Teoria de Vôo 2013 ap
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Teoria de Vôo 2013 ap
Teoria de Vôo Prof. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 Objetivo - Fortalecer a cultura aeronáutica - Familiarização aeronáutica - Introdução aos conceitos básicos das quatro forças que regem a teoria do vôo. - Familiarização aos comandos e movimentos de vôo Ementa História do vôo. Introdução às aeronaves: conceitos, fuselagem, asa, cauda e motores. Aerodinâmica básica: aerofólios, Bernoulli, forças aerodinâmicas, asa, dispositivos hipersustentadores. Comandos de vôo: controle sobre os eixos longitudinal, transversal e vertical. Estabilidade, peso e balanceamento: estabilidade estática, estabilidade dinâmica, estabilidade longitudinal, lateral e direcional, efeitos de peso e centro de gravidade. Asas rotativas: vôo em potência, vôo vertical, vôo a frente, vôo a ré, efeito cone, efeito solo, dissimetria de sustentação, auto-rotação e comandos de vôo. Avaliação - Atividades Individuais. - Trabalho em grupos de dois alunos. Referências Anderson Jr, J.D., Fundamentals of Aerodynamics , (1991), Mc Graw Hill International Editions, Second Edition. Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Batista, U.S.N., Teoria de Vôo de Helicóptero. Ed EAPAC, 1992. Chediac, D.A.P., Helicóptero: Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. Ed. EAPAC, 1989. Federal Aviation Administration, Rotorcraft Flying Handbook, 2000 Lacava, P.T., PRP-20 Propulsão Aeronáutica, ITA, notas de aula. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Pilots Handbook of Aeronautical Knowledge. Federal Aviation Administration. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Teoria de Vôo 01 - História do Vôo Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 01 – História do Vôo Primórdios Dédalo e Ícaro – A fuga Prof. Ramon Silva - 2013 7 01 – História do Vôo Primórdios Pipas na China Há relatos da utilização de pipas na China para observação militar no ano de 500 A.C. Prof. Ramon Silva - 2013 8 01 – História do Vôo Primórdios Pipas na China Marco Polo (1254 – 1324) relatou em sua viagem à China em 1282 ter visto pipas tripuladadas Prof. Ramon Silva - 2013 9 01 – História do Vôo Primórdios Leonardo da Vinci – Um Visionário Da Vinci (1442-1519), sem dúvida, foi o mais criativo dos estudiosos do século XV Prof. Ramon Silva - 2013 10 01 – História do Vôo Primórdios Leonardo da Vinci – Um Visionário Dez anos após iniciar seus estudos sobre as asas dos pássaros, Leonardo projetou seus primeiros ornitópteros: aparelhos de asas móveis movidos por energia humana Prof. Ramon Silva - 2013 11 01 – História do Vôo Primórdios Leonardo da Vinci – Um Visionário Um de seus desenhos mais curiosos apresenta a idéia de um helicóptero, porém ao invés das pás o aparelho possuía uma forma aparafusada. Era como se a máquina devesse “entrar no ar” Prof. Ramon Silva - 2013 12 01 – História do Vôo Balões Francesco de Lana e o Princípio de Arquimedes No século XVII o jesuíta italiano Francisco de Lana concluiu que o ar possuía densidade e baseado no princípio do empuxo de Arquimedes desenhou sua idéia de balão. O barco voador de Francesco consistia de uma cesta de vime presa por quatro esferas ocas e uma vela de pano. As esferas eram construídas de metal leve e teriam todo o ar interno removido. Prof. Ramon Silva - 2013 13 01 – História do Vôo Balões Bartolomeu de Gusmão – O Padre Voador Outro inventor que utilizou o princípio de Arquimedes foi o padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão, o Padre Voador. Ao observar que a fumaça subia rapidamente, pelo fato do ar quente ser menos denso que o ar frio, Gusmão concluiu que aprisionando o ar quente em um invólucro poderia fazer o aparelho subir. A “Passarola” (1709) de Bartolomeu de Gusmão foi o primeiro balão a realmente voar. Prof. Ramon Silva - 2013 14 01 – História do Vôo Balões Irmãos Montgolfier – Balões de Ar Quente Tendo feito as mesmas observações de Gusmão os irmãos Joseph e Etienne Montgolfier, proprietários de uma fábrica de papel em Annonay, construíram em 1783 um grande balão de ar quente, o qual subiu aos céus carregando uma pessoa alojada em um cesto de vime. Prof. Ramon Silva - 2013 15 01 – História do Vôo Balões Jacques Charles – Balões de Hidrogênio O físico francês Jacques Charles, também em 1783, foi o primeiro a utilizar um balão de seda revestida de borracha e cheio de hidrogênio. A Figura mostra o balão de Charles sobrevoando Paris. O balão a hidrogênio atingiu 3000 ft Prof. Ramon Silva - 2013 16 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão Sir George Cayley – O Pioneiro Em plena Revolução Industrial, Sir George Cayley (1773-1857), dedicou a maior parte de sua vida ao estudo dos princípios do vôo, adotando um enfoque científico Prof. Ramon Silva - 2013 17 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão Sir George Cayley – O Pioneiro Em 1804, Cayley inventou um molinete para poder estudar o esforço gerado em um plano inclinado imerso num fluxo de ar. Neste mesmo ano escreveu e publicou o livro “Tratado dos Princípios Mecânicos de Navegação Aérea”. Descobriu que a resistência doa ar sobre um corpo aumenta na proporção do quadrado da velocidade e publicou, em 1810, suas experiências expondo que uma máquina provida com superfícies adequadas que fosse impelida por um motor com potencia suficiente para vencer a resistência do ar, e que ao mesmo tempo fosse leve para uso prático, poderia voar Essa foi a primeira descrição de uma aeronave de asa fixa e motor a hélice. Prof. Ramon Silva - 2013 18 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão Sir George Cayley – O Pioneiro Cayley conseguiu realizar alguns vôos controlados com modelos de planadores providos de superfícies móveis na cauda dos aparelhos. Em 1853 projetou e construiu um planador em tamanho natural capaz de sustentar o peso de um homem Prof. Ramon Silva - 2013 19 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão Sir George Cayley – O Pioneiro As idéias e as teorias de Cayley serviram de base de estudo para muitos dos futuros pioneiros da aviação. Durante as cinco décadas seguintes, Cayley trabalhou no seu protótipo tempo durante o qual ele deduziu muitas das leis básicas de aerodinâmica. Em 1853 um amigo de Cayley fez um vôo planado de curta duração em Brompton-bySawdon, Inglaterra. Cayley é considerado atualmente o fundador da ciência física de aerodinâmica. Prof. Ramon Silva - 2013 20 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão Willian Samuel Henson Willian Samuel Henson (1812-1888) continuou o trabalho de Cayley ao perceber que o principal entrave ao vôo mecânico era a falta de um mecanismo leve e potente. Henson assumiu a tarefa de criar um modelo nessas condições e patenteou, em 1842, o projeto de um avião motorizado e movido à hélice. Embora o modelo que construiu fosse bastante semelhante aos aviões modernos o vôo não foi bem sucedido. Prof. Ramon Silva - 2013 21 01 – História do Vôo Aerodinâmica, Controle e Propulsão John Stringfellow Henson associou-se ao seu amigo John Stringfellow (1799- 1883) para continuar os estudos e construir e experimentar novos modelos, porém não conseguiram resultados satisfatórios. Devido aos fracassos, Henson sentiu-se desanimado e Strigfellow continuou sozinho. Em 1848 construiu um pequeno modelo, propelido por um pequeno motor a vapor. Este modelo foi lançado com sucesso, mas ficou pouco tempo em vôo. Prof. Ramon Silva - 2013 22 01 – História do Vôo Dirigíveis A falta de um motor com potência suficiente ainda impossibilitava o desenvolvimento da aviação e muitos estudiosos passaram a se dedicar à pesquisa sobre como controlar o movimento de balões com o uso de superfícies de controle e de hélices movidas por motores. Tais balões passaram a ser denominados dirigíveis Prof. Ramon Silva - 2013 23 01 – História do Vôo Dirigíveis Henri Guiffard O engenheiro francês Henri Guiffard, (1825 – 1882) em 1852, foi o primeiro homem a combinar com êxito um motor a vapor relativamente leve e de potência suficiente em um balão em forma de charuto (Figura 1.9) ao invés de cilíndrico. Equipado com o motor inventado pelo próprio Guiffard o dirigível voou por 27 km ao redor de Paris. O controle proporcionado pelo leme permitia o desvio do balão, porém a potência do motor era insuficiente para fazer o balão voltar ao ponto de partida. Prof. Ramon Silva - 2013 24 01 – História do Vôo Dirigíveis Henri Guiffard O engenheiro francês Henri Guiffard, (1825 – 1882) em 1852, foi o primeiro homem a combinar com êxito um motor a vapor relativamente leve e de potência suficiente em um balão em forma de charuto (Figura 1.9) ao invés de cilíndrico. Equipado com o motor inventado pelo próprio Guiffard o dirigível voou por 27 km ao redor de Paris. O controle proporcionado pelo leme permitia o desvio do balão, porém a potência do motor era insuficiente para fazer o balão voltar ao ponto de partida. Prof. Ramon Silva - 2013 25 01 – História do Vôo Dirigíveis Alphonse Pénaud Embora o dirigível de Guiffard tivesse iniciado o controle direcional, o controle e a estabilidade ainda eram desconhecidos. Por volta de 1871, Alphonse Pénaud (1850 – 1880)começou a desenvolver estudos sobre estabilidade e controle, chegando a criar modelos propelidos a elástico. Prof. Ramon Silva - 2013 26 01 – História do Vôo Planadores Otto e Gustav Lilienthal Os irmãos Otto e Gustav Lilienthal dedicaram grande parte de sua vida ao estudo da aviação. Foram os estudiosos mais bem sucedidos do final do século XIX, concentrado suas pesquisas em asas fixas construíram vários modelos de planadores, alguns biplanos e outros monoplanos. Chegaram a realizar mais de 2000 vôos bem sucedidos com esses planadores, com distância percorrida de até 396 m. Prof. Ramon Silva - 2013 27 01 – História do Vôo Potência Otto e Gustav Lilienthal Ao chegar ao que achavam que fosse o limite no estudo de planadores, decidiram então se dedicar ao estudo de motores. Um modelo à gasolina foi desenvolvido na França por Jean J. Lenoir (1922 – 1900), construtor belga de motores, poucos anos antes, porém era pesado e inseguro. Os motores a vapor ainda levavam consigo o peso das caldeiras e então decidiram procurar modos alternativos de energia. Adaptaram um novo motor às pontas giratórias das asas de seu aparelho tentando realizar um vôo do tipo ornitóptero. Otto decidiu testar a aeronave como planador antes do ensaio motorizado, perdeu o controle e feriu-se fatalmente ao cair de uma altura de 16m. Prof. Ramon Silva - 2013 28 01 – História do Vôo Potência Hiram Maxim Ainda por volta desta época alguns estudiosos tentaram construir máquinas voadoras utilizando motores a vapor. Em 1893 o inglês Hiram Maxim (18401916) construiu um imenso biplano com um incrível motor a vapor de 360 CV e 750 kg que não conseguiu levantar vôo e acabou destruído na primeira tentativa. Prof. Ramon Silva - 2013 29 01 – História do Vôo Potência Samuel Langley Em 1896, o americano Samuel Langley, (1834 – 1906) construiu em experimentou com sucesso um aeromodelo que voou uma distância de 800 m em um minuto e meio. Prof. Ramon Silva - 2013 30 01 – História do Vôo Potência Samuel Langley Tentou então construir um modelo em escala maior, que fosse capaz de levar uma pessoa de 85 kg, utilizando um motor de 50 hp. Duas tentativas frustradas aconteceram em sete de outubro e oito de dezembro de 1903, quando o aeródromo foi lançado com um piloto por uma catapulta adaptada a uma balsa sobre o rio Potomac. Prof. Ramon Silva - 2013 31 01 – História do Vôo Potência Clement Adler Vários aeroplanos movidos por motores a vapor foram construídos por Clement Ader (1841 – 1925) . Embora ainda existam algumas dúvidas sobre o fato, afirma-se que Ader conseguiu voar 70 m tripulando o Avion III, avião movido por dois motores a vapor de 20 cv acionando uma hélice de quatro lâminas que foi destruído ao toca o solo na aterrissagem Prof. Ramon Silva - 2013 32 01 – História do Vôo Vôo Alberto Santos=Dumont Ainda no final do século XIX, o brasileiro Alberto Santos Dumont (18731932) iniciou suas experiências em dirigíveis a hidrogênio, dotados de motores à gasolina de quatro tempos. Introduziu algumas inovações aperfeiçoando o controle longitudinal com pesos deslizantes, conseguindo assim dominar totalmente a dirigibilidade. Prof. Ramon Silva - 2013 33 01 – História do Vôo Vôo Alberto Santos=Dumont Em 1901, Santos Dumont ganhou 100 mil francos ao vencer o desafio proposto pelo empresário Henri Deustch de La Muerthe ao partir do campo de Saint Cloud, sobrevoar o rio Sena e o Campo de Bagatelle, contornando a Torre Eiffel e retornando ao ponto de partida em polêmicos trinta minutos. Prof. Ramon Silva - 2013 34 01 – História do Vôo Vôo Alberto Santos=Dumont Os bem sucedidos experimentos com dirigíveis estimularam Santos Dumont a dedicar-se ao “mais pesado que o ar”. O primeiro aparelho construído em 1903 não obteve sucesso em levantar vôo. Em 1906 Dumont fez várias alterações em sua máquina, acrescentando um motor mais potente ao estranho biplano de cauda na proa. Em 13 de setembro de 1906, o avião 14-Bis levantou vôo no campo de Bagatelle e voou cerca de oito metros Prof. Ramon Silva - 2013 35 01 – História do Vôo Vôo Alberto Santos=Dumont Em 23 de outubro do mesmo ano o 14-Bis percorreu uma distância de 220 m em 12 s a uma altura de 6 m do solo. Esse vôo foi testemunhado por uma comissão técnica do L’Aéro-Club de France, sendo considerado o primeiro vôo oficial de uma aeronave mais pesada que o ar que decolava por recursos próprios. A Figura mostra o 14-Bis fazendo seu vôo oficial sobre o Campo de Bagatelle em 1906. Prof. Ramon Silva - 2013 36 01 – História do Vôo Vôo Orville e Wilbur Wright Nessa mesma época os irmãos Wilbur e Orville Wright, donos de uma pequena fábrica de bicicletas, acompanhavam, dos Estados Unidos, as experiências dos irmãos Lilienthal. Prof. Ramon Silva - 2013 37 01 – História do Vôo Vôo Orville e Wilbur Wright Sabiam que a dificuldade não estava em construir um planador que fosse capaz de fazer um vôo reto, mas sim em encontrar alguma maneira de controlá-lo em vôo. A técnica de controle dos planadores de Lilienthal era o desvio do centro de gravidade do aparelho pela movimentação do corpo do piloto. A primeira tentativa de resolver o problema do controle foi a colocação de uma superfície móvel à frente de um aparelho que fora inspirado nos planadores dos Lilienthal. Fizeram vários experimentos com esse planador em 1901, porém o controle não se mostrou completamente eficaz. Prof. Ramon Silva - 2013 38 01 – História do Vôo Vôo Orville e Wilbur Wright Voltaram a estudar e realizaram experimentos com vários modelos de asas em um pequeno túnel aerodinâmico, talvez o primeiro a ser construído. Construíram e voaram um novo planador em 1902 obtendo total controlabilidade do aparelho. Como o passo seguinte seria a colocação de um sistema propulsor, desenvolveram um motor e hélices. Construíram um aparelho baseado em seus bem sucedidos planadores. Prof. Ramon Silva - 2013 39 01 – História do Vôo Vôo Orville e Wilbur Wright O aparelho pesava 340 kg, o que o tornava muito pesado para decolar por meios próprios. Então decidiram usar um sistema de catapulta. Em 17 de dezembro de 1903 realizaram quatro vôos, tendo alcançado a distância de 193 m em 59 segundos sob o testemunho de cinco pessoas. A aeronave Flyer construída pelos irmãos Wright é mostrada na Figura. Prof. Ramon Silva - 2013 40 01 – História do Vôo História Manfred Von Richtoffen Em 21 de Abril de 1918, o Barão Vermelho (1892 – 1918) foi abatido em território francês. Richthofen foi conhecido como der rote Kampfflieger (guerreiro-voador vermelho) pelos alemães, Petit Rouge (pequeno vermelho) e Le Diable Rouge (diabo vermelho) pelos franceses, e Red Knight (Cavaleiro Vermelho) e Red Baron (Barão Vermelho) pelos ingleses. Mesmo sendo abatido em território aliado, foi enterrado com honras militares. Prof. Ramon Silva - 2013 41 01 – História do Vôo História Charles Lindbergh Em maio de 1927, Charles Augustus Lindbergh (1902 -1974), realizou o primeiro vôo transatlântico em 33h39min. Pilotando o “Spirit of St Louis” Lindberg voou as 3600 milhas que separam o Campo Roosevelt em New York até o campo de Le Bourget nas proximidades de Paris. Prof. Ramon Silva - 2013 42 01 – História do Vôo História Amelia Earhart A primeira mulher a realizar vôo solo sobre o atlântico foi Amelia Earhart (1897 – 1937). Amelia voou com uma aeronave Lockheed Vega do porto Grace em Newfoundland para a Irlanda em aproximadamente 15 horas. Prof. Ramon Silva - 2013 43 01 – História do Vôo História Charles Yeager Em 14 de outubro de 1947, Chuck Yeager (1923 - ) quebrou a barreira do som com a aeronave experimental Bell X-1,(Glamorous Glennis) propelida por motor foguete. Yeager atingiu a velocidade de 1,06 Mach (700 mph) em uma altitude de 43000 ft, sobre o deserto de Mojave na Califórnia. Prof. Ramon Silva - 2013 44 01 – História do Vôo História Sputnik O primeiro satélite artificial foi lançado pela extinta União Soviética em 4 de outubro de 1957. O Sputnik I tinha o tamanho aproximado de uma bola de basquete pesava 183 libras (83 kg) e levava aproximadamente 98 minutos para concluir uma órbita na terra. Prof. Ramon Silva - 2013 45 01 – História do Vôo História Laika O primeiro ser vivo a orbitar a terra foi a cadela Laika a bordo do Sputnik II, lançado do Cosmódromo de Baikonur em 3 de novembro de 1957. Prof. Ramon Silva - 2013 46 01 – História do Vôo História Gordo O primeiro animal americano a fazer um vôo sub-orbital foi o macaco Gordo, a bordo da Jupiter AM-13. Prof. Ramon Silva - 2013 47 01 – História do Vôo História Yuri Alexei Gagarin Yuri Gagarin (1934 – 1968) foi o primeiro homem a atingir o espaço. Pilotando a espaçonave Vostok I, Gagarin orbitou a terra e aterrissou 108 minutos depois. Prof. Ramon Silva - 2013 48 01 – História do Vôo História Neil Armstrong Neil Armstrong (1930 – 2012) foi o primeiro homem a pisar na Lua em 21 de julho de 1969 Prof. Ramon Silva - 2013 49 Teoria de Vôo 02 – Introdução às Aeronaves Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 Aviões Prof. Ramon Silva - 2013 51 02 – Introdução Principais Dimensões Comprimento, Altura e Envergadura As principais dimensões da aeronave são: o comprimento, a altura e a envergadura. •O comprimento é a distância entre a parte mais posterior e a parte mais anterior da aeronave. •A altura é a distância entre o solo e a parte mais alta da aeronave. •A envergadura é a distância entre as pontas de asa. •Para os helicópteros a envergadura é a distância entre o centro do rotor e a ponta da pá. Prof. Ramon Silva - 2013 52 02 – Introdução Principais Dimensões Comprimento, Altura e Envergadura Principais dimensões do avião (EMBRAER KC 390) Prof. Ramon Silva - 2013 53 02 – Introdução Principais Partes Asa Fixa Empenagens Grupo motopropulsor fuselagem Trem de pouso asa Partes principais do avião (EMBRAER CBA-123) Prof. Ramon Silva - 2013 54 Fuselagem Prof. Ramon Silva - 2013 55 02 – Introdução Fuselagem - Funções • A fuselagem é a parte fundamental da estrutura da aeronave. • É onde estão alojados os tripulantes passageiros e carga, além de conter os sistemas da aeronave e eventualmente o trem de pouso e o grupo motopropulsor. • Na fuselagem dos aviões estão fixadas as asas e as empenagens, portanto a fuselagem suporta todos os esforços de tração, compressão, flexão e torção geradas pelas cargas atuantes nessas superfícies. • A fuselagem deve promover o maior espaço possível para transporte de carga paga. •Além da função de carga, a fuselagem deve suportar a instalação de grande parte dos sistemas da aeronave, instrumentos e em alguns casos os motores, trens de pouso, armamentos, etc •A estrutura da fuselagem deve ainda suportar aos esforços de tração gerados pela pressurização da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 56 02 – Introdução Fuselagem Asa Fixa Fuselagem (Airbus A300 – 608ST Beluga) Prof. Ramon Silva - 2013 57 02 – Introdução Fuselagem – Classificação Estrutura Tubular A fuselagem de estrutura tubular é montada como uma estrutura treliçada de tubos de liga, que são revestidos com chapas ou telas. A estrutura treliçada deve suportar todos os esforços produzidos durante o vôo sendo que o revestimento não contribui para a rigidez da aeronave. O revestimento é chamado de “revestimento nãotrabalhante”. Este tipo de estrutura é mais barato e de construção mais fácil, porém possui baixa relação resistência/peso e é utilizada principalmente em pequenas aeronaves esportivas, utilitários e ultra-leves. Prof. Ramon Silva - 2013 58 02 – Introdução Fuselagem - Tipos Estrutura Tubular Prof. Ramon Silva - 2013 59 02 – Introdução Fuselagem - Classificação Estrutura Monocoque A estrutura monocoque é utilizada na maioria das aeronaves de pequeno porte e é classificada como sendo de revestimento trabalhante. Todas as tensões são resistidas pelas chapas de revestimento. A forma da fuselagem é dada pela presença das cavernas. Prof. Ramon Silva - 2013 60 02 – Introdução Fuselagem - Classificação Estrutura Monocoque Avião com estrutura monocoque (Sukhoi Su-29) Prof. Ramon Silva - 2013 61 02 – Introdução Fuselagem - Classificação Estrutura Semi-Monocoque A estrutura semi-monocoque é semelhante à monocoque porém a presença de longarinas aumenta sua resistência. Prof. Ramon Silva - 2013 62 02 – Introdução Fuselagem - Classificação Estrutura Semi - Monocoque Avião com estrutura semi-monocoque (North American Mustang P-51) Prof. Ramon Silva - 2013 63 Trem de Pouso Prof. Ramon Silva - 2013 64 02 – Introdução Trem de Pouso - Funções O trem de pouso tem a função de sustentar a aeronave em solo e possibilitar a locomoção desta na pista. (a) Trem de pouso: (a) Antonov 225 (b) (b) Airbus A380 Prof. Ramon Silva - 2013 65 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Convencional O trem de pouso convencional possui os trens principais localizados a frente do centro de gravidade do avião e uma pequena roda (bequilha) na parte traseira da fuselagem. Os trens de pouso principais são aqueles que suportam a maior parte do peso da aeronave e o maior esforço do impacto do avião no pouso. A bequilha tem a função de servir de apoio e promover o controle dimensional sobre o solo Avião com trem de pouso convencional (De Havilland DHC-3T) Prof. Ramon Silva - 2013 66 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Triciclo O trem de pouso triciclo possui as pernas dos trens principais atrás do CG do avião e uma perna auxiliar localizado no nariz da aeronave. O trem auxiliar tem as mesmas funções da bequilha Figura 2.12 – Avião com trem de pouso triciclo (EMB 314 - ALX) Prof. Ramon Silva - 2013 67 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Biciclo O trem de pouso biciclo possui uma perna do trem principal atrás e outra a frente do CG. Esta configuração exige a presença de pequenas pernas nas asas para permitir a estabilidade lateral da aeronave em solo. Avião com trem de pouso biciclo (McDonnell Douglas Harrier Prof. – Ramon Silva AV8) - 2013 68 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Flutuadores Para pouso na água podem ser utilizados flutuadores ao invés de rodas Avião com flutuadores (Cessna C182 Seaplane) Prof. Ramon Silva - 2013 69 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Esquis Para pouso e decolagem na neve os trens são adaptados com esquis Avião com esquis (Bellanca Citagria 7GCBC) Prof. Ramon Silva - 2013 70 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Anfíbios Aeronaves anfíbias podem pousar e decolar tanto na água quanto em solo Avião anfíbio (Beriev - Albatross A42 Mermaid) Prof. Ramon Silva - 2013 71 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Fixo O trem de pouso do tipo fixo é utilizado em aviões de pequeno porte. Nesta configuração o trem permanece abaixado tanto em solo como em vôo. O amortecimento do impacto da aeronave no solo pode ser tanto por amortecedores de aço quanto por amortecedores de borracha. Embora o amortecimento deste impacto seja bastante eficiente, a aeronave apresenta tendência a saltar se o pouso não for realizado com suavidade. Prof. Ramon Silva - 2013 72 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Fixo Avião com trem de pouso fixo (Embraer Ipanema) Prof. Ramon Silva - 2013 73 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Móveis Os trens do tipo móvel são recolhidos à estrutura da aeronave quando esta está em vôo. O recolhimento da estrutura do trem de pouso evita o arrasto provocado pelo fluxo de ar incidente. A desvantagem deste tipo de configuração é o aumento de peso provocado pela presença do mecanismo de recolhimento Retrátil e Escamoteável Prof. Ramon Silva - 2013 74 02 – Introdução Trem de Pouso - Classificação Retrátil O trem de pouso retrátil recolhe as pernas na estrutura do avião, porem permite que as rodas, ou parte delas estejam visíveis. Avião com trem de pouso retrátil (Embraer Phenom 300) Prof. Ramon Silva - 2013 75 02 – Introdução Trem de Pouso - Tipos Escamoteável O trem de pouso escamoteável recolhe toda a estrutura, não deixando as pernas ou as rodas à vista. A estrutura fica totalmente isolada do vento relativo, portanto é a configuração que possui menor arrasto Avião com trem de pouso escamoteável (Embraer EMB 120Prof. Ramon SilvaBrasília) - 2013 76 Asa Prof. Ramon Silva - 2013 77 02 – Introdução Asa - Funções As asas são responsáveis pela sustentação da aeronave. A asa possui uma estrutura cuja seção transversal é um perfil aerodinâmico capaz de gerar a força de sustentação necessária para vencer o peso da aeronave. Da mesma forma que a fuselagem, a asa pode ter um revestimento trabalhante ou um revestimento de tecido envernizado recobrindo uma estrutura interna de madeira ou alumínio. Além da função original de produzir sustentação, nos aviões as asas geralmente alojam em seu interior os tanques de combustível, instalações elétricas, motores e trem de pouso. As cargas externas das asas são os armamentos e os tanques externos. Enquanto nos aviões a asa é considerada fixa, nos helicópteros as pás são consideradas asas rotativas. Prof. Ramon Silva - 2013 78 02 – Introdução Asa - Estrutura Na sua estrutura a asa é constituída pelas nervuras, que são os perfis responsáveis pela forma aerodinâmica da seção da asa, e pelas longarinas, que são responsáveis por manter as nervuras nas suas respectivas posições ao longo da envergadura e são responsáveis pela resistência à flexão da asa. Prof. Ramon Silva - 2013 79 02 – Introdução Asa – Classificação As asas fixas podem ser classificadas conforme a sua posição em relação à fuselagem da aeronave como asa baixa, asa média e asa alta. Prof. Ramon Silva - 2013 80 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto à posição – Asa Baixa Na configuração de asa baixa, a asa passa por baixo da fuselagem. É a configuração mais usual e tem a vantagem de resultar em uma estrutura mais leve. Avião asa baixa cantilever (Embraer Phenom 300) Prof. Ramon Silva - 2013 81 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto à posição – Asa Média Na configuração de asa média, a estrutura da asa atravessa a fuselagem do avião. Não é uma aplicação aplicável aos modelos para transporte de passageiros porque as longarinas atravessam o interior da cabine inviabilizando a movimentação de pessoas. Avião asa média (Lockheed P-2H Neptune) Prof. Ramon Silva - 2013 82 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto à posição– Asa Alta A configuração de asa alta é mais utilizada por aeronaves de transporte de carga. A asa passando por cima da fuselagem facilita o transporte de carga para o seu interior. Esse tipo de configuração apresenta maior peso da estrutura da fuselagem. Avião asa alta (Antonov 225 - Mryia) Prof. Ramon Silva - 2013 83 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto à posição – Asa pára-sol Na configuração pára-sol a asa fica posicionada acima da fuselagem. Um montante une a asa à fuselagem. Essa configuração é bastante utilizada por hidroaviões por conseguir manter uma grande altura dos motores em relação ao nível de água. Avião asa pára-sol (Consolidated PBY Catalina) Prof. Ramon Silva - 2013 84 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao engastamento – Cantilever A asa totalmente engastada na fuselagem é a asa tipo cantilever, sem a necessidade de estruturas externas. Este tipo de engastamento apresenta menor arrasto, porém necessita de uma estrutura mais rígida, pois precisa absorver integralmente as forças de flexão da asa. Avião asa cantilever (Socata TB30) Prof. Ramon Silva - 2013 85 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto à posição e engastamento – Semi-Cantilever Se a asa está apoiada na fuselagem com o auxílio de estruturas externas (montantes), a configuração é chamada de semi-cantilever. A vantagem deste tipo de configuração é que os esforços de flexão não são transmitidos à fuselagem proporcionando uma estrutura mais leve. Porém a presença dos montantes gera mais arrasto na aeronave. Avião asa semi-cantilever (Cessna 182 Skylane) Prof. Ramon Silva - 2013 86 02 – Introdução Asa – Classificação Asa de Gaivota Se a hélice da aeronave fica muito próxima ao solo, a utilização da configuração asa de gaivota é uma solução. Os motores são afastados do solo por uma mudança de diedro na região próxima à raiz da asa. Avião asa gaivota (North American B-25 Mitchell Barbie III) Prof. Ramon Silva - 2013 87 02 – Introdução Asa – Classificação Asa de Gaivota Invertida A solução asa de gaivota invertida foi criada para o projeto do Vought F4U Corsair para permitir que as pernas do trem de pouso fossem reduzidas. O Corsair possuía a maior hélice que já equipou um avião monomotor. Avião asa gaivota invertida (Vought F4U Corsair) Prof. Ramon Silva - 2013 88 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao número de asas – Biplano A configuração biplana foi largamente utilizada até a década de 30. A estrutura mais rígida leve, formada pelas asas pelos montantes e cabos (estais) é também conhecida por estrutura hubanada. A desvantagem desta configuração é a interferência aerodinâmica entre as asas A utilização de duas asas permite a construção de aeronaves com envergadura menor, onde a sustentação é dividida entre as duas asas e a taxa de rotação em torno do eixo longitudinal é melhorada. Por essas razões, aeronaves acrobáticas como o Christen Eagle e o Pitts utilizam essa configuração. Prof. Ramon Silva - 2013 89 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao número de asas – Biplano Avião asa biplana (Christen Eagle) Prof. Ramon Silva - 2013 90 02 – Introdução Asa – Classificação Biplano – Stagger e Decalagem Quando a asa superior é posicionada mais a frente que a asa inferior diz-se que o stagger é positivo. Se a asa superior está mais recuada o stagger é negativo Se o ângulo de incidência da asa superior é maior que o da asa inferior então se diz que a aeronave possui decalagem positiva. Se o ângulo de incidência da asa superior é menor que o da asa inferior então se diz que a decalagem é negativa. Prof. Ramon Silva - 2013 91 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao número de asas – Triplano Aeronaves com três asas (triplanos) também foram utilizadas no início do século XX. Os modelos mais famosos a utilizar essa configuração foram o Fokker DR.I, avião operado pelo Barão Vermelho (Manfred Von Richthofen), e o Sopwith Camel, avião que o abateu. Fokker Dr.I Sopwith Camel Prof. Ramon Silva - 2013 92 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Elíptica Para minimizar o arrasto induzido, a distribuição de sustentação na asa deve ser ajustada de maneira que seja elíptica. A solução de asa elíptica foi utilizada com grande sucesso no projeto do caça Spitfire, durante a 2ª Guerra Mundial. Avião asa elíptica (Supermarine Spitfire) Prof. Ramon Silva - 2013 93 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Retangular A construção de asas elípticas possui alta complexidade e custo elevado. A construção de asa retangular é mais simples e mais barata. Por esse motivo é a mais utilizada em aviação geral. Avião asa retangular (Fairchild AU23A Peacemaker) Prof. Ramon Silva - 2013 94 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Trapezoidal Apesar das vantagens na construção da asa retangular, a distribuição de sustentação se afasta bastante da elíptica. Uma solução intermediária é conseguida pela construção de uma asa no formato trapezoidal. Avião asa trapezoidal (Embraer EMB 312 – Tucano) Prof. Ramon Silva - 2013 95 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Enflechada A utilização de enflechamento nas asas é reduzir os efeitos de compressibilidade em altas velocidades subsônica. Enflechamento positivo (Mikoyan-Gurevich MiG-15) Enflechamento negativo (Grumman X-29) Prof. Ramon Silva - 2013 96 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Enflechada Enflechamento variável (Grumman F-14 Tomcat) Prof. Ramon Silva - 2013 97 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa Delta Avro Vulcan Dassault Rafale Prof. Ramon Silva - 2013 98 02 – Introdução Asa – Classificação Quanto ao formato das asas – Asa em Diedro O ângulo de diedro é implementado para ajustar a estabilidade laterodirecional da aeronave. Diedro positivo (North American P51 Mustang) Diedro negativo (McDonnell Douglas – Harrier AV8) Prof. Ramon Silva - 2013 99 Empenagens Prof. Ramon Silva - 2013 100 02 – Introdução Empenagens - Funções A cauda é constituída por duas superfícies aerodinâmicas menores que as asas conhecidas como empenagens. A empenagem vertical é constituída pela deriva (parte fixa) e pelo leme de direção (parte móvel). A empenagem horizontal é formada pelo estabilizador (parte fixa) e profundor (parte móvel). As empenagens têm a função de ajuste, estabilização e controle. Nos aviões os movimentos de arfagem e guinada são comandados pelas empenagens. Prof. Ramon Silva - 2013 101 02 – Introdução Empenagens - Configurações • Configurações entre Asa e Empenagem A configuração convencional é utilizada pela grande maioria das aeronaves em operação. Neste tipo de configuração a asa é posicionada à frente das empenagens. Lockheed C-130 Hercules Prof. Ramon Silva - 2013 102 02 – Introdução Empenagens - Configurações • Configurações entre Asa e Empenagem Uma configuração diferente, que mostra uma pequena superfície à frente da asa principal que é denominada canard. Essa superfície pode ser utilizada tanto para controle de arfagem quanto para geração de sustentação Configuração com Canard de controle (VariEze) Prof. Ramon Silva - 2013 103 02 – Introdução Empenagens - Configurações • Configurações entre Asa e Empenagem Na configuração de três asas um carnard de sustentação é adicionado para gerar auxiliar a asa principal, porém mantendo-se a cauda tradicional. Configuração Três Asas (Piaggio Avanti P180) Prof. Ramon Silva - 2013 104 02 – Introdução Empenagens - Configurações • Configurações entre Asa e Empenagem Aumentando-se a envergadura do canard de maneira que a sustentação gerada por essa superfície seja praticamente igual à gerada pela asa principal tem-se a configuração em tandem. Configuração Tandem (Scaled Composites Proteus) Prof. Ramon Silva - 2013 105 02 – Introdução Empenagens - Configurações • Configurações entre Asa e Empenagem Uma solução para reduzir tanto o peso quanto o arrasto é a retirada total da empenagem vertical. A eliminação da deriva resulta na configuração asa voadora. Configuração Asa Voadora (Northrop-Crumman B2 Spirit) Prof. Ramon Silva - 2013 106 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Convencional. É utilizada na grande maioria dos projetos de aeronave. Nesta configuração a empenagem horizontal é localizada na base da deriva. Como a deriva na suporta o peso do estabilizador, a estrutura desta configuração é mais leve. Cauda Convencional (AirBus A340) Prof. Ramon Silva - 2013 107 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em T. Também largamente utilizada e é mais pesada que a convencional devido à necessidade de se reforçar a empenagem vertical. Tem as vantagens de ter leme direcional mais eficiente e de permitir a instalação de propulsores na sua parte inferior. Por possuir um efeito semelhante ao do endplate na ponta da asa que a empenagem vertical seja menor. Mesmo com a redução do tamanho da deriva, esta estrutura ainda é mais pesada que a convencional. Prof. Ramon Silva - 2013 108 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em T Cauda em T (Embraer Legacy 650) Prof. Ramon Silva - 2013 109 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Cruciforme. É uma configuração intermediária entre as duas primeiras. Como a Cauda em T também permite a instalação de propulsores na sua parte inferior e evitam interferências dos gases de exaustão na empenagem horizontal. Têm a vantagem de permitir um menor aumento de peso. Não possui o mesmo efeito de endplate que a anterior. Prof. Ramon Silva - 2013 110 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Cruciforme. Cauda Cruciforme (Grumman P16 Tracker) Prof. Ramon Silva - 2013 111 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em V. Nesta configuração as superfícies das empenagens são combinadas em apenas duas superfícies em forma de um “V”. A fusão entre as palavras rudder (leme) e elevator (profundor) as empenagens dessa configuração são chamadas de ruddervators. Há redução no arrasto da aeronave, porém exige um sistema de comandos mais complexo. Prof. Ramon Silva - 2013 112 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em V Cauda em V (Aérospatiale Fouga Magister) Prof. Ramon Silva - 2013 113 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em V Invertido. A Cauda em V Invertido evita o problema de Rolagem- Glissagem negativa e ainda cria uma Rolagem- Glissagem positiva. O V invertido ainda reduz tendências de parafuso, porem cria dificuldades de pouso. Prof. Ramon Silva - 2013 114 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em V invertido Cauda em V invertido (NASA Predator) Prof. Ramon Silva - 2013 115 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em Y. É bastante parecida com a Cauda em V e têm o ângulo de diedro reduzido. A terceira superfície contém o Leme enquanto o V só possui controle de arfagem . Este arranjo evita a complexidade dos Ruddervators enquanto reduzem o arrasto induzido em relação à Convencional. Prof. Ramon Silva - 2013 116 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em Y Cauda em Y (NASA Ikhana) Cauda em Y Invertido (McDonell Douglas F-4 Phantom) O Y Invertidos tem a finalidade de tirar a superfície horizontal do rastro das asas em altos ângulos de ataque. Prof. Ramon Silva - 2013 117 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em H. Usada para posicionar as empenagens verticais em uma área de menor distúrbio do fluxo de ar em altos ângulos de ataque ou para manter os lemes na direção do fluxo em aviões multimotores para aumentar o controle com motores desligados. É mais pesado que a convencional, mas também possui efeito de endplate, permitindo uma menor área da empenagem horizontal. Outra vantagem é que o tamanho da empenagem vertical é dividido entre as duas derivas posicionadas nas extremidades do estabilizador, reduzindo-se a altura da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 118 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em H Cauda em H (Fairchild A10 Thunderbolt) Prof. Ramon Silva - 2013 119 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Dupla. Podem manter os Lemes fora da linha de centro do avião, que eventualmente poderiam estar anulados pela Asa ou pela Fuselagem frontal em altos ângulos de ataque. Também são utilizadas para reduzir o peso em relação à Convencional. Apesar da redução de área se mostram mais efetivas; Prof. Ramon Silva - 2013 120 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Dupla Cauda Dupla (Grumman F-14 TomCat) Prof. Ramon Silva - 2013 121 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda Tripla. Usada para diminuir o peso da cauda e para permitir que certos aviões caibam em hangares menores. Cauda Tripla (Lockheed Constellation) Prof. Ramon Silva - 2013 122 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda bifurcada formada por duas lanças unidas pela empenagem horizontal. Configuração Cauda Bifurcada (Lockheed P38- Lightning) Prof. Ramon Silva - 2013 123 02 – Introdução Empenagens - Tipos Cauda em Anel. Inicialmente projetada para atender todas as contribuições das outras Caudas com um aerofólio em forma de anel. Conceitualmente aprovada mostrou-se ineficiente em condições práticas. Cauda em Anel (Miller JM-2) Prof. Ramon Silva - 2013 124 Helicópteros Prof. Ramon Silva - 2013 125 02 – Introdução Principais Partes Asa Rotativa cauda rotor principal rotor de cauda empenagens Trem de pouso fuselagem Partes principais do helicóptero (Bell UH-1H) Prof. Ramon Silva - 2013 126 Fuselagem Prof. Ramon Silva - 2013 127 02 – Introdução Fuselagem Asa Rotativa Fuselagem (Chinook HC3) Prof. Ramon Silva - 2013 128 Trem de Pouso Prof. Ramon Silva - 2013 129 02 – Introdução Trem de Pouso - Tipos Helicópteros Da mesma maneira que os aviões, os helicópteros possuem trem de pouso que pode ser do tipo triciclo ou esqui. Trem de pouso triciclo (Agusta Westland AW139) Trem de pouso de esqui (Helibras AS350 B2 Esquilo) Prof. Ramon Silva - 2013 130 Rotores Principais Prof. Ramon Silva - 2013 131 02 – Introdução Rotores Principais - Funções Os rotores principais dos helicópteros têm as seguintes funções: •Sustentação •Propulsão •Comandos de vôo Prof. Ramon Silva - 2013 132 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor Simples O rotor simples ou convencional tem a vantagem de ser relativamente simples. Seus componentes principais são: rotor principal, sistema de controles, sistema de acionamento, comandos e rotor de cauda. O acionamento do rotor de cauda consome em torno de 8% a 10% da potência do motor em vôo pairado e de 3% a 4% no vôo a frente. A simplicidade da configuração e a economia em peso são as maiores vantagens. A desvantagem é o perigo de acidente com o rotor de cauda. Prof. Ramon Silva - 2013 133 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação O rotor simples ou convencional Helicóptero com rotor convencional (Robinson R66) Prof. Ramon Silva - 2013 134 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor lateral A vantagem do helicóptero de rotores lado a lado é que o efeito de deslocamento lateral dos rotores gera redução da potência necessária para produzir sustentação e deslocamento à frente. Além de ser mais complexa, esta configuração possui maior peso e maior arrasto. Prof. Ramon Silva - 2013 135 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor lateral Helicóptero com rotores laterais (Kaman HH43-Huskie) Prof. Ramon Silva - 2013 136 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor contra-rotativo Nos aparelhos que utilizam rotores contra-rotativos e coaxiais o torque na fuselagem é anulado pelo giro contrário entre os dois rotores. Os rotores não precisam ter o mesmo diâmetro e nem a mesma velocidade, porém devem produzir o mesmo torque. As desvantagens desta configuração são: cabeças dos rotores e controles mais complexos e peso significantemente maior dos componentes. Prof. Ramon Silva - 2013 137 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação O rotor contra-rotativo Helicóptero com rotor contra-rotativo (Kamov KA50) Prof. Ramon Silva - 2013 138 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor em Tandem A principal vantagem da configuração de rotores em tandem é a possibilidade de se ter uma grande área disponível para a fuselagem, aliada a uma grande possibilidade de variação do posicionamento do centro de gravidade do aparelho. A carga pode ser distribuída no aparelho entre os dois rotores. As desvantagens são: complexidade do sistema e baixa eficiência de sustentação no vôo a frente. Os rotores trabalham de maneira independente e esta configuração permite variações entre os diâmetros dos rotores. Prof. Ramon Silva - 2013 139 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação O rotor em Tandem Helicóptero com rotores em tandem (Boeing CH-46 Sea Knight) Prof. Ramon Silva - 2013 140 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor a jato O rotor a jato seria a solução mais simples para o problema de geração de torque na fuselagem. Não possui unidade anti-torque e as pás são acionadas por jatos instalados em suas pontas. A grande vantagem é a simplicidade, porém possui alto consumo específico de combustível em relação às configurações tradicionais além do fato de depender do desenvolvimento de motores a jato específicos para essa utilização. Prof. Ramon Silva - 2013 141 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Rotor a jato Helicóptero com jatos na ponta do rotor (McDonnell XH-20) Prof. Ramon Silva - 2013 142 02 – Introdução Rotor Principal – Classificação Tiltrotor O Tiltrotor Osprey V22 é uma configuração projetada para combinar as funcionalidades de um helicóptero e de um avião turbopropelido. Tiltrotor (Osprey V22) Prof. Ramon Silva - 2013 143 Rotores de Cauda Prof. Ramon Silva - 2013 144 02 – Introdução Rotor de Cauda – Classificação Cauda Convencional É constituída pelo cone de cauda e pelo rotor de cauda. além de contribuir com o aumento do ruído esse tipo de configuração apresenta riscos de acidente pois o rotor de cauda não é protegido. Cauda Convencional (Bell 204) Prof. Ramon Silva - 2013 145 02 – Introdução Rotor de Cauda – Classificação Fenestron Na configuração fenestron ou fantail o rotor de cauda é enclausurado em uma carenagem. Esta configuração permite redução de ruído e diminui o risco de acidentes. Cauda Fenestron (Eurocopter HH-65 Dolphin) Prof. Ramon Silva - 2013 146 02 – Introdução Rotor de Cauda – Classificação NOTAR NOTAR é a o acrônimo para no tail rotor. Essa configuração usa tanto o fluxo de ar das pás quanto um fluxo criado por um ventilador no cone de cauda para poder estabilizar anular o torque na fuselagem. Cauda NOTAR (MD250) Prof. Ramon Silva - 2013 147 Motores Prof. Ramon Silva - 2013 148 02 – Introdução Motores - Tipos Motor a Pistão Nas décadas de grande uso dos motores a pistão para propulsão aeronáutica, basicamente dois conceitos se sobressaiam, os motores com cilindros dispostos em V e os motores radiais. Como exemplo de motor em V podemos citar o Allison V-1710 com 1250 hp utilizado nas aeronaves P-39 Airacobra durante a segunda guerra mundial. Nesse tipo de motor a refrigeração é por circulação de líquido exigindo pesados radiadores, mas com a vantagem de acomodar vários cilindros em linha. Outra vantagem é a possibilidade de colocação do motor atrás da cabina do piloto, liberando a parte frontal da aeronave militar para armamentos. Prof. Ramon Silva - 2013 149 02 – Introdução Motores - Tipos Motor a Pistão em V e Radial Motor a Pistão em V (Bell P39 – Airacobra) Motor radial Vough F4U Corsair. Prof. Ramon Silva - 2013 150 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbojato Nos motores turbojato o excesso de pressão na saída da turbina é encaminhado ao bocal de exaustão onde ganha energia cinética produzindo tração. É uma turbina a gás na qual não há excesso de potência no eixo da turbina. A potência no eixo da turbina é somente aquela necessária para acionar o compressor e vencer os atritos internos da máquina. A energia disponível nos gases de exaustão é então convertida em energia cinética do jato. Prof. Ramon Silva - 2013 151 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbojato Turbojato (Aerospatiale BAC Concorde) Turbojato Snecma Olympus 593 Prof. Ramon Silva - 2013 152 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbofan O motor turbofan é utilizado pela maioria das aeronaves comerciais. Possui um conjunto de pás envolvidas por uma carenagem, conhecido como fan, na região posterior ao compressor. Grande parte do fluxo de ar é desviada da entrada do compressor e direcionada para a parte externa do motor. Esse mecanismo gera maior tração a baixas rotações, além de contribuir para a redução de ruído. Prof. Ramon Silva - 2013 153 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbofan Turbofan (Embraer Lineage 1000) Turbofan GE CF34 Prof. Ramon Silva - 2013 154 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbo-hélice Os motores turbohélice são utilizados em aeronaves de pequeno porte e, comparados aos turbojatos, possuem melhor eficiência de propulsão em velocidades inferiores a 500 nós (926 km/h). Assim como o turbojato e o turbofan, consiste de uma turbina a gás, porém há uma caixa de redução de velocidade na ponta do eixo que aciona uma hélice. Prof. Ramon Silva - 2013 155 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Turbofan Turbo-hélice (Pilatus PC6) Turbo-hélice P&W PT-6 Prof. Ramon Silva - 2013 156 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Ramjet O Ramjet é um motor aerotérmico de reação direta e sem peças móveis. Seu funcionamento é continuo, sendo baseado no efeito de pressão dinâmica (ram effect) para aumentar a pressão do ar. É basicamente um duto com um difusor na sua entrada, uma câmara de combustão na região central e uma tubeira na saída. Prof. Ramon Silva - 2013 157 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Ramjet Ramjet (Lockheed SR 71 - Blackbird) Ramjet P&W J58 Prof. Ramon Silva - 2013 158 02 – Introdução Motores - Tipos Prop-fan Os motores prop-fan foram pesquisados na década de oitenta como uma solução para o problema da crise do petróleo. É um turbofan modificado, onde o fan não é carenado. Também são conhecidos como motores de ultra-high by-pass. Pretende-se que tenham desempenho de turbofan com consumo de turbo-hélice Prof. Ramon Silva - 2013 159 02 – Introdução Motores - Tipos Motor Propfan Prop-fan (Antonov AN-70) Prof. Ramon Silva - 2013 160 02 – Introdução Motores - Classificação Monomotores Os aviões monomotores possuem apenas um motor e são utilizadas em aviação geral, instrução e competições. Não são permitidos vôos comerciais com aviões monomotores São geralmente impelidos por hélices, com motor dianteiro, Os monomotores que utilizam motores a reação são geralmente aeronaves de combate e possuem seus motores localizados na parte traseira da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 161 02 – Introdução Motores - Tipos Monomotores Monomotor a pistão (Cessna 162 Skycatcher) Monomotor a jato (Dassult Mirage III) Prof. Ramon Silva - 2013 162 02 – Introdução Motores - Classificação Bimotores Os aviões com dois motores, bimotores, são os mais utilizados na aviação comercial. Nas aeronaves a hélice os motores estão normalmente localizados na asa. As aeronaves a reação normalmente têm os motores localizados sob a asa ou na fuselagem traseira. Prof. Ramon Silva - 2013 163 02 – Introdução Motores - Classificação Bimotores Os motores suspensos sob as asas têm a vantagem de facilitar o acesso de manutenção e o peso do motor ainda contrabalança a força de sustentação na asa, reduzindo a necessidade de reforços estruturais na raiz da asa. Porém esse tipo de localização facilita a entrada de detritos presentes na pista e influenciam o escoamento do ar sobre as asas. Os motores fixos à fuselagem traseira têm a vantagem de permitir que a asa tenha grande limpeza aerodinâmica e produzir menor ruído na cabine dos passageiros. Entre as desvantagens desta configuração estão os reforços necessários nas raízes das asas e na fuselagem traseira. Esta configuração ainda requer a utilização de caudas em “T”, carregando para a aeronave as desvantagens inerentes a essa configuração de cauda. Prof. Ramon Silva - 2013 164 02 – Introdução Motores - Tipos Bimotores Bimotor turbofan (EMBRAER AEW&C) Bimotor a Turbo-hélice (EMBRAER 120) Prof. Ramon Silva - 2013 165 02 – Introdução Motores - Classificação Trimotores A necessidade de tração para grandes aeronaves como o Boeing 727, McDonnell-Douglas DC-3 e MD-11 entre outras, não poderia ser suprida por apenas dois motores à época de projeto. A solução foi a utilização de três motores, criando-se a configuração trimotor. Turbojato trimotor (McDonnell Douglas MD-11) Prof. Ramon Silva - 2013 166 02 – Introdução Motores - Classificação Quadrimotores Os aviões quadrimotores são utilizados normalmente para transporte comercial de grande porte e aviões de carga. Normalmente os motores são instalados sob as asas, sendo que em aeronaves mais antigas utilizassem pares de motores fixos na fuselagem traseira. Prof. Ramon Silva - 2013 167 02 – Introdução Motores - Tipos Quadrimotores Turbofan quadrimotor (Boeing 747) Prof. Ramon Silva - 2013 168 02 – Introdução Motores - Classificação Multimotores O bombardeiro B-52 Stratofortress possui quatro pares de motores Pratt & Whitney e pertence à categoria de aviões multimotores. Aeronave com oito motores turbojato. (Boeing B-52 Stratofortress) Prof. Ramon Silva - 2013 169 Referências Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Prof. Ramon Silva - 2013 170 Teoria de Vôo 03 – Aerodinâmica de Aerofólio Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 03 – Aerodinâmica Introdução A palavra “aerodinâmica” é a junção das palavras de origem grega “aero” (ar) e “dinâmica” (movimento). É a parte da mecânica dos fluídos que trata do estudo dos fluidos gasosos em movimento. A aerodinâmica estuda tanto as perturbações ocasionadas no meio gasoso pela passagem de um sólido, quanto o comportamento do sólido sob a influência das reações desse meio. Prof. Ramon Silva - 2013 172 03 – Aerodinâmica Introdução Um objeto com formato aerodinâmico desloca-se através do ar causando o mínimo de turbilhonamento e resistência ao avanço. Uma superfície que apresenta essas características e conhecida como superfície aerodinâmica. Prof. Ramon Silva - 2013 173 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Definição O aerofólio é uma superfície aerodinâmica bidimensional que quando se desloca no ar atmosférico produz reações necessárias à sua sustentação. O aerofólio é constituído pelo corte da asa em um plano paralelo aos eixos longitudinal e vertical de uma aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 174 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Definição Todas as forças aerodinâmicas que interessam ao vôo são criadas através da passagem do ar sobre o aerofólio. A asa é formada por infinitos aerofólios, portanto a força resultante na asa é a somatória de todas as forças geradas nos aerofólios. Prof. Ramon Silva - 2013 175 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Prof. Ramon Silva - 2013 176 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização O bordo de ataque é o ponto dianteiro do aerofólio ao longo do seu comprimento. É o primeiro ponto a receber o fluxo de ar. O bordo de fuga é o ponto traseiro do aerofólio. É o ponto onde o fluxo deixa o aerofólio. A corda é a distância que separa o bordo de ataque do bordo de fuga e a linha de corda é a linha que une o bordo de ataque ao bordo de fuga. A parte superior de um aerofólio é chamada de extradorso, enquanto que a parte inferior é chamada de intradorso. A linha de curvatura une todos os pontos que estão equidistantes do intradorso e do extradorso. O ângulo de ataque é o ângulo entre a linha de corda e o vento relativo. Prof. Ramon Silva - 2013 177 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Para se definir o aerofólio os seguintes elementos devem ser definidos: Máxima espessura: distância máxima entre o intradorso e o extradorso; Máxima curvatura: distância máxima entre a linha de curvatura e a linha de corda; Localização da máxima espessura: ponto na linha de corda onde ocorre a maior separação entre o extradorso e o intradorso; Localização da máxima curvatura: ponto sobre a linha de corda onde a separação entre a linha de corda e de curvatura é máxima. Prof. Ramon Silva - 2013 178 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Prof. Ramon Silva - 2013 179 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Segundo Anderson (1991) uma vasta variedade de aerofólios foi desenvolvida nos primeiros anos de estudo, simplesmente por tentativa e erro. No entanto com o intuito de padronizar os perfis de aerofólios o National Advisory Commitee for Aeronautics (NACA), desenvolveu uma nomenclatura para os aerofólios composta por famílias. Prof. Ramon Silva - 2013 180 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização A família de quatro dígitos, a primeira, e formada por quatro dígitos definidos matematicamente da seguinte forma: •o primeiro dígito define a curvatura máxima percentual do aerofólio; •o segundo define a localização da curvatura máxima em décimos de corda; •dois últimos definem a espessura máxima em percentual de corda. Assim para o perfil NACA 2412, a curvatura máxima é de 0,02c, localizado a 0,4c e a máxima espessura de 0,12c. Hoje este tipo de aerofólio e mais utilizado para caudas de aviões subsônicos. Prof. Ramon Silva - 2013 181 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Posteriormente foi acrescentado mais um dígito, criando assim a família de cinco dígitos. A adição deste dígito permite definir a máxima sustentação do perfil: •multiplicando-se o primeiro dígito por 1,5 tem-se o valor do máximo coeficiente de sustentação (Cl) em décimos de corda; •a metade dos dois números seguintes dá a localização da curvatura máxima centésimos de corda e; •os dois últimos dão a máxima espessura percentual. Como exemplo o NACA 23012, possui um Cl máximo de 0,3, uma curvatura máxima a 0,15c e uma espessura máxima de 0,12c. Prof. Ramon Silva - 2013 182 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização A série de seis dígitos foi criada para se definir os aerofólios de escoamento laminar. Aqui os dois primeiros dígitos simplesmente designam a série, os dois seguintes definem a localização da mínima pressão em décimos de corda e os dois últimos definem a máxima espessura. Prof. Ramon Silva - 2013 183 03 – Aerodinâmica Aerofólios - Caracterização Um perfil aerodinâmico simétrico é aquele que tem a forma do intradorso simétrica à forma do extradorso, ou seja, o perfil é simétrico em relação à linha de corda. Nesse tipo de perfil a linha de curvatura é reta e coincide com a linha de corda. Pela nomenclatura NACA esse tipo de perfil é iniciado por 00 (ex. NACA 0012). Prof. Ramon Silva - 2013 184 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Princípio de Bernoulli O princípio de Bernoulli traz para a mecânica dos fluidos o princípio da conservação da energia. Conforme propõe o teorema a energia do fluido é composta por três componentes: energia cinética, energia de pressão e energia potencial. O teorema considera o escoamento constante e o fluido invíscido e incompressível. A energia cinética é associada ao movimento direcionado das partículas do fluxo. A energia de pressão é associada ao movimento desordenado das moléculas. A energia potencial é associada à diferença de nível do fluido. Segundo o princípio de Bernoulli a soma das energias cinética, de pressão e potencial permanece constante no escoamento, ou seja, a energia total se conserva no escoamento. Prof. Ramon Silva - 2013 185 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Princípio de Bernoulli Considerando-se que não haja diferença de energia potencial, conclui-se que a soma da energia de pressão e a energia cinética deva permanecer constante no fluxo. A pressão estática é a manifestação da energia de pressão assim como a pressão dinâmica é a manifestação da energia cinética. A pressão estática é a pressão que o ar exerce contra a superfície de um determinado objeto. É exercida em todos os sentidos e é diretamente proporcional à densidade do ar. A pressão dinâmica é a pressão exercida pelo impacto do ar em deslocamento. É exercida sempre no sentido de deslocamento e é diretamente proporcional ao quadrado de velocidade. Prof. Ramon Silva - 2013 186 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Princípio de Bernoulli Então admitindo as considerações iniciais pode-se concluir que: Prof. Ramon Silva - 2013 187 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Experimento de Venturi O cientista e matemático suíço Giovanni Battista Venturi desenvolveu uma demonstração prática do princípio de Bernoulli. Ao criar uma contração em um tubo e medir as pressões,Venturi observou o comportamento da variação das pressões durante o escoamento. O experimento realizado no Tubo de Venturi demonstra que na região de menor diâmetro do tubo a pressão estática diminui e a pressão dinâmica aumenta. Tal comportamento ocorre porque a velocidade do fluxo aumenta nessa região de forma a compensar e manter a continuidade do escoamento. Prof. Ramon Silva - 2013 188 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Experimento de Venturi Prof. Ramon Silva - 2013 189 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças As forças aerodinâmicas são as reações provenientes da passagem do fluxo de ar sobre um corpo. Ao analisarmos o comportamento do fluxo de ar sobre um perfil aerodinâmico verificamos que as linhas de fluxo se aproximam no extradorso. A aproximação das linhas de fluxo significa aumento de velocidade. O aumento da velocidade provoca o aumento da pressão dinâmica e, portanto a diminuição da pressão estática conforme o teorema de Bernoulli. Prof. Ramon Silva - 2013 190 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças O aumento da velocidade provoca o aumento da pressão dinâmica e, portanto a diminuição da pressão estática conforme o teorema de Bernoulli. Prof. Ramon Silva - 2013 191 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças Portanto pode-se concluir que ao se deslocar através das partículas de ar a superfície aerodinâmica se comporta como um redutor de área em um tubo imaginário entre o extradorso e as partículas de ar não influenciadas pelo escoamento do aerofólio, comportando-se como um Tubo de Venturi Prof. Ramon Silva - 2013 192 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças Esse comportamento ocorre em menor intensidade no intradorso do aerofólio e gera um campo de pressão estática no aerofólio conforme é demonstrado na Figura Prof. Ramon Silva - 2013 193 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças Este campo de pressão estática fornece sustentação ao aerofólio e por consequência à superfície a que este perfil está associado. A superfície tenderá a se deslocar para a região de menor pressão estática. Essa superfície aerodinâmica poderá ser a asa de um avião ou a pá de um helicóptero. O avião precisará sempre de manter-se em uma velocidade mínima de deslocamento para que a sustentação da asa possa mantê-lo em vôo. Já o helicóptero não precisa ter deslocamento, pois a sustentação é gerada pela velocidade de rotação das pás do rotor. Prof. Ramon Silva - 2013 194 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Geração das Forças Embora o diferencial de pressão explicado por Bernoulli e Venturi seja responsável pela maior parte da sustentação da asa, uma pequena quantidade é gerada pela terceira lei de Newton. A resistência do aerofólio em relação ao vento relativo no intradorso gera uma reação que fornece uma quantidade adicional de sustentação. Prof. Ramon Silva - 2013 195 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Forças Aerodinâmicas Como já foi visto, no extradorso a pressão estática é, me média, menor que a do intradorso. Essa diferença no campo de pressões gera a força que tende a puxar o aerofólio para cima e para trás. A esta força chamamos de resultante aerodinâmica e é aplicada em um ponto do aerofólio chamado centro de pressão (CP). Prof. Ramon Silva - 2013 196 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Forças Aerodinâmicas Com a finalidade de facilitar o estudo das forças aerodinâmicas que atuam sobre o perfil, a resultante aerodinâmica é dividida em duas componentes: sustentação (L - Lift) arrasto (D – Drag) Prof. Ramon Silva - 2013 197 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Sustentação A sustentação é a componente da resultante aerodinâmica perpendicular à direção do vento relativo. Esta componente gerada pelo perfil da asa é que sustenta o peso do avião. Prof. Ramon Silva - 2013 198 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Sustentação A sustentação depende de vários fatores físicos: Quanto maior a velocidade, maior é a capacidade de sustentação gerada por um aerofólio; Quanto maior a densidade do meio de escoamento maior é a capacidade de gerar sustentação do aerofólio. Quanto maior a área do aerofólio maior a capacidade de gerar sustentação. Embora tenha-se definido o aerofólio como bidimensional, a aera de vê se considerada como se a asa tivesse envergadura de 1 m; Quanto maior o ângulo de ataque maior é a sustentação gerada pelo aerofólio. Prof. Ramon Silva - 2013 199 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Sustentação Entre as características de formato do aerofólio que influenciam na geração de sustentação podemos listar: Espessura do aerofólio: quanto maior a espessura do aerofólio maior a capacidade de gerar sustentação. Curvatura do aerofólio: quanto maior a curvatura do aerofólio maior a sua capacidade de gerar sustentação; Prof. Ramon Silva - 2013 200 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Equação da Sustentação Sabe-se que a força é o produto da pressão pela superfície, portanto a equação da sustentação pode ser definida por: L é a sustentação; Cl é o coeficiente de sustentação do aerofólio. É um numero adimensional que reflete a eficiência do aerofólio. O coeficiente de sustentação depende do ângulo de ataque e ad espessura do aerofólio. O coeficiente de sustentação de um aerofólio é determinado através de ensaios de túnel de vento para vários formatos e ângulos de ataque. é a pressão dinâmica, onde ρ é a densidade do ar. Se os demais fatores permanecerem constantes, uma diminuição da densidade provocará uma diminuição da pressão dinâmica e consequente diminuição da sustentação. A densidade varia com os parâmetros atmosféricos e com a mudança de altitude. Uma diminuição da densidade exige uma compensação do ângulo de ataque para gerar mais sustentação. V é a velocidade de deslocamento do aerofólio. A sustentação varia de acordo com o quadrado da velocidade. S é a superfície do aerofólio. Prof. Ramon Silva - 2013 201 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Arrasto O arrasto é a componente da resultante aerodinâmica paralela à direção do vento relativo. É a resistência ao deslocamento do aerofólio, é prejudicial e deve ser reduzido ao mínimo possível. Da mesma forma que a equação da sustentação a equação do arrasto também possui um coeficiente adimensional dependente do ângulo de ataque é do formato do aerofólio, o coeficiente de arrasto (Cd). Prof. Ramon Silva - 2013 202 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Arrasto O arrasto pode ser dividido basicamente em dois tipos: arrasto de pressão e arrasto de atrito. O arrasto de pressão é a componente da força relativa à diferença de pressão, paralela ao eixo de vento relativo sobre o perfil. Essa diferença de pressão pode ser produzida tanto pela diferença de velocidades entre o extradorso e o intradorso como pela presença de esteira turbulenta atrás do aerofólio. A esteira turbulenta é uma manifestação de um campo de baixa pressão O arrasto de atrito é a resistência ao movimento provocada por forças de cisalhamento quando um corpo está imerso num fluido real. Este tipo de arrasto ocorre principalmente devido à viscosidade do fluido quanto à rugosidade do corpo. Prof. Ramon Silva - 2013 203 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Camada Limite A definição de arrasto de atrito torna necessária a explicação sobre a camada limite aerodinâmica. Observando-se a figura podemos ver uma placa fina e lisa colocada imersa em um escoamento. Prof. Ramon Silva - 2013 204 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Camada Limite Se o fluido fosse ideal, ou seja não-viscoso, o fluxo simplesmente escorregaria sobre a superfície da placa com velocidade como demonstra a situação (a). em todos os pontos ao longo da placa a distribuição das velocidades na direção perpendicular à superfície da placa teria um valor constante V. Em um fluido real, uma camada mais próxima à placa adere à superfície como mostrado na condição (b). Na superfície da placa a velocidade das partículas é nula e vai aumentando gradativamente até que em algum ponto torna-se constante e igual ao valor de velocidade V do fluxo livre. A camada de fluido onde ocorre a variação de velocidade de zero até ficar constante é chamada de camada limite. Prof. Ramon Silva - 2013 205 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Camada Limite Inicialmente, antes da extremidade dianteira da placa, o fluxo é laminar e a camada limite também é laminar. Conforme o escoamento segue, os efeitos de viscosidade do fluido continuam a atuar e a espessura da camada limite a aumentar, proporcionalmente mais partículas do fluido têm suas velocidades diminuídas pela fricção interna. Conforme o fluxo escoa sobre a placa, a camada limite laminar sofre uma transição e tornase turbulenta. Prof. Ramon Silva - 2013 206 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Resultante Aerodinâmica A figura mostra o comportamento das linhas de corrente com a variação do ângulo de ataque do aerofólio. Prof. Ramon Silva - 2013 207 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Resultante Aerodinâmica Ao analisarmos a figura verificamos que a resultante aerodinâmica aumenta com o aumento do ângulo de ataque. Isso ocorre porque o fluxo de ar sobre o extradorso sofre uma aceleração. Conforme já discutido a aceleração no extradorso provoca queda de pressão estática nessa região. O aumento do ângulo de ataque contribui para que haja um aumento do fluxo atinja na região do intradorso, aumentando a contribuição da terceira lei de Newton na resultante aerodinâmica. Além da contribuição do processo de ação-reação, a incidência do fluxo de ar no intradorso, esse fluxo ainda perde velocidade, o que aumenta ainda mais a resultante aerodinâmica. Prof. Ramon Silva - 2013 208 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Resultante Aerodinâmica Conforme foi observado com o aumento do ângulo de ataque, todos os fatores contribuem para aumentar a força de sustentação gerada pelo perfil. Por outro lado, o aumento da área frontal do aerofólio gerado pelo aumento do ângulo de ataque cria também um aumento de arrasto. Outro efeito observado na figura é que o centro de pressão desloca-se em direção ao bordo de ataque. Prof. Ramon Silva - 2013 209 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Stall Se continuarmos a aumentar o ângulo de ataque como é demonstrado na figura haverá um ponto onde a sustentação será máxima. A partir desse ponto a sustentação começa a diminuir até deixar de existir. A esse fenômeno se dá o nome de stall. Prof. Ramon Silva - 2013 210 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Stall Quando o escoamento anda sobre o aerofólio, ocorre uma aceleração até mais ou menos a metade da corda do aerofólio. A partir desse ponto o escoamento começa a desacelerar e a pressão até o bordo de fuga começa a aumentar. Por conta dessa desaceleração a camada limite passa a ter um comportamento bastante turbilhonado e próximo ao bordo de fuga reverte seu perfil de velocidades, perdendo sustentação. Neste momento diz-se que houve descolamento da camada limite no perfil. Prof. Ramon Silva - 2013 211 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Sustentação Nula O ângulo de sustentação nula (αl=0) é o ângulo de ataque no qual o perfil não produz sustentação. Esse ângulo é ligeiramente negativo nos perfis assimétricos e nulo no perfil simétrico. Prof. Ramon Silva - 2013 212 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Curva Cl x α A figura mostra o comportamento do coeficiente de sustentação com a variação do ângulo de ataque. Nota-se o ponto em que o coeficiente de sustentação é máxima (αlmax) e o ponto de sustentação nula (αl=0) Prof. Ramon Silva - 2013 213 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Arqueamento O arqueamento de um perfil aerodinâmico está relacionado com sua linha de curvatura média e indica o grau de deflexão que este pode provocar no fluxo de ar. Quanto maior o arqueamento, maior vai ser a deflexão do fluxo e portanto maior vai ser a velocidade no extradorso. A resultante aerodinâmica aumenta e suas componentes por consequência. Prof. Ramon Silva - 2013 214 03 – Aerodinâmica Aerofólios – Arqueamento A influência da espessura relativa no coeficiente de sustentação ocorre de maneira direta. Quanto maior a espessura relativa, maior será o coeficiente de sustentação . A espessura relativa é a razão entre a espessura do aerofólio e sua corda. Aerofólios com espessura relativa mais alta são utilizados em aeronaves de menor velocidade. Prof. Ramon Silva - 2013 215 Referências Anderson Jr, J.D., Fundamentals of Aerodynamics , (1991), Mc Graw Hill International Editions, Second Edition. Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 216 Teoria de Vôo 04 – Aerodinâmica Asa Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 04 – Aerodinâmica de Asa Introdução A asa do avião é o elemento da aeronave responsável pela geração da força de sustentação. Geralmente a asa aloja tanques de combustível, trem de pouso, grupo motopropulsor e armamentos. Prof. Ramon Silva - 2013 218 04 – Aerodinâmica de Asa Asa - Caracterização O bordo de ataque é a parte frontal da asa, a parte que recebe o fluxo de ar. O bordo de fuga é a parte traseira, onde o fluxo deixa a asa. A ponta da asa é a região mais distante da fuselagem. A região onde a asa encontra a fuselagem é chamada de raiz da asa. A distância entre as pontas da asa é chamada de envergadura e é representada pela letra "b". A metade da envergadura é chamada de semi-envergadura e representada por "b/2" Prof. Ramon Silva - 2013 219 04 – Aerodinâmica de Asa Asa - Caracterização Prof. Ramon Silva - 2013 220 04 – Aerodinâmica de Asa Asa - Caracterização O perfil da asa é a seção transversal da asa, o aerofólio. A corda da asa é a distância entre o bordo de ataque e o bordo de fuga. O ângulo de incidência é o ângulo formado entre a linha de corda do perfil da asa e o eixo longitudinal do avião. A superfície superior da asa é chamada de extradorso e a superfície inferior de intradorso. Prof. Ramon Silva - 2013 221 04 – Aerodinâmica de Asa Asa - Caracterização Prof. Ramon Silva - 2013 222 04 – Aerodinâmica de Asa Distribuição da Sustentação Ao estudarmos os aerofólios, aprendemos sobre o comportamento do fluxo de ar em uma superfície bidimensional na direção da corda da asa. Considerando-se uma asa em que o perfil, a corda e o ângulo de ataque sejam constantes ao longo da envergadura, tendemos a concluir que a distribuição de sustentação é constante entre uma ponta e a outra da asa como mostra a figura. Prof. Ramon Silva - 2013 223 04 – Aerodinâmica de Asa Efeito de Ponta de Asa Na realidade a diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso da asa induz as partículas de ar a se moverem da parte de baixo para a parte de cima da asa. Um dos efeitos causados por esse movimento é a diminuição da diferença de pressão nas pontas da asa, modificando a distribuição da pressão ao longo da envergadura. A figura mostra a distribuição real de sustentação, já considerado o efeito de ponta de asa. Prof. Ramon Silva - 2013 224 04 – Aerodinâmica de Asa Efeito de Ponta de Asa A distribuição média de sustentação ao longo do eixo de envergadura é menor que a soma da contribuição de cada seção na sustentação da asa se não houvesse o efeito das pontas das asas. A figura mostra a diferença entre os coeficientes de sustentação de um perfil bidimensional e da asa que possua uma seção transversal igual a este perfil. Prof. Ramon Silva - 2013 225 04 – Aerodinâmica de Asa Vórtice de Ponta de Asa Além do movimento do fluxo de ar do intradorso para o extradorso nas pontas de asa, um outro movimento no fluxo é induzido pela diferença na distribuição de pressão estática. Na parte superior da asa forma-se um fluxo convergente e na parte inferior o fluxo de ar diverge. O desvio do fluxo é maior quanto mais próximo se está da ponta da asa. Prof. Ramon Silva - 2013 226 04 – Aerodinâmica de Asa Vórtice de Ponta de Asa A combinação entre esses movimentos cria um fluxo helicoidal nas pontas da asa conhecidos como vórtices de ponta de asa Prof. Ramon Silva - 2013 227 04 – Aerodinâmica de Asa Vórtice de Ponta de Asa Prof. Ramon Silva - 2013 228 04 – Aerodinâmica de Asa Arrasto Induzido A formação dos vórtices de ponta de asa induz um arrasto consumindo energia. O aparecimento do arrasto induzido requer maior potência do grupo motopropulsor. Nas condições de pouso e decolagem, onde a velocidade é mais baixa e portanto o coeficiente de sustentação mais alto, há maior diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso, a formação de vórtices nas pontas de asa são mais intensas e podem corresponder a cerca de 70% do arrasto total da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 229 04 – Aerodinâmica Redução do Arrasto Induzido Como o arrasto induzido requer mais potência de propulsão, várias soluções de projeto foram desenvolvidas para reduzir a formação de vórtices nas pontas das asas. Prof. Ramon Silva - 2013 230 04 – Aerodinâmica Redução do Arrasto Induzido Alongamento - Definição O alongamento, também conhecido por razão de aspecto, é uma medida da esbeltez da asa. É um parâmetro adimensional determinado pela razão entre o quadrado da envergadura e a área da asa. Para asas retangulares esse valor é numericamente igual à razão entre a envergadura e a corda. Geometricamente, um grande alongamento diz que a asa é longa e estreita enquanto que um alongamento baixo demonstra uma asa curta e larga. Prof. Ramon Silva - 2013 231 04 – Aerodinâmica Redução do Arrasto Induzido Alongamento - Definição Piper Cherokee (AR = 5,6) BAC Concorde (AR=1,8) Glaser-Diks DG 808 (AR=27,2) Bombardier Dash 8 Q 400 (AR=12,8) Prof. Ramon Silva - 2013 232 04 – Aerodinâmica Redução do Arrasto Induzido Efeito do Alongamento A influência do alongamento sobre o coeficiente de sustentação da asa é uma melhor distribuição desse coeficiente ao longo da envergadura. Essa melhora na distribuição implica em um coeficiente de sustentação médio maior em asas mais alongadas. Prof. Ramon Silva - 2013 233 04 – Aerodinâmica de Asa Redução do Arrasto Induzido Diminuição da Espessura do Perfil A diminuição da espessura da asa no sentido da raiz em direção à ponta da asa como é mostrado na figura, mesmo mantendo-se a corda constante causa a diminuição progressiva da diferença de pressão entre as superfícies da asa, diminuindo a tendência de formação de vórtices nas pontas. Prof. Ramon Silva - 2013 234 04 – Aerodinâmica de Asa Redução do Arrasto Induzido Afilamento Outra solução para diminuir a tendência de formação de vórtices nas pontas de asa é a diminuição da diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso é a diminuição da corda ao longo da semi-asa, na direção da raiz para a ponta da asa, conhecida por afilamento. A figura mostra o afilamento das asas de uma aeronave Yaklovev YAK 52G. Prof. Ramon Silva - 2013 235 04 – Aerodinâmica de Asa Redução do Arrasto Induzido Endplates e TipTanks O posicionamento de dispositivos como placas (endplates) e tanques nas pontas de asas também são soluções utilizadas para evitar o fluxo de ar do intradorso para o extradorso nas pontas. Bombardier C 415 Embraer EMB-111 Bandeirulha Prof. Ramon Silva - 2013 236 04 – Aerodinâmica de Asa Redução do Arrasto Induzido Winglets Um dispositivo mais eficiente aerodinamicamente para evitar a passagem de ar de baixo para cima nas pontas é a fixação de uma pequena asa vertical nessa localização. Esse dispositivo é conhecido como winglet. Além de serem mais leves que os outros dispositivos o perfil dos winglets ainda provoca um fluxo reverso ao dos vórtices Prof. Ramon Silva - 2013 237 04 – Aerodinâmica de Asa Redução do Arrasto Induzido Winglets Airbus A320 Prof. Ramon Silva - 2013 238 04 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa O fenômeno de stall da asa deve ser controlado de maneira que aconteça na raiz da asa antes de acontecer na ponta. A forma da asa tem função primordial na distribuição de sustentação ao longo da envergadura Prof. Ramon Silva - 2013 239 04 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa Na asa retangular a sustentação é maior na raiz do que na ponta, portanto o stall ocorre primeiro na região próxima à fuselagem. Na asa elíptica, onde a distribuição de sustentação é mais equalizada, o stall deve ocorrer em todas as seções da asa ao mesmo tempo. Nas asas afiladas e enflechadas, onde a sustentação fica mais concentrada nas regiões próximas às pontas, o stall tende a ocorrer primeiramente nessa região. Prof. Ramon Silva - 2013 240 04 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa Prof. Ramon Silva - 2013 241 03 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa - Controle O controle do stall, provocando o acontecimento progressivo da raiz para as pontas é muito conveniente, pois permite que o piloto perceba que a aeronave está entrando em condição de stall em um momento em que essa perda de sustentação ainda não possui grande influência sobre o controle da aeronave, uma vez que os ailerons ficam mais próximos às pontas das asas. Para que a sustentação seja melhor distribuída de maneira a melhorar as condições de stall, duas soluções de torção de asa são apresentadas: geométrica e aerodinâmica. Prof. Ramon Silva - 2013 242 04 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa - Controle Torção Geométrica Na torção geométrica, ocorre uma torção propriamente dita da asa. Uma asa com perfil constante ao longo da envergadura pode ser torcida como mostra a figura. O decréscimo do ângulo de incidência na direção da ponta é chamado de washout, o aumento desse ângulo é chamado de washin. Prof. Ramon Silva - 2013 243 04 – Aerodinâmica de Asa Stall de Asa - Controle Torção Aerodinâmica Na torção aerodinâmica, o uso de diferentes perfis ao longo da envergadura provoca o controle da condição de stall Prof. Ramon Silva - 2013 244 04 – Aerodinâmica de Asa Stall Profundo Se a asa está em condição de stall, a esteira de turbulência gerada nessa condição pode incidir na empenagem horizontal de uma aeronave com cauda em T. Nessa condição o controle de arfagem fica comprometido, impossibilitando a recuperação do stall. Esse fenômeno é chamado de stall profundo e é evitado pela utilização de dispositivos de alerta do tipo stick shakers e stick pushers Prof. Ramon Silva - 2013 245 04 – Aerodinâmica de Asa Stall Profundo Prof. Ramon Silva - 2013 246 Referências Anderson Jr, J.D., Fundamentals of Aerodynamics , (1991), Mc Graw Hill International Editions, Second Edition. Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 247 Teoria de Vôo 05 – Dispositivos Hipersustentadoras Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 05 – Dispositivos Hipersustentadores Introdução Carga Alar A carga alar de uma aeronave define a magnitude da velocidade em manche livre durante a decolagem, toque na aterrissagem e stall. Definida como a razão entre o peso da aeronave e a área alar, especificada em Newtons por metro quadrado [N/m²], um alto valor de carga alar significa que a aeronave é muito pesada ou que a área da asa é muito pequena. Prof. Ramon Silva - 2013 249 05 – Dispositivos Hipersustentadores Introdução Carga Alar Os efeitos indesejáveis de um alto valor e carga alar são: 1. maiores velocidades de decolagem e pouso; 2. maior corrida e distância de decolagem; 3. maior distância de corrida de pouso; 4. maior velocidade de stall; 5. menor coeficiente de sustentação máxima; 6. menor sensibilidade à turbulência. Prof. Ramon Silva - 2013 250 05 – Dispositivos Hipersustentadores Introdução Carga Alar O valor da carga alar pode ser determinado a partir da equação de sustentação total Prof. Ramon Silva - 2013 251 05 – Dispositivos Hipersustentadores Introdução Carga Alar Pela equação, pode-se concluir que com o aumento do coeficiente de sustentação da asa (CL) a velocidade não precisa aumentar para a mesma carga alar. A grande vantagem desta conclusão é uma melhora significativa nas condições de decolagem, pouso e stall. Prof. Ramon Silva - 2013 252 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slots Os slots são pequenas fendas fixas situadas no bordo de ataque da asa que servem para aumentar o coeficiente de sustentação máxima dessa asa Prof. Ramon Silva - 2013 253 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slots O ar flui com alta velocidade através das fendas, da parte de baixo para a parte de cima da asa, energizando a camada limite no extradorso. A consequência da reenergização da camada limite é um atraso no descolamento o que provoca o aumento do ângulo de stall. Prof. Ramon Silva - 2013 254 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slats Assim como os slots, quando acionados os slats criam uma fenda entre si e o bordo de ataque da asa provocando um efeito Venturi nessa região, acelerando o fluxo de ar e energizando a camada limite Prof. Ramon Silva - 2013 255 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slats Quando a aeronave voa em baixos ângulos de ataque, a utilização dos slats não é necessária sendo ainda que o seu acionamento ainda provocaria um aumento de arrasto. O slat automático é montado de maneira que permaneça fechado em pequenos ângulos de ataque devido à pressão do vento relativo no ponto de estagnação. A medida que o ângulo de ataque aumenta, o ponto de estagnação migra para o intradorso e então a ação de uma mola aciona o slat O acionamento dos slats também pode ser comandado pelo piloto, por meio de sistema elétrico ou hidráulico. Prof. Ramon Silva - 2013 256 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slats A figura mostra que o acionamento dos slats aumenta o ângulo de stall de 16° para 26° e o CLmax de 1,35 para 2,25. Prof. Ramon Silva - 2013 257 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slats Ao contrário do que acontece com os flaps de bordo de fuga, os slats não têm grande influência na taxa de subida (ou descida) porque são retraídos após a decolagem. A velocidade de stall decresce na proporção em que o CLmax é aumentado. Como a sustentação é proporcional à corda, quanto maior for o deslocamento do slat, maior será o aumento do coeficiente de sustentação e portanto menor será a velocidade de stall. Prof. Ramon Silva - 2013 258 05 – Dispositivos Hipersustentadores Slats O segundo efeito do acionamento dos slats é o aumento na curvatura do aerofólio original, principalmente a grandes ângulos de ataque. A figura mostra um aumento no ângulo de stall de 14° para 24° devido ao maior diferencial de pressão provocada pelo acionamento dos slats. Prof. Ramon Silva - 2013 259 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Ataque Quando estendidos, os flaps de bordo de ataque desempenham uma função similar à dos slats, porém, ao invés de criar uma fenda os flaps de bordo de ataque aumentam a curvatura da asa. A curvatura da asa é aumentada pela inclinação do bordo de ataque Prof. Ramon Silva - 2013 260 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Ataque - Krueger O flap tipo Krueger é um pequeno flap articulado no bordo de ataque da asa. Pode ser do tipo plano ou do tipo de curvatura variável Prof. Ramon Silva - 2013 261 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Uma alternativa para aumentar o ângulo de ataque para aumentar o coeficiente de sustentação é a colocação de flaps no bordo de fuga da asa. Ao contrário dos slats, os flaps de bordo de fuga aumentam o coeficiente de sustentação em todos os ângulos de ataque até o ângulo de stall. Prof. Ramon Silva - 2013 262 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Prof. Ramon Silva - 2013 263 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Plano O flap plano é o tipo mais simples de flap de bordo de fuga. Uma parte do perfil, tipicamente 30%, é articulada e pode ser estendida de uma maneira controlada pelo piloto. Prof. Ramon Silva - 2013 264 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Plano O flap plano é o tipo mais simples de flap de bordo de fuga. Uma parte do perfil, tipicamente 30%, é articulada e pode ser estendida de uma maneira controlada pelo piloto. Este tipo de flap não causa aumento de área, porém aumenta a curvatura do perfil quando é defletido. A uma determinada velocidade, o aumento do CLmax pode chegar a 21%. Prof. Ramon Silva - 2013 265 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Ventral Um desenvolvimento do flap plano é o flap tipo ventral. Esse tipo de flap é relativamente mais robusto que o flap plano. Durante seu acionamento, a parte inferior do perfil se separa da parte superior que permanece estacionária. O deslocamento da parte inferior da superfície aumenta o ângulo de ataque da mesma maneira que o flap plano O CLmax pode aumentar até 32% ao custo de um grande aumento de arrasto. Prof. Ramon Silva - 2013 266 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Slotted O fluxo começa a descolar em altos ponto de ataque nos tipos de flap mencionados anteriormente. Se a energia da camada limite é restaurada em um ponto do extradorso de maneira que o descolamento possa ser adiado da mesma maneira que é conseguida pelos slats, um maior ângulo de ataque pode ser mantido. Prof. Ramon Silva - 2013 267 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Slotted A solução encontrada para a utilização de flaps de bordo de fuga foi a introdução de uma fenda na região da articulação desse flap, aumentando o CLmax em até 65%. O ângulo de stall cai para aproximadamente 14°. Prof. Ramon Silva - 2013 268 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Double-Slotted A montagem de uma articulação adicional provoca um aumento na curvatura da asa além da criação de mais uma fenda que reenergiza o fluxo retardando ainda mais o descolamento do fluxo, aumentando o CLmax em até 70%. O ângulo de stall aumenta para 18° Prof. Ramon Silva - 2013 269 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Flap Triple-Slotted Esse tipo de flap ainda pode ser estendido para a configuração tripleslotted Prof. Ramon Silva - 2013 270 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Fowler Flap O flap tipo Fowler é uma evolução do slotted-flap. Neste tipo de superfície, o flap move-se para trás, o que além de aumentar a área da asa provoca também um aumento de curvatura. O aumento de CLmax pode chegar a 90% e o ângulo de stall fica por volta de 12,5°. Da mesma forma que o slotted, o flap tipo Fowler também pode ter até três superfícies sendo que o maior número de superfícies induz a um maior aumento do coeficiente de sustentação máximo. Prof. Ramon Silva - 2013 271 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Fowler Flap Prof. Ramon Silva - 2013 272 05 – Dispositivos Hipersustentadores Flaps de Bordo de Fuga Uma comparação entre o comportamento do coeficiente de sustentação e do ângulo de stall é mostrada na figura. Prof. Ramon Silva - 2013 273 Referências Anderson Jr, J.D., Fundamentals of Aerodynamics , (1991), Mc Graw Hill International Editions, Second Edition. Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 274 Teoria de Vôo 06 – Comandos de Vôo Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 06 – Comandos de Vôo Introdução Eixos de Rotação Conforme visto anteriormente os três eixos de rotação de uma aeronave se interceptam no CG da aeronave Prof. Ramon Silva - 2013 276 06 – Comandos de Vôo Introdução Eixos de Rotação Relembrando-se que o eixo longitudinal ou eixo de rolagem é o que está na direção do nariz da aeronave e do cone de cauda. O eixo lateral ou de arfagem é o eixo paralelo ao plano das asas e perpendicular ao eixo longitudinal O eixo vertical ou normal é o eixo perpendicular aos outros dois. Prof. Ramon Silva - 2013 277 06 – Comandos de Vôo Introdução Eixos de Rotação Se houver assimetria de forças em torno de algum eixo, ou seja, o somatório de momentos em um eixo não é nulo, surge uma aceleração angular que provoca o movimento da aeronave em relação a esse eixo. Prof. Ramon Silva - 2013 278 06 – Comandos de Vôo Introdução Superfícies de Controle Nas aeronaves de asa fixa as superfícies de controle são, normalmente, pequenas seções do aerofólios articuladas no bordo de fuga da superfície de sustentação principal. São posicionadas de maneira que sua distância em relação ao seu eixo de atuação seja a maior possível para minimizar a quantidade de força que precisam produzir para a geração do momento. Prof. Ramon Silva - 2013 279 06 – Comandos de Vôo Controle de Rolagem Aileron O aileron é a superfície que controla o movimento em torno do eixo longitudinal, também conhecido como movimento de rolagem. O aileron é normalmente posicionado no bordo de fuga e na região da asa mais próxima às pontas. Prof. Ramon Silva - 2013 280 06 – Comandos de Vôo Controle de Rolagem Aileron O acionamento dos ailerons é feito pela rotação do volante ou pelo deslocamento lateral do manche e provoca a deflexão assimétrica das superfícies. Manche (Embraer Ipanema) volante (Boeing 787 Dreamliner) side-stick (Airbus A320) Prof. Ramon Silva - 2013 281 06 – Comandos de Vôo Controle de Rolagem Aileron O movimento do volante para a direita, por exemplo, faz com que o aileron direito seja defletido para cima e o esquerdo para baixo. A deflexão do aileron direito para cima diminui a curvatura da asa, reduzindo a sustentação na asa direita. O contrário, a deflexão para baixo da superfície esquerda aumenta a curvatura da asa aumentando a sustentação nessa asa. A assimetria de sustentação nas duas asas provoca um movimento de rolagem para a direita. Prof. Ramon Silva - 2013 282 06 – Comandos de Vôo Controle de Rolagem Aileron Prof. Ramon Silva - 2013 283 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Aileron Essa assimetria na sustentação entre as duas semi-asas tem como efeito colateral o surgimento de uma força que tende a guinar a aeronave. O efeito de guinada adversa acontece pela diferença de arrasto entre as duas semi-asas. Uma vez que o aileron que foi defletido para baixo gera um aumento de sustentação, um aumento de arrasto também ocorre na semi-asa que se eleva. Essa assimetria de arrasto provoca um momento de guinada Prof. Ramon Silva - 2013 284 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Aileron Olhando da perspectiva do piloto a guinada ocorre no sentido contrário ao sentido de rolagem. Prof. Ramon Silva - 2013 285 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Aileron O fenômeno da guinada adversa é mais pronunciado em velocidades mais baixas. Como em baixas velocidades a pressão aerodinâmica na superfície é menor, exigindo uma maior deflexão do aileron para manobrar a aeronave a assimetria no arrasto ocorre de maneira mais clara. O fenômeno é mais evidente em aeronaves de maior envergadura. Nessas situações a atuação do leme é necessária para coordenar a curva. Prof. Ramon Silva - 2013 286 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Aileron Entre as soluções encontradas para diminuir o efeito da guinada adversa estão: a utilização de ailerons diferencias, ailerons tipo frise, acoplamento entre ailerons e leme. Prof. Ramon Silva - 2013 287 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Ailerons Diferenciais O aileron diferencial é projetado de maneira que a deflexão do aileron que sobe é maior que a deflexão do aileron que desce. Esta solução promove um aumento de arrasto na asa descendente. Este aumento de arrasto acontece devido à maior área frontal da superfície da asa em que o aileron é levantado. Esta solução diminui, mas não elimina o efeito de guinada adversa. Prof. Ramon Silva - 2013 288 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Ailerons Tipo Frise Os ailerons do tipo frise são articulados no bordo de fuga da asa de maneira que o deslocamento da articulação projeta o bordo de ataque do aileron defletido para cima de forma a criar resistência no fluxo de ar. Este aumento no arrasto da asa descendente ajuda a equalizar os momentos de guinada adversa. Prof. Ramon Silva - 2013 289 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Ailerons Tipo Frise Além de aumentar o arrasto na asa descendente a articulação deslocada do aileron que desce forma um slot, forçando a passagem do fluxo pelo extradorso do aileron, melhorando sua eficiência em altos ângulos de ataque. Os ailerons tipo frise também podem ser projetados para operar diferencialmente. Assim como nos ailerons diferenciais, o efeito de guinada adversa é reduzido e não eliminado e, portanto a aplicação coordenada do leme direcional ainda é necessária. Prof. Ramon Silva - 2013 290 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Acoplamento entre comandos A solução encontrada para eliminar a ação do piloto na coordenação da curva foi acoplar o comando do leme ao comando do aileron, de maneira que o deslocamento do manche provoque também o deslocamento do leme. Esse acionamento do manche também provoca o deslocamento dos pedais. Prof. Ramon Silva - 2013 291 06 – Comandos de Vôo Guinada Adversa Flaperons Os flaperons combinam tanto as funções de flaps quanto as dos ailerons. Além de controlar o ângulo de rolagem como os ailerons convencionais, os flaperons podem ser defletidos simetricamente para aumentar a sustentação, operando como flaps convencionais. Os controles são independentes para as funções de flap e aileron. Flaperons (Kitfox Lite Ultralight) Prof. Ramon Silva - 2013 292 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Profundor O profundor controla o movimento de arfagem em torno do eixo lateral. Da mesma maneira que os ailerons o comando do profundor é feito pelo manche ou pela coluna do volante. Ao passo que o comando dos ailerons é feito pelo movimento lateral do manche ou do volante, o profundor é acionado pelo movimento longitudinal do mesmo manche ou da coluna de direção. Prof. Ramon Silva - 2013 293 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Profundor Ao puxar o manche, o bordo de fuga do profundor é defletido para cima. Nessa posição, a curvatura da superfície do estabilizador é diminuída e por conseqüência a sustentação dessa superfície também reduzida gerando um momento de nose-up (cabragem) em torno do eixo transversal. Prof. Ramon Silva - 2013 294 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Profundor Movimentando o manche na posição oposta, a deflexão do profundor para baixo aumenta a sustentação na superfície do estabilizador pelo aumento da curvatura da superfície gerando um momento de picagem (nose-down). Prof. Ramon Silva - 2013 295 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Stabilator O stabilator é uma superfície articulada em seu ponto central de forma que possa ser defletida totalmente. Faz o papel tanto do estabilizador quanto o do profundor. Stabilator (Northrop F-5 Tiger II) Prof. Ramon Silva - 2013 296 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Tailerons Aviões de combate, normalmente os que têm asas de geometria variável, possuem stabilators que podem mover a superfície da direita de maneira independente da superfície esquerda, criando também um movimento de rolagem. Essas superfícies são chamadas de tailerons. Taileron (Panavia Tornado) Prof. Ramon Silva - 2013 297 06 – Comandos de Vôo Controle de Arfagem Elevons As aeronaves de asa em delta controlam o movimento em torno do eixo lateral com a utilização de elevons. Os elevons ocupam toda a superfície do bordo de fuga das asas dessas aeronaves e fazem a função tanto de profundores quanto as de ailerons. Se os elevons são defletidos simetricamente a aeronave vai arfar, se a deflexão for assimétrica a aeronave vai rolar. Elevons (Avro Vulcan) Prof. Ramon Silva - 2013 298 06 – Comandos de Vôo Controle de Guinada Leme O controle direcional em torno do eixo vertical é feito pelo leme direcional. O leme direcional é uma pequena superfície articulada no bordo de fuga do estabilizador e é comandado pelos pedais. Para guinar à esquerda deve-se acionar o pedal esquerdo, defletindo o leme para a esquerda. O aumento de curvatura cria sustentação para a direita fazendo a aeronave guinar para o lado comandado. Prof. Ramon Silva - 2013 299 06 – Comandos de Vôo Controle de Guinada Rudervator A configuração em V combina as superfícies de comando da cauda em dois ruddervators para fazer tanto o controle de arfagem e guinada. Essas superfícies são montadas de maneira que o volante controla as duas superfícies simultaneamente, permitindo o controle de arfagem. O acionamento assimétrico dos ruddervators, comandado pelos pedais, possibilita controle direcional. Cauda em V (Beechcraft Bonanza) Prof. Ramon Silva - 2013 300 06 – Comandos de Vôo Redutores de Esforço Os esforços aerodinâmicos nos comandos são devidos fundamentalmente à pressão aerodinâmica nas superfícies de controle. Como a força no comando é devida a pressão dinâmica, os esforços são proporcionais ao quadrado da velocidade. A compensação dos comandos tem como finalidade minimizar o esforço requerido pelo piloto ou do sistema. Prof. Ramon Silva - 2013 301 06 – Comandos de Vôo Redutores de Esforço Horn Saliência no bordo de ataque da superfície (horn): a compensação acontece pela incidência do escoamento sobre o horn que cria uma força no sentido do deslocamento desejado da superfície. Prof. Ramon Silva - 2013 302 06 – Comandos de Vôo Redutores de Esforço Deslocamento da Articulação Deslocamento do eixo de articulação da superfície: o ponto de articulação da superfície pode ser deslocado de maneira que seja criado uma força de compensação pela incidência do escoamento no bordo de ataque da superfície, da mesma forma que a utilização dos horns. Prof. Ramon Silva - 2013 303 06 – Comandos de Vôo Redutores de Esforço Compensadores Emprego de compensadores: os compensadores são pequenas superfícies que se localizam no bordo de fuga das superfícies de comando. Quando uma superfície e defletida o compensador deflete no sentido contrário. A força sobre o compensador reduz o esforço para mover a superfície Prof. Ramon Silva - 2013 304 06 – Comandos de Vôo Redutores de Esforço Compensadores Compensador fixo : o compensador fixo é uma placa fixa colocada no bordo de fuga da superfície. O compensador deve ser regulado em solo se uma tendência de atitude é observada em vôo. Compensador automático: o compensador automático também é conhecido como servo tab é acionado através de um mecanismo interno. Compensadores comandáveis: esse tipo de compensador (trim tab) é comandado pelo piloto na cabine. Prof. Ramon Silva - 2013 305 06 – Comandos de Vôo Outras Superfícies Spoilers Grandes jatos, às vezes, utilizam painéis articulados que se elevam da parte superior da asa, para destruir a sustentação naquela área e, dessa forma, aumentar a razão de descida. Os spoilers podem também ter função diferenciada que, juntamente com os ailerons, aumenta o controle lateral a baixas velocidades. Prof. Ramon Silva - 2013 306 06 – Comandos de Vôo Outras Superfícies Speed Brakes As aeronaves de alto desempenho precisam, às vezes, reduzir sua velocidade bruscamente enquanto pousam. Dispositivos (painéis) operados hidraulicamente, montados na fuselagem ou na parte superior da asa, podem ser defletidos contra a corrente de ar, para criar uma quantidade excessiva de arrasto reduzindo, assim, a velocidade da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 307 06 – Comandos de Vôo Outras Superfícies Fences Fences são superfícies verticais (pequenas lâminas) dispostas do bordo de ataque ao bordo de fuga. Servem paro direcionar o fluxo de ar sobre a asa no sentido da corda, provendo suficiente fluxo sobre os controlesi nstalados no bordo de fuga. Não são propriamente hipersustentadores, mas ajudam a evitar perda de sustentação provocada pelo escoamento transversal do ar na parte superior da asa. MiG 15 Prof. Ramon Silva - 2013 308 Prof. Ramon Silva - 2013 309 Referências Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Pilots Handbook of Aeronautical Knowledge. Federal Aviation Administration. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 310 Teoria de Vôo 07 – Estabilidade Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade A estabilidade é a tendência que um corpo tem de voltar para a condição de equilíbrio após ser deslocado por meio de um distúrbio externo. Para que um corpo esteja em equilíbrio é necessário que a soma de todas as forças e momentos, em relação a qualquer ponto desse corpo, seja nula. Prof. Ramon Silva - 2013 312 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Estática Se um corpo, após ser perturbado, tende a voltar para a condição de equilíbrio em que se encontrava antes dessa perturbação, então é dito que este corpo possui estabilidade estática positiva. Prof. Ramon Silva - 2013 313 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Estática Se um corpo não possui a tendência de retornar ao ponto de equilíbrio inicial, distanciando-se desta condição com facilidade é dito que este corpo está em condição de estabilidade estática negativa. Prof. Ramon Silva - 2013 314 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Estática Se o corpo permanece em equilíbrio em qualquer posição para onde é deslocado então se diz que a condição é de equilíbrio indiferente tem estabilidade estática neutra. Prof. Ramon Silva - 2013 315 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Estática Prof. Ramon Silva - 2013 316 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Dinâmica A estabilidade dinâmica diz respeito ao movimento que o corpo realiza ao longo do tempo, tendendo ou não a retornar à condição de equilíbrio da qual foi afastado devido a uma perturbação qualquer. Um corpo estaticamente estável pode apresentar três tipos de comportamento dinâmico: estável, instável ou indiferente. Prof. Ramon Silva - 2013 317 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Dinâmica Um corpo possui estabilidade dinâmica positiva se este corpo retorna à sua condição inicial, após qualquer perturbação, realizando um movimento simples ou realizando uma série de oscilações em torno da condição de equilíbrio com a amplitude dessas oscilações diminuindo conforme o tempo. Um corpo tem estabilidade dinâmica neutra se este se movimenta em torno da condição de equilíbrio através de uma série de oscilações com amplitude constante no tempo. Um corpo possui estabilidade dinâmica negativa se a amplitude das oscilações em relação a condição de equilíbrio aumenta com o tempo. Prof. Ramon Silva - 2013 318 07 – Estabilidade Introdução Estabilidade Dinâmica Prof. Ramon Silva - 2013 319 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Definição A estabilidade longitudinal diz respeito a tendência de uma aeronave permanecer em condição de vôo nivelado, retilíneo, com ângulo de ataque e velocidade constantes. Diz-se que nestas condições o vôo está equilibrado longitudinalmente. A figura mostra as forças atuantes em um avião: peso sobre o centro de gravidade; sustentação e arrasto sobre o centro de pressão (centro aerodinâmico); força de tração sobre a linha de tração Prof. Ramon Silva - 2013 320 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Forças Atuantes no Eixo Longitudinal Neste caso o centro aerodinâmico está localizado atrás do centro de gravidade. A sustentação e a tração provocam momentos picadores, enquanto o arrasto produz um momento cabrador. Pode-se perceber que esses momentos não se anulam, havendo necessidade de se criar um momento adicional para equilibrá-los. Esse momento é gerado pela presença de um estabilizador. Prof. Ramon Silva - 2013 321 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal O estabilizador é uma pequena asa montada horizontalmente na cauda do avião e que gera o momento necessário para o balanceamento da aeronave. A figura mostra a atuação do estabilizador horizontal na compensação do momento resultante na aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 322 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal Como existe uma relação entre velocidade e sustentação, quando a velocidade aumenta, a sustentação da asa tende a aumentar, aumentando o ângulo de ataque da aeronave. A presença desse momento cabrador deve ser anulada para manter a trajetória da aeronave. O ângulo de ataque para o qual o equilíbrio é mantido, a uma dada velocidade é chamado de ângulo de ataque de equilíbrio e corresponde a uma velocidade determinada. Prof. Ramon Silva - 2013 323 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal No projeto de uma aeronave um grande esforço é gasto no desenvolvimento do grau de estabilidade desejado nos três eixos. Porém a estabilidade longitudinal é considerada a que mais sofre os efeitos de certas variáveis em diferentes condições de vôo. Estabilidade longitudinal é a propriedade que a aeronave tem de permanecer estável em relação ao eixo lateral, isto é, no movimento de arfagem do avião. Prof. Ramon Silva - 2013 324 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal Uma aeronave instável longitudinalmente tem uma tendência de subir ou mergulhar de maneira progressiva, podendo chegar a uma inclinação tão extrema que pode provocar o stall da aeronave. O vôo em uma aeronave longitudinalmente instável além de ser difícil, pode vir a ser extremamente perigoso. Prof. Ramon Silva - 2013 325 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal A estabilidade longitudinal de uma aeronave depende primordialmente de três fatores: 1. Localização da asa em relação ao CG; 2. Localização do estabilizador em relação ao CG; 3. Área total do estabilizador. Para obter estabilidade longitudinal, as relações de momento entre a asa e o estabilizador deve ser tal que se a aeronave sofrer uma arfagem inadvertida, as forças geradas nessas superfícies possa restaurar a atitude inicial da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 326 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal O centro de pressão (CP) da maioria dos aerofólios assimétricos têm a tendência de mudar sua posição com a mudança do ângulo de ataque. O CP tende a se mover para frente com o aumento do ângulo de ataque e mover-se para trás com a diminuição desse ângulo. Esse comportamento que tende a gerar sustentação mais próxima ao bordo de ataque gera uma característica de instabilidade. O CP também é conhecido como CL (componente longitudinal, não confundir com CL , coeficiente de sustentação da asa) Prof. Ramon Silva - 2013 327 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal A figura mostra uma aeronave em vôo nivelado onde a linha CG-CP-T representa o eixo longitudinal da aeronave desde o centro de gravidade até uma posição “T” no estabilizador. Prof. Ramon Silva - 2013 328 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal A maioria das aeronaves é projetada de maneira que o CP fique localizado atrás do CG. Esta consideração torna o nariz da aeronave “mais pesado” de maneira que seja necessária uma força adicional, para baixo, no estabilizador horizontal de maneira que o momento gerado anule o momento do peso do nariz. Essa força é conseguida pelo posicionamento do estabilizador em um ângulo levemente relativo. Prof. Ramon Silva - 2013 329 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Estabilizador Horizontal È como se a linha CG-CP-T fosse uma alavanca, com uma força ascendente no CL e duas forças descendentes em CG e T criando momentos que se anulam. A Força em T é menor, porém o braço de aplicação é maior. Prof. Ramon Silva - 2013 330 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Downwash Embora o estabilizador horizontal tenha capacidade de nivelar longitudinalmente a aeronave por si só, quando a aeronave voa em vôo nivelado, há um desvio do fluxo nas asas para baixo (downwash). O efeito desse desvio no extradorso do estabilizador produz uma pressão para baixo que em determinada velocidade é suficiente para nivelar o avião. Prof. Ramon Silva - 2013 331 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Downwash Quanto maior a velocidade de vôo maior o downwash e maior a força para baixo no estabilizador (exceto para caudas em T). A figura mostra a influência da velocidade da aeronave na carga aerodinâmica do estabilizador. Em aeronaves com estabilizadores fixos, o fabricante posiciona a superfície em um ângulo que forneça a melhor estabilidade durante o vôo em velocidade de cruzeiro e potência de tração. Prof. Ramon Silva - 2013 332 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Downwash Se a velocidade da aeronave diminui, a velocidade do fluxo no extradorso da asa também diminui e, portanto ocorre diminuição do downwash. A conseqüente redução da força no estabilizador provoca um momento de nose-down. Conforme a atitude da aeronave muda, o ângulo de ataque e o arrasto diminuem permitindo uma aceleração do fluxo de ar. Esse aumento de velocidade provoca um aumento no downwash, aumentando a força no estabilizador e retornando a aeronave para uma posição de subida. Prof. Ramon Silva - 2013 333 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Downwash Conforme a atitude de subida continua, a velocidade do fluxo volta a diminuir causando a diminuição do momento causado pelo estabilizador. O ciclo volta a se repetir, porém como a aeronave é dinamicamente estável, a amplitude é menor a cada ciclo e a aeronave volta a voar em nível. Prof. Ramon Silva - 2013 334 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Downwash Um efeito parecido acontece quando se diminui a potência no manete. O downwash da asa é reduzido e a força em T não é suficiente para manter a cauda abaixada e a aeronave entra em atitude nose-down. Esta característica e desejável pois nessa atitude a aeronave está tentando ganhar velocidade e restabelecer o equilíbrio. Prof. Ramon Silva - 2013 335 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Potência Potência ou tração também podem exercer um efeito desestabilizante, visto que um aumento de tração pode fazer o nariz da aeronave levantar. Este efeito pode ser compensado com localização da linha de tração acima do centro de gravidade. Esta solução cria um momento nose-down com o aumento da potência ou da tração. Prof. Ramon Silva - 2013 336 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Conclusão: se o CG está à frente do CP e com uma força aerodinâmica no estabilizador para baixo, a aeronave sempre vai voltar a uma atitude de segurança. De outra maneira, se o CG está posicionado atrás do CP, o estabilizador deverá ter ângulo de ataque positivo, de maneira a criar uma força de sustentação para cima (positiva) para anular o momento nose-up da aeronave produzido pela asa. Prof. Ramon Silva - 2013 337 07 – Estabilidade Estabilidade Longitudinal Se o ângulo de ataque do avião é aumentado os ângulos da ataque da asa e do estabilizador também aumentam e a sustentação do estabilizador tente a anular a arfagem da aeronave. Pode ocorrer de a força de sustentação da asa não ser proporcionalmente maior que a variação da força gerada pela empenagem e a aeronave tornar-se instável. Prof. Ramon Silva - 2013 338 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Definição A estabilidade lateral (ou de rolagem) é a estabilidade da aeronave relativa ao eixo longitudinal. Prof. Ramon Silva - 2013 339 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Definição Quando as semi-asas de uma aeronave em vôo horizontal, sofrem um desequilibrio devido a uma perturbação qualquer, fazendo o avião inclinar em torno do eixo longitudinal, o vetor sustentação gira criando duas componentes: 1. a componente horizontal tende a mover o avião lateralmente; e 2. a componente vertical tende a fazer a aeronave mover-se para baixo. Prof. Ramon Silva - 2013 340 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Glissada Quando as semi-asas de uma aeronave em vôo horizontal, sofrem um desequilibrio devido a uma perturbação qualquer, fazendo o avião inclinar em torno do eixo longitudinal, o vetor sustentação gira criando duas componentes: 1. a componente horizontal tende a mover o avião lateralmente; e 2. a componente vertical tende a fazer a aeronave mover-se para baixo. Nessa situação a aeronave tende a deslocar-se lateralmente e para baixo em um movimento chamado de glissada Prof. Ramon Silva - 2013 341 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Glissada Nessa condição a aeronave pode apresentar um dos três seguintes comportamentos: 1. retornar ao equilíbrio, nivelando a asa (estabilidade estática positiva); 2. continuar a glissar sem variar o desnível entre as semi-asas (estabilidade estática neutra); e 3. desequilibrar-se, desnivelando cada vez mais a asa (estabilidade estática negativa) Prof. Ramon Silva - 2013 342 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Diedro A maneira mais comum de produzir estabilidade lateral é construir as asas com um ângulo de aproximadamente três graus em relação ao eixo longitudinal. As semi-asas se encontram na junção com a fuselagem formando um V em um ângulo conhecido como diedro. A quantidade de diedro é medida pelo ângulo entre uma semi-asa com o eixo lateral. Prof. Ramon Silva - 2013 343 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Diedro Se a inclinação é para cima, diz-se que a asa possui diedro positivo, se a inclinação é para baixo diz-se que o diedro é negativo ou anédrico. Prof. Ramon Silva - 2013 344 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Diedro Quando o avião está glissando para a esquerda, aparece um vento relativo a partir da ponta esquerda da asa. Ao se decompor esse vento relativo nas direções paralela e perpendicular ao plano da asa teremos o que está representado na figura. Prof. Ramon Silva - 2013 345 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Diedro Positivo Verificamos então que na semi-asa mais baixa a componente perpendicular tende a aumentar a sustentação desse lado. Já na asa alta a componente perpendicular tende a diminuir essa sustentação. Conseqüentemente aparece um momento estabilizador que tende a retornar a aeronave para a posição nivelada. Prof. Ramon Silva - 2013 346 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Diedro Negativo Em uma asa com diedro negativo, a estabilidade lateral do avião diminui, pois o vento lateral produz as componentes perpendiculares de maneira inversa, diminuindo a sustentação da semi-asa que desce Prof. Ramon Silva - 2013 347 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Enflechamento O enflechamento positivo da asa também contribui com a estabilidade lateral da aeronave. Quando o avião está glissando, a semi-asa mais baixa recebe uma maior velocidade normal em seu bordo de ataque e, portanto, gera mais sustentação. A dissimetria de sustentação na asa enflechada positivamente produz um momento estabilizador. Prof. Ramon Silva - 2013 348 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Enflechamento Prof. Ramon Silva - 2013 349 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Enflechamento Uma asa com enflechamento negativo tem o comportamento oposto, desestabilizando lateralmente a aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 350 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Fuselagem e Deriva Durante a glissagem do avião, tanto a fuselagem quanto o estabilizador vertical recebem o vento lateral. A pressão recebida pelo vento lateral, irá gerar dois momentos em relação ao eixo longitudinal. Prof. Ramon Silva - 2013 351 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Fuselagem e Deriva Como a força que gera esses momentos é proporcional à área, se a área da fuselagem acima do eixo longitudinal somada com a área da deriva for maior que a área da fuselagem na parte inferior desse eixo, o momento na parte superior será maior que o da parte inferior e portanto deverá estabilizar a aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 352 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Fuselagem e Deriva Se a área da fuselagem abaixo do eixo longitudinal for maior, o momento resultante é desestabilizador. Prof. Ramon Silva - 2013 353 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Posição da Asa Outro fator que influi na estabilidade lateral é a posição da asa em relação à fuselagem. Nas aeronaves de asa alta o CG está localizado abaixo da asa e portanto, a fuselagem age como um pêndulo gerando um momento que tende a restituir a aeronave à condição de equilíbrio. Outra característica estabilizadora em aeronaves de asa alta é que o vento lateral que incide na fuselagem do lado da glissagem tende a estabilizar a aeronave Prof. Ramon Silva - 2013 354 07 – Estabilidade Estabilidade Lateral Posição da Asa Nas aeronaves de asa baixa o CG está localizado acima da asa e em caso de desnivelamento, aparece um momento que tende a desequilibrá-la ainda mais. Prof. Ramon Silva - 2013 355 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Definição A estabilidade direcional refere-se à tendência da aeronave manter-se em equilíbrio em relação ao eixo vertical. Enquanto a estabilidade lateral trata da estabilidade em casos de glissagem, a estabilidade direcional é relacionada à derrapagem da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 356 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Derrapagem A derrapagem é o vôo da aeronave em ângulo entre o eixo longitudinal e o vento relativo Prof. Ramon Silva - 2013 357 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Derrapagem Quando o nariz da aeronave sofre um desvio lateral, três comportamentos diferentes: 1. a aeronave tende a voltar à condição de vôo não derrapado (estabilidade estática positiva); 2. a aeronave tende a permanecer em vôo com o ângulo de derrapagem para o qual foi desviado (estabilidade estática neutra); e 3. a aeronave tende a aumentar o ângulo de derrapagem (estabilidade estática negativa). Prof. Ramon Silva - 2013 358 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Estabilizador Vertical O principal elemento que promove a estabilidade direcional é o estabilizador vertical (também conhecida como deriva). Quando o nariz de uma aeronave sofre um desvio lateral, o ângulo de ataque do estabilizador vertical aumenta, gerando uma força lateral que tende a zerar o ângulo de derrapagem. Quanto maior for a deriva e mais distante do CG, maior será o seu efeito estabilizante. Prof. Ramon Silva - 2013 359 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Enflechamento Além de produzir um efeito estabilizante lateralmente, o enflechamento positivo da asa também gera um momento estabilizante direcionalmente. Prof. Ramon Silva - 2013 360 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Enflechamento Em função de uma perturbação que desloque o nariz da aeronave para a esquerda, por exemplo, a asa esquerda move-se para trás, enquanto a direita move-se para frente. Em consequência, a asa direita tem o vento relativo aumentado e, em conseqüência, seu arrasto também aumentado. O aumento do arrasto contribui para trazer o nariz de volta para a posição original de equilíbrio Prof. Ramon Silva - 2013 361 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Enflechamento Com a asa esquerda ocorre o inverso. O aumento do arrasto na asa direita e a diminuição na asa esquerda provocam um movimento de reação do eixo da fuselagem na direção de onde proveio a perturbação. Prof. Ramon Silva - 2013 362 07 – Estabilidade Estabilidade Vertical Fuselagem Numa derrapagem, a resultante aerodinâmica do vento relativo sobre a fuselagem encontra-se à frente do CG. Isto faz com que a aeronave tenda a aumentar o seu ângulo de derrapagem. Portanto a fuselagem tem um efeito desestabilizante direcionalmente. O efeito da fuselagem na estabilidade direcional Prof. Ramon Silva - 2013 363 Referências Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Pilots Handbook of Aeronautical Knowledge. Federal Aviation Administration. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 364 Referências Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Pilots Handbook of Aeronautical Knowledge. Federal Aviation Administration. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 365 Teoria de Vôo 08 – Peso e Balanceamento Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 08 – Peso e Balanceamento Problemas Peso A aeronave com excesso de peso não decola, não sobe nem voa tão bem quanto uma aeronave carregada dentro dos limites. Conforme expresso no Manual, não é possível levar tudo ao mesmo tempo. Se houver necessidade de transportar todos os passageiros e suas bagagens, o piloto deve diminuir a quantidade de combustível nos tanques, para a etapa de vôo prevista. Com isso, poderá haver necessidade de fazer um ou mais pousos técnicos para reabastecimentos, dependendo da distância entre a origem e o destino do vôo. Prof. Ramon Silva - 2013 367 08 – Peso e Balanceamento Problemas Peso Normalmente, o peso máximo permitido para pouso é menor do que a capacidade de carga da aeronave. Em outras palavras, mesmo decolando com o peso dentro do limite máximo, a aeronave não pode regressar imediatamente para pousar, devendo consumir parte do combustível, para não afetar sua estrutura. Em caso de emergência, o piloto deve estar treinado para realizar o procedimento previsto. Prof. Ramon Silva - 2013 368 08 – Peso e Balanceamento Problemas Peso Entre os problemas que podem ser causados pelo excesso de peso da aeronave estão: 1. necessidade de uma maior velocidade de decolagem; 2. necessidade de uma pista maior para decolagem; 3. redução da razão de subida; 4. redução do ângulo de subida; 5. redução do teto de serviço; 6. redução da velocidade de cruzeiro; 7. redução da distância de cruzeiro; 8. redução de manobrabilidade; 9. maior velocidade de pouso; 10. maior pista de pouso; 11. cargas excessivas na estrutura, principalmente no trem de pouso. Prof. Ramon Silva - 2013 369 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Adiantado Se o CG da aeronave está excessivamente adiantado, aparecem esforços excessivos no estabilizador durante a corrida de decolagem. Para tirar a aeronave do chão, o piloto deve rotacionar a aeronave em torno do trem de pouso principal. Essa ação é realizada pela geração de uma força para baixo gerada nessa superfície. Se o CG estiver muito deslocado para a dianteira, o momento que deve ser exercido por essa força deve ser maior, o que significa que essa força deve ser incrementada. Essa necessidade de aumento nessa força vai causar uma degradação no desempenho de decolagem do avião. Prof. Ramon Silva - 2013 370 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Adiantado Deve ser lembrado que, durante a decolagem, a distância entre o CG, a empenagem horizontal e o trem de pouso principal impõe algumas dificuldades para o controle quando a aeronave decola. Se o trem principal tem suas pernas recuadas ou se o CG estiver muito adiantado, o piloto vai ter que exercer uma força muito grande no manche para gerar o momento de cabragem necessário para o levantamento do nariz da aeronave. Quando a aeronave se descola da pista, o momento que tende a girar a aeronave é aplicado no CG e não mais no trem principal (já que não há mais a reação da pista. Assim o piloto pode ser obrigado a aliviar a pressão do manche ou até mesmo comandar o abaixamento do nariz. Essa situação exige um controle acurado da atitude da aeronave e pode conduzir a situações de perigo. Prof. Ramon Silva - 2013 371 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Adiantado A posição dianteira do CG pode ser limitada por requisitos de decolagem. Se a pista exigir maiores deflexões de flap, a geração extra de sustentação cria um momento que deve ser compensado por um maior esforço do estabilizador. Prof. Ramon Silva - 2013 372 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Adiantado Conforme já visto, existe uma força estabilizante na empenagem horizontal que depende do ângulo de downwash do fluxo da asa. Quanto maior o ângulo de downwash, maior será essa força no estabilizador. Conforme a aeronave aproxima-se do solo para o pouso, essa proximidade afeta o ângulo do escoamento que atinge a empenagem. Dessa maneira, a força que incide na empenagem é menor e portanto o piloto deve atuar puxando o manche. Se o CG estiver muito à frente, pode ser que não seja possível a cabragem da aeronave. Essa situação crítica pode provocar o toque do trem de nariz antes do toque do trem principal provocando um acidente. Prof. Ramon Silva - 2013 373 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Adiantado Prof. Ramon Silva - 2013 374 08 – Peso e Balanceamento Problemas Centro de Gravidade - Recuado A posição muito recuada do CG reduz a estabilidade longitudinal da aeronave. Nessa situação os movimentos de fugóide podem não ser totalmente amortecido e caso o carregamento seja excessivo, a estabilidade estática longitudinal pode se tornar negativa. Prof. Ramon Silva - 2013 375 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - EEW EEW - Equipped Empty Weight (Peso Vazio Equipado) - Peso da aeronave incluindo todos os equipamentos imprescindíveis para vôo: motores, fuselagem, instrumentação, sistemas e equipamentos que fazem parte da configuração típica da aeronave. Estão incluídos o oxigênio, agentes de extinção de incêndio e fluidos contidos nos amortecedores. Prof. Ramon Silva - 2013 376 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - BEW BEW - Basic Empty Weight (Peso Básico Vazio) – É o EEW somado dos pesos do óleo do motor, fluído hidráulico e combustível não-utilizável. Prof. Ramon Silva - 2013 377 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - OBW OBW - Operational Basic Weight (Peso Básico Operacional) – É o BEW somado dos pesos de todos os itens necessários para a operação da aeronave: 1. 2. 3. 4. 5. Tripulantes; Bagagens dos tripulantes; Manuais operacionais e acessórios de navegação; Equipamentos de galley e alimentos; Líquidos utilizados nos lavatórios. Prof. Ramon Silva - 2013 378 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - AZFW AZFW - Actual Zero Fuel Weight (Peso Real Zero Combustível) – É o OBW somado da carga paga da aeronave: 1. Passageiros; 2. Bagagem dos passageiros; 3. Carga transportada. Prof. Ramon Silva - 2013 379 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - MZFW MZFW - Maximum Zero Fuel Weight (Peso Máximo Zero Combustível) – É o peso máximo que a aeronave pode atingir antes que seja abastecida de combustível. É dimensionado considerando-se os esforços estruturais de aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 380 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - MZFW Podemos observar que a aeronave da esquerda encontra se com o MZFW e a da direita está com seus tanques vazios. Quando a aeronave encontra-se com os tanques cheios, o momento de flexão que tende a levantar as asas da aeronave é determinado pela diferença entre a sustentação e o peso da asa (incluindo o peso do combustível), multiplicado pelas distâncias dessa força em relação à raiz. Prof. Ramon Silva - 2013 381 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso - MZFW Nessa situação, o peso do combustível tende a balancear a sustentação, contribuindo para a diminuição do momento fletor nessa semi-asa Se os tanques de asa estão vazios, o momento fletor atinge seu valor máximo, mesmo que a diminuição do peso total da aeronave induza a uma diminuição da sustentação, pois não força que gere momento no sentido contrário. Portanto o MZFW é determinado pela resistência da semi-asa de resistir a esse momento fletor na sua raiz. Prof. Ramon Silva - 2013 382 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – Maximum Payload Maximum Payload (Máxima Carga Paga Permissível) – É a quantidade máxima de carga que pode ser colocada a bordo de uma aeronave. É a diferença entre MFZW e o OEW. Prof. Ramon Silva - 2013 383 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – MRW MRW - Maximum Ramp Weight (Máximo Peso de Rampa) – É o peso máximo que uma aeronave pode ter ao efetuar taxiamento. Geralmente é ligeiramente superior ao peso máximo estrutural de decolagem, o que significa que o peso máximo de rampa permite levar uma quantidade de combustível adicional, que será consumida até a cabeceira da pista, durante taxis longos e esperas prolongadas. A decolagem com peso igual ou superior ao MRW é uma violação dos regulamentos aeronáuticos. Prof. Ramon Silva - 2013 384 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – MTOW MTOW - Maximum Take Off Weight (Peso Máximo de Decolagem) – É o peso máximo de decolagem. Representa o limite de peso para o qual a aeronave será capaz de efetuar uma decolagem segura, mesmo no caso de uma falha de motor em aeronaves multimotoras. Com esse peso a aeronave deverá ser capaz de evitar quaisquer obstáculos no eixo da pista, mantendo um gradiente de subida mínimo, conforme definido pelos regulamentos aeronáuticos aplicáveis. Prof. Ramon Silva - 2013 385 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – IMW IMW - Inflight Minimum Weight (Peso Mínimo em Vôo) – Ao efetuar o dimensionamento de suportes para equipamentos da aeronave, o engenheiro considera que a aeronave será submetida a um fator de carga máximo. Se a aeronave estiver muito leve, esse fator de carga máximo irá impor uma aceleração muito forte à estrutura da aeronave, gerando risco de rompimento desses suportes. Portanto é definido um peso mínimo de vôo para algumas aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 386 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – TOW ATW ou TOW - Actual Take Off Weight (Peso Real de Decolagem) – É o peso real da aeronave na decolagem, deve ser igual ou menor ao MTOW. Prof. Ramon Silva - 2013 387 08 – Peso e Balanceamento Peso Tipos de Peso – TOW MLW - Maximum Landing Weight (Peso Máximo de Pouso) – O peso máximo de pouso é o limite para o qual a aeronave pode efetuar um pouso seguro. É limitado por considerações sobre a resistência estrutural do avião aos esforços durante o toque na pista e capacidade de efetuar uma arremetida com um motor inoperante. Prof. Ramon Silva - 2013 388 08 – Peso e Balanceamento Peso Determinação do Peso O peso vazio do avião deve ser determinado para que a carga máxima que pode ser embarcada possa ser determinada. A periodicidade para que a pesagem da aeronave seja feita é determinada pelas autoridades aeronáuticas. Exceções (1) Aeronaves cujos manuais aprovados definem intervalos de tempo entre pesagens consecutivas devem ser repesadas de acordo com tais manuais. (2) sempre que houver dúvidas quanto à exatidão de seu peso e balanceamento. (3) após ter sido submetida a serviços de manutenção, modificações e reparos que possam ter alterado seu peso, incluindo pintura geral, grandes reparos, grandes modificações, mudanças de configuração, etc. Prof. Ramon Silva - 2013 389 08 – Peso e Balanceamento Peso Determinação do Peso Tipo de Aeronave Convencional/Turbohélice Jato Puro/Turbofan (monomotor) Convencional/Turbohélice/ Jato Puro/TurboFan Jato Puro/TurboFan (multimotor) Convencional/Turbohélice Jato Puro/TurboFan Convencional/TurboEixo Convencional/TurboEixo Categoria de Homologação RBHA 23(FAR23) Aviões categoria normal RBHA 23(FAR23) Aviões categoria normal RBHA 23(FAR23) Aviões categoria transporte regional RBHA 23(FAR23) Aviões categoria Normal RBHA 25(FAR25) Aviões categoria transporte RBHA 25(FAR25) Aviões categoria transporte RBHA 27(FAR27) Aeronaves de asas rotativas categoria normal RBHA 29(FAR29) Aeronaves de asas rotativas categoria transporte Categoria de Operação Prazo de Pesagem(*) Conforme RBHA 91 Indeterminado Conforme RBHA 91 Indeterminado Conforme RBHA 91 5 anos Conforme RBHA 91 5 anos Conforme RBHA 91 5 anos Conforme RBHA 91 5 anos Conforme RBHA 91 Indeterminado Conforme RBHA 91 5 anos Todas Todas Conforme RBHA 135 Todas Todas Conforme RBHA 121 3 anos ou 5 anos conforme especificações operativas A cada 5 anos ou conforme especificações operativas Prof. Ramon Silva - 2013 390 08 – Peso e Balanceamento Peso Determinação do Peso Em caso de uma grande modificação na aeronave, como a instalação de equipamentos, troca de interior e até mesmo a pintura da aeronave, uma nova pesagem deve ser efetuada. A pesagem deve ser feita por uma empresa homologada pela autoridade, cumprindo os métodos definidos nos manuais de manutenção. De uma forma geral é feito da seguinte forma: 1. 2. 3. 4. 5. Esvaziamento dos tanques de combustível; Abastecimento do tanque de óleo; Recolher flaps; Ajustar os assentos na posição vertical; Posicionamento das superfícies de controle na posição neutra. Prof. Ramon Silva - 2013 391 08 – Peso e Balanceamento Peso Determinação do Peso A pesagem do avião deve ser realizada dentro do hangar, de maneira que a ação de ventos sobre a superfície seja eliminada. A medição é feita com o posicionamento da aeronave nos macacos. A aeronave deverá estar nivelada, pois se a aeronave estiver com atitude de nariz elevado, a tendência do peso é de se concentrar nas pernas do trem de pouso principal Prof. Ramon Silva - 2013 392 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Determinação do CG O CG da aeronave é calculado pela razão entre a soma dos momentos que estão atuando nos trens da aeronave pelo peso total do avião. O primeiro passo é definir o ponto de referência, também conhecido como datum, pra que o somatório dos momentos seja feito. Prof. Ramon Silva - 2013 393 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Determinação do CG No caso da aeronave EMB-711 Corisco representada na figura, o datum fica a 1,991 m do bordo de ataque da raiz da asa. Prof. Ramon Silva - 2013 394 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Determinação do CG A componente do peso nas pernas do trem de pouso são representadas por PN (Peso na Perna do Nariz), PE e PD (Perna Esquerda e Perna direita do trem principal). A distância (braço) entre o plano de referência e o trem de nariz é representada por l e distância entre o datum e o trem principal é representada por B. Prof. Ramon Silva - 2013 395 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Determinação do CG Então os momentos gerados nesses pontos são: Momento gerado pela força no trem de nariz M1=PN.l Momento gerado pela força no trem principal esquerdo M2=PE.B Momento gerado pela força no trem principal direito M3=PD.B Prof. Ramon Silva - 2013 396 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Determinação do CG Como o peso da aeronave é a soma das três forças e encontra-se concentrado no CG então o somatório dos momentos na aeronave é dado por: MT = M1 + M2 + M3 = PT . CG E a posição do CG é determinada por CG = (PN.l + PE.B + PD.B)/PT Prof. Ramon Silva - 2013 397 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG O centro de gravidade será modificado pela adição de cargas ao avião. Quando forem instalados equipamentos definitivos, estes deverão constar das anotações do manual da aeronave, com a respectiva modificação do C.G. referente ao peso vazio básico acima calculado. A partir destes dados, o piloto carrega a aeronave calculando os pesos e os momentos desse carregamento específico, verificando se o C.G. resultante está dentro do envelope aprovado. O envelope do centro de gravidade é o gráfico que delimita o posicionamento do CG na aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 398 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG O envelope do CG pode ser dividido em sete regiões: Prof. Ramon Silva - 2013 399 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 1: o limite dianteiro nessa região é devido a cargas no trem de pouso dianteiro e ao desempenho na decolagem. Em algumas aeronaves o limite dianteiro nessa região pode ser mais restrito dependendo do flap selecionado. Prof. Ramon Silva - 2013 400 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 2 : limite representado pelo peso máximo estrutural de decolagem (MTOW). Prof. Ramon Silva - 2013 401 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 3: limite ditado por considerações de estabilidade da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 402 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 4: em algumas aeronaves, o limite traseiro em condições de pouco peso, pode sofrer uma restrição devido a aplicação de tração em regime de decolagem. Supondo os motores abaixo do CG, a aeronave tende a levantar o nariz, diminuindo a efetividade do trem dianteiro. Prof. Ramon Silva - 2013 403 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 5: limite devido a cargas no trem dianteiro e efetividade da empenagem horizontal. Prof. Ramon Silva - 2013 404 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 6: limite devido ao peso máximo sem combustível (MZFW), devido a cargas imposta na raiz da asa. Prof. Ramon Silva - 2013 405 08 – Peso e Balanceamento Centro de Gravidade Envelope do CG Região 7: limite imposto pelas cargas impostas à estrutura da aeronave devido ao peso máximo de pouso (MLW). Prof. Ramon Silva - 2013 406 Referências Andrade, D. Fundamentos da Engenharia Aeronáutica. Notas de aula. Homero, Souza (1991) Fundamentos de Aeronáutica, Embraer, 287p, São José dos Campos, 1991. Menezes, Luiz Pradines de (2004), Fundamentos da Teoria de Voo, Edições Inteligentes, São Paulo. Pilots Handbook of Aeronautical Knowledge. Federal Aviation Administration. Raymer., D. P., Aircraft Design: A conceptual Approach, AIAA Educations Series, 1991. Swatton, P.J., Principles of Fligth for Pilots, John Wiley and Sons, 2010 Prof. Ramon Silva - 2013 407 Teoria de Vôo 09 – Desenvolvimento Tecnológico Asa Rotativa Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 09 – Asas Rotativas - História Leonardo da Vinci Conforme visto anteriormente a primeira ideia de um helicóptero foi imaginada por Leonardo da Vinci no século XV. Da Vinci imaginou que o movimento rotacional de um fuso poderia penetrar o ar, gerando sustentação. O “Helicóptero” projetado por da Vinci seria movido por força humana. Prof. Ramon Silva - 2013 409 09 – Asas Rotativas - História George Cayley Nos séculos VVIII e XI, Sir George Cayley, construiu alguns modelos constituídos por uma série de rotores que funcionavam pela ação de elásticos em um sistema de molas e engrenagens semelhantes a uma máquina de relógio. Um desses modelos chegou a subir cerca de trinta metros. Prof. Ramon Silva - 2013 410 09 – Asas Rotativas - História George Cayley Um dos aparelhos de Cayley foi equipado com um motor a vapor que acionava um complexo sistema de rotores além de girar ás hélices de propulsão. Prof. Ramon Silva - 2013 411 09 – Asas Rotativas - História Horace Phillips Em 1842, Horace Phillips, na Inglaterra construiu um modelo de helicóptero de aproximadamente 9 kg (20 lb). Não chegou a voar. Prof. Ramon Silva - 2013 412 09 – Asas Rotativas - História Henry Bright Em 1859, Henry Bright, foi o primeiro inventor a registrar uma máquina voadora parecida com um helicóptero na Inglaterra. Prof. Ramon Silva - 2013 413 09 – Asas Rotativas - História Enrico Forlanini Em 1878, Enrico Forlanini, um professor italiano de Engenharia Civil, construiu um modelo pesando 7,7 lb (3, 5 kg), movido a vapor que chegou a permanecer no ar por 20 s a uma altura de 13 m Prof. Ramon Silva - 2013 414 09 – Asas Rotativas - História Thomas Edison Em 1880, Thomas Edison, construiu modelos experimentais e um banco de testes para rotores acionados por um motor elétrico. Seus testes demonstraram a inviabilidade do invento devido ao elevado peso do motor e da fonte de energia. Suas experiências foram abandonadas por causa das explosões ocorridas nos laboratórios. Prof. Ramon Silva - 2013 415 09 – Asas Rotativas - História Santos Dumont O aparelho nº 12 de Santos Dumont utilizava um motor Levavasseur de 24 hp e pesava 77 lb (35 kg). Possuía dois rotores de 6m. O nº 12 tinha 13 m de comprimento e 17 m de altura e os rotores eram construídos com bambú e seda japonesa. Não chegou a voar devido a relação peso/potência muito alta. Prof. Ramon Silva - 2013 416 09 – Asas Rotativas - História Igor Sikorsky Em 1907 , Igor Ivanovich Sikorsky, comprou um motor Anzani de 25 hp e concentrou seus esforços em um modelo coaxial, obtendo resultados relativamente satisfatórios para a época. Em 1909 construiu seu primeiro aparelho, porém o peso era muito alto em relação à potência disponível. Prof. Ramon Silva - 2013 417 09 – Asas Rotativas - História Louis e Jacques Bréguet Em 1907, Louis e Jacques Bréguet construiram um helicóptero com 4 rotores biplanos , utilizando um motor Antoinette de aproximadamente 45 hp. O aparelho, chamado de Giroplane, tinha difícil controle e voava desordenadamente. Acidentou-se em 19 de setembro de 1908. Prof. Ramon Silva - 2013 418 09 – Asas Rotativas - História Louis e Jacques Bréguet Em 1909 com a ajuda do Prof. Richet construíram o helicóptero nº 2, utilizando um motor Renault de 55 hp. O Helioplane voou em abril de 1909, apresentando bons resultados para a época, porém ainda não apresentava potência suficiente. Foi destruído por um temporal. Prof. Ramon Silva - 2013 419 09 – Asas Rotativas - História Paul Cornu Em 1907, Paul Cornu, construiu uma máquina que era capaz de carregar um piloto. O aparelho consistia de uma longarina com um eixo e um rotor em cada lado. A potência era suprida por um motor Antoinette de 24 hp, acionando os rotores em direções opostas através de correias. Os rotores possuíam duas pás, porém não conseguiram gerar sustentação suficiente . A aeronave subiu a uma altura de 30 cm e permaneceu em vôo por 30 s. Prof. Ramon Silva - 2013 420 09 – Asas Rotativas - História Paul Cornu Paul Cornu é reconhecido como o construtor da primeira máquina voadora a decolar verticalmente. Prof. Ramon Silva - 2013 421 09 – Asas Rotativas - História Emile e Henry Berliner De 1908 a 1929, Emile e Paul Berliner, EUA, trabalharam ativamente no desenvolvimento do helicóptero. Em 1909 construiram um aparelho com dois motores e dois rotores que chagava a levar um piloto. Prof. Ramon Silva - 2013 422 09 – Asas Rotativas - História Emile e Henry Berliner Construíram um aparelho com rotores lado a lado sobre asas. Os rotores eram rígidos e de madeira. O controle foi conseguido pela inclinação dos rotores coma inclinação da fuselagem. O aparelho chegou a demonstrar uma possibilidade limitada no vôo pairado e em vôo a frente. Prof. Ramon Silva - 2013 423 09 – Asas Rotativas - História George de Bothezat Em 1921, George de Bothezat, engenheiro russo naturalizado americano, construiu o maior helicóptero da época. O aparelho possuía quatro rotores , um em cada ponta de duas longarinas perpendiculares entre si. O aparelho pesava 3550 lb (1587 kg) e carregava três pessoas. O motor de 180 hp era localizado na intersecção das longarinas. Cada rotor tinha seis pás que giravam muito lentamente. Prof. Ramon Silva - 2013 424 09 – Asas Rotativas - História George de Bothezat O controle foi conseguido pela variação do ângulo de ataque das pás. Em 18 de dezembro de 1922 o aparelho subiu 1,83 m permanecendo em vôo por 1min e 42 s. Prof. Ramon Silva - 2013 425 09 – Asas Rotativas - História Juan de La Cierva Em 1920, Juan de La Cierva, Espanha, marcou uma fase histórica no desenvolvimento dos aparelhos de asas rotativas que não deve ser desconsiderada no desenvolvimento dos helicópteros. O desenvolvimento dos auto-giros. Embora o auto-giro não tenha as propriedades do helicóptero, ele envolve basicamente os mesmos problemas de rotor deste. Prof. Ramon Silva - 2013 426 09 – Asas Rotativas - História Juan de La Cierva Cierva interessou-se pelo desenvolvimento de uma máquina voadora que pousasse e decolasse em baixas velocidades. Para Cierva, a grande limitação dos aviões daquela época era o stall. Para eliminar as características de stall dos aviões, imaginou um tipo diferente de superfície de sustentação. Através de estudos em túnel aerodinâmico, observou que o disco do rotor inclinava-se ligeiramente para trás na proporção direta do vento produzido contra o sentido de deslocamento do rotor. Observou ainda que quanto maior o ângulo de ataque das pás, maior ainda era o efeito de inclinação desse rotor. Em termos gerais as descobertas de Cierva permitiram a seguinte solução adotada nos helicópteros: diminuição do ângulo de ataque da pá que avança e aumento na pá que recua. Prof. Ramon Silva - 2013 427 09 – Asas Rotativas - História Raul Pescara Em 1919, Raul Pateras de Pescara, Espanha, construiu um helicóptero com rotores biplanos e coaxiais. Cada rotor tinha dez asas biplanas montadas rigidamente no eixo. Prof. Ramon Silva - 2013 428 09 – Asas Rotativas - História Raul Pescara Pescara empregou uma roda livre e ângulos negativos nas pás dos rotores para vôo em descida com o motor desligado. O controle foi conseguido pela torção das asas periodicamente em sua rotação. Em maio de 1921Pescara conseguiu sair do solo. Em 1922 Pescara transferiu-se para a França, onde conseguiu subir 1,5 m com um motor de 250 hp, comando de passo cíclico e dispositivo de auto-rotação. Prof. Ramon Silva - 2013 429 09 – Asas Rotativas - História Albert Gillis von Baumhauer De 1924 a 1929, von Baumhauer, cientista holandês, construiu o primeiro helicóptero de rotor simples, com um rotor vertical na cauda para controlar o torque. A fuselagem consistia essencialmente de uma estrutura tubular com um motor de 160 hp instalado em uma das extremidades e um de 80 hp instalado para girar uma hélice convencional. Prof. Ramon Silva - 2013 430 09 – Asas Rotativas - História Albert Gillis von Baumhauer O rotor principal tina duas pás de 7,5 m com possibilidade de 10° de variação angular. As pás tinha liberdade de batimento. O motor que acionava o rotor de cauda não era sincronizado com o rotor principal, causando grande dificuldade no controle direcional. O aparelho realizou alguns vôos com peso em torno de 2000 lb (900 kg), porém nunca subiu mais do que dois pés do chão (cerca de 60 cm). O projeto foi abandonado após um acidente que causou a destruição total do aparelho em 1929. Prof. Ramon Silva - 2013 431 09 – Asas Rotativas - História Corradino D´Ascânio Em 1930, D’Ascanio, Itália, construiu um helicóptero coaxial que conseguiu sucesso e foi o aparelho de melhores condições técnicas do período. O Helicóptero tinha dois rotores de duas pás cada, superpostas e contrarotativos. Prof. Ramon Silva - 2013 432 09 – Asas Rotativas - História Corradino D´Ascânio As pás eram pivotadas na raiz e livres para batimento e mudança de passo. O controle foi conseguido pelos compensadores auxiliares montados nas pás que eram defletidos periodicamente por um mecanismo de cabos e polias. Os compensadores modificavam ciclicamente o ângulo de ataque das pás. Para subida e descida os compensadores moviam-se igualmente, aumentando ou diminuindo o ângulo de ataque de todas as pás. O aparelho chegou a atingir 1000 m de altura em cinco minutos (razão de subida de 200 m/min), permanecer nessa posição por nove minutos e descer a 18 m onde permaneceu em vôo nivelado. Prof. Ramon Silva - 2013 433 09 – Asas Rotativas - História Blecker Em 1930, Blecker, USA, melhorou as dificuldades até então existentes pelo torque com a colocação de uma hélice propulsora instalada na cauda em sentido vertical e a 90 com o eixo longitudinal do helicópetro. A potência foi fornecida por um complicadíssimo sistema de engrenagens acionadas por eixos ligados ao motor instalado no centro do aparelho. A aeronave foi controlada por superfícies auxiliares ligadas a cada pá e o comando acionava também uma superfície instalada na cauda. O aparelho era muito instável e o projeto foi abandonado pela dificuldade de se manter o controle da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 434 09 – Asas Rotativas - História René Bréguet De 1930, a 1936, René Bréguet, França , construiu um aparelho com dois rotores coaxiais de 18 m de diâmetro. Cada rotor tinha duas pás que eram montadas com batimento e atraso controlados com a mudança de passo. O controle direcional foi conseguido com o equilíbrio do torque entre os rotores girando em sentido contrário. Dessa maneira conseguia controlar a proa da aeronave. As hastes de ligação dos comandos do rotor foram instaladas de tal maneira que, quando a pá estivesse em batimento para cima o ângluo de ataque seria diminuído. Prof. Ramon Silva - 2013 435 09 – Asas Rotativas - História Heinrich Focke Em 1937, Heinrich Focke, Alemanha , construiu com sucesso uma máquina usando dois rotores lado a lado com rotações em sentidos opostos. Para prover estabilidade, os rotores eram inclinados levemente para trás. O aparelho possuía uma hélice fixa de propulsão. Prof. Ramon Silva - 2013 436 09 – Asas Rotativas - História Heinrich Focke O controle longitudinal era conseguido pela inclinação dos rotores. O controle direcional foi conseguido com a inclinação assimétrica dos rotores. Essa inclinação assimétrica também possibilitava controle lateral. Havia também a presença de um profundor e um leme direcional Prof. Ramon Silva - 2013 437 09 – Asas Rotativas - História Heinrich Focke Esse helicóptero era monoplace e pesava 2200 lb (1000 kg). Permaneceu em vôo durante uma hora e vinte minutos a 3700 m. Percorreu 143 milhas (230 km) a uma velocidade de 75 mph (120 km/h) Prof. Ramon Silva - 2013 438 09 – Asas Rotativas - História Antoine Flettner Em 1935, Antoine Flettner, Alemanha , construiu um aparelho equipado com um rotor principal simples e dois rotores anti-torque. Os rotores anti-torque foram montados verticalmente de maneira que a tração gerada fosse inversa nos dois rotores. A variação do ângulo de ataque compensava o torque. Prof. Ramon Silva - 2013 439 09 – Asas Rotativas - História Antoine Flettner Em 1937, Flettner construiu um aparelho com os rotores lado a lado, modelo que ficou conhecido como “sincrótero”. Os mastros dos rotores formavam um ângulo de 24° com o plano longitudinal. Cada rotor tinha duas pás e girava em sentido oposto ao outro. Prof. Ramon Silva - 2013 440 09 – Asas Rotativas - História Antoine Flettner O aparelho subiu com duas pessoas e voou a uma velocidade acima de 90 milhas por hora (145 km/h). Flettner construiu aproximadamente 22 máquinas no período de cinco anos. A Kellet Aircraft Company adaptou a configuração original para três rotores (Kellet X R-8 e Kellet X R-10). Prof. Ramon Silva - 2013 441 09 – Asas Rotativas - História Igor Sikorsky Naturalizado americano, Sikorsky, ingressou na indústria aeronáutica americana. Em 1923 fundou a Companhia de Engenharia Aeonáutica. Em 1929 voltou a estudar o Helicóptero e em 1931 projetou um aparelho. Em 14 de setembro de 1939 realizou seu primeiro vôo oficial com o aparelho VS-300 Prof. Ramon Silva - 2013 442 09 – Asas Rotativas - História Igor Sikorsky O aparelho tinha um rotor principal e três rotores auxiliares instalados na cauda (um vertical e dois horizontais) Prof. Ramon Silva - 2013 443 09 – Asas Rotativas - História Igor Sikorsky Em 6 de maio de 1941 Sikorsky bateu o recorde de Focke, de permanência no ar, voando uma hora, trinta e dois minutos e vinte e seis segundos. O VS-300 passou por muitas modificações a partir da configuração original até chegar à configuração atual de rotor principal rotor de cauda. Sikorsky desenvolveu mecanismos relativamente simples, mas que proporcionaram total controle e estabilidade ao helicóptero. Prof. Ramon Silva - 2013 444 09 – Asas Rotativas - História Igor Sikorsky Os controles de arfagem e rolagem na configuração original do VS-300 foram obtidos por meio de dois rotores horizontais na cauda. Estes controles foram incorporados para melhorar a sustentação do rotor principal. Dos três rotores auxiliares originais, apenas o vertical foi mantido, servindo para anti-torque e controle de proa. Na melhor configuração os controles de arfagem e rolagem foram conseguidos pela inclinação do rotor principal. O rotor de cauda tinha seu funcionamento feito por um eixo acoplado ao rotor principal, o qual seria desacoplado do motor em caso de falha desse, permitindo o giro livre dos dois rotores mantendo o controle de proa. Prof. Ramon Silva - 2013 445 Referências Chediac, D.A.P., Helicóptero: Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. Ed. EAPAC, 1989. Prof. Ramon Silva - 2013 446 10 – O Helicóptero Comandos de Vôo- Manete de Potência O manete tem a mesma função de aceleração do manete do avião, porém difere-se na forma. Enquanto nos aviões o manete é uma alavanca no console do cockpit,nos helicópteros o manete é um normalmente um punho posicionado na extremidade do comando coletivo. Prof. Ramon Silva - 2013 447 10 – O Helicóptero Vôo em Potência Em vôo de potência (pairado, vertical, à frente, lateral e a ré) a sustentação total e a tração são perpendiculares ao disco das pás. Prof. Ramon Silva - 2013 448 10 – O Helicóptero Vôo Pairado Considerando-se que a aeronave esteja em uma condição em que não haja vento relativo, durante o vôo pairado o helicóptero mantém uma posição constante sobre um ponto selecionado, normalmente a poucos metros do solo. Em vôo pairado, a sustentação e a tração produzidos pelo rotor são paralelas entre si e aos vetores de peso e arrasto, porém com sentido oposto a essas forças. Prof. Ramon Silva - 2013 449 10 – O Helicóptero Vôo Pairado Enquanto paira a quantidade de tração do rotor principal pode ser alterada para que seja mantida a altitude desejada da aeronave. Esta alteração de tração é conseguida pela mudança no ângulo de ataque das pás do rotor principal e pela variação de potência, e neste caso a tração age na mesma direção vertical da sustentação Prof. Ramon Silva - 2013 450 10 – O Helicóptero Vôo Pairado O peso total que deve ser suportado é o peso total da aeronave somado ao peso da tripulação e da carga paga. Se a quantidade de tração é maior que o peso real do helicóptero a aeronave ganha altitude. O contrário acontece se a tração for menor que esse peso. Prof. Ramon Silva - 2013 451 10 – O Helicóptero Vôo Pairado O peso total que deve ser suportado é o peso total da aeronave somado ao peso da tripulação e da carga paga. Se a quantidade de tração é maior que o peso real do helicóptero a aeronave ganha altitude. O contrário acontece se a tração for menor que esse peso. Prof. Ramon Silva - 2013 452 10 – O Helicóptero Torque Uma consequência importante desta geração de tração é o aparecimento de um torque. Conforme a Terceira Lei de Newton, quando o motor gira o rotor principal no sentido anti-horário, a fuselagem do helicóptero tende a girar no sentido horário. A quantidade de torque gerada é diretamente proporcional à potência do motor utilizada para girar o rotor principal. Então quando a potência muda, o torque muda também. Prof. Ramon Silva - 2013 453 10 – O Helicóptero Torque Um rotor de cauda para compensar o torque que gira a fuselagem, controlado pelos pedais antitorque, é utilizado na maioria das aeronaves. A quantidade de tração no rotor de cauda é variada para que o torque seja compensado com a variação da potência. Como o motor fornece maior potência, o rotor de cauda deve fornecer maior tração. Prof. Ramon Silva - 2013 454 10 – O Helicóptero NOTAR – No Tail Rotor Nos helicópteros que não possuem rotor de cauda, o torque é compensado pelo efeito Coanda provocado pela ação de uma fenda ao longo do cone de cauda. O fluxo de baixa pressão que vem da fenda em conjunto com o fluxo de downwash do rotor criam sustentação no lado desejado. Aproximadamente um terço do fluxo de ar é direcionado ao bocal ajustável na ponta do cone. Prof. Ramon Silva - 2013 455 10 – O Helicóptero Tendência a Translação - Drift Durante o vôo pairado um helicóptero de rotor simples tende a se movimentar na mesma direção da tração do rotor anti-torque. Esta tendência de escorregamento é chamada de translação. Prof. Ramon Silva - 2013 456 10 – O Helicóptero Tendência a Translação - Drift Para compensar essa tendência, podem ser usadas uma ou mais das seguintes soluções: A transmissão principal é montada de maneira que o plano do disco esteja levemente inclinado, gerando sustentação lateral oposta à sustentação produzida pelo rotor de cauda; O ajuste do controle cíclico é feito de maneira que o disco do rotor esteja levemente inclinado, gerando sustentação lateral no sentido oposto á sustentação do rotor de cauda; O controle de ângulo de ataque é projetado de maneira que o disco do rotor esteja levemente inclinado, gerando sustentação lateral no sentido oposto á sustentação do rotor de cauda. Prof. Ramon Silva - 2013 457 10 – O Helicóptero Efeito Pendular A fuselagem do helicóptero, com um único rotor, é sustentada por um único ponto, possui uma massa considerável, é livre para oscilar tanto longitudinalmente quanto lateralmente como um pendulo. Este efeito pendular pode ser exagerado por um excesso no comando, portanto os comandos devem sempre ser realizados de maneira suave. Prof. Ramon Silva - 2013 458 10 – O Helicóptero Vôo Vertical O vôo pairado é na verdade um elemento do vôo vertical. Aumentando o ângulo de ataque das pás do rotor, e mantendo-se a rotação constante, haverá geração de tração e sustentação na vertical e o helicóptero ira subir. O contrário acontece quando o ângulo de ataque é diminuído. Em condição sem vento se a soma da tração com a sustentação for menor que o peso e o arrasto da fuselagem a aeronave desce. Prof. Ramon Silva - 2013 459 10 – O Helicóptero Vôo a Frente Durante o vôo à frente, o disco é inclinado de maneira que a sustentação total crie uma resultante para frente. Essa resultante é decomposta em duas componentes. Uma componente vertical (sustentação) e uma componente horizontal que traciona o helicóptero na direção de vôo. Nessa condição de vôo, aparece um arrasto de fuselagem causado pelo movimento do helicóptero à frente. Prof. Ramon Silva - 2013 460 10 – O Helicóptero Vôo a Frente Em vôo à frente, nivelado e com velocidade constante, a tração é igual ao arrasto e a sustentação é igual ao peso. Se a sustentação excede o peso a aeronave sobe e se o peso é menor que a sustentação a aeronave vai descer. Se a tração excede o arrasto, a velocidade aumenta. Caso contrário a velocidade diminui. Prof. Ramon Silva - 2013 461 10 – O Helicóptero Vôo a Frente Conforme o helicóptero voa a frente, a aeronave tende a perder altitude, pois uma quantidade de sustentação é transformada em tração. No entanto, como o helicóptero começa a acelerar, o rotor se torna mais eficiente devido a um aumento do fluxo de ar. O resultado é um aumento de potência para além daquela requerida para que a aeronave paire. Uma aceleração contínua irá causar um aumento contínuo do fluxo de ar provocando um acréscimo contínuo nessa potência. Prof. Ramon Silva - 2013 462 10 – O Helicóptero Sustentação de Translação A sustentação de translação ocorre se houver um fluxo de ar horizontal sobre o rotor. Este acréscimo de fluxo se torna mais perceptível quando a velocidade do ar está aproximadamente entre 16 a 24 knots. Conforme o helicóptero acelera nessa velocidade, o disco do rotor se move para fora dos seus vórtices em uma região em que o ar é relativamente não perturbado. Prof. Ramon Silva - 2013 463 10 – O Helicóptero Sustentação de Translação Quando um helicóptero de rotor simples voa em sustentação translacional, o fluxo de ar que passa pelo rotor principal e sobre o rotor de cauda se torna menos turbulento e, portanto mais eficiente aerodinamicamente. Como a eficiência do rotor de cauda melhora, mais sustentação é produzida na cauda produzindo uma guinada para a esquerda (se o rotor principal gira no sentido anti-horário. Nessa condição é necessário que o pedal direito seja acionado para corrigir a tendência de guinada na decolagem Prof. Ramon Silva - 2013 464 10 – O Helicóptero Sustentação de Translação Ainda nessa condição, a ação combinada da dissimetria de sustentação com o fluxo transversal provoca uma cabragem e uma rolagem para a direita, se nenhuma correção for feita pelo comando cíclico. O efeito de sustentação translacional acontece também se a aeronave estiver “pairando” e a velocidade do vento for aproximadamente de 16 a 24 knots. Prof. Ramon Silva - 2013 465 10 – O Helicóptero Fluxo Induzido Conforme as pás do rotor giram, elas geram um vento relativo rotacional. Este fluxo acontece de forma paralela ao plano de rotação e perpendicular ao bordo de ataque da pá. Este vento rotacional relativo é usado para gerar sustentação. Conforme o rotor gera sustentação, o ar acelerado sobre o perfil é projetado para baixo. Uma grande quantidade de ar se movimenta verticalmente, de cima para baixo, através do disco. Prof. Ramon Silva - 2013 466 10 – O Helicóptero Fluxo Induzido Este fluxo induzido, downwash, pode alterar significativamente a eficiência do rotor. A combinação do vento rotacional relativo com o fluxo de ar induzido cria um vento relativo resultante. Com o aumento do fluxo induzido, o vento relativo se torna menos horizontal, diminuindo o ângulo de ataque. Prof. Ramon Silva - 2013 467 10 – O Helicóptero Vôo Lateral Assim como no vôo a frente, no vôo lateral o plano de giro do rotor é inclinado para que a aeronave possa movimentar-se lateralmente. Nessa condição a sustentação está posicionada no eixo vertical assim como o peso, porém a tração e o arrasto de fuselagem estão na direção do eixo horizontal. Prof. Ramon Silva - 2013 468 10 – O Helicóptero Vôo a Ré Assim como no vôo a frente e no vôo lateral, quando a aeronave voa para trás o plano de giro do rotor é inclinado para que a aeronave possa movimentar-se nessa direção. Nessa condição a sustentação está posicionada no eixo vertical assim como o peso, porém a tração e o arrasto de fuselagem estão na direção do eixo horizontal. Prof. Ramon Silva - 2013 469 Referências Batista, U.S.N., Teoria de Vôo de Helicóptero. Ed EAPAC, 1992. Chediac, D.A.P., Helicóptero: Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. Ed. EAPAC, 1989. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Federal Aviation Administration, Rotorcraft Flying Handbook, 2000 Prof. Ramon Silva - 2013 470 Teoria de Vôo 11 – Aerodinâmica de Asas Rotativas Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Introdução Para o estudo da aerodinâmica das pás de um helicóptero, o primeiro passo é definir os parâmetros geométricos desse tipo de asa. Prof. Ramon Silva - 2013 472 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá Assim como as asas fixas as pás possuem envergadura e corda. Embora a corda da pá tenha a mesma definição da corda da asa fixa (distância entre bordo de fuga e bordo de ataque), a envergadura da pá não é definida como a distância entre as pontas das pás, mas a distância entre a raiz e a ponta de uma pá. Prof. Ramon Silva - 2013 473 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá A razão entre a envergadura e a corda média da pá define o alongamento e assim como nas asas fixas quanto maior o valor do alongamento, maior será a sustentação e menor será o arrasto. O produto entre a corda média e a envergadura é a área da pá. Prof. Ramon Silva - 2013 474 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá A pá é dividida em seções, chamadas de estações que vão da raiz à sua ponta Prof. Ramon Silva - 2013 475 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Distribuição de Sustentação Devido ao giro do rotor, a velocidade tangencial nas estações da pá é variável. A variação da velocidade ao longo da envergadura provoca um aumento da sustentação na pá no sentido da raiz, onde a velocidade tangencial é aproximadamente 10 mph, para a ponta, onde pode chega a aproximadamente 500 mph. V=ωxr Prof. Ramon Silva - 2013 476 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Distribuição de Sustentação Da mesma maneira que a asa de um avião o efeito de ponta gera vórtices e provoca diminuição de sustentação nessa região. Prof. Ramon Silva - 2013 477 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Torção A torção da pá ao longo da sua envergadura é uma solução utilizada para distribuir a diferença na sustentação nas estações da pá. A variação do ângulo de incidência provoca o deslocamento do centro de pressão (local da resultante aerodinâmica) para aproximadamente 70% da envergadura da asa. Prof. Ramon Silva - 2013 478 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Afilamento Outra solução semelhante às asas fixas é a variação da corda ao longo da envergadura. O afilamento ou a distribuição trapezoidal da corda ajudam a distribuir a sustentação no sentido da envergadura e diminui a formação de vórtices. Prof. Ramon Silva - 2013 479 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Plano de Rotação O plano imaginário traçado pela trajetória média das pontas das pás é chamado de plano de rotação e é sempre perpendicular ao eixo de rotação. Prof. Ramon Silva - 2013 480 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa A Pá – Plano de Rotação O plano imaginário traçado pela trajetória média das pontas das pás é chamado de plano de rotação e é sempre perpendicular ao eixo de rotação. Prof. Ramon Silva - 2013 481 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação A dissimetria de sustentação foi o maior problema a ser enfrentado para o desenvolvimento dos helicópteros. Embora a estabilidade possa ser atingida teoricamente em vôo pairado, quando em vôo de translação a sustentação passa a ser assimétrica no disco de rotação. Além da variação de sustentação ao longo da envergadura devido à variação da velocidade tangencial da pá conforme já foi discutido, um segundo efeito de desigualdade de velocidades acontece no disco. Prof. Ramon Silva - 2013 482 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação Ao se movimentar, o helicóptero cria uma componente de velocidade paralela ao vento relativo, sendo que esta componente se soma à velocidade tangencial na pá que avança e é subtraída desta velocidade tangencial na pá que recua. Essa desigualdade na velocidade relativa do fluxo que atinge as pás provoca uma dissimetria de sustentação entre a metade do disco que avança e a metade do disco que recua, criando uma tendência de rolamento da aeronave. Prof. Ramon Silva - 2013 483 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação Prof. Ramon Silva - 2013 484 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação A solução encontrada para corrigir essa dissimetria é a variação do ângulo de ataque (pitch) das pás durante o ciclo de giro, diminuindo o ângulo de incidência na pá que avança e aumentando na pá que recua. Esta mudança de passo cíclica e conseguida pelo uso da Unidade Misturadora (Swash Plate). Prof. Ramon Silva - 2013 485 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Swashplate Prof. Ramon Silva - 2013 486 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação Prof. Ramon Silva - 2013 487 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Dissimetria de Sustentação - Batimento A dissimetria de sustentação também pode ser compensada pelo movimento de batimento vertical (flapping) e avanço-recuo (leadlag). Prof. Ramon Silva - 2013 488 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Batimento - Rotores Para entendermos os movimentos de batimento é necessário aprendermos sobre os tipos de rotores empregados em helicópteros. Os rotores são os mecanismos que permitem a compensação e equalização das forças aerodinâmicas que atuam nas pás. Os rotores possuem três eixos de movimento, em torno dos quais reagem à dinâmica de vôo. Todos os rotores têm movimentos nos três eixos, porém nem todos possuem articulações para todos esses movimentos. Prof. Ramon Silva - 2013 489 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Rígido O rotor rígido possui apenas articulação para mudança de ângulo de pá. as pás são fixadas rigidamente ao cubo e esse rigidamente ligado ao mastro. Essa configuração facilita sua construção e manutenção. Sem as articulações para batimento e avanço-recuo, as pás devem ser fabricadas de maneira que sejam flexíveis e resistentes o suficiente para absorver esses movimentos. Rotor rígido (MBB Bo-105) Prof. Ramon Silva - 2013 490 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Semi - Rígido O rotor semi-rígido é construído de maneira que duas pás formam um só conjunto fixado ao seu cubo. Possui um uma articulação para movimento de batimento das pás. Cada pá possui sua articulação para mudança de passo porém a articulação de avanço-recuo é inexistente. Rotor semi-rígido (Bell UH-1) Prof. Ramon Silva - 2013 491 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Articulado O rotor articulado possui articulações para cada um dos movimentos. Normalmente construídos para utilização de três ou mais pás. O movimento de avanço-recuo é absorvido pelos amortecedores (dampers) Prof. Ramon Silva - 2013 492 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Semi Rígido - Batimento Nos rotores semi-rígidos, o aumento da velocidade aerodinâmica na pá avançada faz com que ela se eleve (batimento para cima), diminuindo assim seu ângulo de ataque e sua área útil. Portanto a sustentação na pá avançada é diminuída pelo flapping. Como as pás são articuladas como uma gangorra, a elevação da pá avançada provoca o abaixamento da pá recuada (batimento para baixo), aumentado a área útil e o ângulo de ataque e por consequência a sustentação. Este movimento faz com que as forças de sustentação nas pás avançada e recuada se equalizem. Prof. Ramon Silva - 2013 493 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Semi Rígido - Batimento Batimento em um rotor semi-rígido Prof. Ramon Silva - 2013 494 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Rotor Articulado - Batimento Nos rotores articulados o aumento da velocidade também faz com que a pá avançada execute o batimento para cima, diminuindo a área útil e o ângulo de ataque. Porém a asa recuada permanece no mesmo ângulo, sem realizar batimento e mantendo sua sustentação original. Prof. Ramon Silva - 2013 495 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Avanço – Recuo (Lead Lag) Quando a pá realiza o batimento para cima, a distância do centro de massa desta pá em relação ao eixo de rotação diminui. Pelo princípio de conservação do momento angular, o produto entre rotação e raio deve permanecer constante. Como a rotação da rotor é constante e o raio de giro diminui, a velocidade angular da pá deve aumentar. O contrário deve acontecer na pá com batimento para baixo. Prof. Ramon Silva - 2013 496 11 – Aerodinâmica de Asa Rotativa Avanço – Recuo (Lead Lag) Essa mudança na velocidade da pá no plano de rotação provoca um movimento alternativo de avanço-recuo em torno do eixo de fixação da pá. Essa tendência de aceleração-desaceleração da pá é conhecida como Efeito de Coriolis Prof. Ramon Silva - 2013 497 Referências Batista, U.S.N., Teoria de Vôo de Helicóptero. Ed EAPAC, 1992. Chediac, D.A.P., Helicóptero: Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. Ed. EAPAC, 1989. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Federal Aviation Administration, Rotorcraft Flying Handbook, 2000 Prof. Ramon Silva - 2013 498 Teoria de Vôo 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Prof. M.Sc. Ramón Eduardo Pereira Silva Especialização em Engenharia Aeronáutica 2013 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Introdução Alguns efeitos devem ser considerados para o vôo seguro dos helicópteros Prof. Ramon Silva - 2013 500 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito de Cone Para que a sustentação seja gerada é necessário que as pás estejam girando. A rotação do rotor faz com que uma força centrífuga seja gerada na pá. Ou seja, a pá tende a “sair” do rotor. Quanto maior a rotação, maior será o módulo dessa força centrífuga. O aparecimento dessa força centrífuga é necessário para criar a rigidez do disco que sustenta o peso da aeronave. A rotação máxima do rotor é determinada pela limitação estrutural da pá em suportar essa força de despalhetamento. Prof. Ramon Silva - 2013 501 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito de Cone Em uma decolagem vertical duas forças principais agem na pá ao mesmo tempo: 1. A sustentação perpendicular à pá. 2. A força centrífuga paralela à pá Como resultado das duas forças a pá tende a levantar criando uma superfície cônica que diminui a área efetiva do disco. Prof. Ramon Silva - 2013 502 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Solo Quando o helicóptero está pairando próximo ao solo, acontece um efeito chamado de efeito solo. O efeito solo acontece com a aeronave em vôo pairado a uma altura máxima de metade do diâmetro do rotor. O efeito solo é uma manifestação da terceira lei de Newton. Prof. Ramon Silva - 2013 503 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Solo O fluxo ar induzido pela rotação das pás do rotor principal gera uma pressão na parte inferior da aeronave. A reação à força gerada por esse fluxo no solo gera uma sustentação extra. Esse efeito permite aos helicópteros executar vôos pairados em altitudes mais elevadas. Prof. Ramon Silva - 2013 504 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Solo É conhecido internacionalmente pelas siglas: IGE (In Ground Efect) = Dentro do Efeito de Solo OGE (Out Ground Efect) = Fora do Efeito de Solo Normalmente os helicópteros têm tabelas para cálculo de vôo pairado em IGE e OGE. Prof. Ramon Silva - 2013 505 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Solo Os principais fatores para a geração de efeito solo são a direção e a quantidade de ar deslocado. O ângulo de ataque tem maior contribuição no efeito solo do que a rotação no efeito solo. A qualidade do terreno abaixo do helicóptero também tem influência sobre o efeito solo. Capim alto, inclinação do terreno vão diminuir o efeito solo. Prof. Ramon Silva - 2013 506 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Ressonância com o Solo A ressonância com o solo ocorre durante o taxi, decolagem ou pouso gerando violentas oscilações na aeronave. Esse tipo de ressonância pode destruir o helicóptero em poucos segundos. É mais comum em helicópteros com rotores articulados. A ressonância em solo surge quando o centro de massa do rotor é descentralizado. O centro de massa se desloca se a relação angular entre as pás for alterada. Prof. Ramon Silva - 2013 507 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Ressonância com o Solo Em uma aeronave tripá, normalmente a relação entre ás pás é de 120°. Se a roda toca o chão toca o solo violentamente , esse choque forcará as pás deste lado para baixo, alterando a relação angular. O ângulo entre as pás não será mais de 120°, mas por exemplo de 122°122°-166°. Quando a outra roda toca o solo essa diferença pode aumentar ainda mais (124°-124°-112°, por exemplo) Nessa condição o rotor já está completamente desbalanceado. A situação piora se a aeronave estiver parcialmente no ar. Prof. Ramon Silva - 2013 508 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Ressonância com o Solo Outra causa de ressonância com o solo é o mau funcionamento dos amortecedores das pás. Nessa condição, mesmo que o helicóptero pouse suavemente. Se um dos dampers funcionar incorretamente a ressonância irá ocorrer. O piloto deve agir rapidamente em caso de ressonância e em linhas gerais são recomendadas as seguintes medidas: a) Se estiver com RPM suficiente para decolar, tirar imediatamente o helicóptero do solo e tentar o pouso novamente. b) Se estiver com pouca RPM, reduzir a potência, reduzir o coletivo e frear o rotor. Prof. Ramon Silva - 2013 509 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Giroscópico Os giroscópios possuem duas propriedades: RIGIDEZ NO ESPAÇO: resistência de um corpo girante em mudar seu plano de rotação. PRECESSÃO: A precessão é a inclinação de um giroscópio em resposta a uma força aplicada. A reação a esta força não ocorre no ponto de aplicação, mas a 90° deste ponto. Prof. Ramon Silva - 2013 510 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Giroscópico Sendo uma massa giratória, o rotor principal do helicóptero age como um giroscópio. O efeito de precessão é o que tem maior importância no rotor. Intuitivamente pensamos que para realizar um vôo a frente deve-se gerar sustentação na parte traseira do disco. Porém devido ao efeito da precessão o comando deve ser realizado com 90° de defasagem. Prof. Ramon Silva - 2013 511 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Efeito Giroscópico Essa defasagem de comando é feita automaticamente pelo próprio sistema de controle. Prof. Ramon Silva - 2013 512 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação O fenômeno da auto-rotação é o mais interessante efeito aerodinâmico encontrado nas aeronaves de asa rotativa. Esse efeito possibilita um pouso em segurança da aeronave em caso de falha do motor. A auto-rotação é a capacidade que as pás possuem de continuar girando no mesmo sentido e com a mesma velocidade em caso de falha de potência, desde que estejam em um passo mínimo. Prof. Ramon Silva - 2013 513 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação Nos vôos com potência o ar flui através do rotor no sentido de cima para baixo. Nos vôos em auto-rotação o fluxo se inverte, sendo que o ar passa a fluir de baixo para cima formando um grande ângulo de ataque. Durante um vôo o rotor roda graças á potência do motor. Em caso de falha do motor para ou quando o piloto desengata o rotor, há outra força que pode ser usada para manter o regime de rotação das pás e o helicóptero voa perfeitamente controlado até pousar. Prof. Ramon Silva - 2013 514 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação Essa força é gerada regulando o controlo de passo (o coletivo) de forma a conseguir uma descida controlada. O fluxo de ar que passa através do rotor durante a descida da aeronave fornece a energia para manter as pás em rotação. Dessa maneira o piloto vai “trocando” altitude por velocidade de forma a nunca deixar baixar a rotação do rotor de forma a manter um momento de inércia o mais elevado possível. Prof. Ramon Silva - 2013 515 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação O helicóptero tem uma reserva de energia potencial acumulada, em função da altitude a que estiver. Enquanto vai descendo vai convertendo essa energia potencial em energia cinética e acumula-a no sistema rotor. O piloto usa essa energia cinética para controlar a descida e a velocidade horizontal até á aterragem. Prof. Ramon Silva - 2013 516 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação Considerando-se que a auto-rotação acontece verticalmente as forças que fazem com que as pás rodem são similares, seja qual for a sua posição em relação ao plano de rotação. Durante uma auto-rotação vertical o rotor está dividido em três zonas Prof. Ramon Silva - 2013 517 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação A zona de tensão, também chamada de zona de hélice, fica na zona mais próxima às pontas das pás. A resultante aerodinâmica total (ou resultante) nesta zona fica atrás do eixo de rotação. Esta inclinação provoca um efeito de arrasto que tende a reduzir a rotação do sistema. Prof. Ramon Silva - 2013 518 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação A zona de auto-rotação situa-se na região central do disco. A resultante aerodinâmica nesta área é ligeiramente inclinada para a frente, em relação ao eixo de rotação. Esta inclinação fornece energia que tende a acelerar a rotação das pás. Prof. Ramon Silva - 2013 519 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação A zona de perda, ou zona de stall, cobre a região central do disco rotor. Aí a pá funciona com o ângulo de ataque tão elevado que essa zona está em stall o que provoca drag que tende a retardar a rotação. Prof. Ramon Silva - 2013 520 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação Os vetores de força são diferentes em cada zona porque o vento aparente rotacional é mais lento perto do centro do rotor e aumenta continuamente de velocidade até ás pontas das pás. Prof. Ramon Silva - 2013 521 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação Na zona de tensão a resultante aerodinâmica resultante fica atrás do eixo de rotação e embora produza alguma sustentação, opõe-se continuamente á rotação e tende a retardar o rotor. A dimensão desta zona varia com o passo e com a razão de descida. Entre a zona tensão e a de auto-rotação encontra-se um ponto de equilíbrio, onde a resultante aerodinâmica está alinhada com o eixo de rotação. A sustentação e o arrasto gerados não produzem aceleração ou desaceleração da pá. Prof. Ramon Silva - 2013 522 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Auto Sustentação A zona de auto-rotação produz as forças necessárias para rodar as pás durante a auto-rotação. A resultante aerodinâmica nesta zona é inclinada para a frente do eixo do rotor e desenvolve uma força de aceleração contínua. Consegue-se um regime de rotação constante ajustando o comando de controle de passo de forma a que as forças de aceleração da pá na zona de auto-rotação compensem as forças de retardo das outras zonas. Prof. Ramon Silva - 2013 523 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Curva de Velocidade e Altura Conhecida como a curva do homem morto, mostram as situações de altura e velocidade que possibilitam ou não a realização de um pouso seguro em auto rotação em caso de falha de motor durante o vôo. Prof. Ramon Silva - 2013 524 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Curva de Velocidade e Altura Região A: impossível estabelecer um planeio em auto rotação no caso de falha do motor. Grande desaceleração do rotor provocada pelo grande ângulo de ataque, baixa velocidade e pouca altura para recuperação. A Prof. Ramon Silva - 2013 525 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Curva de Velocidade e Altura Região B: impossível estabelecer um planeio em auto rotação no caso de falha do motor pela grande desaceleração do motor. Um pouso nessas condições só seria possível em uma área pavimentada e o contato com o solo seria em alta velocidade, pois a pequena altura não permitiria maior redução de velocidade B Prof. Ramon Silva - 2013 526 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Curva de Velocidade e Altura Região C: impossível estabelecer um planeio em auto rotação pelas mesmas razões da região B Porém nessa condição seria impossível o pouso mesmo em área pavimentada pois o contato aconteça a uma velocidade acima dos limites permissíveis C Prof. Ramon Silva - 2013 527 12 – Efeitos Aerodinâmicos em Asas Rotativas Curva de Velocidade e Altura Região D: Área onde a auto rotação pode ser feita com segurança D Prof. Ramon Silva - 2013 528 Referências Batista, U.S.N., Teoria de Vôo de Helicóptero. Ed EAPAC, 1992. Chediac, D.A.P., Helicóptero: Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. Ed. EAPAC, 1989. Joffily, K. Aerodinâmica do Helicóptero, Teoria de Vôo e Conhecimentos Técnicos. (2000). Curitiba. Federal Aviation Administration, Rotorcraft Flying Handbook, 2000 Prof. Ramon Silva - 2013 529
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