as_vanguardas_europeias
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AS VANGUARDAS EUROPEIAS MULHER CHORANDO, de PABLO PICASSO Contexto histórico Início do século XX: • Colonialismo europeu •Desenvolvimento da ciencia e da tecnologia •Marginalização de grande parte da população •Avanço do socialismo, do anarquismo e do comunismo Diante desse contexto, costuma-se afirmar que, do ponto de vista político e econômico, o século XIX, na realidade, se prolongou até 1914. As artes As artes, contudo, se anteciparam: entre 1907 e 1910, obras e manifestos já anunciavam o que seria a modernidade artística. Surgiam, com esse pano de fundo, as vanguardas. Do francês avant-garde, a palavra vanguarda significa “o que marcha na frente”. VANGUARDA EUROPEIA Anos de 1900 - Europa 1. Euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico-científicos (ex: eletricidade) 2. Consequências desse avanço no processo burguês-industrial Disputa dos mercados fornecedores e consumidores, que resultaria na 1ª Guerra Mundial. (1914-1918) VANGUARDA EUROPEIA • Clima eufórico da burguesia • Desenvolvimento • Pessimismo característico • Decadência • Efervescência artística • Aparecimento de várias tendências • Preocupação com uma nova interpretação da realidade. VANGUARDA EUROPEIA • Os ismos das artes: – Futurismo – Cubismo – Dadaísmo – Surrealismo Manifestos, escritos entre 1909 e 1924, ou seja, durante a guerra e nos anos imediatamente anteriores e posteriores. VANGUARDA Vanguarda: do francês avant-garde, a palavra significa “o que marcha na frente” (termo militar). Artística ou politicamente, se chamam de vanguardas aos grupos ou correntes que apresentam uma proposta e/ou uma prática inovadora. No campo das artes e das ideias, designa aqueles que estão à frente de seu tempo. CUBISMO Les demoiselles d`Avignon, de PABLO PICASSO O CUBISMO O marco inicial do Cubismo ocorreu em Paris, em 1907, com a tela Les Demoiselles d''Avignon, de Pablo Picasso. Nesta obra, influenciado pela arte primitiva e pelas máscaras africanas, o artista espanhol retratou a nudez feminina de uma forma inusitada, onde as formas reais, naturalmente arredondadas, deram espaço a figuras geométricas perfeitamente trabalhadas. Tanto nas obras de Picasso, quanto nas pinturas de outros artistas que seguiam esta nova tendência, como, por exemplo, o francês – Georges Braque – há uma forte influência das esculturas africanas e também pelas últimas pinturas do pós-impressionista francês Paul Cézanne, que retratava a natureza através de formas bem próximas as geométricas. • O termo “cubismo” foi inventado por Matisse, ao observar quadros de Braque, numa exposição de 1908 (em Paris). • O primeiro núcleo de pintores cubistas foi composto pelo encontro de Georges Braque e Pablo Picasso, imitados em seguida por Mondrian, Juan Gris, Picabia, Férnand Léger. • O movimento teve início em 1907 (com o quadro “Les demoiselles d`Avignon” , de Picasso) e conheceu seu declínio com o fim da Primeira Guerra Mundial (1918) PABLO PICASSO (1881 – 1973) Georges Braque (1882 – 1963) Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se os objetos estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. Ou seja, enquanto o Impressionismo procurava apreender a realidade “tal como a vemos”, através da percepção, o Cubismo tenta apresentar a realidade “tal como ela é”. Mas, paradoxalmente, o culto do objeto vai conduzir a destruição do real: a análise e a decomposição sistemática do objeto, desarticulando a forma e reduzindo-a a elementos puramente geométricos, no afã de captar a estrutura profunda das coisas, afastam a arte da verdadeira aparência. • Assim, os pintores cubistas opõem-se à objetividade e à linearidade da arte renascentista e da realista. • Buscando novas experiências com a perspectiva, procurando decompor e recompor os objetos representados em diferentes planos geométricos e ângulos retos, com espaços múltiplos e descontínuos, que se interceptam e se sucedem, de tal forma que o espectador, com o seu olhar, possa remontá-los e ter uma visão do todo, de face e de perfil, como se estivesse dado uma volta em torno deles. • Outra técnica introduzida pelos cubistas é a COLAGEM, que consiste em montar a obra a partir de diferentes materiais, como figuras, jornais, madeira, tecidos, etc. • Na LITERATURA, essas técnicas da pintura correspondem à fragmentação da realidade, à superposição e simultaneidade de planos – por exemplo, reunir assuntos aparentemente sem nexo, misturar assuntos, espaços e tempos diferentes. • Houve também (no Cubismo literário) as experiências visuais do poeta Guillaume Apollinaire (amigo íntimo de Picasso), que explorou a disposição espacial e gráfica do poema – técnica que, nas décadas de 195060, influenciaria o surgimento do Concretismo no Brasil. • Assim, a literatura cubista apresenta características como o ilogismo, humor, antiintelectualismo, instantaneísmo, simultaneidade, linguagem predominantemente nominal. “La colombe poignardée et le jet d`eau”, de Guillaume Apollinaire “A pomba apunhalada e o jato d`água” Este poema é um CALIGRAMA = Texto que dispõe tipograficamente as suas palavras de forma a obter uma sugestão figurativa semelhante ao tema tratado. Tradução do poema de Apollinaire por Patrícia Galvão (Pagu) - 1947 • Doces figuras apunhaladas – Caros lábios em flor – Mia Mareye – Yette Lorie – Annie e você Marie – onde estão - vocês ó – meninas – Mas – junto a um – jacto de água que – chora e que suplica – esta pomba se extasia – Todas as recordações de outrora? – Onde estão Raynal Billy Dalize – Os meus amigos foram para a guerra – Os seus nomes se melancolizam – Esguicham para o firmamento – - Como os passos numa igreja – E os seus olhares na água parada – Onde está Crémnitz que se alistou – Morrem melancolicamente – Pode ser que já estejam mortos – Onde estão Braque e Max Jacob – Minha alma está cheia de lembranças – Derain de olhos cinzentos como a aurora – O jacto de água chora sobre a minha pena – Os que partiram para a guerra ao norte se batem agora – A noite cai o sangrento mar – Jardins onde sangra abundantemente o louro rosa flor guerreira FUTURISMO Dinamismo de um cão na coleira, de Giacomo Balla O FUTURISMO O Futurismo foi um movimento artístico e literário iniciado oficialmente em 1909 com a publicação, no jornal francês Le Figaro, do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Tommasio Marinetti (1876-1944), que surpreende os meios culturais europeus pelo caráter violento e radical de suas propostas. Muito mais do que por obras, o movimento futurista difunde-se por meio de manifestos (mais de 30) e conferências, tendo sempre à frente a figura de seu líder, Marinetti. O FUTURISMO - ASPECTOS • • • • • • • • • • • Total identificação entre o movimento e seu líder = Futurismo = Marinetti. A adesão de Marinetti ao fascismo de Mussolini (1919), dadas as evidentes afinidades ideológicas entre eles. A celebração da técnica e da velocidade. Glorifica-se a audácia, o amor ao perigo, a energia, a guerra, a tecnologia, o automóvel, e todo o dinamismo da vida moderna. O desprezo pelo passado. A valorização, na arte, do imprevisto e da revolta. Elogio do “caráter higiênico das guerras”. Elementos artísticos sugestivos de velocidade e mecanização da vida moderna. O desprezo pelo passado. A valorização, na arte, do imprevisto e da revolta. Elogio do “caráter higiênico das guerras”. Elementos artísticos sugestivos de velocidade e mecanização da vida moderna. FUTURISMO Rejeita o moralismo e o passado, exalta a violência e propõe um novo tipo de beleza, baseado na velocidade. O apego do futurismo ao novo é tão grande que chega a defender a destruição de museus e de cidades antigas. Agressivo e extravagante, encara a guerra como forma de higienizar o mundo. A palavra chave desse movimento era “dinamismo” e sua principal contribuição foi a ideia de reunir visualmente: som, luz e movimento. O carro passou, de Giacomo Balla Trechos do “Manifesto Futurista” 1909 MARINETTI 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade. 2. Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta. 3. Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. 4. Não há mais beleza senão na luta. Nada de obra-prima sem um caráter agressivo. 5. Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo – o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias que matam, e o menosprezo à mulher. 6. Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias. DADAÍSMO O ELEFANTE CELEBES = MARX ERNST DADAÍSMO • Em 1916, em plena guerra, um grupo de refugiados em Zurique, na Suíça, inicia o mais radical movimento da vanguarda européia: o Dadaísmo. O termo “dadá” foi escolhido ao acaso, abrindo-se o dicionário Larousse, no cabaré “Voltaire” (ponto de encontro do grupo dadaísta), de Zurique, por Tristan Tzara e outros artistas revoltados contra os horrores da guerra. DADAÍSMO • Caracterizou-se por um cunho fortemente anárquico, expressando a rebelião da geração jovem contra os poderosos círculos internacionais e a burguesia acomodada. Foi um movimento antiarte por excelência, pois, através de arruaças, exposições extravagantes, agitações anárquicas, banquetes excêntricos e tumultuados, os dadaístas gritavam a sua trágica revolta, ridicularizando tradições e valores institucionalizados. DADAÍSMO • A única norma estética era a “lei do acaso”, apregoando a poesia e a pintura automáticas: – faziam poemas remexendo alguns recortes de jornais no fundo de um chapéu; – misturavam tintas sem nenhum critério; – convidavam os visitantes de suas exposições a quebrarem os quadros à vontade, pois achavam que não tinham valor algum; – choravam em casamentos; – davam risadas durante os enterros; • Enfim pregavam e praticavam o mais absoluto inconformismo. DADAÍSMO • Quanto às obras artísticas, é pequena a produção do Dadaísmo suíço. Mas o movimento se espalhou para o mundo, sendo cultivado especialmente em Nova Iorque. Max Ernst utiliza montagens e colagens em suas obras e Marcel Duchamp desenvolve a técnica do ready-made, com a qual é satirizado o mito mercantilista da civilização capitalista. • A técnica do ready-made consiste em extrair um objeto do seu uso cotidiano e, sem nenhuma ou com pequenas alterações, atribuir-lhe um valor. Os ready-mades de Duchamp DADAÍSMO • Na literatura, o Dadaísmo caracteriza-se pela agressividade, pela improvisação, pela desordem, pela rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio, pela livre associação de palavras (a escrita automática = mais tarde aproveitada pelo Surrealismo) e pela invenção de palavras com base na exploração apenas do seu significante. Canção dadá, de Tristan Tzara • a canção de um dadaísta que tinha dadá no coração cansava demasiado seu motor que tinha dadá no coração o ascensor (elevador) levava um rei pesado frágil e autônomo cortou seu grande braço direito o enviou ao papa em roma Manifesto dadá (1918), de Tristan Tzara • “Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios.” • “Que cada homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar. A propriedade do indivíduo se firma após o estado de loucura, de loucura agressiva, completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos bandidos que rasgam e destroem os séculos.” A participação de André Breton • O importante poeta francês André Breton adere ao movimento dadaísta, mas logo acaba negando-o por achar que não levava a nada. Breton não concordava com a idéia de Tzara em manter a linha original do movimento. Como a guerra terminara já havia alguns anos, era hora de reconstruir o que fora demolido: a Europa e a arte. Breton, então, abandona o grupo dadaísta e, em 1921, deu origem ao Surrealismo, uma das mais importantes correntes artísticas do século XX. SURREALISMO O SURREALISMO A METAMORFOSE DE NARCISO, de SALVADOR DALI O Surrealismo foi um movimento artístico e literário que surge na França nos anos 20, reunindo artistas anteriormente ligados ao dadá. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os sonhos, livre do controle da razão e de preocupações estéticas ou morais. Rejeita os valores burgueses, como a pátria e a família. O principal teórico e líder do movimento é o poeta, escritor, crítico e psiquiatra francês André Breton, que em 1924 publica o primeiro Manifesto Surrealista. • Breton, psiquiatra praticante na 1ª Guerra Mundial, encontrou nas teorias de Freud meios mais positivos para revolucionar a arte. • Chamou de “Surrealismo” ao novo movimento que tinha como propósito fundamental anular as barreiras entre o sonho e a realidade. • Para isso, usou a técnica do “automatismo psíquico”, pela qual o pensamento se liberta do controle exercido pela razão e pelos condicionamentos sociais, morais e estéticos. • A finalidade do movimento era colocar “o surreal fora do seu esconderijo”, realizando a fusão da realidade com o sonho. Daí a exaltação do maravilhoso que reside no estado onírico, na alucinação, no acaso, na psicopatologia. • Os principais artistas surrealistas foram: na poesia, Paul Éluard; na pitura, De Chirico e Salvador Dalí; no teatro, Antonin Artaud; no cinema, Luís Buñuel e Rossellini. O Surrealismo e o Comunismo • A rejeição do Surrealismo ao mundo burguês, racional, mercantil e moralista levaria alguns membros do grupo a ter ligações com o Comunismo. Para alcançar o objetivo maior do movimento – amor, liberdade e poesia - , eles acreditavam ser necessária uma transformação radical da sociedade, por meio da qual se pusesse fim ao modo de produção capitalista e à estrutura de classes sociais. O Surrealismo e a contemporaneidade • Embora o Surrealismo tenha oficialmente desaparecido com a 2ª Guerra Mundial, resquícios do movimento ou tentativas de recuperá-lo são vistos até os dias de hoje, em diferentes linguagens artísticas, o que comprova sua força criadora e a contemporaneidade de suas propostas. Salvador Dalí Salvador Dalí • Dalí liga-se aos surrealistas em 1929, porém, em 1922 já havia lido A Interpretação dos Sonhos de Freud, e pelo menos desde 1926, a sua pintura incorpora materiais oníricos e inconscientes. • O pintor foi o mais extravagante dos surrealistas e os temas recorrentes em suas obras são: o sexo (e todas as atribulações: angústias, medos, frustrações, traumas), a memória (sua permanência ou dissipação), o sono e o sonho. O grande masturbador O sono A persistência da memória Galáxia das Esferas Gala Sonho causado pelo vôo de uma abelha em torno de uma romã, um segundo antes do despertar.
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