Cartilha da Juçara
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Cartilha da Juçara
Cartilha da Juçara Euterpe edulis Informações sobre Boas Práticas e Manejo apresentando Jacu Reju Os jacus são aves de grande porte, que podem atingir 85 cm de comprimento e que habitam áreas da América Central e América do Sul, especialmente no bioma Mata Atlântica. São responsáveis pela dispersão de sementes de diversas espécies de vegetais, entre os quais a Palmeira Juçara. Os jacus engolem o fruto inteiro, evacuando posteriormente somente a semente "processada" - fato este que aumenta em muito o potencial de germinação da planta. Expediente: Cartilha da Juçara (Euterpe edulis) Informações sobre boas práticas e manejo Subprograma Projetos Demonstrativos do Ministério do Meio Ambiente PDA/MMA - CHAMADA 11 COMPONENTE AÇÕES DE CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA “Produtos da Sociobiodiversidade na Mata Atlântica” - Tema estratégico I Diretrizes de manejo sustentável, sistematização e priorização de arranjos produtivos do fruto da juçara (Euterpe edulis) Projeto 539-MA Palmeira Juçara e Comunidades: manejo sustentável e promoção da cadeia de valor dos frutos Coordenação Geral: Ação Nascente Maquiné (ANAMA) Realização: Rede Juçara – www.redejucara.org.br Equipe Técnica: Letícia Casarotto Troian – Coordenadora Geral/Bióloga (ANAMA) Luciano Maciel Corbellini – Coordenador Técnico/Biólogo e Agricultor (Ass. IÇARA) Hamilton Bacit Bufalo – Coordenador Financeiro/Técnico (IPEMA) Cartilha produzida pelo Coletivo Catarse (www.coletivocatarse.com.br) Diagramação e Edição de Conteúdo: Gustavo Türck Desenhos: Rafael Corrêa Fotos: Gustavo Türck - capa, pg02, pg 06, pg 07, pg 08, pg 10, pg 11 (1ª sequência), pg 12 (feira), pg 13, pg 14, pg 15, pg 16, pg 18, pg 19, pg 20, pg 21, pg 22, pg 23, pg 24, pg 25, pg 27, pg 28, pg 36. Jefferson Pinheiro - pg 02, pg 21 (polpa), pg 26, pg 30, pg 31, pg 32. Têmis Nicolaidis - pg 11 (2ª sequência), pg 12. Documento Base Diretrizes Técnicas para Boas Práticas de Manejo da Palmeira Juçara (Euterpe edulis Mart.) Elaboração e Coordenação Geral Letícia Casarotto Troian Luciano Maciel Corbellini Grupo de Trabalho Adriana Dias Trevisan – pesquisadora UFSC Cristiano Motter – técnico Centro Ecológico Francisco Paulo Chainhson – pesquisador IAPAR/PR Letícia Casarotto Troian – bióloga ANAMA Luciano Maciel Corbellini – agricultor e biólogo Ass. Içara Rodrigo Favreto - pesquisador FEPAGRO/RS Saulo E. F. Souza – pesquisador ESALQ/USP Participantes Oficina de Construção Participativa de Diretrizes de Manejo Sustentável da Palmeira Juçara Adenilson G. Batista – Produtor Cooperafloresta/SP Adriana C. D. Trevisan – UFSC Amilton F. Munari – Produtor Associação Içara/RS André Geaquinto Ferri – APTA/ES Andrey Pabst – Produtor ALICON/SC Antonio Carlos Queiros Cabral – Produtor/SC Arthur Chiacchio Ptruccelli – Produtor Ecovila Serra Velha/MG Benício de Souza – Produtor/SC Conceição G. Alves – Produtora AGUA/SP Daniel Alves – Produtor Comunidade Vargem Grande/SP Danilo Rocha – Instituto Estadual de Florestas/MG Eleotério Valdrich – Produtor/SC Elesiário Petri – Produtor/SC Fábio José dos Reis Oliveira – IPEMA/SP Fábio M. Zambonim – EPAGRI/SC Flávia Cabral Pereira – MMA/DF Flávio Valente – INEA/RJ Francisca A. Freires da Silva – Produtora Vargem Grande/SP Francisco Paulo Chaimsohn – IAPAR/PR Gentil José Paulo da Silva – Produtor Associação Papamel/RS George Braile – Produtor Projeto AMAVEL/RJ Gilberto Ohta – AGUA/SP Gustavo Martins – ANAMA/RS Gustavo Maurer Gomes Türck – Coletivo Catarse/RS Hamilton Bufalo – IPEMA/SP Jorge E. Steffen – Produtor Grupo Ecológico Rio Bonito/RS Leonardo Marques Urruth – SEMA/RS Letícia Troian – ANAMA/RS Luciano Maciel Corbellini – Associação Içara/RS Luiz Paulo Gnatta Salmon – AOPA/PR Maria Elena de Oliveira Gomes – Centro Ecológico/RS Mário de Castro Abreu – Engenheiros sem Fronteiras/MG Roberto Domingos Ronqueti – Produtor Vero Sapore/ES Rodrigo Cambará Printes – UERGS/RS Romão Mateus – Produtor Sertão Ubatumirim/SP Saulo E. X. Franco de Souza – ESALQ/USP Simoni Pietralonga Caprini – Produtora Vero Sapore/ES Têmis Nicolaidis – Coletivo Catarse/RS Terêncio J. Witt – Produtor Comunidade Arroio do Padre/RS Vandir R. Silva – Produtor Quilombo de Ivapurunduva/SP Moderadores da Oficina Rodrigo Cambará Printes – Laboratório de Gestão Ambiental e Negociação de Conflitos – UERGS Aline Scheid Stoffel – Laboratório de Gestão Ambiental e Negociação de Conflitos – UERGS Colaboradores Fabio Zambonim – Pesquisador EPAGRI/SC Gustavo Martins – Agrônomo ANAMA Mapa da Rede Juçara # Organizações articuladoras Unidade de Conservação Federal Domínio da Mata Atlântica (Lei nº 11.428) Unidade de Conservação Municipal Limite Estadual Unidade de Conservação Estadual Remanescente da Mata Atlântica Mosaico de Unidades de Conservação 0 50 100 Km Projeção Sinusoidal Meridiano Central 54° W.Gr. Fonte dos dados: Org. Articuladoras, Áreas Piloto e de Repovoamento: Rede Juçara 2010; Territórios Quilombolas: ISA, 2011; Ucs e Remanesc. da Mata Atlântica: ISA e MMA, 2011; Limite Municipal, 1:500.000, IBGE 1997; Hidrografia e Localidades, 1:1.000.000, IBGE, 2010 . Instituto Socioambiental, julho de 2011 Sumário: Ficha Técnica pg 7 Relações com Ambiente e Sociedade pg 9 Cadeia de Valor pg 10 A polpa de Juçara pg 11 ...Informação nutricional pg 14 ...Técnicas de colheita pg 17 ...Despolpa pg 18 ...Seleção dos frutos pg 20 Os Sistemas Agro-Florestais e o Uso Múltiplo pg 22 O Ciclo Lógico da Juçara pg 29 Marco Regulatório Federal pg 30 Parceiros da Rede Juçara pg 33 Ficha Técnica: Nome científico: Euterpe edulis Mart. Família: Arecaceae Subtribo: Euterpeinae Nomes Populares: juçara, jiçara, içara, ripa, ripeira, palmiteiro, palmito-doce, sarova, ensarova. Forma: palmeira de estipe único, 5 a 20 metros de altura, 5 a 15 cm de diâmetro. Área de ocorrência: Bioma Mata Atlântica de Pernambuco até Rio Grande do Sul pela costa e em “áreas descontínuas” ou “encraves” onde predominam condições de alta umidade pelo interior do Brasil, também nordeste da Argentina e sudeste do Paraguai. Floração: Variável conforme altitude e longitude, de acordo com as condições locais. Frutificação: Variável conforme altitude e longitude, de acordo com as condições locais, levando de 5 a 9 meses para seu desenvolvimento completo da floração à maturação. Relação Sementes/Kg de fruto: Cerca de 800 sementes/kg de fruto. Tipo de semente: Recalcitrante, não tolera seca. Germinação: três meses, variando conforme temperatura e umidade. Usos: Polpa dos frutos e palmito a partir do meristema para alimentação; estipe para produção de ripas e caibros principalmente na construção de telhados e móveis artesanais, floração melífera; folhas e ráquilas para confecção de produtos artesanais. Principais tratos culturais: Crescimento inicial na sombra, sombra demais causa estiolamento, retardando a produção de frutos e causando a diminuição da produtividade. Estrato: sub-dossel, sub-bosque, clareiras e bordas de floresta. Crescimento: de 5 a 15 anos para atingir idade reprodutiva (da semente até primeira floração), dependendo das condições de temperatura, umidade e sombreamento. Tipo de ambiente preferencial: Quanto maior a umidade, menor restrição quanto a topografia, solo e luminosidade. *conteúdo extraído da cartilha da ANAMA: Cultivo e manejo da Palmeira Juçara no Rio Grande do Sul. Maquiné, RS: Fepagro; Anama; PGDR; PMM, 2005. Relações com Ambiente e Sociedade: Identificando as funções da Juçara e seus produtos Sustentabilidade Ambiental Sustentabilidade Social - recuperação e conservação da Mata Atlântica - inclusão, protagonismo, - alimentação da fauna silvestre, geração de renda, entre outros atração para polinização e produção de mel - sistemas agroflorestais (SAFs) - produtos agroecológicos Valor Espiritual e Cultural - componente para recuperação de nascentes, mananciais e outras áreas de preservação permanente (APPs) - componente para implantação de reservas legais Paisagem, Identidade Socioambiental Cultivo/ Colheita Caule (estipe) madeira, ripa, caibro artesanato, construção, móveis, calhas, telhados e coberturas Frutos polpa Sementes Fibra, Folhas e Cachos óleo in natura (suco e polpa) biojóias polpa congelada plantio direto fabricação de vassouras e coberturas, artesanato (papel, cesto, abajur, luminária, jogo americano e apoio de mesa) Flor mel pólen mudas meristema palmito (matéria-prima para indústria) outros usos pigmento produtos medicinais e cosméticos paisagismo plantio e repovoamento da espécie culinária Diagrama resultado do Workshop Cadeia de Valor e Imagem dos Produtos da Palmeira Juçara Elaboração de Lia Krucken (GIZ) Cadeia de Valor: Produtos principais, derivados e subprodutos Operação cultivo/coleta valor agregado ao produto Matéria-prima: cacho de frutos seleção/limpeza Resíduos Produto intermediário 1: frutos selecionados Sementes lavagem/sanitização Produto intermediário 2: frutos prontos para despolpar Mudas despolpa/ remoção de resíduos Pigmento Produto: polpa pasteurização/ embalagem/resfriamento/ transporte/venda Uso Medicinal polpa congelada suco e polpa in natura Matéria-prima para outros produtos (geléia, doce em conserva, bolos e pães, sorvete, iogurte, óleo, mousse, licor, vinho, molhos e condimentos, macarrão, etc.) Diagrama resultado do Workshop Cadeia de Valor e Imagem dos Produtos da Palmeira Juçara Elaboração de Lia Krucken (GIZ) A polpa de Juçara: A utilização dos frutos da Palmeira Juçara para produção de polpa – o que muitos acabam chamando de açaí de juçara – é um fato ainda recente, se comparada à utilização do palmito, cuja extração ocorre desde meados de 1940 e que sua exploração econômica ameaça de extinção a palmeira pelo descontrole existente neste tipo de consumo. Isso tem sido constatado em muitas experiências já desenvolvidas. O produto da Juçara é muito semelhante ao do açaí da Amazônia, já popularizado no Brasil e no exterior desde a década de 1980, o que já representa um caminho já traçado para este tipo de alimento. Corte convencional do palmito: árvore morre Colheita anual de frutos: árvore não morre Palmito: 1 árvore = 400g R$ 2,00/árvore ou R$ 5,00/vidro de palmito Frutos: 1 árvore = 4 kg frutos R$ 0,50/kg = R$ 2,00/árvore em frutos ou R$ 15,00/árvore em polpa Período: 1 vez a cada 10 anos por árvore Período: anual Média de R$ 0,50/árvore/ano Média de R$ 15,00/árvore/ano *informações retiradas da Cartilha Cultivo e Manejo da Palmeira Juçara (ANAMA/FEPAGRO/PGDR-UFRGS/Prefeitura de Maquiné-RS, 2005) A utilização dos frutos, portanto, abre várias possibilidades para os produtores trabalharem a sua sustentabilidade. Em 2009, passou nova regra que entrou em vigor na Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), exigindo que pelo menos 30% da alimentação nas escolas públicas seja comprada de agricultores familiares – exatamente aqueles que compreendem as comunidades que hoje produzem a polpa de Juçara. Essa situação tem permitido que em várias áreas de estados brasileiros dentro do domínio da Mata Atlântica a polpa de Juçara faça parte da alimentação das crianças em idade escolar e que gere sustentabilidade às famílias produtoras. Abaixo, seguem dados de vendas de polpa para merenda da rede de ensino em duas das áreas de desenvolvimento da produção de polpa. As realidades são distintas em números totais, mas se assemelham no crescimento e consolidação do consumo e demonstram o resultado prático da política de compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Litoral Norte do RS Litoral Norte de SP (Três Cachoeiras, Torres, Mampituba e (Ubatuba) Dom Pedro de Alcântara) 2010 - 50 kg 2011 - 600 kg 2011 - 200 kg 2012 - 650 kg 2012 - 1.000 kg 2013 - 400 kg (até setembro) 2013 - pedido de 5.000 kg, mas houve *fonte: Econativa/Centro Ecológico quebra de safra 2014 - previsão de 5.000 kg *fonte: IPEMA Informação nutricional Juçara Para cada 100 ml Açaí VD* VD* Valores energéticos 63,8 Kcal 3,44 51,4 Kcal 2,55 Carboidratos totais 5,7 g 1,9 4,3 g 1,4 Proteínas 0,67 g 0,9 0,77 g 1,03 Lipídeos (Gorduras totais) 3,5 g 6,4 1,3 g 0,24 Gorduras saturadas og Gorduras trans 0g Fibra alimentar 3,23 g Antocianinas 61,85 mg 17,50 mg Fósforo 12,85 mg 42,82 mg Potássio 101,07 mg 77,08 mg Cálcio 33,96 mg 28,26 mg Magnésio 9,42 mg 10,27 mg Enxofre 11,14 mg 11,14 mg Ferro 0,59 mg 0,39 mg Manganês 0,31 mg 0,92 mg Cobre 0,12 mg 0,25 mg Zinco 0,23 mg 0,21 mg Sódio 3,51 mg 2,44 mg Boro 0,08 mg 0,02 mg Cobalto 1,525 mg 0,007 mg og 0g 12,9 2,2 g 0,88 * Valores Diários de Referência com base em uma dieta de 2000 Kcal ou 8400 Kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendos de suas necessidades. Mas como se chega até a polpa? Existem uma série de fatores a serem observados para se fazer uma polpa de qualidade, e o primeiro é escolher bons cachos para a colheita. E onde tem árvore para isso? na mata em juçarais plantados em quintais em sistemas agroflorestais, em meio a pomares e bananais Depois é subir na árvore para pegar o cacho inteirinho. Técnicas de colheita: Técnica Nº de pessoas Vantagens Desvantagens Escalada com uso de Pecunha ou Manilha (requer uma faca ou serrinha) Uma ou duas. A forma mais prática e rápida; material mais fácil para deslocamento em áreas íngremes ou vegetação mais fechada; melhor visualização da qualidade do cacho. Excesso de umidade em períodos chuvosos e muitas plantas no estipe (caule) dificultam a coleta; exige mais segurança e responsabilidade das pessoas que empregam esta técnica; adequada para palmeiras retas e firmes; ainda não existe pré disposição dos agricultores em utilizar esta técnica; é recomendado por motivo de segurança sempre um acompanhante. Podão ou foice com vara Duas ou três. Possibilita coleta em períodos chuvosos, palmeiras tortas e delgadas e/ou com plantas no caule. Transporte de equipamento no interior da área de produção é mais dificultoso; limite de altura, pouca visualização da qualidade do cacho. Queda do cacho pode ocasionar perda de qualidade nos frutos. OBS: Na queda do cacho este pode ser aparado com uma padiola de pano, ou o podão pode ser adaptado com um coletor que não deixa o cacho cair diretamente. Escada (requer faca, serrinha, ou pode ser combinada com podão) Duas. Coleta em períodos chuvosos, oferece segurança, permite boa visualização da qualidade do cacho (se altura permitir). Em áreas com maior densidade de plantas o rendimento do trabalho é maior. Maior esforço no deslocamento de materiais, limite de altura. A extração na mata e em áreas abertas por si só já dispersa uma boa quantidade de sementes. E aquelas que caem ao chão também são aproveitadas por diversos animaizinhos da fauna, que, por sua vez, dispersam nas suas fezes sementes com mais possibilidades de germinação. Assim, o ciclo de reprodução da planta e do ecossistema vai se sustentando. Depois, faz-se a debulha e passa-se para as seguintes fases: 1) Seleção, lavagem, desinfecção e hidratação A escolha de um cacho uniformemente maduro auxilia a seleção dos frutos para uma melhor polpa. Somente aqueles bem maduros devem ser separados e colocados em uma bacia ou panela com água limpa. Após alguns minutos, retire a sujeira grossa que estará boiando com uma peneira. Na sequência, o fruto deve ir para outra vasilha de água com uma concentração de cloro específica para desinfecção - de cloriformes fecais, por exemplo. Deve ficar repousando alguns minutos antes de ir para a etapa de amornação, quando é retirada a água com cloro e é colocada água com temperatura entre 40ºC e 60ºC para descansar por 30 minutos e inchar para a despolpa. É importante que não se ultrapasse os 40ºC para que não se inviabilizem as sementes que restarão após todo o processo de produção da polpa. Imagens retiradas do vídeo A Despolpa da Juçara (http://youtu.be/Ag0f-mL5cCo) 2) Extração/Despolpa A depolpadeira a ser utilizada é a mesma que faz a polpa do açaí da Amazônia. Depois que os frutos da Juçara "descansaram" na água morna, eles serão colocados com uma jarra grande na despolpadeira, junto com outra jarra de água fria pra tirar a primeira "água gorda", que vai servir de base para a polpa. Essa água deve ser jogada sempre na parede da des-polpadeira, nunca no meio, por-que, se não, a água desce direto. Imagens retiradas do vídeo A Despolpa da Juçara (http://youtu.be/Ag0f-mL5cCo) À medida que a água vai sendo jogada, a polpa vai descendo espessa, devendo ser acondicionada em uma bacia ou panela grande limpa, devendo ser encaminhada para o consumo ou para armazenamento em freezer de congelamento rápido o quanto antes, pois a Juçara processada oxida muito rapidamente e perde suas propriedades, comprome-tendo a qualidade da polpa. O que fazer com o que sobra? As sementes que sobram da despolpa vão servir para nova semeadura, tanto na própria mata quanto em quintais ou em Sistemas Agroflorestais (SAFs). Podem ir a viveiros para mudas ou para serem semeadas a lanço mesmo. No caso de se armazenar as sementes, depois da despolpa deve-se lavá-las e espalhá-las em uma superfície para que percam o excesso de umidade. Essas sementes podem ser armazenada em sacas ou caixas por até 30 dias, em local bem arejado, de temperatura amena e longe do sol e da umidade. Não! É importante, na hora de se selecionarem os frutos para a despolpa, se observar as seguintes características: - FRUTOS VERDOLENGOS Apresentam maturação desuniforme (heterogênea), geralmente com 30 a 70% dos frutos verdes e ou vermelhos e o restante maduros a ponto de caírem ao solo. Tem menor rendimento de trabalho devido à necessidade da seleção de frutos (retirada dos frutos verdes e vermelhos). Em muitos casos não são coletados, mas são utilizados pela fauna. - FRUTOS DOENTES (ANTRACNOSE) Com frutos infectados e/ou presença de fezes de aves e insetos. A presença de antracnose (Colletotrichum gloeosporioides Penz (von. Arx.)) nos frutos (Favreto et al., 2006) é um dos casos mais comuns nesta categoria e numa incidência muito alta compromete a qualidade da polpa. Também se observam infestações por pulgões, cochonilhas, e uma variedade de insetos, entre outros fungos e bactérias. Estes cachos são descartados totalmente, ainda no local de coleta, para não comprometer a qualidade da polpa. Ta m b é m s ã o c o n s u m i d o s p e l a f a u n a , principalmente aves. - FRUTOS MADUROS Com predomínio de frutos com qualidade para produção de polpa e maturação uniforme (mais de 90% dos frutos maduros). Possuem coloração dos frutos roxo escuro, opaco ou brilhante, sem presença de impurezas ou doenças. Os Sistemas Agroflorestais e o Uso Múltiplo A Palmeira Juçara é ideal para ser utilizada acompanhada de outras espécies em Sistemas Agroflorestais, os chamados SAFs. Por ser uma espécie classificada como "de sombra", ocorrendo sobretudo no interior das matas nativas, tem sua maior abundância em florestas que atingiram o seu auge. Sua importância também está associada à preservação pelo fato de tornar uma área produtiva com um ciclo relativamente curto (8 a 10 anos). Sendo assim, é ideal para ser cultivada em áreas com outras culturas e com preocupação de renovação e preservação ambiental, já que tem uma safra anual abundante de sementes, com relevante função ecológica. Outras alternativas de cultivo são os de consórcios no meio de bananais, por exemplo... ...e em quintais, onde fica mais fácil de se fazer a coleta, e também serve para ornamentar a entrada das casas. É necessário levar em conta que o bom manejo é fator essencial para que haja rendimento econômico da produção e a manutenção das funções ecológicas das áreas, incentivandose, assim, iniciativas inovadoras para o uso sustentável e a consequente conservação da vegetação nativa no Bioma Mata Atlântica. Sistema Agroflorestal encontrado no município de Presidente Getúlio, em Santa Catarina, que faz o consórcio da Palmeira Juçara com diversas espécies de frutas nativas, entre outras árvores, e com a criação de abelhas também de espécies nativas para a polinização e produção do mel. Na pequena propriedade familiar ou de comunidades tradicionais na Mata Atlântica, a cobertura florestal presente em geral são as capoeiras, reconhecidas como florestas secundárias em estágio inicial, médio e avançado e também denominadas de “remanescentes”, sob um enfoque conservacionista. Sistema Agroflorestal encontrado junta à mata de capoeira no Quilombo Pilões, município de Eldorado, Vale do Ribeira, São Paulo. As capoeiras, enquanto resultado da ação humana, seja pela prática do pousio ou pelo estabelecimento de reserva florestal, são áreas que possuem usos diversos como manutenção de caça, reserva de madeira, lenha e fibras (cipós, enviras), fonte de abrigo e alimentação para o gado, cultivo de frutas nativas e exóticas, recuperação do solo, entre outras atividades. Durante o desenvolvimento dessas capoeiras, muitas das espécies ali presentes foram conduzidas e/ou promovidas por práticas culturais e econômicas de agricultores familiares e tradicionais. Sistema Agroflorestal de uma propriedade privada no município de Maquiné, Rio Grande do Sul. No local há uma pousada agroecológica, que utiliza os recursos oferecidos pela mata para a sua funcionalidade. O manejo e a formação das capoeiras vêm assumindo um caráter cada vez mais intencional nas áreas de produção de Palmeira Juçara, com o plantio de mudas e sementes de mais de uma espécie, desbastes, podas, entre outras práticas do bom manejo agroflorestal. Sistema Agroflorestal na Comunidade de Vargem Grande, município de Natividade da Serra, São Paulo. Da mata, além do alimento, vêm os materiais para o artesanato, também uma fonte de renda para as famílias. O Ciclo Lógico da Juçara Marco Regulatório Federal A seguir, as leis federais que tangem a temática do manejo da Palmeira Juçara. *se você está lendo esta cartilha num arquivo pdf, saiba que todos os links são clicáveis Lei 11.428/2006 Dispõe sobre a utilização e proteção da Mata Atlântica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_11428_2006.pdf Lei 4.771/1965 Institui o Código Florestal Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_4771_1965.pdf Lei 10.711/2003 Lei de Sementes e Mudas Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_10711_2003.pdf Lei 6.938/1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_6938_1981.pdf Lei 9.605/1998 Dispõe sobre as sanções penais e lesivas ao Meio Ambiente Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_9605_1998.pdf Lei 9.795/1999 Dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_9795_1999.pdf Lei 9.985/2000 Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e institui o SNUC Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_9985_2000.pdf Lei 10.650/2003 Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos públicos e entidades integrantes do SISNAMA Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_10650_2003.pdf Lei 10.831/2003 Dispõe sobre a Agricultura Orgânica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/lei_10831_2003.pdf Decreto 6.660/2008 Regulamenta dispositivos da Lei da Mata Atlântica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_6660_2008.pdf Decreto 5.975/2006 Regulamenta artigos do Código Florestal Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_5975_2006.pdf Decreto 5.153/2004 Aprova o regulamento da Lei de Sementes e Mudas Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_5153_2004.pdf Decreto 4.339/2002 Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_4339_2002.pdf Decreto 2.519/1998 Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro em 1992 Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_2519_1998.pdf Decreto 4.340/2002 Regulamenta artigos do SNUC Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_4340_2002.pdf Decreto 6.323/2007 Regulamenta a Lei que dispõe sobre agricultura orgânica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_6323_2007.pdf Decreto 6.040/2007 Institui a Política Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_6040_2007.doc Decreto 6.874/2009 Institui o Programa de Manejo Florestal Comunitário Familiar Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/decreto_6874_2009.pdf Instrução Normativa 6/2008 (MMA) Lista Oficial da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_6_2008_MMA.pdf Intrução Normativa 3/2009 (MMA) Estabelece critérios para plantio de nativas ou exóticas fora da APP e RL Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_3_2009_MMA.pdf Instrução Normativa 4/2009 (MMA) Estabelece critérios para uso da RL Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_4_2009_MMA.pdf Instrução Normativa 5/2009 (MMA) Dispõe sobre a metodologia para recuperação e restauração de APP Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_5_2009_MMA.pdf Instrução Normativa 112/2006 (MMA) Disciplina a implementação do DOF Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_112_2006_IBAMA.pdf Instrução Normativa 17/2009 (MAPA/MMA) Aprova normas técnicas para obtenção de produtos orgânicos oriundos do extrativismo sustentável Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/in_17_2009_MMA_MAPA.pdf Portaria 253/2006 (MMA) Institui o Documento de Origem Florestal Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/portaria_253_2006_MMA.pdf Resolução 369/2006 (CONAMA) Disciplina a Intervenção em APP Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/resolucao_369_2006_CONAMA.pdf Resolução 388/2007 (CONAMA) Convalida as Resoluções que definem os estágios de regeneração da Mata Atlântica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/resolucao_388_2007_CONAMA.pdf Resolução 10/1993 (CONAMA) Define os Estágios de Regeneração da Mata Atlântica Link: http://www.redejucara.org.br/legislacao/resolucao_10_1993_CONAMA.pdf Você pode acessar as impressões da assessoria jurídica levantadas em trabalhos da Rede Juçara no seguinte endereço do site da Rede Juçara: http://www.redejucara.org.br/site/conteudo?pid=14&id=. Neste espaço há também impressões específicas das legislações de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e da Legislação Sanitária. *trabalho realizado pelo advogado Willians Zorzan, colaborador da Rede Juçara, como parte de uma ação estratégica em rede, que demandou 11 meses e foi concebida em 4 momentos: (i) Levantamento preliminar das informações; (ii) Estudos iniciais; (iii) Diálogo junto aos gestores ambientais; e (iv) Realização de oficinas sobre legislação. Parceiros na Rede Juçara Rio Grande do Sul Ação Nascente Maquiné - ANAMA Av. Gal. Osório, 389, Centro - Maquiné/RS Tel.: (51) 3628.1415 - [email protected] http://www.onganama.org.br Associação Papa-Mel de Apicultores de Rolante Rua Conceição, 70, Centro - Rolante/RS Tel.: (51) 9355.2254 - [email protected] Associação Regional de Produtores e Coletores - IÇARA Travessa do Rio, 104 - Maquiné/RS [email protected] Centro Ecológico Rua Padre Jorge, s/n, Centro - Dom Pedro de Alcântara/RS Tel.: (51) 3664.0220 - [email protected] http://www.centroecologico.org.br Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica - DESMA/UFRGS Av. João Pessoa, 52 UFRGS, Campus Centro - Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3308.3502 Santa Catarina Associação dos Colonos Ecologistas do Vale do Mampituba - ACEVAM Rua Irineu Bornhausen, 284, Centro - Praia Grande/SC Tel.: (48) 3532.0333 - [email protected] http://www.acevam.org Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo - Cepagro Rod. Admar Gonzaga, 1346, Itacorubi - Florianópolis/SC Tel.: (48) 3334.3176 - [email protected] http://www.cepagro.org.br Centro de Motivação Ecológica e Alternativas Rurais - CEMEAR Rua Rudolf Becker, 107 - Presidente Getúlio/SC Tel.: (47) 3352.0118 - [email protected] Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - Epagri Rodovia Admar Gonzaga, 1347, Itacorubi - Florianópolis/SC Tel.: (48) 3665.5000 Instituto ÇARAKURA Servidão Caminho da Costa, 333, Canto do Moreira/Ratones Florianópolis/SC Tel.: (48) 3266.8527 - [email protected] http://www.institutocarakura.org.br Laboratório de Biotecnologia Neolítica - UFSC Rod. Admar Gonzaga, 1346, Itacorubi - Florianópolis/SC Tel.: (48) 3721.5426 Paraná Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia - AOPA Rua Brasilio Cumam, 287, São Braz - Curitiba/PR Tel.: (41) 3621.7477 - [email protected] Cooperafloresta - Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis/PR Praça da Bíblia, 36 - Barra do Turvo/SP [email protected] Istituto Agronômico do Paraná - IAPAR Rodovia Celso Garcia Cid, Km 375 - Londrina/PR Tel.: (43) 3376.2000 - [email protected] http://www.iapar.br São Paulo Associação de Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável Guapiruvu - AGUA Rua Brigadeiro Faria Lima, 385, Guapiruvu - Sete Barras/SP Tel.: (13) 9711.4942 - [email protected] Associação para Cultura Meio Ambiente e Cidadania AKARUI Rua Coronel Domingues de Castro, 601, Centro - São Luiz do Paraitinga/SP Tel.: (12) 3671.2337 - [email protected] http://www.akarui.org.br Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/USP Av. Pádua Dias, 11, Depto. de Agroindústria, Alimentos e Nutrição - Piracicaba/SP Tel.: (19) 3429.4150 - [email protected] Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica - IPEMA Rua Beira Rio, 43, Corcovado - Ubatuba/SP Tel.: (12) 3836.1350 - [email protected] http://www.novo.ipemabrasil.org.br Instituto Socioambiental - ISA Av. Higianópolis, 901, Higianópolis - São Paulo/SP Rua Jardins das Figueiras, 45 - El Dourado/SP Tel.: (11) 3515.8900 e (13) 3871.1689 - [email protected] http://www.socioambiental.org Rio de Janeiro Associação de Moradores do Quilombo do Campinho - AMOQC BR 101, Km 589, Quilombo Campinho da Independência - Paraty/RJ Tel.: (24) 3371.4866 - [email protected] Sociedade Angrense de Proteção Ecológica - SAPE Rua Honório Lima, 48, Centro - Angra dos Reis/RJ Tel.: (24) 3367.0862 - [email protected] Verde Cidadania Rua Espírito Santo, 35 - Paraty/RJ Tel.: (24) 3371.5851 Espírito Santo Associação de Programas em Tecnologias Alternativas - APTA Av. Rotary Clube, 228, Boa Vista - São Mateus/ES Tel.: (27) 3763.5895 - [email protected] http://apta-es.org.br Minas Gerais Centro de Tecnologias Alternativas - CTA-ZM Sítio Alfa, Violeira, Zona Rural - Viçosa/MG Tel.: (31) 3892.2000 - [email protected] http://www.ctazm.org.br www.redejucara.org.br Rede Juçara (www.redejucara.org.br) - Brasil - 2014
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