SINAL vERDE pARA O CRéDITO
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SINAL vERDE pARA O CRéDITO
P05 Editorial Nascer com 50 anos de experiência. Uma nova etapa que vamos viver juntos. Acaba de nascer a nova Localcred. Uma empresa alinhada e conectada com os ideais que mudam o mundo. Acreditamos que o crescimento do crédito com consciência transforma sonhos em realidade, contribuindo para a evolução da economia e do nosso mercado. Neste contexto, nosso DNA tem a herança de duas das grandes empresas que fizeram parte da história da cobrança do nosso país. Por isso, já nascemos prontos para recuperar muito mais do que o crédito. Em cada atendimento reintegramos a dignidade das pessoas e a perspectiva de um futuro melhor. Essa é a nossa meta! Com o entusiasmo de uma criança nos dedicamos para superar todos os desafios, comprometidos com a qualidade, com as pessoas e com os nossos clientes, para juntos, conquistarmos sempre mais! DATACENTER INTERNO E EXTERNO (CONTINGÊNCIA) 1700 PESSOAS EM TREINAMENTO MENSALMENTE ERP TOTVS INTERLIGADO COM CRM ADCOB® E SISTEMA DE BI POLÍTICA DE SEGURANÇA DENTRO DAS NORMAS INTERNACIONAIS P10 A Credit Performance é a primeira e única revista especializada na indústria brasileira de crédito e cobrança. A publicação é idealizada pela CMS - Credit Management Solutions, a organização líder em interação e conteúdos da indústria latina de crédito com atuação em 19 países da América e Europa, e conta com o apoio do Instituto GEOC e Serasa Experian. Com periodicidade trimestral e tiragem de 5.500 exemplares, a revista oferece conteúdo especialmente desenvolvido para executivos líderes de grandes corporações e empresas da área. Distribuição exclusiva e gratuita. CONSELHO EDITORIAL: Carlos Zanchi, Egberto Blanco, Elane Cortez, Jair Lantaller, Jefferson Frauches, Luis Barbuda, Luis Carlos Bento, Luiz Hidalgo, Pablo Salamone, Paulo Busch, Victoria Iturrieta. REDAÇÃO: Christiane Moraes Camila Balthazar Isabela Barros Isaura Daniel Editora e jornalista responsável: Elane Cortez MTB 0000687|MA 5 SITES PRÓPRIOS Agora somos Localcred, sempre mais com você. REVISÃO E COLABORAÇÃO: Olivia Mussato E-mail da redação: [email protected] Diagramação: Leandro Hoffmann www.hoffmannestudio.com FOTOS: Paulo Bau Comercial: Madleine Rose M. Sprocatti [email protected] Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013 Credit Performance, a revista da indústria de crédito e cobrança. www.creditperformance.com.br Credit Performance é uma publicação da CMS – Credit Management Solutions. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização. São Paulo: +55 (11) 3156-5700 www.localcred.com.br ACONTECEU NO MERCADO A DESCOBERTA DE ATLANTA: a capital do estado da N 17 º Sumário SETEMBRO 2013 P24 Georgia e atualmente a região de maior crescimento dos EUA foi cenário da troca de experiências e de conhecimento no CMS Field Trip - C&C Best Practices Meeting. CAPA BRASIL: O PAÍS DO CRÉDITO GIGANTE? P12 O crescimento da indústria de Crédito e Cobrança nos últimos anos é inegável, mas será que com a desaceleração do crescimento, temos chance de ser gigantes nesse segmento? IDEIAS E TENDENCIAS Tecnologia a serviço do combate às fraudes nas transações não presenciais: Artigo de Fabio Wendling. P20 PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO A TECNOLOGIA CONTRA O RISCO: A automatização do ciclo do crédito é uma realidade, ainda mais com a democratização trazida pela internet. Agora, pequenas e médias empresas também podem aderir à onda high tech. P28 OPINIÃO REALIDADES DE 2013 E PERSPECTIVAS PARA 2014, por Egberto Hernandes Blanco P34 MERCADO NA MIRA CASE EM DESTAQUE: P06 ENTREVISTA DELFIM NETTO Economista e ex-Ministro da Economia que encabeçou a era do Milagre Econômico brasileiro mostra na entrevista à Credit Performance uma perspectiva positiva em relação ao que se pode esperar do país nos próximos meses. P14 SEGMENTO E GLOBALIZAÇÃO A NOVA CLASSE MÉDIA: Reflexo do consumo ou responsável pelo seu crescimento? Qualquer que seja a linha escolhida pelos especialistas, o fato é que mais e mais integrantes se somam cada dia a essa classe, que pretende dominar as estatísticas e exigir muito mais. A CP abre um espaço especial voltado às melhores práticas da indústria de C&C. A estreia da seção fica por conta da Way Back, uma empresa com mais de 20 anos de experiência e que aposta em um amplo portfólio de produtos sob medida para atrair e reter a carteira de clientes. P18 INDICADORES TERCEIRA IDADE EM DÍVIDA: A faixa etária com mais de 65 é o vice-campeão em inadimplência no Brasil. O que faz com que o sonho da aposentadoria se torne um pesadelo para quem sempre esteve em dia com as contas? P40 NOVIDADES E AGENDA Confira as principais notícias rápidas da indústria de crédito e cobrança, além de se programar para os próximos eventos da CMS em todo o mundo. P30 DESTAQUES NETWORKING: P42 Em um mundo cada vez mais conectado e mediado por relações virtuais, o bom e velho contato pessoal na formação de uma consistente rede de relacionamentos profissionais se mostra mais atual do que nunca. SOFISTICAÇÃO & LUXO GOLFE: o esporte aristocrático tende a ganhar cada vez mais adeptos entre os executivos no Brasil pela capacidade de trabalhar habilidades fundamentais no mundo corporativo. P46 PELO MUNDO SANTIAGO: A sede do 11º Congresso Latino-Americano de Crédito e Cobrança é o ambiente perfeito para a geração de negócios, com muitas atrações culturais e gastronômicas. P36 TENDÊNCIAS COMPRA E VENDA DE CARTEIRAS: Um mercado que ainda engatinha, mas que promete abrir novas oportunidades de negócios, que vão das transações consideradas tradicionais à criação de fundos de investimento. Credit Performance 3 Editorial O elo das alianças inteligentes espera por você Esse é um dos melhores e mais desafiadores períodos do ano. A preparação para a 9ª edição do Congresso Nacional de Crédito e Cobrança está a pleno vapor. O trabalho não para, mas nosso objetivo faz com que todo o esforço seja recompensado: queremos mais uma vez reunir cerca de 2 mil tomadores de decisão da indústria, para trocar experiências, compartilhar conhecimento, ampliar a rede de networking e, claro, fechar negócios. Como resultado de nossa constante renovação, desenvolvemos muitas novidades para 2013. Nova sede e maior capacidade de público são alguns dos itens da lista que evidenciam o crescimento deste evento que já é o maior encontro latino-americano do setor. Destaque A Serasa Experian oferece soluções sob medida para o seu negócio. São produtos e serviços exclusivos, que vão desde consultas de crédito até ferramentas e softwares para gerir melhor sua empresa. Tudo muito prático, rápido e rentável. E o melhor: cabe no seu orçamento. Entre em contato e prepare-se para se destacar da concorrência. Para saber mais, acesse serasaexperian.com.br ou ligue para 0800 773 7728 Durante os dias 22 e 23 de outubro, cerca de 80 speakers passarão pelos palcos do Expo Center Norte. Destaco a palestra de abertura do ex-ministro Antonio Delfim Netto, cujo tema será “O gigante acordou ou adormeceu?”. Durante uma entrevista exclusiva à revista, o economista, um dos mais renomados do país, concedeu uma prévia de suas famosas opiniões que serão detalhadas no Congresso. Em sua opinião, o horizonte da economia brasileira é muito mais azul do que a maioria do empresariado brasileiro pensa. E há muito espaço para crescer no nosso segmento, principalmente no crédito imobiliário. SoluçõeS eSPeCífiCaS Para Cada etaPa do Seu negóCio Busque novos clientes Venda com segurança Monitore empresas, clientes e sócios Cobre devedores Compre só os dados de que precisa Pablo Salamone Presidente CMS Com esse pensamento positivo e consciente de que nosso mercado crescerá 40% até 2015, estruturamos a programação do evento com base no tema principal “Alianças Inteligentes: O Crédito no Brasil pensado estrategicamente para gerar crescimento”. Isso porque, como todos sabem, no contexto atual, nenhuma empresa ou líder pode estar isolado. Precisamos, juntos, pensar estrategicamente para alcançar os níveis de crescimento desejados para a economia e para a nossa indústria. Dessa constatação nasce outra novidade para o Congresso: o Credit Networking Lab. Em formato de mesas de discussão, esta atividade especial terá como líder um dos headhunters mais respeitados do cenário nacional e internacional, Robert Wong. A dinâmica evidenciará ainda mais porque o networking é um dos pilares das Alianças Inteligentes. Cada um dos temas que serão apresentados no Congresso podem ser lidos nesta edição da revista. A ideia é fazer um aquecimento para os assuntos que serão aprofundados durante os dois dias. Costumo dizer que é um teaser, pois o melhor ainda está por vir. Na matéria de capa, por exemplo, procuramos entender o panorama do assunto que será exposto pelos presidentes e VPs de grandes entidades financeiras no evento. É verdade que o crédito virou gigante no Brasil nos últimos anos, porém ainda é pequeno se comparado ao de países desenvolvidos. Ou seja, vamos trabalhar para crescer. Estamos ansiosos e animados para compartilhar tudo o que preparamos até agora. Enquanto isso, aproveitem o conteúdo da revista e das entrevistas com os principais executivos do setor. Espero que gostem e que nos encontremos no 9º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança. Esse é o primeiro passo para formar a maior das Alianças Inteligentes, que fará nossa indústria se desenvolver consistentemente. Vamos em frente! Credit Performance 5 Entrevista delfim netto Economista e ex-Ministro Por Cristiane Moraes D um brasil de oportunidades iguais 6 Credit Performance “Houve uma expansão muito grande do crédito que foi muito saudável. Talvez tenha sido mais importante do que o aumento de renda: a bancarização do brasileiro, levando- o a tomar crédito”. urante a entrevista, mesmo sorrindo e brincando, o professor fala com muita tranquilidade e firmeza sobre sua visão da economia brasileira e como vê um horizonte muito mais azul que a maioria do empresariado brasileiro. Delfim Netto é economista, formado pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), onde é professor emérito. Foi Ministro da Fazenda (1967/74), da Agricultura (1979) e Ministro-chefe da Secretaria de Planejamento da Presi- dência da República (1979/85). Durante o período em que esteve na Fazenda, a economia brasileira registrou as maiores taxas de crescimento na história, cerca de 10% ao ano, considerado o Milagre Econômico. Credit Performance – Desde o início de 2013 temos acompanhado um aumento da Taxa Selic. Essa alta é preocupante? Na sua visão o Brasil pode voltar ao patamar de dois dígitos? Delfim Netto - Pelo contrário. O Banco Central aceitou a sua missão. Durante muito tempo aceitou a dominância fiscal. Hoje, o BC não aceita mais e está cumprindo a sua função, que é a de tentar manter a expectativa de inflação para 4,5%. Na minha visão deve continuar muito bem nessa tarefa. É desagradável, mas é necessário. De qualquer forma, a taxa de juro real hoje é ainda muito menor do que era no passado e não acredito que possamos chegar aos dois dígitos. uma redução da demanda. Como você tem que reduzir a demanda global até o nível da oferta global, a taxa de juros vai onde tiver que ir para fazer esse controle. Honestamente, não acredito que hoje o Brasil tenha algum risco de perder o controle da inflação. Ela deve se manter em 5,5% e, se o Banco Central tiver sucesso em um horizonte de 24 meses, ela caminha para 4,5%. Com essa inflação e uma taxa de juro real que não pode ser muito superior a 3%, a probabilidade de juros permanentemente de dois dígitos é muito pequena. Ocasionalmente pode acontecer, enquanto a inflação estiver em 6%, mas são poucas as chances. CP - Isso depende necessariamente da inflação? DN - Depende da taxa de juros e da contribuição da demanda pública. O que é inflação? É o excesso de demanda com relação à oferta. Existe a demanda pública e a demanda privada. A demanda pública não depende da taxa de juro, já que tem relação com a vontade do governo. Por outro lado, se restringir a demanda privada, aumentando a taxa de juros, a consequência é Na opinião do economista - um dos mais renomados do País, autor de vários livros sobre os problemas da economia brasileira e colunista de dois importantes jornais - apesar do crescimento longe dos dois dígitos, o Brasil cresceu em igualdade de oportunidade e a bancarização do CP - Recentemente, o Banco Central acabou agindo para controlar a alta do dólar. Como essa questão afeta a economia e a confiança do mercado? DN - O Brasil não tem nenhum risco fiscal, ainda que a política fiscal seja expansiva. O déficit nominal fica entre 2,5% a 3%, o que não é nada fora de propósito. E a dívida bruta é em torno de 60% do PIB. Essa é talvez o dobro do que deveria ser em um país com o nosso nível de renda e estágio de desenvolvimento. Mas também não ofe- brasileiro, que passou a tomar crédito, foi muito importante para uma evolução e crescimento das oportunidades no Brasil. “As desigualdades na distribuição de renda foram reduzidas. Portanto, a redução do crescimento não é um defeito em si. Acho que poderíamos ter feito um pouco melhor, mas provavelmente nunca voltaremos àquele crescimento de 10% porque hoje as preocupações são outras”, ressalta. Para ele, ainda existe espaço para crescer no segmento de C&C e o crédito imobiliário será uma escolha adequada nessa direção. rece nenhum risco. Permanece estável e vai continuar. O Brasil não tem risco fiscal e monetário. Não existe nenhum risco do país perder o controle da inflação. A inflação tem mantido o limite superior da banda como acontece em todo o país que tem banda. Porém, existia um erro grave no câmbio. Desde 2008, um pouco antes talvez, se começou uma política de aumento de salários nominais muito acima do ganho de produtividade da mão de obra e muito acima da inflação. Esses aumentos salariais vão para onde? Eles só têm duas saídas: fazer a demanda ser superior à oferta global com aumento de inflação ou déficit em contas correntes. O excesso de demanda se dissipa em inflação ou conta corrente, que é o que está acontecendo. O Brasil terá esse ano um déficit de conta corrente parecido com US$ 80 bilhões. CP – E como esse déficit afeta no dólar? DN – Contas correntes significam tudo aquilo que você importa e exporta. Você está usando US$ 80 bilhões de poupança externa para financiar o dispêndio interno. Nos últimos cinco anos, são mais de US$ 200 bilhões em contas Credit Performance 7 Entrevista muito rápida do câmbio brasileiro, ou seja, a causa era aquela mesma. Isso, na minha opinião, está superado e não é um problema grave. “Eu não tenho a menor dúvida que o Brasil melhorou dramaticamente, ainda que a taxa de crescimento tenha sido reduzida”. correntes. Essa elevação do dólar é simplesmente a resposta do mercado para esse desequilíbrio. Como corrigir isso? Elevando a taxa do dólar ao câmbio real. O que acontece é que estamos no regime de tripé, buscando um equilíbrio fiscal, monetário e da flutuação do câmbio. Com esse sistema ficou claro que não existe controle sobre o tamanho da economia interna. Isso porque a taxa de juros interna menos a externa determina o movimento de capital e isso valoriza o câmbio nominal. Com os salários nominais crescendo muito e o câmbio nominal descendo muito, o que aconteceu com o câmbio real? O câmbio real é o quociente do câmbio nominal e o salário nominal. Se um está subindo e outro está descendo, o quociente está caindo dramaticamente. A valorização do câmbio produziu esse problema sério no balanço de contas correntes e ainda há um problema mais grave, que foi a destruição do sistema industrial brasileiro, submetendo a uma 8 Credit Performance competição totalmente desleal. O mercado corrigiu e o movimento do câmbio, ao contrário de demonstrar um desiquilíbrio, na verdade foi em direção ao desequilíbrio que estava perdido. Ele mostra outras coisas também, como, por exemplo, que em um país desenvolvido como o nosso, tem que prestar atenção na sua política monetária porque ela precisa manter o país em pleno emprego. Se essa política é perturbada pela política monetária externa, você tem que induzir alguma restrição no movimento de capitais. Foi o que aconteceu no passado. Na época, as pessoas criticaram o governo e o ministro, que diziam existir uma guerra cambial. É curioso como o efeito mostrou que o Guido (Ministro Guido Mantega) estava certo. Naquela época se dizia: “imagina se a política monetária americana está valorizando o câmbio brasileiro”. Quando se tentou montar a política deles foi uma desformalização CP - Em 2010, por conta da crise mundial, o governo brasileiro apostou no consumo e na ascensão da classe média, para estimular o consumo e garantir o crescimento embasado no crédito. Como o senhor analisa essa estratégia? Quais outras ferramentas podem ser aplicadas para estimular o crescimento? DN - Claro que a estratégia de manter o nível de atividade é correta. O governo não pretendia simplesmente aumentar o consumo. Ele não conseguiu com sua política cooptar o setor privado para os investimentos. Isso basicamente mostra que o governo está em uma situação muito delicada. Se não houver sucesso nos leilões das concessões, não vai aumentar o investimento e, portanto, vai crescer muito pouco. Se você olhar o crescimento do segundo trimestre de 2013 contra o de 2012, você vai ver que esse espanto que as pessoas tiveram com o crescimento de 1,5% simplesmente mostra que há uma desconexão entre a realidade e a concepção da realidade. Você vai ver que não existe nada de misterioso nisso. Isso foi produzido por dois efeitos interessantes. Um deles foi uma safra agrícola importante. Do lado da oferta, uma pequena recuperaçao da indústria e, do lado da demanda, o consumo cresceu praticamente o mesmo. O que aumentou foi o investimento e isso diminuiu o buraco na conta corrente, mostrando que os investimentos foram maiores neste ano do que no passado na mesma época. Concluindo, as empresas estavam mais otimistas que agora. Mesmo assim, parece que o esporte nacional é o pessimismo. Quem for mais pessimista leva o prêmio. Isso é o que os empresários estão pensando, mas a realidade é diferente. CP - Neste segundo semestre, a inadimplência tem apresentado uma estabilidade, mesmo com o aumento da taxa de juros. Os consumidores estão gastando menos ou estão pagando mais em dia? DN - Estamos aprendendo. Houve uma expansão muito grande do crédito que foi muito saudável. Talvez tenha sido mais importante do que o aumento de renda: a bancarização do brasileiro, levando-o a tomar crédito. Antes, era ridículo: tínhamos uma relaçao crédito-dívida-PIB de 25% e, hoje, está em 49%. Ainda é muito pequena e existe margem para crescer. Acontece que, como foi muito violenta, houve um esgorjamento, ou seja, as pessoas ficaram entupidas. Mas vejo que já estão aprendendo e, por conta disso, o nível de inadimplência estabilizou. Mesmo assim, claro que isso depende da natureza do crédito. CP - Tivemos um estímulo grande do crédito para o consumo, que agora está mais voltado para a compra da casa própria. Esse é o caminho certo? DN - Acho que a expansão do crédito imobiliário é feita de maneira adequada. É um empréstimo cuja probabilidade de ter um desarranjo no pagamento é muito pequena. Seria preciso uma tragédia na economia para que isso acontecesse. Não existe nenhuma razão para imaginar uma coisa dessas. CP - Quando o senhor foi Ministro da Economia e de Planejamento, entre as décadas 70 e 80, foi um dos responsáveis pelo Milagre Econômico, período de crescimento excepcional do País. É claro que a época e o contexto eram outros, porém quais estratégias e iniciativas daquela época poderiam ser aplicadas hoje? Aquele crescimento seria possível nos dias atuais? DN - Nunca houve milagre. Milagre é efeito sem causa. Neste caso é muito simples. Qual é a carga tributária bruta no tempo em que o Brasil crescia 10% ao ano? Na verdade, o Brasil cresceu 7,5% ao ano por 30 anos seguidos. Qual era o segredo? A carga tributária bruta nos anos de 1970 era 24% e hoje é de 36%. Ou seja, você produzia 100 e o governo ficava com 24. Hoje você produz 100 e o governo fica com 36. E quanto era devolvido em termos de infraestrutura? 5%! Foi por isso que se construiu Itaipu, os portos e as estradas. Hoje se devolve menos de 2%. Visto dessa forma, justifica-se porque o crescimento murchou. Mas tem uma contrapartida que foi a criação da classe média, que é quem vai acabar produzindo o crescimento que nós precisamos nas estradas. As desigualdades na distribuição de renda foram reduzidas. Portanto, a redução do crescimento não é um defeito em si. Acho que poderíamos ter feito um pouco melhor, mas, provavelmente, nunca voltaremos àquele crescimento de 10% porque hoje as preocupações são outras. A Constituição Brasileira é a grande mudança. Ela deu solidez às instituições. O Brasil hoje é um país que quer uma república, ou seja, que todos estejam sujeitos à mesma lei. E mais, quer uma democracia em que de quatro em quatro anos haja uma eleição livre. Todos sabem como é para votar e depois de oito horas sabem quem ganhou a eleição, não existe roubalheira. O Brasil é um país que quer que a igualdade de oportunidade cresça. Essa é a grande diferença. Isso está na Constituição e significa igualdade de oportunidade. Quer dizer que não interessa se você foi fabricada na suíte presidencial de um hotel de luxo ou se foi fabricada em um sábado à noite com o pai meio bêbado no Museu do Ipiranga. Uma vez produzida, você tem direitos. CP - Que direitos são esses? DN - Direitos de construir seu aparato de apreensão do mundo igual ao dele, ou seja, a justiça se faz no ponto de partida, e não no ponto de chegada. Todos têm que sair no mesmo lugar, precisam ter duas pernas para poder correr. Porque o capitalismo é um processo de corrida terrível. Onde você vai chegar? Depende do seu DNA, da sorte e de uma porção de coisas. Mas, se o ponto de partida for o mesmo, tem uma relativa justiça. A injustiça está em você fixar o ponto de chegada e não tomar conhecimento do ponto de partida. Isso está dentro da Constituição. Os valores da Constituição são diferentes e ela não está pedindo uma sociedade em que apenas o crescimento econômico seja o fator principal. Ela pede por uma sociedade mais justa, que é justamente a maior igualdade de oportunidade, entre outras coisas. Naquele tempo (quando foi ministro) ninguém pensava, por exemplo, no meio ambiente. Essas coisas foram adquiridas e aos poucos vamos aprendendo. Eu não tenho a menor dúvida de que o Brasil melhorou dramaticamente, ainda que a taxa de crescimento tenha sido reduzida. CP – Por isso o senhor defende que os empresários estão sendo mais pessimistas que deveriam? DN - Há uma desconfiança mútua, que é totalmente injustificada. Tenho uma enorme admiração pela presidenta Dilma. É competente e, acima de tudo, tem uma seriedade inacreditável. Ela não tem a menor complacência com o mal feito. Tudo que ela fez estava certo. Tentar reduzir a tarifa de energia elétrica, melhorar os portos. Só que a forma de fazer é bruta, tudo é no jogo de braço. Porém, isso vai ter resultado. Daqui a dois anos esse ruído desaparece e os efeitos do ganho de produtividade vão aparecer. Esta é a direção correta. Só que as visões de cada lado estão distorcidas. O governo acha que o setor privado é egoísta, só pensa nele, tem interesses subalternos e quer um capitalismo com lucro zero e comandado por ele. E o setor privado? Acha que o governo é um socialista querendo mudar o regime. Então, é uma dificuldade enorme em chegar a um acordo entre eles. CP - O que esperar para o cenário econômico do Brasil para 2013-2014? DN - É preciso cooptar o setor privado e dar uma injeção de ânimo. Qual é o ingrediente para essa injeção? Na minha opinião, é um grande sucesso dos leilões de infraestrutura. Se isso acontecer, não tenho dúvida que teremos um segundo semestre um pouco melhor do que o esperado. Se não tiver sucesso, ou seja, se não conseguir cooptar o setor privado, teremos um crescimento medíocre e o Brasil vai terminar o ano com crescimento de 2,3% ou 2,4%. O mercado está esperando um crescimento negativo no segundo semestre, com relação ao segundo semestre de 2012. Acho isso um exagero. Se houver um relativo sucesso nos leilões, não está fora de propósito crescer 1% no quarto e terceiro trimestres. Assim teremos um crescimento um pouco maior, em torno de 3%, o que não seria um crescimento ruim com a situação em que o mundo está hoje. Vejo que assim teríamos um 2014 mais otimista. • Credit Performance 9 venda de carteiras, detalhando modelos e precificação também foram muito interessantes. As informações colhidas geraram discussões sobre novas sistemáticas e práticas”, aponta Orso. A visita à empresa global de compra de ativos recebíveis, fundada em 2007, aconteceu no dia 15. O CEO da Galaxy Asset Management, Tye Hanna, e o vice-presidente Juan Blanco dividiram suas experiências e participaram do intercâmbio de informações produzido durante a reunião. “Foi muito educativo para ambos os lados. A CMS realizou um ótimo trabalho nesse tour em Atlanta”, comenta Blanco. Aconteceu no mercado De acordo com Tatiana Pomar, gerente comercial da Localcred, a compra e venda de carteiras foi destaque, uma vez que o mercado nos Estados Unidos já é bastante consolidado. “Além disso, aprendemos a importância dada ao banco de dados e como a informação é trabalhada para ser revertida em resultados. Isso evidenciou que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, pois não temos acesso à quantidade e qualidade de informações que o mercado americano tem”, reflete Tatiana. No terceiro dia do encontro, a agenda foi reservada para o tour nas empresas Equifax e Credigy, esta última presente também no Brasil desde 2001. Focada na compra e intercâmbio de boas práticas Executivos de todo o mundo compartilharam experiências de sucesso da indústria de C&C durante evento inédito que viabilizou imersões a grandes empresas do setor com sede em Atlanta. M etrópole mundial e centro de negócios, Atlanta é a capital do estado norte-americano da Geórgia e, atualmente, é a região de maior crescimento econômico e populacional dos Estados Unidos. Encontrando como cenário esse espaço para conhecimento e troca de experiências na indústria de Crédito e Cobrança, líderes do setor participaram do CMS Field Trip – C&C Best Practice Meeting, em Atlanta, entre os dias 14 e 16 de agosto. Em sua primeira edição, os 20 participantes do Tour Corporativo visitaram quatro grandes empresas da indústria – Convergent, GalaxyAsset Management, Equifax e Credigy– em uma oportunidade única para observar de perto o mercado e realizar um benchmarking das melhores tecnologias e ferramentas de gestão. 10 Credit Performance venda de carteiras de créditos vencidos, a Credigy ocupa a primeira posição no segmento em que atua - tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil. Já a Equifax é uma das multinacionais que atua em soluções de informação para empresas e consumidores. Listada na Bolsa de Nova York, a empresa atua em outros 15 países, estando presente no Brasil há 23 anos e disponibilizando informações de apoio à decisões comerciais e de crédito. Após os três dias de atividade, os brasileiros retornaram ao país com novas ideias a pôr em prática no mercado local. “Entre as discussões que tivemos, destaco a maturidade do mercado americano, a eficácia do processo de cobrança local – apoiado por uma legislação clara em que se permite estimar todos os custos, prazos e probabilidades de atingir os objetivos de cobrança almejados –, a riqueza de informações disponíveis no mercado para que se possa avaliar o perfil de cada devedor e as estratégias mais eficazes de abordagem para cada perfil. Foi uma oportunidade importante de evidenciar as práticas de um mercado mais maduro, que, via de regra, serve como indicador do futuro para o qual irá se dirigir o nosso mercado brasileiro”, conclui o diretor geral de Vendas e Canais de Altitude Software. • explorando atlanta Além dos encontros corporativos, a programação do CMS Field Trip incluiu a visita a algumas empresas que evidenciam por que a capital da Georgia é a oitava maior economia dos Estados Unidos e a 17a do mundo. A cidade ocupa o terceiro lugar em concentração de empresas listadas no ranking das 500 maiores corporações dos Estados Unidos publicação anual feita pela revista Fortune -, sendo a sede mundial de empresas como Coca-Cola, UPS e Delta Airlines. A mídia também é um fator importante da economia local, com CNN, TBS e NBC Universal operando seus estúdios em Atlanta. O final do segundo dia foi aproveitado para conhecer The World of Coca-Cola, onde foi possível observar o processo de engarrafamento em plena operação e degustar os mais de 60 sabores vendidos para todo o mundo. Muitos participantes ainda aproveitaram a estada para visitar a sede mundial do canal de televisão CNN e experimentar o verdadeiro sentido da expressão “behind the scenes”. Outro programa típico realizado na capital foi o Georgia Aquarium, o maior do mundo com mais de 30 milhões de litros de água doce e salgada. Além dos enormes tanques com espécies vindas de diversos países, os turistas têm a chance de mergulhar com tubarões e interagir com golfinhos. Por Camila Balthazar Com participantes de todo o mundo, o encontro teve forte adesão dos executivos brasileiros, contando com 13 líderes representando sete empresas. Na opinião do diretor geral de Vendas e Canais da Altitude Software, Frederico Dias, foi possível conhecer a realidade do mercado estadunidense e compartilhar experiências com os participantes. “O evento foi muito rico no que diz respeito ao intercâmbio de práticas realizadas no mercado de crédito e cobrança. Um ponto forte foi a possibilidade de fortalecer o networking entre executivos e empresas visitadas”, afirma. Convergent, Casey Kostecka, recepcionou os executivos e apresentou as estratégias da companhia, enfatizando o software CEScore, focado na gestão de pessoas. “Nossas melhores práticas começam com as pessoas. Contratar os colaboradores certos e conseguir retê-los, mantendo o foco em performance, é o que diferencia as empresas medianas das excelentes. Seria ótimo se o sistema se espalhasse pelo mundo, ajudando os colaboradores a perceberem seu potencial, trazendo mais resultados para as empresas e deixando os consumidores felizes”, analisa Kostecka. Com 60 anos de experiência, a Convergent – uma das maiores empresas de Business Process Outsourcing (BPO) da América – foi cenário da primeira imersão. O presidente de Contact Center Solutions da Para o superintendente de Recuperações do Santander, Fabio Orso, a experiência relacionada à equipe de cobranças foi um dos pontos mais altos do tour. “Além disso, as exposições da Galaxy sobre compra e Grupo de executivos de diversos países da América Latina visitaram importantes empresas dos EUA para conhecer de perto o “american way of business”. Credit Performance 11 TECNOLOGIA E INTERATIVIDADE Análise precisa de documentos e objetos devolvidos. Confronto de informações, evita a reimpressão e postagem de documentos devolvidos no passado. ASSERTIVIDADE! TRATAMENTO DAS DEVOLUÇÕES LOGÍSTICA REVERSA Logística especializada no segmento. Relatórios online. Interface com os Correios. Garantia de postagem. 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A falta de tempo pelo excesso de atividades da vida moderna, o trânsito das grandes cidades e a busca por comodidade são fatores que levam os consumidores a optar por operações não presenciais. Mas, os ganhos advindos desse mercado ativo não devem ser comprometidos por danos financeiros ocasionados pela fraude. Para a conta fechar, as empresas precisam investir em soluções de melhoria da capacidade de gestão e mitigação de riscos nas transações remotas em geral. • WWW.METASLT.COM.BR Credit Performance A maior novidade para o mercado brasileiro é o módulo que avalia a reputação do equipamento usado para acessar a web, seja em uma loja de e-commerce, site de Internet, proposta online para um cartão de crédito ou Internet banking. A função possibilita considerar o risco associado ao histórico de uso do device em casos de fraudes, informações inconsistentes relacionadas ao aparelho e seu uso e a associação do dispositivo com O cruzamento de dados durante a análise também afasta o risco de as empresas rejeitarem uma operação idônea por ela ter sido considerada potencialmente fraudulenta em verificações tradicionais. Equívocos deste tipo fazem as companhias perderem dinheiro e credibilidade junto aos clientes. O grau de automação do Safety reduz custos com mesa de análise e garante processos mais rápidos e seguros. MAXIMIZAM RESULTADOS E MINIMIZAM CUSTOS SOLUTIONS 12 detecção e prevenção à fraudes em situações como essas, quando a transação acontece sem a presença física do consumidor. Trata-se do Safety, tecnologia que apresenta três componentes totalmente flexíveis: um modelo de score não presencial voltado à avaliação do risco de fraude do cliente que efetua a compra, a alteração de cadastro ou a operação com cartão de crédito por Internet ou telefone; outro componente para avaliação da reputação de risco do dispositivo (computador, tablet, smartphone e TV) que está acessando o site; e a plataforma para a automação da decisão, criada a partir de dados disponíveis sobre a transação avaliada e o histórico de operações feitas pelo consumidor. SOLUÇÕES QUE AGREGAM VALORES, A Serasa Experian, líder na América Latina em serviços de informações para apoio na tomada de decisões das empresas, criou uma solução inédita no mercado voltada à Fabio Wendling É superintendente de produtos da Serasa Experian A associação entre a reputação do device, os scores criados a partir da base de dados da Serasa Experian e a plataforma que permite estabelecer regras de decisão trazem grande eficiência ao Safety. Como principal bureau de crédito do país, a Serasa Experian agrega valor ao processo por dispor de informações do mundo físico e virtual, garantindo mais assertividade na detecção de fraudes também em transações não presenciais. UMA EMPRESA. TODAS AS SOLUÇÕES. Nas operações que envolvem Cartão Não Presente (CNP), porém, cartões com ou sem chip podem ser igualmente fraudados. A ação dos criminosos é facilitada porque, em geral, os únicos dados solicitados na efetivação da venda são o número, a data de validade e o código de segurança. Caso não haja nenhuma irregularidade – notificação de cancelamento, roubo ou perda –, a administradora gera a autorização e o lojista procede aos trâmites de envio do produto. O não reconhecimento da compra por parte do dono do cartão ocorre só mais tarde, geralmente quando ele consulta a fatura. Ao ser acionada pelo cliente, a administradora, por sua vez, dará o chargeback à loja virtual, cancelando o crédito daquele vendedor. Resultado: o lojista arca com 100% dos prejuízos, incluindo – na maioria das vezes – até o valor do frete. Mais benefícios e segurança Por que vários fornecedores? No caso do e-commerce, o risco deriva da impossibilidade de uma verificação física do cartão de quem paga a conta, tal como acontece no comércio tradicional, em que ocorre a digitação da senha, a comprovação de assinatura e/ou a identificação mediante a conferência de documento com foto. Os cartões com chip, por exemplo, também foram criados como um contra-ataque eficiente aos fraudadores, embora nem todos os emissores já trabalhem com a tecnologia. redes de fraudes. O grande diferencial do módulo está na base de mais de 1,4 bilhões de dispositivos identificados por meio de uma chave atribuída a cada um. Onde estiver no mundo, o dispositivo será reconhecido e sua reputação poderá ser avaliada. Outro benefício da solução é a consolidação de todas as informações acerca do dispositivo em uma pontuação de risco que torna o uso da reputação do device muito simples na tomada de decisão. AMBIENTE WEB N os últimos anos, observamos o aumento de operações não presenciais, aquelas em que o cliente não está fisicamente no local da transação. Incluem-se nesta categoria vendas por Internet e telefone, solicitações online de cartões de crédito, autenticações de dados via call center, alterações online de cadastro e negociações financeiras realizadas de forma remota. Mas o gosto pela praticidade de transações como estas não chamou a atenção apenas dos consumidores. Os criminosos também vislumbraram um novo nicho para a prática de crimes e vêm se especializando em fraudes eletrônicas. Sistema fácil e inteligente para acompanhamento de META SOLUTIONS META SOLUTION S todo o processo. Transparência e gerenciamento META SOLUTIONS META META SOLUTIONS pela internet. Tecnologia na gestão. tecnologia a serviço do combate às fraudes nas transações não presenciais ACOMPANHAMENTO ON LINE Ideias e Tendências Segmento e Globalização E les são vistos nas lojas comprando móveis novos, nas agências de turismo programando viagens dentro do Brasil e para o exterior, no comércio de equipamentos eletrônicos adquirindo notebooks, tablets e celulares de última geração. Foi esse grupo que ajudou o Brasil a manter seu equilíbrio econômico e chegar a um crescimento de 0,9% no ano passado, quando algumas das maiores economias do mundo amargaram recessão. O ingresso de 32 milhões de pessoas na classe média em dez anos (2001-2011) trouxe principalmente uma injeção de consumo para o Brasil. “Houve uma expansão grande de consumidores, milhões de brasileiros que não tinham acesso a certos produtos passaram a ter, desde passagens de aviões a geladeiras”, afirma o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles. Um levantamento do Data Popular mostra que, no ano passado, a classe média planejava 4,2 milhões Renato Meirelles Presidente do Instituto Data Popular, renda per capita familiar entre R$ 291 e R$ 1.019. Segundo projeção divulgada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), o Brasil tem 102 milhões de pessoas na classe média. A gerente de Projetos da SAE, Alessandra Ninis, afirma que o principal reflexo do crescimento da classe média nos últimos anos é o fortalecimento da economia. “São milhares de consumidores gerando e circulando renda”, afirma ela. de viagens internacionais e 14,2 milhões nacionais, além da compra de 6,8 milhões de tablets; 11,3 milhões de notebooks; 4,8 milhões de sofás; 4,9 milhões de fogões; 7,3 milhões de televisores e 4,3 milhões de máquinas de lavar. São várias as definições de classe média mundo afora, mas o governo brasileiro classifica nessa faixa as pessoas que têm Alessandra Ninis Gerente de Projetos da SAE Acesso ao crédito eles vieram para consumir e exigir mais Especialistas defendem que um dos grandes reflexos do crescimento da classe média no Brasil é a expansão do consumo. Pagando imposto, esse novo grupo também quer melhores serviços públicos. Por Isabela Barros e Isaura Daniel 14 Credit Performance Os especialistas concordam. “Além do aumento da demanda por alimentação, a presença quase que integral da classe média nas cidades amplia o dinamismo da economia e do consumo”, diz o professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, Pedro Raffy Vartanian, destacando a importância desse grupo também na demanda por crédito no país. A classe média foi responsável pela circulação de R$ 1 trilhão na economia brasileira em 2011. Como esse grupo galgou posições para chegar ao novo patamar social? O aumento do salário e o crescimento do mercado formal de trabalho foram os principais pilares. A criação de empregos somou 16 milhões de vagas e a renda média dos trabalhadores cresceu 24% entre 2001 e 2011 no Brasil. Sociólogo e autor do livro “A Classe Média Brasileira: ambições, valores e projetos de sociedade”, Bolívar Lamounier cita ainda outros fatores de fundo, como a prosperidade mundial durante duas décadas antes da crise 2008-2009, a derrubada da inflação pelo Plano Real e os mecanismos de transferência de renda (segundo ele instituídos por Fernando Henrique Cardoso e rebatizados por Luiz Inácio Lula da Silva). A entrada de mais gente no trabalho formal, no entanto, trouxe a exigência de melhores serviços públicos. “As pessoas passaram a pagar imposto retido na fonte, a ter um entendimento maior do que pagam de taxas e isso faz com que haja uma cobrança maior por serviços públicos de qualidade”, afirma Meirelles. De acordo com Lamounier, a pressão sobre o governo em função da má prestação de serviços foi um dos componentes das manifestações populares ocorridas em junho desse ano por todo o Brasil. Apesar da desaceleração do crescimento da economia brasileira, poucos acreditam PEDRO RAFFY VARTANIAN Professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo que acabou por aqui a festa da classe média. “O Brasil segue em pleno emprego”, diz Meirelles, lembrando que virão por aí também eventos que ajudarão a manter o processo de crescimento, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas, em 2016. O professor Vartanian fala em um crescimento moderado da classe C nos próximos anos e Lamounier acredita que o avanço dependerá de bons serviços públicos, sobretudo de educação. Mas o escritor faz críticas ao crescimento, à política educacional e ao aumento da inflação atuais, prevendo estancamento da nova classe média, caso não haja melhora. Alessandra Ninis afirma que o maior salto da classe média já ocorreu, mas que há ainda espaço para crescimento até meados desta década. A manutenção desse processo, segundo ela, está atrelada à continuidade de políticas públicas que deram resultado, como o aumento do salário mínimo e da qualificação dos brasileiros, a formalização do trabalho, entre outras. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou uma taxa de desemprego de 5,6% em julho desde ano. O percentual está próximo da média do ano passado, que foi 5,5%, um valor bem menor que o de dez anos atrás, quando a taxa estava acima de dois dígitos. Credit Performance 15 Segmento e Globalização Mais tecnologia, educação e lazer Projeção do Instituto Data Popular aponta que a classe média representará 57% da população brasileira em 2022, contra 52% no ano passado. Com isso, a pressão por melhores serviços deve seguir aumentando, assim como o consumo. As compras de bens duráveis não poderão crescer tanto como no passado, já que uma residência não precisa mais do que um ou dois fogões, por exemplo. Mas, segundo Meirelles, haverá mais demanda por tecnologia, educação e turismo. A lógica é que, por ter um trabalho com carteira assinada, o brasileiro seja obrigado a tirar férias e tenha um terço de adicional no salário, estímulo para investir em viagens e lazer. Com mais acesso à tecnologia e internet, essas pessoas também terão mais oportunidade de se manifestar e, portanto, exigirão mais transparência do poder público. “Se a escola está sem iluminação, (a pessoa) vai cobrar na internet”, diz Meirelles. As fronteiras ficaram menores Foi amor à primeira vista. Aos 15 anos, a professora licenciada Tânia Leão, de Arapiraca, Alagoas, se apaixonou pela Itália ao assistir o filme “Candelabro Italiano”, do diretor Delmer Daves. De lá para cá, nunca mais deixou de sonhar com o país da bota. Esse ano, com as três filhas adultas, criadas e tocando suas próprias vidas, matou o desejo, numa viagem na companhia de uma amiga. Para ela, a conquista é uma prova do aumento do poder de consumo na classe média no Brasil. “Sonhei, sonhei e consegui conhecer a Itália”, diz. “Tirei fotos em todos os locais onde o filme foi gravado e me sinto realizada”. Para ela, a vida “mudou muito” e “para melhor” nas últimas décadas. “Atualmente, a classe média se depara com a facilidade no parcelamento dos cartões de crédito, pode programar melhor as necessidades e sonhos de consumo”, explica. Por tudo isso, e pelo crescimento da economia do Brasil, 16 Credit Performance Consumindo mais, mas ainda na classe trabalhadora Autor da obra “Nova Classe Média?” diz que aumento da renda foi observado também nos Estados Unidos e na Europa, mas sem essa classificação Para o Presidente da Fundação Perseu Abramo e professor da Universidade Estadual de Campinas, Marcio Pochmann, não faz sentido a ideia de surgimento de uma nova classe no país. Muito menos de uma nova classe média. Autor do livro “Nova Classe Média?”, publicado pela Boitempo Editorial em 2012, ele argumenta que a saída da condição de pobreza e o aumento do poder de consumo não retiram a maior parte dessa população emergente da chamada classe trabalhadora. “A adequação da renda, com um maior consumo, é uma experiência ocorrida em várias partes do mundo, como nos Estados Unidos e na Europa”, explica. “E em nenhuma literatura isso é identificado como nova classe média”, diz. “Mesmo que nesses locais o operário tenha carro e casa própria, por exemplo”. Tânia Leão Professora Licenciada Tânia acredita que as suas filhas cresceram com um padrão de vida superior ao que ela teve na infância e na juventude. “O mundo evoluiu”, diz. “Vivemos na era da globalização, com mais oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Sem dúvida, o padrão de vida das minhas filhas é melhor do que o meu quando casei”. Sempre prosperando, Tânia já tem outros planos na mira para as suas economias. “Quero viajar, viajar e viajar”, conta. “E assistir a um show do Roberto Carlos num cruzeiro em alto mar”. Paulo Marcelo Lessa Moreira Presidente da Fundação Perseu Abramo e professor da Universidade Estadual de Campinas Segundo Pochmann, houve uma mudança clara de aumento de consumo no Brasil, principalmente a partir de 2002, com a adoção de medidas de ampliação da renda entre as camadas menos favorecidas. Nessa linha, o futuro de uma possível nova classe média dependeria também de uma reformulação do estado. “Mas essa é uma pauta que vem sendo reivindicada desde os anos 1970 e 1980”, diz. Em “Nova Classe Média?”, Pochmann explica ainda que, mesmo com os avanços recentes, a discussão em torno de uma possível nova classe social vai além da inserção de brasileiros no mercado de consumo. Indicadores consignado, acaba comprometendo a renda do aposentado, o que o leva a financiar algum produto, algumas vezes até supérfluo”, explica. Como hoje boa parte da sociedade vive sem comprovação de renda, com trabalho informal, o familiar com aposentadoria algumas vezes é o único com essa comprovação para tomada de crédito, fazendo com que o CPF do aposentado fique entre os negativados. Porém, a questão mais preocupante para Borges é a falta de educação financeira. “Essa pessoa que não se planejou na idade economicamente ativa terá consequentemente um problema quando se aposentar, o qual será agravado pela oferta de crédito e falta de consciência”, destaca. a inadimplência na terceira idade Pesquisa mostra que a faixa etária acima de 65 anos ocupa o segundo lugar dos cadastros negativos. Na opinião de especialistas, a falta de educação financeira ainda é o fator mais preocupante Por Cristiane Moraes 18 Credit Performance T erceira idade ou melhor idade. Não importa a denominação que se escolha, mas a realidade é que, com o avançar dos anos, existe um aumento nos gastos com saúde e a consequente perda do poder aquisitivo devido à passagem de trabalhador ativo para a condição de aposentado. A falta de planejamento financeiro para nessa nova fase faz com que a conta não feche no final do mês. A solução é a tomada de crédito para despesas de rotina, emergências e, algumas vezes, até para presentear ou ajudar familiares. Esse ciclo vicioso acaba atrapalhando a vida financeira de quem alcançou a senioridade e tem se tornado mais preocupante nos últimos anos. Recente pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que a maior parte dos cadastros negativos concentra-se em CPF’s de consumidores entre 30 e 39 anos de idade (23,30%), o que pode ser justificável pela fase de vida: formação de uma família, gastos com filhos, compra de imóveis, etc. Mas o que chama atenção na pesquisa é que em segundo lugar estão as pessoas com mais de 65 anos (22,28%), de acordo com os dados do mês de julho de 2013. Na série histórica, esse comportamento tem se mantido, inclusive com maiores altas nos meses de março (27,70%) e abril (25,96%), mostrando uma evolução de crescimento da terceira idade nesse quesito. Na opinião de Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, a redução da renda e o aumento de despesas, principalmente com saúde, são algumas das causas desse cenário, porém, existem fatores mais preocupantes que contribuem com o crescimento desse gênero entre os inadimplentes. “Temos hoje de 7% a 8% da população acima de 65 anos e temos pouco conhecimento desse cenário de longevidade. Essa abundância de crédito, principalmente de “A inadimplência na terceira idade é maior que entre os universitários atualmente. Houve uma mudança no perfil do consumidor, que nessa idade não deveria ter maiores necessidades de consumo”, aponta Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. Ele também concorda que a falta de conhecimento para utilização de recursos é um dos fatores principais que levam à inadimplência, com a utilização de consignado. Por outro lado, a pesquisa do Indicador de Educação Financeira realizada pela entidade aponta que poucos jovens pagam INSS e previdência. Além disso, os veteranos (aposentados) gastam mais em crédito com seguros para proteger o que construíram durante a vida, diferentemente dos jovens que gastam com telefonia. Onde foi parar a renda? O consultor financeiro, Augusto Sabóia, que atende uma grande parcela de clientes na terceira idade, diz que o maior problema na aposentadoria no mundo é a falta de renda. “Existe uma queda natural pelo afastamento do trabalho, mas também existe uma redução da renda por conta da inflação no Brasil. Se a pessoa recebe uma aposentadoria de R$ 2 mil pelo INSS e perde 5% desse valor no ano, em 10 anos vai ter metade da renda. Ou seja, mesmo que ele gaste com as mesmas coisas, não vai conseguir comprar as mesmas coisas”, acentua. Na visão dele, essas pessoas não estão consumindo mais. A questão é que a medicina melhorou, mas a velhice ainda tem problemas. “O idoso vai precisar de remédio para tratamento, para pagar o táxi e isso tudo não está no planejamento. Como resolver? Com a tomada de crédito. Esse ciclo vicioso leva a um endividamento crônico”, explica. Essa questão fica mais evidente nas classes de baixa renda, porém, o consultor diz que mesmo a classe alta sofre com a queda no padrão de vida e muitos precisam vender imóveis e mudar-separa o interior para reduzir as despesas com moradia e saúde. “Hoje, temos algumas cidades preocupadas com essa população e que oferecem atendimento público de qualidade, mas a verdade é que o Brasil não tem experiência com Planejamento e conscientização Já Sabóia tem uma visão mais dura da situação e diz que os aposentados que buscam uma atividade ou renda extra não conseguem resolver a questão porque não aguentam uma atividade mais pesada e acabam fazendo trabalhos degradantes e que pagam pouco, como boy de algumas empresas por conta da fila nos bancos. “Todo esse estresse traz doenças e o ciclo para se endividar”, aponta. Pelo lado da concessão, os consignados, mesmo que não sejam contabilizados nos índices de inadimplência, acabam tendo alguma responsabilidade, já que existe uma redução da renda e o idoso passa a utilizar o crédito para necessidades básicas. Se precisar fazer supermercado com cartão de crédito há um tem problema claro no orçamento. A falta do planejamento leva à canibalização financeira de gerações de uma família para outra, levando ao empobrecimento da família e, consequentemente, do país”, ressalta Sabóia. Borges do SPC também destaca que o planejamento financeiro é a solução e que não existe idade para começar. “Se você gasta mais do que ganha existe um incêndio. Depois que conseguiu apagá-lo é preciso se planejar para guardar e garantir as questões básicas. Sabemos que é uma questão cultural, mas precisamos conscientizar os idosos para tomar o crédito com consciência”, acentua Borges. “Adoraria fazer uma campanha de educação financeira para os idosos. Mostrar para ele que o dinheiro acaba. Tem que saber usar a renda dentro da realidade. Não dá para assistir novela e sair comprando o que está na última moda”, acrescenta Sabóia. longevidade e não está preparado para cuidar dos nossos velhinhos. Precisamos de conforto térmico (para frio e calor excessivo), banheiros adequados e serviços gratuitos”, exemplifica. A advogada Karen Ebaid, do Duarte e Tonetti Advogadas Associados, diz que o ideal seria o jovem em idade laboral se planejar melhor e poupar para chegar com segurança na terceira idade. Se o idoso já se encontra nessa fase, deve buscar alternativas como o atendimento médico público, bem como a distribuição gratuita de remédios. O consultor financeiro Mauro Calil também concorda que esse é um ciclo vicioso, mas diz que o aposentado não deve esperar que o governo resolva sua situação. A sugestão de Calil é eventualmente voltar ao mercado de trabalho, em áreas em que sua experiência é valorizada. “Vivemos o apagão de mão de obra e as novas gerações se preocupam muito mais em curtir a vida do que serem bons profissionais. As atitudes dos ‘antigos’pode ser de grande valor para melhorar o clima organizacional”, comenta. Para ele, muitas habilidades foram perdidas pelas novas gerações. “Construir brinquedos, fazer pequenos reparos e mesmo cuidar de crianças pode ser um conhecimento comercializado na forma de serviços”, acrescenta o consultor. PERCENTUAL DA TERCEIRA IDADE NOS ÍNDICES DE INADIMPLÊNCIA Estudo histórico do SPC Brasil mostra que consumidores acima de 65anos ocupam o segundo lugar nos cadastros negativos Janeiro: 29% Fevereiro: 10,38% Março: 27,70% Abril: 25,96% Maio: 25,46% Junho: 24,22% Julho: 22,28% Fonte: SPC Brasil Credit Performance 19 Progresso e Desenvolvimento Softwares hospedados na web popularizaram a automatização do ciclo de crédito. Se anteriormente apenas grandes companhias possuíam acesso a essas ferramentas, agora pequenas e médias empresas também aderiram à onda high tech. N os últimos dez anos, a demanda por crédito aumentou seis vezes, mais que dobrando sua representatividade sobre o PIB. Tais dados são amplamente divulgados e, acima de tudo, refletem o boom que as empresas de crédito e cobrança vivem atualmente. O salto creditício foi acompanhado pelo maior investimento em tecnologias, que assegura ganho de escala e flexibilidade na gestão das operações. Esse amadurecimento tecnológico da indústria ajudou a integrar o capital intelectual com a governança de todo o processo de gerenciamento de risco. “O aprendizado constante com as diferentes políticas – retroalimentando o processo e a escalabilidade – garante resultados mais consistentes e, consequentemente, melhoram a relação custo-recompensa de uma empresa, seja ela de pequeno, médio ou grande porte”, expõe Vander Nagata, superintendente de Informações sobre Consumidores da Serasa Experian. De acordo com ele, se antes apenas grandes companhias tinham acesso a essas tecnologias, atualmente, a diversidade de plataformas e o conceito de serviços hospedados na internet possibilitaram que empresas de pequeno e médio porte também automatizassem seus processos e políticas. Por Camila Balthazar Vander Nagata Superintendente de Informações sobre Consumidores da Serasa Experian Tecnologia aplicada no dia a dia Menos riscos com mais tecnologia 20 Credit Performance O gerente de Políticas de Crédito, Cobrança e Fraude da Dacasa Financeira, Jean Lucio, cita algumas soluções de gerenciamento de crédito que ajudama minimizar riscos. Dentre as diversas tecnologias disponíveis no mercado, seis ações são adotadas pela empresa, que conta com mais de três milhões de clientes adquirindo empréstimo pessoal ou bens nos lojistas credenciados. “Destaco os sistemas especialistas de política de crédito, cobrança e fraude, que permitem redução de gastos com birôs de crédito e cadastro; personalização de regras para concessão de crédito de acordo com o risco do público e do produto; maior agilidade na implantação e/ou alteração de regras; mais participação de decisões automáticas; redução do tempo de análise das propostas e implantação de procedimentos exclusivos para prevenção a frau- des”, explica Lucio. Fundado em 1995, o Conglomerado Financeiro Barigüi é mais um adepto da automatização do crédito com o objetivo de apoiar a tomada de decisão e definir os fluxos para checagem dos documentos e dados cadastrais. Segundo Celso Vanelli, gerente geral da empresa, a plataforma de concessão, alicerçada em CELSO VANELLI Gerente geral do Conglomerado Financeiro Barigüi análise comportamental do cliente via score interno e do mercado e aliada à automatização dos processos, garante a evolução do negócio com menor risco e redução de custos. “Com a evolução do crédito, passamos a buscar oportunidades para melhorar ainda mais a recuperação dos ativos. Foi quando decidimos construir uma nova empresa no grupo, a Central Brasileira de Cobranças (Cebraco), especializada na recuperação de crédito”, conta Vanelli. Os resultados da operação iniciada em 2011 não demoraram a aparecer. Em apenas seis meses, a projeção de inadimplência no Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que girava em torno de 20%, caiu para 8,5%. Os custos operacionais seguiram a mesma tendência de queda, tornando as operações mais rentáveis. Na prática, o que aconteceu foi uma unificação da equipe com o sistema tecnológico, possibilitando a geração de Credit Performance 21 Progresso e Desenvolvimento Experiência americana relatórios gerenciais e também a elaboração de modelagem estatística de cada carteira. “Isso permitiu uma visão mais ampla e consistente, facilitando a gestão.”, diz o gerente geral, evidenciando estar alinhado com as estratégias utilizadas também pela Dacasa Financeira. Frente às possibilidades tecnológicas disponíveis, o superintendente da Serasa Experian destaca que a inteligência é o maior e mais inovador valor que pode ser aportado ao processo de gerenciamento de risco. Ou seja, os profissionais mais qualificados somados às informações mais atualizadas não resolvem a equação caso não haja investimento em processos, políticas e tomadas de decisão. “Quanto mais flexível for a plataforma, mais valor da relação risco-recompensa será extraído. Refiro-me à plataformas que permitem fácil e ágil integração com diversas fontes de dados, sistemas intervenientes e que, além disso, ainda proporcionem flexibilidade para a construção de workflows em que as políticas são parametrizadas”, explica Nagata. • O mercado creditício estadunidense possui particularidades distintas do Brasil. Para Simone Oliveira, CEO da America Export – consultoria sediada no Sul da Flórida que auxilia empresários brasileiros que querem expandir divisas –, o Brasil tem muito a aprender com a realidade local no que se refere à prevenção e controle de concessão de crédito e inadimplência. “Começo essa análise com fatores contribuintes para que todo o sistema funcione de forma justa: o cumprimento das leis, algo que não acontece no Brasil”, afirma Simone. A executiva ilustra essa questão com a política de pagamento do cartão de crédito em vigor nos Estados Unidos. “Os órgãos controladores aceitam o fato de que os consumi- “Outro ponto que estimula a inadimplência no Brasil é a prática de compra parcelada. A entrega do produto é feita antes do recebimento, estimulando a inadimplência”, afirma. Simone Oliveira CEO da America Export dores paguem apenas o mínimo exigido pelo cartão de crédito. No entanto, se a quitação for feita após a data de vencimento da fatura, a nota do seu crédito será diminuída”, explica a CEO, que acredita que a falta de uma forma de classificação pessoal considerada no momento da concessão leva o consumidor brasileiro a descumprir datas e dívidas. Com o início do funcionamento do Cadastro Positivo no dia 1º de agosto deste ano, a expectativa é de que logo a avaliação de crédito individual vire uma realidade no Brasil. A Serasa Experian divulga informações do Banco Mundial que apontam uma redução de 43% dos índices de inadimplência nos países que adotaram essa ferramenta de avaliação de bons pagadores. Já a concessão do crédito aumentou aproximadamente 90%. Nos Estados Unidos, a prática dobrou o acesso dos consumidores aos financiamentos de 40% a 80%. Otimize a recuperação de crédito em suas campanhas. - Aumento de mais de 40% na produtividade das campanhas de recuperação de crédito C M Y - Visão 360º do cliente através de múltiplos canais de contato CM MY - Localização dos clientes de maneira mais assertiva CY CMY - Redução de custos associados aos acordos K O mundo em bytes: informação reunida para a tomada de decisão Quando se fala de inteligência tecnológica voltada à tomada de decisões nos mercados, certamente você já ouviu falar em Big Data. A expressão significa o conjunto das ferramentas tecnológicas que analisam grandes volumes de informações digitais em diferentes formatos com maior velocidade. Cada segundo de conexão na internet gera inúmeros bytes estruturados e não-estruturados (vídeos, imagens, posts nas redes sociais, geolocalização etc.) que podem ser interpretados por meio de algoritmos e softwares. Para explicar esse cenário, o consultor de Tecnologia da Informação e sócio-fundador da rede social Sharefood, Marcos Trinca, dá um exemplo simples: “Se antes eram necessárias pesquisas qualitativas e quantitativas para acessar uma informação acerca do consumidor, agora é possível saber sobre essa percepção e ainda 22 Credit Performance entender sua relevância dentro do contexto”, expõe o executivo, ressaltando para a importância de ter profissionais qualificados para analisar e relacionar esses dados. Outro desafio refere-se à tomada de decisões, uma vez que as organizações precisarão identificar as informações relevantes e saber como aplicá-las às suas necessidades. Na realidade, o Big Data é um dos componentes de uma grande estratégia e um caminho sem volta no setor corporativo (estima-se que esse mercado crescerá 40% em apenas dois anos), inclusive na indústria do crédito, na qual a compilação e tratamento de milhões de dados cadastrais, por exemplo, podem fazer toda diferença na análise de concessão ou mesmo na efetividade da cobrança. altitude voice portal CAPA BRASIL: O PAÍS DO CRÉDITO GIGANTE? Por Isaura Daniel O crédito se agigantou no Brasil nos últimos dez anos, mas é pequeno se comparado ao de países desenvolvidos. Apesar de mais moderado, há espaço para crescimento, principalmente na área imobiliária. P ara a compra do terreno, da casa, do carro, para o capital de giro. Mais adiante para pagar a viagem, o eletrodoméstico, o equipamento da empresa. E a fila de quem tomou um dinheirinho no banco ou na financeira para satisfazer sonhos e necessidades foi crescendo no Brasil. De milhão em milhão, o País saiu de um estoque de crédito de R$ 388,5 bilhões, 24,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em setembro de 2003, ano em que a corrida pelo crédito se deflagrou, para R$ 2,5 trilhões, em junho deste ano. O valor aumentou mais de seis vezes e, atualmente, os empréstimos representam 55,2% do PIB, segundo o Banco Central (BC). É muito? Que nada! O crédito brasileiro está imenso diante do que foi no passado, mas é apenas um menino se comparado ao tamanho que tem em nações desenvolvidas como os Estados Unidos, nos quais ultrapassa o valor do PIB. Ou seja, mesmo bem crescidinhos, os financiamentos ainda podem ganhar altura e corpo no país sem comprometer a própria sustentabilidade, segundo especialistas. E dois dos braços para onde eles mais podem avançar são o imobiliário e o produtivo. “Estamos ainda na segunda divisão, temos espaço para crescer e esse espaço está no mercado imobiliário”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Impulsionado principalmente pela demanda de pessoas físicas, o volume de empréstimos aumentou em ritmo acelerado até 2010, quando a avalanche perdeu força. Nos últimos doze meses até junho, o crescimento do volume de crédito no sistema financeiro nacional ficou em 16,4%. Em 2010, o aumento foi de 20,6%. Em junho deste ano as concessões caíram 3,8% sobre maio, mas, no segundo trimestre, houve avanço de 14% em relação ao primeiro. “Teremos um crescimento mais lento”, diz o Consultor da Méthode Consultoria Empresarial e professor de Finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Adriano Gomes. Ele lembra que o comprometimento de renda do brasileiro está elevado. “As pessoas estão mais reticentes em tomar crédito em função da sua capacidade de pagamento e da incerteza quanto à economia”, afirma 24 Credit Performance o consultor, que cita o aumento da taxa básica de juros e o esgotamento de fontes de recursos como fatores de inibição do crédito veloz. “Com o comprometimento de renda, os bancos estão mais cautelosos para conceder crédito”, complementa o professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração de Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Simão Silber. Simão Silber Professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração de Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP), A puxada no freio de mão das concessões ocorreu depois que a inadimplência começou a disparar, no começo de 2011. A inadimplência dos consumidores brasileiros cresceu 21,5% em 2011, na comparação com 2010, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. Foi a maior elevação verificada desde 2002, quando houve um crescimento de 24,7% ante 2001.Essa alçada de voo da inadimplência fez a maioria das instituições financeiras acertar o rumo e procurar ser mais criteriosa nas concessões, sobretudo nos empréstimos de veículos, que em função dos prazos alongados e facilidades para a aquisição, resultaram em boa parte dos problemas que o mercado teve com dívidas e calotes nos últimos anos. Credit Performance 25 CAPA O movimento de busca por carteiras de menor risco pode ser visto no balanço do segundo trimestre dos bancos. O Itaú Unibanco teve um bom desempenho com crédito desde o começo do ano, mas deixa claro que buscou fincar sua bandeira em terreno mais seguro. As carteiras de crédito imobiliário, consignado e para grandes empresas estiveram entre as que mais aumentaram. “Essas carteiras tiveram crescimento maior porque são as operações em que estamos nos concentrando por causa do menor risco e das maiores garantias”, afirma o diretor corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderón. Diferente dos Estados Unidos Novo alimento ao menino Ao ver o crédito subindo degraus acima no Brasil, muitos perguntam se o país não está no mesmo caminho dos EUA, onde os financiamentos imobiliários inconsistentes, por exemplo, se tornaram estopim de uma crise financeira da qual os norte-americanos se recuperam até hoje. Os especialistas dizem que o país não corre o mesmo risco. Um dos motivos é justamente a rigidez na concessão de crédito para compra de imóveis no Brasil. “Aqui é preciso comprovante de renda, temos burocracia, temos um mercado regulamentado”, afirma O economista da Serasa Experian acredita que até 2020 o crédito deve convergir para uma taxa de crescimento de 9%. “Isso na ausência de reformas”, diz. Rabi não vê possibilidade de alongamento de prazos dos financiamentos para impulsionar o crédito, mas afirma que há espaço para queda na taxa de juros, por meio da redução do spread bancário. “Um dos componentes do spread bancário é a inadimplência”, expõe. Para onde ir? Os especialistas indicam o financiamento imobiliário como a área em que o crédito pode prosperar mais nos próximos anos. O Brasil possui um déficit habitacional de 5,4 milhões de moradias, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Enquanto os empréstimos totais somam mais da metade do PIB, os imobiliários estão em 7,5%. Em grande parte dos países desenvolvidos, esses créditos representam de 30% a 80% da economia. “Vai demorar para atingirmos um padrão internacional”, afirma Rabi. Gomes acredita que o crédito tem espaço para avançar também no setor produtivo, em que há, segundo ele, necessidade de linhas para a produção e a inovação. O consultor da Méthode é crítico do crescimento econômico galgado com base no crédito para o consumo. “O crescimento econômico dos últimos anos, ainda que pequeno, foi tocado a crédito”, afirma. A largada do crédito O que fez o Brasil agigantar o seu financiamento a partir de 2003? Os ingredientes desse bolo foram um endividamento baixo da população, a queda das taxas de juros e o alongamento de prazos de pagamentos. “O crédito era muito concentrado em cartão de crédito, cheque especial”, diz o economista da Serasa Experian. Assim que o consumidor se deparou com os empréstimos para veículos, imobiliário, pessoal, tudo com prazos maiores e juros menores, que cabiam dentro do orçamento doméstico, não hesitou em tomá-los. A taxa de desemprego caiu e a renda aumentou, lembra o economista Silber. O cenário macroeconômico favorável também fez com que os bancos ficassem mais seguros em conceder empréstimos para pagamentos alongados e os consumidores mais confiantes. Com economia estável e inflação sob controle, ficou mais fácil prever o futuro. Rabi lembra ainda de mudanças importantes introduzidas para a expansão do crédito, como a criação do crédito consignado, a nova lei de falências e as novas regras do financiamento imobiliário. Esse movimento acabou trazendo junto uma indústria que se alavancou no Brasil, como empresas de cobrança e recuperação de crédito, reestruturação de dívidas, análises de balanço, birôs de crédito, além da própria expansão das instituições financeiras. 26 Credit Performance Ele acredita que o Cadastro Positivo, que começou a ser implementado no Brasil, pode ajudar a reduzir a inadimplência e com isso também os juros cobrados pelos bancos. O banco de dados de bons pagadores está sendo formado e vai reunir informações sobre a relação do consumidor com o crédito. Em vez de informar apenas se o cliente está registrado nos órgãos de proteção ao crédito, como atualmente, dará uma visão completa do cliente, com histórico de pagamentos e pontualidade ao longo dos anos. Com isso, os bancos poderão tomar uma decisão mais acertada quanto à liberação de um empréstimo. Luiz Rabi Economista da Serasa Experian o professor Simão Silber. O Brasil, explica Luiz Rabi, viveu algo parecido, do ponto de vista da natureza do movimento, mas em uma proporção bem menor, com o crédito de veículos. Em função da crise de 2008, o governo deu uma série de estímulos para compra de automóveis, na tentativa de reativar a economia. Só que, em 2010, quando as condições do país melhoraram, as medidas seguiram em vigor e acabaram pressionando a inflação. O juro subiu e o resultado foram calotes. “Isso mostra que o crédito tem que ser avaliado com muita cautela, pois a euforia momentânea pode gerar um problema lá na frente”, afirma. Sinal verde para o crédito Nos balanços do segundo trimestre, os bancos divulgaram crescimento nas carteiras de financiamento e previsões de avanço para o ano. O movimento ocorreu tanto no Itaú Unibanco e no Bradesco quanto na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. Mas enquanto os dois primeiros revisaram para baixo as suas estimativas para crescimento do crédito, os bancos públicos revisaram para cima. Já as taxas de inadimplência dos empréstimos imobiliários estão entre as mais baixas do país e, por isso, essa carteira é considerada mais segura. Como os empréstimos para compras de veículos não são tão longos como os dos imóveis, que chegam a 35 anos, houve mais facilidade para o mercado limpar esses créditos de má qualidade e se recuperar. Silber alerta para algum risco de algo parecido aos EUA no programa Minha Casa, Minha Vida, voltado para compra de imóveis para baixa renda, caso ocorram problemas nas taxas de emprego. O sinal vermelho costuma ligar no mercado de crédito com a combinação de subida de taxa de juros à piora significativa dos níveis de emprego e de renda. No Brasil, apesar do aumento dos juros, o desemprego ficou em 5,7% no primeiro semestre – segundo o IBGE - e há previsões de avanço da renda no País, com entrada de mais pessoas pobres na classe média nos próximos anos. Rogério Calderón. Diretor corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, A Caixa espera alta de 34% a 38% no crédito em 2013, ante uma previsão de 33% a 35% ao final do primeiro trimestre, e o Banco do Brasil revisou suas projeções de 16% a 20% para 17% a 21%. Já no Itaú Unibanco a estimativa caiu de 11% a 14% para 8% a 11% e no Bradesco de 13% a 17% para 11% a 15%. Com o movimento dos bancos públicos, o mercado entende que o governo segue apostando no crédito para animar a economia, apesar do aumento da taxa de juros promovido nos últimos meses para conter a inflação. Os bancos privados acreditam no crédito, porém estão mais cautelosos. “Ajustamos nosso guindance para 8% a 11% em função da desaceleração da economia. No começo do ano, quando divulgamos a previsão, tínhamos a estimativa para o PIB de crescimento de 3,5% em 2013. Com as mudanças que ocorreram nesse primeiro semestre, vimos a necessidade de ajustá-lo. Ainda nos mantemos otimistas e acreditamos na retomada da atividade doméstica ao longo dos próximos meses, mas por hora, em função do cenário, promovemos esse ajuste”, afirma o diretor corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderón. Credit Performance 27 PONTO DE VISTA realidades de 2013 e perspectivas para 2014 Egberto Hernandes Blanco Presidente do Instituto GEOC RAPIDEZ E Com um cenário macroeconômico não tão confortável como se esperava e os protestos que paralisaram o país, as empresas de recuperação de crédito tiveram que investir mais do que já vinham fazendo para conseguir manter as performances e os resultados desejados. No primeiro trimestre do ano, o contato com os devedores teve uma elevação de 3,5%, segundo levantamento feito pelo IGEOC junto às empresas associadas. O telefone fixo foi a principal forma de comunicação entre as empresas de recuperação de crédito e os inadimplentes, com elevação de 2,71%, em relação ao mesmo período do ano anterior. As ligações por celular ficaram em segundo lugar como a forma de contato mais ativada, com elevação de 3,49%. Em seguida, 28 Credit Performance Além de ser o meio legal e eficiente para resolver atrasos no pagamento de títulos e outros documentos de dívidas, o Protesto oferece inúmeras vantagens: CONSULTA ntramos na reta final de 2013 e, de certa forma, caminhamos com muito mais dificuldades do que o que foi previsto no início do ano, em todos os setores da economia, mas, principalmente, no nosso segmento de recuperaçao de crédito, no qual a expectativa era de um ano melhor e mais tranquilo. O PIB patinou, a inflação subiu, o desemprego também e o dólar saiu da confortável cotaçao, oscilando em torno dos dois reais por um período considerável. Ao longo do ano, o Governo Federal teve que tomar algumas medidas amargas para que a inflação não explodisse, entre elas a alta dos juros, que sempre representa um freio a mais na economia. O resultado foi um temor generalizado e o crédito estagnado. FAÇA DO PROTESTO UM INSTRUMENTO PARA MELHORAR O FLUXO DE CAIXA DA SUA EMPRESA. Consulta gratuita de protesto: www.pesquisaprotesto.com.br PRATICIDADE vieram as mensagens por SMS, com alta de 4,58% - o maior crescimento entre os meios de comunicação. Por último, ficaram as postagens com elevação de 2,91%. É consenso que estamos investindo cada vez mais para conseguir retornos semelhantes aos de anos anteriores ou resultados ainda melhores. As associadas também constataram que precisaram, em média, fazer quatro contatos com o inadimplente para conseguir um retorno. Em momentos de certa instabilidade ou crise financeira, a inadimplência tende a ser maior, mas com o cenário econômico desfavorável, também é mais difícil recuperar o crédito. As empresas de recuperação de crédito, porém, não têm medido esforços em seus investimentos estratégicos, tecnológicos e em capacitação e qualificação de sua mão de obra e o IGEOC tem sido parceiro das associadas nesta busca incansável pela eficiência nos resultados. Por isso, temos aprimorado a cada dia os programas de qualificação de pessoal, pro- movendo a excelência através da educação continuada, ministrando cursos como o MBA Gestão de Negócios com Ênfase em Crédito e Cobrança, voltado para executivos da área, não restrito apenas às associadas, possibilitando assim o acesso de todos os interessados. Temos aprimorado também a certificação das empresas associadas, através do já tradicional Selo de Qualidade e recentemente com a edição do 3º Fórum de Inovações, que despertou um amplo debate, com apresentações do que há de mais moderno e tecnológico no mercado nacional e internacional. Desta forma, com as empresas cada vez mais aparelhadas, com os créditos sendo concedidos com mais rigor e com a economia dando sinais de que pode retomar os caminhos da estabilidade para pensar na retomada do crescimento, mesmo que timidamente, podemos acreditar que as perspectivas para 2014 são boas e os primeiros sinais desses novos ventos poderão ser observados ainda no último trimestre de 2013.• O prazo médio de finalização é de 5 dias. ECONOMIA Pode ser realizado eletronicamente. SEGURANÇA O Protesto possui todas as garantias jurídicas. O Protesto é gratuito para o credor. Os custos do serviço ficam por conta do devedor. PARA UTILIZAÇÃO DO MEIO ELETRÔNICO, CONTATE A EQUIPE DO IEPTB-SP, QUE REPRESENTA OS CARTÓRIOS DE PROTESTO NA PRESTAÇÃO DESSE SERVIÇO. Rua da Quitanda, 16 - 4º andar - Centro CEP: 01012-001 - São Paulo - SP Tel.: 55 (11) 3313-4220 [email protected] www.ieptb.com.br/portal DESTAQUE relacionamentos que geram negócios Entenda mais sobre essa importante ferramenta no mundo dos negócios e aproveite para participar do CMS Credit Networking Lab, uma das novidades do Congresso de C&C 2013, que traz Robert Wong, um dos maiores headhunters do mundo e verdadeiro mestre no assunto. Por Isabela Barros P 30 Credit Performance repare-se para falar e ouvir. Para dar e receber, abusando de bom senso e boa vontade para ir adiante, ajudando e tendo ajuda de volta. Essa é a fórmula simplificada do networking. Muito difundido no plano individual como um método de se obter um “upgrade” na carreira ou recolocação profissional, o hábito de fortalecer a rede de contatos está no centro das atenções das empresas e é usado cada vez mais como ferramenta de geração de novos negócios. Um jeito de garimpar oportunidades numa via de mão dupla. Nesse sentido, se fortalecem iniciativas como eventos e os grupos de networking entre corporações, que organizam os contatos e dão visibilidade a quem quer ampliar o leque de relacionamentos. propaganda, promoções e merchandising. Porém, em minha opinião, a mais eficiente é o bom relacionamento, que é o contato pessoal com seu cliente”, ressaltaÉ claro que isso é mais do que uma simples troca de cartões. Para Marcos Martins, diretor da BNI Brasil, organização presente em mais de 50 países com foco na criação de redes de relacionamento, é com ele que se intensifica o marketing boca a boca. “É muito mais fácil fechar uma venda quando alguém faz uma recomendação do que investindo em outras formas de comunicação”, explica. Martins lembra que estreitar relacionamentos com esse foco significa pensar em médio e longo prazos. “E isso exige esforço e disposição para conhecer o outro e seu negócio”, aponta. Robert Wong, um dos headhunters e consultores mais famosos do mundo, defende que o networking é uma ferramenta muito eficaz, até pela etimologia da palavra, que significa “jogar a rede”. “É como uma pessoa que tenta fisgar peixes com uma só vara ou com uma rede. Qual metodologia é mais eficaz? Existem muitas ferramentas de geração de novos negócios, tais como: marketing, branding, eventos, Outro observador atento do networking, o diretor executivo do Grupo Empreenda, Milton Camargo, chama a atenção para a importância de oferecer diferenciais, de ser relevante nesse contexto de ganha-ganha. “Essas relações precisam ser pautadas em conteúdo”, orienta. “Quer se relacionar bem com alguém ou com uma empresa? Torne-se relevante, ajude quem quer que Credit Performance 31 DESTAQUE seja em seus desafios profissionais. Assim você será lembrado de maneira positiva”. Robert Wong Heahunter e Consultor Para o executivo, gerar oportunidades, muitas vezes, é conseguir juntar o “injuntável”. “É muito comumaproximarmos clientes para que eles criem negócios juntos. Ações que uma parte não faria sozinha, ou porque não tem competência ou porque não enxergou a oportunidade” cita. O resultado pode ir muito além das expectativas. Prefere agir por conta própria, sem o intermédio de empresas e profissionais especializados? Não existe fórmula mágica, mas é importante ser relevante, cultivar a relação e ter bom senso. “Não dá para forçar a barra, mas também não se pode deixar tudo solto. Outras dicas que ajudam a fazer a diferença: troque experiências, peça opiniões. Amplie seus contatos dentro das empresas com as quais se relaciona. Dê o primeiro passo”, ensina. “Outro dia aproximamos dois clientes que desenvolveram um negócio específico para pequenas empresas, uma iniciativa que deve faturar R$ 50 milhões em 2014. Eles nem se conheciam, mas nós enxergamos uma oportunidade e os aproximamos com um propósito claro. Isso é networking”, acentua. Disposto a começar a cultivar melhor os seus contatos, lembre-se de que a sinceridade, nesse campo, é outra ferramenta poderosa. “É preciso ter uma rede que se paute pela sinceridade e pela vontade de também ajudar, não só pedir”, explica o headhunter Marcos Próspero, executivo da consultoria Robert Wong. Muita calma e atenção nessa hora Reconhecida a importância dos relacionamentos para você e sua empresa, com todas as coordenadas para arregaçar as mangas, é importante estar atento a erros muito comuns nessa área. “Tem muita gente que tenta vender seus produtos ou serviços logo no início do processo. São os chamados ‘caçadores’, aqueles que agem de modo a afastar os empresários”, ressalta Martins, do BNI Brasil. Além de controlar a ansiedade, equipe-se com os materiais adequados aos seus objetivos. É importante ter recursos como cartões de visita, ou folhetos, além de saber explicar de forma rápida e objetiva o seu negócio. Ampliar os horizontes, mesmo que isso não represente oportunidades imediatas a curto prazo, é outro ponto destacado. Segundos especialistas, 32 Credit Performance é um grande erro achar que só devemos cultivar relações com pessoas que podem vir a comprar o que temos a oferecer. Às vezes, mais importante do que gerar uma oportunidade é obter uma informação diferenciada, trocar experiência, discutir alternativas. Quer mais? Nunca confunda “oportunidade com oportunismo”. Não é porque você trocou cartão com alguém durante um evento que pode sair oferecendo qualquer coisa a essa pessoa. Muito menos qualquer coisa de qualquer jeito e nunca esqueça de que é a sua imagem que está em jogo. Wong também comenta os erros mais comuns na prática do networking: “convidados não portarem crachá ou alguma identificação clara de identidade e não propiciar tempo de qualidade para a interação entre as pessoas”. + Networking em 2013 Para inserir você nesse mundo dos relacionamentos e fazê-lo praticar essa importante ferramenta no mundo dos negócios, o 9º Congresso de Crédito e Cobrança traz o CMS Credit Networking Lab. A novidade dessa edição do evento será conduzida pelo consultor internacional Robert Wong. Para que as empresas trabalhem melhor o networking, Wong defende que é importante promover esse relacionamento em oportunidades de trocas de ideias e conhecimento. Essa semente pode gerar a confiança um no outro, levando eventualmente à conclusão de bons negócios mútuos. “Algumas iniciativas interessantes nessa direção incluem juntar pessoas que tenham sinergia entre si, eventos e oportunidades que possibilitem essa troca, sempre com o propósito claro que a pessoa sentirá que lhe agregará valor”, finaliza. CMS Networking Credit Lab Quando: 22 e 23 de outubro de 2013 9º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança. Expo Center Norte, São Paulo. Credit Performance 33 Mercado na Mira o segredo está no capital intelectual A partir dessa edição, a Credit Performance conta com um espaço cativo para falar sobre as principais iniciativas das empresas do mercado de crédito e cobrança para conquistar seu lugar ao sol. Por Cristiane Moraes Q uais são as novidades no mercado de crédito e cobrança? Para onde o vento está soprando e quais são as inovações das empresas para garantir um diferencial? Para responder a essas dúvidas e mostrar diferentes visões de negócios, a Credit Performance inaugura a editoria “Mercado na Mira”, um espaço para as empresas compartilharem seus cases e experiências. Nessa primeira matéria, trazemos a história da Way Back – Recuperação de Créditos | BPO, que está há mais de duas décadas no mercado de C&C, tem apresentado crescimento de 30% ao ano e aposta em um amplo portfólio de produtos sob medida para atrair e reter a carteira de clientes. Para o empresário Jefferson Frauches Viana, diretor executivo e fundador da Way Back Cobranças e Serviços, criada em 1991, inovação sempre foi o norte para o crescimento dos negócios. Quando Via34 Credit Performance na abriu a empresa com a esposa, tinha como principal cliente um laboratório farmacêutico de grande porte. Naquela época, o executivo enxergava um potencial do mercado de crédito e cobrança e ao mesmo tempo observava que o segmento carecia de inovação, tanto na forma com o qual o serviço era prestado, quanto no relacionamento com os contratantes. Ao longo desses 22 anos a empresa investiu nessa visão, ampliando o portfólio de serviços, sua infraestrutura tecnológica e também seu quadro de colaboradores. Para Sandro Nicolau Dias, superintendente Administrativo e Financeiro da Way Back, o grande diferencial da empresa sempre foi o capital intelectual. “Não oferecemos produtos de prateleira e temos todo o conhecimento e tecnologia dentro da própria casa para desenvolver um produto sob medida para o cliente. O nosso lema é inovar, empreender e trabalhar”, aponta. Essa atuação capaz de entender a necessidade do mercado e desenvolver desde a tecnologia até a capacitação humana é atribuída ao knowhow da equipe interna e percebida pelos cases da empresa. Um dos serviços desenvolvidos internamente foram as remessas expressas, um produto que tem evoluído nos últimos 15 anos, trazendo grande experiência e conhecimento de todas as particularidades que envolvem o transporte nacional e internacional, não só no que se refere à forma de cobranças, mas também entendendo as razões que motivam a falta de pagamento. “Nossa expertise permite inclusive encontrar soluções e melhorias nos processos para os contratantes. Dominar a operação tem permitido que a Way Back ofereça um serviço eficiente que atende os líderes do segmento, como UPS, DHL, Fedex, entre outras”, cita Dias. Atuação internacional Com a grande gama de clientes e produtos, de diferentes segmentos, foi primordial para a empresa viver se reinventando e inovando seus processos. Foi isso que aconteceu em 2001, quando a empresa deu um passo audacioso com a cobrança internacional. Os executivos lembram que foi um grande desafio, ao qual encararam de frente atuando inicialmente como “Service Provider”, “Agent”, até vencer mais uma vez e assumir a condição de “Shareholder”(acionista) da rede mundial de cobrança, o TCM Group, com atuação em mais de 155 países. “Nossa presença foi tão efetiva junto ao grupo que nosso diretor executivo foi eleito como diretor para América do Sul”, conta Dias. Outro serviço oferecido é a logística reversa, que trata da Recuperação de Ativos Não Financeiros. O trabalho consiste em identificar, contatar e recuperar os chama- dos POS (máquinas de cartão de crédito e débito). Esse trabalho novamente mostra a capacidade de aliar tecnologia e sistema com logística para garantir um resultado eficiente, que garantiu que a empresa tenha uma diferenciação, já que a única do mercado a prestar esse tipo de serviço, atendendo a CIELO, líder em soluções de pagamentos eletrônicos na América Latina. E na área de produtos financeiros, com a essência na recuperação de crédito, a empresa também investiu e cresceu, buscando novos horizontes e desafios. Ao longo dessa história a Way Back se consolidou como um efetivo provedor para importantes bancos, financeiras, empresas de securitização e outros fornecedores ligados a produtos financeiros, tanto de concessão como administração de crédito. Neste primeiro semestre de 2013, o faturamento da Sandro Nicolau Dias, Superintendente Administrativo e Financeiro da Way Back empresa cresceu 40%, mostrando a solidez e a inovação constante de toda equipe. E a empresa tem garantido resultados surpreendentes também nos últimos três anos, com crescimento de 30% ao ano. “Tudo isso faz com que a empresa se empenhe cada vez mais em desenvolver soluções e serviços inovadores e sustentáveis”, finaliza o superintendente. • Credit Performance 35 tendências dívidas que geram lucro de transações da empresa, fica evidente que a estratégia está no caminho certo. Em junho de 2011, o valor de face acumulado das transações nas quais a BrD atuou como cedente ou cessionário foi de R$ 28,6 milhões. Em dezembro de 2012, o valor atingiu R$ 337,1 milhões – crescimento de 1200% em apenas um ano e meio. O mercado brasileiro de compra e venda de dívidas vencidas começa a amadurecer, abrindo novas oportunidades de negócios, que vão das transações consideradas tradicionais à criação de fundos de investimento. Por Camila Balthazar “N ão há como ser um país capitalista sem que se tenha crédito”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura do Fórum Brasil-México, realizado em março de 2008. Na época, também estava em pauta a comemoração do avanço na indústria do crédito registrada nos cinco anos anteriores: a concessão havia saltado de R$ 300 bilhões para R$ 1 trilhão. A tendência crescente seguiu firme nos anos seguintes. De acordo com Alexandre Gontijo, coordenador do setor de Recuperação de Crédito do Siqueira Castro Advogados, o Brasil registrou um aumento de 22% entre os anos de 2008 e 2012. A leitura deste números está intimamente ligada ao mercado de compra e venda de carteiras, que começa a ganhar mais força no cenário brasileiro. “Com o aumento na concessão de crédito, espera-se para os próximos anos um considerável aumento na inadimplência. Assim, especula-se um aquecimento do mercado – não apenas com a compra de carteiras entre os bancos, mas também entre empresas privadas”, analisa Gontijo, enfatizando o fato de que a desaceleração da economia brasileira aquece o mercado de compra e venda de ativos. “Além de aumentar a participação das empresas brasileiras nesse negócio, 36 Credit Performance há uma grande perspectiva do ingresso de companhias estrangeiras especializadas tanto em investimentos de compra e venda, como na qualidade de gestão das carteiras”, comenta. Nicolas Otegui Diretor da área de Reestruturação da KPMG Tais operações trazem vantagens para os bancos e empresas de varejo, pois a cessão dos créditos inadimplentes reduz os custos de cobrança e permite que as empresas vendedoras liberem-se para a reconstituição de sua liquidez, concedendo novos créditos aos clientes. O diretor da área de Reestrutu- ração da KPMG no Brasil, Nicolas Otegui, também destaca os benefícios fiscais e regulatórios, a redução de estoque para utilizar a equipe de cobrança nos créditos mais novos e com melhor possibilidade de recuperação, além da melhora na alocação de ativos. “Estimamos que existam mais de R$ 500 bilhões em carteiras de crédito vencidas acima de 90 dias. Muitas instituições estão começando a ver os benefícios desse negócio e preparam-se para entrar no mercado”, afirma Otegui. Com a filosofia de reconhecer possibilidades onde outros enxergam problemas, a Brasil Distressed (BrD) foi uma das primeiras empresas a atuar nessa área de aquisição de créditos com deságio. O sócio-fundador Carlos Catraio, que já atuou em bancos como Bank of America, Itaú e BPNBrasil, explica que o foco da empresa está no crédito distressed, ou seja, dívidas que sofreram quebra contratual do devedor para com o credor. “Podemos incluir nas nossas negociações, entre outras possibilidades, desconto sobre o valor original, doação de bens, troca por direitos que o devedor possui e revenda de crédito. Sempre priorizamos a solução, sem nos envolvermos com o histórico que levou à dívida. Assim geramos resultado para os credores, devedores e nosso próprio negócio”, diz Catraio. Ao analisar o histórico Carlos Catraio Sócio-fundador da Brasil Distressed Transformação cultural Entre os especialistas, a opinião de que o Brasil ainda não tem uma cultura de compra e venda de carteiras tão forte quanto os outros países é unânime. Os motivos para isso variam. Segundo Marcel Cecchi, sócio da Laplace Finanças (antiga Arion Capital), o perfil do investidor brasileiro ainda é pouco sofisticado. “Existe uma acomodação. O brasileiro está acostumado com a renda fixa e sua pequena parcela de risco. No momento em que o retorno ficar muito Marcel Cecchi Sócio da Laplace Finanças baixo, o investidor começará a procurar alternativas. Com o amadurecimento do perfil de investimento no Brasil, novos produtos vão aparecer”, aponta o sócio da Laplace. Essa consciência pode ampliar o interesse nos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) – tipo de aplicação da Bolsa de Valores em que a maior parte dos recursos é destinada à aquisição desses créditos que uma empresa tem a receber. Ou seja, as ações não são a única forma de investir no mercado de capitais. Por outro lado, o executivo acredita que ainda deve haver uma mudança cultural não apenas dos investidores, como também dos bancos. “No momento em que os bancos precisarem ser mais eficientes com o capital, eles vão começar a abrir mão do que não vai bem e buscarão ser mais criativos com a locação de capital. Talvez esse mercado de compra e venda de carteira seja um bom caminho”, pondera Cecchi. A espanhola Paloma Cabello, sócia da CALLIGRAM Partners e assessora da TPG Credit na Espanha, analisa a experiênciabancáriade outros países e aponta que as instituições financeiras tendem a esgotar suas possibilidades de gestão interna até que as exigências dos Bancos Centrais – ou sua posição de solvência relacionadas às normas internacionais – obriguem-nas a provisões contábeis que façam com que uma venda externa seja atrativa. “Os bancos brasileiros não parecem ter esses fatores pesando em suas costas neste momento. Esta é uma das razões pelas quais faz sentido pensar em um desenvolvimento mais precoce da compra e venda de carteiras, pois as provisões tendem a ser mais agressivas do que em casos de operações seguras, como as hipotecas”, opina. Aproveitando para compartilhar a experiência de seu país, Paloma relata o histórico espanhol e explica que, em relação ao universo sem garantias, houve um momento inicial de venda de grandes carteiras detidas por bancos e prestadores de serviço, como o setor de telecomunicações. “Posteriormente, a parte sem garantia foi se desenvolvendo com altos e baixos, porém sempre de forma positiva. Mais recentemente aconteceu uma mudança importante devido a dois fatores: a consolidação do mercado bancário com a fusão de entidades e o momento em que as provisões obrigatórias passaram a ser mais agressivas”, comenta a especialista, ressaltando ainda a importância dos mercados emergentes observarem as experiências de sucesso de outros países para evitar erros passados. O desafio da precificação Alguns países já praticam a compra e venda de carteiras de crédito há mais de duas décadas. Apesar de estar despertando agora, o Brasil pode aprender com essas experiências. O professor de Economia da IBE-FGV, Paulo Grandi, ilustra esse tema com o caso da venda de carteiras ocorrida nos Estados Unidos antes da crise de 2008. “As carteiras foram vendidas para instituições europeias e, com a chegada da crise, foi ruim para quem comprou. Não que seja um mau negócio, a questão a ser considerada é a precificação, que ainda é o grande ponto de interrogação”, expõe Grandi. Paulo Grandi Professor de Economia da IBE-FGV Segundo o professor de Economia, a experiência internacional mostra que cobrar 20% do valor da dívida é uma prática comum, no entanto não é possível estabelecer esse número como padrão. “Isso não significa que não existam negociações por 50%”, diz. Como o grande boom da concessão de crédito e a consequente inadimplência ainda são recentes no Brasil, os bancos estão observando o cenário de perto. “Com certeza os bancos têm uma carteira que gostariam de negociar. Alguns irão vender; outros vão no sentido contrário, mantendo a estrutura de cobrança e comprando carteiras de outras instituições. A experiência vai criar um mercado cada vez mais maduro para isso, porém ainda não há como saber quanto vai ser recuperada de cada transação”, completa o especialista, deixando a polêmica da precificação no ar para futuras discussões.• Credit Performance 37 Novidades Cresce demanda por cartão de crédito entre jovens com carteira assinada APÓS FUSAO, NASCE UMA nova Localcred N o dia 29 de agosto, a Localcred-Brascobra anunciou o término do processo de fusão e a mudança definitiva de nome para Localcred, oficialmente adotado a partir do dia 1º de setembro. Por meio de um modelo de gestão mais inovador, a associada do IGEOC promove um processo de construção e posicionamento da sua marca. Recentemente, realizou uma pesquisa com clientes e colaboradores para a escolha do nome, que até então mantinha o formato composto pela razão social da empresa. O resultado definiu “Localcred”. Em uma segunda etapa e seguindo o conceito da empresa de humanização, todos os colaboradores votaram para escolher a nova logo. A Localcred contou ainda com o apoio de uma renomada consultoria internacional para O emprego formal faz diferença: com renda comprovada e potencial para futuras atividades de crédito, adultos com cerca de 30 anos e renda mensal média de R$ 1.428,78 impulsionaram o aumento da demanda por cartões de crédito no Brasil em 2013. Esta é uma das conclusões obtidas por um estudo econômico da Serasa Experian. sua reestruturação e, também no dia 29, divulgou aos colaboradores seu novo organograma. O executivo e membro do conselho, Adilson Melhado, assume a presidência, seguido por uma linha de diretores executivos composta pelos sócios da empresa. “A nova estrutura menos verticalizada e mais ágil, é parte das inovações estratégicas que adotamos e correspondem às demandas do mercado e da economia globalizada”. Neste cenário altamente competitivo, buscamos ainda mais proximidade com as pessoas, desde os clientes até cada um dos nossos colaboradores, por isso adotamos também um novo slogan promocional ‘Localcred - Sempre mais com você’, que reflete claramente este posicionamento”, comenta o novo pre- Adilson Melhado Presidente da Localcred E Maria Zanforlin Superintendente de Serviços ao Consumidor da Serasa Experian. 40 Credit Performance Em setembro, a Serasa Experian promoveu, em parceria com a CDL Fortaleza/SPC Brasil, a primeira edição do Feirão Limpa Nome na capital cearense. No total, 16 instituições estiveram presentes: Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banco Pan, Casa O estudo da Serasa Experian mostrou também que a inadimplência nos primeiros quatro meses após a aquisição do cartão de crédito registrou uma queda neste ano. Em 2011, 3,2% dos novos consumidores ficaram com pendências nesse período – que, na transição para 2012, sofreu um aumento de 36%, elevando a 4,4% a participação de novos consumidores inadimplentes. Este ano, o índice sofreu uma nova queda, de 14% - baixando a participação destes cidadãos inadimplentes para 3,8%.• sidente da empresa. Nesta nova fase, os esforços estarão concentrados na busca pelos desafios comuns à empresa e seus clientes, alcançando novos patamares de resultados e performances.• Serasa Experian realiza primeiro Feirão Limpa Nome Online do Brasil ntre 14 e 20 de outubro, a Serasa Experian realizou a primeira edição do Feirão Limpa Nome Online no Brasil. Consumidores de todo o país puderam obter vantagens e condições especiais de renegociação de suas pendências financeiras diretamente com as empresas participantes, com condições personalizadas e descontos especiais sem sair de casa, por meio do site www.serasaconsumidor.com.br/ limpa-nome. O grupo, que representava 12% do total de consumidores brasileiros de cartões de créditos no ano passado, agora equivale a 16% deste mesmo total – um salto da quarta para a segunda posição no ranking dos grupos que mais buscam este tipo de serviço. A primeira posição – com 26% do total – continua sendo ocupada por adultos entre 20 e 30 anos, com baixa renda e empregos que exijam pouca qualificação ou mesmo informais. Para fazer esse mapeamento, a Serasa Experian usou informações de 1 milhão de CPFs e fez comparativos entre os primeiros trimestres de 2009 a 2013. Os números revelaram ainda um crescimento de adesões e participações da classe E, cuja representatividade passou de 6,2%, em 2009, para 16,8% em 2013, num processo crescente a cada ano. Pio, C.Rolim, Loja Esplanada, FortBrasil, Avon Cosméticos, Sapataria Nova, CDL de Fortaleza, Hilpro Idiomas Aldeota, Tijuca Alimentos, GK Fashion, Casas Bahia, Coelce e Imperjet. Segundo a superintendente de serviços ao consumidor da Serasa Experian, Maria Zanforlin, estas são ótimas oportunidades para o consumidor colocar a sua vida financeira em ordem. “Para o consumidor, negociar uma dívida frente a frente com a empresa aumenta as chances de um acordo mais satisfatório para ambas as partes. Cada empresa oferece uma proposta individualizada com o objetivo de facilitar a conversa e proporcionar um bom resultado ao final do acordo”.• BUSCA POR CRÉDITO E INADIMPLÊNCIA: os riscos de perder o controle A pesquisa ainda apresentou outra revelação: dentre todos os solicitantes, 78% buscam por crédito ou serviços em mais de uma instituição. Este fator, se combinado ao aumento das adesões na classe E, alerta para a possibilidade de superendividamento e inadimplência futuros caso não haja planejamento financeiro – risco que precisa ser adequadamente monitorado, uma vez que estes novos consumidores normalmente não possuem vivência no mercado de crédito. “Estes cidadãos estariam começando a aprender a lidar com crédito justamente numa modalidade em que os juros são altos. Assim, o risco de terem uma primeira experiência frustrante de crédito não é desprezível.”, aponta o presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro.• Próximos eventos 11° Congresso Latino-Americano e 8º Congresso Nacional de Crédito & Cobrança 5 de Novembro de 2013 | Chile | Santiago 5º Congresso Internacional de Crédito e Cobrança e 1ª Conferência Internacional de Crédito e Cobrança. 5 de Novembro de 2013 | Venezuela | Caracas ABRIL 2014 Fortaleza ABRIL 2014 Curitiba Mais informações: www.cmspeople.com Credit Performance 41 Sofisticação e Luxo reuniões descontraídas no campo de golfe Por Camila Balthazar N O esporte atrai cada vez mais executivos, que desenvolvem na prática habilidades como foco, concentração e equilíbrio emocional. Ainda pouco difundido no Brasil, o golfe pode virar atração com a volta aos Jogos Olímpicos em 2016, após 104 anos longe da competição. ão faltam exemplos para provar que os maiores executivos do mundo jogam golfe. Barack Obama está na lista, bem como nove em cada dez presidentes dos Estados Unidos. O fundador da Microsoft Bill Gates também é adepto, além de diversos esportistas de outras modalidades, como o goleiro Júlio César, o automobilista Rubens Barrichello, o jogador de basquete Michael Jordan e os reis do futebol Ronaldo Fenômeno e Kaká. O palestrante, consultor corporativo e autor dos livros “Liderança e Golfe” e “Tacadas de Vida”, Guillermo Piernes, pratica golfe desde os 9 anos e explica por que o esporte atrai tantos executivos. “O golfe treina qualidades importantes do mundo corporativo, como foco, concentração, equilíbrio emocional, além da habilidade de lidar com a frustração”, comenta Piernes, iniciado no esporte em Buenos Aires, sua cidade natal, mas golfista durante toda a vida e por todos os países por onde passou. De acordo com o consultor, no campo de golfe é possível conhecer a real personalidade das pessoas. “São quatro horas de grandes desapontamentos e alegrias. Tudo é muito intenso. Há situações dificílimas, sendo possível ver como cada pessoa reage. Além disso, no golfe você é seu próprio árbitro, por isso tem que jogar limpo. Sempre falo que, no campo, as pessoas são como deveriam ser sempre”, analisa Piernes, acrescentando que um dos grandes problemas dos executivos jovens que vivem na atual economia conectada é a falta de foco. “No esporte você é obrigado a bater em uma bolinha pequena com um taco que chega a 150 km/h. É muito difícil e exige concentração. Apenas 8% das tacadas são satisfatórias. Você desenvolve a assertividade querendo ou não”, expõe Piernes, ressaltando que os negócios são fechados fora do campo, depois do networking feito durante o jogo. O diretor da Unidade de Automação Comercial da RMS, Claudio Reina, viveu na prática a parceria do golfe com os negócios. Em 2008, o executivo brasileiro 42 Credit Performance Solução integrada de voz para contact centers GRAVADOR DE VOZ E TELAS SACs ROTA DE MENOR CUSTO TARIFADOR Claudio Reina Diretor da Unidade de Automação Comercial da RMS. expatriado trabalhava em uma empresa em Madri, na Espanha, e via muitas coisas acontecendo no campo. “Acabei sendo induzido a começar a jogar por causa dos negócios. É uma oportunidade boa para estar de três a quatro horas com o executivo em um ambiente bonito, ao ar livre, e sem estresse. Não é como uma sala de reunião onde todos ficam olhando o relógio impacientemente”, compara. Ao voltar para o Brasil, Reina buscou campos próximos a São Paulo, percebendo que a facilidade encontrada lá fora não condizia com a realidade brasileira.“O esporte ainda não é muito conhecido por aqui. Na Espanha, por exemplo, você vê famílias inteiras jogando aos sábados e domingos”, lembra. Atualmente, o Brasil conta com 10 mil jogadores federados e 115 campos, números inexpressivos quando comparados aos 28 milhões de jogadores dos Estados Unidos, ou até mesmo com os 250 mil golfistas da vizinha Argentina. Piernes atribui esse fato à falta de incentivo das empresas e da própria mídia, que não transmite o esporte em TV aberta, por exemplo. No entanto, esse cenário deve mudar em breve, com a volta do golfe no programa olímpico. Depois de 104 anos fora do evento, o esporte será disputado nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, sendo que pelo menos 30 países terão representantes nos torneios masculino e feminino.“É previsível que os Jogos Olímpicos gerem uma atração. Vejo meninos jogando golfe eletronicamente, sem nunca ter visto um campo, o que significa um potencial muito grande. A qualquer momento o esporte vai decolar”, comenta Piernes, na constante torcida para que mais brasileiros apaixonem-se pelo golfe.• TTS FALAR TEXTOS DISCADOR AUTOMÁTICO URA PABX DAC MONITORIA TREINAMENTOS SUPORTE 24/7 EE UPGRADES FR A QUALIDADE QUE VOCÊ DESEJA. + A EFICIÊNCIA QUE SUA EMPRESA PRECISA. TECNOLOGIA DE PONTA, PROFISSIONAIS QUALIFICADOS E ESTRUTURA DE ALTA PERFORMANCE. Líder no mercado, a Notarial atua em todo o Brasil, oferecendo serviços de consultoria, soluções integradas de gerenciamento de informação documental. Composta por operadores do direito com vasta experiência na área cartorária, a Notarial posiciona-se no mercado como back-office de assessorias de cobranças, instituições financeiras e escritórios de recuperação de crédito, oferecendo toda a gama de serviços cartorários customizados conforme os diferentes perfis e necessidades de seus clientes, onde quer que eles estejam localizados no Brasil. Com as mais modernas ferramentas de tecnologia da informação digital, além do alto nível de profissionalismo e total conformidade legal. Nossa expertise se divide em 5 importantes fases da recuperação de crédito: Unidade Belo Horizonte + 55 (31) 2515 7700 Rua Tupis, 38 – 13o e 14o andar – Centro Belo Horizonte / MG – CEP: 30 190.060 • Unidade São Paulo + 55 (11) 3509 3133 Avenida Paulista, 688 – sala 49 – Bela Vista São Paulo/ SP – CEP: 01 310.909 • • • • Notificação para constituição em mora de devedor (simples e especial). Intimação do devedor de alienação fiduciária de bens imóveis nos termos da Lei 9514/97. Retirada de certidões extrajudiciais e judiciais. Registro de contratos de alienação fiduciária. Protesto simples e eletrônico. [email protected] www.notarial.com.br fishfish.com.br Pelo Mundo terra do vinho, das paisagens e da poesia de neruda Santiago do Chile sedia 11o Congresso Latino-Americano de Crédito e Cobrança em ambiente perfeito para negócios e com muitas atrações culturais e gastronômicas. Por Cristiane Moraes 11o Congresso Latino-Americano e 8 o Congresso Nacional de Crédito e Cobrança Data: 05/11/2013 Local: Santiago - Chile Informações: www.cmspeople.com/ eventos/2013/chile/11-latam/ Informações importantes Idioma oficial: espanhol Moeda: Peso chileno Visto: brasileiros são isentos “N ega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria”, declamou Pablo Neruda. A intensidade das palavras do poeta chileno é motivo de grande orgulho para o país, que fez da casa construída pelo artista, em 1953, na capital chilena, o Museu “La Chascona”, reunindo em seu interior móveis, objetos antigos e uma pinacoteca que revelam momentos íntimos da trajetória do escritor e de sua amada Matilde. Todo esse romantismo faz da cidade um destino frequente de casais apaixonados e, no mês de novembro, também será a escolha de destino de muitos líderes da indústria para o 11o Congresso Latino-Americano de Crédito e Cobrança. Antes mesmo de pousar em Santiago para a imersão nos negócios de C&C, a beleza da Cordilheiras dos Andes arranca suspiros ao olhar pela janela do avião. Mas é ao aterrissar que você percebe o clima europeu com um toque que lembra também algumas cidades americanas. Essa verdadeira “mistura” logo é admirada pelas turistas que conferem a organização impecável, educação exemplar e gastronomia diferenciada com exóticos frutos do mar temperados com coentro e regados a uma taça de vinho nacional - uma 46 Credit Performance das riquezas do país e impossível de não provar nas horas de lazer. abuse das saborosas e doces frutas, como o melão e as cerejas. Santiago não é uma cidade festeira, mesmo sendo capital. São inúmeras opções de restaurantes e experiências culturais, porém, não é um destino para os amantes da noite ou das cidades 24 horas. Esse aspecto pode ser explicado pelo toque de recolher do Regime Militar que durou mais de 20 anos. Foi somente depois que o ditador Augusto Pinochet entregou o poder ao presidente eleito, em 1990, que o Chile passou por uma importante transformação econômica, política e social. Mesmo assim, essa rigidez que permaneceu por duas décadas ainda está presente nas famílias e reflete-se na educação mais séria e reservada, mas de grande simpatia e de atendimento impecável. É impossível visitar a cidade e não lembrar com alegria do colorido das incríveis paisagens, da organização das ruas floridas e, claro, dos frutos do mar, que reservam um sabor e textura diferenciados por conta das águas geladas do Oceano Pacífico. Quando estiver na cidade, não deixe de provar as deliciosas machas, a “Centella”, um caranguejo gigante, e o pisco sauer, uma alcoólica bebida doce ideal para o entardecer, quando a temperatura cai mesmo no verão. Já no café da manhã, A cidade possui toda a infraestrutura para receber empresários e turistas, com uma gama de hotéis de primeira linha e muitas atividades ao ar livre. Entre as atrações imperdíveis estão o passeio pelas ruas do bairro Las Condes, a visita a uma estação de esqui e a vista das praias do litoral de Valparaíso. Outro programa que não pode ficar de fora é conhecer uma das diversas vinícolas para entender um pouco sobre o plantio a produção do licor precioso. Uma das mais tradicionais e antigas de Santiago é a Vinícola Concha Y Toro, que oferece diferentes tipos de tours, do tradicional que custa em média 20 dólares, até uma Experiência Don Melchor, passeio e imersão com vinho premiado, que pode custar em torno de 140 dólares por pessoa. Os passeios, que acontecem de segunda a domingo, das 10h às 17h, preferencialmente devem ser agendados e todos incluem acesso à adega, plantação e degustação de alguns rótulos da casa. Mesmo que você não ganhe um certificado de enólogo, sairá com muito mais informação e conhecimento sobre o mundo dos vinhos e, dificilmente, não se tornará um apreciador. • SONHOS IDEIAS DESAFIOS Comece agora sua história positiva. Abrindo seu Cadastro Positivo Serasa Experian, você poderá ter muito mais vantagens: Maior facilidade na aprovação de financiamentos, empréstimos e compras a prazo. Melhores taxas e condições de pagamento. Menos burocracia e mais agilidade. Saiba mais no site: serasaexperian.com.br/cadastropositivo