índice geral - Infortreino - Apoio Especializado a Treinadores de
Transcrição
índice geral - Infortreino - Apoio Especializado a Treinadores de
Marciano António Graça Estudo de Caso Sobre a Observação dos Parâmetros Ventilatórios nas Sessões de Treino Intervalado, Sobre a Distância de 400 metros, numa Atleta Feminina de Meio Fundo Monografia apresentada com vista à obtenção do grau de licenciatura em Desporto, Variante de Treino Desportivo de Alto Rendimento Orientador: Prof. Dr.ª Filomena Calixto Júri: Prof. Dr.ª Filomena Calixto Mestre António Moreira Mestre Paulo Paixão Miguel INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR Novembro 2004 Agradecimentos O presente estudo de caso só foi possível ser realizado com a cooperação das várias pessoas envolvidas directa e indirectamente. Assim, expresso o meu agradecimento aos seguintes intervenientes no estudo: À Profª. Dr.ª Filomena Calixto (ESDRM) pela orientação nos aspectos teóricos e metodológicos do presente estudo; Ao Prof. Dr. Victor Reis (UTAD) pela contribuição na discussão e conselhos dos aspectos teóricos e metodológicos do presente estudo, desempenhando um papel, não oficial, de co-orientador; Ao Mestre António Moreira (ESDRM) pela recolha dos dados e pela discussão dos aspectos metodológicos do estudo; Ao Mestre Paulo Paixão Miguel (ESDRM) um agradecimento retroactivo pelos quatro anos de apoio e de transmissão de conhecimentos; Ao Mestre João Brito (ESDRM) pela ajuda na recolha dos dados; Ao Prof. Dr. José Rodrigues (ESDRM) pela disponibilização do equipamento utilizado na recolha dos dados; À atleta Filipa Coelho pela sua disponibilidade para a realização dos testes necessários para a efectivação do estudo; A todos os docentes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior pela transmissão de conhecimentos e que, de forma directa ou indirecta, vieram influenciar o resultado do presente trabalho. ii Resumo O treino intervalado sobre a distância de 400 metros é muito popular é Portugal. No entanto, verifica-se que a literatura disponível sobre esta temática não é elucidativa nem concordante sobre qual a percentagem de solicitação de consumo de oxigénio e de energia (aeróbia e anaeróbia) durante estas sessões de treino. Por este facto, o presente estudo de caso tem o propósito de avaliar as solicitações ao nível da energia aeróbia (EnAer) e anaeróbia (EnAna) e o percentual do . consumo máximo de oxigénio (VO2máx) nas sessões de treino intervalado de 11X400 metros realizadas a 101% da velocidade associada ao consumo máximo de oxigénio . . (vV O2máx) (79 segundos), 7X400 metros a 104.5% da vV O2máx (76.4 segundos) e . 5X400 metros a 108% da vVO2máx (74.2 segundos) com 70 segundos de intervalo. O estudo pretende quantificar a solicitação energética alcançada nas repetições e a . percentagem do VO2máx nas repetições e nas pausas. O sujeito estudado é atleta de meio-fundo, do sexo feminino, 23 anos, de nível . nacional (9.46 min 3.000 metros e 16.47 min 5.000 metros), com um V O2máx de 68.92 ml/kg/min. A atleta realizou um teste sub-máximo (TSubMáx) de 5 patamares de 5 a 6 . min cada, de forma a aferir os valores de referência ao nível do VO2máx, outro supra. máximo (TSupMáx) a 111% da vVO2máx, como forma de aferir a capacidade anaeróbia, através da quantificação do défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac), e as respectivas sessões de treino intervalado. Foram controlados os parâmetros ventilatórios nos testes e nas sessões de treino através do analisador de gases Cosmed K4b2. Os dados dos testes, depois de tratados, . . foram os seguintes: V O2máx, 68.92 ml/kg/min; vV O2máx, 5.01 m/s (3.19 min/km); DefO2Ac, 51.73 ml eqO2/kg. Quanto aos dados das sessões de treino observaram-se os . seguintes resultados: 11X400 metros, 81% de EnAer, 19% de EnAna, 82% do VO2máx . nas repetições, 66% do VO2máx nas pausas com média na sessão de 74%; 7X400 . metros, 80% de EnAer, 20% de EnAna, 84% do V O2máx nas repetições, 68% do . VO2máx nas pausas e média na sessão de 77%; 5X400 metros, 79% de EnAer, 21% de . . EnAna, 85% do VO2máx nas repetições e 70% do VO2máx nas pausas e com média na sessão de 78%. Os dados das três sessões de treino não mostraram diferenças significativas ao . nível da solicitação da EnAna e da percentagem do V O2máx. Os valores mais elevados . foram observados na sessão de treino 5X400 metros, realizada a 108% da vVO2máx, em iii . que se alcançaram 70% de solicitação do VO2máx nas pausas e 85% de solicitação do . . VO2máx nas repetições, com a média na sessão de 78% do VO2máx. Quanto à solicitação energética foram registadas nesta mesma sessão de treino 21% de EnAna e 79% de EnAer. Os resultados de todas as sessões de treino apontam para uma baixa . solicitação da percentagem do V O2máx e, consequentemente, de baixa contribuição da EnAna. Estes resultados parecem demonstrar que na realização de treinos intervalados sobre 400 metros, mesmo as sessões realizadas a alta intensidade, com intervalos de 70 segundos, não é possível solicitar-se a potência máxima do sistema aeróbio nem um alto percentual da capacidade anaeróbia. No entanto, estas sessões parecem solicitar a faixa de esforço identificada com a capacidade aeróbia. iv Abstract The interval training on the distance of 400 meters is very popular in Portugal. However, it is verified that the available literature on this theme is neither elucidating nor concordant on which the percentage of request of oxygen consumption and of energy (aerobic and anaerobic) during these training sessions. For this fact, the present work is the study has the purpose of evaluating the requests at the level of the aerobic (EnAer) and anaerobic (EnAna) energy and the percentage of the oxygen consumption in the sessions of interval training of 11X400 meters accomplished to . 101% of the speed associated to the maximum consumption of oxygen (vV O2máx) (79 . second), 7X400 meters to 104.5% of vVO2máx (76.4 second) and 5X400 meters to 108% of . vV O2máx (74.2 second) with an interval of 70 second . The study intends to quantify the . energy requested in the repetitions and the percentage of the VO2máx during repetitions and pauses. The subject used in this study was a female, 23 years old, athlete of middle-distance at the national level (9.46 min 3.000 meters and 16.47 min 5.000 m), with maximum oxygen consumption of 68.92 ml/kg/min. The athlete accomplished a sub-maximum test of 5 repetitions from 5 to 6 minutes each, in order to check the standard values at the level of the . oxygen consumption (VO2máx). The supra-maximum test was performed at 111% of . vV O2máx, in order to evaluate the anaerobic capacity, through the quantification of the deficit of accumulated oxygen (DefO2Ac), and the respective sessions of interval training. The ventilatory parameters were controlled in the tests and in the training sessions through the gases analyzer Cosmed K4b2. The data of the tests, after treatment, was the . . following: V O2máx, 68.92 ml/kg/min; vV O2máx, 5.01 m/s (3.19 min/km); DefO2Ac, 51.73 ml eqO2/kg. The data of the training sessions was the following: 11X400 meters, 81% of EnAer, . . 19% of EnAna, 82% of VO2máx in the repetitions and 66% of VO2máx in the pauses and an . average in session of 74%; 7X400 meters, 80% of EnAer, 20% of EnAna, 84% of V O2máx in . the repetitions and 68% of VO2máx in the pauses and with average of 77%; 5X400 meters, . . 79% of EnAer, 21% of EnAna, 85% of VO2máx in the repetitions and 70% of VO2máx in the pauses and with average in session of 78%. . The data concerning the requested EnAna and the percentage of V O2máx showed any significant differences. The highest values were observed in the training session 5X400 meters, . . accomplished to 108% of the vVO2máx, whereas 70% of request of VO2máx was reached in . the pauses and 85% of request of VO2máx in the repetitions, with the average in the session of v . 78% of VO2máx. In this session 21% of the energy requested was anaerobic and 79% was aerobic. The results regarding all training sessions show a low request of the percentage of . VO2máx and, consequently, a low contribution of the anaerobic energy. These results seem to demonstrate that the interval training of 400 meters, with pauses of 70 second, neither request the maximum potency of the aerobic system nor the anaerobic capacity. However, these sessions seem to request the s threshold identified as the aerobic capacity. vi Índice geral Agradecimentos ......................................................................................................ii Resumo ..................................................................................................................iii Abstract...................................................................................................................v Índice geral ...........................................................................................................vii Índice de quadros....................................................................................................x Índice de figuras ....................................................................................................xi Lista de abreviaturas e símbolos...........................................................................xii 1. Introdução...........................................................................................................1 1.1. Âmbito do estudo .................................................................................................. 1 2. Revisão da literatura ...........................................................................................1 2.1. Definições e conceitos ........................................................................................... 2 2.1.1. Conceito de resistência ................................................................................... 2 2.1.2. Divisão da resistência ..................................................................................... 2 2.1.2.1. Divisão da resistência quanto à duração dos esforços............................. 2 2.1.2.2. Divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos ..... 3 2.1.2.3. Resistência anaeróbia .............................................................................. 3 2.1.2.4. Resistência aeróbia .................................................................................. 4 2.1.3. Capacidade e potência dos sistemas energéticos............................................ 4 2.1.3.1. Potência anaeróbia (láctica)..................................................................... 4 2.1.3.2. Capacidade anaeróbia (láctica)................................................................ 5 2.1.3.3. Potência aeróbia....................................................................................... 6 2.1.3.4. Capacidade aeróbia.................................................................................. 6 2.2. Métodos e parâmetros de avaliação da resistência aeróbia ................................... 6 2.2.1. Limiar anaeróbio ............................................................................................ 6 2.2.1.1. Limiar anaeróbio de lactato ..................................................................... 7 2.2.1.2. Limiar anaeróbio ventilatório .................................................................. 8 2.2.1.3. Velocidade de corrida associada ao limiar anaeróbio ............................. 8 . 2.2.1.4. Limiar anaeróbio e percentagem do V O2máx. ........................................ 9 2.2.2. Consumo máximo de oxigénio..................................................................... 10 2.2.2.1. Consumo máximo de oxigénio .............................................................. 10 2.2.2.2. Inércia do consumo de oxigénio perante o exercício ............................ 11 2.2.2.3. Valores de referência de consumo máximo de oxigénio....................... 12 2.2.2.4. Velocidade de corrida associada ao consumo máximo de oxigénio ..... 13 2.3. Métodos ventilatórios para quantificar a contribuição anaeróbia no esforço...... 14 2.3.1. Excesso de consumo de oxigénio pós exercício........................................... 14 2.3.2. Défice de oxigénio acumulado ..................................................................... 16 2.3.2.1. Valores de referência do défice de oxigénio acumulado....................... 17 2.3.2.2. Contribuição relativa de energia anaeróbia e aeróbia em testes supramáximos ................................................................................................. 18 2.4. Protocolos para avaliar a resistência.................................................................... 19 2.4.1. Protocolos para determinar o consumo máximo de oxigénio ...................... 20 2.4.1.1. Protocolos contínuos ............................................................................. 21 2.4.1.2. Protocolos descontínuos ........................................................................ 21 vii 2.4.1.3. Critérios para considerar o carácter máximo do teste............................ 22 . V 2.4.1.4. Aumento da robustez do modelo da correlação O e intensidade ...... 22 2 . 2.4.1.5. Linearidade da correlação VO2 e intensidade ....................................... 23 . 2.4.1.6. Metodologia para quantificar a velocidade associado ao V O2máx ....... 23 2.4.2. Protocolos para determinar o nível de capacidade anaeróbia através do défice de oxigénio acumulado................................................................................. 24 2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética através do DefO2Ac ................................................................................................. 25 . 2.4.3. Referências para protocolar a quantificação o VO2 e a solicitação energética durante o TI .................................................................................................. 25 2.5. Validade do Cosmed K4b2 .................................................................................. 27 2.5.1. Limitação do método breath by breath para recolha dos dados referentes aos parâmetros ventilatórios ............................................................................... 27 2.5.1.1. Médias para tratamento dos dados dos parâmetros ventilatórios .......... 27 2.6. Treino intervalado ............................................................................................... 28 2.6.1. Treino intervalado extensivo longo .............................................................. 28 2.6.1.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 28 2.6.1.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 28 2.6.1.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 29 2.6.1.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 29 2.6.2. Treino intervalado extensivo curto ............................................................... 29 2.6.2.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 29 2.6.2.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 29 2.6.2.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 30 2.6.2.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 30 2.6.2.5. Quanto à acção durante as pausas.......................................................... 30 2.6.3. Treino intervalado intensivo......................................................................... 31 2.6.3.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 31 2.6.3.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 31 2.6.3.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 31 2.6.3.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 32 2.6.4. Treino intervalado (30/30 s, 20/20 s e 10/10 s) ............................................ 32 2.6.4.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 32 2.6.4.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 32 2.6.4.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 32 2.6.4.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 32 2.7. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI............................................ 33 2.7.1. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo longo .......... 33 2.7.2. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo curto ........... 33 2.7.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI intensivo ..................... 33 2.7.4. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI 30/30 s, 20/20 s e 10/10 s ...................................................................................................................... 34 2.8. Estudos similares sobre avaliação da solicitação energética e ventilatória no treino intervalado................................................................................................ 34 3. Metodologia......................................................................................................35 3.1. Definição do problema ........................................................................................ 35 3.1.1.Objectivos do estudo ..................................................................................... 35 3.1.2. Questões em estudo ...................................................................................... 35 3.1.3. Formulação das questões em estudo............................................................. 36 viii 3.1.4. Fundamentação das questões........................................................................ 36 3.1.5. Pertinência do estudo.................................................................................... 36 3.1.6. Pressupostos e limitações do estudo............................................................. 37 3.2. Caracterização do sujeito..................................................................................... 37 3.3. Definição das variáveis........................................................................................ 37 3.3.1. Variáveis dependentes .................................................................................. 37 3.3.2. Variáveis independentes ............................................................................... 38 3.4. Instrumentos ........................................................................................................ 38 3.4.1. Validade dos instrumentos utilizados ........................................................... 39 3.5. Procedimentos ..................................................................................................... 40 3.5.1. Desenho experimental do estudo.................................................................. 41 3.5.2. Protocolos utilizados .................................................................................... 42 3.5.2.1. Protocolo do teste sub-máximo ............................................................. 42 3.5.2.2. Protocolo do teste supra-máximo .......................................................... 44 3.5.2.3. Protocolo para recolha de dados para as sessões de treino intervalado. 45 3.5.3. Informações prestadas ao sujeito.................................................................. 50 3.5.4 Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos ...................................... 50 3.5.4.1. Análise estatística .................................................................................. 50 3.5.4.2. Tratamento das médias dos parâmetros ventilatórios............................ 51 3.5.4.3. Tratamento dos dados referente ao teste sub-máximo........................... 51 3.5.4.4. Tratamento dos dados referentes ao teste supra-máximo...................... 52 3.5.4.5. Tratamento dos dados referentes às três sessões de treino intervalado . 54 4. Apresentação dos resultados.............................................................................56 . 4.1. Dados do teste sub-máximo e da velocidade associada ao V O2máx................... 56 4.2. Dados relativos ao teste supra-máximo ............................................................... 59 4.3. Dados das sessões de treino intervalado.............................................................. 62 4.3.1. Sessão de 11X400 metros............................................................................. 62 4.3.2. Sessão de 7X400 metros............................................................................... 64 4.3.3. Sessão de 5X400 metros............................................................................... 66 4.3.4. Comparação dos resultados obtidos nas três sessões de treino intervalado . 68 5. Discussão dos resultados ..................................................................................72 5.1. Teste sub-máximo ............................................................................................... 72 5.2. Teste supra-máximo ............................................................................................ 73 5.3. Sessões de treino intervalado............................................................................... 74 5.3.1. Solicitação energética ................................................................................... 74 5.3.2. Solicitação do consumo de oxigénio ............................................................ 75 5.3.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI400m............................ 77 5.3.3.1. Solicitação da capacidade aeróbia no TI400m ...................................... 77 5.3.3.2. Solicitação da potência aeróbia no TI400m .......................................... 77 5.3.3.3. Solicitação da capacidade anaeróbia no TI400m .................................. 79 6. Conclusões e recomendações ...........................................................................79 6.1.Conclusões............................................................................................................ 79 6.1. Recomendações ................................................................................................... 80 7. Referências bibliográficas ................................................................................82 8. Anexos ..............................................................................................................92 ix Índice de quadros Quadro 1. Percentagem do consumo máximo de oxigénio em que se alcança o limiar anaeróbio. ............................................................................................................................................ 10 . Quadro 2. Valores de referência do VO2máx em atletas femininas de resistência. .................... 13 Quadro 3. Valores de referência de défice de oxigénio acumulado, consoante o consumo máximo de oxigénio dos diferentes atletas......................................................................... 18 Quadro 4. Valores de referência de solicitação aeróbia e anaeróbia no teste supra-máximo, consoante a intensidade e a duração dos testes................................................................... 19 Quadro 5. Características físicas e de rendimento do sujeito em estudo..................................... 37 Quadro 6. Relação das variáveis dependentes que fazem parte do estudo.................................. 38 Quadro 7. Relação das variáveis independentes que fazem parte do presente estudo. ............... 38 Quadro 8. Desenho experimental do estudo................................................................................ 41 Quadro 9. Tempos de referência para a realização do teste do sub-máximo. ............................. 44 Quadro 10. Tempos de referência para a realização do teste supra-máximo. ............................. 45 Quadro 11. Dados relativos à evolução do teste sub-máximo..................................................... 56 Quadro 12. Dados referentes ao consumo de oxigénio e à velocidade alcançada em cada patamar do teste sub-máximo. ............................................................................................ 57 Quadro 13. Valores máximos do consumo de oxigénio, do quociente respiratório (R) e da frequência cardíaca alcançados no último minuto do teste sub-máximo............................ 58 . Quadro 14. Valores da velocidade corrida associada ao VO2máx, em metros por segundo, em minutos por quilómetro, em quilómetro por hora e por cada 400 metros. ......................... 58 Quadro 15. Valores mínimos e máximos do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca observados no último minuto do teste sub-máximo. .......................................................... 59 Quadro 16. Dados referentes à distância, duração e velocidade do teste supra-máximo. ........... 59 Quadro 17. Valores médios e máximos referentes ao consumo de oxigénio e à percentagem do mesmo obtido a partir do teste supra-máximo.................................................................... 60 Quadro 18. Défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac) e contribuição relativa da energia aeróbia e anaeróbia durante a realização do teste supra-máximo.................................................... 61 Quadro 19. Percentagem (cumulativa) de solicitação energética, aeróbia e anaeróbia, no decorrer do teste supra-máximo. ........................................................................................ 61 Quadro 20. Dados . referentes à carga externa do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da vV O2máx. ............................................................................................................ 62 Quadro 21. Dados . referentes à carga interna do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da vV O2máx. ............................................................................................................ 63 Quadro 22. Dados respeitantes. à carga externa da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 65 Quadro 23. Dados referentes .à carga interna da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 65 Quadro 24. Dados respeitantes à carga . externa referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros realizada a 108% da vVO2máx. .............................................................................. 67 x Quadro 25. Dados respeitantes à carga . interna referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros realizada a 108% da vVO2máx. .............................................................................. 67 Quadro 26. Dados finais referentes à carga externa quantificada nas três sessões de treino intervalado. ......................................................................................................................... 69 Quadro 27. Resumo dos dados referentes à carga interna quantificada através dos parâmetros ventilatórios nas três sessões de treino intervalado. ........................................................... 70 Índice de figuras Figura 1. Representação gráfica do défice de oxigénio originado no início do exercício, do excesso de consumo de oxigénio pós exercício. Adaptado de Wilmore & Costilll (1998, p. 108)..................................................................................................................................... 15 Figura 2. Forma ilustrativa do método do défice de oxigénio acumulado. De Medbø et al. (1988, p. 52)................................................................................................................................... 17 Figura 3. Representação gráfica do resultado do cálculo entre a energia solicitada (predição) e a energia produzida no teste do DefO2Ac.. ........................................................................... 53 Figura 4. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições não coincidia com a média de 10 s da filtragem dos dados........................................................................................................ 55 Figura 5. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições “coincidia” com a média de 10 s da filtragem dos dados........................................................................................................ 55 Figura 6. Representação gráfica relativa à captação de oxigénio durante o teste sub-máximo... 57 Figura 7. Representação gráfica da evolução do teste sub-máximo de 5 patamares…............... 58 Figura 8. Representação gráfica do consumo de oxigénio e o respectivo défice durante o teste supra-máximo.. ................................................................................................................... 60 Figura 9. Representação gráfica da percentagem de solicitação de energia relativa durante o teste supra-máximo............................................................................................................. 61 Figura 10. Percentagem do consumo máximo de oxigénio . solicitado na sessão de treino intervalado de 11X400 metros percorridos a 101% da vVO2máx.. ................................... 63 Figura 11. Solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer), durante . as repetições da sessão de treino intervalado de 11X400 metros realizada a 101% da vVO2máx. ...................................................................................................................... 64 Figura 12. Percentagem do consumo máximo de oxigénio. solicitada na sessão de treino intervalado de 7X400 metros percorridos a 104.5% da vVO2máx.. .................................. 66 Figura 13. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer), observada durante . as repetições da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 66 Figura 14. Percentagem do consumo máximo de oxigénio . solicitada na sessão de treino intervalado de 5X400 metros percorridos a 108% da vV O2máx.. ..................................... 68 Figura 15. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer), observada durante as repetições da sessão de treino intervalado de 5X400 metros . V realizada a 108% da v O2máx........................................................................................... 68 . Figura 16. Representação gráfica referente à percentagem de solicitação do VO2máx das três sessões de treino intervalado, nas repetições, nas pausas e média da sessão . ................... 71 Figura 17. Representação gráfica referente à média da percentagem de solicitação da energia aeróbia e anaeróbia observada nas repetições nas três sessões de treino intervalado......... 71 xi Lista de abreviaturas e símbolos Abreviatura . Descrição 111%vV O2máx Velocidade a 111% da vV O2máx. %AerTI Percentagem da energia aeróbia no treino intervalado. %AerTSupMáx Percentagem da EnAer no TsupMáx. %AnaTI Percentagem da energia anaeróbia no treino intervalado. %V O2máx Percentagem do consumo máximo de oxigénio. %AnaTSupMáx Percentagem da EnAna no TsupMáx. ATP Adenosina Trifosfato. ºC Graus centígrados. CAna Capacidade anaeróbia. CeTI Consumo energético do treino intervalado. CeTSupMáx Consumo energético do teste supra-máximo. CO2 Dióxido de carbono. DefO2Ac Défice de oxigénio acumulado. DefO2AcTSupMáx Défice de oxigénio acumulado durante o TSupMáx. Desc Distância escolhida. DurTSupMáx Duração do TsupMáx. EnAer Energia aeróbia. EnAna Energia anaeróbia. EPOC Excesso de consumo de oxigénio pós exercício. eqO2 Equivalente de oxigénio. FC Frequência cardíaca. . . . FcV O2máx Frequência cardíaca ao nível do consumo máximo de oxigénio. FcPico Frequência cardíaca máxima encontrada no teste sub-máximo. l/min. Litros por minuto. LAna Limiar anaeróbio. LAnaLact Limiar anaeróbio de lactato. LAnaVent Limiar anaeróbio ventilatório. M. G. Massa gorda. Máx Máximo. m/s Metro(s) por segundo. min Minuto. Min Mínimo. ml/kg/min Mililitros por quilo por minuto. mmol/l Milimol por litro. MV O2TSupMáx Média de oxigénio consumido durante o TSupMáx. O2 Oxigénio. O2EqR Primeiro membro da equação apresentada na equação da regressão recta. PC Fosfocreatina. . xii PMA Potência máxima aeróbia. puls/min Pulsações por minuto. R Quociente respiratório (relação entre V CO2 e o V O2). R2 Coeficiente de determinação. s Segundos. SD Desvio padrão. seg Segundos. TI Treino Intervalado. TI400m Treino Intervalado sobre 400 metros. TSubMáx Teste sub-máximo. TSupMáx Teste supra-máximo. VCEqR Segundo membro da equação apresentada na equação da regressão recta. VCO2 . . VE/VCO2 . . VE/VO2 Volume de dióxido de carbono num minuto. vLAna Velocidade do limiar anaeróbio. VMA Velocidade máxima aeróbia. VO2 . VO2Ac . VO2AcTSupMáx . VO2máx Volume de oxigénio num minuto. Consumo máximo de oxigénio num minuto. vs Versus. vTSupMáx Velocidade do TsupMáx. vV O2máx Velocidade associada ao V O2máx. Média. . . . x . . Equivalente para o dióxido de carbono. Equivalente ventilatório para o oxigénio. Consumo de oxigénio acumulado. Consumo de oxigénio acumulado durante o TSupMáx. . xiii 1. Introdução Há vários anos a esta parte que se pratica em Portugal uma metodologia muito própria no que concerne à utilização do treino intervalado (TI) como método de treino. Tudo começou com o lançamento do livro Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo, do treinador de meio-fundo Prof. Moniz Pereira (1981), que rapidamente popularizou o método do TI em Portugal. A partir desta divulgação, grande parte dos treinadores de meio-fundo e fundo portugueses passaram, tradicionalmente, a utilizar na preparação dos seus atletas TI com repetições de 400 metros, com 1 a 1.30 min de pausa entre as mesmas. Sabemos dos excelentes resultados dos atletas meio-fundistas portugueses na década de 70 e 80, quiçá, também, em resultado da utilização do TI. No entanto, até hoje, nunca foi clarificado que regime energético é preponderantemente solicitado na aplicação deste método de treino. É, deste modo, que surge este estudo no sentido de tentar clarificar (num estudo transversal através dos parâmetros ventilatórios) qual o regime energético é preponderantemente solicitado por este método de treino tomando, exactamente, por base as repetições de 400 metros utilizadas tradicionalmente nas sessões de TI pelos portugueses. 1.1. Âmbito do estudo O presente estudo insere-se no âmbito da disciplina de seminário da licenciatura do curso de desporto, variante de treino desportivo de alto rendimento na opção de atletismo. Em termos científicos, o estudo foi realizado no âmbito da investigação do treino, principalmente do método de treino intervalado, de modo a avaliar e quantificar alguns parâmetros ventilatórios que mais se evidenciam nas sessões de TI400m numa atleta feminina de resistência. 2. Revisão da literatura Sabemos que podemos dividir o esforço em várias zonas de trabalho. Estas zonas de trabalho podem identificar-se com os regimes energéticos que habitualmente são solicitados pelo treino de resistência dos meio-fundistas. 1 2.1. Definições e conceitos 2.1.1. Conceito de resistência Existem vários conceitos associados à resistência física que podem ir desde simples definições até mais complexas. Para Bompa (1983, p. 245), a resistência pode definir-se como o “limite de tempo sobre o qual o trabalho a uma intensidade determinada pode realizar-se”. Já para Zintl (1991, p. 31), numa definição mais complexa, defende que a resistência é a “capacidade de resistir psíquica e fisicamente a uma carga durante muito tempo, produzindo-se finalmente um cansaço insuperável devido à intensidade e à duração da mesma e/ou de recuperar-se rapidamente depois de esforços físicos e psíquicos”. Resumidamente, Navarro (1998, p. 25), define a resistência como “a capacidade para suportar a fadiga frente a esforços prolongados e/ou para recuperar-se mais rapidamente depois dos esforços”. 2.1.2. Divisão da resistência A maioria dos autores é unânime em classificar a divisão da resistência em resistência aeróbia e resistência anaeróbia láctica e aláctica. No entanto, uns têm preferência pela divisão tendo em conta a duração do esforço como (como é o caso de Zintl (1991, p. 43)), enquanto que outros, mais recentemente, optam pela divisão da resistência tendo em conta a solicitação dos sistemas energéticos (Åstrand & Rodahl, 1980, p. 267; Wilmore & Costilll, 1998, p. 217; Mishchenko & Monogarov, 1995, p. 74; Chicharro & Muelas, 1996, p. 129; Garcia-Verdugo & Leibar, 1997, p. 62; e Gacon, 1995, p. 30). 2.1.2.1. Divisão da resistência quanto à duração dos esforços Durante vários anos os autores alemães dividiram a resistência tendo em conta a duração do esforço. Nesta perspectiva, a resistência, segundo Zintl (1991, p. 43), pode classificar-se como resistência de curta duração, quando é referente aos esforços de 35 s a 2 min de duração, resistência de média duração, quando é referente aos esforços de 2 min de duração até 10 min e a resistência de longa duração, quando é referente aos esforços de mais de 10 min. Esta última, ainda de acordo com o mesmo autor, pode 2 subdividir-se em quatro zonas de duração: zona I, de 10 a 35 min; zona II, de 35 a 90 min; zona III, de 90 min a 6 horas e zona IV, mais de 6 horas de duração. 2.1.2.2. Divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos Mais recentemente, os fisiologistas e investigadores optaram por uma divisão da resistência de acordo com a solicitação dos sistemas energéticos durante o esforço onde não só a duração do esforço é quantificada mas também a intensidade do mesmo. Para fazer face ao desempenho de um determinado esforço há necessidade de produzir energia. Segundo Navarro (1998, p. 29), “a única fonte de energia para a contracção muscular é o ATP (Adenosina Trifosfato)”. As solicitações energéticas obrigam a realizar continuamente a re-síntese desse ATP. Esta, por sua vez, pode realizar-se de duas formas. A maioria dos autores são unânimes em denominar estas duas formas de produção de energia em aeróbia e anaeróbia (láctica e aláctica), onde tanto o sistema aeróbio como o anaeróbio ainda se podem subdividir em capacidade e potência (sub-capacidades) desses mesmos sistemas. 2.1.2.3. Resistência anaeróbia A solicitação do sistema anaeróbio para produzir energia é realizada quando o organismo não consegue suprir, através do sistema aeróbio, as exigências energéticas do esforço. Assim, segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 35), no sistema anaeróbio todas as reacções se produzem sem a presença de oxigénio. O facto do oxigénio não estar presente em quantidades suficientes para a produção de energia solicitada implica a produção de energia recorrendo ao sistema anaeróbio láctico (ou glicolítico), com concomitante produção de lactato (Platonov, 1997, p. 80 e Åstrand & Rodahl, 1980, p. 27). De acordo com Åstrand & Rodahl (1980, p. 27) e Fox et al. (1991, p. 21), ainda pode ser identificado mais um sistema produtor de energia, sem a presença de oxigénio e sem a produção de lactato, o sistema anaeróbio aláctico. Identificam-se, deste modo, dois sistemas de produção de energia anaeróbia (EnAna). Mas, pelo facto do sistema anaeróbio aláctico não se enquadrar no âmbito deste trabalho, faremos alusão apenas ao sistema láctico. Os esforços máximos que solicitam o sistema anaeróbio láctico situam-se, segundo Platonov (1997, p. 79), numa faixa de duração aproximada entre os 30 s e os 6 min. Este sistema de produção de energia é a base, de acordo com Platonov (1997, p. 3 80), para a resistência nas corridas de meio fundo curto. Segundo Åstrand & Rodahl (1980, p. 535), nas provas de 800 metros (meio-fundo curto) a solicitação energética é 60% anaeróbia e nos 1.500 metros é 35%. 2.1.2.4. Resistência aeróbia O sistema aeróbio é preponderantemente solicitado para produzir energia enquanto o fornecimento de oxigénio é suficiente para suprir as necessidades energéticas de um determinado esforço. Esta solicitação preponderante está identificada com a duração e a intensidade de determinados esforços. Neste sistema energético, os factores mais importantes que induzem à fadiga muscular não resultam da produção de lactato mas sim da limitação dos depósitos dos substratos energéticos (Fox et al., 1991, 23, 24). De acordo com Platonov (1997, p. 79), este sistema produtor de energia está associado à resistência solicitada em esforços que vão de 1.30 min e até várias horas. 2.1.3. Capacidade e potência dos sistemas energéticos A produção continuada de energia pode realizar-se com maior ou com menor intensidade consoante o nível de esforço produzido. Esta maior ou menor intensidade na solicitação energética pode definir se a mesma é realizada ao nível da capacidade ou da potência de um determinado sistema energético. Segundo Åstrand & Rodahl (1980, p. 267), a capacidade denota a energia total disponível e a potência significa energia produzida por unidade de tempo. Para Andrivet et al. (1995, p. 45), a capacidade “é determinada pelo tempo durante o qual o sistema energético em questão pode funcionar”, enquanto que a potência é designada como a “quantidade máxima metabolizada por unidade de tempo”. Portanto, a capacidade está intimamente ligada a processos quantitativos de produção de energia enquanto que a potência está ligada a processos qualitativos da energia produzida. 2.1.3.1. Potência anaeróbia (láctica) A divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos assenta na solicitação máxima e relativa de cada sistema energético. Apesar da duração do sistema láctico poder ir até aos 6 min em esforço máximo (Platonov, 1997, p. 79), a potência 4 máxima de produção de energia neste sistema situa-se entre os 30 e os 90 s. Para Navarro (1998, p. 32), a potência do sistema energético láctico alcança-se entre os 30 e os 45 s de esforço máximo. As provas que se identificam com a potência deste sistema energético são, essencialmente, os 300 metros e os 400 metros planos e com barreiras. 2.1.3.2. Capacidade anaeróbia (láctica) O sistema láctico alcança a sua máxima potência de produção energética, de acordo com (Platonov, 1997, p. 79) e Navarro (1998, p. 32), entre os 30 e os 90 s de esforço máximo. No entanto, é possível continuar a produzir EnAna láctica durante mais tempo em esforço de intensidade mais reduzida. Por este facto, segundo Platonov (1997, p. 79), a capacidade láctica está identificada com esforços que vão de 1 até 6 min. Pela dificuldade que o sistema aeróbio apresenta em produzir energia de imediato para satisfazer as carências num esforço de intensidade elevada, há necessidade de fornecer energia anaerobiamente produzindo-se assim um défice de oxigénio (DefO2). Este DefO2 reduz com a duração do esforço máximo, ou seja, quanto maior for a duração do esforço menor a intensidade maior é a contribuição do sistema aeróbio, menor o DefO2Ac e menor a contribuição do sistema anaeróbio. Segundo dados de Medbø et al. (1988, p. 54), o DefO2Ac alcança valores máximos entre 2 a 3 min de esforço máximo. Medbø et al. (1988, p. 55) identificam este valor máximo como a capacidade anaeróbia do atleta. Os esforços com duração de 2 a 4 min têm já uma grande participação de energia anaeróbia. As provas que solicitam a capacidade anaeróbia, de acordo com Mishchenko & Monogarov (1995, p. 36), são os 800 e 1.500 metros (2 a 4 min) que têm uma contribuição de EnAna entre 34 e 16%, respectivamente (Spencer & Gastin, 2001, p.161). No entanto, os esforços máximos com duração de 2 a 3 min estão normalmente identificados com uma contribuição EnAna de cerca de 27 a 37% (Gastin, 2001, p. 736). Mas, de acordo Åstrand & Rodahl (1980, p. 535), a partir da distância dos 400 metros os processos metabólicos aeróbios tomam cada vez mais importância, sendo de cerca de 40% para os 800 metros e de cerca de 65% para os 1.500 metros. 5 2.1.3.3. Potência aeróbia . O consumo máximo de oxigénio (VO2máx) significa a capacidade máxima que os músculos possuem para extrair e consumir o oxigénio retirado da circulação sanguínea. Segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 64) e Denadai (1999, p. 54), o termo potência máxima aeróbia (PMA) coincide com a quantidade máxima de energia . utilizada na unidade de tempo mediante processos aeróbios, isto é o VO2máx. Também de acordo com Wilmore & Costilll (1998, p. 217) e Andrivet et al. (1995, p. 67), a . . potência aeróbia identifica-se com o V O2máx. Podemos assim dizer que o V O2máx é a potência máxima em que o sistema energético aeróbio funciona para produzir energia. A potência aeróbia é solicitada em distâncias superiores a 1.500 metros. Segundo Andrivet et al. (1995, p. 69) e Martin & Coe (1994, p. 179), para em treino solicitar a potência aeróbia é preciso que os esforços realizados alcancem 90 a . 100% do VO2máx. 2.1.3.4. Capacidade aeróbia De acordo com Andrivet et al. (1995, p. 69), os esforços identificados com a capacidade aeróbia são realizados de 70 a 90% da potência aeróbia (ou seja, do . VO2máx). Tendo em conta que os esforços identificados com o limiar anaeróbio (LAna), segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 109), se situam entre 70 e 80% do . VO2máx, ou, de acordo com Mishchenko & Monogarov (1995, p. 189), mesmo até os . 90% do VO2máx, podemos sugerir que os esforços identificados com o LAna se realizam nos limites definidos pela capacidade aeróbia. Também Meléndez (1995, p. 144) está de acordo com este pressuposto ao identificar o LAna com a capacidade aeróbia. 2.2. Métodos e parâmetros de avaliação da resistência aeróbia 2.2.1. Limiar anaeróbio Como se sabe, desde que o atleta inicia a realização de um esforço a baixa intensidade, e vai aumentando até atingir o esgotamento, atravessa vários estados de solicitação energética. Assim, num determinado momento alcançar-se-á um patamar de produção de lactato que será superior à capacidade de remoção pelo organismo 6 (Navarro, 1998, p.190). A partir deste limiar a solicitação anaeróbia ganha maior significado, enquadrando-se cada vez mais na zona de esforço onde se atinge o . VO2máx. De acordo com Wasserman (1986, p, 1) “o nível de oxigénio durante o exercício, acima do qual a energia aeróbia é suplementada por mecanismos anaeróbios, é definod como o limiar anaeróbio”. O limiar anaeróbio (LAna) pode ser quantificado a partir da concentração de lactato (LAnaLact) ou a partir de parâmetros ventilatórios (LAnaVent). Segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 207), o LAnaVent, pode ser identificado com o LAnaLact. No entanto, segundo Powers et al. (1984, p. 183), o LAnaVent e o LAnaLact nem sempre acontecem simultaneamente. Por isso, alguns autores identificaram diferenças entre os valores obtidos por um e outro limiar. De acordo com Davis (1979), citado por Chicharro & Muelas (1996, p. 136), pode existir um erro de 5 a 10% de diferença entre os valores dos limiares obtidos pelos dois diferentes métodos. 2.2.1.1. Limiar anaeróbio de lactato Em esforços de baixa intensidade o lactato produzido pelo organismo é insignificante. E mesmo essa pequena quantidade produzida pelo organismo é por ele mesmo facilmente removida através dos processos de re-oxidação e neutralização do lactato. Após um ligeiro aumento da intensidade no esforço é provável que a quantidade de lactato possa elevar-se acima dos valores de repouso, que são de cerca de 1.0 mmol por litro de sangue (mmol/l) (Wilmore & Costilll, 1998, p. 98 e Robergs & Roberts, 2002, p. 127) ou de cerca de 1.1 mmol/l (Åstrand & Rodahl, 1980, p. 286 e Fox et al., 1991, p. 21). Então o organismo intensifica os mecanismos de remoção deste produto resultante da glicólise láctica. Mas, continuando a aumentar a intensidade do exercício, existirá um incremento na produção de lactato podendo o organismo não conseguir remover o referido metabólito à mesma velocidade com que este se produz. Segundo Navarro (1998, p.190), quando a capacidade de produção de lactato é superior à sua capacidade de remoção, pode dizer-se, teoricamente, que se alcançou o LAnaLact. Este, por sua vez, pode ser identificado de forma individual ou de acordo com um valor critério. Muito se discute ainda sobre esta matéria. Mas tendo em conta que foram encontrados valores do LAnaLact que oscilavam entre 3 e 5 mmol/l, Mader et al. (1976), citados por Navarro (1998, p. 190), definiram que, grosso modo, o momento em 7 que o organismo não consegue remover o lactato à mesma velocidade que o produz é alcançado cerca das 4 mmol/l. Apesar de algumas evidências sobre a identificação do LAnaLact a uma concentração de lactato igual a 4 mmol/l, sabe-se que o momento em que se alcança o LAnaLact não é igual para todos os indivíduos. Por este facto, existem também defensores da utilização do LAnaLact individual. Este é identificado, de acordo com Navarro (1998, p. 197), através do traçar de uma pendente entre o lactato alcançado durante o exercício e a fase de recuperação. 2.2.1.2. Limiar anaeróbio ventilatório Segundo o Robergs & Roberts (2002, p. 176), o LAna também pode ser . . detectado através do aumento da relação entre o V CO2 e o V O2. Segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 207), esta relação representa o quociente respiratório (R). De acordo com McArdle et al. (1998, p. 43) e Åstrand & Rodahl (1980, p. 51), o aumento do valor de R reflecte uma mudança para o metabolismo anaeróbio. Pelo facto da identificação deste limiar anaeróbio ser obtida a partir de parâmetros ventilatórios, a maior parte dos autores definiu-o como LAnaVent. Segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 207), uma nova técnica de identificar o . . LAnaVent consiste no controlo do equivalente ventilatório para o oxigénio (VE/VO2) e . . o equivalente para o dióxido de carbono (V E/V CO2) que é a proporção entre a quantidade de ar respirado e a quantidade de dióxido de carbono produzido. No entanto, de acordo com Wilmore & Costilll (1998, p. 207) e Robergs & Roberts (2002, p. 277), o critério mais específico para a identificação do LAnaVent é . . um incremento sistemático no V E/V O2, que corresponde a um aumento abrupto da . . ventilação, sem que ocorram mudanças na relação VE/VCO2, já que o incremento no . . VE/VO2 indica que o aumento da ventilação para eliminar o dióxido de carbono é desproporcional em relação às necessidades do organismo para proporcionar oxigénio. 2.2.1.3. Velocidade de corrida associada ao limiar anaeróbio A velocidade a que se alcança o LAnaLact ou o LAnaVent são normalmente utilizadas para quantificar a velocidade do LAna (vLAna). Tanaka & Matsuura (1984), citados por Denadai (1999, p. 62), demonstraram que o LAna está mais associado com 8 provas de 16 km (40 a 50 min). Para Mishchenko & Monogarov (1995, p. 187) a velocidade a que se alcança o LAna tem uma alta correlação (r = 0.98) com o resultado da maratona, logo com a distância e com o tempo de duração da mesma. Billat et al. . (2001, p. 202) encontrou em corredores de meio fundo (52.1 ml/kg/mim de VO2máx) . percentagens de 83.2% da vLAn em relação à velocidade associada ao VO2máx. . 2.2.1.4. Limiar anaeróbio e percentagem do V O2máx. De acordo com Bosquet et al. (2002, p. 692), vários estudos localizam o LAna . entre 70 e 80% do VO2máx. No entanto, e segundo o mesmo autor, foram encontrados, . em alguns estudos, valores de 65 e outros de 85% do VO2máx. Também Sleivert . (2000a, p. 16), refere que os atletas iniciantes alcançam o LAna a 65% do V O2máx e os atletas de elite alcançam a 85%. No entanto, de acordo com Mishchenko & Monogarov . (1995, p. 189), é possível solicitar até 90% do VO2máx em esforços identificados com o limiar anaeróbio. Na realidade, os dados apresentados no Quadro 1 sobre a percentagem de . utilização do VO2máx ao nível do LAna são bastante díspares. Billat et al. (1998, p. 40), identificaram num estudo com corredores de meio-fundo de alto nível (74.9 ml/kg/min . . de V O2máx) o LAna a 72.2% do V O2máx. No entanto, num estudo com atletas de nível . regional (57.3 ml/kg/min de VO2máx), Billat et al. (2003b, p. 11) identificou-se o LAna . a 78.9% do VO2máx. Num outro estudo de Billat et al. (2000, p. 190) com atletas de . . fundo de nível regional (59.8 ml/kg/min de V O2máx), o LAna a 82.5% do V O2máx. Num estudo realizado com corredores de corta-mato de elite (57.3 ml/kg/min de . VO2máx), Paavolainen et al. (1999, p. 1530), encontrou-se valores de 74% de utilização . . do VO2máx ao nível do LAna. Num estudo com atletas (66.2 ml/kg/min de VO2máx) . James & Doust (1999, p. 238) encontrou-se 77% de utilização do V O2máx ao nível do LAna. Hill & Rowell (1996, p. 384) observaram, num estudo com atletas femininas de . 400 até 1.500 metros (média de 52.1 ml/kg/min de VO2máx), valores de utilização do . VO2máx ao nível do LAna de 77%. Hue et al. (2000, 108) verificaram num teste de . corrida, 66% de utilização do V O2máx ao nível do LAna em triatletas (46 ml/kg/min . . VO2máx) e 65% para triatletas de elite (51 ml/kg/min VO2máx). 9 Quadro 1. Percentagem do consumo máximo de oxigénio em que se alcança o limiar anaeróbio. . . VO2máx VO2máx ao nível (ml/kg/min) do LAna (%) Atletas iniciantes --- 65 Sleivert (2000a, p. 16) --- --- 65 a 85 Bosquet et al. (2002, p. 692), Atletas de elite --- 85 Sleivert (2000a, p. 16) Corredores de meiofundo de elite 74.9 72.2 Billat et al. (1998, p. 40) Em atletas 66.2 77 James & Doust (1999, p. 238) Corredores de corta-mato de elite 63.7 74 Paavolainen et al. (1999, p. 1530) Corredores de fundo de nível regional 59.8 82.5 Billat et al. (2000, p. 190) Corredores de fundo de nível regional 57.3 78.9 Billat et al. (2003b, p. 11) Corredoras de 400 e 1500 m 52.1 77 Hill & Rowell (1996, p. 384) Elite triatletas em corrida 51.0 65 Hue et al. (2000, p. 108) Triatletas em corrida 46.0 66 Hue et al. (2000, p. 108) --- 65 a 90 Mishchenko & Monogarov (1995, p. 189) Atletas --- Referência Verifica-se assim, que além de valores serem díspares, a percentagem de . utilização do VO2máx ao nível do LAna não mantém uma relação coerente com o nível do atleta. Os mesmos autores (Billat et al., 1998, p. 40; 2003b, p. 11; 2000, p. 190) encontraram valores de 72.2% para atletas de meio fundo de elite (74.9 ml/kg/min de . VO2máx) e 82.5% em atletas de meio fundo de nível regional (57.3 ml/kg/min de . . VO2máx), não se conseguindo identificar um padrão de correlação entre VO2máx e . percentagem do VO2máx utilizada ao nível do limiar anaeróbio. 2.2.2. Consumo máximo de oxigénio 2.2.2.1. Consumo máximo de oxigénio . Os autores consultados identificaram o VO2máx como um parâmetro muito importante para avaliar a capacidade de rendimento nos desportos de resistência. 10 Para que seja produzida energia em regime aeróbio numa determinada célula é necessário que exista oxigénio na célula em questão. Deste modo, podemos verificar que o oxigénio é um elemento fundamental para a produção de energia. De acordo com . Chicharro & Muelas (1996, p. 130) e Viru & Viru (2003, p. 152), o VO2máx define a quantidade máxima de oxigénio que o organismo consegue absorver, transportar e consumir por unidade de tempo. Em esforço, as necessidades de oxigénio elevam-se e o . VO2 aumenta. De acordo com Denadai (1999, p. 1) e Martin & Coe (1994, p. 86), durante o exercício a solicitação de oxigénio pelos músculos activos pode aumentar até 20 vezes. Este aumento é, grosso modo, linearmente proporcional à intensidade do esforço, não sendo, no entanto, indefinido (Andrivet et al., 1995, p. 50). Após uma . determinada solicitação, o V O2 atingirá o limite e, mesmo que se intensifique o esforço, . o VO2 não aumentará mais (Manso et al., 1996, p. 259). Podemos então dizer que foi . alcançado o VO2máx. No entanto, como a transição do sistema aeróbio para o sistema anaeróbio se . realiza de modo progressivo, o momento em que se atinge o V O2máx não significa que se esteja a realizar um exercício totalmente aeróbio. O sistema energético anaeróbio já . tem aqui bastante significado já que, após este limite (VO2máx) não existe aumento no . VO2 e toda a energia solicitada, depois deste máximo, será ministrada a partir de processos anaeróbios (Åstrand & Rodahl, 1980, p. 25). . O V O2máx relaciona-se mais com o rendimento em provas de 2.000 até 5.000 metros (Manso, 1999, p. 154; Péronnet et al., 2001, p. 224; Gacon, 1995, p. 33; Billat et al., 1999b, p. 360). Por outro lado, o LAna poderá ter mais relação como o rendimento em distâncias a partir de 16 km até à maratona (Mishchenko & Monogarov, 1995, p. . 187). Verifica-se, também, que atletas de resistência lentos tem um VO2máx baixo e . atletas de resistência rápidos tem um VO2máx mais elevado (Noakes, 1991, p. 25). . . O V O2máx absoluto é expresso em litros por minuto (l/min) e o V O2máx relativo ao peso corporal pode ser expresso em mililitros por quilo por minuto (ml/kg/min). 2.2.2.2. Inércia do consumo de oxigénio perante o exercício No início do exercício, perante novas exigências na necessidade de oxigénio, o sistema ventilatório não reage de imediato. Verifica-se sim uma certa inércia do sistema. De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 97), esta inércia verifica-se pelo facto de, 11 mesmo durante a respiração normal, serem necessários pelo menos 20 s para que aconteça cerca de 50% da renovação do gás alveolar. Deste modo, a inércia do sistema não permite que, perante o exercício, o organismo possa colmatar de imediato as necessidades de oxigénio, já que, segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 97), são necessários diferentes ciclos respiratórios para que se realize a total renovação do gás alveolar. Esta inércia do sistema ventilatório só é totalmente quebrada quando o sistema encontra o equilíbrio (ou estado estacionário, do inglês steady state) entre necessidade e consumo de oxigénio. De acordo com Volkov (2002, p. 36) e Åstrand & Rodahl (1980, p. 328), são necessários 2 a 3 min para alcançar este equilíbrio enquanto que para Chicharro & Muelas (1996, p. 97), o equilíbrio entre necessidade e consumo de oxigénio só se poderá verificar após 3 a 4 min de esforço. Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 58) este equilíbrio só se alcança ao fim de 2 a 4 min de esforço. 2.2.2.3. Valores de referência de consumo máximo de oxigénio . Podemos encontrar no Quadro 2 valores de V O2máx em atletas femininas de meio-fundo desde 56.9 ml/kg/min, para atletas de 5.13 min aos 1.500 metros (Almarwaey et al., 2003, p. 481), até 77.3 ml/kg/min para atletas de meio-fundo internacionais (Nevill et al., 2003, p. 491). No entanto, de acordo com Noakes (1991, p. . 25), os atletas de resistência lentos têm um VO2máx mais baixo e atletas de resistência . rápidos tem um V O2máx mais elevado. 12 . Quadro 2. Valores de referência do V O2máx em atletas femininas de resistência. . VO2máx Atletas (ml/kg/min) Recorde pessoal Referência Atletas femininas intern. ½ fundo 77.3 --- Nevill et al. (2003, p. 491) Grete Waitz 75.1 2h24’ marat. Ballesteros (1990, p. 86) Atletas de alto nível 75 10km e maratona Ballesteros (1990, p. 86) Atletas de nível internacional 75 Corrida de meio fundo Péronnet et al. (2001, p. 203) Zola Bud* 72.8 8’29” 3km Péronnet et al. (2001, p. 224) 31’42” 10km Médias em atletas de alto nível 70 1.5km e 3km Ballesteros (1990, p. 86) Atletas de nível internacional 70 Corridas de fundo Péronnet et al. (2001, p. 203) Atletas femininas (fundo) 68.6 32’22" 10 km Billat et al. (2003a, p. 299) Predição 68.2 17’00” 5km 34’43” 10km Noakes (1991, p. 42) Pati Catalano* 67.9 9’35” 3km 32’06” 10km Péronnet et al. (2001, p. 224) Rosa Mota 67.2 2h23’ marat. Noakes (1991, p. 49) Atletas femininas internacionais (fundo) 64.1 --- Nevill et al. (2003, p. 491) Atletas femininas (fundo) 63.2 Atletas femininas (fundo) * predição 56.9 9’36” 3Km 4’28” 1.5Km Billat et al. (1996, p. 1050) Almarwaey et al. (2003, p. 481) 5’13” aos 1.5km 2.2.2.4. Velocidade de corrida associada ao consumo máximo de oxigénio . A velocidade a que se alcança o V O2máx, segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 65), designa-se de velocidade máxima aeróbia (VMA). Outros, como Denadai . . (1999, p. 64), denominam-na de velocidade do VO2máx (vVO2máx). De acordo com . Åstrand (1996, p.10), é possível, em média, sustentar a vVO2máx até aos 10 min de esforço. Mas, de acordo com Billat & Koralsztein (1994, p. 100), em média, apenas é . possível suster a vV O2máx durante cerca de 6 min, não se encontrando valores mais elevados que os 12 min. Em estudos recentes, Billat et al. (1998, p.40) e Demarle et al. 13 (2001, p. 951), confirmam que a maioria dos atletas de meio-fundo apenas consegue . suster a vVO2máx durante cerca de 6 a 7 min. . As provas que solicitam preponderantemente a vVO2máx são as de meio-fundo. Segundo Manso (1999, p. 154), as distâncias em que se alcançam valores entre 95% e . 102% da vV O2máx são entre os 2.000 e os 3.000 metros. Também Péronnet et al. (2001, p. 224), Gacon (1995, p. 33), Billat et al. (1999b, p. 360) e Billat & Koralsztein . (1994, p. 100) encontraram uma grande relação entre a vVO2máx e os 2.000 e 3.000 metros. 2.3. Métodos ventilatórios para quantificar a contribuição anaeróbia no esforço Segundo Robergs & Roberts (2002, p. 277) a capacidade anaeróbia de um indivíduo representa a capacidade de regenerar ATP a partir de fontes anaeróbias. No entanto, ainda de acordo com Robergs & Roberts (2002, p. 277), embora o nome reflicta capacidade e, consequentemente, uma determinada quantidade de energia, essa capacidade é difícil de ser medida. Os métodos conhecidos para quantificar a EnAna num determinado esforço por meios ventilatórios são o défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac) e o excesso de consumo de oxigénio pós exercício (EPOC). 2.3.1. Excesso de consumo de oxigénio pós exercício Segundo Wilmore & Costill (1998, p. 107), durante o início da realização de um exercício, na transição do estado de repouso para o esforço, o organismo incorre num défice de oxigénio. De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 58) o equilíbrio entre necessidade e consumo só se alcança ao fim de 2 a 4 min de esforço. Por este facto, de acordo com Córdova & Navas (2000, p. 69), no início do exercício, até que se consiga o equilíbrio entre a solicitação energética e a produção de ATP por via aeróbia, o organismo recorre às vias anaeróbias para satisfazer a solicitação energética, tanto por via aláctica (fosfagénios) como por via láctica (glicólise anaeróbia com produção de lactato). De acordo com Wilmore & Costill (1998, p. 108), em exercício a célula muscular utiliza as suas reservas de oxigénio (sob a forma de oximioglobina) para oxidar a glicose, para além do oxigénio que chega aos músculos transportado pela circulação sanguínea. Por este facto, durante os minutos iniciais da recuperação mesmo 14 . que os músculos não estejam a trabalhar activamente, o VO2 não diminui de imediato, ou seja, o organismo consome mais oxigénio do que necessitaria para uma situação de . repouso (Wilmore & Costill, 1998, p. 107). Este excesso de VO2 pós exercício acontece no intuito de repor, aerobiamente, as reservas de ATP, Fosfocreatina (PC), oximioglobina e para eliminar o dióxido de carbono acumulado nos tecidos resultante do esforço anaeróbio (Wilmore & Costill, 1998, p. 108 e Fox et al., 1991, p. 216). O consumo de oxigénio em excesso no fim do exercício foi denominado de dívida de oxigénio mas, presentemente, denomina-se excesso de consumo de oxigénio pós exercício (EPOC). Observa-se na Figura 1 que durante o período de excesso de consumo de oxigénio pós exercício pode identificar-se uma fase rápida e uma fase lenta. A primeira fase, componente rápida, destina-se à reposição dos fosfagénios e das reservas de oxigénio do organismo, enquanto que a segunda fase, componente lenta, destina-se a metabolizar o lactato produzido durante a glicólise anaeróbia assim como os processos de reposição da temperatura corporal para o estado normal pós exercício (Córdova & Navas, 2000, p. 69). Mas, de acordo com Robergs & Roberts (2002, p.126), outros . factores podem ser apontados para o elevado V O2 pós exercício como o efeito do aumento da concentração de catecolaminas, re-oxigenação do sangue venoso e metabolismo de proteínas musculares. Consumo de O 2 Exigência de O2 Défice de O 2 Consumo constante de O2 Excesso de consumo de O 2 pós exercício C onsumo de O 2 e m repouso Início do exe rcício Fim do exercício Fim da r ecuperaç ão Tempo Figura 1. Representação gráfica do défice de oxigénio originado no início do exercício, do excesso de consumo de oxigénio pós exercício (zonas escuras) e do consumo de oxigénio durante o exercício. Adaptado de Wilmore & Costill (1998, p. 108). No entanto, de acordo com Reis (1997, p. 25), o método de consumo de oxigénio pós exercício foi desacreditado por Medbø & Tabata (1989, p. 1881). Deste 15 modo, pelo facto do excesso de consumo de oxigénio pós exercício não resultar exclusivamente da produção de EnAna durante o exercício, o método caiu em desuso. 2.3.2. Défice de oxigénio acumulado De acordo com Åstrand & Rodahl (1980, p. 25), a partir do momento em que se . alcança o VO2máx não existe mais aumento no consumo de oxigénio. Assim, se a . solicitação energética for superior ao VO2máx, o défice será coberto a partir de processos anaeróbios (Åstrand, 1996, p. 10). Deste modo, pela necessidade de oxigénio, para produzir energia, que não foi suprida se alcança um défice quantificável. Segundo Medbø et al. (1988, p. 51), o DefO2Ac é o resultado da estimativa em energia total . requerida para um determinado esforço e a subtracção do V O2 efectivamente consumido (medição indirecta da energia). Segundo ainda Medbø et al. (1988, p. 50), este parâmetro fisiológico pode ser utilizado para quantificar a capacidade anaeróbia. Manso et al. (1996, p. 289, 291), apesar de considerar o método de DefO2Ac complexo, considera-o o melhor teste para avaliar a capacidade anaeróbia de um indivíduo. O défice máximo de oxigénio acumulado calcula-se através da diferença entre a necessidade total de oxigénio e o consumo total do mesmo. Segundo Andrivet et al. . (1995, p. 90), numa determinação directa do V O2, o princípio básico é o aumento linear . do VO2, em função da potência desenvolvida durante o exercício até um valor máximo. . Tendo em conta esta linearidade na relação V O2 e intensidade, identificam-se assim 2 passos essenciais para a quantificação do DefO2Ac. De acordo com Medbø et al. (1988, . p. 52), os dados quantificados de V O2 a partir de cargas de esforço de exercícios sub. máximos (inferiores ao VO2máx) são ajustados numa regressão linear; essa linha é extrapolada para o custo de oxigénio estimado para a carga de trabalho num teste supramáximo (TSupMáx); quando o oxigénio é medido durante o exercício supra-máximo, a diferença entre a integração do custo de oxigénio estimado e medido representa o DefO2Ac. A ilustração gráfica do método proposto por Medbø et al. (1988, p. 52) pode ser observada na Figura 2. A medida daqui resultante é apresentada em ml eqO2/kg já que a quantificação é realizada de forma indirecta. 16 Figura 2. Forma ilustrativa do método do défice de oxigénio acumulado. O gráfico A representa a linearidade alcançada num teste sub-máximo, com a respectiva extrapolação para o teste supra-máximo (linha horizontal superior), e a gráfico B representa a evolução de solicitação do consumo de oxigénio e do respectivo défice originado durante o teste supra-máximo. De Medbø et al. (1988, p. 52). Mais tarde, Hill et al. (1998, p. 114), propuseram outro método alternativo para determinar o DefO2Ac. Como se frisou anteriormente, a quantificação do DefO2Ac consiste no cálculo a partir de uma recta de regressão com o consumo de oxigénio, verificado durante um teste sub-máximo (TSubMáx), e a velocidade aferida no teste, e a realização de um TSupMáx. No entanto, segundo este novo método de Hill et al. (1998, p. 114), para se quantificar o DefO2Ac o atleta não tem necessidade de realizar o TSubMáx. A quantificação realiza-se usando uma regressão não linear através da seguinte equação: DefO2Ac = (solicitação de O2 x velocidade x tempo) - défice de oxigénio. No entanto, não foram encontrados outros autores que utilizassem este método para quantificar o DefO2Ac. 2.3.2.1. Valores de referência do défice de oxigénio acumulado De acordo com Medbø et al. (1988, p. 52) o DefO2Ac significa o nível de capacidade anaeróbia. Segundo Sleivert (2000b, p. 12), os atletas de resistência possuem um DefO2Ac 20 a 30% mais elevado do que os atletas destreinados, apontando valores de 42.7 ml eqO2/kg para mulheres destreinadas, 64.6 ml eqO2/kg para corredores de resistência e 85.7 ml eqO2/kg para corredores de velocidade. Scott et al. (1991, p. 620) registaram 56.9 ml eqO2/kg em atletas de fundo (70.9 ml/kg/min . . VO2máx), 74.2 ml eqO2/kg em atletas de meio-fundo (66.5 ml/kg/min VO2máx) e 78.3 . ml eqO2/kg em atletas de velocidade (59.7 ml/kg/min V O2máx). Os dados 17 anteriormente citados, assim como outros dados encontrados em estudos de vários autores, são apresentados no Quadro 3. Quadro 3. Valores de referência de défice de oxigénio acumulado, consoante o consumo máximo de oxigénio dos diferentes atletas. . VO2máx DefO2Ac (ml eqO2/kg) (ml/kg/min) Corredores de velocidade 85.7 --- Sleivert (2000b, p.12) Atletas de velocidade 78.3 59.7 Scott et al. (1991, p. 620) Atletas de meio fundo 74.2 66.5 Scott et al. (1991, p. 620) Corredores de resistência 64.6 --- Sleivert (2000b, p.12) Quatrocentistas de nível nacional* 60.75 62.9 Reis et al. (2004, p. 80) Atletas de fundo 56.9 70.9 Scott et al. (1991, p. 620) Atletas 48.8 67.0 Spencer & Gastin (2001, p. 159) 45.9 a 48.7 56.8 Finn et al. (2003, p. 158) --- 48.1 60.1 Bickham & Le Rossignol (2004, p. 44) Corredores de meiofundo 45.0 64.8 Craig & Morgan (1998, p. 33) Corredoras 400 e 1500m 44 52.1 Hill & Rowell (1996, p.384) Atletas femininas (9’36” e 4’28”) 40.1 63.2 Billat et al. (1996, p. 1052) 42.7 --- Sleivert (2000b, p.12) 33.1 61.2 Demarle et al. (2001, p. 951) Atletas Atletas masculinos Corredoras femininas destreinadas Atletas corredores de meio-fundo Referências *dados referentes à distância de 400 metros 2.3.2.2. Contribuição relativa de energia anaeróbia e aeróbia em testes supra-máximos As opiniões dos autores não são muito divergentes quanto à solicitação energética a partir da utilização do método do DefO2Ac. De acordo com Scott et al. (1991, p. 621), a percentagem da contribuição da energia aeróbia (EnAer) e EnAna em fundistas no teste supra-máximo é de 70% de EnAer e 30% de EnAna, em meiofundistas de 63% de EnAer e 37% de EnAna e em velocistas de 61% de EnAer e 39% 18 de EnAna. Também Gastin (2001, p. 736), refere que um esforço máximo realizado durante 2 min representa uma fracção de EnAer de 63% e de EnAna de 37%. Spencer & . Gastin (2001, p. 159), afirmam que um esforço realizado a 113% da vVO2máx, com a duração de 1.53 min, tem a contribuição de 66% de EnAer e 34% de EnAna. Também Bickham & Le Rossignol (2004, p. 44) apresentam valores idênticos com uma solicitação de 65% de EnAer e 35% de EnAna num teste realizado a 110% da . vVO2máx, com a duração de 2.15 min. Medbø & Tabata (1989, p. 1881) encontraram valores de 65% de EnAer e 35% de EnAna em esforço máximo de 2 min. Craig & Morgan (1998, p. 33) foram os únicos autores encontrados que apresentaram valores abaixo do intervalo de 70% de EnAer e 30% de EnAna em que referem cerca de 73% de EnAer e 27% de EnAna num teste com a duração de 2.27 min, em esforço máximo a . 112% vV O2. Quadro 4. Valores de referência de solicitação aeróbia e anaeróbia no teste supra-máximo, consoante a intensidade e a duração dos testes. Anaeróbio (%) Aeróbio (%) Intensidade . (%vV O2máx) Duração (min) Referências 39**** 61 --- --- Scott et al. (1991, p. 621) 37 63 --- 2.00 Gastin (2001, p. 736) 37*** 63 --- --- Scott et al. (1991, p. 621) 35 65 --- 2.00 Medbø & Tabata (1989, p. 1881) 35 65 110 2.15 Bickham & Le Rossignol (2004, p. 44) 34 66 113 1.53 Spencer & Gastin (2001, p. 159) 30** 70 --- --- Scott et al. (1991, p. 621) 2.27 Craig & Morgan (1998, p. 33) 27 73 112 *citado por Scott et al. (1991, p. 621) **fundistas ***meio-fundistas ****velocistas 2.4. Protocolos para avaliar a resistência Existem várias formas de controlo do rendimento em desportos de resistência. Este pode realizar-se de forma indirecta ou através de parâmetros ventilatórios e/ou bioquímicos (directa). No entanto, tendo em conta que o nosso estudo irá incidir apenas nos parâmetros ventilatórios, iremos centralizar a pesquisa bibliográfica apenas nos protocolos de avaliação directa que permitam quantificar esses mesmos parâmetros. 19 Segundo Denadai (1999, p. 15), baseando-se no princípio da especificidade, as avaliações, principalmente em indivíduos altamente treinados, deverão ser realizadas, se possível, em testes de terreno que mais se aproximem do movimento utilizado pelo indivíduo durante os treinos ou competições. Os protocolos para quantificar os vários parâmetros ligados ao rendimento na resistência a seguir mencionados serão, sempre que possível, exemplos de protocolos realizados no terreno, já que neste trabalho se pretende realizar uma recolha de dados em pista e não em laboratório. 2.4.1. Protocolos para determinar o consumo máximo de oxigénio . O V O2 pode ser medido de forma directa ou indirecta. No entanto, é lógico pensar-se que a forma directa tem maior rigor que a indirecta. Para quantificar o . VO2máx de forma directa existem protocolos contínuos e descontínuos. Normalmente nos protocolos contínuos os patamares têm geralmente menor duração Sleivert (2000, p. 5). Medbø et al. (1988, p. 50) propõem 10 patamares para que se possa verificar . uma maior correlação entre o V O2 e a intensidade. No entanto, posteriormente, alguns propuseram menor quantidade de patamares, como Buck & McNaughton (1999, p. 32) uma vez que verificaram que reduzindo o número de pontos da regressão resultava ainda um coeficiente de determinação de 0.99. . Para quantificar o valor do V O2 de cada patamar, Blondel et al. (2001, p. 28), Reis et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996, p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299), propuseram achar a média do consumo de oxigénio do último minuto do teste. Para . quantificar o VO2 Cárter et al. (2000, p. 1745) utilizaram a média do consumo de oxigénio dos últimos 30 s dos patamares enquanto que Collins et al. (2000, p. 85) defendem a utilização do valor mais elevado do consumo de oxigénio do último minuto do teste. Para a marcação do andamento num teste de 2 minutos, Kachouri et al. (1996, p. 485) utilizaram marcas de 50 em 50 metros. Blondel et al. (2001, p. 28), para controlar o ritmo de um teste de 4 minutos, utilizaram marcas de 25 em 25 metros. Para a realização de um estudo em que os atletas tinham que correr durante 6 minutos, Kuipers et al. (2003, p. 488) usaram marcas de 200 em 200 metros. 20 2.4.1.1. Protocolos contínuos Os testes contínuos têm quase sempre a duração de 1 a 3 min em cada patamar e incrementos de 1ou 2 km/h. A duração do teste pode ter cerca de 15 a 20 min (Billat et al., 2003b, p. 10). Os autores mais à frente citados defendem que as velocidades do . primeiro patamar sejam de 40 a 50% do VO2máx. Assim, podemos encontrar testes que iniciam a 8k/h (Millet et al., 2003, p. 1353), 10km/h (Pichon et al., 2002, p. 591, e Kuipers et al., 2003, p. 48), 12km/h (Billat et al., 2003b, p. 10) e 14km/h (Hanon et al., 2002, p. 63). Quanto à duração e evolução dos patamares, Millet et al. (2003, p. 1353) propõem incrementos de 0.5 km/h em cada 1 min, Pichon et al. (2002, p. 591) e Bernard et al. (2000, p. 465) sugerem incrementos de 1km/h com patamares de 1 min, Billat et al. (2003b, p. 10) propõem incrementos de 1 km/h em cada 2 min e Hannon et al. (2002, p. 63) propõem incrementos de 2 km cada 3 min. O incremento da velocidade continuará durante todo o teste até o testado alcançar a exaustão. 2.4.1.2. Protocolos descontínuos Quanto aos testes descontínuos Andrivet et al. (1995, p. 90), alvitram o seguinte . protocolo para se alcançar o VO2máx: o sujeito tem que realizar esforços crescentes; o tempo de duração de cada patamar deve ser de 3 a 4 min, separados por 1 min de repouso; a intensidade dos patamares poderá iniciar por 10 km/h e terminar em 16 km/h, sendo o incremento entre cada patamar de 2 km/h (10 km/h, 12 km/h, 14 km/h, etc.). No entanto, para Billat et al. (2003a, p. 299), este incremento deverá ser de apenas 1km/h. Para Carter et al. (2000, p. 1745), os patamares podem ter a duração de 4 min, com velocidade de início de 8 km/h e um incremento de 1 km/h para atletas femininas com intervalos entre cada patamar de 10 a 15 s. Hill & Rowell (1997, p. 114) propõem patamares de 5 min de esforço com 5 min de repouso, enquanto que Reis (1997, p. 84) sugere um teste descontínuo, com 5 a 6 patamares, com duração de 5 min cada sendo o incremento entre cada um de 10% da velocidade. Os intervalos entre cada patamar (que . podem ir de 2 a 8 min) devem ter a duração que permita que o VO2 seja mais 2 ml/kg/min que o início do primeiro patamar (Reis, 1997, p. 84). Spencer & Gastin (2001, p. 158) utilizaram, num estudo, 5 a 6 patamares de 6 min com 5 a 9 min de pausa e com incremento de 1 km/h em cada patamar. Russel et al. (2000, p. 56) usaram patamares com duração de 5 a 7 min com intervalos de 10 min, enquanto que Naughton et al. (1997, p. 526) aconselham 4 a 5 patamares com duração de 6 a 8 min. 21 2.4.1.3. Critérios para considerar o carácter máximo do teste . De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 131), um teste de VO2 deve conter pelo menos três dos seguintes critérios para ser considerado de carácter máximo: . 1) presença de uma estabilização na curva de VO2, de tal modo que mesmo com o . aumento da carga o V O2 não aumente; 2) que se alcancem valores de lactato de 8 mmol/l; 3) que o quociente de intercâmbio gasoso (R) seja maior de 1.15; 4) que seja alcançada a frequência cardíaca máxima predita para a idade do sujeito. Billat et al. (2003a, p. 299), defendem que o valor de R deve ser superior a 1.0 e que a frequência cardíaca deve alcançar 90% da predita para a idade do atleta. Segundo Blondel et al. (2001, p. 28), há também a necessidade de verificar uma subjectiva exaustão do sujeito. . Um dos critérios apontados é uma estabilização na curva de VO2. Para se . considerar que se alcançou a estabilização do VO2, Blondel et al. (2001, p. 28) e Billat et al. (1996, p. 1050) propõem que as flutuações no último minuto do teste não excedam 2.1 ml/kg/min, ou, como propõe Shephard (1996, p. 204), a oscilação seja inferior a 2 ml/kg/min. No entanto, de acordo com dados de Billat et al. (2003a, p. 300) e Reis (1997, p. 62), nem sempre os atletas conseguem alcançar todos os critérios descritos na . literatura para se considerar que se alcançou o V O2máx. . 2.4.1.4. Aumento da robustez do modelo da correlação VO2 e intensidade De acordo com Sleivert (2000b, p. 9), a precisão da estimativa do DefO2Ac, . através da regressão linear do VO2 e a velocidade do TSubMáx, é critica para determinar a validade da medição da capacidade anaeróbia. Segundo Billat & . Koralsztein (1996, p. 98), alguns autores usam o V O2 em repouso para a relação linear . entre o VO2 e a velocidade do TSubMáx. Encontramos este procedimento em estudos realizados por Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel et al. (2000, p. 56), Scott et al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et al. (2003, p. 44), Reis et al. (2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le Rossignol (2004, p. 42). No entanto, de acordo com Bearden & Moffatt (2000, p. 1411), o cálculo do DefO2Ac requer uma determinação precisa do valor do oxigénio de repouso. . Segundo Billat & Koralsztein (1996, p. 98), entre os autores que usam o VO2 de . repouso para tornar a correlação V O2 e intensidade mais robusta, uns utilizam o valor padrão de metabolismo basal de 3.5 ml/kg/min (1 MET) enquanto que outros, como di . Prampero (1986), utilizam o valor real do VO2 em repouso. Nos autores que utilizaram 22 um valor fixo não se encontrou nenhum que utilizasse o valor de 3.5 ml/kg/min (1 MET). O que provavelmente se deve ao facto do atleta, no momento da realização do teste, estar acima do seu estado de metabolismo basal. Presumivelmente por este facto alguns autores utilizaram o valor de repouso. Com este método encontraram-se valores de 5.1 ml/kg/min (Medbø et al., 1988, p. 59), 5.0 ml/kg/min (Scott et al., 1991, p. 619 e Blondel et al. 2001, p. 22). Nos autores que utilizaram o valor real medido antes do teste encontrou-se 5.9 ml/kg/min (Koppo & Bouckaert, 2002, p. 264) e 6 ml/kg/min (Reybrouck et al., 2003, p. 44, representando a média dos últimos 3 min antes do início do teste). Segundo Ross et al. (2003, p. 3), o valor de repouso deverá ser a média dos 2 min antes do teste, no entanto, de acordo com Koppo & Bouckaert (2002, p. 263), o . valor do V O2 basal deverá ser definido através da média dos últimos 100 e 40 s antes do teste. . 2.4.1.5. Linearidade da correlação VO2 e intensidade A quantificação do DefO2Ac exige precisão nos procedimentos utilizados. Um dos procedimentos originalmente utilizados por Medbø et al. (1988, p. 50) é a obtenção . da equação da recta a partir da regressão linear V O2 e intensidade. Em vários estudos . que determinaram a linearidade V O2 e intensidade, foram encontrados valores de R2 bastante elevados: 0.988 (Sleivert, 2000b, p. 9); 0.994 (Aisbett & Le Rossignol, 2003, p. 346); 0.995 (Craig & Morgan, 1998, p. 33); 0.996 (Buck & McNaughton, 1999, p. 32); 0.997 (Medbø et al., 1988, p. 50); 0.998 (Tabata et al., 1996, p. 1328); 0.998 (Reis et al., 2004, p. 79; Green & Dawson, 1996, p. 318; Russel et al., 2002, p. 26 e Russel et al., 2000, p. 57). . 2.4.1.6. Metodologia para quantificar a velocidade associado ao VO2máx De acordo com Almarwaey et al. (2003, p. 482) e Reis (1997, p. 64), a . velocidade que corresponde ao V O2máx é estimada através da extrapolação da equação . da regressão da recta alusiva à relação V O2 e velocidade do TSubMáx. Segundo estes . autores, utilizando os valores da equação podemos achar o valor referente à vVO2máx. Como propõe Reis (1997, p. 64), para quantificar a velocidade que corresponde ao . . . VO2máx devem ser realizadas as seguintes operações: vVO2 = (VO2máx –VCEqR) / . . O2EqR, em que V O2máx é o valor do V O2 em ml/kg/min alcançado pelo atleta no 23 TSubMáx, VCEqR é o valor referente ao segundo membro da fórmula apresentada na equação do gráfico da regressão da recta e O2EqR referente ao primeiro membro da mesma equação. Para quantificar a velocidade de cada patamar deve ser dividida a distância pelo tempo em segundos e o resultado pode ser expresso em m/s, minutos/km e km/h. 2.4.2. Protocolos para determinar o nível de capacidade anaeróbia através do défice de oxigénio acumulado De acordo com Medbø et al. (1988, p. 50), Tabata et al. (1996, p. 1328), Manso et al. (1996, p. 291), e Reis (1997, p. 44), para se determinar o DefO2Ac é preciso . realizar uma prova de cargas sub-máximas (inferior à vV O2máx) e uma prova de . esforço com intensidade supra-máxima (superior à vVO2máx). A duração do TSupMáx proposta por vários autores (Medbø et al., 1988, p. 50; Tabata et al., 1997, p. 391; Robergs & Roberts, 2002, p. 280; Scott et al., 1991, p. 618; Manso et al., 1996, p. 291; Sleivert, 2000b, p. 10) é de 2 a 3 min a velocidade constante. Quanto à intensidade para a realização do TSupMáx os autores são unânimes de . que a mesma deve ser superior à vV O2máx. No entanto, diferem nas intensidades propostas para a realização do teste. Para Tabata et al. (1997, p. 391), a intensidade escolhida deve estar de acordo com a capacidade individual. Scott et al., (1991, p. 618), . num estudo realizado com velocistas, utilizaram a intensidade de 140% da vV O2máx; . Weber & Schneider (2002, p. 1795) utilizaram a intensidade de 120% da vVO2máx com homens e mulheres destreinadas; Sleivert (2000b, p. 10) aconselha a utilização de 115% . da vV O2máx; Russel et al. (2002, p. 26), Billat et al. (1996, p. 1049), Buck & . McNaughton (1999, p. 29), utilizaram 110% da vV O2máx. No entanto, Weber & Schneider (2001, p. 1056), consideram que quando realizado em condições standard a determinação do DefO2Ac é altamente reprodutível a ambas as velocidades (110 e . 120%vVO2máx) em atletas destreinados e em ambos os sexos. Também Sleivert (2000b, p. 10) afirma que há evidências recentes que não existem diferenças significativas na quantificação do DefO2Ac quando se comparam protocolos entre 110 e . 125% da vV O2máx. Deste modo, verifica-se que as velocidades podem oscilar entre . 110 e 140% da vV O2máx, provavelmente consoante a capacidade do indivíduo e o seu perfil anaeróbio. 24 . Para quantificar VO2 médio consumido durante o TSupMáx deve ser achada a média de todo o teste (Reis (1997, p. 64). 2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética através do DefO2Ac De acordo com Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279), o DefO2Ac é a estimativa da energia total exigida pelo exercício através do cálculo do . . VO2 predito requerido para a intensidade e subtraindo desse valor o VO2 medido no TSupMáx. Para quantificar o DefO2Ac Reis (1997, p. 105) e Medbø et al. (1988, p. 51) propõem que se quantifique o consumo energético do TSupMáx (em equivalentes de . oxigénio já que é uma medida indirecta) e o volume de oxigénio acumulado (V O2Ac). . Patra tal deve ser resolvida a seguinte equação: CeTSupMáx = O2EqR x %vVO2 + VCEqR, em que O2EqR e VCEqR são valores que estão presentes na equação obtida a partir da recta da regressão resultante dos dados do TSubMáx. Para obter o valor de . . VO2Ac durante o TSupMáx (VO2AcTSupMáx) Reis (1997, p. 105) e Medbø et al. . . (1988, p. 51) propõem a seguinte equação: V O2AcTSupMáx = MV O2TSupMáx x . DurTSupMáx, em que MVO2TSupMáx é igual à média de oxigénio consumido durante o TSupMáx e a DurTSupMáx é igual à duração do TsupMáx (minutos em valores decimais). Os autores anteriormente citados propõem um último passo para se calcular o DefO2Ac através da seguinte equação: DefO2Ac = CeTSupMáx – VO2AcTSupMáx, em que CeTSupMáx é igual ao consumo energético do TSupMáx e o VO2AcTSupMáx é igual ao VO2Ac durante o TSupMáx. Para o cálculo da percentagem da solicitação energética durante a prova, Reis (1997, p. 105) propõe a seguinte equação: . %AerTSupMáx = VO2Ac/CeTSupMáx, em que %AerTSupMáx é referente à percentagem aeróbia do TSupMáx e CeTSupMáx referente ao consumo energético do TSupMáx. Para quantificar a percentagem da EnAna do TSupMáx (%AnaTSupMáx) os autores anteriormente citados propõem a seguinte equação: %AnaTSupMáx = DefO2Ac/CeTSupMáx. . 2.4.3. Referências para protocolar a quantificação o V O2 e a solicitação energética durante o TI Como já anteriormente se frisou, este estudo pretende clarificar quais as . percentagens de solicitação do V O2max e qual o regime energético preponderantemente 25 solicitadas pelo TI tomando por base as repetições de 400 metros. Na bibliografia . consultada não se encontraram protocolos para quantificar o VO2 e a solicitação energética durante as sessões de TI400m. No entanto, foram pesquisadas referências que pudessem ser úteis na elaboração de um protocolo como seja: o local da realização das sessões; o controlo do ritmo nas sessões de treino e o intervalo entre as sessões. Além destas referências, foram também encontradas alusões que consideram os parâmetros referentes à carga de treino mais comummente utilizados nas sessões de TI400m. No entanto, estas serão apresentadas na secção 2.6. (referente à temática do treino intervalado) na página 28. Quanto ao local de realização das avaliações, segundo Denadai (1999, p. 15), tendo em conta o princípio da especificidade, principalmente em indivíduos altamente treinados, as mesmas deverão ser efectuadas com testes de terreno que mais se aproximem do movimento utilizado pelo indivíduo durante os treinos ou competições. No que concerne ao andamento a utilizar durante a realização de uma recolha de dados, sabemos que quanto mais próximo dos ritmos previamente estabelecidos se realizarem as sessões de treino menor serão as fontes de erro relativas ao teste. Para a realização de um estudo com atletas, Dupont et al. (2003, p. 292) usaram marcas de 25 em 25 metros para controlar o ritmo de um esforço com 2 minutos de duração enquanto que Kachouri et al. (1996, p. 485) e Billat et al. (2000, p. 189) utilizaram marcas de 50 em 50 metros. Zavorsky et al. (1998, p. 225) utilizaram, para controlar o ritmo de repetições de 400 metros com atletas experientes, marcas de 200 em 200 metros. Segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 147), depois de um esforço de 2 horas . realizado a 70% da vVO2máx, com uma adequada ingestão de hidratos de carbono, bastam 24 horas para poder recuperar as reservas de glicogénio hepático. Para Manso (1999, p. 338), a re-síntesse do glicogénio muscular e hepático pode demorar 12 a 48 horas. Meléndez (1995, p. 149), defende que, após uma sessão intensa de TI, 48 horas de intermédio de trabalho moderado podem ser suficientes para permitir uma boa recuperação. Também Weyand et al. (1999, p. 2060), Weber & Schneider (2001, p. 1057) e Pompeu (2004, p. 82), propõem que os testes devem ter um intervalo mínimo de 48 horas de modo a repor as reservas de glicogénio e possíveis efeitos da desidratação. 26 2.5. Validade do Cosmed K4b2 Podem encontrar-se vários estudos realizados com o analisador de gases Cosmed K4b2. Entre os investigadores, que o utilizaram em estudos com atletas, pudemos encontrar nomes como Billat et al. (2000, p. 189, 2002, p. 337, 2003a, p. 299), Dupont et al. (2002, p. 107), Demarle et al. (2001, p. 948), Millet et al. (2003, p. 413), Heugas et al. (2001, p. 1), etc. Este facto, por si só, atesta bem da credibilidade que o equipamento possa ter. No entanto, para uma validação mais efectiva, McLaughin et al. (2001, p. 283), Doyon et al. (2001, p. 1), Pinnington et al. (2001, p. 324) e, mais recentemente, por Duffield et al. (2004, p. 11), realizaram testes com o Cosmed K4b2 considerando-o válido para a medição de parâmetros ventilatórios. 2.5.1. Limitação do método breath by breath para recolha dos dados referentes aos parâmetros ventilatórios Neste trabalho fez-se a recolha dos parâmetros ventilatórios pelo analisador de gases Cosmed K4b2 é realizada respiração (do inglês, breath by breath). Quer isto dizer que os gases são medidos pelo analisador a cada respiração do atleta. Por esse facto, os dados daí recolhidos são apresentados no software do aparelho e do computador tal como são recolhidos pelo holter, ou seja, pelo tempo que demora cada respiração. No entanto, estes dados, obtidos a partir do método breath by breath, nem sempre representam valores reais já que uma inspiração ou expiração mais profunda, ou forçada, pode apresentar dados anormais. Existe então a necessidade, tal como aconselha Medbø et al. (1988, p. 57), recolhecer e expurgar os dados aberrantes e filtrar os restantes através de médias, de acordo com a finalidade de cada recolha de dados, de modo a torná-los mais consistentes. 2.5.1.1. Médias para tratamento dos dados dos parâmetros ventilatórios Alguns autores têm proposto diferentes médias para a filtragem dos dados referente às recolhas do TSubMáx. Aisbett & Rossignol (2003, p. 344), propõem a média de 20 s para a filtragem dos dados enquanto que Robergs & Burnett (2003, p. 55), Dupont et al. (2003, p. 107), Vuorimaa et al. (2000, p. 97) e Blondel et al. (2001, p.28) defendem a utilização de 15 s como média. Arena et al. (2003, p. 3) e Reis et al. (2004, p78) utilizaram em estudos médias de 10 s. 27 Para a filtragem dos dados do TSupMáx Heubert et al. (2003, p. 221) e Reis (comunicação pessoal) defendem a utilização de médias de 5 s. Pesquisaram-se opiniões referentes ao tratamento das médias dos dados dos treinos intervalados com velocidades idênticas às que realizámos, ou seja, superior à . vVO2máx. Billat et al. (2001, p. 203) e Dupont et al. (2002, p. 107) utilizaram médias . de 5 s em estudos sobre TI realizados desde 70 a 110% da vVO2máx e desde 110 a . 140% da vV O2máx respectivamente. Vuorimaa et al. (2000, p. 97) utilizaram médias de . 15 s em estudos sobre TI realizados à intensidade de 100% da vVO2máx. 2.6. Treino intervalado O método de treino TI reside na realização de esforços intercalados com pausa, normalmente, curtas. Podem utilizar-se intensidades elevadas (TI intensivo) ou médias (TI extensivo). As distâncias utilizadas são várias. A partir destas podemos classificar o TI como longo (distâncias maiores) ou como TI curto (distâncias mais curtas). No TI são contabilizadas, para o efeito de treino, não só as pausas de trabalho mas também as pausas de recuperação, já que, de acordo com Fox et al. (1991, p. 216), é durante as pausas que os maiores efeitos do treino se verificam. 2.6.1. Treino intervalado extensivo longo Este método difere do método repetitivo ou de competição em que as distâncias são idênticas mas a intensidade e o intervalo diferem profundamente. O método apresenta as seguintes características: 2.6.1.1. Quanto às distâncias Para Pereira (1981, p. 51), as distâncias podem ir desde 1.000 metros até aos 3.000 metros e, segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152), devem ter a duração de 2 a 25 min, sendo em média de 2 a 3 min. 2.6.1.2. Quanto à intensidade De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152) a intensidade deverá . ser de 80 a 85% do VO2máx. 28 2.6.1.3. Quanto à pausa entre as repetições Moniz Pereira utilizava intervalos de 6 a 3 min, só utilizando 2 min como intervalo mínimo para Fernando Mamede (Paiva, 1995, p. 105). Mas, segundo GarciaVerdugo & Leibar (1997, p. 152), o atleta só deverá iniciar uma nova repetição quando a frequência cardíaca estiver entre as 120 e as 140 pulsações por minuto (puls/min). 2.6.1.4. Quanto ao número das repetições Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152), a sessão de treino deve ir de 4 a 15 repetições ou ter a duração de 20 a 60 min. 2.6.2. Treino intervalado extensivo curto O TI foi sistematizado pelos fisiologistas alemães, Gerschler e Reindell na década de 50 (Manso et al., 1996, p. 333). O método sistematizado nessa época é o hoje designado por alguns autores (Manso et al., 1996, p. 333) por TI extensivo curto. O método apresenta as seguintes características: 2.6.2.1. Quanto às distâncias Pode ler-se num estudo de Paiva (1995, p. 157), sobre a escola portuguesa de meio-fundo e fundo, que as distâncias que mais comummente são utilizadas pelos treinadores portugueses são os 200 e os 400 metros (16 respostas afirmativas em 17 inquiridos). Assim, o treino intervalado extensivo curto consiste em correr distâncias curtas de 100, 200 ou 400 metros (Manso et al., 1996, p. 333), até 60 s de duração (Meléndez, 1995, p. 138), ou até mesmo 90 s de duração (Garcia-Verdugo & Leibar, 1997, p. 154). 2.6.2.2. Quanto à intensidade Para Navarro (1998, p. 112), a intensidade deve ser de 70 a 80% da velocidade de competição, enquanto que, para Manso et al. (1996, p. 333), a intensidade deve ser 29 cerca de 75% da melhor marca da distância. Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. . 154), a intensidade deve ser de 85 a 100% da vVO2máx. 2.6.2.3. Quanto à pausa entre as repetições Para Pereira (1981, p. 39), as pausas entre as repetições do TI deverão ser cada vez mais reduzidas consoante aumenta a experiência do atleta devendo ir desde 40 a 90 s. No entanto, este treinador utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os 60 s (Paiva, 1995, p. 103). Num estudo sobre se se verificava a homogeneidade de métodos de modo a se poder ou não validar a existência de uma escola portuguesa de meio fundo e fundo, Paiva (1995, p. 160), recolheu dados respeitantes aos intervalos que habitualmente os treinadores portugueses de meio-fundo utilizam no TI, sobre a distância de 400 metros, concluindo que cerca de 67% dos mesmos utilizavam 1 min como pausa entre as repetições. As pausas devem ser incompletas entre as repetições. As mesmas, segundo Meléndez (1995, p. 138), devem ser de 45 a 90 s para poder recuperar até 120-140 puls/min. Também para Pereira (1981, p. 39), os intervalos entre as repetições do TI extensivo curto devem ir desde 40 a 90 s. No entanto, em termos práticos, este treinador apenas utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os 60 s (Paiva, 1995, p. 103). 2.6.2.4. Quanto ao número das repetições Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152, 154) o total das repetições podem ir de 15 a 20, ou a sessão ter uma duração de 30 a 45 min. Moniz Pereira utilizava, para atletas de alta competição, de 8 a 20 repetições de 400 metros (Paiva, 1995, p. 103). Segundo Pereira (1981, p. 40) e Paiva (1995, p. 161), o número de repetições a utilizar nas sessões de TI deve ser sempre dependente da intensidade. Assim, quando a intensidade aumenta a quantidade deve reduzir. 2.6.2.5. Quanto à acção durante as pausas De acordo com Volkov (2002, p. 52), Åstrand (1996, p. 12), Andrivet et al. (1995, p. 67) e Wilmore & Costill (1998, p. 211), o ritmo de eliminação do lactato será 30 acelerado se durante as pausas dos treinos intervalados se realizaram exercícios a 50% . da vVO2máx ou, segundo Fox et al. (1991, p. 37) e Chicharro & Muelas (1996, p. 147), . até 65% do VO2máx. Mas, além de grande parte dos autores referirem como benéfica a pausa activa durante o intervalo das repetições, também se verificou no estudo de Paiva (1995, p. 161) que cerca de 82% dos treinadores portugueses utilizam o trote lento durante a pausa das repetições. 2.6.3. Treino intervalado intensivo Na década de 60 uma outra proposta de TI foi introduzida pelo treinador húngaro M. Igloi (Manso et al., 1996, p. 333). O método consistia no aspecto mais intensivo do TI. Nesta vertente do método, quando as distâncias são mais curtas e a carga mais intensa podem agrupar-se as repetições em séries (Navarro, 1998, p. 110). Desta forma, segundo o mesmo autor, o intervalo entre as séries é superior afim de retardar o cansaço. O método apresenta as seguintes características: 2.6.3.1. Quanto às distâncias Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155), devem ser distâncias que durem 15 a 45 s, ou seja, 150 a 300 metros. 2.6.3.2. Quanto à intensidade De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 156) e Weber & Schneider (2001, p. 1056), a intensidade deve ser próxima da velocidade máxima na distância e . . superior à vVO2máx, ou seja, 110 a 120% da vVO2máx, ou, segundo Martin & Coe (1994, p. 180), entre 100 e 130%. 2.6.3.3. Quanto à pausa entre as repetições Durante a recuperação o atleta deve alcançar 90 a 110 puls/min Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 156). Normalmente, este intervalo pode ir até 2 min. 31 2.6.3.4. Quanto ao número das repetições Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 156), devem ser 3 a 9 repetições num tempo de esforço entre 10 e 30 min de duração no conjunto das repetições. 2.6.4. Treino intervalado (30/30 s, 20/20 s e 10/10 s) Os treinadores e os fisiologistas franceses introduziram ultimamente esta nova vertente do TI. Segundo Gacon (1995, p. 35) o método apresenta as seguintes . características: duração curta com pausas idênticas e solicitação ao nível da vV O2máx. 2.6.4.1. Quanto às distâncias Segundo Gacon (1995, p. 35), a duração media é de 10, 15, 20 ou 30 s. Inclusivamente, para atletas de alto nível, as distâncias podem corresponder às percorridas num tempo de 40 a 50 s. 2.6.4.2. Quanto à intensidade A intensidade pode ir, de acordo com Gacon (1995, p. 35), de 95 a 105% da . velocidade do VO2máx. 2.6.4.3. Quanto à pausa entre as repetições O intervalo é normalmente, igual ao tempo de esforço. Segundo Meléndez (1995, p. 132), a pausa pode ser igual ou menor que os períodos de esforço. Mas, de acordo com Gacon (1995, p. 35), a duração máxima do intervalo deve ser de 30 s. A . pausa deve ser efectuada de modo activo a cerca de 50% da vV O2máx. 2.6.4.4. Quanto ao número das repetições De acordo com Gacon (1995, p. 35), a quantidade pode ir de 6 a 20 consoante os tempos de duração do esforço. 32 2.7. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI Consoante o método utilizado assim poderá ser a solicitação das diversas subcapacidades (capacidade ou potência) da resistência. Analisaremos o que os autores defendem nos quatro métodos de treino intervalado. 2.7.1. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo longo . Tendo em conta que a intensidade proposta é de 80 a 85% do V O2máx (GarciaVerdugo & Leibar, 1997, p. 152), este método solicita uma zona de esforço identificada com o LAna ou ligeiramente superior. Por este facto, de acordo com Navarro (1998, p. 107, 111), este método de treino solicita, preponderantemente, a capacidade aeróbia. 2.7.2. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo curto Abrantes (2002, p. 25) afirma que o TI tem por objectivo desenvolver vários tipos de resistência, tanto a potência aeróbia, como a capacidade láctica, como a potência láctica, não especificando, contudo, qual a solicitação do TI extensivo quando dá um exemplo de treino sobre 400 metros com intervalo de 60 s. Para Pereira (1981, p. 38), o TI melhora a capacidade de prolongar a velocidade resistência. No entanto, não faz alusão a quais as distâncias que neste método têm maior incidência na melhoria desta sub-capacidade física. Segundo Navarro (1998, p. 107, 113, 114) com este método . de treino é possível solicitar 100% do VO2, treinando-se, assim, a capacidade aeróbia e . o VO2. Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 154), este método deve incidir na zona . de esforço mista e próxima do V O2máx, activando, deste modo, os processos aeróbios e anaeróbios. Também Volkov (2002, p. 25) afirma que o treino intervalado (1 min de esforço, 1 min de pausa) solicita 75% do sistema aeróbio e 25% anaeróbio e como . possível de se alcançar 100% do VO2máx, sendo plausível assim de desenvolver a potência aeróbia. 2.7.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI intensivo Este método solicita, especialmente, a capacidade láctica (Navarro, 1998, p. 114). Também Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155) preconizam que este método solicita a tolerância láctica, aumentando, deste modo, a capacidade láctica e também o . . VO2máx, já que solicita intensidades superiores à vVO2máx. 33 2.7.4. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI 30/30 s, 20/20 s e 10/10 s Meléndez (1995, p. 132), defende que, com períodos curtos de trabalho (10 a 15 . s), com alta intensidade, se pode alcançar o VO2máx, desde que a pausa seja igual ou menor que os períodos de esforço. Também Gacon (1995, p. 35) sustenta que este método de treino solicita, essencialmente, a potência aeróbia. 2.8. Estudos similares sobre avaliação da solicitação energética e ventilatória no treino intervalado Na revisão bibliográfica que realizámos apenas seleccionamos os estudos que incidissem sobre distâncias de 400 metros, ou com durações idênticas em torno de 1 min até 1.20 min, e que entre as repetições tivessem pausas igualmente de 1 min até 1.20 min. Num estudo realizado por Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, p. 123), no sentido de avaliar as modificações operadas a partir da alteração da pausa entre os esforços no TI, chegou-se à seguinte conclusão: durante a sessão de treino sobre 400 metros percorridos em 70 s, com intervalo de 60 s, eram alcançados cerca de 80% do . . VO2máx durante as fases de esforço; modificando a pausa para 20 s o VO2 alcançava cerca de 100% do máximo durante as fases de esforço e nas pausas subia de 60 para . 70%. No entanto, o autor não especifica a que percentagem da vVO2máx o atleta corria, nem qual a percentagem de solicitação energética nas repetições. . Num outro estudo realizado com atletas masculinos especialistas de meio-fundo (VO2máx de 69.4 ml/kg/min e 15.47 aos 5.000 metros), Vuorimaa et al. (2000, p. 98, 99) quantificou os esforços das repetições de uma sessão de TI de 14X1 min com . intervalo de 1 min, realizada à intensidade da vV O2máx durante 28 min. Os resultados . do estudo incidiam sobre a solicitação do VO2 das repetições, que alcançaram valores . . de 88% do VO2máx, e das pausas (descanso passivo) que atingiram 40% do VO2máx. Quando o estudo incidia apenas na quantificação ao nível energético do esforço durante as repetições, os resultados, quantificados através do método do DefO2Ac, foram de 70.2% de solicitação da EnAer e de 29.8% da EnAna. 34 3. Metodologia 3.1. Definição do problema Para Pereira (1981, pp. 38, 48), o TI400m, com intervalos que vão de 40 a 90 s, melhora a capacidade de prolongar a velocidade resistência e permite treinar a resistência orgânica. No entanto, Volkov (2002, p. 25) defende que no treino intervalado . com 1 min de esforço e 1 min de pausa é possível alcançar-se 100% do VO2máx desenvolvendo assim a potência aeróbia. Navarro (1998, p. 107, 113, 114), GarciaVerdugo & Leibar (1997, p. 154) afirmam que, com este método de treino, é possível . . solicitar 100% do VO2, treinando-se, assim, a capacidade aeróbia e o VO2. Parece, assim, que a literatura disponível sobre esta temática não é elucidativa nem concordante. No entanto, é lógico pensar que, perante diferentes intensidades, o TI400m solicite, preponderantemente, regimes energéticos diferentes. Assim, tendo em conta a falta de concordância dos autores sobre quais as solicitações energéticas no TI400m, e a falta de investigações sobre esta temática, questiona-se qual será a . percentagem de energia aeróbia, de energia anaeróbia e do V O2máx, e qual o regime energético solicitado durante estas sessões de TI? 3.1.1.Objectivos do estudo O presente estudo tem por objectivo clarificar quais as solicitações energéticas que ocorrem durante as sessões de TI400m com pausas de 70 s. Este estudo pretende contribuir para o aumento do conhecimento sobre o método de treino intervalado o que será uma mais valia para os treinadores de atletismo de meio-fundo e fundo. Assim, os objectivos específicos do presente estudo são clarificar, através de instrumentos científicos, as questões formuladas como objecto de estudo. 3.1.2. Questões em estudo O presente estudo possibilita criar várias expectativas, quanto aos resultados do mesmo, já que as três sessões de TI400m se realizam a várias intensidades e várias quantidades podendo-se daqui observar várias solicitações. 35 3.1.3. Formulação das questões em estudo O presente estudo pretende tirar conclusões sobre quais as solicitações . energéticas e qual a percentagem de solicitação do VO2máx durante as sessões de . TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da vVO2máx. Para tal pretendemos responder às seguintes questões: Q1 – Existem diferenças significativas na solicitação da percentagem de energia aeróbia e anaeróbia para cada uma das intensidades do TI400m em estudo? . Q2 – Existem diferenças significativas na solicitação da percentagem do V O2máx para cada uma das intensidades de TI400m em estudo? Q3 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da . vVO2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a capacidade aeróbia? Q4 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da . vVO2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a potência aeróbia? Q5 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da . vV O2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a capacidade anaeróbia? 3.1.4. Fundamentação das questões Tendo em conta que o estudo é realizado com sessões de treino com três intensidades diferentes, será lógico pensar que existam diferenças nas solicitações dos diversos regimes energéticos, na percentagem de solicitação da energia e na . percentagem de solicitação do VO2máx durante a realização das mesmas. 3.1.5. Pertinência do estudo A maioria dos treinadores portugueses não têm um conhecimento profundo e justificado nem as opiniões da comunidade científica são concordantes sobre quais as sub-capacidades da resistência (capacidade ou potência) que as sessões do TI400m solicitam. Moniz Pereira (1981, pp. 38, 48), no seu livro Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo, evidencia pouca consistência quando se refere à solicitação da resistência nas sessões de TI400m. Daí pensar-se que a realização do presente estudo tem plena justificação. 36 3.1.6. Pressupostos e limitações do estudo O estudo apresenta as seguintes limitações: 1) foi realizado apenas com uma atleta não podendo os resultados serem generalizados; 2) houve uma só sessão de cada intensidade, não permitindo obter uma média dos dados de cada uma; 3) o estudo foi realizado com uma distância (400 metros); 4) o estudo apenas foi realizado com um intervalo (1.10 min); 5) as variáveis climatéricas não foram controladas desconhecendose a sua influência nos resultados obtidos. Deste modo, as conclusões deste estudo referem-se a um caso particular, para a distância e intervalo em estudo, não podendo, deste modo, serem generalizadas. 3.2. Caracterização do sujeito O sujeito em estudo é do sexo feminino, é atleta de meio-fundo de nível nacional, especialista de 3.000 e 5.000 m, e realiza habitualmente TI400m. O Quadro 5 apresenta as características da atleta em estudo. Quadro 5. Características físicas e de rendimento do sujeito em estudo. Peso (kg) 52 Altura (m) 1.73 M. G. (%) 12 Idade (anos) 23 Rec. Pessoal 3.000/5.000 m 9’46” – 16’47” Rec. da época 3.000/5.000 m 9’48” – 16’47” C. Nac.* de Corta-mato 10ª Class.** * Campeonato Nacional ** Classificada 3.3. Definição das variáveis A realização do presente estudo implicará a utilização de diversas variáveis dependentes e independentes. Deste modo, para melhor identificação, foram criadas abreviaturas das mesmas e apresentadas no Quadro 6 e no Quadro 7. 3.3.1. Variáveis dependentes As variáveis dependentes, apresentadas no Quadro 6, foram utilizadas para descrever e tratar os dados referentes às respostas do sujeito em estudo aos vários testes e às sessões de treino. 37 Quadro 6. Relação das variáveis dependentes que fazem parte do estudo. Variável Descrição da variável %AerTI Percentagem da energia aeróbia no TI %AerTSupMáx Percentagem da EnAer no TsupMáx %AnaTI Percentagem da energia anaeróbia no TI %AnaTSupMáx Percentagem da EnAna no TsupMáx %V O2máx Percentagem do consumo máximo de oxigénio. CeTI Consumo energético do TI CeTSupMáx Consumo energético do teste supra-máximo DefO2AcTSupMáx Défice de oxigénio acumulado durante o TSupMáx DurTSupMáx Duração do TsupMáx MV O2TSupMáx Média de oxigénio consumido durante o TSupMáx VO2Ac . VO2AcTSupMáx . VO2máx Consumo de oxigénio acumulado. Consumo máximo de oxigénio num minuto. vTSupMáx Velocidade do TSupMáx. . . . Consumo de oxigénio acumulado durante o TSupMáx. 3.3.2. Variáveis independentes As variáveis independentes, apresentadas no Quadro 7, foram utilizadas para descrever os dados referentes ao estudo, no que respeita às intensidades com que queremos trabalhar. Quadro 7. Relação das variáveis independentes que fazem parte do presente estudo. . Variável . Descrição da variável vV O2máx Velocidade associada ao V O2máx 101%vV O2 101% da velocidade em que se alcança o V O2máx 104.5%vV O2 104.5% da velocidade em que se alcança o V O2máx 108%vV O2 108% da velocidade em que se alcança o V O2máx 111%vV O2máx 111% da velocidade em que se alcança o V O2máx . . . . . . . . 3.4. Instrumentos Como meio de medição dos parâmetros ventilatórios foi utilizado um analisador de gases portátil Cosmed K4b2 (Cosmed, Sarl. - Italy). Este sistema de análise de gases . . . permite medir vários parâmetros ventilatórios das trocas gasosas (V E, V O2 e V CO2) a cada ciclo respiratório (respiração a respiração, do inglês breath by breath), assim como a frequência cardíaca, a temperatura ambiente, o tempo de realização dos teste e a 38 . . . humidade relativa do ar. A partir da medição do VE, do VO2 e do VCO2 o equipamento . . . . . permite quantificar outros parâmetros como o V E/V CO2, V E/V O2, V O2/FC e o . VO2/kg/minuto. O equipamento, que é de utilização móvel e pesa 550 g, faz parte de um conjunto que inclui uma máscara, uma unidade portátil (holter) e um emissor e receptor de sinal de telemetria que permite ligar-se a um computador. Por este facto os dados podem ser visualizados num computador em tempo real, a partir do software fornecido com o equipamento, podendo ser aos mesmos registados na unidade portátil ou no computador. Foram também utilizados um computador pessoal portátil Toshiba Satélite 2450 e o software Versão 7.4b referente ao analisador de gases Cosmed K4b2 para tratamento dos parâmetros ventilatórios. Este software permite o tratamento dos dados recolhidos, nomeadamente a filtragem das médias de medição dos parâmetros ventilatórios, editar, apagar e alterar valores aberrantes do teste, a quantificação de LAnaVent e a realização de gráficos. Este programa permite exportar os dados para uma folha do Excel. Para tratamento dos dados referentes aos testes e às sessões de TI400m, foi também utilizado o Excel (Microsoft Office) versão 2003. Este software permitiu a realização de operações matemáticas simples numa folha de cálculo, assim como a média e o desvio padrão bem como a realização dos gráficos. Para a realização do TSubMáx, TSupMáx e a realização das sessões do TI400m foi utilizada uma pista de atletismo ao ar livre, de tartan, com 400 metros de perímetro e cones plásticos de 30 cm de altura para marcação das distâncias (de 50 em 50 metros ou de 100 em 100 metros). Para cronometrar os tempos do TSubMáx e TSupMáx e das sessões de TI400m, foram utilizados 3 cronómetros: 2 de pulso, Casio Accelator 1531 Acl 200 e Timex Ironman; 1 de mão, Casio HS-30W. Todos os cronómetros tinham contagem regressiva, memorização dos tempos registados e contagem ao centésimo de segundo. 3.4.1. Validade dos instrumentos utilizados Encontram-se vários trabalhos realizados por investigadores de renome com o analisador de gases Cosmed K4b2. McLaughin et al. (2001, p. 283), Doyon et al. (2001, p. 1), Pinnington et al. (2001, p. 324) e, mais recentemente, por Duffield et al. (2004, p. 11), realizaram testes com o Cosmed K4b2 considerando-o válido para a medição de parâmetros ventilatórios. 39 Quanto aos restantes instrumentos utilizados estão validados por natureza já que cumprem as funções para as quais foram utilizados. 3.5. Procedimentos A quantificação energética das sessões do TI foi realizada através do método do défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac). No entanto, tendo em conta que a utilização do método do DefO2Ac para quantificar a solicitação energética apenas é válido em . velocidades superiores à vV O2máx (Medbø et al., 1988, p. 52), no presente estudo só foram quantificadas as repetições (todos as sessões de TI foram realizadas a velocidades . superiores à vVO2máx) já que as pausas foram realizadas a intensidades inferiores à . . vVO2máx (cerca de 50 a 60% da vVO2máx). No entanto, existe um outro método que permite avaliar esta mesma solicitação energética através de parâmetros ventilatórios . em que a imposição da intensidade superior à vV O2máx não existe. Por este facto, a solicitação energética nas pausas podia ser avaliada a partir do EPOC. No entanto, este método, conforme referenciado na literatura (Wilmore & Costill, 1998, p. 108 e Fox et al., 1991, p. 216), não reflecte a solicitação energética operada durante a pausa mas sim o défice de oxigénio resultante do esforço da repetição e cujo excesso de consumo de oxigénio verifica-se após o termo do esforço, ou seja, durante a pausa. Logo, este método não quantifica a energia produzida durante a pausa mas sim o esforço que se realizou antes da mesma. Pela existência deste impedimento metodológico, e tendo em conta que não encontramos nenhum procedimento para quantificar a solicitação energética durante a pausa, optámos por quantificar apenas a taxa de energia que se produziu durante as repetições das sessões de treino e não a que se reflectiu no conjunto da repetição e da pausa (média). Sabemos, no entanto, que, pelo facto desta quantificação não reflectir a solicitação energética total das sessões de treino, ou seja, não incluir também as pausas, não cumpre um dos princípios do TI que diz que a sessão de TI é o resultado não só das repetições mas também das pausas, já que o treino vale pela totalidade do tempo da sessão e não só pela soma dos tempos das repetições (Fox et al., 1991, p. 216). . Quanto à solicitação do VO2 durante as sessões do TI, o problema da quantificação das pausas já não se coloca. Apesar de durante os intervalos se reflectir mais o que se passou na repetição do que na própria pausa, é a medição da percentagem . do VO2 durante a totalidade da sessão de treino que interessa independentemente do 40 destino desse oxigénio ser, ou não, para pagar a “dívida” contraída durante o esforço antecedente. 3.5.1. Desenho experimental do estudo . . A atleta foi sujeita à realização de um TSubMáx, para quantificar VO2máx e a . vVO2máx, um TSupMáx realizado a 115% da vVO2máx, para se poder quantificar o DefO2Ac assim como as respectivas velocidades a que se alcançaram estes parâmetros, no sentido dos dados daí adquiridos servirem como referência para o presente estudo. Antes de cada teste, para calibragem do analisador de gases, foi aferida a ventilação e a medida da fracção da concentração de gás do K4b2 usando ar ambiente, de acordo com as instruções do fabricante. Após a realização dos testes de referência a atleta foi sujeita, em dias diferentes, às sessões de TI400m realizadas a várias intensidades. O estudo foi realizado com a seguinte sequência sistematizada no Quadro 8: TSubMáx; TSupMáx; TI 11X400 metros . . a 101% da vV O2máx; TI 8X400 metros a 104.5% da vV O2máx e TI 5X400 metros a . 108% da vV O2máx. Quadro 8. Desenho experimental do estudo. Procedimentos Datas 14-06 16-06 18-06 21-06 25-06 Testes TSubMáx 5 a 6X 5 a 6’ progr. 10% TSupMáx 2 a 3’. a 115% da vV O2máx 11XTI400m 101% . vV O2máx 8XTI400m 104.5% . vV O2máx 5XTI400m 108% . vV O2máx . VO2máx Variáveis . DefO2Ac . % V O2máx nas repetições e pausa . % V O2máx nas repetições e pausa . % V O2máx nas repetições e pausa vV O2máx Equação da regressão da recta CAna % EnAer e % EnAna nas repetições % EnAer e % EnAna nas repetições % EnAer e % EnAna nas repetições O estudo teve a duração de 12 dias. Entre cada teste e cada sessão de treino foi sempre respeitado um intervalo mínimo de 48 horas de acordo com o proposto por Weyand et al. (1999, p. 2060) e Pompeu (2004, p. 82). Nos dias seguintes à realização dos testes a atleta efectuou sempre treino normal de corrida contínua (40 a 50 min) não realizando, no entanto, qualquer tipo de treino específico (repetições ou TI). 41 3.5.2. Protocolos utilizados Além do protocolo para recolha de dados referentes ao estudo das sessões de . treino intervalado, foi realizado um teste TSubMáx para quantificar o VO2máx a . vVO2máx e outro a velocidade supra-máxima para quantificar DefO2Ac. Foram utilizados um relógio com contagem regressiva e cones, para referenciar a pista com distâncias de 50 em 50 metros, no sentido de cadenciar mais facilmente o ritmo da atleta durante a realização do teste TSubMáx e das sessões de TI400m. Durante a recolha de dados dos TSubMáx, TSupMáx e das sessões de treino estudadas tomaram-se em conta os seguintes aspectos: adaptação da atleta ao analisador de gases; medição e recolha dos parâmetros ventilatórios breath by breath (respiração a respiração); recolha da frequência cardíaca do sujeito em estudo; recolha dos tempos de cada repetição assim como de cada intervalo. 3.5.2.1. Protocolo do teste sub-máximo . . Para quantificarmos o V O2máx e a vV O2máx utilizámos o protocolo utilizado por Reis (1997, p. 61), Hill & Rowell (1997, p. 114), Spencer & Gastin (2001, p. 158), onde propõem 5 a 6 patamares de 5 a 6 min de esforço, com um incremento entre cada patamar de 10% e os intervalos entre cada patamar (que podem ir de 2 a 8 min), de . acordo com Reis (1997, p. 61), devem ter a duração que permita que o V O2 seja mais 2 ml/kg/min que o inicio do primeiro patamar Neste protocolo, Reis (1997, p. 61) aconselha que a velocidade do primeiro . patamar seja entre 40 a 50 % da vVO2. Para quantificar esta a velocidade inicial . previmos a vV O2máx da atleta. Esta predição baseou-se na relação encontrada por Péronnet et al. (2001, p. 224), Gacon (1995, p. 33), Billat et al. (1999b, p. 360) e Billat . & Koralsztein (1994, p. 100), entre a vV O2máx e os recordes pessoais nas distâncias de 2.000 e 3.000 metros. Para tal, calculámos a média dos recordes pessoais destas distâncias. A velocidade média do recorde pessoal da atleta na distância de 3.000 metros foi de 5.13 metros por segundo (m/s) e de 5.41 m/s na distância de 2.000 metros. Logo, a média das duas distâncias foi de 5.27 m/s. Tomou-se este valor como predição para a . vVO2máx da atleta estudada. No entanto, após calcularmos a velocidade de 40 a 50% da mesma, verificámos que a velocidade do primeiro patamar era muita lenta. O cálculo realizado levou-nos a um tempo por km de 7.01 min. Este ritmo é cerca de 2 min por quilómetro mais lento do que o que a atleta habitualmente realiza a corrida contínua 42 média nos seus treinos. Por outro lado, seguindo ainda o protocolo proposto por Reis (1997, p. 62) em que propõe evoluções de velocidade entre cada patamar de 10%, . verificou-se que se o teste se iniciasse a 45% da vVO2máx e evoluísse 10% nos 5 patamares seguintes ao primeiro, a evolução somava 50%. Logo, o resultado seria 45% . da velocidade de início + 50% das evoluções = 95% da vVO2máx. Deste modo, não se . dava oportunidade a que se alcançasse os 100% da vV O2máx no 6º patamar. Tendo por base os dois motivos apontados anteriormente, refez-se os cálculos para a velocidade do . primeiro patamar a 55% da velocidade prevista para alcançar o VO2máx. O resultado destes novos valores (ritmo de 5.45 min/km) anulou os dois motivos atrás apontados . para a não utilização dos 45% da vVO2máx. Assim, optou-se pelo primeiro patamar a . iniciar-se a cerca de 55% da velocidade determinada para a vV O2máx. Os cálculos realizados, para obtenção do ritmo de cada patamar, são apresentados no Quando 9. A atleta foi ajudada exteriormente, durante a realização do teste, no intuito de mais facilmente manter o ritmo de corrida pretendido. Deste modo, foi utilizado um relógio Timex Ironman com contagem regressiva, tomando por referência os pinos colocados na pista de 50 em 50 metros. Assim, a atleta era avisada com um sinal sonoro, do próprio relógio, para identificar se o ritmo era o mais adequado para que a velocidade final de cada esforço fosse o mais próximo possível do tempo previsto em cada repetição de sessão de treino A atleta realizou um aquecimento de cerca de 35 min, similar ao que costuma realizar para esforços idênticos ao teste, considerado apropriado para o esforço a realizar. Este aquecimento foi composto por 20 min de corrida contínua lenta, cerca de 10 min de mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de cerca de 100 metros percorridos a alta velocidade. 43 Quadro 9. Tempos de referência para a realização do teste do sub-máximo. Distâncias (m) 1º Patamar 2º Patamar 3º Patamar 4º Patamar 5º Patamar 6º Patamar 50 0’17”3 0’14”6 0’12”7 0’11”2 0’10”0 0’09”0 100 0’34”5 0’29”2 0’25”3 0’22”3 0’20”0 0’18”1 150 0’51”8 0’43”8 0’38”0 0’33”5 0’30”0 0’27”1 200 0’69”0 0’58”4 0’50”6 0’44”6 0’39”9 0’36”1 250 1’26”3 1’13”0 1’03”3 0’55”8 0’49”9 0’45”2 300 1’43”5 1’27”6 1’15”9 1’07”0 0’59”9 0’54”2 350 2’00”8 1’42”2 1’28”6 1’18”1 1’09”9 1’03”3 400 2’18”0 1’56”8 1’41”2 1’29”3 1’19”9 1’12”3 1000 . 5’45”0 4’52”0 4’13”0 3’43”0 3’20”0 3’01”0 55% 65% 75% 85% 95% 105% % vV O2máx* *valor predito. . . Após a realização do teste considerámos como o valor do VO2máx a média do VO2 do último minuto de teste conforme proposto por Blondel et al. (2001, p. 28), Reis et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996, p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299). Com base na opinião de Billat et al. (2003a, p. 299) e Chicharro & Muelas (1996, p. 131), . foram tidos em conta os seguintes critérios para se considerar que o VO2máx tinha sido . atingido: alcançar uma estabilização do VO2; alcançar 90% da frequência cardíaca predita pela equação 220 – a idade em anos); alcançar um valor de R igual ou superior a 1.0 e alcançar um nível de exaustão evidente. Considerámos que se alcançava a . estabilização do V O2, tal como propõem Blondel et al. (2001, p. 28) e Billat et al. (1996, p. 1050), desde que as flutuações não excedessem 2.1 ml/kg/min no último minuto de teste. 3.5.2.2. Protocolo do teste supra-máximo Para quantificar a percentagem de solicitação de EnAna optámos pelo método do DefO2Ac. A nossa opção tem a ver com o facto de vários autores (Medbø et al., 1988, p. 50; Manso et al., 1996, p. 289, 291; Tabata et al., 1997, p. 391; Scott et al., 1991, p. 618 e Hill et al., 1998, p. 114) considerarem o melhor método para o efeito. Para quantificar o DefO2Ac optámos pela duração que Medbø et al. (1988, p. 50), Tabata et al. (1997, p. 391) e Scott et al. (1991, p. 618) propõem, ou seja, 2 a 3 min corridos a velocidade constante até a atleta alcançar a exaustão e não conseguir continuar o ritmo anteriormente previsto. Quanto à intensidade seguimos a proposta de 44 Sleivert (2000b, p. 10), Russel et al. (2002, p. 26), Billat et al. (1996, p. 1049) e Buck & . McNaughton (1999, p. 29), ou seja, 110 a 115% da vVO2máx. Esta opção teve por base a opinião de Tabata et al. (1997, p. 391) que aconselham escolher a intensidade que mais se ajusta às capacidades da atleta. Assim, pelo facto da atleta ter como recorde pessoal aos 800 metros 2.17 min e a intensidade de 115% prever um tempo nesta distância de cerca de 2.19 min, pareceu-nos que esta seria a intensidade mais ajustada à atleta. Antes do teste a atleta realizou um aquecimento de cerca de 30 min, apropriado para o esforço a realizar, composto por cerca de 15 min de corrida contínua lenta, cerca de 10 min mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de cerca de 80 metros percorridos a alta velocidade. Os tempos de referência do teste, tendo por . base 115% da vVO2máx (5.76 m/s), são apresentados no Quadro 10. Quadro 10. Tempos de referência para a realização do teste supra-máximo. Dist (m) Tempo 50 0’08”7 100 0’17”4 150 0’26”0 200 0’34”7 250 0’43”4 300 0’52”1 350 1’00”7 400 1’09”4 650 1’52”8 800 2’18”8 1000 2’53”5 De acordo com Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279) o DefO2Ac foi calculado a partir da estimativa da energia total exigida pelo exercício . através do cálculo do VO2 predito requerido para a intensidade e subtraindo desse valor . o VO2 medido no teste de intensidade supra-máxima. 3.5.2.3. Protocolo para recolha de dados para as sessões de treino intervalado O presente estudo pretende quantificar três sessões de TI400m, a intensidades consideradas para a atleta como baixas, médias e altas, através de parâmetros 45 ventilatórios. Esta quantificação permite-nos avaliar a solicitação energética ao nível . aeróbio e anaeróbio e o grau de solicitação do VO2. No entanto, na bibliografia . consultada não se encontraram protocolos para quantificar o VO2 e a solicitação energética durante as sessões de TI400m. Mas, tendo por base a opinião de vários autores (Andrivet et al., 1995, pp. 69, 67; Åstrand, 1996, p. 12 ; Chicharro & Muelas, 1996, p. 147; Denadai, 1999, p. 15; Fox et al., 1991, p. 37; Garcia-Verdugo & Leibar, 1997, p. 156; Manso, 1999, p. 338; Martin & Coe, 1994, pp. 179 e 180; Meléndez, 1995, p. 149; Mishchenko & Monogarov, 1995, p. 189; Paiva, 1995, pp. 157, 159, 160, 161, 103 e 160; Pereira, 1981, pp. 39 e 40; Pompeu, 2004, p. 82; Wilmore & Costill, 1998, pp. 109 e 211; Weber & Schneider, 2001, pp. 1056 e 1057; Weyand et al., 1999, p. 2060; Kachouri et al., 1996, p. 485 e Volkov, 2002, p. 52) sobre o tema em questão, elaborámos um protocolo que mais se ajustasse aos objectivos do estudo com as fundamentações que a seguir se descrimina. • Fundamentação do protocolo Os dados do estudo de Paiva (1995, pp. 157, 159, 160 e 161), apresentam as sessões-tipo de TI que os atletas portugueses habitualmente utilizam. Tentou-se, sempre que possível, aproximar os parâmetros da carga das sessões de treino em estudo às pausas, às intensidades, às quantidades e às distâncias mais utilizadas pela atleta em estudo e mais comummente utilizados pelos atletas portugueses. Deste modo, o protocolo utilizado para o presente estudo tentou reproduzir o mais fielmente as mesmas sessões de TI400m. À falta de um protocolo validado, utilizou-se o descrito em Protocolo para recolha dos dados do TI, na página 49, com as seguintes justificações abaixo descriminadas. Quanto ao intervalo: Para Pereira (1981, p. 39), as pausas entre as repetições do TI serão cada vez mais reduzidas consoante aumenta a experiência do atleta devendo ir desde 40 a 90 s. No entanto, este treinador utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os 60 s (Paiva, 1995, p. 103). Num estudo sobre se se verificava a homogeneidade de métodos de modo a poder-se ou não validar a existência de uma escola portuguesa de meio fundo e fundo, Paiva (1995, p. 160), recolheu dados respeitantes aos intervalos que habitualmente os treinadores portugueses de meio-fundo utilizam no TI, sobre a 46 distância de 400 metros, concluindo que cerca de 67% dos mesmos utilizavam 1 min como pausa entre as repetições. Estes dados indicavam que o intervalo a utilizar entre as repetições no neste estudo fosse de 1 min. No entanto, a atleta em estudo utiliza 1.10 min de intervalo nas suas sessões de TI400m. Assim, apesar dos dados apontados por Paiva (1995, p. 160), optámos pelo intervalo que a atleta habitualmente usa, ou seja, 1.10 min. Quanto à acção durante o intervalo: De acordo com Volkov (2002, p. 52), Åstrand (1996, p. 12), Andrivet et al. (1995, p. 67) e Wilmore & Costill (1998, p. 211), o ritmo de eliminação do lactato será acelerado se durante as pausas dos treinos intervalados se realizaram exercícios a 50% . da vV O2máx ou, segundo Fox et al. (1991, p. 37) e Chicharro & Muelas (1996, p. 147), . até 65% do VO2máx. Mas, além de grande parte dos autores referirem como benéfica a pausa activa durante o intervalo das repetições, também se verificou no estudo de Paiva (1995, p. 161) que cerca de 82% dos treinadores portugueses utiliza o trote lento durante a pausa das repetições. Por outro lado, a atleta também realiza habitualmente trote lento durante as pausas nas suas sessões de TI400m. . Pelos factos anteriormente citados, utilizámos o trote lento a cerca de 50% da vV O2máx durante as pausas do TI400m. Quanto à distância: Pode ler-se num estudo de Paiva (1995, p. 157), sobre a escola portuguesa de meio-fundo e fundo, que as distâncias que mais comummente são utilizadas pelos treinadores portugueses são os 200 e os 400 metros. Outra razão pela qual se opta pela distância de 400 metros é o facto da atleta estudada ser especialistas de 3.000 e 5.000 metros e utilizar, preferencialmente, os 400 metros como distância de treino em detrimento dos 200 metros. Quanto à intensidade: Este estudo foi realizado com sessões de treino a várias intensidades: baixa; média e alta. De acordo com a literatura consultada, só assim será possível solicitar, . mais preponderantemente, a capacidade aeróbia (até 70 a 90% do V O2máx, de acordo com Andrivet et al., 1995, p. 69; Wilmore & Costill, 1998, p. 109 e Mishchenko & . Monogarov, 1995, p. 189), ou a potência aeróbia (90 a 100% da vVO2máx, de acordo 47 com Andrivet et al., 1995, p. 69 e Martin & Coe, 1994, p. 179), ou a capacidade . anaeróbia (superior a 100% e até 130% da vVO2máx, de acordo com Garcia-Verdugo & Leibar, 1997, p. 156; Weber & Schneider, 2001, p. 1056 e Martin & Coe, 1994, p. 180). No entanto, tendo em conta que as repetições serão intercaladas com intervalos, as mesmas foram realizadas a intensidades superiores à intensidade de solicitação das referidas sub-capacidades da resistência. Conhecendo a intensidade que a atleta habitualmente utiliza, e tendo em conta o número de repetições proposto, calculou-se a velocidade a que se realizaram as repetições de cada sessão de treino tendo por base a . . . vVO2máx, ou seja, 101% da vVO2máx (79 s), 104.5% da vVO2máx (76.4 s) e 108% da . vV O2máx (74 s). Quanto ao número de repetições: Segundo Pereira (1981, p. 40) e Paiva (1995, p. 161), o número de repetições a utilizar nas sessões de TI deve ser sempre dependente da intensidade. Assim, quando a intensidade aumenta a quantidade deve reduzir. Tomámos este princípio como norma, recorremos à experiência prática e às quantidades utilizadas em treinos pela atleta deste estudo de modo a ajuizar das quantidades mais ajustadas tendo em conta a intensidade utilizada. Por estes factos, escolhemos realizar 11X400 metros (79.0 s), 8X400 metros (76.4 s) e 5X400 metros (74.0 s). Tendo em conta a intensidade antecipadamente escolhida, ajustaram-se as repetições de modo que diminuíssem de quantidade inversamente à intensidade. Quanto ao controlo do ritmo nas sessões de treino: Quanto mais próximo dos ritmos previamente estabelecidos se realizarem as sessões de treino menor será o erro inerente à experimentação possibilitando que os dados tenham mais garantia. Assim, tentou-se utilizar objectos e instrumentos para marcar a pista e o tempo como referência de ritmo. Deste modo, colocaram-se cones de 50 em 50 metros na pista e utilizou-se um relógio com contagem regressiva para que a atleta pudesse aferir se o andamento se efectuava dentro do previsto. Este procedimento é idêntico ao utilizado por Kachouri et al. (1996, p. 485), em que usou marcas de 50 em 50 metros para marcar o ritmo de um teste com duração de 2 minutos. 48 Quanto ao intervalo entre as sessões: Segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 147), depois de um esforço de 2 horas . realizado a 70% da vVO2máx, com uma adequada ingestão de hidratos de carbono, bastam 24 horas para poder recuperar as reservas de glicogénio hepático. Por outro lado, para Manso (1999, p. 338), a re-síntesse do glicogénio muscular e hepático podem demorar entre 12 a 48 horas. Meléndez (1995, p. 149), defende que, após uma sessão intensa de TI, um intervalo de 48 horas com realização de trabalho moderado pode ser suficiente para permitir uma boa recuperação. Também Weyand et al. (1999, p. 2060), Weber & Schneider (2001, p. 1057) e Pompeu (2004, p. 82), propõem que os testes devem ter um intervalo mínimo de 48 horas de modo a repor as reservas de glicogénio e possíveis efeitos da desidratação. Assim, optou-se por utilizar 48 horas de intervalo entre as várias sessões de TI no sentido de existir uma completa recuperação da atleta de modo que a sessão anterior não fosse afectar a seguinte. Quanto ao local: Segundo Denadai (1999, p. 15), baseando-se no princípio da especificidade, as avaliações, principalmente em indivíduos altamente treinados, deverão ser realizadas, se possível, em testes de terreno que mais se aproximem do movimento utilizado pelo indivíduo durante os treinos ou competições. Por este facto, optou-se por realizar a recolha de dados referentes ao estudo no local habitual de treino, ou seja, na pista de 400 metros de tartan. Quanto ao aquecimento: Para a realização das sessões de treinos a atleta realizou um aquecimento considerado apropriado para o esforço a realizar, já que é similar ao que costuma realizar para sessões de treino intervalado realizadas a estas intensidades, de acordo com instruções do seu treinador. O aquecimento teve a duração de cerca de 35 min, foi composto por cerca de 15 a 20 min de corrida contínua lenta, de cerca de 10 min mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de 100 a 80 metros, realizadas a alta velocidade. • Protocolo para recolha dos dados do TI Pelas justificações anteriormente apresentadas, pareceu-nos lógico escolher-se o seguinte protocolo: realização em momentos diferentes, com intervalo mínimo de 48 49 . horas, de sessões de 11X400 metros a 101% da vVO2máx (79 s), 8X400 metros a . . 104.5% da vVO2máx (76.4 s) e 5X400 metros a 108% da vVO2máx (74 s). As pausas entre as repetições foram de 1.10 min, sendo estas realizadas em trote lento a cerca de . 50 a 60% da vV O2máx. A atleta realizou um aquecimento de cerca de 30 min sendo . composto por 20 min de corrida contínua a cerca de 50% da vVO2máx, cerca de 10 min de exercícios de mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 5 acelerações a cerca de . 150% da vVO2máx e foi ajudada exteriormente, durante a realização das sessões de treino, na manutenção do ritmo de corrida pretendido. Esta ajuda foi realizada através de um relógio Timex Ironman com contagem regressiva, tomando por referência os pinos colocados na pista de 50 em 50 metros. Deste modo, a atleta era avisada com um sinal sonoro, do próprio relógio, para identificar se o ritmo era o mais adequado para que a velocidade final de cada esforço fosse o mais próximo possível do tempo previsto em cada repetição de sessão de treino. 3.5.3. Informações prestadas ao sujeito O sujeito testado, que participou no estudo de livre vontade dando para tal o seu consentimento, foi, antecipadamente, elucidado do objectivo do estudo e do modo como o mesmo iria decorrer. O sujeito também foi informado sobre a salvaguarda dos dados individuais resultante dos testes realizados. 3.5.4 Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos Foram vários os procedimentos estatísticos envolvidos para tratamento dos dados obtidos nos dois testes e nas três sessões de treino, e que se referem seguidamente. 3.5.4.1. Análise estatística Para tratamento dos dados foram utilizadas as seguintes técnicas estatísticas: coeficiente de determinação; regressão linear; média e desvio padrão. Sempre que utilizados, os resultados são apresentados como média ± desvio padrão (média ± SD). 50 3.5.4.2. Tratamento das médias dos parâmetros ventilatórios Alguns autores têm proposto diferentes médias para a filtragem dos dados referente às recolhas do TSubMáx. No entanto, optou-se pela média mais utilizada por vários autores (Robergs & Burnett, 2003, p. 55; Dupont et al., 2003, p. 107; Vuorimaa et al., 2000, p. 97 e Blondel et al., 2001, p.28) e também aquela que nos pareceu mais lógica, ou seja, a filtragem dos dados em parcelas de 15 s. Para a filtragem dos dados do TSupMáx Heubert et al. (2003, p. 221) e Reis (comunicação pessoal) defendem a utilização de médias de 5 s. Deste modo, usámos a filtragem defendida por estes autores. Para tratamento dos dados das sessões do TI, optou-se pela média de 10s. Tendo em conta que se tinha optado por uma média de 15 s para dados obtidos a velocidades . inferiores, ou idênticas à vV O2máx, e 5 s para os dados referentes à velocidade de 111% . . da vVO2máx (o valor previsto era 115% vVO2máx, veja-se secção 4.2. Dados relativos ao teste supra-máximo, página 59), pareceu-nos lógico utilizar a média de 10 s para . filtrar os dados obtidos a velocidades superiores à vV O2máx e inferiores a 111% da . vV O2máx (caso das recolhas referentes às três sessões de TI). 3.5.4.3. Tratamento dos dados referente ao teste sub-máximo Após a filtragem dos dados com médias de 15 s, como propõem Robergs & Burnett (2003, p. 55), Dupont et al. (2003, p. 107), Vuorimaa et al. (2000, p. 97) e . Blondel et al. (2001, p.28). Os mesmos foram utilizados para quantificar o VO2máx e a . vV O2máx a partir dos dados do TSubMáx e foi seguido o procedimento descrito e utilizado por Blondel et al. (2001, p. 28), Reis et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996, . p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299). De acordo com estes autores, o valor do V O2máx . deve ser a média do VO2 do atleta no último minuto do patamar em que o mesmo não conseguiu continuar por ter alcançado a exaustão. Também foi utilizado o mesmo . . procedimento (média do V O2 do último minuto) para quantificar os valores de V O2 referentes a cada patamar. . . Para quantificar a velocidade associada ao V O2máx. (vV O2máx) seguimos os procedimentos utilizados por Almarwaey et al. (2003, p. 482) e Reis (1997, p. 64). . Segundo estes autores, a vVO2máx deve ser obtida através da recta de regressão entre o . VO2 e a velocidade de corrida. Para tal considerou-se o valor de repouso e apenas os patamares que o atleta tenha completado e não o patamar que a atleta não conseguiu 51 . continuar por exaustão. Assim, devem ser introduzidos os valores de VO2 em repouso e . a velocidade associada (zero), assim como os valores do VO2 de cada patamar válido e as velocidades dos mesmos. Segundo Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel et al. (2000, p. 56), Scott et al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et al. (2003, p. 44), Reis et al. (2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le Rossignol (2004, p. 42), os valores de repouso devem ser introduzidos para tornar a equação da recta mais robusta. Como proposto por Reybrouck et al. (2003, p. 43), foi . utilizada a média para o valor de V O2 de repouso dos primeiros três minutos dos quatro que antecederam o teste. Na realidade, a introdução do valor de repouso tornou o modelo mais linear através do aumento do R2 da recta de regressão (R2 = 0.992 para R2 = 0.993). Os valores da recta foram quantificados a partir do gráfico executado no . programa informático Excel em que os valores referentes ao VO2 de cada patamar são apresentados em y e os das velocidades dos mesmos apresentados em x. Utilizando os . valores da equação podemos achar o valor referente à vVO2máx. Como propõe Reis . . (1997, p. 64), foram realizadas as seguintes operações: vV O2 = (V O2máx –VCEqR) / . . O2EqR, em que VO2máx é o valor do VO2 em ml/kg/min alcançado pelo atleta no TSubMáx, VCEqR é o valor referente ao segundo membro da fórmula apresentada na equação do gráfico da regressão da recta (no presente caso y = 13.221x+2.6536) e . O2EqR referente ao primeiro membro da mesma equação. O valor da vVO2máx foi expresso em m/s. Para obtermos o tempo para as várias distâncias resolvemos a seguinte operação: Desc / m/s, em que Desc é a distância escolhida. Para quantificar a velocidade de cada patamar foi dividida a distância pelo tempo em segundos. O resultado foi expresso em m/s, minutos/km e km/h. 3.5.4.4. Tratamento dos dados referentes ao teste supra-máximo . . . Para quantificar a velocidade de 111% da vV O2máx (111%vV O2máx), a vVO2máx foi multiplicada por 1.11. O resultado foi expresso em m/s. Para quantificar . VO2 médio consumido durante o teste foi achada a média de todo o teste, de acordo com Reis (comunicação pessoal). Os dados foram filtrados em espaços temporais de 5 s como anteriormente descrito na secção 3.5.4.2. (Tratamento das médias dos parâmetros ventilatórios) na página 51. 52 Segundo Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279), o DefO2Ac é a estimativa da energia total exigida pelo exercício através do cálculo do . . VO2 predito, requerido para a intensidade e subtraindo desse valor o VO2 medido no TSupMáx. Para quantificar o DefO2Ac foi utilizado o procedimento descrito e utilizado por Reis (1997, p. 105) e Medbø et al. (1988, p. 51). Assim, de acordo com o método proposto pelos autores, para se obter os valores finais do DefO2Ac quantificou-se o consumo energético do TSupMáx (CeTSupMáx) (em equivalentes de oxigénio) e o . volume de oxigénio acumulado (VO2Ac) para o TSupMáx. Para obter o valor de . CeTSupMáx resolveu-se a seguinte equação: CeTSupMáx = O2EqR x 111%vV O2 + VCEqR. Recorde-se que O2EqR e VCEqR são valores que estão presentes na equação obtida a partir da recta da regressão resultante dos dados do TSubMáx. Para obter o . . valor de VO2Ac durante o TSupMáx (VO2AcTSupMáx) resolveu-se a seguinte equação: . . VO2AcTSupMáx = . MVO2TSupMáx x DurTSupMáx, em que MV O2TSupMáx é a média de oxigénio consumido durante o TSupMáx e DurTSupMáx é a duração do TsupMáx (minutos em valor decimais em que 117 segundos é igual a 1.95 minutos). O último passo para calcular-se o DefO2Ac foi a resolução da seguinte equação: DefO2Ac = CeTSupMáx – VO2AcTSupMáx. A representação gráfica deste processo é apresentada na Figura 3. 90 80 Velocida de pre dita pa ra 111% da vVO2m áx Energia predita para 111% da vVO2máx O2 (ml/kg/min) 70 60 Energia a 100% do VO2má x 50 40 30 20 Velocida de do VO2má x 10 0 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 Velocidade (m/s) Figura 3. Representação gráfica do resultado do cálculo entre a energia solicitada (predição) e a energia produzida no teste do DefO2Ac. Neste gráfico pode observar-se a linearidade da evolução do consumo de oxigénio num teste sub-máximo (linha diagonal), com a inclusão do valor do consumo de oxigénio e da velocidade em repouso, assim como a predição da velocidade (linha vertical da direita) e do consumo de . oxigénio (linha horizontal superior) no teste supra-máximo realizado a 111% da vV O2máx. 53 O cálculo da percentagem da solicitação energética durante a prova foi realizado a partir da equação utilizada por Reis (1997, p. 105). Assim, para quantificar a percentagem de EnAer durante o TSupMáx (%AerTSupMáx) resolve-se a seguinte . equação: %AerTSupMáx = VO2Ac/CeTSupMáx. Para quantificar a percentagem da EnAna do TSupMáx (%AnaTSupMáx) resolveu-se a seguinte equação: %AnaTSupMáx = DefO2Ac/CeTSupMáx. . O valor da percentegem da vVO2máx a que o teste foi realizado, obtida através . da relação directa entre vV O2máx e vTSupMáx, da seguinte forma: vTSupMáx x . . 100/vVO2máx em que vTSupMáx foi a velocidade alcançada no TSupMáx e vVO2máx . a velocidade associada ao VO2máx. Também se utilizou esta relação para quantificar a . percentagem do V O2máx da média de oxigénio consumido durante o TSupMáx. 3.5.4.5. Tratamento dos dados referentes às três sessões de treino intervalado O procedimento estatístico para quantificar a percentagem de energia solicitada nas repetições do TI foi idêntico ao procedimento para quantificar a energia solicitada no TSupMáx, seguindo os mesmos passos metodológicos descritos por Reis (1997, p. 64) e Medbø et al. (1988, p. 51). Nas sessões de TI foram quantificadas as médias dos tempos das repetições (em segundos), da velocidade média das mesmas (em metros por segundo) e a média do . VO2 consumido em cada repetição e em cada pausa. Como se frisou no tratamento estatístico, os dados foram filtrados com médias de 10 s, ou seja, apesar dos dados serem recolhidos breath by breath, posteriormente os mesmos foram agrupados em médias de blocos (intervalos) de 10 s. No entanto, tendo em conta que nem todos os tempos das repetições ou das pausas coincidiam com os somatórios dos blocos das . médias de cada 10 s, a média do VO2 foi quantificada da seguinte forma: quando o tempo da repetição não coincidia com o somatório das médias dos blocos da filtragem dos dados e o desvio, para mais, ultrapassava os 2.5 s até 7.4 s do bloco de 10 s, foi . utilizada a metade do valor do V O2 dessa parcela de 10 s, enquanto que o restante valor . do V O2 foi adicionado à próxima leitura (da pausa quando se tratasse de quantificar o valor da repetição e vice-versa); quando o tempo da repetição tinha um desvio não superior a 2.5 s, a mais ou a menos em relação ao tempo do somatório dos blocos das . médias de 10 s, foi utilizada a média do valor do somatório do VO2 de todos os blocos 54 incluindo o valor do bloco de 10 s mais próximo do tempo da repetição ou da pausa. Se, por exemplo, o tempo da repetição ficava dentro do intervalo entre 72.6 s e 77.4 s (2.5 s, a mais ou a menos, que o somatório dos blocos de 10 s), era incluído apenas metade do . valor do VO2. Por outro lado, se, por exemplo, o tempo da repetição ficava dentro do intervalo entre 67.5 s e 72.5 s (até 2.5 s a mais ou a menos que o somatório dos blocos . de 10 s) era quantificado por inteiro o valor do VO2 do somatório dos blocos. Na Figura 4 mostra-se o exemplo do caso em que o tempo das repetições coincide com a média de 10 s e na Figura 5 mostra-se o exemplo do caso em que o tempo das repetições não coincide com a média dos 10 s. 0 10 20 60 70 80 Tempo da repetição ou pausa entre 72”6 e 77”4 Somatórios dos bl ocos d e 10 s Figura 4. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições não coincide com a média de 10 s da filtragem dos dados. Pode observar-se que quando o tempo da repetição não coincide com o somatório das médias dos blocos da filtragem dos dados e o desvio, para mais, ultrapassou de 2.5 s a 7.4 s. do bloco de 10 s (zona cinzenta), foi adicionado ao último bloco de 10 s apenas a metade do valor do V O2 dessa . parcela de 10 s (zona escura) para assim poder achar a média do V O2 da repetição (ou da pausa). 0 10 20 60 70 80 Tempo da repetição ou pausa entre 67”5 e 72”5 Somatórios dos blocos d e 10 s Figura 5. Exemplo gráfico do caso em que o tempo das repetições “coincidiu” com a média de 10 s da filtragem dos dados. Pode observar-se que quando existia um desvio do somatório das médias dos 10 s, não superior a 2.5 s, para mais ou para menos. (zona cinzenta), em relação ao tempo da repetição, foi incluindo o bloco de 10 s mais utilizada a média do valor do somatório do V O2 de todos os blocos . próximo do tempo da repetição para assim poder achar a média do V O2 da repetição (ou da pausa). . Para quantificar a percentagem de solicitação de VO2 durante as repetições e durante as pausas do TI foi utilizada a regra de três simples multiplicando a média do consumo das repetições ou das pausas por 100 e dividindo por 68.92 ml/kg/min (100% . do VO2). Quanto à quantificação da EnAna das repetições do TI o procedimento foi idêntico ao descrito para a quantificação da percentagem da EnAna do TSupMáx. . Assim, sabendo a percentagem da vV O2máx a que as repetições foram realizadas, e utilizando a equação da regressão da recta (VCEqR e O2EqR) obtida a partir do 55 . TSubMáx, podemos saber qual a solicitação do VO2 predito para as repetições de TI e, consequentemente, o DefO2Ac. O cálculo da percentagem da solicitação energética durante a prova foi realizado a partir da equação proposta por Reis (1997, pp. 64, 105). Assim, para quantificar a percentagem de EnAer durante as repetições do TI (%AerTI) . resolveu-se a seguinte equação: %AerTI = VO2Ac/CeTI. Para quantificar a percentagem da EnAna do TI (%AnaTI) resolveu-se a seguinte equação: %AnaTI = DefO2Ac/CeTI 4. Apresentação dos resultados . 4.1. Dados do teste sub-máximo e da velocidade associada ao VO2máx O protocolo utilizado para a recolha dos dados deste teste consistiu na realização de 5 a 6 patamares de corrida durante 5 a 6 min conforme descritos no capítulo dos protocolos escolhidos para a realização do estudo. No decorrer do teste foi realizada a medição directa dos parâmetros ventilatórios. Durante a realização do teste a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 32 ºC, a humidade relativa era de 55% e o vento era nulo. O teste teve a duração 41.32 min. Os resultados obtidos estão descritos no Quadro 11 e a Figura 6 mostra uma representação gráfica da evolução do teste. Quadro 11. Dados relativos à evolução do teste sub-máximo. Pode observar-se o tempo, a distância percorrida, a velocidade e o incremento por cada patamar. 1º Tempo (mm:ss) 6’17” Distância (m) 1100 Velocidade (m/s) 2.9 Incremento (m/s) --- Incremento (%) --- 2º 5’59” 1200 3.3 0.4 14.6 3º 5’12” 1200 3.8 0.5 15.1 4º 6’08” 1600 4.3 0.5 13.0 5º 4’46” 1400 4.9 0.5 12.6 Patamares 56 80 70 VO2 (ml/kg/min) 60 50 40 30 20 10 0 00:00:15 00:12:45 00:25:15 00:37:45 T empo (min:seg) Figura 6. Representação gráfica relativa à captação de oxigénio durante o teste sub-máximo. Nesta figura pode observar-se as oscilações do consumo de oxigénio em cada patamar assim como nas pausas. A linha contínua diagonal representa a tendência da evolução do consumo de oxigénio por cada patamar do teste. . O Quadro 12 apresenta os valores de VO2 e da velocidade de cada patamar . obtidos durante a realização do TSubMáx. Os valores do V O2 apresentado são o . resultado da média do último minuto de cada patamar. O VO2máx do teste foi de 68.92 ml/kg/min e a média dos incrementos da velocidade entre cada patamar foi de 13.8%. Quadro 12. Dados referentes ao consumo de oxigénio e à velocidade alcançada em cada patamar do teste sub-máximo. . VO2 (ml/kg/min) Velocidade (m/s) Repouso 4.00 0 1º 39.65 2.9 2º 44.08 3.3 3º 54.67 3.8 4º 60.71 4.3 5º 68.92 4.9 Patamares . A correlação entre o VO2 e a velocidade de corrida do TSupMáx está representada na Figura 7 pela recta da regressão e pela respectiva equação (y = 13.221x + 2.6536), assim como pelo coeficiente de determinação (R2) cujo valor foi de 0.993. 57 80 y = 13.221x + 2.6536 R2 = 0.9931 70 VO2 (ml/kg/min) 60 50 40 30 20 10 0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 Velocidade de corrida (m/s) Figura 7. Representação gráfica da evolução do teste sub-máximo de 5 patamares. Neste gráfico pode observar-se a linearidade da evolução do consumo de oxigénio no teste sub-máximo (linha contínua diagonal), com a inclusão do valor do consumo de oxigénio e da velocidade de repouso. Pode observar-se também o valor do coeficiente de determinação (0.9931) e a equação (y = 13.221x + 2.6536) referente à inclinação da recta. . Os valores tratados dos resultados obtidos para o VO2máx e para a velocidade associada ao mesmo são mostrados nos Quadros 13, 14 e 15. Quadro 13. Valores máximos do consumo de oxigénio, do quociente respiratório (R) e da frequência cardíaca alcançados no último minuto do teste sub-máximo. . VO2máx . FcVO2máx (puls/min) 173 R (ml/kg/min) 68.92 0.96 . Quadro 14. Valores da velocidade corrida associada ao V O2máx, em metros por segundo, em minutos por quilómetro, em quilómetro por hora e por cada 400 metros. . vVO2máx (m/s) 5.01 . vVO2máx (min/km) 3.19 . vVO2máx (km/h) 18.036 58 . vVO2máx (s/400 m) 79.84 Quadro 15. Valores mínimos e máximos do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca observados no último minuto do teste sub-máximo. . VO2 Mín e Máx* (ml/kg/min) 68.27 - 70.21 . Diferença do V O2 entre Mín e Máx* (ml/kg/min) 1.94 FcPico (puls/min) 179 * valores relativos ao último minuto do último patamar do teste. 4.2. Dados relativos ao teste supra-máximo O protocolo utilizado para a recolha de dados deste teste consistiu na realização de uma corrida em pista a velocidade supra-máxima. Durante o teste foi realizada a recolha e medição directa dos parâmetros ventilatórios, do tempo de realização do teste e da distância. Apesar da velocidade prevista, a atleta, durante o teste, só conseguiu . alcançar 111% da vV O2máx. A duração do teste foi de 1.57 min e a distância percorrida foi de 650 metros. No Quadro 16 apresentam-se os valores resultantes da realização do TSupMáx. No momento da realização do teste a temperatura ambiente foi de 31 ºC, a humidade relativa de 55% e o vento era nulo. Quadro 16. Dados referentes à distância, duração e velocidade do teste supra-máximo. Distância (m) 650 Duração (mm:ss) 1.57 Velocidade . (%V O2máx) 111 . A Figura 8 mostra a representação gráfica da evolução do V O2 e do DefO2 durante a realização do TSupMáx. 59 100 90 80 Défice de O2 70 VO2 (%) 60 50 Consumo de O2 40 30 20 10 0 00:00 00:15 00:30 00:45 01:00 01:15 01:30 01:45 02:00 T empo (mm:ss) Figura 8. Representação gráfica do consumo de oxigénio (zona mais clara) e o respectivo défice (zona mais escura) durante o teste supra-máximo. Observa-se que a atleta, durante o teste, nunca alcançou o consumo máximo de oxigénio tendo atingido, até aos 30 s de teste, um grande défice de oxigénio. O Quadro 17 apresenta os valores médios e máximos, do consumo de oxigénio, obtidos após o tratamento dos dados, conforme descrito na secção 3.5.4.4. (Tratamento dos dados referentes ao teste supra-máximo) na página 52. Quadro 17. Valores médios e máximos referentes ao consumo de oxigénio e à percentagem do mesmo obtido a partir do teste supra-máximo. Média do teste Valor máximo VO2 (ml/kg/min) 49.63 59.15 VO2máx (%) 72.01 85.82 . . Quanto aos dados referentes ao DefO2Ac e à energia relativa (aeróbia e anaeróbia) solicitada no TSupMáx, os resultados são apresentados no Quadro 18. Os dados referentes ao DefO2Ac são apresentados em mililitros equivalentes de oxigénio por quilo (ml eqO2/kg) já que é uma medida indirecta (veja-se secções 2.3.2. Défice de oxigénio acumulado e 2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética através do DefO2Ac, nas páginas 16 e 25, respectivamente). 60 Quadro 18. Défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac) e contribuição relativa da energia aeróbia e anaeróbia durante a realização do teste supra-máximo. EnAer (%) 65 EnAna (%) 35 DefO2Ac (ml eqO2/kg) 51.73 Quadro 19. Percentagem (cumulativa) de solicitação energética, aeróbia e anaeróbia, no decorrer do teste supra-máximo. Tempo (s) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 117 EnAer (%) 24.42 31.72 41.44 48.78 53.74 56.91 58.98 60.53 61.80 63.09 64.13 65.17 EnAna (%) 75.58 68.28 58.56 51.22 46.26 43.09 41.02 39.47 38.20 36.91 35.87 34.83 A solicitação de energia anaeróbia relativa durante o TSupMáx teve uma contribuição de 50% a cerca dos 40 a 50 s de esforço, enquanto que no final do teste (117 s) esta contribuição era de 35%. Inversamente, a solicitação da energia aeróbia relativa durante o TSupMáx teve uma contribuição, até cerca dos 40 a 50 s de esforço, de 50% alcançando no final do teste 65%. A Figura 9 ilustra a progressão operada durante a realização do TSupMáx. 80% Solicitação energética (%) 70% 60% 50% EnAer EnAna 40% 30% 20% 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 117 T empo (s) Figura 9. Representação gráfica da percentagem de solicitação de energia relativa durante o teste supramáximo. No gráfico pode observar-se a evolução da solicitação da energia aeróbia (z) e energia anaeróbia (■) durante o teste supra-máximo. Verifica-se que existe, a cerca de 40 a 50 s do início do teste, uma contribuição de 50% de energia aeróbia e 50% de energia anaeróbia. 61 4.3. Dados das sessões de treino intervalado Os dados referentes às três sessões de TI400m são apresentados em separado, por sessão, e também em conjunto de forma a comparar os resultados das três sessões. 4.3.1. Sessão de 11X400 metros Durante a sessão de TI de 11X400 metros foi realizada a medição directa dos parâmetros ventilatórios e registo dos tempos de cada esforço e pausa. No momento da realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 30ºC, a humidade relativa era de 55% e o vento era nulo. O protocolo utilizado para a recolha de dados desta sessão de treino consistia na realização de uma série de 11 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade . de 101% da vV O2máx, que correspondia a 79 s cada repetição, com uma pausa prevista entre cada repetição de 70 s. A atleta cumpriu o tempo previsto para a realização das repetições mas não cumpriu o tempo de pausa realizando a média de 70.9 s. O tempo total de treino, no conjunto das repetições e pausas, foi de 26.18 min. Os valores, referentes à carga externa da sessão de treino de 11X400 metros, são apresentados no Quadro 20. Quadro 20. Dados referentes à carga externa do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da . V v O2máx. Treino previsto Treino realizado Tempo de treino Tempo das repetições (s) 79.0 79.0 ± 1.1 869 Tempo das pausas (s) 70.0 70.9 ± 1.3 709 --- --- 26.18 Tempo total de treino (min) O Quadro 21 mostra os valores referentes à carga interna da sessão de treino de . 11X400 metros. A percentagem de solicitação do V O2 na sessão de TI de 11X400 metros foi de cerca de 82% nas repetições e de 66% nas pausas, sendo a média na sessão de cerca de 74%. A percentagem da solicitação de EnAer, nesta sessão de treino, foi de cerca de 81% e 19% EnAna. 62 Quadro 21. Dados referentes à carga interna do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da . vV O2máx. Repetições Pausa Média da sessão 56.6 ± 3.5 45.3 ± 1.5 51.2 ± 6.4 82.2 ± 5.1 65.8 ± 2.2 74.4 ± 9.3 Intervalo (Min-Máx) do V O2máx (%) 68.6 – 85.7 62.8 – 68.5 --- EnAer (%) 81.4 ± 5.2 --- --- EnAna (%) 18.6 ± 5.2 --- --- O2 (ml/kg/min) . VO2máx (%) . As Figuras 10 e 11 mostram as representações gráficas referentes aos valores apresentados no Quadro 21. 100 90 80 % do VO2 máx 70 60 50 Repet P aus a Média 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Repetições Figura 10. Percentagem do consumo máximo . de oxigénio solicitado na sessão de treino intervalado de 11X400 metros percorridos a 101% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média). 63 100% 90% 80% 70% Energia 60% EnAna (%) 50% EnAer (%) 40% 30% 20% 10% 0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Repetições Figura 11. Solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia. (EnAer), durante as repetições da sessão de treino intervalado de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx. 4.3.2. Sessão de 7X400 metros Durante a sessão de TI de 7X400 metros foi realizada a recolha e medição directa dos parâmetros ventilatórios e dos tempos de cada esforço e pausa. No momento da realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 28 ºC, a humidade relativa era de 55% e o vento era nulo. O protocolo utilizado para a recolha dos dados desta sessão de treino previa a realização de uma série de 8 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade . de 104.5% da vVO2máx com uma pausa entre cada repetição de 70 s. A atleta apresentava-se bastante exausta e realizou 7 repetições. O tempo médio das repetições foi de 76.4 s e nas pausas a média foi de 72.4 s. O tempo total de treino, no conjunto das repetições e pausas, foi de 16.09 min. Os valores referentes à carga externa, obtidos nesta sessão de treino de 7X400 metros, apresentamse no Quadro 22. 64 Quadro 22. Dados . respeitantes à carga externa da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da vV O2máx. Treino previsto Treino realizado Tempo de treino Tempo das repetições (s) 76.4 76.4 ± 0.8 535 Tempo das pausas (s) 70.0 72.4 ± 4.0 434 --- --- 16.09 Tempo total de treino (min) . O Quadro 23 mostra as percentagens de solicitação do V O2 na sessão de TI de 7X400 metros, que foi de cerca de 84% nas repetições e de 68% nas pausas e a média na sessão que foi de cerca de 77%. A percentagem da solicitação de EnAer e EnAna nesta sessão de treino foi de cerca de 80% e 20%, respectivamente. Quadro 23. Dados referentes à carga interna da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a . 104.5% da vV O2máx. Repetições Pausa Média da sessão 57.8 ± 3.0 47.1 ± 3.3 52.8 ± 6.3 83.8 ± 4.3 68.3 ± 4.7 76.7 ± 9.1 Intervalo (Min-Máx) do VO2máx (%) 75.3 – 88.7 62.5 – 74.7 --- EnAer (%) 80.4 ± 4.0 --- --- EnAna (%) 19.6 ± 4.0 --- --- O2 (ml/kg/min) . VO2máx (%) . As Figuras 12 e 13 mostram as representações gráficas referentes aos valores anteriormente apresentados no Quadro 23. 65 100 90 80 % do VO2 m áx 70 60 50 R e pe t 40 P a us a 30 M é dia 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 Repetições Figura 12. Percentagem do consumo máximo . de oxigénio solicitada na sessão de treino intervalado de 7X400 metros percorridos a 104.5% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média). 100% 90% 80% Energia 70% 60% 50% EnAna (%) 40% EnAer (%) 30% 20% 10% 0% 1 2 3 4 5 6 7 Repetições Figura 13. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer), observada durante as repetições da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da . vV O2máx. 4.3.3. Sessão de 5X400 metros Durante a sessão de treino de 5X400 metros foram realizadas a recolha e medição directa dos parâmetros ventilatórios e dos tempos de cada esforço e pausa. No 66 momento da realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 28ºC e a humidade relativa foi de 55% e o vento era nulo. O protocolo utilizado para a recolha dos dados deste treino previa a realização de uma série de 5 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade de 108% da . vVO2máx o que corresponde a 74 s de velocidade de corrida em cada repetição, com pausas previstas de 70 s. No entanto, a atleta realizou a velocidade média de corrida de 74.2 s nas repetições e de 76.9 s nas pausas. O tempo realizado nas repetições equivale . . assim a 107.6% da vVO2máx, ou seja, aproximadamente, 108% da vVO2máx, como será futuramente referenciado neste trabalho. O tempo total de treino, no conjunto das repetições e pausas, foi de 11.19 min. Os valores referentes à carga externa desta sessão de treino são apresentados no Quadro 24. Quadro 24. Dados respeitantes à carga externa referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros . realizada a 108% da vV O2máx. Treino previsto Treino realizado Tempo de treino Tempo das repetições (s) 73.9 74.2 ± 0.5 371 Tempo das pausas (s) 70.0 76.9 ± 5.4 308 --- --- 11.19 Tempo total de treino (min) . No Quadro 25 são apresentadas as percentagens de solicitação do V O2 na sessão de TI de 5X400 metros, que foi de cerca de 85% nas repetições e de 70% nas pausas e a média na sessão que foi de cerca de 78%. A percentagem da solicitação de EnAer e EnAna nesta sessão de treino foi de cerca de 79% e 21%, respectivamente. Quadro 25. Dados respeitantes à carga interna referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros . V realizada a 108% da v O2máx. Repetições Pausa Média da sessão 58.3 ± 4.8 48.3 ± 1.7 53.8 ± 6.3 84.5 ± 6.9 70.1 ± 2.5 78.1 ± 9.2 Intervalo (Min-Máx) do V O2máx (%) 72.5 – 89.5 66.6 – 72.7 --- EnAer (%) 78.8 ± 6.7 --- --- EnAna (%) 21.2 ± 6.7 --- --- O2 (ml/kg/min) . VO2máx (%) . As Figuras 14 e 15 mostram as representações gráficas referentes aos valores anteriormente apresentados no Quadro 25. 67 100 90 80 % do VO2 máx 70 60 50 R e pe t 40 P a us a 30 M é dia 20 10 0 1 2 3 Repetições 4 5 Figura 14. Percentagem do consumo máximo . de oxigénio solicitada na sessão de treino intervalado de 5X400 metros percorridos a 108% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média). 100% 90% 80% Energia 70% 60% 50% EnAn (%) 40% EnAer (%) 30% 20% 10% 0% 1 2 3 4 5 Repetições Figura 15. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer), observada durante as repetições da sessão de treino intervalado de 5X400 metros realizada a 108% da . vV O2máx. 4.3.4. Comparação dos resultados obtidos nas três sessões de treino intervalado Os dados (ajustados à unidade), referentes às três sessões de TI400m, são apresentados nos Quadros 26 e 27. No arredondamento dos dados exceptua-se o caso da 68 . velocidade da sessão de TI de 7X400 metros (104.5% da vVO2máx), uma vez que o último digito é exactamente metade da unidade e também, deste modo, mantinha-se a . . mesma diferença da sessão de 101% da vVO2máx para 104.5% da vVO2máx e desta . . para 108% da vV O2máx, ou seja, 3.5% da vV O2máx. No Quadro 26 podem observar-se os valores dos parâmetros referentes à carga externa das três sessões de treino. No que se refere ao tempo das repetições, verifica-se que, em média, existe uma diferença de 3 s da sessão de 11X400 metros para a sessão de 7X400 metros e de 2 s desta última para a sessão de 5X400 metros. Da sessão mais lenta para a mais rápida observou-se uma diferença de 5 s. No que respeita às pausas entre as repetições, verificou-se que quando mais rápidas foram as sessões de TI maiores foram as pausas. Em relação à velocidade de realização das três sessões de . treino verificou-se que existe uma diferença de 3.5 % da vVO2máx entre cada uma, o que perfaz uma diferença de 7% entre a sessão de treino mais lenta e a mais rápida. No tempo total da sessão de treino verificou-se que a sessão de treino de 11X400 metros demorou 26.18 min, a sessão de treino de 7X400 metros demorou menos 10.09 min que a primeira e a sessão de 5X400 metros demorou menos 4.50 min que esta última. Quadro 26. Dados finais referentes à carga externa quantificada nas três sessões de treino intervalado. Parâmetros da carga externa do treino 11X400 m 7X400 m 5X400 m Diferença* 79 ± 1.1 76 ± 0.8 74 ± 0.5 5 Tempo das pausas (s) 71 ± 1.3 . 101 ± 1.4 vVO2máx nas repetições (%) Total do tempo das pausas na sessão 11.49 (min) Total do tempo das repetições na 14.29 sessão (min) Tempo total da sessão (min) 26.18 * entre a sessão mais lenta e a sessão mais rápida 72 ± 4.0 77 ± 5.4 6 104.5 ± 1.1 108 ± 0.7 7 7.14 5.08 6 8.55 6.11 8 16.09 11.19 15 Tempo das repetições p/400 m (s) Apresenta-se no Quadro 27 os valores dos parâmetros referentes à carga interna das três sessões de treino. Neste, pode observar-se que, na sessão de TI de 11X400 metros, a solicitação de consumo de oxigénio nas repetições foi de 82%, em relação ao máximo, na sessão de TI de 7X400 metros foi superior em 2% e na sessão de 5X400 metros foi superior em 1% em relação à última sessão citada. A diferença da percentagem do consumo máximo de oxigénio nas repetições, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), foi de 3%. A 69 percentagem de solicitação de consumo de oxigénio nas pausas foi de 66% na sessão de treino de 11X400 metros. A sessão de 7X400 metros teve um valor superior em 2%, relativamente ao primeiro, e a sessão de 5X400 metros teve um aumento em 2% em relação a este último. A diferença da percentagem do consumo máximo de oxigénio nas pausas, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), foi de 4%. Quanto à média da percentagem de solicitação de . oxigénio do conjunto das repetições e das pausas (V O2máx na sessão), o valor obtido para a sessão de treino de 11X400 metros foi de 74%. A sessão de 7X400 metros solicitou um valor de 3% superior a este e a sessão de 5X400 metros solicitou um valor de 1% superior a este último. A diferença da percentagem na média do consumo máximo de oxigénio das repetições e pausas, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), foi de 4%, isto é 74 vs 78%, respectivamente. Quanto à percentagem de solicitação energética nas repetições, também apresentada no Quadro 27, verificou-se que a diferença entre cada sessão na solicitação de EnAer foi de 1% inferior, respectivamente, entre a sessão de 11X400 metros e a sessão de 7X400 metros e entre esta e a sessão de 5X400 metros. A diferença dos valores obtidos para a percentagem de solicitação de EnAna foi igualmente de 1% entre os parâmetros comparados anteriormente. Daí que a diferença da solicitação de EnAer e EnAna nas repetições, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), tenha sido de 2%. Quadro 27. Resumo dos dados referentes à carga interna quantificada através dos parâmetros ventilatórios nas três sessões de treino intervalado. Parâmetros da carga interna do treino . VO2máx nas repetições (%) . VO2máx nas pausas (%) . VO2máx na sessão (%) 11X400 m 7X400 m 5X400 m Diferença* 82 ± 5.1 84 ± 4.3 85 ± 6.9 3 66 ± 2.2 68 ± 4.7 70 ± 2.5 4 74 ± 9.3 77 ± 9.1 78 ± 9.2 4 EnAer nas repetições (%) 81 ± 5.2 80 ± 4.0 79 ± 6.7 2 EnAna nas repetições (%) 19 ± 5.2 20 ± 4.0 21 ± 6.7 2 * entre a sessão mais lenta e a sessão mais rápida Na Figura 16 pode observar-se a comparação gráfica, referente à carga interna, verificada nas três sessões de treino, relativamente à percentagem média da solicitação 70 consumo de oxigénio nas repetições, nas pausas e à média de cada sessão (conjunto da repetição e da pausa). 100% 90% VO2 máx 70% 85% 84% 82% 80% 74% 66% 78% 77% 68% 70% 60% R e pe t 50% P a us a M é dia 40% 30% 20% 10% 0% 11X101%vVO2máx 7X104,5%vVO2máx 5X108%vVO2máx Sessões de treino . Figura 16. Representação gráfica referente à percentagem de solicitação do V O2máx das três sessões de treino intervalado, nas repetições (repet), nas pausas (pausa) e média da sessão (média). A Figura 17 é a representação gráfica da carga interna, verificada nas três sessões de treino, quanto à energia relativa, aeróbia e anaeróbia, observada durante as repetições. 100% 90% 19 % 20% 2 1% 8 1% 80% 79 % 11X10 1%vVO2 máx 7X10 4 ,5%vVO2 máx 5X10 8 %vVO2 máx 80% Energia 70% 60% 50% %EnAna (rep.) 40% %EnAer (rep.) 30% 20% 10% 0% Sessões de treino Figura 17. Representação gráfica referente à média da percentagem de solicitação da energia aeróbia (EnAer) e anaeróbia (EnAna) observada nas repetições durante as três sessões de treino intervalado. 71 5. Discussão dos resultados Para melhor clarificar a discussão dos dados, cada tema foi discutido em separado. Seguem-se, assim, as três secções de discussão relativas ao TSubMáx, TSupMáx e às sessões de TI400m. 5.1. Teste sub-máximo Tal como descrevem vários autores (Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel et al. (2000, p. 56), Scott et al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et al. (2003, p. 44), Reis et al. (2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le . Rossignol (2004, p. 42), para aumento da robustez do modelo da correlação do VO2 e velocidade pode integrar-se nos dados o valor de repouso. Apesar do valor padrão de repouso ser de 3.5 ml/kg/min, os valores encontrados na literatura sobre estudos similares oscilam entre 5.0 e 6.0 ml/kg/min (Medbø et al., 1988, p. 59; Scott et al., 1991, p. 619; Blondel et al. 2001, p. 22; Koppo & Bouckaert, 2002, p. 264 e Reybrouck . et al., 2003, p. 44). O valor de VO2 em repouso de 4 ml/kg/min, encontrado na atleta antes do teste, não se enquadra nos valores referidos pelos autores consultados que utilizaram o valor real de repouso. No entanto, pode considerar-se este valor aceitável já que existem autores, segundo Billat & Koralsztein (1996, p. 98), que defendem a utilização de um valor padrão de 3.5 ml/kg/min. Os critérios mais utilizados pelos diversos autores (Chicharro & Muelas, 1996, p. 131; Billat et al., 2003a, p. 299; Blondel et al., 2001, p. 28) para se considerar que se . alcançou o V O2máx (excluindo o critério da lactatémia, já que não se enquadra no nosso estudo) são os seguintes: alcançar-se um valor de R igual ou superior a 1.0; alcançar-se . 90% da frequência cardíaca predita para a idade; verificar-se uma estabilização no VO2 (oscilação no último minuto não superior a 2.1 ml/kg/min) e alcançar um nível de exaustão evidente. A atleta em estudo alcançou no último minuto do TSubMáx um valor de R = 0.96, a frequência cardíaca (FC) média de 173 (88% da FC máxima predita), com um valor máximo de 179 (91% da FC máxima predita), uma oscilação do . VO2 no último minuto de 1.94 ml/kg/min e uma evidente exaustão. Podemos, assim, considerar que a atleta em estudo apenas não cumpriu um dos quatro critérios apontados pela literatura, ou seja, um valor do quociente respiratório inferior a 1 (R = 0.96). Considerou-se, no entanto, o teste válido já que, segundo dados de Billat et al. (2003a, 72 p. 300) e Reis (1997, p. 62), são frequentes os exemplos de atletas que não conseguem alcançar todos os critérios descritos na literatura para se considerar que se alcançou o . VO2máx. . A realização do TSubMáx permitiu demonstrar a linearidade entre o VO2 e a intensidade. Os valores do coeficiente de determinação (R2) encontrados na literatura (Sleivert, 2000b, p. 9; Aisbett & Le Rossignol, 2003, p. 346; Craig & Morgan, 1998, p. 33; Buck & McNaughton, 1999, p. 32; Medbø et al., 1988, p. 50; Tabata et al., 1996, p. 1328; Reis et al., 2004, p. 79; Green & Dawson, 1996, p. 318; Russel et al., 2002, p. 26 e Russel et al., 2000, p. 57) oscilam entre 0.988 e 0.998. O R2 da regressão da recta resultante do TSubMáx da atleta em estudo foi de 0.993, o que está de acordo com os dados referidos e demonstra a exactidão da progressão na realização do teste. . No que concerne aos dados do V O2máx podemos encontrar na literatura (Nevill et al., 2003, p. 491; Ballesteros, 1990, p. 86; Péronnet et al., 2001, p. 203 ; Billat et al., 2003a, p. 299 ; Noakes, 1991, p. 42; Billat et al., 1996, p. 1050; Almarwaey et al., 2003, p. 481) valores em atletas femininas de fundo desde 56.9 ml/kg/min, para atletas de 5.13 min aos 1.500 metros, até 77.3 ml/kg/min para atletas internacionais de meio-fundo. Recorrendo aos valores de atletas femininas de 3000 metros, encontrámos valores de . 67.9 ml/kg/min (9.35 min) e 63.2 ml/kg/min (9.36 min). O V O2máx encontrado na atleta em estudo foi de 68.92 ml/kg/min. Tendo em conta o recorde pessoal da atleta . (9.46 min aos 3.000m), o valor de VO2máx encontrado no teste parece-nos um pouco elevado atendendo à literatura citada. 5.2. Teste supra-máximo Os dados encontrados na literatura em testes supra-máximos apontam para valores de DefO2Ac de 40.1 ml eqO2/kg para atletas femininas (63.2 ml/kg/min de . VO2máx, 9.36 min aos 3.000m e 4.28 min aos 1.500m, Billat et al., 1996, p. 1052) e 44 . ml eqO2/kg para corredoras de 400 e 1.500m (52.1 ml/kg/min de V O2máx, Hill & Rowell, 1996, p.384). No entanto, Scott et al. (1991, p. 620) encontraram valores em . atletas masculinos de fundo de 56.9 ml eqO2/kg (70.9 ml/kg/min de VO2máx). No teste realizado pela atleta em estudo, o valor de DefO2Ac foi de 51.73 o que excede os valores anteriormente referidos para as atletas femininas. No entanto, se confrontarmos . com a última referência relativa a atletas masculinos, tanto o VO2máx dos sujeitos como o valor do DefO2Ac são coincidentes com os valores da atleta em estudo. 73 A capacidade anaeróbia é solicitada em esforços identificados com intensidades . superiores à velocidade associada ao VO2máx. Estes esforços, segundo Mishchenko & Monogarov (1995, p. 36), são identificados com os 800 e 1.500 metros ou 2 a 4 min de esforço máximo. De acordo com Gastin (2001, p. 736) e Åstrand & Rodahl (1980, p. 535), estas distâncias podem ter solicitações de EnAna próximas de 27 a 35% para os 1.500 metros e 37 a 50% para os 800 metros. A atleta em estudo alcançou, durante a realização do TSupMáx, em cerca de 2 min de esforço, a percentagem de solicitação de EnAer e EnAna de 65 e 35%, respectivamente. Estes resultados estão de acordo com os de alguns autores para atletas meio-fundistas: 63 e 37% para EnAer e EnAna, respectivamente, (Gastin, 2001, p. 736, e Scott et al., 1991, p. 621); 65 e 35% para EnAer e EnAna, respectivamente, (Medbø & Tabata, 1989, p. 1881, e Bickham & Le Rossignol, 2004, p. 44). Segundo Medbø et al. (1988, p. 50), o DefO2Ac representa a capacidade anaeróbia da atleta. 5.3. Sessões de treino intervalado 5.3.1. Solicitação energética Vuorimaa et al. (2000, pp. 98, 99) quantificaram, em atletas de meio-fundo, os esforços das repetições de uma sessão de TI de 14X60 s com intervalos de 60 s, . realizadas a 100% da intensidade da vVO2máx. Quando o estudo incidia apenas na quantificação ao nível energético do esforço durante as repetições, os resultados, quantificados através do método do DefO2Ac, foram de 70.2% de solicitação da EnAer e de 29.8% da EnAna. Volkov (2002, p. 25) qualifica o treino intervalado realizado em 60 s de esforço, com 60 s de pausa como sendo susceptível de solicitar 75% da energia aeróbia e 25% da energia anaeróbia. Durante as repetições das três sessões de TI400m realizadas pela atleta em estudo observou-se uma solicitação de cerca de 81 a 79% de EnAer e de cerca de 19 a 21% de EnAna. Estes dados são ligeiramente inferiores aos encontrados por Vuorimaa et al. (2000, pp. 98, 99) e aos indicados por Volkov (2002, p. 25). Apesar de existir uma diferença de 7% de intensidade entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida, observa-se que apenas existem 2% de diferença na solicitação energética entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida (79 a 81% - EnAer e 19 a 21% - EnAna). Verifica-se, deste modo, que a solicitação 74 energética, durante as sessões de TI400m, não evolui proporcionalmente com a intensidade das sessões de treino. Talvez as diferenças encontradas entre os resultados dos autores consultados e do presente estudo (70 a 75% vs 79 a 81% de EnAer e 30 a 25% vs 19 a 21% de EnAna), e também as pequenas oscilações na solicitação energética entre cada sessão, estejam relacionadas com uma fraca capacidade anaeróbia da atleta em estudo. 5.3.2. Solicitação do consumo de oxigénio . Apesar da atleta correr entre 101 e 108% da vV O2máx nas três sessões de . TI400m, a percentagem de solicitação do VO2máx nas três sessões da atleta em estudo foi de 82 a 85% nas repetições e de 66 a 70% nas pausas, com médias das sessões de treino de 74 a 78%. De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 97), Volkov (2002, p. 36) e Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 58), só ao fim de 2 a 4 min é que se alcança o equilíbrio entre necessidade e consumo de oxigénio. Deste modo, o facto de nas . repetições não se alcançarem valores máximos de V O2 pode ter a ver com a circunstância da duração da repetição não ser suficiente para ultrapassar completamente a inércia do sistema aeróbio apontada por estes autores. Esta inércia pôde ser verificada no TSubMáx em que só a partir do segundo e terceiro minuto de esforço do último . patamar a atleta em estudo alcançou valores próximos do V O2, mesmo após ter realizado quatro patamares de esforço. No que se refere às pausas, apesar da atleta realizar apenas um trote ligeiro durante as mesmas, o consumo de oxigénio permaneceu . elevado (66 a 70% do VO2max). De acordo com Wilmore & Costill (1998, pp. 107, 108), Córdova & Navas (2000, p. 69), Fox et al. (1991, p. 216) e Robergs & Roberts (2002, p.126), esta ocorrência é motivada pelo facto de durante os esforços os depósitos de ATP, PC e oximioglobina serem esgotados e repostos aerobiamente após os mesmos, . fazendo, deste modo, com que o V O2 permaneça ligeiramente elevado mesmo durante as pausas. Num estudo realizado por Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, p. 123), durante uma sessão de TI400m percorridos em 70 s, com intervalos de 60 s, foram . alcançados cerca de 80% do V O2máx durante as fases de esforço e 60% nas pausas. No . entanto, o autor não especifica qual a percentagem da vVO2máx em que o treino foi realizado nem a acção durante os intervalos. Vuorimaa et al. (2000, p. 98, 99) . quantificou, em atletas de meio-fundo, o V O2 durante as repetições e as pausas de uma 75 . sessão de TI de 14X60 s com intervalo de 60 s, realizada à intensidade da vVO2máx. Os . . resultados da solicitação do VO2 das repetições alcançaram valores de 88% do VO2máx . e de 40% do V O2máx nas pausas (passivas). Em relação ao estudo de Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, p. 123), os dados encontrados no presente estudo não diferem muito nas repetições mas diferem nas pausas (80% vs 82 a 85% e 60% vs 66 a 70%, repetições e pausas, respectivamente). Quanto ao estudo de Vuorimaa et al. (2000, pp. 98, 99), verifica-se que os valores alcançados nas repetições são apenas ligeiramente diferentes dos deste estudo (88% vs 82 a 85%). Mas nas pausas a diferença foi elevada (40% vs 66 a 70%). No entanto, no estudo realizado por Vuorimaa et al. (2000, pp. 98, 99), as pausas foram realizadas em repouso passivo e não activo como neste estudo. Alguns autores (Åstrand, 1996, p. 12, e Wilmore & Costill, 1998, p. 211) defendem que . se durante a pausa se realizar um trote lento ao ritmo de 50% do VO2máx o lactato pode . ser mais facilmente oxidado (no entanto, este procedimento poderá aumentar o VO2 durante a pausa). Este facto permite iniciar a próxima repetição com menor quantidade . de lactato alcançando-se assim, na repetição, uma menor percentagem V O2. Deste . modo, eventualmente, o intervalo de percentagem de VO2max repetição-pausa é mais dilatado. Tendo em conta que a pausa do estudo citado era passiva (contrariamente a este estudo que era activa), supomos que seja este o motivo pelo qual os valores do intervalo repetição-pausa apresentados por este autor são mais díspares. Não se encontraram estudos de TI400m (ou similares) que quantificassem a . média da percentagem do VO2máx das repetições e das pausas. No entanto, os dados . encontrados neste estudo, sobre a percentagem de solicitação do V O2máx em sessões de TI400m (74 a 78%), não confirmam os dados de Navarro (1998, pp. 107, 113, 114) e de . Volkov (2002, p. 25) que afirmam ser possível solicitar 100% do VO2máx em sessões de TI400m. Apesar de existir uma diferença de 7% na intensidade entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida, observa-se que existe apenas 3 a 4% de diferença na . solicitação do VO2 entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida (82 a 85% - repetições; 66 a 70% - pausas; 74 a 78% - média das sessões). Verifica-se, que a . solicitação do V O2, durante as sessões de TI400m, não evolui proporcionalmente com a intensidade das sessões de treino. 76 5.3.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI400m De acordo com Manso et al. (1996, p. 333), tendo em conta a distância, a intensidade e as pausas utilizadas, podemos classificar as sessões de treino neste estudo como fazendo parte do treino intervalado extensivo curto. De seguida analisaremos quais as capacidades ou potências dos sistemas energéticos que são mais preponderantemente solicitadas nas três sessões de treino intervalado utilizadas neste estudo. 5.3.3.1. Solicitação da capacidade aeróbia no TI400m Os autores consultados classificam os esforços ao nível do LAna como esforços identificados com a capacidade aeróbia (Bosquet et al., 2002, p. 692; Sleivert, 2000a, p. 16; Billat et al., 1998, p. 40; James & Doust, 1999, p. 238; Paavolainen et al., 1999, p. 1530; Billat et al., 2000, p. 190; Billat et al., 2003b, p. 11; Hill & Rowell, 1996, p. 384). Estes autores defendem que os esforços ao nível do LAna apresentam uma alta . percentagem de solicitação do V O2máx, em atletas altamente treinados, que oscilam em média entre 70 e 85%. Assim, verifica-se que as solicitações ao nível das percentagens . do VO2máx nas sessões de TI400m são similares às solicitações dos esforços . identificados com o LAna já que nas três sessões de treino os valores do V O2máx solicitado foram de 74% (66 e 82%), 76% (68 e 84%) e 78% (70 e 85%, pausas e repetições, respectivamente), relativas às sessões de treino de 11X400 metros, 7X400 metros e 5X400 metros, respectivamente. Assim, os resultados deste estudo (74 a 78% . . do V O2máx) encontram-se dentro do intervalo (70 a 85% do V O2máx) apontado pela literatura como esforços ao nível do limiar anaeróbio (identificado também na literatura como indicador do nível de capacidade aeróbia). Os resultados do presente estudo parecem sugerir que as sessões de TI400m, com pausas de 1.10 min, solicitam a zona de esforço identificada com o LAna. Deste modo, podemos sugerir que as sessões de TI400m, com 1.10 min solicitaram, principalmente, a capacidade aeróbia. 5.3.3.2. Solicitação da potência aeróbia no TI400m . Apesar da atleta correr entre 101 e 108 % da vVO2máx, em nenhuma das . sessões alcançou os 100% do VO2máx (média por sessão de 74% (66 e 82%%), 76% 77 (68 e 84%) e 78% (70 e 85%, para pausas e repetições, respectivamente)), sendo de 78% a média alcançada mais elevada. Pensamos que a duração das repetições de 400 . metros (79 a 74 s) não possibilitou que o VO2 da atleta (82 a 85%) alcançassem valores . máximos, apesar das velocidades serem superiores à vVO2máx. Isto acontece pelo facto da inércia do sistema não possibilitar tal ocorrência, uma vez que, segundo dados de Hill & Rowell (1997, p. 113) encontrados em atletas femininas, e de acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 97), Volkov (2002, p. 36) e Garcia-Verdugo & Leibar . (1997, p. 58), o V O2máx só se alcança a cerca dos 2 a 4 min de esforço. Por outro lado, . a pausa do presente estudo, relativamente longa (70 s), permitia que o VO2 decrescesse . bastante no intervalo das repetições (de 82 a 85% para 66 a 70% do VO2máx) o que . também não permitia recomeçar uma nova repetição a um nível elevado de V O2. Se o . VO2 não deduzisse tanto durante as pausas poderia possibilitar assim vencer mais facilmente a inércia do sistema aeróbio. Esta nossa convicção vai de acordo com as conclusões de Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, pp. 123, 125), num estudo realizado sobre um TI400m, percorridos em 70 s com intervalos de 60 s, demonstrou que a solicitação em oxigénio alcançava 80% nas repetições e 60% nas pausas e que, . quando a pausa era reduzida para 20 s, o VO2 nas repetições subia para valores máximos . (95 a 100%), enquanto que nas pausas também se elevava a percentagem do V O2 (de 60 para 70%). Volkov (2002, p. 82) também afirma que o prolongamento da pausa conduz a um notável decréscimo de consumo de oxigénio, tanto nas repetições como nas pausas. Andrivet et al. (1995, p. 69) e Martin & Coe (1994, p. 179) frisam a necessidade . da solicitação de 90 a 100% do VO2máx para estimular a potência aeróbia. Logo, tendo em conta que a atleta em estudo apenas solicitou em média, durante as três sessões de . TI400m, 74 a 78% do VO2máx, poderemos sugerir que nestas sessões de treino a atleta não solicitou, preponderantemente, a zona de esforço identificada com a potência aeróbia. Navarro (1998, pp. 107, 113, 114) e Volkov (2002, p. 25) qualificam o TI400m como sendo possível de solicitar a potência aeróbia. No entanto, os dados provenientes do presente estudo não confirmam a suposição destes autores. 78 5.3.3.3. Solicitação da capacidade anaeróbia no TI400m . Na sessão de TI de 11 a 5X400 metros (101 a 108%vVO2máx) a percentagem do . VO2máx é idêntica à percentagem solicitada ao nível do LAna mas fica aquém dos esforços identificados com a potência aeróbia. No entanto, em cada repetição produziuse um pequeno défice de oxigénio o que motivou com que as três sessões alcançassem uma contribuição de EnAna de cerca de 19 a 21%. A atleta em estudo alcançou no TSupMáx 35% de solicitação de energia anaeróbia. No entanto, como já se frisou, as percentagens de solicitação de EnAna durante as três sessões de TI400m foram claramente inferiores (19 a 21% vs 35%). De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155), a capacidade anaeróbia é mais solicitada a partir de 110 até 120% da . vV O2máx, o que não aconteceu nas sessões de treino deste estudo que alcançaram um . valor máximo de 108% da vVO2máx. Portanto, com base no anteriormente exposto, podemos sugerir que as sessões de . TI400m realizadas até 108% da vVO2máx, com 1.10 min de intervalo, não solicitam, preponderantemente, a capacidade anaeróbia. Este resultado difere da opinião de Martin & Coe (1994, p. 180) em que defendem que o treino da capacidade anaeróbia se efectua . . entre 100 e 130% da vV O2máx. Julgamos sim que, além dos 100% da vV O2máx, se solicite cada vez mais a capacidade anaeróbia. Mas, no entanto, haverá um intervalo de intensidade, além da . vVO2máx, em que a solicitação continua a ser, preponderantemente, ao nível da potência aeróbia. Neste aspecto, julgamos que a afirmação de Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155), já anteriormente citada, que . defende 110 a 120% da vVO2máx para a solicitação da capacidade anaeróbia, é mais consistente. 6. Conclusões e recomendações 6.1.Conclusões Em conclusão, podemos afirmar que os resultados de todas as sessões de treino . apontam para uma baixa solicitação da percentagem do V O2máx e, consequentemente, . de uma baixa contribuição da EnAna. Os valores mais elevados de solicitação do VO2 . foram observados na sessão de treino 5X400 metros, realizada a 108% da vVO2máx, . com uma clara exaustão da atleta, em que se alcançou uma média de 78% V O2máx 79 . (70% do VO2máx nas pausas e 85% nas repetições) e uma contribuição da EnAna 21% nas repetições. Concluído este estudo, foi possível responder às questões anteriormente formuladas: Q1 – Nos dados das três sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e . 108% da vVO2máx com pausas de 1.10 min, não existem diferenças relevantes na percentagem de solicitação de energia aeróbia e anaeróbia; Q2 – Nos dados das três sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e . 108% da vV O2máx com pausas de 1.10 min, não existem diferenças relevantes na . percentagem de solicitação do VO2máx; Q3 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e . 108% da vVO2máx com pausas de 1.10 min, parecem evidenciar que solicitam, preponderantemente, a capacidade aeróbia; Q4 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da . vV O2máx com pausas de 1.10 min, parecem não solicitar, preponderantemente, a potência aeróbia; Q5 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da . vVO2máx com pausas de 1.10 min, parecem não solicitar, preponderantemente, a capacidade anaeróbia. 6.1. Recomendações Tal como a grande parte, se não todos os estudos de investigação científica, também este oferece limitações que são de realçar e recomendações que se pretende registar para perspectivas de estudos futuros. A generalização dos resultados obtidos é uma limitação deste estudo por se tratar de um estudo de caso. No entanto, os resultados obtidos abrem perspectivas para estudos futuros em que se utilize uma metodologia semelhante, alargando a amostra para, pelo menos, cinco atletas. Propõem-se também, para futuros trabalhos, a utilização de outras pausas, como 60 s, 50 s e 40 s e outras distâncias, como os 300 e os 200 metros. Os estudos futuros seriam enriquecidos com a quantificação da percentagem do . limiar anaeróbio (LAna), em relação ao VO2máx, como forma de aferir a relação directa que os esforços produzidos nestas sessões de TI400m têm com LAna dos atletas estudados. 80 O facto de existirem poucas diferenças, tanto na solicitação energética (aeróbia e . anaeróbia) como na solicitação da percentagem do VO2máx em sessões de treino a 101, . 104.5 e 108% da vVO2máx com 1.10 min de pausa, não significa que não existam diferenças ao nível das solicitações enzimáticas, hormonais, substratos energéticos utilizados, etc. Ou seja, a não existência de diferenças significativas nas solicitações atrás referidas, não invalida que não existem diferenças significativas nos efeitos de treino nestas sessões. Assim, para melhor aferir das possíveis diferenças entre as várias intensidades, propomos que em futuros estudos sejam realizados longitudinalmente e quantificados os parâmetros sanguíneos relacionados com a concentração de lactato, com a actividade de enzimas chave do metabolismo aeróbio e anaeróbio e com a concentração de determinadas hormonas e enzimas relacionadas com o stress oxidativo. 81 7. Referências bibliográficas Abrantes, João (2002). O treino da resistência, in Suplemento n. 246, Mundo da Corrida, Revista Atletismo, pp. 24 – 25. Aisbett, B. & Le Rossignol, P. (2003). Estimating the total energy demand for supramaximal exercise using the VO2-power regression from an incremental test. Journal of Science and Medicine in Sport, Vol. 6, No. 3, pp. 343 - 347. Almarwaey, O.A.; Jones, A.M.; Tolfrey, K. (2003). Physiological Correlates with Endurance Running Performance in Trained Adolescents. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 35, No. 3, pp. 480 - 487. Andrivet, R.; Chignon, J.; Leclercq, J. (1995). Fisiologia do desporto. Porto: Rés Editora. Arena, R.; Humphrey, R.; Peberdy, M.; Madigan, M. (2003). Comparison of oxygen uptake on-kinetic calculations during sub-maximal exercise. J. Exercise Physiology-online. Vol. 6, No. 2, pp. 1-7. Åstrand, P. O. & Rodahl, Kaare (1980). Tratado de fisiologia do exercício. Rio de Janeiro, Interamericana (2ª Edição). Åstrand, P. O. (1996). Deportes de resistencia, In Shephard, R. J. & Åstrand, P. O., La resistencia en el deporte. Barcelona, Editorial Paidotribo. Backx, K.; Mc Naughton, L.; Crickmore, L.; Palmer, G.; Carlisle, A. (2000). Effects of Differing heat and humidity on the performance and recovery from multiple high intensity, intermittent exercise bouts. Int J Sports Med. 21, pp. 400–405 Ballesteros, J. M. (1990). Carreras de medio fondo e fondo, In Bravo, J., Atletismo (I) Carreras y marcha. Espanha, Comité Olimpico Espanhol. Bearden, S. E. & Moffatt, R. J. (2000). VO2 kinetics and the O2 deficit in heavy exercise. J. Appl Physiology 88, pp. 1407–1412. Bernard, O.; Ouattara, S.; Maddio, F.; Jimenez, C.; Charpenet, A.; Melin, B.; Bittel, J. (2000). Determination of the velocity associated with VO2max. Med Sci Sports Exerc. Vol. 32 No. 2. pp. 464-70 Bickham, D.C. & Le Rossignol, P.F. (2004). Effects of high-intensity interval training on the accumulated oxygen deficit of endurance-trained runners. Journal of Exercise Physiology-online. Vol. 7, No. 1, pp. 40 - 47. 82 Billat, V. & Koralsztein, J.P. (1996). Significance of the velocity at VO2max and time exhaustion at this velocity. Sport Medicine, Vol. 22, No. 2, pp. 90 – 108. Billat, V.; Beillot, J.; Jan, J.; Rochcongar, P.; Carre, F. (1996). Gender effect on the relationship of time limit at 100% VO2max with other bioenergetic characteristics. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 28, No. 8, pp. 1049-1055. Billat, V.; Binsse, V. ; Petit, B. ; Koralsztein, J.P. (1998). High level runners are able to maintain a VO2 steady-state below VO2max in an all-out run over their critical velocity. Arch. Physiology and Biochemistry, Vol. 106, No. 1, pp. 38–45. Billat, V.; Blondel, N.; Berthoin, S. (1999a). Determination of the velocity associated with the longest time to exhaustion at maximal oxygen uptake. Eur J. Appl Physiology, No. 80, pp. 159–161. Billat, V.; Demarle, A.; Paiva, M.; Koralsztein, J. (2002). Effect of Training on the Physiological Factors of Performance in Elite Marathon Runners (Males and Females). Int. J. Sports. Med., No 23, pp. 336 – 341. Billat, V.; Koralsztein, J.; Morton, R. (1999b). Time in human endurance models from empirical models to physiological models. Sports Med., Vol. 27, No. 6, pp. 359 379. Billat, V.; Lepretre, P.M.; Heubert, R.P.; Koralsztein, J.P. ; Gazeau, F.P. (2003b). Influence of acute moderate hypoxia on time to exhaustion at vVO2max in unacclimatized runners. Int. J. Sports Med., No. 24, pp. 9-14. Billat, V.; Lepretre, P.M.; Heugas, A.M.; Laurence, M.H.; Salim, D.; Koralsztein, J.P. (2003a). Training and bioenergetic characteristics in elite male and female Kenyan runners. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 35, No. 2, pp. 297-304. Billat, V.; Slawinksi, J.; Bocquet, V.; Chassaing, P.; Demarle, A.; Koralsztein, P. (2001). Very Short (15s – 15s) interval-training around the critical velocity allows middle-aged runners to maintain VO2máx for 14 minutes. Int. J. Sports Med., No. 22, pp. 201 – 208. Billat, V.L.; Slawinski, J.; Bocquet, V.; Demarle, A.; Lafitte, L.; Chassaing, P.; Koralsztein, J.P. (2000). Intermittent runs at the velocity associated with maximal oxygen uptake enables subjects to remain at maximal oxygen uptake for a longer time than intense but sub-maximal runs. Eur. J. Appl Physiology, Vol. 81, No. 3, pp. 188 - 196. 83 Billat, Véronique (2002). Les fractionés selon Véronique Billat, disponível em : http://www.ultrafondus.com/21_ENTR/2001-05-Billat.php. Acedido em 10/11/2003. Blondel, N.; Berthoin, S.; Billat, V.; Lensel, G. (2001). Relationship between run times to exhaustion at 90, 100, 120, and 140% of vVO2max and velocity expressed relatively to critical velocity and maximal velocity. Int. J. Sports Med., Vol. 22, No. 1, pp. 27 - 33. Bompa, Tudor O. (1983). Theory and methodology of training. Dubuque, Iowa, Kendall/Hunt Pb. Co. Bosquet, L.; Léger, L.; Legros, P. (2002). Methods to determine aerobic endurance. Sports Med., Vol. 32, No. 11, pp. 675 - 700. Buck, D. & McNaughton, L.R. (1999). Changing the number of sub-maximal exercise bouts effects calculation of MAOD. Int. J. Sports Med., Vol. 20, No. 1, pp. 28-33. Carter H.; Jones A.M.; Barstow, T.J.; Burnley, M.; Williams, C.; Doust, J.H. (2000). Effect of endurance training on oxygen uptake kinetics during treadmill running. J. Appl Physiology, Vol. 89, No. 5, pp. 1744 - 1752. Chicharro, Lopez & Arce, Legido (1991). Umbral anaerobio, bases fisiológicas y aplicaciones. Madrid, Interamerica – McGraw –Hill Chicharro, Lopez & Muelas, Alejandro (1996). Fundamentos de fisiología del ejercicio. Madrid: Ediciones pedagógicas. Collins, M.H.; Pearsall, D.J.; Zavorsky, G.S.; Bateni, H.; Turcotte, R.A.; Montgomery, D.L. (2000). Acute effects of intense interval training on running mechanics. J. Sports Sci., Vol. 18, No. 2, pp. 83 - 90. Córdova, Alfredo & Navas, Francisco (2000). Fisiologia deportiva, Madrid, Editotial Gymnos. Craig, I.S. & Morgan, D.W. (1998). Relationship between 800-m running performance and accumulated oxygen deficit in middle-distance runners. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 30, No. 11, pp. 1631 - 1636. Demarle, A.P.; Slawinski, J.J.; Laffite, L.P.; Bocquet, V.G.; Koralsztein, J.P.; Billat, V.L. (2001). Decrease of O2 deficit is a potential factor in increased time to exhaustion after specific endurance training. J. Appl Physiology, No. 90, pp. 947 – 953. Denadai, Benedito (1999). Índices fisiológicos de avaliação aeróbia, conceitos e aplicações. Ribeirão Preto, Edição do Autor. 84 Doyon, K.H.; Perrey, S.; Abe, D.; Hughson, R.L. (2001). Field testing of VO2peak in cross-country skiers with portable breath-by-breath system. Can. J. Appl. Physiol., Vol. 26, No. 1, pp. 1 - 11. Duffield, R; Dawson, B.; Pinnington, H.C.; Wong, P. (2004). Accuracy and reliability of a Cosmed K4b2 portable gas analysis system. J. Sci. Med. Sport, Vol. 7, No. 1, pp. 11 - 22. Dupont, G.; Blondel, N.; Berthoin, S. (2003). Time spent at VO2max: a methodological issue. Sports Med. No. 24, pp. 291 - 297. Dupont, G.; Blondel, N.; Lensel, G.; Berthoin, S. (2002). Critical velocity and time spent at a high level of VO2max for short intermittent runs at supra-maximal velocities. Can. J. Appl Physiology, Vol. 27, No. 2, pp. 103 - 115. Finn, J.P.; Wood, R.J.; Marsden, J.F. (2003). Effect Of 30°C Heat on the anaerobic capacity of heat acclimatised athletes. Journal of Sports Science and Medicine, No. 2, pp. 158-162. Fox, Edward; Foss, Merle; Bowers, Richard (1991). Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan (4ª edição). Gacon, Georges (1995). L’endurance et ses faux synonymes !, Revue A.E.F.A., No. 137, pp. 30 - 38. Garcia-Verdugo, Mariano & Leibar, Xabier (1997). Entrenamiento de la resistencia de los corredores de médio fondo y fondo. Madrid, Gymnos editorial. Gardner, A.; Osborne, M.; D'Auria, S.; Jenkins, D. (2003). A comparison of two methods for the calculation of accumulated oxygen deficit. Sports Sci., Vol. 21, No. 3, pp. 155 - 62. Gastin, Paul B. (2001). Energy system interaction and relative contribution during maximal exercise. Sports Med., Vol. 31, No. 10, pp. 725 - 741. Green, Simon & Dawson, Brian (1996). Methodological effects on the VO2-power regression and the accumulated O2 deficit. Med. Sci. Sports Exer., Vol. 28, No. 3, pp. 392 - 397. Hanon, C.; Thomas, C.; Le Chevalier, J.M.; Gajer, B.; Vanderwalle, H. (2002). How does VO2 evolve during the 800m? New Studies in Athetics, No. 3/4, pp. 61 - 68. Heubert, R. ; Bocquet, V.; Koralsztein, J.; Billat, V. (2003). Effet de 4 semaines d'entrainement sur le temps limite à VO2max. Can. J. Appl. Physiology. Vol. 28, No. 5, pp. 717 – 736. 85 Heugas, A.M.; Nummela, A.; Billat, V. (2001). Effets d'un entrainement intermittent a vVO2max sur la capacité maximale anaerobie determinée par le M.A.R.T. Documento apresentado ao 9ème Congrès de l'ACAPS- Valence 2001. Hill, D.; Ferguson, C.; Ehler, K. (1998). An alternative method to determine accumulated oxygen deficit. Eur. J. Appl. Physiology, No. 79, pp. 114 - 117. Hill, David W. & Rowell, Amy L. (1996). Significance of time to exhaustion during exercise at the velocity associated with VO2max. Eur. J. Appl. Physiology, No. 72, 383 – 386. Hill, David W. & Rowell, Amy L. (1997). Responses to exercise at the velocity associated with VO2max. Med. Sci. Sports Exer., Vol. 29 No. 1, pp. 113 - 116. Hue, O.; Le Gallais, D.; Préfaut, C. (2000). Ventilatory threshold and maximal oxygen uptake in present triathletes. Can. J. Appl. Physiology, Vol. 25, No. 2, pp. 102 113. James, D. & Doust, J. (1999). Oxygen uptake during high-intensity running: response following a single bout of interval training. Eur. J. Appl. Physiology, No. 79, pp. 237 - 243. Kachouri, M.; Vandewalle, H.; Billat, V.; Huet, M.; Thomaidis, M.; Jousselin, E.; Monod, H. (1996). Critical velocity of continuous and intermittent running exercise. An example of the limits of the critical power concept. Eur. J. Appl. Physiol. Occup. Physiol., Vol. 73, No. 5, pp. 484 – 487. Koppo, K. & Bouckaert, J. (2002). The decrease in the VO2 slow component induced by prior exercise does not affect the time to exhaustion. Int. J. Sports Med. No. 23, pp. 262 – 267. Kuipers, H.; Rietjens, G.; Verstappen, F.; Schoenmakers, H.; Hofman, G. (2003). Effects of stage duration in incremental running tests on physiological variables. Int. J. Sports Med., No. 24, pp. 486 - 491. Manso, Juan (1999). Alto rendimiento, la adaptación y la excelencia deportiva. Madrid, Gymnos editorial. Manso, Juan; Navarro, Manuel; Caballero, José (1996). Bases teóricas del entrenamiento deportivo. Madrid, Gymnos editorial. Martin, David & Coe, Peter (1994). Entrenamiento para corredores de fondo y medio fondo. Barcelona, Editorial Paidotribo. 86 McArdle, W.; Katck, F. e Katch V. (1998). Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan (4ª edição). McLaughlin, J. E.; King, G. A.; Howley, E. T.; Basset, D.R.; Ainsworth, B.E. (2001). Validation of the COSMED K4 b2 portable metabolic system. Int. J. Sports Med. No. 22, pp. 280 – 284. Medbø, J.I. & Tabata, I. (1989). Relative importance of aerobic and anaerobic energy release during short-lasting exhausting bicycle exercise. J. Appl. Physiology, Vol. 67, No. 5, pp. 1881 - 1886. Medbø, J.I.; Mohn, A.C.; Tabata, I.; Bahr, R.; Vaage, O.; Sejersted, O.M. (1988). Anaerobic capacity determined by maximal accumulated O2 deficit. J. Appl. Physiology, Vol. 64, No. 1, pp. 50 - 60. Meléndez, Agustín (1995). Entrenamiento de la resisistencia aeróbica, principios y aplicaciones. Madrid, Alianza Deportes. Millet, G.; Jaouen, B.; Borrani, F.; Candu, R. (2002). Effects of concurrent endurance and strength training on running economy and VO2 kinetics. Med. Sci. Sport Exercise, Vol 34, No. 8, pp. 1351 - 1359. Millet, G.P.; Candau, R.; Fattori, P.; Bignet, F.; Varray, A. (2003). VO2 responses to different intermittent runs at velocity associated with VO2max. Can. J. Appl. Physiol. Vol. 28, No. 3, pp. 410 – 23. Mishchenko, Victor & Monogarov, Vladimir (1995). Fisiología del deportista. Barcelona, Editorial Paidotribo. Moore A, Murphy A. (2003). Development of an anaerobic capacity test for field sport athletes. J. Sci. Med. Sport, Vol. 6, No. 3, pp. 275 - 284. Naughton G.A.; Carlson, J.S.; Buttifant, D.C.; Selig, S.E.; Meldrum, K.; McKenna, M.J.; Snow, R.J. (1997). Accumulated oxygen deficit measurements during and after high-intensity exercise in trained male and female adolescents. Eur. J. Appl. Physiol. Occup. Physiol., Vol. 76, No. 6, pp. 525 - 531. Navarro, Fernando (1998). La resistencia. Madrid, Gymnos editorial. Nevill, A. M.; Brown, D.; Godfrey, R.; Johnson, P. J.; Romer, L.; Stewart, A. D.; Winter, E. M. (2003). Modeling maximum oxygen uptake of elite endurance athletes. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 35, No. 3, pp. 488 – 494. Noakes, Tim (1991). Lore of running. Champaign, Human kinetics. 87 Paavolainen, L.; Häkkinen, K.; Hämäläinen, I; Nummela, A.; Rusko, H. (1999). Explosive strength training improves 5-km running time by improving running economy and muscle power. J. Appl. Physiology, Vol. 86, No. 5, pp. 1527– 1533. Paiva, Mário (1995). Escola portuguesa de meio-fundo e fundo, mito ou realidade? Porto. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. Pereira, Moniz (1981). Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio-fundo. Lisboa, Sá da Costa Editora. Péronnet, F.; Thibault, G. ; Ledoux, M.; Brisson, G. (2001). Maratón. Barcelona, Inde Perrey, S; Candau, R.; Millet, G.Y. ; Borrani, F.; Rouillon, J.D. (2002). Decrease in oxygen uptake at the end of a high-intensity sub-maximal running in humans. Int. J. Sports Med., Vol. 23, No. 4, pp. 298 - 304. Pichon, A.; Jonville, S.; Denjean, A. (2002). Evaluation of the interchangeability of VO2Máx and oxygen uptake efficiency slope. Can. J. Appl. Physiology, Vol. 27, No. 6, pp. 589 - 601. Pinnington, H.C.; Wong, P.; Tay, J.; Green, D.; Dawson, B. (2001). The level of accuracy and agreement in measures of FEO2, FECO2 and VE between the Cosmed K4b2 portable, respiratory gas analysis system and a metabolic cart. J. Sci. Med. Sport. Vol. 4, No. 3, pp. 324 – 335. Platonov, Vladimir N. (1997). El entrenamiento deportivo, teoría y metodología. Barcelona, Editorial Paidotribo. Pompeu, Fernando (2004). Manual de cineantropometria. Rio de Janeiro, Sprint. Powers, S.K.; Dodd, S.; Garner, R. (1984). Precision of ventilatory and gas exchange alterations as a predictor of the anaerobic threshold. Eur. J. Appl. Physiol. Occup. Physiol.,Vo. 52, No. 2, pp. 173 -177. Ramsbottom, R.; Nevill, M.E.; Nevill, A.M.; Hazeldine, R. (1997). Accumulated oxygen deficit and shuttle run performance in physically active men and women. J. Sports Sci., Vol. 15, No. 2, pp. 207 - 14. Reis, V. M. (1997). Determinação do défice de oxigénio acumulado em corredores de 400 metros. Dissertação de mestrado, Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Motricidade Humana. 88 Reis, V. M.; Duarte, J. A.; Espírito-Santo, J.; Russell, A. P. (2004). Determination of accumulated oxygen deficit during a 400m Run. J. Exer. Physiology-online. Vol. 7, No. 2, pp. 77 - 83 . Reybrouck, T.; Defoor, J.; Bijnens, B.; Mertens, L.; Gewllig, M. (2003). Influence of work rate on the determinants of oxygen deficit during short-term sub-maximal exercise: implications for clinical research. Clin. Phys. Im., No. 23, pp. 42 – 49. Robergs, R. & Burnett, A. (2003). Methods used to process data from indirect calorimetry and their application to VO2max. J. Exerc. Physiology-online, Vol. 6 N. 2, 44 - 57. Robergs, Robert & Roberts, Scott (2002). Princípios fundamentais de fisiologia do exercício. São Paulo, Phorte Editora. Russell, A.; Le Rossignol, P.; Lo, Sing K. (2000). The precision of estimating the total energy demand: implications for the determination of the accumulated oxygen deficit. J. Exerc. Physiology-online, Vol. 3, No. 2, 55 - 63. Russell, A.P.; Rossignol, P.F.; Snow, R.J.; Lo, S.K. (2002). Improving the precision of the accumulated oxygen deficit using VO2-power regression points from below and above the lactate threshold. J. Exerc. Physiology-online, Vol. 5, No. 1, pp. 23 - 31. Santos, Paulo (1995). Controlo do treino em corredores de meio-fundo e fundo, avaliação da capacidade aeróbia com base no limiar láctica das 4 mm/l determinado em testes de terreno. Dissertação de mestrado, Porto, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. Scott, C.; Roby, F.; Lohman, T.; Bunt, J. (1991). The maximally accumulated oxygen deficit as an indicator of anaerobic capacity. Med. Sci. Sports Exer., Vol. 23, No. 5, pp. 618 - 624. Shephard, Roy (1996). Consumo máximo de oxígeno, In Shephard, R. J. & Åstrand, P. O., La resistencia en el deporte. Barcelona, Editorial Paidotribo. Sleivert, Gordon (2000a). Aerobic assessment, in Guidelines for Athlete Assessment in New Zealand Sport. Sports Science - New Zealand, Wellington. Disponível em: http://www.sportscience.org.nz/, acedido em 20/02/2004. Sleivert, Gordon (2000b). Anaerobic assessment, in Guidelines for Athlete Assessment in New Zealand Sport. Sports Science - New Zealand, Wellington. Disponível em: http://www.sportscience.org.nz/, acedido em 20/02/2004. 89 Sloniger, M.A.; Cureton, K.J.; Prior, B.M.; Evans, E.M. (1997). Anaerobic capacity and muscle activation during horizontal and uphill running. J. Appl. Physiology, Vol. 83, No. 1, pp. 262 – 269. Spencer, M. R. & Gastin, P. B. (2001). Energy system contribution during 200- to 1500-m running in highly trained athletes. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 33, No. 1, 2001, pp. 157–162. Tabata, I.; Irishawa, K.; Kuzaki, M.; Nishimura, K.; Ogita, F.; Miyachi, M. (1997). Metabolic profile of high-intensity intermittent exercises. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 29, No. 3, pp. 390 - 395. Tabata, I.; Nishimura, K.; Kouzaki, M.; Hirai, Y.; Ogita, F.; Miyachi, M.; Yamamoto, K. (1996). Effects of moderate-intensity endurance and high-intensity intermittent training on anaerobic capacity and VO2max. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 28, No. 10, pp. 1327 - 1330. Viru, Atko & Viru, Mehis (2003). Análisis y control del rendimiento deportivo. Barcelona, Editorial Paidotribo. Volkov, N. Ivanovich (2002). Teoria e prática do treinamento intervalado no esporte. São Paulo. Editora Multiesportes. Vuorimaa, T.; Vasankari, T.; Rusko. H. (2000). Comparison of physiological strain and muscular performance of athletes during two intermittent running exercises at the velocity associated with VO2max. Int. J. Sports Med., No. 21, pp. 96 - 101. Wasserman, K. (1986). The anaerobic threshold: definition, physiological significance and identification. Adv Cardiol. No. 35, pp. 1 – 23. Weber, C.L. & Schneider, D.A. (2001). Reliability of MAOD measured at 110% and120% of peak oxygen uptake for cycling. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 33, No. 6, pp. 1056 – 1059. Weber, C.L. & Schneider, D.A. (2002). Increases in maximal accumulated oxygen deficit after high-intensity interval training are not gender dependent. J. Appl. Physiology, Vol. 92, No. 5, pp. 1795 - 1801 Weyand, Peter; Lee, Cherie; Martinez-Ruiz, Ricardo; Bundle, Matthew; Bellizzi, Matthew; Wright, Seth. (1999). High-speed running performance is largely unaffected by hypoxic reductions in aerobic power. J. Appl. Physiology, Vol. 86, No. 6, pp. 2059 – 2064. 90 Wilmore, Jack & Costilll, David (1998). Fisiología del esfuerzo y del deporte. Barcelona, Editorial Paidotribo. Zavorsky, G.S.; Montgomery, D.L.; Pearsall, D.J. (1998). Effect of intense interval workouts on running economy using three recovery durations. Eur. J. Appl. Physiol. Occup Physiol. Vol. 77, No. 3, pp. 224 - 230. Zintl, Fritz (1991). Entrenamiento de la resistencia – fundamentos, métodos y dirección del entrenamiento. Barcelona, Martinez Roca. 91 8. Anexos • Dados do teste sub-máximo Listagem dos dados do teste sub-máximo. 5ºpatamar 1º patamar 2º patamar 3º patamar 4º patamar 5º patamar . mm:ss (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (%VO2máx) 00:00 11.84033 14.28515 9.007954 7.644312 13.07543 18.97 00:15 15.58912 19.90392 25.36159 19.40008 30.16579 43.77 00:30 24.30149 29.28037 34.27839 36.80161 47.81983 69.38 00:45 37.52486 41.25558 47.49512 54.3078 57.88643 83.99 01:00 41.73073 44.38631 51.84131 55.6543 61.62615 89.42 01:15 43.86646 49.78983 52.0181 58.75668 65.4191 94.92 01:30 41.25778 48.21478 51.82549 57.12525 66.79164 96.91 01:45 39.98707 49.52186 52.9031 57.80069 68.87808 99.94 02:00 38.93314 47.03323 54.45805 60.77815 66.29721 96.19 02:15 38.41578 46.14423 53.11968 64.21013 67.87323 98.48 02:30 35.19163 45.10972 52.94079 64.27177 67.18283 97.48 02:45 37.46708 44.10097 54.23306 66.56815 67.86023 98.46 03:00 37.23878 44.26567 51.6909 65.30057 68.93221 100.02 03:15 36.20955 42.49052 54.10135 64.26927 69.17534 100.37 03:30 39.19785 43.46003 51.03325 66.26215 68.09281 98.80 03:45 36.42501 43.399 53.29243 65.42991 68.96292 100.06 04:00 37.21083 42.95251 53.91134 65.74059 68.26677 99.05 04:15 37.4991 44.81379 54.27989 62.47717 68.75504 99.76 04:30 37.80224 44.09149 55.1743 61.52606 70.21278 101.88 04:45 38.84508 42.63491 53.53665 60.54887 68.4514 99.32 05:00 37.58532 44.57079 55.67012 62.64065 05:15 41.61844 43.23319 54.9334 60.7786 05:30 40.88858 44.63398 59.84261 05:45 39.68763 44.73601 61.86381 06:00 38.47875 43.70915 60.02376 06:15 39.47797 61.11889 92 Evolução do teste sub-máximo 80 70 VO2 (ml/kg/min) 60 1º pa t. 50 2º pa t. 40 3º pa t. 4º pa t. 30 5º pa t. 20 10 0 00:00 00:45 01:30 02:15 03:00 03:45 04:30 05:15 06:00 T empo por patamar (min:seg) Evolução do consumo de oxigénio nos vários patamares do teste sub-máximo. Evolução do VO2 no último patamar 100 90 Consumo de O2 (%) 80 70 60 50 VO2 40 30 20 10 0 0 0.30 1.00 1.30 2.00 2.30 3.00 3.30 4.00 4.30 5.00 T empo (min.seg) Evolução do consumo de oxigénio no último patamar do teste sub-máximo. 93 Relação VO2 - FC no decorrer do teste sub-máximo 80 R2 = 0.9964 VO2 (ml/kg/min) 70 60 50 40 30 20 10 0 50 70 90 110 130 150 170 190 Frequência cardíaca Relação do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca no teste sub-máximo. Relação VO2 - VCO2 no decorrer do teste sub-máximo 70 65 R2 = 0.9689 CO2 (ml/kg/min) 60 55 50 45 40 35 30 25 35 40 45 50 55 60 65 70 75 VO2 (ml/kg/min) Relação do consumo de oxigénio e da produção de dióxido de carbono no teste sub-máximo. 94 • Dados do teste supra-máximo mm:ss . Listagem referente .ao teste supra-máximo . VO2 VO2 VCO2 R (ml/kg/min) (%) (ml/kg/min) 00:00 15.97 23.17 16.00 1.00 00:05 11.37 16.50 10.68 0.94 00:10 28.46 41.30 29.91 1.05 00:15 29.92 43.42 37.20 1.24 00:20 35.08 50.91 37.82 1.08 00:25 46.34 67.24 44.48 0.96 00:30 53.73 77.97 47.84 0.89 00:35 57.27 83.09 51.73 0.90 00:40 56.19 81.53 55.65 0.99 00:45 56.72 82.30 57.95 1.02 00:50 59.15 85.83 61.45 1.04 00:55 56.92 82.59 61.61 1.08 01:00 56.33 81.73 61.23 1.09 01:05 55.78 80.94 63.28 1.13 01:10 54.49 79.06 64.22 1.18 01:15 55.12 79.98 62.99 1.14 01:20 54.76 79.46 63.52 1.16 01:25 53.87 78.16 61.97 1.15 01:30 56.79 82.40 63.80 1.12 01:35 56.69 82.25 64.34 1.13 01:40 58.15 84.37 64.80 1.11 01:45 56.65 82.20 63.83 1.13 01:50 57.66 83.66 66.03 1.15 01:55 58.97 85.56 68.70 1.17 02:00 58.26 84.53 64.85 1.11 95 Evolução do teste supra-máximo 80 VCO2 e VO2 (ml/kg/min) 70 60 50 VO2 40 VC O2 30 20 10 0 00:00 00:15 00:30 00:45 01:00 01:15 01:30 01:45 02:00 T empo . . Evolução do V O2 e V CO2 no teste supra-máximo. 96 • Dados das sessões do treino intervalado . Variáveis Dados da sessão de TI de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx. 1ª rep 2ª rep 3ª rep 4ª rep 5ª rep 6ª rep 7ª rep 8ª rep 9ª rep 10ª rep 11ª rep 80.2 81.6 Tempos (s) 77.9 EnAer rep (%) 67.04 78.80 82.28 82.94 83.29 84.58 84.07 84.36 84.86 79.29 83.59 78.6 78.8 78.8 78.0 78.7 78.7 78.2 79.4 32.96 21.20 17.72 17.06 16.71 15.42 15.93 15.64 15.14 20.71 16.41 EnAna rep (%) . 68.62 79.96 83.28 83.95 85.14 85.72 85.20 86.03 85.27 78.92 81.82 VO2máx rep (%) . VO2máx pausa (%) 65.28 68.54 68.38 65.90 67.25 62.83 63.65 63.49 68.34 63.90 -- % do consumo de oxigénio durante o treino intervalado de 11X400 m a 101% da vVO2 máx 100 90 % do VO2 máx. 80 70 60 50 40 30 20 00:00.0 07:12.0 14:24.0 21:36.0 28:48.0 T empo (mm:ss) . Representação gráfica da sessão de TI de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx. A linha pontilhada representa a média do consumo de oxigénio da sessão. . Dados da sessão de TI de 7X400 metros realizada a 104.5% da vV O2máx. Variáveis 1ª rep 2ª rep 3ª rep 4ª rep 5ª rep 6ª rep 7ª rep Tempos (s) 76.7 76.9 76.3 76.6 74.7 76.4 77.3 EnAer rep (%) 72.50 81.19 81.14 83.40 79.77 85.09 79.67 EnAna rep (%) . VO2máx rep (%) . VO2máx pausa (%) 27.50 18.81 18.86 16.60 20.23 14.91 20.33 75.32 84.14 84.72 86.75 85.01 88.74 82.15 65.42 64.96 62.51 72.17 70.10 74.65 --- 97 % do consumo de oxigénio durante o treino intervalado de 7X400 m a 104.5% da vVO2 máx 100 90 % do VO2 máx. 80 70 60 50 40 30 20 00:00.0 03:01.4 06:02.9 09:04.3 12:05.8 15:07.2 18:08.6 21:10.1 24:11.5 T empo (mm:ss) . Representação gráfica da sessão de TI de 7X400 metros realizada a 104.5% da vV O2máx. A linha pontilhada representa a média da sessão. . Dados da sessão de TI de 5X400 metros realizada a 108% da vV O2máx. Variáveis 1ª rep 2ª rep 3ª rep 4ª rep 5ª rep Tempos (s) 73.8 74.2 73.8 75.0 74.2 EnAer rep (%) 67.27 79.32 80.55 84.30 82.69 EnAna rep (%) . VO2máx rep (%) . VO2máx pausa (%) 32.73 72.53 20.68 85.08 19.45 86.85 15.70 89.50 17.31 88.70 66.64 70.69 72.65 70.34 --- % do consumo de oxigénio durante o treino intervalado de 5X400 m a 108% da vVO2 máx 100 90 % VO2 máx. 80 70 60 50 40 30 20 0 0 :0 0 .0 0 3 :0 1.4 0 6 :0 2 .9 0 9 :0 4 .3 12 :0 5.8 T empo (mm:ss) . Representação gráfica da sessão de TI de 5X400 metros realizada a 108% da vV O2máx. A linha pontilhada representa a média da sessão. 98 • Resumo dos dados das três sessões de TI400m Evolução das médias de percentagens do VO2 nas 3 sessões de TI400m 90 80 % VO2 máx 70 11X400m 60 7X400m 50 5X400m 40 30 20 0ª 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª Repetições . Evolução da solicitação média (repetições e pausas) da percentagem do V O2máx no decorrer do conjunto das sessões de treino intervalado. Evolução das médias de EnAna nas 3 sessões de TI400m 35% % EnAna 30% 11X400m 25% 7X400m 5X400m 20% 15% 10% 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª Repetições Evolução da solicitação energia anaeróbia das repetições no decorrer das sessões de treino intervalado. A linha representa a média das 3 sessões. 99 • Registo fotográfico da recolha de dados Aspectos da calibragem do Cosmed K4b2. Adaptação ao Cosmed K4b2. 100