GUIA DE SPIN-OFF DE EMPRESAS Spin-off de empresas1
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GUIA DE SPIN-OFF DE EMPRESAS Spin-off de empresas1
GUIA DE SPIN-OFF DE EMPRESAS Spin-off de empresas1 Em direção a novas formas de práticas empresariais Louis Jacques Filion Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter École des HEC de Montréal Recife, Brasil Agosto de 2002 Este documento foi redigido por Danielle Luc Em colaboração com Louis Jacques Filion e Paul-Arthur Fortin Abril de 2001 1 Este texto foi extraído do “Guide d’essaimage d’entreprises” escrito por Danielle Luc, Louis Jacques Filion e PaulArthur para ser publicado nas Éditions Transcontinentales, 2002 Introdução Este texto é apresentado sob a forma de uma guia que oferece referências às pessoas que querem se engajar em uma atividade de spin-off (criação de empresas derivadas a partir de empresas-mãe). Compreende quatro partes. A primeira introduz o spin-off de empresas, apresenta diversas categorias e diversos tipos. A segunda apresenta exemplos de spin-off de empresas, retirados de nossas pesquisas. Pudemos constatar que no Canadá, como é o caso na maioria dos países, o spin-off de empresas é, essencialmente, o caso de PME ou empresas dirigidas por um empresário, que não existe programa formal de spin-off e que as formas e práticas de spin-off variam, consideravelmente, de uma empresa para outra. A terceira sugere um modo de conceber e de implantar um programa formal de spin-off em uma empresa. A quarta mostra que o spin-off gera quase todo o tempo, situações ganhador-ganhador para as empresas e pessoas concernentes. Decorre daí, uma cultura e práticas empresariais que contribuem, geralmente, para o desenvolvimento dos meios que as praticam. Elaboramos este texto-guia, depois de ter observado as diferenças consideráveis que existem, no que diz respeito aos motivos e às práticas de spin-off, entre as PME e as grandes empresas. Duas abordagens são sugeridas, mas importa lembrar-se de que estas últimas deverão ser adaptadas às culturas e às práticas de cada um. O texto foi concebido para ser utilizado como um guia, e não para ser aplicado tal qual uma política de empresa. É um texto de referência para compreender melhor o assunto e estruturar seu pensamento, com a finalidade de abordar a prática de spin-off de empresas. Deve ser utilizado com discernimento, e as aplicações que daí decorrerão, terão a vantagem de serem bem adaptadas a cada um dos contextos concernentes. Louis Jacques Filion Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales 3000, chemin de la Côte-Sainte-Catherine Montréal (Québec) H3T 2A7 Telefone (514) 340-6380 Fax (514) 340-6382 Correio eletrônico : [email protected] Site Web : http://www.hec.ca/chaire.entrepreneurship [email protected] Fone : (514) 340-6339 2 ÍNDICE RUMO A UMA SOCIEDADE EMPREENDEDORA................................................................................5 PRIMEIRA PARTE : SPIN-OFF DAS EMPRESAS .................................................................................7 1.1 1.2 COMPREENDER O SPIN-OFF DE EMPRESAS .................................................................8 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SPIN-OFF DE EMPRESAS.................................8 1.2.1 Spin-off pessoal e estratégico.......................................................... ... 9 1.2.2 Spinoff tecnológico e clássico ................................................. ...... 10 1.2.3 Spin-off a frio, voluntário,de parceria ................................................ .... 10 1.3 1.4 CONDIÇÕES CONTEXTUAIS E FATORES DESENCADEADORES IMPACTOS E VANTAGENS DO SPIN-OFF DE EMPRESAS ...................................... 14 SEGUNDA PARTE : SPIN-OFF ELOQÜENTES ........................................................................... ..20 2.1 CASOS DE EMPRESAS-MÃE E DE EMPRESAS-DERIVADAS, AQUI E ALHURES 2.2 2.3 2.4 PRINCIPAIS FATORES DE SUCESSO DO SPIN-OFF ...................................... .............29 IMPORTÂNCIA E DIVERSIDADE DAS FORMAS DE APOIO ................... ................32 ALGUMAS ARMADILHAS A EVITAR ................. .......................................34 21 TERCEIRA PARTE : IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE SPIN-OFF DE EMPRESAS 36 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 QUE TIPO DE PROGRAMA ESCOLHER? ..................................................................... 37 Um programa estruturado e informal ..................................... ..37 3.1.1 Um programa em um contexto de grande empresa ou de PME .....38 3.1.2 ELEMENTOS DE UM PROGRAMA DE SPIN-OFF ........... ............................................38 Infraestrutura .............................................................................. ...39 3.2.1 Etapas .................................................................................................................42 3.2.2 Alguns instrumentos e análises úteis ........................................... .47 3.2.3 OUTRAS VARIÁVEIS.................................................... ....................................................47 MODELO DE UM PROGRAMA DE SPIN-OFF DE EMPRESAS EM UM CONTEXTO DE GRANDE EMPRESA ..48 MODELO DE UM PROGRAMA DE EMPRESAS EM UM CONTEXTO DE PME... ... 52 QUARTA PARTE : PERSPECTIVAS E OPORTUNIDADES ..........................................................54 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................58 ANEXO 1 : LISTA DE ORGANIZAÇÕES DE AJUDA À CRIAÇÃO DE EMPRESAS.................60 ANEXO 2 : EXEMPLO DE REGULAMENTO DE SPIN-OFF .........................................................61 ANEXO 3 : EXEMPLO DE UM FOLHETO DE PROMOÇÃO DE SPIN-OFF ..............................63 ANEXO 4 : MODELO DE PROCESSO EMPREENDEDORA ........................................................67 3 ANEXO 5 : 15 PONTOS DE INTERROGAÇÃO.................................................................................69 ANEXO 6 : ELEMENTOS CONTIDOS EM UM PLANO DE NEGÓCIOS ....................................71 ANEXO 7 : LISTA DE VARIÁVEIS A CONSIDERAR PARA UM ESTUDO DE MERCADO....72 ANEXO 8 : CARACTERÍSTICAS DE CRIADORES DE EMPRESAS ...........................................74 Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales 4 Rumo a uma sociedade empreendedora A evolução, cada vez mais rápida, das realidades econômicas e sociais empurram as empresas e as sociedades a procurar, sem cessar, instrumentos de gestão, a fim de serem mais competitivas. Elas procuram, desse modo, adaptar-se às novas condições impostas pelo ambiente. Desejando encorajar um alto nível de iniciativa, uma flexibilidade mais extensa, conservando, ao mesmo tempo, um grau de convergência importante, algumas empresas escolheram se reestruturar em unidades menores. Outras preferem concentrar suas atividades nas atividades essenciais (core business), em uma orientação que vai dar mais sentido e continuidade às suas ações. Recorrem à terceirização, deixam de investir em atividades periféricas, ou ainda, recorrem à venda de divisões, cujas atividades não são ligadas aos negócios correntes da empresa. Evoluímos na direção a conceitos de empresas redes, nas quais cada uma faz parte de conjuntos, compostos de empresas de dimensões diversas, mas evoluindo ao redor de eixos integradores. Essas mutações levam a novas formas de associações e de relações entre empregadores e assalariados, principalmente os empregos contratuais, ao trabalho autônomo, à micro empresa e ao spin-off (geração de empresas derivadas). O ímpeto empreendedor se apresenta, então, como um bom meio para dinamizar o mercado. E a dinâmica do conceito de spin-off segue paralela à evolução atual, que implica uma maior atomização da organização de trabalho. Por outro lado, bom número dos empregados de empresas querem iniciar uma atividade de negócios, atendendo a uma de suas “paixões”. Trabalharam em uma empresa, durante vários anos, adquiriram aí experiências e conhecimentos que lhes permitem compreender como gerir um projeto, desenvolver um produto. Podem, também, ter desenvolvido um interesse por um assunto conexo, que os motive. Continuam a executar seu trabalho, mas o coração não está mais ali. Querem organizar sua vida profissional em torno do assunto que os apaixona. Não é surpreendente que mais de 95% dos spin-off inventariados na França, nas grandes empresas, realizam-se nas atividades não ligadas às da empresa-mãe. A complexidade crescente das organizações e de seus ambientes, de uma parte, de outra, a necessidade de uma aprendizagem contínua, e as necessidades de realização de si, exigindo o controle das atividades profissionais pelas próprias pessoas, abrem a porta aos modos de gestão, como o spin-off. Essa maneira de fazer , traz flexibilidade, e um aumento de coerência nas relações entre empresas, empregados e outros atores sociais. 5 O spin-off, que é de fato um modo de gestão, refletindo e ajudando o empresariado, permite às empresas adaptar-se, com poucos gastos, às mudanças rápidas e incessantes do meio. É uma maneira de manter e de cultivar o espírito da empresa. Além disso, podemos compreender que essas empresas criadas, tendo recorrido aos recursos e aos conhecimentos da empresa-mãe, têm uma melhor oportunidade de êxito e de sobrevivência a mais longo prazo. Uma sociedade empreendedora se exprime pelas atitudes e comportamentos empreendedores. A denominação empreendedor se aplica, essencialmente, àqueles que promovem conquista de novos mercados, inovação nas maneiras de fazer, criação de novos produtos e de novas empresas. Ora, o fenômeno que não foi muito estudado, é o dos custos sociais da criação de novas empresas, que são : os organismos de apoio, mas sobretudo, os custos dos fracassos ou meio-sucessos dessas novas empresas criadas. O spin-off, sem assegurar o sucesso absoluto de cada projeto, é, sem dúvida, uma das importantes maneiras de melhorar as oportunidades de sucesso e reduzir os custos sociais, ligados à criação de empresas. Por outro lado, a economia do saber privilegia, de maneira particular, os centros urbanos, dotados de centros de pesquisa e de universidades, abandonando, desse modo, as regiões afastadas, cuja economia depende mais dos recursos naturais. Como mostram os dois principais exemplos quebequenses e canadenses, um em Saint-Damien Bellechasse (IPL) e outro em Saint-Pie de Bagot (Lacasse), o spin-off pode permitir consolidar reservatórios de empregos nas regiões periféricas. Ele não pode resolver todos os problemas ligados à criação de empresas, mas pode melhorar as condições e os resultados, para benefício de todos. É necessariamente um dos meios, entre os mais eficazes e os menos caros, de implantar uma sociedade empreendedora. Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales 6 PRIMEIRA PARTE Spin-off de empresas O conceito de spin-off surge nos anos 60, em torno de centros de pesquisa, situados, principalmente, na vizinhança de Silicon Valley, na Califórinia. Não somente isso permitiu a pesquisadores obterem resultados substanciais, mas criando empresas para lançar seus produtos, essa interação com o mercado lhes permitia continuar o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos produtos, assim como ir mais longe para aprofundar os resultados de sua pesquisa. Nos Estados Unidos, as práticas de spin-off vão se estender a todos os tipos de empresas e organizações, e levantarão seu verdadeiro vôo, como mecanismos de criação de empresa, no decorrer dos anos 80. Na França, onde a legislação do trabalho torna difícil os licenciamentos, e onde disposições legais permitem aos empregados, desde 1984, ter acesso a uma licença para a criação de empresas, vários grandes grupos industriais implantaram um programa de apoio ao spin-off. Se se cria, hoje, na França, de 15 000 a 20 000 empresas por ano pela prática do spin-off, é preciso notar que se trata de um fenômeno relativamente recente, que data dos anos 90. Em Quebec e no Canadá, alguns membros da comunidade universitária seguiram com interesse esses diferentes desenvolvimentos, mas, de maneira geral, tais desenvolvimentos permanecem pouco conhecidos, tanto pelo conjunto da população, como pelos decisores políticos. Quando tomam conhecimento, os atores políticos permanecem tímidos face ao spin-off. Tardam a reconhecer esse modo empreendedor como via de privilegiar a dinamização da economia. Eles tendem, demais, a seguir a opinião pública. Importa, pois, tornar o spin-off mais conhecido e destacar quais os benefícios pode-se tirar dele. Em 1993, um relatório do Ministério da Indústria, do Comércio e da Tecnologia2 (Quebec) mostrava as vantagens do spin-off tecnológico. Em 1994, o Conselho da Ciência e da Tecnologia3 (Québec) reiterou essas afirmações. Na Cúpula sobre a Retomada do Emprego4 em 1996, numerosos interventores sócio-econômicos sustentaram que o spin-off era um instrumento de escolha para favorecer o progresso da economia. 2 Direction générale de la Technologie, Côté., Rapport sur l’élaboration de mesures favorisant la création de nouvelles entreprises technologiques par essaimage, Ministère de l’Industrie, du Commerce et de la Technologie, décembre, 1993. 3 Conseil de la Science et de la Technologie, Mise sur le savoir. Volet 3 : les PME technologiques, Rapports de conjoncture, Gouvernement du Québec, 1994 4 Le Sommet, Relance de l’emploi au Québec : agir dans la compétitivité e la solidarité. Rapports des groupes de travail. Gouvernement du Québec./automne 1996. 7 Em 1997, a Fondation de l’Entrepreneurship recomendava o spin-off como caminho a privilegiar, em termos de estratégia de desenvolvimento econômico e emprego. Nesse documento “Entreprendre ensemble”, publicado no mesmo ano, o Ministério da Indústria, do Comércio, da Ciência e da Tecnologia, assim como outros organismos públicos, retinham a idéia do spin-off como estratégia governamental de desenvolvimento do empreendedorismo. Os estudos sobre as práticas de spin-off tecnológicos, efetuados pela Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter (Cátedra de Empreendedorismo Maclean Hunter, da HEC Montreal) entre 1995 e 1998, depois entre 1999 e 2002, e ainda aqueles sobre as práticas de spin-off das empresas clássicas entre 1998 e 2001, permitiram ilustrar a existência de uma variedade de modelos de spin-off. Numerosos casos de spin-off de empresas foram repertoriados, distribuídos em quase todos os setores de atividade. Entretanto, contrariamente ao que se observa na França, as empresas quebequenses e canadenses que utilizaram esse modo de gestão são predominantemente firmas de tamanho mais modesto, ou seja, PME. Entretanto, nenhuma tinha implementado um programa formal de spin-off. Nesta seção do texto e na seguinte, veremos que o spin-off não é uma nova moda no que se refere à gestão, mas um modo de gestão promissor para as sociedades empreendedoras do futuro. Em 1985, havíamos predito que o conceito de visão se tornaria central, para explicar o comportamento empreendedor. Em 1995, tínhamos predito que as sociedades que atingiriam um nível mais alto de empreendedorismo, no futuro, seriam aquelas que implantassem programas de apoio à criação de empresas, assumidas por empresários e empresas como spin-off. 1.1 Compreendendo o spin-off de empresas Na sua expressão mais simples, o spin-off de empresas pode ser concebido como um conjunto de atividades implementadas por uma empresa, a fim de ajudar um de seus assalariados, ou um grupo de empregados, interessados em criar uma nova empresa. Assim, a empresa-mãe apóia um empregado com um conjunto de atividades, variáveis de um contexto a outro, mas que comportam, mais freqüentemente, uma ajuda técnica, conselhos de negócios, direção e gestão, às vezes, apoios financeiros. Chama-se empresa derivada (ou spin-off em Inglês) a empresa que se beneficiou de um apoio da parte de sua empresa de origem. O criador é o que inicia o projeto de criação de empresa, e que se tornará o futuro empresário da nova empresa assim criada. Por sua participação na criação de empresas, a empresa-mãe contribui para o desenvolvimento de competências empresariais em sua própria empresa, para o crescimento econômico, ou ainda, para preservar e desenvolver empregos em sua região. O spin-off pode ser uma poderosa alavanca de dinamização dos recursos humanos no interior da empresa-mãe e de desenvolvimento econômico no exterior. 8 1.2 Principais características do spin-off de empresas Na prática, o spin-off pode se fazer a partir de uma multiplicidade de configurações. Nesta seção, várias formas de spin-off são apresentadas, evidenciando um certo número de exemplos, apresentados sob a forma de casos de figuras, e de numerosas possibilidades de aplicações. Veremos que o spin-off pode se praticar e se adaptar a todo tipo de organização. 1.2.1 O spin-off pessoal e o estratégico O spin pessoal ou empreendedor é aquele que é mais expandido. Na França, ele representa mais de 95% dos casos de spin-off. No spin-off pessoal, o empregado inicia um projeto de criação de empresas, que não tem nada a ver com as atividades da organização inicial, e o apresenta a seu empregador, no quadro de um programa de spin-off. Esses programas são mais ou menos formais, dependendo das empresas. Em geral, o futuro criador, que empreende uma conduta de spin-off pessoal, lança-se em negócios em setores de serviços ou de comércio. Na busca de apoios para a formulação e a implantação de seu projeto, volta-se para seu empregador, que pode oferecer recursos e especializações, podendo lhe ser bastante útil, em particular, no que diz respeito aos estudos de mercado e à definição do projeto inicial. O spin-off de empresas pode também resultar de estratégias ditadas pelo contexto industrial ou organizacional. Diretamente ligado às atividades da empresa, o spin-off estratégico é iniciado, seja pelos dirigentes da organização inicial, seja pelo empregado. Por exemplo, alguns dirigentes que decidem se concentrar mais sobre as atividades de base da empresa (core business), escolhendo a doação ou a terceirização de certas atividades periféricas (como a comercialização, o serviço pós-venda, a manutenção), propondo uma parceria junto aos empregados-chave. Outros, com uma finalidade de realinhamento, renunciam a atividades menos lucrativas ou tornadas menos estratégicas , oferecendo estas últimas aos empregados. As alianças, em termos de aquisições ou de fusões com outras empresas, obrigam também a direção a rever sua oferta de serviços e a renunciar a certos ativos. Em resumo, essas circunstâncias oferecem oportunidades de negócios para os empregados. Em muitos casos, essas possibilidades de negócios são propostas diretamente ao pessoal, sujeitas a uma ajuda no processo de transferência e de criação da nova empresa. Algumas vezes, são os próprios empregados que propõem à direção, a exploração de um projeto implicando, em muitos casos, a utilização de ativos “estagnados”, não utilizados ou subutilizados, como um diploma, uma licença colocada de lado, uma construção ou uma peça de equipamento, inutilizada. Ou ainda, empregados assinalam oportunidades de negócios no desenvolvimento de uma tecnologia ou de um produto, atualmente em expectativa de recursos, ou mais rapidamente saindo o projeto da empresa de origem. Pode-se imaginar que no futuro, o convite ou a solicitação de praticar o spin-off virá também do exterior da empresa, ou seja, do meio local, regional ou do Estado. Com efeito, regiões ou localidades monoindustriais poderiam incitar bastante os grandes 9 empregadores do meio, a se dotar de uma verdadeira política de spin-off, de maneira a consolidar os reservatórios de emprego nos seus meios. O Estado, na elaboração das condições de acesso aos recursos naturais, para essas empresas, poderia mesmo fazer uma exigência. 1.2.2 O spin-off tecnológico e o spin-off clássico O spin-off tecnológico supõe que o criador foi exposto a conhecimentos tecnológicos, geralmente desenvolvidos na empresa-mãe. Os centros de pesquisa (universidades e laboratórios), tanto públicos como privados, ou ainda as empresas tecnológicas são meios propícios para a transferência do saber-fazer, de tecnologias ou de conhecimentos, dando assim origem a uma nova empresa tecnológica. Uma forte intensidade em R&D, uma mão-de-obra altamente especializada e atividades que geram continuamente novos conhecimentos, distinguem essas organizações, originárias e derivadas, do que se classifica como sendo spin-off clássico. De fato, o spin-off clássico agrupa as outras formas de spin-off que acontecem nos setores da economia tradicional (Kadji-Youaleu, Filion, 2000 a et b; 2001) 1.2.2 O spin-off a frio, voluntário, de parceria Vários outros qualificativos descrevem as diversas formas de spin-off. Viu-se, um pouco antes, que para fazer face ao meio que se transforma, os dirigentes de empresas devem, às vezes, retirar-se de certos setores, vender divisões ou fábricas, conceder atividades ou diminuir seu efetivo. Em resumo, essas decisões estratégicas perturbam as organizações. Nessas situações de crise, fala-se de spin-off a quente. Na França, viu-se a reconversão industrial de regiões completas, por exemplo, a Lorena, onde milhares de trabalhadores foram convidados a participar dos programas de spin-off, com o objetivo de criar seu próprio emprego, a fim de estarem à altura de reintegrar o mercado de trabalho. No spin-off a frio, o empregador enquadra o empregado, que planeja e elabora um projeto de criação de empresas eisso, em condições facilitadoras para todos os atores. O empregado pode, geralmente, aproveitar um sistema de enquadramento para apresentar um projeto de criação de empresas. Em certos casos, ele terá acesso a consultas junto aos recursos internos competentes, nos setores para os quais ele tem necessidade de conselhos e de especialização. Em outros, poderá se beneficiar de informações e de aportes consultivos junto a pessoas especializadas, especialmente em fiscalização, nos aspectos jurídicos, ou ainda, de assistência junto a grupos de apoio à criação de empresas, nos quais os responsáveis pela gestão do programa de spin-off da empresamãe teriam concluído acordos ou então como eles têm o hábito de trabalhar. Do ponto de vista do futuro criador, seu projeto de criar uma nova empresa, se é tributário de uma situação de crise, torna-se um spin-off involuntário ou resignado. Se acontece o contrário, chama-se spin-off voluntário ou nobre. Seguindo essa lógica de comportamento, o spin-off é também chamado spin-off cooperativo, quando a direção da empresa de origem aceita parceiros financeiros temporários, de lançamento da nova empresa. 10 Chaire d’entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales A natureza da relação entre os principais atores da empresa derivada e da empresamãe vem qualificar a espécie de spin-off. Em um spin-off de colaboração, as contribuições das duas partes e o intercâmbio de recursos se tornam a longo prazo, menos importantes. Pode-se também encontrar um spin-off de parceria. Uma grande sinergia entre os dirigentes da empresa derivada e da empresa-mãe, uma confiança mútua e uma cooperação bilateral de longa duração, caracterizam esse spin-off. A empresa de origem pode ter uma participação financeira na nova empresa criada, ou ainda, um contrato de intercâmbio pode ligar as duas partes. Encontram-se mais esses dois tipos de spin-off, quando a empresa-mãe é uma PME. 1.3 Condições contextuais e fatores desencadeadores O spin-off de empresas clássicas tem origem e contextos muito variados. Ele é motivado por fatores muito diferentes, e se desenvolve em condições muito diversas. Agrupamos em quatro categorias as condições determinantes de spin-off de empresas : • • • • as inerentes ao meio externo ; as ligadas às características organizacionais ; as associadas ao perfil do dirigente da empresa-mãe, ou ainda da equipe responsável pelo processo de spin-off ; as associadas ao futuro criador. A influência dessas condições e desses fatores depende da interpretação que fazem os dirigentes da empresa de origem e o empregado ou o futuro criador. O quadro seguinte apresenta essas condições contextuais e esses fatores desencadeadores. Quadro 1 Condições contextuais e fatores desencadeadores 1. Meio externo i. ii. iii. iv. v. vi. vii. viii. Legitimação do spin-off (por uma licença ou uma lei nacional) Política industrial favorável ao spin-off Programas de ajuda governamental para o spin-off Recursos regionais responsáveis pela promoção e pelo serviço conselho em spin-off Valorização social do comportamento de spin-off (reconhecimento) Rede ou associação das empresas de origem e derivadas Rede de especialistas ou de padrinhos para as empresas derivadas Estrutura de mercado, valorizando as reestruturações 11 2. Contexto organizacional (na empresa de origem) Em uma relação de cooperação i. Cultura organizacional valorizando a iniciativa, a autonomia ii. Clima organizacional propício às novas idéias iii. Existência de um programa de spin-off estruturado iv. Ajuda e apoio multiformes, segundo as demandas v. Spin-off já realizado com êxito vi. Relação de parceria e de colaboração entre os dirigentes da empresa-mãe e da empresa derivada vii. Supervisão contínua durante a partida Em uma situação de crise i. Licenciamento do pessoal ii. Percepção diferente de uma oportunidade iii. Mudança na direção iv. Mudança de orientação estratégica 3. Dirigente da empresa de origem i. ii. iii. iv. Visão Estilo de direção Motivações Antecedentes 4. Futuro criador (da empresa derivada) i. ii. iii. iv. v. vi. Vontade de criar uma empresa Desejo de independência Antecedentes empresariais Motivações Conhecimento da atividade do setor visado Meios financeiros e apoios pessoais A falta de informações sobre a própria noção de spin-off torna difícil a exploração dessa prática. A implantação de alguns programas-tipo de spin-off e, sobretudo, a difusão de experiências positivas, deveriam fornecer modelos e criar uma credibilidade certa para essa prática. Veremos, um pouco mais adiante, que a implantação de redes de especialistas, a criação de associações de empresas-mãe e empresas-derivadas e a organização de eventos, agrupam esses dirigentes e atores econômicos que podem concorrer a tecer um pano de fundo necessário à expansão do spin-off. O governo, e mais particularmente, as sociedades de estado têm a responsabilidade de exercer, como empregador, um papel de precursor no estabelecimento de políticas de spin-off. Por outro lado, todas as redes dos organismos de ajuda à criação de empresas poderiam contribuir bastante para apoiar os criadores que emergiriam em 12 grande número, depois da implementação de programas formais de spin-off nas empresas. Na França, o meio externo contribui a curvar bastante as grandes empresas, com relação ao spin-off. Além da legislação de trabalho que torna os licenciamentos quase impossíveis, o spin-off francês é igualmente patroneado por uma lei, datando de 1984, que permite uma licença (dita de criação de empresa) sem vencimentos, podendo atingir até dois anos para qualquer trabalhador francês que deseje criar sua empresa. Essa lei5 precisa os direitos, as obrigações e as condições da licença de criação de empresa, para a empresa e seu empregado. Ela teve, como conseqüência, encorajar as empresas a implementar políticas de spin-off. Várias grandes empresas privadas e públicas criaram, desse modo, programas de spin-off, que prevêem licenças de criação, indo de três,quatro, e mesmo, cinco anos. Isso permitiu estimular a criação de empresas e dinamizar várias regiões. Por exemplo, Renault, IBM France, Sanofi, Usinor Sacilor, Roussel Uclaf, Thomson e CEA contribuiram, entre 1983 e 1993, para a criação de 5 000 empresas e de 15 000 novos empregos (Queniet, 1997). O contexto organizacional pode, igualmente, ser uma condição facilitadora. Por exemplo, uma empresa que valorize a cultura empreendedora, que desenvolva um sistema social inerente, oferecendo um acompanhamento e uma supervisão estruturados, conduzirá à eclosão de projetos inovadores. Assim, um empregado que deseje se dividir em negócios e do qual se valorizou as características pessoais, habitualmente encontradas em empresário, e também um empregador que coloque recursos à sua disposição, constituem em si, condições determinantes de spin-off. O contexto e a cultura formam os elementos de competências distintivas de uma empresa, influenciando o comportamento dos indivíduos, freando ou encorajando a cooperação, a iniciativa e o enfrentamento de riscos. Em conseqüência, os níveis de confiança e apoio da empresa-mãe condicionarão os desejos dos empregados de se lançar em negócios. Vários outros elementos podem facilitar a boa marcha de práticas de spin-off. Por exemplo, antecedentes empresariais nos dois principais atores, principalmente, o dirigente da empresa-mãe e o futuro criador e, em particular, este último, facilitando a compreensão das implicações e desafios a levar em conta, para criar e começar uma empresa. Se os dois se conhecem ou se já existem cumplicidades entre eles, o passo para a criação tende a ser proporcionalmente enriquecido. Além disso, se os dois já evoluíram em meios turbulentos, com recursos limitados e em condições difíceis, estarão mais aptos a enfrentar os elementos exigidos em uma criação. Enfim, algumas pessoas podem escolher o spin-off como um meio de prolongar sua vida ativa ou como transição para uma segunda carreira. Escolhem, então, criar sua em presa, com o apoio de seu empregador, de maneira a permanecer, profissionalmente, ati 5 A lei 84-4 prevê uma licença, sem salário, de um ou dois anos nas condições fixadas, durante a qual o contrato é suspenso, em benefício de um empregado que quiser criar e possuir uma empresa. Na saída da licença, o assalari ado pode retomar, se assim o desejar, seu emprego precedente ou um similar. 13 vas, bem além da aposentadoria, sobretudo, quando esta se concretiza aos 50 ou 55 anos. Para alguns indivíduos, é impensável entrar em “hibernação” quando a saúde lhes acena, e a especialização e as competências adquiridas durante os anos, poderiam servir. 1.4 Impactos e vantagens do spin-off de empresas Além da criação de uma nova empresa, da preservação ou da criação de empregos, assim como a dinamização do tecido econômico nas localidades ou regiões, as vantagens do spin-off são numerosas. No caso de reestruturação de empresa, o spin-off pode se tornar um meio de manter os empregos, mas, sobretudo, um meio de otimizar a gestão de atividades da empresa de origem. Retirando-se de atividades não estratégicas, ou simplesmente periféricas, a empresa-mãe pode reorganizar suas atividades sobre seu próprio ofício. O comportamento desses dirigentes que facilitam a realocação dos recursos em proveito dos empregados, obedece, desse modo, a uma consciência social com relação, de uma parte, aos empregados a serviço da empresa há muitos anos, e de outra, com relação ao meio em que a empresa prosperou. Evitando dispensas em massa, os spin-off evitam à sociedade, custos sociais que poderiam ser enormes. A empresa-mãe pode também impedir que competidores venham assim ocupar suas “platibandas”. Esta última adquire, de alguma maneira, uma imagem de marca que lhe serve bem, particularmente, no que diz respeito ao recrutamento de pessoal, tanto no seu meio, como em relação a seus competidores. Em um meio complexo, para ter êxito, escolhas estratégicas impõem concentrar esforços em algumas prioridades. O spin-off permite dividir atividades que não podem atingir um tamanho crítico suficientemente interessante. Licenciamentos não explorados, produtos não comercializados podem encontrar compradores junto aos empregados interessados em partir para os negócios. Enfim, todas essas atividades permitem à empresa recuperar somas importantes, podendo ser reinvestidas em outro lugar. Para algumas PME, o spin-off pode fazer toda diferença, permitindo manter uma posição competitiva com relação a organizações maiores que trabalham no mesmo setor. Por exemplo, isso pode acontecer no caso de empresas-mãe que têm laços de negócios com empresas-derivadas, as quais fabricam produtos conexos aos seus, necessitando, desse modo, da compra de matérias-primas semelhantes ou aparentadas. Essas empresas-mãe agrupando as compras, têm assim, a possibilidade de melhorar sua capacidade de negociação com os fornecedores. Aí reside uma das forças do Groupe Lacasse. Além disso, o número de empresas-derivadas aumenta o número de canais de informações sobre o que se passa em um setor. Uma empresa-mãe que suscitou e apoiou a implementação de spin-off estratégicos, termina por se beneficiar com as 14 informações estratégicas úteis, e mesmo às vezes, vitais, que lhe vêm de suas empresas filiais. Essas informações podem ser, não somente, sobre a evolução dos mercados no setor, como também sobre o desenvolvimento das tecnologias e sobre novas fontes potenciais de abastecimento. Os projetos de spin-off que coincidem com o campo da empresa de origem (spin-off de atividades conexas), enriquecem a rede desta, e seus laços com o meio. Três exemplos eloqüentes são tirados da pesquisa que acompanha esse guia : as empresasmãe IPL, Produits Forestiers Turpin e Tremcar, mostram claramente as vantagens em termos de flexibilidade operacional, de penetração comercial e de capacidade de inovação. É pouco provável que essas empresas tenham podido atingir o sucesso sem a implementação de práticas de spin-off que tiveram como efeito criar conjuntos setoriais compostos de PME muito performantes, porque complementares umas das outras. As empresas-derivadas que gravitam em torno da empresa-mãe gozam de um intercâmbio ativo de informações, de uma relação de cooperação que facilitam a partilha de riscos, e de um conjunto de apoios, dando base ao crescimento de sua empresa. Por outro lado, a empresa derivada pode aproveitar a capacidade da empresamãe para estabelecer modelos e ver seu acesso facilitado. Ela pode também aproveitar das especializações e das experiências, quanto à sua aplicação. Na Saramac, o processo produtivo é coordenado pela empresa-mãe que recolhe as encomendas e as distribui. No interior, o spin-off pode se tornar uma alavanca de transformação cultural, em direção a uma cultura mais empreendedora, facilitando e valorizando a iniciativa individual. Os novos criadores, que aproveitam de um enquadramento e de uma supervisão contínua integram mais rapidamente as aprendizagens necessárias a seu novo ofício. Às vezes, como no caso de Bouchons Pro-Caps, o dirigente da empresamãe desempenhará um verdadeiro papel de mentor junto ao seu protegido. Enfim, o desenvolvimento econômico do território para as empresas, que operam no mesmo setor e concentradas em uma região, se tece inexoravelmente, sob a influência de relações de solidariedade local. Por exemplo, em St-Damien-de-Bauckland, pequena localidade de Bellechasse onde está situada a empresa IPL – líder canadense da indústria do plástico – e suas múltiplas empresas–derivadas, os decididores locais erigiram o Centro setorial do plástico onde formações específicas ao setor do plástico são oferecidas. Este centro pode também servir de lugar de incubação para novas empresas em pré-partida. Nos dois quadros seguintes, agrupamos os principais impactos, vantagens e desvantagens do spin-off, para três grupos de atores, ou seja, a empresa-mãe, a empresa derivada e a sociedade. É preciso, entretanto, compreender que os impactos diferem segundo as formas de spin-off adotadas. Variam também, segundo o nível de importância do apoio acordado, por ocasião do início da nova empresa. Em outros termos, todos esses enunciados não se encontrarão, ao mesmo tempo, em cada uma das figuras de casos. Por outro lado, enunciar os possíveis inconvenientes permite estar à espreita, levar em conta, na gestão, riscos a fim de minimizá-los, e mesmo, evitá-los. 15 Quadro 2 Os impactos e as vantagens do spin-off 1. Para a empresa-mãe i. Melhor posição para reagir às turbulências do meio ii. Concentração dos recursos sobre as atividades de valor agregado (core business) iii. Exploração de produtos, tecnologias e outros ativos estagnados iv. Expansão da gama de produtos e serviços oferecidos v. Exploração de novos mercados vi. Partilha dos riscos vii. Crescimento do poder de negociação face aos fornecedores viii. Ganhos de produtividade, de flexibilidade organizacional ix. Economias de escala x. Baixa dos custos de componentes xi. Contribuição à criação de empregos xii. Empregos preservados xiii. Valorização de sua imagem (papel social) xiv. Emergência de uma cultura empreendedora xv. Rotatividade do pessoal xvi. Possibilidade de atrair os melhores talentos em um mercado competitivo 16 2. para a empresa derivada i. ii. iii. iv. v. vi. vii. viii. ix. x. Partilha de riscos Parceria exclusiva como fornecedor (contrato firme) Empréstimos da empresa-mãe e facilidades de pagamento Apoios logísticos Conselhos em gestão Acesso aos recursos necessários para seu desenvolvimento Acesso à informação estratégica e de concorrência Aprendizagem rápida em matéria de métodos e procedimentos Efeitos de halo da empresa-mãe e em alguns casos, de sua reputação Limiar de rentabilidade atingido mais rapidamente Mais particularmente para o criador i. Integração nas redes de negócios ii. Aprendizagem rápida em gestão, em direção de empresa e no . que concerne à prática dos negócios iii. Confiança aumentada iv. Realização de si mesmo iv. Maneira de evitar o isolamento, próprio aos criadores e dirigentes de pequenas empresas v. Maneira de permanecer ativo depois de uma aposentadoria obrigatória prematura (número cada vez mais elevado de situações) 3. Para a sociedade i. ii. iii. iv. v. vi. Criações de empresas, de empregos e de riquezas Nova dinâmica econômica local e regional Possibilidade de diminuição das taxas (ou evitar aumentá-las) Desenvolvimento de dinâmicas empresariais Criações de modelos inspiradores para os jovens e para a educação Consolidação de reservatórios de empregos nas regiões mais frágeis 17 Quadro 3 Possíveis desvantagens do spin-off 1. Para a empresa-mãe i. Perda de empregados empreendedores e criativos ii. Perdas financeiras, associadas a certos projetos arriscados, se a empresa-mãe se engaja financeiramente 2. Para em empresa derivada i. ii. iii. Dependência demasiada, com relação à empresa-mãe Fragilidade e ruptura da relação com a empresa de origem Dificuldade, e mesmo impossibilidade, de fazer evoluir a relação de uma verdadeira partilha Chaire d’entrepreneurship Maclean École des Hautes Études Commerciales 18 SEGUNDA PARTE Spin-off eloqüentes Nenhum dado quantitativo permite ainda medir a amplitude real do spin-off. No começo do segundo milênio, o spin-off permanece uma atividade extremamente marginal na maioria dos países. Ele decorre, mais freqüentemente, da cultura empreendedora de um empresário. No começo de ano 2001, nenhuma empresa no Canadá havia ainda implantado um programa de spin formal, que pudesse dar resultados continuados, ano após ano. O presente estudo feito pela Cátedra de empreendedorismo Maclean Hunter permitiu resgatar perto de 100 casos de spin-off em Quebec, escalonados em um período de perto de cinco anos. Este inventário foi feito, contatando mais de 200 interventores no meio, e responsáveis de diversos ministérios no conjunto das regiões de Quebec (direções regionais do MIC, das CLD, das SADC, das CDEC, das SAJE de DEC {Desenvolvimento econômico Canadá}, do Emploi-Québec, assim como várias sociedades de capital de risco, instituições financeiras e empresas consultoras). Essas pessoas recursos eram convidadas a identificar as empresas de origem e as que tinham sido lançadas, a partir do apoio de uma outra empresa. Um grande total de 218 empresas foram repertoriadas. Desse número, 58 empresas tecnológicas foram eliminadas. Ao fim desse processo de investigação, não somente 83 firmas encontraram verdadeiros critérios de spin-off, quer dizer, que haviam facilitado um spin-off ou que tinham sido criadas a partir do apoio de uma outra empresa. Na maioria dos casos, as pessoas nem mesmo sabiam que haviam feito o que se chama de spin-off. Esses dirigentes eram protagonistas do spin-off que eles próprios ignoravam. A dificuldade nesse recenseamento residia no fato de que nenhuma dessas empresas tinha um programa formal de spin-off e eram, na sua maior parte, PME. Desse número, 32 dirigentes de empresas-mãe e empresas-derivadas foram contatados, a fim de analisar, mais atentamente, suas práticas de spin-off. Dois conjuntos de spin-off foram identificados, compreendendo, cada um, umas vinte empresas-derivadas : o Grupo Lacasse que trabalha em mobiliação de escritório em StPie de Bagot e o Grupo IPL, especialista em plásticos, em St-Damien de Bellechasse. Perto de uns vinte casos foram redigidos. Alguns desses estudos de caso, entre os mais representativos, aparecem na primeira parte desse livro. Eles descrevem de maneira mais exaustiva, a concepção e a implementação do projeto de spin-off, o contexto por ocasião do início da empresa, o próprio processo de spin-offm, os investimentos dos atores concernentes, seus comentários, seus conselhos e os principais resultados obtidos ou os impactos. Em resumo, histórias de spin-off que ilustram uma variedade de práticas, em circunstâncias também diversificadas. 19 Na França, sabe-se que se cria entre 15 000 e 20 000 empresas por ano (variações, dependendo dos anos), geradas por práticas de spin-off. Em proporção, isso representa apenas 7% do total das empresas criadas. O que faz os especialistas franceses dizerem que existe lá um potencial enorme ainda inexplorado. A pedido da Secretaria às PME, ao Comércio e ao Artesanato, um estudo foi realizado, em 1997, sobre as condições de desenvolvimento do spin-off ofensivo na França. Em um recente relatório, a Comissão “Spin-off” do Comitê Nacional de Criação de Empresas (CNCE) estima que 75% das empresas criadas em um processo de spin-off são, seja, oriundas de spin-off a quente, seja, originárias de um contexto de sobreefetivo. Os responsáveis pelas empresas francesas, que praticam o spin-off, afirmam que a taxa de êxito das empresas-derivadas, tanto a frio, quanto a quente, depois de cinco anos, varia de 70% a 90%, taxa superior à média nacional (50%). Por outro lado, o nível de criação de empregos, três anos depois do início de nova empresa filial, é o dobro do das empresas que não são oriundas de spin-off. A exemplo dos resultados registrados junto às empresas quebequenses, os pesquisadores franceses constatam que a taxa de fracasso é inversamente proporcional à qualidade do acompanhamento. Indica-se, também, que o contexto das práticas de spin-off marca fortemente a natureza das empresas-derivadas e as modalidades de seu acompanhamento. Nesta seção, apresentamos a vocês, sucintamente, uma dezena de casos de figuras, a fim de salientar melhor os elementos que determinam o sucesso e as emboscadas. Veremos a importância da infraestrutura de acompanhamento e, sobretudo, a natureza da relação que se estabelece entre os principais atores das empresas-mãe e das empresas-derivadas. 2.1 Casos de empresas-mãe e empresas-derivadas daqui e de outros lugares No Canadá A desintegração vertical na IPL dá origem a um conjunto de mais de 20 empresas Com uma cifra de negócios de mais de 130 milhões de dólares em 1999, um pessoal reunindo 800 empregados e uma capacidade de fabricar 500 diferentes produtos, poder-se-ia acreditar que Les Industries Provinciales Ltée (IPL) é a única empresa que dinamiza a vilazinha de 2 000 almas de st-Damien-de-Bauckland. Ao contrário! Perto de umas trinta empresas-derivadas teceram um pano de fundo, onde a cooperação e a partilha conduziram ao sucesso econômico dessa região e, sobretudo, permitiram reforçar a posição competitiva da IPL. Durante os anos 80, a direção da IPL escolhe concentrar seus esforços na produção de produtos de valor agregado e de concepção inovadora, no setor dos plásticos. Nos seu comecinho, a IPL tinha criado uma imagem de marca, no setor das vassouras, departamento que não responde mais às suas orientações. Émile Lacasse, representando vendas, empregado e amigo, de longa data, da família Métivier, será um dos primeiros empresários a se submeter ao spin-off. Ele se beneficiará de um conjunto 20 de conselhos e de apoios, inclusive, financeiros, que lhe permitirão fazer o sucesso das Industries Lachance, empresa hoje dirigida por seus três filhos. De fato, mais da metade dos criadores de empresas-derivadas da IPL lançaram empresas que produzem e colocam em andamento, produtos que a IPL não quer fazer, ou porque se trata de produtos muito específicos, ou de produtos que se dirigem a mercados muito pequenos ou muito seletivos, mas tendo conexão com o que faz a IPL, e que se dirigem freqüentemente aos mesmos clientes. A IPL dará também em terceirização a assalariados, a moldagem por injeção, de pequenas peças, e venderá até, algumas de suas máquinas a alguns empregados interessados em se lançar nesses setores. A frota de caminhões será vendida, e várias empresas de transporte serão criadas por empregados. Além de pequenas empresas de fabricação de moldes, essa reestruturação dá origem a empresas que trabalham em uma multidão de produtos conexos, principalmente a recuperação de plástico, a fabricação de placas de impressão, a produção de paletas de madeira, a distribuição de reservatórios móveis. Ao longo desses spin-off, a direção tem sempre mostrado uma grande abertura a esse modo de gestão. Preocupada pelas conseqüências sociais de suas escolhas estratégicas, ela geriu eficazmente o desequilíbrio provocado por essas mudanças. Julien Métivier, filho do fundador, presidente-diretor geral, ele próprio empresário na alma, e oriundo do meio, apreende bem as dificuldades inerentes à criação de uma empresa. Sem jamais ter colocado em pé um programa de spin-off, realmente estruturado, sua equipe e ele, facilitaram, apesar disso, a criação dessas empresas, oferecendo aos empregados desejosos de retomar alguns ativos ou de desenvolver atividades complementares, uma gama variada de apoios. É preciso dizer que essa maneira de fazer, que consiste em ajudar aqueles e aquelas que querem empreender, inscreve-se profundamente na cultura da família Métivier há gerações. A ajuda e o apoio dado pela direção e o restante da empresa não explicam totalmente, por si sós, o sucesso desses spin-off. Por exemplo, é corrente que um dirigente de uma empresa derivada, que encontra um problema, chama um empregado da IPL que ele conhece bem, e lhe pede para ajudá-lo a resolver um problema com o qual está confrontado. O espírito de colaboração e o empreendedorismo, co-existente também entre os dirigentes das empresas-derivadas, formam assim uma rede sinérgica informal entre eles, depois entre a IPL e os dirigentes dessas mesmas empresasderivadas e enfim, entre essa rede e o meio. Outro agentes econômicos locais têm, desse modo, desempenhado um papel de alavanca, facilitando a criação e ajudando o começo de novas empresas. Existe lá, em St-Damien, uma cultura empreendedora que se tornou contagiosa. 21 Novos parceiros derivados aceleram o crescimento da Tremcar Para Jacques Tremblay, artesão de quatro spin-off, esse modo de gestão é literalmente integrado à sua filosofia de negócios. Essa empresa, de mais de 250 empregados, é um dos maiores fabricantes de recipientes no país, exportando a metade de sua produção. Fazendo sppin-off em três oficinas de consertos e de serviços de pósvenda, um em Quebec, o outro em Ontário e um terceiro no estado de New York, Jacques Tremblay, presidente da Tremcar, acelera seu desenvolvimento, concentrado-se nas atividades essenciais ,ligadas ao ofício de base de sua empresa e que são aquelas em que a criação de valor é a mais valorizada. Quando encontrou um problema de abastecimento de peças para suas três fábricas de montagem, ele se ofereceu a um outro de seus empregados, para criar uma empresa de fabricação. “Teria podido me contentar em oferecer um simples contrato de terceirização... mas um laço contratual não tem a solidez e a constância de um laço de confiança, como uma parceria.” Selecionando minuciosamente seus futuros parceiros, entre seus empregados, escolhidos por sua liderança, suas competências, seu dinamismo e suas qualidades empresariais, o presidente desenvolverá para cada um deles um dispositivo de apoio e de acompanhamento. Detendo uma participação financeira em cada uma das novas empresas, ele guia os novos presidentes na aprendizagem de seus novos papéis. A passagem do estatuto de empregado ao de parceiro demanda uma certa adaptação. “Mas o spin-off constitui uma forma de motivação junto aos empregados, divulgando uma mensagem de confiança e reforçando o engajamento com relação à empresa. Na Saramac, um primeiro spin-off permite levantar e, talvez mesmo, salvar a empresa Gilles Brais, vice-presidente executivo da Saramac, propõe, em 1995, a dois de seus empregados, comprar a filial que se ocupa da instalação de placas de cimento arquiteturais. Esses produtos de alvenaria, de design especializado, são fabricados por Saramac, empresa familiar com mais de 200 empregados. A diminuição das atividades econômicas e a dificuldade em gerir adequadamente essa unidade de negócios à distância, estão na origem desse spin-off estratégico, cujo objetivo consistia em reduzir o endividamento da organização. A venda de uma filial permitiu recuperar somas de dinheiro suficiente para levantar a empresa. Esse projeto oferecia também a oportunidade de preservar uma mão-de-obra competente nos arredores de Saramac; Beneficiando-se com uma ajuda financeira e técnica, os novos criadores receberão igualmente, durante, mais ou menos um ano, conselhos judiciosos sobre direção, da parte do dirigente experimentado da Saramac. Uma caderneta cheia de pedidos representa certamente a principal contribuição da Saramac, assegurando contratos à Miral, a empresa derivada, antes mesmo que esta tenha iniciado suas operações. Esses pré-pedidos facilitam, por outro lado, a pesquisa de financiamento. 22 Segundo Gilles Brais, o criador é o jogador primordial em todo projeto de spin-off, ...” ele deve ser um empregado formidável e alguém do ofício, conhecendo bem o setor no qual vai operar a futura empresa derivada.” A presença de “ afinidades” entre o novo criador e os dirigentes da empresa-mãe, uma confiança bem estabelecida entre os indivíduos implicados, são desse modo essenciais a qualquer êxito de spin-off. Isso facilita a ajuda mútua e as boas relações de negócios a longo termo. Um outro projeto de spin-off foi criado no ano de 2000, com um engenheiro da Saramac, atuando no design e desenho. Com esse novo spin-off, a direção reflete sobre as maneiras de se concentrar melhor, a fim de melhorar o desempenho da empresa. “ Saramac poderia ser dividida em um conjunto de pequenas organizações, porque cada departamento tem apostas e problemáticas que lhe são próprias. Mantendo a especialização e facilitando o crescimento, a Saramac poderia também se concentrar mais na fabricação, sua principal atividade.” Uma cultura de ajuda mútua e uma capacidade de arriscar, facilitando a criação da Cabitec, uma empresa derivada Segundo maior grande fabricante de cabines em fibra de vidro em Quebec, Cabitec é uma empresa florescente de 40 empregados, situada em Ste-Justine-de-Bellechasse. Michel Tanguy, seu presidente, criou essa empresa em 1992, graças a um processo de spin-off de seu ex-empregador Rotobec, fabricante de veículos florestais e industriais. Este último procurava um fornecedor de cabines feitas sob medida e prontas para serem montadas e colocadas diretamente nos seus veículos. Ele acabava de fechar uma fábrica que não havia chegado a fabricar um produto apto a responder às suas necessidades. O apoio, trazido pela empresa-mãe, permitiu à Cabinec passar do estágio de começo ao crescimento, com mais facilidade. Michel Tanguy poderia pedir emprestado os instrumentos dos quais tinha necessidade , os estoques lhe eram emprestados ao valor no livro e reembolsáveis, quando a nova empresa gerasse bastante lucro. A matériaprima lhe era, no começo, fornecida pela empresa-mãe, a qual facilitou igualmente os contatos com os fornecedores. As noites e os fins-de-semana, os dirigentes da empresa de origem permitiam à Cabitec utilizar o equipamento especializado e a maquinaria pesada, algumas vezes, necessários para a fabricação das cabines. O tempo utilizado nas grandes dobradoras da Rotobec era faturado em horas, mas de maneira muito irregular : no fim do mês, uma avaliação sumária era simplesmente efetuada. Os dirigentes da empresa-mãe os prodigalizavam também com conselhos sobre o faturamento, e seções de consulta eram organizadas com um engenheiro, a fim de regularizar todo tipo de problemas técnicos. Durante vários anos, ele sentisse necessidade de consultar um profissional, Michel Tanguy poderia recorrer aos serviços do engenheiro, do contador, do dirigente ou de um outro empregado especializado, da Robotec. A proximidade dos lugares facilitou esses intercâmbios. Situada perto da empresa-mãe, a apenas cinco minutos a pé, a Cabitec podia ter acesso rápida e facilmente aos instrumentos e à matéria-prima, assim 23 como à especialização, experiência, e mesmo, aos preciosos e numerosos conselhos, advertências e recomendações de todo tipo. Discussões informais e espontâneas freqüentes com seu ex-empregador e outros membros da direção completaram a ajuda fornecida pela empresa-mãe. O spin-off na Produits Forestiers Turpin : a fim de apoiar uma estratégia de crescimento “Quando tua organização atinge uma cifra de negócios de mais de 30 milhões de dólares, não é possível crescer sem spin-off.” Germain Turpin, presidente diretor geral da produits Forestiers Turpin (PFT), está convencido dos benefícios do spin-off para sua empresa que explora em Outaouais, com seus 200 empregados, três linhas de serraria, duas linhas de tronco, uma oficina de aplainar e seis secadoras. Sua empresa é, ela própria ,originária de um spin-off. Tendo trabalhado durante vinte e seis anos para a multinacional Industries James Maclaren, ele agarrou, em 1992, a oferta de compra do presidente, para a serraria que deveria fechar as portas. Um primeiro spin-off aconteceu em 1996. O Centro de cortes Riopelle, que reúne hoje 26 empregados, é criado com um antigo empregado. Muito ligado à sua empresamãe, a estrutura administrativa dessa nova empresa está associada à da PFT que representa seu único cliente. Satisfeito com os benefícios gerados por esse primeiro sppin-off, Germain Turpin decide criar, em maio de 1997, uma segunda empresa derivada, Exploitation forestière Nations. Essa empresa, de 40 empregados, ocupa-se do corte e do transporte da madeira de folhudos (copados) e da exploração de terrenos públicos. Rentável, essa filial responde às expectativas de Germain Turpin e lhe permite economizar somas importantes em nível de exploração florestal. De fato, ela constitui seu ponto de referência, por ocasião das discussões com outros contratuais. Um terceiro spin-off é negociado, no ano seguinte, para a compra da fábrica que confecciona pranchas de madeira, com Louis Reny, então diretor dessa fábrica e Sylvain Boivin, diretor da produção da serraria. Renyco, a nova empresa tem o vento em popa e prevê grandes desenvolvimentos, a fim de se tornar um centro completo de transformação dos produtos de madeira. Um quarto spin-off está em andamento atualmente. Esses spin-off proporcionam à empresa-mãe, a flexibilidade requerida e preços competitivos para concorrer no mercado mundial. Visto sua implicação financeira, os criadores dessas três empresas-derivadas procuram constantemente meios de melhorar as operações e os custos de fabricação, podendo, desse modo, oferecer uma qualidade superior de produtos e serviços. Além de reforçar sua posição estratégica de maneira magistral, o spin-off proporcionou repercussões interessantes à imagem da PFT. Pelo viés das empresasderivadas, a PFT facilitou a criação de numerosos empregos em uma região onde os 24 empregos se fazem raros. A empresa-mãe se beneficia assim, de várias maneiras, dessa cultura empreendedora que ela contribui para desenvolver em sua região. Do sonho à realidade para a Clos des sens, uma empresa derivada, resultante da venda de ativos inutilizados. Diante da decisão de seu empregador em fechar a seção da pastelaria, Eric Laval, grande pasteleiro francês, se oferece para comprar os equipamentos. Tendo já criado uma empresa no passado, não hesitou em pegar essa oportunidade. A Clos des sens é, dessa maneira, criada em Montreal, com três outros parceiros, dois dos quais, empregados que tinham já formado Eric Laval. Ele oferece pastelarias congeladas de alta qualidade, um serviço de casa de pasto e de produtos finos de padaria. Trabalhando no começo em locais alugados pela empresa de origem, a nova empresa também aproveitou da aquisição do equipamento, a um preço inferior ao custo do mercado. Um mentorado ativa o vôo de uma empresa derivada : Bouchons Pro-Cap Pierre Desautels, presidente da Bouchons Pro-Cap, era, em 1999, o feliz laureado do Prêmio da reabilitação em empreendedorismo da Fondação do Empreendedorismo. Essa jovem empresa de três anos, especializada na fabricação de tampas de plástico, beneficiou–se de um real apoio estratégico de sua empresa-mãe. Engajando-se por escrito, em aconselhar o antigo diretor de vendas, e a comprar toda a produção por um período de dois anos, o dirigente de Plastiques Mirabel beneficiou a empresa derivada com sua vasta experiência, no setor dos plásticos, e sua rede de contatos. Todas as ocasiões eram boas para se sentar e discutir, freqüentemente, sobre as diversas problemáticas inerentes ao início de empresa. “Ele não queria que eu repetisse os mesmos erros.” A relação de negócios prossegue ainda hoje, mas ela se inscreve, em maior grau, em uma forma de cumplicidade que deu origem a uma grande amizade e uma grande solidariedade. E as grandes empresas? Quase todos os casos de spin-off, recenseados em Quebec, são fruto de empresasmãe PME. São spin-off totalmente ou parcialmente estratégicos, porque se inscrevem, seja diretamente na lógica de desenvolvimento estratégico da empresa de origem, seja indiretamente, permitindo-lhe aliviar atividades e, desse modo, centrar-se em sua principal atividade. Existem bem poucos casos de spin-off, provenientes de grandes empresas. Houve no começo dos anos 80, a Hydro-Quebec que criou a Nouveler, no momento em que se encorajava o desenvolvimento das novas energias e novas tecnologias em matéria de eficácia energética. Essa filial via a valorização e a comercialização das tecnologias desenvolvidas nas unidades de negócios, ou no interior do IREQ (Instituto de pesquisa do Hydro_Quebec). 25 No meio dos anos 80, a Alcan erigiu, com outras grandes empresas da região do Saguenay-Lac-St-Jean, uma sociedade de capital de risco, Soccerent, cujo objetivo era a criação de empresas. Essa sociedade evoluiu muito depois e investiu agora no desenvolvimento de empresas da região e de outros lugares. Na França Um concurso de criação de empresas permite integrar o empresariado no Grupo Thomson (Thalès) O caso do Groupe Thomson é um exemplo eloqünte de uma empresa que primeiro utilizou o modo de gestão do spin-off, como um sistema de apoio para vir em ajuda aos empregados licenciados, no quadro de uma estratégia de desinvestimento. Retomou-se em seguida, de maneira mais proativa, esse modo de gestão. (Bourdeau, Toulouse, 1991). No fim dos anos 70, esse industrial francês, líder mundial no campo da eletrônica, deve se dividir em numerosos ativos. Criou um grupo, o Geris, que ajuda os empregados das filiais concernentes, diretamente por uma parada de atividades atual ou iminente, a tomarem em mãos seu destino, seja criando sua própria empresa, seja retomando e gerindo eles próprios essas atividades. O fim da reorganização torna caduca a missão de Geris que decide evoluir em direção a intervenções mais proativas. Desse modo, em 1985, Geris lança a idéia original de um concurso interno de criação de empresas. O Grupo Thomson difunde essa oportunidade entre suas filiais francesas por meio de “ folders”, cartazes e na revista interna. O leque dos projetos admitidos é vasto : os projetos de criação de empresas, entrando ao mesmo tempo no ofício e na estratégia do Grupo e os projetos de empresas que não são associados ao ofício. Geris recebe entre 20 e 30 dossiês por ano, dos quais, cinco são premiados. A direção estava convencida de que, permitindo aos assalariados dispor de uma certa latitude em termos de criatividade e inovação, o recrutamento de uma pessoa mais imaginativa e sobretudo mais motivada, seria melhorado. De fato, o programa de spin-off melhorou bastante a imagem de Thomson entre os diplomados em tecnologia e, em lugar de “esvaziar a empresa” como alguns haviam predito, o programa teve o efeito inverso, atraindo para a Thomson excelentes candidatos que viam lá, uma maneira de se preparar para se lançar um dia por sua própria conta. Com efeito, essa política permitiu à Thomson se posicionar melhor e poder recrutar mais e mais facilmente, em um mercado onde os bons recursos humanos dinâmicos eram relativamente raros e muito procurados. O Grupo aposta hoje em uma política ativa de spin-off que se apóia em um dispositivo em três estágios. Primeiro elemento : o Geris se encarrega de montar os dossiês e participa na elaboração do plano de negócios. De seu lado, a Thomson-CSF Ventures, criada em 1986, tem por missão fazer prospecção no exterior do grupo e 26 investir no começo. Enfim, uma terceira estrutura, a Thomson Propriété Industrielle (TPI), gerencia o patrimônio tecnológico do grupo – especialmente os licenciamentos – e leva adiante as ações jurídicas (cláusulas de propriedade intelectual, direitos concedidos, contrapartida financeira) destinados a facilitar o spin-off. Para a Sociedade Geral da França, um programa de spin-off baseado na licença de criação de empresas Para a Sociedade Geral da França, perto de 300 pessoas se muniram da licença para criação de empresas durante os últimos cinco anos. Em 40% dos casos, são empresas de serviços (consultores independentes) que foram criadas. Na direção dos Recursos e Relações humanas, três pessoas assistem e aconselham os assalariados desejosos de partir para os negócios. Uma licença com duração de dois anos é acessível a qualquer pessoa tendo ao menos dez anos de antiguidade na empresa. A direção afirma que é um meio de melhorar a produtividade, colocando em concorrência tudo o que pode ser colocado, nos seus diferentes ofícios. O presidente escreveu a seus empregados, chamando-os a criar modelos de “ business Internet” e apresentá-los, com toda independência, e fora de qualquer hierarquia. EDF e GDF inscrevem o spin-off em seus objetivos estratégicos Em seu programa de ajuda à criação de empresas, os objetivos seguidos por Électricité de France (EDF) e Gaz de France (GDF), se inscrevem em uma estratégia de empresa. Eles são, ao mesmo tempo, internos e externos. Em um documento corporativo, os principais objetivos internos apresentados, dizem respeito à dinamização do potencial humano e o desenvolvimento de uma nova cultura aberta ao mundo exterior, quando os objetivos externos visam a valorização da imagem de marca da EDF e da GDF, o posicionamento, na qualidade de parceiros econômicos na montagem de projetos, o crescimento da competitividade e a qualidade do desenvolvimento das economias local e regional. Um encontro com os responsáveis pelo programa de spin-off nos ensinou que uma centena de empregados entre os 150 000 do Grupo, se beneficiam cada ano de uma licença de criação de empresas, podendo durar até cinco anos, a razão de um ano de cada vez, renovável com três meses de antecedência. Indicaram-nos, também, que a maior parte dos empregados que se beneficiam da licença de criação, fizeram já outra coisa antes de vir trabalhar para uma das duas empresas do Grupo. Quatro pessoas trabalham em tempo integral, no enquadramento de criadores. La Poste, um programa de spin-off bem conhecido Um dos programas de spin-off bem conhecido na França é o da La Poste. Essa empresa e suas filiais, agrupam mais de 300 000 empregados. Grandes esforços foram investidos para implantar um programa de spin-off bem estruturado. A informação 27 sobre esse programa é transmitida massissamente na empresa, mesmo pela utilização de vídeos. Mais de 400 dossiês de criação são depositados todo ano, dando origem a umas cinqüenta novas empresas. As licenças de criação se estendem freqüentemente por vários anos, e algumas puderam atingir até seis anos. A quase totalidade dos spin-off oriundos da La Poste, são spin-off pessoais. E várias outras visitas instrutivas Encontramos os responsáveis por programas de spin-off de mais ou menos uma dezena de grandes grupos franceses, como EADS (Aéro-Spatiale, Matra, Casa : mais de 80 000 empregados), Sanofi (grupo farmacêutico : mais de 30 000 empregados), SODESI (Air France e filiais : mais de 50 000 empregados), Schneider (eletrônica e telemecânica : mais de 40 000 empregados). O conjunto desses programas de spin-off gera centenas de novas empresas cada ano. Na seção 2.4, apresentamos os conselhos e as recomendações de vários desses responsáveis com quem discutimos sobre seus programas de spin-off,dos quais a maior parte está implantada há vários anos. Os leitores interessados em conhecer mais, sobre os programas de spin-off das empresas francesas, citados mais acima, estão convidados a visitar os sites Web dessas empresas. 2.2 Principais fatores de êxito do spin-off A quase totalidade dos casos de spin-off, que recenseamos e analisamos em Quebec e no Canadá, são originários de PME. Mesmo empresas como a IPL em St-Damien e Lacasse em St-Pie de Bagot que se classificam agora , as duas, no segmento das grandes empresas, realizaram o essencial de suas atividades de spin-off, quando eram ainda PME. Elas não teriam conhecido o impulso que conheceram sem o spin-off. Em seguida a nossas discussões com numerosos responsáveis por programas de spin-off na França, parece que os fatores de sucesso assinalados nessa seção, permanecem os modelos no estabelecimento das melhores práticas de spin-off, podendo se aplicar às grandes empresas e igualmente às PME. O sucesso dos processos de spin-off que observamos, parecem ser tributários da qualidade dos laços estabelecidos entre a empresa-mãe e a empresa derivada, assim como a natureza do apoio prodigalizado. É preciso notar que se trata, quase sempre, de spin-off que se construíram em torno de laços pessoais que existiam já entre o dirigente da empresa de origem e o empregado (o criador). Em primeiro lugar, a comunicação entre as duas partes e o intercâmbio de informações, exigem uma grande transparência nas intenções. Importa determinar com clareza os objetivos procurados por cada uma das empresas. A concepção conjunta do projeto permite de uma parte, adaptar o projeto às capacidades do criador, e de outra, segundo o apoio oferecido pela empresa de origem, definir e identificar os recursos que serão necessários para levar adiante essa criação, e o início que se seguirá. A exploração de sinergias multiformes passa por um projeto confiável, realista e viável. 28 Entre os fatores de sucesso, mais freqüentemente expressos pelos atores, encontramos, primeiro e antes de tudo, o nível de confiança mútua, assim como a preocupação de manter relações harmoniosas entre os dirigentes da empresa-mãe e o novo criador. Relações alimentadas de estima mútua facilitando, sobretudo para o dirigente da nova empresa, atingir mais rápido os objetivos fixados. Ora, a importância desses elementos no sucesso do spin-off depende, em grande parte, da intensidade do nível de colaboração, definido pelas necessidades do projeto e dos atores. Por exemplo, será mais intenso e tomará, possivelmente, a forma de uma verdadeira parceria, se há uma participação cruzada e uma partilha dos custos e dos riscos. E em um contexto de spin-off a frio ou voluntário, todos esses fatores são mais facilmente respeitados e colocados para contribuição, influenciando variavelmente a taxa de êxito. Um outro fator de sucesso é a duração do apoio oferecido pela empresa-mãe. Esse aporte, se é mantido além do período de início e esse, mesmo em uma menor intensidade, consolidará as forças da nova empresa e lhe permitirá desenvolver-se em condições ótimas. Em resumo, os tipos de ajuda podem variar, indo de simples conselhos a intervenções de especialistas. Quanto mais esse apoio for exaustivo, mais oportunidades de a nova empresa obter sucesso serão elevadas, e particularmente, por ocasião da fase crucial do spin-off. Mesmo que a ajuda financeira possa permitir iniciar a relação entre a empresa de origem e a empresa filial, são os conselhos técnicos e administrativos que mais contribuem para melhorar o desempenho das novas empresas. Por outro lado, voltando às condições anteriores do spin-off, descritas na seção 1.3, algumas podem se tornar igualmente fatores de êxito. Especialmente, uma cultura organizacional e um estilo de gestão que facilitam a autonomia decisória, a responsabilização e o enfrentamento de riscos. Pilar da nova organização, o criador desempenha um papel importante, influenciando o sucesso de sua empresa. A vontade do assalariado de criar sua empresa, conjugada a uma disponibilidade suficiente, uma certa iniciativa e competências em gestão, são igualmente fatores de predisposição ao sucesso do projeto. Vários criadores sustentam que um bom conhecimento do ofício, junto a uma boa habilidade em comunicar e influenciar, são igualmente vantagens não negligenciáveis. No quadro seguinte, agrupamos as características da empresa-mãe e as do criador que pareceram as mais determinantes no êxito do spin-off. 29 Quadro 4 Fatores de sucesso do spin-off 1. Características da empresa-mãe i. ii. iii. iv. v. vi. vii. viii. ix. Nível de engajamento da direção no processo de spin-off (vontade estratégica) Sistema de ajuda e de apoio oferecido pela organização de origem, no início da empresa Sistema de ajuda e apoio oferecido pela organização de origem depois do início da empresa Nível de confiança mútua entre os membros da organização de origem e o criador Concepção conjunta do projeto de spin-off Grau de abertura demonstrado pela organização-mãe na utilização de tecnologias nascidas em seu interior para iniciar a nova empresa Cultura empreendedora e especialização na criação de empresas, da Empresa-mãe Pertinência das competências dos recursos humanos da empresa-mãe – às quais o criador pode ter acesso – em relação ao setor visado pelo projeto de criação Duração da licença de criação Ajudas materiais disponíveis 2. Características do criador i. ii. iii. iv. v. vi. vii. viii. ix. x. 2.3 Sua determinação em ter êxito Sua experiência geral em gestão das organizações Sua experiência geral do mundo dos negócios Seus conhecimentos e especialização no setor de atividades no qual lança sua empresa Suas habilidades de comunicação Suas capacidades de influenciar Seu gosto pelo risco e sua tolerância à ambigüidade O tempo investido para o projeto Seus contatos com o meio Seu método de trabalho Importância e diversidade das formas de apoio A instauração de um sistema de acompanhamento se apóia em competências, tanto internas quanto externas, e em função de realidades regionais. As ajudas mais comumente atribuídas são descritas nessa seção. Sabendo que o objetivo é reunir as 30 condições favoráveis para assegurar o êxito da empresa, a essa lista podem se acrescentar outros meios , outras modalidades de apoio e de conselhos, o todo, em função dos contextos organizacionais e locais, assim como em relação ao perfil do criador. Por exemplo, esses apoios podem compreender : • • • • • • • • • • • • contribuição técnica ao criador (equipamentos, tecnologias,...) ; apoio logístico (secretariado, burocrático,...) ; apoio financeiro sob forma de empréstimo, endossamento ou outros; contribuição consultiva, especialmente, apadrinhamento, conselhos fiscais, jurídicos, de análises de mercado, administrativos e outros ; responsabilidade financeira de uma parte da formação (gestão, marketing,...) ; transferência de equipamentos a custos mínimos ; contrato de terceirização ; compra de uma parte da produção da nova empresa ; acesso à rede comercial da empresa-mãe ; utilização da capacidade de compra da empresa-mãe para negociar junto aos fornecedores de matérias-primas e serviços ; apoio psicológico e afetivo ; etc. Criar uma empresa exige tempo para empreender no exterior todos os passos necessários á realização do projeto. A disponibilidade de praias de tempo, durante os horários de trabalho do empregado, facilita os passos. As modalidades da condução do tempo de trabalho, assim como a natureza e a duração desses dispositivos, podem ser especificados e se ajustar em função da necessidade dos portadores de projeto. A formação do futuro criador é uma vantagem inegável no sucesso da nova empresa. Antes mesmo da implantação do projeto, o assalariado deve compreender entre outras, a diferença entre uma idéia e uma ocasião de negócios, saber avaliar as oportunidades e as ameaças do setor no qual sua empresa evoluirá. O comitê pode sugerir leituras pertinentes e seções de formação suscetíveis de ajudar o portador de projeto. Depois da avaliação do dossiê, das formações mais específicas, escolhidas em função das necessidades, podem ser propostas e oferecidas pela empresa , principalmente, as ligadas à gestão, orientação ou simplesmente, formações técnicas, jurídicas, comerciais. A ajuda lógica é freqüentemente uma ajuda importante nos primeiros momentos da empresa. Um telefone, uma fotocopiadora, uma telecopiador, um nicrocomputador, um bureau, os serviços de secretaria, podem permitir responder às necessidades primárias. Facilitar o acesso aos recursos técnicos, normalmente essenciais à partida e dificilmente acessíveis por falta de liquidez, pode reforçar, também, a estrutura de base da empresa derivada. Por exemplo, o simples acesso aos equipamentos mais especializados, aos numerosos instrumentos e mais ainda, à possibilidade de se aproximar e de se servir da 31 especialização e dos conhecimentos técnicos das pessoas, no lugar, permitindo ao criador instaurar o mais rapidamente possível, procedimentos e práticas de qualidade. Em nível de ajuda financeira, uma antecipação reembolsável pode ser concedida ao assalariado, depois de análise do dossiê. Um montante variável ou um empréstimo à taxa bonificada. pode ser fixado segundo condições e procedimentos estabelecidos, principalmente, segundo o efeito de alavanca sobre os desempenhos da empresa-mãe que detém já uma boa reputação junto às instituições financeiras, o criador poderia se beneficiar mais facilmente de uma participação. Um acordo comercial (no caso de terceirização) oferece a oportunidade de ter um fornecedor privilegiado para a empresa-mãe e um apoio comercial em termos de acesso ao mercado para o criador. De seu lado, o criador pode aproveitar da rede de contatos e do poder de compra da empresa de origem, em nível de fornecedores. Em uma forma de colaboração mais intensa, como a parceria, a empresa-mãe pode ser a principal acionista, co-acionista, ou ainda, acionista minoritária na empresa derivada. A participação financeira pode ser decrescente no tempo, na medida em que a derivada progride em sua autonomia. Essa escolha estratégica pode permitir conservar um laço com o saber-fazer e a especialização do empregado, no caso de atividades conexas ou complementares. Ou ainda, melhorar as relações com a clientela. No caso de criação de empresas em que as atividades são estritamente ligadas às da empresa-mãe, (spin-off estratégico), o acompanhamento se faz mais naturalmente; os interesses comuns e sua mútua dependência motivam as duas partes. Através dos valores partilhados, a relação é então reforçada por uma confiança mútua. A constituição de uma rede na qual a empresa-mãe encoraja os projetos conexos a seu setor, permite o início de malhas formais e o estabelecimento de relações comerciais privilegiadas. A duração da licença de criação constitui uma dimensão importante do processo de spin-off, quando ele é possível. Algumas empresas do setor público e privado oferecem já licenças sem vencimentos, mais ou menos longa, por razões já conhecidas anteriormente, como a ação sindical ou a ação política. Sem dúvida, a criação de empresas poderia se acrescentar às razões que podem justificar tal licença. Na França, uma lei obriga as empresas a fazê-lo. Por que não pode ser da mesma maneira no Brasil? No que diz respeito ao programa de spin-off, uma boa descrição e uma boa comunicação assegurarão um nível de compreensão essencial para todos os empregados. Trata-se de um bom instrumento de relações públicas e de recrutamento. Por outro lado, é preferível que ele seja concebido de tal maneira que se possa utilizar, ao máximo, os organismos de ajuda na criação de empresas do meio. Nós voltaremos ao ssunto, de maneira mais exaustiva, na terceira seção. 32 2.4 Algumas armadilhas a evitar As medidas de acompanhamento devem, de uma parte, permitir elaborar e implementar um projeto viável, e de outra, sustentar e encorajar o futuro criador, ao longo de seus passos. Essas estruturas de apoio não devem, sobretudo, tirar-lhe a responsabilidader. A qualidade do acompanhamento e, sobretudo, a relação desenvolvida entre os dirigentes da empresa-mãe e o da nova empresa, decorrerão freqüentemente da confiança que existe entre os dois, mas determinarão também, na medida da evolução do projeto e do nível de confiança que se estabelecerá na alta ou na baixa, entre essas duas partes. Todo mundo tem vantagem em manter uma relação ganhador-ganhador. Assim, a legitimidade de um programa de spin-off será em função do conjunto de apoios que permitem um melhor sucesso dos projetos de criações iniciados. A natureza das relações, se ela é clara desde o começo, servirá para evitar malentendidos. É preferível que o programa de spin-off seja escrito, que os apoios previstos nesse programa, sejam explicitamente apresentados. Os acordos, se acordos existem entre a empresa-mãe e a empresa filial, podem ser escritos. Em certos casos, esses acordos e a duração dos engajamentos podem ser acrescentados na convenção dos acionistas. Um contrato entre as duas partes, que fixa os acordos e precisa as modalidades das diversas ajudas, assegura suas aplicações. Por exemplo, na ajuda logística, a convenção estipula a natureza dos serviços oferecidos, por um período limitado (número de semanas ou de meses). No caso de uma ajuda financeira, as modalidades podem compreender o montante, as formalidades de reembolso, as taxas de juros, etc. As duas partes podem entrar em acordo para, em qualquer tempo, ajustar ou modificar esses acordos, a fim de levarem em consideração a evolução da nova empresa. A autonomia da empresa derivada ou sua independência financeira, com relação à empresa-mãe, deveria ser pesquisado desde os primeiros anos da partida. Trata-se de um elemento maior para que o criador mantenha sua motivação. É preciso evitar a instauração de relações de dependência entre as duas partes que poderiam, ao longo do tempo, fragilizar, e mesmo, provocar a ruptura da relação. No caso em que o spin-off acontece na região, esse elemento é ainda mais importante, porque uma situação precária, para uma ou outra das empresas, fragilizaria todo o reservatório de empregos no meio. Constata-se, às vezes, muitos esforços prodigalizados da parte da empresa de origem, em um nível ou outro do processo de criação, por exemplo, na ajuda financeira, depois uma quase-ausência de apoio e de conselhos depois do início efetivo da empresa. Ora, acontece que um enquadramento sustentado e um acompanhamento atento permanecem os apoios mais essenciais. Em quase toda s as grandes empresas francesas que visitamos, os responsáveis pelos programas de spin-off, confiaram-nos a necessidade de melhorar a seleção dos criadores, por uma melhor avaliação do potencial empreendedor dessas pessoas e de 33 suas oportunidades de sucesso em negócios. Por outro lado, alguns afirmam que uma das coisas mais laboriosas no seu trabalho, consiste em dissuadir um portador de projeto a não se lançar nos negócios : seja porque a pessoa não apresenta um perfil suficientemente empreendedor, ou porque os estudos demonstram que o projeto não pode ser viável. Mesmo se mais de 50% dos portadores de projetos são quadros superiores, por conseguinte, as pessoas recursos responsáveis pelos programas de spin-off nas empresas francesas, mencionaram a dificuldade de modificar a atitude e os comportamentos de empregados que não tiveram experiência de gestão anterior. Ora, numerosos dirigentes quebequenses verbalizaram, igualmente, essa preocupação no que diz respeito à transição de uma cultura de executante a uma cultura de dirigente, especialmente quando o criador se torna parceiro. Por outro lado, as etapas de informação, de comunicação, e mesmo, de sensibilização, parecem por vezes ser negligenciadas. Com efeito, repetiram-nos várias vezes, que se os programas de spin-off tivessem o aval da alta direção, esses programas não seriam sempre bem conhecidos pelos empregados superiores, nem de todo pessoal. A caminhada de 90 % a 95% dos criadores permanece em segredo, desconhecido dos outros membros do pessoal, e mesmo, do superior hierárquico. Às vezes, o quadro superior não vê com bons olhos a saída de um empregado-chave. Entretanto, os responsáveis pelos programas de spin-off que nós encontramos, afirmam que os sindicatos dão, em geral, um apoio e uma colaboração não negligenciáveis a suas atividades. Enfim, a maioria dos programas franceses de spin-off a frio não oferecem financiamento. Várias empresas-mãe o fizeram no começo, mas interromperam essa prática. A tendência atual consiste, na medida do possível, em utilizar os serviços oferecidos pelos organismos de ajuda à criação de empresas , da mesma maneira que aqueles especializados no financiamento e situados no setor geográfico dos portadores de projetos. 34 TERCEIRA PARTE Implementação de um programa de spin-off de empresas O objetivo que subentende a elaboração de um programa de spin-off de empresas consiste em facilitar o processo de criação de empresas e, por extensão, a tornar acessível e menos arriscada essa criação. O spin-off, sendo uma das vias por excelência para facilitar a criação de empresas, é uma dessas vias para convidar um maior número de criadores potenciais a passar pelo ato. De maneira mais particular, um programa de spin-off introduz uma cultura empreendedora em uma empresa. Ele dinamiza os grupos internamente, e os sensibiliza para a criação de empresas . De outro lado, um programa de spin-off deve identificar os recursos do meio, engajados no apoio à criação de empresas, desenvolver sinergias com esses diversos atores econômicos e os implicar na medida do possível, no processo de spin-off. Um programa de spin-off não procura substituir as associações locais, mas ao contrário, a lhes servir de complemento sob forma de conselhos técnicos, de especializações de gestão, de contribuição material, de ajuda na montagem do plano de negócios e do plano de ação do início. Desse modo, na preparação do programa de spin-off, a consulta junto aos diversos organismos da região, especialmente os organismos de ajuda à criação de empresas, e os numerosos recursos profissionais., como os especialistas contábeis, e, sobretudo, os consultores especializados em análises de mercados, inscrevem-se em uma conduta mais global. É preciso compreender que os recursos a ajudas externas, apóiam-se sobretudo, em redes. Estar em ligação com elas, permitirá completar a oferta de serviços oferecidos aos empregados portadores de projetos de criação. No anexo 1, vocês encontrarão uma lista sucinta de organismos conhecidos, capazes de ajudá-los em sua conduta de spin-off, e que podem ter importância no acompanhamento da nova empresa. Os organismos e os programas de ajuda oferecidos às empresas cobrem uma panóplia de serviços em matéria de ajuda financeira, de formação, de conselhos legais, quer seja para destituir uma marca ou não, para cumprir formalidades administrativas, para apadrinhar, para gerir melhor, para facilitar a inovação ou simplesmente, para recolher informações. Enfim, precisemos que os elementos apresentados nessa seção, não devem ser retidos como um quadro rígido para a implantação de um programa de spin-off. É preciso, entretanto, guardar sempre no espírito, que um bom programa de spi-off deve fornecer um enquadramento que vai verdadeiramente facilitar a conduta dos criadores e das criadoras. É preciso implementar um mínimo de coordenação de recursos, tanto internos como externos à empresa, para permitir ao criador evoluir dentro do sistema de acompanhamento, suficientemente estruturado para permitir-lhe aumentar, ao máximo, 35 suas oportunidades de êxito. Este quadro deveria também permitir à empresa-mãe manter uma sadia renovação de seus efetivos, de cultivar assim sua vitalidade empreendedora e por isso, manter ou acelerar seu crescimento. 3.1 Qual o tipo de programa a escolher ? 3.1.1 Um programa estruturado ou informal Viu-se que o spin-off pode fazer parte integrante do conjunto de estratégias corporativas de uma empresa, com um programa claro de informações e de implementação para todo pessoal. Constatou-se, igualmente, a importância de construir um programa de spin-off adaptado às necessidades e aos recursos da empresa. A vontade estratégica e o engajamento da direção da empresa-mãe determinarão a dinâmica do spin-off. Acreditamos que um programa de spin-off bem estruturado, que permita selecionar bem os criadores e lhes fornecer os enquadramentos apropriados para elaborar seu plano de negócios e aconselhá-los, judiciosamente, por ocasião do início, esse programa pode atingir uma taxa de êxito mais elevada. Acontece que 90% das empresas, tendo iniciado em um contexto de programa de spin-off estruturado, estão ainda em operações e rentáveis depois de três anos. Entretanto, importará que o desdobramento do programa de spin-off se faça em um quadro propício. Não é suficiente formular algumas boas atividades de apoio, ou simplesmente, dotar-se de uma infraestrutura geral. O novo objetivo organizacional, se ele deve fincar raízes e funcionar bem, deverá ser encarnado de uma parte, por uma liderança forte, e de outra, mostrar uma orientação clara. As informações vindas da alta direção devem mostrar, claramente, a importância dada a esse modo de gestão. A alocação dos recursos é um vetor importante nesse sentido. Um responsável pelo spin-off deve ser claramente identificado. As empresas têm, freqüentemente, tendência a ligar essa responsabilidade ao serviço de recursos humanos. Entretanto, as experiências francesas nesse campo, sugerem que o spin-off pode também ser ligado à direção de pesquisa e desenvolvimento, aos projetos especiais, aos serviços de inovaçãpo ou ao desenvolvimento regional, evitando desse modo, associar o spin-off a atividades de reestruturação. A implantação de um comitê de spin-off pode se mostrar muito útil para solucionar bem as dificuldades que poderão necessitar de arbitragens difíceis. Esse comitê poderá facilitar o reconhecimento do spin-off na organização, contribuir para sua legitimidade, assim como, sua integração. Ainda uma vez, todas essas atividades podem fazer parte de um processo de aprendizagem, largamente estruturado ou organizado, em uma forma mais simples. 36 3.1.2 Um programa em um contexto de grande empresa ou de PME A segunda parte mostra bem que o spi-off pode ser adotado dentro de todo tipo de empresa. Quaisquer que sejam o tamanho ou o setor no qual a empresa evolui, o spinoff é função de interesses estratégicos e sociais, de seus dirigentes. A abordagem difere somente em termos de lógica e de metodologia. As etapas de um programa de spin-off, em um contexto de grande empresa ou de PME, são sensivelmente as mesmas. A amplidão do programa, o tempo a consagrar para o fazer conhecer, o número de casos de spin-off propostos a estudar, a selecionar depois a seguir, variarão em função da dimensão da empresa. O essencial da concepção de um programa de spin-off não é tributário do tamanho da empresa, mas, ao contrário, de suas escolhas estratégicas e de suas convicções em termos de responsabilidade social. O próprio sistema de enquadramento será concebido segundo as capacidades e os recursos disponíveis. A importância de criar uma sinergia com os interventores locais, e utilizar, o mais possível, os recursos do meio, pode fazer aqui toda diferença, a fim de diminuir os custos e de maximizar a utilização dos recursos da empresa-mãe. Um pouco mais adiante, no guia, apresentarei a vocês, exemplo de um programa de spin-off de uma PME e exemplo de um programa de spin-off de uma grande empresa. 3.2 Elementos de um programa de spin-off A construção de um programa de spin-off permitirá visualizar as numerosas etapas necessárias à criação de uma empresa e assegurar uma certa coerência. E isso, mesmo se o processo de criação for raramente seguido de maneira linear por cada empresa derivada. O processo de spin-off integra várias etapas acima e abaixo da própria criação da nova empresa. Acima, há todo o aspecto de informação, sensibilização e reflexão. Dever-se-ia informar quanto às etapas do programa e quanto aos tipos de ajuda consentidos pelo empregador. A empresa-mãe pode, ela própria, estabelecer atividades conformes, ou simplesmente servir de incentivador. Ela pode facilitar o acesso aos recursos dos quais terá necessidade o criador para adquirir as competências e as capacidades que o ajudarão a identificar as oportunidades do meio. Na etapa que precede a criação, importa que formações, assim como as seções de intercâmbio, aconteçam entre os criadores e as pessoas que têm experiência de gestão e de direção a fim de permitir aos criadores passar de uma cultura de empregado à de dirigente. Trata-se de um problema maior identificado por quase todas as pessoas que operaram em gestão de processo de spin-off. 37 As fases de maturação e de reflexão desembocam na criação efetiva da empresa. O projeto toma forma depois de várias análises, críticas, modificações. Nessa etapa, o futuro criador pode recorrer a ajudas externas, apoiado ou não pela empresa-mãe. Por vezes, um comitê interno de spin-off gerirá esses exercícios. Abaixo, a empresa-mãe pode continuar seu engajamento por uma fase de acompanhamento e de apoio, por um desenvolvimento ótimo no interior da parceria. Nesta seção, introduziremos os diversos elementos que compõem um programa geral de spin-off. Essa esquematização pode ser utilizada de maneira modular e em função das necessidades dos empregados, os quais podem variar de um setor a outro, de uma empresa a outra. De fato, as diversas etapas apresentadas nesse programa, têm um aspecto linear, mas na realidade, algumas dentre elas podem ser empresas de maneira paralela ou ainda, ser escamoteadas. A importância de uma intervenção personalizada deve ser privilegiada a exemplo de uma ajuda estereotipada , e mesmo, tratada de maneira burocrática. Thierry Clément, pesquisador e especialista em spin-off na França e membro do CNCE (Comitê Nacional para a criação de empresas) desenvolveu, depois de numerosas análises, efetuadas junto a um grande número de empresas-mãe francesas, um modelo a que chamou de ACE (apoio à criação de empresa). Segundo esse especialista, uma ação de spin-off divide-se em quatro grandes fases : • • • • Preparar (sensibilização) Detectar (comunicação) Tratar (acolhida, acompanhamento, decisão e formalização) Lançar (criação e acompanhamento) Na elaboração da conduta apresentada neste guia, fomos apoiados no modelo desenvolvido por Clément (modelo que atinge, de preferência, as grandes empresas) e o adaptamos ao contexto quebequense, em que as PME desempenham um papel importante na dinamização da economia. Por exemplo, inserimos uma parte das atividades da primeira fase, a da preparação, na subseção da infraestrutura, principalmente, as atividades seguintes : escolha do responsável pelo spin-off, elaboração do regulamento do spin-off, implantação do comitê de spin-off. E discutimos fases de detecção, de tratamento e de lançamento na seção 3.2.2. 3.2.1. Infraestrutura Algumas empresas já implementaram uma política, visando desenvolver o potencial empreendedor e valorizar as iniciativas empresariais de seus empregados, por meio de informações, de conselhos, de acompanhamentos de formação, de recompensas. Um programa de spin-off pode se situar como um prolongamento lógico dessas orientações estratégicas. Por exemplo, ele pode ser acrescentado ou integrado a um programa já em andamento, de desenvolvimento de projetos de inovação ou em um programa de 38 reconhecimento das idéias inovadoras e de sua implantação. O conjunto dos projetos podem então ser estudados a partir de grades similares, depois serem classificados, segundo seja um projeto a desenvolver internamente, um projeto de spin-off pessoal ou ainda um projeto de spin-off estratégico (atividades ligadas aos negócios da empresa de origem.) Nas grandes empresas, acontece freqüentemente que o programa de spin-off se integre à função recursos humanos. A estrutura de acolhida é constituída de uma pessoa responsável que pertence diretamente à direção geral. Um local pode ser escolhido para receber os criadores, e um número específico de telefone, atribuído ao responsável pelo spin-off. Nas PME, o dirigente é, mais freqüentemente, o principal responsável. O lançamento oficial de um programa de spin-off é precedido de ações e de gestos de natureza mais estratégica. Há certamente, a decisão da alta direção de se engajar nesse processo. Certo, não é suficiente a vontade desta, para que o pessoal da empresa adote essa nova orientação organizacional. A empresa deverá se dotar de uma infraestrutura distinta, apta a gerir o processo de spin-off. O desenvolvimento de um modo de funcionamento coerente com os sistemas implementados, assegurará a penetração. Quando necessário, durante o processo, a direção deverá intervir a fim de arbitrar alguns conflitos e apoiar o responsável pelo spin-off. Fora essas breves intervenções, a alta direção deverá prosseguir e demonstrar seu nível de engajamento, ao longo do processo. Em resumo, a implantação de uma infraestrutura diferente, de gestão das ações de spin-off, permite gerir a continuidade das operações e indica que a direção especifica claramente os papéis. Se bem que a implantação de um programa de spin-off resulte de uma decisão estratégica, sua verdadeira progressão se fará de maneira altamente operatória, através dos projetos portadores. Daí a importância da escolha do responsável pelo spin-off, o qual ajudará os criadores a articular os projetos. Essa pessoa será escolhida entre os empregados reconhecidos por sua credibilidade e sua liderança. Entretanto, daí resulta que, quando o responsável é proveniente da função recursos humanos, ter-se-á a tendência a associar suas ações às exigências da reestruturação. O perfil ideal do responsável corresponde ao de um antigo empresário ou de um dirigente de empresa, ou ainda, de um gestor sensibilizado com a problemática de retomada ou de criação de empresas. Esse responsável terá necessidade de um apoio particular, porque agirá como uma corrente de transmissão. Uma formação em mecanismos de criação de emrpresas e nas problemáticas ligadas às PME, seria desejável. Essa pessoa, sem ligação direta hierárquica com o empregado, vai gerir o enquadramento. Vários papéis lhe são atribuídos, principalmente : • • • informar e sensibilizar o pessoal sobre o programa de spin-off; receber os criadores e orientá-los; montar, gerir e assegurar o acompanhamento dos dossiês ; 39 • • • • • • apoiar o empregado em sua caminhada ; orientá-lo para os recursos necessários ; aconselhar as aprendizagens e coordenar as formações dos criadores ; negociar e formalizar os tipos de apoio com a direção da empresa ; estar em ligação com os interventores externos ; coordenar os laços com as pessoas do meio ; A elaboração de um programa ou de uma regulamentação de spin-off no interior, pode servir de instrumento de comunicação. De fato, fixando claramente a política corporativa e as intenções da direção, no que diz respeito à prática do spin-off, isso legitima essa nova orientação. No anexo 2, apresentamos um exemplo de regulamento de spin-off, tirado do volume Devenez entrepreneur (Torne-se empresário), de PaulArthur Fortin. Por outro lado, a realização de um folheto promocional de spin-off no qual se escrevem os objetivos do programa de spin-off e a conduta a seguir, permite informar e sensibilizar todo o pessoal. O objetivo consiste, de uma parte, convidar os empregados interessados em se tornar criadores , em se fazer conhecer e por outra, a traçar as grandes linhas do procedimento. É preciso assinalar que os tipos de apoio oferecidos, variarão segundo os projetos apresentados e que esses apoios não se tornarão ajudas automáticas. Entretanto, a empresa deve se engajar em acordar um mínimo de conselhos, mesmo uma certa disponibilidade de seus recursos internos. As imformações que podem ser contidas nesse folheto (ver anexo 3 para um exemplo) são : • • • • • • Objetivos do programa de spin-off ; Conduta ; Atores ou pessoas recursos ; Princípios que subentendem essa conduta ; Tipos de ajudas oferecidas ; Principais questões. Antes mesmo da instauração do plano de comunicação, é recomendado identificar todos os níveis de apoio ou de ajuda à criação de empresas, que existem : parceiros locais, programas de apoio governamental, etc. Esses especialistas externos em criação de empresas e especialistas que trabalham em programas de apoio podem ser convidados a intervir em uma etapa ou outra do processo. Por seus papéis independentes de neutralidade, essas pessoas podem trazer uma certa coerência ao projeto. Sua complementaridade permite cobrir diversos ângulos das necessidades de conselhos : técnicos, análises de mercado, especializações diversas em gestão, mas sobretudo, de direção de pessoal, de direção de empresa, de concepção e de implementação estratégica. Esse enquadramento tem muita importância para conferir uma certa credibilidade à empresa derivada e lhe abrir as portas, quando chegar o momento de encontrar o financiamento. 40 O comitê de spin-off serve de alguma maneira, tanto como júri para avaliar os projetos de spin-off, como para aconselhar os criadores em suas condutas. Esse comitê formaliza o engajamento e a direção da empresa para com o projeto. Em certos casos, os portadores de projetos encontrarão esse comitê tanto no começo, periodicamente durante a elaboração do plano de negócios, como no fim do percurso ; em outros casos, somente no começo e no fim do percurso. Recomendamos o primeiro caminho. Esse comitê está geralmente à altura de orientar os portadores de projetos para as pessoas recursos, apropriadas, tanto internas como externas, levando em conta a natureza do projeto e as características do portador. Esse comitê de spin-off é idealmente composto de cinco a oito pessoas que podem ser, tanto internas, como externas à empresa : o responsável pelo spin-off, um especialista técnico do setor, uma pessoa da alta direção, um interventor oriundo de um organismo de ajuda à criação de empresas e se possível, um empresário aposentado. 3.2.2 Etapas Essa seção ilustra as principais etapas de uma criação de spin-off no interior de uma empresa, seja ela grande, ou uma PME. Quadro 5 Etapas de um programa geral de spin-off 1. 2. 3. 4. 5. Um programa em 5 etapas Conduta de informação, de sensibilização (preparar) Pré-diagnóstico e orientação (detectar e tratar) Enquadramento (tratar) Início da empresa (lançar) Acompanhamento 1. Conduta de informação : A promoção do projeto de spin-off e a sensibilização ao processo de criação de empresas junto a todos os assalariados, compõem as principais atividades dessa etapa. As ações de comunicação têm por objetivo agir como provocador em um processo de detecção dos criadores potenciais. Isso permite precisar o porquê dessa conduta e visualizar, de maneira clara, o modelo organizacional desenvolvido. A conduta de informação serve de base, tanto à legitimação do programa de spin-off, quanto à partilha de uma mensagem comum. 41 ,No começo, algumas reuniões, para apresentar e discutir o conceito de spin-off e suas implicações na empresa, assegurarão a adesão dos empregados-chave, como o pessoal do quadro superior ou as direções das filiais. Novamente, a direção demonstra sua vontade estratégica em aderir a esse programa. Os papéis esperados são definidos, especialmente o do responsável pelo spin-off. Os sindicatos são igualmente convidados, nessa etapa, a reagir e a colaborar. mesmo que se tenha visto pouco, os sindicatos se engajarem ao lado da direção, no que diz respeito a uma política de spin-off ; sua atitude é mais de expectativa. É preciso informá-los e sobretudo, assegurar-lhes, insistindo sobre as vantagens do spin-off, principalmente para os assalariados. • O spin-off permite valorizar o potencial criativo • O spin-off permite uma aprendizagem rápida em gestão • O spin-off aumenta a confiança • O spin-off permite a realização de si mesmo • O spin-off evita o isolamento próprio aos criadores e dirigentes de pequenas empresas. Sem esquecer de precisar ou de lembrar as seguintes vantagens, especialmente para a empresa : • • • • • O spin-off melhora a competitividade da empresa O spin-off melhora a produtividade da empresa O spin-pff apóia a inovação e a criatividade na empresa O spin-off facilita adaptação da empresa a seu mercado O spin-off melhora o posicionamento estratégico da empresa, permitindo-lhe um melhor crescimento e assegurando, desse modo, aos empregados, uma maior segurança. Informar os diferentes parceiros e especialistas externos à empresa, sobretudo, se se deseja integrá-los ao programa, apresenta-se importante, mas essa etapa pode se fazer um pouco mais tarde no processo. Poder-se-á insistir sobre a estratégia de desenvolvimento econômico local, que subentende o programa de spin-0off e os papéis que se espera de cada um deles. A contribuição de uma agência de comunicação pode ser colocada à disposição. Pode-se também testar a mensagem junto a alguns assalariados. Vários apoios, já disponíveis internamente, podem ser utilizados : jornal, cartazes, prospectos. Curtos encontros de informação sobre o programa oferecido na empresa ou ainda, a organização de um dia de spin-off no qual se poderia fazer testemunhar dirigentes de empresas-derivadas, sendo bem a propósito para desmistificar mais o conceito de spinoff. 42 Viu-se um pouco antes, que a elaboração de uma carta de spin-off pode igualmente ser uma alavanca para uma campanha de informação. Essa carta da mesma maneira que as outras informações dizem respeito ao programa de spin-off deverão ser difundidas o mais amplamente possível. As mensagens serão moduladas segundo o meio escolhido. Uma comunicação coerente e constante suscitará os criadores potenciais a se interessarem por esse programa. O conjunto dos procedimentos, as etapas da conduta e as condições ligadas ao apoio são repertoriados em um documento interno. Se a direção decide visar certas categorias de pessoa. como os quadros ou os mais antigos, ela deverá evitar que o spin-off seja percebido como um instrumento curativo. Mas a seleção, em função dos eixos estratégicos da empresa ou a incitação sobre o apoio oferecido às empresas criadas em alta ou em baixa das competências de base (core business) da empresa-mãe dão uma orientação mais precisa ao programa de spinoff. A conduta de informação inclui, igualmente, uma volta sobre as ações empreendidas. Por exemplo, a difusão das primeiras experiências, dos relatórios sob a forma de entrevistas junto aos criadores, assim como uma revista dos princípios e das etapas de spin-off, podem, às vezes, relançar a ação. 2. Pré-diagnóstico e orientação O empregado candidato apresenta ao responsável do spin-off, um projeto de criação de empresa (uma ou duas páginas). Este, segundo o estado de avanço das idéias ou do projeto, será objeto de um primeiro exame. Essa etapa consiste em detectar os criadores potenciais e a distinguir os projetos viáveis. Os papéis do responsável pelo spin-off se resumem assim : escutar, informar, explicar e orientar. É aqui que se ajuda o empregado a passar da idéia ao projeto e que se valida a coerência homem-projeto. De uma parte, mede-se as aptidões e as potencialidades do futuro chefe de empresa e de outra, estuda-se de maneira sumária, a possibilidade do projeto apresentado. Esse exame é interativo, quer dizer, que tudo se passa em estreita colaboração com o iniciador do projeto. O responsável pode remeter ao futuro criador, algumas grades de avaliação, as quais poderão permitir-lhe fazer um auto-diagnóstico. O que poderia ser um prelúdio a discussões animadas. Pode-se, desse modo, ajudar o candidato a refletir sobre as ocasiões que se lhe oferecem no mercado e que se inscrevem na continuidade de seu ofício atual. Na avaliação do potencial empreendedor do futuro proprietário de empresa derivada, pode-se utilizar o modelo do processo empreendedor, adaptado da grade6 desenvolvida pela Fondation de l´Entrepreneurship : 6 Ver o Modelo do processo empreendedor de Fondation de l´Entrepreneuship, tirado de Évaluation de mes caractéristiques entrepreneuriales, no Anexo 4. 43 • • • Análise dos antecedentes : familiares, paraescolares, escolares ; Avaliação das predisposições : motivações, atitudes, aptidões e interesses ; Compreensão dos comportamentos : afetividade, cognição, ação. Nessa etapa, o empregado deve fazer a aprendizagem do ofício de assalariado para o de empresário, depois de dirigente de empresa. O confronto do futuro chefe de empresa aos parâmetros que subentendem a criação de uma empresa, poderia ser necessário a fim de assegurar que este ultimo apreenda bem a situação na qual ele se prepara para embarcar. Por exemplo, a necessidade de montar um plano de negócios, de efetuar uma análise do mercado e um estudo do meio, de conhecer a qual tipo de clientela ele se dirige, de escolher bem a estrutura jurídica para sua nova empresa, a procura de financiamento. Várias fontes de informações e de organismos podem ser consultadas. Filion (1999) agrupou perguntas a se fazer, para julgar a pertinência de uma ocasião de negócios7. Os elementos importantes, adaptados ao contexto de spin-off, seriam os seguintes : • Grau de convergência : laço ou complementaridade com as atividades centrais da empresa • Oportunidades de mercado • Riscos do projeto • Aspecto financeiro do projeto • Apoio oferecido pela empresa-mãe • Características e capacidades do futuro criador Um estudo de mercado e a avaliação do dossiê financeiro, mesmo sumários, podem determinar a viabilidade do projeto. A possibilidade técnica de um projeto inovador é igualmente avaliada nesse estágio. Depois, coloca-se o criador em contato com recursos chave, no interior ou com especialistas externos. Depois de uma primeira peneirada, os projetos podem, desse modo, ser avaliados por um comitê de spin-off. 3. Enquadramento : Essa etapa, também chamada formalização do projeto, permite precisar algumas estratégias de negócios. Por exemplo, o futuro criador deve estabelecer seu segmento de mercado, determinar quais serão seus concorrentes diretos e indiretos, fazer prétestes de produtos ou de serviços. Ele deverá conceber o processo de produção, definindo as operações e os sistemas de pilotagem e de informação, e estabelecendo escolhas estratégicas em matéria de organização e de comercialização dos produtos ou dos serviços. É também o momento de estabelecer o nível de rentabilidade prevista, do projeto e os meios de financiá-lo. Em resumo, todos os componentes de um plano de negócios. Na seção 3.2.3, vocês encontrarão vários instrumentos e análises úteis para apoiar a implementação do projeto. 7 Ver os quinze pontos de interrogação, tirados de : Filion, L.J. (1999). L´identification d´ occasions d´affaires. . Publicado em : Filion, L.J. (Ed) Réaliser son projet d´entreprise. 2e ed., Montreal : Éditions Transcontinental et Éditions de la Fondation de l´Entrepreneurship, chap. 3, pp. 71-72-73. 44 Essa etapa permite determinar a natureza e a importância dos apoios que serão necessários para iniciar o projeto. A análise anterior das forças e das fraquezas do futuro criador, assim como as oportunidades e os riscos do projeto, determinam a dificuldades mais importantes a vencer. É preciso agora saber como se fará para superar essas dificuldades, quais os recursos necessários, e com a ajuda de quem isto será feito. Aproveita-se, pois, para finalizar as condições de partida e os acordos entre a nova empresa e a direção da empresa de origem. Por exemplo, a negociação dos acordos comerciais, principalmente se a empresa-mãe prevê terceirizar com o criador. A consolidação do projeto pode se fazer em parceria com os recursos externos. Quase no comecinho da conduta, é preciso tirar partido das oportunidades de sinergia, de aproximação ou de complementaridade com parceiros externos. A grande empresa aproveitará de seus especialistas internamente, tendo uma experiência diversificada nas diferentes práticas da gestão. Por exemplo, em recursos humanos para assistir na elaboração das práticas de admissão para identificar as necessidades em formação. A assistência interna pode também só intervir a posteriori, a fim de validar o trabalho do criador. 5. Início da empresa : Nessa etapa, define-se o mais precisamente possível, as diversas atividades a realizar, assim como um calendário ou uma agenda. Na fase de realização, Côté (1999)8 enumera as atividades a incluir na caminhada crítica (COM) para o início de uma empresa. Eis algumas : • • • • • • Procura ou colocação à disposição de locais, construções, decisões, concernentes à compra ou à locação , preços ; Seleção do equipamento ; escolha de matérias-primas e de fornecedores ; Seleção de canais de distribuição ; Recrutamento dos colaboradores ; Rodízio dos equipamentos e do pessoal. 5. Acompanhamento : Essa última etapa parece o conjunto das atividades pós-início, como o acompanhamento em gestão, a integração da empresa derivada nas redes de negócios locais, regionais, nacionais ou internacionais. Poder-se-ia também acrescentar as atividades de intermediação, indispensáveis para preservar a qualidade da relação 8 Tirado de : Cote, M. (1999) Le passage à l´action en démarrant son projet. Publicado em : Filion,L.J. (Ed.) Réaliser son projet d´entreprise. 2e éd. , Montréal : Éditions Transcontinental et Éditions de la Fondation de l´Entrepreneurship, chap. 19, pp. 397-398-399. 45 empresa derivada empresa-mãe. Em outros termos, o acompanhamento acelerará uma autonomia progressiva com relação à empresa incubadora. Alguns instrumentos e análises úteis Redação de uma plano de negócios. Um plano de negócios é um instrumento indispensável, não somente para o comanditário de fundos, mas igualmente, e sobretudo, para o criador. Esse exercício obriga este ultimo a refletir sobre o posicionamento, a estrutura e o funcionamento de sua futura empresa (Filion, Dolabela, 2000). Vários guias, escritos por especialistas, estão disponíveis no mercado. Um contador generalista pode ser escolhido como conselheiro. O anexo 5 apresenta os principais elementos incluídos no plano de negócios. Estudo de mercado. Para conhecer bem o setor, o mercado, o comportamento do consumidor em geral ou para avaliar o posicionamento de sua empresa com relação a seu mercado, vários dados são acessíveis junto a organismos públicos como os bureaux de estatísticas nacionais (Stats Can), nos sites Internet como Strategis – www.strategis.gc.ca - Para as necessidades de um estudo de ponta, do mercado, uma firma de marketing pode ser abordada. O anexo 7 expõe uma lista de variáveis necessárias a um estudo de mercado de qualidade. Aspectos jurídicos. Um advogado poderá ajudar na escolha de incorporação e a fim de enunciar regras claras para uma convenção de acionistas. Ele poderá, igualmente, ser essencial na precisão das regras para os contratos comerciais e as cláusulas de proteção para a propriedade intelectual. Testes de possibilidade. Eles serão úteis para convencer as instituições financeiras e os outros comanditários a investir na nova empresa. Esses testes compreendem, especialmente, diversos cenários no que diz respeito aos estados financeiros previsionais e seus efeitos sobre os fluxos monetário e de tesouraria, uma avaliação dos riscos potenciais. Pode-se também tatear o terreno junto aos clientes potenciais e, se possível, obter cartas de intenção ou melhor, encomendas firmes. 3.3 Outras variáveis Falou-se um pouco atrás, da Lei de licença para a criação de empresas. Essa Lei francesa permite a um empregado voltar à sua empresa de origem, a seu posto ou em uma função similar e por uma remuneração idêntica. De maneira geral, os programas de spin-off franceses, que foram primeiro concebidos em grandes empresas, o foram em resposta, em apoio e em continuidade a essa Lei. E essa Lei queria desafiar as implantações massiças dos empregados, em um período de grandes reestruturações. Hoje, mesmo se a preocupação de redução de efetivos não está ausente das políticas de spin-off, a abordagem é mais proativa. As empresas francesas são cada vez mais numerosas a instaurar o que eles chamam, agora, uma política de ajuda à criação de empresas para os assalariados. Esses spin-off são geralmente, spin-off pessoais. Aí se oferece muitas informações úteis para o futuro criador e conselhos de todo tipo, na fase 46 de pré-início. Entretanto, os tipos de apoio se limitam freqüentemente às informações quanto aos organismos de apoio disponíveis no meio em apreço, para se lançar em negócios, assim como as fontes de financiamento disponíveis para o início de uma nova empresa. Poucos acompanhamentos se fazem depois do início, por conseguinte, uma das etapas de articulação para uma nova empresa. A idéia de licença pode parecer interessante e asseguradora, ao menos no começo do processo. Em nossa opinião, não é entretanto uma condição “ sine qua none”., mas trata-se de uma oportunidade maior para potenciais criadoresinteressados, diminuir o stress no processo de criação, permitir a manutenção de laços entre o criador e a organização-mãe, assim como diminuir os custos sociais ligados à criação de empresa. Sabe-se já que várias grandes empresas oferecem a seus empregados, no quadro de convenções coletivas, políticas de empresas ou, de outra maneira, a possibilidade de licenças sem vencimentos. Seria fácil acrescentar uma janela específica para a criação de empresa. O programa de spin-off poderia, também, incluir formas mais interativas a fim de estimular os projetos. A empresa-mãe poderia criar o Clube das empresasderivadas onde encontros entre as próprias empresas–derivadas e com os empregados da empresa-mãe seriam organizados, a fim de partilhar as experiências. Poder-se-ia igualmente oferecer um prêmio de desempenho para a melhor empresa derivada. 3.4 Modelo de um programa de spin-off de empresas em um contexto de grande empresa Sugerimos um modelo de apresentação de um programa de spin-off em uma grande empresa. Algumas seções poderiam ser mais elaboradas, ou outras absolutamente ausentes, segundo as escolhas estratégicas feitas pela direção da empresa. 47 Quadro 6 Um programa de spin-off de empresas em 15 etapas Contexto de grande empresa 1. • Conduta geral de informação : • Elaboração de uma política, assim como de uma programa de spin-off e sua promoção pelo responsável por ele. • Memo a todos os empregados, vindos da direção geral, estipulando a instauração do programa de spin-off e apresentando o responsável pelo spin-off e seus diversos papéis. • Utilização do jornal interno e/ou da intranet : número especial e/ou seção especial, explicando o programa de spin-off. , o conceito de spin-off, a conduta e as condições. Contexto de grande empresa Encontros separados com cada um dos grupos de empregados, animados pelo responsável pelo spin-off e apresentados pelo dirigente ou um quadro da empresa. Apresentação de 30 minutos seguida de um período de perguntas de 30 minutos. 2. Encontros individuais de informação : • Primeiro encontro de 60 minutos, com o responsável pelo spinoff, para todos os empregados interessados em apresentar um projeto de criação. 3. Avaliação das idéias e oportunidades de negócios depositadas pelos portadores de projetos : • Avaliação do potencial empreendedor do futuro empresário da empresa derivada, utilizando uma grade específica. • Avaliação da pertinência de uma ocasião de negócios, utilizando uma grade específica. • Montar um dossiê para cada caso estudado 4. Conselhos de orientação ; • Se os resultados da avaliação do potencial de empresário se mostram negativos, pode-se sugerir leituras ou formações adequadas para o empregado. • Se os resultados da avaliação da pertinência do projeto de negócios se mostram negativos, pode-se sugerir correções pertinentes ao projeto ou organizar encontros com especialistas do setor ou pedir um estudo de mercado. 48 5. Aceitação para integrar uma conduta de criação de empresa : • Uma vez que as aptidões e as potencialidades do futuro chefe de empresa foram medidas e, de outra parte, que a possibilidade do projeto proposto foi estudada de maneira sumária, o responsável pelo spin-off apresenta o projeto ao comitê de spin-off, que homologa ou não o projeto. 6. Enquadramento à redação do plano de negócios : • Uma lista de instrumentos é oferecida ao criador para a redação do plano de negócios, breves encontros podem ser organizados com especialistas internos, a fim de esclarecer alguns pontos. 7. Enquadramento e conselhos quanto às aprendizagens e às formações requeridas : • Segundo as necessidades específicas de cada criador, organizar um encontro com os recursos especializados, internamente. • Se necessário, organizar um encontro com especialistas externos para conselhos mais judiciosos. 8. Avaliação do plano de negócios : • Este exercício se faz por ocasião de um encontro com os especialistas internos. • Acontece que se utiliza também os recursos especializados do meio, na ajuda à criação de empresas, da mesma maneira que especialistas em financiamento (banqueiros). 9. Ajuda à procura de financiamento e plano de início : • Segundo as modalidades previstas, o responsável pelo spin-off negocia com a direção da empresa, um empréstimo para a nova empresa. • Ele orienta o criador, que tem nas mãos um plano de negócios bem estruturado, para as instituições financeiras suscetíveis de ajudá-lo. • E se necessário, o responsável utilizará os contatos de negócios desenvolvidos pela empresa-mãe. 10. Criação e início da empresa : • O responsável pelo spin-off orienta o criador,mandando-lhe um guia sobre as diferentes condutas a seguir para a criação verdadeira da nova empresa (escolha do estatuto legal, dos parceiros, orientações estratégicas etc). 49 11. Acompanhamento : • O responsável mantém contato regular com o criador, durante o primeiro ano. Pede-se ao criador para escolher um tutor que pode ser interno ou externo à empresa-mãe. Em alguns casos, pede-se a formação de um comitê-conselho (três ou quatro membros). • O criador pode, segundo as necessidade, discutir sobre diversas problemáticas com diferentes especialistas internos. 12. Associação de spin-off : • O responsável pelo spin-off incitará sua empresa a se juntar à AQE (Association québecoise de l´essaimage). • Ele criará uma associação das empresas-derivadas oriundas de sua empresa 13. Utilização das empresas-derivadas como padrinhos e tutores : • No protocolo ligando a empresa-mãe à empresa derivada, está inscrito que a derivada aceitará agir, eventualmente, como tutora de, ao menos, um outro criador. • Durante anos que se seguem a um spin-off, o responsável pelo mesmo oferecerá aos criadores, cuja personalidade e competências a isso se prestam, a possibilidade de apadrinhar empregados interessados em começar sua empresa (uma atividade de tutorado e ao mesmo tempo, em um setor diferente daquele do tutor). 14. Dia anual do spin-off, informação e relatório anual : • O responsável apresentará à direção, aos quadros e aos empregados da empresa-mãe, um relatório anual das atividades de spin-off. Este é realizado por ocasião do dia anual, consagrado ao spin-off no qual as empresas-derivadas, oriundas dessa empresa, vêm expor e vender seus produtos. 15. Exposição anual dos produtos das empresasderivadas: • Por ocasião do dia anual do spin-off, o responsável por ele organiza uma exposição que permita aos novos empresários dar a conhecer seus produtos, e vendê-los. 50 3.5 Modelo de um programa de spin-off de empresas em um contexto de PME Sugerimos um modelo de spin-off em uma PME. Algumas seções poderiam ser mais elaboradas ou outras, absolutamente ausentes, segundo as escolhas estratégicas optadas pela direção da empresa. Quadro 7 Programa de spin-off de empresas em quatro etapas Contexto de PME 1. Conduta geral de informação : • Utilização de cartazes : textos explicativos, conceito de spin-off, programa de spin-off, conduta e condições. • Encontro com todos os empregados, animado e apresentado pelo dirigente da empresa. Apresentação de 30 minutos seguido de um período de perguntas de 30 minutos. 2. Conselhos de orientação : • Iinformar os empregados de projetos que seriam benvindos lançar e que são projetos de natureza estratégica que se inserem na estratégia global da empresa : utilização de ativos inutilizados, terceirização de algumas atividades, abandonos de algumas linhas de produtos que se quer evitar ver cair nas mãos de competidores, e outros. • Se o projeto de criação de empresa é um projeto de natureza estratégica, e se integra atividades conexas às da empresa-mãe, nomear um responsável pela empresa-mãe que ajudará o criador a pilotar o projeto. • Se o projeto de criação de empresa é um projeto de natureza pessoal, orientar o criador para os recursos externos pertinentes ao projeto 51 3.. 4 Implementação do projeto : • Por um projeto estratégico : determinar os apoios necessários, os que serão assumidos pela empresa-mãe e os que serão cobertos por um apoio externo. • Por um projeto pessoal : orientar o criador para organismos externos que podem ajudar na criação de empresa. Acompanhamento : • Por um projeto estratégico : assegurar o acompanhamento durante ao menos dois anos, e renovar os acordos se necessário. • Por um projeto pessoal : assegurar um acompanhamento durante um ano. É preciso pensar que organismos como o SEBRAE poderiam escolher e formar conselheiros em spin-off de empresas, para cada região administrativa do Brasil. Essas pessoas poderão fornecer informação às empresas interessadas em implementar um programa de spin-off. Esses atores poderão também desempenhar um papel de pessoas recursos e de conselheiros junto às empresas de sua região, que desejassem implantar programas de spin-off de empresas. Chaire d~entrepreneurship Maclean Hunter École desHautes Études Commerciales 52 QUARTA PARTE Perspectivas e oportunidades A aplicação de programas de spin-off em escala nacional, como o que se pratica atualmente na França, é completamente concebível em todos os países. Existe já no Brasil, toda uma infraestrutura de apoio, assim como numerosos programas para ajudar, e mesmo, apoiar financeiramente, projetos de criação de empresas. Programas de ajuda à criação poderiam também ser menos caros e gerar mais atividades econômicas do que programas de reciclagem e de reinserção no emprego. Na França, vários programas de ajuda à criação foram implantados, e deram resultados não negligenciáveis, por ocasião de reconversões e mesmo de licenciamentos coletivos. Por ocasião de implantações, seguidas de reestruturações e reconversões industriais, importa implementar grupos de trabalho que têm por finalidade facilitar a reinserção desses empregados no mercado de trabalho, especialmente, pela formação à pesquisa de emprego e o apoio à criação de seu próprio emprego. Esses são instrumentos interessantes a propor, por ocasião de intervenções globais. Poder-se-ia quase dizer que são serviços adjacentes e precursores das atividades mais diretamente orientadas sobre o spin-off de empresas. O principal obstáculo ao spin-off que identificamos, é o quase desconhecimento do seu conceito e das suas próprias práticas,da parte da população em geral, das pessoas que trabalham em organizações, e dos dirigentes de empresas. A sensibilização e a informação às empresas das vantagens do spin-off, devem constituir uma prioridade. Em outros termos, a identificação, o estudo e a promoção das experiências de spin-off engajados por vários dirigentes, constituem cabeças de ponte que podem se tornar o começo de ações estratégicas, destinadas a estender essa prática em organizações. O ápice sobre o spin-off organizado pelo Conseil du patronat e a Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter e mantido na École des HEC de Montreal em abril de 2001, constitui uma atividade formal de promoção e de valorização das práticas de spin-off. Exemplos concretos e testemunhos de dirigentes de empresas-mãe e de dirigentes de empresasderivadas permitiram fazer conhecer práticas de spin-off. A implicação dos líderes políticos, do mundo sindical e patronal, em reconhecer a importância dessas práticas servira para dar uma notoriedade ao spin-off, mostrando que as empresas que o praticam estão geralmente melhores, têm um bom crescimento, mostram bons resultados e têm maior êxito no conjunto, que as outras empresas de seu setor. Condutas de informação poderiam ser duplicadas com as ações iniciadas pelos atores locais. Por exemplo, ações destinadas a sensibilizar os dirigentes de empresas, a detectar projetos de spin-off, a identificar futuros criadores e a acompanhar empresasderivadas potenciais. Essas organizações poderiam atingir empresas, oferecendo um meio propício ao desenvolvimento de ações de spin-off. Sobretudo que no quadro do estudo sobre spin-off, a análise das políticas e das estratégias de gestão nos permitiram avaliar os contextos e as condições, nas quais as ações de spin-off são mais suscetíveis de ser introduzidas. 53 Além dos esforços centrados na sensibilização e formação dos dirigentes de empresas, um outro ponto de ancoragem poderia ser a elaboração de instrumentos, aptos a identificar melhor os projetos que têm um maior potencial de êxito, e também, medir melhor sua viabilidade. Esses instrumentos seriam de uma grande utilidade nos programas de spin-off. Por outro lado, notamos que a decisão de praticar o spin-off resulta, essencialmente, de uma questão de mentalidade, de cultura e de vontade da parte de decididores e de líderes. Deve haver, na origem no dirigente, uma tomada de consciência, uma vontade de mudança e uma flexibilidade diretora para criar um clima propício ao sppin-off. Notamos que as PME que tinham implementado atividades informais de spin-off, a maior parte do tempo sem saber que se tratava de spin-off, não faziam senão seguir no exterior e na periferia de sua empresa, as mesmas práticas empresariais e intraempresariais que encorajam no interior de sua empresa. A importância de desenvolver uma visão nos dirigentes, aparece ainda mais necessária, porque aqueles que o fizeram, criaram em torno de si, sistemas organizacionais aprendizes em que aqueles que deles se aproximaram, aprenderam com seu patrão sobre um grande número de bases da prática do ofício de empresário. O desenvolvimento de intraempresários é suscetível de levar atrás de si a expressão extra-empresários. Várias estratégias iniciativas, visam desenvolver a responsabilização, suscitar uma implicação maior, crescer o orgulho e o sentimento de pertença, desenvolvidos atualmente nas empresas. Assim, o desenvolvimento de atividades empresariais passa antes de tudo, por uma dinâmica de valorização do empregado, de encorajamento à expressão da criatividade e de tolerância ao erro que as acompanha. Visa-se apoiar e encorajar as iniciativas do empregado, mas de preferência, as que são em convergência com as da empresa. O lugar dado à evolução e à gestão dos riscos se quer mais controlada, não encorajando sempre a implementação de suas próprias idéias, pelo empregador. Mas a incidência de modelos de ações, ligados à emergência de idéias inovadoras, apresenta similitudes em termos de objetivos visados e de maneiras de fazer, com o que é a noção de spin-off. O spin-off só apresenta um pequeno passo a mais a dar, levando em conta a maneira segundo a qual operam já essas empresas. Podemos supor que quando esses dirigentes terão plenamente compreendido as vantagens do spin-off, não hesitarão em dar esse passo e instaurar um programa de spin-off dos quais se beneficiarão também. Ainda uma vez, a “contaminação” se fará pela promoção dos modelos de programas e de praticas de spin-off. A criação de uma associação que agrupará as empresas-mãe e as empresas-derivadas constitui uma etapa que resta ultrapassar para fazer conhecer e valorizar plenamente o spin-off. Na França, seis grupos (Air France, EADS, La Poste, Sanofi Synthélabo, Schneider Electric e total fina Elf) criaram a Associação para o Desenvolvimento da Iniciativa e do Empresariado nos assalariados (DIESE). Além do 54 acompanhamento financeiro e humano dos criadores, o objetivo consiste em trocar suas práticas de apoio à criação de empresa nos seus empregados. A partilha pode também se estabelecer em nível dos interventores. Uma colaboração judiciosa entre os diversos interventores, permitiria estabelecer em cada região, uma cadeia lógica, coerente e bem provida de apoio ao spin-off. Além dos especialistascontadores, os conselheiros em desenvolvimento e as instituições financeiras, uma outra malha importante reside nos viveiros ou incubadoras de empresas. Os conselheiros em gestão, instigadores e especialistas em desenvolvimento de estratégias de empresas, de gestão em recursos humanos e outros, são levados a desempenhar um papel determinante na dinâmica de spin-off de empresas. Esses especialistas poderiam recomendar, mais freqüentemente, caminhos de criação de empresas como eixos de renovação das estratégias de empresas. A força das redes se apresenta como garantia de sensibilização à ação do spin-off através dos encontros, no que diz respeito ao planejamento estratégico. As perspectivas que a rede oferece são múltiplas : contribuição em capital, contribuição em competências, parceria industrial, intermediários institucionais e técnicos. Pode-se pensar que os principais investidores e parceiros financeiros das empresas poderiam incitar, no quadro de uma convenção de acionistas, as empresas beneficiárias de seus fundos, para implementar programas de spin-off de empresas. Em resumo, a implantação de redes de especialistas, a criação de uma associação de spin-off e a organização de eventos agrupando dirigentes e outros atores econômicos, podem concorrer para tecer um pano de fundo necessário à implementação e à expansão do spin-off. O governo, e mais particularmente as sociedades de estado, têm a responsabilidade de exercer, como o empregador, um papel de precursor no estabelecimento de políticas de spin-off. Por outro lado, todas as redes de ajuda à criação de empresas poderiam muito contribuir para apoiar os criadores que poderiam emergir, em grande número, da implementação de programas de spin-off de empresas. Vimos que o spi-off implica uma concepção renovada da relação entre as pessoas e as organizações. Essa concepção comporta noções de organização aprendiz, aplicadas a uma sociedade aprendiz. Todos os atores sociais podem, pois, se beneficiar do spin-off porque é um meio adicional para apoiar e desenvolver o empreendedorismo. Apresentamos várias categorias e vários tipos de spin-off, demonstrando assim que o spin-off pode tomar configurações muito diferentes de um contexto a outro, e se aplicar a toda forma de organização. Existem, também, condições para facilitar o spin-off, torná-lo aceitável e desejável da parte dos empregados e dos empregadores. Cada empresa pode conceber e implementar um modelo, sob medida, que lhe convenha, que se lhe assemelhe, que ele faça seu. Desejamos para o Brasil, que ele faça tão bem como a França, em matéria de spinoff de empresas clássicas nas grandes empresas, e também como o Canadá, em matéria de spin-off nas PME e de spin-off de empresas tecnológicas, e tão bem como os Estados Unidos em matéria de spin-off de empresas tecnológicas. Esta última dimensão 55 será, aliás, objeto de nosso próximo livro sobre spin-off. Os exemplos da IPL e da Lacasse são eloqüentes, extremamente poderosos. Se um país contasse com 100 casos semelhantes àquele da IPL, ele seria uma das sociedades entre as mais prósperas no mundo. Podemos estimar que um trabalho metódico de implementação de programas de spin-off nas empresas, poderia gerar entre 40 000 e 50 000 novas empresas a mais, no Brasil, ou seja, 80 000 a 100 000 empregos a mais por ano, e tudo isso com a utilização de um mínimo de recursos públicos. Quanto tempo seria preciso para chegar lá? Tudo dependerá do número de atores econômicos que estarão prontos a colocar a mão na massa ! Uma coisa é certa : uma corrida está começando entre vários países para saber quem conseguirá o maior número de empresas e, por isso mesmo, novos empregos a cada ano. Isso é particularmente verdadeiro no contexto europeu. E o spin-off está no coração dessa dinâmica. O domínio das práticas de spin-off constitui uma das chaves incontrolável do crescimento, pela criação de novas empresas. Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études de Montréal 56 Bibliografia Bourdeau, G., Toulouse, J.-M. (1991) Le Groupe Thomson. Étude de cas. Centre de cas. École des HEC de Montréal. Cardinal, L., Tremblay, J. (2000) Réseautage d´affaires : mode d´emploi. Montréal : Transcontinental. Conseil de la Science et de la Technologie (1994). Miser sur le savoir. Volet 3 : Les PME technologiques. Rapport de conjoncture. Gouvernement du Québec. Conseil de la coopération du Québec (1999) Démarrer et gérer une entreprise coopérative. Montréal : Transcontinental. Deschamps, M (2000) L´essaimage stratégique. Guide opérationnel. Paris : Éditions d´Organisation. Direction générale de la Technologie. Côté, Y. (1993) Rapport sur l´élaboration de mesures favorisant la création de nouvelles entreprises technologiques par essaimage. Ministère de l´Industrie, du Commerce et de la Technologie, Déc. Filion, L.J. (1990) Les entrepreneurs parlent. Montréal : Éditions de l´entrepreneur. Filion, L. J., (1991). Vision et relations : clefs du succès de l´entrepreneur. Montréal : Éditions de l´Entrepreneur. Filion, et collaborateurs, (1999). Réaliser son projet d´entreprise. Montréal: Transcontinental (2e éd.). Filion, L.J., Dolabela, F. (Eds.) (2000) Boa Idéia ¡ E agora. São Paulo : Cultura Editores Associados. Fortin, P.A. (1992) Devenez entrepreneur. Montréal : Transcontinental (2e éd.) Gasse, Y., D´Amours, A. Profession entrepreneur. Montréal : Transcontinental (2e éd.). Kakji-Youaleu, C., Filion, L.J. (2000a) Essaimage, examen de la documentation. Cahier de recherche de la Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter ± 2000-01. Kadji-Youaleu, C., Filion, L.J. (2000b) Essaimage : examen de la documentation (1ere partie). Revue Organisations et Territoires, Vol. 9, No, 2 :pp.129-147. 57 Kadji-Youaleu, C., Filion, L.J.(2001) Essaimage : examen de la documentation (2e pasrtie). Revue Organisations et Territoires, Vol.10,No. 1 :pp.79-99. Laferté, S. (1998) Comment trouver son idée d´entreprise. Montréal : Transcontinental (3e éd.). Le Sommet (1996) Relance de l´emploi au Québec : Agir dans la compétitivité et la solidarité. Rapports des groupes de travail. Gouvernement du Québec. Queuniet, V. (1997). Essaimage : les clefs de la réussite. Défis, 151 : 61-64. Toulouse, J.-M. (1990). La culture entrepreneuriale. Cahier de recherche de la Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter ± 1990-03. Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales 58 ANEXO 1 Lista de organismos de ajuda à criação de empresas Organismos de pesquisa e de promoção : ´&KDLUHGHQWUHSUHQHXUVKLS0DFOHDQ+XQWHUGHOÉcole des Hautes Études Commerciales : www.hec.ca/chaire.entrepreneurship ´Centre d´entrepreneurship HEC-Poly-U de M : www.hec.ca/entrepreneurship ´ Centre d´entrepreneuriat et de PME de l´université de Laval : www.fsa.ulval.ca/dept/entreprl/intro.htlm ´ ,QVWLWXW GHQWUHSUHQHXULDt de la Faculté d´administration de l´université de Sherbrooke : www.usherb.ca/ADM/autres/insentre.html ´ Institut de recherche sur les PME : www.uqtr.uqueb.ca/dsge ´)RQGDWLRQGHOHQWUHSUHQHXUVKLSwww.entrepreneurship.qc.ca ´&HQWUHGHUHFKHUFKHGHOH[SHUWLVHHQHVVDLPDJH&5((-3519 Organismos governamentais ´,QIR-entrepreneurs : www.infoentrepreneurs.org ´/HVVHUYLFHVGDLGHDX[MHXQHVHQWUHSUHQHXUVwww.saje.qc.ca ´/D%DQTXHVGHGéveloppement du Canada : www.bdc.ca ´ Investissement Québec : www invest-quebec.com ´ Le ministère de l´Industrie et du Commerce : www.micst.gouv.qc.ca/index ´6WUDWHJLVwww.strategis.ic.gc.ca/pme ´ Site américain : U.S. Small Business Administration: www.sbaonline.sba.gov ´6(%5$( ´ SEBRAE Pernambuco : ´693DFUHVFHQWDURXWURVVLWHVEUDVLOHLURV Organismos privados : ´)RQGVGHVROLGDULWé du Québec : www.fondsftq.com ´'HVMDUGLQVZZZGHVMDUGLQVFRP ´ Smart Business Supersite : www.smartbiz.com 59 ANEXO 2 EXEMPLO DE CARTA DE SPIN-OFF Nossa sociedade tem grande necessidade de empresários, para valorizar o potencial de idéias e de criatividade. Nenhuma organização, por mais importante que seja, pode pretender desenvolver, no seu interior, os potenciais empresariais latentes. Além disso, nós somos por vezes, levados a renunciar a projetos, que seriam seguramente viáveis em estruturas mais apropriadas. A fim de assegurar uma plena contribuição social de nossa empresa, implementamos uma política, visando permitir a nossos empregados, valorizar melhor seu potencial empreendedor. Nós os ajudaremos a desenvolver esse potencial, por meio de informação e de conselhos, de encorajamentos e, em certos casos, de formações. Desejamos igualmente, nos inspirar em toda outra atividade similar, para permitir melhor a eclosão do pleno potencial humano de nosso pessoal. Uma vez tornado empresário, se nosso empregado desenvolve um produto ou um serviço de interesse nosso. Ele poderá criar uma filial que dirigirá, ou na qual poderíamos permanecer como principal acionista. Ou melhor, ele poderá lançar uma empresa, na qual poderíamos ter uma participação minoritária, de maneira a conservar um laço com esse saber-fazer. Enfim, será também possível que ele sozinho tome para si, e com o nosso apoio, uma ou outra de nossas atividades. Se um de nossos empregados decidir se lançar em negócios no setor, tendo pouca ou má relação com nossas atividades, nós o ajudaremos a tomar a medida dos riscos e das responsabilidades que o esperam, depois a dar o passo decisivo. Nós o apoiaremos na sua conduta de criação, e no início. Esperamos apoiar a expressão das práticas empresariais. no interior, como no exterior de nossa empresa. Trata-se aí de uma forma de cumprimento pessoal que pensamos encorajar. Tiré du volume : Fortin, P.-A. (1992) Devenez entrepreneur. 2e éd. Montréal : Transcontinental. 60 ANEXO 3 EXEMPLO DE UM FOLHETO DE PROMOÇÃO DE SPIN-OFF Empresa XYZ Objetivos de seu programa de spin-off • Suscitar a emergência de uma cultura empreendedora nos empregados, desenvolvendo a inovação, a criatividade. • Dinamizar os grupos • Desenvolver parcerias com as novas empresas (as que têm atividades conexas) • Desenvolver projetos que não podem criar raiz, interiormente • Participar do esforço de desenvolvimento local de criação de empregos, e se tornar um parceiro ativo • Valorizar a imagem da empresa Empresa XYZ Objetivos que subentendem essa conduta • Confidencialidade assegurada • Competências múltiplas da equipe do lugar • Apoio e não assunção 61 ANEXO 3 (cont.) EXEMPLO DE POLÍTICA DE SPIN-OFF Empresa XYZ Conduta • Apresentação de um projeto ao responsável (descrever seu projeto em 2 páginas) • Encontro com o responsável (informação)] • Avaliação do projeto (com o comitê – aceitação ou recusa) • Estabelecimento do apoio e das condições (o oferecido pela empresa e o procurado no exterior • Acompanhamento para implementação (planejamento das atividades de início e apoio consultivo) • Acompanhamento Empresa XYZ Respostas às suas questões • A quem se dirige esse programa ? Aos empregados de horário integral, trabalhando na empresa há três anos. • Quais os tipos de projetos apoiados ? Todas as atividades que não possam trazer prejuízo à empresa. • Toda ajuda é gratuita ? Depende de cada um dos dossiês. • Os membros de minha família podem se beneficiar ? Não, somente os empregados. Mas eles podem empregar membros de sua família para trabalhar em sua empresa. • Posso manter meu emprego enquanto preparo meu projeto ? Sim. 62 ANEXO 3 (cont.) EXEMPLO DE POLÍTICA DE SPIN-OFF Empresa XYZ Tipos de ajuda oferecidos • Acolhida (análise do projeto e orientação) • Acesso à formação (aprendizagens internas, ligadas às atividades da empresa e análise das outras necessidades) • Apoio técnico (a determinar com o responsável) • Apoio consultivo (com pessoas recursos chaves, internamente, e identificação de especialistas externos) • Acesso à informação, documentação (a determinar com o responsável) • Empréstimo pessoal de início (segundo análise das necessidades e das complementaridades com as atividades da empresa) • Disponibilidade de tempo (algumas consultas sobre o tempo de trabalho, a determinar com o responsável) • Colocação em rede com os empresários (facilitar os contatos) • Colocação em rede com os fornecedores 63 Empresa XYZ Pessoas recursos • Responsabilidade de spin-off (seu nome e ± de telefone) • Comitê de spin-off (dois empregados e recursos externos) • Lista de parceiros, especializados na criação de empresas ANEXO 4 UM MODELO DO PROCESSO EMPRRESARIAL9 ANTECEDENTES • • • • • − − − Familiares Étnicos Paraescolares Profissionais Ambientais Modelos Infraestruturas recursos Motivações • • • Realização de si Poder Autonomia • Desafio Aptidões PREDISPOSIÇÕES Motivações Atitudes • • • • • • Confiança em si Abertura de espírito Capacidade de adaptação Tolerância à ambigüidade Controle de si Aptidões para venda Aptidões \ Interesses Atitudes Interesses COMPORTAMENTO • Dinheiro • Inovação, iniciativa • Risco • Ação 9 Adaptado por P.-ª Fortin de “ Évaluation de mes caractéristiques entrepreneuriales” , publié dans : Gasse, Y., • Afetividade: • Sucesso e • Engajamento D´Amours, A. (1993) Profession : entrepreneur. Montréal : Éditions Transcontinentales e Éditions de la Fondation empatia, fracasso • Responsabilidade de l´entrepreneurship. liderança, • Mudança relações • Concorrência 64 humanas • Destino • Cognição: Desencadeadores informação, aprendizagem, feed-back • Ação : meios, ocasiões, adaptação, decisão Positivos : acesso aos serviços e aos recursos, ocasiões, grupo de apoio, etc • Negativos : perda do emprego, adiantamento bloqueado, frustrações, crise de meio de carreira, etc. RESULTADO • • Empresa nova Atividade lançada 65 ANEXO 5 15 PONTOS DE INTERROGAÇÃO10 Numerosas perguntas podem ser feitas para julgar sobre a pertinência de uma ocasião de negócios. Repertoriamos 15, que nos parecem das mais eficazes. 1.Existe verdadeiramente uma necessidade do consumidor, com relação a esse produto? O que isso traz de mais ao cliente (valor agregado) ? Esse produto, ou serviço, será competitivo no mercado? 2.Esse produto pode ser colocado no mercado de maneira rentável e aproveitável ?, financeiramente, o retorno sobre o investimento inicial é interessante? As margens são mais elevadas que o que se conhece dos produtos semelhantes nesse setor ? 3.O mercado atual oferece boas ocasiões, simplesmente pela modificação na alta e na baixa da qualidade dos produtos existentes. Estamos na era da hipersegmentação. Desse modo, cada vez mais segmentos de mercado oferecem um potencial interessante para produtos de luxo ou de alta gama (categoria) para os quais um número crescente de consumidores estão prontos para pagar. O inverso é também verdadeiro. É preferível modificar o grau da qualidade de seu produto – para baixo para o alto – a fim de que ele seja mais rentável ? 4.Será que eu tenho vantagens competitivas para fabricar, distribuir, colocar no mercado, exportar esse produto ? quais são elas ? Devo me concentrar sobre uma ou outra dessas atividades ? Qual delas ? Seria mais proveitoso para mim, terceirizar a fabricação e me concentrar na colocação no mercado ? Esse produto ganharia em ser fabricado ou vendido em menores quantidades ? 5. Este é o momento propicio para lançar esse produto ou esse serviço ? Quais os ciclos de consumo ? 6. Isso me interessa realmente ? Tenho gosto para isso ? quero viver o estilo de vida que implica esse tipo de atividade ? Tenho os conhecimentos, as habilidades, a experiência requeridos para esse gênero de atividade ? Tenho tempo, interesse, aptidões 10 Les 15 points d´interrogation, tiré de : Filion, L.J.. (1999) L´identification d´occasions d´affaires. Publié dans : Filion, L.J. (Éd.) 66 que são precisos para aprender o que deve ser aprendido, a fim de realizar essa ocasião de negócios ? Será alguma coisa de agradável, de prazeroso, que eu poderia cumprir de maneira distensionada ? 7. Interessa-me, realmente, trabalhar aí em tempo integral ou em tempo parcial ? 8. Essa ocasião de negócios apresenta o potencial que é preciso para satisfazer meus objetivos de ganhos e de rendimentos ? 9. Valerá a pena, valerá o esforço que deverei fazer ? 10. É legal ? É conforme ao meu código de ética ? Aos meus valores morais ? 11. É compatível com aquilo que eu sou ? Isso me permitirá realizar-me ? desenvolver-me e melhorar no plano pessoal ? 12. Quero trabalhar com o gênero de pessoas que esse tipo de ocasião de negócios implica ? Como me situo com relação à cultura desse setor ? 13. A ocasião descoberta corresponde a alguma coisa que é prioritária na lista dos setores que me interessam ? 14. Onde me situo com relação à competição nesse setor ? quais são minhas vantagens competitivas ? Estudei bem o mercado desse setor ? Tenho os conhecimentos suficientes do mercado, dos clientes, dos fornecedores, para bem gerir esse tipo de atividade ? 15. Minhas capacidades financeiras são adequadas ? Posso ter acesso aos recursos financeiros suficientes, para que a ocasião seja interessante sem trazer muitos riscos para mim ? 67 Chaire d´entrepreneurship Hunter Maclean École des Hautes Études Commerciales ANEXO 6 ELEMENTOS CONTIDOS EM UM PLANO DE NEGÓCIOS11 Página título Índice 1. projeto a. natureza do projeto b. potencial de venda 2. promotor e equipe ª motivação b.competências e complementaridades 3. contexto dos negócios ª localização b. setor de atividades c. mercado e segmentação d. concorrência direta e indireta e. tendências e potencial de venda 3. 4. plano marketing ª características do produto e do serviço b. preço c. rede de venda d. publicidade e. serviço de pós-venda 5.plano de operações ª colocação b.abastecimento c. mão-de-obra 4. 11 Tire de : Péloquin, L.E. (1999). Les composants du plan d´ affaires sommaire. Publié dans : Filion, L.J. (Éd.) Réaliser son projet d´entrepresie, 2e ed. , Montréal : Éditions Transcontinental et Éditions de la Fondation de l´Entrepreneurship, Chap. 15, p. 341. 68 6.plano financeiro ª gastos do início b. orçamento de caixa c. estados financeiros d. limiar de rentabilidade Conclusão Anexos ANEXO 7 LISTA DE VARIÁVEIS A COSIDERAR PARA UM ESTUDO DE MERCADO12 y Setor : |'HVFULoão do setor de atividades y0HUFDGRJOREDO | Escolha do mercado | Descrição e análise | Tamanho | Evolução, tendências | Ciclo de vida do produto y6HJPHQWRVGHPHUFDGR | Escolha do ou dos mercados visados | Descrição e análise | Tamanho | Evolução, tendências | Ciclo de vida y&iOFXORGDVSDUWHVGHPHUFDGR | cenário otimista | cenário otimista | cenário realista y&RQFRUUência | Descrição e análise | Concorrência direta : tamanho, número, localização, volume, etc. | Concorrência indireta : tamanho, número, localização, volume, etc. | Segmentos não atingidos ? | Avaliação da reação dos concorrentes à nossa chegada 12 Tire de : Turgeon, N. (1999) La bonne connaissance de son secteur et de sa clientèle. Publié dans : Filion, L.J. Ed.) Réaliser son projet d´entreprise. 2e éd, Montréal : Éditions Transcontinental et Éditions de la Fondation de l´Entreprenseurship, Chap.5, p.123. 69 y0HLR | | | | | | Econômico Sociocultural Político Jurídico Tecnológico Ecológico y&OLHQWHOa : | Necessidades | Comportamento de compra | Preferências atuais | Preços mínimo e máximo | Lugares de compra 70 Chaire d~entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales ANEXO 8 CARACTERÍSTICAS DE CRIADORESi DE EMPRESAS 1. Detetector de oportunidades 2. Orientado para a ação . 3. Bom em relações 4. Criador 5. Intuitivo 6. Realista 7. Não-conformista 8. Lucro importante, mas também outras motivações 9. Flexível 10. Trabalha muito 11. Homem de negócios 12. Desafiador de riscos calculados i Tiré de : Filion, L. J. (1991) Visions et relations : clefs du succès de l´entrepreneur. Montréal : Éditions de l´entrepreneurship. Chaire d´entrepreneurship Maclean Hunter École des Hautes Études Commerciales 71 13. Imaginativo 14. Visionário 15. Perseverante 72
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