The Upper Room - 60 Days of Prayer
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The Upper Room - 60 Days of Prayer
The Upper Room de Para a Conferência Geral de 2016 Selected from The Upper Room Disciplines with Invited Writers 60 DIAS DE ORAÇÃO Para a Conferência Geral de 2016 © 2016 por Upper Room Books®. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida seja de que maneira for sem autorização, excepto no caso de citações breves integradas em artigos ou análises importantes. Para informações, escrever para: Upper Room Books, 1908 Grand Avenue, Nashville, TN 37212. Upper Room®, Upper Room Books®, assim como os logótipos de desenho são marcas registadas propriedade de The Upper Room®, Nashville, Tennessee. Todos os direitos reservados. Website de Upper Room Books: books.upperroom.org Desenho da capa: Left Coast Design, Portland, Oregon Ilustração da capa: Tammy Smith Desenho A menos que de outro modo designado, as citações de escrituras são da “New Revised Standard Version Bible”, copyright © 1989 Conselho Nacional das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos da América. Utilizados mediante autorização. Todos os direitos reservados. As citações das escrituras marcadas com ap são paráfrases do autor. As citações das escrituras marcadas (GNT) são de “Good News Translation in Today’s English Version”—Second Edition Copyright © 1992 pela American Bible Society. Utilizados mediante autorização. As citações das escrituras marcadas kjv são retiradas da “King James Version”. Citações das escrituras de THE MESSAGE. Copyright © por Eugene H. Peterson 1993, 1994, 1995, 1996, 2000, 2001, 2002. Usado com autorização do NavPress Publishing Group. The Upper Room concede autorização para traduzir a brochura noutros idiomas, a fim de servir as necessidades das pessoas noutros países. ISBN de impressão: 978-0-8358-1560-4 ISBN Mobi: 978-0-8358-1558-1 ISBN Epub: 978-0-8358-1559-8 Disciplinas de The Upper Room Neste livro devocional anual premiado, 53 escritores de várias proveniências, locais e tradições cristãs examinam as profundezas das escrituras. Apresenta todas as semanas um novo tema baseado em passagens das escrituras selecionadas do Leccionário Comum Revisto (‘Revised Common Lectionary’) Para encomendar As Disciplinas de The Upper Room, ligue para o apoio a clientes através do 1-800-972-0433 This translation is provided by GCFA (General Council on Finance and Administration) UM ESQUEMA PARA USO EMPEQUENOS GRUPOS Apresentamos um pequeno esquema para reuniões de grupo com base na leitura destas devoções. Uma pessoa pode agir como convocador ou a função pode rodar entre membros do grupo. Pode desejar acender uma vela branca cristã para assinalar o início do seu tempo juntos. ABERTURA Responsável pelas convocações: Venhamos à presença de Deus. Os outros: Senhor Jesus Cristo, obrigado por estares no meio de nós. Ajudai-nos a ouvir a Vossa palavra para nós quando falamos uns com os outros. ESCRITURAS O convocador lê a escritura sugerida para esse dia. Após um ou dois minutos de silêncio, o convocador pergunta: O que ouviram Deus dizer-vos nesta passagem? Que resposta devemos dar? (os membros do grupo respondem de volta ou como guiados.) REFLEXÃO • Qual ou quais as passagens das escrituras com particular significado para si? Porquê? (os membros do grupo respondem de volta ou como guiados.) • Que medidas se sentiu influenciado a tomar em resposta às meditações? (os membros do grupo respondem de volta ou como guiados.) • Onde no seu discipulado foi desafiado? Como respondeu a esse desafio? (os membros do grupo respondem de volta ou como guiados.) ORANDO JUNTOS Diz o convocador: Com base nas discussões de hoje, para que pessoas ou situações deseja que oremos agora ou na próxima semana? O convocador ou outro voluntário faz então a sua oração em relação às preocupações enumeradas. PARTIDA Diz o convocador: Vamos em paz para servir a Deus e os nossos semelhantes em tudo o que fazemos. Adaptado do guia devocional diário de The Upper Room , Janeiro-Fevereiro de 2001. © 2000 The Upper Room. Utilizado mediante autorização. 3 Concedei-me hoje, meu Deus, um novo céu e uma nova terra. Concedei-me a admiração de uma criança que, pela primeira vez, abre os olhos para o mundo; a alegria de uma criança que descobre o Vosso esplendor em cada objecto, em cada ser que encontra, uma reflexão da Vossa glória. Concedei-me a alegria de alguém cujos passos são novos. Concedei-me a felicidade de alguém cuja vida é renovada todos os dias inocente e cheia de esperança, a cada dia perdoada. —Michel Bouttier, in “Prayers for My Village” Prayers for My Village de Michel Bouttier. Traduzido para o inglês por Lamar Williamson. Copyright © 1994. Usado com autorização de The Upper Room Books. ÍNDICE UM RESUMO PARA USOEM PQUENOS GRUPOS / 3 BEM-VINDO / 7 INTRODUÇÃO / 8 MEDITAÇÕES ANTES DA CONFERÊNCIA GERAL Proclamar / 10–19 Liderar / 20–29 Educar / 30–39 Enviar / 40–49 MEDITAÇÕES DURANTE A CONFERÊNCIA GERAL ‘As We’ve Gone’ (Como nós também fomos) / 50, WARNER BROWN ‘Go and Announce’ (Ide e anunciai) / 51, GREGORY V. PALMER ‘Going under Authority’ (Caminhando sob a autoridade) / 52, CHRISTIAN ALSTED ‘As You Go, Be Learning’ (À medida que avançais, aprendei) / 53, SALLY DYCK ‘Going with Courage’ (Caminhando com coragem) / 54, SUDA DEVADHAR ‘Love and Love Alone’ (Amor e só amor) / 55, DEBORAH L. KIESEY As You Go, Call All (Ide e chamai a todos) / 56, CYNTHIA FIERRO HARVEY That We May Be One (Para que possamos ser um) / 57, MARY ANN SWENSON Evil Is Going Too (O Demónio também anda aí) / 58, JAMES SWANSON SR. ‘Go to the Lost Sheep’ (Ide até às ovelhas perdidas) / 59, JOHN YAMBASU ‘Who Goes Where?’ (Quem vai para onde?) / 60, ELAINE J. W. STANOVSKY MEDITAÇÕES DEPOIS DA CONFERÊNCIA GERAL / 61 USANDO UM LABIRINTO DE DEDOS NA ORAÇÃO / 70 Bem-vindo C aros irmãos e irmãs na família Metodista Unida, sabemos que as nossas orações importam e, nessa certeza, convido-vos para uma jornada de 60 dias enquanto se preparam para a Conferência Geral de 2016. Líderes da Igreja, delegados e outros interessados em breve se reunirão em Portland para se entre escutarem, discernir a vontade de Deus para a Igreja Metodista Unida, e tomar decisões que guiarão os Metodistas Unidos em todo o mundo no cumprimento do propósito dado por Deus. Uma vez que eles e vós procurais abrir o vosso coração e mente à orientação de Deus, estas meditações são uma prática comunitária destinada a ensinar um espírito de unidade e discipulado. Orai com a garantia de que outros estão a oferecer a mesma oração. As meditações desta brochura começam na semana depois da Páscoa, na quinta-feira, 31 de Março, e continuam até domingo, 29 de Maio. Guiá-losão durante quarenta dias antes da sessão de abertura, durante onze dias da Conferência Geral e em nove dias depois de terminado o evento. Cada meditação durante a Conferência Geral, entre 10 e 20 de Maio (excepto dia 17), foi escrita pelo bispo que nesse dia irá pregar—para que possam encontrar as abordagens do pregador da Palavra desse dia. O pessoal de The Upper Room produziu esta publicação a convite do Comité de Culto da Comissão Geral na Conferência Geral de 2016 e nós, The Upper Room, honramo-nos com a tarefa que nos foi confiada. Fico na expectativa dos nossos sessenta dias de oração juntos. —SARAH WILKE Editora, The Upper Room 7 Introdução E sta brochura 60 Dias de oração serve como resposta ao pedido mais importante registado nas escrituras. “Senhor, ensinai-nos a orar.” Convidamo-lo a juntar-se aos delegados, bispos e líderes da Conferência Geral de 2016 na sua preparação espiritual para o evento, ao longo do evento e nos dias a seguir. Cada congregação local em qualquer parte do mundo pode orar com e para os 864 delegados da Conferência Geral de 2016. Através da Internet e textos descarregáveis, todos os Metodistas Unidos lerão a mesma escritura, considerarão a mesma abordagem e orarão a mesma oração durante quarenta dias antes da Conferência Geral de 2016 em Portland, Oregon (31 de Março a 9 de Maio), cada dia da Conferência Geral (10 a 20 de Maio) e nove dias depois do evento (21 a 29 de Maio). Todos podemos participar na mesma experiência das Escrituras, Palavra e Espírito. A oração está no coração da vida de Jesus e continua a ser essencial para nós e para a igreja. O pregador teve um papel importante no trabalho que Deus iniciou através de John e Charles Wesley em Inglaterra, no séc. XVIII. Na América do Norte, as vidas de Philip Otterbein, Jacob Albright e Martin Boehm testemunham todas elas os ensinamentos de John Wesley de que “Deus não faz nada senão orar.” Com a expansão do movimento Metodista para as Caraíbas (1759), Serra Leoa (1792), Austrália (1815), África (1816) e América Latina (por volta de 1830), o pregador serviu como principal fonte de direcção espiritual e vitalidade. Na Ásia (1783) e no Pacífico (1822), a história repete-se. Acreditamos que Deus quer liderar e moldar o futuro da Igreja Metodista Unida através da oração. Este guia à oração • servirá como guia diário para os delegados eleitos da Conferência Geral de 2016. • fornecer um meio para aqueles presentes na Conferência Geral para estarem unidos, rodeados e suportados pela oração. • envolver todo o homem, mulher, jovem e criança Metodistas Unidos em oração. Todas as famílias, pequenos grupos e igrejas locais em todo o mundo podem orar com e para esta Conferência Geral. • abrir um novo caminho para o crescimento espiritual e fidelidade em todas as congregações, para todos os membros e amigos—unidos em oração como o corpo de Cristo. 8 60 Dias de Oração • estabelecer uma rede de oração dentro da Igreja Metodista Unida que possa apoiar activamente a preparação espiritual necessária antes da Conferência Geral, interceder fielmente durante os dias da Conferência, e participar na implementação espiritual das decisões tomadas na Conferência Geral. Que acontecerá quando orarmos juntos? Ninguém sabe ao certo. No entanto, acreditamos que a vontade de Deus descerá através da oração e do discernimento. As páginas que se seguem oferecem-nos a oportunidade de nos unirmos em oração para que seja feita a vontade de Deus na maneira de Deus e no tempo de Deus. Senhor, ensinai-nos a orar. —TOM ALBIN Decano da Capela de The Upper Room —DENISE MCGUINESS Director Executivo, Living Tree Services, P.S. Prayer Team Cochairs 60 Dias de Oração 9 Por isso, ide! QUINTA-FEIRA, 31 DE MARÇO • LER MATEUS 28:19-20 P rossegui! Saiam daqui!” O pregador convidado prometeu partilhar a sua bênção preferida. Que conclusão surpreendente para um serviço de culto formal! Que conclusão surpreendente para um serviço de culto formal! Mas Jesus é especialista em conclusões surpreendentes, e Mateus deixa claro em todo o seu evangelho que seguir Jesus não é para aqueles que querem uma fé estática e enclausurada. Temos de estar dispostos a prosseguir! Hoje, apenas a cinco dias depois de celebrarmos o milagre da Ressurreição, comprometemo-nos de novo seguir o caminho com Jesus como uma denominação. “Por isso, ide!” continua o ponto fulcral da nossa missão como Igreja Metodista Unida, e temos a oportunidade de nos empenharmos totalmente nessa missão ao começarmos juntos a jornada de oração da nossa Conferência Geral. O que conseguirá esta assembleia? Que diferença fará para o mundo? Como nos conservaremos verdadeiros na nossa missão? Com a música da Páscoa ainda nos nossos ouvidos, dou-me conta subitamente do poder ilimitado, inimaginável de Deus e da oração. “Por isso, ide!” também é central à minha fé como discípulo de Jesus Cristo. Tento com demasiada frequência olhar para o discipulado com mais um artigo da minha lista de coisas a fazer. Ide, parti, fazei um discípulo ou dois, tirem-no da lista e prossigam para a próxima tarefa! Ao longo de todo o culto na Conferência Geral, exploraremos como o Evangelho de Mateus revela um elemento “nele para o longo percurso” para a nossa caminhada com Jesus. Não sabemos o que iremos encontrar no caminho. Mas as notícias são boas: Jesus estará no meio de nós, com a nossa igreja e com a palavra para toda a jornada. Vamos começar! Jesus, não estamos certos para onde esta jornada nos levará, mas estamos dispostos a ir convosco. Ámen. —LAURA JAQUITH BARTLETT 10 60 Dias de Oração De volta ao básico SEXTA-FEIRA, 1 DE ABRIL • LER JEREMIAS 31:10-14 O período de exílio na Babilónia é também chamado de Cativeiro Babilónico. O povo de Israel era cativo do império mais poderoso daquele tempo. A situação deve ter parecido para eles sem esperança. Contudo, o profeta Jeremias proclama o poder de Deus que libertará Israel, mesmo de um amo tão poderoso: “O Senhor resgatou a Jacó, e o livrou da mão do que era mais forte do que ele.” Muitos são os poderes que nos podem escravizar. Mas nenhum deles é mais poderoso do que o passado. Contra qualquer amo nos podemos rebelar. Mas o passado não conseguimos mudar, o que torna os nossos sentimentos de fracasso tão esmagadores. Passaram-se anos e estamos impotentes para desfazer o que fizemos ou mesmo para recuperar o tempo perdido quando fracassamos em fazer o que deveríamos ter feito. Podemos tentar desfazer as consequências do nosso passado—e, na maioria dos casos, deveríamos fazêlo. Mas o passado ele mesmo, isso não podemos desfazer. Está lá, existe, aparentemente para sempre, com uma capacidade de dar que não podemos pôr em causa. Apesar dos nossos bons esforços, não podemos desfazê-lo. É um amo muito mais poderoso do que os babilónios eram para Israel. Tal como Jacó (Israel) estava ligado por “mãos demasiado fortes para ele”, também nós estamos sobrecarregados pelo peso de um passado que não podemos mudar. Mas tal como Deus resgatou Jacó das “mãos demasiado fortes para ele”, também Ele nos pode resgatar do que quer que seja que nos pesa—por demasiado forte que seja—mesmo do peso do passado. É esse o significado do perdão. Deus resgata-nos do poder dos nossos pecados, da vergonha dos nossos fracassos, do peso do passado. Assim, quando abordamos uma nova tarefa, podemos fazê-lo com alegria semelhante à reflectida nas palavras de Jeremias. Leia-as novamente e rejubile com ele! Afastai de nós, oh Deus, todos os nossos fracassos e pecados. Concede-nos a alegria daqueles que voltam para ti do exílio do pecado e da culpa. Ámen. —JUSTO L. GONZÁLEZ 60 Dias de Oração 11 Maturidade espiritual SÁBADO, 2 DE ABRIL • LER HEBREUS 5:7-9 O s escritores do evangelho dão-nos lampejos de Jesus em oração. Deles aprendemos que choramos, gememos em espírito e lutamos contra a tentação. O autor de Hebreus descreve amplamente “os altos gritos e lágrimas” que por vezes acompanham as orações de Jesus e a obediência que Ele aprendeu através do sofrimento. A imagem que emerge revela-O como profundamente comprometido com a vida a todos os níveis e como resposta corajosa à sua vocação. A referência a “os dias da Sua carne” enfatiza a natureza transitória e a fragilidade da vida humana. Sem dúvida que a agonia de Getsénami estava na sua mente. No jardim Jesus ofereceu, de modo representativo e de sacrifício, a angústia de todas as pessoas em tempos de extrema necessidade. Ele confrontou o medo da morte, pedindo a Deus para remover o cálice, mas consentiu finalmente com o desejo divino. Nesta terrível luta o Jesus humano aprendeu obediência aos desejos de Deus através do sofrimento por que passou. A maturidade ou a “perfeição” no carácter humano não é estática, desenvolve-se através das nossas respostas às circunstâncias constantemente mutantes da vida. S. Lucas 2:52 diz que “Jesus ia crescendo em sabedoria e em estatura” pela obediência aos seus pais terrenos e a Deus. O seguimento incondicional das ambiguidades e das responsabilidades da vida, juntamente com a renúncia dos interesses próprios, possibilitou falar do “seu aperfeiçoamento.” Viver cada dia atento à voz de Deus é o meio pelo qual identificamos o nosso medo, oramos pela nossa angústia e crescemos em estatura como aqueles criados na Divina imagem. Considerem áreas em que Deus vos está a chamar para crescerem pela obediência. —ELIZABETH J. CANHAM 12 60 Dias de Oração O dom da Fé DOMINGO, 3 DE ABRIL • LER S. MATEUS 14:22-33 N o séc. XIX, Johann Christoph Blumhardt era pastor numa pequena igreja de uma aldeia alemã. O seu trabalho nada tinha de excepcional— nada, isto é, até que um casal na igreja lhe contou alguns problemas por que estavam a passar com a filha. O Pastor Blumhardt reuniu-se com eles para orar e para visitar a filha. O Pastor Blumhardt compreendeu que podia estar a lidar com um demónio como aqueles sobre os quais lemos no Novo Testamento. Embora os eruditos histórico-críticos alemães se estivessem a preparar para desmentir os demónios no mundo moderno, aqui numa pequena paróquia alemã Blumhardt revelou o poder de Jesus num exorcismo. Tal como no tempo de Jesus, as boas novas de libertação do poder do demónio rapidamente se espalharam. As pessoas vieram ver com os seus próprios olhos que coisa nova estava a acontecer— que poder tinha sido libertado pelo ministério do Pastor Blumhardt. Deus estava mesmo a fazer uma coisa nova e o Pastor Blumhardt queria ser fiel a isso. Começou por compreender que muita gente vinha pelas razões erradas. Começou por dizer a “quem procurava emoções” que o exorcismo não era uma cura mas sim um sinal para conduzir as pessoas ao reino de Deus. O milagre de Jesus caminhando sobre as águas segue imediatamente o episódio da alimentação de cinco mil pessoas no Evangelho de S. Mateus. Jesus sabe o que o Pastor Blumhardt aprendeu séculos mais tarde: estamos quantas vezes mais interessados em sinais milagrosos do poder de Deus do que no movimento do reino em direcção ao qual nos apontam. Jesus chama os discípulos oligopistoi— “homens de pouca fé.” Ele está a falar com todos nós. Uma coisa é ver o poder de Deus e saber que é real; outra coisa completamente diferente é confiar em Deus que pergunta por tudo, mesmo quando a tempestade se enfurece em torno de vós. Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, dai-nos fé para confiar todas as nossas vidas ao movimento do vosso reino. Ámen. —JONATHAN WILSON-HARTGROVE 60 Dias de Oração 13 O que só a fé pode ver SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL • LER SALMO 121: E dormi bem enquanto a noite escura como breu repousava, livre da cacofonia de buzinas de automóveis a apitar e da coscuvilhice do dia—até que ouvi o bater de madeira no cimento. John, o nosso guarda-nocturno, tinha acabado de matar uma víbora venenosa que tinha deslizado perto da porta da frente da nossa casa no Gana, África Ocidental. A minha mulher, Safiyah, e eu éramos missionários. Os amigos tinham-nos dito: “Arranjem um guarda-nocturno para guardar a vossa casa para poderem dormir de noite.” Os Israelitas confiaram em Deus para terem a Divina vigilância sobre eles, uma confiança não disponível aos seguidores de outros deuses. Nos versos 3-4 do Salmo 121, o salmista declara que o Deus de Israel não adormece nem dorme. Esta afirmação vem em contraste com os vizinhos de Israel que geralmente acreditavam que os seus deuses “dormiam” durante os meses de inverno e recuperavam durante as estações do crescimento. Percorri certa vez o tempo de uma outra religião. Continha representações físicas dos deuses adorados ali e um gongo. Quando perguntei a finalidade do gongo, o guia respondeu-me: “Batemos no gongo para termos a certeza de que os deuses estão acordados.” O salmista aproveitou todas as oportunidades para afirmar a fé no Deus de Israel. Este Deus fez o céu e a terra. Este Deus nunca dormiu. Este Deus deu a sombra como refúgio. A convicção de que Deus criou a sombra para os peregrinos indicava a sua convicção num Deus gigante capaz de os abrigar à sombra do sol, durante o dia, e da lua, durante a noite. O salmista continua dizendo que Deus nos protegerá de todo o mal. E você? De que se gaba acerca de Deus? Quais das características de Deus ensaia para si mesmo e com outros em adoração corporativa? As suas afirmações acerca de Deus ajudam-no a ver a vida com os olhos da fé. Deus, porque nunca adormeces nem dormes, liberta-me das noites ansiosas e das manhãs temerosas. Ámen. —KWASI KENA 14 60 Dias de Oração Na Estrada TERÇA-FEIRA, 5 DE ABRIL • LER S. LUCAS 24:33-35 E sta passagem começou com o desalento e a perplexidade dos seguidores de Jesus, em especial daqueles dois que viajavam na estrada para Emmaus. Movemo-nos agora para a confirmação da ressurreição de Jesus e partilha dessas boas novas com os discípulos de Jesus Cristo. Na passagem, vemos um sentido de urgência. Apesar de ser de noite, as duas pessoas viajaram muitas milhas de volta a Jerusalém para encontrarem os onze discípulos. O seu encontro com o Jesus ressuscitado foi tão surpreendente que não puderam esperar nem mais uma hora. Por causa da sua alegria, a distância não lhes importava e a escuridão não os fez hesitar. Esta urgência em partilhar as boas novas é o fundamento da nossa evangelização e da missão da igreja. Nada nos pode parar para deixar de partilhar a experiência do nosso despertar da reunião com o Senhor ressuscitado. Quando os dois chegaram, encontraram os onze discípulos reunidos num lugar. Também passaram pela experiência do Cristo ressuscitado: “O Senhor ressuscitou na verdade e apareceu a Simão!” Não sabemos se Jesus apareceu a Simão antes de ter aparecido às duas pessoas na estrada para Emmaus. O tempo da aparição não é importante. O que mais lhes importa é a confirmação da ressurreição de Jesus. Estava mesmo morto na cruz mas ressuscitou verdadeiramente como prometera e como as escrituras tinham predito. Partilhar esta experiência de encontrar o Cristo ressuscitado na estrada para Emmaus torna-se o modelo para a vida da igreja, e a experiência do despertar na repartição do pão dá ainda mais significado à Última Ceia na vida da nossa igreja. Oh Deus da ressurreição, dai-nos o sentido da urgência para partilhar a nossa experiência do Cristo vivo com outras gentes. Ámen. —JUNG YOUNG LEE 60 Dias de Oração 15 Esperança na Ressurreição QUARTA-FEIRA, 6 DE ABRIL • LER 1 S. PEDRO 3:18-22 E sta passagem serve de base escritural para a frase no Credo dos Apóstolos que fala de Jesus entre a morte e a ressurreição: “Ele desceu aos infernos.” Demasiadas vezes a nossa resposta a esta cláusula do credo é de perplexidade: O que pode isto significar? Em alguns casos esta cláusula é, na realidade, deixada fora do credo. E, no entanto, como o texto da Primeira Carta de S. Pedro, chama-nos à atenção para o carácter assombroso da nossa esperança ao afirmar que todas as barreiras para o amor de Deus que nos dá vida são despedaçadas na cruz. A barreira despedaçada aqui é aquela que separa os vivos dos mortos, aqueles que morrem sem esperança dos que morrem vivem com esperança. A passagem fala daqueles que morrem na torrente pela qual Deus procurou limpar a terra das suas impurezas pela violência e violação. Aqueles que foram varridos não tiveram a esperança da transformação. E contudo é precisamente para estes, para todos os que morreram, para todos os que tombaram sob o justo julgamento de Deus, que Cristo faz proclamação entre esta “morte na carne” e a Sua ressurreição. Por causa desta descida para a prisão das almas, ousamo-nos a ter esperança para com todos quantos parecem estar separados do evangelho através da morte ou julgamento. Porque nem sequer a morte ou a ira de Deus podem evitar o anúncio gracioso de esperança para todos os baseados na morte e na ressurreição de Cristo. Tão forte é a nossa esperança de ressurreição que não podemos desistir de ter esperança por ninguém, por mais longe que ele ou ela possam parecer estar de Cristo; porque na vida ou na morte, Cristo os chamou para perto de Si. Oh, Deus, nós Te agradecemos pela nossa esperança em Cristo. Ámen. —THEODORE W. JENNINGS 16 60 Dias de Oração Morada QUINTA-FEIRA, 7 DE ABRIL • LER FILIPENSES 3:17–4:1 Q ue significa falar da nossa terra natal como céu? Por causa do sofrimento e do quebrantamento da vida “na carne”, os gnósticos acreditavam que a vida normal no nosso mundo é perversa. Em vez disso, os seus membros pensavam que os seres humanos deviam ser “espirituais”, completamente despreocupados com o mundo físico. Muitos destes gnósticos identificavamse como Cristãos. Acreditavam em Jesus—mas não um Jesus de carne e osso. Pelo contrário, pensavam que Jesus era como um fantasma enviado para nos dar a mensagem da salvação de Seu Pai que morava fora da criação para nos conduzir a um mundo espiritual para além disso. No início a igreja lutava duramente contra esse dualismo que negava a bondade da criação de Deus assim como a realidade da Encarnação. Em vez disso, os nossos antepassados cristão afirmavam que Deus nunca desejou que o nosso mundo fosse quebrado. Em os Romanos, S. Paulo insiste que a própria criação se lamenta numa espécie de escravidão ligada ao pecado humano. No final do tempo, quando recebemos os nossos corpos em ressurreição, diz ele, o mundo físico também será recuperado para o original e intenção de amor de Deus. Esta terra recuperada é a nossa terra natal. (Ver Romanos 8:18-25.) Mas que forma assumirá esta restauração e o tempo em que ocorrerá não nos caberá saber, e a especulação acerca disso pode desviar-nos do verdadeiro trabalho do amor e da vida cristã. No entanto, necessitamos de ser recordados do amor e do carinho de Deus para este mundo em que vivemos. Deus de toda a criação, ensina-nos a conhecer o Teu mundo como gostarias que ele fosse e ajuda-nos a amá-lo e a viver nele como o Teu dom. Ámen. —ROBERTA C. BONDI 60 Dias de Oração 17 O dia do Senhor SEXTA-FEIRA, 8 DE ABRIL • LER S. LUCAS 3:1-6 L ucas baseia a história de S. João Baptista na história , contando-nos quem mandava no quê naquele tempo. A lista inclui o imperador romano, o governador romano da Judeia, o governante ituriano da Galileia e seu irmão que governava partes da Síria. Termina com um governante de Abilena pouco conhecido, um território a noroeste de Damasco, e dois dos sumo sacerdotes em Jerusalém. Numa primeira leitura a lista parece um prólogo fastidioso para o ministério de S. João, repleto de nomes obscuros difíceis de pronunciar. Contudo, S. Lucas tem boas razões para o incluir—uma delas vai direta à essência do seu Evangelho. Se quiséssemos abrir todo o mapa-mundo nos dias de outrora e espetar pinos vermelhos nos locais onde os poderosos governavam, teríamos uma tela que se estenderia desde Jerusalém a Roma. Incluiria judeus, sírios, gregos e romanos. Incluiria ainda o chefe militar mais poderoso da terra, assim como os líderes religiosos mais poderosos no Judaísmo e todas as pessoas que viviam sob a sua governação. S. Lucas chama a atenção que a história que vai contar se aplica a todos a quem se refere acima. Não se trata de uma história local acerca de um judeu carismático que fundou uma nova seita de Judaísmo. É uma história universal acerca do salvador divino que veio para mudar o mundo. S. Lucas cita a última linha da profecia de Isaías como seu tema: “E toda a carne verá a salvação de Deus.” Antes de a igreja sequer existir, o evangelho era transmitido a todas as pessoas. Até ao presente a igreja existe para aqueles que não lhe pertencem. De que modos se tenta possuir Jesus? A quem pensa que Jesus pertence e o que devem as pessoas fazer para Lhe pertencer? Procure fazer o que Deus fez: Dê Jesus livremente a todo o mundo. —BARBARA BROWN TAYLOR 18 60 Dias de Oração O deserto florirá SÁBADO, 9 DE ABRIL • LER ISAÍAS 35:5-7 V les aguardam. As pessoas do “deserto.” Aqueles para lá das palavras certas para dizer. Para lá da nossa capacidade de crescer novamente verde. Pessoas, lugares e situações secam. É mais fácil abandoná-las no deserto. Parece ser a coisa menos embaraçosa a fazer. Estes não esperam pela “chuva anual.” Estão habituados a soluções rápidas que chegam e partem com o primeiro vento quente. Suportam as promessas daqueles que não conhecem o deserto. Tornou-se mais fácil esperar queimar areia em vez de água e conhecer a companhia dos chacais. O estoicismo magoa menos. A esperança tornou-se castanha e secou. E então veio Deus. Nada que Deus toque pode ficar igual. Não é um clarão verde. É uma irrigação profunda que penetra no mais profundo do ser. É a restauração da água do solo, não infiltrada mas fluindo numa torrente para que toda a vida pode ser mudada. As raízes começam a crescer mais em profundidade. O estoicismo transforma-se em esperança. Depois de a esperança ter criado raízes, surge a alegria. A pouco a pouco, o deserto começa a verdejar. Poças de água aparecem onde antes a areia ardia os pés descalços. A água corre sobre as pedras que antes só conheciam o som do vento. Os chacais procuram outros desertos. Os olhos dos cegos abrem-se. Algumas recebem o dom da visão, mas todos vêm. Os ouvidos dos surdos são imparáveis. Alguns escutam o murmurejar da água, mas todos ouvem. Os espíritos há muito secos começam a sentir, porque os toques de Deus não mudaram. Esperamos por Deus, não esperando propriamente uma aparição. E Deus veio. Senhor do deserto, Deus do impossível e do improvável, Senhor do tempo, dai-me água, conforme for Vosso desejo. Ámen. —RAY BUCKLEY 60 Dias de Oração 19 Discernimento e conservação da Fé DOMINGO, 10 DE ABRIL • LER GÉNESE 12:1-9 N uando o Senhor chama Abraão, Abraão vai. Abraão não hesita. Não quer saber se está a fazer o que está certo. Não pensa quanto lhe custará ou quanto arriscará. Simplesmente cumpre a ordem do Senhor sem murmurar nem objetar. As vidas que levamos hoje dificultam muitas vezes que sigamos o exemplo de Abraão. As amarras ao mundo material prendem-nos e atam-nos. Ocupados com o trabalho, a família e milhares de outras coisas do nosso dia a dia, não é fácil para nós imaginarmos a nossa abdicação e seguir para um novo lugar porque o Senhor nos chamou para lá. A nossa maior tentação é não procurarmos o verdadeiro Deus que encarnou em Jesus Cristo e cuja intemporalidade e perfeição para sempre nos unirá. Em vez disso, procuramos um deus menor, um deus que nunca nos pedirá para fazer nada que não queiramos fazer, que abdiquemos de algo de que não queremos abdicar, ou ir para um lugar para onde não queremos ir. Na fundação da Massachusetts Bay Colony, John Winthrop disse ao seu rebanho que Deus não se importa com o que possuímos mas se, quando Deus bate à nossa porta e nos pede que abdiquemos do que é para nós mais precioso pelo amor de Deus, Lhe respondemos. Se acharmos que nunca temos de abdicar de nada, podemos não estar a seguir Cristo. Ele pode exigir que abdiquemos de bens materiais que prezamos ou de opiniões políticas que defendemos ou de uma posição que valorizamos na nossa comunidade. Mas a única coisa que qualquer cristão sabe por certo é que mais tarde ou mais cedo o Senhor virá bater à porta. Pai Celestial, ajudai-me a separar as coisas deste mundo, a ouvir o Vosso chamamento ao sacrifício e a responder-lhe com alegria e sem questionar. Ámen. —STEPHEN L. CARTER 20 60 Dias de Oração Já chegamos? SEGUNDA-FEIRA, 11 DE ABRIL • LER EFÉSIOS 2:1-7 C omo dizemos na igreja Baptista onde crescemos, caminhei pelo corredor quando tinha onze anos, há cinco décadas. Decorria a Escola Bíblica das férias. O edifício da nossa igreja era um santuário em mais do que uma maneira. A massiva estrutura de tijolo oferecia não só um lugar para ensinar as crianças acerca de Jesus; as aulas no rés-do-chão eram o refúgio mais fresco de toda a cidade. Avançar não era difícil. Para um pré-adolescente, era memorável, algo que mudaria a minha vida para sempre. Caminhei para diante ao convite e confessei a minha decisão ao pregador. Salvação é uma palavra que podemos associar a renascimentos espirituais. Os efésios abordam a atividade de salvação de Deus em Cristo. Os três primeiros versos dizem-nos do que somos salvos: morte através do pecado, seguir os caminhos do mundo e sermos filhos da ira. O escritor não está a castigar mas sim a recordar-nos do passado, para que possamos mais prontamente valorizar no presente a nossa inclusão na história da salvação de Deus que deu a vida por nós! Aos onze anos, o meu compromisso de mudança de vida não se mudou dos meus “pecados” do passado, mas sim nos anos em que levantou questões de peso sobre como ser um cristão. Quis muitas vezes abandonar essa declaração de fé, mas o compromisso que então fiz acabou por moldar quem eu sou. Nunca me soltou nem libertou, apesar de ter alterado o meu entendimento do que significa porque amadureci. Apreendi a apreciar a riqueza da misericórdia e bondade de Deus. Dou valor à vontade de deus de tomar a iniciativa para meu benefício e salvação. Eu estou “vivo juntamente com Cristo.” Com essa promessa, procurar ir ao encontro de cada momento com esperança. Oh, Deus, escutai-me, dá-me forças; deixai que vos escute. Ámen. —BILL DOCKERY 60 Dias de Oração 21 Chamamento à aliança com Deus TERÇA-FEIRA, 12 ABRIL • LER 2 SAMUEL 7:1-11, 16 M esmo quando as nossas intenções são as melhores para o trabalho de Deus, é bom que tenhamos em mente que a vontade de Deus deve sempre prevalecer. A lealdade não significa simplesmente dar o nosso melhor a Deus mas, pelo contrário, ouvir para discernir o que Deus pode desejar de nós. O Rei David deseja sinceramente fazer algo de grandioso para Deus. Inspirado no seu próprio sentido do prazer, David nota que ele mesmo vive numa casa de cedro. Se isto lhe agrada, certamente uma casa ainda maior para a arca agradará a Deus. Faz sentido, não é verdade? Mas Deus desejava construir uma linhagem espiritual (ou “casa”) para David. Desta herança, Deus escolheria não só o tempo como a descendência que iria construir um templo. Mais importante que isso, da linhagem espiritual chegaria o Messias. Quantas vezes nas vossas vidas assumimos o que agradará a Deus com base nas nossas experiências humanas de prazer em vez do conhecimento que nos advém da nossa vida espiritual? Ganhamos conhecimento espiritual através da abertura intencional a Deus, escutando e sentindo a Sua presença. O conhecimento espiritual vem da abertura e da expectativa de que Deus tem uma vontade e um propósito, um propósito que podemos conhecer através da uma vida em oração. Contudo, a palavra de Deus vem de David através do profeta Natã, e David é capaz de ouvir. Pessoas de fé vivem para agradar a Deus através do seu ser e das suas ações, sabendo que Deus se deleita na nossa escuta em oração. Concedei, oh Deus, que o ritmo de cada dia possa incluir tempo para estar na Vossa presença, para Vos conhecer mais claramente e para Vos amar ainda mais. Ámen. —NATHAN D. BAXTER 22 60 Dias de Oração A sabedoria, a esperança e a promessa de Deus QUARTA-FEIRA, 13 DE ABRIL • LER S. JOÃO 16:12-15 N em sempre recebemos prontamente as palavras de Deus para nós. Jesus sabe que muitos dos seus seguidores estarão “no mar” sem alguma seriedade aumentada, alguma garantia de Jesus antes que Ele, em forma de corpo, parta desta terra. Por isso, Jesus lhes diz: “Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não é hora ainda de as ouvirdes. Quando chegar o Espírito da verdade, ele vos orientará para toda a verdade.” Muitos até este dia não compreendem a plenitude dessa promessa. Quando ouvistes um cristão devoto dizer algo como: “Quem me dera que Jesus não nos tivesse sido retirado de nós. Quem me dera podermos haver escapado a essa perda.” Mas a ascensão de Jesus não foi para nós uma perda; foi um ganho. O Senhor na sua ascensão recebeu novos poderes. Antes habitava alguns quilómetros quadrados; mas agora que ressuscitou, está disponível a todas as pessoas na terra, a todas as horas do dia ou da noite. Na Sua ressurreição, ficou acessível de novas maneiras. Ele que ressuscitou e ascendeu já não está mais confinado ao tempo e ao espaço que nos sobrecarrega. Os assuntos espirituais para nós são muito menos confusos do que eram durante o intervalo de quarenta dias que medeia a Dia de Páscoa e o Dia Da Ressurreição. Desejar podermos voltar atrás o relógio seria negar o poder do Espírito Santo que pode estar no meio de nós tanto nas alegrias como nas tristezas, em tempos de provas e em tempos de vitórias sobre o pecado. Por isso, rejubilai e alegrai-vos porque o Espírito nos dá muito mais do que a ascensão do Senhor poderia possivelmente remover de nós. Mais ainda, o Espírito está presente entre nós e ativo entre nós com promessas que Jesus fez durante o seu ministério e que há muito esquecemos. O que nós e os nossos antepassados na fé não recordamos, traz o Espírito à nossa lembrança. Espírito Santo, vindo até nós, ministrar-nos agora e sempre. Ámen. —LAURENCE HULL STOOKEY 60 Dias de Oração 23 Encarnar o Espírito Santo QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL • LER S. LUCAS 3:15-16 N uma questão de rara maturidade espiritual saber-se que não se é o Messias. Ninguém ao longo da minha formação seminarista jamais me avisou contra o complexo messiânico. Pelo contrário, incentivaram-me a tomar Jesus com modelo, ser um servo de Deus para as pessoas. Nas décadas seguintes de trabalho com clérigos, muitos deles cansaram-se a tentar ir ao encontro das expectativas de outros e de si próprios ou ficarem esmagados sob a mais pura necessidade dos seus paroquianos, observei que ter um complexo messiânico é, para muitos, indistinguível do compromisso para com Cristo. S. João Baptista sabia mais do que isso. Apesar de ser mais conhecido do que Jesus alguma vez foi enquanto viveu, João nunca se sentiu tentado por elogios populares ou pelo seu sentido indiscutível de chamamento para reconhecer em si o Messias. Teve um papel magnífico para fazer de Deus, mas nunca tirou partido para identificar o seu papel com o do Messias. Martin Buber comentou certa vez que existe algo incomensurável entre pensar em si como um Messias e serum Messias. Pode acontecer que muitos de nós caiam em papéis messiânicos porque não morremos para a nossa necessidade egocêntrica de “ser” alguém. É bem possível que Jesus ele mesmo se tenha recusado o papel messiânico que gerações posteriores lhe colocaram. As Suas tentações no deserto parecem ter sido explicitamente rejeições das atuais esperanças messiânicas. Em vez de se identificar com Deus, ele relacionou-se com Deus. Encontrou o seu chamamento e seguiu precisamente isso, seja o que for que as gerações vindouras lhe pudessem chamar. Podemos relacionar os mesmos poderes divinos dentro de nós com que Jesus se relacionou? Podemos ser transmissores de cura divina sem nos identificarmos com o Curador? Concedei-me, oh Deus, ser apenas eu mesmo e fazer apenas o que Vós me chamais a fazer. Ámen. —WALTER WINK (1949–2012) 24 60 Dias de Oração Acolhamos a Deus SEXTA-FEIRA, 15 DE ABRIL • LER S. TIAGO 1:17-21 N ós, seres vivos, devemos fazer o que é bem. Seria muito improvável encontrar argumento para tal afirmação. Mas como devemos fazê-lo? Ou, melhor dizendo, por que é tão difícil para nós fazer o bem? ser bom? Se olharmos à nossa volta, não precisamos de olhar para longe para ver que vidas desperdiçadas, desumanidade, corrupção e o mal fazem parte da nossa sociedade, desde o pequeno agregado familiar até à nossa vizinhança, passando aos níveis nacional e internacional. Talvez tenhamos interpretado erradamente o nosso papel na tarefa. S. Tiago diz-nos que todas as boas ações têm a sua origem em Deus. Mesmo como Deus criou o universo com uma palavra: “Deus disse... e assim se fez.” Por isso, agora no meio de nós a palavra da verdade de Deus provoca um mundo caído para ser bom. Se os nossos corações são hospitaleiros a essa palavra de verdade, então a própria bondade de Deus começa por nos recriar. Devemos livrar-nos de tudo o que nos opõe à palavra do bem, tirar as ervas daninhas da raiva e do pecado como um bom jardineiro que deseja deixar espaço para a boa semente. A boa semente é a palavra de Deus. Não a podemos criar para nós próprios— apenas deixar espaço e acolhê-la. Já é tarefa suficiente. Dai-nos corações abertos para Vós, Senhor, para que a Vossa palavra possa encontrar um lar dentro de nós. Ámen. —CATHERINE GUNSALUS GONZÁLEZ 60 Dias de Oração 25 Vinde, Espírito Santo SÁBADO, 16 DE ABRIL • LER ATOS 2:14-21 P edro, que negou conhecer Jesus, tornou-se a rocha na qual Jesus construiria a Sua igreja. Aqui ele fala com autoridade. Ladeado pelos apóstolos, dirige-se às multidões. Ninguém entre eles está ébrio. Jamais estiveram tão sóbrios. Conta que pelas nove horas dessa manhã o Espírito pairou sobre eles com línguas como de fogo, reformulando-os por de dentro, transformando-os em mensageiros de Deus Nosso Senhor. Não com as suas próprias palavras mas com aquelas do profeta Joel, Pedro explica o que se passou. Escutemos a sua profecia como se fosse a primeira vez, personalizando as suas declarações. Podemos ser novos ou velhos, homem ou mulher, escravo ou homem livre, gentio ou judeu e sermos no entanto designados pelo Divino como profetas que recusam estar satisfeitos com o status quo. A vida, tal como a conhecemos, dá outra reviravolta. A própria natureza regista o final de uma era e o começa de outra. Esta transformação levar-nos-á com Jesus desde a agonia no jardim, pelo escândalo da cruz, até à glória do dia de Páscoa. Sangue, suor, fogo, fumo e névoa—estes e outros símbolos de agitação assinalam a mudança que a terra e os seus habitantes estão a ponto de passar. Com a chegada do Espírito, a nossa salvação está prestes. Quando os apóstolos recebem um novo começo do Espírito Santo, também nós nos devemos transformar em pessoas do Pentecostes, evitando todos os projetos de auto-salvação e deixando Deus ser Deus nas nossas vidas. A nossa postura torna-se uma de humildade abjeta, pois só quando nos prostramos diante do Todo Poderoso e chamamos o nome de Deus nos separamos de nós mesmos de todas as formas de idolatria e assumimos um compromisso radical com a caridade. Vinde, Espírito Santo, deitar sobre nós o bálsamo da salvação. Unge-nos com o óleo da alegria para que possamos ter a coragem de proclamar que Jesus Cristo é o Senhor. Ámen. —SUSAN MUTO 26 60 Dias de Oração Líder ou servo? DOMINGO, 17 DE ABRIL • LER S. MARCOS 10:42-45 P oetize um pouco sobre o aparente paradoxo de “liderança servil”. Perdemos o valor do choque das palavras e ações de Jesus que especificam que a verdadeira liderança passa por servir os outros e não governá-los. E, no entanto, de muitas formas invertemos a reversão de Jesus ao aceitar o termo líder servil , em vez de nele reinvestir com os adornos do poder e privilégios. Todos conhecemos sobejamente o título do supremo pontífice de Roma, “Servo dos servos de Deus.” Embora elogiemos, e bem, os pontífices que são humildes, na realidade o cargo é revestido de autoridade e poder não muito diferentes da autoridade e poder de qualquer líder político. Os protestantes podem com facilidade tornar-se presunçosos, observando com desaprovação a pompa, o poder e os privilégios concedidos ao “servo dos servos de Deus.” Mas não fizemos nós o mesmo? Evitamos o termos “servo dos servos de Deus”, mas não damos mais autoridades e não veneramos mais os líderes supervisores do que os pastores? Nos círculos Metodistas Unidos os bispos deixaram de ser chamados pelo nome mas sim pelo título. E não valorizamos mais servir igrejas prósperas em vez de igrejas pobres? Por que motivo os nossos melhores pastores são enviados para as grandes igreja como recompensa de fazerem bem o seu trabalho, em vez de irem para as nossas igrejas mais necessitadas, onde poderiam fazê-las crescer? Se na verdade valorizássemos a liderança servil, não optariam os pastores por nomeações para igrejas rurais, das cidades interiores ou mais pobres, onde a liderança seria na realidade sacrifício? Em S. Marcos 10, Jesus inverte explicitamente a posição social do líder de um lugar de poder para um lugar de serviço de sacrifício e abnegação, até mesmo um lugar a que chama de escravidão. A sua crucifixação selou este sentido inverso em que o Mais Poderoso sofreu com os mais pobres por amor de salvar os mais humildes. Somos seguidores de Cristo. Como nos guardamos contra os perigos do orgulho do lugar que escolhemos para servir? —MARJORIE HEWITT SUCHOCKI 60 Dias de Oração 27 Novos locais de obediência SEGUNDA-FEIRA, 18 DE ABRIL • LER SALMO 51:6-12 C omo um médico que é bom nunca se compraz de meramente olhar para os sintomas de uma doença. Ele ou ela quererá saber o que se está a passar dentro do corpo do doente e descobrir o que provoca esses sintomas. A medicina moderna inventou vários instrumentos para examinar o interior do corpo humano. Daí que o mundo médico utilize Raios-X, ecografias de vários tipos e laparoscopia para entender como o interior do corpo funciona. Deus, como um bom médico, quer examinar o “interior do nosso ser.” O único instrumento de Deus é um empurrão para fazer despertar a vontade do ser humano para se abrir. É por isso que o livro da Revelação apresenta Jesus dizendo: “Eu estou à porta, batendo; se ouvirdes a minha voz e abrirdes a porta, Eu chegarei até vós.” (3:20) O salmista abre de bom grado a porta. Ele sabe que Deus deseja “a verdade no interior do ser humano” e então pede a Deus que lhe ensine sabedoria no seu coração secreto. Só quando fazemos o pedido “Purgai-me” é que Deus vem até nós para nos limpar. Só quando dizemos “Lavai-me” é que Deus entra e o faz. Só quando sussurramos “Criai-me num coração limpo” é que Deus vem para pôr dentro de nós “um novo e justo espírito.” Quando Deus nos chama para novas missões de obediência, Deus espera que a nossa resposta seja “Sim, meu Senhor.” A presença do Espírito Santo em nós sempre nos chama a seguir o caminho de Deus. Quando dizemos ‘Sim’ ao Espírito, descobrimos que a nossa alegria é restaurada e um “espírito de boa vontade” vive dentro de nós. Este salmo não termina apenas com um prece de vida renovada; termina com um louvor a Deus e uma resolução de cantar bem alto a libertação de Deus. Quando dizemos ‘Sim’ ao perdão de Deus, cantamos a salvação de Deus não só por meio de palavras mas com todas as nossas vidas. Criai em mim um coração limpo, oh Deus,e ponde um novo e justo espírito dentro de mim hoje. Ámen. —M. THOMAS THANGARAJ 28 60 Dias de Oração Aquele que não conhecemos TERÇA-FEIRA, 19 DE ABRIL • LER SALMO 126:1-6 H iver como cristãos é viver num estado de sonho. Os melhores sonhos são aqueles de que não queremos despertar. Neles desfrutamos de um jogo não abandonado ou de súbito tudo nos faz sentido ou saboreamos o abraço de um amante. Então, quando o alarme soa na escuridão de uma manhã fria de inverno, outro dia de deveres começa a exigir de nós, tentando-nos a fechar os olhos e a procurar prolongar um pouco mais o nosso sonho, o nosso maravilhoso sonho. Mas os deveres pressionam-nos, e pomos os pés no chão frio e arrastamonos para a casa de banho. Em poucos minutos o sonho é esquecido e a realidade toma conta de nós com as suas exigências, preocupações e responsabilidades. Vivermos como cristãos, no entanto, é continuar o melhor dos nossos sonhos: o sonho de um repouso de sabbath que nunca termine, quando pudermos cessar as nossas tarefas; o sonho de uma vida que faça sentido e onde não faça sentido, a paz e a confiança de viver no mistério; o sonho de uma vida vivida no constante abraço do Amor. Este “sonho” é tão importante que todas as semanas temos de nos esforçar—em adoração, em culto, na leitura das escrituras—para recordá-lo. É sobre isso que trata os meios da graça: exercícios que nos auxiliam a recordar que a “realidade” do fardo—alguma responsabilidade— não é tão real como o sonho. Depois, como o salmista, podemos rir—em parte por causa de o sonho ser uma tão grande alegria e em parte pela nossa infantilidade em tão rapidamente esquecermos o sonho. E sobretudo porque, mais uma vez, somos recordados que, quando Deus toma conta de nós, tudo fica virado do avesso. Senhor, fixa na minha mente o sonho, e fixa no meu coração a alegria de saber que é realidade. Ámen. —MARK GALLI 60 Dias de Oração 29 Escolhido por... QUARTA-FEIRA, 20 DE ABRIL • LER 1 S. PEDRO 2:2-10 N um mundo que pronuncia tantos de nós “não suficientemente bons”, o que significaria acreditar que somos de facto escolhidos, somos os apreciados e os amados? Na classe dos novos membros falamos do baptismo: este momento sagrado quando recebemos um nome pela graça de Deus com tal poder que não mais será desfeito. Fayette estava lá—uma mulher que vivia na rua, debatendo-se com uma doença mental e lúpus. Adorava a parte sobre o baptismo e costumava perguntar “E quando for baptizada, eu sou...?” Cedo aprendemos a responder: “Criança amada, apreciada de Deus, e maravilhosa para observar.” “Ah, sim!” diria ela, e então poderíamos voltar à nossa discussão. O grande dia chegou. Fayette baixou-se, ergueu-se cuspindo e gritou: “E agora eu sou...?” E a única coisa que dissemos foi: “Criança amada, apreciada de Deus, e maravilhosa para observar.” “Oh, sim!” gritava e dançava ao mesmo tempo em volta de todo o recinto. Dois meses mais tarde, recebi uma chamada. Fayette fora espancada e violada e estava no hospital. E eu fui vê-la. Podia observá-la à distância, cambaleando para trás e para a frente. Quando cheguei à porta, escutei: “Eu sou amada...” Virou-se, viu-me e disse: “Eu sou uma criança amada, apreciada de Deus, e ...” Olhando-se no espelho cabelo apanhado para cima, sangue e lágrimas a correrem-lhe pelo rosto, vestido despedaçado, suja e com os botões apertados tortos, recomeçou: “Eu sou uma criança amada, apreciada de Deus, e...” Voltou a olhar-se para o espelho e declarou: “... Deus continua a trabalhar em mim. Se voltares amanhã, estarei tão bela que vais ficar sem respiração!” Senhor, baptizai-me nas águas da vossa Graça para que eu sempre recorde quem sou e Aquele a quem eu pertenço. Ámen. —JANET WOLF 30 60 Dias de Oração Dons do discipulado QUINTA-FEIRA, 21 DE ABRIL • LER OSEÍAS 11:1-11 D izendo que Deus sofre, Oseías coloca diante de nós um espantoso conceito. O Deus Invencível sente a dor. O Deus Criador, Autor do Universo, sente a agonia da recusa humana em retribuir amor, o amor que ajuda e sara a criança. Deus sofre, em último caso, porque a criança de Deus sofre e atrai mais sofrimento. A criança atrai sofrimento ao perseguir deuses insignificantes que seduzem mas magoam. A ganância, como visto nos atos desleais corporativos que levaram ao colapso económico de 2008, é um desses deuses. Outro é a justiça parcial, como vista na atual prática de castigar financeiramente quase que exclusivamente os mais desprotegidos. A relutância individual de perdoar serve como outro deus insignificantemente que apela ao juízo de Deus. Todo o ato de luxúria, servindo deuses que abusam dos outros enquanto servem os próprios interesses, faz uma reivindicação de Deus. Que reivindicação? Estes comportamentos adoradores de ídolos reclamam o dom da ira de Deus. A raiva de Deus serve de muito mais do que uma resposta invejosa de um pai desdenhado. Raiva expressa contra maus-tratos eleva a dignidade dos oprimidos e serve de aviso de que a vitimização não pode e não será tolerada em silêncio. A fúria de Deus requer um resposta defensiva para a dor, uma resposta que pare a falta de caridade. Deus anseia pelo vosso amor, para que nos reconciliemos com Deus amando-nos uns aos outros. Oseías lembra-nos que o coração de Deus se parte sempre que não amamos e que Deus dotará essa nossa incapacidade com uma resposta de raiva. Não é uma ameaça. É uma promessa! Espantosamente, mesmo a prometida fúria, Deus ousa trazer-nos a casa. Maravilhoso amor este um amor pelo qual se deve ser grato, mas que não se deve ter por garantido. Deus do amor, ajudai-nos a amar como pedis e como nos mostraste. Oramos em nome de Jesus. Ámen. —VANCE P. ROSS 60 Dias de Oração 31 Pecados, Pecadores, Sem pecado SEXTA-FEIRA, 22 DE ABRIL • LER S. LUCAS 15:3-10 H á vários meses atrás em oração, preparando-me para tomar a Sagrada Comunhão, tomei consciência dolorosamente de um pecado recente. Não me sentia preparado para desistir desse pecado, e sabia-o. Por isso, rezei: “Oh, Deus, não me sinto digno de tomar a Comunhão esta manhã...” Rápido como um relâmpago ouvi Deus dizendo no meu coração: “Ah? Porque estiveste todas as outras vezes?” Assustei-me. Somos dignos? Nunca. Somos bem-vindos? Sempre. Essa é a maneira como Deus trata connosco. Em termos Wesleyanos, chamamos graça preveniente de Deus. Esta graça leva-nos até Deus mesmo antes de decidirmos começar a jornada. É Deus atraindo-nos, acenando-nos, procurando-nos. Deus não entra normalmente nas nossas vidas como um demolidor, arrasando velhas estruturas com uma explosão espectacular. Talvez isso fosse muito mais fácil—afastarmo-nos de um modo de vida com todos os seus problemas e relações destruídas e começar tudo de novo. Mas com mais frequência, Deus muda-nos o caminho tal como as janelas mudam o ar viciado dentro de uma casa—a pouco e pouco, substituindo o velho por algo novo, mais saudável e mais apelativo. E Deus persiste. Como um pastor com animais obstinados e estúpidos, Deus segue-nos pelas ravinas, salvando-nos para que acabemos por cooperar no processo da salvação. Podemos vangloriar-nos do nosso esforço de resolvermos ser melhores, mas existe antes de mais uma pergunta: O quê (ou quem) nos insatisfez onde nos encontramos? Deus, o nosso fiel amante. E quando desistimos das nossas maneiras auto-destrutivas e optamos por algo de mais saudável, quem é o nosso motivador mais satisfeito? De novo, Deus. Oh, Deus, para Vossa graça que me procurais mesmo quando eu não quero ser encontrado, eu Te agradeço. Ámen. —MARY LOU REDDING 32 60 Dias de Oração Um tempo de cura SÁBADO, 23 DE ABRIL • LER SALMO 30: H á sempre um antes e um depois. O salmista mostra-nos a vida com Deus entre este antes e o depois. Vamos do desespero para a alegria, de nos sentirmos profundamente sós, repudiados e esquecidos para nos sentirmos animados, apoiados e saudáveis. Temos de ter o cuidado para não imaginarmos este antes e o depois da vida, nem acharmos que Deus está a brincar connosco. Nem seria de ajuda para as nossas almas ver a vida como ciclos sem fim de absurdidade movimentando-se continuamente para trás e para a frente entre o sublime e o grotesco. Ambas as maneiras de ver a vida nos tentam permanentemente. O salmista mostra-nos um Deus que caminha connosco em tempo, satisfeito de estar connosco em cada momento da vida. Antes de despertar hoje Deus estava consigo, aguardando começá-lo consigo. Antes de enfrentar as coisas que poderiam desapontá-lo ou magoá-lo ou levá-lo ao desespero, Deus está preparado para o acompanhar durante o dia. Ainda que este dia o leve a cometer erros que desagradam a Deus e magoem o seu próximo, Deus não o abandonará mas sim esperará por si e pelo seu arrependimento e aguardará que regresse ao caminho da fé. Deus é o Deus do agora e novamente, desejando sempre trazer-nos para um depois: depois caímos, depois o desapontamento, depois a mágoa. Esta é a maneira de Deus, afastando-nos sempre dos sinais de morte e levandonos para os sinais da vida. Somos, por isso, corajosos tanto na nossa oração como nas nossas queixas a Deus, sabendo que em qualquer dos momentos vivemos com um Deus que nos sabe escutar. O tempo entre o antes e o depois pode parecer infindável, mas haverá um depois porque Deus é fiel. Senhor, lembrai-me nos meus momentos difíceis de que houve um antes e que estáveis comigo então, e que haverá um depois, porque estais comigo neste exato momento. Ámen. —WILLIE JAMES JENNINGS 60 Dias de Oração 33 Pedra de toque do milagre DOMINGO, 24 DE ABRIL • LER ÊXODO 17:1-7 O ncaixo-me numa imagem e desconcertante: o povo de Deus discutindo com o Senhor. Nas culturas cristãs Eu sei—liberais, conservadores e entre eles—que não discutimos com Deus. Preferimos queixarmo-nos uns dos outros. Nas Escrituras hebraicas, a queixa divina são uma tradição honrada. Sabemos como Jó desafia Deus. Os profetas tentam resistir ao plano divino quando Deus os chama para o culto. Nesta passagem do Êxodo, todo o grupo ergue a sua voz contra a gestão de Deus do precário jejum no deserto. Nós, cristãos modernos, dirigimos relutantemente palavras duras contra Deus ou questionamos a gestão divina. No Antigo Testamento, uma discussão com Deus sugere uma relação real. A raiva assume a comunicação e ligação emocional. Assume a regra fundamental do compromisso: O Juiz ouvirá a lei do ressentimento e responderá e fará responder, se não emendar. Eu próprio tenho algumas queixas para a caixa de correio divina. Porque parecemos estar ligados para lealdades limitadas e tribais em vez de para o amor universal? Qual a razão da má distribuição de riquezas e de desastres e de sofrimento e de sorte (e água) em todo o mundo? Estamos inundados em mistério. Li novamente esta passagem. Fico assombrado de que seja sequer possível uma relação com o Criador do universo. Na provação das necessidades diárias no deserto efervescente, esta verdade é do que os israelitas no final recordavam. A frustração com Deus deu lugar a uma experiência mais fecunda: a misericórdia de Deus. É o que eles aprenderam e recordaram, motivo pelo qual nós o celebramos todavia. Deus Pai, com gratidão chamo Vosso nome. Com convicção admito a minha dependência de Vós. Com esperança peço a Vossa bênção. Ámen. —RAY WADDLE 34 60 Dias de Oração Morada SEGUNDA-FEIRA, 25 DE ABRIL • LER SALMO 84:1-4 S uavidade de pena, calor de peito, viragem de um pequeno corpo de pássaro. Trabalham na lama, nas folhas, nos galhos das árvores e não sem acaso importam para moldar um ninho onde a mãe pousará, para que ovos emerjam, para que crias nasçam. Os progenitores humanos também moldam o espaço onde pousar, tapando-o com cores e texturas de conforto; agregando-o no coração de uma comunidade vigilante e protetora enquanto preparam um lugar de descanso para os jovens que se avizinham. Do mesmo modo, espaços de abrigo e cuidados são moldados para os mais idosos no fim das suas vidas. Em boas circunstâncias, os humanos moldam um ninho aconchegante para os mais frágeis e vulneráveis. É este o verdadeiro lar ou a verdadeira morada? Um lugar moldado em torno dos nossos pedaços e egos mais indefesos e quebráveis (por vezes, mesmo quebrados)? Quando esses pedaços são seguros e consagrados, podemos cantar o nosso contentamento como a andorinha em lugar protegido. Começamos a aprender como proteger as nossas almas em casa, no altar, nas mãos, no amor de Deus. Começamos a desenhar à nossa volta as coisas de Deus. Começamos a habitar, a virarmo-nos, a buscar na e a presença de Deus. À medida que começamos a habitar e a cantar, como lembramos os sem abrigo, os que têm corpo e espírito em perigo—os que necessitam de habitação, apoio comunitário, companhia ou tréguas de uma guerra? Como escavamos, moldamos transformamos lares com lugar suficiente para todos, incluindo os ameaçados pela destruição tão perto da superfície que nos assusta? Por vezes isso significa na verdade afundarmos as nossas mãos na lama e no betão de um projeto de edifício ou afundar os nossos corações em sítios escuros de uma outra história. Talvez esse afundamento, essa viragem e esse habitar dê, lugar a abrigo. Deus, dono dos nossos lares, ensinai-nos a habitar em Vós com total abandono e libertação. Dai-nos o poder de adaptar o espaço conforme soides para todas as crianças e a criação. Ámen. —REGINA M. LAROCHE 60 Dias de Oração 35 Religião interior e exterior TERÇA-FEIRA, 26 DE ABRIL • LER HEBREUS 11:8-16 P arte da religião interior é a nossa visão do futuro de Deus. A fé não é só a “convicção de coisas não vistas”, é também “a substância de coisas esperadas” (11:1, kjv), porque as coisas esperadas são coisas que ainda não foram vistas. O autor da epístola dos Hebreus continua, ilustrando este ponto no resto do capítulo 11, dando exemplos daqueles que viviam na esperança das coisas não vistas que Deus prometera. Abraão e Sara vêm primeiro: Abraão partiu para um lugar que nunca vira; Sara concebeu um filho apesar da sua idade, outro acontecimento “não visto” de antemão. Por um lado, os nossos corpos e cérebro reagem contra esta ideia: A sinapse desenvolve-se no nosso cérebro de tal maneira que os velhos hábitos e as velhas maneiras de pensar se tornam familiares e confortáveis, e achamos difícil penar além das coisas a que estamos acostumados ver. Por outro lado, os humanos deleitam-se a quebrar estereótipos e convenções. Parte da função das artes visuais é desafiar as maneiras habituais de pensar, criar-nos abertura para novas ligações e pensamentos e possibilidades. As artes visuais ajudam-nos a “ver”—não apenas o que é meramente imaginário, mas o que ainda “não foi visto”. Parte da disciplina regular da vida espiritual deve, por isso, ser visualizar novos futuros que Deus tem a intenção para nós. Não estamos indefinidamente entalados num ciclo: Deus já vai na frente com novas esperanças e sonhos e ideias. O desafio da fé é permitirmo-nos (regularmente!) a admiração dos surpreendentes planos de Deus e viver de acordo com essa fé. Dai-nos a graça, meu Deus, de ter novos pensamentos, sonhar novos sonhos, esperar novas esperanças—mesmo que tenhais pensado e sonhado e esperado por nós. E dai-nos a graça de podermos viver conforme a vossa surpreendente visão. Ámen. —TED CAMPBELL 36 60 Dias de Oração Onde o Espírito trabalha QUARTA-FEIRA, 27 DE ABRIL • LER S. JOÃO 7:37-39 N um tempo em que a falta de acesso a água potável afligia tanta gente, a imagem de rios correndo é não só potente como comovente. A sede é uma das privações mais duras de suportar—aquela forma física a que o Deus sofredor invocou nas suas últimas horas na cruz. Levar água para os campos secos ou água potável a alguém a morrer de cólera representa um ministério poderoso. Jesus promete rios de água viva no deserto, onde quem O escuta sabe o que significa. Jesus está a referir-se ao efeito do Espírito Santo nas visas e no ministério daqueles que o escutam—e a nós. Não só o Espírito matará a nossa sede como nos dará acesso ilimitado à fonte que sustém as nossas vidas; mas quando o Espírito for “extravasado” sobre nós, transformar-nos-emos em condutas de água viva para os outros. O Espírito dar-nos-á os poderes e autorizar-nos-á a carregar os próprios dons de Deus. É esta a ordenação de todos os crentes sobre a qual Lutero insistiu: Os nossos próprios corações, transformados pela ação do Espírito serão como poços artesianos onde a água de uma fonte profunda é constantemente reabastecida. Fluir é um verbo digno de parar e analisar, reflectindo sobre esta passagem e na vida no Espírito. O que flui de nós vem quase apesar de nós mesmos. Nós simplesmente abrimos caminho e a água encontra o seu curso pelos montes e vales e pelos lugares rochosos das nossas vidas em direcção a espaços abertos onde outros a podem alcançar. O Espírito que vem como vento e chama e a Palavra também vem como água que encontra o seu caminho através de qualquer terreno, persistente e pacientemente para desgastar a resistência do granito e fazer túneis em qualquer parede. Deus misericordioso, deixai Vossa água fluir através de nós, agentes da Vossa graça e portadores dos Vossos bons dons. Ámen. —MARILYN CHANDLER MCENTYRE 60 Dias de Oração 37 Onde o Céu e a Terra se encontram QUINTA-FEIRA, 28 DE ABRIL • LER S. LUCAS 2:22-40 N o seu livro ‘Anam Cara: A Book of Celtic Wisdom’, John O’Donohue partilha uma ideia para um conto que esperava escrever: a noção de que no decurso de toda a nossa vida, encontraríamos apenas uma outra pessoa. Essa ideia implica questões prementes. Se pudéssemos encontrar apenas uma pessoa, como nos prepararíamos? Que práticas assumiríamos a fim de nos prepararmos para esse encontro? Na leitura de hoje, encontramos duas pessoas que dedicaram as suas vidas a este tipo de preparação. Simeão e Ana orientaram toda a sua vida no sentido de aguardar, prepararem-se para Aquele que sabiam chegaria. Quando Maria e José trazem o Menino Jesus para Jerusalém para o apresentarem no Templo, Simão e Ana estão lá: Simeão, levado pelo Espírito Santo “que repousava nele”; Ana, que passou a maior parte da sua vida vivendo no Templo um lugar sagrado em si mesmo. Praticando há muito a arte de esperar, Ana e Simeão estão tão preparados que quando vêm a criança trazida por Maria e José, cada um deles reconhece Jesus, o Messias. Os seus anos de antecipação haviam terminado. A espera dá lugar a saudação, quando o saúdam com bênçãos e com alegria. Cristo chama-nos para este tipo de antecipação. Como nos preparamos para que, como Ana e Simeão, possamos reconhecer Cristo quando ele aparece nas pessoas que cruzam o nosso caminho? Como nos preparamos para O acolher em todos os caminhos onde aparecerá? Que os vossos olhos se abram para ver o rosto de Deus; os vossos ouvidos para escutar a voz de Cristo; o vosso coração para acolher Cristo; as vossas mãos para abençoar Cristo em todas as pessoas que encontrardes. —JAN L. RICHARDSON 38 60 Dias de Oração Caminhai sobre as águas SEXTA-FEIRA, 29 DE ABRIL • LER S. MATEUS 14:28-33 P resposta de Pedro, impulsiva mas totalmente honesta, à aparição de Jesus no meio da tempestade é tão coerente com tudo o que conhecemos dele. “Deixai que caminhe sobre as águas como Vós fizestes, e deixai-me ir até Vós.” (ap). A sua resposta inicial é entusiasticamente cheia de confiança. Os seus olhos estavam exclusivamente em Jesus. E então Pedro nota a realidade da situação que enraivece em seu redor, e o seu coração é apanhado pela mão fria do medo. Em vez de olhar para aquele que o veio salvar, Pedro sente-se oprimido pelo pensamento do que poderá estar a acontecer-lhe. Desaparecem o arrojo e a confiança e instalam-se o medo e a dúvida. Apenas os joelhos fortes de Jesus o separam do caos e da morte. Você e eu estivemos muitas vezes neste lago. Se porventura não estivemos ainda, a vida levar-nos-á até ele inevitavelmente. Por vezes, é apenas no meio dos extremos que surgem na nossa vida que conseguimos compreender o carinho que Deus tem por nós. Mas essas alturas—a morte de um ente-querido, o sofrimento de uma criança, a dor moral de assistir a uma injustiça e a opressão sem castigo, a fileira interminável das nossas promessas que afinal não cumprimos—são muito fortes e muito reais. Nós, como Pedro, afastamos os olhos da salvação de Deus e afundamos como pedras. A única coisa que Deus quer de nós é libertar-nos das nossas próprias preocupações e deixar sair os inimigos em nós. Aquele que estava presente na criação do vento e das ondas e que conhece os nossos medos e as nossas dúvidas continua a governar sobre o mar e a trazer a Sua graça. Por isso, quando deixamos que Deus chegue até nós e nos deixamos ir ao Seu encontro, os ventos acalmam e conhecê-mo-Lo por quem Ele é—Deus— e que está connosco. Perdoai-nos, Senhor, as nossas dúvidas, pequenas ou vastas. Quando na noite ameaçam tempestades, conservai os nossos olhos apenas postos em vós. Ámen. —DON E. SALIERS 60 Dias de Oração 39 Negócio arriscado SÁBADO, 30 DE ABRIL • LER RUTE 4:13-17 D eus assume o risco nas situações mais improváveis, suspendendo toda a história humana em duas viúvas sem abrigo— Uma, velha e passada da idade de ter filhos, a outra uma estranha. Deus move-se nas nossas vidas sem ser visto, a sua presença sem ser escutada, chamando-nos a assumir todos os risco tal como Deus assume todos os riscos. O risco que as mulheres assumem compensa; asseguram o seu futuro quando Boaz contrai matrimónio com Rute. Boaz também assume um risco. Une-se a uma mulher que já foi casada, que não é do seu país nem criada na sua fé. As pessoas da história—Noemi, Rute e Boaz—aventuram-se numa relação arriscada, mas o nascimento de um filho parece confirmar a sabedoria de aproveitar uma oportunidade. Como as mulheres da aldeia sabem, Obed é um sinal da bênção de Deus, alguém que restaurará a vida de Naomi, conservá-la-á na sua idade avançada e afirmará o precioso valor de uma nora. Sabemos que este bebé, nascido de uma união improvável, é a união entre outro bebé, um que viria da união mais improvável de todas, a de Deus com a humanidade. Através de Obed, Deus constrói a casa de David, suficientemente grande para incluir a proscrita, a estranha, a pecadora, a vítima, a do coração despedaçado: “E Salomão [era] pai de Boaz por Rahab, e Boaz pai de Obed por Rute, e Obed pai de Jessé, e Jessé pai do Rei David” (Mat. 1:5-6). É arriscado confiar a salvação do mundo a destituídos ou a indefesos. É arriscado deixar tudo nas mãos de mulheres e crianças. Mas foi isso exatamente que Deus fez. Reflicta onde Deus está a assumir risco na sua vida. Como responderá? —MARTHA HIGHSTREET 40 60 Dias de Oração Chamamento, Promessa, Resposta DOMINGO, 1 DE MAIO • LER ÊXODO 3:16-18 A qui, o Êxodo regista o chamamento de Deus e a promessa a Moisés e aos líderes de Israel, o chamamento para deixar o Egipto e a promessa de liderar Israel para uma terra melhor, à maneira de Deus. O chamamento advém do amor da compaixão de Deus. A Divina Providência de Deus sempre nos moverá, seja por incitamentos internos ou acontecimentos externos, para mudar, para crescer. “Decidi que os tirarei do Egipto” (Gnt). O Egipto foi nessa altura a salvação dos hebreus, quando o povo de Deus foi chamado para o Egipto para ser salvo da fome sob o comando de José. Mas agora, porque os hebreus tinham aumentado em número e se haviam tornado numa ameaça para o Egipto, viviam oprimidos. Era tempo de abandonar a situação que outrora salvara as suas vidas. Por isso Deus os chamou para uma nova vida, para uma nova terra “onde correm o leite e o mel” (Êxodo 3:8). Como Israel, a igreja e cada um de nós somos parte de um povo errante e peregrino. Deus chama-nos para uma fase da vida; quando nesta amadurecemos, Deus chama-nos para a seguinte. Para continuar, podemos ter que deixar para trás aquilo que em tempos foi a nossa salvação. Será que a recusa em mudar e em crescer indicam resistência ao chamamento de Deus. ao amor e preocupação de Deus por nós? Deus chama-nos continuamente para uma nova vida e a libertação, interior e exterior: “Onde estiver o Espírito do Senhor, há liberdade” (2 Cor. 3:17). Para onde me chama Deus agora? Para onde o chama Deus agora? Onde está a promessa de nova vida? Que antigos hábitos, antigos modos, antigas relações, antigos vícios nos mantêm cativos? Que devemos fazer para ficarmos livres deles, para passarmos a uma nova vida? Espírito Santo, orientai-me. Esclarecei a minha mente e reforçai o meu coração para que eu possa ver para onde me chamais agora para ter a coragem de responder. Ámen. —THEODORE TRACY 60 Dias de Oração 41 A relação certa com Deus SEGUNDA-FEIRA, 2 DE MAIO • LER SALMO 1:1-4 N ão estaremos em paz até que nos encontremos enraizados numa relação verdadeira com Deus, uma relação orgânica e como dádiva de vida. Até alcançarmos esse sítio, podemos sentirmo-nos inquietos, tensos e insatisfeitos na jornada da nossa alma. O salmo 1 descreve a relação correcta com o Criador, qual árvore plantada junto a um regato. As raízes procuram natural e fortemente a água. Terra fértil e bem regada produz plantas e árvores fortes e saudáveis. Quando vemos as nossas vidas, vemo-nos por vezes numa penosa batalha e achamos o nosso caminho difícil. Sentimo-nos desenraizados e vulneráveis. As nossas vidas não são refrescadas e murcham. Israel encontra-se numa situação semelhante. Deus fez uma aliança com Israel. Israel tenta permanecer em relação sagrada com o Deus Criador e os Seus profetas não desejam a alienação nem a separação de Deus. Apesar de o povo de Israel se afastar da sua relação original, acredita que a graça redentora de Deus estará disponível como poder restaurador. “Felizes são aqueles que não seguem o conselho dos perversos, nem tomam o caminho dos pecadores, nem se sentam no lugar dos escarnecedores; mas a sua satisfação está na lei do Senhor e na Sua lei meditam dia e noite.” Abençoado é aquele que medita na lei do Senhor e procura fielmente a relação certa com Deus. Abençoado é aquele que deseja uma relação verdadeira com Deus. Na jornada da nossa vida, podemos, como árvores plantadas junto a regatos, afundar as nossas raízes bem fundo na água viva. Podemos então gradualmente ganhar raízes no Espírito de Deus e dar fruto numa mente de paz. Deus Criador, abençoai-nos nesta Vossa terra e em tudo o que dela faz parte. Desejamos dar o fruto na Vossa graciosidade e abundância. Ámen. —HEE-SOO JUNG 42 60 Dias de Oração Discernir o chamamento do discipulado TERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO • LER ÊXODO 33:18-23 O envolvimento precede interesse. Antes que um interesse profundo e genuíno possa ser gerado, devemos arrisca pelo menos o mínimo de envolvimento. Esperar estar na disposição antes de dar os primeiros passos críticos em direcção ao discipulado pode significar uma vida inteira de tédio e oportunidades desperdiçadas. O primeiro filho inicialmente diz não ao chamamento do discipulado. A disposição não lhe bate à porta. Está desinteressado. Mais tarde, arrepende-se. Talvez a disposição não lhe bata ainda à porta, mas sente que não o deve fazer, quer goste ou não. Envolve-se e o interesse aparece mais tarde. Os seus sentimentos e disposições seguem as suas acções. John Wesley escreveu que ia “relutantemente” a uma reunião em Aldersgate Street. Não deixou que a sua disposição e os seus sentimentos ditassem as suas acções. Agiu à sua maneira e impôs-se ao sentimento. Respondeu ao momento concreto e as suas emoções vieram depois. Quantas vezes nos afastamos de oportunidades de discipulado porque não sentimos vontade de nos envolvermos? Quantas vezes dissemos relutantemente sim apenas para descobrir mais tarde como essa actividade era importante para nós? Deus todo poderoso e gracioso ajudai-nos a seguir-Vos fielmente e não apenas quando estamos na disposição ou quando o momento nos bate à porta, e sim todas as vezes. Ámen. —THOMAS R. HAWKINS 60 Dias de Oração 43 Escolhe a vida incondicionalmente QUARTA-FEIRA, 4 MAIO • LER S. MATEUS 5:17-20 O umprir a lei e os profetas é escolher a vida incondicionalmente; envolve tanto fazer como ensinar. Qualquer pessoa que tenha ensinado outros reconhece que aprendemos muito mais quando ensinamos alguém do que jamais teríamos pensado. Até que ponto seria isso verdadeiro ao fazer e ao ensinar os comandos certos na lei e nos profetas? Mas Jesus requer algo mais daqueles que seriam “chamados formidáveis no reino dos céus.” Ele dirige os seus seguidores para a retidão e a justiça que excede aquela dos escribas e dos Fariseus. Ele move-nos de volta aos mandamentos legais e sua interpretação para as intenções fundamentais de Deus para a humanidade. A retidão e a justiça para que Deus nos chama assenta na vontade divina do amor e da justiça para todos. O que significa esta nova afirmação de uma experiência muito antiga para as nossas vidas? Não significa necessariamente fazer mais, mas estar mais em contacto com a vontade de Deus. Significa reflectir nos nossos próprios pecados antes de falar e de fazer juízos, de magoar o outro nem que seja com palavras. Significa reforçar, não diminuir, a comunidade do povo de Deus. Significa escolher a vida através de uma série de pequenas mortes de egoísmo. A rectidão e a justiça fundamentais não resulta em conformidade com uma norma, mas em continuar o compromisso para uma relação de aliança com Deus e com os companheiros humanos na jornada. É para assumirmos para nós mesmos a dor e a alegria, os fardos e as bênçãos dos mandamentos para amar a Deus e ao próximo. Mostrai-me, Senhor, o que é necessário para seguir o caminho de Jesus. Ajudai-me a viver esse caminho de amor hoje. Ámen. —BARBARA B. TROXELL 44 60 Dias de Oração Mensageiros de Deus QUINTA-FEIRA, 5 DE MAIO • LER S. LUCAS 1:67-75 Z acarias já não é mudo. O seu época de silêncio forçado deu-lhe tempo para intensificação espiritual no qual ele se consciencializou da actividade de Deus no seu seio. “Cheio do Espírito Santo”, fala alto uma profecia acerca de seu filho, João. A profecia começa proclamando Deus como a fonte de tudo o que tornou o momento presente de alegria possível e que garante o futuro das pessoas com o “conhecimento da salvação.” Zacarias recorda os actos divinos de Deus: Deus redimiu as pessoas, fez nascer um poderoso salvador, falou através dos profetas sagrados, salvou as pessoas dos seus inimigos e de qualquer mal. Recordar o passado é um acto espiritual que estabelece o significado da actual relação com Deus. Recordar o passado adianta a base da futura esperança. Zacarias, qual mensageiro de Deus, é um viajante no tempo. Para guiar a reassegurar a sua geração, entra no passado através das recordações e no futuro através da previsão profética. Ao ouvir a sua mensagem, viajamos na história sagrada e viajamos em direcção ao futuro que nos é destinado. Neste futuro, servimos Deus livremente, sem intimidação nem opressão— um futuro no qual somos totalmente capazes de viver “em santidade e em retidão e justiça.” Como nos podemos preparar para discernir e abraçar este futuro? Talvez escutar de forma contemplativa os mensageiros de Deus numa época pessoal de silêncio aprofunde a sua visão espiritual e oriente os seus pés “no caminho da paz.” Meus Deus, sabeis o anseio dos nossos corações para experimentar o presente e o futuro que tendes para nós. Assim possamos discernir as Vossas mensagens e repousar na Vossa companhia. Ámen. —LUTHER E. SMITH JR. O Conselho dos Bispos inicia a assembleia hoje antes da Conferência Geral de 2016. Os membros do conselho deverão estar em oração para que o seu trabalho seja feito eficiente e compassivamente. 60 Dias de Oração 45 A jornada do discípulo SEXTA-FEIRA, 6 DE MAIO • LER S. LUCAS 10:1-11 O s setenta discípulos devem ter-se sentido formidáveis Sem avisar, parece, Jesus enviou-os para o mundo para começarem o seu ministé- rio. De alguma maneira, era isso que os discípulos desejavam. Com certeza que alguns deles tinham estado a pensar “Quero ser como Jesus. Quero fazer as coisas que ele anda a fazer.” Mas uma coisa é pensar assim e outra muito diferente é fazer. Agora chegou a altura de fazer. Já não se podem sentar em segundo plano, a observar Jesus a ensinar e a fazer trabalhos de poder. É a vez deles de dar um passo em frente. Como se isso não fosse pressão suficiente, Jesus ainda junta mais qualquer coisa: Não levem nada. Teríamos tido muita dificuldade em seguir Jesus nos nossos dias. Nas nossas vidas diárias, a nossa centralização em horários, planos e posses materiais deixa pouco espaço para ouvir como Deus quer usar-nos nesse dia. Ou para viagens de missão, enviamos equipas de reconhecimento para estudar a missão e as necessidades que envolve. Depois planeamentos durante meses, acumulamos mantimentos que colmatarão qualquer necessidade de que a nossa equipa de missão possa necessitar. Ainda que necessário para muitos esforços de missão, imaginem a possibilidade de empreender a missão seguindo a direcção de Jesus: Não levem nada. Não levem nada. Estas palavras convidam-nos para o momento, para repousar nos braços de Jesus que fornece as nossas necessidades. Não levem nada. Recorda-nos que o nosso poder não vem do que possuímos ou do que planeamos, mas sim da nossa fé e confiança no Filho de Deus que tem todo o poder nas Suas mãos. Senhor do amor e da luz, livrai-nos das armadilhas das posses materiais e da dependências dos nossos esforços que não nos deixam apoiar na vossa abundante graça e poder. Ajudai-nos a amar e a confiar em Vós plenamente e a levar o amor pelo mundo. Ámen. —CHANEQUA WALKER-BARNES 46 60 Dias de Oração Quando Deus vem a nós! SÁBADO, 7 DE MAIO • LER ISAÍAS 6:1-8 N a leitura de hoje focamo-nos no chamamento de Deus a Isaías: “Então ouvi a voz do Senhor dizendo: ‘Quem enviarei, e quem irá por nós?’” As palavras não parecem ter sido ditas a Isaías, mas Isaías pode ouvi-las. Porque o carvão em brasa cauterizou os seus lábios impuros, apagando o seu pecado e dissipando a sua culpa, Isaías pode ouvir a voz de Deus! Mais ainda, responde: “Aqui estou; enviai-me a mim!” Conhecemos o resto da história dos versos que se seguem: Deus chama Isaías e ordena-he que diga às pessoas da Judeia da destruição que se aproxima. Isaías deve proferir uma mensagem a que elas não atenderão até que a terra fique “completamente desolada” (6:11). Quando Deus vem até nós, Deus chama-nos para ir para o mundo. Tememos o carvão cauterizante e a árdua tarefa. Sentimo-nos queimados; recuamos. Mal podemos sobreviver. Como podemos dizer a Deus: “Aqui estou; enviai-me a mim?” Podemos responder afirmativamente ao pedido de Deus porque na limpeza de Deus, Deus limpa e afasta o nosso medo, a nossa resistência, a nossa incapacidade; só temos a tarefa e as suas próprias dificuldades—e temos a energia de Deus para a tarefa. Quando sentimos em nós Deus, Deus impulsiona-nos para as tarefas árduas; alimentando quem tem fome, confortando quem está doente, visitando presos, combatendo a opressão, pregando a palavra. “Eis-me aqui; enviai-me a mim.” Certamente valerá a pena libertar-nos para Deus e passar pelo meio do fogo que apaga o nosso pecado para que possamos ouvir a voz do Senhor e responder claramente a Deus. Deus deixa que respondamos: “Aqui estou; enviai-me a mim.” Ser capaz de responder e agir é só por si um dom de Deus e que nos traz paz. Deus Redentor, queremos ver-te, ouvir a Vossa voz. Aceitamos as grandes necessidades do mundo. Pela Vossa graça responderemos: “Aqui estou; enviaime a mim.” Ámen. —N. SUE VAN SANT PALMER 60 Dias de Oração 47 O corpo de Cristo DOMINGO, 8 MAIO • LER S. MATEUS 10:40-42 O s discípulos levam pouco consigo, para confiarem literalmente na bondade dos outros para a sua sobrevivência. Não podem ser esquisitos com a comido ou alojamento; aceitarão o que lhes for oferecido seja de quem for que lhes ofereça. Não gostamos de confiar nos outros. Em especial culturas e famílias que celebram a auto-suficiência, receber hospitalidade pode ser mais difícil do que oferecê-la. Ceder da nossa abundância àqueles que menos têm faz-nos sentir bem. Ser aqueles que necessitam, sobretudo quando podemos oferecer nada em troca é um desafio aos nossos corações cheios de orgulho e independentes. Quando Jesus ordena aos seus discípulos a missão, faz-lhes uma promessa assombrosa: “Quem quer que vos acolha, acolhe-me a mim e quem quer que me acolha, acolhe um enviado por mim.” Como que para diminuir a ansiedade em confiar noutros, Ele promete que eles serão a presença de Deus em Cristo junto daqueles que os recebam. Durante um ano após a faculdade, vivi e ensinei noutro país. Desde o momento em que cheguei, os meus alunos e as suas famílias surpreenderam-me com hospitalidade. Eu não tinha absolutamente nada para oferecer excepto a minha presença e a minha gratidão, mas acabei por entender que talvez isso bastasse. Esta lição final não só é difícil como jubilosa. Embora muitas vezes nos sintamos mais confortáveis a oferecer hospitalidade, a nossa predisposição para receber graciosamente é um dom. Como estranhos humildes, podemos vir a ser a presença de Cristo para quem nos acolhe. Oferecemos a oportunidade de ser uma bênção e sermos abençoados. Quando as nossas comunidades aprendem a dar e a receber, nesse momento transformamo-nos no corpo de Cristo. Deus Gracioso, obrigado pelas maneiras com que nos abençoaste através dos outros. Que saibamos receber o que os outros têm para nos dar para que nos tornemos na presença de Cristo no seu seio. Ámen. —BETH LUDLUM 48 60 Dias de Oração Tempo de bênção SEGUNDA-FEIRA, 9 DE MAIO • LER 1 CORÍNTIOS 1:3 C omo pastor, sempre me senti extraordinariamente privilegiado de poder abençoar, ou dar a bênção, às pessoas de Deus. Nesse momento sei que estou a participar num ritual tão antigo como a fé cristã, palavras que, de uma forma ou de outra, têm feito parte do culto cristão desde o berço da igreja. Há muito, muito tempo, decidi partilhar esse privilégio: Encorajei os membros da minha congregação a dar a bênção em conjunto. De mãos dadas com as nossas gentes, olhando-nos nos olhos, e proferindo as palavras veemente entre nós, o tempo da bênção tornou-se num momento espiritual forte. É assim que uma comunidade deve ser. A bênção torna-se a nossa oração entre uns e outros, uma altura em que nos desejamos mutuamente o mais precioso dom da vida—o dom de Deus. Corremos sempre o risco de a nossa fé se tornar simplesmente noutro curso de auto valorização ou num sistema de crença ou uma maneira de transformar o mundo num lugar melhor. Tudo isto pode fazer parte da fé; mas no seu coração, a fé é receber a Deus. Jesus veio oferecer-nos uma relação com o Deus vivo que chega até nós como Pai/Criador, como Filho/Salvador/Senhor e como Espírito Santo/Encorajador. Os dons da graça e da paz sobre os quais S. Paulo fala advêm da sua relação nas nossas vidas, tornando-nos diferentes. O mundo tem as suas próprias saudações. As pessoas dizem: “Tenha um bom dia.”—um desejo amável. Os cristãos dizem: “Que a graça e a paz de Deus esteja contigo.”—um dom da salvação. Oferecemos este dom supernatural e transcendental uns aos outros na bênção. Nenhum de nos pode dar a graça e a paz que oferecemos senão Deus. Nenhum de nós pode meditar sobre isso senão Jesus. Nenhum de nós pode sustê-lo senão o Espírito Santo. Empreguem a bênção de S. Paulo como vosso dom para todos os que encontrarem hoje. —PETER J. STOREY 60 Dias de Oração 49 Como nós também fomos TERÇA-FEIRA, 10 DE MAIO • LER S. MATEUS 28:16-20 C omo presidente do Conselho dos Bispos, dou as boas-vindas aos leitores de The Upper Room 60 Dias de Oração para a Conferência Geral de 2016. As vossas orações e apoio espiritual são essenciais para todos nós, aqui reunidos em Portland, Oregon. Juntos podemos relembrar o que os homens e mulheres cristãos, jovens e idosos, em todo o globo têm feito para levar o evangelho de Jesus Cristo até nós. Porque foram em obediência ao comando de Jesus de ir—fazendo discípulos, baptizando e ensinando-os a obedecer a tudo quanto Jesus ensinou com o Verbo e o Acto, aqui estamos hoje. Porque os seguidores fieis de Jesus foram “para o mundo”, reunimo-nos aqui vindos de todo o mundo. Reunimo-nos como uma comunidade global de crentes por causa da sua fidelidade. O nosso Deus é um Deus missionário que busca e salva aqueles que estão perdidos. O Metodista Unido começou a sua missão com John e Charles Wesley para a América do Norte. Somos um povo missionário. Vamos em resposta fiel ao comando do nosso Senhor para “ide e fazei discípulos.” Somos alimentados à mesa de nosso Senhor. Na nossa tradição Wesleyana, esta é uma mesa aberta. Todos somos bem-vindos: jovens e velhos, do oriente e do ocidente, do norte e do sul, dos mais inferiores aos mais estimados. Em Cristo somos um único povo, um único corpo, uma única igreja. Partilhamos uma esperança, uma fé, um baptismo, um Deus, uma missão. Comprometemo-nos profundamente na missão do nosso Senhor. Não podemos falhar e não podemos parar. Porquê? Porque nosso Senhor nos garante: “Estarei convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” Senhor Jesus Cristo, liderai-nos, alimentai-nos, enviai-nos—aos povos de todas as nações e em todos os lugares. Ámen. —WARNER BROWN 50 60 Dias de Oração Ide e anunciai QUARTA-FEIRA, 11 DE MAIO • LER S. MATEUS 11:2-6 E a nossa era de meios de imprensa sensacionalistas sinto muitas vezes que questões que podiam ajudar o público a participar no discurso civil e tomar decisões mais sábias são, pelo contrário, destinadas a embaraçar ou a aprisionar. Jesus não estava imune a esta tática—especialmente dos líderes religiosos que tão despera- damente queriam expô-Lo como uma fraude. E, contudo, questões podem gerar novos pensamentos e novas perceções. Uma pergunta honesta que procure influenciar ou explicar as camadas do conhecimento e da complexidade é sempre bem-vinda. Por isso, a questão do texto de hoje colocada a Jesus pelos discípulos de S. João Baptista é uma questão que permite a Jesus iluminar, aprofundar o conhecimento e inspirar a fé: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar por algum outro?” Jesus responde citando as suas acções em nome dos cegos, dos aleijados, dos surdos, dos leprosos, dos pobres e até dos mortos. A Sua resposta é misericordiosa mas firme. Se S. João e os seus discípulos não tiverem a certeza de quem é Jesus, ficam a sabê-lo agora. Jesus é, na realidade, aquele que haveria de vir. Mas porque Jesus veio de uma maneira diferente, agindo mais como um servo do que como um Messias, as pessoas não sabiam ao certo. Jesus mostrou-lhes e mostra-nos uma visão do Deus que trabalha entre os perdidos, os últimos e os mais desprotegidos. Não ousamos questionar S. João enviando-lhe a sua questão esclarecedora. Lembrai-vos que Jesus disse a João: “Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista.” A verdadeira questão agora é: De que maneiras anunciamos ao mundo que Jesus é Aquele que veio através da nossa compaixão para “os que são menos”? Querido Jesus, Vós sois o caminho, a verdade e a vida. Ajudai-nos a conhecer-Vos e a ver a coisa nova que estais fazendo. Ámen. —GREGORY V. PALMER 60 Dias de Oração 51 Caminhando sob a autoridade QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO • LER S. MATEUS 8:5-13 E stou sentado na cadeira da dentista; vai fazer-me um tratamento endodôntico. Levei anestesia e a dentista começa a trabalhar. Sei que é uma profissional qualificada que sabe como executar o procedimento, mas de súbito fico em pânico. E se a anestesia não funcionar? E se a médica dentista tocar um nervo e me mandar pelos ares? É quando eu compreendo como é difícil perder o controlo. A doença grave de um servo amado levou um centurião romano a ir ao lugar onde termina o controlo e começa a fé. O centurião sabia como usar o poder da autoridade, o poder do medo, o poder da violência e o poder da morte. Ele sabia que os seus soldados obedeceriam a cada comando seu. Mas quando se trata da doença do seu servo fiel, o seu poder não tem poder. É então que se vira para Jesus. O centurião decide humilhar-se e submeter-se a uma autoridade maior, admitindo a sua indignidade para perguntar a Jesus seja o que for. Jesus surpreendentemente eleva a fé submissa e humilde do centurião. E chama-lhe: a fé mais forte a que assisti até hoje. Nestes primeiros dias da Conferência Geral, esta passagem serve de maravilhosa lembrança de deixar todos os desejos de poder e de controlo e, em vez disso, receber outro tipo de autoridade de Cristo baseada na oração, humildade e perdão. Se desejarmos seguir Cristo e caminhar sob a sua autoridade, pomos de lado o controlo e submetemo-nos a Ele, confiando que Ele sabe o que está a fazer. Senhor, não somos dignos de Vos receber debaixo do nosso telhado; mas falai-nos apenas a Palavra e ficaremos curados. Ámen. —CHRISTIAN ALSTED 52 60 Dias de Oração À medida que avançais, aprendei SEXTA-FEIRA, 13 DE MAIO • LER S. MATEUS 9:9-13 C onforme andamos, vamos sendo chamados a aprender o caminho da misericórdia de Deus. Como aprendemos a ser misericordiosos? David Brooks, no seu livro intitulado “Call to Character”, diz que as tristezas e o sofrimento é que nos tornam misericordiosos ou piedosos. Aprendemos o que é piedade pela experiência dos nossos próprios desgostos? Ou tornamonos em vítimas amargas? Aprender o que é piedade implica que emergimos dos nossos desgostos não como vítimas, mas como pessoas que se preocupam em trabalhar para que os outros não passem pelo mesmo sentimento. Piedade arrasta consigo frequentemente um elemento de justiça. Porque me devo preocupar que “todos” significa “todos” na nossa igreja? Porque sei como é ser rejeitado pela igreja que amo. Enquanto a denominação da minha igreja “casa” moldou profundamente quem eu sou e a minha fé, quando Deus me chamou para o ministério, essa mesma igreja rejeitou o meu chamamento! Agora “renasci” Metodista Unido no sentido de que quero que todos sejam recebidos e aceitas por uma igreja que professa a graça para com todos. Um número incontável de pessoas sentem a rejeição, o abandono, a recusa, e são tornados suspeitos nas nossas igrejas e comunidades devido à sua graça, à sua cor, à sua incapacidade, à sua orientação sexual, às suas diferenças económicas ou de classe—todos os aspectos de ser sobre os quais essas pessoas pouco ou nenhum controle possuem. Talvez tenham sido sempre bem recebidos, escutados, avisados e encorajados. Se assim é, aprender o que é piedade pode ser algo de difícil. Mas muito provavelmente, também já terão tido experiências dolorosas na vida que vos infligiu sofrimento e tristeza. Qual é o vosso ponto de rutura e como é que ele vos motiva a ter a certeza de que não tratais os outros como os justos trataram Mateus nos dias de Jesus? Ensinai-nos a aprender o que é ser piedoso, Senhor, e deixai o teste da nossa aprendizagem seguir os caminhos nos quais demonstramos piedade aos Mateuses dos nossos dias. Ámen. —SALLY DYCK 60 Dias de Oração 53 Caminhando com coragem SÁBADO, 14 DE MAIO • LER S. MATEUS 2:1-12 F iéis à sua vocação, os Reis Magos saem de boa vontade da sua zona de conforto e, intrigados pela nova estrela brilhante que observam, partem numa viagem. Levam consigo os melhores presentes de cada uma das suas culturas: ouro, mirra e incenso. Os actos dos Reis Magos forçam Herodes e os seus conselheiros religiosos a investigar as suas próprias escrituras. Os Reis Magos prosseguem na sua busca. Apesar de a estrela os conduzir para um estábulo, não sentem qualquer tipo de desapontamento, porque a criança que ali está é mais importante do que o local. Curvam-se em adoração e veneração e depois, obedecendo às instruções de Deus, regressam a casa por uma nova rota. A jornada dos Reis Magos desafia-nos a fazer muitas perguntas quando tomamos decisões que terão impacto na nossa igreja neste próximo quadriénio: Como delegados em quem foi confiado esta tarefa sagrada, estamos, como os Reis Magos completamente preparados para os inesperados e os contratempos da nossa jornada pela estrada diante de nós? • Escutamos respeitosamente todo o conjunto de vozes e posições antes de tomarmos decisões? • Estamos a dar o nosso melhor, como dignos e fiéis discípulos de Jesus Cristo para glorificar o nosso Deus Criador? • Tentamos encontrar Deus e experimentar o amor de Cristo mesmo no meio de uma discussão? Até que ponto somos abertos para reconhecer a presença de Deus nas nossas deliberações e aprender de Deus? • Quando o Espírito Santo nos ajuíza e envia para uma direcção completamente nova nas nossas deliberações, temos a coragem suficiente para desistir das nossas tarefas e seguir o chamamento de Deus? Oh, Deus, faz com que sejam abertos aos incitamentos da Vossa voz na nossa busca da Vossa orientação. Ámen. —SUDA DEVADHAR 54 60 Dias de Oração Amor e nada mais do que amor DOMINGO, 15 DE MAIO • LER EFESIANOS 4:25–5:2 A livro dos Efésios é uma carta “circular”, ou seja não foi dirigida a uma igreja em particular, mas sim passado de uma congregação para outra. Nos capítulos 1-3, o escritos aborda algumas grandes verdades da fé cristã, e no capítulo 4 o autor explora como vivemos essas verdades. Efésios 4:25-32 (A Mensagem) diz o seguinte: • Não mintam mais. • Fiquem com raiva—mas não usem a vossa raiva como mote para a vingança. • Atentem ao modo como falam. • Não despedacem o coração de Deus. • Perdoem-se uns aos outros. Estas regras até podem fazer algum sentido, mas continuamos a ter problemas quando queremos vivê-las. Muitas vezes não confiamos em quem não concorda connosco e preferimos acreditar que só nós temos todas as respostas. Tememos aqueles que são diferentes. Cuidamos antes de mais de nós mesmos e das nossas paixões. E contudo... escutai: Observem o que Deus faz, e depois fazei-lo... Quase sempre o que Deus faz é amar-nos. Acompanhem a [Deus] e aprendam uma vida de amor. Observem como Cristo nos amou. O Seu amor não era cauteloso mas extravagante. Ele não amou para obter algo de nós mas sim para nos dar tudo de Si. O Amor é assim. O nosso chamamento é viver uma vida extravagante de amor que exceda os limites do racional da nossa sociedade, da nossa cultura e do nosso mundo. Um amor tão simples e no entanto tão profundo. Um amor tão extravagante que de bom grado nos damos pela graça de Deus, pela graça de Cristo e pelo mundo. Amar a Deus dá-nos o coração apenas para amar para que, quando terminemos o nosso dia e a nossa tarefa tenha terminado, sejamos nós os glorificados. Ámen. —DEBORAH L. KIESEY 60 Dias de Oração 55 Ide e chamai a todos SEGUNDA-FEIRA, 16 DE MAIO • LER S. MATEUS 22:1-14 M uitos de nós partilham hoje em dia um fascínio pelos casamentos reais. Milhões de pessoas assistiram ao casamento da Princesa Diana e do Príncipe Carlos. E grupos de pessoas reuniram-se para ver o casamento de Kate Middleton e do Príncipe William. Pensaria em não responder com um RSVP afirmativo a um casamento real? Ou pode imaginar enviar convites só para descobrir no dia do casamento que ninguém quer ir assistir? Aqui em S. Mateus 22 temos um rei que, depois de todos os convidados terem infelizmente recusado, prefere convidar todos que quiseram participar—bons e maus. Pode imaginar um banquete cheio de gente que devia lá estar e gente que não devia lá estar? Eu posso. Você e eu sentimos isso de cada vez que nos reunimos à mesa da Comunhão. E que fazer com aquele que chega horrivelmente mal vestido para a ocasião? Pode imaginar não se vestir convenientemente para um casamento real? Ele recusou vestir o traje nupcial tradicionalmente dado pelo rei? Inimaginável. Ou não? Quantas vezes recusamos vestir o “traje nupcial”? Recordam o tempo em que pensávamos que éramos melhores do que eles e não tínhamos que vestir o traje nupcial? Ou aquela altura em que não nos sentíamos dignos para vesti-lo? Dizei a verdade, todos nós necessitamos do “traje nupcial.” Usar o traje cobre inúmeros pecados. Jesus convida-nos a todos para o Seu banquete uma festa dos melhores dons da graça. Uma festa para os que devem estar e os que não devem estar! Bons e maus! Você e eu! E melhor que tudo, trajes de perdão, de amor e de aceitação. Trajes que cobrem as nossas tristezas e nos lembram o nosso merecimento são gratuitos e estão prontamente disponíveis para todos nós usarmos. Gracioso Anfitrião de tudo o que é bom, aceitamos o vosso convite para o banquete para graça abundante e amor. Aqui nos tendes nos nossos trajes prontos para a celebração! Ámen. —CYNTHIA FIERRO HARVEY 56 60 Dias de Oração Para que possamos ser Um TERÇA-FEIRA, 17 DE MAIO • LER S. JOÃO 17:20-23 H oje, a Conferência Metodista Unida dá-vos as boas-vindas aos líderes ecuménicos de outras igrejas cristãs de todo o mundo. O Bispo Ivan Abrahams, Secretário Geral do Conselho Mundial Metodista (uma entidade de 80 Igrejas Metodistas, Wesleyanas e Unificadoras e Unidas com mais de 80 milhões de membros em 133 países em todo o mundo) proclamará a palavra. Além disso, os líderes mundiais de outras comunhões cristãs, incluindo as igrejas ortodoxas orientais, as igrejas baptistas, as igrejas pentecostais e a Igreja Católica Romana, estarão presentes—todos juntos em adoração e oração. Todos unidos em Cristo. Todos unidos em resposta à oração de unificação de Jesus. A unidade é um dom de Deus. A vida, morte, ressurreição e oração de Jesus transforma-nos num só em Cristo. Nada nos pode separar do amor de Deus em e através de Jesus Cristo. Existe um Deus, uma fé, uma esperança, um baptismo. Acreditamos em Jesus e honramos a Sua palavra, que nos chama para a unidade e unificação. Somos um corpo com muitos membros—uma importante compreensão. Jesus disse que a nossa união, a nossa unificação, o nosso genuíno amor e respeito uns pelos outros permitiria ao mundo acreditar que Ele foi enviado por Deus. Este ano, representando eu a Igreja Metodista Unida no Conselho Nacional das Igrejas, o Conselho Mundial das Igrejas e o Parlamento das Religiões Mundiais, senti uma sensação de alegria e de esperança que elevou o meu espírito e aumentou a minha decisão de viver de acordo com a oração de Jesus. Quereis juntar-vos em oração “Que possam ser todos um... para que o mundo possa acreditar que me enviaste.” Bondoso Jesus nosso Senhor, unimos a nossa oração à Vossa—para que possamos ser Um—para que o mundo possa acreditar que Deus Vos enviou para tentar salvar-nos. Ámen. —MARY ANN SWENSON 60 Dias de Oração 57 O demónio também anda aí QUARTA-FEIRA, 18 DE MAIO • LER S. MATEUS 12:43-45 P lantar um jardim requer que o jardim prepare o solo, o limpe de vegetação que impediria o crescimento das plantas a semear. Para proteção destas plantas, o jardineiro deve cuidar constantemente de dele retirar as ervas daninhas, para que não as impeçam de medrar e não lhes roubem os nutrientes necessárias para que cresçam fortes e saudáveis. Ervas daninhas que destroem a vida e plantas que alimentam a vida crescem no mesmo pedaço de terreno se o dono do jardim não cuidar diligentemente do jardim. Durante a entrevista no programa 60 Minutes do sobrevivente ao holocausto Yehiel Dinur, que testemunhou no julgamento de 1960 de Adolf Eichmann, Mike Wallace perguntou a Dinur porque chorava ele e depois desmaiou no chão da sala do tribunal. Dinur explicou que a sua reacção não fora intencional. Apesar de Eichmann personificar o demónio e o mal, o encontro fez Dinur compreender que o pecado e o demónio são a condição humana natural. “Tinha medo de mim mesmo.” Concluiu Dinur. “Vi que era capaz de fazer isto.. Sou... exactamente como ele.” As palavras de Dinur faladas há sessenta anos atrás ainda hoje soam a verdadeiras. Se não cuidarmos das nossas vidas, podemos deixar que o demónio cresça onde antes ansiávamos por santidade. O demónio, como as ervas daninhas, procura um lugar para morar e para florescer. Quando deixamos de cuidar da nossa vida, abrimos portas ao demónio. Pensamos muitas vezes em pessoas como Eichmann e outros como sendo “demónios”. Mas as nossas fraquezas são mais do que pequenos passos em falso sem consequências; elas constroem padrões de comportamento destrutivo. Algumas ervas daninhas podem dominar e medrar um terreno não cuidado. Jesus avisa-nos que devemos preencher as nossas vidas com palavras, acções, eventos e pessoas que santifiquem as nossas vidas. Senhor, ajudai-me a proteger o meu coração de pequenos demónios para que nenhum demónio possa encontrar na minha vida sítio para morar. Ámen. —JAMES SWANSON SR. 58 60 Dias de Oração Ide até aos cordeiros perdidos QUINTA-FEIRA, 19 DE MAIO • LER S. MATEUS 10:5-15 J esus proíbe os seus discípulos de pregar aos gentios e aos samaritanos e dirige-os para os judeus. Porque daria Ele instruções tão racistas? Sendo ele próprio judeu, Jesus pode ter desejado que os judeus recebessem primeiro a mensagem do reino de Deus. Ou talvez Jesus compreendesse por fim que os pontos fortes e fracos dos seus jovens discípulos impediriam a sua aventura em território arriscado. Pregar aos gentios e aos samaritanos requeria qualidades e competências particulares com que os discípulos não possuíam ainda. Como todos os bons professores, Jesus sabe que o ministério efectivo requer planeamento para que o impacto seja o maior. Por isso, talvez ele decida começar pelos que já são conhecidos (os judeus) e mais tarde aventurarem-se pelos desconhecidos e mais problemáticos, o território dos gentios e dos samaritanos. E como bom estratega, Jesus sabe que o ministério efetivo exige que priorize as Suas prioridades. Querer abarcar muito ao mesmo tempo pode ser desastroso. Começar em pequena escala com objectivos limitados pode ser a solução ideal. Por isso decida centrar esforços na Galileia, um terreno que bem conhece. Notem que Jesus não só é específico na escolha do lugar como também refere objectivos concretos: Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Os discípulos devem prestar toda a sua atenção aos indefesos e aos sem esperança na sociedade. No reino de Jesus, estas pessoas estão no topo das prioridades de Jesus. As prioridades de Jesus e o cerne do ministério não se alteraram. Nem se alterou o que nos ordenou. Tudo que for menos que isso é inaceitável. Deus gracioso, ajudai-nos a nunca olvidar que vivemos num mundo em sofrimento. Ensinai-nos a dar prioridade às nossas prioridades para que possamos alcançar a todos os que diariamente procuram o Vosso amor. Ámen. —JOHN YAMBASU 60 Dias de Oração 59 Quem vai para onde? SEXTA-FEIRA, 20 DE MAIO • LER S. MATEUS 27:62–28:8 Q ue fazeis na manhã seguinte à crucifixação? Se fores Pilatos e os sacerdotes, envias soldados para selar a tumba e fechá-la, de uma vez por todas! Eles querem Jesus morto e enterrado. Eles querem esmagar os rumores loucos de que Ele possa ressuscitar dos mortos. Eles querem matar a história de esperança para que tudo volte ao normal. No dia seguinte, as Marias vão ao mesmo lugar para ver o túmulo. Mateus não nos diz o que procuram. Talvez não tenham simplesmente deixado de seguir a Jesus. Quando um anjo retira a pedra para revelar um túmulo vazio, elas correm para espalhar a notícia—o pior dos temores dos fariseus. As boas notícias não poderiam simplesmente morrer numa cruz. Jesus continuou a viver através de vidas mudadas: famintos alimentados, coxos curados, perdidos encontrados, forasteiros bem-vindos. Não é possível poder fechar isso! Jesus vive na comunidade amada. Com os discípulos que seguem Jesus para além do túmulo, Jesus vive. Em Junho último, nove cristãos afro-americanos foram mortos a tiro num acto racial a sangue frio e cheio de ódio. O que fizeram as famílias dos mortos? Foram ver o túmulo. Voltaram à cena do crime, à igreja. Perdoaram ao assassino e disseram-lhe para pedir o perdão de Deus, dizendo: “Tudo estará bem.” É isso que fazem os discípulos de Jesus Cristo. Permanecendo na sombra da morte contam a história de “Jesus e do Seu amor.” Transformam ódio em amor, morte em vida. Onde quer que estejam hoje no último dia da Conferência Geral, perguntem-se para onde vão. O que viram? Que história contarão? Uma história de morte e maldição? Ou de vida e bênção? Deus, deixai-me ver flores no deserto e luz na escuridão para que a história que conto seja de amor que suporta todas as coisas. Ámen. —ELAINE J. W. STANOVSKY 60 60 Dias de Oração Ide para onde estão as feridas SÁBADO, 21 DE MAIO • LER S. MATEUS 28:16-20 J amais esquecerei o dia em que um bispo da igreja colocou as mãos na minha cabeça e me disse: “tomai a autoridade para pregar a Palavra de deus e administrar os Sagrados Sacramentos”—enchendo-me com a confiança do Espírito e coragem nesse momento. Senti-me igualmente dominado pela humildade e por uma boa dose de ansiedade. Faço uma ideia dos onze discípulos nessa montanha da Galileia a sentirem uma mistura explosiva de audácia e medo quando Jesus lhes passou a autoridade de ir e fazer discípulos de todas as nações. Não demorei muito tempo a aprender que a autoridade para “ir” não residia nas palavras nem nos sinais proféticos do bispo. A autoridade vinha de ir aos lugares onde Jesus estivera. Jesus esteve onde estavam as feridas e proclamou a sua cura. Como estudantes e praticantes do evangelho, estamos encarregados de ir com a nossa presença de amor para junto dos que estão esquecidos. Somos encarregados de ir com o nosso testemunho profético junto daqueles em perigo para quem o chamamento do evangelho para justiça e misericórdia parece ter sido retirado das suas vidas. Somos encarregados de ir com o nosso cuidado pastoral até junto daqueles que estão quebrados, cujas vidas foram despedaçadas por tempestades e acidentes de vida ou por más escolhas feitas por outros ou por eles mesmos. Somos encarregados para ir com a nossa alegre proclamação junto dos sem esperança, cujas vidas foram esmagadas pelo desespero, pela dúvida, pela depressão, e então clamam para que o Espírito de Deus nasça dentro deles. Vamos, por conseguinte, para onde as feridas estão com a nossa presença amorosa, o nosso testemunho profético, o nosso cuidado pastoral, e a nossa alegre proclamação porque é aí que Jesus foi e é para onde somos agora chamados. Deus gracioso e amante, ajudai-nos sempre a ir, como fez Jesus, para onde estão as feridas. Ámen. —BRUCE R.OUGH 60 Dias de Oração 61 Segui-me! DOMINGO, 22 DE MAY • LER S. JOÃO 21:15-23 F racasso, promessas não cumpridas, traição—Pedro tudo isto fez depois de ter jurado em público nunca negar Jesus. Os discípulos de Jesus abandonaram-no a Ele e ao Seu chamamento. Os discípulos fugitivos pescaram toda a noite e nada apanharam. Quando a madrugada rompe, Jesus chama-os e diz-lhes para deitarem a rede do outro lado do barco. Apanham mais peixe do que o barca pode levar. A Bíblia diz que esta foi a terceira aparição de Jesus aos discípulos depois da Ressurreição. É um milagre de misericórdia. Jesus vem com eles, guia-os, revela-se a eles—e depois vem com o relato detalhado da restauração de Pedro. Três recusas, três questões, três afirmações—o processo de curar e restauração leva tempo. É um processo, naquele tempo como agora. Todos nós necessitamos de revelação, restauração e orientação. E no entanto, poucos minutos da restauração de Pedro e da sua resposta afirmativa à ordem de Jesus: “Segui-me!” desvia os olhos de Jesus e concentra-se no comportamento de outro discípulo: “Senhor, e ele?” A resposta de Jesus para Pedro: “E que isso te importa?” passou-me pela cabeça e no meu coração em 2006, quando questionei as acções e as atitudes de outros na nossa Igreja Metodista Unida. “E que isso te importa, Tom? Segui-me!” Penso que o chamamento de Jesus através do poder do Espírito Santo será o mesmo neste Domingo de Pentecostes: “Segui-me!” O chamamento a seguir chega a todos os discípulos. Apesar das nossas palavras ou acções, o nosso sentido de perda ou de ganho—nada importa exceto a nossa resposta a estas palavras do Senhor Jesus Cristo: “Segui-me!” Jesus, perdoai os meus pecados, os meus fracassos e a minha necessidade de determinar as acções dos outros. Deixai que eu seja um Vosso discípulo fiel—para alimentar os Vossos cordeiros, cuidar das vossas ovelhas e seguirvos. Ámen. —TOM ALBIN 62 60 Dias de Oração Por isso, continuai! SEGUNDA-FEIRA, 23 DE MAIO • LER S. MATEUS 28:16-20 E ntão, agora acabou. Os debates, as longas horas, deixar o quarto do hotel, o desencanto, a excitação, a adoração. Aleluia! A Conferência Geral acabou e é altura de regressar às nossas vidas normais. Foi assim que os discípulos se sentiram após a Ressurreição? Tem sido uma grande aventura, mas agora acabou e agora podemos todos voltar ao normal? O evangelho de S. Mateus coloca-nos algumas dúvidas (verso 17) de que algo mudou. E então Jesus fala de novo: “Ide!” Porque agora é só o começo. A limpeza, o processamento, as comunicações, o desfazer das malas. Sim, esse trabalho será feito, mas é mais do que isso. A Conferência Geral acabou e agora é tempo de partir para o mundo— regressar às nossas comunidades que em nós procuram uma pista de que algo mudou, que o status quo seja agora de algum modo diferente. Regressamos aos nossos locais cheios de pessoas que sofrem, gente com fome, gente em solidão—aqueles desesperados por uma palavra de esperança, um sinal de ressurreição. De volta às nossas igrejas que tanto desejam escutar de novo o chamamento de Jesus: Eu sou a vossa esperança! Eu sou a ressurreição! Eu estou aqui sempre convosco, para todo o sempre! A realidade é que continuamos no caminho com Jesus Cristo. A Conferência Geral acabou, mas continuamos a trabalhar, a caminhar, a marchar, a celebrar as boas novas da vitória de Deus sobre a morte. Aquele que nos envia e ordena “Por isso, continuai!” Aquele mesmo que nos equipa com tudo o que necessitamos para a missão. Aquele que nos chama para a jornada é Aquele que vai connosco e que nunca nos abandonará. Continuemos juntos! Deus da jornada, estamos gratos pelo Vosso chamamento e Vossa presença junto de nós enquanto caminhamos juntos no caminho do amor e do discipulado. Ámen. —LAURA JAQUITH BARTLETT 60 Dias de Oração 63 Libertai e resolvei TERÇA-FEIRA, 24 DE MAIO • LER S. MATEUS 18:21-22 N o meu ministério como psicólogo pastoral, tive o privilégio de ser convidado para igrejas, a fim de as ajudar a curar um conflito há muito latente. Subjacente à maioria delas é o facto de as pessoas se estarem a agarrar a feridas antigas e divergências, receando expressar as suas verdadeiras emoções para com aqueles que os feriram. Pelo contrário, expressam as suas preocupações através do mexerico e originam mal-estar a um nível de ocultação e dissimulação por toda a igreja. Só quando for criado um local seguro para todos poderem contar as suas feridas e começarem a esquecer o azedume devido à falta de perdão é que poderão criar a energia suficiente para se debruçarem de novo na cura e na plenitude. Pedro pergunta a Jesus quantas vezes tem de perdoar alguém que o magoe. Pedro acha que a resposta de sete é muito generosa e vai muito além da expectativa habitual. Jesus surpreende-o dizendo: “De modo algum, sete não é suficiente! Tens de perdoar continuamente.” Jesus também lhes ordena para se amarem uns aos outros. Se verdadeiramente nos amarmos uns aos outros e a nós mesmos, abandonamos qualquer desejo de nos prendermos ao rancor ou à amargura. Procuraremos solucionar conflitos directamente com quem nos magoou em vez de optarmos pela vingança ou pela destruição da sua reputação. Nesta nossa reunião na Conferência Geral, é certo que surgiram conflitos. O que foi que vos feriu ou criou divergências? Onde tem de resolver um problema com um irmão ou uma irmã? Onde, como igreja, devemos sarar divisões para que possamos ser na realidade o corpo de Cristo, unidos? Curador gracioso, ajudai-nos a perdoar assim como nós fomos perdoados. Ensinai-nos a vermo-nos uns aos outros com os olhos do amor e concedei-nos a coragem de resolver conflitos e deixar para trás o azedume. Ámen. —DENISE MCGUINESS 64 60 Dias de Oração Uma oração de intercessão QUARTA-FEIRA, 25 DE MAIO • LER ISAÍAS 55:1-9 Oh, Cristo amoroso que espera por nós para continuar, para mudar por dentro, para amar para fora. Aguardai agora comigo porque anseio aprender a ser mais como Tu. Guiai-me para saber esperar com os perdidos, estar ao lado dos mais fracos, ter um coração para os que têm o coração despedaçado. Ámen. • • • • Orai por todos quantos aguardam notícias dos fugitivos pelos pais expectantes pela sabedoria pela gentileza para consigo e os outros neste dia —PAMELA C. HAWKINS Da estranha temporada 60 Dias de Oração 65 O pastor amoroso QUINTA-FEIRA, 26 DE MAIO • LER S. MATEUS 18:10-14 N ós cristãos temos a tendência de transformar a simplicidade da nossa fé em algo verdadeiramente complexo. Desejamos ter dito claramente e em detalhe o que devemos fazer, quando, para quem, com que frequência e quando podemos parar. Para Jesus, as regras simplesmente ilustram como viver uma fé não governada por regras. A história de que mais gosto é do cordeirinho cinzento. As outras ovelhas ostracizavam-no por ser diferente e, sentindo-se não amada, começa a crer que não é digna de ser amada. Se é tonta e difícil de alguém a amar, então pouco importa o que faz. Quer seja atenciosa ou má, nunca sentirá que pertence. Este peso desce sobre ele até que chega um dia quando ele já não se importa—e por isso vai embora. Quanto mais se afasta, mais certeza tem de que se as outras ovelhas repararem, será com uma sensação de “se terem visto livre dela.” Vem a noite e a escuridão é mais negra do que ele se lembra de ter visto antes. Ouve ruídos estranhos. Tem frio, fome e está assustado. Mas algures durante a noite tão fria, o cordeirinho ousa acreditar que ouve, no vento agreste, uma voz ao longe que lhe soa familiar, parece ouvir mesmo o seu nome. É o pastor que deixou as outras noventa e nove ovelhas por causa dela. O assustado cordeirinho perdido teme estar a segundos de uma boa tareia ou pior. Mas não há palavras zangadas nem um safanão do pastor. Em vez disso, o pastor levanta-o com carinho, enrola-o no seu próprio casaco e depois de um grande abraço põe-no em segurança aos ombros, dizendo “Senti a tua falta!” O pastor compreende também o que sente ser ridicularizado e abusado. E lá vão eles a caminho de casa, desfrutando do amor e carinho um do outro. Pastor de todos, segurai-me no vosso quente e amoroso abraço até que eu perca o medo. Ámen. —W. PAUL JONES De Sermos o que Deus quer que sejamos 66 60 Dias de Oração Escolher a vida com Deus SEXTA-FEIRA, 27 DE MAIO • LER S. MARCOS 9:33-37 N ós conhecemos S. Marcos como o evangelista, companheiro de viagem e intérprete. Ler o seu primeiro capítulo sem parar pode deixar-nos quase sem respiração. Quando chegamos a este ponto do evangelho, não só foram registadas muitas acções, como o mundo foi imediatamente invocado. Não é esta uma história para ouvir sentado. Jesus está em movimento— curando, ensinando, exorcizando demónios, alimentando os que têm fome, e assim por diante. Então algo acontece e que pára tudo. É alguma coisa com os fariseus? Uma rixa com os sanedrinos? É fadiga ou desânimo ou desilusão? Não é nenhuma delas. A meio do capítulo 9, o centro do evangelho, tudo pára porque Jesus percebe que os seus discípulos estão a gabar-se da sua própria grandeza. Jesus senta-se—uma das poucas vezes em todo o evangelho—e ensina os discípulos. É muito importante notar que umas das coisas que abranda o ritmo deste evangelho é a evidência da auto ambição por parte dos discípulos de Jesus. Quem é o maior? Quem é o melhor? Quem é o melhor dos melhores? Quem é o mais especial? Quando Jesus sente que é esse o motivo da conversa, senta-se. Pensa por um momento sobre o que o faz “sentar-se.” O que nos leva a pôr de lado o que quer que seja que estamos a fazer e olhar para a outra pessoa nos olhos? Para Jesus, pode ter sido a sua preocupação de que a essência dos seus ensinamentos e dos seus testemunhos pudesse estar a ser mal entendida, desprezada ou esquecida. Jesus sentou-se, chamou os Doze e disse-lhes: “Quem quiser ser o primeiro deve ser o último de todos e servo de todos.” Isto é importante; isto é vital. Em suma, isto é discipulado. Oh, Deus, concedei-me ouvidos para escutar esta palavra de Jesus. Começando agora e ao longo do dia, dai-me a coragem para vivê-la! Ámen. —PAUL L. ESCAMILLA 60 Dias de Oração 67 Rezem sem cessar SÁBADO, 28 DE MAIO • LER 1 TESSALONICENSES 5:12-28 R ezem sem cessar. É um pedido difícil. Mas nós, na The Upper Room, colocamos o aviso de S. Paulo no topo de tudo o que fazemos. Considerando-nos anfitriões do local onde o mundo se reúne para rezar, facilitamos uma onda global de oração que viaja pelo mundo todos os dias, tão certo como o sol. E agora que os sessenta dias de oração para a Igreja Metodista Unida e a sua Conferência Geral de 2016 estão a terminar, é meu enorme privilégio convidar-vos a todos para continuar a rezar com cristãos em todo o mundo, no nosso caminho para a perfeição. O que significa rezar sem cessar? As formas particulares terão um aspecto diferente para cada um de nós, porque cada um de nós traz consigo a marca divina de uma forma exclusivamente sua. Mas a intenção subjacente às nossas orações tornam-nos unos. Rezamos para unirmos os nossos corações e mentes, procurando ver através do temporal para a eternidade. Rezamos para nos alegrarmos a nós mesmos na divina tendência para a retidão, a justiça e a paz. Rezamos para participar na relação íntima da Santíssima Trindade, para amar mais completamente como Deus ama. Na The Upper Room acreditamos que a oração infunde os ritmos de cada dia. Procuramos não nos retirarmos do mundo para rezar, mas tecemos as nossas orações no tecido das nossas vidas fugazes. Encontramo-nos na intersecção de ser e de fazer, unindo vidas interiores para fora e vidas exteriores para dentro. Agora que voltamos às nossas casas espalhadas pelo mundo, convidamo-lo a juntar-se todos os dias onde o mundo se reúne para rezar. Conte-nos as histórias daqueles que trabalham no meio de vós. Respirem paz na vossa comunidade onde reina o caos. Ajudem os fracos. Rezai connosco e saibam que o mundo está a rezar convosco. —SHAWN BAKKER 68 60 Dias de Oração Discernimento num corpo partido DOMINGO, 29 DE MAIO • LER S. LUCAS 18:26-27 A igreja não é perfeita. Às vezes desejamos que fosse. Às vezes até pensamos que é. Momentos de Cristo em acção através da igreja move-nos para uma alegre e festiva acção de graças. Outros momentos recordam-nos com dor que a igreja é feita de pessoas como nós. Somos o corpo de Cristo, a igreja. E trazemos connosco tudo aquilo que somos para a igreja. Por isso não deveríamos ficar admirados que o corpo de Cristo se parta e frature. Os conflitos, hesitante discipulado, fé frágil, testemunho tímido e compromisso qualificado são um fruto natural de quem somos como indivíduos cristãos. Embora possamos ver a igreja nas suas várias expressões por vezes com alegria e noutras com desalento, devemos recordar que é possível uma nova vida. A transformação pode começar hoje mesmo. O poder da ressurreição está disponível e pode ser investido na igreja a partir deste momento. Com o auxílio de Deus podemos iniciar a mudança hoje mesmo! Isto é verdade porque a nossa primeira linha de defesa contra mais ruptura reside em cada um de nós. Os meus esforços para parar a ruptura e dar o primeiro passo para reformar e transformar a igreja deve começar em mim. A minha oração para uma igreja sagrada marcada pelo que é certo e pelo amor pode ser respondida só se adaptar a minha vida ao modo de Jesus Cristo e ao poder do Espírito Santo. A transformação começa em mim. Que pensamento tão libertador! Não sou impotente nem sem opções. Com o auxílio de Deus posso render a minha vida à transformação, ao poder de dar vida do Espírito Santo e nesse momento exacto começa a jornada para a santidade e a fé que eu desejo ver na igreja. —RUEBEN P. JOB (1928–2015) De “A Guide to Spiritual Discernment” 60 Dias de Oração 69 Usando um labirinto de dedos na oração POR ISSO, IDE • LER S. MATEUS 28:16-20 O labirinto foi uma maneira de os cristãos orarem com os nossos corpos e com as nossas mentes e nos nossos espíritos desde o séc. XII. À medida que vamos respondendo ao comando de Jesus, fazemos a jornada espiritual—libertando, recebendo e regressando. PRIMEIRO MOVIMENTO: LIBERTANDO (CONFISSÃO) Comece com a sua confissão, em voz alta e em silêncio. Quando terminar, move lentamente o dedo para a frente ao longo do labirinto. Mova ao seu ritmo para o centro. Deixe as palavras da sua confissão ficarem consigo. Sossegue a mente enquanto se move pelo labirinto. O que tem de ser confessado, mudado, perdoado, confrontado ou curado na sua vida? Libertar essas situações para Deus à medida que avança. SEGUNDO MOVIMENTO: RECEBENDO (CENTRALIZAÇÃO) Quando chegar ao centro, pouse o dedo durante uns momentos, depois leia a escritura do dia. Leia a passagem devagar, como se nunca a tivesse lido antes. Centre-se em Deus e esteja aberto ao que Deus lhe revelar pela leitura. Volte o dedo para o centro do labirinto e reflicta sobre a passagem. TERCEIRO MOVIMENTO: REGRESSANDO (INTERCESSÃO) Quando se preparar para sair do labirinto, ponha o dedo na mesma abertura no centro por onde entrou. Comece a retroceder com o dedo ao longo do mesmo caminho por onde entrou. Quando regressar do seu tempo sozinho com Deus, oferece as suas orações de intercessão e bênção. Cada pessoa e cada situação deve estar à luz de Cristo, e depois continue a jornada. Quando Tiver Terminado Saia do labirinto da oração para ir “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Ámen. 70 60 Dias de Oração 60 Dias de Oração 71