a importância dos jogos na alfabetização de crianças
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a importância dos jogos na alfabetização de crianças
FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS REJANE MARIA COSTA RODRIGUES Fortaleza – CE 2010 2 REJANE MARIA COSTA RODRIGUES A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Português, do Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na área de Licenciatura em Português, da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Orientador: Professor Sidclei Gondim dos Santos, Especialista em Língua Portuguesa e suas Literaturas Fortaleza – CE 2010 3 Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de Licenciatura em Português, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Português, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF. ______________________________________________ Rejane Maria Costa Rodrigues ______________________________________________ Professor Sidclei Gondim dos Santos, ES Orientador Nota obtida: ______ Monografia aprovada em: _____ / ____ / ____ 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela coragem que sempre tive de enfrentar dificuldades, para continuar ampliando meus conhecimentos, atingindo os objetivos desejados e meus ideais. Ao professor Sidclei Gondim dos Santos, pela valiosa ajuda e orientação durante a monografia, e também a todos os professores do Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de Licenciatura em Português da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, FGF, que, com espírito profissional, muito contribuíram para o presente trabalho. 5 “Os jogos não são apenas uma forma de entretenimento, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual”. (Piaget) 6 RESUMO O presente trabalho é mais um estudo bibliográfico que relata sobre a experiência de crianças na fase da educação infantil, tendo como principal objetivo a importância dos jogos educativos no desenvolvimento de crianças na fase da alfabetização para a obtenção de um bom desempenho no processo ensino-aprendizagem. Nessa fase, a criança procura descobrir o mundo que a cerca, tornando-se os jogos educativos bastante relevantes. Verifica-se nas escolas a pouca ou quase não utilização dos jogos educativos pelos educadores, por inúmeros fatores como, por exemplo, a falta de conhecimento sobre eles, ou por não existir tempo e recursos disponíveis, considerando-os não tão relevantes no processo de ensino-aprendizagem. O trabalho aborda principalmente crianças de 2 à 6 anos de idade em fase de alfabetização, para que seja compreendido como a motivação para a aprendizagem através dos jogos é importante para o domínio da leitura e escrita e a maneira em que os educandos dessa fase se comportam mediante novas situações, o seu relacionamento com o grupo, a descoberta e socialização de novos jogos e novas regras. É importante um melhor aprofundamento sobre o papel dos jogos na escola, visto que estes não podem ser desmembrados da infância, pois contribuem para a formação da criança, inserindo-a no contexto social e de construção da própria aprendizagem. Educadores terão a oportunidade de trabalhar com o que a criança considera interessante, estabelecendo um elo de afetividade que contribuirá no processo e motivando-os cada vez mais a participação e a socialização em grupo. Palavras-chaves: afetividade, aprendizagem, aprofundamento, construção, descoberta, desempenho, desenvolvimento, domínio, elo, experiência, infância, motivação, participação, relacionamento, socialização. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8 1. A CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL...................................................... 1 1.1. AS CONQUISTAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................ 0 1 1 2. O MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AS ARTES E SUA IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................. 1 2.1. TEATRO........................................................................................................ 4 2.2. MÚSICA......................................................................................................... 1 2.3. DANÇA.......................................................................................................... 5 1 6 1 7 3. O JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................................... 1 3.1. A FUNÇÃO DO JOGO PARA A CRIANÇA.................................................... 8 3.2. A IMPORTÂNCIA DO JOGO.......................................................................... 1 3.3. A FORMAÇÃO DO GRUPO........................................................................... 3.4. A DISCIPLINA DO JOGO............................................................................... 3.4.1. REGRAS...................................................................................................... 3.4.2. COMPETIÇÃO............................................................................................. 9 2 0 2 2 2 3 2 4 2 8 5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 2 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 2 9 INTRODUÇÃO O ambiente escolar é um lugar propício ao desenvolvimento e aprendizagem das crianças, mas não suficiente por si só, visto que estudos revelam a necessidade de um trabalho pedagógico que auxilie na participação dos educandos de forma construtiva desde a educação infantil, para que crianças interajam e compreendam o mundo que a cerca de modo agradável e positivo para o próprio bem estar e desenvolvimento físico, moral e intelectual. Crianças gostam de jogos e brinquedos e surge a necessidade de educadores repensarem a metodologia e os recursos utilizados em sala de aula para que elas possam conhecer e desenvolver o jogo como atividade pedagógica, visto que este auxilia no desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos da educação infantil, além de ajudá-las na construção de noções e conceitos e no desenvolvimento de habilidades. O trabalho presente tem como objetivo principal verificar a importância dos jogos educativos na alfabetização de crianças visto que elas nessa fase apresentam deficiências de aprendizagem principalmente no tocante a leitura e a escrita. É relevante para os educandos da educação infantil a construção do seu próprio conhecimento e o contato com a realidade através dos jogos e brincadeiras realizados no ambiente escolar que deve estar pedagogicamente preparado para receber as crianças. Acolhê-las da melhor forma para que a criança sinta-se tranqüila e segura para a realização de suas conquistas, possibilitando a ela o conhecimento sobre si mesma e da sua importância na sociedade em que vive a fim de que ela consiga adaptar-se, interagir e conviver em grupo. 9 A alfabetização é um processo indispensável e atrativo para o mundo do saber e os jogos e brincadeiras educacionais podem contribuir como facilitadores de aprendizagem nessa fase. Nesse trabalho será descrita primeiramente a análise da educação infantil tal como é feita na prática da sala de aula. Depois, os estágios do desenvolvimento cognitivo do ser humano para que se compreenda o estágio pré-operatório, em que a criança manifesta um comportamento específico e diferente dos outros estágios. Serão enfatizadas a criança e a escola desde o início comparando com os dias atuais e os avanços conquistados com a LDB 9.394/96. Depois, será ressaltado o movimento, relevante na pré-escola, visto que as crianças nessa fase utilizam a linguagem corporal como forma de comunicação. Atividades como a música, a dança e o teatro podem ser desenvolvidas auxiliando no desenvolvimento do potencial da criança. Por último verificar-se á e a importância dos jogos educacionais em sala quando bem utilizados. A participação da criança torna-se bastante estimulada, pois surgem as regras e a competitividade. A parceria família-escola não será esquecida, a fim de que o jogo se torne um recurso indispensável aos educadores que o utiliza na avaliação para a obtenção de melhores resultados. 10 1. A CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil é vista por muitos pais e pelos professores de um modo geral como um espaço no qual as crianças desperdiçam algumas horas do dia; o local onde estas brincam e se divertem. Para os pais que tem com quem deixar a criança em casa enquanto trabalha, não é tão importante se a mesma ingressa e permanece na escola nesse período. Outras consideram importante o ingresso da criança na escola desde cedo, visto que é um lugar amplo, mais espaçoso que o próprio lar e que apresenta uma grande variedade de brinquedos com uma professora meiga, gentil e bastante paciente. Esse modo de pensamento bastante comum na sociedade faz com que o trabalho que a escola realiza na educação infantil seja considerado solto, sem objetivos mais concretos, sem resultados mais específicos. Qualquer ambiente na escola com muitos jogos e cores pode ser considerado uma sala da educação infantil e a professora “não precisa ser bem qualificada’, basta ter vontade e disposição para cantar e brincar o tempo inteiro. Para o educando, nesse espaço escolar, tudo se torna diferente do que acontece na própria casa e atividades de artes de um modo geral como desenhar, cantar, pintar e encenar tornam-se puras brincadeiras, colocando-se nelas, puramente o aspecto emocional. Torna-se necessário nas escolas trabalhar com o potencial e a criatividade dos educandos da educação infantil. Educadores dessa fase precisam realizar um planejamento mais voltado ao desenvolvimento cognitivo da criança deixando de utilizar “tarefinhas prontas”, que não foram 11 planejadas especificamente para que a criança não só se divirta e passe o tempo enquanto realiza e que não desenvolve o potencial da criança e da educadora. A maioria das escolas considera a aprendizagem somente em um espaço convencional onde é imprescindível que haja freqüência, conteúdos e avaliação. A utilização dos jogos educacionais em sala de aula, tornou-se, por muito tempo sem significado e sem importância, chegando a ser desvalorizada e desconsiderada como um recurso pedagógico que favorece a aprendizagem. Nas salas da educação infantil a linguagem é a verbal, sendo a linguagem não verbal sem sentido. Considera-se que a criança aprende enquanto escuta e repete. No cotidiano, existe o canto de músicas rotineiras, a contação de histórias e a brincadeira, estando sempre a criança no mesmo grupo, com os amigos que ela sempre costuma trabalhar e brincar. ENDERLE (1987) observou bem essa realidade do ambiente escolar na pré-escola ao afirmar que: A escola a que nos referimos consiste, agora, nas atividades intelectuais e recreativas sistematicamente organizadas, com regras, deveres e exigências de hábitos que, não eram, ou não deveriam ser propriamente os objetivos da pré-escola. (ENDERLE,1987,p.89) As crianças realizam seus trabalhos, pois estão no ambiente escolar e devem fazê-lo. A obrigação delas é com o cumprimento das tarefas e a professora preocupa-se com aquisição do material, para que seus alunos façam o que foi proposto, não desenvolvendo o crescimento pessoal e intelectual. As atividades tornam-se rotineiras e separadas, tendo cada uma seu horário e tempo previsto. A professora diz como cantar, como pintar e determina até a hora de cada um falar, dividindo a linguagem da criança. A escola ao reduzir a linguagem da criança em fragmentos, acaba fragmentando o próprio educando. É relevante que a escola na educação infantil seja um ambiente aberto à troca de experiências, que faça com que a criança tenha acesso aos diferentes tipos de linguagem, para que possa não só conhecê-las, mas apropriar-se delas, a fim de que ela domine, através da linguagem a sua relação com si própria e com o mundo. 12 1.1. AS CONQUISTAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL No Brasil a situação da Educação Infantil, inicialmente denominada Pré-Escola mudou bastante, com seus avanços e retrocessos. É necessário que se compreenda o seu histórico especificando o que aconteceu com as crianças que passavam por essa fase. Antes de o Brasil tornar-se República não existiu uma preocupação maior com relação as crianças na faixa etária de 0 a 6 anos. Somente nas últimas décadas do século XIX, diante da situação de risco em que se encontravam as crianças nesse país foi que profissionais da rede privada, como sanitaristas e médicos pensaram e elaboraram alguns projetos em prol da infância, não conseguindo, diante da situação precária, o êxito almejado. Após 1930, com o aparecimento de um Estado forte e autoritário, aos poucos, foram surgindo algumas instituições de apoio relacionadas a idade infantil. Na educação, as iniciativas voltadas as crianças dessa fase demoraram para acontecer, pois elas existem há pouco mais de 30 anos, destinando-se inicialmente as crianças de 4 a 6 anos. Inicialmente, denominados jardins de infância, segue modelos desenvolvidos em outros países com crianças de uma melhor condição social. As primeiras tentativas da Educação na Pré-Escola procuravam resolver o conflito de mães trabalhadoras, que não tinham com quem deixar os filhos. Com a Segunda Guerra Mundial a preocupação voltou-se para o aspecto emocional e social das crianças nessa fase, devido ao fato da existência de crianças cujas mães passavam até a substituir a mão de obra masculina. A partir da década de 60 começou a Educação a preocupar-se coma análise do desenvolvimento da linguagem na Educação Pré-Escolar e conseqüentemente a valorização do estudo do pensamento infantil. Jean Piaget definiu os estágios do desenvolvimento do ser humano como um processo contínuo, caracterizado por várias fases, períodos ou etapas. Em cada fase a criança constrói certas estruturas cognitivas, sendo divididas essas etapas em estágios distintos que seriam: • O sensório-motor • O pré-operatório • O operatório concreto • O operatório formal 13 O período pré-operatório caracteriza a fase vivenciada pelas crianças da Educação Infantil sendo importante para os educadores que trabalham com essa fase um melhor aprofundamento para que se compreenda o pensamento e o comportamento da criança nesse período. Esta etapa é caracterizada pelo surgimento da linguagem oral por volta dos dois anos e pelo uso de esquemas de ação interiorizados denominados de esquemas representativos ou simbólicos, quer dizer, ações e percepções coordenadas interiormente. A criança é capaz de desenvolver representações a respeito de algo como por exemplo representações de carro, bola, da mamãe e/ou outras. Desde o aparecimento da linguagem, ou seja, mais precisamente, da função simbólica que torna possível a sua aquisição(um e meio a dois anos), inicia-se um período que vai até mais ou menos quatro anos, no qual se desenvolve um pensamento simbólico ou pré conceitual. (PIAGET 1978,p.162) O pensamento da criança no estágio pré-operatório é caracterizado por ações mentais dependentes das próprias experiências infantis, recebendo este o nome de egocêntrico, pois a criança apresenta dificuldades de colocar-se no ponto de vista dos outros. Seu pensamento apresenta-se como não flexível que Piaget define como a visão da criança sobre a realidade sobre um único ponto de vista. PIAGET (1978) coloca um exemplo: Pergunte a uma criança (nesse estágio), de família de dois filhos: “Quantos irmãos você tem? Ela responde: Um. E seu irmão. Quantos irmãos ele tem? Resposta: Nenhum. A visão é sempre unilateral, partindo do ponto de vista dela própria. Perto ou longe, serão sempre o perto e o longe em relação a ela. (PIAGET,1978,p.85) Outra característica do pensamento da criança nesse período é o animismo, na qual a criança atribui aos objetos e animais intenções e emoções inerentes as pessoas, ao afirmar, por exemplo que a cadeira é má quando ela machuca o dedo. Ela, também nesse período consegue atribuir uma forma humana para eles. Nessa fase a criança apresenta dificuldades na compreensão de sua vida cotidiana a partir de princípios gerais, na construção de normas, pois ela pensa, como no caso da indução do particular para o particular. Essa fase também é marcada pela variância, pois não há a compreensão da conservação da realidade. A inteligência baseia-se na percepção imediata. 14 O pensamento da criança é muito intuitivo, egocêntrico e subjetivo, portanto, existe um grande progresso, pois há o desenvolvimento da capacidade simbólica ou de representação. A criança passa a imitar modelos, pois de acordo com PIAGET (1978, p.162) “surge a função simbólica mais geral, cuja propriedade é permitir a representação do real, por intermédio dos “significantes”, distintos das coisas “significadas.” Profissionais da Educação Infantil devem valorizar essa evolução da linguagem conquistada pelas crianças no ambiente escolar, pois são relevantes para o desenvolvimento da leitura e escrita. A lei 9394/96 denominada Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional trouxe de acordo com a sessão II do Capítulo I uma grande conquista para a Educação Infantil. A grande diferença destinada a Educação Infantil equivale a relevância destinada ao ser humano desde os primeiros anos de vida. De acordo com o artigo 29 da LDB 9394/96: “A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Além da pré-escola, destinada as crianças de 4 a 6 anos, existe a oportunidade das crianças de 0 a 3 anos em creches ou entidades equivalentes de vivenciarem experiências fora do ambiente familiar. Para as mães trabalhadoras que não tem com quem deixar seus filhos e os colocam na escola ainda na fase de amamentação, acabam obtendo uma ajuda. Porém, como conseqüência, há uma forte redução no âmbito da sociabilidade infantil, enfraquecendo na criança o aspecto emocional. A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional representa uma antiga preocupação dos educadores em relação a desigualdade social no Brasil. De acordo com a lei, é uma das finalidades da educação básica favorecendo ao educando “fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.(LDB 9394/96, artigo 22), faz com que no futuro haja um grande avanço na educação infantil, alcançando melhores resultados e desenvolvimento do educando na escolarização posterior. 2. O MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AS ARTES E SUA IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 15 Criança não gosta de “ficar parada” em nenhum lugar, principalmente na escola. Nesse capítulo será feito a análise de alguns tipos de artes e a importância pedagógica delas para o desenvolvimento das crianças com sugestões de atividades para serem realizadas em sala de aula. A escola, por sua vez, procura sempre garantir um ambiente de ordem e disciplina, isso vale também para a Educação Infantil. Crianças em sala de aula sempre esperam muito tempo para realizar atividades mais sistematizadas como o treinar a escrita, a leitura ou o desenho. Torna-se necessário para o educando na Educação Infantil o movimento, que é muito mais do que mexer as partes do corpo. Ela gosta de atividades livres, utilizando-se da linguagem gestual, das dramatizações, estabelecendo-se a comunicação e a interação entre este e o meio em que vive. Profissionais e educadores devem compreender a lucidez e a expressividade inerentes a motricidade infantil, para que a escola na Educação Infantil proporcione às crianças atividades que favoreçam a coordenação e o movimento. Trabalhar com a realidade das crianças é imprescindível. Elas não gostam da passividade, é necessário que o educador tenha várias atividades preparadas envolvendo a motricidade infantil e que as mesmas não demandem muito tempo. Crianças precisam realizar movimentos para elas torna-se algo mais interessante quando são realizadas em grupo e a escola é o lugar ideal para que essas atividades aconteçam. Com os outros, elas gostam de brincar de bola, correr, pular, dançar, desenvolvendo as habilidades, motora, emocional e social. Através do teatro, da música e da dança a criança expressa sensações e sentimentos, desenvolvendo-se fisicamente, psicologicamente e intelectualmente. 2.1. TEATRO A criança de 2 a 6 anos representa tudo o que tenta compreender melhor e através das representações desenvolve sua linguagem. Na Educação Infantil atividades relacionadas ao teatro como dramatização de histórias, poesias e contos de fada conduzem a uma compreensão de sentido para a existência do homem como ser social. 16 Ao participar de atividades envolvendo o teatro a criança desenvolve a imaginação e senso crítico compreendendo o mundo no qual está inserida, passando a uma melhor interação com o mundo. Histórias contadas em salas de aula da educação infantil que trazem as figuras de fada, criança corajosa, madrasta, bruxa e outros revelam as lutas e injustiças existentes no mundo na luta pela sobrevivência, proporcionando à criança o desenvolvimento intelectual e a compreensão dos sentimentos inerentes ao ser humano. Contudo, a dramatização conduz o educando às várias reflexões sobre o que acontece em torno de si mesma. O jogo através do teatro faz a criança interar-se sobre os diversos papéis existentes na sociedade, favorecendo a compreensão dos códigos sociais. O teatro conduz a criança à argumentação. Através da assimilação da realidade, ela acaba vivenciando questões mais complexas, respondendo o que é possível para ela de acordo com a sua maturidade, mas percebe que há algo mais para indagar. O profissional da Educação Infantil deve promover a integração através do trabalho coletivo, conduzindo os alunos a descoberta de várias atividades onde se sintam alegres por participar. A criança pode explorar a realidade quando ela sente-se segura e dominante das condições de compreensão interesse ao seu alcance. 2.2. MÚSICA Brincadeira e música para as crianças da Educação Infantil estão interrelacionadas. Crianças sempre gostaram de cantigas de ninar, de roda, parlendas, adivinhações, contos, em que a musicalidade constantemente chamou a atenção. No ambiente escolar, jogos que trazem músicas contribuem para uma melhor aprendizagem, fazendo da escola um ambiente mais agradável e receptivo. Entretanto, nas salas de aula da Educação Infantil, músicas tornam-se repetitivas e rotineiras e acabam “cansando” a criança. Professores da Educação Infantil devem avaliar a utilização e a qualidade das músicas em sala de aula, bem como a utilização do tempo destinado para esta atividade. Eles devem conduzir 17 a criança a refletir sobre as músicas, diversificando suas aulas com novos gêneros e estilos, a fim de que os educandos desenvolvam o próprio raciocínio, a linguagem e a comunicação. Torna-se relevante para os educandos nessa fase a pesquisa, a imaginação e a capacidade criativa, podendo os mesmos não só conhecer instrumentos musicais, mas produzirem seus próprios, compreendendo melhor assuntos básicos relacionados à produção do som e suas qualidades. O importante é que crianças na idade em estudo sempre possam também na escola ouvir, cantar e tocar muito, desenvolvendo, portanto, a escuta sensível e ativa. Hoje, todas convivem com o excesso de ruídos e a predominância dos estímulos visuais sobre os auditivos, que as conduzem a desatenção, a desconcentração e a incapacidade de analisar e selecionar sons. Um jogo na sala de aula como o brincar de estátua desenvolve, através do contraste entre o som e o silêncio, a atenção, a concentração, a expressão corporal, induzindo a criança à percepção dos sons. Músicas relacionadas com os conteúdos trabalhados tornam as aulas mais atraentes, dinâmicas e levam as crianças a uma participação mais atuante em sala de aula. A música é um bem cultural, devendo ser trabalhada na Educação Infantil como forma de expressão e linguagem artística. 2.3. DANÇA Na Educação Infantil a dança proporciona à criança o desenvolvimento de movimentos livres, fazendo com que ela passe a ter domínio sobre o próprio corpo, conduzindo a descoberta de novos espaços, formas e horizontes que desenvolve os aspectos cognitivos, afetivos e motores. Crianças sentem-se bem na escola ao dançar, quando essa atividade é oferecida para elas de forma voluntária, sem imposições, facilitando o seu conhecimento sobre si mesma e com o mundo, “a dança é uma forma de integração e expressão tanto individual como coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade”.(PCNs 2003) Muitas escolas de educação infantil colocam a dança como apresentações artísticas em datas comemorativas, enfatizando na criança a imposição de dançar. O desenvolvimento de habilidades que proporcionem o desenvolvimento físico, afetivo e social da criança relaciona-se na utilização presente e significativa da dança nas salas da 18 Educação Infantil e não conduzindo os educandos a dançarem com o movimento de gestos mecânicos e imitativos. È na fase de 2 a 6 anos que a criança necessita conhecer o seu corpo e aprimorar sua capacidade motora, cognitiva e social. Como o jogo, a dança deve ser significativa para a criança, para que a mesma possa criar e imaginar, desenvolvendo a interação e a expressividade. 3. O JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ao analisarmos as idéias de Piaget sobre a criança verifica-se que o desenvolvimento dela, especificamente com relação ao pensamento, é quantitativamente diferente do pensamento do adulto. Piaget pensava, ao analisar as etapas do desenvolvimento infantil, na solução das questões epistemológicas sobre a natureza do conhecimento do ser humano de um modo geral. Piaget e outros estudiosos seguiam o mesmo pensamento, reconhecem no conhecimento tanto fontes internas, como por exemplo, o conhecimento lógico-matemático, como fontes externas, como o conhecimento das pessoas e dos objetos. Para ele, a criança reconhece um objeto fisicamente, quando em contato com o mesmo e descobre o seu comportamento durante as suas interações. O jogo envolve uma capacidade de ação por iniciativa própria, portanto o jogo é caracterizado por atitude, que corresponde a uma reação de estímulos externos, inerentes ao ser humano. Na Educação Infantil, os jogos educativos conduzem a criança à descoberta, à curiosidade, à concentração, à percepção, tornando o ensino mais agradável, visando o desenvolvimento da linguagem e do raciocínio lógico. PIAGET (1990) descreve a possibilidade da utilização dos jogos no ensino voltado para as crianças: 19 ...todos os métodos ativos da educação infantil exigem que a criança seja provida de um equipamento adequado, assim quando estão jogando irão assimilar as realidades intelectuais que de outra maneira ficariam fora da inteligência infantil. (PIAGET,1990, p. 157) Portanto, o jogo educativo é um estímulo à inteligência das crianças, fazendo com que elas construam significados visando à assimilação do conhecimento e à construção de suas próprias idéias. Elas tornam-se capazes de compreender suas relações afetivas, assimilar papéis sociais, formulando hipóteses sobre o funcionamento da sociedade. O jogo educativo conduz a criança à compreensão do mundo e das ações humanas que acontecem em sua volta. O jogo é uma forma de desenvolver a imaginação e a interação da criança com os outros e com o mundo e deve ser visto na Educação Infantil como um importante recurso pedagógico RIZZO (1998) atesta afirmando: Os jogos constituem um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento integral do educando. Eles desenvolvem a atenção, disciplina, autocontrole, respeito a regras e habilidades perceptivas e motoras a cada tipo de jogo oferecido. (RIZZO, 1998, p.48) Contudo, os profissionais da Educação infantil, não levam tão a sério a utilização dos jogos educativos em sala de aula, sendo colocado para as crianças como um passatempo para que elas se divirtam e gastem suas energias. O professor da Educação Infantil deve considerar o jogo como espontâneo e presente continuamente no contexto da sala de aula, como fator de desenvolvimento da iniciativa e da inteligência. “Não há momentos próprios para desenvolver a inteligência (...) sempre é possível progredir e aperfeiçoar-se. Os jogos devem estar presentes todos os dias na sala de aula”. (RIZZO, 1998, p.48) Através da troca direta da criança com a realidade é que acontece o desenvolvimento da capacidade biológica básica da inteligência. Na escola, muitas vezes, aprender não é tão interessante para a criança e o jogo torna-se um método que motiva e facilita o processo ensino-aprendizagem. 3.1. A FUNÇÃO DO JOGO PARA A CRIANÇA 20 Na Educação Infantil, para que o jogo educativo alcance seus objetivos que possibilitem as crianças à construção do conhecimento torna-se importante que este seja bem definido e utilizado. Há situações em que o jogo deixa de apresentar um aspecto lúdico e passa simplesmente a ser mais um material pedagógico. Cabe a criança, em sala de aula, emitir opiniões sobre a escolha dos jogos e brincar livremente, sem preocupações e imposições dos educadores. Elas devem conhecer e respeitar as regras inerentes aos próprios jogos e criar e/ou modificar outras, de acordo com os seus interesses. A criança brinca por que gosta de divertir-se e interagir com os outros e não existe para ela uma preocupação sobre as suas ações com relação ao que ela possa conseguir com o jogo. Portanto, é importante para ela, a livre escolha do jogo, pois este não perde o aspecto lúdico, importante na aquisição e construção do conhecimento para a mesma. Na Educação Infantil há uma grande preocupação dos educadores com a aprendizagem e com o desenvolvimento de habilidades físicas ou mentais e muitas vezes os jogos são utilizados com essa finalidade, passando estes a serem simples materiais pedagógicos. Com relação ao ensino-aprendizagem através dos jogos educativos, escreveu NETO (1996): Os jogos educativos são uma área que pode tornar-se alvo de inúmeras pesquisas. Se o ensino for lúdico e desafiador, a aprendizagem prolonga-se fora da sala de aula, fora da escola, pelo cotidiano, num crescimento muito mais rico do que algumas informações que o aluno decora.(NETO, 1996, p.43) A criança através do jogo desenvolve a criatividade e a autonomia. Ela torna-se mais confiante e desenvolve a auto-estima. É através do jogo que há o crescimento da alma e da inteligência. Não há como imaginar infância sem risos e brincadeiras. A infância é a fase em que a criança aprende através de brincadeiras e o jogo exerce um poder fascinante nesse período, pois ele está presente desde o início da vida da criança, nos movimentos como alcançar objetos e deixá-los cair e nos primeiros sons emitidos. Os gestos n a primeira fase da criança, portanto, tornam-se úteis, pois cada atividade corresponde ao desenvolvimento de uma função a fim de que ela consiga alcançar para si funções 21 mais difíceis como o andar, o falar, (impossíveis sem os movimentos das pernas e os primeiros balbucios). O jogo apresenta um caráter sério, não sendo para a criança um simples entretenimento. Ela, ao brincar, por exemplo, de “papai-mamãe”, leva tão a sério que não admite as interferências ou zombarias de adultos. Na fase da educação Infantil, a criança, a cada instante, identifica-se com quem representa, encarando de modo perfeito o seu papel. 3.2. A IMPORTÂNCIA DO JOGO Piaget utiliza a palavra “jogo” em sentido restrito ao se referir às atividades cujas características revelam a prioridade da assimilação sobre a acomodação, nas quais a criança diferencia um objeto de um acontecimento, de acordo com os seus interesses. Como exemplo, em um jogo simbólico, ela representa o papel de “fazer comidinha” ou “embalar” um bebê, ignorando a realidade. Piaget (1990) também utiliza o termo “jogo” em sentido mais amplo em oposição ao “trabalho”, “... nas classes infantis de um ativo colégio, cada tipo de transição espontânea pode ser observado entre jogo e trabalho”.(PIAGET, 1990, p.157) Educadores tendem a uma classificação das atividades humanas em “jogo” e “trabalho” como se ambos fossem mutuamente exclusivas; diferentemente da criança que constrói seu conhecimento independente do conhecimento físico e raciocínio diferenciado. Quanto mais difícil torna-se o jogo como, por exemplo, tocar violão, torna-se mais agradável a realização tanto para as crianças como para os educadores. O modelo de situação ideal para a aprendizagem é aquele em que o aprendiz sinta-se bem, chegando a considerar trabalho e jogo como coisas idênticas. A criança, ao brincar, desenhar ou jogar desenvolve a capacidade de simbolizar, de representar. Através dessa capacidade de simbolização e de representação é que a criança apropria-se do mundo em que vive, compreende-o e participa dele. Na fase da Educação Infantil o pensamento encontra-se especificamente relacionado ao modo concreto, pois a criança concentra-se em alguns aspectos relacionados com a realidade em que vive, não conseguindo abstrair algo que neles está contido. 22 Nessa fase escolar, a criança pensa e age concretamente sobre os objetos. Porém, ao pensar e operar sobre a realidade, ela vai transformando-a, seu pensamento deixa de se apoiar especificamente no concreto e a criança interioriza, abstrai suas ações sobre a realidade. Somente depois dos sete anos, gradativamente, a criança consegue perceber o que está aparentemente escondido no concreto, compreendendo melhor o que existe além dos objetos em si, a relação entre eles. O pensamento torna-se mais abstrato, quer dizer, a criança consegue operar a realidade mentalmente. O jogo, na Educação Infantil é caracterizado pela atitude que envolve a sua utilização, portanto o jogo é ferramenta de análise, ação e avaliação, mas é necessário que aconteça, pela criança, a compreensão do mesmo. Na escola, a criança entra em contato, ou pelo menos deveria, especificamente na Educação Infantil, com um espaço natural do jogo e da brincadeira, conduzindo a idéia de que, por exemplo, conteúdos matemáticos são mais fáceis de serem aprendidos através dos jogos. Apesar dessa idéia, a utilização do jogo como instrumento não implica na realização de um trabalho matemático. A simples ação da criança, ao manipular peças e seguir regras, não garante necessariamente um a aprendizagem satisfatória. Além disso, o educador deve proporcionar aos seus educandos conhecimento, relação ou atitude. Muitas brincadeiras e jogos que são de interesse das crianças da Educação Infantil estão relacionadas com idéias matemáticas em que educadores podem explorar em sala de aula através de perguntas, observações e formulações de propostas. Podem-se citar como exemplos quebracabeça, dominós, jogos de encaixe e outros. Várias cantigas e brincadeiras do mundo infantil enriquecem o raciocínio lógico-matemático da criança. Em grupo, crianças aprendem a conviver e a tomar decisões com os outros, desde a estrutura do grupo, através das relações de troca, em que elas aprendem a esperar a vez, lidar com as regras. Com isso, elas vão analisando a importância da sua participação, independente do resultado no final dos jogos e brincadeiras. A criança ao brincar em grupo, adquire e desenvolve habilidades, reconhece objetos e ações, estabelecendo diferenças entre eles e conscientizando-se sobre as igualdades e diferenças, existentes, adquire noções de abstração, classificação e simbolização. A linguagem é desenvolvida nas brincadeiras e jogos, criando-se um sistema de comunicação e expressão inerentes ao grupo, através da interação entre as crianças. 23 3.3. A FORMAÇÃO DO GRUPO Crianças gostam de interagir uma com as outras desde cedo. Aos quatro anos a integração e a vontade de conquistar novas amizades tornam-se mais visíveis, porém, é por volta dos cinco anos que elas sentem a necessidade e a importância de ter companheiros e jogos e brincadeiras. De um modo geral, como característica entre as brincadeiras das crianças, existe a formação de duplas. Elas costumam brincar lado a lado, compartilhando suas alegrias e ações, não desenvolvendo a formação de grupos inicialmente. Na Educação Infantil ou em outro ambiente vivenciado pelo educando, quando acontece a união entre duas ou mais crianças, surge uma espécie de rivalidade entre elas. Crianças competem entre si para verificar quem corre mais, quem pula mais alto, quem canta e dança melhor, quem consegue ler, escrever, desenhar e outras situações. Observa-se que os jogos e brincadeiras na fase da Educação Infantil surgem sem qualquer tipo de organização, eles acontecem por acaso. Portanto, crianças demonstram-se seguras por terem feito melhor do que o outro, de terem conseguido realizar a leitura ou escrever algo interessante para elas. Contudo, com o passar do tempo elas sentem a necessidade e o interesse em organizar o jogo. Em sala de aula torna-se relevante que educadores proporcionem as crianças jogos e brincadeiras em grupo para que consigam apropriar-se e ter o domínio da leitura e escrita através do desenvolvimento da linguagem. Porém, a formação dos grupos deve acontecer de forma agradável e voluntária, tendo o devido cuidado para que não aconteçam intrigas e discriminações entre as crianças. Em grupo, educandos sempre devem respeitar as diferenças individuais para que também se sintam respeitados. As atividades em grupo devem ser bem planejadas a fim de que promovam a integração e o desenvolvimento dos educandos, pois formar grupos aleatórios e conduzi-los aos jogos e brincadeiras formados aleatoriamente pelas crianças podem desenvolver algumas atitudes indesejadas na sala de aula, como por exemplo, a competitividade excessiva. Espera-se que as crianças ajudem-se entre si para que juntas consigam alcançar a vitória: ter bom êxito no processo 24 de alfabetização, além de alcançar satisfatoriamente o seu desenvolvimento pleno juntamente com o grupo. 3.4. A DISCIPLINA DO JOGO Em sala de aula, jogos educativos devem ser utilizados com ações que promovam o desenvolvimento integral da criança, conduzindo os educandos a bons resultados no desenvolvimento da leitura e escrita. Para que as ações se concretizem, torna-se necessário que elas não aconteçam de forma aleatória, desordenada, em que crianças não se sintam seguras e capazes de participar. Surge a necessidade de serem criadas regras para que exista entre as crianças uma competição saudável, em que elas conheçam a si e aos colegas para que juntos possam superar os obstáculos que se encontram pelo caminho. 3.4.1. REGRAS Desde cedo criança tem a prática de imitar. Na imitação produzida por ela estão implícitas algumas regras, porém estas ainda não estão separadas do modelo concreto: a mãe, o vendedor, o diretor, a professora, o médico. Depois surgem as regras desligadas do modo concreto, que são as regras arbitrárias. A noção de regra acontece na criança a partir do desenvolvimento nela das primeiras regras elementares. Quando a criança inventa determinados jogos com regras arbitrárias, logo acaba esquecendo-os. Jogos com esse tipo de regra surgem desde cedo, mas só se desenvolvem quando se declinam as imitações dos adultos. Através das regras a criança encontra o instrumento mais seguro de sua afirmação: ela manifesta sua vontade, sua autonomia e a permanência do seu ser. Durante os acontecimentos vivenciados pelas crianças é que surgem as regras, de forma implícita e criada por elas. Jogos vivenciados pelo educando durante a infância como, por exemplo, jogo de damas, dominó, baralho e outros já mostram para as crianças regras explícitas e 25 determinadas pela sua estrutura. Cabe à criança em jogos como este somente seguir essas regras em que o jogo se apresenta pelo seu aspecto lúdico. Os jogos e brincadeiras inerentes à criança após o nascimento, como os do bebê, não apresentam nenhuma regra. A regra surge no segundo ano com as primeiras imitações, de modo disfarçado, porém é necessário que haja um determinado tempo para que a regra se libere dessa característica. O jogo deve ser encarado pela criança na Educação Infantil como uma atividade livre de pressões e avaliações, promovendo na criança o desenvolvimento da autonomia e do raciocínio lógico, necessário ao processo de alfabetização. No coletivo, educandos dessa fase devem ser capazes de solucionar os problemas que surgem durante as atividades desenvolvidas em sala de aula. Educadores devem estar em alerta a fim de transformar os erros cometidos pelas crianças em situações de aprendizagem e tornar satisfatório outro aspecto próprio do jogo: a competição. 3.4.2. A COMPETIÇÃO A competição é inerente ao jogo. Através dela existe o preparo da criança para o ingresso no jogo dos maiores. No primeiro instante, a criança, ao ser expectadora de um jogo aprende não só a observar o jogo, mas participa um pouco dos que já sabem como e por que jogar. Brincadeiras e jogos admitem e trazem para si um público. Um dos motivos do jogo de competição é o público. A criança torna-se aceita no jogo dos maiores quando eles a conhecerem bem. Porém, sempre existirá um papel subalterno. Contudo, na Educação Infantil, educadores e até mesmo as crianças tem receio e desmotivam-se com a preparação e a utilização dos jogos em que haja competição. Crianças têm medo de fracassar e sentir-se “mal” diante de colegas em sala de aula. Professores devem preocupar-se com o bloqueio da participação das crianças não só em jogos competitivos, mas em outras atividades desenvolvidas em sala de aula. Portanto, a competitividade pode ser um obstáculo para a utilização dos jogos em sala de aula, devendo sempre que possível ser avaliada a situação e até mesmo, quando for o caso, que se 26 evite, embora existam educadores que valorizam esses jogos como forma de motivação e participação, na idéia visível de quem será o vencedor. Jogos e brincadeiras que envolvam a competição em salas de aula da Educação Infantil podem trazer aspectos negativos no desenvolvimento da leitura e escrita e conseqüentemente, para o desenvolvimento infantil. A competitividade em sala de aula entre as crianças deve ser observada e estimulada pelo educador que procura desenvolver na criança o raciocínio, a autonomia, devendo, portanto ser estimulada. È necessário que seja observado se os jogos e brincadeiras estão ao nível de desenvolvimento da criança. Se não estiver, é relevante que aconteça uma adaptação para que o educando sinta-se bem seguro. Dessa forma é permitida a criança à compreensão e o respeito às regras do jogo, a troca de idéias que favoreçam a autonomia e o desenvolvimento da linguagem, a discussão entre elas respeitando diferentes formas de pensar e agir, para que haja um senso comum. Então, de acordo com o resultado final, que crianças aceitem as perdas e ganhos decorrentes do resultado do jogo. Vale ressaltar que as crianças, desde o início, sentem suas diferenças em relação ao outro, porém de forma individual. Educadores devem planejar e executar suas ações fazendo com que as crianças percebam as características de cada grupo. Dessa forma, torna-se relevante para cada uma delas o espaço e cooperação junto aos colegas, na construção do todo. 27 CONCLUSÃO Através dessa pesquisa bibliográfica torna-se evidente ver o jogo como um recurso pedagógico valioso que favorece o desenvolvimento da leitura e da escrita, facilitando a construção do conhecimento da criança. Crianças se desenvolvem e elaboram suas estruturas mentais através das brincadeiras e jogos. O educador deve procurar relacionar jogos e brincadeiras de acordo com os interesses e necessidades das crianças, inovando as atividades em sala de aula com planejamento prévio e específico para cada conteúdo e procurando aceitar e valorizar as experiências inerentes ao cotidiano de vida das crianças. Escolas da Educação Infantil devem ter a preocupação de implementar atividades lúdicas, com brincadeiras livres, planejadas e espaço adequado dentro e fora da sala de aula que promova a integração entre as crianças e desenvolva o processo de alfabetização entre elas, favorecendo o desenvolvimento da linguagem e o processo de leitura e escrita. Geralmente, nas escolas, existem materiais e recursos diversos aplicados em vários jogos e brincadeiras, porém, se forem utilizados de maneira inadequada, aleatória, não alcançarão resultados favoráveis ao pleno desenvolvimento infantil. Se o trabalho do professor for conduzido de forma imprópria, as atividades lúdicas contribuirão para que aconteçam aulas sem aprendizagem. 28 Educadores de um modo geral devem proporcionar aos seus educandos a construção do pensamento, da linguagem e o conhecimento e desenvolvimento de habilidades para que crianças conheçam o seu potencial e sejam capazes de opinar, interagir, buscar soluções para a vida em sociedade. Conclui-se que o espaço proporcionado pela escola e seus educandos da Educação Infantil que tornam o processo ensino-aprendizagem mais lúdico para as crianças através dos jogos e brincadeiras constituirão-se de momentos agradáveis em busca do conhecimento e desenvolvimento da linguagem importante não só para a alfabetização das crianças, mas para a formação integral da mesma. Este trabalho procura fortalecer a criança no jogo da Educação Infantil como recurso necessário à aquisição e execução de atividades que proporcionem às crianças uma aprendizagem segura, tranqüila e agradável. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CNTE, Confederação Nacional dos trabalhadores em Educação; Cadernos de Educação, Ano II nº 32ª Edição. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. CUNHA, Helena da Silva e outros. Brinquedo, desafio e descoberta. 1ª edição;2ª tiragem. FAE/MEC/RJ. ENDERLE, Carmen. Psicologia do Desenvolvimento. Porto Alegre, Artes Médicas, 1897. NETO, CARLOS Alberto Ferreira. Mocidade e Jogo na Infância. Rio de Janeiro:Sprint, 1996. PINTO, Gerusa R.; RIBEIRO, Lourdes E. Práticas Pedagógicas e Experiências Inovadoras: Os Jogos na Construção da Base Alfabética e Ortográfica.Volume3, Editora FAPI LTDA, 9ª edição, Belo Horizonte – BH. PIAGET, Jean. A formação do símbolo da criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Forte, 1990. RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. SILVEIRA, R. S; BARONE, D. ª C. Jogos Educativos computadorizados utilizando a abordagem de algoritmos genéticos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Informática. Curso de PósGraduação em Ciências da Computação. 1998. 30 VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da mente. Trab. José Cippola Neto, Luís Silveira M. Barreto, Solange C. Afeche. São Paulo: Martins Fontes, 2000. WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Trad. José O. de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
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