Potencial poluidor das indústrias na bacia do rio Gramame
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Potencial poluidor das indústrias na bacia do rio Gramame
MARCELLE DE SOUSA SIMÕES POTENCIAL POLUIDOR DAS INDÚSTRIAS NA BACIA DO RIO GRAMAME – RIACHO MUSSURÉ Tema: Poluição Industrial e Potencial Poluidor Trabalho de Conclusão do Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira Civil. Orientadora: Professora Doutora Carmem Lúcia Moreira Gadelha João Pessoa - PB Novembro 2012 2 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por tudo em minha vida. A minha mãe Luciene Maria de Sousa Simões por todo o apoio dado e dedicação. A todos os colegas de sala, graças a eles os anos de Universidade se tornaram divertidos. A todos os professores que transmitiram com muita competência seus conhecimentos para nós alunos. A minha orientadora Carmem Lúcia Moreira Gadelha que, com todo trabalho, disponibilizou tempo e paciência para me ajudar nessa etapa. Por fim, a todos que de alguma maneira participaram da minha vida. João Pessoa - PB Outubro 2012 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Luciene Maria de Sousa Simões e família que esteve em todos os momentos da minha vida ao meu lado. 4 RESUMO Este estudo teve como objetivo central investigar e discutir o impacto dos lançamentos de efluentes domésticos e principalmente industriais, em corpos hídricos da bacia do rio Gramame, no Estado da Paraíba. Para um estudo mais detalhado limitou-se a analisar a sub-bacia do riacho Mussuré, que está inserida na bacia em estudo. Ao longo de sua extensão, o riacho Mussuré recebe lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais, já que atravessa o Distrito Industrial da cidade de João Pessoa. A metodologia do trabalho desenvolvido consistiu em estimar quantitativamente o lançamento de poluentes pelas indústrias e pela população. Para tal estimativa utilizou-se o Cadastro Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP) e padrões de valores proposto por Von Sperling (2005). As indústrias foram classificadas a partir da norma MN-050 proposta pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA, 2010). Concluiu-se que 44,87% das indústrias apresentam potencial baixo e 35,98% tem um potencial poluidor alto. Este é um fato preocupante para a poluição dos corpos hídricos da bacia do rio Gramame, em especial o reservatório Gramame/Mamuaba. Palavras chave: Indústria; riacho Mussuré; Efluente. 5 ABSTRACT This study aimed to investigate central and discuss the impact of releases of mainly industrial and domestic effluents in water bodies Gramame river basin in the state of Paraíba. For a more detailed study was limited to analyzing the sub-basin of the creek Mussuré, which is embedded in the basin under study. Throughout its length, the creek receives Mussuré of domestic sewage and industrial effluents, since crosses the Industrial District of the city of João Pessoa. The methodology of the work was to estimate quantitatively the release of pollutants from industries and the public. For this estimate we used the Industrial Register of the Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), patterns of values proposed by Von Sperling (2005), and classifying the industries from the MN-050 standard proposed by the Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA, 2010). It was concluded that 44.87% of industries have low potential and 35.98% have a high pollution potential. This is a worrying fact for the pollution of water bodies Gramame river basin, particularly the reservoir Gramame / Mamuaba. Keywords: Industry; Mussuré stream; Effluent. 6 SIGLAS AESA - AGÊNCIA EXECUTIVA DE GESTÃO DAS ÁGUAS DO ESTADO PARAÍBA CAGEPA - COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTOS DA PARAÍBA CECA - COMISSÃO ESTADUAL DE CONTROLE AMBIENTAL CHESF - COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO CINEP - COMPANHIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA COMANA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE FEEMA - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE FIEP - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA SCIENTEC - ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA SLAP - SISTEMA DE LICENCIAMENTO DE ATIVIDADES POLUIDORAS SUDEMA - SUPERINTENDÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE SUDENE - SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE ONU - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Divisão de sólidos totais ................................................................................ 20 Figura 2 - Representação das DBO5, DBOu e DQO ........................................................ 21 Figura 3 - Localização da bacia do rio Gramame .......................................................... 27 Figura 4 - Municípios que compõem a bacia do rio Gramame ..................................... 28 Figura 5 - Curso e Localização do riacho Mussuré ........................................................ 30 Figura 6 - Trechos do riacho Mussuré ........................................................................... 45 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Número de Indústria por tipologia .............................................................. 47 Gráfico 2 - Análise cruzada entre porte e tipologia das indústrias ............................... 50 Gráfico 3 - Análise cruzada entre potencial poluidor e tipologia das indústrias .......... 51 Gráfico 4 - Comparação das Metodologias ................................................................... 53 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Modelo para exemplificação a classificação da norma MN-050.R5 ........... 43 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação das fontes poluidoras .............................................................. 18 Tabela 2 - Principais parâmetros de importância nos efluentes industriais, em função do ramo de atividade da indústria ................................................................................ 34 Tabela 3 - Vazão específica média de algumas indústrias ............................................ 35 Tabela 4 - Características das águas residuais das indústrias ....................................... 37 Tabela 5 - Parâmetros para Avaliação de Potencial Poluidor ....................................... 40 Tabela 6 - Porte da atividade ........................................................................................ 40 Tabela 7 - Classificação das indústrias quanto ao porte seguindo norma NA-051.R56 ....................................................................................................................................... 41 Tabela 8 - Classificação proposta pela norma MN-50-R5 ............................................ 42 Tabela 9 - Vazão das indústrias lançadas no riacho Mussuré ....................................... 44 Tabela 10 - Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho .................................... 45 Tabela 11 - Concentração de DBO ................................................................................ 45 Tabela 12 - Carga e Concentração de DBO de efluentes domésticos ........................... 46 Tabela 13 - Parâmetros do Riacho Mussuré obtidos em loco ...................................... 46 Tabela 14 - Classificação das indústrias quanto à norma MN 050.R5 .......................... 48 Tabela 15 - Comparação das Metodologias .................................................................. 52 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 16 2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 16 2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 17 3.1 Poluição de corpos hídricos.......................................................................... 17 3.1.1 Poluição Química ......................................................................................... 17 3.1.2 Poluição Física .............................................................................................. 17 3.1.3 Poluição biológica ........................................................................................ 18 3.2 Fontes Poluidoras ........................................................................................ 18 3.3 Caracterização das fontes poluidoras ........................................................... 19 3.3.1 Esgoto doméstico ......................................................................................... 19 3.3.2 Depósitos de lixo .......................................................................................... 23 3.3.3 Agricultura.................................................................................................... 23 3.3.4 Indústrias...................................................................................................... 23 3.4 Fatores que afetam o comportamento dos poluentes .................................. 25 4 IMPORTÂNCIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................... 27 4.1 Bacia do Rio Gramame ................................................................................. 27 4.1.1 Importância da bacia do Gramame ............................................................. 28 4.2 Riacho Mussuré ........................................................................................... 30 4.3 Distrito Industrial de João Pessoa ................................................................ 31 5 METODOLOGIA .................................................................................................. 32 5.1 Estimativa da DBO ....................................................................................... 32 5.1.1 Vazão do Esgoto doméstico ......................................................................... 32 5.1.2 Vazão do esgoto industrial........................................................................... 33 5.1.3 Carga e Concentração de DBO ..................................................................... 36 5.1.4 Equivalente populacional ............................................................................. 36 5.1.5 DBO industrial de João Pessoa ..................................................................... 36 5.1.6 Medição da vazão em loco e obtenção de parâmetros do riacho Mussuré. 38 5.2 Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) .................... 39 5.2.1 Quanto ao porte das indústrias ................................................................... 39 5.2.2 Quanto à tipologia e o potencial poluidor ................................................... 41 6 RESULTADOS ...................................................................................................... 44 12 6.1 Estimativa da DBO ....................................................................................... 44 6.2 Classificação das fontes poluidoras (FEEMA) ................................................ 47 6.3 Análise cruzadas .......................................................................................... 50 7 COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS .................................................................... 52 8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 54 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 55 13 1 INTRODUÇÃO A poluição da água é a introdução diretamente ou indiretamente de partículas estranhas ao ambiente natural dos corpos hídricos, sendo potencialmente nociva à fauna, flora, bem como populações humanas, vizinhas a tal local ou que utilizem essa água. Há três formas principais de poluição dos corpos hídricos, a forma química, a física e a biológica: a química altera a composição da água e com esta reage; a física, ao contrário da química, não reage com a água, porém afeta negativamente a vida do ecossistema; a biológica consiste na introdução de organismos ou microorganismos estranhos ao ecossistema, ou então no aumento danoso de determinado organismo ou microorganismo já existente. “A cada dia, milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente, resíduos agrícolas e industriais são despejados nas águas de todo o mundo. (…) Todos os anos, morrem mais pessoas das conseqüências de água contaminada do que de todas as formas de violência, incluindo a guerra. (…) A contaminação da água enfraquece ou destrói os ecossistemas naturais que sustentam a saúde humana, a produção alimentar e a biodiversidade. (…) A maioria da água doce poluída acaba nos oceanos, prejudicando áreas costeiras e a pesca”. (da Declaração da “ONU Água” para o Dia Mundial da Água, 2010). A água doce, com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰ conforme a Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) acumula inúmeras funções, como exemplo: transporte de nutrientes, regulagem de temperatura corporal (função biológica para os seres vivos), abastecimento urbano, irrigação agrícola, geração de energia, abastecimento industrial, transporte de cargas e passageiros, etc. Também os corpos hídricos recebem efluentes domésticos e industriais, com alta carga de poluentes, muitas vezes sem nenhum tratamento prévio. Porém esses corpos hídricos têm a capacidade de se recuperar das cargas poluidoras recebidas, processo esse chamado de autodepuração. De acordo com Sperling (2005), a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno de sucessão ecológica, em que o restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, ou seja, a busca pelo estágio inicial 14 encontrado antes do lançamento de efluentes é realizada por mecanismos essencialmente naturais. Claro que existe um limite de lançamento de poluentes que cada corpo hídrico pode receber, variando conforme as características de cada um. A bacia do rio Gramame (Paraíba, Brasil) abriga o Pólo Industrial da cidade de João Pessoa que é responsável pelo lançamento de efluentes com diversos tipos de substâncias poluidoras. O riacho Mussuré atravessa o Distrito Industrial desaguando no rio Mumbaba, que é um dos efluentes do rio Gramame, a jusante do reservatório de Gramame/Mumbaba. Este reservatório é maior responsável pelo abastecimento de água das cidades de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita (apenas o distrito de Várzea Nova) e Cabedelo. Além dos efluentes industriais, a inadequada coleta, transporte, tratamento e destino final de esgotos domésticos e resíduos sólidos aumentam a parcela de poluição nos corpos hídricos. O grande volume de efluentes lançados diretamente no riacho Mussuré prejudica sua assimilação afetando o processo de autodepuração, fazendo com que ele não se recupere totalmente da carga poluidora recebida. Outro agravante é a questão da chuva, pois ela ajuda na diluição da poluição. Nesta região as chuvas se concentram praticamente em seis meses do ano. (CIÊNCIA HOJE, Vol.39. Purificar o Mussuré, 2007). Os efeitos desta carga poluidora no referido Riacho podem ser percebidos, de forma subjetiva, em praticamente todo o seu curso. Portanto, é evidente a importância de uma investigação sobre os impactos destes efluentes na qualidade da água do riacho Mussuré. 15 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Estudar o potencial poluidor das indústrias que atinge os corpos hídricos da bacia do rio Gramame, em especial o riacho Mussuré, e mostrar sua origem, capacidade, composição e os tipos de poluentes que são mais comuns. 2.2 Objetivos específicos Levantar as principais fontes poluidoras presentes na bacia do rio Gramame. Descrever os padrões de lançamento de efluente qualificando-os quanto aos padrões da legislação. Classificar as indústrias quanto a sua capacidade de poluição, tipologia e porte. 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Poluição de corpos hídricos A poluição dos ecossistemas aquáticos tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, fator causado pelo grande desenvolvimento da sociedade pósindustrial. A qualidade da água é afetada pelas diversas atividades humanas, sejam elas domésticas, industriais ou comerciais. Cada uma dessas atividades afeta de modo diferente o ecossistema. Então qualquer estudo nessa área deve levar em consideração a atividade individual e interação com as outras fontes de poluição. Assim a poluição da água é causada pela introdução de matéria ou energia no corpo hídrico pela atividade antrópica, que venha alterar suas características físicas, químicas e biológicas. 3.1.1 Poluição Química Dois tipos de poluentes caracterizam a poluição química: Biodegradáveis: são produtos químicos que ao final de um tempo, decompõem pela ação de bactérias. Persistentes: são produtos químicos que se mantém por longo tempo no meio ambiente e nos organismos vivos. Estes poluentes podem causar graves problemas como a contaminação de alimentos, peixes e crustáceos. Exemplos de poluentes persistentes o DDT (diclodifenitricloroetano), o mercúrio, etc. 3.1.2 Poluição Física Denomina-se poluição física aquela que altera as características físicas da água, sendo as principais: poluição térmica e poluição por sólidos. Poluição térmica: decorre do lançamento nos rios de água aquecida, usada no processo de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e usinas termoelétricas. Poluição por resíduos sólidos: podem ser sólidos suspensos, coloidais e dissolvidos. Em geral esses sólidos podem ser provenientes de ressuspensão de fundo devido à circulação hidrodinâmica intensa, provenientes de esgotos industriais, domésticos, da erosão de solos carregados pelas chuvas ou erosão das margens. 17 3.1.3 Poluição biológica A água pode ser infectada por organismos patogênicos, existentes nos esgotos. Assim, ela pode conter: Bactérias: provocam infecções intestinais, epidérmicas e endêmicas (febre tifóide, cólera, shigelose, salmonelose, leptospirose); Vírus: provocam hepatites e infecções nos olhos; Protozoários: responsáveis pelas amebíases e giardíases; Vermes: esquistossomose e outras infestações. 3.2 Fontes Poluidoras As fontes de poluição podem ser divididas, quanto ao modo de lançamento, em três tipos: fonte de poluição pontual, difusa e mista (Tabela 1). Poluição pontual: refere-se àquelas onde os poluentes são lançados em pontos específicos dos corpos d’água e de forma individualizada, as emissões ocorrem de forma controlada, podendo-se identificar um padrão médio de lançamento. Exemplos típicos de fontes pontuais de poluição são as indústrias e estações de tratamento de esgotos (Mierzwa, 2001). Tabela 1 – Classificação das fontes poluidoras. Fontes Bactérias Nutrientes Pesticidas/Herbicidas Atmosfera Micropoluentes Óleos Orgânicos e Industriais Graxas 1 3-G 3-G 3 1 3 Fontes Pontuais Esgoto doméstico 3 Esgoto industrial 1 3-G 2 3 1 1 3 Fontes Difusas Agrícolas 2 Drenagem Navegação e portos 3 3-G 1 2 1 1 2 2 2 2 2 1 1 3 1 Fontes Mistas Escoamento Urbano e depósitos de lixo Depósitos de cargas industriais Tabela: características das fontes de poluição (FONTE: Tucci,1998) (1) Fonte de significância local (2) de moderada significância local/regional (3) de significância regional (G) de significância global 18 A poluição difusa: se dá quando os poluentes atingem os corpos d’água de modo aleatório, não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de lançamento, seja em termos de quantidade, freqüência ou composição. Exemplos típicos de poluição difusa são os lançamentos das drenagens urbanas, escoamento de água de chuva sobre campos agrícolas e acidentes com produtos químicos ou combustíveis. As fontes mistas: são aquelas que englobam características de cada uma das fontes anteriormente descritas (Mierzwa, 2001). 3.3 Caracterização das fontes poluidoras Cada atividade emite poluentes em diferentes quantidades e características, e cada um destes contaminantes causam efeitos variados nos corpos hídricos. A seguir serão listadas diversas atividades potencialmente geradoras de poluição dos sistemas hídricos em geral, identificados os principais poluentes emitidos e seus efeitos no ambiente onde são lançados. 3.3.1 Esgoto doméstico As águas que compõe o esgoto doméstico compreendem as utilizadas para higiene pessoal, cozinhar alimentos, lavagem de alimentos e utensílios, além da usada em vasos sanitários. Os esgotos domésticos são constituídos, principalmente por matéria orgânica biodegradável, microorganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes (nitrogênio e fósforo), óleos, graxas, detergentes e metais. Características Físicas: - Temperatura: Ligeiramente superior a da água de abastecimento; Variação conforme as estações do ano (mais estável que a temperatura do ar); Influência da atividade microbiana; Influência da solubilidade dos gases; Influência da viscosidade do líquido. - Cor: Esgoto fresco: ligeiramente cinza; Esgoto séptico: cinza escuro ou preto. 19 - Odor: Esgoto fresco: odor oleoso, relativamente desagradável; Esgoto séptico: odor fétido (desagradável), devido ao gás sulfídrico e a outros produtos da decomposição; Despejos industriais: odores característicos. - Turbidez: Causada por uma grande variedade de solos em suspensão; Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente maior turbidez. Características Químicas: - Sólidos totais: Suspensão: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis (não dissolvidos). Divididos em Fixos e Voláteis. Dissolvido: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que não são filtráveis. Divididos em Fixos e Voláteis. Sedimentáveis: fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimentam em 1 hora no cone Imhoff. A Figura 1 mostra a divisão dos sólidos totais contidos numa amostra de água. Figura 1 – Divisão de sólidos totais. 20 - Matéria orgânica: Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos. Principais componentes: proteínas, carboidratos e lipídios. DBO5: Demanda Bioquímica do Oxigênio. Medida no 5º dia, a 20°C. Está associada à fração biodegradável dos componentes orgânicos carbonáceos. É uma medida do oxigênio consumido após 5 dias pelos microorganismos na estabilização bioquímica da matéria orgânica. DQO: Demanda Química de Oxigênio. Representa a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar quimicamente a matéria orgânica carbonácea. Utilizam fortes agentes oxidantes em condições ácidas. DBO última: Demanda Última de Oxigênio. Representa o consumo total de oxigênio, ao final de vários dias, requerido pelos microrganismos para a estabilização bioquímica da matéria orgânica. COT: Carbono Orgânico Total. É uma medida direta da matéria orgânica carbonácea. É determinado através da conversão do carbono orgânico a gás carbônico. Na Figura 2 encontra-se a representação das DBO5 , DBOu e DQO. Figura 2 – Representação das DBO5 , DBOu e DQO. 21 - Nitrogênio Total: O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato. É um nutriente indispensável para o desenvolvimento dos microrganismos no tratamento biológico. O nitrogênio orgânico e a amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total Kjeldahl (VON SPERLING, M,2005). Compostos orgânicos decomposição bacteriana NH3(amônia) nitrificação bacteriana NO3- (nitrato) Nitrogenados NH3 + O2 NO3- + AH2 desnitrificação A + H2O + N2 - Fósforo: O fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um nutriente indispensável no tratamento biológico. - Ph: Indicador de características ácidas ou básicas do esgoto. Uma solução é neutra em pH 7. Os processos de oxidação biológica normalmente tendem a reduzir o pH. - Alcalinidade: Indicador da capacidade tampão do meio (resistência as variações do pH). Devido à presença de bicarbonato, carbonato e íon hidroxila (OH-). - Cloretos: Provenientes da água de abastecimento e dos dejetos humanos. - Óleos e graxas: Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as fontes são óleos gorduras utilizadas nas comidas. Características Biológicas: Bactérias; Fungos; Protozoários; Vírus; Helmintos; 22 3.3.2 Depósitos de lixo Os depósitos de lixo contêm resíduos sólidos de atividades domésticas, hospitalares, industriais e agrícolas. A composição do lixo depende de fatores como nível educacional, poder aquisitivo, hábitos e costumes da população. Entre os principais impactos nos sistemas hídricos está o acúmulo deste material sólido em galerias e dutos, impedindo o escoamento do esgoto pluvial e cloacal. Pode-se ainda citar que a decomposição do lixo, produz um líquido altamente poluído e contaminado denominado chorume. Em caso de má disposição dos rejeitos, o chorume atinge os mananciais subterrâneos e superficiais. Este líquido contém concentração de material orgânico equivalente a uma escala de 30 a 100 vezes o esgoto sanitário, além de microrganismos patogênicos e metais pesados (Benetti e Bidone, 1995). 3.3.3 Agricultura Os principais poluentes da atividade agrícola são os defensivos e fertilizantes. Os defensivos químicos empregados no controle de pragas são pouco específicos, destruindo indiferentemente espécies nocivas e úteis. Existem praguicidas extremamente tóxicos, mas instáveis. Eles podem causar danos imediatos, mas não causam poluição em longo prazo. Um dos problemas do uso dos praguicidas é o acúmulo ao longo das cadeias alimentares. Os inseticidas quando usados de forma indevida, acumulam-se no solo, os animais se alimentam da vegetação prosseguindo o ciclo de contaminação. Com as chuvas, os produtos químicos usados na composição dos pesticidas infiltram no solo contaminando os lençóis freáticos e acabam escorrendo para os rios continuando a contaminação. 3.3.4 Indústrias As águas residuárias industriais apresentam uma grande variação tanto na sua composição como na sua vazão, refletindo seus processos de produção. Originam-se em três pontos: Águas sanitárias: efluentes de banheiro e cozinhas; Águas de refrigeração: água utilizada para resfriamento; Águas de processos: águas que têm contato direto com a matéria-prima do produto processado. 23 As características das águas sanitárias são as mesmas dos esgotos domésticos. Já as águas de resfriamento possuem dois impactos importantes que devem ser destacados. O primeiro é a poluição térmica, pois para os seres vivos, os efeitos da temperatura dizem respeito à aceleração do metabolismo, ou seja, das atividades químicas que ocorrem nas células. Em segundo lugar é que as águas de refrigeração são fontes potenciais de cromo, as quais são responsáveis por parte das altas concentrações de cromo nos corpos hídricos. As águas do processo industrial têm características próprias do produto que está sendo manufaturado. Em termos do processo biológico dos tratamentos dos despejos industriais, assumem importância os aspectos: Biodegradabilidade: Capacidade dos despejos de serem estabilizados por processos bioquímicos, através de microrganismos. Tratabilidade: Facilidade dos despejos de serem estabilizados por processos biológicos convencionais. Concentração de matéria orgânica – DBO dos despejos, a qual pode ser: - Mais elevada do que os esgotos domésticos (despejos predominantemente orgânicos, tratáveis por processos biológicos). - Inferior aos esgotos domésticos (despejos não predominantemente orgânicos, em que é menor a necessidade de remoção da DBO, mas em que o caráter poluidor pode ser expresso em termos de outros parâmetros de qualidade). Disponibilidade de nutrientes: O tratamento biológico exige um equilíbrio harmônico entre os nutrientes C:N:P. Tal equilíbrio é normalmente encontrado em esgotos domésticos. Toxidez: Determinados despejos industriais possuem constituintes tóxicos ou inibidores, que podem afetar ou inviabilizar o tratamento biológico. É considerada uma prática que surte bons resultados a integração dos despejos industriais com os esgotos domésticos, na rede pública de esgotamento sanitário, para posterior tratamento conjunto na estação. Para que tal prática seja eficaz, é necessário 24 que sejam previamente removidos dos despejos industriais os contaminantes que possam causar um dos seguintes problemas: - Toxidez ao tratamento biológico; - Toxidez ao tratamento do lodo e à sua disposição final; - Riscos à segurança, problemas na operacionalidade da rede coletora e interceptação; - Presença de contaminante no efluente do tratamento biológico, devido ao fato do mesmo não ser removido pelo tratamento. 3.4 Fatores que afetam o comportamento dos poluentes Ao atingirem os corpos hídricos os poluentes são submetidos a diversos mecanismos físicos, químicos e biológicos. Estes mecanismos alteram o comportamento dos poluentes e suas respectivas concentrações, o que pode ser benéfico ou não. Os fatores que afetam o comportamento dos poluentes são: Diluição: Refere-se à redução da concentração do poluente quando este atinge o corpo d’água. A diluição só é efetiva se a concentração do poluente no corpo d’água é significativamente menor do que no efluente que está sendo lançado. Ação hidrodinâmica: Fenômeno associado ao deslocamento da água nos corpos hídricos. O transporte dos poluentes é afetado pelo campo de velocidade no meio, ou seja, quanto mais intenso o campo de velocidade, mais rapidamente o poluente será afastado do ponto de despejo. A dinâmica do sistema tem grande influência sobre o processo de diluição, que ocorre por difusão molecular ou turbulenta. Os movimentos intensos de água favorecem as trocas gasosas, mas podem resultar na ressuspensão de contaminantes. Ação da gravidade: Pode favorecer a sedimentação dos contaminantes que sejam mais densos que o meio líquido no qual se encontra. Luz: A presença de luz é a condição necessária para a presença de algas, as quais são fontes básicas de alimento para a biota aquática, além de produzir oxigênio durante a fotossíntese. 25 Temperatura: Influencia vários processos que ocorrem nos corpos d´água (cinética das reações químicas, atividade microbiológica e características físicas do meio). Ação microbiológica: Contaminantes biodegradáveis têm a sua concentração reduzida pela ação de microrganismos presentes no meio aquático. O processo de redução da concentração de contaminantes por microrganismos é conhecido como autodepuração, e contempla as seguintes etapas: a) decomposição da matéria orgânica, que é quantificada por meio da Demanda Bioquímica Oxigênio (DBO); b) recuperação do oxigênio dissolvido ou reaeração. O processo de autodepuração depende do potencial poluidor do despejo, concentração do oxigênio dissolvido na água, características hidrodinâmicas do corpo e da temperatura. 26 4 IMPORTÂNCIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 4.1 Bacia do Rio Gramame A bacia do rio Gramame localiza-se entre as latitudes 7º11’ e 7º23’ Sul, as longitudes 34º48’ e 35º10’ Oeste (Figura 3). Situa-se na região denominada Litoral Sul do Estado da Paraíba, próximo a capital do Estado. Abrange os municípios de Alhandra, Conde, Cruz de Espírito Santo, João Pessoa, Santa Rita, São Miguel do Taípu e Pedras de Fogo. Figura 3 - Localização da bacia do rio Gramame. A área de drenagem da bacia é de 589,1 km². O principal curso d’água é o rio Gramame, com extensão de 54,3 km, e seus principais afluentes são os rios Mumbaba, Mamuaba e Água Boa. A Bacia apresenta um formato ligeiramente arredondado, de forma compacta e regular. Esta forma influencia no escoamento do curso da água, podendo assim dizer que a bacia do rio Gramame não está muito sujeita a enchentes. A área da bacia hidrográfica do rio Gramame possui um histórico de conflitos motivados principalmente pela questão da degradação ambiental, em função da extensa área de 27 plantio da cana-de-açúcar e os elevados índices de assoreamento do rio principal, devido às atividades industriais. Figura 4 - Municípios que compõem a bacia do rio Gramame. 4.1.1 Importância da bacia do Gramame As bacias hidrográficas são responsáveis pelo abastecimento de água de uma região. A prioridade da demanda é dada para o abastecimento da população, em segundo plano atende as necessidades do setor de irrigação, industrial e outros. A bacia do rio Gramame possui três usos principais: Abastecimento urbano, irrigação e exportação para a barragem de Marés que auxilia no abastecimento da cidade de João Pessoa. Oficialmente é registrada na Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado Paraíba (AESA), a montante da barragem, 18 (dezoito) pontos de captação para atendimento as demandas, sendo os dois maiores pertencentes à Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA), captando 2.469,97 l/s, uma média anual de 94,69% de toda a água que é retirada com a concessão de outorga. Os outros 5,31% ficam distribuídos para as outorgas de irrigação, uma média de 138,39 l/s ao mês. (FONSECA, F, 2008). 28 Abastecimento Urbano: O abastecimento urbano da bacia hidrográfica do rio Gramame atende aos municípios de: João Pessoa com 683.280 habitantes, Bayeux com 96.124 habitantes, Cabedelo com 53.017 habitantes, Pedras de Fogo com 26.282 habitantes e o Conde com 20.864 habitantes e ao distrito de Várzea Nova pertence ao município de Santa Rita com uma população estimada de 12.403 habitantes. (IBGE, 2006-2007). Atualmente a demanda de João Pessoa é de 2.165,10 l/s atendidas através dos mananciais Gramame-Mamuaba, Marés (não está inserido na bacia do Gramame e sim na bacia do rio Paraíba) e poços. A cidade de Bayeux e o distrito de Várzea Nova são atendidos com 180,20 l/s e 32,80 l/s, respectivamente, com águas vindas de Marés e Mumbaba. A demanda da cidade de Pedras de Fogo é de 17,80 l/s sendo captadas em uma barragem de nível no Alto Gramame. A cidade de Cabedelo tem uma demanda de 140,20 l/s atendida diretamente do Gramame-Mamuaba. A cidade do Conde tem demanda de 23,20 l/s atendida por poços, dentro da bacia hidrográfica a montante das barragens. As demandas para abastecimento urbano foram determinadas através de dados disponíveis em planilhas de controle interno utilizadas pela CAGEPA no ano de 2007 (FONSECA, F, 2008). Irrigação: A área onde se localiza a bacia do rio Gramame, possui uma intensa irrigação, com variados tipos de cultivos (predominantemente inhame, feijão, batata-doce, abacaxi, cana-de-açúcar e capim). O de maior destaque e consumo de água é o cultivo de cana-de-açúcar pela fazenda GIASA, que atua desde 1971 no setor sucroalcooleiro e produz cerca de 90 milhões de litros de álcool por ano. A demanda se acentua nos meses entre agosto e fevereiro, que é período de crescimento vegetativo da cana. Indústria: Segundo a Companhia da Industrialização do Estado da Paraíba (CINEP), o Distrito Industrial da cidade de João Pessoa conta, atualmente, com 155 empresas, estando 83 em funcionamento. Essas indústrias são de pequeno, médio e grande porte, de diversos gêneros, sendo os principais: indústrias de alimentos e bebidas, metalúrgicas, indústrias de reciclagem, fabricação de móveis, tubos PVC, prémoldados, produtos elétricos, indústrias têxteis, de calçados, produtos plásticos, tintas, gráficas, industrialização de algas marinhas, borracha, papel, adesivos, espuma, 29 produtos cerâmicos, beneficiamento de granito e bentonita. Aproximadamente 4700 pessoas estão diretamente empregadas no Distrito Industrial de João Pessoa (SCIENTEC, 2000). O abastecimento de água é de responsabilidade da CAGEPA, utilizando-se a rede da cidade. Algumas indústrias auxiliam o abastecimento com água proveniente de poços particulares ou retira diretamente do rio. 4.2 Riacho Mussuré Inserido na bacia do rio Gramame, o riacho Mussuré cruza o Bairro das Indústrias, onde está localizado o Distrito Industrial de João Pessoa. Por esta localização o índice de poluição dos recursos hídricos nesta área é elevado, recebendo efluentes não tratados provenientes das indústrias e da população que reside na região. A Figura 5 mostra o trajeto do riacho Mussuré. O riacho Mussuré segue seu curso até desaguar no rio Mumbaba que em seqüência deságua no rio Gramame. O índice de poluição vem aumentando com o passar dos anos, a industrialização da cidade de João Pessoa. Há ainda um agravamento da degradação da bacia do rio Gramame, causado pela grande irregularidade na distribuição da precipitação que ocorre na região da bacia e a baixa vazão desses cursos d’água, que não poderiam ser usados como diluidores de despejos. Figura 5 - Curso e Localização do riacho Mussuré. 30 4.3 Distrito Industrial de João Pessoa Como todos os Estados nordestinos, a Paraíba recebeu, na década de 60, os incentivos fiscais e creditícios, oriundos dos planos de desenvolvimento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Foram criados Distritos Industriais nas principais cidades (João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Sousa, Cajazeiras, Santa Rita, Patos), porém não se pode afirmar que tal fato provocou transformações no quadro industrial do Estado. Muitas indústrias, que se aproveitaram dessa política, estabelecendo-se aqui, eram desvinculadas da realidade paraibana, e terminando os incentivos, fecharam suas portas. O Distrito Industrial de João Pessoa está localizado às margens da BR 101, entre os quilômetros 85 e 92, no sentido João Pessoa – Recife, estando aproximadamente 6 km do centro da capital paraibana e contando com uma área de 646 ha. O serviço de energia elétrica utilizado pelo Distrito Industrial faz parte do sistema através da concessionária ENERGISA, com tensão de fornecimento 13,8kV, tensão de saída 220/380V e freqüência de 60Hz. O Distrito também dispõe de abastecimento de gás natural e o abastecimento de água é efetuado pela CAGEPA. O Bairro das Indústrias, onde se localiza o Distrito Industrial tem uma densa área residencial que é atendida pelo serviço de transporte coletivo, mas deixa a desejar com a questão de coleta de lixo e esgotamento sanitário. Apenas parte da população tem acesso a esses dois últimos serviços. A área do Distrito industrial é cortada pelo riacho Mussuré, passando este a ser o principal receptor de cargas poluidoras provenientes das indústrias. Os efluentes lançados pelas indústrias são de sua total responsabilidade, estes devem possuir um tratamento adequado para poder ser lançado no corpo hídrico, neste caso o riacho Mussuré. Como a fiscalização é falha, o lançamento dos efluentes industriais, em sua grande maioria, não possui nenhum tratamento, o que fica impossibilitado um estudo mais profundo ligando o tipo da indústria e a composição de seus rejeitos. 31 5 METODOLOGIA 5.1 Estimativa da DBO Para o cálculo estimado do potencial poluidor das indústrias foi necessário a determinação ou o levantamento dos parâmetros descritos a seguir. 5.1.1 Vazão do Esgoto doméstico Este engloba rejeito de residência, instituições e comércio. Proveniente de águas utilizadas para higiene, cozimento de alimentos, etc. O esgoto doméstico é geralmente perene. Sua composição é essencialmente orgânica. É constituído de elevada percentagem de água (99,9%), sólidos suspensos, coloidais e dissolvidos (0,1%). Normalmente a vazão doméstica é calculada com base no consumo de água da população. Uma quota per capita do consumo de água por habitante é multiplicado pelo número da população. Para obter o valor da quota per capita, representada na Equação 1, foi necessário ter a informação da renda familiar média da região. Neste caso considerado que a renda média para uma família é de dois salários mínimos. qm renda /(0,021 0,003 renda) (1) qm = quota per capita de água (l/hab dia). Renda = renda familiar em números de salários mínimos. Vazão média: De maneira geral a produção de esgoto corresponde aproximadamente ao consumo de água. No entanto, a fração de esgotos que entra na rede coletora pode variar, pois parte da água consumida pode ser incorporada à rede pluvial (Ex: rego de jardins e parques). Outros fatores de influência em um sistema separador absoluto são: - A ocorrência de ligações clandestinas dos esgotos à rede pluvial; - Ligações individuais dos esgotos à rede pluvial; - Infiltração. A fração de água fornecida que adentra a rede de coleta na forma de esgoto é denominada coeficiente de retorno (R: vazão de esgotos / vazão de água). Os valores 32 de R variam de 60 % a 100 %, sendo que um valor usualmente adotado tem sido o de 80 % (R = 0,8). O cálculo da vazão média é dado pela Equação 2: Qméd P qm R 86400 (l / s ) (2) P = população. R = coeficiente de retorno O consumo de água e geração de esgotos em uma localidade varia ao longo do dia (variações horárias), ao longo da semana (variações diárias) e ao longo do ano (variações sazonais). Para computar essa diferença de vazão de esgoto, utilizam-se os coeficientes abaixo: K1 = 1,2 (coeficiente do dia de maior consumo). K2 = 1,5 (coeficiente da hora de maior consumo). K3 = 0,5 (coeficiente da hora de menor consumo). Qmax Qmed K1 K 2 (3) Qmim Qmed K 3 (4) 5.1.2 Vazão do esgoto industrial A vazão de esgoto proveniente dos despejos industriais é função do tipo e porte da indústria, processo, grau de reciclagem, existência de pré-tratamento etc. Na Tabela 2 estão presente os principais parâmetros existentes nos efluentes industriais dependo da atividade exercida. Caso não se disponha de informações específicas da indústria, a Tabela 3 pode servir como uma orientação inicial para estimativa da sua provável faixa de vazão. Por simplicidade, pode-se admitir que a vazão de esgotos seja igual ao consumo de água. O padrão de lançamento dos despejos industriais, ao longo do dia, não segue a vazão doméstica, variando substancialmente de indústria para indústria. Os picos industriais não coincidem necessariamente com os picos domésticos, ou seja, a vazão máxima total (doméstica + industrial) costuma ser, na realidade, inferior ao somatório simples das vazões máximas. 33 Tabela 2 – Principais parâmetros de importância nos efluentes industriais, em função do ramo de atividade da indústria. Ramo Produtos Alimentícios Bebidas Têxtil Couro e peles Papel Tipo Usinas de açúcar e álcool Conservas carne/peixe Laticínios Matadouros e frigoríficos Conservas de frutas e vegt. Moagem de grãos Refrigerantes Cervejaria Algodão Lã Sintéticos Tingimento Curtimento vegetal Curtimento ao cromo Process. Da poupa celulose Fabric de papel e papelão Vidros e espelhos Fibra de vidro Cimento Cerâmica Artefatos de borrachas Borrachas Pneus e câmaras Produtos químicos (vários) Lab fotográfico Produtos Tintas e corantes químicos Inseticidas Desinfetantes Plásticos Plásticos e resinas Perfum. E sabão Cosmét, deterg e sabão Produção de peças Mecânica metálicas Produção de ferro gusa Metalúrgica Siderúrgicas Tratamento de superfícies Mineração Atividades extrativas Combustíveis e Derivados de lubrificantes petróleo Usinas de asfalto Artig. Elétrico Artigos elétricos Madeira Serrarias, compensados Serv. Pessoais Lavanderias FONTE: (Von Sperling, 2005). Produtos minerais não metálicos DBO DQO SS X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Óleos e Fenóis Ph CN- Metais graxas X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 34 Tabela 3 - Vazão específica média de algumas indústrias. Ramo Tipo Unidade Frutas e legumes em conserva 1 ton conserva Doces 1 ton produto Açucar e cana 1 ton açucar Matadouro 1 boi ou 2,5 porcos Laticíneos (leite) 1000 l leite Alimentícia Laticíneos (queijo ou manteiga) 1000 l leite Margarina 1 ton margarina Cervejaria 1000 l cerveja Padaria 1 ton pão Refrigerantes 1000 l refrigerante Algodão 1 ton produto Lã 1 ton produto Rayon 1 ton produto Têxtil Nylon 1 ton produto Polyester 1 ton produto Lavanderia de lã 1 ton lã Tinturaria 1 ton produto Curtume 1 ton pele Couro e curtume Sapato 1000 pares de sapato Fabricação de polpa 1 ton produto Embranquecimento de polpa 1 ton produto Polpa e papel Fabricação de papel 1 ton produto Polpa e papel integrados 1 ton produto Tinta 1 empregado Vidro 1 ton vidro Sabão 1 ton sabão Ácido, base, sal 1 ton cloro Borracha 1 ton produto Borracha sintética 1 ton produto Refinaria de petróleo 1 barril (117l) Indústria química Detergente 1 ton produto Amônia 1 ton produto Dióxio de carbono 1 ton produto Gasolina 1 ton produto Lactose 1 ton produto Enxofre 1 ton produto Produtos farmacêuticos 1 ton produto Mecânica fina, ótica, eletrônica 1 empregado Produtos Cerâmica fina 1 empregado manufaturados Indústria de máquinas 1 empregado Fundição 1 ton gusa Laminação 1 ton produto Metalúrgia Forja 1 ton produto Deposição eletrolitica de metais 1 m³ de solução Indústri de chapas,ferro e aço 1 empregado Ferro 1 m³ minério lavado Mineração Carvão 1 ton carvão (*) Fonte em m³ por unidade produzida ou l/d por empregado. FONTE: (Von Sperling, 2005). Consumo de água por unidade (m³/unid) (*) 4 - 50 5 - 25 0,5 - 10 0,3 - 0,4 1 - 10 2 - 10 20 5 - 20 2-4 2- -5 120 - 750 500- 600 25 - 60 100 - 150 60 - 130 20 - 70 20 - 60 20 - 40 5 15 - 200 80 - 200 30 - 250 200 - 250 110 l/d 3 - 30 25 - 200 50 100 - 150 500 0,2 - 0,4 13 100 - 130 60 - 90 7 - 30 600 - 800 8 - 10 10 - 30 20 - 40 l/d 40 l/d 40 l/d 3-8 8 - 50 80 1 - 25 60 l/d 16 2 - 10 35 5.1.3 Carga e Concentração de DBO A carga corresponde à quantidade de poluente (massa) por unidade de tempo, a unidade mais usual é kg/d, sendo determinada pela Equação 5. c arg a (kg / d ) população (hab) c arg a per capita ( g / hab.dia) 1000 ( g / kg) (5) A concentração de efluente pode ser obtida pelo rearranjo da relação, carga igual à concentração multiplicada pela vazão. Segundo a Equação 6. concentração ( g / m³ 5.1.4 mg / l ) c arg a (kg / d ) 1000 ( g / kg) vazão (m³ / d ) (6) Equivalente populacional Um importante parâmetro caracterizador dos despejos industriais é o equivalente populacional. Ele traduz a equivalência entre o potencial poluidor de uma indústria (comumente em termos de matéria orgânica) e uma determinada população, a qual traduz essa mesma carga poluidora. Assim, quando se diz que uma indústria tem equivalência populacional de X habitantes, equivale falar que a carga de DBO do efluente industrial corresponde à carga gerada por uma localidade com uma população de X habitantes. A Equação 7 é usada para o cálculo do equivalente populacional de DBO: E.P(equivalente populacional ) c arg a de DBO da indústria(kg / d ) contribuição per capita de DBO (kg / hab.d ) (7 ) Normalmente adota-se o valor de 54 g DBO/hab.dia para o cálculo do equivalente populacional. 5.1.5 DBO industrial de João Pessoa Um método simples para calcular a DBO lançada pelas indústrias é a proposta feita por Marcos Von Sperling (2005) através da Tabela 4 que apresenta os valores padrões para o lançamento de cargas poluidoras pelas indústrias, em que a variabilidade desses valores vai depender da tipologia e da sua produção industrial. A Tabela 4 possui mais informações (sua versão completa), mas para o estudo que está sendo proposto os dados a seguir são suficientes. 36 Tabela 4 – Características das águas residuais das indústrias. Gênero Alimentícia Bebidas Têxtil Couro e Curtume Polpa e Papel Indústria Química Indústria NãoMetálica Siderúrgica Tipo Conserva (Frutas e Legumes) Doces Açúcar de cana Laticinio sem quejaria Laticinio com quejaria Margarina Matadouro Produção de levedura Destilação de álcool Cervejaria Refrigerantes Vinho Algodão Lã Rayon Nylon Polyester Lavanderia de lã Tinturaria Alvejamento de tecido Curtume Sapatos Fab. De polpa sulfatada Fabricação de papek Polpa de papel integrados Tinta Sabão Refinaria de petróleo PVC Vidro e subprodutos Cimento Fundiçao Laminção Unidade de produção Carga específica de DBO (kg/unid) 1 ton 30 1 ton 1 ton açúcar 1000 l leite 1000 l leite 1 ton 1 boi / 2 porcos 1 ton 1 ton 1 m³ 1 m³ 1 m³ 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton de pele 1000 pares 1 ton 1 ton 1 ton 1 empregado 1 ton 1 barril 1 ton 1 ton 1 ton 1 ton gusa 1 ton 2-8 2,5 1-4 5 - 40 30 4 - 10 1100 220 8 -20 3-6 0,25 150 300 30 45 185 100 - 250 100 - 200 16 20 - 150 15 30 10 60 - 500 1 50 0,05 10 0,6 - 1,6 0,4 - 2,7 NOTA: dados não preenchidos (-) podem significar dados não significativos ou dados não obtidos. FONTE: (Von Sperling, 2005). Para exemplificar o modo de cálculo que será utilizado para obter o valor total de DBO (quando não se tem dados totais das indústrias o resultado é apenas uma aproximação) lançada pelas indústrias, escolheu-se uma das indústrias disponível no cadastro da FIEP, onde estas seguem uma numeração (1 ao 87). 37 Para demonstração utilizou-se a indústria de número 76, que é classificada como Têxtil (quanto a sua tipologia). A sua produção é basicamente fios de algodão, incluindo tecelagem, chegando a 66 toneladas por mês. Para calcular a DBO lançada mensalmente por essa indústria utilizam-se os parâmetros dispostos na Tabela 4, que sugere que uma indústria têxtil de algodão lança 150 kg de DBO por tonelada de fios de algodão produzido. Os cálculos necessários estão representados abaixo: Indústria Têxtil n º 76 Pr odução 66 Ton ao mês Valor Tabelado DBO Indústria 76 150 kg 66 * 150 para produzir 1 Ton 9900 kg / mês 330 kg / dia Este processo foi repetido para todas as indústrias presentes no cadastro do FIEP que tiverem o quantitativo de sua produção. Com o somatório de todos os valores industriais e do efluente doméstico será obtido à carga de poluição lançada no Riacho Mussuré diariamente. 5.1.6 Medição da vazão em loco e obtenção de parâmetros do riacho Mussuré. Para a medição de vazão foi utilizada uma tampa de garrafa pet, um cronômetro, trena e régua. Para se encontrar a área de cada seção escolhida armou-se uma trena nas margens do riacho, mediu-se sua profundidade e constantes distâncias da margem. Para medir a velocidade do rio soltou-se a tampa no meio da seção e cronometrou-se o tempo que a tampa levou para percorrer a distância estabelecida de cinco metros. Este procedimento foi repetido por três vezes para obter-se uma maior precisão no cálculo da velocidade média. Posteriormente os dados obtidos foram organizados em uma planilha e trabalhados no programa MolinX, desenvolvido pelos professores Luiz Simão de Andrade Filho e Cristiano das Neves Almeida, a partir de estudos feitos no âmbito do Laboratório de Recursos Hídricos e Engenharia Ambiental - LARHENA. Os três pontos de coleta de água para análise foram os mesmos das medições de vazão, ou seja, os denominados Carrefour, Ponte e Exutório. As amostras de água superficial foram coletadas sempre no período da manhã. 38 No momento das coletas foram realizadas as determinações de OD e temperatura, utilizando um oxímetro de campo tendo acoplado um sensor de temperatura da marca Lutron. Já no laboratório foram determinados os seguintes parâmetros da qualidade da água: pH, cor, condutividade, turbidez, Sólidos Dissolvidos Totais (STD), Dureza Total, Alcalinidade Total, Cloretos, Odor, Sabor, Acidez, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Nitrito (NO 2), Nitrato (NO3), Fosfato (PO4), Sulfato (SO4) e Amônia (NH4). Para tanto foram coletadas alíquotas de 2.000 ml em frascos PET, previamente lavados e condicionados para a coleta. As análises referentes a esses parâmetros seguiram os métodos recomendados no APHA (1998) (LIRA, 2010). 5.2 Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) A norma da FEEMA MN-050.R5 – Classificação de Atividades Poluidoras foi aprovada pela Deliberação Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) 2.842, de 16/03/1993. Ela apresenta a classificação de atividades industriais e não industriais, o respectivo potencial poluidor, como instrumento integrante do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP). O SLAP é o principal instrumento de execução da política ambiental. De acordo com esse sistema, todas as pessoas físicas ou jurídicas estão sujeitas ao licenciamento, inclusive os órgãos de administração pública, que estiverem ou vierem a se instalar no País, e cujas atividades, de qualquer natureza, possam causar efetiva ou potencialmente, qualquer forma de poluição. O processo de licenciamento do SLAP é dividido em três partes: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO). A Norma MN-050.R5 desenvolvida pela FEEMA classifica as indústrias quanto à sua tipologia, porte e potencial poluidor total. A seguir serão explicados os passos necessários para obter a classificação. 5.2.1 Quanto ao porte das indústrias A norma NA-051.R56 – “Indenização dos Custos de Processamento de Licenças” estabelece que o porte da empresa deve ser calculado de acordo com o número de funcionários da empresa e a área total de construção, utilizando a média aritmética dos pesos atribuídos à estes fatores. Os detalhes estão na Tabela 5 a seguir: 39 Tabela 5 - Parâmetros para Avaliação de Potencial Poluidor. PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO ÁREA EMPREGADOS Área total construída (m2) (A) Pesos (PA) Número de empregados (E) Pesos (PE) A < 200 0,25 E < 10 0,25 200 < A ≤ 500 0,5 10 < E ≤ 50 0,5 500 < A ≤ 2000 1 50 < E ≤ 100 1 2000 < A ≤ 10000 2 100 < E ≤ 500 2 10000 < A ≤ 40000 3 500 < E ≤ 5000 3 A > 40000 4 E > 5000 4 Calculando-se a média aritmética do peso atribuído à área total construída (PA) com o peso atribuído ao número de funcionários (PE), Seguindo a equação 8 chega-se a um valor médio M, que definirá o porte da atividade segundo a Tabela 6. Tabela 6 - Porte da atividade PORTE DA ATIVIDADE MÉDIA ARITMÉTICA (M) DOS PESOS Micro Mínimo Pequeno Médio Grande Excepcional M < 0,5 0,5 ≤ M < 1 1<M≤2 2<M≤3 3<M≤4 M>4 Este método de classificação do porte das indústrias não é bem aceito, pois leva em consideração apenas dois parâmetros (área e número de trabalhadores). Se uma indústria tem alta tecnologia, terá uma grande produtividade em pequenas áreas com poucos trabalhadores e não necessariamente será de micro ou mínimo porte. No cadastro das indústrias da FIEP é dada a informação do número de empregados de cada empresa, mas nada é declarado sobre a área ocupada por cada uma delas. Para aplicar o método proposto pela norma NA-051.R56 foi necessário o número de empregados e área que a indústria ocupa. Como não se tem o dado da área ocupada foi necessário fazer algumas modificações para aplicar o método. Não será mais necessário fazer a média aritmética proposta, procurou-se apenas encontrar o peso correspondente para o número de trabalhadores de cada empresa e comparar 40 com o valor de M, na Tabela 6. Podendo assim classificar as indústrias em micro, mínimo, pequeno, médio, grade e excepcional. A Tabela 7 mostra o número de indústria de cada porte encontrada a partir da norma NA-051.R56 modificada. Tabela 7 - Classificação das indústrias quanto ao porte seguindo norma NA-051.R56. PORTE Micro Mínino Pequeno Médio Grande Excepcional Nº DE INDUSTRIAS 22 37 12 11 2 0 % 26,19 44,05 14,29 13,10 2,38 0,00 Para compor a tabela final com as tipologias, potencial poluidor e porte, será utilizada a classificação proposta pelo cadastro da FIEP (e não a obtida pela norma NA051.R56, já que não tem-se dados suficientes para seguir corretamente a norma). Esta divide as indústrias em: micro, pequeno médio e grade. A metodologia considerada para a esta classificação (FIEP) não é informada, mesmo com essa omissão esta classificação será a utilizada. 5.2.2 Quanto à tipologia e o potencial poluidor A codificação para tipologias adotadas consiste de seis dígitos, onde o primeiro e o segundo dígito indicam o gênero, o terceiro e o quarto indica o grupo e os quinto e sexto indicam o subgrupo. Em conseqüência cada estabelecimento industrial será codificado de acordo com o produto final obtido. No caso de empresas cujas atividades resultem em diversos produtos, cada processo produtivo deve ser codificado separadamente e a empresa deve ser codificada pelo processo que contribuir com o maior potencial poluidor, ou em último caso, pelo produto que tiver a maior parcela do total produzido. A metodologia da norma para classificar o potencial poluidor de cada grupo e subgrupo de atividade é a seguinte: Alto; Médio; Baixo; Insignificante. A Tabela 8 contém os grupos e códigos propostos pela norma MN-50-R5. 41 Tabela 8 - Classificação proposta pela norma MN-50-R5. CÓDIGO (Gênero) 00 02 03 10 11 GRUPOS DE ATIVIDADES Extração de minerais Agricultura, extração de vegetais e silvicultura Pecuária e criação de outros animais Produtos de minerais não metálicos Metalúrgica 12 Mecânica 13 Material elétrico e de comunicações 14 Material de transporte 15 Madeira 16 Mobiliário 17 Papel e papelão 18 Borracha 19 Couros, peles e produtos similares 20 Química 21 Produtos farmacêuticos e veterinários 22 Perfumaria, sabões e velas 23 Produtos de matérias plásticas 24 Têxtil 25 Vestuário, calçados e artefatos de tecidos 26 Produtos alimentares 27 Bebidas 28 Fumo 29 Editorial e gráfica 30 Diversos 31 Unidades auxiliares de apoio industrial e serviços de natureza industrial 33 Construção civil 34 Álcool e açúcar 35 Serviços industriais de utilidade pública 47 Transporte rodoviário, hidroviário e especial 51 Serviços de alojamento, alimentação, pessoais e de higiene pessoal e saúde 55 Serviços auxiliares diversos FONTE: (FEEMA norma MN-50-R5). Após a classificação em gêneros pode-se encontrar os códigos do grupo e subgrupo. Na Norma se encontra uma tabela com os códigos dos gêneros, grupos e subgrupos, suas descrições e a classificação do potencial poluidor de cada atividade industrial. O modelo desta segue o representado na Figura 6. A tabela original da norma MN-50-R5 é muito grande, então optou-se em colocar apenas uma parte para demonstração, mostrando suas divisões de gênero, grupo e subgrupo. 42 Quadro 1 - Modelo para exemplificação a classificação da norma MN-050.R5. 43 6 RESULTADOS 6.1 Estimativa da DBO Na Tabela 9 estão mostrados os valores de vazão estimado que as indústrias lançam em trechos do riacho Mussuré. Para esse cálculo dividiu-se o curso do riacho em três trechos, Carrefour, Ponte e Exutório. Em seguida separou-se as indústrias, que pela sua localização na bacia, lançou seus efluentes no trecho próximo. A localização dos três pontos está mostrada na Figura 6. Os dados para obter a vazão foram retirados do Cadastro das Indústrias da Paraíba, mas como eles não são completos o cálculo da vazão pode ser prejudicado. Tabela 9 – Vazão das indústrias lançadas no riacho Mussuré. CARREFOUR (l/s) 0,026234568 7,060185185 2,237654321 0,001929012 0,007716049 1,284722222 0,069444444 0,020061728 0,038580247 11,07638889 0,005787037 1,543209877 0,027006173 0,096450617 0,021219136 7,8125 Total Carrefour 31,33 l/s PONTE (l/s) 0,007716049 0,999228395 0,146604938 0,617283951 0,007716049 Total Ponte 1,78 l/s EXUTÓRIO (l/s) 0,038580247 0,014660494 0,005015432 68,75 0,038580247 2,700617284 100 0,103009259 Total Exutório 171,65 l/s Total Geral 204,76 l/s A Tabela 10 apresenta a carga de DBO lançada pelas indústrias no riacho Mussuré, nos três trechos analisados. Esses dados foram obtidos com auxílio do Cadastro das Indústrias e a Tabela 4 de Von Sperling (2005), que contém valores de DBO padrão conforme o tipo e produção de cada indústria. É importante deixar bem claro que o valor obtido com os cálculos é um valor aproximado, pois o Cadastro Industrial não possui a produção de todas as indústrias, dificultando assim obter um dado mais consistente. Além dos dados serem insuficientes muitas vezes eles estão desatualizados. 44 Figura 6 - Trechos do riacho Mussuré. Tabela 10 – Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho. Carrefour 26684,00 CARGA DE DBO (kg/dia) POR TRECHO Ponte 105,00 TOTAL = 40786,00 kg/dia Exutório 13997,00 Com os valores das cargas de DBO em mãos obteve-se o valor da concentração de DBO (Equação 6), dividindo essas cargas pela vazão total de cada trecho. Assim obteve-se a concentração de DBO por trecho, que está representado na Tabela 11. Tabela 11 - Concentração de DBO. Carrefour 9857,73 CONCENTRAÇÃO DE DBO (mg/l) POR TRECHO Ponte 682,74 Exutório 943,80 De posse do valor da carga de DBO total lançada no riacho Mussuré calculou-se o equivalente populacional (Equação 7). Para uma carga de 40786 kg/dia dividi-se pelo valor adotado de 0,054 kg hab/dia, obtendo o valor de 755297 hab. O lançamento dos efluentes domésticos foi computado levando em consideração apenas a população do Bairro das Indústrias, 8712 habitantes (IBGE, 45 2010). Considerando que cada habitante consome diariamente 100 litros de água e que o coeficiente de retorno (R) é de 0,8. Obteve-se uma vazão de 8,07 l/s. Com o dado da vazão, calculou-se a carga e a concentração de DBO (pelas respectivas equações 5 e 6) dos efluentes domésticos lançados no riacho Mussuré. A Tabela 12 mostra os resultados de carga e concentração. Tabela 12 - Carga e Concentração de DBO de efluentes domésticos. EFLUENTES DOMÉSTICOS Carga de DBO kg/dia Concentração de DBO mg/L 470,45 675,00 A Tabela 13 mostra os resultados da análise da qualidade de água coletada nos três trechos (Carrefour, Ponte, Exutório) onde foram medidas as vazões. Informa-se que a coleta para análise de água foi realizada no período de estiagem. Nesse período, a vazão do Mussuré estava pequena devido à baixa intensidade pluviométrica. (LIRA, 2010). Tabela 13 - Parâmetros do riacho Mussuré obtidos em loco. VMP (EXUTÓRIO) Data 24/3/2010 -1 Vazão (Ls ) 415,68 o Temperatura (C ) 27,7 o pH (Temp. = 26 C) 6,5 6-9 -1 Cor (mg L Pt) 100 100 o Condutividade (mS/cm a 25 C) 193 Turbidez (NTU) 26,6 100 -1 Sólidos Dissolvidos Totais (mg L ) 98,7 500 -1 Dureza Total (mg L CaCO3) 88 -1 Alcalinidade Total (mg L CaCO3) 75,48 239,7 79,6 -1 48 168 Cloretos (mg L Cl) 40 250 Ausente Ausente Odor Ausente Ausente Ausente Ausente Sabor Ausente Ausente -1 18 22 Acidez (mg L CaCO3) 16 -1 1,9 2,9 * 4,0 Oxigênio Dissolvido( mg L ) 1 -1 149,4 348 DQO ( mg L O2) 382 -1 2 59 DBO ( mg L O2) 21 -1 0,66 2,22 Amônia (mg L N) 1,7 -1 31,93 0,8 Nitrito (mg L N) 9,83 -1 3,8 4,9 Nitrato (mg L N) 1,1 -1 0,75 6 Fosfato (mg L ) 0,75 -1 0,03 0,05 Sulfato (mg L N) 0,06 VMP - Valor Máximo Permitido para água da classe 3, segundo a Resolução 357/2004 do CONAMA (*) VMiP - Valor Mínimo Permitido para água da classe 3, segundo a Resolução 357/2004 do CONAMA PARÂMETROS (CARREFOUR) 24/3/2010 149,58 29,1 6,74 30 165,8 10,6 95,9 100 (PONTE) 24/3/2010 129,23 27,8 7,11 70 669 10,2 346 100 46 6.2 Classificação das fontes poluidoras (FEEMA) Com base no cadastro das indústrias da FIEP tem-se 87 empresas no Distrito Industrial em funcionamento, sendo que 4 delas estão com informações sobre produção e tipologia indisponível. O Gráfico 1 mostra as indústrias instaladas no Distrito, separadas por tipologia. Gráfico 1 - Número de Indústria por tipologia. Produtos minerais não metálicos Tipologia das Indústrias Metalúrgia Mobiliário 14 Borracha 12 Produtos e matériais plásticas 10 Têxtil 8 Vestuário,calçadose artefato de tecido Produtos alimentares 6 Bebidas 4 Editorial e gráfica 2 reciclagem 0 outros Observa-se que as indústrias de produtos plásticos (embalagem e artefato de plástico, filmes, etc.) e metalúrgicas apresentaram um maior número de representantes. Em segundo lugar as tipologias que se destacam são as indústrias de borracha e produtos minerais não metálicos. Para classificar as indústrias conforme seu potencial poluidor utilizou a tabela da norma MN-050.R5 ( que está representada pelo Quadro 1). As indústrias que se encaixam em mais de um gênero de tipologia, foram classificadas conforme a tipologia que tivesse maior potencial poluidor. Após uma análise conjunta do cadastro das Indústrias de João Pessoa e a Norma MN-050.R5, obteve-se a classificação quanto a tipologia, porte (utilizado a classificação original da FIEP, por falta de informação) e potencial poluidor geral. Esses dados estão presentes na Tabela 14. Informa-se que nas colunas de potencial poluidor e potencial poluidor geral, as letras A, M, B e I têm os respectivos significados: Alto, médio, baixo e insignificante. 47 Tabela 14 - Classificação das indústrias quanto a norma MN 050.R5. NUMERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS (*) PORTE 1 Média 2 Micro 3 Pequena 4 Micro 5 6 7 8¹ 9 Pequena Micro Micro Média 10 Micro 11 Micro 12 Pequena 13 Micro 14 Micro 15 Média 16 Média 17 Pequena 18 19 Grande Pequena 20 Micro 21 22 Micro Pequena 23 Pequena 24 Pequena 25 26 27 Média Pequena Pequena 28 Micro 29 Pequena 30 Pequena 31 Pequena 32 33 34 Média Micro Micro 35 Micro 36 37 Grande Pequena 38 Micro 39 40 41 Micro Pequena Pequena 42 Pequena 43 Pequena GÊNERO GRUPO SUBGRUPO 18 23 10 33 24 26 27 29 16 27 16 11 27 26 27 10 33 16 00 10 10 16 11 29 29 18 23 11 11 18 23 18 23 20 27 16 10 33 21 10 33 10 33 33 99 91 61 11 31 98 43 22 12 41 21 06 41 2 41 61 11 41 25 61 41 21 06 22 12 99 81 06 06 99 91 99 91 11 41 12 52 11 11 52 11 52 11 11 99 99 10 99 99 10 99 99 99 99 10 99 99 99 99 10 99 99 99 10 99 10 99 99 50 99 99 99 99 99 99 99 99 10 99 99 99 99 99 99 99 99 99 99 11 18 23 10 33 18 23 17 11 29 26 27 11 6 99 81 41 11 99 81 42 6 22 5 41 74 99 99 99 99 99 99 99 99 99 99 10 99 99 POTENCIAL POLUIDOR A B A B M B B B B B A B M B A I A A B B A B B B M A A B B B B A B B A M A A RECICLAGEM A B M B B M I A B M B B POTENCIAL POLUIDOR GERAL A A B M B B B A B M A I A B A B B M A A B B A B B A M A A A M B M I A B M B 48 44 Pequena 45 Micro 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 Grande Pequena Micro Pequena Micro Pequena Pequena Pequena Média Micro Grande Micro 58 Micro 59 Pequena 60 Micro 61 Micro 62 63 Pequena Micro 64 Pequena 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 ² 76 Pequena Pequena Pequena Grande Micro Média Pequena Média Micro Micro Média Pequena 77 Grande 78 Pequena 79 Micro 80 Média 81 Média 82 Pequena 83 Pequena 84 Média 85 86 87 Pequena Micro Pequena 16 18 23 25 27 11 11 11 11 00 11 24 23 24 26 18 23 12 99 51 11 43 53 06 53 53 11 53 31 51 21 14 99 91 99 99 99 99 99 10 99 10 10 99 10 99 99 50 99 99 99 18 23 18 23 23 99 91 99 91 31 99 99 99 99 10 18 23 23 25 13 24 11 10 25 25 23 23 24 27 27 18 23 18 23 18 23 23 18 23 26 26 27 17 24 - 99 91 91 31 29 21 6 11 31 31 91 91 21 41 31 99 51 99 91 99 91 51 99 51 9 12 43 21 21 - 99 99 99 10 99 50 99 99 10 10 99 99 75 99 99 99 99 99 99 99 99 99 99 99 99 50 99 10 50 - B B B I B B A B B A A B B B B A B RECICLAGEM A B A B B RECICLAGEM A B B I M B A A I I B B B B B A B A B A B B A B M B B A B - B B I B B A B B A A B B B B A A A B A B I M B A A I I B B B B A A A B A M B A B - (*) Segue a numeração do cadastrodo FIEP ¹ A indústria se localiza no centro ² A indústria se localiza na Zona Rural do Conde Fonte: elaboração própria, a partir dos dados apresentados na norma MN-050.R1. OBS: Para as empresas que possuem mais de um código de tipologia (por realizarem diferentes atividades na mesma unidade fabril) adotou-se o potencial poluidor geral mais alto para a empresa. 49 Então, 35,9% das indústrias apresentam potencial poluidor alto, 11,54% do total tem o potencial poluidor médio, 44,87% das indústrias possuem o potencial poluidor baixo e 7,7% tem potencial poluidor insignificante. As indústrias com a tipologia de reciclagem não possuem uma classificação para o potencial poluidor na norma MN 050.R5, então se limitou a colocar apenas a tipologia e porte. 6.3 Análise cruzadas Para facilitar a análise dos dados obtidos o Gráfico 2 mostra a relação entre as tipologias das indústrias e o porte de cada uma. Nota-se que há uma predominância das indústrias de micro e pequeno porte. Isso está de acordo com a realidade, já que a cidade de João Pessoa não tem um parque industrial muito desenvolvido como ocorre em outras capitais dos estados brasileiros. No Gráfico 3 é mostrado a classificação das indústrias por tipologia e potencial poluidor. Este cruzamento de informações permite a visualização de como os potenciais poluidores estão distribuídos em relação às tipologias. As indústrias químicas, extração de minerais e de borracha tem o potencial poluidor classificado como alto em todas as suas unidades. O potencial poluidor classificado como baixo também teve vários representantes conforme a Norma MN-050.R5. Gráfico 2 - Análise cruzada entre porte e tipologia das indústrias. 14 12 GRANDE MÉDIA 8 PEQUENA 6 MICRO 4 2 Construção civil Editorial e gráfica Bebidas Produtos alimentares Vestuário,calçadose artefato de tecido Têxtil Produtos e matériais plásticas Produtos farmacêutico e Química Borracha Papel e papelão Mobiliário Metalúrgia Produtos minerais não metálicos 0 Extração de minerais Nº de indústrias 10 50 Gráfico 3 - Análise cruzada entre potencial poluidor e tipologia das indústrias. 14 12 10 ALTA 8 MÉDIA 6 BAIXO INSIGNIFICANTE 4 2 Construção civil Editorial e gráfica Bebidas Produtos alimentares Vestuário,calçadose artefato de tecido Têxtil Produtos e matériais plásticas Produtos farmacêutico e Química Borracha Papel e papelão Mobiliário Metalúrgia Produtos minerais não metálicos Extração de minerais 0 A classificação do potencial poluidor proposta FEEMA leva em consideração o tipo de produção de cada indústria (Quadro 1 mostra o estilo da tabela e como ela descreve as características da indústria conforme sua produção). Indústrias com mesmo tipo de produção e portes diferentes podem ser classificadas com mesmo potencial poluidor. Isso nem sempre é verdade, pois elas podem ter tecnologia e tratamentos de efluentes diferenciados. O que chama atenção nesses resultados obtidos (Gráficos 2 e 3) é o baixo potencial poluidor atribuído às indústrias de bebidas e ,principalmente, têxtil que, tradicionalmente, liberam uma carga elevada de poluentes. Certamente, o fato das metodologias empregadas não considerar o tipo de efluente gerado pelas indústrias, coloca as indústrias do gênero têxtil e de bebida em uma situação confortável com baixo potencial poluidor. Quando, na verdade, não são. 51 7 COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS No método de cálculo através da Tabela de Von Sperling (Tabela 4 - Características das águas residuais das indústrias) obteve-se o valor de DBO (kg/dia) por trecho. O trecho com maior lançamento de DBO (kg/dia) foi o Carrefour, o que pode ser justificado pelo alto número de indústrias encontradas nas proximidades (Tabela 10 - Carga de DBO lançada pelas Indústrias por trecho). Para comparar as duas metodologias foi necessário recorrer novamente ao Cadastro Industrial da FIEP. Este só oferece a produção de algumas indústrias, então a comparação dos resultados foi baseada nessas informações disponíveis. Outros problemas encontrados foram à falta de localização geográfica de algumas indústrias, impossibilitando assim sua localização nos trechos de Carrefour, Ponte ou Exutório e também o nome de algumas indústrias (na parte que indica a produção) que não casa com o registro geral. Todos esses impasses dificultam na obtenção de resultados totalmente confiáveis. Após a junção das duas metodologias Cálculo com auxílio das Tabelas Von Sperling + Classificação MN-050.R5 obteve-se a Tabela 15 e Gráfico 4. Tabela 15 - Comparação das Metodologias. POTENCIAL POLUIDOR Insignificante Baixo Médio Alto Carrefour PONTE EXUTÓRIO 2 2 1 4 1 1 0 3 0 3 0 2 % POTENCIAL POLUIDOR 15,80 31,58 5,26 47,37 52 Gráfico 4 - Comparação das Metodologias. Comparação de M etodologia 5 4 INSIGNIFICANTE 3 BAIXO MÉDIO 2 ALTO 1 0 CARREFOUR PONTE EXUTÓRIO A divisão dos pontos de lançamento de efluente no Riacho Mussuré em três partes deixou a região do Carrefour com o maior número de indústrias lançando seus resíduos, isso pode justificar o número superior de indústrias. Lembra-se, no entanto, que a comparação é referente às indústrias que possuem os dados completos no cadastro industrial. Tanto o trecho da Ponte quanto o Carrefour apresentam um valor de destaque de indústrias com alto poder poluidor. Como previsto a parte do Carrefour possui o maior número de indústria com potencial poluidor elevado, chegando à conclusão que esta parte é a mais poluída e crítica do riacho Mussuré. 53 8 CONCLUSÃO O riacho Mussuré corta o parque industrial de João Pessoa, recebendo altos teores de poluentes de diversos tipos, proveniente de diversas indústrias. Conforme as metodologias utilizadas, as tipologias das indústrias que apresentam maior número de representantes são as metalúrgicas, de produtos plásticos, produtos minerais não metálicos e borracha. Mas também existem empresas têxtil, alimentícia, de bebidas, etc. A norma da FEEMA com o auxilio do cadastro das indústrias forneceu uma classificação para as indústrias quando ao potencial poluidor, onde 44,87% das indústrias apresentaram um potencial poluidor baixo e 35,9% potencial poluidor alto. A estimativa de DBO quantificou os efluentes lançados pelas indústrias e a população, junto a ela demonstrou-se os valores de parâmetros para cada ponto onde foi feito a coleta da água (Carrefour, Ponte e Exutório). No geral o trecho da ponte possuiu os maiores valores dos parâmetros, isso pode ser explicado pelo elevado número de indústrias que lançam seu efluente no trecho anterior a este (Carrefour). Todo o estudo feito sobre o potencial poluidor das indústrias mostrou a falta de compromisso das empresas com o tratamento dos seus efluentes (que são lançados nos rios com pouco ou nenhum tratamento), afetando a fauna e flora da região como também a população que necessita diretamente da água dos rios. Outro problema notório é o descaso com que a fiscalização é feita. Chegou-se a conclusão que a solução para essa situação é a junção de uma fiscalização eficaz e um maior compromisso das empresas com o meio ambiente. 54 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHÃO,R. GADELHA, C.L.M. 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