Estão a chegar
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Estão a chegar
TaisTimor M a i o 2 0 01 • Vo l . 2 , N o . NO INTERIOR 2 6 3 “Trauma”workshop 12 Na água Uma fonte de informação mensal publicada em tétum, inglês, português e bahasa indonésia • distribuído gratuitamente Estão a chegar Foto OCPI/UNTAET É triste ser refugiado e a maior parte dos refugiados passa o tempo todo a sonhar com um possível regresso a casa. O que aconteceu em Timor Leste foi que, após a consulta popular, a maior parte dos Timorenses foi obrigada a abandonar o seu país, alguns deles por causa de diferentes percepções ou pontos de vista políticos. Nessa época, o Exército Indonésio (TNI e Polícia (POLRI) proporcionaram-lhes transporte para a segurança relativa de Timor Ocidental. Agora, ironicamente, as mesmas TNI e Polícia estão a ajudar os refugiados no seu regresso ao outro lado da fronteira. Todos a bordo! Alguns dos retornados que partiram, em meados de Março, de Kupang, em Timor Ocidental, para Díli, a bordo do navio Patricia Anne Hotung, fretado pela OIM. A Força de Manutenção de Paz Preparada para os Refugiados que Regressam Quantos soldados da Força de Manutenção de Paz existem em Timor Leste e como estão distribuídos? a segurança dos postos de cruzamento de fronteira, dos abrigos de refugiados e do Centro de Trânsito de Díli. Em 1 de Março de 2001, havia 8042 elementos da Força de Manutenção de Paz colocados em Timor Leste: 1702, no Sector Leste; 1206, no Sector Central; 2352, no Sector Oeste; 791, no Sector Oecussi e os restantes estão colocados em unidades de suporte, tais como Engenharia, Médica, Comunicações, Apoio Logístico e Quartéis-Generais da Força. A Força de Manutenção de Paz permite que os refugiados tragam todos os seus bens, quando do regresso a Timor Leste? Como é que a Força de Manutenção de Paz presta assistência aos refugiados que atravessam a fronteira e entram em Timor Leste? Actualmente, a Força de Manutenção de Paz dá apoio aos retornados que passam a fronteira, embora o ACNUR e a OIM sejam os principais organismos que prestam auxílio aos refugiados que regressam a Timor Leste. A Força de Manutenção de Paz coordenou esforços com o ACNUR e a OIM e prestou auxílio aos refugiados, sempre que solicitado, em tarefas como fornecimento de alimentos e água aos retornados. Além disso, os soldados das Força de Manutenção de Paz garantiram Sim, exceptuando os artigos ilegais, tais como armas e explosivos. Assim que os retornados entram em Timor Leste, o Serviço de Controlo de Fronteiras faz a triagem de todas as pessoas e revista-as para tentar encontrar artigos ilegais e armas. Essa tarefa costumava ser desempenhada pela Força de Manutenção de Paz, mas agora o Serviço de Controlo de Fronteiras tomou a seu cargo essa missão. A Força de Manutenção de Paz proporciona segurança, controlo do movimento e apoio, enquanto está a ser efectuada a triagem. Que faz a Força de Manutenção de Paz quando são feitas ameaças aos retornados, depois de estes se encontrarem em Timor Leste? Trata-se de um problema de manutenção da ordem pública cuja responsabilidade per- tence à Polícia Civil (CIVPOL). No entanto, a Força de Manutenção de Paz presta regularmente auxílio humanitário à população de Timor Leste e aos refugiados. Por exemplo, na sequência da violência civil em Viqueque, a Força de Manutenção de Paz forneceu abrigos e alimentos às pessoas deslocadas. A Força de Manutenção de Paz apoia também a VIVPOL, quando tal é solicitado. Qual é o envolvimento da Força de Manutenção de Paz nas casas seguras? O ACNUR e a CIVPOL são as duas organizações que têm a seu cargo a protecção dos retornados nas casas seguras. Como é que a Força de Manutenção de Paz auxilia a reintegração dos refugiados nas aldeias? A Força de Manutenção de Paz controla regularmente a segurança dos retornados que são reintegrados nas suas aldeias. A Força de Manutenção de Paz forneceu também equipas humanitárias que patrulham as aldeias para prestar assistência à população timorense. Como disse um membro do Batalhão 743, Camilo dos Santos, esta é a ordem do Governo indonésio. Os refugiados podem regressar a Timor Leste ou, inclusive, ficar em Timor Ocidental. Actualmente, há 20 timorenses pertencentes às TNI a organizarem-se independentemente, mas com o conhecimento dos seus superiores, para ajudarem os refugiados. Estão a trabalhar em Atambua, Betun, Soe, Kefa e Kupang, e coordenam esforços com a CRS, o ACNUR e a OIM. Muitos refugiados pensam que deveriam regressar a Timor Leste para colaborar no desenvolvimento do seu país. “Temos plena consciência de que é melhor estarmos no nosso país do que em qualquer outro. Aqui em Timor Ocidental, por exemplo, sentimo-nos estrangeiros - não temos liberdade para fazer o que quer que seja, nem sequer para levarmos avante a nossa vida. Timor Leste tem pela frente muitos problemas negativos, de momento, tais como as dificuldades económicas, a falta de segurança e outros, mas decidi regressar ao meu Continua na página 2 Neste Número 2 ACUR sobre Refugiados 3 Treino em Suai 3 Entrevista com o Chefe de Estado-Maior 4 Noticias da ATTL 6 Secção de fotos sobre refugiados 8 Resumo de Notícias 8 Noticias dos Distritos 10 Vozes de Timor Lorosa’e Sobre ... Expectativas dos refugiados 11 Tiu sobre Segurança 11 Desporto em Timor Ta i s T i m o r é u m s e r v i ç o d e i n f o r m a ç ã o d a A d m i n i s t r a ç ã o Tr a n s i t ó r i a d a s N a ç õ e s U n i d a s e m T i m o r L e s t e ( U N TA E T ) Maio 2001 Tais Timor O ACUR fala sobre os refugiados e sobre o seu próprio futuro em Timor Ocidental Quando é que o ACNUR planeia recomeçar o seu trabalho em Timor Ocidental? Foto OCPI/UNTAET ACNUR, tal como os outros organismos das Nações Unidas, não pode regressar a Timor Leste até a Fase de Segurança ter sido baixada pelo Coordenador de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque. Tendo em mente a questão do acesso aos refugiados, é, no entanto, improvável que o ACNUR regresse algum dia ao mesmo nível de operações que existiam anteriormente. Independentemente da Fase de Segurança em Timor Ocidental, o ACNUR irá continuar a trabalhar com as autoridades indonésias e as ONG para ajudar as pessoas a deixarem os campos e encontrarem soluções duradouras, repatriação voluntária ou fixação no local, com base em informações objectivas e na liberdade de escolha. Existe uma Estratégia Geral de Repatriação para ajudar os refugiados noutras partes da Indonésia? Em colaboração com as autoridades indonésias e com a OIM, o ACNUR está sempre disposto a ajudar refugiados legítimos a regressarem a Timor Leste. Interessa à grande maioria das partes envolvidas que os refugiados regressem a Timor Leste para contribuírem para a reconstrução do país. A atenção especial que o ACNUR dá a Timor Ocidental deve-se, em grande medida, ao grande número de timorenses que fugiram ou foram obrigados a deslocar-se para lá. Vários milhares de timorenses regressaram já ao seu país, vindos de Jacarta, Bali e Sulawesi. Dado que a situação continua a estabilizar em Timor Leste e que informações mais objectivas chegam ao alcance dos timorenses que se encontram noutras partes da Indonésia, poderemos esperar que esse regresso continue. Qual é a estratégia do ACNUR para repatriar os refugiados de Timor Ocidental para Timor Leste? A estratégia do ACNUR continua a ser garantir que os refugiados que decidem ser repatriados voluntariamente o possam fazer em segurança e com dignidade. Embora a falta de uma presença do ACNUR em Timor Ocidental tenha tornado mais difícil o controlo da repatriação, mantemo-nos em estreito contacto com as ONG, Organizações da Igreja e o Grupo de Trabalho do Governo Indonésio para os Refugiados (Sattgas) para garantir que as operações de repatriação decorrem sem problemas. Sempre que foi obtida autorização de segurança por parte do Coordenador de Segurança das Nações Unidas, o ACNUR participou também em diversas repatriações ad hoc, nomeadamente de Kupang por meio do navio fretado pela OIM, o Patricia Anne Hotung. Para combater as campanhas activas de desinformação que continuam a existir nos campos de refugiados e para auxiliar no processo de repatriação, o ACNUR e a UNTAET forneceram também ao Sattgas panfletos, cartazes, material áudio e visual que esperamos que distribuam. A visita de representantes da UNTAET, PKF, OIM e ACNUR as campos de refugiados, em Abril, destina-se a responder de forma clara às perguntas que os refugiados e as autoridades pretendem fazer sobre as condições em Timor Leste e o que podem esperar, se regressarem. Para facilitar as No Porto de Kupang, os timorenses retiram-se ordeiramente com a ajuda da POLRI A segurança dos refugiados, após o seu regresso a Timor Leste, irá ser assegurada? repatriações e minimizar o fardo que representam para autoridades locais com poucos recursos, a OIM está a pagar também o custo dos camiões que o Sattgas está a utilizar para levar os refugiados até à fronteira. Os refugiados não deverão ter de pagar o seu transporte. Os retornados terão os mesmos direitos e obrigações que os outros residentes em Timor Leste. Até agora, a reintegração dos retornados nas suas comunidades revelou-se extremamente bem sucedida. As patrulhas e operações de segurança dos 8000 soldados da Força de Manutenção de Paz das Nações Unidas revelaram-se altamente eficazes. As operações dos 1485 membros da Polícia Civil das Nações Unidas e de centenas de recrutas da polícia nacional timorense que Onde é que os refugiados podem ir, em Timor Ocidental, para receberem ajuda para a repatriação? Os refugiados deverão contactar os escritórios do Sattgas em Kupang, Atambua ou o Serviço dos Jesuítas para os Refugiados, em Betun. Em alternativa, podem contactar as unidades locais das TNI para obterem auxílio. O escritório do Sattgas localiza-se em frente ao Liurai Hotel, em Atambua (Jl. Gatot Soebroto 13, Atambua), e atrás do Bupati’s Office, em Kupang. O número de telefone do Sattgas, em Atambua, é 0389 21029. Refugiados continua da página 1 país e fazer a minha parte no que se refere ao desenvolvimento de Timor Leste”, afirma Maria Lígia de Fátima. A Sr.ª de Fátima, cujo marido está em Flores integrado nas TNI indonésias, planeia regressar a Timor Leste com os seus três filhos para ver pessoalmente qual é a situação e, depois, o marido irá juntar-se-lhe, dependendo das informações que lhe transmitir. Até mesmo timorenses que são exmembros das milícias indonésias, dos serviços de informação e da polícia concordam que é melhor a população regressar a Timor Leste porque não tem futuro em Timor Ocidental. Segundo eles, ainda são suficientemente fortes para trabalhar e sustentar a família, mas isso é uma coisa que não podem fazer em Timor Ocidental. “Não consigo imaginar o que lhes irá acontecer a seguir, sem apoio para subsistirem”, diz Alberto Ximenes, um membro dos Serviços de Informações da Polícia Indonésia. Chico Metan, um ex-membro da milícia Ai-tarak, decidiu regressar a Timor Leste, mas só depois de estar montada a sua estrutura legal. “Timor Leste também é o meu país e, por isso, tenho direito a regressar, mas só o farei depois de estar definida a lei em Timor Leste, porque não quero ser morto estupidamente. Penso que é melhor que os refugiados regressem, porque o seu futuro aqui não é claro”, afirma o Sr. Metan. “Vim para cá, há dois anos, para salvar a minha vida, não para ficar para sempre. Estou à espera do meu chefe, Eurico Os refugiados podem trazer todos os seus bens, tais como automóveis e animais, quando regressam a Timor Leste? Os refugiados podem regressar a Timor Leste com todos os seus bens pessoais. Para facilitar a sua travessia da fronteira, é melhor que tenham documentos relativos à propriedade de bens de maior valor e gado. Os refugiados que regressam com quantidades comerciais de artigos poderão ser sujeitos a controles fronteiriços e alfandegários normais. Posso regressar à minha casa original em Timor Leste? A reintegração na posse da sua casa será grandemente facilitada se tiver um documento de registo. Se perdeu os documentos oficiais relativos à sua casa, isso não significa que tenha perdido os seus direitos sobre a terra e propriedades. O processo de determinação da posse da terra e de propriedades será deixado para decisão por parte de um governo eleito democraticamente. Se quiser reivindicar a propriedade da sua casa, a Unidade de Terras e Propriedade da UNTAET está a aceitar reivindicações e, logo que seja criado um sistema para registar direitos reais, as reivindicações começarão a ser tratadas. 2 fazem patrulhas em conjunto com eles, proporcionaram também aos cidadãos um novo sentimento de segurança e bem-estar. Sempre que os refugiados tenham preocupações relativamente à sua segurança, devem comunicá-las ao pessoal do ACNUR, no ponto onde cruzarem a fronteira. O ACNUR dispõe de pessoal que irão fazer o acompanhamento das questões de segurança e a UNTAET tem Funcionários Distritais responsáveis pelos Direitos Humanos que controlam os direitos humanos dos retornados e dão ajuda quando existem ameaças ou acções contra os retornados. Guterres. Depois de ele ser autorizado a regressar, regressaremos e, se houver provas de que colaborei nas destruições, estou pronto a enfrentar a justiça em Timor Leste”, acrescenta. Muitos mais refugiados voltariam mais cedo se mão fosse a incerteza quanto ao que os aguarda após o seu regresso. Miguel dos Reis é um dos refugiados que tiveram de adiar os seus planos de regresso a casa. “Quero que a minha irmã, Santina de Pereira, que está a viver no Colégio das Irmãs Carmelitas, em Maubisse, me escreva primeiro uma carta e me dê notícias da família - se todos ainda estão vivos. Estou confuso com a questão da segurança em Timor Leste”, afirma o Sr. dos Reis. Miguel dos Santos, por outro lado, está à espera de receber notícias da mulher e de todos os seus filhos, que regressaram a Timor Leste em Fevereiro passado. Matias Lopes está à espera de receber notícias do irmão. “Não sei se o meu irmão Justino Lopes ainda está vivo; se estiver vivo, digam-lhe que me mande uma carta ou me telefone, para poder tomar uma decisão”, diz o Sr. Lopes. O Sr. Lopes vais saber em breve que o seu irmão, Justino Lopes, está vivo e bem, em Díli, e que ganha a vida como motorista de táxi. Diz ao Tais Timor, “Vou mandar uma carta ao Matias a dizer que estou muito feliz em Timor Leste, que ele não deveria acreditar nos boatos. Matias, espero que regresses o mais cedo possível e, juntamente com os nossos irmãos, iremos desenvolver o país”. Maio 2001 Tais Timor Delegação de Timor Leste Visita Campos de Refugiados Uma Entrevista com o Chefe de Estado-Maior, N. Parameswaran OCPI: Sr. Parameswaran, qual é o objectivo da sua próxima visita a campos de refugiados em Timor Ocidental? OCPI: Há representantes do Governo indonésio envolvidos na visita? muitas outras entidades de Timor Ocidental (NTT), incluindo o Corpo de Polícia Indonésio (Polri), o Governo Local (Pemda), as Unidades de Controlo (Satgas), PMP, as entidades que têm a seu cargo o regresso dos refugiados, e muitos outros. Além disso, de modo a resolver este problema, também irá participar na visita um membro do KUKRI ou Gabinete de Assuntos Urgentes da República da Indonésia em Díli. Partiremos de Díli no Domingo. No entanto, não tenho a certeza de que ele possa juntar-se a nós, porque o nosso programa sofreu algumas ligeiras alterações. Eles gostariam de se juntar a nós porque temos estado a trabalhar em estreita colaboração com o Governo indonésio. Sem essa boa cooperação, poderíamos não ter sido capazes de continuar. Sr. Parameswaran: Trata-se de uma visita de socialização de modo a podermos proporcionar informações rigorosas acerca da situação actual em Timor Lorosa’e. Sr. Parameswaran: Embora a ideia tenha sido originalmente do Comandante Regional de Udayana de Bali, Sr. William da Costa, recebeu todo o apoio de Jacarta e OCPI: Que mensagem irá ser transmitida aos naturais de Timor Leste que actualmente ainda estão a viver em Timor Ocidental? Uma delegação chefiada pelo Chefe de Estado-Maior da UNTAET, N. Parameswaran, visitou diversos campos de refugidos em Timor Ocidental indonésio, em meados de Abril. Uma semana antes de partir, o Sr. Parameswaran explicou ao OCPI os objectivos da sua visita. Gostaríamos também de explicar aos refugiados o que quer que possam querer saber. E penso que eles têm muitas perguntas a fazer. OCPI: Quantos são e quem são os representantes, tanto de Timor Lorosa’e como de Timor Ocidental, envolvidos nesta visita? Sr. Parameswaran: A delegação de Timor Leste será constituída por representantes da UNTAET, da Organização Internacional para as Migrações, da Força de Manutenção de Paz e os Observadores Militares das Nações Unidas, provavelmente um total de nove pessoas. Sr. Parameswaran: Tenho em mente a mensagem escrita conjuntamente pelos dois Bispos. Levaremos connosco a sua mensagem pascal. Os refugiados que desejarem regressar a casa, façam o favor de regressar. Se houver algum problema, tentaremos resolvê-lo. No entanto, o regresso deverá ser feito sem a menor pressão de qualquer dos lados. Queremos que aqueles que desejam regressar o façam voluntariamente e este é também o objectivo do Governo indonésio. O Governo indonésio deu aos refugiados a opção de ficarem lá permanentemente ou regressarem a casa. Diremos também a esses refugiados que, se quiserem regressar a casa, são bem-vindos. Timor Leste também é a sua Terra Natal e também eles têm aqui papéis e direitos como todos os outros Timorenses. E, nas eleições que se aproximam, podem aproveitar a oportunidade para determinar o futuro de Timor Leste. O Regresso à Felicidade Começa em Suai Até hoje, não sabe qual o paradeiro dos seus filhos e nem sequer se ainda estão vivos. A primeira impressão que temos dela é de que se trata apenas de uma velhinha inofensiva mas, mal começa a falar, torna-se evidente que se encontra perdida no labirinto do tempo. A sua história é real e funciona como uma metáfora de tudo aquilo por que este país passou. Praticamente toda a população de Timor Leste sofre de traumas graves provocados por uma cultura de violência política durante os últimos vinte e cinco anos, segundo um inquérito psicossocial realizado a nível nacional, entre Junho e Julho de 2000, pelo International Rehabilitation Council for Torture Victims (IRCT) e coordenado pela funcionária da UNTAET responsável pela reabilitação psicossocial, Nidya Quiroz. O inquérito foi realizado em todos os treze (13) distritos de Timor Leste e abrangeu 1033 inquiridos. Os resultados mostraram que 96,6% dos inquiridos sofreram pelo menos uma experiência traumática entre 1975 e 1999, havendo inquiridos que tiveram uma média de sete experiências traumáticas. As cinco formas mais comuns de experiências traumáticas sofridas foram: situação de combate (76%); falta de abrigo (63,7%); falta de saúde sem acesso a cuidados médicos (60,3%); separação forçada de membros da família (57,2%), e ter estado perto da morte (54,8%). Além disso, cerca de 76% dos inquiridos perderam o seu gado, enquanto 60% perderam as suas casas. O inquérito revelou que o número médio de experiências traumáticas sofridas foi mais elevado em cinco distritos - Viqueque, Manatuto, Same, Suai e Maliana. Isto pode ser explicado pela concentração, nessas áreas, de presos políticos que sofreram todos os tipos de tortura. Segundo a Dr.ª Clarissa Mia Salud, coordenadora de projecto do IRCT, cerca de um terço dos inquiridos (34%) apresentava sintomas de distúrbio pós-traumático de stress (DPTS), que inclui os seguintes sintomas: pensamentos e recordações recorrentes dos acontecimentos mais aterradores, sentindo como se o tudo estivesse a acontecer de novo; pesadelos recorrentes; agressividade; dificuldade de concentração; perturbações do sono; irritabilidade; evitar pensamentos ou sentimentos associados à experiência traumática ou dolorosa; reacção emocional ou física súbita quando lhe são lembrados os acontecimentos mais dolorosos ou traumáticos, e o sentimento de que as pessoas não compreendem o que lhes aconteceu. Com base no inquérito, os principais cinco distritos que exigem atenção prioritária me termos de prevalência do DPTS são: Ainaro (78,7%); Same (70,6%); Oecussi (64,1%); Suai (62,8%), e Manatuto (47,1%). “Praticamente toda a população de Timor Leste sofre de traumas graves provocados por uma cultura de violência política durante os últimos vinte e cinco anos,” Foto: OCPI/UNTAET Algures em Aileu,uma mulher idosa vive no passado. Para ela, o tempo parou em 1975, no dia em que a Indonésia invadiu Timor Leste e ela chegou a casa e verificou que os seus filhos haviam desaparecido. Os resultados do inquérito ajudaram a identificar os distritos prioritários em termos de trauma psicossocial, bem como as questões específicas que precisam de ser resolvidas - isto é, tortura, violência em virtude do sexo, separação de famílias, e outros. Uma das principais conclusões indicava que, em cerca de 22% de todos os lares inquiridos, havia crianças que haviam sido feridas ou separadas. Um dos resultados o inquérito foi trazer à luz os casos que exigiam uma atenção imediata pessoas que constituíam uma ameaça para si mesmas e para os outros. Os resultados do inquérito foram utilizados também para formular o “Regresso à Felicidade”, um Voluntários divertem-se durante a formação no workshop “Regresso à Felicidade”. Reflectindo sobre o exercício de Estrutura Aberta (acima), um deles afirmou, mais tarde: “É como a democracia onde temos de ser abertos e aceitarmo-nos mutuamente”. programa psicossocial para a população de Timor Leste. O projecto foi lançado recentemente em Covalima (Suai) com a formação de 65 professores e 200 jovens voluntários. Os professores e jovens voluntários irão proporcionar terapia de jogo às cerca de 10 000 crianças que frequentam as escolas primárias de Covalima, 3 durante oito meses, usando diferentes metodologias e cuidados primários de saúde mental. (O International Rehabilitation Council for Torture Victims pode ser contactado nos seus escritórios em Luru Mata, Comoro, Díli e Suai Kota, Covalima ou através do telemóvel N.º 0407626419) Tais Timor Maio 2001 notícias daATTL Administração de Transição de Timor Leste Foto: OCPI/UNTAET recursos da zona de cooperação pertenceriam a Timor Leste. “Mas, dado que existe uma sobreposição de reivindicações, o direito internacional aconselha que seja encontrada uma solução por meio de negociações”, disse o Sr. Alkatiri. A delegação de Timor Leste teve também uma reunião informal com o Ministro da Indústria, Ciência e Recursos australiano, Senador Nick Minchin. A próxima ronda de conservações foi marcada para o final de Abril ou começo de Maio. Espera-se que estas conversações sejam mais políticas do que técnicas. MANUEL CARRASCALÃO ELEITO PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL M anuel Carrascalão, o representante das empresas no Conselho Nacional, foi eleito Presidente do Conselho Nacional, em 9 de Abril. A representante do Distrito de Díli, Maria Odete Faria, apresentou uma moção para adiar a eleição do Presidente até Maio, para permitir que fossem realizadas discussões mais aprofundadas. Esta moção foi reprovada numa votação de 11 a favor, 13 contra e duas abstenções. Então, o Conselho procedeu à eleição do Presidente. Foram apresentados dois membros como candidatos; Clementino dos Reis Amaral, representando o KOTA, apresentou José Ramos Horta, o representante do CNRT; e a representante de Díli apresentou Manuel Carrascalão. Quatro outros candidatos, entre os quais se incluíam a Vice-Presidente Milena Pires, o representantes das ONG, Aniceto Guterres, o líder do partido socialista, Avelino Coelho, e o Padre José António da Costa, representante da Igreja católica, foram nomeados mas recusaram. A votação, que foi, pela primeira vez, realizada por escrutínio secreto, resultou num empate com ambos os candidatos receberem 13 votos. Houve um voto branco. José Ramos Horta retirou o seu nome da votação e a Vice-Presidente declarou Presidente Manuel Carrascalão. Dirigindo-se aos membros pela primeira vez como Presidente, Manuel Carrascalão afirmou que lamentava o resultado, dado que fora a favor de um adiamento da votação para poderem ser realizadas consultas mais aprofundadas. Dado que não havia possibilidade de retrocesso, aceitava as suas responsabilidades. Disse que, como Presidente, iria agir de acordo com a vontade da maioria. O Sr. Carrascalão substitui o Presidente do CNRT, Xanana Gusmão, no cargo de Presidente do Conselho Nacional. A 28 de Março, o Sr. Gusmão enviou uma carta ao Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, anunciando a sua demissão do Conselho Nacional. Manuel Carrascalão em entrevista como novo Presidente do Conselho Nacional. ESTÁ EM CURSO AVALIAÇÃO DA POBREZA FORMAÇÃO DE FORMADORES EM EDUCAÇÃO CÍVICA A Unidade de Recenseamento e Estatísticas A Comissão Permanente Nacional para a do Organismo Nacional de Planeamento e Desenvolvimento da ATTL tem estado a realizar um teste-piloto, com a duração de quatro dias, da futura avaliação de pobreza dos agregados familiares de Timor Leste. Vinte agregados de família de sete distritos - Ermera, Liquiçá, Maliana, Manatuto, Baucau, Viqueque e Lospalos - participaram no teste-piloto, que terminou em 21 de Abril. Os agregados familiares foram inquiridos sobre os seus rendimentos e despesas, o seu acesso a água e electricidade, serviços de saúde, e padrões de alojamento, entre outras coisas. O inquérito de avaliação de pobreza dos agregados familiares irá ter início em 26 de Maio. Durante três meses, irão ser inquiridos entre 1500 e 2000 agregados familiares. Os dados serão utilizados para a determinação de alvos e a melhoria de qualidade da ajuda ao desenvolvimento prestada às famílias mais pobres do país. O Organismo já realizou um estudo de pobreza de todos os 448 Sucos (freguesias) de Timor Leste e espera-se que os resultados desse inquérito sejam apresentados no final de Abril. O projecto é executado em pareceria com o Banco Mundial, o Banco Asiático para o Desenvolvimento e o PNUD. REGISTADOS MAIS DE 153 000 TIMORENSES Em 19 de Abril de 2001, 153 220 timo- renses já haviam sido registados pela Unidade de Registo Civil da ATTL: O registo civil iniciou-se a 16 de Março e a média inicial de 5500 pessoas registadas por dia elevou-se agora para 7500 pessoas por dia. Espera-se que mais computadores, que serão introduzidos em campo no final de Abril, venham ajudar a acelerar ainda mais o processo. O registo civil nacional irá continuar até 20 de Junho. Uma campanha nacional de informação pública sobre o registo civil tem estado a ser realizada pela Unidade de Registo Civil da ATTL e pelo Gabinete de Comunicações e Informação Pública (OCPI) da UNTAET e incluiu a produção de cartazes, brochuras, artigos noticiosos, e entrevistas radiofónicas e televisivas. Educação Cívica iniciou, em 20 de Abril, uma formação, com a duração de uma semana e abrangendo todos os 13 distritos, para formadores inseridos na campanha de educação cívica. Participaram na formação cinquenta e dois representantes de quatro organizações de todos os 13 distritos. A formação centrou-se nas eleições, direitos humanos, a constituição, paz, estabilidade e segurança, democracia e participação. Os participantes, do CNRT, Fórum das ONG, Rede das Mulheres de Timor Leste e Conselho de Solidariedade dos Estudantes, irão constituir uma equipa nacional de formadores e funcionar como elementos de penetração na comunidade no âmbito da campanha de educação cívica. Os formadores irão utilizar o mesmo material informativo e lançarão uma campanha em Timor Leste, que terá início no final de Abril e continuará até às eleições de Agosto, sendo então avaliada para a realização de mais trabalho de educação cívica. A campanha irá ser realizada através de educação directa, rádio, televisão, meios de comunicação impressos e actividades comunitárias, tais como debates, concertos e actividades escolares. A formação foi coordenada conjuntamente pela Unidade de Educação Cívica da UNTAET e membros da Comissão Permanente Nacional para a Educação Cívica - a Igreja católica, o CNRT, o Fórum das ONG, a Rede de Mulheres de Timor Leste, a Universidade de Timor Leste, as escolas primárias e secundárias, o Conselho de Solidariedade dos Estudantes, a UNTAET e o PNUD. CONVERSAÇÕES SOBRE O MAR DE TIMOR FORMAÇÃO PARA AS MULHERES QUE SÃO CANDIDATAS POLÍTICAS O Membro do Gabinete responsável pelos Assuntos Económicos, Mari Alkatiri, e o Membro do Gabinete responsável pelos Assuntos Políticos e Mar de Timor, Peter Galbraith, chefiaram conjuntamente a delegação da UNTAET/ATTL que esteve presente na segunda ronda de conversações com o Governo da Austrália sobre o Mar de Timor. As negociações realizaram-se em Melbourne, Austrália, entre 4 e 6 de Abril. Falando aos meios de comunicação social, quando do se regresso a Timor Leste, o Sr. Alkatiri descreveu as conversações como um “retrocesso”. Afirmou que a posição da UNTAET/ATTL quanto ao Mar de Timor é que, se Timor Leste aplicasse o direito internacional vigente, 100% dos A Unidade de Questões de Género da ATTL, em conjugação com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (UNIFEM), irá levar a cabo uma formação especial, em Maio, para 100 mulheres timorenses potenciais candidatas à Assembleia Constituinte. Esta formação surge na sequência do anúncio feito pelo Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, de medidas para incentivar a participação das mulheres nas eleições de 30 de Agosto, após a assinatura do regulamento sobre as 4 eleições e o registo dos partidos políticos, a 16 de Março. A formação incluirá questões de participação política, tomada de decisões e conhecimentos básicos quanto à forma de se ser candidato, entre outras coisas. A 4 de Abril, a Unidade de Questões de Género informou todos os partidos políticos, ONG e as Administrações de Distrito da realização desta formação. Foram distribuídos formulários de inscrição e solicitado às organizações que ajudassem a identificar mulheres que possam estar interessadas em se candidatar, quer como independentes, quer como inseridas em listas partidárias. Os seus nomes teriam de ser enviados até 16 de Abril, sendo a lista final de candidatas à formação elaborada no final de Abril. Na selecção das participantes, será tomada em conta a representação justa de organizações, distritos e candidatas individuais. PORTUGAL ASSINA ACORDOS DE AUXÍLIO O Chefe em Exercício da Administração de Transição, Jean-Christian Cady, e o Governo de Portugal assinaram dois Memorandos de Entendimento, a 5 de Abril, nos sectores da agricultura e da recuperação dos sistemas de distribuição de água. Cinco peritos do Ministério da Agricultura português irão supervisionar a criação de um centro tecnológico em Ermera, para a produção de café, e de um centro agrícola e florestal, em Aileu. O projecto está avaliado em 1,41 milhões de dólares norte-americanos. O Governo Português comprometeu-se também com o pagamento de 900 000 dólares norte-americanos para continuar o seu programa de recuperação do sistema de fornecimento de água nos distritos de Baucau e Aileu, que foi iniciado no ano passado. OS PARTIDOS POLÍTICOS VÃO COMEÇAR A RECOLHER ASSINATURAS A Comissão Eleitoral Independente teve a sua segunda reunião com os partidos políticos, a 4 de Abril. O Gabinete do Funcionário Eleitoral Principal informou os representantes dos partidos políticos quanto aos procedimentos para registo dos partidos e distribuiu os respectivos formulários de pedido. Os partidos políticos podem começar a recolher as informações necessárias para se registarem junto da Comissão Eleitoral Independente, a fim de poderem apresentar candidatos às futuras eleições para a Assembleia Constituinte, a 30 de Agosto. Para cumprimento dos requisitos, os partidos políticos podem começar a recolher assinaturas dos seus apoiantes, nos formulários especiais distribuídos pela Comissão Eleitoral Independente. Os partidos políticos não podem apresentar o seu requerimento à Comissão Eleitoral Independente enquanto o Conselho de Comissários não for nomeado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. PRIMEIRA ACUSAÇÃO POR EVASÃO FISCAL A 2 Abril, o Comissário do Serviço de Impostos de Timor Leste, Thomas Story, deu pormenores sobre a primeira acusação realizada por delitos fiscais nos termos do novo sistema fiscal de Timor Leste. Um despacho de pronúncia elaborado pelo Ministério Público do Tribunal do Distrito Tais Timor Maio 2001 notícias daATTL Administração de Transição de Timor Leste de Díli alega que os proprietários do Oasis Inn, um dos maiores hotéis de Díli, não efectuaram o pagamento de receitas fiscais, junto do Serviço de Impostos de Timor Leste, relativas ao imposto sobre serviços, em oito ocasiões diferentes. As pretensas infracções implicam multas que podem atingir os 1000 dólares norte-americanos por cada arrecadação não efectuada ou uma pena de cadeia que pode chegar a três anos. O Imposto sobre Serviços é um imposto de 10% que recai sobre hotéis e restaurantes e outros prestadores de serviços e foi introduzido a 1 de Julho de 2000. Funcionários do Serviço de Impostos de Timor Leste realizaram 18 auditorias especiais a empresas para verificação do comprimento das obrigações relativas ao imposto sobre serviços. Dessas auditorias, resultaram arrecadações adicionais e sanções que ascendem a 36 000 dólares norte-americanos. O Serviço de Impostos de Timor Leste foi criado em 1 de Julho de 2000. Até agora, arrecadou mais de 8 milhões de dólares norte-americanos em impostos relativos ao Mar de Timor, imposto sobre os salários e imposto sobre os serviços. RECRUTADOS MAIS DE 75% DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS O Serviço de Função Pública e Administração Pública (CISPE) comunicou que, até 25 de Março, havia sido recrutado um total de 8183 timorenses para a Administração de Transição de Timor Leste - 77,3% do pessoal aprovado pelo Conselho Nacional para o ano fiscal, que termina em Junho de 2001. Na sequência da política da UNTAET/ATTL de incentivar um equilíbrio entre sexos na nova administração pública timorense, quase dois mil dos novos funcionários públicos contratados são mulheres. Além disso, o CISPE proporcionou formação a mais de 2200 timorenses em diversas áreas, tais como governação, gestão de liderança para os escalões mais elevados da função pública, gestão básica e administração local, gestão de recursos humanos, informática, inglês e português. DECISÕES DO GABINETE O Gabinete de Transição de Timor Leste e cria uma Equipa de Supervisão Penal. A Equipa será formada por três pessoas, que serão nomeadas pelo Chefe da Administração de Transição. A sua função será receber e investigar queixas de reclusos e fazer recomendações, entre outras coisas. O Gabinete aprovou um Plano Nacional de Gestão de Catástrofes provisório e um projecto com ele relacionado e financiado pelo Programa das Nações para o Desenvolvimento (PNUD) para apoiar a criação de um serviço nacional de gestão de catástrofes em Timor Leste. O objectivo do Plano é criar estruturas para uma resposta coordenada a emergências e catástrofes. O Projecto centra-se no desenvolvimento da capacidade de resposta de Timor Leste no que se refere a prontidão para catástrofes, incluindo a sensibilização do público e a criação de stocks iniciais de auxílio. A 28 de Março, o Gabinete analisou de novo a questão de consultar o povo de Timor Leste quanto à sua constituição futura. O Gabinete subscreveu a política do Chefe da Administração de Transição de apoiar as iniciativas das ONG sobre questões constitucionais, em conjugação com as iniciativas de educação cívica realizadas pela Administração de Transição. Para além da iniciativa global, o Gabinete recomendou que o Chefe da Administração de Transição crie também mecanismos consultivos nos distritos, que inquiririam os pontos de vista do povo timorense quanto a questões constitucionais e os disponiblizariam à Assembleia Constituinte. Quanto a este ponto, o Gabinete reconheceu explicitamente que a futura Assembleia Constituinte detém a prerrogativa de criar qualquer mecanismo que deseje para facilitar a consulta dobre questões constitucionais. Esta análise segue-se à votação, pelo Conselho Nacional, que não aprovou um projecto de regulamento sobre a criação de comissões constitucionais nacional e distritais. O projecto de regulamento foi apresentado pelo representante das ONG no Conselho Nacional e tinha o apoio amplo das ONG, da Comissão Permanente de Assuntos Políticos, entre os quais o Presidente do CNRT e do Conselho Nacional, Xanana Gusmão, e da UNTAET: O Gabinete provou, em 21 de Março, alterações à Lista de Prioridades não Financiadas, na sequência das discussões no Gabinete realizadas a 14 de Março. A lista inclui projectos prioritários para os quais a Administração de Transição de Timor Leste procura financiamento por parte de doadores. A lista foi enviada ao Conselho Nacional para informação, e fornecida a países doadores na Reunião Intermediária de Doadores, em Díli, a 29 de Março. Além disso, o Gabinete analisou uma estratégia de receitas a longo prazo para Timor Leste. Uma vez aprovada, esta estratégia irá determinar os parâmetros fiscais relativos ao Orçamento 2001-2002. O Gabinete foi informado dos progressos da campanha de educação cívica, que envolve um programa nacional de difusão de informação e formação em educação cívica, bem como actividades específicas da sociedade civil e sectoriais. A campanha irá depender do apoio de muitos grupos diferentes de Timor Leste. O Gabinete continuou a analisar mecanismos para consulta do povo timorense sobre questões relacionadas com a sua futura Constituição. Foto: OCPI/UNTAET recomendou, a 19 de Abril, que o Chefe da Administração de Transição promulgue um regulamento sobre armas de fogo, munições, explosivos e outros instrumentos, como facas e machetes, quando usados como armas. O regulamento irá tomar em consideração as alterações propostas pelo Conselho Nacional e elaboradas pela Comissão Permanente de Assuntos Judiciais, quando o regulamento foi aprovado pelo Conselho, a 2 de Abril. Em especial, o Gabinete concordou com o facto de as facas e machetes serem incluídos no regulamento. O Gabinete concordou também com a proposta do Conselho Nacional para aumentar as penas para actividades não autorizadas relacionadas com essas armas. O regulamento tem como objectivo controlar a produção, fabrico, posse, venda, importação e exportação de armas de fogo, munições e explosivos e destina-se a ajudar a garantir a segurança em Timor Leste. A 12 de Abril, o Gabinete subscreveu um projecto de regulamento que iria criar um regime para os produtos orgânicos, a ser submetido ao Conselho Nacional. O texto confere estatuto legal a uma norma nacional para produtos orgânicos, que foi concebida para garantir a viabilidade económica continuada dos produtos orgânicos de Timor Leste nos mercados internacionais. O regulamento irá obrigar os operadores que etiquetam os seus produtos como orgânicos a estarem em consonância com a norma nacional. Exige também que qualquer produto com etiquetagem orgânica que seja apresentado para exportação ou venda no mercado interno seja certificado como orgânico pela Administração de Transição de Timor Leste. Nesse mesmo dia, o Gabinete aprovou um projecto de regulamento que cria formalmente um Serviço de Assistência Jurídica em Timor Leste. O texto inclui cláusulas sobre a finalidade e estrutura do Serviço, e os meios pelos quais as pessoas que não podem pagar assistência jurídica privada podem aceder ao Serviço. Inclui também um código de conduta para defensores públicos e outras pessoas acreditadas para prestarem serviços de assistência jurídica. O texto irá ser apresentado ao Conselho Nacional, para aprovação. A 4 de Abril, o Gabinete subscreveu um projecto de regulamento que cria o Serviço de Polícia de Timor Leste e a Academia de Polícia de Timor Leste. O texto inclui cláusulas sobre os deveres e poderes gerais dos agentes de polícia, e a estrutura do Serviço de Polícia, reflectindo a organização e práticas existentes desde que foi criada a UNTAET. O texto irá ser apresentado ao Conselho Nacional para aprovação. O Gabinete subscreveu também um regulamento que cria formalmente o Serviço Prisional de Timor Leste, para apresentação ao Conselho Nacional. O regulamento fornece o enquadramento para o funcionamento e gestão das instituições penais timorenses, o tratamento dos reclusos, e as regras de conduta dos funcionários prisionais. Especifica também os princípios de direitos humanos que deverão estar subjacentes ao funcionamento destas instituições ANIVERSÁRIO DO SERVIÇO DE POLÍCIA DE TIMOR LESTE O Serviço de Polícia de Timor Leste assi- nalou o seu primeiro aniversário a 27 de Março. Os primeiros 50 cadetes timorenses iniciaram a sua formação da Academia de O Registo Civil continua no posto de Registo Civil de Comoro. Até agora, foram registados cerca de 153 220 timorenses em postos de Registo espalhados por todo o território. 5 Polícia de Díli a 27 de Março de 2000. A cerimónia festejou o Dia Nacional da Polícia e a promoção dos primeiros 27 agentes timorenses ao posto provisório de Subinspector. O programa iniciou-se com uma missa celebrada pelo Bispo de Díli, Carlos Filipe Ximenes Belo, na Catedral, e seguiu-se-lhe uma parada com todos os agentes de polícia e cadetes timorenses, em frente ao edifício da Administração da UNTAET. O Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, o Chefe Adjunto da Administração de Transição, Jean-Christian Cady, o Presidente do CNRT/CN, Xanana Gusmão, e Membros do Gabinete assistiram à cerimónia. Até agora, formaram-se 450 agentes de polícia timorenses que foram distribuídos por todo o território de Timor Leste e 200 cadetes estão, presentemente, a receber formação na Academia de Polícia. FUTUROS DIPLOMATAS TIMORENSES RECEBERAM FORMAÇÃO NO ESTRANGEIRO T rinta e nove futuros diplomatas timorenses terminaram um mês de formação em Portugal, Noruega e Malásia. No estrangeiro, o grupo recebeu formação em áreas como relações económicas e comerciais internacionais, organizações internacionais e regionais, gestão de embaixada e consulado e formação básica em oratória pública, entre outros temas. Neste ano fiscal, 2001-2002, irão ser recrutados vinte estagiários para preencher as vagas existentes no Departamento de Transição dos Negócios Estrangeiros. PROCURADOR PARA CRIMES GRAVES TOMOU POSSE S hyamala Alagendra, da Malásia, tomou posse como Procurador do Tribunal Colectivo Especial para os Crimes Graves, a 22 de Março, perante o Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello. A Sr.ª Alagendra foi procuradora do tribunal cível durante cinco anos, na Malásia. A sua nomeação eleva para seis o número total de procuradores do Tribunal Colectivo Especial para os Crimes Graves, cinco internacionais e um timorense. Actualmente, o Tribunal Colectivo Pessoal tem 12 defensores públicos, e quatro juízes, incluindo um timorense. TOMOU POSSE O QUARTO JUIZ DE CRIMES GRAVES M arcelo Dolzany da Costa, do Brasil, tomou posse como Juiz do Tribunal Colectivo Especial para os Crimes Graves, a 21 de Março, perante o Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello. O Sr. Da Costa trabalhou como juiz federal, desde 1993, no Tribunal Eleitoral, um tribunal permanente brasileiro para assuntos eleitorais e teve a seu cargo julgamentos de questões civis e criminais envolvendo minorias étnicas, administração pública, impostos federais e danos ambientais nos Distritos da Amazónia e de Minas Gerais. O Tribunal Colectivo conta agora com três juízes internacionais e um timorense. Tais Timor Maio 2001 Regressando a Casa Photo by OCPI/UNTAET Durante os meses de Março e Abril de 2001, várias centenas de refugiados regressaram de Timor Ocidental, via Kupang, a bordo do navio fretado pela OIM, o Patricia Anne Hotung. Alguns vieram com apenas alguns bens, outros com tudo, desde porcos e galinhas até colchões novos e bicicletas. Chegaram todos ansiosos por se reintegrarem nas suas comunidades com dignidade e, de acordo com todos os relatos recebidos até agora, foi precisamente isso que sucedeu. 6 Tais Timor Maio 2001 7 Maio 2001 Tais Timor Resumo de Notícias Resumo de Notícias Resumo de Notícias NOVE EDIFÍCIOS PÚBLICOS IMPORTANTES VÃO SER RECONSTRUÍDOS DONATIVO PARA AJUDAR OS POBRES Foi iniciada, em Timor Leste, a recon- A 30 de Abril, os soldados católicos strução de nove edifícios públicos importantes, quatro em Díli e cinco em Baucau, Oecussi e Viqueque, que se espera venha a estar terminada no final de Maio. Os edifícios irão albergar o futuro Ministério da Infra-estrutura e Telecomunicações, um armazém Administrativo Central e o Centro Nacional de Arquivos, em Díli, a Estação de Correios de Baucau, o Palácio de Justiça do Distrito de Oecussi e a Residência do Juiz, e o Edifício da Educação e o Depósito de Obras públicas, em Viqueque. Desde Junho do ano passado, foi concluída a reconstrução de onze edifícios importantes pela Administração de Transição de Timor Leste e foram assinados contratos no valor de 6,2 milhões de dólares norte-americanos. Não se inclui nestes números a recuperação de edifícios públicos realizada pela UNTAET no âmbito do seu orçamento de missão. Mais de 20 edifícios de Díli, incluindo o Quartel-General da Força de Manutenção de Paz e o Edifício da Rádio e Televisão, bem como cerca de 240 edifícios nos distritos, foram reconstruídos pela UNTAET. quenianos da Força de Manutenção de Paz que se encontram em Timor Leste entregaram 4,7 milhões de rupias ao Bispo Carlos Belo, da Diocese de Díli. O dinheiro foi recolhido durante o período da quaresma tendo os soldados renunciado a alguns luxos para ajudarem os seus irmãos e irmãs timorenses. Havia também outros artigos, tais como bancos de igreja, um confessionário e um guarda-roupa feitos pelo Contingente Queniano. A entrega dos donativos ao Bispo Belo foi feita pelo Comandante do Contingente Queniano, Coronel Richard Osano, que agradeceu ao Bispo o bem-estar espiritual que sempre proporcionou aos quenianos em Timor Leste, disponibilizando capelães para celebrarem missa para a comunidade queniana. O Bispo agradeceu aos soldados quenianos a sua conduta profissional e a preocupação que revelaram em relação ao povo de Timor Leste. Afirmou que era um grande privilégio encontrar soldados africanos tão dedicados que são verdadeiros missionários neste país. Assegurou-lhes que os donativos iriam ser encaminhados para diversas obras de caridade e serão muito úteis para o povo de CRIADO GRUPO DE TRABALHO PÓS-UNTAET Foi criado um Grupo de Trabalho sobre Planeamento Pós-UNTAET para realizar consultas amplas e emitir recomendações pormenorizadas destinadas ao Chefe da Administração de Transição e relativas ao nível de auxílio internacional necessário em Timor Leste após o mandato da UNTAET. O Grupo de Trabalho, presidido pela Chefe do Organismo Nacional de Planeamento e Desenvolvimento, Emília Pires, é formado por oito representantes do Conselho Nacional, UNTAET e PNUD. Metade dos membros do grupo são timorenses. O Grupo de Trabalho irá apresentar um relatório, no final de Maio, identificando cargos, funções e especializações específicas que precisam de ser preenchidos urgentemente no final do mandato da UNTAET. O relatório esclarecerá também quais as funções que continuam a ter de ser desempenhadas por pessoal internacional. Além disso, o relatório dará algumas indicações quanto a orientações políticas e estratégias de formação, entre outras questões. As Organizações Não Governamentais, a Igreja, o CNRT e o Conselho Nacional, entre outros, irão ser consultados quanto à concepção da missão de acompanhamento. CEI EM ENCONTRO COM PARTIDOS POLÍTICOS Photo by OCPI/UNTAET A FORMAÇÃO DE FORMADORES DE EDUCAÇÃO CÍVICA A Comissão Permanente Nacional para a Educação Cívica iniciou, em 20 de Abril, uma formação, com a duração de uma semana e abrangendo todos os 13 distritos, para formadores inseridos na campanha de educação cívica. Participaram na formação cinquenta e dois representantes de quatro organizações de todos os 13 distritos. A formação centrou-se nas eleições, direitos humanos, a constituição, paz, estabilidade e segurança, democracia e participação. Os participantes, do CNRT, Fórum das ONG, Rede das Mulheres de Timor Leste e Conselho de Solidariedade dos Estudantes, irão constituir uma equipa nacional de formadores e funcionar como elementos de penetração na comunidade no âmbito da campanha de educação cívica. Os formadores irão utilizar o mesmo material informativo e lançarão uma campanha em Timor Leste, que terá início no final de Abril e continuará até às eleições de Agosto, sendo então avaliada para a realização de mais trabalho de educação cívica. A campanha irá ser realizada através de educação directa, rádio, televisão, meios de comunicação impressos e actividades comunitárias, tais como debates, concertos e actividades escolares. A formação foi coordenada conjuntamente pela Unidade de Educação Cívica da UNTAET e membros da Comissão Permanente Nacional para a Educação Cívica - a Igreja católica, o CNRT, o Fórum das ONG, a Rede de Mulheres de Timor Leste, a Universidade de Timor Leste, as escolas primárias e secundárias, o Conselho de Solidariedade dos Estudantes, a UNTAET e o PNUD. Timor Leste. VISITA BEM SUCEDIDA A CAMPOS DE REFUGIADOS U ma delegação chefiada pelo Chefe de Estado-Maior da UNTAET, N. Parameswaran, encontrou-se com milhares de refugiados em Timor Ocidental, na segunda semana de Abril. A visita foi realizada para conversar com refugiados de Timor Leste e informá-los da situação actual em Timor Leste. “A principal preocupação dos refugiados que querem regressar é a sua segurança pessoal, e pudemos garantirlhes que Timor Leste é estável e seguro”, afirmou o Sr. Parameswaran, em Díli. “Houve, no entanto, indícios de que alguns refugiados haviam sido instruídos para fazerem perguntas de natureza política e questionar o resultado da consulta popular”, acrescentou. As visitas aos campos em Kupang, Soe, Kefamenanu e Atambua foram uma iniciativa do Comandante de Udayana (Bali e Timor Ocidental), Major-General William da Costa, que acompanhou a delegação durante toda a visita. A delegação de Timor Leste era constituída por representantes da UNTAET, da Força de Manutenção de Paz e os Observadores Militares das Nações Unidas. O Chefe de Estado-Maior encontrou-se também com os Bispos de Kupang e Atambua, bem como com dirigentes pró-autonomia. Milhares de cartazes, brochuras e outros materiais de informação elaborados pelo Gabinete de Comunicação e Informação Pública da UNTAET foram distribuídos pelos refugiados. O navio de refugiados Patricia Ann Hotung deixou Díli, em 20 de Abril, para recolher mais refugiados que regressam dos campos de Timor Ocidental. Comissão Eleitoral Independente teve a sua segunda reunião com os partidos políticos, a 4 de Abril. O Gabinete do Funcionário Eleitoral Principal informou os representantes dos partidos políticos quanto aos procedimentos para registo dos partidos e distribuiu os respectivos formulários de pedido. Os partidos políticos podem começar a recolher as informações necessárias para se registarem junto da Comissão Eleitoral Independente, a fim de poderem apresentar candidatos às futuras eleições para a Assembleia Constituinte, a 30 de Agosto. Para cumprimento dos requisitos, os partidos políticos podem começar a recolher assinaturas dos seus apoiantes, nos formulários especiais distribuídos pela Comissão Eleitoral Independente. Os partidos políticos não podem apresentar o seu requerimento à Comissão Eleitoral Independente enquanto o Conselho de Comissários não for nomeado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. INICIADA A CONSTRUÇÃO DO CENTRO DE TREINO DA FORÇA DE DEFESA N o dia 3 de Abril, realizou-se uma cerimónia para assinalar o início da construção do centro de treino da Força de Defesa de Timor Leste, em Metinaro. O centro ficará localizado num local com 17 km2 utilizado anteriormente pelo Ministério da Agricultura e como centro de treino das TNI. O centro incluirá um edifício de alojamento, gabinetes administrativos, salas de aula, carreiras de tiro e instalações desportivas. O projecto, no valor de 3 milhões de dólares norte-americanos, é financiado pelo Governo australiano e espera-se que a construção esteja concluída em Junho de 2001. Os primeiros 250 recrutas já iniciaram o treino numas instalações temporárias, no Distrito de Aileu. A construção e o programa de treino são supervisionados pelo Gabinete de Desenvolvimento da Força de Defesa, sob a direcção de Roque Rodrigues, um timorense. CHEFE DA ADMINISTRAÇÃO DE TRANSIÇÃO PEDE A EXTRADIÇÃO DE SUSPEITO DO ASSASSÍNIO DE MANNING N uma carta enviada ao Procurador-Geral indonésio, Marzuki Darusman, O Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, solicitou formalmente a extradição para Timor Leste de Yacobus Bere, que é suspeito de ter assassinado o soldado neozelandês da Força de Manutenção de Paz, William 8 Manning, a 24 de Julho de 2000. O pedido foi feito no âmbito do acordado no Memorando de Entendimento sobre cooperação em questões legais, judiciais e relacionadas com os direitos humanos, assinado em 6 de Abril de 2000, entre o Governo da Indonésia e a UNTAET. Em anexo à carta, foram enviados o despacho de pronúncia de Yacobus Bere, que era membro da milícia Laksaur, um mandato para a sua captura e de busca e apreensão de provas relacionadas com o caso. Cópias de todos os documentos foram enviadas também à Missão Indonésia em Díli. REMODELADOS OS EDIFÍCIOS DA UNIVERSIDADE T rês edifícios da Universidade Nacional de Timor Leste foram remodelados recentemente e encontram-se operacionais. Os novos edifícios, o antigo Liceu Dr. Francisco Machado, a antiga Escola Secundária Três e a Escola Canto Resende, abrigam agora a Faculdade de Economia, a Faculdade de Educação e Formação de Professores, e a rádio e biblioteca universitárias, beneficiando mais de 1000 alunos de educação e mais de 600 de economia. O projecto de reconstrução, que custou 2,5 milhões de dólares norte-americanos, foi financiado pela Câmara Municipal de Lisboa. A Universidade Nacional de Timor Leste abriu em Novembro passado, com 5000 alunos matriculados. GRUPO PRÓ-INTEGRAÇÃO VISITOU TIMOR LESTE U m grupo de ex-líderes timorenses próintegração regressou a Kupang, Timor Ocidental, em 30 de Abril, depois de encontros com o Presidente do CNRT, Xanana Gusmão, os Bispos de Díli e Baucau e o Chefe da Administração de Transição, Sérgio Vieira de Mello, durante uma visita de dois dias a Timor Leste. O grupo visitou também os Distritos de Baucau e Maliana. Antes de partir, Filomeno de Jesus Hornay, o chefe da delegação, disse, numa conferência de imprensa, que a visita se inseria no processo de reconciliação e que o grupo pretende regressar e viver em Timor Leste. Afirmou também que a sua delegação iria comunicar as informações que recebeu e o progresso que haviam visto em Timor Leste aos refugiados que se encontram nos campos em Timor Ocidental. Além disso, afirmou que estão de acordo com o facto de os suspeitos do cometimento de crimes graves serem levados perante a justiça e que iriam transmitir aos refugiados as mensagens de reconciliação recebidas dos Bispos. A visita, que foi a primeira desde Setembro de 1999 para alguns membros da delegação, seguiu-se à última reunião de reconciliação, em Dezembro, entre a UNTAET/CNRT e representantes da organização que engloba os defensores da autonomia, a UNTAS, que se realizou em Surabaya, Indonésia. RADIO UNTAET • Dili -- 91.5 (FM) 684 (AM) • Ainaro -- 96.3 (FM) 93.1 (FM) • Aileu -- 90.9 (FM) • Baucau -- 105.1 (FM) • Ermera -- 90.1 (FM) • Liquica -- 99.5 (FM) • Lospalos -- 97.1 (FM) • Maliana -- 88.7 (FM) • Manatuto -94.5 (FM) • Oecussi -- 92.1 (FM) • Same -96.3 (FM) • Suai -- 93.1 (FM) • Viqueque -98.5 (FM) Notícias da Noite em Inglês, Tetun, Bahasa Indonésio, Português. Current Affairs, Programa de Musica, Programa de Cultura e Sociedade Ver o TV-Guia na edição de 12-25 de Março do Tais Timor. Maio 2001 Tais Timor Notícias dos Distritos Notícias dos Distritos Notícias VIQUEQUE Um retornado descobre o cinema ao pôr-do-sol em Viqueque P edro Amaral olha, maravilhado, as crianças que passam por ele, a correr, ao pôr-do-sol, em Viqueque. Está cansado mas decide ir atrás daquele grupo alegre. Atravessa a velha avenida, hesitando por uns segundos quando se apercebe de que as crianças estão a dirigir-se para aquilo que era a Esquadra da Polícia Indonésia que, agora, está cheia de gente e de crianças que gritam, “Cinema! Cinema!” É o primeiro dia que o Sr. Amaral passa em Viqueque depois de ter regressado de Atambua, onde passou 18 meses. Olha à sua volta, espantado. Como as coisas mudaram! A antiga esquadra da polícia é agora um centro comunitário - há o elegante Café da Organização de Mulheres, na galeria, uma alfaiataria no que era uma cela prisional, uma organização de juventude no antigo gabinete do Comandante. Desce as escadas para se juntar à multidão que espera pelo início do cinema de Sexta-feira à noite. Enquanto um grupo de mulheres tenta encontrar lugares livres, começa a ser exibido o noticiário da TV Timor Lorosa’e. O locutor Anito Matos está a apresentar uma reportagem de uma reunião do Conselho Nacional e são apresentadas imagens filmadas de sessão do Conselho Nacional. O Sr. Amaral diz a um ancião, que parece completamente absorto pelo ecrã: “Filme ho lian tetun (o filme é em tétum)”. Outro homem aproxima-se do Sr. Amaral e explica-lhe o que é o CN. O Sr. Amaral acena com a cabeça. Pouco tempo depois, sorri. Enquanto assiste às notícias, o Sr. Amaral faz algumas perguntas. Mais tarde, diz a um intérprete da UNTAET que deveria ter voltado à pátria mais cedo. Administrador do Distrito de Baucau, Marito Reis, a Presidente da Câmara de Darebin, Marlene Kairouz, e a Presidente da Câmara de Yarra, Sue Corby. As cidades de Darebin e Yarra, bem como as suas comunidades, estão empenhadas em auxiliar a reconstrução de Baucau. O acordo afirma que “… esta parceria, tanto a nível de administração local como de comunidades, implicará a transferência de conhecimento, capacidades e recursos que forem adequados, e terá como resultado uma melhor compreensão e a criação de uma relação a longo prazo entre as comunidades”. “Foi uma visita com muito êxito que teve como resultado uma relação muito boa e estreita com o Governo e com as comunidades das Cidades de Darebin e Yarra. Além disso, recebemos uma resposta rápida de apoio para muitos projectos de Baucau, tais como o Programa Juventude, o Projecto Mulheres, Gabinete Institucional, Turismo, Governo, bem como um Programa de Formação”, afirmou o Sr. Reis. A delegação do Distrito regressou a 5 de Abril. Comissão de Reconciliação em Viqueque Assinado Acordo de Paz Cerca de 30 representantes dos sub- m acordo de paz entre as aldeias de Wailili e Buibau foi assinado no passado dia 31 de Março, na sede da CivPol, em Wailili. O acordo tem como objectivo pôr fim a todas as formas de violência e construir uma boa relação entre as duas aldeias. Representantes da Polícia Civil, das Operações Militares das Nações Unidas, do L7, das Falintil, os anciãos da aldeia, os chefes da aldeia e 25 pessoas de ambas as partes (Wailili e Buibau) que estiveram envolvidas em lutas na terceira semana de Março, estiveram presentes na cerimónia de assinatura. Mais de 100 aldeões participaram também na assinatura. O acordo de paz foi uma iniciativa da CivPol, UNMO, chefes das aldeias e anciãos das aldeias. A Unidade de Resposta Rápida, num gesto de relações públicas, ofereceu o almoço a todos quantos participaram na cerimónia para assinalar o acontecimento. distritos de Viqueque e Uato Lari, incluindo todos os chefes de aldeia, e representantes da Igreja católica, do CNRT, da Comissão Justiça e Paz, e da UNTAET encontraram-se na cidade de Viqueque, a 21 de Março, e criaram uma Comissão de Reconciliação, na sequência dos tumultos de meados de Março. A Comissão tem 17 membros, incluindo a Administradora do Distrito de Viqueque, Ilda Maria da Conceição, e padres dos subdistritos de Viqueque e Uato Lari. Detidos suspeitos de homicídio cometido em Viqueque Três pessoas suspeitas de um homicí- dio cometido em Viqueque, durante um tumulto, em 12 de Março, foram detidas a 17 de Abril, em Viqueque e Baucau, pela Polícia Civil e soldados da Força de Manutenção de Paz. Os suspeitos, que são de Baucau e das aldeias de Olobai e Boromatan, em Viqueque, foram trazidos para Díli para interrogatório. Os confrontos entre grupos de jovens das aldeias, em Março, provocaram a morte de duas pessoas, tendo sido incendiadas cerca de 40 casas e 25 parcialmente destruídas. De então para cá, a situação tem estado calma em Viqueque. Visita Indonésia Foto: OCPI/UNTAET O Vice-Chefe da Missão Indonésia em Timor Leste, Sigit Wardono, encontrouse com a Administradora do Distrito de Viqueque, Ilda Maria da Conceição, e com dirigentes da comunidade durante uma visita oficial que se destinava a ser uma “troca de informações” e uma avaliação da situação dos retornados. “A Indonésia está muito preocupada com a situação em Timor Leste, por muitas razões, tais como a situação dos refugiados e retornados, questões de fronteira, segurança e cooperação económica. Ainda existem cerca de 120 000 refugiados em Timor Ocidental. O Governo indonésio está a exortá-los a regressar, quanto mais cedo, melhor, sobretudo se tomarmos em consideração que está a realizar aqui o Registo Civil”, afirmou o Sr. Wardono. Durante a sua visita, o Sr. Wardono encontrou-se separadamente com a Administradora do Distrito e com o Assessor da Administradora do Distrito, Tito Balboa, e depois com os membros da Assembleia Consultiva do Distrito, alguns retornados, e representantes da Força de Manutenção de Paz, da CivPol e das Operações Militares das Nações Unidas. A Sr.ª Ilda da Conceição sublinhou que o novo governo do distrito, bem como a população deste sector de Timor Leste, “estão prontos a acolher o grupo restante de refugiados [desta área] que ainda se encontra em Timor Ocidental”, que se calcula ser constituído por cerca de 3900 pessoas. Um representante das UNMO recomendou que o governo indonésio tome medidas de segurança no posto de registo para refugiados em Timor Leste. O representante das UNMO afirmou que, segundo alguns retornados, “muitos refugiados têm medo de se registar para regressarem porque se sentem intimidados por ex-membros das milícias”. O Sr. Wardono afirmou que o Governo indonésio gostaria de que os funcionários das Nações Unidas regressassem a Timor Ocidental para coordenar o registo dos refugiados e explicou que existe um Grupo de Trabalho especial que está a trabalhar nos campos para evitar quaisquer irregularidades. Os líderes da comunidade perguntaram também ao Sr. Wardono qual era posição do Governo indonésio quanto ao envolvimento do líder das milícias Eurico Guterres na escalada de violência de 1999. “Se o Governo da Indonésia vê Eurico Guterres como um herói, então nós, Timorenses, temos dúvidas quanto às relações com o novo governo da Indonésia”, disse um líder local. O Sr. Wardono respondeu que, para o governo do seu país, “Guterres não é um herói mas sim um responsável por violações dos direitos humanos”. U MANUHAFI Eleição Presidencial? A inda não estamos a eleger o Presidente. Esta foi a primeira coisa que os funcionários da Comissão Eleitoral Independente e da Administração do Distrito tiveram de explicar quando fizeram uma roda pelas aldeias de Same, Manuhafi. No próximo dia 30 de Agosto, os eleitores timorenses irão eleger uma Assembleia Constituinte que será composta por 88 membros - 75 serão deputados eleitos de uma lista de representação proporcional a nível nacional, e os outros 13 serão representantes dos Distritos. A Assembleia Constituinte irá redigir a Constituição de um Timor Leste independente e democrático. A primeira coisa que a Assembleia decidirá é a data da independência de Timor Leste, em conjugação com o Conselho de Segurança das Nações Unidas. A data da independência será, provavelmente, entre quatro a seis meses após as eleições de Agosto. Os aldeões exprimiram preocupação com a violência relacionada com as eleições e foilhe garantido que a Força de Manutenção de Paz e a CivPol assegurarão um ambiente pacífico durante e após as eleições e até o novo país conquistar a sua liberdade plena. BAUCAU BOBONARO Ponte entre Baucau, Timor Leste e Victoria, Austrália Lançado projecto-piloto agro-florestal especial entre o Distrito de Baucau e Victoria, na Austrália, na sequência da assinatura de um acordo intitulado “Relação de Amizade entre o Distrito de Baucau, Timor Leste e a Cidade de Darebin e a Cidade de Yarra, Victoria”, que foi assinado, em 30 de Março, pelo de Bobonaro e tem como objectivo dar assistência a 170 famílias no cultivo de cafeeiros e árvores de fruta para ajudar a controlar a erosão dos solos, melhorar a sua fertilidade e a produção. O projecto está a ser realizado pela Divisão de Assuntos Agrícolas da ATTL e a Um projecto-piloto agro-florestal baseado Recentemente, criou-se uma relação na produção de café foi lançado no Distrito 9 Missão Claretiana Católica em Timor Leste e espera-se que venha a resultar no lançamento de projectos semelhantes noutras zonas do país. A fase inicial deste projecto de 15 000 norte-americanos dólares será de seis meses. A agro-silvicultura é uma técnica de cultivo em que as florestas, árvores de fruta e as colheitas agrícolas são plantadas conjuntamente. Para além de garantir a segurança alimentar e melhorar o solo, o sistema promove a fixação de agricultores numa única zona. A agro-silvicultura é considerada uma estratégia adequada de produção de produtos agrícolas orgânicos, dado que não são necessários quaisquer produtos químicos para aumentar a fertilidade dos solos e controlar as pragas. SUAI Electricidade Após mais de um mês sem electricidade, a energia foi restabelecida nos edifícios da Vila de Suai ligados à rede, durante seis horas por noite, cinco noites por semana. No entanto, a maior parte do Distrito de Cova Lima ainda não tem electricidade desde a violência que se seguiu ao referendo, em 1999. Segurança na Fronteira Durante a noite de 2 de Abril, ocorreram quatro incidentes separados ao longo da fronteira. Uma posição fidjiana no Ponto de Junção Foxtrot, a cerca de 11 quilómetros a oeste de Suai, ficou debaixo de fogo. Os soldados da Força de Manutenção abriram fogo em direcção ao ponto de proveniência dos disparos. Da troca de tiros não resultaram ferimentos para os soldados da Força de Manutenção de Paz. Aldeões comunicaram a soldados da Força de Manutenção de Paz que foram lançadas granadas contra casas em Lebos e Maupeko. Não se registaram ferimentos pessoais. Em resposta a este incidente, o AUSBATT enviou um elemento para Maupeko e aumentou o patrulhamento ao longo da fronteira. Num outro incidente, em Nanura, soldados das Nações Unidas ouviram tiros perto da posição que ocupavam e destacaram uma força para investigar. Encontraram uma mulher de 20 anos que apresentava ferimentos causados por um tiro numa coxa, trataram-na e evacuaram-na para o Hospital de Maliana. A CIVPOL interrogou o marido, no âmbito de uma investigação. Na manhã seguinte, a mulher foi evacuada para Díli por meio de um helicóptero das Nações Unidas, mas faleceu, mais tarde, no Hospital do CICV. Apesar dos quatro incidentes, a situação ao longo da fronteira ocidental é calma. Segundo relatórios da Força de Manutenção de Paz, tem havido uma resposta positiva às acções da Força de Manutenção de Paz e à presença de timorenses em toda a zona de operações. MALIANA Apreensão de cigarros de contrabando A 12 de Março, o Serviço de Fronteiras da Administração de Transição de Timor Leste apreendeu cerca de 40 000 cigarros em Atabe, Distrito de Maliana, que haviam sido contrabandeados de Timor Ocidental num carro pertencente a um ONG internacional. O motorista timorense, empregado da ONG, afirmou que um amigo de Timor Leste lhe pedira o favor de distribuir os cigarros. Na mesma zona, três semanas antes, o Serviço de Fronteiras apreendeu 1200 pacotes de cigarros, escondidos no tanque de um camião-cisterna de combustível. O Serviço de Fronteiras apreendeu mercadorias sujeitas a direitos, na sua maioria cigarros e álcool, com sanções acessórias num valor que ronda os 300 000 dólares norte-americanos, desde Julho de 2000. Tais Timor Maio 2001 RECICLAGEM EM TIMOR LESTE As latas de alumínio e as garrafas de água plásticas estão a ser recolhidas pela Reciclagem de Metais de Timor Leste (ETMR) e enviadas para Darwin e para a Indonésia (respectivamente) para reciclagem. A ETMR pode fazer recolhas em qualquer local dentro de Díli, Aileu ou Liquiçá. Telefone para 0407 023 833 e fale com Fátima, para combinar uma recolha. Em alternativa, pode entregar os seus artigos recicláveis à ETMR, em Audian, Díli, perto do mercado de Díli. Alumínio recolhido pela ETMR · Recebe 1000 rupias por quilo Alumínio entregue à ETMR · Recebe 2000 rupias por quilo As garrafas de plástico não são pagas Pessoal da UNTAET e da ATTL Coloquem as vossas latas de alumínio e garrafas de água plásticas nos contentores que se encontram atrás do Edifício 1, GPA em Díli (perto do portão principal) para reciclagem. Mais informações Telefonar para a Unidade de Protecção Ambiental (x5707) ou contactar o Coordenador Ambiental no seu distrito. Porquê reciclar? As embalagens aumentam a quantidade de resíduos que vai para os aterros. Em Timor Leste, isto constitui um grande problema porque não existem recursos suficientes para recolher todos os resíduos e, portanto, muito lixo é queimado (aumentando os problemas de saúde) ou abandonado ilegalmente. Ao reciclarmos o alumínio e as garrafas de água plásticas reduzimos também a quantidade de recursos naturais que está a ser utilizada na sua produção. Que mais pode fazer para diminuir a quantidade de resíduos e proteger o ambiente? • Utilize os seus resíduos alimentares como alimento para os animais • Os resíduos alimentares que os animais não comem e os lixos de jardim podem ser alvo de compostagem e utilizados no seu jardim • Compre produtos não embalados, não utilize ou utilize menos sacos de plástico quando faz compras • ser transportados mais facilmente para a lixeira mais próxima Força de Manutenção de Paz - Como podem proteger o ambiente e estabelecer relações na vossa comunidade local? 1. Ponham em vigor a reciclagem de alumínio no vosso quartel 2. Escolham uma ONG local ou internacional que se desloque regularmente a Díli 3. Dêem-lhe as vossas latas de alumínio para que as possam trazer para Díli e receber o respectivo dinheiro ONG locais e internacionais - Como podem proteger o ambiente e aumentar os fundos para os vossos projectos? 1. Contactem os quartéis da Força de Manutenção de Paz situados na vossa zona 2. Incentivem-nos a pôr em vigor a reciclagem de alumínio 3. Organizem a recolha das latas de alumínio e tragam-nas para Díli, sempre que tenham um camião vazio que se desloque para lá! 4. Levem as latas à ETMR e recebam 2000 rupias por quilo! Mercado de Dili Reciclagem de Metais de Timor Leste Telstra Televisaun Timor Lorosa’e BBC, Metro Desporto, TVTL Notícias da Noite, Notícias em Indonésio, Notícias da RTP, Notícias em Foco e Resumos, Banda Desenhada, Current Affairs, Programa de Educação, Diálogo, Programa Cultural, Reportagens Especiais, Programação Infantil, Documentários, MTV, Futebol. Ver o TV-Guia na edição de 12-25 de Março do Tais Timor. Vozes de Timor Lorosa’e Que é que os Refugiados que Regressam Esperam Ver em Timor Leste? Alberto das Dores Ximenes, 44 Membro da Polícia Indonésia, em Kupang Decidiu regressar a Timor após o nascimento do seu filho. A sua mulher grávida e toda a sua família encontramse em Kupang: “Deveria ser dada aos jovens a oportunidade de serem membros da Polícia de Timor Leste e deveriam ser neutros na solução dos problemas de modo a podermos desenvolver o nosso país em segurança”. Marta Corte Real, 22 Chegou a Kupang, como refugiada, em 7 de Setembro de 1999 Já poderia ter tomado mais cedo a decisão de regressar mas, devido às informações negativas sobre Timor Leste que recebeu nos campos de refugiados, só agora regressou: “Estou muito contente por regressar a Timor Leste, os meus pais e todos os meus parentes estão lá. Quero regressar e trabalhar nos campos na minha aldeia” Marília Abílio, 26 Decidiu regressar a Timor Leste com a família Já não tem medo de ouvir informações negativas sobre Timor Leste. “Aconteça o que acontecer, iremos enfrentá-lo no nosso país. É muito triste ser refugiado e ficar separado da família. Para ganhar a vida, espero poder ser vendedora de hortaliças, mas, primeiro, quero visitar a minha família, em Same, e só depois regressarei a Díli”. 10 Felizarda Pereira Carlos, 40 Era professora primária em Díli mas, como refugiada, trabalhou para o Gabinete do Governo de Kupang “Se o governo [de Timor Leste] quiser que seja professora, vou tentar porque falava português fluentemente”. Nádia, 9 Era uma refugiada de Naebonat Decidiu ficar em Fatuhada, Díli. “Estou muito contente por regressar, porque o meu pai e a minha mãe estão em Timor Leste e quero continuar a estudar em Díli. Costumava telefonar aos meus pais para saber qual era a situação aqui. Quando o meu tio telefonou aos meus pais, disseramlhe que a situação em Timor Leste era segura e que não devíamos preocupar-nos”. Margarida Nogueira, 27 Dona de casa, de Manatuto Refugiada em Naekoten I-Kupang, regressou a Timor Leste com todos os membros da sua família, no mesmo barco. “Para mim, o importante é chegar a Timor Leste o mais depressa possível e, como agricultora, irei trabalhar na minha quinta, de modo a poder sustentar a minha família e mandar os meus filhos para a escola”. Martinho Tilman, 42 É um ex-Agente da Polícia Indonésia Procurou refúgio em Kupang em 5 de Setembro de 1999. Decidiu regressar a Timor Leste juntamente com a sua família. Martinho está satisfeito com essa decisão: “Estou muito contente porque irei ver, com os meus próprios olhos, qual é a situação actual em Timor Leste. Desde que me tornei refugiado que tenho recebido, através de outras pessoas, informações sobre Timor Leste, mas agora irei poder ver pessoalmente. Estou convicto de que Timor Leste é seguro e, por isso, muitas pessoas querem regressar. Farei qualquer coisa para sobreviver mas, se tiver a oportunidade de trabalhar na Polícia de Timor Leste, estou disposto a fazê-lo”. Júlio Sarmento, 47 Agricultor, de Santa Cruz Em Kupang, trabalhou numa quinta local e diz que quer regressar a Timor Leste para participar nas colheitas. “Sei que não vai ser fácil, para pessoas como eu, encontrar trabalho. Se regressar, irei tentar encontrar qualquer coisa para sobreviver - talvez venha a ser motorista de táxi. Tenho de consciência de que mais ninguém, para além de nós, irá desenvolver o nosso país”. Bernardino Soares, 66 É do distrito de Erme-ra. Quer viver em Fatuhada, Díli. Segundo ele, a vida nos campos de refugiados era muito triste, mas agora está contente porque vai a caminho de casa. “Timor Leste está a desenvolver-se com um plano sólido para a independência. Timor Leste vai ser um belo país deste mundo”. Miguel Guterres, 44 É um refugiado de Naebonat Como ex-membro das TNI, teve medo de regressar mais cedo por causa da questão da segurança. Vai directamente para a sua aldeia natal, em Baucau-Laga, para trabalhar numa quinta. “Não preciso de me preocupar com a segurança porque, para além da Força de Manutenção de Paz (PKF), temos também a CivPol de Timor Leste e a Força de Defesa de Timor Leste. Mas se o governo me pedir para fazer parte da Força de Defesa de Timor Leste, ficarei muito contente por o fazer, porque significa que ainda me consideram timorense”. Joanico Soares, 32 Ex-membro das TNI em Baucau, e um dos líderes da UNTAS para os refugiados de Baucau A sua família encontrase aqui, em Timor Leste, e ele aguarda a autorização para regressar juntamente com os líderes pró-autonomia: “Com base nos relatórios e no que vi quando visitei Timor Leste, houve alguns progressos mas as perspectivas para os próximos dois meses ainda são confusas. Isso é perfeitamente normal, dado que não tínhamos preparação anterior”. Cândida Abílio, 19 A Sr.ª Abílio regressou agora a Timor Leste com a família da irmã Os seus pais encontram-se em Díli, Timor Leste. “Quero continuar a estudar, apesar de os nosso dirigentes terem decidido utilizar o português em Timor Leste. Vou tentar apre-nder”. Tais Timor Maio 2001 Tiu responde a perguntas sobre... Segurança Olá, meus amigos, espero que estejam todos bem. Hoje em dia, o tempo parece passar tão depressa. A Páscoa veio e foise embora e deixou-nos muitas coisas para reflectirmos. Tenho a certeza de que vão querer manter a serenidade para que possam participar, juntamente com a vossa família, no processo de Registo Civil que está em curso. Temos todos até 20 de Junho para nos registarmos. Pouco depois dessa data, vamos às urnas e votamos para a Assembleia Constituinte. Mas, hoje, quero falar-vos sobre o problema da segurança em Timor Leste. Durante os últimos meses, é provável que tenham ouvido falar sobre vários casos de violência, por exemplo, os incidentes em Baucau e Viqueque e as facadas e os roubos em Díli. No outro dia, encontrei-me com dois amigos meus, o Marciano, que trabalha para um ONG local, e o Domingos, que acabou de regressar dos campos de refugiados de Kupang. Como de costume, juntouse-nos a minha sobrinha Maria, que tem 14 anos. Tiu: Olá, Domingos, como estás? Há já uns tempos que não te via. Quando é que regressaste? Domingos: Olá, Tiu. Também tenho muito prazer em te ver. Não posso acreditar que estou finalmente em Timor Leste. Há uma semana, ainda estava num campo em Timor Ocidental. E nunca pensei que conseguisse regressar! Tiu: Mas estás cá. E que bom poder dar-te as boas vindas. E tu, Mariano, como vão as coisas? Marciano: Bem, até agora. E olá, Maria. Maria: Olá, Marciano e Domingos. Tiu: Domingos, pára de olhar por cima do ombro, ninguém te vai fazer mal aqui. Domingos: Oh, desculpa, o que acontece é que o meu espírito ainda está nos campos de Timor Ocidental. E, depois, há também todas as histórias que ouvimos sobre como a situação era má em Timor Leste. Não posso deixar de me sentir um pouco inquieto. Tiu: Que é que ouviste, exactamente? Tenho interesse em saber o que têm andado a dizer. Domingos: Ouvimos todos os tipos de histórias diferentes. Por exemplo, ouvimos dizer que as pessoas que atravessavam a fronteira estavam a ser mortas. Marciano: Isso é um disparate. Domingos: Parece-me que a situação em Timor Leste, atendendo ao que vi até agora, é muito diferente do que ouvimos dizer nos campos de refugiados. Lá, dizem que Timor Leste está numa situação de caos, que não existe segurança para nós. E, agora, a OIM vai transportar-nos para a nossa aldeia, em Viqueque. Estou um pouco preocupado com isso porque não sei o que nos espera, quando lá chegarmos. Tiu: Domingos, apesar de a tua preocupação ser razoável, a segurança dos refugiados que regressam é uma questão que tem estado a ser levada a sério. Tanto a CivPol como a Força de Manutenção de Paz aumentaram os seus esforços para garantir que é mantida a segurança no território e está a ser dada mais formação os timorenses que pertencem tanto à Força de Polícia como a nova Força de Defesa de Timor Leste. Marciano: Bem, estive presente na cerimó- nia da Polícia Civil de Timor Leste. Um dos meus irmãos é membro da polícia de Timor Leste, no Distrito de Díli. Domingos: Mas que é que isso quer dizer? Só existe CivPol em Díli ou também se encontra nos distritos? Tiu: A CivPol está presente em todos os distritos. Os elementos recém-formados da força de polícia de Timor Leste estão a ser enviados para todos os distritos. O treino e a selecção são feitos em Díli, mas os participantes são oriundos de todos os distritos de Timor Leste. Domingos: Quem é que os treina? Tiu: Estão a ser treinados por membros internacionais da CivPol. A CivPol Internacional, em Timor Leste, tem representantes de muitos países que estão aqui para ajudar a preparar a nova força de polícia para quando vier a independência. Maria: E quanto à Força de Manutenção de Paz, Tiu? Tiu: A Força de Manutenção de Paz tem diversas funções a desempenhar. Apoio a CivPol, quando tal lhe é solicitado. Há 8042 elementos da Força de Manutenção de Paz colocados em Timor Leste: 1702, no Sector Leste; 1206, no Sector Central; 2352, no Sector Oeste; 791, no Sector Oecussi e os restantes estão colocados em unidades de suporte, tais como Engenharia, Médica, Comunicações, Apoio Logístico e QuartéisGenerais da Força. A Força de Manutenção de Paz também dá apoio aos retornados que cruzam a fronteira. Embora o ACNUR e a OIM sejam os principais organismos que dão apoio aos refugiados que regressam a Timor Leste, a Força de Manutenção de Paz também colabora com eles em esforços coordenados. A Força de Manutenção de Paz dá apoio aos refugiados, se tal lhe for solicitado pelo ACNUR e a OIM. Este auxílio não assume apenas o aspecto de segurança; também fornecem alimentos e água aos refugiados. Para além destas coisas, a Força de Manutenção de Paz garante a segurança nos pontos de cruzamento de fronteira, nos abrigos para refugiados e no Centro de Trânsito de Díli. Domingos: A Força de Manutenção de Paz também me irá ajudar e à minha família na nossa reintegração nas nossas aldeias? Quem vai garantir a nossa segurança? Tiu: Sim, é claro. A Força de Manutenção de Paz controla regularmente a segurança nas aldeias. A Força de Manutenção de Paz fornece também equipas humanitárias que patrulham as aldeias e prestam assistência à população timorense. Marciano: Tenho ouvido as pessoas criticarem a UNTAET, mas parece-me que a UNTAET é útil neste processo e de muitas formas. Não consigo imaginar o que será de Timor Leste sem a presença da CivPol e da Força de Manutenção de Paz. Tiu: Bem, as boas notícias são que as Nações Unidas irão continuar a manter uma presença mais reduzida em Timor Leste, depois de terminado o mandato. E a Força de Manutenção de Paz irá participar também nessa presença para ajudar a manter a paz em Timor Leste. Mas nem a UNTAET, nem a Força de Manutenção de Paz, nem sequer a CivPol poderão fazer isso sozinhas. Nós, Timorenses, também temos de contribuir e ajudá-las. Ao fim e ao cabo, queríamos a independência e estamos quase a atingi-la plenamente. Mas, agora, cabe-nos efectivamente a nós assegurarmo-nos de que a mantemos. Ressuscitando o Ténis em Timor Leste T imor Leste pode tornar-se, dentro em breve, membro da Federação Internacional de Ténis, bem como da Federação de Ténis da Oceânia. Na previsão desse facto, Dan O’Connell, um funcionário desses dois organismos internacionais do ténis, visitou Timor Leste, no início de Abril, para coordenar os esforços com a Confederação dos Desportos, a organização não governamental timorense que está envolvida no ressurgimento do ténis em Timor Leste. Só em Díli, existem actualmente 21 courts de ténis. No entanto, o problema é que as redes, raquetes e bolas são escassas e a sua aquisição é cara, afirmou o Sr. O’Connell. Algumas organizações internacionais expressaram o seu interesse em apoiar o ténis em Timor Leste, segundo o Sr. O’Connell, que referiu a Tennis Austrália como um possível patrocinador, no futuro. Entretanto, o ANZ Bank contratou o campeão nacional de Timor Leste, Matias Sousa, para ensinar ténis nas escolas. O Sr. Sousa ganhou Torneio de Ténis de Timor Leste, em Março. Está prevista para o início de Junho a chegada a Timor Leste de um treinador internacional de ténis. Timor Leste Irá Participar nos Jogos de Arafura A s equipas desportivas de Timor Leste estão a preparar-se para ir para Darwin, Austrália, entre 19 e 26 de Maio, a fim de participarem nos Jogos de Arafura. Os Jogos de Arafura tiveram início há dez anos como o Festival Desportivo de Arafura e agora são uma importante competição internacional para os atletas em ascensão na região da Ásia-Pacífico. O acontecimento, que retira o seu nome do Mar de Arafura, situado a norte de Darwin, celebra e reforça os fortes laços entre o Território Setentrional e as nações que se encontram do outro lado do Mar de Arafura. Os Jogos de Arafura, que se realizam de dois em dois anos em Darwin, a capital do Território Setentrional da Austrália, são classificados como um encontro de “Vizinhos Desportistas” e atraem participantes de todas as partes da Austrália, de nações por toda a Ásia-Pacífico e até mais distantes. “É a primeira vez em que Timor Leste estará representado como país, nos Jogos de Arafura. Os nossos atletas têm estado a treinar-se arduamente para tal, nestes últimos meses”, afirmou Paulo Guterres, do Gabinete de Assuntos Jurídicos da UNTAET. Cerca de 130 atletas, de todo o território de Timor Leste, esperam participar nos seguintes acontecimentos desportivos: ténis; basquetebol; voleibol; badminton; atletismo/corrida; ciclismo; futebol e boxe. “De momento, estamos a tentar encontrar patrocinadores, a tratar das soluções logísticas e das acreditações”, disse o Sr. Guterres ao Tais Timor. 11 Foto: OCPI/UNTAET Desporto em Timor Os atletas de Timor Leste estão empenhados nos Sextos Jogos de Arafura, que irão realizar-se em Darwin, Austrália, entre 19 e 26 de Maio de 2001. Tais Timor Heróis em acção! Foto: OCPI/UNTAET Maio 2001 Pelo menos em Díli, têm-nos visto em todo o lado - a polícia de Timor Leste a orientar o fluxo de tráfego, cada vez mais intenso; trabalhando nos seus quiosques novos ornamentados com o número de telefone de emergência 0408 839 978, se for necessária ajuda. Foram Pescar Um dos primeiros barcos de pesca protótipos que irão reconstruir a frota de Timor Leste executa os seus ensaios marítimos no Porto de Hera. Os barcos, que foram construídos com a ajuda da Timor Aid pela unidade de pescas da ATTL, destinamse a ter custo reduzido, sendo altamente eficientes Foto: OCPI/UNTAET e de fácil manutenção. LOJA QIP LOJA QIP LOJA QIP LOJA QIP A loja QIP, uma loja que é propriedade de timorenses e apresenta uma ampla gama de produtos tradicionais de Timor Leste, feitos à mão, já ABRIU! Alguns dos artigos disponíveis: · Instrumentos musicais tradicionais de Timor Leste · Mobiliário de bambu e de madeira · Livros e bilhetes postais ilustrados de Timor Leste · Uma grande variedade de artesanato, como miniaturas de casas tradicionais timorenses · Um centro de serviços que terá informações sobre os serviços disponíveis localmente, nomeadamente: carpintaria, canalizações, trabalhos de electricidade, alfaiataria, fornecimento de refeições e muitos mais. CivPol da ONU 24 NÚMERO DE HORAS EMERGÊNCIA 0408839978 DE DILI Localização: Jln Bidau Akadiru Hun (a seguir ao Restaurante Maubere), siga pela estrada da esplanada em direcção à estátua de Jesus, vire à direita antes de atravessar o canal e dirija-se para o hospital do CICV. Poderá encontrar a Loja QIP a algumas centenas de metros, à sua direita. Apoiada pelo International Rescue Committee (IRC) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O nome Tais Timor conjura a image do cuidadoso e laboroso processo envolvido na tecelagem do tecido tradicional Timorense usado em todas as ocasiões especiais. Os diferentes “ingredientes” que constituem Timor Leste unem-se durante o tempo de transição para a recontrução do país. Tais Timor tem como objectivo documentar e reflectir todos aqueles eventos que tecem a beleza da tapeçaria que é Timor Lorosa’e. Um serviço público de informação bi-semanal publicado pela Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste (UNTAET). Publicado em tetum, indonésio, português e inglês. Escrito, editado e desenhado pelo Gabinete de Comunicação e Informação Pública. Circulação 75,000. UNTAET-OCPI c/ - PO Box 2436 Darwin, NT 0801 Austrália Telefone: +61-8-8942-2203 Fax +61-8-8981-5157 e-mail [email protected] Este não é um documento oficial. Apenas para informação. 12
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