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SimEFG
Guilherme Bohns
João Vitor Rocha
Larissa Guevara
Marcela Barros
Conferência de Berlim:
A partilha da África
Belo Horizonte
2016
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÕES ................................................................................................ 5
1.1 Marcela .............................................................................................................. 5
1.2 João Vitor ........................................................................................................... 5
1.3 Guilherme .......................................................................................................... 6
1.4 Larissa ............................................................................................................... 7
2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
3. DINÂMICAS DO COMITÊ ..................................................................................... 10
3.1 Dos posicionamentos ....................................................................................... 10
3.2 Dos termos utilizados ....................................................................................... 10
3.3 A mesa ............................................................................................................. 11
4. CONCEITOS IMPORTANTES .............................................................................. 12
4.1 Industrialização ................................................................................................ 12
4.2 Imperialismo ..................................................................................................... 12
4.3 Neocolonialismo ............................................................................................... 13
4.4 Império colonial ................................................................................................ 13
4.5 Protecionismo .................................................................................................. 13
4.6 Livre comércio .................................................................................................. 13
4.7 A Missão Civilizadora ....................................................................................... 13
4.8 Nacionalismo.................................................................................................... 14
4.9 Fardo do homem branco .................................................................................. 15
5. CONTEXTO HISTÓRICO...................................................................................... 16
5.1 O equilíbrio europeu ......................................................................................... 16
5.2 A situação da África ......................................................................................... 17
5.3 A Conferência de Berlim .................................................................................. 18
5.3.1 Mantenedores ............................................................................................ 19
5.3.2 Consolidadores .......................................................................................... 19
5.3.3 Antigos impérios ........................................................................................ 20
5.3.4 Livre mercadistas ....................................................................................... 20
5.3.5 Sabotadores .............................................................................................. 21
6. PAÍSES PARTICIPANTES .................................................................................... 22
6.1 Estados Unidos da América ............................................................................. 22
6.2 Império Alemão ................................................................................................ 23
6.3 Império Austro-Húngaro ................................................................................... 24
6.4 Império Otomano ............................................................................................. 25
6.5 Império Russo .................................................................................................. 27
6.6 Reino da Bélgica .............................................................................................. 28
6.7 Reino da Dinamarca ........................................................................................ 30
6.8 Reino da Espanha............................................................................................ 31
6.9 Reino da Itália .................................................................................................. 32
6.10 Reino dos Países Baixos ............................................................................... 33
6.11 Reino de Portugal .......................................................................................... 34
6.12 Reino da Suécia-Noruega .............................................................................. 34
6.13 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda ......................................................... 35
6.14 República Francesa ....................................................................................... 38
7. QUESTÕES RELEVANTES .................................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 41
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1. APRESENTAÇÕES
1.1 Marcela
Caros delegados,
Meu nome é Marcela Barros Nichthauser, sou aluna do curso de relações
internacionais da PUC e iniciarei o curso de Ciências do Estado na UFMG.
Minha história com as simulações teve início no segundo ano do ensino
médio, quando participei do meu primeiro comitê, representando Marrocos na
Organização Internacional do Trabalho. Essa experiência foi a porta de entrada para
um novo mundo, do qual nunca mais saí. Minha paixão por simulações crescia a
cada dia, e os comitês, em especial os históricos, me conquistaram.
No mesmo ano participei da minha primeira MiniOnu, em um comitê de dupla.
Estava ansiosa porque não conhecia minha parceira, mas assumi o compromisso e
dei meu melhor, o que sempre busco em meus trabalhos. Deu super certo e hoje ela
é uma grande amiga. Foi nessa MiniOnu que conheci melhor o João e a Larissa.
Com o tempo, tive a honra de me tornar chefe da delegação do Colégio
Arnaldo e de representar grandes delegações nos mais diversos comitês, adquirindo
conhecimentos que pude aplicar tanto na minha formação quanto na minha vida
pessoal e que foram definidores na escolha da profissão que desejo seguir.
Juntamente com a muito querida equipe aqui presente, tive a oportunidade de
desenvolver este comitê, que foi fruto de desejos antigos de todos nós. Esse comitê
foi pensado com muito carinho para ser uma experiência especial para os senhores,
assim como alguns comitês foram para mim. Não hesitem em me procurar para
sanar qualquer dúvida.
Desejo a todos bons estudos, e boa sorte.
1.2 João Vitor
Caros Delegados,
6
Meu nome é João Vitor Rocha Miranda, e é com imenso prazer que recebo os
senhores neste comitê, na qualidade de Diretor.
Minha história com as simulações começou durante o primeiro ano do ensino
médio, quando representei Moçambique em um comitê sobre a reestruturação do
Conselho de Segurança. Eu fiquei extremamente empolgado com a experiência, e
desde então vivi em meio ao mundo das simulações. Nesse mesmo ano participei
da minha primeira MiniOnu, onde conheci a Marcela.
Hoje estou no terceiro ano do ensino médio, e juntamente com a brilhante
equipe que se apresenta aqui, pude desenvolver este projeto tão importante para
nós. O comitê foi arquitetado buscando a maior imersão histórica possível, trazendo
aos senhores delegados uma experiência única e enriquecedora. Espero que viver
essa experiência seja marcante para os senhores assim como construí-la foi para
mim. Desejo a todos uma ótima simulação.
Aos senhores entregamos a missão de tentar moldar um novo mundo à sua
imagem, e fica a pergunta: Como a história se lembrará de você?
1.3 Guilherme
Senhores delegados,
Meu nome é Guilherme Bohns e é com grande prazer que componho a mesa
deste comitê.
Minha relação com as simulações teve início na nona série, quando fui
convidado por alunos do ensino médio para um comitê que retrataria a Operação
Valquíria. Minha curiosidade e paixão por história me fizeram aceitar o convite, uma
decisão que teve grande impacto em mim.
Durante o ensino médio, tive a oportunidade de entrar para o GAD (grupo
Arnaldo de debates), decisão que me fez mergulhar de cabeça no mundo das
simulações. Fossem internas ou externas, lá estávamos nós, ao mesmo tempo nos
divertindo e aprendendo, desenvolvendo habilidades extremamente úteis ao nosso
futuro profissional. Não seria exagero dizer que essas experiências foram
definidoras na escolha do curso que planejo seguir.
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No meu último ano no colégio, fui agraciado com a oportunidade de fazer
parte da fantástica mesa diretora deste comitê. Como um aspirante ao curso de
Relações Econômicas Internacionais, minha resposta não poderia ser outra.
O comitê tem uma dinâmica instigante, que foi cuidadosamente elaborada por
nós para garantir uma fluidez ímpar para um tema de tamanha abrangência e
relevância.
Buscamos criar um ambiente desafiador aos delegados, superado
apenas pela amplitude do tema.
Sejam bem-vindos.
1.4 Larissa
Olá Senhores Delegados,
Meu nome é Larissa Guevara e junto com o Guilherme, o João Vitor e a
Marcela, terei a honra de ser uma das diretoras deste comitê histórico na edição
2016 da SimEFG. Minha história com simulações começou há dois anos dentro do
Colégio Arnaldo quando participei de um debate futurístico sobre a Reforma da ONU
em 2025, no qual representei Ruanda. Foi nesse momento que me apaixonei por
esse incrível mundo de simulações e, após me unir ao GAD (Grupo Arnaldo de
Debates) e participar de diversas simulações internas e externas em outros
Colégios, percebi a importância que esses debates possuem tanto no âmbito
acadêmico como pessoal.
Acredito que o tema que elegemos para ser debatido no comitê é uma
espécie de recordação de extrema importância no cenário internacional. As
Relações Internacionais nem sempre foram globalizadas e sua história e estudo
envolvem períodos em que a diplomacia possuía traços específicos das potências
europeias. A questão histórica do continente africano é sempre debatida por meio da
ótica pós-partilha ou pós - 2 ° Guerra Mundial, mas nosso comitê permite mudar e
experimentar novas formas de debater temas já bastante explorados. Os estigmas
que a África carrega ou o subdesenvolvimento que fomenta o continente pode ser
evitado por vocês senhores delegados. Há a oportunidade de transformar os futuros
países e as tribos do continente em potencias ou campos de batalha. Esta escolha
está em suas mãos.
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Também acredito que é necessário assumir referenciais diferentes sobre
temas passados. É necessário superar tabus em debates e crer em novas
possibilidades para poder expandir a visão sobre temas importantes.
Em 2016, no meio de uma aula qualquer do colégio, convidei o Guilherme e o
João Vitor a me acompanharem na criação de um comitê, a Marcela ofereceu um
apoio incondicional e também aderiu ao projeto. Então, com muito esforço e
dedicação de todos, criamos este comitê que é muito especial e importante para
nós. Tenho muitas expectativas neste projeto e espero que vocês senhores
delegados possam mudar os resultados negativos de cunho europeu neste
continente e projetar um futuro grandioso para a África e acima de tudo possam se
sentir
Obrigada.
tão
realizados
e
tão
felizes
como
nós.
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2. INTRODUÇÃO
Com o intuito de direcionar seus estudos, este guia foi elaborado com muito
carinho para os senhores. Ele contém uma introdução aos principais assuntos cujo
conhecimento será necessário para o comitê e possui todas as ferramentas
necessárias para que tenhamos uma grande simulação. Também encontrarão aqui a
postura que tomaremos como mesa e a que esperaremos dos delegados. O guia foi
planejado da seguinte forma:
O tópico 3 explicará o funcionamento do comitê, bem como a postura
esperada dos delegados;
O tópico 4 explanará os conceitos básicos que são necessários para o
entendimento dos demais textos;
O tópico 5 contextualizará o cenário do nosso comitê, explicando os eventos e
forças que levaram até a conferência que abordaremos;
O tópico 6 abordará o posicionamento de cada membro do comitê, suas
aspirações e justificativas;
Por fim, o tópico 7 listará alguns questionamentos úteis ao comitê, pelos os
quais cada representação deverá desenvolver seu posicionamento.
Complementarmente, certos termos úteis foram destacados em negrito,
sendo recomendado aos delegados que pesquisem a relação desses termos com o
contexto do comitê.
Pedimos especial atenção dos delegados ao tópico 3.
“Os eruditos são aqueles que leram as coisas nos livros, mas os
pensadores, os gênios, os fachos de luz e promotores da espécie humana
são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo” – Arthur
Schopenhauer.
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3. DINÂMICAS DO COMITÊ
“Creio que não se pode fazer nada de grande na vida se não se fizer
representar o personagem que existe dentro de cada um de nós” – Charles
Chaplin.
Comitês históricos distinguem-se das demais modalidades de simulação, em
especial pela abordagem única possibilitada pela imersão em um contexto histórico
distinto. Nesse cenário, uma boa compreensão desse contexto é essencial para que
a simulação tenha um andamento adequado, sendo imperativo aos delegados uma
atenção especial às implicações acarretadas por esse contexto em seu
posicionamento. A seguir, expomos algumas dessas implicações.
3.1 Dos posicionamentos
Os delegados devem se lembrar de que, durante a simulação,
assumimos papéis, que não necessariamente condizem com nossas reais
opiniões ou modos de pensar. No caso do nosso comitê, estaremos no
contexto da segunda metade do século XIX, que possui significativas
diferenças ideológicas em relação aos dias atuais.
Questões como direitos humanos, racismo, dentre outras ainda não
existem. A mentalidade da época, e por consequência dos delegados, deve ser
a mentalidade imperialista do século XIX. Os delegados não devem se sentir
desconfortáveis ou ofendidos por quaisquer uma dessas questões, sendo
importante que saibam distinguir a simulação da realidade e entender que os
posicionamentos expressos devem condizer com a realidade da época, e não
refletem a opinião pessoal da Mesa ou dos delegados.
3.2 Dos termos utilizados
Relembramos aos delegados que, por estarmos em um comitê histórico, o
futuro obviamente não existe. Logo quaisquer termos e nomenclaturas atuais não
condizem com a realidade do comitê, e devem ser evitados a todo custo.
Evidentemente os delegados podem “cunhar” algum termo, assumindo para si
a autoria. Mas pedimos moderação no uso desse artifício.
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Um exemplo claro dessa limitação é a nomeação de regiões africanas. Não
seria correto utilizar os nomes dos países atuais, já que eles são fruto de um
processo que ainda não ocorreu. Os delegados devem utilizar termos geográficos,
como “sudoeste da África”. Um mapa físico da África será disponibilizado no comitê
para auxiliar nessa questão. Paralelamente, folhas com um mapa da África impresso
serão disponibilizadas para os senhores esboçarem propostas. Caberá aos
delegados em suas propostas nomearem as colônias oficialmente.
3.3 A mesa
A Mesa diretora do comitê encarnará os modos do século XIX, conforme
explicado no item “6.1”. Durante todo comitê, estaremos disponíveis para a
resolução de qualquer dúvida, portanto, não hesite em nos procurar.
A Mesa preza muito pelo decoro e o manterá da forma que for necessária.
Delegados que cometerem algum desvio serão prontamente advertidos, e em caso
de persistência as medidas cabíveis serão tomadas.
A passagem de tempo será notificada aos delegados, e a Mesa realizará
intervenções sempre que necessário.
Maiores explicações acerca do comitê serão feitas durante a revisão de
regras.
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4. CONCEITOS IMPORTANTES
4.1 Industrialização
A industrialização é um processo histórico e social, no qual a indústria passa
a ser o setor dominante da economia de um país. Economias antes agrárias,
comerciais e artesanais tornam-se urbanas e industriais, mudando o modo de vida e
as relações sociais da sociedade.
A industrialização faz parte de um processo mais amplo de modernização, no
qual a inovação tecnológica e o desenvolvimento econômico estão intimamente
ligados. As indústrias se tornam a fonte de riqueza e desenvolvimento das nações,
que competem entre si pelo domínio desse processo, já que a expansão da
capacidade industrial se torna essencial para as nações que desejem expandir ou
consolidar seu poder.
O crescimento industrial baseia-se na obtenção de matérias primas para
alimentar parques industriais, e no posterior escoamento da produção para os
mercados globais. Nesse contexto, a natureza passa a ser vista como um recurso
produtivo, motivando políticas imperialistas que buscam adquirir colônias para
sustentar seus parques industriais em expansão.
4.2 Imperialismo
O imperialismo é uma política expansionista, que objetiva o domínio
territorial, econômico ou cultural de uma nação sobre outras. Ele surge como uma
forma de satisfazer uma série de necessidades das potências europeias do século
XIX.
Economicamente, o imperialismo manifesta-se pelo domínio territorial como
forma de obtenção de matérias primas e mercados consumidores, satisfazendo as
necessidades das indústrias metropolitanas tanto no que tange aos recursos
demandados como para a compra dos produtos finais.
Culturalmente, o imperialismo manifesta-se pela imposição cultural por parte
da nação colonizadora, que busca transmitir seus valores, tidos como superiores,
para os povos colonizados.
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4.3 Neocolonialismo
O neocolonialismo é a política de dominação e administração de colônias,
com origem nas necessidades expansionistas das potências europeias (que por sua
vez encontram sua origem nas necessidades dos Estados e dos setores industriais).
Colônias são domínios de um Império, dos quais são extraídas matérias primas
para a metrópole, que beneficia esses recursos em produtos industrializados os
quais são, em seguida, vendidos no mercado global.
4.4 Império colonial
Denomina-se império colonial, no contexto moderno, o arranjo orquestrado
entre uma metrópole industrial e suas colônias. A metrópole obtém nas colônias os
recursos naturais que necessita, transforma-os em produtos industrializados e os
comercializa nos mercados globais.
A metrópole também tende a “reproduzir” sua sociedade nas áreas coloniais,
buscando espalhar seus valores culturais aos nativos, muitas vezes forçosamente,
como forma de ampliar seu prestígio.
Isso gera grandes atritos entre a nação colonizadora e a área colonizada, que
pode oferecer resistência ao domínio estrangeiro.
4.5 Protecionismo
O protecionismo é a criação de taxas, tarifas, quotas de importação e
subsídios que visam limitar as importações para proteger as indústrias nacionais.
4.6 Livre comércio
O livre comércio é o sistema de mercado no qual mercadorias e serviços
podem ser negociados livremente entre os países, sem que nenhuma nação adote
medidas protecionistas que limitem esse comércio.
4.7 A Missão Civilizadora
“O progresso da raça humana resulta do trabalho conjunto de todos os
homens, o que deve se constituir no objetivo final de cada um. Contribuindo
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para uma empresa, nós estaremos cumprindo a vontade de Deus todo
poderoso e sua glória” – Extraído da Exposição Universal de Londres, 1851.
A missão civilizadora é uma das justificativas do imperialismo. Segundo essa
visão, o modelo de civilização europeu é o que fornece as melhores condições de
vida e os valores morais mais elevados ao homem. Logo, quem estiver apartado de
tal modelo vive em uma condição inferior e não tão privilegiada, distante da
funcionalidade oferecida pelas várias instituições e pelos costumes de origem
europeia.
Com isso, a presença europeia na África torna-se um dever moral, uma
missão dada aos povos europeus de levar a civilização e todos os seus benefícios
aos povos marginalizados do mundo, por meio da imposição cultural aos povos
colonizados. A reprodução da sociedade europeia em todos os cantos do mundo
representará um grande progresso para a humanidade como um todo, visto que os
homens passarão de uma situação inferior para uma superior.
4.8 Nacionalismo
“Uma nação que confia em seus direitos, em vez de confiar em seus
soldados, engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda.” – Rui
Barbosa.
Para
uma
compreensão
adequada
do
nacionalismo
quanto
ideologia/fenômeno, devemos analisar primeiro o significado de nação. Uma nação é
construída historicamente, sendo resultado da mescla de diversos aspectos, como
cultura comum (língua, costumes), história comum (origens, ocupação do espaço),
política (formas de organização social) e dentre outros, que juntos compõe uma
identidade comum e dão representatividade aos membros de determinado grupo.
O Nacionalismo surge no século XIX trazendo a ideia de que cada nação
deveria organizar sua vida política em um Estado, conseguindo adesão popular para
as pautas desse Estado. Assim, as aspirações políticas de um país deixam de
representar puramente os caprichos do soberano, e se tornam as aspirações de
todo um povo. As diferenças entre grupos sociais eram relegadas a um plano
secundário, à medida que a unidade nacional tornava todos iguais como cidadãos.
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Assim, o nacionalismo foi fator determinante para que as nações europeias
manifestassem seu orgulho e pretensões de grandeza, transformando costumes e
tradições locais em valores a serem difundidos pelo mundo numa “missão
civilizatória”.
4.9 Fardo do homem branco
“Tomai o fardo do Homem Branco, Enviai os teus melhores filhos – Ao exílio
entrelaçados; Para servir às faltas de teus cativos; Para esperar em duro
ofício; Gentes agitadas e selvagens – Vossos recém-conquistados,
fastientos povos, Meio demônios, meio crianças (...)” – Rudyard Kipling.
O “fardo do homem branco” é o termo utilizado para demonstrar a
superioridade dos povos brancos sobre os demais. Ele é utilizado como justificativa
do imperialismo, na medida em que ao homem branco é imposta a missão de
civilizar o mundo.
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5. CONTEXTO HISTÓRICO
5.1 O equilíbrio europeu
A ordem vigente na Europa, baseada no Congresso de Viena, demonstra
claros sinais de esgotamento. O surgimento de dois novos países, Itália e Alemanha,
alterou significativamente a balança de poder europeia, trazendo novas pretensões
geopolíticas que vão de encontro com as pretensões de nações mais antigas.
O Reino Unido, pioneiro industrial, com amplo domínio industrial e comercial,
além de pontos estratégicos pelos mares, continua a ser a grande potência mundial,
mas novos Estados, motivados pelo nacionalismo, veem na política imperialista um
meio de ampliar e consolidar seu poder. Por fim, antigos impérios buscam no
expansionismo uma forma de reconquistar sua antiga glória. Nesse cenário, um
mundo cada vez menor tem que satisfazer as crescentes e conflitantes aspirações
europeias, que vão desde a necessidade por matérias primas e mercados
consumidores até a satisfação do orgulho nacional por meio da difusão de valores.
Esses fatores fazem com que a Europa se encontre, no momento do nosso
comitê, em uma situação de grande tensão: de um lado temos o Reino Unido,
tentando manter seu posto como maior império (“mantenedor”); de outro, temos
países como o Império Alemão, que tentam consolidar seu status como potência
(“consolidadores”); há também outro grupo de países que merece destaque, o dos
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“antigos impérios”, como França, Portugal e Espanha, que veem na colonização
um meio de reconquistar antigas glórias. Por fim, temos os “livres mercadistas”,
que não possuem grandes interesses no processo colonizatório em si, mas cujas
economias têm muito a ganhar com a difusão do livre comércio pelos mercados
mundiais.
Esse clima de competição faz com que as nações europeias voltem seu olhar
para a África, que é tida como terra de grandes riquezas a serem exploradas e de
terreno fértil para a propagação da civilização, fazendo com que seu domínio possa
oferecer grandes vantagens para qualquer nação que consiga garantir suas
pretensões no continente.
5.2 A situação da África
Na segunda metade do século XVIII, grande parte da costa africana já havia
sido explorada pelas nações europeias, que estabeleceram diversos postos de
comércio e implementaram o tráfico de escravos. O vasto interior africano,
entretanto, permanecia quase desconhecido dos europeus, até que, no final do
século XVIII, exploradores e missionários se aventuraram pela região.
Essas explorações trouxeram novas informações acerca dos inexplorados
recursos da região, como minerais, metais preciosos e produtos tropicais. Esses
produtos são de grande interesse para as potências europeias, que estão em pleno
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período de revolução industrial, com fábricas que necessitam cada vez mais de
matérias primas.
A grande possibilidade de ganho econômico, em conjunto com o clima de
tensão que domina a Europa, faz com que as nações europeias iniciem uma
“corrida pela África”, tentando tirar o maior proveito possível das possibilidades
oferecidas pelo continente ao mesmo tempo em que tentam limitar o ganho das
potências adversárias na região.
5.3 A Conferência de Berlim
Buscando conciliar os interesses das potências europeias e aliviar a tensão
no continente de forma pacífica, o chanceler alemão Otto Von Bismarck convoca
representantes de diversas potências mundiais para se reunirem em Berlim. É aqui
que se inicia nosso comitê.
Os objetivos centrais da conferência e, consequentemente, do nosso comitê
podem ser resumidos nos seguintes tópicos:

Quais serão os critérios regulatórios estabelecidos para ordenar uma
colonização legítima da África?

Todos os países têm igual direito?

As atuais possessões europeias na África serão legitimadas, parcial ou
integralmente?

Com base em quais critérios?
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
Qual será o destino das áreas de fluxo comercial do continente (Bacia do
Congo, Rio Níger, Rio Congo, Lago Malawi), o livre comércio ou a posse por
potências em específico?

A proibição ao tráfico de escravos deve ser aceita em todo território africano?
Obviamente, cada país terá seu próprio posicionamento acerca dos tópicos
supracitados. Entretanto, esses posicionamentos podem ser classificados dentro de
alguns grupos principais.
5.3.1 Mantenedores
Esse grupo de interesse reflete, principalmente, o interesse do Reino Unido,
mas de forma mais abrangente pode ter seu raciocínio aplicado para qualquer nação
que já possua territórios na África.
Os mantenedores desejam conservar seu status atual, permanecendo em
destaque quando se trata de poder econômico, militar, cultural e industrial. Para
isso, buscam conservar e expandir sua influência colonial, ao mesmo tempo em que
limitam a expansão dos consolidadores e dos antigos impérios.
Buscam, portanto, estabelecer critérios que legitimem e ampliem suas
posses, sem, entretanto, fornecer muitas brechas para o crescimento colonial de
outras nações.
Não possuem grandes objeções sobre o livre comércio, desde que essa
prática os beneficie de alguma forma. O Reino Unido, em especial, vê, no fim do
tráfico de escravos, uma iniciativa própria, até mesmo um dever humanitário em
função da sua posição de potência líder, exercendo grande pressão nos demais
países para sua concretização.
5.3.2 Consolidadores
Esse grupo reúne os interesses das nações europeias que buscam consolidar
um status de potência, seja econômica, militar, industrial ou culturalmente. Aqui se
encontram países de formação recente, como o Império Alemão, a Itália e, com
pequenas ressalvas, a Bélgica.
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Buscam estabelecer critérios que possibilitem sua expansão colonial,
necessária para seu desenvolvimento. Não possuem grandes objeções ao livre
comércio ou ao fim do tráfico de escravos, vendo, em ambos, moedas de troca para
seus interesses.
Desejam refutar as alegações de Direito Histórico por parte dos antigos
impérios, já que esse critério reduziria muito suas possibilidades de ganho colonial.
5.3.3 Antigos impérios
Esse grupo reúne os países com grande histórico colonial, que por diversos
motivos
passaram
por
um
processo
de
estagnação
ou
declínio.
Mais
especificamente, França, Espanha, Portugal, Países Baixos e em menor escala, a
Dinamarca. Apesar de esses países terem certa concorrência entre si, suas bases
de argumentação são semelhantes.
Ambos se baseiam no Direito histórico, e veem na África uma chance de
reconstruir seus respectivos impérios coloniais e de recuperar o prestígio e o posto
de potência que possuíam em outras épocas. Buscam critérios de colonização que
legitimem por completo suas atuais posses na África, e que, ao mesmo tempo,
limitem a participação de novos países no continente.
Não possuem grandes objeções ao livre comércio, desde que ele traga
benefícios diretos, ao invés de fragilizar suas economias. O fim do tráfico de
escravos também não encontra grande resistência por parte dos países do grupo.
5.3.4 Livre mercadistas
Esse grupo reúne os países mais preocupados no ganho econômico direto do
que na aquisição territorial. Especificamente, Estados Unidos, Suécia-Noruega e, em
menor escala, Império Russo e Dinamarca.
Esses países buscam pressionar as demais nações para o estabelecimento
do livre comércio em todas as áreas possíveis. A título de exemplo, lutam pela livre
navegação na Bacia do Congo, como forma de garantir algum ganho no processo.
Eles buscam critérios que possibilitem uma colonização equilibrada da África, para
que nenhuma potência acabe por exercer uma influência econômica muito grande.
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Não possuem grandes objeções ao fim do tráfico de escravos.
5.3.5 Sabotadores
Tal grupo reúne os países que, apesar de rivais entre si, possuem políticas
comuns. Essas nações priorizam mais o enfraquecimento colonial dos seus rivais do
que o próprio ganho. Especificamente, o Império Austro-Húngaro, o Império
Otomano e, em menor escala, o Império Russo.
Seus critérios coloniais se baseiam na política de impor as maiores perdas ou,
ao menos, reduzir ao máximo o ganho de seus oponentes. Eles se opõem a
quaisquer medidas econômicas que os enfraqueçam ou fortaleçam seus adversários
em demasia, e o Império Otomano tem objeções ainda maiores ao livre comércio.
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6. PAÍSES PARTICIPANTES
Seguem abaixo os dossiês dos países participantes do comitê, em ordem
alfabética:
6.1 Estados Unidos da América
Desde a conquista de sua independência, os Estados Unidos da América
defendem e lutam pelo ideal de liberdade, que deve ser estendido a todos os
indivíduos e todas as nações. No entanto, seus princípios podem ficar em segundo
plano durante conflitos que envolvam o Estado americano.
Um exemplo disso é a política imperialista do país, que pode ser
primeiramente percebida na intervenção na Guerra Civil Mexicana e na consequente
anexação do Texas, justificada pela doutrina do Destino Manifesto que legitimava a
expansão americana. Outro exemplo da política imperialista americana pode ser
encontrado na submissão imposta ao Japão pela marinha estadunidense, obrigando
o país asiático a abrir seu mercado ao comércio internacional. Nesses termos, e com
as devidas ressalvas, a política americana encontra grandes convergências com o
modelo imperialista europeu.
Uma dessas convergências pode ser atestada na indústria americana, que,
após a Guerra de Secessão, passou por um vertiginoso crescimento o qual
transformou os Estados Unidos em uma grande potência. Essa indústria possui
problemas similares aos das indústrias alemãs, baseando-se na demanda de
recursos e mercados consumidores para escoar produtos. Assim, surge o interesse
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em expandir sua esfera de influência, o que entra em conflito com a hegemonia de
outros países.
Uma diferenciação importante é o conhecido isolacionismo político do
governo americano, que gerou um abismo nas relações transatlânticas com as
potências europeias. Essa posição defensiva encontra respaldo na política de não
interferência em assuntos políticos europeus, resultando em certa neutralidade
americana.
Os Estados Unidos da América não possuem grandes pretensões coloniais
no continente africano, mas desejam facilitar o livre comércio na região, o que na
visão do país beneficiaria todas as nações.
6.2 Império Alemão
Durante séculos, os povos germânicos foram governados por vários Estados,
sem um sentimento de unidade comum. Essa situação começou a mudar com o
fortalecimento de um desses Estados, a Prússia, outrora satélite da França. Com o
fim das Guerras Napoleônicas, a Prússia restaurou sua autonomia e conquistou o
posto de potência militar na Europa. Isso fez com que o país fosse um dos pioneiros
da industrialização na Europa continental, com um parque industrial que crescia de
tal modo que conseguiu fazer frente ao do Reino Unido.
Esses fatores deram à Prússia grande influência sobre os ducados e reinos
germânicos, enfraquecendo a Áustria e Dinamarca. Ambas as nações tentaram
limitar o poder prussiano, mas, após vitórias decisivas da Prússia na Guerra dos
Ducados de Elba e na Guerra Austro-Prussiana, as nações do norte da Alemanha
acabaram unidas na Confederação do Norte, sobre liderança prussa.
O último obstáculo para a criação de um Estado Alemão por parte da Prússia
era o apoio dos Reinos Germânicos do Sul, que estavam sobre influência da França.
A Guerra Franco-Prussiana resolve esse entrave, e permitiu que os reinos do sul se
unissem ao governo prusso sob a égide do Império Alemão.
24
O Império Alemão é tido como a maior potência bélica da Europa, e uma das
três maiores economias industriais. Em contrapartida, é uma das únicas potências
europeias que não possui domínios ultramarinos.
É justamente esse fator que irá delinear a posição do Império Alemão nesta
Conferência. O país argumenta que é imprescindível, para a sustentação de suas
indústrias, que demandam cada vez mais recursos, a conquista de territórios
ultramarinos. Nota-se ainda que a conquista de colônias é um símbolo de prestígio
entre as nações e o governo alemão não medirá esforços para obter tais vantagens.
6.3 Império Austro-Húngaro
O Reino da Áustria é um dos países de formação mais antiga e prestigiada da
Europa, tendo sua história entrelaçada com o Sacro Império Romano Germânico e
com a Casa de Habsburgo, detentora do trono austríaco e uma das mais influentes
Casas no mundo. Quando a Áustria era apenas um ducado, os duques austríacos
fizeram vários casamentos arranjados para obter controle e mais posses,
impulsionando o país. A expansão Otomana na Europa colaborou para esse
processo, fazendo com que vários reinos fossem unidos sob o poder da monarquia
dos Habsburgo, que empregaram várias lutas contra os Estados que não eram
católicos, resultando na expansão do Reino. Esse sucesso imperialista repercutiu
pelos principados do Sacro Império que elegeram o Rei da Áustria como Sacro
Imperador, façanha que iria se repetir até a dissolução do Império.
No campo Industrial, o Império Austro-húngaro começou seu desenvolvimento
tardiamente quando comparado a Prússia, França e o Reino Unido. Porém, a partir
25
da metade do século XIX, esse progresso se intensificou de forma surpreendente e,
em 1870, o país se tornou o território que mais cresce no quesito industrial. Em
contrapartida, o Estado ainda é um dos menos modernos entre as potências
europeias, pois possui um sistema burocrático que dificulta seu avanço.
O Império nunca possuiu grandes desejos coloniais, apesar de ter tentado
conquistar as Ilhas Nicobar, resultando em um completo fracasso, pois não houve
apoio do governo para o empreendimento. A Austría-Hungria é um dos únicos
países europeus que não possuem uma Companhia voltada para o esforço colonial.
Nesta Conferência, é esperado que o governo austro-húngaro se empenhe para
evitar que seus rivais: Rússia, Império Otomano e França adquiram mais
possessões na África e tornem-se mais fortes.
6.4 Império Otomano
O Império Otomano surge após a divisão do Sultanato de Rum, e uma rápida
expansão pela Anatólia que se encerrou com a conquista total da região. Em 29 de
maio de 1453, Constantinopla é conquistada pelo Otomanos, marcando o fim do
domino bizantino e da ascensão do Império Otomano, que torna a cidade sua
capital. A partir daí, se inicia a conquista otomana dos Bálcãs.
A eficiência do corpo burocrático do Império gerou um bom financiamento
para as guerras, transformando o império em um Califado que se estende sobre três
continentes. Entretanto, a força otomana, surgida da inovação, acabou sendo
contaminada pelo conservadorismo religioso, acarretando numa defasagem com o
passar do tempo em relação aos europeus.
A estagnação dos Otomanos se aprofundou quando a Casa de Habsburgo
criou a Santa Liga, que conseguiu derrotar o sultanato e impôs várias perdas
territoriais ao país. A partir do século XVIII, muitas áreas previamente dominadas
pelos turcos se tornaram independentes, como a Argélia e o Egito, e várias guerras
contra o Império Russo se mostraram catastróficas para a economia otomana. Os
turcos não conseguiram resolver mais seus conflitos sem a intervenção do Ocidente,
como ficou claro durante a Crise do Oriente e durante a Guerra da Crimeia (1853).
Esse cenário reduziu o prestígio do Império Otomano e demonstrou que estava fraco
26
militarmente, o que possibilitou que, em 1821, o primeiro país do Bálcãs a conseguir
sua Independência fosse à Grécia.
Ao se deparar com o forte declínio, o Império Otomano passou por várias
reformas que efetivou mudanças tais como: a garantia de direitos iguais para as
minorias, reforma do sistema bancário e a garantia de mais autonomia para as
regiões. A certa autonomia posta em vigor não foi o suficiente para suprimir as
revoltas nacionalistas dos Bálcãs. Em 1878, depois da Guerra Russo-Turca, foi
convocado o Congresso de Berlim que redistribuiu as áreas balcânicas do Estado
Turco. Nesta reunião foram reconhecidas as independências de Montenegro, da
Sérvia, da Romênia e da Bósnia.
Quando analisamos o declínio do Califado, podemos concluir que ele ocorreu
por causa do completo fracasso administrativo otomano durante o passar dos
séculos. A economia era basicamente sustentada pela agricultura, pelo comércio
com a Índia e pela expansão militar. Quando os europeus iniciaram as grandes
navegações, não precisaram mais comprar do monopólio turco e o Império que
detinha um poderio militar enfraquecido não conseguiria conquistar mais territórios.
Enquanto os Estados europeus estavam acumulando capitais com o comércio
advindo de suas colônias, que foram reinvestidos na industrialização, o Império
Otomano não usufruiu dessa espécie de benefício, o que influenciou o país a se
tornar basicamente agrário e com poucas áreas industriais.
27
O Império Otomano não possui experiências coloniais como as dos europeus,
porém a Conferência, que será realizada em Berlim, é de extrema importância para
os turcos, pois é um dos únicos países que possuem conexões diretas com a África.
O governo Otomano crê que as partes mulçumanas da África deverão ficar sob
tutela do Califado. A nação irá defender veementemente esse argumento, que já foi
utilizado antes, durante o Congresso de Berlim. A nação otomana também acredita
que um suposto livre comércio no continente africano irá mitigar ainda mais a
economia de seu Estado.
6.5 Império Russo
O Império Russo tem sua cultura influenciada em grande parte pelas
heranças do Império Bizantino, sendo que, após a queda desse em 1453, Ivan IV
recebesse o título de Czar, sendo considerado o único governante ortodoxo legítimo
da Igreja. O Czarado se expandiu com certa facilidade, derrotando tribos nômades
que por tempos saquearam várias cidades russas. As guerras contra os Reinos
europeus provaram seus altos custos para o Estado russo, especialmente nas
disputas para o mar báltico, onde tinha inimigos, como a República das Duas
Nações e a Suécia. Essas nações só seriam derrotadas após a Guerra PolacoRussa e a Grande Guerra do Norte, na qual fez a Rússia adquirir importantes
territórios, entre eles a cidade de São Petersburgo. A conquista da Sibéria foi
relativamente fácil e sem grandes resistências, o que influenciou para que em 1700
a Rússia se tornasse o maior Império do Mundo.
A política expansionista do Império foi mantida, e durante o reinado de
Catarina, os sistemas político e militar foram reformados sob o contexto do
“iluminismo russo”. Uma rivalidade crescente surgiu com os Otomanos na disputa
pelo Mar Negro, e, paralelamente, os territórios da Finlândia e da Persa foram
anexados. Apesar do rápido crescimento territorial, a Rússia vivia uma eterna crise
econômica, na qual 50% do dinheiro arrecadado pelo governo era usado para fins
militares. Esse foi um fator que, no século XVIII, fez a Rússia continuar desprovida
de recursos monetários, com uma economia agrária e um país majoritariamente
analfabeto.
28
Durante as Guerras Napoleônicas, a Rússia foi um dos principais países a
combater a França Revolucionária. Sua brilhante tática de terra arrasada fez com
que Napoleão sofresse sua primeira derrota, que foi tão impactante para as forças
francesas que delineou a eventual derrota da França. Mesmo o Império Russo ter
emergido como uma grande potência após a guerra, os danos causados pelo
confronto não foram restaurados com o passar dos anos. Enquanto a Europa
Ocidental crescia rapidamente devido a Revolução Industrial, a Rússia se tornava
cada vez mais rudimentar em comparação as potências, o que gerou mais fraquezas
dentro do império.
O século XIX foi marcado pelo imperialismo russo no continente asiático,
principalmente na região da Pérsia, da China e do Império Otomano. O mais notável
desses conflitos foi a Guerra da Criméia, motivada pelas aspirações do Czar
Alexandre II em obter o controle do Mar Egeu. Porém sua tentativa falhou após a
intervenção de outras potências europeias. Outro fator que guiou as políticas
externas russas foi o movimento do pan-eslavismo, uma dinâmica que buscava
unificar todos os povos eslavos em uma nação.
No esforço colonial da Rússia, o país se expandiu para o leste criando
cidades e postos colonizadores. Em 1732, foi clamado pelo governo russo uma parte
da América do Norte. A posse desse território seria cedido para a Companhia
Shelikhov-Golikov, uma empresa que já havia sido responsável pela colonização da
parte oriental da Sibéria e tentara colonizar outras ilhas, porém sem muito sucesso.
A área reivindicada não era rentável devido o tempo de transporte dos recursos
coloniais para a metrópole. Mediante essa perspectiva, a região foi vendida para o
governo estadunidense.
O Império Russo se faz presente nesta Conferência com o forte objetivo de
enfraquecer o controle colonial de seus rivais, entre eles a Alemanha, Áustria e o
Império Otomano. A nação tem grande disposição em firmar diversos acordos com
outras potências, desde que esses beneficiem a Rússia.
6.6 Reino da Bélgica
29
Um dos últimos países europeus a conseguir sua independência, a Bélgica foi
formada pela união das recém libertas províncias da Valônia e Flandres, durante a
Revolução Belga (que contou com o apoio de várias potências europeias).
Apesar de sua recente independência, senso de tradicionalismo e escassez
de recursos naturais e humanos, a Bélgica foi o segundo país a adentrar na
Revolução Industrial, tomando à dianteira e se consolidando como uma potência
econômica e, por consequência, um dos países mais poderosos da Europa.
Entretanto, vale ressaltar que esse admirável desenvolvimento não abrangeu o
campo militar, conforme atestado no Acordo de Londres, no qual a Bélgica efetiva
sua neutralidade perpétua em função da diminuta força militar.
Para uma boa compreensão das ambições do país, é necessário conhecer
seu passado no que tange a colonização. O país já havia desenvolvido a Companhia
de Colonização Belga que, apesar de seus esforços, não obteve êxito em suas
iniciativas de adquirir territórios ultramarinos. Este infortúnio iria ser superado com a
ascensão de Leopoldo II ao trono, que defendia a pertinente necessidade do Reino
Belga conquistar colônias em prol de sua estabilidade e da preservação do status de
potência europeia. A visão próspera de Leopoldo ll o levou a embates com o
governo belga, que por meio de seu primeiro ministro, se recusava a realizar tal
ação e reiterava: “A aquisição de colônias é uma boa maneira de gastar muito
dinheiro e receber nada em retorno”.
Em contrapartida, Leopoldo II não se abateu e mesmo sem o apoio do
governo, decidiu adquirir colônias pessoais. Sua prática teve grandes frutos, como a
fundação da Associação Africana Internacional e a construção de vários centros
colonizadores no território congolês. A influência do monarca sobre a região
aumentou de maneira tão significativa que o fez conquistar seu próprio estado
colonial,
denominado
como
Estados
Livres
do
Congo.
Esses
atos
e
condecorações ganharam grande repercussão na política internacional europeia e
influenciaram a convocação da presente reunião, em que as grandes potências irão
deliberar se essas notáveis conquistas são legitimas.
30
6.7 Reino da Dinamarca
A história colonial dinamarquesa se inicia com a criação da Companhia das
Índias Orientais Dinamarquesa, pelo Rei Cristiano IV, que fez com que o país
adquirisse postos comerciais (notavelmente o Posto Fortificado de Traquebar,
posteriormente vendido ao Raj Britânico).
Essa estrutura logística, juntamente com a neutralidade durante as Guerras
Napoleônicas, fez com que a Dinamarca passasse por um longo período de
estabilidade e prosperidade, com efervescente comércio. Esse período teve fim com
a declaração de guerra por parte do Reino Unido, que via com maus olhos a
neutralidade dinamarquesa. O país teve grandes perdas econômicas, além de
perder o controle da Noruega para o Rei da Suécia, aliado britânico. Entretanto o
país conseguiu manter suas posses na Islândia, na Groelândia, na Costa do Ouro e
nas Índias Orientais. Na segunda metade do século XIX, o país se industrializou,
entrando em um novo período de progresso econômico.
Sob a perspectiva colonial, é necessário afirmar que a Dinamarca foi um dos
primeiros países a explorar o Novo Mundo e civilizar áreas nas quais não havia o
domínio europeu. Durante o século XVII e XVIII, o Reino possuía vários entrepostos
comerciais e bases navais na África e Ásia, além de suas feitorias nas Ilhas do
Caribe (apesar de suas maiores possessões coloniais serem a Groelândia e
Islândia, mantidas pelo governo). As inúmeras guerras e disputas com o Reino
Unido fizeram com que a nação dinamarquesa cedesse suas posses ultramarinas.
31
Isso justifica o embasamento da Dinamarca, que se apresenta nesta Conferência
com o objetivo de assegurar o livre comércio na região e obter postos coloniais no
continente por meio da preservação de sua neutralidade acerca de guerras contra os
países europeus.
6.8 Reino da Espanha
O Reino da Espanha é um dos países mais tradicionais da Europa, tendo sido
formado por meio da união entre os reinos de Castela e Aragão. O Reino tornou-se
um bastião católico, realizando diversas batalhas contra os mouros até reconquistar
a península ibérica e consolidar seu poder na região. A nação espanhola possui
destaque por seu pioneirismo nas grandes navegações, que lhe rendeu o prestígio
de ser o primeiro Reino a chegar às Américas.
Esse êxito foi o alicerce para a ascensão da Espanha, que iniciou um
admirável processo colonial civilizatório no Novo Mundo. Beneficiando-se das
riquezas de suas colônias legitimamente adquiridas na região, o Estado espanhol
obteve inconcebíveis quantidades de ouro e prata e propagou a religião católica
nessas localidades. O lucro obtido por sua empreitada foi reinvestido em campanhas
militares na Europa e no continente africano, consolidando o Império Espanhol.
O declínio do Império pode ser explicado, simbolicamente, com um evento em
especial: a derrota da Invencível Armada Espanhola pela Marinha Real Inglesa, que
repercutiu com tamanha força que acabou abalando visivelmente o prestígio do
Estado espanhol. A Espanha se enfraquecia cada vez mais com uma série de
guerras, que, além de vultosos custos monetários, acarretaram em derrotas que
custaram a perda de territórios na África, os quais acabaram ficando em poder do
Império Otomano. O declínio implacável e a controversa sucessão do trono
culminaram a Guerra de Sucessão Espanhola, que causou a mudança de dinastia
no poder. As Guerras Napoleônicas aceleram ainda mais a esfacelação do império,
ao gerar um período de instabilidade que facilitou o estopim de Guerras de
Independência pela América Espanhola. No ano de 1836, a Espanha possuía
apenas o controle de Cuba e Porto Rico.
Mesmo após diversos infortúnios, o Reino da Espanha ainda possui várias
colônias e diversos postos avançados no continente africano. A nação acredita que
32
a aquisição de mais territórios é de grande importância para que se possa restaurar
a antiga força do Império. Como é um dos países que mais desbravou a África e que
estabeleceu centros de comércio em inúmeros pontos estratégicos da região, o
Reino da Espanha se apresenta nesta Conferência reivindicando seu direito
autoclamado legítimo sobre várias áreas costeiras africanas.
6.9 Reino da Itália
Desde a queda do Império Romano Ocidental, a Itália foi governada por
vários Estados europeus, dentre eles a França, a Espanha e a Áustria. Essa
realidade começou a mudar em 1848 durante as Revoluções Liberais, nas quais foi
propagado o nacionalismo na península Italiana. O Movimento Jovem Itália
impulsionou os reis italianos a combaterem os austríacos que possuíam territórios
da península itálica, porém a guerra gerada foi perdida e ainda ocasionou o
crescimento de partidos conservadores nos Reinos Italianos que acabaram
restaurando monarquias absolutistas, sendo o Reino de Sardenha uma exceção.
Em 1849, Vitor Emanuel II ascende ao trono de Sardenha, modernizando a
infraestrutura de seu país e buscando apoio para o movimento nacionalista italiano.
Com o Reino de Sardenha se unindo ao de Piemonte, inicia-se o período das
guerras de unificação italiana, que, após a obtenção de suporte francês, resultou na
vitória sobre os austríacos. Em 10 de novembro de 1859, foi firmado o Tratado de
Zurique, que encerrava o conflito, e cedia territórios para a França.
Essas guerras geraram grande apoio para a unificação, dessa maneira muitos
pequenos Estados italianos se aglutinaram em um Reino. Durante a Guerra AustroPrússiana, o Reino de Sardinha-Piemonte se aliou a Prússia, que apesar das
derrotas, tinha um forte e organizado exército que conseguiu alcançar a vitória e fez
com que o território de Veneza seja libertado.
Em abril de 1860, uma revolta camponesa no Reino das Duas Sicílias faz
Giuseppe
Garibaldi
impulsionar
seu
movimento
de
unificação,
tendo
os
revolucionários ficado conhecidos como Camisas Vermelhas. A Revolução
conseguiu dominar o Reino e, Garibaldi, apesar de ser republicano, entregou as
Sicílias para Vitor Emanuel II que declarou o Reino da Itália. A capital do Estado se
tornaria Roma após a Guerra Franco-Prussiana, já que o governo francês apoiava
33
os Estados Papais e os protegeriam a todo custo, porém a guerra contra a Prússia
resultaria no enfraquecimento da França que não conseguiria impedir a anexação de
Roma.
Na questão econômica e social, a unificação não mudou muito a estrutura
italiana, pois a falta de união entre as culturas ali presentes geraram conflitos
internos entre os povos que por muitos anos foram inimigos. Essas divergências
eram tão intensas que Massimo D'Azeglio iria afirmar ''Fizemos a Itália, agora temos
que fazer os italianos''. O país continuava majoritariamente agrário, tendo grandes
disparidades, nas quais o norte possui quase toda renda industrial do país.
Sendo um Estado recente, a Itália não possui um passado colonialista, porém
é um país que quer se tornar uma potência e, para conquistar esse status, não
medirá esforços em adquirir colônias no continente africano. No entanto, é
necessário explanar que todas as ações da nação italiana durante a Conferência de
Berlim serão guiadas por sua hostilidade em relação à Áustria e a França. É
importante destacar que o Reino da Itália é um explicito aliado do Império Alemão, já
que sua unificação foi amplamente apoiada pela Prússia.
6.10 Reino dos Países Baixos
O histórico colonial dos Países Baixos tem sua origem no Século de Ouro dos
Países Baixos, durante o qual foi fundada a Companhia Neerlandesa das Índias
Orientais, a primeira empreitada com o explícito propósito de explorar territórios
ultramarinos. O país viveu um grande período de estabilidade, que se encerrou de
maneira precoce com a eclosão da Guerra dos Trinta Anos.
O conflito fez com que inúmeros comerciantes e artesãos fugissem para
nações rivais, e ocasionou um período de grande fragilidade econômica. Essa
fragilidade fez com que o país tivesse um desenvolvimento industrial aquém dos
demais países europeus.
Esses fatores, juntamente com as grandes perdas coloniais no sul da África e
na América do sul fazem com que o Reino dos Países Baixos veja na África uma
chance de reconquistar seu posto de potência colonial e seu destaque mundial,
abalados pelo passado conturbado do país.
34
6.11 Reino de Portugal
Portugal foi, durante muitos anos, a maior potência colonizadora da Europa,
tornando-se o centro de um grande império. A nação entrou em declínio com a
queda no comércio de especiarias, seguida pela perda do Brasil, sua colônia mais
rentável. Essa situação levou o reino a uma grande recessão econômica, fazendo
com que, em pleno século XIX, o país não possuísse os recursos necessários para a
promoção da industrialização nacional. Dessa forma, o país se viu dependente do
comércio
com
outras
nações
europeias,
em
especial
o
Reino
Unido,
coincidentemente, antigo aliado Português.
Apesar da fraca economia, Portugal possui grandes expectativas com a
Conferência. A nação busca defender seus interesses na África, que estão sendo
ameaçados pela crescente influência das potências europeias na região. Para tal,
criou, em 1876, a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da
África, com o objetivo de ampliar os esforços de colonização no continente, o que
resultou na proposta do Mapa Cor de Rosa.
As reivindicações portuguesas se baseiam no argumento do Direito
Histórico, tendo o apoio do Reino Unido (aliança Luso-Britânica) e oposição por
parte de outras potências.
6.12 Reino da Suécia-Noruega
35
Durante a União de Kalmar, o Reino da Suécia e o Reino da Noruega foram
subjugados pela rainha dinamarquesa. A Suécia, não aceitando a forçosa União,
travou inúmeras guerras em prol de sua libertação e conseguiu a independência no
inicio do século XVI. O Reino da Noruega, no entanto, permaneceu na União até
1814, quando foi cedido à Suécia em troca de seu auxílio nas Guerras
Napoleônicas.
O Reino Unido da Suécia e Noruega enfrenta muitos problemas internos,
devido sua dupla Constituição e suas diferenças econômicas e militares. A
industrialização desses países ocorreu na metade do século XIX e com ela surgiu
uma forte oposição liberal que buscava a abolição do monopólio do comércio e
reformas no sistema burocrático.
Na questão colonial, o Reino nunca foi uma potência, apesar de ter possuído
pequenas faixas coloniais, que acabaram perdidas em guerras ou vendidas. As
populações suecas e norueguesas pressionam o Estado para que durante a reunião
em Berlim se busque evitar conflitos e sejam promovidos tratados de livre comércio
com outras nações, visando impulsionar sua economia.
6.13 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Durante muitos anos o Reino Unido foi considerado uma potência secundária,
em especial quando comparado a Portugal e Espanha, grandes potências com
vastos impérios coloniais. Essa realidade começou a mudar após a Revolução
Gloriosa, que resultou na união política dos Reinos da Escócia e Inglaterra, e com a
seguinte Revolução Industrial da qual o país foi pioneiro. Seguindo a economia
liberal idealizada por Adam Smith, o Reino acumulou recursos e capital de uma
maneira que o possibilitou ser o primeiro país a passar pela Revolução Industrial.
Esse pioneirismo iria lhe render uma grande recompensa no futuro, que lhe
guardava o título de maior potência industrial do mundo.
O Reino da Grã-Bretanha, diferentemente de outros Impérios coloniais em
exercício, focou em uma espécie de organização política, na qual se ocupava do
espaço colonial e cedia liberdade para que os colonos se organizassem. Esse
método se mostrou menos lucrativo, porém ao contrário das áreas em que a
Espanha e Portugal colonizaram, a América do Norte era uma região mais disputada
36
entre as potências europeias e esse empregado método assegurava uma maior
expansão. A Guerra de Sucessão Espanhola foi muito importante para que o Estado
britânico se tornasse uma potência. Nesse conflito o Reino da França e da Espanha
foram derrotados e os britânicos anexaram Gibraltar e vários outros territórios
coloniais.
A Guerra dos Sete Anos foi o primeiro conflito em escala global que teve o
Império Britânico como vencedor. Em 1763, foi assinado o Tratado de Paris, que
favorecia o Reino Unido, pois o documento cedia todo território colonial francês
localizado na América do Norte e limitava a influência francesa na Índia. Essa
batalha transformou a Grã-Bretanha na maior potência colonial. Em contrapartida,
também gerou um grande déficit nas contas do poder executivo que tentaria resolver
o problema aumentando os impostos coloniais nas Trezes Colônias Essa região,
não aceitando a resolução proposta e imposta pelo governo inglês, partiu para um
processo de Independência, que contou com amplo apoio do governo francês e foi
bem sucedido. Essa derrota catastrófica foi um duro golpe contra o prestígio inglês
que perdia sua maior colônia e ainda detinha dívidas geradas pelas guerras.
Após a perda de sua colônia mais populosa, os britânicos se voltam para a
colonização da Ásia e Oceania. Durante o primeiro século em que a Companhia das
Índias Orientais atuou no território indiano, seu o principal objetivo era o comércio.
Essa situação mudou depois da constatação do fracasso das Companhias de
comércio francesas e seu processo colonizador, e do declínio do Império Mogol.
Esse novo cenário fez os ingleses promoverem varias expedições de
conquista no território indiano, de forma extremamente bem sucedida.
Durante as Guerras Napoleônicas, a economia inglesa foi duramente afetada
pelo Bloqueio Continental, proposto por Napoleão, que visava mitigar o comércio.
Entretanto, essa ação não foi suficiente para derrotar o Império mais bem
organizado do mundo. Com a vitória na guerra, as cidades do Reino Unido
começaram a crescer de maneira inacreditável, fazendo com que Londres, no século
XIX, se tornasse a cidade mais populosa do mundo. Esse período é comumente
chamado de Pax Britannica, graças ao fato do Império não se envolver em grandes
conflitos e de ser a maior potência militar do mundo. A influência britânica cresceu
37
de maneira exponencial, especialmente na região denominada America Latina e no
continente asiático.
O Império participou de conflitos distantes das ilhas britânicas, como a
intervenção na Crise do Oriente, a Guerra da Crimeia e durante a Conquista da
parte sul da África. A rivalidade com Rússia, que havia se aproveitado do “vácuo de
poder” no Oriente para se expandir, gerou o chamado ''Grande Jogo'', no qual houve
uma grande disputa entre as duas potências na conquista da Ásia.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda reafirmava, por meio de diversas
ações e empreitadas, o seu posto de maior potência mundial. Esse poder advindo
de suas colônias em todo o mundo sustenta seu potencial econômico-industrial, que
é o alicerce para o Império se perpetuar. Apesar de já possuir grande parte do
mundo, os britânicos ainda pensam na colonização do continente africano. Essa
crença pode ser vista por meio do aumento de influência no Egito, que mesmo não
sendo formalmente um protetorado inglês, funciona como tal.
Durante esta Conferência sediada em Berlim, o governo britânico tentará
impor o plano político denominado “De Cabo a Cairo”, essa ideia é uma tentativa
ousada de unir suas colônias do sul com as do norte. Com um grande potencial
industrial e uma poderosa marinha para confirmar todos os seus futuros argumentos
que serão apresentados nesta reunião, é esperado que haja um domínio
homogêneo por parte do Império britânico.
38
6.14 República Francesa
A França possui um glorioso passado, tendo exercido influência sobre
diversos países e adquirindo importância global em especial pela influência da
Revolução Francesa. Apesar do notório passado, a França passou por uma série de
instabilidades internas, devidas em parte pelas diversas e intensas disputas entre
monarquistas e republicanos pelo poder administrativo.
Um período maior de estabilidade teve início com a proclamação da Terceira
República Francesa, herdeira do histórico passado de sucessos coloniais franceses.
Apesar de diversos fatores terem abalado o poderio do império colonial do país, a
nação atualmente se foca na colonização da África e da Ásia, já possuindo certas
conquistas nas regiões, como a Argélia (sob administração francesa desde 1830) e
o Senegal, que de mero ponto comercial, se expandiu até se tornar um importante
território ultramarino, de posse tão respeitável que recebeu a alcunha de O Modelo
Colonião.
Nesse contexto, a República Francesa considera que a África é uma região
de grande interesse, e devido ao seu legado colonizador e condição de potência
39
europeia, argumenta que é detentora de um direito de clamar e conquistar grandes
extensões territoriais no continente.
40
7. QUESTÕES RELEVANTES
Os delegados devem se fazer uma série de perguntas para o comitê, a partir
das quais poderão desenvolver a estratégia argumentativa utilizada para defender
os interesses do seu país e elaborar propostas. Separamos algumas dessas
perguntas para orientar os senhores:

Quais sistemas de partilha e comércio refletem melhor os interesses do meu
país? Como posso conseguir a implementação desses sistemas?

Quais países serão possíveis aliados e quais serão possíveis rivais?

Todos os países têm iguais condições de fazer valer suas reivindicações?
Como explorar fraquezas e unir forças?

O que minha nação espera com a Conferência? Até onde é possível
satisfazer esses desejos?

Quais áreas da África são de maior interesse para o meu país?

Existem estratégias que podem ser adotadas unilateralmente para melhorar a
situação do meu país?

Existem meios além dos diplomáticos para fazer valer minhas reivindicações?
Esperamos
que
os
senhores
saibam
desenvolver
bem
esses
questionamentos, e encontrem táticas úteis para a defesa de seus interesses. Assim
teremos um comitê extremamente proveitoso.
41
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