- Mestrado em Horticultura Irrigada
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- Mestrado em Horticultura Irrigada
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO – PPG DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – DTCS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICO EM HORTICULTURA IRRIGADA – PPHI. LAURO GONZAGA DA SILVA SIMBIOSE MICORRÍZICA ARBUSCULAR NA MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METABÓLITOS FOLIARES COM PROPRIEDADES MEDICINAIS EM MUDAS DE ROMÃZEIRA (Punica granatum L.) JUAZEIRO-BA 2012 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO – PPG DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – DTCS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICO EM HORTICULTURA IRRIGADA – PPHI. SIMBIOSE MICORRÍZICA ARBUSCULAR NA MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METABÓLITOS FOLIARES COM PROPRIEDADES MEDICINAIS EM MUDAS DE ROMÃZEIRA (Punica granatum L.) LAURO GONZAGA DA SILVA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Horticultura irrigada do Departamento de Tecnologia e Ciencias Sociais da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Horticultura Irrigada, linha de pesquisa microbiologia. Área de Concentração: Agronomia. Orientadora: Lindete Míria Martins Co-orientador: Fábio S. B . Silva. JUAZEIRO-BA 2012 1 LAURO GONZAGA DA SILVA SIMBIOSE MICORRÍZICA ARBUSCULAR NA MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METABÓLITOS FOLIARES COM PROPRIEDADES MEDICINAIS EM MUDAS DE ROMÃZEIRA (Punica granatum L.) Data da defesa: 25/04/2012 COMISSÃO EXAMINADORA MEMBROS TITULARES _____________________________________________________________________ Dra. Lindete Míria Vieira Martins – (Orientadora) Universidade do Estado da Bahia _____________________________________________________________________ Dr. Fábio Sérgio Barbosa da Silva – (1o membro) Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina _____________________________________________________________________ Dra. Maryluce Albuquerque da Silva Campos – (2o membro) Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina MEMBROS SUPLENTES _____________________________________________________________________ Dra. Cristiane Domingos da Paz Universidade do estado da Bahia - UNEB _____________________________________________________________________ Dra. Cláudia Miranda Martins Universidade Federal do Ceara - UFC JUAZEIRO-BA 2012 2 CERTIFICADO DE APROVAÇÃO LAURO GONZAGA DA SILVA SIMBIOSE MICORRÍZICA ARBUSCULAR NA MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METABÓLITOS FOLIARES COM PROPRIEDADES MEDICINAIS EM MUDAS DE ROMÃZEIRA (Punica granatum L.) Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Horticultura Irrigada. Aprovada em: 25/04/2012 Comissão Examinadora ______________________________________________________ Profa. Dra. Lindete Miria Vieira Martins Universidade do Estado da Bahia (DTCS/UNEB) ______________________________________________________ Prof. Dr. Fábio Sérgio Barbosa da Silva Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina _______________________________________________________ Profa. Dra. Maryluce Albuquerque da Silva Campos Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina 3 S586s Silva, Lauro Gonzaga da Simbiose micorrízica arbuscular na maximização da produção de metabólitos foliares com propriedades medicinais em mudas de romãzeira (Punica granatum L.)./ Lauro Gonzaga da Silva. – – Juazeiro, 2012 42 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) - Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, 2012. Orientadora: Lindete Míria Vieira Martins Banca examinadora: Fábio Sérgio Barbosa da Silva, Maryluce Albuquerque da Silva Campos. Bibliografia 1. Micorrízas arbusculares. 2. Romã – Metabólitos foliares. 3. Romãzeira – Compostos bioativos. I. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais. II. Título. CDD: 589.2 4 A Deus agradeço o dom da sabedoria. A meus pais dedico (in memorian). 5 AGRADECIMENTOS A Deus, pela força e coragem de enfrentar essa etapa da minha vida. A toda minha família em especial aos m eus pais (in memorian) e aos meus amigos. À minha orientadora, Prof a Lindete Miria Vieira M artins, pelo incentivo e conhecimento na execução deste rabalho. Ao meu co-orientador, Prof o Fábio Sérgio Barbosa da Silva, por cada conhecimento adquirido , pela paciência e palavras de sabedoria. À Profª Maryluce Albuquerque da Silva Campos, pelos ensinamentos durante a realização da minha pesquisa. Aos meus amigos do Labora tório de Enzimologia e Fitoquimica Aplicada a Micologia da Universidade de Pernambuco Campus Petrolina: Marlon Lins, Paula Oliveira, João Cleme Sousa Júnior, Ieda Coelho, Mª Valdirene Bonfim, Melquisedec Oliveira, Cleilton Lima, Elis Souza, Diana Carvalho, por toda ajuda na execução do trabalho. Aos amigos da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina, em dedicação a Profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes e Profa. Rosilande Nunes Bandeira. Ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais -DTSC da Universidade do Estado da Bahia -UNB, Campu III A -Juazeiro-BA, em especial aos amigos que conquistei no mestrado em Horticultura Irrigada. Enfim, a todos aqueles que contribuíram para a realização deste sonho, se tivesse que escrever minha forma de agradecimento a cada um individual escreveria paginas infinitas, agradeço, que Deus nos abençoe. SUMÁRIO Pag. 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................ 13 2.1 Punica granatum L................................................................................................... 13 2.2 Propriedades fitoterápicas de P. granatum............................................................... 14 2.3 Caracterização fitoquímica da romãzeira................................................................. 15 2.4 Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) .............................................................. 16 2.4.1 Produção de fitoquímicos em mudas micorrizadas ................................................ 18 3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 21 3.1 Material vegetal........................................................................................................ 21 3.2 Substrato de cultivo.................................................................................................. 21 3.3 FMA.......................................................................................................................... 21 3.4 Inoculação micorrízica.............................................................................................. 21 3.5 Determinações bioquímicas e fitoquímicas.............................................................. 22 3.5.1 Preparo do extrato vegetal........................................................................................ 22 3.5.2 Proteínas totais.......................................................................................................... 22 3.5.3 Caboidratos solúveis................................................................................................. 22 3.5.4 Fenóis totais.............................................................................................................. 22 3.5.5 Taninos totais............................................................................................................ 22 3.5.6 Flavonoídes totais..................................................................................................... 22 3.6 Delineamento exerimental e análise estatística........................................................ 22 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 24 5. CONCLUSÕES........................................................................................................ 28 6. REFERÊNCIAS........................................................................................................ 29 2 LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 1 Principais fitoquímicos encontrados na romãzeira 16 Tabela 2 Influência de fungos micorrizícos arbusculares na produção de 19 fitoquímicos foliares Tabela 3 Níveis de significância (valores de p) para as variáveis estudadas Tabela 4 Concentração de proteínas totais, carboidratos solúveis, fenóis 24 totais, flavonóides totais, taninos totais em mudas de romãzeiras, associadas ou não a fungos micorrízicos arbusculares (FMA), 120 25 dias após a inoculação, em casa de vegetação Tabela 5 Número de folhas, Diâmetro do caule, matéria fresca da parte área, matéria seca da parte área, matéria fresca da parte subterrânea, altura e colonização micorrízica em mudas de romãzeiras, associadas ou não a fungos micorrízicos arbusculares (FMA), 120 dias após a inoculação, em casa de vegetação 26 3 RESUMO A romãzeira (Punica granatum) é uma fruteira com potencial medicinal, devido a presença de compostos bioativos com propriedades farmacológicas, constituindo cultura alternativa na região do semiárido brasileiro. Fungos micorrízicos arbusculares (FMA), quando em simbiose, otimizam o crescimento vegetal e a produção de metabólitos com potencial medicinal, no entanto, não está definido se tais fungos otimizam a produção de biomoléculas em mudas de romãzeira. Portanto, o objetivo deste trabalho foi selecionar FMA eficientes em maximizar o crescimento e a produção de metabólitos foliares com propriedades medicinais em mudas de P. granatum. O delineamento experimental foi do tipo inteiramente casualizado, com três tratamentos de inoculação (inoculado com G. albida, inoculado com A. longula e controle não inoculado), em 7 repetições, totalizando 21 unidades experimentais. Plântulas de romãzeiras, com duas folhas definitivas, foram transferidas para potes com solo com 3 mg P dm-3 e inoculadas na região das raízes com solo-inóculo fornecendo 200 esporos/pote de G. albida ou A. longula. Após 120 dias da inoculação foram avaliados: altura, número de folhas, diâmetro do caule, matéria fresca e seca da parte aérea e seca da parte subterrânea e colonização micorrízica. Nas folhas foram determinadas concentrações de proteínas totais, carboidratos solúveis, fenóis totais, taninos totais e flavonóides totais. Com exceção do diâmetro do caule, houve efeito dos tratamentos de inoculação sobre as demais variáveis estudadas (p <0,01). Mudas de romãzeira associadas a G. albida acumularam mais metabólitos primários (proteínas e carboidratos) e secundários (fenóis, flavonóides e taninos) em relação ao controle não inoculado e àquelas formando simbiose com A. longula. Comportamento similar foi registrado para os demais parâmetros de crescimento vegetal, com exceção do diâmetro do caule e da colonização micorrízica. Conclui-se que mudas de romãzeiras têm o crescimento e a produção de compostos bioativos beneficiados pela inoculação com FMA, com os benefícios variando em função do fungo utilizado. PALAVRAS-CHAVE: Glomeromycota, metabólitos secundários, FMA. ABSTRACT The pomegranate (Punica granatum) is a species with medicinal potential, due to the presence of bioactive compounds with pharmacological properties, providing an alternative crop in the semiarid region of Brazil. Arbuscular mycorrhizal fungi (AMF), when in symbiosis, optimize the plant growth and production of metabolites with medicinal potential, however, is not set such defined fungi optimize the production of biomolecules in pomegranate seedlings. Therefore, the aim was to select AMF efficient in optimizing the growth and leaf production of metabolites with medicinal properties in P. granatum seedlings. The experimental design was a completely randomized design with three inoculation treatments (inoculated with G. albida, inoculated with A. longula and uninoculated control), 7 repetitions, totalizing 21 experimental units. Seedlings of pomegranates, with two true leaves, were transferred to pots with soil with 3 mg P dm-3 and inoculated in the region of the roots with soil inoculum, providing 200 spores / pot G. albida or A. longula. After 120 days of inoculation were evaluated: height, leaf number, stem diameter, fresh and dry shoot and dry weight of subterranean part, mycorrhizal colonization and concentrations of total proteins, soluble carbohydrates, total phenols, tannins and total flavonoids in leaves. With the exception of stem diameter, treatment effects of inoculation on the other variables was registred (p <0.01). Pomegranate seedlings associated with G. albida accumulated more primary metabolites (proteins and carbohydrates) and secondary (phenols, flavonoids and tannins) compared to uninoculated control and those forming symbiosis with A. longula. Similar behavior was reported for other plant growth parameters, except for stem diameter and mycorrhizal colonization. We conclude that seedling leaves of pomegranate trees have growth and production of bioactive compounds benefit from inoculation with AMF, with the benefits varying depending on the fungus used. Key words: Glomeromycota, secondary metabolites, AMF. 10 1 INTRODUÇÃO Vegetais podem conter princípios ativos contra microrganismos patogênicos, sendo usados como recursos alternativos na terapêutica (FENNER et al. 2006); algumas espécies podem servir de matéria prima de baixo custo para a produção de medicamentos, sendo necessário ações biotecnológicas que maximizem a produção de fitomassa para a indústria farmacêutica. A romãzeira (Punica granatum) contém vários princípios ativos que podem atuar no tratamento de doenças (PEREIRA et al. 2006). Na fitomassa dessa planta são encontrados princípios ativos que possuem atividades hipoglicemiante, antimicrobiana (LANSKY & NEWMAN, 2007), antiinflamatória e analgésica (WERKMAN et al. 2008), além da potencialidade de tratamento de doenças gastrointestinais (MATOS, 1989) e de neoplasias (KHAN, 2009; PEREIRA et al. 2005). Dentre os microrganismos presentes no solo, os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) formam associação simbiótica mutualística com raízes de espécies vegetais (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006), favorecendo o crescimento e a produtividade de culturas de interesse econômico (ILBAS & SAHIN, 2005). Tais benefícios têm sido registrados em espécies arbóreas (CARNEIRO et al. 2004) e espécies frutíferas, como: maracujazeiro-azedo - Passiflora edulis. (SILVA et al. 2001); gravioleira - Anona muricata. (SILVA et al. 2008) ou goiabeira - Psidium guajava. (SCHIAVO & MARTINS, 2002); bananeira - Musa spp. (TRINDADE et al. 2003), entre outras. Além dos benefícios nutricionais, a micorrização pode incrementar a produção citoplasmática de compostos bioativos vegetais com propriedades farmacológicas. Estudos têm apontado que diversas moléculas do metabolismo primário e secundário têm sua produção otimizada quando associadas aos FMA (HUANG et al. 2011; CECCARELLI et al. 2010; RATTI et al. 2010; RAPPARINI et al. 1996). Entretanto, mesmo com importância fitoterápica, não está definido se a inoculação com FMA promove o acúmulo de biomoléculas foliares em mudas de P. granatum. Portanto, testou-se a hipótese que a micorrização favorece a produção de metabólitos primários e secundários foliares em mudas de romãzeiras, mas a eficiência micorrízica varia com o fungo utilizado. 11 O objetivo deste trabalho foi selecionar FMA eficientes em maximizar o crescimento e a produção de metabólitos foliares com propriedades medicinais em mudas de Punica granatum. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Punica granatum L. A romã (Punica granatum), conhecida popularmente como romeira (TAVARES et al. 2005), pertence a família Punicaceae, sendo cultivada em climas tropicais e subtropicais (HALILOVA & YILDIZ, 2009), ocorrendo desde o Irã até o Himalaia (PEREIRA et al. 2010). Tem sido cultivada há muito tempo por todo o Mediterrâneo e Nordeste da Índia, tendo escala produtiva de 100.000 há, produzindo 0,45 milhões de toneladas de frutos ao ano destinados à produção de sobremesas e de bebidas (DEEPIKA & KANWAR, 2010). Entre os países importadores, destaca-se a Inglaterra, seguida da França, que aceita em seu comércio os frutos de grande calibre (HIDAKA et al. 2005). Segundo Hidaka et al. (2005) o cultivo da romãzeira é realizado em 100 países do mundo. No Brasil, onde encontrou condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento vegetativo, é conhecida no país como romã (MACHADO et al. 2002). Nas zonas semiáridas da região Nordeste, a produção de frutos ocorre no período de setembro a fevereiro (MARÇAL et al. 2011). No Vale do São Francisco, duas cultivares têm destaque, a vermelha e a amarela; a primeira sendo uma variedade canadense e a segunda nacional (MARTINS,1995); ambas possuem adaptação a clima seco e tolerância moderada a salinidade (BHANTANA & LARAROVITCH, 2010) e com boa escala de produção no vale do são Francisco (MARTINS, 1995). A romãzeira possui características de arvoreta frutífera, com folhas pequenas, rijas, brilhantes e membranáceas (RODRIGUES et al. 2006), é um arbusto lenhoso, ramificado (HALILOVA & YILDIZ, 2009) com flores dispostas nas extremidades de ramos com cores vermelho-alaranjadas (WERKMAN et al. 2008), originando frutos esféricos com muitas sementes em camadas, que encerram em arilo polposo (LORENZI & SOUZA, 2001). O suco de seus frutos é uma boa fonte de açúcares, vitaminas B e C, com teores razoáveis de proteína férrica (DEEPIKA & KANWAR, 2010). Na indústria é utilizada no preparo de produtos como sucos, geléias e bebidas aromatizantes (AARABI et al. 2008). As folhas, as flores e a casca dos frutos são utilizados, tradicionalmente, para fins medicinais e curtimento de couros (DEEPIKA & KANWAR, 2010), sendo também utilizadas para ornamentação de parques e jardins (LOPES et al. 2001). 13 A propagação é feita por sementes ocorrendo germinação lenta e desuniforme (SANT’ ANNA et al. 2008). Para Rodrigues et al. (2006), a sarcotesta, por ser um material gelatinoso que envolve as sementes, pode comprometer sua germinação, acarretando-lhe moderada dormência. Segundo Lopes et al. (2001) uma das medidas para a quebra dessa dormência é quando as sementes são fermentadas, aumentando, assim, sua viabilidade e vigor num período de 72 horas de fermentação. Além do potencial frutífero, recentemente o cultivo de romãzeiras tem tomado outras dimensões, pois pesquisas estão sendo direcionadas em relação à produção de fitoconstituintes com propriedades terapêuticas (TAVARES et al. 2005). 2.2 Propriedades fitoterápicas da P. granatum A medicina popular, por ser uma prática milenar, tem ultrapassado todas as barreiras e obstáculos chegando aos dias atuais (CARVALHO el at. 2005) e com a vasta diversidade vegetal brasileira, plantas com propriedades medicinais tem despertado o interesse da comunidade científica em estudos fitoterápicos (OLIVEIRA et al. 2005). No Brasil, é comum o uso de plantas medicinais no tratamento de diversas infecções (SEPTIMO et al. 1994), considerando que estudos em várias regiões do país têm demonstrado a intensificação da medicina popular no tratamento de doenças (PEREIRA et al. 2006). O aproveitamento dos recursos biológicos, com enfoque aos aspectos medicinais de plantas cultivadas nas regiões semiáridas, tem sido evidenciado (ALBUQUERQUE et al. 2002). Diversos autores descrevem as propriedades terapêuticas (LANSKY & NEWMAN, 2007) e os diferentes concentrações dos componentes fitoterápicos da romãzeira (NISHIGAHI et al. 2008), utilizada na medicina popular no tratamento de processos infecciosos internos ou externos (LANSKY et al. 2004). Por ser uma fruteira com potencial medicinal (BLASCO et al. 2009), estudos com extratos da P. granatum têm revelado o uso intensificado na medicina tradicional (PEREIRA et al. 2006), sendo utilizadas diferentes partes da planta (RODRIGUES et al. 2006), que possuem atividades antiflamatória, hipoglicemiante, antioxidante (PEREIRA et al. 2005), antimicrobiana (CATÃO et al. 2006) e no tratamento de doenças gastrointestinais (MATOS, 1989). 14 A casca do caule é empregado como vermífugo, em especial para tênias (WERKMAN et al. 2008), enquanto os frutos são utilizados para o tratamento de diarréias (PRADEEP et al. 2008) e de infecções da pele e mucosas (CARBALLO et al. 2009). Segundo PRAKASH & PRAKASH (2011) a composição química dos frutos tem uma variação em seus constituintes, associada a variedade cultivada, clima, estado de maturação e armazenamento. As sementes, com seus envoltórios rosados e suculentos, são usadas para as afecções da boca e da garganta (LANSKY & NEWMAN, 2007; LANSKY et al. 2004 ), e o arilo utilizado popularmente contra catarata (CARVALHO et al. 2005); as flores e os botões florais, em pó, servem para o alívio da bronquite e do Diabetes mellitus (BAGRI et al. 2009). Drumond et al. (2004) relataram que as plantas da família Punicaceae apresentam ação bactericida, pois estudando o extrato hidroalcoólico do pericarpo da casca de romãzeiras, em relação à formação de biofilmes dentais bacterianos, verificaram que há inibição da formação de placa supragemgival por microrganismos aeróbios, como Streptococcus mitis e Streptococcus mutans. O potencial do extrato etanólico das folhas e dos frutos da P. granatum são usados em estudos de mutagenicidade em camundongos (VALADARES et al. 2010) Adicionalmente, Werkman et al. (2008) enfatizaram a multifuncionalidade dos frutos da romã como fitoterápico, descrevendo a capacidade antimicrobiana e antiflamatória, além de ações terapêuticas na odontologia. Efeitos quimioprotetores também foram relatados quando se utilizam extratos de romã (PEREIRA et al. 2005). 2.3 Caracterização fitoquímica da romãzeira Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que cerca de 65 a 80 % da população mundial buscam alternativas nas plantas para fins terapêuticos, geralmente por motivo de pobreza ou precariedade no sistema de saúde (IHA et al. 2008), considerando que os vegetais, em especial as fruteiras, possuem não somente valor nutritivo, mas também propriedades medicinal e cosmética (PIETRO et al. 2006), graças à presença de compostos bioativos, sobretudo aqueles do metabolismo secundário vegetal (JARDINI et al. 2007). 15 Vários compostos do metabolismo primário e secundário conferem propriedades medicinais à romã (Tabela 1). Alguns efeitos terapêuticos estão relacionados à presença de taninos, sobretudo o tanino elágico conhecido por punicagina (MACHADO et al. 2003). CARBALLO et al. (2009) ressaltam que a romãzeira concentra os elagitaninos nos frutos e granatina nos frutos e sementes (Tabela 1). Pesquisas comprovam que os diferentes grupos de flavonóides e taninos presentes nos frutos e suco da romã inibem a oxidação de LDL (FUHRMAN & AVIRAM, 2002) em estudos in vitro e in vivo, em lesões em ratos. Katsube et al. (2003) relataram que tanto os flavonoides como também as antocianinas possuem atividade antioxidante. Tabela 1. Principais fitoquímicos encontrados na romãzeira Classe de Fitoquímico Fenóis Composto Acido fenólico** Polifenóis* Frutos Polpa dos frutos Flavonóides Flavonas* Antocianina* Frutos, sementes Raiz, caule Férrica** Frutos Proteínas Parte vegetal Referências Jardini et al. (2007) Deepika & Kanwar (2010) Jurenka et al. (2008) Werkman et al. (2008) Deepika & KANWAR (2010) Taninos Elagitanino* Granatina* Punicalagina* Frutos Frutos, sementes Folhas, flores Carballo et al. (2009) Machado et al. (2003) Catão et al. (2006) (*) Elevada concentração (**) Moderada concentração 2.4 Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) Os fungos micorrízicos arbusculares são simbiontes obrigatórios, que necessitam de um hospedeiro vegetal compatível para completar seu ciclo de vida (SMITH & READ, 1997; SILVA & ALBUQUERQUE, 2005), formando assim relações mutualistas com a maioria das espécies vegetais (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006). Carrenho et al. (2010) ressaltam que a micorrização é o tipo de simbiose entre fungos e plantas mais amplamente 16 distribuído na natureza, colonizando a maioria dos vegetais de importância econômica. Segundo Souza et al. (2010), solos naturais com cobertura vegetal espontânea contém espécies de FMA formando micorriza. Os FMA pertencem ao Filo Glomeromycota (SCHUSSLER et al. 2001), tendo como característica primordial a formação de uma estrutura amplamente ramificada, denominada arbúsculos, onde há troca de produtos da fotossíntese, nutrientes e água (NAGAHASHI et al. 2010). Na presença e combinações apropriadas entre fungo-planta e condições ambientais (CAVALCANTE et al. 2009), como luz, umidade, nutrientes, entre outros, os esporos de FMA germinam no solo e emitem um tubo germinativo (BONFANTE et al. 2009), caracterizando o crescimento assimbiótico; ao encontrar a raiz de uma planta susceptível, a hifa diferencia-se em apressório e fixa-se na epiderme (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006; LAMBAIS, 2006); posteriormente, ocorre a colonização inter e intracelular via micélio, que se diferencia em árbusculos (BONFANTE et al. 2009). Tais estruturas são responsáveis pela troca de metabólicos entre os simbiontes (LAMBAIS & RAMOS 2010). Kiriachek et al. (2009) relatam que no estabelecimento das micorrizas arbusculares, a troca de sinais tem início antes do contato físico entre os simbiontes, ocorrendo a secreção de exsudados pelas raizes, estimulando a ramificação das hifas dos FMAs. Segundo Bonfante et al. (2009) há percepção dos sinais dos fungos na periferia das células vegetais. Para Smith & Read (2008) na maioria das situações, beneficiando o fotobionte associado, levando a tolerância a estresses de natureza biótica e abiótica. Condições ambientais como fertilidade, umidade do solo, pH, luminosidade, temperatura entre outros, são fatores que interferem na ocorrência dos FMA, assim como a sua compatibilidade fúngica com a espécie vegetal (SILVEIRA & GOMES 2007) são determinantes na resposta das plantas à micorrização. Segundo Cardoso et al. (2010) diversas plantas de interesse econômico são beneficiadas pela associação com FMA. Trindade et al. (2000) pontuam que os benefícios da micorrização têm sido indicados para produção de mudas de fruteiras, melhorando assim sua fisiologia, considerando que tal simbiose beneficia a planta pela absorção de nutrientes do solo, especialmente o fósforo (MIRANDA & MIRANDA, 1997). Diversas pesquisas têm apontado que a aplicação de FMA pode ser alternativa viável para a produção de fruteiras, principalmente àquelas com destaque agronômico (YANOMELO et al. 2003). A inoculação com FMA pode maximizar a produção, gerando redução 17 no uso de bioinsumos agrícolas. Conforme Cardoso & Lambais (1992), tal ferramenta pode ser usada na maioria das espécies florestais e frutíferas tropicais, sobretudo na produção de mudas. Benefícios da utilização de FMA na promoção do crescimento vegetal têm sido evidenciados em espécies arbóreas (CARNEIRO et al. 2004) e em solos com baixa fertilidade e presença de metais pesados (SILVA et al. 2006), como também em solos contaminados (SANTOS el al. 2008; REDON et al. 2009). Benefícios da micorrização têm sido evidenciados em várias culturas, como: mamoeiro (TRINDADE et al. 2003), gravioleira (SILVA et al. 2008), maracujazeiro-doce (SILVA et al. 2004), maracujazeiroazedo (CAVALCANTE et al. 2002), bananeira (MATOS et al. 2002; YANO-MELO et al. 2003), romãzeira (ASERI et al. 2008), tangerina (WU et al. 2006) e aceroleira (COSTA et al. 2001), entre outros. Porém, Caravaca et al. (2002) ressaltam que em solos muito pobres o efeito da inoculação não é evidenciado, sendo a aplicação conjunta do fungo micorrízico e adubos orgânicos, em proporções adequadas, um alternativa viável e de baixo custo. 2.4.1 Produção de fitoquímicos em mudas micorrizadas Os benefícios da micorrização na produção de biomoléculas com potencial farmacológico têm sido objeto de estudo da Micorrizologia há pouco tempo sendo documentado em várias espécies (CECCARELLI et al. 2010; ZUBEK et al. 2010; RAPPARINI et al. 1996; FREITAS et al. 2006). Kapoor et al.( 2007) sugerem que plantas com potencial medicinal podem ter sua fisiologia vegetativa alterada pela presença de determinadas moléculas, em decorrência da presença do FMA. Silva et al. (2008) avaliaram o efeito da adubação fosfatada e da inoculação com Scutellospora heterogama, Gigaspora decipiens, Acaulospora koskei, Entrophospora colombiana e um mix dos quatro isolados e verificaram aumento na produção de óleo resina em plantas micropropagadas de gengibre (Zingiber officinale). De modo similar, Freitas et al. (2004) relataram que a inoculação com FMA favoreceu o acúmulo de óleos essenciais de Mentha arvensis. Tais benefícios foram documentados em várias plantas de importância medicinal (Tabela 2). 18 Tabela 2: Influência de fungos micorrizícos arbusculares na produção de fitoquímicos foliares Espécie vegetal FMA Zingiber officinale S. heterogama Efeito Composto Referências (+) Óleo resina Silva et al. (2008a) G. decipiens A. koskei E. colombiana Trifolium repens G. intraradies (+) Flavonoides Ponce et al. (2004) Mentha arvesis A. scrobiculata (+) Óleos essenciais Freitas et al. (2006) Salvia offininalis G. mossaea (+) Acido rosmarínico Nell et al. (2008) G. intraradices Origanum sp. G. mossaea (+) Óleo essencial Khaosaad et al. (2006) Anethum graveolens G. macrocarpum (+) Óleo Kapoor et al. (2002) essencial Trachyspermum ammi G. fasciculatum (-) Timol Kapoor et al. (2002a) Artemisia annua G. macrocarpum (+) Artemisinina Kapoor et al. (2007) (+) Óleos essenciais Copetta et al. (2007) Proteínas Araim et al. (2009) G. fasciculatum Ocimun basilicum G. mossaea G. margarita G. rósea Echinacea purpúrea G. intraradices (+) 19 Annona squamosa Allium cepa A. longula (0) Flavonoides Lima et al. (2011) G. albida (+) G. cloroideum (0) Fenóis Perner et al. (2008) Castelannos-Morales et al. (2009). G. microaggregatum G. mosseae G. intraradices Fragaria ananossa G. intraradices (+) Flavonoides Mentha arvesis G. etunicatum (+) Óleo essencial G. lamellosum (+) Karagiannidis et al. (2011). (+) efeito positivo; (-) efeito negativo; (0) efeito nulo. Os FMA além de promover maior crescimento vegetal, podem alterar quantitativamente à concentração de fitoquímicos foliares (KAPOOR et al. 2004). Esse aspecto da simbiose micorrízica é extremamente importante, pois plantas que possuem fitomassa com maiores concentrações de compostos bioativos, podem ser atrativas para a indústria farmacêutica de fitoterápicos. Ainda não está definido se a inoculação com FMA promove o acúmulo de biomoléculas foliares em mudas de P. granatum. 20 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material Vegetal Sementes de romãzeiras (P. granatum) foram embebidas em água destilada, desinfestadas com NaClO-20 % (2 % cloro ativo) por 2 minutos, lavadas em água destilada e colocadas para germinar em bandejas contendo areia lavada e vermiculita (1:1, v/v) esterilizadas (121 ºC/30min./dois dias consecutivos). 3.2 Substrato de cultivo Foi utilizado solo coletado em área de Caatinga nativa, no Km 152, município de Petrolina-PE, que apresentava: P (3 mg dm-3); Matéria Orgânica (2,48 g Kg-1); Capacidade de Troca Catiônica (9,62 cmol dm-3) e pH (4,9). No experimento foram usados potes preenchidos com 1,2 kg de solo não esterilizado. 3.3 FMA Foram testados Acaulospora longula Spain & N.C. Schenck (UFPE 21) e Gigaspora albida N.C. Schenck & G.S. Sm. (UFPE 01). Os inóculos dos FMA utilizados foram produzidos em solo, tendo como hospedeiro o painço (Panicum miliaceum L.) e armazenados a 4 ºC até o momento da utilização. 3.4 Inoculação micorrízica Plântulas com duas folhas definitivas foram transferidas para os potes e inoculadas na região das raízes com solo-ínóculo fornecendo 200 esporos + hifas + raízes colonizadas de A. longula ou G. albida. O experimento foi mantido em casa de vegetação na Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Após 120 dias da inoculação foram avaliados os parâmetros de: altura (cm), diâmetro do caule (mm), número de folhas, matéria fresca de parte aérea, matéria fresca de parte subterrânea, matéria seca de parte aérea e colonização micorrízica. Para avaliação da colonização micorrízica, as raízes foram clarificadas (KOH 10 %) e coradas (azul de Trypan 0,05 %) pelo método de Phillips & 21 Hayman (1970) e o percentual de colonização determinado pelo método de interseção de quadrantes (GIOVANNETTI & MOSSE, 1980). 3.5 Determinações bioquímicas e fitoquímicas Foram determinadas nas folhas, as concentrações de proteínas totais, carboidratos solúveis, fenóis totais, taninos totais e flavonóides totais. 3.5.1 Preparo do extrato vegetal: após secagem em estufa, 500 mg de folhas foram picotadas ou maceradas e transferidas para erlenmeyers (125 mL) e adicionados 20 mL de etanol (95 %). Após maceração de 12 dias (25 ºC), ao abrigo da luz, o extrato foi filtrado em gaze e re-filtrado em papel de filtro qualitativo, sendo armazenado em frasco âmbar (4 ºC) (BRITO et al. 2008). No extrato foram determinados: 3.5.2 Proteínas totais: foram determinada pelo método de Bradford (1976) com algumas modificações: em tubo de ensaio foram adicionados 50 µL do extrato etanólico e 2,5 mL do Reagente de Bradford, seguindo-se a agitação em vórtex. Após cinco minutos, as leituras foram feitas em espectrofotômetro (595 nm), utilizando o BSA (albumina bovina sérica) como padrão. 3.5.3 Carboidratos solúveis: a quantificação foi feita pelo método de Dubois et al. (1956) modificado: num tubo de ensaio rosqueável foram colocados 50 µL do extrato etanólico, 95 µL de água destilada, 50 µL de fenol (80 %), procedendo-se a agitação intensa em vórtex; posteriormente, foram adicionados 2 mL de ácido sulfúrico e após incubação (10 minutos / 22 ºC), foi conduzida a leitura em espectrofotômetro (490 nm), sendo utilizada glicose para preparo da curva-pardrão. 3.5.4 Fenóis totais: determinados de acordo com a metodologia proposta por Monteiro et al. (2006): em balão volumétrico (100 mL) foram adicionados 250 µL do extrato, 5 mL do Reagente de Folin-Ciocalteau (10 %), 10 mL de carbonato de sódio (7,5 %) e o volume completado para 100 mL com água destilada. Após 30 minutos em repouso, foram realizadas leituras de absorbância (760 nm), adotando-se o ácido tânico como padrão. 3.5.5 Taninos totais: foi utilizado o método da precipitação de caseína, descrito em Monteiro et al. (2006): em um erlenmeyer foram adicionados 6 mL do extrato, 1 g de caseína em pó, com posterior agitação constante (25 ºC). Posteriormente, as amostras foram filtradas, com o volume completado para 25 mL em balão volumétrico e a quantificação será feita pelo método de Folin-Ciocalteau. A concentração de taninos foi 22 obtida pela diferença entre o valor encontrado nessa leitura e aquele obtido na quantificação de fenóis totais 3.5.6 Flavonóides totais: os teores de flavonóides foram estimada a partir da metodologia de Araújo et al. (2008), com algumas modificações: em um balão volumétrico foram colocados 1 mL do extrato etanólico, 0,6 mL de ácido acético glacial, 10 mL de solução piridina:metanol (8:2 v/v) e 2,5 mL de solução etanólica de cloreto de alumínio (5 %), com o volume final de 25 mL completado com água destilada. Após 30 minutos em repouso, a absorbância foi medida (420 nm), utilizando rutina para preparo da curva-padrão. 3.6 Delineamento experimental e análise estatística O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos de inoculação (inoculado com G. albida, inoculado com A. longula e controle não inoculado), em sete repetições, totalizando 21 unidades experimentais. Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas ao teste de Tukey (1 % de probabilidade), utilizando o programa Statistica (STATSOFT, 2002). 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com exceção do diâmetro do caule, houve efeito dos tratamentos de inoculação sobre as variáveis estudada (p<0,01) (Tabela 3). Tabela 3. Níveis de significância (valores de p) para as variáveis estudadas Variável Nível de significância Concentração de proteínas totais ** Concentração de carboidratos solúveis ** Concentração de fenóis totais ** Concentração de flavonóides totais ** Concentração de taninos totais ** Número de folhas ** Diâmetro do caule Ns Matéria fresca da parte aérea ** Matéria seca da parte aérea ** Matéria fresca da parte subterrânea ** Altura ** Colonização micorrízica ** **(p<0,01); ns (não significativo). Mudas de romãzeira associadas a G. albida acumularam mais metabólitos primários (proteínas e carboidratos) e secundários (fenóis, flavonóides e taninos) em relação ao controle não inoculado e àquelas formando simbiose com A. longula (Tabela 4). Em outras situações, a aplicação da tecnologia micorrízica favoreceu a maximização de produção de compostos bioativos com potencial medicinal (HUANG et al. 2011; RATTI et al. 2010). É provável que o aumento nos níveis de metabólitos esteja associado a mudanças morfológicas nos plastídeos, eficiência nas rotas metabólicas envolvidas na biossíntese dos compostos estudados, assim como melhoria no estado nutricional (STRACK & FESTER 2006). Outro fator que deve ser considerado é a produção dos compostos estudados variando em função do tratamento micorrízico, como evidenciado por Dave & Tarafdar (2011) em mudas de Ocinum basilicum, confirmando a hipótese inicial do trabalho e 24 indicando que generalizações sobre a eficiência micorrízica na produção de metabólitos vegetais deve ser evitada. Tabela 4. Concentração de proteínas totais, carboidratos solúveis, fenóis totais, flavonóides totais, taninos totais em mudas de romãzeiras, associadas ou não a fungos micorrízicos arbusculares, 120 dias após a inoculação, em casa de vegetação Variável Tratamentos de inoculação Controle G. albida A. longula Concentração de proteínas totais* 49,24 b 154,30 a 69,30 b Concentração de carboidratos solúveis* 21,86 b 75,80 a 23,81 b Concentração de fenóis totais* 3,13 b 9,34 a 1,58 b Concentração de flavonóides totais* 0,37 b 1,89 a 0,34 b Concentração de taninos totais* 2,42 b 3,87 a 1,04 c * (mg 100 mg planta-1); Médias seguidas da mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (1 %). Araim et al. (2009) avaliando o efeito da micorrização com Glomus intraradices em plantas de E. purpurea constataram que houve aumento nas concentrações de proteínas, destacando que a simbiose desempenha importante papel na maximização das vias de produção dos metabólitos, como registrado no presente estudo (Tabela 4). O metabolismo secundário, traduzido pela produção de compostos fenólicos, foi favorecido pela micorrização de mudas de romãzeira com G. albida (Tabela 4). Com resultados semelhantes, Kapoor et al. (2007) também relataram que a micorrização de Artemisia annua por Glomus macracarpum e Glomus fasciculatum favoreceu a produção de artemisinina. Ponce et al. (2004) também documentaram comportamento similar em Trifolium repens micorrizada por G. intraradices. Por outro lado, a micorrização com G. mosseae não alterou o acúmulo de óleos essenciais em mudas de Origanum sp. (KHAOSAAD et al. 2006), resultado semelhante ao verificado em mudas de romãzeira formando simbiose com A. longula (Tabela 4). A micorrização favoreceu o crescimento de mudas de romãzeira inoculadas com G. albida para a maioria dos parâmetros avaliados (Tabela 5). Resultados similares foram descritos por Cavender et al. (2003), que obtiveram incrementos satisfatórios na matéria seca da parte aérea e subterrânea em Sorghum bicolor inoculadas com fungos micorrízicos. 25 Baí et al. (2008) evidenciaram incremento na matéria seca da parte aérea em Zea mays (milho) inoculadas com Glomus caledonium, Glomus spp. e Acaulospora spp. Além disso, benefícios da utilização de FMA na otimização do crescimento vegetal, na fase de mudas em solo, foram registrados em outras pesquisas (SHENG et al. 2008; MACHINESKI et al. 2009; SHARMA et al. 2009). Tabela 5. Número de folhas, Diâmetro do caule, matéria fresca da parte área, matéria seca da parte área, matéria fresca da parte subterrânea, altura e colonização micorrízica (%) em mudas de romãzeiras, associadas ou não a fungos micorrízicos arbusculares, 120 dias após a inoculação, em casa de vegetação Variável Tratamentos de inoculação Controle G. albida A. longula Número de folhas 9,00 b 20,00 a 18,00 a Diâmetro do caule (mm) 0,12 a 0,12 a 0,11 a Matéria fresca da parte aérea** 0,06 b 0,34 a 0,11 b Matéria seca da parte aérea** 0,01 b 0,15 a 0,04 b Matéria fresca da parte subterrânea** 0,23 b 0,77 a 0,18 b Altura (cm) 7,14 b 9,73 a 8,43 ab 16,55 c 22,20 b 36,00 a Colonização micorrízica (%) Médias seguidas da mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (1 %). De modo similar ao registrado para as análises bioquímicas e fitoquímicas, a micorrização das mudas com G. albida trouxe benefícios diferenciados em relação às plantas não inoculadas ou associadas ao outro FMA testado (Tabela 5). É provável que tenha havido maior compatibilidade funcional entre o isolado de Gigasporaceae e a planta estudada. Tal fato tem sido documentado em várias plantas (SILVA 2006; SOUZA et al. 2010; SANTANA 2010). Além disso, é conhecido que membros de Gigaspora produzem profuso micélio extraradicular no solo (HART & READER 2002), o que poderia ter contribuído para os maiores benefícios registrados nesse tratamento. Porém, para comprovar tal hipótese, é necessária a quantificação do micélio extraradicular, que deve ser realizado em ensaios utilizando solo esterilizado e o presente experimento foi conduzido em solo nativo não desinfestado. 26 No tratamento controle, não inoculado, houve formação de estruturas micorrízicas no córtex radicular de mudas de romãzeira (Tabela 5) e as maiores taxas de colonização micorrízica foram registradas nas plantas associadas a A. longula (Tabela 4). Nesse caso, a maior ocupação do córtex pelo FMA não foi traduzida por incrementos no crescimento e no bioacúmulo das moléculas estudadas (Tabela 4 e 5). Resultados divergentes foram registrados por Silva (2006), o qual registrou que mudas de Passiflora alata cresceram mais quando o córtex radicular estava mais ocupado com estruturas micorrízicas, sobretudo os arbúsculos. Estudos devem ser conduzidos para verificar o benefício da inoculação, registrado nesse trabalho, em condições de campo, validando desta forma a tecnologia micorrízica para otimização da produção de fitoquímicos em romãzeiras. 27 5 CONCLUSÕES Mudas de romãzeiras têm o crescimento e a produção de compostos bioativos beneficiados pela inoculação com FMA, com os benefícios variando em função do fungo utilizado; A simbiose entre romãzeiras e G. albida é alternativa biotecnológica para produção de mudas com maiores teores de metabólitos primários e secundários foliares com propriedades medicinais. 28 6 REFERÊNCIAS AARABI, A.; BARZEGAR, M.; AZIZI, M. H. Effect of Cultivar and Cold Storage of Pomegranate (Punica granatum L.) Juices on Organic Acid Composition. Asean 15: 4555. 2008. ALBUQUERQUE, U. P.; ANDRADE, L. H. C. Conhecimento botânico tradicional e conservação emu ma area de Caatinga no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Rev. Acta Botanica Brasilica.16:273-285. 2002. 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