OUTUBRO 2010 AnoVI

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OUTUBRO 2010 AnoVI
De coração
021
OUTUBRO 2010 AnoVI
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Um país sem esperança?
Nesta edição, a De coração entra para o seu sexto ano.
EDITORIA L
De coração
EDITORIAL 03
É ainda uma publicação jovem, mas ter ultrapassado os 5 anos não deixa de ser
uma etapa assinalável.
Daí, termo-nos permitido um exercício de algum narcisismo e termos escolhido
para a capa uma retrospectiva de diferentes capas que marcaram o nosso
percurso.
Sobretudo, congratulamo-nos por continuarmos a marcar presença e
agradecemos aos nossos leitores o carinho com que nos têm acolhido e as
mensagens de incentivo que nos vão transmitindo.
Mas, porque a De coração é, assumidamente, uma revista integrada e atenta ao
contexto social e económico da Região e do País, não podemos deixar de notar
que este, que é para nós o sexto ano, será um período particularmente difícil.
Por norma, os editoriais têm procurado assinalar as oportunidades presentes em
todas as situações e contextos, por mais difícil que esse optimismo possa parecer.
Mas, neste caso, reconhecemos que esta será uma regra difícil de manter.
Os próximos tempos serão de congelamento da economia, com todas as
previsões a anunciar a diminuição do consumo, o aumento do desemprego e,
inevitavelmente, o incremento da pressão social e dos níveis de criminalidade.
Neste momento, é um cenário a que não é possível escapar e temos todos de
redobrar esforços para o ultrapassar.
Na verdade, não é nada a que os últimos anos não nos tenham habituado. Já
há muito que andamos a “estagiar” para este momento mas, até por isso, não
podemos deixar de reparar nas injustiças relativas de um contexto em que todos
pagam a factura da crise, menos os mais directamente responsáveis pela sua
criação.
Não podemos deixar de nos lamentar pela inimputabilidade que, na prática,
é atribuída aos decisores políticos que, ao longo de anos de má gestão, nos
conduziram à situação actual. Enquanto que um empresário é responsabilizado
criminalmente e com os seus bens pelos seus erros de gestão, àqueles que têm
a empreitada maior de gestão da economia e finanças de um país resta-lhes,
como pena capital, a não recondução no cargo e o purgatório de um lugar
Dá que pensar…
Presidente do Conselho de Administração da Matobra
De coração | OUTUBRO 2010
passagem por um organismo internacional de prestígio.
EDITORIAL
de liderança numa empresa pública ou privada de grande dimensão ou uma
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FICHA TÉCNICA
Entidade proprietária | Matobra - materiais de construção
e decoração, S.A.
Coordenação | Marta Rio-Torto
Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto
Rua Luís Ramos | Adémia Apartado 3021-901 Coimbra | Portugal | Tel.: 239 433 777 | Fax: 239 433 769 | [email protected]
Fotografia | Danilo Pavone
Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva
Tiragem | 2000 exemplares
Periodicidade | Trimestral
Impressão | FIG - Indústrias Gráficas, S.A.
Rua Adriano Lucas 3020 Coimbra
Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar
8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)
Índice
3 Editorial
7 Entrevista De coração | Florindo Belo Marques
17 Com assinatura Matobra
17 | Das nossas mãos para os seus sentidos
18 | Escala de cinzas
22 | Decorar com cor
24 Ideias e soluções
24 | Descubra tudo o que o seu lava-louça pode fazer por si
28 | Vá ao Mercado Popular
31 Entrevista |Manuel da Silva Mendes
36 Estilus
36 | Do trabalho para casa
41 | Geberit Monolith - Sistema Sanitário Inovador
44 | Matobra lança IN9espaço
46 Entrevista | António Albano Domingues
54 Galeria Matobra
54 | Showerbasin na rota de um novo banho
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ENTREVISTA 07
Entrevista De coração
Florindo Belo Marques
Pode dizer-se que é um homem que fez do risco profissão, embora
no seu caso o termo seja sinónimo de traço.
Florindo Belo Marques escolheu ser arquitecto numa época em
que a profissão era pouco conhecida e menos ainda reconhecida e
hoje congratula-se por ver a mais valia da produção de arquitectura
ser consensual.
Nos seus projectos, oscila entre a sua afirmação pessoal e um
compromisso de generosidade e humildade face à cidade e à
envolvente do futuro edifício, procurando encontrar uma resposta
que considere as pré-existências.
Num contexto de crise do sector da construção e em que o
número de arquitectos cresceu exponencialmente defende um
entendimento da profissão numa perspectiva de banda larga,
alargando o mercado a áreas como o design, o imobiliário e o
comércio de materiais de construção.
De coração | OUTUBRO 2010
“O arquitecto não se pode dissociar do seu
papel de intervenção no edificado e como tal,
na própria cidade”
08 ENTREVISTA
Como se define como arquitecto?
a possibilidade de agir coerentemente em
Defino-me como um profissional que iniciou
relação à cidade.
esta actividade há cerca de 30 anos e que
tem tentado acompanhar a evolução que
Assim como a escrita pode reflectir a
a arquitectura, ou pelo menos o exercício
nossa personalidade, esta pode sentir-
dela, tem feito neste país.
se no modo como projecta um edifício?
O cenário de hoje nada tem a ver com
A comparação pode ser difícil, porque nós
aquele que existia na altura em que
temos sempre de responder ao programa
acabei o curso… Só havia duas escolas de
do cliente e no entanto, temos que ser livres
arquitectura no país - em Lisboa e no Porto
para poder chamar à obra nossa.
- éramos mil e poucos arquitectos, hoje
Nomeadamente, isso remete para a questão
somos 18 mil.
do custo da construção. Muita gente tem
Este
crescimento
exponencial
trouxe
a noção que as obras dos arquitectos são
vantagens. Quando comecei a trabalhar
mais caras. Não têm que ser, não devem
perguntavam-me com frequência o que era
ser. Um dos pressupostos básicos é a noção
um arquitecto. Nessa altura, a percentagem
daquilo que o cliente quer gastar, porque
de projectos feitos por arquitectos era cerca
se fizermos um projecto para um custo
de 4%, o resto era feito por profissionais
superior, não estamos a prestar um bom
menos preparados e neste momento, a
serviço. O projecto não foi eficaz porque o
percentagem rondará os 40%. Portanto, a
custo inviabilizou a sua construção.
mais valia da produção da arquitectura tem
Genericamente,
vindo a ser reconhecida.
equilíbrio entre a intenção do cliente e a
tem
que
haver
“Quando comecei a trabalhar
perguntavam-me com
frequência o que era um
arquitecto.”
um
visão do arquitecto. Quando desenvolvo um
Qual é a característica pela qual gosta
projecto não posso vê-lo como um objecto
que um edifício seu se afirme?
estranho, tenho que me rever naquilo que
Ele tem que ter uma imagem forte mas, por
estou a criar, não repudiar a possibilidade de
outro lado, também não pode ser egoísta,
habitar nele.
isto é, tem que olhar para o que está à volta,
não se pode impor por si próprio.
Há
Muitas vezes, os arquitectos são acusados
especialmente de trabalhar?
de olharem para o umbigo e de fazerem
Sim, materiais nobres, como o vidro, a
objectos
singulares.
Eu
não
materiais
com
que
goste
defendo
madeira e o metal. Mas, apesar de serem
essa situação, embora em determinados
materiais de eleição, têm que ser bem
contextos faça sentido que o edifício se
trabalhados, doseados. Também não é
saliente no tecido urbano. Refiro-me a obras
indiferente o sítio onde o projecto será
emblemáticas, que devem funcionar como
desenvolvido, mais uma vez, a questão das
um apelo aos visitantes, como a Casa da
pré-existências...
Música, por exemplo.
Mas,
tem
genericamente,
forçosamente
De coração | OUTUBRO 2010
pré-existências,
de
a
arquitectura
olhar
inserir-se
e
para
as
Qual foi o primeiro trabalho que sentiu
como um verdadeiro desafio?
dar-lhes
O primeiro projecto é sempre o nosso
continuidade. Não devemos estar sempre a
grande desafio, a que não é estranho a
querer fazer uma obra singular em qualquer
inexperiência, o amadorismo e o receio
situação. Portanto, voltando à sua pergunta,
de não conseguir responder. Quando um
a minha afirmação enquanto arquitecto é
recém-licenciado ingressa no mercado de
a de com generosidade e humildade olhar
trabalho sabe muito pouco, a prática só
para a cidade e para o que está à volta e
acontece depois no dia-a-dia do ateliê.
tentar dar a resposta que ela precisa. Com
No meu caso, a minha primeira obra foi o
afirmação, não me escondendo, mas com
Quartel de Bombeiros da Lousã.
“Não devemos estar sempre
a querer fazer uma obra
singular em qualquer
situação, portanto, a
minha afirmação enquanto
arquitecto, é de com
generosidade e humildade
olhar para a cidade e para o
que está à volta e tentar dar
a resposta que ela precisa.”
De coração | OUTUBRO 2010
ENTREVISTA 09
10 ENTREVISTA
Foi um projecto desafiante, porque era
Numa situação dessas não podemos deixar
uma obra necessária mas, como não havia
de ter a nossa intervenção, o arquitecto
dinheiro, foi projectada para poder ser
não se pode dissociar do seu papel de
construída por fases. Nessa altura, senti pela
intervenção no edificado e como tal, na
primeira vez o impacto do mercado.
própria cidade. Se agirmos com bom senso,
não nos anulando, estaremos a dar a melhor
Uma obra que presumo que tenha sido
resposta.
especialmente aliciante, até por toda a
carga simbólica que envolve, terá sido
Tem
o Memorial da Irmã Lúcia, um edifício
projectos para obra pública. É um
projectado por si e construído de raiz
estímulo diferente, saber que é um
nos terrenos anexos ao convento. Qual
edifício para ser vivido por um grande
foi a sua grande preocupação neste
número
trabalho?
directamente com a comunidade?
Estava perante um contexto singular. As
Sim, com certeza. Neste momento, estamos
Irmãs estão em clausura e havia a intenção
a desenvolver um projecto para uma obra
de não transportar nada para o exterior,
em Penela que é um empreendimento que
respeitar a privacidade do espaço.
servirá para instalar empresas que possam
Mais uma vez, a minha preocupação foi a de
tirar partido de produtos endógenos da
responder ao programa, embora da minha
região. Não havendo experiência anterior,
parte tenha havido uma proposta mais
é um desafio, em que temos que perceber
destabilizante relativamente ao que me foi
onde é que podemos inovar e o que é que
inicialmente pedido.
já está feito.
A intenção era simplesmente a de recuperar
Temos que nos tornar versáteis e saber
um espaço que já existia - uns galinheiros - e
vestir a camisola dos utentes. Quando estou
não fazer obra nova. Mas, do meu ponto de
a trabalhar num edifício destinado a um
vista, as condições não eram as ideais para
público mais sénior, estou a rever-me no
se trabalhar nesse contexto e portanto, a
que será um período mais próximo, no meu
minha proposta foi no sentido de demolir o
caso. Mas também não me posso esquecer
que estava e fazer uma obra nova, embora
da criança que já fui, quando estou a
dentro dos muros, doseando sempre esta
projectar um edifício destinado para um
questão da privacidade.
público infantil ou juvenil.
desenvolvido
de
pessoas
variadíssimos
e
que
mexe
De coração | OUTUBRO 2010
O que foi interessante foi exactamente
pegar na carga simbólica que referiu e tentar
Sente que a população portuguesa
que os visitantes também tivessem essa
percebe hoje essa necessidade de exigir
percepção. As pessoas que ali vão, estão à
qualidade arquitectónica nos edifícios e
procura de um ambiente, uma experiência.
nos espaços onde vive?
Tentei colocar-me no contexto dessas
Com certeza, a mensagem penso que
pessoas e perceber o que era admissível
passou. Aliás, hoje em dia já temos um
propor.
turismo
Os materiais escolhidos são metal, vidro e
organizados. As pessoas procuram saber
madeira, num ambiente o mais minimalista
que arquitectura vão ver e programam as
possível, num espaço deveras carregado
suas viagens já com um circuito previamente
pela imagem da Irmã Lúcia, daí que ela
determinado.
apareça logo na entrada.
Actualmente, em Portugal, começamos a ter
Devo dizer que, apesar de numa primeira
a possibilidade de nos rever na arquitectura
fase ter subvertido um pouco a intenção
que temos.
de
arquitectura
com
roteiros
inicial, o resultado tem tido uma resposta
positiva, o que me deixa mais tranquilo.
As
mentalidades
estão
a
mudar:
“Tal como acontece com
outras formações superiores
que têm saídas profissionais
diversas, a arquitectura deve
ser vista nessa perspectiva de
banda larga.”
ENTREVISTA 11
a
arquitectura
“experimental”
de
Penso que o arquitecto deve ser versátil e
alguns anos, que era uma arquitectura
adaptar-se a todas estas situações.
marginal, hoje é o sistema, e um meio
É bem melhor do que estar em caixas
de grande divulgação. Qual será para si
de supermercado, que é outro problema
a arquitectura do futuro?
terrível que temos na profissão, que é o
A
moda
não
arquitectura.
convive
A
bem
arquitectura
com
a
facto de haver profissionais que não podem
vai-se
fazer aquilo de que gostam e para o qual
reafirmando, adaptando-se com respostas
contemporâneas,
mas
fazendo
foram preparados.
sempre
referência a modelos anteriores.
Está
no
terceiro
mandato
como
Mas também há questões conjunturais.
Presidente do Núcleo de Arquitectos da
Estamos na era da informática e a
Região de Coimbra. O que é que o levou
arquitectura produzida com a ajuda do
a assumir estas funções? Que tipo de
desenho assistido, é diferente daquela
contributos pretende dar?
que era produzida com o desenho à mão.
Este último mandato foi um pouco por sentir
Consigo ver aí alguma influência.
que não havia alternativa e pela necessidade
Não vamos copiar aquilo que foi feito no
de dar continuidade a uma ideia que vinha
século passado, até porque estamos a usar
a ser desenvolvida desde 2001, quando
outros materiais, as exigências de mercado
começámos a pensar em criar a Casa da
são outras, a legislação é diferente, a própria
Arquitectura de Coimbra.
resposta da tecnologia, produz um objecto
O objectivo era o de criar uma instalação
diferente. Portanto, é inserida em todo
onde os arquitectos pudessem reunir,
este contexto, que também é cultural, que
ter pós-formação e ser um espaço que
hoje se pode produzir a boa arquitectura
excedesse a simples ideia corporativa da
contemporânea.
profissão e fosse aberto à cidade, para
Eu diria que para termos futuro temos que
nele serem produzidos diversas actividades
saber ler o passado. Não vamos ter uma
culturais.
arquitectura completamente de ruptura.
Em 2004, assinámos o protocolo com a
Câmara de Coimbra, que cedeu um terreno
na Rua Pedro Monteiro, com cerca de
o sector da construção civil está em
800m2.
crise, e há cerca de 18 mil arquitectos, é
Mas trata-se de uma obra com um peso
inevitável que estes profissionais sofram
financeiro muito considerável e nos últimos
o impacto dessa crise. Que soluções
tempos a situação não tem sido favorável.
alternativas podem ser consideradas?
Entretanto,
Tal como acontece com outras formações
assinámos uma adenda ao protocolo para
superiores, que têm saídas profissionais
podermos ter um plano alternativo. Isto
diversas, a arquitectura deve ser vista nessa
é, enquanto não podermos pensar na
perspectiva de banda larga.
construção definitiva, criar uma estrutura
Não tenho qualquer problema, antes pelo
provisória que possa ser desmontada no
contrário, em ver um arquitecto como meu
momento em que for começada a outra
interlocutor numa empresa de materiais de
construção.
construção. É muito interessante poder ter
A nossa ideia seria instalar um pré-fabricado,
essa possibilidade e a resposta faz-se de
mas queríamos transformar esse objecto
uma forma mais eficaz.
numa boa peça de arquitectura.
Esta possibilidade de alargamento do
Entretanto, tivemos um problema porque
mercado é muito importante. Refiro-me
a empresa com quem tínhamos parceria
ao design e a opções ao nível comercial e
sofreu um incêndio nas instalações no dia
imobiliário.
seguinte a termos assinado o protocolo.
em
Setembro
passado,
De coração | OUTUBRO 2010
“A opinião pública tem uma
ideia preconceituosa de que
os arquitectos e engenheiros
se dão mal, mas não é
verdade.”
No actual contexto nacional em que
12 ENTREVISTA
Continuamos a contar com eles, mas não
colchão muito mais interessante a essa
estamos certos de que seja possível manter
candidatura caso esse património estivesse
os prazos previstos.
já recuperado. Mas naturalmente que é um
Ainda assim, já foi lançado o desafio aos
candidatura geradora de expectativa quanto
alunos finalistas das escolas de arquitectura
à possibilidade de aumentar a capacidade
de Coimbra para ajudarem a encontrar uma
de atracção de público para um roteiro
forma interessante, com a maior qualidade
cultural e arquitectónico.
arquitectónica possível.
O urbanismo pode dar qualidade de vida a
Esperamos conseguir ter uma proposta
estas zonas, mas também segurança, que é
seleccionada até ao fim do ano.
um problema que decorre da desertificação.
Enquanto
tivemos
a
Universidade
Não poderia deixar de me referir à
concentrada na Alta toda a zona estava
tradicional dicotomia entre engenheiros
preenchida com a habitação dos estudantes,
e arquitectos. Ainda é sentida?
a partir do momento em que se diversificou
É um falso problema. A opinião pública
por pólos, isso perdeu-se. Não digo que o
tem uma ideia preconceituosa de que os
fenómeno seja mau, mas devia ter sido
arquitectos e os engenheiros se dão mal,
compensado.
mas não é verdade.
O arquitecto e o engenheiro são parceiros,
É a velha questão da reabilitação dos
não podem deixar de se entender e de
centros históricos…
conversar.
Tem que haver vontade política do país,
Um projecto é um conjunto coordenado
não é uma questão que possa ser resolvida
e multidisciplinar que enquadra várias
apenas ao nível das autarquias.
valências.
É preciso ter coragem para pegar nesse
O nosso problema foram sempre os agentes
problema,
que produzem arquitectura e que não são
condições de poder ser tido como um
arquitectos e não os engenheiros.
aspecto prioritário na nossa intervenção.
Nunca me dei mal com os engenheiros, dei-
Tem a ver naturalmente com o problema
me sempre muito bem e a própria relação
da crise económica em que estamos, com
entre as duas Ordens é muito boa.
a lei do arrendamento, com contextos de
desmontá-lo
e
pô-lo
em
De coração | OUTUBRO 2010
legislação que precisam de ser alterados.
A arquitectura pode e deve ser uma
Eu diria que a reabilitação não pode deixar
contribuição
de ser o futuro, já produzimos muita
essencial
para
uma
requalificação do território, no sentido
construção, mais do que as necessidades.
turístico, criando landmarks. Isto é
A cidade é como um donut, que tem a
ainda
cidade
construção à volta e depois tem o buraco
como Coimbra, em que não temos sol,
mais
evidente
no meio, precisamos urgentemente de
nem praia, mas temos um edificado de
preencher esse vazio.
grande valor patrimonial e simbólico.
Tal como acontece no campo, em que se
Só a Universidade recebe cerca de 200
um terreno não for cultivado, os infestantes
mil turistas por ano. Vê como uma
tomam conta dele, se há zonas da cidade
esperança renovada a candidatura a
que ficam desertificadas, degradam-se e
património mundial da UNESCO?
surgem problemas de criminalidade.
A
candidatura
não
numa
funcionar
Recuperar a cidade e o centro urbano
isoladamente da cidade, a Universidade
pode
é também contribuir para uma maior
não é suficiente para poder gerar essa
qualidade de vida, não só para essa zona
possibilidade. A cidade é todo um conjunto
como também para tudo o que está à
coerente e neste caso, temos um problema
volta. É um benefício para o nosso contexto
grave com a Alta, que poderia dar um
enquanto cidadãos.
[email protected]
“Recuperar a cidade e o
centro urbano é também
contribuir para uma maior
qualidade de vida, não
só para esse centro como
também para tudo o que está
à volta. É um benefício para
o nosso contexto enquanto
cidadãos.”
De coração | OUTUBRO 2010
ENTREVISTA 13
14 ENTREVISTA
De perfil…
Uma referência?
Cada estado de espírito tem uma
referência, mas uma será Siza Vieira.
A música que não se cansa de ouvir?
Gosto muito de música e sou eclético.
As músicas dos anos 60 e 70 têm
uma referência especial, mas também
ouço música clássica e música mais
contemporânea, como Robbie Williams.
O filme que o marcou?
Muitos … A Guerra das Estrelas, O
Senhor dos Anéis, Citizen Kane…
Um livro?
Memorial
do
Convento,
de
José
Saramago.
Um objecto de que não se separa?
A minha lapiseira de grafite.
Quando tem tempo gosta de…?
Tenho pouco tempo livre, mas gostava
de ter mais tempo para ler, ir ao cinema
e viajar.
O prato a que não resiste?
Cozido a portuguesa.
Uma bebida?
Água.
Destino de férias?
Brasil.
Uma qualidade de que se orgulhe e
um defeito que não possa negar?
De coração | OUTUBRO 2010
A perseverança. Se exagerar nessa
qualidade passa a ser defeito. Tem de
ser doseada com generosidade, se não
tornamo-nos demasiado incisivos e
esquecemo-nos de ouvir os outros.
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COM ASSINATURA MATOBRA 17
Das nossas mãos para os seus sentidos
O exemplo tem de ser dado por quem define
as tendências de mercado e foi por essa atitude
que nasceu um ambiente de casa de banho tão
distinto e tão inovador ao mesmo tempo, que
poderá visitar e usar na nossa Sala de Exposição,
mais precisamente o WC das senhoras.
O objectivo foi o de criar espaço num ambiente
limitado e o de economizar os produtos,
rentabilizando-os ao serviço da originalidade. A
luz que parece existir onde não pode entrar é
fruto de uma escolha de materiais e marcas que
colocam a utilidade a jogar com o bom gosto.
Assim, a Trend com o revestimento Prezioso
270x60 Pigmentado Bordeaux dá um toque
feminino e sensual que, juntamente com o
Cristalino Branco 120x60 cria um ambiente ao
mesmo tempo intimista e aberto. Para equilibrar
os tons, nada melhor do que a Pastilha Branca,
da Emacor que transmite uma sensação de luz
constante.
Já o chão é o Cristalino Vermelho 60x60,
também da Trend, digno de ser pisado por
quem o aprecia.
Os sanitários, torneiras, toalheiro e mobiliário
equilibram um ambiente que tem feito as
delícias de vários clientes, tal a energia positiva
que se pode concentrar numa casa de banho.
[email protected]
O Bidé e a Sanita são da Série SA02, da Galassia
Lavatório Lola Herzburg, da Rapsel (Philippe Starck)
Móvel Suspenso Box, da Maderó
De coração | OUTUBRO 2010
Toalheiro Série Hotel, da Vivacor
18 COM ASSINATURA MATOBRA
Escala de cinzas
Quando a proprietária da casa recorreu aos serviços da Matobra, para a decoração desta sala, deixou clara a vontade de que fosse prevista
bastante arrumação para livros e um louceiro.
O projecto concebido partiu deste pressuposto e da necessidade de organização do espaço em duas zonas funcionais: refeições e lazer.
O cinza foi eleito como cor predominante, misturando diferentes tonalidades para criar mais ritmo e conseguir um resultado com maior
impacto visual.
O princípio foi aplicado, desde logo, aos estofos. O tecido usado no sofá não foi repetido nas cadeiras da mesa, forradas com padrão para
diferenciar o espaço e evitar um efeito demasiado homogéneo.
Mesmo para as janelas houve a preocupação de manter a cor, mas recorrendo a um tecido translúcido, para não impedir a entrada de luz.
De notar que na janela lateral não se optou por cortinado, mas por um estore. Trata-se de uma janela comum à divisão adjacente – a
cozinha – onde esta opção já tinha sido seguida. Assim, quando a porta de passagem entre as duas divisões está aberta, o resultado é
mais coerente, ao mesmo tempo que mais funcional, por facilitar a circulação.
As duas estantes criam diferentes zonas de arrumação, prevendo espaço para livros e para a televisão.
Em vez de constituir uma peça autónoma, a arrumação da louça surge num conceito integrado numa das estantes. Tal como acontece
De coração | OUTUBRO 2010
nas portas deste armário, a mesa de refeições tem tampo de vidro em preto, criando maior harmonia no conjunto.
[email protected]
COM ASSINATURA MATOBRA 19
De coração | OUTUBRO 2010
O desencontro das linhas das estantes ajuda a criar
ritmo e aumenta o interesse visual.
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22 COM ASSINATURA MATOBRA
De coração | OUTUBRO 2010
Decorar com cor
Um casal com duas filhas pequenas, de 5 e 8 anos,
recorreu aos serviços da Matobra para a decoração
da entrada, sala e quarto das crianças.
As primeiras conversas com os clientes revelaram
o gosto pelo contemporâneo e ambientes com
impacto, por oposição a composições mais
discretas e conservadoras.
As soluções propostas traduzem esse conceito.
No hall, o papel de parede e o tapete marcam o
espaço.
A escolha pelo preto total cria um estilo carismático
e sem necessidade de grandes peças de mobiliário.
O espelho e a consola em inox e vidro completam
o ambiente.
Tal como acontece noutras divisões, nesta
decoração foi deixado espaço para a personalização
pelo proprietário, incorporando posteriormente
molduras e outros acessórios.
A decoração da sala teve como ponto de partida
um sofá em tons de roxo que os proprietários da
casa quiseram manter.
Os tecidos das restantes peças oscilam entre
os castanhos e os beges, replicados também
na decoração das paredes, mais uma vez um
elemento central na decoração da divisão, onde a
escolha de um tom que associa reflexos castanhos
e roxos, atribui maior coerência ao conjunto,
estabelecendo ligação a toda a paleta cromática.
Os apontamentos de papel distinguem visualmente
as duas zonas da sala - de lazer e de refeições - com
destaque para o painel com silhuetas de árvores.
Tratando-se de uma família com duas crianças
pequenas, optou-se por privilegiar a facilidade de
circulação no espaço, pelo que, o mobiliário foi
reduzido ao mínimo de conforto.
O móvel de apoio à TV foi concebido pela equipa
de decoração que propôs uma solução à medida,
com a vantagem de permitir guardar nas gavetas o
leitor de DVD e outro material de apoio.
Para o quarto das crianças, desenvolveu-se um
conceito que recria um ambiente de conto de
fadas.
O rosa e as linhas marcadamente infantis são os
elementos chave da decoração.
Os sommiers foram desenhados pela equipa de
decoração, assim como o móvel de televisão.
De notar que sendo um quarto pequeno, para
partilhar por duas pessoas, não se poderia ocupar
demasiado espaço com a TV. O móvel projectado
incorpora uma gaveta para o leitor de DVD e
alguma arrumação extra, acrescido de um painel
que permite ocultar cabos.
Salienta-se a opção pouco habitual de revestir o
tecto a papel. Esta solução permite reforçar a cor,
sem criar um efeito saturado, como aconteceria
com a escolha mais comum da parede principal,
em que as cabeceiras de cama já assumem o tom.
[email protected]
De coração | OUTUBRO 2010
COM ASSINATURA MATOBRA 23
24 IDEIAS E SOLUÇÕES
Descubra tudo o que o seu lava-louça pode fazer por si
A Frasa, através da In Sink Erator, propõe duas utilidades que vão potenciar o uso
que faz do seu lava-louça, tornando-o muito mais do que um mero ponto de
lavagem. O sistema de água filtrada quente e fria e os trituradores de resíduos
alimentares são bons aliados para a sua cozinha, garantindo comodidade e
poupança de tempo.
Frasa apresenta sistema de água filtrada quente e fria
Não é apenas uma torneira, mas um verdadeiro auxiliar na confecção das suas
refeições.
O modelo HC1100 da In Sink Erator, lançado pela Frasa, permite-lhe dispor de
água filtrada fria ou a 98 graus, directamente da mesma torneira.
Basta um toque na alavanca da torneira para fazer chá, café e outras bebidas
quentes, preparar massa ou arroz, ferver legumes e verduras e até descongelar
alimentos. Para maior segurança, a válvula de fechamento automático interrompe
o fluxo de água assim que a alavanca é libertada.
Sem chaleiras, sem fios eléctricos sobre a área de trabalho e sem chama ou chapa
aquecida, torna-se um meio extremamente rápido e seguro de aquecer água.
A comodidade e a economia de tempo são claras, mas este modelo inclui também
ganhos para a sua saúde, já que, possui ainda um sistema de filtragem que
reduz o cloro, o chumbo e a acumulação de sais, assim como odores e gostos
desagradáveis.
É uma alternativa à água engarrafada que ajuda a reduzir custos e com vantagens
ambientais, contribuindo para a diminuição do número de garrafas de plástico em
aterros sanitários.
O consumo de energia eléctrica gerado é menor do que uma lâmpada de 40 watts
e a própria limpeza da louça e outros utensílios é facilitada, dispensando o recurso
a produtos químicos agressivos.
Às vantagens de funcionalidade é associado um design elegante, com possibilidade
de escolha entre vários acabamentos diferentes, incluindo cromado polido e aço
escovado.
De coração | OUTUBRO 2010
[email protected]
IDEIAS E SOLUÇÕES 25
| Até 100 copos de água filtrada a 98º C por hora
| Fácil de instalar na sua cozinha actual, com filtro rapidamente
substituível
| Tanque de água compacto de 2,5 litros em aço inoxidável que se
encaixa sob a pia
De coração | OUTUBRO 2010
| Garantia de dois anos
26 IDEIAS E SOLUÇÕES
Triturador de Resíduos Alimentares
Higiénico, prático e instantâneo
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em média, cada português
produz em casa 511 quilos de lixo por ano.
O valor poderá surpreendê-lo mas, no seu dia-a-dia, apercebe-se da rapidez com
que o seu caixote do lixo se enche.
Uma parte significativa são, sem dúvida, detritos que geramos enquanto
cozinhamos.
Um triturador de resíduos orgânicos é a solução ideal para este problema, ao
oferecer uma nova forma de tratar os desperdícios.
Em vez de estar a acumular lixo e maus odores na sua cozinha, os restos de comida
vão directamente para o lava-louça. Basta abrir a torneira de água fria, ligar o
triturador e deitá-los pela abertura.
Os detritos caem num prato giratório de metal, onde a força centrífuga os empurra
contra a parede da câmara de trituração. A pressão exercida contra esta superfície
reduz os restos a pequenas partículas que são depois eliminadas pelo esgoto.
A linha de Trituradores de Resíduos Orgânicos da In Sink Erator distingue-se pelos
modelos compactos, que se encaixam debaixo do lava-louça, sem ocupar um
espaço significativo no armário. O sistema de montagem “quick-lock”, exclusivo
da ISE, torna a instalação deste equipamento simples e rápida, quer esteja a
planear uma nova cozinha ou a aplicá-lo num lava-louça já existente.
De coração | OUTUBRO 2010
[email protected]
IDEIAS E SOLUÇÕES 27
| Higiénico: Livrar-se do lixo assim que é gerado é muito mais higiénico,
evitando maus cheiros, bactérias e insectos.
| Conveniente: Um triturador reduzirá significativamente o número de idas
ao lixo, poupando tempo e incómodo.
| Prático: O triturador de resíduos orgânicos é compacto, fácil de instalar e
adapta-se à maioria dos lava-louças.
| Responsável: Os trituradores auxiliam na reciclagem do lixo, permitindo
De coração | OUTUBRO 2010
que estes detritos sejam transformados em fertilizantes agrícolas.
28 IDEIAS E SOLUÇÕES
Vá ao Mercado Popular!
Uma visita ao Mercado Popular, o outlet da Matobra, vai-lhe poupar tempo e dinheiro, na remodelação
que está prevista há algum tempo dentro de sua casa.
Para além das excelentes oportunidades destacadas no último número, chamamos agora à atenção
para a possibilidade de adquirir mobiliário de WC, revestimento ou balanças originais, com o requinte,
autenticidade e qualidade das grandes marcas a preços de estupefacção.
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303,80€
Opcional: Lavatório Miramar Branco Valadares
36,30€
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Móvel Wengué, da Vivacor
205,70€
Opcional: Lavatório Branco, da Indusa
169,70€
Todos os preços indicados incluem IVA
De coração | OUTUBRO 2010
Opcional: Tampo Verde mate c/ Lavatório Incorporado 242,00€
IDEIAS E SOLUÇÕES 29
411,40€
Opcional: Lavatório Branco, da Crumar
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Móvel 45 Faia c/ Portas e Gaveta, da Emacor
108,90€
Opcional: Lavatório Cadaques, da Cifial
101,64€
Balança Quadrada, da Emacor 13,64€
Revestimento cerâmico a partir de 2,49€/m2
Balança Redonda, da Emacor 18,13€
De coração | OUTUBRO 2010
Móvel Wengué c/ Tampo Mármore 85x40x48
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ENTREVISTA 31
Só compro terrenos onde gostaria de viver
De coração | OUTUBRO 2010
Manuel da Silva Mendes trouxe da Suiça o rigor e a disciplina que o distingue no
mercado da construção civil.
Natural de Pombal, mas com obras em várias regiões, não tem a preocupação de
inventar novos mercados para que as Construções Alimendes possam crescer, porque
basta olhar para as nossas cidades e para as nossas ruas para verificar que ainda há
muito a fazer por cá.
É à estrutura de cada obra que incute a maior importância na qualidade da construção.
A prova está na Quinta da Portela, bem como um pouco por todo o país.
32 ENTREVISTA
Em que momento da sua vida resolve
trabalhar na construção civil?
O meu pai, apesar de negociar em materiais
de construção, trabalhava mais com
madeiras, e desde muito jovem que o tentava
convencê-lo a dedicar-se exclusivamente à
construção. Assim, até aos meus vinte anos,
tive mais experiência na área do corte de
madeiras, altura em que me casei e resolvi
emigrar para a Suiça já com a certeza de ir
para a construção civil.
De coração | OUTUBRO 2010
A emigração para a Suiça aconteceu em
que ano?
Estive na Suiça desde 1980 até finais de
Julho de 1991. Tive a sorte de trabalhar
numa empresa de estruturas, isolamentos
e impermeabilizações, o que me trouxe
muitos conhecimentos e posso dizer que,
hoje em dia, ainda tenho essa mentalidade
suíça, porque considero que o principal
numa obra é a estrutura e o isolamento.
Até porque no que respeita à decoração de
interiores e aos acabamentos há sempre a
hipótese de se alterar posteriormente. Por
exemplo, a Matobra coloca ao nosso dispor
produtos que permitem a colagem perfeita
de revestimentos por cima de outro, caso o
cliente assim o exija.
Como
surgiram
as
Construções
Alimendes?
Quando regressei da Suiça, em 1991, já fazia
parte de uma sociedade de construção no
Algarve onde fizemos algumas construções.
Não foi uma escolha fácil porque já estava a
trabalhar por minha conta, já tinha um nível
de vida muito bom, aliás, fui muito criticado
pela comunidade portuguesa por deixarmos
o sucesso lá alcançado para depois voltar.
A minha mulher, por exemplo, geria um
condomínio com muitos imóveis e o patrão
fez alguma pressão para nós nos mantermos
lá, inclusivamente com a promessa de
me garantir um emprego caso decidisse
regressar à Suiça.
Já em Portugal, compro um terreno em
Condeixa onde faço a primeira urbanização,
entretanto, em 1992, fundei, juntamente
com um familiar, as Construções Ramiro
e Coelho. Em 2004, surge a empresa
Construções Alimendes, cuja primeira
construção foi o Edifício Éden, na Quinta da
Várzea, onde está a Prabitar.
Que motivações tem para continuar
esta actividade?
Acima de tudo o facto de trabalhar com
gosto e por prazer, porque é essencial estar
ligado a uma profissão que nos motive e
que tenhamos que nos esforçar e investir
nela. Depois tenho uma natureza que me
obriga a estar constantemente ocupado e,
neste sector, começa-se desde as seis da
manhã até às dez ou onze da noite, e muitas
vezes, ao fim-de-semana. Também é preciso
ter alguma ambição e destaco também o
orgulho que me dá ser reconhecido pelos
nossos clientes. Tenho a sorte de fazer
aquilo que gosto.
Ao longo dos tempos tem tido a
oportunidade de ouvir alguns conselhos.
Gosta de os aplicar ou é homem de
pensar só pela sua própria cabeça?
Gosto de ouvir opiniões, aliás faço questão
de ouvir os meus filhos e a minha mulher
relativamente a muitos assuntos. Mas filtro
sempre o que me dizem e pondero segundo
aquilo que penso e mediante a experiência
e as informações que tenho.
Quais os aspectos em que nos podemos
aperceber da qualidade de um
construtor?
Sempre que eu decido adquirir um terreno é
porque também gostaria de viver lá. O local
é essencial para a compra de uma casa. A
partir daí é desenvolver um projecto bem
feito, até porque somos obrigados a respeitar
a arquitectura do espaço envolvente,
como acontece aqui na Portela, em que
tivemos de adaptar as divisões interiores
à parte exterior. Depois é a qualidade da
estrutura e do isolamento que fazem de
uma construção o sítio e a casa ideal. No
que respeita à decoração de interiores e
aos acabamentos devo destacar o trabalho
da minha esposa que é a responsável dessa
área e que os clientes têm apreciado.
Os clientes são mais exigentes e mais
informados. Os construtores respondem
a essa mudança no mercado?
Neste momento está disponível no mercado
um mundo de possibilidades e as empresas
têm de trabalhar com uma qualidade muito
alta porque os clientes têm o poder de
escolher. Quem não seguir esses princípios
sai do mercado. Pessoalmente, aconselho
sempre os clientes a virem acompanhados
por pessoas que percebam de construção
civil, como um engenheiro, um arquitecto
ou outra pessoa capaz, para que tenham
sempre uma visão abrangente da obra.
A Quinta da Portela é uma mais valia
para a empresa?
É um grande investimento que estamos a
fazer, são cerca de cinquenta apartamentos.
Devo dizer que fui dos primeiros construtores
a investir neste local, isto em 2000, tendo
escolhido, na minha opinião, a melhor zona
já que é o local mais alto da urbanização.
Assim, temos as salas e as cozinhas todas
viradas a sul, para a zona da piscina, com
vistas fabulosas para a Serra da Lousã, tendo
os apartamentos sol durante todo o dia. A
Portela está a ter uma grande adesão, até
porque estão a abrir novos serviços, como
bancos, farmácias, pastelarias, entre outros.
Muitas pessoas falam do preço excessivo
na construção, em Coimbra...
A construção na cidade de Coimbra
não pode ser barata devido ao nível de
construção que nós fazemos e que o cliente
exige e, por outro lado, porque os terrenos
são muito caros e os projectos muito
demorados.
Pelo que conheço, posso dizer que em
De coração | OUTUBRO 2010
ENTREVISTA 33
34 ENTREVISTA
termos de qualidade, não existe melhor
construção do que em Coimbra.
É uma cidade ideal para se construir. Mas
também temos construído no Algarve,
em Lisboa, na Mealhada, em Pombal e
em Condeixa, e temos o compromisso de
construirmos a casa ideal para os nossos
clientes, independentemente do local.
De coração | OUTUBRO 2010
Depois de terminar uma obra, o que
sente?
Sejam o edifício Éden, o edifício na Avenida
Fernando Namora, as urbanizações em
Condeixa, a Colina do Sol, ou a Portela,
todas elas me enchem de orgulho, mas é
evidente que as obras mais recentes têm
cada vez mais qualidade devido à constante
evolução.
Como avalia o actual mercado de
construção, em Portugal?
Estou com algum receio que a realidade
ainda piore. O país produz pouco e
importa muito. Quando regressei da Suiça
senti muito esse aspecto porque os suíços
enquanto tiverem um produto deles não
compram do estrangeiro. Lembro-me de
há trinta anos, um vinho espanhol custava
um franco ou franco e meio e eles preferiam
dar sete ou oito francos por um vinho suíço,
de qualidade duvidosa. Nós vamos aos
chineses porque é mais barato, as frutas
vêm de Espanha e não produzimos nada,
desprezamos a agricultura e apoiamos quem
não trabalha, o que desencoraja os que
trabalham e isso é muito preocupante. Os
impostos que pagamos não nos incentivam
a trabalhar, os cafés estão cheios de clientes
dos rendimentos mínimos. Temos cerca de
um milhão de pessoas que não produzem
e temos falta de pessoal qualificado para
trabalhar na construção.
Que conselho (s) daria para que o
mercado ganhasse força?
Maior eficiência a nível dos serviços,
nomeadamente da EDP, e menor carga
fiscal, o que permitiria uma baixa de
preço da construção, com maior acesso à
população em geral. Por outro lado, penso
que o grau de exigência tem de ser muito
alto para que o próprio mercado seleccione
quem tem qualidade para fazer a diferença.
Tem de existir muito rigor nos certificados
acústicos e energéticos, e defendo o fim
da ficha técnica, porque para além de ser
um gasto de folhas desnecessário, nós
prestamos todo o serviço ao cliente após a
venda.
Qual a experiência mais gratificante que
teve enquanto construtor?
Aprendemos todos os dias, mas a minha
experiência na Suiça foi extremamente
importante porque o rigor que existia na
estrutura e isolamento da obra, também
devido ao clima, preparou-me para ser mais
exigente e competente nessa matéria.
A empresa prefere a construção de raiz
ou a renovação?
Já fizemos renovação, acho que é um
nicho de mercado que pode crescer, mas
é preciso criar condições para que seja
possível remodelar os centros das nossas
cidades, pois é impossível trabalhar em ruas
tão estreitas e tão limitadas. Tem que existir
coragem política para que essa mudança
avance e isso é uma obrigação, porque não
é lógico estarmos a alargar as cidades para
outras zonas quando não melhoramos e
protegemos os centros.
A empresa já teve algumas experiências
no mercado externo? Quais?
Tenho tido alguns convites para o exterior,
mas não pretendo apostar nesses mercados
porque temos muita coisa para fazer e
construir no nosso país.
Neste momento e neste contexto de
crise, é mais importante investir ou não
arriscar?
Penso que é preciso ponderar muito
bem qualquer investimento, até porque
as recentes notícias nos desmotivam um
pouco.
O que tem construído ao longo destes
anos enquanto empresário?
Considero ter construído um percurso com
muito trabalho e dedicação, com muitos
sucessos e muitas obras que me deixam
orgulhoso, e que fazem hoje de mim um
empreendedor com uma vasta experiência.
Ao olhar para trás arrepende-se de
alguma decisão tomada?
Uma das decisões de que me poderia
arrepender foi a de ter saído da Suiça e de
regressar a Portugal, apesar de todas as
pessoas me dizerem que estava a cometer
um grave erro. Felizmente não estou
arrependido.
Num universo tão vasto de construtoras
em que é que a Alimendes se destaca?
Nós temos um feeling próprio, a nossa
forma de trabalhar. Apostamos forte na
estrutura da obra, a nível dos isolamentos,
na qualidade do ferro e do betão, tudo
isso faz a diferença. Outro ponto forte que
temos, é a nossa relação de dia-a-dia com
o cliente, sendo que o nosso objectivo é a
sua total satisfação, e o que faz com que
muitos clientes antigos voltem a comprar
ou a recomendar os nossos imóveis. Muito
importante também é o apoio na decoração
de interiores e no sector administrativo que
a minha mulher sempre colocou ao serviço
da empresa.
[email protected]
ENTREVISTA 35
BREVES
Uma obra que gostaria de ter feito…
A sede da CGD, em Lisboa.
Uma obra que tem orgulho de ter feito…
Todas as que fiz.
Uma obra que gostaria de fazer…
Primeiro acabar esta obra na Quinta da Portela, e depois começar os dois edifícios no Alto S. João, junto à antiga Makro.
Uma viagem que não esquece…
Um Cruzeiro no Mediterrâneo.
Uma ementa predilecta…
Costeletas de borrego assado no forno, feitas pela minha mulher.
Um vinho de eleição…
Tinto, de Arraiolos.
Ser feliz é….
Ter saúde.
Uma noticia que gostaria de ouvir…
A crise terminou e tenho os apartamentos todos vendidos.
De coração | OUTUBRO 2010
A voz que gosta de ouvir…
Rui Veloso e Mariza.
36 ESTILUS
Do trabalho para casa
Funciona muitas vezes como arrecadação e depósito de papéis mas, porque é aqui que se guardam os documentos mais importantes, o
escritório deverá ser um espaço bem organizado. Ainda que não tenha o hábito de levar trabalho para casa, precisa de um local para o seu
computador ou, simplesmente, onde possa colocar a sua correspondência em dia.
Quer seja uma divisão inteira ou parte de uma sala, cozinha ou quarto, um escritório pode ser criado com sucesso em qualquer recanto
da sua casa.
Em termos de mobiliário, as peças chave incluem uma mesa de trabalho, uma cadeira e uma estante. Poderá optar por conjuntos completos
ou combinar peças de gamas diferentes. Não tenha receio de misturar estilos, mas procure um conceito comum para criar coerência entre
as peças e harmonizar o ambiente.
Se tiver espaço, optar por um sofá-cama é um valor acrescentado para quando tiver visitas, permitindo associar ao seu escritório a função
de quarto de hóspedes.
De coração | OUTUBRO 2010
Conheça as alternativas disponíveis na Matobra.
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ESTILUS 37
Quando estiver a escolher uma cadeira verifique se
De coração | OUTUBRO 2010
lhe permite trabalhar numa posição confortável.
38 ESTILUS
Invista num bom candeeiro, que possa ser facilmente regulado para lhe dar mais ou menos luz junto do
computador ou de um livro.
Escolha caixas para guardar objectos que melhor se adaptem às suas necessidades. Estas peças podem
De coração | OUTUBRO 2010
também ter uma função decorativa, introduzindo cores e texturas no espaço.
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Liberte o espaço de banho.
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eBre a rotina.
Moderna, original e acessível são as palavras que definem a nova série Kapa. Agora, vai ver que quebrar
a rotina do seu espaço de banho não custa nada.
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ESTILUS 41
Geberit Monolith – Sistema Sanitário Inovador
Prémio IF Design de Produto 2010
Num momento em que cada vez mais se fala em remodelação e renovação, a Geberit
inventa uma solução para quando for necessária a substituição de uma sanita, sem ter de
se limitar a uma peça ao chão com um autoclismo exterior.
A alternativa é Geberit Monolith, um módulo sanitário elegante para sanitas com autoclismo
integrado e que pode ser ligado à drenagem e à distribuição de água existentes, sem
alterações estruturais na construção, sem trabalhos adicionais, entulhos e sujidades.
Este conceito integra discretamente o autoclismo por trás do vidro e o seu design elegante
cria uma óptica contemporânea embutida.
É fixado na parede e no chão e adapta-se a todas as situações construtivas, graças à sua
estrutura modular.
Para além das características técnicas, o Monolith apresenta materiais de elevada qualidade
como o vidro temperado e o alumínio. Todos os componentes técnicos são produzidos de
acordo com os padrões de qualidade da Geberit e a sua substituição está garantida durante
2 5 anos.
Todos os mecanismos estão facilmente acessíveis, permitindo uma manutenção simples.
De coração | OUTUBRO 2010
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44 ESTILUS
Matobra lança IN9 espaço
Sem hestitações, sem surpresas
Serviço chave na mão
Quantas vezes lhe aconteceu estar a escolher a mobília para uma divisão, mas ter dúvidas se as
dimensões serão as mais indicadas para o espaço que tem disponível? Ou gostar de um tapete
mas não estar certo se o padrão combinará da melhor forma com os tecidos que entretanto
escolheu para o sofá e os cortinados?
Quase todos nós já fizemos uma compra de que nos viemos a arrepender...
É bem mais frequente do que se possa pensar, razão pela qual é raro encontrar uma garagem
que não tenha uma dessas más escolhas encostada a um canto.
Para resolver este problema, a Matobra oferece aos seus clientes um novo serviço - IN9
espaço - que lhe garante o fim da frustração de um resultado final que não corresponda à sua
expectativa.
Com o apoio de uma equipa com formação em design e arquitectura de interiores, em vez de
ter de imaginar o resultado final, o cliente pode antecipá-lo com um projecto em 3D, que lhe
permite experimentar diferentes soluções com liberdade e optar por uma solução final com
toda a confiança.
Seja em decorações para espaços vazios ou para integrar com outros elementos que pretenda
conservar, o primeiro passo será sempre uma visita a casa do cliente onde a nossa equipa,
tendo em conta o espaço disponível, a configuração da divisão, as zonas de iluminação e,
naturalmente, o seu gosto pessoal recolherá os elementos fundamentais para a concepção de
um projecto totalmente personalizado.
O cliente terá depois a possibilidade de visualizar as propostas num software que lhe garante
uma percepção a 3 dimensões do espaço.
Com toda a comodidade, poderá depois testar em tempo real os ajustes que lhe parecerem
interessantes, seja uma troca de um móvel por outros, uma outra cor na parede, um novo
padrão para os cortinados, etc .
Feitas as alterações em conjunto com o cliente, já na fase de execução, todas as montagens
em sua casa serão supervisionadas pelo profissional que concebeu o projecto, garantindo que
o resultado final seja, ao detalhe, a concretização da sua expectativa.
De destacar que o serviço tem ainda a vantagem de não se limitar a seleccionar diferentes
hipóteses de mobiliário entre os catálogos deste ou aquele fornecedor, permitindo a concepção
de uma peça de mobiliário de raiz, numa total personalização, adaptando a peça às suas
necessidades e não forçando o ajuste das suas necessidades, como acontece na produção em
grande escala.
Esta valência é especialmente útil para quem pretende tirar o melhor partido de espaços
reduzidos ou com configurações problemáticas como sótãos, vãos de escada, etc.
De coração | OUTUBRO 2010
[email protected]
De coração | OUTUBRO 2010
ESTILUS 45
46 ENTREVISTA
De coração | OUTUBRO 2010
A qualidade produz-se por medida
A M. Domingues (MDM) surgiu pelas mãos do seu pai, mas foi pela sua
curiosidade que se tornou inovadora no mercado. António Albano Domingues
foi o primeiro a fabricar móveis de casas de banho lacados, em Portugal,
numa altura em estas divisões começaram a ganhar espaço dentro de uma
casa e em que a MDM surge no mercado no comboio da liderança. Foram
várias as paragens e os percalços encontrados, mas o certo é que o percurso
continua a fazer-se para a frente, conquistando novos caminhos.
ENTREVISTA 47
Por onde passou a infância?.
uma coluna, e mais nada.
Sou natural desta zona, pelo que os
Começou a luta de querer fabricar, mas
primeiros
passados
não tinha nem o conhecimento dos
na Escola Primária do Barrô e depois,
processos envolventes, nem as matérias-
na Escola Secundária da Águeda,
primas necessárias em Portugal.
onde conclui o Curso Tecnológico de
Seguiu-se, durante dois anos, um
Mecanotécnia. Seguiu-se o serviço
estragar de materiais e, sobretudo de
militar na Armada Portuguesa durante
tempo, na tentativa de descobrir como
dois anos.
se produziam tais acabamentos.
estudos
foram
Só por uma grande teimosia, eu não
A actividade empresarial acabou
desisti. Não por ser um objectivo, mas
por ser um acaso da vida ou um
simplesmente porque eu gostava do
investimento pessoal?
toque refinado dos produtos que tinha
Quis dar continuidade à empresa,
visto em Itália e, tendo em conta que
criada pelo meu pai, em 1967. Em
não existiam móveis de banho em
2000 decidiu passar a empresa para os
Portugal, eu acreditava que poderia ser
três filhos, eu e as minhas duas irmãs,
um móvel com futuro.
no entanto, aos 79 anos, o meu pai
continua a vir trabalhar todos os dias
A MDM atingiu uma dimensão
sendo, inúmeras vezes, o primeiro a
nacional, isso deveu-se a quê na sua
chegar.
opinião?
Porquê a aposta no mercado do
talvez por sermos os primeiros a fazer
mobiliário de casas de banho, nessa
aquele tipo de produto.
altura?
No início dos anos noventa, nós
O que o meu pai produzia eram portas,
tínhamos tanta procura que chegámos
janelas e cozinhas. Não eram produtos
a ir á F.I.L. em Lisboa, e tínhamos
que me motivassem muito, daí que,
encomendas equivalentes a dez anos
quando o nosso conterrâneo, o saudoso
de produção normal em apenas cinco
Eng. Adolfo Roque da Revigrés, me
dias, o que era uma coisa inimaginável.
perguntou se eu seria capaz de
È evidente que essa procura massiva se
construir o stand para a F.I.L, eu vi que
deveu à não existência de concorrência
eram esse tipo de desafios, de trabalhos
e porque era uma novidade para as
mais criativos, que me despertavam
pessoas, que começaram a querer
interesse. No ano de 1984 fui à Feira
móveis de casa de banho. Foi um
de Bolonha, CERSAIE, e vi móveis de
aumento de vendas de tal ordem
casa de banho lacados, algo que em
que nos levou a fazer um enorme
Portugal não existia, já que o que existia
investimento em maquinaria e em infra-
no WC era um simples lavatório com
estruturas, pelo que o crescimento da
De coração | OUTUBRO 2010
Essencialmente foi devido ao trabalho e
48 ENTREVISTA
MDM disparou.
…
Isto tudo sem esquecer a importância
Em 1990 o mercado em Portugal
que a casa de banho começou a ter
pertencia aos fabricantes nacionais, que
nas casa dos portugueses, sendo já
constituíam um número reduzido. Com
considerada, a seguir à cozinha, a
o desvanecer das fronteiras, passamos a
divisão mais importante. Uma boa casa
ter concorrência o que nos estrangulou
de banho vende uma casa.
mas também ensinou.
Actualmente penso que o interesse dos
Em termos de volume de vendas,
estrangeiros pelo nosso mercado tem
quais têm sido os resultados nos
vindo a diminuir.
três tipos de produtos fabricados?
Os
móveis
de
casa
de
banho
Isso acontece porquê?
representam 85% da nossa produção,
Penso que acontece porque somos
os roupeiros situam-se nos 12% e os
muito versáteis na elaboração de móveis
restantes 3% vão para o fabrico de
fora de catálogo, algo para o qual
mobiliário de cozinha, que só fazemos
muitos dos fabricantes estrangeiros não
por gosto, para o nosso distrito e num
estão vocacionados, e muito menos
mercado bastante residual.
interessados.
banho
As marcas estrangeiras estão mais
fabricamos muito por medida, ao gosto
empenhadas na venda massiva e
do arquitecto ou do cliente, que não
exclusiva de produtos de catálogo.
Nos
móveis
de
casa
de
gosta de copiar do catálogo e que quer
dar o seu cunho pessoal. Daí que, desde
Encara a MDM como uma profissão
há seis anos, criamos as condições
ou como uma missão?
para que seja possível executar móveis
Quando se trabalha com motivação e
personalizados e, essa sim, foi também
quando se gosta muito do que se faz,
uma das nossas grandes apostas.
podemos pensar que essa é mesmo a
Por exemplo, em 2009, provavelmente
nossa missão, até porque a missão vai
mais de 60% dos móveis foram
evoluindo e nós evoluímos com ela.
fabricados por medida e isso obriga-nos
Posso dizer que a MDM é a minha vida.
De coração | OUTUBRO 2010
a estar sempre ao nível das exigências
de diversos gostos e estilos.
E qual a sua opinião sobre o mercado
Porque uma coisa é fazer mobiliário
de trabalho, em Portugal?
standard e outra é conceber móveis por
No estrangeiro, o profissional português
medida para situações tão diferentes
é visto como um trabalhador empenhado
entre si.
e responsável. Deveríamos ter o mesmo
espírito quando trabalhamos no nosso
Falou-me de um mercado no inicio
País, exigindo das empresas, uma maior
da empresa que já não é o de hoje
aposta na formação profissional, nas
De coração | OUTUBRO 2010
ENTREVISTA 49
50 ENTREVISTA
condições de trabalho, de higiene e de
transformado
segurança.
alcançado?
em
objectivo
Mantermo-nos como uma empresa de
A MDM já sentiu o baixo poder de
referência nesta fase difícil, o que pode
compra?
ser importantíssimo para que a MDM
Sentiu, temos tentado combater a
resista a esta tempestade.
quebra de vendas de mercado com
medidas de reestruturação através um
Conselhos para dar a volta a esta
maior controlo de despesas, um melhor
crise?
aproveitamento de recursos, e tentando
Apostar na qualidade, na inovação e,
mentalizar os nossos colaboradores que,
sobretudo, na assistência pós-venda
face aos tempos de grande dificuldade
para garantir a fidelidade dos clientes.
que atravessamos, é necessário sermos
Como gostaria de ver esta empresa
mais versáteis e profissionais.
daqui a vinte anos?
Para além do mercado nacional, a
Com o prestígio que possui actualmente.
MDM tem tido experiências noutros
países?
O que tem dado a esta empresa ao
Sim, temos clientes na Alemanha,
longo dos tempos?
Espanha, França, Suíça, entre outros
Era mais fácil se me perguntasse o que
países,
não tenho dado… A lista seria mais
ainda
que
os
valores
da
curta.
exportação sejam pouco relevantes.
Será sempre um objectivo da MDM o
exportar em maior quantidade mas,
E o que tem recebido?
continua a ser um objectivo ainda
Alegrias, dissabores e desafios.
maior, o de sermos cada vez mais fortes
Qual o lema da empresa?
no mercado nacional.
Servir bem o nosso cliente, pela
Um
objectivo
que
alcançou
enquanto empresário.
Desde
que
nos
originalidade do design.
iniciámos
que
conseguimos ser a empresa que mais
móveis de casa de banho produz em
Portugal.
De coração | OUTUBRO 2010
O nosso objectivo é manter e aumentar
o prestígio da marca estando no pelotão
da frente.
E
um
sonho
que
qualidade, não tanto pelo preço, e pela
quer
ver
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ENTREVISTA 51
BREVES
Sonho de infância
Pilotar um avião
Uma pessoa que o marcou
O meu avó
Uma viagem que não esquece
Marrocos
Local que quer conhecer
Amazónia
A Refeição
Bacalhau com grão
O Vinho
Da Bairrada
A voz que não se cansa de ouvir
A das minhas filhas
De coração | OUTUBRO 2010
A notícia que quer ouvir amanha
Portugal civilizado
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54 GALERIA MATOBRA
Showerbasin na rota de um novo banho
Se juntar todas as combinações possíveis para que a sua casa de banho possa oferecer
todo o conforto, a privacidade e glamour ao mesmo tempo, o resultado não andará
muito longe do novo conceito do espaço de banho que surge pelas mãos da Roca.
À primeira vista é um lavatório e espaço de duche integrados num único produto.
Mas mais do que isso, Showerbasin é a fusão perfeita de uma divisória com tratamento
Maxiclean, um Lavatório e uma Base de Duche de Stylech®, uma Torneira para Lavatório,
uma Coluna de Duche, um Móvel e um Espelho com placa anti-embaciamento e iluminação.
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