1ª Edição da Revista da Polícia Nacional
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1ª Edição da Revista da Polícia Nacional
1 SUMÁRIO Editorial.......................................................................................................3 Dirigentes Nacionais da PN.................................................................4 Historial.......................................................................................................5 Entrevista com João Domingos de Pina - Director Nacional da PN............................................................................................................8 DNA-AO: “ o combate à violência e à criminalidade extrapola as acções repressivas das forças policiais” ...................................11 143º Aniversário - Acto central.........................................................12 A prioridade continua a ser o combate à criminalidade – Primeiro-Ministro........................................................................................12 A segurança é a principal exigência da sociedade cabo-verdiana - Ministra da Administração Interna...............................................14 lectivo 2012/2013.................................................................................50 PN realiza IXª Reunião de Comandos e Chefias.........................51 Causas Sociais - Polícia Nacional doa géneros alimentícios à loja social da protecção civil..............................................................53 PN especializa 20 efectivos em técnicas de intervenção para situações de rapto e terrorismo.......................................................54 Agentes da PN concluem 2º curso de Técnica Canina.............55 120 novos agentes da PN concluem com êxito o VI curso de formação...................................................................................................57 DEF recebe equipamentos de análise de detecção de fraude documental.....................................................59 PN quer distinguir-se pela função preventiva e no combate à criminalidade - Director Nacional da PN......................................15 PN e o combate à VBG - PN já dispõe de guia de assistência às vítimas de VBG..................................................................................62 Presidente da República saúda mais um ano da Polícia cabo-verdiana.......................................................................................17 Domingos Frederico - Um policial que se destacou em várias áreas...........................................................................................................63 Quadro legal da PN..............................................................................20 Electrónico (I)..........................................................................................64 Organograma Actual...........................................................................22 Cabo Verde disponível para acolher uma escola de Polícia da CPLP............................................................................................................66 Polícia Marítima - Uma aliada na protecção do meio ambiente................................................................................23 Direcção de Formação - Uma aposta na qualidade e na excelência.....................................................................................................24 Cooperação e parcerias.......................................................................66 “Polícia Nacional de Cabo Verde evoluiu muito” Comandante-Geral da Polícia Angolana......................................67 Polícia Fiscal - Modernos equipamentos reforçam a qualidade dos serviços prestados pela Guarda Fiscal.......................26 Ministro da Administração Interna de Portugal Direcção de Operações e Comunicações aposta no aumento da segurança dos cidadãos...............................................................28 EICC reconhecida por excelente desempenho em caso de furto a empresa de construção civil...............................................70 Unidades especiais continuam a ter impacto Brigada Anti-Crime do CRSV distinguida com o em situações de excepção.................................................................30 prémio de Serviço Público.................................................................71 Direcção de Estrangeiros e Fronteiras reforça controlo das fronteiras nacionais..............................................................................32 Mulheres Polícias: sonhos e desafios.............................................72 DEF prepara-se para atribuição do passaporte electrónico e título de residência electrónica.......................................................34 PN inaugura Gabinete de Psicologia..............................................75 Estatuto de pessoal reforça direitos dos agentes policiais....35 Perfil...........................................................................................................36 Maria de Jesus Tavares Jorge - Uma subcomissária da PN satisfeita com a sua carreira..............................................................38 2 Violência na escola por tipologia no ano visita instalações da PN.......................................................................68 PN promove I Feira de Segurança Pública...................................73 PN realiza operação de destruição de armas apreendidas....76 O movimento migratório da CEDEAO para Cabo Verde.........77 Pensar e agir o ambiente criminal em Cabo Verde...................78 Subcomissário da PN é um caso de sucesso Entrevista com a Ministra da Administração Interna ..............40 no atletismo nacional e internacional...........................................79 Plano Estratégico da Segurança Interna.......................................45 Agente Suzana Gomes Fernandes eleita atleta Programa Segurança Solidária.........................................................45 do ano em andebol feminino...........................................................80 Escola segura..........................................................................................49 Principais Contactos da PN................................................................82 EDITORIAL A comemoração de mais um aniversário da Polícia Nacional, o 143º, a 15 de Novembro de 2013, foi uma oportunidade para lançar um olhar sobre o caminho percorrido e traçar novas metas para a corporação desejosa de continuar a servir Cabo Verde e os cabo-verdianos, como vem fazendo há quase um século e meio. Com efeito, desde Julho de 1870, quando o governador-geral de Cabo Verde Caetano Alexandre de Almeida Albuquerque lavrou a portaria nº 194, de 30 de Julho, que nomeava uma comissão presidida pelo então Presidente da Câmara Municipal da Praia, Venceslau Frederico de Quental e Silva, para estudar e propor ao Governo-Geral um regulamento para o Corpo de Polícia, a Polícia Nacional percorreu um longo caminho, é certo, sobretudo porque o grau de engajamento dos seus efectivos se mantém firme. Estes 143 anos da Polícia Nacional foram um tempo de estruturação de uma instituição empenhada na construção de um país com cada vez maiores garantias de segurança e tranquilidade sociais e que vem tentando, à medida das suas possibilidades, dar resposta às demandas dos cabo-verdianos em todos os cantos do país. Motivo de grande orgulho para a corporação tem sido a nossa vontade de acompanhar o processo de desenvolvimento nacional, respeitando sempre o princípio da promoção e defesa dos direitos das pessoas e a preservação da sua integridade a todos os níveis. Mau grado a carência de recursos e de meios que a corporação enfrentou ao longo da sua existência, os cabo-verdianos hão-de reconhecer que a Polícia Nacional tem tentado melhorar o seu desempenho com vista a prestar um melhor serviço. Da nossa parte, o esforço é no sentido de melhorar a actuação policial para cumprir, de forma mais cabal, a nossa missão de defender a legalidade democrática, prevenir a criminalidade e garantir a segurança interna, a tranquilidade pública e o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. O nosso compromisso é, por isso, continuar a trabalhar, em todas as frentes, para garantir a segurança dos cidadãos e da propriedade pública e privada, prevenindo e reprimindo os actos ilícitos contra eles cometidos, combater as infracções fiscais e aduaneiras, controlar as fronteiras aéreas e marítimas, defender e preservar a floresta nacional e assegurar o cumprimento das leis e regulamentos marítimos, em articulação com outras forças e serviços competentes. Ficha Técnica Direcção Polícia Nacional Colaboradores Eleano Évora Arminda Barros Repórteres Fotográficos GCI – PN; Cesario Mendes Alves Margarito Melo Design, maquetagem e paginação EME - Marketing & Eventos, Lda Edição: EME - Marketing & eventos, Lda. Cronistas Elísio Mendes Antonieta Silveira Cunha Emanuel Furtado Vaz Augusto Teixeira. Impressão 5000 Exemplares Dos cabo-verdianos, em todas as ilhas e em todos os concelhos, esperamos que nos apoiem não só na realização das nossas atribuições, como reza a lei, mas também com uma atitude de intolerância em relação ao crime e com boas práticas de prevenção e denúncia de todos os prevaricadores, fazendo vingar o bem por muitos e longos anos. João Domingos de Pina Superintendente-Geral 3 Directores Nacionais da PN Superintendente Geral, João Domingos Baptista Gomes de Pina Director Nacional da Polícia Nacional Superintendente, Adalberto Santos Coelho Director Nacional Adjunto da PN para a área Operativa 4 Superintendente, Júlio César Melício Director Nacional Adjunto para a Área Administrativa ou Planeamento, Orçamento e Gestão HISTORIAL Polícia cabo-verdiana 143 anos ao serviço de Cabo Verde A Polícia cabo-verdiana assinalou, a 15 de Novembro, os 143 anos da sua existência ao serviço de Cabo Verde e dos cabo-verdianos, mas tudo começou, em Julho de 1870, com a decisão de criar um corpo policial na Cidade da Praia. Reza a história que, no dia 28 de Julho de 1870, o governador-geral Caetano Alexandre de Almeida Albuquerque lavrara, no Quartel-general do Governo da Província, na Cidade da Praia, em Santiago, a portaria nº 194, publicada no Boletim Oficial de 30 de Julho, que nomeava uma comissão presidida pelo então presidente da Câmara Municipal da cidade, Venceslau Frederico de Quental e Silva, para estudar e propor ao Governo-Geral, um regulamento para o referido Corpo de Polícia. Este acto marca o início de um processo que viria a culminar, dois anos mais tarde, nas vésperas do Natal de 1872, quando o governador-geral emitiu a portaria nº 433 em que dizia que “o grau de desenvolvimento e de progresso que esta Cidade da Praia já atingiu exige que nela se organize um serviço policial de harmonia com o seu estado de adiantamento e destinado a velar pela ordem e segurança públicas e pelo cumprimento das prescrições policiais em vigor”. Contudo, a portaria que institui a Polícia em Cabo Verde só entraria em vigor a 13 de Agosto de 1873, acompanhado de um regulamento com sete capítulos e 33 artigos sobre o funcionamento do corpo da Polícia Civil, dos chefes de esquadra, dos guardas de Polícia, do serviço policial e da administração e contabilidade, versando também sobre o uniforme e o armamento e as penas a aplicar aos infractores. Em 7 de Outubro de 1880, por determinação do novo governador-geral António do Nascimento Pereira Sampaio, em resposta ao aumento da população e alargamento do povoamento às outras ilhas, o então Corpo da Polícia da Praia cedeu lugar às Companhias de Polícia de Cabo Verde, ficando uma delas aquartelada na Cidade da Praia e a outra na cidade do Mindelo. Desde essa altura, a corporação foi alvo de várias alterações e modificações na sua orgânica, permanecendo, no entanto, com um cariz militar, de 1902 a 1921. A 5 de Setembro de 1962, na sequência da remodelação ocorrida na Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal a 18 de Agosto de 1956, cria-se a PSP de Cabo Verde, abandonando-se de vez o cariz vincadamente militar que sempre acompanhou as sucessivas reestruturações e passando a ser um organismo com natureza essencialmente civil. 5 Corporação nacional A 15 de Novembro de 1974, na sequência da Revolução de Abril em Portugal, que ditou o fim do regime colonial-fascista, a Polícia de Cabo Verde, reunida em assembleia-geral, aprovou uma moção de afastamento dos quadros portugueses. Com a independência nacional a 5 de Julho de 1975, extinguia-se o corpo da Polícia de Segurança Pública de Cabo Verde e criava-se a Direcção Nacional de Segurança e Ordem Pública (DNSOP), incumbida de dirigir as forças policiais e a garantir a segurança do novo Estado. Para responder às necessidades de formação dos novos quadros para a Polícia, o Governo criou a Escola de Polícia Daniel Monteiro, que funcionou inicialmente em Chão Bom, no concelho do Tarrafal, ilha de Santiago. Em 1983, com o objectivo de dotar as forças policiais de melhor organização, foram aprovados a orgânica das Forças de Segurança e Ordem Pública e, no ano seguinte, os respectivos estatutos, tendo a sua revisão acontecido em 1998, altura em que a Polícia apostou forte na formação superior de quadros, especialmente na Alemanha e em Portugal. Em Dezembro de 1990, os oficiais da POP, reunidos em assembleia, decidiram consagrar o dia 15 de Novembro como Dia Nacional da Polícia de Ordem Pública, ao que se seguiu a estruturação da corporação integrando as unidades especiais: Corpo de Intervenção e de Protecção de Entidades. A modernização da Polícia de Ordem Pública e dignificação da instituição poli- cial prosseguiu na década de 90 do século XX, mas só, em 1998, entraram em vigor 21 diplomas regulamentares da vida interna da corporação, designadamente os estatutos, a orgânica, o quadro de pessoal, o regulamento orgânico do serviço da POP, os códigos de ética e de honra e o regulamento das esquadras e postos. O ano de 2004 foi um ano decisivo para a Polícia cabo-verdiana, que passou a contar com a parceria da Polícia espanhola, no âmbito da formação de quadros, em diferentes especialidades. Em Novembro desse ano, a POP já tinha 10 oficiais superiores nas suas fileiras. Em 2005, com 135 anos completos, a POP reforçou a sua capacidade com a criação das esquadras de Palmarejo, Achada São Filipe e Achada Eugénio Lima, na Cidade da Praia, e em Fonte Inês e Monte Sossego, no Mindelo, e construiu um espaço de lazer na sua propriedade agrícola em Achada Colaço, no Concelho de Santa Cruz, através do Serviço Social. Polícia Nacional Em Novembro de 2005, o Governo criou a Polícia Nacional, que passou a coordenar todas as forças policiais, numa perspectiva de reforço da capacidade operacional e da racionalização dos meios materiais e humanos, para propiciar uma maior coordenação entre as várias vertentes de segurança face aos novos desafios que se colocavam ao país. Portaria que cria a Polícia Cabo-verdiana Inauguração Esquadra da Fazenda 6 O novo modelo de organização policial teve como objectivos fundamentais o reforço das forças policiais e a sua adequação às novas ameaças à segurança, a racionalização das diferentes forças policiais, com vista ao reforço das suas capacidades operacionais de modo a torná-las mais efectivas e competitivas e o incremento da actividade de “inteligência policial” e da articulação com as Forças Armadas, em especial, com a Guarda Costeira, no controlo da nossa zona económica exclusiva. A medida permitiu, igualmente, adequar melhor as estruturas às necessidades actuais, de modo a que as forças de segurança pudessem responder, com maior eficiência e eficácia, às demandas nacionais. Actualmente, a Polícia Nacional está estruturada em Direcção Nacional e comandos regionais. A Direcção Nacional abrange o comando da Polícia de Ordem Pública, do qual faz parte a Polícia Florestal, tendo como mandato assegurar a protecção de pessoas e bens, prestar assistência à população e zelar pela tranquilidade e manutenção da ordem pública, através de brigadas criminais, trânsito, patrulhamento, etc., e preservar e defender a floresta nacional. A Direcção de Emigração e Fronteiras passou a integrar a Polícia Marítima, com a responsabilidade de controlar o movi- mento nas fronteiras nacionais, enquanto o comando das unidades especiais abrangem o Grupo de Intervenção Rápida, o Corpo de Intervenção e a Protecção de Entidades. A Direcção de Formação tem, na sua dependência, a Escola de Polícia Daniel Monteiro, competindo-lhe assegurar a formação inicial e contínua das diferentes categorias do pessoal da Polícia Nacional. Na nova estrutura, existe, ainda, a Direcção Nacional de Operações e Comunicações e a Direcção-Geral do Planeamento Orçamento e Gestão. categoria de esquadra, os postos policiais dos Picos, em São Salvador do Mundo, de Cova Figueira, em Santa Catarina do Fogo, do Tarrafal de São Nicolau, dos Órgãos, em São Lourenço dos Órgãos, e da Cidade Velha, na Ribeira Grande de Santiago. A Escola da Polícia Daniel Monteiro passou a ser Centro Nacional de Formação da Polícia Nacional e foi construído, na Cidade da Praia, o primeiro parque de recolha de veículos apreendidos pela Polícia. Em Outubro de 2010, a Polícia Nacional viu alargada a sua competência investigatória, depois da aprovação do primeiro estatuto do pessoal policial. Antigos Chefes da Polícia Do ponto de vista operacional, a Polícia Nacional conseguiu ganhos importantes, tendo, em contrapartida, reforçado a sua actuação de prevenção e combate à criminalidade em todos os concelhos e ilhas do país. Destaca-se a implementação do Serviço de Atendimento Móvel nos principais centros urbanos do país, através de postos móveis, bem como do serviço de emergência e do policiamento em bicicleta. Orgânica e novo quadro de pessoal A orgânica da Polícia Nacional, que tipifica as carreiras e os correspondentes postos do quadro de pessoal policial, o quadro de pessoal e o regulamento de manufactura e uso de uniformes, distintivos e símbolos, foram aprovados em Novembro de 2007, data em que foi elevada à Acção de Formação 7 ENTREVISTA “A Polícia evoluiu muito e devemos ter o orgulho da classe de profissionais que temos” - Director Nacional 143 anos após a sua criação, a Polícia cabo-verdiana é uma instituição de referência nacional, que evoluiu muito nos seus mais diversos sectores, garantiu o Director Nacional, João Domingos de Pina, afiançando: “devemos ter o orgulho da classe de profissionais que temos e do esforço dos sucessivos Governos para chegar aonde chegámos”. Comemorou-se, recentemente, o 143º aniversário da criação do Corpo da Polícia cabo-verdiana. Que balanço faz do desempenho da corporação? O balanço que fazemos é, realmente, muito positivo. Nestes 143 anos, a Polícia cabo-verdiana cresceu muito e modernizou-se. Hoje, está à vista de todos que a corporação policial é de longe diferente da que tínhamos antigamente, quer em termos de qualificação técnica, quer em termos de equipamentos para a execução do nosso trabalho. Para chegar ao patamar de qualidade em que nos encontramos, tivemos de trabalhar arduamente e, hoje, estamos num nível bastante confortável, tendo em devida conta o estádio de desenvolvimento de Cabo Verde. Quais são as maiores realizações da Polícia nestes 39 anos de independência de Cabo Verde? Tivemos realizações em várias valências. Crescemos muito no domínio imobiliário 8 João Domingos de Pina Director Nacional da PN a nível nacional, embora alguns necessitem, ainda, de restauração. Conseguimos mais equipamentos em diversas vertentes, nomeadamente, uniformes, meios de mobilidade, armamentos, equipamentos de comunicação e qualificação dos quadros policiais. Hoje, temos agentes, subchefes e oficiais licenciados, mestrados e outros na perspectiva de doutoramento, o que era impensável há uns anos atrás. Actualmente, exigimos o 12º ano de escolaridade para quem aspira entrar na Polícia Nacional e podemos concluir que a Polícia evoluiu muito nos seus mais diversos sectores e devemos ter o orgulho da classe de profissionais que temos e do esforço dos sucessivos Governos para chegar aonde chegamos. Significa que Cabo Verde tem uma Polícia capaz de assegurar maior segurança, tranquilidade e paz aos cidadãos? Acreditamos que ainda existe uma margem para progressão, em termos do nosso desempenho, no sentido de produzirmos mais e melhor. Sendo o Director Nacional, estou convencido que esta Polícia está em condições de assumir a quota-parte da responsabilidade que lhe cabe nesta sociedade, relativamente à garantia de segurança. Combate à criminalidade Nos últimos tempos, a Polícia tem-se destacado pela luta contra a criminali- dade, sobretudo, nos centros urbanos. Esta é, de facto, uma das valências principais do trabalho da Polícia Nacional, ou seja, o combate sem tréguas à criminalidade e toda o nossa planificação e estratégia têm sido direcionadas para a área da segurança, da tranquilidade e da ordem públicas. Houve mudanças no comportamento dos gangs? Quais os ganhos registados? A nossa aposta e preocupação tem sido no sentido incomodá-los e afrontá-los nos seus redutos, porque se trata de uma guerra que temos de ganhar. Pelos dados registados até agora, sente-se que há uma redução significativa da actividade dos gangs. Contudo, temos uma preocupação relacionada com a nossa lei, que nos dificulta a demonstrar à justiça que estes gangs devem ser considerados como se de associações criminosas se tratassem. Neste aspecto, pensamos que deve haver um entendimento entre o Ministério Público, a Polícia Judiciária, a Polícia Nacional e os próprios legisladores, para, do ponto de vista legal, definir se estes grupos podem ser considerados associações criminosas ou não. Quando um grupo está bem localizado numa determinada área, tendo um líder, que se reúne com frequência, que possui determinados objectivos a cumprir, que mata e comete crimes, não conseguimos compreender o porquê de não serem incluídos na definição que se dá à associação criminosa. Isto significa que o quadro legal deveria ser alterado para permitir à Polícia obter melhores resultados nesta matéria. Concordamos, porque toda a nossa actuação tem que ter um respaldo legal. Não havendo um amparo legal para nos apoiarmos e que considere estes gangs associações criminosas não podemos ir muito mais além. Quais foram os ganhos obtidos com a criação das brigadas BIC (Brigada de Investigação Criminal) e BAC (Brigada Anti-Crime)? A Polícia e o país obtiveram um ganho incomensurável com estas inovações, sobretudo, nos principais centros urbanos, nomeadamente, nas cidades da Praia e do Mindelo. No entanto, a criação das brigadas BIC e BAC insere-se no quadro da nossa estratégia de combater, de forma permanente, a criminalidade e podemos adiantar que a missão, no dia-a-dia, deste serviço tem inteiramente correspondido às nossas expectativas e devemos reconhecer que os seus quadros trabalham sob ameaças de riscos constantes, mas desempenham as suas funções com enorme profissionalismo, elevando, assim, o nome da Polícia Nacional. A securização das fronteiras tem sido outra frente importante da vossa actuação. A Polícia Nacional também evoluiu muito neste sentido, graças ao esforço feito pelos sucessivos Governos e pela cooperação internacional. No que diz respeito aos aeroportos internacionais, temos uma boa qualidade a nível da segurança. Neste momento, estamos a concluir a implementação do projecto Gestão do Viajante e já actualizámos o Sistema Pass. Conseguimos, por outro lado, agilizar a fluidez dos passageiros e de forma simultânea, aumentámos o nível de se- gurança relativamente ao controlo. A nossa preocupação é elevar esta mesma qualidade nas fronteiras marítimas, para podermos garantir maior segurança às nossas fronteiras. Melhores condições de trabalho Em termos de condições de trabalho, quais são as maiores preocupações? As nossas maiores preocupações prendem-se com a uniformização da grelha salarial actualmente em vigor na Polícia Nacional. Posso citar um exemplo: temos a situação de um agente de um ramo policial que faz o mesmo trabalho que um outro pertencente ao mesmo escalão e referência e com o mesmo tempo de serviço a receber de forma diferente que um agente de um outro ramo policial. Este é um aspecto a corrigir, porque temos uma Polícia unificada, com carreiras únicas, por isso, os salários devem ser iguais. Qual é a sua posição relativamente aos subsídios de risco? Nem todos correm riscos idênticos. Por exemplo, os policiais das brigadas BIC e BAC estão mais expostos a riscos do que os outros. Pelos riscos que todos nós estamos sujeitos, enquanto polici- 9 ais, somos compensados com o subsídio de condição policial, que abrange a todos. Porém, o subsídio de risco deve ser atribuído aos que correm maiores riscos. Houve ganhos com a entrada de mulheres na Polícia? A entrada das mulheres na Polícia representa um ganho enorme para a instituição, porque há tarefas que só podem ser executadas por elas. As mulheres possuem uma sensibilidade diferente para certas áreas que ultrapassa, de longe, aquilo que é a capacidade dos homens e nós reconhecemos isso na Polícia Nacional. Contudo, não temos tantas mulheres quantas desejaríamos, porque só recentemente começámos a integrá-las nas fileiras policiais. Neste momento, apenas 10% do total dos efectivos policiais são mulheres, mas estamos numa fase de crescimento. Ao longo destes anos, quais foram os maiores ganhos, a nível institucional, que vieram contribuir para a melhoria das condições de trabalho dos agentes? Independentemente de dirigirmos a instituição, planearmos e traçarmos estratégias, preocupamo-nos, também, com os nossos quadros, principalmente com os problemas que os afligem. Com base nesse pressuposto, temos um Serviço Social da Polícia Nacional, que assume um papel crucial no apoio aos quadros policiais, quer a nível financeiro, quer da saúde e bem-estar social. Todavia, todos os Comandos Regionais da PN possuem um médico contratado para prestarem serviços de saúde aos nossos quadros. Há poucos dias, inaugurámos um Gabinete de Psicologia, pensado e concebido tendo em conta a realidade interna da instituição policial porque, hoje em dia, já somos muitos, ou seja, estamos a aproximar-nos, vertiginosamente, dos dois mil quadros e isto implica possuirmos serviços internos à altura para cuidar do aspecto social dos quadros, seja no domínio da saúde, económico ou pessoal. PN próxima da sociedade A Polícia Nacional tem apostado também numa maior aproximação à sociedade, inclusive com acções de solidariedade social. A Polícia Nacional é uma instituição da comunidade e nós, enquanto quadros policiais, também somos elementos da comunidade. Servir a comunidade é, de facto, a razão da nossa existência. Sendo assim, nós temos que continuar a criar as condições para que haja uma confiança mútua entre a Polícia e a comunidade. Esta nossa posição tem um valor incomensurável. Se conhecermos bem a situação criminal de um bairro, as principais preocupações de uma determinada comunidade e quais são as suas pretensões, poderemos ser mais inteligentes na montagem das nossas estratégias e, com isso, rentabilizar os nossos próprios recursos e dar respostas mais eficientes à população. Todavia, para que tudo isso se concretize, terá de haver esta confiança mútua e será necessário quebrarmos, de vez, um certo sentimento de medo que as pessoas têm da Polícia. Queremos ir às comunidades e ter a certeza de que as pessoas sabem que vamos lá para o seu benefício. Que papel que atribui aos cidadãos para ajudar a Polícia a servir melhor os cabo-verdianos? Eu costumo dizer que a Polícia Nacional pode muito, mas não pode tudo. Estamos conscientes que temos uma maior quota-parte de responsabilidade na garantia da segurança e da tranquilidade de todos. Mas a comunidade, a população e as instituições devem colaborar com a Polícia, quer no domínio da prevenção, como no da própria repressão da criminalidade. Sem esta preciosa colaboração, não conseguiremos ir muito longe. Qual seria a sua mensagem final? “Estamos motivados em conseguir produzir mais e melhor segurança aos cidadãos cabo-verdianos. No entanto, esperamos contar com o forte apoio de todos para podermos traçar da melhor forma as nossas estratégias, no que concerne ao combate à criminalidade” “Com um simples telefonema anónimo, dando-nos pistas em relação a um caso concreto de crime ou sobre um delinquente é para nós um grande apoio. Por exemplo, uma denúncia anónima sobre um caso de eventual uso e porte de arma não regulamentada, assim como uma pista sobre o paradeiro de um determinado delinquente foragido são aspectos muito importantes para o sucesso do nosso trabalho” “Para agirmos, precisamos de ter pistas ou informações” 10 ACTUALIDADE DNA-AO: “ o combate à violência e à criminalidade extrapola as acções repressivas das forças policiais” O Director Nacional Adjunto para a Área Operativa (DNA-AO) da Polícia Nacional (PN), Superintendente Adalberto Santos Coelho, enquanto dirigente que tem sob a sua responsabilidade a ordem pública, defende que o fenómeno da criminalidade está intrinsecamente ligado a diversos factores de vária ordem, daí que o seu combate se reveste de alguma complexidade. Mas, com os novos investimentos no sector operaAdalberto Coelho Director Nacional Adjunto da PN De acordo com Adalberto Coelho, a Polícia Nacional está melhor capacitada para os novos tempos, sobretudo, pelos constantes investimentos feitos pelo governo, através do programa Segurança Solidária, que engloba os seguintes projectos: Policiamento de Proximidade, Verão Seguro, Escola Segura, Turismo Seguro e Comércio Seguro. “Outrossim, a reestruturação e modernização das Brigadas anticrime e de investigação criminal, bem como, a criação das BAC nas cidades da Praia e do Mindelo, os grupos de Atiradores em Moto e de Acções Tácticas do Comando das Unidades Especiais, os Serviços de Informações Policiais, a reformulação dos serviços de Piquete, sobretudo, na Praia e S. Vicente, e a Reactivação da Unidade Cinotécnica, cional da PN, Adalberto Coelho acredita que o combate à violência e à criminalidade está a ter boa resposta. entre outros, vieram trazer uma nova dinâmica ao sector Operacional da PN”, destaca o DNA-AO. Do ponto de vista deste responsável, a criminalidade aumenta à medida que as sociedade vão evoluindo e em contrapartida, as acções de prevenção e combate ao fenómeno, não conseguem acompanha-lo da mesma forma. “Perseguir os criminosos, prendê-los, julgá-los e puni-los significa, apenas, atacar parte de um problema”, sustenta Adalberto Coelho. No entanto, acredita que com o aumento sistemático de efectivos, aquisição de novos meios de mobilidade, aquisição de equipamentos operacionais modernos e constantes investimentos em acções de formação e cursos de especialização em diversas áreas, a PN está apta a desempenhar o seu papel e garantir a segurança dos cidadãos. Neste contexto, Coelho sublinha que a estratégia da PN passa por continuar a crescer dia após dia e corresponder a todas as expectativas e exigências que se espera da Polícia. “Com os recursos que temos, queremos fazer cada vez mais em prol do desenvolvimento do nosso país”, frisa. O DNA-AO da PN remata, afirmando que nos dias de hoje, um eficaz combate à criminalidade passa ainda, pela compreensão do crime e da violência, num contexto muito mais amplo, que ultrapassa os números. 11 143º ANIVERSÁRIO - ACTO CENTRAL Comemoração dos 143 anos da Polícia cabo-verdiana A prioridade continua a ser o combate à criminalidade – Primeiro-Ministro O Governo estabeleceu como prioridade o combate à violência e à criminalidade, que se têm manifestado particularmente nos maiores centros urbanos do país, disse o Primeiro-ministro, ao presidir às comemorações do 143º aniversário da Polícia Nacional, a 15 de Novembro, na Cidade da Praia. 12 Segundo José Maria Neves, este é um combate que Cabo Verde tem de ganhar. “Não é fácil e pressupõe a contribuição e o engajamento de todos: do Estado, das autarquias locais, das igrejas, das ONG, enfim, de toda a sociedade civil e de toda a sociedade política”, assegurou. Para o chefe do Governo, “a luta contra estes males também deve ser feita a nível das famílias e das comunidades, concomitantemente ao reforço da acção do Estado no domínio do combate às desigualdades e a todas as formas de exclusão social e na imposição da sua autoridade”. O grande desafio, de acordo com José Maria Neves, é “continuar a trabalhar” para a melhoria do rendimento das famílias e das condições de vida das comunidades e a diminuição do desemprego, sobretudo entre os jovens. Paralelamente, o chefe do Governo propôs o aperfeiçoamento do sistema educativo e uma intervenção cada vez mais efectiva das instituições e associações de carácter social, religioso, cultural, desportivo e lúdico. “A congregação e a coordenação das acções dos órgãos, das instituições e das associações que intervêm junto dos jovens, das famílias e das comunidades terão de atingir patamares mais ambiciosos”, aconselhou, destacando o papel de “suma importância” da PN e do Ministério da Administração Interna nesse processo. A nível do judiciário, José Maria Neves quer uma melhor coordenação dos órgãos que intervêm na prevenção e repressão da criminalidade, designadamente as Polícias e o Ministério Público. Estas são as orientações dadas pelo Governo, explicou o Primeiro-ministro, admitindo a necessidade de implementação e de alteração de várias leis, a começar pelos códigos penal e do processo penal, “em proveito de maior celeridade e eficácia na aplicação da justiça”. Confirmou que o executivo tem plena consciência de que a insegurança nos centros urbanos, o crescente número de crimes e os elevados índices da violên- cia continuam a desassossegar os cabo-verdianos, salientando, por outro lado, que a PN tem estado à altura das suas responsabilidades e contribuído para a promoção e defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e para a consequente consolidação do Estado de Direito. No seu dizer, a Polícia tem sido um esteio fundamental do processo de desenvolvimento do país, “desde logo, porque tem garantido segurança pública, paz e estabilidade”, recursos estratégicos para a transformação do arquipélago num país “moderno, competitivo, justo, inclusivo e com oportunidades partilhadas por todos”. Ciente de que a segurança continua a ocupar os lugares cimeiros nas preocupações dos cabo-verdianos, o Primeiro-ministro destacou o esforço do Governo, das Polícias e dos Tribunais na luta contra a criminalidade e a insegurança e também na securização das fronteiras nacionais com a instalação de novos equipamentos para o reforço da segurança marítima. Nos ganhos incluiu a consolidação da PN, principalmente em termos de integração, formação e aumento da eficácia da Polícia Judiciária, além de estar a contar com mais meios, mais equipamentos e mais recursos institucionais e legais. 13 A segurança é a principal exigência da sociedade cabo-verdiana - Ministra O aumento da criminalidade urbana, a maior violência nos crimes, o recurso cada vez maior às armas de fogo e a sensação de insegurança dos cidadãos fazem, hoje, da segurança “a principal exigência da nossa sociedade e uma preocupação da população”, declarou a ministra da Administração Interna, Marisa Morais, durante as cerimónias comemorativas dos 143 anos da Polícia cabo-verdiana. Segundo a governante, a Polícia Nacional tem garantido uma segurança moderna e actual que responde aos anseios da sociedade cabo-verdiana e mantém Cabo Verde como um país seguro que é e quer continuar a ser e a actividade do Executivo, nos últimos anos, revela que a segurança e a prevenção e repressão da criminalidade constituem uma prioridade estratégica. Prova disso, informou, foi o reforço da Polícia Nacional com meios humanos, recursos e equipamentos, a par das políticas de segurança levadas a cabo pelo Ministério e expressas nas novas estratégias de combate à violência e criminalidade postas em prática pela corporação. A prevenção da violência e da criminalidade tem sido uma preocupação constante e a opção que pode oferecer respostas efectivas, sustentáveis e duráveis, reiterou Marisa Morais, para quem uma política 14 de segurança orientada para a redução da violência e da criminalidade deve ter sempre presente a dimensão preventiva e repressiva. Nesse processo, a participação da sociedade não deve, no entender da ministra, ser de “mero denunciante/informante da Polícia”, mas um exercício da cidadania, “que pode e deve expressar-se de muitas formas como a assunção da necessidade de mudanças comportamentais na sociedade cabo-verdiana”. A seu ver, questões como violência interpessoal e doméstica e abuso do álcool têm de ser trabalhadas na e com a sociedade, não podendo o seu peso e número de ocorrências ser subestimado ou ignorado. E porque a segurança, para ser vivida, tem de ser construída, no dia-a-dia, nos pequenos comportamentos e nas ati- tudes quotidianas de todos os actores sociais, destacou o Programa de Segurança Solidária pelos resultados positivos conseguidos, principalmente nos projectos Turismo Seguro e Escola Segura. O grande desafio da Polícia Nacional é reduzir a criminalidade sim, mas também a insegurança, inclusive subjectiva dos cidadãos, disse Marisa Morais, para acrescentar que o incremento do policiamento de proximidade é um dos caminhos. A Polícia Nacional deve, por isso, ser dotada de meios para realizar a sua missão, o que exige também o comprometimento de todos os seus membros, a par do reforço de toda a instituição policial cabo-verdiana, formação contínua dos seus profissionais, bem como medidas preventivas para minimizar os riscos de corrupção e que promovam uma cultura de ética e de rigor, concluiu. PN quer distinguir-se pela função preventiva e no combate à criminalidade A Polícia Nacional deverá continuar a distinguir-se pela sua acção preventiva e de combate à criminalidade de modo a garantir segurança e paz social, assegurou o Director Nacional, João Domingos de Pina, ao discursar no acto central dos 143 anos da instituição. De acordo com João Domingos de Pina, uma grande aposta deverá ser feita no reforço da acção no terreno, no pragmatismo e na operacionalidade da PN com vista a enfrentar e controlar a criminalidade no país, “mantendo-a num nível socialmente tolerável”. itivos da acção policial nesta luta. Para o Director Nacional, a sofisticação do crime e das técnicas dos seus agentes e suas ligações “impõem a coragem de se avançar com um sistema cada vez mais elaborado de coordenação das estratégias operacionais”, quer internamente, quer com outras instituições ligadas à segurança. Defendeu, por isso, a mais estreita colaboração e articulação entre a corporação, a Polícia Judiciária e o Ministério Público nas acções operacionais, da mesma forma como se deve investir na aproximação ao cidadão, numa parceria com as comunidades locais. O objectivo é conseguir uma actuação concertada, pró-activa, eficaz e eficiente, visando a garantia da ordem, da segurança e da tranquilidade das pessoas, explicou, salientando os resultados pos- Contudo, a diminuição da criminalidade em 10 por cento “ainda é pouco”, admitiu João Domingos de Pina, prometendo que o combate ao crime, no geral, e à delinquência juvenil, em especial, não terá tréguas da Polícia Nacional. João Domingos de Pina reconheceu o esforço que vem sendo feito para dotar a PN de mais meios e recursos humanos qualificados, que têm contribuído para resgatar a confiança na acção policial, mas afirmou ser urgente a criação da escola de segurança, que ajudará as forças de segurança a estarem mais preparadas no cumprimento da sua missão. Para maior motivação dos quadros da PN, o Director Nacional considerou também urgente a revisão dos estatutos da corporação e a aprovação de uma nova grelha salarial que vá de encontro ao espírito da lei e adeqúe a realidade da instituição ao novo plano de cargos, carreiras e salários (PCCS) da administração pública. Na sua visão, já é tempo de acabar com as disfuncionalidades salariais resultantes da criação de uma Polícia Nacional única, que integrou as Polícias de Ordem Pública, Fiscal, Marítima e Florestal, ao mesmo tempo que deve ser contemplada com promoções regulares, entre outros benefícios. 15 Comemoração dos 143 anos da Polícia cabo-verdiana 16 Presidente da República saúda mais um ano da Polícia cabo-verdiana convicto de que os mesmos trabalham em condições nem sempre as melhores, tornando o exercício da profissão mais difícil. “Sabemos que, nos tempos actuais, os integrantes da corporação policial necessitam de uma preparação permanente e cuidada. O exercício dessa nobre profissão reclama uma capacitação técnica e humana cada vez mais exigente, razão pela qual exortamos todos os seus integrantes a cuidarem da sua preparação e os responsáveis a criar as condições necessárias para tal e a garantir os meios adequados a uma intervenção de qualidade. Insistimos em como este é um investimento seguro”, aconselhou. Na opinião do Presidente da República, uma vez que o exercício das liberdades só é possível se a segurança das pessoas e bens estiver garantida, para além da indispensável capacitação técnica dos integrantes da Polícia Nacional, é preciso investir nas relações com as pessoas. O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, saudou a Polícia Nacional pela passagem de mais um aniversário, prestando “uma justa homenagem” aos homens da farda pela sua entrega a Cabo Verde e aos cabo-verdianos e pedindo que sejam criadas cada vez melhores condições para o exercício da sua missão de zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens. Na sua mensagem endereçada à corporação policial, pela passagem do 15 de Novembro, o Chefe de Estado disse que “a democracia constrói-se com mulheres e homens que, no seu dia-a-dia, com esforço e trabalho, nas diversas áreas de actividade, procuram tornar a vida de todos e de cada um mais organizada, mais segura e mais aprazível”. “Não é possível conjugar, de forma adequada, a segurança com as liberdades, se não existir uma relação saudável entre os agentes de autoridade e o cidadão comum”, garantiu Jorge Carlos Fonseca, para quem “as pessoas têm de considerar a Polícia Nacional como um parceiro fundamental e esta, igualmente, deve investir nessa perspectiva”. É essa actividade permanente que faz com que a democracia seja cada vez mais a concretização, no quotidiano, dos princípios segundo os quais a pessoa é a referência maior do nosso ordenamento sociopolítico, defendeu Jorge Carlos Fonseca. O policiamento de proximidade, segundo o Chefe de Estado, deve, por isso, ser aprofundado, ao mesmo tempo que algumas práticas, “felizmente residuais, de uso desnecessário e abusivo da violência”, devem ser energicamente combatidas. Ao destacar como missão fundamental da Polícia “zelar pela nossa segurança e pela segurança das nossas famílias e dos nossos bens”, rendeu “uma justa homenagem” a todos os Polícias cabo-verdianos, Só assim as mulheres e os homens que integram a Polícia Nacional continuarão a dar ao sistema democrático cabo-verdiano “uma contribuição de valor inestimável”, concluiu. 17 18 19 Quadro legal A Polícia Nacional (PN) foi criada pelo decreto-legislativo nº 6/2005, de 14 de Novembro, segundo o qual ela é uma instituição de natureza civil, profissional e apartidária, com autonomia administrativa e financeira e o objectivo fundamental de criar as melhores condições para garantir a estabilidade e a segurança das pessoas e seus bens, como elementos determinantes para a paz social e a tranquilidade dos cidadãos. A Polícia Nacional passou a integrar as forças policiais cujas finalidades orgânicas concorrem, directamente, para garantir a segurança interna: Polícia de Ordem Pública, Guarda-Fiscal, Polícia Marítima e Polícia Florestal. Estruturada em direcção nacional e comandos regionais, a Direcção Nacional abrange o comando da Polícia de Ordem Pública, da qual faz parte a Polícia Florestal; a Direcção de Estrangeiros e Fronteiras, que passou a integrar a Polícia Marítima; o Comando das Unidades Especiais, que abrange o Grupo de Intervenção Rápida, o Corpo de Intervenção e a Protecção de Entidades; a Direcção de Formação da 20 qual depende a Escola de Polícia Daniel Monteiro; a Direcção de Planeamento, Orçamento e Gestão, que inclui o Núcleo de Informática e de Tecnologia da Informação; e a Direcção Nacional de Operações e Comunicações, integrando o Centro de Análise de Informações Policiais. A PN tem como missão fundamental defender a legalidade democrática, prevenir a criminalidade, garantir a segurança interna, a ordem e a tranquilidade públicas, além de assegurar o exercício dos direitos dos cidadãos e a consecução dos objectivos definidos por lei e prosseguidos pelo Governo. Compete à PN o controlo das fronteiras terrestres e marítimas de Cabo Verde, incluindo a entrada e a saída do território nacional, a defesa e a preservação da floresta nacional e o combate às infracções fiscais e aduaneiras. Compete, ainda, à PN garantir o normal funcionamento das instituições democráticas, assegurar, nos termos e limites da lei, o exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cabo-verdianos e assegurar o respeito pela legalidade, assegurando a manutenção da ordem, da segurança e da tranquilidade públicas. Das funções da PN constam, igualmente, combater a criminalidade, em particular, a criminalidade organizada e o terrorismo, garantir a segurança das pessoas e dos seus bens, prestar ajuda às populações, socorro aos sinistrados e auxílio adequado a viajantes e turistas e cidadãos em geral. controlar as fronteiras marítimas e terrestres, principalmente no que respeita à entrada e saída de estrangeiros do país, defender e preservar a floresta nacional, combater a evasão e fraude fiscais, entre outras. São, ainda, atribuições da PN participar no sistema nacional de protecção civil, A Direcção Nacional é o órgão de direcção central da PN a quem compete dirigir, coordenar e fiscalizar a actividade de todos os seus órgãos e serviços, tendo na liderança um Director Nacional, nomeado por resolução do Conselho de Ministros e com autoridade de comando e direcção operacional sobre os comandantes e responsáveis dos organismos policiais subordinados. 21 ORGANOGRAMA ACTUAL SES - Serviço Social SFP - Secção Fiscal da Praia DEP - Divisão de Estudos e Planeamento CNOP - Comando Nacional de Ordem Pública CNPM - Comamdo Nacionald da Polícia Marítima DARH - Divisão de Adminsitração e Recursos Humanos DOC - Direcção de Operações e Comunicações DEF - Direcção de Estrangeiros e Fronteiras DFL - Divisão de Finanças e Logística DOIP - Direcção de Operações e Informações Policiais DE - Divisão de Estrangeiros DCTI - Direcção de Comunicações e Tecnoligias de Informação CNGF - Comando Nacional da Guarda Fiscal 22 DF - Divisão de Fronteiras CNF - Centro Nacional de Formação DPOG - Direcção de Planeamento Orçamento e Gestão DF - Direcção de Formação CUE - Comando das Unidades Especiais CI - Corpo de Intervenção CPAE - Comando de Protecção de Altas Entidades DIVERSOS SERVIÇOS E UNIDADES DA PN Polícia Marítima Uma aliada na protecção do meio ambiente Sendo o território de Cabo Verde formado na sua grande maioria por águas oceânicas e por diversas praias, o Estado conta com os indispensáveis serviços da Polícia Marítima. Ao seu Comando Nacional compete dirigir, coordenar, orientar, avaliar e fiscalizar toda a actividade da PM com vista, nomeadamente, a preservar a regularidade das actividades marítimas e a segurança e os direitos dos cidadãos. A PM é dirigida por um Comando Nacional, sendo esta constituída por 84 efectivos distribuídos pelos Comandos de Barlavento a Sotavento. Nos últimos anos, esta unidade tem privilegiado acções de prevenção e protecção do meio ambiente, assim como a fiscalização intensiva das praias nacionais, com vista à preservação das espécies marinhas e um controlo apertado da extracção de inertes, ao mesmo tempo que tem investido na formação dos seus quadros. Recentemente, a PM foi beneficiada com diversas acções de formação, destacando-se os cursos de sistema de apoio à decisão na actividade de patrulha, que permite o registo de todas as actividades de fiscalização e inspecção às embarcações e navios, formação sobre identificação de documentos fraudulentos e na área de luta contra o narcotráfico por via marítima, estando previsto, para 2014, acções de formação em exercício. De acordo com o comandante nacional da Polícia Marítima, Subintendente Fernando Borges, as acções realizadas têm obtido bons resultados, a começar pela fiscalização da extracção de inertes. “Nos últimos anos, constatou-se um desencorajamento por parte dos infractores que andavam à procura desse bem e a apanha de inertes reduziu consideravelmente”, explicou. Os planos de acção implementados no capítulo das buscas e salvamento nas praias do país, segundo o Subintendente, têm vindo a contribuir, de forma decisiva, para a diminuição das mortes por afogamento devido à vigilância apertada das praias, onde alguns banhistas teimam em procurar praias sem vigilância ou sem a protecção dos salva-vidas. 23 Direcção de Formação Uma aposta na qualidade e na excelência Guilerme Cardoso Director de Formação Com vista à capacitação e qualificação dos recursos humanos, a PN conta com a Direcção de Formação, um serviço central da Direcção Nacional, responsável pela concepção, programação e organização da formação contínua e especializada em diversas áreas da segurança, cujas acções realizadas têm tido um grande impacto na dignificação da função policial e diminuição da criminalidade em geral. Recentemente, a Direcção de Formação tem apostado na diversificação das suas acções, tendo ministrado vários cursos, nomeadamente de acções tácticas aos efectivos do Corpo de Intervenção, de formação de 120 novos agentes, de especialização e reciclagem dos efetivos de Piquete, BIC/BAC, Trânsito, DEF, bem como do pessoal afecto ao policiamento de proximidade e serviço de Violência Baseada no Género (VBG). Para Angola, esta Direcção enviou, em 2013, 12 formandos para frequentarem um curso superior de Oficial de polícia, havendo um formando no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna de Portugal. 24 “Os resultados alcançados com estas formações são evidentes, porque vieram contribuir para uma diminuição significativa das ocorrências criminais e a melhoria da performance da actuação da PN”, confirmou o Director de Formação. De acordo com o Subintendente Guilherme Cardoso, está-se a trabalhar na concepção de um curso de especialização para a formação de policiais destinados à Direcção de Estrangeiros e Fronteiras, à Guarda Fiscal e à Polícia Marítima, ao mesmo tempo que se está a conceber formações especializadas em áreas de capital importância para o sector da segurança. Guilherme Cardoso referia-se, concretamente, à protecção de altas entidades do Estado, a par de outros domínios da ordem pública e, mais especificamente, às esquadras policiais. Com a ajuda da Cooperação Portuguesa, a Direcção de Formação formou, recentemente, 45 efectivos do Corpo de Intervenção e 15 agentes no domínio da segurança pessoal, adiantou o Subintendente, salientando que os acordos de cooperação com outros países também têm ajudado nos bons resultados desta Direcção, com a formação, anual, de policiais em diversos domínios, entre os quais, cursos de oficiais de polícia. O responsável pela área de Formação da PN anunciou, para 2014, a implementação de um plano de formação que se destina a identificar as áreas mais vulneráveis e que exigirão mais investimentos e acções de formação, sendo os agentes que operam nas brigadas e esquadras da PN os que necessitam de maior investimento ao nível da formação. “Queremos avançar com uma acção de formação em exercício, quer a nível de actuações, ocorrências, tiro ou abordagens às pessoas, ensinando aos policiais a melhor forma de intervirem, de modo a fazer com que pratiquem mais o “saber fazer e saber agir, em vez de muita teoria e menos prática”. O subintendente acrescenta que, com esta formação, a PN conseguirá elevar os seus agentes “a um patamar mais elevado”. Reconheceu, no entanto, que os parcos recursos financeiros para custear os planos e acções de formação são os principais constrangimentos com que se debate a Direcção de Formação. Todavia, este obstáculo não a impede de realizar, anualmente, diversas acções de formação contínua e de especialização, em todos os ramos da Polícia Nacional. Cabe à Direcção de Formação preparar, estudar e propor à Direcção Nacional, o plano anual de formação e definir todas as estratégias relativas à formação, bem como definir os planos curriculares de cada curso ou acção de formação, ministrados pelo Centro Nacional de Formação da Polícia Nacional. 25 Polícia Fiscal Modernos equipamentos reforçam a qualidade dos serviços prestados pela Guarda Fiscal Manuel Alves Comandante Nacional Guarda Fiscal Os constantes investimentos efectuados na Polícia Nacional dotaram a Guarda Fiscal (GF) de modernos equipamentos com vista as acções de fiscalização e controlo eficaz nos portos e aeroportos do país. Apesar da necessidade de mais pessoal, o comandante nacional da Guarda Fiscal garante qualidade e excelência dos serviços prestados pela GF em prol do desenvolvimento de Cabo Verde. Segundo o comandante da GF, o Subintendente Manuel Alves, a modernização da fiscalização nos diversos pontos aduaneiros é hoje uma realidade. Um exemplo disso foi a introdução de Scanners de contentores e de pequenas encomendas nos portos e aeroportos do país, que vieram garantir maior controlo da circulação dissimulada de produtos ilícitos, entre os quais, armas e drogas. “Estas inovações representam ganhos incontornáveis para a Segurança Interna de Cabo Verde”, afiança Manuel Alves. Alves afirma ainda que a Guarda Fiscal viu-se reforçada recentemente com meios humanos e materiais. A formação con- 26 tínua dos efectivos é uma grande aposta desta unidade policial. Neste sentido, o comandante acredita que as acções de formação realizadas, tanto no país, como no estrangeiro são uma mais-valia, dotando a GF de melhores competências no exercício da sua missão. Devido às demandas que se preveem serem ainda maiores no futuro, a GF espera reforçar o efectivo com mais policiais. No entanto, as cobranças efectuadas pelos serviços aduaneiros dependem muito das fiscalizações da Guarda Fiscal. Alves garante que há e sempre vai haver uma óptima fiscalização para que os interesses do Estado sejam sempre salvaguardados. O investimento na formação do pessoal e na aquisição de novas tecnologias são apostas para o futuro, com vista à modernização dos serviços. A escassez de efectivos policiais para um trabalho de fiscalização mais acentuada e eficaz é vista pelo responsável como o maior constrangimento. Manuel Alves considera que a melhoria de alguns aspectos relativos à estrutura organizacional da GF, assim como, dos próprios recursos são os principais desafios a vencer. Contudo, este responsável considera que a Guarda Fiscal está de “boa saúde” e mostra-se satisfeito com a postura, profissionalismo e disciplina que reina no seio dos efectivos policiais. A Guarda Fiscal é um ramo da Polícia Nacional que tem a missão de prevenir, combater e reprimir as infracções fiscais e aduaneiras. Outrossim, cabe à GF coordenar as actividades dos comandos das secções fiscais, comandos dos Destacamentos Fiscais e Postos Fiscais, que se encontram integrados nos Comandos regionais da PN. “A nível operacional, a Guarda Fiscal vigia os portos e aeroportos do país, fiscalizando as mercadorias que circulam legalmente nos territórios aduaneiros, numa perspectiva de entrada dos mesmos no mercado nacional. Isto implica um trabalho permanente de fiscalização”, afiança Manuel Alves. Por outro lado, esta unidade policial realiza regularmente operações de buscas e varejos às casas comerciais para prevenir e combater as situações de fraudes fiscais. 27 Direcção de Operações e Comunicações aposta no aumento da segurança dos cidadãos Renato Fernandes Director de Operações e Comunicações O maior desafio da Polícia Nacional é trabalhar para o aumento da segurança dos cidadãos cabo-verdianos, considera o Director das Operações e Comunicações, Subintendente Renato Fernandes, para quem é necessário eficácia e eficiência na operacionalização de um conjunto de medidas operacionais. No entender de Renato Fernandes, a PN definiu um conjunto de estratégias para melhorar a sua performance, sendo a primeira o reforço da eficácia das unidades operacionais, de modo a dotar a corporação de equipamentos e sistemas para incrementar, de forma substancial, a sua capacidade operacional. a autoridade do Estado na luta contra a criminalidade e combate à proliferação de armas de fogo aos grupos “thugs” e aumentámos as acções preventivas e repressivas”, frisou, assinalando que os processos que a PN envia para o Ministério Público passaram a ser melhor elaborado e com melhor qualidade. outra conquista da PN, que está também a investir forte no desarmamento da sociedade civil e controlo de armas ligeiras e de pequeno calibre, bem como nas infra-estruturas, na modernização dos equipamentos de segurança e nas novas tecnologias. A qualificação profissional e a difusão do ensino nas várias áreas do saber constituem a segunda estratégia da PN, ao que se segue a reestruturação e modernização das Brigadas Anti-Crime (BAC) e de Investigação Criminal (BIC), por força das novas competências que a Polícia Nacional passou a ter em matéria de investigação criminal. Outra estratégia fundamental traçada tem a ver com a redução e prevenção da violência e do crime, que, segundo o Director das Operações e Comunicações, envolve outras instituições públicas e organizações da sociedade civil, a par do reforço do controlo fronteiriço e combate à imigração ilegal e ao tráfico de pessoas, através dos sistemas Passe e Rapid. Ganhos importantes “Graças a estas duas brigadas, reforçámos O reforço do efectivo policial constitui 28 E com resultados importantes, confirmou Renato Fernandes, salientando que as 20 viaturas operacionais postas à disposição da corporação pelo Ministério da Administração Interna permitiram o patrulhamento táctico-motorizado e auto, ao mesmo tempo que deu à PN maior visibilidade e presença nos principais centros urbanos do país. da Praia, Mindelo e Assomada, introduzir a técnica canina, com a criação de unidades cinotécnicas no domínio da ordem pública e explosivos e criar uma unidade de detecção e desactivação de explosivos, para o que a PN vai precisar de parcerias. Outro grande ganho foi a revitalização do serviço de informação policial e de inteligência com a atribuição de mais meios humanos e de locomoção, seguindo-se o reforço do patrulhamento de maior incidência criminal, com presença sistemática da polícia, e melhoria no funcionamento do serviço de trânsito, com a aquisição de viaturas para o transporte de pessoal, motorizadas, bloqueadores de rodas, jeeps e viaturas ligeiras. Na Praia, lembrou, o serviço de Piquete passou de três para seis viaturas e de 36 para 81 efectivos e foi implementado um serviço de ronda auto que assegura patrulhas diárias na capital. O Director destacou, por outro lado, o reforço da coordenação e articulação institucional da PN com o Ministério Público, a Polícia Judiciária, os tribunais, as câmaras, as Alfândegas e a Empresa Nacional de Portos (Enapor), entre outras instituições. A reestruturação do Programa Escola Segura na Praia, São Vicente, Santa Catarina, Santo Antão, Fogo e outras ilhas do país, referiu, permitiu aos agentes da PN garantir o policiamento das escolas básicas e secundárias, ao mesmo tempo que o patrulhamento tem sido garantido nos principais bairros. Melhoria dos serviços e redução da criminalidade Dentre as melhorias, Renato Fernandes enalteceu, igualmente, a da performance da Polícia Marítima, que passou a dispor de mais motos para patrulhar as praias e de embarcações rígidas em diversas ilhas. Graças a estes e outros investimentos, de Janeiro a Setembro de 2013, a criminalidade registou uma redução à volta dos 9,77%, no que a PN contou com a contribuição de outras instituições e da própria sociedade, inclusive na Cidade da Praia, onde actuam diversos grupos de “thugs”, com uma redução de 9,32%. OBS: Quadro comparativo dos resultados 2012 / 2013, nos diversos ramos Com base nas estatísticas referentes a 2012 e 2013, vê-se, nos últimos anos, que “o sentimento de segurança, neste momento, é outro”, porque os “thugs” já não constituem preocupação como outrora, “mas estão sob a vigilância e o controlo da Polícia”, indicou, salientando que, a qualquer altura, podem reactivar as suas actividades criminosas, ainda que muitos grupos tenham sido desmantelados. Apostas futuras No futuro, são grandes apostas desta Direcção aumentar o efectivo de atiradores em moto na capital, criar condições para o seu alargamento à ilha de São Vicente e do Corpo de Intervenção nas cidades Renato Fernandes destacou, ainda, como acções a serem implementadas, a partir de 2014, a criação de condições que garantam a evolução do actual Grupo de Acções Tácticas do Corpo de Intervenção para um núcleo de operações especiais na luta contra o terrorismo e a criação de núcleos de investigação criminal em todas as esquadras do país, com vista a garantir a instrução de processos criminais, no âmbito da competência delegada à PN pelo Ministério Público. Esforços deverão, também, ser envidados para a retoma do policiamento de proximidade, através de viaturas de postos móveis na Praia, o reforço do patrulhamento das praias mais frequentadas no período balnear, com a montagem de tendas, aquisição de equipamentos para a instalação do Gabinete de Comunicação e Imagem da PN e criação de um laboratório no domínio das línguas inglesa e francesa. Paralelamente, a PN pretende investir na criação de núcleos especializados na garantia da segurança aos turistas, de um campo fechado de obstáculo e carreira de tiro e de uma banda musical da corporação, devendo a ilha do Sal ser contemplada com uma unidade de intervenção e a Polícia Marítima com barcos semirrígidos, fardamento adequado, mergulhadores forenses e equipamentos de comunicação. Mais meios humanos, de mobilidade e equipamentos vão ser afectados à Direcção de Estrangeiros e Fronteiras, da Guarda Fiscal e da Polícia Marítima, enquanto vai ser reforçada a fiscalização para as viaturas do Estado a circular fora das horas normais de expediente e do cumprimento da lei de ruído e da bancarização na PN em todo o território nacional. 29 Unidades especiais continuam a ter impacto em situações de excepção Enquanto órgão central da Polícia Nacional, que tem por missão apoiar as outras unidades policiais na manutenção da ordem pública e combate à criminalidade, competindo-lhe, de forma específica, a reposição da ordem, quando a resolução ultrapassa os meios normais de actuação, o Comando das Unidades Especiais tem tido uma actuação com grande impacto na vida do país, disse o comandante Benvindo Monteiro. Benvindo Monteiro Comandante de Unidades Especiais 30 As Unidades Especiais, explicou, são compostas por duas unidades: Corpo de Intervenção, onde foi recentemente criado um Grupo de Acções Tácticas, que actua em situações extremas; e Protecção das Entidades. Segundo o comandante, o Corpo de Intervenção é uma unidade de reserva especialmente preparada para acções de prevenção contra a criminalidade e perturbação da ordem pública, sua manutenção e restabelecimento, quando os meios normais não o podem fazer, devendo também intervir em situações de violência concertada, criminalidade violenta e organizada, protecção de instalações, investimentos e pontos sensíveis importantes. No seu dia-a-dia, o Corpo de Intervenção pode, ainda, fazer patrulhamento auto e apeado, atender o trânsito e assegurar a manutenção da ordem pública, sendo um dos seus três pelotões de alerta máxima. Além dos 89 elementos que tem na Praia, o Corpo de Intervenção possui os destacamentos de São Vicente, com 30 agentes, e de Santa Catarina, com 11 elementos, informou. O Corpo de Intervenção integra um grupo de atiradores em motos de duas e de quatro rodas oferecidas por Angola, que formou os seus 16 efectivos, em Maio de 2011. A Protecção de Entidades é também uma unidade de reserva especial que tem por missão proteger altas entidades nacionais e estrangeiras, bem como qualquer cidadão em situação de ameaça. Para Benvindo Monteiro, as unidades especiais têm como uma das grandes apostas a integração de mais mulheres nas suas fileiras. Enquanto isso, devem investir no equipamento do Grupo das Acções Tácticas, de modo a garantir maior eficácia nas suas actuações, sendo que tanto o Corpo de Intervenção como a Protecção das Entidades precisam de mais efectivos. 31 Direcção de Estrangeiros e Fronteiras reforça controlo das fronteiras nacionais A Direcção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF) é o serviço central da Direcção Nacional da PN que se encarrega do controlo da entrada e saída de pessoas nos postos de fronteira e da estadia e permanência de estrangeiros no território nacional, afiançou o Director Emanuel Estaline Moreno, realçando que lhe compete, também, emitir documentos de viagem não submetidos à competência reservada de outras entidades. Para o controlo das fronteiras nacionais, explicou o Intendente da PN, Cabo Verde tem contado com a parceria de alguns países, nomeadamente Portugal, na modernização e dotação da DEF de equipamentos, com destaque para aplicações viradas para o controlo de portos e aeroportos. Um dos principais ganhos registados, ultimamente, foi a actualização dos sistemas informáticos na fronteira, que é uma ferramenta fundamental para a gestão das entradas e saídas do país e para a adopção de medidas cautelares, tanto de nacionais como de estrangeiros, confirmou. Emanuel Moreno destacou, por outro lado, os ganhos conseguidos a nível da formação e os esforços do Governo na aquisição de soluções para melhorar a qualidade dos serviços prestados nas fronteiras. O projecto “Gestão do Viajante” em curso consiste na disponibilização de um portal, onde as agências e operadores turísticos podem fazer registos para solicitar vistos de grupos, da mesma forma como ajuda as instalações hoteleiras no preenchimento de boletins de alojamento, o que 32 Emanuel Estaline Moreno Director da Direcção de Estrangeiros e Fronteiras tem a ver com a gestão de estrangeiros que entram e se encontram no território nacional, adiantou. Segundo o Director da DEF o projecto inclui, igualmente, as embaixadas que emitem vistos lá fora, com o objectivo de se proceder à uniformização dos procedimentos. “Praticamente, todos os dias, recusamos entradas aqui em Cabo Verde. Apesar de pertencermos à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que permite a livre circulação de pessoas e bens, existe uma cláusula que dá aos países encravados ou insulares, como nós, a possibilidade de tomar tal decisão”, esclareceu. Entradas e saídas de estrangeiros Autorização de residência No âmbito do controlo de fronteiras, a DEF tem, também, regulado a entrada e saída de estrangeiros do arquipélago, nos aeroportos e portos. Emanuel Moreno admitiu, contudo, que há deficiências, porque a Direcção de Estrangeiros e Fronteiras precisa de mais equipamentos, para assegurar um melhor controlo das costas nacionais. O Director da DEF informou, por outro lado, que a nível da autorização de residência, o número de documentos exigidos por lei dificulta o processo, uma vez que muitos imigrantes têm tido grandes dificuldades em apresentar o registo criminal dos seus países de origem, que é uma das peças fundamentais para a atribuição da referida autorização. A tarefa tem sido mais fácil a nível dos aeroportos, onde tem sido feito um controlo rigoroso de quem vem para Cabo Verde, nomeadamente a nível documental, com o propósito de determinar se cumpre os requisitos legais para entrar no território nacional, lembrou o Intendente. Os imigrantes têm, igualmente, mostrado dificuldades em apresentar outros documentos solicitados, nomeadamente contrato de trabalho, contrato de arrendamento de uma habitação, sem esquecer que, da parte da DEF, falta pessoal suficiente para dar resposta à demanda, que, actualmente, já diminuiu bastante, situ- ando-se em pouco mais de dois mil pendentes, notou. De acordo com Emanuel Moreno, a maior parte dos pedidos não foi satisfeita porque os documentos apresentados também são falsos, como comprovam análises laboratoriais feitas. Em consequência, muitos são convidados a deixarem o país, com recursos próprios ou a expensas do Estado, quando o cidadão não tenha representação diplomática no país. A expulsão administrativa, a seu ver, responde a situações de estadia irregular nas ilhas, com as acções de fiscalização realizadas regularmente em que se faz o controlo da estadia dos imigrantes no país. Para o Director da DEF, uma das maiores fraquezas dos serviços que dirige tem sido o número insuficiente de efectivos, a começar pelas equipas para os aeroportos, passando pelas brigadas de fiscalização. A par disso, a Direcção de Estrangeiros e Fronteiras não tem efectivos próprios em todas as ilhas, alegou, dando como exemplo o caso da Boa Vista, onde o Aeroporto Internacional Aristides Pereia deveria ser reforçado com uma unidade da sua Direcção. Na opinião do Intendente Emanuel Moreno, mais meios são também necessários para que a DEF possa dar corpo aos projectos existentes, sendo o combate à criminalidade, especialmente à criminalidade transnacional, uma grande preocupação no que concerne à patrulha, sobretudo da costa. Em todo este esforço, Cabo Verde tem tido apoio de parceiros internacionais e participado em operações conjuntas, que têm ajudado nesta matéria, sublinhou, para acrescentar que a DEF já conta com alguns quadros especializados, nomeadamente na questão da fraude documental e do tráfico de seres humanos. 33 DEF prepara-se para atribuição do passaporte electrónico e título de residência electrónica A Direcção de Estrangeiros e Fronteiras prepara-se para introduzir, em Cabo Verde, os sistemas de atribuição do passaporte electrónico e título de residência electrónica. Com a entrada em vigor da parceria para a mobilidade entre Cabo Verde e a União Europeia, o passaporte electrónico poderá facilitar a concessão dos vistos e a circulação de determinadas categorias e grupos de pessoas nos aeroportos com sistemas de centro automático de passageiros, confirmou o Director. Ciente de que o futuro passa pela instalação de sistemas de controlo automático dos fluxos migratórios nas fronteiras do país, a DEF vai continuar a apostar na modernização, de modo a consolidar os ganhos conseguidos como, por exemplo, o Projecto de Gestão do Viajante, composto por quatro módulos: portal na internet para o acesso, registo dos operadores e solicitação dos serviços disponíveis, sistema de preenchimento de boletins de alojamento on-line e sistema de pedidos de visto de grupo. Apesar das vantagens, a DEF depara-se, ainda, alguns constrangimentos relacionados com a infra-estrutura de comunicações que utiliza e que estão a ser equacionados com vista à disponibilização de um serviço mais eficiente, rápido e seguro nas fronteiras do país. O sistema de controlo da permanência e afastamento de estrangeiros em situação irregular no território e o sistema de controlo de requisição de passaportes de serviço são outras inovações introduzidas, em fase de implementação e consolidação do funcionamento nas fronteiras. A gestão prudente e eficaz da entrada e permanência de estrangeiros no país tem sido feita com o apoio dos sistemas informáticos Siidef e PasseCV, ao mesmo tempo que se recorre à aplicação informática denominada Sistema de Contra-ordenações e Fiscalização e Afastamento (SCOFA). No futuro, com recurso às novas tecnologias, a DEF pretende obter equipamentos para o controlo de estrangeiros, através do acesso às bases de dados de qualquer unidade policial, para análise da identidade e da situação do estrangeiro no território nacional. No caso do controlo da emigração ilegal, conta com a colaboração de algumas entidades, designadamente, a Guarda Costeira, a Polícia Marítima e outras instituições internacionais. Contudo, o grande desafio da DEF, no entender do seu Director, será a mobilização de esforços para a continuação da modernização dos serviços, quer em termos de meios humanos ou de equipamentos, sobretudo, com a instalação de sistemas automáticos de identificação de passageiros em todos os aeroportos internacionais do país, elevando, deste modo os serviços das fronteiras cabo-verdianas ao nível dos serviços de países desenvolvidos como são os casos dos da Europa e dos Estados Unidos da América. 34 Estatuto de pessoal reforça direitos dos agentes policiais O novo Estatuto de Pessoal da Polícia Nacional foi aprovado pelo Decreto-Legislativo nº 8/2010, de 28 Setembro, adaptado à nova realidade da corporação e facilitadora de uma maior racionalização da gestão dos recursos humanos e das respectivas carreiras, de modo a se repercutir no aumento da eficácia e eficiência da sua intervenção. Para o pessoal da PN, o novo estatuto de pessoal apresenta como maiores ganhos o incremento dos direitos, através da atribuição aos oficias superiores de isenção dos direitos aduaneiros e imposto especial de consumo e emolumentos na importação de um veículo automóvel ligeiro, em estado novo, para uso pessoal em benefício da função que exercem, desde que estejam em efectividade de funções. Foi criado um quadro legal que facilita a criação de condições condignas e seguras de cumprimento de prisão preventiva e das penas privativas de liberdade por parte do pessoal policial, enquanto não houver estabelecimentos prisionais es- peciais, assim como todo o pessoal dirigente passou a ter direito a moradia a ser fornecida gratuitamente pelo Estado. O Director Nacional e seus dois adjuntos têm, hoje, direitos especiais alargados, registando-se, também, um desenvolvimento excepcional na carreira ou reclassificação do pessoal policial que, por esforço próprio de formação, venha a adquirir o grau de licenciatura, um direito já previsto no Decreto-Legislativo nº 01/2003, de 01 de Setembro, que aprova o regime jurídico do pessoal da Guarda Fiscal, e que agora foi generalizado a todo o pessoal da PN. À luz dos novos estatutos, dá-se prioridade à transição na carreira por antigui- dade, independentemente de vagas, nos 90 dias que antecedem a data em que o beneficiário atinge o limite de idade legal para efeitos de aposentação, bem como do pessoal com muitos anos de trabalho prestado à PN, mas que, por razões de ordem vária, designadamente a limitação em termos de formação académica, não puderam evoluir normalmente. Introduz-se, por outro lado, o princípio do concurso de avaliação curricular para acesso aos postos de oficias superiores de Polícia, que inclui obrigatoriamente a discussão de um trabalho inédito versando tema relevante no âmbito da segurança interna, o qual, para efeito de classificação final, terá ponderação igual 35 a 30% da nota final global, bem como a frequência de acção formativa adequada, com duração de seis meses, cuja classificação terá carácter eliminatório e relevará para a classificação final do concurso, com uma ponderação igual a 30%. Proíbe-se, a partir de 2010, ao pessoal policial o exercício de quaisquer actividades de natureza comercial ou industrial ou de outra natureza lucrativa, relacionadas com o exercício das suas funções ou incompatíveis com esta, enquanto estiverem em efectividade de funções, da mesma forma como não podem explorar transportes públicos urbanos, designadamente táxi e interurbanos. Neste diploma aparece, ainda, alargado o âmbito do direito a assistência e patrocínio judiciário a todos os processos de natureza criminal em que o pessoal policial seja demandado ou pretenda demandar outrem por factos praticados em serviço ou por causa dele. Os novos estatutos introduzem, pela primeira vez, a figura de oficiais de ligação, nomeados mediante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas relações exteriores e segurança interna, de entre oficiais superiores da PN, para acreditação junto dos Estados estrangeiros ou organismos internacionais, nos termos dos acordos internacionais celebrados pelo Governo de Cabo Verde. Critérios objectivos de programação, selecção e concessão da licença para estudos ao pessoal Policial foram fixados com o objectivo de evitar o casuísmo e a discricionariedade, da mesma forma como ficou formalizada a transição do pessoal policial que, à data da criação da Polícia Nacional, integravam os quadros da Polícia de Ordem Pública, da Guarda Fiscal, da Polícia Marítima e da Polícia Florestal, para as carreiras e postos do quadro de pessoal da PN. Pode transitar para a carreira técnica superior o pessoal detentor de curso superior que confira o grau de licenciatura, que, à data da entrada em vigor destes estatutos, desempenhava funções idênticas ou afins às da carreira técnica superior, não obstante estar integrado em carreiras de pessoal com funções policiais. 36 Carreira policial No exercício as suas funções, o pessoal policial está exclusivamente ao serviço do interesse público, como definido na lei ou pelos órgãos competentes, devendo constituir exemplo de respeito pela legalidade democrática e actuar no sentido de reforçar, na comunidade, a confiança na acção desenvolvida pela instituição que serve, ao mesmo tempo que a sua actuação se rege pelos princípios da honra, da lealdade e dedicação ao serviço, enfrentando, com coragem, os riscos inerentes às missões que lhe são confiadas. O pessoal da PN integra um quadro privativo e é distribuído por carreiras e postos e a sua admissão faz-se por nomeação, a qual é provisória durante o período probatório, com a duração de dois anos, ou por contrato, nos termos da lei geral e sem prejuízo do estabelecido nos estatutos do pessoal. O quadro de pessoal policial da PN compreende as carreiras de oficial de Polícia, subchefe de Polícia e agente de Polícia, que se desenvolvem por postos. O posto de superintendente-geral precede os demais da classe de oficiais superiores de Polícia e fica reservado exclusivamente à graduação dos oficiais superiores nomeados para exercerem o cargo de Director Nacional da PN. Na carreira de oficial de Polícia existem os postos de chefe de Esquadra, subcomissário, comissário, subintendente, intendente e superintendente e ela compreende as classes de oficiais superiores e oficiais subalternos. Para o desenvolvimento na carreira e graduação, prevê-se a progressão, que consiste na mudança de escalão remuneratório e depende do tempo de permanência no escalão imediatamente anterior, após três anos de exercício efectivo e ininterrupto e quando se verificarem os demais requisitos previstos na lei geral, designadamente a antiguidade e a avaliação do mérito profissional, devendo acontecer no mês de Março de cada ano. A promoção consiste no acesso ao posto imediatamente superior, no âmbito da mesma carreira, ou ao posto de ingresso de outra carreira e depende da verificação cumulativa da existência de vaga, tempo mínimo e ininterrupto de serviço efectivo prestado no posto imediatamente inferior, avaliação de desempenho no serviço mínima de “bom” e aprovação em concurso ou curso adequado para o exercício das funções inerentes ao novo posto. A promoção pode ser por distinção, por escolha e por antiguidade. A graduação na PN obedece a um regime próprio. O oficial superior da PN que for nomeado Director Nacional é graduado, enquanto durar a comissão de serviço, no posto de superintendente-geral. O adjunto é também graduado enquanto durar a comissão de serviço no posto de superintendente. Contudo, tanto o Director Nacional como o Director Nacional Adjunto mantêm a graduação no respectivo posto após a cessação da comissão ordinária de serviço e o exercício destas funções durante pelo menos 18 meses com desempenho avaliado positivamente pelo membro do Governo responsável pela segurança interna e por resolução do Conselho de Ministros. Ao longo da sua carreira, o pessoal da PN pode encontrar-se nas seguintes situações: activo, inactividade temporária, pré-aposentação e aposentação, sendo os limites de idade para a aposentação 60 anos para os oficiais superiores, 58 para os oficiais subalternos e 56 para os subchefes e agentes. Deveres e direitos O pessoal policial está sujeito aos deveres e incompatibilidades e goza dos direitos previstos na lei para os funcionários e agentes da Administração Pública, sem prejuízo do disposto na lei de segurança interna, na lei de investigação criminal, no regulamento de continências e honras policiais, no regulamento disciplinar, nos seus estatutos e noutros regulamentos especialmente aplicáveis. Tudo começa pelo respeito absoluto pelos preceitos legais contidos na Constituição e demais leis da República, rigoroso apartidarismo e isenção na sua actuação, obediência rigorosa às orientações, instruções, ordens e determinações dos seus superiores e relacionamento adequado com os cidadãos, usando de correcção e boa conduta, em serviço ou fora dele, especialmente quando seja solicitado o seu auxílio ou intervenha em operação policial. O pessoal policial obriga-se à prevenção, eficaz e firme e repressão das acções ilegais, incutindo nos cidadãos o sentimento de segurança e tranquilidade e de confiança na acção da Polícia, à utilização prioritária de meios de persuasão sobre quaisquer medidas de coacção, em caso de alteração da ordem pública, e ao uso de meios coercivos adequados e estritamente necessários para repor a legalidade, competindo-lhe, igualmente, impedir uma agressão iminente ou em execução, em legítima defesa própria ou alheia, para vencer a resistência à execução de ordem legítima e manter o princípio da autoridade. Firmeza, rapidez e oportunidade na intervenção, sempre que esta se revele necessária, utilização de armas de fogo apenas nos casos previstos na lei e disponibilidade e prontidão permanentes para o serviço e actuação como agente de autoridade são aptidões obrigatórias de cada agente policial, de entre outros deveres, podendo ser limitada a sua acção à manutenção da ordem pública em assunto de natureza exclusivamente civil. O pessoal policial, ainda que se encontre fora do horário normal de trabalho e da área de jurisdição do local onde exerça funções, que tenha conhecimento da preparação ou consumação de algum crime, ainda que fora da sua área de responsabilidade, deve tomar imediatamente, até a intervenção da autoridade de Polícia criminal competente, as providências urgentes, dentro da sua esfera de competência, para evitar a prática ou para descobrir e capturar os agentes de qualquer crime de cuja preparação ou execução tenha conhecimento. Na posse de informações e factos relativos a crimes, deve comunicá-los imediatamente ao seu superior hierárquico ou à entidade competente para a investigação, estando todo o pessoal policial sujeito ao sigilo profissional. A formação é outra obrigação e ocorre sem perda de remunerações até o seu tempo normal de duração e obriga o beneficiário, após a conclusão do curso ou estágio, a prestar serviço na PN durante um período igual a duas vezes o tempo de duração da licença ou a reembolsar o Estado no montante total das despesas suportadas calculadas em dobro, incluindo as remunerações pagas. A sua inexistência, por inércia da administração, não pode prejudicar o desenvolvimento na carreira. O pessoal policial tem direito a uma remuneração base mensal, adequada à especificidade, exclusividade, cargo e relevo do serviço que presta, bem como a suplementos remuneratórios e outras prestações previstas na lei, sendo suplementos remuneratórios o subsídio de condição policial, o subsídio de risco, o subsídio de instalação e outros subsídios previstos na lei. Os subsídios são acumuláveis para o pessoal afecto às unidades especiais, BIC, BAC e piquetes, havendo um seguro de vida e de acidente de trabalho para todos. O pessoal policial usufrui ainda, da utilização gratuita dos transportes públicos, mediante simples identificação. 37 PERFIL Maria de Jesus Tavares Jorge Uma subcomissária da PN satisfeita com a sua carreira Maria de Jesus Tavares Jorge é um exemplo nas fileiras femininas da Polícia Nacional. Actualmente exerce o cargo de comandante da Esquadra de São Domingos. Desde criança sonhou ser policial e a sua principal referência surgiu no seio familiar, já que o seu pai também era um polícia. Nasceu em 15 de Novembro de 1962, na cidade da Praia. Completou o 12º ano e antes de ingressar na Polícia, foi funcionária do Ministério da Saúde. O desejo de “Letícia”, nome com o qual é mais conhecida, concretizou-se em 1990, quando participou no concurso de 1989/1990 para o recrutamento de novos agentes. 38 Pela sua dedicação e empenho, a carreira desta policial distingue-se das restantes pelas diversas promoções até agora conseguidas. Depois do seu ingresso na Polícia, foi promovida a agente de 1ª classe em 1995. 3 anos mais tarde, conseguiu a promoção para 2º subchefe e 1º subchefe em 2003. Já, em 2010, Letícia alcançou o posto de Oficial de Polícia, ao ser promovida a Chefe de Esquadra, um caso raro entre as mulheres policiais de Cabo Verde. No entanto, com a promoção a Subcomissária da PN no ano de 2013, Letícia provou que a sua carreira é um sucesso e um exemplo a seguir. O sucesso desta mulher polícia não se explica apenas pelo empenho e o amor à causa da segurança e tranquilidade das pessoas. As acções de formação que beneficiou, também contribuíram para esse feito. Em 1999, viajou para Macau onde concluiu o curso de Protecção de Altas Entidades e Instalações Importantes. Em Cabo Verde, frequentou cursos de formação de formadores em Gestão de Incidentes Táctico Policiais e formação em Princípios Gerais de Negociação. Esta Oficial da PN diz que a entrada das mulheres na Polícia não foi fácil, mas as dificuldades foram ultrapassadas com determinação e profissionalismo. Diz sentir-se satisfeita porque as mulheres têm conseguido conquistar o seu espaço, tendo hoje em dia, representações em todas as carreiras da Polícia Nacional e na missão internacional da ONU. Por conseguinte, na sua modesta opinião, o ingresso das mulheres na corporação é o maior feito que ocorreu ao longo dos 143 anos da fundação da Polícia cabo-verdiana. Apesar das conquistas, sente que ser uma mulher polícia é um desafio, sobretudo, pelo estigma ainda existente na sociedade de que a profissão de policial é uma propriedade exclusivamente masculina. Contudo, acredita que o trabalho realizado pelas mulheres polícias em prol da sociedade tem contribuído para uma mudança de mentalidade, assim como, da própria valorização da mulher. O grande sonho de Letícia é ver as mulheres polícias a ocuparem todos os sectores da PN. Por outro lado, com as funções de comandante-adjunto da Esquadra de São Filipe, as responsabilidades são acrescidas, mas diz sentir-se bem. A Subcomissária da PN afirma que a experiência profissional é de suma importância, sem a qual, não faz sentido sermos detentores de cargos, títulos ou postos. A humilde é um valor inalienável desta mulher polícia, que procura sempre aprender com todos, independentemente da sua função. Neste sentido, Letícia prefere destacar o trabalho em equipa e defende o ideal de que um chefe não manda, mas sim, comanda. Ao longo destes 23 anos ao serviço da causa policial, conta que a experiência mais marcante da sua vida profissional ocorreu durante uma operação “stop”, quando deteve em flagrante delito um homem de um metro e oitenta e cinco de altura e cerca de cem quilos de peso. Depois da detenção, este pôs-se a chorar, implorando para não ser entregue ao tribunal. 39 ENTEVISTA COM MAI “A PN deve continuar a priorizar o combate à criminalidade urbana e grupal” A Polícia Nacional deve continuar a desenvolver o seu trabalho, priorizando a criminalidade urbana e grupal, e a ser uma Polícia presente e com as competências necessárias para fazer a prevenção situacional, de uma forma visível e ostensiva, defendeu a ministra da Administração Interna, salientando que o país precisa, ainda, de uma PN capaz de fazer o policiamento de proximidade, um aspecto essencial no quotidiano das relações com as comunidades, assim como na recolha de informações que a ajudem a prestar um melhor serviço aos cabo-verdianos. P: Pelos 143 anos da PN, o Governo reconheceu os resultados concretos e positivos conseguidos e as apostas também. Na perspectiva do Governo, que Polícia temos hoje em Cabo Verde? Temos hoje uma Polícia Nacional consolidada, com grandes desafios pela frente, do ponto de vista institucional e da segurança. Mas temos uma Polícia capaz de granjear a confiança dos cabo-verdianos, fruto da sua disponibilidade operacional e da forma como tem conseguido enfrentar os problemas da criminalidade. No entanto, temos uma Polícia jovem, 40 se deveria apostar mais? com uma enorme margem de progressão e com crescentes qualificações e formação. Em suma, temos uma corporação policial no qual podemos confiar e que continuará sempre a crescer, adquirindo todas as competências necessárias para o combate a todos os fenómenos da criminalidade, tanto actuais, como aqueles que constituem ameaças a curto prazo. Teremos de continuar o processo de qualificação individual e de qualificação institucional, sendo que, a este nível, precisamos limar algumas arestas e ter uma estrutura mais leve e mais flexível, para que a PN possa se consagrar à actividade policial, razão porque teremos de continuar a dotar a instituição policial dos instrumentos necessários para este fim. Existem aspectos bons e menos bons. Para ser a Polícia que a Sra. Ministra e o país ambicionam, em que aspectos A nível da disponibilidade de meios e equipamentos, temos um processo positivo, porque a Polícia Nacional dispõe, actualmente, dos meios necessários e suficientes para dar resposta aos desafios. Contudo, este processo carece de continuidade e reconhecemos que, a este nível, temos amplos desafios pela frente, seja do ponto de vista das infra-estruturas, seja dos meios e equipamentos e o trabalho até aqui já feito garante à PN os meios necessários e suficientes para desenvolver a sua actividade. Esse reforço e consolidação institucional inclui a revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e também do quadro legal existente? A revisão dos estatutos está em curso há algum tempo, mas é um trabalho demorado que deve contemplar as opções políticas do Estado relativamente àquilo que se pretende da PN. Isto significa, também, limar aquelas arestas que ainda existem entre os diversos ramos, para que possamos ter uma Polícia realmente nacional, mas trata-se de um trabalho que necessita do seu tempo para se concretizar. Contudo, necessitamos de aprimorar o quadro legal, que também está em curso. Contávamos ter esta tarefa concluída até ao final do segundo semestre de 2013, mas não está a ser possível e julgamos que, no primeiro semestre do deste ano, conseguiremos dar respostas a este trabalho, que consideramos de minúcia. As grandes linhas dos estatutos são satisfatórias, mas temos agora de analisar ao pormenor e, com a nossa experiência, corrigir as situações que poderão estar menos bem. permanência em cada categoria, quase que inviabiliza a evolução normal na carreira. Isso é um aspecto já detectado e sobre o qual estamos a trabalhar com a Administração Pública, em particular. Estão envolvidos neste processo técnicos da Função Pública, do Ministério das Finanças e da própria Direcção Nacional da Polícia Nacional para que o novo estatuto venha a dar respostas aos problemas que enfrentamos no dia-a-dia. Combate à criminalidade A sofisticação do crime e a proliferação de grupos de delinquentes urbanos obrigam a PN a ter mais e melhores condições para enfrentar estes dois fenómenos? Sim, obrigam a prepararmos a Polícia para o combate a estes fenómenos. Não basta ser polícia. São necessárias especializações no domínio da criminalidade urbana e, particularmente, da criminalidade grupal. Esta é uma necessidade que continua, apesar das formações que já foram feitas, mas iremos continuar a formar e a criar competências nessa vertente de combate à criminalidade violenta. Para a eficácia desta missão, houve a necessidade de aquisição de equipamentos próprios para as equipas que trabalham nestas áreas. A par das intervenções nas operações desses grupos especializados nesse combate, houve uma estratégia de maior visibilidade e prevenção situacional pela Polícia, que conduziu à redução de actividade dos mesmos. Tem insistido na necessidade de uma maior contribuição da sociedade para que haja uma melhor Polícia. Afirmativo. Há um conjunto de problemas que não são da Polícia, mas demandam a actuação policial. Por exemplo, temos questões sociais como a violência baseada no género (VBG) que impõem uma intervenção da Polícia, mas há um trabalho que tem de ser feito a montante para obtermos resultados contra esse flagelo. Trata-se de um dever do Estado, das instituições, assim como da sociedade civil, na tomada de consciência e na mudança de comportamentos. Em suma, trata-se de um trabalho a montante, que só pode ser feito com o contributo da sociedade civil. Servir o cidadão é o papel principal da Polícia, mas para servi-lo é importante a colaboração do cidadão. Por outro lado, para obter a colaboração do cidadão, a Polícia precisa gerar confiança junto das pessoas, o que implica uma sinergia e um diálogo permanente que deve acontecer entre ambos, para que a sociedade participe no combate à criminalidade. É indispensável a vários níveis a existência dessa colaboração. Relativamente ao PCCS, relembro que nós temos uma Polícia Nacional, mas não significa que toda a actividade policial seja a mesma. Há ramos e especializações que têm de se ter em conta na revisão dos estatutos e esta reconfiguração da carreira está a ser feita. Este trabalho também exige alguma atenção, já que, com os actuais estatutos, verificámos que, tendo tempo previsível de actividade, é muito difícil fazer-se a carreira até ao topo, porque a evolução na carreira, da forma como está prevista nos estatutos, torna-se muito morosa. Por exemplo, em termos de tempo de 41 Há também a necessidade de maior coordenação e cooperação entre a PN e as instituições que combatem o crime, tais como o Ministério Público, Polícia Judiciária e outras? A coordenação e a capacidade de cooperação entre estas instituições são fundamentais no combate ao crime. O nosso sistema penal está desenhado para esse efeito, ou seja, é um sistema que apela à cooperação. No mundo de hoje, a eficácia da acção policial exige uma permanente cooperação entre as forças de segurança, particularmente, Polícia Nacional e Polícia Judiciária. Essa cooperação tem que ser permanente, a troca de informações deve acontecer em tempo útil e a nível internacional, porque muitas vezes, estamos perante crimes transnacionais. No mundo actual, nenhuma Polícia pode almejar ter sucesso se não tiver a capacidade de cooperar e dialogar com as instituições congéneres ou com os actores do mesmo sistema. Redução da criminalidade e maior consciência do crime aumento provocado, na sua maioria, pelos crimes contra o património, ou seja, os crimes contra as pessoas e contra o património andam muito próximos. Foram divulgados dados recentes sobre a criminalidade no país. Que avaliação faz desses números? A análise desses números permite-nos saber e prever que irá acontecer, nos próximos anos, uma mudança estrutural da criminalidade cabo-verdiana. Comparando com outros países, podemos concluir que se trata de uma evolução normal nas sociedades, além de nos permitir ter a consciência dos vários factores que contribuíram para essa evolução, desde logo, a dimensão da criminalidade contra as pessoas, que representa um impacto significativo, quais sejam homicídios, maus tratos, ameaças, injúrias e outros. Esses números foram divulgados pelo Ministério da Administração Interna, em parceria com o Instituto Nacional de Estatística. Trata-se de uma iniciativa do MAI, porque necessitamos ter estatísticas fidedignas e de qualidade que nos permitam ter uma visão global, ultrapassando a mera comparação anual, praticamente inócua. Estes dados permitem, ainda, avaliar o resultado das políticas que estão a ser implementadas, delinear políticas para o futuro e informar convenientemente o cidadão. Estas estatísticas permitem-nos observar que há um crescimento da criminalidade em Cabo Verde, nos últimos 15 anos, um Esses números ajudam-nos, ainda, a compreender a estrutura e a tipologia da criminalidade em Cabo Verde. Por exemplo, fala-se do aumenta da criminalidade em 2012, mas pergunto: a que aspecto esses aumentos se referem? Não podemos limitar-nos a afirmar que houve um aumento da criminalidade. Temos de saber quais foram os factores que contribuíram para o seu aumento. Muitas vezes, alertámos para o aumento de 11,4% nos crimes da VBG, isto é, do total de ocorrências, a nível nacional, tanto dos crimes contra pessoas e contra o património, 11,4% são imputáveis ao crime de maus tratos a cônjuges, sendo este diferente da VBG. Se adicionarmos a isso as situações de maus tratos e abusos sexuais a crianças e menores, concluímos que estamos perante situações muito preocupantes e não somente porque esteja a aumentar o crime em si. Nós sabemos que, por força da nova lei da VBG e pelo reflexo da actuação policial, que tem sido mais qualificada, gerou-se maior confiança nas vítimas. Há também um trabalho realizado, ao longo dos últimos anos, que produziu bons resultados ao colocar os crimes de VBG na ordem do dia e das preocupações da sociedade. Por isso, há necessidade de ler os números, não só em comparações, mas também ao longo dos anos, sendo certo que o aumento da criminalidade também reflecte o bom desempenho policial, dado que 42 uma Polícia presente, com as competências necessárias para fazer a prevenção situacional, de uma forma visível e ostensiva, porque os dados comprovam que este factor transmite segurança às populações. Queremos, ainda, uma Polícia capaz de fazer o policiamento de proximidade, um aspecto essencial no quotidiano das relações com as comunidades, assim como, na recolha de informações. Para cumprir com esse desiderato, terminámos recentemente mais uma acção de formação no âmbito do policiamento de proximidade e pusemos a funcionar, pela primeira vez, o serviço de informações policiais, essencial para qualquer Polícia, pois, sem informações, a corporação não trabalha, apenas reage. As acções realizadas neste âmbito já começam a ter algum impacto. Por exemplo, estivemos em Tira Chapéu para avaliar, no terreno, esse impacto e a comunidade local mostrou-se muito satisfeita com o policiamento de proximidade. Isso significa uma Polícia sempre em rondas e junto da comunidade para poder conhecer o terreno, tendo em vista detectar vestígios do crime. há uma maior confiança e consciência do crime pela sociedade, logo há um maior número de participações. O que dizem os números realmente? Quando falamos de estatísticas, as leituras nunca podem ser imediatas ou directas. Contudo, há pontos positivos a salientar, por exemplo, o número de ofensas simples e qualificadas à integridade física por 100 mil habitantes entre 1984 e 2012 e podemos afirmar que há uma clara tendência para diminuição. Isso significa que há uma diminuição da violência, que não pode ser expressa pelos homicídios, mas sim através das ofensas simples e qualificadas, das injúrias, ameaças e outros. Esta clara tendência para a redução da criminalidade significa que a sociedade cabo-verdiana está a melhorar no domínio das relações interpessoais. Trata-se de uma leitura complexa destes dados porque demanda alguns estudos. Este é o nosso primeiro passo para uma sistematização que tínhamos de fazer e, a partir de agora, pretendemos ter maior fiabilidade e qualidade relativamente à recolha dos dados, para que, no futuro, tenhamos informação qualitativamente superior, permitindo, assim, uma melhor qualidade da intervenção policial e do próprio desempenho do Ministério da Administração Interna. Policiamento de proximidade Naquilo que compete à Polícia para continuar a combater com afinco a criminalidade, qual é a mensagem? A PN deve continuar a desenvolver o seu trabalho, a sua missão dentro daquilo que são os pressupostos de actuação actuais e modernos. Deve continuar a ser Quando um criminoso sai da cadeia e volta a se instalar num bairro, esta situação permite à Polícia examinar quais serão os problemas que poderão surgir com o regresso do ex-presidiário. Em suma, o policiamento de proximidade é um instrumento operacional fundamental para nós, porque comporta outras valências, como sejam, o do combate ao terrorismo. A Polícia Nacional possui uma larga experiência nesta área, como são os exemplos das ilhas de Santo Antão, Fogo e, ainda, as pequenas comunidades, uma prática que deve ser alargada a todas as esquadras do país, permitindo, também, uma evolução do policiamento de proximidade, não só de forma empírica, mas com acções qualificadas e já tivemos encontros com diversas comunidades e obtivemos informações sobre os problemas que os afligem e as soluções que melhor se adequam à sua resolução. Pretendemos uma Polícia cada vez mais 43 proactiva e capaz de fazer, também, a prevenção da criminalidade que ocorre, ainda, no âmbito das operações policiais, ou seja, com o sistema de recolha e tratamento das informações será possível controlar as fontes de perigo. Queremos, também, uma PN capaz de trabalhar a área preventiva para grupos vulneráveis, como é o caso da Escola Segura, um projecto em crescimento, que não contempla o mero policiamento das escolas, mas também o envolvimento na vida escolar, visando, de certa forma, colmatar algumas lacunas que a nossa sociedade apresenta. A PN está nas nossas escolas, do básico ao secundário, realizando palestras para comunicar os perigos e as ameaças existentes, mas, também, efectuando acções de prevenção das toxicodependências, álcool e comportamentos de risco dos jovens e o fruto desse trabalho nas escolas verificar-se-á a longo prazo. Porém, ajuda a gerar confiança entre a comunidade e a Polícia. Por outro lado, temos de olhar para os bons resultados do projecto Turismo Seguro, onde não podemos falar só de aumentos, falamos ainda de diminuições: por exemplo, no primeiro semestre de 2013, tivemos na Boa Vista uma diminuição de 54% da criminalidade e 25% no Sal. Há uma tendência para a diminuição, mas é necessário continuar este trabalho para reforçarmos os factores positivos. Também temos uma Polícia cada vez mais qualificada e especializada, ciente do seu espaço de intervenção e capaz de intervir em todas as áreas com sucesso. Em que áreas, a Polícia Nacional temse destacado mais? Para o cidadão comum, uma maior visibilidade é, de facto, a luta contra a criminalidade urbana, onde a Polícia tem conseguido controlar e reduzir esse tipo de crimes, havendo, porém, muito trabalho a ser feito nesta matéria. Não podemos afirmar que está tudo feito, mas torna-se necessário alertar as pessoas para os resultados muito positivos que vão surgindo, principalmente no âmbito da criminalidade urbana. 44 Quais são os projectos futuros mais importantes que o Governo tem para a Polícia Nacional? Para os próximos anos, as prioridades serão a continuação do reforço da Polícia Nacional, no domínio dos recursos humanos, onde se pretende atingir o rácio desejado. Esse trabalho tem sido feito, nos últimos anos, pois tínhamos um défice enorme de efectivos policiais, mas actualmente, esta situação está praticamente resolvida, não deixando, ainda, de ser uma preocupação. O nosso objectivo é dar resposta a todas as solicitações, desde as demandas que surgem nos aeroportos e portos à concretização do policiamento de proximidade. Teremos de continuar com este esforço de aumento dos efectivos, apesar do quadro orçamental difícil que enfrentamos e do peso que representa para as despesas públicas cabo-verdianas. Há também a necessidade de qualificação e reforço das competências da Polícia e teremos de continuar neste caminho para que possamos obter os resultados desejados. A grande prioridade estabelecida é a criminalidade urbana e grupal e temos de dar o suporte necessário para que a PN desempenhe, com sucesso e eficácia, esse objectivo. Paralelamente, há a necessidade de continuarmos a consolidar a instituição e as prioridades não faltarão nesse sector: instalações da PN, especialização e o reforço e alguma sustentabilidade, como são os casos da Polícia Marítima e da Guarda Fiscal, que possuem grandes responsabilidades. Iremos, ainda, apresentar o Plano de Integridade da Polícia Nacional, um plano de prevenção de riscos de corrupção e de crimes conexos, que se insere no cumprimento da Convenção contra a Corrupção, no aspecto preventivo, no qual Cabo Verde está adstrito. Este plano é um instrumento de gestão do próprio serviço de gerência e ponderação dos riscos que existem nas práticas corruptivas e da implementação das medidas de prevenção. A Polícia Nacional é uma instituição em que a sociedade cabo-verdiana confia, mas queremos que esta confiança continue a crescer. Queremos que a PN seja sempre transparente para que a sociedade a conheça bem, de modo a se evitar os ruídos e outras más interpretações. Este plano será uma mais-valia, não apenas para a PN, mas também para o Ministério da Administração Interna, no seu todo, porque irá abranger todos os sectores deste, tendo como ponto de partida o Gabinete da Ministra. PROJECTOS Plano Estratégico da Segurança Interna Por uma segurança interna ao serviço da democracia e do desenvolvimento O Governo tem como ambição maior não só manter Cabo Verde como um dos países mais seguros do mundo, mas também garantir melhores níveis de segurança, não esquecendo que tal desiderato deve ser obtido no respeito pelos direitos fundamentais e pela consolidação da democracia. Para o efeito, foi criado um sistema de segurança interna alicerçado no respeito dos direitos fundamentais dos cidadãos e assente numa dinâmica de cooperação inter-institucional, aproveitando as sinergias próprias de cada um dos actores, numa perspectiva de aproveitamento racional e partilha de meios nas áreas em que tal seja possível e desejável. A segurança interna em Cabo Verde é tutelada pelo Ministério da Administração Interna, definido pelo decreto-lei nº 29/2007, como “o departamento governamental responsável pela coordenação e execução das políticas em matéria de administração interna, segurança e ordem pública, protecção civil, matéria de viação, assegurando, ainda, o apoio técnico, logístico e administrativo”. Este Ministério propõe, coordena e executa as políticas em matéria de administração interna, segurança e ordem pública e protecção civil, sendo que a ministra Marisa Morais dirige superiormente a Polícia Nacional e coordena a acção desta com a de outros organismos da Polícia, incumbindo a este departamento governamental também coordenar e executar as políticas em matéria dos transportes rodoviários e assegurar a direcção superior do processo eleitoral. De acordo com o Plano Estratégico da Administração Interna, incumbe ainda à ministra da Administração Interna dirigir superiormente o Serviço Nacional de Protecção Civil e articular-se, especial- mente com os ministros da Defesa Nacional e da Justiça, em matéria de segurança nacional e com os titulares das pastas das Relações Externas, das Comunidades, das Infra-estruturas e Economia Marítima, da Saúde e das Finanças em matéria de protecção civil. Destaca-se, por outro lado, a coordenação com os Ministérios da Justiça, em matéria de prevenção e combate à crimina- 45 lidade, do Ambiente em matéria de ambiente e com os ministros adjunta do Primeiro-Ministro, das Relações Externas, das Comunidades e da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos em matérias relativas à imigração. O sistema de segurança nacional cabo-verdiano tem por finalidade garantir a tranquilidade e ordem pública, assente em três pilares fundamentais: as forças policiais (a Polícia Nacional e a Polícia Judiciária), o Sistema de Informação da República (SIR) e as Forças Armadas, apostando na melhoria do sistema de coordenação e articulação dessas forças tendente ao desmantelamento de redes de crime organizado e ao reforço da segurança nacional, como objectivo a prosseguir. Este sistema assume-se como a garantia da ordem e tranquilidade públicas, tendo como propósito o reforço da segurança nacional, o que fará através da melhoria da coordenação e articulação das entidades envolvidas. 46 Acção estratégica De acordo com o Plano Estratégico da Segurança Interna 2009-2011, o objectivo do Governo é instituir um sistema integrado de segurança interna, consensualizado, ancorado na defesa da legalidade democrática, na afirmação da autoridade do Estado, dotado de instrumentos e órgãos modernos de combate à criminalidade, redutor de riscos inerentes à protecção civil e à sinistralidade rodoviária, promotor de uma política de imigração regulada e fortalecido pela segurança cooperativa e pelas parcerias internacionais. São objectivos específicos da segurança interna conceber e instituir sistemas articulados de abordagens integradas da problemática da segurança interna, proceder à reforma do quadro institucional, bem como combater a criminalidade e afirmar a autoridade do Estado, fortalecer o sistema de segurança cooperativa e de parcerias internacionais e definir e desenvolver uma política de imigração integradora. Neste contexto, a concepção, desenvolvimento e implementação de um sistema integrado de segurança interna e nacional que optimize e projecte as capacidades existentes, de forma planeada, e fortaleça a coesão interna constitui um dos eixos fundamentais do Plano Estratégico, seguindo-se a revisão e modernização de instrumentos legislativos e orgânicos estruturantes e a participação no reforço da capacidade institucional das estruturas de segurança do país. O lançamento do processo de racionalização e modernização ou reforma das estruturas e serviços sob tutela do MAI e a reafirmação da autoridade do Estado e o reforço da segurança, em torno do princípio de que a liberdade é indissociável da segurança dos cidadãos são outros eixos estratégicos da política do país, para além do combate que se quer sem tréguas à criminalidade, com particular atenção aos crimes violentos, à luta contra as ameaças emergentes e à redução da sinistralidade rodoviária. Paralelamente, dá-se enfoque à dinamização e fortalecimento da segurança cooperativa e parcerias, com particular incidência na parceria especial com a União Europeia e à promoção e uma política de imigração integradora. Programa Segurança Solidária Baseado numa concepção cidadã de segurança, o PSS visa contribuir para a prevenção e contenção da criminalidade e defesa dos direitos dos cidadãos. O programa apresenta um enfoque prioritário nas áreas de exclusão social com fortes índices de criminalidade, mas envolve o Governo, as forças policiais através de planos integrados para o desenvolvimento social e inclusão social. O PSS vem reforçar a componente policiamento comunitário, numa concepção estreita e diálogo entre as forças de segurança e distintas entidades sociais e públicas. O PSS privilegia o bem-estar do cidadão, de forma pro-activa. Turismo Seguro Escola Segura Comércio Seguro Este Projecto visa prevenir a violência e a criminalidade contra turistas, nas ilhas de vocação turística, prioritariamente, Boavista e Sal, encarando o problema numa lógica transversal, integral e sistémica, tendo assim em devida conta as políticas sociais e criminais como forma de reconhecer a sua génese e levar os diferentes parceiros a se engajarem, percebendo que o seu combate não é responsabilidade exclusiva dos órgãos de Polícia Nacional, mas sim, de todos. O Projecto Escola Segura, de âmbito nacional, visa garantir as condições de segurança da população escolar; promover comportamentos de segurança escolar através de vigilância das escolas, prevenindo e reduzindo a violência, do policiamento dos percursos habituais de acesso às escolas e de acções de sensibilização junto dos alunos e demais actores do sistema educativo, para as questões da segurança e aumentar a confiança do cidadão na PN. O projecto Comércio Seguro visa prevenir e combater a criminalidade contra comerciantes e em consequência contribuir para o reforço do sentimento de segurança dessa classe profissional. Para o efeito, os elementos da equipa de Comércio Seguro são responsáveis pelo patrulhamento ostensivo, contacto com os comerciantes locais e identificação de problemas que possam interferir na situação de segurança da área comercial. Contudo, em conjunto com os comerciantes deve-se criar as condições situacionais de prevenção, como por exemplo: instalação de equipamentos de vigilância de alarmes e outros nos estabelecimentos comerciais. 47 Verão Seguro Este projecto visa reforçar a segurança das zonas balneares, especialmente as praias com grande afluência de turistas, locais que acolhem eventos musicais, desportivos, festas de romarias, festivais e zonas residenciais, nos períodos de Verão, ou seja, de Junho a Setembro. Neste projecto participam todos os elementos da Polícia Nacional, por forma a garantirem o patrulhamento ostensivo de todas as áreas de maior risco criminal. Policiamento de proximidade O Projecto Escola Segura, de âmbito nacional, visa garantir as condições de segurança da população escolar; promover comportamentos de segurança escolar através de vigilância das escolas, prevenindo e reduzindo a violência, do policiamento dos percursos habituais de acesso às escolas e de acções de sensibilização junto dos alunos e demais actores do sistema educativo, para as questões da segurança e aumentar a confiança do cidadão na PN. 48 Escola segura O projecto Escola Segura surgiu no âmbito do Programa da Segurança Solidária, resultado de um acordo entre os Ministérios da Educação e Desporto e da Administração Interna, para dar resposta à insegurança nas escolas no ano lectivo 2001/2002. Segundo a sua responsável, Maria Teresa Cabral, na Cidade da Praia, o projecto arrancou no ano escolar 2005/2006, mas só conheceu maior dinâmica no ano lectivo 2012/2013, momento em que foi contemplado com mais recursos humanos e materiais para a implementação das actividades previstas. A chefe de esquadra referia-se à dotação de duas viaturas zero quilómetro ao projecto, assim como foram destacados seis agentes para este serviço, munidos de coletes reflectores sinalizados e rádios de comunicação, entre outros equipamentos. Ao abrigo do acordo, o Ministério da Administração Interna encarregou a PN de assegurar a segurança externa dos estabelecimentos de ensino, tanto básicos como secundários e o Ministério da Educação e Desporto responsabilizou cada delegação escolar pela segurança interna nas escolas. A protecção interna é a mais importante e necessária, admitiu Maria Teresa Cabral, salientando que por ela respondem professores, gestores e directores das escolas, fundamentando-se na autonomia das escolas na realização das acções para fazer face às situações de anomalia que surgem no seu interior e por parte dos alunos. A responsabilidade da PN tem a ver essencialmente com a questão da segurança pública e dos espaços públicos, de modo a garantir um ambiente de tranquilidade à comunidade escolar, acrescentou, para destacar a presença constante de pessoal policial junto das escolas. O objectivo, disse, é dar cobertura em situações de perturbação a partir do exterior das escolas, vigiando a área envolvente, policiando os percursos habituais e promovendo acções de sensibilização junto da camada estudantil. Segundo Maria Teresa Cabral, são objectivos do projecto criar condições de segurança em toda a comunidade escolar, promover a inter-relação entre a PN, alunos, professores e funcionários escolares e o sentimento de segurança à comunidade estudantil e despistar situações de riscos. O projecto prevê, também, reduzir o índice de violência nas escolas já que os jovens e adolescentes, esporadicamente, têm cometido delitos e transgressões, em vários pontos do país, ainda que os crimes e os desacatos são cometidos, na maioria das vezes, por pessoas estranhas à escola. “São estes os verdadeiros causadores de alguma insegurança e violência na escola”, defendeu a chefe de esquadra, ciente de que são várias as situações de perturbação ao ambiente escolar que vem acontecendo nestes espaços e suas imediações. 49 Destacou, neste particular, actos de vandalismo contra património e pessoas, como furtos, roubos, assaltos, venda e consumo de estupefacientes, venda e consumo de bebidas alcoólicas e violência interna. No seu entender, é preciso que se criem mecanismos de segurança preventiva, de modo a que a PN, conjuntamente com as escolas, pais e encarregados de educação, possa proteger o ambiente escolar e assegurar uma educação, a mais completa quanto possível, aos estudantes das diferentes escolas do país. Como formas de acção, a PN faz rotina diária, patrulhamento nos arredores das escolas, abordagem individual e informal no contexto de pátio, de modo a estabelecer confiança e relações de confiança, da mesma forma como realiza reuniões periódicas com delegados, directores, gestores e responsáveis pelo projecto Escola Segura. Segundo a responsável, informar os pais e ou encarregados de educação sobre os eventos praticados pelos seus educando nas escolas também faz parte das acções da PN, bem como participar em actividades lúdicas e culturais, com realce para a operação “Crescer em Segurança” e a articulação com todos os parceiros na comunidade e os diferentes serviços de apoio existentes na escola. Maria Teresa Cabral explicou, por outro lado, que o policiamento é praticado nas imediações das escolas, através de giros fixos, móveis e rondas auto, com agentes fardados, com coletes reflectores e viaturas identificadas, munidos de rádio de comunicação, entre outros equipamentos. Resultados conseguidos No ano lectivo 2012/2013, foram enviados 10 detidos ao Ministério Público, sendo seis por posse de ‘padjinha’ e quatro por violência física e foram apreendidas e recolhidas sete armas de fogo de fabrico artesanal (boca bedjo), duas garrafas de bebidas alcoólicas (pontche), seis armas brancas, sendo quatro facas, uma navalha e um xizato. Houve três furtos de telemóveis, todos foram recuperados, frisou. Foram ainda apresentados seis alunos à Polícia Judiciária acompanhado dos pais, por posse e consumo de drogas (padjinha), tendo em conta que, todos são menores de 14 anos de idade, mas, por tipologia de violência verificada nas escolas e registadas pelo Comando Regional da Praia, no último ano escolar, o uso de drogas ilícitas teve relevo mediante 47,1%, seguido da violência física com 11,8% em relação aos remanescentes. Violência na escola por tipologia no ano lectivo 2012/2013 MAPA A maioria das violências registadas ocorreu na escola secundária Cesaltina Ramos, com 47,1%, seguida do liceu Cónego Jacinto com 29,4%. Quanto ao local da ocorrência, dentro da escola, regista-se um maior número de violência, isto é, 41,2% da violência registada ocorre dentro das salas de aula. Relativamente à faixa etária dos seus autores, a faixa predominante corresponde à camada dos 12 aos 20 anos, com 32,4%, cada item. A violência na escola é praticada na sua maioria pelos autores do sexo masculino, isto é, 88,2% desses autores são do sexo masculino, contra apenas 11,8 % do sexo feminino. No decorrer do ano anterior, informou, foram visitadas 29 escolas (16 secundárias e 13 do EBI) e em todas elas constatou-se falta de fiscalização, quer na entrada, nos intervalos e nas saídas dos alunos, além de pouca vigilância no pátio e nos corredores e do livre acesso, tanto dos alunos como de pessoas estranhas, o que facilita bastante, nas entradas de drogas, arma branca ou de fogo, bebidas alcoólicas, entre outros. Das 33 escolas regularmente vigiadas, sendo 20 do EBI, 17 polos e três satélites e 13 secundárias, a PN manteve contactos com 11.448 alunos do EBI e 15.940 do secundário, e vigias, pelo menos, três vezes por semana em situações normais, podendo ser vigiadas até 11 escolas por dia na Praia, confirmou esta responsável. Contudo, garantiu, as escolas com mais problemas em termos de segurança receberam entre duas e três visitas em cada trimestre por parte da coordenadora e do seu adjunto, com resultados que considerou altamente positivos, porquanto permitiram diminuir a insegurança nas escolas da capital. 50 ACTUALIDADE PN realiza IXª Reunião de Comandos e Chefias Os dados relativos à situação criminal no país em 2013 foram discutidos e analisados durante a XIª Reunião de Comandos e Chefias da Polícia Nacional (PN), tendo-se concluído que houve uma diminuição de 6%, no ano transacto. Durante o encontro, a PN apresentou ainda, o novo Plano Anual de Actividades, que dará ênfase ao combate à criminalidade, à consolidação do sistema de Segurança Interna e à modernização das estruturas e serviços da Polícia Nacional cabo-verdiana. A criminalidade geral em Cabo Verde continua em queda nos últimos 3 anos consecutivos. Os dados revelados mostram que a PN registou um total de 22.991 participações de natureza criminal, sendo 12.759 contra pessoas e 10.232 contra o património, o que, comparado com as 24.444 ocorrências do ano anterior, representa uma diminuição de menos 1.453 casos, correspondente à média de menos 5, 94%, que equivale a 6%. Entre os crimes registados com maior frequência, destacam-se: ofensas corporais, roubos, furtos, violência baseada no género (VBG), ameaças, injúrias e danos. João Domingos de Pina, a PN conseguiu uma vez mais atingir um dos principais objectivos traçados para o ano transacto, ao conseguir reduzir de forma significativa as ocorrências criminais no país, através das várias medidas e estratégias adoptadas. PN deverá intensificar o combate à criminalidade em todos os pontos do país, mas particularmente na cidade da Praia. Já, o policiamento de proximidade ou comunitário poderá vir a ganhar uma nova dinâmica no sentido de se garantir maior tranquilidade às comunidades. Particular atenção também será dada às fronteiras nacionais, no sentido de se reforçar os mecanismos de controlo. Neste contexto, o Director Nacional da PN, João Domingos de Pina, elegeu a segurança no turismo como tarefa prioritária. De acordo com o Director Nacional da Polícia Nacional, Superintendente Geral, No entanto, estes resultados serviram aos dirigentes, comandantes regionais e comandantes de esquadras presentes na Reunião eleger um conjunto de medidas com vista à melhoria da intervenção policial, bem assim, na identificação das razões subjacentes ao aumento de crimes como a VBG, roubos e furtos. Assim, concluiu-se durante os 2 dias de reunião, que para os próximos tempos, a Relativamente aos meios humanos, identificou-se algumas unidades que carecem de mais e melhores recursos humanos. Por isso, a PN irá beneficiar os seus efectivos 51 com mais formação e melhores condições de trabalho. Consta ainda, dos planos da Polícia Nacional para 2014, o recrutamento de mais 120 novos agentes. Foi analisado e socializado entre os comandantes e dirigentes, o Plano Anual de Actividades da PN para 2014, que servirá de referência para a elaboração das várias directivas operacionais destinadas aos vários sectores de actividade da Instituição Policial, com vista à melhoria do sector da 52 segurança no país. Tais tarefas estão organizadas em 8 programas: Actividades internas; Consolidação do sistema de Segurança Interna e reforço da Autoridade do Estado; Reforço na qualidade da formação e capacitação técnico-profissional; Mecanismo de controlo e incentivo interno; Reforço dos mecanismos de controlo de estrangeiros e fronteiras; Focalização do Serviço Social na melhoria das condições de vida do pessoal; Modernização e reformas de estruturas e serviços da PN; Com- bate à criminalidade e aos acidentes de viação; e Cooperação Nacional e Internacional. Igualmente, a nível operacional, estão previstas megas operações policiais durante os períodos considerados mais críticos, em termos criminais. De realçar que, durante este evento foram empossados os novos Comandantes Regionais e Directores de Órgãos Centrais da PN. Causas Sociais Polícia Nacional doa géneros alimentícios à loja social da protecção civil Durante as comemorações do seu 143º aniversário, a Polícia Nacional levou a cabo uma acção de solidariedade social de doação de géneros alimentícios de primeira necessidade à loja social do Serviço Nacional da Protecção Civil. Com este gesto, a PN quis inaugurar uma nova era na assunção da sua responsabilidade social de modo a estar cada vez mais próximo das comunidades, reforçando a sua confiança na Polícia. Leite, bolachas, arroz, massas, óleo e outros bens foram entregues à referida loja, representando cerca de 230 mil escudos, que beneficiaram mais de 150 famílias carenciadas da Cidade da Praia. De acordo com o Director Nacional da PN, João Domingos de Pina, “trata-se de uma iniciativa do Serviço Social, visando apoiar as pessoas mais carenciadas. O montante que resultou na compra dos referidos géneros alimentícios saiu da cotização dos sócios”. A ministra da Administração Interna não escondeu a sua satisfação com tal gesto, elogiando a Polícia Nacional, qualificando-a como “um gesto que tem enorme significado e que traduz o espírito de solidariedade e generosidade da PN. Se todos os serviços seguissem este exemplo ter-se-ia um país melhor”, realçou. Lima, agradeceu o gesto, em seu próprio nome, no da instituição e das camadas mais desfavorecidas da população. “É uma excelente iniciativa, que veio na altura certa, quando nos aproximamos da época natalícia. A solidariedade deve estar sempre presente agora e sempre”, afirmou. Segundo a governante, esta doação “faz parte de uma estratégia de aproximação e reforço da confiança da população cabo-verdiana na Polícia Nacional”, pelo que apelou a sociedade para que colabore com a PN, denunciando vestígios de crimes “para uma melhor cidadania”. Já, o presidente do Serviço Nacional da Protecção Civil e Bombeiros, Arlindo 53 PN especializa 20 efectivos em técnicas de intervenção para situações de rapto e terrorismo A Polícia Nacional (PN), conta com novas valências a nível operacional. É que, 20 efectivos do Grupo de Acção Táctica (GAT) concluíram com êxito o curso de especialização em Técnicas de Intervenção para situações de rapto e terrorismo. A formação, que teve a duração de duas semanas, foi ministrada por dois agentes da polícia francesa e contou com o financiamento da Embaixada da França. Na cerimónia de encerramento e entrega de diplomas, que ocorreu no dia 16 de Maio de 2014, o Director Nacional da Policia Nacional, Superintendente Geral, João Domingos de Pina, assegurou que a PN é das instituições nacionais que mais formação ministra em Cabo Verde, considerando que essa acção já faz parte do património em termos de qualificação policial. A formação no domínio de fronteiras, no que se refere à fraude documental, cursos no domínio de socorrismo, a formação de mais 73 subchefes e 120 agen- 54 tes, bem como o concurso para selecção de mais seis candidatos para formação superior são outras acções ministrados pela Policia Nacional. “Tudo isso junto é um esforço orçamental ”, notou João Domingos de Pina, para quem essas formações são necessárias, levando em conta o estado de organização e desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana em termos de criminalidade. Por isso, assegurou que a preocupação da Policia Nacional é melhorar “dia após dia” a performance em termos de desempenho e criar na mente do cidadão e da comunidade a certeza da boa actuação. João Domingos de Pina disse, entretanto, que os cerca de dois mil efectivos da PN, com uma estimativa de um polícia para 150 habitantes na Cidade da Praia, demonstra que há ainda a necessidade de mais recrutamentos e especializações para o exercício efectivo da ordem pública. Por sua vez, o cônsul da França em Cabo Verde, Eric Loiseau, lembrou que a segurança pública é uma das prioridades da França na sua cooperação bilateral com Cabo Verde. No final do curso, os formandos efectuaram um simulacro em que demostraram uma abordagem interventiva a um suposto autocarro que transportava reféns. Agentes da PN concluem 2º curso de Técnica Canina A Polícia Nacional (PN), levou a cabo o 2º curso de Técnica Canina, no passado dia 03 de Abril de 2014. Com esta formação os recém-formados estão aptos a utilizar as principais técnicas caninas em situações de detecção de explosivos e armas. A iniciativa beneficiou 12 agentes da PN e 12 cães. A acção de formação foi dirigida por uma equipa especializada proveniente de Portugal. Os 12 agentes do Comando das Unidades Especiais da PN e respectivos cães vão operar nos aeroportos e portos da cidade da Praia e das ilhas de São Vicente e Sal. Por outro lado, com esta formação, a PN passa a estar melhor preparada para dar respostas a possíveis actos de terrorismo que possam surgir contra o país. Durante a cerimónia de encerramento do 2º curso de Técnica Canina, o Director Nacional da PN, Superintendente Geral, João Domingos de Pina não escondeu a sua satisfação, ressaltando a mais-valia que este projecto poderá trazer à corporação, desde que os agentes formados saibam cuidar e aproveitar das qualidades que os cães possuem nas valências de detecção de explosivos e armas. Já, a Ministra da Administração Interna, Marisa Morais sublinha a importância dos cães treinados na detecção de explosivos para os aeroportos do país. “A detecção de explosivos nos aeroportos é muito importante para Cabo Verde, tendo em conta o fluxo migratório e de turismo em contínuo crescimento”, defendeu a Ministra. Marisa Morais garante ainda que os binómios vocacionados para a detecção de armas é uma mais-valia no combate à proliferação de armas ilegais. “Estes cães são capazes de chegar aos sítios mais difíceis, onde poderão estar escondidas armas. Ainda pode possibilitar, o desmantelamento do pequeno tráfico de armas”, garante a governante. O Centro Nacional de Formação da PN acolhe um canil onde residem os cães que fazem parte deste projecto, visando o reforço da capacidade operacional da 55 PN nas mais variadas áreas. Esta primeira fase de implementação da cinotécnica na Polícia Nacional engloba as componentes de actualização e treinamento dos cães, veterinária, canis e crescimento dos binómios. Os cães pertencentes ao projecto são de intervenção e vieram da Bélgica e Alemanha. 56 De Portugal deverão chegar mais 14, no futuro. De realçar que em Novembro de 2013, a Instituição Policial levou a cabo o 1º curso de técnica canina nos domínios de ordem pública, detecção de explosivos e estupefacientes, tendo sido formado 10 agentes e 08 cães. ACTUALIDADE 120 novos agentes da PN concluem com êxito o VI curso de formação A Polícia Nacional conta, a partir de agora, com mais 120 novos agentes, sendo 105 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, após uma formação intensiva em vários domínios técnico-policiais, durante seis meses. Tudo começou com o lançamento de um concurso público, em meados de 2012, para o recrutamento de mais 120 novos agentes ao qual concorreram 2.173 jovens. Os jovens seleccionados foram integrados no VI curso de formação de agentes da PN. De acordo com o director do Centro Nacional de Formação da PN, subintendente Pedro Sanches, “a formação de seis meses foi intensiva, mas houve uma óptima resposta dos recém-formados, que concluíram o curso com 100% de sucesso”. Pedro Sanches considerou, todavia, que o sucesso alcançado se deve, também, à entrega, profissionalismo e sentido de responsabilidade demonstrados por toda a equipa formativa dos novos 120 agentes num curso com componentes teórica e prática, que abrangeu as áreas jurídica, técnico-policial, psicossocial, formação geral e educação física. determinado cidadão estrangeiro e saber fiscalizar mercadorias, saber proteger o meio ambiente e as florestas nacionais. A componente prática da formação consistiu num estágio prático de 80 horas no Comando Regional da Praia, onde os novos agentes exerceram actividades operacionais, informou. Segundo Pedro Sanches, estes novos 120 agentes encontram-se preparados e altamente motivados para desempenharem esta nobre missão policial, dando a sua contribuição no âmbito da prevenção e combate à criminalidade, manutenção da ordem e tranquilidade pública”. Ainda durante o curso, os recém-formados foram preparados para efectuarem patrulhamento, identificações, apreensões e detenções, saber preservar o local do crime, efectuar diligências iniciais, saber regular e fiscalizar o trânsito, saber comunicar e atender os cidadãos, saber usar a força e as armas, saber fiscalizar No seu discurso de encerramento deste VI curso, o director do Centro alertou os recém-formados para os perigos e cuidados que devem ter no cumprimento das suas funções, no âmbito do exercício da força pelos policiais. “O diálogo terá de ser a vossa principal arma. A força só deve ser usada quando houver neces- 57 sidade e nunca para além do razoável”, aconselhou Pedro Sanches. Os novos agentes da PN, por seu turno, mostraram-se altamente motivados em abraçar a profissão policial, esperando ser uma mais-valia para a Polícia Nacional. O agente Emanuel Veiga, primeiro classificado do curso, assegurou que tudo fará para contribuir para uma melhor segurança do país, respeitando sempre as leis e os direitos dos cidadãos. “Pretendo agir sempre em conformidade com a lei e respeitar todos os cidadãos, 58 porque a Polícia deve estar sempre ao serviço da comunidade”, prometeu o novo agente. Joceline Duarte, agente de 2ª classe e uma das recém-formadas melhor classificadas durante este curso, afirmou estar preparada para o grande desafio e espera progredir na carreira. “Espero vir a ser uma grande agente e progredir na carreira até conseguir a categoria de oficial. Espero ser um exemplo a seguir, servindo da melhor forma o meu país”, confessou, revelando estar a viver um sonho, pois sempre quis uma profissão que lhe permitisse servir os outros, defendendo a legalidade democrática e os direitos dos cidadãos. De uma forma unânime, estes novos agentes prometeram dar o melhor contributo possível para a redução da criminalidade em Cabo Verde. Ambos esperam estar próximos das pessoas e construir uma relação de confiança mútua com a comunidade, tendo em conta a importância da segurança para o desenvolvimento do país. DEF recebe equipamentos de análise de detecção de fraude documental A Polícia Nacional (PN), através da Direção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF) foi contemplada, no passado dia 28 de Maio de 2014, de um conjunto de equipamentos de análise de detecção de fraude documental. Trata-se de uma iniciativa integrada no projecto de Reforço das Capacidades de Cabo Verde na Gestão das Migrações. A entrega foi feita pelo diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, Manuel Jarmela Palos, numa cerimónia em que foram também entregues os diplomas aos 30 elementos da PN que frequentaram as ações de formação “Deteção de Fraude Documental” e “Análise de Risco”, ministradas por especialistas portugueses. Na cerimónia, presidida por Marisa Morais, ministra da Administração Interna de Cabo Verde, o Director Nacional da PN, mostrou-se satisfeito com os donativos, dizendo que se trata de uma “lufada de ar fresco”. O Superintendente Geral, João Domingos de Pina louva a iniciativa que, no seu entender, irá suprir todas as necessidades no domínio da detecção de fraude documental. “ Estamos convictos que este será um passo seguro rumo à obtenção de laboratórios para os aeroportos internacionais do país”, assegura. O Director do SEF de Portugal destaca o esforço de Cabo Verde na securização das fronteiras que, com o apoio de Portugal, tem permitido garantir maior controlo das migrações e segurança à população cabo-verdiana. Na “gíria” policial, o material oferecido à PN passa por equipamentos de “primeira e segunda linha de controlo”, a distribuir pelos postos de fronteiras aéreas e marítimas das diferentes ilhas do arquipélago cabo-verdiano e pelos comandos regionais da Direção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF) (Santiago, Sal, Boavista e São Vicente). tado com a formação, já concluída, de 30 agentes policiais em áreas “fundamentais”, como a análise de risco e deteção de fraude documental, juntando-se a oferta de meios técnicos e a de recursos humanos. “É um equipamento que vai facilitar um controlo muito mais rápido, com qualidade e segurança em todas as fronteiras” aéreas e marítimas do país, afirmou Marisa Morais, aludindo à possibilidade de, a partir de agora, se poderem elaborar análises que identifiquem ameaças e riscos e também relatórios estatísticos periódicos. A iniciativa visa dotar Cabo Verde de uma gestão eficaz das fronteiras e do controlo dos fluxos migratórios no país, o que permite contribuir para o desenvolvimento de uma política global baseada no respeito pelos Direitos Humanos, ao abordar a imigração irregular com trânsito e destino no arquipélago. Manuel Jarmela Palos realçou ainda que, assim que o equipamento entrar em funcionamento, será muito mais difícil a um qualquer indivíduo entrar fraudulentamente em Cabo Verde. “É essa a ideia, de permitir que a circulação se faça com grande mobilidade, uma vez que tem havido um aumento substancial de movimento de pessoas e bens nas fronteiras (cabo-verdianas). Prendemos que a passagem nas fronteiras seja cada vez mais ágil e segura”, salientou Manuel Jarmela Palos. Segundo o Diretor do SEF, o equipamento oferecido a Cabo Verde é complemen- Isso mesmo foi salientado pelo embaixador de Portugal na Cidade da Praia, Bernardo Homem de Lucena, que destacou o facto de Cabo Verde, país de emigração por excelência, se tornou já também num de imigração. O projeto Reforço das Capacidades de Cabo Verde na Gestão das Migrações, orçado em dois milhões de euros e apoiado pela União Europeia (UE), Portugal, Holanda e Luxemburgo, começou a ser edificado em 2011, sendo liderado pelo SEF português, em parceria com os serviços congéneres holandês e luxemburguês. 59 60 61 PN e o combate à VBG PN já dispõe de guia de assistência às vítimas de VBG A Polícia Nacional já conta, desde Dezembro de 2013, com um guia de assistência às vítimas de violência baseada no género (VBG), reforçando, assim, o seu engajamento ao combate a esse flagelo, principalmente nos centros urbanos. O Manual de Assistência às Vítimas Maria Teresa Cabral - Coordenadora Gabinente VBG da VBG permite aos agentes da PN conhecer o fenómeno, o agir, ou seja, como se deve atender as vítimas e o articular com a Rede Interinstitucional de Apoio às Vítimas da VBG (Rede Sol). De acordo com os autores deste projecto, trata-se de um instrumento que irá ainda ajudar as vítimas a terem mais confiança em procurar ajuda e apoio, porque sabem que irão encontrar profissionais capacitados para poder atendê-las. A Polícia Nacional adopta um conjunto de procedimentos para fazer cumprir a lei especial da VBG nº 84/VII/2011, de 10 de Janeiro (VBG), que consagrou a violência baseada no género um crime público, podendo qualquer autoridade policial, em caso de denúncia ou informação, actuar e encaminhar os agressores ao Ministério Público, num prazo máximo de 48 horas, para os devidos trâmites legais. Criado em 2004, o Gabinete de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (GAVVD) da PN, sedeado no Comando Regional da Praia (CRP), com ramificação no Hospital da Praia, atende as vítimas 62 de violência doméstica e de acidentes, assim como coordena os restantes gabinetes. Tem como principais atribuições atender as vítimas, de forma personalizada, mediante a elaboração de auto de denúncia e encaminhamento ao Ministério Público, elaboração de auto exame directo, caso houver ferimento e fazer o acompanhamento às vítimas. O Gabinete deve, também, prestar informações sobre os direitos das vítimas, orientá-las para poderem escolher a melhor a opção para a resolução de conflitos e fazer o encaminhamento para outras instituições que convier. Neste momento, todas as esquadras policiais da Praia estão preparadas para atender as vítimas de VBG, informando-as sobre os seus direitos e dando orientações de protecção em segurança. À semelhança do CRP, existem gabinetes de apoio às vítimas de VBG nas ilhas de São Vicente, Sal, Fogo e Santo Antão. Nesta matéria, a PN trabalha em estreita sinergia com algumas instituições para que sejam garantidas celeridade dos processos, apoio judiciário e acolhimento temporário às vítimas. São instituições e entidades parceiras do GAVVD, o Ministério Público, a Polícia Judiciária e o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), o Instituto Cabo-verdiano para a Criança e o Adolescente (ICCA), a Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania (CNDHC), a Associação das Mulheres Juristas (AMJ), as Casas do Direito, a Comissão de Coordenação de Combate à Droga (CCCD), além de ONG, Rede de Mulheres Economistas (REDEMEC), o Grupo para a Organização e Integração Profissional das Mulher (GOIPM) e a Organização Mulher Cabo Verde (OMCV). PERFIL Domingos Frederico Um policial que se destacou em várias áreas 1973, primeiro subchefe em 1975, chefe de esquadra em 1979 e subintendente das Forças de Segurança e Ordem Pública em 1983. Subintendente da Polícia Nacional na reforma, Domingos Monteiro Frederico, destacou-se, durante a sua carreira, pela sua dedicação, profissionalismo e eficácia no desempenho das várias funções que lhe foram confiadas, assim como pela boa conduta revelada na relação interpessoal com os outros. É no seio familiar que nasceu e cresceu esta paixão pela causa policial, já que a maior parte dos seus familiares foram policiais. Exerceu a profissão durante 28 anos e diz-se orgulhoso do contributo que deu à corporação e pela forma carinhosa como é tratado pela Direcção Nacional da PN, mesmo estando na reforma. Domingos Frederico nasceu em 1942, na Cidade da Praia. Concluiu a antiga 4ª classe, mas frequentou a Escola Profissional de Artes e Ofícios como aprendiz voluntário, antes de ser incorporado no exército colonial, em 1963. O seu empenho e profissionalismo ajudaram na sua promoção a segundo cabo, em 1964 e a primeiro-cabo em 1965. Em Agosto do mesmo ano, deixou o exército para ingressar na antiga Polícia de Segurança Pública (PSP). Ao longo da sua carreira na Polícia cabo-verdiana, conseguiu várias promoções, entre os quais guarda de primeira classe em 1971, segundo subchefe em Domingos Frederico destacou-se nos vários cargos que desempenhou, nomeadamente como encarregado dos ficheiros, notificação e distribuição de correspondências na secção da Justiça da P.O.P, comandante do Agrupamento de São Vicente e chefe do Posto Policial de São Nicolau. A sua avaliação foi, igualmente, muito positiva quando foi encarregado da Secção de Justiça no Comando Geral da Polícia de Ordem Pública, tesoureiro do Serviço Social da POP e chefe da Esquadra da Praia. Recebeu elogios aquando da sua passagem por diversos postos de chefia, entre os quais, como o chefe da Secção de Trânsito da POP e chefe do antigo Posto Policial de Santa Catarina. Em 1968, foi louvado pelo comandante-geral da Polícia de Segurança Pública pela sua “dedicação, empenho e aprumo no desempenho das suas funções”. No ano de 1973, o então comandante-geral da PSP louvou-o pelo desempenho das funções de encarregado pelos ficheiros da Secção da Justiça. Recebeu outros reconhecimentos ao longo da sua carreira policial de diversos departamentos do Comando a que pertencia, sendo os últimos após a independência nacional. Hoje, a muitas décadas de distância, recorda que era difícil ser polícia em Cabo Verde, porque os meios materiais e de mobilidade eram muito escassos. Por isso, as diligências eram sempre feitas a pé e o apito era o meio de comunicação mais utilizado. Por isso mesmo, considera notável a evolução e o crescimento da Polícia cabo-verdiana, sobretudo nos últimos anos. Na sua visão, a independência nacional foi o grande marco na mudança e evolução da Polícia, sendo notável o seu crescimento, que veio a contribuir largamente para a melhoria das condições laborais e pessoais de cada agente, tendo também as remunerações melhorado bastante. Das inovações havidas, o velho polícia destaca o 132, serviço de emergência, como um dos grandes ganhos da Polícia Nacional. “Antigamente não dispúnhamos deste serviço e, por isso, era difícil combater a criminalidade. Hoje em dia, a Polícia possui uma grande capacidade de resposta às ocorrências criminais com o serviço 132”, realça. Todavia, antigamente havia maior rigor nas questões disciplinares, pelo que a integração definitiva de agentes na Corporação obedecia a um processo severo de selecção, frisa. Confessa-se um amante de leitura e do desporto. Nos tempos livres, prefere pôr a leitura em dia e acompanhar os jogos de futebol com os amigos. Os jogos de mesa são também um dos passatempos de eleição de Domingos Frederico, um agente à antiga consciente das mudanças que se vêm operando na sua instituição de toda a vida. 63 OPINIÃO ELECTRÓNICO (I) sos criminais. Cabe aos Órgãos de Polícia Criminal, nomeadamente: a) Coadjuvar as autoridades judiciárias na investigação criminal; b) Desenvolver as acções ou diligências de investigação criminal que lhes sejam atribuídas pela Lei Processual Penal. Elísio Mendes Pós Graduado em Direito e Segurança A vídeo vigilância surgiu da necessidade de ter nos lugares comuns de acesso ao público um auxiliar de captação de imagens e sons, tendo em conta que os meios humanos nunca chegam para que as Forças e Serviços de Segurança desempenhem as suas variadas multifacetadas funções. Através da Lei n.º 30/VII/2008, de 21 de Julho, no seu artigo 21.º, foram autorizados aos Órgãos de Polícia Criminal a utilizarem equipamentos electrónicos de vigilância e controlo de espaços de livre acesso do público, que pelo tipo de actividades que neles se desenvolvem, sejam susceptíveis de gerar riscos de segurança. No caso concreto da PN enquanto detentora da função de vigilância em lugares abertos ao público e lugares condicionados de acesso ao público - (art.º 10.º da Lei de Segurança Interna), carece de meios humanos para o desempenho na íntegra das vastas competências que possui ao nível da Segurança Interna. Basta ver o artigo 244.º da CR, para além de outras funções previstas em leis ordinárias de cumprimento obrigatório Diz ainda este diploma que a recolha de imagens e sons na via pública ou em locais públicos, sem intromissão na vida privada, dispensa o consentimento e não constitui violação de nenhuma norma da nossa Lei Fundamental, como podem eventualmente fazer crer os defensores dos Direitos Humanos. Vendo apenas do lado da nossa Carta Magna ficamos com a ideia de que os direitos, liberdades e garantias são em todo inviolável, mesmo que estes estão em conflito com outros direitos fundamentais. O olho electrónico, hoje em dia é uma necessidade de primeira importância nas sociedades liberais porque a função de prevenção criminal é cada vez mais escassa a sua plena realização. A criminalidade é um fenómeno em constante mutação e complexificação, sobretudo, com a utilização de meios tecnológicos de última geração adaptando-se aos novos tempos e às novas circunstâncias e, em geral, vai sempre à frente dos meios tradicionais preventivos e do combate ao crime. A citada Lei remata, dizendo que a recolha de imagens e sons deve ser comunicada ao MP no prazo máximo de 72 horas, para promover a sua validação como meio de prova nos Tribunais. Portanto, existe uma obrigatoriedade de comunicação ao MP e dentro de 72 horas após a “captura” de imagens e sons que possam servir como meios de prova em proces- A introdução das câmaras de vídeo vigilância em Cabo Verde, se for de forma desregrada não contribuirá para a diminuição da criminalidade, por isso, tem de ser feita de forma criteriosa e bastante discreta e devem ser postas estrategicamente, de modo a evitar actos de vandalismo contra as mesmas. Devem ser colocadas “longe” das mãos criminosas. 64 Corroborando com o Director Nacional da Polícia Judiciária, Dr. Carlos Reis, que interviu no II Fórum Internacional sobre a Segurança Pública, organizado pela CMP, nos dias 19 e 20 de Março do ano passado, para que passemos à instalação de vídeo vigilância é necessário o seguinte: - Quem terá a iniciativa para a sua instalação? Quem suportará com os seus custos? - Que entidade ou entidades deverão autorizar a sua instalação, após a verificação dos requisitos essenciais? - Qual a entidade fiscalizadora do sistema de gravação de imagem e sons? - Quem construirá uma central única de captação de imagens e sons e acessível aos diferentes Órgãos de Polícia Criminal? - Qual o tempo limite de conservação das gravações? - Até que ponto as imagens e sons gravados no âmbito da videovigilância constituem meios de prova em processo penal? Deverão ser colocadas, nomeadamente nos seguintes lugares: Paragens dos veículos de transportes públicos de passageiros, nas habitações particulares, sobretudo, as que já foram alvo de assaltos, centros comerciais, aeroportos, portos, edifícios públicos de capital importância, estações de bombas de combustíveis, nos espaços considerados históricos, nos estabelecimentos bancários, nas florestas, nas estradas, nos mercados, estádios de futebol, nos Estabelecimentos prisionais, na Igrejas, celas das Esquadras Policiais, a fim de impedirem actos de violência policial nas mesmas, etc, etc. A utilização do olho electrónico nos espaços supra identificados traz-nos muitas vantagens ao nível do controlo de actos criminosos e ou de vandalismos contra os mobiliários públicos. De acordo com o Subintendente da PSP, Guedes Valente, “a Inglaterra é o país onde se consegue obter os resultados mais vantajosos da implementação da vídeo vigilância, uma vez que foi este o país fundador e o que há mais tempo utiliza este meio técnico de segurança.” Diz ainda que “em quase toda a Inglaterra, qualquer pessoa, quando circula na via pública, sabe que todos os seus actos e passos estão a ser captados, ou seja, estão a ser filmados” pelo olho electrónico. Mas ninguém põe em causa a violação de direitos fundamentais. As vantagens do olho electrónico superam de longe as desvantagens da sua utilização. 65 COOPERAÇÃO Cabo Verde disponível para acolher uma escola de Polícia da CPLP A criação e desenvolvimento de estruturas do centro de formação da Polícia Nacional poderá servir os cidadãos cabo-verdianos, angolanos, bem como a todos os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, disse o ministro do Interior de Angola, Ângelo Tavares, no final de uma visita a Cabo Verde, no mês de Novembro de 2013. Para a ministra da Administração Interna, Marisa Morais, a visita foi oportunidade para dar continuidade “ à forte cooperação” existente entre os dois Ministérios, salientando que, neste momento, existe um conjunto de projectos cuja viabilidade vai ser discutida e analisada. De acordo com o governante, trata-se de uma matéria a estudar e, com base nisso, o projecto poderá ser uma realidade no futuro. “A formação de oficiais para Cabo Verde é uma questão prioritária e temos tido um forte apoio do Governo angolano no sentido de nos ajudar a minimizar esta questão, já que corremos o risco de ficar sem oficiais dentro de uma década”, frisou. Além disso, indicou, o Ministério de Interior angolano e o Ministério da Administração Interna de Cabo Verde têm dado passos importantes e com frutos, de forma que no futuro possam surgir novos projectos de cooperação. Recorde-se que, ao longo dos anos, a PN tem beneficiado de relações de cooperação com parceiros de vários países e em diferentes domínios, principalmente na área da formação. Para o Director Nacional, de uma forma geral, a área da cooperação técnico-policial tem sido prioritária. Segundo João Domingos de Pina, os acordos de cooperação existentes estão direccionados para vários domínios, designadamente formação, quer de curta duração, como cursos superiores na área policial para oficiais e, também, cursos de boas práticas, além da oferta de equipamentos de diversa natureza. No quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CLPL), informou que, há vários quadros em formação em Portugal e mais de uma dezena em formação superior em Angola. Com Moçambique, há boas perspectivas de cooperação na área técnico-policial, sobretudo, no que diz respeito à formação e já há contactos nesse sentido. Cooperação e parcerias A Polícia Nacional considera que a área da cooperação técnico-policial tem sido uma prioridade para a corporação, existindo acordos de cooperação em vários domínios assinados com os tradicionais e novos parceiros. Para o Director Nacional, a formação, quer de curta duração, como cursos superiores na área policial para oficiais e, também, cursos de boas práticas e recebimento de equipamentos de diversa natureza, tem sido uma área privilegiada na cooperação da PN com congéneres de outros países. “A área técnico-policial é uma prioridade para nós, no quadro da CPLP. Neste momento, temos vários quadros em formação em Portugal, mas também, temos mais de uma dezena de quadros em formação superior em Angola. Com Moçambique, há boas perspectivas de cooperação na área técnico-policial, sobretudo, no que diz respeito à formação e já há contactos nesse sentido”, disse João Domingos de Pina. 66 “Polícia Nacional de Cabo Verde evoluiu muito” – Comandante-Geral da Polícia Angolana “Notei que a Polícia Nacional de Cabo Verde evoluiu muito porque não é a primeira vez que aqui venho”, afirmou o comissário-geral da Polícia Angolana, Ambrósio dos Santos, no final de uma visita de quatro dias ao país do ministro do Interior desse país ao arquipélago, que teve lugar de 13 a 16 de Novembro de 2013. Após uma visita às instalações das unidades policiais da Polícia Nacional de Cabo Verde, sedeadas na Cidade da Praia e à I Feira de Segurança Pública, Ambrósio dos Santos garantiu que leva uma boa impressão da congénere cabo-verdiana, em virtude dos avanços que testemunhou na sua estrutura organizativa ao longo dos últimos anos e também nas valências da formação profissional que presta aos seus efectivos. O comandante-geral mostrou-se, ainda, impressionado com as conquistas que se verificam a nível institucional e operacional, que, sem sombra para dúvidas, tem resultado em impactos positivos na diminuição da criminalidade, alegou, alertando, contudo, para as consequências que o desenvolvimento acarreta. “É que os criminosos conseguem, cada vez mais, instrumentos sofisticados para fugirem à ordem estabelecida no país”, lembrou Ambrósio dos Santos, para quem é necessário uma aposta contínua da Polícia Nacional na melhoria dos meios operacionais para uma resposta eficaz aos mesmos. O responsável máximo da Polícia Nacional de Angola destacou, por outro lado, a inovação introduzida na congénere cabo-verdiana com a inauguração do Gabinete de Psicologia. Ambrósio dos Santos realça a importância deste serviço, considerando-o “um instrumento poderoso no combate aos comportamentos desviantes” numa corporação dotada de regulamentos e normas de boa conduta moral e profissional. O responsável angolano prometeu que irá seguir o exemplo da PN cabo-verdiana e montar um centro de psicologia, com serviços na área psicotécnica e na saúde mental. Na sua opinião, deverão existir áreas capazes de acompanhar o comportamento dos policiais, de modo a evitar atropelos à Lei. 67 Ministro da Administração Interna de Portugal visita instalações da PN O ministro da Administração Interna da República de Portugal, Miguel Macedo visitou as instalações da Direcção Nacional da Polícia Nacional (PN), na cidade da Praia, com o objectivo de se inteirar do actual estado de funcionamento da instituição policial, bem assim, dos avanços conseguidos até agora. Durante a visita, a delegação portuguesa procedeu à entrega das novas armas e munições à PN. A Direcção Nacional da PN recebeu de forma muito calorosa o ministro Miguel Macedo, bem como, o antigo Director Nacional da Polícia de Segurança Pública de Portugal (PSP), o Superintendente Paulo Jorge Valente Gomes. O Director Nacional da PN, o Superintendente geral, João Domingos de Pina apresentou de forma detalhada ao ministro, a Instituição Polícia Nacional em todos os aspectos relativos à sua organização e funcionamento. Houve ainda, a apresentação do Sistema PASSE (Passagem Automática e Segura) da Direcção de Estrangeiros e Fronteiras em que se destacou o seu estado de implementação e todas as vantagens que trará às fronteiras nacionais. Miguel Macedo demonstrou a sua satisfação com o que viu porque pensa que a PN está dotada de todas as condições para garantir a 68 segurança interna do país, assim como, a segurança de todos os cidadãos cabo-verdianos. Contudo, o ministro da Administração Interna daquele país irmão mostra-se aberto a continuar a apoiar a PN nas áreas onde haja limitações. Durante a visita do governante português houve espaço para a cerimónia de entrega de cerca de 500 armas e 750 munições à Polícia Nacional. A entrega foi feita pelo antigo Director da PSP, que mostrou-se bastante satisfeito por ver reforçadas as relações institucionais entre a PN e a PSP. Em jeito de balanço da visita, Miguel Macedo explica que as das razões desta visita oficial a Cabo Verde é a materialização de dois dos aspectos que tinham ficado expressos na cimeira entre os dois países que ocorreu no ano passado, ou seja, a actualização e melhoramento do Sistema PASSE e a entrega de armas e munições à PN. O MAI de Portugal realçou ainda a importância das relações de cooperação entre os dois países, ao nível da segurança. “Há hoje em dia, ameaças diferentes de outrora, que só podem ser vencidas com capacidade de serviços de informação, com articulação entre as forças de segurança e com a cooperação internacional entre os países e as forças de segurança”, afirma Miguel Macedo. É neste sentido, que as partes envolvidas têm todo o interesse que essas relações de cooperação se expandam. De acordo com Macedo, o sector da segurança possui uma dimensão transversal. 69 RECONHECIMENTO EICC reconhecida por excelente desempenho em caso de furto a empresa de construção civil A Esquadra de Investigação e Combate à Criminalidade (EICC) foi reconhecida e elogiada pela excelente intervenção efectuada, num caso de furto à empresa de construção civil, Conduril – Engenharia, S.A. Em nota de agradecimento enviada ao Gabinete do Director Nacional da Polícia Nacional, os responsáveis da referida empresa agradecem a rápida e eficaz resposta dada à queixa deixada na EICC. A Conduril – Engenharia, S.A. queixou-se de um assalto por escalamento às suas instalações, onde foram furtados computadores com informação importante sobre obras em curso e outros materiais de valor, quais sejam, máquinas fotográficas e telemóveis. De acordo com a nota, a EICC conseguiu recuperar o material roubado em tempo 70 record. O autor do assalto foi detido pela EICC e apresentado ao Tribunal e suspeita-se de que terá praticado vários outros delitos na cidade da Praia. Depois da recuperação dos produtos roubados, a EICC contactou a empresa em causa para fazer o reconhecimento do material recuperado. “Assim, é justo reconhecer a dedicação, o empenho, o profissionalismo e a eficiência que os efectivos da EICC colocaram na resolução deste caso e na recuperação do material, tão importante para os trabalhos da empresa”, pode ler-se na nota de agradecimento da referida empresa. Brigada Anti-Crime do CRSV distinguida com o prémio de Serviço Público 71 OPINIÃO Mulheres Polícias: sonhos e desafios domínios, nomeadamente, da chefia de algumas unidades operacionais à coordenação de alguns projectos, quais sejam, esquadras policiais, Protecção de Entidades, Escola Segura, Gabinete de apoio as vitimas, entre outros. No entanto, reclama-se ainda de comando e presença das mulheres num número considerável de unidades operacionais, embora, essas unidades, requeiram a preparação e disponibilidade, devido às suas especificidades. Nada mais como desencravar as oportunidades. Acredito que um dos maiores desafios que qualquer mulher na PN almeja alcançar, prende-se com o desempenho das funções de direcção, isto é, estar à frente de Comandos e Direcções. As competências existem, mas talvez falte o tal reconhecimento. Antonieta Silveira Cunha Chefe de Esquadra da PN Considero que a minha vontade de ingressar na corporação policial deve-se à tradição histórica da família. Pois, os meus avôs: materno e paterno, ambos foram policiais e um dos meus irmãos também seguiu o mesmo caminho. Tornar-se “ Mulher Polícia “ era apenas um sonho que a meu ver, naquela conjuntura era impossível concretizar. Contudo meu irmão, amigo e colega teve um papel importante nesse processo, ele pôde orientar-me a ponto de acreditar que esse sonho poderia tornar-se realidade. Uma Corporação que tradicionalmente era tido como instituição de homem devido à natureza e especificidade, torna indispensável a coabitação dos géneros, precisamente para leva-la aquele espectro feminino, essencial para o equilíbrio no desempenho árduo e nobre missão. Pelo que, considero sensato a decisão da tutela na ocasião, fruto da reflexão muito inteligível por parte dos então dirigentes da Policia. 72 Orgulho-me do fato de pertencer à primeira lista da mulher cabo-verdiana na Polícia, desde Outubro de 1989. Desses vinte e três anos de serviço efectivo foi contínua a luta feroz face aos desafios que desencadeava a velocidade sem precedente. Nos momentos menos bons, procurei sempre enfrentar os desafios possíveis de ultrapassar. Ser Mulher Polícia, a conciliação da vida profissional da familiar, tarefa nada fácil, faz com que por vezes se sacrifique uma em detrimento da outra, cujo, a auto-estima firma-se pelas premissas da educação tidas, formações adquiridas e da elevação contínua da maturidade alcançada. Há vários casos de sucessos de mulheres batalhadoras e determinadas que encaram essa situação como um desafio. É notório os ganhos da Instituição com o ingresso das mulheres. Foram notáveis os resultados alcançados em vários Deve-se apostar mais na formação na perspectiva do género. O respeito e a confiança que existe da Instituição no seio da população foram conquistas alcançadas com mulheres e homens que a constituem. Da minha parte, os desafios são vários e por agora, a prioridade é concluir com êxito a missão das Nações Unidas na Guiné Bissau, onde represento Cabo Verde e a Polícia Nacional em particular, que muito Orgulho pertencer. Esperemos que colegas tenham a oportunidade de desempenhar essa função. Hoje em dia, há uma forte campanha de incentivo às Mulheres Polícia para integrarem o Comando de Operações e Manutenção da Paz. Aos colegas, apelos continuo engajamento em prol da Policia Nacional, Instituição centenária, moderna e em crescimento. Que as mulheres e homens que a integram, se sintam capazes. ACTUALIDADE PN promove I Feira de Segurança Pública No âmbito das comemorações do 143º aniversário da Criação do Corpo de Polícia Cabo-verdiana, a Polícia Nacional (PN) promoveu, nos dias 13 e 14 de Novembro de 2013, a I Feira Nacional de Segurança Pública, que teve lugar na rua pedonal do Plateau, cidade da Praia. A iniciativa teve como objectivo dar a conhecer à sociedade as principais valências da PN nos seus diversos domínios e permitir uma maior interacção entre a Polícia e os cidadãos, através dos serviços e meios expostos durante a Feira. Através desta feira, que se realiza, pela primeira vez, em Cabo Verde, a Polícia Nacional quis mostrar as suas diversas valências, com a apresentação ao público de vários serviços, tanto de âmbito operacional, como no domínio da formação e gestão de recursos. Cada um dos serviços foram expostos em ‘stands’ para mostrar aos cidadãos o quotidiano da PN no exercício da sua missão, tendo a interacção entre os cidadãos e os policiais sido um dos pontos dignos de realce, porque os visitantes tiveram uma oportunidade única de dissiparem todas as dúvidas sobre o funcionamento de cada serviço policial. Ao presidir ao acto de inauguração da Feira, a ministra da Administração Interna, Marisa Morais, destacou a sua importância, porquanto se tratou de uma oportunidade para aprofundar as relações de confiança entre os cidadãos e a instituição policial. “É uma oportunidade única dos cidadãos conhecerem melhor a PN, de efectuarem as suas críticas, mas, também, de reconhecerem o trabalho que está a ser feito por todos os profissionais”, afiançou a governante. No balanço desta iniciativa, o porta-voz da PN, subintendente Manuel Alves, considerou-o “muito positivo, porque a adesão do público foi significativa”. “Nós quisemos e conseguimos levar a PN para junto dos cidadãos, concretizando, assim, um dos pilares do policiamento de proximidade, mantendo a Polícia próxima das pessoas”, explicou. O interesse e entusiasmo do público presente durante a feira foi confirmada por vários praienses, como disse José Barros: “A Polícia está a fazer um bom trabalho e a organização deste evento é algo de extraordinário e estou muito contente por estar aqui a presenciá-lo”. Realçou que, actualmente, já conhece melhor a PN, o que o permitirá, a partir de agora, acreditar mais na corporação policial. Para Vanísia Monteiro, o evento foi muito bom e espera ver a Polícia mais próxima das comunidades e mais visível nas ruas. Na sua opinião, esta feira deveria se repitir noutras ocasiões do ano, para que a Polícia esteja cada vez mais próxima das pessoas e das comunidades, porque tem feito um bom trabalho”. 73 74 PN inaugura Gabinete de Psicologia A Polícia Nacional já conta com um Gabinete de Psicologia, um serviço que irá prestar assistência psicológica aos policiais e não só, que foi inaugurado a 14 de Novembro de 2013, nas instalações do Serviço Social da PN, num acto presidido pela ministra da Administração Interna, Marisa Morais. O Gabinete de Psicologia da PN irá funcionar junto do Serviço Social e dispõe de equipamentos electrónicos modernos que permitem aferir, com melhor quali- dade, os testes psicotécnicos destinados aos candidatos a agentes. De acordo com o director do Serviço Social, intendente Daniel de Pina, os testes psicotécnicos também servirão para avaliar e seleccionar os quadros policiais que se candidatam a patentes superiores e a cargos de elevada responsabilidade dentro da PN. “Este Gabinete servirá, também, para atender os policiais em determinadas situações, porque eles se submetem a vários riscos durante as suas funções na sociedade, tendo, ainda, a missão de prestar apoio psicológico aos parentes dos nossos policiais em situações excepcionais de acidente, morte e outras”, explicou Daniel de Pina. Além dos familiares do pessoal policial, apoiará, igualmente, as comunidades em situações mais delicadas, informou o director do Serviço Social, confirmando que este Gabinete de Psicologia veio para ficar e que será expandido a outros centros urbanos, de acordo com as demandas. Até ao momento, o Gabinete dispõe de dois técnicos formados na área de psicologia que prestam assistência aos utentes do serviço. 75 PN realiza operação de destruição de armas apreendidas No âmbito das comemorações do 143º aniversário da criação do Corpo de Polícia de Cabo Verde, a Polícia Nacional levou a cabo, a 19 de Novembro de 2013, a primeira operação de destruição de armas apreendidas no país, que abrangeu mais de quatro mil armas diversas. A operação, feita em parceria com a Comissão Nacional de Controlo de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre e outros materiais afins (COMNAC), decorreu na placa do antigo aeroporto da Praia, tendo sido testemunhada pela ministra da Administração Interna, Marisa Morais. Pistolas, revólveres, pistolas “boca 76 bedjo” de 12 mm, espingarda e caçadeiras diversas, carregadores para pistolas diversas e brinquedos perigosos foram esmagados por uma máquina de cilindro de 20 toneladas. A operação surge no cumprimento da nova Lei de Armas, recentemente aprovada pelo Parlamento e do compromisso internacional assumido por Cabo Verde em prol do combate à proliferação de armas ilícitas e que obriga à destruição das mesmas. “Estas armas agora destruídas foram apreendidas nos últimos anos e muito antes da entrada em vigor da nova Lei de Armas. De facto, ao longo destes anos, a Polícia tem vindo a apreender muitas armas, mas não possuía nenhuma base jurídica que permitisse a destruição das armas apreendidas”, sublinhou a ministra, na ocasião. De acordo com o Estudo Socioeconómico sobre Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre em Cabo Verde, presume-se que existem no país cerca de oito mil armas nas mãos de pessoas civis, tendo a operação policial pretendido desincentivar o uso dos diversos tipos de armas existentes, de modo a diminuir os crimes relacionados. OPINIÃO O movimento migratório da CEDEAO para Cabo Verde 1 Situação da imigração estatísticas, tendo em conta os recursos materiais e humanos de que dispõe o país. Associa-se a isso tudo, a manifesta falta de sensibilidade política no tra- Augusto Teixeira Comissário da Polícia Nacional Mestre em Segurança Pública A importância numérica do fluxo migratório da CEDEAO para Cabo Verde é difícil de se quantificar, devido à absoluta liberdade de circulação no país dos cidadãos originários dessa comunidade, sendo apenas visível o aumento de movimentos em determinados centros populacionais do arquipélago (Praia, Assomada, Mindelo, Sal, Boavista) nas actividades da construção civil, em vendas ambulantes, na prostituição turística, etc. Esse fluxo migratório envolve tanto a imigração regular como a clandestina. Relativamente à imigração clandestina em Cabo Verde, são muito incertas as 1 TEIXEIRA, AUGUSTO. (2013). O Movimento Migratório da CEDEAO para Cabo Verde nos Anos 2006 a 2010: Perfil de Imigrantes da Guiné-Bissau, Nigéria e Senegal e Relação Imigração-Criminalidade nesse Período. Tese de Mestrado em Ciências Sociais - Universidade de Cabo Verde. Praia. pps. 38,39. tamento das questões relacionadas às migrações, sobretudo na sub-região da África Ocidental que abrange Cabo Verde, face às más interpretações, por parte de imigrantes, do Tratado e dos diversos Protocolos sobre a livre circulação e fixação de residência entre os países membros da CEDEAO. Segundo a DEF (2009)2, no período compreendido entre o ano de 2005 e o ano 2009, 966 estrangeiros africanos de diversas nacionalidades entraram irregularmente em Cabo Verde, por via marítima, detectados em 10 pirogas, e ainda mais quatro embarcações foram encontradas vazias, duas na ilha de Santiago e as outras nas ilhas de Santo Antão e São Nicolau. Não há dados fiáveis sobre o número de imigrantes em situação irregular no país, existindo, contudo, estimativas de que o número varia de 15 mil a 20 mil imigrantes ilegais, tratando-se, na maioria, de pessoas que permaneceram para além do tempo permitido, provindas das regiões da CEDEAO. Também, há a considerar o facto de nunca ter ocorrido no país qualquer regularização extraordinária em relação aos estrangeiros ilegais. 2 Relatório anual da Direcção de Estrangeiros e Fronteiras (ano 2009). Segundo notícia publicada no jornal A Semana (2010)3, o governo criou recentemente uma unidade para controlar a imigração ilegal, pois reconhece que Cabo Verde tem imigrantes em todas as ilhas e em diversos sectores e que existe um déficit na gestão de estrangeiros, o que gera embaraços para a administração pública. Além de que existem estrangeiros residentes no país há mais de dez anos sem qualquer autorização de residência e inclusive crianças nascidas de país estrangeiros em situação ilegal. É visível o aumento diário do número de africanos no país, provenientes da CEDEAO, especialmente do Senegal, da Guiné Bissau e da Nigéria, e ainda o facto de a entrada desses cidadãos, legalmente, se efectuar por via aérea e no principal posto fronteiriço que tem ligação com a África, ou seja, o então denominado Aeroporto Internacional da Praia. “Por dia, do total de cidadãos que entram legalmente em Cabo Verde por via aérea, quinze acabam por permanecer no território em situação irregular” (Cabo Verde, 2009, p. 36)4, isto é, após o esgotamento do período de estadia autorizada ao abrigo das disposições sobre a Livre Circulação de Pessoas nos Protocolos da CEDEAO. 3 LOBO, M.C. (2010, Outubro 29). Retrato da casa. Jornal a Semana, p. 26. 4 CABO VERDE. (2009). Plano Estratégico de Segurança Interna (PESI) 77 OPINIÃO Pensar e agir o ambiente criminal em Cabo Verde res públicos em programas de reordenação urbana, como as infra-estruturas para desportos e recreação, contribuindo para uma nova forma de organização da vizinhança. Emanuel Furtado Vaz 1º Subchefe da PN Mestre em Segurança Pública Hoje em dia, a violência e o crime são tidas como das maiores preocupações da população ultrapassando o desemprego, a inflação, os juros e impostos, surpreendendo muitos que se dedicam aos estudos das ideias racionais económicas, como por exemplo os economistas. Elas constituem desafios que teremos de enfrentar e combater, incutindo nas pessoas o contributo que podem dar, começando na família, na vizinhança, passando por amigos entre outros. O certo, é que a criminologia moderna demonstra que se deve combater o crime na sua prevenção, conhecendo as suas raízes e suas causas, deixando de direccionar responsabilidades para partes específicas como a Polícia ou o infractor. Assim, se destaca três formas de prevenção: a Primária, a Secundária e a Terciária. 2BIROL(2007). Na Primária, destaca-se a prevenção sobre as áreas geográficas identificando o crime como sendo um produto social de urbanismo, levando o ser humano a comportar-se de uma determinada forma por estar moldado por vectores socio-ambientais. Daí, deve surgir a intervenção dos pode- 78 Na Secundária, aparece na linha da frente a Instituição Policial, quando se fala em aumento ou diminuição da violência e criminalidade. Na verdade, há uma boa parte de investimentos anuais do Estado em áreas policiais e em momentos diferentes, estudos apontam para um aumento gradual do crime de ano para ano. Daí a cultura de esperar-se sempre mais da Polícia. Porém, a eficácia policial poderá ser obtida pelo estudo e análise das estatísticas oficiais, baseadas nos registos dos factos ocorridos sobre violência e crime nas esquadras policiais, nos tribunais e noutros locais do registo da problemática. Agindo desta forma, poderá ver facilitado o diagnóstico do problema, evitando possíveis erros, principalmente quando o trabalho de diagnóstico é voltado para o exterior. E evidente que estratégias improvisadas e aplicadas nas operações policiais poderão ser inúteis e perniciosas. Gastase recursos, desgasta-se as actividades de prevenção, não evita o crescimento da violência social e agrava-se a violência policial. Situações destas explicam-se pela avaliação incorrecta e incompleta de diagnósticos, que muitas vezes são voltadas só para o ambiente externo onde as variáveis são incontroláveis, esquecendo-se de diagnosticar variáveis controláveis do ambiente interno que constitui uma força para influenciar o ambiente externo. 3 FILHO(1998). Entretanto, na prevenção Terciária aparece o recluso que quando se olha para a proteção legislativa, diz-se que elas devem ser produzidas a partir de critérios científicos e testes com grupo de controlo, disseminação do seu conteúdo, observando assim a sua eficácia social. Aconselha-se que entre os crimes de menor relevância deve se buscar a conciliação entre a vítima e o agressor através de mediação entre as partes proporcionando a ambos a oportunidade de se reflectirem sobre o caso, restaurando a harmonia social e a correcção desejada. É bom pensarmos em órgãos de justiça que se preocupam, não só com o fim do processo ou mandar para cadeia, mas sim, com a conciliação das partes e ressocialização do possível condenado. Entretanto, como as nossas acções serão sempre testadas e contestadas, devemos estar cada vez mais certos daquilo que fazemos, estudando e combinando estratégias que deverão basear-se na prevenção, tanto na perspectiva desenvolvimentista como situacional, ou ainda como na perspectiva correcional. VAZ, Emanuel N. F. Custos, evolução e perceção da sociedade Praiense sobre a problemática da violência e criminalidade. 2013. 2 - BIROL, Alline. Políticas de prevenção da violência e a prevenção vitimária, 2007. Disponível em http//www.ambito-jurídico.com.br/site/inex.phd. 3 - FILHO, José. Estratégia Policiais para a redução da violência. Cadeira Pão de Açúcar de Pesquisa em Segurança Pública. 1998. DESPORTO Subcomissário da PN é um caso de sucesso no atletismo nacional e internacional José Daniel Cabral, Subcomissário da Polícia Nacional, de 35 anos é um dos melhores ultramaratonistas da atualidade no país. Foi o primeiro atleta cabo-verdiano a cortar a meta na ultramaratona de 100 quilómetros que ocorreu este ano em Itália, tendo alcançado o 11º posto na geral. Com este feito, Cabral prepara-se para representar Cabo Verde noutras competições internacionais. José Cabral foi o melhor atleta cabo-verdiano a participar na ultramaratona de 100 quilómetros de El Passatóri, que se realizou este ano em Itália. Este policial atleta conseguiu a proeza de concluir a prova no 11º posto, num universo de 2.205 atletas. Com isso, Cabo Verde posicionou-se no 4º posto nesta competição, numa lista de 28 países participantes. “A nível individual estou muito satisfeito por ter concluído a prova na 11ª posição, porque não esperava concluir a prova nos 20 primeiros classificados logo na minha primeira participação, numa competição com este nível. Para mim é muito gratificante”, realça o ultramaratonista. Cabral revela que o sucesso alcançado na ultramaratona de Itália deve-se ao orgulho que sentiu em representar Cabo Verde no exterior. Em Novembro deste ano, Cabral irá representar as cores da nação cabo-verdiana, na ultramaratona de 100 quilómetros, que se realiza em Doha, capital do Qatar. “Irei competir para representar o meu país da melhor forma possível, mas também, vou tentar melhorar a minha marca”, afiança. José Cabral iniciou a carreira em 1998, quando ainda exercia a profissão de militar, onde dirigia os treinos de atletismo. Em 2007, participou pela primeira vez no campeonato regional de Santiago Sul de atletismo, onde se sagrou campeão regional, surpreendendo tudo e todos. Nesse mesmo ano, participou no campeonato nacional de pista, tendo alcançado o 3º lugar a nível nacional. Em 2010, Cabral participou pela primeira vez na ultramaratona de 150 quilómetros que se realizou na ilha da Boavista. Conseguiu concluir a prova em 24 horas, sendo um dos poucos entre muitos. Nas edições seguintes da mesma provam, em 2011 e 2012, alcançou a 2ª posição em ambas, com um recorde de cerca de 20 horas. 2013 foi o ano da consagração de Cabral como o grande vencedor da ultramaratona de 150 quilómetros com o tempo recorde de 19 horas e 55 minutos. Após este feito, o atleta foi convidado a participar na prova internacional de ultramaratona de Itália, denominada de El Passatori. Com uma carreira bem sucedida, José Cabral sonha alcançar no futuro uma especialização em ultradistância e lançar-se numa carreira internacional, apesar das poucas competições existentes no país. Sendo um polícia, Cabral sente o orgulho de pertencer à classe, até porque, como avança, tem sido muito apoiado no seio da Instituição e espera que outros efectivos sigam o seu exemplo, praticando cada vez mais o desporto e apostar numa carreira em qualquer modalidade. 79 Agente Suzana Barros eleita atleta do ano em andebol feminino Suzana Gomes Fernandes Barros é uma das maiores referências do andebol nacional feminino da actualidade. Joga na equipa do ABC há cerca de 5 anos e já conquistou vários prémios individuais e colectivos. Dos prémios individuais destacam-se: 4 vezes Atleta do ano da ilha de Santiago, em 2013/2014; 2012/2013; 2008/2009; e 2007/2008. triunfo pessoal, mas é também um prestígio para a Polícia porque todas as pessoas nos identificam como policiais”, afirma. 3 vezes Atleta do ano de Cabo Verde em 2012/2013; 2008/2009 e 2007/2008. Suzana Barros deixa uma mensagem de incentivo a todos os efectivos policiais para que pratiquem muito desporto pois, será uma mais-valia no desempenho de todos. “O desporto seria um óptimo estimulo para preparar os policiais para a função”, realça. Suzana Barros, sub-capitã do ABC, tem 31 anos, mas pretende continuar a carreira porque está satisfeita com os feitos até agora conquistados e diz-se orgulhosa com a sua profissão. “Trata-se de um 80 Barros defende um maior investimento da Polícia Nacional no desporto com a criação de equipas para participar em diversas modalidades e provas federadas. Além das vitórias no desporto, esta agente da PN pretende igualmente triunfar na vida profissional, já que ainda este ano, irá concluir o curso de Direito pelo Instituto Superior de Ciências jurídicas e Sociais. Com este curso, Barros espera contribuir para o crescimento da Polícia Nacional, na área de Direito Administrativo. 81 82 83 84