Relatório de Projecto - GSBL
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Relatório de Projecto - GSBL
Relatório de Projecto ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS AUTOR Nuno Miguel Fonseca Ferreira ORIENTADOR Prof. Doutor A. Manuel de Oliveira Duarte CO-ORIENTADOR Prof. Doutor Eduardo Anselmo de Castro Departamento de Electrónica e Telecomunicações Universidade de Aveiro ii Agradecimentos Terminar este meu percurso sem referir todos aqueles que me deram a mão, nos momentos em que mais precisei, seria no mínimo de uma ingratidão atroz. Tal como na vida não vivemos numa clandestinidade receosa dos desafios da vida, todas as contribuições foram bem vindas. Em primeiro lugar, queria agradecer ao meu orientador de projecto, Professor Doutor A. Manuel de Oliveira Duarte, por toda a ajuda, orientação, motivação, ensinamentos e especialmente pela nova visão actual e futura das redes e serviços de Telecomunicações, que partilhou comigo ao longo deste projecto. Espero ter incorporado os seus ensinamentos, e uma perspectiva critica do mundo das Telecomunicações. Não resisto à tentação de citar este poema de Antero de Quental (A evolução) que tão bem reflecte o meu sentir. «Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo tronco ou ramo na incógnita floresta... Onda, espumei, quebrando-me na aresta Do granito, antiquíssimo inimigo... Rugi, fera talvez, buscando abrigo Na caverna que ensombra urze e giesta; O, monstro primitivo, ergui a testa No limoso paul, glauco pascigo... Hoje sou homem, e na sombra enorme Vejo, a meus pés, a escada multiforme, Que desce, em espirais, da imensidade... Interrogo o infinito e às vezes choro... Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro E aspiro unicamente à liberdade.» Um agradecimento a todo o pessoal do Grupo de Sistemas de Banda Larga ao António, João Rocha, José Pedro, Ricardo, Sérgio, Santiago e ao Daniel. Um agradecimento especial à Filipa Borrego ao Pedro Pego, pela oportunidade que me deram de discutir com eles os mais diversos assuntos. Não posso deixar de agradecer a todos os meus amigos, que sempre estiveram disponíveis para me apoiar, incentivar e motivar nos momentos mais difíceis. Assim como um abraço especial, ao Grupo do G.R. pelo forum, pela amizade, companheirismo e pela descontracção que me proporcionaram em todas as actividades gastronómicas, culturais e Sociais nas quais estamos incumbidos de levar a bom porto. Um grande abraço ao Joaquim Matos, pela ajuda e disponibilidade demonstrada ao longo destes tempos difíceis. Um agradecimento muito especial à Ana Sofia, por todo o apoio compreensão, pelas vezes (que não foram poucas!) que não foi possível ir tomar café e/ou ir ao cinema, assim como pelas vezes que não fui às compras etc..., mas penso ter valido a pena, esta minha dedicação a este projecto. “O sentimento muda o som das palavras quando as lemos” Quero dedicar este meu relatório aos meus pais e à memória da minha avó. Nuno Fonseca Ferreira II ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice Índice Índice de Figuras..............................................................9 Índice de Tabelas............................................................13 Lista de Acrónimos ............................................................14 Capitulo 1 Introdução.................................................18 1.1 Enquadramento do Projecto .......................................................................... 20 1.2 Políticas reguladoras dos negócios das telecomunicações ............................. 20 1.2.1 Responsabilidades políticas do sector das telecomunicações................. 23 1.2.2 Organismo Regulador Nacional ............................................................. 23 1.2.2.1 A Organização da ANACOM ............................................................ 24 1.2.2.2 O sector das Telecomunicações.......................................................... 25 1.2.2.3 Estratégia e objectivos da regulação nacional ................................... 26 1.3 Mercado das telecomunicações ...................................................................... 27 1.3.1 Dinâmica da situação actual ................................................................... 28 1.3.1.1 Liberalização do mercado e redução de custos dos serviços.............. 28 1.3.1.2 Convergência ...................................................................................... 30 1.3.2 Aplicações e serviços de telecomunicações ........................................... 32 1.3.2.1 Evolução dos Serviços de telecomunicações...................................... 33 1.3.2.2 Natureza dos Serviços de Telecomunicações..................................... 34 1.3.2.3 Caracterização dos Serviços ............................................................... 37 1.3.2.4 Previsão da procura de serviços de telecomunicações ....................... 38 1.4 Mercado das Telecomunicações..................................................................... 39 1.4.2 Visão tridimensional do mercado ........................................................... 43 1.4.3 Evolução da tecnologias e Redes de Telecomunicações ........................ 44 1.4.5 Convergencia das redes de telecomunicações ........................................ 51 Capitulo 2 Redes de Acesso ............................................55 2.1 Introdução....................................................................................................... 55 2.2 Definição de Rede de Acesso ......................................................................... 56 2.2.1 Rede telefónica ....................................................................................... 56 2.2.1.1 Breve história da rede telefónica ....................................................... 56 2.2.1.2 Rede telefónica actual........................................................................ 61 2.2.1.3 Estrutura Organizacional da rede telefónica....................................... 62 2.2.1.4 Redes de Serviços Integrados ............................................................. 67 2.2.1.5 Exemplo da estrutura telefónica da PT Comunicações ..................... 69 2.2.1.6 Sinalização......................................................................................... 73 2.2.2 Redes HFC (CATV) ............................................................................... 78 2.2.2.1 Rede de cliente .................................................................................. 81 2.2.2.2 Rede de transporte ............................................................................. 81 2.2.2.3 Rede de distribuição ........................................................................... 82 2.2.3 Topologia das redes de acesso................................................................ 84 2.2.3.1 Estrela activa ou passiva..................................................................... 85 2.2.3.2 Árvore (tree-and-branch) .................................................................. 87 2.2.3.3 Anel de estrelas.................................................................................. 88 2.2.3.4 Estrutura de anéis .............................................................................. 89 2.3 Tecnologias na rede de acesso........................................................................ 90 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice 2.3.1 Reutilização do cobre na rede de acesso ................................................ 91 2.3.1.1 ADSL................................................................................................. 91 2.3.1.2 HDSL.................................................................................................. 97 2.3.1.3 RADSL ............................................................................................... 99 2.3.1.4 SDSL .................................................................................................. 99 2.3.1.5 IDSL ................................................................................................... 99 2.3.1.6 VDSL.................................................................................................. 99 2.3.2 Fibra óptica na rede de acesso .............................................................. 101 2.3.2.1 Características dos serviços e arquitecturas de rede........................ 102 2.3.2.2 Redes de Fibra Óptica.......................................................................... 103 2.3.2.2.1 Arquitecturas com fibra na rede de acesso (FITL) ..................... 104 2.3.2.2.1.1 Fiber-To-The-Curb (FTTC)................................................. 105 2.3.2.2.1.2 Fiber-To-The-Building/Office (FTTB/FTTO) .................... 107 2.3.2.2.1.3 Fiber-To-The-Home (FTTH)............................................... 109 2.3.3 Técnicas de transmissão ....................................................................... 110 2.3.3.1 Métodos de Multiplexagem.............................................................. 110 2.3.3.2.1 Sistemas SDM (Space Division Multiplexing) .......................... 111 2.3.3.1.2 Sistemas TCM (Time Compression Multiplexing) ................... 111 2.3.3.2.3 Sistemas CDM (Code Division Multiplexing) ........................... 112 2.3.3.1.4 Sistemas SCM (SubCarrier Multiplexing) ................................. 112 2.3.3.1.5 Sistemas WDM (WaveLength Division Multiplexing).............. 112 2.3.3.2 Redes de Serviços de Banda larga.................................................... 113 2.3.3.2.1 Modo de Transferência Assíncrono (ATM) ............................... 113 2.3.3.2.2 Redes ópticas passivas baseadas em ATM (ATM-PON)........... 114 2.3.3.2.3 Rede de Acesso Óptica Multi-Serviços (FSAN) ........................ 115 2.3.3.2.4 Rede BBL (BroadBandLoop)..................................................... 116 2.3.3.3.3 SDH ............................................................................................ 118 Capitulo 3 Rádio na Rede de Acesso ............................121 3.1 Configurações dos Sistemas de Rádio na Rede de Acesso .......................... 123 3.1.1 Configuração Ponto-a-Ponto ................................................................ 123 3.1.2 Configuração Ponto-Multiponto........................................................... 124 3.1.2.1 Configuração Ponto-Multiponto com Cobertura Celular ................. 125 3.2 Sistemas de Rádio na Rede de Acesso Actuais ............................................ 126 3.2.1 Sistemas Analógicos............................................................................. 127 3.2.2 Sistemas Digitais .................................................................................. 128 3.2.3 Sistemas de Comunicações Móveis...................................................... 128 3.2.3.1 Sistemas Analógicos......................................................................... 129 3.2.3.2 Sistemas Digitais ............................................................................. 129 3.2.3.2.1 Sistema GSM (Global System for Mobility).............................. 130 3.2.3.2.2 Sistema UMTS (Universal Mobile Telecom. System)............... 131 3.2.3.3 Sistemas de Comunicações Móveis por Satélite .............................. 134 3.2.3.4 Sistemas Microcelulares ................................................................... 134 3.2.4 Acesso Fixo Via Rádio (FWA) ............................................................ 136 3.2.4.1 Perspectivas de Evolução do FWA .................................................. 140 3.2.14.2 Implementação do sistema FWA na Europa ................................ 141 3.2.5 BWA-Acesso Rádio em Banda Larga .................................................. 142 3.2.6 MMDS .................................................................................................. 146 3.2.7 LMDS ................................................................................................... 147 3.2.8 DECT.................................................................................................... 150 4 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice Capitulo 4 As tecnologias das telecomunicações Móveis ..152 4.1. Origem dos sistemas celulares...................................................................... 153 4.1.1 Os Comités Técnicos GSM e SMG...................................................... 156 4.1.2 Objectivos principais do GSM ............................................................. 158 4.2 GSM – Global System for Móbile Communications ................................... 158 4.2.1 Conceitos Celulares ..................................................................................... 159 4.2.2 Reutilização de frequências .................................................................. 161 4.2.3 Ajuste do Tamanho da Célula .............................................................. 162 4.2.4 Melhoramentos na Eficiência do Espectro GSM ................................. 163 4.2.5 Técnicas de Multiplexagem no Sistema GSM ..................................... 164 4.2.5.1 TDMA .......................................................................................... 165 4.2.5.2 FDMA............................................................................................... 168 4.2.5.3 Diferenças entre TDMA e FDMA........................................................ 170 4.2.5.4 CDMA .............................................................................................. 171 4.2.5.4.1 Frequency Hopping Spread Spectrum........................................ 173 4.2.5.4.2 Direct Sequence Spread Spectrum ............................................. 174 4.2.6 Princípios Gerais de uma Arquitectura de Rede................................... 176 4.2.6.1 Arquitectura de uma rede Celular..................................................... 178 4.2.6.3 Entidades Envolvidas no Sistema..................................................... 182 4.2.6.3.1 Mobile Station (MS).................................................................. 182 4.2.6.3.2 Subscriber Identity Module (SIM) ............................................ 183 2.3.3.2.4 4.2.6.3.3 Sub Sistema Estação Base (BSS) ................................ 184 4.2.6.3.3.1 Estação Base (BTS) ............................................................ 187 4.2.6.2.3.2 Base Station Controller (BSC) ............................................... 188 2.3.3.2.5 4.2.6.3.4 Sistema de Comutação (SS) ........................................ 189 4.2.6.2.4.1 MSC/VLR e GMSC ........................................................... 191 4.2.6.2.4.2 Home Location Register (HLR) ............................................. 192 4.2.6.2.4.3 Centro de Autenticação AUC ............................................. 193 4.2.6.3.4.4 EIC Registo de Identificação de Equipamento.................. 195 4.2.6.3.4.5 Centro de Operações e Manutenção (OMC) ....................... 195 4.2.6.4 Sinalização........................................................................................ 196 4.2.6.5 Gestão de Chamadas........................................................................ 197 4.2.6.5.1 Chamada iniciada na rede GSM e terminada em outra rede ..... 198 4.2.6.5.2 Chamada terminada na rede GSM e iniciada em outra rede ..... 199 4.2.7 A Geração 2.5 G ................................................................................... 202 4.3 HSCSD (High Speed Circuit Switched Data) .............................................. 202 4.3.1 Interface Air.......................................................................................... 205 4.3.2 Protocolos de dados .............................................................................. 208 4.4 GPRS ............................................................................................................ 213 4.4.1 Atractivos do GPRS ............................................................................. 213 4.4.1.1 Novas Aplicações ............................................................................ 214 4.4.1.2 Conectividade Instantânea e Constante ........................................... 215 4.4.1.3 Acesso ao Serviço............................................................................ 215 4.4.2 Características da Rede GPRS............................................................. 217 4.4.2.1 Comutação de Pacotes..................................................................... 218 4.4.2.2 Eficiência do Espectro ..................................................................... 218 4.4.2.3 Serviços de Portadora ...................................................................... 219 4.4.2.4 Esquemas de codificação de canal................................................... 220 4.4.2.5 Atribuição de Timeslots ................................................................. 221 4.4.3 Arquitectura do GPRS .......................................................................... 222 5 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice 4.4.3.1 Estação Móvel (MS)........................................................................ 223 4.4.3.2 Sub sistema de Estação Base ........................................................... 225 4.4.3.3 Os Novos Elementos na rede........................................................ 226 4.4.3.4 GPRS Support Nodes (GSN)........................................................... 228 4.4.3.5 Serving GPRS Support Node ( SGSN ) .......................................... 228 4.4.3.6 Gateway GPRS Support Node ( GGSN ) ........................................ 229 4.4.4 Rede GPRS ........................................................................................... 229 4.4.4.1 GPRS Backbone Network ............................................................... 229 4.4.4.2 SS7-Network ................................................................................... 230 4.4.5 Protocolos ............................................................................................ 230 4.4.5.1 Camada de Transmissão .................................................................. 231 4.4.5.2 Camada de Aplicação ...................................................................... 232 4.4.5.3 TCP / UDP........................................................................................ 232 4.4.5.4 IP e X.25 .......................................................................................... 233 4.4.5.5 SNDCP ............................................................................................ 233 4.4.5.6 LLC.................................................................................................. 234 4.4.5.7 RLC e MAC .................................................................................... 234 4.4.5.8 Interface Rádio ................................................................................ 235 4.4.6 Sinalização............................................................................................ 236 4.4.7 Mobilidade e Routing ........................................................................... 237 4.4.8 Gestão de Mobilidade entre GSM/GPRS ............................................. 238 4.4.8.1 Attach e Detach no GPRS ............................................................... 240 4.4.8.2 Activação e Desactivação de contextos PDP .................................. 241 4.4.9 Comparação entre o GPRS e os outros................................................. 242 4.4.10 Qualidade de Serviço (QoS) no GPRS ................................................. 244 4.5 EDGE ........................................................................................................... 246 4.5.1 A tecnologia.......................................................................................... 246 4.5.2 Parâmetros de sistemas EDGE ............................................................. 247 4.5.3 Classes de EDGE.................................................................................. 248 4.5.4 Estratégia de Evolução ......................................................................... 249 4.6 EHSCSD....................................................................................................... 250 4.7 EGPRS.......................................................................................................... 250 4.8 Terceira Geração de Comunicações Móveis ................................................ 252 4.8.1 Tendências para o “Sem fios” .............................................................. 253 4.8.2 A convergência no UMTS.................................................................... 255 4.8.3 A standardizações do esquema de interface ar num contexto 3G ........ 257 4.8.4 Características Gerais do Sistema UMTS/IMT-2000........................... 258 4.8.5 Considerações genéricas sobre a rede UMTS ...................................... 259 4.8.6 WCDMA no Modo FDD...................................................................... 265 4.8.6.1 Características do sistema................................................................ 268 4.8.6.2 Canais Físicos e Lógicos ................................................................. 270 4.8.6.4 Controlo de Potencia ........................................................................ 277 4.8.6.4.1 Outer loop ................................................................................... 280 4.8.6.4.2 Open Loop .................................................................................. 280 4.8.6.4.3 Códigos de Espalhamento .......................................................... 281 4.8.6.4.4 Serviços Multirate ...................................................................... 281 4.8.6.4.5 Transmissão de Pacotes.............................................................. 282 4.8.6.4.6 Handover .................................................................................... 282 4.8.6.4.6.1 Softer Handover................................................................... 284 4.8.6.4.6.2 Handover inter frequência ................................................... 284 6 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice 4.8.7 Arquitectura de Rede ............................................................................ 286 4.8.7.1 Arquitectura do UTRAN ................................................................. 286 4.8.7.2 Protocolos da Interface Rádio ......................................................... 287 4.8.7.3 Rede UMTS.................................................................................... 290 4.9 Sistemas de Comunicações de banda larga “sem fios” (WBCS) ................. 292 4.9.1 WLAN (Wireless Local Area Network)............................................... 293 4.9.1.1 Vantagens das WLAN .................................................................. 294 4.9.1.2 Aplicações das WLAN .................................................................... 294 4.9.1.3 Hiperlan 2 ........................................................................................ 295 4.9.1.4 IEEE 802.11a.................................................................................... 297 4.9.1.4.1 Arquitectura de uma rede IEEE 802.11......................................... 298 4.9.1.5 Bluetooh .......................................................................................... 300 4.9.1.5.1 Características básicas do Bluetooth ......................................... 301 4.9.2 MBS............................................................................................................ 301 Capitulo 5 Projectos de Investimento ........................304 5.1 Introdução..................................................................................................... 304 5.1.1 Definição de Investimento.................................................................... 305 5.1.2 Classificação dos investimentos ........................................................... 307 5.1.3 Tipos de investimentos ........................................................................ 307 5.1.4 Principais fases de um projecto de investimento.................................. 310 5.1.4.1 Identificação ......................................................................................... 310 5.1.4.2 Preparação ............................................................................................ 311 5.1.4.3 Análise ................................................................................................. 312 5.1.4.3.1 Análise financeira ....................................................................... 312 5.1.4.3.2 Análise Técnica .......................................................................... 314 5.1.4.3.3 Análise Institucional ................................................................... 315 5.1.4.3.4 Análise económica...................................................................... 315 5.1.4.3.5 Análise social.............................................................................. 317 5.1.4.3.6 Análise ambiental ....................................................................... 318 5.1.4.4 Decisão ............................................................................................. 318 5.1.4.5 Execução.......................................................................................... 318 5.1.4.6 Funcionamento e controlo ............................................................... 320 5.2 Conceitos económicos relevantes....................................................................... 321 5.2.1 Taxa de actualização.................................................................................... 321 5.2.2 Resultados ilíquidos..................................................................................... 322 5.2.3 Amortizações ............................................................................................... 323 5.2.4 Noção de Cash-flow .................................................................................... 324 5.3 Principais Critérios de analise de projectos de investimentos........................... 326 5.3.1 Valor Actual Liquido ( VAL )..................................................................... 326 5.3.2 Taxa interna de rentabilidade ...................................................................... 327 5.3.3 Período de recuperação............................................................................ 329 5.4 Análise de sensibilidade ............................................................................... 330 5.5 Erros frequentes na preparação de um projecto de investimento ................. 331 5.6. Plano de negócios .............................................................................................. 331 5.6.1 Introdução.................................................................................................... 331 5.6.2 Fases de um Plano de Negócios .................................................................. 332 Capitulo 6 Análise Tecno-económica de Redes e Serviços TONIC - ..........................................................................333 6.1 Introdução..................................................................................................... 334 7 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice 6.2 Objectivos do projecto TONIC..................................................................... 334 6.3 Desenvolvimento e Participantes ................................................................. 335 6.3.1 Principais contribuições do programa .................................................. 336 6.3.2 Inovação ............................................................................................... 337 6.3.3 contribuição e directrizes para a Comunidade Europeia. ..................... 338 6.3.4 Contribuição aos objectivos sociais da comunidade ............................ 339 6.4 Descrição ...................................................................................................... 340 6.5 Modulação do mercado ................................................................................ 341 6.5.1 Modelos de Previsão............................................................................. 341 6.5.1.1 Modulação da evolução de tarifas ................................................... 342 6.5.1.2 A Modulação de incertezas na evolução de mercado...................... 342 6.6 Ferramenta Metodologia .............................................................................. 343 6.6.1 Viabilidade económica do Operador Virtual de Rede Móvel .............. 343 Capitulo 7 Estudo de Caso ..........................................345 7.1 Contexto Histórico........................................................................................ 347 7.2 Conceito de MVNO...................................................................................... 347 7.3 Definição de Operador Móvel Virtual (MVNO).......................................... 348 7.4 Diferentes classes de MVNOs...................................................................... 349 7.4.1 O ‘Puro’ MVNO.................................................................................. 349 7.4.2 O Enhanced Service Provider.............................................................. 350 7.4.3 O Fornecedor de Serviços .................................................................... 350 7.5 Considerações de Regulação ........................................................................ 351 7.5.1 Resumo dos vários pontos de vista....................................................... 352 7.5.2 Relacionamento com os MNOs............................................................ 352 7.6 MVNO no mercado das Telecomunicações móveis.................................... 354 7.6.1 MVNO como um novo valor................................................................ 356 7.6.2 Formulas para Operar no mercado ....................................................... 358 7.6.3 Impacto do MVNO no mercado ........................................................... 360 7.6.4 Modelo de negócios de um MVNO...................................................... 362 7.6.4.1 Um Possível Modelo de Custos....................................................... 366 7.7 Serviços e classes de serviço ........................................................................ 370 7.7.1 Perfis de Negócio ................................................................................. 370 7.7.2 Perfil de cliente..................................................................................... 374 7.7.3 Classes de serviço................................................................................. 375 7.7.4 Tarifas e Revendas................................................................................ 377 7.7.4.1 Considerações Gerais ...................................................................... 378 7.7.4.2 Calculo do ARPU através da análise ao trafego.............................. 380 7.7.4.3 Procura de serviços de telecomunicações......................................... 383 7.7.4.4 Modelo de Logistica ......................................................................... 384 7.8 arquitectura e elementos da rede .................................................................. 388 7.8.1 Rede de Interligação (CN).................................................................... 391 7.8.2 Base Station System (BSS) .................................................................. 395 7.9 Soluções Técnicas possíveis para a partilha de infra-estruturas................... 396 Referências ......................................................................399 8 Índice de Figuras Figura 1 Organograma da ANACOM ...................................................................................25 Figura 2 Macro-estrutura das Telecomunicações Fonte:Maxitel .............................................26 Figura 3 Estrutura da Industria Integração vertical ou horizontal [39] ......................................30 Figura 4 Convergência de Media, Telecomunicações e Computação ..........................................32 Figura 5 Evolução dos serviços de telecomunicações Fonte: Prof. Duarte ...............................33 Figura 6 Sistematização das principais etapas do processo produtivo associado a serviços.............35 Figura 7 Dinamismo do mercado das comunicações [69] ........................................................37 Figura 8 Cenário de agentes, funções e serviços de telecomunicações FONTE: Prof. Duarte ...........37 Figura 9 Vectores de relacionamento entre serviços e mercado de telecomunicações .....................40 Figura 10 Classes de redes [2,3] .........................................................................................42 Figura 11 Visão tridimensional do mercado das telecomunicações Fonte: Prof. Duarte ...............43 Figura 12 Visão simplificada das redes de telecomunicações [3, 88] ..........................................44 Figura 13 Diferentes serviços disponibilizados por diferentes redes de comunicação [3,88] ..........45 Figura 14. Situação actual das redes de telecomunicações [3,88]..............................................47 Figura 15 Evolução na rede de transporte .............................................................................48 Figura 16. Passagem vertical - horizontal .............................................................................49 Figura 17. Papel dominante do IP nas telecomunicações [3] ....................................................50 Figura 18 Convergência nas rede de Telecomunicações ...........................................................52 Figura 19 O IP como uma plataforma integradora e convergente [89] .......................................53 Figura 20 Exemplo de uma rede telefónica com uma estrutura hierárquica de 4 níveis de comutação63 Figura 21 Configuração genérica das redes telefónicas em Portugal .........................................64 Figura 22 Estrutura da rede telefónica (com a introdução de centrais digitais de grande porte incorporando funções de comutação local e de trânsito)...................................................66 Figura 23 Níveis hierárquicos da rede telefónica da PT Comunicações .......................................70 Figura 24 Dimensionamento de acordo com a densidade populacional .......................................71 Figura 25 Rede de Sinalização ............................................................................................75 Figura 26 Rede de sinalização operando no modo associado ....................................................77 Figura 27 Rede de sinalização operando no modo não - associado ............................................77 Figura 28 Rede de sinalização operando no modo quase associado ...........................................78 Figura 29 Topologia em árvore das redes de CATV .................................................................79 Figura 30 Rede híbrida (utilização mista de fibra e cabo coaxial) com arquitectura FTTF [13] .......80 Figura 31 Pormenor da rede de cliente em estrela e em árvore ..................................................81 Figura 32 Rede de transporte, topologia em estrela [90] ..........................................................82 Figura 33 Pormenor da rede de distribuição em árvore [90] .....................................................83 Figura 34 Factores determinantes na escolha da topologia .......................................................84 Figura 35 Exemplos de topologias em estrela activa e passiva ...................................................86 Figura 36 Exemplo da topologia em árvore (tree-and-branch) ..................................................87 Figura 37 Exemplo de uma rede de acesso com topologia em anel de estrelas ..............................88 Figura 38 Exemplo de uma topologia em estrutura de anéis ......................................................89 Figura 39 O espectro no ADSL [67] ....................................................................................93 Figura 40 Elementos de transmissão via ADSL na estação [67] .................................................94 Figura 41 Elementos de transmissão via ADSL no cliente [67] ..................................................95 Figura 42 Divisão do espectro ADSL[67] ..............................................................................97 Figura 43 Comparação das tecnologias E1 e HDSL[Adaptado de 67] ........................................98 Figura 44 Capacidade de transporte ADSL vs VDSL [69] ......................................................100 Figura 45 Exemplo de uma arquitectura FTTC utilizando uma topologia em estrela passiva .........106 Figura 46 Habitações uni-familiares[78] ............................................................................106 9 Figura 47 Exemplo de uma arquitectura FTTB utilizando uma topologia em estrela passiva .........108 Figura 48 Habitações multi-familiares[68] ..........................................................................109 Figura 49 Exemplo de uma arquitectura FTTH utilizando uma topologia em estrela passiva .........110 Figura 50 Arquitectura genérica da FSAN ...........................................................................115 Figura 51 Sistema BBL [91] .............................................................................................117 Figura 52 Área de acesso típica [13] ..................................................................................118 Figura 53 Plataforma SDH ...............................................................................................120 Figura 54 Sistema de acesso baseado num anel ATM [13] ......................................................120 Figura 55 Exemplo de uma configuração Ponto-a-Ponto [13] .................................................124 Figura 56 Exemplo de uma configuração Ponto-Multiponto [13] .............................................125 Figura 57 Exemplo de uma configuração Ponto-Multiponto com Cobertura Celular [13] .............126 Figura 58 Sistemas Rádio na rede de acesso [Adaptado de 74] ...............................................127 Figura 59 Gerações da s comunicações móveis....................................................................128 Figura 60 Número de subscritores celulares por região Fonte : ARC....................................132 Figura 61 Cobertura do UMTS[81] ....................................................................................133 Figura 62 Espectro UMTS para satélites .............................................................................135 Figura 63 Rede de Acesso Via Rádio ..................................................................................136 Figura 64 Possível cenário de desenvolvimento do mercado de serviços de telecomunicações em BWA ............................................................................................................................144 Figura 65 Possível cenário de desenvolvimento do mercado de serviços de telecomunicações em BWA ............................................................................................................................145 Figura 66 configuração de uma célula LMDS [70] ................................................................147 Figura 67 Arquitectura LMDS [72] ....................................................................................149 Figura 68 Principais objectivos estabelecidos nos primórdios dos sistemas celulares ..................154 Figura 69 Vantagens dos sistemas celulares da primeira geração ............................................155 Figura 70 Estrutura celular hexagonal com reutilização de frequência .....................................160 Figura 71 Estrutura de uma Trama TDMA com 8 slots temporais ............................................165 Figura 72 Acesso múltiplo por divisão no tempo (TDMA) [13] ................................................166 Figura 73 Acesso múltiplo por divisão na frequência (FDMA).................................................168 Figura 74 Diferença entre o TDMA e o FDMA ....................................................................170 Figura 75 Acesso múltiplo por divisão no código (CDMA)......................................................171 Figura 76 Vantagens e desvantagens do CDMA ....................................................................173 Figura 77 Frequency Hopping Spread Spectrum ...................................................................174 Figura 78 Direct Sequence Spread Spectrum ........................................................................175 Figura 79 Esquema preliminar de uma rede GSM ................................................................176 Figura 80 Arquitectura de um Sistema Celular .....................................................................179 Figura 81 Arquitectura de rede GSM [8] .............................................................................182 Figura 82 Sistema de Estações Base ...................................................................................185 Figura 83 Configurações típicas dos BSS´s ..........................................................................186 Figura 84 Exemplos de Estações base para interior...............................................................187 Figura 85 Equipamento de Unidade de Adaptação de Ritmo e BSC ..........................................189 Figura 86 Elementos de um sistema de comutação ................................................................190 Figura 87 Entidades operantes no MSC/VLR .......................................................................192 Figura 88 Entidades Operantes no HLR ..............................................................................193 Figura 89 Estabelecimento de uma chamada com origem no móvel [10] ...................................198 Figura 90 Chamada terminada na rede GSM [10] ................................................................200 Figura 91 Arquitectura do sistema HSCSD com configuração de múltiplos canais ......................205 Figura 92 Exemplo da configuração simétrica HSCSD com dois canais TCH/F ..........................206 Figura 93 Exemplo da configuração HSCSD simétrica com mais de 2 canais TCH/F ..................206 Figura 94 HSCSD assimétrica, tipos de configurações de canais (3+1,3+2,4+1) ........................207 10 Figura 95 Protocolos para HSCSD não transparente combinando múltiplos canais ....................210 Figura 96 Exemplo de alocação estática de Timeslots [56] .....................................................222 Figura 97 Esquema geral de uma rede GSM com GPRS [58] ..................................................223 Figura 98 Rede GPRS ......................................................................................................226 Figura 99 Redes Intra – PLMN e Inter PLMN backbone [60] ..................................................230 Figura 100 Esquema protocolar OSI relativo ao GPRS[68] ....................................................231 Figura 101 Bloco RLC e bloco radio ..................................................................................235 Figura 102 Exemplo de routing áreas .................................................................................238 Figura 103 Procedimentos de Attach GPRS[62] ...................................................................240 Figura 104 Activação de contextos PDP [62] .......................................................................241 Figura 105 Evolução cronológica das taxas de transferência de dados[61]................................243 Figura 106 Comparação entre GPRS e GSM........................................................................243 Figura 107 Interacção entre BTS e MS ...............................................................................248 Figura 108 Tendência de Evolução [72]..............................................................................249 Figura 109 Taxas de transferência por slot temporal no EHSCSD[72] ......................................250 Figura 110 Taxas de transferência por slot temporal no EGPRS ..............................................251 Figura 111 Mercado de utilizadores móveis e de dados ..........................................................253 Figura 112 Factores que determinam a necessidade de “dados sem fios” ..................................254 Figura 113 Factores de mercado que contribuem para a expansão do “sem fios” .......................255 Figura 114 Os mundos em convergência [75] ......................................................................256 Figura 115 Estrutura hierárquica das células[81].................................................................260 Figura 116 Modo FDD e TDD ..........................................................................................261 Figura 117 1Espectro alocado para o UMTS ......................................................................263 Figura 118 Diagrama de blocos de um transmissor DS-CDMA ...............................................265 Figura 119 Ex. de um transmissor DS-CDMA ......................................................................266 Figura 120 Diagrama de Blocos de um receptor DS-CDMA....................................................266 Figura 121 Controlo de potencia com a variação da distancia ................................................267 Figura 122 Utilização do espectro em WCDMA [72] ............................................................270 Figura 123 Estrutura da trama para o canal físico do dedicado no sentido uplink[72] .................273 Figura 124 Multiplexagem temporal dos canais de controlo de dados ......................................274 Figura 125 Multiplexagem IQ/código de espalhamento dos Canais de controlo e dados ...............275 Figura 126 Estrutura de uma trama DPCH..........................................................................276 Figura 127 Estrutura do canal de sincronização (SCH)..........................................................277 Figura 128 Espectro do sinal CDMA ..................................................................................278 Figura 129 Representação celular de Handover ...................................................................284 Figura 130 Identificação dos vários interfaces na Arquitectura do UTRAN ................................287 Figura 131 Arquitectura Protocolar da Interface Rádio .........................................................288 Figura 132 Fluxo de dados para as camadas RLC e MAC não transparentes ............................290 Figura 133 Arquitectura da rede UMTS [ 3, 83] ...................................................................291 Figura 134 Rede WLAN ...................................................................................................292 Figura 135 Arquitectura das camadas Hiperlan2 ..................................................................296 Figura 136 União de duas BSS formando uma ESS...............................................................299 Figura 137 Previsão de evolução dos sistemas móveis ...........................................................302 Figura 138 Ciclos macro-económicos .................................................................................306 Figura 139 principais fases dum projecto de investimento ......................................................310 Figura 140 Fluxograma dum projecto de investimento [13] ...................................................320 Figura 141 Calculo do cash-flow[13] .................................................................................325 Figura 142 Gráfico do VAL em relação à taxa de actualização(13) ..........................................328 Figura 143 Os principais elementos incluídos num caso num estudo de caso ..............................340 Figura 144 Ilustração da metodologia TERA. FONTE: TONIC ...............................................343 Figura 11 Figura 145 Tipos de MVNO FONTE:TONIC Del. 9 ...............................................................349 Figura 146 Relacionamento na cadeia de valor das telecom. móvisl. Fonte: Questus (adaptado).[26] ............................................................................................................................357 Figura 147 Novos e velhos jogadores estão a enfrentar as mudanças de papeis ..........................358 Figura 148 Fórmulas para operar no mercado ....................................................................359 Figura 149 Os MVNOs e a procura latente do mercado .........................................................360 Figura 150 Cadeia de valor de forma a poder configurar a oferta de serviços ............................361 Figura 151 Evolução do posicionamento da marca própria ....................................................362 Figura 152 Modelo Genérico de um MVNO Fonte: ARC. ......................................................363 Figura 153 Modelo de negóciosFONTE: TONIC Del 8 ..........................................................365 Figura 154 Modelo de Custeio ..........................................................................................367 Figura 155 Esquemas de custeio ........................................................................................368 Figura 156 Vantagens e desvantagens dos dois modelos de custos ...........................................369 Figura 157 Possíveis pontos de acesso na rede MNO.............................................................369 Figura 158 Principais perfis de negócio ..............................................................................372 Figura 159 Síntese das estimativas de ARPU Fonte: TONIC ..................................................379 Figura 160 Calculo do ARPU............................................................................................381 Figura 161 Evolução do ARPU mensal estimado para um operador MVNO num país grande (Sem serviços banda larga) FONTE : TONIC ......................................................................382 Figura 162 Evolução do ARPU mensal estimado para um operador MVNO num país pequeno (Sem serviços banda larga) ..............................................................................................383 Figura 163 penetração total estimada de subscritores móveis para a Europa Ocidental. FONTE: TONIC ..................................................................................................................385 Figura 164 Previsão de penetração de subscritores para os diferentes sistemas móveis na Europa Ocidental[89] ........................................................................................................386 Figura 165 Previsão de penetração de subscrições para os diferentes sistemas móveis na Europa Ocidental ..............................................................................................................387 Figura 166 Posicionamenento na cadeia de valor das diferentes classes....................................390 Figura 167 Arquitectura de MVNO full (baseado na especificação R99) [89] .............................391 Figura 168 Exemplo de uma estrutura de HSS Genérica e interfaces ........................................392 Figura 169 Configuração Básica de um PLMN.....................................................................393 Figura 171 Exemplo de uma BTS FONTE: Alcatel ............................................................395 Figura 172 Os cinco níveis da partilha de infra-estrutura FONTE: TONIC Del. 9 .......................396 Figura 173 Partilha de Antenas FONTE: TONIC Del. 9 .........................................................397 Figura 174 Principio aplicado na partilha do node B FONTE: TONIC Del. 9 ............................398 Figura 175 Principio da partilha da rede Core FONTE: TONIC ..............................................398 12 Índice de Tabelas Tabela 1 Variação da taxa de transmissão ................................................................................................93 Tabela 2 Características dos sistemas analógicos [75] .........................................................................129 Tabela 3 Sistemas Móveis Digitais .........................................................................................................130 Tabela 4 Taxa de transmissão em função das características da área de cobertura............................132 Tabela 5 Ambiente competitivo ...............................................................................................................138 Tabela 6 Perspectivas de evolução do FWA...........................................................................................141 Tabela 7 Características básicas de diverso equipamento BWA ...........................................................146 Tabela 8 Características Principais do standard GSM..........................................................................162 Tabela 9 Relação entre os slots temporais e canais de comunicação....................................................166 Tabela 10 Alteração das taxas de transferencia por slot temporal .......................................................204 Tabela 11 Parâmetros dos esquemas de codificação .............................................................................221 Tabela 12 Classes de EDGE ...................................................................................................................248 Tabela 13 Parâmetros do WCDMA ........................................................................................................269 Tabela 14 Tipos de canais .......................................................................................................................271 Tabela 15 Intervalos de vida útil de imobilizações corpóreas[13]........................................................324 Tabela 16: Lista de participantes............................................................................................................336 Tabela 17 Exemplos de empresas que manifestam interesse em MVNOs Fonte: Analysys, press and company reports, 2000...................................................................................................................371 Tabela 18 Categorias de Qualidade do Serviço Classes definidas pelo 3GPP [72].............................376 Tabela 19 Classes de serviço assumidas.................................................................................................377 Tabela 20 Resumo das projecções de ARPU identificadas nos estudos FONTE : TONIC ..................380 Tabela 21 Suposições da total penetração de subscrições e subscritores móvei ..................................385 Tabela 22 Evolução do segmento de mercado num país grande ...........................................................388 Tabela 23 Evolução do segmento de mercado num país pequeno .........................................................388 Tabela 24 Comparação dos vários intervenientes.................................................................................390 13 Lista de Acrónimos ACTS ADM ADSL AON AP APC ARPU ASB ASP ATM AUC BAN BAR BBL BMG BOLM BRAIN BS BSC BSS BTS BU-OLM CATV CDMA CEPT CONVAIR CPE CSCF CSDN DECT DFS DHCP Advanced Communications Technologies and Services Add Drop Multiplexer Asymmetric Digital Subscriber Line All Optical Network Access Point Access point Controller Average Revenue Per User Asymmetric Switched Broadband Application Service Provider Asynchronous Transfer Mode AUthentication Centre Brain Access Network BRAIN Access Router BroadBand Loop BRAIN Mobility Gateway Broadband Optical Line Module Broadband Access for IP Based Networks (IST Project) Base Station Base Station Controller Base Station Subsystem Base Transceiver Station Broadband Upgrade Optical Line Module Community Antenna Television Code Division Multiple Access Conference of European Posts and Telecommunications administrations Consensus & Verification in ACTS Results Exploitation Customer Premises Equipment Call State Control Function Circuit Switched Data communication Network Digital Enhanced Cordless Telecommunications Dynamic Frequency Selection Dynamic Host Configuration Protocol 14 DLC DNS DSL DS-SS DTH EDGE ETSI ETSI EU FDD FDMA FH-SS FITL FP FR FSAN FTTB FTTC FTTCab FTTE FTTF FTTH FTTN FTTO FW FWA Gb GGSN GMSC GPRS GRAN GSM GSN HDSL HFC HIPERLAN HLR HSCSD HSS ICP IN IP Data Link Control Domain Name Server Digital Subscriber Line Direct Sequence Spread Spectrum Direct to the Home Enhanced Data for GSM Evolution European Telecommunications Standards Institute European Telecommunications Standards Institute European Union Frequency Division Duplex Frequency Division Multiple Access Frequency Hopping Spread Spectrum Fiber In The Loop Flexibility Point Frame Relay Full Services Access Network Fiber To The Building Fiber To The Curb Fiber To The Cabinet Fiber To The Exchange Fiber To The Feeder Fiber To The Home Fiber To The Node Fiber To The Office Firewall Fixed Wireless Access Interface Gb between BCS and SGSN Gateway GPRS Support Node Gateway Mobile Switching Center General Packet Radio System Generic Radio Access Network Global System for Mobile Communications GPRS Support Node High bit rate Digital Subscriber Line Hybrid Fiber-Coax High Performance Radio Local Area Network Home Location Register High Speed Circuit Switched Data Home Subscriber Server Instituto de Comunicações de Portugal Intelligent Networks Internet Protocol 15 IRR ISDN IST IT ITU Iu Iu-bis Iur IWU LAN LAN LEx LL LMDS MAC MAN MBS MGCF MGW MIND MIP MMDS MPLS MS MSC MT MTBR MNO MTTR MVNO MW Node B NPV NSS NT OA&M OLM OLT OMC ONU OPEX OPTIMUM Internal Rate of Return Integrated Services Digital Network (RDIS) Information Society Technologies Information Technologies International Telecommunications Union Interface between RNC and Core Network Interface between Node B and RNC Interface between RNCs InterWorking Unit Local Area Network Local Area Network Local Exchange Link Level Local Multipoint Distribution Service Medium Access Control Metropolitan Area Network Mobile Broadband System Media Gateway Control Function Media GateWay Mobile IP based Network Developments (IST Project) Mobile IP Multichannel Multipoint Distribuition Service MultiProtocol Label Switching Mobile Station Mobile Switching Centre Mobile Terminal Mean Time Between Repairs Mobile Network Operator Mean Time To Repair Mobile Virtual Network Operator Microwave Link UMTS Base Station and Base Station Node Net Present Value Network Subsystem Network Termination Operation, Administration and Management Optical Line Module Optical Line Terminal Operations and Maintenance Centre Optical Network Unit Operating Expenditures Optimised Network Architectures for Multimedia Services 16 PBP PDH PME PON POTS PSTN RSU SCMA SDH SFAA SIM SS7 SSB STM TA TDM TDMA TERA TIR TITAN TONIC UMTS VAL VDSL VLR VoD VoIP VR WDM Pay Back Period Plesiochronous Digital Hirarchy Pequenas e Médias Empresas Passive Optical Network Plain Old Telephone System Public Switched Telephone Network Remote Switching Unit SubCarrier Multiple Access Synchronous Digital Hierarchy Sistema Fixo de Acesso de Assinante Subscriber Identity Module Signaling System 7 Symmetric Switching Broadband Synchronous Transfer Mode Taxa de actualização Time Division Multiplexing Time Division Multiple Access Techno-Economic Results from ACTS Taxa interna de rentabilidade Tool for Introduction scenario and Techno-economic evaluation of Access Networks Techno-Economics of IP Optimized Networks and Services Universal Mobile Telecommunications Service Valor Actual Liquido Very high bit rate Digital Subscriber Line Visitor Location Register Video on Demand Voice over IP Valor Residual (Rest Value) Wavelength Divison Multiplexing 17 Capitulo 1 A Introdução sociedade contemporânea tende a satisfazer as necessidades básicas e universais do cidadão comum e das suas empresas. A globalização é um dado na realidade económica, social e política deste inicio de século, com manifesta implicação na vida quotidiana das sociedades.. A grande evolução vivida nos últimos e as vastas perspectivas de mercado estão a desenvolver novos ramos no negócio das telecomunicações. A explosão da Internet e a disseminação das comunicações móveis, em paralelo com a utilização de novas tecnologias e desenvolvimento de serviços, associados à liberalização do mercado estão a aumentar a volatilidade do mercado de referencia. O facto de ser um mercado relativamente recente associado à baixa regulação, impõem que seja o seu próprio dinamismo o motor para o seu desenvolvimento espontâneo obtendo quotas elevadas de crescimento, penetração, cobertura e uso. Pode-se considerar que as telecomunicações móveis, juntamente com a Internet, como a grande revolução do sector de telecomunicações da última década do século XX, e a sua convergência (Internet - Móvel) são o novo motor do sector para o recém estreado século XXI. A Internet, incluindo serviços móveis de Internet, contribuem cada vez mais para a satisfação das necessidades referidas anteriormente e proporcionam uma oportunidade única para nivelar o desenvolvimento tanto em áreas urbanas como em áreas rurais, melhorando a qualidade de vida das populações. 18 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução A evolução e as expectativas elevadíssimas colocadas no mercado dos telefones móveis, originaram uma corrida acelerada dos operadores europeus na aquisição de licenças de telefone móveis de terceira geração (UMTS), bem como o desenvolvimento das área de negócio associadas à Internet móvel que lhes permita posicionar-se e captar o negócio associado ao futuro mercado das telecomunicações móveis. No entanto, o elevado atraso na implementação dos serviços UMTS continua a contrastar com as elevadas expectativas iniciais. Um dos factores determinantes para a dinamização do sector, após o alcance de um elevado nível de maturidade, é o incremento de novos actores no mercado (fornecedores de conteúdos, aplicações e serviços, agregadores e portais etc.) impulsionando o melhoramento de serviços oferecidos neste ambiente cada vez mais competitivo. O incremento da concorrência, pode ser efectuado pela segmentação de mercado e introdução de novos actores que não requerem o uso de licenças de espectro radioeléctrico(Operadores Virtuais de Redes Móveis – MVNO, e provedores de serviços). Resolvendo o problema, de escassez de espectro e melhorando a prestação de serviços e impondo um abaixamento de preços, beneficiando os operadores de rede móvel (MNO), de forma directa ampliando a oferta de serviços, ou indirectamente pelos custos de interligação. Este modelo já foi implementado em diversos países europeus, sendo o exemplo da Virgin o mais popular conseguindo 1 milhão de clientes em Inglaterra. O mercado futuro das telecomunicações assenta numa redefinição das suas bases implicando um reajustamento nos modelos de negócio e redefinindo o posicionamento neste mercado turbulento. 19 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 1.1 Introdução Enquadramento do Projecto Este relatório de projecto final de curso está integrado na disciplina de projecto inserida na licenciatura em Engenharia Electrónica e Telecomunicações da Universidade de Aveiro, e pretende aferir sobre a viabilidade tecno-económica de diversos cenários de oferta de serviços de telecomunicações móveis estudando diversos modelos de negócio. Devotando particular atenção aos chamados MVNO (Mobile Virtual Network Operators), englobando diversas soluções de rede baseadas na emergente tecnologia IP. O projecto está inserido no projecto TONIC (TechnO-EcoNomICs of IP Optimised Networks and Services), ao abrigo do programa IST (Information Society Technologies) da Comissão Europeia. 1.2 Políticas reguladoras dos negócios das telecomunicações No cenário da globalização contemporânea, a consequência mais evidente da convergência tecnológica, é a enorme e sem precedentes concentração de propriedade, provocando a consolidação e a emergência de um reduzido número de mega-empresas mundiais. A convergência tecnológica está a dissolver as fronteiras entre as telecomunicações, os “mass media” e a informática, isto é entre o telefone , a televisão e o computador ou entre a televisão, a Internet e o computador. Daí que actualmente, se fale numa concentração de políticas para o sector das comunicações, isto é uma política integrada de telecomunicações, convergentes com as políticas sectoriais de cada estado. A tendência liberalizante de privatizações e a “desregulamentação” que varreu a Europa, teve como catalisador a aprovação do “Telecommunications Act” nos E.U.A., em fevereiro de 1996, provocando uma avalanche de aquisições, fusões e “Joint Ventures” envolvendo empresas da mais variada natureza, mais visível em toda a América Latina, mas muito influente em toda a Europa. Muitos autores, já constatam que a “Global oligolistic market that covers the spectrum of media is now crystallizing with very high barriers to entry” [1], o mercado é dominado pelos grandes grupos de telecomunicações. O processo de “oligopolização” e emergência de novos e poderosos “global players” no cenário económico e político 20 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução mundial tem sido justificado como correspondendo ao processo biológico de sinergia. Argumentando, que considerando o nível elevado dos investimentos necessários, a integração horizontal, vertical e até mesmo cruzada da industria das telecomunicações, ou seja, dentro do mesmo grupo, a acção coordenada de várias empresas torna-se inevitável e aumenta a eficiência comparativamente a empresas isoladas. Paralelamente emergem duas consequências a este novo padrão internacional: uma primeira abordagem consiste na fusão em uma única política de comunicações das diferentes políticas públicas de que desde então vão deixar de ser elaboradas isoladamente para as áreas de telecomunicações, media e informática. Numa segunda abordagem, para a crescente politização do sector é uma presença assídua e intreventiva, mais activa e directa, não só dos recentes “global players” mas também dos organismos internacionais, nos quais estão representados assim como os estados nacionais que partilham os seus interesses como poderosos actores na formulação dessa política, a nível nacional e internacional. A propriedade e o controle das telecomunicações, por exemplo nacionais até a não muito tempo monopólio do estado, seguiram um caminho de transferência para oligopólios privados, com uma posição dominante do operador incumbente. Os processos de concentração são de três tipos: Concentração Horizontal, trata-se de uma monopolização ou oligopolização que se produz dentro de uma mesma área do sector das telecomunicações. Por exemplo, dois grupos dominam a distribuição por cabo em Portugal a TV Cabo (Portugal Telecom) e a Cabovisão. Concentração Vertical trata-se da integração das diferentes etapas da cadeia de produção e distribuição. Por exemplo, a PT incorpora em si, desde o acesso, até à produção e fornecimento de conteúdos e relacionamento com o cliente. Cruzada trata-se da propriedade, pelo mesmo grupo, de diferentes media do sector das comunicações, a SONAE é um bom exemplo possui um Grupo de Imprensa escrita (e com conteúdos on-line), um Operador de Rede Móvel e a Novis que opera na rede fixa 21 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução assim como uma rede de hipermercados, possuindo excelentes canais de distribuição dos seus produtos ou serviços. Tentando não aprofundar a discussão da presença, activa e directa, dos global players e dos organismos reguladores nacionais e internacionais na formulação da nova política de comunicações, verifica-se que o padrão universal do sector manifesta-se em Portugal sem contudo, alterar muito significativamente a hegemonia de um único grande grupo. Uma avaliação crítica das tendências aqui apontadas deverá ter em conta as peculiaridades do nosso sistema nestes tempos de globalização, e ser efectuada de diferentes perspectivas e com critérios múltiplos. Um exemplo claro é proposto no quadro regulamentar para as comunicações electrónicas de modo a reforçar a concorrência nos mercados das comunicações na Comunidade Europeia (cinco directivas de harmonização, incluindo uma directiva quadro e quatro directivas específicas relativas a autorizações, acesso e interligação, serviço universal e direitos dos utilizadores e a protecção de dados nos serviços de telecomunicações, um regulamento relativo à oferta separada da linha de assinante, um projecto de Directiva da Comissão relativo à liberalização, e decisões sobre a política comunitária do espectro de radiofrequências. As políticas nacionais de telecomunicações, não pretendem reinventar o quadro jurídico nacional aplicável ao sector das telecomunicações mas adaptar às realidades actuais os instrumentos em vigor deixando todo o espaço à auto-regulação. Exige-se portanto das entidades nacionais reguladoras, uma intervenção mínima e atenta, activa e discreta. Assim é possível identificar os mais relevantes princípios de intervenção que caracterizam a política dirigida ao sector, cujo espaço de partilha é a Comunidade Europeia. Sob objectivo lato de promover e acelerar a criação de um mercado único para as telecomunicações, o enquadramento normativo tem como base dois grandes movimentos um com uma política global de liberalização, e outro de harmonização. As evoluções recentemente verificadas em Portugal integram uma dinâmica mais alargada e profunda que, de modo gradual e articulado, têm promovido a crescente desregulamentação e a instituição de novos princípios de concorrência que facilitam a instituição de um mercado alargado e dinâmico nas telecomunicações. Um exemplo é o acordo entre a ONI e a TMN, para que a primeira opere como operador virtual de rede 22 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução móvel sob a rede da segunda, quase sem intervenção da entidade reguladora. No entanto, algumas barreiras foram colocadas ao operador virtual (ONI) na interligação da sua rede com as redes dos operadores de rede móvel. 1.2.1 Responsabilidades políticas do sector das telecomunicações O Ministério do Equipamento Social (MES) é responsável pela política de comunicações. Para tal define objectivos e medidas de política. O grande desígnio da governação consistiu em promover o desenvolvimento das redes e serviços de telecomunicações, seguindo uma via de modernidade e estímulo à inovação e ao investimento, no respeito pelos princípios da universalidade, qualidade e combate à chamada «info-exclusão». As principais abordagens de acção são: Desenvolvimento de mercados abertos e concorrenciais; Gestão racional e pró-activa dos recursos escassos - espectro radioeléctrico, numeração, etc; Regulação isenta e transparente do mercado de telecomunicações; Protecção dos direitos dos consumidores e dos cidadãos em geral Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Neste âmbito, o papel do regulador (ANACOM), cujo estatuto de independência e isenção na acção Regulatória constituem uma garantia para o mercado. 1.2.2 Organismo Regulador Nacional No actual ambiente de mercados abertos e concorrências deve ser facilitada e incentivada a interoperabilidade de serviços de telecomunicações de uso público, tendo como princípios gerais de orientação promover os interesses dos utilizadores, a eficiência na afectação dos recursos utilizados e o desenvolvimento sustentado do sector. 23 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução A autoridade reguladora em Portugal é a ANACOM (ex-ICP), tem como finalidade principal o apoio ao Governo no planeamento, coordenação e tutela do sector das comunicações de uso público, bem como a representação desse sector e a gestão do espectro radioeléctrico. A ANACOM é um Instituto público dotado de personalidade jurídica, com autonomia administrativa, financeira e património próprio exercendo a sua acção na dependência do Ministério que tutela a actividade das comunicações. De uma forma genérica, podemos sistematizar as funções da entidade reguladora, da seguinte forma: Definição das políticas do Sector Estabelecimento do quadro legal regulador Moderador do Mercado Intervenções pontuais no mercado Gestão, controlo e fiscalização do espectro radioeléctrico e das posições arbitrais Fiscalização das telecomunicações e do cumprimento das respectivas disposições legais e regulamentares relativas à actividade, bem como a aplicação das sanções previstas, sempre que aplicável . Conceder licenças e autorizações aos operadores e prestadores de comunicações. Aprovação, normalização e homologação de materiais e equipamentos de acordo com a legislação vigente. Definição das condições de interligação de redes e serviços de telecomunicações de uso público explorados por operadores com posição relativamente significativa nos mercados (ex: Portugal Telecom) 1.2.2.1 A Organização da ANACOM Os corpos sociais ANACOM são constituídos por Conselho de Administração, conselho Fiscal e Conselho Consultivo. A ANACOM encontra-se estruturada em 4 níveis hierárquicos: Direcção directamente dependentes da administração, divisões, Departamentos e Secções, representadas na Figura seguinte: 24 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Gestao do espectro e Engenharia (DGE) Comunicaçao e Relaçoes exterernas (GACRE) Conselho Fiscal (CF) Enquadramento Regulamentar e Administraçao Regulamentaçao e Contencioso (DRC) Equipamentos e Normalizaçao (DEN) Regulaçao dos Mercados Preços e Interligaçao (DPI) Superdivisao de Mercados (DSM) Conselho de Administraçao (CA) Conselho Consultivo (CC) Financeira e Administrativa (DFA) Politicas de Comunicaçao Convergencia e Desenvolvimento (DCD) Assuntos Europeus (DAE) Delegaçao dos Açores Projectos especiais Delegaçao da Madeira Delegaçao do Norte Figura 1 Organograma da ANACOM A ANACOM é o órgão regulador do sector das comunicações em Portugal e exerce a sua acção sob tutela do Ministério do Equipamento Social. Enquanto instituto público com autonomia administrativa e financeira, iniciou a sua actividade em 1989sob o nome Instituto das comunicações de Portugal (ICP). 1.2.2.2 O sector das Telecomunicações 25 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Com a entrada de novos operadores de telecomunicações, provocada pela liberalização do mercado, alterou-se significativamente a Macro-estrutura interna do sector das telecomunicações, em sentido lato, podemos dizer que o MES representa actualmente a macro-estrutura interna do sector das telecomunicações. Conselho Consultivo MES ANACOM Grupo PT Operadores de Telecomunica çoes privados MERCADO Figura 2 Macro-estrutura das Telecomunicações Fonte:Maxitel Em termos sintéticos, a macro-estrutura do sector das telecomunicações em Portugal, é constituída pelo Ministério do Equipamento Social, referenciado anteriormente, e que o tutela, apoiado pelo ANACOM (autoridade reguladora de Portugal) como Organismo autónomo e em coordenação com a Comissão Europeia. A ANACOM é apoiada, pelo conselho consultivo no desenvolvimento e aplicação de assuntos relacionados com o sector. 1.2.2.3 Estratégia e objectivos da regulação nacional A estratégia da ANACOM, por norma está alinhada com os objectivos de interesse público politicamente definidos a nível nacional e ao nível da Comunidade Europeia. Essa estratégia de uma forma sintética, tem como linhas mestras: A promoção e o desenvolvimento da Sociedade da Informação e do Conhecimento, enquanto instrumento de crescimento económico, da promoção 26 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução da qualidade de vida, da educação e da formação e da coesão social. Incluem-se neste objectivo a consagração dos mecanismos que viabilizem a oferta de redes e serviços de banda larga, o incentivo ao desenvolvimento de plataformas digitais e a promoção do acesso à Internet em condições de acessibilidade económica; Satisfação das necessidades de comunicações das populações e das entidades públicas e privadas dos diversos sectores de actividade, tendo em consideração o papel indispensável que os serviços de comunicações desempenham como suporte das actividades económicas, administrativas e sociais, e enquanto infraestrutura da sociedade da informação; Uma política ambivalente de estímulo ao desenvolvimento de redes e infraestruturas diversificadas, a par da criação de condições de abertura de redes, designadamente a dos operadores históricos, proporcionando condições favoráveis de acesso e interoperacionalidade aos novos operadores; A promoção da concorrência; Uma nova visão foi realçada com a reestruturação interna do organismo, traduzido na prioridade atribuída às políticas de defesa e salvaguarda dos direitos dos cidadãos e dos consumidores; A promoção de mercados abertos e concorrências, salvaguardando-se a imposição de regras e regulamentações específicas onde aqueles não garantam o cumprimento dos objectivos de interesse público acima referidos. A ANACOM, enquanto órgão regulador do mercado das comunicações, promove a universalidade, qualidade, diversidade e a eficiência na utilização das redes e serviços de telecomunicações. 1.3 Mercado das telecomunicações Recentemente, foram introduzidas mudanças profundas no mercado das telecomunicações. O mercado das telecomunicações foi marcado por uma vaga de fusões e alianças de empresas, parcerias estratégicas, e a introdução de novos actores, 27 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução convergência das tecnologias e serviços com a explosão da Internet e o crescimento acelerado das redes e serviços móveis. Com a liberalização, a globalização, o aumento da concorrência, e a rápida evolução tecnológica os mercados têm tendência a tornarem-se mais exigentes. As sinergias das telecomunicações e das tecnologias são constantemente adaptadas às necessidades dos utilizadores, sob a forma de aplicações. 1.3.1 Dinâmica da situação actual A evolução e desenvolvimento interno do sector é em grande medida influenciado pelas dinâmicas de transformação que ocorrem no plano internacional. Para compreender o mercado nacional das telecomunicações é necessário determinar os factores impulsionadores, acompanhados sempre que possível por ferramentas ou indicadores que nos permitam ter uma dimensão dessa mudança. 1.3.1.1 Liberalização do mercado e redução de custos dos serviços A liberalização do mercado das telecomunicações constitui uma tendência gradual que caracteriza a estratégia de evolução do mercado a nível global e, particularmente na Comunidade Europeia. No ano passado (2001) a liberalização global do mercado das telecomunicações chegou à totalidade dos países da CE. A Grécia constituía o último país a beneficiar da derrogação do prazo para a plena liberalização do sector das telecomunicações, vedando o acesso a alguns segmentos de mercado. Durante os últimos anos têm-se verificado a privatização gradual dos operadores históricos de telecomunicações dos países da CE, o que reduz a participação produtiva do estado no sector. Os processos de privatização dos operadores históricos da CE constitui um mecanismo impulsionador do desenvolvimento da concorrência nos mercados. O movimento de privatização teve inicio no Reino Unido, no entanto outros países se lhe seguiram. Existiu uma evolução gradual de um modelo generalista de organização monopolista dominado pelo estado para um modelo aberto à iniciativa privada acompanhado de uma progressiva desregulamentação do sector das telecomunicações, implicando novas condições. 28 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução O sector abandonou a óptica de produção para se fixar numa óptica de mercado, introduzindo novos critérios de competitividade entre operadores. O mercado torna-se mais volátil, e mais valorizado e tenta responder às necessidades heterogéneas sob uma tendência crescente de segmentação. A necessidade de segmentar, nasce de uma tentativa de conquistar uma posicionamento estratégico no mercado. Aumenta o grau de sofisticação e diversificação dos serviços, valorizando a exploração dos recursos tecnológicos existentes. O mercado responde a estas iniciativas aumentando o nível de exigência quanto à qualidade do serviço e do preço, obrigando a uma maior eficiência organizacional. Assim, em paralelo com estratégias de serviço surgem estratégias de preço num quadro de grande concorrência. As crescentes estratégias de liberalização têm fomentado a globalização do mercado, atendendo às fusões aquisições etc, abrindo novas portas aos operadores que melhor se posicionem no mercado. A proliferação de fusões e aquisições na área das telecomunicações é o principal indicador de um fenómeno apelidado de consolidação. A consolidação, que agrupa as tendências anteriores, é fruto da liberalização em qualquer sector da economia. O objectivo da consolidação numa óptica de negócio, é extremamente vantajoso ao nível da redução dos custos de produção associados e a uma maior quota de mercado, aumentando as vantagens competitivas. A integração, vertical e horizontal, é o mote do fenómeno da consolidação. A integração vertical pode ser expressa como a aquisição da rede de produção e distribuição, ficando a empresa a dominar todas as etapas do processo. Por sua vez a integração horizontal pode ser encarada como uma forma de expansão da quota de mercado através da aquisição de novas empresas. Estas definições de integração não revelam totalmente a complexidade da consolidação, tentam apenas esclarecer alguns pontos chave. Esta tendência de consolidação/integração tem como consequência um reajustamento na estrutura da indústria. 29 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estrutura antiga :Integração Vertical Estrutura Nova : Incrementa a Integração Horizontal cc cc Rede de Acesso Fornecedores de banda larga Utilizador Vendas e Marketing Introdução Utilizador Aplicações Vendas e Marketing Portal ISPs,ASPs ecomerce Serviços de criação e distribuição Vendas e Marketing Conteúdos, dados, Internet e Serviços de suporte Comutação/routing e transmissão Vendas e Marketing Infra-estrutura de Banda Larga Figura 3 Estrutura da Industria Integração vertical ou horizontal [39] O atrair, agregar e reter de clientes tem sido uma preocupação para as empresas de telecomunicações. A estratégia de agregação de mercado não é, em princípio, mais significativa para o sector das telecomunicações que para outro sector da economia. No entanto, novos métodos de estimação e projecção do valor económico dos clientes têm atingido um estado cada vez mais elevado nos anos mais recentes. As duas razões principais para este desenvolvimento são as seguintes: Devido à liberalização, os clientes – residenciais e empresariais – têm agora um leque de alternativas quanto à oferta de serviços e produtos. A contínua expansão dos serviços de Internet impulsionou novas oportunidades de negócio cuja valorização depende em parte da filiação de novos clientes[78]. 1.3.1.2 Convergência Em certos sectores onde a mudança é impelida por transformações sociais, culturais, políticas, económicas ou através de avanços tecnológicos assistimos a reconfigurações no tipo e na forma da exploração do negócio. Estas reconfigurações têm como principal intenção a penetração em novos mercados, expansão da quota de mercado e o ultrapassar de possíveis obstáculos à entrada no mercado. No caso das telecomunicações 30 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução as mudanças económicas, políticas e tecnológicas fundem-se para alimentar estas sinergias. A cooperação de duas ou mais empresas para exploração mutua de vantagens económicas, é a convergência. Este fenómeno não impede a competição entre empresas, muito pelo contrário. Estas, alterando a sua estrutura de negócio, podem competir em novas áreas. Na área das telecomunicações não se pode esquecer um outro tipo: a convergência tecnológica. As necessidades da sociedade da informação vão requerer (ou forçar) a convergência não só dos mercados, mas também das tecnologias, das indústrias e dos próprios meios de informação. Isto significa que as fronteiras existentes vão sendo gradualmente esbatidas. As possibilidades de combinação de tecnologias no sentido da diversificação e sofisticação dos serviços de telecomunicações, constituem um vector fundamental para o sector das telecomunicações, quer pela introdução de novas áreas de negócio (novos mercados), quer pela aceleração das dinâmicas de globalização facilitadas pelo surgimento de novas tecnologias. De forma gradual verifica-se a recorrente possibilidade de combinar na mesma plataforma tecnologias de comunicação (redes) com tecnologias de computação às quais se associam conteúdos. A utilização combinada destes recursos permite um leque variado de serviços. Assim, uma rede telefónica pode transportar além de voz, imagem e dados permitindo gerir esta informação toda. A disseminação da Internet deve ser entendida como o expoente máximo desta dinâmica, uma vez que combina a utilização de redes de comunicação para tornar acessível e transportar informação. 31 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução MEDIA - Publicidade - IndústriaFilm. - Divertimento Filme Notícias Educação Off-line Divertimento entertenimento& TV Cabo informação Serviços TV Satélite interactivos Hardware & Software Networking Switching Telefone COMPUTAÇÂO - Process. Informação - Cliente electrónico TELECOMMUNICAÇÔES - Infra-estrutura de Rede Figura 4 Convergência de Media, Telecomunicações e Computação A convergência de base tecnológica conforme ilustrado na figura anterior, decorre do facto de se poder representar e processar qualquer tipo de informação de uma única forma, a digital. Pela digitalização, a computação (a informática e as suas aplicações), as telecomunicações (transmissão e recepção de dados, voz, vídeo etc) e os media (livros, filmes, pinturas, músicas etc) aproximam-se vertiginosamente. A conjugação de todos os factores descritos anteriormente, enquadrados num contexto de crescente globalização económica, social e cultural favorecem um crescimento célere e sustentado do mercado das telecomunicações. 1.3.2 Aplicações e serviços de telecomunicações Numa primeira análise podemos dizer que as redes e os serviços de comunicação e informação estão presentes em praticamente todos os domínios da actividade humana. 32 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução 1.3.2.1 Evolução dos Serviços de telecomunicações Um processo dinâmico e evolutivo é iniciado em 1947, com a invenção do telégrafo, e que se consolidou com a invenção do telefone na segunda metade do século XIX. Durante o século XX com a evolução, aperfeiçoamento e massificação destes serviços, tendo como exemplo o telegrafo e o telefone, criou-se uma visão alternativa dos serviços de telecomunicações. Com o Aparecimento da rádio e televisão um novo conceito de serviços e mercado foi introduzido: Média. Uma das mais marcantes evoluções, foi a digitalização dos dados, voz e media e outras informações podiam ser codificadas em zeros e uns, permitindo uma transmissão mais rápida nas redes de telecomunicações. Telex Comutação de pacotes Telégrafo Telégrafo Telex Telégrafo Telégrafo Telex Telefone Facsimile Telefone Telégrafo Telégrafo Telefone Som Som Televisão Telex Dados de alta velocidade Dados de velocidade média Dados Dados de baixa velocidade Facsimile Telefone Facsimile Telefone Som stereo hi-fi Som stereo hi-fi Televisão a cores Televisão a cores Telefone móvel Telefone móvel Paging Comutação de circuitos Video-texto Facsimile Telefone Teletexto Video-conferência Som stereo hi-fi Televisão a cores stereo Telefone móvel Paging 1847 1877 1920 1930 1960 1975 Figura 5 Evolução dos serviços de telecomunicações 1984 Telex Banda larga Comutação de pacotes Comutação de circuitos Telemetria Teletexto Facsimile Facsimile a cores Internet Web Correio electrónico Jornal electrónico Telefone Tele-conferência Video-conferência Video-telefone Som stereo hi-fi Televisão a cores Televisão stereo Televisão de alta definição Video-telefone móvel GSM, GPRS, UMTS Texto móvel Facsimile móvel WAP Dados móveis Video-texto móvel Paging 2002 Fonte: Prof. Duarte Em paralelo com a explosão da utilização da Internet uma das manifestações mais visíveis destes desenvolvimentos foi a disseminação da telefonia móvel com base em tecnologias celulares de que o GSM (Global System for Mobility) é um dos expoentes máximos. 33 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Com o SMS, é introduzido o conceito de transmissão de dados “sem fios”. A elevada utilização de dados SMS, é actualmente interpretada como uma grande apetência do lado da procura por dados “sem fios”. Acreditando-se que os dados estarão na base dos serviços inovadores futuros. No entanto é importante sublinhar que apesar do estado de maturação do mercado de voz, este continuará a ter um papel fundamental nas redes de telecomunicações. 1.3.2.2 Natureza dos Serviços de Telecomunicações Num enquadramento sócio-económico do sector das telecomunicações actual importa explicitar, com recurso a alguns conceitos, a natureza dos serviços de telecomunicações, que poderá ser feita com recurso á seguinte classificação: Serviços de suporte , aqueles que dizem respeito ao fornecimento de capacidades básicas de telecomunicações tendo como base a operação de redes. A este nível distingue-se o serviço em função da capacidade da rede, no modo de transferência da informação, velocidade de transmissão, estrutura da informação, direccionalidade, simetria, etc. Serviços básicos aqueles que recorrem a um serviço de suporte definem funcionalidades específicas associadas ao serviço como por exemplo, telefonia, Fax, etc Serviços de valor acrescentado (VAS), podendo ser entregues por fornecedores de serviços independentes ou não, dos operadores de rede que asseguram os serviços de transporte, consiste na utilização e integração de determinados serviços mais sofisticados nomeadamente serviços multimedia interactivos. Um exercício de sistematização, é passível de ser realizado como forma de compreender o processo produtivo de um serviço de telecomunicações. Numa primeira fase é possível identificar a promoção da inovação e desenvolvimento de recursos que permitam incrementar as performances de transmissão. Numa segunda fase, a arquitectura de serviços que aproveitando os recursos tecnológicos existentes assegurem uma resposta às necessidades do mercado. Por ultimo, a difusão dos serviços e a 34 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução avaliação do seu grau de eficácia na resposta às necessidades existentes e que constitui um elemento de reciclagem do serviço, permitindo um reiniciar de todo o processo. • • Desenvolvimento de capacidades e recursos de transmissão ex:UMTS,MBS,LMDS Instalação e funcionamento da infra-estrutura de transmissão • Análise de necessidades do mercado e sua segmentação • Especificação de serviços e desenvolvimento de serviços • Organização e prestação de serviços suportados nos recursos da rede • Controlo de de Qualida Marketing • Análise de satisfação dos clientes e valorização do retorno obtido Figura 6 Sistematização das principais etapas do processo produtivo associado a serviços A constante evolução tecnológica permitiu aumentar a diversidade de serviços dando origem, por vezes ao desenvolvimento de redes especializadas em cada um dos serviços prestados. A diversificação de infra-estruturas introduziu em alguns casos incompatibilidades e criou novas dimensões e complexidades, de que são reflexo a evolução da tecnologia que suporta o fornecimento de serviços. Nem sempre se pode substituir um serviço dito antigo por um serviço mais inovador, por vezes é imposta a compatibilização e coexistência de ambos. Por razões de regulação, mas também por imposição de especificações técnicas que forçam a utilização de determinadas tecnologias em detrimento de outras . Um aspecto importante na análise de serviços resulta no conhecimento do perfil de utilização dos clientes, necessário para adaptar a oferta à procura de serviços de telecomunicações. Um planeamento eficaz da oferta permite influenciar a procura de serviços assim como a evolução tecnológica da rede. A grande variedade de serviços fornecidos, assenta numa tendência para segmentar e personalizar os mesmos, gerando 35 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução um contexto multi-serviços que impõe aos operadores a necessidade de assegurar o interfuncionamento entre segmentos de redes e inter-acessibilidade de serviços. A complexidade das redes de telecomunicações contemporâneas decorrente da sua heterogeneidade tecnológica e funcional, diversos problemas de interfuncionamento dificultam e limitam a inter-acessibilidade dos serviços e condicionam a sua estrutura e organização actuais. No entanto as redes IP aparecem como uma solução provável para este problema, emergem como uma plataforma integradora, sobejamente testada garantindo interfuncionamento entre redes e uma acessibilidade diversificada. Em paralelo com a diversidade de infra-estruturas, há ainda que considerar o dinamismo de mercado, que impõe a necessidade de uma ‘ponte’ que efectue a ligação do lado da oferta ao lado da procura. A necessidade flutuante por parte de uma população de um serviço específico de telecomunicações, por exemplo um grupo de pessoas cuja actividade profissional está intimamente ligada às condições meteorológicas, essa necessidade pode ser satisfeita pelo mercado de telecomunicações. No entanto, é afectada por tendências no consumo (poder compra) e especialmente pela mudança dos preços das tarifas. Se aumentar a procura deste tipo de serviços, aumenta também a procura por parte dos operadores de equipamentos tecnológicos. Por sua vez, os fabricantes de tecnologia também irão responder aumentando e melhorando os seus produtos. A adaptação da oferta à procura está necessariamente nas tarifas impostas pelos operadores (lado da oferta) e na vontade de pagar lado do cliente (lado da procura). Para que este ponte ligue ambas as margens, impõem-se uma análise das possíveis arquitecturas de redes (operadores) e uma constante redefinição dos serviços necessários (utilizadores). A Figura 7 ilustra a “ponte” realizada pelo mercado das telecomunicações: 36 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Selecção das possíveis arquitecturas de rede de forma a satisfazer as necessidades dos utilizadores Tarifas Introdução Vontade de pagar Análise económico financeira de diferentes cenários de arquitecturas de redes tendo em conta uma pré-especificação das condições de mercado Estimação do potencial de arranque dos serviços identificados (procura) Identificação das necessidades em termos de serviços Caracterização sócio-económica e geográfica O Lado da Procura O Lado da Oferta Operadores, Fornecedores de Serviços, Fabricantes de Tecnologia Autoridades regulamentadoras Políticas públicas Utilizadores Figura 7 Dinamismo do mercado das comunicações [69] 1.3.2.3 Caracterização dos Serviços Progressivamente, as constantes inovações tecnológicas das telecomunicações implicam a definição de determinados conceitos que permitam aos fabricantes, utilizadores e operadores ter uma visão comum sobre a forma de especificar e caracterizar os serviços. Dependendo do contexto em que surge e da perspectiva com que é encarado, o conceito de serviço de telecomunicações pode ser aplicado de diversas formas. A Figura 8 representa um possível cenário para as relações entre os intervenientes no processo : agentes, classes de serviços e funções.. Agentes Utilizador Serviços Funções Aplicações Utilização dos serviços Serv iços av ançados Fornecedor de serviço Fornecimento dos serviços Sev iços básicos O perador de rede Serv iços de suporte Fornecimento de recursos de rede Figura 8 Cenário de agentes, funções e serviços de telecomunicações FONTE: Prof. Duarte 37 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Neste cenário, o operador de rede é responsável pelos serviços de suporte, ou seja pelas capacidades básicas de transporte da informação. Num patamar superior ao operador de rede, e apoiando nos recursos por ele disponibilizados, encontra-se o fornecedor de serviços. As suas funções específicas geralmente variam em função do tipo de serviço a fornecer. Do ponto de vista do utilizador ele é responsável pelo seu fornecimento, independentemente de outras entidades poderem estar envolvidas, nomeadamente operadores de rede ou fornecedores de conteúdo. Embora, exista uma tendência gradual de tornar as redes de serviços de telecomunicações cada vez mais transparentes ao utilizar. Neste cenário, é possível desenhar três grupos de serviços: serviços de suporte, serviços básicos (por exemplo: telefonia, fax, transferência de dados) e serviços avançados, normalmente baseados na utilização de um ou mais serviços. Existem no entanto serviços suplementares, definidos em função dos primeiros, que de alguma forma acrescentam funcionalidades adicionais (um exemplo , reencaminhamento de chamadas, identificação do chamador, aviso de chamada em espera etc.). Acrescenta-se ainda a este cenário os serviços de valor acrescentado (VAS) explorados por fornecedores de serviço podendo ou não diferir dos operadores de rede. Numa abordagem “Top-Down” encontramos o utilizador no topo da hierarquia, com capacidade de utilizar os serviços que lhe são fornecidos e eventualmente adaptá-los às suas necessidades específicas, ou seja, construir as suas próprias aplicações. 1.3.2.4 Previsão da procura de serviços de telecomunicações A necessidade de previsão da procura de novos serviços de telecomunicações tem sido um problema complicado para os operadores, que têm adoptado como solução a definição de uma determinada metodologia. 38 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução A dificuldade de prever o comportamento dos consumidores mediante a entrada de novos serviços no mercado, sendo o desenvolvimento dos serviços/aplicações de banda larga nos próximos anos, caracterizados pela evolução do multimedia. Desde sempre a resposta dos utilizadores face à evolução das tecnologias da rede e à introdução de serviços inovadores tem constituí uma dicotomia. Por um lado, fortes investimentos sem garantias de retorno a médio ou longo prazo pode ser uma opção ruinosa. Em contrapartida, uma atitude passiva, aguardando que outros assumam esse risco, pode significar a perda definitiva de um negócio extremamente rentável. É essencial criar mecanismos metodológicos de previsão, permitindo aos operadores obter um conhecimento prévio das potencialidades e desafios do mercado dos diversos serviços, e desta forma, fazer as opções acertadas. Em paralelo, estudar a concorrência e adaptar os serviços fornecidos às necessidades dos utilizadores tendo sempre em atenção as características socioeconómicas dos utilizadores. Algumas ferramentas permitem fazer uma estimativa mais ou menos rigorosa da procura de serviços, como por exemplo: Análise estatística de dados históricos relativamente a serviços existentes; Modelos de difusão da procura de novos serviços; Despesas em telecomunicações relativamente ao produto interno bruto; Criação de cenários de estudo Estudo de teorias comportamentais 1.4 Mercado das Telecomunicações A evolução da componente tecnológicas das telecomunicações em conjugação com a forte procura de serviços de telecomunicações impõem um mercado onde se operam sem cessar, transformações relevantes. A componente comercial, é cada vez mais, o centro das atenções do sector. O sucesso ou mesmo insucesso dos vários intervenientes no sector das telecomunicações dependem de um correcto posicionamento no mercado, assim como de uma correcta abordagem aos aspectos da concorrência, consumidores, globalização, regulação e custos. 39 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução A relação entre mercado e serviço, ao longo dos tempos têm atingido uma elevada maximização. Normalmente, representada sob a forma de penetração de um determinado serviço num determinado mercado. A volatilidade desse mercado é acompanhada de um constante alargamento do próprio mercado, com tendência a impor a si próprio o limite geográfico: Mundo. A Figura 7, ilustra o relacionamento existente entre a crescente oferta de soluções tecnológicas distintas, e as suas implicações futuras. O aumento da inovação tecnológica, assim como as recentes atitudes inovadoras de alguns intervenientes no mercado têm permitido um acentuado desenvolvimento conceptual dos serviços. As inovações no mercado têm como consequencia uma extensão do próprio mercado. Por outro lado, o crescente desenvolvimento do mercado de serviços associado à extensão provocadas pelas constantes novidades, no futuro irá implicar uma diversificação de serviços e mercados. Serviços Aumento das no vidades tecnológicas Presente Futuro Aumento das no vidades no merc ado Mercado Presente Penetração no mercado Extensão de mercado Futuro Desenvolvimento de Serviços Diversificação Figura 9 Vectores de relacionamento entre serviços e mercado de telecomunicações 40 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução A imperiosa e constante necessidade de segmentação do mercado, tem conduzido por um lado a situações de diversificação de negócios, e por outro lado à especialização de negócios. Esta estrutura de negócio é visível em contextos macroeconómicos. A Figura 11, apresenta uma visão tridimensional, do mercado das telecomunicações. O mercado das telecomunicações envolve vários agentes e actores: fornecedores de equipamento e hardware, desenvolvimento de software, operadores de telecomunicações, fornecedores de serviço, fornecedores de conteúdos, entidades reguladoras e políticas, e utilizadores de diferentes naturezas. Actualmente de forma resumida é possível identificar quatro vectores fundamentais representativos da dinâmica do sector: Desenvolvimento de tecnologias; Condições de mercado; Estrutura Regulatória; Envolvente social. O relacionamento entre serviços e utilização é demonstrado na Figura 8, onde é estabelecido o relacionamento entre nível de utilização e serviços. È possível estabelecer perfis de utilização, de acordo com o tipo de serviço. Por exemplo, para os serviços fixos podemos subdividir entre empresarial e residencial. No móvel podemos dividir em perfis de utilização profissional ou pessoal. Numa segunda dimensão, está patente a segmentação das redes de telecomunicações. A complexidade das redes de telecomunicações é demonstrada pela sua heterogeneidade tecnológica e funcional. O agregado de elementos funcionais que integram as redes de telecomunicações e a densidade de inter-relações confere ao mercado de serviços de rede(redes de telecomunicações) um estatuto de evolução permanente numa tentativa de se adaptarem ao meio em que se inserem (evolução tecnológica, posicionamento no mercado, características demográficas assim como no quadro regulamentar em que se insere). Os utilizadores de serviços de rede, permitem a utilização da sua solução de rede sendo taxados por essa utilização. Diferentes segmentos das rede de comunicação geram diferentes abordagens, assim como diferentes serviços. 41 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Na Figura 10 identificam-se as três classes de redes: a rede de interligação, a rede de acesso e a rede do cliente. A estruturação em classes pretende facilitar a identificação das diferentes tecnologias de transmissão, comutação e encaminhamento usadas nas redes de comunicação actuais. No entanto, a linha que separa estas classes de redes é muito tênue, dependendo do objecto em análise, da sua dimensão, número de utilizadores e utilização[2]. Rede de Interligação Rede de Acesso Rede do Cliente Figura 10 Classes de redes [2,3] Em sentido lato, poderíamos dizer que uma rede de dados de uma Universidade é uma rede de cliente. No entanto, existe um troço que pode ser considerado como rede de interligação entre todos os departamentos. Um segundo troço que liga os vários andares de cada departamento e que será a rede de acesso e um último troço que liga todos os computadores de cada andar e que formaria assim a rede de cliente[2]. As redes do cliente são redes de reduzidas dimensões, direccionadas para fornecerem serviços a uma organização ou a pessoas particulares. São redes que vão evoluindo muito mais rapidamente que as outras, uma vez que são mais pequenas e de gestão privada. A ligação entre as redes de interligação e do cliente é efectuada através das redes de acesso. A rede de interligação permite uma transmissão com mais fiabilidade comparativamente com as redes de acesso. 42 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução 1.4.2 Visão tridimensional do mercado Em paralelo com a diversidade de infra-estruturas, há ainda que considerar o dinamismo de mercado, que impõe a necessidade de uma ‘ponte’ ( Figura 7)que efectue a ligação do lado da oferta ao lado da procura. A necessidade flutuante por parte de uma população de um determinado produto, impõem uma constante adaptação da oferta à procura. Do lado da oferta, operadores, fornecedores de serviço, fabricantes de tecnologia, elaboram análises económico-financeiras de diferentes cenários de arquitecturas de redes, considerando as pré-especificações de mercado, assim como a selecção de determinadas arquitecturas de rede de forma a satisfazer necessidades latentes da procura. Do lado da procura, temos a necessidade de caracterizar os utilizadores do ponto de vista económico e socio – geográfico. A caracterização do utilizador conduz à identificação das necessidades em termos de serviços. A vontade de pagar do lado da procura, e as tarifas do lado da oferta permitem adaptação da oferta à procura. Vários efeitos, têm que ser considerados nos mercados de serviços de telecomunicações, nomeadamente os efeitos de substituição de serviços. Assim como os efeitos de “pull” e “push”, característicos deste mercado, atentamente acompanhados por um ambiente legislativo e minimizados por intervenção regulatória. Serviços avançados Fornecimento dos serviços Seviços básicos Operador de rede Serviços de suporte Utilização Fixo: Empresarial/Residencial Móvel: Profissional/Pessoal Fornecimento de recursos de rede do rca ades s, Me ra rid Caracterização sócio-económica e geográfica Utilização dos serviços Identificação das necessidades em termos de serviços Aplicações Vontade de pagar Fornecedor de serviço Funções Tarifas Serviços Utilizador Serviços Selecção de possíveis arquitecturas de rede de forma a satisfazer as necessidades dos utilizadores Agentes Análise económico-financeira de diferentes cenários de arquitecturas de redes tendo em conta uma préespecificação de condições de mercado Rede de Interligação Estimativa do potencial de arranque dos serviços identificados (procura) Rede do Cliente Rede de Acesso a cur Pro adores iz Util o o Aut entad licas lam Púb u g s re ítica rta Ofe dores, erviço, ol ia P S ra g Ope res de cnolo edo e Te nec ntes d r o F rica Fab Figura 11 Visão tridimensional do mercado das telecomunicações Fonte: Prof. Duarte 43 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução 1.4.3 Evolução da tecnologias e Redes de Telecomunicações A grande diversidade de redes e tecnologias, existentes num passado impôs um desafio estrural na definição da industria: os modos de acesso. A cada modo de acesso estão associadas diferentes arquitecturas de redes, suportadas por soluções tecnológicas obviamente distintas. A desagregação das redes, por estranho que possa parecer, foi incentivada no passado pelas entidades reguladoras. Foram desenhadas como entidades distintas e autonomas, sob uma optica de tecido produtivo, em que os estados impuseram uma visão monopolista para cada um dos elementos: difusão de televisão, difusão rádio, telefone e Internet. Este tipo de visão associada à unicidade de serviços fornecidos por cada um dos elementos provocou uma coexistencia paralela. Difusão de TV Difusão de Rádio Telefone Internet Conteúdo Conteúdo Serviços Telefónicos Serviços de Web Som e Imagem Som Voz Suporte de Web Controlo Controlo Controlo Controlo Figura 12 Visão simplificada das redes de telecomunicações [3, 88] A maior parte das redes públicas consiste numa ou mais entidades separadas, como se pode observar na figura anterior. Com o advento das redes de acesso moveis, ainda analógicas, iniciou-se timidamente um movimento de complementaridade mas não de alternativa[88]. A simplicidade da rede de difusão de TV, associada a um modo de acesso por captação de ondas hertezianas, nas bandas de UHF e VHF, difundidas através do espaço livre, em complementaridade com as redes de cabo coaxial, assim 44 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução como a rede de acesso de telefonia fixa, direccionada quase exclusivamente para voz, não poderiam fazer prever uma evolução significativa na infra-estrutura de acesso. Difusão de TV Difusão de Rádio Telefone Internet Conteúdo Conteúdo Serviços Telefónicos Serviços de Web Som e Imagem Som Voz Suporte de Web Controlo Controlo Controlo Controlo Rede de Acesso Rede de Fixo Acesso Móvel Rede de Difusão em espaço livre Rede de Interligação Rede de Difusão por cabo Redes de Acesso Figura 13 Diferentes serviços disponibilizados por diferentes redes de comunicação [3,88] Numa fase mais avançada, começam a aparecer serviços sobre soluções de rede que não foram desenvolvidas para esses serviços, no caso do serviço telefónico e Internet [3]. A utilização do dispositivo MODEM, permitiu a transmissão de dados sobre redes de voz, mesmo que com um desempenho diminuto. Por vezes, a necessidade de fornecer determinados serviços sobre infra-estruturas tecnológicas desajustadas, é sinónimo de um elevado potencial de desenvolvimento desse tipo de serviços. Os operadores de difusão de televisão, começam a disponibilizar serviços de telecomunicações nos seus meios, em especial os de CATV, pois disponibilizavam à porta de casa do cliente, com um meio de transmissão de elevada capacidade. As redes de CATV, criam uma nova variavél, pois os utilizadores passam a subscrever mais outro serviço de telecomunicações. O utilizador, dispõem agora para além da linha 45 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução telefónica em sua casa de uma outra infra-estrutura de acesso com elevado potencial de velocidade de transmissão. De uma forma discreta, o utilizador passa a ter uma pequena infra-estrutura de telecomunicações com determinados elementos, mas sem interfuncionalidade entre eles. A convergência das redes de voz e dados, e das redes de difusão em redes multimédia, de interligação e interfuncionamento assume o papel de integração entre as diversas infra-estruturas. As diferentes tecnologias usadas no passado nas redes de acesso, impuseram uma integração vertical de redes únicas para serviços especificos. Devido à elevada penetração de terminais sem fios no tráfego de voz, a interação entre serviços móveis e serviços de Redes Inteligentes (IN – Intelligent Networks), é uma realidade. Com o advento das redes digitais, na decada de 80, houve um crescimento da procura, por parte dos operadores, dirigidas para tecnologias com caracteristicas que não poderiam ser realizadas através dos standards de transmissão existententes, baseados no PDH. A relação exponencial entre os custos e a largura de banda disponível, assim como a falta de flexibilidade associada a uma gestão dificil da rede, ditou a substituição do PDH pelo SDH. A tecnologia de transporte PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy), foi gradualmente substituída pela SDH (Synchronous Digital Hierarchy) sendo actualmente responsável pelo fornecimento da maior parte da largura de banda das redes públicas. Sendo que, existe um claro domínio do SDH na rede de acesso. O SDH apresenta-se como uma solução flexivel, inclusivamente porque suporta o transporte de sinais PDH. Permitindo também o transporte de celulas ATM. 46 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Com a introdução gradual da fibra, a procura de soluções flexíveis aumentou, utilizando fibra e o rádio para o segmento empresarial e o par de cobre para o segmento residencial. Operador 1 Serviço Funcionalidades Operador 3 Operador 4 Operador... Grandes Operador N PME Centro de Chamadas Web e E-Mail Casa Aplicações Intranet Browser Voz Dados Internet Info PSTN GSM Intranet CO PABX S CO CL IP Comutação e Encaminhamento GSM PSTN S S FR DTTB CL IP BSS SAT Acesso Indirecto à Internet CATV Transporte Móvel E-Mail Comercio e serviços de segurança Avançado Básico Operador 2 DECT ATM HFC SDH SDH Transmissão Cobre Rádio Fibra Para outros operadores Rede de Interligação Rede de Acesso N E T s 10/100 Mbps LAN Rede do Cliente Público ATM BSS CATV CL CO DTTB DECT - Asynchronous Transfer Mode - Base Station Subsystem - CAbleTeleVision - Connectionless - Connection Oriented - Digital Terrestrial Television Broadcast - Digital European Cordless Telephony Terminais Privado HFC IN IP LAN PABX SDH - Hybrid Fiber/Coax - Inteligent Network - Internet Protocol - Local Area Network - Private Automatic Branch eXchange - Synchronous Digital Hierarchy Figura 14. Situação actual das redes de telecomunicações [3,88] A voz sobre redes intranet privadas e sobre a Internet (VoIP) surge em aplicações híbridas, suportadas pelo interfuncionamento com serviços de voz tradicional. A explosão da Internet e o aumento do tráfego intranet confirma o IP (Internet Protocol) como protocolo dominante. O nivelamento horizontal do mercado, suportado pelo fornecimento de serviços, vem reduzir a integração vertical histórica, como ilustra a figura anterior. Tendo como consequencia, a entrada de novos operadores, ocupando funções cada vez mais especializadas. As modernas redes de telecomunicações, têm sob si uma complexa estrutura cada vez menos transparente ao utilizador. São estruturas, com uma elevada dimensão e complexidade, “divididas” em segmentos de rede, possuem determinados elementos e 47 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução funcionalidades, assim como diferentes níveis de interligação. As funcionalidades de gestão ao nível da rede estão disponíveis para a maior parte elementos da rede. 1.4.4 Perspectivas de evolução das tecnologias e redes de telecomunicações O sincronismo da estrutura de multiplexagem, permitiu uma reorganização das arquitecturas de comutação, e um melhoramento no transporte das linhas de transmissão. O SDH que permite uma gestão flexivél da rede, podendo suportar o transporte de sinais PDH e células ATM. O transporte vai inicialmente evoluir, numa primeira fase, de PDH para SDH. O objectivo em ultima instancia é uma rede totalmente óptica – AON (All Optical Network) – provavelmente baseada em tecnologia STM ou WDM, que transportarão todo o tráfego, incluindo IP e ATM. Os dois principais vectores, para este tipo de evolução das redes deve-se essencialmente a uma exigência imposta pelos serviços e aplicações da rede, por um lado, e por outro à tendência para minimização dos custos no transporte. D iminuição dos PDH SDH Aumento Cust os AON da i lida Flexib IP Sobre tudo de Figura 15 Evolução na rede de transporte 48 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução No cenário iluustrado na Figura 16, apresenta-se a evolução das tecnologias na rede de transporte, numa perspectiva horizontal de diposição. A desintegração vertical, das redes assume uma vertente de “horizontalização”, criando novas oportunidades para que novos tipos de operadores participem neste mercado. Figura 16. Passagem vertical - horizontal A estrutura usada na rede de acesso, num futuro próximo desempenhará um papel preponderante, pois a migração de novas aplicações ao mercado das telecomunicações está dependente da evolução previsível no acesso. Dentro da estrutura hierárquica organizada das redes de telecomunicações, é na rede de acesso que é mais previsivél, a disputa das maiores batalhas por parte dos operadores. A evolução das redes de banda estrita é um factor crítico para o fornecimento de serviços multimédia de banda larga. A gestão ao nível do serviço vai ser comum e o interfuncionamento entre os sistemas do cliente e do operador vão ser largamente standardizados e consideradas essenciais. Com o aumento de redes corporativas de dados privadas, utilizando tecnologias IP é mesmo 49 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução muito provavél que se tente pretenda rentabilizar essas redes para transportar outro tipo de serviços com por exemplo a voz . O IP assume por excelência o papel de uma tecnologia de sistemas abertos, possibilitando que diferentes tecnologias proprietárias, possam comunicar sobre todas as redes bastando para isso estarem interligadas. A curto prazo espera-se que o fornecimento de serviços esteja completamente separado da infra-estrutura, permitindo o desenvolvimento independente da estrutura e por diferentes fornecedores. Assim espera-se uma infra-estrutura de comutação multiserviço baseada em IP/ATM. A médio/longo prazo, pensa-se que o transporte de todo o tráfego será feito sobre o IP – Everything Over IP – assim como que todas as tecnologias possam funcionar com base em IP – IP Over Everything. Desta forma se mostra a relevância enorme do papel do IP, como plantaforma integradora e convergente. Na Figura 17, ilustra-se o papel do IP, nas redes de comunicação. Dados Video Tudo sobre IP IP IP sobre tudo Voz PSTN, GSM ATM SDH WDM Fibra Figura 17. Papel dominante do IP nas telecomunicações [3] 50 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução 1.4.5 Convergencia das redes de telecomunicações A rede telefónica actual (PSTN), é a maior infra-estrutura mundial continuando sempre em crescimento. No entanto, a rede telefónica fixa utiliza o estabelecimento de ligações entre a origem da chamada e o seu destino. As actuais redes necessitam de flexibilidade que lhes permita fornecer os serviços mais variados sobre elas. Assim, está-se a passar de uma tecnologia que estabelece um caminho entre a origem e o destino, para uma tecnologia que não estabelece ligações e em que cada pedaço de informação é tratado de uma forma independente[3]. É neste contexto, que têm sido desenhadas as futuras redes de telecomunicações, vulgarmente chamadas de Next Generation Networks (NGN). Este nova geração de redes, resulta essencialmente da convergencia das redes ditas tradicionais, direccionadas para trafego de voz em comutação de circuitos (Switched Circuit Networks), utilizando tecnologia TDM (Time division Multiplexing) (ver secção 2.3.3.1), e as redes de dados tipicamente utilizam comutação de pacotes (Packet Switched Networks), em que o IP assume-se como um factor dominante da comunicação. A diferenciação das aplicações comerciais vai dever-se mais ao utilizador e a sua aplicação do que ao meio envolvido no detalhe da construção da rede.A inteligência das redes pública e privada vai ser colocada em agentes no terminal e no CPE (Customer Premises Equipment – Equipamento do Cliente). As redes de comunicações multi-serviço privadas e públicas vão suportar tráfego orientados à conexão e tráfego connectionless (não orientado à conexão), suportando a evolução dos protocolos Internet. Muitas redes vão usar a tecnologia ATM para transportar IP. A maior parte da lógica do serviço vai estar separada da camada de comutação e encaminhamento para entrega de serviço independente da rede e do interfuncionamento horizontal melhorado[78]. 51 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS u co m Tele ç nic a Introdução ões Convergência ao nível dos serviços el Móv ting dc as a o r B TV/Rádio Voz ca máti In for Dados Interativos Convergência ao nível das Redes Telefone Dados CAT TV Móvel TV Rádio Ondas hertzianas Suporte Físico Convergência ao nível dos Terminais PC TV Terminais Figura 18 Convergência nas rede de Telecomunicações Fonte: [Comunicação Particular, engº Morgado PT] A convergencia num contexto tecnológico, representa essencialmente a simplificação das redes, de forma a permitir serviços transparentes e portáveis de forma a permitir uma multiplicidade de utilizadores independentemente da sua localização. As novas redes de telecomunicações, estão num estado de «gestação convergente», não só por um desenvolvimento acelerado de tecnologias como o GSM, GPRS e o UMTS, mas também por uma necessidade perene nas redes fixas de disponibilização de serviços integrados, independentemente do modo de acesso. A convergencia entre redes fixas e moveis dá-se essencialmente na rede de interligação. Tecnologias como o GPRS (.General Packet Radio Service) que definem um serviço orientado ao pacotes, foram desenvolvidos para facilitar o acesso a serviços baseados no IP. 52 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução O IP aparece como uma plantaforma tecnológica integradora e convergente. A figura seguinte ilustra o conceito de uma plantaforma convergente e integradora do multimedia e as tecnologias das redes. data telephony multimedia applications higher layer protocols IP lower layer protocols Telephony network ATM network Leased lines Mobile network Satellite network Figura 19 O IP como uma plataforma integradora e convergente [89] Uma questão que se pode colocar, é porque é que o IP consegue ser tudo aquilo que no passado foi «sonhado» para o ATM ? Nos anos 80, existiu uma tentativa gorada baseada no ATM. A propalada convergência através de redes ATM não se sustentou. Embora o ATM, continue a ser utilizado a concorrencia com outras tecnologias, como por exemplo a Ethernet, com um preço relativamente baixo, foi determinante. Assim como, a explosão da Internet, e o facto desta ser suportada pela tecnologia IP. Sem conseguir cumprir os objectivos mais ambiciosos para si traçados, o ATM passou a ser apenas mais uma tecnologia de rede com a agravante de requer uma tecnologia de “intererligação” de redes, tais como o IP foi fatal. 53 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Introdução Quanto às tecnologias e arquitecturas de acesso sem fio, o seu enorme crescimento ao longo dos últimos anos, incluindo sistemas rádio terrestre e sistemas por satélite, levou a um crescendo interesse na tecnologia sem fios para acesso de banda larga. Foram entretanto propostas uma série de tecnologias alternativas e novos conceitos para acesso de banda larga sem fios, encontrando-se já há alguns anos em fase de desenvolvimento e investigação. O tamanho das células, a capacidade e possibilidade de canais de retorno são os atributos que marcam a diferença entre as várias soluções de acesso wireless. Há uma série de alternativas de banda larga disponíveis ou em desenvolvimento: O GPRS (General Packet Radio System) será o próximo passo nos sistemas móveis (a chamada geração 2,5). A geração de sistemas móveis – o UMTS (Universal Mobile Telecommunication System) – terá capacidade de transmissão até 2 Mbps. O MBS (Mobile Broadband System) é especificado para transmissão simétrica a 155 Mbps em zonas de algumas dezenas de metros na banda de frequência dos 40-60 GHz. O sistema MMDS (Multichannel Multipoint Distribuition Service) já existe desde 1989, e actualmente está desenvolvido a partir dum sistema de difusão com a capacidade de 30 canais analógicos com transmissão digital e capacidades bastante mais altas. O raio das suas células é da ordem dos 50 quilómetros. O LMDS (Local Multipoint Distribuition Service) é a evolução dos sistemas MMDS, tem uma área de serviço com raio menor (entre 5 e 10 quilómetros), e maior capacidade. 54 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Índice Capitulo 2 D Redes de Acesso esde sempre o Homem teve necessidade de comunicar a grandes distâncias, tendo criado ao longo do tempo uma rede de telecomunicações que adquiriu uma complexidade acentuada, cobrindo actualmente todo o globo terrestre, e tornando-se assim uma das invenções mais úteis alguma vez criada. 2.1 Introdução As redes de telecomunicações e os serviços por elas disponibilizados constituem a espinha dorsal da sociedade de informação emergente. De facto, a grande maioria das recentes inovações tecnológicas têm como base o acesso simplificado aos serviços fornecidos pelas redes de telecomunicações. De modo a suportar estes novos desenvolvimentos e tendências, é necessário estabelecer novas estratégias para a actualização das tecnologias de rede para facilitar os novos serviços e ir ao encontro das necessidades reais de informação e comunicação dos clientes. De um modo genérico, a rede de acesso compreende toda a infra-estrutura necessária para que os utilizadores, ou grupos de utilizadores, tenham acesso aos serviços de telecomunicações, com uma qualidade de serviço adequada a um custo razoável. No entanto, as fronteiras de delimitação da rede de acesso são, por vezes, difíceis de determinar já que dependem de factores como a limitação geográfica e do facto da rede ser pública ou privada [4]. ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.2 Redes de Acesso Definição de Rede de Acesso A rede de acesso, aparece hoje aos olhos dos operadores de redes de telecomunicações, como uma possível fonte de receitas. Os operadores incumbentes enfrentam o desafio de desenvolver a rede de acesso de banda estreita, baseada em fios de cobre, numa rede de acesso de banda larga e necessitam desenvolver estratégias específicas para assimilar uma parcela lucrativa do novo mercado. De acordo com o disposto no Decreto Lei nº 290-A/99 de 30 de Julho, na alínea a) do nº 3 do seu artigo 12º, introduz o conceito de Sistema Fixo de Acesso de Assinante (SFAA), definido como sendo o conjunto de meios de transmissão localizados entre um ponto fixo, ao nível da ligação física ao equipamento terminal de assinante e outro ponto, situado ao nível da ligação física no primeiro nó de concentração, comutação ou processamento[64]. Face ao exposto podemos considerar que o conceito de SFAA se aproxima do conceito de Rede de Acesso, mas de uma forma restrita, ou seja, só contempla a rede fixa endereçada, excluindo outras redes como as de rádio, satélite, fibra e cabo coaxial. É necessário compreender melhor o que são as redes de acesso e quais as suas estruturas actuais, nomeadamente as redes telefónicas e de televisão por cabo (CATV – Community Antenna Television), que são aquelas que têm conhecido maior aceitação, mas também as redes de acesso fixo via rádio. A rede de acesso é, na maioria, dos casos, uma rede híbrida – HFC (Hybrid Fibre/Coax), ou seja usa uma mistura de cabo coaxial e fibra óptica. Actualmente já se utiliza fibra até ao passeio – FTTC (Fibre To The Curb). 2.2.1 Rede telefónica 2.2.1.1 Breve história da rede telefónica O objectivo da rede telefónica comutada é essencialmente a comunicação de voz entre dois pontos. Antes do aparecimento do telefone, o telégrafo tinha já tido forte 56 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso implantação, por permitir comunicações mais rápidas que o correio e a longa distância. Alexander Graham Bell desenvolveu o telefone, onde era possível ouvir o interlocutor e comunicar com privacidade. A primeira demonstração bem sucedida foi feita em 1876, e era agora possível comunicar em tempo real e a longas distâncias. Inicialmente a estrutura telefónica era muito simplificada, ligavam-se dois telefones. Com o aumento do número de telefones, tornava-se necessário encontrar uma maneira de os interligar. Como hipótese surgiu a opção de ligar cada telefone a cada um dos outros telefones na rede. Mas esta solução seria um desperdício de fios condutores, para além dos gastos associados. Surgiram então as centrais telefónicas manuais, onde a ligação entre telefones era feita pelas operadoras. No entanto tornava-se possível à operadora ouvir a comunicação, perdendo-se assim privacidade, uma das virtudes pelas quais o telefone tinha sido inventado. Por esta razão, Strowger inventou em 1891 a primeira central telefónica de comutação automática, que era constituída por dois elementos básicos: Um disco com dez dígitos colocado no telefone do assinante, que gerava impulsos de corrente que representavam os dígitos de zero a nove, o que permitia à central determinar o telefone para o qual se pretende ligar. Um comutador existente na central, onde um braço rotativo se movia num arco semicircular com dez contactos, cada um ligado a uma linha ou a outro comutador, sendo o braço controlado pelos impulsos de corrente enviados pelo assinante. Este tipo de centrais foram de aplicação generalizada até aos meados dos anos 70. A comutação actualmente feita por centrais digitais, em que os computadores substituíram os mecanismos eletromecânicos. Hoje em dia, os fios de cobre são muito utilizados como principal meio de ligação entre a central e os assinantes. Para ligações entre centrais utilizam-se os cabos coaxiais, estando estes a ser progressivamente substituídos por fibras ópticas, que são mais rentáveis para comunicações digitais. 57 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Em 1936 Alec Reeves inventou o PCM (pulse code modulation) e nos anos setenta criam-se os primeiros sistemas experimentais de digitalização. A digitalização da voz veio permitir o tratamento e comutação por computadores, obtendo-se assim uma maior qualidade e rapidez no estabelecimento das comunicações. Em 1877, o ano seguinte ao da descoberta do telefone por Alexander Graham Bell, as primeiras experiências com o telefone tinham lugar no nosso país, ligando Lisboa a Carcavelos, e os observatórios da Escola Politécnica e da Tapada da Ajuda. Após Cinco anos, arrancavam as primeiras redes públicas nas cidades de Lisboa e Porto, a cargo da empresa privada Edison Gower Bell (mais tarde transferida para a APT - Anglo-Portuguese Telephone). Em 1904 e 1905, novas redes alargavam-se a outros pontos do país, como Coimbra, Braga e Setúbal, a cargo dos CTT (Correios, Telégrafos e Telefones), empresa pertencente ao Estado. Nos anos iniciais, era ainda escassa a utilidade do telefone junto de empresas, comerciantes e profissões liberais, dada a boa qualidade do existente serviço de telégrafo. A primeira lista telefónica em Lisboa tinha somente 15 subscritores, entre os quais a agência de notícias Havas, os bombeiros voluntários da capital e o hotel Central. Rapidamente aderiam ao serviço o teatro D. Maria II, o Coliseu dos Recreios e o jornal Comercio de Portugal. Pequenas histórias publicadas na imprensa ajudaram a vulgarizar o aparelho, caso da ópera Laureana, escutada pelo rei D. Luís I no sossego do seu lar e não no teatro S. Carlos. Impedido de participar em actos públicos, por luto familiar, o rei pôde ouvir o seu género musical favorito, graças à ligação entre o teatro e o palácio da Ajuda, feita pela companhia de telefones. Estava-se em 1884. A partir de 1904, estabeleceu-se, por todo o país, um conjunto de redes telefónicas mais modernas. A ligação oficial entre Lisboa e Porto dava-se a 11 de Abril desse ano, e como havia uma só linha, existiam diferentes categorias de prioridade. O rei e os seus ministros tinham acesso imediato; as chamadas com hora previamente combinada ficavam mais baratas. Por seu lado, os jornais enviavam despachos por telefone, abandonando lentamente o serviço telegráfico. Embora ainda com assistência de telefonistas, instalavam-se novos equipamentos de comutação, 58 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso implantavam-se cabos subterrâneos e efectuava-se a interligação entre redes das diferentes cidades do país. Os anos da década de 1910 foram relativamente apáticos em termos de actividade (com a Primeira República e a Guerra Mundial vieram as desvalorizações monetárias e a escassez de equipamentos), mas a partir de 1923 invertiam-se os indicadores. Quer as redes do Estado quer as da APT conheceram uma forte expansão. Em finais da década de 20, os CTT tinham redes em cerca de 360 localidades e investiam 47 mil contos entre 1926 e 1934, especialmente para a modernização das redes. Ligações com o estrangeiro eram já possíveis para Espanha, França, Bélgica, Holanda, Itália, Reino Unido e Suíça, entre outros países. Nas redes da APT, a partir de 1930, montavam-se as primeiras centrais telefónicas automáticas, prescindindo-se do trabalho das telefonistas, até então figuras centrais na comunicação vocal. A partir de 1936, lançavam-se os primeiros serviços de valor acrescentado: transmissão de desafios de futebol e de festas e concertos, serviço informativo, despertar e serviço de horas. Embora apenas com recurso à telefonia vocal, desenhava-se o futuro das telecomunicações, passando do telefone como aparelho de uma só função para um múltiplo conjunto de actividades que incluem a transmissão de voz, som, dados e imagem, assim como a entrada na indústria dos conteúdos, indicando convergências com outros sectores. Entre 1880 e meados de 1930 a telefonia vocal cresceu em número de clientes e em qualidade, e preparou-se para novos desafios tecnológicos e comerciais. A comunicação através de telex e cabo submarino conheceu uma forte expansão, a cargo dos CTT e da Rádio Marconi (fundada em 1925). Por um lado, os contactos familiares ampliaram-se, por telefone e telegrama; por outro, difundiu-se o uso das telecomunicações nos negócios e na divulgação de informação através das agências noticiosas. O parque de acessos telefónicos aumentou vertiginosamente, abrangendo quer zonas urbanas quer regiões rurais (1935-1995). Após a estagnação sentida na segunda guerra mundial (1939-1945), o consumo de telecomunicações atingiu níveis elevados, consolidados nas décadas de 1950, 1960 e 1970. As redes telefónicas foram sendo automatizadas em todo o país e ilhas, 59 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso processo que ficou concluído no ano de 1985. Começou a preparar-se a digitalização da comutação telefónica, arrancando as primeiras centrais telefónicas digitais em 1987, em Lisboa (Carnide) e Aveiro. Equipamentos, redes, serviços e conhecimentos técnicos sofreram uma evolução ímpar. Se, nas primeiras décadas, foi possível estabelecer uma cronologia muito precisa sobre os acontecimentos e as tecnologias, com o correr dos anos, os variados aspectos tornaram mais complexos e minuciosos os marcos históricos. Na transmissão, passaram a coexistir gerações diferentes de redes, com recurso ao cabo de cobre, à fibra óptica e à rádio. A transmissão deixou de ser exclusivamente analógica e passou a incorporar tecnologias SDH (Synchronous Digital Hierarchy)e ATM (Asynchronous Transfer Mode). Na comutação, o trabalho manual da telefonista foi substituído por centrais automáticas electromecânicas e depois, digitais. O acesso das redes de diferentes operadores e serviços obrigou a entendimentos entre fornecedores de equipamentos, operadores e utilizadores (débitos, protocolos, etc). A personalização, a gestão e a oferta de múltiplos serviços, foram palavras que entraram na linguagem corrente das telecomunicações. À ideia de um único serviço, o do telefone, sucedeu a realidade da panóplia de serviços adaptados a cada cliente, acabando com os monopólios. Com a oferta de múltiplos serviços nasceram novos saberes e profissões: o mundo das telecomunicações acabou com o técnico generalista e criou especializações. As telecomunicações passaram a desenvolverem-se num contexto de operadores em concorrência, abrangendo a telefonia, os dados, os telefones móveis, a televisão e o multimedia. Em Portugal, a Telepac começou a sua actividade em 1985, liderando no inicio o mercado de dados e Internet. A perspectiva histórica apresentada anteriormente pretende demonstrar de forma simplista mas taxativa, a importância do cobre. Praticamente nasce com a criação das primeira linhas de telecomunicações, que foi e ainda é o seu mercado por excelência, foi sistematicamente sujeito ao aparecimento de novas tecnologias que, de uma forma 60 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso ou de outra, ameaçaram ou expandiram as suas utilização e uso nas redes de telecomunicações. Em paralelo, o vertiginoso desenvolvimento tecnológico tanto na informática como nas telecomunicações, e o que esse desenvolvimento acarreta em termos de exigência de largura de banda e de capacidade de transmissão da rede impede um cenário de uma eventual substituição total do cobre por fibra óptica, tal como pensado a partir de meados da década de oitenta. De facto, o cobre tem sido empurrado para a fase final da rede de acesso sendo que, agora, na restante parte da rede já praticamente só se utiliza fibra. Na parte da rede interior às casas, a predominância do cobre é quase absoluta. O par de cobre da categoria 5 permite, para distâncias inferiores a 100 metros, taxas de transmissão que superam, pelo menos para já e para um futuro próximo, todas as necessidades. 2.2.1.2 Rede telefónica actual Nas redes de acesso de telecomunicações a infra-estrutura dominante, continua a ser baseada no par entrançado de cobre dos serviços telefónicos. Em adição a este aspecto, muitos clientes empresariais estão agora ligados à rede de acesso com múltiplos de 2 Mbps fornecidos pela fibra óptica. As redes de cabo coaxial e os satélites DTH (Direct to the Home) suportam o mercado residencial com aplicações distribuídas de banda larga. Nas áreas urbanas dos dias de hoje a fibra óptica já não é somente usada na junção de redes mas também começa a fazer parte da rede de acesso. O desenvolvimento de novas arquitecturas está a avançar com a introdução da tecnologia SDH e dos ADM (Add-Drop Multiplexer) na rede de acesso. Os operadores de cabo têm, tipicamente, uma rede de distribuição em cabo coaxial, para serviços de difusão de televisão. A rápida expansão da Internet criou um novo mercado e tem levado à procura crescente por uma série de novas aplicações. A tecnologia usada actualmente na rede de transporte é maioritariamente a fibra óptica e sistemas de transmissão PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy) com ligações de rádio para as áreas rurais. Durante os próximos anos esperam-se grandes 61 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso mudanças na tecnologia no que diz respeito a preço e funcionalidade. Os operadores de rede vão passar a implementar sistemas de transmissão SDH para expansão da capacidade da sua rede, substituindo gradualmente o equipamento PDH por SDH. Em paralelo a introdução de comutação ATM já começou. 2.2.1.3 Estrutura Organizacional da rede telefónica Inicialmente a ligação entre os telefones era efectuada através de um fio entre cada par de telefones. Com o aumento do número de telefones, esta solução tornou-se inviável. Desenvolveu-se um sistema hierárquico actualmente muito utilizado. A rede telefónica actual é assim um sistema multi-nível e redundante. É um sistema hierárquico que apresenta configurações do tipo estrela/ malha. Vários factores determinam o número de níveis hierárquicos, nomeadamente a densidade de utilizadores e a área do país. A rede telefónica resulta da conjugação de recursos que se estendem pela rede de interligação, rede de acesso e rede de cliente outrora apelidada de rede de assinantes. 62 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Centro terciário Rede de longa Distância Centro Secundário Centro Primário Rede de Acesso Comutador Local Central distribuidora Central de Centro de Grupo de R d Central Nodal Central Local Figura 20 Exemplo de uma rede telefónica com uma estrutura hierárquica de 4 níveis de comutação Devido a esta estrutura hierárquica das redes, o número de comutadores diminui à medida que subimos no nível hierárquico. Cada comutador, é ligado àquele acima de si na hierarquia, originando uma rede em estrela (traços a grosso na Figura 20). Quando o tráfego gerado entre dois comutadores o justificar, estabelecem-se ligações directas entre eles, quer pertençam ao mesmo nível hierárquico ou a níveis diferentes (traços a fino na Figura 20). Esta malha de ligações entre comutadores transformam a rede em estrela numa rede híbrida estrela/malha, como referido anteriormente. Normalmente, dividem-se as redes telefónicas em redes locais e redes de longa distância. As primeiras gerem o tráfego dentro de áreas geográficas restritas, por exemplo um centro urbano, enquanto as segundas gerem o tráfego entre regiões, cidades ou países, os tráfegos chamados regional, interurbano e internacional respectivamente e são constituídas pela rede de transporte e pelas centrais de trânsito. Nas redes locais ainda se utilizam técnicas de transmissão analógicas enquanto na rede de longa distância se torna essencial o recurso a técnicas de transmissão digital. 63 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Geralmente a rede de longa distância é toda ela composta por fibra óptica, o que permite distâncias sem repetidores muito superiores ao cobre e ritmos de transmissão também muito maiores. No caso português, a rede tinha, até à introdução das centrais digitais, quatro níveis hierárquicos e encontrava-se organizada da forma como se ilustra na figura seguinte. O número de hierarquias de comutação tem sido diminuído através da digitalização da rede, ficando a diminuição a dever-se fundamentalmente ao desmantelamento de centrais nodais e à substituição de comutadores analógicos por concentradores digitais nas centrais locais terminais. A comutação fica assim centralizada nos centros de grupo de redes. R ede de interligação Inter-urbano R ede de interligação R egional R ede de Interligação Local/ R egional R ede de Acesso C entral distribuidora C entral Local C entral de C entro de G rupo de R edes C entral Nodal C oncentrador Digital Equipam ento T erm inal Figura 21 Configuração genérica das redes telefónicas em Portugal A rede telefónica é entendida como a conjugação de três grandes conjuntos de elementos, variando a sua natureza de conjunto para conjunto, e que são os seguintes: 64 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A rede de acesso local é a que faz a ligação entre os equipamentos dos clientes e as centrais comutadoras locais podendo ser estabelecida através de um circuito por cada cliente, como actualmente se faz na maior parte das redes telefónicas, ou através de circuitos partilhados, com multiplexadores. Normalmente, esta segunda opção é utilizada nas redes de dados por serem redes com poucos utilizadores. Com as novas tecnologias digitais de comutação, também a rede telefónica começa a ser operada desta forma, especialmente em zonas com poucos utilizadores. As centrais locais e de trânsito são as centrais responsáveis pela comutação e encaminhamento das chamadas, sendo normalmente constituídas por comutadores e ou concentradores digitais. Existem dois tipos de comutadores, os de trânsito, que fazem a comutação de junções entre comutadores locais, e estes, que comutam circuitos de cliente. A designação da central segue o modelo de designação dos comutadores. A rede de transporte é a rede de equipamentos e instalações que gere o tráfego entre as centrais locais e de trânsito Com a introdução das centrais digitais, os níveis hierárquicos reduziram-se significativamente, uma vez que uma mesma central digital pode cumprir as funções de central distribuidora, central de grupo de redes e central local. Assim, uma qualquer central digital tem a capacidade de encaminhar o tráfego de uma rede local para qualquer destino. Deste modo, a rede telefónica nacional é vista como um conjunto de centrais digitais interligadas às quais estão ligados todos os clientes do serviço telefónico. No entanto, não sendo economicamente viável interligar todas as centrais locais, formando assim uma densa malha, algumas das centrais locais desempenham um papel diferente de outras, em tudo semelhante à hierarquia descrita anteriormente. 65 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Rede de Interligação Rede de Interligação Centrais Digitais Rede de distribuição Rede de Acesso Rede cliente PPCA Figura 22 Estrutura da rede telefónica (com a introdução de centrais digitais de grande porte incorporando funções de comutação local e de trânsito) A transmissão de dados na rede telefónica, obtida com a ligação de modems, é limitada por uma ordem de factores que afecta as transmissões, nomeadamente, as taxas de transferência reduzidas, as taxas de erro e os tempos de estabelecimento de ligação elevados e a possibilidade de cancelamento da transmissão nos períodos de tráfego mais intensos. Apesar destes factores limitativos, esta ainda acaba por ser a solução mais frequente para a transmissão de dados em muitos países, sobretudo devido ao facto de esta infra-estrutura permitir estes serviços e não ser assim necessário instalar de raiz novas estruturas. Ainda assim, alguns países construíram redes de dados independentes da rede telefónica. Estas redes, que utilizam comutação de pacotes e comutação de circuitos, apresentam normalmente menos níveis de hierarquia do que as redes telefónicas dado que têm muito menos clientes. Os comutadores só são instalados em grandes centros urbanos porque a densidade de utilizadores só aí o justifica. Assim sendo existe um grande número de utilizadores remotos e as distâncias são também, normalmente, muito elevadas. O recurso a concentradores e multiplexadores torna-se essencial para viabilizar economicamente estas redes, dado que este tipo de equipamentos 66 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso concentram o tráfego produzido pelos vários utilizadores e emitem-no depois para o comutador através de um número reduzido de linhas. 2.2.1.4 Redes de Serviços Integrados A forma mais comum de transmissão de dados e voz até locais remotos baseia-se em tecnologia analógica. A razão das perdas sensíveis de qualidade na transmissão de dados e voz, está subjacente à técnica de transmissão: os sinais são transmitidos através de fios de cobre e relés mecânicos, pelo que, ao utilizar este processo, a transmissão de dados está sujeita a influências de ruídos residuais. Apesar do efeito compensador por amplificação, é provocada uma redução na relação sinal/ruído que leva a perdas de dados durante a transmissão, sobretudo em ligações de longa distância. Desde os anos 80, que existe a rede telefónica RDIS em alguns países europeus. A sigla RDIS significa "Rede Digital com Integração de Serviços" facultando vantagens importantes; como seja o facto de todas as informações partirem do equipamento, em vez de serem transmitidas de forma analógica, passam a ser transmitidas digitalmente. Os próprios equipamentos transformam o sinal analógico (som/voz) e efectuam a transmissão. Assim a distância e o tipo de ligação deixam de ter efeito na qualidade dos sinais. Adicionalmente a RDIS utiliza protocolos de correcção de erros de transmissão. Os Canais B, ou canais úteis, apenas transportam pacotes de dados com uma velocidade constante e efectiva de 64.000 bit/s bidireccional. Para que possam estar dois equipamentos activados em simultâneo, existem dois canais B por cada acesso básico. O Canal D, ou canal de dados, funciona com 16.000 bit/s de forma a ficar com uma reserva de 8.000 bit/s. No canal D encontram-se todas as informações necessárias sobre os dois canais B, inclusivamente o protocolo de transmissão de dados e o tipo de equipamento, bem como as informações de serviço (exp. taxação, data, hora, chamada em espera). 67 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso O canal D apoiado pelo hardware, consegue, se necessário, juntar os dois Canais B para poder transmitir dados com maior rapidez (channel bundling).Com a RDIS consegue-se uma velocidade de transmissão de dados de 64.000 bit/s em um canal e respectivamente 128.000 bit/s em dois canais B (sem compressão de dados). Nas ligações RDIS existem 2 formas de comunicação: A primeira possibilidade é o acesso básico e destina-se ao utilizador particular ou a pequenas e médias empresas. É possível ligar vários equipamentos terminais e a ligação de acesso básico põe sempre à disposição dois canais, possibilitando assim a utilização de um máximo de dois equipamentos ou ligações em simultâneo. A segunda opção é o acesso primário (Primary Multiplex). Este permite a utilização de, no máximo, 30 canais e está ligado através de uma central telefónica, e não através de um acesso básico. O acesso primário não dispõe de uma conexão comum ficando assim dependente da central telefónica. Tendo observado que nas redes de telecomunicações existentes raramente se interligavam, ou se integravam, sistemas de transmissão de dados, de voz e de imagem na mesma rede, concebeu-se a Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS) que, para além de contribuir para a modernização dos sistemas existentes, deu origem a um novo conceito nas telecomunicações, o da integração num único sistema dos vários sistemas existentes até aí, elidindo assim as fronteiras entre os diferentes tipos de informação e tecnologias simplificando deste modo a comunicação entre as pessoas. Os objectivos que presidiram à implementação desta rede digital foram os seguintes: Integração de tecnologias – para que serviços que utilizam dados de naturezas diferentes possam ser transportados da mesma forma; Introdução de novos serviços – através de novas conjugações de dados, seria possível criar novos serviços. 68 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Através dos serviços e opções que a RDIS proporciona aos seus utilizadores as vantagens são várias, nomeadamente : maior versatilidade de comunicação, devido sobretudo às novas aplicações tornadas possíveis com a integração de dados, voz e imagem por exemplo troca de informação com a rede, através de canais de sinalização, o que permite uma série de comodidades ao utilizador; melhor acesso à rede, através de dois canais básicos; uso facilitado dos sistemas de comunicação. 2.2.1.5 Exemplo da estrutura telefónica da PT Comunicações A rede telefónica fixa é definida como uma rede pública comutada de telecomunicações que serve de suporte à transferência entre pontos terminais da rede em locais fixos, de voz e de informação áudio com largura de banda de 3,1 KHz (300Hz – 3400Hz) como suporte para, nomeadamente, o serviço fixo de telefone, as comunicações fac-símile do grupo III, de acordo com as recomendações ITU-T da “série T”, e a transmissão de dados em banda vocal via modems com um débito de, pelo menos, 2400 bits/s , de acordo com as recomendações ITU-T série V. 69 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A rede comutada de banda estreita da PT Comunicações, actual ou prevista para o curto prazo, é essencialmente uma rede hierárquica podendo ser identificados os seguintes níveis hierárquicos: 1 nas Picoas e 2 em Linda-a-Velha Na zona de Lisboa: 2 nas Picoas e 1 na Boa-Hora. Na zona do Porto, 2 na Batalha e 1 em Devesas Nível 1 Comutadores Internacionais Nível 2 Comutadores de Trânsito Nacional 4 no Grupo de Redes de Lisboa e 3 no grupo de Redes do Porto, restantes Grupo de Redes). Nível 3 Trânsito Regionais (só para Lisboa e Porto) Vários a nível local Nível 4 Comutadores digitais locais. Figura 23 Níveis hierárquicos da rede telefónica da PT Comunicações As ligações entre comutadores dos vários níveis são geralmente hierárquicas, existindo no entanto algumas malhas directas (entre comutadores do mesmo nível ou de níveis diferentes), cuja existência se baseia exclusivamente em critérios tecnoeconómicos, empregando-se no encaminhamento do tráfego mecanismos de rotas alternativas e de partilha de carga. Uma parte significativa da rede local é constituída pela infra-estrutura de fios de cobre que ligam os telefones dos clientes às centrais locais. Essa infra-estrutura é constituída quase exclusivamente por pares entrelaçados designados por pares simétricos, como 70 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso tinha sido visto anteriormente. No entanto, estão a explorar-se outras alternativas ao cobre, nomeadamente a fibra óptica. Com esta tecnologia têm-se duas soluções possíveis: colocar a fibra directamente até à instalação do assinante, designada normalmente por FTTH (fibre-to-the-home); colocar a fibra até um armário exterior às instalações do assinante, ligando em seguida o fio de cobre até ao cliente, designando-se FTTC (fibre-to-the-curb), ou em alternativa usar fibra óptica até um distribuidor no quarteirão. Dentro da solução tradicional, milhares de pares simétricos são agrupados num cabo que sai do repartidor geral da central local, que vão sendo separados em feixes para um determinado número de áreas de serviço. Estas áreas de serviço (cobertura) podem ter diferentes dimensões, que nas áreas urbanas podem chegar a algumas dezenas de quilómetros quadrados. Central Local Interface de área de serviço Limite da área de serviço Grupos de casas Figura 24 Dimensionamento de acordo com a densidade populacional Geralmente as linhas da rede local estão subaproveitadas em termos da sua capacidade de transmissão, pois o tráfego do assinante médio é reduzido. 71 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A rede da PT Comunicações é uma rede digital integrada, em que todas as centrais de comutação são digitais e o tráfego entre centrais é transportado em sistemas de transmissão digital, e onde a sinalização entre as centrais é do tipo canal-comum, sendo usada na rede da PT uma variante nacional do sistema de sinalização número 7 (SS7) da ITU-T. Dentro de uma rede digital integrada todos os canais de tráfego são codificados no formato PCM de 8 bits. A conversão A/D é requerida apenas nas fronteiras da rede, que geralmente se situam na entrada das centrais locais. Se existir transmissão digital até ao cliente (outrora simplesmente assinante), estamos em presença de uma rede digital com integração de serviços (RDIS). Nas redes digitais integradas, como a comutação digital é sempre feita a quatro fios (dois para cada sentido da comunicação) é mais fácil fazer o tratamento e regeneração do sinal durante a transmissão, ao invés da comutação analógica a dois fios em que é necessário utilizar equipamento mais complexo para amplificar o sinal. Na rede digital integrada as perdas de transmissão tornam-se independentes do número de ligações e centrais presentes numa ligação porque se pode procede a uma regeneração do nível lógico e assim melhorar a margem sinal/ruído, ao contrário das ligações analógicas, em que a amplificação tanto aumenta o nível do sinal como o nível do ruído. Entre centrais são usados canais de transmissão que têm uma elevada capacidade. Sendo assim, é feita uma rentabilização das capacidades de transmissão recorrendo a técnicas de multiplexagem no tempo. Na rede portuguesa são seguidas as recomendações do ITU-T para as hierarquias da rede telefónica. Assim, num primeiro nível são multiplexados 30 canais de voz codificados em PCM de 8 bits (com um débito binário de 64 kbit/s por canal) e mais 2 canais (também com um débito de 64 kbit/s cada um) reservados para a sinalização, o que resulta num débito binário total para a primeira hierarquia de 2048 kbit/s. A estrutura da trama de dados que é enviada após a multiplexagem é também definida pelo ITU-T e consiste na divisão do período da trama em 32 “time slots” e a atribuição sequencial de cada um destes “time slots” aos canais tributários, nos quais 72 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso se incluem os canais de sinalização (com um débito de 64 kbit/s). Esta técnica de multiplexagem requer que os débitos dos tributários sejam nominalmente iguais, mas permite que haja alguma variação, pois é possível compensar algumas ligeiras variações nos débitos binários. Nas hierarquias seguintes é aplicada a mesma metodologia de multiplexagem, mas desta vez os tributários têm débitos binários de 2048kbit/s (ou superiores, conforme a hierarquia) e são constituídos pelas várias tramas da 1ª hierarquia (ou seguintes) e ainda são adicionados outros canais de sinalização. 2.2.1.6 Sinalização A sinalização é responsável pela transferência de informação de controlo entre a rede utilizadores, e entre centrais, sendo responsável pelo estabelecimento, manutenção e remoção de ligações entre clientes. Temos por exemplo, a sinalização entre a rede e o assinante que indicam se o assinante pode enviar o número para quem quer ligar (sinal de linha), se o número para o qual se quer ligar está ocupado (sinal de impedido), se o número para o qual se pretende estabelecer ligação está disponível e está à espera de ser atendido (sinal de chamar) e ainda outros sinais. A sinalização tem como funções gerais: Alerta – o toque de chamada no telefone do cliente, ou o levantar do telefone por parte de um cliente, geram sinais de alerta. Endereçamento – o número de telefone do destinatário deve ser transmitido pelo assinante de origem. O número telefónico do destinatário pode ser transmitido através de impulsos de corrente ou por combinação de duas frequências (DTMF – Dual Tone Multifrequency) Supervisão – As centrais de comutação necessitam de saber quais as linhas inactivas ou em utilização. Informação – O sinal de linha, o sinal de impedido, o sinal de chamar e gravações enviadas para o assinante são sinais de informação 73 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Tarifação – sinais utilizados para tarifar Gestão da rede – sinais usados para efeitos de manutenção, diagnóstico e operação. A relação entre as funções de sinalização e controlo nas centrais de comutação tem sido o principal factor de desenvolvimento dos sistemas de sinalização. Nas centrais analógicas as funções de controlo estavam intimamente ligadas às funções de comutação. Neste caso, os caminhos físicos de sinalização e de voz são os mesmos, sendo por isso designados por sistemas de sinalização de canal associado ou CAS (“Channel Associated Signalling”). Numa fase seguinte, separaram-se as funções de comutação das funções de controlo, tornando-se possível usar computadores para realizar as funções de controlo, obtendose uma maior flexibilidade e redução de custos. As centrais que usam computadores para realizar o controlo designam-se por Centrais SPC (“Stored Program Control”). Outro tipo de sistema de sinalização é a sinalização em canal comum ou CCS (“Common Channel Signalling”). Neste tipo de sistema é usado um caminho comum para um determinado número de circuitos de sinalização, o que leva a existirem caminhos diferentes para a voz e sinalização. O sistema de sinalização em canal comum, desenvolvido pelo antigo CCITT (actual ITU-T) é chamado “CCITT Common Channel Signalling System Number 7” vulgarmente conhecido por SS7 que é o sistema de sinalização adoptado pela PT Comunicações, com algumas alterações específicas, para a sua rede. O SS7 foi projectado usando conceitos de comutação de pacotes e estruturado em diferentes níveis conforme o modelo OSI (“Open Systems Interconnection”), para ser usado em ligações nacionais e internacionais. A rede do SS7 pode ser vista como uma rede de comutação de pacotes, que é usada para transmitir mensagens de sinalização entre os processadores das várias centrais de comutação. O SS7 define três entidades funcionais: Ponto de Sinalização ou SP (“Signalling Point”) – Nó terminal da rede onde os pacotes são criados ou recebidos. 74 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Ponto de Transferência de Sinalização ou STP (“Signalling Transfer Point”) – São comutadores de pacotes responsáveis pelo encaminhamento das mensagens de sinalização entre os vários SPs Via de Sinalização ou SL (“Signalling Link”) – São ligações de dados capazes de suportar um débito binário de 64 kbit/s Uma das exigências que se colocam a uma rede de sinalização de canal comum é a sua elevada fiabilidade, já que cada ligação transporta a sinalização de milhares de assinantes. Assim, numa rede SS7 existe redundância na ligação entre SPs e STPs. Sendo assim, cada SP está ligado a dois STPs. Os STPs, seguindo a mesma filosofia de redundância, são implementados aos pares (STP gémeos) e separados geograficamente, tendo um a base de dados idêntica à do outro. Os diferentes STPs estão ligados entre si com uma topologia em malha. Central de Comutação C Rede Voz Central de Comutação A Central de Comutação B SP A SP C SP B Rede de Sinalização STP C STP A STP B Figura 25 Rede de Sinalização Podem-se distinguir três tipos de SP: 75 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Ponto de comutação, ou SP (“Switching Point”) – é constituído pelo hardware e software, adicionado às centrais de comutação, responsáveis pela conversão do formato das mensagens de sinalização originadas na rede telefónica (ex.: sinal de chamar, sinal de impedido, ...) para o formato do SS7. Ponto de comutação de serviços, ou SSP (“Service Switching Point”) – são centrais de comutação capazes de reconhecer chamadas que requerem tratamento especial (acesso a base de dados) antes de serem completadas (ex.: números verdes, números azuis, números de emergência, reencaminhamentos, ...). As centrais de comutação que possuem unicamente a funcionalidade garantida pelos SPs, necessitam de recorrer a centrais SSP para acederem a bases de dados. Ponto de controlo de serviços, ou SCP (“Service Control Point”) – consiste num processador centralizado que controla a execução dos serviços mais complexos da rede através do acesso a bases de dados que suportam esses serviços. Tal como os STPs, os SCPs são implementados aos pares, e cada SCP do par possui nas suas bases de dados informação idêntica à do outro. Quando um SSP detecta uma chamada especial suspende o procedimento normal e requer a intervenção do SCP e só depois deste enviar a sequência de comandos necessária é que o referido SSP completa a chamada. Portanto, o controlo das chamadas especiais é feito pelo SCP e não pelo SSP, funcionando assim o SCP como o “cérebro” da rede[65]. A rede de sinalização pode operar em três modos de exploração: Modo associado – a um dado conjunto de canais de comunicação fica associado uma ligação de sinalização de canal comum. 76 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Rede de Sinalização SPa SPb Central de Comutação Central de Comutação SPc Central de Comutação Rede Telefónica Figura 26 Rede de sinalização operando no modo associado Modo não associado – o percurso seguido pelas mensagens de sinalização, entre centrais de comutação é diferente do percurso seguido pelo canal de voz., sendo o seu encaminhamento efectuado pelos STPs. Além disso o percurso varia ao longo do tempo consoante a disponibilidade das vias de acesso e dos STPs, podendo dizer-se que cada mensagem segue um percurso aleatório, sem nenhum trajecto previamente definido pela rede. STP SPa SPb Central de Comutação Central de Comutação Rede de Sinalização SPc Central de Comutação Rede Telefónica Figura 27 Rede de sinalização operando no modo não - associado Modo quase-associado – neste caso, a rede também faz recurso aos STPs para fins de encaminhamento, no entanto o trajecto seguido pelas mensagens de sinalização é prédefinido. 77 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso SPb/STP Rede de Sinalização Central de Comutação SPa SPc Central de Comutação Central de Comutação Rede Telefónica Figura 28 Rede de sinalização operando no modo quase associado 2.2.2 Redes HFC (CATV) De início, as redes de televisão por cabo utilizavam uma topologia em árvore (treeand-branch). A sua estrutura era simples e crescia unidireccionalmente e onde os clientes se iam “pendurando” nos ramos da árvore. O cabo coaxial era o elemento base. Atendendo as frequências elevadas utilizadas, logo à consequente atenuação que originava problemas naturais associados ao cabo coaxial,. 78 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Cabos coaxiais Cabeça de Rede Amplificadores Figura 29 Topologia em árvore das redes de CATV O uso recorrente de amplificadores de RF funcionava como factor compensador da atenuação mas, no entanto, o uso repetitivo e em cascata destes elementos activos também degradava a imagem. A alimentação remota dos amplificadores também era outro inconveniente. Devido a estes problemas tornou-se desejável tornar as redes CATV progressivamente ópticas dado que a fibra óptica apresenta índices de performance muito superiores ao cabo coaxial tanto no que diz respeito à atenuação como à largura de banda e, até, nas questões de imunidade ao ruído. A substituição total do cobre por fibra, até à casa do cliente, é ainda uma solução economicamente pouco viável, especialmente porque o receptor óptico-eléctrico é ainda um equipamento relativamente caro, e disponibilizar um para cada utilizador, especialmente neste troço da rede onde a densidade é mais elevada, é uma solução mais dispendiosa do que a do cabo coaxial. Por outro lado, até relativamente à segurança, a solução óptica apresenta alguns problemas porque, para se poderem efectuar as grandes divisões de sinal necessárias neste troço da rede teriam de se disponibilizar grandes potências ópticas. Deste modo caminhou-se para uma solução híbrida em que se utiliza fibra nos troços de transporte, de longa distância, e cabos coaxiais nas zonas de distribuição do sinal, mais perto do cliente portanto. Estas 79 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso estruturas de rede denominam-se exactamente redes híbridas (Hybrid Fibre-Coax Networks – HFC). Na Figura 30 Rede híbrida (utilização mista de fibra e cabo coaxial) com arquitectura FTTF ,encontra-se um exemplo duma estrutura destas. Receptor Ó ti Emissor Ó ti Amplificador d Li h Fibra Ó ti Amplificador de T Cabeç Centro de Distribuiç d R d ãPrimár Rede de i Transporte Rede de Distribuição Primária Rede de T Óptict Rede de Distribuição Secundária Rede de Cliente Centro Distribuiç d ã Rede de Di t Coaxi ib i ã l Distribuidor Coaxial de n saídas (Splitter) Acoplador Direccional (TAP) Repartidor de Cliente Figura 30 Rede híbrida (utilização mista de fibra e cabo coaxial) com arquitectura FTTF [13] Consoante o local até onde se utiliza fibra existem diversas denominações para as diversas arquitecturas existentes, assim sendo tem-se: FTTF – Fibre To The Feeder, em que se utiliza fibra óptica até um grande centro de distribuição, FTTC – Fibre To The Curb, com fibra até um armário no passeio, FTTB – Fibre To The Building, em que se tem fibra até ao edifício. Actualmente, e devido à sua relação entre custos, flexibilidade e facilidades de expansão, as arquitecturas mais comuns para as redes HFC de CATV são as FTTF ou, menos correntemente, as FTTC. Deste modo, ao mesmo tempo que se maximizam as possibilidades dos recursos centrais e dos receptores ópticos da rede, minimiza-se o número de repetidores em cascata contribuindo assim para uma melhoria final do sinal. Do mesmo modo, caso um dia se decida começar a levar fibra até casa do 80 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso cliente os investimentos já serão mais reduzidos, devido à quantidade de fibra que já existe e que foi sendo introduzida gradualmente. Quanto à sua estrutura, as redes de CATV também apresentam três troços principais, tal como as outras redes de telecomunicações, sendo eles os de transporte, de distribuição e de cliente. 2.2.2.1 Rede de cliente A rede de cliente corresponde à interligação entre um ponto de distribuição (saída dos amplificadores de linha ou de tronca) e o ponto terminal da rede (extremo da instalação individual de cliente onde se prevê a instalação do equipamento), passando por dispositivos de ligação de cliente (DLC). Os DLC's são elementos passivos que dividem o sinal por diversas saídas com atenuações variáveis entre si, apresentando diferenças em relação ao número de saídas, atenuação de inserção e atenuação na via do cliente. Os requisitos técnicos destas redes prendem-se, fundamentalmente, com o nível e a qualidade do sinal que deverão estar disponíveis na tomada do cliente. P.D. P.D. DLC - Acoplador Directional - TAP DLC - Repartidor de cliente - Splitter Figura 31 Pormenor da rede de cliente em estrela e em árvore 2.2.2.2 Rede de transporte A rede de transporte consiste, tipicamente, numa rede de transmissão óptica, analógica ou digital, geralmente propriedade de um operador de telecomunicações. A principal função desta rede é interligar a cabeça de rede, ver Figura 30 ,local onde são 81 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso recebidos e processados os diversos canais a difundir na rede, através dos diversos receptores ópticos, situados nos diversos centros de distribuição. A qualidade de transmissão da rede de transporte deverá ser o mais elevada possível, garantindo que o sinal chegue a cada centro de distribuição nas melhores condições, para posterior distribuição nas sub-redes seguintes (distribuição e de cliente). O troço designado por rede de transporte é tipicamente delimitado por dois pontos fronteira: O Centro de Distribuição Primário/Cabeça de Rede – local dotado de equipamento de recepção, processamento e injecção de sinais na rede de transporte. O equipamento electro-óptico está também localizado neste local. E o Centro de Distribuição, tipicamente um receptor óptico, colocado no ponto a partir do qual se pretende instalar uma rede de distribuição para servir uma célula. Célula 2 Célula 1 Amplificador de Linha Receptor Óptico Receptor Óptico Cabeça de Rede Amplificador de Tronca Emissor Óptico Distribuidor óptico Rede de Transporte Rede de Distribuição Primária Célula n Rede de Distribuição Secundária Rede de Cliente Distribuidor Coaxial de n saídas (Splitter) Receptor Óptico Acoplador Direccional (TAP) Repartidor de Cliente Figura 32 Rede de transporte, topologia em estrela [90] 2.2.2.3 Rede de distribuição A rede de distribuição corresponde à rede em cabo coaxial que estabelece a ligação entre os centros de distribuição (receptores ópticos) e os pontos de distribuição (saídas 82 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso dos amplificadores de linha ou saídas derivadas dos amplificadores de tronca). Esta rede pode ainda ser sub-dividida em primária e secundária. A rede de distribuição primária é constituída por eixos (troncas primárias) que partem geralmente dum centro de distribuição, estendendo-se até aos amplificadores de tronca. Esta rede é tipicamente formada por cabos coaxiais, amplificadores de tronca e, eventualmente, elementos passivos. A rede de distribuição secundária parte das saídas derivadas dos amplificadores de tronca. Esta rede é formada por cabos coaxiais, amplificadores secundários e de linha e elementos passivos. Na rede de distribuição podem-se definir dois pontos fronteira: O Centro de Distribuição que define a fronteira entre a rede de transporte e a rede de distribuição e corresponde tipicamente a um receptor óptico.E o Ponto de Distribuição que pode ser definido pelas saídas derivadas dos amplificadores de tronca (equipamento de amplificação do sinal eléctrico, tele-alimentado, projectado para se poderem ligar em cascata, possuindo uma saída principal, para prolongamento da rede de distribuição primária, e saídas secundárias para alimentação das redes de distribuição secundárias), ou pelas saídas dos amplificadores de linha (amplificador que faz parte da rede de distribuição secundária permitindo criar um ou dois pontos de distribuição, dependendo do facto de possuir uma ou duas saídas). Rede de Transporte Rede de Distribuição Primária Rede de Distribuição Secundária Célula Rede de Cliente Distribuidor Coaxial de n saídas (Splitter) Amplificador de Linha Acoplador Direccional (TAP) Repartidor de Cliente C.D. Cabeça de Rede Receptor Óptico Emissor Óptico Distribuidor óptico P.D. Amplificador de Tronca Amplificador de Tronca P.D. Amplificador de Linha Figura 33 Pormenor da rede de distribuição em árvore [90] 83 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso 2.2.3 Topologia das redes de acesso A opção da topologia numa rede de acesso não deve ser um acto isolado, uma vez que a sua escolha influencia a escolha do meio de transmissão e do método de acesso ao meio. Um estudo aprofundado permite determinar a estratégia mais adequada para a cablagem da rede de acesso. Um dos problemas que irá surgir neste tipo de redes está relacionado com a questão da segurança da informação pessoal, mas as técnicas de scrambling, encriptação e as chaves de segurança irão certamente resolver o problema. Custos Fiabilidade Flexibilidade Topologia Tipo de serviços Flexibilidade Densidade de Utilizadores Figura 34 Factores determinantes na escolha da topologia Vários factores devem ser levados em consideração,(Figura 34) nomeadamente a localização geográfica da área e as condutas disponíveis, bem como a sua densidade de utilizadores, ou de potenciais utilizadores. O Tipo de serviços, bem como as taxas de transmissão exigidas por este, as diferentes naturezas dos mesmos (difusão ou comunicação) podem ser factores determinantes na escolha da topologia. Actualmente, a largura de banda e a taxa de transmissão, são dois conceitos chave na escolha da arquitectura de rede. No entanto, critérios de 84 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso análise como sejam a direccionalidade ou até mesmo a simetria permitem excluir à priori determinadas arquitecturas. Os custos da infra-estrutura física, bem como os de “cablagem”, trabalhos de escavação, postes entre outros. A flexibilidade, tendo em mente uma possível actualização ou ampliação da rede. Prevendo o tipo de avarias e a probabilidade de acontecerem, facilidades de detecção dessas mesmas avarias e os condicionamentos impostos pela topologia que possam levar à congestão da rede, ou seja é necessário atender à flexibilidade da rede. 2.2.3.1 Estrela activa ou passiva A designação deste tipo de topologia depende do nível de sub-repartição que as compõem. Assim, quando as ligações entre a central local e o equipamento terminal de cliente são realizadas de uma forma ponto-a-ponto, sem pontos de repartição intermédios, usa-se a designação topologia em estrela simples. Caso seja introduzido algum ponto intermédio de sub-repartição, passa a designar-se por topologia em estrela dupla, tripla, etc., dependendo do número de pontos de sub-repartição entre os pontos terminais da rede. Estes pontos de sub-repartição podem ser armários de subrepartição passivos, juntas de derivação ou simplesmente pontos de distribuição. A partir destes pontos será disponibilizada uma ligação dedicada a cada cliente. Este conjunto de topologias é também genericamente designado por topologias em estrela passiva. 85 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Estrela Simples Central Local Estrela Dupla Passiva Central Local EstrelaTripla Passiva Central Local M U X Estrela Dupla Activa Central Local M U X Central Local - Equipamento Passivo Estrela Híbrida M U X - Equipamento de Multiplexagem Figura 35 Exemplos de topologias em estrela activa e passiva Este tipo de topologias é bastante simples e possui um elevado grau de fiabilidade e de isolamento de avarias, sendo utilizado na maioria das redes públicas de telecomunicações. Existe um outro caso, caracterizado pelo facto de os pontos de sub-repartição serem constituídos por equipamento activo. Neste caso a designação de topologias em estrela activa. Nestes casos, os pontos de sub-repartição são constituídos por equipamentos de multiplexagem ou de concentração activos, permitindo uma economia nos cabos, entre a estação e estes pontos. Contudo, necessitam de alimentação eléctrica e constituem mais um ponto de potenciais avarias, as quais, neste ponto, influenciarão toda a rede por si alimentada. Este tipo de topologias é tipicamente utilizado para fornecer serviços telefónicos a aglomerados de utilizadores, instalados a distâncias consideráveis da central local. No caso particular em que o meio de transmissão utilizado é a fibra óptica, as topologias em estrela passiva são usualmente designadas por PON (Passive Optical Network). PON é um conceito geral utilizado nas redes onde várias ligações de cliente são 86 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso multiplexadas, partilhando o mesmo meio de transmissão, única e exclusivamente com a utilização de componentes ópticos passivos (splitters, WDM, juntas óptica por fusão ou mecânicas, conectores, etc.). Este tipo de topologias, segundo uma corrente dominante, no futuro poderá ser um dos mais viáveis, na introdução de sistemas ópticos na rede de acesso local, para fornecimento de serviços telefónicos tradicionais e de serviços RDIS. 2.2.3.2 Árvore (tree-and-branch) Estas topologies, são muito utilizadas na rede de distribuição secundária de CATV, com cabo coaxial. Os equipamentos para intercepção do cabo principal são tipicamente divisores de potência (splitters ou taps).No entanto, tem uma característica, o meio de transmissão é partilhado por vários utilizadores, através de métodos de acesso ao meio, desenvolvidos para o efeito. Central Local Equipamento Passivo Figura 36 Exemplo da topologia em árvore (tree-and-branch) 87 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.2.3.3 Redes de Acesso Anel de estrelas Esta configuração corresponde a um conjunto de nós ligados por um anel a uma estação local. Estes pontos poderão ser equipamentos electrónicos activos que permitam identificar o tráfego que a eles se destina. Figura 37 Exemplo de uma rede de acesso com topologia em anel de estrelas Esta topologia começa a ser utilizada, nos grandes centros urbanos, em redes de distribuição de serviços de telecomunicações destinados ao mercado empresarial ou a grandes aglomerados habitacionais. Neste cenário, os vários nós de acesso a estas redes são ligados a uma estação local, através de um anel de fibra óptica ou de cobre, dependendo das tecnologias de transmissão utilizadas. Nas soluções onde o cobre é o meio de transmissão, é usual utilizarem-se cabos de grande capacidade e cada ponto de acesso ao anel encontra-se ligado à estação local por dois caminhos distintos. No caso de ocorrência de falhas num ponto do anel, a ligação será garantida pelo outro caminho disponível. Nesta configuração, cada nó de acesso possui duas ligações dedicadas à central local, beneficiando assim das vantagens de uma topologia em estrela e das vantagens de uma topologia em anel. 88 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Actualmente, com a introdução dos cabos de fibra óptica, surgem novas soluções, baseadas em anéis duplos de fibra óptica e em sistemas de transmissão SDH (Synchronous Digital Hierarchy)). Neste caso, o meio de transmissão é partilhado por vários utilizadores, através da introdução de pontos de acesso ao meio, usualmente designados por ADM (Add Drop Multiplexer). Esta solução só é justificável para disponibilizar serviços de banda larga para o mercado empresarial, pois para além de poder disponibilizar grandes taxas de transferência, é também mais segura, o que é de grande importância para este mercado. 2.2.3.4 Estrutura de anéis Esta configuração corresponde a um conjunto de nós, interligados por anéis. Cada um dos nós de acesso do anel secundário será interligado com um nó do anel primário, por intermédio do anel secundário. Central Local Figura 38 Exemplo de uma topologia em estrutura de anéis Esta topologia possui grande potencial para a implementação de MAN's (Metropolitan Area Network), nos grandes centros urbanos, vocacionadas para a distribuição de serviços de banda larga ao mercado empresarial, onde os vários nós de acesso a estas redes são interligados com um comutador local, através de um anel em fibra óptica. Por sua vez, o comutador local será interligado, também por uma estrutura em anel, a um grupo de outros comutadores locais ou de trânsito. 89 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Actualmente, esta topologia começa a ser frequentemente utilizada na interligação de comutadores. A solução de transmissão utilizada nas interligações dos vários comutadores, baseia-se na hierarquia síncrona SDH. 2.3 Tecnologias na rede de acesso Desde há muito tempo que se transmite dados sobre as linhas telefónicas, um exemplo é a transmissão por fax. Nesta tecnologia a taxa de transmissão é baixa comparativamente à capacidade de transmissão do meio, porque o fax só utiliza as mesmas frequências que a comunicação por voz e a baixa largura de banda fornecida nas linhas telefónicas limita as taxas de transmissão; na melhor das hipóteses a cerca de 28.8 Kbps, com a maioria das linhas telefónicas a não pernitir mais que os 9600 bps. No entanto devido a técnicas de codificação / modulação bastante complexas, os modems de 56 Kbps são muito utilizados. Com tecnologias de comunicação digital (RDIS) a transmissão digital pode facilmente atingir os 160 Kbps sobre a maioria dos pares de cobre e pode ser efectuado com um custo mais reduzido do que com a comunicação em banda voz, porque os modems que operam na banda de voz necessitam de técnicas de codificação/modulação algo complexas para permitirem uma maximização da taxa de transferência sobre os canais de voz. Várias tecnologias estão disponíveis para pares de cobre: Modems – Actualmente os modems V.90 conseguem atingir 56 Kbps no sentido descendente e cerca de 33.6 Kbps no sentido ascendente. Mas, há duas décadas atrás, a taxa de transmissão era de apenas 1200 bits/s Fax – Velocidades entre 9600 bps e 28.8 Kbps Transmissão nas linhas T1 e E1 RDIS – Rede Digital Integrada de Serviços xDSL 90 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso xDSL é uma família de tecnologias de transmissão de dados de alta velocidade para pares de cobre, que liga o utilizador final como um nó de rede ou diferentes nós de rede. O “x” utiliza-se para diferenciar os vários tipos de serviços e/ou tecnologias DSL (ex: HDSL,ADSL,SDSL,RADSL;VDSL). São tipicamente soluções de ultimo Km, cuja principal vantagem advém do facto de utilizarem as linhas telefónicas ditas convencionais, para satisfazer a crescente procura de velocidade por parte dos utilizadores, reduzindo os custos e tempo de instalação. As tecnologias xDSL têm e continuaram a ter um papel crucial nos próximos anos, à medida que mais operadores de telecomunicações entram no mercado para distribuir informação em vídeos e formatos multimedia. Actualmente, a prioridade nas tecnologias xDSL está a ser dada ao desenvolvimento e aplicação dos sistemas ADSL, VDSL e HDSL. 2.3.1 Reutilização do cobre na rede de acesso Durante algum tempo o par simétrico entrançado de cobre foi interpretado como um obstáculo significativo, no que concerne à sua capacidade. Como já foi dito anteriormente, alguns desenvolvimentos nos complexos esquemas de modulação permitiram a extensão da capacidade das linhas. A curto prazo a principal vantagem do cobre é a opção variável de custos, poupando as empresas de telecomunicações a altos investimentos de risco. Em adição a este pormenor, outra vantagem imediata é a base instalada de 600 milhões de linhas de cobre no mundo. O melhoramento das tecnologias de cobre (ou DSL) diferem no aspecto da capacidade e distância de transmissão e do número de pares usados. Em geral, na opção xDSL, há um compromisso entre distância e capacidade. 2.3.1.1 ADSL É um sistema de transmissão assimétrico que utiliza apenas um par de cobre, numa topologia ponto a ponto. Tem uma capacidade de transporte que pode atingir mais de 8 91 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Mb/s no sentido descendente e 800 Kb/s no sentido ascendente e permite uma cobertura superior a 3 Km em cabos de 0.4 mm, dependendo este valor do ruído induzido em causa. Em paralelo, com estas características coexiste com o serviço telefónico normal. O ADSL Fórum foi formado em dezembro de 1994 para promover o conceito de ADSL e facilitar o desenvolvimento de arquitecturas de sistema ADSL, protocolos, e interfaces para as principais aplicações ADSL. O Fórum tem aproximadamente 300 membros que representam os fornecedores de serviço, fabricantes de equipamento, e companhias de semicondutores de todo o mundo Instituições como o ANSI (ANSI TI.413), ITU-T (ITU-T 1998-a/1998b) e ETSI já publicaram padrões para algumas características da ADSL. Foram testados, com êxito, modems ADSL em mais de 100 companhias de telefone nos EUA (1998), operadoras de telecomunicações, e milhares de linhas foram instaladas com tecnologias variadas na América Norte, Europa e Ásia. Algumas companhias telefónicas projectam diversas alternativas de mercado que usam o ADSL, principalmente porque têm acesso a dados, mas também incluindo aplicações em vídeo compras on line, jogos interactivos e teleconferência l [67].O ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line ou Linha Digital Assimétrica para Assinante é uma tecnologia que converte o sinal padrão num fio telefónico comum em um sinal digital de alta velocidade, através da inserção de modems ADSL em ambos as pontas criando um aproveitamento das frequências disponíveis. Pode transformar uma linha digital comum de voz em uma linha de alta velocidade capaz de transportar dados e multimedia e manter a linha de voz original. A característica da assimetria justifica-se porque as necessidades são muito superiores no sentido descendente, imaginem-se downloads de imagens e gráficos da Internet por exemplo, do que no sentido ascendente(uploads). Dessa forma, o ADSL dedica grande parte da largura de banda às aplicações descendentes. Na parte inferior do espectro existe um canal de 4 KHz reservado para voz e que é funcionalmente independente do resto da “corrente” de dados. 92 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Figura 39 O espectro no ADSL [67] A taxa de transmissão de dados depende de vários factores, tais como o comprimento da linha de cobre, diâmetro, a presença de derivações, e interferências de outros pares. A atenuação na linha aumenta com o comprimento e a frequência, e diminui com aumento do diâmetro do fio. Ignorando as derivações, o ADSL, como podemos constatar através da Tabela 1: Taxa medida do fio Diametro 1.5 ou 2 Mbps 24 AWG 0.5 mm 1.5 ou 2 Mbps 26 AWG 0.4 mm 6.1 Mbps 24 AWG 0.5 mm 6.1 Mbps 26 AWG 0.4 mm Tabela 1 Variação da taxa de transmissão Distancia 5.5 Km 4.6 Km 3.7 Km 2.7 Km Geralmente, a velocidade é sempre constante e de acordo com o contrato com o operador. Por exemplo, 256 Kbps no sentido descendente e 16 Kbps no sentido ascendente. 93 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A partir de uma rede de cabos de pares simétricos é possível a transmissão via ADSL introduzindo-se na estação um multiplexer de acesso designado por DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer), bem como a respectiva plataforma de gestão, uma bancada de modems ADSL e filtros de estação. Figura 40 Elementos de transmissão via ADSL na estação [67] Em cada cliente instala-se um filtro designado por splitter seguido do respectivo modem de cliente. 94 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A função principal do DSLAM é o encaminhamento do tráfego proveniente dos modems do cliente para os respectivos PVCs (circuitos virtuais privados) da rede ATM. Figura 41 Elementos de transmissão via ADSL no cliente [67] 95 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A tecnologia ADSL utiliza técnicas de processamento de sinal digital que inserem e extraem mais dados digitais das linhas analógicas. A tecnologia ADSL cria 3 canais de informação separados: Um canal downstream de alta velocidade Um canal upstream de média velocidade Um canal para serviços telefónicos básicos Um circuito ADSL conecta um modem ADSL em cada ponta de uma linha de telefone comum e cria três canais lógicos, um para download de alta velocidade, um dúplex de média velocidade para Upload, e uma POTS (Plain Old Telephony Services ou linha de voz comum) utilizada pelas companhias telefónicas. O canal de POTS é dividido no modem digital por filtros, garantindo canal de voz ininterruptos, até mesmo se houver falhas com o ADSL. Os modems ADSL na Europa usam a tecnologia de modulação DMT (Discrete Multi- Tone), dividindo o espectro disponível em 256 portadoras de 4.1325 KHz, moduladas em n-QAM. Para a transmissão de telefonia analógica são reservadas as primeiras 6 portadoras, e para RDIS são usadas as primeiras 12, não sendo nenhuma destas usadas para transmissão ADSL. Para transmissão ADSL no sentido ascendente usam-se as 26 (ou 32) portadoras seguintes e as restantes são usadas para transmissão no sentido descendente, pressupondo que é usado o método de divisão na frequência dos canais ascendente e descendente. Isto encontra-se ilustrado na Figura 42. 96 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Figura 42 Divisão do espectro ADSL[67] 2.3.1.2 HDSL Os sistemas HDSL (High bit rate Digital Subscriber Line) foram desenvolvidos para transmissão simétrica E1 (2048 Kb/s) ou T1 (1544 Kb/s); pode ser utilizado em topologias ponto-a-ponto ou em topologias ponto multiponto; é tolerante a diafonias e à existência de troços de cabo derivados do par utilizado (bridge taps).Tem como grande vantagem, relativamente aos sistemas E1 e T1, permitir a eliminação ou diminuição dos repetidores em linha diminuindo os custos de instalação e manutenção. O HDSL foi largamente utilizado nos E.U.A., em aplicações comerciais e, tipicamente, transmite 1.5 Mbps em cada sentido, isto com vista a substituir o sistema T1. No entanto, na Europa e devido ao aumento da procura de serviços a 2 Mbps, o HDSL passou a ser visto como o substituto dos sistemas E1 com repetidores. Na Figura 43 que se segue é possível ver as diferenças de implementação dos dois sistemas. Normalmente é utilizado para distâncias inferiores a 4 Km podendo no entanto ser utilizado para distâncias de 6 Km caso se usem pares metálicos com fio de diâmetro igual a 0.9 mm. Também já foram apresentados modems HDSL com capacidade para transmitirem, com condições ideais de fio, a distâncias de cerca de 7 Km. 97 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Repetidor E1 Redes de Acesso 2.048 bps Repetidor E1 Transceiver E1 Transceiver E1 Repetidor E1 2.048 bps Repetidor E1 1.168 bps Transceiver HDSL Transceiver HDSL 1.168 bps Figura 43 Comparação das tecnologias E1 e HDSL[Adaptado de 67] Dado que normalmente requer dois ou três pares de cobre, o HDSL não é considerado como possibilidade para o mercado residencial. Existem várias técnicas possíveis para a operar em HDSl: Transmissão Downstream e Upstream utilizam a mesma banda O HDSL utiliza cancelamento de eco Utiliza a operação duplex em ambos os pares que tradicionalmente operam a 1544 Mbps nas linhas T1 A taxa de transmissão em cada par é aproximadamente metade, o que implica uma menor atenuação e menor NEXT (Near End Cross Talk) A inovação fundamental que faz com que a tecnologia HDSL seja possível é a introdução de novas técnicas de modulação que foram refinadas para utilização no acesso básico RDIS, onde a transmissão é bidireccional num único par. Usando transmissão full duplex em ambos os pares que tradicionalmente são requisitos para operar a 1.544 Mbps, a frequencia de operação em cada par é aproximadamente metade. Isto constitui uma vantagem, porque o limite de operação na ausência de ruído externo é determinado pela atenuação da transmissão e pelo nível de NEXT e ambos são menores quando a operação é feita a baixas frequencias. 98 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso 2.3.1.3 RADSL O RADSL, Rate Adaptive Digital Subscriber Line, é uma variação de ADSL em que o equipamento é capaz de percepcionar a velocidade a que a linha pode transmitir e fazer o ajustamento a esse valor. O modo de determinação da velocidade pode ser efectuado testando a linha durante a instalação e definir uma velocidade ou então ir ajustando continuamente durante o período em que está a operar. A sua capacidade de débito máxima ronda os 7 Mbps. 2.3.1.4 SDSL SDSL é uma forma simétrica de xDSL que transmite a cerca de metade da velocidade do HDSL mas usando apenas um par de cobre em vez dos usuais dois.Este sistema permite incluir a opção de transmitir a telefonia analógica no mesmo par de cobre. 2.3.1.5 IDSL Tipo de tecnologia DSL (ISDN Digital Subscriber line ou RDIS) que se baseia nas mesmas técnicas de codificação de RDIS, o que faz com que os clientes RDIS possam, sem equipamentos adicionais, ter acesso a este tipo de serviços. 2.3.1.6 VDSL Numa linguagem corrente, podemos dizer que é um prolongamento dos sistemas ADSL na perspectiva de maiores débitos e utilizando apenas um par de cobre para efectuar a ligação. utilizado em topologia ponto-a-ponto e tal como o ADSL também coexiste com o serviço telefónico. A transmissão VDSL (Very high Data Rate Digital Subscriber Line) pode ser utilizado no fim de uma ligação de fibra óptica, para fazer a ligação final do último quilometro em par de cobre. Nos sistemas FTTC (Fiber to the Curbe), o comprimento da ligação VDSL pode ter até 500 m, e velocidades de transmissão entre 25 e 51 Mbps.Nos sistemas FTTCab (Fiber to the Cabinet), o comprimento pode ser superior a um quilometro e velocidades de transmissão de 25 Mbps. 99 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Pelo facto das distancias cobertas por este tipo de tecnologia serem relativamente curtas o seu uso está associado a sistemas de rede óptica passiva (PON), implementando a ligação de ultimo troço desde um armário de rua (PON-FTTC) até à casa do cliente. Na Figura 44 podemos comparar as distancias cobertas pelas tecnologias VDSL e ADSL, e podemos constatar que a tecnologia VDSL tem mior desempenho, mas para distancias menores [68]. Mb/s 50 VDSL 40 ADSL 30 20 10 1 2 3 Distância em Kms 4 5 6 Figura 44 Capacidade de transporte ADSL vs VDSL [69] Não estando ainda standardizado, o VDSL é visto como o passo seguinte na escada de evolução das tecnologias DSL. Com velocidades máximas no sentido descendente de cerca de 52 Mbps, e de 6.3 Mbps no sentido ascendente, mas isto para distâncias de 300 m, e ainda com a capacidade de ser oferecido em duas versões, uma assimétrica e outra simétrica, e note-se que nesta versão e para mesma distância de 300 m, já se conseguiram taxas de 34 Mbps nos dois sentidos, o VDSL parece de facto ser o próximo degrau da escala evolutiva desta tecnologia. Dado que é necessária uma política de compromisso entre distância e taxas de débito, o par metálico VDSL deverá ser alimentado por fibra óptica numa ONU (Optical Network Unit) relativamente próximo do utilizador para poder depois transportar o sinal até casa. 100 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso 2.3.2 Fibra óptica na rede de acesso A introdução de fibra óptica na rede de acesso local (FITL– Fiber in the loop) é dispendiosa sendo os seus custos, face aos custos da introdução de novas redes de cobre, ou reutilização das redes de cobre existentes, apenas justificados num cenário onde o mercado de serviços de banda larga atinja uma expressão significativa. Assim, a tendência é desenvolver soluções que, duma forma económica e gradual, permitam a introdução de fibra óptica até às proximidades do utilizador final para que seja possível a implementação de arquitecturas maioritariamente ópticas na rede de acesso. São várias as estratégias possíveis, passando pela utilização de fibra óptica em conjunto com soluções sobre cobre ou rádio. O surgimento desta tecnologia é uma realidade, no entanto tem que ser efectuado de forma faseada, o que envolve um enorme investimento, e muito tempo. A questão principal é saber qual a altura em que tal vai acontecer, e qual o melhor percurso para este objectivo. A rede de acesso fixa vai ser uma rede completamente óptica, isto é, fibra até ao escritório ou até à residência, juntamente com uma ou outra ligação por rádio ou por par de cobre nas zonas rurais [70]. Basicamente esta rede de “migração” vai ser do tipo FTTx (Fiber To The x), em que o “x” vai passar da central para o escritório ou residência, através de alguns pontos intermédios, tais como o armário ou a cave do edifício. A infra-estrutura da fibra óptica pode ser do tipo anel, estrela ou árvore, ponto-a-ponto ou ponto-a-multiponto ou combinações baseadas em diferentes esquemas e tecnologias de transmissão, tais como SDH, ATM, IP/Ethernet. Combinando todos estes parâmetros, há um grande número de arquitecturas distintas que podem surgir, tendo como factor importante a rede já existente, da área considerada, da classe de utilizadores e dos tipos de serviço a serem entregues. 101 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.3.2.1 Redes de Acesso Características dos serviços e arquitecturas de rede A escolha de uma arquitectura de rede está relacionada com os serviços e aplicações a serem fornecidos pela rede, pelo que é necessário o conhecimento das características desses serviços. Relacionados com a selecção dos serviços, existem factores a ter em atenção na escolha da arquitectura da rede de acesso tais como: técnicas de modulação; largura de banda requerida, característica fundamental na escolha da arquitectura já que nem todos os meios físicos oferecem a capacidade requerida. Não é um parâmetro independente, sendo determinado pelo tipo de modulação e código adoptado para a transferência de informação; simetria dos serviços, que se distingue entre arquitecturas concebidas para serviços assimétricos, casos do ADSL, o tradicional cabo coaxial e alguns tipos de sistemas de rádio, e simétricos como o HDSL e sistemas de fibra óptica ponto-a-ponto; configuração de comunicação; estabelecimento de comunicação, que associa a capacidade de alocação permanente na rede de acesso e a capacidade de alocação a pedido (alguns serviços de distribuição de vídeo, como distribuição de televisão digital, pay- per-view ou vídeo-on-demand, requerem uma largura de banda fixa por utilizador); Flexibilidade da rede 102 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.3.2.2 Redes de Acesso Redes de Fibra Óptica Inúmeros factores fazem com que a fibra óptica ou outras soluções que combinem fibra com outros materiais, seja um meio de transmissão preferível em relação ao cobre, cabo coaxial ou a comunicação sem fios. Portanto a substituição dos meios de transmissão por cabos de fibra na rede, melhora a qualidade de serviço (bit rate, qualidade de transmissão, disponibilidade) e reduz o custo de operação e manutenção da rede de acesso. Existem várias vantagens na utilização da fibra óptica em relação aos demais meios de transmissão[13]: Pequenas dimensões e baixo peso - o volume e o peso dos cabos ópticos é muito inferior ao dos cabos convencionais em cobre, para transportar a mesma quantidade de informações, facilitando a instalação dos cabos. Grande capacidade de transmissão e baixa atenuação - os sistemas de comunicações por fibras ópticas tem uma capacidade de transmissão muito superior a dos sistemas em cabos metálicos. Devido à baixa atenuação (perda) podem transmitir sinais a distâncias muito grandes. Com a tecnologia de amplificadores ópticos, é possível uma transmissão até centenas de quilómetros de distância sem estações intermediárias, aumentando a fiabilidade do sistema, diminuindo o investimento inicial e as despesas de manutenção. Imunidade à interferência - por serem feitas de material dialéctico, as fibras ópticas são totalmente imunes a ruídos em geral e interferências electromagnéticas, como as causadas por descargas eléctricas e instalações de alta tensão. Por outro lado, não causam interferência entre si, eliminando assim um problema comum enfrentado nos sistemas com cabos convencionais, principalmente nas transmissões em alta frequência. Facilidade de upgrade - há maior facilidade de fazer o upgrade (actualização) duma rede de fibra óptica, devido ao maior grau de flexibilidade desta. 103 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso O uso de fibras ópticas apresenta algumas desvantagens em relação aos meios de transmissão convencionais. As fibras ditas, sem encapsulamento são muito frágeis fazendo com que o seu manuseamento seja muito delicado. As pequenas dimensões das fibras exigem procedimentos e dispositivos de alta precisão na realização de junções e conexões. Os acopladores do tipo T têm nível de perdas muito grandes, o que dificulta a sua utilização em sistemas multiponto. Os sistemas com fibras ópticas requerem alimentação eléctrica independente para cada repetidor, por isso não é possível a alimentação remota através do próprio meio de transmissão. A maior dificuldade para uma utilização em massa da fibra óptica, na rede local, é o seu custo. Uma penetração em massa de serviços de banda larga, tais como: televisão por cabo, Pay-Per-View TV, serviços de vídeo a pedido, etc, podem vir a justificar os custos adicionais da solução de fibra óptica, em relação à de pares de cobre. Contudo, incerteza na procura de novos serviços de vídeo, no mercado residencial, reduz consideravelmente o ritmo de penetração da fibra. 2.3.2.2.1 Arquitecturas com fibra na rede de acesso (FITL) Tipicamente, as arquitecturas adoptadas para a utilização de fibra óptica na rede de acesso são baseadas na topologia em estrela, podendo ser classificadas em dois grupos, activas (ADS-Active Double Star) ou passivas (PON- Passive Optical Network), dependendo da existência ou não de equipamento óptico activo nos pontos de repartição. Em alguns casos particulares, poderá ser vantajosa a utilização de soluções híbridas[13]. A principal vantagem da solução activa (ADS) é o facto da ligação final ao utilizador ser dedicada ou, quando muito, dividida por um pequeno número de utilizadores, podendo então utilizar equipamento óptico entre o ponto activo da rede e o cliente com requisitos de largura de banda reduzidos e, consequentemente, com custos mais baixos. Por outro lado, apresenta problemas na localização, alimentação eléctrica e operação remota dos equipamentos electrónicos instalados no campo, e elevados custos iniciais, envolvidos na instalação deste tipo de rede. 104 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A principal vantagem da solução passiva (PON) é o facto dos custos iniciais de instalação da rede serem particularmente baixos, consistindo basicamente na instalação de equipamentos ópticos passivos. Contudo, apresenta como desvantagens o facto do equipamento terminal óptico (ONU - Optical Network Unit) requerer maior largura de banda e equipamentos ópticos de melhor qualidade, e a necessidade de implementação de um protocolo de acesso ao meio, por forma a garantir que a informação de cada utilizador seja convenientemente sincronizada com o comutador. Para ambos os sistemas, ADS e PON, continuam a haver limitações no tipo de utilizadores que podem ser servidos de uma forma economicamente viável. Não será então possível, a curto prazo, disponibilizar fibra até à casa de cada utilizador (FTTH – Fiber To The Home) a não ser que a largura de banda requerida justifique esta opção. Estes condicionalismos levaram ao aparecimento de algumas variantes da solução FTTH, que permitirão a introdução gradual de fibra óptica na rede de acesso, das quais se destacam FTTC (Fiber To The Curb), FTTO (Fiber To The Office) e FTTB (Fiber To The Building)[13]. 2.3.2.2.1.1 Fiber-To-The-Curb (FTTC) Nesta arquitectura, os sinais são multiplexados e transmitidos entre a estação local e os pontos de distribuição, composto por ONU’s (equipamento conversor electro-óptico e electrónica associada), através de uma rede óptica passiva. Cada uma destas ONU’s destina-se a alimentar uma determinada área e são instaladas no passeio. Finalmente, a ligação dos clientes à estes pontos pode ser concretizada utilizando ou reutilizando a infra-estrutura de cobre instalada, nomeadamente os pares de cobre e o cabo coaxial utilizando as tecnologias xDSL (ADSL, HDSL ou VDSL) ou adoptando soluções de rádio. 105 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso ONU Coax Fibra óptica Rádio ONU Cobre ONU Figura 45 Exemplo de uma arquitectura FTTC utilizando uma topologia em estrela passiva Os custos por cliente destes sistemas reduzem-se significativamente em relação aos da solução de cobre à medida que distância entre os clientes e a central local aumenta e à medida que a densidade de clientes aumenta. Assim, para grandes aglomerados residenciais relativamente distantes do ponto de acesso ao serviço, a solução FTTC poderá tornar-se vantajosa em relação à solução de cobre. Um exemplo de configuração de redes de acesso para um operador com uma rede já existente, considerando utilizadores em habitações uni-familiares (vivendas), é apresentado na Figura 46. Para este tipo de utilizadores utiliza-se a configuração descrita anteriormente, ou seja., utiliza-se fibra óptica até ao ONU no passeio e a partir daí cobre ou rádio para as residências dos utilizadores. Figura 46 Habitações uni-familiares[78] 106 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Apresenta-se a seguir a descrição de alguns componentes patentes na figura anterior, de modo a tornar mais legível a sua interpretação . STM-1 (Synchronous Transport Module a 155 Mbps) é o ponto de acesso ao anel SDH (Synchronous Digital Hierarchy) que é a tecnologia de transmissão mais moderna no momento e, tal como o nome sugere, baseia-se numa tecnologia de multiplexagem síncrona, o que facilita a gestão da rede. O ASW (ATM Switched Module) é o módulo responsável pelo tráfego ATM na PON, podendo ser partilhado por várias BOLM, num máximo de 4.OLM (Optical Line Module) — módulo responsável pela transmissão simétrica de 155 Mbps entre o anel SDH e uma fibra, que será partilhada pelas ONU’s. Definem-se dois tipos de OLM: um para a SDH PON e um, BOLM, para a APON. Este último é utilizado para serviços de banda larga sobre ATM, podendo ser evoluído (módulo BU-OLM, Broadband Upgrade-Optical Line Module) permitindo a transmissão de 1 Gbps no sentido descendente e 576 Mbps no sentido ascendente. BONM (Broadband Optical Network Module), termina a rede optica de distribuição (ODN – Optical Distribution Network) e faz a multiplexagem de células. Possui capacidades de encaminhamento de células e multicasting desde a ligação óptica até aos modems xDSL. NT (Network Termination) converte o protocolo e o meio de transmissão da rede de acesso para o utilizado pelo interface do utilizador. OLT (Optical Line Termination) — efectua a adaptação entre o anel SDH e a rede de acesso, sendo constituido por um ADM (Add-drop multiplexer), um ASW e um máximo de 4 OLM’s. 2.3.2.2.1.2 Fiber-To-The-Building/Office (FTTB/FTTO) A configuração FTTC é uma solução eficiente, em termos de custos, em áreas pequenas com alta densidade de utilizadores. No entanto, neste tipo de rede, a qualidade do cabo 107 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso de cobre existente é essencial em serviços de banda larga. Se o cobre utilizado é de má qualidade, os cabos têm que ser substituídos e, assim, a configuração FTTB será mais eficiente[13]. Na arquitectura FTTB/FTTO é instalada fibra óptica até ao edifício, que poderá ser um bloco habitacional (FTTB) ou um bloco de escritórios (FTTO), sendo a ONU partilhada por todos os clientes do edifício. O N U FIBRA ÓPTICA O N U Figura 47 Exemplo de uma arquitectura FTTB utilizando uma topologia em estrela passiva Da mesma forma da arquitectura descrita anteriormente, o último troço da rede, entre a ONU e o cliente, pode ser implementado usando pares de cobre, cabo coaxial ou rádio. Esta é uma situação intermédia entre a arquitectura FTTC e a arquitectura FTTH. A grande vantagem desta arquitectura em relação à FTTC é, para além da maior largura de banda potencialmente disponível a cada utilizador (pelo facto de a ONU ser partilhada por um menor número de utilizadores), requerer ONU’s menos sofisticadas e robustas e ter custos de manutenção menores.Deste modo, é possível fornecer alguns serviços interactivos de banda larga, isto porque as distâncias entre a ONU e o ponto de acesso ao serviço são bastante reduzidas em relação à solução FTTC.Esta arquitectura é adequada para zonas com grande densidade de blocos habitacionais e/ou de escritórios. Um exemplo de aplicação da arquitectura FTTB/FTTO é apresentado na figura seguinte, implementação de redes de acesso para um operador com uma rede já existente, considerando utilizadores em habitações multi-familiares (apartamentos). 108 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Figura 48 Habitações multi-familiares[68] Na Figura 48, pode-se observar uma das soluções possíveis para utilizadores em blocos de apartamentos, onde é feita ligação PON do ponto de acesso até edifício, e a partir desse ponto é utilizado cabo UTP até ao utilizador. 2.3.2.2.1.3 Fiber-To-The-Home (FTTH) A arquitectura FTTH é caracterizada por a ligação entre o cliente e a Central Local ser integralmente em fibra óptica. Neste caso não há partilha dos recursos electro-ópticos instalados do lado do cliente e o trabalho de construção civil necessário para reparar e manter esta rede é de grande custo. Geralmente, o custo dos elementos da rede diminui com o tempo o que não se verifica com custo do trabalho da construção civil. Todos estes factores fazem com que esta arquitectura seja uma solução pouco atraente do ponto de vista económico. Na Figura 49,ilustra-se esta arquitectura: Fibra óptica 109 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Figura 49 Exemplo de uma arquitectura FTTH utilizando uma topologia em estrela passiva Esta arquitectura é utilizada desde que a largura de banda requerida pelo cliente o justifique, i.e., se os serviços requeridos forem mais exigentes, como são os casos da televisão por cabo, video-on-demand, near video-on-demand, acesso rápido à internet, etc. Apesar da introdução de fibra óptica até ao utilizador final ser o ideal em termos de disponibilidade de velocidades de acesso, os estudos económicos apontam para uma estratégia de evolução gradual. Esta estratégia passa pelo recurso a tecnologias de aproveitamento das infra-estruturas eléctricas existentes, tal como referido anteriormente. Um exemplo de implementação de redes de acesso para um operador com uma rede já existente, considerando como utilizadores as pequenas e médias empresas, um mercado com elevadas potencialidades. Utilizando esta solução, os custos de operação, administração e manutenção da rede (OAM) são menores pelo facto de se usar fibra até ao utilizador. A alimentação e manutenção da ONU é da responsabilidade do utilizador, pelo que esta solução é pouco atraente sobretudo para os utilizadores residenciais. 2.3.3 Técnicas de transmissão A rede de acesso precisa de equipamentos de comutação e de multiplexagem, para encaminhar e separar a informação na fibra. Os atributos da tecnologia do sistema são portanto as técnicas de multiplexagem, o protocolo de acesso ao meio para configurações ponto-multiponto e as técnicas de modulação (basicamente classificadas como analógicas e digitais). 2.3.3.1 Métodos de Multiplexagem Os métodos de multiplexagem mais utilizados na rede de acesso são por divisão no tempo (TDM), por divisão de comprimento de onda (WDM) e de sub-portadora (SCM). Quando se pretende transmitir sinais correspondentes a vários canais, ou a diferentes serviços, na mesma fibra são aplicadas as várias técnicas de multiplexagem aos sinais eléctricos. 110 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.3.3.2.1 Redes de Acesso Sistemas SDM (Space Division Multiplexing) A solução mais elementar para transmissão bidireccional utiliza a técnica de multiplexagem espacial. A transmissão na sentido descendente e ascendente é efectuada em meios físicos distintos. A separação física da direcção de transmissão resolve o problema das reflexões ópticas e aumenta a flexibilidade na estrutura da rede. No entanto, esta técnica tem como desvantagem o número dos componentes (fibra, splitters e conectores) utilizados é o dobro dos necessários para outros métodos, logo os custos de cablagem, instalação e operação associados são mais elevados. Contudo o preço do cabo de fibra, componentes passivos e técnicas de junção continua a baixar o que terá provavelmente menor impacto no custo total do sistema. 2.3.3.1.2 Sistemas TCM (Time Compression Multiplexing) Este método utiliza uma técnica de multiplexagem por divisão no tempo onde a informação é dividida em slots, intervalos de tempo discretos, transmitida em rajada (burst). A informação a transmitir é primeiro comprimida e depois transmitida sobre uma única fibra, sendo a transmissão nos dois sentidos feita alternadamente. No receptor, acontece o processo inverso, i.e., a informação recebida é descomprimida. Para soluções baseadas numa PON, esta técnica consiste em distribuir determinado número de canais, atribuindo a cada canal um intervalo de tempo pré-definido. Esta técnica é simples e económica para baixas taxa de transmissão. Para grandes taxas de transmissão, os custos do interface desmultiplexador da ONU são elevados, o que leva a escolha de soluções mais económicas. 111 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 2.3.3.2.3 Redes de Acesso Sistemas CDM (Code Division Multiplexing) A informação é modelada por diferentes códigos ópticos, para a direcção ascendente e descendente. Os efeitos de reflexão do sinal transmitido são reduzidos devido à utilização de diferentes códigos para multiplexagem. Esta técnica explora a possibilidade de gerar pulsos de luz ultrasónicos para codificar cada bit de informação, sendo cada utilizador identificado por uma sequência de impulsos única. O principal obstáculo na utilização desta técnica é a necessidade de utilização de lasers capazes de gerar pulsos ultrasónicos (na ordem dos picosegundos, ou mesmo mais pequenos). Também aqui é usado o mesmo comprimento de onda para ambos os sentidos de transmissão. 2.3.3.1.4 Sistemas SCM (SubCarrier Multiplexing) Os sinais eléctricos no sentido ascendente e descendente, são modulados na frequência por diferentes sub-portadoras. O espectro de frequência dos dois sinais modulados são separados um do outro.Esta técnica de multiplexagem é aconselhável para grandes taxas de transmissão no sentido descendente, pois apesar da complexidade da OLT, a taxa de processamento na ONU é reduzida em relação a taxa de transmissão utilizada. Neste método também é utilizada uma única fibra e um único comprimento de onda para transmissão nos dois sentidos. 2.3.3.1.5 Sistemas WDM (WaveLength Division Multiplexing) Um aumento explosivo da utilização da Internet tem aumentado vertiginosamente o tráfego de dados comparativamente relação ao tráfego de voz. Uma consequência directa deste facto é o esgotamento da capacidade disponível das redes de telecomunicações. Logo, o aumento da capacidade das redes existentes tornouse o grande desafio, o qual conduziu à implementação de sistemas WDM (WaveLength 112 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Division Multiplexing, até 4 comprimentos de onda) e DWDM (Dense WDM, até 100 comprimentos de onda ainda na fase de testes laboratoriais) que aumentam significativamente a capacidade das fibras ópticas. Um sistema DWDM pode ser visto como um conjunto de canais ópticos paralelos, cada um usando um comprimento de onda diferente, mas partilhando o mesmo meio de transmissão, ou seja, uma mesma fibra pode multiplicar a sua capacidade pelo número de canais utilizados. Cada comprimento de onda pode ser considerado como um canal óptico, possibilitando, por exemplo, a transmissão de serviços RDIS, serviço interactivo de banda larga e difusão de canais TV digital e analógico nos diferentes canais. Esta tecnologia tem evoluído rapidamente, consequência do enorme interesse que tem sido alvo, sendo já possível aumentar a capacidade de uma fibra óptica até 100 vezes (100 canais) não sendo por isso necessária a instalação de novas fibras. 2.3.3.2 Redes de Serviços de Banda larga A tendência de evolução para uma rede de integração de serviços de banda larga, implica satisfazer determinados requisitos, nomeadamente de aumento da capacidade de transmissão e de uma nova arquitectura de rede. A substituição do cobre por fibra óptica como meio transmissão, não permite explorar a enorme capacidade disponível da fibra nem as propriedades únicas da tecnologia óptica, por isso muitas vezes não é uma boa solução do ponto de vista económico. É necessário definir interfaces que flexibilizem o transporte da informação, com especial atenção para as tecnologias SDH e ATM, uma vez que permitem manobrar, multiplexar e ter acesso a várias formas de tráfego digital, de um modo económico e mais eficiente . 2.3.3.2.1 Modo de Transferência Assíncrono (ATM) As redes ATM (Asyncronous Transfer Mode) encontram-se numa fase de experimentação e de expansão a nível nacional. De uma forma sucinta, podemos dizer que se baseiam na comutação de células de comprimento de 53 bytes, podendo ser interpretada como uma tecnologia de comunicação de dados que congrega vários 113 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso serviços. Estas células ATM são transmitidas independentemente do meio de transmissão, podendo ser transportadas sobre PDH ou SDH ou SONET, atendendo à sua transparência em relação ao meio de transmissão. Esta comutação de células de comprimento fixo torna a adaptação de largura de banda a novos serviços extremamente flexível. O ATM pode ser utilizado na rede local ou em outros tipos de rede. Com o ATM, é possível integrar diversos serviços, tais como serviços de voz, vídeo, dados e multimedia numa só rede, o que teoricamente permitiria acabar com redes baseadas em diferentes tecnologias que são desenvolvidas de forma desintegrada. Durante muitos anos o ATM, apareceu aos olhos dos projectistas como sendo um remédio para todas as doenças, na realidade a sua utilização está maioritariamente associada à banca. O ATM, recorda-me os jovens jogadores de futebol portugueses que no inicio da carreira são promessas de elevadíssima qualidade, cobiçados pelos mais prestigiados clubes de futebol europeu e que terminam a carreira na 2a divisão. O ATM apresenta como principais desvantagens : a complexidade de implementação e os custos elevados da implementação. No entanto, a implementação de uma solução puramente ATM para serviços residenciais de banda larga apresenta várias vantagens importantes, como seja: suporte integral de multiplexagem/desmultiplexagem dos serviços transmissão por rajada (burst), de taxa variável ou constante suporte de serviços interactivos de voz e vídeo gestão e operação de rede simplificada 2.3.3.2.2 Redes ópticas passivas baseadas em ATM (ATM-PON) O aparecimento de sistemas FITL que oferecem flexibilidade necessária e suficiente para adaptar as necessidades actuais e futuras conduz ao conceito de PON. As duas técnicas de acesso mais usadas para a transmissão ao longo de PONs são TDMA e a SCMA. O primeiro sistema baseado no método TDMA, desenvolvido em 1989, foi o sistema TPON que originaria posteriormente o sistema ATM-PON.. 114 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso A PON baseada em ATM, utiliza mecanismos de transporte baseado em ATM na rede óptica usando tecnologias TDM/TDMA. Liga até 32 utilizadores à rede PON e disponibiliza flexibilidade na velocidade de acesso ao sistema (622 Mbps ou 155 Mbps no sentido descendente, 155 Mbps no sentido ascendente). No sentido descendente, é implementado o método de multiplexagem ATM das células, enquanto que o protocolo TDMA controla o acesso dos utilizadores à rede no sentido ascendente, assegurando que dois ou mais ONU’s não transmitam simultaneamente. Em ambas as direcções as células ATM são encapsuladas nos chamados pacotes APON. 2.3.3.2.3 Rede de Acesso Óptica Multi-Serviços (FSAN) A rede de acesso óptica Multi-Serviços (FSAN – Full Service Access Network) aparece assim como uma solução. Esta rede é capaz de suportar serviços tais como serviços de banda estreita, difusão, interactivos de banda larga, entre outros. O principal objectivo deste sistema é a harmonização da rede de acesso e dos parâmetros através da definição dos requisitos comuns, assentando sobre esta infra-estrutura comum todos os serviços e seus operadores criando um verdadeiro conceito de rede aberta. Os novos serviços são baseados principalmente nas capacidades de banda larga, com a integração de vídeo e/ou dos componentes multimédia. Isso engloba uma vasta gama de serviços com requisitos de largura de banda e interactividade diferentes. O objectivo é, portanto, implementar um sistema que permita acelerar a introdução de serviços de banda larga na rede pública de forma economicamente viável para os operadores. Rede de Acesso Rede de Linhas Alugadas Utilizador Serviços Distribuídos NT Servidor Multimédia ATM Core Network Ponto de Acesso Rede de Linhas Alugadas Telefonia PC Multimédia Centro de Operações Set-Top TV Serviços Telefónicos Gateway do Serviço Figura 50 Arquitectura genérica da FSAN 115 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Para a rede de acesso, diversas topologias são possíveis, tais como fibra óptica (ponto-aponto ou rede óptica passiva), híbrida fibra-cobre (HFC) com vários graus de penetração de fibra, tecnologias xDSL sobre pares de cobre ou rádio. As configurações de rede podem ser, por exemplo, ponto-a-ponto, ponto-multiponto com ponto de repartição situado no interior da central, ou em qualquer ponto na área de distribuição, ou uma configuração ponto-multiponto com ponto de repartição distribuído. O sistema FSAN é baseada em ATM-PON e utiliza a tecnologia TDM/TDMA como método de transmissão entre a ONU e a OLT, ou seja, no sentido ascendente, utilizando WDM no sentido descendente. 2.3.3.2.4 Rede BBL (BroadBandLoop) Este sistema foi planeado para fornecer tanto serviços de banda estreita como serviços de banda larga, tais como acesso rápido à Internet e video-on-demand, a utilizadores residenciais e de pequenas e medias empresas. Em áreas onde a penetração de POTS é alta e a qualidade do cobre instalado é boa, o sistema BBL usa os pares de cobre para transmissão de serviços de banda larga. Mais tarde quando o cobre precisar de ser substituído, ou o cobre instalado for insuficiente, os serviços de banda estreita serão ligados através do sistema de banda larga. Por outro lado, em áreas sem cobre instalado (greenfield) ou com cobre de má qualidade é desenvolvida desde o início um sistema integrado tanto para serviços de banda estreita como de banda larga. No entanto, projecto BBL inicialmente foi projectado para aferir em sistemas experimentais, o conceito FSAN com uma introdução gradual da fibra óptica na rede à medida que a utilização da largura de banda aumenta. A topologia de rede BBL está representada na figura seguinte. 116 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso Single Business customer Max 4 x E1 Office ONU in box ONU 2 x ATM 25 SDH Ring (STM-1 or STM-4) Multiple Residential/ Small Business customers Passive Splitter Shelf ONU with ATM25, Ethernet, xDSL cards MAX 4 x E1(For PMUX support) ONM OLT NT n x xDSL 155Mbit/s ATM 25 SIM n x 51Mbit/s n x 51Mbit/s Residential customers Outdoor ONU with 8 x xDSL ONU xDSL xDSL NT ATM 25 NT ATM 25 Figura 51 Sistema BBL [91] Este sistema é baseado numa PON com uma única fibra com razão de divisão máxima de 16, ao contrário do que acontece com o sistema FSAN que tem uma divisão máxima de 32. A largura de banda da PON é de 155Mbps bidireccional podendo ser aumentada para 1Gbps no sentido descendente e 576Mbps no sentido ascendente. A PON consiste numa OLT (Optical Line Termination), numa ODN (Optical distribution Network) e ONU’s (Optical Network Unit). A ligação entre os utilizadores e a ONU pode ser directa, utilizando fibra ou usando uma tecnologia VDSL sobre o cobre, dependendo da aplicação.A PON BBL suporta tráfego síncrono e assíncrono na rede de acesso. A separação e tratamento do tráfego síncrono e assíncrono é feita na OLT no ponto de acesso. O sistema BBL impõem transparência quer para os serviços convencionais de banda estreita quer para os novos serviços de banda larga. Para clientes residenciais e PMEs a rede é redesenhada e optimizada. Na figura seguinte ilustra-se uma rede típica onde um anel SDH fornece tráfego a certo número de pontos de acesso (AP – Access Points) [13]. 117 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso DP AP ATM Switch POTS ISDN Switch AP SDH Ring AP FP DP FP DP DP AP FP DP Figura 52 Área de acesso típica [13] Um concentrador remoto localizado no ponto de acesso fornece serviços através de par entrançado de cobre. As linhas de cobre são organizadas em pontos de flexibilidade (FP – Flexibility Points) e pontos de distribuição (DP – Distribution Points) entre o AP e o cliente. Os nós de serviço para banda estreita e ATM estão localizados nas “costas” da rede. Em áreas onde a penetração da rede telefónica POTS (Plain Old Telephony Service) é alta e a qualidade dos cabos de cobre boa, o sistema BBL vai usar o cobre para transmissão de banda larga. Mais tarde, quando o cobre necessitar de substituição ou os recursos existentes forem insuficientes, os serviços de banda estreita passam a ser fornecidos através do sistema de banda larga. 2.3.3.3.3 SDH Durante a ultima década, tem-se verificado uma completa renovação dos sistemas de telecomunicações. Com a introdução de novos serviços surgiu a necessidade de se inserirem novas tecnologias nas redes com o objectivo de satisfazer a procura de largura de banda pelos clientes. Um dos casos típicos é a introdução dos sistemas de transmissão da tecnologia SDH (Síncrona) em detrimento da tecnologia PDH (Pleosíncrona). Esta tecnologia, tem como principais inovações a possibilidade de permitir débitos mais elevados, logo maior largura de banda, que podem ir até aos 10 Gbps (o PDH ia até aos 565 Mbps). A própria estrutura da trama permite aceder directamente a outros débitos sem utilizar multiplexagem até aos 2 Mbps, 34 Mbps ou 118 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Redes de Acesso 140 Mbps e posterior multiplexagem, directamente a partir da trama STM-n, permitindo valores mais elevados de disponibilidade uma vez que o número de equipamentos na cadeia de transmissão é menor. Esta tecnologia permite também uma gestão centralizada, o que possibilita uma maior eficácia de monitorização da rede e uma maior rapidez na reparação de eventuais avarias com a possibilidade de, através de tele-comandos, se poder baldear o trafego entre circuitos reduzindo o tempo de corte (normalmente, a estrutura SDH é em anel que, no caso de ocorrer um corte numa secção óptica, os nós adjacentes a esse corte façam um loop para o lado do equipamento, permitindo que não se verifique corte de trafego, uma vez geralmente usam protecção do tipo SNCP ou MSSPRING)[70]. Outra das principais vantagens é que com o SDH passou a haver uma normalização das hierarquias de transmissão, o que não se verificava no PDH, uma vez que havia uma hierarquia japonesa, uma norte americana e outra européia, que obrigava a adaptadores de débito nas ligações intercontinentais[72]. O SDH é uma tecnologia popular entre operadores e funciona em muitos países, sendo uma técnica de transporte muito comum. A plataforma baseada em SDH é apresentada na figura seguinte [13]. Apresenta uma estrutura em anel na área metropolitana de acesso e uma topologia de acesso baseada em fibra ponto-a-ponto. 119 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS UNI ... Redes de Acesso SDH VDSL VDSL SDHoverDWDM Remote DSLAM Flexible ring structureSDH Core Multiplexer Flex Mux Mux VDSL ... Cabinet ... Flex Mux Frame /Cell Relay Interactive Video Comutação Metro Leased Line Telephone Flex Mux Acesso Internet Internet SNI Figura 53 Plataforma SDH O sistema de acesso baseado num anel ATM sobre SDH é composto por diversos anéis com um nó principal que funciona como OLT, disponibilizando o interface para a rede core, e diversos nós secundários que funcionam como ONU disponibilizando os interfaces para os clientes. Figura 54 Sistema de acesso baseado num anel ATM [13] 120 Capitulo 3 Rádio na Rede de Acesso A era rádio iniciou-se à aproximadamente 150 anos , 1864, com dois cientistas europeus: James Clerck Maxwell e Heinrich Rudolf Hertz. Maxwell apresentou as equações de Maxwell unificando toda a teoria de Lorentz, Faraday, Ampere e Gauss. Apenas 20 anos depois Hertz validou as ideias de Maxwell e conseguiu gerar, transmitir e receber ondas rádio no laboratório. Só após mais 20 anos um jovem ambicioso de seu nome, Gugliemo Marconi, decidiu transmitir informação via rádio, esse invento permitiu-lhe abrir uma empresa de transmissão que enviava informação de um continente para outro sem nenhuma ligação física. O invento de Marconi permitiu fazer com que os barcos já não estivessem isolados em alto mar, inclusive a ligação feita a bordo do Titanic impressionou a sociedade da altura. Assim apareceu o telegrafo como meio de comunicação rápida. Este invento deu o prémio Nobel a Marconi em 1909. Em 1907 a válvula de vácuo de DeForest permitiu Na década de 1900 as transmissões rádio ocorriam em comprimentos de onda muito elevados, e a geração de sinais rádio consistia em alternadores de Alexanderson, e muitos outros dispositivos laboratoriais. construir o primeiro rádio de CW, o que permitiu sinais a frequências muito mais elevadas, ainda assim abaixo dos 1.5 Mhz, e a potências mais elevadas. Em 1920, pela primeira vez foi implementado um sistema de rádio broadcast para os carros da policia em Detroit. A partir desse momento, assistimos a um aumento das comunicações via rádio bastante significativo, principalmente em sistemas de 121 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Rádio na Rede de Acesso emergência e marítimos. Na segunda guerra mundial apareceu o radar, que foi um dos sistemas rádio mais importante nessa década. Para comunicações de longo percurso utilizavam-se tipicamente sistemas baseados na propagação da troposfera. Em 1959, Pierce e Kompfner visionaram a emissão de comunicações transoceânicas via satélite. Este facto revestiu-se de grande importância, pois abriu uma era de comunicações globais via satélite que ainda perdura. Depois de 1980 os telefones sem fios e os telefones celulares tornaram-se muito populares e tiveram um crescimento muito rápido. Hoje os chamados sistemas de comunicação pessoal , emitem com altas taxas de transmissão e permitem vários serviços, como voz, e-mail, vídeo, etc. No entanto, os sistemas de rádio na rede de acesso, ao longo dos últimos anos sofreram um desenvolvimento acentuado, consequência evidente dos avanços que, de um modo geral, têm caracterizado as tecnologias da informação e das telecomunicações. Assim como a sua utilização sofreu evoluções, sendo actualmente muito vasto o leque de serviços fornecidos, como sejam aplicações que vão deste as convencionais comunicações de voz e dados às comunicações de alto débito para serviços multimédia. A interface rádio é uma solução tecnológica com custos bastante mais baixos, comparativamente com os custos inerentes às soluções que assentam em meios físicos que não o ar. Este tipo de tecnologia, pode no futuro, vir assumir um papel de grande relevo na Rede de Acesso e nos serviços mais exigentes em termos de largura de banda. Os primeiros sistemas de rádio na rede de acesso surgiram nos Estados Unidos da América 1950, com o objectivo de fornecer serviço telefónico a regiões isoladas. Com os novos sistemas não eram necessárias ligações físicas entre os utilizadores e a unidade de comutação. Hoje, e perante uma sociedade de consumo exigente, o conjunto de objectivos tornou-se mais amplo, com o intuito de [13]: satisfazer o crescente aumento da procura de telecomunicações; suportar novos serviços; permitir a expansão e modernização das redes existentes num curto espaço de tempo; suportar novas redes de telecomunicações; A tecnologia rádio na rede de acesso nasce como uma alternativa à ligação física que é uma característica comum aos fios de cobre e fibras ópticas. A utilização de sistemas de rádio apresentam algumas vantagens face aos tradicionais sistemas das redes fixas. São sistemas direccionados para ambientes urbanos e ambientes rurais, são mais económicos, a sua instalação é rápida, são flexíveis, e não necessitam de ligações físicas. Apresentam algumas limitações ao nível do espectro radioeléctrico, da largura de banda, exigindo um planeamento eficiente, por forma a possibilitar a oferta de elevadas capacidades permitindo níveis de qualidade de serviço (QoS) minimamente aceitáveis. 3.1 Configurações dos Sistemas de Rádio na Rede de Acesso Os sistemas de rádio na rede de acesso permitem diversas configurações de rede de acordo com as aplicações a que se destinam, podendo ser do tipo: Ponto-a-Ponto; Ponto-Multiponto; Ponto-Multiponto com cobertura celular. 3.1.1 Configuração Ponto-a-Ponto Os primeiros sistemas de rádio para a rede de acesso eram implementados com uma configuração do tipo ponto-a-ponto. Esta designação ficou a dever-se ao facto destes sistemas apenas estabelecerem ligações entre dois pontos específicos da rede de telecomunicações, nomeadamente, entre a central de comutação e os terminais dos utilizadores. Uma vez que, que a sua função era garantir o serviço telefónico nas zonas rurais isoladas, estes eram também conhecidos por Sistemas Rurais. 123 CONTROLADOR RADIO Figura 55 Exemplo de uma configuração Ponto-a-Ponto [13] A configuração dos sistemas ponto-a-ponto, apesar de ter surgido associada a condicionalismos tecnológicos, continua a ser utilizada em diversas circunstâncias, nomeadamente: ligação de aldeias remotas e isoladas à rede fixa de telecomunicações (Figura 55); ligações dedicadas para comunicações integradas de voz, dados e multimédia. Os sistemas mais recentes, apesar de conceptualmente idênticos aos primeiros sistemas rádio ponto-a-ponto, suportam serviços avançados de telecomunicações e possibilitam a ligação de vários terminais. 3.1.2 Configuração Ponto-Multiponto Os sistemas ponto-multiponto (Figura 56) surgiram com o objectivo de fornecer serviços de telecomunicações a certas zonas, que por diversos condicionalismos, a instalação de redes cabladas não se mostrava adequada, essencialmente, devido a determinadas características, entre as quais se incluem a elevada dispersão dos utilizadores e/ou a grande irregularidade dos terrenos. 124 FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU ESTAÇÃO DE COMUTAÇÃO FAU FAU Figura 56 Exemplo de uma configuração Ponto-Multiponto [13] A designação ponto-multiponto advém do facto destes sistemas permitirem, dentro da sua área de cobertura, a ligação de diversos terminais (na ordem das centenas) a um nó da rede fixa de telecomunicações, mais concretamente, a uma estação de comutação, podendo servir áreas cujos raios chegam a atingir várias dezenas ou centenas de quilómetros. Estes sistemas são também conhecidos por Sistemas Zonais. 3.1.2.1 Configuração Ponto-Multiponto com Cobertura Celular Os sistemas de rádio na rede de acesso do tipo ponto-multiponto com cobertura celular (Figura 57) surgiram pela transposição das tecnologias utilizadas pelos sistemas móveis celulares. Estas configurações caracterizam-se pela divisão da área a servir em múltiplas células que fazem uso de diferentes frequências. A transposição destas tecnologias, nomeadamente, a aplicação do conceito celular, resultou num aumento da capacidade de tráfego permitida por estes sistemas e, consequentemente, no alargamento do seu espectro de aplicação, possibilitando a sua utilização tanto em cenários urbanos como suburbanos e rurais. Estes sistemas têm, habitualmente, a designação de Sistemas Celulares. 125 FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU FAU Figura 57 Exemplo de uma configuração Ponto-Multiponto com Cobertura Celular [13] Mais recentemente, surgiu uma nova variante dos sistemas ponto-multiponto com cobertura celular, resultante da utilização das tecnologias de comunicações “sem fios” (cordless). Estes sistemas são habitualmente designados por sistemas micro celulares. A designação de micro celular deve-se, obviamente, à dimensão das células utilizadas, que neste caso são da ordem das centenas de metros (< 1 km). 3.2 Sistemas de Rádio na Rede de Acesso Actuais Existem diversas soluções rádio para a implementação de redes de acesso, que apresentam características diversificadas aos mais variados níveis: tecnologias rádio, técnicas de acesso ao meio, configurações de rede, arquitecturas e serviços suportados[72]. Face ao cabo ou fibra, as tecnologias de acesso via rádio apresentam vantagens, nomeadamente no que se refere à facilidade de instalação da infra-estrutura (eliminando a necessidade de negociação de direitos de passagem, embora exista a necessidade de garantir os locais para colocação de equipamento), e no factor custo, na medida em que os valores subjacentes são inferiores a uma solução “terrestre”. Não obstante a viabilidade económica deste tipo de rede de acesso depende em grande medida do perfil de consumo dos clientes, não sendo indicada para padrões de consumo reduzidos, dados os custos fixos mínimos associados a cada ligação a um cliente final. 126 Ritmo de transmissão, Mbits/s Terminais Fixos 100.0 10.0 Hiper LAN Wireless LAN 1.0 UMTS 0.1 DECT GSM/GPRS 0.01 Casa ou escritório Edifício Interior Estacionamento Pedestre Veicular Exterior Figura 58 Sistemas Rádio na rede de acesso [Adaptado de 74] 3.2.1 Sistemas Analógicos Apesar de estarem a ser gradualmente substituídos pelos modernos sistemas de rádio na rede de acesso baseados em tecnologias digitais, os sistemas analógicos ainda representam uma larga quota de sistemas instalados e em funcionamento. Embora incapazes de suportar serviços avançados de telecomunicações (RDIS, N x 64 kbps, etc.), continuam a apresentar a melhor relação entre serviços disponibilizados e custo do equipamento, especialmente em cenários onde se pretenda apenas fornecer o serviço básico de telefone, e onde devido aos baixos níveis de densidade habitacional, se verificam taxas de tráfego reduzidas. Assim, é lícito afirmar que os sistemas analógicos de rádio na rede de acesso irão, pelo menos até que os custos dos sistemas digitais baixem para níveis comparáveis, continuar a desempenhar um papel preponderante no fornecimento do serviço telefónico em zonas remotas e isoladas, caracterizadas por baixos índices de densidade habitacional [72]. 127 3.2.2 Sistemas Digitais Os sistemas de rádio modernos para a rede de acesso, baseados nas tecnologias de comunicações móveis e comunicações sem fios (cordless), disponibilizam um conjunto diversificado de soluções que vão desde as aplicações urbanas, onde a capacidade de tráfego é um factor decisivo, às aplicações suburbanas e rurais que têm características heterogéneas no que concerne à capacidade de tráfego em função da área de cobertura. Para além desta flexibilidade, face aos cenários de aplicação, estes sistemas possibilitam para além dos serviços convencionais (voz, fax e transmissão analógica de dados), o fornecimento de serviços avançados de telecomunicações como RDIS, N x 64 kbps e acesso rápido à Internet[72]. A todas estas características, acresce a diversidade existente em termos de arquitecturas que permite a instalação das infra-estruturas necessárias com base nas necessidades de tráfego e nas áreas de cobertura (arquitecturas modulares e adaptáveis), e/ou o reaproveitamento das infra-estruturas das redes móveis celulares existentes e instaladas. 3.2.3 Sistemas de Comunicações Móveis As comunicações móveis atravessam diversas gerações de implementação. A transição entre cada geração pode ser descrita por: Analógico Digital 1ª Geração Voz- Multimédia 2ª Geração 3ª Geração Figura 59 Gerações da s comunicações móveis O grande desenvolvimento das tecnologias de comunicações móveis levou ao aparecimento de diversos sistemas e serviços (analógicos e digitais). Globalmente, os sistemas de comunicações móveis estão divididos em três grupos designados por: 128 sistemas da 1ª geração (sistemas analógicos); sistemas da 2ª geração (sistemas digitais); sistemas da 3ª geração, como por exemplo o sistema UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) 3.2.3.1 Sistemas Analógicos Os sistemas iniciais de comunicações móveis existentes na Europa baseavam-se em sistemas analógico, o mais utilizado foi o TACS, Total Access Communications Systems. Nos Estados Unidos a forma analógica era apelidada de AMPS, Advanced Mobile Phone Service, e ainda hoje é utilizado. Normas de Rádio Móvel AMPS TACS ETACS NMT 450 NMT 900 824-849 890-915 872-905 453-477.5 890-915 Banda atribuida (Mhz) Espaçamento em frequência (Khz) Número de Canais Região 869-894 935-960 30 25 832 América Austrália Ásia SE África 1000 Europa África 917-950 463-467.5 935-960 25 1240 25 12,5 180 Europa 1999 Inglaterra África Ásia SE Àsia SE Tabela 2 Características dos sistemas analógicos [75] 3.2.3.2 Sistemas Digitais Os sistemas celulares foram desde sempre bem aceites pelo mercado, mas rapidamente começaram a saturar, quer seja por capacidade, qualidade ou serviços disponibilizados. Os serviços digitais fornecem melhores desempenhos em: Aumento da capacidade, por exemplo multiplexagem temporal Aumento da qualidade, nos analógicos qualquer alteração da interface ar podia alterar a qualidade, no caso digital este fenómeno é diminuído O serviço digital permite fornecer um número elevado de serviços, de dados por exemplo, que não eram possíveis de se fornecer com o serviço analógico. Influencias políticas e económicas forçaram ainda mais esta introdução 129 As capacidades de “roaming” em áreas extensas e internacionais foram aumentadas com a introdução dos sistemas digitais. Assim como, uma maior segurança contra fraudes através da validação do terminal e autenticação do utilizador e as capacidades de encriptação que possibilitam maior privacidade e segurança da informação. Uma gama mais vasta de serviços foi proporcionada. A tabela seguinte, apresenta um resumo dos sistemas digitais existentes. SISTEMAS MÓVEIS DIGITAIS EXISTENTES Sistema IS-54 IS-95 PCS 1900 Sistema GSM DCS 1800 AMÉRICA DO NORTE Banda Modulação Técnica de Largura de Banda de Utilizada Acesso canal Múltiplo 30 kHz 824-894 π/4-DQPSK TDMA/FDD MHz 824-894 π/4-DQPSK CDMA 1.25 MHz MHz 1900 MHz GMSK TDMA/FDD 200 kHz EUROPA Banda Modulação Técnica de Largura de Banda de Utilizada Acesso canal Múltiplo 890-960 GMSK TDMA/FDD 200 kHz MHz 1710-1860 GMSK TDMA/FDD 200 kHz MHz Tabela 3 Sistemas Móveis Digitais Os sistemas digitais mais utilizados são na América o IS-54 e o IS-9, Interim Standard, na Europa o GSM, Global system for mobile communications, e no Japão o JDC (Japanese Digital Cellular). 3.2.3.2.1 Sistema GSM (Global System for Mobility) A International Telecommunications Union (ITU) alocou as bandas de 890-915MHz a 935-960MHz para as redes móveis na Europa. A primeira banda de 15MHz destina-se a comunicações a partir do terminal móvel para a Estação Base e a segunda banda, de 25MHz, da Estação Base para o terminal móvel. Estas acções designam-se, respectivamente, por uplink e downlink. Quando o GSM estava a ser desenvolvido, as bandas de 15MHz estavam já a ser utilizadas pelos telemóveis analógicos. Porém, a Conference of European Posts and Telegraphs (CEPT) 130 reservou os 10MHz superiores de cada banda para a comunicação de GSM. As redes analógicas estão a ser gradualmente encerradas, pelo que, eventualmente, será alocada ao GSM toda a largura de banda dos 50MHz (25MHz uplink e 25MHz downlink). O sistema GSM utiliza a banda de frequência dos 900 MHz, tendo uma largura de banda de 50 MHz que está dividida em duas sub-bandas: os canais uplink utilizam a banda de frequência que vai dos 890 MHz – 915 MHz (móvel para a estação base); os canais downlink utilizam o intervalo de frequências de 935 MHz – 960 MHz (estação base para o móvel). A largura de banda rádio está dividida em pares de frequências de 124 portadoras, e cada portadora está codificada digitalmente segundo a técnica TDMA. A modulação rádio utilizada é a GMSK (Gaussian Minimum Shift Keying). A tabela seguinte, apresenta um resumo dos sistemas digitais existentes. 3.2.3.2.2 Sistema UMTS (Universal Mobile Telecom. System) O sistema de 3.ª geração destina-se essencialmente a unificar os sistemas de comunicações móveis e o fornecimento de diversos serviços de telecomunicações, que vão desde a voz até às transmissões de elevado débito, serviços multimédia, com uma qualidade comparável à da rede fixa. Em Portugal, a atribuição das quatro licenças de UMTS foi efectuada por “concurso de beleza”. A data para inicio de comercialização prevista era 1 de Janeiro de 2002, no entanto pensa-se que em finais de 2002 seja iniciado o lançamento do sistema.3G. 131 Figura 60 Número de subscritores celulares por região Fonte : ARC Apesar dos sucessivos adiamentos, as expectativas em relação ao UMTS são muito elevadas. Estima-se que no ano 2010 se atinja os 2 Biliões de utilizadores.A cobertura oferecida pela Terceira Geração irá ser a nível Global: em casa dos utilizadores no trabalho na rua e áreas urbanas meios rurais e zonas remotas espalhadas pelo mundo A tabela da página seguinte sumaria as taxas de transmissão em função das características da área de cobertura do sistema UMTS. DÉBITO CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE BINÁRIO COBERTURA Macro celular (wide area 144 kbps coverage) Micro celular (local area 384 kbps coverage) Pico celular em ambientes 2 Mbps interiores 9.6 kbps Satélite Tabela 4 Taxa de transmissão em função das características da área de cobertura 132 Os utilizadores poderão migrar entre as várias redes terrestres e por satélite com a mínima interrupção, permitindo uma cobertura universal e uma mobilidade quase total. Zona 4: Zona 3: Satellite Zona 2: Zona 1: Dentro do edíficio Celula Mundial Macro celula 2Gs: Rede de Satélites Micro celula Rede Móvel e Rede Fixa Pico celula Rede residencial privada e Rede Fixa Figura 61 Cobertura do UMTS[81] Ao contrário da Segunda Geração onde os serviços têm uma especificação precisa, o UMTS tem uma visão de criação de uma plataforma onde se introduzem serviços inovadores. As vantagens da tecnologia UMTS são enormes: Vantagens para os utilizadores: Serviços úteis, terminais de fácil utilização Ligação de alta velocidade onde se paga apenas o tráfego (ligação permanente) Gestão de tráfego (esquema de prioridades entre serviços) Benefícios económicos Reaproveitamento da infra-estrutura existenteOportunidade de mercado anual representa cerca de 120 biliões de Euros (serviços e venda de terminais) 133 3.2.3.3 Sistemas de Comunicações Móveis por Satélite A nova geração de comunicações móveis por satélite é parte integrante da terceira geração de sistemas IMT-2000. Esta nova geração, nomeadamente o GMPCS (Global Mobile Personal Communications by Satellite) está projectado para suportar débitos de transmissão equivalentes ao actual sistema GSM, ou seja, não superiores a 9.6 kbps, mas com possibilidade de oferecer cobertura em todo o globo. A diferença imediata entre o UMTS e o GMPCS, é que o primeiro tem como objectivo principal fornecer serviços com taxas de transmissão muito elevadas, enquanto que o último aposta na garantia de uma cobertura global, padecendo, no entanto de fortes limitações impostas pelas leis da física, que condicionam a oferta de serviços que envolvam elevados débitos de transmissão.[72]. O espectro identificado para UMTS/IMT-2000 para os serviços Terrestres e de Satélite deveria estar disponível no ano 2002 de acordo com o mercado. O UMTS está a ser concebido para funcionar a nível global, compreendendo redes terrestres e redes por satélite. Para a rede terrestre foi calculado 582 MHz de largura de banda: Para ambientes urbanos é necessário mais 187 MHz pelo ano 2010 Para o serviço por satélite: Até ao ano 2005 - 2*123 MHz e no ano 2010 - 2*145 MHz estando previsto ainda outros bandas de frequência 3.2.3.4 Sistemas Microcelulares Os sistemas microcelulares permitem elevadas capacidades, pois as células utilizadas são de pequenas dimensões (pico- ou micro-células), permitindo uma utilização mais adequada das frequências, que se traduz obviamente numa gestão mais eficiente do espectro radioeléctrico. Na tecnologia microcelular, os desvanecimentos lento e rápido do sinal, provocados em geral, pelo efeito sombra e por sinais interferentes resultantes de multipercursos respectivamente, não são tão acentuados. As potências envolvidas são 134 baixas, permitindo a utilização de terminais portáteis de menores dimensões, no entanto, com maior autonomia. Um dos problemas inerentes a este tipo de tecnologia é o curto alcance das estações base (poucas centenas de metros), necessitando de muitas estações base para efectuar a cobertura de pequenas áreas. Todavia, o controlo de rede é mais fácil, sendo possível atribuir as portadoras às estações base com mais tráfego e alterar a técnica de modulação com custos reduzidos. Exemplos de sistemas microcelulares utilizados pelo mundo fora são: CT2, DECT, PHS, PASC, etc. No entanto, estima-se que menos de 20 %da área Mundial esteja coberta pelas redes terrestres. Serão os satélites a assegurar a cobertura mundial. A tendência actual é que as diferenças de preços entre redes terrestres e via satélite pensa-se que se irão manter. Na figura seguinte, podemos observar o espectro disponível para UMTS e Satélite. 300 Requisitos futuros de banda (17 MHz by 2005, 61 MHz by 2010) 250 2520-2535/2655-2670 MHz (30 MHz) 200 2500-2520/2670-2690 MHz (40 MHz) Satélite Global (MHz) 150 1980-2010/2170-2200 MHz "IMT-2000 bands" (60 MHz) MM Interctivo 100 1610-1626.5/2483.5-2500 MHz (16.5 MHz) Medio MM (asym) 50 Baixa Taxa Dados 1525-1559/1626.5-1660.5 MHz (66 MHz) Voz 0 2005 2010 Ano Figura 62 Espectro UMTS para satélites 135 3.2.4 Acesso Fixo Via Rádio (FWA) A escassez de recursos económicos obriga a que a implementação da rede seja rápida, de forma a abranger o maior número de clientes possível, utilizando tecnologias de baixo custo. Em países com baixa penetração , a procura condiciona uma rápida instalação da rede. No entanto, deverá ser considerado a possibilidade de um rápido crescimento no nível de exigência dos consumidores. Em países com elevada penetração, os operadores têm que disputar o mercado com forte concorrência tendo possivelmente que se destacar com serviços inovadores ou simplesmente satisfazer alguns nichos de mercado menos satisfeitos. O FWA (Fixed Wireless Access) aparece como uma das soluções possíveis para todos estes problemas. O FWA consiste num sistema que interliga todos os equipamentos do cliente à rede telefónica pública utilizando sinais de rádio. Em Portugal as licenças de Acesso Fixo Via Rádio formam atribuídas aos novos operadores em Novembro de 1999. Cliente Nó de Distribuição Central de Comutação Local Cliente Cliente Nó de Distribuição Cliente Figura 63 Rede de Acesso Via Rádio O FWA tem como principal orientação, a substituição das tradicionais ligações por cobre no segmento entre o ponto de distribuição e as instalações do cliente por ligações rádio, oferecendo serviços com qualidade equivalente. 136 Os sistemas FWA são uma solução para a ligação do último troço da rede de telecomunicações ao cliente, através de tecnologia rádio que substitui o cobre que liga os clientes à rede telefónica. Muitas das vezes, também se usa o termo WLL (Wireless Local Loop) para designar este tipo de sistemas. [76,77] O FWA introduz um conceito novo que é a sua capacidade de permitir a coexistência de diferentes tecnologias sem fios no interior de uma única área geográfica, pertencentes e operadas por diferentes fornecedores de serviços de telecomunicações. O acesso rádio tem algumas vantagens/desvantagens relativamente ao acesso tradicional. Atendendo ao desenvolvimento das tecnologias rádio, os custos de instalação tornam-se mais baixos. Outra mais valia, é a elevada flexibilidade na gestão do equipamento. O equipamento pode ser adquirido consoante o crescimento da procura (o que não acontece com a rede de cobre, que tem que ser instalada antes de haver qualquer procura). O equipamento pode ser deslocado de clientes que desistiram do serviço para novos clientes). Apresenta no entanto como desvantagem, o facto de existirem limitações na largura de banda disponível. O aumento do número de clientes para além do planeado poderá conduzir a uma degradação do serviço, à semelhança de outras tecnologias. As possibilidades de sucesso do FWA variam de acordo com a envolvente contextual. Quando o mercado das telecomunicações é abundante em oferta de serviços, um operador naturalmente sente certas dificuldades de crescimento. A solução passará pela oferta de novos e melhores serviços, tentando direccionar a sua actividade para nichos de mercado em que os clientes se encontrem menos satisfeitos. As funcionalidades e serviços pretendidos condicionam fortemente a tecnologia a utilizar e consequentemente o montante do investimento assim como o ambiente competitivo em que se inserem as mesmas, ver Tabela 5 . 137 Acesso Mobilidade Telefónico Nenhuma Tradicional Acesso Total Móvel Acesso sem Limitada Fios FWA Qualidade Excelente Preço Baixo Variável Boa e Excelente Exige-se Alto Médio Baixo Nenhuma Excelente Serviços Mercado Vários todos os lares Todos os individuos Habitantes de Limitados cidades Todos os lares vários na área de cobertura Limitados Tabela 5 Ambiente competitivo O FWA não está previsto oferecer mobilidade. No entanto, a utilização de ligações rádio pode permitir mobilidade. Uma possível forma de permitir alguma mobilidade seria a utilização de um equipamento portátil. Dada a inferior potencia de um equipamento portátil e a utilização de antenas omnidireccionais (em vez de direccionais), a mobilidade será restringida a uma pequena área próxima da estação base. Esta situação coloca problemas, pois o serviço de mobilidade será disponibilizado apenas a clientes que habitam próximo da estação base. Outra forma seria utilizando aparelhos convergentes , que acedam alternadamente ao FWA ou a redes celulares. No entanto, se o operador em FWA não possuir uma rede celular , perderá as receitas do trafego encaminhado pela rede celular. A solução aparentemente mais viável passará por instalar uma base DECT nas instalações do cliente, o que permitiria mobilidade num pequeno raio. O FWA está na sua primeira geração, ainda não se encontra normalizado, sendo várias as tecnologias de acesso rádio adoptadas para a sua implementação, de acordo com a envolvente. Os sistemas celulares foram projectados para fornecer mobilidade em áreas de dimensões consideráveis, permitindo roaming. Os sistemas sem-fios foram projectados para fornecer mobilidade num área muito restrita, sem possibilidade de roaming. Após um periodo inicial em que os sistemas existentes (celulares e sem fios) eram adaptados para FWA, começaram a surgir produtos concebidos especialmente para o efeito. No entanto, estes produtos utilizam tecnologias proprietárias, o que implica incompatibilidade entre produtos de diferentes fabricantes. As principais vantagens para este tipo de acesso são as seguintes: 138 Forma rápida de fornecer redes de acesso ou complementar a rede existente com mais capacidade. Velocidade e facilidade de adicionar novas linhas de cliente para os serviços existentes. Possibilidade de fornecer novos serviços com maiores requisitos de largura de banda. Baixo investimento necessário para adicionar grandes áreas de cobertura numa rede de acesso. Rapidez na instalação do serviço para novos clientes. Boa solução para inverter as dificuldades de fornecimento de serviços a locais remotos, a zonas com relevos acidentados, ou a locais onde outras restrições não permitam a ligação normal por fio. A natureza do meio partilhado de rádio, fornece uma forma ideal para concentração de ligações, assim como facilidade de difusão e de fornecimento de serviços assimétricos. [72] Após um período inicial de instalação de acessos fixos sem fios por rádio em que algumas tecnologias já existentes eram adaptadas para o efeito, os fabricantes começaram a desenvolver de raiz sistemas que, naturalmente, oferecem melhores desempenhos. No entanto, dado que não se verificou o efeito de escala, estes sistemas ainda são mais dispendiosos do que os sistemas DECT e por exemplo Ericsson DRA 1900. No entanto as funcionalidades que oferecem podem ser compensadas em determinados contextos. Existem especialmente duas situações em que um operador deve aferir sobre a viabilidade da instalação de um serviço fixo sem fios. Quando pretende instalar uma nova rede de acesso (green field), relativamente à qual apenas operador público de telecomunicações está interessado, logo deverá avaliar qual a tecnologia mais económica para estabelecer a rede num local que ainda não está servido[72]. 139 Quando um novo operador de telecomunicações entra num mercado desregulado, tem que comparar o custo de acesso inerente ao fornecimento das linhas, ou o custo de circuitos dedicados a alugar à empresa que os detém. Vários factores afectam os resultados da análise económica, ao comparar o acesso fixo sem fios com outras soluções de acesso, os mais determinantes são os seguintes[72]: O preço pago pelo espectro de rádio e frequência a usar (que pode ser uma soma muito substancial, sobretudo se esse espectro for atribuído por leilão, como se verificou na Alemanha e na Inglaterra relativamente às licenças de UMTS). A quantidade de espectro radioeléctrico existente, que é limitada. A densidade de clientes e a cobertura total da área (que afecta o equipamento necessário). O custo do equipamento. O custo das alternativas, pois as topologia de rede que em certos locais são mais viáveis financeiramente podem não o ser noutros locais. 3.2.4.1 Perspectivas de Evolução do FWA A evolução do posicionamento dos sistemas de comunicação “sem fios” no mercado, pode ser sistematizado da seguinte forma: Inicialmente como forma complementar de acesso às redes fixas Actualmente, como solução concorrencial ao ADSL e Cabo De futuro, como solução para fornecimento de serviços de televisão e interactivos (sistemas sem fio multimedia de banda larga) Em concreto, a evolução do FWA pode ser resumida do seguinte modo: 140 Anos Caracteristicas Aplicações Transmissão Digital 1995-1999 1999-2001 2002 Unidireccional e Tecnologia de Difusão de Televisão Televisão (DVB-T) e FDD Transmissão Digital Bidireccional Internet de alta e Portadora única Wireless IP e FDMA/FDD velocidade e LAN to LAN Transmissão Digital Bidireccional VOD TV interactiva e Múltiplas portadoras e Linhas alugadas-VPNs e Modulação adaptável Serviços agregados TDMA/TDD e FEC dinâmica e (voz,video e dados de QoS a Pedido alta velocidade) Tabela 6 Perspectivas de evolução do FWA 3.2.14.2 Implementação do sistema FWA na Europa O segmento residencial é considerado o menos viável para soluções “sem fios” pontomultiponto, devido à assimetria e aos volumes de trafego gerados, por comparação com o segmento empresarial. As grandes empresas optam, geralmente por soluções ponto a ponto em fibra óptica[73]. A disponibilidade de acesso de banda larga tem impacto no perfil de consumo, aumentando significativamente o volume médio de utilização assim como nas infraestruturas com cablagens que implicam: Grandes investimentos Investimentos antecipados face à angariação de clientes, não possibilitando um crescimento gradual da infra-estrutura de rede a acompanhar o aumento do número de clientes Custos com capacidade de rede não utilizada As infra-estruturas de FWA: Requerem investimentos inferiores, sendo a maior fatia a respeitante aos equipamentos terminais de cliente Permitem um investimento faseado e indexado ao crescimento do número de clientes 141 Não implicam custos com capacidade de rede instalada e ainda não utilizada, permitindo mesmo a re-utilização de determinados equipamentos. Os sistemas FWA abaixo de 11 Ghz, são direccionados inicialmente para o segmento de mercado SOHO e PME´s. Concorrendo com as tecnologias xDSL e cable modems. Suportando serviços em determinadas situações que outros sistemas FWA não suportam. Possibilitando, uma fácil instalação, não necessitando de antenas tão directivas sem impor uma cobertura forçada. Possibilitam no entanto, desenvolvimentos em sistemas de reutilização de frequências com múltiplas células. No que respeita à gestão de espectro é realçada a necessidade de tomar algumas medidas ao nível da Europa, como sejam[73]: Harmonização européia das bandas de espectro e larguras de banda a atribuir aos operadores, de forma a suportar um desenvolvimento maciço da produção de equipamentos, permitindo reduzir custos, graças a economias de escala. Restringir o número de operadores licenciados em cada banda de frequência, para proporcionar, a cada um deles uma largura de banda que sustente a viabilidade do negócio. Avaliar a libertação de determinadas bandas de frequência com elevado potencial para FWA de banda larga. Permitir a utilização de determinadas bandas de frequência, nomeadamente acima dos 20 Ghz, para backhauling, por exemplo das redes móveis. 3.2.5 BWA-Acesso Rádio em Banda Larga A cada vez maior convergência das tecnologias de voz , dados e vídeo conduz rapidamente os operadores à necessidade de utilização de um serviço de telecomunicações mais flexível. Este serviço deverá estar vocacionado para grandes empresas como também para o pequeno negócio e para subscritores particulares. 142 A substituição da rede de cobre local para suportar esta capacidade torna-se lenta e cara. Nestas circunstâncias a tecnologia mais apropriada será a sem fios, como foi visto no ponto anterior . Em 1997 a Europa através do organismo ETSI lançou o projecto BRAN (Broadband Radio Access Network) para o estudo e desenvolvimento: Standard para a tecnologia Distribuição geográfica dos operadores (melhor regional do que nacional Distribuição do espectro Identificação da procura deste tipo de serviços e nível de interesse de potenciais operadores Escala temporal para o seu desenvolvimento e comercialização Custos de instalação muito inferiores à tecnologia Wired Implementação mais rápida Broadband Wireless Access apresenta-se como um meio alternativo de ligação do subscritor e o anel local de acesso, com uma capacidade de transmissão de superiores. Integrando serviços, e melhorando a gestão dos recursos. Partilhando os recursos entre vários subscritores, os sistemas BWA usam o espectro rádio de forma mais eficiente do que uma ligação rádio point-to-point tradicional, baixando o preço da mesma. Os intervenientes empresariais interessados no BWA podem ser dividido, de uma forma geral em três categorias: operadores de telecomunicações, de televisão por cabo e aqueles que pretendem, inicialmente a integração destes 2 serviços. Actualmente existem grandes empresas que possuem ligações de banda larga seja por fibra óptica, cabo ou por rádio point-to-point. Os fabricantes desta tecnologia acreditam que existem uma gama vasta de aplicações que pode ser disponibilizada e tendo como característica a flexibilidade e a rápida adaptação aos novos requerimentos de um mercado em rápida transformação. Note-se que as aplicações iniciais são simétricas e geram tráfego nos 2 sentidos, mas existe um consenso crescente que se tornará cada vez mais assimétricos. 143 Inicialmente estes serviços serão caros, destinando-se principalmente para instituições estatais e PMEs. Mas à medida que os serviços e clientes aumentarem e a tecnologia se tornar mais acessível a tendência é para uma diminuição dos preços. A figura ilustra a forma como os operadores de telecomunicações esperam que seja o desenvolvimento do mercado, começando pelo sector das PME(s) e ramificando-se a partir de finais de 2002 para o sector residencial. É também ilustrado o bitrate típico esperado. A tracejado está representado um mercado mais pequeno associado a pequenas corporações. Entretenimento 2x5 Mbits/s Residencias PMEs Grandes Empresas Mais de 2 Mbits/s 8-34 Mbits/s 2-8 Mbits/s 34-155 Mbits/s 2005 2002 2000 Figura 64 Possível cenário de desenvolvimento do mercado de serviços de telecomunicações em BWA Actualmente as empresas de TV cabo proporcionam serviços de telefonia e de broadcast sendo tratados de forma separada. Com a digitalização generalizada estes dois serviços serão integrados. Novos serviços surgem, desde serviços de entretenimento uni e bidireccionais (como Video-On.Demand) e serviços de banda larga bidireccionais como a telefonia vídeo. Estes operadores podem usar tecnologia wireless em zona onde não se justifique a instalação de uma rede por cabo. 144 Entretenimento 2x5 Mbits/s Residencias PMEs Mais de 2 Mbits/s 8-34 Mbits/s 64 Mbits/s 2 Mbits/s 5 Mbits/s 2005 2002 2000 Figura 65 Possível cenário de desenvolvimento do mercado de serviços de telecomunicações em BWA Os fabricantes desta tecnologia não esperam que exista um serviço motor que sirva como impulsionador comercial será no entanto a variedade de serviços oferecidos o ponto forte da sua implantação. Novos serviços e tipos de serviços irão surgir com amadurecimento desta tecnologia, sendo o próprio mercado a impulsionar a indústria. Um dos impulsionadores actual da BWA é o serviço em banda larga para PMEs. Nos próximos anos os serviços para negócios e particulares serão fornecidos por operadores diferentes e serão limitados a áreas pequenas. Contudo com a sucessiva generalização de serviços, os fornecedores tenderão para o Full Services Access. Segundo a OFTEL[35], na Grã-Bretanha aponta-se para um crescimentos de 100x para as PMEs e de 430x para subscritores individuais entre os anos 2000 e 2010 Actualmente estão a ser instaladas as primeiras redes com carácter comercial nos EUA. No entanto na Europa já foram testadas na GB (a 10GHz) e noutros países da comunidade européia (a 26/28GHz). As características básicas de equipamento de topologia point-to-multipoint de 3 fabricantes de tecnologia. 145 Multi-Access / Duplex Mode Bosch Digital Multipont System Ericsson Netro Airline Airstar Capacidade Dísponível FDMS/FDD 64 Kbits/s a 2 Mbits/s FDMA/FDD por subscritor Capacidade máxima por 64 Kbits/s a 6x2 67.2 Mbits/s 64 Kbits/s a 8 portadora Frequência Outras Mbits/s em 2x28 Mhz Mbits/s 10 Ghz (GB) 10 Ghz (ETSI) 24.5-26.5 Ghz(ITU10 Ghz(GB) 24 Ghz (EUA) R) 27.5-29.5 Ghz (FCC) 26 Ghz (ETSI) Migração Comutação de pacotes com para ATM Tabela 7 Características básicas de diverso equipamento BWA 3.2.6 MMDS Durante a década de 80, os canais de difusão de televisão nas gamas de VHF (Very High Frequency) e UHF (Ultra High Frequency) atingiram o ponto de saturação devido à crescente entrada no mercado de canais televisivos, daí que inicialmente se pensasse que as bandas MMDS (Multichannel Multipoint Distribution system) fossem uma das soluções para distribuição de televisão terrestre. Uma das soluções consideradas inicialmente envolvia a utilização das técnicas convencionais de televisão na gama de frequências das microondas. Assim, surgiu o MMDS. [25] O MMDS surge como uma tecnologia capaz de fornecer o serviço de difusão televisiva, reservando para o efeito, uma série de bandas na zona das microondas, permitindo, em alguns casos, células de difusão muito abrangentes – com raios que chegavam a atingir os 25 quilómetros. No entanto, a procura continuava a crescer e os operadores de telecomunicações reconheceram o seu potencial para usar uma adaptação desta tecnologia para fornecer comunicações multimédia interactivas nos dois sentidos (two- way), telefonia e acesso Internet, tornando-se assim essencial a reserva de frequências muito mais altas[73]. Assim surge o LMDS a 28 e 40 GHz. O surgimento do LMDS (Local Multipoint Distribution Service) foi consequência da grande procura e da rápida exaustão das bandas de rádio do sistema MMDS. A idéia central, a distribuição multicanal dos sinais de banda larga, é comum a ambos os sistemas, mas o alcance do LMDS é menor. 146 3.2.7 LMDS O LMDS (Local Multipoint Distribution Systems) está a surgir como uma tecnologia de acesso rádio, capaz de fornecer múltiplos serviços tanto para clientes residenciais (TV, acesso de Internet, POTS) como para clientes empresariais (linhas alugadas, acesso à Internet). O LMDS é uma tecnologia de acesso fixo, na qual a mobilidade do terminal não está incluída. O LMDS é implementado como sendo um sistema de ligação celular dos utilizadores finais à estação base com uma topologia estrela ou ponto-multiponto. A configuração do LMDS típico é mostrada naFigura 66 . A implementação destes sistemas é tipicamente para 2-5 km e as condições de “line-of- sight” têm de ser estabelecidas para fornecer uma operação viável. Em alguns casos, a base da hierarquia têm de ser implementada usando os repetidores rádio. A informação no uplink, cobre tipicamente 1-10 Mbit/s enquanto o downlink cobre 10-50 Mbit/s[70]. Radio Base Base Macro célula Micro célula Figura 66 configuração de uma célula LMDS [70] O sistema LMDS opera na banda de frequência rádio, tanto em 26/28 GHz como em 40/42 GHz. A banda de frequência mais baixa é usada normalmente para soluções de negócios, principalmente como um substituto das linhas de aluguer. A banda de frequência mais elevada é pensada para os serviços residenciais, incluindo a TV. Muitos 147 países aplicaram licenças para as frequências rádio LMDS. Tem sido difícil obter uma frequência de alocação mundial para o LMDS. Existem hoje várias indústrias com produtos comerciais LMDS, mas estes estão a focar para o mercado de negócios na banda de frequência 26/28 GHz. Por exemplo em Portugal, foram consideradas bandas de frequências especificas assim como a reutilização de frequências pelas células da rede. O LMDS tem claramente potencial para se tornar na tecnologia de acesso de banda larga tanto para o mercado residencial, mas no momento o custo do equipamento do LMDS (exemplo: terminal rádio e NT) é demasiado elevado para este propósito. O LMDS pode-se considerar como uma nova tecnologia e é o primeiro investimento de grande-escala para a operação comercial que começou em 99 nos EUA e no Canadá. Na Europa, muitas experiências piloto estão a operar a 26 GHz e a 42 GHz acompanhadas de grandes discussões técnicas.As características básicas do LMDS são: “sem fios” fixo, de banda larga, distribuído, multiponto, bidireccional e local. Como já foi dito anteriormente, o serviço não tem a mobilidade de um celular, é um potencial concorrente da actual rede fixa. O sistema LMDS apresenta algumas vantagens económicas comparativamente com os sistemas convencionais: Baixo custo de implementação Rapidez na implementação Sistema facilmente expansível Custo elevado nos equipamentos do utilizador, mas apenas existe um custo efectivo com a entrada de novos clientes no sistema Custo de manutenção relativamente baixo Utiliza uma frequência mais alta logo, maior largura de banda disponível. O menor alcance permite maior reutilização das frequências. As maiores vantagens do LMDS residem basicamente na velocidade de implantação da rede e no menor custo para a instalação de acessos. Um estudo comparativo da Winstar [73], estima que o investimento necessário para se ligar um edifício com LMDS, nos EUA, é 5 vezes menor que o mesmo investimento realizado usando fibras ópticas. 148 Outro ponto positivo do LMDS é em relação os investimentos em infra-estrutura. Nos sistemas de telecomunicações tradicionais, a infra-estrutura consome a maior parte dos investimentos. No LMDS ocorre uma mudança, a maior parte dos investimentos estão nos equipamentos a serem instalados no cliente. Isto significa que o operador, só irá fazer o investimento, quando cliente contratar o serviço. A arquitectura do sistema LMDS, de uma forma simplificada pode ser dividida em 4 elementos chave: Centro de Operações, estação base, sistema de fibras e estação do utilizador, como ilustra a figura seguinte: A B C LEX ODF L M LMDS D S HE m od EO D OE NT EO UNI 100bT TV LMDS Centro de Operação Estação do Utilizador LMDS Estação base > 1 km < 4 km Figura 67 Arquitectura LMDS [72] A- Centro de Operações – Contêm a gestão da rede B- Estação Base – onde ocorre a conversão e acoplamento do sistema sem fios para o sistema de fibras. O sistema de comutação pode ser local, optimizando desta forma a comunicação entre utilizadores da mesma base, não sendo necessária a ligação com sistema de fibra. As tecnologias de acesso mais utilizadas são o FDMA e TDMA. C- Siste,a de Fibra – é utilizado para fazer a ligação com o sistema “sem fios”. D- Estação do utilizador – geralmente um grupo de utilizadores irá compartilhar a mesma estação base. A arquitectura de implementação dos links LMDS e a sua capacidade, é dimensionada considerando as tecnologias de acesso e tipos de modulação. Em geral a arquitectura muda com os diferentes tipos de estratégia. 149 3.2.8 DECT O DECT – Digital Cordless Telecomunicacions, conforme actualmente se designa é uma tecnologia extremamente flexível e eficiente para aplicações residenciais (telefones sem fio), redes locais sem fios, ou até como extensão de serviços de redes celulares ou de redes fixas (ponto de acesso com telefones digitais sem fios) pois foi desenvolvida para o mesmo tipo de aplicações da RDIS (ISDN ), com qualidade de voz exelente (32 Kbit/s) e grande disponibilidade de largura de banda. Para além disso, não requer planeamento de rádio frequência, (o DECT atribui as frequências de canal de forma dinâmica), funciona na banda de espectro radioeléctrico de utilização livre entre 1.88 GHz e 1.9 GHz, permite o “handover” não apenas entre as estações base, como também na própria estação base, mudando de frequência/”time slot”. Como as especificações do DECT não descrevem a sua infra-estrutura, pode ser usado para aceder a diferentes tipos de sistemas e aplicações, um exemplo é o caso de sistemas terminais mistos DECT/GSM, DECT/RDIS e DECT/POTS etc. Em Portugal o DECT não foi adoptado para o FWA, devido essencialmente à pequena dimensão das células (no máximo até 5 Km e em boas condições de propagação) e também à sua susceptibilidade à interferência entre símbolos em caso de multi-percurso de sinal reduzindo o raio celular, em ambiente urbano , para valores abaixo dos 300m, o que não é muito atractivo para operadores de rede fixa. No entanto, a utilização de antenas direccionais permite aumentar consideravelmente o alcance , sendo este limitado apenas pela potência. O DECT opera na banda 1.88 –1.9 GHz. Cada canal tem 1.728 GHz de largura de banda, transportando um débito de 1.152 Mbps. Os canais obedecem a um espaçamento de 2 MHz entre si. A base tem como função escolher o canal a utilizar mais adequado, opôs “ouvir” o meio, o que permite evitar o planeamento de frequências. Dado o débito ser bastante inferior à largura de banda do canal, as interferências entre canais adjacentes é mínima, sendo possível bases próximas utilizarem canais adjacentes. O DECT transmite utilizando TDMA/TDD (Time Division Multiple Acess/ Time Division Duplex), sendo cada canal dividido em em 24 time slots. Normalmente são 150 atribuídos 12 canais de uplink e 12 canais de downlink. A utilização do mesmo canal nos dois sentidos simplifica o uso de diversidade de antenas (a base transmite pela antena em que recebe o sinal mais forte). 151 Capitulo 4 A As tecnologias das telecomunicações Móveis massificação das telecomunicações móveis é um dos grandes acontecimentos a que estamos a assistir nos últimos anos. As implicações daí resultantes são de extrema importância para o desenvolvimento das sociedades modernas. A rápida evolução dos sistemas de comunicações móveis tem permitido que estes respondam cada vez mais eficazmente às necessidades dos seus utilizadores, e isto com preços de utilização mais baixos, o que leva a uma maior apetência pelos mesmos, contribuindo para uma rápida generalização da sua utilização, e permitindo que cada pessoa, e não cada casa, possa vir a possuir um terminal móvel. Os sistemas telefónicos fixos só permitem contactar com alguém que se encontre num local, definido previamente, onde exista um terminal fixo ligado fisicamente a uma rede. Por seu lado, os sistemas telefónicos móveis permitem o acesso a qualquer dos seus utilizadores, onde quer que ele se encontre no interior da área abrangida pela cobertura rádio do sistema. As telecomunicações móveis não sendo uma tecnologia recente, é uma tecnologia que se encontra em permanente e rápida evolução. Até meados da década 80, os terminais móveis, para além de serem montados em veículos, criando um conceito de “mobilidade condicionada”o seu preço era exorbitante comparando com os preços praticados nos nossos dias. A introdução da tecnologia analógica celular no início dos anos 80, permitiu um grande avanço nos sistemas de comunicações móveis. A partir do início da presente década, a introdução da tecnologia celular digital tem tido como consequência 152 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis um aumento extraordinário do número de utilizadores, a evolução visa o sentido da massificação dos sistemas móveis . O sistemas europeu GSM assim como o DCS 1800 são os sistemas europeus, entre outros a nível mundial, que têm contribuído para essa evolução, mais visível nos anos 90. O sistema pan-europeu GSM foi desenvolvido durante os anos 80 e entrou em funcionamento, em vários países europeus, em 1992. Este sistema foi desenvolvido pelos maiores operadores de telecomunicações e fabricantes europeus integrados em comités de estandardização. A razão do seu grande sucesso deve-se, precisamente, ao trabalho prévio destes comités, na produção de especificações técnicas necessárias à estandardização do sistema, e à apetência dos utilizadores para o conceito de mobilidade. 4.1. Origem dos sistemas celulares O conceito celular foi introduzido pelo Bell System e estudado em várias partes do mundo nos anos 70. Segundo este conceito, à área coberta por cada estação fixa emissora/receptora dá-se o nome de célula. As diferentes áreas geográficas (células), correspondentes às áreas de cobertura das várias estações fixas sobrepõem-se e constituem a área de cobertura global da rede. Os objectivos estabelecidos para um sistema deste tipo foram: Grande capacidade de utilizadores, utilização eficiente do espectro, compatibilidade a nível nacional, ampla cobertura, adaptabilidade à densidade de tráfego, serviço para veículos e estações portáteis, providenciar telefonia básica e serviços especiais, incluindo envio de mensagens,qualidade de serviço telefônico, preço acessível para o utilizador. ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Preço Tecnologias das Comunicações Móveis Qualidade Capacidade de Elevado Número de Clientes Compatibilidade Serviços Eficiente Utilização do espectro Elevada Cobertura Adaptação ao Trafego Figura 68 Principais objectivos estabelecidos nos primórdios dos sistemas celulares Todos os sistemas celulares da primeira geração se baseiam na transmissão analógica do sinal de voz e na modulação de frequência. Usam bandas de frequência em torno dos 450 MHz e dos 900MHz. A sua cobertura é a nível nacional e a capacidade atinge algumas centenas de milhares de utilizadores. A maior taxa de penetração destes sistemas verificou-se nessa data nos países nórdicos, concretamente na Suécia e Noruega, que em 1991 atingia os 6%. Como termo de comparação é de referir que a taxa de penetração em França era, na mesma altura, um décimo desta, ou seja, 0,6%. O equipamento móvel evoluiu rapidamente nos últimos anos da década de 80. Inicialmente, tal como já foi referido, apenas existia equipamento móvel para ser montado em veículos. Em meados da década 80 aparece o primeiro equipamento portátil, pesando alguns quilogramas e com uma autonomia de poucas horas. O equipamento manual surge por volta de 1988, embora ainda não suficientemente pequeno para caber num bolso, mas apropriado para ser transportado numa sacola. Em 1990 o terminal móvel mais pequeno pesava menos de 400 g e já cabia num bolso. Actualmente já existem telefones de mão que pesam menos de 100 g. Paralelamente a esta diminuição do tamanho os preços têm vindo a decrescer rapidamente o que torna os telefones moveis acessíveis a um número cada vez maior de 154 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis pessoas, contribuindo para a sua maximização, e massificação como é o caso do nosso pequeno Portugal. Preço Qualidade Maior Capacidade Diminuição da possibilidade de interferência Controlo e Sinalização Digitais Melhoria da Técnica de Acesso Multiplo Gestão de um Elevado Número de Células Figura 69 Vantagens dos sistemas celulares da primeira geração As vantagens destes sistemas celulares em relação aos anteriores: Maior capacidade Técnica celular Reutilização da frequência Diminuição da possibilidade de interferência Baixa potência de emissão nas estações fixas Controlo automático do nível de potência nas estações moveis Controlo e sinalização digitais Aumento da eficiência de utilização dos canais (canais dedicados ao estabelecimento de chamadas) 155 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Maior fiabilidade no estabelecimento e controlo de chamadas Melhoria da técnica de acesso múltiplo de canais na unidade móvel Sintetizador de frequências Tamanho mais reduzido e custos mais baixos Acesso múltiplo a um elevado número de canais (600 a 1000) Meios adequados de gestão de um elevado número de células (Centrais digitais com programa armazenado) Manutenção das chamadas quando da deslocação para células adjacentes (handover) Utilização dos serviços em qualquer local abrangido pela área de cobertura rádio de redes do mesmo tipo, desde que haja acordos entre as administrações das redes envolvidas (roaming ) Serviços especiais (marcação abreviada, barramento de chamadas, etc.) 4.1.1 Os Comités Técnicos GSM e SMG O CEPT criou, em 1982, o grupo de standardização GSM, com a tarefa de especificar um sistema comum de radiocomunicações para a Europa, à frequência de 900 MHz. Em 1990, a pedido do Reino Unido, este grupo de trabalho foi também responsabilizado pela especificação de uma versão do GSM adaptada à frequência de 1800 MHz, com uma largura de banda de 2 × 75 MHz. Esta variante, o DCS 1800 (Digital Cellular System 1800) permite atingir capacidades mais elevadas em áreas urbanas, tal como as que se prevêem para as redes de comunicações pessoais (PCN - Personal Communication Network), referentes aos sistemas de 3ª geração. Os dois primeiros anos de funcionamento do grupo GSM foram dedicados à discussão dos princípios fundamentais. Em 1984 foram criados 3 subgrupos de trabalho dentro 156 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis deste grupo: WP1 para a definição dos serviços;WP2 para a especificação da transmissão rádio, assunto que se manteve dominante até 1987;WP3 para todos os outros aspectos, isto é, principalmente a arquitectura da rede, a especificação dos protocolos de sinalização e das interfaces abertas entre as diferentes entidades da rede. Um quarto grupo (WP4) foi criado mais tarde, para tratar especificamente da implementação dos serviços. Em princípios de 1986 foi criado um núcleo permanente (PN - Permanent Nucleus), sediado em Paris, com o objectivo de coordenar o trabalho entre estes subgrupos e gerir a edição e a actualização das recomendações por eles produzidas. Quando o ETSI (European Telecommunications Standard Institute) foi criado, em 1988, passou a integrar o grupo GSM. Contrariamente ao CEPT, que congrega apenas as administrações das PTTs europeias, o ETSI inclui membros das indústrias, grupos de utilizadores assim como operadoras. Por uma questão de simplificação, o grupo de Marketing & Planning do MoU, atribuiu, em 1989, uma nova designação ao acrónimo GSM, passando o mesmo a significar Global System for Mobile communication. As recomendações GSM antes de se tornarem ETS (European Telecommunications Standards) são designadas por GSM TS (GSM Technical Specifications). Após a integração no ETSI os subgrupos acima referidos passaram a constituir subcomités técnicos (STCs - Sub Technical Committes / GSM1, GSM2, GSM3 e GSM4), e o grupo GSM tornou-se num comité técnico (Technical Committee). O núcleo permanente (PN) tornou-se no PT 12 (Project Team nº12) do ETSI. Em fins de 1991 as actividades concernentes à geração das comunicações móveis pós- GSM foram, também, atribuídas ao Comité Técnico GSM, o qual passou a designar-se por SMG (Special Mobile Group), com os Subcomités Técnicos SMG1 a SMG4, correspondentes aos anteriores GSM1 a GSM4, e o SMG5, dedicado à geração pósGSM, ou seja, ao sistema UMTS (Universal Mobile Telecommunication System), na banda dos 1,9 a 2,1 GHz. 157 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Um outro subcomité foi criado, em 1992, o SMG6 para as áreas de operação e manutenção. 4.1.2 Objectivos principais do GSM Inicialmente este sistema foi concebido para proporcionar uma maior capacidade, segurança, clareza e aumentar a variedade e quantidade de serviços do que era possível com a tecnologia analógica. Contudo, um dos principais objectivos era o de criar um sistema único que permitisse o roaming dos utilizadores ao nível da Europa. Desta forma, o mesmo terminal móvel podia efectuar ou receber chamadas independentemente da sua posição geográfica, desde que dentro da área internacional coberta pelo sistema. Este roaming tornou-se extensível a todos os países europeus, que foram adoptando o sistema. Os requisitos básicos do sistema foram definidos em 1982 e revistos em 1985, sendo reproduzidos em seguida: SERVIÇOS. 4.2 GSM – Global System for Móbile Communications Em Portugal, a rede digital com a norma GSM entrou em funcionamento em 1992, estando a operar até aos dias de hoje. A primeira norma europeia GSM usava a banda de frequências centrada nos 900 MHz, enquanto que nos Estados Unidos da América a frequência central era a dos 1900 MHz. Entretanto, algumas empresas decidiram começar a operar na banda dos 1800 MHz. Muito embora este facto parecesse um revés na questão da uniformização, a indústria reagiu bem, de tal modo que actualmente a frequência dos 1800 MHz é parte integrante nos telemóveis ditos de “dual band”. 158 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.1 Conceitos Celulares As limitações impostas pela mobilidade permitida aos utilizadores de terminais móveis tem um grande impacto nos mesmos. Actualmente a tendência na construção de um terminal móvel denota uma diminuição das dimensões e uma significativa redução do peso, atendendo a significativa evolução das baterias utilizadas no mesmo, principal responsável pela elevada dimensão dos terminais da 1a Geração. Existe uma proporcionalidade inversa entre o tamanho e transporte, quando esta relação se maximiza o manuseamento do mesmo aumenta significativamente. No entanto, tal configuração implica uma bateria de pouca capacidade, o que é um factor importante na duração razoável para operação do móvel. Outros aspectos importantes da mobilidade dizem respeito à rede, incluindo a necessidade de localizar os utilizadores, a habilidade para seguir os seus movimentos e a capacidade de monitorar a sua acessibilidade. Outra característica também importante dos terminais móveis é a sua performance em ambientes ruidosos, como sendo as avenidas de uma cidade ou até mesmo o interior de uma unidade fabril com um ruído ensurdecedor bem como a tranqüilidade de uma zona rural em que os terminais têm que ser eficientes e demonstrar flexibilidade em relação ao meio em que são utilizados. . Os terminais fixos que contém os transmissores e receptores são conhecidos por estações base (BS). considerando a potência emitida como limitada, a gama dos sinais também vai ser limitada, logo para cobrir uma grande área é necessário um número substancial de estações base. No entanto, dada a pouca potência transmitida na área de cobertura, é possível reutilizar a mesma frequência em zonas suficientemente separadas sem sofrer de interferência entre canais. Esta reutilização da frequência é um conceito fundamental na telefonia pública por rádio já que o espectro electromagnético é um recurso escasso e este tipo de “reciclagem” optimiza o seu uso. Numa rede, a célula é o elemento básico usado na arquitectura duma zona que usa um grupo de frequências. Para usar qualquer uma destas frequências iguais em duas células diferentes, C1 e C2, tal deve ser arranjado para que estas estejam afastadas no mínimo por outras duas células, de maneira a limitar a interferência entre canais. 159 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Como foi referido anteriormente, os sistemas celulares são baseados num grande número de BTS ( Base Transciever Station ), geralmente referidas como Base Stations, espalhadas numa área de cobertura. Cada uma das base stations cobre uma zona geográfica. Embora as células sejam bastante irregulares, na realidade, são vulgarmente representadas por hexágonos, como na figura seguinte. Isto, torna possível modelar uma estrutura celular, preenchendo uma área com uma figura geométrica única. A cada célula é atribuído um número variável de portadoras, onde cada portadora representa na realidade um transciever individual na base station, normalmente chamado TRX (Transmiter Receiver ). Por sua vez, cada portadora, está dividida em oito timeslots cada um dos quais é usado como link entre o terminal móvel e a BS. Figura 70 Estrutura celular hexagonal com reutilização de frequência Em geral, e em especial nas zonas urbanas, as estações base estão localizadas na intersecção de três células de forma a optimizar o seu número. A liberdade dos utilizadores se moverem impõe os seguintes requisitos: Localização dos utilizadores na rede. Monitorização do seu movimento na rede. Manutenção da ligação entre o cliente e a rede quando o primeiro muda de célula. 160 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Quando a rede se apercebe que o cliente que está a efectuar uma chamada na periferia de duas células, ele transfere a chamada entre as duas células de maneira a perturbar o mínimo da ligação que for possível. Esta transferência intercelular, conhecida por handover, é tecnicamente muito complexo. O handover é o processo de comutação duma chamada activa dum canal físico para outro. Existem duas formas de handover: Handover intracelular, que é a transferência duma chamada dum canal físico numa célula noutro canal físico da mesma célula. Handover intercelular, em que há transferência da chamada entre duas células. 4.2.2 Reutilização de frequências A escassez de espectro inerente às bandas de frequências do GSM, limita o número de ligações simultâneas disponíveis na mesma célula. No entanto, a reutilização das bandas de frequência atribuídas a cada célula, modera as restrições quanto aos recursos rádio. Isto significa que, a banda de frequências utilizada numa dada célula é reutilizada a algumas células dali em várias direcções, mas a uma distância suficiente para que a inevitável interferência entre canais com a mesma banda de frequência, caia para níveis aceitáveis. O conceito de reutilização de frequências, é o factor chave para atingir maior capacidade em redes rádio. Para tirar vantagem do conceito, os operadores de redes móveis devem decidir sobre o factor de reutilização de frequências a incorporar no seu sistema celular. Este factor de reutilização, irá depender da morfologia e do tráfego, na hora de maior utilização na área coberta pela célula. Por exemplo, se forem disponibilizadas a um operador de rede móvel, N portadoras e cada banda de frequências for utilizada a cada 9 células ( isto é, factor de frequência de 9 ), então a alocação de espectro permite N/9 portadoras simultâneas em cada célula. Um factor de frequência menor, iria aumentar proporcionalmente o número de portadoras disponíveis em cada célula, mas por outro lado isto iria aumentar a interferência entre canais. 161 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis GSM 900 GSM 1800 890-915 Mhz 1710-1785 Mhz Banda de Frequência 935-960 Mhz 1805-1880 Mhz Limite de Espaçamento 25 Mhz 75 Mhz Espaçamento Duplo 45 Mhz 95 Mhz Espaçamento da Portadora 200 Khz 200 Khz Portadora 124 374 Timeslots por Portadora 8 8 Acesso Multiplo TDMA/FDMA TDMA/CDMA Banda Tipica da Célula <300m-35Km <100-15 Km Potencia do terminal 0.8 e 8 W 0.25 e 1 W Tabela 8 Características Principais do standard GSM 4.2.3 Ajuste do Tamanho da Célula Um parâmetro importante no planeamento de uma rede de acesso rádio, é o tamanho da célula. Um sistema, pode ser adaptado de modo a suportar uma maior densidade de utilizadores, reduzindo o tamanho das células. Quando percebemos que uma estrutura celular já não consegue suportar o tráfego existente, células com alta densidade de tráfego podem ser reduzidas em tamanho através do processo de cell-splitting e adicionando novas BS. A capacidade total do sistema, aumenta com a redução do tamanho das células. Se no princípio, o GSM era suposto servir células com diâmetros na ordem de Kms ou dezenas de Kms, actualmente o tráfego existente exige células mais pequenas, no entanto, o tamanho das células não pode ser reduzido indefinidamente pelo aumento dos custos e com o aumento da mobilidade dos utilizadores, quanto menores as células maior o número de handovers, o que implica maior tráfego de sinalização o que em caso extremo se torna impraticável. ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.4 Melhoramentos na Eficiência do Espectro GSM O número de células que cobrem determinada área com uma determinada densidade de tráfego, sendo a capacidade do sistema, determinada directamente pelo factor de reutilização e o número total de canais de tráfego ( timeslots ) que o operador dispõe. Estes dois factores estão agrupados naquilo a que se chama a eficiência de espectro do sistema. O número de canais versus a interferência entre canais com a mesma banda de frequência, é um compromisso importante para os operadores.. Isto deve-se ao facto de que a interferência entre canais aumenta a quantidade de retransmições e diminui o desempenho, que por sua vez reduz a tendência de ter mais canais com tráfego. Contudo, o sistema GSM utiliza sistemas sofisticados com o objectivo de melhorar a eficiência de espectro, e por conseguinte reduzir a interferência entre canais. Em primeiro lugar, devido ao terminal e à BS estarem perto do solo, é comum que obstáculos se interponham entre ambos. Acrescentando ainda as reflexões devido a edifícios que causam multipath e fading na onda propagada. A combinação destes dois factores de interferência, faz com que o sinal recebido varie significativamente com o movimento do utilizador. Para combater este efeito indesejado, métodos de diversidade são introduzidos na interface rádio. Alguns outros melhoramentos técnicos foram concebidos durante a concepção original do sistema GSM. Estes, aumentam a complexidade do sistema, mas são compensado pelas vantagens de diminuir a interferência entre canais permitindo aumentar a capacidade do sistema: O controle de potência transmitida no link rádio tenta minimizar a potência transmitida pelos terminais e pelas BS, mantendo a qualidade de transmissão acima de determinado patamar. Na prática isto significa que, a potência transmitida diminui com o aumento da qualidade do sinal. Isto poupa a bateria dos terminais e reduz o nível de interferência com outros canais de comunicação estabelecidos. 163 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Transmissão descontínua ( DTX ) permite a supressão da potência transmitida sempre que possível. Isto poupa a bateria dos terminais e reduz o nível de interferência com outros canais de comunicação estabelecidos. No caso de voz, um detector de actividade de voz (VAD Voice Activity Detector ) reduz para metade a potência de transmissão do terminal quando não detecta mais do que ruído de fundo. Handover assistido pelo móvel possibilita transferencia entre células adjacentes, possibilitando algoritmos de handover eficientes. Isto visa o minimização da interferência gerada pela chamada, enquanto mantém a qualidade da transmissão acima de determinado nível. 4.2.5 Técnicas de Multiplexagem no Sistema GSM O sistema GSM envolve o conceito de múltiplo acesso, definindo como os utilizadores partilham os recursos rádio. De facto, o GSM é uma mistura de duas técnicas de acesso múltiplo, Frequency Divison Multiple Access ( FDMA ) e Time Division Multiple Access ( TDMA ). Isto implica que cada portadora é dividida na frequência, e esta dividida no tempo. O Frequency Hopping é baseado na técnica de múltiplo acesso, melhorando significativamente a eficiência espectral. Basicamente, são transmitidos blocos rádio em bursts no domínio tempo-frequência de acordo com um padrão de hopping. Uma vez que as frequências têm diferentes desvanecimentos, pequenos bursts de dados espalhados na frequência virá a ter melhor eficiência. Outra vantagem no frequency hopping é, conseguir reduzir a interferência de canal adjacente. Isto é devido ao facto de que células adjacentes que reutilizem a mesma frequência, do ponto de vista estatístico, interferem menos se forem espalhadas de modo aleatório em torno da banda da portadora disponível. Por outras palavras, células que usem a mesma banda de frequência, interferem menos se as sequências de hopping dentro das bandas for diferente. 164 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Uma técnica de partilha do meio de transporte, é a multiplexagem. Atribuindo aos vários utilizadores uma partição fixa do recurso, de acordo com uma sequência constante. Com o objectivo de optimizar o uso da frequência e fornecer o máximo número de canais de transmissão, o standard GSM foi desenvolvido com base em duas das técnicas mais comuns de multiplexagem, usando em simultâneo: TDMA (Time Division Multiple Access) e FDMA (Frequency Division Multiple Access). 4.2.5.1 TDMA No acesso múltiplo por divisão de tempo –TDMA – o tempo é o recurso partilhado. A trama é uma sequência de intervalos de tempo constante, que forma a unidade básica de transmissão. Assim, divide-se uma única portadora sincronizada em intervalos de tempo. Múltiplos da trama básica podem ser agregados formando multi-tramas. Uma trama é composta por um determinado número de intervalos de tempo, conhecidos como time slots. O GSM divide a trama em oito slots, como se pode ver na figura seguinte [14]. 0 1 2 3 4 5 6 7 Figura 71 Estrutura de uma Trama TDMA com 8 slots temporais O esquema de acesso múltiplo TDMA, pode ser observado através da figura seguinte: 165 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Código Canal N Canal 3 Canal 2 Frequência Canal 1 Tempo Figura 72 Acesso múltiplo por divisão no tempo (TDMA) [13] Efectivamente, existe uma correspondência entre o slot e o canal de comunicação:. Slot Slot Slot Slot Slot Slot Slot Temporal Temporal Temporal Temporal Temporal Temporal Temporal 7 6 5 4 3 2 1 Slot Temporal 0 Canal Canal Canal Canal Canal Canal Canal de de de de de de de Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação Comunicação Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº 7 6 5 4 3 2 1 Canal de Comunicação Nº 0 Tabela 9 Relação entre os slots temporais e canais de comunicação De uma forma genérica podemos dizer que as principais características do TDMA são [12]: Utilização de uma única portadora para vários utilizadores. Cada utilizador, usa os slots de tempo não sobrepostos. O numero de slots de tempo por trama é dependente da largura de banda disponível e das técnicas de modulação utilizadas A transmissão de dados não é continua, ocorrendo em bursts, resultando num baixo cconsumo de energia. 166 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Sequências de overhead extensas A utilização do método de transmissão em rajada obriga à existência de procedimentos de sincronização nos receptores. Utilização de diferentes slots de tempo para transmissão e recepção, deixando de ser necessário duplexers. A equalização adaptativa é normalmente necessária neste tipo de sistemas atendendo as elevadas taxas de transmissão. Facilidade de introdução de novos serviços, já que como cada portadora é dividida em slots, a introdução de serviços com requisitos de largura de banda distintos é facilitada pois pode-se agrupar várias ranhuras para aumentar a capacidade. Devido a transmissões não-contínuas no TDMA, o processo de handover é mais simplicista, porque permite a procura por parte da unidade móvel de melhores canais na estação base onde se encontra ou noutras, sem que o utilizador tenha a percepção. No entanto, o número de canais que podem ser simultaneamente suportados no TDMA, pode ser calculado utilizando a seguinte formula: N= m * ( Bt − 2 Bguarda ) Bcanal em que N – Número de canais suportados em simultâneo Bt – Largura de Banda Total Bcanal – Largura de Banda por Canal Bguarda – Largura de Banda de Guarda 167 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.5.2 FDMA A aplicação da técnica de Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência, mais conhecida por FDMA (Frequency Division Multiple Access), é, provavelmente, o processo mais fácil de implementar um sistema rádio capaz de suportar uma grande capacidade de tráfego e disponibilizar comunicações utilizador-a-utilizador. Historicamente, esta técnica foi a primeira solução para o problema da partilha da parcela finita de espectro rádio disponível pelos diversos utilizadores que, normalmente, são em grande número quando comparados com o número de canais disponíveis. Canal N-1 Canal N Canal 3 Canal 4 Canal 1 Canal 2 Código Frequência Tempo Figura 73 Acesso múltiplo por divisão na frequência (FDMA) Esta técnica consiste em dividir o espectro em pequenos intervalos de frequência, correspondendo a cada parcela um canal independente. O acesso múltiplo por divisão da frequência (FDMA) partilha as bandas de frequência disponíveis em 124 sub-bandas para cada direcção da transmissão. Cada uma destas sub-bandas constitui um canal de comunicação rádio separado. O canal é identificado pela frequência central da banda – a portadora. 168 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis As principais características desta técnica de acesso são: [10] [11] Frequency agility. Os terminais podem sintonizar automaticamente qualquer uma das portadoras, seguindo as instruções do controlador rádio; Transmissão contínua. Durante o processo de comunicação os terminais estão sempre a transmitir; Transmissão e recepção simultânea. Em comunicações de voz os terminais têm que simultaneamente transmitir e receber, o que implica a utilização de circuitos duplexers tanto nos terminais como nas estações base; Transmissão em banda estreita. Para um dado nível de eficiência espectral, esta técnica é a que apresenta uma largura de banda de canal mais estreita. Contudo, esta característica tem algumas implicações a nível de interferência co-canal e do desvanecimento selectivo em frequência por multi-caminho, tornando os sistemas FDMA mais susceptíveis a estes fenómenos; Sequências de overhead curtas ou inexistentes. Sendo de transmissão contínua, os sistemas digitais baseados em FDMA não necessitam de transmitir sequências de sincronização; Processo de Hand-off complexo. Devido a utilizar o modo de transmissão contínua, o processo de hand-off em sistemas FDMA é bastante complexo de efectuar sem interromper a comunicação. Embora esta interrupção possa ser tolerável para comunicações de voz, ela é quase sempre fatal em comunicações de dados. Os sistemas celulares analógicos (sistemas celulares da 1º geração) são um bom exemplo de aplicação desta técnica. Embora esta possa ser, também, aplicada em sistemas celulares digitais (sistemas celulares da 2º geração), tendo a sua utilização sido defendida por diversos fabricantes norte americanos, a técnica de Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo é, como se verá a seguir, a que mais se adequa a este tipo de sistemas rádio[13]. 169 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.5.3 Diferenças entre TDMA e FDMA No GSM a separação entre canais de frequência é de 200 KHz. Isto significa que do ponto de vista de eficiência de espectro rádio, oito canais em GSM utilizando TDMA é semelhante à utilização de 8 canais de frequência em FDMA. A grande vantagem da utilização do TDMA é ao nível do planeamento de frequência, requerendo este sistema um planeamento especial, mas que é vantajoso em relação ao FDMA. TDMA FDMA Frequência 1 Frequência 2 0 1 2 3 4 5 6 7 Frequência 1 BTS BTS Figura 74 Diferença entre o TDMA e o FDMA 170 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.5.4 CDMA O acesso múltiplo por divisão de código – CDMA – é uma técnica de transmissão digital em que todos os canais usam toda a largura de banda ao mesmo tempo. Os algoritmos de codificação geram códigos com uma probabilidade de serem detectados e interceptados muito baixa. Esta técnica permite, embora de modo controlado, que as diferentes transmissões interfiram entre si. O princípio de funcionamento desta técnica pressupõe que a informação a transmitir é previamente codificada com uma sequência de código pseudoaleatória. Cada utilizador tem a sua própria “chave-código”, que é ortogonal a todas as outras existentes. A recepção/descodificação de uma transmissão específica é feita através duma correlação temporal onde todas as outras transmissões surgem como ruído.A figura seguinte ilustra o conceito do CDMA. Código C a nal 1 C a nal 2 Frequência C a nal 3 Tempo C a nal N Figura 75 Acesso múltiplo por divisão no código (CDMA) As características mais significativas desta técnica, resultando em vantagens e desvantagens, são: [11] [10] [9] 171 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Capacidade de tráfego praticamente ilimitada. O patamar de ruído aumenta linearmente com o número de utilizadores, pelo que não existe um limite absoluto para o número de utilizadores. No entanto, o desempenho do sistema degrada-se gradualmente à medida que o número destes aumenta, pelo que o número de utilizadores depende, fortemente, da sensibilidade dos receptores (relação sinal-ruído); Reduzido desvanecimento por multi-caminhos. Este efeito é substancialmente reduzido devido ao facto de a transmissão ser efectuada por espalhamento em frequência, isto é, a transmissão ocupa todo o espectro disponível; Canais de alto débito. Os sistemas CDMA disponibilizam, normalmente, canais de grande largura de banda; Processo de hand-off simples. Uma vez que o CDMA utiliza células co-canal, permitindo a existência de diversidade espacial, o processo de hand-off é efectuado de forma eficiente e imperceptível para os utilizadores; Efeitos de auto interferência. Os efeitos de auto interferência surgem pelo facto de as sequências de código dos diversos utilizadores serem apenas aproximadamente ortogonais; Efeito “próximo-longe” (near-far effect). Este efeito ocorre quando dois utilizadores fisicamente próximos, mas em células diferentes, estão a transmitir com níveis de potência substancialmente diferentes, provocando uma repentina "escalada" dos níveis de potência emitidos por esses terminais e criando algumas dificuldades ao nível dos handovers. Esta situação ocorre, apenas, em sistemas com estruturas hierárquicas de células, isto é, que tenham, sobre a mesma área, células com diferentes dimensões de modo a servir utilizadores com diferentes requisitos de mobilidade. 172 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Vantagens Tecnologias das Comunicações Móveis Desvantagens Não há um plano para reutilização de frequência. O número de canais é maior. Prote cção contra desvanecimento A potência da transmissão deve ser controlada de forma muito rígida. do sinal. Melhor protecção contra inte rfe rências. Utilização óptima da largura de Os outros canais são fontes de ruído. banda. Confidencialidade da comunicação. Figura 76 Vantagens e desvantagens do CDMA Os métodos para implementar esta técnica são complexos e diversos, podendo ser implementados de diversas formas. Os métodos mais utilizados, são os seguintes: FH-SS – Frequency Hopping Spread Spectrum DS-SS – Direct Sequence Spread Spectrum THSS - (time hopping spread spectrum) * Híbrido - DS/TH-SS 4.2.5.4.1 * Menos utilizados Frequency Hopping Spread Spectrum Neste método, todo o espectro de frequência disponível é dividido num grande número de portadoras à semelhança do que acontece na técnica FDMA. No entanto, em vez de 173 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis cada uma destas portadoras ser associada a um determinado utilizador no momento em que este pretende efectuar uma transmissão, estas são percorridas com base numa sequência célere de “saltos”. Assim, cada transmissão segue uma sequência única de “saltos” determinada por códigos aproximadamente ortogonais que minimizam a probabilidade de transmissões simultâneas acontecerem no mesmo período de tempo e sobre a mesma portadora CÓDIGO TX1 FREQUÊNCIA F6 TX2 F5 F4 F3 F2 F1 COLISÃO F0 T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 TEMPO Figura 77 Frequency Hopping Spread Spectrum É de realçar que este método não garante a inexistência de colisões entre transmissões, ou seja, estas sequências de código apenas permitem limitar os níveis de interferência mútua para valores determináveis. 4.2.5.4.2 Direct Sequence Spread Spectrum Este método consiste em multiplicar o sinal base, aquele que transporta a informação a transmitir, por um sinal digital de frequência bastante mais elevada e com grande 174 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis largura de banda (Error! Reference source not found.). Este sinal é, normalmente, designado por spreading signal e transporta um código ortogonal único que, pelas suas características, é normalmente designado por sequência de pseudo-ruído. INFORMAÇÃO A TRANSMITIR SEQUÊNCIA DE PSEUDO-RUÍDO INFORMAÇÃO CODIFICADA Figura 78 Direct Sequence Spread Spectrum Após este processo de combinação, o sinal a transmitir assemelha-se muito a ruído, transportando, no entanto, toda a informação de uma comunicação. 175 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.6 Princípios Gerais de uma Arquitectura de Rede BSS BTS NSS VLR HLR Outros MSCs MS BSC BTS MSC EIR AUC PSTN/ ISDN Figura 79 Esquema preliminar de uma rede GSM O terminal do cliente, conhecido como estação móvel – MS (Mobile Station), contêm um cartão SIM, o qual é utilizado para identificar o utilizador dentro da rede. O SIM confere mobilidade pessoal ao utilizador do cartão, permitindo-lhe aceder aos serviços da rede independentemente do terminal a utilizar. Cada terminal é identificado individualmente, através do International Móbile Subscriber Identity (IMEI), independente do cartão SIM. A estação base, que integra receptor e emissor rádio, é também conhecida por BTS Base Transceiver Station, e liga as estações móveis à infra-estrutura fixa da rede. O BSC, Base Station Controller, que controla um grupo de estações base,isto é, gere os recursos de radio de uma ou mais BTS. Entre as suas funções incluem-se o Handoff, que ocorre quando o utilizador se desloca de uma célula para a outra , permitindo que a ligação se mantenha, o estabelecimentos dos canais etc... Estabelece a ligação entre o terminal e o MSC – Móbile Switch Center..O conjunto formado pelo BTS e BSC, 176 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis designa-se Sub-Sistema Estação Base - BSS (Base Station Subsystem).como pode ser observado na figura anterior. O comutador da rede, ou MSC (Mobile Switching Centre), que assegura as ligações às redes RDIS e PSTN, possui ainda uma serie de equipamentos destinados a controlar várias funções, como a “cobrança” do serviço, segurança e o envio de SMS. Um registo associado à localização dos clientes, o HLR (Home Location Register), que é uma base de dados que contém a referência básica da identidade e alguns detalhes acerca do utilizador.Contem toda a informação administrativa sobre o utilizador do serviço e a corrente localização do terminal. O VLR, Visitor Location Register, que é uma base de dados que armazena temporariamente algumas informações acerca dos clientes que estão a mover-se ao longo da rede. É utilizado para controlar o tipo de ligações que um terminal pode efectuar, por exemplo se um terminal possui restrições nas chamadas internacionais o VLR impede que estas sejam efectuadas. O centro de autenticação - AUC (AUthentication Centre), que é uma base de dados segura, onde se faz o armazenamento e controlo dos códigos de acesso pessoais e confidenciais do utilizador. O agregado constituído pelo comutador, HLR, VLR e AUC, denomina-se SubSistema Rede - NSS (Network Sub-System). O centro de operações e manutenção OMS (Operations and Maintenance Centre), que é responsável pela logística e pelas operações técnicas da rede. As interfaces são também partes essenciais da rede, suportando o diálogo entre os diferentes elementos, e facilitando a sua interoperabilidade. O ETSI (European Telecommunications Standards Institute) tornou standards as seguintes interfaces: 177 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS i. Tecnologias das Comunicações Móveis A interface rádio “Um”, que se situa-se entre a estação móvel e a estação base, é a interface mais importante da rede. ii. A interface A-bis liga a estação base ao seu controlador BSC por um circuito digital. iii. A interface A situa-se entre o controlador e o comutador MSC. iv. A ligação X.25, que liga o controlador ao centro de operações, OMC. v. A interface entre o comutador e a rede pública, definida pelo SS7 (Sistema de Sinalização 7). 4.2.6.1 Arquitectura de uma rede Celular A arquitectura do sistema, foi desenhada de forma a minimizar a complexidade das estações base de transmissão, para em caso de alterações topológicas, como a criação ou sectorização de células, o custo seja o menor possível. Outro conceito importante em conta no desenho, foi a gestão e manutenção centralizada da rede bem como a interligação a outras redes, particularmente à rede fixa. Esta arquitectura pode ser observada na figura seguinte: 178 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Interface Ar Tecnologias das Comunicações Móveis Interface Ar A Bits Interface VLR Trafego SS7 + SS7 Estação Móvel Estação Base Controlador da Estação Base Outro MSC/ VLR PSTN Trafego e + SS7 ISDN MSCSl BSS SS7 HLR X.25 Rede de Comunicação de Dados OMC Figura 80 Arquitectura de um Sistema Celular No extremo do sistema temos a estação móvel ou MS (Mobile Station), que para além da parte de rádio e funções de processamento para acesso à rede através do interface rádio, deve incorporar o interface para com o homem (microfone, auscultador, visor, teclado, ...) e ou o interface para interligação com equipamento terminal (computador pessoal ou fax). Outro aspecto significativo da arquitectura da estação móvel, é o módulo do utilizador, onde estáenvolvido mais que uma simples identificação. O SIM (Subscriber Identity Module) é essencialmente um cartão inteligente contendo toda o informação relativa ao utilizador e alguma informação do sistema. Responsável pelo estabelecimento da ligação entre a estação móvel e o NSS (Networking Switching System), o subsistema estação de base, ou BSS (Base Station Sub-sistem), agrupa as infra-estruturas de máquinas que são específicas aos aspectos rádio celulares. O BSS encontra-se em contacto directo com as estações base, através do interface rádio, incluindo portanto o equipamento responsável pela transmissão e recepção do percurso rádio e sua gestão. Necessitando de controle, o BSS encontra-se também em contacto com o OMC (Operation and Maintenance Centre) através duma 179 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis rede de comunicação de dados a funcionar sobre X.25. Os equipamentos abrangidos por este subsistema são[8]: BTS - Base Transceiver Station. A BTS compreende os dispositivos de transmissão e recepção de rádio, incluindo as antenas, bem como o processamento de sinal específico do interface rádio. BSC - Base Station Controller. O BSC é responsável por toda a gestão do interface rádio, através do comando remoto da BTS e da MS, e principalmente da atribuição de canais de rádio bem como o controle de handover. Está ligada por um lado ao SS, epor outro a várias BTS’ s . Outro subsistema é o SS (Switching System), que inclui as principais funções de comutação do DCS, bem como as bases de dadas necessárias para os utilizadores e para a gestão da mobilidade. Dentro do subsistema NSS, as funções de comutação básicas são executadas pelo MSC (Mobile Switching Centre), que tem como principal papel o da coordenação e estabelecimento de chamadas de e para os utilizadores do sistema. O MSC tem ligações com os BSS’ s, com as redes externas, com o OMC e com as bases de dados. Três importantes bases de dados do sistema armazenam informação sobre os utilizadores e equipamento. O HLR (Home Location Register), guarda a informação sobre níveis de assinaturas, serviços suplementares e a posição actual, ou mais recente, dos utilizadores da própria rede. Associada a cada MSC existe um VLR (Visitors Location Register), que conserva informação sobre níveis de utilizadores, serviços suplementares e a posição actual dos utilizadores “visitantes” dessa área. Outra base de dados é o AuC (Authentication Center), que contêm toda a informação adequada para evitar as intromissões no interface rádio e a utilização indevida do equipamento. Quanto ao sistema de operação e gestão OSS (Operation and Suport System), este desempenha diversas tarefas, requerendo todas interacção com as infra-estruturas, tal como com a BSS ou o NSS. As principais funções do OSS são: 180 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Operação e manutenção das máquinas da rede. Responsável por este serviço está uma máquina a que se dá o nome de OMC (Operation and Maintenance Centre), e que é considerada a interface entre o homem e a rede, permitindo a este efectuar operações de manutenção, assim como fazer a gestão de todas as máquinas do sistema. Gestão das assinaturas, taxação e contabilização. Normalmente é uma máquina independente que se ocupa destas tarefas. Com ligação ao HLR para consulta e actualização de dados referentes aos utilizadores, assim como também para taxação. Este aspecto, de taxação e contabilização, é um assunto para o qual não existem especificações dedicadas nas recomendações do sistema, sendo assim um processo livre. No entanto tem-se verificado uma convergência de princípios aplicados para uma mais fácil interligação de redes e uniformização neste aspecto a nível internacional. Gestão do equipamento móvel. Parte desta tarefa é realizada na operação de rede pelas máquinas da infra-estrutura. Contudo, existe uma máquina, identificada como sendo EIR (Equipment Identity Register), responsável pelo armazenamento dos dados relativos ao equipamento móvel. Um exemplo da necessidade da gestão do equipamento móvel é o de procurar MS’ s roubadas ou com funcionamento estranho. 181 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.6.3 Entidades Envolvidas no Sistema Figura 81 Arquitectura de rede GSM [8] 4.2.6.3.1 Mobile Station (MS) O desenvolvimento das Estações Móveis para GSM e tem-se traduzido num verdadeiro desafio para a indústria das comunicações, tendo estas que compatibilizar a crescente exigência de capacidade de processamento, com menores dimensões e custo dos 182 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis móveis. O meio para este desenvolvimento tem sido conseguido pela convergência das normas envolventes e da tecnologia. Cada tipo de estações móveis têm diferentes potências de emissão e conseqüentemente diferentes alcances.Um exemplo disso é : um terminal móvel portátil tem uma potência de emissão mais baixa, e conseqüentemente um raio de acção menor, do que um móvel instalado num veículo. Para o desenvolvimento dos terminais GSM houve que ter em conta também as características de radiação da antena tal como a compatibilidade electromagnética em relação ao funcionamento simultâneo com outros sistemas. O desenvolvimento dos MS é essencialmente definido pelos critérios de optimização: Custos de fabrico Autonomia Dimensões e peso do equipamento 4.2.6.3.2 Subscriber Identity Module (SIM) O Subscriber Identity Module – SIM é considerado uma entidade integrante do Sistema Móvel. Com excepção das chamadas de emergência, o móvel só pode operar quando estiver presente um SIM válido. O móvel deve conter funções de segurança que permitam efectuar a autenticação do utilizador, ou seja, um PIN de autenticação e um algoritmo de encriptação. O SIM guarda três tipos de dados: Dados fixos, gravados antes de ser efectuada a assinatura. Por exemplo, a chave de autenticação do utilizador (Ki) e algoritmos de segurança. 183 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Dados temporários da rede. Por exemplo, o código de identificação da área de localização, o TMSI e as redes onde o acesso é negado. Dados relacionados com o serviço. Por exemplo, o idioma por defeito e informações relacionadas com custos de chamadas e serviços. O cartão SIM assume uma importância vital, no funcionamento dos Operadores Virtuais de Rede Móvel, assumindo-se com uma vantagem competitiva. 2.3.3.2.4 4.2.6.3.3 Sub Sistema Estação Base (BSS) O sistema de estações base é o principal responsável pelas funções de gestão do recurso rádio da rede, o BSS trata do handover das chamadas em curso. Este subsistema ocupase da gestão dos dados de configuração das células, assim como do controle do nível de potência na estação de base e estação móvel. Este subsistema usufrui também de autonomia para tratar a maior parte de possíveis falhas do sistema, não tendo assim nestes casos que intervir o OSS. O subsistema estação base, contém todo o equipamento, incluindo o de transmissão e de controle, necessários para assegurar a ligação entre os utilizadores, mesmo quando estes têm um elevado grau de mobilidade, e através das várias células que compreendem a área de cobertura. 184 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Interface A-Bits Rede de Transporte BSC BTS Figura 82 Sistema de Estações Base A figura anterior, representa de forma simplificada a arquitectura deste subsistema, inclui dois tipos de equipamento: A estação base (BTS) inclui os recursos rádio e de sinalização necessários a assegurar o tráfego numa determinada célula. O controlador da estação base (BSC) controla todas as BTS’s e respectivos interfaces rádio necessários para cobrir a área do sub-sistema base. De uma forma simplicista, podemos dizer que a BTS é responsável pela camada física do interface rádio. O modo de acesso ao canal de rádio adoptado pelo sistema GSM é do tipo TDMA, o que permite a um único transceiver rádio servir simultaneamente 16 canais de débito parcial ou 8 canais de débito total. Um BSC pode compreender uma ou mais BTS’s, de modo a abranger diversas arquitecturas possíveis da rede. Além da gestão dos recursos rádio das BTS’s que controla, o BSC também monitoriza as principais funções de operação e manutenção destas. A gestão dos handovers entre células, é feita autonomamente pelo BSC, desde que as células envolvidas no processo sejam controladas pelo mesmo. 185 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A arquitectura implementada deve apresentar flexibilidade em relação à cobertura que se pretende, dependendo dos edifícios e tipo de arruamentos da área a cobrir, bem como do ponto de vista quantitativo da área a cobrir . Pode-se implementar uma cobertura omnidirecional ou sectorizada, de acordo com as imposições do tráfego. Diferentes tipos de configurações ao nível do BSS podem ser implementados, na figura seguinte apresentam-se algumas das configurações tipo mais utilizadas: BSC Configuração omnidireccional BSC Configuração em estrela I n t e r f a c e BSC Configuração em cadeia BSC Configuração em sectorizada A I R BSC Configuração sectorizada com BSC remota Figura 83 Configurações típicas dos BSS´s 186 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.2.6.3.3.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Estação Base (BTS) Do ponto de vista da funcionalidade, a BTS assegura a recepção e transmissão rádio, tendo para isso um ou mais trans-receptores (TRX) para assegurar a capacidade requerida. A BTS disponibiliza diversas funções, relacionadas quer com o recurso rádio, quer com operação e manutenção do sistema. A BTS assegura a cobertura rádio de uma célula, que é o elemento básico de cobertura do serviço numa determinada zona. É a estação base que fornece o ponto de entrada para a rede, a todos os clientes que se encontram na célula, permitindo o estabelecimento de comunicações. Figura 84 Exemplos de Estações base para interior 187 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.6.2.3.2 Base Station Controller (BSC) Ao nível do hardware existe uma elevada flexibilidade,bem como para software e rede, de modo a permitir diversificar o tipo de configurações. A existência do BSC apresenta um número elevado de vantagens: desde a simplificação das BTS’s, passando pela descentralização do MSC, o que significa a concentração dos serviços e funções de comutação telefónica no MSC, deixando para o BSC a gestão de rádio da rede, até à maior eficiência das estruturas de dados. A escolha da localização ideal para a colocação do equipamento que constitui o BSC é geralmente uma decisão que dependente de factores economicos, relacionados com os custos das ligações entre BSC e MSC. Normalmente opta-se sempre que possível pela colocalização do BSC e MSC, evitando assim as ligações entre BSC e MSC. Na figura seguinte são apresentados os equipamentos da unidade de adaptação de ritmo (TRAU) e do BSC. Um grande conjunto de funções executadas pelo BSC é relativo à gestão rádio da rede. O sistema rádio de um sistema celular está normalmente sob grande “pressão” devido AO aumento acentuado de utilizadores que continuamente entram no sistema. Depois da activação do sistema é sempre necessária uma re-configuração para adaptação ao crescimento do tráfego. Uma parte das funções do BSC é normalmente relacionado com o correcto funcionamento do equipamento, tendo outra parte a responsabilidade de controlar a eficiência do tráfego no percurso rádio. 188 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Figura 85 Equipamento de Unidade de Adaptação de Ritmo e BSC 2.3.3.2.5 4.2.6.3.4 Sistema de Comutação (SS) O sistema de comutação inclui as principais funções de comutação do sistema, assim como as bases de dados necessárias para os utilizadores e para a gestão da mobilidade. A sua principal função é a gestão da comunicação entre utilizadores de DCS e utilizadores de outras redes. 189 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS VLR GMSC Tecnologias das Comunicações Móveis HLR AUC BSS VLR PSTN ISDN EIR MSC OSS Figura 86 Elementos de um sistema de comutação O sistema de comutação inclui os elementos funcionais: Gateway Mobile services Switching Centre (GMSC); Mobile services Switching Centre (MSC);Visitor Location Register (VLR);Home Location Register (HLR);Authentication Centre (AuC) ; Equipment Identity Register (EIR). O MSC e o VLR estão integrados no mesmo nó da rede, devido à intensa troca de informação entre os equipamentos em todos os estabelecimentos de chamadas, o que poderia resultar numa excessiva carga nos canais de sinalização se estes equipamentos estivessem em nós separados. O MSC pode incluir a funcionalidade de Gateway, passando a actuar como uma gateway para o sistema móvel, denominando-se neste caso por GMSC. O HLR pode estar isolado na rede ou integrado junto a um nó de um MSC/VLR. OO AUC é normalmente um equipamento externo isolado, normalmente um computador, sendo ligado ao HLR por canais de sinalização. Quanto ao EIR, esta funcionalidade está normalmente integrada no computador do AuC. 190 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.2.6.2.4.1 Tecnologias das Comunicações Móveis MSC/VLR e GMSC O centro de comutação de serviços móveis (MSC) é o coração da rede móvel. O MSC é responsável pela total gestão das chamadas, tendo de estabelecer, encaminhar, controlar e terminar chamadas. Além das funções relacionadas com o controle de chamadas o MSC é também responsável por gerir os handovers entre dois BSC’s pertencendo ao mesmo MSC ou a MSC diferentes, assim como suportar diversos serviços suplementares. Todas as funcionalidades relacionadas com contas e taxação são também da responsabilidade do MSC, bem como efectuar o interface com as redes públicas de voz (PSTN) e dados (ISDN). Normalmente o VLR e o MSC estão integrados, no entanto devem ser vistos como dois nós funcionais independentes. O VLR é basicamente uma base de dados de informação sobre todos os utilizadores móveis presentemente cobertos pela zona de serviço do MSC. Sendo assim cada MSC deve ter o seu próprio VLR. O MSC Gateway (GMSC) faz a interligação entre a rede GSM e outras redes. É o ponto da rede GSM por onde entram as chamadas para os utilizadors móveis. O GMSC tem a função de interrogar o HLR para pedir informação acerca da localização do utilizador destino. Esta localização é dada através do endereço do MSC/VLR. Em seguida o GMSC é também responsável por encaminhar a chamada para o MSC da área de serviço onde esta localizado o utilizador. O GMSC tem de intervir sempre que um dos extremos da chamada é um utilizador fixo, ou de outra rede externa. 191 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Registo de Vi sitante s Tecnologias das Comunicações Móveis Mobile Aplication Part Armazenamento e gestão de todos os dados do utilizador Protocolo utilizado para os procedimentos de sinalização com o HLR Análise Análise dos endereços e das numerações IMSI Adm inistração Disponibilização de comandos e relatórios HLR Acesso Suporte de todos os aspectos relacionados com a ligação entre o móvel e a rede GSM Trafego Sinalização BSC Figura 87 Entidades operantes no MSC/VLR 4.2.6.2.4.2 Home Location Register (HLR) O HLR é uma base de dados central destinada ao armazenamento de informação do cliente categorias ( ordinário, prioritário, utilizador, testes telefónicos, etc. ), estado, lista de serviços de rede e de telecomunicações e localização ( identificação do MSC/VLR ). Alguns destes dados são normalmente transferidos para o VLR visitado, seguindo assim os movimentos dos utilizadores através da rede móvel. A rede celular incluir vários registos, dependendo da capacidade do equipamento, da fiabilidade e da política operacional do operador de rede. Os dados registados no HLR incluem detalhes acerca do cliente, incluindo os serviços suplementares que lhe são disponibilizados. Juntamente com estes dados fixos, existe alguma informação adicional variável, que descreve a última localização do utilizador e o estado do seu terminal (se está em serviço, fora de serviço, a fazer uma chamada, etc.). O HLR distingue os dados relacionados com o cliente dos dados associados ao terminal. O cliente pode usar o terminal de outro utilizador sem problemas de taxação, já que os clientes são identificados pela informação contida num cartão pessoal inteligente do cliente, o SIM 192 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis (Subscriber Identity Module). Quando um cliente pretende usar um serviço, parte da informação armazenada no SIM é transmitida à base HLR, que reconhece o utilizador. Desta forma, a rede consegue distinguir o terminal e o utilizador. A localização dos utilizadors é guardada no HLR e utilizada no encaminhamento das chamadas para o utilizador, na direcção da MS. Para assegurar esta função de encaminhamento, existem comutadores dedicados dentro da rede, o GMSC, que consultam o HLR durante a gestão de chamada de um utilizador. Quando aparece uma chamada, é encaminhada para o MSC, que controla os BSC´s, fazendo estes a cobertura da área onde o utilizador está posicionado na altura da chamada.[7] Registo de Visitante s Mobile Aplication Part Armazenamento e gestão de todos os dados do utilizador Protocolo utilizado para os procedimentos de sinalização com o HLR Análise Análise dos endereços e das numerações IMSI Administração Disponibilização de comandos e relatórios GMSC VLR AUC Figura 88 Entidades Operantes no HLR 4.2.6.2.4.3 Centro de Autenticação AUC Um conceito de segurança característico dos sistemas celulares é a utilização de uma chave secreta para todos os utilizadores da rede, que evitam duplicação de cartões SIM e fraudes na facturação dos serviços, e a encriptação do canal rádio que permite privacidade nas chamadas. A protecção das chaves secretas é feita concentrando-as numa base de dados segura ecentralizada, chamada AuC. Esta não só guarda as chaves secretas, mas também calcula a informação necessária à autenticação e cifra de cada chamada. A segurança no sistema abrange quatro aspectos [54]: 193 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Privacidade da comunicação; Privacidade da localização e identidade do utilizador; Controlo do acesso à rede em relação ao utilizador; Controlo do acesso à rede em relação ao equipamento; O AUC é também uma base de dados que armazena informação confidencial. Consequentemente, a sua localização deve permitir apenas o acesso autorizado. A informação armazenada nesta base de dados está registada encontra-se codificada. O AUC controla as permissões dos clientes relativamente aos serviços da rede a que podem aceder. Esta verificação, assume um elevado grau de importância protegendo em simultâneo, o operador de rede e o cliente. Esta verificação é efectuada sempre que o utilizador acede à rede. O operador tem necessidade de conhecer o utilizador da rede, para poder proceder à correcta taxação dos serviços prestados, protegendo o cliente de ataques fraudulentos às suas contas pessoais, tendo a garantia de que está a pagar pelos serviços que na realidade usou. A identificação processa-se em duas fases. A primeira ocorre a nível local, quando o utilizador liga o seu terminal, tendo que introduzir a sua identificação sob a forma duma “assinatura electrónica”, que corresponde ao seu código pessoal (PIN – Personal Identification Number), sendo comparado com o que consta no cartão SIM em uso no terminal móvel. Se os códigos coincidirem mutuamente, significa que o PIN foi aceite, e que o utilizador tem permissão para usar aquele terminal. A segunda fase da identificação desenrola-se quando o utilizador tenta utilizar um dado serviço da rede. Neste caso, a rede solicita ao terminal móvel a identidade do utilizador (que corresponde ao seu número), e em seguida pede que o cliente prove a sua identidade, através dum algoritmo armazenado na memória do seu cartão. A cópia deste algoritmo está também no AUC, nunca sendo transportado através da rede. A única coisa que circula na rede é apenas o resultado dos cálculos efectuados pelo algoritmo, de forma codificada, para que posteriormente o AUC possa efectuar as comparações com o código correcto. 194 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.2.6.3.4.4 Tecnologias das Comunicações Móveis EIC Registo de Identificação de Equipamento Cada estação móvel tem a sua própria informação de identificação, o número de identificação internacional de equipamento móvel (IMEI). O sistema disponibiliza um mecanismo de verificação do equipamento móvel, suportado pelos dados guardados no EIR. O EIR é periodicamente actualizado a partir de uma base de dados europeia, de forma a que os dados existentes nos diversos EIR’s dos operadores sejam consistentes no que diz respeito à situação dos móveis. O EIR guarda três listas de IMEI’s: Lista Branca, contendo números de série de todo o equipamento móvel GSM que está apto a uti lizar o sistema GSM; Lista Negra, contendo todas as identificações de equipamento móvel cujo acesso às redes GSM deve ser impedido; Lista Cinzenta, contendo as identificações de equipamento defeituoso ou sem aprovação por parte das entidades competentes. 4.2.6.3.4.5 Centro de Operações e Manutenção (OMC) O OMC é o centro de controlo de operação e configuração da rede, e abrange a administração do cliente e gestão técnica do equipamento. A gestão comercial e administrativa da rede inclui o fornecimento, configuração, e taxação do serviço. Grande parte do trabalho de gestão de configuração requer a interacção com o registo HLR. A gestão comercial processa uma série de dados estatísticos por forma a construir um padrão de preferências e expectativas dos clientes. Com base na informação recolhida, o operador pode ajustar os seus tarifários de maneira a retirar, por exemplo, tráfego durante o dia, quando a intensidade é maior. A gestão técnica da rede assegura a disponibilidade e a configuração óptima do hardware da rede. A maior parte das tarefas 195 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis de gestão são efectuadas remotamente pelo equipamento da rede, através das mensagens de rede, recorrendo a uma outra rede de dados independente da rede GSM. 4.2.6.4 Sinalização A maior parte do processamento de sinalização passa-se ao nível da camada 3. A camada 3, é em termos de sinalização a mais complexa, estando encarregue principalmente de estabelecer, manter e terminar uma ligação. A camada 3 assegura as funções de suporte necessárias relacionadas com o controlo dos serviços suplementares e o serviço de mensagens curtas. As normas GSM consideram que esta camada é composta por três subcamadas com objectivos específicos, e independentes entre si. Em primeiro lugar existe a subcamada de Gestão dos Recursos Rádio , cujo papel é estabelecer e libertar ligações estáveis entre estações móveis e um MSC enquanto a chamada decorrer e qualquer que seja a movimentação do utilizador. Deve jogar com um recurso rádio limitado e geri-lo dinamicamente entre todas as necessidades. A subcamada de Gestão de Mobilidade está principalmente relacionada com estação móvel, mais precisamente o SIM no interior do móvel, a HLR e o MSC/VLR. A gestão das funções de segurança é realizada pelas mesmas máquinas, mais precisamente belo AuC que está situado no interior do HLR. A BSS não faz parte desta subcamada. As funções da subcamada Gestão de Chamadas são o estabelecer um circuito para um determinado utilizador quando lhe for pedido, e claro manter e libertar. Esta subcamada inclui meios postos à disposição do utilizador de forma a este manter algum controlo sobre a gestão das chamadas que origina ou recebe, através de serviços suplementares. A variedade destas funções, torna mais fácil a sua explicação agrupando-as em três domínios: Controlo de Chamadas. Os MSC/VLR’s, GMSC’s e HLR’s, através de funções básicas de gestão de chamadas, são capazes de gerir a maior parte de 196 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis serviços orientados ao circuito, postos à disposição do utilizador, incluindo voz e dados; Serviços Suplementares. Estes serviços têm o objectivo de conceder algum controlo sobre as chamadas ao utilizador que as originou ou recebeu. Serviços de Mensagens Curtas. O sistema está ligado a um centro de serviços de mensagens curtas, que pode estar ligado a várias redes, proporcionando assim um serviço de envio de mensagens curtas ponto -aponto. 4.2.6.5 Gestão de Chamadas A gestão de chamadas consiste no estabelecimento e libertação de circuitos de comunicação através de diversas redes. O desenvolvimento das redes fixas, principalmente a PSTN e a ISDN, causou uma grande evolução nas técnicas de sinalização. As redes celulares públicas em geral, e o GSM em particular, são basicamente redes de acesso a estes sistemas de telecomunicações. O seu esquema de gestão de comunicações é bastante dependente das técnicas existentes e oferece poucas novidades, por exemplo, a troca de sinalização na interface entre o GSM e as redes exteriores é imposta pelas últimas. Os procedimentos de sinalização da gestão de comunicações, definidos entre estações móveis e a infra-estrutura GSM, são cópias adaptadas e simplificadas daquelas especificadas para o acesso à ISDN. No entanto a gestão de chamadas não é totalmente copiada do ISDN, facilmente se compreende que os sistemas celulares aparecem alguns problemas devido à mobilidade dos utilizadores e ao facto de não existir nenhuma ligação fixa entre cada utilizador e a estrutura da rede. O ponto central é o estabelecimento de chamadas com utilizadores que se deslocam. Um dos lados do problema é o percurso que o sistema tem que percorrer para seguir o movimento dos utilizadores entre chamadas, de maneira a localizá-los sempre que necessário. O outro lado do problema é o encaminhamento da chamada através de redes até ao utilizador móvel.[55] 197 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.2.6.5.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Chamada iniciada na rede GSM e terminada em outra rede Existem algumas diferenças relativamente à rede fixa.A grande diferença é que o número é completamente digitado antes de ser estabelecido qualquer contacto com a rede, sendo este visualizado no MS e está sujeito a modificações antes da transmissão. Uma outra diferença, aplicável em redes multi-serviço como GSM, é que informação adicional pode ser trocada entre o utilizador e a rede no início da chamada, tal como o tipo de serviço ou o tipo de canal. Na maioria dos casos, estes pontos serão tratados automaticamente pela estação móvel, com valores por defeito ou com valores previamente especificados. Figura 89 Estabelecimento de uma chamada com origem no móvel [10] 1 Em primeiro lugar o móvel irá efectuar um acesso aleatório, através do canal RACH, pedindo então um canal de sinalização dedicado SDCCH. 2 O BSC atribui um canal de sinalização, através do canal de acesso concedido AGCH. 2 É estabelecido o canal de sinalização entre o móvel e o MSC/VLR (SDCCH). Este canal suportará toda a sinalização entre as entidades de rede e o móvel, até ser estabelecido o canal de tráfego. A troca de informação agora processada incluirá: 198 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis i) Envio da identificação do móvel – TMSI. Com base nesta identificação, o VLR activa o registo do móvel e devolve a trio de parâmetros ao MSC; ii) Autenticação. O MSC enviará o parâmetro RAND ao móvel. O móvel devolverá o respectivo SRES que deverá coincidir com o valor devolvido pelo VLR.. iii) Inicio de encriptação. O BSC é informado da chave de encriptação Kc. iv) O móvel envia o pedido de chamada. O número destino é enviado agora para o MSC (neste caso trata-se de um telefone fixo). 4 O MSC informa o BSC para que seja atribuído um canal de tráfego ao móvel. A informação relativa a este canal é então enviada ao móvel. 5 A partir de agora o móvel passará a utilizar o canal de tráfego TCH/SACCH. 6 O MSC envia agora o pedido para a rede fixa. O utilizador móvel passa agora a ouvir o toque de chamada. 4.2.6.5.2 Chamada terminada na rede GSM e iniciada em outra rede A diferença essencial entre o estabelecimento de uma chamada para um utilizador PSTN/ISDN e um utilizador móvel é que no primeiro, a localização exacta é conhecida, enquanto no segundo nunca sabemos onde se encontra o móvel, podendo inclusivamente estar em roamming internacional. Desta forma teremos de encontrar o móvel através das bases de dados e de pois por paging e só então encaminhar a chamada para o local destino. Os procedimentos que se devem efectuar no estabelecimento da chamada originada numa rede PSTN/ISDN. Uma chamada originada na rede fixa,cuja sequência de procedimentos é verossímil qualquer que seja a origem da chamada. 199 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Figura 90 Chamada terminada na rede GSM [10] 1 O utilizador fixo digita o número de telefone destino (MSISDN). Este número é então analisado pela central de comutação local, que encaminha então a chamada para a gateway do operador móvel, denominada por GMSC. 2 O GMSC analisa o MSISDN de forma a deduzir em que HLR se encontra registado o assinante. Um operador móvel pode optar pela utilização de diversos HLR’s, existindo então uma separação com base no MSIDN. É então altura de interrogar o HLR acerca do estado do móvel, e a forma de encaminhar a chamada para o mesmo. 3 Depois de chegado o número do assinante móvel ao HLR, terá então de se proceder a várias operações: i) O HLR terá de em primeiro lugar efectuar a transformação do MSISDN na identificação móvel, o IMSI. ii) Esta consulta verifica também o estado dos serviços do assinante, pois pode-se dar o caso de estarem activos reenvios para outros números, ou por exemplo, para um centro de voice mail. iii) O HLR contacta agora o MSC da área de serviço onde se encontra o móvel. Este contacto tem como objectivo a obtenção do MSRN, que permitirá o encaminhamento da chamada para o MSC. Repare-se que 200 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis este MSC pode não ser do próprio operador, podendo inclusive estar no estrangeiro. No entanto todo o processo é semelhante. 3 Com base no IMSI o VLR selecciona temporariamente um MSRN e associa-o ao assinante em causa enquanto a chamada decorrer. Este número é então devolvido ao HLR, que por sua vez o envia ao GMSC. 4 O GMSC está então agora em condições de encaminhar a chamada para o destino, estabelecendo um circuito através da própria rede, ou através do PSTN caso o assinante esteja em roaming. Esta chamada é encaminhada directamente para o MSC. 5 Chegado o MSRN ao MSC/VLR, este converte-o no respectivo TMSI e obtêm assim a LAI em que se encontra o assinante. É então iniciado o processo de paging. 6 O MSC pede aos BSC’s que controlam as estações base que pertencem à área de localização do móvel, que enviem uma mensagem de paging por forma a encontrar o móvel. Esta mensagem tem como parâmetro o IMSI o TMSI do móvel destino. É utilizado o canal de paging PCH em todas as estações base. 7 O móvel em causa deverá então responder ao paging, através do canal de acesso RACH. aleatório O móvel envia o TMSI. 8 É atribuído um canal para sinalização dedicado SDCCH. Esta atribuição faz-se através do AGCH. O canal lógico SDCCH é então estabelecido entre o móvel e o MSC/VLR. É então que se dará todo o processo de autenticação por forma a confirmar a identidade do móvel. Depois de iniciada a chamada encriptada, será passada ao móvel toda a informação respeitante à chamada em causa, por exemplo número de origem. 9 Depois de informado o BSC, é então atribuído um canal de tráfego ao móvel, completando-se a ligação. Esta atribuição poderá ser efectuada antes ou depois de inicio de alerta no móvel, dependendo da estratégia de atribuição de canal de tráfego, como foi referido anteriormente. 201 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.2.7 A Geração 2.5 G As telecomunicações sem fios mudaram o estilo de vida da maioria da população, tornando-a mais móvel. Por exemplo, com o constante aumento dos transportes privados e públicos para trabalho e até mesmo lazer, as pessoas passam mais tempo “em transito”. O tempo ocupado pelas deslocações não é tempo útil e muito menos tempo livre, mas sim “tempo móvel”. Este principio foi identificado pelos fabricantes de tecnologias electrónicas, que tornaram os equipamentos electrónicos móveis parte do mercado de consumo. Dispositivos electrónicos móveis, tais como, o walkman, o palmtop e o telemóvel, permitem que as pessoas utilizem o seu “tempo móvel” de maneiras úteis. Estas soluções, estão a mudar a maneira como se olha para as novas tecnologias.tornando mais fácil a introdução de novos produtos. Actualmente, a Internet generalizou-se acabando por se massificar, criando um conceito novo de mundo global. Como na realidade “somos o que sabemos”, a informação assume um papel principal, nesta óptica de raciocínio, os grandes fabricantes de material electrónico, apontam os dados como o caminho principal. É na posse deste pressupostos, que é imposta uma evolução na rede GSM direccionada para o transporte de dados, mantendo, obviamente as comunicações de voz. 4.3 HSCSD (High Speed Circuit Switched Data) O serviço de dados do GSM actual é baseado na tecnologia de comutação de circuitos e apresenta uma taxa de transmissão máxima de 9.6 Kbps. É no entanto, um ritmo de transmissão insuficiente quando utilizado em aplicações mais pesadas, como a Internet, vídeo, facsmile, etc. Num esforço para manter atractiva a utilização do GSM, foi definido um conjunto de normas pelo ETSI, designado por GSM 2+. Uma das inovações que se pretende implementar no GSM 2+ é o chamado HSCSD. O HSCSD (High Speed Circuit Switched Data) é uma evolução do sistema GSM, e baseia-se também na comutação de circuitos, no entanto, foi desenvolvido para suportar taxas de transferência superiores a 9.6 kbps [29]. 202 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis O HSCSD, é uma melhoria dos actuais serviços de comutação de circuitos, para poder proporcionar taxas de transmissão de dados superiores a 9.6 Kbps. A arquitecturade serviço HSCSD pertence à camada física do modelo OSI. O aumento da taxa detransmissão é conseguido utilizando a combinação de vários canais de tráfego (TCH/F) para uma simples ligação. Transmitindo-se dados no modo transparente consegue-se um ritmo de transmissão de 64 Kbps, usando para tal os chamados protocolos transparentes. No modo não transparente, o ritmo de transmissão máximo é de 38,4 Kbps, usando para tal 4 canais TCH/F9.6 . Com novo canal de 14.4 Kbps o máximo de transmissão obtido, no modo não-transparente, é de 57.6 Kbps. O uso efectivo de ritmos de transmissão de dados proporcionados pelo HSCSD, não transparente, poderão aumentar usando para tal a compressão de dados GSM baseado no algoritmo de V.42bis. Este algoritmo de compressão aumenta o ritmo de transmissão de um factor de 2 a 4 em relação à taxa de transmissão física. Aplicações como o facsmile, transferência de ficheiros grandes, acesso a páginas de Internet, vídeo,..., beneficiarão significativamente da implementação HSCSD, já que o tempo de acesso será mais reduzido. A maioria dos equipamentos actuais de facsmile operam a taxas de 14.4 Kbps, no entanto, no futuro próximo poderão necessitar de taxas de transmissão da ordem de 22.8 a 33.6 Kbps. Será possível dispor de interfaces gráficos bastante mais amigáveis como o WWW. No entanto do ponto de vista da utilização da rede o HSCSD não é ideal para WWW, já que, durante grande parte do tempo de ligação o utilizador está a ler as páginas carregadas. O desenvolvimento de algoritmos de codificação vídeo para baixas taxas de transmissão (ITU-T H..324) permitem serviços como captura de vídeo e teleconferência usando taxas de transmissão disponibilizadas pelo HSCSD. Segundo diversos autores, o HSCSD apresentou-se com um enorme potencial de desenvolvimento, referem como razão os grandes investimentos efectuados na rede já existente, visto que, o HSCSD seguirá o mais perto possível a arquitectura existente de forma a rentabilizar ao máximo os investimentos já efectuados. As alterações serão mais significativas nos protocolos de transmissão de dados e sinalização. No estabelecimento de uma chamada o utilizador negoceia um conjunto de parâmetros do HSCSD com a 203 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis rede, como por exemplo: taxa de transmissão, numero de canais, possíveis codificações do sinal, etc. A ligação é estabelecida se a rede poder disponibilizar os serviços dentro dos parâmetros especificados. A ligação é então mantida até que o utilizador a termine, a não ser por incapacidade do sistema em responder às exigências especificadas e seja obrigado a interrompê-la. Uma chamada utilizando HSCSD implica a alocação de vários canais TCH/F do GSM convencional. Uma chamada HSCSD é baseada em canais TCH/F, como o sistema GSM. O móvel irá pagar todos os canais utilizados, no entanto, o chamado terá de pagar os canais superiores quando uma chamada tiver origem na rede fixa. Para introduzir as novas funcionalidades do HSCSD, os operadores móveis vão ter que actualizar os seus sistemas actuais, de forma a permitir o uso dos múltiplos slots temporais. Os terminais também terão que estar preparados para suportar esta nova tecnologia. Com o HSCSD é implementado um novo esquema de codificação que aumenta as taxas de transmissão de 9.6 kbps para 14.4 kbps, por slot(ver tabela seguinte). O HSCSD permite combinar vários slots para conseguir débitos que são múltiplos de 9.6 kbps ou 14.4 kbps. Assim, os operadores podem fornecer aos seus utilizadores taxas que variam entre os 9.6 kbps e os 57.6 kbps. Para serviços de voz, o HSCSD não introduz alterações às funcionalidades actuais do GSM. Sistema HSCSD (com BTS e BSC antigos) Sistema HSCSD Taxas de Transferência (kbps) Taxas de Transferência (kbps) 1 9.6 14.4 2 19.2 28.8 3 28.8 43.2 4 38.4 57.6 Número de slots temporais usados Tabela 10 Alteração das taxas de transferencia por slot temporal A configuração HSCSD consiste na conjugação de múltiplos canais independentes (TCH/F) entre as estações móveis e a rede tal como apresenta na figura seguinte. 204 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis BSC /TRAU BTS ... ... MSC I W F PSTN ISDN PDN Figura 91 Arquitectura do sistema HSCSD com configuração de múltiplos canais O tipo de canais permitidos em HSCSD são TCH/F4.8, TCH/F9.6, TCH/F14.4, que disponibilizam taxas de transmissão de 4.8 Kbps, 9.6 Kbps, 14.4 Kbps por canal, respectivamente. Por razões de optimização de custos as BTS serão modificadas o menos possível. Do ponto de vista da rede a maioria das modificações serão nas BSC e nas MSC. Na configuração HSCSD a trama de dados é dividida em subtramas. Uma função de divisão/combinação estará localizada no terminal móvel e a outra na MSC Interworking Functions (IWF) ou na BSS. A localização da função de divisão/combinação estará localizada na BSS, caso contrário estará situada na IWF. Entre a BSS e a IWF a combinação de canais individuais será suportada por ligações de 64 Kbps, que é a taxa de transmissão da ligação ISDN. 4.3.1 Interface Air No GSM convencional, cada portadora, suporta um canal com uma largura de banda de 200 Khz, que por sua vez é dividido em 8 time slots (usando TDMA), cada um dos quais é usado para um canal TCH/F. Na configuração HSCSD, múltiplos canais TCH/F poderão ser alocados para um terminal móvel. A codificação do canal, bem como o interleaving de canais TCH/F, não sofrerão alterações em relação ao GSM actual de forma a conter os custos. Todos os canais de configuração HSCSD seguirão a mesma sequência Frequency Hopping (FH). Este facto possibilita ao sintetizador radio comutar 205 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis de frequência entre timeslots consecutivos dentro de uma trama TDMA. A mesma sequência de treino é usada para cada canal. Para cada encriptação serão usados protocolos, de forma a aumentar a segurança do sistema. Com o mesmo intuito serão geradas chaves separadas para cada canal, tendo como partida a chave gerada quando foi estabelecida a chamada. A alocação de vários canais para a transferência de dados aumenta a complexidade do terminal móvel. Todo o projecto dos terminais móveis partiu do princípio que a transmissão e recepção nunca se sobreporiam, ou seja, operação em half duplex. Para uma transmissão simétrica até dois canais TCH/F a sobreposição pode ainda ser evitada MS RX 2 MS TX 5 6 3 4 7 5 1 6 2 7 3 0 4 5 6 Monitor Figura 92 Exemplo da configuração simétrica HSCSD com dois canais TCH/F No entanto, para ritmos de transmissão mais elevados, será necessária a mudança de hardware, já que, poderão começar a ocorrer sobreposições. MS RX MS TX 3 5 6 7 4 5 1 2 6 3 7 4 0 5 6 Monitor 3 slots 4 slots 5 slots Figura 93 Exemplo da configuração HSCSD simétrica com mais de 2 canais TCH/F 206 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A norma que sustenta o HSCSD, inclui a possibilidade de a comunicação se efectuar de uma forma assimétrica. Isto torna possível uma um ritmo de recepção superior ao de transmissão, mantendo a operação em half duplex. Como exemplos de configurações assimétricas temos 2+1, 3+1, 3+2, 4+1, onde, o primeiro e o segundo dígito indicam o número de canais TCH/F para downlink e para uplink respectivamente MS RX MS TX 2 5 6 3 7 4 1 5 2 6 3 7 4 0 5 6 Monitor MS RX MS TX 2 5 6 3 7 4 1 5 2 6 3 7 4 0 5 6 Monitor MS RX MS TX 2 5 6 7 3 4 1 5 2 6 3 7 4 0 5 6 Monitor Figura 94 HSCSD assimétrica, tipos de configurações de canais (3+1,3+2,4+1) A capacidade dos terminais móveis é aferida pelo parâmetro da classe do multislot. Existem 18 classes de multislot que foram definidas quando do HSCSD foi especificado. A classe indica as configurações que podem ser suportadas para um determinado terminal móvel, isto é, o número máximo de canais que podem ser alocados tanto para o modo simétrico como para o modo assimétrico. A classe é 207 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis indicada à rede quando se estabelece a chamada, permitindo assim à rede, adaptar-se às características do terminal móvel e do tráfego. Para monitorizar o desempenho de canais TCH/F são usados dois canais de controle. Estes são designados por Slow Associated Control Channel (SACCH) e o Fast Associated Control Channel (FACCH). O primeiro é usado para monitorizar a qualidade do sinal da célula, onde o terminal móvel se encontra, bem como das células vizinhas. Já o segundo é usado quando existe a necessidade de um elevado tráfego de sinalização, por exemplo, durante o handover. Na configuração simétrica do HSCSD é atribuído um SACCH a cada canal, o mesmo acontece para a configuração assimétrica. Para canais unidireccionais o SACCH está unicamente associado ao downlink. O canal principal é o único na configuração HSCSD que contem a informação do FACCH. O inicio das tramas SACCH em cada canal está sincronizado com o time slot zero das tramas. Isto garante que teremos um slot da trama TDMA numero 26 em cada canal multitrama para cada canal, o que permite obter sinalização entre células vizinhas. 4.3.2 Protocolos de dados O HSCSD suporta ambos os serviços transparentes e não transparentes. Grande parte da funcionalidade dos protocolos de dados está localizada no terminal móvel mais precisamente no TAF (Terminal Adaptation Function) e no IWF. Note-se que quando são usados mais que quatro canais, a função de divisão/combinação está localizada na BSS. 3.1.1 Dados Transparentes O serviço transparente de dados é baseado no protocolo V.110 que foi especificado para RDIS. A adaptação necessária entre a taxa de sinalização de 16 Kbps da RDIS e os 12 Kbps da interface ar, é conseguida deixando 20 bits, maioritariamente bits de sincronização, fora dos 80 da trama intermédia do V.110. O desafio do HSCSD é 208 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis conseguir manter a ordem correcta da informação quando a combinação de várias tramas de dados é feita. Devido à existência de múltiplas configurações de canal da forma HSCSD, as tramas V.110 apresentam um bit de status redundante, que pode ser usado para obter sincronização entre canais. Três bits de status por trama V.110 são usados para identificação do numero do canal e um bit carrega uma sequência pseudoaleatória de 31 bits, usada para obter a tal sincronização entre canais. A seqüência pseudo-aleatória permite uma rápida sincronização em casos onde foi perdida a sincronização entre canais. Os protocolos definidos permitem que a atribuição de canais não seja executada de uma forma rígida e única. Se por exemplo o utilizador requer um canal de 14.4 Kbps e se por qualquer razão o sistema não o pode disponibilizar, está predefinida a possibilidade de juntar vários canais (caso existam). Para resolver o pedido anterior o sistema podia alocar por exemplo dois canais TCH/F9.6. Para colmatar a diferença que vai dos 14.4 Kbps para os 19.2 Kbps usam-se bits de preenchimento. É obvio que não se está a optimizar os recursos mas consegue-se serviro cliente e também não menos importante facturar. 3.1.2 Dados não transparentes O serviço não transparente de dados é baseado numa nova versão do RLP (Radio Link Protocol) entre terminais móveis e o IWF. O RLP tem em conta a numeração das tramas e retransmite as tramas corrompidas. Isto permite obter as tramas correctas, recebidas pela ordem em que foram transmitidas. 209 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis MS L2R HSCSD RLP IWF L1 entity L1 entity L1 entity L1 entity ... ... L1 entity L1 entity HSCSD RLP L2R Figura 95 Protocolos para HSCSD não transparente combinando múltiplos canais 3.3 Sinalização O sistema GSM actual apresenta diferentes tipos de serviço dependendo da taxa de transmissão disponibilizada. No entanto na configuração HSCSD é apresentada a noção de serviços alargados, onde a taxa de transmissão é tão só um dos parâmetros do serviço. O utilizador, de uma forma mais ou menos transparente, pode negociar quando se estabelece a chamada, ou mesmo durante o período de duração da mesma, no caso de estar perante dados na forma não transparente. Quando se estabelece uma chamada, um conjunto de parâmetros do HSCSD são negociados entre o utilizador e a rede. Durante a inicialização o terminal móvel transmite informações (inclusive a capacidade multislot do terminal) à rede. A configuração do HSCSD é introduzida num elemento da mensagem de setup que apresenta os seguintes parâmetros: Número máximo de canais TCH/F que serão usados. Acceptable Chanel Coding (ACC). Tipo de modem (exemplo: V.17, V.32bis, V.34). Air Interface User Rate (AIUR só para o modo não transparente) Permissão ou não para modificação da configuração do canal feito pelo utilizador (UIMI só para o modo não transparente). 210 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Em chamadas com origem no terminal móvel a rede informa o terminal acerca da escolha da configuração. Nessa mensagem incluem-se os parâmetros UMT, Fixed Network User Rate (FNUR) e UIMI. O parâmetro UIMI, como já foi referido anteriormente, é usado unicamente para a transmissão de dados não transparente. Cada um dos canais rádio é activado separadamente. A descrição da configuração do multislot é fornecida ao terminal móvel na mensagem de atribuição de comandos. A recepção da mensagem de atribuição possibilita o conhecimento da configuração a ser usada, permitindo que a IWF possa alocar os recursos necessários para efectuar a chamada. Nas chamadas que têm como destino o móvel a mensagem de setup inclui os parâmetros OMT, FNUR, UIMI, que só é usado para o modo não transparente, o mesmo acontecendo com o AUIR. Durante uma chamada do HSCSD, o terminal móvel pode estar a movimentar-se entre células originando o handover. Tal como no GSM actual, o terminal móvel mede o nível do sinal proveniente de mais que uma célula. Os resultados das medidas são enviadas à rede, no caso de chegar à conclusão que o terminal móvel deve ser servido por outra BTS, executa essa operação. No entanto, a operação de handover acarreta a mudança de todos os canais alocados para a ligação HSCSD em curso. Quando um handover é executado dentro de uma BSC todos os parâmetros da chamada são conhecidos pela BSC. A BSC è responsável por activar os canais na nova célula e a configuração do multislot é passada ao terminal móvel através de uma mensagem de comando de handover. O procedimento de handover estará completo quando a mensagem correspondente for emitida, depois da qual a IWF ajusta os recursos disponíveis. Simultaneamente os canais rádio alocados na célula que anteriormente servia o terminal móvel são libertos. Se o handover ocorrer entre células de diferentes BSC, a nova BSC deverá ser informada acerca dos parâmetros negociados quando se estabeleceu a chamada. Essa partilha de informação é obviamente realizada a partir da MSC, sendo todos os outros passos seguintes idênticos ao caso anterior. O handover entre MSC’s exige também a partilha desses parâmetros. A partir daí o processo é conhecido, sendo os parâmetros entregues à BSC em causa. A permuta de informação entre MSC’s é suportada pela mensagem de sinalização denominada por MAP (Mobile Aplication Part). Durante o intervalo de tempo da ocorrência de uma chamada podem ocorrer variações acentuadas no canal de 211 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis transmissão. Variações essas que podem pôr em causa o “contrato” previamente estabelecido entre o móvel e a rede. A rede poderá necessitar de aumentar ou diminuir o numero de canais alocados para uma dada configuração HSCSD. No caso de haver falta de canais na célula, o numero de canais TCH/F em algumas configurações poderão ser temporariamente reduzidos. Isto pode ser feito com base num procedimento de configuração. A descrição da nova configuração do multislot é enviada ao terminal móvel e com base nesta informação a IWF pode ajustar os seus recursos. A alteração da configuração é possível unicamente dentro dos limites definidos pelos parâmetros em vigor. A transmissão de dados no modo não transparente também permite a alteração do número de canais, desde que o ritmo de transmissão seja variável. Caso os utilizadores queiram alterar os parâmetros durante uma chamada poderão fazê-lo. O utilizador poderá querer, por exemplo, aumentar ou baixar o ritmo de transmissão. É então enviado um comando à MSC, que lhe indica as alterações pretendidas. Se o pedido estiver de acordo com as especificações, a rede procederá às respectivas alterações desejadas. 212 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4 Tecnologias das Comunicações Móveis GPRS O surgimento de tecnologias de transmissão de dados e acesso a internet por recurso de comunicação sem fios é uma das grandes revoluções que os operadores de telecomunicações móveis têm que enfrentar [5]. O GPRS – General Packet Radio Service é uma extensão do GSM e define um serviço de dados orientado a pacotes , sendo desenvolvido para facilitar o acesso a serviços baseados no IP – Internet Protocol, comparando com os serviços de comutação de circuitos do GSM. As actuais redes GSM oferecem transmissão de dados via circuitos comutados e suportam taxas de transmissão na ordem dos 9.6 Kbit/s.[6] Entretanto o aumento da procura de serviços de dados, bem como o desenvolvimento de novas aplicações para o ambiente móvel GSM implicou a croação de novos serviços mais sofisticados e mais compatíveis com a exigência do mercado. Portanto, o ETSI (European Telecommunications Standards Institute) procurou padronizar complementos para o GSM: O HSCSD, analisado no ponto anterior, que permite atingir taxas de transmissão de aproximadamente 64 Kbits/s através de um reservamento de maior número de timeslots para o mesmo utilizador e o GPRS. O GPRS disponibiliza transparência de suporte ao IP aumentando a sua integrabilidade com a internet. 4.4.1 Atractivos do GPRS Para garantir o sucesso entre os consumidores, o GPRS deve apresentar um valor acrescentado para o utilizador de GSM comum e ser user-friendly. Portanto, utilizadores finais de GPRS, devem beneficiar de novos serviços e evitar as tarefas enfadonhas de preparação das chamadas de dados dos serviços actuais por comutação de circuitos. 213 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.1.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Novas Aplicações O GPRS facilita a introdução de novas aplicações nas comunicações sem fios que não estavam disponíveis anteriormente, devido às limitações impostas pela distribuição de dados por comutação de circuitos fornecida pelo GSM ( CSD – Circuit Switch Data ). Através da sua natureza de comunicação de pacotes ( PS – Packet Switched ), o GPRS abre as portas para a conectividade directa para a Internet com todo o seu interesse para os consumidores que lhe está inerente. Existem dois tipos de aplicações disponíveis com redes GPRS nomeadamente : Horizontais - Caracterizadas por serviços móveis de Internet, tais como, Wireless Application Protocol ( WAP ), e-mail, web-browsing ou acesso a Intranets. As grandes empresas, aumentaram o grau de dependência das suas Intranets para comunicações internas. Disponibilizar serviços de Intranet e informação aos trabalhadores “móveis”, é uma grande oportunidade para os operadores de redes nmóveis. Verticais - São destinadas a companhias ou grupos de utilizadores e não ao utilizador individual. O sistema GPRS é a base para a criação de numerosas aplicações verticais. Algumas delas, já existentes hoje em dia em redes de rádio privadas, mas sem cobertura global. Aplicações verticais inovadoras usando GPRS, incluirão provavelmente telemetria ( e.g. medições do tráfico rodoviário ) e controlo máquina-máquina ( e.g. máquinas de vendas de refrigerantes ). Nos primeiros tempos de funcionamento do GPRS, as aplicações horizontais são provavelmente as mais dominantes, uma vez que não são específicas de nenhum segmento de mercado. Mais tarde irão aparecer muitas aplicações verticais úteis, mas provavelmente irão constituir uma pequena parcela do trafego das redes móveis, visto que, não são serviços direccionados para o mercado de massas. A dinâmica de mercado 214 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis para estes dois tipos de aplicações é diferente. O retorno monetário do investimento feito, é mais fácil de quantificar para as aplicações verticais, visto que, elas são destinadas a cobrir necessidades especificas de um segmento de mercado específico. Todavia, o volume de potenciais utilizadores é muito superior para as aplicações horizontais. 4.4.1.2 Conectividade Instantânea e Constante A vantagem óbvia do sistema GPRS sobre o GSM CSD, é o seu aumento de capacidade de transmissão de dados. Mesmo assim, muito do interesse para o utilizador final reside na possibilidade de obter contacto imediato e constante a redes externas tais como a Internet e Intranets, afinal, a velocidade é um elemento que influencia a decisão do consumidor, é importante notar que o conforto e a mobilidade derivado da ligação constante é talvez uma das principais mais valias do sistema GPRS do ponto de vista do utilizador final. Para além disso, o sistema GPRS vem introduzir um novo sistema de taxação, que inclui o pagamento por volume de dados transmitido. Isto significa que, o utilizador pode permanecer ligado e online com a rede mesmo quando nada está a ser transmitido, sem por isso ter que pagar os grandes tempos “mortos” que geralmente surgem neste tipo de ligação. A intenção desta ligação constante, é permitir a disponibilidade de vários Value Added Services ( VAS ) aos utilizadores móveis ( e.g. notificações de correio, notícias ). 4.4.1.3 Acesso ao Serviço Estão disponíveis uma grande variedade de terminais com acesso ao GPRS. Embora seja impossível prever todos os tipos de terminais futuros a entrar no mercado, além dos 215 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis existentes, a tecnologia actual sugere algumas formas prováveis e segmentos de utilização dos mesmos: Telefones móveis normais, com um teclado numérico, um “display” relativamente pequeno e na maioria dos casos com capacidade para WAP. Estes dispositivos com GPRS, serão tão pequenos quanto possível e permitem aos utilizadores a ligação aos seus computadores LapTop para acesso a serviços disponíveis por GPRS, como a Internet. Smart Phones que Incluem serviços de voz e dados e espera-se que se tornem cada vez mais populares, agrupando tecnologias de computação e comunicação móvel num só aparelho. Poderão surgir com vários formatos, uns mais direccionados para o mercado de voz outros para dados, tendo estes últimos um écran substancialmente maior. O WAP, têm-se revelado como um importante “serviço” de informação nestes aparelhos e o GPRS será o portador de informação por excelência em detrimento dos GSM CSD ou SMS. Computadores de bolso Estes dispositivos estão-se a tornar produtos de grande consumo. Terão interoperabilidade com telefones móveis com acesso a GPRS à semelhança dos LapTop. Exemplos de computadores de bolso incluem, Personal Data Assistents, tais como, o PalmPilot da 3Com e também dispositivos que correm o sistema operativo Microsoft Windows CE. Os communicators podem ser considerados a união entre Smart Phones e Computadores de Bolso. O teclado e o écran serão maiores do que os telefones regulares mas continuarão a caber na palma da mão. Communicator Placas PC com interface rádio GPRS integrado, são dispositivos que permitem aos LapTops e outras unidades com slots para placas PC ligarem-se directamente ao sistema GPRS para acesso a Internet e Intranets. Caixas Negras, são dispositivos especificamente desenhados para o mercado de aplicações verticais, tal como, monitorização remota e telemetria. Estes terminais industriais normalmente não têm teclado nem écran. Em vez disso, são programáveis através de um interface série. 216 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis As subscrições de serviços GPRS oferecidas pelos operadores actualmente, aos utilizadores individuais irão reflectem dois modos gerais de utilização: A utilização de computadores portáteis com ligação a telefones móveis com GPRS. Este segmento inclui early-adopters e utilizadores profissionais, que querem aceder à Internet e a Intranets longe da sua ligação fixa. Espera-se que este segmento venha a constituir uma parte significativa do tráfego total dos serviços de GPRS[56], pelo menos, nos primeiros estágios de comercialização. O acesso à Internet e a Intranets, irá produzir grandes cargas de tráfego por parte dos utilizadores finais e espera-se que as subscrições respectivas incluam maiores níveis de QoS ( Quality of Service ). Utilizadores individuais de telefones GPRS onde a utilização maioritária, segundo a ARC, será em aplicações horizontais, tais como, o e-mail, WAP e web-browsing. As necessidades de QoS não serão tão importantes como no caso anterior, mas também, as taxas cobradas pelo acesso serão significativamente mais baixas. 4.4.2 Características da Rede GPRS Sendo o GPRS uma sobreposição à rede GSM existente, pode causar algumas dúvidas sobre a sua implementação. Para se tornar possível a compreensão das capacidades da rede GPRS, algumas das características da rede devem ser examinadas. O GPRS não impõem mudanças do parque tecnológico dos operadores, mas sim, a inclusão de novos nós de redes que serão responsáveis pela parte da transmissão de dados propriamente dita. Assim uma BSS (ver ponto 3) já instalada continuará a ser aproveitada. 217 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.2.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Comutação de Pacotes Geralmente as ligações para dados sem fios actuais, como por exemplo o GSM CSD, necessitam que o utilizador móvel faça um procedimento de ligação, relativamente demorado e aborrecido, que resulta na alocação constante de um timeslot durante toda a ligação. Isto é um processo moroso e caro para o utilizador. O GPRS por outro lado, introduz acesso rápido a redes através de tecnologia de comutação de pacotes. Em vez de receber ou enviar através de uma stream contínua, como na comutação de circuitos ( CS ), os dados deslocam-se através de routers que permitem uma rápida transmissão de pacotes de e para os utilizadores móveis. Isto garante a ligação directa entre um terminal móvel e fontes de dados espalhadas pelo mundo. A utilização de comutação de pacotes significa que, os recursos rádio para o GPRS só são usados quando os utilizadores estão de facto a enviar ou receber dados. Em vez de, dedicar um canal rádio ( timeslot ) a um utilizador durante um período fixo de tempo, a natureza bursty da comutação de pacotes permite que os canais rádio do GPRS sejam partilhados entre várias ligações concorrentes. Esta utilização de escassos recursos rádio, permite que um elevado número de utilizadores de GPRS partilhem a mesma largura de banda, quando servidos pela mesma célula. 4.4.2.2 Eficiência do Espectro Como referido anteriormente(4.2.1 Conceitos Celulares), cada portadora contém 8 timeslots. Entre todas as portadoras de uma única célula, um ou mais dos timeslots deve ser alocado para sinalização. Os restantes timeslots são partilhados por ligações GPRS e GSM CS simultaneamente ( as ligações CS serão prioritárias ). Todas as ligações GPRS num dado momento, podem partilhar os timeslots disponíveis para utilização GPRS. No contexto de eficiência de espectro, a maioria das aplicações baseadas em comutações de pacotes envolvem transferências de dados assimétricas, e. g. transferências de ficheiros. Normalmente à mais dados no downlink do que no uplink do 218 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis terminal, embora a mesma largura de banda esteja alocada nas duas direcções. Obviamente esta assimetria degrada a eficiência de espectro no uplink, mas não há remédio para esta irregularidade, diminuindo a eficiência de todo o processo e subaproveitando recursos. 4.4.2.3 Serviços de Portadora Não sendo de fácil compreensão, o termo portadora tem um segundo significado, pode também referir como os pacotes de dados são transmitidos através da rede GPRS. Ou seja, como são transportados. No standard GPRS são definidos dois tipos de serviços de portadora, nomeadamente Ponto-a-Ponto ( PTP - Point-To-Point ) e Ponto-aMultiponto (PTM - Point-To-Multipoint ). O serviço PTP disponibiliza a transmissão de um ou mais pacotes entre dois utilizadores, iniciado por um requerente de serviço e recebido por um destinatário. Existem dois tipos de serviços PTP: Connectionless Network Service ( PTP-CLNS ) onde, os pacotes de dados são dependentes uns dos outros e podem seguir caminhos diferentes através da rede. Este serviço necessita do protocolo IP e poderá ser dominante. Connection Oriented Network Service (PTP-CONS) onde, os pacotes seguem através de um determinado caminho, necessitando do protocolo X.25. O serviço PTM envolve um transmissor de dados de um grupo de destinatários. Estes destinatários podem ser colegas de uma empresa, um grupo aberto registado numa lista de distribuição, etc. A difusão de tráfego e notícias pode tirar partido deste tipo de serviço. Estão definidos três tipos diferentes de serviços PTM: 219 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis PTM-Multicast (PTM-M) - Envio de dados a um grupo de utilizadores dentro de uma determinada área, não é necessária nenhuma confirmação de recepção de pacotes. PTM-Group Call (PTM-G) - É feito o envio de dados a um grupo de utilizadores que pode estar ou não numa área geográfica limitada, a confirmação de recepção de pacotes é opcional. IP-Muliticast (IP-M) - É usado para chegar a um grupo que está espalhado por toda a Internet. Em vez do envio ser feito separadamente para cada utilizador, os pacotes são duplicados em routers ao longo dos caminhos até os destinatários. O serviço PTM está disponível numa segunda fase de implementação do GPRS, devido a isto, não vai haver melhorias imediatas na capacidade das redes baseadas num serviço multiponto. Mesmo assim, quando os serviços PTM forem incorporados nas redes, é pouco provável que venham a ser um serviço dominante no GPRS. 4.4.2.4 Esquemas de codificação de canal Nas especificações do GPRS, estão definidos 4 esquemas diferentes de codificação de canal. Cada esquema de codificação engloba diferentes níveis de verificação de integridade de dados (Error Correction Overhead) enviados através da interface rádio. Estes esquemas são designados por CS1 a CS4[57]. Dadas as limitações de capacidade fixas dos canais, existe uma relação inversa entre a quantidade de dados efectivos que podem ser transmitidos e a garantia da integridade dos dados. Basicamente, o canal pode ser usado ou para transferência efectiva de dados ou códigos correctores de erros. Os diferentes códigos de correcção de erros variam os tamanhos dos blocos enviados, que produzem 4 taxas de transferência diferentes listadas na tabela seguinte. Estas taxas de transferência, só são válidas na camada rádio, as taxas 220 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis ao nível da camada de aplicação vão ser ligeiramente menores devido ao cabeçalho dos pacotes[58]. Esquema de Codificação CS1 CS2 CS3 CS4 Bits de dados do Bloco Radio 181 Bits 268 Bits 312 Bits 428 Bits Taxa por Timeslot 9.05 Kbps 13.4 Kbps 15.6 Kbps 21.4 Kbps Taxa máxima por 8 Timeslots 72.4 Kbps 107.2 Kbps 124.8 Kbps 171.2 Kbps Tabela 11 Parâmetros dos esquemas de codificação Quanto mais elevadas são as taxas de transferência, maior a SNR necessária. Com um canal com boa qualidade, com alto SNR, qualquer um dos quatro esquemas poderia ser utilizado. Neste caso o esquema com menor protecção (CS4) [58] será o que permite o melhor desempenho. Pelo contrário quando a interferência é alta, um esquema com maior protecção é necessário (CS1), uma vez que corrige maior número de erros, logo, reduz o número de retransmissões. O compromisso entre desempenho e protecção de erros, é um parâmetro importante que depende da localização actual do utilizador. É a BS que calcula qual o esquema de codificação a usar para cada MS. 4.4.2.5 Atribuição de Timeslots Uma vez que o GPRS e o GSM partilham os mesmos recursos rádio, e ao predomínio da voz que é um serviço dominante é pouco provável que os operadores móveis venham alguma vez a atribuir os 8 timeslots de uma portadora a tráfego GPRS. De facto, a alocação de timeslots para GPRS e GSM é um tema de discussão entre os~operadores. De qualquer modo, continua a transparecer que o trafego GSM vai continuar a ter prioridade sobre o tráfego GPRS. Um possível cenário é um ou dois timeslots estarem 221 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis atribuídos estaticamente ao GPRS como ilustra a figura seguinte , enquanto os restantes timeslots serão atribuídos dinamicamente entre GPRS e GSM. Figura 96 Exemplo de alocação estática de Timeslots [56] Existe uma tendência para o tráfego GSM é prioritário, o tráfego GPRS terá disponível uma capacidade adoptar a solução mais simples, evitar a atribuição predefinida de timeslots. Como variável. Os timeslots disponíveis serão por sua vez distribuídos entre os utilizadores GPRS activos no momento. Há que ter em conta que um dos 8 timeslots de cada portadora é dedicado a sinalização. 4.4.3 Arquitectura do GPRS O GPRS é construído com base na infra-estrutura existente do GSM. Por isso, permite aos operadores móveis fazer uma simples actualização às redes GSM já existentes, pela introdução melhoramentos de alguns nós existentes na rede. Estes melhoramentos incluem a introdução de alguns nós: o Serving GPRS Service Nodes (SGSN), o Gateway GSN (GGSN), o Border Gateway (BG) que fornece o acesso a outras redes GPRS através do Firewall (FW). Para além disso, o sistema GPRS necessita de 222 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis actualizações de software em alguns nós da rede GSM, nomeadamente o Mobile Services Switching Center (MSC), o Home Location Register (HLR) e uma alteração mínima na Base Tranceiver Station (BTS). Finalmente, é necessário também a actualização de hardware e software na Base Station Controller (BSC). Todos os elementos da arquitectura do sistema GPRS estão representados na figura seguinte: PLMN MSC / VLR ISDN PSTN BTS SMS-MSC Abits REDE SS7 HLR-AuC BSC EIR MS SGSN GGSN BG FW GPRS Backbone REDE DE DADOS INTERNET FW FW Outro Operador GPRS REDE DE DADOS x.25 Figura 97 Esquema geral de uma rede GSM com GPRS [58] 4.4.3.1 Estação Móvel (MS) 223 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A Estação Móvel (MS) é uma combinação entre o terminal móvel (MT) e o Terminal “Equipment” (TE). É importante ter presente que o MT e o TE podem constituir um mesmo bloco de equipamento[59]. O TE é varias vezes referido como sendo um terminal computadorizado, que envia e recebe os pacotes de dados. Do ponto de vista do TE, o MT assume a função de um modem ligando o TE à rede de dados através do sistema GPRS. O MT comunica com o TE através de cabo ou tecnologias sem fios, tais como, IrDA ou Bluetooth. Através do link aéreo o MT comunica com a BTS. O MT está associado a um único subscritor no sistema GSM através do seu Subscriber Identity Module (SIM), o qual guarda toda a informação pessoal do utilizador. As MS desenvolvidas para o sistema GPRS serão diferenciadas em termos de classes de MS e classes de Multislot. O interesse destas definições é permitir satisfazer os diferentes segmentos de mercado com equipamentos com determinadas características distintas. Podemos diferenciar três classes de terminais móveis (MS- Mobile Stations): A Classe A: que suporta simultaneamente attach, activation, monitoring e suporta trafego num modo (GSM ou GPRS) e invocação de trafego noutro modo em simultâneo. O móvel pode receber e transmitir, simultaneamente, chamadas no sistema PS GPRS e no sistema CS GSM. Com o objectivo de tirar o melhor aproveitamento da capacidade do MS, um mínimo de um timeslot deve estar disponível para ambos os serviços quando necessário. No entanto, estes MS não estarão numa primeira fase, comercialmente disponíveis devido à sua complexidade e o seu grande consumo de potência. A Classe B em que o móvel não permite transmitir e receber, em simultâneo, no modo GSM e GPRS. No entanto, sinalização como attach e activation podem ser simultâneas. Pode seleccionar automaticamente o serviço apropriado, isto é, uma ligação GPRS activa é posta em espera, se o utilizador aceitar uma chamada CS ou estabelecer uma chamada CS. A Classe C em que o móvel suporta os dois modos, mas só lhe é permitido transmitir e receber num modo de cada vez. Não é possível proceder a attach e activation 224 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis simultaneamente. As caixas negras, que unicamente suportam o GPRS, também pertencem à classe C. 4.4.3.2 Sub sistema de Estação Base A BSS, como visto no ponto 2., é composta por uma Base Station Controler (BSC) e por uma Base Transceiver Station (BTS). Todos os sinais rádio, são enviados e recebidos pela BSS, tornando-a o recurso partilhado entre o sistema GSM e o sistema GPRS. Especificamente, numa BSS actualizada para o sistema GPRS, são incluídas funcionalidades adaptadas à transmissão de dados por pacotes. Isto inclui, manuseamento de pacotes de dados, difusão de informação GPRS, administração de recursos e também um novo interface com o nó SGSN. A BSS é responsável por 70% do hardware da rede, sendo o seu valor um factor importante na escolha dos operadores na introdução do GPRS ou nas actualizações das suas redes. A BTS é composta pelos equipamentos de recepção e transmissão, incluindo antenas e toda a sinalização relacionada com a interface rádio. Em termos de hardware, a BSC requer o Packet Control Unit (PCU) para gerir o tráfego dos pacotes GPRS. O PCU, é responsável pelas camadas Radio Link Control (RLC) e Medium Access Control ( MAC) sobre a interface ar, e em particular, controlam transferência dos pacotes de dados do MS para o SGSN. Geralmente a BSC tem a função de estabelecer, supervisionar e interromper ligações CS e PS. A interface Abis, que liga a BTS à BSC, é geralmente dimensionada tendo como pressuposto o número máximo de timeslots no interface rádio que podem ser transferidos de uma BTS para uma BSC. 225 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.3.3 Tecnologias das Comunicações Móveis Os Novos Elementos na rede Os novos elementos de rede são o SGSN (Serving GPRS Suport Node) e o GGSN( Gareway GPRS Support Node). O primeiro possui o mesmo nível hierárquico das MCSs (Móbile Switch Center), mantêm a informação sobre a localização das estações móveis e realiza funções de segurança e controlo de acesso. Por sua vez, o GGSN promove a interconectividade com as redes externas de pacotes comutados e é conectado com os SGSNs via backbone da rede GPRS baseado em IP. Comutação de Circuitos VLR Sinalização Comutação de pacotes HLR AUC Rede Telefónica MSC BSS SGSN GGSN Rede IP GGSN Rede X. 25 Backbone SGSN Figura 98 Rede GPRS O GGSN é usado como interface lógico para redes externas de pacotes de dados (PDNPacket Data Networks). O GGSN mantém as informações dos “routers” para que se possa “tunelar” os PDUs (Protocol Data Unit) para o SSGN que serve a um certo móvel. Outras funções incluem network e subscriber screening, e mapeamento de endereço. Um ou mais GGSNs podem suportar vários SGNSs. 226 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis O SGNS entrega os pacotes para as estações móveis na área atendida por ele. Também é o SGSN que envia um “request” ao HLR para obter o perfil de dados do utilizador. São os SGNS que detectam uma nova estação GPRS móvel na sua área de serviço e processam o registo de um novo utilizador móvel. Esse elemento da rede GPRS mantém um registo da localização dos móveis dentro da sua área de serviço. 227 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.3.4 Tecnologias das Comunicações Móveis GPRS Support Nodes (GSN) O SGSN e o GGSN são os principais blocos que devem ser implementados no núcleo central da rede para construir o sistema GPRS. Ambos os GSNs, têm a funcionalidade importante de “cobrar” dados. A SGSN, recolhe informação para facturação de cada MS de acordo com o uso da rede interna, e a GGSN recolhe informação sobre o uso da rede externa. Como o seu funcionamento é bastante interligado podem-se encontrar combinadas num único nó. Contudo, é de esperar que se encontrem mais frequentemente separadas, possivelmente interligadas com routers IP. As SGSNs e GGSNs estão interligadas dentro do núcleo central da rede GPRS, muitas vezes referido como Public Land Mobile Network (PLMN). No entanto, as GSNs podem estar interligadas entre PLMNs separadas, pertencentes a diferentes operadores (Roaming), ou mesmo entre redes pertencentes a um mesmo operador mas em diferentes países. Neste caso, as PLMNs estarão ligadas através de um Border Gateway de cada lado por razões de segurança e interoperabilidade. O GGSN deve ser dimensionado para suportar a capacidade de todas as SGSNs a si ligadas, e a SGSN deve suportar todas as BSCs a si ligadas. 4.4.3.5 Serving GPRS Support Node ( SGSN ) O SGSN, encaminha os pacotes IP endereçados de e para o MS. Serve todos os utilizadores de GPRS que estejam ligados e localizados dentro da área geográfica de serviço da SGSN. Para conseguir este tráfego é necessário a sinalização entre vários nós, tais como, Home Location Register (HLR), Mobile Switching Center (MSC), BSC, GGSN e Short Message Service-nodes (SMS). Através destas ligações de sinalização a SGSN comporta funções importantes para o GPRS tais como, encriptação e 228 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis autenticação, gestão de sessão, gestão de mobilidade e gestão do link lógico em direcção à MS. Suporta 100000 clientes, e está ligado a uma ou mais BSCs, e faz a gestão das chamadas, tráfego e taxação. 4.4.3.6 Gateway GPRS Support Node ( GGSN ) O GGSN faz a ligação entre as várias redes externas de dados ( Internet, X.25, etc.) com todos os utilizadores da rede GPRS, comportando-se como um router de endereços IP. O GGSN Gateway GPRS Support Node: é responsável pela interligação com outras redes (IP, X.25, etc.) e funciona também como firewall. Actua ainda ao nível da taxação e trata da informação de encaminhamento. 4.4.4 Rede GPRS Alguns elementos da rede GSM, têm que ser alterados (como visto anteriormente) e do TDMA. A BBS tem que ser capaz de reconhecer e enviar dados dos utilizadores para o SGSN que serve a respectiva área e o HLR deve registar os perfis dos utilizadores GPRS e responder as solicitações propostas pelo SGSNs. 4.4.4.1 GPRS Backbone Network Há dois tipos de backbone Network na rede GPRS, nomeadamente a intra-PLMN e inter-PLMN. 229 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Packet Data Network eg the Internet Inter - PLMN backbone Gi GGSN Gp BG Intra - PLMN backbone SGSN PLMN A SGSN Gi BG GGSN Intra - PLMN backbone SGSN PLMN B Figura 99 Redes Intra – PLMN e Inter PLMN backbone [60] 4.4.4.2 SS7-Network A rede de apoio à sinalização do GSM é baseada nos protocolos do Signalling System #7 (SS7), que funciona como um transporte de sinalização dentro da chamada Network and Switching Sub-system (NSS), que inclui o EIR, HLR/AuC, MSC/VLR, SMSMSC, SGSN e GGSN. 4.4.5 Protocolos A arquitectura de comunicação de dados do GPRS, é baseada na camada física rádio do GSM. E vai continuar a suportar o princípio de camadas protocolares OSI para arquitecturas de comunicação. O sistema GPRS faz distinção entre duas camadas protocolares: 230 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A camada de transmissão, que cobre os protocolos para transmissão da informação do utilizador e procedimentos de controle associados, tais como, controle de fluxo e de erros. A camada de sinalização, que consiste nos protocolos que controlam e suportam as transmissões feitas pelos utilizadores. As funções relevantes do GPRS na camada de sinalização são: controle de ligação, routing e gestão de mobilidade. 4.4.5.1 Camada de Transmissão Em comparação com o GSM, a camada protocolar de transmissão do GPRS, contém novas camadas que lidam com trafego de dados. O esquema das camadas protocolares é apresentado na figura seguinte: Appl Appl TCP UDP TCP UDP IP IP IP IP Internet GPRS GPRS Outros SNDCP LLC LLC Relay SNDCP GTP GTP LLC IP IP L2 L2 L1 L1 RLC RLC BSSGP BSSGP MAC MAC Fr Fr PHY PHY L1 L1 MS BSS SGSN L2 L2 L1 L1 GGSN Host Figura 100 Esquema protocolar OSI relativo ao GPRS[68] 231 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.5.2 Tecnologias das Comunicações Móveis Camada de Aplicação A camada de aplicação, como apresentada na figura anterior, incorpora várias subcamadas de funcionais. Contém a lógica necessária para suportar as várias aplicações do utilizador. Para cada tipo de aplicação, tais como, e-mail ou web-browsing, são necessários diferentes tipos de protocolos para gerir as sessões de aplicações e também a apresentação dos dados do utilizador. Geralmente, estes protocolos são específicos do software e não tem qualquer ligação com a arquitectura GPRS. 4.4.5.3 TCP / UDP A camada de transporte, inclui mecanismos para a troca de dados do utilizador na ligação extremo a extremo, que são essencialmente independentes da natureza das aplicações. Existem dois tipos diferentes de protocolos de transporte, nomeadamente TCP e UDP.O TCP (Transmission Control Protoco l) garante um fluxo de dados de confiança entre dois pontos. Mantendo o controle dos pacotes, retransmitindo os perdidos. Uma transferencia de dados de confiança é desejada, do ponto de vista das aplicações, o TCP é o protocolo mais utilizado neste tipo de aplicações. O UDP (User Datagram Protocol) fornece um serviço simples à camada de aplicações. Limita-se a enviar pacotes de dados, de seu nome datagramas, de um ponto para outro, mas não há qualquer garantia de que os datagramas chegam ao destino, também não há retransmissão de datagramas no caso de serem detectados erros. Na eventualidade, de ser desejada ou até mesmo necessária alguma garantia na transmissão, esta terá que ser implementada pelas próprias aplicações. 232 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.5.4 Tecnologias das Comunicações Móveis IP e X.25 A camada de transporte é implementada ao nível da rede por dois tipos de protocolos de pacotes de dados (PDP Packet Data Protocol), o IP ou o X.25. O IP é o protocolo dominante do GPRS, fornecendo serviços de routing através de rede de dados tais como a Internet. Os endereços IP dos utilizadores são localizados por (ou via) GGSN, embora as bases de dados que contém os endereços possam não estar fisicamente nesse GGSN. Uma rede externa, tal como um ISP ou uma LAN de uma empresa, que na realidade contém os dados sobre os endereços IP. Cada rede externa tem o seu único ponto de acesso na GGSN, que contém funcionalidades para gerir o acesso de rede e atribuição de endereços IP. Esta atribuição de endereços pode ser feita através de Remote Access Dial-In User Service (RADIUS) ou Dinamic Post Configuration Protocol (DHCP). 4.4.5.5 SNDCP O SNDCP (Subnetwork Dependent Convergence Protocol), efectua a ligação entre a camada de rede e as camadas físicas de rádio. Isto permite que quer o IP quer ou até mesmo o X.25 ,funcionar sobre o SNDCP. O SNDCP tem como principais funções: a segmentação, a compressão de cabeçalho e a compressão de dados. As técnicas de compressão de dados , em determinados casos podem melhorar significativamente a taxa de transmissão vista pelo utilizador, dependendo do tipo de dados. Por exemplo, se a fonte de dados consistir maioritariamente de texto (WAP, e-mail, processamento de texto, etc.), a informação é tipicamente comprimida abaixo dos 25% do tamanho original. Por outro lado, imagens (.gif, .jpg, etc.) são comprimidas ao nível da aplicação, deixando pouco ou nenhum efeito na compressão de dados. Por esta razão, a compressão de conteúdos WWW podem variar significativamente, dependendo da quantidade de imagens existentes. 233 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.4.5.6 Tecnologias das Comunicações Móveis LLC A camada LLC (Logical Link Control), fornece um link lógico encriptado de alta qualidade. O LLC deve ser independente das camadas protocolares inferiores, de maneira a permitir a introdução de soluções rádio alternativas (e.g. EDGE), com um mínimo de alterações na rede interna GPRS. Estabelece um link lógico entre o MS e o SSGN, identificado por um Temporary Logical Link Identifier (TLLI). Opcionalmente, uma ligação de confiança pode ser estabelecida na camada LLC activando um código de erros. Neste caso, um erro irá despoletar a retransmissão e o SSGN deve guardar os pacotes até receber o sinal de reconhecimento pelo MS. 4.4.5.7 RLC e MAC O Radio Link Control (RLC) e o Medium Access Control (MAC) são considerados como parte da mesma sub-camada. O RLC segmenta os pacotes LLC em pacotes RLC, a este bloco de dados RLC é dado um cabeçalho MAC e um Block Check Sequence (BCS) para formar um bloco rádio. Por sua vez, um código convolucional é aplicado ao bloco rádio com alguns bits adicionais, formando o bloco rádio codificado com um tamanho fixo de 456 bits. A quantidade de bits de informação deste standard varia dependendo do esquema de codificação da interface rádio física em cada caso (CS1 a CS4 tendo 181 a 428 bits respectivamente). Os blocos RLC que são recebidos com erros pelo MS ou BTS são retransmitidos por um protocolo ARQ selectivo. 234 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis RLC Data Block Mac Header RLC Header Infor mati on bits Radio Block BCS Tail Convolutional Coding Coded radioblock of 456 bits Figura 101 Bloco RLC e bloco radio Na mesma sub-camada, o MAC controla a sinalização dos processos de acesso (Request e Grant) do canal rádio, tal como o mapeamento de tramas segmentadas no canal de GSM. Por outras palavras, distribui todo o tráfego de dados e sinalização na interface física rádio. 4.4.5.8 Interface Rádio A interface física rádio inclui procedimentos para GPRS relativos à codificação de canal, procedimentos de resselecção de célula e regulação de potência. As funcionalidades GSM têm em conta a modulação e desmodulação de formas de ondas e possível detecção e correcção de erros de transmissão devidos ao meio físico. Esta camada também envolve os problemas resultantes de frequency hopping e modulação de sinal, melhorando a SNR na existência de interferência e diversidade na frequência. A caracterização completa da interface física rádio encontra-se definida pelo ETSI. Na interface entre o BSC e o SGSN, o Base Station Subsystem GPRS Protocol (BSSGP), transmite pacotes de dados e informações de routing. Para tornar a interface aberta é standardizada em Frame Relay (FR). As comunicações com standards FR possibilitam altas taxas de transmissão, retirando a maioria dos cabeçalhos envolvidos no controlo de erros. 235 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Quanto a interligação entre GSNs, o GPRS Tunel Protocol (GTP) canaliza os PDUs através da rede backbone adicionando informação de rounting. O cabeçalho GTP contem a identificação do end-point para PTP, tal como um identificador de grupo para possíveis pacotes PTM. O conceito de PTM como serviço de portadora com destinatários múltiplos torna possível poupar largura de banda em interligações GSM. Por baixo do GTP, o comum TCP/UDP e IP/X.25 são usados como protocolos das camadas transporte ou rede. O TCP será usado em cima do X.25 para ligações seguras, enquanto o UDP será usado sobre redes IP. Esta combinação de protocolos será mais comum em ligações sobre dimensionadas e de confiança na rede backbone GPRS. Protocolos baseados em Ethernet, Integrated Services Digital Network (ISDN) e Asynchronous Transfer Mode (ATM) deverão ser usados sob IP, num futuro próximo dependendo da arquitectura de rede dos operadores. A camada IP da rede interna GPRS não deve ser confundida com outra camada IP que identifica o utilizador final. Estes são domínios separados do plano de transmissão. 4.4.6 Sinalização O plano de sinalização do GPRS consiste em protocolos para controlo e suporte de funções do plano de transmissão inclui:O controle de acesso às redes GPRS, tal como Attaching e Detaching da rede GPRS. O controle dos atributos de uma ligação de acesso à rede estabelecida, tal como activação de um endereço PDP (Packet Data Protocol). Controle do caminho de routing de uma ligação da rede, de modo a suportar a mobilidade do utilizador. Controlo da distribuição dos recursos de rede. A sinalização entre SGSN e o GGSN é transportada pelo GTP em cima de UDP/TCP de modo semelhante à camada protocolar para tráfego de dados. Para além disso, a Mobile Aplication Part (MAP) é responsável pela sinalização entre o SGSN e o HLR, enquanto 236 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis uma parte da Base Station Subsystem Aplication Part (BSSAP) é usada entre o SGSN e o MSC/VLR. A sinalização entre MS e SGSN é transportada por cima da camada LLC, no GPRS Mobility Management and Section Management (GMM/SM). Este protocolo suporta funcionalidades de gestão de mobilidade, tais como, GPRS attach, GPRS detach, activação/desactivação do PDP, actualização da área de routing e área de localização. 4.4.7 Mobilidade e Routing A gestão automática de mobilidade de utilizadores em áreas com um elevado número de utilizadores é um serviço fundamental nas redes celulares, como já foi visto anteriormente. Actualmente a tendência consiste em adquirir e actualizar a localização do utilizador, com um mínimo de sinalização, para que as chamadas GSM e ligações GPRS possam ser efectivamente conseguidas de e para e célula respectiva. Para se proceder a uma chamada ou ligação GSM e GPRS, o sistema necessita adquirir informação sobre a célula em que o utilizador se encontra. Essa aquisição de informação pode ser efectuada por três métodos :A MS indica cada mudança de célula que efectua à rede, através de uma actualização de localização sistemática. Assim quando for necessário fazer uma ligação só é preciso enviar um pedido de ligação na célula onde a MS se encontra; Enviar um pedido de ligação em todas as células da rede, de modo a que não seja necessário a que MS informe a rede sobre a sua localização; No GSM utiliza-se um compromisso entre os anteriores, onde se agrupa um conjunto de células vizinhas criando uma Locatiom Area (LA), e a MS informa a rede cada vez que muda de LA e não cada vez que muda de célula. Assim o pedido de ligação é difundido na LA onde o MS se encontra. Quanto ao conceito de routing área, o GPRS expande o conceito de LA do GSM, introduzindo a Routing Area (RA), que é especifica da gestão de mobilidade do GPRS. Cada RA é um subconjunto de células de uma LA, podendo ser de tamanho idêntico à LA.Cada RA pertence a um SGSN e cada SGSN pode servir varias RAs. 237 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Location Area Routing Area 1 Routing Area 2 Figura 102 Exemplo de routing áreas Tal como no GSM, manter ligações GPRS quando uma MS passa de uma célula para outra são necessários alguns mecanismos de Handover. De uma forma singela, podemos dizer que o MS mede o nível de sinal de células vizinhas e quando a relação sinal/ruído (SNR) desce abaixo de um certo patamar executa-se a mudança de célula (Handover). Se a mudança de célula for necessária, um procedimento de actualização de célula é iniciado pela MS que informa a SGSN da localização da nova célula. Se a MS se desloca para uma nova RA ao mesmo tempo que muda de célula, faz-se antes uma actualização de RA. 4.4.8 Gestão de Mobilidade entre GSM/GPRS No sistema GPRS, a nova interface entre SGSN e MSC/VLR permite interacções de gestão de mobilidade para GPRS e GSM. Por exemplo se um handover necessitar de actualização de RA e LA em simultaneamente, envia-se uma actualização combinada RA/LA da MS para o SGSN. O SGSN encaminha depois a actualização de LA para o MSC/VLR através da interface de ligação. Para além disso se existe uma ligação GPRS 238 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis por parte de um móvel classe A ou B a difusão de pedido de ligação para uma chamada de voz é feita através do SGSN. A difusão do pedido de ligação é feita na respectiva RA ou célula, dependendo do estado de gestão de mobilidade da ligação GPRS. Isto evita que a difusão seja feita a partir do MSC/VLR. Podemos definir três estados de gestão de mobilidade (MM - mobility Management) para caracterizar as actividades de gestão relacionadas com o utilizador: Idle, Standby e Ready. Cada tipo de estado está associado as funcionalidades de MM no entanto a transição de um estado para o outro depende do estado actual e do evento ocorrido. No estado IDLE o utilizador não está ligado (attached) ao MM GPRS. A associação MS e SGSN não tem qualquer informação válida sobre localização ou routing do utilizador. Procedimentos de MM relacionados com o utilizador tais como actualizações de RA não são feitas. A MS é vista como incontactavel pela rede. Para poder ser estabelecida uma associação MM na MS e no SGSN, a MS deve passar para o estado Ready fazendo o procedimento GPRS attach. No estado Ready na transmissão/recepção de Protocol Datagram Units (PDU) na MS ou SGSN (quer de sinalização ou de dados), irá haver uma transição do estado de Standby para o estado de Ready. No estado Ready, a MS irá executar procedimentos de MM tais como selecção de célula de modo a informar permanentemente a rede da localização de célula actual. Enquanto no estado Ready, a MS pode activar ou desactivar contextos PDP de modo a enviar e receber pacotes de dados (PDP-PDUs). O estado Ready é supervisionado por um timer, e quando após um determinado tempo o timer expira a associação MM passa de Ready para Standby. Para passar do estado Ready para o estado Idle, é necessário que a MS ou a SGSN iniciem um procedimento de GPRS detach. No estado Standby, o utilizador está attached ao MM do GPRS o que envolve actualizações de RA. A MS e a SGSN estabeleceram associações MM para a IMSI do utilizador, e podem-se receber informação de sinalização e também paging para dados PTP ou PTM-G. A transição para o estado Ready deve ser efectuada antes que a transmissão ou recepção de dados possa ser feita. Quando se faz um pedido de contexto PDP (i.e. IP ou X.25), esta transição é feita implicitamente. A SGSN pode também 239 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis iniciar um detach GPRS para passar ao estado Idle. Contudo, a MS não pode iniciar a transição de Standby para Idle. 4.4.8.1 Attach e Detach no GPRS O procedimento de attach GPRS é feito pela MS para a SGSN. Após ter efectuado um attach GPRS bem sucedido, associações MM são estabelecidas na MS e na SGSN, pondo a MS no estado Ready. A MS é então capaz de activar contextos PDP. MS SGSN HLR 1. Attach Request 2. Authentication 3. Location Update 4. Attach Accept Response 5. Attach Complete Figura 103 Procedimentos de Attach GPRS[62] 1. A MS envia um attach request GPRS que inclui a classe do móvel GPRS e a classe multislot. 2. A authentication é feita do mesmo modo que no GSM, mas em vez da MSC, é a SGSN que envia a IMSI da MS para o HLR, iniciando o algoritmo de encriptação. 3. Um procedimento de location update guarda a actual SGSN da MS no HLR. 240 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4. A resposta de attach accept atribui um Temporary Logical Link Identity à MS. Uma resposta de attach complete é enviada da MS para a SGSN confirmando o attach. 5 Após a identificação levada a cabo durante a authentication no procedimento de attach GPRS, não é necessária mais nenhuma identificação durante a sessão GPRS. Um detach GPRS terminará a sessão em curso. Este detach pode ser iniciado explicitamente pela MS ou SGSN, ou implicitamente quando o timer de Standby expira. 4.4.8.2 Activação e Desactivação de contextos PDP Uma subscrição GPRS inclui um ou mais endereços PDP. Na maioria dos casos irão ser endereços IP. Cada endereço PDP é descrito por uma associação de contexto PDP na MS, SGSN e na GGSN, contendo o perfil de QoS ( Quality of Service) daquela subscrição em particular. Cada contexto PDP existe independentemente em um de dois estados, activo ou inactivo. O estado PDP indica se o endereço está pronto ou não para transferencia de dados. Para conseguir um estado activo de PDP, um procedimento de activação de contexto deve ser levado a cabo, MS SGSN GGSN 1. Activate PDP Context Request 2. Create PDP Context Request 3. Create PDP Context Response 4. Activate PDP Context Accept Figura 104 Activação de contextos PDP [62] 241 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 1. Através do active PDP context request a MS informa a SGSN que quer activar o seu endereço PDP. Se a MS necessita de uma atribuição dinâmica de endereços PDP a respectiva APN é incluída no pedido. De modo idêntico, a MS tem um endereço estático atribuído a, este endereço é incluído no pedido. Também será incluído o perfil de QoS desejado. 2. Com um create PDP context request, a SGSN encaminha o pedido da MS para a GGSN. 3. A GGSN anuncia o endereço aceite ou atribuído através de um create PDP context response. O perfil de QoS associado à subscrição é tirada do HLR e comparada com o pedido feito pela MS. 4. Por sua vez, a SGSN encaminha o anúncio à MS num activate PDP context accept, incluindo o perfil de QoS negociado. 4.4.9 Comparação entre o GPRS e os outros O GPRS – General Packet Radio Service é uma extensão do GSM, como foi visto anteriormente define um serviço de dados orientado a pacotes, sendo desenvolvido para facilitar o acesso a serviços baseados no IP – Internet Protocol, comparando com os serviços de comutação de circuitos do GSM. É esperado que a demanda por serviços de dados “wireless” cresça significativamente nos próximos anos, as taxas de transmissão de dados do GSM, relativamente baixas, acabam por limitar o lançamento de serviços de dados. As operadoras de rede querem promover serviços de dados para aumentar as receitas. 242 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Taxa de dados (Kbps) 500 WCDMA 400 300 EDGE 200 GPRS 100 GSM HSCSD 1999 2000 2001 2002 Figura 105 Evolução cronológica das taxas de transferência de dados[61] O GPRS é uma tecnologia que oferece comutação de pacotes, é bastante diferente das arquitecturas de redes GSM, não só por ser atribuído um canal físico quando for necessário transmitir ou receber dados, mas também porque os canais físicos podem ser compartilhados entre diferentes utilizadores móveis.. GPRS • Ligação com redes de pacotes externas • Perfil de trafego por “burst” • Cada pacote tratado independentemente • Não há acesso ao HLR para cada pacote • Facturação por volume GSM • Ligação com redes de comutação de circuitos • Perfil de trafego continuo bidireccional • Cada pacote tratado independentemente • cada chamada acede ao HLR • Facturação baseada por tempo Figura 106 Comparação entre GPRS e GSM 243 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis O HSCSD é uma tecnologia de comutação de circuitos, um canal físico é atribuído por toda a duração da chamada.A principal diferença entre o HSCSD e o GPRS é relativa ao protocolo. Do ponto de vista da RF, o HSCSD e o GPRS são relativamente idênticos.A maioria das mudanças em relação ao GSM estão acima da camada 1, isto é protocolo. No entanto, na camada física, o HSCSD e o GPRS são multi-slot [62]. 4.4.10 Qualidade de Serviço (QoS) no GPRS O GPRS tem subjacente uma preocupação com qualidade de serviço. O parâmetro de QoS com cada serviço solicitado, e serviço recebido pelo ponto de acesso de serviço de rede (Network Service Acess Point – NSAP). Os utilizadores, solicitam o Qos através das suas estações móveis (MS) durante a activação do PDP (Packet Data Protocol). O perfil por defeito de QoS é definido no HLR e os SGSNs/GGSNs controlam o QoS, mas são os SGSNs que assumem o principal controlo[60]. Os perfis de qualidade atribuídos ao GPRS são [63] divididos em classes : A precedência indica a importância do pacote com considerações em caso de problemas ou degradação de QoS, quando efectivamente for necessário A Confiabilidade especifica o modo de operação de vários detectores de erro e protocolos de recuperação. Possui os parâmetros de probabilidade de perda de dados, de probabilidade de dados entregues fora da sequência correcta, da probabilidade de entrega de dados repetidos e a probabilidade de dados corrompidos. Na prática, especifica o grau de segurança relativamente à entrega de dados. O “Delay” é o tempo de atraso de transferência inclui o acesso ao canal de rádio de “uplink” ou a procura do canal de rádio para “downlink”. Especifica o “delay” de transmissão no canal rádio e o “delay” de transito na rede GPRS. “Peak throughput” : define a máxima taxa de transferencia permitida 244 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis “Mean throughput” : Define a taxa media de transferencia. Os QoS estão relacionados com a multiplicidade de perfis de utilizadores. Diferente do GSM, a gestão dos clientes do GPRS é especifico por serviço, ou seja os utilizadores podem activar cada serviço em que são assinantes separadamente. Indiferente ao perfil do utilizador e ao QoS acordado, confiabilidade dos dados em termos de taxas de erro residual para perdas, corrupção ou duplicação é especificada para ser 10-9 para comunicações em grupo e na banda dos 10-4 a 10-5 para comunicações “multicast”. Os procedimentos de detecção e correcção de erros realizados pelos protocolos do GPRS na interface aérea, garantem os intervalos de confiabilidade. Como já tinha sido visto anteriormente, a classe das estações móveis são definidas como A, B e C. 245 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.5 Tecnologias das Comunicações Móveis EDGE EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution) é uma tecnologia que inclui o uso de HLM (Higher Level Modulation), foi desenvolvido para integrar a estrutura GSM. A introdução do HLM permite maiores taxas de transferência num único slot temporal. O desempenho dos sistemas EHSCSD. 4.5.1 A tecnologia EDGE é a tecnologia que usa um novo esquema de modulação, mais eficiente na largura de banda que na modulação padrão usada no GSM. Oferece uma estratégia de evolução promissora para HSCSD e GPRS. A tecnologia define uma capa física nova: modulação 8-Phase Shift Keying (8-PSK), em vez de GMSK. 8-PSK permitem codificar a informação em símbolos de três bits contra 1-bit-por-pulso do GMSK. Assim, EDGE tem o potencial para aumentar velocidade de transmissão de dados nos sistemas de GSM existentes por um factor de três. O EDGE retém outros parâmetros existentes no GSM inclusive uma duração de trama 4.615-ms , 8 timeslots por trama, e uma taxa de símbolo 270.833-kHz taxa de símbolo. O canal de GSM espaçado de 200-kHz também é mantido no EDGE e permite o uso de bandas de espectro existentes. É provável que este facto encoraje desenvolvimento de tecnologia de EDGE em escala global. O sistema EDGE introduz um esquema de modulação optimizado, que permite à portadora GSM de 200 kHz suportar taxas de transmissão muito mais elevadas. Além disso, os canais com a funcionalidade EDGE, tanto funcionarão no modo GSM/GPRS, como no modo EDGE. Os operadores poderão assim oferecer serviços multimédia em qualquer uma das frequências utilizadas pelo sistema GSM (900, 1800 e 1900 MHz). Quando as actuais redes da segunda estiverem completamente actualizadas com a tecnologia EDGE, a rede 246 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis GSM estará em conformidade com as normas definidas no IMT-2000, permitindo disponibilizar serviços de terceira geração em qualquer uma das bandas existentes. Por isso, o EDGE encontra-se no limiar entre a 2.5G e a 3G. 4.5.2 Parâmetros de sistemas EDGE O tradicional sistema 8-PSK usa uma filtragem coseno elevado para remover interferência entre símbolos (IES). Com esta estratégia, existe uma correlação de um para um entre a largura de banda e a taxa de símbolo sem interferência entre símbolos (IES). Por exemplo, é preciso um mínimo de 270.833 kHz de largura de banda de RF para que a taxa de símbolo seja de 270.833-kHz exigido no sistema GSM. Embora IES seja eliminada com o uso da filtragem coseno elevado, 200 kHz de largura banda do canal resulta em uma taxa de símbolo de 200 kHz, o que é menor que taxa de símbolo requerido no GSM. Por isso o sinal 8-PSK filtrado com coseno elevado não se ajusta dentro da largura de banda de 200kHz. Para alcançar a taxa de símbolo desejada, é necessário uma filtragem mais severa, que apesar do desempenho ser pior, respeite a IES. EDGE faz este compromisso que resulta na conservação da largura de banda às custas de IES. É necessário então uma abordagem mais complexa para o receptor. Para comparar o desempenho de modulação usada no EDGE relativamente ao GSM, podemos comparar a taxa de erro de bit (BER) do sinal 8-PSK com o desempenho de BER de um sinal de MSK. Esta análise revela que para baixos valores de Eb/No (menos de 10 dB), 8-PSK e MSK amostram virtualmente o mesmo desempenho. Para maiores valores de Eb/No (acima de 10 dB), MSK é melhor que 8-PSK por aproximadamente 0.25 dB . 247 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.5.3 Classes de EDGE O EDGE é uma extensão do HSCSD e do GPRS. Define um novo formato de modulação (8 – PSK) que permitem a implementação de uma maior variedade de serviços com um acréscimo significativo de QoS. Downlink BTS MS UPlink Figura 107 Interacção entre BTS e MS A Classe A define uma implementação onde a tecnologia EDGE é apenas usada no Downlink, exemplo da BTS para o MS. O GMSK standard é usado no Uplink( MS para a BTS). Uma vez que algumas aplicações de dados envolvem mais dados que estão a ser transferidos no downlink do que no uplink, exemplo o web browsing, esta é uma limitação bastante sensível. A Classe B define a implementação total do EDGE, onde o edge pode ser usado tanto no Uplink como no Downlink. Algumas redes podem introduzir apenas os serviços classe A, em primeiro. Isto irá permitir as redes limitarem o seu risco de investimento até que os serviço de dados base EDGE estejam estabelecidos. Classe Downlink Uplink A 8 PSK GMSK B 8 PSK 8 PSK Tabela 12 Classes de EDGE 248 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.5.4 Estratégia de Evolução O esquema de modulação de EDGE representa uma possível estratégia de evolução para o EHSCSD.O EDGE tem potencial para aumentar a taxa de dados dos serviços de GSM por um factor de três e atinge valores próximos de desempenho da terceira geração de telemóveis. HSCSD ECSD EDGE GPRS EGPRS Figura 108 Tendência de Evolução [72] O desafio da passagem do EDGE para as camadas físicas, atendendo a que o EDGE é um sinal de amplitude não constante, implicou desafios significativos em termos de planeamento e testes RF. O EDGE foi projectado para oferecer velocidades de transmissão de 384 Kbps e permitir o envio de aplicações multimedia e outras aplicações. Sempre foi considerada, como uma tecnologia de evolução no caminho do UMTS. Quando as actuais redes da segunda estiverem completamente actualizadas com a tecnologia EDGE, a rede GSM estará em conformidade com as normas definidas no IMT-2000, permitindo disponibilizar serviços de terceira geração em qualquer uma das bandas existentes. Por isso, o EDGE encontra-se no limiar entre a 2.5G e a 3G. Combinando com o GPRS, o EDGE pode apresentar-se como uma solução, oferecendo aos operadores de rede uma migração das redes actuais para serviços de 3G, sem requerer um espectro rádio eléctrico novo, com uma boa relação custo/beneficio. 249 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Muitos operadores GSM poderão utilizar o EDGE como um primeiro passo no caminho até a implementação total de UMTS, ou para proporcionar cobertura de uma determinada área ampla em conjunto com o UMTS ,em áreas de alta densidade. Outros poderão usá-lo para criar uma infra-estrutura que será, de poderá ser de muitas formas, altamente competitiva com UMTS, e poderá oferecer um leque similar de serviços aos utilizadores. 4.6 EHSCSD A máxima velocidade esperada pelo EHSCSD (Enhanced HSCSD) é de 144 kbps. Baseado na granularidade dos 48 kbps, o EHSCSD pode usar 3 ranhuras temporais, como mostrado na tabela seguinte[72]. Número de slots temporais usados Taxa de Transferência (kbps) 1 48 2 96 3 144 Figura 109 Taxas de transferência por slot temporal no EHSCSD[72] Como o EHSCSD se baseia num novo esquema de codificação são necessárias actualizações no hardware e software da rede, assim como novos terminais para os utilizadores. 4.7 EGPRS O EGPRS (Enhanced GPRS) permite atingir débitos máximos de 384 kbps, baseando-se numa granularidade dos 48 kbps, podendo usar até 8 slots 250 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Número de slots temporais usados Taxa de Transferência (kbps) 1 48 2 96 3 144 4 192 5 240 6 288 7 336 8 384 Figura 110 Taxas de transferência por slot temporal no EGPRS Como o EHSCSD se baseia num novo esquema de codificação são necessárias actualizações no hardware e software da rede, bem como novos terminais para os utilizadores. 251 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.8 Tecnologias das Comunicações Móveis Terceira Geração de Comunicações Móveis Para a maioria dos agentes económicos o UMTS (Universal Móbile Telecommunication System) será uma plataforma base para a economia mundial. Com os serviços inovadores que oferece o UMTS, pensa-se que rapidamente será a tecnologia dominante do sector das telecomunicações o que pode ser demonstrado pelos altos valores pagos pelas licenças do UMTS, em alguns países. A possível evolução das telecomunicações para um serviço único global e diferenciado, em que o cliente acede a conteúdos independentemente do tipo de infra estrutura envolvida no processo, impõem cada vez mais às empresas de telecomunicações uma expansão das suas áreas de negocio até sectores como sejam os de conteúdos e media. A crescente oferta de conteúdos multimedia nos diferentes segmentos da industria das telecomunicações, tornou-se também inevitável na oferta das comunicações moveis. Para que a plataforma tivesse um elevado grau de robustez, uma vez que está implícita uma maior complexidade na concepção e implementação das redes, foram concertados esforços entre os principais blocos a operar com redes de 2a Geração e diversos fabricantes de equipamento através do 3GPP [81] para se chegar a uma norma universal o UMTS. Estes objectivos foram parcialmente atingidos, sendo o sistema comum na Europa e Ásia, no entanto como o espectro de frequências estabelecido para este tipo de comunicações já se encontrava ocupado nos Estados Unidos pela segunda geração de terminais móveis, ficou estabelecido que gradualmente os Estados Unidos iriam libertando espectro para o UMTS à medida que fossem substituindo os terminais da 2a pelos de 3a Geração. O UMTS utiliza a tecnologia digital de WCDMA também chamada de UTRA (Universal Terrestrial Radio Acess) que existe nos modos FDD (Frequency Division Duplex) e TDD (Time Division Duplex), servindo a sigla WCDMA para abranger os dois modos. Para o WCDMA é possível ter uma taxa máxima de 2 Mbps para suportar comunicações a taxas tão elevadas., 252 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.8.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Tendências para o “Sem fios” O crescente crescimento de tecnologias alternativas e o sucesso da segunda geração de sistemas digitais celulares, tendo com principal responsável o GSM (Global System for Mobile), tornaram as comunicações móveis indispensáveis nas sociedades modernas, através da introdução de novos conceitos de portabilidade e versatilidade, aumentando a flexibilidade e consequentemente o aumento da a mobilidade. As redes sem fios contemporâneas, projectadas inicialmente para sistemas “narrowband” com baixos débitos binários, estão direccionadas, essencialmente para voz ou dados, e não estão preparadas para suportar comunicações audiovisuais, como por exemplo, videotelefonia de taxas de transferência médias, ou outros serviços multimedia mais exigentes. Com o crescente aumento da procura do número de utilizadores móveis, interessados em serviços de dados o “sem fios” ganha maior importância no mercado das telecomunicações. Utilizadores no mundo Total de Utilizadores móveis Utilizadores de dados móveis Utilizadores de dados fixos Fonte : ARC Group, Out 2001 Figura 111 Mercado de utilizadores móveis e de dados Vários factores, influenciam a expansão do “sem fios”, nomeadamente a evolução das aplicações associado ao explosivo crescimento da internet, a convergência entre fixo e móvel , etc. 253 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A industria e a comunidade cientifica têm desenvolvido diversas actividades cientificas no campo das redes moveis de terceira geração, tendo como objectivo principal, a criação da chamada “Wireless Information society”, de uma forma genérica podemos dizer, que um utilizador pode aceder a toda a infraestrutura global de telecomunicações e consequentemente a uma panóplia de serviços, simplesmente com um terminal móvel “sem fios”. Vários factores, influenciam esta tendência generalizada para o «sem fios» como seja a demanda do mercado por “dados wireless”. Esta tendência é determinada Mercado Ind us tri a M er ca d o pelo lado da procura, pelos factores de mercado e pela industria das tecnologias. Industria Clientes Procura tecnologia Figura 112 Factores que determinam a necessidade de “dados sem fios” Vários factores são condição “sine qua non” para a expansão do mercado do “sem fios”, como seja a convergência entre a rede fixa e o “sem fios”, o novo standard e a utilização do novo espectro, o explosivo crescimento da Internet, as elevadas taxas de transmissão exigidas pelas aplicações multimedia, a inadequação da rede fixa a requisitos mobilidade exigidos pelos utilizadores, bem como a intervenção das entidades reguladoras que fomentam a concorrência, assim como as fusões e consolidações em paralelo com o surgimento de operadores globais(Global Players). 254 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Privatização Video Internet Redes Fixas Diminuição dos Preços Convergência fixo móvel inadequadas WAP Tipo de Dados Fusões e consolidação Factore s de Mercado Altas espectro e standards Taxas Novas Aplicações Operadores Globais Taxas Concorrencia elevadas Media Desregulação Figura 113 Factores de mercado que contribuem para a expansão do “sem fios” 4.8.2 A convergência no UMTS Existe hoje um consenso generalizado que reconhece estar a ocorrer uma convergência a nível tecnológico. Tal significa que as tecnologias digitais tornam possível a oferta de serviços de comunicação novos e tradicionais (voz, dados, som ou imagens) através de redes tecnologicamente distintas. As implicações desta evolução são profundas. A convergência diz respeito não apenas à tecnologia, mas também aos serviços e às novas formas de fazer negócios e de interagir com a sociedade. Nos últimos anos têm-se desenvolvido fortes investigações no campo das redes móveis de terceira geração (3G); o objectivo é criar a chamada “Wireless Information Society”, isto é, um utilizador pode aceder a toda a infra-estrutura global de telecomunicações (e todos os serviços associados), a partir do seu terminal móvel sem fios, sendo este facto independente da localização do utilizador e do instante temporal; quanto à interface ar dos sistemas de 3G, pretende-se que esta seja o mais global possível, para permitir por exemplo, o roamming em todo o mundo. 255 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Figura xxxx Os mundos em convergência [82] Figura 114 Os mundos em convergência [75] Os sistemas 3G vão permitir uma convergência de três mundos : o dos computadores, o das telecomunicações e o dos conteúdos áudio/vídeo. A convergência das telecomunicações, do audiovisual e das tecnologias de informação é uma realidade, implicando a aproximação e interacção entre sectores e entidades tradicionalmente autónomos. As várias Plataformas de Convergência e Desenvolvimento constituem, neste contexto, uma sede de discussão alargada[83]. A convergência tecnológica elimina gradualmente as fronteiras entre os serviços de telecomunicações. Neste contexto, o UMTS acelera a constante reconfiguração do mercado, dos serviços, da Infra-estrutura e dos produtos de telecomunicações de forma harmónica entre os diversos agentes e trazendo benefícios para os utilizadores. No ITU (“International Telecommunication Union”), as redes de 3G são conhecidas como IMT-2000 (“International Mobile Telecommunications - 2000”); na Europa, elas são designadas por UMTS (“Universal Mobile Telecommunication System”). O sistema IMT-2000 / UMTS vai proporcionar um grande manancial de serviços, com especial destaque para a informação multimedia (a sua procura tem aumentado significativamente). O número de utilizadores da Internet aumentou significativamente nos últimos anos, 256 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis aumentando a possibilidade de convergência entre a Internet e os sistemas de rádio móvel, acrescentando aos serviços tradicionais, novos serviços. 4.8.3 A standardizações do esquema de interface ar num contexto 3G Temos assistido a nível mundial, fortes investigações, testes, demonstrações e encontros por forma a tentar decidir e standardizar qual a interface ar dos sistemas de 3G (bem como as suas variantes), no entanto, essa tarefa está pendente dos seguintes factores : Factores técnicos que incluem assuntos como a obtenção da performance e das taxas de transferência de dados requeridas; e os factores políticos que envolvem a chegada a um acordo entre todos os parceiros de standardização, atendendo aos vários condicionalismos regionais e sociais dos diferentes países e regiões; os investimentos nos sistemas já existentes implica que o novo sistema seja compatível com os sistemas actuais. Na Europa, o SMG (“Special Mobile Group”) e o SMG2 do ETSI (“European Telecommunications Standards Institute”) cujo principal objectivo é a standardização para a interface ar do sistema UMTS (UTRA – “UMTS Terrestrial Radio Access”); então, foram especialmente considerados o esquema “FMA 2” do projecto FRAMES, o esquema “wideband CDMA” da associação ARIB do Japão, e também o esquema “FMA 1 with spreading” (ou TD-CDMA) do projecto FRAMES ; em 1997 chegou-se a um acordo entre as 2 primeiras propostas, definindo-se uma interface ar para a 3G chamada WCDMA (baseada no FMA2 para o uplink e na proposta do ARIB para o downlink). Em paises não europeus, como sejam os Estados Unidos a Coréia entre outros, tentou-se encontrar uma solução para a interface rádio dos sistemas de 3G; assim, depois de intenso debate durante anos, chegou-se à conclusão que o esquema de acesso múltiplo a ser usado na interface ar dos sistemas de 3G seria também o “wideband CDMA” : nos Estados Unidos foi standardizado o esquema cdma2000, um esquema compatível com o já existente IS-95, e na Coreia foram standardizados 2 esquemas – TTAI (similar ao cdma2000) e TTAII (parecido com o WCDMA). 257 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Outros esquemas de acesso múltiplo, como por exemplo o TDMA (“Time Division Multiple Access”) e o OFDM (“Orthogonal Frequency Division Multiplexing”), foram também considerados mundialmente como propostas para a interface ar dos sistemas de 3G. Num contexto similar de sistemas sem fios outras tecnologias de rede têm emergido, são aquelas que incluem o ATM (Asynchronous Transfer Mode) e o IP (Internet Protocol). E neste campo, um dos desafios que se levanta é tornar o ATM móvel, atendendo a que este foi inicialmente concebido para operar em canais com taxas de erros muito reduzidas, tipicamente com BER (bit error rates) de 10−10 , questionando-se se este funcionará para taxas de erro típicas dos sistemas sem fios, que são muito mais elevadas. No domínio da Internet, o IETF (Internet Engineering Task Force) tem sido um dos organismos mais activos na concepção de soluções, propondo e criando novos standards. O Mobile IP (Mobile Internet Protocol) é um dos protocolos mais abordados, o grupo de trabalho que se dedica ao seu estudo, tem centrado as suas atenções no problema do encaminhamento num contexto de mobilidade. Outras redes sem fios têm sido especificadas, entre elas encontram-se o IEEE 802.11 e o “Bluetooth” destinadas a aplicações em ambientes de utilização colectiva, tipicamente empresas mas não afastando a sua utilização em ambientes domésticos. Uma das referencias em ambientes domésticos é o Wireless 1934 e HomeRF, cuja utilização é predominantemente para uso doméstico. 4.8.4 Características Gerais do Sistema UMTS/IMT-2000 O sistema UMTS/IMT-2000 irá oferecer serviços destinados a utilizadores individuais, de acordo com as suas necessidades e preferências, através de terminais que permitam um acesso fácil a esses serviços. 258 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis O sistema UMTS/IMT-2000 suporta elevadas taxas de transmissão de dados, com débitos de transmissão de 144kbps, de preferência 384kbps, com cobertura e mobilidade global, e de 2Mbps em ambientes interiores e de mobilidade limitada. A transmissão de dados é pode ser simétrica e assimétrica. Como foi dito anteriormente, utiliza a Plataforma WCDMA. 4.8.5 Considerações genéricas sobre a rede UMTS A rede de terceira geração do UMTS envolve dois aspectos preliminares : a rede de suporte (core network - CN) e a rede de acesso rádio (URAN). A rede de acesso rádio abrange o móvel, a Estação Móvel e o interface rádio entre eles. A rede de suporte é responsável pelo “switching” e pelo encaminhamento das ligações de dados e chamadas para redes externas (como sejam a Internet, RDIS). A core network do UMTS é uma evolução da presente rede “core” do GSM. A rede de acesso rádio do UMTS apresenta enormes inovações, especialmente no método de acesso múltiplo do interface rádio (CDMA). Todo o processo tem em conta a compatibilidade com o sistema GSM. Desta forma, após a introdução do UMTS, coexistirão estas duas redes de acesso rádio independentes, apoiadas numa rede core comum. A rede de acesso rádio do UMTS vai permitir outros tipos de aplicações, nomeadamente aplicações multimedia devido ao aumento significativo da largura de banda dos canais rádio (5 MHz em vez dos 200 KHz do GSM) e do novo método de acesso – o CDMA. Para o UMTS, o conceito de multimédia significa a transferência simultânea de voz, texto, dados, figuras, áudio e vídeo com uma taxa máxima de transferência de dados de 2 Mbps. A rede de acesso rádio do UMTS apresenta uma estrutura hierárquica de células (HCS), de forma a garantir uma cobertura global, um “roaming” à escala mundial, bem como as taxas de transferencia de dados. Assim, há três tipos de células, que diferem no tamanho : macrocélulas, microcélulas e picocélulas. 259 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Figura 115 Estrutura hierárquica das células[81] As Pico-células destinam-se a suportar as comunicações móveis em espaços confinados ao interior de edifícios. No domínio público, por exemplo, dentro de edifícios públicos, tais como estações de comboios, aeroportos, centros comerciais, estádios de futebol, etc. Do ponto de vista doméstico: habituações privadas. De um ponto de vista comercial: escritórios, empresas. A sua capacidade depende do destino pretendido, no entanto, é elevada para os comerciais e mais baixa para os privados domésticos. As Micro-células são equivalentes às células dos actuais sistemas de comunicações pessoais, serão usadas nos centros urbanos de domínio público. As suas dimensões variam desde algumas dezenas a poucas centenas de metros, com capacidade elevada. As Macro-células são equivalentes às células das actuais redes celulares, serão usadas em espaços suburbanos e rurais no domínio público. Têm dimensões que variam entre algumas centenas a vários quilómetros de raio, com capacidade média. As Spot-beams dos satélites sobrepoem-se a toda a cobertura terrestre, de capacidade reduzida, devido a restrições impostas pelo canal de propagação, serão usadas no domínio público global. A sua utilização está direccionada para as regiões não abrangidas pela cobertura das redes terrestres. Em cada camada hierárquica, estão definidas as taxas de transmissão máxima e assim como a mobilidade permitida; estes limites variam de camada hierárquica para camada hierárquica; a taxa de transmissão máxima aumenta à medida que descemos na 260 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis hierarquia; a velocidade máxima do móvel diminui também à medida que descemos na hierarquia. Como os diferentes utilizadores são multiplexados por código, só necessitamos de portadoras diferentes para distinguir as camadas hierárquicas : uma portadora de 5 MHz para cada camada hierárquica. No UMTS há dois tipos de bandas de frequência, que são diferenciadas pelo método de “duplexagem” : O FDD ou TDD; o método de “duplexagem” refere qual é a relação entre uplink e downlink; no modo FDD, o uplink e o downlink são transportados em portadoras diferentes, sendo necessário alocar uma banda para o uplink e uma banda simétrica para o downlink (permite transferencia nos dois sentidos e simultaneamente); no modo TDD, o uplink e o downlink são transportados na mesma portadora, sendo necessário alocar determinados slots dessa portadora para o uplink e os outros slots para o downlink (permite transferencia nos dois sentidos mas em intervalos de tempo distintos). FD D t Largura de banda 5 MHz TD D Largura de banda 5 MHz t Periodo de Guarda D ownlink U p link D ownlink U p lin k Sep aração d upla 190 MH z f f Figura 116 Modo FDD e TDD As macro e as microcélulas operam no modo FDD; as picocélulas operam no modo TDD. Esse facto deve-se a que o modo TDD não permitir grandes tempos de propagação entre a estação móvel e a estação base, já que isto poderia provocar colisões entre os vários “timeslots” transmitidos e recebidos; assim, este modo só pode ser usado em aplicações em que o tempo de propagação seja pequeno por exemplo picocélulas; a grande vantagem do modo TDD é que permite uma grande assimetria de transferência de dados entre o uplink e o downlink (muitas aplicações da Internet são caracterizadas por este facto : é recebida muito mais informação – downlink – do que transmitida uplink); então, faz todo o sentido que o modo TDD seja para ambientes “indoor” 261 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis (picocélulas), onde se acede com frequência à Internet; quanto ao modo FDD, este suporta uma grande cobertura e mobilidade simultaneamente (macro e microcélulas) e é apropriado para serviços simétricos. É suposto que sejam atingidos, pelos terminais UMTS, as seguintes taxas de transferencia de dados de pelo menos 144 kbps para transmissão dentro de um veículo em andamento, pelo menos 384 kbps para transmissão em ambientes pedestres e edifícios e pelo menos 2 Mbps para transmissão dentro de um quarto ou escritório , tipicamente picocélulas. Obviamente, mobilidade e taxas de transmissão estão intimamente ligados, com tendência para serem inversamente proporcionais[72]. Considerando alguns dados históricos, em Janeiro de 1998, o ETSI SMG chegou a um consenso quanto ao conceito UTRA : Nas bandas emparelhadas (bandas FDD “Frequency Division Duplex”), o sistema UMTS adoptou a técnica WCDMA. Nas bandas não emparelhadas (bandas TDD “Time Division Duplex”), o sistema UMTS adoptou a técnica TD-CDMA. As diferentes necessidades de serviço são assim suportadas, de uma forma espectralmente eficiente, por uma combinação destes dois modos (TDD e FDD). Estas escolhas têm o objectivo de proporcionar dispositivos terminais de baixo custo, com compatibilidade com o sistema GSM e com 2 modos de operação O FDD e TDD são dois modos que devem estar o mais harmonizados possível, de forma a provocar uma diminuição dos custos do equipamento; em Abril de 1998, o TDD e o FDD já tinham o mesmo comprimento de cada frame e número de slots por frame (chip rate). Na WARC’92 (“World Administrative Radio Conference”), foi decidido a alocação de 230 MHz de espectro para o IMT-2000. No entanto, essa alocação poderá diferir ligeiramente de país para país. 262 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Foi reservada uma parte do espectro para a transmissão via satélite (MSS “Mobile Satellite Service”). O restante espectro é para uso terrestre, havendo uma parte alocada para o modo TDD e outra para o modo FDD. O espectro alocado foi então : MSS : 1980MHz – 2010 MHz (uplink) e 2170MHz – 2200 MHz (downlink) FDD : 1920MHz – 1980 MHz (uplink) e 2110MHz – 2170 MHz (downlink) TDD : 1900MHz – 1920 MHz e 2010MHz – 2025 MHz DECT 1880 UMTS 19000 UMTS 1920 MSS 1980 UMTS 2010 2025 UMTS 2110 2170 MSS 2200 Figura 117 1Espectro alocado para o UMTS Figura Assume-se que cada operador necessita de uma largura de banda da ordem de 220 MHz e que cada país terá pelo menos 3 operadores (por exemplo no caso Português vão operar 4 operadores de UMTS). Cada operador, para implementar os três níveis da estrutura hierárquica de células, necessita de alocar pelo menos 25 MHz, no mínimo 2´10 MHz (uma macrocélula e uma microcélula) no modo FDD e 5 MHz no modo TDD (uma picocélula); no entanto, para proporcionar uma maior flexibilidade e um aumento da capacidade, podem ser reservados, para cada operador, 2´15 MHz para o modo FDD (para permitir, por exemplo, uma macrocélula e duas microcélulas) e 1 MHz para o modo TDD; em situações de grande exigência de tráfego, pode-se equacionar a reserva de 2´20 MHz para o modo FDD. Isto é sempre um compromisso entre a capacidade e flexibilidade desejadas para o sistema e a alocação mínima desejável do espectro, bem como o número de operadores licenciados para operar. O modo como é feita a atribuição das licenças, por leilão ou por concurso ou “concurso de beleza”, tem consequências no mercado. No entanto, a atribuição das licenças aos operadores na qual o espectro alocado é especificado para determinado operador tem influência nas escolhas tecnológicas que este vai fazer à posteriori. O UMTS vai operar em todos os ambientes (urbano, suburbano, plano, em declives acentuados, em relevos 263 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis acidentados, “indoor”, “outdoor”,etc...) providenciando os seus serviços ao utilizador genérico, independentemente da localização, do instante de tempo; e até mesmo das condições climatéricas, o sistema UMTS tende a ser global, mundial e logo tem que garantir o “global roaming”. Para definir um “padrão global “(standard) de sistemas radio móvel de terceira geração, o 3GPP “Third Generation Partnership Project “, foi formado em Dezembro de 1998.É constituído por membros de corpos de “standardização” na Europa (ETSI), no E.U.A. (T1), Japão (ARIB), Coreia (TTA - Telecommunications Technologies Association), e China (a CWTS - China Wireless Telecommunication Standard). O 3GPP agregou as propostas harmonizadas dos corpos de padronização regionais e continua a trabalhar para obter um padrão comum (ainda chamado UTRA) para sistemas rádio móvel de terceira geração. O UTRA é baseado na mesma core network do GSM, incorporando tanto o modo FDD como o modo TDD. O Third Generation Partnership Project 2 por outro lado, trabalha para obter um padrão de rádio móvel de terceira geração (originalmente chamado cdma2000) que é baseado numa evolução do IS-95. Em Junho de 1999, os principais operadores internacionais pertencentes ao Operator Harmonization Group (OHG) propuseram o conceito de G3G (Terceira Geração Global) que foi aceite pelo 3GPP e pelo 3GPP2. O conceito G3G é um único padrão com os seguintes três modos de operação: CDMA direct spread (CDMA-DS), baseado no UTRA FDD como especificado pelo 3GPP; CDMA multi carrier (CDMA-MC), baseado no cdma2000 usando o FDD como especificado pelo 3GPP2 ; TDD (CDMA TDD), baseado no UTRA TDD como especificado pelo 3GPP. 264 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.8.6 WCDMA no Modo FDD Existem vários métodos de modulação do CDMA, a técnica Direct sequence (DSCDMA) é a técnica de modulação utilizada no WCDMA. No Direct Sequence – CDMA o sinal informativo é directamente modulado por um código de espalhamento digital e discreto no tempo. De referir, que o sinal de informação pode ser analógico ou digital, caso seja um sinal digital, este é directamente multiplicado pelo sinal de código, que originará o sinal espalhado na freqüência. De uma forma sistemática, podemos dizer que O Direct Sequence surge da multiplicação directa entre o sinal de código e o sinal de informação. Data Data Modulator Spreading Modulation carrier Generator Code Generator Figura 118 Diagrama de blocos de um transmissor DS-CDMA Os dados são modulados por uma portadora de radio frequência, e o sinal resultante é multiplicado pelo sinal de código. O referido, sinal de código resume-se a um número de chips que vão representar cada bit de informação, ao multiplicarmos o sinal de dados pelo código, obtemos um aumento do ritmo de transmissão, facilmente se percebe que, por cada símbolo de informação, vamos ter que transmitir vários chips(símbolos) . Para a modulação de impulsos podemos utilizar varias técnicas de modulação de espalhamento, as mais utilizadas são: BPSK,DBPSK,MSK,QPSK e OQPSK). 265 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Wideband Modulador Binary data Code Generator Carrier Generator Figura 119 Ex. de um transmissor DS-CDMA O sistema apresentado na Figura 135 de um sistema onde é omitida a técnica de modulação de dados e temos a modulação de código BPSK. Em que a um símbolo de dados correspondem 10 chips(símbolos de código), de uma forma genérica podemos dizer que, a transmissão do código é 10 vezes superior à taxa de transmissão dos dados, ou seja, temos então um ganho de processamento(Gp) de 10. Na recepção temos que efectuar a operação inversa da descrita anteriormente, uma necessidade urge, conhecer o código de espalhamento utilizado na codificação, pois teremos que gerar esse código localmente e em sincronismo com o sinal que está a ser recebido na antena, e manter o sincronismo até receber o sinal por completo. Um exemplo do sinal do receptor DS-CDMA D e sp re a d ing C ode S ynch ro ni za tio n Tra cki ng C ode Gene ra to r D a ta M o d u la to r D a ta C a rrier G e ne ra to r Figura 120 Diagrama de Blocos de um receptor DS-CDMA O bloco Code synchronization/Traking em conjunto com o Code Generator, obtêm o sincronismo e efectuam a operação inversa ao espalhamento: “despreading”, temos o 266 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis sinal original modulado, e necessitamos desmodular este sinal para obter o sinal desejado. O DS-CDMA para além das propriedades do CDMA , contém contem vantagens e desvantagens relativamente ao CDMA, dito tradicional. Nomeadamente,de uma forma sistemática podemos dizer, que uma vantagem é a simplicidade da codificação, como visto anteriormente uma simples multiplicação entre o sinal de código e o sinal de informação, permite obter o sinal codificado. Outra será o facto de só ser necessário gerar uma portadora , o sintetizador de freqüências (Carrier Generator) é fácil de implementar. É possível, efectuar detecção coerente na desmodulação do sinal DS. Uma manifesta vantagem, é o facto de não ser necessário existir sincronismo entre os vários utilizadores do sistema. No entanto, também existem diversas desvantagens, por exemplo, é difícil adquirir e manter o sincronismo do gerador local de código e do sinal que está a ser recebido. Esta fracção tem que ser obtida numa fracção de tempo do chip.Para uma correcta recepção, o erro de sincronismo tem que ser relativamente baixo tem que estar contido numa fracção do tempo de um chip. Esta limitação, adicionada ao facto de que não existem grandes parcelas de frequência contíguas, disponíveis as frequências de trabalho do sistema radio móvel, limita o tamanho das bandas de frequência que podem ser usadas. D1 D 2 = n*D 1 Estação Base Figura 121 Controlo de potencia com a variação da distancia A potência que o utilizador que se encontra a distancia D1, da Estação Base (BS) (D1<<D2) é muito maior relativamente ao utilizador que se encontra à distancia D2. 267 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Como ambos os utilizadores transmitem com os seus sinais a ocuparem o mesmo espectro, os sinais são transmitidos sobrepostos. Se a distancia D1, for muito pequena, ou seja, o utilizador 1 muito próximo da BS, vai « abafar» os sinais dos outros utilizadores que estão a utilizar a mesma BS (“Near far efect”). Torna-se necessário, um algoritmo de controlo de potência para os sinais de todos os utilizadores cheguem à estação base com a mesma potência. No entanto todo este processo é difícil de gerir, e esse controlo muito difícil de implementar. 4.8.6.1 Características do sistema No WCDMA à semelhança do TD-CDMA, é de 5 Mhz , varias razões deram origem à escolha desta largura de banda: As taxas de transmissão, pretendidas para sistemas da 3G (144 e 384Kbps) com os 5 Mhzs de largura de banda garantimos as taxas de transmissão pretendidas com alguma fiabilidade, sendo possível chegar aos 2Mbps em condições limite. Atendendo, a alguma escassez de espectro às frequências de trabalho, um mínimo de largura de banda possível foi alocado. Uma largura de banda de 5Mhzs permite determinar mais componentes do multipercurso, do que outras larguras de banda mais estreitas, o que leva a um aumento da diversidade e tem com consequência um aumento da performance. Efectivamente varias propostas foram sugeridas, no sentido do aumento da largura de banda, para valores muito superiores.(10,15,20 Mhz) de modo a aumentar as taxas de transmissão e a eficiência. No entanto pelas razões descritas anteriormente, os 5 Mhz são um bom compromisso entre a performance e a largura de banda disponível no espectro. 268 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS CHANEL BANDWIDTH Downlink RF channel structure Chip Rate Roll-off factor for chip shaping Frame length Number of slots/frame Spreading Modulation Data Modulation Coherent detection Channel multiplexing in uplink Multirate Spreading factors Power Control Spreading (downlink) Spreading(Uplink) Handover Tecnologias das Comunicações Móveis 5 MHZS Direct Spread 3.84 Mc/s 0.22 10 ms 15 Balenced QPSK(downlink) Dual channel QPSK (Uplink) Complex spreading circuit QPSK(downlink) BPSK(uplink) User dedicated time multiplexed pilot (downlink and uplink) no common pilot in downlink Control and pilot channel time multiplexed I&Q multiplexing for data and control channel Variable spreading multicode 4 a 256 Open and fast closed loop (1.6 Khz) Variable length orthogonal sequences for channel separation Gold sequences 218 for cell and user separation (truncated cycle 10 ms) Variable length orthogonal sequences for channel separation Gold sequences 218 for cell and user separation (Different time in I and Q channel truncated cycle 10 ms) Soft handover Interfrequency handover Tabela 13 Parâmetros do WCDMA No WCDMA as portadoras podem ir desde 4.2 MHz a 5.4 MHz, em múltiplos de 200 KHz. A variedade de larguras de banda das portadoras permite que, perante diferentes ambientes de interferência, a largura de banda das portadoras seja ajustada de modo a reduzir a interferência das portadoras adjacentes, esse ajuste pode ser mais determinante entre portadoras de diferentes operadores, de modo a evitar interferência entre operadores, aumenta-se mais o espaçamento entre as várias portadoras. Na figura seguinte pode-se ver a situação em que o operador tem uma largura de banda de 15 MHz que lhe permite ter 3 tipos de camadas hierárquicas, operando com diferentes portadoras. 269 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Banda de um operador 15 MHz Potência 3 camadas de células Outro operador UMTS 4.2-5.0 MHz 4.2-5.0 MHz Outro operador UMTS 5.0-5.4 MHz 5.0-5.4 MHz Frequência Figura 122 Utilização do espectro em WCDMA [72] Em Portugal, os operadores vão operar com uma estrutura hierárquica de 3 células. Para o modo FDD, cada célula vai operar com uma portadora para o uplink e outra para o downlink. Ou seja, vai ser necessário 3x2x5 MHz, o que significa que cada operador vai necessitar de 30 MHz para implementar este modo. As bandas alocadas para operar em modo FDD : 1920 MHz-1980Mhz para o uplink e 2110MHz-2170MHz para o downlink, sendo possível a implementação de 4 operadores distintos. 4.8.6.2 Canais Físicos e Lógicos De uma forma genérica, podemos afirmar que num sistema celular existem determinadas funções, que têm que ser implementadas para permitir a aquisição, libertação e manutenção das ligações. O primeiro passo, consiste na aquisição do sincronismo, por parte do móvel, seguidamente obtém informação do sistema que pode se a mais variada: Começando pelos códigos de espalhamento, canais de acesso, informações sobre as células adjacentes, informação sobre a rede em geral, etc. Após a sincronização, o MS e a BS (Estação Base) iniciam a comunicação através da troca de mensagens num canal de trafego. Durante a comunicação são trocadas as mais variadas informações, desde informação de sinalização até informações de controlo, etc. 270 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Canais Lógicos Canais de Transporte Canais de Controlo : Dedicados Comuns Tabela 14 Tipos de canais Os canais lógicos devem ser divididos em dois tipos: Canais de Trafego Canais de Controlo No entanto é possível dividir, os canais de controlo em: Dedicados Comuns Um canal de trafego transporta a mais variada informação proveniente do utilizador do sistema. Um canal de controlo comum é um canal Ponto-a Multiponto que transporta essencialmente informação necessária à gestão de operações de Broadcast (ex: mensagens de pagging, pedidos de acesso, etc). Um canal de controlo dedicado é um canal de controlo ponto-a-ponto bidireccional destinado a transportar informação de sinalização tal como: medições para handover, informação de adaptação de serviços e informação de controlo de potencia. Os canais lógicos estão divididos em vários canais: BCH Broadcast Control Channel - Canal de transporte partilhado no sentido descendente para difundir informação de controlo do sistema e específica da célula. Um BCCH é sempre transmitido em toda a célula., ou seja, este canal transporta informação do sistema e da célula é transmitida por toda a célula a baixo ritmo. PCH (Paging Channel) - Canal de transporte partilhado no sentido descendente para transportar informação de controlo para uma estação móvel cuja localização não é conhecida pelo sistema. Transporta mensagens próprias para o paging do móvel. FACH (Forward Access Channel) Canal de transporte partilhado no sentido descendente utilizado para transportar informação de controlo e pequenos pacotes do utilizador para a estação móvel cuja localização é conhecida pelo 271 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis sistema. Um FACH pode ser transmitido para toda a célula ou para uma parte da mesma utilizando arrays de antenas adaptativas. Este canal é utilizado para transportar informação de controlo, da estação base para o móvel(downlink). Este canal serve também para transportar pequenos pacotes de informação RACH (Random Access Channel) - Canal de transporte partilhado no sentido descendente para o transporte de informação de controlo e pequenos pacotes do utilizador a partir de uma estação móvel. Um RACH é sempre recebido de toda a célula.(tem funções idênticas ao FACH, mas em sentido contrário: uplink) Canais Dedicados (DCH)- Canal de transporte dedicado para dados do utilizador ou informação de controlo de e para a estação móvel.: Dedicated Control Channel (DCCH) que cobre dois canais: stand-Alone dedicated control channel (SDCCH) e associated control Channel(ACCH) Dedicated Traffic Channel (DTCH): Utilizado para transmissões de informação ponto a ponto para o downlink e uplink. Canais Físicos : Existe a necessidade de mapear os canais lógicos em canais físicos. Esse mapeamento depende de vários factores como: Método de modulação Desenho da estrutura das tramas Código utilizado No entanto, uma determinada função especifica, proporcionada por um determinado canal lógico pode ser mapeada em vários canais físicos (canais físicos são distinguidos pelos códigos de espalhamento), ou vice-versa, varias funcionalidades podem ser mapeadas num único canal físico, utilizando a técnica de multiplexagem temporal. 272 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Canais Físicos no Uplink No uplink existem dois canais dedicados e um canal comum, a informação do utilizador é transmitida no Dedicated Physical Data Channel(DPDCH), e a informação de controlo (ex: informação de controlo de potencia, símbolos de sincronismo, o transport format combination indication field TFCI) é transmitida no Dedicated Physical Control Channel(DPCCH). Existe ainda o Physical Random Acess Channel (PRACH) que é um canal de acesso comum. Os canais físicos tipicamente estão organizados numa estrutura de tramas de 3 níveis : descendo na hierarquia temos a multi-trama (superframe); cada multi-trama que tem a duração de 720 ms e é dividida em 72 tramas (radio frames), e cada trama tem duração de 10ms e é dividida em 15 slots de tempo. Trama = 10 ms Slot #1 Slot #M DPDCH DPCCH Slot #16 Camada 2 Sinais de controlo da camada 1 (piloto+TPC+TFI) 0.625 ms, 20x2k bits DPDCH: Dedicated Physical Data Channel DPCCH: Dedicated Physical Control Channel Figura 123 Estrutura da trama para o canal físico do dedicado no sentido uplink[72] Cada trama de DPDCH transporta, num único código, 150x2k (corresponde a factores de espalhamento que vão desde 4 a 256) a uma taxa de chips de 3.84 Mcps. Vários serviços de taxas de transmissão variáveis podem ser multiplexados no tempo em cada trama de DPDCH. Na grande maioria dos casos, apenas um DPDCH é alocado por ligação, e os serviços são intercalados partilhando o mesmo canal DPDCH, mas para transmissões de alto-ritmo, evitando um valor muito baixo para os factores de espalhamento, pode-se alocar vários canais DPDCH. 273 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis O DPCCH (Dedicated physical control channel, é necessário para atransmissão de símbolos piloto para a recepção coerente, sinalização de controlo de potencia, e informação das taxas de transmissão praticadas. Para optimizar os recursos utilizados podemos multiplexar os dois canais DPCCH e DPDCH, existem duas soluções básicas para a multiplexagem dos canais de controlo e de informação: a multiplexagem temporal e a multiplexagem por código. Uma solução combinada de IQ e multiplexagem por código (Dual Channel QPSK) é utilizada para evitar problemas de compatibilidade electromagnética (EMC) em transmissão contínua (DTX). O grande problema da multiplexagem temporal dos canais de controlo são problemas de compatibilidade electromagnética (EMC) que surgem em transmissões DTX. Um exemplo de um serviço DTX é o serviço de voz. Neste tipo de transmissão, existem períodos de silencio, em que não existem bits de informação a serem transmitidos, mas os sinais de controlo são continuamente transmitidos o que vai resultar em transmissões de pulsos, como é ilustrado na figura seguinte: Data present DPDCH: Data Data Asent Data present DPCCH: Pilot + power control Figura 124 Multiplexagem temporal dos canais de controlo de dados Como os ritmos de transmissão dos sinais de controlo são da ordem dos 1 a 2 kHz, podem causar graves problemas de EMC em equipamento externo (ex: interferências na recepção de Tv, em colunas de som, etc). Este problema revela-se bastante crítico no uplink, atendendo a que o móvel pode estar rodeado por equipamentos eléctricos. Na multiplexagem IQ/Código de espalhamento como sinais de controlo e os dados estão em canais diferentes, não acontecem transmissões de pulsos, como na multiplexagem anterior. A interferência para com os utilizadores e a capacidade do sistema mantém-se como na multiplexagem temporal, quanto a performance é idêntica nos dois esquemas, 274 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis se para os bits de controlo de potencia e para os bits piloto, for utilizada a mesma energia. Data Present Data Absent Data Present Figura 125 Multiplexagem IQ/código de espalhamento dos Canais de controlo e dados O Random Acess Burst é composto basicamente por duas partes; Uma parte de cabeçalho de comprimento 15x256 chips (1 ms) Uma parte dos dados de comprimento variável O esquema utilizado no Random Acess Burst é baseado na técnica Slotted ALOHA com rápida indicação da aquisição. Antes da transmissão de um pedido de acesso (Random Acess), a estação móvel tem que realizar os seguintes passos: Obter sincronização de chip, de slot e de frame, da estação base com a qual deseja comunicar, através do sinal SCH, e obter informação sobre o código de scrambling, utilizado no downlink pela estação base. Obter informação do BCH de controlo, sobre o código utilizado (Random Acess Code) na célula em questão. Estimar as perdas no percurso a que o downlink esteve sujeito e em conjunto com a potencia do sinal recebido, calcular a potencia adequada para transmitir o pedido de acesso (Random Acess Request). Canais Físicos no Downlink: No downlink existem três canais físicos comuns, o primário e o secundário Common Control Physical Channel (P-CCPCH, S-CCPCH), que transportam os canais de controlo do downlink (BCH,PCH e FACH), o SCH fornece informação de sincronização, e é utilizado para medições de handover pela estação móvel. 275 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Há ainda canais dedicados (DPDCH e DPCCH) que, como no uplink, são multiplexados no tempo, correspondem ao DPCH que é o único tipo de canal físico existente no downlink. Os problemas de EMC provocados pelas transmissões descontinuas de dados, não são considerados no downlink, visto a estação base, estar geralmente longe de outros equipamentos electricos. DPDCH DPCCH DPDCH Data 1 TPC TFCI N data bits N tpc bits N TFCI bits DATA 2 N data2 bits DPCCH Pilot N pilot bits Tslot = 2560 chips, 10x2^k bits (k=0..7) Slot #0 Slot #1 Slot #i Slot #14 One radio frame, Tf =10 ms Figura 126 Estrutura de uma trama DPCH No downlink, os símbolos de sincronismo (pilot simbols) quando multiplexados com a informação, servem para detecção síncrona, e os símbolos de sincronismo dedicados à ligação podem servir para efectuar um controlo rápido de potencia, e se os símbolos de sincronismo forem multiplexados com o BCH, podem ser utilizados para detecção coerente. O canal primário P-CCPCH transporta o BCH e símbolos de sincronismo (que se encontram multiplexados no tempo). É um canal de taxa de transmissão fixa, e é mapeado no DPCH da mesma forma que os canais de trafego dedicados. O canal secundário S-CCPCH serve para transportar o PCH e o FACH que são multiplexados no tempo numa estrutura multi-trama, é um canal de taxa de transmissão variável de célula para célula, que pode ser ajustada de modo a permitir determinada capacidade do PCH e do FACH em determinados ambientes. 276 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Quanto ao SCH consiste em dois sub-canais : primário e secundário(ver figura seguinte). O SCH primário consiste, num código sem modulação, de tamanho 256 chips que são transmitidos em todas as estações base dum mesmo sistema, e é utilizado para obter sincronismo para o SCH secundário, o SCH primário é transmitido alinhado com os limites do slot: 0,625 ms .... .... Toffset 10 ms frame Primary SCH Secundary SCH Figura 127 Estrutura do canal de sincronização (SCH) O SCH secundário consiste num código modulado, de tamanho 256 chips que é transmitido em paralelo com SCH primário. Este código de sincronização secundário é escolhido entre 16 códigos, que por sua vez, dependem de 32 códigos diferentes ao qual o código de Scrambling da estação base pertence. 4.8.6.4 Controlo de Potencia O UMTS, usa um tipo de acesso múltiplo que não efectua uma separação bem definida nem na frequência, nem no tempo, isto é, não podemos falar de canais de frequência diferentes para cada utilizador, ou em time slots. Como o acesso é feito por código, toda a informação vai junta e misturada quer do ponto de vista de frequência (espectro) e do tempo, formando o que se pode classificar como um “mar” de informação. Claro que do ponto de vista do código a informação para cada utilizador viaja pelo canal rádio de forma disjunta. 277 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis De uma forma genérica, considerando um receptor A, todos os sinais que são enviados para outros utilizadores, são para o A vistos como interferência. Depois de fazer o espalhamento, temos uma situação de Sinal/Interferência vista espectralmente da seguinte forma: Sinal do Receptor A INformação Espalhada Figura 128 Espectro do sinal CDMA A informação destinada aos outros receptores, ainda espectralmente espalhada, comporta-se como ruído para o receptor ª Do mesmo modo quando o móvel transmite, a situação é idêntica, para a estação base o sinal do receptor A tem interferências dos outros moveis a transmitir. Se considerarmos que as estações móveis que emitem a informação estão todas à mesma distancia da estação base, os moveis emitem todos com a mesma potência, logo é possível considerarmos que a atenuação sofrida é igual à informação respeitante a qualquer receptor. Então a relação amplitude do sinal, amplitude de interferência , não andará muito longe da real. Assim, neste caso, a relação sinal interferência no receptor permite uma perfeita recuperação do sinal enviado, sendo a comunicação estabelecida com sucesso. De referir, que esta situação não é muito habitual acontecer na realidade. O mais provável, é que existam uma serie de estações bases distribuídas pela área de cobertura da estação base emissora. Logo, as distancias entre a estação base e os diferentes móveis são variáveis, este facto leva a que as atenuações sofridas pelo sinal também sejam igualmente variáveis. Facilmente se compreende, que se um móvel B estiver a uma distancia da Estação Base muito inferior à distancia do móvel C, então o que acontece é que quando a estação base quiser “escutar” o móvel C, o seu sinal vai estar com muitas interferências, isso acontece 278 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis porque o sinal do móvel C vai sofrer muita atenuação divido a estar mais longe da estação base. Quando for “despalhado” a sua amplitude aumenta, mas talvez não o suficiente, porque os sinais das outras estações, principalmente o da B que está muito perto da estação base, não sofrem muita atenuação. Assim a amplitude do sinal recebido do móvel C pode não ser suficiente para que a relação sinal interferência permita comunicação. Solução para o problema: passa por diminuir a potência das estações móveis que se situam mais perto da estação base e aumentar a potência radiada pelas estações móveis mais distantes da estação base. Esta solução, chama-se controlo de potência, e ao problema chamamos near-far . Durante o uplink deverá haver preocupação em, através do controlo de potência, fazer uma compensação às perdas por atenuação do tipo Rayleigh, e a outras atenuações devidas à propagação no canal rádio. O controlo de potencia necessita de ser suficiente para efectuar de um modo eficiente esta compensação. No downlink, o controlo de potência deverá compensar também as atenuações, sendo que aqui o problema do efeito near-far não existe. No entanto, deve-se minimizar as interferências com as outras células, ou compensar sempre que existir interferência de outras células. Para realizar o controlo de potência há três princípios : Closed Loop (Malha Fechada) Outer Loop (Malha outer) Open Loop (Malha Aberta) O controlo de potência rápido (fast) é implementado em closed loop, onde o receptor utiliza um canal de retorno para enviar comandos, para ajustar a relação sinal interferência recebida para um valor estipulado. Valor esse, que deve obdecer a condições de recepção com qualidade que dependem das características do canal rádio. A outer loop serve para actualizar a relação sinal interferência, previamente estipulada, que deve ser ajustada para garantir uma determinada qualidade de recepção. A open loop tem a função de no uplink, quando as informações da closed loop não existem, por exemplo, quando se está a iniciar uma transmissão, é necessário fazer uma estimativa das perdas e determinar a potência necessária a transmitir, este processo é efectuado 279 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis através das medidas de um sinal conhecido, transmitido a uma potência bem definida. Para o estudo do controlo de potência, é necessário atender a três aspectos: o critério da escolha do algoritmo de controlo de potência, variação da potência transmitida por envio de um comando (step size), a gama dinâmica necessária, e a taxa de comandos de controlo de potencia a enviar. 4.8.6.4.1 Outer loop O controlo de potencia em outer loop (malha aberta) é ajustar a relação sinal interferência requerida, que mesmo em condições de propagação menos favoráveis a recepção tenha a qualidade requerida. A qualidade é um parâmetro qualitativo, por vezes temos a necessidade de transpor esse parâmetro para algo quantitativo, umas das formas para essa transposição é usando a bit error rate (BER), ou a frame erasure rate (FER). A FER tem como desvantagem a lentidão a adquirir(o tempo de medida é maior) ao contrario doBER. No caso de transmissão de pacotes, que é feito a grande velocidade, ocupando os canais durante um período de tempo muito curto. Portanto o ajuste efectuado pelo outer loop, não pode ser concretizado, sendo então a relação sinal interferência necessariamente atingida numa sessão. Para isso, reúnem-se os dados estatísticos das células, calcula-se a relação sinal interferência desejada e então pode-se usar outer loop. 4.8.6.4.2 Open Loop No uplink para determinar a potência a transmitir utiliza-se o open loop, quando não existem comandos de controlo de potência. Antes da emissão, são estimadas as perdas que ocorrerão entre a estação base e a estação móvel, e o nível de interferência na estação base. Estes dados servem para determinar a potência a transmitir. Durante uma chamada se houver grandes mudanças num curto espaço de tempo, para 280 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis conseguir uma recuperação rápida pode também ser usado. Esta função é efectuada em conjunto com o closed loop. A estimativa da atenuação é feita por medidas num sinal referência transmitido pela estação base a um nível de potência bem definido. O sinal de referência deverá ser um tom piloto. O open loop não pode ser usado para downlink da mesma maneira que para uplink. Para uplink é necessário que haja um sinal referência emitido pela estação móvel. Só pode haver controlo de potência para transmissões iniciais de downlink, se tiver havido antes uplink que tenha medições para downlink a entrega á estação base. Logo é necessário que o acesso aleatório tenha estimativas de atenuações para open loop de uplink, para assim o downlink inicial seja controlado em potência. 4.8.6.4.3 Códigos de Espalhamento Os códigos de espalhamento podem ser divididos em códigos ortogonais e em códigos em que a correlação cruzada não é zero. Esses códigos que não são ortogonais, são as chamadas sequências pseudo-aleatórias (pseudo-noise sequences PN). Para sistemas DS-CDMA, os códigos PN mais comuns são gerados por shift registers lineares. Códigos ortogonais como as sequências de Walsh são tipicamente usados. O processo de espalhamento pode ser dividido em dois passos: Channelisation code Scrambling code 4.8.6.4.4 Serviços Multirate O que se espera dos sistemas 3G, é a oferta de um leque de variados serviços com diferentes parâmetros de qualidade (QoS), utilizando eficientemente o espectro disponível. Os sistemas de terceira geração proporcionam serviços com taxas de transmissão variáveis e diferentes factores de qualidade. 281 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS É o factor de espalhamento que determina Tecnologias das Comunicações Móveis qualidade do serviço; para uma dada alocação de espectro se por exemplo, pretendermos uma taxa de transmissão elevada, tem que diminuir o um factor de espalhamento, no entanto a qualidade do serviço vai-se degradar, porque existe uma proporcionalidade entre o factor de espalhamento e a qualidade de serviço fornecida pelo sistema. 4.8.6.4.5 Transmissão de Pacotes O WCDMA implementa duas técnicas de transmissão de pacotes: A transmissão de pequenos pacotes que podem ser anexados ao RACH.O método é chamado common channel packet transmission, que é usado para pacotes pequenos e pouco frequentes, em que são evitados todos os atrasos relativos ao estabelecer e manter de um canal dedicado para esse serviço. De notar que o common channel packet transmission apenas utiliza controlo de potência em malha aberta, e portanto, limita o serviço de pacotes, a pacotes que não utilizam toda a capacidade do canal. A transmissão de pacotes de maior informação (mais frequente) são transmitidos em canais dedicados. O envio de um único pacote é transmitido num único canal dedicado e este é libertado logo após ter sido enviado (single packet scheme). Caso se pretenda enviar vários pacotes, a ligação entre pacotes, é mantida através do envio de informação de sincronismo e de controlo de potência 4.8.6.4.6 Handover Á semelhança de outros sistemas de comunicações móvel, que utiliza uma estrutura celular, também o UMTS necessita de fazer handover. Devido à estrutura hierárquica das células, haverá vários tipos de handover. O soft handover, ocorre quando uma estação móvel está ligada a mais que uma estação base ao mesmo tempo. O idle handover acontece quando a estação móvel não tem nenhuma comunicação activa, diz-se que está em idle state. O hard handover é um handover que ocorre quando apenas um canal de tráfego está disponível de cada vez. O 282 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis softer handover acontece entre sectores da mesma célula. O handover inter frequência é feito entre duas frequências. Existe também handover intra sistema, é um handover entre dois sistemas, por exemplo entre a segunda geração e a terceira. 283 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.8.6.4.6.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Softer Handover Ocorre quando o móvel muda de um sector para outro sem, contudo, sair da mesma célula. No softer handover não há necessidade de transições entre estações base e por exemplo a estação base controladora. E então softer handover entre sectores é muito mais rápido de estabelecer que o soft handover, já que não há lugar a sinalização. 4.8.6.4.6.2 Handover inter frequência O handover inter frequência é uma característica importante nos sistemas de comunicações de terceira geração. A sua aparição deve-se ao facto de existir uma hierárquia celular, com micro células sobrepostas por macro células; e células “hot spots” (pontos quentes). Como se pode ver pela figura seguinte, a estrutura hierárquica (1) combina várias micro células de frequência f2; as células pontos quentes (2) são constituídas por várias células de frequência f1, em que há um ponto que tem um excesso de carga e portanto são alocadas mais frequências (f2 e f3) para lidar com o excesso de carga. Combinação de micro células Hot s pots a) b) Legenda: f1 f2 f3 Figura 129 Representação celular de Handover 284 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Para o caso de hot spots, primeiro executa-se o handover inter frequência para a frequência f1, e depois um soft handover é feito para as células vizinhas. No caso de micro células é necessário um método de medida para outras frequências. Para handover inter frequência há duas implementações possíveis: compressed mode/sloted mode e dual receiver. 285 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.8.7 Arquitectura de Rede A arquitectura de rede UMTS inclui a core network, a rede de acesso rádio do UMTS (UTRAN - Terrestrial Radio Access Network), e o equipamento do utilizador. Os dois interfaces gerais são o Iu entre o UTRAN e a core network, assim como o interface radio Uu entre o UTRAN e o UE. 4.8.7.1 Arquitectura do UTRAN Do ponto de vista das especificações e standardização, ambos o UE e o UTRAN consistem em protocolos completamente novos, que são baseados nas necessidades da nova tecnologia rádio (baseada em CDMA). Esta base global, pode ser conseguido mais facilmente o global roaming, tornando o sistema mais competitivo. A rede de acesso rádio inclui todas as funções que permitem ao utilizador aceder aos serviços. Esta rede é usada para tornar o acesso transparente, para a core network, escondendo todos os pormenores relacionados com o interface ar. Uma visão geral da arquitectura da rede de acesso rádio (UTRAN) está demonstrada na Figura 286 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Core Network Lu RNS RNC Node B Lu UTRAN RNS Iur Node B RNC Node B Node B Uu UE Figura 130 Identificação dos vários interfaces na Arquitectura do UTRAN O UTRAN consiste em vários Subsistemas da Rede Rádio (RNS), que podem estar interligados pelo interface “Iur”. Esta interligação permite procedimentos independentes da core network entre diferentes RNS, nomeadamente procedimentos de mobilidade. Determinadas funções específicas para tecnologias de acesso rádio podem ser mantidas fora da core network. O RNS está ainda dividido no controlador da rede rádio (Radio Network Controller -RNC) e em várias estações base (Node B). Os Node B's estão ligados ao RNC pelo interface Iub. Um Node B pode servir uma ou múltiplas células. A UTRAN suporta simultaneamente o modo FDD e o modo TDD no interface radio. Para ambos os modos, utilizam-se os mesmos protocolos e a mesma arquitectura de rede; apenas a camada física e o interface ar Uu são especificados separadamente. 4.8.7.2 Protocolos da Interface Rádio O design da pilha protocolar para a interface rádio (Radio Interface Protocol Stack ) é subdividido em três camadas: a physical layer (Layer 1), a data link layer (Layer 2) e a network layer (Layer 3). 287 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis C ontrolo RRC C ontrolo L3/R RC Controlo Controlo Controlo PDCP L2/R RC BM C RLC L2/B M C L2/R LC Can ais L óg icos MA C L2/M A C Can ais T r ansp orte PHY L1/P HY Figura 131 Arquitectura Protocolar da Interface Rádio A Layer 2 está dividida em quatro sub layers: o Medium Access Control (MAC), o Radio Link Control (RLC), o Broadcast/Multicast Control (BMC), e o Packet Data Convergence Protocol (PDCP). A Layer 3 contém o Radio Resource Control (RRC), que processa a sinalização do control plane (C-plane) da UTRAN para o UE, sendo responsável pela configuração e controlo de todas as outras camadas protocolares do UTRAN. Durante a especificação dos protocolos da UTRAN, tomou-se um cuidado especial para manter os protocolos, procedimentos e mensagens tão semelhantes quanto possível para os modos FDD e TDD. Idealmente, apenas os “Information Elements” diferem entre os modos, para exprimir todas necessidades específicas do interface da camada física. RRC: A layer Radio Resource Control (RRC) trata da sinalização do plano de controlo entre o UTRAN e os UE's. Também é responsável pelo controlo dos recursos radio disponíveis. Tal inclui as operações de atribuição, reconfiguração, e libertação dos recursos rádio, assim como o controlo continuo da Quality of Service requerida. É necessária alguma da funcionalidade especifica da layer RRC para o modo TDD : dynamic 288 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis channel allocation (DCA), tratamento do controlo de potência na malha mais exterior (outer loop power control) e controlo do timing advance. RLC: A layer Radio Link Control (RLC) fornece um modo de transferência de dados transparente, com reconhecimento [acknowledged] ou sem reconhecimento [unacknowledged] , para as camadas superiores. O “acknowledged mode transfer” usa um protocolo de sliding window com selective reject - automatic repeat request (SR-ARQ). Na publicação de 1999 do UMTS, apenas é suportada a técnica ARQ híbrido tipo I com uma combinação de forward error correction (FEC) e retransmissões. Em publicações futuras, será incluída a funcionalidade ARQ híbrido tipo II com transmissões de redundância incremental. Já se demonstrou um ganho significativo na performance do ARQ híbrido tipo II para o interface radio TDD. MAC: A camada Medium Access Control (MAC) mapeia os canais lógicos do RLC nos canais de transporte, que são fornecidos pela camada física. A camada MAC está informada a cerca da localização dos recursos pelo RRC, e consiste principalmente numa função de multiplexagem. A camada MAC também trata da atribuição de prioridades entre os diferentes fluxos de dados que estão mapeados nos recursos físicos. Physical Layer: A camada física é responsável pela transmissão dos transport blocks (blocos originários dos canais de transporte) pelo interface ar. Tal inclui FEC, multiplexing de diferentes canais de transporte nos mesmos recursos físicos, rate matching (i.e., fazer corresponder a quantidade de dados do utilizador aos recursos físicos disponíveis), modulação, espalhamento, e processamento de RF (radio frequency). A detecção de erros também é efectuada pela camada física e é indicada às camadas superiores. A disponibilidade de indicações de erro na camada física é importante para a realização de protocolos de redundância incremental. 289 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Os PDU's (Protocol Data Units) da camada mais elevada são passados à camada RLC. No RLC, os SDU's (Service Data Units) são segmentados e concatenados. Juntamente com o RLC header, constroem-se os RLC PDU's. Não se adiciona nenhum código de detecção de erros no RLC. Na camada MAC, apenas se adiciona um cabeçalho (header). Este header pode conter informação de routing, que descreve o mapeamento dos canais lógicos para canais de transporte. Nos canais comuns, também se pode incluir uma identificação do UE. Na camada física, adiciona-se um CRC (Cyclic Redundancy Check) para efeitos de detecção de erros. O resultado da verificação do CRC no receptor é passado à camada RLC para controlo das retransmissões. Higher Layer PDU Higher Layer PDU RLC SDU RLC SDU ... R L C RLC L2 RLC R L C MAC SDU Bloco de Transporte RLC MAC SDU Bloco de Transporte L2 MAC L1 OPC Figura 132 Fluxo de dados para as camadas RLC e MAC não transparentes 4.8.7.3 Rede UMTS A infra-estrutura da rede de UMTS será uma evolução da actual rede GSM/GPRS. Para a implementação da rede UMTS, será acrescentada à infra-estrutura actual de GPRS um conjunto de equipamentos que permitirão o fornecimento destes novos serviços, como ilustra a figura seguinte: 290 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS GMSC Tecnologias das Comunicações Móveis GGSN AuC HLR EIR MSC SGSN Comutação de Circuitos Comutação de Pacotes BSC BTS RNC BTS Nó B Nó B Figura 133 Arquitectura da rede UMTS [ 3, 83] Novos equipamentos que realizam a interface entre a parte de rádio e a rede de dados do GPRS, foram desenvolvidos para implementar este tipo de arquitectura. De referir que a interligação entre os vários equipamentos que fazem parte quer da infra-estrutura GSM, como GPRS ou UMTS, é feita através de uma rede fixa. Que também efectua a interligação com a rede telefónica fixa e com outras redes de dados. 291 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.9 Tecnologias das Comunicações Móveis Sistemas de Comunicações de banda larga “sem fios” (WBCS) Actualmente existem duas tendências no desenvolvimento de sistemas de comunicação de banda larga sem fios: WLAN (Wireless Local Area Network) MBS (Mobile Broadband System) O MBS é visto como a futura geração de sistemas celulares (4.ª Geração), que podem garantir total mobilidade para utilizadores de serviços B-RDIS (Rede Digital com Integração de Serviços de Banda Larga)[72]. AS WLAN é um meio flexível de comunicação que é usado em conjunto com, ou em substituição de uma rede local (LAN) por cabo. Este tipo de rede utiliza ondas electromagnéticas para transmitir e receber informação pelo ar, minimizando o numero de cabos necessários. As redes WLAN são um sistema de comunicação recente e promissor, que reduz a necessidade da existência de cabos e torna possível o uso de novas aplicações, adicionando flexibilidade às redes. Com as redes sem fio, os utilizadores podem aceder e partilhar informações e recursos. A figura seguinte ilustra o exemplo de uma rede WLAN. Figura 134 Rede WLAN 292 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis 4.9.1 WLAN (Wireless Local Area Network) O surgimento da tecnologia de redes locais sem fio (wireless LAN) vem preencher uma lacuna no mercado, com possibilidade de instalação de redes em ambientes em que uma solução utilizando cabo seria impraticável devido a, por exemplo, problemas arquitectónicos; em ambientes em que a troca de localização das estações é constante; ou para permitir uma rápida e montagem/desmontagem de uma rede local em ambientes de demonstração tipicamente congressos, feiras, visita a clientes, etc. Diversos fabricantes têm apresentado os seus produtos utilizando este tipo de tecnologia, e a necessidade de interoperabilidade entre eles é cada vez maior. Para isto estão em desenvolvimento os padrões IEEE 802.11a, e o HIPERLAN numa segunda versão HIPERLAN 2 (proposta do ETSI - European Telecommunications Standards Institute) e o IP móvel. A standardização deste tipo de sistemas é de extrema importância. Os benefícios da utilização desta tecnologia são muito interessantes. De acordo com o estudo "Wireless LAN Benefits Study" [85], as WLAN aumentam a produtividade das empresas e diminuíam significativamente os custos operacionais, este estudo apresenta as potencialidades da tecnologia e a sua potencial influencia no mercado global. Um exemplo da diversidade de aplicação das soluções deste tipo de tecnologia, é demonstrado pela solução implementada na cidade de Manchester, no Reino Unido, que está a desenvolver a primeira rede urbana sem fio ("wireless") desenvolvida com base nas tecnologias Bluetooth e WLAN ("wireless local area networking"). A rede foi desenhada para fornecer um acesso de alta velocidade de Internet e outros serviços de telecomunicações dentro do perímetro. Inicialmente, esta rede será instalada em hotéis, restaurantes, na Faculdade de Administração de Manchester e na Universidade de Manchester. A rede “sem fios” utiliza a tecnologia Bluetooth e o standard 802.11b. O sistema, que tem como nome Speedwave. Este serviço deverá ser disponibilizado como um sistema do tipo "pague-conforme-uso" ("pay-as-you-go"). Este sistema, é uma clara demonstração da importância e vitalidade deste sector da industria “sem fios”. 293 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.9.1.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Vantagens das WLAN Com a disseminação dos sistemas de comunicação “sem fios”, e a explosão do uso da Internet associada a uma crescente necessidade de comunicações por rede no meio empresarial, os utilizadores têm cada vez mais necessidade de um sistema prático e simples[72]. Com o crescente aumento de mobilidade permitido pelas redes sem fios, o utilizador têm a ligação “on air”, bastando estar presentes num espaço, e estarem autorizados para que possam aceder à rede. Um sistema sem fios oferece as seguintes vantagens face às LANs implementadas com cabos[86]: Simplicidade e rapidez de instalação – Não existe a necessidade de andar a fazer furos através de paredes para fazer passar os cabos. Mobilidade – Os utilizadores podem ter acesso a informação em tempo real em qualquer ponto da empresa. Confiabilidade – Transmitir dados com confiabilidade a taxas comparáveis à LANs convencionais (com cabos). Escalabilidade – Os sistemas WLAN podem ser configurados para uma grande variedade de topologias de modo a satisfazerem aplicações ou instalações especificas, alem de que estas podem ser facilmente alteradas depois. Interoperabilidade – Permite operar com tecnologias de rede como a Ethernet e ATM, assim como outras tecnologias de wireless. Elevada Flexibilidade– A tecnologia sem fios permite que a rede vá até onde o cabo não podia ir. 4.9.1.2 Aplicações das WLAN Uma WLAN constitui um meio flexível de comunicação por excelência que pode ser usado em conjunto ou substituição de uma rede local (LAN) por cabo. Este tipo de rede utiliza ondas electromagnéticas para transmitir e receber informação pelo ar, 294 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis minimizando o numero de cabos necessários. As redes WLANS têm uma aplicação muito diversificada como por exemplo: em Centros Comerciais, Estádios de Futebol, Centros de Congressos, Hospitais, Fábricas, Restaurantes, dentro da própria casa etc. 4.9.1.3 Hiperlan 2 O standard Hiperlan2 representa um marco significativo no desenvolvimento de uma tecnologia combinada para comunicações celulares de banda larga com cobertura reduzida, e também para as WLANs, com desempenhos comparáveis aos encontrados nas LANs cabladas [72]. O Hiperlan2 é um standard Radio LAN flexível projectado para fornecer acessos de alta velocidade (até 54 Mbps na camada física) a uma variedade de redes, inclusivamente redes core móveis de 3G, redes ATM, redes baseadas em IP, e também para uso privado como é o caso dos sistemas WLAN. As aplicações básicas suportadas incluem voz, dados e vídeo, tendo em consideração parâmetros de QoS específicos. Os sistemas Hiperlan2 podem ser instalados em escritórios, salas de aulas, residências, fábricas, áreas de grande concentração de pessoas (hot spot zones), como salas de exposições e de congressos, centros comerciais, estádios de futebol, aeroportos, etc., e mais genericamente onde a transmissão rádio é uma alternativa eficiente ou um complemento à tecnologia fixa. [87]. A rede de acesso rádio Hiperlan2 pode ser dimensionada de forma a garantir uma elevada interoperabilidade de redes core. A arquitectura implementada nos standards BRAN, impõem uma elevada flexibilidade. A rede core é implementada independente da camada física (PHY) e da camada Data Link Control (DLC), e de um conjunto de camadas de convergência (CL) específicas da rede core que se situam no topo da camada DLC (ver Figura 135). A interface ar do Hiperlan2 baseia-se em técnicas de multiplexagem TDD e em TDMA. 295 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Core Network Core Network Tecnologias das Comunicações Móveis Core Network Network Convergence Sublayer BRAN DLC -1 BRAN Scope BRAN PHY -1 Figura 135 Arquitectura das camadas Hiperlan2 A camada física (PHY) é responsável por estabelecer a transferência entre pacotes unitários de dados da camada de controlo de acesso ao meio (PDUs MAC – Packet Data Unit – Medium Access Control) e entre os pacotes unitários de dados da camada física (PDUs PHY – Packet Data Unit – Physical Layer). Acrescentando a sinalização PHY da camada física, que inclui parâmetros do sistema e cabeçalhos (headers) usados para a sincronização do sinal de RF[87]. O sinal é modulado usando a técnica OFDM (Orthognal Frequency Division Multiplexing), usando códigos ortogonais e um sistema de multiplexagem, que permite a modulação de várias sub-portadoras. Utiliza 52 sub-portadoras, 48 são utilizadas para dados e 4 são usadas para pilos. A modulação das sub-portadoras pode ser BPSK, QPSK, 16 QUAM e existe a opção de usar 64 QUAM. A técnica de correcção de erros usada é a FEC (Forward Error Correction) que permite lidar com várias configurações de canal. A base da camada DLC inclui as funções básicas de transporte de dados, implementando um protocolo de controlo de erros e um protocolo MAC (Medium Access Control, que define a sub-camada RLC (Radio Link Control) que é usada para trocas de dados no plano de controlo, entre terminal móvel e o ponto de acesso. 296 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A Camada de Convergência(CL) tem duas como funções principais: Adaptar os serviços solicitados por camadas superiores aos serviços disponibilizados pela DLC assim como Converter os pacotes das camadas superiores de tamanho fixo ou variável em unidades de dados DLC dos serviços (DLC – Service Data Units) de tamanho fixo, que são usados dentro do DLC. 4.9.1.4 IEEE 802.11a O standard criado pelo “IEEE Standard for Wireless LAN Medium Access and Physical Layer Specifications”, define os protocolos da “interface” ar necessários para suportar as funções da rede numa área local. Existem outros standard, como sejam o IEEE 802. (802.3 ou 802.5), o serviço primário do standard 802.11 é o de entregar MSDUs (MAC Service Data Units - Serviço de unidades de dados de médio acesso) entre LLCs (Logical Link Controls - Controles de ligações lógicas). Tipicamente um cartão rádio e um ponto de acesso oferecem as funções do 802.11 standard. Os objectivos da standard WLAN, é o de desenvolver uma especificação, que permitam estabelecer ligações “sem fios” de estações fixas e moveis dentro de uma determinada área.Um segundo objectivo é fornecer conexões “sem fios” a “máquinas” automáticas, equipamentos ou estações que necessitem de colocação rápida, podendo ser portáteis, de bolso ou montados em veículos móveis dentro da área local. Um serviço possível de fornecer é o “pagamento automático” do abastecimento, numa estação de combustível sem ter que sair do veiculo. Esta tecnologia apresenta algumas vantagens como sejam: Possuir uma banda máxima teórica de 11 Mbps com fallback automático para 5,5 Mbps, 2Mbps e 1Mbps de acordo com a relação sinal ruído, é apenas um décimo de banda das Ethernets comuns, mas opera a uma velocidade superior comparativamente a algumas soluções que utilizam a tecnologia xDSL. 297 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Opera na banda dos 2,4 GHz denominada banda ISM (Industrial Scientific and Medical) cujo uso é liberado sem necessidade de licenciamento. Preços bastante acessíveis, uma estação móvel custa cerca de 290 € e uma placa Wireless PC Card 50 €. 4.9.1.4.1 Arquitectura de uma rede IEEE 802.11 O IEEE 802.11 define uma arquitectura para as redes deste tipo, baseada na divisão da área coberta pela rede em células. Essas células são denominadas de BSA (Basic Service Area). O tamanho da BSA (célula) depende das características do ambiente e da potência dos transmissores/receptores usados nas estações. BSS (Basic Service Set )- Corresponde a uma célula de comunicação wireless. STA São as estações de trabalho que comunicam entre si dentro da BSS. AP (Access Point) são estações especiais responsáveis pela captura das transmissões realizadas pelas estações de sua BSA, destinadas a estações localizadas em outras BSAs, retransmitindo-as, usando um sistema de distribuição. ESS (Extended Service Set ) - Consiste em várias células BSS vizinhas que se interceptam e cujos AP estão conectados a uma mesma rede tradicional. Nestas condições uma STA pode movimentar-se de um BSS para outro permanecendo conectada à rede. Este processo é denominado Roaming. ESA (Extend Service Area) – representa a interligação de vários BSAs pelo sistema de distribuição através dos APs 298 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis Figura 136 União de duas BSS formando uma ESS A identificação da rede ocorre da seguinte maneira: cada um dos ESSs recebe uma identificação chamada de ESS-ID; dentro de cada um desses ESSs, cada BSS recebe uma identificação chamada de BSS-ID. Então, o conjunto formado por esses dois identificadores (o ESS-ID e o BSS-ID), formam o Network-ID de uma rede sem fio padrão 802.11. . Os elementos que fazem parte da arquitetura sem fio possibilitam a construção de uma rede com uma cobertura de áreas maiores do que um ambiente local, o projeto do IEEE 802.11 limita o padrão IEEE 802.11 às redes locais, com ou sem infra-estrutura. Numa rede WLAN sem infra-estrutura (conhecidas por redes Ad Hoc), as estações comunicam numa mesma célula, sem a necessidade de estações especiais, ou seja, sem necessidade dos APs para estabelecer as comunicações. Numa rede local com infraestrutura, é necessária a interconexão de múltiplos BBSs, formando um ESS. Nesse caso, a infra-estrutura é representada pelos APs, e pelo sistema de distribuição que interliga esses APs. O sistema de distribuição, para além de interligar os vários pontos de acesso, podem fornecer os recursos necessários para interligar a rede “sem fio” a outras redes. Um elemento fundamental na arquitectura de rede local sem fio com infra-estrutura é o ponto de acesso, que desempenha as funções de autenticação, associação e reassociação: permite que uma estação móvel mesmo saindo de sua célula de origem continue ligada à infra-estrutura e não perca a comunicação. 299 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis A função que permite manter a continuidade da comunicação quando um utilizador passa de uma célula para outra, é conhecida como handoff. A gestão da potência: permite que as estações operem diminuindo o consumo de energia, utilizando o modo chamado de power save. A Sincronização garante que as estações associadas a um AP estejam sincronizadas por um relógio comum. 4.9.1.5 Bluetooh O nascimento do bluetooth tem origem numa tentativa, bem conseguida de dar resposta às solicitações da industria das telecomunicações, para que fosse implementado um sistema de utilização “aberta”, de baixos custos que permitisse a comunicação entre distintos dispositivos sem a utilização de cabos. Inspirando-se nas características de mobilidade dos sistemas de banda larga a Ericsson, concebeu o bluetooth. É um standard que pussui um pequeno chip, barato e de baixo consumo energético, implantado em computadores, impressoras, telefones moveis e outros equipamentos electrónicos. Cada dispositivo bluetooth, está equipado com um microchip (transceiver) que transmite e recebe, funcionando na frequencia de 2.45 GHz ( 2,402 MHz a 2,480 GHz em saltos de 1 MHz). Esta tecnologia, não necessita de licenciamento e está disponivel em quase todo com algumas variações na largura de banda em alguns países como a Espanha, França e o Japão. Além dos canais de dados, estão disponiveis três canais de voz a 64 Kbps/s. Cada dispositivo tem um endereço de 48 bits, baseado no standar IEEE 802.11 (ver secção anterior), que permite formar temporariamente uma piconet. O Bluetooth oferece varias vantagens sobre a concorrência. As principais são: Hardware de reduzidas dimensões Baixo preço Baixo consumo energético 300 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 4.9.1.5.1 Tecnologias das Comunicações Móveis Características básicas do Bluetooth Esta arquitectura utiliza uma gama de frequências entre 2.400 e 2.500 GHz. A escolha desta gama foi devido à pretensão de que o sistema pudesse ser utilizado em todo o mundo. Muitas aplicações, são esperadas desta tecnologia, por exemplo a indústria criou grandes expectativas relativamente Bluetooth, e pensa-se que num futuro próximo cada automóvel possuirá um microchip Bluetooth, que permitirá um controlo telemático de todo o veiculo. Foram definidos um conjunto de perfis, de forma a definir a forma como a implementação dos modelos de utilização deve ser realizada. Estes modelos descrevem uma serie de cenários de utilização em que o Bluetooth executa a transmissão via radio. Estes perfis especificam como as aplicações e como os aparelhos devem ser mapeados no conceito Bluetooth. Um perfil define uma selecção de mensagens e procedimentos das especificações do Bluetooth e produz uma descrição não ambígua da interface ar desses serviços e casos de uso, indicando as gamas de valores e as opções que são obrigatórias em cada protocolo. Os perfis são utilizados para diminuir os riscos de problemas de operação entre os produtos de diferentes fabricantes.Foram considerados quatro tipos de perfis distintos: GAP – Generic Access Profile Serial Port Profile SDAP – Service Discovery Application Profile GOEP – Generic Object Exchange Profile 4.9.2 MBS A evolução dos serviços de telecomunicações, e a refinação da procura tem impelido a criação de sistemas de telecomunicações que respondam com fiabilidade, robustez e 301 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis mobilidade às necessidades dos subscritores. O aumento da procura de serviços de Internet rápida, video e aplicações multimédia tem exigido uma aumento da largura de banda dos sistemas de telecomunicações. Com as expectativas criadas em volta do UMTS, e sabendo que os acessos via rádio previstos para o UMTS não ultrapassaram os 2 Mbps, foi criado o programa RACE, que se encontra actualmente numa segunda fase, e que pretende estudar uma tecnologia que permita aumentar o débito nos acessos via rádio, utilizando para o efeito a banda dos 60 MHz, e aplicando critérios de mobilidade mais exigentes. O MBS (Mobile Broadband Systems) aparece como uma solução exigente, para os potenciais problemas descritos anteriormente. Terá um elevado grau de mobilidade e elevadas taxas de transmissão, a figura seguinte ilustra a evolução dos vários sistemas e a comparação com os débitos permitidos por cada um dos sistemas. Taxa de dados (Kbps) 20000 MBS 2000 UMTS 100 EDGE 20 ? GPRS HSCSD 10 GSM 1999 2000 2001 2002 ... 2015 Figura 137 Previsão de evolução dos sistemas móveis A banda de frequências para sistemas MBS, vai ser muito elevada entre os 5 GHz s, a 60 GHz, implicando dimensões de células muito limitadas, na ordem das poucas centenas de metros, o que tornará a infra-estrutura do sistema muito dispendiosa. Adicionado à utilização de elevadas frequências considerando os obstáculos existentes entre o emissor e o receptor, as reflexões serão maiores, dado que a capacidade de transmissão é limitada pelas características de propagação do canal. No entanto, é 302 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Tecnologias das Comunicações Móveis previsível que outras soluções apareçam do lado dos fabricantes, e quem diminuam esta desvantagem. Actualmente pensa-se que as aplicações do MBS ficam restritas a espaços com elevada densidade de utilizadores, tipicamente centros comerciais, estações do metro, aeroportos. 303 Capitulo 5 A Projectos de Investimento introdução de infra-estruturas e serviços de telecomunicações envolve muitos aspectos de ordem financeira, humana, etc. Assim, o acto de avaliar e decidir pela execução de determinado projecto de investimento por parte da entidade promotora deve ser acompanhado por estudos que identifiquem não só as soluções técnicas, mas também todas as implicações que a implementação dessas soluções acarreta, com particular atenção para às implicações ao nível dos proveitos e custos. 5.1 Introdução “Investir corresponde a trocar a possibilidade de satisfação imediata e segura, traduzida num certo consumo, pela satisfação diferida, instantânea ou prolongada, traduzida num consumo superior. “ [15] Decisão de investir consiste em transformar as disponibilidades em bens produtivos e/ou imobilizados. O investidor priva-se de ganhos imediatos na esperança de ganhos futuros. Uma forma de sistematizar, um investimento consiste na criação de um plano de investimento ou projecto de investimento. Um projecto de investimento é um conjunto de informações de variada ordem que se destina a avaliar uma decisão de investimento. Logo, tudo o que sejam estudos sejam eles de mercado, sectoriais, ou técnicos, além de todo o tipo de análises ou informações não sistematizadas, não se incluem no conceito de projecto de investimento, desde que não se orientem para uma decisão de investimento de capital. Trata-se de um projecto especifico que permitirá a uma determinada entidade atingir objectivos. Para isso, é 304 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Referencias necessário, antes de tudo, definir os objectivos pretendidos. O passo seguinte será, a escolha do método mais adequado para atingir esses objectivos, tendo em conta os recursos, materiais, humanos e de capital, disponíveis e a sua combinação. É imperioso, de seguida quantificar as despesas e as receitas que a execução do referido projecto implica, ao longo dos períodos, normalmente anuais. Quando se sabe os montantes necessários em cada período, é preciso escolher as fontes de financiamento mais adequadas. Finalmente, antes de iniciar o investimento, é preciso fazer um estudo do enquadramento legal e administrativo do projecto. 5.1.1 Definição de Investimento Habitualmente investimento define-se como uma aplicação financeira, com o propósito de gerar rendimentos futuros durante um certo período de tempo. O projecto de investimento é o estudo da intenção desse investimento. O inicio de um investimento, é marcado pela despesa de equipamento, matérias ou prestação de serviços (caso estudado). O fim ou desinvestimento é marcado pelo escoamento de produtos do processo no mercado, subsidiariamente pela venda de equipamento degradado aquando da expiração do seu tempo de vida [16] Atendendo, aos autores que estudam o problema do investimento, pode dizer-se que existem duas noções de investimento : A noção de Investimento em sentido estrito : O investimento é constituído por toda a despesa de meios financeiros com vista à aquisição de bens concretos duráveis ou de instrumentos de produção, chamado de «equipamento», que serão utilizados durante um determinado período de tempo com o objectivo de cumprir os objectivos sociais. A escolha dos equipamentos tem constituído sempre um importante factor da gestão dos negócios, visto que estes condicionam numa grande medida a existência, o desenvolvimento ou a regressão da empresa. A noção de Investimento em sentido lato: Esta noção é proposta pelo, Dr Ludwig Pack, bastante aceite no mundo da economia. Ela engloba não só as despesas consentidas em equipamentos, mas também as que têm como fim a aquisição de mercadorias, de matérias ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento primas, de matérias para consumo interno, bem como as prestações de serviços pelo pessoal ou terceiros. De referir, a necessidade de delimitar as noções de investimento e financiamento. Uma pergunta que surge, com alguma frequência : [18] “Quando é que se deve Investir ?” Não existe uma regra absoluta, definindo qual deva ser o melhor momento para a realização de um investimento, no entanto, deve ser modulado em natureza e montante, em função das curvas dos ciclos macro-económicos e da curva de vida do produto : Ciclo Macro Económico tempo Investir Não Investir Figura 138 Ciclos macro-económicos Todo e qualquer investimento tem em comum três características: [17] Duração e faseamento, resultante do escalonamento temporal da execução do projecto; Rentabilidade, uma vez que se é feito um sacrifício de recursos, é sempre na expectativa das receitas futuras serem superiores ao dispêndio inicial correspondente ao custo do investimento; Risco (1), porque existe a expectativa e não a certeza. O investimento destinado a desenvolver um mercado é superior ao necessário para enfraquecer um concorrente, da mesma forma que, num mercado expansionista, para 306 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento igual nível de rentabilidade deve optar-se por um investimento ofensivo e não por um defensivo. Se, após a avaliação do risco, a decisão é no sentido de investir, é porque existem boas hipóteses de rentabilidade não obstante o risco de um saldo final negativo. 5.1.2 Classificação dos investimentos Os investimentos poder-se-ão classificar do modo seguinte [15]: Dependentes e Independentes Dois investimentos são independentes entre si se as receitas de um deles não forem afectadas pela realização, ou não, do outro. Esses investimentos serão dependentes, obviamente, se as receitas líquidas forem afectadas pela realização do outro. Neste caso, convém ainda fazer uma segunda distinção: os investimentos serão complementares se a relação entre as receitas for positiva, ou seja se a realização de um deles ajudar aos resultados do outro; e serão concorrentes se essa influencia for negativa. Convencionais e não convencionais Um investimento é convencional se um ou mais períodos de despesas líquidas (ou seja, em que as despesas sejam superiores às receitas), se seguirem um ou mais períodos de receitas líquidas (ou seja em que as receitas sejam superiores às despesas). Num investimento não convencional, os períodos de despesas liquidas e os períodos de receitas liquidas intercalam-se no tempo. Tamanho Um investimento pequeno, segundo Jacques Lesourne[24], não trará alterações no sistema de preços, enquanto que um grande irá actuar no sistema de preços. De uma forma clara, podemos dizer, que não é uma questão de montante mas de influencia relativa nos preços. 5.1.3 Tipos de investimentos Investimentos de substituição: são os investimentos mais frequentes,. Destinam-se a renovar o capital existente , que se encontra envelhecido ou 307 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento danificado. A substituição é feita por material idêntico e, portanto não implica praticamente nenhum risco. No caso de se ter dado, uma avaria num equipamento, é conveniente estabelecer, estabelecer através de um procedimento, qual a frequência provável de avarias e consequentes reparações, é a máxima tolerada de maneira a não perturbar o normal funcionamento da unidade, e não representar encargos de reparação demasiado elevados. De referir, que neste caso o risco está relacionado com a probabilidade de sobrevivência do equipamento a substituir, ou seja, é impossível saber se ainda teria sido produtivo, se tivesse continuado a operar. Uma outra causa, pode levar a um investimento de substituição, a obsolescência técnica do equipamento que é conseqüência directa do progresso técnico, aqui o risco é ligeiramente mais elevado que nos casos anteriores. Investimentos de expansão, visam aumentar e expandir a capacidade da empresa sem modificar a natureza dos produtos. Normalmente este tipo de investimentos resulta de uma insatisfação por parte do promotor com a sua posição comercial. É o investimento que deve der efectuado por quem está a ver a sua posição concorrencial no mercado diminuir e isto pode ser consequência de um aumento substancial na procura dos bens ou serviços que fornece, ou porque o mercado está receptivo a outros produtos semelhantes que podem ser produzidos a par dos existentes. Para esse tipo de investimentos existem quatro possibilidades muito diferentes entre si e que, portanto, implicam custos de investimento, receitas e despesas de exploração, e diferentes riscos, que devem ser ponderados cuidadosamente e qualitativamente. Investimentos de inovação ou modernização, são investimentos cujo objectivo principal é reduzir os custos de produção. Podemos subdividi-los em três classes, consideravelmente diferentes entre si: Podem ser investimentos em novos equipamentos que permitirão uma redução de custos, sejam eles de mão de obra, consumos energéticos etc. Podem ser investimentos que visam a melhoria dos produtos existentes, reduzindo o custo ou melhorando a qualidade ou o serviço prestado. Em ultimo lugar, podem ser investimentos em produtos inteiramente novos. Para a avaliação 308 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento de investimentos deste tipo é necessário fazer uma comparação quantitativa com a situação preexistente . Um investimento deste tipo integra-se num conjunto dinâmico já em curso. Assim, é necessário, não só fazer um estudo de rendibilidade para o projecto de investimento de modernização, mas também fazer um estudo semelhante para a situação existente. Só comparando a diferença entre os cash-flows das duas situações e o montante de investimento necessário se poderá obter os valores quantificados de rendibilidade. Investimentos estratégicos: Estes investimentos podem ter dois tipos de objectivos, ou reduzir o risco ou uma preocupação social. Os que visam reduzir o risco pretendem proteger a empresa na sua dependência de quantidade, qualidade e preço do abastecimento, e são efectuados através de uma integração vertical, isto é, adquirindo a empresa fornecedora. Mas também podem ter como objectivo dar à empresa um melhor conhecimento técnico para se sobrepor à concorrência através de investigação aplicada. (exemplo o investimento na investigação). Neste tipo de investimento, o que é relevante não é a rendibilidade imediata mas sim a rendibilidade global a prazo. Será necessário um compromisso entre este tipo de investimento e outros. Mas descurar os investimentos estratégicos sistematicamente pode ter consequências graves, a prazo, para uma empresa. Para avaliar, por assim dizer, a justeza de um investimento estratégico será necessário traçar um cenário previsível, referindo qual o critério de urgência e o critério de justificação económica. Assim se poderá comparar o custo do investimento e a sua expectativa de eficácia. 309 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.1.4 Principais fases de um projecto de investimento O processo de desenvolvimento é uma aplicação financeira, com o propósito de gerar rendimentos futuros durante um certo período de tempo. O projecto de investimento é o estudo da intenção de investimento, sendo indispensável para uma avaliação da viabilidade económica do investimento, e exigido por parte das fontes de financiamento necessárias ao investimento[17,21]. Identificação Funcionamento e controlo Preparação A nálise • • • • • • • Financeira Tecnica Comercial Institucional Económica Social Ambiental Implementação Deci são Figura 139 principais fases dum projecto de investimento 5.1.4.1 Identificação Esta fase preliminar para qualquer concretização de um projecto de investimento é uma tomada de consciência global do que é necessário fazer. Trata-se de formalizar idéias concretas sobre quais os projectos de investimento prioritários. Para que isso seja possível, é fundamental conhecer quais as linhas de desenvolvimento geral do país, além da política global de desenvolvimento central e regional, da evolução recente no sector de actividade, das necessidades insatisfeitas e das necessidades futuras possibilitando o alinhamento dos objectivos da entidade que investe com outros 310 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento objectivos mais amplos. Ou seja, o enquadramento estratégico dos projectos no seu próprio mercado e contexto sócio-economico. A identificação do projecto de investimento é a primeira fase do desenvolvimento, e uma das mais importantes. Existem vários procedimentos que nos permitem identificar um potencial projecto de investimento, para além dos referidos anteriormente, existe a identificação das necessidades existentes e das necessidades futuras. 5.1.4.2 Preparação Após a identificação do projecto, entra-se na fase de preparação. Esta fase consiste em fazer estudos de modo a que os projectos a realizar satisfaçam os requisitos técnicos, económicos e financeiros. São estudos que permitem analisar o investimento para que este seja rentável . Deste trabalho devem fazer parte avaliações sobre aspectos comerciais, técnicos, económicos e financeiros. Mas não só: as envolventes jurídica, política, e institucional não devem ser esquecidas. É a partir destes estudos que se pode avaliar as diferentes variantes possíveis do projecto de investimento. Nesta fase, aparece já equacionado o registro provisional das receitas e despesas de cada variante . É possível sistematizar esta fase, dizendo que se efectuam diversos estudos, nomeadamente : Estudos de mercado e localização. Estudos técnicos e de dimensão. Estudos de enquadramento legal. Estudos de rendibilidade financeira e económica. À luz destes estudos, clarificam-se as variantes de um projecto de investimento. Finalmente, explorando cada uma dessas variantes, opta-se por aquela considerada a mais importante, sendo assim possível formular definitivamente o projecto aprofundando os estudos iniciais. 311 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.1.4.3 Análise Esta é uma fase que vai permitir a tomada de decisão final quanto à realização ou não do(s) projecto(s) que se tem em vista levar a cabo. A análise de um projecto de investimento pode e deve ser tão diversificada quanto as diversas vertentes relevantes do projecto, obrigando assim a diferentes tipos de análise. No entanto, é possível encontrar alguns tipos de análise, descritos abaixo, contidos noutros, como são os casos da análise técnica, análise comercial e análise institucional que se encontram normalmente inseridos na análise financeira. 5.1.4.3.1 Análise financeira A análise financeira é o estudo de apoio à tomada de posição por parte do investidor (o detentor do capital próprio necessário ao projecto) e dos financiadores (os detentores do capital alheio) do projecto, estudo esse que visa, em função das condições actuais e futuras, verificar se os capitais investidos são remunerados e reembolsados de modo a que as receitas geradas superem as despesas realizadas (investimento e custos de funcionamento) num período de tempo estabelecido pelo investidor, aferindo da rentabilidade em termos de mercado. Ou seja, a análise financeira de um ponto de vista da rendibilidade empresarial é um simples estudo financeiro que pretende avaliar, em função das condições actuais mas também das condições previsíveis no futuro, se os capitais investidos são remunerados e reembolsados de maneira a gerar lucros, num determinado período de tempo. Obviamente para existir um investimento, regra geral existe um financiamento, um financiamento de curto prazo e/ou financiamento de longo prazo. Curto Prazo os financiamentos de curto prazo, destinam-se normalmente a apoiar operações de tesouraria das empresas. Distinguem-se assim dos financiamentos de médio/longo prazo que são utilizados no apoio à aquisição de equipamentos , investimentos em edifícios e instituições e na aquisição de bens duradouros. Existem vários tipos de financiamento de curto prazo, baseados no capital alheio, de sócios, de bancos, de clientes e outros, dos quais se destacam : Crédito Bancário – é a operação pela qual uma instituição bancária coloca à disposição de um seu cliente-denominado beneficiário do 312 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento crédito – um determinado montante, que este último se compromete a reembolsar nas datas fixadas antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados. Descontos de Letras ou Livranças – Um desconto é encarado como um adiantamento feito pela instituição bancária ao portador de um título de credito, antes da data do seu vencimento e igual ao valor nominal deduzido de uma importância calculada em função do tempo que falta até à data do vencimento ( prémio desconto ) Empréstimos de curto prazo - , têm como objectivo financiar operações cujo tempo de realização seja igualmente de prazo reduzido. Eventuais dificuldades de liquidez momentâneas, podem ser financiadas com este tipo de crédito Contas correntes caucionadas – a instituição bancária coloca à disposição um limite de crédito contratado. A empresa tem o direito de utilizar até ao limite as verbas de que necessita e, em contrapartida, pode realizar entregas de fundos por forma a garantir a grandeza do seu débito. Os juros estabelecidos no contrato são calculados diariamente e são pagos de acordo com o crédito utilizado. Descobertos – utiliza-se para suprir alguma dificuldade de tesouraria momentânea. No entanto, este tipo de financiamento é mais caro do que o crédito normal.( taxa descoberto= taxa juro+ 2 %) Médio e longo prazo – Para financiar a aquisição de equipamentos, investimentos em edifícios etc, a empresa pode recorrer ao autofinanciamento ou capitais próprios. Normalmente, recorre-se a instrumentos de médio e longo prazo, nomeadamente empréstimos bancários internos e externos, emissões de obrigações e acções, leasing e capital de risco. Autofinanciamento – é constituído pelos meios financeiros obtidos na empresa e que são retidos, não sendo portanto distribuídos. O nível de autofinanciamento reflete a eficácia de uma instituição e uma forma insubstituível de financiamento. Recursos a Capitais Próprios – é uma das formas menos caras de uma empresa se financiar, mas é necessário não esquecer que os sócios ou os accionistas esperam obter uma remuneração do seu capital, de acordo com o risco do negócio e as suas expectativas. 313 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Capital de Risco – se uma empresa constituída ou a constituir, que pretende financiamento, permitir a entrada no seu capital social próprio uma sociedade de capital de risco, que partilhará com ela o risco de negócio. Empréstimos Bancários Internos – empréstimos bancários de 3.5 a 7 anos, destinam-se a financiar investimentos em curso, ou no inicio. Permite a negociar o prazo, o período de carência de juros, de capital ou de ambos e a taxa de juro. Empréstimos Bancários Externos – Existe um mercado financeiro internacional denominado euromercado, que é composto por instituições financeiras européias habituadas a transaccionar dinheiro entre si. Esse euromercado engloba duas realidades distintas: o mercado monetário e o mercado de capitais. Emissão de Obrigações – são títulos de credito com força executiva, pois basta a sua apresentação para se poderem exigir os direitos que conferem e representam fracções iguais de um empréstimo. Os seus detentores, têm o direito de receber juros periodicamente e o reembolso numa determinada data. Leasing – ou alocação financeira é uma forma de financiamento integral de crédito. É um meio muito utilizado para alguns tipos de equipamento, como material informático ou veículos, entre muitos outros mas também pode ser utilizado para bens imóveis. 5.1.4.3.2 Análise Técnica A análise técnica preocupa-se com toda a engenharia do projecto, quer em relação às instalações, quer em relação aos equipamentos a utilizar, estimando os custos de investimento. A análise técnica tem como objectivo definir a base tecnológica do projecto bem como as suas condições de laboração e técnicas em geral. Há então que estudar as diferentes tecnologias disponíveis de forma a optar pelas que se adaptam melhor a realidade do investidor, quer à dimensão que se pretende atingir. 314 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 5.1.4.3.3 Projectos de Investimento Análise Institucional A análise institucional trata de questões internas ao projecto, isto é, das questões relacionadas com a gestão do projecto, em particular com o sistema de gestão e o tipo de organização de pessoal a adoptar nas fases de construção e operação. 5.1.4.3.4 Análise económica Também conhecida como análise custo-benefício, é o estudo de apoio à tomada de posição pública relativamente ao projecto. A análise faz-se não apenas em termos de rentabilidade financeira ,mas e principalmente, em função da contribuição do projecto para o bem estar da população ou da contribuição do projecto para os objectivos da política económica nacional. Assim, os benefícios que se podem obter de um projecto de investimento podem classificar-se como tangíveis (aqueles que se traduzem numa quantidade bem definida) ou intangíveis (aqueles que não se podem quantificar). A grande diferença, relativamente à analise financeira reside no facto de os dados serem tratados a preços de mercado corrigidos de todas as distorções que alteram o seu valor real. A componente económica, indica qual a distribuição e utilização dos recursos dentro do meio em que o projecto se insere, exige o conhecimento dos seguintes conceitos[22]: PNB (Produto Nacional Bruto) – a soma de todos os rendimentos individuais, ganhos e não ganhos, num determinado país. Isto inclui salários, rendas e alugueres, juros e lucros. PIB (Produto Interno Bruto) – Na contabilidade nacional, o valor dos bens e serviços produzidos num país, normalmente durante um ano. O número reflecte, portanto , a actividade económica dentro das fronteiras de um país, incluindo as actividades dos estrangeiros residentes e as sucursais das empresas estrangeiras. O PIB é muitas vezes utilizado como uma medida comum para comparar o desempenho económico de vários países. Taxa de Inflação – o significado original de inflação é “ encher com ar”, como no caso dos pulmões ou de um balão. Em termos económicos, é uma metáfora apropriada, uma vez que significa a aparente expansão da economia, mas sem qualquer aumento real substancial. 315 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Produtividade – é uma medida importante da eficiência de uma empresa ou unidade industrial, ou sector industrial, ou da economia de um país inteiro. Exprime a relação entre o “input” e o “output” Taxa de Emprego/Desemprego – Os governos publicam periodicamente as estatísticas que confrontam o número de pessoas com um emprego remunerado, ou com emprego próprio com a população economicamente activa. Balança de Pagamentos – O resultado liquido de todas as transacções econômicas de um país com outros durante certo período(normalmente um ano).A balança de pagamentos é composta por varias balanças separadas: Balança comercial, serviços, de pagamentos, transferências unilaterais, capitais, e de erros e omissões. Taxas de Juro Nominal – Taxa de juro que se aplica a uma obrigação a longo prazo, que é fixada quando a obrigação é emitida. A taxa de juro real ou efectiva (rendimento) varia ao longo da vida do empréstimo, dependendo do preço de mercado da obrigação – quanto mais baixo o preço mais elevado será o rendimento. Taxas de Impostos – A base de calculo de um imposto. Nos casos de taxas sobre bens, a taxa pode ser uma soma fixa por unidade ou volume, independentemente do preço. Outras taxas sobre as compras são calculadas como uma percentagem do preço antes dos impostos. As taxas sobre os rendimentos ou os lucros são uma percentagem do valor bruto. Rendimento real – reflecte o poder de compra depois de retirados dos cálculos o efeito da inflação. Uma forma de medir é comparar o nível de bens de consumo seleccionados com o rendimento médio. Dívida – (responsabilidades) qualquer obrigação de fazer um pagamento a uma terceira parte. O pagamento não é necessariamente em dinheiro; pode ser feito sob a forma de bens ou serviços. Para proceder a uma analise económica de qualquer projecto de investimento há que quantificar os parâmetros dessa análise: Capital Investido – Quantificar todos os aumentos das rubricas do activo que resultam da implementação do projecto de investimento. Assim, há que definir com precisão os custos de aquisição e instalação dos bens imobilizados corpóreos – terrenos, edifícios, equipamentos industriais e administrativos, material de transporte e outros. Há ainda, que ter em conta eventuais imobilizações incorpóreas, como marcas, patentes e despesas 316 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento diversas necessárias ao inicio da laboração. Finalmente, há que analisar em termos líquidos o aumento das rubricas do balanço que poderá ser determinado pela implementação do projecto . O objectivo, é o de determinar qual o capital de que teremos de dispor para financiar esses acréscimos, sem esquecer de nos referir ao seu aumento liquido. Receitas e Despesas de Exploração – são todas aquelas que derivarão directamente do projecto para o investidor (empresa).Há que estimar quer as vendas quer os custos a todos os níveis, afinal a totalidade dos custos em que a empresa incorre para que se tornem possíveis as vendas estimadas. Alguns conceitos a ter em conta nesta estimativa de receitas e despesas : Periodificação, custos antes dos encargos financeiros, amortizações. Período de Vida Útil – é o tempo em que o projecto de investimento é suposto estar em laboração, logo gerar proveitos e custos para a empresa. Este período pode ser determinado a partir das capacidades físicas do equipamento – o seu tempo de vida físico -, ou por razões de obsolescência técnica ou comercial. Valor Residual – é o valor que a empresa virá a receber no final do período de vida útil do projecto pela venda dos activos imobilizados adstritos ao projecto. De realçar que, caso tenha havido investimentos em “stocks” e clientes, bem como financiamento de fornecedores, há que contar com a reposição de todas estas contas ao nível que teriam sem o impacto do projecto. Esta estimativa fará parte do valor residual. Em certas situações o valor residual é negativo devido à empresa ter que incorrer em custos adicionais para desmantelamento de equipamentos, edifícios ou por as necessidades do fundo de maneio serem negativas, ou por ambas as razões. Custo de Capital – a considerar deverá corresponder à estimativa da empresa de qual a taxa de juro do mercado a que se irá financiar.Tendo sempre em atenção o impacto dos impostos no custo do capital. 5.1.4.3.5 Análise social A distribuição do rendimento, a fixação da população no território e a melhoria das condições de vida, em particular da nutrição, saúde, educação e aspectos culturais da 317 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento população relacionada com o projecto são alguns dos objectivos sociais para os quais o projecto em análise poderá contribuir. A componente social descreve as características da sociedade em que o projecto se irá inserir , por exemplo: Taxa de Educação Níveis Educacionais Costumes e crenças Valores e Estilos de Vida Distribuição etária Distribuição Geográfica Mobilidade da População 5.1.4.3.6 Análise ambiental A avaliação ambiental ou os estudos de impacto ambiental, como são normalmente designados, visam essencialmente a avaliação das implicações em termos de meio ambiente físico relacionadas com o projecto, particularmente no que concerne à poluição. 5.1.4.4 Decisão A execução cuidada e pormenorizada das fases descritas anteriormente permite chegar à fase crucial, a da decisão, com todos os elementos possíveis disponíveis. A tomada de decisão consiste em aceitar ou rejeitar o projecto de investimento de acordo com a satisfação das perspectivas da entidade (normalmente a empresa). Na eventualidade do projecto ser rejeitado, nada impede a sua reconsideração futura, depois de novos estudos para a sua concretização. A fase de decisão não dependerá só de factores técnicos mas da própria orientação da direcção da entidade (empresa). Se for aceite passa-se a fase seguinte , a execução. 5.1.4.5 Execução Antes de iniciar a execução propriamente dita é necessário fazer uma reavaliação da totalidade do projecto de investimento: estudos técnicos e financeiros, calendário de realização, etc. Os novos estudos permitem aprofundar detalhadamente as operações a 318 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento realizar. Mas esta fase, também se torna necessária porque o tempo decorrido entre a primeira fase e a fase actual pode ter sido longo. Entre a primeira fase e a fase actual, pode ter havido variações de preços dos bens utilizados que justifiquem novos cálculos. Finalmente, coloca-se em marcha todas as acções necessárias para arrancar com o projecto de investimento. São do mais variado tipo. Por exemplo, a construção civil, a aquisição e montagem de equipamentos, o recrutamento e formação de pessoal, o lançamento do sistema de gestão, os contratos de funcionamento. 319 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.1.4.6 Funcionamento e controlo Com o investimento já em marcha, trata-se somente de verificar se o calendário é escrupulosamente cumprido de acordo com o previsto. O que é essencial, já que os estudos de rendibilidade assumem um calendário especifico para que esta acção seja rentável. É também necessário, nesta fase, analisar os desvios de funcionamento em relação ao previsto para pôr imediatamente em pratica as acções corretiva que se justifiquem. Preparação Identificação (estudos técnicos, económicos, financeiros, etc.) Definição de variantes Análise Não Decisão Sim Implementação Operação Figura 140 Fluxograma dum projecto de investimento [13] Na figura anterior podemos observar o fluxograma que define as várias etapas por que passa um projecto de investimento. 320 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.2 Conceitos económicos relevantes 5.2.1 Taxa de actualização Nos cálculos de investimento, a taxa de actualização permite que se atinjam dois objectivos : Comparar os valores (receitas e despesas) com vencimentos em épocas diferentes. Exprimir a rentabilidade mínima desejada pelo investidor. A taxa de actualização depende então unicamente das exigências mínimas do investidor, do ponto de vista da rentabilidade. Escolhida a taxa, daí resulta automaticamente uma selecção nos projectos de investimento, uma separação dos projectos exequíveis, daqueles que não o serão, do ponto de vista da rentabilidade. A escolha da taxa de actualização faz então parte da decisão de investimento e constitui principalmente a decisão de investimento ou do não investimento, do ponto de vista da rentabilidade. Scheneider demonstrou matematicamente que a escolha entre dois projectos de investimento pode variar segundo a taxa de actualização adoptada. O calculo da taxa de actualização, tem em conta o modo de financiamento do investimento: Se o investimento é financiado por «capitais alheios», a taxa TA deve ser, sempre, superior à taxa de juro paga aos capitais alheios. A diferença ainda vai depender: da taxa interna de rentabilidade (TIR) desejada, e do risco do investimento. Se o investimento é financiado por capitais próprios, a taxa TA será pelo menos igual à taxa que o investidor poderá obter com um outro investimento de risco semelhante.Logo, a taxa de actualização tenderá para a taxa utilizada geralmente no sector em que se enquadra o investimento. 321 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Se o investimento é financiado simultaneamente por capitais próprios e alheios, é necessário considerar os factores mencionados anteriormente, nas suas relações quantitativas. Obtém-se assim uma taxa de actualização ponderada. Supondo que o investimento é financiado por : • Capitais próprios Ke, para os quais se aplica a taxa TAe • Capitais alheios Kf, para os quais se emprega a taxa Taf Neste caso, a taxa de actualização TA obtém-se pela formula : TA = Ke * Tae + Kf * TAf Ke + Kf 5.2.2 Resultados ilíquidos A rentabilidade futura é o ponto fulcral na decisão de implementação dum projecto de investimento, ou seja é a capacidade de gerar receitas num futuro mais ou menos próximo, de modo a cobrir as despesas efectuada com a sua realização e funcionamento. Assim, a previsão dessas receitas e despesas desempenha um papel importante na elaboração dum projecto de investimento. A seguir, far-se-á uma abordagem simplista dos factores que formam os proveitos e ganhos e os custos e perdas. Os proveitos e ganhos incluem, obviamente, todas as parcelas positivas, ou seja, as parcelas que entram em caixa: receitas de exploração (vendas de mercadorias, prestação de serviços), proveitos financeiros (resultado de aplicações financeiras, por exemplo) e ganhos extraordinários. Em relação aos custos e perdas, pode-se encontrar parcelas como os custos de mercadorias vendidas e consumidas, subcontratos, fornecimentos e serviços (publicidade e campanhas promocionais), custos com pessoal (remunerações, encargos sociais, benefícios de reforma e outros), amortizações (imobilizações corpóreas e incorpóreas), custos financeiros (juros do capital em dívida, por exemplo) e perdas extraordinárias. 322 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.2.3 Amortizações A amortização é a estimativa monetária do grau de “desgaste” ou depreciação a que o bem de capital foi sujeito num determinado período.[18] O investimento permite à entidade promotora do projecto proceder a amortizações, isto é, registar na contabilidade as reintegrações do activo imobilizado (perdas de valor) em função do tempo. Sob o ponto de vista económico, esta prática dá à empresa a possibilidade de reconstruir o montante de fundos iniciais, de modo a renovar o seu activo e conservar um potencial de produção adequado. Por sua vez, as amortizações não estão sujeitas a imposto fiscal. A amortização constitui um custo de exploração, mas não representa uma saída de dinheiro, isto é, reflecte o consumo do factor de produção (imobilizado). As imobilizações incorpóreas, que podem ser constituídas por trespasses, licenças de utilização de software e despesas de investigação e desenvolvimento são amortizadas pelo método das quotas constantes ou pelo método dos dígitos. Os trespasses decorrentes da aquisição de participações financeiras são amortizados a partir da data de aquisição, em período correspondente ao da recuperação esperada do investimento, que no máximo se situa em vinte anos. As restantes amortizações incorpóreas são amortizadas num período determinado pela entidade com consentimento da Direcção Geral de contribuições e impostos. Por seu turno, as imobilizações corpóreas encontram-se registadas ao custo de aquisição ou produção, reavaliado de acordo com as disposições legais, com base em coeficientes oficiais de desvalorização monetária, incluindo terrenos e recursos naturais, edifícios e outras construções, equipamento básico, equipamento de transporte, ferramentas e utensílios, equipamento administrativo, etc. As amortizações são calculadas, sobre o valor do custo histórico ou reavaliado, a partir do ano de entrada em funcionamento ou início de utilização dos bens, de acordo com o método das quotas constantes ou o método dos dígitos. 323 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento As taxas de amortização correspondem, em média, às vidas úteis estimadas. Apresentase, a título de exemplo, as vidas úteis estimadas pela Portugal Telecom, S.A., para imobilizações corpóreas: Anos de vida útil Edifícios e outras construções 20-50 Equipamento básico Equipamento de transporte 4-20 4-8 Ferramentas e utensílios 4-10 Equipamento administrativo 3-10 Outras imobilizações corpóreas 4-10 Tabela 15 Intervalos de vida útil de imobilizações corpóreas[13] 5.2.4 Noção de Cash-flow O cash-flow provisional consiste, como aliás decorre do significado da própria expressão, nos fluxos de caixa (tesouraria) da entidade promotora do projecto, a ocorrer durante um determinado período de tempo; portanto, o cash-flow compreende os recebimentos (cash inflows) e os pagamentos (cash outflows)ao longo de um período de tempo definido, ou seja, se aos resultados ilíquidos, somarmos as amortizações, obtemos o cash-flow bruto do investimento. No entanto, os resultados obtidos estão sujeitos a imposto sobre o rendimento, pelo que esta parcela é introduzida no cálculo do cash-flow. Cálculo do Cash-Flow : Cash-Flow = Lucros Líquidos – Investimento (1) em que Lucros Líquidos = Receitas - Custos Correntes – Impostos (2) e Impostos = Taxa * ( Receitas - Custos correntes - Depreciação) (3) 324 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Finalmente, é necessário ter em conta o investimento feito no projecto, o qual pode ser todo feito no início do projecto ou pode acontecer ao longo dos anos iniciais do projecto, dependendo do próprio projecto de investimento. A seguir, mostra-se um esquema de cálculo do cash-flow, de modo a resumir o que foi explicado até este ponto. Resultados antes de impostos + Cash-flow bruto Amortizações – Cash-flow líquido de investimento Imposto sobre o rendimento Investimento Figura 141 Calculo do cash-flow[13] Os cash-flows de um projecto de investimento são geralmente calculados sobre uma base anual, sendo este cálculo necessário para todos os anos de vida do projecto de investimento. Além disso, como um projecto tem consequências de uma certa durabilidade, é conveniente estabelecer com cuidado o perfil de sobrevivência dos cashflows no tempo. Os movimentos de fundos resultantes de um investimento são raramente invariáveis, durante o período de vida de um equipamento ou de um produto, frequêntemente acontece que os primeiros cash-flows são negativos, como por exemplo, em casos de lançamento de novos produtos. Este escalonamento deve ser levado em consideração na avaliação e selecção de projectos, porque ele pode, por si só, modificar a sua classificação. Relacionado aos cash-flows, podemos designar o cash-balance como a soma de todos os cash-flows. Este parâmetro é igualmente calculado anualmente. 325 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento 5.3 Principais Critérios de analise de projectos de investimentos Os critérios de analise de um investimento são métodos de tratamento de informação sobre parâmetros de avaliação do projecto que têm por fim permitir analisar o interesse económico, em termos absolutos, de um projecto, ou comparar em termos relativos vários projectos. Os critérios mais utilizados são : Tempo de recuperação do capital Valor actual liquido Taxa interna de rentabilidade 5.3.1 Valor Actual Liquido ( VAL ) Este critério traduz-se no cálculo do somatório dos cash-flow anuais, actualizados à taxa escolhida, e deduzidos do montante, actualizado à mesma taxa, dos investimentos. O resultado deste procedimento denomina-se benefício total actualizado, ou, na terminologia inglesa Net Present Value. [19]Assim, o valor actual diz qual o valor, no momento presente, de uma receita ou despesa realizada no futuro. A preços constantes, a soma total dos cash-flows, mais conhecida por valor actual líquido (VAL), actualizado à taxa anual TA e correspondente a n parcelas (n anos de duração do projecto de investimento) de despesa Dp e receita Rp (com p variando de 1 a n), ocorrendo desfasadas p (anos) do instante de referência, é dado por: n VAL = ∑ p =1 R p − Dp (1 + TA )p (4) −I Só os custos, proveitos e os investimentos devem considerar-se no cálculo do valor actual líquido, o que exclui as amortizações. Para sistemas e serviços de telecomunicações, o período de análise habitual é de 25 anos (tempo de duração de uma concessão dos serviços de telecomunicações), e a taxa de actualização anual (a preços constantes), entre 4 e 8 pontos percentuais. Se as parcelas usadas para o cálculo do valor actual líquido não forem dadas a preços constantes, mas sim a preços correntes, é indispensável corrigir os efeitos da inflação antes do cálculo. 326 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Assim, com uma taxa de inflação constante no período de análise, temos que o VAL é dado por Rp − Dp n (1+ inf)p VAL= ∑ p p=1 (1+ TA) (5) e para valores baixos de taxas de inflação e de actualização (TA, inf<10) a expressão anterior simplifica-se Rp − Dp (6) p p =1 (1 + TA + inf ) Este é, possivelmente, o critério mais importante para a decisão de se implementar um n VAL = ∑ projecto, pois fornece o total dos fundos necessários para a sua realização. A determinação do VAL de um projecto requer as seguintes etapas: Fixação da taxa de actualização. Determinação do capital investido (se o projecto necessitar de várias despesas de capital durante vários anos, é necessário actualizar essas saídas de fundos para o período zero). Cada cash-flow anual é multiplicado pelo valor actual correspondente (1+TA)-p, onde p representa o ano do projecto de investimento. A soma dos cash-flows actualizados representa o valor actual do cash-flow de investimento e a diferença com o custo (investimento) é o valor actual líquido. 5.3.2 Taxa interna de rentabilidade Este critério é normalmente usado quando se desconhecem as condições especificas de financiamento (quanto a juros variáveis ) e quando entre várias alternativas de projectos de investimento os mesmos apresentam níveis e vidas úteis diferentes. Visa-se desta forma determinar a taxa de juro de actualização que permite igualar o somatório dos cash-flows ao somatório dos investimentos, ou seja, o valor i que torna o VAL nulo. 327 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento A taxa de actualização assim determinada (taxa interna de rendibilidade) poderá ser comparada, por um lado com a taxa de juro de financiamento do próprio projecto (se for conhecida), de modo a se saber se este é suficientemente rendível para cobrir os capitais (próprios e alheios).[19] Para um dado investimento, caracterizado por um determinado balanço de receitas e despesas, o VAL é uma função de taxa de actualização, TA, sendo possível representar Valor actual líquido graficamente essa função (como se ilustra a seguir) [2]. Taxa interna de rentabilidade 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 -I Taxa de actualização Figura 142 Gráfico do VAL em relação à taxa de actualização(13) Se a TA for muito grande, o somatório tende para zero e o VAL é negativo. Caso contrário, se a TA for muito pequena, o VAL será positivo. É possível, então, arranjar um valor para o qual o VAL é nulo. Este valor é chamado a taxa interna de rentabilidade, TIR: m VAL = ∑ p =1 Rp − Dp (1 + TIR )p −I = 0 (7) Na prática, calcula-se a TIR por processos iterativos, determinando-se por tentativas dois VAL, respectivamente positivo e negativo, correspondentes a dois valores de TA tão próximos quanto possível. Podemos dizer que a TIR é a taxa mais elevada a que o investidor pode contrair um empréstimo para financiar um investimento sem perder dinheiro. No entanto, e de um modo mais intuitivo, pode-se afirmar que a taxa interna de rentabilidade é a taxa de juro de um projecto de investimento. O critério de decisão com base na TIR consiste na implementação do projecto sempre que a TIR respectiva seja superior à taxa de actualização. A TA (ou de referência) é, em geral, o custo de oportunidade do capital investido, i.e., o rendimento perdido na 328 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento alternativa mais rentável ao investimento aplicado ao projecto. A taxa de referência mais utilizada é a taxa de juro dos títulos do tesouro, por ser taxa de juro mais alta, sem riscos, existente no mercado. A regra de decisão, em termos absolutos é a de escolher os projectos cuja TIR seja superior ao custo de capital. Em termos genéricos, o melhor projecto é aquele que apresentar uma TIR mais elevada. Convém não esquecer que os impostos são, em geral, pagos no ano seguinte ao de um exercício pelo que no cálculo da taxa interna de rentabilidade se devem incluir como despesas os impostos devidos no ano seguinte ao último ano da análise. Em suma, a TIR é especialmente útil para a eliminação de projectos. Permite não aceitar com segurança projectos cujo custo de financiamento, representado pelo custo de capital estimado, é superior à rendibilidade. É um critério perigoso, quando utilizado para escolher de entre projectos alternativos igualmente aceitáveis em termos absolutos. 5.3.3 Período de recuperação Este método consiste apenas no período de tempo que o projecto de investimento leva a recuperar o investimento. Os projectos de investimento têm, normalmente no início, um período em que as despesas são superiores aos proveitos, resultando num cash-flow negativo, o qual é seguido por uma estabilização das despesas a um nível baixo relativamente aos proveitos tendo como consequência a passagem do cash-flow de negativo para positivo. Ao período de tempo que decorre até que os cash-flows sejam positivos designa-se por período de recuperação. O cálculo correcto do período de recuperação implica a actualização dos cash-flows. Assim, é obvio que serão claramente inaceitáveis, em termos absolutos, aqueles projectos em que o tempo de recuperação é igual ou superior ao período de vida útil do projecto definido anteriormente. Mesmo aqueles em que é bastante próximo são inaceitáveis de referir que não entramos com os custos financeiros nos cálculos. É melhor um projecto que mais rapidamente permite reembolsar as despesas de investimento. De uma forma sucinta, o calculo do período de recuperação, consiste em ir fazendo o somatório cronológico das receitas e despesas, de investimento e de 329 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento exploração do projecto, ate ao momento em que elas se igualem, ou seja, até ao momento em que o saldo acumulado de exploração iguale as despesas de investimento. No entanto, este método de avaliação de projectos de investimentos não é muito utilizado. Apesar do seu cálculo ser simples, não tem em conta o que se passa após o período de recuperação nem permite aferir sobre a rentabilidade do projecto. 5.4 Análise de sensibilidade Até agora considerei ser possível estimar com precisão, embora sabendo tratar-se de um processo complexo, todos os valores dos diversos parâmetros utilizados na análise económica de um projecto de investimento. Porém, é claro que esta suposição é incorrecta, pois por muito sofisticados que sejam os métodos de análise, haverá sempre um elevado grau de incerteza associado a todas as estimativas e fundamentalmente as que têm a ver com as condições do mercado, ou seja, decorrem da inter-relação entre a empresa e a sua envolvente transaccional. Assim, quer os custos das matérias primas, quer os preços de venda, e mesmo as quantidades vendidas podem vir a afastar-se substancialmente do previsto, acrescentando a tudo isto as flutuações a que estão sujeitas as taxas de juro no mercado. Não menos importante é o que respeita às estimativas quanto ao custo do investimento e ainda mais ao prazo de construção e operacionalização do projecto. Um atraso de um ano , irá atrasar todos os saldos positivos de caixa de um ano, pelo que o mesmo será dizer que o somatório n R p − Dp ∑ (1 + p ) p =1 p virá afectado de um atraso ∑ (1 + p ) 1 1 ∂ em que α é o número de anos de atraso do projecto. A análise de sensibilidade no estudo económico de um projecto consiste no estudo de como a economicidade do projecto é afectada por alterações num ou em vários doa valores estimados para os parâmetros . O objectivo da análise é determinar quais os parâmetros a que a economicidade do projecto é mais sensível, isto é as variações que têm maior impacto no VAL do projecto. A informação obtida é crucial quer para a implementação do projecto quer para a própria decisão de investimento. Os responsáveis pela execução do projecto devem estar particularmente atentos a modificações detectadas nos parâmetros com grande sensibilidade; por exemplo num projecto de um operador de telecomunicações, que envolvem investimentos iniciais vultosos e cuja sensibilidade ao momento de arranque, 330 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento logo no inicio de geração de receitas, é muito grande, particular atenção deverá ser dada ao estrito cumprimento do plano de investimento- sob pena de inviabilizar o projecto. Da mesma forma, é muito importante reflectir sobre se a probabilidade da realidade vir a ser não a prevista inicialmente mas antes situar-se mais proxima de outros valores atribuidos ao parametro, em causa. Através da análise de sensabilidade, ficamos a saber quais os efeitos de um desvio de um determinado parametro. 5.5 Erros frequentes na preparação de um projecto de investimento Nos estudos de preparação de projectos de investimento cometem-se frequentemente erros que podem ter consequências nefastas para a entidade que promove o projecto e que, normalmente, passam despercebidos, aquando da decisão. Esses erros, apresentados de seguida, têm que ser levados em conta na formulação do projecto, onde são mais facilmente evitados: Estudos de mercado incompletos e pouco esclarecidos; Incorrecto faseamento do projecto, com consequências ao nível das datas de cálculo de factores financeiros importantes Custos de investimento subestimados; Custos de exploração subestimados, sem inclusão dos custos de transporte, de formação de pessoal, etc.... Benefícios subestimados; Ausência de variantes; Manuseamento da inflação inconsistente; Enquadramento legal deficiente. 5.6. Plano de negócios 5.6.1 Introdução Um plano de negócios, formal ou informal, escrito, pensado ou falado, é um instrumento que permite analisar a viabilidade ou não de um determinado projecto empresarial, quer venha a ser desenvolvido numa nova empresa quer no seio de uma empresa já existente[23]. 331 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Projectos de Investimento Elaborar um plano de negócios é fazer uma reflexão sobre os custos, a rentabilidade e a exeqüibilidade de um determinado projecto de negócios. Uma dúvida, surge numa abordagem superficial do assunto, qual a diferença entre um projecto de investimento e um plano de negócios? Essa duvida, será dissipada mais à frente. . 5.6.2 Fases de um Plano de Negócios Geralmente, um plano de negócios tem pelo menos seis fases. É possível, subdividir o problema da construção de um plano de negócios em um maior número de fases, no entanto, geralmente é dispensável : Análise da envolvente externa Plano de Investimento Plano de exploração Fontes de financiamento Plano de Tesouraria Rentabilidade do Projecto 332 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC Capitulo 6 Análise Tecno-económica de Redes e Serviços TONIC - A sociedade moderna tende a satisfazer as necessidades básicas e universais do seu cidadão comum e das suas empresas. A sociedade contemporânea, entre outras necessita de uma educação qualitativa e quantitativa, de entretenimento, enquanto as empresas visam optimizar a sua produtividade (e formas de produzir), aumentar e fidelizar a sua base de clientes de forma a assegurar uma elevada rentabilidade. A Internet, incluindo serviços móveis de Internet, contribuem cada vez mais para a satisfação das necessidades referidas anteriormente e proporcionam uma oportunidade única para nivelar o desenvolvimento tanto em áreas urbanas como em áreas rurais, melhorando a qualidade de vida das populações. Aplicações avançadas de Internet proporcionam novas formas de consumir e trabalhar. Em áreas de baixa densidade populacional, as pessoas beneficiam por exemplo, de serviços como o tele-trabalho e telemedicina. Estes serviços avançados poupam tempo e recursos, melhoram a qualidade de vida, e favorecem o desenvolvimento de áreas não metropolitanas. Os novos serviços requerem uma infra-estrutura de rede fiável e ubíqua. O protocolo de Internet (IP) tem presentemente uma posição importante como um protocolo unificador nas redes de transporte e acesso,(como visto na anteriormente). Combinando o aparecimento de várias tecnologias de acesso e a convergência entre o mundo multimedia fixo e sem fios terão um grande impacto na forma como se alcança o cliente e os tipos de serviço que podem ser oferecidos, bem como a variedade da oferta de serviços. 333 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Referencias Os novos participantes no mercado estão a posicionar-se de forma estratégica no campo de redes de acesso através de novas tecnologias que incluem HFC, LMDS, fibras ópticas, GSM, e UMTS etc. Operadores virtuais recém chegados ao mercado, prometem um aumento da competitividade. Todas estas tendências irão modelar no futuro o mundo das telecomunicações, exigindo uma maior convergência de tecnologias e serviços. 6.1 Introdução De uma forma genérica o projecto Tonic, onde se insere este relatório de projecto, introduz novos modelos de negócio associados à oferta de serviços com base no protocolo de Internet (IP) num contexto competitivo (utilizando vários cenários), permitindo avaliar o custo e benefícios de proporcionar acesso de banda larga fixo tanto em áreas competitivas e não-competitivas, e de ponto de vista económico determinar a infra-estrutura de rede mais adequada. A análise dos resultados, proporciona conclusões que servem de suporte a decisões de investimento estratégico, na área das telecomunicações. 6.2 Objectivos do projecto TONIC Podemos subdividir os objectivos em objectivos genéricos e objectivos técnicos. Os objectivos genéricos devem avaliar novos modelos negócios associados com a oferta de serviços móveis com base no protocolo da Internet (IP) num contexto competitivo. Bem como, avaliar os custos e benefícios de fornecer acesso de banda larga tanto em áreas competitivas como não competitivas e determinar a infra-estrutura de rede mais apropriada do ponto de vista económico. Analisar os resultados de estudos, afim de poder formular recomendações pertinentes sobre estratégias de investimento no campo de telecomunicações, a políticos, operadores de rede e provedores de serviço. Estes objectivos estão inteiramente dependentes dos resultados dos objectivos técnicos: ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC Definição de serviços e o seu impacto no trafego Estabelecer modelos de previsões de procura e tarifas Estudo de casos comerciais A criação de uma base de dados de custos e actualização da ferramenta de software para a simulação de casos comerciais (TonicToll) Divulgação dos resultados 6.3 Desenvolvimento e Participantes O TONIC em colaboração com outros projectos de cooperação, definiu pacotes de serviços. Com a finalidade de determinar a de tráfego na(s) rede(s) e de forma a proporcionar um conjunto de objectivos de serviços para estudos de previsão da procura. Depois da recolher os dados da procura de serviços de banda larga e informação sobre as tarifas, o TONIC desenvolve modelos de previsão de procura para serviços de banda larga fixa e móvel. Estes modelos consideraram diversos factores, nomeadamente factores de convergência: fixa e móvel, telecomunicações de difusão e Internet móvel, assim como provisões de serviço em diferentes tipos de redes. Considerados também os efeitos de substituição e estimulação. A estrutura das tarifas, incluindo tarifas de ligação e de tráfego são derivadas da estrutura de tarifas de banda larga móvel. O TONIC em parceria com outros projectos, avalia estudos de casos comerciais da rede móvel de terceira geração em combinação com as tecnologias LAN sem fios em cooperação com projectos como o BRAIN (IST-1999-10050). Estuda a viabilidade económica de um operador virtual de rede móvel; Realiza casos comerciais sobre soluções de acesso de banda larga tanto em áreas competitivas como em não competitivas. Desenvolver uma base de dados com os custos relevantes e implementar modelos negócios através da adaptação de software. Este software é especialmente importante para a fase da análise de riscos (Tonic Tool) acabando por ser o suporte technoeconómico do projecto 335 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC Como para todo e qualquer projecto de pesquisa a divulgação dos resultados é um dos objectivos. A publicação dos resultados tecno-económicos, em forma de recomendações e directrizes é um objectivo importante do projecto. O projecto TONIC tem como participantes para além da Universidade de Aveiro , a NOKIA , Telenor, France Telecom Swisscom (ver figura seguinte). Papel na Abreviação Participação. Nome do participante do nome do * participante País C Nokia Corporation Nokia FIN P Telenor AS Telenor N P France Télécom S.A. France Télécom R&D F P Intellserve Ltd. ILS GR P Atlantide Grenat Logiciel Atlantide F P Swisscom AG SWC CH P Universidade de Aveiro UAVR P P Dattel a.s. Dattel CZ P T-Nova Deutsche Telekom Innovationsgesellschaft mbH T-Nova D Tabela 16: Lista de participantes *C = Coordenador (C-F e C-S se os papéis de coordenador cientifico e financeiro são separados) P – Contratante Principal A – Contratante Assistente 6.3.1 Principais contribuições do programa Este projecto contribui para a estratégia do programa no campo das necessidades socioeconómicas (análise socio-económica para a sociedade da informação), motivando para a implementação de soluções rentáveis de comunicação de banda larga com base na Internet em áreas de desenvolvimento regional e em áreas suburbanas e rurais. As famílias mudam de casa frequentemente enquanto as casas e apartamentos perduram por 336 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC décadas. As soluções de rede devem considerar o futuro crescimento e devem ter a capacidade de actualização da própria infraestrutura. Compreendendo a avaliação tecnoeconómica das várias soluções que combinam ou integram várias tecnologias de acesso, assegurando serviços orientados para TV e para computadores, implica uma evolução dos sistemas e serviços para o indivíduo. Serviços tais como tele-aprendizagem e tele-medicina, e mais frequentemente teletrabalho são pré-requisitos para permitir que os indivíduos trabalhem permanentemente e remotamente a partir de áreas isoladas. Criando novos métodos de trabalho e de comercio electrónico. Num contexto Europeu, o TONIC acrescenta valor ao criar um consenso em áreas em que apenas as forças de mercado, não são suficientes para o desenvolvimento de infraestruturas de comunicação adequadas e onde são necessárias acções de estimulação. O Tonic aumenta a competitividade, num contexto europeu, ao identificar casos comerciais economicamente viáveis, aferindo sobre a viabilidade económica de novas redes e tecnologias para novos operadores ou operadores incumbentes. 6.3.2 Inovação A Internet e de uma forma mais ampla os serviços baseados no protocolo IP têm liderado a introdução de novos modelos negócios na provisão de serviços de telecomunicações. O utilizador final era inicialmente a principal fonte de receitas para o acesso a redes, subscrições de ISP e acesso a serviços de informação. Actualmente emergem novas fontes de receitas: publicidade on-line, comissões de vendas electrónicas (ecommerce), aluguer de espaço em centros comerciais virtuais (hosting). Com estas novas fontes de receitas nascem novos paradigmas, cuja viabilidade é necessário aferir. Um exemplo muito utilizado actualmente é o dos MVNOs (operadores virtuais de rede móvel), que ao estabelecerem relacionamentos com determinadas entidades das quais podemos destacar os MNO, direccionam a sua linha de acção para o desenvolvimento das suas próprias ofertas de serviços, que consiste normalmente em conteúdo e portais etc. Espera-se também um incremento no tráfego devido a 337 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC telecomunicações de voz sobre IP. O projecto TONIC é inovador devido a direccionar os seu estudo para novos modelos de negócio relacionados à provisão de serviços de IP. O TONIC tem uma abordagem compreensiva e crítica da avaliação da procura para futuros serviços. O TONIC é um projecto inovador na refinação e aplicação da análise. A metodologia utilizada quantifica várias incertezas através da utilização de funções de probabilidade em vez de valores médios e da utilização de simulações Monte Carlo em combinação com a ferramenta de cálculo tecno-económica. Existe um alto nível de interesse político em proporcionar acesso de banda larga em áreas e sectores em que os pré-requisitos económicos para a oferta de serviços de banda larga sejam fracos. O TONIC analisa estes casos e quantifica os custos adicionais necessários para a construção de uma rede de banda larga nessas áreas com base numa determinada solução de tecnologia híbrida ou única. Os resultados proporcionarão informação valiosa para a Comissão Europeia e para políticos preocupados com as medidas adicionais de apoio para a oferta de banda larga e comunicação a essas áreas/sectores. O desequilíbrio económico identificado e quantificado pelo TONIC precisa ser financiado por outros meios, como por exemplo por tarifas isentas de impostos ou através de apoio económico especifico. 6.3.3 contribuição e directrizes para a Comunidade Europeia. O TONIC contribui para a estratégia Europeia de necessidades socio-económicas aumentando a motivação para a implementação de soluções rentáveis de comunicação em banda larga de IP para melhorar o desenvolvimento em áreas suburbanas e rurais. A introdução rentável de serviços avançados de Internet é um pré-requisito para a satisfação das necessidades do consumidor e proporciona uma oportunidade exclusiva para o desenvolvimento sustentável de áreas rurais. As soluções de rede precisam ser soluções que possam ser demonstradas no futuro, que sejam confiáveis e que possam ser ampliadas. É importante para assegurar acesso ubíquo para serviços de banda larga de forma a possibilitar o desenvolvimento socio- económico. 338 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC O TONIC contribui para o desenvolvimento socio-económico da sociedade Europeia estabelecendo um consenso de forma a permitir que os operadores proporcionem serviços mais eficientes e mais económicos aos consumidores Europeus. O TONIC responde a questões pan-Europeias logo deve ser implementado num contexto Europeu. O TONIC acrescenta valor a determinados assuntos de tecnologia e marketing: Integração de novas tecnologias de acesso sem fio Avaliação de mercados residenciais e empresariais para serviços avançados de Internet Estudos de custo/benefícios para os vários actores Qualidade do serviço e custo de melhoramentos da infra-estrutura existente Em determinadas áreas as forças de mercado não são suficientes para o desenvolvimento de soluções adequadas de infra-estruturas de comunicação e onde são necessárias acções de estimulo da sociedade (tendo em consideração efeitos externos), o TONIC tem como mais valia o facto de criar consenso ao nível Europa. 6.3.4 Contribuição aos objectivos sociais da comunidade Os objectivos sociais da comunidade serão obtidos de várias formas pelo TONIC através do desenvolvimento de directrizes sobre os meios utilizados para fornecer novos serviços e aplicações como teletrabalho, teleaprendizagem, saúde e comercio electrónico. O TONIC investiga as alternativas técnicas para os serviços de banda larga na Europa. Estas alternativas incluem fibra óptica, HFC (redes híbridas de fibra coaxial), xDSL, satélite e rádio terrestre, com a alternativa de oferecer serviços de comunicação mais rentável a indivíduos, onde quer que vivam ou trabalhem. O TONIC explorará também o potencial de serviços móveis de IP de banda larga e como estes complementam os serviços disponíveis através de redes fixas. Os serviços IP e de acesso dinâmico a partir de um terminal móvel ou fixo, permitem que o cliente aumente a sua participação na Sociedade da Informação. Os serviços de IP avançados e económicos, melhorarão a vida quotidiana dos cidadões Europeus ao lhes 339 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC proporcionarem os meios para administrar o seu tempo de trabalho e recreação com menos restrições. 6.4 Descrição O projecto TONIC utiliza uma abordagem de estudo de caso para avaliar cenários de novos serviços sobre IP e de banda larga, que identificam e quantificam os vários factores de risco associados. Os resultados são indicadores económicos como Valor Liquido Actual (NPV), Taxa interna de rendibilidade (IRR), e Período de Reembolso. O modelo dos casos comerciais é representativo de projectos de investimento onde são considerados os serviços oferecidos, procura, tarifas e custo de redes. Os componentes principais de um estudo de caso são ilustrados na figura seguinte. Serviços e aplicações Mercado Procura Vontande depagar Substituições Comportamento do Capacidade utilizador Tecnologia Estratégia diversidade da tecnologia Integração de serviço Conteúdo Onde? Quando? Como? Figura 143 Os principais elementos incluídos num caso num estudo de caso FONTE : TONIC. Os pacotes de serviços são definidos agrupando os serviços de acordo com alguns critérios como seja QoS, Velocidade de Transmissão, Tipo de transmissão, largura de banda e factores de utilização, com o objectivo de determinar o trafego correspondente numa determinada rede. 340 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC Os cenários de procura derivados de modelos especificamente desenvolvidos são implementados para os diferentes conjuntos de serviço com base em critérios, como utilizador, tipo de área, assim como toda uma estrutura de tarifas. As soluções de rede para o fornecimento de serviços a utilizadores, são explorados em termos de dimensionamento e de custos. Estão incluídas soluções de rede fixa e móveis com base em UMTS, satélites e soluções híbridas que combinam fixo e móvel. Este projecto destina-se a estudar uma solução inovadora em termos de redes e serviços, para estudar a viabilidade económica de um novo tipo de operadores : os MVNOs. As soluções são modeladas com a ferramenta tecno-económica desenvolvida em AC 364 TERA, afim de estudar uma variedade de paramentos de entrada, como por exemplo, variações na procura. As estruturas da tarifa são estabelecidas e refinadas com base nas práticas actuais e nas tendências observadas nos serviços móveis e de banda larga. Os indicadores económicos relevantes – valor liquido actual, taxa interna de rendibilidade, e período de reembolso – são calculados a partir dos elementos mencionados anteriormente. Estes indicadores permitem a comparação de diferentes soluções. As metodologias de sensibilidade e análise de risco são aplicadas com a finalidade de proporcionar uma visão sobre os principais factores de risco no fornecimento de serviços avançados. 6.5 Modulação do mercado 6.5.1 Modelos de Previsão O TONIC pretende desenvolver modelos de previsão de procura para redes de banda larga, para mercados residenciais e comerciais. Os modelos são baseados na análise 341 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC comparativa da situação na Europa e nos Estados Unidos. Integram a evolução previsível de aplicações e tarifas, e um conjunto de elementos chave para o crescimento da banda larga e incremento da competitividade. Os modelos de procura reflectem os efeitos de substituição entre as diferentes das classes e a evolução de serviços assimétrico a um nível mais elevado de acesso simétrico. As aplicações para os mercados comerciais e residenciais são distintas e exigem diferentes requisitos de rede. Da mesma forma, emergem aplicações diferentes para redes móveis e fixas que satisfazem necessidades diferentes. Por último, a procura de serviços direccionados para televisão e computadores. 6.5.1.1 Modulação da evolução de tarifas A modulação da evolução de tarifas consiste em desenvolver modelos para a estrutura de tarifas de banda larga de IP. Os modelos incluem, tarifas de instalação e tarifas mensais, que consistem de débitos de operador de rede e dos provedores de serviço, assim como combinações da tarifa de instalação estão “deflacionadas”. A estrutura da tarifa é baseada em um conjunto de classes de acesso a jusante e a montante. As tarifas reflectem os débitos de banda larga, ao mesmo tempo que consideram as tarifas dos Estados Unidos e Canada. O modelo inclui débitos de tráfego para aplicações especiais que requerem um aumento da qualidade de serviço. Também é avaliado o efeito dos novos princípios de tarifas em que a utilização dos serviços será pago por terceiros (como por exemplo agentes publicitários). 6.5.1.2 A Modulação de incertezas na evolução de mercado A Modulação de incertezas na evolução de mercado pretende estabelece e novos modelos para a estimativa de incertezas na evolução da quota de mercado, tarifas e procura, para serviços na rede móvel e fixa permite analisar também, os riscos associados aos diferentes estudos de casos. 342 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 6.6 Análise Tecno-Económica - TONIC Ferramenta Metodologia Os cálculos integram os serviços, procura, tarifas e custos de rede, assim como a avaliação de sensibilidade e de riscos. Os cálculos são realizados utilizando a metodologia e a ferramenta desenvolvida no projecto AC364 TERA. A metodologia é ilustrada na figura seguinte. Procura Demand for thede serviços de Service Telecomunicações Service Serviços Tariff Tarifa Architectur Arquitectura DB BD Investimentos Investmen Revenue Receitas OA& OA&M ustos eCCost Economi entradas economica Input i Life de Custo Life duração Cost Cost Cash “Cash – Flows,” lucros & e perdas Profit loss Year00 Ano VAL NPV NPV Year11 Ano Year Ano nn IRR TIR IRR Geometri Modelo Geometrico Mode preço de First instalação First Cost Cost inicial ... Year m Ano Risk avaliação assesment do Risco Paybac de Periodo Paybac Perio reembolso Perio Figura 144 Ilustração da metodologia TERA. FONTE: TONIC Os cálculos económicos, dependem essencialmente da ferramenta desenvolvida com o projecto AC364/TERA. A ferramenta é actualizada, para se adaptar ao ambiente de software. Da mesma forma, a base de dados deve reflectir os custos actualizados de equipamento e operação. 6.6.1 Viabilidade económica do Operador Virtual de Rede Móvel Os operadores virtuais de rede móvel, estão a iniciar actividade no mercado de telecomunicações; formam parcerias com “proprietários” de infra-estruturas, ou alugam recursos de rede e desenvolvem as suas próprias ofertas de serviço, principalmente em conteúdos e portais. Este estudo considera o modelo negócio dos fornecedor virtual de serviços(ESP), assim como os “cash-flows” assinaturas do clientes, agentes 343 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Análise Tecno-Económica - TONIC publicitários e de comercio electrónico que pagam comissões de vendas. Vários Cenários específicos de procura foram criados para o estudo deste caso. Os custos incluem plataformas de serviço e possivelmente investimentos de software personalizado, assim como despesas anuais para aluguer de capacidade que pode ser derivado dos custos de rede. Assim como, custos comerciais e de assistência ao cliente. Este estudo caso procura aferir sobre a viabilidade económica dos operadores de serviços, quer sejam eles independentes ou pertencentes a um grupo de operadores de rede que são proprietários da infra-estrutura. Como o número limitado de licenças UMTS disponíveis, este estudo proporciona informações importantes que podem influenciar potenciais operadores virtuais que procuram alugar capacidade de rede, com o objectivo de oferecer os seus próprios serviços móveis de 3ª geração. 344 Capitulo 7 Q Estudo de Caso uando um número razoavelmente grande de países, já atribuiu ou vai atribuir as licenças da Terceira-Geração (UMTS), e sabendo que a atribuição de licenças superou a melhor expectativa, chegando algumas delas a atingir valores exorbitantes. Muitas das empresas concorrentes, não conseguiram obter uma licença, obviamente procuraram outras formas possíveis de operar. Uma das possibilidades é sem rede de acesso de radio, o que permitiria aos MNO (Operadores de Rede Móvel), reduzir o “Payback” ( tempo de retorno do investimento) , e aos MVNO operar . Os mercados mundiais da segunda-geração (GSM), atingiram um sucesso reconhecido por todos os intervenientes no mercado das telecomunicações. Em alguns países, a banda de frequências reservadas para o GSM, encontra-se em fase de saturação especialmente nas áreas urbanas, diminuindo a margem de manobra para o aparecimento de outras alternativas. Existe um elevado potencial de mercado, para a área dos serviços móveis, com o aparecimento do UMTS, as expectativas criadas podem não corresponder ao mercado real, que efectivamente poderá ser ligeiramente inferior as previsões. Um dos possíveis modos de entrar no mundo da terceira geração, é utilizando o modelo do MVNO, que tem vindo a despertar alguma curiosidade pelos mais variados intervenientes no mercado das telecomunicações móveis.Este modelo assume a possibilidade de acordos comerciais com os Operadores de Rede Móvel, para oferecer pacotes de serviços que podem diferir ou não, dos oferecidos pelo MNO. 345 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Em alguns países, a terceira geração deveria marcar uma grande alteração no mercado, no entanto as licenças 3G irão coexistir com as 2G, que já possuem uma carteira de clientes, numa avançada fase de fedilização de clientes, colocando assim algumas dificuldades aos operadores de 3G. Pensa-se que numa fase inicial, devido à incerteza, “os maiores operadores “ 3G , estarão disponíveis para retirar algum proveito do modelo virtual, pelo menos para aumentar as receitas, nos primeiros tempos. Sabendo que o utilizador, direcciona a sua escolha na “interface” com o operador, relegando para segundo plano a administração da infra-estrutura de rede, o modelo virtual, combinando uma preparação cuidadosa dos conteúdos e portais, poderá trazer muitas vantagens,por exemplo para grupos de utilizadores. Os MVNO necessitam de uma base de dados de potenciais clientes, uma experiência considerável de Marketing, distribuição, administração e gestão de clientes para melhor direccionar os seus serviços .Podendo fornecer serviços de valor acrescentado (VAS) e muito concretamente para o m-commerce. Alguns MVNOs, pensam orientar o seu negocio para um determinado nicho de mercado. No entanto é de esperar que os operadores móveis de maior dimensão coloquem algumas barreiras, aumentando a competitividade e direccionando serviços orientados para determinados segmentos. A reacção esperada de operadores móveis, a entrada no sector de operadores móveis virtuais, será a de lhe dificultar a entrada no mercado, no entanto alguns poderão cooperar retirando vantagens. O Operador virtual também apresenta uma ameaça para o mercado dos novos MNO 3G. Atendendo, ao contexto actual de um mercado de massas, muito pouco pragmático mas mais emotivo, cada um dos intervenientes, tentará angariar o maior número de clientes, utilizando todos os métodos que estão ao seu alcance. Existem ainda dois factores: o primeiro consiste no facto de num contexto 3G, o modelo virtual fornecer uma possibilidade de expansão em mercados internacionais, que até hoje está fechado à participação de operadores de diferentes áreas. Por exemplo, os operadores de GSM Europeus poderiam tornar-se operadores virtuais nas redes de CDMA nos E.U.A. e vice-versa. Por enquanto, o modelo virtual ainda cria alguma desconfiança, na realidade o modelo de MVNO poderá representar uma opção lucrativa para todas as partes envolvidas 346 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 7.1 Estudo de Caso -MVNO Contexto Histórico Em 1997 três empregados do Service Provider Talkline são os primeiros a definir o conceito de MVNO. Criam a empresa SENCE, que acabaria por ser a primeira tentativa de MVNO que surge no mercado escandinavo em finais de 1997. Esta empresa inicia a aquisição de equipamentos para construir um Operador Virtual de Rede móvel. Entretanto a SENCE inicia as negociações com os principais operadores escandinavos para ter acesso pelas suas redes. A resposta dos MNO´s é clara e concisa, baseada numa interpretação sisuda e não adequada à realidade do livre mercado, como sendo a de não favorecer o aparecimento de um novo «player» que directamente ou indirectamente debilite as suas posições no mercado. Esta resposta, foi amplamente suportada no facto da regulação não impelir directamente a isso. SENCE dirige-se às autoridades reguladoras de telecomunicações de diferentes países. Na ausência de uma explicita regulamentação favorável, obrigou a percorrer um longo e penoso caminho que só em 1999 deu os seus primeiros frutos. Os Operadores de Rede Móvel(MNO), como seria previsível, assimilaram de forma incorrecta a aplicação das decisões das entidades reguladoras. Como facilmente se compreende, sem um acordo de interconexão, SENCE não podia fornecer os seus serviços. Esta aventura da SENCE, demonstrou que: os MVNO não podem operar, se os MNO recusarem o acesso através das suas redes, assim como uma análise cuidada dos diversos factores influentes no mercado das telecomunicações, recorrendo muitas vezes a métodos empíricos de análise, por vezes adversos ao próprio mercado. Numa primeira abordagem, é possível pensar que a solução para o problema está nas entidades reguladoras, o que é completamente errado. A solução está no mercado, na estratégia, e na capacidade de posicionamento no mercado, cabendo às entidades reguladoras a nobre tarefa de garantir uma regulação isenta e transparente do mercado das telecomunicações. 7.2 Conceito de MVNO Os MVNO’s constituem um grupo heterogéneo de operadores que têm como característica comum, não terem direito de utilização do espectro radioeléctrico, oferecem serviços de telecomunicações móveis sobre a rede de terceiros operadores (MNO´s) comprando-lhes os recursos. 347 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Tem havido uma discussão acesa relativamente à definição de um MVNO desde que este termo foi lançado. A definição é de extrema importância por razões que se prendem com actividades de regulação, mas também para entender as implicações de negócio que nascem com a chegada dos MVNOs. Existem diferentes designações para descrever este novo tipo de operador, mais frequentemente o termo de Operador Virtual de Rede Móvel (MVNO). 7.3 Definição de Operador Móvel Virtual (MVNO) Embora não exista uma definição harmonizada entre os vários estados membros da Comunidade Europeia, pode dizer-se de uma forma preliminar que ”um MVNO é uma organização que oferece assinaturas móveis e serviços de chamada aos clientes mas não possui alocação de espectro” [35]. Na perspectiva da Analysys [40] “é um operador, que sem ter uma rede rádio de acesso ou licença, consegue dar a impressão ao cliente final que se trata de um operador móvel”. A ODTR[38] define um MVNO como: “uma organização que opera com uma parte da infraestrutura de rede física, no mínimo, no GSM um mobile switching centre (MSC), HLR e Authentication Centre (ou equivalente no UMTS), tendo o seu próprio código de rede móvél com distintas séries de números (onde aplicável), e gerindo os seus próprios cartões SIM da marca, mas sem rede de acesso”. Segundo a OVUM [39]: “é um agente que oferece serviços móveis, possui o seu próprio código de rede móvel (MNC- Mobile Network Code), tem os seus próprios cartões SIM; dispõe de centrais de comutação(MSC) próprias, e é o gestor de clientes na sua rede (gestor de bases de dados HLR)”. Embora não exista um consenso, foi a definição da OFTEL que acabou por definir o conceito de MVNO. O termo MVNO, não tem subjacente uma arquitectura de rede previamente definida, nem existe um compromisso com um determinado conjunto de componentes de sistemas standards. 348 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 7.4 Estudo de Caso -MVNO Diferentes classes de MVNOs Existem no entanto, diferentes abordagens do conceito de MVNO. Um MVNO, não pode ser encarado como um operador estático, e limitado a um conjunto de capacidades ou infra-estruturas. A Figura 145, ilustra as diferentes classes de MVNO, e as capacidades de rede que lhe estão associadas. Network Operator Service Provider Marketing Enhanced Service Provider Mobile Virtual Network Operator Distribution Customer Care Tariffing / Billing Network Services Switching / Routing Capabilities Radio Access Network Figura 145 Tipos de MVNO FONTE:TONIC Del. 9 O MVNO vulgarmente designado por “pure MVNO” ou por “full MVNO”, abrange todos as capacidades exepto o acesso e a transmissão. O Enhanced Service Provider, num limite superior pode ter todas as capacidades, num limite inferior pode não possuir nenhum dos elementos de rede identificados na figura. No entanto desenvolve as actividades de tarifação e ‘billing’, relacionamento com o cliente e marketing. A forma mais simples de MVNO é o Fornecedor de Serviços (Service Provider) que aluga todos os elementos de rede, actuando apenas na área da tarifação e ‘billing’, relacionamento com o cliente e marketing. 7.4.1 O ‘Puro’ MVNO O ‘Puro’ MVNO é o MVNO que deseja fornecer serviços de telefone móvel para um similar, tal como um MNO, mas sem possuir alocação de espectro. O ‘Puro’ MVNO 349 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO possuirá uma grande parte da infra-estrutura dos hospedeiros MNO´s.Tipicamente, tem um código de rede móvel (MNC) próprio, um HLR, elementos de comutação, um sistema de “billing” e algumas infra-estruturas móveis ISP tais como gateway WAP . Possui os seus próprios cartões SIM e tem um controlo absoluto sobre os serviços e as tarifas. O estabelece os seus próprios acordos de intercomunicação, e possui uma elevada independencia relativamente ao operador hospedeiro. O ‘Puro’ MVNO, controla a interligação com a rede PSTN/ISDN e Internet, faz o“routing” de todo o trafego. Não é de excluir a possibilidade, que operadores pertencentes a esta classe possam operar como operadores multi-rede num futuro próximo. 7.4.2 O Enhanced Service Provider O Enhanced Service Provider (ESP) é um MVNO que utiliza grande parte ou quase toda a parte da infra-estrutura do operador hospedeiros. Gere a base de dados de clientes, utilizando um HLR independente ou uma partição no HLR do operador hospedeiro. Se o Enhanced Service Provider (ESP) possuir algum tipo de infra-estrutura de MISP ou acesso indirecto é possível a diferenciação dos serviços fornecidos. No modelo ESP, o MVNO partilha o código de rede (MNC) do hospedeiro MNO, o que significa que os subscritores do MVNO estão “cativos” da rede MNO. O cartão SIM é configurado para reflectir a marca do Enhanced Service Provider (ESP) e o Enhanced Service Provider (ESP). A iniciativa do Enhanced Service Provider (ESP) apresenta um baixo risco de entrada no negócio MVNO, no entanto a minimização dos riscos é conseguida à custa de uma elevada dependencia do MNO. 7.4.3 O Fornecedor de Serviços Embora não exista uma definição precisa, fornecedores de serviços são geralmente referidos como sendo MVNOs. Neste cenário o MVNO utiliza o maximo da infra350 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO estrutura do hospedeiro MNO mas têm um total controlo da base de clientes usando uma partição do HLR que pertence ao hospedeiro MNO. O “billing” dos seus serviços, tipicamente é feito por uma terceira entidade utilizando uma solução mista em que os CDRs (Call Data Records) são fornecidos pelo Operador hospedeiro. O cartão SIM está tipicamente configurado para reflectir a marca do fornecedor de serviço. O fornecedor de serviço neste cenário não tem controlo sobre o “routing”. O fornecedor de serviço é similar ao ESP mas tipicamente aplica uma estratégia de aproveitamento máximo dos recursos, com pouca ou nenhuma intenção de desenvolver os serviços. Esta cenário, tem baixos custos e baixos riscos no mercado. Comparativamente, com os outros cenários estudados tem grandes desvantagens como por exemplo, não consegue diferenciar serviços.. 7.5 Considerações de Regulação Existe uma preocupação na negociação voluntária entre MVNO´s e MNO´S, devido ao facto do operador proteger a sua marca e não ceder parte do seu mercado potencial aos potenciais concorrentes. Talvez exista uma necessidade de intervenção da entidade reguladora, ou através da criação de legislação própria definindo de forma clara e concreta as regras. Dificilmente se compreende, que se possa licenciar um MVNO, sem criar condições no mercado para o estabelecimento de acordos comerciais ou outros mecanismos que permitam a operação em condições de concorrência com os outros operadores (Dicotomia concorrentes ou parceiros ?). Esta será uma das formas de proibir, que o MNO fixe um número mínimo ou maximo de aplicações, serviços e volume de trafego etc, inibindo assim o mercado e afastando pequenos concorrentes, ou seja é necessário assegurar diversidade de provisão, afastando a concorrência desleal. Segundo a Oftel, seria preferível acordos comerciais, apostando na capacidade negocial dos Operadores de Redes Móveis Virtuais (MVNO) e na visão estratégica dos MNOs, 351 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO presumivelmente de forma semelhante à que foi utilizada nos acordos bilaterais entre MNOs no roaming, no entanto os MNO´s não eram concorrentes na mesma área geográfica. 7.5.1 Resumo dos vários pontos de vista Em resposta `às várias mudanças que se têm sentido pelo mercado, a Comunidade Europeia propõem uma definição dinâmica de mercado, assente na auto-regulação. No entanto, cabe a cada Entidade Nacional Reguladora, assumir o papel que ache correcto, na entrada dos MVNOs nos mercados nacionais correspondentes. Em toda a Europa é possível identificar as mais diferentes posições: . Na Suécia, Post och Telestyrelsen (PTS) -“ todos os que possuem uma rede móvel para os serviços de telecomunicações têm de permitir o acesso á rede nos termos de mercado”. No entanto esta norma só é aplicavél se houver um excesso de capacidade na rede”. Para OFTEL, a regulação pode reduzir os benefícios dos consumidor e pode ter um efeito limitador na redução das tarifas. Preferem negociações de posições entre MVNOs e HNP. O regulador francês, ART, tem uma visão mais favorável em relação à toda esta problemática. Acreditam que os MVNOs “vão aumentar a competitividade” e os benefícios dos consumidores provocando uma “queda significativa” nos preços de retalho, incrementando o desenvolvimento crescimento de mercado. 7.5.2 Relacionamento com os MNOs O que é crucial para este tipo de operadores é alcançar um acordo atractivo com o hospedeiro MNO, aumentando a margem de manobra para efectuar o negócio. Existem dois tipos de posições dos MNOs, olhando para os MVNOs como um concorrente, ou como um parceiro. 352 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO A visão de concorrentes, assenta no pressuposto, que a entrada de mais um «player» no mercado significa um aumento da competitividade e uma maior saturação do mercado. Devido ao custo das licenças 3G, o MNOs terá uma maior exposição económica a qualquer aumento de competitividade. Existe uma visão bastante redutora e pessimista, em que o cenário traçado, coloca os MNOs num caso estremo apenas como fornecedores “bit-pipe” e que podem perder os seus clientes. Actualmente têm uma forte posição no mercado, mas com muitos MVNOs os MNO arriscam-se a perder o controlo. A previsão do volume de tráfego gerado pelo MVNO, é extremamente importante, e existe a necessidade de ser controlado através de um Acordo do Nivel de Serviço(SLV) entre MVNO e o hospedeiro de rede. Tipicamente, este tipo de acordo apenas refere um patamar mínimo de trafego exigido pelo MNO ao MVNO. Uma preocupação para os operadores hospedeiros é que os MVNOs vão poder assinar acordos com múltiplos MNOs dentro do mesmo país, e oferecerem a maior cobertura de rede seleccionando o sinal com maior nível de potência. Já existem, no mercado terminais móveis capazes de realizar esta operação, como por exemplo alguns terminais da NEC. No entanto existe uma outra visão, mais realista que consiste em assumir o MVNO como um parceiro estratégico para novas oportunidades de negócio. Os MNOs estão a entrar numa nova fase com um investimento elevado para construir redes para a terceira geração. Grande parte dos operadores de rede têm uma grande capacidade nas redes 2G não utilizada e provavelmente vão ter também uma larga capacidade nas 3G, especialmente no início. Adicionando os clientes MNVOs á sua rede é uma maneira mais fácil de rentabilizar os recursos da rede, e aumentar o trafego na sua rede. Este aumento de trafego, não vai ter custos extra para a aquisição de clientes. Os MNOs aumentam as revendas em terminação de chamadas. 353 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Os MVNO são canais adicionais para distribuição de serviços no mercado. A ideia é escolher parceiros com uma “boa marca” e que possua experiencia em marketing, e distribuição em massa, capitalizando essas experiencias para si e dando em troca todo o conhecimento sobre as suas próprias redes. Os MNOs utilizam a marca MVNOs para fortalecer a sua própria marca, através da comarca nos segmentos de mercado onde a marca dos MVNO tem um potencial maior. Se os MNOs perdem clientes num determinado segmento de mercado especifico, para um melhor posicionado MVNO, então essa é uma das principais razões para fazer uma parceria. Associar-se a um MVNOs, é uma boa forma de ganhar uma parte de mercado ao líder de mercado. Existem diferenças significativas na atitude do lider de mercado num determinado país, e entre pequenos operadores de rede. Teóricamente, quanto maior for o operador, mais tem a perder. Em Portugal, a TMN não foi dessa opinião, e tem um acordo de acesso indirecto com a ONI. 7.5.1 Acordo MNO-MVNO Os actuais acordos, entre os MVNOs e os seus hospedeiros MNO tipicamente envolvem o preço do serviço, e o nível do serviço. Para além disso, o hospedeiro do operador de rede tem de dar o acesso MVNO para a sua rede, para isso tem de ter a certeza que é possível manufacturar cartões SIM que possibilitem isto. 7.6 MVNO no mercado das Telecomunicações móveis Do ponto de vista económico, as telecomunicações e as tecnologias de informação desempenham um papel fundamental nos novos mercados mundiais, apostando em novas formas de negócio, que se vão ajustando às oportunidades que entretanto emergem. O fenómeno Internet, a par da adesão visível e generalizada aos sistemas celulares de telefonia, têm sido os grandes responsáveis pelo aumento da procura dos serviços de telecomunicações. 354 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO A convergência das tecnologias móveis com o universo do multimédia, redefiniu o conceiro de serviços. Na realidade, é esta tendência actual que tem vindo a alimentar as recentes evoluções da 2.ª Geração de redes móveis (GSM, GPRS, e EDGE) e a consequente introdução da 3.ª Geração (3G, UMTS, IMT–2000), que são um passo decisivo para que, dentro de pouco tempo, as taxas de transferência de dados permitam garantir mobilidade aos serviços multimédia. E é precisamente a 3.ª Geração (3G), que nos últimos tempos, tem sido o principal alvo de todas as expectativas, despertando a atenção, quer dos operadores incumbentes, quer de novos operadores de telecomunicações, verificando-se também nalguns casos o interesse de diversas empresas tradicionalmente ligadas a outras áreas de negócio, o que contribuiu de sobremaneira para a intensa procura de licenças de 3G. Obviamente, hoje em dia, o mercado de serviços móveis está mais que consolidado, e estas empresas vêem no UMTS a possibilidade de participarem neste grande “jogo”. Todavia, o “bilhete” de entrada, que toda a gente deseja, não é assim tão fácil de conseguir, pois o espectro radioeléctrico é limitado, e o número de licenças disponível é necessariamente reduzido[72]. Uma das formas de entrar no mundo dos serviços de terceira geração é precisamente através do modelo de MVNO (Mobile Virtual Network Operator), estudado ao longo deste capitulo. O fenómeno Internet, alterou as estruturas de negócio, permitindo competir em novas áreas. No entanto, a desregulamentação também criou um clima mais inovador e um uso mais criativo e de rápido desenvolvimento das novas tecnologias. A Internet, em combinação com a evolução tecnológica e a standartização de acordos, criou uma fundação de convergência entre telecom, dados, media e outras indústrias. Os limites da indústria estão a tornar-se cada vez mais dificeis de definir e tendem a mudar mais rapidamente ao longo do tempo. Ao mesmo tempo que há previsões incertas acerca do futuro, aparecem inúmeras oportunidades que as empresas podem aproveitar. Como os operadores incumbentes, já não conseguem aproveitar todas estas oportunidades simultaneamente, pequenas empresas podem ocupar esse lugar num determinado nicho de mercado. 355 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO 7.6.1 MVNO como um novo valor O ambiente económico está constantemente num estado de complexa mutação de fluxos, e as empresas têm de enfrentar essas consequências. Dependendo invariavelmente da forma como as empresas reagem, as mudanças podem ser, tanto negativas, como positivas. Prahalad apresenta oito descontinuidades que causaram e ainda causam mudanças no ambiente de competitividade. É um facto que o mundo dos negócios está a tornar-se cada vez mais global, e paralelamente a esta tendência globalizadora, a desregulamentação e a privatização de algumas empresas influentes da área das telecomunicações têm vindo a causar mudanças traumáticas no seio do próprio sector, alargando os seus efeitos também às companhias aéreas, serviços financeiros e outras indústrias[26]. Com um aumento crescente da pressão dos mercados nacionais e internacionais, quase todas as indústrias estão a experimentar um novo nível de volatilidade. A convergência de múltiplas tecnologias, no qual o IP apresenta-se com um papel diferenciador, representa por si só, uma descontinuidade relevante, e como corolário desta convergência temos uma crescente indeterminação dos limites na indústria, onde, por exemplo, a separação entre aplicações e serviços típicos para computadores pessoais e para televisão está a tornar-se cada vez mais difusa. Por um lado, verifica-se que a convergência e a cooperação são fortemente estimuladas pelo aparecimento de novas normas e ‘standards’ nas novas indústrias, por outro lado, vai existindo uma crescente sensibilidade da Economia para um determinado número de participantes outrora apelidados de insignificantes. A entrada no Mercado de telecomunicações móveis tornou-se uma opção interessante para muitos. No mercado emergente de indústrias móveis de telecomunicações (ver figura seguinte), muitos tais como MVNOs estão a aumentar a sua quota de mercado e a complexidade de relações entre os parceiros. A refinação, dos modelos de negócio, e de parcerias estratégicas foi provocado pelo aumento da necessidade dos cliente de serviços e conteúdos, que exigem mais qualidade nos serviços prestados. Afigura seguinte ilustria de uma forma simplificada, o relacionamento entre cada um dos 356 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO intervenientes no mercado das telecomunicações móveis (Uma linha significa uma relação de algum tipo). Fabricação de terminais Fornecedor Softw are Fabricaç ão de acess órios Fabricaç ão de Redes Fornecedor de Conteúdos wholesaler Fornecedor Value-Add Agregador de Conteúdos Operador Infraes trutura MVNO Distribuidor Fornecedor de Serviços Tradicional MVNO Subscritor Figura 146 Relacionamento na cadeia de valor das telecom. móvisl. Fonte: Questus (adaptado).[26] Tradicionalmente, o Operador de Rede Móvel dentro cadeia, agregra o conteúdo e distribui os serviços. Os distribuidores, os fornecedores de serviços e fornecedores de conteúdo ajudam o operador a tomar parte nas actividades. No entanto, no valor emergente da cadeia, velhos e novos participantes estão a procurar evidenciarem-se. Os operadores incumbentes que tinham tradicionalmente total controlo das relações com os clientes estão a ver a sua posição ameaçada. Fornecedores de conteúdos querem ter uma relação mais directa com os clientes através de canais eléctrónicos, como se ilustra na figura seguinte. Novos fornecedores de serviços ou MVNOs estão a converter os operadores em totais vendedores de “airtime”, provocando-lhes uma redução no número de clientes. Este empurrão na cadeia de valor, deu origem a novos tipos de negócio. Um exemplo, interessante são operadores de “Raw bandwidth”, ou “leased Bandwidth, que vendem capacidades de rede para outro tipo de utilizadores. Com o advento do IP, como plataforma integradora criou-se um novo leque de possibilidades tecnológicas. Devido a tecnologias que têm como base o 357 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO IP, como por exemplo o GPRS ou o UMTS, o operador móvel tem necessidade de reformular relações com alguns tipos de intervenientes no mercado, se desejar continuar competitivo. Os fornecedores de conteúdo e os fornecedores de serviços de valor acrescentado (VAS), vão ter um papel fundamental na diferenciação de serviços e na segmentação de marca. Exemplos são portais de Internet, empresas de media, bancos ou empresas que fornecem serviços de posicionamento. A batalha para decidir quem vai ter o controlo dos clientes e de uma parte considerável do fluxo de revendas continua. A cooperação e um espírito aberto vão ser ingredientes necessários, mas não suficientes, para uma estratégia de sucesso. Para atingir estes requisitos, o MVNO vai se tornar um parceiro de grande utilidade para o operador móvel. Fornecedores de rede que tradicionalmente tinham total controlo nas relações com o cliente e em todos os pontos de contacto Fornecedores de conteúdo que tradic ionalmente distribuiram serviços no mercado de massas, c/ canais anónimos, e queriam ganhar uma relação mais directa c/ o cliente através de canais electrónicos. Criação de Conteúdos e Serviç os Agregação de conteúdos Posicionamento de Rede Novos fornecedores de serviços tornam os fornecedores de rede em vendedores, e reduzem o número de clientes Provisionam ento de serviços do cliente Provisionam ento de conteúdo e serviços Agregador, e portal de clientes ganham relações entre clientes, relacionados c/ serviç os de topo dos sewrviç os Telecom Figura 147 Novos e velhos jogadores estão a enfrentar as mudanças de papeis Fonte: Accenture. 7.6.2 Formulas para Operar no mercado Os operadores móveis virtuais dispõem de várias fórmulas para operar no mercado, na figura seguinte, exemplificam-se vários casos existentes no mercado, em diversos países europeus. 358 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS E s tra té g ia Estudo de Caso -MVNO C o m e rc ia liza ç ã o M a rk e ti ng ve nd a s S e rviç o s G e s tã o d e C lie n te s In fra e s tr u t ura d e re d e P la n ta fo r m a d e s e r viç o s S IM A cesso R á d io Co m u ta ç ã o e Au te n t ic a ç ã o IN Es pe ctr o TM N M NO T e le 2 M V NO V irg in S e ns e SP Ba ix o G ra u d e i nte g ra ç ã o e fle xib i lid a d e A lto Figura 148 Fórmulas para operar no mercado O mercado móvel é atractivo e as entidades que estão a iniciar um MVNOs têm conhecimento da panóplia de possibilidades que existem para estabelecer um novo tipo de operador móvel, mas numa perspectiva diferente, comparativamente com os MNO. Os MVNOs, têm capacidade para atingir segmentos de clientes específicos, como já foi dito anteriormente usando recursos já estabelecidos, tais como a marca e/ou desenvolvendo serviços já existentes. Uma das várias possibilidades, é a utilização de dispositivos móveis especializados, permitindo novas funcionalidades, utilizando novas tecnologias, e atingir segmentos de mercado sub-explorados, tais como, segmentos profissionais com características próprias (médicos, professores, etc.) e uma possibilidade é, por exemplo, a terceira idade com necessidades muito específicas. Um outro segmento alternativo será a administração pública, e serviços de cobertura global para empresas, fornecendo serviços homogéneos para cada segmento identificado.[49]. A figura seguinte, ilustra bem essa situação, considerando a totalidade do mercado representada por uma “queijo”, a parceria entre os dois “ratinhos” MVNO-MNO, pode possibilitar uma forma mais eficiente de conseguir uma fatia desse “queijo” tão apetecível e tão dispotado. 359 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Dispositivos móveis especializados Cobertura Pan-Europeia • Serviço de cobertura global para empresas • Tarifas de roammi ng mais económi cas • Serviços homogéneos Um contrato, uma factur a • vantagens de vol ume combinado Novas funcionali dades • Automóveis • PDAs • Consol as de j ogos Segmentos e nichos de mercado não explorados Serviço integrado fixo-móvel • • • Segmentos profissionais específi cos • Terceira edade • Administração pública Figura 149 Os MVNOs e a procura latente do mercado Os operadores móveis tradicionais estão a enfrentar uma competição cada vez maior devido à maturação do mercado de voz, e também devido à pressão exercida pelas entidades reguladoras. Para além disso, as novas tecnologias e a convergência são cada vez mais complexas. Por isso, o cerne da questão já não apenas atrair novos clientes para o mercado móvel, mas sim manter e fidelizar os clientes já existentes, e “roubar” clientes aos concorrentes. O operador tradicional não pode desenvolver um serviço específico para cada segmento identificável a um custo razoável, e é nesta perspectiva que os MVNOs podem ser mais facilmente bem sucedidos. 7.6.3 Impacto do MVNO no mercado A evolução constante da cadeia de valor dos serviços de telecomunicações, impeliu a estabelecer um limite entre serviços e rede. As redes de telecomunicações estão cada vez mais complexas, e menos transparentes aos utilizadore dos serviços que fornecidos sobre elas. A cadeia de valor de um ponto de vista, dos elementos de rede é ilustrada na figura seguinte. 360 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Acesso Rádio Elementos de Rede BSC Modems GMSC Antenas HLR/VLR Estações Base AUC/EIR Softw are Sistemas Integrados Manutenção Sistemas de Informação Armazenamento de dados Estudo de Caso -MVNO Serviços de Rede Interconexão Circuitos Virtuais Aplicações Serviç os Finais ecommerce Serviç o telefónico VoIP Publicidade Mensagens Compras Web portal Viajens Banca Figura 150 Cadeia de valor de forma a poder configurar a oferta de serviços Dos elementos identificados unicamente o acesso rádio, tem efectivamente de ser prestado pelo operador de rede móvel, podendo este ser substituído por operadores alternativos no resto dos elementos da cadeia de valor, que venham a romper com a forte integração vertical, que geralmente é aplicada aos serviços de telecomunicações móveis. Os MVNOs podem proporcionar uma carteira de serviços equivalente aos oferecidos pelos MNOs, tendo um controlo total sobre os seus clientes (Como já foi visto anteriormente), tanto do ponto de vista da subscrição como do ponto de vista dos serviços de chamadas, não estabelecendo-se nenhum relacionamento entre o cliente MVNO e o operador de rede. O MVNO paga ao operador de rede móvel pelo consumo de elementos de rede efectuado na prestação dos serviços, facturado ao seu próprio cliente os serviços consumidos por este. Esta desvinculação entre o cliente e o operador de rede móvel, permite ao MVNO uma maior liberdade para configurar a sua oferta de serviços, podendo “empacotar” de forma diferente da realizada pelo operador de rede móvel, tudo com independência tarifária dos serviços finais prestados por ambos. Os MVNOs formam parte da cadeia de valor dos serviços de telecomunicações móveis, introduzindo competitividade em alguns segmentos da mesma. No entanto, este incremento de competitividade no âmbito dos serviços pode ter uma influencia negativa no âmbito das redes, actuando como um desincentivo ao investimento nas redes, em detrimento da competitividade na cobertura de redes móveis. 361 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO 7.6.4 Modelo de negócios de um MVNO O modelo é similar ao modelo de marca própria de grande distribuição. O distribuidor tem como objectivos capitalizar activos e capacidades: Diminuição das barreiras de entrada no mercado. De uma marca já existente, Tráfego de clientes, Reforçar o posicionamento na cadeia, Consolidar o seu posicionamento no negócio que lhe deu origem Deve ter em consideração a evolução e o posicionamento da marca própria, como uma garantia de elevada criação de valor: A evolução do posicionamento de marca própria até uma maior criação de valor é uma boa lição, (ver figura seguinte) e uma boa experiência para o MVNO, atendendo às suas semelhanças com este caso. O êxito da marca branca em retalho baseia-se num “WinWin” entre fabricante e distribuidor. anos 70: A parição anos 80: Rentabilização • Marca distrib uid or • Marca Bra nca • Produ to i de ntic o • produ to Similar • Preço li geiram ent e • Primer preço • inferior anos 90: Fidelização anos 00: Integração no retalho mix • Marcaprópria / Distribuidor • Produ to dif erenci ad o • Preço de ac ordo com o posici on ame nto do dis tribuid or • Marca pró pria • Produ to exclusivo • Preço de ac ordo com o •p osicio nam ent o das ve nd as Figura 151 Evolução do posicionamento da marca própria O posicionamento no mercado, não deve ser encarado como uma atitude estática por parte do MVNO, mas antes como um mecanismo de interação com os diferentes parceiros. Posicionamentos distintos, podem coexistir no mercado para o mesmo produto, mas um posicionamento adequado criará valor, tanto para o operador tradicional, como para o operador móvel virtual. O posicionamento do mercado, é importante não só porque define a forma como o MVNO é visto no mercado, mas 362 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO essencialmente porque é determinante na implementação da estratégia previamente delineada. O MVNO e o nível da infra-estrutura técnica podem dar origem a um modelo geral de interacções com outras empresas, podendo criar-se soluções que evidenciam diferentes protagonistas e funções. A figura seguinte ilustra, a função do MVNO, é uma espécie de porteiro, entre o cliente e o MNO. Mas o inverso também é verdade, é um porteiro entre o MNO e o cliente, pois pode trazer para a rede potenciais clientes do seu segmento. Fornecedores de Aplicações Fornecedores de Contéudos Regulador MVNO Operador de Rede Móvel Cliente stream de revendas stream de informação física Distribuidor Figura 152 Modelo Genérico de um MVNO Fonte: ARC. Para completar o seu papel, o MVNO tem de cooperar com vários participantes no mercado, as duas mais importantes relações são, obviamente, com o MNO que controla a rede e fornece o “airtime”, e com o cliente. O MVNO também interage com os distribuidores, fornecedores de aplicações de software e hardware, e ainda com os fornecedores de serviços De destacar na figura anterior, a relação existente entre o MVNO e a entidade reguladora. A entidade reguladora deverá ver o MVNO, como um expoente máximo de incremento de dinamica no crescimento da competitividade do sector movél. O MVNO, é o obreiro da tão propalada auto-regulação, porque é ele que a põe em prática. No caso da empresa que deu origem ao MVNO, pertencer a tipos de negócio distinto do das 363 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO telecomunicações, poderá transportar essa experiência do ponto de regulatório para este novo mercado. O modelo de negócio, da figura anterior é um modelo simplicista e demasiado estático. Não satisfaz todas as necessidades de um MVNO. Considerando o MVNO, como um operador móvel com um elevado índice de flexibilidade perante o mercado, temos que reformular o modelo de negócio. Considere-se a titulo de exemplo, um serviço tipicamente de compra de bilhetes de comboio, via terminal móvel. Para a operação de aquisição, é necessário uma pesquisa na base de dados da empresa de transporte, e um relacionamento com o sistema de facturação dessa mesma empresa, um serviço tipíco de ASP. No entanto, o cliente ao entrar no perímetro da estação de comboios, pode-lhe ser descarregada para o seu terminal móvel uma quantidade de informação, tipicamente horários, padrões de qualidade da empresa, informações úteis, publicidade, ou até mesmo informações de outros meios de transporte alternativos. No entanto, este serviço pode ser da responsabilidade de uma quarta entidade que forneça serviços de Wireless LAN (WLAN). Toda esta complexidade de relacionamento acrescida das dificuldades de implementação de sistemas de gestão inteligente da rede, exigem um modelo mais complexo e flexível. A figura seguinte, ilustra um modelo de negócios genérico, passível de ser aplicado a um MVNO. 364 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO ASP Aplication Service Providers Portal Hosting Ecommerce Net Applications and Data CRM Intelligent Networks Access Transport Figura 153 Modelo de negóciosFONTE: TONIC Del 8 Retail/Customer Management e Customer relationship – Tem como função o relacionamento directo com o cliente. Compete-lhe a administração de uma base de dados de clientes e de potenciais clientes, que podem advir de uma outra área de negócio, dependendo do perfil do MVNO. Geralmente, tem a seu cargo a gestão do chamado “Marketing Mix”, ou seja, administra um conjunto de variáveis controláveis pela empresa, que permitem influenciar a resposta do cliente ou de um consumidor genérico. Estas variáveis, depois de identificadas são os instrumentos de actuação concreta no mercado. Portal – Actualmente os portais são utilizados, pelos operadores de telecomunicações, para informar os clientes sobre os seus produtos, o preço dos mesmos. Geram receitas de publicidade. Oferecem conteúdos produzidos por terceiros, num futuro próximo, poderá oferecer ao utilizador, serviços de agenda, salas de ‘chat’, caixas de correio electrónico, motores de busca de internet etc. Os portais têm a possibilidade de gerar em torno de si comunidades de utilizadores da rede se identificam com o portal, acabando por fidelizar, no todo ou na parte essa mesma comunidade de clientes. No contexto actual do mercado móvel é impensavél prescindir deste elemento. 365 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Application Service Provider (ASP): Os actuais ASP não possuem infra-estruturas de rede, mas dedicam-se ao fornecimento de serviços e aplicações aos utilizadores, inclusivamente serviços IP tradicionais, como correio electrónico, acesso à Internet e outros serviços possíveis com as novas soluções de rede como m-commerce, serviços baseados na localização do utilizador, telefonia sobre IP, videoconferência ou Vídeo on Demand. Os servidores destas aplicações e serviços podem estar directamente ligados a uma rede de acesso, à rede core ou podem ser acedidos directamente via Internet. O conteúdo fornecido pode ser produzido pelo próprio ASP ou por outros fornecedores de conteúdos. Os MVNO que dispuserem deste tipo de infra-estrutura, têm uma maior capacidade de diferenciação de serviços. E-commerce - A potencial importância do comércio electrónico, exige um investimento em potenciais parcerias e plataformas de comércio, de forma a desempenhar o papel de intermediário entre comerciantes e consumidores. extraindo uma parte da transação comercial. Considerando as potencialidades do e-commerce, associadas à mobilidade como valor acrescido, poderá num futuro próximo ser responsável por uma parte considerável das revendas do MVNO. 7.6.4.1 Um Possível Modelo de Custos A estrutura organizacional do MVNO, assim como o negócio de raiz vão ter uma implicação directa na estrutura de custos e receitas. As entradas económicas (inputs), provenientes do MVNO podem ser sumariadas da seguinte forma: mensalidade de assinatura mensal e das chamadas, dos pré-pagos, comissões de e-commerce etc. Assim como o pagamentos de outros operadores ao MVNO, pela terminação de chamadas nos seus clientes. Uma parte da receita proveniente da terminação de chamadas é entregue ao MNO hospedeiro.Em contrapartida, os custos são determinados pelos custos do operador de rede para as chamadas recebidas assim como para as chamadas efectuadas, acrescendo ainda os custos dos serviços de interligação com operadores terceiros para as chamadas efectuadas, que têm origem nos clientes do MVNO. 366 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO O MVNO RECEBE DO OPERADOR DE ORIGEM DA CHAMADA E PAGA UMA PARTE AO MNO Ponto de Ligação Ponto de Ligação MNO-MVNO MVNO-Outro Central do Operador de Rede Móvel Central operador fixo/Móve Central MVNO O MVNO PAGA AO MNO PELO USO DA REDE O MVNO PAGA AO OPERADOR DESTINO POR TERMINAR UMA CHAMADA Chamadas recebidas Chamadas efectuadas Figura 154 Modelo de Custeio Existem dois esquemas para o calculo das contrapartidas económicas a satisfazer pelo MVNO ao operador de rede móvel hospedeiro sobre o qual fornece os seus serviços. O primeiro esquema baseia-se num desconto sobre o preço de serviços de rede finais prestados pelo operador de rede MNO(Retail Minus). O segundo, consiste em adicionar ao custo de utilização da rede uma margem comercial. Ambos os esquemas obedecem a mercados divergentes, o que permite desde já, extrapolar uma conclusão preliminar: não existe nenhum esquema que seja nitidamente melhor que outro, simplesmente, a qualidade desse esquema é estimada em função da adequação do mesmo aos objectivos previamente definidos. 367 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Retai l Mi nus Cost Plus Custo de interconexão: Custo de interconexão: Preço de Mercado Custos Não Aplicaveis Custos de Fornecer o Serviço + Margem Industrial Preferido pelos MNOs Preferido pelos MNVOs Figura 155 Esquemas de custeio Cada um dos modelos tem as suas vantagens e desvantagens, (ver Figura 145). O “Retail Minus” incentiva a uma competitividade eficiente e favorece a entrada de MVNOs competitivos, no entanto, não incentiva os MVNOs a realizar investimentos, e é difícil especificar custos não aplicáveis. Quanto ao modelo “Cost Plus”, estimula os MVNOs a alargarem a sua oferta, e incentiva a diminuição das tarifas dos MNOs, no entanto, não incentiva os MVNOs a realizarem investimentos, sendo complicado calcular o custo de fornecimento do serviço, mas o método de fixação dos custos de interligação pode ser negociado pelos intervenientes no mercado, ou simplesmente definido pela entidade reguladora. 368 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Vantagens Cost Plus • Incentiva uma competitividade eficiente • Favorece a entrada de MVNOs competitivos • Incentiva os MVNOs a alargar a sua oferta • Incentiva a diminuição das tarifas dos MNOs Des vant agens Retail Minus Estudo de Caso -MVNO • Não incentiva os MVNOs a realizar investimentos • Difícil definir “custos não aplicaveis” • Não incentiva os MVNOs a realizar investimentos • Difícil definir “custos de fornecimento do serviço” Figura 156 Vantagens e desvantagens dos dois modelos de custos 7.4.4.2 Modelo de Interconexão O MVNO substitui os elementos de rede do operador não absolutamente imprescindíveis pelos seus próprios elementos, com a finalidade de reduzir a dependência do Operador de rede Móvel na medida do possível, de acordo com determinados critérios previamente definidos. NIP 2 NIP 1 GMSC NIP 3 GMSC BSC Legenda: NIP 0 BTS BTS - Base Transceiver Stati on NIP - Netw ork Interconec. poi nt BSC- Base Station Controller GMSC- Gatew ay Mobile Services Swi tchi ng C enter Figura 157 Possíveis pontos de acesso na rede MNO Numa tentativa de minimizção da sua dependência, o MVNO pode considerar a possibilidade de se ligar ao nível da BTS (Base Transceiver Station), ou seja utilizando como ponto de acesso à rede, o ponto identificado na figura anterior como NIP 0. Esta é uma solução cara, e que requer soluções tecnológicas muito arrojadas, como por 369 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO exemplo gestão de Handover. No entanto MVNOs, que pretendam fornecer exclusivamente serviços de localização devem optar por esta solução. A interligação com a rede hospedeira pode se efectuar ao nível da BSC (Base Station Controller), no ponto identificado na figura por o NIP 1. Este tipo de solução, tipicamente pode ser implementado em zonas geográficas com grande densidade populacional. Uma terceira solução, economicamente mais vantajosa , consiste em interligar-se ao nível do GMSC. No entanto, de um ponto de vista tecnico o MVNO está muito dependente da rede do MNO. Como este tipo de operadores pode operar como operador multi-rede, é possível ter acesso por mais do que um operador, como representado na figura anterior pelo ponto NIP 3. 7.7 Serviços e classes de serviço 7.7.1 Perfis de Negócio Um dos possíveis modos de entrar no mundo da terceira geração, é utilizando o modelo do MVNO, que tem vindo a despertar alguma curiosidade pelos mais variados intervenientes no mercado das telecomunicações móveis e fora dele. Existe, uma expectativa muito elevada relativamente ao número de consórcios e empresas que desejam operar como MVNO´S. No entanto surgem várias questões: Quem quer tornarse MVNO? Porquê ? Como? E onde? Os mais variados tipos de empresas pertencentes ou não ao mercado das telecomunicações, demonstraram interesse em participar neste negócio, como se ilustra na tabela seguinte). No entanto, invocam razões diferentes para se tornarem MVNOs. Uns invocam que como são a sua experiencia na área telecomunicações (tipicamente rede fixa), e como não possuem uma licença para operar no UMTS, vêm no MVNO uma forma para o fazer. Outros dizem querem expandir o seus negócios, levando serviços móveis à sua base de clientes e capitalizando o valor da marca. 370 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Empresa País BSkyB UK Colt Telecom UK Oportunidade para utilizar a rede existente para direccionar o trafego da Internet Móvel Deutsche Telekom França, Italia Considera o MVNO como uma alternativa às licenças 3G Energis UK Complementar a oferta de serviços fixos de banda larga, com o principal objectivo de fornecer serviços direccionados a clientes de negócios France Telecom Espanha General Motors UK Hutchison UK Hutchison Alemanha Imagine Irlanda Kingston Communications UK Planeia oferecer serviços móveis para os clientes nas suas unidades fixas de telecomunicações. Parceiro: BT Cellnet Vários Um empresa baseada em MVNO está a especializar-se em revendas internacionais de minutos roaming Subcontratou um operador. Mint Telecom One.Tel Value Telecom Virgin Group Motivo para se tornar MVNO Estratégia para uma extensa multiplataforma para o fornecedor de conteúdos Parceiro: Vodafone Considera que o MVNO preenche a lacuna da não cobertura europeia por parte das licenças Expansão das oportunidades para o desenvolvimento de veiculos telemáticos e responder competitivamente à Ford que já é um fornecedor de serviços móveis Planeia operar na rede 3G na qual é o maior acionista. Parceiro: TIW 3G Considera o MVNO importante para o consórcio E-Plus UMTS Expandir as actividades de revenda. Parceiro : Eircell Extensão de actividades da revenda fixa e uma alternativa às licenças 3G. Netherlands, UK Parceiro: KPN Mobiel (Paises Baixos); UK (ainda em discussão) UK Carphone Warehouse MVNO com o objectivo de aumentar a sua cadeia de valor. Parceiror: One 2 One Explorar a marca e as oportunidades de venda para clientes dos serviços da UK, França, marca Virgin, está operacional UK, Austrália, S.E. Austrália. Parceiros: One 2 One (UK); Asia, USA Cable & Wireless Optus (Australia); Singapore Telecom (S.E. Asia) Tabela 17 Exemplos de empresas que manifestam interesse em MVNOs Fonte: Analysys, press and company reports, 2000 371 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Vários perfis de negócios de operadores virtuais de rede móvel podem ser considerados: Operadores de Telecomunicações (MVNO oferece-lhes uma possibilidade de complementar os serviços fixos sem fios (wireless). Direccionam o negócio para as operações de rede). Empresas de prestação de Serviços públicos, tipicamente operam em negócios de água, electricidade e gás (possuem uma base com muitos clientes, mas possivelmente com alguma falta de inovação no serviço. Também direccionado para as operações de rede). Fornecedores de material de TV e multimedia (forte diferenciação de serviço e possibilidades de penetração devido a serviços de entretenimento especiais. Direccionado para o serviço de aprovisionamento). Indústrias de Carros/Comida/Retalho (base com muitos clientes e nome de marca conceituado mas sem a oferta e a cobertura de serviços adicionais. Direccionado para clientes de baixo aprovisionamento). Mas as semelhanças existentes permite que se possa agrupar estes perfis em dois perfis de negócio principais, como ilustrado na figura seguinte: Operadores como MVNO e Serviços orientado a MVNO. Operadores como MVNO Serviços Orientado a MVNO Operador de Telecom Empresa de Poder Empresa c/ uma marca forte Complementar e/ou expandir serviços Base de clientes alargada, pertende diversi ficar a area de negócios Figura 158 Principais perfis de negócio 372 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO No perfil Operadores como MVNO, o MVNO é um operador de telecomunicações ou uma empresa que presta serviços de electricidade, água ou gás, não possui uma licença móvel mas é muito conhecido na sua área de negócio. O seu interesse em MVNO, nasce de uma tentativa de complementar e/ou expandir o seu mercado. Existem vários exemplos: B2- Suécia, Energis - Reino Unido, Kingston - Reino Unido, TELE OnePaíses Baixos, etc.. No perfil Serviços Orientados a MVNO, o MVNO é uma empresa que tem um nome de marca forte, muito conceituado complementado com uma base com muitos clientes, que tenciona expandir o seu negócio na área das telecomunicações móvel. Exemplos de empresas que se enquadram neste perfil são a Virgin Group que pertende tornar-se no primeiro operador global, BSkyB, Value Telecom, Ford, General Motors- Reino Unido. Como exerce um elevado «poder» sobre os clientes, é necessário estudar os efeitos provocados, como sendo um elemento chave neste perfil. Este perfil de negócios é designado por Serviço orientado MVNO. No primeiro Perfil de negócios , direccionam os seus serviços para clientes de negócios com pacotes de serviço distintos e custos diferenciados. Por outro lado, fornecedores de TV e multimedia e empresas de marca forte (Perfil de negócios 2) direcciona os seus serviços para clientes de não negócio (tipicamente residenciais) e para mercado de massa em geral, recorrendo a pacotes de entretenimento. Como são definidos modelos de procura diferentes, assim como taxas de penetração de serviço para este estudo de caso. Esta classificação de negócio conduz a pacotes de serviço específicos. As estruturas de custo serão diferentes devido ás diferentes infra-estruturas possuídas por cada um dos operadores. O operador de telecomunicações ou uma empresa de serviços públicos possivelmente possuem infra-estruturas de rede inteligente (IN) ou uma infra-estrutura existente IP e querem ampliar a sua cobertura de serviço. O fornecedor de TV ou multimedia não possui nenhuma infra-estrutura e provavelmente usam uma infra-estrutura de outro operador fixo. 373 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO No geral, os serviços oferecidos por MVNOs não diferem significativamente dos fornecidos pelos MNOs, do ponto de vista do cliente. MVNOs que têm como base uma empresa que possui uma marca conhecida e/ou prestigiada no mercado, focam a sua atenção nas relações com o cliente, possuindo excelentes canais de distribuição, obtendo um elevado potencial em determinados nichos. Os pré - pagos adaptam-se melhor ao mercado MVNO que tenha a possibilidade de utilizar canais de retalho existentes, diminuindo os custos de aprovisionamento e os custos em geral. Do ponto de vista da dimensão da rede, os serviços podem ser classificados do pondo de vista do segmento de mercado a que se destinam: segmento de mercado profissional e segmento residencial. 7.7.2 Perfil de cliente Os utilizadores residenciais (Não – profissionais) e o mercado de massa em geral, procuram comunicações de voz tradicionais e mensagens, SMS, chamadas em conferencia, informação (notícias, tempo, desporto, cotações de acções, viagens, etc.) e entretenimento (vídeo e audio streaming, jogos, etc).Os utilizadores empresariais (profissionais) requerem uma maior segurança dos serviços (garantir confidencialidade, integridade e disponibilidade de informação sensível). Outras características cruciais são «scalability» e a capacidade de evolução do serviço, assim como a flexibilidade com diferentes níveis de qualidade. Residencial – O uso de telecomunicações é essencialmente de carácter pessoal, principalmente para estar contactável, e para fins de lazer.. Os clientes do perfil Residencial pagam pela assinatura dos serviços (pós-pagos), ou optam por cartões pré-pagos. Empresarial – O uso dos serviços de telecomunicações são uma ferramenta preciosa nas suas actividades profissionais. A mobilidade e os altos requisitos de qualidade de serviço são indispensáveis para este tipo de utilizadores. Os serviços mais comuns neste perfil são: videoconferência, Fax, troca de ficheiros 374 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO (por vezes multimedia). Assumimos, no estudo que os clientes profissionais não pagam pela assinatura dos serviços, e que os contratos são do tipo pós-pago. 7.7.3 Classes de serviço Para determinar o impacto, do elevado número de serviços na dimensão da rede e do ponto de vista das revenda, são definidas classes de serviço em termos de características de homogeneidade. Os critérios utilizados são a QoS (sensibilidade a atrasos), e a largura de banda necessária. Para cada classes é assumida uma taxa bit média que corresponde à taxa média de hora de ponta (busy hour) requerida por um subscritor que usa um determinado serviço. Esta divisão permite uma simplificação ao nível do estudo económico, pois o dimensionamento é feito tendo em conta a utilização de classes de serviço, em vez de um determinado serviço em particular. Esta simplificação é perfeitamente transparente para efeitos de dimensionamento da rede, dado que, dentro de cada classe os serviços possuem requisitos semelhantes relativamente aos recursos de rede consumidos. Existem quatro classes de Qualidade de Serviço (QoS): Conversational Streaming Interactive Background O principal aspecto que distingue estas classes é a sensibilidade ao atraso, ou seja, a tolerância ao atraso cresce desde a classe conversational, cujo tráfego originado é muito sensível ao atraso, até à de background, que das quatro, é a que melhor tolera o atraso e as suas variações. As classes conversational e streaming englobam os serviços que usam fluxos de tráfego de tempo real, sendo esta a principal divisão entre os serviços que pertencem a estas duas classes (a sensibilidade ao atraso). As classes interactive e background incluem serviços típicos da Internet como www, email, FTP, etc. Nestas classes, o atraso não é um problema maior, pois o tráfego gerado 375 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO não é de tempo real. Por um lado, a classe interactive destina-se a serviços que geram tráfego interactivo, por exemplo, chats, jogos, etc., por outro lado, a classe background está vocacionada para serviços que geram tráfego não prioritário, por exemplo, downloads de correio electrónico e ficheiros. Tempo real Conversational Classes de Tráfego Características Principais Não real Streaming É necessário preservar a É necessário preservar a variação de tempo entre os variação de tempo entre os vários streams de vários streams de informação informação Bit rate constante Bit rate mínima assegurada Interactive Background Requisitos de bidireccionalidade Não existe um intervalo de tempo para que se complete a troca de informação Bite rate variável Bite rate variável São permitidos alguns erros São permitidos algum erros Preservação da informação Exemplos de Serviços Voz, videotelefonia, videoconferência Vídeo, áudio Web Browsing, e-mail Não tolera erros FTP, downloads de ficheiros Tabela 18 Categorias de Qualidade do Serviço Classes definidas pelo 3GPP [72] Por questões de simplificação, agregou-se as classes de serviço Interative e Background, considerando que as suas exigências na rede eram suficientemente semelhantes, de tal modo que esta combinação não teria impactos de maior na dimensão da rede e nas expectativas de revenda. Dentro de cada classe de serviços definida anteriormente, fez-se, para efeitos de cálculo dos recursos de rede consumidos, a divisão dos serviços segundo a largura de banda que ocupam em: Narrowband, para serviços cujos débitos são de apenas alguns kbps, de que são exemplo os serviços fornecidos pelas redes móveis GSM (chamadas de voz, SMSs, WAP). Wideband, para serviços com débitos a serem alcançados pelo UMTS, com algum grau de mobilidade (até 384 kbps), incluindo serviços como chamadas vídeo e jogos. Broadband, para serviços com débitos muito elevados, só disponíveis em zonas de cobertura WLAN (até 25 Mbps), inclui serviços de videoconferência e videoon-demand. Por último fez-se a distinção entre serviços do tipo comutação de circuitos (circuitswitched) e comutação de pacotes (packet-switched). 376 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Foram definidas onze classes de serviços geradoras do tráfego na rede em estudo. A tabela seguinte resume as características de cada uma delas. Dependendo se o operador possui apenas ligação a uma rede UMTS ou 2, uma Rede de UMTS e componente WLAN, o serviço estabelecido não é o mesmo. Realmente, os serviços “broadband” só são considerados disponíveis apenas se o operador tem o componente WLAN e por isso foi excluído deste caso de negócio. Estas classes são listadas na tabela, com exemplos dos serviços actuais, entre eles: Circuit/packet Largura de Switched Banda Circuit Circuit Qualidade de Serviço Exemplos de Serviço Narrowband Conversational Wideband Conversational Nominal Rede de data rate Suporte (kbps) Chamadas de voz 30 UMTS ChamadasVideo ,m-commerce 240 UMTS Voice sobre IP Chamadas Video, Jogos Videoconferencia 30 160 1000 UMTS UMTS WLAN Packet Packet Packet Narrowband Conversational Wideband Conversational Broadband Conversational Packet Narrowband Streaming clips audio 30 UMTS Packet Packet Packet Packet Wideband Broadband Narrowband Wideband Streaming Streaming Int_backgr Int_backgr clips video video-on-demand SMS, WAP E-mail, Internet 160 1000 3.7 34.5 UMTS WLAN UMTS UMTS Packet Broadband Int_backgr Transferência de ficheiros 19.5 WLAN Tabela 19 Classes de serviço assumidas Os padrões de utilização diferem dependendo se o cliente tem um perfil profissional ou residencial. Para dimensionar a rede e deduzir o ARPU, é necessário efectuar mais uma suposição, a média de consumo na hora de ponta por utilizador por classe de serviço, dependendo se o utilizador é considerado um profissional ou residencial 7.7.4 Tarifas e Revendas De uma forma genérica, a média de revenda por utilizador pode ser separada de acordo: Aqueles que são pagos pelos utilizadores Taxa de ligação, que é a taxa inicial paga para aderir ao serviço; 377 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Subscrição, que pode ou não incluir uma determinada quantia de tráfego (flat-rate); Taxas de utilização por-unidade (por exemplo: minuto, Mbyte, sessão, mensagem, etc); Taxas de conteúdo (em uma subscrição ou “per-transaction basis”); Aqueles pagos por uma terceira entidade Publicidade e patrocínio de serviços Comissões no fornecimento de serviços (o operador apresenta algumas facilidades, do ponto de vista dos custos do e-commerce, por exemplo). A estratégia seguida consiste na análise do ARPU do utilizador, no entanto outra estratégia podia ter sido considerada nomeadamente considerar as revendas a terceiros. O modelo de negócio implementado permite considerar as revendas a entidades terceiras. No entanto, foi considerado que: se as revendas de terceiros substituem as revendas pagas pelo subscritor, a utilização pode sofrer aumentos significativos. Este cenário pode ser considerado, com uma simples análise de sensibilidade, aos resultados obtidos. 7.7.4.1 Considerações Gerais Baseando em toda a informação disponível acerca de ARPU na Europa Ocidental foram estabelecidas as fontes de revenda de acordo com os tipos de serviço. Foram estabelecidos os seguintes os seguintes ARPU ´s para os serviços: Voz (circuit-switched) Chamadas vídeo Voz sobre IP Chamadas de vídeo, Jogos videoconferência Clips audio (streaming) Clips video (streaming) Video-on-demand (streaming) 378 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Mensagens (SMS) Correio electrónico, Internet Transferência de Ficheiros Existe uma generalizada para uma diminuição do tráfego de voz, provocando uma diminuição do ARPU de 2000 a 2005. O declínio identificado, deve-se a uma forte diminuição no preço da voz, embora o uso em si tenda a aumentar. O aparecimento de voz sobre IP a baixo custo, permite pensar que esta suplante a voz circuit-switched aproximadamente a partir do ano 2005. Por outro lado, os serviços novos associados com dados móveis e particularmente os disponibilizados pelo sistema UMTS, são esperados aumentos significativos nas revendas, devido ao crescimento exponencial da sua utilização associado às reduções moderadas do preço ao longo do tempo. Uma questão pode ser colocada: será que o aumento das revendas serão suficientes para compensar a diminuição das revendas de voz? Existe uma tendência para identificar uma elevada apetência dos utilizadores por dados, um dos factores é a elevada utilização de SMS nas redes GSM.. Na Figura e na Tabela resumem-se as suposições do conjunto de suposições efectuadas : Estimativas anuais de ARPU (Baseado na consulta de estudos) 900 700 BB Internet 600 Internet 500 SMS 400 BB streaming video streaming 300 audio streaming 200 videoconf 100 video calls & gaming CS & PS 0 20 1 8 20 0 6 20 0 4 20 0 2 voice CS+PS 20 0 0 0 20 0 Euros 800 Figura 159 Síntese das estimativas de ARPU Fonte: TONIC Del. 5 379 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Voz CS+PS 419 Chamadas video e Jogos CS & PS 396 381 362 341 317 295 278 264 253 246 241 9 26 40 53 73 90 130 127 125 2 5 7 12 19 22 30 36 videoconferência Audio streaming 12 13 21 33 60 86 108 137 144 Video streaming 4 5 7 12 24 36 60 72 84 BB streaming SMS Internet BB Internet 48 16 51 24 55 31 45 38 1 42 44 13 2 36 53 15 3 30 61 17 8 22 70 19 13 12 79 23 16 6 88 25 22 3 97 28 21 0 105 32 total 483 470 467 469 488 496 512 566 623 708 761 788 Por Mês 40 39 39 39 41 41 43 47 52 59 63 66 Tabela 20 Resumo das projecções de ARPU identificadas nos estudos FONTE : TONIC 7.7.4.2 Calculo do ARPU através da análise ao trafego È estabelecida uma aproximação para calcular o ARPU assumindo que as revendas do serviço têm de permitir que o operador pague os investimentos efectuados. Um dos métodos é adicionar a revenda de uma determinada classe de serviço com a capacidade que a rede requer. Esta aproximação é mais visível depois de iniciado o serviço. Por exemplo, o uso de serviços de «high bandwidth», como por exemplo, vídeo telefone é reflectido na capacidade da célula e nos custos da infra-estrutura. Um serviço ou uma aplicação podem, contudo ser estimados de outra forma que só com base no tráfego gerado, especialmente se este for VAS ou seja pouco competitivo. Nestes casos, pode haver servidores de aplicação específicos, que é necessário acrescentar na rede. O modelo TONIC permite estabelecer preços de acordo com o nível da classe de serviço e de acordo com a capacidade de unidade requerida por uma determinada classe de serviço. Outro ponto assumido foi que em média o nível de revenda é proporcional á capacidade fornecida.O cálculo do ARPU é efectuado como descrito a seguir. 380 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Para cada classe de serviços foi definido um tempo de utilização média diário expresso em minutos/dia e qual a percentagem desse tempo gasto na busy hour (foram usados valores de 20% e 30%, respectivamente, no segmento residencial e empresarial). O tempo de utilização médio na busy hour para cada classe de serviço é então multiplicado pela capacidade da rede que consome, estimada na Tabela 19 para essa classe. O resultado expresso em kbps é multiplicado pela percentagem de utilizadores que usam o serviço (informação retirada das curvas de penetração das diferentes classes de serviço). E este último resultado é então multiplicado pelo valor da tarifa mensal, de forma a determinar o ARPU. O procedimento está ilustrado na figura seguinte. 11Classes Segmento Empresarial 11Classes Segmento Residencial Utilização média diária (por classe) min /dia Empresarial min/dia Residencial % de Utilização na busy hour 30 % 20 % Capacidade necess * min de utilização na busy hour BH kbps para cada Tarifa mensal por kbps classe de serviço ARPU(Average Revenue Per User) Por cada classe de serviço Figura 160 Calculo do ARPU A resultante capacidade de procura na hora de ponta (Busy Hour) é então multiplicada por uma tarifa mensal por capacidade de unidade. Por exemplo, o preço inicial por capacidade de unidade (kbit/s) foi deduzido da tarifa mensal de uma média de um cliente de voz de um operador 2G. De acordo com os principais estudos utilizados, o tráfego mensal de voz CS de ARPU foi ajustado para ser aproximadamente de 25 a 30 Euros (dependendo do tipo de país) no ano 2003. 381 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO A tarifa inicial é então multiplicada pelo factor “Tariff Erosion” para obter valores anuais de tarifa para período inteiro de estudo. O resultado é a evolução da média mensal de revenda por utilizador (ARPU) para cada classe de Serviço. O ARPU anual é calculado da mesma maneira, mas multiplicado por 12. É utilizado nos cálculos económicos da ferramenta, que ainda não foram efectuados. Esta aproximação, actualmente implementada no modelo, conduz á seguinte evolução no ARPU anual. Evolução mensal do ARPU num país grande E U R O s 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 WB_int_backgr NB_int_backgr WB_stream NB_stream WB_conv_PS NB_conv_PS WB_conv_CS NB_conv_CS 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Anos Figura 161 Evolução do ARPU mensal estimado para um operador MVNO num país grande (Sem serviços banda larga) FONTE : TONIC 382 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Evolução do ARPU mensal num país pequeno 90 80 WB_int_backgr NB_int_backgr WB_stream NB_stream WB_conv_PS NB_conv_PS WB_conv_CS NB_conv_CS 70 60 Eu ro 50 s 40 30 20 10 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Anos Figura 162 Evolução do ARPU mensal estimado para um operador MVNO num país pequeno (Sem serviços banda larga) 7.7.4.3 Procura de serviços de telecomunicações A massificação do uso de serviços de telecomunicações móveis e a disseminação da Internet têm sido dois dos grandes responsáveis por introduzir alterações profundas nos hábitos e nas vivências das sociedades modernas, quer seja a nível social, com implicações no relacionamento entre as pessoas, quer seja nas novas oportunidades e modelos de negócio criados. No caso das comunicações móveis, o sucesso foi demonstrado comprovado nas redes celulares 2G, de que é exemplo o GSM. Apesar destes sistemas terem sido desenhados para o tráfego de voz, disponibilizam alguns serviços básicos de dados, como é o caso SMS - Short Messages Service. E ao contrário das projecções inicias, também estes serviços granjearam um enorme patamar de sucesso, em especial, junto das camadas etárias mais novas, com grande apetência pelo consumo de serviços de telecomunicações. Se adicionarmos às considerações anteriores, o fenómeno Internet é de prever que o futuro das comunicações passe pela associação da mobilidade aos serviços de banda larga (Internet móvel, vídeos, jogos, etc). 383 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Comparação de forecasts Penetração Strategy An. Jupiter 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Anos Figura 163 Comparação de forecasts para a total penetração de subscritores móveis para a Europa Ocidental FONTE: TONIC A figura anterior mostra que em 2003, o mercado global móvel vai estar muito próximo da saturação. Consequentemente, os serviços móveis baseada na geração tecnológica 2G vai estar essencialmente em substituição. 7.7.4.4 Modelo de Logistica Este modelo é recomendado para previsões a longo prazo e para novos serviços. Com base na informação disponível, relativamente à evolução do GSM, foram feitas projecções sobre as penetrações dos serviços móveis no mercado para os próximos anos, bem como para as quotas de mercado na terceira geração. As curvas das penetrações são determinadas com base no modelo da curva logística. O modelo é definido pela seguinte expressão[89]: Yt = M / ( 1 + exp (α + βt))γ Onde as variáveis são as seguintes: Yt : M: t : Penetração no instante de tempo t Nível de Saturação tempo As variáveis α, β, γ: são parâmetros que permitem ajustar a curva por processos iterativos. 384 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Os parâmetros α, β, γ: não podem ser estimados simultaneamente, em alternativa é utilizado o procedimento genéricamente referido como stepwise. O nível de saturação M é estimado no entanto no modelo de forecast, é utilizado como parametro fixo. Podemos ver na Figura 5 que o total previsto de penetração de subscritores móveis será aproximadamente de 80% em 2005. Baseado nesta informação, nós fizemos as suposições seguintes sobre a penetração em média de subscritores móveis na Europa Ocidental: Penetration/year Subscribers Subscriptions 2005 81 100 2010 90 120 Saturation 95 130 Tabela 21 Suposições da total penetração de subscrições e subscritores móvei A penetração em % é definida como o número de subscrições (os subscritores) dividida pelo número de habitantes multiplicado por 100. A penetração é estimada de acordo, aplicando o modelo de logística. Na figura seguinte, ilustra-se os resultados obtidos no projecto TONIC desde 1997 até 2010.. Penetração Total de Subscritores Móveis Penetração 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Anos Figura 164 penetração total estimada de subscritores móveis para a Europa Ocidental. FONTE: TONIC A penetração total de subscritores na Europa Ocidental é dividida em quatro gerações de sistemas móveis, mais propriamente 2G, 2.5G, 3G e 3.5G[89]. 385 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Mercado para os Diferentes Sistemas Móveis Penetratção 100 2G 50 3.5G 3G 2.5G 2G 0 20012002 2003 20042005 20062007 2008 2009 Anos 2.5G 3G 3.5G 2010 Figura 165: Partes de Mercado para os diferentes sistemas móveis para a Europa Ocidental Baseado nas suposições para a evolução da penetração total de subscritores combinada com as suposições que consideram cada dos sistemas móveis, calcula-se a previsão da penetração para cada uma das gerações móveis s. Estas penetrações são mostradas na figura seguinte, e foram calculadas no ambito do projecto TONIC. Subscriber penetration forecasts for different mobile systems 100 Penetration 80 2G 2.5G 3G 3.5G Sum 60 40 20 0 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Years Figura 166 Previsão de penetração de subscritores para os diferentes sistemas móveis na Europa Ocidental[89] 386 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Subscription penetration forecasts for different mobile system 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 2G 2.5G 3G 3.5G Sum 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 Figura 167 Previsão de penetração de subscrições para os diferentes sistemas móveis na Europa Ocidental Pela observação directa da figura anterior, podemos constatar que a penetração inicial total é de 70 %. A penetração total de subscrições móveis alcançará os 120% em 2010. As subscrições 2.5G alcançarão quase 40% em 2010.A penetração de subscrições 3G é quase 4% em 2003, aumentando para quase 60% em 2010. As subscrições 3.5G aumentarão de 1% em 2005 para mais de 20% em 2010. O método usado para a segmentação de mercado, consiste em dividir em dois grupos os clientes, residencial e profissional/negócios. Residencial paga a subscrição ou opta tipicamente por “pré-pagos”, o que o pode provocar um constrangimento no consumo.São clientes com grande sensibilidade ao preço pago no entanto o preço pago é mais elevado que no caso do utilizador de negócios. Foi assumido no TONIC, que os utilizadores residenciais têm as duas subscrições: pós-pagos e pré-pagos. Empresarial não paga a subscrição do serviço. A sua utilização é tipicamente associada a assuntos de trabalho. Normalmente, é uma terceira entidade que paga a conta por ele.Um outro “sub-perfil” se assim podemos designar que foi considerado no TONIC foi uma utilização direccionada para lazer (música, jogo…). Este tipo de “sub-perfil” conduz a padrões de utilização similares aos associados tradicionalmente com um cliente residencial. No TONIC foi assumido que 100% dos utilizadores empresariais têm subscrições de contrato 387 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO pós-pagos. Na realidade, em determinados países uma pequena percentagem utiliza pré-pagos. O TONIC baseou a avaliação da parte de segmento de mercado residencial na observação do mercado actual nas fórmulas pré-pagos e fez uma estimativa de subscrições residenciais baseadas no mercado. Os resultados foram: o total de mercado residencial representa : País grande: 50% pré-pagos + 25% contrato = 75% País pequeno: 15% pré-pagos+ 30% contrato = 45% Os resultados obtidos, são ilustrados na tabelas seguintes : Residential L Business L 2001 60% 40% 2002 53% 47% 2003 48% 52% 2004 45% 55% 2005 47% 53% 2006 53% 47% 2007 59% 41% 2008 64% 36% 2009 67% 33% 2010 71% 29% 2011 75% 25% Tabela 22 Evolução do segmento de mercado num país grande Residential S Business S 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 45% 46% 48% 51% 56% 59% 62% 65% 66% 66% 66% 55% 54% 52% 49% 44% 41% 38% 35% 34% 34% 34% Tabela 23 Evolução do segmento de mercado num país pequeno 7.8 arquitectura e elementos da rede O modelo dos operadores moveis virtuais, visa o estabelecimento de acordos comerciais com os operadores de rede existentes, com os quais re-arranja e re-organiza uma parte dos recursos disponibilizados pelo operador de rede, de maneira a lançar no mercado, pacotes de serviços que podem ou não diferir daqueles que o MNO (Operador de Rede Móvel) oferece, como visto anteriormente. Os MVNO’s têm potencial para redefinir a cadeia de valor do “sem fios”, abrindo novas oportunidades para novos intervenientes dentro e fora da indústria das telecomunicações móveis, de forma a alcançar uma determinada fatia do mercado de serviços “sem fios”. As exigencias tecnológicas vão impelir a um desenvolvimento acelerado da indústria do Hardware das telecomunicações. Actualmente, vários fabricantes estudam várias 388 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO soluções de rede para minimizar os impactos da interconexão, e do aumento de trafego, que será mais sentido nas “Busy Hours”. Na Figura 168, estabelece-se a forma como cada uma das classes de MVNO, se posiciona na cadeia de valor. A concepção de um MVNO, permite separa a infra-estrutura de rádio dos componentes inteligentes da rede, tipicamente as bases de dados. Existe uma tendência generalizada, para sub-estimar a infra-estrutura de rádio, e valorizar o transportação. Esta tendência é suportada pelo conceito de que a diferenciação dos serviços é é feita pelos componentes “non-radio”, tipicamente conteúdos, relacionamento com os clientes etc. Como já foi dito anteriormente, existem diferentes cenários de MVNOs, com estratégia diferentes, que resultam necessariamente com soluções tecnológicas diferentes distintas: Um pure MVNO, ou full MVNO com o seu próprio cartão SIM, código de selecção de rede e capacidades de switching também como o centro de serviço mas sem espectro. Enhanced service provider ou IA-MVNO (Acesso Indireto MVNO), possuindo cartão SIM, mas sem a sua própria core network (circuit switched e/ou packet) e tipicamente com a sua própria estrutura de IN ou “IP application servers”. Fornecedores de serviços ou Wireless ISP, não possui rede “core”, tipicamente é um portal de Internet que fornece serviços “sem fios” IP. 389 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Controlo Controlo Comercial Comercial Acesso Acesso// Transmissão Transmissão “S wwitching” “S itching” Elementos Elementos Sinalização Sinalização rel relaação çãoc/ c/ de eeBilling Clientes deRede Rede Billing Clientes Affinity Affinity Partner Partner MNOMNO-Operador Operadorde de Rede RedeMovel Movel MNOMNO-Operador Operadorde deRede RedeMovel Movel MNOMNO-Operador Operadorde deRede Rede Movel Movel MNOMNO-Operador Operador Marketing Marketing Fornecedor Fornecedorde deSer Serviços viços Enhanced EnhancedSer Service viceProvider Provider MVNO MVNO “Pure” “Pure”MVNO MVNO de deRede RedeMovel Movel Capacidade CapacidadeRequerida Requerida Telecom Telecom &&Nível Nível de de Investimentos Investimentos Alto Alto Medio/Alto Medio/Alto Medio/Baixo Medio/Baixo Baixo Baixo Diferenciar Diferenciar Serviços Serviços (Value-add) (Value-add) Alto Alto Medio/Alto Medio/Alto Medio/Baixo Medio/Baixo Baixo Baixo Figura 168 Posicionamenento na cadeia de valor das diferentes classes . Fonte: Courtesy of Mason Communications. Existem varias formas de classificar os MVNOs, no entanto cada caso é um caso, e não existe uma razão específica que possa condicionar um potencial MVNO a uma determinada solução de rede.Na tabela seguinte resume-se os principais aspectos que caracterizam cada um dos tipos de MVNO identificados. Fornecedores de Serviços (MISP) Clássicos Fornecedores de Acesso Indirecto (IA) MVNO básicos “Pure” MVNO (Avançados) Espectro de Rede de Acesso móvel Possui licença de espectro + infraestrutura de rede Cartão SIM Infraestrutura de Núcleo de rede Tarifação Marcas MNO Switch e transmissão Tarifação independente muito limitada Tarifação independente parcial Alguns utilizam 'Brandings' Independentes Alguns utilizam 'Brandings' independentes SIM-Cartão c/ Marca Controlo de SIM card Control de SIM card Varia, pode ter ou não Switch + HLR + VLR+ Transmissão Switch+HLR+VLR+ Transm. Tarifação independente parcial Tarifação independente completa Tarifação independente completa Utilizam 'Brandings' independentes Utilizam 'Brandings' independentes Utilizam 'Brandings' independentes Tabela 24 Comparação dos vários intervenientes Uma arquitectura possível é representada na.Figura 169, no entanto é possível considerar um cenário UMTS. 390 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Customer Care Billing Call Center Business Support HLR voicemail WAP Gateway Subscriber Register, VAS, Internet E MSC/VLR MNO GMSC PSTN GGSN Internet GMSC PSTN GGSN Internet G SGSN MVNO Billing Customer Care Call Center Business Support HLR voicemail WAP Gateway Subscriber Register, VAS, Internet Figura 169 Arquitectura de MVNO full (baseado na especificação R99) [89] Desta configuração, podem ser deduzidos todas as possíveis organizações PLMN. No caso de algumas funções estarem contidas no mesmo equipamento, os interfaces ficam internas ao equipamento. 7.8.1 Rede de Interligação (CN) O HSS Home Subscriber Server é uma base de dados master para um determinado utilizador. É a entidade que contém a subscrição relacionada com a informação que apoio/suporta as entidades de rede tipicamente gere as calls sessions. o HSS pode fornecer o suporte para os servidores de controle de chamada (call control servers) é um complemento para os procedimentos de routing/roaming, autenticando (authentication), a autorizando (authorisation), e endereçando, o número (NVIR). que provêm do MSC 391 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO HSS Subscription information D C MSC Server GMSC Server Location information Gr SGSN Gc Cx GGSN CSCF Figura 170 Exemplo de uma estrutura de HSS Genérica e interfaces O HLR (Home Location Register) contem uma base de dados dos subscritores da rede e toda a informação do roteamento acessível ao SGSN. O HLR irá também mapea cada subscritor para um ou mais GGSN. 392 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO CSMGW Mc GMSC server Gc HSS(HLR) H AuC Nc PSTN Nb B MSC server F VLR Gf Gs B E Gn Gr EIR D G SGSN MSC server Nc Gp GGSN C VLR Gi Go PSTN PSTN PSTN Mc Mc CN CS-MGW CS-MGW Nb A Gb IuCS IuPS IuPS IuCS RNS BSS BSC Abis BTS Iur RNC RNC Iub BTS Node B Node B cell Um Uu ME SIM-ME i/f SIM or Cu USIM MS Figura 171 Configuração Básica de um PLMN Visitor Location Register (VLR) é uma base de dados, que está associada aos comutadores da rede de interligação (3G MSC e 3G SGSN). Tem a função de armazenar informação temporáriamente de todos os clientes localizados nas células ligadas aos respectivos comutadores. Authentication Centre (AuC) é uma base de dados de acesso restrito que guarda a informação privada (confidencial). Utiliza uma codificação para efectuar o armazenamento. Cada vez que um subscritor acede à rede verifica os direitos de utilização do mesmo. 393 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Equipment Identity Register (EIR) é uma base de dados que guarda toda a informação dos IMEI de todos as estações móveis.Nessa base de dados existem 3 classses Black List, Gray List e Blank list Mobile-services Switching Centre (MSC) são responsáveis pelo encaminhamento do tráfego gerado e destinado a outras redes de acesso que suportem tráfego de comutação de circuitos . Estão fisicamente ligados às redes de acesso UMTS e GSM através dos RNCs e BSCs. Estão ligadas às bases de dados, recorrem ao AUC para efectuar a autenticação, aoVLR e HLR. Gateway MSC (GMSC) faz a interligação da rede core a outras redes externas que suportem tráfego do tipo comutação de circuitos. Fisicamente está ligado, na rede core ao 3GMSC. Interworking Function (IWF) está associado com o MSC. O IWF permite “interworking” entre um PLMN e a Rede fixa (ISDN, PSTN e PDNs). As funções do IWF dependem dos serviços e do tipo de Rede fixa. O IWF tipicamente utiliza protocolos para efectuar conversões Serving GPRS Support Node (SGSN) faz a interligação da rede core a outras redes externas que suportem tráfego de comutação de pacotes. A função de registro de localização no SGSN armazena dois tipos de dados : informação de subscrição informação de localização Gateway GPRS Support Node (GGSN) faz a interligação da rede core a outras redes externas que suportem tráfego de comutação de pacotes, por exemplo, Internet. 394 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 7.8.2 Estudo de Caso -MVNO Base Station System (BSS) Base Station Controller (BSC) Controlador de Estação Básico (BSC) é um componente de Rede no PLMN com a função de controlo de uma ou mais BTS. È responsável por várias funções operacionais.Faz a gestão de alarmes e estatísticas de desenpenho da rede. Base Transceiver Station (BTS) é uma estação base da Rede que serve uma celula. É composta por um emissor e receptor rádio, que liga as estações móveis à rede. Figura 172 Exemplo de uma BTS FONTE: Alcatel Radio Network Controller (RNC) é um elemento da Rede no PLMN com as funções de controlo de um ou mais Node B. Está fisicamente ligado a um conjunto de Node B’s com os quais forma um domínio. Está também ligado á rede core, com quem faz a interface. Tem responsabilidades ao nível do handover entre células, assim como de operação e manutenção (O&M) dos acessos rádio ao seu domínio. Os RNCs estão ligados entre si para permitirem a troca de informação entre eles, nomeadamente de handover entre domínios (hard-handover). Node B é responsável pela comunicação rádio entre a rede de acesso e os terminais móveis. Um Node B pode servir uma ou mais células, e suporta os modos de transmissão FDD e TDD. 395 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS 7.9 Estudo de Caso -MVNO Soluções Técnicas possíveis para a partilha de infra-estruturas A concepção de um MVNO, permite uma partilha da infra-estrutura da rede rádio do operador hospedeiro, permite partilhar os componentes inteligentes da rede, permite partilha das bases de dados. No entanto para este tipo de partilha de informação e infraestrutura é necessário definir os limites, assim como as soluções técnicas. O modelo dos operadores moveis virtuais, visa o estabelecimento de acordos comerciais com os operadores de rede existentes, com os quais re-arranja e re-organiza os recursos disponibilizados pelo operador de rede, de maneira a lançar no mercado, pacotes de serviços diferenciados. No entanto, o MVNO vai direccionar as suas sinergias para o relacionamento de cliente, gerindo toda a informação dísponivel. Do ponto de vista da estrutura da rede, essa informação encontra-se alojada no HLR (Home Location Register). Isto é, o HLR disponibiliza informação acerca do cliente e de suporte à rede. Os dados são permanentemente guardados, esses dados incluem informação do cliente perante a rede, incluindo informações sobre serviços suplementares. Na figura seguinte, apresenta-se um modelo de cinco níveis de partilha da infraestrutura de rede. • • • • 1 Sites 2 Antennas 3 Base Station 4 Radio Node B RNC Network • 5Cored MSC SGSN Network GMSC GGSN HLR Figura 173 Os cinco níveis da partilha de infra-estrutura FONTE: TONIC Del. 9 396 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Na Figura 173, na zona identificada como nível 1 (level 1), tipicamente sites e elementos passivos da rede é possível estabelecer um nível de partilha total de: Custos de negociação, leasing etc Engenharia Cívil Fornecimento de electricidade Ar-condicionado Protecção no acesso Num segundo nível, temos as antenas que são elementos que são de partilha obrigatória entre ambos os operadores, pois a emissão/recepção é feita pelas antenas do MNO. Na figura seguinte, ilustra-se uma das soluções possíveis de partilha de antenas. Shared Antenna “Antenna System Controller” « Shared » Feeder to RNC operator A to RNC operator B B Node Operator A B Operator Node B Figura 174 Partilha de Antenas FONTE: TONIC Del. 9 Como a frequencia utilizada na comunicação é diferente da utilizada pelo operador hospedeiro, é necessário que o NODE B faça a separação das frequencias, tipicamente usando soluções de software. A Figura 175, ilustra-se o principio aplicado na codificação/descodificação do sinal. 397 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO TRx A TRx B B Node RNC A Physical element shared between the two operators RNC B Software element specificto operator A Software element specific to operator B Figura 175 Principio aplicado na partilha do node B FONTE: TONIC Del. 9 No nível 4 existe uma partilha efectiva do NODE B e do RNC. A rede rádio é toda ela partilhada. Cada um dos operadores tem o controlo, do software rádio e pode controlar o trafego dos seus dados. A solução adoptada ao nível 5, é um solução standard implementada pelo 3GPP. Quando ambos os operadores possuem, um MSC então a diferenciação do trafego é feita através do MNC (Mobile Network Código). Tipicamente, essa diferenciação consiste em distinguir os 5 primeiros bits do MNC "Home" network, operator A "Home" network, operator B A HLR GMSC HLR GGSN GMSC MSC VLR GGSN SGSN RNC Individual network B Node B Node Individual network Figura 176 Principio da partilha da rede Core FONTE: TONIC .. 398 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS Estudo de Caso -MVNO Referências [ 1] McChesney, R.W. (2000) “The political Economy of Global Communication”, NY Monthly Review Press [ 2] James K. Shaw “Strategic Management in Telecommunications”London, Artech House 2000 [ 3] Filipa Borrego, Tese de Mestrado “Organização e estrutura das redes de comunicação :uma panorâmica geral”, Universidade de Aveiro 2002 [ 4] Ângelo F. S. 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