Suplementação com óleo de soja na dieta
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Suplementação com óleo de soja na dieta
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde Departamento de Medicina Veterinária Curso de Medicina Veterinária em Betim Consuelo Marelli Juliana Monteiro dos Santos Freire Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador submetidas a treinamento para provas de marcha. Betim 2013 Consuelo Marelli Juliana Monteiro dos Santos Freire Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador submetidas a treinamento para provas de marcha. Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. Orientador: João Carlos Toledo Júnior Co-orientador: Tiago de Resende Garcia Betim 2013 Consuelo Marelli Juliana Monteiro dos Santos Freire Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador submetidas a treinamento para provas de marcha. Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária em Betim da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária. ____________________________________________ João Carlos Toledo Júnior – PUC Minas ____________________________________________ Tiago de Resende Garcia – UFMG - ABCCMM ____________________________________________ Mayara Gonçalves Fonseca - UFMG Betim, 01 de Julho de 2013 Dedico este trabalho aos animais, grande inspiração do curso. Aos pais já falecidos, que amamos muito, pelo exemplo de vida. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a Deus por sempre nos proteger e guiar proporcionando a oportunidade de conquistarmos todos nossos objetivos. À nossa família que pacientemente nos apoiou em nossa jornada, despendendo muita compreensão e carinho nas horas delicadas e difíceis. À Helena e Valquíria por nos acolher em seu Haras (Haras Élio Quadrado), que além de confiar seus animais para serem utilizados no experimento disponibilizaram toda dieta fornecida de acordo com o protocolo estipulado. Aos funcionários do Haras Élio Quadrado: Zulu, Gilmar e Denis, agradecemos o apoio indispensável em todos os momentos. Ao Tiago, verdadeiro mentor e amigo. Muito Obrigada pelos conhecimentos transmitidos e pela oportunidade de trabalhar ao seu lado. Ao Juliano Martins Santiago, que nos ajudou na estatística À Suellen do laboratório de nutrição, que deu todo apoio na análise bromatológica. Agradecemos à Claudinha, Mayara e Paula que muito nos ajudaram. Por último, não menos importante agradecemos com carinho especial todas as éguas: Bartira, Berta, Catedral, Chiala, Cori, Dalila, Dinâmica, Grega, Imburana, Lusa, Mariposa e Quibela. E todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste trabalho, nosso MUITO OBRIGADO! "Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o mundo pertence a quem se atreve, e a vida é MUITO pra ser insignificante" (Charles Chaplin) RESUMO Objetivou-se com este experimento avaliar os efeitos da suplementação da dieta com óleo de soja no desempenho atlético de éguas da raça Mangalarga Marchador durante o treinamento para provas de marcha. Foram utilizadas 12 éguas, com faixa etária entre 3 e 8 anos de idade e peso corporal entre 325 e 420 Kg. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso, em esquema de parcelas subsubdivididas, sendo os tratamentos constituídos pelo grupo suplementado com óleo de soja e controle, com seis repetições (éguas) por tratamento, as subparcelas representadas pelos testes de marcha realizados antes (Teste I) e após o treinamento (Teste II) e as subsubparcelas formadas pelos tempos de avaliação. O experimento se deu no prazo de 60 dias e foi realizado em duas fases: Fase de pré-condicionamento e fase do treinamento. No final de cada uma dessas fases foram realizados os testes de marcha. A dieta das éguas foi balanceada contendo a mesma densidade energética. O concentrado comercial e a utilização de óleo diferiram entre grupos (suplementado e controle). O protocolo do teste de marcha foi constituído por séries de dez minutos de marcha (10-12 km/h). Imediatamente no final de cada série de marcha foi mensurada frequência cardíaca e concentração sanguínea de lactato. Os testes foram interrompidos quando as éguas atingiram o limiar anaeróbico (Frequência Cardíaca (FC) ≥ 200 bpm e lactato ≥ 4 mmol/L) com limite máximo de cento e cinqüenta minutos (150’) de marcha. Avaliou-se tempo para atingir o limiar anaeróbico (interação entre FC x lactato), lactato (basal e a cada 10 minutos do teste), frequência cardíaca (FC) (basal e a cada 10 minutos do teste), hemogasometria (basal e final do teste), Aspatato amino tranferase (AST), Creatina fosfoquinase (CK) e Lactato desigrogenase (LDH) (basal, 1hora, 6 horas e 12 horas após término do exercício). A suplementação de 350 ml de óleo de soja mostrou ser importante ferramenta no balanceamento da dieta dos eqüinos, pois não influenciou negativamente o desempenho das éguas. Dietas balanceadas com suplementação de óleo de soja reduzem os custos com alimentação. O protocolo de treinamento utilizado (treinamento intervalado) foi capaz de promover melhora do condicionamento físico de éguas da raça Mangalarga Marchador. Palavras Chave: Condicionamento físico, Custos, Equinos, Limiar anaeróbico e Treinamento Intervalado. ABSTRACT The objective of this experiment was to evaluate the effects in diet supplementation with soybean oil in athletic performance mares Mangalarga Marchador during training for the marcha competition. We used 12 mares, aged between 3 and 8 years of age and weighing between 325 and 420 Kg. Animals were distributed in a completely randomized design in a split plot design scheme. The treatments were the group supplemented with oil soybean and control group, with six replications (mares) per treatment, subplots represented by marcha tests performed before (Test I) and after training (Test II), and the split formed by the time of evaluation. The experiment took place within 60 days and was conducted in two phases: preconditioning and training. At the end of each phase, one test of marcha was performed to evaluate conditioning. The mares received balanced diet containing the same energy density, but commercial concentrate and oil amount differ between groups (control and supplemented). The testing protocol consisted of ten minutes marcha (10-12 km/h) series. Immediately at the end of each serie of marcha was measured heart rate and blood lactate concentration. The tests were interrupted when the mares reached the anaerobic threshold (Heart Rate (HR) ≥ 200 bpm and lactate ≥ 4 mmol / L) or when to the limit maximum one hundred and fifty minutes (150 '). We evaluated time to reach anaerobic threshold (interaction between HR x lactate), lactate (baseline and every 10 minutes of the test), HR (baseline and every 10 minutes of the test), blood gas analysis (baseline and end of the test), Amino aspatato transferase (AST), Creatine fosforoquinase (CK) and Lactate desigrogenase (LDH) (baseline, 1 hour, 6 hours and 12 hours after cessation of exercise). The supplementation of 350 ml of soybean oil proved to be an important tool in balancing the diet of Mangalarga Marchador horses in training for marcha competition. Balanced diets supplemented with soybean oil reduce feed costs.The training protocol used was able to promote improvement in physical condition the mares for an official marcha competition. Keywords: Anaerobic threshold, Costs, Equine, Interval Training and Physical conditioning. LISTA DE TABELAS TABELA 1- Cálculo balanceamento da dieta (concentrado) ...............................38 TABELA 2 - Concentração de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM) e carboidrato não fibroso (CNF) dos alimentos fornecidos em diferentes momentos do período experimental (I início – 13/01/2013; II meio – 16/02/2013 e III final – 28/02/2013) sendo concentrado (C) 12% e 15% e volumoso (V). * % na MS ........................................................................................40 TABELA 3 - Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 150 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) ...............................................................................................42 TABELA 4 - Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 200 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12)................................................................................................42 TABELA 5 - Tempo de marcha (minutos) necessário para a concentração sanguínea de lactato (Lac.) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 4,0 mmol/L nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) .......................................................................43 TABELA 6 - Tempo de marcha (minutos) necessário para as éguas Mangalarga Marchador atingirem o limiar anaeróbico, nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) ...............................................44 TABELA 7 - Valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase (CK) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) .....................................................................................46 TABELA 8 - Valores médios das concentrações sanguíneas de aspartatoaminotransferase (AST) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu respectivo coeficiente de variação (CV) (n=12).................................................................................................47 TABELA 9 - Valores médios das concentrações sanguíneas de lactato desidrogenase (LDH) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) ................................................48 TABELA 10 - Valores médios das pressões sanguíneas de O2 (pO2) e CO2 (pCO2), concentrações sanguíneas de íons bicarbonato (HCO3), pH, potássio (K+), sódio (Na+), cálcio ionizado (iCa), concentrações séricas de glicose, hematócrito, hemoglobina e concentrações plasmáticas de glicose das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seus respectivos de variação (CV) (n=12).......................................................................................54 TABELA 11 - Valores médios entre os grupos controle e suplementado com óleo de soja na concentração sanguínea de sódio (Na+) e pressão sanguínea de CO2 (pCO2) ..................................................................................55 TABELA 12 - Custo da dieta (concentrado e óleo de soja) .....................................55 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABCCMM Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador ADP Adenosina difosfato AG’s Ácidos graxos AGV’s Ácidos graxos voláteis AMP Monofosfato de adenosina ATP Adenosina trifosfato AST Aspartato aminotransferase bpm Batimentos por minuto CK Creatinocinase ou Creatina fosfoquinase CNF Carboidrato não fibroso CO2 Dióxido de carbono CPM Cadeia pesada de miosina FC Frequência cardíaca FCmáx. Frequência cardíaca máxima FDA Fibra em detergente ácido FDN Fibra em detergente neutro H+ Hidrogênio H2CO3 Ácido carbônico H2O Água Hb Hemoglobina HCO3- Bicarbonato Ht Hematócrito iCa Cálcio ionizado K+ Potássio Kcal Quilocalorias LDH Lactato desidrogenase MM Mangalarga Marchador MS Matéria Seca + Na Sódio NAD+ Dinucleótido de nicotinamida e adenina NADH Dinucleótido de nicotinamida e adenina mais hidrogênio O2 Oxigênio PB Proteína bruta pCO2 Pressão de oxigênio pH Logarítmo negativo da concentração de íons hidrogênio Pi Fosfato inorgânico pO2 Pressão de oxigênio VFCmáx. Velocidade que atinge frequência cardíaca máxima Vlac2 Velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato atinge 2 mmol/L Vlac4 Velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato atinge 4 mmol/L VO2máx Volume de oxigênio máximo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 2.1 Mangalarga Marchador .................................................................................. 2.2 Nutrição de Equinos ......................................................................................... 2.2.1 Digestão e Absorção de Carboidratos ............................................................ 2.2.2 Digestão e Absorção de Lipídeos ................................................................... 2.2.3 Suplementação com óleo de soja e exercício ................................................. 2.4 Metabolismo Energético .................................................................................. 2.4.1 Fase Aeróbica ................................................................................................. 2.4.2 Fase Alática da Anaerobiose ......................................................................... 2.4.3 Fase Lática da Anaerobiose ........................................................................... 2.5 Treinamento e Condicionamento .................................................................... 2.6 Avaliação do desempenho atlético de equinos ............................................... 2.6.1 Lactato ............................................................................................................ 2.6.2 Frequência Cardíaca ...................................................................................... 2.6.3 Glicose ............................................................................................................. 2.6.4 Hematócrito e Hemoglobina .......................................................................... 2.6.5 Enzimas Musculares ...................................................................................... 2.6.6 Eletrólitos ........................................................................................................ 2.6.7 Equilíbrio ácido-básico sanguíneo ................................................................ 15 15 16 16 17 18 19 20 20 20 21 23 23 25 26 26 28 29 31 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 3.1 Local .................................................................................................................. 3.2 Animais .............................................................................................................. 3.3 Procedimento Experimental ............................................................................ 3.3.1 Pré-condicionamento ..................................................................................... 3.3.2 Teste de marcha .............................................................................................. 3.3.3 Coleta de amostras .......................................................................................... 3.3.4 Dietas ............................................................................................................. 3.3.5 Treinamento .................................................................................................... 3.3.6 Análises Bromatológicas ................................................................................ 3.4 Delineamento Experimental ............................................................................ 3.5 Análises Estatísticas ......................................................................................... 34 34 34 34 34 35 35 36 38 38 39 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 4.1 Frequência Cardíaca ........................................................................................ 4.2 Lactato .............................................................................................................. 4.3 Tempo para atingir o limiar anaeróbico......................................................... 4.4 Enzimas musculares ......................................................................................... 4.5 Hemogasometria ............................................................................................... 4.6 Custo da dieta ................................................................................................... 5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 40 40 42 42 44 47 54 55 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 56 ANEXOS Tabela: Temperatura Ambiente e Umidade Relativa do Ar nos dias de teste ......................................................................................................... 70 Artigo: Suplementação com óleo de soja na dieta de éguas da raça Mangalarga Marchador submetidas a treinamento para provas de marcha ......................................................................................................... 1 14 1. INTRODUÇÃO Os equinos foram condicionados a atletas de elite após domesticação e seleção genética para atividades como caça, trabalho no campo, policiamento montado e atividades de lazer. Assim como atletas humanos, os equinos de esporte respondem ao exercício físico de maneira individual, sofrendo alterações físicas relacionadas com o tipo de esforço. O treinamento destes animais é um fator estressante que lhes provoca várias alterações orgânicas, principalmente quando são submetidos a treinamentos extenuantes e desgastantes sob o risco de lesões, principalmente músculo-esqueléticas, acarretando em perda da vida útil do atleta (FERRAZ, 2007). O Brasil possui o quarto maior rebanho de equinos do mundo, sendo o maior da América Latina. De acordo com os estudos do Complexo do Agronegócio do Cavalo, realizado em 2005, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA (2006), essa atividade movimenta valores econômicos superiores a R$ 7,5 bilhões anualmente e emprega direta e indiretamente 3,2 milhões de pessoas. A raça Mangalarga Marchador (MM) se tornou o maior e mais representativo rebanho equino do Brasil, sendo difundida em todo o mundo. Em contraposição, a literatura é restrita no que se refere ao desenvolvimento e desempenho destes animais. Portanto, estudos nessa área se fazem necessários (BORTONI, 1991). A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) possui como principal competição da raça as provas de marcha, além de provas funcionais, maneabilidade, cavalgadas e outos. Todas essas provas possuem regulamentos específicos para raça e exigem dos animais força e resistência, demandando grande gasto energético. Portanto, nutrição, treinamento e manejo adequados são indispensáveis ao bom desempenho dos animais nessas competições. A suplementação de óleo vegetal na dieta vem sendo utilizada como estratégia para reduzir os distúrbios musculares e metabólicos devido a suas propriedades, aceitabilidade e digestibilidade. O óleo de soja é uma excelente fonte de ácidos graxos (AG’s) essenciais, tais como o Ômega 3 e 6, favorecendo o metabolismo energético como maior mobilização e utilização de gorduras, poupando glicogênio do músculo e diminuindo a quantidade de carboidratos a ser fornecida. Por ser facilmente encontrado e apresentar custo acessível, a adição de óleo de soja na dieta torna-se viável a medida que consideramos que os custos de alimentação representam maior impacto no sistema de criação de eqüinos de esporte, 15 tornando-o uma das melhores opções na suplementação da dieta dos equinos submetidos a exercícios de intensidade moderada e de longa duração. (MOREIRA, 2008). A pouca existência de dados sobre a fisiologia do exercício de eqüinos da raça MM e a escassez de trabalhos específicos com a raça torna imprescindível a realização de testes e mais estudos na área. Baseado nesse contexto, a fim de contribuir para o melhor conhecimento da raça Mangalarga Marchador e fornecer dados que possam efetivamente contribuir para redução do custo da criação associando dieta balanceada e treinamento adequado para os animais, desenvolveu-se o presente estudo, cujo objetivo foi avaliar os efeitos da suplementação da dieta com óleo de soja no desempenho atlético de éguas da raça MM durante treinamento. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Mangalarga Marchador A raça Mangalarga Marchador é genuinamente brasileira e surgiu no Sul de Minas Gerais, por meio do cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal, em 1808 por D. João VI – com éguas selecionados pelos criadores da região sul mineira, de sangue predominantemente Berbere e Andaluz (BORTONI, 1991). A marcha é o andamento característico da raça, sendo um andamento marchado, natural, simétrico, há quatro tempos, com apoios alternados dos bípedes laterais e diagonais, intercalados por momentos de tríplice apoio. Essa marcha pode ser batida ou picada, diferindo na dissociação, rendimento, tempo e frequência de apoios (ABCCMM, 2013). Esse andamento marchado é de origem genética e resultante da coordenação neuromotora dos movimentos e também de medidas morfométricas adequadas ao desempenho dessa função (PINTO et al., 2005). A prova de marcha praticada pelos cavalos MM possui regulamento específico, sendo definido como uma prova de longa duração, com grande gasto energético, no qual o animal desenvolve em círculo um longo percurso sem descanso (REZENDE et al., 2009). Dá-se início quando o cavaleiro realiza uma volta completa pela pista em passo livre (7 Km/h), em seguida na marcha reunida (9km/h), permanecendo assim até que o árbitro solicite a marcha média com velocidade de 10-12Km/h, continuando até a fase classificatória. O árbitro avaliará comparativamente os animais de acordo com os critérios da marcha que são: gesto, 16 comodidade, estilo, adestramento, rendimento e regularidade. O tempo de duração varia de 20 a 70 minutos (ABCCMM, 2013). Segundo Prates et al. (2009), a prova de marcha foi caracterizada como exercício de intensidade submáxima, através das médias da frequência cardíaca (FC) durante provas de marcha. Por isso, requer nutrição, treinamento e manejo diferentes daqueles exigidos pelas raças de trote (JORDÃO, 2009 e REZENDE et al., 2009) 2.2 Nutrição de Equinos A composição das dietas para os equinos nunca pode ser composta por 100% de grãos, podendo variar 100:0 até 20:80 de volumoso:concentrado respectivamente. Esse fato se deve à necessidade mínima de fibra na dieta desses animais para garantir o perfeito funcionamento do sistema digestivo (MARLIN, NANKERVIS, 2002). A presença da fibra é essencial na nutrição de cavalos e para digeri-la, o trato digestivo depende da ação dos microrganismos presentes no ceco e colon, os quais realizam sua fermentação, produzindo, além de metano e dióxido de carbono (CO2), os ácidos graxos voláteis (AGV’s), sendo estes: acético, propiônico e butírico. Esses AGV’s são absorvidos e utilizados como fonte de energia complementar, podendo suprir até 30% das necessidades energéticas dos equinos (BERGMAN, 1990). 2.2.1 Digestão e Absorção de Carboidratos A digestão e metabolismo dos carboidratos estruturais no intestino grosso dos equinos pode ser capaz de satisfazer as necessidades energéticas de animais em mantença, mas esta fonte de energia torna-se incapaz de suprir as exigências energéticas de animais de alto desempenho, corroborando na necessidade de aumentar a densidade energética da dieta, que tradicionalmente é feita com a adição de grãos ou subprodutos de grãos de cereais, contendo grandes quantidades de açúcares e amido, fornecendo mais energia que as forragens (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2007). O fornecimento de grandes quantidades de carboidratos não estruturais, tais como o amido, compromete a digestão no intestino delgado dos equinos, pois passam para o intestino grosso (ceco-cólon) sendo rapidamente fermentados e produzindo excesso de gases e lactato. A alta concentração de lactato, retém água e reduz o pH (logaritmo negativo da concentração de íons hidrogênio) do lúmen intestinal para valores inferiores a seis, aumentando o risco de 17 desordens digestivas, como diarréia osmótica e cólicas associadas à distensão intestinal por gases e fluídos. Também podem resultar em complicações metabólicas como endotoxemias e laminte. A capacidade crítica para a sobrecarga da digestão dos carboidratos hidrolisáveis é de, aproximadamente 0,4% do peso vivo dos eqüinos (COHEN, GIBBS, WOODS, 1999; POTTER et al., 1992). 2.2.2 Digestão e Absorção de Lipídeos Os eqüinos toleram proporções mais altas de óleos na dieta com sua digestibilidade podendo alcançar 90% ou mais em gorduras com baixo ponto de fusão, como por exemplo, os óleos vegetais. Dependendo da composição dos lipídeos contidos na dieta, estes são primordialmente degradados e absorvidos no intestino delgado. Para incrementar o uso de óleo na dieta dos equinos, se faz necessário que este possua alta digestibilidade para que não passe para o ceco inibindo a fermentação microbiana (FRAPE, 2008; MEYER, 1995). Devido aos lipídeos serem absorvidos no intestino delgado, a ação hidrogenante da microflora do intestino grosso não pode ser exercida sobre os AG’s insaturados contidos na dieta. Portanto, os lípedes contidos na dieta podem influnciar o tipo de gordura corporal do animal (FRAPE, 2008). Grande parte dos lipídeos contidos nos alimentos dos animais são os triglicerídeos que ao chegarem ao tubo digestivo que contém diversas lipases, são quebrados em uma molécula de glicerol e três moléculas de AG’s (LEWIS, 2000). A enzima mais importante para a digestão dos triglicerídeos é a lípase pancreática presente no suco pancreático, cuja atividade é inversamente proporcional à quantidade de sais biliares (CUNNINGHAN, 1999). A primeira etapa da digestão das gorduras á a sua emulsificação, que consiste no desdobramento dos glóbulos de gordura em partículas menores de forma que as enzimas hidrossolúveis possam atuar sobre a superfície dos glóbulo por ação da bile (LEWIS, 2000; MEYER, 1995). As secreções biliares têm as funções de fornecer uma fonte de ácidos biliares para digestão e absorção de gorduras, fornecer uma rota de excreção para certos metabólitos e drogas e fornecer um tampão adicional para a neutralização de íons no duodeno (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004; CUNNINGHAN, 1999). Segundo Berg, Tymocczko, Stryer (2004), a maior parte de AG’s ingeridos seguem duas vias, conforme a necessidade orgânica: são incorporados em triacilgliceróis e armazenados em energia metabólica ou são integrados em fosfolipídios componentes de 18 membranas. Um animal em fase de crescimento rápido necessita da síntese de fosfolipídios para síntese de novas membranas, diferente de um animal que já completou seu desenvolvimento. Ainda não está bem definido quanto tempo antes da competição deve ser iniciada a alimentação com dieta contendo óleos, nem por quanto tempo à mesma deve ser mantida, contudo é recomendado que o óleo seja consumido por durante pelo menos 6 a 11 semanas antes de qualquer evento para que haja adaptação enzimática e metabólica (FRAPE, 2008). 2.2.3 Suplementação com óleo de soja e exercício Cavalos que consomem óleos são menos propensos a terem problemas digestivos e metabólicos, como cólica, laminite e úlceras estomacais. Isto é especialmente verdade quando comparado com os cavalos que são alimentados com grandes quantidades de grãos. Os óleos são a forma mais altamente calóricas de energia, proporcionando três vezes o número de quilocalorias (Kcal) de energia comparado com os carboidratos e proteínas (PAVIA, GENTRY, 2008; ARAÚJO, 2004). Além disso, podem também prover ácidos graxos essenciais, ajudar na absorção de vitaminas lipossolúveis, melhoroar a condição geral dos pêlos, controlar a poeira da dieta e reduzir excitabilidade (OLDHAM et al., 1990). Outro benefício que o uso de óleos promove é melhorar a performance de equinos quando executam exercício do tipo sub- máximo tanto em treinamento quanto em competições (HAMBLETON et al., 1990). O óleo de soja é composto por gordura vegetal, possuindo em sua constituição AG’s poliinsaturados (ácido linolênico e linoleico), monoinsaturados (ácido olêico) e saturados (ácido palmítico e esteárico), correspondendo 61%, 25% e 15% respectivamente. São raras as fontes vegetais que apresentam Ômega 3 (ácido linolênico) em sua composição, contudo a soja o possui, correspondendo a 7% da fração total (MOREIRA, 2008). Brandi et al. (2009) afirmaram que inclusão de óleos na ração de equinos submetidos a exercícios favorece a utilização de AG’s livres para a produção de energia economizando o glicogênio muscular, e desta maneira, auxiliando na prevenção da fadiga muscular. Harkins et al. (1992) observaram que a adição de 10% de óleo de milho em cavalos PSI melhorou significativamente os tempos de corrida, aumentou os níveis plasmáticos de glicose sanguínea e das reservas de glicogênio muscular. Marqueze, Kessler e Bernardi (2001) adicionaram 4,7% de óleo de soja em dietas para cavalos e verificaram que o aumento de óleo na dieta não influenciou significativamente 19 as freqüências cardíacas e respiratórias e os níveis plasmáticos de glicose e lactato, antes e após treinamento. Observaram diferenças na concentração de glicogênio muscular que foi maior dos animais que receberam dietas com adição de óleo. De acordo com Resende et al., (2004) a adição diária de até 750 ml de óleo de milho no concentrado de eqüinos, 8,3% na dieta total, durante 23 dias, aumentou a digestibilidade de energia bruta e do extrato etéreo, sendo recomendada para eqüinos, visando principalmente, aumentar a concentração energética da dieta sem aumentar fornecimento de matéria seca. Araújo et al., (2006) adicionaram 250 e 500g de óleo de soja na dieta de equinos submetidos ao exercício de média intensidade. Verificaram melhora no desempenho atlético dos cavalos. Aqueles que consumiram 500g de óleo apresentaram melhor recuperação pósprova. 2.4 Metabolismo Energético São três as vias metabólicas musculares para produção de adenosina trifosfato (ATP) o e são conhecidas como aeróbica, anaeróbica aláctica e anaeróbica láctica. É importante ressaltar que independente do tipo do exercício, alta ou baixa intensidade, curta ou longa duração, todas as vias de produção de energia são ativadas e o que determina qual será predominante é a intensidade e duração do mesmo (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004). A via anaeróbica predomina em exercícios de alta intensidade e curta duração. Com o aumento da duração do exercício, a via aeróbica se torna mais importante (CLAYTON, 1991). Antigamente acreditava-se que o déficit de oxigênio (O2) era o único fator para o acúmulo de lactato, contudo hoje acredita-se que não é a falta de O2 e sim a não utilização deste associado ao aumento no fluxo de glicose e o recrutamento das fibras musculares tipo IIX produzem energia pela via anaeróbica e com isso são responsáveis pelo acúmulo do lactato (SOARES, 2008). No metabolismo anaeróbico, um mol de glicose produz 3 moles de ATP e 2 moles de lactato, enquanto no aeróbico, 1 mol de glicose geram 36 moles de ATP; e 1 mol de ácido graxo produz 120 moles de ATP (FRAPE, 2008; BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004; LEWIS, 2000). 20 2.4.1 Fase Aeróbica O metabolismo aeróbico é embasado na via oxidativa, pois o O2 é usado no processo de transferência de energia. Lipídeos e carboidratos são utilizados como substratos energéticos sendo quebrados na presença de O2 para liberar ATP, tendo o Dióxido de Carbono (CO2)e água (H2O) como subprodutos. Para cada molécula de glicose na presença de 6 moléculas de O2 (via oxidativa) e 36 Adenosina Difosfato (ADP) são gerados 6 CO2, 6 moléculas de H2O e 36 moléculas de ATP (FRAPE, 2008; BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004). 2.4.2 Fase Alática da Anaerobiose Independente do tipo de fibra muscular, todos os indivíduos quando em início do exercício utilizam no primeiro momento a energia (ATP) armazenada no músculo como creatina fosfato (SOARES, 2008). A transferência da ligação de alta energia da creatina fosfato ao ATP é catalisada pela enzima creatina fosfoquinase (CK) (PRATES, 2010). Os estoques da creatina fosfato são pequenos, e quando em exercício sua utilização é rápida podendo levar à fadiga. A restauração deste estoque leva em torno de 3 minutos, se o animal descansar completamente, contudo se o exercício prolongar, a restauração do estoque pode ser alongada (CLAYTON, 1991). 2.4.3 Fase Lática da Anaeróbiose O ATP é sintetizado por meio de uma reação química catalisada pela enzima lactatodesidrogenase (LDH). Por possuir o carboidrato como substrato e juntando ao fato de que este ATP e a enzima estão presentes na fibra muscular, leva esta fase a funcionar quase que imediatamente depois que o exercício começa (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004). De acordo com Berg, Tymocczko, Stryer (2004), a glicose armazenada no músculo em forma de glicogênio na ausência de O2 se une a 2 fosfato inorgânico (Pi) e 2 ADP sendo quebrada, gera 2 lactato, 2 moléculas de H2O e 2 ATP. Então há produção de energia rapidamente, o que é suficiente para suportar exercícios de alta intensidade, porém possui tem o lactato como um subproduto que reduz o pH. A descarboxilação oxidativa do piruvato formando Acetil CoA é o elo entre a glicólise e o ciclo do ácido cítrico, onde a regeneração do dinucleótido de nicotinamida e adenina 21 (NAD+) na redução do piruvato à lactato mantém a operação continuada da glicose em anaerobiose (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004). Uma vez que o lactato adentra células bem oxigenadas, este pode voltar a piruvato através do ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa gerando ATP, ou seja, o excesso de lactato vai para o fígado sendo transformado primeiro a piruvato e depois em glicose pela gliconeogênese que, por conseguinte é quebrada no músculo para gerar ATP tendo o lactato como subproduto novamente, este ciclo é chamado de ciclo de cori. Uma das desvantagens desta rota metabólica é que produz apenas três moléculas de ATP por cada molécula de glicose, e pela ineficiência da quantidade de ATP produzida, no sistema anaeróbico láctico os estoques de glicogênio diminuem rapidamente (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004). 2.5 Treinamento e Condicionamento Independentemente da modalidade esportiva ou espécie animal, a habilidade atlética pode ser originada por três fatores: genética que determina o limite final do desempenho atlético; fatores ambientais tais como, a superfície em que a atividade é realizada e a temperatura e umidade relativa do ar e por último o treinamento que é o fator mais importante na determinação do sucesso e na melhora do desempenho. O treinamento é responsável pela forma como cada cavalo pode se aproximar do limite final de desempenho atlético, determinado pela sua genética (THOMASSIAN, 2005; ROSE, HODGSON, 1994). Rivero (2007) ressaltou que o treinamento promove adaptações periféricas incluindo alterações relevantes na musculatura esquelética e em outros tecidos, como ossos, cartilagens e tendões; e que a musculatura esquelética dos equinos possui uma considerável capacidade de se adaptar durante o treinamento, influenciando a resistência à fadiga, a velocidade e a geração de força. Nos músculos, a adaptação mais comum em resposta ao treinamento é o aumento da capacidade aeróbica devida à remodelação das fibras musculares, as quais adquirem diferentes características bioquímicas e estruturais. Essas adaptações são: o aumento do número de mitocôndrias, aumento da atividade das enzimas aeróbicas, melhora do transporte da glicose e dos ácidos graxos livres e transformação do tipo de fibra muscular (RIVERO, 2007; MUÑOZ et al., 1999; COUROUCÉ, CHATARD, AUVINET, 1997). O conhecimento da composição média dos diferentes tipos de fibras musculares em uma raça é uma ferramenta importante, embora não a única, na determinação do potencial atlético de um indivíduo. Além disso, as avaliações morfométricas periódicas dos diferentes 22 tipos de fibras musculares podem direcionar o treinamento físico dos animais para provas específicas (RIVERO, 2007). Um programa de treinamento deve considerar os três princípios: sobrecarga, especificidade e reversibilidade. A sobrecarga refere-se em forçar o sistema orgânico (cardiovascular, músculo-esquelético, etc.) acima do nível ao qual ele está habituado, ou seja, aumentando a sua capacidade em resposta a uma sobrecarga de treinamento. Esse padrão de sobrecarga seguida pela adaptação, continua até o sistema ou tecido não conseguirem mais se adaptar. As variáveis típicas que constituem a sobrecarga incluem a intensidade, duração e a frequência (dias por semana) do exercício. Uma consequência do princípio da sobrecarga é a reversibilidade, que indica apenas que os ganhos são rapidamente perdidos quando a sobrecarga é removida (POWERS, HOWLEY, 2005). Já o efeito do treinamento é específico para cada cavalo, ou seja, está limitado às fibras musculares envolvidas na atividade e na geração de ATP pelos sistemas energéticos (BOFFI, 2007; RIVERO, BOFFI, 2007; POWERS, HOWLEY, 2005; EVANS, 2000). Toda sessão de treinamento deve ser constituída por três componentes: aquecimento, atividade e resfriamento. O aquecimento antes de uma atividade aumenta o débito cardíaco e o fluxo sanguíneo aos músculos esqueléticos que serão utilizados durante o treinamento. Além de acarretar no aumento da temperatura muscular, a qual eleva a atividade enzimática e também ajuda nos exercícios de alongamento. A duração do aquecimento pode ser de 5 a 20 minutos, dependendo das condições ambientais e da natureza da atividade do treinamento (POWERS, HOWLEY, 2005). Logo após a sessão de treinamento, deve ser realizado um período de exercícios de baixa intensidade de resfriamento. Seu principal objetivo é retornar o sangue acumulado nos músculos esqueléticos que se exercitaram à circulação central. A duração do resfriamento pode variar de 10 a 30 minutos, dependendo das condições ambientais, idade, estado de condicionamento físico do animal e da natureza da sessão de treinamento (POWERS, HOWLEY, 2005). O processo de condicionamento compreende em melhorar o desempenho do animal, aumentando a produção energética máxima durante exercícios, alocando a quantidade adequada de tempo de treinamento de acordo com as demandas energéticas aeróbicas e anaeróbicas do esporte (POWERS, HOWLEY, 2005; CLAYTON, 1991). O treinamento de resistência aumenta o volume de oxigênio máximo (VO2máx), aumentando tanto a potência máxima quanto na diferença de O2. Contudo, um programa de treinamento destinado a aumentar a potência aeróbica máxima deve sobrecarregar o sistema 23 circulatório, assim como as capacidades oxidativas dos músculos esqueléticos. Para o treinamento aeróbico podemos adotar vários métodos de treinamentos, embora existam controvérsias sobre qual dos métodos acarretam o maior aumento do VO2máx., existe um crescente volume de evidências de que é a intensidade, e não a duração, o fator mais importante no seu aumento (RIVERO, 2007; POWERS, HOWLEY, 2005). Interval training ou treinamento intervalado é o método que envolve a realização de períodos de exercícios repetidos intercalados por breves períodos de recuperação. Uma vantagem desse método de treinamento é que consegue-se realizar grandes quantidades de exercício de alta intensidade em um curto período de tempo, além de oferecer duas formas de gerar uma sobrecarga do treinamento, sendo por meio do aumento do número total de intervalos de exercícios realizados ou da intensidade do intervalo de trabalho, tais ajustes permitem aumento da potência aeróbica e anaeróbica do animal (FOX, MATHEWS, 1974). No planejamento desse método de treinamento deve-se considerar a extensão do trabalho de intervalo, a intensidade do esforço, duração do intervalo de repouso, número de séries de intervalos e números de repetições do trabalho (LAURSEN, JENKINS, 2002). Este método pode predispor a ocorrência de lesões sendo importante a monitorização da velocidade do exercício para que os períodos de recuperação entre as séries de exercícios sejam adequados (ROSE, HODGSON 1994). Programas de treinamento para equinos devem ter como metas incrementar a capacidade do animal ao exercício, postergar o tempo de inicio da fadiga, melhorar o desempenho físico considerando a destreza, força, velocidade e resistência do animal e diminuir riscos de lesões por exercícios exagerados (overtraining), sendo as principais causas de retirada de animais de competições e término precoce de sua vida atlética (ROSE, 2000). 2.6 Avaliação do desempenho atlético de equinos 2.6.1 Lactato O lactato é proveniente do metabolismo anaeróbico, em que o piruvato, sob ação da enzima LDH é transformado em lactato. A maior geração de lactato ocorre quando o animal é submetido a exercício que excede a capacidade aeróbica, tendo a via glicolítica anaeróbica a principal forma de geração de energia (MUÑOZ et al., 1999). As mensurações de lactato permitem a adoção de condutas preventivas à saúde atlética do equino, bem como a modificação do programa de treinamento. Assim sendo, o 24 conhecimento dos valores de lactato sanguíneo auxilia na avaliação da capacidade atlética de um cavalo submetido a determinado programa de treinamento, de tal modo que, alterações neste treinamento possam melhorar seu desempenho e prevenir lesões que estejam limitando sua capacidade funcional, por vezes despercebidas ou observadas tardiamente (THOMASSIAN, WATANABE, RIBEIRO, 2004). A concentração de lactato é facilmente aferida mesmo em condições de campo por meio de analisadores portáteis (KOBAYASHI, 2007; ROSE, HODGSON, 1994), servindo como indicador do grau de condicionamento físico de equinos ou mesmo da diferença no desempenho individual, como consequência de dietas ou tipo de treinamento (CUSTALOW et al., 1993; KINDERMANN, SIMON, KEUL, 1979), estabelecendo assim, a fronteira entre o trabalho aeróbico e anaeróbico do animal (EVANS, GOLLAND, 1996). Os valores de lactato sanguíneo de equinos em repouso variam de 0,5 a 1,5 mmol/L, podendo aumentar após esforço máximo para valores superiores a 30 mmol/L (COUROUCÉ, 1998; ROSE, HODGSON, 1994). Nos cavalos, o limiar anaeróbico é considerado o momento em que os atletas apresentam, durante o esforço, uma concentração de 4 mmol/L de lactato no sangue (POSO, HYYPPA, GEOR, 2008; EVANS, GOLLAND, 1996). É o ponto em que há perda do equilíbrio dinâmico entre a produção, utilização e remoção do lactato, em razão da produção excessiva do mesmo, ocasionando a elevação exponencial de suas concentrações no sangue (FERRAZ et. al, 2008). Um dos parâmetros mais importantes para a avaliação da condição física do cavalo é a velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato no sangue atinge os 4 mmol/L (Vlac4). A VLac4 tem também um papel fundamental na determinação da capacidade aeróbica dos equinos (POSO, HYYPPA, GEOR, 2008; COUROUCÉ, 1998; EVANS, GOLLAND, 1996) e constitui ainda uma ferramenta de muita utilidade para os treinadores na determinação da intensidade que os animais deverão cumprir, em regime aeróbico ou anaeróbico, o treinamento (EVANS, GOLLAND, 1996). O limiar aeróbico é a velocidade ou intensidade em que a concentração de lactato é 2 mmol/L (VLac2). Nessa fase, a produção e eliminação de lactato estão equilibradas e por isso, não há acúmulo de lactato no músculo, indicando que o exercício realizado é eminentemente aeróbico (CASTEJÓN et al., 1995). A velocidade no limiar aeróbico e no anaeróbico depende da raça, tipo de fibras musculares predominante, dieta, tempo de treinamento e fatores individuais. Os cavalos de resistência tem uma VLac2 muito alta e por isso podem realizar exercícios de longa duração 25 sem chegar a fadiga. Os cavalos de exercícios de explosão tem VLac4 muito alta, podendo correr muito rápido, sem acúmulo acelerado de lactato (CASTEJÓN et al., 1995). A associação do limiar anaeróbico a outro parâmetro que possa mais facilmente ser medido durante o treino pode fornecer informações relativas à intensidade do esforço realizado e à via metabólica predominante. Os testes a campo permitem calcular valores de frequência cardícaca e de lactato em que é atingido o limiar anaeróbico, estes valores quando obtidos em esforços de intensidade máxima podem avaliar a condição física do cavalo (MARLIN, NANKERVIS, 2002). 2.6.2 Frequência Cardíaca As necessidades metabólicas dos músculos em atividade aumentam intensamente durante o exercício. A capacidade do coração em bombear sangue suficiente para atender às exigências do cavalo durante o exercício e proporcionar uma redistribuição efetiva do sangue para a musculatura esquelética em funcionamento é essencial para manter o desempenho (ERICKSON, 1996). A mensuração da frequência cardíaca tem sido utilizada em equinos atletas para avaliar o condicionamento físico, efeitos do treinamento e período de destreinamento, sendo facilmente aferida durante o exercício, fornecendo um índice indireto da capacidade e função cardiovascular (EVANS, 1994; ROSE, HODGSON, 1994). Na maioria dos equinos, a FC basal varia de 28-45 batimentos por minuto (bpm) com média de 35 bpm (LEWIS, 2000; ERICKSON, 1996; CLAYTON, 1991). No início do exercício, ocorre geralmente uma elevação rápida da FC seguida de uma diminuição e estabilização para valores correspondentes à intensidade e velocidade do esforço realizado. Este mecanismo representa uma resposta cardiovascular antecipado a realização de esforços mais exigentes (LINDNER, BOFFI, 2007, MARLIN, NANKERVIS, 2002). Como resposta ao exercício, a FC aumenta linearmente em relação à velocidade até se atingir um pico máximo de FC (FCmáx.), que pode variar entre os 210 e 240 bpm para a maioria dos cavalos. O mecanismo que desencadeia o aumento da FC durante o exercício, caracteriza-se por aumento da estimulação simpática e diminuição da parassimpática, com liberação de adrenalina na circulação sistêmica (BABUSCI, LOPEZ, 2007; MARLIN, NANKERVIS, 2002; EVANS, 1994). A FC geralmente não supera os 60% do seu valor máximo em exercícios de intensidade baixa e moderada, porém, pode aumentar devido ao grau de susceptibilidade ao stress e excitação de cada raça e animal (MARLIN, NANKERVIS, 2002). 26 A FC é uma determinação individual e altamente repetitiva em equinos a cada nova avaliação de performance, porém quando avaliada isoladamente, não é parâmetro importante de condicionamento atlético por não ser afetada pelo treinamento (POOLE; ERICKSON, 2008; MARLIN, NANKERVIS, 2002). A velocidade no qual o cavalo atinge a FCmax (VFCmax) é o melhor indicador da capacidade cardiovascular. A VFCmax pode variar de acordo com o condicionamento do atleta: quanto mais alta esta velocidade, melhor o condicionamento (MARLIN, NANKERVIS, 2002, OHMURA et al, 2001). 2.6.3 Glicose A glicose é o principal combustível celular utilizado pela maioria das células do organismo para obtenção de energia (GUYTON, 1997), sendo o glicogênio a principal forma de armazenamento, que pode ser encontrado no fígado (8%) e músculo (1-2%) (CUNNINGHAN, 1999; GUYTON, 1997). Segundo Frape (2008), a concentração de glicose é a expressão do equilíbrio dinâmico da quebra e da síntese de glicogênio e a produção a partir de outras fontes – amionoácidos, lactato e propionato (gliconeogênese. A glicemia em repouso de equinos em jejum varia de 60-110 mg/dL (BERG, TYMOCCZKO, STRYER, 2004; MEYER, 1995). O fator mais importante para a magnitude do aumento da captação da glicose no exercício e no estado pós-absortivo é a intensidade do exercício e sua duração. Isto se deve ao aumento na utilização por cada fibra muscular e ao incremento no número de fibras musculares em atividade (GODOI, 2008; MATTOS, 2006; ROSE, RICHTER, 2005). A glicemia geralmente aumenta em todos os tipos de exercício devido ao estimulo da glicogenólise hepática, contudo, em exercícios prolongados a concentração tende a reduzir como resultado da depleção de glicogênio hepático (FARIAS et al., 2009; HINCHCLIFF, GEOR, KANEPS, 2008; OROZCO, 2007; ROSE, PURDUE, HENSLEY, 1977), esta hipoglicemia pode causar fadiga prematura, devido a captação de glicose pelo músculo também diminuir. Dessa forma, a glicemia é um importante fator limitante da captação de glicose pelo músculo (GODOI, 2008; ROSE, RICHTER, 2005). 2.6.4 Hematócrito e Hemoglobina A importância da resposta hematológica no campo da fisiologia do exercício se deve ao seu vínculo com a capacidade de transporte de oxigênio. A atividade física provoca uma 27 série de respostas hematológicas que são devidas, principalmente à hipóxia tissular e à esplenocontração, já que o baço é o principal reservatório de eritrócitos no equino (OROZCO, 2007; FOREMAN, WALDSMITH, LALUM, 2004; CASTEJÓN et al, 1995). O hematócrito (Ht) é expresso em porcentagem e corresponde à fração celular possuindo relação com o volume sanguíneo total. Por isso, o esforço de alta intensidade promove a maior parte do aumento no Ht devido à contração esplênica. Contudo, as trocas de fluidos induzidas pelo exercício também desempenham importante papel em relação a este aumento, a extensão dessas trocas está aparentemente relacionadas à duração e intensidade do esforço, grandes perdas de fluidos ocorridas durante esforço prolongado acarreta na redução do volume plasmático, consequentemente, levam a alterações do hematócrito (FREITAS, 2007; MATTOS, 2006; KINGSTON, 2004). Elevações na contagem de eritrócitos também alteram o hematócrito, assim como o aumento na concentração de hemoglobina, levando ao aumento na capacidade de transporte de oxigênio, que é fator importante na capacidade aeróbica dos equinos (MACHADO, 2011; FREITAS, 2007; EVANS, ROSE, 1988). Os valores normais citados por Rose e Hodgson (1994) para essa variável é de 32-48%, porém depende da raça e modalidade esportiva. Segundo Wanderley e colaboradores (2010) e Boffi (2007), quanto mais se exercita um cavalo, maior será seu hematócrito com limite máximo de 65-70%. A hemoglobina é a metalo-proteína mais importante dos eritrócitos, devido a sua função de transportar oxigênio aos tecidos. Sabe-se que o equino é uma espécie animal bastante eficaz no consumo de oxigênio durante o exercício, sendo importante destacar que as alterações fisiológicas nos parâmetros eritrométricos tais como o número de eritrócitos, Ht e concentração de Hb constituem consequências deste fato (CHRISTLEY et al., 1999). Os valores normais para hemoglobina varia de 10-18 g/dL (ROSE, HODGSON, 1994). Embora algumas doenças possam desencadear o aumento dos valores de Ht, Hb e eritrócitos (WILLIANS, HARKINS, HAMMOND, 2001), o principal causador do aumento desses valores é estresse fisiológico causado pelo exercício, que promove a contração esplênica. Outros fatores fisiológicos como raça, idade, tempo de colheita da amostra, manejo alimentar, temperamento dos animais, qualidade e intensidade dos exercícios realizados antes da obtenção da amostra também podem acarretar em alteração dos valores de Ht, Hb e eritrócitos (FELDMAN, ZINKL, JAIN, 2000). 28 2.6.5 Enzimas Musculares A creatinocinase é uma enzima presente nos músculos com função de catalisar a reação reversível da creatinafosfato à creatina, doando um grupamento fosfato ao ADP, formando ATP. Ela é encontrada livre no citoplasma de células musculares que, quando lesadas, deixam extravasar. A magnitude do aumento não necessariamente se correlaciona à extensão da lesão muscular. Necrose e isquemia muscular, injeção intramuscular de substâncias irritantes, exercício vigoroso e traumatismo do animal durante o transporte também podem acarretar aumento da atividade de CK (THRALL et al., 2007; HARRIS et al.,1998; VALBERG et al, 1993). A atividade sérica de CK aumenta rapidamente (6-12 horas) após lesão muscular aguda e diminui imediatamente (24-48 horas) depois da sua resolução (THRALL et al., 2007, KINGSTON, 2004). Os valores de referência para equinos de esporte variam de 90-500 U/l podendo aumentar de 10-900 vezes em equinos com lesão muscular (MUÑOZ et al., 2002). A taxa de aumento da CK depende da intensidade do exercício e de sua duração, bem como do condicionamento físico, idade e dieta do animal (MacLEAY et al., 2000). A enzima aspartato aminotransferase (AST) é uma enzima encontrada tanto no citoplasma quanto nas organelas dos hepatócitos e miócitos e o aumento da atividade sérica desta enzima se deve à lesão dessas células (HARRIS, 2007; THRALL et al., 2007). Os valores de referência para equinos de esporte são 200-500 U/l (MUÑOZ et al., 2002). Após lesão muscular aguda a atividade sérica de AST aumenta mais lentamente do que a CK, seu valor máximo é notado em aproximadamente 24 a 36 horas, e após resolução da lesão sua atividade sérica diminui mais lentamente (50 horas) quando comparado a atividade de CK (24-48 horas) (THRALL et al., 2007). A determinação simultânea de AST e CK em equinos representa valioso potencial diagnóstico e ajuda na determinação do prognóstico da lesão muscular, em razão das diferentes taxas de desaparecimento no soro ou plasma (MacLEAY et al., 2000). O aumento exclusivamente da atividade sérica de CK sugere lesão muscular muito aguda, por não haver tempo suficiente para o aumento da atividade sérica de AST depois da lesão. O aumento das atividades séricas de ambas as enzimas sugere lesão muscular ativa ou recente. Aumento exclusivo de AST indica que a lesão muscular cessou há mais de dois dias e que a atividade sérica de CK retornou ao normal devido a curta meia-vida. Esta última associação de resultados também pode ocorrer em lesão hepática, pois a AST é oriunda do fígado, a 29 atividade de CK se mantém normal (THRALL et al., 2007; HARRIS et al.,1998; VALBERG et al., 1993). A enzima lactato desidrogenase é um tetrapeptídeo constituído por combinações de dois peptídeos diferentes H (coração) e M (músculo), que formam cinco isoenzimas conhecidas como LDH1 a LDH5. É encontrada no citoplasma da maior parte das células do organismo, catalisa a interconversão de piruvato e lactato com uma concomitante interconversão de dinucleótido de nicotinamida e adenina mais hidrogênio (NADH) e NAD. Converte o piruvato, produto final da glicólise em lactato em situações de anaerobiose e realiza a reação reversa durante o ciclo de cori, via glicolítica anaeróbica, no fígado. A sua concentração sanguínea máxima é atingida 12 horas depois do exercício, de acordo com Valberg e colaboradores (1993), podendo apresentar valores muito elevados em relação ao basal em situações de lesão hepática ou muscular, ou em situações de hemólise (KINGSTON, 2004). Quando o lactato está em grandes concentrações, a enzima inibe por feedback e a taxa de conversão do piruvato à lactato é reduzida. São considerados valores normais os inferiores a 350 U/l em equinos em treinamento (FAVERO, STAVRIANEAS, KLUG, 1999), porém, sabe-se que há uma grande variação desta enzima descrito na literatura de acordo com Thomassian (2005) e Oosterbaan et al (1991). 2.6.6 Eletrólitos A principal função dos eletrólitos é a manutenção das forças osmóticas possibilitando o equilíbrio de líquidos entre os compartimentos intra e extracelulares. Estão também envolvidos na condução nervosa e despolarização de fibras musculares possibilitando a contração muscular (THRALL, 2007; GREEN, 1998; DUKES, 1996; HINTON, 1978; HINTON, 1977). Nos equinos submetidos ao esforço físico ocorre um grande aumento na produção de calor devido à ineficiência do metabolismo energético. O calor produzido pode aumentar durante o exercício 40 a 60 vezes acima dos valores de repouso e está relacionado com a taxa de utilização de oxigênio. No entanto, dentro de limites bastante amplos, o calor produzido pelo esforço muscular é eficientemente dissipado através da sudorese (McCUTCHEON e GEOR, 2008; ROSE, HODGSON, 1994). O suor nos equinos é isotônico para sódio e hipertônico para cloro e potássio em relação ao plasma sanguíneo (BAYLY e KLINE, 2007; FERNANDEZ, LARSSON, 2000; ROSE et al., 1979). Embora a atividade metabólica seja elevada nos cavalos que realizam 30 exercícios de intensidade máxima, o reduzido período de duração destes trabalhos impede o desenvolvimento de alterações graves no estado de equilíbrio de eletrólitos séricos e na osmolaridade sanguínea. Por outro lado, nos exercícios submáximos, os volumes de fluidos perdidos por meio da sudação são extremamente elevados e podem ser inadequadamente repostos, constituindo nestes casos o fator causal de desidratação (SCHOTT II et al., 1997). Quando as perdas hidroeletrolíticas estão associadas a déficits energéticos e termorregulatórios, existe a possibilidade do desenvolvimento de quadros de exaustão (LACERDA-NETO et al., 2003). Ajustes hemodinâmicos sistêmicos e a excreção renal de sódio constituem os dois mecanismos recrutados para manter a normovolemia e a perfusão tecidual em resposta à estimulação do volume circulante. O esgotamento de fluidos corporais e reservas de eletrólitos, como consequência da sudorese, representa uma limitação importante para manutenção do desempenho durante exercícios submáximos de longa duração (ROSE, HODGSON, 1994; SCHOTT II, HINCHCLIFF, 1993). O sódio (Na+) é o cátion mais importante do líquido extracelular e se encontra no suor equino em concentrações semelhantes ou superiores às do plasma. É responsável pela manutenção da osmolaridade e, consequentemente, do volume de líquido extracelular, manutenção da funcionalidade normal do sistema nervoso central, geração de potencial de ação e excitabilidade dos tecidos e transporte de inúmeras substâncias através das membranas celulares (FREITAS, 2007). Seus valores basais se encontram entre 134-144 mmol/L. Sua regulação se dá principalmente pela ação da aldosterona nos túbulos renais distais, a qual promove sua reabsorção e excreção de potássio. O sódio, sob forma ionizada, é um dos principais fatores de regulação osmótica do sangue, plasma, fluidos corpóreos e equilíbrio ácido-base (ROSE, HODGSON, 1994). O potássio (K+) é o principal cátion do líquido intracelular (98%) (DUKES, 1996). Sua manutenção em níveis fisiológicos é resultado da ingestão, absorção intestinal e perdas na urina, suor e fezes. Seus valores plasmáticos normais variam entre 2,4 e 4,9 mmol/L e, geralmente, há aumento nas suas concentrações relativas conforme a intensidade do esforço executado, devido à sua saída da célula muscular, podendo atingir valores maiores que 10 mmol/L (ROSE, HODGSON,1994). O aumento nas concentrações plasmáticas de potássio está diretamente relacionado com elevações nas concentrações de lactato e íon hidrogênio (HARRIS, SNOW, 1988; SEJERSTED, 1992). A hipopotassemia está associada com a fadiga, paralisia flácida dos músculos esqueléticos, hipomotilidade gastrointestinal, rabdomiólise (BAYLY e KLINE, 2007; ROSE, HODGSON, 1994). 31 O cálcio encontra- se no meio extracelular e sua fração ionizada é a forma biologicamente ativa e compõe aproximadamente 50% do total de cálcio presente no sangue, enquanto o restante se encontra ligado à albumina e a outras proteínas plasmáticas. A diminuição na concentração de albumina acarreta diminuição na concentração de cálcio total, mas não de sua fração ionizada, portanto, somente a quantificação do cálcio ionizado (iCa+) reflete verdadeiramente na concentração do cálcio no organismo animal (SEAHORN, SEAHORN, 2003; McCONAGHY, 1994). O cálcio participa durante o exercício no processo de contração muscular, que ao ser liberado pelo retículo sarcoplasmático, entra em contato com as miofibrilas desbloqueando os sítios de ligação da actina e permitindo que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular (DUKES, 1996). Os valores plasmáticos de iCa+ normais variam de 1,54-1,69 mmol/L, e decréscimos na concentração plasmática desse íon estão associados ao exercício intenso, podendo ocorrer variação em média de apenas 0,5 mmol/L, pois maiores perdas estão relacionadas a distúrbios gastrointestinais (HINCHCLIFF, GEOR, KANEPS, 2008). 2.6.7 Equilíbrio ácido-básico sanguíneo Nos sistemas biológicos um dos íons mais simples, porém um dos mais importantes é o íon hidrogênio. A sua concentração influencia a velocidade das reações químicas, a forma das enzimas assim como suas funções (POWERS, HOWLEY, 2005). Os ácidos são substâncias que produzem íons hidrogênio. Em solução aquosa, a acidez do sangue ou de outras soluções é expressa como pH. As bases são moléculas capazes de se combinar com os íons H+, consequentemente, reduzindo a concentração desse íon na solução (FRAPE, 2008; POWERS, HOWLEY, 2005; SNOW, MARCKENZIE, 1977). O pH normal do sangue arterial é 7,5 e o do sangue venoso é 7,32 a 7,44 (FRAPE, 2008 e CARLSON, 1995). Embora pequenas quantidades de ácidos ou de bases estejam presentes nos alimentos, a maior ameaça ao pH dos líquidos corporais são os ácidos formados nos processos metabólicos, que são divididos em três grupos: ácidos voláteis (CO2), ácidos orgânicos (lactato) e ácidos fixos (ácido sulfúrico, fosfórico), sendo que este último grupo não é contribuinte importante de íons H+ durante o exercício intenso (COSTABLE, 1999; POWERS, HOWLEY, 2005). A pressão de O2 (pO2) é dada pela quantidade de oxigênio consumida durante um ciclo completo de batimento cardíaco (ASTRAND, RODAHI, 1996). Os valores basais de referêcia 32 variam de 35-40 mmHg de acordo com Carlson (1995). Esse parâmetro pode ser modificado pelo treinamento, alcançando valores máximos ao mesmo tempo em que o VO2max é atingido (LÓPEZ, FERNANDEZ, 1998). A pressão de O2 é considerada um parâmetro adequado para indicar a eficiência cardiovascular e sua melhora pode acontecer devido ao aumento da hemoglobina no limiar anaeróbico, aumento do inotropismo, aumento do volume de ejeção e da pressão e aumento da extração do oxigênio pelo músculo, devido ao aumento da capilarização, da concentração de mitocôndrias e da hemoglobina (TERRA et al., 2011; KOWAL et al., 2008; SILVA, 2008). Com o aumento da extração de oxigênio, há aumento da diferença arterio-venosa desse mesmo, com aumento do seu consumo em cada limiar. A avaliação da pO2 com amostras de sangue venoso não são adequadas para avaliação das trocas gasosas e da função pulmonar (SUCUPIRA, ORTOLANI, 2003). O dióxido de carbono é um produto final da oxidação dos carboidratos, gorduras e proteínas, podendo ser considerado um ácido em virtude de sua capacidade de reagir com a água para formar o ácido carbônico (H2CO3) (POWERS, HOWLEY, 2005). O sangue carreia CO2 para os pulmões parcialmente na forma de H2CO3, que juntamente com a hemoglobina atua como o principal tampão do sangue, ou seja, evita ou não permite que o pH sofra alterações consideráveis evitando o óbito por essa causa. No plasma, o CO2 de maneira relutante e lenta forma o H2CO3, entretanto, ao se difundir para dentro das hemácias essa reação é acelerada 13000 vezes pela enzima anidrase carbônica, porém, mesmo com essa modificação acelerada, somente 6% de CO2 forma H2CO3. Então, quase todo H2CO3 se dissocia para formar íons H+ e bicarbonato (HCO-3) (FRAPE, 2008; POWERS, HOWLEY, 2005). O H+ é tamponado de forma parcial pela Hb e o HCO3- em grande parte difunde-se novamente para o plasma, ou seja, cerca de 20% do CO2 é carreado na forma de bicarbonato, permanecendo na forma de gás dissolvido (FRAPE, 2008; WEST, 2002). Os valores de referência variam de 38-46 mmHg (CARLSON, 1995). Os ácidos orgânicos como o lactato e acetoacético, são formados a partir do metabolismo dos carboidratos e das gorduras, respectivamente. Estes ácidos são metabolizados em CO2 em condições normais de repouso, por isso não influenciam de forma significativa o pH dos líquidos corporais. No entanto, durante o exercício intenso, cujo trabalho excede o limiar anaeróbico, os músculos esqueléticos em contração produzem muito lactato que se acumula, resultando em queda do pH e consequentemente em acidose. Em geral, parece que a produção do lactato durante o exercício intenso representa o maior desafio na manutenção do equilíbrio do pH e a falha em manter a homeostasia ácido-básico durante o exercício pode comprometer o desempenho por meio da inibição das vias metabólicas 33 responsáveis pela produção de ATP ou pela interferência no processo contrátil do músculo em atividade (POWERS, HOWLEY, 2005). Os valores de referência para as pressões O2 e CO2 variam de 35-40, e 38-46 mm/Hg respectivamente (FRAPE, 2008). A fadiga durante o exercício está associada aos desvios dos valores ideais do pH sanguíneo, e a compensação desta alteração parece ser explicada por duas linhas de defesa. A primeira linha defende que, a compensação da acidose contra os íons H+ produzidos pelo exercício caracteriza o sistema-tampão químico do compartimento intracelular e do sangue. Esse sistema age rapidamente para converter ácidos fortes em ácidos fracos. O tamponamento intracelular ocorre com o auxilio de proteínas celulares, HCO3- e grupos fosfato. Como a capacidade de tamponamento do músculo é limitada, o liquido extracelular (sangue) tampona os íons H+ com utilização do HCO3- sanguíneo (POWERS, HOWLEY, 2005; WEST, 2002). O valores normais de bicabornato sanguíneo dos equinos estão entre 24-27 mEq/L (FRAPE, 2008). Na acidose metabólica, a proporção de bicabornato para pressão parcial de CO2 (PCO2) cai, abaixando assim o pH. A segunda linha defende que há a compensação respiratória, devido ao aumento da ventilação que abaixa a PCO2 e eleva a relação HCO3- / PCO2. O estímulo para aumentar a ventilação é advindo principalmente da ação dos íons H+ sobre os quimiorreceptores periféricos (FRAPE, 2008; FOREMAN, WALDSMITH, LALUM, 2004; WEST, 2002; POWERS, HOWLEY, 2000; DUKES, 1996). Na alcalose metabólica, há aumento da relação HCO3- / PCO2, elevando assim o pH. A compensação respiratória, às vezes, ocorre por uma redução na ventilação alveolar elevando a PCO2, contudo essa compensação é frequentemente pequena e pode estar ausente (WEST, 2002; DUKES, 1996). O impacto que o treino representa no equilíbrio ácido-básico das células musculares e do sangue é variável conforme a sua intensidade (CARLSON, 1995). Desta forma, o treino de resistência permite um aumento da capacidade aeróbica devido à elevação do metabolismo oxidativo celular, com maior utilização de ácidos graxos e menor recurso à glicólise para produção de lactato e menor acumulo de lactato e H+ no músculo e no sangue (LINDINGER, WALLER, 2008; MILNE, 1974). 34 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local O experimento foi desenvolvido de 02 de Janeiro a 02 de Março de 2013, no Haras Élio Quadrado, localizado no município de Betim, na rua dos batatais, 21, Várzea das Flores, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais (latitude 19º 54’8”S, longitude 44º 10’29”W, altitude 860m). 3.2 Animais Foram utilizadas 12 éguas da raça Mangalarga Marchador, clinicamente sadias, entre 3 a 8 anos de idade e peso corporal entre 325 e 420 Kg. As éguas, anteriormente soltas em piquetes distintos, com baixo ou nenhum condicionamento físico e ou treinamento, foram introduzidas em um mesmo piquete com 3273 m2, previamente vermifugadas1, casqueadas, ferrageadas e banhadas com solução carrapaticida2. 3.3 Procedimento Experimental Os procedimentos realizados neste experimento foram submetidos à Comissão de Ética no uso de animas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (CEUA – PUC Minas) em Outubro de 2012, para subsequente aprovação. A execução do experimento se deu no prazo de 60 dias e foi realizado em duas fases: Fase de pré-condicionamento (8 dias), fase do treinamento (42 dias). No final de cada fase foram realizados os testes de marcha. 3.3.1 Pré-condicionamento Na primeira fase (pré-condicionamento) com duração de oito dias, as éguas foram introduzidas em um mesmo piquete para se adaptarem progressivamente à nova rotina de manejo e alimentação. Durante este período as éguas receberam 1 quilo de ração comercial 3 1 Eqvalan® Plus Butox® 3 Ração Guabi® - Nutriage 15% PB 2 35 por fornecimento, sendo estes realizados duas vezes ao dia, às 07:00 e às 17:00 horas. No final dessa fase, foi realizado o teste de marcha a fim de avaliar as variáveis físicas, bioquímicas de cada animal e assim estabelecer o protocolo de treinamento. Após a realização do primeiro teste as éguas foram divididas aleatoriamente em grupo controle e suplementado. 3.3.2 Teste de marcha O teste de marcha foi realizado em dois momentos, um antes do treinamento e outro após o treinamento. O protocolo do teste de marcha foi adaptado segundo Abrantes et al. (2012) e constituído por dez minutos de aquecimento ao passo (7 km/h), seguido por séries de dez minutos na marcha em velocidade de 10-12 km/h. Imediatamente ao final de cada série de marcha foi mensurada a FC e a concentração sanguínea de lactato. Os testes foram interrompidos quando as éguas atingiram o limiar anaeróbico (FC ≥ 200 bpm e lactato ≥ 4 mmol/L) com limite de cento e cinquenta minutos (150’) de marcha. Após a interrupção dos testes as éguas passaram por um período de desaquecimento permanecendo 10 minutos ao passo. Os dados da temperatura ambiente e umidade relativa do ar foram anotados no início e ao final do teste de marcha com termômetro digital com analisador de umidade relativa do ar4. 3.3.3 Coleta de amostras Amostras sanguíneas foram coletadas para determinação das concentrações de lactato, eletrólitos (Na+, K+, iCa+), gases (pCO2, pO2, HCO3-), hematócrito, hemoglobina, pH e enzimas musculares (CK, AST, LDH). As coletas sanguíneas foram realizadas por punção venojugular utilizando agulhas e seringas, ambas descartáveis e esterilizadas. A determinação das concentrações basais foram realizadas nos dias dos testes de marcha com as éguas em repouso, no início da manhã antes do fornecimento da alimentação. As análises de lactato procederam-se com éguas em repouso e imediatamente após as coletas de sangue, no fim de cada série de 10 minutos durante os testes de marcha, utilizando o lactímetro portátil5 4 5 Matsuri® Accutrend Plus – Roche® 36 As análises de eletrólitos, gases, hematócrito, hemoglobina e pH também foram realizadas nas éguas em repouso (basal) e no fim do teste de marcha, assim que as éguas atingiram o limiar anaeróbico, utilizando-se hemogasômetro portátil.6 As análises bioquímicas das enzimas musculares, procederam-se com 4 amostras sanguíneas em tempos distintos (Basal, 1, 6 e 12 horas após o término do teste de marcha), essas amostras também foram coletadas por punção venojugular com agulhas e seringas, ambas descartáveis e esterilizadas, transferidas imediatamente para tubos (Vacutainer BD ®) fornecidos pelo laboratório7, sem anticoagulante para obtenção do soro sanguíneo. Essas amostras foram refrigeradas a 8ºC em geladeira e para transportar, permaneceram acondicionada em caixa térmica contendo gelo eutético e enviada no mesmo dia para o laboratório7 situado em Belo Horizonte onde as amostras foram processadas. A frequência cardídaca foi mensurada antes do inicio do teste (basal) e imediatamente no final de cada série de 10 minutos durante os testes de marcha, utilizando-se o estetoscópio8, na área de auscultação cardíaca que compreende o lado esquerdo entre a terceira e quinta costela. Todos os dados coletados foram anotados em planilhas individuais de cada animal. 3.3.4 Dietas Após a realização do primeiro teste, as éguas foram separadas aleatoriamente em dois grupos, sendo seis éguas no grupo controle e seis éguas no grupo suplementado com óleo de soja9. No inicio do período experimental e semanalmente, todas as éguas foram pesadas e tiveram o escore corporal avaliado conforme escala de 0 à 5 (CARROL, HUNTINGTON, 1988). A cada pesagem, a quantidade de alimento a ser fornecida diariamente foi calculada como 2,0% do peso vivo de cada animal, calculado em matéria seca (MS). A quantidade de concentrado fornecida representou 50% desse valor para as éguas que apresentaram escore corporal acima de 2,5, e 60% desse valor para as éguas que apresentaram escore corporal abaixo de 2,5. Esses valores foram determinados para equinos em trabalho moderado, de 6 I-Stat – Abbott® Laboratório - Tecsa® 8 Littmann® Cardiology 9 Coamo® 7 37 acordo com o NRC (2007). A dieta foi ajustada semanalmente conforme resultados da pesagem e da avaliação de escore corporal. Os tratamentos foram compostos por dois concentrados comerciais10 distintos e diferiram entre si pela quantidade de extrato etéreo adicionado à dieta, mantendo entre os tratamentos a mesma densidade energética e proteica, conforme demonstrado na tabela 1: Tabela 1: Cálculo balanceamento da dieta (concentrado) Grupo Controle Grupo suplementado Proteína Bruta (PB) 120 g/Kg (12%) 150 g/Kg (15%) Extrato Etéreo (EE) 50 g/Kg (5%) 40 g/Kg (4%) Fibra Bruta (FB) 120 g/Kg (12%) 120 g/Kg (12%) Matéria Mineral (MM) 120 g/Kg (12%) 120 g/Kg (12%) Cálcio (Ca) 1,6 g/Kg 1,8 g/Kg Fósforo (P) 5 g/Kg 5 g/Kg Energia Digestível (ED) 3.230 Kcal/Kg 3040 Kcal/Kg Balanceamento da dieta (concentrado) Quantidade Ração 4 kg de ração / dia / animal 3,2 Kg de ração / dia / animal Proteína Bruta (PB) 4 x 120 g de PB = 480 g de PB 3,2 X 150 g de PB = 480g de PB Energia Digestível (ED) 4 x 3230 kcal = 12.920 kcal 3,2 x 3040 kcal = 9.728 kcal 0,350 L de óleo x 9190 kcal = 3216,50 Kcal Óleo de soja 9728 + 3216,50 = 12944,50 K cal Calcio : Fósforo (Relação) 0,32 0,36 O fornecimento do óleo de soja foi fracionado em duas porções diárias, sendo administrado por seringa de 50 ml (via oral). A administração deste para os animais teve que obedecer período de adaptação, que no presente experimento teve duração de 8 dias, onde: 1º e 2º dia: 50 ml / fornecimento (100 ml por dia) 3º dia: 50 ml / fornecimento de manhã e 100 ml / fornecimento de tarde 4º e 5º dia: 100 ml / fornecimento (200 ml por dia) 6º dia: 100 ml / fornecimento de manhã e 150 ml / fornecimento de tarde 7º e 8º dia: 150 ml / fornecimento (300 ml por dia) 9º dia: 175 ml / fornecimento (350 ml por dia) O alimento concentrado foi dividido em dois fornecimentos diários, às 07h00min e às 17h00min e fornecido em cochos individuais. Foi adotado tempo livre de consumo, em que as éguas permaneceram presas até que acabassem de consumir o concentrado. O volumoso consistiu de feno de tifton 85 (Cynodon spp.) e foi fracionado no piquete de forma que todas as éguas, ao serem soltas pudessem alimentar-se. Água e sal mineral11 permaneceram ad libidum no piquete. 10 11 Ração Guabi® - Equitage 12% PB e Nutriage 15% PB Suplemento Mineral Guabi® - Centauro 80 38 3.3.5 Treinamento A fase de treinamento teve duração de 42 dias. O protocolo de treinamento utilizado foi de exercícios intervalados “ Interval Training” realizados cinco dias por semana, com descanso aos sábados e domingos. Nas segundas, quartas e sextas-feiras, as éguas foram submetidas ao exercício em pista oval com dimensões de 50 metros de comprimento por 30 metros de largura, com duração de 45 minutos. Para as éguas que atingiram o limiar anaeróbico no primeiro teste em um tempo maior que 70 minutos, o protocolo de treinamento consistiu de um período inicial de aquecimento de 5 minutos ao passo, seguido por 10 minutos na marcha, 5 minutos ao passo, 5 minutos no galope sendo 2,5 minutos de cada lado, 5 minutos ao passo, 10 minutos na marcha e finalizando com 5 minutos ao passo. Já as éguas que atingiram o limiar anaeróbico no primeiro teste em um tempo menor que 70 minutos, o protocolo de treinamento consistiu de um período inicial de aquecimento de 10 minutos ao passo, seguido por 5 minutos na marcha, 5 minutos ao passo, 5 minutos no galope sendo 2,5 minutos de cada lado, 5 minutos ao passo, 5 minutos na marcha e finalizando com 10 minutos ao passo. Nas terças e quintas feiras, as éguas foram exercitadas ao passo em velocidade de 7 km/h durante 1 hora no exterior do haras em superfícies e topografias distintas. Após a fase de treinamento, todas as éguas foram submetidas novamente ao teste de marcha para avaliação do condicionamento físico, seguindo o mesmo protocolo do primeiro teste. 3.3.6 Análises Bromatológicas As coletas de amostras do feno e concentrado foram realizadas no início (16/01/2013), no meio (13/02/2013) e no final (28/02/2013) do período experimental, para avaliação da composição bromatológica. Essas amostras foram acondicionadas em saco plástico, identificadas e encaminhadas no mesmo dia para o Labarotório de Nutrição Animal da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim. Essas amostras foram pesadas e moídas em peneira de 1 mm, em moinho do tipo Thomas Willey, para posterior análise físico-química desses alimentos. No final do período experimental, as amostras dos alimentos concentrado e volumoso armazenadas, foram submetidas às análises de composição bromatológica. A porcentagem de 39 matéria seca dos alimentos foi determinada secagem da amostra pré-seca a 105ºC por 12 horas. A proteína bruta foi determinada por aparelho de destilação a vapor Microkjeldahl (A.O.A.C., 1975) e o extrato etéreo, segundo A.O.A.C. (1990). O conteúdo de cinzas foi determinado por incineração a 550ºC por 8 horas na Mufla. A FDN e FDA (fibra em detergente ácido) livre de cinzas foi determinado segundo Van Soest et al. (1991). O CNF foi determinado segundo o National Research Council (2007) por equação matemática resultante da subtração de 100, com a soma das porcentagens de proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM). Os valores da análise bromatológica dos alimentos compontentes da dieta estão representados na tabela 2. 3.4 Delineamento Experimental O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso em esquemas de parcelas subsubdividas, sendo os tratamentos constituídos pelo grupo suplementado com óleo de soja e controle com seis repetições (éguas) por tratamento, as subparcelas representadas pelos testes de marcha realizados antes (Teste I) e após o treinamento (Teste II) e as subsubparcelas formadas pelos tempos de avaliação e coletas de amostras. 40 3.5 Análises estatísticas Os resultados da frequência cardíaca de cada animal em cada teste físico foram submetidos à análise de regressão quadrática, sendo estimados os índices Fc150 e Fc200, e os resultados da concentração plasmática de lactato foram submetidos à análise de regressão linear, sendo estimado o índice La4, utilizando o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas – SAEG (versão 9.0). Os resultados obtidos foram testados quanto à distribuição normal e homocedasticidade entre os tratamentos. Em seguida foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o Sistema de Análises de Variância para Dados Balanceados – SISVAR (versão 5.0). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Frequência Cardíaca Os resultados da frequência cardíaca em relação ao tempo de marcha, encontra-se descrita nas tabelas 3 e 4. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao tempo de marcha (minutos) gasto para a frequência cardíaca atingir 150 bpm e 200 bpm nos testes realizados tanto antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II). Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após (teste II) o treinamento: As éguas gastaram mais tempo para a frequência cardíaca atingirem os 150 e 200 bpm após o treinamento (teste II). Segundo Lindner & Boffi (2007), equinos destreinados apresentam maiores frequências cardíacas durante exercícios. Após período de treinamento, equinos submetidos a exercícios submáximos apresentam redução de 20 a 30 bpm (EVANS, 1994). Ohmura et al. (2001), avaliando o período de sete meses de treinamento de 63 equinos de corrida, observaram redução significativa da frequência cardíaca, durante testes físicos a campo. Babusci & López (2007) relata que um equino treinado deve ser capaz de desenvolver determinada velocidade à uma frequência cardíaca inferior a desempenhada antes de iniciar o treinamento. Segundo Evans (1994), o treinamento promove aumento da velocidade onde a frequência cardíaca máxima é atingida, não sendo observada, entretanto, a influência do 41 treinamento sobre a frequência cardíaca durante exercício moderados e submáximos. De acordo com Dukes (1996), a frequência cardíaca é a capacidade que o coração tem em bombear sangue para todo organismo, sabe-se, que durante exercícios esse sangue é redistribuído e a maior parte vai para os músculos em atividade, assim, podemos afirmar que no presente estudo, houve melhora na capacidade e função cardiovascular de acordo com Evans, Rose e Hodgson (1994), em que as éguas trabalharam com maior tempo de marcha para que a FC atingissem o limiar de 200 bpm. Marlin e Nankervis (2002), salienta que o fato dos valores de FC serem altamente influenciados durante o teste de esforço, pelas condições atmosféricas, pela atitude do cavaleiro, terreno, assim como por alterações físicas e comportamentais do cavalo. Desta forma, também afirmado por Poole e Erickson (2008), a FC não representa um parâmetro fisiológico cuja análise isolada, permita a obtenção de conclusões relativas à condição física e à capacidade aeróbica dos animais testados. Tabela 3: Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas Mangalarga Marchador atingir 150 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) Teste I Teste II Controle 10,22 22,48 Suplementado 9,92 18,41 10,07b 20,45a Média testes CV (%) 39,33 Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) Tabela 4: Tempo de marcha (minutos) necessário para a frequência cardíaca (FC) das éguas Mangalarga Marchador atingir 200 batimentos por minuto (bpm) nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) Teste I Teste II Controle 15,05 35,65 Suplementado 14,15 28,74 Média testes 14,60b 32,20a Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) CV (%) 38,90 42 4.2 Lactato Os resultados da concentração de lactato em relação ao tempo de marcha, encontra-se descrita na tabela 5. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao tempo de marcha (minutos) gasto para a concentração sanguínea de lactato atingir 4,0 mmol/L nos testes realizados tanto antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II). Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após (teste II) o treinamento: As éguas gastaram mais tempo para a concentração sanguínea de lactato atingir o valor de 4,0 mmol/L após o treinamento (teste II). No presente estudo observou-se que os animais gastaram mais tempo após o treinamento para atingirem o limiar do lactato (4 mmol/L), o que resultou em esforço predominantemente aeróbico. Ferraz et al. (2008) e Rivero (2007) também descreveram essa melhora da capacidade aeróbica e maior resistência do sistema musculoesquelético proporcionada pelo treinamento, Ferraz et al. (2008) afirma que a avaliação do desempenho físico pelas variáveis bioquímicas, como lactato, enzimas musculares, assim realizada neste estudo, são fundamentais para o manejo dos programas de treinamento para os animais que necessitam melhorias na capacidade aeróbica. Tabela 5: Tempo de marcha (minutos) necessário para a concentração sanguínea de lactato (Lac.) das éguas Mangalarga Marchador atingirem 4,0 mmol/L nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) Teste I Teste II Controle 37,78 95,57 Suplementado 31,62 94,94 Média testes 34,70b 95,25a CV (%) 37,7 Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) 4.3 Tempo para atingir o limiar anaeróbico Os resultados do limiar anaeróbico em relação ao tempo de marcha, encontra-se descrita na tabela 6. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado em relação ao tempo de marcha (minutos) gasto para atingir o limiar anaeróbico nos testes realizados tanto antes do treinamento (teste I) quanto após o treinamento (teste II). 43 Houve diferença (p<0,05) entre as médias dos testes realizados antes (teste I) e após (teste II) o treinamento: As éguas demoraram mais tempo para atingirem o limiar anaeróbico após o treinamento (teste II). Esses resultados mostraram a melhora da capacidade aeróbica dos animais, comprovando que o protocolo de treinamento utilizado em 42 dias foi benéfico para o condicionamento físico das éguas, tornando-as mais aptas a participarem das provas de marcha com excelência de acordo com a duração regulamentada pela ABCCMM. Segundo Fox e Mathews (1974), esse tipo de treinamento permitem aumento da potência aeróbica e anaeróbica do animal. Marlin e Nankervis (2002) afirmaram que a associação do limiar anaeróbico a outro parâmetro que possa mais facilmente ser medido durante o treino pode fornecer informações relativas à intensidade do esforço realizado e a via metabólica predominante. Os testes a campo permitem calcular valores de frequência cardícaca e de lactato em que é atingido o limiar anaeróbico, estes valores podem avaliar a condição física do cavalo. Ainda podemos afirmar de acordo com Rezende et al. (2009) e Jordão (2009) que a prova de marcha é um exercício predominantemente aeróbico, e podendo estabelecer como um exercício de intensidade submáxima confirmado por Prates et al. (2009). De acordo com Garcia (2012), um dos fatores responsáveis pelo aumento dos limiares aeróbico e anaeróbico, induzidos pelo treinamento, pode ser o maior poder oxidativo do metabolismo. Quando ocorrem altas taxas de oxidação do piruvato, induzidas pelo exercício prolongado há uma tendência de haver mudança no metabolismo, que passa a obter mais energia a partir da beta-oxidação dos ácidos graxos livres. Esse fato causa diminuição da glicogenólise muscular, causando menor produção de lactato, fato também descrito por Castejón et al. (1995). Tabela 6: Tempo de marcha (minutos) necessário para as éguas Mangalarga Marchador atingirem o limiar anaeróbico, nos testes realizados antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12) Controle Suplementado Média testes Teste I 40,00 38,33 39,17a Teste II 104,00 85,00 94,50b Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) CV (%) 39,2 44 4.4 Enzimas musculares Os resultados dos valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase (CK), encontra-se descrita na tabela 7. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os valores da enzima CK realizados antes e após o treinamento (teste I e II) e nos diferentes tempos de avaliação (basal, 1,6,12 horas após o término do teste de marcha). Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste I e II): Houve aumento na concentração média de CK no teste II, porém os valores apresentaram dentro dos padrões de normalidade, resultado esperado, pois de acordo com Harris et al. (1998) quando a duração do exercício é mantida constante, a intensidade do exercício determina o aumento na concentração de CK, entretanto todas éguas demoraram mais tempo para atingir o limiar anaeróbico permanecendo por mais tempo no teste, elevando a CK sérica. A enzima CK é produzida nas células musculares durante o exercício, apresentando um aumento rápido no sangue de 4 a 6 horas após o esforço (VALBERG et al., 1993). A sua liberação para a circulação sanguínea ocorre devido à alteração da permeabilidade da membrana celular que se verifica sempre que existe atividade muscular. A CK pode também ser produzida no trato gastrointestinal, útero, rins, coração e tiróide, encontrando-se bastante aumentada em casos de lesão muscular pronunciada ou como consequência de alterações em órgãos constituídos por músculo liso (KINGSTON, 2004). De acordo com Thomassian, Watanabe e Ribeiro (2004), seria aconselhável que o valor de referênciade cada animal fosse o valor da atividade enzimática do animal em repouso, permitindo assim analisar a variação da enzima ao longo do exercício. A atividade sérica de CK aumenta rapidamente (6-12 horas) após lesão muscular aguda e diminui imediatamente (24-48 horas) depois da sua resolução (THRALL et al., 2007, KINGSTON, 2004). Os valores de referência para equinos de esporte variam de 90500 U/l podendo aumentar de 10-900 vezes em equinos com lesão muscular (MUÑOZ et al., 2002). A taxa de aumento da CK depende da intensidade do exercício e de sua duração, bem como do condicionamento físico, idade e dieta do animal (MacLEAY et al., 2000). O resultado obtido neste experimento concordou com Valberg et al. (1993) que ao trabalharem com animais em exercício submáximo, observaram aumento significativo da CK após o exercício; e Lewis (2000) que relata que em animais que apresentam 45 predominância de fibras tipo IIA podem demonstrar maior atividade dessa enzima. Tabela 7: Valores médios das concentrações sanguíneas de creatinocinase (CK) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12). Média Basal 1 hora 6 horas 12 horas Teste I 300,50 389,58 585,58 404,00 419,92B Teste II 386,92 554,17 612,42 599,00 538,13A testes CV (%) 5,5 Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) Os resultados dos valores médios das concentrações sanguíneas de aspartatoaminotransferase, encontra-se descrita na tabela 8. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os valores da enzima AST realizados antes e após o treinamento (teste I e II) e nos diferentes tempos de avaliação (basal, 1,6,12 horas após o término do teste de marcha). Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste I e II): Aumento da concentração média de AST no teste I. De acordo com Harris (1997) e Valberg et al. (1993) a ocorrência de aumento moderado da AST e CK em equinos sadios pode ser observada quando são submetidos a exercícios de moderada e alta intensidade. No entanto a liberação de AST nas fibras musculares é mais lenta, atingindo o máximo da sua concentração sanguínea 24 a 36 horas após lesão muscular. Então o resultado da atividade dessa enzima, sugere que neste experimento, no teste II não houve tempo suficiente desta elevar-se. Conforme o resultado da atividade enzimática das éguas, as diferenças nas concentrações de CK e AST ocorreram por influência da evolução do treinamento, (distância e velocidade) e aptidão física, não pela dieta. Os animais do presente estudo mostraram alterações adaptativas depois do treinamento, ou seja, aumentaram o condicionamento físico. Os valores de referência de concentração de AST para equinos de esporte são 200500 U/l (MUÑOZ et al., 2002). 46 Tabela 8: Valores médios das concentrações sanguíneas de aspartatoaminotransferase (AST) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12). Média Basal 1 hora 6 horas 12 horas Teste I 338,00 345,00 357,92 341,83 345,69A Teste II 297,58 305,83 274,50 284,25 290,54B testes CV (%) 11,3 Letras distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) Os resultados dos valores médios das concentrações sanguíneas de lactato desidrogenase (LDH), encontra-se descrita na tabela 9. Não houve diferença (p>0,05) entre os grupos controle e suplementado para os valores da enzima LDH antes e após o treinamento (teste I e II). Houve diferença (p<0,05) entre os testes realizados antes e após o treinamento (teste I e II): O teste II apresentou maior atividade enzimática de LDH comparando com o teste I. Observou-se ainda que, ao longo do período avaliado, a concentração de LDH aumentou. Proporcionalmente verificou-se maior aumento da atividade enzimática da LDH, no teste II, justificada por sua localização celular e pela elevação de CK do Teste II. Thomassian (2005) afirmou que CK e LDH estão localizadas no citoplasma das células, então quando há alteração de permeabilidade ou grau de lesão muscular as mesmas extravasam diretamente. Por este motivo, Harris (1997) citou que as enzimas CK ou LDH, liberadas no sangue, são indicadores de perda de integridade do sarcolema, cuja extensão de resposta pode estar relacionada a vários fatores, como por exemplo, a distância percorrida pelo animal. A LDH possui atividade em diversos tecidos e encontra-se envolvida na conversão do piruvato em lactato durante a glicólise (KINGSTON, 2004). A sua concentração sanguínea máxima é atingida 12 horas depois do exercício, de acordo com Valberg e colaboradores (1993) podendo apresentar valores muito elevados em situações de lesão hepática ou muscular, ou em situações de hemólise (KINGSTON, 2004). A grande variação nos valores de LDH descritos na literatura (OOSTERBAAN et al., 1991) talvez seja devido à menor especificidade desta enzima e situações que ocorram durante o exercício, de acordo com Thomassian (2005) essa variação das concentrações dessa enzima se dá pela distribuição em vários tecidos e devido ao aumento da permeabilidade da membrana celular e não de sua ruptura. Thomassian (2005) também 47 afirma que essa variação das concentrações de LDH é influenciada pelo sexo, em que as fêmeas apresentam maiores concentrações em relação aos machos. Correlacionando os valores das enzimas musculares descritas nas tabelas (7, 8 e 9), podemos concluir que, ao analisarmos os tempos em que essas enzimas atingem o seu pico após lesão muscular, estes valores já encontravam em decréscimo, justificando que o protocolo de treinamento utilizado neste estudo não causou danos musculares aos animais. Tabela 9: Valores médios das concentrações sanguíneas de lactato desidrogenase (LDH) das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seu coeficiente de variação (CV) (n=12). Média Basal 1 hora 6 horas 12 horas Teste I 785,66 833,08 907,33 862,67 847,19B Teste II 845,58 919,50 907,42 899,42 892,98A Média tempos 815,63b 876,29ab 907,38a 881,04a testes CV (%) 9,2 Letras maiúsculas distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (P<0,05) Letras minúsculas distintas diferem entre os tempos de avaliação pelo teste de Tukey (P<0,05) 4.5 Hemogasometria Os resultados das variáveis hemogasométricas encontram-se descritas na tabela 10. Não houve diferença (p>0,5) entre os tempos de avaliação basal e final do teste de marcha realizado após o treinamento (teste II) nas pressões de oxigênio. Não houve diferença (p>0,5) entre os tempos de avaliação basal e final do teste de marcha realizado antes do treinamento (teste I) nas concentrações sanguíneas dos íons bicarbonato. Houve diferença (p<0,5) entre os tempos de avaliação no final do teste de marcha realizado antes do treinamento (teste I), onde foi observado aumento da pressão de oxigênio, diminuição da pressão de dióxido de carbono e aumento do pH sanguíneo. Houve diferença (p<0,5) entre os tempos de avaliação no final do teste de marcha realizado após o treinamento (teste II), observou-se diminuição na pressão de dióxido de carbono, aumento das concentrações séricas de íons bicarbonato e aumento do pH sanguíneo. Não houve efeito (p>0,5) do treinamento (teste I e II) nos valores basais das pressões de oxigênio, dióxido de carbono, nas concentrações de íons bicarbonato e ph sanguíneo. Não houve efeito (p>0,5) do treinamento (teste I e II) nos valores finais da pressão de dióxido de carbono. 48 Foi observado efeito (p>0,5) do treinamento a qual a pressão de oxigênio foi menor, as concentrações sanguíneas de íons bicarbonato e pH foram maiores no final do teste de marcha realizado após o treinamento (teste II). No presente trabalho, os valores da pressão de oxigênio obtiveram melhora significativa com o treinamento, mostrando aumento da condução do oxigênio a cada ciclo de batimento cardíaco, estes valores também foram encontrados nos trabalhos de Garcia (2012) e Silva (2008) que utilizaram animais da raça Mangalarga Marchador e Puro Sangue Árabe respectivamente, através de testes com intensidade máxima em esteira rolante. Segundo Astrand, Rodahi (1996), com o treinamento, os cavalos possuem adaptações estruturais que melhoram a oxigenação sanguínea dos pulmões, a eficiência de transmissão do mesmo para os tecidos e a capacidade de transporte desse oxigênio, sendo comprovado pelo aumento da hemoglobina no limiar anaeróbico, observado neste estudo, indicando assim que o treinamento foi satisfatório na eficiência cardiovascular dos animais estudados. Observou-se que, antes do treinamento, os valores obtidos da pressão de O2 foram maiores no final do teste de marcha indicando provável origem da hiperventilação alveolar, contudo, de acordo com Sucupira e Ortolani (2003), amostras venosas não são adequadas para avaliação das trocas gasosas e da função pulmonar. Estes valores também foram encontrados nos trabalhos de Terra et al. (2011), Santiago (2010), Filippo et al. (2009), Kowal (2008), que utilizaram sangue venoso para avaliação das amostras. Correlacionando os valores das pressões de oxigênio com o dióxido de carbono, observou-se que antes do treinamento (teste I) a pressão de oxigênio foi superior e a pressão de dióxido de carbono inferior aos valores no final do teste de marcha. Observou-se também aumento do pH, aumento dos íons bicarbonato e redução na pressão de dióxido de carbono no final do teste de marcha realizado após o treinamento (teste II). Estes resultados foram observados no trabalho de Terra et al. (2011), utilizando cavalos da raça Mangalarga Marchador em testes a campo, e os resultados concordaram com Santiago (2010) e Foreman et al. (2004) em testes simulando provas de ‘cross country’. Provavelmente, durante o intervalo entre o final da prova e a coleta sanguínea para hemogasometria, ocorreu hiperventilação compensatória, justificando os resultados obtidos. Podemos afirmar que em testes realizados a campo, os dados climáticos influenciam os resultados, pois no teste realizado antes do treinamento (teste I) a condição climática (Anexo II) apresentou-se com menor temperatura ambiente e maior umidade relativa do ar em relação ao teste realizado após o treinamento (teste II). 49 Segundo Carlson (1995), durante exercício de intensidade máxima, o bicabornato e a concentração de lactato são inversamente proporcionais, pois o bicabornato é consumido no processo de tamponamento do lactato acumulado. Como a marcha é considerado um exercício de intensidade submáxima (Prates et al, 2009), sugere-se que o aumento dos íons bicarbonato após treinamento (teste II) no final do teste de marcha, observado neste estudo, seja devido ao condicionamento que favoreceu o metabolismo aeróbico com menores concentrações de lactato. Observa-se aumento do pH sanguíneo entre os treinamentos (teste I e II) com aumento no final de cada teste. Entre os tempos de coleta (basal e final), observa-se aumento do pH no final do teste de marcha tanto antes como após o treinamento (teste I e II). Esses dados também foram encontrados nos trabalhos de Filippo et al. (2009), Kowal et al. (2008) e Silva (2008). O pH apresenta queda, mas que com o treinamento essa queda tende a ser menor de acordo com Constable (1999), Snow e Marckenzie (1977), justificando o resultado obtido no presente estudo, o que indica mais uma vez que o condicionamento físico reduziu a queda do pH, menor deposição de lactato e assim favorecendo o metabolismo aeróbico. Foi observada diferença (p<0,05) entre o grupo controle e suplementado na pressão sanguínea de CO2 (tabela 11), em que o valor do grupo controle foi menor que o grupo suplementado. Esse resultado também pode ser justificado pela maior hiperventilação compensatória do grupo controle comparado com o grupo suplementado, que podem ser devido a maior excitação, stress calórico do grupo controle ou até mesmo pela influência da temperatura ambiente e umidade relativa do ar, porém, os valores encontram dentro da normalidade. Segundo Freitas (2007), os cavalos tem um alcance aeróbico muito alto, com grande capacidade de aumentar o consumo de oxigênio entre repouso e exercício máximo. A prática de exercício submáximo prolongado, realizado em condições de temperatura e umidade ambientes altas, é um grande desafio para o sistema respiratório. Neste caso a perda de calor evaporativo fica prejudicada. Como a sudorese é o principal meio de resfriamento em cavalos em exercício, o trato respiratório além das suas funções normais, também tem que contribuir para a perda de calor. Não houve diferença (p>0,05) entre os tempos de avaliação (basal e final) do teste de marcha realizado antes do treinamento (teste I) nas concentrações sanguíneas de sódio. Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação, em que os valores séricos dos íons potássio foram maiores antes e após o treinamento (teste I e II) no final do teste de marcha, as concentrações séricas dos íons sódio foram maiores somente após o treinamento (teste II) no final do teste de marcha. Não houve efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II) nas concentrações séricas 50 basais dos íons sódio. Não houve efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II) nas concentrações de iCa+. Foi observado efeito (p>0,05) do treinamento (teste I e II): As concentrações sanguíneas de potássio foram menores após o treinamento (teste II), tanto no repouso (basal) quanto no final do teste de marcha. As concentrações sanguíneas de sódio foram maiores após o treinamento (teste II) no final do teste de marcha. O aumento dos íons potássio entre os tempos de avaliação, pode ser justificado, segundo Boffi (2007) que durante o exercício intenso, observa-se rápida e pronunciada hiperpotassemia causada pelo fluxo transmembrana de potássio. Esse aumento está diretamente relacionado com elevações nas concentrações de lactato e íon hidrogênio (SEJERSTED, 1992; HARRIS, SNOW, 1988), o que torna a redução de potássio no pós treinamento mais um indicativo de que o condicionamento favoreceu o metabolismo aeróbico das éguas do experimento. Terra et al. (2011) em seu trabalho, observaram diminuição dos níveis de potássio após o período de treinamento no teste de campo. Segundo Rose e Hodgson (1994), o aumento da concentração de potássio após exercício está relacionado com à intensidade do esforço, logo valores inferiores no teste a campo indicam que este teste não causou máximo esforço dos animais. Filippo et al. (2011) observaram em seu experimento, diminuição na concentração sérica de potássio e segundo Baily e Kline (2007), Fernandez e Larsson (2000) e Rose et al. (1979) essa diminuição foi ocasionada pela perda no suor. O treinamento de acordo com Carlson (1995), resulta em alterações relativamente rápidas nos fluidos corpóreos bem como na homeostasia de eletrólitos, sendo as principais alterações o aumento do volume plasmático e a diminuição da osmolaridade. A expansão do volume plasmático causa melhorias nas funções cardiovascular e termorregulatória. Silva (2008) em seu trabalho utilizando cavalos da raça Puro Sangue Àrabe em testes feitos com esteira rolante, também observou diminuição das concentrações de potássio pós treinamento, afirmando que esta diminuição está relacionada com a hipovolemia que se desenvolveu durante o treinamento. McCutcheon e Geor (2008) observaram que cavalos adultos submetidos a exercícios de moderada intensidade há aumento de 23% na concentração da bomba sódio/potássio ATPase no músculo glúteo médio, e potros apresentaram 23% nos músculos glúteo médio e semitendinoso. Green (1998), ressalta que o incremento da atividade da bomba sódio/potássio ATPase após o treinamento, há aumento da receptação do potássio pelas fibras e portanto, consequente diminuição das concentrações plasmáticas deste eletrólito. O treinamento promoveu aumento dos valores de sódio no final do teste de marcha, observou-se também aumento entre os tempos de avaliação, sendo que os valores finais do 51 teste de marcha foram superiores aos valores basais no teste II. Embora muitos autores (Terra et al. 2011, Orozco, 2007; Lacerda-Neto et al. 2003 e Fernandez e Larsson, 2000) relatem que as concentrações plasmáticas de sódio se mantêm inalteradas em equinos durante atividade física, seja ela de intensidade máxima ou submáxima, corrobando com nosso estudo e nos de Filippo et al. (2011) e Santiago (2010). Segundo Rose e Hodgson (1994), durante exercícios intensos, há mudanças transitórias nas concentrações dos eletrólitos plasmáticos. As concentrações de sódio aumentam como resultado do movimento dos fluidos para o espaço extracelular. Segundo Freitas (2007), o sódio tende a permanecer inalterado, porém, dependendo das condições e duração das provas essa concentração pode ocorrer alterações, Bayly e Kline (2007) ainda ressalta que devido ao suor dos equinos serem hipertônico, eles perdem grandes quantidades de eletrólitos durante o exercício, assim, justifica que o condicionamento após treinamento fez com que os animais desse estudo perdessem menos sódio no suor. Em relação aos grupos experimentais, observou-se que a concentração de sódio do grupo controle foi inferior ao grupo suplementado de acordo com a tabela 11. Sabe-se que o oferecimento de dietas ricas em óleo vegetal e o bom condicionamento físico diminuem a produção de calor corporal, também são bastante úteis na minimização da sudorese e, portanto, dos déficits hídricos e eletrolíticos dos equinos. O excesso de grãos na dieta pode ocasionar redução na ingestão de forragens, levando a redução do consumo de água e eletrólitos, e também utilizam esse concentrado para gerar energia, aumentando as perdas hídricas e eletrolíticas urinárias para excreção do seu nitrogênio (LEWIS, 2000). Devido a concentração de sódio no suor do equino ser mais alta que no plasma, uma sudorese excessiva diminui essa concentração do plasma. Assim, os equinos suplementados com óleo de soja nesse estudo, produziram menos calor que o grupo controle, consequentemente a perda desse eletrólito no suor do grupo suplementado foi menor que do grupo controle, porém, ambos apresentaram dentro da normalidade. As concentrações de cálcio ionizado reduziram após o teste de marcha em relação aos valores basais tanto antes quanto após o treinamento (teste I e II). A diminuição da concentração de cálcio ionizado também foi observada por Terra et al. (2011), Santiago (2010), Filippo et al. (2009), Orozco (2007), Thrall et al (2004) e McConaghy (1994), que afirmaram que durante o exercício, esses íons são mobilizados para o processo de contração muscular e o maior decréscimo está atribuída à intensidade e duração do exercício. Filippo et al. (2009) também ressaltam que essa diminuição nos valores de cálcio ionizável é devido a perda no suor, como descrito por Schott e Hinchliff (1993), porém, sabemos que este íon possui baixa concentração no suor e que em exercícios de intensidade submáxima essa perda 52 seria mais restrita. A hipocalcemia também pode exacerba-se na presença da alcalose metabólica hipoclorêmica e da hemoconcentração segundo Kronfeld (2001). Não houve efeito (p>0,05) do treinamento nas concentrações séricas de glicose. Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação em que os valores de glicose foram superiores ao final de cada teste de marcha. Este aumento também foi observado nos trabalhos de Brandi et al. (2009), Farias (2009), Godoi (2008) e Orozco (2007), Mattos et al. (2006). A glicemia geralmente aumenta em todos os tipos de exercício devido à captação da glicose pelo músculo em trabalho (glicogenólise) ou sua liberação pelo fígado (gliconeogênese). O fator mais importante para a magnitude do aumento da captação da glicose no exercício e no estado pós-absortivo é a intensidade do exercício e também de sua duração. Isto se deve a um maior recrutamento de fibras musculares e a um maior estresse metabólico das fibras musculares ativas (ROSE, RICHTER, 2005), justificando também o aumento da glicose no teste realizado após o treinamento, pois os animais gastaram muito mais tempo para atingir o limiar anaeróbico. Godoi (2008) e Mattos et al. (2006) afirmaram que esse aumento se deu devido ao aumento do metabolismo oxidativo poupando glicogênio do músculo disponibilizando mais glicose sanguínea, dados este confirmados por Frape (2008). Wanderley et al. (2010) que também utilizaram cavalos da raça Mangalarga Marchador, afirmaram que esses valores indicam, provavelmente, que os cavalos utilizados desenvolveram exercícios de intensidade média com baixo acúmulo de lactato e aumento da disponibilidade da glicose a partir das reservas corporais, confirmados por Evans (1996) e Thomassian et al. (2004). Foi observada diferença (p<0,05) entre os tempos de avaliação em que os valores basais de hematócrito e hemoglobina, tanto antes quanto após o treinamento (teste I e II) foram inferiores em relação aos valores finais do teste de marcha. Estes dados também foram descritos por Garcia (2012), Terra et al. (2011), Santiago (2010), Wanderley et al. (2010), Filippo et al. (2009), Rezende (2009), Silva (2008), Kowal et al. (2008) Orozco (2007), Freitas (2007) e Mattos et al. (2006), que atribuíram segundo Foreman et al. (2004), Kingston (2004) e Castejón et al. (1995) o aumento do hematócrito e hemoglobina durante o exercício ao mecanismo adrenérgico que atua sobre as fibras musculares lisas do baço, provocando contração esplênica e assim liberando grande quantidade de eritrócitos para a circulação sanguínea e aumentando a capacidade de oxigênio para os tecidos. Essas alterações sao devidas principalmente pela hipóxia tissular e esplenocontração, já que o baço é o principal reservatório de eritrócitos no equino. Wanderley et al. (2010) e Fillipo et al. (2009) afirmaram que o aumento do hematócrito após o exercício também está relacionado com o grau de 53 desidratação, porém, os valores neste presente estudo se encontram dentro da normalidade. Mattos et al. (2006) afirmaram que o hematócrito de 40-50% para cavalo em exercício, como visto no presente estudo, é indicativo que o sangue teve concentrações de hemoglobina suficientes para transportar oxigênio sem prejudicar o trabalho do sistema cardiorespiratório. Não houve efeito (p>0,05) do treinamento nos valores de hematócrito e hemoglobina nas coletas realizadas ao final de cada teste de marcha. Foi observado efeito (p<0,05) do treinamento (teste I e II), os valores basais de hematócrito e hemoglobina foram inferiores após o treinamento (teste II), concordando com os valores encontrados no trabalho de Machado (2011). Segundo Hinchcliff et al. (2008) os valores mais elevados do hematócrito em repouso podem ser associados a uma melhora na capacidade aeróbica resultante da maior quantidade de glóbulos vermelhos em circulação disponíveis para o transporte de oxigênio às células, contudo, existem grandes variações no hematócrito relacionadas com alterações no volume plasmático ou com aumento nos eritrócitos circulantes resultante do stress e excitação dos animais. Assim, podemos afirmar que as éguas durante a coleta basal no primeiro teste apresentaram mais estressadas e excitadas em relação ao segundo teste, ocorrendo a esplenocontração e liberação de eritrócitos para circulação sanguínea. Tabela 10: Valores médios das pressões sanguíneas de O2 (pO2) e CO2 (pCO2), concentrações sanguíneas de íons bicarbonato (HCO3), pH, potássio (K+), sódio (Na+), cálcio ionizado (iCa), concentrações séricas de glicose, hematócrito, hemoglobina e concentrações plasmáticas de glicose das éguas Mangalarga Marchador antes do treinamento (teste I) e após o treinamento (teste II), com seus respectivos coeficientes de variação (CV) (n=12). Antes do treinamento Após o treinamento (Teste I) (Teste II) CV (%) Basal Final Basal Final pO2 (mmHg) 28,17Ab 35,08Aa 27,00Aa 27,58Ba 12,2 pCO2 (mmHg) 45,50a 37,65b 46,26a 36,72b 8,5 HCO3- (mmol/L) 29,08Aa 27,10Ba 29,62Ab 33,77Aa 10,7 pH 7,42Ab 7,46Ba 7,42Ab 7,57Aa 0,3 K+ (mmol/L) 4,21Ab 4,77Aa 3,89Bb 4,29Ba 9,1 Na (mmol/L) 138,83Aa 138,92Ba 137,58Ab 139,33Aa 1,1 iCa (mmol/L) 1,69a 1,40b 1,70a 1,30b 7,3 Glicose (mg/dL) 93,08b 106,58a 93,42b 130,67a 23,2 Hematócrito (%) 35,00Ab 42,33Aa 30,67Bb 41,92Aa 8,4 Hemoglobina g/dL 11,89Ab 14,39Aa 10,43Bb 14,24Aa 8,4 + Letras maiúsculas distintas diferem entre os testes pelo teste de Fisher (p<0,05) Letras minúsculas distintas diferem entre os tempos de avaliação pelo teste de Fisher (p<0,05) 54 Tabela 11: Valores médios entre os grupos controle e suplementado com óleo de soja na concentração sanguínea de sódio (Na+) e pressão sanguínea de CO2 (pCO2) Controle Suplementado Na+ 137,79b 139,54a pCO2 40,50b 42,57a Letras distintas diferem entre os grupos pelo teste de Fisher (P<0,05) 4.6 Custo da dieta As exigências energéticas variam de forma significativa entre os eqüinos. O peso vivo e a condição corporal podem ser usados como referenciais para se adequar à ingestão de energia. É importante determinar a quantidade de dieta necessária para um animal alcançar suas exigências energéticas, pois o nível de ingestão irá indicar a concentração dos outros nutrientes; portanto, as dietas dos cavalos não podem ser formuladas sem o conhecimento de seus conteúdos energéticos. Como sabemos que o custo da alimentação é o que mais onera em um sistema de criação, e com os equinos isso não é diferente, segue abaixo (tabela 12) a descrição do custo por animal/mês com a alimentação concentrada e suplementação com óleo de soja Tabela 12: Custo da dieta (concentrado e óleo de soja) DESCRI ÇÃO Preço Ração/Kg Ração/Kg/animal Gasto Ração/animal Gasto Ração/30 dias/animal Gasto Óleo/dia/animal Gasto Óleo/30dias GASTO ANI M AL/30 dias Grupo Controle Grupo Suplementado Equitage 12 Nutriage 15 R$ 1,68 R$ 1,38 4 3,2 R$ 6,70 R$ 4,40 R$ 201,00 R$ 132,00 R$ R$ 0,58 R$ 17,4 R$ 201,00 R$ 149,40 Considerando o valor do óleo de soja (900ml) a um real e cinquenta centavos (R$1,50), nota-se economia de cinquenta e um reais e sessenta centavos (R$51,60) animal/mês, porém, de acordo com as variações do preço do óleo de soja no mercado a economia é de trinta e três reais e noventa centavos (R$33,90) considerando o valor do óleo de soja (900ml) à três reais (R$3,00). 55 Por não influenciar o desempenho das éguas, a suplementação com 350 ml de óleo de soja, mostrou ser importante ferramenta no balanceamento da dieta dos equinos, podendo ser utilizado por profissionais da área e criadores da raça como estratégia para aumentar a densidade energética da dieta dos animais sem ocorrência de distúrbios digestivos e metabólicos como cólicas e laminites, além de proporcionar menor excitabilidade, pêlos sedosos e brilhantes, bem como vários outros benéficios que o óleo de soja proporciona aos animais e também na redução de custos do sistema de criação. 5. CONCLUSÃO A suplementação de 350 ml de óleo de soja pode ser utilizada para eqüinos da raça MM durante treinamento para provas de marcha. Dieta balanceada suplementada com óleo de soja reduz custos com alimentação. O protocolo de treinamento utilizado nesse experimento (Interval Training - 42 dias) associado à dieta balanceada torna eqüinos adultos da raça Mangalarga Marchador fisicamente aptos a participarem das provas de marcha conforme a duração regulamentada pela ABCCMM. 56 REFERÊNCIAS ABRANTES, R.G.P, REZENDE, A.S.C, SANTIAGO, J.M, et al. Protocolo para treinamento de equinos Mangalarga Marchador para concurso de marcha. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 49, 2012. Brasília. Anais... Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012. (CD-ROOM) ARAÚJO, K. V.; GOULART, H. M.; LEITE, G.G.; MATTOS, F. Uso de óleo na dieta de eqüinos submetidos ao exercício. Revista Brasileira Zootecnia, v.35, n.4, p.1373-1380, 2006. ARAÚJO, K.V. Nutrição do cavalo atleta. 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Dinâmica 28/02/13 08:35 86 23,0 Média 86 23,4 GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 1 - BASAL Data Hora URA% TAºC 1. Chiala 11/01/13 09:36 99 19,0 2. Bartira 11/01/13 09:50 99 19,4 4. Imburana 10/01/13 11:26 56 31,1 6. Catedral 10/01/13 11:07 56 30,9 10. Berta 11/01/13 11:53 99 19,6 12. Dalila 10/01/13 11:00 56 30,0 Média 78 25,0 GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 2 - BASAL Data Hora URA% TAºC 1. Chiala 01/03/13 08:29 75 26,2 2. Bartira 01/03/13 08:34 75 26,2 4. Imburana 28/02/13 09:11 76 23,3 6. Catedral 28/02/13 08:56 76 23,3 10. Berta 27/02/13 08:38 77 25,2 12. Dalila 27/02/13 17:43 83 24,3 Média 77 24,8 GRUPO CONTROLE - Teste 1 - TEMPO MÁX. MARCHA GRUPO CONTROLE - Teste 2 - TEMPO MÁX. MARCHA Data Hora URA% TAºC Data Hora URA% TAºC 3. Cori 11/01/13 16:11 81 22,6 3. Cori 27/02/13 23:46 99 21,3 5. Grega 10/01/13 16:43 99 22,3 5. Grega 28/02/13 13:45 48 34,8 7. Lusa 11/01/13 17:22 80 22,1 7. Lusa 27/02/13 20:15 88 23,1 8. Quibela 11/01/13 16:02 80 22,6 8. Quibela 27/02/13 23:11 91 21,8 9. Mariposa 11/01/13 15:39 85 22,6 9. Mariposa 27/02/13 13:24 27 42,8 11. Dinâmica 11/01/13 17:27 80 22,1 11. Dinâmica 28/02/13 19:57 71 28,8 Média 84 22,4 Média 71 28,8 GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 1 - TEMPO MÁX. MARCHA GRUPO SUPLEMENTADO - Teste 2 - TEMPO MÁX. MARCHA Data Hora URA% TAºC Data Hora URA% TAºC 1. Chiala 11/01/13 16:46 82 22,1 1. Chiala 01/03/13 20:27 99 20,2 2. Bartira 11/01/13 17:04 90 22,1 2. Bartira 01/03/13 18:14 90 22,0 4. Imburana 10/01/13 13:35 61 29,5 4. Imburana 28/02/13 13:00 60 28,0 6. Catedral 10/01/13 18:21 99 21,6 6. Catedral 28/02/13 20:22 75 24,0 10. Berta 11/01/13 17:52 80 22,6 10. Berta 27/02/13 13:19 33 42,3 12. Dalila 10/01/13 19:40 99 21,5 12. Dalila 27/02/13 20:20 88 23,1 Média 85 23,2 Média 74 26,6