda além de sacerdote sentia-se politico, sendo caracterizado pela sua frontalidade e determinação, defensor dos mais desfavorecidos e dos pobres. Conhecia bem as diferencias sociais existentes na sua terra, por vezes dizia não serem justas e que apesar de não concordar com elas, estranhamente era com elas mesmo que tinha um mais estreito relacionamento. Muito devoto do Sagrado Coração de Jesus primava por ser um verdadeiro cristão. No entanto era, acima de tudo um disciplinador e exigente no ensinamento da catequese, tendo fundado em Loriga alguns organismos da Acção Católica que, mais tarde, o seu sucessor reorganizou. Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga em 1944, nos anos da II Guerra Mundial, onde a lei e justiça eram superados pelos interesses dos mais poderosos e teve grandes problemas com os seus paroquianos. Talvez fosse essa uma das causas mais marcantes para que o Bispo lhe retirasse a paróquia de Loriga, tendo-lhe até sido retirado o direito de celebrar missa no altar-mor da igreja, vindo a ser substituído pelo Sr.Padre Prata natural de Manteigas. Chegou mais tarde a ser pároco da localidade da Cabeça onde durante anos realizou ali obras de grande vulto e de valor, sendo o grande obreiro na edificação da igreja local de bela arquitectura. Já velho e cansado com frequência se podia ver passar umas horas no café do "Zé Maria" ou no "Clube", mas muitas mais horas passava refugiado na sua casa a bater nas "teclas" da sua velha máquina, escrevendo as suas memórias que intitulava de "Para Constar" que infelizmente muitas delas se viriam a perder. Possuidor de muitos bens, ainda em vida resolveu doar tudo à igreja paroquial, doação que foi importante para a Acção Social e Religiosa em Loriga, sendo instalada nesta vila uma Ordem de Irmãzinhas, onde passaria a viver mais acompanhado e acarinhado o resto dos seus anos de vida e onde viria a falecer após doença em 19 de Fevereiro de 1968, com a idade de 84 anos. * Albrito *** António João de Brito Amaro 1890 - 1961 - 11 - Natural de Loriga onde nasceu em 4 de Janeiro de 1890, foi um industrial e comerciante de sucesso, que muito contribuiu no desenvolvimento industrial da sua terra, e que se destaca, entre outros, na verdadeira expansão dos tecidos fabricados em Loriga para outros localidades nomeadamente ao mercado da Beira Baixa. Na sua infância fez parte da Banda Musical de Loriga onde tocava cornetim Era um cristão convicto e um verdadeiro católico praticante, possuidor de um coração bondoso tendo, ao longo da sua vida angariado a estima e amizade dos seus conterrâneos que, mesmo depois da sua morte o recordavam com saudade. Após o seu casamento com Maria José Nunes Brito, também natural de Loriga, o casal rumou para o Brasil - Estado de Manaus. Ali adquiriu uma mercearia que tinha em anexo uma olaria iniciando, assim, a sua actividade comercial que o levaria a manter-se por lá durante alguns anos. Regressou à sua terra em 1923, com alguns dos seus filhos ainda muito pequeninos, e que entretanto por lá tinham nascido e, mais tarde, o casal voltaria a ter mais filhos, mas desta feita nascidos em Loriga. No ano seguinte (1924) fundou em Loriga uma sociedade do ramo de lanifícios com os cunhados António e Alfredo Nunes Luis. Um ano mais tarde (1925) e na ideia de expandir as vendas dos tecidos que nesta localidade se fabricavam e ainda para estarem mais perto dos clientes na Beira Baixa, para onde se destinava a grande parte dos mesmos, compraram uma loja de mercearia na Covilhã, centro industrial por excelência, alterando a gerência da dita casa comercial com o sócio António Nunes Luis, um mês na Covilhã e outro em Loriga. Esta casa comercial na Covilhã viria a encerrar em 1935, passando a Sociedade a ter os seus negócios sediados apenas em Loriga. Entretanto esta sociedade é extensiva a mais familiares, com a finalidade de se expandirem um pouco mais na industria de lanifícios, tendo nesse mesmo ano arrendado a Fábrica da Redondinha (Augusto Luis Mendes & Comp.). Os sócios nomearam-no como gerente da dita fábrica, funções que viria a desempenhar até 1953. Foi também um dos sócios fundadores da fábrica Nunes Brito & Comp., criada em Loriga no mês de Fevereiro de 1948, que nessa época passou a ser uma das mais modernas. No ano de 1939 acontece o falecimento de sua esposa, Maria José Nunes Brito (28.10.1887 - 15.6.1939) com a idade de 51 anos, uma mulher muito sensível no seu trato e dotada de uma inteligência pouco vulgar para a época onde, o seu grande sentido de administração, contribuiu parte muitos dos êxitos nos negócios do marido. A morte de sua esposa foi um duro golpe que abalou profundamente o Sr. António João. Esta figura de Loriga viria a falecer em 5 de Fevereiro de 1961, ficando esta Vila mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus maiores industriais que em muito contribuiu na divulgação e expansão da industria de lanifícios da sua terra. *** Carlos Simões Pereira * 1890 - 1977 - 12 - Nasceu em Loriga em 9 de Agosto de 1890. Segundo se sabe, parece ter nascido para a música e, quando surge a ideia da fundação da Banda nesta vila, passou logo a fazer parte dela, aprendendo música com o mestre espanhol que viria a ser o primeiro regente. Eram tão grandes as suas qualidades para a música, que depressa aprendeu o suficiente e, em 1911, com apenas 21 anos, passou a ser o regente da Banda de Loriga funções que viria a desempenhar até 1914. Emigrou um dia tendo como destino o Brasil, onde esteve sempre em contacto com a música, fazendo mesmo parte e sendo até regente de diversas tunas. Regressou a pedido da família mas, mais tarde, partiu novamente, desta feita até ao Congo (África), mas só, que por lá, não esteve tão perto da música como desejaria. Regressou a Portugal e a Loriga por altura de 1937, e é ainda com mais intensidade que se dedica à música, e entra novamente como músico na Banda da sua terra ocupando-se, também, a ensaiar o Grupo Coral da Igreja Matriz. Era homem de verdadeiro sentido de interpretação musical, exigente, disciplinado e educador, ficando para sempre ligado como uma legenda pelas gerações de músicos que com ele muito aprenderam e, que a instituição musical desta localidade muito lhe ficou a dever. Pensou e reuniu uma série de músicas brasileiras que depois transcreveu para a banda executar com o título de Rapsódia Brasileira, assim como, copiou e aperfeiçoou muitas peças musicais, algumas das quais foram tocadas pela Banda de Loriga. Foi regente da Banda Musical de Loriga, de 1911-14; de 1922-24; de 1951-61 e de 1966-68, era também, acima de tudo, um cristão convicto que muito fez pela igreja da sua terra, tendo ainda, e durante muitos anos, desempenhado as funções de Regedor da Freguesia. Nos anos da década de 1950 e principio de 1960, consegue elevar a Banda Musical de Loriga a altos níveis e que ficaram famosos na história desta instituição. Entre outros feitos, recorda-se quando, entre muitas outras Bandas, foi a Banda Musical de Loriga honrada a tocar o Hino Nacional ao Cardeal António Cerejeira nas Festas da Rainha Santa realizadas em Coimbra no ano de 1956. O "Mestre Carlos" como popularmente assim era chamado, deixa de colaborar na Banda já velhinho, afastando-se completamente aos oitenta anos, vindo a falecer em Loriga no dia 13 de Agosto de 1977 com 87 anos. * Albrito *** António Cardoso de Moura 1892 - 1967 - 13 - Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1892, filho de Emídio Cardoso de Moura e de Benedita Luiz Moura. Uma vida recheada de múltiplos aspectos, teve na sua inteligência a virtude de angariar considerável fortuna, que foram frutos para que ao doá-los à sua querida terra, se tornaria no maior benemérito da Vila de Loriga. Nascido de uma família humilde, passou os primeiros anos entre a educação de seus pais e a frequência escolar, tendo obtido o diploma da 4ª. classe na Guarda. Tinha apenas 11 anos quando foi para o Brasil, com a sua família, trabalhou em diversos estabelecimentos comerciais, mas cedo começou a alimentar a ideia de se emancipar profissionalmente, assim aos 17 anos iniciou o trabalho por conta própria, e foi tão evidente a sua qualidade de trabalho, que se veio a impor-se como verdadeiro comerciante. Posteriormente viria a construir a primeira sociedade com o conterrâneo José Fernandes Gomes, surgindo assim a "União" para impor no conceito geral como casa de sólida constituição e renome no meio comercial. Todavia, seria na sua terra que não esquecia, que viria a começar novo ciclo, ao associar-se com alguns cunhados na constituição da firma industrial Moura Cabral & Comp. Homem de brio e de excepcionais qualidades de trabalho, que vindo de um meio comercial diferente para uma actividade industrial completamente desconhecida, veio a firmar-se como um orientador perspicaz, aliando ao exemplo de homem activo e de nobreza de trato, que fazia de cada fornecedor ou cliente um amigo. Desempenhou funções públicas tanto na Junta de Freguesia da sua terra, como também na Câmara Municipal de Seia, onde foi vereador durante muitos anos. Tinha o lema de acarinhar todas as obras ou iniciativas que tinham por fim desenvolver ou valorizar a sua terra, tendo mesmo pelos seus conterrâneos um certo carinho, que tentava por certos meios proteger, com todos colaborava e a todos subsidiava. Os desprotegidos da sorte ou instituições loricenses, muito dele receberam, não só no incentivo moral, bem como material, como nunca ninguém o tinha feito. Era casado com D. Eduarda Mendes Cabral e Moura (11.11.1894 - 3.3.1971), onde a formação moral e cristã de ambos, se manifestou ao longo de 55 anos do casamento. Se a sua vida não bastasse para constituir um hino de exaltação ao trabalho generoso e honrado, à riqueza de carácter e à generosidade esclarecida, quis ainda prolongar para além da morte esse mesmo lema, deixando a maioria dos recursos tão laboriosamente adquiridos à sua terra Natal. Depois da sua morte e perante a doação feita a Loriga, foi constituída a Fundação Cardoso de Moura, sendo o prédio em que viveu este ilustre loriguense, situado na Rua Coronel Reis (antiga Amoreira), aquele que mais tem sido utilizado em prol da comunidade desta localidade. Já ali esteve sediado, a Junta de Freguesia; a Banda de Loriga; os Bombeiros quando a sua fundação; a Biblioteca; os CTT , enquanto se procediam a obras no edifício dos correios, assim como, foi utilizado com as máquinas da Associação da 3ª.Idade, enquanto não tinham sede, também funcionou ali o Curso dos Tapetes de Arraiolos e os Cortes e actualmente funciona ali o Posto de Informação Turística. Faleceu em 31 de Outubro de 1967, em Lisboa, com a idade de 75 anos, sendo o seu funeral realizado para Loriga, para ser sepultado no cemitério local, conforme sua vontade. Os seus conterrâneos quiseram estar presentes, tomando em massa, parte activa nos ofícios fúnebres e missa, numa expressão sentida de estima e admiração. Esta presença espontânea de toda a freguesia, foi sinal de gratidão que tinham na alma, pois nesta altura ainda ninguém sabia das suas últimas vontades. *** - 14 - António de Brito Pereira 1895 - 1987 Nasceu em Loriga, em 17 de Maio de 1895, filho de António Pereira e de Emília Lopes de Brito. Desde muito novo começou a ter um gosto especial pela Banda, onde ingressou, vindo a notabilizar-se ao tocar diversos instrumentos, mas seria o Bombardino, a consagrá-lo, dizem até, que era um verdadeiro artista a tocar esse instrumento. Homem humilde, de poucas falas, sofreu na carne a sua condição social. Alfaiate de profissão, ou por necessidade, era no entanto, a música que mais lhe estava no coração. Era do pão que lhe faltava em casa, cujo filhos bem sentiram. Só que em vez de cortar mais pano, copiava papéis de música horas e horas sem conto. Só que em vez de alinhavar mais, perdia-se no sonho belo da cultura musical da sua terra. Foi regente da Banda de Loriga, quando era ainda relativamente muito novo, funções que viria a desempenhar muitas mais vezes. No total deve ter estado na regência da Banda de Loriga cerca de 30 anos. Trabalhou sempre incansavelmente para não deixar acabar a Banda da sua terra, porque em determinada altura parecia agonizar, devido a uma boa parte de loriguenses partirem para outras paragens, nomeadamente Sacavém e Brasil. Esteve arredado da Banda Musical durante 30 anos, sofrendo interiormente quase um degredo. E era fácil vê-lo escutando a sua Banda, procurando ser discreto, mas a paixão não o deixava ocultar. Voltaria novamente à regência da Banda Filarmónica da sua terra, depois de todos esses anos, já velhinho, uma vez mais para a salvar. Popularmente mais conhecido por "Mestre Barriosa", foi a muitos que ensinou música, passando-lhe pelas mãos quase todos os executantes da Banda de Loriga no seu tempo, até se dizia que era "ele a fazer a Banda, e depois eram outros a possuí-la". Sendo pessoa de bem tinha na sua modéstia, uma virtude, que ao longo dos tempos lhe fez angariar a estima, a amizade e o respeito dos seus conterrâneos. Chegou a ser regente de outras Bandas, a de Silvares e depois a de Candosa, mas nelas não "murou" muito tempo, pois a Banda de Loriga e a sua terra, para ele eram tudo. Era casado com Maria dos Anjos Alves Dinis, e pai do Albano, Manuel, João, António e Idalina, que tal como o pai muito viriam a fazer pela comunidade loriguense. Faleceu velhinho e cansado em Loriga, no dia 24 de Junho de 1987, o funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultado. Perdendo Loriga um dos seus filhos queridos, que adorando a sua terra, acima de tudo amava a sua Banda, que por ela, grande parte da sua vida lutou, para que continua-se a manter-se bem viva e bem activa. *** José Lopes de Macedo * 1897 - 1974 - 15 - Nasceu em Loriga em 13 de Dezembro de 1897. Deixando a sua terra com destino a Belém-Pará Brasil ainda muito jovem. Estudou na Phenix Caixeral Paraense, onde concluiu o curso de Contador, vindo a ser um dos mais competentes profissionais numa época em que o ensino contábil no Pará ainda não era ministrado a nível superior. Patriota sincero, trabalhou na administração de todas as associações portuguesas luso-brasileiras, existentes no seu tempo e, presidiu por alguns anos no Centro Loriguense de Belém, do qual foi um dos seus fundadores, assim como foi membro de destaque da União Comercial do Prará-Brasil. Notabilizou-se nos desportos náuticos, onde alcançou vitórias para a TUNA, Luso-Brasileira, quando participou de guarnições de remo, que alcançaram o primeiro lugar nas regatas, conquistando troféus para a Entidade que representavam e medalhas de ouro individuais. Grande entusiasta da Obra da Associação do Pão de Santo António, de amparo às pessoas da terceira idade, juntamente com a sua esposa D.Josefina, prestaram aquele organismo, relevantes serviços onde durante muitos anos colaboraram em todas as promoções para angariar fundos para a manutenção dessa notável entidade filantrópica. Homem notável e de boas maneiras, apesar de tudo não esquecia a sua terra, sempre pronto a contribuir quando havia iniciativas a favor dela. Faleceu no Hospital da Beneficiente Portuguesa, em 23 de Março de 1974, vendo Loriga desaparecer mais um dos seus filhos que longe se notabilizou. * Eugênio Leitão de Brito *** Emídio Gomes Figueiredo 1897 - 1969 - 16 - Nasceu em Loriga, e era filho de Manuel Gomes Figueiredo e de Maria Gomes Lages. O "Ti Emídio Correia" como popularmente era mais conhecido, foi um dos maiores pastores da Serra da Estrela, senão mesmo o maior e foi, na realidade, uma referência tradicional dos tempos passados dum pastor loriguense verdadeiramente serrano. Pai de oito filhos, era um homem bom, honrado e simples, era conhecido por todos e com todos ele gostava de falar. A dedicação aos seus rebanhos era algo de impressionante, procurando para eles os melhores pastos que pudessem existir por toda a serra. A serra era o seu mundo, onde passou toda a sua vida como pastor, sendo considerado por muitos, o último guerreiro lusitano dos Montes Hermínios. Ao longo da sua vida teve sempre muitas histórias para contar da serra e dos seus cães, autenticas aventuras, que os mais novos as ouvindo as tornaram lendárias. Praticamente desde criança trabalhou no campo, vivendo da agricultura, mas foi à pastorícia que ele dedicou toda a sua vida, passando metade do ano na serra sem vir à povoação, onde guardava a maioria dos rebanhos da região, chegando mesmo a ser o pastor com o maior rebanho na Serra da Estrela. Há relatos até que dão conta de ter à sua guarda cerca de 10.000 cabeças de gado. Para os seus conterrâneos, o "Ti Emídio Correia", era um símbolo, e tinham por ele enorme admiração e respeito. A sua fama de grande pastor era bem conhecida por todos, tendo um dia sido fotografado, assim como, seu irmão Manuel, também ele um grande pastor, passando a partir de então a figurarem em postais ilustrados como pastores modelos da serra, postais esses que passaram a fazer parte das séries da Serra da Estrela. Conhecia a serra palmo a palmo, percorria caminhos que só ele conhecia, bem como conhecia todos os segredos e mistérios desse mundo serrano que, apesar de ser rude ele o adorava e considerava seu, mesmo, quando uma ou outra vez se sentia frustrado ao sentir-se impotente para lutar com a serra, quando esta era rigorosa e descarregava a sua ira por todo o lado e o impediam de conseguir para os seus rebanhos os melhores pastos. Com a pele enegrecida pelo sol, e pelas aragens frias e rígidas da serra, ainda hoje muitos dele se recordam, quando, ao escurecer, o viam chegar à povoação ou, mesmo estando em suas casas ouviam os seus passos lentos e pesados, arrastando as suas botas cardadas por brochas, ansioso por chegar a casa, e desfrutar um pouco do calor do seu lar e do amor da sua família. Pela manhã, e bem cedo ainda, lá partia novamente, voltando para o seu mundo, onde só ali se parecia sentir bem. Num começo de dia, que parecia igual a muitos outros, o velho pastor prepara-se para mais uma saída com o seu rebanho, coloca ao ombro a velha sacola com a "bucha", pega no seu inseparável cajado, prepara-se para se pôr a caminho. Começa a sentir-se mal, senta-se nos degraus da palheira da Tapada do Amial e, possivelmente deitando um último olhar em seu redor, tranquilamente adormece no sono eterno, quem sabe feliz por deixar esta vida dos vivos, longe da povoação e num mundo que foi todo a sua vida - a serra. Algum tempo mais tarde é encontrado por sua mulher naquele local, onde parecia existir uma verdadeira paz eterna. Junto dele, o seu cão e fiel amigo, fixava o seu olhar no velho pastor, e chorava parecendo um humano, cenário que não mais foi esquecido por aqueles que ali acorreram. Esse mesmo, cão com tal desgosto, deixou de comer e pouco tempo depois morreu também. Faleceu com 72 anos de idade, e o seu funeral realizou-se com verdadeiro pesar pelos muitos dos loricenses que o acompanharam ao cemitério local, onde ficou sepultado. A serra pareceu também ficar triste, não vendo mais chegar até ela, um dos seus últimos herdeiros lusitanos, o velho pastor de Loriga. *** - 17 - Pedro Vaz Leal * 1900 - 1964 Natural da Póvoa da Atalaia (Beira Baixa), onde ocorreu o seu nascimento em 8 de Março de 1900. Completou a instrução primária na sua terra natal, que deixou ainda novo, seguindo com destino a Loriga para se empregar na oficina do Sr. António Ferreira situada no Cabeço Anos mais tarde casou com D. Alzira Machado natural desta localidade. Jovem inteligente e com vocação para aprender, depressa adquiriu uns certos conhecimentos da arte de ferreiro, que levaria a tornar-se em pouco tempo num brilhante profissional. Desde logo, e como também era dotado de uma certa ambição, e pretendia alargar os seus horizontes, pensou não ser, a oficina onde trabalhava, um lugar de futuro. Não foi, por isso, de estranhar a sua mudança para outro lugar, partindo para perto de Lisboa, onde se empregou desempenhando a profissão de ferreiro, dando ainda assistência às máquinas agrícolas nas quintas dessa região. Em 1931 regressa a Loriga para trabalhar por conta própria e, com alguma ajuda, alugou a velha forja do Cabeço, iniciando assim um trabalho cujo crescimento era bem visível e, a partir daí não mais parou. Não se contentando só em trabalhar para Loriga, depressa alargou o seu trabalho para o exterior, não tardando mesmo a ser um dos fornecedores mais creditados das Minas da Panasqueira, sendo ainda no Cabeço, o construtor das primeiras vagonetas para transporte do minério. Aumenta os quadros do pessoal, abre uma nova oficina já mais moderna no Terreiro da Lição, junto com a sua habitação onde sempre viveu. A expansão da sua firma continua a registar grandes progressos, por isso resolve fazer uma fundição na Vista Alegre com serviço automóvel e venda de combustível, acabando mais tarde por fazer novas instalações para onde passaria todos os serviços. Anos mais tarde, e já depois da sua morte, a sua empresa viria adquirir a antiga Fábrica das Lamas podendo, assim, alargar-se ainda mais em Loriga. Sempre caracterizado por trabalhador patrão, teve sempre presente a preocupação de que os seus empregados adquirissem cada vez mais conhecimentos e melhor valorização profissional. Por isso mesmo, a sua Oficina passou a ser uma Escola Técnica que proporcionou, a muitos jovens que por lá passaram, a profissionalização naquela área. A Metalúrgica Vaz Leal, foi uma das maiores Firmas de Loriga, e chegou a ser uma das principais do distrito da Guarda e uma das melhores do Concelho de Seia. Era casado com Alzira Gomes de Pina Leal (28.8.1906 - 7.9.1961) virtuosa senhora de bondade para com os pobres. Aos 64 anos, e após doença prolongada, em 14 de Junho de 1964 morre o Sr. Pedro Vaz Leal. Ficou sepultado em Loriga, à qual ficou para sempre ligado e que, apesar de não ser natural desta localidade ele dizia ser também sua. Na realidade, assim pareceu ser, tendo sido considerado um dos maiores obreiros no desenvolvimento da Vila de Loriga, pelo contributo dado ao longo da sua vida. * Albrito *** Francisco Mendes Campos * 1901 - 1957 - 18 - Nasceu em Loriga em 18 de Fevereiro de 1901, ficando orfãm de pai e mãe, ainda com tenra idade. Foi uma personalidade de destaque na Colónia Loricense de Belém, nas décadas de 1920/50, distinguindo-se como homem de letras, contribuindo também em muitas iniciativas em prol da sua terra. Após a morte dos seus pais, passou a ser criado aos cuidados da avó paterna Emília, que lhe dispensou especial carinho pelo que lhe ficou muito grato, manifestando publicamente, isso mesmo, num sentimental artigo publicado no "Jornal Lusitano" editado em Belém e no qual foi secretário. Foi para Belém do Pará, antes de 1920, onde possuía um tio paterno e outros familiares, formou-se na Escola Prática de Comércio, mantida pela Associação Comercial do Pará, e na qual foi um dos mais brilhantes alunos. Ainda muito cedo manifestou a sua inclinação para o ensino, sendo um excelente mestre de português e de contabilidade, exercendo o magistério na Escola Prática, Phenix Caixeiral Paraense, Grémio Literário Português e Curso Ciências e Letras. No Grémio foi vice-presidente e director de curso. Foi sócio e pertenceu aos corpos administrativos da Beneficente Portuguesa, Associação "Vasco da Gama", Tuna Luso Comercial, Liga Portuguesa de Repatriação, Phenix Caixeiral e Grémio Lusitano. Foi durante muito tempo um assíduo colaborador dos jornais "Lusitano" e "A Colónia" com artigos patrióticos e em defesa de portugueses que eram vítimas de ataques e perseguição de uma minoria dotada de xenofobia. Embora muito novo os seus artigos demonstravam fina sensibilidade. Assim os artigos "À minha Mãe além-túmulo"; "À minha Avó"; "À minha afilhada Vitória" outro sobre o escritor Gomes Leal e ainda uma réplica ao Padre Dubois por causa do poeta Guerra Junqueiro e, também pelo que escreveu contra o Marquês de Pombal, essas réplicas demonstraram grandes conhecimentos e uma maneira própria de o descrever. Em 1923 transferiu-se para Recife, onde se manteve pouco tempo, regressando novamente a Belém. Exerceu o cargo provisório de arquivista no Consulado de Portugal onde a sua inteligência e zelo nas funções ali desempenhadas, eram bem reconhecidas por todos. Viria a falecer ainda novo em 3 de Dezembro de 1957, no Hospital de D.Luiz I, tendo sido sepultado no cemitério de Belém. Loriga foi o seu berço, mas foi em terras distantes que viveu e se notabilizou, e onde ficou também eternamente. * Eugênio Leitão de Brito *** Adelino Pereira das Neves 1901 - 1979 - 19 - Natural de Santa Ovaia, onde nasceu em 15 de Julho de 1901, filho de António Francisco e de Maria dos Prazeres Pereira. Fixou-se em Loriga em 1925, logo após a construção da estrada que passou a ligar São Romão à Vila de Loriga. Criou uma carreira de transporte de passageiros, com um pequeno autocarro, de que era proprietário. Em 1931 fundou uma empresa de transportes públicos, "Auto Viação Serra da Estrela" já então com outras camionetas de passageiros, que ia de Loriga à estação ferroviária de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia de Transportes Hermínios, que passou a operar na região de Seia. Já na condição de aposentado, teve um carro de praça de que era proprietário e, durante algum tempo, exerceu essa actividade. Faleceu em 7 de Janeiro de 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério de Loriga. *** Constança de Brito Pina 1901 - 1981 Grande parte da sua vida dedicou A quem vem ao mundo é para viver De mãos suaves e até milagrosas Muitos Loriguenses ajudou a nascer Nasceu em Loriga no dia 9 de Junho de 1901, filha de Plácido de Moura Pina e de Maria Tereza Luis de Brito. Foi durante mais de 40 anos a "parteira" da sua terra natal. Eram épocas há muito passadas, quando os nascimentos das crianças tirando uma ou outra excepção ocorriam nos domicílios. Por isso, de maneira alguma se poderá ignorar uma pessoa notável que através dos anos, décadas e gerações, prestou assistência a esses muitos nascimentos e que ficou para sempre registada como uma referência e uma legenda de Loriga. Com dignidade e amor à sua terra e aos seus conterrâneos, assistiu e ajudou a nascer gerações de loriguenses, ocorrendo ao chamamento a qualquer hora do dia ou noite, nunca se preocupando se a assistência que ia prestar era para rico ou pobre, nunca exigindo qualquer renumeração e, alguma gratificação que lhe ofereciam, era consoante as posses de cada um. Por tradição era a Sra. Constança que no dia do baptizado, levava ao colo os bebés que tinha ajudado a nascer. Por isso, perdeu o conto de quantos levou à igreja Matriz para receberem o baptismo, dado que foram décadas de anos em que a população se habituou a vê-la com os seus cabelos da cor da neve, a caminho da casa de Deus, sendo até uma das pessoas mais conhecidas de Loriga. Entretanto os tempos mudaram, e os nascimentos deixaram de ser nas próprias casas e aos poucos foi deixando de ser solicitada. Decorria então o ano de 1975 quando, definitivamente, deixou de prestar assistência de "parteira". Era casada com José Pinto Romano. Faleceu em 22 de Abril de 1981, ficando Loriga mais pobre ao ver partir, de certeza para o Céu, a mulher que durante uma vida inteira, foi a primeira a ver um Loriguense a nascer. - 20 - Nota:- No dia 15 de Agosto de 2002, numa homenagem singela, esta figura passou a fazer parte na Toponímia de Loriga, ao ser atribuído o seu nome a uma das ruas desta localidade . *** José Mendes Garcia * 1901 - 1985 Nasceu em Loriga, no ano de 1901, filho de José Mendes Garcia e Maria Teresa Garcia. Homem simples, dotado de um coração generoso e uma alma grande. Trabalhador da industria de lanifícios no sector da ultimação, quedou de velho quando as portas do seu "Regato" não mais se abriram para voltar a sentir o martelar dos seus pisões. Ao falar-se no "Ti Garcia" como popularmente assim era chamado, com naturalidade é recordado ligado à "Amenta das Almas". A ele se ficou a dever, pelo seu desempenho, preservação e continuação desta mais antiga tradição que Loriga se orgulha de ter. De uma voz grave, taciturna, monocórdica, cantou vezes sem conto, pedindo orações pelos mortos, durante cerca de 60 anos, em todas as semanas quaresmais de cada ano. Com ele cantaram várias gerações que seria difícil aqui descrever. Nunca faltava, até porque o ajuntamento se fazia na sua modesta casa, onde nunca faltava os figuitos e a aguardente que carinhosamente a esposa, Tia Cândida, deixava já em cima da mesa toalha de branco. Para o "Ti Garcia" cantar a "Amenta da Almas" era como que sagrado. Essas noites da quaresma, para ele, era de grande respeito, exigindo mesmo a todos que o acompanhavam, um silencio sepulcral, dizia ele, que só assim os corações podiam ouvir e rezar. Distribuía os pontos, para cantar, sempre com a aprovação de todos, porque ninguém teria a coragem de contrariar o homem cujo exemplo era o próprio a dar. Muito crente e devoto, era homem de bem. Se a Fé a todos acompanha, não deverá haver dúvidas, que este homem não pode estar noutro lugar senão junto a Deus. Após a passagem do centenário do seu nascimento, foi finalmente prestada uma justíssima e singela homenagem, pena foi, ter pecado por tardia. Em 8 de Março de 2003, a Junta de Freguesia de Loriga, mandou colocar uma placa evocativa, na casa onde viveu durante grande parte da sua vida, perpetuando assim para as gerações vindoiras o nome desta figura loriguense. Foi casado com Maria Cândida Martins de Ascenção, e desse casamento tiveram os filhos:- António, Emidio, Eduardo, Mário, Laurinda e Irene. Faleceu em 17 de Agosto de 1995 na Guarda, o funeral realizou-se em Loriga para o cemitério local onde ficou sepultado, sendo muitos os loriguenses que o acompanharam à sua última morada. Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos, que muito lutou para que a tradição mais antiga desta localidade não morresse e para que continua-se a manter-se bem viva de geração em geração. * Albrito *** Irene Almeida Abreu 1904 - 1974 - 21 - Nasceu em Loriga em 3 de Agosto de 1904, filha de Pedro de Almeida e de Maria Adelaide Abreu Amaral. Professora de reconhecido mérito, sempre muito dedicada aos seus alunos, tendo herdado os atributos de seu pai, Professor Pedro de Almeida, na missão de ensinar as primeiras letras às crianças. Exerceu o magistério em Loriga, durante quarenta e um anos. Ensinou gerações de alunos, cujos testemunhos evidenciam o rigor, o empenho e o elevado nível de exigência que colocava nos seus ensinamentos, e que se traduziam nos bons resultados por eles obtidos. Casou com Alberto Pires Gomes, que tinha sido colocado em Loriga como professor primário e ali se radicou. Foi homenageada, tal como seu marido, numa singela homenagem, que os antigos alunos lhes prestaram, no dia 22 de Dezembro de 1974, como reconhecimento pelas suas virtudes de grandes educadores. Como prova de gratidão esta ilustre professora faz parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome, a uma das ruas da Vila situada no Bairro das Penedas. Faleceu em Loriga no 2 de Abril de 19821, sendo sepultada no cemitério local. *** António Moura Pina * 1907 - 1988 - 22 - Nasceu em Loriga em 15 de Setembro de 1907. Ainda novo foi aprendiz de tecelão, mas foi a profissão de sapateiro que ele viria desempenhar durante toda a sua vida, que o tornou um grande oficial nesta arte e com certa fama nos arredores. Homem popular e de boas maneiras, notabilizou-se por uma juventude de boémio, trovador, comediante, cantando serenatas que deleitavam os ouvidos das moças dos anos da década 1920 em Loriga. Nos bailes, vestia-se de mulher, fazendo critica de tudo que lhe parecia errado na sua terra sendo, por isso intitulado de "desavergonhado". Sempre de grande dedicação à música, passa pela Banda de Musical, ensina ainda viola e bandolim a muitos estudantes que se reuniam na sua sapataria que, mais parecia um local de verdadeiros concertos musicais, sobrando-lhe ainda tempo para fazer parte do Grupo Coral da igreja matriz, tocando o órgão. Verdadeiramente religioso, foi sempre um fiel servidor da igreja, ensaiado diversos grupos litúrgicos, sendo até um dos fundadores da Liga Eucarística dos Homens. Durante muitos anos exerceu ainda as funções de zelador da Irmandade, cargo que desempenhou com muita vocação e muita eficiência na organização das procissões, na distribuição das velas, na montagem trabalhosa da Essa ("Ercia" como era assim chamada pelo povo), para os funerais e o respectivo anúncio, logo pela manhã, dando volta à rua com a campainha na mão. Grande entusiasta pelo teatro amador que se realizava em Loriga, tinha verdadeira jeito na arte de representar, fazendo rir a plateia. Simultaneamente ensaiava e tocava ele próprio as músicas tanto à viola como ao bandolim sem nunca se cansar. Era Casado com Idalina Mendes Luis (21.4.1911 - 20.8. 1966). O Senhor António "Calçada" como popularmente assim era chamado, foi pai de 9 filhos, vindo a sofrer imenso com a morte do seu filho António, muito perto de ser Padre. Loriga já se congratulava com a ordenação de mais um sacerdote, mas por imposição dos meios eclesiásticos, esta ordenação, não se veio a concretizar. Tudo isto dois anos antes de ter ocorrido a morte deste seu filho. Apesar de a doença o ir vitimando aos poucos, trabalhou até ao fim da sua vida, com o mesmo entusiasmo de sempre, passa os últimos tempos a caminho da Senhora da Guia e do cemitério rezando o terço. Veio a falecer no dia 27 de Novembro de 1988 e Loriga viu desaparecer um homem do povo que tocou música, cantou, representou, fez rir e provavelmente também fez chorar. * Albrito *** Alberto Pires Gomes 1910 - 1979 Nasceu em 28. de Junho de 1910. Colocado em Loriga, como professor primário, ali se radicou, onde veio a casar com D. Irene Almeida Abreu, também professora. Eram sobejamente conhecidas as suas qualidades como pedagogo, não só pelos seus colegas como também pelos seus alunos. Leccionando em Loriga durante longos anos, foram bem reconhecidos os grande benefícios que espalhou por esta localidade, ensinando gerações e gerações de loriguenses. Foi homenageado, bem como a sua esposa, numa singela homenagem, que os antigos alunos lhes prestaram, no dia 22 de Dezembro de 1974, como reconhecimento pelas suas virtudes de grandes educadores. Como prova de gratidão, este ilustre professor faz parte da Toponímia de Loriga, sendo atribuído o seu nome a uma das ruas da Vila, situada no Bairro das Penedas. Faleceu em Loriga, em 6 de Outubro de 1979, ficando sepultado no cemitério local. - 23 - *** José Luis dos Santos 1911 - 1993 Nasceu em Loriga em 5 de Outubro de 1911, filho de José Pinto Luis e de Maria do Carmo Santos. Um dos mais conceituados comerciantes de Loriga, reconhecido pelo seu dinâmico espírito para o meio negocial. As sequelas físicas, por motivo de um grave acidente originado por uma bomba de foguete, ocorrido quando era ainda criança, nunca foram impeditivas para o desempenho de qualquer actividade, nomeadamente, no ramo comercial. Sempre disponível para actividades da comunidade, durante muitos anos desempenhou funções na Irmandade das Almas, tendo sido igualmente importante, o seu contributo na década de 1940, como Escrivão de Loriga. Fixou em Loriga um Depósito central de tabaco e, durante décadas, abasteceu toda a região sendo, por isso, muito conhecido por todo o lado. Faleceu em Loriga 25 de Outubro de 1993, sendo sepultado no cemitério local. *** Mário Fernandes Prata 1910 - 2000 - 24 - Nasceu em Loriga a 3 de Agosto de 1910, sendo filho de Francisco Fernandes Prata e de Eduarda Pinto da Neves. Foi o sacristão da sua terra durante 48 anos, funções que desempenhava com toda a sua dedicação e onde a sua virtude de homem bom, granjeando ao longo da sua vida a amizade e a estima dos seus conterrâneos, onde em cada um tinha um verdadeiro amigo. Nascido no meio de uma família muito religiosa, foi baptizado dois dias depois do seu nascimento, ao crescer foi cultivando as qualidades que Deus lhe deu, tornando-se um homem sério, honrado, humilde e respeitador, por isso a admiração que toda a gente tinha por ele. A sua vida foi toda dedicada à agricultura e à igreja, tendo sido por mero acaso que começou a desempenhar as funções de sacristão. Na década de 1940, o pároco de então, Sr. Padre Prata, pediu-lhe para desempenhar essas funções enquanto o sacristão em actividade se encontrava doente. Assim com a promessa de apenas uns dias, passou a meses, e consequentemente passar depois as desempenhar as funções definitivamente. Uma maneira serena de estar na vida, a sua calma, a sua postura e o respeito quando estava na igreja, chegava a ser mesmo impressionante, um exemplo a seguir por toda a gente e principalmente por uma juventude que tinha por ele uma certa admiração e respeito. Foi o Sacristão numa Loriga de outras eras, onde os tempos eram difíceis e em que a população era muito mais, por conseguinte, eram também muitos mais os praticantes. Durante muitos desses anos, foram muitos os padres que ele conheceu, nomeadamente coadjutores que passaram por Loriga, para muitos deles o Sr.Mário Prata, foi mais que um sacristão, era acima de tudo um amigo um conselheiro, que na hora da despedida, não queriam partir sem lhe dar aquele abraço como prova de gratidão Era casado com a Sra. Maria dos Anjos, tiveram nove filhos, aos quais procurou incutir as mesmas virtudes por ele vividas. Na companhia de sua esposa e após deixar a sua actividade de sacristão, fixou-se em Coimbra, junto à família e ali viveu durante alguns anos. Viria a falecer no dia 8 de Dezembro de 2000, após doença. O seu funeral realizou-se para a sua terra que ele tanto amava, onde ficou sepultado no cemitério local. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre uma das suas figuras, o sacristão de muitos anos, ou melhor o Homem, que não queria dar nas vistas, mas as suas qualidade e as suas virtudes ficaram para sempre marcadas numa certa geração de loricenses. *** Maria dos Anjos Pinto Neves 1912 - 2002 - 25 - Nasceu em Loriga, em 6 de Março de 1912, filha de Beatriz Pinto Neves, sendo, por isso, mais conhecida por "Dos Anjos da Beatriz". Foi cozinheira de casamentos, baptizados, aniversários, festas religiosas e outros eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária e, por isso mesmo, a magnifica comida que confeccionava era apreciada por todos. Durante dezenas de anos cozinhou para as mais variadas festas, tendo sido mesmo, a cozinheira que mais tempo esteve em actividade ao serviço da comunidade loriguense. Sempre muito solicitada, não só em Loriga, como também para outras terras vizinhas, nunca dizia que não quando à porta lhe batiam a pedir-lhe para ser a cozinheira de qualquer boda que fosse, nunca fazendo preço ao seu trabalho, apenas aceitando o que lhe queriam dar. Nesses tempos, as pessoas pagavam normalmente com alguns artigos de mercearia e algum dinheiro, no entanto, quando via que as pessoas eram pobres, apenas aceitava a mercearia, recusando-se a receber o dinheiro. Esposa dedicada e mãe extremosa de nove filhos, que criou e educou com o maior desvelo e carinho, era também uma pessoa muito activa e despachada, parecendo ter sempre qualquer coisa para fazer. Religiosa convicta, era reconhecida pelas suas qualidades humanas, sendo a sua bondade e a sua sensibilidade para com os mais desfavorecidos, por demais evidente e, por todas essas razões, era muito respeitada pelos seus conterrâneos, que por ela tinham grande admiração. Faleceu em Loriga no dia 27 de Setembro, com a idade de 90 anos e o seu funeral realizou-se para o cemitério local, onde ficou sepultada. Foram muitos os loricenses que a acompanharam à sua última morada, ficando Loriga, mais pobre ao ver partir com saudade uma mulher que tão soube exercitar a sua arte de cozinheira do povo. *** Cónego António Antunes Abranches 1913 - 2003 - 26 - Nasceu em Loriga, em 9 de Dezembro de 1913, filho de José Antunes do Carmo e de D. Leonor Dias de Figueiredo. Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi para Lisboa com a idade de 12 anos. Dois anos depois ingressou no Seminário de Santarém, para mais tarde frequentar os Seminários pertencentes ao Patriarcado em Lisboa. Foi ordenado sacerdote no Seminário dos Olivais em 29 de Junho de 1938, seguindo-se tempos de muito trabalho, nomeadamente em outras paróquias, ajudando outros colegas. Poucos meses depois, teve a oportunidade de deslocar-se a Loriga, para finalmente celebrar a primeira missa na terra que o viu nascer. Estava há ainda à poucos dias na sua terra, quando foi chamado ao Cardeal Cerejeira, sendo então nomeado para ficar ao serviço do Patriarcado de Lisboa, trabalhando em diversas tarefas, nomeadamente na Acção Católica. Seria colocado na Paróquia de Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo, por motivo de o Pároco local se encontrar doente, onde se manteve durante cerca de 22 meses, executando ali um trabalho de grande valor. Foi professor na Escola Central de Graduados da Mocidade Portuguesa e depois na Casa Pia de Lisboa, onde chegou a ser o Capelão-Chefe cargo que desempenhou durante 4 anos. A partir de Outubro de 1945, foi colocado como Pároco na recém-criada Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma das novas paróquias das chamadas "avenidas novas" e onde se manteve até 1995, chegando, também, a acumular a paróquia de S.João de Deus. Foi de relevo todo o seu trabalho em prol da igreja, ao longo da sua vida sacerdotal. Sempre de espirito aberto e atento à evolução dos tempos, entregou-se totalmente a promover actividades que pudessem contribuir para uma presença da Igreja no mundo actual, nomeadamente nos meios de comunicação social, como o cinema e a televisão. Com um acentuado sentido de organização, por onde ia passando, deixava a sua marca em estruturas sólidas que permitiam às pessoas saberem onde situar-se e como tirar o melhor partido para as suas vidas e actividades. Amava a sua terra e a ela se referia com muito carinho e estima e, sempre que podia, aproveitava para ali passar uns dias de merecidas férias. Tinha imenso gosto em apresentar Loriga aos outros, por isso com regularidade a visitava com pessoas amigas e das suas relações. Em 1988, chegou mesmo a levar a Loriga, em visita particular, o Sr. Cardeal D. António Ribeiro. Gostava de ir a Loriga para assistir à Festa da Nossa Senhora da Guia, onde muitas das vezes foi o pregador. A sua voz forte e dinâmica, prendia todos aqueles que o escutavam, e que parecia chegar para além do recinto e da catraia. Durante 50 anos como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, uma grave doença impossibilitou-o, nos últimos anos da sua vida, de poder continuar a desempenhar essas funções paroquias, bem como, de visitar a sua terra como tanto gostava. No entanto permaneceu com o título de Pároco Emérito desta Paróquia, até ao fim da sua vida. Faleceu em Lisboa no dia 21 de Abril de 2003, tendo sido realizada na igreja de Nossa Senhora de Fátima, a missa do seu falecimento, que foi presidida pelo Cardeal de Lisboa D. José Policarpo. No dia seguinte o seu corpo seguiu para Loriga onde foi realizado o funeral, sendo sepultado no cemitério local na campa da Mãe, como era seu desejo. Ficando esta localidade mais pobre ao ver partir um dos seus filhos que, notabilizando-se longe dela, nunca a esqueceu. *** Manuel Gomes Leitão Júnior * 1914 - 1990 - 27 - Natural de Loriga, onde nasceu em 30 de Maio de 1914, era filho de Manuel Gomes Leitão e de Maria do Carmo Nunes Cabral, também naturais de Loriga. Verdadeiro bairrista e grande amigo da sua terra, a par da sua actividade como industrial de renome, na área dos lanifícios, desenvolveu outras actividades para as quais estava naturalmente vocacionado, e que estavam relacionadas com a sua paixão pelas letras. Assim, foi correspondente do Diário de Coimbra, onde escreveu algumas rubricas, bem como em outros jornais prontificando-se, sempre que se justificasse, a escrever sobre a sua terra. Estudou na Covilhã, onde concluiu o curso de Debuxo na Escola Campos de Melo. No entanto o âmbito da sua actividade profissional como industrial de lanifícios era mais alto, alargando-se a outras áreas. A ele se ficou a dever a organização da primeira fábrica de malhas em Loriga, que viria a ser de grande importância num novo desenvolvimento industrial desta localidade. Muito dinâmico desejando o melhor para a sua terra, estava sempre pronto a contribuir em tudo o que estivesse ao seu alcance. Foi director da Banda Musical, foi Juiz da Irmandade das Almas, sendo ainda um dos grandes impulsionadores na construção do bairro social Eng. Saraiva e Sousa, hoje Vista Alegre, assim como teve grande influência na instalação de um Posto da GNR em Loriga. Fundador do Grupo Desportivo Loriguense onde, por diversas vezes, fez parte dos corpos sociais, era um grande apaixonado pelo futebol, tendo mesmo criado, nesta colectividade, as melhores equipas de sempre. Para além disso, sonhava também com a existência de uma juventude culturalmente desenvolvida na sua adorada terra. Com 35 anos de idade foi Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, onde executou um trabalho brilhante apesar das dificuldades da época, nomeadamente no que diz respeito a algum saneamento básico da povoação. Foi também o grande obreiro do "deita abaixo" dos balcões (incluindo o seu), que existiam um pouco por toda a Vila e que, em grande parte, dificultavam o acesso a muitas das ruas e becos. Tinha ainda como um dos seus maiores anseios conseguir dar à Vila de Loriga, o asseio, a beleza e a cultura da sua gente. O Sr. "Manuelzinho" como assim era chamado pelo povo, passou os últimos anos da sua vida em Lisboa. No entanto, nunca esqueceu a sua terra, onde quis descansar para sempre, junto dos seus pais, vendo Loriga partir em 27.03.1989, um dos seus filhos que muito fez para o seu desenvolvimento e progresso. * Albrito *** Herculano Brito Leitão 1914 - 1997 - 28 - Nasceu em Loriga; em 12 de Agosto de 1914, e era filho de José de Brito Crisóstomo e de Maria do Anjos Leitão Brito. Um verdadeiro bairrista que, apesar de estar afastado da sua terra, tinha-a junto ao coração e queria para ela o que de melhor pudesse haver. Sempre que tinha conhecimento das várias carências existentes em Loriga, tudo fazia para conseguir que essa carência fosse ultrapassada estivesse onde estivesse. Notabilizou-se por ser o grande impulsionador e fundador dos Bombeiros Voluntários de Loriga, uma das carência existentes na sua terra, concretizando, assim, não só o seu sonho, como todos os loriguenses. Homem amigo do seu amigo, era de ideias firmes e claras, colocando nos seus objectivos as ideias em que acreditava. Os Bombeiros para Loriga eram uma prioridade mas, para a pôr em prática, teve que percorrer um longo caminho, dirigindo-se aos organismos competentes, vencer a burocracia, socorrer-se de gente influente, e debater-se também com algumas frustações. Contudo, no final, viu o seu trabalho recompensado com a fundação da Associação do Bombeiros Voluntários de Loriga, em 16 de Abril de 1982, o maior organismo criado em Loriga nas últimas décadas. Tinha apenas 12 anos quando foi para o Brasil, na companhia da sua família, passando a viver na cidade de Belém-Pará. Por lá se manteve durante 25 anos, não esquecendo nunca a sua terra, notabilizando-se também em iniciativas em prol de Loriga. Regressou a Loriga na década de 1940, tendo fundado na sua terra a Sociedade Industrial de Malhas e a Sociedade Comercial Irmãos Leitão Lda. Mais tarde partiu para Lisboa onde se fixou, para tempos depois se radicar em Santarém onde permaneceu largos anos. Do casamento com D.Inadina Ferreira Leitão, tiveram dois filhos António José Ferreira Leitão e Maria de Fátima Ferreira Leitão. Viria a ter um segundo casamento com Maria Eugénia Madeira Pereira Leitão. Depois de ter concretizado o sonho dos Bombeiros de Loriga, num novo desafio se envolveu. Desta vez, era no projecto de um Jornal para Loriga, uma ideia pela qual também muito viria a lutar, sem no entanto poder ver a sua concretização. Apesar de ter a convicção de que o projecto do Jornal não seria fácil, não era, no entanto pessoa de desistir logo que surgissem os primeiros obstáculos. Mas também foi certo, que estaria longe de imaginar as complicadas barreiras que lhe apareceram pelos caminho e que foram difíceis de ultrapassar, e que contribuíram para atrasar todo esse processo, nunca chegando a concluir o sonho então idealizado que era o projectado Jornal "Noticias de Loriga". Faleceu no dia 13 de Abril de 1997, em Santarém, onde foi sepultado no cemitério local. Aí se deslocou uma delegação dos Bombeiros Voluntários de Loriga, para o acompanhar à sua última morada, homenageando, assim, com um sentimento de gratidão, esta figura loriguense a quem os Bombeiros e Loriga muito ficaram a dever e que não poderá ser esquecido. Herculano de Brito Leitão foi, pois, uma Figura que ficou ligada aos Bombeiros de Loriga, que passou a ser uma referência desta instituição como fundador Nr.1. Por isso é bem ilustrativo e de justiça a sua fotografia figurar nas paredes da sede desta corporação. *** Joaquim Gonçalves de Brito 1915 - 2001 - 29 - Nasceu em Loriga, em 15.08.1915, filho de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito. Bairrista convicto, que tanto amava a sua terra e, que por ela sempre lutou e fez tudo o que estava ao seu alcance para o seu desenvolvimento. Ainda muito novo, começou a trabalhar como empregado de escritório, em Loriga, e depois em Coimbra, no armazém de Lanifícios do industrial Sr. Carlos Cabral Leitão. Ainda rapazinho, foi contínuo na Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga, uma Associação destinada apenas à classe alta desta Vila, tais como, médicos, industriais, professores, padres etc. Esta sociedade seria mais tarde extinta dando lugar à Sociedade Loriguense de Recreio e Turismo, onde o Sr.Joaquim "Alho", como popularmente era conhecido, viria a fazer parte das diversas direcções. Fez parte de quase todas as direcções dos organismos de Loriga, sendo mesmo um dos fundadores do Grupo Desportivo Loriguense, pertencendo aos diversos Corpos Gerentes que por lá passaram. Na época, a fundação deste Clube, foi de grande importância para esta localidade a qual teve, como finalidade, atrair para o desporto, a grande massa de jovens existente nesta Vila preenchendo, assim, de forma saudável, os tempos de ócio. Pertenceu à direcção da Banda de Loriga, quando em 1956, esta associação atingiu um dos pontos mais altos da sua história, ao abrilhantar as Festas da Rainha Santa em Coimbra. De 1972 a 1976, pertenceu à direcção da Junta de Freguesia de Loriga, constituída por:-António Pinto Ascensão-Presidente, José de Pina Gonçalves-Secretário, e por ele próprio como Tesoureiro. Embora sendo uma época problemática, em que os meios financeiros eram escassos, funcionando sem subsídios, conseguiram levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como uma Vila mais moderna. Foi também Vereador da Câmara Municipal de Seia, durante quatro anos, sendo responsável pelo pelouro das obras. Dedicou-se à indústria, pertencendo à Sociedade Industrial de Malhas de Loriga tendo, mais tarde, constituído a firma Gonçalves & Nunes, Lda., uma fábrica de confecção de malhas. Posteriormente, fundou a firma de construção civil, "Joaquim Gonçalves Moura" que teve, no seu irmão José Gonçalves Brito, o seu braço direito e seu sócio. Com a colaboração dos seus sobrinhos, alargou o âmbito de actividade da empresa para outros ramos da construção civil, passando a ser muito reconhecida na região. Homem de uma calma impressionante, tinha uma maneira própria de estar na vida. Nunca casando, dedicou a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente os sobrinhos. A morte de seu irmão José, após doença prolongada, foi um rude golpe para ele. No entanto, resignado, continuou a orientar e a colaborar com os seus sobrinhos na empresa que se orgulhava de ter fundado. Sendo uma pessoa muito considerada na Vila e na região, era sempre atencioso com quem se lhe dirigia solicitando ajuda ou orientação para a resolução de qualquer problema. Faleceu em 31 de Julho de 2001, no Hospital de Viseu, aos 85 anos, e foi sepultado no cemitério de Loriga, sendo recordado pelos Loricenses, como um bairrista que tanto amou a sua terra. *** António Fernandes Gomes * 1915 - 2004 - 30 - Nasceu em Loriga, em 20 de Janeiro de 1915, Filho de José Fernandes Gomes e de Aurora Mendes Dias Santos. Conhecido por "Repórter Max", escreveu muito sobre a sua terra e a região serrana onde, nos seus artigos, exprimia a sua grande preocupação pela dignificação de Loriga e da região da sua Serra da Estrela, como também pela promoção das actividades tradicionais, e pela preservação das características paisagísticas e arquitectónicas desta região serrana. Fez parte dos quadros da Armada Portuguesa, tendo percorrido os quatro cantos do mundo, chegando a exercer o cargo de delegado marítimo em Benguela (Angola). Foi um dos mais activos defensores da imprensa regional, em cujos congressos nacionais se destacava sempre. Adorava a sua terra e foi, seguramente, quem mais escreveu sobre ela, quer em jornais nacionais, como o "Século" e o "Diário de Noticias", quer em jornais regionais, como a "Voz da Serra", "Porta da Estrela" e "A Neve". Escreveu, também, em muitos outros jornais do antigo ultramar português, nomeadamente, a "Voz de Macau" e o "Jornal de Benguela". A sua obra conhecida está reunida em três volumes que intitulou "Crónicas do Repórter Max", com edição do autor, onde estão compilados textos abarcando várias temáticas que escreveu em vários jornais. Faleceu no dia 3 de Julho de 2004 em Lisboa, onde foi sepultado. * Jornal "Garganta de Loriga" *** Padre António Roque Abrantes Prata * 1917 - 1993 - 31 - Natural de Santa Maria de Manteigas, onde nasceu em 15 de Outubro de 1917, foi ordenado Presbítero em 8 de Setembro de 1940. Após ter estado algum tempo em Pero (Viseu) foi colocado como pároco de Loriga em 1944, onde se manteve durante 22 anos, localidade que viria a deixar em 18 de Dezembro de 1966 por motivo de ter sido chamado para trabalhar a tempo inteiro nas actividades pastorais da obra de Santa Zita em Lisboa. Na sua passagem de mais de duas décadas na Paróquia de Loriga, ficaria para sempre ligado a uma certa geração que não mais o esqueceu e o considerou uma das maiores figuras que a história de Loriga jamais conheceu. Grande entusiasta da juventude e entrega total à igreja, desenvolveu em Loriga uma larga e eficiente Açcão Social, nomeadamente na dinamização e impulso que imprimiu na fundação, orientação, apoio e ainda com grande contributo no desenvolvimento da freguesia. De grande zelo e convicções religiosas fez da doutrina aprendida a sua verdadeira vida durante os 53 anos de sacerdócio, sendo sempre de uma entrega total ao serviço do Senhor e da sua Igreja, onde a sua personalidade e respeito são virtudes dignas de registar. Enérgico nos seus pensamentos e nas suas ideias, para levar até ao fim tudo em que se envolvia, era um verdadeiro defensor dos mais desfavorecidos nomeadamente dos operários, ousado, ao dar força para que fosse devolvida aos trabalhadores a autonomia sindical notabilizando-se até, por acompanhar um grupo de Jocistas numa entrevista pedida ao então Primeiro-Ministro Dr. Oliveira Salazar. Enfrentou também em Loriga uma sociedade poderosa, por isso nem sempre foi totalmente pacifica a sua passagem por esta vila, tendo até existido um certo movimento de protestos enviados ao Bispo da Guarda, com ecos escritos e furiosos os quais o Sr.Padre Prata soube enfrentar como pároco de todos e de tudo. Durante a sua permanência em Loriga serão para sempre recordadas as suas obras que fundou e fez movimentar ou renascer outras já existentes e ainda na criação de muitas mais acções importantes para a população. Ficam aqui registadas algumas que ficam para sempre perpetuadas para as gerações vindoiras, e a frase que na sua simplicidade, costumava dizer "só Deus é que vê e julga as obras e as intenções" J.O.C.F.; L.O.C.; L.O.C.F.; Centro da Assistência Paroquial; Casa de Santa Teresa; Socorro Paroquial Loricense; Apostolado da Oração; Museu Paroquial; Biblioteca Paroquial; Património dos Pobres; Agasalho aos Pobres, o reaparecimento como Boletim Paroquial "A Neve" ; Lâmpadas Vivas, Curso Unificado da Telescola; Bolsa de Estudos de N.S. da Guia: Sopa; Cantina; Rosário Perpetuo; Lausperene Semanal; Missões Paroquias; Retiros-Recolecções; Acção Missionária; Irmandade do Sacramento das Almas; Cursos de Cristandade; Conferência Vicentina e a construção da Residência Paroquial e Salão. A 8 de Dezembro de 1990, foi homenageado em Loriga no dia que fez as Bodas de Ouro sacerdotais numa verdadeira festa de fraternidade e de amizade do povo desta localidade, a que se associou também o Sr. Bispo da Guarda. Grande multidão aguardou na "Carreira" a chegada do Sr. Padre Prata e do Sr. Bispo que num cortejo informal pelas ruas, acompanhados pela Banda Musical, seguiu para a igreja onde foi efectuada uma concelebração, seguindo-se um almoço realizado no Salão Paroquial a que assistiram 230 pessoas. Faleceu por motivo de doença que o vinha vitimando, na manhã do dia 18 de Julho de 1993, na Casa se Santa Zita. O funeral realizou-se no dia seguinte para o cemitério dos Prazeres de Lisboa onde ficou sepultado. Deixou no seu testamento uma doação a Loriga, pedindo aos seus familiares para entregarem ao Centro de Assistência Paroquial de Loriga a quantia de 6.800 contos. Em Agosto de 2001 e véspera da Festa de Nossa Senhora da Guia, foi inaugurada uma rua em Loriga à qual foi dado o seu nome, uma homenagem de gratidão que os Loricenses lhe deviam. - 32 - No dia 15 de Dezembro de 2003, os restos mortais do Senhor Padre Prata, foram transladados do cemitério de Manteigas para o cemitério de Loriga, concluindo-se assim, a vontade sempre manifestada em vida de tão proeminente figura, em repousar eternamente junto dos paroquianos que tanto amou durante os anos que paroquiou Loriga. * Albrito *** Carlos Fernandes Urtigueira 1917 - 1996 Nasceu em Loriga a 26 de Fevereiro de 1917, filho de Alberto Fernandes Urtigueira e de Maria Emília Pinto Ascenção, Alfaiate de profissão, cortava o pano e alinhava os fatos tal como os seus dedos tocavam as cordas da sua guitarra. Era um grande profissional, talvez mesmo um dos melhores alfaiates de Loriga. Era na realidade um verdadeiro artista, tendo sempre a preocupação de actualização e modernidade. Começou a trabalhar numa alfaiataria situado no Santo Cristo, mais tarde mudou-se para o Largo Dr. Amorim da Fonseca, passando ainda pela "Carreira" para finalmente fixar a sua alfaiataria "Académica" na Rua principal da Vila, por cima do estabelecimento do Sr. José Luis Santos. Foi durante a sua vivência em Loriga a alma do Fado de Coimbra cantado na sua terra. Pela sua alfaiataria "Académica" passaram as diversas gerações de estudantes, e nela havia sempre uma guitarra e uma viola para acompanhar os que se dispusessem a entoar a velha canção coimbrã. Tinha ainda tempo e sempre disposição, para se juntar a outros loriguenses, que por vezes se reuniam nos balcões das ruas em verdadeiras serenatas, onde as cordas da sua guitarra faziam espalhar aquela melancólica música que deleitavam os ouvidos das pessoas que passavam. O falecimento da sua esposa Ermelinda, em 1959, foi um duro golpe e uma grande perda para os seus filhos, Fernando, José Alberto, Natércia e Maria Amélia. Procurando uma vida melhor, que a sua terra parecia não lhe poder dar, deixou Loriga na década de 1960, radicando-se na Póvoa de Santa Iria, mais tarde no Prior Velho e depois em Sacavém, onde instalou a sua alfaiataria. O fado de Coimbra parecia fazer parte de si, por isso mesmo, tinha sempre presente a sua velha guitarra, que mesmo longe de Loriga, o faziam continuar a dar alma ao velho fado dos estudantes que ele tanto amava. O Carlos "Governo" como popularmente era assim conhecido, deixou raízes nos seus filhos, Fernando e Zé Alberto, dignos continuadores dessa herança de tocadores de guitarras e violas, que ainda hoje deliciam todos aqueles que os escutam. Faleceu em Sacavém, após doença prolongada em 31 de Dezembro de 1996, e o funeral realizou-se para o cemitério local onde ficou sepultado. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre um dos seus filhos, recordando as suas qualidades de bem tocar o fado de Coimbra que ficaram para sempre marcadas numa certa geração de loricenses. *** - 33 - Amália Brito Pina 1917 - 2003 Nasceu em Loriga em 1917, filha de António Luis Duarte Pina e de Maria do Céu Brito Pina. Foi durante mais de quatro décadas, proprietária e Directora Técnica da Farmácia de Loriga. Tendo adquirido este estabelecimento à firma Leitão & Irmãos por compra, que passou a designar-se por Farmácia Popular de Loriga. Numa época em que a continuação de uma Farmácia em Loriga parecia estar complicada, foi determinante o empenho desta distinta senhora para que Loriga continuasse a ter este estabelecimento, indiscutivelmente muito importante para esta localidade e terras vizinhas. Pessoa de trato fácil e de leal colaboração profissional para com toda a gente, estava sempre disponível para dar a melhor informação medicinal aos doentes. Era casada com o professor António Domingos Marques. Foi a primeira monitora da Telescola, quando começou a funcionar em Outubro de 1966. Faleceu em 25 de Dezembro de 2003 em Braga, com a idade de 86 anos, estando sepultada em Loriga. *** Doutor Padre António Ambrósio de Pina * 1918 - 1995 - 34 - Nascido em Manaus-Brasil, filho de António Ambrósio de Pina e Maria dos Anjos de Brito Moura, foi apenas com três meses de idade que os pais o trouxeram para Loriga onde cresceu e fez a escola primária. Logo após completar a escola em Loriga foi para o Seminário da Costa em Guimarães, onde fez todos os seus estudos menores. No ano de 1936 entra para a Companhia de Jesus e, no ano de 1940, concluiu o Curso Superior de Letras e Humanidades para, de seguida, entrar na Faculdade.de Filosofia de Braga onde conclui a sua licenciatura em 1944. Em 1947 transferiu-se para Barcelona-Espanha a fim de frequentar a Faculdade de Teologia de Sarriá onde é formado em 1950, passando depois para a Faculdade de Teologia da Universidade Pontifica de Salamanca onde termina a tese do seu doutoramento. Durante alguns anos dedica-se ao apostolado nesta cidade espanhola a favor dos mais carenciados. Regressa a Portugal e organiza as comemorações do XVI Centenário de Santo Agostinho na cidade de Braga, participando ainda no I Congresso Nacional de Filosofia, também realizado nesta cidade. Professor na Faculdade de Filosofia de Braga, veio a notabilizar-se através dos anos como escritor, historiador, poeta, artista plástico, pensador, teólogo, sendo ainda um dos maiores colaboradores nos vários órgãos da imprensa religiosa nacional e espanhola, com numerosos trabalhos científicos no campo da Filosofia e Teologia, traduzidos em várias línguas. Apesar de estar sempre afastado de Loriga, pensava muito na terra que dizia também ser sua, sendo para ele alegria imensa ao encontrar-se com seus conterrâneos. Enquanto sua irmã Ruth Ermelinda foi viva, assim como outros seus familiares próximos, visitava regularmente a sua terra, por vezes passando até curtas férias. Depois deixou de ir à terra que ele tanto adorava, no entanto foi mantendo sempre alguma correspondência com um seu primo e amigo, ao qual enviou um dia uma declaração escrita, no sentido de quando ocorresse o seu falecimento, o seu corpo (ou restos mortais) fossem levados para a sua querida Loriga e que fossem sepultados no túmulo da mãe. Talvez por conhecimento tardio em Loriga da noticia da sua morte, o seu corpo viria a ser sepultado no cemitério do Monte de Arcos em Braga no talhão dedicado aos Padres Jesuítas, não sendo aceite pela Companhia de Jesus a declaração apresentada posteriormente, mas ficando em promessa, de essa declaração ser considerada para anos mais tarde. * Albrito *** Laurinda Gonçalves de Brito * 1918 - 1999 - 35 - Nasceu em Loriga, em 5 de Março de 1918, filha de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos Gonçalves de Brito. Desde muito nova teve sempre uma maneira própria de viver, dedicando parte da sua vida em prol da comunidade, nomeadamente cozinhando nas bodas ou outras festas, onde os seus conhecimentos eram de uma tendência nata e inegável. Lendo leitura da especialidade, foi aperfeiçoando o seu saber, em dotes de cozinheira, adoçando muita gente não só com bolos, mas também com carinhos, assim como, muitos ainda recordam a arte como enfeitava as travessas para serem servidas. Muito religiosa, entregou-se de alma e coração a favor das obras da Paróquia, onde particularmente a sua opinião parecia nunca poder faltar. Tendo sido importante o seu contributo para a fundação do Centro Paroquial de Loriga. Auxiliou muito o Senhor Padre Lages, enquanto o Centro não foi fundado. Foi catequista, benfeitora e angariadora de fundos para obras religiosas. Trabalhos que executava com uma enorme força de vontade e dedicação. Arranjou durante muitos anos o altar das Almas. Foi Vicentina da Conferência de S.Vicente de Paulo, pedindo para os pobres e durante cerca de 60 anos foi a distribuidora do jornal "Bem Fazer" e das pagelas do Rosário. Foi sempre muito solicitada para madrinha do Crisma. Num determinado ano e numa dessas cerimónias que decorreu em Loriga, levou até junto do Senhor Bispo 12 crianças para crismar, este muito admirado chegou a comentar "esta traz um comboio". Nunca casando, dedicou toda a sua vida e os seus afectos à família mais próxima, designadamente aos sobrinhos, em que era uma segunda mãe, madrinha, enfermeira e amiga, por isso, estes com carinho a chamavam por Nininha. Vivendo no Bairro de S.Ginês, junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo, durante alguns anos foi uma das mordomas, realizando um trabalhou incansável na angariação de fundos para obras de restauração da capela. E tal como ela dizia "queria que a Nossa Senhora do Carmo tivesse uma Capela linda". Faleceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1999, com 81 anos de idade, ficando esta localidade mais pobre ao ver partir quem tanto fez pela Acção Paroquial. O funeral foi realizado para o cemitério local onde ficou sepultada, sendo muitos os Loricenses que a acompanharam à sua última morada. * Joaquim Gonçalves de Brito *** António Luis Amaro Tuna 1918 - 2003 - 36 - Nasceu em Loriga, em 23 de Agosto de 1918, filho de José Luis Amaro Tuna e de Emília de Brito Miguel. Era ainda muito novo quando ficou órfão de seu pai, conhecido por José Farias (Barbeiro), que faleceu vitima da epidemia do "Tifo Exantemático" que ocorreu em Loriga no ano de 1927. Por esse facto, e dada a necessidade de ter que trabalhar para o sustento da casa, empregou-se numa das fábricas de lanifícios, onde viria a ser operário têxtil durante anos, profissão que deixou na altura em que encerrou definitivamente a Fábrica da "Redondinha". Nas horas livres, dedicava-se ao corte de cabelos e barba, seguindo os passos do pai, e depois do encerramento da fábrica onde trabalhava, dedicou-se de alma e coração à sua Barbearia, na arte que ele tanto adorava e que era a sua grande paixão. Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender, muitas das vezes só o fazendo a altas horas da noite. Não tinha horas nem para as refeições, privando, muitas vezes, a família da sua companhia nessas horas. Na altura da "Febre do Volfrâmio" deu também uma saltada à serra, à procura desse valioso minério, tendo sempre histórias curiosas para contar. Tinha uma maneira própria de ser, desenvolvendo um bom relacionamento com todos, fazendo dele um homem de bem, não se lhe conhecendo, por isso, qualquer inimigo. A sua Barbearia era como que um ponto de cavaqueira onde os fregueses liam o jornal, conversavam e falavam das novidades da terra, e onde o "Ti António Farias", mais popularmente assim chamado, tinha sempre histórias antigas para contar de Loriga, e das suas gentes. Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do cemitério e à Nossa Senhora da Guia, ou mesmo até na Igreja, onde por vezes se "refugiava" nas suas orações. Fazia longas as caminhadas pelos vários recantos da serrania, que parecia conhecer como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu a alguém para lhe escrever algumas palavras, tempos depois, numa das fragas junto à "Fonte dos Carreiros" feitas com ajuda de um pico e um pincel, onde foram aparecendo, como que misteriosamente, as legendas "Pensai e Meditai em Deus -Loriga 1990- Nossa Senhora Livrai-nos de todo o mal", Cantava o Fado de Coimbra, do qual era um grande entusiasta. Ao cantar, a sua voz emocionada deliciava as gentes de Loriga, e foram muitas as serenatas que ao longo da sua vida fez, na companhia de outros loriguenses. Um dia foi homenageado por um grupo de loriguenses, como prova de gratidão pela maneira simples e singela como se dedicava a cantar fado de Coimbra, com os amigos, homenagem que muito o sensibilizou e da qual falava vezes sem conto. Foi submetido a várias cirurgias, mas a sua grande força e fé, tornavam-no forte para poder suportar tudo com designação. Nos próprios hospitais, apesar da gravidade da sua enfermidade, era ele que prontamente dava estimulo aos outros doentes. Era casado com Maria do Anjos Alves Pereira, também de Loriga e pai de Maria de Fátima Alves Amaro Gonçalves. Faleceu em 18 de Fevereiro de 2003, ficando Loriga mais pobre ao ver partir um dos seus filhos mais queridos. Foram muitos o loricenses que o acompanharam à sua última morada, sendo o funeral realizado para o cemitério local onde ficou sepultado. *** António Pinto Ascensão 1920 - 2005 - 37 - Nasceu em Loriga em 8 Setembro de 1920, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio. "Mestre Ascensão", como muitos assim o chamavam, foi um dos maiores e mais conceituados maestros de música de Loriga e até mesmo da região. Muito novo ainda, e depois de concluir o ensino primário, onde foi "aprovado com distinção", começou a trabalhar numa das fábricas da indústria de lanifícios local. Mas foi também desde muito novo que nasceu nele a paixão pela música e, por isso, em 1935 iniciou a aprendizagem de música na Banda de Loriga onde foi executante de grande valor até 1948, ano em que assume pela primeira vez a regência da banda. Casou em 15 de Junho de 1946 com Maria dos Anjos de Brito Saraiva, casamento que durou 59 anos, só interrompido com a sua morte. Tiveram nove filhos, oito ainda vivos. Apesar das dificuldades de então proporcionou a todos uma educação de nível médio ou superior. Homem de convicção e de ideias firmes, caracterizava-o o seu espírito de iniciativa e acção, lutando sempre por aquilo em que acreditava, principalmente, pela sua terra que tanto adorava. Verdadeiro bairrista e querendo o melhor para a sua terra, nunca deixou de apresentar soluções e ideias, tanto de viva voz como através da sua pena nos jornais, nomeadamente, da região sendo, por vezes, mal compreendido. Nos anos 50, António Pinto Ascensão, foi pioneiro da exibição de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes aos jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos. Foi de facto, na época, uma lufada de cultura pois a maioria da população, principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte. Na década de 60, fecha a fábrica Leitão & Irmãos , onde trabalhava como encarregado de Ultimação. Desempregado e com quase 50 anos de idade, e todos os filhos a estudar, iniciou uma nova vida, abrindo uma loja em Loriga, no ramo dos electrodomésticos, situada na "Carreira", tornando-se um conceituado comerciante muito conhecido na região. Por várias vezes foi regente da Banda da sua terra (1949/53; 1962/65; 1982/87). Era um inovador por natureza quando assumia a regência de qualquer Banda, tendo sempre presente a preocupação de arranjar repertório novo, que tornaria qualquer Banda de música bastante mais rica. Quando da sua última passagem pela Banda Recreativa Musical de Loriga, 1982/87, foi o grande impulsionador da criação da publicação "A Voz da Banda" que teve, na altura, uma certa expressão, a qual, depois da sua saída, deixou de ser publicada. Ainda nessa altura, e por sua iniciativa, a Banda teve uma Escola de música, reconhecidamente muito importante, à qual aderiu muita juventude. Bem como, foi criado em Loriga o grupo "Amanhã", ao qual o mestre Ascensão deu preciosa ajuda contribuindo no aperfeiçoamento deste grupo de jovens de cantares tradicionais. Foi da sua autoria, a introdução do Hino "Ó Padroeira Amorosa" na Festa da Nossa Senhora da Guia em Loriga, que remonta ao ano de 1950, um arranjo do original cântico "Ó Padroeira Amorosa" que se cantava e ainda hoje se canta à Senhora da Nazaré na cidade de Belém-Pará-Brasil. Sem nunca deixar a sua dedicação à musica foi, durante cerca de 14 anos, regente da Banda de São Romão, onde desempenhou um trabalho de grande relevo ainda hoje ali recordado. Regeu também, durante algum tempo, as Bandas de Torrozelo e Paços da Serra. Frequentou um curso de Aperfeiçoamento e Didáctica Musical na Fundação Calouste Gulbenkian onde enriqueceu os seus conhecimentos musicais, que o habilitaram para dar aulas de Educação musical, primeiro no Externato Nossa Senhora da Conceição em São Romão e depois na Escola do Ciclo Preparatório em Loriga. Foi presidente da Junta de Freguesia de 1972 a 1976, anos problemáticos, em que os meios financeiros eram escassos, conseguindo levar a efeito obras de grande vulto, projectando Loriga como Vila mais moderna e, onde a preocupação ambiental foi sempre presente, tendo nessa altura sido levada a efeito uma grande campanha de incentivo junto à população, para uma Loriga mais limpa. É de registar o facto de que, após a revolução do 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia recebeu o voto favorável dos loriguenses numa reunião realizada no Salão Paroquial, completamente cheio. Foi o grande impulsionador e um dos fundadores da Associação de Apoio à Terceira Idade, um carência em Loriga, que apesar de o percurso não ter sido pacifico, contou - 38 - *** Armando Fernandes dos Santos * 1921 - 1952 Armando "Folhadosa" assim conhecido, era natural de Loriga onde nasceu no ano de 1921, ficando órfão ainda muito novo, depois de fazer a quarta classe foi trabalhar e viver com o padrinho Sr António Folhadosa, um oficial sapateiro com nome nas redondezas, que tinha uma sapataria junto ao Poleirinho, por onde também passariam outros que mais tarde se viriam a tornar grandes sapateiros. Anos depois da morte do padrinho, o Armando viria a tomar conta da gerência da sapataria, onde se viria a tornar num sapateiro de sucesso. No entanto, viria a morrer ainda muito novo, vitima de uma doença existente nesses tempos, que o minava e para a qual na época ainda não era possível a cura eficaz. Foi um grande dinamizador do futebol em Loriga, onde jogava a guarda-redes, e foi no apogeu da sua mocidade que foi fundado o Grupo Desportivo Loriguense, tendo os fundadores encontrado no Armando "Folhadosa" um dos principais apoiantes. Nessa altura não havia campo de futebol e era no Terreiro da Lição, Fonte do Mouro, Sargaçal e mais tarde o Campo da Vista Alegre onde era jogado esse desporto, o único em Loriga na época. Acérrimo defensor e grande adepto do Sporting que nessa altura dominava por inteiro o panorama futebolístico nacional, foi ele que lançou a semente do seu sempre querido clube cujos adeptos estavam em maioria em Loriga. A sua sapataria era um repositório dos grande ídolos daqueles tempos, Soeiro; Peyroteo; Pireza; João Cruz; Azevedo; Cardoso; Mourão; os famosos violinos etc., onde ali podiam ser vistos em todos os tamanhos. Com naturalidade, a sua sapataria era lugar de tertúlia, onde todos se informavam e discutiam os assuntos desportivos, principalmente o futebol, e onde os jornais e revistas da época:- Sports, Stadium e o recém aparecido "A Bola" faziam parte da mobília. Faleceu em 10 de Maio de 1952 com apenas 31 anos, sendo sepultado no cemitério local, vendo Loriga partir um grande desportista que muito tinha a dar à sua terra, mas que infelizmente, ainda muito novo partiu para sempre. * António José Leitão *** Ilídia Nunes Pina Prata 1921 - 2000 - 39 - Nasceu em Loriga, a 5 de Fevereiro de 1921, notabilizou-se no ensino que durante décadas desempenhou com uma grande dedicação e alegria de ensinar. Frequentou em Loriga o ensino primário. Rumou depois para Viseu, onde conclui o ensino secundário no grande Colégio Português. Em 1944 ingressou na Escola do Magistério Primário de Coimbra, tendo concluído o curso em 1946. Nesse mesmo ano, regressou à sua terra natal para iniciar a sua actividade como professora do 1.ciclo do ensino básico. Em 1949, obteve a nomeação como efectiva para a Escola Primária de Vasco Esteves, onde se manteve até 1953, data a partir da qual foi colocada na Escola Primária do Pereiro. Em 1961, passou a fazer parte do quadro da Escola Nr.1 de Seia, onde permaneceu durante 30 anos precisamente até 1991. Aposentou-se com 45 anos de serviço e 70 anos de idade, tendo ao longo de todos esses anos granjeando a amizade e a estima dos habitantes de Seia e dos seus conterrâneos. Foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Seia, a Medalha de Mérito da Cidade. Faleceu em Coimbra no dia 3 de Maio de 2000, vendo os Loricenses desaparecer uma sua conterrânea que, notabilizando-se fora de Loriga, deixou mais enriquecida a história desta localidade. *** Dr. Carlos Pinto Ascensão 1922 - 1997 - 40 - Nasceu em Loriga no dia 25 de Dezembro de 1922, onde também frequentou a escola primária, filho de Joaquim Pinto Ascensão e de Amélia de Jesus Florêncio. Com 13 anos de idade seguiu para o Seminário tendo passado por Santarém, Almada e Olivais. Anos mais tarde abandonou a vida eclesiástica e, no ano de 1944, ingressou como funcionário na Casa Pia de Lisboa. Entregando-se ao trabalho de educação dos adolescentes especialmente aos deficientes visuais e auditivos, foi ocupando nesta instituição sempre cargos de relevância, onde foi também granjeado a simpatia geral, vindo mesmo a ocupar funções directivas, nomeadamente no Instituto Jacob Rodrigues Pereira, tendo sido também Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos. Personalidade de reconhecido prestígio no plano internacional, viajou por todo o mundo em representação da Casa Pia, sempre com grande sentido do cumprimento do dever. Foi representante de Portugal no BIAP - Bureau Internacional de Audiophonologie, sendo por sua iniciativa criada uma Comissão Internacional a que presidiu desde a sua criação. Ao longo da sua carreira escreveu muito, principalmente dos temas que ele tão bem conhecia relacionados com o deficiente, colaborando em vários jornais e revistas destacando-se entre outros:- Diário popular; A Capital; o Diário de Noticias e a Flama. Dedicando toda a sua vida àquela Instituição, apesar de aposentado em 1992 a ela continuou ligado como Director da Revista da Casa Pia de Lisboa e também como Presidente da Associação Portuguesa de Professores e Técnicos de Reabilitação de Surdos. Era por vezes acusado de ter esquecido Loriga, ao que ele respondia "Que se lembrava da sua terra todos os dias, e se há quem pense que ser bairrista é estar sempre presente em cima da terra, ser bairrista é fazer pela terra tudo quanto se pode sem se esquecer dela". Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em 1949, tendo colaborado com os seus escritos nos programas das Festas da Vila realizadas na década 50 e 60, escrevendo ainda alguns artigos no Jornal "Garganta de Loriga" nestes tempos mais recentes. Em 17 de Março de 1993, no Palácio da Ajuda, o Dr. Carlos Ascensão recebeu das mãos do então Presidente da República, Dr. Mário Soares, as insígnias de Comendador da Ordem de Mérito, numa consagração oficial e pública de uma vida dedicada à solidariedade. Faleceu no dia 23 de Agosto de 1997, vendo Loriga partir um dos seus filhos que se notabilizou fora dela, mas que a deixou mais enriquecida na sua história. *** Manuel Dinis Pereira * 1923 - 1996 - 41 - Nasceu em Loriga a 1 de Junho de 1923, vindo a notabilizar-se ao longo de muitos anos pelo seu desempenho profissional no serviço de saúde, não só na sua terra como ainda nas freguesias periféricas. Era o Enfermeiro, mas em certas situações pareceu ser o médico. A sua humildade tornavam-no num homem simples, sendo um grande bairrista que adorava todas as coisas da sua terra. Além de tudo era um loriguense convicto e que acreditava na palavra, por isso a popularidade e a amizade que sempre granjeou dos seus conterrâneos. Após concluir a escola primária o médico de Loriga Dr. Andrade, chama-o para o seu consultório, passando a ser o seu "moço de recados" o que durante anos não parecia passar disso mesmo. No entanto o "Ti Manel Barriosa" como era assim chamado, foi deitando o olhar por tudo o que o rodeava. Tornou-se um ajudante imprescindível do médico, com quem teve sempre um bom relacionamento, muito embora este só o tenha inscrito na Previdência Social um pouco tarde, colaborou, após a morte do Dr. Andrade, com o filho deste, Dr. Jorge Andrade e, mais tarde, durante muitos anos, com o Dr.Bandeira. Foi adquirindo experiência, e apesar de não ter curso de enfermagem, adquire mesmo o estatuto de enfermeiro de Loriga. Deu injecções sem conto e, neste serviço de enfermagem aventura-se mesmo a fazer muito mais, chegando ao ponto de tirar dentes e a dar sem querer nada em troca medicamentos que ele por vezes conseguia de amostras de propaganda médica. Esta figura de Loriga marcou na sua terra uma época em que nunca poderá ser esquecido, destacando-se entre outras actividades, o ter sido um potencial impulsionador do teatro amador nesta localidade. Muitos ainda recordam quando pela sua mão houve a possibilidade de ser colocada em cena a "Casa do Pai" talvez um dos maiores êxitos que o teatro amador desta Vila conheceu. Homem simples e bom, foi sem dúvida muito importante e de grande utilidade para Loriga, pois estava sempre pronto para ajudar em tudo que fosse realizações de carácter cultural na sua terra. Havia até quem o chamasse de "festeiro", atendendo às ideias e iniciativas que pôs em prática, mesmo sendo ele a pagar do seu próprio bolso, para que tudo fosse possível fazer. Fez parte da Direcção da Banda de Música durante muitos anos, onde ainda hoje é recordado com saudade e foi, durante sete anos mordomo da Festa da N.S. da Guia, sendo ele também o promotor, em 1963 das primeiras marchas populares realizadas em Loriga. Os tempos mudaram foram surgindo os enfermeiros habilitados, o "Ti Manel Barriosa" o "Enfermeiro" de Loriga deixou de ser menos solicitado, mas nem por isso foi esquecido por muitos a quem ele, dedicadíssimo, prestou preciosa assistência. Faleceu a 21 de Outubro de 1996, vendo a população partir aquele que, na sua nobre missão, aliviou muitas vezes o sofrimento de todos aqueles que o procuravam. * Albrito *** Dr. Joaquim Jorge Reis Leitão * 1926 - 1994 - 42 - Nasceu em Loriga em 5 de Novembro de 1926, filho de Emílio Reis Leitão e de D. Adélia Jorge Leitão. Fez na sua terra a escola primária, indo de seguida para o Liceu e depois para o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Estudante brioso e muito cumpridor, salientou-se no meio estudantil em que esteve envolvido onde acima de tudo eram bem evidentes a suas qualidades de inteligência e personalidade. Pouco tempo depois da sua licenciatura, foi Professor provisório da Escola Preparatória Nuno Gonçalves de Lisboa de 1953 a 1954, e nessa mesma Escola foi, a partir de 1957 a 1959 Professor secretário e de 1959 até 1967 Subdirector. Colocado no Ministério da Educação fez uma brilhante carreira ao longo de 37 anos, sempre desempenhando elevados cargos, tendo ainda participado em grupos de trabalhos e outras missões, como por exemplo na Presidência dos diversos júris de concursos de habilitação para pessoal administrativo, nomeadamente chefes de secretaria de estabelecimento de ensino. Teve ainda algumas participações em grupos de trabalho e outras missões, destacando-se entre outras as de Membro da Comissão Organizadora do Congresso Nacional do Ensino Técnico realizado em 1968, Revisão das estruturas administrativas dos estabelecimentos de ensino preparatório e secundário e frequência de um estágio em Paris para estudo da gestão dos estabelecimentos do ensino secundário franceses patrocinado pela OCDE. Grande amigo da sua terra e muito bairrista onde, por norma, se deslocava semanalmente, foi um grande obreiro para a criação da Escola Secundária nos finais da década de 1960 e cuja inauguração foi efectuada pelo então Ministro da Educação Dr. José Hermano Saraiva que foi recebido pela Banda de Loriga executando o Hino da Maria da Fonte. Foi um dos fundadores do Jornal "A Neve" em Lisboa no ano de 1949, publicação que viria a ser interrompida poucos anos depois, passando mais tarde a ser publicado como Boletim Paroquial. Veio a ter grande influência na construção da Escola EB em Loriga à qual desde logo foi posto o seu nome:- Escola EB 2.3 Reis Leitão-Loriga, numa prova de gratidão da localidade, a tão grande bairrista loriguense. Faleceu em Lisboa a 29 de Agosto de 1994, sendo sepultado no cemitério de Benfica, longe da sua terra que tanto adorava, tendo a Vila de Loriga perdido uma das suas maiores figuras que em muito contribuiu para o desenvolvimento da sua terra. * Albrito *** José Moura Mourita 1928 - 1998 - 43 - Natural de Loriga onde nasceu em 12 de Julho de 1927, filho de Joaquim Moura Mourita e de Maria do Carmo Lopes Vide, também naturais desta localidade. Figura querida de Loriga foi o "último" Carteiro desta Vila, em épocas quando a nomenclatura das ruas ou mesmo os números das portas das habitações faziam parte do nosso imaginário, tendo ao longo de muitos anos desempenhando aquelas funções com muita dignidade. Foram quilómetros sem conto percorridos ao longo dos anos de serviço na sua profissão de Carteiro, devendo ser o único loriguense a conseguir pisar todas as ruas, becos, pátios, quelhas ou mesmo qualquer recanto da povoação, levando consigo boas e más noticias. Conhecia toda a gente pelos seus nomes e apelidos, apesar de serem tempos em que a população atingia números elevados que nada tem a haver com o movimento populacional de hoje, que se vem notando cada vez mais reduzido. Homem de uma calma impressionante e de pontualidade eficaz, ao sol, chuva, vento, frio ou neve, a partir das 11 horas da manhã era uma presença obrigatória pelas ruas da Vila, fazendo chegar aos seus destinatários a tempo e horas a correspondência que consigo levava, mesmo tendo por vezes o hábito de se entreter em "dois dedos de conversa" com os amigos ou aproveitando essas paragens por breves momentos para refrescar um pouco a garganta. Hoje nada sendo com antes, desempenhar o serviço de carteiro parece necessário ser bastante letrado e em vez do andar a pé, existem os transportes para se movimentarem, parecendo nada poder ser feito se não houver a ajuda da electrónica. No entanto o "Ti Zé Mourita" o carteiro de Loriga não precisou nada disso, pois registava mentalmente todos os nomes das pessoas da sua terra. Hoje em dia, se a memória nos falha, podemos socorrer-nos da nossa "memória electrónica", como é o caso do computador. Sendo bastante religioso era um cristão convicto e um fervoroso defensor da igreja, adorando igualmente a sua terra. Era casado com a Sra. Adélia Alves Jesus. Um dia, em caminhos que percorreu e tão bem conhecia, aconteceu o que nunca previa que viesse acontecer. Caiu e feriu um pé e uma a perna e, a partir daí não mais foi o mesmo, Foi adoecendo e essa mesma doença o viria a vitimar, falecendo no dia 20 de Abril de 1998. A população de Loriga viu partir o "último" Carteiro da Vila daquela época em que a correspondência, para chegar até nós, apenas bastava ter o nome. *** Mário Gonçalves da Cruz 1928 - 1999 - 44 - Natural de Loriga onde nasceu em 16 de Janeiro de 1928, ficou na memória como um dos maiores bairristas loriguenses, onde o amor a Loriga estava sempre presente onde quer que fosse e estivesse em tudo o que se envolvesse relacionado com a sua querida terra. Esta figura loriguenses viveu quase toda a sua vida em Sacavém. Para muitos era como que um cônsul de Loriga nesta localidade, a quem muitos recorriam para saberem novidades e noticias e como não podia deixar de ser foi também um dos fundadores da ANALOR (Associação dos Naturais e Amigos de Loriga) à qual dedicou muito do seu tempo. Um dom poético o caracterizava para projectar a sua adorada terra através da poesia, escrevendo muitos poemas, quase sempre dedicados a Loriga e às suas gentes, não esquecendo os Bombeiros e Músicos pelos quais teve sempre uma grande admiração. Homem de alma grande, ficou na recordação de muitos quando organizava excursões a Loriga, nomeadamente no verão e mais precisamente para os festejos da Festa da N.S. da Guia, estando na lembrança a chegada à "Carreira" onde era enorme a emoção e quando da partida, a tristeza reinante era bem visível nos rostos de todos aqueles ao deixarem mais uma vez a sua terra. Pessoa simples e afável tinha uma maneira própria de falar das artes, dos livros, da poesia, nos acontecimentos diários, tendo também sempre histórias e peripécias para contar desses passeios excursionistas e ainda de uma vida que levou dedicada ao melhor que houvesse para Loriga. Faleceu em 28 de Dezembro de 1999, após doença, sendo sepultado no cemitério de Sacavém, ficando assim dividido por duas localidades que foram a sua vida, uma que foi seu berço e a outra em que ficou sepultado, ficando Loriga mais triste por não mais ver chegar aquele que um dia lhe cantou: "Eu canto Loriga canto. A tua Primavera em flor. Como eu te quero tanto. Minha terra, meu poema, meu amor". *** Carlos Nunes Cabral Junior 1928 - 2004 - 45 - Nasceu em Loriga, em 16 de Maio de 1928, filho de Carlos Nunes Cabral e de Urbana Nunes Moura. Depois de frequentar a escola primária na sua terra, foi estudar para Coimbra, por onde se manteve durante alguns anos. Desde muito novo se notava a sua qualidade de empresário e cedo começou a pisar os passos de seu pai, também ele um grande industrial em Loriga. Homem de grande inteligência e de luta, empresário de enorme qualidade e sucesso. Após a morte de seu pai, tomou a liderança da Firma Moura Cabral & Comp., que administrou durante três décadas, chegando mesmo a ser uma firma de sucesso, em desenvolvimento, progresso e qualidade, merecidíssimas reconhecida no concelho e não só. Fez parte dos Corpos Sociais de vários organismos da sua terra natal, nomeadamente de carácter desportivo, cultural e humanitário, funções que sempre desempenhou com todo o empenho e dedicação. Foi presidente da Junta de Freguesia de Loriga de 1990 a 1993, onde se destaca a obra realizada e de grande valor, no desenvolvimento da sua terra. Depois do 25 de Abril de 1974 e até 1976, fez parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Seia Tanto como dirigente ou empresário, apoiou sempre todas as iniciativas, que fossem de beneficio para a sua terra. Em medas da década de 1980, foi determinante o seu contributo ao espírito impulsionador, em termos de panorama do futebol, elevando o Grupo Desportivo Loriguense, ao seu mais alto nível desde a sua existência, ao disputar pela primeira vez o Campeonato Distrital da 2ª. Divisão da Associação do Futebol da Guarda. Foi também nessa altura, o Presidente eleito desta popular colectividade loriguense. Poucos anos antes da sua morte, resolveu afastar-se do meio empresarial, deixando mesmo a sua empresa. Esta firma continua em laboração, sendo a única empresa de lanifícios, que actualmente e apesar de tudo, ainda sobrevive em Loriga. Faleceu inesperadamente em Coimbra, no dia 4 de Abril de 2004. O funeral realizou-se para a sua terra natal, onde ficou sepultado no cemitério local. Loriga ficou mais pobre ao ver desaparecer mais um dos seus industriais, que muito fez pela sua terra e que tanto adorava. *** Adélia Alves Martins 1929 - 1974 - 46 - Nasceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1929, era filha de António Alves Martins e de Maria Emília Duarte Jorge. Desde muito nova se começou a destacar como cozinheira, numa maneira própria de muito bem confeccionar a comida regional. Os seus dotes culinários eram muitos reconhecidos não só em Loriga, mas também pelas outras terras da região, para onde era solicitada com regularidade. Cozinhava para bodas ou outros eventos, sendo a mais nova das cozinheiras a trabalhar para a comunidade em Loriga. Tal como era usual nesses tempos, nunca também fazia preço pelo trabalho que executava, aceitando o que as pessoas lhe queriam dar, sendo que, muitas vezes, o pagamento consistia apenas em mercearias. Muito devota e religiosa, teve sempre presente o cumprimento dos deveres da Igreja, tendo pertencido à JOCF e à LOCF, logo após a fundação destes organismos em Loriga, pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966). Foi a primeira cozinheira do Restaurante Império em Loriga, quando este foi inaugurado em 1972 onde, durante o tempo que ali trabalhou, a comida que confeccionava, era bastante apreciada pelas pessoas que vinham de fora. Teve sempre a preocupação de transmitir aos outros os seus conhecimentos de culinária e, por isso mesmo, os seus ensinamentos vieram a tornar-se muito úteis, para as pessoas que com ela muito aprenderam. Mãe de doze filhos, muito carinhosa e esposa resignada pelo infortúnio da doença do marido, viria a morrer relativamente nova, após doença prolongada, deixando seus filhos ainda muito novos e, quando ainda tinha muito para dar à família e também à gastronomia loriguense. Faleceu em 20 de Outubro de 1974, sendo sepultada no cemitério local, onde muitos loriguenses se deslocaram acompanhando-a até à sua última morada, num funeral de verdadeiro pesar, vendo Loriga, desaparecer para sempre, uma das suas cozinheiras, que deixou em todos, recordações e saudades. *** Adelino Moura Galvão 1929 - 1990 Nasceu em Loriga em 9 de Outubro de 1929, filho de Mateus de Moura Galvão e de Maria dos Anjos Pina Galvão. Professor primário de enormes qualidades, esforçando-se para que os seus ensinamentos fossem linhas orientadoras que permitissem aos seu alunos enfrentar sem temor o dia de amanhã. Muito culto, disciplinado e de muito profissionalismo, deu o melhor que sabia ao ensino e aos seus alunos Foi presidente da Junta de Freguesia na década de 1960, tendo projectado muitas ideias, que contribuíram para muito do desenvolvimento que na década seguinte se veio a concretizar na vila de Loriga.. Faleceu em Loriga, no dia 8 de Fevereiro de 1990, sendo sepultado no cemitério local. *** Emílio Leitão Paulo 1932 - 2001 - 47 - Nasceu em Loriga em 17 de Julho de 1932, foi uma figura de prestigio desta localidade, distinguindo-se como personalidade bem vincada em todos os cargos que desempenhou. Fez o ensino primário na sua terra, licenciou depois em Coimbra, tendo sido diplomado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Trabalhou na Companhia dos Diamantes de Angola, durante alguns anos, regressou à Metrópole, tendo ingressado nos Nitratos de Portugal como Director Técnico. Transitou depois para a Metalúrgica Vaz Leal, em Loriga, onde foi sócio-gerente durante alguns anos, onde também teve sempre a preocupação de gerir esta firma industrial da sua terra, com o maior dinamismo e entusiasmo. Dedicou parte da sua vida à politica, militante pelo partido do CDS, teve um papel de relevo na organização deste Partido no distrito da Guarda, onde chegou a ser o mais votado, chegando mesmo também a ser Vice-Presidente do Conselho Nacional. Após o 25 de Abril de 1974, foi Deputado pelo CDS na Assembleia Constituinte pelo círculo da Guarda. A partir de 1978 foi nomeado para Governador Civil da Guarda, funções que desempenhou durante algum tempo. Foi também Vice-Presidente da Câmara de Seia. Pessoa de fino trato, e de elegante relacionamento, era bem reconhecido por todos o trabalho desempenhado nas suas funções politicas, onde procurava acima de tudo ser aberto a todos, sem distinção de ideologias, tentando servir o melhor possível os interesses do seu Distrito. Foi um dos sócios fundadores da Editora Porta da Estrela Lda., proprietária do Jornal da Porta da Estrela publicado em Seia. Casado em primeiras núpcias com D. Maria Lela de quem ficou viúvo, tendo casado em segundas núpcias com D. Maria de Lurdes D.Brito. Faleceu no Hospital Particular de Lisboa, no dia 12 de Outubro de 2001, vítima de doença. O seu funeral saiu da Igreja do Campo Grande-Lisboa para Loriga, onde ficou sepultado no cemitério local. *** Joaquim Leitão da Rocha Cabral 1934 - 2003 - 48 - Nasceu em Loriga, em 25 de Maio de 1934, filho de António da Rocha Cabral e de Guilhermina Reis Leitão Cabral. Vivendo praticamente sempre fora da sua terra, notabilizou-se pelo seu invejável e meritório curriculum, devido aos altos cargos que desempenhou ao longo da sua vida, e que o tornaram num loriguense de destaque. Chefiou e administrou muitas instituições públicas, e fez parte também de diversos governos, vivendo uma vida de actividade, que o impossibilitava de muitas mais vezes visitar Loriga, como decerto desejaria. Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico em 1951-58 e, posteriormente, viria a formar-se em Genie Atomique INSTN Saciay 1959; Calder Hall Operatine School 1960 e Auditor do Curso de Defesa Nacional 1993-94. De 1959 até 1976, foi Engenheiro da Companhia Portuguesa de Industrias Nucleares, bem como da Empresa Termo-Eléctrica Portuguesa e da Companhia Portuguesa de Electricidade. De 1976 até aos últimos tempos da sua vida, chefiou a Equipa de Projecto da Central Nuclear, passando à reforma em 1999, na função de assessor do Concelho da Gerência. Em 1977, foi nomeado Administrador da Electricidade de Portugal. De 1971 a 1983, foi representante português na Comissão de Estudos Nucleares da UNIPEDE, e em 1987 na Comissão Consultiva da EUROTOM. De 1983 a 1984, foi Vice-presidente da UFIPTE. Dedicou-se à politica, tendo feito parte do I Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia e Minas: (28-07-1976 a 07-01-1977) e de (07-01-1977 a 25-03-1977), do II Governo Constitucional, como Secretário de Estado da Energia e Indústrias de Base: (06-02-1978 a 28-07-1978), mantendo-se em gestão até à posse do 3º Governo Constitucional, em 29-08-1978, e do IX Governo Constitucional como Secretário de Estado da Energia: (18-06-1983 a 12-07-1985), mantendo-se em gestão até à posse do 10º Governo Constitucional, em 06-11-1985. Foi nomeado Secretário-Adjunto do Governo de Macau, de Julho de 1987 a Dezembro de 1989. Em 1992, candidatou-se à Junta de Freguesia do Campo Grande (Lisboa) onde saiu vencedor, tendo-se recandidato e vencido também em 1996. Pelos serviços prestados ao longo da sua vida, foi reconhecido pelo seu trabalho, ao ser-lhe atribuída a condecoração do Grão-Cruz da Ordem de Mérito Civil de Espanha. Foi casado com Maria Isabel Nunes Cabral, também natural de Loriga e pai de Ana Isabel Cabral Grade. Faleceu no dia 17 de Janeiro de 2003, e o seu funeral foi realizado para o cemitério do Alto São João - Lisboa, tendo Loriga ficado mais pobre ao ver desaparecer um dos seus mais nobre e ilustre filho. *** António Abreu de Pina * 1937 - 1962 - 49 - Nasceu em Loriga no dia 7 de Setembro de 1937, filho de António de Moura Pina e de Idalina Mendes Luis Abreu. Depois de frequentar a escola primária, ingressou no seminário da Guarda, que apesar de ser um jovem de uma maneira diferente de viver, era bem visível todas as condições para trepar facilmente as escadas do altar. Seminarista, escuteiro, jogador de futebol, tocador de viola, actor de teatro, era acima de tudo um jovem desinibido. Filho de uma família extremamente religiosa, possuidor de uma vasta inteligência, uma capacidade musical como poucos, uma desenvoltura linguística invulgar, que mais Deus tinha a dar a este futuro seguidor. Quando vinha à sua terra de férias, além das coisas da igreja estava em tudo. Fazia teatro, jogava futebol no Grupo Desportivo Loriguense, que ainda hoje é recordado como um dos melhores futebolistas de Loriga. Estava nas tertúlias que se sucediam nas sapataria do seu pai, tocava viola e cantava com os outros. Organizava acampamentos na serra, com a juventude, passeava nas ruas com tamanha elegância e à vontade que serviam de escola no seio da timidez que assolava a juventude de Loriga na época. O António Calçada, como popularmente era assim chamado, queria ser Padre. Mas um padre actual, virado para as questões sociais, para os problemas da juventude de uma era moderna e não um rezador de novenas. Só que na época os apoios eram parciais nos Seminários e as opiniões divididas. O António chega às ordens menores mas há hesitações dos superiores, procuram-se esperas, o bispo recebe dúvidas a arrasta o processo. Depois de tanta hesitação, o pároco de Loriga terá dado, segundo opinião de alguns, uma informação negativa e o seminário desaconselha, assim, a ordenação do futuro Padre Abreu. Caía a noticia em Loriga como uma bomba, e um trovão sobre a cabeça dos seus pais. O jovem António Abreu, parte então para Lisboa, empregando-se na Misericórdia dada a sua capacidade e paixão musical, frequenta o conservatório da música, e ali conheceu o Professor Santos Pinto, vindo a tornar-se grandes amigos. Avizinha-se o serviço militar, António sentia qualquer coisa de anormal no seu coração. Os médicos aconselham um exame difícil para a época: cateterismo. Foi fatal. Faleceu nas mãos dos médicos no dia 16 de Julho de 1962, com a idade de 24 anos. O Funeral realizou-se para o cemitério dos Olivais em Lisboa onde ficou sepultado. Loriga viu assim desaparecer um jovem que tanto queria ser Padre, e muito poderia fazer por Loriga, mas que as mentalidades conventuais, na época, não viam com aprovação a libertação deste jovem de outras ideias mais moderna. * Albrito (GL 1998) *** Carlos Augusto Nunes de Pina 1945 - 2003 - 50 - Nasceu em Loriga em 1945, filho de Carlos Nunes de Pina e de Maria dos Anjos Gomes de Pina. Fez a escola primária em Loriga e desde muito cedo se notava nele uma certa aptidão para a escrita. Depois de concluir os seus estudos enveredou pela carreira jornalística, onde se notabilizou com grande sucesso ao longo de mais de 30 anos, angariando sempre a estima e a admiração dos seus superiores e colegas. Iniciou o seu percurso jornalístico no Jornal "Diário de Noticias" passando pela categoria de revisor gráfico e de redactor. Foi subdirector e mais tarde director do Jornal "O Dia", foi ainda director da "48 Horas" e editor da revista "Tempo Livre" da Inatel. Ocupou no mundo da comunicação social outros cargos importantes que para além de ter sido co-fundador do "Jornal Novo", destaca-se de ter sido o jornalista responsável pela introdução da comunicação institucional, tendo para o efeito, fundado a INFOPLAN e a INFOPLUS. Nos últimos tempos da sua vida, exercia, as funções de director-adjunto da Revista "Homem Magazine". Foi um grande colaborador e bateu-se pelo aperfeiçoamento e melhor qualidade do Jornal "Garganta de Loriga", a ele se deve a nova linha gráfica deste jornal loriguense, propriedade da ANALOR. Adorava a sua terra e dela escrevia por onde quer que passasse, mantinha sempre bem vivas as recordações dos seus tempos de criança na sua terra natal, e onde quer que andasse não esquecia Loriga. Faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 2003, com a idade de 58 anos, e após doença prolongada. O funeral realizou-se para o Estoril, sua terra de residência. Foram muitos os amigos e conterrâneos que estiveram presentes para lhe prestar a última homenagem, e o acompanharem à sua última morada para o cemitério local onde ficou sepultado. Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre mais um seu ilustre filho, e os seus conterrâneos viram desaparecer alguém, que pelo seu elevado nível de pessoa de enormes qualidades e capacidades, constituiu para todos motivo de orgulho. *** Loricenses Centenários Registo de pessoas nascidas em Loriga que viveram 100 anos e mais. - 51 - Urbana Pereira (Loriga *) 1885 - 1987 AlbanoFernandes Conde (Brasil *) 1888 - 1988 Maria dos Anjos Jorge Moura de Joao Luíz (Argentina *) 1904 - António Nunes Moita (Lorigal *) 1898 - 1999 Maria dos Anjos Leitão Brito Crisóstomo (Loriga *) 1894 - 1995 (*) Local onde viveram a maior parte do tempo da sua vida. -1- Memórias no Tempo Alguns acontecimentos,factos e registos em Loriga de outras eras Registar a História é uma cadeia de solidariedade no tempo e um abraço das gerações que nos faz conviver com os que já viveram. Alguns registos da Vila de Loriga em tempos há muito passados: I - Loriga no Ano de 1931 * Santa Maria Maior (a 42 Km da estação férrea de Nellas e a 22 Km de Ceia, sede de concelho. J.P.. Altitude 741 metros - População: 2.488 habitantes. C.Postal - 3 - T.P a L. A 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra. É a primeira e a mais importante freguezia do Concelho e uma das principaes do districto da Guarda, pela sua população, commercio, industria e riqueza precuária; no fabrico de laníficios, empregando diariamente cêrca de mil operários de ambos os sexos. N`esta freguezia se fabrica o conhecido queijo Serrano. Possue os seguintes templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa Senhora da Guia; Nossa Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora. Tem minas de volfrâmio, ferro, estanho, e arsénico, descobertas, mas não exploradas. Por emquanto é o terminus da estrada districtal que há-de ligar Viseu à Covilhã, estabelecendo communicação, directa entre os dois districtos. Está projectada uma estrada de penetração para a Serra e um funicular electrico, quando aproveitadas as quedas d´agua de Loriga. Possue seis artisticos chafarizes publicos mandados construir pela colónia loriguense de Manaus (Brasil-Amazonas) e é iluminada à electricidade. Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Viseu. *** -2- -Abegoarias (Proprietarios de):-António Duarte Leitão; António Lapeiro. -Agências Bancárias :-Banco Aliança; Borges & Irmão, José Henriques & Totta, Limitada, José Moura Pina & Filho ; J.M. Fernandes Guimarães & C. Limitada, José Luiz Duarte Pina & Irmãos ; Banco Nacional Ultramarino, Lisboa & Açores, Espirito Santo, Banco do Minho e Borges & Irmão, António Gomes Leitão & Filho. -Agências Seguros :-Accidentes de trabalho, Emilio R.Leitão; Mundial; António G. Leitão& Filho; Portugal Previdente e Lisbonense, José Moura Pina & Filho. -Alambiques :-José Cabral; José Mendonça Gouveia Cabral. -Almocreves :-Elisa de Jesus; José Alves de Oliveira; Vicente de Jesus. -Alfaiates :-António de Brito Pereira; Francisco Martins de Clara; José Fernandes Urtigueira; Placido Pinto Luis dos Santos. -Annuario Commercial de Portugal :- correspondente, Carlos Cabral Leitão. -Apicultura mobilista :-António Cabral Leitão. -Armador de Igrejas :-José Fernandes de Brito. -Artigos Photographicos :-Francisco Manazes. -Automóveis (Aluguer de):- Garage Commercio e Industria; Garage Estrella Leitão & Irmãos. -Avicultura :-Carlos Santos; José Bonito & C.; José Lemos de Moura. -Azeite (Negociantes de):- José Alves de Oliveira; José Lages; Natividade do Fidão; Vicente de Jesus. -Azeite (Productores de):- António Cabral (Herdeiros de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura. -Azenhas :-António Cabral (Viuva de); António Gomes Leitão; António Lopes Canhão; António Cardoso de Moura; Elisa Cecilia; Joaquim Fernandes Gomes, Joaquim Lucas. -Barbeiros :-Francisco do Senhor; Joaquim Alves Simão Junior; José Farias, Filho. -Cabedaes :-José Luiz Lages Junior. -Cabo d`Ordens :-José Amaro de Brito. -Calçado de ourelo (Fabricante de):-Libania Pereira. -Carnes frescas (Açougueiros):- Francisco Gomes; José Cardoso de Pina; José da Costa; José Fernandes de Brito. -Carpinteiros :-Abilio Pires Figueiredo; Francisco Augusto; Manuel António Mendes. -Cereais e Legumes :-José Diniz; Augusto Pinto das Neves; Francisco Gomes; Joaquim Nunes Luiz Junior; José de Moura Pina & Filho. -Chá e Café :-José de Moura Pina & Filho. -Chapeus :-António Gomes Leitão & Filhos; António Luiz Duarte Pina & Irmãos; António Pinto Caçapo; Felismina Simões & Filho; José Lages Junior. -Cinematographo :-Salão Viriato. -Conservas :-António Mendes Luiz d`Abreu. -Correio :-Chefe da estação telegrapho-postal, Lucinda Direito. -Correio :-Distribuidor, José Fernandes de Brito. -Drogas e tintas :-João Velloso. -Escolas Primarias officiaes (Professores):- Alice d`Almeida Abreu; Irene d`Almeida Abreu; Pedro d`Almeida. -Electricista :-António Pedro. -Fazendas :-António Gomes Leitão & Filho; António Luis de Brito Inácio & C.;. António Pinto Caçapo; Felismina Simões de Moura; José Diniz; José Mendes Simão; Libania Pereira; Luciano Simões. -Ferragens :-António Luis Duarte Pina & Irmãos; Manoel de Jesus Pina. -Gados (Creação de):-Vacum, lanigero e caprino (Vide proprietários). -Garage de automoveis de aluguer :-Garage Commercio e Industria;Garage Estrella, Leitão & Irmão; José Bonito & C. -Gazolina (Deposito de):-Carlos Cabral Leitão; José de Moura Pina & Filho; Leitão e Irmão. -Guia da Serra :-Emygdio Moço. -Horticultores (Fornecedores de generos de):- Augusto Luis Mendes & C. -Hospedarias :-Joaquim Fernandes Gomes; José Fernandes Brito (Pensão) -Hote l:-José Lemos de Moura -iIluminação :-Empresa Hidro-Electrica da Serra da Estrela, representante, Antonio Pedro. -Julgado da Paz , Juiz de paz:-Pedro d`Almeida. -Escrivão :-Joaquim de Moura Simão Junior. -Lanificios (Fábricas de):- Antonio Cabral, Sucessores; Augusto Luiz Mendes & C. Limitada; Leitão & Irmãos; Moura Cabral & C.; Manoel Gomes Leitão & Filho; Pina,Nunes & C.. -Lanificios (Fabricantes de):- Alfredo Mendes Cabral; Antonio Luiz Duarte Pina; Antonio Nunes Luiz; Carlos Nunes Cabral; José Lages; Pina & Simão. -Latoeiros :-João Apparicio de Carvalho; José Fernandes Mendes. -Louça :-Antonio Luiz de Brito Ignacio & C.; Antonio Luiz Duarte Pina & Irmãos; Antonio Pinto Caçapo: Felismina Simões & Filho; Manoel de Jesus Pina. -Louça esmaltada :-Antonio Luiz de Brito Ignacio; Manoel de Jesus Pina. -Machinas de costura (Deposito de):-Antonio Gomes Leitão & Filho. -Madeiras (Deposito de):-Antonio Mendes Cabral -Marceneiro :-Antonio Pires Figueiredo -Médico :-Dr. Antonio Gomes. -Mercearias :-Alexandre Moura; António G. Leitão, & Filho; António Luis de Brito Inácio, & C.;Antonio Luiz Duarte Pina & Irmãos; António Pinto Caçapo; Arthur Dias; Antonio Pinto Neves; Felismina Simões & Filho; Francisco Gomes; José de Almeida (Viuva de); José Lages; José Memdes Pina; José Mendes Simão; José Moura Pina & Filho (armazem); Libania Pereira; Luciano Simões; Manoel Mendes Luiz d`Abreu (Viuva de); Seraphim Lopes Cardoso (Viuva de); Vicente Joaquim. -Minas de estanho :-Companhia das Minas do Malhão. -Miudezas :-António Gomes Leitão & Filho; Antonio Luiz Brito Ignacio & C.; Antonio Pinto Caçapo; Felismina Simões & Filho; José Mendes Simão; Libania Pereira. -Modas e bordados :-Antonio Gomes Leitão & Filho; Antonio Luiz de Brito Ignacio & C.; Felismina Simões & Filho. -Modistas :-Maria Thereza Antunes de Moura; Emilia do Conde; Maria do Carmo do Gaudencio; Eduarda Ambrosia. -Moveis :-Antonio Gomes Leitão & Filho; Felismina Simões & Filho; José Lages. -Padarias :-António da Costa Neves; Francisco Gomes; Gracinda Mendes de Jesus. -Papel para embrulho (Deposito de):-José de Moura Pina & Filho. -Papelarias :-Antonio Gomes Leitão & Filho; António Luiz de Brito Ignacio & C.; Antonio Luiz Duarte Pina & Irmãos; Antonio Pinto Caçapo; Felismina Pinto Caçapo; José de Moura Pina & Filho. -Parocho :-António Mendes Cabral Lages. -Parteiras :-Anna Cecilia; Maria Thereza Barona. -Pedreiros (Mestres d`obras):- Arthur de Brito Amaral; José Machado. -Peixe fresco :-Francisco Gomes; José Bonito. -Perfumes :-Pharmacia Manazes. -Petrechos de caça :-Manoel Mendes Luiz d`Abreu. -Pharmácia-Popula r:-Thomaz Manazes. -Pintor :-João Velloso. -Pneus e accessorios :-José de Moura Pina & Filho. -Postaes illustrados :-Felismina Simões & Filho; José de Moura Pina & Filho; Leitão & Irmãos. -Proprietários :-António Cabral (Herdeiros de); Antonio Elias; Antonio Fernandes Gomes; Antonio Gomes Leitão; António Gomes Luiz; Antonio Lopes Vide; Antonio Luiz Banco; Antonio Luiz Brito Ignacio & C.; Antonio Mendes Gouveia Cabral; Antonio Moura Romano; Antonio Pinto Luiz; Augusto Gomes Lages; Augusto Gomes Leitão; Augusto Luis Mendes (Herdeiros de); Augusto Luis Mendes Junior; Augusto Pereira dos Santos; Emygdio Santos Manuelito; José Luiz Alfaiate; João Mendes Velloso; Joaquim Gomes Pina (Viuva de); Joaquim Lucas; José Gomes; José Gomes Luiz Lages; José Gomes Luiz Pina; José de Lemos; José Luiz Duarte Pina; José Macedo; José Mendes Abreu (Herdeiros de); José Mendes Cabral; José Monteiro; José de Moura Pina; José de Moura Galvão; José Nunes Luiz; José de Pina Pires; José dos Santos Furtado; Manoel Dias Aparicio; Manoel Gomes Lages; Manuel Gomes Leitão; Manoel de Jesus Pina; Manoel Mendes Luiz Abreu; Manoel dos Santos Silva. -Queijos (Produtores de):- José Alfaiate; José Alfaiate (Filho); Manoel Correio. -Regedor :-Luciano Mendes Cabral Lages -Substituto:-Alfredo Nunes Luiz. -Registo Civil (Posto de):-Ajudante, Pedro de Almeida. -Sociedades de recreio :-Associação Catholica de Operários e Artistas; Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga; Sociedade Philarmonica. -Relojoaria :-Manuel Alves Galinha. -Sapatarias :-Antonio de Brito Amaro; Antonio Fernandes Gomes; Antonio Lourenço; Emilio João de Brito; José Cardoso de Pina; José Fernandes de Brito. -Saúde Pública (Sub-inspector):- Dr. António Gomes. -Serralharia :-Loricense -Tabacos :-José Lages; José de Moura Pina. -Tamancos e Chancas (Depositarios de):-Antonio Gomes Leitão & Filho; António Pinto Caçapo; Felismina Simões & Filhos; José Diniz; José Fernandes Conde; José Moura Pina Fernandes; Manoel de Jesus Pina. -Vidraria :-Luiz de Brito Ignacio & C. -Vinhos (Produtores de):- Amalia Nunes de Pina; Antonio Cabral (Viuva de); Antonio Cabral Leitão; Antonio Cardoso de Moura; Padre Antonio Mendes Lages; Carlos Luiz Mendes; José de Mendonça Cabral; José Tapora; Manoel Gomes Leitão; Matheus Moura Galvão. -Vinhos (A retalho):- Alexandre Moura; Arthur Dias; José Diniz; José Mendes de Pina; Manoel Jesus Pina; Manoel Mendes Luiz d`Abreu; Vicente Joaquim. * (Esta Transcrição foi escrita na integra, tal como se escrevia na época) -3- II -Loriga no ano de 1942 Loriga,grande povoação de 3363 habitantes,situada a 741 metros de altitude,aparece assim,onde se quebra o pendor da encosta,num esporão alongado,entre dois barrancos imensos. Loriga não é uma verdadeira aldeia serrana,antes uma vilazinha caiada e alegre,com indústria de lanifícios,lacticínios e extracção de minério (volfrâmio e estanho);P.T.;Iluminação eléctrica,seis bonitos fontanários públicos,casas recreativas diversas,filarmónica,,farmácia,hospedaria Palmira,carreiras de camionetas para Seia e Nelas. Densas manchas de pinhal verde escuro vão cada ano subindo mais os contrafortes da serra,até acima dos 1000 metros.São sementeiras recentes,uma riqueza que se acumula onde há pouco eram fraguedos nus.Mas o mais impressionante vinco da acção do homem está na infinidade de socalcos(«cômbaros») que acima e abaixo da povoação criam e sustêm a terra de cultura.Por eles descem a as àguas da serra,represadas no alto em lagoazinhas artificiais,repartidas em levadas que regam milhos e pastagens,e movem rodas de fábricas e pedras de moinhos. A cavaleiro de Loriga erguem-se dois formidáveis baluartes da serra:A Penha dos Abutres (1819 metros) e a Penha do Gato (1768 metros).Uma excursão a pé se recomenda:A subida por trilhos pouco cómodos,da Garganta de Loriga ao cimo da serra.Difícil e fatigante,compensa o excursionista pela beleza selvagem dos fraguedos e pela amplidão do horizonte,sobre os macios contornos das montanhas de xisto que se dominam dos altos pendores da Estrela.Até à Penha dos Abutres terá que subir-se um desnível de mais de mil metros.Daí à Torre é um passeio breve de duas horas.Mas será sempre conveniente levar guia. É a primeira e a mais importante freguesia do concelho de Seia e uma das principais do Distrito da Guarda, pela sua população, comércio, indústria e riqueza pecuária no fabrico de lanifícios, empregando diariamente cerca de mil operários de ambos os sexos. Nesta freguesia se fabrica o conhecido queijo da serra. Altitude 741 metros. População 3.363 habitantes. Possui os seguintes templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa Senhora da Guia; Nossa Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora. A 42 Km da estação férrea de Nelas, a 22 Km de Seia, sede de concelho, a 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra. Tem minas de volfrâmio, estanho, ferro e arsénio. Tem artísticos chafarizes públicos mandados construir pela colónia loricense de Manaus (Brasil-Amazonas) e é iluminada à electricidade - voltagem 220 Kv. Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Alvôco da Serra, aos sábados *** -Agências Bancárias:-Borges & Irmão António Pinto Caçapo; Credit Franco Portugais, Soto-Maior, Lisboa & Açores, Espirito Santo e Comercial de Lisboa; António Gomes Leitão Sucessor; Banco Nacional Ultramarino, António Cardoso Moura; Banco Aliança e Cupertino de Miranda & C., Carlos Nunes de Pina; J.M. Fernandes Guimarães & C., António Luis Duarte Pina & Irmãos. -Alfaiates:-Àlvaro Mendes Simão; António de Brito Pereira; António de Pina Pires; Carlos Fernandes Urtigueira; Plácido Pinto Luis dos Santos; José Fernandes Urtigueira.. -Apicultores:-António Cabral Leitão; Augusto de Brito Braga. -Armador de Igrejas:-António de Moura Pina. -Automóveis (Aluguer de):-Auto-União Serra da Estrela, Limitada; Ernesto Duarte Pina; José Bonito. -Azeite (Produtores de):-António Cabral (Herdeiros de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura; Augusto Gomes Leitão; Pedro Vaz Leal; Urbano Ambrósio de Pina. -Barbeiros:-Abilio Alves Costa; Francisco Farias. -Carreiras de Camionetas:-Auto-União Serra da Estrela, Limitada, de Adelino Pereira das Neves. -Casas de espectáculos e recreio:-Grupo Desportivo Loricense; Sindicato Nacional dos Operários da Industria de Lanifícios (Secção de); Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga; Sociedade de Protecção à Escola Popular; Sociedade Recreativa Musical Loricense. -Cereais (Negociantes de):-José Diniz; Manuel de Moura Pina. -Construção Civil:-António Gomes de Pina Machado; Fonseca & Felix; João Oliveira & Irmãos; Joaquim Félix & Irmão. -Correio:-Chefe, Lucinda Direito. -Despacho Central, (combinado com a B.A.) Chefe, Ramiro Henriques Correia. -Drogarias:-António Gomes Pina Machado; Manuel Moura Pina. -Escrivão:-José Luis dos Santos. -Fábricas:-José Lages; Leitão & Irmãos; Augusto Luis Mendes & C. Limitada; Moura Cabral & C.; Nunes Brito & Pina, Irmãos, Limitada; Nunes & Cabral, Sucessor; Pina,Nunes & C.. -Farmácia-Popular:-Directora Técnica, Amália de Brito Pina. -Fazendas:-António Gomes Leitão, Sucessor; António Luis de Brito Inácio & C.;. António Pinto Caçapo; Carlos Nunes de Pina; Felismina Simões de Moura; José Diniz. -Ferragens:-António Luis B. Inácio, Sucessor; José Diniz; Manuel de Moura Pina; Pedro Vaz Leal. -Filarmónica:-Regente, António Brito Pereira. -Funerárias:-António Luis de Brito Inácio, Sucessor; António Pinto Caçapo; António Gomes Leitão, Sucessor. -Guia da Serra:-Manuel Pires Figueiredo. -Iluminação (empresa concessionada):-Empresa Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela, representante, João Pereira. -Jornais:-Diário de Noticias-Abílio Alves Costa; Século-Artur Simões de Moura. -Julgado da Paz:- Juiz, Alberto Pires Gomes. -Junta de Freguesia:- Presidente, António Mendes Cabral Lages. -Lacticinios-Queijos (Fabricantes de):-Emídio Correio, José Alfaiate; José Alfaiate (Filho); Manuel Correio. -Lanifícios (Armazem de):-António Gomes Leitão & C.; Augusto Luis Mendes & C. Limitada; José Lages; Leitão & Irmãos; Manuel Gomes Leitão & Filho; Moura Cabral & C.; Nunes Brito & Pina, Irmãos, Limitadas. -Marcenarias:-António Pires Figueiredo; Joaquim de Andrade. -Médico:-Dr. António Andrade. -Mercearias:-António G. Leitão, Sucessor; António Luis de Brito Inácio, Sucessor; António Pinto Caçapo; Carlos Nunes de Pina; Felismina S. de Moura; José Diniz; José Vicente Figueiredo; Laura Mozarga; Manuel M. Pina; Maria dos Anjos Antunes; Maria do Carmo Mendes Melo. -Minas de Volframio e estanho:-José Lages Júnior; Minas de Loriga, Limitada; Minas do Rombo, Limitada; Sociedade Mineira de Loriga, Limitada. -Modista:-Alcina de Almeida Abreu; Elvira de Jesus Pina; Maria Teresa Antunes; Maria Tereza Nunes Amaro; Urbana Ambrósio de Pina. -Padarias:-António Alves Galinha; José Lopes Junior; José Maria Pinto. -Pároco:-António Mendes Cabral Lages. -Parteiras:-Constança de Brito Pina; Maria Gomes Torrozelo. -Pensão:-Palmira de Brito Crisóstomo. -Polvora (Depósito de):-José Diniz; José Luis dos Santos. -Professores:-Alberto Pires Gomes; Irene de Almeida; Alice de Almeida Abreu. -Proprietários:-António Cabral (viúva de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura; António Luis Duarte Pina; António Mendes Cabral Lages; António Mendes Gouveia Cabral; António de Moura Cabral; Augusto Gomes Leitão; Augusto Luis Duarte Pina; Augusto Luis Mendes Júnior; Carlos Cabral Leitão; Carlos Nunes Cabral; Carlos Simões Pereira; Joaquim Gomes Leitão; Joaquim Gomes Pina (viúva de); José Lages; José Luiz Duarte Pina (viúva de); Manuel Gomes Leitão; Maria Helena Cabral Leitão; Pedro Vaz Leal. -Regedor:-Carlos Simões Pereira. -Registo Civil (Posto de):-Ajudante, Alice de Almeida Abreu. -Sapatos de Ourelo (Fabricantes de):-Amélia Moura Pina; Amélia Pinto Urtigueira; Eduarda Martins Ferrito; Laura de Almeida; Teresa Alves. -Saúde Pública, Subdelegado:-Dr. António Andrade. -Seguros:-Manheimer e Sociedade Portuguesa de Seguros-António João de Brito Amaro; Nacional e a Pátria-Carlos Nunes Cabral; Acidentes de Trabalho-Emílio R. Leitão; Mundial-António Gomes Leitão, Sucessor; Portugal Previdente-António Fernandes Carreira. -Serralharias Mecanicas:-Pedro Vaz Leal; Joaquim Augusto Correia. -Tabacos (Depósito de):-José Luiz dos Santos. -Talhos:-Adriano do Amaral; Alexandre Jorge Moura; José Luiz dos Santos Firminio. -Turismo:-Sociedade Defesa e Propaganda de Loriga. -4- A Estrada de Loriga No século XIX, Loriga era já uma terra industrial. No entanto, ainda não tinha uma via de estrada para poder, com mais facilidade, fazer o escoamento da produção fabricada para os mercados do país. Podemos, por isso, imaginar as dificuldades existentes nesses tempos, pela falta de vias de comunicação, não só para apetrechar as fábricas de maquinarias necessárias, mas também, como já se disse, poder enviar para outros pontos do país a sua produção e ainda receber matérias primas para a sua laboração.A única via de comunicação existente era a velhinha estrada romana de Lorica,construída há dois mil anos (século I a.C.). Antes da construção da actual estrada para Loriga, as mercadorias eram descarregadas em S. Romão, e dali seguiam até esta Vila, por caminhos existentes na altura e com o transporte a ser efectuado por carros de bois. O trajecto mais utilizado era aquele que, saindo de São Romão, descia para Vila Cova, passando pelo meio dos pinhais e pela quinta da Conceição, subindo depois para a Portela de Loriga e em seguida descia pela Calçada Romana que conduzia a Loriga. A construção do lanço da estrada de São Romão a Loriga, ocorreu nos primeiros anos da década de 1920, surgindo uma estrada serpenteante por audaciosas curvas ao longo da encosta da serra e onde a engenharia moderna, na altura, colocou todos os seus recursos, No final dessa mesma década foi construído o trajecto ainda na zona de Loriga, entre a Fábrica dos Leitões e "Selada", seguindo-se a construção desta estrada até Alvoco da Serra e, poucos anos depois, ficou concluída até às Pedras Lavradas, ligando assim toda esta zona da serra à Beira Baixa. Por isso, a construção da Estrada Nacional Nr. 231, como é hoje chamada, foi considerada uma obra de importância vital para esta zona situada na encosta sudoeste da Serra da Estrela. No final da década de 1950, esta estrada nacional, desde São Romão até às Pedras Lavradas, foi totalmente restaurada, sendo alcatroada em todo o seu percurso, tendo sido suprimidas algumas curvas e apetrechada com muitos aquedutos para o escoamento das águas, tendo sido também devidamente sinalizada, ficando uma magnifica via de circulação. Na última década do século passado, esta Estrada Nacional Nr.231, chegou quase à degradação total para, finalmente, no ano de 1999, receber grandes obras de restauro, sendo colocado novo piso, melhor sinalização, bem como a colocação ao longo do seu trajecto de railes metálicos de protecção e segurança, tornando-a numa via para melhor circulação e muito mais segura. Estrada Nacional Nr. 231 Curioso é o que vamos encontrar nos relatos da época, que nos dão conta, de que, aquando da construção do lanço da Estrada da Fábrica dos Leitões até à "Selada", a maioria dos trabalhadores, bem como o encarregado da mesma, o Sr. Morgadinho, serem naturais de Fronteira, localidade alentejana, os quais, durante algum tempo, viveram com as suas famílias em Loriga, distinguindo-se por serem uma comunidade com usos e costumes muitos diferentes dos loricenses. Poema - Ruas da minha terra * -5- Ruas da minha terra Como eu me lembro bem Comecei a percorre-las Ao colo de minha mãe Ainda hoje sinto o calor Que do seu peito imanava Quando rezando ao Senhor Na procissão me levava Ruas da minha terra Ruas do meu amor Um pouco mais crescido Ia ao lado de meu pai Com uma vela na mão Seguindo atrás do andor Cantando ao mesmo Senhor Na mesma procissão Ruas da minha terra Ruas da minha alegria Quantas saudades sinto De quando as percorria Rua de Viriato à noite Juntamente com os amigos Com um ramo na mão Cantando a todos os Santos No Domingo da Paixão Ruas da minha terra Como eu me lembro bem Quem me dera voltar a vê-las Ao colo de minha mãe * Fernando Alves Pereira (Requinta) O Relógio da Torre da Igreja de Loriga -6- A colocação de um relógio, na Torre da Igreja de Loriga era uma ideia que vinha de há anos muitos atrás. No entanto, só viria a tornar-se realidade em Março/Abril de 1969, tendo sido necessário efectuar, para o efeito, algumas obras de adaptação na torre da igreja. Na altura, era pároco de Loriga o Senhor Padre António Nascimento Barreiros. Com vista à angariação de fundos para custear o relógio e a sua colocação, foram tomadas algumas iniciativas, nomeadamente uma subscrição pública, bem como outros eventos, entre os quais se destaca a realização de uma peça de teatro "Casa de Pais", exibida por três vezes, no Salão Paroquial, cujas receitas revertiam a favor da colocação do relógio. À época, fizeram-se ouvir algumas vozes críticas, designadamente quando ao facto de a torre não ter ficado um pouco mais elevada, bem como, o facto de terem sido colocados dois mostradores em vez de quatro permitindo, que o relógio fosse visível de todos os quadrantes da vila. Além disso,a solução encontrada para a incorporação dos relógios na torre,não foi esteticamente e patrimonialmente a melhor.O "Braga" como popularmente ficou conhecido na altura, foi negociado e adquirido a uma firma sediada na cidade de Braga, que para o efeito se deslocaram a Loriga para a respectiva instalação, por isso o hábito de a população assim o passar a chamar, quando se referia ao relógio da torre da igreja. Nos primeiros tempos, a população estranhou muito, ao ouvirem o bater das horas e meias horas, principalmente os habitantes das casas mais próximas. No entanto, com o decorrer do tempo, já não podiam passar sem ouvir aquela presença viva, que se passou a ouvir por toda a Vila. Torre da Igreja - Ano 1969 Salão Paroquial de Loriga Interior do Salão Paroquial de Loriga O Salão Paroquial de Loriga, situa-se no Largo do Adro da Igreja, e é parte integrante da "Residência" como popularmente é assim chamado aquele imóvel. O referido prédio foi construído em 1945, por um custo orçamental de 100.000$00, sendo o pároco em Loriga, o Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, natural de Manteigas, que tinha chegado a esta localidade um ano antes. Obra paroquial de grande vulto, para a época, com o piso superior destinado para a residência do Pároco local e o espaço inferior idealizado para Salão Paroquial, no sentido de servir em prol da comunidade em actividades religiosas, culturais e recreativas. Desde então passou a ser a Sala de espectáculos de Loriga, onde ao longo de todos estes anos da sua existência, ali se tem realizados os mais variados eventos, onde se destaca, o cinema, o teatro, variedades, concertos, entre outros. Em certa época, chegou mesmo serem ali realizadas celebrações litúrgicas, nomeadamente missas, em substituição da Igreja Matriz, enquanto nesta se procediam a grandes obras de restauro. O velhinho "Salão" é pois uma casa pela qual os loricenses têm um carinho especial e, hoje com dantes continua a ser a sala de espectáculos de Loriga, sempre aberta para receber ali, todas as actividades para a qual foi idealizada a sua construção. A Virgem de Fátima em Loriga -7- No dia 14 de Maio de 1949, Loriga viveu horas de intensa alegria espiritual, ao ter a honra de receber a Veneranda Imagem da Virgem de Fátima Peregrina. Já há muito que Loriga se vinha preparando para a recepção. A Vila engalanou-se, as próprias fábricas dias antes dispensaram alguns operários, para que tudo estivesses lindo e em ordem. Fizeram-se arcos, as fábricas deram enormes tiras de pano branco, onde se pintaram com arte, grandes frases de profundo sentido cristão, alusivas à vinda da Celeste Rainha. O Fonte do Mouro foi coberto com pétalas de maia e outras flores. As crianças das escolas, vestiram os seus bibes, que juntamente com os cruzados, fizeram um cordão central de cimo ao fundo, por onde iria subir o carro com a Virgem Maria. Eram cerca de 16H30, quando chegou à Portela do Arão, recebida ali pelos Revmos. Bispo da Diocese Dom Domingos, Padre Prata, Presidente da Junta de Freguesia e muitas mais pessoas. Quando chegou junto à Fábrica Leitão & Irmão, foi um verdadeiro delírio, sobem ao ar foguetes com 21 tiros, fogo repetido com grandes girândolas de foguetes. Já na "Carreira", a Banda toca o Avé de Fátima, enquanto o povo cantava, chorava e rezava. Além das autoridades concelhias e muitos sacerdotes, todas as forças vivas da Freguesia estavam presentes com os seus estandartes, bem como, todos os organismos religiosos com os seus guiões, JOC; JOCF; LOC; LOCF, Irmandade e Apostolado da Oração. O carro com a Virgem Maria sobe o Fonte do Mouro até à "Cabine" onde foi retirada do carro e exposta à veneração de todos. O Sr. Padre Prata chorou de alegria, os seus olhos eram como raios luzentes, e dos seus lábios foram pronunciadas palavras de profundo interiorização cristã e humana, como era seu timbre. Afinal ele tinha empenhado todo o seu prestígio nesse evento. Seguiu-se a reza de muitas orações, acompanhadas de um coro de 300 raparigas de Loriga, foram lidos diversos telegramas de loricenses ausentes, para depois o Sr. Bispo fazer a consagração ao Coração de Maria, da Freguesia e os povos ali representados. O cortejo desceu o Fonte do Mouro acompanhando o carro com a Senhora dos Peregrinos. A comoção chegou ao rubro, junto com o silêncio mórbido de muitos que nunca julgaram ver tão perto a Senhora da Azinheira. Todos subiram o Outeiro, contagiados no amor total à Virgem de Fátima. Quando o carro avançou para deixar Loriga, lenços acenaram o adeus. Muitos, voltaram a ver a Imagem diversas vezes em Fátima. Outros, ficaram com a Senhora retida nos seus olhos lacrimosos. Porque, sem possibilidades económicas, não era possível ir à Cova da Iria. Ficaram na esperança de no céu a encontrar. Café "Neve" O café "Neve" propriedade de José Maria Pinto, era um mimo, de design agradável e com um mobiliário mesas e cadeiras, tipo arte nova a atestar o seu gosto verdadeiramente requintado. Poderia ser chamado o "Magestic" de Loriga, era um autêntico ex-libris de Loriga, local privilegiado de encontros, tertúlias e de leitura matinal do jornal. Na década de cinquenta e até meados princípios da década de sessenta, o ambiente do café não ocultava uma marcante divisão de classes. Os frequentadores assíduos eram selectivos, o que levava o "Ti Zé Maria" a desencorajar a frequência de uma clientela mais popular. Eram outros tempos, em que os mais endinheirados impunham as sua exigências. Com o rodar dos anos, o café transformou-se, paulatinamente, num espaço privilegiado de encontro de estudantes e seminaristas da década de sessenta, os quais, apesar da escassez, sempre iam arranjando umas coroas para o bilhar . Foi o primeiro Café a existir em Loriga, e o primeiro local público a ter Televisão. *** Interior do Café Neve (Ano 1949) Nota: - Depois de deixar de ser explorado pelo seu proprietário José Maria Pinto, o Café Neve, foi conhecendo outras gerências, inclusivamente chegou a mudar de nome. Encerrou definitivamente em princípios de 2004 e actualmente está instalada ali a Farmácia Popular de Loriga. -8- Os Picarotos de Gelo A água desliza por tudo que é lugar em Loriga, quando as temperaturas chegam a níveis negativos, ficará deslumbrado ao contemplar cenários, que a natureza se encarregou de criar dando ainda uma melhor beleza às paisagens de Loriga. Nesses dias procure esses encantos, nomeadamente nos combâros das courelas, onde poderá visionar as geleiras de cristais formados por água que escorre, que toma forma de uma exposição de ourives, cujas belezas artísticas mostra o mais variado sortimento de escultores e filigranas de gelo. Picarotos de Gelo Camão de Neve em Loriga Numa manhã gelada de um rigoroso inverno, a Natureza com todo o seu esplendor vem brindar Loriga, com um panorama dos mais belos e deslumbrante que se possa imaginar. Ainda debaixo de grossos cobertores e mantas de pêlos, através da vidraça das janelas entra a claridade provocada pela brancura do grande e belo lençol de neve, desde a escarpada "Penha d´Àguia" assim como nos telhados e nas courelas, a findar lá prós lados do "Pisão do Barruel" Olhamos a beleza dos pinheiros, cerejeiras e castanheiros, despidos de folhas os quais parecem gigantescas árvores de Natal artisticamente prateadas pela neve acumulada em seus galhos. Nos quintais, as roseiras e outros arbustos curvam-se com o peso da neve e com alguns pardais empoleirados e famintos à procura de algum lugar não atingido pelo gelo, a fim de colherem algumas migalhas para seu sustento. Os passos das pessoas que passam nas ruas, ficam marcados, primeiro bem definidos, depois em sulcos compridos talvez porque os não possam erguer. Nas fontes a água copiosamente cai, a neve a ela se junta, tornando-a ainda muito mais gelada e mais cristalina. São estas as imagens, que ficam para sempre gravadas com infinitas saudades em nossos olhos, mostrando a grandeza de Deus na perfeição da Natureza e que jamais se extinguirá dentro da nossa existência, relembrando sempre um Camão de Neve em Loriga. **** Batem leve levemente Como quem chama por mim Será chuva, será gente Gente não é certamente E a chuva não bate assim É talvez a ventania Mas à pouco à poucochinho Nem uma agulha bulia Na quieta melancolia dos pinheiros do caminho Quem bate assim levemente Com tão estranha leveza Que mal se ouve mal se sente Não é chuva não é gente Nem é vento com certeza *** *** *** Queda de neve sobre o centro histórico de Loriga *** -9- Olho através da vidraça Está tudo da cor do linho Passa gente e quando passa Seus passos imprime e traça Na brancura do caminho Fico olhando estes sinais Da pobre gente que passa E noto por entre os mais Uns traços minaturais Duns pezinhos de criança É uma infinita tristeza Uma funda turbação Entra em mim e fica presa Cai neve na Natureza E cai no meu coração As Trovoadas Pelas características montanhosas de Loriga, a trovoada, ao fazer-se sentir, chega por vezes a ser medonha, inspirando muito receio e uma certa preocupação. Em tempos, era muito usual em Loriga, guardar um ramo de oliveira benzido no Domingo de Ramos, no sentido de ser utilizado quando havia trovoada. Assim, logo que as trovoadas se faziam ouvir, as pessoas apressavam-se a queimar o ramo de oliveira ou, em alguns casos, ramos de louro, ao mesmo tempo que rezavam e entoavam cânticos a Santa Bárbara, para que a Trovoada abrandasse ou se afastasse para outras paragens. Inicio de uma Trovoada Prece a Santa Bárbara, a que apazigua os trovões: Santa Bárbara bendita. Que no Céu está escrita. Com um raminho de água benta. Nos livra desta tormenta... Cântico Bendito e louvado seja O Santíssimo Sacramento Da eucaristia. Do fruto do ventre sagrado Da Virgem puríssima Santa Maria... Também muito usual em Loriga este Provérbio dedicado à Santa Barbara: -Só te lembras de Santa Barbara quando dá trovoada- Lembrar Loriga!.. Minha Terra Loriga, lembro-me de ti, das tuas ruas, becos e "quelhas", onde passei os meus tempos de menino sem reparar! Loriga, lembro-me de ti, das fogueiras de Natal no Adro e na Carreira, com os "tocos" que levavam horas a queimar e à noite as Janeiras às portas se iam cantar! Loriga, lembro-me de ti, das tuas imponentes "Penhas" bem altas que pensávamos que no céu estavam a tocar. Loriga, lembro-me de ti, nos dias de inverno junto à lareira, ouvindo aos mais velhos histórias contar! Loriga, lembro-me de ti, da "Residência" onde havia teatro e cinema e onde se tentava entrar sem bilhete pagar! Loriga, lembro-me de ti, e dos muitos serões televisivos na "Praça" e ao luar! Loriga, lembro-me de ti, dos muitos pinhais que havia onde pinhas e carumas se ia apanhar! Loriga, lembro-me de ti, das muitas árvores de frutos que em alguns lados havia e que à noite essa fruta se ia furtar! Loriga, lembro-me de ti, do mês de Maria com as meninas a cantar e aos ombros da garotada cantavam os grilos a acompanhar! Loriga, lembro-me de ti, das Festas da Vila com arcos, luzes e divertimentos de admirar, gente de todo lado vinha e à noite, foguetes de lágrimas iam para o ar! Loriga, lembro-me de ti, das maceiras com o bom pão cozido que vinha dos fornos e que deixavam ao passar um apetitoso aroma no ar! Loriga, lembro-me de ti, das Festa de N. S. da Guia onde a sineta não parava de tocar e na Vila as mulheres entoavam seus cânticos, limpando as ruas e casas pois a festa estava a chegar! Loriga, lembro-me de ti, das tuas ribeiras de águas cristalinas e onde nos seus "poços" no Verão todos se queriam banhar! Loriga, lembro-me de ti, dos professores e das escolas improvisadas, onde aprendi a ler e a contar! - 10 - Loriga, lembro-me de ti, das muitas tabernas que havia, e onde principalmente aos Sábados os homens se encontravam para conversar! Loriga, lembro-me de ti, dos muitos jovens que estavam fora a estudar e vinham a Loriga as "férias grandes" gozar! Loriga, lembro-me de ti, das raparigas bonitas e de faces coradas que sorriam para namorar! Loriga, lembro-me de ti, e de uma garotada infernal em S.Genês, Terreiro do Fundo e Carvalha, que em jogos de bola, "pau de bico; eixo; rabisco e mosca" os mais velhinhos se faziam arreliar. Loriga, lembro-me de ti, quando muitas fábricas havia e muita gente nelas trabalhavam e bem longe se ouvia suas máquinas em grande laboração. Loriga, lembro-me de ti, e quando qualquer palmo de terra era cultivado e assim te transformavam em jardim. Lembro-me de ti, Loriga ............! Quem me dera voltar a ser menino Poder brincar apenas por brincar Sentir-me, como outrora pequenino Chorando sem saber porque chorar "1944 - A Queda do Avião" A guerra assolava ainda por toda a Europa mas, em Loriga, a vida era tranquila e nada fazia prever que algo viesse alterar esse cenário de calmíssima, até que um certo dia que já vai longe, num Fevereiro perto do fim algo aconteceu. O dia estava a chegar ao fim, e a "Garganta e as Penhas" de Loriga começaram a ser cobertas por flocos de nevoeiro, parecendo como que algodão, apesar do dia de Céu azul que tinha estado, parecendo Primavera. Já a meia-noite tinha ficado para trás, quando se começou a ouvir o trabalhar de um forte motor de avião, parecendo voar mais baixo que as "Penhas", também estas surpreendidas por alguém se aventurar a sobrevoar os seus domínios. A Penha do Gato abriu seus braços como que para os abraçar e lhes dizer que ali só ela era soberana. Dos Loricenses ainda acordados saíram gritos de aflição, pois se o avião estava a voar assim tão baixo, por certo iria bater em alguma "Penha". O barulho do motor estava cada vez mais próximo e, a seguir um grande estrondo se fez sentir, não havendo dúvidas de que o avião embatera na serra. O povo ficou aterrado e, de imediato os mais corajosos partiram serra acima com destino ao local .O primeiro a chegar foi um loricense muito popular e brincalhão,conhecido por António Aleixito,que,espantado e aterrorizado com o que viu,voltou para contar aos outros.Como se tratava de um habitual brincalhão e era época de Carnaval,não acreditavam no seu relato até chegarem ao local e confirmarem tudo. Ao chegarem, compreenderam então que o inevitável tinha acontecido. O avião embatera contra as rochas, explodindo, constatando-se, então que se tratava de um avião militar estrangeiro. Apesar dos vestígios do incêndio que se gerou depois da explosão, era visível o diverso material de guerra que transportavam. Por sua vez os corpos não tinham sido totalmente calcinados porque entretanto tinham sido projectados à distância. Lentamente e piedosamente foram recolhidos os restos mortais daqueles cadáveres e transportados para a vila a fim de ali serem sepultados, o que veio acontecer. Verificando-se que se tratava de soldados ingleses, pelo facto de serem de religião protestante, não deixaram de ter um funeral digno de respeito pelo povo como nunca tinha acontecido até então. Responsáveis da cãmara municipal estiveram em Loriga para levarem os corpos para a sede de concelho,mas os Loricenses disseram que os ingleses morreram em Loriga,seriam sepultados em Loriga,e nem a presença ameaçadora da GNR os demoveu. Confiados piedosamente às gentes de Loriga, aqueles mártires da catástrofe vieram acabar os seus dias numa terra verdadeiramente católica, e repousam em paz e para sempre no cemitério local numa campa rasa, cedida gentilmente pela Junta de Freguesia. Nunca ficaram totalmente esclarecidas as causas do acidente, no entanto pensa-se ter ficado a dever-se ao nevoeiro. Era um avião inglês "Hudson Aircraft" que tinha deixado nesse mesmo dia Gibraltar com destino ao Reino Unido, transportando os seguintes ocupantes: -Capitão-Roberto Tavener HILDICK; Tenente-John BARBOUR; Tenente-Daniel De Waal WALTERS; Tenente-John Patie THOM; 1.Cabo-Jack Learoyd WALKER; 1.Cabo Henry Ernest HEDGES. Conforme consta das Certidões de Óbitos passadas pelo Registo Civil de Seia, as mortes ficaram registadas como tendo acontecido à uma e cinquenta minutos desse dia 22 de Fevereiro de 1944. Desde sempre a "Campa dos Ingleses", como assim ficou a chamar-se, tem sido pelo povo de Loriga um local de respeito, sendo muitas vezes visitada por familiares e organismos ingleses. Este acontecimento da Queda do Avião já foi, em tempos (1989), tema de reportagem na Televisão (RTP). ** Campa dos Ingleses no Cemitério de Loriga - 11 - ** Nota:-Segundo os dados da época o local exacto da "Penha do Gato" onde se deu a queda do Avião, foi o local a que o povo chama por "Marte Amieiro", e junto à fraga do Alcabreiro. Na altura, com versos ou simples quadras, o povo foi registando este dramático acidente, no entanto, ao longo dos anos foram-se simplesmente esquecendo e hoje são poucos aqueles ainda em lembrança . No dia 22 de Fevereiro de 1944 Um dia bem assinalado Na Malhada do Marte Amieiro Junto à Fraga do Alcabreiro Um avião despedaçado "1927 - Um ano Trágico em Loriga" Dois trágicos acontecimentos, ocorridos simultaneamente em 1927, tornariam este ano o mais dramático na história desta localidade. É desse fatídico ano e desses acontecimentos que aqui se registam alguns apontamentos: "Tifo Exantemático/Epidemia em Loriga" Nos primeiros dias de Janeiro de 1927, começaram a aparecer uns primeiros focos de febre que, ao principio, não se sabia bem do que se tratava. Rapidamente se foi alastrando, com muita população a ficar doente muitas das pessoas a serem vitimadas mortalmente. Com o aparecimento de cada vez mais casos, o médico e as autoridades administrativas locais começaram a notar que algo de anormal e grave se estava a passar, receando mesmo estar-se perante uma epidemia, o que de facto se viria a verificar. Essas mesmas autoridades expediram vários telegramas para a Direcção Geral de Saúde, dando conta do que se estava a passar e do estado das condições sanitárias em Loriga, apelando para uma intervenção urgente e rápida. Entretanto morrem, vítimas desta epidemia, o médico local Sr .Dr. Amorim da Fonseca, o Sub-Delegado de Saúde Dr. Simões Pereira e ainda Francisco Faria (barbeiro), precisamente as pessoas que lidavam mais de perto com os doentes. De Lisboa, chegou finalmente a Loriga pessoal especializado, com material de desinfecção e de isolamento, bem como os medicamentos necessários, tendo-se improvisado um Hospital em casa dos herdeiros de Maria de José Baia no bairro de S.Ginês (nome dado pelos Loricenses a S.Gens) começando, assim, a combater-se a grave Epidemia, em que os doentes eram atingidos por febres altíssimas. A febre chegava a ser superior a 40 graus e, quando isso acontecia, os doentes eram introduzidos numa banheira de água fria com criolina e, seguidamente eram colocados numa cama limpa, ficando muitas das vezes inconscientes. Houve na realidade muitas vitimas mortais, por isso se ter dito "que Loriga parecia uma verdadeira necrópole". Loriga chegou a estar isolada do resto do país, dado tratar-se de uma doença altamente contagiosa, tendo como característica ser transmitida através do "piolho", que se proliferava de forma incrível, sendo por essa razão necessário proceder à depilação completa do doente. No dia 24 de Julho, (Dia do São João), viria a ser considerado finalmente extinto o "Tifo Exantemático", tendo-se procedido a um jantar de despedida de todos aqueles que tomaram parte no combate a essa grave Epidemia, com a população local a festejar com bailes e divertimentos em quase todos os Largos da Vila, dando assim largas à sua alegria depois de muitos meses a viver a dor da perda de muitos entes queridos. "A Queda do Coro da Igreja" Estando ainda Loriga a viver as consequências da grave Epidemia, outra tragédia viria acontecer. No dia 24 de Abril, Quarta-feira da Semana Santa, viria a ruir um anexo que fazia parte do Coro da Igreja, que havia há pouco tempo sido construído, precisamente para as crianças da catequese. Esse anexo consistia num tipo de "palanque", em frente do actual, e que, nesse dia, quando começou a ficar ocupado, de imediato começou a desabar no meio de muitos gritos e confusão. Houve como balanço trágico, a morte de uma criança e de uma mulher que ficou esmagada por uma coluna e, mais tarde, no hospital viria a falecer uma outra. Houve ainda muitos feridos, principalmente crianças, que foram transportadas de camioneta, para o Hospital de Coimbra, nessa mesma noite. Viveram-se momentos de grande aflição e ansiedade e, entre choros e gritos, as pessoas procuravam os seus familiares. Enquanto eram socorridos os feridos, havia sempre alguém que tentava transmitir calma. Mesmo assim, e felizmente, este acidente não tomou maiores proporções porque, na altura, a Igreja não estava ainda cheia de gente como decerto iria estar um pouco mais tarde. Ainda na noite do acidente, uniram-se esforços para remover os escombros e, no dia seguinte, Quinta-Feira Santa, as cerimónias puderam continuar com a respectiva afluência dos fieis. A Igreja foi encerrada logo após a Semana Santa, por motivo da Epidemia que continuava a manter Loriga em alerta, uma vez que a algomeração das pessoas facilitava o contágio. Coro da Igreja Paroquial (Actual) "O Minério em Loriga" - 12 - Sendo parte integrante da Serra da Estrela, a região circundante de Loriga era prodigiosa em várias qualidades de minério, como parece, segundo alguns, acontecer ainda hoje em dia. Era, no entanto, o Volfrâmio aquele que foi mais procurado, dando origem a muitas histórias. Efectivamente, a exploração do Volfrâmio nesta região de Loriga, quedou-se apenas numa exploração espontânea e popular, nunca tendo grande dimensão industrial. Objectivamente foi de facto marcante, nomeadamente em determinada época, em que houve uma certa euforia de procura, que ficou para sempre na recordação de muitos dos seus habitantes, dando até origem a um certo desenvolvimento económico, que chegou a ser notório nesta localidade. Pequenos Fragametos de Volfrâmio O Volfrâmio, sendo um elemento químico tipo metálico, muito duro, era muito usado na fabricação de aços especiais, filamentos para lâmpadas e para válvulas de aparelhos eléctricos, bem como outras aplicações. Nessa época já distante, antes e principalmente durante a 2a. Guerra Mundial, o volfrâmio foi um minério que contribuiu para o grande desenvolvimento industrial das grandes potências, servindo ainda de componente para material de guerra, pelo que chegou a atingir valores elevados. Daí a grande exploração por muitas das serras em todo o país, onde parecia existir de facto grande quantidade, não só deste minério como de outros também. Foram realmente tempos de euforia, que em Loriga se viveram com o negócio do Volfrâmio. Um grande número de pessoas desta localidade, e também de outras terras, diariamente subiam a serra na procura desse minério. Nos dias que a sorte sorria, regressavam felizes cantando, vendendo o fruto desse dia de sorte a pessoas endinheiradas ou volframistas. Chegou a ser relevante a abundância de dinheiro em muitas famílias, não se questionando, ou saber sequer, a que fins se destinava aquele minério. Parecia sinfonia, em orquestração, os martelos que diariamente martelavam na serra, manejados por braços e mãos calejadas de duro trabalho, percorrendo caminhos perigosos debaixo de um calor abrasador no verão, ou suportando baixas temperaturas no rigor do rigor do inverno. A esperança de fazer fortuna e de ganhar bom dinheiro, estava sempre presente no pensamento de todos. Mas, passada a euforia, surgiram os tempos de frustração, chegando muitos à triste conclusão de nada lhes ter valido suportar esse subir e descer aqueles serras, que tão bem ficaram a conhecer. Com os tempos, o alto valor desse minério foi gradualmente diminuindo tendo sido, no entanto, em Loriga, comercializado durante algum tempo mais. Hoje restam vestígios de histórias passadas e que se transmitem de geração em geração, onde se realça acima de tudo, uma vida ambiciosa, mas dura sobre a "Febre de Volfrâmio", que nem sempre foi bem sucedida para todos. Nota:-Na altura, por toda a serra se ouviam cantar versos que o povo ia fazendo relacionado ou Volfrâmio, ma com os anos foram-se simplesmente esquecendo e hoje são poucos aqueles ainda em lembrança. Pois agora tudo morre Porque o Volfrâmio não corre Devido à Exportação Pois a toda a gente deu ouro Dentro da nossa nação Pastores de Loriga Desde sempre os pastores fizeram parte da história de Loriga, o mesmo acontecendo hoje em dia, apesar de não terem a dimensão de outrora. O mais famoso pastor de Loriga foi sem dúvida o grande líder Lusitano Viriato,que,tal como escreveu o maior poeta luso,"era destro na lança mais que no cajado", e que derrotou muitas vêzes os poderosos invasores romanos. Nas recordações ainda de muitos nós, estão épocas de grandes rebanhos e de pastores, alguns bem nossos conhecidos, que continuam a ser referência na nossa história. Eram homens simples, alguns até analfabetos, mas dotados de inteligência, de coração e de coragem. Eram também, acima de tudo, gente que sabia aconselhar. Da Primavera ao Outono, dormiam sob as estrelas, num simples abrigo de palha, a poucos metros dos seus rebanhos. Geralmente tinham com companheiro o cão, seu fiel amigo . ** - 13 - Homenagem aos Antigos Pastores de Loriga Viriato "...Este que aqui vês,pastor já foi de gado; Viriato sabemos que se chama, Destro na lança,mais que no cajado; Injuriada tem de Roma a fama, Vencedor invencíbil,afamado. Não têm com ele,não,nem ter puderam, O primor que com Pirro já tiveram..." Luís de Camões *** "Se a alma que sente a faz conhece Só porque lembra o que esqueceu, Vivemos raça,porque houvesse Memória em nós do instinto teu. Nação porque reencarnaste, Povo porque ressucitou Ou tu,ou do que eras a hasteAssim se Portugal formou. Teu ser é como aquela fria Luz que precede a madrugada, E é já o ir a haver o dia Na antemanhã,confuso nada." Fernando Pessoa *** Muito cedo de manhã partiam Mesmo antes de o dia nascer Ao encontro dos rebanhos iam Só voltando depois do escurecer Subiam bem ao alto à Estrela Pensando que ao céu iam chegar Muitas vezes lhes parecia ver Jesus Que no seu reino estava a rezar Vezes sem conta a serra subiram Deixando Loriga para trás distante Uma longa vida na serra viviam Como que uma vida de emigrante Caminhos misteriosos e difíceis Só mesmo eles pareciam conhecer Vezes infinitas por eles passaram Muitas dessas vezes neles a padecer Da serra tinham sempre histórias Para aos mais novos contar Histórias lendárias que ficaram Que ainda hoje são de recordar Numa vida dura e de paciente A Estrela os acolhia como amantes Homens calejados e destemidos Eram na serra sentinelas vigilantes Não eram os ventos velozes Nem os trovões que temiam Eram sim os grandes nevões Que muitas vezes os venciam Tantas vezes subiram à Estrela Vezes que nem deu para contar Quantas vezes também a subiram Por vezes com vontade de chorar Um dos mais famosos pastores Loricenses,por coincidência tio e padrinho do maior historiador da vila de Loriga Como companhia tinham seus cães Companheiros e seus fieis amigos O perigo os espreitava por vezes Sendo os lobos os maiores inimigos Casa dos Ingleses Situada na freguesia de Loriga, num local também conhecido por "Penedo de Alvoco", da "Casa dos Ingleses" restam hoje apenas ruínas. Ficou assim conhecida, não por ter sido construída por ingleses, mas por ter sido utilizada por uma comunidade inglesa que, nas primeiras década do século passado, se dedicava à exploração do volfrâmio, cobre, estanho e, eventualmente, outros metais, nas minas do Sorgaçal e Cabrum. Esta casa foi mandada construir numa das última décadas do século XIX, por uma senhora loricense, (Josefa Cândida de Pina nascida em 5.11.1825 e falecida em 5.5.1900) nos terrenos de que era proprietária, com o intuito de naquele lugar, de bons ares e boas águas, minorar a doença pulmonar do marido. - 14 - Casa dos Ingleses (Ruínas) A casa mandada edificar naquele sítio distante da vila, construída em granito bem aparelhado e, também pelos sinais tumulares que não eram vulgares na época, deduz-se que o casal dispunha de meios de fortuna. Mais tarde alugou-a aos ingleses que a usavam como escritório e até como habitação passando, assim, a ser conhecida pelo povo como a "Casa dos Ingleses". Estes ingleses chegaram a Loriga acompanhados das famílias e de um intérprete este, natural da Madeira, que veio a casar com uma loricense chamada Glória. A vinda destas pessoas constituiu uma mais valia, muito além do que se pode imaginar, contribuindo, em muito, para uma acentuada melhoria da economia local. Um destes ingleses, chamado "James", veio a morrer em Loriga em 9 de Novembro de 1911, tendo ficado sepultado no cemitério local. Ainda há poucos anos se podia ver a sua campa com uma pedra que tapava o túmulo, cercado por uma grade de ferro e situado no lado esquerdo do cemitério. Quando ali foram sepultados os aviadores ingleses vítimas do acidente de aviação em 1944, já portanto, ali se encontrava sepultado este cidadão inglês. Quando, em 1952, o Primeiro Ministro do então Império Britânico, Anthony Eden, visitou Loriga e no cemitério local homenageou os seis malogrados aviadores que, em 1944, encontraram a morte ao embater o avião que pilotavam na Penha do Gato, surpreendeu-se ao ver, no mesmo cemitério, a sepultura de outro compatriota seu. Há poucos anos, retiraram a pedra daquela sepultura, para ali enterrarem outra pessoa, sendo a mesma encostada ao muro do cemitério, lado direito, onde ainda se encontrava em Agosto 2005. Durante algumas décadas, a "Casa dos Ingleses" podia ser visível de qualquer local de Loriga, o que não acontece hoje em dia, porque dela apenas restam ruínas. No entanto, aquele local continua ainda ser assim conhecido pela "Casa do Ingleses". À cerca de vinte anos, as minas existentes naquele lugar do Sorgaçal e Cabrum, foram tema da ideia, a nível particular, com o propósito de renovar a exploração das minas e assim proporcionar uma mais valia para Loriga. Mediante alguma observação experimental, finalmente, foi sentenciado:- Os metais existiam, mas a sua potencial exploração não seria rentável. Poema - Sou de Loriga - 15 - Sou de Loriga sou sim senhor, de lá como as fragas e as ribeiras. Como as andorinhas, que vão e sempre voltam, nas festas de verão. Melros que devoram, frutos ainda verdes, da natureza são desventuras. Banda a tocar, trinados da requinta, sonata ao luar, tocata ao serão. Medo que assusta ao chegar, Ponte Jogais no embalo, do Arão é a Portela. Tuas estradas e curvas, são colares de fantasia, de cristais a emoldorar. Escondida que ficas, pra seres encontrada, brilhante que és ó Estrela. És admirada, cantada e em prosa idolatrada, tola tua timidez a encenar. Sou de Loriga sou sim senhor, como as bicas d'água, sempre a correr. Do Mirante te olho, saúdo, aplaudo e te venero, tua beleza deslumbra. Ouço o sino da matriz que repete, é hora de voltar, saudades a bater. Sopa fumegante na tigela, broa de milho, chá de tília bem que cheira! Levada de paixões, juras de amor sem fim, cânticos em coral na capela. Na esplanada de tudo se fala, do somenos ao adufo, trelecas e castanholas. Fados de Coimbra no adro, saudades em harmonia, gala maior fundo cala. Passado bom de lembrar, mas mal já não medra, brisa fria tange-nos ao relaxas. Sou de Loriga sou sim senhor, como o zimbro, as mimosas e os castanheiros. Como as cerejeiras, Penhas do Gato e dos Abutres, os rosmaninhos e as giestas. Águas cristalinas, descem a serra a desfilar, com as pedras da ribeira aos abraços, Sem pressa de abalar, invejam as rochas que ficam, em adula eterna majestosas. Av.Augusto Luis Mendes (Carreira) De Celtas,Lusitanos,Suevos,Visigodos e Romanos a descendência, ao passado o culto Passeios na estrada à tardinha, gangorras da memória, de emoções faz baloiço. Courelas; presépio de sulcos teu povo esculpiu, palheiras e moinhos fazem vulto. Garganta de Loriga; arauto de frio manto vestido, prantos de despedida já oiço. Autor : Antero Almeida Figueiredo (Brasil) Agosto/2004 *** Palheira da Tapada do Amial Foi nesta Palheira que faleceu em 1969, Emídio Gomes Figueiredo, natural de Loriga, onde nasceu em 1897. Foi um dos maiores pastores da Serra da Estrela, para muitos, foi mesmo um símbolo. *** - 16 - O Passado no Presente * I Recordar o passado É viver o presente. Sentir como reais As sensações emocionais Que nos fizeram gente. II As montanhas de hoje São na verdade iguais Às que nos anos 50 Rodeavam a nossa terra, Uma estrela da serra. III Acumula-se nelas o mato Qu´agora não vão cortar. As cordas e os podões Pertencem a gerações Qu´envelheceram a trabalhar. IV As mulheres daquela época Casavam para procriar. Era uma alegria, um presente Ver ruas cheias de gente, Crianças sempre a brincar. V Tanta gente a nascer ! Nenhum com hora marcada. Com grande dedicação A Constança lá acorria Para cortar o cordão. VI Nos registos de baptismo Vemos com grande emoção Os elevados números De bebés recém-nascidos Que à igreja eram trazidos. VII Uma educação religiosa Pelo Padre Prata orientada. A primeira comunhão, As novenas, o mês de Maria Tudo fazíamos com alegria. VIII Tocava o sino de mansinho Era a hora de parar. As Ave-Marias ao meio-dia À tarde, voltava a tocar Unindo todos no mesmo orar. IX O sino todos chamava Tocava para a doutrina Ninguém se podia esquecer. De catecismo na mão Todos queriam aprender. X Se o sino tocava a rebate Juntava a população. Todos juntos ajudavam Nesta hora de aflição Com baldes de mão em mão. XI A escola estava dividida Um professor para os rapazes. Uma professora para meninas. Nada se podia misturar, Era importante aprender e trabalhar. XII Toda a criança brincava Puxando pela imaginação. A camioneta de cordas, O Azeite dos cachilros Rebolos de mão em mão. XIII Bonecas de trapo e papelão, De casquilho com olhos de mexer. Os saltos ao pula uma Tábua nas carretas a deslizar O rodízio no gancho a rodar. XIV As piscinas naturais, No Zé Lages, na Curilha. Mergulhos fenomenais! Toda a criança aprendia Mesmo fugindo aos pais. XV Carquejas e mais floridas Maio estava a anunciar. As crianças divertiam-se A ver os grilos espreitar P´ra na caixa de fósforos guardar. XVI Tocava ao mês de Maria Ninguém podia faltar Era uma grande melodia. Com muito fervor cantavam E os grilos participavam. XVII O Grupo, Socorro, Sindicato Lugares de reunião. Muitos iam até lá Para ver televisão, Um luxo da ocasião. XVIII Nas levadas e ribeiras Ia correndo o sabão. Nas pedras arredondadas As roupas eram coradas Bem batidas com a mão. XIX O giro da água passava Rego abaixo a correr. Toda a pequenada vivia A compensada alegria Do barco de corcódoa fazer. XX A água fonte da vida Os campos ia regar. Um cheiro nauseabundo Um eléctrico passava Sem se fazer anunciar. XXI Das fontes a água brotava Fresca e cristalina. Para a poder transportar O cântaro e a rodilha Era preciso utilizar. XXII Os campos todos lavrados Não tardavam a verdejar. Espigas de milho assadas. Outras eram desbulhadas Postas na eira a secar. XXIII O milho no caroleiro Partido bem partidinho Está pronto a escolher, E com leite a fazer O famoso carolinho. XXIV A tia Adelina moía No seu moinho o grão Vamos buscar a taleiga, Peneirar bem a farinha Para transformar em pão. XXV Batia o padeiro à porta Pão branco e fresquinho Por todos era apreciado. Um cruzado por um pão Com pano branco tapado. XXVI Nos fornos comunitários A lenha a crepitar. Amassa o pão meado, Pão de milho levedado Vai agora a bailar. XXVII Belisco e buraco são sinais A massa da levedura Guardada na tijelinha. Um bolo com uma folha Bola de bacalhau, ou sardinha. XXVIII Vacas leiteiras abundavam O leite fresco a chegar. Um quartilho, uma canada Medida generalizada A nata vai manteiga formar. XXIX A indústria era forte Tanta gente a trabalhar! Quando a buzina tocava O operário regressava Era hora de descansar. XXX Peças e peças estendidas Grandes meadas na mão. As râmolas bem coloridas Mostravam a toda a gente O trabalho do tecelão. XXXI No torno s´amola o aço Na forja o ferro aquece. Torneiros e serralheiros Na metalúrgica Vaz Leal Produziam p´ró mercado nacional. XXXII Teciam-se peças de malha De merino ou angorá. Não era preciso publicidade O nome de Loriga Era sinal de qualidade. XXXIII Dr. Andrade, Dr Mineiro Médicos permanentes Cuidavam bem as maleitas Bexigas, lombrigas, trasorelho, Pneumonias frequentes. XXXIX Os Invernos tão rigorosos O frio, neve, gelo, pingente. As brasas reacendidas Pelas braseiras repartidas Aqueciam toda a gente. XXXV Nos pés frios e delicados Botas grossas de carneira Com sebo d´olanda untadas. Os tamancos de madeira Com brochas bem marteladas. XXXVI Vamos à limpeza geral A Páscoa está a chegar. Os balcões bem roçados Os cantos escarolados Para a visita preparar. XXXVII Nos fornos tudo se agita Alguidares, colheres e latas. Bate o pão-de-ló, bolo negro As broinhas de cagote Anda tudo num virote. XXXVIII Tocava o sino com qu´a dizer: Andai, andai, andai Qu´o padre já lá vai. Era a hora da cruz beijar Amigos e parentes visitar. XXXIX Cozinheiras afamadas De paladar apurado Faziam festas pontuais. Casamentos, baptizados Como autênticas profissionais. XL A fogueira bem acesa A Laurinda, Adélia, dos Anjos Mexiam as caldeiras O arroz-doce a fumegar Para com canela decorar. XLI Grupo de jovens amadores Preparavam com dedicação Rapsódias, peças de teatro, As melodias de sempre Aliciando o povo à distracção. XLII A escola unificou E nós pudemos usufruir. A escola pela televisão Conseguiu levar mais além Os da nossa geração. XLIII A banda filarmónica Nosso ex-libris cultural Clarinetes e trombones Continuamos a ouvir Seus sons repercutir. XLIV As loas à Sra. da Guia Já ecoavam no ar. Cantavam ao desafio Enquanto se ocupavam Das lides a realizar. XLV O dia da festa chegava Grande fé e devoção. Os beijinhos, as medalhas Em açúcar confeccionados Eram a nossa tentação. XLVI No largo do Sto. António O palco estava montado. Estalejavam foguetes no ar, As grandes Festas da Vila Estavam prontas a começar. XLVII Ir até ao Portugal Cantar serenatas ao luar Era para todos um prazer. Entre gargalhadas afinadas Misturavam-se gargalhadas. XLVIII Juntavam-se na praça No Cristóvão ou Zé Maria Uns momentos bem passados, Com um joguinho de bilhar E um pirolito a finalizar. XLIX Se recordar é viver Posso então afirmar. No meu tempo de menina Era tudo bem diferente Do que é actualmente. L Esta Loriga qu´eu amo Hoje está adormecida. Loriguenses, despertai! A nossa Terra não cai Se todos lhe dermos vida - 17 - * Eugénia Moura (Maio 2005) - Homenagem aos Nascidos em 1955 - Algumas efemérides - 18 - Ano 1813: Era o pároco em Loriga o Sacerdote Theotónio Luiz da Costa, que depois deixou a paróquia para se alistar na milícia. Ano 1838: A 2 de Janeiro nasceu em Loriga o Sr.Doutor António Mendes Lages. Ano 1851: No dia 24 de Dezembro morre o pároco Reverendo Sebastião Mendes Brito, natural de Loriga, ficando sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor. Ano 1852: Era pároco em Loriga o Reverendo José Garcia Abranches, em situação transitória, natural de Alvoco da Serra. Ano 1855: A corrupção,o compadrio e a vingança política,levam à extinção do Concelho de Loriga. Loriga tinha apoiado os chamados absolutistas,e os senenses desejavam mais território para o seu concelho. Ano 1873: Nascimento do Sr.Coronel Mendes dos Reis, no dia 11 de Abril, em Pará, Brasil. Ano 1882: Em Novembro deste ano deu-se o desabamento da Igreja Matriz, após o tremor de terra ocorrido no mês de Setembro anterior. Ano 1885: Fundado a 15 de Agosto o Apostolado da Oração em Loriga. Ano 1893: Iniciou a sua actividade como médico em Loriga, o Sr.Dr.Joaquim Augusto Amorim da Fonseca, natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho). Ano 1899: Realizada nos dias 14,15 e 16 de Agosto, a Festa da Nossa Senhora da Boa Morte, alusiva à Festa da Passagem do Século. Ano 1905: A Fábrica Nova inicia a sua actividade laboral. Ano 1905: Foi fundada,no dia 1 de Julho,a Banda Filarmónica de Loriga. Foi doado a Loriga, pela Colónia de Loricenses do Pará, o Coreto da N.S. da Guia. Ano 1909: Em 18 de Julho, foi ordenado sacerdote o Sr.Padre António Mendes Cabral Lages. Ano 1912: Em 15 de Novembro, foi inaugurada a Electricidade em Loriga. Ano 1918: Nos dias 3 e 4 de Agosto realizou-se a Festa da Nossa Senhora da Guia,e foi concluída a construção da nova capela. Ano 1926: Feito o primeiro Postal Ilustrado de Loriga, com vista realizada a partir da N.S.da Guia. Ano 1927: Aconteceu em 24 de Abril (quarta-feira) a queda do Coro da Igreja Paroquial, tendo morrido 2 pessoas bem como houve muitas crianças feridas Ano 1929: Em 15 de Setembro aconteceu em Loriga a "Cheia das Botelhas", assim designada por as ribeiras terem saído do seu leito galgando as courelas Ano 1932: Teve início a Carreira de Transportes de José Bonito de Loriga a Viseu e vice-versa. Ano 1933: Ocorreu o fenómeno "Chuva das Estrelas", contemplado no céu em Loriga com receio e pânico, tendo muitas pessoas procurado refúgio na igreja, a rezar. Ano 1937: Fundado em 24 de Julho o Centro Loricense de Belém-Pará. Ano 1939: Não se realizou a Festa da Nossa Senhora da Guia, por divergências existentes entre o pároco Sr.Padre Lages e alguns paroquianos. Ano 1940: Em 8 de Dezembro foi Inaugurado o "Cruzeiro da Carvalha" evocativo do Oitavo Centenário da Fundação e Terceiro Centenário da Restauração da Pátria. Ano 1941: Em 19 de Novembro é homenageado em Loriga o Sr. Cónego Manuel Fernandes Nogueira, tendo sido descerrada uma lápida na casa onde tinha nascido. Ano 1944: Queda do avião de guerra inglês na Serra (Penha do Gato) na noite do dia 26 de Fevereiro, tendo morrido os seus ocupantes que foram sepultados em Loriga. Ano 1949: Foram concluídas as obras de reparação do "Terreiro das Figueiras", que passou a designar-se por Largo do Dr.Amorim. Ano 1952: Ocorreu um incêndio na Fábrica da Redondinha. Ano 1953: Ocorreu um incêndio na Fábrica dos Leitões. Ano 1958: Aquisição em Loriga do primeiro aparelho de Televisão. Ano 1959: Em Agosto deste ano foi ordenado Sacerdote, o Sr.Padre Fernando Santos, tendo-se deslocado a Loriga, para efeitos de ordenação, o Sr.Bispo da Guarda. Ano 1960: Inaugurado o novo edifício da Escola Primária,moderno e espaçoso. Ano 1962: Em 1 de Janeiro foi benzida a primeira Bandeira da Cooperativa Popular Loricense. Ano 1962: Às quatro da madrugada do dia 26 de Dezembro, ocorreu um incêndio no Socorro Paroquial de Loriga, que ficou totalmente destruído. Ano 1969: Foi inaugurada oficialmente a Escola Preparatória,actual Escola C+S de Loriga. Em 19 de Fevereiro, morre o Sr.Padre António Mendes Cabral Lages. Ano 1969: Colocação do Relógio na torre da Igreja Matriz, encomendado em Braga. Ano 1971: Em 19 de Novembro, em Lisboa, morre em Lisboa o Sr.Coronel Mendes Reis com 98 anos. Ano 1972: Em Setembro, foi realizada, em Piodão, uma homenagem pelo 111 aniversário do nascimento do Sr.Cónego Manuel Fernandes Nogueira, natural de Loriga, que durante muitos anos foi pároco naquela freguesia. Ano 1979: Em 25 de Junho, foi realizado um convívio de Loricenses em Lisboa, com a presença da Banda Musical de Loriga e do Presidente da Junta. Ano 1979: Em Outubro, deixou Loriga, depois de 13 anos como pároco, o Sr.Padre António do N. Barreiros. Ano 1981: Pela primeira vez na sua história, Loriga foi visitada oficialmente pelo Presidente da República, Sr.General Ramalho Eanes. Ano 1983: Fundado o Boletim "A Voz da Banda" saindo o seu primeiro número em Dezembro deste ano. Ano 1985: Em 4 de Maio, foi ordenado Sacerdote Missionário o Padre Jorge Amaro, natural de Loriga, tendo esta ordenação sido realizada em Fátima pelo Bispo da diocese da Guarda, D.António dos Santos. Ano 1988: O Sr.Cardeal de Lisboa D. António Ribeiro, visitou Loriga em visita particular e a convite do Sr.Padre Abranches. Ano 1989: De 19 a 25 de Junho, realizou-se a 1a. Semana Serrana em Sacavém, organizada pela ANALOR. Ano 1990: No dia 8 de Setembro foi homenageado em Loriga o Sr.Padre Prata, dia em que também fazia as suas Bodas de Ouro Sacerdotais. Ano 1993:- Movimento Demográfico de Loriga, durante este ano: - 18 baptizados, 9 casamentos e 35 óbitos. Ano 1994: Em 24 de Abril, perto de Unhais da Serra, foi assaltado e assassinado o Sr.Professor José Coutinho Cunha, natural de Gouveia e a residir em Loriga há muitos anos. Ano 1995: No dia 4 de Janeiro a Banda Musical Loriguense deslocou-se a Lisboa para actuar no programa "Minas e Armadilhas", gravado pela TV-SIC. Ano 1995: Publicado no Diário da República, no mês de Julho, o Concurso Público para a construção, aguardada desde 1968, do edifício da Escola C+S de Loriga. Ano 1996: Começa a funcionar e é inaugurado o novo edifício da Escola C+S da vila de Loriga. Ano 1999: Em 08 de Julho, a Banda Musical Loricense desloca-se pela primeira vez para fora de Portugal Continental, mais precisamente à Ilha de S.Miguel (Açores). - 19 - Memórias de Histórias que o Povo contou O "Monte de São Bento" Neste monte, existiu outrora, uma capela onde vivia um ermitão que tinha por orago o respectivo Santo e por isso, aquele local, sempre ficou conhecido por São Bento. Esta capela viria a ruir totalmente e os habitantes de Loriga quiseram levar a imagem para a sua igreja. Surgiu, nessa altura, um contencioso entre Valezim e Loriga, com as populações das duas freguesias a reclamarem para si a dita capela, cada qual dizendo que lhes pertencia, por ficar nas suas águas vertentes. Um belo dia, o povo de Valezim, querendo fazer valer os seus direitos, deslocou-se à capela arruinada e transportaram a imagem de S.Bento para a igreja local. Foi então, que se deu um grande milagre! Nessa mesma noite, o Santo fugiu da igreja de Valezim e foi recolher-se na igreja de Loriga, demonstrando a todos, que aquela capela erguida no monte de São Bento pertencia unicamente à vila de Loriga. ** A Lenda da "Pedra do Ribeiro das Tapadas" Ainda a claridade da manhã mal despontava sobre Loriga, e já uma carvoeira desta localidade, de farnel à cabeça, se dirigia para o trabalho na serra. Ao chegar ao sítio chamado "Tapadas", viu sentada, numa grande pedra, uma linda donzela. Ao aproximar-se, esta pediu-lhe de comer, tendo a carvoeira com ela repartido o pouco farnel que levava. A bela jovem, como recompensa, ofereceu-lhe um cesto coberto com um pano alvíssimo recomendando-lhe, que só visse o seu conteúdo quando chegasse a casa. Continuando o seu caminho, a carvoeira conteve-se durante algum tempo lembrando-se da recomendação mas, ansiosa e curiosa não resistiu mais tempo. Ao levantar o pano, ficou furiosa ao verificar que afinal era carvão que levava no cesto e, de imediato, deitou tudo fora ainda mal refeita da irritação e desilusão que dela se apoderou. Quando regressou a casa no final do dia, voltando a olhar para o cesto, verificou que no fundo do mesmo se encontravam dois bagos que, de imediato, reconheceu ser ouro. De imediato voltou ao local onde tinha deitado tudo fora, mas nada encontrou. A "Pedra do Ribeiro das Tapadas", na qual parece estar desenhada uma porta, diz o povo que está encantada e que no seu interior existe muito ouro. Ainda não há muitos anos, houve alguém que a tentou abrir, utilizando para isso pólvora e dinamite das pedreiras, mas apesar de muito tentar, nada conseguiu. ** A Lenda do "Fragão da Pêssega" Em eras já distantes, vivia nesta região um abastado proprietário, que tinha uma filha muito formosa e de longos cabelos cor de oiro e de faces coradas e aveludadas como as de um pêssego. Esta donzela enamorou-se de um pastor jovem e esbelto, amores que seriam, no entanto, contrariados pelo pai que, depois de tudo fazer para evitar tal namoro, sem o conseguir, resolveu encantar a filha numa grande fraga que ainda hoje se chama o "Fragão da Pêssega". A partir de então, o povo começou acreditar que, em determinados dias e noites, a donzela vai tocando os acordes de uma música de melancolia, esperando o seu desencanto, que só poderá ser feito por um pastor serrano jovem e esbelto. ** A Lenda da Serra da Estrela * O rei ouvira falar num célebre pastor que habitava no alto da serra e que possuía uma estrela única no mundo, com quem conversava todas as noites. Sem hesitar, mandou emissários para que o trouxessem à sua presença. Quando o velho pastor, um tanto surpreendido, chegou ao palácio do rei este elucidou-o sobre o seu intento. -Ouve, pobre velho!. Dar-te-ei todas as riquezas que quiseres... Farei de ti um homem poderoso para o resto da vida. Em troca quero apenas que me dês a tua estrela. O velho pastor olhou o rei com desespero. -Pedis o impossível, senhor! A estrela não é minha, é do céu. Furioso o rei gritou-lhe: -Que importa?.. Eu sei que ela faz o que tu ordenas... se quiseres... ela será minha. Com uma dignidade que assombrou o monarca, o velho pastor replicou: -Senhor!.. Prefiro continuar pobre, desprezado, mas sempre com a minha estrela!... E no mesmo assomo de energia, o velho pastor voltou as costas ao rei poderoso e abalou, de novo, a caminho da serra. Quando lá chegou, a noite ia já alta. Ele atirou-se para cima da enxerga e mordiscou uma côdea de pão negro. Então, a tal estranha melodia, já muito sua conhecida, desceu do alto e veio sussurrar-lhe aos ouvidos: -Ainda bem que as riquezas não te tentaram... Ficaria tão triste... Deixei-te passar misérias para te expor ainda mais à tentação, mas confesso que receei muito. O rei ofereceu-te verdadeiros tesouros... Erguendo-se da enxerga para onde o cansaço do corpo o tinha atirado, o velho respondeu com lágrimas na voz: -Ouve, minha boa estrela!..Não sei desde quando nos conhece-mos!..Mas quero que fiques sabendo que não poderei viver sem ti, sem a tua presença. -A estrela explicou-lhe num sussurro, fazendo amainar o vento que corria célere: -Pois quando morreres, meu bom pastor, podes morrer descansado. Eu aqui te prometo que jamais te abandonarei. Num êxtase, o pastor encarou a sua estrela. O seu brilho intenso salpicava-lhe os cabelos encanecidos, e o velho, numa voz de profeta, proclamou do alto da montanha: -Eu te agradeço o que fizeste por mim!.. De hoje em diante esta serra há-de chamar-se para sempre a Serra da Estrela. E diz finalmente a lenda, que no alto da serra existe, sempre todas as noites, entre as suas irmãs, uma estrela que brilha ainda hoje, duma maneira estranha e diferente. Ela possui um brilho que derrama reflexos, de saudades e amor sobre a campa desconhecida daquele que foi e continuará a ser o seu Pastor. * Uma narração de Gentil Marques -1- Originalidades da Região de Loriga Gastronomia de Loriga -Sopa de Feijão e de couves -Cabrito à Serrana -Feijão à Loriguense -Broa de Milho -Queijo de ovelha e cabra -Requeijão e Queijo Fresco -Bolo Negro -Pão de Ló -Broinhas -Leite creme à Loriga -Arros Doce -Aguardente de Zimbro -Vinho do Dão -2- *** "Os Enchidos de Loriga" São verdadeiramente considerados muito bons e, por isso, de reconhecida fama os enchidos feitos em Loriga, nomeadamente Chouriço de Carne, Morcela e Farinheira. --- Sendo essencialmente de fabricação caseira e para consumo local, não deixa de ser realmente curioso o facto de terem sempre, existido em Loriga, pessoas vocacionadas para dar a estes enchidos tradicionais um paladar inconfundível e único, e do melhor que se pode encontrar. *** -3- Arroz Doce à moda de Loriga É uma das Sobremesas que faz parte da Gastronomia de Loriga e de maneira alguma poderá faltar nas Festas, casamentos e baptizados dos Loricenses. Receita: 150 gr.de arroz 1 lt. de leite 150 gr. de açúcar 1 casca de laranja seca e Canela . Deita-se num tacho a água até cobrir o arroz e põe-se ao lume para abrir. Deita-se a casca de laranja e uma pitada de sal, em seguida vai deitando-se o leite aos poucos até cozer o arroz sempre mexendo. Depois serve-se em travessa que polvilha com canela ornamentando com os mais variados desenhos, principalmente flores. Acompanha com leite creme. -4- Leite Creme Torrado à Loriga Sobremesa tradicional que obrigatoriamente pertence à Gastronomia Loricense e normalmente para acompanhar com o Arroz Doce. Receita: 0,5 lt de leite 250 gr. de açúcar 2 colheres de chá, de farinha maizena 1 casca de limão 4 gemas de ovos . Põe-se o leite ao lume com raspa de limão e antes de ferver junta-se a farinha com o açúcar mexendo sempre. Juntam-se as gemas batidas fora do lume para não talharem e vai novamente ao lume até engrossar. Deita-se numa travessa e polvilha-se com açúcar, depois com uma pá em brasa queima-se. Pode ainda ser servido junto com farófias. -5- Tapioca Fécula de mandioca, usualmente preparada em forma granulada, muito alimentícia. Preparação: Coloca-se a tapioca em água, de um dia para o outro, com um pouco de sal e raspa de limão. Depois retirada dessa água, leva-se ao lume brando, juntando leite e açúcar a gosto, mexendo sempre até notar estar cozido. Coloca-se numa travessa, podendo polvilhar-se com canela -6- Biscoitos à Moda de Loriga -1000 gr. Farinha -8 Ovos -500 gr. de Açúcar -1 Colher de Pó Royal -2 Laranjas -1 Taça de azeite -Aguardente Juntar e bater o açúcar, os ovos, raspa ou sumo de laranja, azeite e aguardente. Depois de tudo bem batido, juntar a farinha e Pó Royal e bater até notar a massa pronta. Com as mãos estender e entrelaçar nos formatos que mais entender. Colocar em tabuleiro devidamente untado (antigamente era usado azeite) hoje em dia é mais usual a margarina ou então ser polvilhado com farinha. É importante o forno estar bem quente. -7- Broinhas à Moda de Loriga -6 Ovos -1 colher de Pó Royal -500 gr, de Açúcar -1 Colher de sopa de azeite -½ Litro de Leite -Sumo de laranja -Farinha a olho -Bicabornato Juntar todos os ingredientes, que devem ser bem batidos, acrescentando a farinha necessária até a poder talhar. Com a ajuda de uma colher fazer as broinhas elevando o mais possível a massa do feitio de um monte, por isso a particularidade de popularmente serem chamadas Broinhas de "Cagote". Colocar em tabuleiro devidamente untado (antigamente era usado azeite) hoje em dia é mais usual a margarina ou então ser polvilhado com farinha. É importante o forno estar bem quente. Requeijão da Serra da Estrela Caracterizado como queijo de origem serrana o Requeijão da Serra da Estrela é sem dúvida o mais apreciado. Feito à base de leite exclusivo de ovelhas da região, é elaborado com o soro que escoa da francela durante a laboração do queijo e que é, de seguida aquecido a temperaturas próximas da ebulição. Depois de obtida a massa pastosa que constitui o Requeijão, esta é distribuída por pequenos açafates de verga fina, os quais se podem retirar logo que a parte líquida denominada sorelho ou rescaldão deixe de correr ao ganhar maior consistência. -8- Apicultura em Loriga A apicultura é uma actividade muito antiga, onde em registos antigos do Egipto, Mesopotâmia e Grécia, nos dão conta da criação de abelhas e a referência ao mel na Bíblia. Devido há flora riquíssima da Serra da Estrela são, em enorme quantidade, os enxames de abelhas, que fazem desta região o seu meio habitat e que têm, por isso, uma grande importância na exploração do mel de excelente qualidade e de certa fama pelo país fora. Na parte sudoeste da serra, onde Loriga está inserida, a actividade da Apicultura tem conhecido, através dos tempos, um certo crescimento. A exploração do mel nesta zona da serra tem, nos cortiços, o meio instrumental mais utilizado que, sendo colocados no meio do mato, são ocupados pelos muitos enxames de abelhas existentes por esta região. Em muitos locais é visível ver muitos desses cortiços, nomeadamente na encosta da povoação do Fontão, uma localidade da freguesia de Loriga. Em 28 de Abril de 2000, o mel da região da Serra da Estrela, foi galardoado no Concurso Internacional de Mel e Queijo de Montanha, realizado em Grenoble (França), tendo sido atribuído ao Apicultor Alberto Freire Marques, de Loriga, a medalha de Bronze. Chás tradicionais -9- Desde 1500 a.C. que existem os relatos de povos recorrendo às ervas e plantas na obtenção de benefícios medicinais. Mas sabe-se que a história dos Chás remonta de 2800 anos A.C., e está assentada nos costumes da velha China. Percorrendo a região de Loriga, encontrará nos seus campos, soitos e pinhais, as mais variadas plantas e ervas, hoje muito utilizadas como chás medicinais, determinantes para suprimir ou melhorar um vasto leque de problemas de saúde. Em Loriga, foi sempre usual o consumo de chás, nomeadamente os chamados:- chá preto, cidreira, laranjeira, tília. Há alguns anos a esta parte que a população de Loriga se vem dedicando mais aos chás de ervas tradicionais. Por isso, é muito frequente as pessoas percorrerem os campos na procura dessas ervas, que existem um pouco por todo o lado como é o caso da Flor da Carqueja, Malvas, Hipericão, Língua de boi e Barba de milho, entre outros. Malvas Língua de Boi ** ** Flor da Carqueja Hipericão ** ** Cuidados importantes: -Considerar que sendo produtos naturais estão mais sugeitos a possíveis alterações -Secar as plantas ou ervas em locais resguardados do sol de preferência em casa -Conservar sempre as plantas ou ervas em locais secos, frescos e ao abrigo da luz. -Ao preparar: Após levantar fervura, deixe em infusão durante cinco minutos - 10 - Carolo Farinha de milho grosseira, que depois de preparada é bastante alimentícia. Preparação: Peneira-se e lava-se essa farinha, em seguida vai-se colocando água quanto baste, para a dissolver. Leva-se ao lume não muito forte, acrescentado leite mexendo sempre até ficar espesso. Ao servir, poderá ser adicionado, açúcar ou leite, a gosto. Bolo Negro de Loriga Bolo tradicional feito em Loriga que foi sempre muito apreciado, sobretudo quando cozido nos antigos fornos públicos de lenha. Receita: 4 ovos 300 gr. de açúcar 300 gr. de farinha 1 colher de sobremesa de canela 1 colher de chá de Bicarbonato de Sódio 1/8 lt. de leite. Batem-se muito bem os ovos com o açúcar, juntam-se a canela o leite e a farinha misturada com o bicarbonato. Leva-se ao forno a cozer em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha. Queijo Fresco Apenas feito para consumo caseiro, este queijo feito em Loriga é, no entanto, de muito bom e excelente sabor. - 11 - Pão de Ló Este Bolo tradicional em Portugal, é feito por todo o país e, em algumas zonas, até com certa fama. Quando feito à moda de Loriga é popularmente chamado "Pão Leve" sendo reconhecidamente muito apreciado pelo seu sabor delicioso. Feijão Guisado à Moda de Loriga Receita: -500gr. de Feijão encarnado cozido -3 Cebolas grandes -2 dl. Azeite -4 Dentes de Alho -Pimenta -Colorau -Sal -Folha de Louro Descasque as cebolas grandes, corte 2 em rodelas e 1 em meias luas e pique os dentes de alho. Leve a alourar em duas ou três colheres de sopa de azeite aquecido, juntando uma folha de louro. Junte depois o feijão encarnado depois de cozido, tempere com sal, um pouco de pimenta e colorau. Deixe guisar em lume brando durante cerca de 15 - 20 minutos. Nota:- Normalmente era acompanhado com "Bôla de ovos e Chouriço" ou mesmo acompanhado com bacalhau assado na brasa, que desfeito em lascas, era colocado por cima do feijão, na altura de servir. Abóbora - 12 - A Abóbora é um fruto (pepónio) da aboboreira, por vezes muito grande, hoje muito utilizado na confecção de doces, compotas e pratos de culinária. É um dos legumes com mais hidratos de carbono complexos, fornecendo betacaroteno, uma substância que se converte em vitamina A no organismo. A cabaça; carneira; chila; menina; porqueira; d´água, são as designações vulgares das espécies ou subespécies muito cultivadas em Portugal. Antigamente, em Loriga, a maioria das espécies da abóbora era popularmente chamada por "botelha", apesar de não haver uma grande cultura deste fruto, existia no entanto, um pouco por todo o lado. Noutros tempos, eram relativamente muito poucas as pessoas a confeccionar a abóbora na alimentação. Aliás, tempos houve, em que a abóbora era praticamente utilizada na alimentação dos animais. Porém, hoje, a realidade é bem diferente. Além de ser muito utilizada na confecção de doces, é também muito apreciada e utilizada na comida, nomeadamente em sopa, feijoada e, também, muito inserida em pratos regionais. A cabaça, chila e menina, eram as espécies de abóbora que mais se cultivavam em Loriga mas, hoje em dia, também aparecem as outras espécies. Sendo muito procurada chegam a ser colhidas abóboras de grandes dimensões e com bastantes quilos. Uma originalidade em Loriga, era a espécie da cabaça em forma de 8, a qual depois de seca, era-lhe tirado o seu recheio e transformada em vasilha para bebida . Cabrito Assado à moda de Loriga Um dos pratos mais tradicionais, e que faz parte da Gastronomia de Loriga é, sem dúvida, o Cabrito Assado o qual, por norma, não deverá ter mais do que 3 a 5 Kg. Ingredientes: Alho, pimenta branca, sal grosso, louro, cebolas, colorau, salsa banha, azeite, vinho branco, Receita: Limpe e lave bem o cabrito e, algumas horas antes de o assar, esfregue-o muito bem por dentro e por fora com os ingredientes. Coloque o cabrito num tabuleiro de preferência grande e de barro, e com os restos dos ingredientes volte novamente a esfregá-lo, bem como as batatinhas que devem ser das mais pequeninas e que as colocará à sua volta. Leve a assar em forno de lenha ou de padeiro, devendo ficar bem tostadinho, mas não seco. - 13 - Broa de Milho O Milho é da família das Gramíneas e, embora a origem da planta seja ainda hoje um mistério, pode afirmar-se que era o alimento básico das culturas americanas, muitos séculos antes dos europeus chegaram ao novo mundo. Com o descobrimento da América foi introduzido nos países mediterrâneos donde se difundiu rapidamente. Muito cultivado em Loriga, em belos socalcos, era das principais culturas nesta localidade. Broa de Milho de Loriga A Broa de Milho desta localidade é muito afamada e muito apreciada, havendo até quem diga que esse facto se deve às águas de grande qualidade existentes nesta região. Ingredientes: Farinha de milho, sal, fermento e água. Modo de preparação à antiga: Ferve-se a água, coloca-se o sal e deixa-se arrefecer um pouco. Numa maceira de madeira é colocada a farinha de milho depois de peneirada. Amassa-se e junta-se o fermento. Deixa-se levedar cerca de duas horas Aquece-se bem o forno, fazem-se as broas com ajuda de um utensilio polvilhado com farinha (pode ser uma tijela) e põe-se a broa a cozer. Nota:- A broa cozida nos fornos de lenha (como os que existiam em tempos passados) fica na realidade diferente, mesmo até com um sabor inconfundível difícil de esquecer. - 14 - Uma maceira com a broa Região da Serra da Estrela: Especialidades Queijo da Serra Características: Origem: -amanteigado de -leite de ovelha cr sabor suave e aroma forte u com cardo "cynara Cadunculus" Vinhos de Região: Região classificada Denominação de Origem Controlada: -Dão Indicação de Proveniência Registada -Castelo Rodrigo; Pinhel; Cova da Beira; Covilhã - 15 - "Míscaros" Cogumelos da família das Poliporáceas, encontram-se com frequência em Portugal, normalmente nos pinhais, sendo também cultivados. Na região circundante de Loriga, nascem com uma certa abundância , as espécies de cogumelos chamados "Míscaros brancos e amarelos" e o "Tortulho", que começam justamente por aparecer quando das primeiras humidades do Outono, sendo muito procurados para consumo caseiro, porque de facto são muito apreciados pela população desta localidade. Por isso e principalmente nos fins de semana são muitas as pessoas que percorrerem as matas e pinhais de Loriga, na sua colheita. E necessário também ter um certo cuidado ao colher os "Míscaros" só devendo apanhar as espécies comestíveis, de maneira alguma colher espécies das quais não tenha a certeza ou mesmo que lhe sejam desconhecidas. Resina dos Pinheiros: É um produto natural, viscoso, extraído dos pinheiros, de alto valor e de grande utilização industrial. É uma exploração muito comum em regiões de muitos pinhais, sobretudo no norte do país. A exploração da resina dos pinheiros bravos na região de Loriga vem de longe, tendo até épocas de muita movimentação laboral Há alguns anos a esta parte tem, no entanto, vindo a decrescer, devido, em parte aos muitos incêndios que se têm verificado e que têm devastado as florestas de norte a sul do país. - 16 - "Zimbro" Arbusto rasteiro e espontâneo com tronco e casca rugosa e cinzenta, que pertence à família das Pinásceas . Sobrevive e tem como meio habitat terrenos expostos ao Sol, nas grandes altitudes, geralmente até aos 2.500 metros, por isso muito frequente na Serra da Estrela. Os seus bagos estimáveis servem para tratamento e curas medicinais, sendo também muito utilizado em aguardente devido ao seu poder aromático e fertilizador. - 17 - Castanheiro s Na região de Loriga existem, com uma certa abundância, estas espontâneas árvores, normalmente de grande porte pertencentes à família das Castanáceas (ou Fagáceas) em que a sua preciosa madeira é muito aproveitada As Castanhas é o fruto comestível destas árvores, que gera a criação de diversos pratos (sopa, puré, estufadas, assadas, cozidas). Assadas e cozidas, são o meio mais usual, que quentes e boas, apetecem nos dias de frio da região. - 18 - Oliveiras Árvores de folhas persistentes da família das Oleáceas muito cultivada em Portugal, em que os seus frutos (azeitonas) são utilizados na alimentação e no fabrico do azeite. Na realidade, Loriga, não é uma região de grande abundância de árvores de Oliveira, no entanto, um pouco por todo o lado, e espontaneamente, podem-se ver muitas destas árvores. Em registos antigos, dão-nos conta de ter existido em Loriga, um Lagar de azeite, considerando isso como rara excepção, a exploração da azeitona nesta localidade, tem sido uma prática, que poderá entender-se, apenas, para o consumo alimentício e unicamente caseiro. - 19 - O Cão "Serra da Estrela" As origens desta raça canina não estão bem situadas no tempo, mas pode-se afirmar, sem úvida, que vêm de épocas remotas, pois já no tempo de Viriato, aquando das lutas entre Lusitanos e Romanos, ele existia nos Montes Hermínios e ajudava os seus habitantes nas artes bélicas. É um cão considerado de luta e de guarda, de grande corpulência e de proporções harmoniosas e belas, apresenta uma boa musculação apoiada num suporte esquelético forte e bem desenvolvido. A raça tem duas variedades de pêlo:- a de pêlo curto e a de pêlo comprido. A segunda variedade, a de pêlo comprido, é considerada, pela maioria das pessoas, com a mais bela. Isto fez com que se deixasse quase de criar a variedade de pêlo curto. O cão da serra chega atingir 72 cm de altura e 50 Kg de peso raça muito sóbria e de grande resistência à doença, muito pouco exige aos seus proprietários, a sua dedicação aos donos é sobejamente conhecida, não hesitando em perder a vida para salvar os seus donos, tendo para as crianças uma simpatia especial. De "boa boca" come de tudo adora a liberdade, onde ande corra e cheire à vontade. Os "Cães da Serra da Estrela" muito utilizados na guarda dos rebanhos são uns verdadeiros companheiros dos pastores. Em épocas passadas, eram importantes na Serra da Estrela, tinham mesmo um papel fulcral nas defesa dos rebanhos nas lutas contra os lobos. Usavam à volta dos pescoço uma larga coleira em ferro com compridas pontas para se defenderem desses animais ferozes, que tinham na Serra da Estrela um dos seus meios habitar. - 20 - Os Lobos - 21 - Animal carnívoro, selvagem, da família dos canídeos, de pelagem predominantemente cinza (alguns são preto retinto), misturado com pelos brancos, negros e marrons. O Lobo é um animal predador, sendo as ovelhas, os bovinos e outros animais de criação as principais presas para a sua alimentação. Já foi muito comum a existência destes animais na Serra da Estrela, no entanto, hoje a sua extinção nestas paragens parece ser cada vez mais real. Tempos houve em que os lobos abundavam por toda a serra, sendo conhecido como um animal maldito e prejudicial, onde os relatos nos davam conta dos seus defeitos: devorador de ovelhas, de cabras e por vezes de gado com mais envergadura ou mesmo atacando homens. Não se conhecem relatos em Loriga, de os Lobos alguma vez chegarem ao povoado propriamente dito, mas o mesmo se não pode dizer da região circundante, nomeadamente nas quintas próximas, onde existem registos de terem aparecido, e de inclusivamente, tentarem atacar pessoas. - 22 - Dos Pastores e dos seus cães são muitos os relatos existentes, que nos dão conta das muitas lutas que chegaram a ter com os lobos na defesa dos seus rebanhos, que se tornava muito complicado quando os lobos atacavam em matilha. Neste caso os lobos usavam um método, por vezes com algum sucesso, que consistia em um grupo de lobos fazer-se perseguir pelo pastor ou pelos cães de guarda, enquanto um segundo grupo atacava o rebanho. Objectos característicos de Loriga, no tempo Bugia (1970) Carro e Vassoura de varrer ruas (1980) *** *** Mó de um Moinho antigo (1965) Lançadeiras de teares (1961) Chocalho (1922) - 23 - Pulverizador Travinca (1958) Podões antigos (1960) - 24 - Cabaça ainda na Aboboreira Cabaça em vasilha(1970) Alumínios de cozinha -1- Localização, Referências e Informações de Loriga Localização Província da Beira Alta Distrito da Guarda Região de loriga Região da Serra da Estrela Estrada Nacional Nr.231 Estrada Nacional Nr.338 Situada na encosta sudoeste da Serra da Estrela entre os 770 e os 1200 metros de altitude População Tendo como principal actividade a industria têxtil, os habitantes de Loriga, no final do ano 1999 e fim do milénio, estavam registados em cerca de 1660 pessoas, população efectiva. Mas nos anos da década de 1940, a população chegou atingir números acima de 4.000 pessoas Os Loricenses ausentes espalham-se pelas cinco partes do mundo, sendo os residentes no norte do Brasil considerados desde sempre a maior comunidade Loricense a residir no estrangeiro Localidade Industrial Começando por ser uma terra industrial a partir das primeiras décadas de 1800, no ano de 1881, era já a localidade mais industrializada da Serra da Estrela e da Beira Interior,só suplantada pela Covilhã, com 7 unidades de produção têxtil empregando mais de 300 operários. Até à primeira metade do século XX, era considerada a localidade industrial mais importante do seu concelho, e do Distrito da Guarda. Confirmação oficial da categoria de Vila, em 30 de Junho de 1989, na Assembleia da República. Junta de Freguesia de Loriga Eleições Autárquicas 2005 Eleitores Inscritos 1255 Votantes 812 Abstenção 35,8% Votos em Branco 37 Votos Nulos 21 * Actual Elenco Administrativo (2005/2009) PS 454 Votos = 54,3% Largo do Fonte do Mouro 6270 - 073 Loriga Telef.238/953178 - 954383 Fax.238/953178 Presidente em 2006:- António Maurício Moura Mendes Local geográfico no Mapa-Mundo onde está situada Loriga -2- Distâncias quilométricas Distância quilométricas entre entre Loriga e outras cidades de Portugal Loriga e algumas cidades europeias -Lisboa................ 256 Km -Fátima ............... 204 Km 183 Km -Coimbra............. 122 Km -Beja ................... -Setúbal ............. -Faro ................... -Évora ................. 2.800 Km -Helsinquia ...... 3.790 Km -Oslo ................. 3.220 Km -Estocolmo ...... 3.390 Km -Amestardam.. 2.030 Km -Bruxelas ......... 1.800 Km -Hamburgo ...... 2.540 Km -Berlim ............. 2.650 Km -Munique ......... 2.250 Km -Madrid............. 450 Km -Barcelona...... 990 Km -Bucareste ..... 3.650 Km -Frankfurt ....... 2.080 Km -Zurique .......... 1.940 Km -Milão .............. 2.140 Km -Roma ............. 2.420 Km -Luxemburgo 1.700 Km -Veneza ......... 2,240 Km -Viena ............ 2.710 Km -Atenas ......... 3.820 Km -Istambul ...... 4.160 Km 340 Km 543 Km 296 Km -Covilhã .............. 62 Km 145 Km -Bragança ........ 240 Km -Viseu ................ 65 Km -Braga ............... -Copenhaga .... 350 Km 90 Km -Vila Real .......... 1.510 Km 123 Km -Guarda .............. -Aveiro ................ -Paris ............... 187 Km -Leiria ................. -Castelo Branco 1.940 Km 292 Km -Santarém ......... -Porto ................. -Londres ......... 176 Km 242 Km Itinerários mais rápidos dos vários pontos de Portugal -3- Via Norte - Porto (190 Km): Auto-estrada A1 em direcção a Lisboa. Sair em Aveiro (cerca de 53 Km percorridos) seguir A25 no sentido Viseu-Vilar Formoso. Sair em Mangualde (cerca de 135 Km percorridos) tomar a EN 234 até Nelas (cerca de 150 Km percorridos) seguir a EN 231 em direcção a Seia, seguindo sempre na mesma Estrada Nacional Nr. 231 em direcção a Loriga (percurso total - cerca 190 Km). Via Norte - Bragança/Tras-os-Montes (219 Km) Tomar a IP4 e sair em Macedo de Cavaleiros (cerca de 40 Km, percorridos) seguir na IP2 (EN 102) em direcção a Celorico da Beira. Nesta cidade (cerca de 172 Km percorridos) tomar a Estrada da Beira (EN 17) em direcção a Coimbra. Em Seia (cerca de 197 Km percorridos) seguir para a Estrada Nacional Nr.231 em direcção a Loriga (percurso total cerca 219 Km). Via Sul - Lisboa (292 Km): Auto-estrada A1 em direcção ao Porto. Depois de Coimbra (cerca de 193 Km percorridos) seguir IP3 em direcção a Viseu. Um pouco depois de Penacova na região de Raiva (cerca de 218 Km percorridos) seguir a IC7 na direcção Covilhã (cerca de 230 Km percorridos) tomar a Estrada da Beira (EN 17) em direcção Seia/Guarda. Sair desta estrada na Catraia de São Romão (cerca de 273 Km percorridos) seguir até São Romão e tomar a Estrada Nacional N.231 em direcção a Loriga (percurso total - cerca 292 Km).Pode também virar para Vide, apanhar ali a EN338 até à Portela de Loriga. Via Sul - Lisboa (317 Km): Percurso alternativo - (novo) Auto-estrada A1 em direcção ao Porto. Sair para A23 no sentido de Torres Novas (cerca de 93 Km percorridos). Seguir na A23 em direcção a Castelo Branco-Guarda. Sair em Tortozendo (cerca de 271 Km percorridos) e seguir para Estrada Nacional Nr. 230 em direcção a Unhais da Serra (cerca de 284 Km percorridos) continuar na mesma estrada nacional até às Pedras Lavradas onde vira à direita para a Estrada Nacional Nr. 231 em direcção a Loriga. (percurso total - cerca 317 Km). Via Sul - Faro/Algarve (543 Km) Tomar a Via do Infante seguir em direcção a Albufeira/Lisboa. Em Ferreira (cerca de 24 Km percorridos) seguir A2 direcção a Lisboa. Sair em Ourique (cerca de 106 Km percorridos) e tomar a IP2 direcção Beja; Évora; Estremoz; Portalegre e Nisa.Tomar a A23 direcção Castelo Branco/Guarda. Sair em Tortozendo (cerca de 493 Km percorridos) e seguir para a Estrada Nacional Nr.230 Km em direcção a Unhais da Serra (cerca de 510 Km percorridos) continuar na mesma estrada nacional até às Pedras Lavradas onde vira à direita para a Estrada Nacional Nr. 231 em direcção a Loriga. (percurso total - cerca 543 Km). Via Internacional - Fronteira/Espanha (131 Km) Fronteira-Vilar formoso, seguir na nova auto-estrada A25 direcção Guarda/Lisboa. Sair na Guarda (cerca de 42 Km percorridos) tomar a direcção da A25 em sentido de Viseu/Aveiro. Sair em Celorico da Beira (cerca de 65 Km percorridos) e tomar a Estrada da Beira (EN 17) em direcção a Coimbra. Em Seia (cerca de 107 Km percorridos) seguir para a Estrada Nacional Nr.231 em direcção a Loriga (percurso total cerca 131 Km). Distância quilométrica de Loriga - Fronteira de (Vilar Formoso) - cerca de 131 Km. *** Distância quilométrica de Loriga - A25 (Mangualde) - cerca de 55 Km. Distância quilométrica de Loriga - A25 (Celorico da Beira) - cerca de 66 Km. *** Distância quilométrica de Loriga - Guarda, Capital do Distrito - cerca de 89 Km. *** Distância quilométrica de Loriga - Sede do Concelho - cerca de 20 Km. *** Localidades mais próximas: Cabeça cerca de 7 Km. Alvoco da Serra cerca de 8 Km. Valezim cerca de 8 Km. Sazes da Beira cerca de 8 Km. -4- Distância de Loriga aos Aeroportos Internacionais LISBOA: Aeroporto da Portela 300 Km. PORTO: Aeroporto Sá Carneiro 187 Km. FARO: Aeroporto de Faro 543 Km. Números de Telefones úteis Posto de Informação Turistica Rua Coronel Reis, 25 6270 - 090 Loriga Telef 238/954320 -Junta de Freguesia 953178 -Bombeiros Voluntários 953255 -Paroco de Loriga 953204 -Posto Médico 953136 -Praça de Taxis 953109 -G.N.R. 953152 -Jornal "A Neve" 953204 -Grupo Desportivo 953173 -Farmácia "Popular" 953138 -Escola C+S 953226 -Doutor A.Crespo 953102 -Doutor A.Nolasco 953417 -Escola Primária 953235 -Centro Ass.Paroquial 953191 -Caixa Crédito Agricola 953456 A Vila de Loriga é Orago de Santa Maria Maior Além da Igreja Matriz possui esta vila 4 Capelas: Nossa Senhora da Guia, São Sebastião, N. S. do Carmo e N. S. Auxiliadora. Actual Pároco Padre João António Gonçalves Barroso (desde Outubro/2002) -5- Missas Dominicais Sábado 20,30 horas - Domingo 11,30 horas Feriado em Loriga:- 03 de Julho (Municipal) Feiras:- Primeiro Sábado do Mês Principais Festas (Anual) Sto.António - 2a. Semana de Junho São Sebastião - Julho (variável) N. S. da Guia - Primeiro Domingo de Agosto Estação de Caminhos de Ferro mais próxima: Nelas cerca de 40 Km. Transportes Rodoviários: Expresso:- Loriga - Lisboa (cerca 300 Km) Partida:- 07,00 Horas Chegada:- 11,50 Horas Preço:- 13,00 € -Mudança de Autocarro às 07,30 (São Romão)Frequência:- 2as. ou (3as. se 2a. Feriado) Sábados ou (6as. se Feriados) *** Partida:- 15,00 Horas Chegada:- 19,50 Horas Preço:- 13,00 € Período de:- 01.JUNHO a 30.SETEMBRO - Excepto Domingos e Feriados *** Partida:- 17,00 Horas Chegada:- 21,50 Horas Preço:- 13,00 € Dias:- Domingos e Feriados *** Expresso:- Lisboa - Loriga (320 Km) Partida:- 07,00 Horas Chegada:- 11,30 Horas Preço:- 13,00 € Período de:- 01.JUNHO a 30.SETEMBRO - Diariamente Período de:- 01.OUTUBRO a 31.MAIO - Aos Domingos e Feriados *** Partida:- 18,45 Horas Chegada:- 23,30 Horas Preço:- 13,00 € Frequência:- 6as. ou (5as. se véspera de Feriado) Domingos ou (2as. se Feriado) Posto de Venda de Bilhetes em Loriga: Café "Minilor" Av.Augusto Luis Mendes Telef. 238 953213 Carreiras Regionais com ligação à CP: Loriga-Seia Loriga-Coimbra Loriga-Nelas Loriga-Guarda Loriga-Viseu Loriga-Fundão Transportes efectuados pelas Empresas:- Auto-Transporte do Fundão e Empresa "Marques" Viseu (solicitar informação horária) Telefone Público de Loriga: CTT de Loriga: Telef. 238/953177 - 238/954011 - Fax.238/954085 -6- *** Indicativos Telefónico Portugal:- 00351 Loriga:- 238 Código Postal 6270 - (***) - Loriga (***) Números correspondentes às ruas e hoje obrigatoriamente aplicáveis Roteiro de Loriga Vias Sinais Convencionais (Av)=Avenida (B)=Beco (C)=Calçada (L)=Largo (Q)=Quelha (P)=Pátio (R)=Rua (T)=Travessa **** (A) -A (R) - Fica no Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa (Vista Alegre) -Adro da Igreja (L) - Fica no meio da Rua Sacadura Cabral. -Amoreira (T) - Começa na Rua Coronel Reis e acaba no Largo do Reboleiro antiga "Quelha do Rato". -Augusto Luís Mendes (Av) - Começa no final da Av. do Brasil e termina no local conhecido por "Carreira" -Avenal (R) - Começa na Rua Fonte do Vale e termina na ETAR (B) -B (R) - Fica situada no Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa (Vista Alegre) -Barroca (T) - Princípia na Rua Sacadura Cabra e termina na "Quelha da Barroca" propriamente dita. (C) -Bombeiros Voluntários de Loriga (R) - Começa no Largo da Lição e termina no Bairro das Penedas. -Brasil (Av) - Começa na Estrada Nacional Nr. 231 e termina no principio da Avenida Augusto Luís Mendes -7- -C. (R) - Fica no Bairro Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa (Vista Alegre) -Cabeço (R) - Começa na Rua Viriato no local conhecido pelo "Terreiro do Fundo" e acaba no alto do "Cabeço" (sem saída) -Cantigas (P) - (nome popular) - Fica no meio da Rua Vasco da Gama e no final da Rua Santo Cristo. -Cecília (Q) - Princípia na Rua Gago Coutinho e finda na Rua Coronel Reis. -Chão das Relvas (Av) - Começa no final da Rua Padre Lages (Bairro Padre Lages-Escorial) -Chão do Velho (T) - Princípia na Rua Gago Coutinho e termina na Rua José Mendes Veloso. -Clube (P) - (nome popular) - Fica no local conhecido por "Praça". -Comunidades Loricenses (R) - Começa no final da Rua Dom Afonso Henriques, no local conhecido por "Volta" e acaba no inicio da Rua da Fândega. -Cónego Nogueira (R) - Começa no local conhecido por "Praça" e acaba no Largo do Reboleiro. -Constânça Brito (R) - Começa na Rua Sacadura Cabral e termina na Rua Viriato. -Coronel Reis (R) - Princípia no final da Av. Luis Mendes no local conhecido por "Carreira" e acaba na Rua Gago Coutinho. (D) -D (R) - Fica no Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa (Vista Alegre). -Dom Afonso Henriques (R) - Começa no Largo do Reboleiro e termina no local conhecido pela "Volta". -Doutor Amorim da Fonseca (L) - Fica na Rua Gago Coutinho. (E) Estrada Nacional Nr. 231 - Trajecto em Loriga compreendido entre a Portela de Loriga e "Selada". (F) -Fândega (R) - Começa no final das Ruas do Vinhô e das Comunidades Loricenses. -Figueiredo (T) - Começa na Rua Gago Coutinho e acaba na "Quelha" com o mesmo nome. -Flores (R) - Começa na Rua Cónego Nogueira e acaba no final da Rua Viriato, no local conhecido por "Vinhô" (G) -Gago Coutinho (R) - Começa no Largo do Santo António e termina no local conhecido por "Praça". (J) -José Mendes Veloso (R) - Começa na Rua Gago Coutinho e termina na Rua Coronel Reis. (N) -Nossa Senhora da Guia (Av) - Começa na Estrada Nacional Nr.231, e termina no Santuário de N. S. da Guia. (O) -Oliveira (R) - Começa na Rua Viriato e acaba na "Quelha da Barroca". (P) -Fonte do Mouro (R) - Começa na Av. Augusto Luis Mendes e acaba na Estrada Nacional Nr.231, no local conhecido por Vista Alegre. -Fonte do Vale (R) - Começa na Rua Viriato e termina na Rua da Fândega. -8- -Padre António Mendes Lages (R) - Começa na Rua Santo Cristo e termina na Rua Viriato. -Padre António Roque Abrantes Prata (Av) - Princípia no fim da Av. Brasil e termina no local conhecido por "Volta" -Padre Lages (R) - Começa na Estrada Nacional Nr.231 e estende-se por todo o Bairro com o mesmo nome, ou Bairro do Escorial.. -Passos do Senhor (R) - Começa na Rua Coronel Reis e acaba no Largo do Reboleiro. -Pastor da Estrela (R) - Começa na Rua do Vinhô e acaba na Rua da Fonte do Vale. -Património dos Pobres (T) - Começa na Rua Cónego Nogueira e finda no Bairro dos Pobres. -Pelourinho (L) - Fica na Rua Gago Coutinho. -Pelourinho (T) - Começa no Largo do Pelourinho. -Porto (R) - Começa no local conhecido pela Ponte do Porto e acaba no principio da Rua de São Sebastião. -Praça (T) - Começa na Rua Gago Coutinho no local conhecido pela "praça", e termina no portão do "Casarão antigo Sindicato" (sem saída). -Professor Alberto Pina Gomes-(R) - Fica no Bairro das Penedas (3ª. Rua). -Professor Egas Moniz (R) - Começa na Rua Fonte do Mouro e acaba na Escola Primária (sem saída). -Professora Alice Almeida Abreu-(R) - Fica o Bairro das Penedas (1ª. Rua). -Professora Irene Almeida Abreu (R) - Fica no Bairro das Penedas (2ª.Rua). (Q) -Quintal (T) - (nome popular) - Começa na Rua Gago Coutinho, no local conhecido por "Almas" (sem saída) (R) -Reboleiro (L) - Fica no fim da Rua Cónego Nogueira e principio da Rua Dom Afonso Henriques. -Reboleiro (T) - Começa na Rua Coronel Reis e termina na Rua Cónego Nogueira. -Redondinha (R) - Começa no final da Avenida Brasil e termina na Redondinha propriamente dita (sem saída). -Regato (R) - Começa no principio da Rua das Comunidades Loricenses e final da Rua D. Afonso Henriques e termina na Firma "Pinto Lucas" (sem saída). (S) -Sacadura Cabral (R) - Começa no Largo do Santo António e termina no Largo do Adro da Igreja. -Sacadura Cabral (T) - Começa na Rua Sacadura Cabral (sem saída) -Sacavém (R) - Começa na Rua do Porto e termina no termo do local conhecido pelas "Lages" -Santo António (L) - Fica no fim da Av. Augusto Luis Mendes e princípio da Rua Sacadura Cabral -Santo António (T) - Começa no Largo do Santo António e termina na Rua Coronel Reis. -Santo Cristo (R) - Começa na Rua Sacadura Cabral e termina na Rua Padre António Mendes Lages. -São Bento (R) - Começa na Rua Santo Cristo e termina na Rua Viriato. -São Ginês (B) - (nome popular) - Fica no Bairro de S.Ginês (sem saída). -São Ginês (R) - Princípia no Largo do Terreiro da Lição e termina na Rua Gago Coutinho. -Sociedade Recreatica Musical Loricense (R) - Começa na Rua Sacadura Cabral e termina no fim da Rua Viriato no local conhecido por "Vinhô". (T) -Teixeiro (R) - Começa na Av. Augusto Luís Mendes e termina no local conhecido por "Moenda" -Terreiro da Lição (L) - Fica na Rua Gago Coutinho e estende-se até Bairro do S.Ginês. -Tapadas (R) - Começa na Estrada Nacional Nr.231, e termina nas "Tapadas" propriamente dito. -Tapado (R) - Princípia na Rua da Fândega e termina no "Tapado" propriamente dito. (T) -Vasco da Gama (R) - Começa na Rua Sacadura Cabral e termina na Rua Viriato. -Vinhô (R) - Começa no fim da Rua Viriato e termina no princípio da Rua da Fândega. -Vinhô (T) - Começa na Rua do Vinhô e termina na Rua da Fândega. -Viriato (R) - Começa no fim da Rua Sacadura Cabral no lugar conhecido por "Terreiro do " Fundo" e termina no princípio da Rua do Vinhô. **** Códigos Postais de Loriga Avenidas -Augusto Luís Mendes -Brasil -Chão das Relvas -Padre António R.A.Prata 6270-075 6270-076 6270-076 6270-077 Bairros -9- *- Bairro da Vista Alegre -Bairro das Penedas - Ruas 1,2,3, (Professores) Alberto, D. Irene e D.Alice -Bairro de S.Ginês (Rua + Beco) *- Bairro Eng.Saraiva e Sousa Ruas A+B+C -Bairro Património dos Pobres 6270-078 6270-124 6270-079 6270-072 6270-084 * É compreendido pelo mesmo Bairro Estradas -Estrada Nacional Nr.231 6270-080 Largos -Adro da Igreja -Doutor Amorim da Fonseca -Reboleiro -Santo António -Terreiro da Lição 6270-074 6270-082 6270-081 6270-083 6270-111 Ruas -António Mendes Lages -Avenal -Bairro Eng.Saraiva e Sousa (Vista Alegre)Ruas A;B;C;D; -Cabeço -Comunidades -Cónego Nogueira -Constância Brito -Coronel Reis -D. Afonso Henriques -Fandega -Flôres -Fonte do Mouro -Fonte do Vale -José Mendes Veloso -Oliveira -Padre Lages -Pastor 6270-087 6270-088 -Porto -Redondinha -Regato -Repoleiro -Sacadura Cabral -Sacavém -S.Ginês -Santo Cristo -São Bento -Sociedade Musical de Loriga -Tapadas -Tapado -Teixeiro -Urbanização Bairro Penedas (Ruas 1,2,3,(Professores) -Vinhô -Viriato -Volta 6270-072 6270-086 6270-093 6270-089 6270-123 6270-090 6270-104 6270-073 6270-073 6270-073 6270-073 6270-106 6270-091 6270-073 6270-097 6270-098 6270-107 6270-099 6270-089 6270-108 6270-073 6270-079 6270-109 6270-095 6270-110 6270-094 6270-100 6270-101 6270-124 6270-102 6270-103 6270-092 Travessas -Amoreira -Barroca -Chão do Velho -Figueiredo -Património dos Pobres -Pelourinho -Praça 6270-112 6270-113 6270-115 6270-073 6270-120 6270-116 6270-114 -Reboleiro -Sacadura Cabral -Santo António -Terreiro do Fundo -Vinhô -Viriato 6270-117 6270-121 6270-122 6270-123 6270-118 6270-119 Quelha -Cecilia 6270-085 ----------------------------------------------------------------Localidade Anexa -Fontão 6270-071 **** Bairros -Bairro da Vista Alegre - Fica na Estrada Nacional Nr. 231 no trajecto para Alvoco da Serra. -Bairro das Penedas - Fica no termo da Rua dos Bombeiros Voluntários de Loriga, local conhecido por Penedas e junto à Ribeira de Loriga. -Bairro do Padre Lages - Fica na Estrada Nacional Nr.231 no trajecto para Valezim (lugar conhecido por Escorial) Bairro do Património dos Pobres -Fica no lugar conhecido pelo mesmo nome. **** Capelas - 10 - -Nossa Senhora da Auxiliadora - Fica na Rua da Redondinha -Nossa Senhora da Guia - Fica no Recinto do Santuário da Nossa Senhora da Guia -Nossa Senhora do Carmo - Fica no Bairrro de S.Ginês -São Sebastião - Fica no princípio da Rua de São Sebastião **** Fontes Os Fontaneiros na Vila: -Adro - Fica no Largos do Adro da Igreja -Almas - Fica na Rua Sacadura Cabral no local conhecido por "Almas" -Porto - Fica na Rua do Porto -Vinhô - Fica no local conhecido por "Vinhô" Outras Fontes: -Amores - Fica na Estrada Nacional Nr.231, perto da ponte dos Leitões. -Azeiteiros - Fica na Estrada Nacional Nr.231, no local conhecido pelo Penedo de Alvoco ou Casa do Guarda (a fonte com a melhor água que existe em Loriga). -Do Mouro - Fica na Rua Fonte do Mouro e junto à Junta de Freguesia. -Fogueteiro - Fica no Recinto da N.S. da Guia encostada à casa do Fogueteiro. -Nossa Senhora da Guia - Fica no Recinto da N.S. da Guia, junto à Capela -Senhora da Guia Nova - Fica na Estrada Nacional Nr. 231, no lugar conhecido pelo mesmo nome. -Penedas - Fica na Urbanização do Bairro das Penedas. -Reboleiro - Fica no Largo do Reboleiro. -Santo António - Fica no Largo do Santo António. -Vale - Fica na Rua da Fonte do Vale. **** Pontes -Cortiçor - Fica na Estrada Nacional Nr.231, no lugar conhecido por "Cortiçor" e passa sobre o Ribeiro do Cortiçor afluente da Ribeira de Loriga (passagem de trânsito e peões) -Duas Ribeiras - Ficam no local conhecido por "Pisão do Barruel". São duas pontes, uma sobre a Ribeira da Nave e outra sobre a Ribeira de São Bento precisamente onde esta ribeira termina. (ambas destinadas a passagem de peões) -Fabrica Nova - Fica junto à Firma "Moura Cabral" e passa sobre a Ribeira de São Bento (passagem de peões) -Leitões - Fica na Estrada Nacional Nr. 231, no lugar conhecido pelos "Leitões" e passa sobre a Ribeira de São Bento (Passagem de trânsito e peões) -Porto - Fica no começo da Rua do Porto e, passa sobre a Ribeira de São Bento (passagem de trânsito e peões) -Regato - Fica no local conhecido por "Regato", é um pequeno viaduto sobre a Ribeira de São Bento, construído nos tempos recentes, (passagem de peões). -Ribeiro da Ponte - Fica no caminho da Canada no local conhecido por "Ribeiro da Ponte", passa sobre a Ribeira da Nave (passagem de peões) -Romana - Fica no local conhecido por "Moenda" e passa sobre a Ribeira de Loriga. Esta ponte é mais antiga de Loriga por isso considerada património loriguense, (passagem de peões). Nota:- Para os tempos futuros, existe já o pensamento do arranjo do caminho de acesso, no sentido da sua utilização para passagem de viaturas, no entanto, para esse efeito, será necessário efectuar um estudo aprofundado das condições deste património de Loriga. -Tapadas - Fica no local conhecido pelas "Tapadas" e passa sobre o Ribeiro das Tapadas afluente da Ribeira de São Bento (passagem de trânsito * e peões) -Zé Lages - Fica na Estrada Nacional Nr.231, no local mais conhecido por "Zé Lages" hoje mais conhecido por Praia Fluvial, passando sobre a Ribeira da Nave. (passagem de trânsito e peões). * Passagem condicionada **** Distância apartir do Centro da Vila (Adro) para outros locais de Loriga -Bairro Padre Lages-Caixão da Moura-Campo de Futebol (estrada)-Canada-Cemitério-Cortiçor-Fonte dos Azeiteiros-Malha Pão-Mirante- 1,1 Km. 3 Km. 2,5 Km. 900 met. 1,1 Km. 2 Km. 3,3 Km. 2,9 Km. 4 Km. -Ponte Romana-Portela do Arão-Posto Médico-Praia Fluvial-Recinto N.S.da Guia-Redondinha-São Sebastião-Senhora da Guia Nova- **** Generalidades 1,5 Km 4,1 Km. 350 met. 1,9 Km. 1,2 Km. 300 met. 800 met. 1,3 Km. - 11 - -Bombeiros - Fica na Rua do Regato no local conhecido por "Volta" -Cabines Telefónicas - Ficam no fim da Av. Augusto Luís Mendes "Carreira" -Caixa Multibanco (Caixa de Crédito Agrícola) - Fica na Av. Augusto Luís Mendes -Cemitério - Fica na Av. N.S. da Guia e no fim da Rua de São Sebastião -Coorporativa Popular - Fica na Rua Dom Afonso Henriques -Correios "Estação" - Fica na Rua Gago Coutinho -EDP - Fica na Rua Fonte do Mouro -Escola C+S - Fica na Av. Padre António Roque A. Prata -Escola Primária - Fica na Rua Professor Egas Moniz -Farmácia "Popular" - Fica no principio da Rua Santo Cristo -GNR - Fica no Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa (Vista Alegre) -Grupo Desportivo Loricense - Fica na Rua Viriato -Igreja Paroquial - Fica no Largo do Adro da Igreja -Junta de Freguesia - Fica na Rua Fonte do Mouro -Posto de Abastecimento de Combustível - Fica Na Estrada Nacional Nr.231 (Vista Alegre) -Posto de Informação Turística - Fica na Rua Coronel Reis -Posto Médico - Fica na Rua Professor Egas Moniz -Rodoviária Nacional (Paragem) - Av. Augusto Luís Mendes "Carreira" -Táxis (Paragem) - Fica na Av. Augusto Luís Mendes "Carreira" Algumas das atracções que o visitante não pode perder -Loriga vista dos Mirantes, contemplando paisagens que não mais vai esquecer. -Descobrir a montanha e percorrer os inúmeros caminhos que lhe proporcionarão a cada momento cenários únicos. -Tocar ou mesmo mergulhar nas águas frescas e cristalinas da ribeira e que por todo o lado se fazem deslizar. -Percorrer o caminho Romano, passeio a não perder, ver ainda o Caixão da Moura e também um mundo belo de socalcos construídos para a cultura do milho. -Visitar Loriga nas Festas e acima de tudo viver as suas tradições. -Contemplar no inverno esta bela localidade coberta de manto branco, bem como admirar a admirável Cascata das Lamas -Descobrir a as ruas estreitas da Vila e ainda seus pátios e becos, onde os telhados das casas se parecem tocar. -Visitas a não perder:-Igreja Matriz, Santuário da Nossa Senhora da Guia e Capelas de S.Sebastião e N.S.do Carmo. -Viva a vida principalmente no Verão onde a claridade do dia entra pela noite fora. Informação para o visitante Algumas das infra-estruturas existentes em Loriga, satisfazem plenamente as exigências do visitante,e eis algumas das que encontrará: "Pensão, Restaurantes, Cafés, Supermercados, Talhos, Venda de fruta e legumes, Padarias, Táxis, Autocarros, Farmácia, Caixa Multibanco, Sapatarias, Cabeleireiras, Pronto a Vestir, Posto de abastecimento de combustível, Cabina de Telefone, Posto Telefónico Público, Venda de revistas e jornais, CTT, Venda de Artesanato, Oficina de automóveis, Venda de mobílias, Venda de electrodomésticos e Posto de Informação Turística" Grande parte da área circundante de Loriga está inserida como: Parque Natural da Serra da Estrela O meio habitar da Região Toda esta região de Loriga e arredores é local repleto de espécies vegetal, animal, onde ainda permanecem vestígios glaciares A truta, a boga e o escalco, são espécies que se encontram nas ribeiras e rios, estando a respectiva pesca sujeita a regulamentação anual decretada pelos serviços oficiais. Estão sujeitas ao regime cinegético corrente, espécies como: o coelho, a lebre, a perdiz, a codorniz, o pombo e a rola. A caça ao javali e à raposa está sujeita ao regime cinegético especial. Nas áreas de maior altitude a caça está interdita. Sugestões para tempos livres A região é verdadeiramente propicia para o desporto, tempos livres e de laser. As barragens no alto da serra apresentam condições para a prática de desporto náuticos, não sendo permitido no entanto, desportos motorizados. Os inúmeros caminhos florestais são apropriados a passeios e a provas organizadas de veículos todo-terreno que estão sujeitos a autorização prévia do PNSE (Parque Nacional da Serra da Estrela). Nas zonas elevadas da montanha as provas são interditas e os passeios apenas são permitidos nas estradas alcatroadas Existe uma estância de Sky situada nos Covões de Loriga na Torre, entre os 1890 metros e os 1990 metros, com 4 pistas das quais a maior tem 800 metros, num desnível de 100 metros e a menor, de escola, tem um comprimento de 150 metros num desnível de 200 metros. A capacidade estimada é de 500 utilizadores/hora, havendo aluguer de material. 1- Do alto da Torre até à Vide, está sinalizado um troço dos percursos pedestres de Grande Rota Serra da Estrela - T1. Para os que gostam de vencer as dificuldades, do contacto com o mundo natural, da grandiosidade das paisagens, de solidão e do silêncio da alta montanha, subir a Garganta de Loriga é um desafio. São 8 horas ida e volta com um desnível de 1223 metros. 2- Percorrer o fundo do vale, junto à ribeira de Loriga até ao Casal do Rei é conhecer de perto todo o engenho desta gente na transformação das encostas. São 6 horas ida e volta. É difícil. 3- Passeio pelo vale da Ribeira de São Bento. Formas tradicionais de vida, visíveis nos caminhos em calçada, na disposição dos terrenos em socalcos, no sistema de rega, nas culturas, na vegetação e nos velhos edifícios de granito dispersos pelo vale. Um traçado fácil, que percorre o vale e sobe até meia encosta, ao longo das duas margens da ribeira, Circuito de duas horas. 4- Passeio panorâmico sobre Loriga. O casario, os socalcos, a alta montanha, um cenário sempre imponente que este trilho proporciona ao longo do seu traçado. Percurso fácil com uma duração de duas horas. 5- Na rota do T2 - Percursos Pedestres de Grande Rota, Serra da Estrela - Sobe até ao alto da Portela do Arão observando as curiosidades duma zona de contacto entre as rochas de granito e xisto, o que resta duma calçada romana e ainda o aproveitamento agrícola do vale. Percurso fácil com uma duração de duas horas. Descrição de Itinerários para passeios pedestais que poderá efectuar em Lotiga Itinerário I - Passeio de Laser e espirito de devoção Vila - Recinto da Nossa Senhora da Guia. Percurso por estrada - sem grau de dificuldade Total do percurso (Inicio e chegada à Vila) - cerca de 4.000 Km. - 12 - Seguir na direcção da ponte do Porto, subir depois a rua do pitoresco bairro assim chamado por "Porto. Depois da subida da rua, pouco depois chega à Capela de São Sebastião, que continuando a estrada e depois de passar a "Casa do velhos" chega ao Cemitério, que estando aberto poderá visitar os ente queridos e amigos ali sepultados. Descendo a catraia chega ao Recinto da Nossa Senhora da Guia, onde poderá passar algum tempo de laser e descanso, bem como, uns momentos espirituais e de devoção à Virgem. O regresso poderá optar pelo mesmo itinerário, ou então no cemitério seguir para a esquerda pela estrada na direcção da Senhora da Guia Nova, onde tomará a estrada nacional, na direcção da vila. (Neste caso irá percorrer cerca 4.500 Km.) Itinerário II - Passeio de Laser Vila - Mirante ou Emissor TV(Mestre brava) Percurso pela estrada nacional 317- sem grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca de 16,800 Km Seguir até aos Leitões e depois a estrada nacional em direcção a Alvoco da Serra, passando pela Praia Fluvial, Campo do Futebol, fonte dos "Azeiteiros" junto à casa do Guarda, onde poderá saborear uma das melhores águas que já mais tenha bebido. Continuando pouco depois está no Mirante, então sim poderá desfrutar de uma das mais bela paisagens da vila de Loriga. Poucos metros à frente siga a estrada do Fontão, hoje com novo piso, podendo sempre admirar um panorama que decerto não mais vai esquecer. Esta estrada o levará até ao local chamado Mestre Brava, onde está instalado o Emissor TV. Aqui poderá contemplar um cenário de verdadeiro encanto, tanto olhando para Loriga ou então para o panorama que se estende para o lado sul. O itinerário de regresso pode ser o mesmo, ou optando pelo outro lado da montanha (estrada velha do Fontão) até à estrada nacional. (Neste caso irá percorrer cerca de 17,500 Km.) Itinerário III - Passeio de Laser Vila - Portela de Loriga ou até ao "Viveiro" Percurso pela estrada nacional 317 - sem grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca 10.600 Km. Subir o Outeiro até aos Leitões e depois a estrada nacional em direcção a Valezim, chegando à Senhora da Guia Nova. A partir daqui pode ir admirando a paisagem encantadora que se estende até à Vide, passa pelo lugar conhecido por Malha Pão e cerca de duas centenas metros mais chega à Portela de Loriga. Uns metros mais à frente e já depois da "Fronteira" como popularmente as pessoas chamam, pode olhar o deslumbrante vale que se estende para o norte. Se estiver interessado pode seguir a programada estrada para a Torre, e uma centena de metros vira à esquerda chegando ao "Viveiro" onde aqui também poderá contemplar o mesmo vale de perder a vista. O itinerário de regresso é o mesmo. Itinerário IV - Passeio de Historia Vila - Campa - Calçada Romana - Malha Pão. Percurso por estrada e trilhos - com algum grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca de 11,500 Km. Inicio com destino à ponte do Porto, subindo a rua deste pitoresco bairro, pouco depois está na Capela de São Sebastião, um pouco mais e após a subida da estrada chega ao Cemitério. No caso de estar aberto pode aproveitar a visitar os ente queridos e amigos ali sepultados. Continuando o passeio, sobe a estrada um pouco mais e chega ao local chamado Chão do Soito. Aqui toma o trilho da Calçada Romana, seguindo com destino ao local conhecido pela Campa. Desvia-se do caminho e poderá admirar uma Sepultura antropomórfica, conhecida pelo Caixão da Moura. Voltando ao trilho da Calçada Romana vai sempre subindo até à estrada Nacional chegando ao local mais conhecido pelo Malha Pão. Aqui tomará a direcção à vila e pouco depois encontra-se na Senhora da Guia Nova, onde poderá descansar e admirar o imponente vale que se estende até à Vide. Continuando o seu caminho pela estrada chega aos Leitões e descendo o "Outeiro" chega à "Carreira". Itinerário V - Passeio de Historia (Ponte e Caminho Romano) Vila - Ponte Romana - Caminho Romano - Casa do Guarda. Percurso por caminho e trilho romano - com algum grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) -cerca 8,400 Km. Inicio com destino ao Teixeiro, aproveitando para visitar o único Moinho movido a água ainda em laboração. Pouco depois chegará à ponte Romana e sempre no trilho da Calçada Romana passa pelas Resteves e chegará à Casa do Guarda e de seguida está na Fonte dos Azeiteiros. Aqui aproveite a saborear a água da Fonte e descansar um pouco, pois a subida até ali foi um pouco puxada. Siga pela estrada na direcção à vila passando pelo campo de futebol, ponte do Cortiçor e uns metros mais está na Praia Fluvial, onde poderá tomar banho nas águas mais límpidas que já mais tenha conhecido. Admire ainda a ponte do Zé Lages, uma obra arquitectónica. Siga sempre pela estrada até aos Leitões e depois a direcção ao Centro da vila, que o levará à "Carreira". Itinerário VI - Passeio Paisagístico; Aventura; Natureza e História Vila - Mirante - Casa do Guarda - Calçada Romana Percurso por trilhos e estrada - com algum grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca de 13,400 Km. Inicia o passeio com destino à Fonte do Vale, seguindo depois o caminho que vai dar até à Etar. Continuando siga a direcção até às Duas Pontes onde se junta as duas ribeiras. De seguida toma a trajecto da encosta da Tresposta onde começa a subir a ingreme subida percurso por trilho ou mesmo estrada florestal, na direcção ao sul, que vai ter à estrada do Fontão e um pouco mais de uma centena de metros está no local chamado Mestre Brava onde se situa o Emissor TV. Aqui pode descansar um pouco aproveitando para desfrutar de uma das mais belas paisagens que a retina dos seus olhos poderá contemplar. Tendo como cenário a vila que poderá admirar a cada passo que dá, segue pela estrada do Fontão na direcção do local conhecido por "Selada" onde encontrará a estrada nacional chegando logo em seguida ao Mirante. Aqui poderá admirar mais uma vez uma das mais linda paisagens que já mais alguma vez viu. Siga a estrada na direcção da vila, passando pela Fonte dos Azeiteiros, perto da casa do Guarda aproveite a saborear uma das mais puras águas que já mais tenha ingerido. Após descansar mais um pouco, desce pelo caminho Romano, passa pelas Resteves e chega até à Ponte Romana sempre seguindo chegará ao Teixeiro e pouco depois chega à "Carreira". Itinerário VII - Passeio de Aventura e Natureza Vila - Serapitel - Campa Percurso por estradas e trilhos - com algum grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca de 12.200 Km. - 13 - Seguir até à Fonte do Vale e aqui tomar a direcção da ETAR, depois passando nos Pilhós chega ao local onde se junta as duas ribeiras. Procure os trilhos existentes na margem esquerda da ribeira que o seu curso leva direcção ao Alva. Nestes trilhos vive com a natureza onde poderá descobrir plantas que desconhecia que pudessem existir ali. Sempre na margem esquerda da ribeira poderá contemplar as águas límpidas que seguem no curso da ribeira bordejando a orla do monte que leva a água para os regadio. Para trás vai ficando o poço "João freire" e depois de passar pelos locais conhecidos por Ribeiro do Rochinol, Alfreixeiro e Outeiro do Mingudiz, passa para a margem direita e pouco depois está no Serapitel. Iniciando a íngreme subida Segue pelo Fundo do Torno até às Costeiras que o levará à Campa, onde ali poderá admirar o Caixão da Moura (Sepultura antropomórfica). Depois de descansar um pouco tome o caminho da Calçada Romana, chegando ao Chão do Soito, tome a estrada que segue na direcção do Bairro do Porto, passando pelo cemitério, São Sebastião, Rua do Porto e chegada à Vila. Itinerário VIII - Passeio Paisagístico, Aventura e Natureza Vila - Canada, Casa do Guarda, Campo, Ponte Romana Percurso por caminhos, estrada e trilhos - Com algum grau de dificuldade Total do percurso (inicio e chegada à Vila) - cerca de 9,200 Km. Descer a "Quelha da Barroca" passando pela Presa e pouco depois está na ponte que passa sobre a ribeira no local conhecido por Ribeiro da Ponte. Aqui seguir o caminho que o levará ao local chamado "Canada". Prepare-se para subir o trilho que pode ser a estrada florestal, numa íngreme subida, que o levará à estrada nacional muito perto da Casa do Guarda. Neste trajecto poderá ao mesmo tempo admirar um cenário verdadeiramente paisagístico e encantador, inspirado em aventura e natureza. Pare um pouco na fonte e saboreie a sua água, siga depois na direcção da vila pela estrada nacional até ao Campo de futebol. Aqui desça a rampa que o leva ao campo onde tomará o trilho no pinhal das "Casinhas" até ao Caminho Romano muito perto da Ponte. Aqui seguir pelo Teixeiro com destino à vila, chegando à "Carreira" . Parapente desporto de Laser Pelas características do relevo e do clima, a região da Serra da Estrela reúne condições para a prática de desporto radical de montanha em geral e do Parapente em particular. O Parapente é um desporto, que se encontra em verdadeira expansão em Portugal, existindo vários locais com condições ideais para a prática e competição desta modalidade. Segundo alguns entendidos na matéria, no Vale de Loriga pode também praticar-se o Parapente, se bem que, as condições são caracterizadas como especiais em relação às que se verificam em outros locais, onde este desporto é muito mais praticado. Alguns amantes desta modalidade têm procurado Loriga para voos de Parapente. Por isso, e principalmente no verão, são frequentes as vezes que deparamos com as "asas" multicolores voando sobre todo o Vale de Loriga ou mesmo sobre a Vila, num espectáculo digno de admirar. Embora considerado por alguns como um desporto radical, para outros é, sobretudo, um desporto de grande calma e contemplação, proporcionando horas de descontracção e permitindo desfrutar de paisagens paradisíacas e fazendo esquecer todo o stress quotidiano. De acordo com alguns relatos, todo aquele que procure o Vale de Loriga para efectuar o seu voo em parapente, deparará com um panorama espectacular, conhecerá sensações novas e, sobretudo, um desafio diferente. Voo dum praticante do Parapente (Jorge Mourita 2002) ** Algumas informações importantes para os amantes do desporto do Parapente, que queiram voar no Vale de Loriga: A pista de lançamento é na Penha do Gato a pouca distância da Torre (Serra da Estrela). Altitude é de cerca de 1.800 metros. O Vale é apertado e no verão é muito térmico. A direcção do vento é de SW (sudoeste). Ideal para voar de manhã antes do meio-dia ou ao fim da tarde. A pista de aterragem é no lugar chamado "Canada", cerca de 1 Km. do centro da Vila. Àrea mais antiga do centro histórico de Loriga visto do ar Visitantes de Inverno na Serra da Estrela Algumas sugestões e cuidados a ter numa condução melhor para a sua segurança e dos outros, principalmente quando a estradas ficam cobertas de neve, todos os cuidados são poucos, assim como o estado e equipamento da viatura. - 14 - 1. - Conduza sempre de velocidade reduzida com o maior cuidado e sem movimentos bruscos, evite travagens violentas e bruscas . 2. - Deitar líquido anti-congelante no radiador e nos outros depósitos de água como o que abastece o limpa-vidros. 3. - Controlar cuidadosamente a pressão dos pneus. Com a neve e gelo a cobrir o piso esses cuidados são importantes. 4. - Se as condições da estrada o justificar (muita neve e muito gelo) aplique correntes nas rodas da viatura . 5. - Com a neve e nevoeiro circule com os médios ligados, em caso de a viatura possuir utilize ainda os faróis de nevoeiro e verifique se todas as luzes do carro estão em condições de funcionamento. 6.- Utilize os sistemas internos de ventilação e de desembaciamento. 7. - Verifique o estado da bateria, o nível da água destilada, o nível de óleo e o estado da correia da ventoinha. 8. - Não esqueça de levar na bagagem, luvas e botas impermeáveis, que poderão ser importantes no meio da neve o frio. *** Proibição de Queimadas Para preservação do Ambiente, para Protecção da Floresta e na Segurança da sua própria Vida, é expressamente proibido efectuar queimadas ou qualquer outro tipo de fogueiras, sem serem previamente autorizadas e vigiadas pelos Bombeiros Voluntários da região. -1- Algumas tradições Populares de Loriga Quadro de Santa Ana Relatos antigos, dão-nos conta de uma tradição curiosa em Loriga. Segundo os mesmos, em tempos de seca, os agricultores loricenses pegavam no quadro dedicado a Santa Ana e passavam-no pelas águas das fontes. No caso de ficar molhado, a chuva estava para breve, mas no caso de ficar enxuto a seca continuava. Este quadro ainda hoje existente, faz parte da Arte Sacra de Loriga. Todo ele em madeira e onde ostenta Santa Ana com o menino ao colo, são bem visíveis os traços de degradação em que se encontra e relacionado ao motivo de ser passado muitas vezes pela água. -2- A Noite dos "Chocalhos" A Noite dos Chocalhos, é uma tradição existente em Loriga que ocorre no dia 11 de Novembro, dia dedicado a São Martinho. Apesar de ainda hoje se festejar, já pouco tem haver como em tempos passados, que na realidade era festejado com grande intensidade. Nessas épocas já distantes, eram muitos os pastores que se juntavam carregados de chocalhos e campainhas com as respectivas coleiras, que enfiavam nos braços e nas pernas e, em marcha acelerada, davam voltas às ruas até altas horas da noite provocando um barulho ensurdecedor que se ouvia por todo o lado e que, segundo relatos antigos, até se ouvia na Portela do Arão. Por isso mesmo, nessa noite, as pessoas pouco ou nada dormiam. Este costume dos pastores que se pensa vir de tempos remotos, segundo se sabe, destinava-se a festejar o facto de, junto aos seus rebanhos, estarem nas montanhas a maior parte do ano, podendo assim, nessa data, dar largas ao seu contentamento. Esta festa principiava já perto do final do dia, com a chegada dos pastores à "Carreira" onde se reuniam, todos eles carregados com o maior número possível de chocalhos e campainhas. Quando todos estavam presentes, davam inicio à marcha pelas várias ruas da povoação, que terminava muito perto da manhã, já muito bem bebidos, pois levavam a noite inteira a beber uns bons quartilhos de vinho novo. No ano em que Loriga foi atacada por grave epidemia, as autoridades locais tentaram acabar com esta tradição antiga, o que provocou discordância dos organizadores, tendo o assunto de ser resolvido pela justiça. Chocalhos com cerca de 80 anos O Juiz, muito compreensivo, deu esta sentença que ficou famosa "Cada terra tem seu uso e cada roca tem seu fuso, por isso temos que respeitar as tradições". À medida que a actividade pastorícia foi diminuindo, com o desaparecimento dos rebanhos e consequentemente dos pastores, esta tradição hoje em dia já não é o que era, no entanto, continua a existir em alguns, a boa vontade, no sentido de conservar esta tradição. *** Nota:- A origem do chocalho é desconhecida, admitindo-se que tenha sido trazido pelos Celtas, e foi usado para conduzir e guardar o gado, utilizando-se peças diferentes consoante se tratava de vacas ou bois, cabras, ovelhas ou gado muar. Para fazer um chocalho era preciso trabalhar o metal e depois levá-lo a cozer num forno, a altíssimas temperaturas. Todo o trabalho de confecção era natural e cada chocalho demorava horas a fazer. Era preciso talhar a folha de ferro, moldá-la, abrir um buraco para meter o céu (onde se pendura o badalo), enchê-lo de barro, soldá-lo, levá-lo ao forno e afiná-lo no final. Hoje os Chocalhos existentes em Loriga, são praticamente peças de artesanato, que valem por isso mesmo. -3- Jogos Populares e Tradicionais em Loriga Os jogos tradicionais, fazem parte dos costumes, brincadeiras, passatempos e divertimentos populares, que além de conterem situações muito diferenciadas, utilizam-se matérias fáceis de encontrar. Por isso mesmo, são também muitos os utensílios utilizados para a prática desses jogos populares. Podendo ser praticados por todas as idades, foram no entanto, desde sempre mais praticados na idade de criança e adolescência e fizeram parte de muitas das gerações já passadas. Por isso também e, compreensivelmente, o facto de muitos até já terem passado ao esquecimento. Com o aparecimento da Televisão nos últimos anos da década de 1950 primeiro, e depois com o surgimento e desenvolvimento de outros passatempos, foi-se perdendo o hábito de praticar muitos desses jogos populares e tradicionais, os quais foram sendo esquecidos, fazendo hoje parte das recordações de várias gerações. É certo que ainda hoje e um pouco por todo o lado, se vêm praticar muitos dos jogos tradicionais, só que não com tanta frequência, como em tempos já passados, que fizeram parte da infância de muitas pessoas que hoje os recordam com saudade. Em épocas já distantes, era na realidade digno de registo o movimento demográfico em Loriga, onde anualmente se registavam largas dezenas de nascimentos de crianças, ultrapassando por vezes a centena. Por esse facto, era a população jovem que, nas suas brincadeiras e passatempos, praticavam os muitos jogos populares, alguns do quais eram tradicionalmente muito próprios de Loriga. Aqui se registam muitos do jogos tradicionais em Loriga de outras eras, uns mais relevantes e muito mais usuais do que outros: *** Jogo do Pião O Jogo do Pião é essencialmente um jogo de crianças, praticado principalmente pelos rapazes. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Com uma baraça ou guita, enrolava-se o pião, começando por enrolar-se de cima para baixo, até ao meio. Ficava apenas uma ponta onde se pegava e se mandava o pião ao chão, de preferência num sítio plano. Ganhava o jogo quem o mantivesse a rodar o máximo de tempo possível. Em Loriga, na época, havia verdadeiros artistas a jogar este jogo, os quais, ao longo do tempo, tinham aperfeiçoado a técnica de rodar o pião. Faziam várias habilidades que consistiam, por exemplo, em apanhar o pião a rodar, mantê-lo na palma da mão e voltar a pô-lo no chão e, às vezes, colocá-lo na cabeça, sempre a rodar. *** O Jogo do Feijão Era um jogo muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos garotos, sendo a Primavera a época do ano normalmente mais usual na realização deste jogo. Qualquer garoto tinha uma pequena "taleiga" cheia de feijões que variavam de tipo e de valor no respectivo jogo. Cada jogador estava munido de uma "bonzura" que era um disco de chumbo, ou ainda uma pedra de lasca ou cerâmica, que muito contribuía para que os bolsos da "jaqueta" e das calças estivessem sempre rotos pelo peso daquele objecto. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: De entre o feijão comum, as "luinhas" que valiam mais, sendo que as "calhorras" eram ainda mais valorizadas. No entanto, era aceite outro tipo de feijão, como feijões brancos, vermelhos, amarelos, pretos etc. Só ninguém recebia os modestos "Chicharos" porque não tinham classificação. O Jogo consistia em cada participante entrar com um determinado número de feijões que eram amontoados em lugar previamente escolhido, colocando à frente um carro de linhas dos grandes, ou um casulo de milho, que recebia o nome de "Bixo" Marcada a distância de onde os participantes deviam atirar a "bonzura" era dado o início à disputa, que consistia, cada um por sua vez, procurar acertar o monte de feijões e afastar o "Bixo", ganhando parcial ou totalmente, conforme a distância a que ficavam os referidos discos. Por vezes, havendo dúvida em relação às distâncias, tanto da "bonzuras" como do "Bixo", era necessário fazer a medição com uma palha. *** -4- Jogo do "Pau do Bico" Jogo exclusivamente praticado pelos rapazes, tinha a particularidade de ser considerado um jogo de "terror" para os vidros das janelas. Pensa-se que este Jogo seja um dos mais antigos, e que tenha sido praticado durante dezenas de anos, pela garotada de Loriga. Em registos escritos da década de 1920, vamos encontrar já algumas referências a este Jogo. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Para jogar este jogo era necessário utilizar, um pau de pequenas dimensões mais ou menos de 20 cm., com as pontas aguçadas, bem como um outro muito maior, mais ou menos entre 50 a 60 cm.. No chão, era desenhado um pequeno círculo, com cerca de um metro de diâmetro, que funcionava como o local de partida, e onde era colocado o pau pequeno dos dois bicos. O jogador com o pau maior, executava um toque numa das extremidades aguçadas, do pau de bicos, fazendo-o elevar-se no ar, dando-lhe, de imediato, uma tacada de modo a alcançar o local que desejava. Podia ser jogado por dois ou mais participantes. Os jogadores iam jogando alternadamente, sendo vencedor o que conseguisse completar o percurso, previamente designado, no menor número de jogadas. Quando o jogador, não conseguisse acertar no pau dos bicos, após o elevar no ar, caindo por conseguinte no chão sem lhe tocar, perdia a jogada, dando a vez ao concorrente seguinte. Era um jogo que poderia não chegar ao fim, de um momento para o outro. No entanto, por vezes, era interrompido bruscamente, com os praticantes a desaparecerem do local o mais rapidamente possível, quando uma tacada um pouco mais forte, era certeira ais vidros e, quando assim acontecia, era ver aquele que fugia mais depressa, "porque não tinha sido ninguém". *** Jogo "Rede Curre" Jogo também muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos rapazes. Sendo uma variante do jogo do "Pau do Bico" -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: O jogadores com o pau maior, executavam um toque numa das extremidades aguçadas, do pau de bicos, colocado dentro do circulo desenhado no chão (local de partida), fazendo-o elevar-se no ar, dando-lhe, de imediato, uma tacada de modo a lança-lo para um local mais longe possível. Era depois medida a distância, entre o local onde tinha caído o pau dos bicos, até ao circulo, utilizando para isso o pau maior. Ganhava o jogador que contasse mais medições. *** O Rodízio -5- Argolas, aros de ferro ou aros de peneus, eram objectos tradicionais muito usuais um pouco por todo o lado, principalmente utilizados pelos rapazes nas suas brincadeiras e divertimentos, aos quais chamavam Aros. Estes Aros estiveram na origem de mais um jogo popular, a que tradicionalmente se dá o nome de Rodízio. Em Loriga, estes aros eram vulgarmente apelidados pelos rapazes de "Rendizio" e, durante décadas, deliciou muitas gerações de garotada. Todos os garotos tinham o seu "Rodízio", que poderia ser de diversos tipos e tamanhos. Os tipos variavam desde uma argola grande, aro de ferro ou de pneu ou, mesmo, aros das pipas de vinho, que eram empurrados e guiados por uma "Agancha", (guiador) de arame, bem resistente, onde às vezes eram colocados carros de linhas vazios, a fim de deslizar melhor e evitar que o arame "emperrasse" nas emendas dos arcos. O "Rodízio" era como que um automóvel ou uma camioneta, cuja classificação dependia do tamanho que o aro tivesse. Para melhor imitar um automóvel, à noite, colocava-se uma baraça acesa na "agancha", cujos morrões davam a impressão de dois minúsculos faróis de advertência aos pedestres que estivessem pela frente. Entre a rapaziada de Loriga existia, até, um método de aprendizagem para a condução do Rodízio, que os habilitava a conduzir com uma certa perícia. Esse método, consistia em conduzir o Rodízio em cima do parapeito da levada da "Carreira" ou na borda do muro da estrada da "Redondinha", considerando-se encartados os que conseguissem superar essa prova. Estes locais, assim como outros idênticos um pouco por toda a povoação, serviam também para o confronto, na disputa de provas de perícia ou outras competições. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Durante a prova, o condutor não podia parar no trajecto, nem deixar cair o arco porque, para além de perder o jogo, corria o perigo de tomar um banho na levada ou cair para uma das courelas, o que não seria um pequeno tombo. Superava a prova aquele que conseguisse efectuar mais rápido esse percurso, sem cair ou deixar cair o "Rodízio" Também se fazia um outro tipo de provas que era as "Corridas de Rodízio". O trajecto era designado previamente, e com os participantes posicionados na linha de partida, era dado o sinal para o início da prova. Vencia o participante que conseguisse transpor a meta com o Rodízio, no mais curto espaço de tempo. Era também disputada uma outra competição, que consistia em desenhar no chão um percurso relativamente estreito. Os concorrentes, com o seu "Rodízio", tinham que percorrê-lo sem parar e sem sair, ou mesmo, sem pisar os limites do percurso delineado. *** Jogo dos "Óculos" Este jogo, quer pelas suas características, quer pelo envolvimento dos objectos utilizados na sua prática, era muito usual em Loriga, sendo exclusivamente praticado pelos rapazes. Os "Óculos" era o nome dado a pequenos discos de lata ou alumínio, com um buraco no meio, que eram adquiridos nas fábricas de lanifícios, sendo provenientes das canelas dos fios necessárias para a laboração dos teares de madeira. Havia dois tipos de pequenos discos (óculos). Os normais de lata e de valor relativo, normalmente (1 por 1) e os discos de alumínio, os quais eram chamados de bonzura, com um valor muito mais elevado, chegando a valer quatro ou mais dos discos normais (lata). A bonzura era o disco com o qual os concorrentes normalmente jogavam, uma vez que, sendo um pouco mais pesado que os de lata, tinha uma melhor aderência ao jogo. -Normas e respectivo desenvolvimento: O objectivo deste jogo era ganhar as peças dos "óculos" aos adversários. O jogador ganhava um "óculo" ao seu adversário quando, ao jogar o seu, o mesmo ficasse a um palmo ou menos do "óculo" do outro concorrente. Este jogo poderia ser jogado com, ou sem a utilização de uma parede, e por dois ou mais participantes. Jogado sem a utilização de uma parede, o primeiro participante a jogar, previamente escolhido, lançava o seu "óculo" para um local da sua escolha, seguindo-se os outros participantes. Ganhava aquele que, ao lançar o seu "óculo", ficasse a um palmo, ou menos, do óculo de outro participante. O jogo recomeçava sempre, com o jogador que ganhasse na jogada anterior a ser o primeiro a jogar. Jogado com a utilização de uma parede, era também escolhido o primeiro concorrente a jogar. O jogador colocava-se de frente a uma parede contra a qual atirava o seu "óculo", ganhando o jogador que conseguisse ficar a um palmo ou menos de qualquer óculo dos outros concorrentes. Sendo considerado um jogo com um certo grau de dificuldade, o jogo com a utilização da parede tinha, no entanto, uma característica que era o poder ser jogado recorrendo à ajuda dos pés. O jogador colocava os seus pés em forma de V junto ao "óculo" do adversário, para melhor acertar. Normalmente esta táctica só era utilizada quando os "óculos" estavam a uma distância relativamente pequena da parede. Escusado será dizer quão maltratada ficava a parede, que não fosse de pedra, normalmente granito, com a realização deste jogo contra a mesma. Uma outra característica muito comum deste jogo era a garotada acumular os seus "óculos" enfiados numa baraça, aos quais chamavam "chouriças" *** -6- Jogo do Esconder Jogo muito usual dos meninos e meninas, é tradicionalmente o jogo mais popular, que faz parte das recordações de infância de quase todas as pessoas. Em Loriga era um jogo habitual nas brincadeiras das crianças, sendo mesmo um passatempo como que obrigatório. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Um participante previamente designado, fechava os olhos encostando-se contra uma parede. Um outro escondia um lenço ou outro qualquer objecto, num local em redor do qual se desenrolava o jogo. Depois do objecto escondido era autorizado o jogador de olhos fechados a tentar encontrá-lo. Todos os outros iam dando pistas: - Frio!... Frio!... -quando se afastava do objecto escondido. - Quente!... Quente! ... -quando se aproximava. - A Queimar!... A Queimar!... -quando estivesse muito perto, quase a descobri-lo. O jogador ganhava ao encontrar o objecto escondido. Caso o não encontrasse e se desse por vencido, perdia o jogo. Por isso era excluído do mesmo. Ganhava o concorrente que mais vezes encontrasse o objecto escondido. *** Jogo das "Semanas" Jogo normalmente praticado pelas raparigas, era muito usual em Loriga. Este jogo das "Semanas" era uma variante do tradicional e popularmente chamado Jogo da Macaca, ainda hoje muito praticado pelas crianças e adolescentes, um pouco por todo o lado. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Num local plano, de terra ou de cimento, eram desenhados sete quadrados, chamados casas, respeitantes aos sete dias da semana, por isso o nome deste jogo. Era necessário uma pedra, de preferência rasa, para uma melhor aderência ao solo, (em Loriga era utilizado um pequeno pedaço de telha). A jogadora lançava a pedra para dentro do quadrado (casa), começando pelo primeiro. Depois, em pé coxinho, pulava para dentro desse quadrado (casa) onde se encontrava a pedra e, sempre em pé coxinho, tinha que jogá-la e sair com ela até ao local onde tinha começado. Este operação tinha que ser efectuada por todos os sete quadrados (casa) completando assim a prova. Só era permitido jogar a pedra uma única vez, dentro de cada quadrado (casa). A jogadora que lançasse a pedra e esta ultrapassasse a casa para a qual era destinada ou, se caísse em cima dos limites dos quadrados, ou se saísse fora desses limites, perdia a jogada, dando a vez à participante seguinte. Perdia também, quando a pedra lançada ao pé coxinho ultrapassasse a casa seguinte, ou se a jogadora pisasse algum dos riscos. Quando essa concorrente voltasse a jogar, recomeçava no local onde tinha perdido. Quando uma jogadora pisasse o risco havia uma maneira curiosa de dizer, "Queimastes" o risco. Era vencedora a participante que ganhasse o maior número de jogos. *** Jogo do Eixo -7- Jogo tradicional, praticado por todo o lado, normalmente mais usual entre rapazes. Em Loriga, era dos jogos mais praticados. Em épocas já distantes, bastava reunirem-se alguns rapazes, para logo alguém sugerir jogar este Jogo, que tinham uma maneira própria de praticá-lo. O número de jogadores era variável, sendo que, quanto maior fosse o número, mais interessante se tornava o jogo. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Um jogador previamente sorteado, colocava-se curvado (amochado), principiando por amochar-se apoiando os cotovelos nos joelhos. Com vista a aumentar o grau de dificuldade do jogo, na segunda volta, apoiava as mãos nos joelhos e, com o desenrolar do jogo, ia ficando menos amochado, chegando mesmo só a ficar com a cabeça ligeiramente curvada. Os concorrentes tinham que saltar por cima do participante amochado, apoiando as mãos nas costas e as pernas obrigatoriamente abertas. Havia uma outra maneira de jogar este jogo, que consistia em os participantes saltarem sem colocarem as mãos nas costas do jogador amochado só que, neste caso, este mantinha sempre a primeira posição, ou seja, com os cotovelos nos joelhos. Perdia o jogador que não conseguisse saltar e, como penalização, ia ocupar o lugar do jogador amochado, ficando na posição que este já tinha. Era vencedor aquele que saltando mais vezes fosse menos penalizado. Outra variante do Jogo do Eixo, consistia em saltar sucessivamente sobre todos os participantes, de forma que todos saltassem amochando-se em seguida. Em Loriga, era curioso ver-se a garotada percorrer as ruas da Vila a praticar este jogo, dai resultando tamanha algazarra que, por vezes, irritava os mais idosos. *** Jogo da "Mosca" Era um jogo muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos rapazes que, tanto mais interessante se tornava, quanto maior fosse o número de participantes. Muito praticado também por todo o lado, quase sempre nos tempos de infância, este jogo varia de nome conforme a região. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Apesar de também ser praticado individualmente, este jogo tinha por norma ser praticado entre várias equipas, constituídas por igual número de elementos. Definida a ordem de participação das equipas e, ainda, a equipa a amochar, esta colocava-se contra uma parede ou muro com os respectivos elementos colocados uns atrás dos outros. As outras equipas iam saltando para cima da equipa amochada, um elemento de cada vez, (por vezes era obrigatório fazê-lo rápido) e, à medida que cada participante se fixava em cima dizia "mosca". Todos os elementos participantes tinham que conseguir ficar em cima da equipa amochada, de modo a não caírem ou tocar com os pés no chão. Desta forma, ia-se constituindo uma espécie de montanha humana, uns sobre os outros, sendo que os jogadores da equipa amochada teriam que suportar sem ceder ao peso. Se a equipa amochada não suportasse o peso dos adversários, continuava a ser a equipa a amochar. No caso da equipa que saltava, se não conseguisse colocar todos os seus elementos em cima, ou se, qualquer elemento já em cima, escorregasse ou tocasse com um pé que fosse no solo, essa equipa perdia e passava a ser a equipa amochada. Este jogo era jogado sempre sobre grande algazarra, para irritação da vizinhança que por vezes não suportava tal barulheira. *** Jogo de Saltar à Corda -8- Saltar com uma corda, faz parte de uma disciplina de treino, hoje em dia muito utilizado. O saltar à corda, é também um meio de diversão, que também faz parte dos jogos tradicionais, praticados um pouco por todo lado. O jogo Saltar à Corda, foi igualmente muito usual em Loriga, normalmente praticado pelas raparigas nos seus passatempos e brincadeiras. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: O Jogo de Saltar à Corda, podia ser disputado por várias participantes ao mesmo tempo (corda grande) ou individual (corda pequena). Numa corda relativamente grande, duas praticipantes pegavam nas extremidades fazendo-a balançar, em movimento circular (dando à corda). As participantes, individualmente, entravam na corda e sempre saltando de acordo com o movimento da corda. Tinham que manter-se dentro durante determinado tempo previamente designado. Pela mesma forma tinham que sair, tudo isto, sem interromper o normal andamento da corda. Também era jogado com vários concorrentes ao mesmo tempo, que tinham que entrar e sair, sempre saltando, de acordo com o fosse determinado e conforme a ordem de participação dos concorrentes. Perdia a participante que prendesse a corda, deixando por isso de rodar e, quando isso acontecesse, essa concorrente era penalizada sendo excluída do jogo, podendo ainda ter que tomar o lugar de pegar na corda (dando à corda). O ritmo do movimento da corda podia variar, dificultando ou facilitando, a tarefa dos saltadores dentro da corda. Outra variante do jogo de Saltar à Corda, consistia saltar com a corda pequena (normal jogo de saltar à corda) em que as concorrentes individualmente faziam a prova. Jogar este jogo, poderia variar consoante o definido: -Saltar com os pés juntos, ou em pé coxinho. Nestes jogos de Saltar à Corda, ganhava sempre o concorrente que durante as provas tivesse menos faltas. *** Jogo do Anel Jogo praticado entre as crianças, é um dos jogos tradicionais ainda muito praticado por todo o lado. Nas suas brincadeiras, as crianças em Loriga, tinham também muito o hábito de jogar o "Jogo do Anel", na maioria das vezes não utilizando propriamente um anel, mas sim outro qualquer pequenino objecto. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Os participantes ficavam uns ao lado dos outros, com as palmas das mãos fechadas, como as do portador do Anel. O portador passava as suas mãos, no meio das mãos de cada um dos jogadores, deixando cair o anel na mão de um deles, sem que os outros percebessem. Depois de ter passado por todos os jogadores, o portador perguntava a um de cada vez: -Quem ficou com o Anel?.. Caso o jogador não acertasse pagava a prenda (castigo) que os outros participantes mandassem. Se o jogador acertasse, passava a ser o novo portador do Anel. *** Jogo do Rapa Jogo muito utilizado um pouco por todo o lado, era também considerado um jogo de sorte e azar. Em Loriga era um jogo também muito usado, principalmente pelos rapazes, no entanto, tinha a particularidade de ser necessário ter uma Piorra de quatro faces, o que por vezes nem todos os garotos tinham. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: A Piorra tinha em cada uma das faces as letras:- R (Rapa); T (Tira); D (Deixa); e P (Põe). Era jogado a feijões, por vezes a botões, a rebuçados e também muitas das vezes a "palhaços" (cromos) com a figura dos jogadores de futebol. Os jogadores em número variável, colocavam-se todos à volta num local plano de preferência liso. Cada participante efectuava a sua casadela (colocação da respectiva comparticipação) relacionada ao que fossem jogar. Depois de o jogador movimentar rotativamente através dos dedos indicador e polegar ou médio, o Rapa, este acaba por tombar ficando com uma face virada para cima, indicando assim a sorte do jogador. -R - Ganhava tudo o que estava na mesa -T - Tirava apenas um peça -D - Deixava um peça -P - Punha lá outra peça (casava) *** Jogo do Lenço -9- Praticado um pouco por todo o lado, este jogo faz parte dos Jogos tradicionais, muito usual, principalmente em agrupamentos de crianças. Em Loriga era hábito os professores e catequistas praticarem este jogo, nos recreios, como passatempo e divertimento respectivamente na escola e na catequese. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Praticado por meninos e meninas, consistia em os participantes se sentarem no chão, colocando-se em roda com as mãos atrás das costas. O centro da roda era o local de castigo chamado a "choca", ficando ali de cócoras os participantes castigados. Um participante previamente designado, corria à volta e por fora da roda com um lenço na mão, deixando-o cair atrás de um dos participantes na roda, continuando sempre a correr. Quando o participante descobrisse que o lenço estava caído atrás de si, apanhava-o e tentava agarrar o outro, que continuando a correr, tentava alcançar o lugar que tinha ficado vago na roda. Se o novo portador do lenço conseguisse apanhar o anterior, antes de ocupar o lugar vago, este era penalizado indo de castigo para a "choca". No caso que o não conseguir agarrar, continuava o mesmo portador do lenço, a correr atrás da roda deixando o lenço atrás de outro. Quando o participante que tinha o lenço atrás das costas, disso não se apercebesse, e se o portador que ali o tinha deixado, após dar a volta à roda o reaver, o ocupante desse lugar ia para a "choca" como castigo, continuando o portador do lenço a correr à volta da roda deixando o lenço atrás de outro. . O jogador que estivesse na "choca", só se livrava dela quando um outro jogador entrasse para lá. Não era permitido a nenhum dos participantes na roda, avisarem aquele que tinha o lenço atrás das costas e, caso o fizesse era castigado, indo para a "choca". Este jogo também poderia ser jogado com os participante em pé, que podiam olhar pelo meio das pernas, se tinham o lenço atrás das costas, não sendo, no entanto, permitido virar-se para trás. *** Jogo das Pedrinhas Jogo muito habitual entre as crianças, normalmente mais praticado pelas raparigas. Em Loriga era também muito usual a prática deste jogo e, curiosamente, tanto por meninas como por meninos. Para o praticar, procuravam as soleiras das portas, os degraus dos balcões, ou mesmo outros locais de cimento ou mesmo de terra. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Era necessário arranjar cinco pedrinhas, de preferência arredondadas. Depois de estabelecida a ordem de saída, o jogador iniciava o jogo lançando as cinco pedrinhas ao chão, de forma a ficarem o mais juntas possível. O jogador agarrava uma das pedrinhas, lançava-a ao ar e tinha que a apanhar. Seguidamente o jogador colocava essa pedrinha nas costas da mão depois, com a mesma mão, agarrava outra pedrinha, lançando ao ar as duas e, com a mesma mão, tinha de as agarrar quando estavam em queda. Repetia toda esta operação, até conseguir acumular nas costas da mão, com êxito, as cinco pedrinhas. No caso de falhar, dava a vez ao concorrente seguinte e, quando voltasse a jogar, recomeçava na situação onde tinha falhado. Depois de ter efectuado e terminado todos os lançamentos com êxito, o jogador teria que pegar as cinco pedrinhas, lançá-las ao ar e apanhá-las nas costas da mão. Era vencedor o jogador que conseguisse ficar com o maior número de pedrinhas nas costas da mão. *** Jogo da Cabra-Cega - 10 - Este Jogo faz igualmente parte dos chamados jogos tradicionais, muito usual por todo o lado, principalmente nos agrupamentos de crianças. Em Loriga, houve épocas em que era quase obrigatório a inclusão deste jogo nos convívios de crianças e jovens. Estamos a lembrar-nos, por exemplo, nos recreios da escola e da catequese e também em convívios organizados pela JOC. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Era colocada uma venda nos olhos de um participante, para ser Cabra-Cega e, os outros participantes, colocavam-se de mãos dadas formando uma roda. A Cabra-Cega ficava no centro da roda, de cócoras e com os olhos tapados pela venda, seguindo-se o seguinte diálogo: -Cabra-Cega, donde vens?.. -Venho da serra. -O que me trazes?.. -Trago Bolinhos de canela. -Dá-me um!.. -Não dou. Dizem depois todos em coro: -Gulosa, gulosa, gulosa..... A Cabra-Cega levantava-se e tentava apanhar qualquer outro participante, ao mesmo tempo iam andando à sua volta, tocando-lhe e dizendo: -Cabra-Cega, evitando ser apanhados. Quando um jogador era apanhado pela Cabra-Cega, esta tinha que o identificar através do tacto. Se o conseguisse identificar passava esse a ser a Cabra-Cega. No caso de não conseguir identificar o jogador apanhado, continuava o mesmo a ser a Cabra-Cega. Os participantes tinham que andar relativamente perto da Cabra-Cega, não sendo permitido portanto, deslocarem-se para muito longe, *** Jogo dos "Palhaços" "Palhaços", era o curioso nome que em Loriga se dava aos cromos que, naquela altura, simbolizavam as figuras dos jogadores de futebol das equipas a disputarem o Campeonato da 1ª. Divisão. Para quem queria fazer colecção de cromos, havia até cadernetas próprias que, para além de serem raras, nem toda a garotada tinha posses para adquiri-la. Estes cromos, (palhaços), vinham enrolados em rebuçados, que eram comprados nas vendas, mercearias ou mesmo em tabernas e, por um tostão (centavo), podiam ser comprados três desses rebuçados. Normalmente praticado pelos rapazes, este jogo consistia em ganhar ao adversário os cromos, por vezes em falta na sua colecção. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Podia ser jogado por dois ou mais concorrentes. Cada jogador tinha que (casar), colocar um cromo (palhaço). Os cromos ficavam sobreposto com a face principal virada para baixo. Os participantes, com a palma da mão ligeiramente curvada, davam um toque subtil nos cromos (palhaços) acumulados, tentando virar a face dos mesmos para cima. Os concorrentes jogavam um de cada vez, alternadamente. Ganhavam o(os) cromo(os) que conseguissem virar. *** Jogo dos "Aeroplanos" Este jogo, chamado em Loriga por "Aeroplanos", era mais uma variante do conhecido jogo tradicional da Macaca e do Jogo das "Semanas", praticado nesta localidade. Praticado normalmente pelas meninas, não se sabe ao certo a origem do nome. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Num local plano de terra ou cimento, eram desenhados no chão diversos quadrados, que também chamavam de "casas", Era necessária uma pedra, que a jogadora, de costas para o desenho, tinha que lançar começando pela primeira "casa". De seguida tinha que saltar esse quadrado onde a pedra se encontrava, pulava por todas as outras (só colocando um pé em cada quadrado) até à última, iniciando o percurso inverso do mesmo modo. Chegando onde estava a pedra, tinha que apanhá-la, saltar esse quadrado e pular pelos restantes até sair fora. A jogadora tinha que efectuar esta operação por todos os quadrados, até completar a totalidade do desenho, que lhe permitia vencer a prova. A participante perdia quando, ao lançar a pedra, esta saísse fora, ficasse sobre algum risco ou caísse no quadrado que não pertencia. Ao voltar a jogar a concorrente começava no local onde tinha perdido. A casa onde a pedra se encontrava, de maneira alguma poderia ser pisada. Era vencedora a participante que ganhasse o maior número de partidas . - 11 - *** Jogo Puxar à Corda Jogo muito usual em agrupamentos de convívios, praticado por pessoas de várias idades e de ambos os sexos. Trata-se de um jogo verdadeiramente divertido, ainda hoje praticado um pouco por todo o lado. Em Loriga, tempos houve em que também era habitual a prática deste jogo, nomeadamente, nos anos áureos da JOC, que até tinha Sede própria e que, na organização de convívios, agrupamentos e passatempos, este jogo constituía um dos divertimentos. Este jogo, que em Loriga de chamava de "Puxar à Corda", é o mesmo que noutros lugares e, mais tradicionalmente, chamavam de Tracção à Corda" -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Disputado em sistema de equipas, com igual número de elementos, era necessário ter uma corda relativamente grande. Num local, com espaço livre de obstáculos, era marcado no chão um risco, entre as duas equipas em disputa. De cada lado do risco e, pegando na corda, colocavam-se os grupos. Ao sinal de partida, cada equipa puxava a corda para o seu lado, ganhando aquela que conseguisse arrastar a outra até o primeiro jogador ultrapassar o risco no chão. Era também atribuída a derrota à equipa cujos jogadores caíssem ou largassem a corda. A corda era sempre puxada com as mãos, não sendo por isso permitido que os jogadores a enrolassem no corpo. *** Jogo do "Caracol" Jogo tradicional, praticado um pouco por todo o lado, tanto por meninas como por meninos, faz parte das brincadeiras e passatempos das crianças. Ao contrário de muitos dos outros jogos tradicionais, este jogo era de todos o menos praticado em Loriga, sendo apenas usual a sua prática nesta localidade, pelas crianças que vinham de fora passar as férias, talvez pelo facto de fazer parte das suas brincadeiras nos locais onde viviam. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Era desenhado no chão de terra ou cimento, um caracol grande, com apenas um quadrado no principio do mesmo. O jogador lançava uma pedra, (de preferência uma pedra rasa para uma melhor aderência ao solo), para o quadrado no inicio do caracol. O participante, em pé coxinho, vai empurrando essa pedra até conseguir alcançar o centro do caracol, sem que esta saísse do interior do desenho. Perdia se a pedra saísse do interior do desenho do caracol, dando a vez ao jogador seguinte. Ganhava o concorrente que conseguisse completar a prova em menos vezes a empurrar a pedra. *** Corrida dos Sacos Jogo caracterizado como divertimento, é ainda hoje praticado um pouco por todo o lado, normalmente em festas populares e também religiosas. Apesar de em Loriga, nunca ter sido uma constante o hábito desta corrida, no entanto, chegou a fazer parte das Festas da Vila realizadas na décadas de 1950, sendo na "Carreira" o local onde se efectuava esta corrida. -NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO: Era marcado um percurso no chão com uma linha de partida e uma de chegada (meta). Os participantes enfiavam um saco de serapilheira nas pernas até à cintura segurando as abas com as mãos. Os concorrentes colocavam-se atrás da linha de partida. Após o sinal para a partida, deslocavam-se em direcção da meta, ganhando aquele que chegasse primeiro. *** - 12 - Matérias mais utilizadas para os Jogos populares Pedras - Paus - Arames - Trapos - Borrachas - Madeira. Objectos muitos usuais nos Jogos populares Bonecas de trapos - Bonecas de madeira - Bolas de trapos - Bolas de meias - Bolas de borracha - Carros de madeira - Brinquedos de arame - Brinquedos de cordas - Pião - Guitas - Rodas diversas - Baraças. Amenta das Almas Na etnografia de Loriga a existência da "Amenta das Almas" é uma tradição muito antiga, perdendo-se mesmo na noite dos tempos, e que se vem mantendo de geração em geração. No período da Quaresma, nas noites de sábado para domingo, depois das 2 horas da madrugada, alguns homens e jovens reúnem-se no adro. Enquanto alguns se colocam na torre da igreja, outros espalham-se por outros pontos da povoação. Através das badaladas no sino da igreja é anunciada a cerimónia, em que se evocam e louvam a paixão e morte de Jesus para a salvação das almas. No silêncio da noite os cânticos ecoam pela Vila, acordando os crentes que começam a rezar. Bendita e louvada seja A paixão do redentor Para nos livrar das culpas Morreu a nosso favor Acorda, pecador, acorda Do sono que está "dormente" Lembra-te das benditas almas Que estão no fogo ardente Repetidas são as dores De contínuo estão gemendo Assim estão as almas No purgatório ardendo Olha cristão que és terra Olha que há-des morrer Há-des dar contas a Deus Do teu bom e mau viver Não caias em tentação Como calma na geada Que andam a tentar Os três inimigos da alma Uma alma só que tens Se a perdes que será? Se cais no mesmo abismo Nunca mais a Deus verás São muitas as pessoas que a Loriga se deslocam, para ouvir a Amenta das Almas, atraídas pela sua fama. Também a esta Vila se deslocou um dia, Michel Giacometti, grande pesquisador por todo o país, das tradições, dos cantares, dos usos e costumes, aos quais dedicou a sua vida em Portugal. Esta secular tradição em Loriga, da Amenta das Almas, puderam assim, ficarem registadas na grandiosa obra desse histórico pesquisador de tradições portuguesas. - 13 - O Mês das Almas Apesar de existir um piedoso costume de manter durante o ano, os cemitérios floridos, torna-se ainda mais carismático durante o mês de Novembro (Mês das Almas). O mês da Almas, começa praticamente com o culto aos defuntos, um ritual cristã vindo dos tempos mais remotos, onde será difícil de encontrar um lugarejo onde esta tradição não esteja arreigada até à medula, nos hábitos das famílias e das paróquias. Loriga, não foge à regra, um dia antes do primeiro dia do Mês das Almas, as sepulturas no cemitério, são "melhores arranjadas", com flores, velas, lampiões, lamparinas, num cenário de verdadeira fé e pesar, de muitas recordações, de muitas tristezas e de muitas saudades. São muitos os Loriguenses ausentes que se deslocam à sua terra no 1 de Novembro - Dia de todos os Santos. Neste dia do culto dedicado aos defuntos, por hábito, os familiares e amigos deslocam-se à Igreja Matriz, juntando-se em Procissão que o Pároco faz muito perto do final do dia em romagem de saudade ao cemitério local, que se enche de gente, chorando os seus familiares mortos, unindo o passado e futuro num só presente. No dia 2 de Novembro, dia dedicado aos fieis Defuntos, é realizada a missa por todas as Almas. - 14 - Quadras dedicadas às Almas * Caiem folhas uma Tudo se cala... a uma Silêncio.. Os ramos ficam Noite fria... Os despidos... sinos choram... Tardes frias de Rezam almas Novembro neste mundo Lembram mortos Pelas almas que já esquecidos. foram... * * Como eu sinto as É o mar da nossa badaladas Vida... Chorando dentro de Onde acaba?... Lá mim!... no Céu.... Lá vão elas... Vou Como chora a com elas badalada Por um mar que Que o velho sino não tem fim... trangeu... * * Lembro as noites Era com eles, à de Novembro noite Do tempo que já lá Que sempre depois vai... da ceia, E choro... choro... Rezava pelas rezando alminhas, Por minha mãe por À triste Luz da meu pai. candeia... "Alminhas" Junto à Fonte das Almas,e à antiga estrada romana,hoje uma das ruas principais do centro histórico da vila. * * Ai como os anos passaram!... Também se foram meus pais... Ò sino velho da torre, Não chores, não chores mais.. Ò badaladas à noite Ai que longe ides morrer!... Almas no Céu a gozar, Almas na Terra sofrer. * * Ó badaladas da Cala-te, sino, que a noite Lua Calai-vos, não Vai caladinha no choreis tanto, Céu... Tenho a alma Que linda noite dolorida, estrelada!... Nadam meus olhos Feliz de quem já em pranto. morreu!... - 15 - A Sagrada Família Vem de longe a tradição em Loriga, em que as imagem de São José, de Nossa Senhora e do Menino Jesus, devidamente resguardados num pequeno oratório, percorre as casas da Vila numa verdadeira manifestação de fé. São algumas as Sagradas Famílias existentes em Loriga, distribuídas por diversas zonas da vila sendo que, durante a permanência em cada casa há sempre a preocupação de a mesma estar iluminada, normalmente utilizando para o efeito uma lamparina. Habitualmente, a permanência da Sagrada Família em cada casa é de 24 horas e, no seu percurso, as pessoas vão colocando esmolas num pequeno compartimento. Após ter circulado em todas as habitações, uma zeladora encarrega-se de recolher as ofertas que, por sua vez, as entrega à Paróquia para obras de caridade. Com a população a diminuir, com muitas casas fechadas por motivo de ausência dos seus proprietários e, - 16 - - 17 - Celebrações Solenes da Quaresma em Loriga A Quaresma em Loriga, foi sempre um período de verdadeira manifestação religiosa, que mesmo hoje apesar de os tempos serem outros, continua a verificar-se o mesmo espirito religioso, que sempre se conheceu. Quarta-Feira de Cinzas:- Missa das Cinzas * Amenta das Almas Durante a Quaresma, homens e jovens canta esta tradição secular em Loriga, lembrando aos crentes e não crentes as almas do purgatório. Nas noites de Sábado para Domingo, rompem vozes como que vindo do Além que entre muitos canticos este:. Acorda pecador acorda no sono que está dormente. Lembra-te das benditas almas Que estão no fogo ardente * Domingo de Ramos Procissão dos Ramos para a Igreja Matriz, onde são benzidos, Missa dos Homens e Via-sacra dos Homens (à noite) pelas principais ruas da Vila, terminando na Igreja Paroquial com uma cerimónia do encerramento a ser cantada por todos, com versos alusivos ao martírio de Jesus, entre muitos este da Mãe Dolorosa. Mãe de Jesus trespassada De dores ao pé da cruz Rogai por nós, rogais por nós - Bis Rogais por nós a Jesus. * Quinta-Feira Santa Procissão do Senhor dos Passos pelas ruas da vila, numa grande manifestação de fé e devoção. * Sexta-Feira Santa Procissão do "Enterro do Senhor" pelas principais ruas da vila, onde é bem demonstrativo o silêncio e o sentido respeito nas pessoas que acompanham ou simplesmente assistem. * - 18 - As Janeiras Sob uma forma mais ou menos cristianizada, os povos modernos persevaram tradições cujas origens pagãs atestam a sua antiguidade. É disso exemplo o cantar das Janeiras que, em Portugal é uma tradição que, segundo alguns, remonta ao século XIV. Na Vila de Loriga, essa tradição vem-se mantendo através dos tempos, que começa com aproximação do Natal até aos Reis. No entanto, hoje em dia é uma prática mais usual entre grupos de jovens e homens, no sentido de conseguirem algum valor monetário para determinado objectivo em vista. Está ainda bem viva na lembrança de muitos Loricenses o cantar das Janeiras, de tempos passados, em que, grupos de crianças, jovens e homens, percorriam as ruas indo de porta em porta, cantando em louvor do Menino Jesus lindas quadras de fraternidade e amor que o povo fez, dedicadas a essa quadra natalícia, acompanhadas pelo simples tanger de ferrinhos, desejando Boas-Festas aos seus moradores. Nesses tempos, como o dinheiro era pouco, era também muito pouco o valor monetário que os cantadores de Janeiras recebiam. Normalmente as crianças eram contempladas com guloseimas, os homens e jovens recebiam em troca a oferta de filhóses, figos, castanhas secas, chouriço e um copito de aguardente. O Cantar das Janeiras * Ao chegar às portas cantava-se as quadras de apresentação: Ainda agora aqui cheguei Já tirei o meu chapéu A Senhora desta casa Vai direitinha para o céu Aqui vimos, aqui vimos Aqui vimos bem sabeis Vimos dar as boas-festas E também cantar os Reis Ainda agora aqui cheguei E já pus o pé na escada Logo o meu coração me disse Que aqui mora gente honrada * Depois destas quadras era aguardado uns momentos, esperando pela gratificação, quando tardava, cantava-se a quadra seguinte: Levante-se lá minha senhora Do seu banquinho de prata Venha-nos dar as Janeiras Que está um frio que mata * Mais uns momentos de espera e quando mesmo assim, nada lhes era dado, cantava-se assim: Trelinca o martelo E torna a trelincar - 19 - O "Cambeiro em Loriga" Há mais que uma forma para definir o "Cambeiro" . Originalmente, o Cambeiro era um tronco de pinheiro alto e esguio que, em certas noites festivas, se fixava num lugar, atando-lhe ramos que se incendiavam para iluminar o sítio. No entanto, em Loriga, trata-se de um mastro alto em madeira ornamentado com pendurais em ferro e que faz parte de uma tradição antiga em honra de São Sebastião. O "Cambeiro" sai em Janeiro, para as ruas da vila, sendo transportado em cortejo, e é anunciado à população através de uma campainha levada pela pessoa que inicia o cortejo. Principia no adro vazio e ali regressa depois de dar a volta às ruas já completamente recheado dos donativos ali colocados. Ao longo do seu percurso as pessoas vão colocando nos respectivos pendurais do "Cambeiro" os seus donativos:- Línguas e rabos de porco, chouriços de carne, farinheiras, morcelas, bacalhau, presunto, broa de milho, trigo, assim como, ofertas de feijão, grão, milho, queijos, garrafas etc., e mesmo dinheiro que os mordomos vão transportando à parte. De regresso ao adro, dá-se início ao leilão de todas essas ofertas, que revertem para o culto e Festa anual de São Sebastião que actualmente se festeja no mês de Julho. -1- Alguns cenários de Loriga Cascata das Lamas (Ponte Zé Lages) *** *** -2- Os Bicarões Situado na Penha dos Abutres, este local assim chamado, tem haver pela formação ali de deslumbrantes quedas de água, nomeadamente no inverno, às quais o povo se habituou a chamar de "Bicarões". Local verdadeiramente paisagístico, bem como, toda a área envolvente, ali chegados, dá-nos a sensação de voltar-mos para trás no tempo, de dezenas ou até centena de anos No verão todo aquele local se torna aprazível, encantador e belo, mas no inverno torna-se temeroso e arrepiante. Hoje de difícil acesso, tempos houve, de existirem caminhos acessíveis que davam a terras de cultivo que existiam bem perto dos "Bicarões". Em tempos já muito distantes, os "Bicarões" foi cenário de um trágico acidente, que a poesia do povo ainda recorda. * Lá em cima nos Bicarões Há lá um poço sem fundo Caiu p´ra lá a Maria Emília Que logo foi ter ao outro mundo * Ai que saudades Ai que paixão Dos tempos que Já lá vão... Os Bicarões -3- Casa dos Velhos Casa dos Velhos * Situada na chamada Calçada Romana (Rua de S.Sebastião) perto do cemitério, construída em pedra e xisto é bem a originalidade de uma habitação serrana. Perde-se a conta aos anos desde quando ali está construída,ali junto da antiga estrada romana de Lorica. Popularmente chamada "Casa dos Velhos" este nome vem já de há muitos anos. Consta de relatos antigos, terem chegado a Loriga, dois velhos a pedir esmola. Como dormiam nas ruas, foi-lhes oferecido esta casa, para pernoitarem. Por ali ficaram a viver durante muitos anos, por isso se passou a chamar "Casa dos Velhos", nome que foi passando de gerações chegando aos nossos dias. * Relato popular As Ribeiras de Loriga Os motivos paisagísticos que mais impressionam olhando esta vila, são, sem dúvida, os recortes cravados em profundos vales onde correm, do nascente para o poente, as ribeiras Nave e São Bento, que ali se fazem deslizar, velozes e sinuosas as águas cristalinas que se juntam ao fundo da Vila.Ali,a ribeira de Loriga recebe a ribeira de S.Bento,e depois de darem um abraço de feição a um altar maravilhoso de intermináveis socalcos,na colina onde se encontra situado o centro histórico de Loriga. Esta ribeira de Loriga recebe as águas da ribeira de Alvoco e vai-se incorporar no rio Alva junto à povoação da Vide, e as àguas são levadas ao rio Mondego e este as leva-as ao mar. -4- Ribeira de Loriga (cenário no Verão) Ribeira de Loriga (cenário no Inverno) - A Ribeira de Loriga A Ribeira de Loriga é, sem dúvida, a de maior caudal, principiando na "Garganta" junto aos poços de Loriga. Tem a particularidade de somente uma fábrica de lanifícios ter sido construída junto a ela, ao contrário da ribeira de São Bento onde, de facto se implantou a maior força industrial desta Vila. Ao longo do seu percurso as águas da ribeira de Loriga foram, desde sempre, muito utilizadas para regadio, assim como, também, muito úteis na movimentação dos muitos moinhos de água que um pouco por todo o seu percurso chegaram a existir. É também por esta ribeira, que os Loricenses têm uma certa atracção pois, desde sempre, eras nas águas cristalinas dos muitos dos poços nela existentes, que a população mais acorria para se banhar, o mesmo acontecendo hoje, ao ter sido nela construída a Praia Fluvial de Loriga. São muitos os poços que se estendem ao longo do leito desta ribeira e que parecem estar ainda na memória de todos, ficando mesmo para sempre na recordação, porque de todos eles parece haver histórias para contar.- Açude; Zé Lages; Pinheiro; Caldeirão; Meninas; Moinhos; Da Olinda; Curilha; Courelas; Eras; Caneladas; Aparício; Forte,que é o mais profundo; etc . Tem, como afluente, um pequeno ribeiro chamado do "Cortiçor" que se forma junto ao poço do Bicarões e se vai juntar a esta ribeira junto ao poço do Pinheiro (Moenda). São quatro, as pontes que sobre ela passam:Ponte do "Zé Lages" a Ponte Romana, a do Ribeiro da Ponte e ainda uma outra de passagem onde as duas ribeiras se juntam. Estas últimas três unicamente para passagem de peões . -5- Ribeira de São Bento (cenário no Verão) Ribeira de São Bento (cenário no Inverno) - A Ribeira de São Bento Menos vistosa, teve em tempos passados um papel fulcral e importante na vida e progresso desta Vila pois, foi junto a esta, que foram construídas a maioria das fábricas e, foram essas suas águas que durante muito tempo fizeram movimentar as mesmas numa grande força de laboração. Também as águas desta ribeira, eram muito aproveitadas para regadio, assim como ainda hoje isso acontece e, foram também muito utilizadas para movimentar os muitos moinhos que existiram ao longo do seu curso. Não sendo muito utilizada pelos banhistas, por causa da poluição provocada pelos detritos da fábricas, tinha os poços do "Ariel" "Marrecos" e "Piorca" além dos açudes, que serviam mesmo assim para "Chapinhar" . Tendo como afluente um pequeno ribeiro que a ela se junta nas Tapadas, esta ribeira tem, algumas pontes que por sobre ela passam e que são:- a Ponte dos Leitões, a Ponte do "Porto", uma pequenina ponte com poucos anos junto ao Regato, a Ponte do Moura Cabral e, outra ainda, onde as duas ribeiras se juntam, sendo as três últimas, unicamente para passagem de peões. *** Nota: -As ribeiras de Loriga são, pois, algo que faz parte do que a Natureza construiu para dar à vila de Loriga um esplendor de beleza, de riqueza, de vida e sobrevivência das pessoas. Os Balcões de Loriga Os balcões de pedra que se vêem um pouco por todas as ruas, largos e becos de Loriga antiga, fazem parte da arquitectura rural da povoação desde o seu início, e são um contributo para a tornar numa vila bela, típica e verdadeiramente acolhedora. Ao percorrer a Vila de Loriga, decerto irá reparar em muitos Balcões de pedra, que dão o acesso a muitas das habitações, havendo, em tempos, muitos mais. -6- Balcões numa das ruas de Loriga Na década de 1950, uma decisão arrojada levou o Senhor Presidente da Junta de Freguesia de então, Manuel Gomes Leitão Júnior, a uma politica do "deita abaixo" de muitos dos balcões que existiam, os quais, segundo consta, dificultavam o acesso a muitas ruas e becos. Os Balcões são normalmente construídos em granito, e perde-se no tempo as gerações que por ali passaram e se sentaram naquelas pedras gastas e nuas que, ao mesmo tempo, são testemunhas ou mesmo relíquias simbólicas do um passado e de uma outra realidade. Em épocas já distantes, era típico ver as pessoas sentadas nos balcões, tagarelando ou cantando em paz e harmonia, sendo hoje lembranças e saudades que ficaram na recordação de muitos, mas que aos poucos se vai vendo desaparecer. Hoje com a cimentação de muitos dos Balcões de pedra o que, de certa forma, representa um atentado à arquitectura tradicional e pitoresca da vila, os Balcões de pedra vão perdendo, desse modo, a sua originalidade secular. No entanto ainda hoje podemos ver muitos na sua originalidade até alguns ornamentados com vasos de flores, o que os torna ainda mais pitorescos e bonitos. Calçada da Estrada Romana de Lorica (sec.I a.C.) -7- Depois de vencerem os Cartagineses, os Romanos chegaram à Península Ibérica no século III A.C. e, após muito tempo de guerras, conseguiram conquistar todos os territórios à volta do mar Mediterrâneo, dominando todos os povos que aí viviam, e formando um grande império. Os povos do centro e norte da Península Ibérica, como os Galaicos e os Lusitanos, resistiram heroicamente à ocupação romana, durante quase 200 anos, mas acabaram também por ser vencidos. Para responder às exigências do modo de vida, nomeadamente as deslocações dos exércitos romanos, as trocas comerciais, permitindo uma ligação mais rápida entre as principais cidades e ainda uma melhor ligação no envio para Roma das riquezas e impostos, os Romanos procederam à construção de uma rede de estradas e pontes, que continuam a permanecer até hoje entre nós.Todas as localidades importantes ou potenciais,já existentes ou criadas pelos Romanos,foram ligadas por estrada ao restante império. Uma dessas estradas ligava Lorica a Egitânia e Conímbriga. No seu trajecto por esta localidade, são ainda bem visíveis, em muitos locais, alguns troços da Calçada Romana que passava sobre as duas ribeiras, tendo os Romanos construído duas pontes, uma das quais ainda existente. Calçada Romana em Loriga -8- Coreto do Recinto de N.S.da Guia Coreto na Nossa Senhora da Guia Erguido em frente da Capela de Nossa Senhora da Guia, é, presentemente, o único Coreto existente em Loriga. Foi mandado construir por alguns dos Loricenses emigrados no norte do Brasil, que faziam parte de uma grande colónia de loricenses, há muito anos radicada naquela zona de Brasil, e que foram grandes beneméritos da sua adorada terra. Na placa colocada neste Coreto, datada de 1905, poderão ler-se os nomes desses beneméritos que contribuíram para a sua construção: "Joaquim Fernandes Gomes, António Duarte Pina, Augusto da Costa Madeira, José Lopes de Brito, João de Brito, José Alves Nunes Pina, Manuel dos Santos Silva, José de Moura Galvão e José dos Santos Portela" -9- Ponte Romana de Lorica Situada sobre a Ribeira das Naves e, muito perto do local chamado por "Moenda", é uma ponte de um só arco, sendo o século primeiro antes de Cristo a data da sua construção. Faz parte dos muitos vestígios da presença romana em Loriga,nesta zona da Serra da Estrela. Em alguns locais desta vila, ainda hoje se podem admirar troços de calçada romana,estrada que ligava Lorica a Egitânia e Conímbriga. Sobre a Ribeira de São Bento, existiu também uma outra ponte romana que fazia parte do mesma estrada, só que essa não chegou aos nossos dias. Ponte Romana em Loriga (Século I a.C.) Ruas históricas e tradicionais A Rua Sociedade Recreativa Musical Loricense, popularmente mais conhecida por "Rua Escura", a Rua de São Bento e também um lanço na Rua Passos do Senhor, que fazem parte do centro histórico desta vila, são calcetadas com pedras originais da região de Loriga, de diversas qualidades e variados formatos, por isso serem consideradas as ruas mais típicas de Loriga, únicas ainda a manter esse seu piso primitivo, que as tornam em ruas tradicionais. Rua de piso tradicional - 10 - Ponte do Porto Construída em 1882,um pouco a montante do local onde existiu,até ao século XVI,a antiga ponte romana, esta ponte original de Loriga, é popularmente chamada "Ponte do Arrocho" devido à sua configuração. Toda ela construída de granito, fica situada sobre a Ribeira de São Bento, ligando a povoação propriamente dita ao pitoresco "bairro" do Porto,cujas casas foram construídas ao longo da antiga estrada romana. Ponte do Porto Os Fornos públicos de Loriga Era Loriga de outras eras, em que existiam alguns destes Fornos, onde a população ia cozer a Broa de milho, ou quando nomeadamente nos festejos para a Páscoa, ali também faziam os tradicionais e saborosos bolos, mais propriamente os Biscoitos; as Broinhas, o Bolo Negro, o Pão de Ló, entre outros. Os seus arrendatários iam aos pinhais e aos baldios, buscar a lenha para o pleno funcionamento dos mesmos. Nesses tempos, estes Fornos eram de importância vital para a população, grande parte das pessoas cozia ali o pão para consumo doméstico, por isso, era como que uma tradição ver-se diariamente, o vai e vem das "masseiras" a passar nas ruas "Ohhhhhh!.... Senhora Mardocarmo!... Uuuu!..Uuuu!..Uuuu!.. Amasse!... Está na hora". Este serviço dos mais singulares sistemas de comunicação com as freguesas, era assim que os arrendatários dos fornos, gritavam para outros pontos afastados da Vila, avisando que o Forno já estava a ser aquecido e portanto dentro de um prazo convencional, deviam trazer a "masseira" para forno. Hoje os Fornos públicos fazem parte das memórias, mas muitos, ainda hoje se recordam, quando vindo dos Fornos, as "masseiras" ao passarem, deixavam no ar, o aroma apetitoso da broa já cozida . - 11 - *** *** Forno antigo (1968) Praia Fluvial de Loriga Começou a funcionar no Verão de 1998, tendo sido inaugurada oficialmente no dia 27 de Julho de 1999. O Secretário de Estado do Ambiente José Guerreiro, deslocou-se a Loriga para a inauguração oficial onde foi, também hasteada a Bandeira Verde com a qual foi premiada, devido à excelente qualidade das suas águas. Com análises efectuadas pela sub-região de Saúde da Guarda estas águas, de verdadeira pureza e límpidas, "podem até ser bebidas sem qualquer tratamento" dão ainda maior relevo à atribuição da bandeira verde, pelo facto de ter sido esta Praia a única no Distrito da Guarda a merecer tão elevada distinção. Situada numa magnifica paisagem desta localidade e da Serra da Estrela, é na realidade um local atraente e agradável para tempo de descanso e de laser, não havendo quem, dadas as condições, resista a dar um mergulho naquelas águas cristalinas. Obra realizada com custos na ordem dos 20 mil contos, dos quais 75% foram financiados pela Câmara, estão ainda em curso outros projectos, que incluem a criação de infra-estruturas, que visem tornar ainda mais apetecível aquele lugar e a Praia fluvial.É um belo local,onde são ainda visíveis o efeitos do glaciar que abriu o belo Vale de Loriga,como por exemplo a abundância de rochas de grandes dimensões que foram arrastadas do alto da serra. O sonho, vindo de longe, de tornar aquele local um espaço de vida em termos de qualidade ambiental foi, pois, concretizado. Os Loricenses estão orgulhosos e, por certo, sabem que o visitante encontrará neste lugar um cenário grandioso, atraente e emotivo. - 12 - Praia Fluvial de Loriga Caixão da Moura - 13 - Sepultura antropomórfica (Século VI A.C.) A "Moura" Sepultura antropomórfica que se encontra no lugar que foi desde sempre conhecido por "Campa" e que fica a cerca de 2 Km do centro da Vila. Este singelo monumento em local praticamente escondido pela vegetação,tem há mais de dois mil e seiscentos anos a sua origem. Embora se não possa precisar a data, é mais do que certo ter sido deixado ali há mais de 2.600 anos, muito antes da chegada da civilização romana a esta região. Através dos tempos, muitas versões de opinião se tem conhecido a respeito deste monumento, mesmo até ao fim a que se destinava. Do muito que se tem dito e que, apesar de tudo,sabe-se que este monumento teria sido um túmulo coberto por uma laje que entretanto desapareceu. Assim sendo, é pois provável, ter sido aquele lugar um local de culto, a avaliar, até, pelo facto de se encontrar no sopé do monte em cujo cume existiu um Castro. Outras teorias,estas sem sentido, dão conta de que o "Caixão da Moura",como lhe chamaram, se trataria de um "lagareta", pequeno lagar para pisar uvas, teoria que poderia merecer alguma aceitação mas em muitos séculos posteriores à sua origem,e ainda assim teria cracterísticas diferentes. Indiferente a que tudo se possa dizer ou contar, este monumento é de valor histórico e, por isso, deve ser protegido. A sua verdadeira história ficará, para sempre, numa mistificação de ecos mudos e surdos como, de certo, vem acontecendo através dos séculos tempestades e noites. - 14 - Era verão, noite enluarada Raios de luz, estrelas no céu Trajava verde cor da mata De cinza-rocha era seu véu. Na borda do seu caixão Eu vi a Moura sentada Com seu pente na mão Belos cabelos penteava. Ao lado de seu ataúde Eu vi a Moura a sorrir A alma que anseia vive Som da guitarra a ouvir. No seu banco de pedras Eu vi a Moura sentada Punha sandálias de tiras Pra passear na calçada. Vista Alegre na ladeira Eu vi a Moura a descer Bilha de barro à cabeça Na sua fonte a encher. No pinhal bem ao meio Eu vi a Moura a esperar Cavaleiro Mouro já veio Pra Vila Moura a levar. Se lá passares, olha se a vês ! Autor : Antero Almeida Figueiredo Agosto/2004- SP, Brasil "Garganta" de Loriga "Garganta de Loriga" *** - 15 - Quem não conhece a Serra da Estrela, mal pode imaginar o que ela tem de grandioso e impressionante. Considerada como a mais bela de Portugal, não só pela vastidão do panorama que se pode desfrutar mas, acima de tudo, pela prodigalidade da natureza ali tão exuberantemente evidenciada tendo, na "Garganta de Loriga",o melhor da sua imponência e sedução. De qualquer lado que ela seja vista na sua grandiosidade, é cingida por gigantescas e alcantiladas massas graníticas dum cinzento-escuro, que lhes dão a forma de desmesurado V, onde deslumbra o granito talhado pelo Glaciar que há milénios era Rei e Senhor das terras altas, cravando a sua marca numa paisagem de vislumbrar, que hoje podemos identificar com extrema facilidade, nos granitos polidos, nas moreiras e blocos erráticos.Ali,o Glaciar teve enormes dificuldades em rasgar o granito duro e compacto,ao contrário do que aconteceu do lado oposto da serra,no Vale do Zêzere,surgindo os dois espectaculares vales glaciares da Estrela,com características diferentes. O espectáculo que a natureza nos oferece da "Garganta de Loriga" é dos mais surpreendentes e, perante o qual, nos sentimos diminuídos e subjugados, como águia já impossibilitada de dominar o espaço nas alturas. No inverno em dias tempestuosos, impressiona pelo roncar constante dos vagalhões das suas cascatas, mas, quando o sol doirado desponta sobre aquelas enormes penhas, os seus sorrisos abertos recebem lá os bons dias do lindo sol para depois despejar pelos vales e Vila dando, assim, sinal da nova vida que está chegando: uma nova Primavera a sorrir num reino de esplendor que é o Vale de Loriga. - 16 - Os Moinhos de Loriga Interior do Moinho do Teixeiro (2002) -ainda em actividade- A construção dos moinhos de água junto às ribeiras ou rios, era precisamente por ser a água a força motriz para a sua laboração. Uma engenharia vindo dos tempos mais remotos, consistia no encaminhamento das águas por levadas ou calhas, para movimentar rodas construídas para o efeito, no sentido de fazer rodar a mó, e assim ser efectuada a moagem do milho e centeio. É de salientar a importância que os moinhos tinham na economia local, designadamente na moagem do milho, com cuja farinha se confeccionava a tradicional e gostosa broa de milho. Ao longo das duas ribeiras de Loriga, foram em grande número os moinhos hidráulicos que existiram, sendo os mais vulgares os de roda motriz horizontal moinhos de rodízio. À excepção de um ou outro, em que a sua movimentação se procedia por uma grande roda no exterior, em todos os outros, a água era encaminhada para a parte inferior do moinho onde, em queda rápida, a mesma fazia rodar uma roda de penas ou penado e, esta por sua vez, através de um eixo, lobeto ou ligação, veio e argolas, fazia movimentar a mó da moagem situada na divisão superior. Reportando à actualidade, quase todos os moinhos estão em ruínas ou em adiantado estado de degradação, à excepção de um, curiosamente afastado da ribeira, situado a meio do caminho que leva até à Ponte Romana, que tem ainda alguma actividade. A evolução das sociedades e o desenvolvimento tecnológico, sobretudo o aparecimento das moagens industriais, relegaram estes moinhos para - 17 - Muitos dos Moinhos de Loriga conheci Com as Mós em constantes movimentos Com os tempos foram ficando extintos Tudo por causa dos modernos eventos *** Os Moinhos de Loriga que existiram São apenas hoje relíquias presentes Pedras enegrecidas, gastas e nuas Que para muitos são monumentos Os Fontanários na Vila Percorrendo algumas das artérias principais desta localidade, decerto não deixará de reparar nas fontes onde a água cristalina cai dia e noite, como uma sinfonia sem fim. Numa placa de mármore nelas fixadas se poderá ler:- Colónia Loricense de Manaus 1905-1907. O visitante pára, por momentos olha e ao ler tais legendas, pensará, que apesar de estarem muito longe, os filhos de Loriga não se esqueceram da sua terra. A Colónia dos Loricenses em Manaus, mesmo longe pela distância, não esquecia também as necessidades dos seus conterrâneos e, assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção de Fontanários na sua terra. Em 6 de Agosto de 1905 dia da Festa da Nossa Senhora da Guia, alguns Loricenses reuniram-se na casa do Sr. José da Cruz de Moura Pina, tendo decidido constituir uma comissão com vista à angariação de fundos no sentido de abastecer a população de Loriga de água verdadeiramente potável e em condições perfeitamente higiénicas. Essa comissão ficou assim constituída:- José da Cruz de Moura Pina, Presidente;- Manuel de Jesus de Pina, Tesoureiro;- José Alves Nunes de Pina, Secretário. As Fontanários de Loriga, são pois obras vivas do passado, doadas por esses Loriguenses que apesar de estarem longe, amavam a terra que tinha sido seu berço, não esqueciam as carências nela existentes e também as necessidades das suas famílias. Aqui se regista a Lista conhecida, de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento de Loriga : "José da Cruz de Moura Pina, Joaquim Gomes de Pina; Joaquim de Pina Pires; Joaquim Ambrósio de Pina; António Ambrósio de Pina; José Ambrósio de Pina; António de Brito; Manuel de Jesus de Pina; Augusto Mendes Gouveia; Joaquim Lopes Cecília; José Alves Nunes de Pina; António Alves Nunes de Pina; Emidio Alves Nunes de Pina; Jeremias Alves Nunes de Pina; Joaquim de Pina Monteiro; António Pina Monteiro; José Pina Monteiro; António Gomes Leitão; Abílio Santos Ferrito; José Gomes Luiz Lages; António Gomes Luiz Lages; Afonso Duarte Jorge; Manuel de Moura Pina; João de Moura Pina; António de Moura Pina; Abílio Diogo de Gouveia Albino Pinto Martins; António da Silva Páes; António Alves da Costa; Abílio Cardoso de Pina; José Ambrósio de Pina; Abílio Fernandes Nogueira; João Luis de Moura; António Doas dos Santos; António Luis de Moura Pina; Carlos Augusto da Costa; Olarias-proprietários Francisco Santos e José Duarte Pina; Henrique de Moura (Joaquim); Olaria-proprietários José G. de Pina e José de Brito Pina; José Nunes Caçapo; António Gonçalves de Pina; António de Brito Miguel; Manuel de Brito Inácio; José de Pina Pires Júnior; António de Pina Monteiro; João Gonçalves de Brito (Alvoco); José Diogo Ferreira; António de Brito; António Gomes Luiz; Joaquim Lopes de Brito; Alfredo da Costa; Abílio Duarte dos Santos; Manuel Pinto Abranches; Germano Diniz (da Carvalha); Emília Mendes de Pina; João Fernandes de Moura; António Duarte dos Santos; João Henrique Freire (da Barriosa); Joaquim Gomes de Brito (Alvoco); Henrique Pinheiro; João Luiz dos Santos; Francisco de Brito Pinheiro; Plácido Nunes Amaro" . Nota:-Fazem parte desta Lista mais alguns nomes, só que se encontram ilegíveis. São três os Fontanários edificados na Vila :- Fonte do Adro; Fonte das Almas; Fonte do Porto . * - 18 - Nas ruas de Loriga vejo as Fontes Com puras águas sempre a correr Foram os brasileiros lá muito longe Que um dia as mandaram erguer * Puras são as águas que chegam Para a garganta ali se refrescar Águas que a todos mata a sede E que são para sempre de recordar * Fontes de águas cristalinas Caindo, caindo sem parar A que sobra segue para a ribeira Que as leva depois para o mar * Boas águas dos montes altos Na Fonte sempre a correr Dois tanques ali foram feitos Para alguma água se não perder Fonte das Almas * Noite e dia a água caindo Como uma sinfonia sem fim Muitas vezes ali eu me chegava Parecendo musica que tocava para mim "As Râmbolas" Nos anos doirados de grande laboração das fábricas de lanifícios em Loriga, tal como em outras localidades industriais, as râmbolas constituíam um cenário curioso, hoje já muito pouco usual, tendo em conta o progresso e tecnologia actual. As Rambias ou, mais correcta e vulgarmente chamadas Râmbolas, eram compridas armações de madeira ou ferro, munidas de escapulos, eram normalmente construídas nas zonas industriais junto das fábricas, onde se punham compridas peças de pano a secar, servindo ainda como verdadeiros esticadores. - 19 - Nos anos doirados de grande laboração das fábricas de lanifícios em Loriga, tal como em outras localidades industriais, as râmbolas constituíam um cenário curioso, hoje já muito pouco usual, tendo em conta o progresso e tecnologia actual. As Rambias ou, mais correcta e vulgarmente chamadas Râmbolas, eram compridas armações de madeira ou ferro, munidas de escapulos, eram normalmente construídas nas zonas industriais junto das fábricas, onde se punham compridas peças de pano a secar, servindo ainda como verdadeiros esticadores. Durante muito tempo, foi o método utilizado pelas fábricas de Loriga, para a secagem das peças de panos, cuja colocação requeria um certo conhecimento e perícia por parte dos operários que a executavam com mestria. E assim as Râmbolas ficavam vestidas as quais vistas dos Mirantes de Loriga, forneciam um cenário bem elucidativo da grande terra industrial que Loriga era. A útima Râmbola As Râmbolas nesta localidade, deixaram aos poucos com naturalidade de ter a primitiva utilidade e foram desaparecendo desses mesmos locais onde tinham sido construídas. No entanto, continuam na memória de muitos que, em crianças, ali saltavam, corriam e balouçavam, nunca pensando que um dia teriam um fim. As Palheiras de Loriga - 20 - Um pouco por todo o lado da região circundante de Loriga, são muitas as palheiras que se podem ver e que fazem parte da história desta localidade e das suas gentes. Construídas em granito e xisto, onde os telhados eram suportados por traves de castanho, as palheiras são parte de uma paisagem que rodeia a vila de Loriga, onde em todas elas parece haver uma história para contar. Edificados para guardar os animais, os cereais ou mesmo frutos, foram também casas de habitação, onde nasceram, viveram e morreram muitos Loricenses. Em consequência do sistemático abandono das terras de cultivo, os incêndios e ainda a falta de obras de remodelação, as palheiras foram-se degradando, hoje muitas delas, são apenas ruinas e paredes, parecendo monumentos tristes, onde existiu um passado de vida, alegria e prosperidade. Construídas nos mais remotos lugares, são centenas as palheiras existentes, onde os seus proprietários e construtores, empregavam toda uma engenharia manual na sua edificação e, como eram tempos diferentes, a construção de muitas não eram licenciadas, por isso, hoje em dia, são muitas as que não estão Conjunto de palheiras (Encosta da Cabeça) ** - 21 - "Alminhas" Vozes do passado sibilando vindo em ventos outonais lembranças que vêm do além em dissonâncias infernais. Séculos, tempestades e noites ecos de saudades profundos num pensamento térreo em outras eras, outros mundos. À beira dos caminhos vêm sombras que não voltaram passos trémulos se extinguiram lá para longe e não regressaram Em linguagem de granito eco surdo de mistificação sentida mão em chamas se eleva num espirito e ânsia incontida * Rua de São Sebastião,antiga estrada romana (Junto ao Cemitério) "Cruzeiro da Carreira - 1820" Em frente dumas "Alminhas" Não há decerto ninguém Que não recorde saudoso As Almas que Deus lá tem. -22- Cruzeiro!.. Onde no topo se eleva a cruz granítica como que sentinela de fé com pedras morenas, nuas, açoitadas pelos ventos e enegrecidas pelas chuvas e por sois. Que divisa o sol logo ao romper da aurora e o vê desaparecer quando a noite se aproxima. Cruzeiro!.. Quantas gerações passaram e se sentaram já naquele pedestal e que ao mesmo tempo é testemunho de tempos que já lá vão, relíquia simbólica e eloquente de antepassados, aureolado pelo simbolismo e fantasias lendárias que representa uma realidade e uma esperança. A realidade, porque mostra a fé e o patriotismo daqueles que neste torrão hermínio viram a luz do dia e cujos nomes e anos já esqueceram. A esperança porque é para os Loricenses de hoje um estímulo a lembrar o sagrado dever que tem de transmitir aos vindoiros a fé que os antepassados legaram. Nota:- Este Cruzeiro está edificado num local de Loriga popularmente chamado "Carreira", sendo como que um símbolo desta localidade, numa ideia concebida pelos antepassados Loricenses, ainda ali bem viva. Av.Augusto Luis Mendes "Carreira" "Cruzeiro da Independência - 1940" - 23 - O primitivo Cruzeiro foi edificado em Loriga no Largo de Sto.António, mais popularmente chamado Largo da "Carvalha". A sua inauguração, com a respectiva benção, ocorreu no dia 8 de Dezembro de 1940, com grande brilho, quer nas funções litúrgicas, quer no entusiasmo da freguesia e daqueles que tinham lutado para a sua construção. O levantamento do Cruzeiro em Loriga, foi um dos muitos construídos por todo o país, como monumento evocativo do "Oitavo Centenário da Fundação e Terceiro Centenário da Restauração da Pátria" . Surgiu de uma ideia do Rev. Padre Moreira das Neves para perpetuar, para as gerações vindoiras portuguesas, tão importantes acontecimentos. Assim em Loriga foi, desde logo, acarinhada entusiasticamente essa ideia, não só pela população, como pelos organismos competentes locais, tantos religiosos como sociais, sendo logo constituída uma comissão para proceder à angariação de fundos. Todo ele em mármore e de rara beleza, era como uma sentinela naquele Largo, onde as obras das grandes árvores o resguardavam do Sol. Ali se manteve, durante cerca de pouco mais de três dezenas de anos, sendo retirado com todo o cuidado daquele local, no principio da década de 1970 na ideia de, posteriormente, ser novamente erigido. No entanto, tal só viria acontecer nos finais de 1998, ao ser reconstruído, não no primitivo lugar, mas sim num outro local de Loriga, desta feita no Largo do Fonte do Mouro. -Inauguração efectuada a 08.12.98. Cruzeiro na Rua Fonte do Mouro A "Carreira" - 24 - Este local de Loriga, tradicionalmente assim chamado, faz parte da Avenida Augusto Luís Mendes, hoje em dia considerado um lugar central, havendo mesmo quem diga, ser a sala de visitas desta Vila. O nome de "Carreira" como popularmente se conhece, vem já de há muitas dezenas de anos atrás, mais precisamente, quando começou a haver em Loriga camionetas de transportes públicos, pois era este o local onde chegavam e donde partiam essas carreiras, tal como acontece nos tempos de hoje. Este local da Vila de Loriga, que em tempos longínquos começou por ser a entrada para esta povoação, poderia ser visto de todos os mirantes, dali se avistando, também, paisagens inconfundíveis é, nos tempos actuais, uma avenida bem central e ainda local de encontro dos que chegam e dos que partem. Lugar de rara beleza, que uma certa geração loricense ainda recorda, num cenário de muitas árvores com um certo porte, bem alinhadas de um lado e outro da avenida, que se estendia até ao "cabo da carreira". Nessa extensão, num dos lados, corria silenciosamente a água de uma levada feita de pedra de granito envelhecidas pelos tempos, onde muitos se sentavam principalmente no verão à sombra daquelas árvores, dando um panorama inconfundível que não podia ser esquecido pelo desenhador, pintor ou fotografo de ocasião. Nos primeiros anos da década de 70, foi este local tema de verdadeira transformação, numa perspectiva de futuro, com a construção de muitas novas casas e num grande desenvolvimento comercial, daí o dizer-se que é a avenida central de Loriga. Este local de Loriga, ficou marcado na memória de uma certa geração de Loricenses, ao qual se habituou a chamar "Carreira" que, apesar das muitas transformações porque já passou, irá, de certo, marcar as gerações vindoiras. "Carreira" 1976 "O Pelourinho de Loriga" "Carreira" 1996 - 25 - Os Pelourinhos em Portugal, edificados um pouco por todo lado, e que ainda hoje muitos deles primitivos existem, parece terem ficado marcados na história portuguesa pela negativa. O Pelourinho de Loriga,do século XIII até ao século XIX, encontrava-se erguido no Largo do Município desta Vila perdendo-se no tempo o motivo e a história da sua demolição. Dele ficaram apenas uns poucos escritos e relatos verbais, transmitidos através de gerações em que deram sempre conta da existência ali desse monumento. Segundo relatos, em 1881 ainda existia "O Pelourinho de Loriga, erguia-se em frente à casa da Câmara e Cadeia, era constituído por uma argola movediça de ferro forjado, tendo por base três degraus e era encimado por pedra quadrangular o ostentando as armas da vila." O primitivo Pelourinho de Loriga, ao ser destruído, fez desaparecer também com ele parte da história de Loriga de séculos passados, tendo-se até perdido uma concreta definição estética do mesmo. Por esse motivo, quando surgiu a ideia de reedificar o Pelourinho, foi necessário fazer um estudo aprofundado, no sentido de que a reconstituição fosse o mais fiel ao original. Esse trabalho pareceu valer a pena, pois hoje podemos ver, no mesmo local, um outro Pelourinho construído ali há poucos anos. São mesmo poucas, as versões existentes relacionadas ao Pelourinho de Loriga, mas a que parece mais credível é a versão do Capitão Dr. António Dias, na década de 1950, que se baseou nas informações orais de um velho operário, que se lembrava muito bem do Pelourinho inclusive viu cair a picota. A reconstituição do Pelourinho de Loriga, foi feita a partir desta versão escrita pelo Capitão Dr. António Dias e o desenho foi feito pelo senhor Júlio Vaz Saraiva, ex-desenhador da antiga empresa Hidro Eléctrica, verdadeiro expert na área dos poleirinhos. A reedificação do Pelourinho de Loriga foi finalmente concretizada, sendo inaugurado no dia 1 de Agosto de 1998. Apesar de não ser o primitivo é com satisfação que os Loricenses vêm ali erguido aquele monumento histórico que fez parte da história antiga desta vila e da sua população. Largo do Pelourinho - 26 - " Estátua do Dr. Amorim da Fonseca" Largo do Dr. Amorim da Fonseca Num dos largos da rua principal desta localidade, pode admirar um monumento ali erguido, numa justíssima homenagem de gratidão do povo de Loriga ao médico Dr. Joaquim Augusto Amorim da Fonseca que, apesar de não ser desta terra, durante mais de três décadas ali desempenhou as suas funções de médico, e onde veio a falecer em 13 de Maio de 1927, vítima do dever profissional quando, em Loriga, se lutava contra uma grave epidemia. Natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho), foi designado para médico de Loriga em 1893. A morte do Dr. Amorim da Fonseca, "médico do Povo" como era conhecido, foi para Loriga uma perda irreparável e, durante anos, a população chorou o seu desaparecimento. Após a sua morte, e depois das respectivas exéquias, o corpo foi trasladado para a sua terra natal. Mais tarde, a Junta de Freguesia mandou erguer o seu busto naquele largo, ao qual viriam a dar também o seu nome, perpetuando assim também a memória das vítimas dessa epidemia. Em 1977, naquele Largo do Dr. Amorim da Fonseca, decorreu uma homenagem de evocação dos 50 anos da sua morte e, ainda, da memória de todas as vítimas dessa epidemia. - 27 - As "Cruzes das Alminhas" nos caminhos Monumentos simbólicos que sinalizam um lugar onde tenha ocorrido morte inesperada e violenta de alguém. Fazem parte de um culto popular, que teve um maior incremento a partir do século XVII, com particular incidência mais a norte do rio Mondego. Em Loriga, no lugar chamado "As Calçadas"(calçada romana), encontra-se um desses monumentos, testemunho do assassinato de de uma mulher, em tempos há muito distantes, quando por aquele local passava o acesso de e para outras povoações. Cruz na antiga estrada romana Cemitério de Loriga Cemitério de Loriga (2002) - 28 - *** Fica situado sensivelmente a cerca de 600 metros do centro da vila e muito perto do recinto de N.S. da Guia. A construção deste Cemitério, deveu-se na necessidade de proceder à substituição do cemitério então existente, e que se situava onde é hoje o Largo do Santo António. Em 1894, foi deliberado pela Câmara Municipal, a construção de um novo cemitério, vindo ao encontro dos pedidos que há muito vinham sendo feitos, pelas autoridades administrativas de Loriga. A trasladação dos restos mortais deste largo para o actual cemitério, só ficou concluída mais ou menos no ano de 1927, havendo até relatos que dão conta de que, quando se iniciou a construção das casas naquele largo, ali serem encontradas ossadas. Com a aquisição dos lotes de terra, que a população vai adquirindo para sepultar os seus familiares, o cemitério actual tem vindo a ficar sem espaços disponíveis. Assim, há alguns anos a esta parte, a autarquia local desenvolveu esforços no sentido de encontrar uma solução,embora sem ser a melhor, tendo já concluído num terreno ao lado o respectivo alargamento. O Mirante de Loriga * O "Mirante" é uma varanda Parecendo não haver outro igual Dali se avista a Vila de Loriga Das mais lindas de Portugal Alguém disse um dia Ao paisagem dali admirar Parecia sentir-se passarinho Que bem alto ia a voar Ali se vai inspirar, o poeta O fotógrafo e também o escritor Mas muitos mais ali vão Ao sentirem-se sonhadores Ao fundo eu vejo a ribeira No poço "Forte" está meu olhar Vezes sem conta ali ia eu Para nas suas águas me banhar Mirante de Loriga,na Estrada Nacional 231 (Penha da Águia) Ao mirante vou olhar Loriga Para a levar de recordação Apesar de estar longe dela A quero ter sempre no coração - 29 - Socalcos "Courelas,Levadas e Regos" Os socalcos,conhecidos localmente por courelas,são,juntamente com uma complexa rede de irrigação,uma obra gigantesca construída pelos Loricenses ao longo de muitas centenas de anos,transformando um vale belo mas rochoso,num vale fértil. Os Loricenses modelaram a paisagem com os socalcos,e hoje eles são um exlíbris da paisagem de Loriga. Um pouco por todo o lado, nos arredores da Vila de Loriga, damos conta da existência de Socalcos e de Levadas que os antepassados um dia construíram para encaminharem as águas, necessárias para movimentação das fábricas, dos moinhos e, principalmente para as colheitas. As Levadas são, pois, estreitos canais que transportam a água, em muitos casos transformados em aquedutos quando o terreno assim o exige, irrigando o solo palmo a palmo e destinadas, como se disse, a levar a água a todos os locais onde fosse necessária. As Levadas de Loriga, todas elas construídas a partir das ribeiras chegam, muitas delas, até à povoação, onde as suas águas se encaminham para depois deslizarem nos regos que ainda hoje podemos ver nas ruas. Estes regos e levadas demonstram bem ao visitante, ser Loriga uma região de muita e preciosa água. Uma curiosidade típica de algumas Levadas de Loriga era os lugares próprios, que nelas existiam, que as mulheres utilizavam para ali lavarem a roupa. Lavadouro das Penedas Rego na Rua Coronel Reis Ribeira de Loriga - 30 - *** *** Visite Loriga e goste dela como nós -1- Alguns dados e notas da história de Loriga Glaciação da Serra da Estrela e formação geológica do Vale de Loriga A Serra da Estrela sendo a mais elevada de Portugal Continental com 1991 metros de altitude, impõe-se por ser erguer bruscamente entre áreas aplanadas e pouco elevadas, a planície da Beira Baixa a SE,conhecida por Cova da Beira e o planalto da Beira Alta a NW. Do ponto de vista geológico é um afloramento granítico com cerca de 280 milhões de anos (Paleozóico) entrecortado aqui e além por filões de quartezíticos, por depósitos glaciários e fluvioglaciários e interrompido a NE por complexos xistograuvaquicos e anteordovícicos que também o rodeia a Sul e a SW. Presume-se datarem de cerca de 65 milhões de anos (Paleozóico) as principais linhas de fractura que condicionaram grandemente o relevo e a estrutura actual da Serra da Estrela, bem como o encaixe da rede hidrográfica da região, tendo-se verificado o levantamento tectónico somente no final do Terciário (finais do Miocénico início do Pliocénico) por efeitos da orogenía Alpina que submeteu o maciço a movimentos epirogénicos. No tempo geológico, a Era Quaternária tem particular interesse, porquanto é nesse período que decorre a evolução rápida do homem, se estabilizam os climas regionais, se define a forma exterior da crosta terrestre nas zonas com cobertura glaciária. Durante a última glaciação, uma acentuada baixa de temperatura invade a Europa e à acumulação de sucessivas camadas de neve e de gelo nas elevações, seguiu-se o desprender e deslizar vagaroso, para mais baixos níveis das enormes massas de gelo. As línguas de gelo migrantes, com maior velocidade na parte central e arrastar vagaroso nas margens, fragmentamse e desenvolvem poderosas forças que arrancam, estriam, gastam e dão polimento às superfícies em que deslizam. Na Serra da Estrela a diversidade de línguas glaciárias existentes deveu-se sobretudo à topografia pré-glaciárica e às condições climatéricas durante a glaciação. A posição do Sol no verão relativamente à orientação dos vales bem como os ventos dominantes no inverno teriam sido dois factores importantes dessa glaciação. Nesta superfície onde houve gelos móveis, as rochas brilham ao sol devido ao seu polimento provocado pela abrasão dos materiais por eles transportados. Este trabalho erosivo gerou no terreno enormes degraus denominados escadarias de gigante, e rochas arredondadas lembrando o dorso de ovelhas e por isso designadas de aborregadas. Um dos principais factores que contribuíram para estas formas foi a direcção do movimento do gelo que no primeiro caso seria perpendicular às fendas do granito e no segundo teria a mesma direcção. Os glaciares que mais se afastaram atingiram o seu fim, ao encontrar menores declives e temperaturas que os fundem. Morreram, deixando amontoados de calhaus mal rolados e detritos que transportaram, que salpicaram a paisagem com o aparecimento de alongados e amontoados blocos com tamanhos diversos, as moreiras, que constituíram a carga transportada pelos glaciares, posteriormente depositada por perda de capacidade de transporte, assim como, alguns blocos de grande dimensão designados por blocos erráticos, que foram deixados em locais distantes da sua origem. Como resultado de tais movimentos foi adquirida uma estrutura em degraus orientados, evidenciando nos patamares os restos da aplanação primitiva, que foi modelada por diferentes tipos de erosão, destacando-se na designada "Serra do Cântaros" a acção dos glaciares Wurmianos (cerca de 27 mil anos). A espectacular Garganta de Loriga,na parte elevada do vale com o mesmo nome,numa àrea que ofereceu grande resistência à acção erosiva do glaciar. O planalto do cimo da Estrela teria sido coberto por uma calote de gelo (cerca de 80 metros de espessura, para alguns investigadores) da qual divergiram os antigos glaciares em número de sete, muitos dos traços desses antigos glaciares encontram-se por toda a área da Serra e vão desde circos gigantescos glaciares a vales com perfis em U.Os dois principais glaciares abriram os mais espectaculares vales desse tipo,e são o Vale do Zêzere,no qual se encontra a vila de -2- Manteigas,e o Vale de Loriga,no qual se encontra a vila com o mesmo nome.Embora ambos os vales tenham tido a mesma origem,do lado de Loriga o granito é mais sólido e compacto,pelo que a erosão do glaciar foi diferente.Enquanto que do lado de Manteigas,o glaciar abriu um vale caracterísico em U aberto,do lado de Loriga o vale é mais próximo de um V,com espectaculares encostas escarpadas,e terminando num amplo vale escavado onde a resistência à erosão era menor e onde foram depositadas enormes quantidades de rochas e de terra.Esse depósito deu origem à colina onde surgiu Loriga há mais de dois mil e seiscentos anos,e onde está o centro histórico da vila. Entre a Garganta de Loriga e o Covão do Meio,onde foi construída a Barragem de Loriga,a visão deste vale,rasgado a custo no duro e compacto granito pelo glaciar,é impressionante,fazendo lembrar, embora a uma escala muito menor,o Grande Cannyon nos EUA.Por cima da Barragem de Loriga, na parte superior do Vale de Loriga,e dentro da àrea da freguesia,está a única estância e pistas de esqui existentes em Portugal,um dos factos que contribuíram para que Loriga tenha o título de Capital da Neve. Estância e Pistas de Esqui de Loriga O valor paisagístico da Serra da Estrela impõe-se pela variedade do mosaico que a constitui, os seus vales profundos divergindo dos cimos, dão à paisagem, pelo vigor do encaixe, uma grandeza de montanha pincelada pela diversidade vegetal, ribeiras, lagoas, e no sopé, as povoações em xisto ou em granito. Contudo, ganha especial importância numa área restrita, por nela existir uma morfologia única no nosso país, devido à glaciação, a par de uma vegetação de zimbro anão e cervum inigualável em qualquer outra paisagem portuguesa. É de salientar ainda a quantidade de caos de blocos nas zonas periglaciares, comuns a todas as montanhas graníticas, que contrasta com a sua inexistência nas zonas outrora cobertas de gelo. Outrora,a Serra da Estrela estava coberta por vegetação luxuriante de uma floresta que se estendia desde o sopé da serra até ao planalto superior.Porém,vestígios encontrados em alguns locais indicam que,há poucos milhares de anos,ocorreu um gigantesco incêndio florestal que varreu toda a serra e destruíu essa vegetação,que entretanto nunca mais recuperou nas àreas de maior altitude,devido principalmente à consequente erosão rápida do solo. Como se disse, vários são os vales de perfil transversal em U, modelados pelas massas de gelo em movimento, cujos perfis longitudinais podem possuir socalcos deprimidos por vezes com lagos correspondendo a troços de maior resistência à acção abrasiva do glaciar. Um desses vales imponentes é o de Loriga, que começando na mais elevada altitude da Estrela,a 1991 metros, desce abruptamente até à Vide a 290 metros, acolhendo no seu percurso a vila e as pequenas povoações como Cabeça, Casal do Rei, Muro. Tendo como povoação central a Vila de Loriga a 7 Km da origem junto ao planalto da Torre, este vale está cavado em nítidos e numerosos degraus bem acentuados que constituem planos de aluvião arrelvados, e representam antigas lagoas assoreadas dispostas em série como pérolas de colar, e ainda também todo um vale repleto de história, onde é bem visível os vestígios glaciares, espécies vegetais raras duma floresta que cobria as encostas antes e após a glaciação,e que,como já foi referido,foi violentamente destruída. A permanência de muito desses vestígios glaciares, as marcas de pastores transumantes, um mundo belo de socalcos que,juntamente com a complexa rede de irrigação,é uma obra gigantesca construída pelos Loricences ao longo de muitas centenas de anos e que transformaram um vale belo mas rochoso,num vale fértil. Existe também o passado e o presente da duas vêzes centenária industria têxtil Loricense, sabendo-se também que a Vila de Loriga é das povoações mais antigas da Serra da Estrela. Vila de Loriga Registos antigos da história de Loriga,uma localidade antiquíssima Os Montes Hermínios, hoje Serra da Estrela, era uma região propícia para os grandes rebanhos de gado e ao mesmo tempo uma fortaleza e trincheira bem conhecida dos pastores que se fortaleciam na defesa destes seus territórios nas lutas contra os conquistadores, principalmente contra o império Romano.Citando o grande poeta luso Camões,referindo-se ao Loricense Viriato, estes pastores eram "destros mais na lança que no cajado",e a sua vida era dividida entre o pastoreio do gado,agricultura e caça, e a luta. Os Hermínius eram o centro da Lusitânia pré romana,a sua maior fortaleza,e onde os Romanos tiveram mais dificuldades para ultrapassar a resistência lusitana pois ali vivia a tribo mais aguerrida. Não foi por acaso que as pessoas foram atraídas por esta região, atraídas decerto pela beleza, a muita quantidade de água existente e a luxuriante vegetação própria para pastorear os gados e para a caça. Por isso não será difícil de compreender que este vale nesses longínquos tempos, quando a arborização das encostas sustinham as terras imobilizadas, as águas pluviais não tinham ainda levado para os campos de Coimbra e dali para o oceano, as milhares toneladas de terras em conjunto com o calcário que anualmente para ali se deslocavam.Existem provas de que a presença humana no -3- Vale de Loriga existe há mais de cinco mil anos. Não restam dúvidas de que Loriga é de facto uma localidade muito antiga. Sabe-se até, que,segundo alguns historiadores,diversos antigos documentos,e pela tradição local,ter sido mesmo o berço de Viriato, um desses pastores que se viria a tornar um herói do povo Lusitano nos anos de 140 antes de Cristo. É também, nos relatos dos muitos historiadores de que temos conhecimento, de quanto custou aos romanos a incorporação desta região lusitana no seu império, sendo visíveis em Loriga vestígios dessa passagem que para eles era a "Lorica" nome que deram à "Lobriga" dos Celtas e dos Lusitanos. Lobriga foi então um forte bastião da resistência lusitana,numa serra habitada por uma das tribos mais aguerridas da Lusitânia.Esses factos,e a posição estratégica da então Lobriga,explicam o facto de os Romanos lhe terem posto de Lorica,nome de couraça guerreira.Aliás,os soldados e legionários romanos usavavam diferentes tipos de Lorica.É fácil, pois, de compreender ser esta localidade muito antiga, existir muito antes da chegada dessa civilização romana à Península Ibérica, e ter sido baptizada com esse nome.Um nome tão histórico e plurimilenar como a povoação à qual foi dado,e por isso a couraça guerreira é a peça central e principal do brasão histórico da vila. Leginários Romanos usando Lorica As rochas de forma arredondada, que os geólogos designam com o nome técnico de glaciais e que vemos em tão grande quantidade, nos lugares conhecidos por Bouqueira, S.Bartolomeu e Fonte Sagrada,Chão da Ribeira, indicam-nos os efeitos da acção erosiva do galciar,quando encontrou este terreno menos sólido que fica a nascente da freguesia.Essas rochas foram arrancadas à massa granítica mais sólida,arrastados pelo glaciar,trazidos da parte mais alta do vale,e depositados nas àreas onde o glaciar encontrou começou a encontrar terreno menos resistente à erosão. Mas,de tudo o que se vai sabendo da história antiga de Loriga, não restam dúvidas, de que os primeiros habitantes desta região de Loriga foram pastores e agricultures e que rápidamente cresceram em comunidade e fundaram a povoação há mais de dois mil e seiscentos anos naquela colina entre ribeiras. Os próprios rebanhos aumentaram prodigiosamente em pouco tempo, os homens foram ampliando as suas rudimentares habitações segundo as suas necessidades, os cercados e cortes para abrigo dos animais foram igualmente surgindo, o gado e o leite constituía o principal alimento da população e a lã era o elemento indispensável para a indumentária.A primitiva povoação castreja,estava localizada onde hoje existem a Igreja Matriz e a parte superior da Rua de Viriato, sendo protegida por muros e paliçada de madeira.Da época pré-romana existe,por exemplo,uma sepultura antropomórfica com cerca de dois mil e seicentos anos,num local que devido a esse facto é conhecido por Campa. Sepultura antropomórfica (séculoVI a.C.) Loriga, foi também uma importante povoação visigótica. Foram mesmo os Visigodos que começaram a usar a versão actual de Lorica, nome romano da localidade, ou seja, Loriga,e foram eles que construíram os primeiros templos cristãos.Um desses templos era uma ermida dedicada a S.Gens,sendo hoje uma capela com orago de Nossa Senhora do Carmo.Com os séculos,os Loricenses mudaram o nome de S.Gens para S.Ginês,sendo esse o nome dado ao bairro do centro histórico da vila,que existe actualmente na àrea. -4- Antiga ermida visigótica de S.Gens,actual capela de Nossa Senhora do Carmo. Loriga e a sua Origem Sendo esta localidade muito antiga não foi ainda possível datar com precisão, a origem e o príncipio desta povoação,sabendo-se apenas que existe há mais de 2600 anos,e que as primeiras habitações foram construídas na colina onde hoje existe o centro histórico da vila, na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte superior da Rua de Viriato. Nos anos 753 a.c. - 476 d.c. o Império Romano conquistou e dominou grande parte do mundo ocidental, desde Roma ao Médio Oriente, Europa, norte de África, parte de Ásia, e total dominador do litoral do Mar Mediterrâneo. A Península Ibérica foi também uma das conquistas, sendo dividida em três províncias, a mais ocidental, chamada Lusitânia, incluía os Montes Hermínius (actual Serra da Estrela) onde Loriga se encontra situada,a maior parte do actual território português,e ainda uma parte do actual território espanhol,a sul do Douro,até Toledo,e incluía inicialmente a actual Galiza. Após a conquista,os romanos apressaram-se,no século primeiro antes de Cristo, a ligar por estrada esta localidade estratégica de Lorica,situada bem próxima do ponto mais alto dos Hermínius. Ainda hoje se pode admirar a estrada romana que ligava Lorica ao restante império. Quando o império Romano se desmoronou no século V, a Península Ibérica começou a ser ocupada com povos oriundos dos mais diversos lugares mesmo até de zonas longínquas da Europa central. A região de Loriga não fugiu à regra, por isso mesmo, existem vestígios e até lendas dessa passagem, mas aqueles que mais vestígios deixaram foram de facto os Romanos. Os Celtas,e depois os Lusitanos,eram senhores desta região serrana dos Montes Hermínios desde a época pré-romana.Os Lusitanos tinham como seu líder o Loricense e grande chefe Viriato, filho de pastor e grande conhecedor destas terras. -5- Mapa onde pode ver-se a claro,a Lusitânia pré-romana. Alguns registos escritos da história de Loriga Não parece restar qualquer dúvida, que muitos documentos ou mesmo simplesmente registos, referentes a Loriga, foram desaparecendo de forma estranha e até suspeita e conveniente. Esses desaparecimentos foram acontecendo através dos tempos, mas mais acentuados em meados do século XIX, quando da reforma administrativa então ocorrida.. Alguns até, encontrando-se na Torre do Tombo, nem por isso escaparam.Os forais mais antigos desapareceram de forma estranha e conveniente,e até o foral novo de D.Manuel I chegou aos nossos dias amputado de algumas páginas.É que,durante as reformas administrativas então em curso,Loriga foi vítima de uma cabala montada pelos chamados Liberais e por influentes senenses,tendo,em consequência disso,sido extinto o Município Loricense,como vingança pelo apoio dado aos ditos Absolutistas,e o respectivo território "entregue" ao concelho de Seia.Uma grande injustiça,e um grande erro político e administrativo, como tem vindo a comprovar-se!Esses documentos eram um dos mais importantes argumentos dos Loricenses contra a extinção do seu município,e não é por acaso que ainda hoje os senenses tendem a substimar,a denegrir e a adulterar a história de Loriga,e os mais retrógados ainda se sentem incomodados com coisas, como por exemplo o facto de Loriga ter a categoria de vila. Mesmo assim, de uma ou de outra forma, lá se vão encontrando alguns registos, que são muito pouco para uma localidade antiquíssima, como é Loriga,mas que nos dizem que a sua história,nomeadamente a municipal,é mais antiga do que a referida por algumas fontes tendenciosas e pouco rigorosas de alguns pseudohistoriadores,copiadores e afins. A propósito do Município Loricense,sabe-se por várias referências explícitas ou implícitas encontradas em diversos antigos documentos,que a história municipal de Loriga remonta ao século XII,muito antes do que alguns autores tendenciosos e pouco rigorosos quiseram fazer crer! Viriato - O grande leader dos Lusitanos * Todos os grandes historiadores, começando pelos romanos antigos, elogiam as grandes qualidades de Viriato. Nelas se destacam, a inteligência, o humanismo, a capacidade de liderança, e a sua grande visão de estratega militar e político.A este grande homem, que liderou os antepassados dos portugueses, os Lusitanos, os romanos só conseguiram vencer recorrendo à vergonhosa traição cobarde.Este homem, tal como muitos outros que ficaram nahistória, tinha origens humildes, provando-se na época, talcomo hoje, que as capacidades individuais não dependemdo estracto social, nem das habilitações académicas. Viriato, era apenas um pastor, habituado desde criança a percorrer as altas montanhas dos Hermínios (actual Serra da Estrela), onde nasceu, e que conhecia como a palma das suas mãos. Conhecia inclusive as povoações lusitanas da serra, como Lobriga à qual os romanos puseram o nome de Lorica (nome de antiga couraça guerreira) devido à sua posição estratégica na serra e por ter sido um forte bastião da resistência lusitana. A povoação surgiu originalmente no mesmo local onde está o centro histórico da vila, uma colina entre duas ribeiras. Do latim Lorica, derivou Loriga, com o mesmo significado, sendo um caso raro de uma povoação que mantém o mesmo nome, praticamente inalterado, há dois mil anos, nome que é altamente significativo da sua história e da sua antiguidade (por isso a couraça é a peça central e principal do brasão histórico da vila). * António Conde (grande Loricense e historiador de Loriga) -6- Viriato em Lorica - Pintura a óleo. Viriato nasceu em Loriga - Mito ou Realidade Nos registos antigos,nomeadamente dos próprios historiadores romanos, o nome referenciado era Viriatus, e ficou conhecido na história como uma figura de grande relevo,um heroi histórico para os Lusitanos,e para os seus descendentes portugueses. Nos Montes Hermínios (hoje Serra da Estrela) foi pastor, guerreiro, chefe e líder incontestado e admirado dos Lusitanos. Foi assassinado pelos seus próprios companheiros, chamados Andas, Pitalco e Minuro, depois de os Romanos os terem subornado, com promessa de uma recompensa, que nunca chegaram a receber.Uma saída desonrosa para a superpotência da época,que se autoproclamava arauto da civilização,e um acontecimento que ainda hoje desprestigia Roma. Outras localidades da região da Serra da Estrela (antigos Montes Hermínios) reclamam para si o local do nascimento dessa figura histórica que de facto nasceu nessas montanhas,mas nenhuma consegue ombrear com Loriga. A história, vai-nos também dando conta de dados referentes a uma ligação entre Viriato e "Lobriga", ou "Lorica" pois era assim que os Romanos chamavam à actual Loriga. Por isso,há muitos séculos que existe nos Loricenses uma forte convicção de que na realidade foi Loriga o berço de Viriato. Como recorte de história aqui se faz a transcrição de um registo existente no Livro Manuscrito História da Lusitânia, pelo Bispo Mor do Reino em 1580. ...Sucedeu o Pastor Viriato natural de Lobriga hoje Villa de Loriga no cimo da Serra da Estrella Bispado de Coimbra; ao qual tendo quarenta annos de idade acclamarão Rey dos Luzitanos e cazou em Évora com huma nobre Senhora no anno 147. Prendeo em batalha ao Pretor Romano Caio Vetílio e lhe degolou 4.000 soldados; a Caio Lucitor dahi a huns dias matou 6.000 mil. Ao capitão Caio Plaucio matou Viriato mais de 4.000 junto a Toledo. Reforçou-se o dito Capitão e dando batalha junto de Évora prendeo 4.000 soldados. No anno 146 o Pretor Claudio Unimano lhe deu batalha e de todo foi destruido por Viriato que repartio os despojos pelos soldados pondo nos montes mais altos da Lusitania os eztendartes Romanos. Uma das referências antigas sobre Loriga Um dos registos antigos da história de Loriga, é aquele que vamos encontrar nas Inquirições de 1258, mandadas fazer pelo Rei D.Afonso III, que tinha como objectivo averiguar judicialmente a natureza das diversas propriedades e dos direitos senhoriais, a fim de fazer restituir à Coroa Real os direitos que as classes privilegiadas vinham desde à muito usurpando ilegitimamente. Os inquiridores na região da Serra da Estrela registaram que as herdades dos fidalgos estavam todas sujeitas a encargos perante o Rei exceptuando as que haviam pertencido a D.João Viegas, com o alcunha de "Ranha" e assim mencionado: ("excepto Sandimir et Loriga et aliae que fuerunt de donno Johanne Rania") Foi o próprio,o rei D.Afonso III,que em 1249 deu o primero foral régio à já então vila de Loriga. D.Afonso Henriques por carta de 16/5/1131 entregou a posse de muitas terras do actual concelho de Seia a D.João Viegas "Ranha" por este o ter ajudado a vencer dois fidalgos senenses (Aires Mendes e Pêro Pais) que se tinham revoltado contra ele. Foi o próprio D.João Viegas,senhor das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas,que em 1136 concedeu o primeiro foral à vila de Loriga. Sabe-se que,segundo referências encontradas em Inquirições,que Loriga já tinha foral em 1222, sendo esse primeiro foral um dos documentos mais importantes que desapareceram. Portanto,Loriga recebeu forais de João Viegas,senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas,no reinado de D.Afonso Henriques em 1136,de D.Afonso III em 1249,de D.Afonso V em 1474,e de D.Manuel I em 1514. -7- Pelourinho de Loriga(sec.XIII) Alguns documentos antigos sobre Loriga Um dos registos mais interessantes, como documento, que até hoje existm sobre Loriga, é o da confirmação da doação do Foral e da Jurisdição Civil e Criminal de Loriga a Álvaro Machado datado de 22 de Agosto de 1474, que a seguir se transcreve em parte: "...Dom Manuel por graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves daquem e dalém mar em Àfrica, a quantos esta carta virem fazemos saber que a nós foi apresentada uma carta que tal é: Dom Afonso.... A quantos esta carta virem fazemos saber que confirmando nós a acareação que feita temos, em Àlvaro Machado fidalgo da nossa raça e aos serviços que dele e de seu pai temos recebido e esperamos que ao adiante nos faça, temos por bem dar-lhes que ele tenha o uso de nós, em toda a sua vida, à jurisdição civil e criminal do lugar de Loriga que ele de nós tem. Ressalvamos para nós a correcção e alçada. E porém, mandamos a todos os nossos corregedores, juízes de justiça oficiais e pessoas que isto ouverem dizer e esta nossa carta for mostrada que lhe deixem usar a dita jurisdição, como dito é, sem lhe porem sobre isso qualquer embargo porque assim é a nossa mercê, de lhe assim ser feito sem embargo de qualquer lei de direito canónico e civil, grossas propensões de doutores que em contrário disso seja... Dada em Lisboa aos 22 dias de Agosto, Cristóvão de Barros a fez no ano de 1474..." Esta carta foi confirmada ainda por solicitação de Álvaro Machado nos seguintes termos: "...Pedindo o dito Álvaro Machado que lhe confirmássemos a dita carta e visto que nós seu requerimento, querendo-lhe fazer graça e mercê temos por bem lha confirmarmos e a havermos por confirmada da maneira que dito é: E porém mandamos os nossos editais para a justiça que assim lhe cumpram e façam muito inteiramente cumprir e guardar... Dada em Lisboa, aos nove dias de Maio João Pais a fez, no ano de 1497..." D.Afonso V concedeu foral à vila de Loriga em 1474 e concedeu as Terras de Loriga a Luís Machado, pai de Àlvaro Machado,que era também senhor de Sandomil e Oliveira do Hospital.D.Manuel I confirmou tudo isso,mas após o falecimento do referido fidalgo,as Terras de Loriga volaram a ser pertença da Coroa. A título de curiosidade,este documento, foi publicado no Jornal "A Neve" em Março de 1949. Significado da palavra "Lorica" ou "Loriga": "Saio de malha usado pelos antigos guerreiros, coberto de lâminas de aço ou escamas de ferro" Primitivamente a Lorica era fabricada de loros ou correia de couro crú,passando depois a ser metálica,e a mais conhecida eram os tipos de Lorica usados pelos legionáros romanos. Mapa do antigo Município Loricense,Região de Loriga e actual Associação de Freguesias da Serra da Estrela. Loriga sede de Concelho Loriga e área envolvente era couto senhorial no século XII, revertendo então para a coroa, e em 1249,quando recebeu o primeiro foral régio de D. Afonso III,já era pertença real. Em 1474, D. Afonso V, concedeu-lhe novo foral e Loriga que pertencia à Coroa foi doada ao fidalgo Álvaro de Machado, como recompensa pelos serviços prestados ao rei.Àlvaro Machado era filho e herdeiro de Luís Machado,e era também senhor de Sandomil e Oliveira do Hospital. No ano de 1514, D. Manuel I deu à vila de Loriga um novo foral, o último e o mais completo dos Forais Régios, que chegou aos nossos dias,e durante esse reinado Loriga voltou à posse da Coroa. -8- **** Loriga, foi Sede de Concelho desde 1136,sendo infelizmente extinto em 28 de Outubro de 1855. **** A orgânica de Loriga até 1855 Tinha no seu governo civil:- Um Juiz Ordinário, dois Vereadores, um Procurador do Concelho, Escrivão da Câmara, um Tabelião, um Alcaide, uma Companhia de Ordenanças com CapitãoMor e Sargento-Mor. Possuía Câmara Municipal e Cadeia que, segundo consta, a espessura das suas paredes era de 1,80 metros. Em 1881, os registos dão-nos conta do local exacto onde se encontrava o referido edifício: ".....na parça d´esta vila, que parte a nascente, poente e norte com via pública e do sul com José dos Reis de Loriga". Após a extinção do Concelho de Loriga (1855) o referido edifício serviu de escola primária do sexo masculino, tendo depois sido comprado, na última década de 1890, pelo industrial loricense Manuel Leitão, que depois o transformou, nessa altura encontrava-se já em ruínas. Tinha ainda o Pelourinho,erigido no século XIII após ter recebido Foral do rei D.Afonso III. Chegaram a fazer parte do Concelho de Loriga as povoações de:- Valezim; Sazes da Beira; Vide; Alvoco da Serra; Teixeira; Cabeça e ainda pequenos lugares ou casais como eram assim chamados. O Concelho de Loriga começava na zona das Pedras Lavradas, até à Portela de Loriga (Arão) onde fazia fronteira com o couto de S.Romão. De 1836 a 1855 ultrapassava a Portela por ter sido nessa altura incluído Valezim e Sazes da Beira. Alvoco da Serra deixou de pertencer ao Concelho de Loriga em 1514, data em que recebeu o Foral de D.Manuel I, mas voltou a ser incluído novamente no mesmo em 1828. Vide excluída do concelho de Loriga no século XVII,quando recebeu um foral tardio,mas viria a ser novamente incluída no Município Loricense em 1834. A Paróquia de Loriga foi correspondente à àrea do Município Loricense,e mesmo quando algumas localidades do concelho adquiriram autonomia administrativa (entre os séculos XVI e XIX), começando por Alvoco e seguindo-se Vide,estas localidades continuaram dependentes de Loriga na administração eclesiástica. Loriga pertencia,desde o século XII,à Vigariaria do Padroado Real,e a Igreja Matriz,dedicada a Santa Maria Maior,foi mandada construír 1233 pelo rei D.Sancho II no lugar de um pequeno templo visigótico,do qual foi aproveitada uma pedra que foi colocada numa das portas laterais. A igreja era era um templo de estilo românico,com três naves,e traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra,tendo sido destruída pelo terramoto de 1755.Da primitiva igreja restam partes das paredes laterais. Pedra com inscrições visigóticas pertencente ao templo que existia no local da construção da igreja em 1233. O terramoto de 1755 foi especialmente violento em Loriga,principalmente pelo facto de as ondas sísmicas se terem deslocado para Nordeste e o massiço granítico da Serra da Estrela ter funcionado como uma barreira à propagação dessas ondas.Loriga,na parte sudoeste da Serra da Estrela,estava no limite dessa barreira e por isso sofreu com violência o impacto das ondas sísmicas.O mesmo problema afectou a Covilhã,e em contrapartida as localidades situadas do lado oposto da serra foram pouco afectadas.Porém,ao contrário do que aconteceu com a Covilhã,a vila de Loriga não recebeu qualquer auxílio do governo do Marquês de Pombal. **** Alguns documentos históricos e Foral novo atribuido a Loriga pelo Rei D.Manuel em 1514 **** Transcrição de uma parte do Foral dado ao Concelho de Loriga por D.Manuel I: "Dom Manuel,... Pagará toda pessoa que laurar com Jugada de bois ou vacas doze alqueires desta medida corrente todos de centeo et se laurarem com hü boy a meatade et seo seareiro et cauam que laurar pam, pagara da medida velha hü alqueire et nam se paga no dito lugar foro outro de nehüa causa que se- -9- mea nem colham assy do vinho et linho como de todalhas outras nouidades e fruitas. E pagaram mais ao senhorio da dita Terra os foros de denheiro et galinhas que algüas pessoas lhe pagam sem serem a ysso mais obrigados as pessoas que os ora nam pagam ficando rresguardado a hüs et aos outros quan ao mostrarem foral lhe seer per elle guardada sua justiça. Nom ha montado nesta Terra por quato no veraão amda com ho outro nosso da serra. Et no Ynuerno nam ha hy nehü pasto. Os manihos sam do concelho com o foro da Terra. A pensam do tabaliam pagase nesta vila. Da pena darma se leuaram dusetos Reaes e as armas perdidas s quaaes penas se nom leuarem quando apunnarem espada ou qualquer outra arma sem atirar, nem sem preposito em Rexa noua tomarem praao ou pedra posto que fezerem mall et posto que de proposito as tomem senom fazerem mal com ellas nam pagaram. Nem a pagara moço de quinze annos pera baixo nem molher de qualquer idade e filhos et escravos tirarem sangue. Nem os que sem arma tirarem sangue com bofetada ou punhada nem quem dfendimento de seu corpo ou por apartar e estremar outros em arroydo tirarem armas posto que com ellas tirem sangue hem escravos de qualquer idad que sem ferro tirar sangue. O gado do vento he de direito Real et arrecadarsea na dita villa per nossa ordenaça com decaçam que a pessoa a cuja mão for ter escreuer a dez dias priemeiros seguintes so pena de lhe ser demandado. Portagem no se levará mais no dito lugar por que nam se mo trou titollo nem tall posse para se deve de levar. A qual quer pessoa que for contra este nosso forall leuando mais dereitos dos muy nomeados ou leuando destes mayores conthias das aquy decraradas ho annos por degra dado hu anno ffora da villa et termo et mais pagara da catrinta reaes por hu de todo que assy mais leuar. Et se a nom quizer leuar se ja a metade pera os cativos et a outra para quem ho acusar. Et damos poder a quall quer Justiça honde acontecer assy quiser como vintaneiros ou quadri lheiros que sem mais proceso nemhordem de juizo sumariamente sabida a verdade comdenem os culpados no dito caso de degredo et assy do denheiro atee nous mill rreeas sem apelaçam nem agravo et sem disso poder conhecer almoxarife nem contador nem outro oficial nosso de nossa fazena em caso que o hy aja & seo senhorio dos ditos dereitos o dito forall quebrantar per si ou outrem seja logo sospenso delles et da jurdicam do dito lugar se at uer emquanto nossa merecê for & mais as pessoas que em seu noou por elle o fazerem encorreram nas ditas peas e almoxarifes se primace e officiaes dos ditos direitos que o assy nom comprire perderam os ditos officios et nam queram mais os outros. & portantomandamos que todollas cousas contheudas neste forall que nos poemos por ley se cumpram para sempre do theor do quall mandamos fazer tres hü delles para a camada villa & outra para o Senhorio dos ditos dereitos. & outra para a nossa torre do tombo pera em todo tempo se poder tirar quall quer duvida que sobre isso possa sobrevir, dada hanossa muy nobre et sempre leal cidade de Lisboa aos quinze dias do mes de Fevereiro era do açimento de nosso Senhor ihü xpõ de myll quynhentos et quatorze annos. E sobscprito por Fernam de Pina Em oito folhas." (Documento histórico de alta transcendência para Loriga, reproduzido na integra, respeitando o português arcaico) Uma das páginas do foral novo dado à vila de Loriga por D.Manuel I Infelizmente,Loriga deixou de ser Sede de Concelho, em 28 de Outubro de 1855, passando a partir dessa data a fazer parte do actual Concelho. Acta escrita no "Arquivo Municipal" ...........Extintos Concelhos..... - 10 - Extinto Concelho de Loriga-Pasta n.1 -Livro n.2 - Folhas 193 e seguintes: Livro das Sessões da Câmara de Loriga.... No ano de 1832, existiam nada menos de 796 concelhos no reino de Portugal. Por volta de 1855, com a alteração orgânica do país, foi pensado acabar com alguns concelhos e até condados. Por decreto-lei do ministro Passos Manuel, viriam a ser extintos, de uma só vez 455 municípios, onde foi incluído o de Loriga. O reino, passou então a ter 341 concelhos que foram progressivamente diminuindo. E, no ano de 1878, o país estava dividido em 17 Distritos e 299 concelhos, no Continente e ilhas, dos quais 263 eram no Continente. * Nota:- Baseados em relatos e registos da época, sabemos que a extinção do concelho de Loriga, não se deveu só ao facto da alteração orgânica do país. Loriga que era sede de concelho desde o século XII, pagou caro o apoio dado aos "absolutistas" contra os "liberais". Numa época em que a consciência democrática era inexistente, havia retaliações para quem tinha ideias diferentes das de quem detinha o poder. Por isso, sabe-se que a extinção do Concelho de Loriga, teve a ver com vingança politica e interesses expansionistas de quem beneficiou com o facto,e não com motivos admistrativos, por isso tal facto foi uma verdadeira injustiça que os Loricenses nunca esqueceram. Relatos curiosos - Vila de Loriga - Ano 1758 * **** Resposta do vigário de Loriga ao interrogatório de 1758 (A.N.T.T.- MEMÒRIAS PAROQUIAIS, Vol.21, m. 124, fl. 1147-1153) **** Loriga C.Guarda BC REV.º SR. DR. PROVISOR Satisfazendo ao cumprimento desta ordem, pelos interrogatórios expedidos, de tudo o que consta ser esta freguesia e todo o seu termo, declarando tudo pelo miúdo, na verdade e inteiramente do que é chamado tema se dizer o seguinte: 1 - Que esta freguesia da Vila de Loriga é de Província da Beira e do Bispado de Coimbra, comarca da cidade da Guarda, termo desta mesma Vila. 2 - Esta Vila é, e sempre foi de sua Real Magestade. 3 - Consta esta Freguesia ter cento e outenta e quatro vizinhos e número de pessoas seiscentas e outenta. 4 - Está situada esta Vila em o meio de sete cabeços: três para parte de nascente, chamados um a perna de um homem pintada ou esculpida em uma fraga do mesmo cabeço; outro chamado a penha do gato, tem este nome por se achar nele algum dia a figura de um gato esculpida; outro chamado a fermosa, não consta de onde tomou este nome. Tem dois para a parte do poente, um chamado a penha de águia e outro o cabeço do castelo, tomou este nome do tempo dos mouros ainda hoje conserva nele vestígios dos alicerces dos muros; tem outros dois, um para a parte do norte chamado o cabeço de São Bento por nele se achar uma imagem do glorioso São Bento; outro da parte sul chamado a pedra incavalada, por ter uma grande pedra atravessada no cimo do dito cabeço; e desta Vila ao cimo de todos estes cabeços dista meia légua e da vila não se descobre povoado. 5 - Tem esta Vila termo seu, compreende somente o Casal da Cabeça, consta dezasseis vizinhos. 6 - A Paróquia está situada no meio da Vila. Tem a freguesia o dito lugar da Cabeça e o Casal do Fontão, obrigados a esta freguesia; consta este Casal de seis vizinhos e pertence ao termo de Alvoco da Serra. 7 - O Orago desta freguesia é a Senhora Santa Maria Maior. A Igreja tem cinco altares: um de S. Bento, outro de Santa Luzia, outro de Nossa Senhora do Rosário e outro das Almas, tem uma só nave e não tem irmandade alguma. 8 - O Pároco é vigário, é da apresentação de Sua Real Magestade, tem quarente mil reis de côngrua e meio de vinho para as missas. 9 - Não tem beneficiados, porém apresenta o curato da Vila de Alvoco da Serra, que dista uma légua desta Matriz. 10 - Não tem conventos. 11 - Não tem hospital. 12 - Não tem misericórdia. 13 - Tem cinco ermidas; duas na Vila, uma de Santo António, ao cimo da Vila, outra de S. Gens a um lado da Vila, outra de S. Sebastião, duzentos passos distante da Vila no caminho que vai para a Vila de Valezim, tem outra no Casal da Cabeça com a imagem do Glorioso São Romão e outra no Casal do Fontão com uma imagem do glorioso Santo António; todas pertencem ao povo. 14 - Não acodem a estas ermidas romeiros em tempo algum do ano. 15 - Os frutos da terra que os moradores recolhem são centeio e castanhas, porém não é suficiente para se sustentarem os moradores da terra. 16 - Tem esta Vila Juiz Ordinário, vereadores, almotacém e procurador, e oficial escrivão, o qual se acha pago de escrivão proprietário; estas justiças não sujeitas, digo não estão sujeitas a outras justiças de outra terra, excepto a Sua Magestade. 17 - Não é couto, nem cabeça de outro concelho, honra ou beetria. 18 - Não consta que desta Vila saíssem homens insignes por virtudes, nem letras; só consta que o grande Viriato, insigne nas armas, nascera em esta terra, porém não há memória disto mais do que falar o dando por seguido que ele nascera em estas terras ou serras. 19 - Nesta Vila não há feira alguma. 20 - Também não tem correio. 21 - Dista esta Vila da cidade de Coimbra catorze léguas e da de Lisboa quarenta e quatro. 22 - Não tem esta terra previlégios, antiguidades, nem outras cousas dignas de memória. - 11 - 23 - Não há nesta freguesia lagoas, sim partem como termo, de que dão conta o prior de S. Romão e o Vigário de Seia por serem do seu distrito. Há uma fonte chamada dos pérus? de qualidade tão fria que não pode consentir uma mão dentro dela por espaço de cinco minutos. 24 - Não tem esta freguesia porto do mar. 25 - Não tem muros, nem precisa deles, porque ainda que venha todo o poder das armas do mundo não derriba os setes cabeços. 26 - Padeceu ruína a Capela Mor desta Igreja em sua abóboda e paredes de tal sorte que não conserva o Santíssimo Sacramento nem imagens algumas na dita Capela, pelo evidentíssimo perigo que o restante se está vendo em cair a dita capela de que já dei duas contas à Mesa da Consciência e tenho certeza de que foram entregues, porém até ao presente se não passou provisão para se repararem as ditas ruínas, como também o retábulo da dita Capela que se acha todo desbaratado e a casa da residência toda especada para a parte da rua, que já lhe caiu numa grande parede por causa das ruínas que causou o grande terramoto do primeiro de Novembro de mil setecentos e cinquenta e cinco: e mais algumas casas desta freguesia; as ruínas da Igreja e casas da residência, é obrigado a mandar reparar o Excelentíssimo Senhor Monteiro-Mor deste Reino, como Comendador que de presente é desta Igreja. 27 - Não há mais de que se faça memória que aqui possa dizer a estes interrogatórios. Notícia da Serra deste termo e freguesia 1 - Chama-se esta Serra o Malhão da Estrela. 2 - Tem esta serra duas léguas de comprimento e uma de Largura. Principia à fonte dos pérus? e acaba na Vila da Covilhã. 3 - O principal braço desta Serra um sitio onde estão duas fragas muito eminentes chamados os Cântaros. 4 - Desta Serra nasce uma Ribeira chamada Ribeira dos Covelos, a qual vem por entre fragas uma légua, passa junto desta Vila, esta de verão enche à tarde com muito ........................ por respeito da muita neve que na mesma Serra se derrete, que em sitios se não acaba de derreter em todo o verão. Corre esta de nascente para poente, mete-se na Ribeira d´Alva na Vila da Vide. Esta Ribeira não tem navegação. 5 - Esta Serra não tem lugares nem povoações. 6 - Não há mais fontes notáveis neste distrito do que o que acima foi nomeado. 7 - Não consta haver nesta Serra minas de metais e menos canteiros de pedras ou de outros materiais de estimação. 8 - Esta Serra tem plantas de Zimbro que dá suas bagas estimáveis para flatos e outras curas medicinais; também nela nasce uma erva chamada argensana muito aprovada para dores especialmente para mulheres; esta se cria sem cultura alguma, entre fragas muito despinhadas; tem bastantes pastos para gados porém é infrutífera ainda que se cultive. 9 - Nesta serra não há mosteiros nem Igrejas e menos Imagens milagrosas. 10 - O seu temperamento é muito frio, porque nela se não pode estar quedo por maior calor que faça. Nem qualidade ..................... alguma e só nela vão pastar gados miúdos de Agosto até Setembro. 11 - Não há nela criações de gados nem outros animais. 12 - Não tem alagoas neste nosso termo porque elas pertencem a outros termos. 13 - Não sei que estas Serra tenha cousas mais dignas de memória; somente o avistar-se dela as praias do mar. Relação dos Ribeiros desta Terra 1 - Tem esta Freguesia duas Ribeiras que passam junto à Vila em distância de trinta passos: uma delas é a que acima referi chamada dos Covelos nasce no Malhão da estrela e finaliza na Vila da Vide distancia de três léguas do seu nascimento; a outra chamada Ribeira de S. Bento, principia no mesmo cabeço de S. Bento, e finaliza ao fundo desta Vila meia légua de distância do seu nascimento, encorpora-se com a dos Covelos. 2 - Nascem logo com bastantes águas e correm todo o ano. 3 - Não se metem Rios nem Ribeiros em estas duas que tenho dito. 4 - Não admitem navegação alguma. 5 - São estas duas Ribeiras muito arrebatadas em seu curso desde o nascente até ao fim delas. 6 - Correm ambas do nascente para o poente. 7 - A Ribeira dos Covelos cria algumas trutas desde esta Vila até à Vila da Vide; tem uns poços aonde chamam o Castelejo aonde os pescadores se não animam a fundar? Por serem muito perigosos pela altura colhenças? que tem e ser a água demasidamente fria e neles se tem afogado vários pescadores. 8 - Nesta Ribeira não há pescarias nem se podem fazer; somente em o mês de Setembro, indo cálido se costumam lançar algumas redes. 9 - Estas pescarias destas Ribeiras são livres em toda ela. 10 - Esta Ribeira não tem margens que se possam cultivar, tem algumas árvores de medronheiros e também alguns castanheiros. 11 - Não tem virtudes as águas desta Ribeira mais do que serem frias demasiadamente. 12 - Estas Ribeiras sempre conservaram os seus nomes e conservam de presente. 13 - Já acima disse que estas Ribeiras se metem na Ribeira d´Alva e esta no Mondego e o Mondego na Figueira e da Figueira vai para o mar. 14 - Não tem cachoeira, repressa nem açude, somente algumas levadas para moinhos. 15 - Tem a Ribeira do Covelos uma ponte de cantaria e três de pau; uma onde chamam a canada, outra aonde chamam os pisões velhos e outra ao passar para o Casal da Cabeça e a de cantaria está no caminho que vai para a Vila de Alvoco da Serra. A Ribeira de S. Bento também tem três pontes de pau: uma chamada dos pisões novos, outra aonde chamam o porto, no caminho que vem de Valezim para esta Vila e a outra aonde chamam a ponte do pez. 16 - Esta Terra e Ribeiras tem doze moinhos e três pisões, não há lagares nem noras nem outra casta de engenhos alguns. 17 - Não consta que em tempo algum se tirasse ouro nem casta alguma de metais em as ditas - 12 - Ribeiras. 18 - Esta Vila e os moradores dela usam livremente das águas destes Ribeiros para alguma hortinha que têm ou algum grão de milho mas é muito pouco porque não têm terra para produzir por serem fragas. 19 - Já acima disse que estas Ribeiras distam três léguas de onde nascem aonde finalizam; passam juntas a esta Vila, uma da parte do Norte e outra da parte do Sul em distância de trinta passos e ambas juntas passam ao pé do Casal da Cabeça e também ao pé da Vila da Vide, onde se mete na Ribeira d´Alva. 20 - Não sei cousas mais notáveis com que melhor possa descrever a planta desta terra, rios dela e os cabeços desta Fico m.tº. pronto para dar a execussão às ordens de Ex.mo e de Sua Real Magestade Fidelíssima. Loriga 1 de Abril de 1758 Deb.mª. Sub , gª. M.to Ob.diente O Vigário João Roiz Ribeiro *Este apontamento curioso do Vigário Roíz Ribeiro,ao mesmo tempo que aponta alguma realidade, demonstra também muita ignorância deste sacerdote,em relação à Vila de Loriga e à Serra da Estrela. A sua descrição de Loriga e da serra,incluíndo características,termos,nomes,situação,etc,deixam muito a desejar,e tudo isso coroado com aquela afirmação de que da Serra da Estrela se avistam as praias do mar! Igreja Matriz de Loriga (sec.XIII,reconstruída) Loriga,vila industrial Desde o tempo dos Celtas e dos Lusitanos que os naturais desta localidade milenar se dedicavam, até pela necessidade óbvia,a confeccionar as roupas a partir da lã que retiravam das suas ovelhas. Mas no século XVI,essa actividade doméstica e artesanal próprias da época,já não se destinava exclusivamente para uso próprio,e destinava-se também a abastecer toda a Região de Loriga e Município Loricense. Com a chamada revolução industrial,esta actividade artesanal transformu-se,a partir do início do século XIX,numa indústria florescente.Tempos houve em que na Beira Interior só a Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas,e a actual sede de concelho só ultrapassou Loriga já nos anos cinquenta do século XX. Até a chegada da energia eléctrica a Loriga,facto que ocorreu em 1909,as fábricas eram movidas através de grandes rodas hidráulicas movimentadas pelas abundantes àguas das ribeiras.O movimento era transmitido a tambores e correias que por sua vêz faziam movimentar os teares, bobinadoras,e outras máquinas. Fábrica do Regato (século XIX),um dos ícones da duas vêzes centenária indústria Loricense. Nomes dos muitos locais de Loriga Olhando a região de Loriga e tudo que há em seu redor, é de realçar o facto de não haver um simples local que não tenha o respectivo nome. Uns oficialmente registados, outros popularmente assim chamados, não resta a menor dúvida que, muitos desses locais, já eram mencionados nos primeiros escritos conhecidos sobre esta localidade, pelos nomes como hoje são assim chamados. Poderá haver algum lapso de escrita, uma vez que alguns nomes nunca foram registados, mas sim apenas chamados verbalmente e transmitidos através das gerações. Assim, aqui se registam os nomes dos muitos locais da região de Loriga. O registo de muitos - 13 - destes nomes aqui descritos, devem-se também a transmissão verbal "Açude; Alcaidas; Alqueves; Avenal; Azeiral; Batista; Bicarões; Baldio das Cascalheira; Barrancos; Barreiras de Coimbra; Barroca; Barroca do Ferreiro; Barroco; Biqueirões; Bouqueira; Breijoeiras; Brejos; Buraca do Teixeiro; Cabecinha; Cabecitos; Cabeço; Cabeço do Ratinho; Cabris; Cagoiças; Calçadas; Calhão; Campa; Canada; Canada do Alqueves; Canada; Carreiro de Àlvaro; Canada das Montezinhas; Casa dos Ingleses; Casa do Velhos; Cascalheira; Casinhas; Chão da Ribeira; Chão das Fontes; Chão das Relvas; Chão do Soito; Chão dos Dornes; Cide; Coiço do Barbas; Coiço do Botelho; Combaro do Meio; Combro do Mouro; Cortiçor; Corrisqueira; Coroa de Nossa Senhora; Costeiras; Covão da Ladeira; Duas Pontes; Eira do Alavão; Encerta; Encosta; Enxertada; Estuvaínha; Escorial; Falgareira; Feiteira; Feital do Coelho; Feiteira; Fontainhas; Fonte dos Amores; Fontes Covilhas; Fonte da Prata; Fonte dos Carreiros; Fonte Lasquinha; Fonte Longa; Fonte do Sabugeiro; Fonte dos Pais; Fonte do Perús; Fonte do Sapo; Fonte Sagrada; Fonte do Vale; Forcada; Foro; Fraga dos Almoços; Garganta; Giraldo; Januários; Ladeira; Lages; Lamas; Lameiro Lameais; Lameiro da Barroca; Lameiro da Redondinha; Lameiro do Regato; Lapa da Azinheira; Leirão; Lombo Torno; Luzianos; Malhapão; Malhapão da Cabeça; Malhada Chão do Lombo; Malhada do Fontão; Malhada Cimeira; Malhada da Dona Maria; Malhada da Carneira; Malhada Cimeira; Malhada do Corujo; Malhada do Boi; Malhada da Farrancha; Malhada Formosa; Malhada do Poio; Malhada de São Bento; Malhadinha do Grilo; Mestre Brava; Meia Légua; Mingudis; Moenda; Montesinhas; Mourinhos; Outeiro; Outeiro da Borralha; Outeiro da Barroca; Pedrouco; Peliteiros; Penedas; Penedo de Alvoco; Penha da Águia; Penha dos Abutres; Penha do Gato; Pêro Negro; Perovelho; Pisão; Pisão do Barroel; Poio Mateus; Pomar; Ponte Nova; Portela de São Bento; Portela do Arão; Portinho Cego; Porvelho; Presa; Pousinhos; Pousinhos da Ladeira; Quinta da Sónia; Quinta da Sónia; Regada; Resteves; Ribeiro da Cerejeira; Ribeiro da Ponte; Ribeiro do Cabrum; Rodeio Velho; Romeniscais; Rosmaninheira; Safra dos Reis; Sanjoanas; São Bartolomeu; São Bento; São Sebastião; Seabra; Seixinho; Senhora da Guia; Senhora da Guia Nova; Serapitel; Servoeira; Somora; Surgaçal; Taliscas; Tapada do Ameal; Tapada do Fontão; Tapada do Militar; Tapado; Tapada dos Piscos; Tapada Sanjoanas; Tapadões; Teixeiro; Torno; Tresposta; Uchas; Urgueiral; Valado; Vale D.Pedro; Vale da Barroca; Vale da Merenda; Vale dos Alhós; Vale da Barroca; Vale das Videiras; Verdial; Veredas; Vista Alegre". Poema a Loriga * "Minha Terra Natal" No ventre da montanha nasceste, e te puseram o nome de Lorica. Dos Celtas e dos Lusitanos foste baluarte. De Viriato foste berço. Quantos anos tens?... Como nasceste?.. Como cresceste?.. A tua idade se perde na noite dos tempos, e até o teu nome é milenar. No rasto da tua história de séculos, deixaste marcas de um honroso passado, ainda hoje bem visíveis no teu burgo. E quis a mãe natura emoldurar-te, num quadro de fascínio e beleza, tão real, que és uma festa para a vista. Maravilha do Portugal desconhecido, ainda hoje esperas que te lancem, nos caminhos de um promissor futuro. Vila industrial desde o início do século dezanove, e os socalcos,falam do génio dos Loricenses. Tu és montanha, granito, ravina, fraguedo, cascata, ribeira, socalco, encosta, agreste, com odor a rosmaninho, urze, giesta, alecrim. No Verão és terna, fagueira, atraente, hospitaleira, luz e cor, com cheiro a verde pinho. E de espectaculares pores do Sol. Na amenidade do Estio, ouve-se o canto dos grilos e cigarras e o doce rumor das tuas águas deslizantes rumo ao mar, e dos trinados das aves que cantam. Mas no Inverno, também és, tempestade, torrente, nuvem, relâmpago, trovão, raio, corisco, chuva, granizo, neve, gelo e frio intenso. E continuarás crescendo dentro do espaço, que a lei natureza te impôs por limite, cabendo às vindoiras gerações que te esperam, a preservação da tua imagem física, continuada através dos tempos sem fim. * Um Loricense -1- Alguns detalhes da história de Loriga Inventário dos Bens da Igreja de Loriga (1912) Com a chamada lei da "Separação" decretada pelo Ministro da justiça Dr. Afonso da Costa em 24 de Abril de 1911, do então Governo Provisório, começava assim um novo capítulo da Igreja Católica em Portugal, lei esta que determinava a separação do Estado da Igreja. Esta nova lei veio acentuar ainda mais uma certa desconfiança que se vinha já verificando algum tempo nos meios do clero em Portugal, por isso um pouco por todas as igrejas portuguesas foram aparecendo algumas ondas de protestos e de oposição. É evidente que a situação no país nessa altura era muito conturbada, com a queda da monarquia e implantação da República, sob efeitos do Governo Provisório, fazia pairar uma certa instabilidade a todos os níveis. As sistemáticas transformações que iam acontecendo, veio a culminar numa certa perseguição à Igreja e aos seus Ministros de Deus, durante alguns anos e que foram de triste memória para Portugal. Em 1912 era pároco de Loriga o Sr. Padre Lages, sendo bem conhecida a sua enérgica posição contra o referido decreto, tendo até elaborado um protesto escrito quando se procedeu em Loriga ao inventário dos bens da paróquia. Pelo valor que representa vamos recuar a esses tempos, já há muito distantes e transcrever na integra a acta respeitante a esse acto do Inventário dos bens da Igreja Paroquial de Loriga. Arrolamento e inventário dos bens que se destinavam ao culto da Religião católica na freguesia de Loriga "Aos quinze dias do mês de Janeiro de mil novecentes e dose neste logar e freguesia de Loriga, compareceu o Excelentissimo Bacharel António Borges Pires, Presidente da Camara Municipal, servindo de Administrador deste concelho e Presidente da comissão Concelhia do Eventário, comigo Amandio Rodrigues Frade, aspirante de Finanças deste concelho, servindo de secretário da mesma Comissão, legalmente nomeado pelo respectivo secretário de Finanças e o cidadão António Cabral, casado proprietário na qualidade de vogal da Junta da Paróquia desta freguesia e indicado pela Camara Municipal para fazer parte da referida Comissão, a fim de se proceder ao arrolamento de todos os bens que teem sido destinados ao culto publico da Religião Católica desta freguesia nos termos e para o efeito da lei da separação da Igreja do Estado, de vinte de Abril de mil novecentos e onse. Pelo dito Presidente foi ornado o arrolamento de todos os bens existentes, a principiar pelos da igreja Matriz da freguesia. Nesta altura pelo pároco encomendado da freguesia o cidadão António Mendes Cabral Lages, que se achava presente foi declarado que desejava protestar contra o acto que se ia praticar, apresentando o seu protesto por escrito. Pelo mesmo Presidente foi ordenado que o mesmo protesto fosse junto a este auto para os devidos efeitos, prosseguindo-se ao arrolamento e verificando-se que os bens constam do seguinte: - Um edificio destinado à Igreja Matriz, da freguesia, com a sua sacristia terrea, torre com dois sinos desiguais, uma sineta sem badalo, um relógio de pendulo e pesos, tendo também côro e pulpito pia batismal quatro pias de àgua benta tudo feito de pedra vulgar e dois confessionarios de madeira de castanho. É composto de cinco altares denominados: Altar-mór com tribuna dois nichos lateraes tendo cada um sua imagem chamadas S.Domingos e S.Bento, e alem disso um crucifixo com a competente banqueta composta de seis castiçaes de madeira. Neste altar está situado o Sacrario contendo a "Pixede" ou Vaso Sacramental.- Um altar lateral com as Imagens de Santa Luzia, S.Nicolau e Santo Estevao, todas de pedra tendo tambem um Crucifixo e quatro castiçaes de madeira.- Outro altar lateral com as Imagens do Sagrado Coração de Jesus e Menino Jesus, em madeira, tendo um Cruxifixo e quatro catiçaes de madeira.- Outro altar com a Imagem da Senhora do Calvario e São João, de madeira tendo tambem um Crucifixo e dois castiçaes de madeira.- Outro altar com a Imagem da Senhora do Rosário, em madeira, com Crucifixo e dois castiçaes de madeira.- Na casa que serve de Sacristia existe uma comoda com dois gavetões, nos quaes estão os seguintes objectos: dois paramentos brancos de damasco, dois ditos vermelhos do mesmo tecido; um dito roxo idem; um preto idem; um pontifical roxo idem; uma umbela idem; dois missaes com suas estantes; um thuribulo de metal branco; dois calices: um de metal amarelo e outro com a base de estanho e a copa de prata; uma Cruz procissional de estanho; uma caldeirinha de estanho para agua benta; trez campainhas de cobre e duas lampadas de metal amarelo e um par de galhetas de vidro. Um palio de damasco preto; quatro lanternas de folha de flandes; Na Sacristia existe mais uma Imagem do Senhor da Almas com a competente cruz de madeira e uma Custodia de metal amarelo. Trez "Ambulas" de estanho. Todos os altares ja mencionados são construidos de castanho com obras de "talha". Em seguida passou-se ao arrolamento das duas Capelas edificadas nesta povoação e conhecidas pela denominação de -Capela da Senhora da Guia, á entrada da povoação na qual se acha levantado um Altar de madeira de pinho com a Imagem da Santa que dá o nome á Capela, tendo um crucifixo e dois catiçaes de estanho, existindo nela dois paramentos de damasco e uma lampada de metal amarelo.- Capela de São Sebastião edificada tambem á entrada da povoação, tendo um altar de madeira de castanho, com a Imagem do Santo que lhe dá o nome, na qual está um Crucifixo com dois castiçaes de metal amarelo. Na povoação, ha mais duas capelas por concluir sendo uma no sitio de S.Genez composta de paredes com o telhado e outra sita á Carreira, tendo somente as paredes construidas. Seguidamente procedeu-se ao arrolamento e inventário das Capelas existentes nos logares anexos a esta freguesia e que apenas é:- Uma erecta na povoação do Fontão sob a invocação de Santo António tendo um altar com a Imagem do mesmo Santo em madeira um Crucifixo e dois castiçaes de madeira um paramento de damasco branco e um missal. Todos os bens que em cima ficam descritos foram confiados nos termos do artigo cento e seis da citada lei á guarda e conservação da Junta de Paroquia desta freguesia. E não havendo mais nada a mencionar se lavrou para os devidos efeitos este auto em duplicado que vai ser assinado pelo presidente e pelo vogal depois de lido em voz alta por mim secretário que o escrevi. (aa) António Borges Pires, António Cabral, Amandio Rodrigues Frade. ------------------------------------------------------------Nota:- Este registo foi transcrito conforme se escrevia na época, por isso, aqui se manteve essa sua originalidade. A história do cinema em Loriga Foi António Pinto Ascensão, o pioneiro da exibição de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes aos jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos. Foi de facto, na época, uma lufada de cultura pois a maioria da população, principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte. Em 1953, António Pinto Ascensão, então a trabalhar numa das fábricas de lanifícios, teve a ideia de iniciar a exibição de filmes em Loriga, tendo convidado como sócio Manuel Matias, também este trabalhador fabril. Assim, adquiriram à Philips uma máquina de projecção (máquina portátil com lâmpada de projecção de mil Volts, colocada em tripé) e ainda uma instalação de som. António Pinto Ascensão chegou mesmo a efectuar um estágio, para aprender a trabalhar com aquele equipamento. Algum tempo depois, Manuel Matias desistiu da sociedade, tendo sido substituído por António Mendes Ascensão, (mais conhecido por António "Alentejano"), tendo então sido criada a empresa "Cine-Ascensão", que se manteve em actividade até 1963. -2- Chegava a haver três sessões por semana, normalmente à Sexta-Feira e Domingo à noite e, neste dia, havia ainda matiné. Aos Sábados as sessões eram realizadas em algumas localidades da região, nomeadamente, Santa Comba Dão, Unhais da Serra, São Romão, Lagares da Beira, onde tinham casas próprias para espectadores, por isso contractos de exibições regulares de filmes. Em Seia a empresa "Cine-Ascensão tinha uma Sala alugada, onde regularmente também exibiam filmes. Haviam ainda outras localidades onde se deslocavam várias vezes, nalgumas a pedido das populações, onde não havendo casas próprias, a exibição realizava-se ao ar livre. Chegaram também a fazer algumas deslocações pela Beira Baixa e Alentejo. Assistência numa Sala de cinema Ao principio, as deslocações eram feitas em carro alugado ao "Zé Vicente". Mais tarde, em 1955 a empresa "Cine-Ascensão" comprou uma carrinha Austin A-40, que passou a ser conduzida pelo senhor António Pinto Ascensão, que entretanto, tinha tirado a carta de condução. As bobines dos filmes eram alugadas a uma distribuidora, que as fazia chegar a Loriga na camioneta da carreira, juntamente com os cartazes promocionais dos filmes a exibir, que eram colocados nas janelas do café do "Zé Maria" ou nas montras do café do "Carlos Pina", situados na "Praça", na altura, o local central de Loriga. As sessões do cinema em Loriga, decorriam no Salão Paroquial, mais conhecido por (Residência), que a empresa "Cine-Ascensão" alugava e pelo qual pagava 20% da receita líquida ao senhor Padre Prata. As sessões realizadas em Loriga tinham uma assistência na ordem de mais de uma centena de pessoas, esgotando, na maioria das vezes, a capacidade do Salão. Entretanto, a empresa mandou fazer uma bancada de cadeiras articuladas, que depois iam descontando nas percentagens a pagar ao senhor Padre Prata, ficando assim o Salão Paroquial apetrechado com este mobiliário classificado em duas categorias de lugares: cadeiras e geral, estas de bancos compridos. Em 1963 a empresa "Cine-Ascensão" foi extinta, tendo sido vendido todo o material e respectiva exploração a um senhor de Santa Comba Dão, por 40 contos, Quando da extinção da empresa, "Cine-Ascensão" passou a ser um senhor de Unhais da Serra, chamado Alfredo, a exibir os filmes em Loriga, principalmente aos fins de semana, este senhor era já colaborador da empresa quando ali iam realizar as sessões de cinema. Mais tarde, passou a ser efectuada por um outro senhor também de Unhais da Serra, que passou a ser mais conhecido por "Fernando de Unhais". Depois de este deixar de deslocar-se a Loriga, foi extinto por completo as sessões de cinema nesta vila. Como curiosidade, os ajudantes de ambos estes senhores de Unhais da Serra, passaram a namorar com duas moças de Loriga com quem vieram a casar. Com os tempos, o designado cinema ambulante caiu em desuso, não só pelo aparecimento de novas tecnologias, mas também porque, por causa desses homens que percorriam o país com a sua "lanterna mágica" muitas pessoas entusiasmaram-se e começaram a criar salas para exibição. Ficam, no entanto, para a história os tempos do cinema em Loriga, guardado para sempre na memórias de muitos. Nota complementar Quando do negócio entre o comprador de Santa Comba Dão e a empresa "Cine-Ascensão" o valor foi fixado, como se disse, em 40 contos. Como na altura o comprador não tinha o dinheiro disponível deu, como penhora, uma propriedade situada em Santa Comba Dão. Tempos depois, como o valor contratual não foi pago, a referida propriedade foi em praça. Apesar de haver alguns interessados, as ofertas não chegavam ao valor dos 40 contos, o que obrigou os sócios da empresa "Cine-Ascensão" a arrematar a dita propriedade por esse valor. Entretanto, tendo reparado que na assistência havia alguém que tinha mostrado mais interesse, nomeadamente com mais ofertas, no final dialogaram com o mesmo, conseguindo desta feita negociar a propriedade pelos valor dos 40 contos salvaguardando, assim desta maneira, o negócio da empresa "Cine-Ascensão". A História da Farmácia em Loriga A actual Farmácia Popular de Loriga, tem sido, há muitas décadas, o único estabelecimento deste género em Loriga, que ficou registado para história como sendo uma sucessão de outras farmácias em tempos já distantes. Na última década do século XIX, a Vila de Loriga despertava para um novo desenvolvimento industrial. A evolução populacional era também um facto, assim como era notório um crescimento comercial. Por isso, é no ano de 1893 que vamos encontrar os primeiros registos da existência de uma farmácia em Loriga, apesar de muitos a considerarem não oficial. A primeira farmácia, ou seja o primeiro farmacêutico em Loriga, foi o Senhor Herculano Rodrigues de Gouveia e Silva que esteve em Loriga desde 1893 até 1919 ou 1920. A partir de 1925, a farmácia teve um Senhor de apelido Rocha que se manteve nesta localidade até 1930, altura em que casando com uma senhora do Paul para ali se transferiu bem como a farmácia. Com a transferência desta farmácia e, como era de grande necessidade tão importante estabelecimento em Loriga, a firma industrial Leitão & Irmão comprou no Fundão as estantes e medicamentos da farmácia Barata e contratou o farmacêutico Luiz Magalhães Lemos Mesquita, para estar à frente da mesma. -3- Este senhor casado com a actriz Cremilda d`Oliveira de quem estava separado, ficou hospedado na pensão Lemos, sendo pessoa de uma invulgar honestidade e de poucas palavras, por pouco tempo se manteve em Loriga, supondo-se que a sua partida se devesse a divergências com o médico local. Por volta do ano de 1930, vivia-se em Loriga um clima de instabilidade social, que dividiu os loricenses. O relacionamento entre um sector da população e o controverso médico Dr. António Gomes, em funções facultativas municipais nesta terra, não era o melhor, originando mesmo uma certas guerrilhas, que fez correr muita tinta nos meios da comunicação social da região, e que veio, por esse motivo, afectar o pleno funcionamento do comércio farmacêutico. Por isso o negócio era pouco rentável, porque entretanto era possível adquirir os medicamentos noutro estabelecimento comercial sem ser a farmácia. Tendo o farmacêutico Marrazes contraído tuberculose, partiu para a sua terra natal onde veio a morrer. Actuais instalações na Rua Sacadura Cabral,onde antes existia o Café Neve Sucedeu-lhe outro farmacêutico o Senhor Zagalo Ilharco, que não estando na disposição de se calar ao que se estava a passar, veio a descobrir a existência de uma sociedade, entre o médico local e o referido estabelecimento comercial, que mandavam vir de Lisboa todos os medicamentos, que depois o médico passava aos seus doentes evitando assim de serem comprados na farmácia. A Junta de Freguesia e a Sociedade Propaganda e Defesa de Loriga, reuniram-se para resolver todas as divergências existentes, sendo nomeado uma comissão composta pelo Presidente da Junta, António Cabral Leitão, Presidente da S.P.D.de Loriga, José de Brito Crisóstomo e o Presidente da Associação Católica de Operários, Padre António M.Cabral Lages. Todas as divergências viriam a terminar, porque entretanto o médico em questão deixou a Vila de Loriga. A Farmácia em Loriga, continuou durante anos a pertencer à firma Leitão & Irmão e, mais tarde, veio a ser adquirida por compra, pela Dra. Amália Brito Pina, que foi sua proprietária durante mais de cinco décadas, passando a ter o nome de Farmácia Popular de Loriga. Em 30 de Junho de 1999, deixou de pertencer à Dra. Amália Brito Pina, sendo cedida e ser gerida em sociedade, passando a ser Farmácia Popular de Loriga, Lda., com a direcção técnica da Senhora Dra. Paula Alexandra C. Rodrigues. No ano de 2005, a Farmácia Popular de Loriga deixou de ser na Rua do Santo Cristo, onde durante décadas esteve sediada, passando para a Rua Sacadura Cabral, antigo Café de muitas recordações para os loricenses. Casa Fúnebre de Loriga Tempos houve, mais concretamente na década de 60, em que eram muitas as vozes que se faziam ouvir, no sentido de Loriga passar a dispor de um espaço público (Casa Fúnebre) a favor da comunidade, onde as pessoas pudessem velar os seus defuntos. A casa da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas, situada num local central de Loriga (Adro da igreja) era desde logo à partida o espaço ideal, onde as instalações eram adequadas para ser instalada a Casa Fúnebre. No entanto, eram também muitas as vozes discordantes, convencidos de que isso não fazia sentido. E na época, alterar comportamentos, hábitos e preconceitos, tornava-se muito complicado. Por isso mesmo, as pessoas de família não aceitavam de maneira alguma, velar os seus ente queridos, noutro local, que não fosse nas suas próprias casas. A dada altura, a casa da Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga, chegou mesmo a receber algumas remodelações, passando a dispor de um espaço pronto para essa finalidade, no entanto, tardava na sua utilização. Casa Fúnebre de Loriga -4- Em meados da década de 70, faleceu em Lisboa, António Lopes Macedo, e o funeral realizou-se para Loriga, sua terra natal. A família, desde logo, fez questão que o seu corpo fosse colocado naquele remodelado espaço para ser velado, tornando-se assim, o primeiro defunto a utilizar a Casa Fúnebre de Loriga. A partir de então a utilização deste espaço começou aos poucos a ser um facto, não tardando pois a começar a existir um consenso generalizado, de que, uma Casa Fúnebre em Loriga era necessária e de importância vital para o velório dos defuntos. ** ** " O Bairro" Construído no local conhecido por Vista Alegre, a este bairro foi dado o nome do mentor do projecto, Engenheiro Saraiva e Sousa. No entanto, ao longos dos anos eram poucos aqueles que o assim chamavam pois, popularmente, era apenas referenciado por "Bairro". Após a segunda guerra mundial que tinha assolado a Europa, deu-se o despertar para uma nova vida e um novo progresso, e fez-se sentir o desenvolvimento e evolução de certas actividades, nomeadamente a actividade industrial, a que Loriga não ficou alheia. Por este facto, o aglomerado populacional desta localidade que, por volta de 1946, se cifrava já em cerca de 3.000 pessoas, debatia-se, desde há muito, com grandes problemas de habitação. Não é exagero dizer-se que muitas das casas existentes em Loriga, eram tristes tugúrios sem ar e luz onde se abrigavam famílias numerosas onde, por vezes, a par de uma promiscuidade e uma vida moral menos sã, desfalece toda a existência da geração pagando por vezes pesado tributo a doenças altamente contagiosas. Foi, pois, com alegria, que por volta de 1946 a população recebeu a boa nova da construção de um bairro económico em Loriga, cuja construção era comparticipada pelo Estrado, e para o qual foi destinado, desde logo, o local conhecido por Vista Alegre. De imediato foram efectuados os respectivos projectos, não tardando muito a terem inicio as obras. No entanto, bem cedo se veio a verificar o não prosseguimento a bom ritmo das mesmas, perante a passividade e a descrença da população, que viam chegar e partir os operários, pondo em causa a construção do projectado bairro dentro da brevidade de que tanto se falava. Sendo a construção deste bairro da responsabilidade da Câmara Municipal, dois anos mais tarde apenas estavam construídas duas casas, mas não totalmente acabadas, não se encontrando, por vezes, resposta para este impasse, mesmo sabendo-se da dotação para Loriga de centenas de contos destinados para a construção deste bairro económico . Só ao fim de alguns anos, ficaram completas as obras com a total construção das casas deste bairro, que foram então distribuídas aos moradores, na condição de manterem sempre a mesma estética. Ao ser elaborado o projecto do "Bairro", desde logo se notou falta de espírito de equidade e de justiça para a resolução deste problema habitacional em Loriga, que não teve em conta a dimensão da maioria dos agregados famíliares desta localidade, uma vez que o projecto das casas se destinava a um casal com um filho, quando, de facto, a maioria dos casais tinham três, quatro, cinco e mais filhos. Na altura houve até quem fizesse esse reparo e até fossem escritas em jornais regionais, crónicas a esse respeito, que nada adiantou. Mas, do que realmente parece não restarem dúvidas, é que esse projecto merecia melhor estudo, e não foi preciso muito tempo para se vir então a constatar, que o mesmo não satisfazia as necessidades do problema habitacional de Loriga, o que continuava a afligir a população. 1953-Acto solene da Inauguração do Bairro -5- Apesar de tudo, a construção do Bairro tornou Loriga maior e mais rica e, o local onde foi construído era, de facto, do ponto de vista estético, dos locais mais privilegiados e bonitos da vila. Visto de todo o lado, deu também um impulso para o progresso ficando, a partir daí, a ideia de que o futuro da habitação de Loriga, era sair do algomerado das casas e da povoação propriamente dita. Foi inaugurado no ano de 1953, com pompa e circunstâncias, estando presentes membros do governo, autoridades administrativas regionais e locais, para além da população de Loriga, tendo sito atribuído ao Bairro o nome do engenheiro do projecto, que procedeu ao "corte da fita" no acto solene dessa inauguração. Décadas mais tarde e, por fim finalizadas as normas existentes e impostas como bairro económico e social, as casas foram sendo adquiridas pelos seus moradores e também por outros, começando então a notar-se a remodelação das casas e por conseguinte a alteração estética do Bairro, desaparecendo até a placa que ostentava o nome "Bairro Engº. Saraiva e Sousa" , para mais tarde ser colocado uma outra com o nome de "Bairro da Vista Alegre", na realidade o primitivo nome daquele local. ** ** 1960-Nova Escola Primária em Loriga A partir da década de 1940, com apreço era notado um grande aumento populacional de Loriga, o seu movimento demográfico continuava a um ritmo de crescimento cada vez maior, que muito se reflectia quando se começava a sentir as grandes carências desta vila a todos os níveis, principalmente, social e habitacional. Uma das carências era também a nível da educação, cada vez com mais crianças na idade escolar primária as salas existentes eram defacto limitadas, desde sempre as autoridades locais faziam eco dessas necessidades aos organismos competentes. Os Loricenses procuravam a todos os níveis a resolução deste problema escolar em Loriga, e por mais diligências que fizessem, parecia ficar tudo esquecido na gaveta, o mesmo não se via noutras terras da região que viam satisfazendo essa necessidade e de quando em vez se ia ouvindo falar de mais uma escola inaugurada, nomeadamente no concelho e, Loriga ia ficando para trás. Foi pois com bastante alegria que se viu já na década 50, o início das obras para a construção de um edifício Escolar Primário em Loriga, projecto com 8 Salas, que vinha satisfazer em muito esta carência e por conseguinte um melhor ensino. Projecto elaborado pelo Sr. Engº. Saraiva e Sousa, que anos antes tinha sido também ele o autor do projecto da construção do "Bairro" ao qual foi atribuído o seu nome, mas nestes tempos modernos foi dali retirado a lápida onde ostentava o nome, para ser colocada naquele local uma outra com os dizeres de "Bairro da Vista Alegre" primitivo nome daquele lugar. A Vila de Loriga ficou sempre com uma dívida de gratidão para com esta importante personagem, não só por estas obras aqui focadas, como também ter doado uma verba de 3.800 contos para estrada que serve esta localidade e para a qual estavam projectados trabalhos de rectificação e pavimentação. Não obstante o tempo invernoso que se fazia sentir, foi pois com grande entusiasmo e calor patriótico que se realizou a inauguração da Nova Escola Primária em Loriga, no dia 23 de Outubro de 1960, tendo a sessão solene decorrido no edifício escolar com a presença dos Senhores:- Subsecretário das Obras Públicas, Governador Civil da Guarda; Presidente da Câmara Municipal de Seia, Senhor Engº. Chefe dos Edifícios e Monumentos Nacionais da Zona Centro-Coimbra, Adjunto do Director Escolar do Distrito da Guarda e outras entidades civis e religiosas, tendo todas estas personagens sido entusiasticamente recebidas por toda a população, bem como pelas autoridades civis e organismos associativos da vila de Loriga. Usaram da palavra todas estas individualidades, associadas na mesma palavra ao enalteceram a obra que ia ser naquele dia inaugurada, dando assim um grande impulso ao ensino, merecendo Loriga desde à muito este grande melhoramento. O Senhor Subsecretário das Obras Públicas, disse ainda estar emocionado pela recepção carinhosa e patriótica que lhe tinha sido dispensada por todos os Loricenses, que passou a gravar bem no fundo do seu coração. Oraram ainda o Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, António Fernandes Leitão, num discurso longo a todos os títulos notável e oportuno, que encerrou com - Viva a Pátria; Viva o Estado Novo; Viva a Escola. Usou ainda da palavra a D. Alice de Almeida Abreu, na condição de ilustre Directora da Escola Feminina, que era dotada de invulgares predicatos de oradora distinta. Depois da inauguração desta Nova Escola, foi oferecido aos ilustres visitantes um "copo de água" que teve lugar na Sociedade de Recreio e Turismo de Loriga, durante o qual usaram ainda da palavra o Revº. Vigário de Loriga, o Dr. Joaquim R. Leitão e outros, tendo o Secretário da Junta de Freguesia, que mais uma vez a todos saudou, agradecendo a presença de todos na Vila de Loriga, terminando com vivas entusiásticas a Portugal. Já vai longe esse dia em que Loriga se vestiu em Festa na inauguração de um melhoramento pelo qual à muito se debatia, a satisfação era grande entre os Loricenses, passando o ensino a dispor de novas salas com bom ar e luz e melhores comodidades, sendo assim finalmente conseguido um sonho por muitos sonhado e para num maior enriquecimento de Loriga. A Telescola em Loriga O Curso Unificado da Telescola (C.U.T) era um curso do ensino oficial quanto à emissão e do ensino particular quanto à recepção e exploração. O Funcionamento dos postos de recepção e a frequência dos alunos eram idênticos aos do ensino particular em estabelecimento, embora sujeitos a regime especial. O C.U.T destinava-se a alunos que frequentassem postos de recepção especialmente criados para esse efeito. As lições eram organizadas na Telescola em Vila Nova de Gaia e emitidas do Porto, da Radiotelevisão Portuguesa. Em 31 de Dezembro de 1964, o Decreto-Lei Nr. 46.135 cria e regulamenta o Instituto de Meios Audio-Visuais de Ensino. A Portaria Nr. 21.113, de 17 de Fevereiro de 1965, cria o Curso Unificado da Telescola. Perante tão grandes vantagens que oferecia o C.U.T. foi compreensível na época, o interesse despertado, um pouco por todo o país. Criaram-se 500 postos de recepção, inscrevendo-se na Telescola milhares de alunos. Decorria o ano de 1966, em Loriga há muito, que se defendia a legítima aspiração de se fundar um estabelecimento de Ensino Secundário. A população da freguesia, e, sobretudo, a sua relativa importância industrial, justificava tal anseio. Tendo a certeza de que se tratava de uma importante oportunidade, para o ensino em Loriga, foram logo dados os passos necessários para promover esse projecto, nesta localidade. Em Outubro de 1966, concretizou-se essa realidade, com a atribuição do Alvará à Fábrica da Igreja Paroquial de Loriga, que promoveu a criação do posto de recepção e, ao qual, foi atribuído o Nr. 234. Apesar de diversas circunstâncias, muitas famílias compreenderam o vasto alcance da Telescola e, de bom agrado, fizeram o sacrifício de matricularem os seus filhos, tendo logo no início sido matriculados 21 alunos. Foram nomeados monitores, D. Amália de Brito Pina e o Professor António Domingos Marques. O Curso Unificado da Telescola (C.U.T.) era constituído pelas seguintes disciplinas correspondente ao ciclo preparatório do Ensino Técnico Profissional e ao primeiro ciclo do Ensino Liceal:- Língua Pátria; História Pátria; Ciências Geográfico-Naturais; Matemática; Desenho; Trabalhos Manuais; Religião e Moral; Canto Coral; Educação Física e Francês. -6- A Inauguração da Electricidade em Loriga Nos anos da primeira década de 1900, foi fundada a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela, tendo sido inaugurada em 2 de Janeiro de 1910, a primeira central que foi sediada na Senhora de Desterro. Com a expansão cada vez maior da industria de lanifícios em Loriga e já com a electricidade não muito longe desta localidade, os industriais locais começaram a movimentar-se no sentido de o mais rápido possível, trazer para Loriga essa grande fonte de progresso e desenvolvimento, e de verdadeira necessidade para a população e indústrias. Em Abril de 1911, precisamente no domingo de ramos, visitou Loriga o Sr.António Marques da Silva da Empresa Hidroeléctrica para dar início à negociação com os industriais, às normas do contracto, com vista ao fornecimento da energia a esta povoação. As negociações rapidamente ficaram concluídas, fazendo também parte do acordo, a colocação de 30 candeeiros de iluminação nas ruas, para o que foi entregue a importância de três contos de reis (3.000$00) para . O estudo do terreno e os locais para a colocação dos postos que deviam conduzir as linhas da energia desde a ermida da Senhora do Desterro até Loriga, era da autoria da Empresa. Foi então efectuada uma subscrição pública pela população local para arranjar a respectiva quantia, que com contributos de 5$00; 10$00; 15$00; 20$00; 30$00; 50$00; 100$00; 300$00 e 510$00, rapidamente foi possível reunir a importância necessária. Finalmente em 15 de Novembro de 1912, foi inaugurada a electricidade em Loriga, um facto que foi contribuiu para o progresso da vila e bem estar da população. Essa data ficou registado na história de Loriga, sublinhada pelo facto de ser umas das primeiras localidades da região apossuir a luz eléctrica. Aqui se regista a Lista conhecida, de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento de Loriga: Ano 1910 - Lista da Subscrição para a instalação da Luz Eléctrica: "António Luiz Mendes & Filho; António Cabral; José Mendonça Cabral & Irmão; José Pinto das Neves Júnior; Leitão & Irmãos; Amália Nunes de Pina; Padre António Mendes Lages: António Luiz de Brito Ignacio; José de Moura Pina; José de Pina Pires; José de Pina Pires Júnior; Guilhermina Reis; José Mendes Luiz d´Abreu; José Luiz Duarte Pina; António Alves Anno Bom; Augusto César Mendes Lages; José de Gouveia Cabral; Joaquim Nunes Luiz; António de Moura Romano; António João da Costa & Família; Carlos Sinões Pereira & Família; Manuel Mendes Luiz d´Abreu; José de Brito Guimarães; Dr. Amorim da Fonseca; Professor Pedro d´Almeida; Maria do Carmo Moura; Mateus de Moura Galvão; João Mendes Veloso; António Aparício Martins; José Fernandes Carreira; José Gomes Luiz de Pina; Emygdio Manuelito; Manuel dos Santos Silva; Augusto Moura Galvão; José Fernandes Videira; António Pinto de Moura; Emygdio Cardoso de Moura; Felizmina Simões; José Diogo Ferreira; Joaquim Luiz de Pina; António de Pina Monteiro; José Dias Aparicio; Manuel de Moura Pina; António Nunes Luiz; Emygdio Antunes de Moura; Manuel de Moura Barreiros; José Lopes Cardos dos Santos; Joaquim Machado Aparício; Manuel Fernandes Cassamelino; José Gomes Lopes; Emygdio Fernandes Cazelho; José Luiz de Moura Pina; José dos Santos Moura". Consta ainda desta Lista vários anónimos. Saneamento dos Esgotos públicos Pouco depois da II Guerra Mundial, começou a ser projectado para Loriga, o saneamento de esgotos públicos, tendo-se iniciado o Plano de Urbanização, que se arrastaria pelos anos seguintes. Entretanto, foi ficando na posse da Junta de Freguesia, mais de 400 metros de manilhas, fornecidos pela Câmara Municipal, havendo logo à partida um esboço delineado para a sua aplicação num troço da rua principal, porém, por insuficiência de subsídio, continuaram empilhadas durante quatro anos, a aguardar a finalidade para que foram adquiridas. Em 1950, foi finalmente levado a efeito as obras do saneamento dos esgotos pelas ruas da Vila, incluindo ainda outras obras de urbanização, bem como, o calcetamento de toda a via pública. Loriga e o Abastecimento de Água Numa região onde a água existe com grande abundância, em tempos remotos, a carência de fontes de água potável em Loriga era um facto. Nessa época já longínqua, esta localidade tinha apenas no perimetro do agregado familiar, duas fontes de água potável, ou seja, águas represadas em que mergulhavam indistintamente cântaros, latões, baldes etc., por vezes sem o mínimo respeito pelos perantes dos mais rudimentares preceitos higiénicos, sendo uma delas situada na Barroca e outra no lugar ainda hoje conhecido por Fonte do Vale. Nos arrabaldes havia outras a que o povo chamava do Regato, do Teixeiro e dos Amores, no entanto, essas eram menos utilizadas por motivo da distância a que ficavam, sendo também águas que brotavam dos combros ou cômoros de propriedades regadias filtradas pela terra. No final do século XIX, o povo passou a aproveitar outros locais onde a água era potável, para assim se abastecer desse precioso líquido. Os emigrantes loricenses sediados no norte do Brasil, mais concretamente em Manaus, apesar da distância não esqueciam as necessidades dos seus conterrâneos e assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção na sua terra, de Fontanários, que viriam a ser edificadas nos primeiros anos do século XX: -Um na rua principal no local conhecido pelas "Almas" outro no Adro da Igreja e um outro na Rua do Porto. Construídos em locais estratégicos da povoação, a partir de então, e durante dezenas de anos e gerações, se tornou, no meio de abastecimento de água que população necessitava para seu consumo. Entretanto, as casas que iam sendo construídas ou mesmo remodeladas, passaram a ter abastecimento próprio, com aproveitamento da água existente um pouco por todo o lado, por vezes canalizada através de longos percursos. No princípio da década de 1970, o saneamento básico foi levado a efeito em Loriga, com as ruas e mesmo as paredes das casas a serem esburacadas, trabalhos que se prolongaram durante alguns anos, onde a evidente impaciência da população, viria a ser recompensada, com um dos maiores melhoramentos efectuados em Loriga e de uma certa importância vital para todos. Passando a maioria das habitações a ter água canalizada, as Fontes de Loriga, deixaram de ter a mesma relevância que tinham tido até então, no entanto, continuam bem vivas e ficarão para sempre gravadas na história desta localidade e da sua gente. ** -7- Fontanários na Vila: -Fonte do Adro; Fonte das Almas; Fonte do PortoVárias outras Fontes: Fonte do Amores; Fonte dos Azeiteiros (Penedo de Alvôco); Fonte da Casa do Fogueteiro (Recinto N.S. da Guia); Fonte do Mouro (Vila); Fonte das Penedas (Vila); Fonte do Reboleiro (Vila); Fonte do Santo António (Vila); Fonte do Recinto da Senhora da Guia; Fonte da Senhora da Guia Nova; Fonte do Vale (Vila); Fonte do Vinhô (Vila). ** Duas das Fontes mais antigas de Loriga Fonte do Vinhô(século XIII) Fonte do Vale(século I a.C.) Imprensa de Loriga A existência de Jornais com voz Loricense é um facto que começou a existir já vai para um século. Na história de Loriga vão, pois, encontrar-se alguns jornais que se fundaram, uns com mais duração do que outros, mas que deram relevo a esta localidade e à sua população. Alguns dos jornais que existiram, ou mesmo os existentes hoje em dia, curiosamente foram fundados fora de Loriga. Jornais de tempos passados ( já não existentes): - Jornal "A Estrela D´Alva" primeiro jornal editado (2 de Fevereiro de 1901) -Jornal "Echos de Loriga" - Publicado em Belém-Pará, fundado em 1906, por Jeremias Pina; José Lopes de Brito; Serafim da Mota, e outros mais. -Jornais "Voz de Loriga" e o "Povo de Loriga", foram editados a partir de 1908 no norte do Brasil pela Colónia Loricense alí radicada, um com maior duração do que outro. - Jornal "Voz de Loriga" editado em 1924-25 era bimensário e de orientação regionalista. -Boletim "Loricense" - Publicado a partir de 1977, em Belém-Pará. -Boletim "A Voz da Banda" -Publicado a partir de 1983, com pouca duração. -Jornal "Noticias de Loriga" - Título já atribuído a um Jornal muito perto de sua publicação, em 1990, mas que não chegou a ser publicado. Jornais dos tempos actuais e com regular publicação: Jornal "A Neve" -A primeira publicação deste jornal remonta ao ano de 1949, tendo sido fundado em Lisboa por um grupo de bairristas Loricenses. O seu primeiro número foi publicado em Março desse ano, onde se podia ler no prefácio da sua primeira página -Por tudo e por todos - A bem de Loriga e da região. -Foi seu primeiro Director o Sr.Dr.Carlos Bastos Leitão, que foi também um dos fundadores, a Redacção e Administração do Jornal ficava situada na Rua Marquês da Fronteira nr.48-Lisboa. -Foi interrompida a sua publicação tempos depois, voltando novamente a ser publicado em Maio do ano de 1958, desta feita como Jornal Paroquial de Loriga, passando depois (há muitos anos a esta parte) a fazer parte orgânica dos Boletins Paroquiais da região do Concelho. -"A Neve" como jornal paroquial é propriedade da Fábrica e do Secretariado Paroquial de Loriga, sendo a sua Redacção sediada no Largo do Adro, 16 - 6270-074 Loriga, Telef. 238/953204 sendo o Pároco em funções o Director e Editor do mesmo. -Vivendo unicamente da boa vontade dos seus leitores, só assim é possível a sua sobrevivência, para que chegue como mensageiro a qualquer parte do mundo onde vivam Loricenses. -8- Directores do Jornal "A Neve" ao longo dos tempos: 1949 -1951 - Dr. Carlos Bastos Leitão Como Jornal Paroquial 1958-1966 - Padre António Roque Abrantes Prata 1966-1979 - António Nascimento Barreiros 1979-2001 - Padre Francisco Borges de Assunção 2002 -Padre Paulo Jorge Oliveira do Carmo e Padre Nuno Maria Almeida Silva * A partir de Outubro 2002 - (actual) Padre João António Gonçalves Barroso * (Párocos com curta passagem por Loriga) Jornal "Garganta de Loriga" -Fundado em 1992 em Sacavém pela Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, (ANALOR), tendo sido publicado o seu primeiro número, como sendo o Nr. 0, em Junho desse mesmo ano. -Um Jornal dentro da dimensão da Vila de Loriga e independente, era um sonho há muito acalentado, que foi tornado realidade após a fundação da ANALOR, graças à grande vontade e iniciativa dos seus fundadores. -Foi seu primeiro Director, Carlos Melo, tendo como Corpo Redactorial António José Leitão, Jorge Amaro e Pinto Gonçalves. -De acordo com as directrizes seguidas pertence ao Presidente da ANALOR em funções ser em simultâneo Director do Jornal "Garganta de Loriga" -Inicialmente publicado trimestralmente, é actualmente de bimestral a sua publicação, dispondo já de um número razoável de assinantes. Este Jornal é já uma presença certa que leva um "cheirinho" de saudade de Loriga e das suas gentes, a muitos dos Loricenses e famílias espalhadas por Portugal e pelo mundo. Propriedade, Redacção e Administração ANALOR, Rua Sport Sacavanense Lote 30, 2685-010 Sacavém Telef. 21/9417640 - Fax. 21/9400515 e.mail: [email protected] http://analor.no.sapo.pt Directores do Jornal "Garganta de Loriga ao longo dos tempos: 1992-1998 - Carlos Melo 1999-2000 - José Mendes 2001- 2004 - Rui Ortigueira 2006 - Carlos Melo "As Râmbolas" Nos anos doirados de grande laboração das fábricas de lanifícios em Loriga, tal como em outras localidades industriais, as râmbolas constituíam um cenário curioso, hoje já muito pouco usual, tendo em conta o progresso e tecnologia actual. As Rambias ou, mais correcta e vulgarmente chamadas Râmbolas, eram compridas armações de madeira ou ferro, munidas de escapulos, eram normalmente construídas nas zonas industriais junto das fábricas, onde se punham compridas peças de pano a secar, servindo ainda como verdadeiros esticadores. Vista Parcial da Râmbola das Lages Durante muito tempo, foi o método utilizado pelas fábricas de Loriga, para a secagem das peças de panos, cuja colocação requeria um certo conhecimento e perícia por parte dos operários que a executavam com mestria. E assim as Râmbolas ficavam vestidas as quais vistas dos Mirantes de Loriga, forneciam um cenário bem elucidativo da grande terra industrial que Loriga era. As Râmbolas nesta localidade, deixaram aos poucos com naturalidade de ter a primitiva utilidade e foram desaparecendo desses mesmos locais onde tinham sido construídas. No entanto, continuam na memória de muitos que, em crianças, ali saltavam, corriam e balouçavam, nunca pensando que um dia teriam um fim. Os Primeiros Automóveis em Loriga Na década de 1920, a construção da estrada a ligar São Romão a Loriga, foi um dos maiores acontecimentos, passando esta vila a estar ligada a outras regiões, e que foi de grande importância no desenvolvimento da industria local. O primeiro automóvel a chegar a Loriga logo após a construção da estrada, era conduzido pelo Sr. José Morgado, de Seia, que viria a repetir muitas mais viagens em serviço durante anos. O primeiro carro que pertenceu a Loriga, foi para fazer "fretes" e pertencia à Fábrica da Redondinha, proprietária do Sr. Augusto Luiz Mendes. Logo a seguir, a firma Leitão Irmãos adquiria um "Peugeot", assim com uma camioneta "Rochet Sneider" que a população baptizou por "Seixa". *** Os primeiros transportes Públicos -9- Após a construção da Estrada para Loriga, alguns comerciantes e industriais organizaram-se e criaram uma empresa de transportes "Garagem Comércio e Industria" adquirindo "Chevrolete" para transportes de pessoas, sendo este o quarto automóvel em Loriga. Em 1925, começou uma carreira com um pequeno autocarro, de que era proprietário Adelino Pereira das Neves, natural de Santa Ovaia, o qual se radicou em Loriga e ali viveu até à sua morte. Em 1931, transformou-se em empresa "Auto viação Serra da Estrela" já então com outras camionetas de passageiros que ia de Loriga à estação de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia Hermínios, que passou a operar na região de Seia. Entretanto em 1931, José Bonito, natural de Vila Nova de Gaia, mas residente em Canas de Senhorim, e que tinha sido contratado para motorista da Fábrica Leitão & Irmãos, comprou duas camionetas, uma "Belix" de 24 passageiros e outra da marca "Chevrolete" de 20 passageiros, começando assim uma outra carreira que passou a ir de Loriga-Nelas-Viseu. Mais tarde esta carreira seria também vendida à Companhia Hermínios, passando José Bonito a ser empregado dessa empresa. Camioneta de passageiros da "Auto viação Serra da Estrela" (Ano de 1931) Quando a "População em Loriga era mais" É na verdade de grande relevo o crescimento habitacional da Vila de Loriga, nas curiosamente a sua população tem vindo a diminuir drasticamente, o que não deixa de ser um aspecto realmente preocupante. Na entrada do século XXI a população efectiva residente em Loriga, ronda cerca das 1.700 pessoas. Se compararmos o índice populacional de meio século atrás, vamos verificar um decréscimo sensivelmente na ordem de mais de 50%. Na verdade, nos finais da década 40 a população residente em Loriga, chegou a atingir números significativos de muito perto dos 4.000 habitantes e, seguramente, num ou noutro ano chegou mesmo a ultrapassar esses números, não tendo embora, os meios habitacionais de hoje. Pode, por isso, considerar-se, que foi uma época de "quando a população de Loriga era mais". O movimento demográfico desta localidade nesses tempos, atingia verdadeiros valores de crescimento. Anualmente era um potencial facto o nascimento de largas dezenas de crianças, acontecendo até que em muitos desses anos, esse número se elevava a mais de uma centena de nascimentos. Pode até dizer-se que, durante 10 anos, (1940 - 1950) o crescimento da população foi superior a 400 pessoas. Efectivamente, também não se pode ignorar nessa época "quando a população de Loriga era mais" os problemas e dificuldades existentes nesta localidade, principalmente as grandes carências a nível de habitação que era, de facto um dado adquirido. Era raro o agregado familiar que não tivesse 4,5,6 ou mais filhos, vivendo a maioria em casas relativamente pequenas para tanta gente. Outro dos problemas e também grave era a escassez de professores face a tanta juventude em idade escolar, bem como a falta de salas de aulas, uma vez que apenas funcionava uma escola para o sexo masculino e para o sexo feminino, em regime de desdobramento, num prédio improvisado de escola. As autoridades administrativas e escolares dessa altura, há muito que se debatiam para a construção de nova escola, levando anos de luta nessa reivindicação. No entanto, esse objectivo só se tornou realidade em 23.10.1960, quando foi finalmente concluída e inaugurada uma nova escola com 8 salas. A partir dos últimos anos da década 50 e princípios da década 60, o decréscimo da população nesta localidade começa a ser um facto, que se deveu, por um lado, à crise da indústria de lanifícios, que originou desemprego e a consequente emigração dessa população. Por outro lado,a falta de infra-estruturas, nomeadamente nas áreas do comércio e serviços, que permitissem, através do mercado de trabalho, fixar a população, levou por isso muitos jovens a procurar trabalho nos grandes centros urbanos. Por outro lado, ainda, porque a taxa de natalidade baixou, caminhando, à semelhança do resto do país para o padrão de dois filhos por casal. -1- Loricenses - Notáveis, na História de Loriga Algumas das Figuras mais destacadas da vila de Loriga,numa ideia de perpetuar a memória de todas estas pessoas e ainda dar a conhecer às gerações vindoiras todos aqueles que de alguma forma se destacaram,e/ou que contribuíram para a grandeza e para a história desta maravilhosa vila portuguesa chamada Loriga. (*) Figuras marcantes de Loriga - Indice Onomástico -Abranches, António Antunes -Fonseca, Augusto Amorim da -Nogueira, Manuel Fernandes -Abreu, Irene Almeida -Galvão, Adelino Moura -Paulo, Emílio Leitão -Almeida, Pedro de -Garcia, José Mendes -Pereira, António de Brito -Amaro, António João de Brito -Gomes, Alberto Pires -Pereira, Carlos Simões -Ascensão, António Pinto -Conde, António Manuel Gonçalves -Gomes, António Fernandes -Pereira, Manuel Dinis -Ascensão, Carlos Pinto -Lages, António Mendes -Pina, Amália Brito -Brito, Emília Mendes -Lages, António Mendes Cabral -Pina, António Moura -Brito, Joaquim Gonçalves de -Leal, Pedro Vaz -Pina, Carlos Augusto Nunes de -Brito, Laurinda Gonçalves de -Leitão, Joaquim Jorge Reis -Pina, Constança de Brito -Brito, Sebastião Mendes de -Cabral, António -Leitao, Herculano Brito -Pina, António Ambrósio -Cabral Junior, Carlos Nunes -Leitão Júnior, Manuel Gomes -Prata, Ilídia Nunes Pina -Cabral, Joaquim Leitão da Rocha -Macedo, José Lopes -Moura, Joaquim Pina -Prata, Mário Fernandes -Ribeiro, António Nunes -Gonçalves, José Pina -Campos, Francisco Mendes -Martins, Adélia Alves -Prata, António Roque Abrantes -Costa, Theotónio Luiz -Antunes, Maria dos Anjos Conde -Mendes, Augusto Luís -Reis, José Mendes dos -Cruz, Mário Gonçalves -Moura, António Cardoso de -Santos, Armando Fernandes dos -Cunha, Maria Ermelinda M.Guimarães -Mourita, José Moura -Amaro, Jorge Nunes -Matias, António Cardoso -Melo, Carlos -Brito, Augusto Moura -Romano, AntónioBrito -Pinto, José Manuel Almeida -Conde, António José Aparício -Santos, José Luis dos -Figueiredo, Emídio Gomes -Neves, Adelino Pereira das -2- -Tuna, António Luis Amaro -Figueiredo, Manuel Matias dos Santos e -Neves, Maria dos Anjos Pinto -Urtigueira, Carlos Fernandes -Bastos, Carlos Leitão -Pina, Adelino -Pinto, José Maria -Claro, José -Ascensão, Álvaro Pinto -Ortigueira, Horácio * Nota:Nesta lista pode não ter sido incluída alguma Personalidade Loricense digna de grande destaque.Se foi o caso,ficam aqui as desculpas do autor. -1- Algumas notas e Registos Vista Parcial de Loriga *** *** A Emigração Desde os remotos tempos primitivos da humanidade, que os povos, nas suas constantes movimentações para outras paragens na procura do seu próprio desenvolvimento, davam formação ao que se chama hoje emigração. O movimento emigratório, é pois, um fenómeno desde que a vida existe na terra, e foi-se tornando cada vez mais concretizado, nas conquistas, nas invasões, nos descobrimentos, guerras, miséria e tragédias de origens naturais da terra e ainda no surgimento de Continentes, civilizações, línguas e povos. ** Loriga terra de Emigração I -2- A emigração é pois uma presença viva, tendo em conta e a certeza de uma necessidade real de existir nas sociedades, onde também, representa uma constante movimentação de gentes e de povos para outras paragens ou para um refugio social mais ambicioso. As descobertas, as conquistas, as colonizações, são os meios mais significativos do começo da emigração portuguesa, no entanto, é a partir do século XIX, que vamos encontrar os registos mais esclarecedores na história da emigração a partir de Portugal. Se bem que no século anterior era já um facto consumado o movimento emigratório, só que nessa altura não eram ainda principalmente os mais pobres que abandonavam o país, quem saía, eram os pequenos agricultores e também pequenos comerciantes do norte e centro e ainda alguns intelectuais. No início do século XIX a emigração passa então a ser uma realidade em grande força, passando a emigrar a população mais pobre, quase sempre analfabeta e oriunda das actividades agrícolas, desempregados e mão de obra não totalmente qualificada. Loriga é uma das terras da região da Serra da Estrela, que mais emigração espalhou pelas quatro partes do mundo. Parece não haver dúvidas, que concreto, quando teve início a emigração dos loricenses, e alguns dados que se foram sabendo, sabe-se que as primeiras pessoas a saírem de Loriga com destino às terras de Santa Cruz, ocorreu no século XVIII. Nas primeiras décadas desse século, em Loriga, o espaço vital como hoje se diz, era restritíssimo para a população que aumentava continuamente. A agricultura não atraia os jovens, muito por culpa do terreno irregular, apesar de existirem já algumas fábricas, a industria, ainda não estava muito desenvolvida, que só veio a verificar-se décadas mais tarde. A independência do Brasil em 1822 e a abolição da escravatura, foi o mote da mudança do estatuto de emigrante, que veio a ser determinante na emigração portuguesa para aquele país, onde se pensa também que foi a partir de então que se iniciaram os primeiros passos da emigração loricense. Durante anos foi muita a população de Loriga que deixou sua terra com destino ao norte do Brasil, chegando mesmo a verificar-se um certo êxodo emigratório finais do século XIX princípios do século XX. O Brasil, durante décadas, continuou a ser o destino de muitos loricenses, onde se veio a formar uma grande colónia, hoje apesar de serem já poucos os naturais desta localidade que ali se encontra, é significativo os descendentes que continuam a reconhecer as origens dos seus antepassados. Entretanto o espírito emigratório das pessoas de Loriga, continuava a verificar-se e sistematicamente continuavam a sair da sua terra, procurando outros países, nomeadamente a Argentina e também o antigo ultramar português. Após a II Guerra Mundial e as sequelas que deixou, muitos dos países europeus tinham a inevitável necessidade de trabalhadores para o seu desenvolvimento. Portugal confrontava-se com uma política, que não permitia a saída da sua população, no entanto, nas décadas 1950 e princípios da 60, o aproveitamento da clandestinidade foi o mote para que muitos saíssem do país nomeadamente para a França, ficando para a história o meio clandestino e aventureiro do "Salto" utilizado então com destino aquele país. Foram alguns os loriguenses que empreenderam por este meio clandestino para irem para a França, nos primeiros anos da década de 1960. Mas pouco tempo depois e com os países europeus na onda do desenvolvimento industrial, a política portuguesa começou a ter uma outra postura. Foram efectuados alguns acordos que resultaram em fase disso, de uma maior abertura de fronteiras em Portugal, deixando mesmo de existir uma política de "porta fechada" mas que na altura, era apenas destinada a todos aqueles com o serviço militar cumprido. Observa-se então um grande êxodo emigratório e assim grande parte da mão de obra de Loriga começa a sair para vários países europeus, tratando-se de trabalhadores qualificadas ou não. Este novo cenário da emigração loricense, quando ainda se tinha em pensamento para lá do oceano, agora toma a direcção da europa para além dos Pirineus, e se a França foi o destino prioritário, logo de seguida se seguiram os outros países, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Bélgica e Holanda. A emigração portuguesa para Alemanha, teve início em 17 de Março de 1964, com a assinatura do "Acordo Relativo ao Recrutamento e Colocação de Portugueses na República Federal da Alemanha. Segundo se sabe o primeiro habitante de Loriga a sair para Alemanha foi Fernando António Mendes Alves, no dia 25 de Abril de 1965. Apesar dos muitos regressos verificados, principalmente até pelos números dos últimos anos, em que muitos dos emigrantes atingiram a idade da reforma, não devemos esquecer que mesmo assim, ainda são muitos os naturais de Loriga espalhados pela europa, onde sobressai em grande escala a França, Alemanha, mas acima de tudo o Luxemburgo, onde a comunidade loricense continua a ter um número significativo em relação a muitas outras terras. Já neste século XXI, a emigração dos loricenses, continua ainda hoje a ser uma realidade, havendo sempre potenciais emigrantes, mas hoje em dia e praticamente resume-se com destino aos países europeus, nomeadamente para o Luxemburgo, Alemanha e também Suíça. Falar na emigração é falar numa permanente história da vida, onde no entanto, com relativa facilidade se terá que identificar com populações menos favorecidos na sua expressão social e económica e neste aspecto Loriga e, a região onde está inserida, esteve sempre dentro destes parâmetros. ** Os primeiros emigrantes Loricenses II -3- São registos antigos, que nos dão a conhecer, ter sido a partir das primeiras décadas do século XVIII, que os primeiros loricenses, na condição de emigrantes, começaram a sair do país com destino ao norte do Brasil. Alguns escritos mais esclarecedores dão-nos conta, que a emigração loricense começou a ter mais força, logo após o termo dos conflitos das lutas liberais. Nessa época Loriga, politicamente, estava dividida entre as fracções de D.Miguel e D.Pedro,tendendo para a primeira, por isso pensar-se que a saída também de alguns loricenses da sua terra poderá estar relacionado aos meios políticos.Aliás,a posição política da maioria dos Munícipes Loricenses,serviu mais tarde como pedra de arremesso,e para uma injusta vingança política por parte dos chamados "liberais",e que teve como grave consequência a extinção do Município de Loriga. No entanto, tudo leva a crer que o principio da emigração loricense, se deva na necessidade da procura de uma vida melhor ou mesmo o sustento para as suas famílias, ao mesmo tempo conseguir um meio económico, que a sua terra lhes não podia proporcionar. Foi a partir da segunda década do século XIX, que surge então o maior êxodo da emigração loricense, o destino era por norma a cidade de Belém no norte do Brasil, pensa-se por ser mais perto e a viagem mais barata. Aqui nesta cidade se fixou a maioria para não mais a abandonarem, enquanto outros se atreveram a subir em simples jamgadas o rio Amazonas para se fixarem na cidade de Manáus. Nessa altura uma viagem para o norte do Brasil, poderia custar 60$000 reis fortes ou 120$000 reis fracos, mas muitas da vezes até muito menos 24$000 ou 28$000 reis, viagens estas feitas em veleiros com condições de conforto praticamente inexistentes. Tendo em conta dos fracos recursos económicos, para custearem os custos das viagens, os emigrantes Loricenses estavam sujeitos a condições de transporte onde a comodidade não existia e onde tudo de mau parecia existir, desde uma espécie de dormitório quase sempre super-lotado construindo com tábuas beliches desmontáveis e dispostos em fila, as precárias condições higiénicas e sanitárias que com frequência propagava doenças contagiosas e, o mal-estar (enjoo). Com os balanços ininterruptos da embarcação e também o frio e, a escassa alimentação, originava por vezes a debilidade física e com ela alguma doença. Só mesmo uma grande motivação de esperança de terem uma nova vida, lhes era possível conseguirem ter a coragem e a força para enfrentarem toda uma viagem verdadeiramente em condições precárias e por vezes impróprias para pessoas. Esta movimentação emigratória para o continente americano, passou a ser uma realidade e ao mesmo tempo uma preocupação para os governantes, tanto de Portugal como até dos outros países europeus, não só pelo movimento económico e por ventura um grande negócio para os proprietários dos veleiros, mas acima de tudo pelas condições precárias de transporte que estes veleiros faziam dos potenciais emigrantes, perante este estado de coisas, foram-se criando leis e em 1858 existia já em Portugal a lei §§ 1. e 2. do artigo 25, de 1 de Maio que dava conta de uma inspectoria alfândega para quando da chegada dos veleiros ao Brasil e respectiva verificação dessas condições Depois de por vezes tormentosa viagem e em alguns casos de longos meses, era grande a ansiedade da chegada à terra prometida, no entanto, para muitos ao chegarem era também a decepção, só querendo ter dinheiro para regressarem logo de seguida à terra que os viu nascer apesar da longa viagem que tinham acabado de concluir. Os primeiros emigrantes sujeitaram-se a trabalhos duros, tendo o clima como grande inimigo. Muitas da vezes nus até à cintura, com uma tanga que lhes cobria o corpo até aos joelhos e a servir-lhes de sapatos uns pedaços de pau, o calor insuportável que os fazia usar um farrapo de serapilheira que lhes servia de chapéu e ao mesmo tempo de rodilha para carregarem volumes à cabeça. Apesar de todo um cenário de vida difícil, uma força interior parecia não fazer vergar os loricenses, pois estavam habituados a enfrentar muitos desafios que a Serra por vezes lhe oferecia, tendo também no pensamento a sua família lá longe e uma visão futura, aquela sua dedicação ao trabalho e a vontade de vencer, aos poucos foi progredindo e socialmente elevando-se na procura de uma vida melhor, tendo sempre no pensamento a ideia de poder ganhar essa difícil vida que tinham escolhido emigrando. No principio do século XX as colónias Loricenses em Belém e Manáus, eram sensivelmente iguais, vivendo já em qualquer uma delas cerca de 300 pessoas mas uma década mais tarde devido a grande baixa do preço da borracha do amazonas muitos começaram a abandonar a cidade de Manáus sediando-se a maioria na cidade de Belém. Considerando ser essas paragens no norte do Brasil, as primeiras terras da emigração Loricense, aqueles primeiros filhos de Loriga que ali chegaram estavam longe de imaginar que com a sua coragem, humildade e grande força de viver formaram uma grande colónia, que foi sempre de um grande bairrismo com muitos benefícios doados à sua terra. Se objectivo de vencer e regressar a Loriga era a ideia predominante e conseguido por muitos, foram muitos também aqueles que não concretizaram o sonho de voltarem à sua querida terra que tanto adoravam, muitos mesmo nem sequer tinham imaginado que a terra que tinham escolhido para uma vida melhor e dos seus, viria a ser também a terra da sua sepultura. A emigração Loricense tem sido uma constante de geração em geração. Hoje espalham-se pelos cinco continentes. Actualmente, apesar das notórias mudanças sociais e económicas em Portugal, os loricenses continuam a emigrar, como que, em continuação da ideia emigratória dos primeiros emigrantes que deixaram Loriga, procurando outras terras para um a vida melhor. ** A emigração Loricense na Europa III -4- Os primeiros loricenses começaram a emigrar para os países europeus, ainda na clandestinidade, por altura do ano de 1961-62, tendo como destino mais concretamente a França, o que aliás era um fenómeno que vinha já acontecendo um pouco por toda a região. .Nesses tempos de autênticas aventuras, o meio utilizado era o "Salto" nome popularmente dado ao meio clandestino, para assim conseguir a concretização do objectivo para chegar à França. Anos mais tardes e quando deixou de existir uma politica de "porta fechada" passando a existir os meios legais para a saída com destino a outros países, observa-se em Loriga um dos maiores êxodo de emigração, assim grande parte da mão de obra desta localidade sai para os vários países europeus, tratando-se de trabalhadores qualificados ou não. Esta mão de obra destina-se principalmente para o sistema das grandes industrias, actividades sazonais, construção civil, agricultura ou mesmo turismo. Este novo cenário da emigração loriguense, quando ainda se tinha em pensamento para lá do oceano, agora toma a direcção da europa para além dos Pirineus, tendo em conta que os países deste velho continente estavam em grande expansão económica, começando por ser a França o país de destino prioritário, não tardando que se seguissem outros por ordem decrescente, Luxemburgo, a República Federal Alemã, Bélgica, Holanda e Suíça. Ao contrário dos emigrantes para lá do oceano que tinham na emigração uma perspectiva definitiva e de integração, os loricenses que abandonavam a sua terra e o seu país para os países europeus, devido ao aspecto geográfico, nunca cortaram com as suas origens e têm mesmo na emigração uma perspectiva temporal limitada, quer concretize ou não o pensamento que tem sempre presente do regresso, por isso este factor de manutenção de relações regulares com a terra natal e um projecto permanente de regresso ficam de uma maneira geral, ligados na origem da sua não total integração no país de acolhimento. Outro factor desta mesma não integração e talvez mais complexa e determinante, deveu-se ao facto também em parte de que não dependia só da vontade ou das decisões individuais, muitas das vezes dependia directamente da duração do contracto, da conjuntura económica do país de destino ou do facto de ter de levar a família (particularmente os filhos) ou manter a ideia de continuar a ter que deixar a sua família na sua terra e no seu país. A partir de 1973 a emigração na europa tem uma profunda alteração, com a crise económica internacional que entretanto deflagra e que conduz à politica da "porta fechada" nos países do destino normalmente procurados pelo fluxo emigratório, a partir de então começa logo a descer consideravelmente o êxodo da saída dos loricenses, vivendo ou não na sua terra. A maior oferta de postos de trabalho, melhores remunerações, melhores condições de vida, melhor assistência social na doença e na velhice e melhores condições ao ensino e formação profissional dos seus filhos, era a motivação que levou os loricenses, durante três décadas, a concentraram-se na ideia emigratória para a europa. O emigrante loriguense na europa, onde quer que se encontre, não esquece a sua terra onde uma certa mística os atrai às suas origens, na perspectiva de um dia regressar. A aquisição de uma casa foi sempre um dos primeiros objectivos, que fez recordar o desenvolvimento habitacional de Loriga, quando da emigração brasileira. Com a previsão da entrada do nosso país no Mercado Comum europeu nos primeiros anos da década de 1980, um fenómeno no âmbito da emigração se fez sentir, desta feita o regresso para muitos. Pelo facto do levantamento dos fundos dos descontos sociais em alguns países, antes da integração de Portugal na EU em Janeiro de 1986, como também, porque para muitas famílias emigradas na europa o ciclo se fechou e tinham entretanto realizado o seu projecto ou quer ainda também por terem sido aliciados pelos chamados "subsídios de regresso" ,concedidos em alguns países de acolhimento, muitos portugueses começaram a regressar à sua origem, os loricenses não fugiram à regra. Alguns regressos foram-se verificando só que desta feita não só eles, como também seus filhos entretanto nascidos nesses países de acolhimento e que por isso para estes foi uma outra integração a outro meio a outra terra. No entanto, no regresso à sua terra um problema os esperava a todos, o momento económico em Loriga e na região, não era capaz de dar resposta a uma normal integração e por conseguinte, muitos dos regressados mais tarde se aperceberem da frustação do regresso e foi por isso notório um novo pensamento de emigrar. Na última década do século XX, a realidade emigratória passou a ser bem diferente, com Portugal dentro do chamado comboio da europa, o estatuto de emigrante passou a não ser o mesmo, como foi nesses tempos da verdadeira emigração. Com uma politica europeia sem existência de fronteiras e por isso de livre circulação de cidadãos dentro da Comunidade, apesar de existirem ainda restrições na procura de trabalho em cada um desses países, continuou em Loriga e na região a existir uma forte motivação para partirem, principalmente os filhos que não lhes parecia fácil a uma total integração sabendo que no estrangeiro poderiam ter melhor condições de vida. No entanto, não deixa de ser curioso o facto de continuar a existir ainda hoje em Loriga pretendentes a emigrar, neste caso concreto apenas em números reduzidos, só que desta feita, esta onda de pensamento para emigrar, em parte, continua a existir pelo facto da crise e falta de trabalho que continua a ressentir-se nesta vila até à pouco ainda bem industrializada. Na história da emigração de Loriga, não restam dúvidas que tem que figurar para sempre estas duas fases emigratórias loricense, a brasileira e europeia, num mesmo potencial económico e social, mas o mesmo não se poderá dizer na integração nos respectivos países de acolhimento, que enquanto além-mar a integração foi na generalidade, para a europeia apenas se deverá concretizar à segunda geração. -5- Canção de Saudade O Loricense longe da Terra distante Nunca esquece Loriga P´ra ele a vida é uma luta constante Mas não esquece Loriga Partiu com fé, com sonho no porvir Mas não esqueceu Loriga Foi essa fé que certo dia O fez partir Que o fez vencer E o levou a regressar. Refrão Percorre a Vila Vai à Senhora da Guia A Padroeira Por quem temos devoção Sobe o mirante Onde tudo é magia E levará Loriga no coração. Vale sempre a pena, regressar à Terra querida Que certo dia, nos viu nascer Matar saudades, com a bela gente amiga Que em tempos idos , nos viu crescer E salutar , admirar a ver seus montes Beber a água , que canta nas fontes E na carreira , abraçar a cada instante Um velho Amigo , um parente, um emigrante. Vista parcial de Loriga (1995) * Nota:- Esta letra é adaptada para ser cantada à música da canção do Roberto Leal "QUE BELA VIDA" Confirmação oficial da categoria de Vila Após alguns anos de longo percurso, foi aprovada na Assembleia da República em 30 de Junho de 1989, a lei da confirmação da categoria de Vila a Loriga. Fez-se, assim, justiça a Loriga e aos Loricenses que reclamavam há muito este acto,para acabar com dúvidas,e que se foi festejado com duas descargas de foguetes. *** Para os Loricenses, Loriga foi sempre Vila A confirmação da categoria de Vila a Loriga, através da lei de 1989, foi a consagração oficial e legal deste acto.Aliás,Loriga nunca perdeu a categoria de vila,nem mesmo quando lhe foi roubada a sede de concelho. Para os Loricenses, Loriga foi sempre considerada uma Vila, não só pelo seu elevado número de habitantes, mas pelas estruturas fabris, culturais, comerciais, sociais nelas existentes, como também por já ter sido, em tempos, Sede de Concelho, como o atesta uma da nota com Ref. 880-Po. G733, da Câmara Municipal do Concelho de Seia, enviada à Junta de Freguesia de Loriga com data de 15 de Março de 1961 que a seguir se transcreve: Assunto: Categoria de Vila de Loriga Para os devidos efeitos, transcrevo a V.Exa. o texto do ofício Nr.918-Po. M-1/6, de 13 do mês em curso, que o Governo Civil deste Distrito dirigiu a esta Câmara Municipal, a cerca do assunto designado em epígrafe: "Quanto à consulta que me foi formulada sobre a legitimidade da categoria de vila que a povoação de Loriga reivindica, informo V.Exa. de que, o meu parecer, se podem agrupar em três grupos os núcleos populacionais a que assiste o direito de usar aquele título e que posso a enumerar: 1. As sédes de concelho, conforme determina o Art.12., § 1., do Código Administrativo. 2. As localidades a que, por diploma especial posterior, tenha sido atribuída aquela categoria, tais como Ermezinde (Decreto-Lei Nr.28.142), Luso (Decreto-Lei Nr.28.142), etc. 3. Todas as outras povoações que haviam adquirido aquele título anteriormente, designadamente por decreto, carta régia ou outros diplomas legais que não podem considerar-se revogados pelo Código Administrativo em virtude de a categoria de vila não ter sido restringida, apenas, às actuais sedes de concelho". ------------------------------Em face do exposto e porque não existe qualquer lei que tenha tirado a categoria de Vila às povoações deste último grupo, entendo que deve ser respeitado o título de Vila de Loriga, antiga sede de um concelho extinto, reivindica com toda a legitimidade. Pelo exposto, esta Câmara muito se congratula com a decisão que faz respeitar o título de Vila dado a Loriga. A Bem da Nação O Presidente de Câmara Ass) Joaquim Fernandes F. Simões -6- Saudades de Loriga * Do alto da serra se lobriga A vila mais bela que já vi Ah! Solo amado, é Loriga A linda terra em que nasci; E criança abandonei chorando Para outros mundos onde senti, O corpo apenas habitando, E a minha alma toda em ti. E pintam teus vastos horizontes Onde planam águias e peneirinhas A espreitar ravinas e montes, Poiso de gados e avezinhas; Num estardecer de tarde mansa Coada em tela magistral, Que só de olhá-la se alcança O chão de paraíso terreal Nesse presépio alcandorado Em verdes socalcos esguido, Por águas chilreantes beijado E por altas montanhas cingido, Em que o ar, a luz, em sinfonia, Cantam o teu nobre esplendor, Num hino que além da melodia Tange os acordes do amor. Amo-te Loriga, com fervor Não por no teu seio só ter nascido Ou em menino aí te vivido Mas como quem ora o Senhor... Pois tu és o único rincão, De sedas e saudade tecido Onde o meu pensamento vertido Encontra a paz no coração * Pinal Avenida Augusto Luís Mendes (1993) -7- Quadras dedicadas a Loriga Oh, Loriga, Oh Loriga Presépio monumental Tu és a vila mais bela Das terras de Portugal. Pitorescas as montanhas Com ribeiras que se unem Onde belo e terrível De mãos dados se confundem. Dos píncaros da tua serra Em constante sintonia Deslizam águas cantando Deslumbrando melodia. Correndo pelas ribeiras Entre caminhos e montes Regam courelas e malhadas Cruzando as tuas pontes. Teus prados verdejantes Com milho embandeirado São cenário fascinante Que merece ser pintado. Loriga sempre foi linda Mas com neve é um espanto Quando vista do mirante Toda coberta de branco. P´la beleza que encerra No Pisão do Barroel Também lhe deu foral de vila El-Rei D. Manuel. Da Tresposta do Fontão Ela parece um altar Com seu belo Santuário Onde a gente vai rezar. Mas esta vila serrana Não tem somente magia Tem também o doce encanto De Nossa Senhora da Guia. Estatistica populacional de Loriga Foi apartir do ano 1862, que passou então a existir registos mais concretos e oficiais da população, onde além da totalidade dos habitantes era obrigatoriedade existir a quantidade de homens e de mulheres Foi até ao ano 1860 que os registos das populações se contabilizava através dos Fogos (lares) mas mesmos assim existiam muitas contradições nos números conhecidos. Ano Fog os 1527 An Mu Ho TO o lhe me TA res ns L 18 88 80 16 64 5 8 93 78 18 97 92 18 78 4 4 98 1706 200 18 11 94 20 90 48 5 93 1755 158 19 12 97 22 00 54 4 28 1826 272 19 14 10 24 11 16 46 62 1835 314 19 13 97 23 20 42 4 16 1862 448 19 13 19 24 30 60 61 21 A partir de 1864, os registos das populações já se contabilizava através dos Habitantes, no entanro, durante alguns anos ainda eram registados os Fogos (lares). Ano Fog os 1864 394 1878 428 19 14 11 25 40 09 39 48 19 15 14 29 50 69 12 81 19 14 12 26 60 20 75 95 19 11 95 20 70 05 5 60 1890 526 No ano de 1755, quando do tremor de terra que assolou e destruiu grande parte da capital do país, foi efectuado uma contabilização mais concreta onde ficou registado Loriga possuir: 158 Fogos e 400 habitantes 19 95 87 18 80 1 4 25 19 * 91 * 16 64 19 * 99 * 16 55 * Não existem dados contabilizados em concreto -8- Referendos Nacionais - Resultados em Loriga Votação em Loriga nos primeiros Referendos realizados a nível nacional Referendo sobre o Aborto (Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez) Junho/98 Eleitores Votantes Abstençao Sim Não 1348 536 812 = 60% 170 347 1a.Pergunta 2a.Pergunta Referendo sobre a Regionalização do País Novembro/98 Eleitores Votantes Abstençao 1339 815 524 = 39% Sim=191 - Não=598 Sim=140 - Não=639 M ovimento Demográfico Ano Baptizados Casamentos Óbitos 1978 34 20 22 1979 42 12 18 1980 29 9 22 1981 27 15 28 1982 23 22 32 18 27 22 1983 1984 30 20 37 1985 22 22 21 1986 22 19 22 1987 16 16 37 1988 32 11 26 1989 17 7 24 1990 17 12 26 1991 26 21 34 1992 19 10 18 1993 18 9 35 1994 19 8 19 1995 13 13 26 1996 18 6 25 1997 15 8 31 1998 6 12 26 1999 12 8 25 -9- À Minha Terra * Loriga minha saudosa terra por tudo que para mim encerra rodeada de montes e água milho verde com folha larga gosto de beber nas tuas fontes estender o olhar pelos teus montes Bons ares se respiram por ti corações palpitam com amor e saudade pela tua beleza e lealdade permaneces sempre em mim com a tua magia sem fim o teu perfume me inebria mês de Agosto, N.S.da Guia padroeira dos loriguenses, emigrantes e ausentes possuir-te sempre na recordação sentir-te com afecto e emoção em ti procuro saudade de menino dentro de ti nasceu o meu destino voltarei um dia para te abraçar quando para ti eu regressar toda a vida te admirarei enquanto viver não te esquecerei despeço-me com esta mensagem com carinho dedico-te esta homenagem. * Nuno Mendes Alves Pereira Vista Parcial do Centro Histórico de Loriga "Loriguês" Termo linguístico que os Loricenses criaram, que não sendo oficializado, define num falar e numa aplicação de palavras em número significativo, muito usuais principalmente em tempos passados, em que muitas delas são exclusivas e originais de Loriga. Vocabulário de Palavras * - 10 - -Abaléu - abalou Abrólio - que fala muito -Àcata - à procura Acarta - carrega -Achadiço - esquisito Aforricar - estragar/chapéu de chuva -Afunda - fisga Agaçar - atiçar -Agancha - arame/conduzir um arco Aganchar - elevar/subir -Aiche - pequeno ferimento Airoso - simpático -Aljabardado - mal feito Altarrão - muito alto (rapaz) -Altarrona - muito alta (rapariga) Alvadiço - atiradiço -Alveirada - deixou de chover -Amerzundado - instalado/não fazer nada Amorcegado - ensonado -Amolancar - estragar Amulagado - amolgado -Ancho - vaidoso Ao calhas - qualquer maneira -Apilarado - bem trajado Apoquento - aflijo -Aqueitar - abrigar Arangar - a dizer/resmungar -Arremelgado - com sono Arrenegar - aborrecer -Arriaga - mal vestido Assorriar - fazer troça -Atinor - à sorte Atizanar - enervar -Atoleimado - tolo Atramoucado - bruto/doido -Atroado - louco Aturo - aguento -Augada - chuvada Augado - triste, insatisfeito -Augua - água Aventar - deitar fora -Aversas - ao contrário Avezada - habituada -Badalhoco - muito sujo -Bachicar - molhar com água Baieta - barbeiro -Bailique - construção abarracada Balcão - escadaria de pedra -Baraço - corda fina Barandão - malandro -Barduça - nevoeiro Barrela - limpeza completa -Basto - espesso Bátega - chuvada -Bate-cú - cair de c u Barriga de alqueiro - barrigudo -Barromão - vadio Bedelho - pequeno "um centavo" -Beijinhas - vagens/feijão verde Beirito - um pouco (liquido) -Berreiro - chorar muito Bico d´obra - coisa difícil -Biscalhito - pedaço muito pequeno Biscalho - pedaço pequeno -Bichos carpinteiros - não parar quieto Biscórdia - pessoa interesseira -Bocana - chorar muito alto Bolsa - pessoa baixa e gorda -Bonrar - faltar à palavra Borda - local menos fundo num poço -Borleca - porca Borna - morna -Borrar - sujar Borrega - ferimento com pus -Bosta - excremento de vaca Bostela - crosta de ferida -Bota - deita Botelha - abóbora -Braveira - chorar muito (feroz) Breter - derramar -Briol - frio Broca - mentira -Broxa - prego pequeno Bugia - fogão de ferro/aquecimento -Bugiar - vai passear Burrega - bolha -Cacarecos - utensílios velhos Caganátias excremento/coelhos/ratos/burro s -Caganeira - diarreia Cagalhoeiro - não guarda segredos -Cagueiro - cu grande Calcamunhas - palerma -Calhão - parte mais funda dum poço Calhandrona - bisbilhoteira/má -Calhau - pedra grande Calhoada - pedrada -Calhorras/Feijocas - feijão grande Camangulão - vadio -Cancha - dar um passo largo Carvalhó - queda/cambalhota -Casquilho - Objectos plasticados Catancho - catrino -Catrapiscar - espreitar Chaleira - cafeteira -Chapinhar - bater na água Cheiriço - chouriço -Chícharos - feijão frade Chicória - Bica (café) -Chiqueiro - fazer lixo Chusma - muito/montão -Chuviscar - beirolar Codito - pequeno pedaço de pão -Coirão - ordinária Combaro - muro/courela -Compinchas - más companheiras Corada - branquear ao sol/roupa -Cramunha - fazer barulho Crolório - feitio -Cruzeta - cabide móvel Cueiros - fraldas -Curgimão - pessoa indesejável Cuspinho - saliva -Debrucar - virar um objecto Degredo - problema/complicação -Deido (a) - doido (a) Derramado - esperto, curioso -Derrancado - zangado Desancar - palmadas no cu -Desavergonhado - mau Desobrigar - confessar (Quaresma) -Despertina - esperta (sem sono) Destrambulhado - sem juízo -Desvão - sótão Dinqueiro - nu -Embarricar - jogar p´ra sitios dificeis Emgadelha - sem chapéu -Encagaitado - bem vestido Enchixarrado - vaidoso -Encrenca - que arranja problemas Enfadado - cansado -Enlazeirado - cheio de frio Ensertado - aberto -Esbaguchados - frutos rebentados Esbarroncar - queda dum muro -Esbijar - esticar Esborralhar - desmanchar -Esbreicelada - loiça partida/esmurrada Esbrinçar - partir loiça -Escairado - inflamado (nariz) Escaleira - escadaria/balcão -Escarrolada - bem lavada/roupa -Escurrupichar - Beber o resto Esgaziado - conduzir depressa -Esguelha - de lado Esfeijoar - queda aparatosa -Engalinhado - cheio de frio Esmoer - fazer a digestão -Espertel - esperto (a) Esprugar - descascar -Esqueixada - côdea da broa levantada Esterlicada - muito magra -Estiado - parou de chover Estrotegar - torcer o pé -Esturricada - queimada/torrada Fariseu - mau -Farregodilhas - traquino/mexido Fedelho - traquino/ pequeno -Fedor - mau cheiro Fedúncio - reles -Felexo - traque Forcalhas - fintas -Fuderices - bisbolhetices Funfar - choramingar -Furda - local onde está o porco Gadelha - cabelo grande/despenteado -Galheta - rasteira Garnacha - aguardente -Girom - vai embora Gosma - interesseiro -Grolda - falar muito Guieira - vento frio -Guimpar - gemer/sofrimento Hirejo - ateu -Imonado - entufado Impar - gemer continuamente -Incóspia - ordinária Ingrimanço - pessoa desluzida -Inté - até Jabardo - sujo, porco -Jinela - janela Lambão - comilão -Lambisgóia - pessoa espantada Lamuria - choramingueira -Lapacheiro - sujidade (lama/liquídos) Lesma - escarro grande -Lêvedar - fermentar Lixado - encravado -Loijão - cave debaixo do sobrado Lôrpa - comilão -Malina - mau cheiro Malcriado - mal educado -Maldrácia - maldade Malhão - queda -Mardocarmo - Maria do Carmo Marreco - pato -Márronia - mau feitio Martóla - cabeçudo -Mecha - dinheiro Medrar - crescer -Mê Filho - meu filho Melena - cabeleira grande -Mestrunço - mal feito Meixão - papula na pele -Meixões - fridas Mexa - depressa -Miga - petisco Migalho - pequena porção -Miscaros - cogumelos Miúfa - medo -Mixordeiro - provocador Mocotó - mal arranjada -Mocho - triste/calado Moinante - vadio Monco - ranho -Mouca - surda Murça - cabelo grande -Nalgadas - palmadas/nalgas Odepois - depois -Pagem - amigo(a)/companheiro(a) Paleio - conversa -Palitos - fósforos Pão Miado - pão de centeio -Passéu - passou Peisé - pois é -Penca - nariz grande Pelanquim - varanda -Perdigoto - Salpicos de saliva Perrice - chorar muito/irritado -Pertelinho - muito perto Pessinar - benzer -Pia abaixo - ir para baixo Pia acima - ir para cima -Pirísca - velocidade/rapidez Pirralho - pequeno -Pisco - comer pouco Pitróleo - Petróleo -Poaceira - poeira Postigo - janela pequenina -Pujeca - vagina Pugês - miúdo/pequeno -Rabadela - vento forte Quêda - parada -Queicho - coxo Queirela - courela -Queisa - coisa Queizito - bocadito -Quezilha - hábito/maneira/modo -Quilhado - prejudicado Quinté - que até -Rabecada - raspanete Rabicho - Rabo -Rapa barbas - vento gelado Rebisco - jogo de esconder -Relêgo - calma, cuidado Respigo - pedaço de cacho de uvas -Rilhar - trincar carne dura Ripote - gato preto -Roçar - esfregar o chão Saibete - sabor ligeiro -Salsear - sujar Sassericar - não estar quieto -Selamurdo - calado Sertã - frigideira -Soltura - diarreia Sumisso - desaparecimento -Taleiga - saca de pano Talisca - buraco na parede -Tareca - esperta/faladora Tarrisada - risada -Teituçada - tropeçada Tezicar - arreliar -Tísica - magra/doente Trelecas - conchas, conquilhas -Topetada - bater com os dedos do pé -Trambêlo - juízo Tramenho - solução/geito -Trampa - excremento Trelincar - som das campainhas -Trêpelos - grelos Trigamilho - pão de trigo -Trilhar - comer Trinque - chaves da porta -Troca Tintas - trapalhão Troncamaronca - à toa -Trôpesso - andar com dificuldade -Umbela - chapéu (chuva/sol) Xé-xé - maluco -Xi Coração - abraço forte Velar - Adorar -Veneta - fúria Ventaneira - vento forte * 301 Nota:A maioria destas palavras e termos,fazem parte da língua portuguesa mais antiga,muitas destas palavras deixaram de ser utilizadas correntemente mas continuam a fazer parte do rico vocabulário português.Nos restantes casos foram alteradas ou criadas localmente,mas ambas as situações ficaram a dever-se ao isolamento a que Loriga esteve sujeita durante muitos séculos. I - Linguajar em "Loriguês" - 11 - -Ele é um barriga de alqueiro - Ele é uma pessoa barriguda -Olha vai bugiar - Olha vai passear -Está com o nariz escairado - Está com o nariz inflamado -Anda aqui aqueitar-te - Anda aqui abrigar-te -Ouve lá uma queisa - Ouve lá uma coisa -Noutro dia ias pia cima - No outro dia ias para cima -Ficastes quêda ali a falar - Ficastes parada ali a falar -Dei cá um malhão - Dei cá uma queda -Outra queisa - Outra coisa -Ele inté já lá entra - Ele até já lá entra -Está uma ventania quinté mete medo - Está uma ventania que até mete medo -Esta cheiriça é muito boa - Esta chouriça é muito boa -Está todo apilarado - Está todo bem trajado -O teu filho está a medrar - O teu filho está a crescer -Ainda agora por aqui passéu - Ainda agora por aqui passou -Vai à desobriga - Vai confessar-te (Quaresma) -Cheira ao rêspo de gato - Cheira a excremento de gato -Está muito ancha - Está muito vaidosa/satisfeita -O meu homem já abaléu - O meu homem já abalou -É uma tareca da praça - É uma faladora da praça -Vai com uma mexa - Vai com muita pressa -Foi uma tarrisada - Foi uma risada -Vou pia abaixo - Vou para baixo -A vaca esfeijoou-se do combaro - A vaca caiu do combro -Que boga - Que interessa -Olha vai bugiar - Olha vai passear -Deu cá um bate-cu - Caiu de cu no chão -Dei cá uma topetada - Bati com os dedos do p é -Bota fora - Deita fora -Andas-me sempre atizanar - Andas-me sempre a enervar -Ele anda por aí a catrapiscar - Ele anda por aí a espreitar -Vendes lá vós - Vejam lá vós -É uma deida - É uma doida -É todo airoso - É todo simpático -Não tens tramenho nenhum - Não tens jeito nenhum -Tens cá um crolório - Tens cá um feitio -O que está arangar - O que está a dizer -Ade ser um espertel - Há-de ser muita esperta -Vai acartar as batatas - Vai carregar as batatas -Estás uma mocotó - Estás uma mal arranjada -É um degredo para ele comer - É um problema para ele comer -Oh seu camangulão - Oh seu vadio -O menino tem soltura - O menino tem diarreia -Faço cada forcalha - Faço cada finta II - Outros Termos no Linguajar em "Loriguês" -Parece o Doutor da mula ruça -Tem bichos carpinteiros -Tens cá uma murça -Parece que não quebra um prato -Para onde vais?... Vou para o Gundufo -Anda com os calores da Tia Tabaca -Amasse que é Pão Miado -É mesmo uma incóspia -Está cá com um berreiro -Ele é derrancado -Olha!.. Foi ao Baieta -É uma cozinheira do azedo -Espera, que não queres ir p´ra cavada -Está mesmo um arriaga -Vai todo enchixarrado -Estão sempre assorriar -Tem cá uma gadelha -Ele está augado -É um pirralho -Tem só conversa fiada -É cá um fariseu -Vai cá com uma mexa -Ena!.. Que perrice -Olha vem deido -Tens a roupa bem escarrolada -Tem mesmo maldrácia -De lotes para pi lotes -Anda por tinor -Mê Filho... a quem pertences -É mesmo um pisco -É mesmo uma camangulona -Vem a neve ao cu do lobo -És um fraca Xichas -És mesmo um espalha brasas -Ali vai o arrebenta calçadas - 12 - Expressões populares Loricenses "Lorigada" Encontro de convívio e amizade entre loricenses, num almoço tradicional e unicamente com gastronomia de Loriga "Lorigaitas" Expressão popular que se aplica, concretamente fora de Loriga, quando num encontro ocasional, loricenses, recordam a sua terra . **** Nomes de Famílias Registo dos apelidos existentes em Loriga. Apesar de alguns destes apelidos serem muito vulgares entre os Loriguenses, isso não quer dizer que pertençam à mesma família. -Abreu -Alves -Amaral -Amaro -Ambrósio -Antunes -Aparício -Ascensão -Brito -Cabral -Calado -Cardoso -Carreira -Casegas -Claro -Coelho -Conde -Constância -Correia -Carreira -Costa -Crisóstomo -Cruz -Dias -Cruz -Farias -Félix -Fernandes -Ferrão -Ferreira -Ferrito -Figueiredo -Florêncio -Fonseca -Freire -Galvão -Garcia -Gonçalves -Gouveia -Guimarães -Jesus -Jorge -Lages -Leal -Leitão -Lemos -Paixão -Pala s -Paulo -Penas -Pereira -Pina -Pinheiro -Pinto -Pires -Plácido -Portela -Prata -Ramos -Ramalho -Reis -Ribeiro -Romano -Santos -Saraiva -Silva -Silvestre -Simão -Varão -Veloso -Lopes -Lourenço -Lucas -Luis -Macedo -Madeira -Marques -Marta -Martins -Melo -Mendes -Moenda -Moita -Monteiro -Mota -Moura -Mourita -Neves -Nogueira -Nunes -Oliveira -Ortigueira Poema dedicado a Loriga * Telhados Velhinhos A roupa a secar A neve caindo Crianças sorrindo E a gente a cantar Hó terra tão linda Que há que não diga Saloias da serra E cristãs da terra É assim Loriga Disse uma graça na ponte Corre veloz até à fonte E chega logo à "Carreira" Lá vai ele como louca Andando de boca em boca Percorrendo a terra inteira Dizem que a aldeia é grande ve l á Mas se é grande não parece Na rua é um formigueiro Desde a ponte à "Carreira" Toda a gente se conhece * Eugénio Luís Pina dos Santos. -Emigrante loricense na Alemanha, que apesar de estar longe não esquecia sua terra. Poema dedicado a Loriga, publicado no Jornal "A Neve" (Março 2003) a pedido do mesmo, pouco tempo antes do seu falecimento. - 13 - Loriga e Sacavém Laços de união a todos os niveis, tem unido desde sempre estas duas localidades. * Nas décadas de 1950-60 era significativo o grande número de Loricenses a viverem em Sacavém, considerado até por muitos:- uma Loriga em segunda versão. * Em Loriga foi dado o nome de "Rua de Sacavém" a uma das suas ruas. Uma rua com o nome de Loriga passou também a figurar na Toponímia de Sacavém. * É em Sacavém que se encontra sediada uma das Associações Loricenses existentes fora de Loriga. -A N A L O RAssociação dos Naturais e Amigos de Loriga Rua Sport Sacavanense Lote 30 (Quinta do Património) 2685 - Sacavém Telef. 21/9417640 - Fax. 21/ 9400515 e.mail: [email protected] É da Propriédade, Administração e Redação da ANALOR o Jornal "Garganta de Loriga" editado em Sacavém e que chega aos Loricenses espalhados pelo mundo. e.mail: [email protected] Em 1 de Junho de 1996 procedeu-se à Geminação de Loriga e Sacavém, sendo nesse ambito assinado pelas respectivas Juntas os acordos de cooperação. Rancho Fóclorico Loricense ** ** Ano 1952 Primeiro Rancho Folclore Loricense, criado em Sacavém ** Canção de Loriga Loriga escuta teus filhos Que te querem visitar Com canções e estribilhos Que te querem vir saudar São saudades dos ausentes Que sempre recebes bem Que te trazem como presentes Saudações de Sacavém Coro Loriga, é tão linda a nossa terra Loriga, não há para nós outra igual Loriga, és a estrela da serra Mais linda de Portugal Canção cantada pelo Rancho Folclore dos Naturais de Loriga em 1952 Não existe nada igual * Esta voz que nos anima É para nós nosso querer Em cada verso, um rima Para cantar-te até morrer Querida terra tão amada És toda a nossa paixão És por Deus abençoada Loriga do coração - 14 - I Para rever a minha terra Pensei sobre ela falar Fica na encosta da serra É Loriga. É um altar V Caixão da moura e os poços Até a nossa ribeira São de Loriga são nossos Produtos de brincadeira IX Do Reboleiro lembranças Do Vinhô só recordar Da Barroca outras andanças Do passado é bom falar II Da Portela do arão Até Loriga avistar Não é nenhuma ilusão É lindo é de encantar VI De beleza de penedas E mesmo a Fonte do Vale Fonte do Mouro, Represas São encantos sem igual X O que fica por lembrar A volta, o Porto e outros Poço Zé Lages, brincar Recordações de garotos III Paisagem que faz inveja Saudade que se sentia Em rever aquela igreja De Nossa Senhora da Guia VII Já penso no alto da serra Penha dos Abutres, Gato São coisas da nossa terra Bem lindas com neve e mato XI Penso que está tudo dito E para mim foi um prazer Solto agora o meu grito Deixem Loriga crescer. IV Passando a Ponte Nova Todo o espanto que encerra Do trovador sua trova Doa cantos à nossa terra VIII A Casa dos Ingleses E também o Surgaçal São encantos e belezas Que não existe nada igual * José Ferreira Fontão - uma localidade anexa de Loriga Como que escondida no meio das serras, a cerca de 8 Km. de Loriga fica situada a pitoresca localidade do Fontão.Esta bela aldeia de xisto,qual "Piódão" da Serra da Estrela (embora não tenha sido tão divulgada),foi fundada no século XVI por uma família de pastores e agricultores que escolheram aquele pequeno e acolhedor vale para se fixarem. Desde sempre foi um anexo da Vila de Loriga, nas memórias desta localidade escritas em 1755, pelo Vigário João Roiz Ribeiro, em que já era feita referência ao casal do Fontão. O visitante chegando a esta pequena terra, onde as casas construídas de xisto dão um panorama diferente, pensa ter chegado a um mundo onde a natureza é a rainha e onde o silêncio apenas parece ser interrompido pelas águas cristalinas que deslizam pelos campos e riachos, nos fazendo sentir uma certa paz de espirito. Tal cenário faz-nos esquecer o progresso e que, para lá dos montes altos, existe outro mundo, outra vida. A sua população, vivendo essencialmente da agricultura, tem ainda na comercialização da resina e Apicultura um meio de actividade e subsistência. Através dos tempos, no entanto, tem sido esquecida e abandonada pelos poderes autárquicos e, a prova mais visível desse facto, é a continuada falta de dignos acessos. Este era um direito que os seus habitantes sempre reclamaram, sendo até, muitas das vezes os próprios a construir os existentes, bem como, a respectiva conservação.Finalmente,em 2005,foi alargada e pavimentada a estrada de acesso,ficando esta bela aldeia com acessos dignos. No tempos actuais, o Fontão de Loriga, é bem o exemplo da desertificação com a qual se vai debatendo o interior do país, com a saída da sua população para outras localidades. O movimento demográfico e bem sentido na sistemática diminuição da sua população que, comparativamente com as décadas de 40 e 50, em que havia mais de quatro dezenas de crianças na escola local, hoje não existe uma única estando por esse motivo a escola fechada. Em 1999, a população residente no Fontão, era apenas em 11 pessoas. Anualmente é realizada a Festa em Honra de N. S. da Ajuda, uma festa com tradição, presentemente levada a efeito em Agosto, sendo então muitos os ausentes a visitar a sua terra. O local conhecido pelo "Bardo dos Lobos" muito perto da Malhada é, sem dúvida, um dos lugares mais panorâmicos, onde se pode vislumbrar não só o Fontão de Loriga como outras paisagens serranas. Vista parcial do Fontão de Loriga -1- Alguns templos de Loriga e a sua história A Igreja de Loriga Igreja Matriz de Loriga (interior) *** Sabe-se, em concreto, que a Igreja Matriz foi mandada construír em 1233 pelo rei D.Sancho II,na Paróquia de Loriga,que então pertencia à Vigariaria do Padroado Real.Era um templo românico de três naves,dedicado a Santa Maria Maior,com traça exterior lembrando a Sé Velha de Coimbra. Sabe-se que a data de 1233, inscrita numa pedra colocada por cima de uma das portas laterais da igreja actual, nos confirma a sua longa existência, tendo em conta o facto de essa pedra ser visigótica e pertencer a um antigo e pequeno templo que existia no local. A Igreja foi dedicada desde logo a Santa Maria Maior, um templo românico cuja traça tinha semelhança com a da Sé de Coimbra. É a partir do século XVI que se conhece , em mais profundidade, a história da história da Igreja Matriz de Loriga,pois a maioria dos documentos referentes a este templo são posteriores a esse século.Sabe-se até por relatos antigos o registo de que, o subsolo da igreja, sacristia e adro, estão cheios de ossadas, uma vez que na Idade Média, era norma segundo o uso cristão desses tempos, merecerem os defuntos sepultura eclesiástica, que era propriamente na igreja e nos terrenos em redor da mesma.Sabe-se também que, no ano de 1851, ter sido sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor o Reverendo Sebastião Mendes de Brito, pároco de Loriga. A Igreja de Loriga, através do que se conhece, já foi por diversas vezes destruída sofrendo, por isso, diversas transformações, tendo em conta os desabamentos ocorridos em virtude de terramotos que assolaram o país. Assim, em 1755, aquando do grande terramoto que abalou o país, onde Lisboa ficou completamente destruída, a igreja de Loriga desabou. No Dicionário Geográfico, da autoria do Padre Cardoso, mandado elaborar por ordem do Marquês de Pombal, por ocasião do terramoto de 1755, vamos encontrar registos descritos onde o pároco de Loriga, João Roiz Ribeiro, nos diz: "A Parochia está situada no meio da Villa ..... O Orago desta freguesia he a Senhora Santa Maria Mayor. A Egreja tem sinco altares, hum as Sam Bento, houtro de Santa Luzia, houtro de Nossa Senhora do Rozário e o houtro das Almas. Tem huma só nave e nam tem Irmandade alguma ....Padeceu de ruína a capella mor desta Egreja em sua abóbeda e paredes desta sorte, que nam conservao Santíssimo Sacramento nem imagens algumas na dicta capela, de que já dei duas contas à mesa da consiensia e tenho a certeza de que foram entregues. ......." (1) Sendo novamente reconstruída, após o terramoto de 1755, já não conservou a mesma feição arquitectónica da anterior, no entanto, os registos dão-nos conta do seguinte: "...era de estilo romano, com três naves, tecto artesoado com altares correspondentes à traça do templo .... A entrada para a torre e coro era feita pelo cheio da parede virada a nascente, por escadaria (interior) que partia da porta lateral..." No século seguinte, no mês de Setembro do ano de 1882, novamente se fez sentir no centro do país um tremor de terra e, por conseguinte também muito sentido em Loriga, o qual pareceu, em principio, não ter grande gravidade. Só que as consequências viriam mais tarde, quando todos pareciam já ter esquecido. Em Novembro seguinte, e quando era celebrada a missa, estalou a viga mestra da igreja tendo, de imediato, sido efectuada a desocupação do templo e retirando algumas imagens e outros artigos. Só no fim do dia aconteceu o desabamento quase completo, tendo apenas ficado em pé a torre, apesar de muito danificada. Em 1884 foram terminados os trabalhos da reconstrução da igreja, que a população local, toda unida, levou a efeito, chegando aos tempos actuais, passando desde então a manter a mesma estrutura com uma ou outra modificação de conservação que foi acontecendo. No ano de 1929 foi ainda a igreja de Loriga, cenário de tragédia, quando desabou um "palanque" construído em anexo ao coro, resultando a morte de 2 pessoas e alguns feridos principalmente crianças. A Igreja de Loriga tem, além do altar principal, mais quatro altares, todos eles considerados de rara beleza, bem como as imagens que ali figuram. Tem também coro e ainda uma torre onde os seus sinos fazem chegar bem longe os seus sons. Houve, em tempos, a ideia de construir uma nova igreja noutro local da Vila, no entanto, essa ideia não prevaleceu, mantendo-se a actual que, apesar de pequena, é uma igreja antiga, bonita, verdadeiramente acolhedora e digna de ser visitada. Lâmpada do Santíssimo Sacramento da Igreja Pensa-se ter sido a primeira oferta dos beneméritos emigrantes Loricenses no norte do Brasil. Remota ao século XIX, mais precisamente da década de 1870. Esta prenda foi doada à igreja de Loriga por uma família, quando do regresso à Pátria e à sua terra, tendo sido adquirida em Lisboa. Para registo aqui se menciona a família de emigrantes loricenses que doou à Igreja da sua terra, a Lâmpada do Santíssimo Sacramento, desde sempre muito admirada na igreja de Loriga, pelas pessoas que a visitam: "José Joaquim dos Reis, esposa Maria Águeda Mendes Lemos e respectivos filhos, e ainda um sobrinho de seu nome António Reis". * (1) in Padre Cardoso, Dicionário Geográfico, 1758, fl. 1149 (transcrição original) Capela do Santo Cristo -2- Imagem de Nosso Senhor na Capela de Santo Cristo (Igreja Matriz de Loriga) A Capela de Santo Cristo, é parte integrante da Igreja Matriz de Loriga e, é assim designada, por nela se encontrar a imagem de Nosso Senhor com a Cruz aos ombros. De pequena dimensão, tem uma porta principal para uma das ruas da Vila, e uma outra porta de acesso directo à Igreja, junto ao altar. É verdadeiramente expressiva a imagem de Nosso Senhor com a Cruz aos ombros, que Loriga se orgulha de possuir, e que foi feita nesta vila, por um "artista" loricense, que morreu ao contemplar a sua obra. Segundo uma lenda, ao acabar de esculpir a imagem o "artista" teria ouvido dos próprios lábios de Jesus estas palavras: - "onde me mirastes que tão bem me retratastes" Em tempos em que a população era muito mais e, porque a Igreja Paroquial propriamente dita, era pequena para tanta gente, esta capela era uma mais valia, pois era para ali que muitas pessoas iam para assistir às missas ou outras cerimónias litúrgicas. Por esse motivo, foi feito um pequeno "palanque" num dos cantos, a onde passou a estar até aos tempos actuais, nunca voltando a ser colocado no centro da capela, como sempre se conheceu e que melhor podia ser vista, através dos vidros, uma imagem linda de verdade e digna de poder ser admirada, de onde saia apenas e praticamente só pela altura da Quaresma Nota:- Não se realiza Festa exclusivamente dedicada ao Santo Cristo. Capela de Nossa Senhora de Fátima Fazendo parte integrante da igreja Matriz de Loriga, este local de recolhimento, onde se situa o Altar da Nossa Senhora de Fátima, tem sido sempre conhecido como a "Capelinha" dedicada a esta Virgem. O altar moldado em madeira ornamentada e, a beleza da imagem da Virgem ali presente, faz daquele pequeno lugar, um local de veneração e de oração à Padroeira de Portugal. Tem uma porta de acesso directo à Sacristia e, por ser parte complementar da Igreja, por norma não são ali celebradas missas ou outros cultos religiosos, considerando uma ou outra excepção. Uma dessas excepções ocorreu quando, após ordem eclesiástica, o Sr. Padre Lages deixou de poder celebrar missa no altar-mor, passando então este sacerdote a celebrar as suas missas neste altar de Nossa Senhora de Fátima, durante algum tempo. É também no altar desta capelinha, que se encontra a imagem de Santo António, desde que a sua capela, onde esteve durante séculos, foi demolida em nome do progresso. Capela da Nossa Senhora de Fátima (Igreja Matriz de Loriga) Nota:- Não se realiza Festa exclusivamente dedicada à Nossa Senhora de Fátima em Loriga. Capela da Nossa Senhora da Guia -3- Nossa Senhora da Guia Capela de Nossa Senhora da Guia *** A veneração à Nossa Senhora da Guia nesta localidade de Loriga, surgiu nos meados do século XIX, ideia trazida pelos "Cartagenos", nome dado aos negociantes de lã que iam por outras terras do país; nomeadamente pelo norte, vender as peças tecidas manualmente. Esses "Cartagenos", nas suas andanças comerciais viram no Minho, mais precisamente em Vila do Conde junto à foz do Rio Ave, uma ermida em honra de Nossa Senhora da Guia, padroeira dos pescadores. Quando em Loriga se pensou construir uma capela em louvor da Virgem, como nessa altura os Loricenses começavam a sair, emigrando para o Brasil, o nome escolhido foi o de N.S.da Guia, que passou a ser, nesta vila, a padroeira dos emigrantes. Nos primeiros anos da década de 1880, sendo o povo de Loriga muito devoto, de muita fé e de muita coragem, quando se procedia às obras da reconstrução da Igreja matriz destruída em consequência de um abalo de terra verificado nesta região da Beira, de imediato o pensamento da construção da capela tomou ainda maior forma. O monte "Gemuro", que emerge da ribeira de São Bento foi o escolhido. Situado a nordeste da povoação, a pouco mais de um quilómetro do centro da Vila, era porventura o local mais indicado. No entanto, não foi uma escolha pacifica, originando muitos conflitos e confusões, que só o tempo viria a saldar. Aquele lugar conhecido por "Gemuro", era uma passagem dos proprietários dos pinhais e que servia também de caminho de acesso à freguesia da Cabeça, sendo terreno plano, soalheiro e de boas vistas. Ali se juntava o povo aos domingos, nas tardes de verão, para descansar dos rudes trabalhos da semana sendo, ainda, um verdadeiro miradouro para o monte do Colcorinho, sobretudo no domingo do Espírito Santo e quando da celebração da festa de N.S. das Preces em Vale Maceira. A família Marques Guimarães, proprietários daquela terra e pinhais, não via com bons olhos o ajuntamento de estranhos nas sua terras. Mas o povo, cada vez mais sentia-se atraído por aquele local, para os seus convívios familiares, de lazer e descanso. Quanto mais os donos procuravam defender os seus direitos, mais o povo parecia tomar conta daquele lugar e, movidos pela ideia da construção da capela, começaram mesmo a derrubar os pinheiros e a terraplenar o terreno. Nem mesmo as autoridades administrativas locais conseguiram demover o povo a desistir do fim que tinha em vista, passando desde logo esse lugar a chamar-se por Senhora da Guia. Nessa época, era paroco de Loriga o Sr.Padre Matias. Em 1884, foi concluída a construção da capela, feita de pedra de xisto. Esta capela durou cerca de 40 anos e tinha a entrada principal virada para a povoação. A primeira festa em honra de N.S. da Guia realizou-se nesse mesmo ano, em 06 de Outubro, para depois passar-se a realizar sempre no primeiro domingo de Agosto. No inverno, aquele local era frequentemente assolado por ventos fortes e enxurradas de águas, o que fez com que a capela primitiva fosse ficando muito degradada. Em 1917-18, como não parecia oferecer segurança, após mais de três décadas de existência, pensou-se na sua demolição tendo, para o efeito, sido constituída uma comissão, com a finalidade de dar início à construção de uma nova capela. Foi então demolida a primitiva capela e edificado uma outra que ficaria concluida por volta do ano de 1921. É esta a capela que chegou até aos nossos dias, com as medidas de 9,30 X 6,90 metros, tem ao longo de todos estes anos de existência, conhecido várias transformações tendo já pouco a ver com a inicialmente edificada. Os relatos da época dizem, que a festa realizada após a construção da nova capela, foi de verdadeira emoção e alegria. Era então pároco de Loriga, o Monsenhor António Gouveia Cabral e, no rosto de todos os presentes, era bem visível esse contentamento por terem proporcionado uma digna capela à Virgem que, do seu andor, parecia dizer ao menino que olhava sua Mãe:- "Vê como meus filhos me amam" O recinto da N.S.da Guia é, na verdade, hoje em dia, a "coroa" da Vila de Loriga e digna de ser vista por todos os visitantes. A capela de N.S. da Guia e a Virgem tem, sem dúvida, o grande afecto dos emigrantes Loricenses espalhados pelo mundo. A imagem da Virgem, tão bela e expressiva foi feita para os lados de Braga e data da construção da primitiva capela. Chegou até bastante antes da capela estar concluída. Existe uma outra imagem - Nossa Senhora da Guia pequenina - que devia vir para Loriga por volta de 1901-1902. A razão desta segunda imagem é a seguinte: O dia da festa, excepto o primeiro ano (1884), sempre se realizou no primeiro domingo de Agosto. De manhã, muito cedo, a imagem vinha em procissão da Capela para a Igreja, regressando para a sua capela cerca do meio dia. Acontecia que muitos romeiros, alguns de longes terras, vinham até à capela cumprir as suas promessas e dar as suas esmolas e não encontravam a Imagem da Virgem o que bastante os desconsolava. Foi por isso que se mandou fazer outra imagem que substituísse, na ausência, a primitiva imagem de Nossa Senhora da Guia, como hoje ainda isso acontece. Festa em honra de Nossa Senhora da Guia A Festa em honra de Nossa Senhora da Guia, realiza-se anualmente no primeiro Domingo de Agosto. Para além do acto religioso em que é relevante a magestosa procissão e missa campal, tem como complemento também a parte musical, que decorre normalmente no recinto e também na vila. É a maior Festa que se realiza em Loriga e a que mais visitantes atraia a Loriga, nomeadamente os Loricenses espalhados pelo país e pelo mundo. As mordomias nomeadas, levam a efeito vários eventos, tendo ao longo do ano a preocupação de angariar receitas, não só para a realização da Festa anual, mas também ter sempre presente fundos para despesas pontuais, obras e restauro da Capela, Coreto, Casa do Fogueteiro e ainda a conservação de toda a área envolvente do recinto e rampa de acesso. -4- A Capela de Nossa Senhora do Carmo Capela da Nossa Senhora do Carmo (altar) (Bairro de S.Genês) *** Bem mesmo no centro do Bairro de São Ginês, quase que passando despercebida a capela dedicada à Nossa Senhora do Carmo, muito bem guardada e protegida pelos moradores desse lugar pitoresco de Loriga, continua a manter a firme postura de capela de bairro, sendo bem patente o orgulho que os moradores locais têm na sua capela. Vem de longe a existência da capela naquele local,já que o templo primitivo ali existente foi uma ermida visigótica dedicada a S.Gens,santo a que os Loricenses mudaram o nome para S.Ginês,talvêz por ser mais fácil de pronunciar. Sabe-se que em 1758 ainda era dedicada a San Gens, pensando-se até, que resistiu ao grande terramoto de 1755, que nesse ano assolou o nosso país e arrasou quase totalmente Lisboa. Sabe-se portanto, que a capela actual não é a primitiva uma vez que, por estar em vias de ruir, seria reconstruída. Mesmo assim, durante alguns anos, esteve só com paredes e telhado e, só depois de ser feito o altar, foi restituída ao culto em 1938. Para quem não saiba, muito boa gente poderá ser induzida no erro de que, a data de 1909, inscrita na fachada por cima da porta, corresponde à data da existência da capela naquele local. Na verdade não é assim, pois, na realidade, a data corresponde a uma de algumas reconstruções que esta capela foi tendo ao longo da sua existência. Sabe-se da existência de poucas habitações naquele local quando a ermida foi construída, estando escrito que ela se situava ao "lado da vila". Por conseguinte, o povoado de Loriga mal ali chegava, sabendo-se que, durante muitos séculos, o povo português, muito religioso e crente construía as ermidas normalmente em locais fora dos povoados. Do que parece não restar dúvidas, é que a capela foi ali edificada em honra de São Gens e, por isso mesmo, aquele local passou a ser chamado precisamente com a versão Loricense desse mesmo nome, topónimo que ainda hoje se mantém. Apesar da capela não ser cenário de grandes festas em honra da sua Virgem, como decerto acontece com outras festas religiosas que se realizam em Loriga, não é por isso menosprezada. Se recuarmos a tempos distantes veremos que esta capela foi fundamental e de grande utilidade em situações infelizmente trágicas acontecidas nesta localidade. No século passado, mais precisamente em 1881, quando por motivo de um novo tremor de terra que se fez sentir na região da Beira, a igreja matriz viria a ruir, esta capela foi utilizada na realização de alguns actos religiosos. Já no século XX, quando da grave epidemia que aconteceu em Loriga no ano de 1927, na capela da Senhora do Carmo, foi improvisado um balneário, sendo dotada com banheiras e água canalizada. Nesta altura, a capela estava praticamente desactivada religiosamente, pois apenas tinha as paredes e o telhado e, essa adaptação em balneário, foi importante na luta dessa epidemia. A capela de Nossa Senhora do Carmo é, presentemente, digna de uma visita devendo, em minha opinião, fazer parte do roteiro dos visitantes de Loriga, que decerto não deixarão de admirar, na amplitude do altar em madeira ornamentada, a beleza da imagem da Virgem, bem como outras imagens antigas e de muito valor, onde não poderia faltar o São Gens, precisamente o patrono deste Bairro. É uma capela que, apesar de antiga, respira modernidade, graças aos cuidados que os moradores do Bairro de S. Ginês lhe dedicam. Nota do Autor:-Simbólicamente como que só pertencente aos moradores de S.Ginês, é realmente digno de registo e de louvor toda esta boa gente daquele meu bairro, no empenhamento e conservação desta capela naquele local, com mais de dois séculos de existência, mantendo assim em continuidade o sonho desses nossos antepassados, que ao edificar com fé este lugar de culto, sabiam que as gerações vindoiras continuariam a perpetuar o que então tinham idealizado. Festa em honra de Nossa Senhora do Carmo Foi de comum acordo pelos moradores do Bairro de S. Ginês, a realização de dois em dois anos de uma Festa, unicamente religiosa, em honra da Nossa Senhora do Carmo, . No dia 4 de Junho de 2000, realizou-se a primeira Festa, um primeiro evento que fez engalanar em festividade o típico bairro de S.Ginês. Teve como momento mais alto, a bonita procissão, que percorreu as ruas da vila, sendo o andor da N. S. do Carmo transportado pelos elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR). Esta Festa foi levada a efeito, numa organização conjunta com os moradores do Bairro das Penedas, que consideram-se como um anexo do Bairro de S.Ginês. Ficará ainda como registo, o facto, de o "velho" Terreiro da Lição, ter sido pela primeira vez cenário de um concerto de música, que a Banda de Loriga ali efectuou nesse dia. Mordomas de Nossa Senhora do Carmo para 2006-2008 Maria Fernanda Martins Pina Mendes , Fátima Alves Amaro Gonçalves, Maria Irene Brito Ferreira, Maria Filomena Dias de Brito -5- Capela de São Sebastião São Sebastião Capela de São Sebastião (Rua de São Sebastião) *** Apesar de pouco se saber sobre a razão da construção da capela de São Sebastião naquele local, remonta há mais de três séculos a sua existência. Em recortes antigos e relacionados à década de 1750, era referenciada como estando situada a "duzentos passos distantes da povoação no caminho para Valezim" (Estrada Romana de Lorica), na qual não faziam festa ou romaria alguma. Segundo essa descrição, para essa época, a capela ficava longe da povoação, se tivermos em conta a existência de outras capelas já a ficarem rodeadas pelo povoado, com era os casos das capelas de Santo António e S.Gens, actualmente N.S. do Carmo. Efectivamente pensa-se ter existido uma boa razão para a construção de uma ermida naquele local. Os relatos antigos vêm dizer que, sendo o caminho e trajecto de Loriga para outras povoações, aquele local era um lugar aprazível, de descanso, onde corria abundante água. Ali os viajantes paravam, por momentos, para descansar e, ao mesmo tempo, oravam pela viagem que estavam prestes a iniciar ou, aqueles que ao chegarem, ali paravam orando e agradecendo a viagem que tinham acabado de efectuar. A primitiva capela construída em pequenas dimensões, era o protótipo da ermida isolada em lugar de passantes, havendo até uma certa preocupação de a mesma ser resguardada o mais possível das más condições climáticas. Ao ser edificada em honra desse Santo, poderá estar relacionado o facto de, nessa época, e um pouco por todo o lado, ser muito comum a veneração ao mártir São Sebastião, passando mesmo aquele lugar a ser assim chamado. Com os tempos, aquele local bem como a capela já foram cenário de muitas alterações.A primitiva estrada romana deixou de ser utilizado e foi vandalizada no local em nome do "progresso", em consequência, nova capela mais moderna foi também construída, esta sobreposta à antiga. As Festas em honra de São Sebastião, por estranho que pareça, não se realizam na sua capela mas sim na vila. Houve tempos, até, que nem sempre era realizada, ao contrário do que acontece hoje, que se realiza anualmente. É uma festa grandiosa e uma das maiores que se efectuam em Loriga, realizando-se no verão, em data o mais próximo possivel da Festa da Nossa Senhora da Guia. Uma tradição em honra deste Santo, que através dos tempos se vai mantendo, é o peditório realizado com o "Cambeiro", um mastro alto, em madeira, ornamentado com penduradores em ferro, que percorre as ruas da Vila, e onde as pessoas penduram as suas ofertas:- chouriços; morcelas; presuntos; carne; pão; queijos; feijão; grão; milho etc., sendo estas ofertas leiloadas em evento efectuado no largo da igreja. Ao contrário das outras capelas já referidas, existentes em 1758, e que com os tempos foram ficando dentro da povoação de Loriga, a de São Sebastião, apesar de mais de dois séculos já passados, continua fora e isolada, apesar de visível do casario da Vila que dela se foi aproximando. O seu patrono é, pois uma presença viva dos antepassados Loricenses que idealizaram aquele local e a construção da capela. E se, em tempos distantes, se pensa que abençoava os viajantes que por ali passavam, continua hoje a ser a benção para muitos outros que ali passam para a última viagem, mas esta, uma viagem sem regresso. Visitar a capela de São Sebastião é também importante, pelo seu valor histórico e cultural, fazendo mesmo parte do itinerário turístico desta vila. Festa em honra de São Sebastião A Festa em honra de São Sebastião, realiza-se em Julho. Para além do acto religioso é também efectuada festa musical, que decorre na vila e que normalmente atrai sempre muitos visitantes. As mordomias anualmente nomeadas, levam a efeito vários eventos, tendo ao longo do ano a preocupação de angariar receitas, não só para a realização da Festa anual, mas também ter sempre presente fundos para obras de restauro e conservação da Capela. Uma característica em honra do S. Sebastião em Loriga, é o tradicional peditório com o "Cambeiro" que se realiza anualmente em Janeiro. Mordomos de São Sebastião para 2006 Joaquim dos Santos Baptista , José Mário Santos Oliveira, Nuno Alberto Fernandes Pinheiro, Luís Filipe Garcia Figueiredo, Rui Miguel Silva Pinheiro, Joaquim Gonçalves Moura Capela Nossa Senhora da Auxiliadora -6- Foto - Capela Nossa Senhora da Auxiliadora *** Situada no local conhecido por Redondinha, esta capela faz parte do Solar com o mesmo nome,datado do século XVII e, foi mandada construir pelo Industrial Augusto Luís Mendes, dono de todas aquelas terras envolventes naquele local de Loriga. Esta capela destinava-se ao culto religioso particular e familiar. Foi construída nos primeiros anos do século XX, sendo benzida em 1907, pelo Arcebispo-Bispo diocesano, Dom Manuel Vieira de Matos, que na altura se encontrava de visita a Loriga. Apenas num ou noutro caso, excepcionalmente, esta capela chegou a estar ao serviço da comunidade loricense, podendo aqui lembrar, por exemplo, quando em determinada época, os jovens ali se reuniam em retiros, para a preparação da Profissão de Fé. No entanto, através dos muitos anos da sua existência, e por se identificar como particular, não era um lugar de culto da população local, tal como acontece com as outras capelas desta vila. Em tempos já distantes, nomeadamente durante a época áurea da vida da família Augusto Luís Mendes, esta capela conheceu, na realidade, uma certa actividade religiosa, sobretudo enquanto este industrial foi vivo. Ali eram realizadas missas, baptizados, casamentos, velórios e ainda outros eventos religiosos, assim como, uma vez por mês, estava aberta a toda a população que ali quisesse assistir à missa dominical Durante estas últimas longas décadas, esteve sempre praticamente fechada, havendo no entanto, por parte dos seus proprietários, a preocupação na sua conservação, continuando a manter bem viva, a memória dos antigos proprietários daquela zona de Loriga, a quem esta localidade muito ficou a dever. Hoje em dia encontra-se totalmente fechada, continua a pertencer aos descendentes da família desse grande industrial, Augusto Luís Mendes, estando actualmente a tomar conta da mesma, o Sr. Fernando Pais de Amaral Mendes. Não se realiza Festa em honra de N. S. da Auxiliadora Não se realiza Festa em honra da Nossa Senhora da Auxiliadora em Loriga, apesar da existência desta capela dedicada a esta Virgem. Talvez por se tratar de um acapela a nível particular e familiar, nunca existiu conhecimento de Festas a nível comunitário, no entanto, tem-se conhecimento de uma ou outra Festa ali realizada pelo seu proprietário -7- Capela de Santo António Foto da Capela Santo António no Ano de 1972 - Demolida em 1975 *** A Capela de Santo António encontrava-se situada no Largo do Santo António, nome pelo qual hoje é conhecido devido à localização da Capela, mas que popularmente, e durante muitos anos, foi também chamado por Largo da " Carvalha". A capela ali existente era muito antiga, sabendo-se que a sua construção vinha já do século XIV. Em escritos existentes de 1758, faz-se referência a esta capela, como situada ao cimo da vila confirmando-se, assim, que quando foi construída, o povoado de Loriga não era ainda para lá deste local. Na década de 1880, a capela do Santo António, passou a substituir a Igreja Matriz em todos os cultos religiosos, por motivo desta ter ruido, quando foi sentido em Loriga, um forte sismo. A primitiva Capela tinha alpendre e campanário, que nada tinha a ver com a capela que chegou aos nossos dias, precisamente até à sua demolição, ocorrida na década de 1970, aquando da modernização daquele local e ainda da "Carreira".As colunas desse alpendre sustentam o coro da Igreja Matriz,depois da reconstrução desta após o sismo de 1755. A capela naquele local,existiu a par do antigo cemitério de Loriga. Depois da construção do novo e actual cemitério, nos últimos anos da década de 1890, e após total trasladação dos restos mortais, esta capela foi ficando em estado de degradação. Foi reedificada, por altura do ano de 1920, passando a ter as medidas de 10,20 metros por 6,20 metros, sendo restituída ao culto em 1923. No entanto, em Junho de 1925 foi interdita pelo Prelado, interdição que durou até princípios de Maio de 1927. Nas últimas décadas da sua existência, foram poucas as actividades religiosas ali realizadas e, aos poucos, foi ficando degradada e mesmo abandonada. Já em projecto a respectiva demolição, e já com algumas obras a decorrer naquele local, esteve iminente ruir completamente, pondo mesmo em perigo a população local ao passar ali, tendo feito eco disso, o jornal diário "Jornal de Noticias" em 15 de Abril de 1974. Entretanto, a imagem do Santo António, já há muito que tinha sido transferida para a Igreja Paroquial, onde hoje ainda se encontra. Esteve ainda projectada a construção de nova capela invocativa a este Santo, não no mesmo local (que viria a gerar bastante polémica) mas sim na Fonte do Mouro, onde chegou mesmo a ser iniciada a respectiva construção, no entanto, pouco tempo depois, esse projecto foi definitivamente posto de parte,devido principalmente a obstáculos criados pelo então pároco de Loriga. Nota: - Em 1975 foi demolida a capela do Santo António em Loriga. Com o estado de degradação cada vez mais acentuado, já algum tempo antes a imagem do Santo tinha dali sido retirada, passando para a Igreja Matriz, onde se encontra, colocado na capela da Nossa Senhora de Fátima. Entretanto, naquele local foi edificado um pequeno monumento com a imagem de Santo António, simbolizando assim a capela ali existente durante séculos e, ainda o nome daquele lugar chamado Largo de Santo António. Festa em honra de Santo António A Festa em honra de Santo António, realiza-se em Junho. Para além do acto religioso é também efectuada festa musical, que decorre na vila precisamente no local onde outrora estava edificada a capela dedicada a este Santo,e é uma das maiores festas de Loriga. As mordomias anualmente nomeadas, é caracterizada pelo principio de serem incorporadas por jovens, nomeadamente namorados, por isso se dizer que Santo António é casamenteiro. Ao longo do ano a comissão de festas leva a efeito vários eventos, no sentido de angariar receitas para efectuar a tradicional festa. Mordomos de Santo António para 2006 Rafaela Costa Pereira, Daniela Alexandre Pina Pereira, Ana Isabel Martins Ferrão, Eliana Filipa Oliveira Mendes , João Miguel Brito Lopes, Ruben Valter Dinis Moura, Victor Hugo Gomes Simão , Roberto Filipe Pina Pereira -1- Nossa Senhora da Guia ** ** Nossa Senhora da Guia Padroeira dos Emigrantes Festa Anual que se realiza no 1. Domingo de Agosto **** Senhora da Guia Nossa Mãe clemente Protegei Loriga Iluminai sua gente. **** -2- -A devoção a Nossa Senhora da Guia começou a ter uma maior implantação em Loriga, nos anos antecedentes a 1884, ano da construção da primeira capela. -Os negociantes Loricenses de lã, nas suas viagens pelo Minho, viram junto à Foz de um rio uma ermida em honra dessa Virgem e desde logo pensaram também poderem ter na sua terra uma capela em sua honra. -O local onde está situada a capela de Nossa Senhora da Guia, era outrora conhecido pelo monte de "Gemuro" -A primeira festa em honra de N.S.da Guia foi realizada em 6 de Outubro do ano 1884, e desde então passou a ser realizada todos os anos no 1º. Domingo de Agôsto. -Apenas no ano de 1939 a festa não foi realizada, por motivo de um contencioso existente entre o Pároco da época e os seus paroquianos. **** **** Pintura em honra a Nossa Senhora da Guia (2003) Autora:-Maria do Anjos Fernandes Gomes Antunes Hino em Homenagem a Nossa Senhora da Guia -3- Verso 1 Vós sois o lírio mimoso Do mais suave perfume Que ao lado do Casto Esposo A castidade resume Verso 2 De vossos olhos e pranto É como gota de orvalho Que dá frescura e encanto À flor pendente de galho Verso 3 Se em vossos lábios divinos Doce sorriso desponta Nos esplendores dos hinos Nossa alma aos pés se remonta Coro Ó Padroeira amorosa Clara estrela Mãe Pia Dai-nos a Benção bondoso Virgem Senhora da Guia Verso 4 Vós sois a flor da inocência Que nossa vida embalsama Com suavíssima essência Que sobre nós se derrama Verso 5 Quando na vida sofremos A mais atroz amargura De vossas mãos recebemos A confortável doçura Verso 6 Vós sois a ridente Aurora De divinais resplendores Que a luz de fé revigora Em nossas lutas e dores Verso 7 E lá da Celeste altura De vosso Trono e luz Dai-nos Paz e ventura Do vosso Amado Jesus ** Breve Apontamento da História deste hino à Nossa Senhora da Guia * -4- O cântico "Ó Padroeira Amorosa" cantava-se e ainda hoje se canta à Senhora da Nazaré na cidade de Belém-Pará -Brasil. A história da introdução do cântico "Ó Padroeira Amorosa" na Festa da Nossa Senhora da Guia em Loriga remota ao ano de 1950. Nesse ano e de visita à sua terra, o loriguense Sr. António Nunes Brito, emigrado na cidade de Belém -Pará, em conversa com o Senhor António Pinto Ascensão, então maestro da Banda Filarmónica de Loriga, falou no referido cântico, e desde logo surgiu a ideia de o adaptar à Nossa Senhora da -5- Em Belém-Pará Brasil canta-se assim: Ó Padroeira amorosa Fonte de amor e de fé Dai-nos a benção bondosa Senhora da Nazaré Em Loriga canta-se assim: Ó Padroeira amorosa Clara Estrela, mãe pia Dai-nos a bênção bondosa Virgem Senhora da Guia * Registo de Arquivo de António Pinto Ascensão. Recinto da Nossa Senhora da Guia no tempo **** **** Canção dedicada à Nossa Senhora da Guia -6- Só, a fé em Vós, aqui nos traz Junto do andor, Virgem Maria Vós sois a bondade e sois a paz A luz que brilha e nos guia Nossa Mãe, Senhora da Guia. Avé, Avé, doce Mãe Agora que estamos Convosco Unidos na Procissão Nós seguimos-te com devoção Avé, Avé, doce Mãe Vós sois alegria e a bonança A Santa Mãe de Jesus Nossa guia e nossa esperança Avé, Avé, doce Mãe Aqui juntos à profia Escutai a nossa mensagem Neste dia de festa e romagem A infância, outrora, aqui passada Sempre nos levou a recordar Vossa bela imagem imaculada Por todos nós venerada No Andor ou no Altar. Ave, Avé, doce Mãe Que a Vossa estrela brilhante Ilumine o nosso povo E também os nossos emigrantes. Avé, Avé, doce Mãe Dai-nos um coração p´ra amar Saúde e sabedoria E o pão nosso de cada dia. Avé, Avé, doce Mãe É tempo de testemunhar Que somos todos irmãos E a todos unir nossa mãos. Avé, Avé doce Mãe Agora e pela vida inteira Protegei a nossa Terra Mãe do Céu, nossa Padroeira. Versos do Loricense Carlos. A. Pinto (Agosto 1988) - Adaptados à música da canção "Joana" de Marco Paulo -7- Verso a Nossa Senhora da Guia* Antes de adormecer Louvo-te em sons musicais Como canto de pardais Que oiço ao amanhecer É em ti que me protejo Se me sinto sem abrigo Sei que estás sempre comigo Dás a mão quando fraquejo Para mim és mais que guia És a luz no meu dia-a-dia Está em tudo que faço Se vejo teu rosto sorrir Vou como criança a fugir Abrigar-me em teu regaço. * Agosto de 2005 - Adélia Lopes Loas a Nossa Senhora da Guia -8- É secular a Festa em honra de N. S. da Guia que todos os anos se realiza nesta localidade. A primeira festa realizou-se no dia 6 de Outubro de 1884 e, a partir daí passou a ser realizada sempre no primeiro domingo de Agosto, fazendo atrair a Loriga muitos forasteiros, principalmente muitos dos Loricenses ausentes por outras paragens. Com a aproximação desta festa é tradição as pessoas na Vila cantarem as Loas que o povo um dia fez à sua padroeira. Das muitas Loas existentes aqui se recordam algumas delas: Estando eu em minha casa Assentada a uma janela Deitei os olhos ao longe Vi uma linda capela!... Nossa Senhora da Guia Dizei-me onde morais?! -Moro p´ra além da catraia No meio dos pinheirais Nossa Senhora da Guia Mandou-me agora chamar Deixa-me lá ir depressa A ver o que me quer dar Nossa Senhora da Guia À vossa porta cheguei Tantos anjos me acompanharam Como de passos eu dei Nossa Senhora da Guia Quem vos varreu o terreiro?! -As meninas de Loriga C´um raminho de loureiro Nossa Senhora da Guia A vossa ladeira mata Dai saúde os brasileiros Que deram a cruz de prata Nossa Senhora da Guia Ela lá vem no andor Com o seu menino ao colo Que parece um esplendor Nossa Senhora da Guia Ficou à porta a chorar Recolhei-vos, Mãe de Deus Qu´inda cá hei-de voltar!.. Nossa Senhora da Guia Rosa branca em botão Dai saúde aos brasileiros Que deram o pavilhão. Nossa Senhora da Guia Sois uma estrela brilhante Dai saúde aos portugueses São um povo navegante. Nossa Senhora da Guia Rosa branca encarnada Até ao cimo da França Chega a vossa nomeada. Nossa Senhora da Guia Arrendai a Carvalhinha Arrendai-a por dinheiro Que a sombra dela é minha. Nossa Senhora da Guia Tem o manto a fazer Cheio de pérolas d´oiro Ai tão lindo que há-de ser!.. Nossa Senhora da Guia Mandai-nos tempo alegre!.. Há quatro dias que chove Água fria como a Neve. Nossa Senhora da Guia Tem um tear à janela Dá-lhe o vento, dá-lhe a chuva Todo o fiado lhe quebra... Nossa Senhora da Guia Ai minha boa Mãezinha!.. Eu já fui a vossa casa Vinde Vós agora à minha Nossa Senhora da Guia Quem te deu esse vestido Foi um homem em Lisboa Que no mar se viu perdido. Vi uma linda capela Procurei de quem seria Um anjo me anunciou Que era da Senhora da Guia Nossa Senhora da Guia Que dais a quem vos vem ver?! -Aos casados, paz e alegria Aos solteiros, bom viver Nossa Senhora da Guia Tem o caminho de giestas, Bem podias vós, Senhora Tê-lo de rosas abertas Nossa Senhora da Guia Hoje aqui vos venho ver Já que me destes saúde Estando eu para morrer Nossa Senhora da Guia Nossa Senhora da Guia Quem vos varreu o balcão?! Tem uma redoma de vidro Nossa Senhora da Guia Tem uma estrela na mão -9- Estas Loas à Nossa Senhora da Guia foram publicadas em 1958 Medalha do Primeiro Centenário das Festas em Honra de Nossa Senhora da Guia Loriga 1884-1984 Centenário da Festa da N. S. da Guia (dias 2, 3, 4 e 5 de Agosto de 1984) A comissão na celebração do centenário da Festa da Nossa Senhora da Guia, era assim constituída: Orestes Gomes Aparício; António Ferreira Penas; Carlos José Brito Moura; José Simões Moura; Emílio Lopes Brito; José Jorge Romano; José Mendes Dias Aparício; António Ferreira da Silva; Joaquim Lemos Pinto; Adelino Manuel Martins de Pina e Carlos Lucas Antunes Fernandes. Quadras dedicadas à Nossa Senhora da Guia - 10 - Viva a festa, viva a festa De Nossa Senhora da Guia Para a gente de Loriga Não há melhor romaria Todo o mundo vem para a rua Há foguetes a estoirar A Banda já está no adro Os sinos estão a tocar Na praça está tudo cheio Nem sequer há um lugar São muitos os emigrantes A procissão vai passar Das janelas enfeitadas Com colchas multicolor Lançam pétalas douradas Que vão cair no andor A Banda sempre a tocar Sua música de eleição Dá mais encanto à festa E brilho à procissão Vós sois a bonança Que o mundo conduz A nossa esperança A mãe de Jesus Senhora da Guia Encanto e luz A vossa magia Só amor traduz O povo cheio de fé Ao ver passar o andor Acompanham a procissão Cantando com mais fervor Vós que sois a guia E a padroeira Abençoai Loriga Pela vida inteira Estas quadras foram elaboradas para o Primeiro Centenário da Festa de Nossa Senhora da Guia (1984) Emigrantes no Brasil Grandes beneméritos para N.S. da Guia A Comunidade Loricense em Pará do Brasil, que se foi formando ainda antes de meados do século XIX foi, desde sempre, de um grande bairrismo, sendo bem visíveis os vários contributos em prol da sua terra e que ficarão, para sempre registados na história de Loriga. Esses contributos traduzem-se em obras edificadas um pouco por toda a Vila, nomeadamente os fontanários, sendo ainda impulsionadores de muitas iniciativas bastantes significativas. A benemerência desta comunidade Loricense no Pará, Brasil, que apesar da distância, não esqueceu a sua Vila e a sua Padroeira, é sobretudo dirigida a favor de Nossa Senhora da Guia, onde vamos encontrar muitas dessas obras e contributos, das quais me apraz aqui registar algumas: Guião vermelho Oferecido em 1888, tendo um pau muito alto que seria depois cortado quando da inauguração da electricidade em Loriga. (É desconhecida a Lista dos nomes que contribuíram nesta iniciativa) * Coreto do Recinto da Nossa Senhora da Guia - 11 - Foi mandado edificar em 1905, por um grupo de emigrantes Loricenses no norte do Brasil, para a Filarmónica ali tocar em dias de Festa. Os nomes dessas pessoas constam na placa ali fixada: "Joaquim Fernandes Gomes; António Duarte Pina; Augusto da Costa Madeira; José Lopes de Brito; João de Brito; José Alves Nunes de Pina; Manuel dos Santos Silva; José de Moura Galvão e José dos Santos Portela". * Cruz de Prata e Caldeirinha Sempre com um verdadeiro sentimento religioso, era grande a devoção dos emigrantes Loricenses no norte do Brasil pela sua igreja em Loriga e pela Nossa Senhora da Guia que era Padroeira dos navegantes e que passaram a chamar também a sua Padroeira por quem tinha verdadeira fé e sempre presente nas suas orações. Esta oferta foi uma ideia surgida em 1905, de imediato levada em prática, que consistia na aquisição da Cruz e uma Caldeirinha, para o Santíssimo Sacramento, não só para ser usada na procissão da Nossa Senhora da Guia, como também em todas as outras procissões a realizar em Loriga. Assim no ano seguinte (1906) foi possível tornar-se em realidade essa ideia, que passou depois a ser muito admirada nas procissões, Como registo aqui se mencionam os nomes de todos aqueles que contribuíram para a respectiva aquisição e que constam de um mapa, impresso na cidade do Pará orlado de vinheta e encimado com a Coroa (Escudo) nacional e que diz: "Relação dos Benfeitores que concorreram para o beneficio de uma Cruz de Prata, oferecida ao S. Sacramento pela Colónia Loricense residente no Pará em 1905": Oferecida em 1906 pelos loricenses sediados em Manaus, sendo benzida oito dias antes da festa da N.S. da Guia. "Francisco Aparício Pereira; Manuel Ferreira da Silva; José Jorge de Abreu; Manuel Gomes Aparício; António Gouveia; Manuel Nunes Ferreira; José Martins; António Gonçalves de Pina; Joaquim de Brito Prata; António Alves Ano Bom; José dos Santos Moura; Albano Mendes Ribeiro; António Pinto de Moura; Augusto de Moura Galvão; José Macedo Junior; José Gomes Aleixo; João dos Santos Manulito; José Nunes Amaro; José de Brito Antunes; José Mendes Cardoso; Manuela Lopes; José Aparício de Brito; António de Brito Macedo; Joaquim Fernandes Conde; José Elias Correia Júnior; António Cardoso de Moura; José Paixão; José Mateus-Fontão; José Gomes de Abreu; Fernando Lucas; António Pinto Luiz; José Pinto Luiz; António Oliveira; Emidio dos Santos Manulito; José Luiz Amaro; Emidio Gomes Lages; António Lopes Vide; José Lopes de Pina; António de Moura Pina; José dos Santos Ferrito; José de Brito Lourenço; António Gomes de Melo; João Aparício Carvalho; António Luiz dos Santos; Sebastião Fernandes; José Fernandes Prata; António Gomes Lages; António Pinto Caçapo Junior; João Gomes Francisco; Augusto Ribeiro; Francisco Gonçalves Pina; Plácido da Cruz Arrifana; António Duarte Gouveia; Manuel Fernandes Caçamelho; Pedro António Calado; Augusto Cardoso de Pina; José Cardoso de Pina; António João Luiz; Joaquim João; António de Brito Crisóstomo; Augusto Fernandes Conde; António Aparício de Brito; António Ramalho da Costa Brito; José Duarte Pina; Plácido Gomes Aparício; António Luiz do Banco; Plácido dos Santos Ferrito; António de Brito Braga; José Lemos de Moura; Augusto Duarte dos Santos; António Duarte dos Santos; Emidio Gomes Cazalho; António da Silva Sampaio; João Diogo Gouveia; José da Costa Serralheiro; Manuel dos Santos; António Alves Ferreira; António Nunes de Pina; Luciano dos Santos Aparício; José Lopes de Brito Antunes; Augusto Pinto e Francisco Martins da Mota" * - 12 - Guião Azul da Nossa Senhora da Guia Oferecido em 1908, bastante interessante e belo. (É desconhecida a Lista dos nomes que contribuíram nesta iniciativa) * Altar da Capela Mandado edificar em 1953 este belo altar a retábulo de mármore com motivos alegóricos à Ladainha da Virgem . É digno de realce e digno de admirar este belo altar em honra de Nossa Senhora da Guia, obra valiosa e artística. Toda uma fachada de parede da capela feita em mármore com oito painéis onde destaca aquele belíssimo altar. Iniciativa a cargo do Centro Loricense em Belém do Pará. Sendo extensa a Lista de oferta desta briosa e bairrista Colónia de Loricenses residentes no norte do Brasil, onde todos quiseram contribuir com o seu donativo para a colocação de um altar na capela da sua padroeira. * Bandeira Processional Foi de verdadeira devoção, a oferta desta rica e artística Bandeira Processional para a N. S. da Guia, cuja imagem foi pintada com grande fidelidade no estandarte. Esta doação foi feita em 1960 quando de uma das suas visitas à sua terra, por Sr. Joaquim Dias da Silva e sua esposa D. Carolina Mendes da Silva, emigrantes Loricenses em Belém-Pará. Tinham sido também estes Loricenses que numa das suas anteriores visitas a Loriga, tinham oferecido uma linda toalha pintada, para o altar da N. S. de Fátima na igreja matriz. Nossa Senhora da Guia Padroeira dos Emigrantes devoção a Nossa Senhora da Guia em Loriga, remota ao século XIX. Na altura verificava-se já com alguma regularidade, a saída de loricenses para o Brasil, passando a emigração de Loriga a ser uma realidade. Os emigrantes loricenses para o Brasil, começaram a ver na Virgem Nossa Senhora da Guia a sua Padroeira. Através dos tempos foi-se reforçando essa devoção passando mesmo a ser a Padroeira de todos os emigrantes loricenses. A Carta de um Emigrante a Nossa Senhora da Guia: - 13 - "Desculpa, Virgem-Mãe , Nossa Senhora, que te escreva, esta carta, em que te diga o que mais quer dizer-te, nesta hora, o filho mais humilde de Loriga. Da minha terra vim para o deserto, porque é sempre deserto a terra alheia. Mas, se te lembro, sinto-me tão perto, como se fosse ver-te à minha aldeia. Sei que, ao longo da vida, não me esqueces. Sei que não me abandonas um só dia. Ouves, no céu, a voz das minhas preces. Mesmo a distância, O teu olhar me Guia. Não me larga a saudade. Quando penso no velho lar beirão em que nasci, Logo molho de lágrimas o lenço, como posto a chorar ao pé de ti. Porque faz bem chorar na dor sofrida. Porque faz bem chorar na solidão, recordando o altar da tua ermida a que nos anda preso no coração. Daqui te evoco à sombra do pinhal, saindo à rua sobre o teu andor, ou eu já não trouxesse Portugal a cantar-me no sangue, em teu Louvor. Mas o que o berço deu, jamais se apaga. O que aprendemos a rezar outrora é que nos cura o mal de cada chaga que se nos rasga pelo mundo fora. O trabalho não custa. O que nos pesa, o que mais cá por dentro nos arrasa é comermos o pão da nossa mesa, sem que seja ao calor da nossa casa Mas tu não faltas. É contigo apenas que nos juntamos em família amiga, como nas claras tarde das novenas, ao replicar dos sinos de Loriga. Faz, Senhora, que um dia volte a ver-te, como nos tempos em que minha mãe me levava a teus pés, para dizer-te o que não te diria mais ninguém. Se longe estou, que seja passagem e depressa regresse ao teu pinhal, para florir de novo a tua imagem, e nunca mais sair de Portugal". 11.VII.82 P. Moreira das Neves Recortes de história da Festa da Nossa Senhora da Guia ** - Ano de 1935 - Uma controvérsia comissão - 14 - Neste ano e pela primeira vez, surge um grupo de pessoas intitulando-se como comissão para organizar a Festa de N. S. da Guia, contrariando como até então se procedia, em que as festas religiosas estavam a cargo do Pároco local Foram mesmo espalhadas em Loriga e freguesias vizinhas uma publicação com a programação seguinte: "Tradicionais e grandiosos festejos em honra da Virgem N.S. da Guia pela comissão das festas da Vila de Loriga. Realisam-se nos dias 3 e 4 de Agosto as importantes Festas da Vila à Virgem N. S. da Guia, padroeira dos Loricenses ausentes, indubitavelmente uma das mais concorridas deste distrito, constando o seguinte programa: Dia 3 - às 12 horas - Serão queimados foguetes e morteiros anunciando as festas. Às 16 e ½ horas - Seguirá para a Avenida Augusto Luiz Mendes a Filarmónica Loricense onde deverá fazer-se uma recepção à Banda humanitária de Bombeiros Voluntários de Cascaes pelas 17 horas, queimando-se uma salva de morteiros. Às 17 horas - Haverá venda da flôr. Às 21 horas -Entrada das duas filarmónicas no recinto das festas, sendo queimada uma salva de 21 tiros. Às 22 horas - Será queimado um vistoso fogo de artificio, fornecido por um dos melhores pirotecnicos da Barquinha. O arraial estará lindamente ornamentado e iluminado a luz elétrica. As bandas executarão as melhores peças dos seus vastos reportórios. Dia 4 - Diversos divertimentos mundanos, bem como várias surpresas que acabam de movimentar a festa." * (curiosamente não era feita nenhuma referência a culto religioso) Escusado será dizer que perante isto, surgiu um contencioso entre o Padre Lages, na altura Pároco de Loriga e os membros dessa comissão e também alguma população, sendo dado conhecimento e mesmo enviado o respectivo programa ao Senhor Bispo da Guarda, que por sua vez enviou ao Pároco de Loriga a seguinte Portaria: "Tendo sido publicado um programa com o titulo Tradicionais e grandiosas festas em honra da N.S. da Guia pela comissão das festas da Vila de Loriga, realisam-se nos dias 3 e 4 de agosto; indicando-se nesse programa o arraial e (diversos divertimentos mundanos, bem como varias surpresas), com exclusão de qualquer acto culto; Havemos por bem prohibir a celebração nesses dias de qualquer festividade religiosa naquela Vila, podendo essa festa ser adiada para quando o Rev.do Paroco julgar conveniente, com a condição, porém, de que limitará unica e exclusivamente a actos religiosos, com exclusão de qualquer parte profana. Seja esta Portaria remetida ao Rev.do Paroco de Loriga, para que lhe dê exacto cumprimento, sob pena de suspensão ipso facto, devendo acusar-nos a sua recepção dentro de cinco dias. Caldas da Felgueira, 24 de Julho de 1935 JOSÉ, Bispo da Guarda" * * Documentos transcritos na integra, ** - Ano 1939 - O Ano em que não houve Festa - 15 - Desde à quatro anos atrás que continuava a existir um certo contencioso, entre o Padre Lages e alguma população, com esta a não conformar-se pela proibição existente de não ser permitido arraiais populares nas festas de cariz religioso. Este contencioso teve maior proporção, neste ano de 1939, que levou a não ser realizada a Festa em honra de Nossa Senhora da Guia. Consta que na noite anterior à Festa da N.S. da Guia, por volta da meia-noite, alguns populares dirigiram-se para o recinto da festa deitando alguns foguetes, chamando a atenção da população, para que ouvissem os seus protestos. Foi dado disso conhecimento ao Senhor Bispo da Guarda, que por sua vez fez chegar ao Senhor padre Lages o seguinte comunicado: "Revm. Sr. Queira dizer-nos: 1º. O que se passou na noite de Sábado último? 2º. O que resolveram fazer: fizeram ou não a festa religiosa? 3º. Justifiquem o que tiverem feito. 4º. Será preciso interditar os promotores do que se fez? Houve realmente promotores? E quantos? Deus guarde Va. Reva. Guarda, 7 de Agosto de 1939 Assinado) José Bispo da Guarda" * * Documento transcrito na integra, Nota:- Consta no entanto que 15 dias depois houve uma celebração na capela, ao que parece, em substituição da festa. Trovas à Nossa Senhora da Guia * - 16 - Nossa Senhora da Guia Tem um Menino na mão Tem um Menino a que, um dia Deu todo o seu coração. Nossa Senhora da Guia Mostra ao seu povo uma estrela. Causa da nossa alegria Não há Senhora mais bela. Nossa Senhora da Guia Foi num pinhal que se ergueu. E no pinhal, à porfia Cantam as aves no Céu. Nossa Senhora da Guia Jamais esquece ninguém. Trás sempre o olhar de vigia A quem lhe reza do Além... Reza-lhe tu, emigrante Reza-lhe tu e confia. Nunca te larga um instante Nossa Senhora da Guia * Padre Moreira Neves Comissão da Festa de Nossa Senhora da Guia (Biénio 2005-2006) - 17 - Loriga Fernando Luis Silva Mendes Fernandes Joaquim Antunes Pina Pedro Nuno Brito Mendes Manuel Carlos Santos Ferreira Eduardo José Pereira Pina Fernando Marques da Silva Lisboa Fernando Brito Calado Gabriel Alves Gouveia Aveiro José Manuel Almeida Ribeiro Gouveia Rogério Marque Figueiredo Europa Jorge Vicente Pina Gouveia -1- Banda de Loriga - Sociedade Recreativa e Musical Loricense Solar da Redondinha Rua da Redondinha, 6270-107 Loriga Apartado 1022 Telef.238/951088 E.mail: [email protected] Cont. Fiscal 500943370 Primeiros Apontamentos da Banda A criação de uma Banda de Música Filarmónica em Loriga, começou a surgir em 1904, passando a partir de então a ser assunto obrigatório das conversas dos Loricenses. Era grande a expectativa e o contentamento da população para que a existência da Filarmónica fosse uma realidade. Nesse mesmo ano começou a dar os primeiros passos, no entanto, só em 1905, se veio a concretizar a sua fundação. *** Fundada em 1 de Julho de 1905 Foram seus fundadores:- Mateus de Moura Galvão, Joaquim Gomes de Pina, Augusto Luis de Pina, Augusto Luis Mendes e António Cabral. *** Por alvará de 5 de Julho de 1971, foi esta Sociedade Loricense agraciada com o titulo: MEMBRO HONORARIO DA ORDEM BENEMERENCIA e legalizada oficialmente em 8.11.1979, sendo considerada AGREMIACÃO CULTURAL DE UTLIDADE PÚBLICA, pelo Decreto-Lei Nr.480/77 conforme consta do despacho publicado no Diário da República II Série Nr.95 de 24 de Abril de 1990. -2- ** ** 1906 - Banda de Loriga com o seu primeiro uniforme -Este primeiro uniforme foi arranjado por Joaquim Gomes e foi em casa deste que se efectuaram os primeiros ensaios. -Apresentou-se pela primeira vez em público no dia da Festa da N.S.da Guia em 1906. -Os primeiros instrumentos foram adquiridos por subscrição pública e custaram 456 mil reis. -O primeiro regente da Banda, foi o músico espanhol João Martinez, que era operário dos Lanifícios em Loriga. -Durante estes longos anos da sua existência, muitos foram, e dedicados, os regentes que passaram pela Banda, dos quais aqui se mencionam os respectivos nomes: 1906/07-Narciso Marques, músico reformado do exército; 1908/09-António Alves; 1910/14-Carlos Simões Pereira; 1915/21-António Alves Simão; 1922/24-Carlos Simões Pereira; 1927/36-António Brito Pereira; 1937/41-Carlos Simões Pereira; 1942/48-António de Brito Pereira; 1949/53-António Pinto Ascensão; 1954/61-Carlos Simões Pereira; 1962/65-Antonio Pinto Ascenção; 1966/68-Carlos Simões Pereira; 1969/74-António Luis de Brito; 1975/77-Antonio Brito Amaro; 1978/81-António de Brito Pereira, coadjuvado por seu filho António Alves Pereira; 1982/87-António Pinto Ascensão; 1988/89-Manuel Pancão Cola; 1990-José Augusto Malva Craveiro; 1991/1992-Jorge Manuel Reis Pereira; 1993/2004-Victor Manuel Brito Moura; 2004/2005-Jorge Manuel Reis Pereira; 2006 Miguel Angêlo Almeida Gonçalves (actual) *** Inscrita na Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio *** Alguns Apontamentos de Registos: -3- -De entre as colectividades de Loriga é, sem dúvida a Banda Filarmónica, a maior embaixatriz, de Loriga, pelo brilhantismo e qualidade das actuações onde quer que se desloque prestigiando, assim, o nome da sua terra. * -Essencialmente vocacionada para festas,inclusivé Festas Religiosas, é ao longo do ano, solicitada por muitas localidades, sendo raro o mês que não abrilhante com a sua presença as Festas locais. No entanto, quando solicitada, procura também marcar presença noutros eventos, nomeadamente de índole cultural. * 1925/1926 - Anos em que a Banda Filarmónica esteve sem actividade. -Com a saída para a África, do senhor Carlos Simões Pereira, então o regente, a Banda esteve sem actividade, inclusive mesmo encerrada. Os instrumentos e o fardamento foram "encaixotados" e entregues à Junta de Freguesia, mas no ano seguinte e por iniciativa do senhor António Brito Pereira (António Barriosa) a Banda voltou a abrir as suas portas e à sua actividade normal, para contentamento de toda a população. * -Foi em Setembro de 1948 que, pela primeira vez, a Banda se deslocou até junto da grande Comunidade Loricense residente em Sacavém, onde fez parte do programa da Festa da Nossa Senhora da Saúde, que ali se realiza anualmente. * -Boletim "A Voz da Banda" - Publicado a partir de 1983, com pouca duração. *** 1956 - Banda de Loriga um ano depois das Bodas de Ouro da sua Fundação -4- *** As deslocações mais longínquas na Históra da Banda A Banda nos Açores (Ano1999) Realizou-se em Julho de 1999, uma deslocação aos Açores. Foi a primeira deslocação, para fora do Continente, da grande embaixatriz de Loriga, que se traduziu num enorme êxito. A actuação da Banda de Loriga na Ilha de S. Miguel nos Açores ficou a dever-se ao esforço e verdadeiro bairrismo levado a efeito pelo Loricense Dr.José Prata Aparício, o "Zeca Prata", como é reconhecido pelos amigos, e que há anos se encontra radicado nos Açores. Um mês depois (em Agosto) no dia da Festa da N. Senhora da Guia, os músicos da Banda prestaram uma singela e merecida homenagem a este seu conterrâneo, ao qual ofereceram uma lembrança, como prova de gratidão, a que se juntou a grande assistência presente no recinto da N.S da Guia, com uma grande e afectuosa ovação. *** A Banda no Luxemburgo (Ano 2005) Foi uma Festa a deslocação da Banda ao Luxemburgo inserida nas comemorações do 10 de Junho Dia de Portugal e das Comunidades, que se realizaram no Luxemburgo mais precisamente na capital (Ville-Luxemburgo), nos dia 10.11.e 12 de Julho de 2005. A Banda Musical de Loriga efectuou dois concertos, em terras do Luxemburgo. Um no dia 11 pelas 14 horas na "Place d´Armes" e outro no dia 12 pelas 12 horas na "Place Guillaume" Tocou ainda por breves minutos, assim como, foi também entrevistado o seu presidente Joaquim Moura, no programa televisivo PORTUGAL NO CORAÇÃO, que estava a ser transmitido para Portugal pela RTP e também para todo o mundo através da RTPinternacional. Foram muitos os loricenses presentes, vindos também dos países vizinhos como, Alemanha, Suíça, França, Bélgica, Holanda, percorrendo mesmo largas centenas de quilómetros, para estarem presentes nesta deslocação memorável da sua Banda. Foi com uma estreita colaboração e numa união de forças entre a Direcção e a Comunidade Loricense no Luxemburgo, que foi possível concretizar esta deslocação, que passou a fazer parte no historial da Banda de Loriga. No mês de Agosto no domingo da Festa da Nossa Senhora da Guia, durante o concerto da Banda, a comissão nomeada em representação da comunidade loricense no Luxemburgo, entregou à direcção da Sociedade Recreativa e Musical Loricense, um donativo de 2.000€, valor do saldo apurado, após o pagamento das despesas, relacionado à deslocação da Banda àquele país. Por sua vez foi oferecido àquela comissão uma oferta (salva de prata) como prova de gratidão pela maneira amiga como foram recebidos pela comunidade loricense radicada no Luxemburgo. Uma grande e afectuosa ovação se fez ouvir pela grande assistência presente no recinto. Actuação da Banda de Loriga, no Terreiro da Lição. -5- Ode ao Filarmónico da Banda de Loriga Vestes uma farda e não usas armas. Com ela vestida, dá alegria e não temor. E nelas tens escrito o nome de Loriga. Vestes uma farda, e não és autoridade. Com ela vestida utilizas uma arma, Chamada instrumento musical, Que em vêz de mortais balas, Dele saem maviosos sons, Que dão esperanças a um mundo melhor. Tocando o teu instrumento, Abres o coração das gentes, Despertando nelas, O encantamento, a felicidade, E a doce ternura, Do meigo sorriso das crianças. Ès assim um embaixador de LORIGA, Nas terras que visitas ou voltas a visitar, Onde és recebido e acarinhado, Com se fosses um ente querido, Que anseia por tornar a vê-lo. E todos os anos cumpres a tua missão, Vestindo a farda da Banda de LORIGA. Bem hajas filarmónico, que te não cansas Do bem fazer, com o instrumento que tocas, Levando contigo a alegria, o amor e reconforto, A tantos e tantos deserdados, E humildes como tu, Suavizando-lhes com a música que executas, O travo amargo deste mundo cão, Em que vivemos. Vão para ti, filarmónico da Banda de LORIGA, Todos os louvores e gratidão que mereces. São para ti o reconhecimento, È valor que te enobrece. Honra pois a música que te inclementa Honra a farda da Banda de LORIGA, honra. Honra a terra que te serviu de berço, honra. Que por orgulho, LORIGA te contempla. * Sede da Banda Antigo solar de Loriga adquirido em 1996, que necessitou de obras de restauro . -6- * Mário Gonçalves Cruz (1928-1999) um dos maiores bairristas Loricenses. Alguns apontamentos de destaque na história da Banda de Loriga Fernando Alves Pereira O Músico mais antigo da Banda de Loriga Este bem conhecido Loricense, levou mais de meio século de músico das Bandas Musicais, a sua presença parecia fazer já parte, como referência, na Banda Musical Loricense. Entrou para a Banda de Loriga em 1950, com apenas 12 anos de idade. Como rara excepção, em que esteve alguns poucos anos a tocar numa Banda de música da região, a maior parte de todos estes anos de músico, foram dedicados à Banda da terra que o viu nascer e na qual sempre viveu. Deixou a sua actividade de músico no final do ano de 2004, ficando para a história como o músico que mais tempo pertenceu à Banda de Loriga. Fernando Alves Pereira (Requinta) *** Deslocação a Vilar Maior -7- Todos os anos a Banda de Música de Loriga, actua em Vilar Maior, uma localidade situada no concelho de Sabugal, junto à raia de Espanha, uma deslocação, que de certa forma pode-se considerar a mais relevante ao longo do ano, fazendo mesmo, já parte do historial da Banda de Loriga. A deslocação da Banda de Loriga a esta pitoresca localidade de Vilar Maior, realiza-se se no primeiro fim de semana de Setembro, quando da realização da Festa do Senhor dos Aflitos. Esta deslocação acontece já à várias décadas, o que é significativo e digno de registo, sendo mesmo a deslocação mais prolongada efectuada pela Banda ao longo do ano, que ocupa os três dias:- Sábado (partida de manhã) Domingo e Segunda-Feira (regresso à noite). *** -8- Dia 1 de Julho de 2005, data do Centenário da Banda de Loriga Várias eventos foram levados a efeito durante o Ano 2006, inseridos nas Festividades do Centenário da Banda de Loriga, que a data se comemorou no dia 1 de Julho de 2005. O dia 29 de Janeiro de 2006, foi data oficial para inicio das comemorações. * -No dia 29 de Janeiro 2006, deslocou-se à vila de Loriga a consagrada Banda de Manteigas, para saudar e apresentar os parabéns à Sociedade Recreativa e Musical Loricense, pela passagem do seu 1º. Centenário. Neste dia foi benzida uma viatura de transporte, para a Banda e sua Escola de Música, com capacidade para 9 lugares. * -No dia 19 de Fevereiro 2006, foi a vez da Banda da vila de Carvalho, região da Covilhã, visitar Loriga no mesmo contexto das Festividades. Neste dia foi comunicado oficialmente a aquisição de alguns instrumentos, nomeadamente, 1 Tuba de chaves, 1 Bombardino; 1 Trompa de harmonia, 1 Trombone de varas e 3 Clarinetes. * -No dia 26 de Março deslocou-se a Loriga, a Banda:- Sociedade Artística Musical 20 de Julho de Santa Margarida do Arrabal (Distrito de Leiria) * -No dia 2 de Abril foi a vez da Banda do CCD da Câmara Municipal de Oeiras. * -No dia 1 de Julho 2006, deslocou-se a Loriga a Banda da Armada, que pelas 21,30 Horas, fez um concerto do Polidesportivo aberto de Loriga, que marcará o ponto alto das comemorações do Centenário da Banda de Loriga. Neste dia foi também um momento alto com a estreia do novo fardamento da Banda. Deslocações e Actuações da Banda de Loriga/Ano 2006 -9- Janeiro Fevereiro Dia 1 - Domingo (Boas-Festas) LORIGA Dia 4 - Sábado ABITUREIRA (Sabugal) * * Dia 21 - Sábado RABAÇAL (Meda) * Dia 25 - Sábado (Feira do Queijo) SEIA * Dia 26 - Domingo CANAS DE SENHORIM * Dia 28 - terça-Feira (Carnaval ) CANAS DE SENHORIM Março Abril Maio Dia 9 - Domingo TRANCOSO ../.. * * Dia 14 - Sexta-Feira (Enterro do Senhor) LORIGA * Dia 16 - Domingo (Ressurreição) LORIGA * Dia 23 - Domingo PÓVOA DO VARZIM * - 10 - Junho Julho Agosto Setembro Outubro Dezembro Dia 15 - Quinta-Feira (Corpo de Deus) LORIGA Dia 9 - Domingo Vasco Esteves de Cima Dias 2, 3 e 4 Sáb./Dom./Segunda VILAR MAIOR Dia 8 - Domingo SAZES DA BEIRA ../.. * * Dias 5 e 6 Sábado/Domingo (Festa da N.S.da Guia) LORIGA * Dia 10 - Domingo CORTES (Fátima) Dia 16 - Domingo BALOCAS (Vide) * Dia 23 - Domingo (Festa S.Sebastião) LORIGA Dia 13 - Domingo TEIXEIRA DE BAIXO * Dia 15 - Terça-Feira (Casteição) MÊDA * * * Dia 16 - Sábado PÓVOA DE MIDÕES (Tábua) * * * Dia 20 - Domingo PALA (Pinhel) Dia 24 - Domingo GUARDA - GARE * * Dia 27 - Domingo FRÀDIGAS * * As deslocações e actuações da Banda, que consta neste mapa são contratos já efectuados e confirmados. Elenco Directivo da Banda de Loriga (Triénio 2004/2006) Direcção Assembleia Geral Presidente - António Maurício Moura Mendes Vice-Presidente - António Manuel Saraiva Lopes 1º Secretário - José Moura Marques 2º Secretário - Jorge Santos Marques Presidente - Joaquim Gonçalves Moura Vice-Presidente - António Fonseca Moura Secretário - Joaquim António Bonifácio de Almeida Tesoureiro - José Gabriel Marques Garcia 1º Vogal - Eduardo José Pereira Pina 2º Vogal - Augusto Domingos Galvão 3º Vogal - Joaquim Florêncio Palas 4º Vogal - José Carlos Figueiredo Campos 5º Vogal - João Carlos Martins da Silva Conselho Fiscal Presidente - José Manuel Almeida Pinto Secretário - Emídio Cristóvão Santos Brito Relator - Fernando António Brito Mendes Actuais Elementos Filarmónicos (2006) - 11 - Maestro:- Jorge Manuel Reis Pereira. Contra-Mestre:- Miguel Gonçalves. Flautas:- Maia João; Filipa Amaral. Clarinetes:- Ricardo Calado; Rui Calado; Daniel Pereira; António S. Conde; José Nunes Dias; Filipa Pereira; Juliana Gonçalves; Ana Isabel Pereira; António M. Ferreira; Tiago César. Sax-Soprano:- Sérgio Martinho. Sax-Alto:- Miguel Gonçalves; Emanuel C. Pinto; Ricardo Moura. Sax-Tenores:- Tiago Abrantes; Roberto Ferreira. Sax-Baritono:- Jão M. Pereira. Fliscorne:- António Carlos Dias. Trompetes;- José Aparício Fernandes; Fernando Jorge Pereira; Trompas:- Rui Moura; Nuno Galvão. Trombonos:- Jorge Marques; Joaquim Brito; Pedro Santos; Carlos Lucas. Bombardinos:- Jorge M. Mendes; Micael Ferreira; José S. Fernandes. Contra-Baixos:- Carlos Marques; António Ferreira. Tubas:- Ricardo Santos; José Carlos Conde. Lira:- Sílvia Pereira. Percussão:- José Augusto; Pedro Dias; Joel Santos; Manuel Gonçalves, João Paulo. Porta Estandarte: - Mário Pires Costa. Nuno Fernandes; Luis Maia; Diogo André . Acontecimentos de Relevo Julho 1956 - A Banda em Coimbra nas Festas Rainha Santa. A Banda de Loriga foi convidada a participar nos grandes festejos realizados no mês de Julho, em Coimbra, nas Festas da Rainha Santa, e entre 14 Bandas, a de Loriga foi convidada para executar o Hino Nacional a Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, na recepção efectuada nos Paços do Concelho da cidade de Coimbra. Foi-lhe ainda entregue, o melhor coreto para o concerto na Praça Velha. Foi um dos grandes êxitos na existência na Banda de Loriga. * Setembro 1958 - A Banda em Viseu na Feira de S ã o Mateus. A Banda de Loriga é convidada a participar na Feira Franca de S. Mateus, em Viseu, no chamado domingo franco do mês de Setembro, para ali dar um concerto na feira perante milhares de pessoas, que não se cansaram de aplaudir a banda, durante a actuação que durou cerca de 3 horas. Êxito já assinalado durante a tarde no desfile pelas ruas da cidade de Viseu. * 1960 - A Banda em Seia recep çã o ao Presidente da República. Na visita de inauguração às instalações do Grupo de Detecção e Alerta n.º 13, da Força Aérea Portuguesa, aquartelado na Torre da Serra da Estrela, por sua Excelência o Senhor Presidente da República, Almirante Américo Tomaz, a Banda de Loriga prestou-lhe as boas vindas ao nosso concelho em Seia, na Praça da República. Acompanhava a comitiva o Ministro da Guerra, General Santos Costa, entre muitos outros governantes. * 1962 - A Banda em Miranda do Douro. A Banda de Loriga é convidada a participar nas festas de Miranda do Douro, tendo sido a deslocação mais distante que efectuou dentro do território nacional, até aquela data. Realizou ali concertos em despique com uma das melhores bandas civis da altura, a Banda de Santa Marinha do Zêzere. A Banda de Loriga foi ainda solicitada para cantar a missa solene na Catedral de Miranda do Douro. Durante os 3 dias que permaneceu em Miranda do Douro, a Banda ficou alojada nas instalações da Barragem de Miranda do Douro. * - 12 - 1969 - A Banda em Loriga na recep çã o ao Ministro da Educa ção . A Banda de Loriga recebe em Loriga, no lugar da carreira, sua Excelência o Ministro da Educação, Prof. José Hermano Saraiva, a quem executou o Hino da Maria da Fonte, que se quedou perante a Banda, cumprimentando-a na pessoa do maestro da altura. Esta vinda a Loriga destinou-se a inaugurar a Escola C+S Dr. Reis de Leitão, actualmente assim designada. * 1971 - A Banda em Loriga nas Minas da Panasqueira. A Banda de Loriga é convidada a deslocar-se às Minas da Panasqueira, para executar o Hino Nacional a Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Almirante Américo Tomaz, que em sentido ouviu o Hino à frente da nossa Banda. Estes festejos, destinaram-se à inauguração da enorme lavandaria moderna, para lavagem de minerais. A Banda alegrou ainda durante todo o dia estes grandes festejos dedicados às inaugurações. * 1994 - A Banda em Oeiras (Dia mundial da Música) Em 1 de Outubro de 1994, a Banda esteve presente nas comemorações do Dia Mundial da Música realizado em Oeiras. Um evento relevante onde stiveram presentes também outras Bandas. * Janeiro 1995 - A Banda na Televisão. No dia 14 de Janeiro de 1995 a Banda de Loriga deslocou-se a Lisboa, acompanhada pela respectiva Direcção e outras individualidades de Loriga, para participar no programa de Júlio César "Minas e Armadilhas", no Canal de Televisão SIC. * Julho 1999 - A Banda nos Açores. No dia 08.07.99 a Banda Musical de Loriga deslocou-se aos Açores, mais precisamente à Ilha de S.Miguel, a fim de participar na: "VI Bienal do Grande Festival de Bandas de Música dos Fernais da Luz" . * Janeiro 2003 - Atribuição de subsídio à Banda. No objectivo de apoiar o ensino e divulgação de música, a Câmara Municipal, decidiu atribuir o montante de 5.000€, à Sociedade Recreativa Musical Loricense. * Outubro 2004 - Posto de acesso à Internet. No dia 4 de Outubro de 2004, a Sociedade Recreativa e Musical Loricense, inaugurou nas suas instalações, um espaço público de acesso gratuito à Internete. * Dezembro 2004 - Encontro de Loricenses no Luxemburgo. Nos passados dias 11 e 12 de Dezembro de 2004, realizou-se no Luxemburgo, um encontro informal entre o Presidente da Direcção da Sociedade Recreativa e Musical Loriguense, Joaquim Gonçalves Moura e a Comunidade Loriguense a residir neste país, tendo em vista a programada deslocação que a Banda de Loriga, ali irá efectuar em Junho de 2005. - 13 - * Janeiro 2005 - Reunião na Câmara Municipal. No dia 26 de Janeiro, teve lugar uma reunião entre a Direcção da Sociedade Recreativa e Musical Loricense e o Presidente da Câmara Municipal , no âmbito da programada deslocação que a Banda de Loriga efectuou ao Luxemburgo nos dias 8, 9 e 10 de Junho/2005, inseridas nas Comemorações do Dia de Portugal realizadas naquele país. * Junho de 2005 - Viagem da Banda ao Luxemburgo . Banda Filarmónica de Loriga deslocou-se ao Luxemburgo integrada nas comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades que se realizaram no Luxemburgo, nos dias 10.11.12 de Junho, sendo esta a deslocação mais longínqua e para fora de Portugal, desde sempre ao longo da sua existência . * Agosto 2005 - Oferta à Banda de Loriga. No dia 7 de Agosto, Festa da Nossa Senhora da Guia, durante o concerto realizado no Recinto da Festa, a Comissão de Emigrantes no Luxemburgo, ofereceu à direcção da Sociedade Recreativa e Musical de Loriga, a quantia monetária de 2.000€, proveniente do saldo apurado (depois de pagas todas as despesas), quando da deslocação da Banda àquele país em Junho de 2005. Por sua vez os músicos ofereceram àquela Comissão de emigrantes uma SALVA de prata, agradecendo por tão bem terem sido recebidos naquele país. A comissão de Emigrantes no Luxemburgo, informou, que oportunamente a SALVA será oferecida ao Museu da Sociedade Recreativa e Musical de Loriga. * Janeiro 2006 - Pedidos de apoios. No dia 19 de Janeiro o Presidente da Banda Joaquim Gonçalves Moura, foi recebido no Estado Maior da Armada em Lisboa, onde lhe foi confirmado pelo senhor Comandante, a presença da Banda da Armada em Loriga, no dia 1 de Julho de 2006, véspera da data comemorativa do Centenário da Banda de Loriga.. Nesse mesmo dia, foi o presidente da Banda de Loriga também recebido na Delegação do Ministério da Cultura em Coimbra, onde solicitou apoios para os eventos a levar a efeito durante as Festividades do Centenário. Foi de imediato atendido o seu pedido, tendo sido concedido à Banda de Loriga um subsídio valioso para ajuda dos eventos a realizar. * -1- Bombeiros Voluntários de Loriga -2- Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga Telef. 238/953255 * [email protected] * www.bvloriga.no.sapo.pt * Fundação em 16 de Abril de 1982 Um sonho tornado realidade depois de um longo percurso levado a efeito por Loricenses de evidenciado bairrismos, simbolizados na figura de: Herculano Leitão (12.8.1914 - 13.4.1997) * Bombeiros Voluntários de Loriga Sendo uma localidade industrial, era há muito sentida a necessidade de Loriga possuir uma corporação de Bombeiros, fazendo ainda maior sentido, quando nas décadas de 1950-60, se registaram incêndios de grandes proporções em algumas fábricas e ainda numa Associação local. Emblema dos BVL ostentando ainda um brasão ilegal e não oficial. * É sem dúvida, uma das Associações de maior vulto em Loriga *** *** -3- Primeira Viatura 1982 Os Bombeiros de Loriga cuja área de adjudicação se estende pela encosta sudoeste da Serra da Estrela, têm desenvolvido, sem dúvida relevante acção cívica e humanitária nessa região. Estradas serpenteantes da serra; localidades como que escondidas pelas montanhas; intempéries rigorosas; locais isolados e caminhos de difícil acesso, é este, pois, o cenário com que os Bombeiros de Loriga se confrontam no dia a dia, dando significado ao lema defendido pelos Soldados da Paz: "Vida por Vida" - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga Zona Tipificação operacional ZO-03 CB 1 Fundação Secções Bombeiros Brigada Montanha Viaturas 16.Abril.19 82 3 60 5 elementos 20 ** C.B 0920Loriga Sede Concelho Distrito Seia Guarda Freguesias População 5 3.221 Área Região operacional operacional 140,80 km 2 Recortes da História dos Bombeiros em Loriga Guarda -4- Hoje em dia, ao falar-se em incêndios, toda a nossa preocupação se concentra nesse flagelo terrível com o qual somos quase obrigados a conviver anualmente, nomeadamente no verão, e assistimos, impotentes, à luta no seu combate e, com mágoa, vemos arder as nossas matas, florestas e pinhais, por todo este país à beira mar plantado. A região de Loriga não foge à regra. Mas recordamos tempos em que não se pensava e nem havia a preocupação de incêndios nas matas ou pinhais. A preocupação, essa sim, era toda ela encaminhada para as fábricas ou casas da povoação, tendo sempre presente, que a única corporação de bombeiros existente era em Seia, a 20 Km de distância. Portanto, não era de estranhar, que se idealizasse a existência de uma corporação de bombeiros para Loriga. Mas se uns assim pensavam, outros havia que diziam ser um sonho difícil e moroso de concretizar. Na realidade, sendo uma localidade industrial, era legítima a ideia de Loriga ter uma corporação de Bombeiros, fazendo ainda maior sentido, quando nas décadas de 1950-60, se registaram incêndios de grandes proporções, nomeadamente o da fábrica Nova, fábrica da Redondinha, fábrica dos Leitões e, ainda, o de uma Associação local, o Socorro Paroquial Loricense. Muitos ainda se lembrarão, quão aterrorizador se tornava, principalmente de noite, o incessante toque do sino da torre quando havia algum incêndio, e o povo acorria com o que tivesse à mão, normalmente baldes, cântaros, bacias etc., utensílios necessários para recolher a água e combater os incêndios. Como também é digna de registo, a coragem de alguns homens que subiam aos telhados, pondo em risco as próprias vidas, onde lhes faziam chegar os baldes com água que despejavam sobre o incêndio destruidor. Eram todos estes gestos que, por vezes, evitavam danos maiores pois, podemos calcular, que até chegarem os bombeiros, distantes a 20 Km, nalguns casos teria havido situações difíceis de controlar. Eram tempos difíceis, e dinheiros e apoios para o que quer que fosse, eram quase inexistentes, o que tornava quase impossível a concretização do sonho de uma corporação de bombeiros para Loriga. Mas a ideia em alguns continuava viva, chegando mesmo, na década de 1960, ser levada a efeito alguma iniciativa. À vila de Loriga passou a vir um monitor de bombeiros , para dar algumas instruções e treinamento, a que aderiram muitos homens e rapazes. Assim, normalmente aos Domingos, era gratificante ver pelas ruas e a escalar as casas da vila, esse treinamento, principalmente na utilização de escadas, único equipamento existente. Esta iniciativa esteve esquecida durante algumas décadas, no entanto, o sonho nunca esmoreceu, vindo a concretizar-se em 16 de Abril de 1982, com a fundação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga. -5- Bombeiros Voluntários de Loriga *** *** Comandante:- António Alves Elenco Directivo dos Bombeiros de Loriga (Biénio 2005/2007) Direcção Assembleia Geral Presidente - Manuel Mendes H.de Lemos 1º. Secretário - Romeu F.M. Ribeiro 2º. Secretário - António Manuel D.A.Costa Presidente - António José A. Conde Secretário - Jorge Santos Marques Conselho Fiscal Tesoureiro - José Gabriel Presidente - Carlos Alberto M. Garcia D.C.Saraiva Vogais - Carlos Moura Secretário - José Prata Marques e Amaral Carlos Manuel Brito Lucas Relator - Jorge Arménio P. Suplentes - José Figueiredo Francisco L. Romano; Carlos Jorge C. Amaro e Leonardo Tomé Caçapo de Brito Apontamentos de Noticias -6- 07.09.99 15,00 Horas 22,00 Horas Separados pelo Fuso horário e pela distância mas unidos numa fraternidade Emilio Pina Fernandes e Carlos Veloso Bombeiros de Loriga, integrados na Acção Humanitária em socorro do Povo do Sol Nascente -Timor-LesteSeguiu ainda com estes dois Loricenses uma Ambulância de Todo-terreno pertencente à Corporação dos Bombeiros Voluntários de Loriga Ministério dos Negócios Estrangeiros Comissário para o Apoio à transição para Timor Leste Exmos.Senhores, Direcção, Comando e Corpo Activo da Associação dos Bombeiros Voluntários de Loriga Apartado 1016 6270-906- Loriga 21.05.2001 Assunto: Presença de Bombeiros em Timor A estrutura dos Bombeiros, em Timor, já grangeou o respeito de todos quantos ao longo do último ano confirmaram a nobre presença dos nossos soldados da Paz, naquele território. Para este objectivo muito contribui a elevada e profissional presença do Bombeiro Emilio Fernandes desse Corpo de Bombeiros, e a quem presto a minha pública e justa homenagem. Para o Bombeiro Emilio Fernandes, e para esse Corpo de Bombeiros o meu agradecimento e o respeito pela dedicação e solidariedade demonstrada em prol do bom Povo de Timor, Parabéns e obrigado. Comissário para o Apoio à Transição para Timor Leste (Pe. Dr. Vitor Melícias) -7- * Agosto 2002 - Subsídio aos Bombeiros. A Câmara Municipal atribuiu um subsídio de 10.000 €, à Associação dos Bombeiros Voluntários de Loriga, em reconhecimento do contributo das muitas acções desenvolvidas no âmbito da Protecção Civil. Abril 2003 - XXI Aniversário dos Bombeiros de Loriga . A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga, completou no dia 16 de Abril, 21 anos da sua existência (1982-2003. São já muitos anos em prol do serviço humanitário, que faz desta corporação das mais famosas da região, onde sempre tem predominado o lema dos Soldados da Paz "VIDA POR VIDA". Corpo dos Bombeiros Voluntários de Loriga no dia do XXI Aniversário Agosto 2003 - Noticias dos Bombeiros de Loriga . Os Bombeiros Voluntários de Loriga, tem sido incansáveis na luta aos incêndios, dias e horas sem descanso, lutam com todas as forças possíveis que mostram bem o lema que os dignifica e bem defendido na palavras pelos Soldados da Paz:- "Vida por Vida". Noticias recente dão-nos conta de que os Bombeiros de Loriga, entregaram à Polícia Judiciária, estranhos objectos incendiário que foram encontrado na zona da área de adjudicação desta corporação, que mais uma vez vem demonstrar que existe mão humana, em muitos dos incêndios que aconteceram. Setembro 2003 - Noticias dos Bombeiros de Loriga. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga, foram tema de reportagem no Jornal de Noticias da TVI, no dia 2 de Setembro último. Mais uma vez foi dado conhecimento da falta dos meios com os quais a corporação se debate, muito bem apresentados pelo Senhor Comandante, onde realça a prioridade da construção do Quartel, projecto vindo de longe mas que apesar de existir o terreno, parece nunca mais chegar a Loriga Novembro 2004 - Acidente com uma Ambulância dos Bombeiros. Na Terça-Feira dia 4 de Novembro uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Loriga, despistou-se numa curva da EN17, junto à localidade de Torroselo. O acidente, que envolveu ainda um outro veículo, originou dois feridos ligeiros e poderá estar relacionado ao piso molhado e a manchas de óleo na estrada. Agosto 2004 - Apoio aos Bombeiros . O Governo Civil da Guarda anunciou a iniciativa designada por Plano Estratégico de Actuação e Melhoramento das Condições Materiais das Corporações de Bombeiros e do Centro Distrital de Operações de Socorro (PEAMCM). Este programa tem haver em apetrechar as corporações de bombeiros do distrito e formar os profissionais, de forma a criar melhores condições de actuação em caso de incêndio ou acidente. Governador Civil reconheceu a existência das carências nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Loriga, anunciando já celebrados protocolos com o Governo, no sentido de a curto prazo, serem lançados concursos para a construção do novo quartel. -8- Agosto 2004 - Loriga na Televisão. No domingo dia 22 de Agosto de 2004, Loriga foi noticia no 2º. Canal da RTP, numa reportagem relacionada às dificuldades com as quais se debatem os Bombeiros Voluntários, pela falta de um aquartelamento condigno. Tem sido esta a luta travada pelas várias direcções que tem passado pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loriga, no sentido de superarem esta carência, que apesar de existir já o terreno para a construção, o processo vai-se arrastando já alguns anos. Janeiro 2005 - Construção de novo Quartel dos Bombeiros . No dia 14 de Janeiro, teve lugar no edifício que serve de quartel aos Bombeiros Voluntários de Loriga, a cerimónia da assinatura do protocolo para a construção do novo quartel para os Bombeiros de Loriga, uma carência há muito reclamada. Estiveram presentes para rubricarem o contrato-programa, o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna, Paulo Pereira Coelho, a Directora do Gabinete de Estudos e de Planeamento de Instalações (GEPI), o Presidente da Câmara Municipal de Seia e o presidente da Associação Humanitária, esperando-se que para breve se veja concretizado esta obra há muito reclamada. Agosto 2005 - Construção do Quartel do Bombeiros. No âmbito do concurso para adjudicação da obra foi publicado no Diário da República Nr. 152, 3ª. Série, de 9 de Agosto, o anúncio público para a obra. Outubro e Novembro 2005 - Construção do Quartel do Bombeiros. Em 18 de Outubro foi objecto de rectificação a publicação do Diário da República de Agosto passado. Em 10 de Novembro foi publicado no Diário da República Nr. 216, 3ª. Série uma nova rectificação aos termos do concurso, mas que não interferiu no circuito do seu desenvolvimento. Novembro 2005 - Construção do Quartel do Bombeiros . Realizou-se no dia 17 de Novembro de 2005, pelas 10,00 horas, a abertura das propostas para a empreitada de construção do Quartel dos Bombeiros Voluntário de Loriga, na presença do Eng. Oliveira Soares (representante do GEP), membros da Câmara Municipal de Seia e representantes de algumas empresas concorrentes. A sessão foi presidida pelo presidente da Associação. Queimadas As queimadas, na altura e locais adequados, servem para a renovação dos pastos, para o aumento da diversidade da fauna e da flora, contribuindo, assim, para a conservação da natureza. No entanto só devem ser efectuadas, quando previamente autorizadas e, terão que ser vigiadas pelos Bombeiros Voluntários. É necessário fazer o pedido de autorização ao Governador Civil do Distrito da Guarda, existindo para o efeito, impressos próprios, que se encontram disponíveis nos Bombeiros, na Junta de Freguesia, na Câmara Municipal, na GNR e nos Serviços de Agricultura. Página Web 1 de 1 AO 1945 AO 1990 ? [Primeira Página] [Perguntas e Respostas] Perguntar [formulário] Erros mais frequentes Correio [Antologia] [O Português na 1.ª Pessoa] O Nosso Idioma Lusofonias Ensino Pelourinho Controvérsias [Diversidades] [Actualidades] Notícias Montra de livros [Teses de Linguística] [Quem Somos] [Resultados da Pesquisa] Palavra-Chave: loriga Perguntas 17045 Loriguense(s) = loricence(s) Patrocinadores http://ciberduvidas.sapo.pt/search.php?keyword=loriga&image.x=13&image.y=10 05-11-2009 -1- ? [Resultados da Pesquisa] [Primeira Página] [Perguntas e Respostas] Perguntar Palavra-Chave: loriga [formulário] Erros mais Perguntas frequentes Correio 17045 Gentílico [Antologia] [O Português na 1.ª Pessoa] O Nosso Idioma Lusofonias Ensino Pelourinho Controvérsias [Diversidades] [Actualidades] Notícias Montra de livros [Teses de Linguística] [Quem Somos] AO 1945 AO 1990 Patrocinadores Loriguense(s) = loricense(s) -1- Vila de Loriga Alguns dos números de Telefones Úteis -Junta de Freguesia - 238/953178 -Paroco de Loriga - 238/953204 -G.N.R.- 238/953152 -Praça de Taxis - 238/953109 - 238/953188 - 238/953290 -Jornal "A Neve" - 238/953204 -Escola C+S - 238/953226 -Escola Primária - 238/953235 -Centro Ass. Paroquial - 238/953191 -Caixa Crédito Agricola - 238/953456 -Posto de Informação Turística - 238/954320 -Posto Público de Telefone - 238/953177 - 238/954011 -Posto dos Correios - 238/953111 -Bombeiros Voluntários de Loriga - 238/953255 -Posto Médico de Loriga238/953136 -Farmácia Popular de Loriga238/953138 -Doutor A.Crespo 238/953102 Serviços de Urgência: -Doutor A.Nolasco 238/953417 -Hóspital de Seia 238/320700 -Serviço Nacional de Urgência 112 Comércio e Indústria **** Empreendimento Turistico "Vicente" Quartos Luxuosos e panoramicos Café, Restaurante, Snack Bar, Mini-Mercado Estrada Nacional Nr.231 -Vista Alegre 6270-080 Loriga Telef. 238/953127 Café Montanha (Aida Jesus Matos Neves) Rua Sacadura Cabral 6270-108 Loriga Telef.238/953177 -2- Loripão Industria e Comercialização de Pão Lda. Especialidades regionais Vasto Sortido de Pastelaria Fina e Bolos de Aniversário Av. Augusto Luis Mendes * 6270-075 Loriga Telef. 238/953323 Rosa Maria * Cabeleireira Toda a gama de cortes modernos Manicure Pedicure/Conselheira de Beleza Representação "Yves Rocher" Av. Augusto Luis Mendes (Carreira) 6270-075 Loriga Telef. 238/953194 "Minilor" Supermercado Maria Eugénia B. Costa Av.Augusto Luis Mendes 6270-075 Loriga Telef. 238/953768 Joaquim Gonçalves de Moura Construção Civil Material de Construção Rua Terreiro da Liçao 6270-111 Loriga Telef. 238/953155 - Fax. 238/954205 "Lorisnooker" Bar-Jogos Av.Augusto Luis Mendes,14-D c/ v. 6270-075 Loriga * Telef. 238/953614 Pensão Cristóvão Dormidas/Almoços/Jantares Rua Sacadura Cabral, 48 * 6270-108 Loriga Telef. 238/953312 Carros de Aluguer Telef. 238/954077-953669 Café-Restaurante "Império" Ermelinda Maria M. Alves Mendes Av.Augusto Luis Mendes,17 * 6270-075 Loriga Telef. 238/953175 "Scorpião" Papelaria Bijutaria, Perfumaria, Brinquedos Novidades, Brindes etc. Rua Sacadura Cabral, 60 6270-108 Loriga Telef. 238/953333 "Montanha e Loricense" -Mini-MercadoEmidio Cristóvão Santos Rua Conego Nogueira 6270 - Loriga Telef. 238/954061-954098 - Fax. 238/954062 -3- Cooporativa Popular de Loriga, C.R.L. (Cooporativa de Consume) Rua D.Afonso Henriques 6270-104 Loriga Telef. 238/953220 Móveis Cabral Casa Cabalhanas (Ricardo Brito Cabral) Largo do Reboleiro * 6270-081 Loriga Telef. 238/954399 Electrodomésticos Rua Gago Coutinho * 6270-108 Loriga Telef. 238/953278 Metalúrgica Vaz Leal, S.A Fundição Estrada Nacional (Vista Alegre) * 6270-080 Loriga Telef. 238/954014-954802 - Fax. 238/954073 "O Central" Snack Bar Alice & Carlos Romualdo Av.Augusto Luis Mendes 6270-075 Loriga - Telef. 238/951081 Mário M. Santos (Produtos Regionais) Rua Viriato Nr. 11 6270 - 103 Loriga Telm. 966734544 - Fax 1238/953368 Farmácia Popular de Loriga, Lda. Direcção Técnica Paula Alexandra Canotilho Rodrigues Rua Sacadura Cabral 6270-108 Loriga Telef 238/953138 Churrasqueira "Serrana" Café Minilor Almoços e Jantares Rua Gago Coutinho Nr.2 6270-108 Loriga - Telef. 238/954295 Av.Augusto Luis Mendes, 14 A 6270-075 Loriga Telef. 238/953213 Casa do Meio da Vila (Turismo Rural) Travessa do Figueiredo Nr.6 6270 - 073 Loriga e.mail:[email protected] -4- Padaria Popular, Lda. Happy Bar Música e diversão Carlos Jesus Brito Av. Augusto Luis Mendes 6270-075 Loriga - Telef. 238/954117 A tradição de Pão Serrano Daniel Pina & Carlos Pinto Rua Gago Coutinho 6270-108 Loriga Telef. 238/953143 Talho Charcutaria "Neve & Sol" Rua Coronel Reis ( Amoreira) Nr.1 6270-090 Loriga - Telef. 238/953481 Café "Mira Serra" Luciano Mendes Pinheiro Estrada Nacional Nr.231 6270-080 Loriga - Telef.238/953301 Beija Flor (Florista) Rua Gago Coutinho 6270 - Loriga Telefone 238/951980 Telemóvel 965447337 Caixa de Crédito Agricola Mútuo de Seia - Loriga Av. Augusto Luis Mendes Caixa Multi- Banco 6270-075 Loriga Telef. 238/953456 A "Gruta" Pronto a Vestir e Calçado Av.Augusto Luis Mendes 18 (Carreira) 6270-075 Loriga - Telef. 238/954040 Talho Charcutaria O "Central" Rua Sacadura Cabral Nr.50 6270-108 Loriga - Telef. 238/953588 Funerária Loricense (unipessoal, Lda) Sebastião Brito Técnico Rua Sacadura Cabral, 28 6270-108 Loriga Telefone 238/661016 Telemóvel 965413357 - 962059319 Peixaria "Cardoso" Rua Sacadura Cabral, 25 6270 - Loriga Telemóvel 964389013 Loureiro & Filho "Delegação em Loriga" Av. Augusto Luís Mendes (Carreira) 6270-075 Loriga - Telemóvel 917057365 -5- Muito mais destas infra-estruturas existem em Loriga,e estes são apenas alguns dos registos principais. Para qualquer outra informação ou qualquer outra necessidade de interesse, por favor consultar com os meios habituais. -1- Contactos úteis de Loriga Alguns dos contactos mais úteis na vila de Loriga: Escola C+S de Loriga - Avenida Padre António R.Prata - 6270-077 Loriga - [email protected] - Tlf.238954308 ***** Escola EB1 de Loriga - Largo da Fonte do Mouro - 6270-073 Loriga [email protected] - Tlf.238953235 ***** Sociedade Recreativa e Musical Loricense - Banda Filarmónica de Loriga - Solar dos Mendes - Rua da Redondinha - 6270-107 Loriga [email protected] - Tlf.238951088 ***** Bombeiros Voluntários de Loriga - Rua da Volta - 6270-092 Loriga [email protected] -Tlf.238953255 ***** ANALOR - Associação dos Naturais e Amigos de Loriga - Rua Sport Sacavenense,Lote 30,Loja A - 2685-010 Sacavém - [email protected] Tlf.219417640 Jornal Garganta de Loriga - [email protected] ***** Associação Loricense de Apoio à Terceira Idade - Rua do Terreiro do Fundo [à Rua de Viriato] - 6270-103 Loriga - Tlf.238954418 ***** Casa do Meio da Vila - Turismo no Centro Histórico - Travessa do Figueiredo - 6272-073 Loriga - Tlm.962455432 [email protected] ***** Junta de Freguesia de Loriga - Largo da Fonte do Mouro - 6270-073 Loriga - [email protected] - Tlf.238953178/951133 ***** Estância de Esqui de Loriga - Covões de Loriga - Vale de Loriga Loriga [email protected] - Tlf.275314727 Fax.275314735 ***** Empreendimento Turístico Vicente - Bons alojamentos com bela vista,bar,restaurante,minimercado - Avenida Vista Alegre - 6270-080 Loriga - Tlf.238953127 ***** Cristóvão & Cristóvão,Lda - Pensão-Restaurante-Táxi - Rua Sacadura Cabral,48 - 6270-108 Loriga - Tlf.238953177/954077/953669 ***** Centro de Saúde de Loriga - Largo da Fonte do Mouro - 6270-073 Loriga - Tlf.238953136 ***** Estação de Correios de Loriga - Rua Sacadura Cabral - 6270-108 Loriga - Tlf.238953111 -2- ***** Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Loriga - Avenida Augusto Luís Mendes - 6270-075 Loriga - Tlf.238953456 ***** Loripão - Óptimo pão regional e todo o tipo de pastelaria - Avenida Augusto Luís Mendes - 6270-075 Loriga - Tlf.238953323 ***** Padaria Popular - Óptimo pão regional - Rua Sacadura Cabral 6270-108 Loriga - Tlf.238953143 ***** Farmácia Popular de Loriga - Rua Sacadura Cabral - 6270-108 Loriga Tlf.238953138 ***** Grupo Desportivo Loricense - Rua de Viriato - 6270-103 Loriga [email protected] - Tlf.238953173 ***** Metalúrgica Vaz Leal,SA - Fundição - Avenida Vista Alegre 6270-080 Loriga - Tlf.238954014/802 Fax.238954073 ***** Sociedade Têxtil Moura Cabral,SA Lanifícios,fiação,tinturaria,acabamentos - Rua da Fândega - Apartado 1 - 6270-073 Loriga - Tlf.238954008 ppc Fax.238954035 ***** Empresa de Malhas Têxtil Lorimalhas - Avenida Augusto Luís Mendes - Apartado 4 - 6270-075 Loriga -Tlf.238954083/046 Fax.238954072 ***** Empresa de Malhas Pinto Lucas - Rua do Regato - 6270-099 Loriga Tlf.238949000 Fax.238949009 ***** Jomabril-Empresa de Malhas Pinto Lages,Lda - Rua da Redondinha 6270-107 Loriga - Tlf.238954081 Fax.238954081 ***** Garagem Loricense - Mecânica Geral Automóvel - Avenida Augusto Luís Mendes,2 - 6270-076 Loriga - Tlf.239953223/953325 Tlm.966880180 ***** Centro de Assistência Paroquial de Loriga - Largo do Adro,16 6270-074 Loriga - Tlf.238953191 ***** Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia - Escorial - 6270-080 Loriga - Tlf.238951855 - Fax.238951859 ***** Socorro Paroquial Loricense - Rua de Viriato - 6270-103 Loriga Pároco da Vila de Loriga - Largo do Adro - 6270-074 Loriga Tlf.238953204 ***** Cooperativa Popular - Rua D.Afonso Henriques - 6270-104 Loriga Tlf.238953220 ***** -3- Agência Funerária Loricense,Lda - Rua Gago Coutinho e Sacadura Cabral - 6270-108 Loriga - Rua de Cima 6285-113 Vide-Loriga Tlf/Fax238661016 Tlm.965413357-962059319 ***** Guarda Nacional Republicana - Posto de Loriga - Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa - 6270-072 Loriga - Tlf.238953152 ***** Restaurante Império - Avenida Augusto Luís Mendes - 6270-075 Loriga - Tlf.238953173 ***** Restaurante O Degrau - Rua Sacadura Cabral - 6270-108 Loriga Tlf.238954077 ***** Churrasqueira Serrana - Rua Gago Coutinho e Sacadura Cabral 6270-108 Loriga - Tlf.238954295 ***** Happy Bar - Música e Diversão - Avenida Augusto Luís Mendes 6270-075 Loriga - Tlf.23894117 ***** -1- Bem-vindos a Loriga A próxima vêz que fôr à Serra da Estrela, e se ainda não conhece,não se esqueça que a serra não é apenas a subida para a Torre,seja pela Covilhã ou por Seia.Quem conhece e visita apenas essa parte da Serra da Estrela,tem ou fica com uma ideia muito limitada do que é a serra,e conhece pouco do muito que ela tem para mostrar. Se a sua deslocação fôr pelo lado de Coimbra,pode ter o privilégio de subir o belíssimo vale glaciar de Loriga,com as suas encostas verdejantes.Antes de chegar à vila de Loriga,passará pelas belas aldeias de Muro,Casal do Rei e Cabeça.Aldeias nas quais o xisto ainda domina nas paredes das suas casas,aninhadas no Vale de Loriga,envolvidas numa beleza calma,repousante,inesquecível. A subida pelo Vale de Loriga começa na aldeia de Vide ( à qual se chega pelo IP3,EN17 e EN 230 (IC6),e as encostas vão surgindo cada vêz mais altas,à medida que o vale vai estreitando e depois alargando,tornando-se amplo para receber o casario da vila de Loriga,que já é visível.A aldeia de Cabeça ficou para trás e encontra uma estrada mais larga,é a EN 231,e o local chama-se ( já era assim no século XII ) Portela de Loriga,também conhecida actualmente por Portela do Arão.Ali vira à direita e em breve está a entrar na vila. A descida do Vale de Loriga,o caminho inverso,também é espectacular. Em alternativa,pode utilizar a EN338 a partir da aldeia de Vide,seguindo um percurso menos interessante mas mais rápido,lateral em relação ao Vale de Loriga.Esta estrada passa pela Portela de Loriga. Pelo lado da Covilhã,sai da A 23,apanha a EN 230 no Tortosendo,passa por Unhais da Serra até encontrar um amplo cruzamento,num local conhecido por Pedras Lavradas.Entrou na Região de Loriga,na àrea do antigo Município de Loriga.Aí vira à sua direita, começando a percorrer uma das mais belas encostas da Estrela, passa por Alvoco da Serra,e a subida termina na entrada do Vale de Loriga.A vista torna-se mais abrangente,mais bela,está no Mirante de Loriga. Pare,aproxime-se da berma da estrada ( existe um terraço ),e contemple a beleza esmagadora que tem diante de si.Lá em baixo,o casario da vila estende-se pelo imponente vale,juntamente com muitas centenas de socalcos,uma obra gigantesca feita pelos loricenses ao longo de muitas centenas de anos.Socalcos que,aliados a uma complexa rede de irrigação, transformaram um vale pedregoso num vale fértil.A imponência desta obra gigantesca é mais visível na colina onde se ergue o centro histórico da vila,local onde,há mais de dois mil e seiscentos anos surgiu a povoação.A colina ergue-se entre duas ribeiras,qual ilha,um local sem dúvida bem escolhido pelos antepassados dos loricenses.Desça e seja bem-vindo à vila. Pelo lado de Seia,apanhe a EN 231 na direcção da Covilhã,entre na Região de Loriga passando pela bonita e histórica aldeia de Valezim e entre no Vale de Loriga pela Portela de Loriga.Através da EN -2- 338,existe o acesso rápido à Torre,e vice-versa,através deste cruzamento,permitindo também maior fluidês no trânsito nas épocas de grande movimento turístico.A EN 338 liga a EN 230,junto da aldeia de Vide,à EN 339 acima da Lagoa Comprida,através da Portela de Loriga,local onde cruza com a EN 231. Caso não saiba,e seja praticante de esqui, fique a saber que,as Pistas de Esqui estão dentro da àrea da freguesia de Loriga.A neve é sempre um grande atractivo, no Inverno,e pode portanto praticar esqui em Loriga.Mas,no Verão,também tem praia em Loriga,mais exactamente,praia fluvial,situada numa àrea onde são ainda perfeitamente visíveis os vestígios deixados pelo glaciar que abriu o belo Vale de Loriga. Um largo com um jardim e um fontanário de granito,assinalam o início da àrea urbana da vila,a qual se torna visível após a curva na estrada.Aparecem as montanhas com cerca de dois mil metros de altitude,que parecem querer desabar sobre a vila,um sinal evidente que está no coração da Serra da Estrela,na localidade geograficamente mais próxima da Torre,o ponto mais alto. Se quiser apreciar a bela e singular vista do centro histórico da vila, enquadrado na fantástica paisagem do Vale de Loriga,vire à sua direita e desça ao santuário de Nossa Senhora da Guia.Ali, pode gozar momentos de prazer ou de fé ( ou ambos ),enquanto aprecia a espectacular paisagem.A algumas centenas de metros à direita da estrada que desce para o santuário,pode admirar uma sepultura antropomórfica milenar,e um troço da estrada romana de Lorica, construída no século I antes de Cristo,e que foi utilizada até à década de trinta do século XX.Do outro lado da vila pode admirar também outro troço da estrada,e a ponte romana construída sobre a Ribeira de Loriga. Pode entrar no centro histórico da vila,via santuário,pela muito antiga Rua do Porto,que teve origem na estrada romana,e ter uma perspectiva única da colina coroada pelo casario,que se ergue do outro lado da Ribeira de S.Bento.Mesmo que não tenha grandes conhecimentos de história, poderá então imaginar a antiguidade da povoação.Pode optar pela entrada moderna e ampla da Avenida Augusto Luís Mendes. Seja bem-vindo(a) à bela e histórica vila de Loriga,onde muitas e agradáveis surpresas esperam por si. Loriga,9 de Março de 2003 -1- Como localizar Loriga Região de Loriga, Serra da Estrela, Distrito da Guarda, Província da Beira Alta, Portugal,Europa. Loriga,está situada no coração da Serra da Estrela.É a localidade mais próxima do ponto mais alto.Situada na zona sudoeste da Serra da Estrela,a àrea urbana da vila está localizada a uma altitude que varia entre os setecentos e setenta e cerca de mil metros.A vila,tem como acessos viários directos,as estradas nacionais 231 e 338. O mais antigo povoamento surgiu exactamente no mesmo local onde hoje existe o centro histórico da vila;Uma colina que se ergue entre duas ribeiras,a Ribeira de Loriga e a Ribeira de S.Bento.A principal linha de àgua que é a Ribeira de Loriga,tem como principais afluentes a Ribeira de S.Bento,o Ribeiro da Nave e a Ribeira de Alvoco.Os dois primeiros afluentes encontram-se junto da vila,e o último,a Ribeira de Alvoco,entra na Ribeira de Loriga já na parte inferior do vale com o mesmo nome da vila, junto da aldeia de Vide. Na parte superior do Vale de Loriga,está localizada a única estância de esqui existente em Portugal. Distâncias entre Loriga e muitas das principais cidades: Aveiro -----145km Beja -----350km Braga -----242km Bragança -----240km Castelo Branco -----123km Coimbra -----122km Covilhã ------62km Évora -----296km Faro -----490km Fátima -----204km Guarda ------96km Leiria -----183km Lisboa -----320km Porto -----187km Sacavém -----300km Santarém -----256km Seixal -----336km Setúbal -----340km Torres Novas -----220km Viseu ------65km Vila Real -----176km ANALOR - Associação dos Naturais e Amigos de Loriga ESTATUTOS Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 CAPÍ TULO I NATUREZA E FI NALI DADES Artigo 1º - Natureza. Sede. Representações 1. A Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, nestes Estatutos designada por ANALOR, é uma associação de carácter regional, constituída por pessoas singulares, naturais ou não de Loriga, e pessoas colectivas, sediadas ou não em Loriga. 2. A ANALOR, fundada em 5 de Março de 1987, tem sede na cidade de Sacavém, na Rua Sport Grupo Sacavenense, Lote 30 – Loja 4, Quinta do Património, podendo por deliberação da Assembleia Geral e por proposta da Direcção, criar Delegações e nomear delegados ou seus representantes em qualquer localidade do território nacional ou do estrangeiro. Artigo 2º - Finalidades 1. A ANALOR tem como finalidades: a) Promover, dinamizar e desenvolver o convívio e solidariedade entre os seus associados e entre estes e os residentes na vila de Loriga ou demais associados residindo no exterior. b) Organizar, participar, apoiar e divulgar as iniciativas que de alguma forma contribuam para a divulgação das potencialidades, tradições, usos e costumes e para a promoção do desenvolvimento sócio-cultural de Loriga, do seu concelho e da sua região. c) Pugnar e colaborar com entidades, instituições e movimentos sociais, na preservação das especificidades culturais, na defesa do ambiente, no desenvolvimento social de Loriga e na elevação da qualidade de vida dos seus residentes. d) Cooperar com as autarquias locais, associações, colectividades e outras estruturas congéneres, designadamente as de Loriga e Sacavém e a estimular o conhecimento recíproco e o intercâmbio entre ambas as comunidades. 2. No âmbito das suas finalidades a ANALOR privilegiará: a) A cooperação com as entidades sediadas em Loriga e na região em que se insere, assim como com as dos locais em que tenha a sua sede, delegações, delegados e representantes. b) A organização, estímulo e apoio às actividades culturais, recreativas e desportivas e de formação, que tendam a proporcionar o convívio e o salutar aproveitamento dos tempos livres dos seus associados e da comunidade onde se insere, o seu crescimento pessoal, 2 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 designadamente, através da criação de secções ou grupos que visem os objectivos atrás enunciados. c) A criação e manutenção de meios de divulgação das suas actividades, assim como do que respeite ao conhecimento e promoção de Loriga e da sua região. CAPÍ TULO I I DOS ASSOCI ADOS, DA SUA ADMI SSÃO, DOS SEUS DI REI TOS E DEVERES Artigo 3º - Admissão 1. Podem ser associados da ANALOR pessoas singulares ou colectivas, em número ilimitado, na condição de previamente se identificarem com as finalidades e demais disposições estatutárias. 2. Os menores de 16 anos podem ser associados desde que exista prévia autorização de um dos pais, encarregado de educação ou representante legal, na falta ou inibição de algum daqueles . 3. As pessoas colectivas devem estar legalmente constituídas para poderem ser aceites como associadas. 4. Cabe á Direcção, sob proposta de um associado, sancionar a admissão de novos associados. 5. Os associados dividem-se em efectivos, honorários e beneméritos. a) São efectivos os associados que cumpram as obrigações estipuladas nestes estatutos e, nomeadamente, paguem regularmente as suas quotizações. b) Podem ser declarados associados honorários as pessoas ou entidades que tenham prestado serviços relevantes á ANALOR, a Loriga ou à comunidade loriguense, desde que publicamente reconhecidos. c) Podem ser declarados associados beneméritos as pessoas ou entidades que mereçam distinção pela doação de bens materiais ou outros valores de análoga natureza, quando particularmente importantes. § único Cabe à Assembleia Geral da ANALOR, sob proposta devidamente fundamentada da Direcção ou de pelo menos quinze associados, declarar a qualidade de associado honorário ou de associado benemérito . Artigo 4º - Direitos 1. São direitos dos associados : a) Elegerem e, com excepção dos associados pessoas colectivas, serem eleitos para quaisquer cargos dos Órgãos Sociais. 3 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 b) Frequentarem as instalações e participar nos eventos promovidos pela ANALOR, sendo este direito extensível a familiares. c) Participarem nas Assembleias Gerais, intervindo, apresentando propostas e exercendo o direito de voto. d) Usufruirem dos benefícios e regalias proporcionados pela ANALOR sendo, na medida do estatutariamente permitido, extensíveis aos cônjuges e filhos menores . e) Solicitarem informação quanto às contas e demais registos da ANALOR. f) Requererem a convocação extraordinária da Assembleia Geral. g) Requererem a dispensa ou a suspensão do pagamento de quotas nos casos de situação económica difícil e devidamente comprovada. h) Recorrerem para a Assembleia Geral nas situações e nos termos previstos estatutariamente. i) Propor novos sócios. 2. A capacidade para exercer os direitos de requerer, eleger, ser eleito e participar nas Assembleias Gerais adquire-se aos dezasseis anos de idade. Artigo 5º - Deveres 1. São deveres dos associados a) Cumprir e fazer cumprir os Estatutos e as deliberações da Assembleia Geral e as decisões dos Órgãos Sociais da ANALOR. b) Zelar pelos interesses da ANALOR, promovendo por todos os meios ao seu alcance, o seu prestígio e engrandecimento. c) Pagar a jóia de admissão e, regularmente, as quotas. d) Comunicar, para efeitos de actualização, as alterações verificadas nos dados do seu registo de associado. 2. Estão isentos do pagamento da jóia e quotas os associados honorários e beneméritos. 3. Perde a qualidade de associado aquele que, não estando dispensado nos termos destes Estatutos, e tendo deixado de pagar as suas quotas por período superior a doze meses e não as venha a pagar no prazo de trinta dias, após ter sido avisado por correio ou por outro meio passível de prova. 4. A readmissão de associado, se essa qualidade tiver sido perdida nos termos do número anterior, obriga ao pagamento de todas as quotas em falta, acrescido de um quarto desse valor. 4 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 CAPÍ TULO I I I DAS SANÇÕES Artigo 6 º - Penalidades 1. As penalidades em que um associado pode incorrer são as seguintes: a) b) c) d) Advertência verbal. Advertência registada. Suspensão até 180 dias dos direitos de associado. Expulsão. 2. As penalidades podem ser aplicadas aos associados nos casos de infracção aos presentes Estatutos e quando incorram, designadamente, em : a) Conduta que atente contra o bom nome da ANALOR ou dos seus associados, particularmente quando estes integrem os seus Órgãos Sociais. b) Comportamento que cause, dolosamente, lesão dos interesses patrimoniais da ANALOR. c) Prática de actos que perturbem ou impeçam as actividades da ANALOR ou as normais condições de convívio entre os seus associados. 3. É da competência da Direcção a aplicação de: a) penalidade de advertência verbal ou registada, que não admite recurso. b) penalidade de suspensão até trinta dias, que admite recurso para a Assembleia Geral. 4. É da exclusiva competência da Assembleia Geral a aplicação da pena de expulsão, sob proposta da Direcção. 5. Com excepção da penalidade de advertência verbal, a aplicação das demais sanções serão antecedidas de processo disciplinar, nos termos legais 6. As penas aplicadas serão fundamentadas e comunicadas por escrito ao infractor. 7. Os recursos, que nunca terão efeitos suspensivos, serão obrigatoriamente objecto de deliberação na primeira reunião da Assembleia Geral que venha a ser convocada após a data da aplicação da sanção, não devendo porém decorrer período superior a 180 dias entre a comunicação da sanção e a realização da Assembleia Geral. 5 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 CAPI TULO I V DOS ORGÃOS SOCI AI S Artigo 7º - Órgãos Sociais - Princípios Gerais 1. São Órgãos Sociais da ANALOR: a) A Assembleia Geral. b) A Mesa da Assembleia Geral. c) A Direcção. d) O Conselho Fiscal. 2. A Direcção poderá deliberar a constituição de comissões especiais, de duração limitada, para o desempenho de tarefas determinadas. 3. Com excepção da Assembleia Geral, pela sua própria natureza, nenhum Órgão Social poderá manter-se sem que estejam preenchidos mais de metade dos seus lugares, sem prejuízo destes poderem ser ocupados pelos membros suplentes. 4. A renúncia ao mandato e a impossibilidade definitiva para o seu exercício serão obrigatoriamente informadas ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, pelo renunciante no primeiro caso, pelo Presidente do órgão em causa ou seu substituto, no segundo caso. 5. A perda do mandato de qualquer membro dos Órgãos Sociais é automática no caso de incumprimento dos seus deveres de associado. 6. Os mandatos dos Órgãos Sociais terão a duração de dois anos. 7. O exercício das funções dos Órgãos Sociais não será remunerado. 8. No exercício das suas funções são deveres de cada um dos Órgãos Sociais cumprir e fazer cumprir os Estatutos, o Regulamento e as deliberações dos demais Órgãos Sociais. Artigo 8º - Da Assembleia Geral 1. A Assembleia Geral é o Órgão Social supremo da ANALOR e as suas deliberações, conformes com a lei e estes Estatutos, obrigam os Órgãos Sociais e os associados . 6 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 2. Podem participar na Assembleia Geral todos os associados da ANALOR no pleno gozo dos seus direitos, não sendo permitida qualquer forma de representação, excepto no que respeita aos associados pessoas colectivas que se poderão fazer representar por um procurador. 3. A Assembleia Geral reunirá em sessões ordinárias e extraordinárias. Quando em primeira convocatória não se encontre presente a maioria dos sócios, a Assembleia Geral reunirá, meia hora depois, em segunda convocatória. 4. A Assembleia Geral reunirá em sessão ordinária: a) Até 31 de Dezembro, para apresentação discussão e votação do Plano de Actividades e do Orçamento para o ano seguinte b) Até ao final do mês de Fevereiro, para apreciação e votação do Relatório e Contas da Direcção e do parecer do Conselho Fiscal, relativos ao ano anterior e, bienalmente, para eleição dos Corpos Sociais. 5. A Assembleia Geral extraordinária é convocada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, por sua iniciativa ou a requerimento da Direcção ou do Conselho Fiscal. 6. A reunião extraordinária da Assembleia Geral também pode ser requerida por, pelo menos, cinquenta associados no pleno gozo dos seus direitos. 7. A reunião da Assembleia Geral extraordinária deverá ser convocada no prazo máximo de quarenta e cinco dias contados a partir da recepção do requerimento. 8. A convocatória deverá conter a ordem de trabalhos constante do respectivo requerimento, o dia, a hora e o local de funcionamento e será sempre feita com pelo menos quinze dias de antecedência, devendo ser publicitada no órgão informativo da ANALOR ou, na sua falta ou impossibilidade, no jornal de maior circulação da localidade da sede social, podendo esta exigência ser suprida mediante envio de convocatória a todos os associados por correio registado ou outro meio susceptível de prova. 9. Os associados que subscrevam o requerimento da Assembleia Geral extraordinária responderão por todos os custos inerentes à sua convocação e realização, caso aquela se não realize pela ausência do número obrigatório dos requerentes e que é de dois terços. § único Os requerentes ausentes ficam inibidos, pelo prazo de dois anos, de poder requerer nova convocatória, caso a Assembleia Geral não tenha reunido devido à sua não comparência. 10. As deliberações da Assembleia Geral apenas podem ser impugnadas nos termos da Lei e destes Estatutos. 11. São da exclusiva competência da Assembleia Geral: a) A aprovação dos Estatutos, assim como as suas alterações, serão efectuadas em sessão extraordinária convocada única e expressamente para esse fim. b) A eleição dos Órgãos Sociais. 7 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 c) A aprovação do relatório e contas da Direcção e do parecer do Conselho Fiscal. d) A criação de delegações e outras formas de representação a que se refere o Artigo 1º . e) A aplicação da pena de expulsão. f) A deliberação sobre a aquisição e alienação de bens imóveis. g) A deliberação sobre o valor da jóia e quotas ou outras contribuições pecuniárias. h) A deliberação sobre as propostas de atribuição da qualidade de associado benemérito ou de associado honorário. i) A deliberação sobre os recursos previstos nestes Estatuto. j) A deliberação sobre a extinção da ANALOR. Artigo 9º - Da Mesa da Assembleia Geral 1. A Mesa da Assembleia Geral é constituída por um Presidente, um Vice-presidente e um Secretário. 2. São competências do Presidente da Mesa da Assembleia Geral: a) Convocar e dirigir os trabalhos das reuniões da Assembleia Geral. b) Conferir posse aos eleitos para os Órgãos Sociais. c) Assistir e participar, sem direito a voto, às reuniões da Direcção e do Conselho Fiscal. d) Assinar as actas das reuniões e zelar pelo cumprimento das deliberações da Assembleia Geral. e) Despachar todo o expediente que respeite à Mesa da Assembleia Geral. f) Receber, publicitar e decidir, em conformidade com a Lei e os Estatutos, sobre os pedidos de renúncia dos eleitos para os Órgãos Sociais. g) Representar externamente a ANALOR a solicitação da Direcção. h) Substituir interinamente a Direcção no caso de renúncia desta ou perda de mandato por falta de quorum. 3. São funções do Vice-presidente substituir e coadjuvar o Presidente. 4. São funções do Secretário coadjuvar o Presidente e Vice-presidente, assegurar o trabalho de expediente, redigir as actas e passar certidões das mesmas quando requeridas. 8 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 Artigo 10º - Da Direcção 1. A Direcção é o Órgão executivo e administrativo da ANALOR. 2. A Direcção é constituída por um Presidente, um Vice-presidente, um Tesoureiro, dois Secretários e dois Vogais efectivos e quatro Vogais suplentes. 3. São competências da Direcção: a) Assegurar a gestão corrente da ANALOR. b) Elaborar regulamentos e procedimentos necessários ao desempenho das suas funções, com respeito pelos Estatutos e pelas deliberações da Assembleia Geral. c) Escriturar as receitas e despesas da ANALOR. d) Elaborar e submeter á aprovação da Assembleia Geral o balanço, demonstração de resultados e relatório da actividade anual. e) Deliberar sobre as proposta de admissão de novos associados e propor à Assembleia Geral a atribuição da qualidade de associado benemérito ou honorário. f) Deliberar sobre isenção de pagamento de quotas relativamente a casos especiais, designadamente no caso de associados que representem a Associação em actividades previstas nestes Estatutos. g) Nomear comissões que tenha por necessárias para o prosseguimento das actividades que visem os objectivos estatutários da ANALOR e a realização do seu programa de candidatura. h) Requerer a convocação da reunião da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal. i) Obrigar a Associação, sendo para o efeito necessárias as assinaturas de, pelo menos, dois dos seus membros, um dos quais o seu Presidente ou de quem o substitua nos termos dos Estatutos. § único Em documentos que originem a movimentação de contas bancárias tituladas pela Associação é obrigatório que uma das assinaturas seja a do Tesoureiro. 4. São competências do Presidente da Direcção: a) Representar externamente a ANALOR, em juízo ou fora dele. b) Convocar e dirigir as reuniões da Direcção. c) Requerer a convocação do Conselho Fiscal quando o considere útil. d) Fazer executar as deliberações da Direcção. 5. O Presidente é substituído pelo Vice-presidente nas suas ausências ou impedimentos. 9 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 Artigo 11º - Do Conselho Fiscal 1. O Conselho Fiscal é constituído por um Presidente, um Vice–presidente e um Secretário. 2. São competências do Conselho Fiscal: a) Proceder ao exame da escrituração contabilística da ANALOR. b) Dar parecer sobre o Relatório e Contas antes de serem presentes à Assembleia Geral. c) Requerer à Mesa da Assembleia Geral a convocação de reunião extraordinária da Assembleia Geral quando o entenda necessário e de interesse para a ANALOR. d) Assistir às reuniões da Direcção quando o entender necessário, embora sem direito a voto. e) Elaborar pareceres ou recomendações de sua iniciativa, ou a pedido da Direcção. 3. O Conselho Fiscal reúne sempre que convocado pelo seu Presidente e, pelo menos, uma vez por trimestre. 4. As deliberações do Conselho Fiscal são tomadas por maioria dos seus elementos, com voto de qualidade do Presidente em caso de empate. 5. Os membros do Conselho Fiscal são solidariamente responsáveis pelos seus actos e por quaisquer irregularidades cometidas pela Direcção ou algum dos seus membros, sempre que deles tenham conhecimento e não tomem as medidas indispensáveis à salvaguarda da disciplina e da legalidade. 6. Para o exercício das sua funções o Conselho Fiscal terá acesso a todos os documentos da ANALOR, nomeadamente às actas da Direcção e da Assembleia Geral. Art.º 12º Ausência de quorum dos órgãos sociais Quando algum dos Órgãos perca o mandato por falta de quorum necessário ao seu funcionamento, nos termos estatutários, a Mesa da Assembleia Geral desenvolverá as diligências apropriadas para a convocação de Assembleia Geral Eleitoral Extraordinária, para a eleição do respectivo Órgão. 10 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 CAPÍ TULO V DAS ELEI ÇÕES Artigo 13º - Convocação e funcionamento da Assembleia Geral Eleitoral 1. A Assembleia Geral Eleitoral é convocada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, com antecedência não inferior a trinta dias nem superior a quarenta e cinco, não podendo fazer parte da respectiva Ordem de Trabalhos qualquer outra matéria. 2. A Assembleia Geral Eleitoral funcionará ininterruptamente, no dia marcado, por um período mínimo de quatro horas e máximo de oito, em horário que constará obrigatoriamente da convocatória. Artigo 14º - Candidaturas. Candidatos 1. As listas de candidaturas terão de, obrigatoriamente, ser completas, isto é, compostas pelo número de candidatos, efectivos e suplentes, necessários ao preenchimento dos lugares dos Órgãos Sociais da Associação. 2. As listas de candidaturas indicarão, pelo menos, quais os candidatos ao lugar de Presidente de cada Órgão Social. 3. Só poderão ser candidatos as pessoas singulares, no pleno gozo dos seus direitos e que sejam associados há pelo menos seis meses à data da candidatura e que não estejam sob processo disciplinar em curso à data do sufrágio. 4. Não poderão ser candidatos os associados que, com regularidade, desempenhem tarefas remuneradas pela ANALOR. 5. As listas candidatas serão acompanhadas de um programa de acção. As listas, as declarações de aceitação de candidatura e respectivos programas serão apresentados à Mesa da Assembleia Geral até pelo menos dez dias antes da data do acto eleitoral que os publicitará aos associados, designadamente por afixação na Sede Social. 6. A apresentação de listas só poderá ser subscrita ou pela Direcção cessante ou por um número de associados, não inferior a trinta, no pleno gozo dos seus direitos. Artigo 15º - Votação 1. A votação é secreta e presencial, devendo o boletim de voto ser dobrado em quatro antes de ser depositado na urna. 2. Os boletins de voto serão todos iguais e não transparentes. 11 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 Artigo 16º - Escrutínio e Resultados Após o encerramento da Assembleia Geral Eleitoral proceder-se-á ao escrutínio dos votos e serão proclamados logo os resultados da votação, mediante a afixação da correspondente acta em lugar apropriado para o efeito nas instalações da Sede da ANALOR. Artigo 17º - Tomada de posse A tomada de posse dos membros eleitos para os Órgãos Sociais é conferida pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral cessante e deverá ocorrer até ao décimo quinto dia posterior ao acto eleitoral. CAPÍ TULO VI DI SPOSI ÇÕES GERAI S Artigo 18º - Limites ao exercício dos cargos É vedado aos Órgãos Sociais: a) Vincular a ANALOR a compromissos de valor incerto e a todos relativamente aos quais não seja possível, no futuro, pôr-lhes termo. b) Dar em nome da ANALOR e a favor de terceiros quaisquer fianças ou garantias por actos ou negócios que não respeitem às actividades e interesses da ANALOR. Artigo 19º - Emblema e Bandeira A aprovação e ou alteração do Emblema e da Bandeira da ANALOR são da competência da Assembleia Geral. Artigo 20º - Estatutos : Aprovação, Alterações e Omissões 1. Os Estatutos só podem ser alterados em Assembleia Geral, convocada expressamente para o efeito, e por maioria de dois terços dos associados nela presentes. 2. Os casos omissos nestes Estatutos serão resolvidos, nos termos da lei e dos princípios gerais do direito, em reunião plenário dos Presidentes da Mesa da Assembleia Geral, da Direcção, do Conselho Fiscal. Artigo 21º - Receitas e Proventos Constituem receitas da ANALOR a) As jóias e quotas dos associados. b) Os benefícios financeiros resultantes da aplicação dos seus recursos. 12 Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000 c) Doações, legados e outras liberalidades a seu favor. d) Outras receitas. Artigo 22º - Dissolução 1. A dissolução da ANALOR só poderá ocorrer em Assembleia Geral, expressamente convocada para esse fim, e a deliberação da dissolução só terá eficácia se obtiver a favor três quartos dos votos dos associados no pleno gozo dos seus direitos. 2. Para efeitos do funcionamento da Assembleia Geral prevista no número anterior será admitida quer a votação presencial, quer a votação por correspondência, esta nos termos a definir em Regulamento a elaborar pela Direcção. 3. Na eventualidade de acontecer a dissolução, nos termos estatutários, proceder-se-á à liquidação do património, em conformidade com as disposições legais aplicáveis e o eventual remanescente, após liquidação do passivo, reverterá a favor de instituições de benemerência, com prioridade às de Loriga. Artigo 23º - Cooperação com o I NATEL Por deliberação da Direcção, pode a ANALOR estabelecer formas de cooperação e assistência com o I NATEL – I nstituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores, designadamente através da sua filiação naquele organismo com o estatuto de Centro de Cultura e Desporto. Artigo 24º - Entrada em vigor Os presentes Estatutos entram em vigor no dia seguinte ao da sua aprovação pela Assembleia Geral. 13 Núcleo de Loriguenses Apoiantes do Progresso e Desenvolvimento de Loriga (Movimento de Opinião Formal) Rua Sacadura Cabral, 47 A 6270 – 108 Loriga LORIGA E O ABASTECIMENTO DE ÁGUA O 1º CENTENÁRIO DOS FONTANÁRIOS NA VILA in www.loriga.de (fonte) Colónia Loriguense de Manaus 1905 - 1907 Percorrendo algumas das artérias principais desta localidade, decerto não deixará de reparar nas fontes onde a água cristalina cai dia e noite, como uma sinfonia sem fim. Numa placa de mármore nelas fixadas se poderá ler: - Colónia Loriguense de Manaus 1905-1907. O visitante pára... por momentos olha... e ao ler tais legendas, pensará, que, os filhos de Loriga não se esqueceram da sua terra, apesar de estarem longe. A Colónia dos Loriguenses em Manaus, mesmo longe pela distância, não esquecia também as necessidades dos seus conterrâneos. Assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção de Fontanários na sua terra. Em 6 de Agosto de 1905 dia da Festa da Nossa Senhora da Guia, alguns Loriguenses reuniram-se na casa do Sr. José da Cruz de Moura Pina, decidindo constituir uma comissão com vista à angariação de fundos no sentido de abastecer a população de Loriga de água verdadeiramente potável e em condições perfeitamente higiénicas. Essa comissão ficou assim constituída:- José da Cruz de Moura Pina, Presidente;- Manuel de Jesus de Pina, Tesoureiro;José Alves Nunes de Pina, Secretário. Faziam parte desta Comissão um Conselho Fiscal assim constituído:- António Ambrósio de Pina; Augusto Mendes de Gouveia e Joaquim Ambrósio de Pina. Os Fontanários de Loriga, são pois obras vivas do passado, doadas por esses Loriguenses que apesar de estarem longe, amavam a terra que lhes tinha sido berço, não esqueciam as carências nela existentes e as necessidades das suas famílias. Aqui se registam os nomes de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento de Loriga. Lista onde consta os nomes e respectivas assinaturas das pessoas: "José da Cruz de Moura Pina; Jeremias Alves Nunes de Pina; Emigdio Alves Nunes de Pina; Manoel de Jesus de Pina; Augusto Mendes Gouveia; António Ambrósio de Pina; Albino Pinto Martins; António da Silva Páes; António Alves da Costa; Abílio Cardoso de Pina; José Ambrósio de Pina; Abílio Fernandes Nogueira; Manuel de Brito Pinheiro; João Luis de Moura; António Dias dos Santos; António Luis de Moura Pina; Carlos Augusto da Costa; Olarias-proprietários Francisco Santos e José Duarte Pina; Henrique de Moura (Joaquim); J.António & Irmãos (Fontão); Olaria-proprietários José G. de Pina e José de Brito Pina; José Nunes Caçapo; António Gonçalves de Pina; António de Brito Miguel; Manuel de Brito Inácio; Joaquim de Pina Pires; António Gomes Leitão; José de Pina Pires Júnior; António de Pina Monteiro; José Alves do Torno; João Gonçalves de Brito (Alvoco); José Diogo Ferreira; António de Brito; Domingos Maria da Costa Veiga; José Alves Martins José; António Gomes Luiz; Joaquim Lopes de Brito; Núcleo de Loriguenses Apoiantes do Progresso e Desenvolvimento de Loriga (Movimento de Opinião Formal) Rua Sacadura Cabral, 47 A 6270 – 108 Loriga Joaquim Alves da Costa; António Marques Luis; José Gomes Martins; Plácido Nunes Amaro; Francisco de Brito Pinheiro; João Luis de Moura; Henrique Pinheiro; Joaquim Gomes de Brito (Alvoco); Abílio Duarte dos Santos; António Duarte dos Santos; Abílio Diogo de Gouveia; Manuel Pinto de Abranches; Germano Diniz (da Carvalha); João Henrique Freire (da Barriosa); Emília Mendes de Pina; João Fernandes de Moura, Joaquim Gomes de Pina; Joaquim Ambrósio de Pina; Joaquim Lopes Cecília; José Alves Nunes de Pina; António Alves Nunes de Pina; Joaquim de Pina Monteiro; António Pina Monteiro; José Pina Monteiro; Abílio Santos Ferrito; José Gomes Luiz Lages; António Gomes Luiz Lages; Afonso Duarte Jorge; Manuel de Moura Pina; João de Moura Pina; António de Moura Pina; Abílio Cardoso de Pina; José Ambrósio de Pina; José Diogo Ferreira; Joaquim Lopes de Brito; Alfredo da Costa; João Luiz dos Santos" Nota:-Fazem parte desta Lista mais três nomes, só que se encontram ilegíveis. Existem muitas outras pessoas que contribuíram para a construção dos Fontanários, além dos nomes que constam, estes transmitidos via verbal por um Loriguenses residente no Brasil e, que se encontram inseridos nos registos das memórias do senhor Padre Lages, sobre o título "Para Constar". Numa região onde a água existe com grande abundância, a carência de fontes de água potável em Loriga era um facto. Nessa época já longínqua, esta localidade tinha apenas no perimetro do agregado familiar, duas fontes de água potável, mas represadas, em que mergulhavam indistintamente cântaros, latões, baldes etc., por vezes sem o mínimo dos rudimentares preceitos higiénicos, sendo uma delas situada na Barroca e outra no lugar ainda hoje conhecido por Fonte do Vale. A Fonte do Vinhô é também uma das mais antigas. Na periferia, havia outras a que o povo chamava do Regato, do Teixeiro e dos Amores, no entanto, essas eram menos utilizadas por motivo da distância a que ficavam, sendo também águas que brotavam dos combros ou cômoros de propriedades regadias, mas filtradas pela terra .No final do século XIX, o povo passou a aproveitar outros locais onde a água era potável, para assim se abastecer desse precioso líquido. Os emigrantes loriguenses sedeados no norte do Brasil, mais concretamente em Manaus, apesar da distância não esqueciam as necessidades dos seus conterrâneos. Assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção na sua terra, de Fontanários, edificados nos primeiros anos do século XX: -Um na rua principal no local conhecido pelas "Almas" outro no Adro da Igreja e um outro na Rua do Porto. Construídos em locais estratégicos da povoação, a partir de então, e durante dezenas de anos foi este o meio de abastecimento de água que a população necessitava para seu consumo. No princípio da década de 1970, o saneamento básico foi levado a efeito em Loriga. Os trabalhos prolongaram-se durante alguns anos, onde a evidente impaciência da população, viria a ser recompensada, com um dos maiores melhoramentos efectuados em Loriga sendo de uma importância vital para todos. Passando a maioria das habitações a ter água canalizada, as Fontes de Loriga, deixaram de ter a mesma relevância que tinham tido até então. No entanto, continuam bem vivas e ficarão para sempre gravadas na história desta localidade e da sua gente. Núcleo de Loriguenses Apoiantes do Progresso e Desenvolvimento de Loriga (Movimento de Opinião Formal) Rua Sacadura Cabral, 47 A 6270 – 108 Loriga Poemas aos Fontanários da Vila Nas ruas de Loriga vejo as Fontes Com puras águas sempre a correr Foram os brasileiros lá muito longe Que um dia as mandaram erguer * Puras são as águas que chegam Para a garganta ali se refrescar Águas que a todos mata a sede E que são para sempre de recordar Fonte das Almas * Fontes de águas cristalinas Caindo, caindo sem parar A que sobra segue para a ribeira Que as leva depois para o mar * Boas águas dos montes altos Na Fonte sempre a correr Dois tanques ali foram feitos Para alguma água se não perder Fonte do Adro * Noite e dia a água caindo Como uma sinfonia sem fim Muitas vezes ali eu me chegava Parecendo musica que tocava para mim * APina Fonte do Porto -1- Fontão de Loriga A mais bela aldeia de xisto,e na Serra da Estrela Surgida no século XVI,no termo do Concelho de Loriga (Região de Loriga),àrea onde hoje existem sete freguesias,a aldeia de Fontão de Loriga foi fundada por uma família de pastores e agricultores,que escolheram aquele local aprazível para se fixarem.Outras belas aldeias da Região de Loriga,tais como Cabeça,Muro e Casal do Rei,estas situadas no Vale de Loriga,tiveram a mesma origem em épocas diversas.É o caso também de Teixeira,Frádigas,Barriosa,entre outras,na mesma região.Dentro da mesma freguesia,e perto de Fontão de Loriga,existem Fontanheira e Tojoso,dois lugares com origem idêntica,mas mais recente,que nunca chegaram a ser aldeias com "dimensão". Nossa Senhora da Ajuda é a Padroeira de Fontão de Loriga,orago da capela local,e as festas em sua honra realizam-se anualmente no segundo domingo de Agosto. Visite a bela aldeia de Fontão de Loriga A bela aldeia de xisto de Fontão de Loriga,não tem tido a divulgação que outras aldeias com as mesmas características têm tido.Como resultado,o Fontão de Loriga,tal como outras belas aldeias da Região de Loriga,não são tão conhecidas como merecem. Visitar a aldeia de Fontão de Loriga,é uma verdadeira aventura de regresso ao passado;Casas típicas,com paredes e telhados de xisto,ruas estreitas em degraus,tudo rodeado de quintas em socalcos,num pequeno vale verdejante e soalheiro! Na próxima vêz que for à Serra da Estrela,visite a bela aldeia de Fontão,freguesia de Loriga,Região de Loriga,Serra da Estrela.Vale a pena a visita! egião de Loriga Mapa da Região de Loriga LORIGA - * LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST - História concisa de Loriga Loriga é uma vila e freguesia portuguesa,situada na Serra da Estrela, distrito da Guarda. Tem 36,52 km² de área, e densidade populacional de 37,51 hab/km². Loriga encontra-se a 80km da Guarda e 300km de Lisboa. A vila é acessível pela EN 231, e tem acesso à Torre pela EN 338, seguindo um traçado projectado décadas atrás, com um percurso de 9.2 km de paisagens deslumbrantes, entre as cotas 960m (Portela de Loriga) e 1650m, acima da Lagoa Comprida onde entronca com a EN 339. A àrea urbana da vila encontra-se a uma altitude que varia entre os 770m e os 1200m. Gentílico:Loricense ou loriguense Orago:Santa Maria Maior Código Postal:6270 Há décadas foi chamada a "Suíça Portuguesa" devido às características da sua belíssima paisagem. Está situada a partir de 770m de altitude, rodeada por montanhas,todas com mais de 1500m de altitude das quais se destacam a Penha dos Abutres (1828m de altitude) e a Penha do Gato (1771m), e é abraçada por dois cursos de água: a Ribeira de Loriga e a Ribeira de S.Bento,as quais se unem depois da E.T.A.R. da vila.A Ribeira de Loriga é um dos afluentes do Rio Alva. Vila A vila está dotada de uma ampla gama de infrastrutras,como por exemplo,a Escola C+S Dr.Reis Leitão,a Banda Filarmónica de Loriga, fundada em 1905, o corpo de Bombeiros Voluntários de Loriga, cujos serviços se desenvolvem na àrea do antigo Município Loricense, a Casa de Repouso Nª. Srª. da Guia, uma das últimas obras sociais de relevo,a Associação Loriguense de Apoio à Terceira Idade,o Grupo Desportivo Loriguense,fundado em 1934,Posto da GNR,Correios,serviços bancários, farmácia,Escola EB1 e pré-escolar, praia fluvial,estância de esqui (única em Portugal),etc . Ao longo do ano celebram-se de maneira especial o Natal, a Páscoa (com a tradicional Amenta das Almas) e festas em honra de S. António (durante o mês Junho) e S. Sebastião (durante o mês de Julho), com as respectivas mordomias e procissões. Porém, o ponto mais alto das festividades religiosas é a festa dedicada NªSrª da Guia, padroeira da diáspora loricense, que se realiza todos os anos, no primeiro Domingo de Agosto. Acordos de geminação: Loriga celebrou acordo de geminação com: A vila, actual cidade de Sacavém, no concelho de Loures, em 1 de Junho de 1996. ________________________________________________ História concisa de Loriga Lorica,foi o nome dado pelos Romanos a Lobriga, povoação que foi,nos Hermínius(actual Serra da Estrela),um forte bastião lusitano contra os invasores romanos.Os Hermínius foram a maior fortaleza lusitana e Lorica situada no coração dessa fortaleza,perto do ponto mais alto.Lorica,do latim,é nome de antiga couraça guerreira,de que derivou Loriga,com o mesmo significado.Os próprios soldados e legionários romanos usavam Lorica.Os Romanos puseram-lhe tal nome,devido à sua posição estratégica na serra,e ao seu protagonismo durante a guerra com os Lusitanos(* LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST).É um caso raro de um nome que se mantém praticamente inalterado há dois mil anos,sendo altamente significativo da antiguidade e da história da povoação(por isso,a couraça é a peça central e principal do brasão histórico da vila). A povoação foi fundada estratégicamente no alto de uma colina,entre duas ribeiras,num belo vale de origem glaciar.Desconhece-se,como é evidente,a longínqua data da sua fundação,mas sabe-se que a povoação existe há mais de dois mil e seiscentos anos,e surgiu originalmente no mesmo local onde hoje está o centro histórico da vila.No Vale de Loriga,onde a presença humana é um facto há mais de cinco mil anos,existem actualmente,além da vila,as aldeias de Cabeça,Muro,Casal do Rei,e Vide. Da época pré- romana existe,por exemplo uma sepultura antropomórfica com mais de dois mil anos,num local onde existiu um antigo santuário,numa época em que o nome da povoação era Lobriga,etimologia de evidente origem céltica.Lobriga,foi uma importante povoação fortificada,Celta e Lusitana,na serra. A tradição local,e diversos antigos documentos,apontam Loriga como tendo sido berço de Viriato,que nasceu,sem dúvida,nos Hermínius,onde foi pastor desde criança.É interessante a descrição existente no livro manuscrito História da Luzitânia,do Bispo-Mor do Reino(1580):"...Sucedeu o pastor Viriato,natural de Lobriga,hoje a villa de Loriga,no cimo da Serra da Estrêla,Bispado de Coimbra,ao qual,aos quarenta annos de idade,aclamarão Rey dos Luzitanos,e casou em Évora com huma nobre senhora no anno 147...".A rua principal, da àrea mais antiga do centro histórico da vila de Loriga,tem o nome de Viriato,em sua homenagem. Ainda hoje existem partes da estrada,e uma das duas pontes(século I a.C.),com que os Romanos ligaram Lorica ao restante império.A ponte romana ainda existente,sobre a Ribeira de Loriga,está em bom estado de conservação,e é um bom exemplar da arquitectura da época. A estrada romana ligava Lorica a Egitânia (Idanha-a-Velha), Talabara (Alpedrinha), Sellium (Tomar), Scallabis (Santarém), Olisipo (Lisboa) e a Longóbriga (Longroiva), Verurium (Viseu), Balatucelum (Bobadela), Conímbriga (Condeixa) e Aeminium (Coimbra). Quando os romanos chegaram,a povoação estava dividida em dois núcleos separados por poucas centenas de metros.O maior,mais antigo e principal situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato,sendo defendido por muros e paliçadas.O outro núcleo,constituído apenas por algumas habitações,situava-se mais acima junto a um pequeno promontório rochoso,em cima do qual mais tarde os Visigodos construíram uma ermida dedicada a S.Gens. Com o domínio romano,cresceu a importância de Lorica,uma povoação castreja que recebeu populações de castros existentes noutros locais dos Hermínius,e que entretanto foram abandonados.Isso aconteceu porque esses castros estavam localizados em sítios onde a única vantagem existente era a facilidade de defesa.Sítios que,ao contrário de Lorica,eram apenas um local de refúgio,onde as habitações estavam afastadas dos recursos necessários à sobrevivência,tais como àgua e solos aráveis.Um desses castros abandonados,e cuja população se deslocou para Lorica,situava-se no ainda conhecido Monte do Castelo,ou do Castro,perto da Portela de Loriga.No século XVIII ainda eram visíveis as ruínas das fundações das habitações que ali existiram,mas actualmente no local apenas se vêem pedras soltas. Loriga,foi também importante para os Visigodos,os quais deixaram uma ermida dedicada a S.Gens,um santo de origem céltica,martirizado em Arles,na Gália,no tempo do imperador Diocleciano.A ermida sofreu obras de alteração e o orago foi substituído, passando a ser de Nossa Senhora do Carmo.Com a passagem dos séculos,os loricenses passaram a conhecer o santo por S.Ginês,hoje nome de bairro neste local do actual centro histórico da vila.A actual derivação do nome romano,Loriga,começou a ser usada pelos Visigodos. A Igreja Matriz tem,numa das portas laterais,uma pedra com inscrições visigóticas,aproveitada de um antigo pequeno templo existente no local quando da construção datada de 1233.A antiga igreja,era um templo românico com três naves,a traça exterior era semelhante à da Sé Velha de Coimbra,tinha o tecto e abóbada pintados com frescos,e, quando foi destruída pelo sismo de 1755,possuía nas paredes,quadros da escola de Grão Vasco.Da primitiva igreja românica do século XIII restam partes das paredes laterais. Desde a reconquista cristã, que Loriga esteve sob a exclusiva influência administrativa e eclesiástica de Coimbra,pertencendo também à Coroa e à Vigariaria do Padroado Real,e foi o próprio rei (na época D.Sancho II) que mandou construír a Igreja Matriz,cujo orago era,tal como hoje,de Santa Maria Maior.Na segunda metade do século XII já existia a paróquia de Loriga,e os fieis dos então poucos e pequenos lugares ou "casais" dos arredores,vinham à vila assistir aos serviços religiosos.Alguns desses lugares,hoje freguesias,foram,a partir do século XVI,adquirindo alguma autonomia religiosa,começando por Alvoco,e seguindo-se Vide,Cabeça e Teixeira. A vila de Loriga,recebeu forais de João Rhânia(senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas,no tempo de D.Afonso Henriques)em 1136,de D.Afonso III em 1249,de D.Afonso V em 1474,e recebeu foral novo de D.Manuel I em 1514. Com D.Afonso III,a vila recebeu o primeiro foral régio,e em 1474,D.Afonso V doou Loriga ao fidalgo Àlvaro Machado,herdeiro de Luís Machado,que era também senhor de Oliveira do Hospital e de Sandomil,doação confirmada em 1477, e mais tarde por D.Manuel I.No entanto,após a morte do referido fidalgo,a vila voltou definitivamente para os bens da Coroa.No século XII,o concelho de Loriga abrangia a àrea compreendida entre a Portela de Loriga(hoje também conhecida por Portela do Arão)e Pedras Lavradas,incluindo as àreas das actuais freguesias de Alvoco da Serra,Cabeça,Teixeira,e Vide.Na primeira metade do século XIX,em 1836,o concelho de Loriga passou a incluír Valezim e Sazes da Beira.Valezim,actual aldeia histórica,recebeu foral em 1201,e o concelho foi extinto em 1836,passando a pertencer ao de Loriga. Alvoco da Serra recebeu foral em 1514 e Vide recebeu foral no século XVII,mas voltaram a ser incluídas no concelho de Loriga em 1828 e 1834 respectivamente,também no início do século XIX.As sete freguesias que ocupam a àrea do antigo município loricense, constituem actualmente a denominada Região de Loriga.Essas freguesias constituem também a Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede na vila de Loriga. Loriga,é uma vila industrializada(têxtil) desde o início do século XIX,quando "aderiu" à chamada revolução industrial,mas,já no século XVI os loricenses produziam bureis e outros panos de lã.Loriga,chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior,e a actual sede de concelho só conseguiu ultrapassá-la em meados do século XX.Tempos houve em que só a Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas.Demonstrativo da genialidade dos loricenses,é que tudo isso aconteceu apesar dos acessos difíceis à vila,os quais até à década de trinta do século XX,se resumiam à velhinha estrada romana de Lorica,contruída no século I antes de Cristo.Nomes de empresas,tais como Regato,Fândega,Leitão & Irmãos,Redondinha,Tapadas,Augusto Luís Mendes,Moura Cabral,Lorimalhas,Lages Santos,Nunes Brito,etc,fazem parte da rica história industrial desta vila.A maior e principal avenida de Loriga tem o nome de Augusto Luís Mendes,o mais destacado dos antigos industriais loricenses. Mais tarde,a metalurgia,a pastelaria,e mais recentemente,o turismo (Loriga tem enormes potencialidades turisticas),passaram a fazer parte dos pilares da economia da vila. Outra prova do génio loricense é um dos exlíbris de Loriga,os inúmeros socalcos e a sua complexa rede de irrigação,construídos ao longo de muitas centenas de anos,e que transformaram um vale belo mas rochoso,num vale fértil. Mas, Loriga acabou por ser derrotada por um inimigo político e administrativo, local e nacional, contra o qual teve que lutar desde meados do século XIX. A história da vila de Loriga é, aliás, um exemplo das consequências que os confrontos de uma guerra civil podem ter no futuro de uma localidade e de uma região. Loriga tinha a categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo mas, por ter apoiado os chamados Absolutistas contra os Liberais na guerra civil portuguesa, teve o castigo de deixar de ser sede de concelho em 1855. A conspiração movida por desejos expansionistas da localidade que beneficiou com o facto, precipitou os acontecimentos. Tratou-se de um grave erro político e administrativo; foi, no mínimo, um caso de injusta vingança política, numa época em que não existia democracia e reinavam o compadrio e a corrupção, e assim começou o declínio de toda a região de Loriga (antigo concelho de Loriga). Se nada de verdadeiramente eficaz for feito, começando pela vila de Loriga, esta região estará desertificada dentro de poucas décadas, o que, tal como em relação a outras relevantes terras históricas do interior do país, será com certeza considerado como uma vergonha nacional. Confirmaria também a óbvia existência de graves e sucessivos erros nas políticas de coesão, administração e ordenamento do território. Para evitar tal situação, vergonhosa para o país, é necessário no mínimo por em prática o que já é reconhecido no papel: desenvolver a vila de Loriga, pólo e centro da região. Em Loriga existem a única estância e pistas de esqui existentes em Portugal.Loriga,é a capital da neve em Portugal. _______________________________________________________________________________________ _________________________ Brasão de Loriga - Coat of arms Brasão da vila de Loriga Heráldica Loriguense Resumo do significado do brasão Brasão:Escudo de azul,uma Lorica em vermelho realçada de prata,entre duas rodas hidráulicas a negro e realçadas de branco;Em chefe uma estrela de ouro,e na base dois montes a verde. Coroa mural de prata de quatro torres.Listel branco,com a legenda a negro:«LORIGA» Bandeira da vila de Loriga - Flag Bandeira:Esquartelada a azul e branco.Cordão e borlas de ouro.Haste e lança de ouro. O azul e o branco representam o céu, as àguas límpidas, a neve, a beleza, a pureza e as cores do início da nacionalidade portuguesa. Selo:Redondo,contendo no seu interior os mesmos símbolos do brasão,e com a legenda:«Junta de Freguesia de Loriga» Simbologia:Como peça central a Lorica,antiga couraça guerreira,origem do nome multimilenar,lembra as origens remotas da povoação e a história antiga da vila. As duas rodas hidráulicas simbolizam a duas vêzes centenária indústria loriguense,criada com o engenho das gentes de Loriga e que fizeram a vila destacar-se ainda mais na região.Eram as rodas hidráulicas que moviam as primitivas fábricas instaladas ao longo das duas ribeiras que banham a vila.Esses abundantes recursos hídricos foram em tempos mais remotos aproveitados também para mover moínhos. A estrela de ouro simboliza a Serra da Estrela.Pode também simbolizar a vila como uma estrela dentro da Estrela,e o ponto de referência dos inúmeros emigrantes loricenses espalhados pelo mundo. Os montes na base simbolizam os belos e verdejantes montes que ladeiam o belíssimo Vale de Loriga e a sua espectacular Garganta de Loriga. __________________________________________________________________ Freguesias da Região de Loriga [área do antigo Município Loricense] Limites aproximados da área do antigo Município Loricense, entre 1136 e 1828, e entre 1828 e 1855, respectivamente. As seis freguesias que rodeiam Loriga,e que fazem parte da Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede nesta vila. Alvoco da Serra Alvoco da Serra é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 37,57 km² de área e 646 habitantes (2001). Densidade: 17,2 hab/km². A freguesia é constituída por cinco localidades: Alvoco da Serra (sede da freguesia), Outeiro da Vinha, Vasco Esteves de Baixo, Vasco Esteves de Cima e Aguincho. Alvoco da Serra recebeu foral de D. Manuel I em 17 de Fevereiro de 1514,data em que deixou de pertencer ao concelho de Loriga. Foi vila e sede de concelho entre esta data e 1828, ano em que o concelho foi extinto. Tinha, em 1801, 667 habitantes. Entre 1828 e 1855 pertenceu novamente ao concelho de Loriga, após o que passou a integrar o concelho de Seia. Cabeça Cabeça é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 8,55 km² de área e 229 habitantes (2001). Densidade: 26,8 hab/km². Durante muitos anos foi conhecida como São Romão de Cabeça.Até ao século XIX pertenceu ao concelho,à paróquia e à freguesia de Loriga. A sua população vive em grande parte da agricultura e da pastorícia. António de Almeida Santos, ministro em vários Governos, ex-presidente da Assembleia da República, filho de uma loricense, nasceu em Cabeça, numa época em que a sua mãe dava aulas na escola primária local. Sazes da Beira Sazes da Beira é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 6,39 km² de área e 341 habitantes (2001). Densidade: 53,4 hab/km². A primeira fixação definitiva deu-se (supõe-se) no século XV, no lugar chamado de "Sazes Velho". Em 1527 tinha a aldeia 65 pessoas. No entanto e continuando à procura de proximidade da água levou à fundação do que é hoje a aldeia de Sazes da Beira propriamente dita. Não se sabe a data da fundação da sua freguesia/paróquia, mas sabe-se que foi no início do século XVIII.Em 1731 é edificada a sua Igreja Matriz. Desde a sua fundação, Sazes pertenceu sempre ao concelho de Sandomil até à extinção deste em 1836, data em que passou a pertencer ao município de Loriga.No meio de todas as remodelações administrativas sofridas (em que Sandomil esteve prestes a pertencer ao concelho de Loriga), a freguesia de Sazes (correspondente a todo o território da sua paróquia) pertenceu ao concelho de Loriga até 1855,data em que este foi extinto. Teixeira Teixeira é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 12,88 km² de área e 233 habitantes (2001). Densidade: 18,1 hab/km². Pertenceu ao concelho de Loriga até 1514 data em que Alvoco da Serra recebeu foral de D. Manuel I, passando depois a fazer parte do novo concelho da Vide no início do século XVII. Voltou a ser incluída no município de Loriga, com a extinção do concelho de Vide em 1834, e até 1855. Passa então para o concelho de Seia ao qual pertence actualmente. Valezim Valezim é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 10,94 km² de área, 382 habitantes (2001) e densidade populacional de 34,9 hab/km². A hipótese mais aceite é que o nome provém de vallecinus (palavra do latim para vale pequeno). Curiosamente, uma antiga lenda sobre a origem do nome de Valezim nasceu de um facto histórico real relacionado com Loriga. Diz a lenda: "Tendo sido expulsos de Loriga, os mouros chegaram àquele vale e exclamaram: Neste vale sim! As duas palavras foram unidas dando origem ao nome Valesim." De facto os mouros foram expulsos de Loriga, mas não falavam português. As principais actividades económicas da população estão ligadas à agricultura e pastorícia, turismo de habitação e à construcção civil. O seu primeiro foral é atribuído em 1201, por D. João de Foyle. Em 1514 é renovado por D. Manuel I, e passa constituir um concelho formado apenas pela freguesia da sede. Entre os anos de 1836 e 1855 pertenceu ao concelho de Loriga. Nessa data foi integrado no concelho de Seia, onde pertence. A sua maior festividade é em honra de Nossa Senhora da Saúde, realizada anualmente, no primeiro Domingo de Setembro. Vide Vide é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 51,25 km² de área e 843 habitantes (2001), com uma densidade populacional de 16,4 hab/km². Está situada na zona centro do país, no Parque Natural da Serra da Estrela, a uma distância de 25 Km da Torre. A freguesia engloba as seguintes e pequenas povoações anexas: Abitureira,Baiol,Balocas,Baloquinhas,Barreira,Barriosa, Barroco da Malhada,Borracheiras,Carvalhinho,Casal do Rei,Casas Figueiras,Cide, Chão Cimeiro,Coucedeira,Costeiras,Fontes do Cide,Foz da Rigueira,Foz do Vale,Frádigas,Gondufo,Lamigueiras,Malhada das Cilhas,Monteiros,Muro ,Obra,Outeiro,Ribeira,Rodeado,Sarnadinha,Silvadal e Vale do Cide. Pertenceu ao concelho de Loriga até ao início do século XVII,época em que recebeu foral.Foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX (1834), tendo nessa época passado a pertencer novamente ao município loriguense até 1855, ano em que foi integrado no concelho de Seia. Em 1801 era constituído apenas pela freguesia da sede e tinha 750 habitantes. Últimos estudos, levados a cabo em 2002, confirmam que o povoamento do Vale de Loriga em cujo extremo se encontra Vide, remonta aos finais do Paleolítico Superior. Entre as zonas de Entre-águas e de Ferradurras, nesta freguesia, há alguns núcleos rochosos que possuem várias inscrições rupestres, os maiores descobertos até agora, que foram objecto de estudo por parte da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica, e que segundo os traços gerais apresentados, pertencem à Idade do Bronze. A aldeia da Vide tem vários acessos sendo os principais a EN 230, que vem de Oliveira do Hospital, e a EN 238, na Portela de Loriga, cruzamento com a EN 231 que liga Loriga a Seia. _______________________________________________________________________________________ ___________ Outros sites sobre Loriga / Others sites about Loriga Loriga's Site - LINKS Os melhores sites sobre a terra-natal de Viriato / The best sites about the land of Viriathus http://viriathus.multiply.com http://LorigaPortugal.multiply.com http://LusitaniaPt.multiply.com http://www.Lorica.no.sapo.pt http://www.Loricae.no.sapo.pt http://www.viriatus.no.sapo.pt http://www.viladeloriga.no.sapo.pt http://www.loricaloriga.no.sapo.pt http://sites.google.com/site/LandofViriathus http://loriga.sites.sapo.pt http://members.virtualtourist.com/m/110692 -------------------------------------------------------------------------------Os melhores vídeos sobre a terra-natal de Viriato / The best videos about the land of Viriathus http://viriathus.multiply.com/video http://lorigaportugal.multiply.com/video http://lusitaniapt.multiply.com/video http://www.myspace.com/Loriga_Land_of_Viriathus http://www.metacafe.com/channels/Loricense http://www.dailymotion.com/Loricense http://video.yahoo.com/people/6882101 http://www.youtube.com/user/MrVIRIATHUS#g/u http://videos.sapo.pt/Loriguense/playview/2 http://members.virtualtourist.com/m/vb/0/110692 Loriga's Site - 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Com os meios de comunicação existentes na actualidade os cidadãos de uma determinada região ou país sabem com grande facilidade quais as normas jurídicas aplicaveis a cada caso concreto. Porém, nem sempre foi assim… Durante a época da formação de Portugal, predominava o direito consuetudinário (costume). Era o direito de uma sociedade cuja ordenação politica visava, como escopo principal, a prossecução de uma guerra de Reconquista. Desse modo, tínhamos um estado cuja atenção principal se não volvia para tarefas administrativas, nem de produção do direito: tratava-se de um estado guerreiro e não, essencialmente, administrador ou legislador. É num ambiente de guerra, onde dominam os abalos sociais e de desorganização causada pela invasão muçulmana e reconquista, que se vai verificar um florescimento do direito consuetudinário, em detrimento da lei escrita, fruto da necessidade espontânea de criação do Direito, por parte de sociedades que se achavam entregues a si mesmas. Assim, através da prática repetida de certas condutas por determinados aglomerados populacionais; de regras e posturas, originadas em reuniões de vizinhos ou magistrados locais, nascia o direito. As normas consuetudinárias locais, dessa época, são hoje conhecidas porque, no período seguinte, em especial na segunda metade do século XIII e início do XIV, foram objecto de codificação, de redução a escrito. É neste ambiente que vamos encontrar as chamadas cartas de privilégio, os diplomas outorgados pelo monarca, ou por quem gozava de poderes de direito público, concedendo um regime especial, de favor, a certa pessoa ou agrupamento de pessoas. Dentro das cartas de privilégio apresentavam particular interesse as chamadas cartas de foral, ou simplesmente, forais, diplomas que, aos habitantes de determinada terra, pré-existente ou a fundar, concediam certas regalias, principalmente de carácter fiscal e administrativo ou de definir os direitos e deveres colectivos dos habitantes de uma povoação. Encontramos assim, no conteúdo dos forais, disposições relativas a impostos, a composição e multas devidas pela prática de crimes, a deveres de serviço militar, à conservação da paz na povoação e à garantia de inviolabilidade do domicílio, etc. Nos começos do século XV, já longe da época das conquistas e numa fase pós recepção do direito comum em que existiu o renascimento do direito romano ocasionado pela ideia medieva de ressurreição do Império Romano, Portugal começava a sentir bem viva a necessidade de uma compilação que fixasse e sistematizasse, devidamente, as várias fontes de direito, em principio aplicáveis (Corpus Iuris Civilis, as Siete Partidas, o Corpus Iuris Canonici, etc). Para além destas fontes de direito de origem não nacional (direito canónico e romano) o rei, directa ou indirectamente, monopolizava agora a criação do Direito, legislando em abundância. Porém as dificuldades de transmissão do conhecimento existiam e nem sempre os povos abrangidos por essas normas legais, tinham noção efectiva da sua existência, ou pior ainda, desconheciam qual a hierarquia do quadro das fontes e desconheciam qual a norma vigente e aplicável ao caso concreto. A primeira tentativa para acabar com essa situação passou pelas Ordenações Afonsinas, que tentaram soluciona a urgente necessidade de sistematização que o direito português requeria; ficara, no entanto, por resolver o modo de assegurar o seu efectivo conhecimento e vigência em todo o país. Vai ser no reinado de D. Manuel que, de novo se encarará o problema da divulgação das Ordenações do Reino. Ao contrário dos seus antecessores, a solução deste monarca vai ser facilitada pela descoberta da imprensa, que, em Portugal, fizera a sua aparição em 1487. Assim, em 1504, saiu o Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares destes Reinos, primeiro ensaio para a publicação e divulgação de leis gerais no reino. Impunha-se, nesse momento, a tarefa de pôr em letra de forma as Ordenações. Todavia, como mais de cinquenta anos tinham decorrido sobre a compilação afonsina, tornava-se necessário um trabalho de revisão e actualização do seu texto, tendo em atenção a legislação extravagante publicada. Nesta mesma época, também no campo do direito foraleiro se impunha uma reforma. Por um lado, com o correr dos tempos, tinham sido promulgadas muitas leis gerais, que haviam revogado grande parte do conteúdo dos velhos forais. Por outro lado, a parte dos forais, não revogada, estava, em absoluto, desactualizada, já porque, no respeitante a prestações e isenções tributárias, se tornava difícil a sua aplicação, em virtude de datarem de há alguns séculos e se concretizarem em pesos, medidas e moedas fora de uso, já porque as constantes depreciações da moeda, e a legislação de expediente criada para actualizar o valor das prestações, gerara explicável confusão. Assim, nas Cortes começadas em Coimbra, em 1472 e terminadas em Évora, no ano seguinte, dizem os representantes dos conselhos que “os Foraes de cada Lugar per onde se mais rege e governa voso Reino, estes são oje em dia, e asy todos, ou moor parte falseficados, antrelinhados, rotos, não autorisados, e os tirão do seu próprioentender, nem são interpricados a uso, e costume dora. Não são conforme a alguns artigos, e Ordenações vosas”. Pedem então ao monarca que examine e extirpe “as burlas e enganos de taes Foraes”, mandando recolher à Corte “todos os Foraes de vosso Reino, que huum não fique, posto que diguão os de algum Lugar, que não se aggravão, ou não querem sobre ello requerer”. Vai D. Manuel dar satisfação às insistências dos povos e em 1497, nomeia uma comissão composta pelo chanceler-mor Rui Boto, pelo Dr. João Façanha e por Fernão de Pina, ordenando que “todos os ditos foraes sejam entregues e enviados se ainda (…) alguns são por enviar (…)”. Em 1520, terminou a obra de reforma dos forais. Estes forais reformados por D. Manuel, chamados forais novos ou manuelinos, e que deixaram de conter normas respeitantes à administração, ao direito e processo civil e penal – matérias estas, agora, versadas na legislação geral – passam, assim, a regular, apenas residualmente, os encargos e prestações devidas pelos concelhos ao rei ou aos senhores. É neste contexto que se integra o “novo” Foral de Loriga.Sim,porque o foral que D.Manuel I concedeu a Loriga não foi o primeiro que esta vila teve,mas foi o complemento dos forais concedidios em 1136,1249 e 1474. -2- Por ordem de D. Manuel e primeiramente por ordem de D. João II, foram recolhidos todos os forais velhos do reino para serem reformados e agrupados no novo enquadramento legal. Verificamos que, a partir da reforma manuelina, os forais deixaram de ter características de estatutos de direito local, para apenas conterem normas reguladoras dos encargos e prestações devidos ao rei ou aos donatários das terras. Com o evoluir dos tempos e das ideias, também as fontes de direito em Portugal foram alternando, mas, os forais mantiveram-se em vigor no território nacional mesmo nos períodos mais conturbados. Nem no período iluminista ou das luzes (século XVIII), época por excelência da Razão e do racionalismo, onde a fonte primordial do direito era a Razão (iluminada) ou no período subsequente das invasões francesas, foram colocados em causa. Porém, ao aproximar-se o fim do século XVIII, Melo Freire denunciava a necessidade de os forais serem objecto de tratamento legislativo, ordenando aos Governadores do Reino que se ocupassem dos meios “com que poderão supprimir os foraes, que são em algumas partes do reinode um pezo intolerável ”. Em 12 de Março de 1811, são dadas ordens no sentido de os corregedores examinarem os excessos dos forais e após a Revolução de 1820, nas Constituintes, discute-se, com vigor, a reforma dos forais, que são vistos como “um dos muitos parasitas, violadores do direito de propriedade e do princípio de igualdade dos cidadãos perante a lei”. A revolução liberal estava em marcha e tinha como pretensão primordial instaurar a igualdade política e jurídica. Por isso atacava as estruturas políticas, enfrentando o absolutismo monárquico dava o golpe de misericórdia no já decadente regime senhorial que tinha a sua expressão no chamado direito feudal. Os forais, reminiscências desse direito em decadência eram também colocados em causa. Ainda que o desejo de muitos fosse a sua completa extinção, assim não veio a acontecer, pois, só em 13 de Agosto de 1832 por Decreto (um dos célebres) de Mouzinho da Silveira, vieram a ser revogados todos os forais, tributos ou pensões foraleiras, impostos pelos Reis ou Donatários da Coroa ou Fazenda. Por fim, em Junho de 1846, uma Lei do dia 22 completou a obra de Mouzinho, colocando definitivamente uma pedra sobre algo que "fazia lei” desde o início da nossa nacionalidade. -3- -1- Loriga bela e histórica Notas históricas As origens de Loriga remontam há mais de dois mil e seiscentos anos.Sabe-se que,no século VI antes de Cristo,já existia na colina,onde hoje está o centro histórico da vila,uma povoação cujos habitantes se dedicavam fundamentalmente à pastorícia e também à agricultura. Esta povoação tinha uma configuração curiosa pois estava dividida em dois núcleos.Um deles,o mais antigo e principal,situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e a parte superior da Rua de Viriato,e o seu perímetro era defendido por uma barreira constituída em parte por muros,em parte por paliçada de madeira. O outro núcleo da povoação,situava-se a algumas centenas de metros mais acima,encostado a um promontório rochoso,onde hoje existe o Bairro de S.Ginês (S.Gens).Este núcleo que,até à época dos Romanos,tinha poucas habitações,ganhou então maior expansão que se acentuou com a chegada dos Visigodos.Aliás,este actual bairro do centro histórico da vila,deve o nome a uma ermida construída pelos Visigodos em cima do afloramento granítico,e cujo orago era S.Gens,nome que curiosamente os loricenses trocaram,séculos mais tarde,por S.Ginês,talvêz por ser mais fácil de pronunciar.Foram também os Visigodos que substituíram o nome latino Lorica,pela derivação Loriga,nome actual que tem o mesmo significado. Com a chamada romanização,surgiram pequenos núcleos habitacionais,com pouca expressão,que viriam a desaparecer,espalhados pelo Vale de Loriga.É que a romanização conduziu à morte inevitável dos castros lusitanos espalhados pela serra que estavam situados em locais inviáveis,usados como refúgio,sítios onde a única vantagem existente era a facilidade de defesa,e que não tinham os requisitos fundamentais para a permanência de uma povoação a longo prazo,tais como a existência próxima de àgua e terras próprias para a agricultura. Um exemplo clássico é o caso do castro que estava situado perto da Portela de Loriga,numa colina que por esse facto se chama,do Castelo,e cujas ruínas já muito degradadas,ainda eram visíveis no século XVIII.Os poucos habitantes desse castro,talvêz a maioria,devem ter-se fixado no castro vizinho de Lorica,que fora sempre maior e mais populoso,que estava sempre à vista e que conheciam bem.Aliás,havia vários locais do Vale de Loriga que eram especiais,ou mesmo sagrados para os habitantes destes dois castros.Um desses locais era certamente o que hoje é conhecido por Campa,onde pode admirar-se uma sepultura antropomórfica com cerca de dois mil e seiscentos anos. Pela sua localização estratégica,numa colina defensável junto a dois cursos de àgua abundante,e próxima do ponto mais alto da -2- serra,transformada pelos Lusitanos numa gigantesca fortaleza,a povoação rápidamente se tornou num bastião lusitano na luta contra os poderosos Romanos.Não foi por acaso que,assim que começaram a ter algum controlo sobre este coração da Lusitânia,os Romanos se deram ao trabalho de construír uma estrada nesta zona montanhosa e difícil para ligarem Lorica ao restante império.Se mais nenhum dado existisse sobre a antiguidade da povoação naquela localização,a existência da estrada romana e o traçado escolhido,provam por si que ali,naquela colina,já havia uma povoação com alguma importância.Se assim não fosse,a estrada teria tido um traçado diferente,aproximado com o da actual EN231,evitando os declives existentes,e teria sido mais fácil de construír para os Romanos. Para além dos ancestrais Lusitanos,os povos que mais influência exerceram em Loriga foram,pela ordem de chegada,os Celtas,os Romanos,e os Visigodos.A presença dos Mouros em Loriga foi escassa,já que eles nunca apreciaram muito estas paragens,portanto pouco influente, e foi também conflituosa,tendo sido expulsos pelo menos uma vêz pelos loricenses.Pode imaginar-se quais teriam sido as consequências repressivas...Tal facto,este em concreto ocorrido no início da presença dos Mouros,deu origem à lenda da origem da aldeia vizinha de Valezim e que diz o seguinte:"...Tendo sido expulsos de Loriga,os Mouros chegaram àquele vale e exclamaram:Neste vale sim!Decidiram então fundar ali uma povoação a qual ficou com o nome de Valezim devido à tal exclamação...".Claro que a origem do nome daquela aldeia histórica não é essa,pois os Mouros não falavam português,e esse é um pormenor da lenda que não tem nada de histórico. Com o nascimento de Portugal,Loriga passou a ter sempre a tutela real,salvo duas excepções.Uma,foi logo no início,no tempo do rei D.Afonso Henriques,em que Loriga,durante um breve período de cerca de vinte anos,pertenceu ao fidalgo João Viegas,também conhecido por João Rânia ou Ranha,que lhe deu o primeiro foral.A vizinha aldeia de Sandomil pertencia também a esse fidalgo.A outra excepção foi no tempo do rei D.Afonso V em que as Terras de Loriga e o concelho passaram a pertencer ao fidalgo Àlvaro Machado,que era também senhor de Oliveira do Hospital.Àlvaro Machado era filho e herdeiro de Luís Machado e durante o reinado de D.Manuel I,o concelho e vila de Loriga voltaram à posse da Coroa.Loriga,aliás,pertencia também à Vigariaria do Padroado Real,e foi o próprio rei,na época D.Sancho II,que mandou construír a Igreja Matriz em 1233,igreja essa que acabaria destruída pelo sismo de 1755.A igreja,construída no local de um outro templo,do qual foi aproveitado uma pedra com incrições visigóticas,colocada por cima de uma das portas laterais,era de estilo românico,com três naves, e traça exterior recordando a Sé Velha de Coimbra. O primeiro foral régio concedido à vila de Loriga,teve o cunho de D.Afonso III,seguindo-se os forais de D.Afonso V e de D.Manuel I. A àrea das Terras e Concelho de Loriga,correspondia,até ao início do -3- século XIX, à mesma àrea onde hoje existem,além da vila,as freguesias de Cabeça,Vide,Alvoco da Serra e Teixeira.É o território existente entre a Portela de Loriga e Pedras Lavradas.No início do século XIX o Município Loricense foi ampliado para norte,passando a incluír as actuais freguesias de Valezim e Sazes da Beira.Todas as sete freguesias,incuíndo a vila,constituem a Região de Loriga, e também a Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede na vila. O terramoto de 1755,como é óbvio,não provocou apenas a ruína da Igreja Matriz.Outros edifícios importantes foram afectados,tais como a residência paroquial,que ficou sem a fachada,e o edifício da Câmara Municipal que abriu brechas,embora sem provocar a ruína.Os danos em habitações foram também enormes,e a população de Loriga teve grandes dificuldades em recuperar da tragédia.Miraculosamente o número de vítimas foi muito reduzido,apesar dos grandes estragos em quase todos os edificios.Um emissário do Marquês de Pombal esteve em Loriga a avaliar os prejuízos,mas nunca chegou do seu governo qualquer ajuda de monta,ao contrário do que aconteceu na Covilhã,outra localidade serrana também muito afectada. Desde o início do século XIX,que a indústria têxtil artesanal e doméstica,ligada à pastorícia e produção de lã,existente em Loriga há muitos séculos,se organizou em modernas fábricas.Loriga transformou-se numa das localidades beirãs mais industriais,e até meados do século XX foi a localidade mais industrializada da àrea do actual concelho.Tempos houve em que,na região,só Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas. A indústria floresceu e desenvolveu-se graças ao espírito empreendedor dos loricenses,e apesar,por exemplo,dos maus acessos.Até aos anos trinta do século XX,a única estrada de acesso a Loriga que existia era a velhinha estrada romana,construída no século I antes de Cristo.Empresas como as fábricas da Fândega,Regato,Redondinha,Tapadas,Leitões, Lamas,que infelizmente já não existem,ficaram na história.As indústrias de malhas e metalúrgica surgiram na primeira metade do século XX e ganharam também grande destaque. O turismo é hoje um pilar importante da economia da vila,destacando-se por exemplo,o facto de a única estância de esqui existente em Portugal estar situada em Loriga,mais exactamente na parte superior do vale com o mesmo nome. -1- História concisa de Loriga LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST Lorica,foi o nome dado pelos Romanos a Lobriga, povoação que foi,nos Hermínius(actual Serra da Estrela),um forte bastião lusitano na luta contra os invasores.Lorica,do latim,é nome de couraça guerreira,de que derivou Loriga,com o mesmo significado.Os Romanos puseram-lhe tal nome,devido à sua posição estratégica na serra(era e é a localidade mais próxima do ponto mais alto),e ao seu protagonismo durante a guerra contra os Lusitanos(LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST). É um caso raro de um nome que se mantém praticamente inalterado há dois mil anos,sendo altamente significativo da antiguidade e da história da povoação.Por isso,a couraça é a peça central e principal do brasão histórico da vila. A povoação foi fundada estratégicamente no alto de uma colina,entre duas ribeiras,num belo vale de origem glaciar,onde a presença humana existe há,pelo menos,cinco mil anos.Desconhece-se,como é evidente,a longínqua data da sua fundação,mas sabe-se que Loriga existe há mais de dois mil e seiscentos anos,e que surgiu originalmente no mesmo local onde hoje está o centro histórico da vila. No Vale de Loriga,existem actualmente,além da vila,as aldeias de Cabeça,Muro,Casal do Rei e Vide. Da época pré-romana existe,por exemplo,uma sepultura antropomórfica,num local onde existiu um antigo santuário,numa época em que o nome da povoação era Lobriga,etimologia de evidente origem céltica.Lobriga,foi uma importante povoação fortificada,Celta e Lusitana,na serra. A tradição local,e diversos antigos documentos,apontam Loriga como tendo sido o berço de Viriato,que nasceu sem dúvida nos Hermínius,onde foi pastor desde criança.É interessante a descrição existente no livro manuscrito História da Lusitânia do Bispo-Mor do Reino(1580):"...Sucedeu o pastor Viriato,natural de Lobriga,hoje a vila de Loriga,no cimo da Serra da Estrêla,Bispado de Coimbra,ao qual,aos quarenta anos de idade,aclamaram Rei dos Lusitanos,e casou em Évora com uma nobre senhora no ano 147...".A rua principal da àrea mais antiga do centro histórico da vila de Loriga,tem o nome de Viriato,em sua homenagem. Ainda hoje existem partes da estrada,e uma das duas pontes(sec.I a.C.),com que os Romanos ligaram Lorica ao restante império.A estrada romana ligava Lorica a Egitânia(Idanha-aVelha),Talabara(Alpedrinha),Sellium(Tomar),Scallabis(Santarém),Olisipo(Lisboa),e a Longóbriga(Longroiva),Verurium(Viseu),Balatucelum(Bobadela),Conímbriga(Condeixaa-Velha) -2- e Aeminium(Coimbra).Uma estrada importante,pois atravessava os Hermínius passando próxima do ponto mais alto da serra,num "castrum"(Lorica) que era preciso valorizar e controlar.Recorde-se que os Hermínius foram a fortaleza lusitana por excelência, e era necessário controlar o massiço central e Lorica, próxima do ponto mais alto.A ponte romana ainda existente,sobre a Ribeira de Loriga,está em bom estado de conservação,e é um bom exemplo da arquitectura da época.A outra ponte, construída sobre a Ribeira de S.Bento,ruíu no século XVI após uma grande cheia.Durante séculos foi substituída por uma travessia de madeira.Já em finais do século XIX,foi construída a algumas dezenas de metros a montante do local da ponte romana,a ponte de pedra existente actualmente.A Rua do Porto,que está ligada a esta ponte,é o exemplo de uma rua muito antiga,relativamente estreita,que teve origem na estrada romana.A parte final da moderna Avenida Augusto Luis Mendes,é,em contraste,a evolução quase directa,da antiga estrada romana para uma ampla avenida.A estrada romana foi utilizada desde o século I antes de Cristo até à década de trinta do século XX d.C.,com a conclusão da actual EN231. Loriga,foi também importante para os Visigodos,os quais deixaram uma ermida,provavelmente o templo cristão mais antigo construído na localidade,dedicada a S.Gens,um santo de origem céltica,martirizado em Arles,na Gália,no tempo do imperador Diocleciano.A ermida sofreu obras que lhe alteraram a traça, o orago foi substituído pelo de Nossa Senhora do Carmo,e com o passar dos séculos,os loricenses passaram a conhecer o santo por S.Ginês,hoje nome de um bairro do centro histórico da vila.Loriga,actual derivação do nome romano Lorica,começou a ser usada no tempo dos Visigodos. A Igreja Matriz tem,numa das portas laterais,uma pedra com inscrições visigóticas, aproveitada de um outro templo existente no local,quando da construção,datada de 1233,data que foi aliás gravada nessa mesma pedra.A antiga igreja era um templo românico,com traça semelhante à da Sé Velha de Coimbra.Tinha o tecto da capela-mor e a abóbada central pintados com frescos,e,quando foi destruída pelo sismo de 1755,possuía ainda nas paredes, quadros da escola de Grão Vasco.O seu orago era,tal como actualmente,de Santa Maria Maior. Desde a reconquista cristã,que Loriga esteve sob a exclusiva influência administrativa e eclesiástica de Coimbra,pertencendo também à Vigariaria do Padroado Real,e foi o rei D.Sancho II que mandou construír a Igreja Matriz.Na segunda metade do século XII já existia a Paróquia de Loriga,e os habitantes dos então pequenos lugares ou "casais" espalhados pelas Terras de Loriga, vinham à vila assistir aos serviços religiosos.A partir do século XVI,alguns desses pequenos povoados (hoje sedes de freguesia) foram sucessivamente ganhando alguma autonomia religiosa,começando por Alvoco,seguindo-se Vide,Cabeça,e,finalmente,Teixeira. A vila de Loriga recebeu forais nos séculos XII,XIII,XV e XVI,de João Rhânia, ou Ranha(senhorio das Terras de Loriga durante cerca de -3- duas décadas,no tempo de D.Afonso Henriques)em 1136,D.Afonso III em 1249,D.Afonso V em 1474,e D.Manuel I em 1514,respectivamente.O foral novo dado à vila de Loriga por D.Manuel I,foi o único documento original que chegou completo aos nossos dias.Os originais dos outros forais desapareceram de forma estranha,suspeita, e conveniente,durante a reforma administrativa no século XIX,sabendo-se da sua existência por referências,transcrições,e citações existentes noutros documentos. Com D.Afonso III,a vila recebeu à primeiro foral régio,e em 1474,D.Afonso V doou a vila de Loriga ao fidalgo Àlvaro Machado,doação confirmada em 1477, e depois por D.Manuel I.No entanto,após a morte do referido fidalgo,a vila foi incluída definitivamente nos bens da Coroa. No século XIII,o Concelho de Loriga abrangia a àrea compreendida entre a Portela de Loriga(hoje também conhecida por Portela do Arão) e Pedras Lavradas,onde actualmente existem as freguesias de Alvoco da Serra,Cabeça,Teixeira e Vide.Em 1836,o Concelho de Loriga passou a incluír as freguesias de Valezim e Sazes da Beira.Valezim,actual aldeia histórica,recebeu foral em 1201,sendo extinto o concelho em 1836, passou a pertencer ao município de Loriga.Alvoco da Serra recebeu foral em 1514, e Vide recebeu foral em data incerta do século XVII,mas voltaram a ser incluídas no Concelho de Loriga em 1828 e 1834,respectivamente.A àrea equivalente ao antigo Município Loricense,com a vila de Loriga e as aldeias de Alvoco da Serra,Cabeça,Sazes da Beira,Teixeira,Valezim e Vide,no total de sete freguesias, é a denominada Região de Loriga. Loriga é uma vila industrial há duzentos anos (início do século XIX),quando os loricenses aderiram à chamada revolução industrial,no ramo têxtil,mas no século XVI já os loricenses produziam bureis e outros panos de lã.Os loricenses passaram então da produção artesanal e doméstica,próprias de épocas remotas, para as empresas industriais.As fábricas eram movidas pelas abundantes àguas das ribeiras,através de grandes rodas hidráulicas.Grandes veios,tambores e correias,transmitiam o movimento às máquinas,como teares e bobinadoras.Ainda hoje se podem admirar os grandes edifícios de granito das antigas fábricas,alguns ainda utilizados,outros infelizmente em ruínas. Mais tarde,a metalurgia,as malhas,a pastelaria,e,mais recentemente o turismo(Loriga tem enormes potencialidades turisticas),passaram a fazer parte dos pilares da economia da vila. -1- Loriga Loriga é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Seia, com 36,52 km² de área e 1 670 habitantes (2001). Densidade: 34,8 hab/km². Breve história Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe o centro histórico da vila, o seu nome primitivo,anterior à chegada dos romanos,era Lobriga. O local foi escolhido há mais de dois mil e seiscentos anos, devido à facilidade de defesa,à abundância de agua e de pastos, bem como ao facto de a vegetação abundante nas terras mais baixas providenciarem alguma caça. Desta forma estava garantido o sustento a uma comunidade constituída fundamentalmente por pastores e agricultores, que fizeram parte de uma das tribos mais aguerridas da Lusitânia. O nome veio,da localização da povoação,do seu protagonismo e dos seus habitantes,nos Hermínios (actual Serra da Estrela) na resistência lusitana, o que levou os romanos a porem-lhe o nome de Lorica (antiga couraça guerreira). É um facto que os romanos lhe deram o nome de Lorica e deste nome derivou Loriga (designação iniciada pelos Visigodos), e que tem o mesmo significado. É um caso raro, em Portugal, de um nome bimilenar, facto que justifica que a couraça seja a peça central e principal do brasão histórico da vila. Situada na parte Sudoeste da Serra da Estrela, a sua beleza paisagística é o principal atractivo de referência. Os socalcos e sua complexa rede de irrigação são um dos grandes ex-libris de Loriga, uma obra gigantesca construída pelos Loricenses ao longo de muitas centenas de anos e que transformou um vale belo, mas rochoso, num vale fértil. Em termos de património, destacam-se a ponte e a estrada romanas século I a.C., uma sepultura antropomórfica século VI a.C., a Igreja Matriz (século XIII, reconstruída), o Pelourinho (século XIII,reconstruído), o Bairro de São Ginês (São Gens) com origem anterior à chegada dos romanos, a Rua da Oliveira, pela sua peculiaridade, e a Rua de Viriato que tem o nome do herói lusitano Viriato, a que a lenda,a tradição local,e alguns documentos encontram origens na freguesia. A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruíu no século XVI após uma grande cheia na Ribeira de S. Bento), com as quais os romanos ligaram Lorica ao restante império, merecem destaque. A estrada romana ligava Lorica a Egitânia (Idanha-a-Velha),Talabara (Alpedrinha),Sellium (Tomar),Scallabis (Santarém),Olisipo (Lisboa) e a Longóbriga (Longroiva),Verurium (Viseu),Balatucellum (Bobadela),Conímbriga (Condeixa-a-Velha) e Aemínium (Coimbra). Também o Bairro de São Ginês ( S. Gens )é um ex-libris de Loriga, e nele destaca-se a capela de Nossa Senhora do Carmo construída no local de uma antiga ermida visigótica precisamente dedicada àquele santo. Quando os romanos chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos: O maior, mais antigo e principal, situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de Viriato, e estava fortificado com muralhas e paliçada. No local do actual Bairro de S.Ginês (S.Gens), existiam já algumas habitações encostadas ao promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma ermida dedicada àquele santo. Loriga era uma paróquia pertencente à Vigariaria do Padroado Real e a Igreja Matriz foi mandada construir em 1233 pelo rei D. Sancho II. Esta igreja, cujo -2- orago era já o de Santa Maria Maior,e que se mantém, foi construída no local de um outro antigo templo, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo românico, com três naves, e traça exterior lembrando a sé velha de Coimbra, esta igreja foi destruída pelo sismo de 1755, dela restando apenas partes das paredes laterais. O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do edifício da Câmara Municipal construído no século XIII. Um emissário do Marquês de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou de Lisboa qualquer auxílio. Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde o início do século XIX, chegou a ser uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior, e a actual sede de concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX.Tempos houve em que,só Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas.Nomes de empresas,tais como;Regato,Redondinha,Fonte dos Amores,Tapadas,Fândega,Leitão & Irmãos,Augusto Luis Mendes,Lamas,Nunes Brito,Moura Cabral,Lorimalhas,etc,fazem parte da rica história industrial desta vila. A sua história é, aliás, um exemplo das consequências que os confrontos de uma guerra civil podem ter no futuro de uma localidade e de uma região. Loriga tinha a categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo recebido forais em 1136 ( João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas, no reinado de D.Afonso Henriques ), 1249 ( D.Afonso III ), 1474 ( D.Afonso V ) e 1514 ( D.Manuel I ) , mas, por ter apoiado os Absolutistas contra os Liberais na guerra civil portuguesa, teve o castigo de deixar de ser sede de concelho em 1855. Foi no mínimo um caso de injusta vingança política,numa época em que não existia democracia e reinavam o compadrio e a corrupção,e assim começou o declínio de toda a Região de Loriga (antigo concelho).Se nada de verdadeiramente eficaz for feito, começando pela vila de Loriga, esta região estará desertificada dentro de poucas décadas,o que,tal como em relação a outras relevantes terras históricas do interior do país,será concerteza considerado como uma vergonha nacional.Confirmaria também a existência de graves e sucessivos erros nas políticas de coesão,administração e ordenamento do território. A àrea onde existem as actuais freguesias de Alvoco da Serra, Cabeça, Sazes da Beira, Teixeira, Valezim, Vide, e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu ao Município Loricense.A vila de Loriga,situa-se a vinte quilómetros da actual sede de concelho, e algumas freguesias da sua região situam-se a uma distância muito maior. A Região de Loriga,àrea do antigo Município Loricense,constitui também a Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede na vila de Loriga. Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas,e as únicas pistas e estância de esqui existentes em Portugal,estão localizadas na àrea da freguesia da vila de Loriga. Acordos de geminação Loriga celebrou acordo de geminação com: * a cidade de Sacavém, no concelho de Loures, em 1 de Junho de 1996. -3-
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