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ASSOCIAÇÃO SINDICAL DOS PROFISSIONAIS DA POLÍCIA • ASPP / PSP MEMBRO PERMANENTE DO CONSELHO EUROPEU DOS SINDICATOS DE POLÍCIA ORGÃO DE INFORMAÇÃO DA ASPP/PSP // FEVEREIRO 2008 Reestruturação da PSP Das promessas à realidade Ler pág.: 4, 5, 8, 9, 16, 24, 25 e 34 03 10 18 Petição pelo direito à greve na Polícia de Segurança Pública manifestação conferência Em LUTA pela dignidade da profissão Os Órgãos de Polícia Criminal na actual Política Criminal Índice 02 Editorial 03 Petição pelo direito à greve na PSP 04 Reforma e reestruturação das Forças de Segurança 05 Reorganização das áreas de responsabilidade da PSP 06 Nova arma na PSP O Crachá n.º 33 Fevereiro de 2008 Ano XIV Órgão de Informação da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia – ASPP/PSP Director Paulo Rodrigues Redacção Gabinete Comunicação ASPP/PSP [email protected] Morada Avenida Santa Joana Princesa, N.º 2 1700-357 Lisboa Tel.: 213 475 394/5 Tlm.: 962 076 140 / 917 767 024 Fax: 213 475 493 Website: http://www.aspp-psp.pt E-mail: [email protected] Design e paginação República Visual [email protected] Impressão Rocha, artes gráficas Distribuição gratuita aos associados ASPP/PSP Inscrito na DGCI com o n.º 115 869/91 Depósito legal n.º 74 228/94 7.500 exemplares 07 PSP continua a não fornecer coletes balísticos individuais 08ASPP/PSP contesta saída da Assembleia e Presidência da República Novos agentes formados na Escola Prática de Polícia 09 O impacto da nova lei 10 Em luta pela dignidade da profissão 13Serviço de saúde da PSP está doente Serviços remunerados obrigatórios, mal pagos e atrasados 14 Novo ministro, velhas políticas 15 Sentimento de insegurança exige respostas adequadas 16 MAI e PSP prefere subserviência ASPP/PSP contra deslocalização do Corpo de Segurança Pessoal para Belas 17 Lei sindical tem de ser respeitada 18 Conferência “Os órgãos de Polícia Criminal na actual Política Criminal” 21 Política reivindicativa da ASPP/PSP para 2008 23 Plano de actividades para 2008 24 Investigação Criminal na PSP 26 As esquadras do século XXI 27 Entrevista a Bernardo Colaço 30 A importância das direcções distritais na actividade sindical 31 Plano de prevenção de suicídios nas forças de segurança 32 Entrevista ao Dr. Manuel Borges do gabinete jurídico da ASPP/PSP 34 Reorganização dos Comandos de Polícia não pode ser retrocesso Onde param os milhões para a pré-aposentação? 35 Legislação 2 // o crachá // fevereiro 2008 EDITORIAL Será esta a nossa Polícia? N o início de 2005, acreditámos plenamente numa mudança há muito esperada, que melhorasse a nossa qualidade de vida sócio-profissional, bem como a da própria Instituição, com reflexos reais na qualidade de serviço prestado à sociedade. Não podíamos estar mais enganados. O Partido Socialista, actual Governo, apontou grandes reformas no sector da segurança pública. No entanto, pouco depois de assumir os destinos do País, rapidamente caiu em descrédito no seio da PSP, assumindo um papel meramente de mensageiro das atrocidades contra os direitos dos Polícias há muito adquiridos (alterações às regras da pré-aposentação, SAD/PSP, entre outros) e que, infelizmente, ainda estão bem presentes na memória dos Profissionais da Polícia de Segurança Pública. Regras da pré-aposentação, congelamento das carreiras, atraso na abertura de concursos para promoção nas diversas categorias, foram alguns dos mais graves ataques a todos os Profissionais da PSP. Esta gestão radicalmente economicista levou a uma perda do poder de compra dos Profissionais da Polícia em cerca de 140 euros, entre 2004 e 2008, valor encontrado na relação entre os cortes aos direitos acima mencionados e ao aumento do custo de vida no mesmo período. Também gostaríamos de perguntar ao Ministério da Administração Interna onde param os milhões de euros previstos para aqueles que já reúnem todos os requisitos para a passagem à pré-aposentação e que continuam, com grandes dificuldades, em serviço efectivo. Afinal, onde está a grande reforma propagandeada e que ficou, pelos vistos, somente pela redefinição das áreas partilhadas entre a PSP e GNR? Uma redefinição constantemente envolvida num secretismo ensurdecedor por parte do MAI, excluindo os Polícias da sua discussão, deslocando-os, constantemente, como se de meros números se tratassem. A reforma – tão prometida –, que tinha por objectivo a alteração à carreira profissional, à definição de um horário de trabalho, à criação de um novo e adequado regulamento disciplinar, à aglutinação dos variadíssimos subsídios no vencimento, à própria alteração da forma de pagamento dos remunerados que, de forma ridícula e até irresponsável, continuam constantemente a ser pagos com atrasos inadmissíveis.Mas nem a avaliação para os concursos de progressão na carreira decorreu sem sobressaltos. Pelo contrário, cometeu-se - mais - uma enorme injustiça para com os Profissionais da Instituição PSP. Não é de estranhar. Já só faltava esta pequena fórmula para conseguir aquilo que há muito alguns queriam no seio da PSP: Uma forma legal (injusta, mas legal) de poder privilegiar alguns “graxismos”, alguns “sim, senhor”, em detrimento daqueles que todos os dias dão provas de excelência a nível profissional, mas que são adversos ao servilismo ou à subserviência hierárquica. Como se não bastasse, ainda nos confrontamos com os constantes atropelos à Lei por parte de alguns responsáveis da nossa Instituição. Gostaríamos de questionar esses responsáveis se conhecem o papel dos deputados da Assembleia da República e da própria Assembleia. É que, por diversas vezes, ficamos todos com a sensação que dentro desta Instituição alguém pensa que pode alterar e aprovar Leis conforme bem entende. No entanto, já estamos habituados aos inúmeros despachos da Direcção Nacional da PSP, às tradicionais NEP’S, aos regulamentos, às orientações e às directivas. Mas, não ficando por aqui, também os Comandos, as Divisões e as Esquadras de Polícia ajustam, quantas vezes desvirtuando a sua essência, essas mesmas ordens da DN/PSP a seu bel-prazer. Será esta a nossa Polícia? Uma Polícia que se pretende defensora e fiscalizadora do cumprimento das Leis do Estado perante os cidadãos e que tantas vezes nem o Governo nem a hierarquia da Polícia as cumpre em relação aos seus Profissionais? Da nossa parte, não. E é também contra esta arbitrariedade pouco responsável que, diariamente, travamos a nossa luta, sempre em defesa dos Profissionais e pelo bom nome da Instituição. d Paulo Rodrigues Presidente da ASPP/PSP fevereiro 2008 // o crachá // 3 Desvalorização constante Petição pelo direito à greve na Polícia de Segurança Pública Responsabilidade e determinação na exigência Não foi de ânimo leve que a ASPP/PSP entregou na Assembleia da República uma petição com mais de 5.000 assinaturas a exigir o direito à greve na Polícia de Segurança Pública, que deverá ser discutida em Plenário. O direito à greve é um direito constitucional de que estão privados os Profissionais da Polícia, mesmo não sendo integrantes de uma força militarizada, mas sim de uma força de segurança com cariz civil. A desculpa de que o direito à greve numa força de segurança colocaria em causa a segurança pública não serve de argumento. Para além de existirem outros exemplos de forças de segurança em Portugal que possuem esse direito, os Profissionais da Polícia já demonstraram que são responsáveis e empenhados na missão que desempenham, mesmo perante todas as adversidades a que são alheios, como a falta de meios, o material de trabalho inadequado e a constante retirada de direitos consagrados por parte da tutela. A entrega desta petição surge num contexto muito particular, em que o Governo insiste numa desvalorização constante dos problemas dos Profissionais da PSP, insistindo na imposição da sua vontade, fazendo letra morta da Lei Sindical, aprovada em 2002, e em que a tutela se comprometeu a negociar com sindicatos. No entanto, estamos em 2008 e o desrespeito pelas propostas sindicais continua a ser a tónica dominante. Nenhuma das propostas apresentadas pela ASPP/PSP foi aceite pelo Ministério da Administração Interna, que transforma as reuniões de negociação em meras audições para cumprir calendário. “Nunca, jamais, em tempo algum” Confrontado com esta iniciativa da ASPP/PSP, o então ministro da Administração Interna, António Costa, respondeu com um arrogante “nunca, jamais, em tempo algum”, numa atitude de equívoco de competências. Esqueceu-se o actual autarca lisboeta que é à Assembleia da República que cabe deliberar sobre esta matéria, e que o Governo deverá cumprir o que dela sair... Apoio internacional Após a entrega da petição, foram agendadas reuniões com todos os Grupos Parlamentares, onde participou uma delegação representativa da ASPP/PSP, integrada também pelo Secretário Geral do Conselho Europeu de Sindicatos da Polícia (CESP), Gerard Grénèron, numa demonstração clara do apoio prestado pelos sindicatos que representa às justas reivindicações dos Polícias portugueses. Votação no primeiro trimestre Depois da reunião entre a ASPP/PSP e a Primeira Comissão Parlamentar de Direitos Liberdades e Garantias, ficou agendada para o primeiro trimestre de 2008 a discussão em plenário, e posterior votação, da petição entregue. d 4 // o crachá // fevereiro 2008 A ideia de que qualquer reforma numa instituição como a PSP pode começar noutras áreas que não na valorização dos Profissionais que a sustentam é o mais profundo dos erros. Os recursos humanos são o motor que faz mover a engrenagem da Polícia, e tudo o que se fizer sem ter em conta os seus direitos terá sempre um mau resultado. Por isso, continuamos sem compreender quais os critérios que levaram ao encerramento de algumas esquadras, como, por exemplo, a Esquadra de Sintra, tendo em conta que a PSP assumiu todas as localidades até à entrada da cidade, mas não fica responsável pela própria sede do concelho. Secretismo O secretismo do Ministério da Administração Interna e da Direcção nacional da PSP marcaram todo o processo, não permitindo quaisquer pareceres ou contributos por parte dos Sindicatos. Mesmo sendo já uma exigência antiga da ASPP/PSP a definição das áreas de competência, a tutela optou pela já característica opção de tomar decisões sem auscultar aqueles que, no terreno, têm uma melhor percepção da aplicabilidade de certas medidas. Fátima e Sintra foram maus exemplos Outro exemplo de difícil compreensão foi o da Esquadra de Fátima, tendo em conta as características muito particulares da cidade, com uma população flutuante, que aumenta de forma substancial durante vários períodos do ano. Tal facto obrigou mesmo a PSP a enviar, anualmente, para esse local, o Corpo de Intervenção e elementos da Divisão de Trânsito de Lisboa, para auxiliar o policiamento, libertando, maioritariamente, os elementos da esquadra para a fiscalização e investigação criminal. A especificidade do tipo de crime desse local obrigou a PSP a moldar o seu policiamento às necessidades, baseado em informações recolhidas ao longo dos anos. Informações essas que contribuíram para melhorar o combate ao crime, mas que foram postas em causa com a saída da PSP. Polícias são últimos a saber O desrespeito da tutela pelos Profissionais da Polícia marcou, também, todo o processo das tão anunciadas reformas. Não raras vezes, souberam com antecedência de 48 horas que iriam ser transferidos e recolocados noutras esquadras, como sucedeu no Cometlis e no Cometpor. De lamentar é, também, a demora de todo o processo, num contraste claro do que se verifica quando o Governo pretende cortar direitos. Aí, tudo se resolve de um dia para outro... d Reforma e reestruturação das Forças de Segurança Começar pelo telhado fevereiro 2008 // o crachá // 5 Conforme a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia – ASPP/PSP tem vindo a alertar, a Reorganização das Áreas de Responsabilidade da PSP, ao nível dos Comandos, vem colocar novos problemas aos Profissionais da Polícia. Ao aumento acentuado da área de intervenção da PSP, que assume, só no Comando Metropolitano de Lisboa, mais 332.071 habitantes e 63 Freguesias, não corresponde o tão anunciado aumento do efectivo, situação que tende a piorar, uma vez que o próximo curso para ingresso de agentes está previsto apenas para 2010. Esperamos, assim, que o Governo recue na decisão de não realizar novos cursos para Profissionais de Polícia. Reorganização das áreas de responsabilidade da psp Ao mesmo tempo, este aumento da área de responsabilidade da PSP não foi devidamente acompanhado por um reforço dos meios materiais, como viaturas e outros equipamentos. Com o aumento notório da criminalidade organizada e violenta, a ASPP/PSP considera que a forma como foi conduzida a Reorganização das Áreas de Responsabilidade da PSP, bem como os resultados finais desta, não servem o interesse das populações envolvidas, podendo mesmo colocar em causa a imagem da Instituição PSP, cuja capacidade de resposta poderá estar em causa. No que diz respeito às esquadras, apesar de todos os investimentos anunciados pelo Ministério da Administração Interna, assistimos a um retrocesso inqualificável, como esquadras de atendimento instaladas em rulotes ou contentores, como está a acontecer em Corroios e Leça da Palmeira, respectivamente. Sobre onde estão as tão publicitadas Esquadras do Século XXI, ninguém parece saber responder ao certo. A ASPP/PSP considera inadmissível que, depois de todos os anúncios e propaganda do Ministério da Administração Interna, a realidade que se vive no terreno continue a ser bem diferente daquela que o Governo quer fazer crer às populações, proporcionando-lhes um falso sentimento de presença policial e de proximidade que, sem os meios necessários e adequados, nunca poderá concretizar-se. d 6 // o crachá // fevereiro 2008 Nova arma na PSP Será desta? A PSP prepara-se para adquirir uma nova arma para equipar todos os Profissionais. Conforme a ASPP/PSP desde há muito defende, a arma é um instrumento de trabalho fundamental, tendo, por isso, de ser prática e confiável, devendo acompanhar cada elemento do efectivo ao longo de toda a sua carreira. No entanto, já em 1999 esta renovação do armamento estava prevista e foi mesmo iniciada, com a entrega de cerca de 1000 armas, mas a reforma foi, entretanto abandonada. Desta vez, vamos ver como será... CALIBRE 9mm PESO 605 g PESO (carregada) 850 g Damos a conhecer um pouco melhor a nova arma que deverá equipar a PSP. Depois de finalizado o concurso, em que foram descartadas as pistolas da Sig Sauer (Suíça), HK (Alemanha), Beretta (Itália) e Jerico (Israel), a austríaca GLOCK19 foi a eleita. A GLOCK 19 é uma pistola semi-automática. É leve, com pouco impacto no punho do atirador, o que não tira a precisão em disparos sequenciais. É já usada pela generalidade das forças de segurança de todo o Mundo. É ainda extremamente parecida com a Glock 18 em regime semi-automático. d COMPRIMENTO 174 mm ALTURA 127 mm CAPACIDADE DO CARREGADOR 15 munições OPCIONAL 17 / 19 / 33 1 2 3 4 5 1 Corrediça 4 Corpo da arma 2 Cano 5 Carregador 3 Mola LINHA DE MIRA 152 mm COMPRIMENTO DO CANO 102 mm PESO DO GATILHO 2.5 Kg CURSO DO GATILHO 12.5 mm fevereiro 2008 // o crachá // 7 Em prejuízo da segurança dos Profissionais PSP continua a não fornecer coletes balísticos individuais Já por diversas vezes a ASPP/PSP alertou o Governo e a Direcção Nacional da PSP para a necessidade de distribuir por todos os Profissionais um colete balístico individual. Tendo em conta o actual panorama, no que respeita à criminalidade organizada e violenta, torna-se imperativo que um agente da autoridade se sinta devidamente protegido. Não são raros os casos de Profissionais que adquirem, a nível pessoal, este tipo de protecção, acarretando com os custos de tal equipamento. Mas não é novidade, já que sucede o mesmo quando é necessário adquirir outro tipo de material, como coldres, algemas, cinturões, etc. Por isso, deixamos alguns conselhos que deve ter em conta se pretende adquirir um colete balístico individual. • Se trabalhar à civil vai precisar de um colete interior. O mesmo acontece se trabalhar de uniforme, mas necessitar de um colete durante todo o serviço sem que este seja visível. • A protecção ideal é a máxima. Deve recorrer a uma solução de compromisso: normalmente, maior protecção significa mais peso e menor mobilidade. • O colete deverá fornecer protecção frontal, dorsal e lateral, também contra investidas com faca ou espigão. • Há diversas normas – NIJ 0101.04 (Americana), PSDB (Inglesa) e a certificação ISO 9000 – que são obtidas em laboratórios homologados e independentes que são responsáveis pela certificação dos coletes. • Escolha um colete que possua seguro de responsabilidade civil, que garanta a devida assistência em caso de falha do colete devido a fabrico defeituoso. • A etiqueta deve estar dentro do colete, em cada uma das partes frontal e dorsal. A ausência da mesma, defeito ou letras ilegíveis deve ser motivo de rejeição, por questões de segurança. • Na etiqueta devem constar os seguintes dados: Nome do fabricante; nível de protecção segundo norma NIJ 0101.04; data de fabrico; tamanho; número de série; número de lote; modelo do colete e instruções de manutenção. • Um dos pontos mais sensíveis em caso de impacto é a zona do externo. A placa anti trauma reduzirá o trauma, bem como o risco de lesão. • Escolha o colete que lhe oferecer mais garantias. Lembre-se: Se o colete for colocado à prova, é imprescindível que não falhe. Sugestões fornecidas pelo técnico António Amaro – Milícia, Lda http://www.miliciapro.com 8 // o crachá // fevereiro 2008 Sem motivos relacionados com a actividade policial ASPP/PSP contesta saída da Assembleia e Presidência da República Sem quaisquer explicações razoáveis, foi referido pelo Governo que a Polícia de Segurança Pública deixaria de prestar serviço na Assembleia da República e Presidência da República. Estas competências passariam a ser foro da Guarda Nacional Republicana. Como consequência do estudo sobre racionalização de meios e estruturas das Forças de Segurança, foi avançado que a PSP deixaria de assegurar as duas instituições. Sem qualquer motivo ligado à qualidade do serviço prestado, a ASPP/PSP não compreende por que motivo haveria de ser quebrada a ligação entre a AR, a Presidência e os Profis- sionais da PSP que lá prestaram serviço. Depois de terem os procedimentos mecanizados, do conhecimento profundo das instalações, do normal funcionamento que sempre asseguraram em ambas as instituições, a PSP perde assim uma área de acção que, certamente, muito honrava a Instituição e os seus Profissionais. Sobre esta matéria, a ASPP/PSP solicitou uma audiência ao Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que se mostrou indisponível para discutir este assunto. Acreditando que o Governo recuará sobre este assunto, os profissionais destes serviços continuarão a executar os serviços como o máximo de profissionalismo que os caracteriza. d PSP acolhe mais 994 Profissionais Novos agentes formados na Escola Prática de Polícia Teve lugar em Dezembro de 2007 a cerimónia de final de curso dos 994 novos agentes da Polícia de Segurança Pública. O dia foi assinalado com uma cerimónia na Escola Prática de Polícia. Os novos Profissionais chegaram assim ao final de uma importante etapa, em que receberam formação teórica e prática sobre tudo o que acarreta abraçar a profissão de Polícia, antes de integrarem formalmente o efectivo da PSP. Esta foi a última escola a formar-se até 2010, uma vez que não está prevista nova incorporação nos grandes planos do Orçamento de Estado. E o alojamento? No entanto, depois da cerimónia, os novos Profissionais da PSP foram incorporados no Comando Metropolitano de Lisboa, muitos deles sem alojamento assegurado. A esmagadora maioria, longe de casa e da família, enfrentou enormes problemas para encontrar onde ficar, tendo vindo a público situações em que os novos Polícias vaguearam pelas ruas da capital, à espera do horário de entrada na Esquadra. Uma situação intolerável, que não foi devidamente acautelada pelas instâncias competentes, também com responsabilidade para os Serviços Sociais da PSP, que foram devidamente alertados pela ASPP/PSP. Esperança No entanto, apesar de todas as vicissitudes, a ASPP/PSP deseja as maiores felicidades na carreira que escolheram, esperando contar com todos na luta por uma Polícia de Segurança Pública mais digna, que honre aqueles que a representam. d fevereiro 2008 // o crachá // 9 O impacto da nova lei que aprova a orgânica da PSP nas suas unidades de reserva e especializadas A Lei n.º 53/2007, de 31 de Agosto (LOPSP), veio aprovar uma nova orgânica para Polícia de Segurança Pública, designadamente ao nível das suas Unidades de Polícia: os Comandos Territoriais de Polícia e a Unidade Especial de Polícia (UEP). O s Comandos Territoriais de Polícia são as unidades territoriais na dependência directa do Director Nacional e prosseguem as atribuições da PSP na respectiva área de responsabilidade através das suas subunidades: divisão policial e a esquadra. Relativamente à UEP, o artigo 40.º da LOPSP limita-se a estabelecer a sua missão, não existindo no restante diploma qualquer norma que estipule a sua dependência do Director Nacional, como acontece com os Comandos Territoriais de Polícia. A nova LOPSP vem integrar na UEP o Corpo de Intervenção (CI), o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Corpo de Segurança Pessoal (CSP), retirando-lhes o estatuto de Unidades (reserva e especialmente preparada e vocacionada) e atribuindo-lhes a designação de subunidades operacionais (exactamente a mesma nomenclatura atribuída às Esquadras). Veio ainda, igualmente sob a designação de subunidades operacionais, integrar na UEP o Centro de Inactivação de Explosivos e Segurança em Subsolo (CIEXSS) e o Grupo Operacional Cinotécnico (GOC) que deixa de ser um Grupo Operacional do CI. Incompreensivelmente, apesar de não prever a dependência da UEP, a nova LOPSP continua a considerar o CI e GOE, analogamente ao previsto na anterior LOFPSP, forças de reserva à ordem do director nacional. O nº.2 do artigo 41.º da LOPSP prevê para a UEP o modelo anteriormente definido para os Destacamentos do CI e CSP, ao estipular que, por despacho do ministro da tutela, sob proposta do Director Nacional, podem ser destacadas, ou colocadas com carácter permanente, forças da UEP na dependência operacional, logística e administrativa dos comandos territoriais de polícia. Fica assim, mais uma vez, condicionada a implementação de destacamentos de âmbito regional (analogamente ao que se verificava com as EIEXSS) com uma maior dependência e controlo da UEP, nomeadamente ao nível operacional e administrativo. A criação de novas subunidades na UEP fica dependente de Portaria do Ministro da Administração Interna (MAI). Incompreensivelmente, a criação e extinção e o funcionamento dos serviços da UEP (bem como dos comandos territoriais de polícia) serão aprovados por portaria do MAI, nos termos dos artigos 49.º e 65.º, n.º 4, alínea e) da LOPSP. No caso da GNR, a Lei n.º 63/2007, de 6 de Novembro, que aprova a sua orgânica, apenas prevê a necessidade de regulamentação, por Portaria do MAI, da criação e extinção de subunidades das unidades especializadas, de representação e de intervenção e reserva e os termos em que se processará o apoio administrativo dessas unidades pelos serviços do Comando da Administração dos Recursos Internos e da Secretaria-Geral da Guarda1. Caberá assim ao MAI definir quais os serviços da UEP e as suas regras de funcionamento, o que poderá comprometer seriamente a actuação do futuro Comando da UEP (e dos próprios comandos territoriais de polícia), que verá condicionada a sua intervenção aos serviços que vierem a ser criados pelo MAI e nas condições por este definidas. Poderá assim o MAI estabelecer que a gestão do pessoal, equipamento, viaturas e da área financeira passe a ser assegurada por Departamento externo à UEP, com o eventual apoio de uma entidade estranha à própria PSP. Contrariamente ao estipulado na anterior LOFPSP, em que o comandante e o segundo-comandante do CI, CSP e GOE eram providos, respectivamente, de entre superintendentes e intendentes, a nova LOPSP não prevê a existência de segundos-comandantes para as subunidades operacionais e não estipula qualquer posto ou condição para o exercício das funções de comandante, limitando-se a estabelecer que o provimento dos cargos de comandante do CI, GOE, CSP, CIEXSS e do GOC será feito por despacho do Director Nacional, sob proposta do comandante da UEP. No caso da LOPSP verifica-se uma inequívoca intenção de reduzir unidades orgânicas e correspondentes cargos de Comando e Direcção, com claros impactos ao nível da UEP (e igualmente ao nível dos Departamentos e Divisões da Direcção Nacional). No caso da GNR, o número de Unidades especializadas, de representação e de intervenção e reserva previstos na nova Lei – a nova Unidade de Controlo Costeiro, a Unidade de Acção Fiscal, a Unidade Nacional de Trânsito, a nova Unidade de Segurança e Honras de Estado e a Unidade de Intervenção – e os correspondentes postos de comando atribuídos (3 Majores-Generais e 2 Coronéis) permitem questionar se igual pressuposto esteve presente. A nova LOPSP remete para regulamentação posterior, essencialmente pelo MAI, aspectos fundamentais para a PSP e a sua UEP. Quase tudo continua em aberto e por definir. A UEP poderá ser tanto o fracasso e o desvirtuar das Unidades Especiais da PSP, como um primeiro passo para a criação de uma estrutura de comando que rentabilize e potencie as capacidades e valências das suas subunidades operacionais, contribuindo decisivamente para uma melhor eficácia e eficiência destas especialidades. d A alínea f) do n.º 6 do Artigo 53.º apenas prevê a necessidade de definição, por Portaria 1 do MAI, da criação e extinção e o funcionamento dos serviços das unidades territoriais, bem como do estabelecimento de ensino, nada estipulando relativamente às unidades especializadas, de representação e de intervenção e reserva. Milhares de Profissionais da Polícia saíram à rua em protesto Em LUTA pela dignidade da profissão Cerca de 4.000 Profissionais da Polícia estiveram nas ruas envolventes do Parque das Nações, em Lisboa, a 1 de Outubro de 2007. O protesto, convocado pela ASPP/PSP, decorreu no mesmo dia em que estava agendada uma reunião dos ministros da Administração Interna e da Justiça, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia. Apesar de todas as condicionantes que afectaram a mobilização, como o elevado número de Profissionais da Polícia envolvidos na operação de segurança das reuniões da UE. Mesmo assim, foi uma demonstração clara do sentimento de insatisfação que reina na Instituição PSP. O desfile, que decorreu no Parque das Nações, bem próximo do local onde estavam a ter lugar as reuniões ministeriais, fez-se no maior respeito pelas regras de cidadania, revelando o elevado grau de responsabilidade dos manifestantes pela especificidade da missão que desempenham. Desrespeito constante Esta manifestação não foi convocada de ânimo leve. Veio antes no seguimento de uma série de acções e reivindicações que não foram atendidas pelos responsáveis governamentais. Já antes, a ASPP/PSP havia levado a cabo uma série de vigílias, em Lisboa, Porto e Coimbra, onde ficou claro o desagrado para com a actuação do Governo. Com a entrada do novo ministro Rui Pereira, a expectativa reinante saiu gorada. Não houve um corte com o anterior responsável, António Costa, mas antes uma continuidade nas medidas em relação aos Profissionais da Polícia, continuando com as medidas economicistas que tanto prejuízo trazem ao efectivo, bem como à Instituição. Continuidade na luta Por tudo isto, é previsível que o clima de contestação ao Governo não abrande, em 2008, que se avizinha como mais um ano extremamente difícil para os Profissionais da Polícia, que continuam a servir de meio propagandístico para fins políticos, sem nunca verem quaisquer resultados práticos em torno da exigente missão que desempenham. JORNADA DE LUT fevereiro 2008 // o crachá // 11 Intervenção de Paulo Rodrigues, Presidente da ASPP/PSP Colegas: Quero, antes de tudo, louvar a coragem e o sacrifício de todos os presentes, vindos de todo o país, para estarem aqui, em prejuízo do seu tempo de folga e descanso, que, infelizmente, já é curto, na reivindicação dos seus direitos, numa demonstração clara do desânimo e revolta que dominam o seio da PSP. Uma referência a todos aqueles que, pertencendo aos vários sindicatos da PSP, contribuíram para o sucesso desta acção, transmitindo assim uma imagem de união e coesão dos Polícias portugueses, na luta determinada contra o corte de direitos e pela melhoria da instituição PSP. Quero ainda agradecer aos Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, à ASFIC/PJ, ao SCIF/SEF, à ANS/Sargentos do Exército, à ASPPM/Polícia Marítima, à APG/GNR e ao SNCGP/Guarda Prisional, pela solidariedade demonstrada para com a nossa luta, que consideram não só justa, mas também oportuna. país é proporcionada pelo direito democrático à Manifestação e não pelas esquadras a ruir, pelo material de trabalho obsoleto e desadequado, pelo agravamento das condições de vida dos Profissionais da PSP, pelo envelhecimento do efectivo, pela falta de meios com que nos deparamos, todos os dias, no desempenho das nossas funções. Por isso, aproveito para deixar aqui uma palavra de apreço e agradecimento a todos aqueles que, não sendo polícias ou elementos de qualquer Força de Segurança, estão ao lado dos Profissionais da Polícia nesta luta, demonstrando que os nossos problemas têm um reflexo claro no quotidiano da sociedade portuguesa. É já uma importante vitória termos ganho a população para estar do nosso lado. PSP não vive de aparências Cortes constantes Algumas pessoas falam sobre a imagem do país, sobre a imagem de Portugal que esta Manifestação poderá lançar para o exterior. Basicamente, pretendem alguns “fazedores de opinião” que a PSP e a Segurança Pública vivam de aparências. Mas a protecção da vida dos cidadãos não se coaduna com aparências. Podemos assim concluir que, para algumas pessoas, a má imagem do O actual Governo do Partido Socialista, em finais de 2005, não esteve com meias medidas. Pela primeira vez, um Governo actuou mesmo antes de prometer. Infelizmente, centrou a sua continua na pag. seguinte // 12 // o crachá // fevereiro 2008 Ninguém queira estar sujeito às exigências da profissão, ninguém queira estar sujeito à desconsideração do seu trabalho pelos Governantes e, por vezes, até da própria hierarquia. Exigimos um salário justo, em consonância com a exigência e os riscos inerentes à nossa profissão. Polícias em saldo intervenção no corte de direitos, na redução das compensações, na criação de desmotivação e até revolta em todos aqueles que, todos os dias, dão o corpo ao manifesto. Os polícias são agredidos, maltratados, enxovalhados, e até assassinados no desempenho da sua missão, mas a compensação encontrada pelo Governo foi sujeitarem-nos às alterações no regime da aposentação e pré-aposentação, aumentando o nosso tempo de serviço. A ASPP/PSP ainda apresentou propostas para que estas alterações fossem aplicadas àqueles que entraram para a PSP já na década de 90, e não àqueles que criaram expectativas, durante toda a sua carreira, relativamente ao tempo de reforma. No entanto, todas as nossas diligências foram desvalorizadas pelo Governo, que mudou as regras no final do jogo, menosprezando o desgaste rápido, tanto ao nível físico como psíquico. Assim, não! Esta não é a forma responsável de tratar os profissionais desta Instituição. Também no que diz respeito ao subsistema de saúde – SAD/PSP – o Governo, partindo da dívida deste subsistema, optou por não se preocupar com a resolução do problema. Não responsabilizou aqueles que não souberam gerir ou orientar o SAD/PSP, ao longo dos anos. Não. Em vez disso, preferiu impor alterações, excluindo os próprios cônjuges deste subsistema, prejudicando, desta forma, milhares de Profissionais reduzindo-lhes o seu orçamento familiar, por si só extremamente curto. Rapidez quando convém Se este Governo fosse tão rápido a resolver ou a encontrar soluções com vista a resolver os nossos problemas, como o foi a cortar os nossos direitos como medida economicista teríamos hoje, com toda a certeza, uma Polícia a funcionar a 100%. Desde 2004 que não eram abertos concursos para promoção nas diversas categorias, mas, como se não bastasse, também foram congelados os escalões. Por isso, não é de admirar que, neste momento, seja complicado encontrar cidadãos que concorram para a PSP. É por demais evidente e compreensível que, por 700 euros, ninguém queira, diariamente, arriscar a sua vida. Continuamos a ser utilizados pelo Governo e pela Direcção Nacional da PSP como mão-de-obra barata. Somos obrigados a fazer remunerados, mesmo não estando inscritos para isso, em iniciativas de variada ordem, desde as festividades, por todo o País, aos eventos e jogos de futebol. São-nos retirados os nossos dias de folga, o nosso tempo de descanso, e, com o argumento de que temos direito ao pagamento de um remunerado, somos chamados, é-nos imposto esse serviço. Triste é que, na maior parte das vezes, esse valor não chega, sequer, para cobrir as despesas que temos quando vamos efectuar esse serviço. Queremos que os serviços prestados pelos Profissionais da PSP sejam pagos por uma só tabela, seja o serviço efectuado a empresas particulares, seja o serviço prestado a empresas públicas. É também nossa exigência que não haja diferenças de valores na mesma categoria. Também não compreendemos que os clubes de futebol, sendo sociedades anónimas desportivas, com fins lucrativos, continuem a pagar valores como sendo empresas públicas, ou seja, valores irrisórios e pagos, não raras vezes, tardiamente. Os Polícias não devem servir para fazer favores. A nossa missão é de alta responsabilidade, o Governo não pode ter medo do lobby do futebol em prejuízo dos Polícias. Horário é fundamental Exigimos um horário digno para os polícias. Queremos trabalhar, queremos ser profissionais exímios, mas não queremos ser escravizados como acontecia antes do 25 de Abril e como acontece hoje ainda, em determinadas situações. Queremos saber, claramente, quantas horas de serviço estão determinadas para a PSP, queremos que as horas nocturnas, fins-de-semana e feriados sejam pagas exactamente como o são a qualquer outro sector da Função Pública, porque queremos consideração, respeito e justiça no seio da PSP, à semelhança do que acontece nos diversos sectores dos funcionários do Estado. Afinal, se somos considerados funcionários públicos em matéria de corte dos direitos, também o devemos ser em matéria de compensações. A Lei Sindical tem de ser respeitada, como tem de ser respeitada a negociação com os Sindicatos, para o bem dos Profissionais da Instituição PSP e, como é óbvio, para o bem da Segurança Pública. d Colegas: A Luta não terminou hoje, bem pelo contrário. A nossa Luta ainda agora começou. Viva a PSP! Vivam os Profissionais da Polícia! 1 de Outubro de 2007 fevereiro 2008 // o crachá // 13 Serviço de saúde da PSP está doente Maiores descontos, menos direitos O Serviço de Assistência na Doença da PSP (SAD/ PSP), que não tinha qualquer custo para os seus beneficiários, obriga, agora, a um desconto de 1,5 por cento do vencimento. A imposição desta taxa vem degradar ainda mais o rendimento dos Profissionais da Polícia, limitando o valor real dos mesmos, com o surgimento de uma despesa anteriormente inexistente. Acrescenta-se ainda o facto de a percentagem a pagar pelos medicamentos nas farmácias ter passado de 25 para 60 por cento, para além de outros direitos na área da saúde que foram retirados, como a exclusão dos cônjuges do mesmo serviço. SAD ou ADSE A assistência na doença aos Profissionais da PSP e seus familiares é alvo de grande contestação, pelas significativas alterações a que foi sujeita, com manifesto prejuízo para todos os beneficiários, apesar de terem visto accionado o desconto obrigatório. É imperioso e urgente que todos os novos Profissionais da PSP passem a usufruir do SAD/PSP e não do regime geral, como reconhecimento da especificidade da profissão. É urgente e necessário que se reponha o direito aos aposentados e pré-aposentados, bem como a todos os beneficiários familiares, no acesso aos nossos postos clínicos e demais serviços de assistência na doença. É necessário conceder o direito do SAD/PSP aos familiares dos profissionais da PSP que se encontram no regime geral do Sistema Nacional de Saúde, em vez da actual situação, que apenas abrange uma possível transição de cônjuges que beneficiem da ADSE. d Serviços remunerados obrigatórios, mal pagos e envoltos em atrasos Exigência de rigor e definição da missão A vergonha no que diz respeito ao pagamento dos serviços remunerados continua. São atrasos constantes, com o Ministério da Administração Interna a sacudir a água do capote para a Direcção Nacional da PSP, esta para as entidades privadas, que devolvem as responsabilidades. Um ciclo vicioso que tem, obrigatoriamente, de terminar, a bem dos Profissionais da PSP e da Instituição. Os exemplos de atrasos no pagamento de serviços remunerados continuam a surgir, e o muito mediatizado evento da Red Bull Air Race foi, apenas, mais um exemplo. Neste caso, os Profissionais foram escalados para efectuarem serviços remunerados na hora da sua folga, em regime de obrigatoriedade, o que originou a que trabalhassem 12 horas no dia do referido evento. Situações semelhantes ocorreram em Lisboa, Madeira e Viana do Castelo. Tabela única A ASPP/PSP defende a não obrigatoriedade de prestação de serviços remunerados, mesmo que em espectáculos desportivos ou equiparados, por a responsabilidade da segurança pública caber à instituição PSP, que deverá escalar o efectivo no seu horário normal de serviço, caso não possua voluntários suficientes, e não aos seus profissionais individualmente. Defende, também, a criação de uma tabela única para agentes e agentes-principais e o aumento de 25% no valor dos serviços remunerados, com base na tabela B, única que deverá vigorar. d 14 // o crachá // fevereiro 2008 Rui Pereira ainda nada trouxe de positivo aos Profissionais da PSP Novo ministro, velhas políticas Durante o ano de 2007, o Ministério da Administração Interna conheceu um novo ministro, com a entrada de Rui Pereira para o lugar de António Costa. A pessoa em causa surgiu como uma luz ao fundo do túnel, pelo percurso profissional e académico que exibia. No entanto, não podiam os polícias estar mais enganados. A mudança no Ministério foi apenas de rosto. Os pontos fulcrais, que são as políticas praticadas, mantiveram-se. Memorandos na gaveta À semelhança do que sucedeu aquando da tomada de posse de António Costa, também com a entrada de Rui Pereira a ASPP/PSP procedeu à entrega de um memorando onde constavam algumas das principais preocupações dos Profissionais da Polícia. O pagamento atempado dos serviços remunerados, a ausência de concursos regulares para promoção, as alterações ao SAD/PSP, o congelamento dos escalões, as regras da aposentação e pré-aposentação, a ausência de um horário de trabalho, que impede, ao mesmo tempo, o pagamento das horas extraordinárias, são apenas algumas das matérias que necessitam de atenção urgente por parte do MAI. No entanto, estas matérias não foram ainda consideradas. Indiferença permanente Na prática, as necessidades dos Polícias continuam a ser ignoradas, para que seja levada a cabo uma política economicista, que se baseia em redução de custos, sem ter em conta as reais especificidades das carências do efectivo, que tanto prejudicam a segurança pública. Conforme a ASPP/PSP já vem alertando há vários anos, é necessário e urgente o reforço dos meios e do número de Profissionais ao serviço da PSP, como forma de combater a aumento da criminalidade organizada e violenta, que, com particular incidência no ano de 2007, tem vindo a sobressaltar a sociedade portuguesa. d fevereiro 2008 // o crachá // 15 Estudo Deco-Proteste Sentimento de insegurança exige respostas adequadas Como podemos aferir pelos gráficos, o sentimento de insegurança tem vindo a aumentar entre os cidadãos. Por um lado, o crime violento e sofisticado aumentou, criando argumentação para a exploração mediática natural, por outro lado, a ideia de que só as metrópoles é que estão sujeitas a este tipo de crime caiu por terra. Não podemos esquecer o pânico que os assaltos em Viana do Castelo e em Viseu criaram nas populações, que, de alguma forma, as obrigou instintivamente a alterar a sua própria rotina do dia-a-dia, em matéria de segurança pessoal e dos seus bens. É sabido da importância de uma Polícia de Segurança Pública num país onde as liberdades, direitos e garantias ainda são os pilares basilares de uma democracia plena, mas o que podem os cidadãos esperar desta Polícia Portuguesa? Sabemos que existe um pequeno grupo de cidadãos que não necessitam propriamente de uma Polícia, pelas mais variadas razões onde a base é a capacidade financeira para garantir a segurança pessoal, a segurança da sua residência, dos seus bens e dos próprios familiares. Mas, a grande maioria dos cidadãos Portugueses não se encaixam neste pequeno grupo. Esta grande maioria exige, com todo o direito, uma segurança célere, eficaz e com a maior qualidade possível. Infelizmente, também os polícias sofrem cada vez mais desilusões. Por um lado, querem proporcionar à sociedade a segurança que merece e de que necessita; por outro, a Instituição não lhes dá o mínimo de condições possíveis para o fazer e, quantas vezes, os Profissionais investem do seu dinheiro, do seu tempo de folga e até da sua criatividade para poderem encontrar soluções aqui ou ali, sempre com o sentido de missão. Quantas vezes estes assumem a responsabilidade das dificuldades no apoio à população que cabe essencialmente ao Governo. Mas os gráficos ao lado mostram bem o trabalho que o futuro nos reserva. A imagem e a credibilidade da PSP são factores importantes na desmistificação deste sentimento de insegurança incrustado nas populações. Cabe ao Governo decidir o que pretende em matéria de segurança para o futuro deste país. d Percentagem da incidência de crimes em 2006 Faro 20.1 V.N. Gaia 20.1 Braga 21.5 Coimbra 22.7 Setúbal 23.3 Leiria 24 Lisboa 27.3 Santarém 27.4 Almada 27.5 Aveiro 29 Porto 31.5 Amadora 35.1 0 5 10 15 20 25 30 35 Crimes mais comuns [2002-2006] 40 (percentagem) Vandalismo no carro 14.1 Roubo de objectos no carro Roubo da carteira ou mala sem violencia ou ameaça Burla 12 8.5 7.4 Roubo do carro 5.9 Perseguição ou assédio 5.8 Assalto à casa sem confronto 5.2 Ameaça, chantagem ou extorsão 5 Agressão física 3.3 Vandalismo em casa 3.3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 (euros) Burla 4.606 Ameaça, chantagem ou extorsão 4.027 Assalto à casa sem confronto 1.650 Roubo de objectos do carro 1.371 Média por incidente 1.077 Roubo do carro 771 Vandalismo no carro 532 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 16 // o crachá // fevereiro 2008 MAI e PSP prefere subserviência Injustiças nas avaliações para concursos Depois de serem atribuídas as classificações referentes aos concursos de promoção de agentes a agentes-principais e de subchefes a chefes, ficou claro que os critérios utilizados desvalorizaram a experiência e o conhecimento dos concorrentes, em detrimento de louvores e elogios concedidos pelos vários organismos do Estado, bem como da Polícia de Segurança Pública, que assumiram um peso demasiado relevante na classificação. A ASPP/PSP considera existir assim uma tendência que fomenta a subserviência e servilismo dos Profissionais da PSP, que contraria o princípio inerente à missão da Instituição. A Direcção Nacional da PSP, que deveria tudo fazer para motivar aqueles que, diariamente, enfrentam situações-limite em prol da segurança pública, vem, pelo contrário, contribuir para a desmotivação e indignação destes Profissionais. Numa altura em que a exigência do serviço, tendo em conta a tendência de aumento do crime organizado e violento, obriga a um envolvimento total do efectivo, o empenho acaba por não ser reconhecido na prática, devido a estes critérios injustos e desiguais, que afectam, negativamente, as legítimas perspectivas de carreira de todos os profissionais da PSP. d ASPP/PSP contra deslocalização do Corpo de Segurança Pessoal para Belas A notícia de deslocalizar o Corpo de Segurança Pessoal da Avª. António Augusto Aguiar – Lisboa, para a propriedade de Belas, onde se encontra sedeado o Grupo de Operações Especiais, gerou um forte descontentamento entre os Profissionais. A missão do CSP centra-se em acções registadas, na sua maioria, no centro de Lisboa, sendo necessário, em caso de urgência, ter o apoio imediato de uma estrutura muito próxima, sendo desadequado ter essa mesma estrutura nos arredores de Lisboa, devido aos problemas de acessibilidade, entre outros. Se isto já se verifica numa situação normal, imaginemos quando existirem complicações rodoviárias. A actual localização do CSP, em matéria operacional, é adequada e responde eficazmente às necessidades de serviço, ultrapassando com celeridade as barreiras geográficas em matéria de distância aos vários locais da cidade de Lisboa. Encargos A colocação do CSP em Belas acarreta para o Estado/PSP e para os elementos do CSP um acréscimo muito significativo de gastos em combustível e manutenção das viaturas do Estado, assim como das viaturas dos elementos do CSP, que utilizam, frequentemente, as suas viaturas, em virtude de necessitarem de entrar e sair de serviço em horários muito desfasados, quando não existem transportes públicos a funcionar. O aumento do horário de trabalho, relacionado com as deslocações das residências dos elementos para a propriedade de Belas, provocado por uma rede de acesso de transportes deficiente e pelo acréscimo de distância, prevê-se um aumento de 2 a 3 horas na conclusão das 2 viagens. O que também afectará a própria qualidade do serviço prestado. d fevereiro 2008 // o crachá // 17 Reclamação colectiva no Conselho da Europa obriga Estado a responder Lei Sindical tem de ser respeitada O desprezo constante pelo alcance da Lei Sindical da PSP obrigou a ASPP/PSP a solicitar ao Conselho Europeu dos Sindicatos da Polícia (CESP) a apresentação de uma queixa no Conselho da Europa. A reclamação aborda a Violação do direito à negociação colectiva e do direito de participação, bem como o desrespeito pelos artigos 6.º, 21.º e 22.º da Carta Social Europeia pelo Estado Português. Entrada a 7 de Fevereiro Aguardar com serenidade A queixa deu entrada a 7 de Fevereiro de 2007, tendo sido analisada e declaradaadmissível pelo Conselho da Europa, o que obrigou o Estado, representado pelo Governo, a responder às alegações constantes no documento. Assim, o Ministério da Administração Interna deu o seu ponto de vista sobre a matéria, estando agora a referida queixa em análise, para que sejam apresentadas as conclusões. Ao contrário da ansiedade evidente, empolada pela confusão ou desconhecimento do responsável governamental sobre a matéria em causa, a ASPP/PSP aguarda, com toda a serenidade, o desfecho da reclamação, com a confiança de que tal decisão venha ao encontro dos interesses dos Profissionais da Polícia, obrigando o Governo a cumprir aquilo que está escrito na Lei Sindical da PSP. d Secretário de Estado põe água na fervura Confrontado com a notícia, publicada em alguns jornais, o Secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães, sentiu necessidade de vir a terreiro, através do blog do MAI, para acenar com uma queixa anterior apresentada pela ASPP/ PSP, em 2001. Esqueceu-se o sr. Secretário de Estado que a reclamação de 2001 surgiu pela ausência do direito ao sindicalismo na PSP, que viria a ser consagrado através da Lei 14/2002, de 19 de Fevereiro. 18 // o crachá // fevereiro 2008 CONFERÊNCIA “Os Órgãos de Polícia Criminal na actual Política Criminal” A ASPP/PSP organizou uma conferência subordinada ao tema “Os Órgãos de Polícia Criminal na Actual Política Criminal”, que teve lugar no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, no dia 23 de Novembro de 2007. Esta iniciativa, que teve o intuito de enriquecer o debate público em torno de matérias como os novos códigos Penal e de Processo Penal, pretendeu ainda encontrar respostas para os problemas quotidianos com que se debatem os Profissionais da PSP na aplicação da nova legislação. Os contributos dos intervenientes no painel de convidados foram fundamentais para o sucesso desta conferência. Desde os moderadores, dr. José António Barreiros e dr. Bernardo Colaço, passando pelos oradores, o então Bastonário da Ordem dos Advogados, dr. Rogério Alves, o dr. José Ramos, Procurador-Adjunto, em representação do Sindicato dos Magis trados do Ministério Público, e o Subintendente Dário Prates, da Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa. Ao mesmo tempo, as questões saídas da plateia de conferencistas deram um impulso dinâmico ao evento, que permitiu uma salutar troca de opiniões e ideias, bem como o esclarecimento das mais diversas matérias. Entre os espectadores estiveram, para além de mais de duas centenas de delegados da ASPP/PSP, o Ministro da Administração Interna, dr. Rui Pereira, o Inspector-Geral da Administração Interna, dr. Cle mente Lima, o Director Nacional da PSP, dr. Rui Pereira, a Procuradora-Geral Adjunta, dra. Maria José Morgado, bem como representantes do Ministério da Justiça, da Polícia Marítima, e de diversos sindicatos das forças de segurança. fevereiro 2008 // o crachá // 19 Opinião unânime entre oradores Conceito de “ressocialização” Julgamentos sumários para agressões a Polícias Ao longo da sua intervenção, que primou pelo dinamismo e objectividade, o ex-Bastonário questionou ainda a forma como é tratada a criminalidade juvenil. “Em Portugal, criou-se a ideia de que não há penas pequenas cumpridas na prisão, é a visão economicista”, referiu, aludindo ao facto de os estabelecimentos prisionais estarem sobrelotados. Convém não esquecer que é, geralmente, a partir dos episódios de pequena criminalidade que se geram outros de dimensão bem maior. Por isso, é importante não confundir tolerância perante a pequena criminalidade com ressocialização. Do muito que houve a reter das diversas intervenções, saltaram para a mente dos presentes a opinião expressa pelo então Bastonário da Ordem dos Advogados, dr. Rogério Alves, que foi claro quanto à necessidade de “revitalizar os processos sumários em Portugal”, como forma de combater o sentimento de impunidade em relação a quem atenta contra a integridade dos elementos da Polícia. “É perfeitamente possível, em 48 horas, fazer o julgamento sumário de um agressor de um agente da autoridade”, reiterou Rogério Alves. Fim da impunidade Foi uma opinião seguida pelo Director Nacional da PSP, dr. Orlando Romano: “Não há alternativa ao processo sumário. As penas aplicadas e não suspensas reduziriam a criminalidade”, afirmou, aludindo ainda ao facto de “o polícia não ser imune aos resultados das sentenças. Para Orlando Romano, “um adolescente que é presente a um juiz e libertado, vai reincidir. Por isso, é necessário que os processos sumários sejam aplicados, e a impunidade terminada”. Articulação entre MP e Polícias Já o Procurador-adjunto José Ramos, em representação do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, realçou a necessidade de haver uma aproximação entre o MP e as polícias: “É um casamento sem possibilidade de divórcio”, referiu, apelando para que sejam encontrados mecanismos que acentuem a proximidade entre as duas instituições. A forma como abordou as matérias foi assimilada com bastante facilidade pelos presentes, uma vez que este magistrado já havia integrado as fileiras da Polícia de Segurança Pública. 20 // o crachá // fevereiro 2008 CONCLUSÕES DA CONFERÊNCIA Das comunicações subordinadas à temática: “Os OPC’s na actual política criminal”, que se realizou hoje, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, e do vivo debate que as mesmas sustentaram, permite-nos, sinteticamente, concluir: A criminalidade em geral e a organizada em particular exigem o reforço, quer de meios humanos, quer materiais, das forças de segurança; A “pequena criminalidade” é a porta de acesso à “grande criminalidade”; A eficiência e eficácia da luta contra a criminalidade resultam, fundamental mente, da conjugação dos papéis desem penhados pela polícia, pelo Ministério Público, pelo Juiz e pelo Advogado; O combate à criminalidade passa também por uma justiça célere, capaz de utilizar efectivamente os meios processuais postos legalmente à sua disposição, como sejam as formas de processo sumário, sumaríssimo e abreviado; Constitui elemento propiciador de um sentimento de impunidade, o sistemático recurso à suspensão da execução de penas, como regra, sempre que os tribunais são chamados a julgar na chamada “pequena criminalidade”; Cumprir a lei O orador José Ramos, em representação do SMMP, centrou as suas intervenções em aspectos mais práticos. O magistrado foi bem claro quando se referiu à actuação dos Profissionais da Polícia: “Cumpram estritamente o que diz a lei. A PSP não tem de andar a colmatar eventuais erros do legislador”. A resposta veio depois de ter sido confrontado com uma questão sobre qual o papel dos polícias, mediante possíveis erros do legislador em relação às alterações dos códigos Penal e de Processo Penal, enquanto face visível da justiça aos olhos do cidadão. Aula de CP e CPP Dário Prates, Subintendente da Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa, procedeu a uma espécie de “aula” relativa ao CP e CPP, que terá sido de enorme utilidade para todos. Apesar de os novos códigos já estarem em vigor, a verdade é que os responsáveis da Polícia de Segurança Pública não forneceram anteriormente formação aos seus profissionais sobre esta matéria. Reflexos disso mesmo foram as várias questões formuladas pelo auditório. Ministro presente Rui Pereira, Ministro da Administração Interna, esteve pre sente no final da Conferência, tendo dirigido algumas palavras aos presentes, recordando o 21 de Abril de 1989, conhecido como “Secos e Molhados”, para considerar que as cenas verificadas nesse dia, jamais poderão voltar a repetir-se. d É imperioso dar maior atenção à educação para a cidadania, nas escolas e no seio das famílias, como forma de reduzir a margem para a delinquência; Uma correcta aplicação do modelo de policiamento de proximidade, como grande projecto nacional, constitui factor dissuasor da criminalidade e indutor de confiança e segurança das populações; A instituição de um mecanismo de fácil acessibilidade dos OPC ao Ministério Público é uma forma de imprimir à actividade dos OPC um reforço de legalidade, na respectiva actividade, facilitando a posterior validação judicial dos actos por elas praticados. janeiro 2008 // o crachá // 21 A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia–ASPP/PSP considera que, depois de ter sido divulgado o Orçamento de Estado para 2008, e da posição assumida pelo Governo, no próximo ano, o país continuará a afastar-se do nível de vida da União Europeia, caso não se alterem as previsões. Apesar da existência de sinais de recuperação económica, corroborados pelo Banco de Portugal mas contestados pelo Fundo Monetário Internacional e mesmo pela União Europeia, estes poderão revelar-se insuficientes. Exigências em prol da Instituição e da Segurança Pública Política Reivindicativa da ASPP/PSP para 2008 A s perdas salariais verificadas ao longo dos últimos anos obrigam a que a ASPP/PSP seja firme na exigência de que o poder político concretize o projecto de uma Polícia moderna, eficiente e ao serviço de todos os cidadãos. Esta Polícia que desejamos terá de ser composta por funcionários que se sintam motivadas no cumprimento das suas funções, reconhecidos e respeitados pela população e por quem mais tem esse dever: o poder político. A actualização dos vencimentos em 7,5%, para 2008, deve ter em consideração não só factores básicos, de que são exemplos a inflação e a produtividade, mas também as perdas salariais acumuladas nos últimos anos, para além de outras alterações verificadas que têm interferência directa no rendimento geral de cada profissional de Polícia. A juntar ao acima descrito, os aumentos dos vencimentos base, nos últimos anos, têm sido abaixo da inflação, o que originou uma redução acentuada no poder de compra dos Profissionais da Polícia. Promoções/Carreiras • Abertura regular de concursos de forma a promover todos os profissionais, com promoções em atraso desde Março de 2004, para preencher os quadros e cumprir o que' se encontra nos estatutos. • Reanálise da progressão na carreira dos Agentes Principais e Subchefes Principais que frequentaram os cursos de Guardas Principais e de Subchefes Principais. Subsídios e Suplementos • Tornar extensivo aos profissionais da PSP, nos Açores e na Madeira, o subsídio de insularidade; • Concretização da aglutinação dos vários subsídios e suplementos na remuneração base. Remunerados • Aumento de 25% no valor do serviço remunerado, com tabela única para todo o tipo de serviço e para cada categoria profissional, e respectivo pagamento atempado. Horário de Trabalho • Regulamentação e Implementação de um horário de trabalho de 35 horas semanais para todos os profissionais da PSP. Horas Extraordinárias • Pagamento das horas efectuadas para além do horário normal de trabalho. Modernização da PSP Tendo em atenção o reforço da qualidade de Segurança dos Cidadãos, bem como a passagem para o Serviço Policial de competências na investigação científica: • É necessária uma Polícia Coesa. Numa perspectiva de coesão entre serviços e forças policiais, há que prosseguir os esforços no sentido da interacção e solidariedade de todas as unidades, subunidades e elementos do sistema de Segurança Pública, de modo articulado e coordenado numa instituição unificada, preparada para as actuais exigências de segurança. • É necessária uma Polícia cada vez mais competente, com definição criteriosa dos estatutos e papéis para bem desempenhar os deveres inerentes aos postos e missões, de modo bem definido e objectivo, de harmonia com as categorias hierárquicas, que devem dar a supervisão correcta com a finalidade de continua na pag. seguinte // 22 // o crachá // janeiro 2008 tornarem cada vez mais operacional o sistema, com uso correcto de recursos materiais e humanos, com motivação e estabilidade dos seus quadros para contínua melhoria das competências. Nesse sentido, há que preparar os profissionais da PSP (dentro dos princípios extraídos do conhecimento efectivo da psicologia, da sociologia e das leis) para um contacto eficaz com os problemas e a compreensão das situações, num ambiente permanentemente enriquecido pela aprendizagem teórica e prática em serviço. Com estas premissas é possível aumentar a qualidade de intervenção policial no cumprimento da finalidade do Estado moderno, que é manter a ordem, como condição necessária para o bem-estar social e desenvolvimento das actividades económicas, culturais, desportivas e de lazer. Para conseguir tais objectivos, a PSP deve considerar como necessária que esta actividade policial seja dignificada, eficiente e indispensável pelos órgãos de soberania e de Administração e, em geral, pela sociedade. • É necessário o desenvolvimento da imediata implementação das bases reais para uma Polícia Comunitária ou Polícia de Proximidade, com vista a estabelecer um sector-piloto experimental, inspirado no princípio de autodefesa social; articular a interactividade entre organismos sociais e/ou associativos e policiais; fornecer formação adequada nos ensinos prático e superior da PSP, tendo em conta que a Polícia de Proximidade não se esgota nos segmentos meramente derivados da Escola Segura, da Segurança Escolar, do acompanhamento da Terceira Idade ou da simpatia do agente policial. • É necessário criar em cada Comando Metropolitano ou de Polícia, um gabinete de psicologia e um gabinete técnico-jurídico, este funcional durante as 24 horas, para apoio a todo o tempo, ao efectivo em serviço. Serviços de Saúde (SAD/PSP) • Neste momento, o pagamento das dívidas do Serviço de Assistência na Doença da Polícia de Segurança Pública (SAD/ PSP) continuam em atraso, fruto da descapitalização gerada pela falta de investimentos dos sucessivos governos, tornando-se imperioso, para uma boa prestação dos cuidados de saúde, o rápido pagamento das dívidas, aos médicos e estruturas de saúde que trabalham para a PSP. • A assistência na doença aos profissionais da PSP e seus familiares é alvo de grande contestação, pelas significativas alterações a que foi sujeita, com manifesto prejuízo para todos os beneficiários, apesar de terem visto accionado o desconto obrigatório. É imperioso e urgente que todos os novos profissionais da PSP passem a usufruir do SAD/PSP e não do regime geral, como reconhecimento da especificidade da profissão. É urgente e necessário que se reponha o direito aos aposentados e pré-aposentados, bem como a todos os beneficiários familiares, no acesso aos nossos postos clínicos e demais serviços de assistência na doença. • É necessário conceder o direito de opção ao SAD/PSP aos familiares dos profissionais da PSP que se encontram no regime geral do Sistema Nacional de Saúde. • Torna-se necessário e urgente, em certos distritos, quer por razões de melhoria da qualidade de vida dos polícias, quer de operacionalidade de serviços, contratar determinadas especialidades nas áreas de primeira necessidade juntos dos comandos de polícia, quando estes ali não existam. A PSP, que se presume ser pessoa de bem, tem de garantir (o que não está a acontecer) o pagamento, no prazo de 60 dias, dos serviços prestados pelos médicos. Caberá ao Governo assumir todas as responsabilidades. • Exigimos uma melhor articulação entre os serviços centrais e regionais do SAD/PSP, de forma a tornar mais rápido o pagamento das comparticipações, assim como a emissão de credenciais e cartões de beneficiário no período máximo de 15 dias. Uniformes • É necessário dotar os elementos da PSP de uniformes funcionais e esteticamente perfeitos, tendo sempre em conta as diversas regiões climáticas do país, dentro do princípio de que os uniformes policiais devem ser adequados ao prestígio que os polícias devem ter, como elementos da manutenção da Segurança Pública, perante a sociedade em geral; • É urgente aumentar a capacidade de resposta às solicitações de fardamento, por parte dos profissionais da PSP; • É necessário que se regulamente o uso de uniformes da PSP, para que se evite a proliferação de fardamentos que facilmente se confundem com os uniformes de outras instituições. Viaturas • Automóveis e motociclos – É necessário gerir os recursos da PSP de modo a dotá-la de um parque automóvel de acordo com as exigências de serviço. A escolha deve guiar-se por critérios como a velocidade, resistência e economia. Não será bom para a qualidade de serviço que queremos prestar continuarmos com um parque automóvel envelhecido e/ou não adequado às tarefas ou missões de defesa da Segurança Pública; também os motociclos da PSP devem sofrer uma modernização constante. Paralelamente, os equipamentos, ao nível do fardamento, dos Profissionais que utilizam os motociclos, devem ser adequados, com fatos específicos para a condução de motociclos, quer ao nível térmico, quer ao nível de prevenir ferimentos em caso de queda, em especial para os batedores que fazem o acompanhamento/escoltas de altas entidades. Comunicações • Deve a Polícia estar inserida numa rede de comunicações funcional, integrando-se no esforço de modernização das redes transeuropeias de telecomunicações, dentro dos princípios de Coesão Económica e Social, que deve incluir a Rede de Informação Policial, que melhore as condições de defesa da Segurança Pública e, paralelamente, sirva de apoio à acção de cada um dos agentes de Polícia que está no exterior, acompanhando a sua actuação e as condições em que opera, servindo para lhe dar o reforço e apoio quando se torne necessário, ou para transmitir as informações que se revelem essenciais; Informática • Associado ao aspecto anterior, está o conjunto de elementos que, sendo armazenados em computador, pode servir de base de dados que melhore a actuação da Polícia. Nomeadamente, podem ser organizados e transmitidos os dados referentes a viaturas roubadas, elementos sobre crimes e criminosos, dados legais, etc., melhorando, para isso, a qualidade em todos os aspectos do SEI, criando uma capacidade de resposta e centralização de informação mais célere. • Neste contexto, há necessidade urgente de dotar os actuais serviços com computadores capazes de resposta, bem como de alargar a banda da Internet de forma a haver um acesso rápido e útil ao sistema.d Excertos do Caderno Reivindicativo para 2008 entregue no Ministério da Administração Interna fevereiro 2008 // o crachá // 23 Dinamismo, responsabilidade e coerência na defesa dos Polícias Plano de Actividades para 2008 A ASPP/PSP continuará a manter o diálogo, no relacionamento com todos os representantes dos órgãos de soberania, com o ministério da tutela, com todos os representantes da hierarquia policial, com o Provedor de Justiça, a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), Governos Civis, autarquias e as centrais sindicais (CGTP-IN e UGT). Esta experiência, que se revelou profícua durante alguns anos, tem sido nula desde a aprovação da Lei Sindical da PSP, pela sistemática recusa de os responsáveis do Ministério da Administração Interna cumprirem esta lei da República Portuguesa. Continuaremos também a manter os contactos com as associações representativas de profissionais das outras Forças de Segurança (GNR, PJ, Corpo de Guardas Prisionais, Polícia Marítima e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), assim como com aquelas que representam actividades profissionais que, de algum modo, estão envolvidas no combate à criminalidade ou na administração da Justiça – Sindicato dos Funcionários Judiciais, Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Associação Sindical dos Juízes Portugueses. No plano internacional, a ASPP/PSP continuará a assumir, como membro de pleno direito do CESP – Conselho Europeu dos Sindicatos de Polícia, a responsabilidade de dar o melhor dos contributos para a reorganização das forças policiais (e uniformização das suas práticas) no quadro da União Europeia, sem esquecer a defesa dos direitos dos Profissionais de Polícia representados pelos sindicatos europeus congéneres, e de acordo com os princípios que enformam a Carta Europeia de Polícia, que o CESP propôs aos países membros do Conselho da Europa. Objectivo do documento O Plano de Actividades pretende aumentar o grau de qualidade técnica e jurídica do serviço policial, no âmbito de cada uma e da globalidade das condições e/ou situações de perigosidade, dos custos sociais e de vida urbana, da disponibilidade permanente para o serviço, da variabilidade dos turnos e escalas, dos serviços nocturnos ou em domingos e feriados, das comparências em tribunais (por vezes, em hora de folga ou dia de descanso), das condições climáticas adversas, da pressão em situações de conflito e de violência, que levam a um envelhecimento precoce por via do desgaste que tais situações provocam. Ao mesmo tempo, procuramos intervir a fim de serem criadas condições para que a função policial seja exercida com imparcialidade, isenção e objectividade, fruto da harmonia, motivação e estímulo para o exercício das missões de Polícia, com eficiência e prestígio crescente. Tudo isto constitui um contributo indubitável para o reforço da autoridade do Estado português, aumentando a qualidade e melhorando o desenvolvimento da vida social e económica, no âmbito de uma sociedade que se quer cada vez mais integrada, de pleno direito, numa União Europeia democrática, justa e coesa, a nível social. Esforços internos Prosseguiremos os esforços de aperfeiçoamento da organização interna da ASPP/PSP de modo a podermos vencer todas as tentativas daqueles que não estão interessados em melhorar as condições de vida e de trabalho dos profissionais da PSP e, consequentemente, assegurar a prestação de um melhor serviço aos associados.d 24 // o crachá // fevereiro 2008 Investigação Criminal na Polícia de Segurança Pública – Séc. XXI Para se falar de investigação criminal na Polícia de Segurança Pública (adiante designada PSP), temos que recuar a 1993, ano em que, por força do Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de Janeiro, foi retirado o monopólio da investigação criminal à Polícia Judiciária, diluindo – ainda que limitadas – competências de investigação criminal às forças de segurança. Decorria o ano de 2000, quando surgiu a Lei n.º 21/2000 de 10 de Agosto, alterada pelo Decreto-Lei n.º 305/2002 de 13 de Dezembro, que veio alargar as competências de investigação criminal da PSP, que até à data estavam confinadas ao tráfico de menor gravidade, a mais de 80% das condutas criminais tipificadas no Código Penal, destes aqueles que mais se fazem sentir na sociedade, até pelo volume, são os crimes contra o património (furtos; roubos; entre outros). Fruto desta aposta e deste depósito de confiança por parte do poder político, se deverá muito certamente aos bons resultados alcançados no combate ao tráfico de menor gravidade (vulgo venda directa), que devido à exposição a que esta actividade estava e está sujeita, provocava um forte sentimento de insegurança nas comunidades. Era grande a responsabilidade, mas era maior a motivação e dedicação dos profissionais da PSP. Além do imprescindível suporte legal, por via da legislação então aprovada em sede própria, o investimento na investigação criminal na PSP, ficou-se por aí. Foram uma vez mais, os profissionais da PSP, que de forma autodidacta se foram formando, colmatando as lacunas da administração, que não investia em formação profissional, parecendo ignorar as especificidades do serviço. Os equipamentos mesas; secretárias; equipamento informático) foi sendo doado, por empresas (com destaque para a banca) que ofertaram, aquilo que tinha como destino a reciclagem/lixo, equipamentos esses que ainda hoje se mantêm, não pelas suas excelentes qualidades, mas porque o investimento nesta área, é exactamente o mesmo de há 8 anos atrás. Factual, são os bons resultados que se têm vindo a alcançar, exemplo o ano de 2006, expressos nas 3961 detenções efectuadas, das quais resultaram a aplicação da medida de prisão preventiva a 507 indivíduos. De realçar igualmente a apreensão de 2710 de armas de fogo, bem como os 108949 de inquéritos iniciados e os 95485 inquéritos concluídos. São estes números brutais que espelham bem a qualidade e importância do serviço que se tem vindo a cimentar, na Polícia de Segurança Pública. Fruto deste pequeno sucesso, é certamente a cultura enraizada na PSP. A proximidade com a comunidade, com os problemas sentidos e um conhecimento na origem, dos focos de insegurança que vão surgindo. Esta manutenção e gestão das informações e informadores, não resulta, quer de um imperativo legal, quer de uma competência delegada, mas sim da referida cultura de proximidade e a percepção da importância que reveste esta área na designada investigação pró-activa. Só uma Polícia multidisciplinar, com uma abrangência em todas as áreas de intervenção na sociedade (trânsito; acontecimentos desportivos; programas escola segura; etc.), com profissionais de excelente qualidade, permitem fazer a fevereiro 2008 // o crachá // 25 ponte entre a comunidade, percepcionadora da insegurança real e sentida, com os serviços de investigação criminal da PSP, permitindo uma investigação dinâmica e imediata. O caminho a percorrer ainda é longo. Falta o enquadramento legal desta actividade na PSP, bem como a definição da situação profissional dos elementos que prestam serviço na investigação criminal. A inexistência de um horário de trabalho, que não se pode reger pelo dos demais serviços da PSP e só a figura da isenção de horário serve os propósitos da investigação criminal. A clara e inequívoca definição das competências e obrigações funcionais dos funcionários, para não falar na aberrante falta de meios materiais, particularmente quanto ao parque automóvel e a instalações, que roçam o limite do suportável. Uma investigação criminal, que se quer séria e credível, não é compatível com a constante deslocação dos seus meios, para fins igualmente de interesse policial, mas que devem ser executados por outros recursos da PSP, dos quais a título de exemplo se destaca o acompanhamento de claques e os actos de fiscalização administrativa. Terminaria afirmando que todo o investimento feito na investigação criminal, na PSP, é um investimento na segurança das comunidades, cujo retorno é inquantificável, pois os sentimentos de segurança e tranquilidade não são medidos pecuniariamente. d Rui Silva Sub-chefe da PSP, Investigação Criminal da PSP/Porto 26 // o crachá // fevereiro 2008 1 2 Da propaganda à realidade vai uma enorme distância As esquadras do século XXI Apesar de todas as medidas propagandistas do Governo, com o anúncio de reformas e contra-reformas, os Profissionais da Polícia continuam a deparar-se com locais de trabalho indignos da função que desempenham e da Instituição que representam. Já bem entrados no século XXI, que emprestou a designação a um novo modelo de esquadra, podemos bem verificar, através destas imagens, que é urgente uma intervenção séria nas instalações da Polícia. 1 Esquadra da Areosa 2 Esquadra do Infante [publicada no correio da manhã] 3 Esquadra do Lagarteiro 4 Esquadra São João de Deus 5 Edifício do Comando Metropolitano do Porto 6 Divisão de Trânsito, Lisboa 3 4 5 6 fevereiro 2008 // o crachá // 27 Dr. Bernardo Colaço em entrevista a “O Crachá” Movimento Sindical ajuda a credibilizar a PSP Partindo da sua vasta experiência profissional, ligada desde há muitos anos à magistratura, quais considera serem as grandes diferenças entre as forças de segurança de antes e depois do 25 de Abril? A diferença resulta da circunstância de no pós-25 de Abril ficar mais clarificada e sedimentada a distinção entre Governo e Estado – duas grandezas que antes do 25 de Abril se confundiam. Então, o Governo não se assumia como apenas um dos órgãos de soberania, senão que era a própria soberania, o próprio regime. Daí dizer-se que era um governo autocrático ou ditatorial. A polícia actuava mais como segurança do regime do que para e segurança do cidadão. Para tanto, e na sua actuação seguia um padrão marcado por militarismo (não confundir com militar). De que forma viu o célebre 21 de Abril de 1989, conhecido como “Secos e Molhados”? Vi e vivi este significativo acontecimento que correu mundo. Este foi sem dúvida o momento culminante de todo um processo reivindicativo pelos direitos democráticos de reunião, manifestação e associação, luta esta, que, por curioso que pareça, teve que ser desencadeada pela PSP, em pleno regime democrático saído do 25 de Abril. Num certo sentido o título do livro “Sindicalismo na PSP – Medos e Fantasmas em Regime Democrático”, traduz isso mesmo – ou seja, os dilemas das democracias formais. Eu tinha assistido ao II Encontro dos Polícias na Voz do Operário, em representação do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, mas não participei no cortejo até à Praça do Comércio, por a direcção do meu sindicato assim o entender. Receava-se que ao SMMP pudesse vir a ser atribuída responsabilidade por patrocinar uma manifestação com agentes policiais fardados. Mas já na concentração da Praça de Comércio, nada me podia deter para, a título pessoal e pelo meu vincado comprometimento com o movimento sindical da ASP/PSP, estar no cerne de toda a movimentação. Aquilo de facto, só visto e participado. Basta só dizer que nesse dia – uma sexta-feira – esta movimentação coincidiu com o regresso de trabalhadores, empregados e funcionários para as suas casas na outra margem do Tejo. O mais significativo é que estas pessoas, depois de saberem que estava em causa a reivindicação dos agentes policiais por um sindicato, acabaram por se envolver na refrega em apoio dos sindicalistas policiais. Era um momento solene em que a população estava com a sua força de segurança contra a repressão de que internamente estava a ser vítima. E esta seria uma lição para ao governo. As vozes de comando repressivas; a força dos jactos de água; a gritaria e choros de policiais “molhados” a rogarem aos “secos” da Força de Intervenção para aderirem à causa e as hesitações destes entre os quais também se encontravam pró-sindicalistas – tudo isto contribuiu para que a intervenção da Polícia de Intervenção resultasse “furada” mau grado a pretensão das chefias em contrário. Quer recordar-nos alguns dos momentos que viveu nesse dia histórico? Quanto a mim, recordo neste momento o saudoso sindicalista Manuel Lopes. Ambos corríamos de um lado para o outro em busca de protecção por detrás dos autocarros ou das colunas da Praça par evitar ficarmos encharcados. No aceso da luta, não posso deixar de referir um agente policial fardado, de pistola em riste pendurado num poste, e isto apesar continua na pag. seguinte // 28 // o crachá // fevereiro 2008 da peremptória ordem da Pró-ASP/PSP no sentido de ninguém, mesmo fardado, comparecer armado. Era no entanto um risco que sempre se corria face a atitudes reiteradamente violentas e inconstitucionais do Executivo. O agente percebeu o perigo e logo obedeceu aos rogos dos colegas. Bastaria um tiro para tudo incendiar. A esta distância compreende-se que o então Primeiro-Ministro se sentisse ameaçado por o movimento pró-sindical pôr em risco as instituições “democráticas” do país! Seria caso para perguntar, porque é que se recusava o direito sindical à PSP, se anos volvidos, tal direito democrático viria a ser reconhecido? Os elementos destacados da ASP/PSP foram detidos, como se tal bastasse para pôr termo a uma organização como aquela. A luta e o protesto prosseguiram sob a liderança daquele que viria a ser mais tarde o Presidente da ASPP, Alberto Torres na sede da ASP/PSP na Calçada de Combro. Como é óbvio lá estive pela noite dentro, de madrugada, apoiando em tudo quanto fosse possível, como tantos outros, fazendo telefonemas, enviando telegramas, assegurando entrevistas, fazendo comunicados e outras acções do tipo, até que a hora surgiu para todos se dirigirem ao Tribunal de Polícia onde os dirigentes detidos seriam apresentados para julgamento sumário; julgamento que não se realizaria por a questão sendo complexa requerer inquérito criminal. Os sindicalistas foram postos imediatamente em liberdade. À saída, o então Presidente José Carreira, já falecido, foi levado em ombros. Alguém da multidão lhe ofereceu um cravo vermelho. Enquanto magistrado, tendo em conta as novas exigências das sociedades contemporâneas, acha que o fim do militarismo na PSP era inevitável? Por que acha que teve de ser impulsionado pela então Associação Pró-Sindical dos Profissionais da PSP e não pelos responsáveis políticos? A PSP é hoje uma força de segurança e como tal tem natureza civil. O agente policial recuperou assim a sua tradicional figura de “cívico” – como bem referia o saudoso ex-Provedor de Justiça e ex-Bastonário da Ordem de Advogados – Dr. Almeida Ribeiro. Devo dizer que o movimento sindical na PSP não surgiu por causa da sua natureza militarizada, mas apesar dessa natureza. É que os responsáveis políticos e entidades institucionais, nomeadamente os Comandantes-Gerais que se sucediam no tempo – generais do Exército - destacavam a natureza militarizada como sendo o obstáculo à sindicalização. Houve mesmo um que chegou a afirmar que “a haver um sindicato na PSP, o presidente serei PSP recuperou na sociedade portuguesa. Hoje, o polícia não é o mau da fita, antes pelo contrário; implementaram-se entre outras coisas o Código Deontológico (o primeiro da Pró-ASP/PSP data de 1985); a criação da Escola Superior; a implementação de cursos e modelos de policiamento como o de proximidade; a instituição da IGAI, o retomar da própria natureza civil da instituição. No plano profissional, destacam-se a melhorias de condições remunerativas e de carreira, a maior dignificação do agente policial e o seu melhor enquadramento na cidadania. Este despertar de consciência profissional cedo se alastrou a outros organismos hierarquizados e legitimados para usar a força como a GNR e as Forças Armadas. Hoje existe o direito de Associativismo Profissional nestes organismos, apesar de uma forte resistência das estruturas institucionais e políticas para lhes dar uma expressão mais completa. eu”. Ao assim se posicionar, nem sequer davam conta do odioso que estavam a gerar contra o prestígio da instituição militar. Eis porque logo, e visando separar as águas, adoptei a seguintes expressões: “Há militares não militaristas e civis militaristas”e logo de seguida: “Um militar na polícia, nem é bom polícia nem bom militar”. Colocadas assim as premissas, os excessos, quer de um lado, quer do outro, começaram a desvanecer. A conquista do associativismo representativo e a recuperação do carácter civil da PSP vieram demonstrar que a eficácia policial, o exercício de força e de armas, a disciplina e comando uno, não constituem um exclusivo militar. Qual considera ser a importância de um sindicalismo dinâmico e activo no seio de uma Instituição como a Polícia de Segurança Pública? Já tive ensejo de significar que o sindicalismo é a forma mais elevada de consciência profissional. Com isto há que demarcar as formas extremistas, aleatórias e parasitárias de exercício deste tipo de acção. A prática consciente de associativismo/ sindical, primeiro da Pró-ASP/PSP e depois da ASPP/PSP, trouxe inevitavelmente o espírito democrático para dentro da PSP. Ao movimento sindicalista na PSP se deve, em primeira linha, a credibilidade que a Considera importante haver uma relação sólida entre a Polícia e o Ministério Público? Obviamente que sim. Esta relação sempre existiu, pela própria natureza das funções e objectivos a alcançar na sociedade – a segurança e tranquilidade do cidadão e assegurar as condições para o livre exercício de direitos, liberdades e garantias democraticamente exercidas. Costumo dizer que é o agente policial, quem em 1ª mão transmite o sentido de justiça ao cidadão. Os magistrados e a polícia estão vocacionados e portanto condenados a trabalhar em conjunto ou parceria. Como sabe, o MP é o titular da acção penal. É quem introduz o feito em juízo para julgamento. Tal significa que o MP jurisdicionaliza i.e. perante os tribunais a actividade policial. Há países onde é a própria polícia a exercer este papel. Entre nós, não. É o envolvimento de um magistrado que reforça essa actividade. Daqui decorre a razão da ligação vocacional entre o MP e a polícia, sendo que, tratando-se do inquérito (processo-crime), àquele pertence a sua direcção sem que tal envolva imiscuir-se nos actos de investigação policial ou nas determinações como deve a policia actuar, desde que estes actos estejam pautados pela legalidade. Daí que se possa dizer com propriedade que a relação entre o MP e polícia seja a de uma complementaridade activa. Como vê as propostas no sentido de ser encontrado um mecanismo que aproxime a Polícia e o Ministério Público, para facilitar a tramitação dos processos-crime? Devo dizer que esta proposta não é nova. Aliás, o apoio que desde 1982 fevereiro 2008 // o crachá // 29 o SMMP deu ao sindicalismo na PSP (o que se destaca numa altura em que era comprometedor apoiar este movimento) insere-se nesta linha de pensamento. Já desde 1987 – aquando da entrada em vigor do Código do Processo Penal, que tenho vindo a apontar esta perspectiva em sucessivas intervenções. Cabendo ao MP dirigir o inquérito defendo a figura do MP junto da polícia e não o MP na polícia. Por esta via procuro também dar uma resposta para uma melhor activação e articulação dos DIAP junto da polícia. Rejeitando a ideia de o MP fazer parte da estrutura policial, o MP junto da polícia significa haver magistrados do MP, portanto directamente dependentes do Procurador-Geral de República, a assegurarem cobertura legal à acção dos agentes da polícia. Assim, sempre que surgisse uma questão de legalidade quanto à actuação policial, seja numa detenção; no patrulhamento; qualquer actuação em concreto; na realização de actos do inquérito, tais como a audição de uma testemunha; recolha de indícios; e outros, e sempre que a polícia nisso visse necessidade, lá estaria o MP para aconselhar do ponto de vista legal e imprimir legalidade ao acto, assim evitando a anulação de muitas actuações da polícia em julgamento. Esta seria uma forma de dignificar a própria acção da polícia. Veja que muitos inquéritos realizados pela polícia são arquivados pelo MP ou perdem a sua eficácia na instrução ou no julgamento, conduzindo a absolvições. Isto sucede muitas vezes porque se denotam falhas na realização de diligências ou porque não estão correctamente apurados os elementos constitutivos do crime. Quando isto acontece, não se pode dizer que a acção da polícia fica prestigiada. Daí a pertinência deste modelo de MP junto da polícia. Caberá aos responsáveis a melhor forma de o realizar, nomeadamente repensar e reequacionar o modo de funcionamento dos DIAP, por se tratar de unidades que mais de perto trabalham com a polícia. Chamo a atenção para uma das conclusões da Conferência realizada pela ASPP/PSP em 23 de Novembro, sob o tema “Os OPCs na actual política criminal” e onde se assinala que urge “dotar a instituição de um mecanismo de fácil acessibilidade das OPCs ao MP, como formas de imprimir à sua actividade um reforço de legalidade, facilitando a posterior validação judicial dos actos por ela praticados”. Partilha das opiniões que defendem julgamentos sumários para agressores de Polícias? O julgamento sumário é, efectivamente, uma via expedita de realizar a justiça criminal. Tal forma de julgar devia ser aplicada não só tratando-se do agressor de polícia, como em todo o tipo de “criminalidade formigueira” ou seja, a pequena criminalidade, já que esta pode constituir um esteio para a grande criminalidade. Questão é de recolha de prova para o efeito. À parte a pouca disponibilidade de um ou outro juiz para este tipo de julgamentos ou tratando-se de casos complexos, o problema que se coloca para a realização de julgamentos sumários prende-se muitas vezes com o apuramento de prova, que tem de ser rápida o que nem sempre é possível (por exemplo os exames do local; a avaliação de dano; o exame pericial das ofensa s corporais e outros do género). Impunha-se para tanto realizar certas alterações processuais em matéria tais como a instituição de tribunais 24/24h; a institucionalização do MP junto da polícia e departamentos para exames periciais céleres. António Bernardo Colaço, 69 anos, natural de Goa, tomou posse como Juiz-Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça em 13 de Dezembro de 2007. Entre 1971 e 2007 exerceu as funções de Magistrado do Ministério Público percorrendo toda a escala desta magistratura nos diversos tribunais afectos as jurisdições cível, laboral, criminal, de família, menores e falências. Iniciou as funções em Angola, onde participou enquanto magistrado na independência desta país em 11.11.1975. Regressado a Portugal em 1977, participou activamente no processo do sindicalismo dos profissionais da PSP desde o início, em representação do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. Dr. Colaço é ainda autor de dezenas de escritos, entre artigos e estudos, priorizando temas jurídicos e sobre o associativismo profissional nas forças de segurança e forças armadas. É co-autor com António Carlos Gomes, do livro “ Sindicalismo na PSP: Medos e Fantasmas em Democracia”. A questão anterior coloca-se devido à tão falada lentidão da justiça em Portugal. Considera que este facto prejudica a imagem da Polícia, enquanto face visível da autoridade do Estado, perante o cidadão? A lentidão de justiça prejudica tudo e todos. “Mais vale um mau acordo que uma sentença tardia” ou “ a sentença é tardia mas fez-se a justiça”, diz o povo. Talvez a razoabilidade esteja entre estes dois ditados. Aplicar a justiça é um acto de reflexão e toda a reflexão leva tempo. Mas não se devia levar muito tempo. No mundo judiciário intervêm vários interesses: o da população, para uma rapidez da decisão e condenação; o da polícia, na prevenção e repressão de toda a anti-sociabilidade; o do MP, no sentido da a defesa dos valores do Estado; o dos juízes, em prol de defesa dos valores de justiça e ainda do advogado, na defesa ou na acusação do prevaricador. Para que todos estes interesses se compatibilizem, é necessário tornar mais breves os procedimentos processuais. Tem havido tentativas neste sentido mas nem sempre com êxito. Por outro lado, parece-me que é necessário investir mais na formação dos agentes policiais para substancializar a sua eficácia e eficiência técnico-táctica e na dos magistrados para pertencerem menos ao mundo de conceitos e serem mais ligados aos interesses da sociedade. A abordagem de toda esta problemática implica não apenas o ingrediente político, mas sobretudo o empenhamento de bem servir a sociedade democrática, com conhecimento da causa das coisas e dos acontecimentos, o que parece escassear em muitos quadrantes responsáveis. d 30 // o crachá // fevereiro 2008 “A importância das Direcções Distritais na actividade sindical” A união faz a força! Nélson Brito Presidente da Distrital de Lisboa da ASPP/PSP A alma dos Profissionais de Polícia não é pequena Agostinho Pinto Presidente da Distrital do Porto da ASPP/PSP Estimados colegas, espero que esta seja a primeira de muitas vezes que me dirijo a vós a partir do nosso Crachá. Na ASPP/PSP, pretendemos ser um veículo de transmissão de todas as situações que possam afectar diariamente, pela positiva ou pela negativa, cada Profissional da nossa instituição. A nossa profissão é muito nobre, e como tal, tudo o que fazemos tem que realçar essa nobreza. Por isso, a Distrital de Lisboa da ASPP/PSP trabalha com afinco sobre todos os problemas com que se depara no seu Distrito. O nosso trabalho é fruto do esforço que começa em cada um de vós, onde me incluo, num esforço contínuo, mas certamente compensador. É com muito orgulho que estou à frente desta Distrital, que se preocupa, acima de todos os interesses, com o bem-estar de todos os colegas! Queremos desenvolver um novo tipo de sindicalismo, moderno, e contra a prática do “dizer mal por dizer”. Cooperação é a palavra de ordem, e assim conseguiremos atingir os nossos objectivos! A união faz a força! Quero ainda deixar um agradecimento a todos os delegados que, com a sua disponibilidade e empenho, têm ajudado esta Distrital a crescer, cada vez mais, fruto do empenho e entrega de todos a esta nossa causa. A todos os associados reafirmo que podem contar connosco. Da nossa parte, ós contamos com todos vós. d Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Esta frase, de profundo sentido humano, leva-me a esta interrogação: será que a alma dos Profissionais da PSP é pequena? Não. É enorme, quando confrontada, diariamente, com as agruras da profissão, a incompreensão da sociedade e as constantes violações dos direitos de cidadania, ataques frontais à sua condição laboral, atropelando e desrespeitando as leis vigentes na Constituição da República. Quando assumi os destinos da Direcção Distrital do Porto da ASPP/PSP, não esperava encontrar este panorama mas, a pouco e pouco e com uma terrível continuidade, acabo por ter de a encarar como uma realidade lamentável. Ao tomar posse, fi-lo com o sentido de dever e lealdade. Não só para com os que me elegeram, mas para com todos os Polícias. Nesse sentido de missão, meti pés ao caminho, esperando conseguir algumas melhorias das condições sociais e laborais dos Profissionais que integram o COMETPOR. Ser mais um a lutar ao lado de outros, para travar e inverter o processo retrógrado em curso. Encontrei várias barreiras, sendo a principal o intenso espírito conservador que se mantém neste Comando, à imagem do século passado, em contraponto com a constante evolução da sociedade. À Instituição PSP compete-lhe a defesa da legitimidade democrática, ao nível da segurança interna e defesa dos direitos do cidadão, algo que não aplica internamente. Há uma enorme falta de poder decisório, assistindo-se repetidamente a um infindável número de determinações, directivas, despachos, orientações ad-hoc, emanadas por um qualquer responsável departamental e não obstaculizadas por quem tem a obrigação de o fazer. Pior que tudo, são esses mesmos (ir)responsáveis que vêem na existência dos sindicatos uma afronta ao seu egocentrismo em vez de os verem como instrumentos de consolidação e legitimação democrática do Estado, parceiro de todos e garante do futuro dos Profissionais de Polícia. Se assim não for, a instituição policial não sairá da precariedade em que vai vivendo. Vivemos no seio de uma sociedade democrática, em que qualquer cidadão tem direitos e deveres. O Polícia também os tem, mesmo que alguns não queiram aceitar essa realidade. Porque deposito a minha esperança num futuro melhor, não arredo pé, permanecendo nestas batalhas. Para um dia estarmos todos unidos na mesma causa, a lutar pela melhoria das condições sociais e de trabalho, pela dignificação da nossa profissão. E voltar a sentir aquele valor nobre que já passou por esta nossa casa: o da simples camaradagem, entre aqueles que acreditam que, apesar de tudo, continua a valer a pena esta luta, porque a alma dos Profissionais de Polícia não é pequena. d fevereiro 2008 // o crachá // 31 Plano de Prevenção de Suicídios nas Forças de Segurança Estudo do Governo defende centralização O Ministério da Administração Interna solicitou à Sociedade Portuguesa de Suicidiologia (SPS) um estudo para a prevenção do suicídio nas Forças de Segurança. Nas conclusões, é avançada a criação de uma linha SOS – que no final de 2007 ainda não estava a funcionar – bem como o encaminhamento de pacientes para as valências do Serviço Nacional de Saúde, nos departamentos de psiquiatria e saúde mental. O Plano de Prevenção de Suicídios nas Forças de Segurança apresenta alguns registos que vale a pena reter: A maioria apresentava alterações recentes dos hábitos (78%); percentagem elevada tinha mudanças recentes de vida: profissionais (77%), familiares (56%) financeiras (56%) e legais (56%); o sentimento predominante nas reacções às mudanças recentes era de revolta (56%). Suicídios registados nas forças de segurança 10 9 9 8 8 6 6 5 4 5 4 3 2 2 3 3 2 2 1 2 4 2 2 2006 2007 1 0 0 1998 5 5 4 4 2 0 6 5 3 1 7 7 7 1999 2000 2001 GNR 2002 2003 PSP 2004 2005 Total Os números Não deixa de ser de realçar que, neste estudo, a comparação entre a taxa de suicídio nas Forças de Segurança (11,3 por 100.000 habitantes) é feita com base na média dos últimos cinco anos – desde 2003 até final de Outubro de 2007 –, ao passo que a média global dos suicídios em Portugal (11,7) tem por base dados de 2003. Fica por perceber como é que na apresentação realizada pelo MAI são contabilizados os suicídios de 2007, ainda antes do final do ano. Infelizmente, já depois de publicado o estudo da SPS, suicidou-se, em Novembro, mais um Profissional da PSP, elevando a contagem total para sete, um dos valores mais elevados desde 1998. Gabinetes nos Comandos Ao contrário do que é sugerido, a ASPP/PSP reitera a reivindicação de um Gabinete de Apoio Psicológico (GAP) em cada Comando de Polícia, como forma de criar proximidade entre o GAP e os Profissionais da Polícia, bem como a desmistificação em torno do que consiste na ajuda psicológica. Ao mesmo tempo, permitiria aos elementos dos GAP um maior e mais profundo conhecimento das especificidades que a profissão engloba. d 32 // o crachá // fevereiro 2008 Gabinete Jurídico ao serviço dos associados Para responder às injustiças N o dia 3 de Junho de 1989, em iniciativa promovida pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e pelo Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, teve lugar no Salão Nobre desta última Instituição, o I Encontro de Juristas, para debater um tema, em si, elucidativo: “Os Direitos Fundamentais do Cidadão – Sindicalismo e Polícia”. Nas conclusões de tal encontro, decorridos que estão quase 19 anos, são de realçar temas respeitantes à apreciação e análise dos aspectos atinentes à forma e à eficácia do registo das Associações Sindicais (Dec-Lei n.º215 –B-75 de 30 de Abril), com realce da ilegalidade que comporta a não publicação dos estatutos da ASP/PSP pelo Ministério do Emprego e Segurança Social e “os perigos da militarização das forças policiais”. E a preocupação dominante era, sem dúvida, naquela época, a consagração legal do direito constitucional dos Profissionais da PSP a uma associação sindical, fazendo com que o nosso país pudesse alinhar com os demais da Comunidade Europeia, onde o sindicalismo policial era uma realidade. E não será despiciendo evocar aqui e agora, o nome do então provedor de Justiça – dr. Ângelo de Almeida Ribeiro – que já em Março de 1988, no uso da sua faculdade constitucional, dirigiu expressa recomendação ao senhor ministro do Emprego e Segurança Social para que “dê instruções aos serviços competentes desse ministério, no sentido do registo e publicação dos estatutos da Associação Sindical dos Profissionais da PSP”. Todavia, aquando da renovação do mandato do dr. Almeida Ribeiro para o mesmo cargo institucional, uma das principais razões invocadas pelo Executivo para a sua não recondução tivesse sido, precisamente, o facto de ter defendido uma associação de classe da PSP, pelo que com propriedade e de pleno direito, o dr. Almeida Ribeiro foi considerado o Provedor da causa do sindicalismo policial no Portugal democrático. Finalmente, a Lei 6/90 (sobre o regime de exercício de direitos do pessoal da PSP veio reforçar a equiparação, anteriormente confirmada pelo D.L. 184/89, de 2 de Junho (que fixa os princípios gerais em matéria de emprego público) entre os agentes da administração civil e de segurança, consagrando no Art. 3.º, n.º1 (Lei 6/90) que “o pessoal da PSP com funções policial goza dos direitos “...” previstos na lei geral para os funcionários e agentes da Administração, salvo o disposto na presente lei “...” e é o próprio legislador a estipular que se trata de restrições ao exercício de direitos (art.º 6.º da Lei 6/90). Todavia, o leque de proibições contido no artigo 6.º da Lei 6/90 leva-nos a concluir que o legislador fez tábua-rasa de alguns dos direitos fundamentais relativamente a determinados agentes trabalhadores da Administração, e no caso concreto aos agentes da PSP, conferindo predomínio exclusivo ao interesse da Administração em detrimento do cidadão e do trabalhador, ao arrepio do regime de direitos fundamentais consagrado na Constituição da República Portuguesa. fevereiro 2008 // o crachá // 33 Fazendo uma retrospectiva das vicissitudes que ocorreram ao longo dos anos, ao nível do procedimento disciplinar, não podemos deixar de focar os variadíssimos processos disciplinares instaurados contra os dirigentes e activistas sindicais da ASPP/ PSP, de cariz nitidamente político, com o único intuito de calar vozes incómodas, através de propostas de expulsão da PSP, via aposentação compulsiva, a elementos que destacavam, na época, e entre outros, não podemos deixar de vincar os nomes de José Carreira e Alberto Torres. Passada a fase que podemos considerar bastante “negra” no âmbito sindical, com um carácter persecutório aos que ousassem criticar o status quo, notamos que por parte da hierarquia da PSP, recorria-se ao processo disciplinar por motivos fúteis e até mesquinhos e em nosso entender quando se pretendia atingir determinado objectivo, eram “concertadas” tornavam quase impossível o contraditório e a defesa do arguido. E no apoio jurídico que a ASPP/PSP sempre deu aos seus associados, como aliás, é seu dever, não é despiciendo referir, actualmente, a forma como são elaboradas as peças integrantes de um processo disciplinar e que por emanarem de pessoas com algumas limitações técnico-jurídicas, não promovendo o seu arquivamento, acabam por “enxamear” o universo dos procedimentos disciplinares com recursos para instâncias hierárquicas superiores, e que seriam desnecessárias se houvesse mais objectividade e mais sentido pedagógico nas decisões proferidas. Todavia, à parte os processos disciplinares, que felizmente, são em número cada vez mais reduzido, o apoio jurídico da ASPP/PSP tem estado centrado nas novas realidades, face às alterações profundas ao nível legislativo desde o ano de 2005 e questões como a pré-aposentação ou aposentação tiveram um número significativo de interessados na sua resolução e neste âmbito, cabe aqui registar, a procura dos nossos serviços por associados com problemas de saúde e que por motivos técnicos, mas extremamente desumanos eram e são tratados ao nível da Junta Superior de Saúde com alguma indiferença. Aliás, alguns dos associados que tiveram e continuam a ter o nosso apoio, denotavam frustrações e ressentimentos de uma Instituição que serviram e a quem o apoio psicológico continua a ser uma “miragem”. Noutro âmbito, salientamos a existência de situações de gritante injustiça, no que respeita a transferências, e que penalizam, essencialmente, as mulheres que servem a Instituição PSP e que face às objecções levantadas pela Direcção Nacional, muito dificilmente conseguem conciliar a sua vida familiar com a vida profissional, para referir, em síntese, que além das dificuldades económicas que também atingem os cidadãos policiais, também estas dificuldades impostas pela Direcção Nacional contribuem para uma maior dificuldade no planeamento familiar. Maugrado os direitos essenciais consagrados na Constituição da República, foi graças ao esforço e persistência de algumas mulheres no seio da PSP que obtiveram da tutela (MAI) decisões importantes e relacionadas com direitos conexionados quer no período pré-natal, quer na maternidade e que, mais uma vez, duma forma obstinada a Direcção Nacional não entendia tratar-se de direitos tutelados pela Constituição da República Portuguesa e que o próprio Código do trabalho acolheu, como aliás, seria lógico e normal. Na procura de ajuda às variadas solicitações dos seus associados, além dos temas acima referenciados, tem a ASPP/PSP apoiado os seus associados nas reclamações resultantes de deficientes análise e propostas de promoção, como foi o mais recente projecto de promoção de agentes a agentes-principais. d Dr. Manuel Borges Gabinete jurídico da ASPP/PSP 34 // o crachá // fevereiro 2008 Estrutura de Comando e Subunidades dos Comandos Territoriais da PSP (A ASPP/PSP respondeu ao projecto enviado pelo MAI) Síntese da proposta da ASPP/PSP enviada ao MAI Reorganização dos Comandos de Polícia não pode ser retrocesso Tendo em conta a reorganização dos Comandos de Polícia que estará para breve, a ASPP/PSP considera que para o bom funcionamento dos serviços é impreterível que cada Divisão de Polícia possua, pelo menos, uma esquadra de investigação criminal e uma esquadra de trânsito, ao contrário do projecto apresentado pelo MAI. No capítulo da investigação criminal, e tendo em conta a criação de um departamento de investigação criminal dependente da Direcção Nacional da PSP, para uma articulação que beneficie a actuação policial, torna-se imperativo que os comandantes das esquadras de investigação criminal dependam operacionalmente do comandante de investigação criminal, dependendo este, logisticamente, do Comando Territorial. Isto proporciona além de outros benefícios para a missão, optimização, organização e eficácia na centralização da informação, de extrema importância para o trabalho da PSP. Apoio à UEP Ao contrário do que está previsto, os serviços de apoio à Unidade Especial de Polícia não devem ser prestados por departamentos externos à própria UEP, e, menos ainda, de qualquer entidade externa à PSP. Por isso, a ASPP/PSP defende que a UEP deve ter autonomia para assegurar a gestão de todas as unidades, sejam elas operacionais ou de apoio, no sentido de melhor rentabilizar todas as suas valências, bem como racionalizar os efectivo de que dispõe. Açores e Madeira No caso das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, é necessário ter em conta a descontinuidade geográfica do território. Algo que parece não ter sido considerado quando se aponta apenas uma esquadra de segurança aeroportuária para a Madeira, esquecendo que Porto Santo possui também um aeroporto. Distância do Comando Também a Covilhã, apesar de actualmente constar como Secção, tem uma densidade populacional considerável, revelando um índice criminal de relevo e que, com o que é proposto, terá sérias dificuldades em desempenhar o seu papel só com uma Esquadra, tendo em conta a distância existente entre esta e o Comando de Castelo Branco. d Mais uma promessa na gaveta Onde param os milhões para a pré-aposentação? Mais idosos, mais desgastados pelo tempo de serviço em condições degradantes, com problemas de saúde, psicologicamente desmotivados e, sobretudo, sem paciência para continuar nesta Instituição, que, de dia para dia, lhes retira direitos. É este o estado em que se encontram os Profissionais que têm os requisitos para se poderem desvincular da PSP e que, infelizmente, continuam em serviço. Não bastasse o Governo ter alterado os critérios de passagem à pré-aposentação, o que em alguns casos veio prejudicar polícias que estavam a meses de passarem para a pré-aposentação e que viram esse período aumentar em largos anos. É motivo para dizer que o Governo, injustamente, alterou as regras no final no jogo. Mas cabe-nos questionar onde estão as verbas que o MAI disse possuir, já em 2006, para disponibilizar aos elementos que já reúnem as condições para passar à pré-aposentação. Onde estão o respeito e consideração pelos Profissionais da PSP, que deram uma vida em prol desta Instituição, que agora lhes volta as costas e dá-se ao desplante de mantê-los em serviço, com o único objectivo de contarem como números no quadro da PSP. Onde está a igualdade tão propagandeada por este Governo em relação às Instituições, mas que a prova do contrário reside no procedimento mais aberto e justo por parte da GNR em atenção aos seus Profissionais. Respeito e consideração por estes Profissionais, é o que à ASPP/PSP obriga exigir ao poder político em geral e ao Governo em particular. d fevereiro 2008 // o crachá // 35 LEGISLAÇÃO PRÉ-APOSENTAÇÃO / APOSENTAÇÃO Circular DNA/RH/12/2007 Departamento de Recursos Humanos OS 142 II Parte de 2007-10-03 Condições de passagem á pré-aposentação e aposentação para o pessoal com funções policiais da Polícia de Segurança Pública Referências: Decreto-Lei n.º 511/99, de 24NOV; Decreto-Lei n.º 157/2005, de 20SET; Despacho n.º 21/GDN/2005 REGIME DA PRÉ-APOSENTAÇÃO 1. Pessoal policial que até 31 de Dezembro de 2005: a.Tenha atingido o limite de idade estabelecido para o respectivo posto; b.Tenha sido considerado incapaz pela Junta Superior de Saúde com incapacidade parcial permanente para o exercício das correspondentes funções, mas apresentasse capacidade para o desempenho de outras funções Transita para a situação de pré-aposentação fora da efectividade de serviço, desde que a requeira e declare manifestar-se disponível para o serviço 2. Pessoal Policial que até 31 de Dezembro de 2005: a.Tenha completado 55 anos de idade, independentemente do tempo de serviço; b.Tenha feito, pelo menos, 36 anos de serviço efectivo (incluindo o tempo de bonificação), independentemente da idade; Passa à situação de pré-aposentação fora da efectividade de serviço, desde que a requeira e declare manter-se disponível para o serviço e ela lhe seja concedida por despacho ministerial, mediante proposta do Director Nacional. Esta proposta é elaborada de acordo com os seguintes critérios de ordenação e seriação dos pedidos - Despacho n.º 21/GDN/2005: a. Maior idade; b. Maior tempo de serviço; c. Maior tempo de serviço efectivo na PSP; d. Especialização e formação/necessidade de serviço; e.Para efeitos de seriação, será aumentado um ano à idade cronológica por cada período de 3 anos de serviço, para além dos 36 anos de serviço (incluindo as percentagens de aumento legalmente previstas). Aqueles que reunissem, à data de 31 de Dezembro de 2005, os requisitos referidos em 1 e 2, podem requerer a passagem à situação de pré-aposentação a qualquer momento. 3. Pessoal que a partir de 01 de Janeiro de 2006: Perfez ou venha a completar as idades previstas no quadro seguinte, independentemente do tempo de serviço efectivo que possua no momento em que requer a passagem à situação de pré-aposentação: A partir de Janeiro de 2006 55 anos e 6 meses A partir de Janeiro de 2007 56 anos A partir de Janeiro de 2008 56 anos e 6 meses A partir de Janeiro de 2009 57 anos A partir de Janeiro de 2010 57 anos e 6 meses A partir de Janeiro de 2011 58 anos A partir de Janeiro de 2012 58 anos e 6 meses A partir de Janeiro de 2013 59 anos A partir de Janeiro de 2014 59 anos e 6 meses Passa automaticamente para a situação de pré-aposentação fora da efectividade de serviço. 4. Pessoal Policial que a partir de 1 de Janeiro de 2006: a.Atinja o limite de idade estabelecido para o respectivo posto. b.Seja considerado incapaz pela Junta Superior de Saúde com incapacidade parcial permanente para o exercício das correspondentes funções, mas apresente capacidade para o desempenho de outras funções. Transita para a pré-aposentação na efectividade de serviço desde que o requeira 5. Pessoal Policial que a partir de 1 de Janeiro de 2006: Tenha, pelo menos, 55 anos de idade e 36 anos de serviço, transita para a situação de pré-aposentação, desde que o requeira, podendo ficar numa das seguintes situações: a.Na efectividade de serviço, de acordo com o contingente a fixar anualmente, por portaria do Ministro da Administração Interna, sendo o serviço a desempenhar compatível com o estado físico ou intelectual, respectivos conhecimento e experiência, necessidades e conveniência do serviço, só podendo ser cometidas funções de comando ou direcção, em casos excepcionais. O pessoal pré-aposentado nesta situação continua sujeito ao regime de incompatibilidades enquanto se encontrar em efectividade de serviço, conservando os direitos e regalias do pessoal no activo, com excepção do. direito de ocupação de lugar no quadro de pessoal e do direito de promoção. b.Fora da efectividade de serviço, se a tiver requerido e tenha sido excedido o contingente anual estabelecido para a pré-aposentação na efectividade de serviço. As regras de prioridade no deferimento dos requerimentos são estabelecidas pelo Director Nacional, tendo em conta a idade e o tempo de serviço dos requerentes. REGIME DE PASSAGEM À SITUAÇÃO DE APOSENTAÇÃO Transita automaticamente para a situação de aposentação o pessoal, no activo ou em pré-aposentação, que se encontrasse, até 31 de Dezembro de 2005, numa das seguintes situações: a.Atingisse o limite máximo para o desempenho de funções públicas – 70 anos; b. Fosse colocado nessa situação por motivos disciplinares; c.Fosse considerado incapaz para todo o serviço pela Junta Superior de Saúde, desde que tivesse prestado, pelo menos, cinco anos de serviço; d.Estivesse na situação de pré-aposentação, fora da efectividade de serviço, há mais de 5 anos; e.Estivesse na situação de pré-aposentação e reunisse as condições de acesso à aposentação com a pensão correspondente a 36 anos de serviço. Transita para a situação de aposentação o pessoal, no activo ou em pré-aposentação, que se encontre, a partir de 01 de Janeiro de 2006, numa das seguintes situações: a.Tenha atingido o limite máximo de idade para o desempenho de funções públicas – 70 anos; b. Seja colocado nessa situação por motivos disciplinares; c.Seja considerado incapaz para todo o serviço pela Junta Superior de Saúde, desde que tenha pelo menos cinco anos de serviço; d. Tenha pelo menos 60 anos de idade e a requeira; e. Complete cinco anos na situação de pré-aposentação. INCAPACIDADE PARA TODO O SERVIÇO ATRIBUÍDA PELA JUNTA SUPERIOR DE SAÚDE O pessoal com funções policiais a quem tenha sido arbitrada incapacidade para todo o serviço pela Junta Superior de Saúde da PSP passa à situação de aguardar aposentação, continuando a efectuar descontos para a Caixa Geral de Aposentações até que seja desligado do serviço por deliberação da CGA e a partir da recepção da comunicação dessa deliberação. d 36 // o crachá // fevereiro 2008 DISPENSA DE TRABALHO PARA A AMAMENTAÇÃO EFEITOS REMUNERATÓRIOS Referências: •Artigo 68.º, n.º3, da Constituição da República Portuguesa (paternidade e maternidade). •Lei n.º 4/84, de 5 de Abril (Protecção da maternidade e da paternidade), com as alterações introduzidas pelo Decreto - Lei n.º 70/2000, de 4 de Maio. •Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto (artigo 50.º n.º 2). Relativamente ao assunto em epígrafe, e para conhecimento de todos os serviços da Polícia de Segurança Pública, defino a seguinte orientação técnica: 1.Nos termos do artigo 68.º, n.º 3, da Constituição da República Portuguesa “as mulheres têm direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto, tendo as mulheres trabalhadoras ainda direito a dispensa do trabalho por período adequado, sem perda de retribuição ou de quaisquer regalias.”. 2.“A mãe que, comprovadamente, amamenta o filho tem direito a ser dispensada em cada dia de trabalho por dois períodos distintos de duração máxima de uma hora para cumprimento dessa missão, durante todo o tempo que durar a amamentação”, nos termos do n.º 2 do artigo 14.º da Lei n.º 4/84, de 5 de Abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto - Lei n.º 70/2000, acrescentando o n.º 2 do artigo 23.º da mesma Lei que “As dispensas previstas no artigo 14.º não determinam perda de quaisquer direitos e são consideradas, para todos os efeitos legais, como prestação efectiva de serviço”. 1.Face ao exposto, determino a todos os serviços da Polícia de Segurança Pública, que nos actos materiais de processamento de remunerações, não devem ser efectuados quaisquer descontos no vencimento, designadamente, nos suplementos de comando, de patrulha e de turno, bem como, do subsídio de refeição, a todas as mulheres mães, em serviço efectivo na Polícia de Segurança Pública, que comprovadamente amamentem os seus filhos e que venham a ser dispensadas em cada dia de trabalho por dois períodos distintos de duração máxima de uma hora para o cumprimento dessa missão, durante o tempo que durar a amamentação, se os mesmos viessem sendo auferidos com carácter de regularidade, isto é, todos aqueles que se relacionem com a natureza regular e normal do funcionamento do serviço ou que compensem uma característica de natureza normal e regular do seu desempenho. d ALIMENTAÇÃO E ALOJAMENTO POR CONTA DO ESTADO CIRCULAR N. º DRH/004/2007- P. º 14 de 27-02-2007 Referências: a)Decreto-Lei n.º 271/77, de 2 de Julho (instituiu o regime de alimentação por conta do Estado aos oficiais, sargentos, praças e pessoal civil da Guarda Nacional Republicana e a todo o pessoal da Polícia de Segurança Pública) c)Despacho do Subsecretário de Estado da Administração Interna. A alimentação por conta do Estado é, regra geral, fornecida em espécie, podendo haver lugar ao abono a dinheiro mediante autorização do Director Nacional da PSP - art. 7.º do Decreto-Lei n.º 271/77, de 2 de Julho. 3.Nos ternos dos artigos 1.º a 4.º do Decreto-Lei n.º 271/77, de 2 de Julho, o pessoal da PSP tem direito, por conta do Estado, a: 3.1. Abono de alimentação e alojamento a) Em situação de diligência; b)Na frequência e no exercício das funções de directores, instrutores e monitores de cursos, escolas, estágios ou outras modalidades de instrução que funcionem nas escolas, cen- tros de instrução, unidades e estabelecimentos próprios da corporação ou dependentes de outros Ministérios; c)Em serviço diário, interno ou externo, de duração não inferior a vinte e quatro horas; d)Em regime de prevenção, que obrigue a permanecer nas instalações para além dos períodos normais de serviço; e)Durante o tempo em que estiverem com baixa aos hospitais e enfermarias 3.2. Abono de alimentação Quando em exercício ou fazendo parte de destacamentos de ordem pública, sejam obrigados a permanecer fora dos quartéis por períodos que abranjam qualquer refeição. d Parecer n.º 1/2008 da Procuradoria-Geral da República Dever de Identificação — Identificação de suspeito — Permanência em posto policial — Medida cautelar de polícia — Órgão de polícia criminal — Medida restritiva da liberdade — Princípio de proibição de excesso — Revogação tácita Em face do exposto, formulam -se as seguintes conclusões: 1.ªA Lei n.º 5/95, de 21 de Fevereiro, foi tacitamente revogada pelo artigo 250.º do Código de Processo Penal, na redacção da Lei n.º 59/98, de 25 de Agosto; (tal como falámos na EPP:)) 2.ªA identificação por órgãos de polícia criminal — de qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sobre quem recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes, da pendência de processo de extradição ou de expulsão, de que tenha penetrado ou permaneça irregularmente no território nacional ou de haver contra si mandado de detenção — e, bem assim, a possibilidade de condução e permanência do identificando em posto policial obedecem ao disposto no artigo 250.º do Código de Processo Penal; 3.ªA obrigação de identificação perante autoridade competente é uma medida de polícia e a sua aplicação está subordinada aos pressupostos e limites que condicionam a actividade de polícia, com relevo para o princípio da proibição do excesso; 4.ªEm conformidade com este princípio, a permanência de suspeito em posto policial para efeito de identificação deve, nos termos da lei (artigo 250.º, n.º 6, do Código de Processo Penal), restringir -se ao «tempo estritamente indispensável à identificação, em caso algum superior a seis horas». Este parecer foi homologado pelo Ministro da Administração Interna, de 13 de Dezembro de 2007. d FALTAS DE SERVIÇO EM RESULTADO DE ACIDENTE Despacho Publicado na OS Interna n.º 218, de 16-11-2005 1.No caso de faltas ao serviço, em resultado de acidente, a decisão que qualifique o acidente como ocorrido em serviço deve indicar as prestações remuneratórias e outras regalias a que tem direito o acidentado enquanto se mantiver ausente do serviço e que são, para além da remuneração base, do suplemento de serviço nas forças de segurança e do subsídio de refeição, os suplementos de carácter permanente que o mesmo acidentado vinha auferindo à data da ocorrência do acidente (art. 15.º do Decreto-Lei n.º 503/99 de 20 de Novembro). 2.Não existe, em caso algum, direito ao pagamento de suplemento de piquete. 3.O pagamento das remunerações e dos subsídios, bem como o pagamento dos suplementos a que tiver direito o acidentado, nos termos referidos no ponto 1, passa, a partir da divulgação do presente Despacho em Ordem de Serviço, a ser processado directamente pelos respectivos Comandos. 4.Exclui-se do âmbito de aplicação previsto do número anterior, o pagamento do suplemento de comando, quando a ele houver lugar, que será processado pelo DRH, após a comunicação pelo Comando da decisão de qualificação do acidente em serviço. d