Julho de 2001 Liahona
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Julho de 2001 Liahona
em cada pessoa e são incrivelmente misericordiosos, o que pode parecer fútil a outras pessoas”.13 O profeta Miquéias, do Velho Testamento, assim como nosso profeta vivo, o Presidente Gordon B. Hinckley, preocupava-se em incentivar o desenvolvimento da humildade. Ele disse ao povo: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”14 Que Deus nos abençoe para que andemos humildemente com Ele e com todos os homens. Testifico que o Presidente Gordon B. Hinckley é um profeta verdadeiro e que seu conselho de sermos humildes vem de Deus. Testifico que Jesus Cristo, o manso e submisso Filho de Deus, personifica a humildade. Sei que será com humildade que nos colocaremos de joelhos aos pés do Salvador para sermos julgados por Ele. 15 Que vivamos de maneira a prepararmo-nos para esse humilde momento, é minha oração. Em nome de Jesus Cristo. Amém. NOTAS 1. Ver Neal A. Maxwell, “As Tentações e Seduções do Mundo”, A Liahona, janeiro de 2001, p. 43–46. Élder Dallin H. Oaks, “O Desafio de Tornar-se”, A Liahona, janeiro de 2001, pp. 40–42. 2. Albert Choules Jr., minutas não publicadas da reunião do Quórum dos Setenta em 15 de abril de 1993. 3. The Screwtape Letters (1982), 62–63. 4. Mat. 18:1,4. 5. Mosias 3:19. 6. Ver Truman G. Madsen, “Hugh B. Brown —Youthful Veteran,” New Era, abril de 1976, p. 16. 7. “Acautelai-vos do Orgulho”, A Liahona, julho de 1989, p. 4. 8. Mere Christianity (1960), 95. 9. 2 Ne. 33:11. 10. João 3:30. 11. Ver Morm. 9:31. 12. Mos. 1:10. 13. The Works of John Ruskin, ed. E. T. Cook e Alexander Weddenburn, 39 vols. (1903–1912), 5:331. 14. Miquéias 6:8. 15. Mosias 27:31; D&C 88:104. Um Deus de Milagres Irmã Sydney S. Reynolds Primeira Conselheira na Presidência Geral da Primária “Creio que todos nós podemos prestar testemunho desses pequenos milagres.” T al como Morôni do Livro de Mórmon, creio em um Deus de milagres. Morôni escreveu para as pessoas de nossa dispensação: “Mas eis que eu vos mostrarei um Deus de milagres, ( . . . ) e é o mesmo Deus que criou os céus e a Terra e todas as coisas que neles há”. (Mórm. 9:11) Morôni proclamou que Jesus Cristo fez muitos milagres extraordinários, que muitos milagres extraordinários foram realizados pelas mãos dos Apóstolos e que Deus, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre, tem de ser um Deus de milagres hoje. (Ver Mórm. 9:18; 9:9) Pensem nos milagres do Velho Testamento. Lembrem-se de Moisés e de como ele dividiu o Mar Vermelho. Para todas as futuras gerações dos israelitas, os grandes milagres que proporcionaram a libertação do cativeiro no Egito são provas inegáveis da existência de Deus e de Seu amor por eles. A L I A H O N A 12 Muitos profetas do Livro de Mórmon, inclusive Néfi, fizeram alusão à história de Moisés para incentivar a fé e a crença em um Deus que podia salvar Seu povo em meio a suas aflições. (Ver 1 Né. 4:1–3) Outros profetas lembraram ao povo que eles próprios tinham testemunhado milagres capazes de convencê-los do poder de Deus. No Novo Testamento, o Apóstolo João explicou por que havia registrado muitos dos milagres do Salvador: “( . . . ) para que creiais que Jesus é o Cristo”. (João 20:31) Nesta dispensação presenciamos o grande milagre da Restauração do evangelho de Jesus Cristo na Terra. Ela teve início quando um menino entrou num bosque, próximo de Palmyra, Nova York, e abriu seu coração e falou de suas dúvidas a um Deus que ele acreditava poder responder-lhe, ou seja, um Deus de milagres. E os milagres continuaram a acontecer nesta dispensação — milagres extraordinários — inclusive o surgimento do Livro de Mórmon, que é outro testamento de Jesus Cristo. Tão importantes quanto esses “milagres extraordinários” são os pequenos “milagres particulares” que ensinam cada um de nós a ter fé no Senhor. Tais milagres acontecem quando reconhecemos os sussurros do Espírito e damos ouvidos a eles em nossa vida diária. Tive um professor que incentivava os alunos a manterem um diário dos sussurros e da inspiração do Espírito em sua vida. Orientava-nos a anotarmos o que sentíamos e quais tinham sido os resultados. Algumas pequenas coisas tornaram-se bem evidentes. Certo dia, eu estava tentando freneticamente concluir algumas tarefas e preparar-me para uma viagem. Tinha acabado de descer até a lavanderia do dormitório para tirar a roupa da máquina de lavar e colocá-la na secadora. Infelizmente, todas as secadoras estavam ocupadas, faltando muitos minutos para terminar. Subi as escadas, desanimada, sabendo que quando as secadoras tivessem terminado, já estaria na hora de eu sair. Mal tinha chegado a meu quarto quando me senti impelida a descer as escadas e verificar a lavanderia novamente. Tolice, pensei. Eu acabara de sair de lá. Mas como estava procurando ouvir, apesar de estar com pressa, voltei. Duas das secadoras estavam vazias, e pude terminar todas as tarefas. Estaria o Senhor preocupado em facilitar as coisas para mim em algo tão pequeno, mas que para mim era muito importante? Aprendi, então, por meio de muitas experiências semelhantes que o Senhor nos ajuda em todos aspectos de nossa vida, se estivermos procurando servi-Lo e fazer Sua vontade. Creio que todos nós podemos prestar testemunho desses pequenos milagres. Conheço crianças que oram pedindo ajuda para encontrar uma coisa perdida, e encontram-na. Conheço jovens que se armam de coragem para serem testemunhas de Deus e sentem Sua mão e Seu auxílio. Conheço amigos que pagam o dízimo, usando todo o dinheiro que têm, e depois conseguem pagar suas mensalidades ou aluguel, ou comprar comida para toda a família. Podemos contar experiências de orações que foram atendidas e de bênçãos do sacerdócio que proporcionaram coragem, consolo e saúde. Esses milagres diários fazem-nos conhecer a mão do Senhor em nossa vida. Pensei muito nesse assunto por causa de uma experiência que nossa família vem passando nos últimos meses. Nossa filha e o marido, embora desejassem do fundo do coração ter filhos, não conseguiram realizar esse sonho por anos. Oraram e procuraram bênçãos do sacerdócio e auxílio médico, até que, por fim, ficaram sabendo que estavam esperando gêmeos. No entanto, as coisas não transcorreram tranqüilamente, e três meses e meio antes da época certa de os bebês nascerem, a futura mãe viu-se na sala de trabalho de parto do hospital. Os médicos, a princípio, tinham esperança de pararem o trabalho de parto por mais algumas semanas. Em pouco tempo, porém, a dúvida passou a ser se teriam sequer as 48 horas necessárias para que o medicamento que prepararia os pulmões imaturos dos bebês para funcionar fizesse efeito. Uma enfermeira veio da unidade de terapia intensiva de recém-nascidos, para mostrar ao casal todas as máquinas a que os bebês ficariam ligados, caso nascessem com vida. Explicou os riscos de lesão nos olhos, de colapso dos pulmões, de deficiência física e de lesão cerebral. O casal ouviu tudo com humildade, mas esperançoso. Então, apesar de todas as providências tomadas pelos médicos, ficou evidente que os bebês já estavam nascendo. Eles nasceram com vida. Uma menina nasceu primeiro e depois um menino, pesando juntos menos de dois quilos. Foram levados às pressas para a unidade de terapia intensiva e colocados em respiradores, O Presidente Gordon B. Hinckley, o Presidente Thomas S. Monson, Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência, e o Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, cumprimentam os membros do Quórum dos Doze Apóstolos: (a partir da esquerda) O Presidente Interino Boyd K. Packer e os Élderes L. Tom Perry, David B. Haight, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard e Joseph B. Wirthlin. J U L H O D E 13 2 0 0 1 com tubos umbilicais, medicação intravenosa e cuidados constantes. Não podiam receber muita luz, não podiam ouvir muito barulho, seu equilíbrio químico precisava ser constantemente monitorado, enquanto o hospital, com equipamentos de milhões de dólares e muitos médicos e enfermeiras maravilhosos, tentavam recriar o milagre do interior de um útero materno. Um número imenso de pequenos milagres ocorre a cada dia: um pulmão comprometido é curado e, apesar das probabilidades em contrário, continua a funcionar adequadamente; uma pneumonia é vencida; outras infecções letais surgem e são vencidas; os tubos de medicação intravenosa apresentam defeito e são substituídos. Depois de dois meses e meio, o menino ganhou 900 gramas e pôde respirar com auxílio de oxigênio. Foi tirado do respirador, aprendeu a comer, e seus pais agradecidos levam-no para casa, com monitores ligados a seu corpinho. A menina não parava de puxar o tubo de seu respirador, disparando os alarmes em todo o berçário. Achamos que talvez quisesse acompanhar o irmão, mas sua garganta continuava a fechar toda vez e ela simplesmente não conseguia respirar sozinha. A garganta estava tão inflamada que, às vezes, os terapeutas especializados em respiração tinham grande dificuldade em reinserir o tubo, e ela quase morreu. Seu progresso normal ficou prejudicado por sua contínua dependência do respirador artificial. Por fim, depois que o irmãozinho já estava em casa há dois meses, os médicos viram-se forçados a sugerir uma cirurgia que lhe permitisse respirar por um orifício na garganta, uma cirurgia que resolveria seus problemas no estômago, fazendo uma abertura em um lado da barriga; mas que afetaria seu corpinho por muitos meses a mais, e talvez pelo resto da vida. Enquanto os pais debatiam-se com essa decisão, uma tia querida enviou uma mensagem a toda a família. Ela explicou a situação — a questão crucial do tempo, a importância do bebê ser retirado do respirador — e sugeriu que uníssemos novamente a nossa fé e orássemos e jejuássemos por mais um milagre, se essa fosse a vontade do Senhor. Terminaríamos nosso jejum com uma oração na noite de 3 de dezembro. Deixem-me ler para vocês parte da carta que foi enviada para a família na manhã de 4 de dezembro. “Querida família. Temos notícias maravilhosas! Recebemos bênçãos do Senhor. Agradecemos sinceramente as orações e jejum em favor de nossa menininha. Quando escrevemos esta carta ela já respirava havia 24 horas sem a ajuda de aparelhos. Para nós, foi um milagre. A equipe médica ainda está cautelosa e prefere não fazer previsões, mas estamos muito gratos ao Senhor e a todos vocês. Estamos orando para que esse seja o início do término de sua internação hospitalar. Ousamos até ter esperança de que ela esteja em casa no Natal.” Ela foi para casa antes do Natal, e os dois bebês estão passando “muito bem”. Nossa família teve sua própria “passagem pelo Mar Vermelho”, e podemos testificar que existe hoje, tal como houve ontem e haverá para sempre, um “Deus de milagres” que ama Seus filhos e deseja abençoá-los. Sabemos, tal como vocês, que nem todos os pedidos feitos ao Senhor e nem todos os jejuns recebem essa mesma resposta tão esperada. Nossa família também já teve de enfrentar a morte de um ente querido, doenças graves, a provação de um divórcio e de filhos que se desencaminharam. Nem sempre compreendemos os motivos desses testes que enfrentamos na mortalidade. Mas nossa fé cresceu, e talvez a de vocês também, ao observarmos nossos entes queridos, amigos ou mesmo pessoas de quem só ouvimos falar perseverarem com fé no Senhor diante de provações muito severas. Eles também conheceram o Deus de milagres e podem testemunhar, em seus momentos de maior provação, que a despeito de tudo o que o futuro lhes reserva, o Senhor os conhece, ama e abençoa. São A L I A H O N A 14 selados a Ele e um ao outro para sempre e estão dispostos a sujeitar sua vontade à Dele. Como foi que chegaram a esse ponto? Como temos acesso ao silencioso milagre que o Senhor realiza ao transformar-nos, Seus filhos, em herdeiros dignos do reino de Deus? Creio que isso se tornou possível porque “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16) Creio que isso ocorre quando cedemos aos influxos do Espírito, despojamo-nos do homem natural e sentimo-nos plenos do amor de Deus. (Mosias 3:19) “( . . . ) Por meio da Expiação de [Jesus] Cristo, toda a humanidade pode ser salva por obediência às leis e ordenanças do Evangelho.” (3ª Regra de Fé) Toda a humanidade, inclusive eu e vocês, podemos participar da Expiação, o maior de todos os milagres de Deus. Deus realmente dividiu o Mar Vermelho e deu-nos o Livro de Mórmon. Ele pode livrar-nos de nossos pecados e pode e irá abençoar-nos, Seus filhos, em nossa vida diária. Sei que Ele vive e nos ama e que Ele é hoje um Deus de milagres. Em nome de Jesus Cristo. Amém. Os membros descansam junto à fonte no interior do Centro de Conferências. Deleito-me nas “misericórdias e milagres” do Senhor (ver “Bless Our Fast, We Pray”, Hymns, nº 138). Sei que Suas ternas misericórdias e milagres, grandes ou pequenos, são reais. Eles chegam quando e como Ele determinar. Às vezes, isso não acontece até que tenhamos atingido o nosso limite. Os discípulos de Jesus, no mar da Galiléia, tiveram de remar contra o vento durante toda a noite, antes que Jesus fosse finalmente ajudá-los. Ele não chegou até à quarta vigília, ou seja, quase ao amanhecer. Mas Ele foi ajudá-los (ver Marcos 6:45–51). Meu testemunho é que os milagres realmente acontecem embora, às vezes, isso não ocorra antes da quarta vigília. Neste exato momento, estou exercendo fé, orando e esperando por milagres em favor de entes queridos que estão fisicamente doentes, emocionalmente perturbados ou espiritualmente perdidos. Deleito-me no amor do Senhor por todos os Seus filhos e em Sua sabedoria que nos permite ter experiências terrenas personalizadas. Por fim, deleito-me, mais do que posso expressar, no amor eterno e auxílio constante de meu marido e nas orações e no apoio de meus filhos e pais, durante esses anos em que servi como presidente geral das Moças. “Minha alma se deleita nas coisas do Senhor” (2 Néfi 4:16) — Sua lei, Sua vida, Seu amor. Deleitar-se Nele significa reconhecer Sua mão em nossa vida. Nossa obrigação cristã é fazer o que é certo, amar e nos deleitarmos no que é certo. Quando nos deleitamos em servi-Lo, nosso Pai Celestial Se deleita em abençoar-nos. “Eu, o Senhor, (…) deleito-me em honrar aqueles que me servem em retidão e em verdade até o fim” (D&C 76:5). Quero ser sempre digna de Seu deleite. “Amo o Senhor; minha alma se deleita Nele” (“I Love the Lord”, Jackman Music Corp.). Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ Os Doze P R E S I D E N T E B OY D K . PA C K E R Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos Para que seja do Senhor, a Igreja precisa contar com um Quórum de Doze Apóstolos que detenha as chaves do reino dos céus e as confira a outros. P ouco depois do falecimento do Presidente Gordon B. Hinckley, os 14 homens — os Apóstolos — que haviam recebido as chaves do reino reuniram-se na sala superior do templo para reorganizar a Primeira Presidência da Igreja. Não houve qualquer dúvida sobre o que fazer, não houve hesitação alguma. Sabíamos que o Apóstolo mais antigo seria o Presidente da Igreja e, naquela sagrada reunião, Thomas Spencer Monson foi apoiado pelo Quórum dos Doze Apóstolos como Presidente da Igreja. Ele escolheu então seus conselheiros. Assim como o Presidente Monson, seus conselheiros foram apoiados, os três membros da Primeira Presidência foram ordenados e foi-lhes conferida autoridade. O Presidente Monson recebeu a autoridade específica para exercer todas as chaves do sacerdócio. Como prescrevem as escrituras, ele é o único homem na Terra que tem o direito de exercer todas as chaves. Porém, todos nós, como Apóstolos, as possuímos. Há um homem entre nós chamado e ordenado que se torna o Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O homem que ocupa essa posição há anos vem sendo apoiado como profeta, vidente e revelador. Com o chamado do Presidente Uchtdorf para a Primeira Presidência, abriu-se uma vaga no Quórum dos Doze. Portanto, ontem, apoiamos um novo membro desse quórum, o Élder D. Todd Christofferson. Ele agora é mais um nessa sagrada irmandade, nesse círculo santo, que agora está completo. O chamado dos Apóstolos remonta ao Senhor Jesus Cristo. Apoiamos também alguns Setentas, que agora assumem suas posições. As escrituras explicam que é responsabilidade do Quórum dos Doze cuidar dos assuntos da Igreja e que, quando precisam de ajuda, devem “recorrer aos Setenta (…) e não a outros”.1 Temos agora oito Quóruns dos Setenta espalhados por todo o mundo, são mais de 300 Setentas, todos com a autoridade necessária para fazer tudo o que os Doze determinarem. Foi o próprio Senhor que instaurou esse modelo administrativo: A L I A H O N A MAIO DE 2008 83 Após o voto de apoio, o Élder D. Todd Christofferson assume seu lugar no Quórum dos Doze Apóstolos. “[Ele] subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos.”2 André ouvira as palavras de João e correu até seu irmão Simão e disse: “Achamos o Messias (…). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)”.3 Simão e seu irmão André estavam lançando redes ao mar. Tiago e João, os filhos de Zebedeu, estavam consertando suas redes. Havia também Filipe e Bartolomeu; Mateus, o publicano ou coletor de impostos; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão Cananita; Judas, o irmão de Tiago, e Judas Iscariotes. Eles constituíram o Quórum dos Doze.4 O Salvador deu-lhes o mandamento: “Vinde após mim”.5 Anunciou a Pedro: “E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.6 E prometeu aos Doze: “[Aquele] que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”.7 84 Deu a Seus Apóstolos “virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades. E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos (…) por toda a parte”.8 Declarou também: “[Os Doze têm] as chaves para abrir a autoridade de meu reino nos quatro cantos da Terra e, depois, enviar minha palavra a toda criatura”.9 Jesus perguntou certa vez a Seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem? (…) E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.10 Quando Jesus ensinou na sinagoga, muitos discípulos comentaram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (…) Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe (…) Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”.11 Após a Crucificação, os Apóstolos recordaram que Ele os instara a ficar em Jerusalém.12 Veio então o dia de Pentecostes, e nesse grande evento eles receberam o Espírito Santo.13 Receberam “mui firme, a palavra dos profetas”14 e “falaram inspirados pelo Espírito Santo”15 — assim estavam completos. Temos pouco conhecimento sobre as viagens deles e só em alguns casos sabemos onde e como morreram. Tiago foi morto em Jerusalém por ordem de Herodes. Pedro e Paulo morreram em Roma. A tradição afirma que Filipe foi para o Oriente. Não sabemos muito mais do que isso. Eles se dispersaram. Ensinaram e testificaram, estabeleceram a Igreja. Deram a vida por suas crenças e, após sua morte, iniciaram-se os tenebrosos séculos da Apostasia. O que de mais precioso se perdeu na Apostasia foi a autoridade concedida aos Doze — as chaves do sacerdócio. Para que seja do Senhor, a Igreja precisa contar com um Quórum de Doze Apóstolos que detenha as chaves do reino dos céus e as confira a outros. Muito tempo depois, veio a Primeira Visão e a Restauração do Sacerdócio de Melquisedeque por Pedro, Tiago e João.16 A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze, mais tarde, receberam a seguinte instrução: “Pois em verdade vos digo: As chaves da dispensação que recebestes foram transmitidas pelos antepassados e, finalmente, enviadas do céu a vós. (…) Vede quão grandioso é vosso chamado. Purificai o coração e vossas vestes, para que o sangue desta geração não seja requerido de vossas mãos.”17 A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acabara de ser restaurada quando foi organizada a Primeira Presidência. Em seguida, veio o Quórum dos Doze Apóstolos, composto de homens comuns, e, depois, os Quóruns dos Setenta. A média da idade dos que formaram o primeiro Quórum dos Doze era 28 anos. Há uma linha de autoridade ininterrupta. As chaves do sacerdócio conferidas aos apóstolos sempre estiveram nas mãos dos membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze. Ontem o Élder D. Todd Christofferson tornou-se o 96º Apóstolo a servir entre os Doze nesta dispensação. Ele será ordenado Apóstolo e receberá todas as chaves do sacerdócio conferidas aos outros 14 profetas, videntes e reveladores — os Apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Em 1976 foi realizada uma conferência geral de área em Copenhague, Dinamarca. Depois da última sessão, o Presidente Spencer W. Kimball manifestou o desejo de visitar a Igreja Vor Frue, onde se encontram as estátuas do Christus e dos Doze Apóstolos, esculpidas por Thorvaldsen. Ele já fizera essa visita alguns anos antes e queria que todos nós a víssemos. Na parte central da igreja, atrás do altar, ergue-se a conhecida estátua do Christus com os braços abertos, as marcas dos cravos nas mãos e a ferida no lado bem visível. Nas laterais da sala estão as estátuas dos Apóstolos, com Pedro à frente, à direita, e os demais Apóstolos em ordem. A maior parte do nosso grupo estava no fundo da capela com o zelador. Fiquei ao lado do Presidente Kimball diante da estátua de Pedro, juntamente com o Élder Rex D. Pinegar e Johan Helge Benthin, presidente da estaca Copenhague. Na mão da estátua de mármore de Pedro havia um molho pesado de chaves. O Presidente Kimball apontou para aquelas chaves e explicou o que simbolizavam. Em seguida, num gesto que jamais esquecerei, voltou-se para o Presidente Benthin e, com uma firmeza que eu presenciara poucas vezes, apontou o dedo para ele e disse: “Quero que diga a todos na Dinamarca que eu possuo as chaves! Nós possuímos as verdadeiras chaves, e as usamos todos os dias”. Nunca esquecerei essa declaração, esse testemunho do profeta. A influência foi espiritualmente marcante, chegou a ter um impacto físico. Caminhamos até o fundo da capela, onde estava o restante do grupo. Apontando para as estátuas, o Presidente Kimball disse ao gentil zelador: “Esses são os Apóstolos mortos”. Apontando para mim, anunciou: “Aqui temos os Apóstolos vivos. O Élder Packer é um Apóstolo. O Élder Thomas S. Monson e o Élder L. Tom Perry são Apóstolos, e sou um Apóstolo. Somos os Apóstolos vivos. Vocês lêem sobre os Setenta no Novo Testamento, e aqui estão dois Setentas vivos, o Élder Rex D. Pinegar e o Élder Robert D. Hales”. O zelador, que até então não mostrara emoção, de repente começou a chorar. Senti que passara por uma experiência ímpar na minha vida. “Cremos na mesma organização que existia na Igreja Primitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres, evangelistas, etc.”18 Quando os Setenta são ordenados, embora não sejam ordenados Apóstolos nem possuam chaves, têm autoridade, e os Doze devem “recorrer aos Setenta e não a outros, quando houver necessidade de auxílio no preenchimento dos diversos chamados para pregar e administrar o evangelho”.19 Atualmente há 308 Setentas em 8 quóruns. Representam 44 países e falam 30 idiomas. Não ouvimos falar do exercício das chaves do sacerdócio nas outras igrejas cristãs. É curioso que alguns nos descrevam como não-cristãos quando na verdade somos os únicos que possuem a autoridade e a organização estabelecidas por Cristo. A L I A H O N A MAIO DE 2008 85 Os dois membros mais recentes do Quórum dos Doze Apóstolos, o Élder D. Todd Christofferson (à esquerda) e o Élder Quentin L. Cook, trocam cumprimentos. Os Doze atuais são pessoas comuns. Não são, assim como os Doze originais não eram, prodigiosos individualmente, mas coletivamente são extraordinários. Exercíamos no passado as mais diversas profissões. Somos cientistas, advogados e professores. O Élder Nelson foi um cirurgião cardíaco pioneiro. Realizou milhares de intervenções cirúrgicas. Contoume que, em seu trabalho, dava a cada paciente operado total garantia de que o coração funcionaria até o fim da vida. Vários homens neste Quórum eram militares: há um marinheiro, fuzileiros navais, pilotos. Tiveram os mais diversos cargos na Igreja: mestres familiares, professores, missionários, presidentes de quórum, bispos, presidentes de estaca, presidentes de missão e, o que é de suma importância, maridos e pais. Todos são aprendizes e professores do evangelho de Jesus Cristo. O que nos une é nosso amor ao 86 Salvador e aos filhos de Seu Pai e nosso testemunho de que Ele está à frente da Igreja. Quase sem exceção, os Doze têm origens modestas, assim como os que viveram quando o Senhor habitava a Terra. Os Doze atuais são profundamente unidos no ministério do evangelho de Jesus Cristo. Ao receber o chamado, cada um deixou sua rede, por assim dizer, e seguiu o Senhor. O Presidente Kimball é conhecido pela frase: “A minha vida é como meus sapatos — deve ser gasta em serviço”20. Isso se aplica a todos os membros do Quórum dos Doze. Também gastamos nossa vida a serviço do Senhor e o fazemos de bom grado, embora não seja uma vida fácil para nós nem para nossos familiares. Nem há palavras para descrever a contribuição, o serviço e o sacrifício da esposa de cada líder do sacerdócio em todo o mundo. Há algum tempo, minha esposa e a Irmã Ballard fizeram uma cirurgia extremamente dolorosa na coluna. Ambas estão bem, e nenhuma se queixou. O mais próximo de uma reclamação que ouvi da minha esposa foi: “Isso não tem graça!” “É dever dos Doze” — sob a direção da Primeira Presidência — “ordenar e organizar todos os outros oficiais da igreja, conforme a revelação”.21 Hoje, por meio da tecnologia ensinamos e testificamos a líderes e membros em todo o mundo. Mas para conferir as chaves da autoridade nesta linha ininterrupta aos líderes do sacerdócio, “pela imposição de mãos”22, onde quer que se encontrem no mundo, um de nós precisa sempre estar presente. O Senhor declarou: “E digo-te também que todos os que enviares em meu nome pela voz de teus irmãos, os Doze, devidamente recomendados e autorizados por ti, terão poder para abrir a porta de meu reino a toda nação a que os enviares”.23 As escrituras descrevem os Doze como “conselheiros viajantes”.24 Não sou diferente dos meus irmãos dos Doze, dos Setenta e do Bispado Presidente com quem servi durante estes 47 anos quando lhes digo que estive no México e na América Central e do Sul mais de 75 vezes, na Europa mais de 50 vezes, no Canadá 25 vezes, na Oceania 10 vezes, na Ásia 10 vezes e na África 4 vezes. Estive também duas vezes na China e ainda visitei Israel, a Arábia Saudita, o Bahrein, a República Dominicana, a Índia, o Paquistão, o Egito, a Indonésia e muitíssimos outros locais do mundo. Outros de nós já viajaram ainda mais. Os Apóstolos detêm todas as chaves do sacerdócio, mas todos os líderes e membros igualmente podem receber revelações pessoais. De fato, espera-se que busquem essas revelações por meio da oração e do exercício da fé. “Porque por ele (…) temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.”25 O Élder Christofferson deve estar perguntando-se o que eu um dia me perguntei: “Por que alguém como eu foi ordenado ao santo apostolado? Faltam-me muitas qualidades (…) Meu empenho para servir é falho em vários aspectos!” Há somente uma coisa, uma qualificação capaz de explicar esse chamado: assim como Pedro e todos os que foram ordenados desde aquela época, tenho o testemunho do Salvador. Sei que Deus é nosso Pai. Ele apresentou Seu Filho Jesus Cristo a Joseph Smith. Declaro-lhes que sei que Jesus é o Cristo. Sei que Ele vive; que nasceu no meridiano dos tempos, ensinou o evangelho e foi provado; sofreu, foi crucificado e ressuscitou no terceiro dia. Assim como Seu Pai, Ele possui um corpo de carne e ossos. Ele efetuou a Expiação. Dele presto testemunho. Sou testemunha Dele. Isso testifico, em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ Olhar para Trás e Seguir em Frente P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Juntos, prosseguiremos realizando Sua obra. NOTAS 1. D&C 107:38. 2. Lucas 6:12–13. 3. João 1:41–42. 4. Ver Lucas 6:12–16. 5. Ver Mateus 4:19; 16:24; Marcos 6:1; Lucas 9:23; ver também João 21:19; D&C 112:14. 6. Mateus 16:19. 7. João 14:12. 8. Lucas 9:1–2, 6. 9. D&C 124:128 10. Mateus 16:13, 16. 11. João 6:60, 66–68. 12. Ver Atos 1:4. 13. Ver Atos 2:1–4. 14. II Pedro 1:19. 15. II Pedro 1:21. 16. Ver D&C 27:12; Joseph Smith — História 1:72. 17. D&C 112:32–33. 18. Regras de Fé 1:6. 19. D&C 107:38. 20. Gordon B. Hinckley, “The Gift of Self ”, Tambuli, dezembro de 1986, p. 4; “He Is at Peace”, Ensign, dezembro de 1985, p. 41. 21. D&C 107:58; ver também D&C 107:33. 22. Regras de Fé 1:5. 23. D&C 112:21. 24. D&C 107:23. 25. Efésios 2:18–20. A credito que esta sessão foi notável. As mensagens foram inspiradoras; a música, lindíssima, os testemunhos, sinceros. Acho que qualquer um que tenha assistido a esta sessão jamais a esquecerá— devido ao Espírito que sentimos. Meus amados irmãos e irmãs, há mais de 44 anos, em outubro de 1963, eu estava diante do púlpito no Tabernáculo, logo após ter sido apoiado membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Naquela ocasião, mencionei uma pequena placa que havia visto em outro púlpito, com os seguintes dizeres: “Quem estiver neste púlpito, seja humilde”. Asseguro-lhes que eu me sentia muito humilde devido ao meu chamado para os Doze, na época. Contudo, ao colocar-me diante deste púlpito hoje, dirijo-me a vocês com a mais profunda e absoluta humildade. Sinto com grande intensidade a minha dependência do Senhor. Busco humildemente a orientação do Espírito ao compartilhar com vocês os sentimentos de meu coração. Há apenas dois meses, despedimo-nos de nosso querido amigo e líder, Gordon B. Hinckley, o 15º Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias: um extraordinário embaixador da verdade para o mundo inteiro e amado por todos. Sentimos saudades dele. Mais de 53.000 homens, mulheres e crianças visitaram o belo “Salão dos Profetas”, neste mesmo edifício, para prestarem seu último tributo àquele gigante do Senhor que hoje faz parte da história. Com o falecimento do Presidente Hinckley, a Primeira Presidência foi dissolvida. O Presidente Eyring e eu, que servimos como conselheiros do Presidente Hinckley, voltamos para nosso lugar no Quórum dos Doze Apóstolos, que se tornou a autoridade presidente da Igreja. No sábado, 2 de fevereiro de 2008, o funeral do Presidente Hinckley foi realizado neste magnífico Centro de Conferências — um edifício que será para sempre um monumento a sua visão do futuro. Durante o funeral, belos e carinhosos tributos foram A L I A H O N A MAIO DE 2008 87
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