Lucélia Valda de Matos Cardoso Odicleise Maués
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Lucélia Valda de Matos Cardoso Odicleise Maués
Universidade do Estado do Pará Núcleo Universitário Regional do Baixo Tocantins Centro de Ciências Sociais e Educação Departamento do Curso de Matemática Curso de Licenciatura Plena em Matemática Lucélia Valda de Matos Cardoso Odicleise Maués Quaresma Buriti: relação entre seqüência de Fibonacci, razão áurea e a geometria fractal Moju 2012 Lucélia Valda de Matos Cardoso Odicleise Maués Quaresma Buriti: relação entre seqüência de Fibonacci, razão áurea e a geometria fractal Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura Plena em Matemática do Núcleo Universitário Regional do Baixo Tocantins, Universidade do Estado do Pará. Orientador: Professor Esp. Everaldo Roberto Monteiro dos Santos. Moju 2012 Dados Internacionais de catalogação-na-publicação (CIP) Biblioteca da Universidade do Estado do Pará, Moju – PA Cardoso, Lucélia Valda de Matos Buriti: relação entre seqüência de Fibonacci, razão áurea e a geometria fractal / Lucélia Valda de Matos Cardoso; Odicleise Maués Quaresma, 2012. 47 f. Orientador: Everaldo Roberto Monteiro dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Matemática) – Universidade do Estado do Pará / Moju, 2012. 1. Geometria não-euclidiana. 2. Geometria Fractal. 3. Seqüência de Fibonacci - Razão Áurea. I. Quaresma, Odicleise Maués. II. Santos, Everaldo Roberto Monteiro dos, orient. III. Título. CDD 21. ed. 516 Lucélia Valda de Matos Cardoso Odicleise Maués Quaresma Buriti: relação entre seqüência de Fibonacci, razão áurea e a geometria fractal. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura Plena em Matemática do Núcleo Universitário Regional do Baixo Tocantins, Universidade do Estado do Pará. Data de aprovação:___ /___/_____. Banca Examinadora _________________________________ Orientador Prof. Esp.: Everaldo Roberto Monteiro dos Santos Universidade do Estado do Pará _________________________________ Prof. Esp.: João Batista Tenório da Silva Universidade do Estado do Pará _________________________________ Prof. Esp.:Luiz Augusto Oliveira da Silva Universidade do Estado do Pará AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus por sempre estar comigo me acompanhando em toda a trajetória da minha vida, pelas oportunidades e pela força nos momentos mais difíceis. Agradeço aos meus pais Lúcio Serrão Cardoso e Deusa Maria de Matos Cardoso, minha irmã Débora Cristina de Matos Cardoso e meu Irmão Lúcio Elton de Matos Cardoso, pelo incentivo, carinho, atenção, apoio e dedicação oferecidos a mim em todos os momentos. Agradeço aos meus amigos que sempre acreditaram na minha capacidade, aos meus professores, que contribuirão na minha formação, pois em nenhum momento deixaram de semear o conhecimento adquirido por eles, e principalmente, ao meu orientador, Everaldo Roberto, por me auxilia com dedicação, competência e paciência. Agradeço a minha colega e parceira de trabalho, Odicleise Maués Quaresma, pelo incentivo e ajuda. Enfim, agradeço a todas as pessoas, que contribuíram de uma forma ou de outra para a realização deste trabalho. Lucélia Valda de Matos Cardoso AGRADECIMENTOS Agradeço a Jeová, pela vida, pelo conhecimento que tem me proporcionado no decorrer deste trabalho. Agradeço a minha família pelo apoio durante boa parte de minha caminhada. Agradeço ao Sérgio pelo amor incondicional, pela dedicação, pelos ensinamentos e pelo apoio nos momentos importantes de minha vida. Agradeço ao meu orientador, Everaldo, por ter acreditado e me instruído neste trabalho para que fosse possível se realizar. Obrigada pela a orientação. Agradeço a minha colega de trabalho, Lucélia, pela grande ajuda. Tenho certeza de que não poderia ter percorrido este caminho sem a orientação, o apoio e o amor de vocês. Odicleise Maués Quaresma A geometria fractal fará com que você veja as coisas diferentes. É perigoso ler mais. Você arrisca perder a visão infantil de nuvens, florestas, flores, galáxias, folhas, penas, rochas, montanhas, torrentes de água, tapete, tijolos e muito mais. Nunca mais você interpretará estes objetos da mesma forma. Michael Barnsley Até onde as leis da matemática se referem à realidade, não há certeza; e até onde há certeza, elas não se referem à realidade. Albert Einstein RESUMO CARDOSO, Lucélia Valda de Matos; QUARESMA, Odicleise Maués. Buriti: relação entre seqüência de Fibonacci, razão áurea e a geometria fractal. 2012. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Licenciatura Plena em Matemática. Universidade do Estado do Pará. Moju, 2012. O presente trabalho faz uma abordagem a um tema pouco explorado no ensino fundamental, médio e até mesmo nos cursos de graduação em Matemática: que é a relação entre a matemática e a natureza. Para isso usaremos argumentos da seqüência de Fibonacci, Razão Áurea e das geometrias, enfatizando conceitos básicos da Geometria Euclidiana e não – Euclidiana, mostrando o surgimento de outras geometrias como é o caso da geometria fractal, que descreve e modela às formas encontradas na natureza, além de mostrar a beleza dos fractais. O nosso trabalho utiliza estas idéias para identificar no buriti padrões matemáticos. Tais padrões têm o objetivo de demonstrar que a matemática está presente neste fruto, por meio da seqüência de Fibonacci, da Razão áurea e da geometria fractal apresentando a relação existente entre estes temas e a natureza. Mostrando as expressões que definem a Razão Áurea, e como essa construção ocorre na natureza até chegar ao número áureo. Dessa forma, nossa pesquisa expôs a importância da matemática em nossa vida, pois com a geometria, entendemos que o desenvolvimento das plantas obedece a certas leis matemáticas como observado nos galhos, talos das flores que se organizam de forma natural em espiral. Tais leis que acreditamos estarem também presente no fruto do buriti, como iremos mostrar no decorrer de nosso trabalho de conclusão de curso. De fato, não sabemos se a natureza sabe contar, mas sem dúvida ela segue alguns padrões matemáticos. Palavras-chave: Geometria fractal. Seqüência de Fibonacci. Razão Áurea. Buriti. Educação matemática. ABSTRACT CARDOSO, Lucélia Valda de Matos; QUARESMA, Odicleise Maués. Buriti: relationship between the Fibonacci sequence, golden ratio and fractal geometry. 2012. 47f. Completion of Course Work. Undergraduate Full Degree in Mathematics. State University of Pará. Moju, 2012. This work presents an approach to a relatively unexplored subject in primary, secondary and even in graduate courses in mathematics: What is the relationship between mathematics and nature. For this we will use arguments of the Fibonacci sequence, Golden Ratio and geometries, emphasizing basic concepts of Euclidean and non - Euclidean, showing the emergence of other geometries such as fractal geometry, which describes the forms and shapes found in nature, in addition to showing the beauty of fractals. Our work uses these ideas to identify the buriti. Such mathematical standards are intended to demonstrate that mathematics is present in this fruit, through the Fibonacci sequence, golden ratio and the fractal geometry showing the relationship between these issues and nature. Showing the expressions that define the Golden Ratio, and how this construction occurs in nature to reach the Golden Number. Thus, our research has exposed the importance of mathematics in our lives, for the geometry, we believe that the development of certain plants obeys mathematical laws as noted in the branches, stems, flowers that are organized in a natural spiral. Such laws that we believe are also present in the fruit of the palm tree, as we shall show the result of our completion of course work. In fact, we do not know if nature know how to count, but surely it follows some mathematical patterns. Key-words: fractal geometry. Fibonacci sequence. Golden Ratio. Buriti. Mathematics Education. LISTA DE TABELAS TABELA 1 Comparação entre geometria euclidiana, hiperbólica e elíptica no conteúdo da Matemática .......................................................................................... 22 TABELA 2 Construção da seqüência de Fibonacci ...................................................28 TABELA 3 Razão entre dois números sucessivos de Fibonacci ...............................34 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Johann Carl Friedrich Gauss ….…………………………………………… 16 FIGURA 2 János Bolyai ........................................................................................... 17 FIGURA 3 Nicolay Ivanovich Lobachevsky .............................................................. 18 FIGURA 4 Curvatura negativa.................................................................................. 19 FIGURA 5 Geometria Hiperbólica ............................................................................ 19 FIGURA 6 Georg Friedrich Riemann ....................................................................... 20 FIGURA 7 Geometria Elíptica .................................................................................. 21 FIGURA 8 Curvatura positiva ................................................................................... 21 FIGURA 9 Couve – flor ............................................................................................ 24 FIGURA 10 Conjunto de Cantor .............................................................................. 25 FIGURA 11 A curva de Koch ................................................................................... 26 FIGURA 12 A cesta de Sierpinski ........................................................................... 27 FIGURA 13 Sementes do girassol ........................................................................... 30 FIGURA 14 Grande Pirâmide de Khufu ................................................................... 31 FIGURA 15 Partenon ............................................................................................... 35 FIGURA 16 Construção do Retângulo Áureo .......................................................... 36 FIGURA 17 Retângulo Áureo ................................................................................... 36 FIGURA 18 Espiral logarítmica ................................................................................ 36 FIGURA 19 Tronco .................................................................................................. 38 FIGURA 20 Abacaxi ................................................................................................. 39 FIGURA 21 Sementes do girassol ........................................................................... 40 FIGURA 22 Buriti ..................................................................................................... 41 FIGURA 23 Buriti ..................................................................................................... 41 FIGURA 24 Espiral sentido horário ......................................................................... 42 FIGURA 25 Espiral sentido anti-horário ................................................................... 42 FIGURAS 26 Espirais horárias e anti-horárias.......................................................... 43 FIGURA 27 Sementes do girassol............................................................................ 43 FIGURA 28 Escamas do buriti ................................................................................. 43 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................12 1 GEOMETRIA EUCLIDIANA E GEOMETRIA NÃO- EUCLIDIANA........................14 1.1UM BREVE HISTÓRICO......................................................................................14 1.2UMA NOVA GEOMETRIA....................................................................................15 1.2.1 JOHANN CARL FRIEDRICH GAUSS.............................................................16 1.2.2 JÁNOS BOLYAI................................................................................................17 1.2.3 NICOLAY IVANOVICH LOBACHEVSKY.........................................................18 1.3 GEOMETRIA HIPERBÓLICA..............................................................................19 1.3.1 GEORG FRIEDRICH RIEMANN......................................................................20 1.4 GEOMETRIA ELIPTICA......................................................................................21 1.5 GEOMETRIA FRACTAL.....................................................................................23 1.5.1 CONJUNTO DE CANTOR...............................................................................25 1.5.2 CURVA DE KOCH...........................................................................................26 1.5.3 A CESTA DE SIERPINSKI..............................................................................27 2 SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI E RAZÃO ÁUREA...............................................28 2.1 SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI............................................................................28 2.2 RAZÃO ÁUREA..................................................................................................30 2.3 SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI E RAZÃO ÁUREA..............................................33 3 O BURITI: O ELO ENTRE MATEMÁTICA E A NATUREZA...............................38 CONSIDERAÇÃO FINAL........................................................................................45 REFERÊNCIAS.......................................................................................................47 12 INTRODUÇÃO Neste trabalho, propomos um elo entre matemática e natureza por meio de um fruto muito utilizado em nossa região, a Amazônia, este fruto é o Buriti1. Mas para isso visamos mostrar um pouco sobre alguns padrões matemáticos existentes na natureza entre estes a geometria fractal, a seqüência de Fibonacci, a razão áurea e o número áureo para base do que queremos propor. Uns dos ensejos a escolha dessa questão, além de ter muita atratividade, o fato de ser pouco notório e, poucos saibam, são bastantes presentes na natureza. A fim de apresentar a importância e a beleza da matemática na natureza, e encorajar o docente a apreciá-la, visto que não é um assunto normalmente desenvolvido no âmbito dos Ensinos Fundamental, Médio e Superior e, que durante nossa carreira acadêmica não os estudamos, nos propusemos no decorrer de nosso trabalho seguir os seguintes passos para que possamos apresentar nossa pesquisa bibliográfica de forma prazerosa para os leitores, para que não pareça vago e impreciso para os conhecedores e apaixonados pela matemática e sem sentido para aqueles que apenas só se simpatizam com a matemática e que possam encontrar um motivo para melhor conhecê-la. Para uma analise precisa, teremos teóricos como Mlodinow (2005), Coutinho (2001), Livio (2007) e Barbosa (2002), que ostentaram nossas definições, breves históricos, conceitos e citações. No primeiro capitulo veremos um breve histórico sobre geometria euclidiana e não-euclidiana que apresentaremos a historia, resumida, alguns matemáticos que questionavam a demonstração do quinto postulado de Euclides examinado que, para o espaço plano os conceitos de Geometria Euclidiana respondem de maneira satisfatória, contudo para os problemas que envolvem espaços não planos alguns postulados não são validos. E por isso surge a necessidade da criação de geometria não-euclidiana que melhor representam tais espaços e o espaço que nos cerca. 1 Fruto cuja palmeira pertence à família das palmáceas tendo nome cientifico de Mauritia flexuosa e é encontrado principalmente na área central do Brasil até o sul da planície amazônica. Seus frutos são avermelhados, cobertos por uma escama de cor avermelhada e lustrosa. A polpa amarela cobre sua semente oval que é bastante dura. 13 No segundo capitulo abordaremos o surgimento da seqüência de Fibonacci e a razão áurea com um breve histórico e a relação existente entre si na natureza nos levará ao segmento em média e extrema razão, expressões que define a razão áurea, como chegar ao número áureo, o retângulo áureo e a espiral logarítmica, ambos construídos em torno da razão áurea e ressaltando as diversas formas que aparecem na natureza. As palavras de Lívio (2007) expressam bem o que desejamos defender quando diz que: A Razão Áurea veio se tornar a mais simples das frações contínuas (mas também o “mais irracional” de todos os números irracionais) e, por outro lado, o coração de um número infinito de fenômenos naturas complexos. De certa forma, a Razão Áurea sempre aparece inesperadamente na justaposição do simples e do complexo, na interseção da geometria euclidiana com a geometria dos fractais (p.257-258). No terceiro capitulo apresentaremos padrões matemáticos na natureza por meio da geometria fractal, seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea, já vistos no primeiro e segundo capitulo, estes serão exemplificados no abacaxi, nas sementes do girassol e em outros, que nos levará a uma investigação desses padrões matemáticos num fruto muito conhecido de nossa região que é o buriti. 14 1 Geometria euclidiana e Geometria não – euclidiana 1.1 Um breve histórico Por volta de 300 a.C. no litoral sul do mar Mediterrâneo, na Alexandria, Euclides reuniu o conhecimento geométrico da época, em sua obra chamada “Elementos”, nela, organizou e reuniu a geometria, estabelecendo suas definições, termos primitivos, postulados, teoremas e axiomas. A Geometria de Euclides, ou geometria euclidiana, é a que usamos no nosso cotidiano e nas escolas. A geometria euclidiana é uma geometria plana, devido ao fato dela ter sido concebida no espaço plano somente sobre superfície plana. Utilizando as noções de ponto, reta e plano, que Euclides enunciou os cinco postulados, que serviram para alicerçar todo o conhecimento geométrico da época. Os cinco postulados de Euclides são os seguintes: I. Dado quaisquer dois pontos, pode ser traçada uma linha tendo estes pontos como suas extremidades. II. Qualquer linha pode ser prolongada indefinidamente em qualquer direção. III. Dado qualquer ponto, pode ser desenhado um circulo com qualquer raio, com aquele ponto no centro. IV. Todos os ângulos retos são iguais. V. Dada uma linha que cruze duas linhas retas de modo que a soma dos ângulos internos do mesmo lado seja menor do que dois ângulos retos, então as duas linhas, quando prolongadas, acabarão por se encontrar (naquele lado da linha) (MLODINOW, 2005, p.45-46). Os quatros primeiros postulados foram bem aceitos e serviram de base para a fundamentação da geometria plana, mas o quinto postulado, chamado de postulado das paralelas não parece ser tão acessível como os demais e sofreu várias críticas durante a história da matemática. Neste sentido, como o quinto postulado não tinha consenso entre os matemáticos que hora aceitavam como um postulado e hora tentavam demonstrá-lo utilizando os quatro anteriores e, contudo não conseguiam até que surgiram novas conjecturas como veremos a seguir. 15 1.2 Uma nova Geometria Segundo Mlodinow (2005), a primeira tentativa de demonstrar o postulado das paralelas foi feita por Ptolomeu no século 2 d.C. Desde então, por vários séculos muitos matemáticos buscavam uma demonstração para o quinto postulado, e essas tentativas que duraram cerca de dois mil anos não foram suficiente para demonstrá-lo. A partir de questionamentos do quinto postulado de Euclides foi estabelecida a base para a construção de uma nova geometria, visto que a geometria euclidiana ou geometria plana não é totalmente satisfatória, pois esta geometria não era suficiente para resolver situações que ocorressem em espaços que não fossem planos. Devido à necessidade de resolver situações geométricas que não eram previstas na geometria de Euclides. O homem precisou desenvolver novas geometrias denominadas de geometrias não-euclidianas, ou seja, geometrias que por características próprias não obedecem algum dos postulados de Euclides. Em nosso trabalho iremos abordar três dessas geometrias sendo que a hiperbólica e a elíptica serão tratadas de forma superficial, devido ao fato delas servirem de apresentação a Geometria Fractal, terá uma atenção especial, visto que servira de base das investigações no capitulo 3. Antes de abordamos algumas características da geometria não-euclidiana falaremos, brevemente, sobre os teóricos que desenvolveram tais geometrias. 16 1.2.1 Johann Carl Friedrich Gauss Figura 1: Johann Carl Friedrich Gauss (1777 – 1855)2 Nasceu em Braunschweig (atualmente, Brunswick), na Alemanha, no dia 30 de abril de 1777. Gauss foi o maior matemático de sua época e o primeiro a mencionar a nova geometria como não–euclidiana. Diferente de outros matemáticos, Gauss não procurou encontrar uma forma mais aceitável do quinto postulado, Gauss apenas se perguntou: “É possível que o espaço seja de fato curvo?” (MLODINOW, 2005, p.118). Dessa forma, questionou se era válido. Entre 1813 e 1816, como professor na Universidade de Göttingen, Gauss fez o desenvolvimento de equações que relacionavam as partes de um triângulo num espaço não - euclidiano, cuja estrutura denominou de geometria hiperbólica. No entanto, Gauss sabia que a Inquisição exercia grande pressão sobre aqueles que dominavam algum tipo de conhecimento, principalmente, sobre aqueles que pregavam suas idéias contrárias a da Igreja Católica. Desse modo, Gauss manteve sua obra em segredo. _____________ 2 Fonte: http://www.our-earth.net/Karl-Gauss-Astronomer.asp 17 Embora Gauss não tenha publicado suas descobertas, mas duas pessoas que tinham contato direto com ele fizeram as publicações, quase que no mesmo tempo. Sendo eles János Bolyai e Nicolay Ivanovich Lobachevsky. 1.2.2 János Bolyai Figura 2: János Bolyai (1802- 1860)3 Um matemático húngaro, filho de um amigo de Gauss, Wolfgang Bolyai, escreveu a seu pai que tinha descoberto um espaço não - euclidiano. Entre 1820 e 1823 desenvolveu um sistema completo de geometria não - euclidiana, seu trabalho foi publicado em 1832 como um “apêndice”. Gauss, após ler o “apêndice”, considerou Bolyai um gênio de primeira ordem, infelizmente, ele não publicou mais de 24 páginas do “apêndice” ele deixou mais de 20000 mil páginas de manuscritos matemáticos desenvolvidos por ele até a sua morte, em janeiro de 1860, aos 58 anos. _______________ 3 Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/223836/enlarge 18 1.2.3 Nicolay Ivanovich Lobachevsky Figura 3: Nicolay Ivanovich Lobachevsky (1792- 1856)4 Nasceu no dia 1 de dezembro de 1792 em Nizhny Novgorod, Rússia. Sua família era muito pobre e aos sete anos de idade ocorreu o falecimento de seu pai, então para fugir da pobreza sua mãe mudou - se para a cidade de Kazan, ali estava mais perto de sua família. Em Kazan, sua mãe conseguiu colocá – lo no ginásio por meio de bolsas escolares financiada pelo governo. Em 1829, Lobachevsky publicou um artigo que marca o nascimento da geometria não – euclidiana intitulado “Sobre os Princípios da Geometria”, durante sua produção Lobachevsky fica convencido de que o quinto postulado de Euclides não pode ser provado com base nos quatros primeiro postulados, achando-o tão contraditório que o chamou de “Geometria imaginária” e por isso o chamaram - no de “Copérnico da Geometria”. Na verdade, Lobachevsky, Bolyai e Gauss desenvolveram a nova geometria ao mesmo tempo, mas foi Lobachevsky o primeiro a publicar suas descobertas. Infelizmente, o reconhecimento pelo seu trabalho só veio após sua morte. ____________ 4 Fonte: http://russiapedia.rt.com/prominent-russians/science-and-technology/nikolai-lobachevsky/ 19 1.3 Geometria Hiperbólica A geometria hiperbólica foi desenvolvida, principalmente, por Nicolay Ivanovich Lobachevsky e quase que simultaneamente, por János Bolyai. Ao contrário da geometria Euclidiana, a geometria hiperbólica é definida sobre uma superfície de um hiperbolóide (semelhante a uma sela de cavalo), e é representada por uma superfície com curvatura negativa. Segundo Gauss uma das conseqüências “é que a soma dos ângulos internos de triângulo é sempre menor do que 180º” que pode ser visualizado no triângulo desenhado na figura abaixo, ao qual Gauss denominou de defeito angular. E outro resultado, “é que triângulos semelhantes não existem” (MLODINOW, 2005, p.127). A imagem abaixo mostra a geometria hiperbólica, nela podemos visualizar que a soma dos ângulos internos de um triângulo nessa superfície é menor que 180º. A+B+C < 180º Figura 4: curvatura negativa5 A geometria hiperbólica é uma geometria não- euclidiana, logo o quinto postulado de Euclides não é válido para esta geometria. Podemos citar como exemplo dessa nova geometria, o postulado das paralelas para a geometria hiperbólica que passa a ser enunciado da seguinte forma: “por um ponto P fora de uma reta r passa mais de uma reta s paralela à reta r”, como mostra a figura abaixo: E as duas conseqüências estão relacionadas, pois o defeito angular varia de acordo com o tamanho do triângulo. Figura 5: Geometria Hiperbólica6 ____________ 5 Fonte:http://www.on.br/certificados/ens_dist_2008/site/conteudo/modulo5/5-geometria-nao-euclidia 6 Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1734-8.pdf 20 1.3.1 Georg Friedrich Riemann Figura 6: Georg Friedrich Riemann (1826 - 1866)7 Georg Riemann nasceu em 1826, numa pequena vila de Breselenz. Em 1846, aos 19 anos, Riemann se matriculou na Universidade de Göttingen, onde Gauss era professor. De inicio era aluno de Teologia, logo depois mudou para a Matemática. Para conseguir uma vaga de professor assistente na Universidade que estudava, Riemann tinha que apresenta uma palestra que serviria como teste. Seguindo normas do departamento ele apresentou três tópicos para que fosse escolhido o assunto da palestra, os dois primeiros tópicos tratavam sobre problemas matemáticos da época enquanto que o terceiro abordava os fundamentos da geometria, embora, estivesse menos preparado para o terceiro tópico, Gauss o escolheu, pois gostaria de saber como um jovem matemático abordaria tema tão complicado. Riemann apresentou sua palestra sobre fundamentos da geometria e Gauss ficou surpreso pela sua abordagem, pois ela era bem diferente das apresentadas por seus antecessores. Dessa forma, Riemann contribuiu para o desenvolvimento do conhecimento geométrico ao unir um conjunto de teorias na Geometria não euclidiana que se originou dos seus estudos na superfície esférica, também chamada de elíptica. ____________ 7 Fonte:http://www.on.br/certificados/ens_dist_2008/site/conteudo/modulo5/5-geometria-naoeuclidiana/geometria-espaco-curvo.htmlfiura 21 1.4 Geometria Elíptica Após a descoberta do espaço hiperbólico, outro tipo de espaço não – euclidiano surgiu, foi então que Riemann criou a Geometria Elíptica, que também é conhecida por Geometria Riemanniana. O espaço elíptico é obtido ao negar o quinto postulado de Euclides, ou seja, negar a existência das paralelas. Figura 7: Geometria Elíptica8 . Nesta geometria a soma dos ângulos internos é maior que 180º. A geometria elíptica é representada através da superfície de uma esfera (ou elipsóide) com curvatura positiva. A+B+C > 180º Figura 8: curvatura positiva9 Apresentamos um pouco do desenvolvimento histórico e epistemológico das geometrias não euclidianas e uma propriedade dessas geometrias nos seus respectivos triângulos esférico e hiperbólico. ____________ 8 Fonte: http://www.seara.ufc.br/donafifi/hiperbolica/hiperbolica4.htm Fonte:http://www.on.br/certificados/ens_dist_2008/site/conteudo/modulo5/5-geometria-naoeuclidiana/geometria-espaco-curvo.html 9 22 A partir da apresentação de uma propriedade das geometrias nãoeuclidianas, podemos utilizar outras propriedades pertencentes à geometria euclidiana, hiperbólica e elíptica para construir uma tabela comparativa entre essas três geometrias, como veremos abaixo: Conteúdo Matemático Dada uma reta L Geometria Euclidiana Uma reta e só uma que e um ponto P passa exterior a L, existe (m) por P e é paralela a L. Geometria não euclidiana LOBACHEVSKIANA RIEMANNIANA Pelo menos duas retas que passam por P e é paralela a L. Não há reta que passa por P e é paralela a L. As retas São Nunca são paralelas eqüidistantes Eqüidistantes Igual a 180º Menor do que 180º Maior que 180º Independente da soma dos seus ângulos Proporcional ao defeito da soma de seus ângulos Proporcional ao excesso da soma de seus ângulos. Não existem A soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é A área de um triângulo é Tabela1: Comparações entre geometria euclidiana, hiperbólica e elíptica no conteúdo da Matemática Percebemos então que estas geometrias com características peculiares surgiram pela negação de um dos cinco postulados de Euclides e que por meio dessa negação foram construídos sistemas axiomáticos compostos de teoremas e postulados que validam os objetos matemáticos concebidos em superfícies irregulares. Portanto, partindo desse principio e observando o quadro acima devemos ter cuidado em afirma que a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é sempre 180º para não reincidir em erros de ordem epistemológica. E sim, afirmarmos que a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer no espaço euclidiano é igual a 180º. 23 As geometrias não euclidianas não se restringem apenas as que utilizam objetos matemáticos ideais, ou seja, objetos criados a partir da mente humana, na verdade, existe outra geometria que representa as formas irregulares presentes na natureza que é denominada de geometria fractal ou geometria da natureza. 1.5 Geometria Fractal Segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (2001, p. 331), “fractal é a forma geométrica que pode ser subdividida indefinidamente em partes, as quais, de certo modo, são cópias reduzidas do todo". Mas o termo “Fractal” foi criado em 1975 por Benoit Mandelbrot, que significa no latim: quebrar, fração, fragmentos irregulares. Surgindo, assim, o ramo da matemática que estuda as propriedades e comportamentos dos fractais, conhecido por Geometria fractal, que descreve muitas situações que não podem ser explicadas claramente pela geometria euclidiana. Mas o que significa Geometria fractal? Segundo Janos (2008) Geometria Fractal “É uma linguagem matemática que descreve, analisa e modela as formas encontradas na natureza” (p.2). Nas últimas décadas do século XX, cientistas descobriram essa nova forma de compreender o crescimento e complexidade da natureza. Nela encontramos formas com um grau de complexidade maior, não sendo possível descrevê-las por meio da geometria euclidiana, com a descoberta da geometria fractal possibilitou descrever melhor os objetos que representam certos fenômenos, formas, padrões e simetrias da natureza. Um fractal apresenta as seguintes características básicas sendo elas: A auto-semelhança consiste em cada pequena porção do fractal, no qual poder ser vista como uma cópia fiel de todo o fractal só que numa escala menor. E este fenômeno está muito mais presente na natureza. Na verdade, poucas são as formas regulares existentes na natureza. Como exemplo, temos a couve – flor, que ao tirar uma foto de uma couve – flor e de uma 24 pequena parte de seu todo e ampliar as duas fotos no mesmo tamanho. Se a foto não tiver fundo, será quase que impossível dizer qual é a couve – flor inteira e qual é o pedaço. Isso ocorre porque pequenos pedaços da couve-flor são semelhantes ao todo, por isso, dizemos que a couve-flor é autosemelhante. Figura 9: couve-flor10 A Dimensão dos fractais, ao contrário do que se sucede na geometria euclidiana, não é uma quantidade inteira como nas dimensões de linha, quadrado e cubo. Já nos fractais ela é uma dimensão fracionária, ou seja, um fractal pode ter dimensão de 1, 58496 como é o caso da cesta de Sierpinski ou 1, 26185 como é o caso da curva de Koch. Outro aspecto interessante é que nos fractais matemáticos, as partes são cópias exatas do todo, e nos fractais naturais as partes são apenas repetições do todo. Mandelbrot é conhecido como o pai da geometria fractal. Claro, que antes dele, outros matemáticos como Georg Cantor (1845-1918), Helge Von Koch (18701924), Waclaw Sierpinski (1882-1969), como veremos a frente, desenvolveram desenhos estranhos que desafiavam o ajuste as definições da geometria euclidiana, por desafiarem a geometria euclidiana, até o momento, conhecida como absoluta. Então foram chamados de “monstros matemáticos”. ____________ 10 Fonte: http://www.mundodastribos.com/beneficios-da-couve-flor-para-a-saude.html 25 1.5.1 Conjunto de Cantor Georg Cantor, matemático nascido na Rússia, dedicou muito de seus estudos em pesquisas relativas à fundamentação da matemática, principalmente, a parte conhecida como teoria dos conjuntos. E um dos seus trabalhos no qual é construído um conjunto de Cantor, como exemplo, um dos “monstros matemáticos”. Podemos dizer que o conjunto de Cantor é a peça fundamental no estudo dos fractais, além de representar um modelo de imaginação abstrata na Matemática. (I) Considerando um segmento de reta, entre os valores de 0 a 1. (II) Começa por retirar o terço médio, resultando em dois segmentos de extensão . (III) Logo, é retirado o terço médio destes dois segmentos, ficando quatro segmentos com extensão de . (IV) O processo é repetido indefinidamente, com tendência para o infinito, chegando a um ponto onde o resultado final é uma sucessão de pontos mais conhecida como a “poeira de cantor”. (I) (II) (III) (IV) Figura 10: Conjunto de Cantor11 ____________ 11 Fonte: http://www.ceticismoaberto.com/ciencia/2139/fractais-uma-nova-viso-da-natureza 26 1.5.2 Curva de Koch Helge Von Koch, matemático polonês, criou uma curva que hoje recebe seu nome, a curva de Koch. Que é construída da seguinte forma: (I) Desenhe um segmento de reta que é chamada de iniciador. (II) Divida-o em três partes iguais e retire a parte do meio, (III) Na parte do meio construa um triângulo eqüilátero do qual é retirado o segmento de sua base. (IV) O processo será repetido nos 4 segmentos restantes. (V) Repita o processo indefinidamente. (I) (II) (III) (IV) Figura 11: A curva de Koch12 ____________ 12 Fonte: http://www.itis-molinari.eu/studenti/progetti/Tesina_Mate/koch.html 27 1.5.3 A Cesta de Sierpinski Waclaw Sierpinski, matemático polonês, criador da cesta de Sierpinski que é construída da seguinte forma: (I) Inicia-se com um triângulo eqüilátero no plano (II) Depois se constrói outro triângulo, em conjunto com os vértices do triângulo inicial, assim, passamos a ter quarto triângulos semelhantes, dos quais eliminamos o triângulo central. (III) Repita o processo indefinidamente. Figura 12: A Cesta de Sierpinski13 Percebem-se nestas figuras alguns modelos matemáticos como e o caso da exponencial, que pode ser usada utilizando a idéia de potência, segundo Santos (2010) outra característica peculiar observada principalmente na cesta de Sierpinski é de que enquanto a área tende a zero, pelo fato de serem eliminados os triângulos centrais o seu perímetro continua inalterado. Neste capitulo abordamos um pouco da geometria euclidiana e não euclidiana, como é o caso da hiperbólica, elíptica e a fractal e a historia de alguns matemáticos que contribuíram para o seu desenvolvimento epistemológico, contudo a maior ênfase, devido à natureza de nosso trabalho, encontra-se na geometria fractal, da qual apresentamos suas características e alguns modelos de fractais. A geometria fractal representa uma tentativa brilhante de descrever as formas e os objetos do mundo real. Quando olhamos à nossa volta, muito poucas formas podem ser descritas em termos das figuras simples da geometria euclidiana (p. 241). E no próximo capitulo abordaremos a seqüência de Fibonacci e a Razão áurea nos seus aspectos essenciais. ____________ 13 Fonte: http://professorandrios.blogspot.com/2010_11_01_archive.html 28 2 Seqüência de Fibonacci e Razão Áurea 2.1 Seqüência de Fibonacci Filho da boa natureza, assim, era conhecido o matemático mais talentoso da Idade Média Leonardo de Pisa (Fibonacci) nascido na Itália por volta da década de 1170. Fibonacci tornou-se famoso quando tinha aproximadamente 27 anos com a publicação do seu primeiro e mais conhecido livro Liber Abaci (Livro ábaco), contendo inúmeros temas como Aritmética e Álgebra elementar e uma abundante coleção de problemas, e um desses problemas é o famoso clássico envolvendo população de coelhos que deu a base para a Seqüência de Fibonacci, sobre a sua vida e obra há inúmeras pesquisas como a de Lívio ao retratar a sua história: Na época em que o livro apareceu, apenas alguns intelectuais europeus privilegiados que se preocupavam em estudar as traduções das obras de alKhwārizmī e Abu Kamil conheciam os numerais indo-arábicos que usamos hoje. Fibonacci, que por algum tempo viveu com seu pai, um funcionário de comércio e alfândega, em Bugia (atualmente na Argélia) e mais tarde viajou para outros países mediterrâneos (entre eles Grécia, Egito e Síria), teve oportunidade de estudar e comparar diferentes sistemas numéricos e métodos de operações aritméticas (LIVIO, 2007, p.111). O problema que se encontra em seu livro: Um homem pôs um casal de coelhos num lugar cercado por todos os lados por uma cerca. Quantos casais de coelhos podem ser gerados a partir deste casal em um ano se, supostamente, todo mês cada casal dá à luz um novo casal, que é fértil a partir do segundo mês? Mês 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 1 Casal 1 Casal 2 Casais 3 Casais 5 Casais 8 Casais 13 Casais 21 Casais 34 Casais 55 Casais 89 Casais 144 Casais Seqüência de Fibonacci 0+1=1 1+1=2 2+1=3 3+2=5 5+3=8 8+5=13 13+8=21 21+13=34 34+21=55 55+34=89 89+55=144 ... Tabela 2: construção da seqüência de Fibonacci 29 O número de casais de coelhos em determinado mês, é a soma dos casais de coelhos existentes nos dois meses anteriores a estes. E fácil constatar na Tabela 2 que o número de casais de coelhos a cada mês é dado pela seqüência de Fibonacci. A seqüência foi denominada Seqüência de Fibonacci pelo matemático Edouard Lucas (1842-1891) no século XIX. Matematicamente, a expressão da seqüência é onde representa o n-ésimo número na seqüência (por exemplo, termo). de é o termo que precede (para ), e é o oitavo vem depois . Seqüências de números nas quais a relação entre termos sucessivos pode ser expressa por uma fórmula matemática são conhecidas como recursivas. A seqüência de Fibonacci foi à primeira dessas seqüências recursivas conhecida na Europa. Mas, a seqüência de Fibonacci está bem longe de ficar limitada a reprodução de coelhos, a encontramos em uma variedade inacreditável de padrões, fenômenos que aparentemente não tem relação. Suponha a seguinte pergunta: O que o arranjo de pétalas numa rosa, as folhas das árvores, as sementes de um girassol, abacaxis, a procriação de coelhos tem em comum? Tem em comum a seqüência de Fibonacci é uma certa razão que parece surgir subitamente em vários fenômenos da Natureza, assim, acentuando a curiosidade de esclarecer todo o Universo com base na Matemática. As propriedades do nosso universo, do tamanho dos átomos ao tamanho das galáxias, são determinadas pelos valores de alguns números conhecidos como constantes da natureza. Essas constantes incluem uma medida da intensidade de todas as forças básicas – a gravitacional, a eletromagnética e as duas forças nucleares (LIVIO, 2007, p.126). Começou, relativamente, pouco tempo a dar-se estima aos números de Fibonacci na natureza descobrindo que não aparecem por acaso, mas que é um processo natural de crescimento de alguns frutos e plantas. Como por exemplo, as sementes do girassol, estão organizadas no centro, sem intervalos, no formato mais 30 eficiente possível, compondo espirais logarítmicas (que explicaremos mais a frente) que tanto curvam para a esquerda como para a direita. Figura 13: sementes do girassol14 O que é impressionante que os números de espirais em cada direção são quase sempre números da seqüência de Fibonacci. Mas isso não é tudo. A seqüência de Fibonacci contém uma razão absolutamente notável. 2.2 Razão Áurea Esta razão especifica às vezes é denominada “Razão Áurea” ou “Proporção Divina” que nos leva ao um número que é chamado “Número Áureo” ou “Número de ouro” (Fi) que é um valor numérico aproximadamente igual a 1, 618033989... Existem alguns números especiais que são tão onipresentes que nunca deixam de nos surpreender. O mais famoso deles é o número Pi ( ), que é a razão entre a circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro. Menos conhecido que o Pi é um outro número, o Fi ( ), que, em muitos aspectos, é ainda mais fascinante (...) A primeira definição clara do que mais tarde se tornou conhecido como Razão Áurea foi dada por volta de 30 a.C. pelo fundador da geometria como sistema dedutivo formalizado, Euclides de Alexandria (LIVIO,2007, p.12-13). Buscando a história da Razão Áurea, observam-se determinadas discordâncias entre os pesquisadores do assunto, especificamente se os povos egípcios, babilônios e outras civilizações remotas tinham conhecimento sobre essa razão. ____________ 14 Fonte: http://netinhoprofessor.blogspot.com/2011/04/numero-de-ouro.html 31 E uma dessas discordâncias se a Razão Áurea foi ou não usada na construção da Grande Pirâmide de Khufu (LIVIO, 2007, p. 57-78). O cálculo da altura da Grande Pirâmide de Khufu, atualmente, não chega a 1, 618033989... Mas, acredita-se que este tenha sido o número de ouro, pois a altura diminuiu com o decorrer dos séculos. Figura14: Grande Pirâmide de Khufu15 Razão Áurea pode se iniciar por um segmento de reta em média e extrema razão, que pode ser dividido de tal forma que resulte em um segmento maior e outro menor. A Razão Áurea ocorre quando o segmento menor dividido pelo maior é igual ao maior dividido pelo segmento todo. De uma forma mais simplificada podemos observar utilizando o seguinte processo: Considere o segmento de reta , colocando um ponto , entre e (sendo que modo que a razão do segmento menor maior segmento para o segmento todo estará mais perto de para o maior . _______________ 15 Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com ), de seja igual à razão do 32 Então, tem-se que = Se considerarmos = = = A razão entre x e y Consideremos y = 1, temos: Multiplicando ambos os lados por , obtém Equivale a simples equação quadrática 33 Resolvendo a equação pela fórmula de Báskara, temos Obtemos as soluções e Desconsiderando o áureo Fi ( ), devido o número ficar negativo. Encontramos o número de Analisando um pouco mais, entenderemos uma fascinante relação matemática entre a seqüência de Fibonacci com a Razão Áurea e o Número Áureo. 2.3 Seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea À medida que avançamos na seqüência de Fibonacci, a razão entre dois números sucessivos de Fibonacci oscila em torno do Número Áureo. Dado a seqüência de Fibonacci 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 610, 987, 1597, 2584, 4181, 6765, 10946, 17711, 28657, 46368, 75025,... Como podemos observar na tabela 3 a razão entre os números de Fibonacci nos aproxima do valor de Fi, e alguns valores oscilam alternadamente maiores e menores que Fi. 34 Razão entre dois números sucessivos de Fibonacci Tabela 3: razão entre dois números sucessivos de Fibonacci 35 E impressionante como a seqüência de Fibonacci esta intimamente relacionada com a Razão Áurea. Esta razão é estimada por muitos como o símbolo da consonância, do fato de que ela tem um jeito extraordinário de aparecer onde menos se espera. A definição da Razão Áurea surgiu inicialmente dos axiomas da geometria euclidiana; a definição da seqüência de Fibonacci, dos axiomas da teoria dos números. Já o fato de que a razão de sucessivos números de Fibonacci convergem para a Razão Áurea nos foi imposta – os homens não tiveram escolha nesse ponto (LIVIO, 2007, p.275). O Número Áureo do mesmo modo estar associado com um retângulo que sua razão entre o lado maior e o lado menor é o Fi que denomina “Retângulo Áureo” que é considerado perfeito, pois é o retângulo mais aprazível a visão. Figura 15: Partenon16 O Partenon, por exemplo, o templo representativo do Século de Péricles, construído há centenas de anos pelos Gregos contém o Fi no retângulo que contém a fachada, o que releva uma obra harmoniosa e bela. Algumas das maiores mentes matemáticas de todos os tempos, de Pitágoras e Euclides na Grécia antiga, passando pelo matemático italiano da Idade Média Leonardo de Pisa (...), até figuras cientificas do presente, como o físico de Oxford Roger Penrose, passaram horas sem fim trabalhando com esta simples razão e suas propriedades. Mas a fascinação pela Razão Áurea não se restringe aos matemáticos. Biólogos, artistas, músicos, historiadores, arquitetos, psicólogos e até místicos têm examinado e debatido as bases de sua ubiqüidade e seu apelo (LIVIO, 2007, p. 16). _______________ 16 Fonte: http://timidforever.blogspot.com/2010/04/partenon.html 36 Para se construir um Retângulo Áureo precisamos retirar um quadrado do retângulo, assim, teríamos outro retângulo menor que também retiraríamos outro quadrado e que também teríamos outro retângulo (Figura 16). Este processo pode ser repetido de modo indefinido. Contudo teríamos um Retângulo Áureo como mostra a figura 17 . Figura 16: construção do Retângulo Áureo17 Com a união dos quadrados conseguiremos uma espiral logarítmica, chamada também de Espiral de Fibonacci que podemos encontrar na natureza de modo abrangente. Jacques Bernoulli (1654-1705) que associou o nome que vem do principio que o raio da espiral aumenta entre os rolamentos conforme nos afastamos do centro sem alterar sua forma, característica da auto-similaridade. E que foi gravado em seu túmulo a forma e o lema que atribuiu a espiral – “Eadem mutato resurgo” (embora mudado, ressurjo o mesmo). Figura 17: Retângulo Áureo18 Figura 18: Espiral logarítmica19 De acordo com Livio (2007, p.138), parece que a natureza ama espirais logarítmicas e que escolheu como seu “ornamento favorito”, revelando em todas as escalas de tamanho uma beleza sem igual. O curioso é sabermos como as coisas da natureza se formam dessa maneira. ____________ 17 Fonte: construção do autor 18 Fonte: construção do autor 19 Fonte: construção do autor 37 Neste capitulo vimos um breve histórico da seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea que nos levaram ao Número Áureo, Retângulo Áureo e a espiral logarítmica na natureza. Que leva-nos a perguntas como a de Livio (2007) que diz: Será que a matemática existe mesmo independentemente dos indivíduos que foram os descobridores/inventores dela e de seus princípios? Será que o universo é matemático por sua própria natureza? Esta última pergunta pode ser reformulada, usando-se um famoso aforismo do físico britânico sir James Jean (1847-1946), como: Será que Deus é um matemático? (p. 21). E no próximo capitulo teremos um elo matemático com a natureza por meio da seqüência de Fibonacci, Razão Áurea e a geometria fractal, este nos levaram a investigar padrões matemáticos no buriti. 38 3 O buriti: o elo entre matemática e a natureza Depois de descobertos, a geometria fractal, os números de Fibonacci e a razão áurea parecem surgir em toda parte na natureza. Alguns exemplos atraentes são fornecidos pela botânica, como podemos observar nas palavras de Lívio (2007) que diz: As folhas ao longo do galho de uma planta ou os talos ao longo de um ramo tendem a crescer em posições que otimizariam sua exposição ao sol, à chuva e ao ar. À medida que um talo vertical cresce, ele produz folhas em pontos com espaçamento bem regular. No entanto, as folhas não crescem diretamente uma sobre a outra, pois isso iria impedir que as folhas de baixo recebessem a umidade e a luz do sol de que elas necessitam. (...) O fato de que as folhas seguem certos padrões foi observado pela primeira vez na Antiguidade por Teofrasto (372 a.C. – 287 a.C.) em Investigação sobre plantas. Ele comenta: “aquelas que têm folhas planas as têm em séries regulares”. Plínio, o Velho (23-79 d.C), fez uma observação semelhante em sua monumental História Natural, em que fala de “intervalos regulares” entre folhas “arrumadas de forma circular em volta dos ramos”. O estudo da filotaxia não foi muito além dessas observações iniciais e qualitativas até o século XV, (...) A primeira pessoa a descobrir (intuitivamente) a relação entre filotaxia e o número de Fibonacci foi o astrônomo Johannes Kepler (p. 129-130). É interessante notar no exposto acima que a passagem de uma folha (ou talo) para outra é caracterizada por padrão do tipo parafuso como na figura 19 notamos que todos os espaços observados são razões da seqüência de Fibonacci e que também apresentam certo grau de auto-semelhança, uma das características da geometria fractal. As árvores apresentam padrões semelhantes, o tronco se divide em galhos, que se dividem em ramos, em brotos, e sucessivamente. Figura 19: tronco20 ____________ 20 Fonte: LIVIO, Mario, Razão áurea: a história de Fi, um número surpreendente. 2ª ed., Rio de Janeiro, Record, 2007. p.130. 39 Segundo Livio (2007, p.129-131) esta característica é chamada de “phyllotaxis” uma palavra grega que significa “arranjo de folhas” criada pelo suíço naturalista Charles Bonnet (1720-1793) que pode ter descoberto os conjuntos de linhas espirais que aparecem em algumas plantas e frutos, como as camadas de um abacaxi. Os abacaxis fornecem uma admirável filotaxia baseada em Fibonacci, devido à maioria ter cinco, oito, treze ou vinte e uma espirais. Figura 20: Abacaxi21 Na figura acima, podemos ver uma de oito espirais paralelas subindo da esquerda inferior para direita superior (seta vermelha), e outra espiral subindo da direita inferior para esquerda superior (seta amarela). Isso resulta em um padrão ideal de crescimento compacto que não desperdiça espaço e cria distintos padrões em espiral e semelhança. Que também podemos encontrar no girassol, que já mencionado no capitulo 2, mas que segundo Livio (2007): A quantidade dessas espirais em geral depende do tamanho do girassol. O mais comum é que existam 34 espirais em um sentido e 55 no outro, mais girassóis com quocientes de números de espirais de 89/55, 144/89 e até de 233/144 (pelo menos; relato por um casal de Vermont à Scientific American em 1951) foram visto. Todos esses valores são, obviamente, razões de números de Fibonacci adjacentes (p. 133). ____________ 21 Fonte: http://gnt.globo.com/receitas/E-epoca-de-abacaxi--aprenda-dicas-e-receitas.shtml 40 O girassol tem em média 34 espirais numa direção e 55 na outra, esses números fazem parte da seqüência de Fibonacci e a proporção em que aumenta o diâmetro das espirais encontramos a Razão Áurea, e também a auto-semelhança na suas sementes e pétalas. Figura 21: sementes do girassol22 E muitas flores com padrão de crescimento em espiral têm o número de pétalas da seqüência de Fibonacci e auto-semelhança. E a outros exemplos que envolvem a geometria fractal, seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea. A contagem e o arranjo de pétalas de algumas flores também apresentam números de Fibonacci e ligação com a Razão Áurea. Muitas pessoas já se valeram (pelo menos simbolicamente) em algum momento de suas vidas do número de pétalas de margaridas para satisfazer sua curiosidade sobre a seguinte pergunta: “Bem me quer, mal me quer?” A maioria das margaridasdo-campo tem treze, vinte e uma ou trinta e quatro pétalas, todos números de Fibonacci. (...) O número de pétalas simplesmente reflete o número de espirais de uma família (Livio, 2007, p. 133). Nossa pesquisa propõe encontrar esses padrões matemáticos em um fruto muito conhecido de nossa região que frutifica de outubro a março que sua palmeira tem o nome científico Mauritia flexuosa de altura em torno de 20 a 30 m, troncos até 50 cm de diâmetro com cachos de 2 a 3 m de comprimento e fruto castanho-avermelhado, coberto por escamas, com polpa amarelada que é o Buriti, também conhecido como miriti. ____________ 22 Fonte: http://netinhoprofessor.blogspot.com/2011/04/numero-de-ouro.html 41 Buriti23 na língua indígena significa "a árvore que emite líquidos" ou "a árvore da vida". Considerada sagrada pelos índios por dela se fazer tudo o que é necessário para a sobrevivência, a casa, os objetos e a alimentação. Figura 22: Buriti 24 E bem aparente as espirais no buriti como podemos observar na figura 23. Quando olhamos para o buriti, notamos padrões espirais tanto no sentido horário como no anti-horário, como nas sementes do girassol. De acordo com Lívio (2007, p.140) “A espiral logarítmica e a Razão Áurea caminham de mãos dadas”. Leva-nos a investigar que também podemos encontrar a Razão Áurea no Buriti. O padrão espiral é evidente com que faz as escamas crescerem de modo a assegurar a mais eficiente estrutura do fruto. Figura 23: buriti 25 _______________ 23 Fonte: walehu.vilabol.uol.com.br 24 Fonte: http://www.ispn.org.br/o-buriti-a-palmeira-de-mil-e-uma-utilidades/ 25 Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/album/50-anos-brasilia-exposicao-fabio-colombinibiodiversidade-588235.shtml?foto=4 42 Para uma melhor visualização colocamos a figura 23 em preto e branco e passamos traçar espirais e encontramos a quantidade de 13 espirais no sentido horário, como podemos observar na figura 24, e este número é da seqüência de Fibonacci. E temos 15 espirais no sentido anti-horário, como mostra a figura 25. Figura 24: espiral sentido horário26 Figura 25: espiral sentido anti-horário27 Observamos que à medida que o fruto amadurece a espiral é acompanhada de um crescimento proporcional, de modo que a forma permanece inalterada, assim, mantendo sua auto-semelhança, que é uma das características fundamentais nos objetos da geometria fractal. Agora para melhor entendimento vamos comparar a junção das espirais encontradas no Buriti na figura 26, com um desenho da estrutura das sementes do girassol na figura 27. Observamos que a característica de espirais e autosemelhança é a mesma. ____________ 26 Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/album/50-anos-brasilia-exposicao-fabio-colombinibiodiversidade-588235.shtml?foto=4. As espirais construção do autor. 27 Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/album/50-anos-brasilia-exposicao-fabio-colombinibiodiversidade-588235.shtml?foto=4. As espirais construção do autor. 43 Figura 26: espirais horárias e anti-horárias28 Figura 27: Sementes do girassol29 Fica evidente, que as estruturas matemáticas presentes em ambos os desenhos guardam as mesmas propriedades o que justificam nossas especulações, de que o Buriti, na sua estrutura guarda elementos da seqüência de Fibonacci e o numero de ouro, visto que ambas estão relacionadas. Outra característica que o buriti apresenta e que pode ser relacionada com a matemática, mais especificamente com a geometria fractal que tem como uma das suas propriedades a auto-semelhança, ou seja, que uma das partes é semelhante ao todo. Esta característica se encontra em suas escamas, as suas escamas são semelhantes a dois triângulos encaixados. À medida que o buriti vai amadurecendo as escamas vão ficando maiores e vão se selando com as escamas menores, sempre seguindo a divisão dos triângulos e mantendo um padrão de autosemelhança. Veja a figura abaixo que ilustra bem a auto-semelhança. Figura 28: escamas do buriti 30 44 É certo que precisamos analisar e investigar com muita profundidade estes padrões e tomar cuidado para que não encontremos relações onde não existam, mas nos propusemos abrir caminho para futuras investigações nesta intrigante relação entre a seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea no buriti. Neste sentido, finalizamos este capitulo com as belas palavras de Livio (2007) que representa muito bem as que queremos finalizar: Espero que da próxima vez que comer um abacaxi, mandar uma rosa para a pessoa amada ou admirar as pinturas de girassóis de Van Gogh, você se lembre que o padrão de crescimento dessas plantas incorpora esse número admirável que chamamos de Razão Áurea. Mas note que o crescimento da planta também depende de outros fatores além do espaçamento ideal. Conseqüentemente, as regras de filotaxia que descrevi não podem ser vistas como algo que se aplica a todas as circunstâncias, como uma lei da natureza. Em vista disso, nas palavras do famoso matemático canadense Coxerte, elas são “apenas uma tendência fascinantemente predominante” (p.136). Neste capitulo percebemos como a seqüência de Fibonacci, a Razão Áurea e a geometria fractal por meio da auto-semelhança, esta presente na natureza, como nas arvores, no abacaxi, nas sementes do girassol, e nos levando a investigar e provar que estes padrões estão presentes no buriti. Sabemos das limitações desse trabalho, e das dificuldades de se fazer pesquisa em um curto período de dois meses, contudo acreditamos e temos certeza de que alcançamos nosso principal objetivo que era a partir de uma fruta originária da Amazônia descobrir padrões matemáticos sofisticados como é o caso da espiral logarítmica. Fica o convite para que futuras pesquisas se aprofundem sobre este tema podendo ir pelo caminho matemático investigando com outros objetos tais padrões existentes no buriti ou ir pelo caminho pedagógico criando seqüências didáticas para inserir no ensino tais descobertas intrigantes. ____________ 28 Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/album/50-anos-brasilia-exposicao-fabio-colombinibiodiversidade-588235.shtml?foto=4. As espirais construção do autor. 29 Fonte:http://montalvoeascinciasdonossotempo.blogspot.com/2010/09/sucessao-de-fibonacci-osnumeros-de.html 30 Fonte: http://olhares.uol.com.br/buriti-foto2520497.html 45 CONSIDERAÇÃO FINAL A Geometria Euclidiana propõe o estudo para formas do mundo oriundas do humano, como construção de casas, prédios, pontes etc.; enquanto que a geometria fractal estuda padrões regulares que são organizados dentre uma aparente irregularidade, tal característica muito freqüente na natureza. Vivemos num universo, onde não encontramos apenas as formas geométricas regulares, mas também, as formas irregulares que são complexas de representar e medir. A Geometria Fractal através da auto - semelhança irá mostrar como estes objetos matemáticos estão presentes no mundo real, assim, utilizamos o fruto de buriti como objeto de pesquisa, portanto, essa nova geometria é de grande importância para o estudo da matemática para que possamos compreender e descrever os fatos que a geometria Euclidiana não satisfaz. Partindo deste principio, a apresentação destas formas geométricas presente no buriti, será representado pela seqüência de Fibonacci mostrando que essa seqüência de números não ocorre por acaso, mas que é um processo natural do crescimento de algumas plantas que nos levará a uma razão absolutamente notável que se chama Razão Áurea, e esta razão oscila à medida que avançamos na seqüência de Fibonacci, dessa forma, procuramos investigar como o conhecimento matemático estar relacionado com o buriti, por meio da seguinte característica: a auto – semelhança no fruto, pois à medida que o fruto se desenvolve a espiral cresce de forma proporcional, assim, os triângulos antes menores vão se desenvolvendo e se unindo aos outros triângulos menores. Fazendo uma breve comparação com a espiral do girassol, observamos que a auto – semelhança é a mesma, e que a relação da Seqüência de Fibonacci, Razão Áurea e a Geometria Fractal estão presentes neste processo de investigação, dessa forma, foi possível identificar conhecimentos matemáticos no buriti e que mais estudos são indispensáveis nesta área, para que possamos abordar tal tema com mais exatidão e mais adiante lançar propostas pedagógicas de ensino que possam ajudar no ensino da matemática. 46 Portanto, com este trabalho de conclusão de curso pretendemos incentivar os professores a explorarem a geometria fractal juntamente com a Seqüência de Fibonacci e a Razão Áurea, para que os alunos passem a observar e relacionar as diferentes formas existentes na natureza, como no buriti, o trabalho desenvolvido tem por objetivo mostrar como a matemática está presente na natureza de uma forma simples e atrativa. 47 REFERÊNCIAS BARBOSA, Ruy Madsen. 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