Julho de 2001 Liahona

Transcrição

Julho de 2001 Liahona
em cada pessoa e são incrivelmente
misericordiosos, o que pode parecer
fútil a outras pessoas”.13
O profeta Miquéias, do Velho
Testamento, assim como nosso profeta vivo, o Presidente Gordon B.
Hinckley, preocupava-se em incentivar o desenvolvimento da humildade. Ele disse ao povo:
“Ele te declarou, ó homem, o que
é bom; e que é o que o Senhor pede
de ti, senão que pratiques a justiça e
ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”14
Que Deus nos abençoe para que
andemos humildemente com Ele e
com todos os homens. Testifico que o
Presidente Gordon B. Hinckley é um
profeta verdadeiro e que seu conselho
de sermos humildes vem de Deus.
Testifico que Jesus Cristo, o manso e
submisso Filho de Deus, personifica a
humildade. Sei que será com humildade que nos colocaremos de joelhos
aos pés do Salvador para sermos
julgados por Ele. 15 Que vivamos
de maneira a prepararmo-nos para
esse humilde momento, é minha
oração. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. NOTAS
1. Ver Neal A. Maxwell, “As Tentações
e Seduções do Mundo”, A Liahona, janeiro
de 2001, p. 43–46. Élder Dallin H. Oaks,
“O Desafio de Tornar-se”, A Liahona,
janeiro de 2001, pp. 40–42.
2. Albert Choules Jr., minutas não
publicadas da reunião do Quórum dos
Setenta em 15 de abril de 1993.
3. The Screwtape Letters (1982), 62–63.
4. Mat. 18:1,4.
5. Mosias 3:19.
6. Ver Truman G. Madsen, “Hugh B.
Brown —Youthful Veteran,” New Era,
abril de 1976, p. 16.
7. “Acautelai-vos do Orgulho”,
A Liahona, julho de 1989, p. 4.
8. Mere Christianity (1960), 95.
9. 2 Ne. 33:11.
10. João 3:30.
11. Ver Morm. 9:31.
12. Mos. 1:10.
13. The Works of John Ruskin, ed. E. T.
Cook e Alexander Weddenburn, 39 vols.
(1903–1912), 5:331.
14. Miquéias 6:8.
15. Mosias 27:31; D&C 88:104.
Um Deus de Milagres
Irmã Sydney S. Reynolds
Primeira Conselheira na Presidência Geral da Primária
“Creio que todos nós podemos prestar testemunho desses pequenos
milagres.”
T
al como Morôni do Livro de
Mórmon, creio em um Deus
de milagres. Morôni escreveu
para as pessoas de nossa dispensação: “Mas eis que eu vos mostrarei
um Deus de milagres, ( . . . ) e é o
mesmo Deus que criou os céus e a
Terra e todas as coisas que neles há”.
(Mórm. 9:11) Morôni proclamou
que Jesus Cristo fez muitos milagres
extraordinários, que muitos milagres
extraordinários foram realizados
pelas mãos dos Apóstolos e que
Deus, que é o mesmo ontem, hoje e
para sempre, tem de ser um Deus de
milagres hoje. (Ver Mórm. 9:18; 9:9)
Pensem nos milagres do Velho
Testamento. Lembrem-se de Moisés
e de como ele dividiu o Mar
Vermelho. Para todas as futuras
gerações dos israelitas, os grandes
milagres que proporcionaram a
libertação do cativeiro no Egito são
provas inegáveis da existência de
Deus e de Seu amor por eles.
A
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Muitos profetas do Livro de
Mórmon, inclusive Néfi, fizeram
alusão à história de Moisés para
incentivar a fé e a crença em um
Deus que podia salvar Seu povo em
meio a suas aflições. (Ver 1 Né.
4:1–3) Outros profetas lembraram
ao povo que eles próprios tinham
testemunhado milagres capazes de
convencê-los do poder de Deus.
No Novo Testamento, o Apóstolo
João explicou por que havia registrado muitos dos milagres do
Salvador: “( . . . ) para que creiais que
Jesus é o Cristo”. (João 20:31)
Nesta dispensação presenciamos o
grande milagre da Restauração do
evangelho de Jesus Cristo na Terra.
Ela teve início quando um menino
entrou num bosque, próximo de
Palmyra, Nova York, e abriu seu coração e falou de suas dúvidas a um
Deus que ele acreditava poder responder-lhe, ou seja, um Deus de milagres. E os milagres continuaram a
acontecer nesta dispensação — milagres extraordinários — inclusive o
surgimento do Livro de Mórmon, que
é outro testamento de Jesus Cristo.
Tão importantes quanto esses
“milagres extraordinários” são os
pequenos “milagres particulares”
que ensinam cada um de nós a ter fé
no Senhor. Tais milagres acontecem
quando reconhecemos os sussurros
do Espírito e damos ouvidos a eles
em nossa vida diária.
Tive um professor que incentivava os alunos a manterem um diário dos sussurros e da inspiração do
Espírito em sua vida. Orientava-nos
a anotarmos o que sentíamos e quais
tinham sido os resultados. Algumas
pequenas coisas tornaram-se bem
evidentes. Certo dia, eu estava tentando freneticamente concluir algumas tarefas e preparar-me para uma
viagem. Tinha acabado de descer até
a lavanderia do dormitório para tirar
a roupa da máquina de lavar e
colocá-la na secadora. Infelizmente,
todas as secadoras estavam ocupadas,
faltando muitos minutos para terminar. Subi as escadas, desanimada,
sabendo que quando as secadoras
tivessem terminado, já estaria na hora
de eu sair. Mal tinha chegado a meu
quarto quando me senti impelida a
descer as escadas e verificar a lavanderia novamente. Tolice, pensei. Eu
acabara de sair de lá. Mas como
estava procurando ouvir, apesar de
estar com pressa, voltei. Duas das
secadoras estavam vazias, e pude terminar todas as tarefas. Estaria o
Senhor preocupado em facilitar as
coisas para mim em algo tão pequeno,
mas que para mim era muito importante? Aprendi, então, por meio de
muitas experiências semelhantes que
o Senhor nos ajuda em todos aspectos de nossa vida, se estivermos procurando servi-Lo e fazer Sua vontade.
Creio que todos nós podemos
prestar testemunho desses pequenos
milagres. Conheço crianças que
oram pedindo ajuda para encontrar
uma coisa perdida, e encontram-na.
Conheço jovens que se armam de
coragem para serem testemunhas de
Deus e sentem Sua mão e Seu auxílio. Conheço amigos que pagam o
dízimo, usando todo o dinheiro que
têm, e depois conseguem pagar suas
mensalidades ou aluguel, ou comprar comida para toda a família.
Podemos contar experiências de
orações que foram atendidas e de
bênçãos do sacerdócio que proporcionaram coragem, consolo e saúde.
Esses milagres diários fazem-nos
conhecer a mão do Senhor em
nossa vida.
Pensei muito nesse assunto por
causa de uma experiência que nossa
família vem passando nos últimos
meses. Nossa filha e o marido,
embora desejassem do fundo do
coração ter filhos, não conseguiram
realizar esse sonho por anos.
Oraram e procuraram bênçãos do
sacerdócio e auxílio médico, até
que, por fim, ficaram sabendo que
estavam esperando gêmeos.
No entanto, as coisas não transcorreram tranqüilamente, e três
meses e meio antes da época certa
de os bebês nascerem, a futura mãe
viu-se na sala de trabalho de parto
do hospital. Os médicos, a princípio,
tinham esperança de pararem o trabalho de parto por mais algumas
semanas. Em pouco tempo, porém,
a dúvida passou a ser se teriam
sequer as 48 horas necessárias para
que o medicamento que prepararia
os pulmões imaturos dos bebês para
funcionar fizesse efeito.
Uma enfermeira veio da unidade
de terapia intensiva de recém-nascidos, para mostrar ao casal todas as
máquinas a que os bebês ficariam
ligados, caso nascessem com vida.
Explicou os riscos de lesão nos
olhos, de colapso dos pulmões, de
deficiência física e de lesão cerebral.
O casal ouviu tudo com humildade,
mas esperançoso. Então, apesar de
todas as providências tomadas pelos
médicos, ficou evidente que os
bebês já estavam nascendo.
Eles nasceram com vida. Uma
menina nasceu primeiro e depois
um menino, pesando juntos menos
de dois quilos. Foram levados às pressas para a unidade de terapia intensiva e colocados em respiradores,
O Presidente Gordon B. Hinckley, o Presidente Thomas S. Monson, Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência,
e o Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, cumprimentam os membros do
Quórum dos Doze Apóstolos: (a partir da esquerda) O Presidente Interino Boyd K. Packer e os Élderes L. Tom
Perry, David B. Haight, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard e Joseph B. Wirthlin.
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com tubos umbilicais, medicação
intravenosa e cuidados constantes.
Não podiam receber muita luz,
não podiam ouvir muito barulho,
seu equilíbrio químico precisava
ser constantemente monitorado,
enquanto o hospital, com equipamentos de milhões de dólares e
muitos médicos e enfermeiras maravilhosos, tentavam recriar o milagre
do interior de um útero materno.
Um número imenso de pequenos
milagres ocorre a cada dia: um pulmão comprometido é curado e, apesar das probabilidades em contrário,
continua a funcionar adequadamente; uma pneumonia é vencida;
outras infecções letais surgem e são
vencidas; os tubos de medicação
intravenosa apresentam defeito e
são substituídos. Depois de dois
meses e meio, o menino ganhou 900
gramas e pôde respirar com auxílio
de oxigênio. Foi tirado do respirador,
aprendeu a comer, e seus pais agradecidos levam-no para casa, com
monitores ligados a seu corpinho.
A menina não parava de puxar o
tubo de seu respirador, disparando
os alarmes em todo o berçário.
Achamos que talvez quisesse acompanhar o irmão, mas sua garganta
continuava a fechar toda vez e ela
simplesmente não conseguia respirar
sozinha. A garganta estava tão inflamada que, às vezes, os terapeutas
especializados em respiração tinham
grande dificuldade em reinserir o
tubo, e ela quase morreu. Seu progresso normal ficou prejudicado por
sua contínua dependência do respirador artificial.
Por fim, depois que o irmãozinho
já estava em casa há dois meses, os
médicos viram-se forçados a sugerir
uma cirurgia que lhe permitisse respirar por um orifício na garganta,
uma cirurgia que resolveria seus
problemas no estômago, fazendo
uma abertura em um lado da barriga; mas que afetaria seu corpinho
por muitos meses a mais, e talvez
pelo resto da vida. Enquanto os pais
debatiam-se com essa decisão, uma
tia querida enviou uma mensagem a
toda a família. Ela explicou a situação — a questão crucial do tempo, a
importância do bebê ser retirado do
respirador — e sugeriu que uníssemos novamente a nossa fé e orássemos e jejuássemos por mais um
milagre, se essa fosse a vontade do
Senhor. Terminaríamos nosso jejum
com uma oração na noite de 3 de
dezembro.
Deixem-me ler para vocês parte
da carta que foi enviada para a família na manhã de 4 de dezembro.
“Querida família. Temos notícias
maravilhosas! Recebemos bênçãos
do Senhor. Agradecemos sinceramente as orações e jejum em favor
de nossa menininha. Quando escrevemos esta carta ela já respirava
havia 24 horas sem a ajuda de aparelhos. Para nós, foi um milagre. A
equipe médica ainda está cautelosa
e prefere não fazer previsões, mas
estamos muito gratos ao Senhor e a
todos vocês. Estamos orando para
que esse seja o início do término de
sua internação hospitalar. Ousamos
até ter esperança de que ela esteja
em casa no Natal.”
Ela foi para casa antes do Natal,
e os dois bebês estão passando
“muito bem”. Nossa família teve sua
própria “passagem pelo Mar
Vermelho”, e podemos testificar que
existe hoje, tal como houve ontem e
haverá para sempre, um “Deus de
milagres” que ama Seus filhos e
deseja abençoá-los.
Sabemos, tal como vocês, que
nem todos os pedidos feitos ao
Senhor e nem todos os jejuns recebem essa mesma resposta tão esperada. Nossa família também já teve
de enfrentar a morte de um ente
querido, doenças graves, a provação
de um divórcio e de filhos que se
desencaminharam. Nem sempre
compreendemos os motivos desses
testes que enfrentamos na mortalidade. Mas nossa fé cresceu, e talvez
a de vocês também, ao observarmos
nossos entes queridos, amigos ou
mesmo pessoas de quem só ouvimos
falar perseverarem com fé no
Senhor diante de provações muito
severas. Eles também conheceram o
Deus de milagres e podem testemunhar, em seus momentos de maior
provação, que a despeito de tudo o
que o futuro lhes reserva, o Senhor
os conhece, ama e abençoa. São
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selados a Ele e um ao outro para
sempre e estão dispostos a sujeitar
sua vontade à Dele.
Como foi que chegaram a esse
ponto? Como temos acesso ao
silencioso milagre que o Senhor
realiza ao transformar-nos, Seus
filhos, em herdeiros dignos do reino
de Deus? Creio que isso se tornou
possível porque “Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”. (João
3:16) Creio que isso ocorre quando
cedemos aos influxos do Espírito,
despojamo-nos do homem natural
e sentimo-nos plenos do amor de
Deus. (Mosias 3:19) “( . . . ) Por
meio da Expiação de [Jesus] Cristo,
toda a humanidade pode ser salva
por obediência às leis e ordenanças
do Evangelho.” (3ª Regra de Fé)
Toda a humanidade, inclusive eu e
vocês, podemos participar da
Expiação, o maior de todos os milagres de Deus.
Deus realmente dividiu o Mar
Vermelho e deu-nos o Livro de
Mórmon. Ele pode livrar-nos de
nossos pecados e pode e irá abençoar-nos, Seus filhos, em nossa vida
diária. Sei que Ele vive e nos ama e
que Ele é hoje um Deus de milagres. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. Os membros descansam junto
à fonte no interior do Centro
de Conferências.
Deleito-me nas “misericórdias e
milagres” do Senhor (ver “Bless Our
Fast, We Pray”, Hymns, nº 138). Sei
que Suas ternas misericórdias e milagres, grandes ou pequenos, são reais.
Eles chegam quando e como Ele
determinar. Às vezes, isso não acontece até que tenhamos atingido o
nosso limite. Os discípulos de Jesus,
no mar da Galiléia, tiveram de remar
contra o vento durante toda a noite,
antes que Jesus fosse finalmente
ajudá-los. Ele não chegou até à quarta
vigília, ou seja, quase ao amanhecer.
Mas Ele foi ajudá-los (ver Marcos
6:45–51). Meu testemunho é que
os milagres realmente acontecem
embora, às vezes, isso não ocorra
antes da quarta vigília.
Neste exato momento, estou exercendo fé, orando e esperando por
milagres em favor de entes queridos
que estão fisicamente doentes, emocionalmente perturbados ou espiritualmente perdidos. Deleito-me no
amor do Senhor por todos os Seus
filhos e em Sua sabedoria que nos
permite ter experiências terrenas
personalizadas.
Por fim, deleito-me, mais do que
posso expressar, no amor eterno e
auxílio constante de meu marido e nas
orações e no apoio de meus filhos e
pais, durante esses anos em que servi
como presidente geral das Moças.
“Minha alma se deleita nas coisas
do Senhor” (2 Néfi 4:16) — Sua lei,
Sua vida, Seu amor. Deleitar-se Nele
significa reconhecer Sua mão em
nossa vida. Nossa obrigação cristã é
fazer o que é certo, amar e nos deleitarmos no que é certo. Quando nos
deleitamos em servi-Lo, nosso Pai
Celestial Se deleita em abençoar-nos.
“Eu, o Senhor, (…) deleito-me em
honrar aqueles que me servem em
retidão e em verdade até o fim” (D&C
76:5). Quero ser sempre digna de Seu
deleite. “Amo o Senhor; minha alma
se deleita Nele” (“I Love the Lord”,
Jackman Music Corp.). Em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
Os Doze
P R E S I D E N T E B OY D K . PA C K E R
Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos
Para que seja do Senhor, a Igreja precisa contar com um
Quórum de Doze Apóstolos que detenha as chaves do reino
dos céus e as confira a outros.
P
ouco depois do falecimento do
Presidente Gordon B. Hinckley,
os 14 homens — os Apóstolos
— que haviam recebido as chaves do
reino reuniram-se na sala superior
do templo para reorganizar a Primeira
Presidência da Igreja. Não houve qualquer dúvida sobre o que fazer, não
houve hesitação alguma. Sabíamos
que o Apóstolo mais antigo seria
o Presidente da Igreja e, naquela
sagrada reunião, Thomas Spencer
Monson foi apoiado pelo Quórum
dos Doze Apóstolos como Presidente
da Igreja. Ele escolheu então seus conselheiros. Assim como o Presidente
Monson, seus conselheiros foram
apoiados, os três membros da
Primeira Presidência foram ordenados e foi-lhes conferida autoridade.
O Presidente Monson recebeu a
autoridade específica para exercer
todas as chaves do sacerdócio. Como
prescrevem as escrituras, ele é o único
homem na Terra que tem o direito de
exercer todas as chaves. Porém, todos
nós, como Apóstolos, as possuímos.
Há um homem entre nós chamado e
ordenado que se torna o Presidente
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias. O homem que
ocupa essa posição há anos vem
sendo apoiado como profeta, vidente
e revelador.
Com o chamado do Presidente
Uchtdorf para a Primeira Presidência,
abriu-se uma vaga no Quórum dos
Doze. Portanto, ontem, apoiamos um
novo membro desse quórum, o Élder
D. Todd Christofferson. Ele agora é
mais um nessa sagrada irmandade,
nesse círculo santo, que agora está
completo. O chamado dos Apóstolos
remonta ao Senhor Jesus Cristo.
Apoiamos também alguns
Setentas, que agora assumem suas
posições. As escrituras explicam que
é responsabilidade do Quórum dos
Doze cuidar dos assuntos da Igreja
e que, quando precisam de ajuda,
devem “recorrer aos Setenta (…)
e não a outros”.1 Temos agora oito
Quóruns dos Setenta espalhados
por todo o mundo, são mais de 300
Setentas, todos com a autoridade
necessária para fazer tudo o que os
Doze determinarem.
Foi o próprio Senhor que instaurou esse modelo administrativo:
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Após o voto de apoio, o Élder D. Todd Christofferson assume seu lugar no Quórum
dos Doze Apóstolos.
“[Ele] subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.
E, quando já era dia, chamou a si
os seus discípulos, e escolheu doze
deles, a quem também deu o nome
de apóstolos.”2
André ouvira as palavras de João e
correu até seu irmão Simão e disse:
“Achamos o Messias (…).
E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus
para ele, disse: Tu és Simão, filho de
Jonas; tu serás chamado Cefas (que
quer dizer Pedro)”.3
Simão e seu irmão André estavam
lançando redes ao mar. Tiago e João,
os filhos de Zebedeu, estavam consertando suas redes. Havia também
Filipe e Bartolomeu; Mateus, o publicano ou coletor de impostos; Tomé;
Tiago, filho de Alfeu; Simão Cananita;
Judas, o irmão de Tiago, e Judas
Iscariotes. Eles constituíram o
Quórum dos Doze.4
O Salvador deu-lhes o mandamento: “Vinde após mim”.5
Anunciou a Pedro: “E eu te darei as
chaves do reino dos céus; e tudo o
que ligares na terra será ligado nos
céus, e tudo o que desligares na terra
será desligado nos céus”.6
E prometeu aos Doze: “[Aquele]
que crê em mim também fará as obras
que eu faço, e as fará maiores do que
estas, porque eu vou para meu Pai”.7
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Deu a Seus Apóstolos “virtude e
poder sobre todos os demônios, para
curarem enfermidades. E enviou-os a
pregar o reino de Deus, e a curar os
enfermos (…) por toda a parte”.8
Declarou também: “[Os Doze têm]
as chaves para abrir a autoridade de
meu reino nos quatro cantos da Terra
e, depois, enviar minha palavra a toda
criatura”.9
Jesus perguntou certa vez a Seus
discípulos: “Quem dizem os homens
ser o Filho do homem? (…)
E Simão Pedro, respondendo,
disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo”.10
Quando Jesus ensinou na sinagoga, muitos discípulos comentaram:
“Duro é este discurso; quem o pode
ouvir? (…)
Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não
andavam com ele.
Então disse Jesus aos doze:
Quereis vós também retirar-vos?
Respondeu-lhe (…) Simão Pedro:
Senhor, para quem iremos nós? Tu
tens as palavras da vida eterna”.11
Após a Crucificação, os Apóstolos
recordaram que Ele os instara a ficar
em Jerusalém.12 Veio então o dia de
Pentecostes, e nesse grande evento
eles receberam o Espírito Santo.13
Receberam “mui firme, a palavra dos
profetas”14 e “falaram inspirados pelo
Espírito Santo”15 — assim estavam
completos.
Temos pouco conhecimento sobre
as viagens deles e só em alguns casos
sabemos onde e como morreram.
Tiago foi morto em Jerusalém por
ordem de Herodes. Pedro e Paulo
morreram em Roma. A tradição
afirma que Filipe foi para o Oriente.
Não sabemos muito mais do que isso.
Eles se dispersaram. Ensinaram e
testificaram, estabeleceram a Igreja.
Deram a vida por suas crenças e, após
sua morte, iniciaram-se os tenebrosos
séculos da Apostasia.
O que de mais precioso se perdeu
na Apostasia foi a autoridade concedida aos Doze — as chaves do sacerdócio. Para que seja do Senhor, a
Igreja precisa contar com um Quórum
de Doze Apóstolos que detenha as
chaves do reino dos céus e as confira
a outros.
Muito tempo depois, veio a
Primeira Visão e a Restauração do
Sacerdócio de Melquisedeque por
Pedro, Tiago e João.16
A Primeira Presidência e o Quórum
dos Doze, mais tarde, receberam a
seguinte instrução:
“Pois em verdade vos digo: As chaves da dispensação que recebestes
foram transmitidas pelos antepassados e, finalmente, enviadas do céu
a vós.
(…) Vede quão grandioso é vosso
chamado. Purificai o coração e vossas
vestes, para que o sangue desta geração não seja requerido de vossas
mãos.”17
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias acabara de ser
restaurada quando foi organizada a
Primeira Presidência. Em seguida, veio
o Quórum dos Doze Apóstolos, composto de homens comuns, e, depois,
os Quóruns dos Setenta. A média da
idade dos que formaram o primeiro
Quórum dos Doze era 28 anos.
Há uma linha de autoridade ininterrupta. As chaves do sacerdócio
conferidas aos apóstolos sempre estiveram nas mãos dos membros da
Primeira Presidência e do Quórum
dos Doze.
Ontem o Élder D. Todd
Christofferson tornou-se o 96º
Apóstolo a servir entre os Doze
nesta dispensação. Ele será ordenado
Apóstolo e receberá todas as chaves
do sacerdócio conferidas aos outros
14 profetas, videntes e reveladores —
os Apóstolos do Senhor Jesus Cristo.
Em 1976 foi realizada uma conferência geral de área em Copenhague,
Dinamarca. Depois da última sessão,
o Presidente Spencer W. Kimball manifestou o desejo de visitar a Igreja Vor
Frue, onde se encontram as estátuas
do Christus e dos Doze Apóstolos,
esculpidas por Thorvaldsen. Ele já
fizera essa visita alguns anos antes e
queria que todos nós a víssemos.
Na parte central da igreja, atrás
do altar, ergue-se a conhecida estátua do Christus com os braços abertos, as marcas dos cravos nas mãos
e a ferida no lado bem visível. Nas
laterais da sala estão as estátuas dos
Apóstolos, com Pedro à frente, à
direita, e os demais Apóstolos em
ordem.
A maior parte do nosso grupo
estava no fundo da capela com o
zelador. Fiquei ao lado do Presidente
Kimball diante da estátua de Pedro,
juntamente com o Élder Rex D.
Pinegar e Johan Helge Benthin,
presidente da estaca Copenhague.
Na mão da estátua de mármore
de Pedro havia um molho pesado de
chaves. O Presidente Kimball apontou
para aquelas chaves e explicou o que
simbolizavam. Em seguida, num gesto
que jamais esquecerei, voltou-se para
o Presidente Benthin e, com uma firmeza que eu presenciara poucas
vezes, apontou o dedo para ele e
disse: “Quero que diga a todos na
Dinamarca que eu possuo as chaves!
Nós possuímos as verdadeiras chaves, e as usamos todos os dias”.
Nunca esquecerei essa declaração,
esse testemunho do profeta. A
influência foi espiritualmente marcante, chegou a ter um impacto físico.
Caminhamos até o fundo da
capela, onde estava o restante do
grupo. Apontando para as estátuas,
o Presidente Kimball disse ao gentil
zelador: “Esses são os Apóstolos
mortos”. Apontando para mim, anunciou: “Aqui temos os Apóstolos vivos.
O Élder Packer é um Apóstolo. O
Élder Thomas S. Monson e o Élder L.
Tom Perry são Apóstolos, e sou um
Apóstolo. Somos os Apóstolos vivos.
Vocês lêem sobre os Setenta no
Novo Testamento, e aqui estão dois
Setentas vivos, o Élder Rex D. Pinegar
e o Élder Robert D. Hales”.
O zelador, que até então não mostrara emoção, de repente começou a
chorar.
Senti que passara por uma experiência ímpar na minha vida.
“Cremos na mesma organização
que existia na Igreja Primitiva, isto é,
apóstolos, profetas, pastores, mestres,
evangelistas, etc.”18
Quando os Setenta são ordenados, embora não sejam ordenados
Apóstolos nem possuam chaves,
têm autoridade, e os Doze devem
“recorrer aos Setenta e não a outros,
quando houver necessidade de auxílio no preenchimento dos diversos
chamados para pregar e administrar
o evangelho”.19
Atualmente há 308 Setentas em
8 quóruns. Representam 44 países
e falam 30 idiomas.
Não ouvimos falar do exercício das
chaves do sacerdócio nas outras igrejas cristãs. É curioso que alguns nos
descrevam como não-cristãos quando
na verdade somos os únicos que possuem a autoridade e a organização
estabelecidas por Cristo.
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Os dois membros mais recentes do Quórum dos Doze Apóstolos, o Élder D. Todd
Christofferson (à esquerda) e o Élder Quentin L. Cook, trocam cumprimentos.
Os Doze atuais são pessoas
comuns. Não são, assim como os
Doze originais não eram, prodigiosos
individualmente, mas coletivamente
são extraordinários.
Exercíamos no passado as mais
diversas profissões. Somos cientistas,
advogados e professores.
O Élder Nelson foi um cirurgião
cardíaco pioneiro. Realizou milhares
de intervenções cirúrgicas. Contoume que, em seu trabalho, dava a cada
paciente operado total garantia de
que o coração funcionaria até o fim
da vida.
Vários homens neste Quórum
eram militares: há um marinheiro,
fuzileiros navais, pilotos.
Tiveram os mais diversos cargos na
Igreja: mestres familiares, professores,
missionários, presidentes de quórum,
bispos, presidentes de estaca, presidentes de missão e, o que é de suma
importância, maridos e pais.
Todos são aprendizes e professores do evangelho de Jesus Cristo.
O que nos une é nosso amor ao
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Salvador e aos filhos de Seu Pai e
nosso testemunho de que Ele está à
frente da Igreja.
Quase sem exceção, os Doze têm
origens modestas, assim como os que
viveram quando o Senhor habitava a
Terra. Os Doze atuais são profundamente unidos no ministério do evangelho de Jesus Cristo. Ao receber o
chamado, cada um deixou sua rede,
por assim dizer, e seguiu o Senhor.
O Presidente Kimball é conhecido
pela frase: “A minha vida é como
meus sapatos — deve ser gasta
em serviço”20. Isso se aplica a todos
os membros do Quórum dos Doze.
Também gastamos nossa vida a serviço
do Senhor e o fazemos de bom grado,
embora não seja uma vida fácil para
nós nem para nossos familiares.
Nem há palavras para descrever a
contribuição, o serviço e o sacrifício
da esposa de cada líder do sacerdócio
em todo o mundo.
Há algum tempo, minha esposa e
a Irmã Ballard fizeram uma cirurgia
extremamente dolorosa na coluna.
Ambas estão bem, e nenhuma se
queixou. O mais próximo de uma
reclamação que ouvi da minha esposa
foi: “Isso não tem graça!”
“É dever dos Doze” — sob a direção da Primeira Presidência — “ordenar e organizar todos os outros oficiais
da igreja, conforme a revelação”.21
Hoje, por meio da tecnologia ensinamos e testificamos a líderes e
membros em todo o mundo. Mas
para conferir as chaves da autoridade
nesta linha ininterrupta aos líderes
do sacerdócio, “pela imposição de
mãos”22, onde quer que se encontrem no mundo, um de nós precisa
sempre estar presente.
O Senhor declarou: “E digo-te também que todos os que enviares em
meu nome pela voz de teus irmãos,
os Doze, devidamente recomendados
e autorizados por ti, terão poder para
abrir a porta de meu reino a toda
nação a que os enviares”.23
As escrituras descrevem os Doze
como “conselheiros viajantes”.24
Não sou diferente dos meus irmãos
dos Doze, dos Setenta e do Bispado
Presidente com quem servi durante
estes 47 anos quando lhes digo que
estive no México e na América Central
e do Sul mais de 75 vezes, na Europa
mais de 50 vezes, no Canadá 25 vezes,
na Oceania 10 vezes, na Ásia 10 vezes e
na África 4 vezes. Estive também duas
vezes na China e ainda visitei Israel, a
Arábia Saudita, o Bahrein, a República
Dominicana, a Índia, o Paquistão,
o Egito, a Indonésia e muitíssimos
outros locais do mundo. Outros de
nós já viajaram ainda mais.
Os Apóstolos detêm todas as chaves
do sacerdócio, mas todos os líderes e
membros igualmente podem receber
revelações pessoais. De fato, espera-se
que busquem essas revelações por
meio da oração e do exercício da fé.
“Porque por ele (…) temos acesso
ao Pai em um mesmo Espírito.
Assim que já não sois estrangeiros,
nem forasteiros, mas concidadãos dos
santos, e da família de Deus;
Edificados sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, de que
Jesus Cristo é a principal pedra da
esquina.”25
O Élder Christofferson deve estar
perguntando-se o que eu um dia me
perguntei: “Por que alguém como eu
foi ordenado ao santo apostolado?
Faltam-me muitas qualidades (…)
Meu empenho para servir é falho
em vários aspectos!” Há somente
uma coisa, uma qualificação capaz
de explicar esse chamado: assim
como Pedro e todos os que foram
ordenados desde aquela época, tenho
o testemunho do Salvador.
Sei que Deus é nosso Pai. Ele
apresentou Seu Filho Jesus Cristo
a Joseph Smith. Declaro-lhes que
sei que Jesus é o Cristo. Sei que Ele
vive; que nasceu no meridiano dos
tempos, ensinou o evangelho e foi
provado; sofreu, foi crucificado e ressuscitou no terceiro dia. Assim como
Seu Pai, Ele possui um corpo de carne
e ossos. Ele efetuou a Expiação. Dele
presto testemunho. Sou testemunha
Dele. Isso testifico, em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
Olhar para Trás e
Seguir em Frente
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Juntos, prosseguiremos realizando Sua obra.
NOTAS
1. D&C 107:38.
2. Lucas 6:12–13.
3. João 1:41–42.
4. Ver Lucas 6:12–16.
5. Ver Mateus 4:19; 16:24; Marcos 6:1; Lucas
9:23; ver também João 21:19; D&C 112:14.
6. Mateus 16:19.
7. João 14:12.
8. Lucas 9:1–2, 6.
9. D&C 124:128
10. Mateus 16:13, 16.
11. João 6:60, 66–68.
12. Ver Atos 1:4.
13. Ver Atos 2:1–4.
14. II Pedro 1:19.
15. II Pedro 1:21.
16. Ver D&C 27:12; Joseph Smith — História
1:72.
17. D&C 112:32–33.
18. Regras de Fé 1:6.
19. D&C 107:38.
20. Gordon B. Hinckley, “The Gift of Self ”,
Tambuli, dezembro de 1986, p. 4; “He Is at
Peace”, Ensign, dezembro de 1985, p. 41.
21. D&C 107:58; ver também D&C 107:33.
22. Regras de Fé 1:5.
23. D&C 112:21.
24. D&C 107:23.
25. Efésios 2:18–20.
A
credito que esta sessão foi
notável. As mensagens foram
inspiradoras; a música, lindíssima, os testemunhos, sinceros. Acho
que qualquer um que tenha assistido
a esta sessão jamais a esquecerá—
devido ao Espírito que sentimos.
Meus amados irmãos e irmãs, há
mais de 44 anos, em outubro de
1963, eu estava diante do púlpito
no Tabernáculo, logo após ter sido
apoiado membro do Quórum dos
Doze Apóstolos. Naquela ocasião,
mencionei uma pequena placa que
havia visto em outro púlpito, com
os seguintes dizeres: “Quem estiver
neste púlpito, seja humilde”. Asseguro-lhes que eu me sentia muito
humilde devido ao meu chamado
para os Doze, na época. Contudo,
ao colocar-me diante deste púlpito
hoje, dirijo-me a vocês com a mais
profunda e absoluta humildade. Sinto
com grande intensidade a minha
dependência do Senhor. Busco humildemente a orientação do Espírito ao
compartilhar com vocês os sentimentos de meu coração.
Há apenas dois meses, despedimo-nos de nosso querido amigo
e líder, Gordon B. Hinckley, o 15º
Presidente de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias: um
extraordinário embaixador da verdade para o mundo inteiro e amado
por todos. Sentimos saudades dele.
Mais de 53.000 homens, mulheres e
crianças visitaram o belo “Salão dos
Profetas”, neste mesmo edifício, para
prestarem seu último tributo àquele
gigante do Senhor que hoje faz parte
da história.
Com o falecimento do Presidente
Hinckley, a Primeira Presidência foi
dissolvida. O Presidente Eyring e eu,
que servimos como conselheiros do
Presidente Hinckley, voltamos para
nosso lugar no Quórum dos Doze
Apóstolos, que se tornou a autoridade presidente da Igreja.
No sábado, 2 de fevereiro de 2008,
o funeral do Presidente Hinckley foi
realizado neste magnífico Centro de
Conferências — um edifício que será
para sempre um monumento a sua
visão do futuro. Durante o funeral,
belos e carinhosos tributos foram
A L I A H O N A MAIO DE 2008
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