Vol 04 ANAIS FAEF Psicologia 2014 FINAL 2
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Vol 04 ANAIS FAEF Psicologia 2014 FINAL 2
SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF VOLUME 04 PSICOLOGIA Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 1 ISSN 1676-6814 XVII VOLUME 04 PSICOLOGIA GARÇA/SP - 2014 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO - FAEF Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] Telefone: (14) 3407-8000 EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE FINAL e CAPA Aroldo José Abreu Pinto Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Ensino Superior e Formação - FAEF 630 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. S621a XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça: Editora FAEF, 2014. 269 p. vol 04 - (07 vols.) 15x22cm. ISSN 1676-6814 1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4. Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia 8. Psicologia 9. Direito. 10 Turismo. 11 Comércio Exterior Os autores são responsáveis pelo conteúdo das palestras e trabalhos científicos. Reprodução permitida desde que citada a fonte. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1. CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 4 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII SUMÁRIO Apresentação ............................................................... 11 Comissão Organizadora ................................................... 13 Agradecimentos ............................................................ 15 Programação ................................................................ 17 TRABALHOS APRESENTADOS PSICOLOGIA ................................................................... 1 CULTURA E SUBLIMAÇÃO: OBSERVAÇÕES SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DO LAÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE Juliana BARACAT; Mariana BARACAT .................................. 21 A MOTIVAÇÃO NA BUSCA TRANSCENDENTAL DO EGO DAMETO, Lucas; SILVA, Alini; BARACAT, Juliana ...................... 35 ERGONOMIA COGNITIVA: UM ESTUDO SOBRE OS TRAÇOS INTELECTUAIS NO MUNDO DO TRABALHO Matheus Cardoso VALENCIANO; Juliana BARACAT ................... 43 A CONCEPÇÃO DE PESSOA PARA EMMANUEL MOUNIER Daiane Castro MOREIRA; Magda Rodrigues de OLIVEIRA; Silvio Teixeira GONÇALVES; Janete Bervique AGUIRRES ................... 49 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 5 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE INFANTIL SOB INFLUÊNCIA DA MÍDIA, DESTACANDO A VISÃO DA GESTALT-TERAPIA Janaina de Aguiar BISPO; Dayran Karam dos REIS ................... 57 AUTORREALIZAÇÃO EM KURT GOLDSTEIN E ABRAHAM MASLOW PARRERA, Hélide Maria; PESSIM, Larissa Estanislau; BERVIQUE, Dra. Janete de Aguirre ......................................................... 65 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM DE GARDNER, PIAGET, VYGOTSKY E WALLON E O OLHAR PSICOPEDAGÓGIO SOBRE AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS Flávia Maia GARCIA; Luciana da SILVA; Rodrigo M. de Melo DIEGUES; Helena Maria da Silva SANTOS .......................................... 73 CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS POR DECISÃO JUDICIAL Natália Cristina DE MARCO; Suellen Rodrigues FANTOZZI .......... 83 DEFICIÊNCIA VISUAL: PENSANDO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE E AS PRÁXIS PSICOLÓGICAS Ayla Gabriele Pereira de MELO; Juliana BARACAT ................... 91 UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO; José Wellington SANTOS ................................................. 99 DISFORIA DE GÊNERO OU TRANSEXUALISMO MASCULINO E SUAS ESPECIFICIDADES Natália Cristina DE MARCO; Dayran Karam DOS REIS .............. 107 ESPAÇO POTENCIAL: UM SONHO REALIZADO LOTERIO, Larissa Quinhoneiro; PESSIM, Larissa Estanislau; SOUZA, Michele Nunes Fraquetto de; REIS, Mestranda Dayran Karam dos ................................................................ 117 ESTUDO DE CASO SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MODERADA NO CAPS Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza MACHADO; Hélide Maria PARRERA¹ ................................................. 127 ÉTICA, COMPROMISSO SOCIAL E POLÍTICO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO QUE ATUA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS Danuza Sgobbi SAES ..................................................... 135 6 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF EXPERIMENTO-PILOTO: “FANTASIA COMO INSTRUMENTO PSICOTERAPÊUTICO” Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza MACHADO; Hélide Maria PARRERA; Janete de Aguirre BERVIQUE .............. 147 MÍDIA E SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS POSSÍVEIS IONFLUÊNCIAS DA MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DAS NOVAS SUBJETIVIDADES Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO; José Wellington SANTOS ................................................ 157 MOTIVAÇÃO PARA A VIDA: O QUE A PSICOLOGIA DA MOTIVAÇÃO PODE NOS ENSINAR? Hilton Aparecido SANTOS; Maria Thatiani BRATICHE; Juliana BARACAT .................................................................. 163 O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) E A DEMÊNCIA: DESTAQUES NA SAÚDE MENTAL Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conte Blaziza MACHADO; Hélide Maria PARRERA; Esp. Mestranda Dayran Karam dos REIS ......................................................... 169 O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS Graziella Russo CHERUBINI; Daiane Nascimento LIMA; Juliana BARACAT .................................................................. 179 O PEQUENO HANS: UM CASO DE FOBIA José Wellington dos SANTOS; Jéssica MANTOANI; Lucimara Cristina LOPES; Simone VILAS BOAS ............................................ 185 O SELF REAL E O SELF IDEAL NA CONCEPÇÃO DE CARL ROGERS Emerson RIBEIRO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO; Michele Nunes Fraquetto de SOUZA; Janete de Aguirre BERVIQUE ........ 191 O SONHO NA REALIDADE COTIDIANA EM MEDARD BOSS Janaina de Aguiar BISPO; Bruna Carolina Montoro FERNANDES2; Simone VILASBOAS; Janete de Aguirre BERVIQUE .................. 201 PERDAS PARENTAIS LOPES, Mileni Cristina; SANTOS, José Wellington dos ............. 209 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 7 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA REVISÃO HISTÓRICO CRÍTICA SOBRE O ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE INFRATOR NO BRASIL E O PAPEL DO PSICOLOGO Danuza SAES .............................................................. 219 SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP): O PERFIL DO ALIENADOR HANDA, Luciana Zombini; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ................................................................. 231 SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: REFLEXOS NA FAMÍLIA ENLUTADA HANDA, Luciana Zombini; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ................................................................. 239 UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO Janaina de Aguiar BISPO; Frederico de Conti Blaziza MACHADO; José Wellington SANTOS ................................................ 247 UMA INVESTIGAÇÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA - TAG TINETTI, Milena de Oliveira; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ................................................................. 255 Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da FAEF ....................................................................... 265 8 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII APRESENTAÇÃO O décimo sétimo Simpósio de Ciências Aplicadas é um marco histórico para todos os membros da nossa prestigiada FAEF. Chegamos às vésperas de duas décadas de existência, tratandose do mais relevante evento anual de ensino, pesquisa e extensão da nossa IES, momento em que todos os membros da direção, coordenações, corpo administrativo, funcionários, colaboradores, docentes e discentes estão unidos para um único objetivo, qual seja, a construção e a divulgação do conhecimento. Prova dessa assertiva é a inscrição de aproximadamente 2000 pessoas entre alunos e profissionais das diversas áreas e um número elevado de trabalhos científicos, entre artigos, comunicações científicas e técnicas, relatos de casos, revisões de literatura e outros. A cada ano, felizmente, majora o volume e a qualidade dos trabalhos inscritos e aprovados para publicação nos anais. Todavia, para quem pensa que alcançamos tudo, vale aguardar para participar desses quatro dias de evento, pois, aspiramos continuar “mudando a história” da melhor maneira que sabemos: produzindo e divulgando conhecimento (tríade: ensino, pesquisa e extensão de excelência). Assim sendo, com muita dedicação, paixão e profissionalismo ao que fazemos, temos a certeza de que a décima sétima edição do Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF, leva-nos, a cada ano, a buscar o conhecimento como Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 9 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que pela primeira vez, pois objetivamos atingir a nossa parcela neste processo essencial para a formação dos nossos alunos, profissionais que já estão no mercado de trabalho e a população externa que nos visita para abrilhantar este grandioso evento científico. Sejam todos bem-vindos! PROF. MSC. OSNI ÁLAMO PINHEIRO JÚNIOR PRESIDENTE EXECUTIVO 10 DO XVII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente de Honra do Simpósio Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu Presidente Executivo do Simpósio Prof. MSc. Osni Alamo Pinheiro Junior Vice Presidente Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Comissão Científica do Simpósio Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Profª. MSc. Vanessa Zappa Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria Comissão de Infraestrutura do Simpósio Prof. Esp. Daniel Aparecido Marzola Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. Esp. Fernando Rocha Prof. Esp. Alexandre Luis da Silva Felipe Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 11 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Prof. MSc. Felipe Camargo de Campos Lima Sra. Maria Aparecida da Silva Comissão de Captação de Parceiros Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Sr. Mateus Souza Avelar Prof. Esp. Paulo César Jacobino Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Comissão de Marketing, Comunicação Visual e Mídias Sociais Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Srta. Andréia Travenssolo Mansano Profª. MSc.Vanessa Zappa Sr. Rodrigo Pinheiro de Azevedo Sr. Anderson de Oliveira Cardoso Moraes Comissão de Documentação e Expedição de Certificados Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. MSc. Raquel Beneton Ferioli Srta. Ana Stela Agostinho Costa Srta. Andréia Travenssolo Mansano Srta. Suellen Sossolote Comissão de Cultura e Entretenimento Profª. MSc. Gisleine Galvão Bosque Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo 12 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Prof. MSc. Márcio Roberto Agostinho Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Sra. Lirya Kemp Marcondes de Moura Srta. Andréia Travenssolo Mansano Prof. Dr. Ernani Nery de Andrade Sra. Maria Aparecida da Silva Profª. MSc. Gisele Fabricia Martins dos Reis Prof. Msc.Diego José Zanzarini Delfiol Comissão de Secretaria e Tesouraria do Simpósio Profª. Msc. Priscilla dos Santos Bagagi Profª. Msc. Gisleine Galvão Bosque Prof. Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Esp. Amaly Pinha Alonso Srta. Rosilene Pedroso de Oliveira Srta. Ana Stela Agostinho Costa Sr. Wilson Shimizu Comissão Editorial do Simpósio Prof. Dr. Aroldo José de Abreu Pinto Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 13 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA COMISSÃO CIENTÍFICA DOS CURSOS Administração Prof. MSc. Ricardo Alves Perri Prof. Esp. Jorge Toshio Fushimi Agronomia Prof. Dr. Edgard Marino Júnior Prof. Esp. Giovana Paiva Azevedo Profª. Drª. Letícia de Abreu Faria Ciências Contábeis Prof. Esp. Nildemar Andrade Gonçalves Gonzaga Prof. Esp. Cristiano dos Santos Dereça Direito Prof. Esp. Diogo Simionato Alves Prof. Dr. Silvio Carlos Alvares Profª. MSc. Simone Doreto Campanari Profª. Drª. Érika Cristina de Menezes Vieira Costa Tamae Profª. MSc. Claudia Telles de Paula Engenharia Florestal Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. MSc. Murici Carlos Candelaria Prof. Esp. Victor Lopes Braccialli Medicina Veterinária Profª. Esp. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Profª. Msc. Raquel Beneton Ferioli Profª. Msc. Vanessa Zappa Pedagogia Prof. MSc. Odair Vieira da Silva Profª. MSc. Neuci Leme de Camargo Profª. MSc. Priscilla dos Santos Bagagi Psicologia Prof. MSc. Rangel Antonio Gazzolla Profª. MSc. Juliana Baracat Turismo Profª. Msc. Talita Prado Barbosa 14 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII AGRADECIMENTOS A Comissão Organizadora e a Administração Superior da Sociedade Cultural e Educacional de Garça agradecem imensamente a todos aqueles que participaram do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e, em especial, aos palestrantes, apoios e/ou patrocínios das empresas e órgãos públicos que contribuíram para o sucesso do evento. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 15 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 16 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII PROGRAMAÇÃO Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 17 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MINICURSOS 18 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII TRABALHOS APRESENTADOS Psicologia Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 19 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 20 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CULTURA E SUBLIMAÇÃO: OBSERVAÇÕES SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DO LAÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE Juliana BARACAT1 Mariana BARACAT2 1 Psicóloga e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Doutoranda em Psicologia pela UNESP/ASSIS. 2 Psicóloga Clínica, Especialista em Saúde da Família pela UNIMAR. RESUMO Este artigo pretende discutir a noção de laço social estipulada por Jacques Lacan, a partir de transformações do laço social na cultura contemporânea. Apontar-se-á três movimentos políticos sociais ocorridos nos Estados Unidos, num período de 30 anos, a fim de argumentar sobre a rapidez e volatibilidade do discurso social na pós-modernidade. Como resultado, discutir-se-á como o declínio do discurso do mestre teve como consequência o empobrecimento dos mecanismos de sublimação, os quais atualmente se fazem visíveis. Palavras-chave: cultura, laço social, psicanálise, sublimação. ABSTRACT This article aims to discuss the notion of social bound thought by Jacques Lacan, trhough the transformations in the social bound in contemporary culture. Will be point out trhee social politycal Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 21 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA moviments occurred in the United States, in a period of thirty years, to argue about the fasteness and volatibility of the social speech in posmodernity. As result, wil be discussed how the decline of the master’s speech had the consequence of pooring the sublimative mecanism, which nowadays is notable. Key-words: culture, social bound, psychoanalisys, subllimation. 1- INTRODUÇÃO Este artigo pretende apontar algumas transformações no laço social no decorrer do século XX, de forma a discutir as transformações na discursividade que tecem os laços sociais contemporâneos. Desta forma, observa-se que a pós-modernidade caracteriza-se por essa volatização das mentalidades que, ora são contrapostas, ora são sobrepostas. O laço social foi derivado por Lacan (1992) a partir de seus quatro discursos, sendo o primeiro e fundamental o discurso do mestre. Este nos aponta que todo saber é balizado por esta dialética hegeliana, cujo agente é o significante mestre. Historicamente, os significantes mestres giraram em torno da discursividade religiosa católica e pelo advento do saber Universitário. Com o declínio das clássicas formas de dominação, a discursividade moderna passa a ser permeada pela lógica do mercado, sendo o saber religioso, gradativamente, substituído pelo poder do capital. Dito de outra maneira, os laços sociais transformam-se com o passar dos tempos pelas mudanças na mentalidade social, cujos valores, limites e proibições vão sendo conjugados numa construção sócio-histórica. Este trabalho pretende analisar alguns deslocamentos do laço social, pós segunda guerra mundial, partindo da afirmação de Dufour (2005) acerca da marca do holocausto judeu no imaginário idealístico moderno e aliado à percepção da rapidez com que tais deslocamentos vem ocorrendo. Iremos discorrer sobre três transformações do laço social ocorridos nos Estados Unidos, já que este país se coloca como potencial política voraz na produção de discursos sociais. Os movimentos analisados serão: o “caça as bruxas” durante o macartismo; o movimento hippie e o movimento punk iniciado na Nova York dos anos 1970. Apesar de suas já distantes datas, iremos apontar como tais movimentos, ocorridos 22 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF sucessivamente num intervalo de vinte e cinco a trinta anos, deflagram esta volatilidade que pretendemos apontar, da fluidez dos movimentos discursivos engendrados na pós-modernidade. 2-O DECLÍNIO DA NARRATIVA Em 1936 Walter Benjamin (1983) identificava uma falência na capacidade do homem em narrar. A narrativa, tradicionalmente vinculada ao trabalho artesanal e realizada durante o mesmo, possuia características, entre outras, de transmitir ensinamentos sobre a vida e sobre o ofício, educar através de conselhos, auxiliando o individuo em sua formação moral e mantendo vivas memórias de tempos já não existentes ou de locais distantes. Imagina-se a cena: um ferreiro forjando uma peça, contando a seu jovem aprendiz, talvez seu filho, como aprendeu sua arte, em que momento de sua vida isto ocorreu, quem a ensinou, talvez seu pai ou alguém que lhe serviu como; e como este saber lhe serviu durante a vida. Benjamin (1983) falava sobre uma época na qual o homem comum não tinha ideais maiores do que sua subsistência, sua relação com a religiosidade, intermediada pela figura do sacerdote; e com sua moral, sendo esta o emblema de um ideal a ser seguido. No mesmo texto o autor identifica o nascimento do romance em “Dom Quixote de La Mancha”, personagem do século XVI que, alimentado pelas narrativas cavalheirescas, parte em busca de realizar na prática as fantasias antes existentes apenas na imaginação. Dom Quixote, assim, se distancia das narrativas antes povoadas por reis, santos e heróis, figuras emblemáticas do Outro, congeladas e inacessíveis em seu pedestal idealístico. Dom Quixote seria o homem moderno, desejante, que busca alcançar este ideal, torná-lo seu eu, atuando suas fantasias particulares, sem compromissos em emitir um conselho ou ensinar algo para alguém, nada além da vicissitude de sua própria vida. Esta característica de individualidade e egocentrismo, se podemos nomear assim, marca o homem moderno em sua relação com o desejo e as possibilidades de fazê-lo possível. Interessante seria sabermos como se relacionava o homem medieval com o mesmo, dada as limitações hierárquicas e os diferentes valores que atingiam cada um. Seria Lucrécia Borgia mais desejosa que a lavadeira de seu Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 23 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA palácio, ou apenas mais livre, mais poderosa? Movimento iniciado em fins da década de 1940, em que tomou corpo a recente necessidade norte-americana em legitimar sua hegemonia militar e econômica, dado o desfecho da segunda Grande Guerra, elegendo como inimigo a União Soviética, ex-aliada durante o mesmo confronto. Diante da necessidade política, entre as duas nações, em se estabelecer como um referencial de império, a guerra fria teve como molde as teorias conspiratórias e a espionagem, reatuando componentes do conflito mundial a partir da política ideológica: capitalismo versus socialismo (HELLMAN, 1981). Da parte capitalista, os EUA elegeram como significante mestre de seu discurso a liberdade, apanágio ideal inexistente no declarado totalitarismo socialista, engendrando a propaganda do American Way of Life: casa própria, carros, mulheres recatadas e prendadas, civilidade alienada disfarçada de patriotismo, etc. Esta propaganda foi veiculada amplamente em filmes, como exemplificados muito bem nos filmes de Doris Day e nas comédias de Jerry Lewis. O filme hollywoodiano, como sabemos, é o produto moderno que ocupou o lugar antes ocupado pela literatura romântica ou folhetins, transbordantes de um ideário ilusório e idílico, uma espécie de contos de fadas, cuja moral se resume à clichês estereotipados do ser humano e os bens de consumo de sua sociedade (HELLMAN, 1981). Como porta voz ou líder, o senador Joseph MacCarthy lançou esta campanha de caça a elementos subversivos da sociedade, que ficou conhecido como “Caça às bruxas”, diante de sua semelhança com a Inquisição. Não eram os atos que importavam e sim sua aparência; se a pessoa não se afoga no rio é bruxa, então vai pra fogueira, se afogar não era, mas que pena. Note-se que a dita subversão procurada por este movimento era ampla e ambígua, atingindo em cheio a industria cultural e artistas que apoiaram a aliança EUA e URSS durante a guerra, como Chaplin. Outros eram alvo de perseguição por difundir ideais humanistas e pacifistas, como Dalton Trumbo e Lílian Hellman; de forma geral, qualquer um que manifestasse idéias liberais e fora do modelo conservador era motivo de interesse do dito comitê (FRIEDRICH, 1988). O que interessa aqui, na realidade, é que este movimento, obviamente questionável, mobilizou uma boa parcela de intelectuais 24 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e artistas, que amparados pela 5a emenda da Constituição Norteamericana, sobre o direito de ter liberdade e se calar sobre aspectos privados da vida, combateram o próprio ideário macartista, a liberdade, com a própria. Neste paradoxo, lutar pela liberdade contra aqueles que a tolhem em nome da liberdade, criou-se um inimigo dentro de casa e estimulou grandes produções artísticas e movimentos de liberdade. O papel da imprensa, através do jornalista Edward R. Murrow, talvez nunca tenha sido tão ética. Pelo papel da imprensa é que foi possível mobilizar a opinião pública e revertê-la contra o líder; expondo o que antes era um ideal em sua forma mais ridícula e abjeta, demovendo o público e engendrando uma transformação daquele laço social (BARKIN, 2003). Através da percepção de Freud (1921/1996) acerca da psicologia das massas, podemos identificar a alienação do grupo na época, incentivados pela apologia política de perseguição ao que é estranho ou oposto, na lógica da negação das diferenças. O socialismo tornouse o significante a ser rechaçado e a liberdade, de forma deturpada, tornou-se o significante mestre, pois em nome desta que o macartismo se fortaleceu e agregou a opinião pública. MacCarthy, como porta voz do movimento, personificou o ideal comum de exclusão da diferença e exaltação narcísica do nacionalismo. Este movimento, de caráter estrutural paranóico, em vista do rechaço do significante que marca a castração, no caso o socialismo, marca o retorno libidinal investido no narcisismo nacionalista. A perseguição ideológica gerou o movimento contrário, que a partir do mesmo significante mestre, a liberdade, desconstruiu o maquinário macartista, expondo o movimento ao ridículo e absurdo que o fundava. Entretanto, a sociedade norte-americana ainda permaneceu, e permanece, basicamente conservadora. As diversas vivencias que permeiam a pós-modernidade, vivencias liberais e conservadoras, arcaicas e modernas, ou ultramodernas, são constituídas na subjetividade individualista que marca a contemporaneidade. O movimento hippie emergiu na sociedade norte-americana no inicio da década de 1960, influenciado pela literatura beatnik, estilo que deu visibilidade ao inconformismo, crítica da sociedade capitalista e das condições humanas à margem da sociedade. Um autor expressivo Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 25 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA deste movimento foi Jack Kerouac, cujo livro On the road (2009) pode ser identificado como fonte de inspirações de obras revolucionárias posteriores, como o filme Easy Rider ( HOPPER, 1969). A geração flower power, como ficou conhecida, engendrou-se em torno de ideais questionadores e contraculturais, impulsionados pelo desejo de conquista de direitos humanos, rebeldia contra o capitalismo (pré) selvagem, o conservadorismo e o status quo. Suas marcas eram as divulgações da espiritualidade hindu, uso indiscriminado de drogas (cannabis e LSD), vestuário colorido e psicodélico, mensagens pacifistas e de amor livre. A liberação sexual, aliada as campanhas dos direitos humanos, alavancou o movimento feminista, que pela primeira vez, ganhou um corpo atuante, ao contrário das manifestações isoladas e marginalizadas até então (DIAS, 2003). Entretanto, um ideal que se tornou símbolo desta época foi o do “não” a guerra, resposta perante o combate no Vietnam que abarcou muitas vidas do contingente jovem norte-americano. A atitude difundida, além dos protestos e outras manifestações culturais, foi a da desobediência civil, inspirada na poética de Walden, de Thoreau; simplesmente não faça o que lhe é pedido pela sociedade (DIAS, 2003). Findo o conflito no Vietnam, a desilusão tomou conta do “verão de amor”; os jovens ganharam idade e se viram diante do impasse insustentável de se negar a entrar no sistema, cortando seus longos cabelos e indo procurar emprego. Muito se fala sobre a hipocrisia do movimento hippie, mediante sua própria efemeridade e superficialidade. A própria proposta das comunidades alternativas rendeu poucos resultados, dando a muitos a impressão de que o movimento se resumiu a um bando de “filhinhos de papai” que queriam simplesmente fazer baderna e fugir da morte certa numa guerra que nada lhes atingia (no ideal). Nas palavras de Ed Sanders, poeta e músico da época: O problema com os hippies foi que se desenvolveu uma hostilidade dentro da contracultura entre aqueles que tinham o equivalente a um fundo de crédito e aqueles que tinham que se virar sozinhos. (...). Eles podiam voltar pra casa. Podiam ligar pra mamãe e dizer “Me tira daqui”. Ao passo que alguém, criado no conjunto habitacional da Rua Columbia não podia escapar. Assim, surgiu um outro tipo de hippie lúmpen, que vinha de uma verdadeira infância de maus tratos- com pais que o odiavam, pais que o haviam rejeitado. E esses garotos se transformaram num tipo hostil de gente de rua. Tipo punks (MCNEIL e MACCAIN, 1997, p.38). 26 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O termo punk surgiu na década de 1950, para adjetivar uma pessoa vagabunda, à margem da sociedade, rebelde, talvez melhor traduzida para o português por nosso termo baderneiro. Como movimento, possui duas linhas: o punk norte-americano, fruto de movimentos culturais alternativos e já distanciados do Flower power, como o circulo de artistas e performers que rodeavam Andy Warhol; e o punk britânico, inspirado no primeiro movimento, mas distante deste em sua proposta. Na verdade, a imagem do punk melhor difundida mundialmente foi a inglesa, com o vestuário maltrapilho e inspirado em cenas do S&M (sado-masoquismo), excesso de tatuagens, piercings e atitudes francamente hostis e antissociais. O que nos interessa aqui é o inicio desta subcultura nos EUA. Teve inicio em cidades metropolitanas e industrializadas como Nova York e Detroit, em fins de 60, inicio dos anos 70. O movimento realmente ocorreu em Nova York, nos guetos homossexuais e de drogadictos, por meio, basicamente de bandas de rock, porém, influenciou a juventude de Detroit, cidade francamente industrializada, pobre e barulhenta (músicos da cidade falam sobre a influência dos sons de motores de avião e das fábricas de automóveis) (MCNEIL e MCCAIN, 1997). Desiludidos com os próprios ídolos musicais da geração hippie, como Led Zepellin e Pink Floyd, que a esta altura já haviam ganho status de mega-astros, com seus shows caros e hipertécnicos, suas músicas pretensiosas e longas, os punks criaram um ideal de individualidade artística, retornando ao rock rápido dos anos 50, batidas fortes e pouco, ou quase nenhum, virtuosismo (MCNEIL e MCCAIN, 1997). Músicos da época relatam como ponto de partida o som e visual do grupo Velvet Underground, banda fabricada por Andy Warhol, que chamou a atenção por suas letras realistas, que abordavam sexo e drogas declaradamente e, o mais interessante, por possuir um cantor que, na opinião de muitos, não sabia cantar. Nas palavras de Iggy Pop: “O disco do Velvet se tornou importantíssimo para mim, não só por causa do que dizia, mas também porque ouvi outras pessoas que sabiam fazer música boa, sem serem nada boas em música. Isto me deu esperança” (MCNEIL e MCCAIN, 1997, p. 34). Partindo da ideia de que tudo é válido e aceitável, o punk rock viabilizou um ecletismo artístico nunca visto até então. Os ideais Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 27 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA idílicos do movimento hippie foram levados ao extremo, sendo a maconha e o sexo livre substituídos por drogas mais pesadas e libertinagem sexual. Ao invés de protestar por direitos civis, os punks simplesmente se impuseram em sua restrita sociedade onde tudo era permitido, exacerbando as particularidades de cada um e exaltando ao máximo as diferenças individuais. Apesar de dar vazão as vias autodestrutivas, tanto que dessa geração quem não morreu abandonou essa cultura, deu espaço para a liberdade de expressão tanto para mulheres, homossexuais e transgêneros. Para os punks, o diferente e contestador era o que importava, e não alguma marca registrada fixa ou discurso pré-fixado. Porém, a autodestruição acima citada cobrou seu preço e, em cerca de uma década, quem não morreu se vendeu, ou melhor, partiu para estilos softs mais aceitáveis para o mercado, adotando atitudes mais suaves e conformistas, engendrando um número considerável de estilos musicais como o New Wave, a música eletrônica e a Disco music (MCNEIL e MCCAIN, 1997). Na literatura o movimento se difundiu através de relatos biográficos e poesias, os quais em geral tratavam de ambiguidade sexual e o cotidiano de viciados em heroína, representados por Jim Carroll e Patti Smith. No cinema, jovens cineastas como Francis Ford Copolla, Martin Scorsese e John Cassavettes se apropriam da abordagem realista e se aventuraram a filmar histórias que antes não eram contadas, ou a partir de perspectivas antes omitidas, como em filmes como A woman under the influence ou Táxi driver (DEMME, 2003). Já em inícios dos anos 80, os yuppies (young urban professionals), com suas carreiras em ascensão, o consumismo exacerbado, movidos pela cocaína, vieram a dar o ponto final em qualquer possibilidade de rebeldia e inconformismo. Como diziam os punks, os hippies viraram yuppies, e acabaram com tudo (MCNEIL e MCCAIN, 1997). 3-CONSIDERAÇÕES FINAIS: E AGORA JOSÉ? No ensaio The impudence of uttering: the mother tong (2007) Julia Kristeva nota que a sublimação é apoiada pela linguagem, sendo esta a fundadora da cultura. Para Freud (1915/2010), a sublimação possui três características: modificação no alvo da pulsão, 28 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF modificação no objeto da pulsão e uma validação externa, ou seja, o reconhecimento do valor da obra pela sociedade. Para Kristeva (2007) a pulsão sublimatória é submetida, não apenas, ao autoerotismo, mas também às regras particulares de uma dada língua e da semiótica de cada momento histórico. A dessexualização necessária a este processo, longe de repudiar a carga sexual, a transpõe para investir na comunicação que compõe a representação das coisas e das palavras. Assim, a linguagem é transformada em objeto de gozo. No caso da música, por exemplo, a linguagem musical é o motor da expressão artística, como na pintura e na escultura é a própria semiótica, estudo dos símbolos e dos fenômenos culturais como elementos signeos. Kristeva (2007) irá, brevemente, ao final do ensaio articular a possibilidade de sublimar com a relação da mãe com sua criança, sendo a própria relação um ato sublimatório. Identifica na expressão de Winnicott, “mãe suficientemente boa” esta possibilidade, marcando o papel de portadora de um desejo, ao mesmo tempo em que deve estabelecer a falta na criança. Atualmente pode-se perceber uma falência do Nome do Pai, sendo este movimento, em geral, inserido pela função materna, é pela voz da mãe que o terceiro invade a relação, a principio dual, entre ela (ou seja lá quem fizer este papel) e a criança. Em paralelo a esta constatação, viu-se em A arte de reduzir cabeças (2005) de Dany Dufour, como a massificação do mercado capitalista enquanto mestre do discurso pós-moderno invadiu as relações objetais humanas, sendo as mesmas com objetos em si ou com o individuo, já que o humano na sociedade capitalista se torna um objeto (não utilizando aqui a idéia freudiana de objeto amoroso, carregado de identificações e imagos). Pelo contrário, os objetos pós-modernos são desvinculados de qualquer carga simbólica, para melhor facilitar sua circulação, suas trocas. Essa dessimbolização objetal atinge o psiquismo humano, como nota Yannis Gabriel (1988), exemplificados nas patologias atuais, cujas estruturas clássicas (psicose, perversão e neurose) passam a se apresentar transformadas em sua aparência, como nos casos limites e no narcisismo moderno; mostram-se com um traço comum, que é o empobrecimento do funcionamento psíquico e um recuo na capacidade de simbolização. Para este autor, atualmente ocorre um Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 29 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA enfraquecimento na configuração de Eros, a cultura dispensa gradativamente a necessidade de sublimar e construir vínculos sociais dessexualizados. Articula este fato com a falta parental, no sentido de pais que pudessem se constituir alvos identificatórios suficientes para autorizar que se formasse a estruturação da personalidade, a organização psíquica escaparia, assim, do modelo genital e edípico. Retomando o trabalho de Dufour (2005), o autor identifica no Holocausto judeu, ocorrido na segunda Grande Guerra uma marca na possibilidade do estabelecimento de qualquer ideal, como se naquele contexto, o humano tivesse chegado ao ponto mais baixo de sua civilidade. Nossa intenção, neste trabalho, foi tentar identificar alguns movimentos sociais que ainda tentaram formar um laço social, mas pudemos perceber que os três falharam em sua possibilidade de engendrar a sublimação, já que apenas poucos conseguiram erigir uma obra de peso, no que tange o reconhecimento social. Na verdade, estes movimentos, talvez excluído o papel da imprensa no macartismo, vieram ao encontro com os fatores expostos por Gabriel(1988) e Dufour (2005), no sentido que responderam diretamente à demanda do mestre mercado, produzindo objetos efêmeros e superficiais. No macartismo, pode-se perceber a luta por um ideal e a atividade sublimatória vinculada ao direito de expressão, à liberdade de conduta (escolha política ou ideário liberal) e a inserção de pessoas num movimento desvinculado de seu próprio eu. Já o movimento flower-power, apesar da proposta pacifista e da mobilização em torno da derrubada de tabus sociais conservadores, ficou resumido a jovens alienados, que apenas queriam fugir de suas responsabilidades, sendo estas as mesmas as quais não tiveram escapatória e os fez retornar ao dito sistema. O movimento punk leva às últimas consequências qualquer possibilidade de articulação do Nome do Pai, seria o estruturalmente mais perverso, tanto que seus participantes, no mais, encontraram apenas a morte e a decadência. Apesar de reconhecer vários méritos neste movimento, como a contestação de modelos sociais, este não possuiu sustentação idealística suficiente para fazer uma marca positiva no ideário social; apenas se resumiu, novamente, a um bando de gente doida, da qual ninguém hoje ouviu falar, e que teve que se adequar aos moldes capitalistas. 30 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Nos três movimentos, pode-se perceber o alvo da crítica, o Outro a ser combatido, sendo este o propulsor do movimento. Entretanto, a falha reconhecida em fazer uma marca se dá, justamente, na forma como os mesmos foram digeridos pela sociedade. Se um jovem hoje se auto intitula um hippie ou um punk, podemos ter certeza que estará se referindo ao lado menos interessante do movimento, que este terá sido apropriado apenas em sua imagem (roupas, atitude, uso de drogas e sexo alienado), e não à articulação simbólica que verdadeiramente engendrou tais movimentos (Jack Kerouac, Henri Thoreau, Andy Warhol, Patti Smith, apenas para citar alguns exemplos). Concordamos com Enriquez (1991) acerca do caráter predominantemente subversivo da psicanálise pois: “revela, nos comportamentos cotidianos, a parte de mentiras e máscaras; desmistifica os ideais e as ideologias; devolve a carga dramática à relação sexual” (p. 241). Vemos que a sexualidade libertária de hoje mina exatamente a referida carga dramática da relação sexual, a banaliza. As máscaras são a palavra de ordem, já que a imagem é tudo, sede é nada (imagem e não imago); e as ideias e ideologias, foram substituídas por constructos que não fazem jus ao nome. De nossa parte, vemos na clínica psicanalítica a eclosão de novas configurações subjetivas, principalmente personalidade narcísicas, as quais tornam a intervenção psicanalítica muito difícil, quando não impossível. O que nos chama muito a atenção é realmente a falência das funções maternas e paternas, os filhos gerados sem uma centelha de desejo, tratados como meros objetos dessimbolizados , “coisas” que estão dando muito trabalho. Neste aspecto, vemos que a psicanálise se faz muito necessária, pois apresenta uma discursividade que rema contra a maré atual. Entretanto, não sabemos se é o suficiente, ou o que seria necessário para reverter tal situação. Para concluir, preferimos deixar nas palavras do poeta, que como Freud reconhece, sempre apreende melhor as coisas: E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 31 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, Que zomba dos outros, Você que faz versos, Que ama, protesta? E agora, José? (DRUMMOND, 1988) 4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, C. D. Literatura comentada. São Paulo: Nova Cultura, 1988. BARKIN, S. M. American television news: the media marketplace and the public interest. New York: Sharpe, 2003. BENJAMIN, W. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In W. Benjamin, Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983. DEMME, T. (Diretor). A decade under the influence [Motion Picture], 2003. DIAS, L. Anos 70: enquanto corria a barca: anos de chumbo, piração e amor- uma reportagem subjetiva. São Paulo: Senac, 2003. DUFOUR, D.-R. A arte de reduzir as cabeças: sobre a nova servidão nas sociedades ultraliberais. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2005. 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Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A MOTIVAÇÃO NA BUSCA TRANSCENDENTAL DO EGO DAMETO, Lucas1 SILVA, Alini2 BARACAT, Juliana3 1 2 Discente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected] Discente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected] 3 Docente do Curso de Psicologia da FAEF - [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo conceituar motivação e transcendência, tendo como principal base a teoria de Maslow sobre as necessidades básicas. Apresentaremos ao leitor os caminhos percorridos pelo ego até conseguir alcançar uma possível transcendência, assim abrangendo teorias que ampliará nossa visão sobre o assunto levando-nos ao entendimento geral do mesmo. Relacionaremos as necessidades básicas com a transcendência mostrando como a primeira acontece para alcançar à segunda. Palavras Chave – Ego, motivação, necessidades básicas e transcendência. ABSTRACT This paper aims to conceptualize motivation and transcendence, the main base of Maslow’s theory of basic needs. Introduce the reader to the paths taken by the ego to achieving a possible transcendence, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 35 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA thus encompassing theories that brighten our view on the subject leading us to the general understanding of it. Will relate the basic needs with transcendence showing how the first case to reach the second. Keywords – Basic needs, ego, motivation and transcendence. 1.INTRODUÇÃO Primeiramente, o presente trabalho tem como proposta desenvolver e apresentar o conceito de motivação e, também, de transcendência, assim identificando a relação entre ambas para uma busca idealizada do ego. Deste modo, iremos abranger teorias e textos ligados diretamente à Filosofia, Psicologia e a áreas que estudam o desenvolvimento humano. Uma das teorias apresentadas será a de Maslow, a qual ele expõe a pirâmide Hierárquica de Necessidades. Com essa teoria apresentaremos os caminhos percorridos pelo ego até alcançar uma possível transcendência. Apresentaremos, também, as relações objetais que o ego toma como identificação para si. Junto a isso identificaremos a influência ocorrida para o individuo se transcender. O tema, de certa forma, é bastante complexo, pois, além de tudo, não podemos afirmar que a transcendência é algo pouco difícil de ser alcançado. Para uma possível transcendência é preciso passar por várias etapas da vida, levando muito em conta a resiliência do individuo e a sua relação com o meio. O ser humano precisa de algo que o leve para frente, independente se este é constante ou apenas momentâneo, querer realizar objetivos que estejam além do que já é capaz, sendo assim, precisa da motivação. Por motivação temos grandes teorias e explicações que abrangem inúmeras áreas filosóficas e humanas. 2.DEFINIÇÕES PARA MOTIVAÇÃO E TRANSCENDÊNCIA Para definir motivação há uma forte contradição, já que todas as concepções são ainda primitivas, de senso comum, mesmo com um linguajar mais formal. Muitos estudiosos definem motivação, por vezes, de formas contraditórias. Pois, a vasta quantidade de 36 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF concepções indica a falta de conhecimento sobre o assunto. No entanto, para o respectivo artigo, nos convêm as seguintes definições: segundo Rogers, Ludington & Graham (1997) a motivação é um estado, no qual sentimos desejo ou necessidade de algo, é um impulso que temos para fazer alguma coisa. Ainda, de acordo com Lieury & Fenouillet (2000) ela é um conjunto de mecanismos biológicos e psicológicos que torna possível o desencadeamento da ação para uma meta, como também para o afastamento desta. Logo, quanto mais motivada e mais persistente maior é a atividade do indivíduo. O fato é que mesmo sendo entendida como um conjunto de fatores ou um processo, a motivação leva a uma escolha, faz iniciar um comportamento direcionado a um objetivo (BZUNECK, 2004). Uma das grandes teorias da motivação humana foi criada e desenvolvida por Abraham Maslow, que nos apresenta o conceito de necessidades básicas, no qual ele afirma que todos os indivíduos possuem essas necessidades, mas com graus de intensidade diferenciados de uma pessoa para outra (PUENTE, 1982). Maslow apresenta as necessidades básicas especificamente como: · Necessidades fisiológicas – Fome, sede, sono, sexo, etc. Uma pessoa que carece de alimento, segurança, amor e estima, desejará, provavelmente, alimento acima de tudo (MASLOW, 1971, p.342). · Necessidades de segurança – Após a satisfação das necessidades fisiológicas, a necessidade de segurança vem à tona, essa necessidade é mais abrangente em crianças. No livro Tendências Contemporâneas em Psicologia da Motivação (1982), Puente cita exemplos de Maslow sobre as necessidades de segurança: – necessidades de proteção e tranquilização durante uma doença; – preferência por um tipo qualquer de rotina ou ritmo ininterrupto; – preferência pelo conhecimento, por uma religião, ciência ou filosofia que organize o universo. (PUENTE, 1982) · Necessidades de amor – Por necessidades de amor devemos entender que não é sexo, mas sim uma afeição. Maslow apresenta essa concepção pela frase de Rogers: “Amor significa ser plenamente Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 37 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA compreendido e profundamente aceito por alguém” (PUENTE, 1982, p.24). · Necessidades de estima – Aceitação própria, autoestima, autoconfiança, valor e respeito a si próprio. Podemos falar também em um Ego estruturado. · Necessidades de autoatualização – É este ponto que mais nos interessa para o presente artigo. Sobre a autoatualização, Maslow (1971) diz que é “o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser”, assim, ligando-se totalmente à transcendência. Maslow, então, fala sobre a necessidade de crescimento ligado à autoatualização e dentro desse fator estão contidos: verdade, bondade, beleza, transcendência, inteireza, justiça e outras (PUENTE, 1982). Para prosseguirmos com o desenvolvimento do trabalho temos que entender por definição de transcendência como “ir além”. Ir além do desejo, e os desejos humanos são inesgotáveis, sendo assim, podemos definir transcendência como algo infinito – quanto mais se alcança, maior o desejo de prosseguir. Podemos separar a transcendência em três tipos, são estes: Religiosa – ajuda no desamparo do indivíduo e lida com as forças da natureza –; Filosófica – vai além da aparência para buscar a essência – e Psíquica – que vai além do consciente em busca de respostas para seus próprios traumas (AUTORIA DESCONHECIDA). A palavra transcendência é fortemente usada em termos espirituais, divino ou meta-humano, mas igualmente não é excluída a compreensão de que a busca da transcendência seja algo natural (BOAINAIN, 1998). Maslow nos apresenta a concepção de transcendência da seguinte forma: Transcendência também significa tornar-se divino ou assemelhado a Deus, indo além do meramente humano. Mas é necessário que aqui sejamos cautelosos para não fazer desse tipo de colocação algo extra-humano ou sobre humano. Eu penso na utilização da palavra “meta-humano” [...] como forma de enfatizar que este torna-se muito elevado ou divino assemelhado a Deus é parte da natureza mesmo que não seja frequentemente observado o fato. Ainda assim permanece como potencialidade da natureza humana (MASLOW, 1969, p. 61). 38 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Agora que entendemos o conceito de motivação e transcendência precisamos identificar como a primeira levará o Ego a uma possível transcendência. 2.1. A motivação na busca de uma possível transcendência do Ego O enfoque deste ponto é delimitado a identificar quais influências levam o ego a uma possível transcendência e como isso ocorre na maioria das vezes. Maslow coloca junto à autoatualização a própria transcendência, pois na obra O Comportamento Humano na Empresa (1971) ele diz que a “autoatualização é a tendência de realizar o potencial. Essa tendência pode ser expressa como o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais o que é e de vir a ser tudo o que pode ser” (MASLOW, 1971, p.352). Então, sabemos que para a transcendência ser alcançada, o individuo precisa passar por todas as etapas das necessidades básicas, sem exceção de nenhuma. Mas também, para unir o ego à transcendência deve ser direcionado catexias ao objeto de identificação do eu – que provavelmente seja transcendental – assim com o investimento libidinal ligado ao objeto transcendente e as necessidades básicas terem sido saciadas, a probabilidade do ego do individuo se aproximar à transcendência tende a aumentar. O fator de identificação com o objeto transcendental – real ou fantasioso – é de grande importância para a busca da transcendência, pois, podemos identificar nas pessoas autoatualizadas ou transcendentais que suas ligações religiosas são extremamente fortes. Qual foi o objeto que o ego desses indivíduos extremamente religiosos tomou como identificação? O Divino. Podendo ser Deus, deuses mitológicos, pagãos, entre toda diversidade que há, mas de qualquer forma, sendo uma divindade. Por esse motivo que muitas vezes a palavra transcendência é entendida como um termo espiritual ou meta-humano. Outro ponto essencial para alcançar a transcendência é a autonomia, que leva o ego absolutamente a assumir seu desamparo, o individuo não pode ter o ego dependente. Isso forma uma ligação da identificação transcendental e apresenta que as identificações anteriores, como a da figura paterna ou materna, foram abandonadas pelo ego. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 39 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA [...] Isso nos conduz de volta à origem do ideal do ego; por trás dele jaz oculta a primeira e mais importante identificação de um indivíduo, a sua identificação com o pai em sua própria pré-história pessoal. [...] as escolhas objetais pertencentes ao primeiro período sexual e relacionadas ao pai e à mãe parecem normalmente encontrar seu desfecho numa identificação desse tipo, que assim reforçaria a primária (FREUD, 1923, p.18). 2.2.Necessidades de deficiência e crescimento Para prosseguirmos com ensaio do ego transcendental temos por obrigação de ter a ciência das necessidades de deficiência e de crescimento. Maslow nos apresenta a necessidade de deficiência como se fosse “buracos vazios que devem ser preenchidos a bem da saúde e, além disso, devem ser preenchidos de fora por outros seres humanos que não sejam o próprio sujeito” (MASLOW, 1968, p.49) e as necessidades de crescimento como “vários processos que levam a pessoa no sentido de sua individuação final” (MASLOW, 1968, p.53). A necessidade de crescimento acontece após as necessidades básicas serem concluídas. A pessoa orientada para a satisfação de necessidades é mais egocêntrica, tornando-se difícil centrar-se no mundo, dificuldade que aumenta quanto mais déficit de necessidades a pessoa tenha. A pessoa motivada para o crescimento possui uma capacidade para centrarse no mundo quanto mais deixa para trás o egocentrismo, mais envolvida estará com o mundo objetivo. (PUENTE, 1982, p.30) Então, outro ponto que sabemos é que o individuo, para alcançar a transcendência, precisa ser motivado pela necessidade de crescimento, pois a satisfação das necessidades básicas gera uma crescente motivação tornando a pessoa mais ativa e assim buscando o crescimento do próprio ego (PUENTE, 1982). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho teve como objetivo apresentar ao leitor a definição de motivação pela teoria de Maslow, que nos sugere o conceito das necessidades básicas. Desta forma, utilizamos as etapas dessas necessidades com a finalidade de modificar o ego 40 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF do indivíduo com o intuito de que este chegue a uma possível transcendência. O grande aspecto que motivou o estudo da transcendência foi a ampla complexidade para entendimento do assunto por estudantes de psicologia e outras áreas que exigem esse entendimento. Além de tudo houve uma grande escassez na pesquisa sobre a motivação ligada à transcendência, assim, buscamos teorias de ambos os assuntos separadamente e por fim às ligamos. Compreendemos que a transcendência é algo muito raro de ser alcançado, mas não impossível. Como mostramos no artigo, deve-se passar por várias fazes antes de se pensar em um ego transcendental, não apenas pelas necessidades básicas, mas pensando também na identificação para o ideal do ego e na necessidade de crescimento. Chegamos, enfim, à conclusão de que a motivação baseada nas necessidades básicas é a maior essência para a busca do ego transcendental. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOAINAIN, E. Tornar-se transpessoal: transcendência e espiritualidade na obra de Carl Rogers. 1998. Summus Editorial. BZUNECK, J. A. 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Motivation & learning: A teacher’s guide to building excitement for learning & igniting the drive for quality. 1997. 3ª Ed. Evergreen: Peak Learning Systems. 42 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ERGONOMIA COGNITIVA: UM ESTUDO SOBRE OS TRAÇOS INTELECTUAIS NO MUNDO DO TRABALHO Matheus Cardoso VALENCIANO1 Juliana BARACAT2 1 Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde de Garça- SP - e-mail: [email protected] 2 Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências d Saúde de Garça- SP - e-mail: [email protected] RESUMO A Ergonomia Cognitiva , é uma área da ergonomia que representa e refere-se aos processos mentais , tais como percepção, atenção , cognição , controle motor e armazenamento e recuperação de memória , e como eles afetam as interfaces entre seres humanos e outros elementos de um sistema. A Ergonomia, pode ser definida como adaptação do trabalho ao homem, é dividida em física, organizacional e cognitiva. No início da produção industrial organizada, principalmente após a fase da administração científica de Taylor, em 1912, era a ergonomia física que predominava, em que se utilizava a força física dos trabalhadores e se originou o termo “mão-de-obra”. Com o passar do tempo, e cada vez mais, principalmente devido a mecanização e automatização das máquinas, deixou-se de usar “as mãos” e passouse a usar “o cérebro”. Palavras-Chave : Cognitivismo, Ergonomia, Trabalho Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 43 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Cognitive Ergonomics, is an area that is ergonomic and refers to mental processes such as perception, attention, cognition, motor control and memory storage and retrieval, and how they affect the interface between humans and other elements of a system. Ergonomics can be defined as adaptation of work to man, is divided into physical, cognitive and organizational. At the beginning of organized industrial production, especially after the phase of scientific management Taylor, in 1912, was the physical ergonomics that prevailed, that was used in the physical strength of workers and originated the term “hand labor”. With the passage of time, and increasingly, mainly due to mechanization and automation of machinery was allowed to use “hands” and we started to use “the brain”. Key-words: cognitivism, ergonomics, work. 1.INTRODUÇÃO O Objetivo deste artigo, é mostrar que a Ergonomia esta relacionada com o contexto moderno de trabalho, sobretudo na economia industrial e como as aplicações de técnicas de adaptação do homem em relação ao seu trabalho de forma eficiente e segura visa otimizar o bem estar e o aumento da produtividade, sendo este fruto da disciplina de Ergonomia e Saúde do trabalhador do curso de Psicologia. A palavra Ergonomia divide-se em Ergo+Nomia pois esta tem origem de duas palavras gregas “Ergon”( Ergo ) que significa trabalho , e “Nomos”( nomia ) , que significa leis , regras . A Ergonomia estuda e defende os aspectos fisiológicos , anatômicos , psicológicos , relacionados com o ambiente profissional. Em 1949, K.F.H. Murrel, engenheiro inglês, começou a dar um conteúdo mais preciso à ergonomia, e fez o reconhecimento desta disciplina científica criando a primeira associação nacional de Ergonomia, a Ergonomic Research Society, que reunia fisiologistas, psicólogos e engenheiros que se interessavam pela adaptação do trabalho ao homem (LIDA, 2001). Foi a partir deste momento que a ergonomia passou a ter grande aplicação prática.A Cognição , já 44 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF éum ato ou processo de conhecer , que envolve atenção , percepção, memória , raciocínio , juízo , imaginação , pensamento e linguagem . A palavra tem origem nos escritos de Platão e Aristoteles . No passado o trabalho era essencialmente físico, com pouca ou nenhuma participação intelectual daqueles que atuavam no chão de fabrica. O termo mão-de-obra vem desta atuação, onde usavam-se as mãos e não a “cabeça”. Na medida em que a tecnologia foi evoluindo, cada vez mais o trabalho físico foi diminuindo, enquanto o trabalho intelectual foi aumentando, podendo-se pensar, até, no termo cérebro-de-obra.A carga mental de trabalho , tomadas de decisões , desempenho , interação homem computador ,estresse e treinamento , se relacionam a projetos envolvendo seres humanos e sistemas ( WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre). O olhar da Ergonomia não se limita a entender a atividade humana nos processos de trabalho de uma ótica puramente física , ou entender que os trabalhadores não são apenas simples executantes , e sim que são capazes de detectar sinais e indícios importantes , são operadores competentes e são organizados entre si para trabalhar , e que nesse contexto podem cometer erros ( LAVILLE, 1977). 2.DESENVOLVIMENTO A Ergonomia tem uma dimensão pluridisciplinar que envolve a Fisiologia, a Psicologia, a Sociologia, Engenharia e Medicina do Trabalho ( LAVILLE, 1977) . Alguns tópicos da Ergonomia Cognitiva , érepresentado pela Carga Mental de Trabalho , Vigilância , Tomadas de Decisões , Desempenho de Habilidades , Erro Humano e Interação Homem Computador . Há muito tempo que a Ergonomia vem evoluindo , tendo tomado um grande impulso após a Segunda Guerra Mundial, envolvido com o advento de máquinas e armas sofisticadas, criando demandas cognitivas jamais vistas antes por operadores de máquinas, em termos de tomada de decisão, atenção, análise situacional e coordenação entre mãos e olhos. Um exemplo clássico que podemos estar utilizando é que em 1943, Alphonse Chapanis, tenente do exército norte-americano, mostrou que o “erro do piloto” poderia ser muito reduzido quando controles mais lógicos e diferenciáveis substituíssem Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 45 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA os confusos projetos das cabines dos aviões. Muitos pesquisadores estudaram e criaram definições de inteligência, e alguns até criaram métodos para medir a inteligência de uma pessoa, existindo testes que “conferem uma nota” para a mesma. Dentre as diversas teorias duas se destacam: a do suíço Jean Piaget (1896-1980) e a do francês Alfred Binet (1857-1911). Piaget imaginou a inteligência como um desenvolvimento cognitivo caracterizado por uma evolução progressiva, em função da idade, como uma construção progressiva de estruturas mentais. Segundo Piaget, o ser humano apresenta os seguintes estágios de inteligência: de 0 a 2 anos de idade é o estágio sensório motor , caracterizada pela inteligência aplicada à situações e ações concretas; de 2 a 7 anos o estágio pré-operatório, caracterizado pela reprodução de imagens metais, usando pensamentos intuitivos que se expressa numa linguagem comunicativa; de 7 a 12 anos estágio de operações concretas, caracterizada pela aceitação do ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva e acima de 12 anos o estágio de operações formais, caracterizada pela fase de transição para o modo adulto de pensar, formando a partir dessa fase a capacidade de raciocínio sobre hipóteses e idéias abstratas . (ABRANTES e ABRANTES, 2009). Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia (COLL E GILLIÈRON, 1987). Segundo Gardner (1994), todo ser humano é dotado de múltiplas inteligências, sendo algumas mais fortes que outras, ou seja, cada pessoa tem mais ou menos facilidade de executar determinadas tarefas. Quando um trabalhador é obrigado a usar aspecto de sua inteligência menos desenvolvida, ele se estressa, ou seja, o trabalho não está sendo adaptado a ele, trazendo-lhe uma série de consequências, típicas das condições de estresse. Sabe-se que há muito tempo, as empresas procuram contratar funcionários que tenham formação multi, inter e transdisciplinar, ou seja, que irão atuar em diversas especialidades e áreas. Também se sabe que, mesmo muitas pessoas que atendem a estes requisitos, também têm suas inteligências fortes, ou seja, também estarão submetidas ao estresse, quando obrigadas continuamente a analisar 46 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF problemas e tomar decisões, sobre questões às quais não estão enquadradas nas suas áreas fortes da inteligência. Com a crescente sofisticação dos trabalhos, principalmente com ações e interações em sistemas computacionais, em que o trabalhador tem que estar continuamente atento e tomando decisões, sabe-se do aumento do estresse ocupacional. Enquanto no passado, devido ao trabalho físico, era a ergonomia física que predominava, já há algum tempo que predomina o trabalho mental, relacionado à ergonomia cognitiva. Em síntese, pode-se pensar que saiu-se da era. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluindo este artigo, pode-se recomendar que, ao se fazer uma análise ou auditoria ou projeto ergonômico de um posto de trabalho, especialmente onde ocorrerá a ergonomia cognitiva, principalmente com interação entre homem e computador, deve-se levar em conta quais, dentre as múltiplas, são as inteligências fortes exigidas para tal, de forma a colocar a pessoa certa no lugar certo. Baseado na teoria das inteligências múltiplas, em especial devido formação neuronal e comportamentos, também se pode explicar e aceitar que existem trabalhos que são melhores executados por mulheres, do que por homens, e vice versa. Um trabalho de ergonomia bem feito , ajudará muitas empresas a crescerem no mercado e consequentemente se expandirem com mais facilidade . 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRANTES, José; ABRANTES, Maria Helena Barbosa. Por quê as mulheres são mais inteligentes que os homens. , Wak, , 2009 CAMPBELL, Linda, CAMPBELL, Bruce e DICKINSON, Dee. Ensino e aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. Tradução de Magda França Lopes. 2 ed, Porto Alegre: Artmed, 2000. GARDNER, Howard. Estruturas da mente. Porto Alegre, ArtMed, Porto Alegre, RS, 1994. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 47 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 48 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A CONCEPÇÃO DE PESSOA PARA EMMANUEL MOUNIER Daiane Castro MOREIRA1 Magda Rodrigues de OLIVEIRA Silvio Teixeira GONÇALVES Janete Bervique AGUIRRES2 1 Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral de Garça - FAEF 2 Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral de Garça - FAEF RESUMO Este artigo apresenta os elementos que definem a concepção de pessoa para Emmanuel Mounier e o seu conceito de personalismo, que vêm a definir o que ele pensa sobre a liberdade do homem, a sua história e luta para defender uma liberdade de expressão que, nos dias atuais, já se faz comum de acordo com situações. Palavras-chave: Concepção, Pessoa, Liberdade, Mounier. ABSTRACT This article introduces the elements that define the concept of person to Emmanuel Mounier and his concept of personalism, which come to define what he thinks about human freedom, its history and fight to defend freedom of expression, nowadays , it is already common according to situations. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 49 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Keywords: Design, Individual Freedom, Mounier. 1 INTRODUÇÃO Segundo HENRIQUES; VACAS (2000), Emmanuel Mounier nasceu em 1905, em Grenoble, e foi um filósofo e escritor, dividiu com o mundo diversas obras, incluindo a revista Espirit, com forte influência o Personalismo. Uma das grandes contribuições deste autor foi o livro: O Personalismo, elaborado em plena vida, uma filosofia que aborda sistematizações, além de realçar a liberdade do homem e o poder ser imprevisível. A publicação de O Personalismo na França, no final da década de 1940, foi de enorme importância pela influência que teve na evolução do pensamento político universal, em toda a segunda metade do século XX. A sua afirmação central, “a existência de pessoas livres e criadoras”, fez dele mais uma orientação do que uma doutrina. 1.1 Objetivo geral Discorrer sobre a concepção da pessoa e de liberdade de expressão, segundo Emmanuel Mounier. Objetivos específicos: - caracterizar o que é Personalismo para Mounier; - definir o que é liberdade humana e liberdade de expressão, para este pensador; - descrever a nova concepção de civilização, segundo o pensamento do mesmo; 1.2 Metodologia Elegemos a pesquisa bibliográfica para a elaboração do presente artigo. Esta pesquisa consiste em levantamentos de dados, sobre o que já foi publicado em livros, revistas, sites e outras fontes, para 50 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF efetua-lo foi necessário selecionar os textos úteis por serem adequados ao assunto e aos objetivos. 2 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA PESSOA LIVRE E CRIADORA Mounier defende a liberdade do homem, de ser, de querer, de ir e vir, pensar e agir de forma que nenhuma imposição o impeça de ser quem ele é; isto é explicado no seguinte trecho: A pessoa, para ele é antes de mais nada o não, a recusa de aderir, a possibilidade de se opor, de duvidar, de resistir à vertigem mental correlativamente a todas as formas de afirmação coletiva quer sejam teológicas, quer sejam socialistas (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO,2007). Segundo Santos e Monteiro (s.d.), o Personalismo de Emmanuel Mounier é uma forma de compreender o homem e suas características próprias. Nas suas contribuições filosóficas ele expressa veementemente os atributos do homem, afirmando que ele é um ser de liberdade de expressão, ou seja, de escolhas: alguém que sabe amar, querer, sentir entre outros atributos, porem ele não deve ser manipulado ou usado para benefícios de terceiros, como no século XX, quando as pessoas desta época não tinham ou não faziam o uso da liberdade de expressão. Mounier, em muitas das suas tentativas de fazer valer a liberdade, lançou mão de escritos que continham ideais de sua própria autoria; chegou a ir para prisão em nome deste protesto contra as forças opressoras. Este fato veio a ocorrer em decorrência de certos problemas do século XX, como a Segunda Guerra Mundial, que devastou o país deixando caos e miséria por toda parte, além da eminente ameaça de uma terceira guerra. Nestes processos, o país afetado pela guerra encontrava-se em conflito com tudo e com todos; as pessoas não podiam afirmar suas ideias ou quaisquer outros direitos. Foi então que Mounier apresentou sua filosofia, seu jeito de compreender a vida; foi questionado e em resposta a esta acusação afirmou que: O Personalismo é uma filosofia. Não é apenas uma atitude. É uma filosofia, não é um sistema. Não foge à sistematização. Porquanto o pensamento Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 51 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA necessita de ordem: conceitos, lógica, esquemas unificantes, não servem apenas para fixar e comunicar um pensamento que sem eles se diluiria em intuições opacas e solitárias; [...] Por que define estruturas, o Personalismo é uma filosofia e não apenas uma atitude. Mas sendo a existência de pessoas livres e criadoras a sua afirmação central, introduz no centro dessas estruturas um princípio de imprevisibilidade que afasta qualquer desejo de sistematização definitiva (MOUNIER1964, apud SANTOS; MONTEIRO, .s.d). Para Mounier, a liberdade do homem é inegável e deixá-la por outras forças significa acomodar-se em uma situação alienante. A alienação do homem é a miséria material, que não aceita a pessoa como corpo e alma; assim, o homem alienado deixa de ser o que realmente é de fato (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO, 2007). O homem existe para uma busca concreta de libertação, isso se dá por um processo de transformação da própria consciência, mas a libertação também se dará pelo esforço do homem em “humanizar a humanidade” humanizando-se (MOUNIER, 1976 apud NASCIMENTO, 2007). A pessoa só se faz na comunidade e comunidade só pode ser entendida como comunidade de pessoas. As características de pessoa para Mounier são: a encarnação, o engajamento, a vocação, a ultrapassagem de si, o despojamento, a liberdade e a autonomia, a comunhão e a comunidade. A comunidade e a pessoa seriam a proposta personalista de Emmanuel Mounier, que quis mostrar uma nova civilização, que era contra a civilização individualista e a civilização coletivista. A partir da visão personalista, Mounier estabelece os seguintes temas de concepção de civilização (LORENZO, 2010): 1. A educação da pessoa: a pessoa ser engajada como pessoa, ser livre em toda sua dimensão. 2. A vida privada: a pessoa precisa de interioridade para a vida pública. 3. A cultura da pessoa: a cultura está no povo, e o enriquecimento no interior de cada um. 4. Uma economia para a pessoa: crítica ao capitalismo que é impessoal e está fora da pessoa. Promove uma economia voltada para a pessoa. 5. A sociedade política: a política deve atender à pessoa integral. 6. A sociedade internacional e inter-racial: propõe uma 52 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF comunidade que não seria composta pelo Estado, e sim pelo povo fora e ao lado dos Estados. Mounier foi o precursor do personalismo da liberdade do homem, deste ser de devir de direito e de subjetividades. Ele ainda afirmava que não basta compreender, é preciso fazer; mais que desenvolver em nós esta consciência e sinceridade, e sim assumir o máximo de responsabilidade e transformar a realidade. Neste contexto de pós-guerra que, a partir do engajamento de Mounier se fez valer a influência dos seus conceitos sobre a liberdade de expressão do homem, sendo esta usada no cotidiano do indivíduo diante de diversos situações, ambientes e épocas. No texto produzido pelo Escritório de Programas Internacionais de Informação, Departamento de Estado dos EUA, pode-se encontrar conceitos que definem alguns traços da liberdade de expressão, fatos que antes não eram vistos com bons olhos na época de Mounier; mas, atualmente este mesmo tema é abordado sob um novo olhar e isso pode de ser conferido no texto a seguir. A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas, é o suporte vital de qualquer democracia. Os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais. Assim, geralmente, as democracias têm muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes, e até contrárias. O princípio da liberdade de expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e executivo do governo de impor a censura. (http://www.embaixada-americana.org.br) (s. d., s.p.) Diante deste argumento pode-se compreender que, quando se restringe a liberdade de um indivíduo, não somente o direito deste é atingido, mas também o de toda a comunidade, de receber e debater as informações; caracteriza-se, assim, que a liberdade de expressão atinge o indivíduo e a interação humana na sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por hora, podemos afirmar que as contribuições de Emmanuel Mounier, conceituando o personalismo e a liberdade do indivíduo, e a sua busca concreta de libertação. Embora, nos dias atuais, a liberdade de expressão esteja presente Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 53 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em diversos momentos, fazendo valer os direitos de alguém, não se pode esquecer os precursores da conquista desses direitos, que foram defendidos com muitas lutas pessoais para garantir o que antes foi negado. Em nome destes ideais, Mounier foi preso, mal visto, mal interpretado, mas as suas contribuições contribuíram são essenciais no mundo atual, em que as pessoas estão mais conscientes do seu próprio poder de libertar-se. REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS ESCRITÓRIO de Programas Internacionais de Informação, Departamento de Estado dos EUA, Princípios da democracia, liberdade de expressão, Site: http://www.embaixadaamericana.org.br/democracia/speech.pdf acessado em 19/03/2014. HENRIQUES.D.B; VACAS.J, Caderno de pensamento político, texto: Emmanuel Mounier (1905-1950) .s.d. acessado no site: http:// www.goncalobegonha.org/2000/07/emmanuel-mounier.html em 05/ 02/2014. LORENZO, A. “Mounier e o personalismo.” Sintese-revista de Filosofia. 2010 p. 27.89. NASCIMENTO, C. D. A práxis filosófica no pensamento de Emmanuel Mounier em tempos de globalização. 2007. Acessado em: http:// seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/264/208 no dia 08/02/2014. RESENDE, A. M. d O. 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RESUMO O presente artigo mostra a influência que a mídia exerce na construção da subjetividade infantil, e ainda carateriza a visão de ser humano, principalmente a infância, sob a ótica da Gestal-terapia. É relatado sobre o conceito de subjetividade, que é o estado e/ou caráter daquilo que é subjetivo, e também é abordado sobre o poder da manipulação que a mídia possui sobre a sociedade, em especial sobre as crianças, criando novas percepções e novas formas de subjetividade. A metodologia utilizada para a realização desse artigo foi o levantamento bibliográfico através de livros e artigos acadêmicos que relatam sobre o dado tema. Palavras-chave: Gestalt-terapia, Infância, Mídia, Subjetividade. ABSTRACT This paper shows the influence the media has on children’s Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 57 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA construction of subjectivity, and still features the vision of humans, particularly in view of childhood Gestal therapy. It is reported on the concept of subjectivity, which is the state and / or character of what is subjective, and is also discussed about the power of manipulating the media has on society, especially on children, creating new insights and new ways of subjectivity. The methodology used to conduct this article was the bibliographic through books and scholarly articles that report on the given topic. Keywords: Gestalt Therapy, Childhood, Media, Subjectivity. 1.INTRODUÇÃO Para a Gestalt-terapia, assim como para o Existencialismo, o ser humano não é visto como um ser universal, mas como um ser particular, com liberdade e vontade pessoais, singular, consciente e responsável. A proposta da Gestalt-terapia é ver o homem singuralizado na sua forma de ser e agir, como um ser único no universo, individualizando-se a partir do seu encontro entre sua subjetividade e sua singularidade (RIBEIRO, 1985). Subjetividade é o estado e/ou caráter daquilo que é subjetivo. Subjetivo é o que diz respeito ao sujeito, que se passa no íntimo do sujeito pensante, que varia de acordo com o julgamento, os sentimentos, os hábitos de cada um, individual, o gosto é subjetivo (FERREIRA, 2004, p. 515). A construção da subjetividade é a produção da conexão do mundo externo com o mundo interno através da interiorização, que seria a apreensão dos processos subjetivos dos outros, passando de uma relação interpessoal para um controle e planejamento da sua própria atividade, estruturando-se pelas suas reações sociais (COLVARA, 2007). O poder da manipulação que a mídia possui pode agir como um tipo de controle social, que ajuda no processo de massificação da sociedade, que procede de várias pessoas que caminham sem opinião própria. Sendo um instrumento de manipulação, a mídia é utilizada para serviços de interesses particulares, criando percepções e novos modos de subjetividade, e influenciando e modificando contextos sociais, cria valores e verdades, fazendo com que várias pessoas enxerguem o mundo através de suas lentes (SILVA, 2006). 58 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Atualmente, a mídia tem uma dimensão central e capital em vários âmbitos da sociedade moderna, como, a política, a escola, o esporte, e a economia que são marcados pela influência dos meios de comunicação de massa. O domínio da mídia está crescendo, pois os avanços tecnológicos fazem com que as informações sejam transmitidas de forma rápida e real. O surgimento de uma nova produção da subjetividade se dá devido às relações e experiências mostradas pela mídia (SILVA, 2006). O imaginário infantil numa sociedade dependente da mídia está sujeita a manipulações que transformam os seus estágios naturais de formação e crescimento e os direciona para uma existência servil e utilitária, num interesse agressivo de perpetuação do ‘modus vivendun’ até então estabelecido (CONSONI, 1997, p. 06). A mídia influência nos modos de subjetivação, além de contribuir para a criação de subjetividades. A subjetividade está ligada diretamente às experiências que o indivíduo faz de si mesmo, onde é fundamental a “relação consigo”. (CESAR, 2012). Assim, a mídia além de influenciar a subjetividade, contribui para a criação de novas subjetividades. A mídia é divertida, colorida, convidativa e muito atrativa para a criança (PEREIRA, 2010). A mídia infantil não fornece elementos para estimular a leitura crítica das crianças e não atua na construção da sua visão crítica de mundo, além de limitar a visão infantil e restringir seu espaço de participação, não reconhecendo as crianças como produtoras da cultura (FERREIRA, 2007). Quando se analisam as crianças em relação à mídia de massa e à cultura popular, nossa tendência é defini-las como consumidores, expectadores, receptores, vítimas. Mas elas também são usuários daquela mídia e daquela cultura: fazem escolhas e interpretações, delineiam o que querem [...]. Enxergar as crianças como receptoras passivas do poder da mídia nos coloca em conflito com as fantasias que elas escolheram e, portanto, com as próprias crianças. Enxergá-las como usuárias ativas permite que trabalhemos com o entretenimento que as ajude a crescer (JONES, 2004, p. 20 apud ALMEIDA, FERREIRA, 2006). Os meios de comunicação influenciam o desenvolvimento da personalidade de uma criança, que está no começo de sua construção. Assim, os meios de comunicação fazem parte de nossas vidas, os Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 59 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pais devem ajudar os filhos colocando limites, dizendo o que é bom ou ruim, para eles aprenderem a lidar com os meios de comunicação desde cedo (PEREIRA, 2010). O artigo tem como objetivo mostrar à influência que a mídia exerce na construção da subjetividade infantil, e ainda caraterizar a visão de ser humano, principalmente a infância, sob a ótica da Gestal-terapia. 2. A VISÃO DA GESTALT-TERAPIA SOBRE O HOMEM, DESTACANDO O MOMENTO DA INFÂNCIA A Gestalt-terapia compreende o homem como uma totalidade, um sistema organizado e integrado, uma integração indivisível corpo/ mente, na qual não há separação entre os elementos que o compõem, mas sim integração, correlação, organização e interdependência (MAYER, 1986). A idéia humanista afirma que o homem é um ser de potencialidades que podem ser atualizadas a qualquer momento de sua vida, e a perspectiva existencial afirma que o homem nunca está pronto, ele não é isso ou aquilo de uma forma definitiva, mas está sendo nesse momento algo que pode vir a ser outra coisa no momento seguinte, o homem é um constante vir a ser, é um ser em processo (AGUIAR, 2005). A abordagem gestáltica com crianças tem o objetivo de ajudar a criança a tomar consciência da sua existência e de si mesma (OAKLANDER, 1980). O desenvolvimento sadio do corpo, do intelecto e dos sentimentos da criança constitui a fundamento subjacente do senso de eu da criança. O senso de eu forte ajuda a criança a ter um bom contato com as pessoas e o meio ambiente desse meio, que é um aspecto muito importante para a Gestalt-terapia (MATTAR, 2010). A prática da Gestalt-terapia com crianças tem a meta de retomar o curso satisfatório do desenvolvimento da criança, assim, oferece à criança a oportunidade de se libertar daquilo que obstrui seus sentidos e seu contato pelo com o mundo (AGUIAR, 2005). O homem é um ser relacional, e está em constante relação interrupta, em que o ser humano é construído, transformado, 60 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF constituído pelo meio, ao mesmo tempo em que modifica, influencia e transforma esse meio deixando sua “marca” (AGUIAR, 2005). Essa relação interrupta a qual Perls (1985) denominou de processo de auto-regulação organísmica, visa alcançar o melhor equilíbrio possível num determinado campo e que é representado pelo ciclo de contato. A tendência a auto-regulação é comum a todo ser humano, pois é a forma que o homem busca para satisfazer suas necessidades de se relacionar no mundo (AGUIAR, 2005). Na abordagem Gestalt-terapia a criança é vista como um ser em desenvolvimento, e não de forma dividida em fases e estágios, como afirma alguns autores e teorias psicológicas sobre o desenvolvimento infantil, considerando que toda criança cresce e se desenvolve obedecendo a fases sucessivas. Para a Gestalt-terapia a criança é vista como um todo e é resultado das influências ambientais, culturais e sociais, dos acontecimentos e das potencialidades herdadas ou desenvolvidas, assim a criança é um ser em constante transformação, e cada ser é único, singular, tendo suas limitações e possibilidades (RAMOS, 2013). A infância na visão da Gestalt-terapia é um determinado momento do desenvolvimento humano, no qual o ritmo das aquisições e transformações é mais freqüente e acelerado, assim nesse período há constantes desafios e inúmeros ajustamentos criativos. Assim, a infância é vista como uma trajetória construída através de momentos singulares contínuos que são em si completos no aqui e agora de cada criança (AGUIAR, 2005). Os ajustamentos criativos podem ser entendidos como a expressão, a cada momento, da melhor forma possível desse individuo auto-regular-se no contato com o mundo, sendo caracterizado como o processo de desenvolvimento no ciclo continuo de ajustamentos criativos ao longo da vida (PERLS, 1977). A criança vai construindo várias formas de estar e relacionar-se com o mundo, as quais chamamos de ajustamentos criativos e que podem ser apresentados de formas saudáveis ou menos saudáveis. O que vai determinar se um ajustamento é saudável ou não, é a forma como a criança interage com o mundo dirigido pelo processo de auto-regulação (AGUIAR, 2005). O funcionamento não saudável é considerado um fenômeno interativo que ocorre na fronteira de contato e que se refere à Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 61 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA incapacidade de se relacionar criativamente com o meio, relacionando-se através de padrões cristalizados e repetitivos, nos quais a expressão de necessidades é distorcida ou eliminada, com o intuito de manter a relação com o outro, por mais artificial que essa relação possa parecer (FRAZÃO, 1997). O desenvolvimento sadio, do corpo, dos sentidos, do intelecto e dos sentimentos da criança constitui a base subjacente do senso do eu da criança, pois um senso do eu forte coopera para um bom contato com o meio ambiente e com as pessoas desse meio ambiente (OAKLANDER, 1980). A Gestalt-terapia fornece respaldo para que a criança escolha seu próprio caminho e aprenda a fazer suas próprias escolhas, pois os outros não poderão escolher sempre por ela, assim ajuda a criança a se sentir forte dentro de si própria e a ver o mundo a sua volta tal como ele é realmente (RAMOS, 2013). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desse artigo pude perceber que a mídia é convidativa e divertida, assim influencia na construção da subjetividade das crianças, e não estimula uma leitura critica do mundo, apenas cria opiniões e valores, contribuindo para criar subjetividades como ela quer, não produzindo programas educativos que contribuem para um desenvolvimento sadio na infância e ainda não vêem as crianças como produtoras da cultura. A Gestaltterapia, ao contrário da mídia, visa o desenvolvimento sadio da criança para que ela aprenda a fazer as suas próprias escolhas com liberdade e que possa ver o mundo como ele realmente é, e não como a mídia quer que ele seja. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, L. Gestalt-terapia com crianças, teoria e prática. Campinas, SP, Editora Livro Pleno, 2005. ALMEIDA, L. L.; FERREIRA, M. F. Visão sobre a mídia: contato, interesses e opiniões no ambiente escolar. 2006. 62 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CESAR, M. M. Produção de subjetividade: o que a mídia tem a ver com os direitos humanos? 5º interfaces no fazer psicológico. Direitos humanos, Diversidade e Diferença. Psicologia, UNIFRA, 2012. COLVARA, L. F. A criança em tempos de TV. UNESP, Bauru, 2007 CONSONI, A. A influência da mídia no imaginário infantil. Intercom/ 97. São Paulo, 15 jun. 1997. Disponível em: <http:// www.aliancapelainfancia.org.br/biblioteca/textosportugues>. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa. Editora: Positivo. Livro em português. 3ªed, 2004. FERREIRA, M. M. INFÂNCIA E MÍDIA: reflexões sobre produtos culturais para crianças, Contrapontos - volume 7 - n. 2 - p. 645-656 - Itajaí, set/dez 2007. FRAZÃO,L. M. Funcionamento saudável e não saudável enquanto fenômenos interativo. Revista do III Encontro Goiano da Abordagem Gestáltica, Ano 3, 1997. MATTAR, C. M. Três perspectivas em psicoterapia infantil: existencial, não diretiva e Gestalt-terapia. Contextos Clínicos, julho-dezembro 2010. MAYER, E. L. Frederick S. Perls e a Gestalt-terapia. In: FADIMAN, J; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986. OAKLANDER, V. Descobrindo crianças: abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. 13ª edição, Ed Summus – São Paulo, 1980. PEREIRA, M. C. F. Mídia e infância: a influência dos meios de comunicação no desenvolvimento infantil, 2010. PERLS,F. Gestalt-Terapia Explicada. Summus: São Paulo, 1977. PERLS, F. A. A abordagem gestáltica e testemunha ocular na terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. RAMOS, D. G. A criança em desenvolvimento sob a perspectiva da Gestalt Terapia: um estudo de caso. 2013. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 63 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. São Paulo: Summus, 1985. SILVA, E. F. G..O impacto e a influência da mídia sobre a produção da subjetividade. Faculdade do Vale do Ipojuca – FAVIP, 2006. 64 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AUTORREALIZAÇÃO EM KURT GOLDSTEIN E ABRAHAM MASLOW PARRERA, Hélide Maria¹ PESSIM, Larissa Estanislau1 BERVIQUE, Dra. Janete de Aguirre 1 2 2 Acadêmicas do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e de Formação Integral de Garça. Orientadora do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e de Formação Integral de Garça. Email: [email protected] RESUMO O presente artigo teve como objetivo investigar, mediante uma perspectiva epistemológica, a noção de autorrealização em Kurt Goldstein e Abraham Maslow, analisando o indivíduo como um todo e destacando os pontos de encontro entre ambos. Para executá-lo, usamos a pesquisa bibliográfica. Na introdução, consideramos as ideias e definições de Goldstein e de Maslow. A parte nuclear foi estruturada em três pontos: (1) Teoria Organísmica; (2) A Hierarquia das Necessidades e (3) Pensamentos em comum. Em considerações finais, retomamos os objetivos, podendo afirmar que foram atingidos. Palavras-chave: Abraham Maslow, autorrealização, Kurt Goldstein, Teoria Organísmica. ABSTRACT The present study aimed to investigate, by an epistemological perspective, the notion of self-realization in Kurt Goldstein and Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 65 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Abraham Maslow, analyzing the individual as a whole and comparing the points of encounter between Goldstein and Maslow. To run it use the literature search. In the introduction we consider the ideas and definitions of Goldstein and Maslow. The nuclear part was structured in three points: (1) Organismic Theory, (2) The Hierarchy of Needs (3) Thoughts in common. In closing remarks resumed objectives and can say that were hit. Keywords: Abraham Maslow, self-realization, Kurt Goldstein, Organismic Theory. 1.INTRODUÇÃO O conceito de autorrealização utilizado por Maslow baseia-se no trabalho de Kurt Goldstein que, como neurofisiologista, definia o termo como uma tendência fundamental em todo o organismo de realizar sua natureza no ambiente. Maslow deu-lhe um sentido psicológico, colocando-o como tendência do indivíduo de utilizar plenamente seus talentos, capacidades e potencialidades no mundo. Essa possibilidade que o indivíduo tem de fazer, em suas escolhas, opções pelo crescimento e realizar sua própria natureza íntima, em um processo contínuo de desenvolvimento, revela que aquilo no que o indivíduo vem a ser a todo o momento, nesse processo, é uma incógnita muito pessoal e interior a cada um (SILVA; RIBEIRO; CUNHA, 1999). O ser humano é motivado por necessidades e as nossas necessidades mais básicas são inatas, tendo evoluído ao longo de milhares de anos. A Hierarquia de Necessidades de Abraham Maslow ajuda a explicar, através de uma pirâmide, como estas necessidades nos motivam. A pirâmide é composta por cinco níveis. Em sua base estão as necessidades fisiológicas, enquanto no topo está a necessidade de crescimento, de autorrealização. O organismo é a unidade de referência adotada pelos autores da Gestalt-terapia. O termo organismo foi empregado originalmente devido à adoção da Teoria Organísmica de Kurt Goldstein como modelo de referência teórica para a Gestalt-Terapia (REIS; RODRIGUES; BERVIQUE, 2011). Após o surgimento da Teoria de Goldstein, surgiram vários seguidores influenciados pela mesma, dentre eles Maslow, que foi um grande teórico e possui pontos em comum com Goldstein. Estes 66 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pensadores seguem o mesmo princípio de que as pessoas possuem todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura, e o objetivo da terapia é remover os obstáculos para que o indivíduo consiga isso. Eles consideram que os seres humanos têm um impulso inerente ao organismo como um todo para direcionar ao desenvolvimento das capacidades, que podem ser físicas, intelectuais ou morais. (ZENGO, 2011). Este trabalho teve como objetivo geral investigar na literatura a Teoria de Goldstein e de Maslow sobre autorrealização. E teve como objetivo específico identificar os pontos em comum em ambas, no que se refere à autorrealização. A fim de cumprir os objetivos, foi realizado um levantamento de dados com base no acervo da Biblioteca Central da FAEF (Associação Cultural e Educacional de Garça) e busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados do Scholar Google Acadêmico, Scielo, Pubmed e revistas eletrônicas. As palavras-chave usadas foram: Abraham Maslow, autorrealização, Kurt Goldstein e Teoria Organísmica. 2.PONTOS DE ENCONTRO SOBRE A AUTORREALIZAÇÃO Antes de identificar os pontos em comum entre as teorias dos autores considerados, julgamos necessário pontuar alguns aspectos de cada um, como segue. 2.1 Teoria organísmica Kurt Goldstein formulou a Teoria Organísmica a partir de seus estudos com soldados que participaram da 1ª Guerra Mundial. Chegou à conclusão de que determinado sintoma não pode ser compreendido somente a partir de certa lesão orgânica, senão também pelo organismo como um todo; pois, o organismo se comporta como um todo unificado e não como um conjunto de partes (LAWRENCE; OLIVER, 2001). O princípio básico da Teoria Organísmica consiste em descobrir as leis pelas quais o organismo inteiro funciona, para que se possa compreender a função de qualquer de seus componentes (HALL; LINDZEY, 1986). Para Kurt Goldstein, a autorrealização é o motivo básico, único, que possui o organismo, é um propósito soberano da vida e as Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 67 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA necessidades são suas manifestações. Goldstein considera, também, que não existe homem “mau” naturalmente no organismo, só existe por influência do ambiente; o homem é naturalmente bom, mas pode ser corrompido pelo ambiente (HALL; LINDZEY, 1986). Goldstein considerava que o principal motivo para as pessoas é a autorrealização e todos os aspectos do funcionamento humano são, basicamente, expressões desse motivo único, que é realizar o self. Isso pode ser expresso de maneira simples, como comer, ou de maneiras grandiosas, como as mais nobres produções criativas. Mas, em última análise, é o motivo que guia nosso comportamento. Cada pessoa tem potenciais internos que devem ser cumpridos no processo de crescimento. É o reconhecimento disso que liga Goldstein a outros pesadores no Movimento do Potencial Humano (LAWRENCE; OLIVER, 2001). 2.2- A hierarquia das necessidades humanas Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo americano considerado o Pai do Humanismo na Psicologia (MOSQUERA, 1985). De acordo com sua teoria da motivação, o ser humano possui diversas necessidades que podem ser separadas em categorias hierarquizadas, conforme a figura a seguir, conhecida como: Pirâmide de Necessidade de Maslow Fonte: Strack (2012). 68 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A busca de satisfação das necessidades superiores é, em si, um indicador de saúde psicológica. Maslow afirma que a satisfação de necessidades superiores é intrinsecamente mais gratificante e que a meta motivacional é uma indicação de que o indivíduo foi além do nível de funcionamento por deficiência (FADIMAN; FRAGER, 2004). Segundo estes autores, as necessidades da base da pirâmide precisam ser satisfeitas antes das necessidades do topo, como segue. As necessidades fisiológicas são as mais elementares e constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: ar, água, comida, sono, sexo etc; quando estas não são satisfeitas, podemos ficar doentes e, por isso, devemos aliviá-las o mais rapidamente possível para restabelecer a homeostase. As necessidades de segurança estão relacionadas com o estabelecimento de estabilidade e consistência num mundo caótico, devido à necessidade de nos sentirmos seguros, frente a ameaças e perigos. Considerando as necessidades sociais e de amor, é evidente que os seres humanos desejam manter relações humanas com harmonia, querem pertencer a grupos: clubes, grupos de trabalho, grupos religiosos, família. Precisamos nos sentir amados pelos outros, de ser aceitos pelos outros; precisamos que precisem de nós. Na sequência, são considerados dois tipos de necessidades de autoestima. Em primeiro lugar, a autoestima que resulta do reconhecimento das nossas capacidades por nós mesmos. Em segundo, a atenção e o reconhecimento que vêm dos outros. Em geral, é a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros, com prestígio e reconhecimento, poder e orgulho. No topo da pirâmide, estão as necessidades de autorrealização, que também são conhecidas como necessidades de crescimento. Este é o desejo para nos tornarmos mais e mais o que somos, para nos tornarmos tudo o que somos capazes de ser. Incluem a realização, aproveitar todo o potencial próprio, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de conseguir. Para entender melhor esse tipo de experiência, Maslow investigou as experiências culminantes, que são momentos em que nos sentimos vivos; um exemplo é quando o pai e a mãe veem seu filho recémGarça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 69 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA nascido, que proporciona um real significado de ser autorrealizado, sendo um momento de intensa alegria. Uma outra contribuição foi seu estudo de indivíduos saudáveis, satisfeitos consigo mesmos e autorrealizados. A partir daí, Maslow concluiu que as pessoas realizadas têm as seguintes características: elas aceitam a si mesmas e aos outros, são capazes de responder à singularidade de pessoas e situações, ao invés de responder de maneira mecânica e estereotipada, de ser espontâneas e criativas, entre outras (LAWRENCE; OLIVER, 2001). Segundo os mesmos autores, os conceitos da autorrealização, crescimento e self são todos eles abstrações de alto nível. O que precisamos é nos aproximar dos processos reais, dos fatos vivos e concretos, procurando apenas desfrutar o momento presente e, com isso, avançar passo a passo em direção ao futuro. As leis que explicam a motivação e a competitividade deficientes não podem ser aplicáveis ao crescimento, espontaneidade e criatividade. 2.3- Pensamentos em comum Menezes (2008 citado por FADIMAN; FRAGER, 2004) afirma que Maslow e Goldstein acreditam que um organismo autorrealizado saudável provoca esse choque por aventurar-se em novas situações, a fim de utilizar suas capacidades. Para Goldstein e Maslow, a autorrealização não livra o indivíduo de problemas ou dificuldades; pelo contrário, o crescimento pode trazer uma certa quantidade de dor e sofrimento. Um dos principais pontos tocados por Maslow é que nós estamos sempre desejando alguma coisa e raramente alcançamos um estado de completa satisfação, sem metas ou desejos. Sua Hierarquia de Necessidades é uma tentativa de prever que tipos de desejos vão surgir quando os anteriores estiverem suficientemente satisfeitos e não dominarem mais o comportamento (FADIMAN; FRAGER, 2004). A maior força motivadora da personalidade é o impulso para realização do self, ou seja, essa ânsia pela autorrealização. Para Goldstein e Maslow, o importante é dar ênfase ao material trazido pelo cliente e à sua situação imediata do que apegar-se ao passado. 70 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Todas as obras e textos consultados citam, claramente, Goldstein como fonte original do conceito “autorrealização” e, também, da perspectiva de hierarquia das necessidades. Goldstein postulava que, para entender o modo como a natureza e os organismos funcionam, há de se pensar em uma escala ascendente que vai do inferior (mais simples) ao superior (mais complexo). Maslow, no entanto, inova e se diferencia de Goldstein ao desdobrar essa perspectiva para o estudo de pessoas saudáveis, criativas e autorrealizadoras. Como Goldstein! O ser humano está sempre em busca da autorrealização, pois ela não é estática, faz parte do desenvolvimento humano, independente da cultura, tornando a abordagem de Maslow claramente humanista, sobrevivendo até hoje. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FADIMAN, J.; FRAGER, R. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e crescimento pessoal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. HALL, C. S.; LINDZEY, G. Teoria organísmica. In: Teorias da personalidade. São Paulo: E. P. U; 1986, p. 329-350. LAWRENCE, A.P.; OLIVER, P.J. Personalidade: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Artmed, 2001. p. 175-180. MILLON, Theodore. Teorias de psicopatologia e personalidade. Rio de Janeiro: Interamericana, 1979. MOSQUERA, J. J. M. A motivação humana na concepção de Abraham H. Maslow. Rio Grande do Sul: UFRS-PUCRS, 1985. REIS, D.K.; RODRIGUES, A.S.; BERVIQUE, J.A. Pontos de encontro entre Goldstein, Rogers e Maslow. Garça: Editora FAEF, v. 04, 2011, p. 171-176. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 71 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SILVA, E. P.; RIBEIRO, C.; CUNHA, C. A. C. Motivação para a qualidade: o caminho do saber profundo de Deming. Anais do III Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa; 1999; 1; 26; 41; III Fórum Brasileiro da Abordagem Centrada na Pessoa; Ouro Preto-MG; BRASIL; Português. STRACK, J. Hierarquia ou pirâmide do empreendedorismo? 2012. Disponível em:< http://jair.strack.nom.br/?p=58>. Acesso em 10 abril. 2013. ZENGO, C.G. Mente amplamente aberta. 2011- Disponível em:< http:/ /www.apacp.org.br/wp-content/uploads/2012/03/art054.html>. Acesso em 10 abril. 2013. 72 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM DE GARDNER, PIAGET, VYGOTSKY E WALLON E O OLHAR PSICOPEDAGÓGIO SOBRE AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS Flávia Maia GARCIA1 Luciana da SILVA2 Rodrigo M. de Melo DIEGUES3 Helena Maria da Silva SANTOS4 1 Graduada em Pedagogia Instituto Educacional de Garça (IESG) – Garça, SP. 2 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Humanas de Garça (FAHU/ACEG) – Garça, SP. 3 Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Humanas de Garça (FAHU/ACEG) – Garça, SP- Email: [email protected]. 4 Docente do curso de Psicologia da FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL – FAEF - Garça/SP. [email protected] RESUMO O tema deste artigo orbita em torno do conceito de aprendizagem e suas dificuldades e o olhar psicopedagógico sobre esta problemática, a fim de, compreendê-la e abrir novos horizontes para possíveis intervenções. Inicialmente traremos à tona o pensamento de Gardner sobre a aprendizagem onde aborda as múltiplas inteligências realçando o meio escolar como propulsor para seu desenvolvimento nos educandos. Não obstante, o tripé Educacional, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 73 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA formado por Piaget, Vygotsky e Wallon, destaca a aprendizagem como capacidade inerente ao desenvolvimento cognitivo através da interação/sujeito/meio e a afetividade. Ambos contribuíram à psicopedagogia, sendo esta, ferramenta para entender as dificuldades de aprendizagem e suas possíveis causas. Palavras - chave: aprendizagem, dificuldades de aprendizagem, educação. ABSTRACT The theme of this article revolves around the concept of learning and its difficulties and the look on Psychology this problem, in order to understand it and open new horizons for possible interventions. Initially we will bring to the fore the Gardner thought about learning where addresses the multiple intelligences enhancing middle school as propellant its development in students. Nevertheless, the Educational, Tripod formed by Piaget, Vygotsky and Wallon, highlights how learning ability nherent in the cognitive development through the interaction/subject/middle and affectivity . Both contributed to the Psycho-pedagogy, being this, tool to understand the learning difficulties and their possible causes. Keywords: learning, learning disabilities, education. INTRODUÇÃO Neste trabalho procuramos elencar alguns conceitos importantes das teorias educacionais, destacando Gardner e o tríplice educacional: Piaget, Vygotsky e Wallon e a contribuição das teorias dos mesmos para a fundamentação psicopedagógica e para a prática educativa. Com base em pesquisas de artigos, foi possível observar inúmeros trabalhos que convergem em um mesmo tema: aprendizagem e intervenção para a superação das dificuldades inerentes à aprendizagem. Na figura 1-A (quadro comparativo) segue resumidamente as teorias em questão, excetuando a de Gardner que será abordada logo depois do quadro comparativo: 74 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Fonte: ROQUE, Walkiria (2010) 1. A aprendizagem sob a ótica de Gardner Inicialmente, iremos abordar a teoria de Gardner em que, nos seus trabalhos procura as fontes construtoras. Ao observar essas fontes de informações sobre o desenvolvimento, acabou reunindo uma grande quantidade delas, teorizando nas sete inteligências, sendo elas: Linguística: características dos poetas- localizada no centro de Broca; Lógico-matemática: à capacidade lógica e matemáticalocalizada no centro de Broca; Espacial: capaz de se locomover e se localizar, dominar um mundo espacial- localiza-se no hemisfério direito do cérebro; Musical: dominar elementos da música- localizase no hemisfério direito do cérebro; Corporal-cinestésica: utilizar a mensagem corporal para resolução de problemas- localiza-se no hemisfério esquerdo do cérebro; Inteligência interpessoal: capacidade de compreender outras pessoas- localiza-se nos lobos frontais e Inteligência intrapessoal: capacidade de autocontrole para operar efetivamente na vida- localiza-se nos lobos frontais. Para Gardner o propósito da escola deveria ser centrada no aluno, além de, o de desenvolver essas inteligências e ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos. Ele se preocupa com a criança que não atingem a meta desejada e consequentemente são consideradas como não se tem talento algum. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 75 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Neste modelo os professores seriam liberados para fazer aquilo que deveriam fazer: ensinar o assunto de sua maneira, e o coordenador assegurar que a equação aluno-avaliação-curriculocomunidade estivesse adequadamente equilibrada. A inteligência para ele é a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente. Essa capacidade permite às pessoas abordar soluções e atingir objetivos. A inteligência é um potencial biopsicológico. O fato de um individuo ser ou não considerado inteligente e em que os aspectos, é um produto de sua herança genética e de suas propriedades psicológicas, variando de seus poderes cognitivos às suas disposição de personalidade, sendo assim, o talento é sinal de um potencial biopsicológico precoce. As crianças possuem necessidades diferentes para cada fase, respondem a diferentes formas de informação cultural e assimilam conteúdos com diferentes estruturas motivacionais e cognitivas, logo os tipos de regimes educacionais planejados pelos professores precisam levar em conta esses fatores de desenvolvimento. 2.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Piaget Na teoria Piagetiana, o individuo em contato com o objeto desenvolve sua capacidade cognitiva construindo seu conhecimento, postula que ao se deparar com algo novo o individuo tenta remetêlo a qualquer coisa que já conheça. Em sua teoria, Piaget nomeou assimilação, isto é, reconhecer alguma coisa como diferente do que se conhece. A partir deste reconhecimento, do contato com a novidade, da experimentação, o indivíduo refina seus conhecimentos e incorpora uma nova informação, ou seja, acontece a assimilação, a acomodação e o conhecimento na sua estrutura cognitiva torna a desiquilibrar-se, o que proporciona a criação de um novo conhecimento. A função do professor, neste ponto de vista, é desiquilibrar a estrutura do conhecimento ou o esquema mental no aluno oferecer desafios e oportunidade para novas aprendizagens. Não obstante, é necessário oferecer um mecanismo contínuo de 76 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF sondagem aos conhecimentos prévios dos alunos, para uma possível intervenção auxiliando o aluno no seu desenvolvimento. Piaget, também formulou também os chamados Estágios de Desenvolvimento, determinando o nível maturacional da criança e suas apropriações de acordo com a fase de seu desenvolvimento: Segue a tabela resumindo as características presentes do desenvolvimento em cada fase: ESTÁGIOS FAIXA DE IDADE Sensório motor 0a2 Pré-operatório 2a7 Operatório concreto 7 a 11 Operatório formal Acima de 11 CARACTERÍSTICAS Desenvolvimento da percepção e da motricidade Surgimento da linguagem que retratam coisas e objetos por meio de simbolismo e da internalização de esquemas de ação e imitação. Classificação e seriação e construção cognitiva. habilidade de solucionar problemas concretos. Objetos e pessoas passam a ser mais bem explorados nas interações das crianças raciocio lógico e sistemático, pensamento formal abstrato e planejamento de ações coletivas 3.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Vygotsky Resumidamente a aprendizagem sob a ótica de Vygostsky, tem como palavra chave Interação social no qual o desenvolvimento do indivíduo ocorre através da relação com o meio social em que vive. O conceito de mediação simbólica trata do conceito de intermediação, da relação homem-mundo e acontece por meio de duas formas: Uso de ferramentas: objetos criados no mundo pelo homem para interferir no meio em que vive. Toda a ação do homem é cultura e alarga possibilidades. Signos e símbolos: são representações, onde demandam abstrações elaboradas, entre elas a comunicação. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 77 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A linguagem como instrumento do pensamento, tem duas funções: · Comunicação: expressão e intercambio social; · Categorização: Classificação e conceituação do mundo (inteligência prática). Vygotsky, em suas pesquisas teoriza a zona de desenvolvimento proximal, tendo dois conceitos: O conhecimento real e potencial. O conhecimento real é o que o aluno sabe, o que domina. Já o conhecimento potencial é aquele que se pode dominar com a mediação do outro, sendo este mais experiente. A distância entre o conhecimento real e potencial é chamada de desenvolvimento proximal, onde o professor deve atuar para promover o desenvolvimento do aluno no seu aspecto cognitivo. 4.A aprendizagem sob a ótica da teoria de Wallon A perspectiva da aprendizagem de Wallon defende a ideia da compreensão d criança completa, concreta e contextualizada vista no seu aspecto integral, respeitando as especificidades de cada uma. Segundo ele são quatro os campos funcionais que visualizam a criança de modo integral: a) Manifestação afetiva/relação; que é a relação d criança com o meio que ela está inserida; b) O movimento: sinal de vida psíquica, deslumbrada em duas dimensões: a) expressiva- base das emoções de expressão; b) instrumental- ação direta sobre o meio físico. c) A inteligência: 1º momento: sincretismo, ou seja, misturar as coisas, confusão, o indivíduo não separa a qualidade do objeto. Com a experiência da criança sobre o mundo ocorrem progressivas diferenciações, o que proporciona o ampliar de seu repertorio de categorizações. 2º momento: pensamento categorial, ou seja, conceitual e acontece na idade escolar, possibilitando o pesar real por meio de diferenças e classificações. d) A construção do eu como pessoa: o indivíduo constrói consciência de si. Nesta situação, mamãe e bebê são vistos como um todo, que representa para Wallon alto grau de sociabilidade- ela e outro, para depois o indivíduo perceber-se enquanto único, o que 78 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF nomeia processo de individuação. Esse processo é caracterizado em duas formas: imitação do outro (maneira de ter o outro como referencia); Negação do outro (perceber o limite e o outro). Vale lembrar que segundo Wallon a relação destes quatro campos funcionais não é harmoniosa, mas permeada por conflitos. 5.A contribuição da psicopedagogia para compreensão dos problemas de aprendizagem Ao elencar os aspectos importantes destas teorias, é importante ressaltar que estes teóricos e muito outros pesquisadores, têm contribuído de maneira relevante para compreender os fracassos escolares. Desta forma, a psicopedagogia ajuda a compreender os problemas inerentes à aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento e promover situações que possam contribuir para a resolução da problemática. A psicopedagogia, como ciência que estuda possibilidades de intervenção nas dificuldades escolares, é um avanço na prática docente, pois ela permite o professor entender e se orientar da melhor maneira de como agir diante de situações problemas encontrados no dia a dia na vida do aprendente dentro da escola. O fracasso escolar não está restrito apenas no plano biológico, são muitos os fatores que interferem na aprendizagem do aprendente, e não apenas por um fator, esteja ele na criança, no meio familiar ou escolar. São elas: · Carências afetivas; · Deficientes condições habitacionais; · Sanitárias, de higiene e nutrição; · Pobreza da estimulação precoce · Privações lúdicas e Psicomotoras; · Simbólicas e cultural; · Ambientes repressivos; · Nível elevado de ansiedade; · Relações interfamiliares · Métodos de ensinos impróprios e inadequados. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 79 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Um ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptáveis e dispostos a aprender, mesmo crianças com comprometimentos cognitivos. A psicopedagogia, neste sentido, vem ajudar o ensinante a intervir nestes aspectos, sob a lente de diversas áreas. O professor deve conhecer parte de cada teoria relevante ao atuar psicopedagógico, tais como: psicologia, psicanálise, filosofia, sociologia, pedagogia, neurologia, neuropedagogia entre outros. Desta forma, a psicopedagogia utiliza de diversas lentes para compreender o processo de aprender do ser humano. A epistemologia convergente criada em 1965 é considerada um método clinico destinada ao processo de diagnóstico e intervenção para diferentes faixas etárias, sendo fundamentada em três linhas teóricas: a psicanálise, a psicologia social, e a epistemologia genética, ela procura entender a contribuição dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio sócio educacional na aprendizagem do aprendente e suas dificuldades. É nessa direção que o psicopedagogo/ ensinante precisa atuar, ou seja, propiciar condições para que o aprendente construa seu conhecimento reflexivamente e tornar-se cada vez mais autônomo em relação ao meio, interagir-se com os colegas e resolver conflitos, ser independente e curioso, usar iniciativa própria; ter confiança e habilidades para formar ideias próprias e exprimi-las com convicção. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos, portanto que, para entender a atuação psicopedagógica na prática educativa é importante, antes de tudo, compreender o que se passa com o sujeito aprendente e conhecer as teorias da aprendizagem no qual permite compreender suas dificuldades e encontrar maneiras eficazes de intervir para haurilas ou como forma preventiva. De maneira alguma a psicopedagogia é uma ciências que promete extirpar as dificuldades do aprendente como solução mágica, pelo contrário, ela possibilitará ao ensinante ferramentas para advir neste processo, procurando levar o sujeito ao domínio dos conteúdos respeitando o limite de cada um. 80 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Em suma, é necessário encontrar formas e caminhos diferentes para levar o aluno à compreensão dos conteúdos, principalmente aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem de ordem biológica, social ou psicológica. REFERÊNCIAS LIMA, Sandra Vaz de; Fatores que interferem na aprendizagem. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/fatores-queinterferem-na-aprendizagem/4419/. Acesso em 28 de mar de 2014. ROQUE, Walkiria. Piaget, Vigotsky e Wallon: tripé teórico da educação, 20 nov. 2010. Disponível em: <http:// walkiriaroque.wordpress.com/2010/11/20piaget-vygotsky-e-wllontripe-teorico-da-educacao-2/. Acesso em: 30 de mar. de 2014 TRAVASSOS, Luiz Carlos Panisset. Inteligências Múltiplas. 2001. Disponível em:<http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/ inteligencias_multiplas.pdf> A c e s s o em: 28 março 2014. VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagogica: Epistemologia convergente. Porto alegre: Artes Médicas, 1987. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 81 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 82 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ABRIGOS POR DECISÃO JUDICIAL Natália Cristina DE MARCO 1 Suellen Rodrigues FANTOZZI2 Esp. Mestranda DayranKaram dos REIS 3 1 Acadêmicos do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] 2 Acadêmicos do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] 3 Docente do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO As situações de crianças e adolescentes morando em abrigos ou orfanatos por ordem judicial; maus tratos, carências afetivas, sentimento de perda. Visa observar o cotidiano de uma criança e/ou adolescente que foi “tirada” de sua casa por ordem judicial, por conta da principal má conduta e negligência dos pais. Palavras-chave: abrigo, adolescentes, crianças, justiça. ABSTRACT The situation of children and adolescents living in shelters or orphanages by court order, maltreatment, affective needs, sense of loss. Aims to observe the daily life of a child and / or adolescent who was ”taken away” from her home by court Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 83 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA order, on account of major misconduct and neglect of parents. Keywards: shelter, teenagers, children, justice 1.INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo principal ampliar as discussões e normas de acolhimento referente a crianças e adolescentes que moram em abrigos ou orfanatos, por ordem judicial. O assunto é um campo ainda em fase de crescimento, mudanças e até desenvolvimento, que agrega diversas áreas como a política, equipes multiprofissionais, secretaria municipal, poder judiciário, governo e principalmente o abrigo. A forma de acolhimento de cada criança/adolescente, os ganhos, danos e perdas sofridos e enfrentados por elas de formas diferenciadas, o modo de lidar com a separação da família que cada um encara e vivencia de uma forma, a vida no novo local (abrigo), o acolhimento por parte das outras crianças/adolescentes e também por parte dos funcionários do abrigo e o reflexo que todas essas mudanças vão causar sobre a vida e o crescimento delas. São temas a serem abordados especificadamente ao decorrer do artigo, pretendemos de um modo geral, dar uma nova concepção ao olhar para essas crianças/adolescentes e a forma como são abordados. Visando-se que o acolhimento em si é um fator de risco para o desenvolvimento do acolhido, especialmente no que se refere a saúde mental e o desenvolvimento integral da criança/adolescente. De acordo com Silva (2007) a reação de dor e aflição prolongadas podem manifestar-se a qualquer etapa da sequência do processo seja ela o protesto, desespero ou o desinteresse. De início fica claro que a criança chora, chama e busca o progenitor ausente, recusando quaisquer tentativas de consolo por outras pessoas; cria um retraimento emocional, que se manifesta por meio da expressão facial de tristeza e a falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade; a contrariedade dos horários de comer e dormir; regressão ou perda de hábitos já adquiridos; após um tempo, notase uma indiferença às recordações da figura cuidadora tanto por fotos ou menção do nome. 84 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 1.1 OBJETIVO GERA Investigar os principais motivos dos acolhimentos de um modo geral dessas crianças/adolescentes e como elas lidam com essa nova fase e suas mudanças. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Pesquisar os danos da separação repentina dos pais, afetividade; - Pesquisar como se da à perda da guarda dos pais; - Observar a vivência com as pessoas a sua volta e o convívio com os demais internos relacionados à educação e respeito. 2.O NOVO VÍNCULO: DA SEPARAÇÃO DOS PAIS AO CONVÍVIO COM NOVAS PESSOAS Desde o início do século XX, a Psicologia está presente no campo das ciências da saúde. A atuação dos psicólogos se dá numa relação multiprofissional, buscando cada vez mais a humanização dos atendimentos quer em clínicas, hospitais, ambulatoriais, na rede pública e privada e, esta tem uma dimensão social, devido aos graves problemas enfrentados, principalmente, pela sociedade brasileira. Segundo Martins e Rocha (2001): “A Psicologia da Saúde surge então da necessidade de promover e de pensar o processo saúde/doença como um fenômeno social”. A Psicologia da Saúde pode ser definida como: “O conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da Psicologia para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento das doenças, na identificação da etiologia e diagnósticos relacionados à saúde, doença e às disfunções, bem como no aperfeiçoamento do sistema de políticas da saúde” (MATARAZZO apud MARTINS E ROCHA, 2001). O psicólogo ao atuar em instituições de saúde, objetiva a minimização do sofrimento provocado pela hospitalização, ou pelo tratamento médico. Segundo Romano (1999, p. 10): “O psicólogo tratará das representações que o indivíduo tem de doença em geral e da sua doença em particular; ocupar-se-á de toda simbologia cultural, social e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 85 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA individual à doença daquela pessoa”.No Brasil, segundo a Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. A psicologia na saúde pode ser compreendida como um domínio da psicologia que utiliza vários conhecimentos resultantes de estudos e de pesquisas psicológicas, com o intuito de promover e proteger a saúde. É também seu objetivo, prevenir e tratar enfermidades, bem como identificar etiologias e disfunções associadas às doenças, além da análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde e aperfeiçoamento da política de saúde (OLIVEIRA, 2010). Os abrigos são instituições governamentais ou nãogovernamentais responsáveis pela integridade física e emocional das crianças que necessitam se afastar da família temporariamente. Nesses abrigos essas crianças perdem a referência do que é ter uma família, acolhimento, segurança, relação mãe/filho e acabam por romper os laços de convivência familiar e comunitária (MARQUES, CANO, VENDRUSCOLO, 2007). Nogueira (1998) em seu poema O Menor Abandonado aborda o contexto das crianças retiradas dos pais: Criança que hoje chora nos braços do abandono, Que não tem o calor do amor, O teto de um lar regular, Mas o prenúncio da vida perdida, Sei que o seu caminho, sozinho, Continuará até o fim assim E que nessa viagem sem belas paisagens, Por estradas frias, sombrias, O desatino será certamente o seu destino. Criança, que hoje chora no braços do abandono, Sem ter dono, sem ter sono Tranquilo do infante, mas vive constante Sem ter abrigo, sem ter amigo, Completamente perdida na solidão, Sem que o olhar do seu irmão, Que passa indiferente, contente Detenha-se sobre sua triste sorte E procure ajudá-la a crescer, viver, Ressuscita-la dessa vida, que é morte. 86 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Criança, que hoje chora nos braços do abandono, Que não tem o regaço da mãe para seu cansaço, Que não tem a presença do pai para secar seu lacrimejar, E mesmo o auxílio de alguém caridoso, despretensioso Para sentir a grande necessidade e ter caridade De olhar para o abandono da criança, Que não pode ser vista com esperança, Quando sua vida presente desmente Que possa ter um alegre amanhã. Chore, criança abandonada, desesperada, Que, talvez, no seu grito de orfandade Desperte a nossa sociedade, pois já é tempo De sensibilizar o coração do seu irmão, Fazê-lo sentir que foi justamente por não ouvir O seu choro, que hoje os homens, em coro, Lamentam os seus crimes, a sua agressividade, E se julgam também culpados, por terem gerado, Com tanta indiferença, a sua nefasta presença, De homem revoltado, delinquente, afeito à maldade, Como fruto da nossa própria comunidade. (NOGUEIRA, 1998, p. 15) A maioria das crianças/adolescente que vivem em abrigos tem famílias, e foram afastados por conta de negligência, abandono ou violência, e o perfil deles não se enquadra para a adoção; a grande maioria deles passa boa parte da vida em abrigos (infância e adolescência), são de família que enfrentam varias dificuldades e vão e voltam dos abrigos (COSTA; ROSSETI-FERREIRA, 2009). Essa vulnerabilidade das famílias está diretamente ligada a pobreza no Brasil (MARQUES, CANO, VENDRUSCOLO, 2007). As necessidades básicas das crianças são atendidas pelos cuidadores. Para o acolhimento provisório é necessário uma preparação e o acompanhamento para depois retornar à família. As crianças institucionalizadas necessitam de uma família para recebelos no menos tempo possível, que ofereça assistência e vínculo que somente a família vai oferecer. O vínculo é um processo de muita importância no desenvolvimento infantil e é garantido pelo ECA (MARQUES, CANO, VENDRUSCOLO, 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 87 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Valorizar o contexto familiar é importante para o desenvolvimento infantil, o desenvolvimento se enquadra em áreas da Psicologia, principalmente o Desenvolvimento; os vínculos afetivos são de grande importância, assim como o convívio com os pais e familiares. A criança que vive em abrigos pode ter uma tendência à patologias de convívio social, principalmente as crianças mais novas, pois elas acabam não criando ou muito poucos vínculos afetivos com monitores/cuidadores, professores e pessoas do seu meio social, pois eles não são a “mãe e o pai” (COSTA; ROSSETI-FERREIRA, 2009). Ameaças e o rompimento afetivo podem gerar a falta de práticas em diálogos e discursos com outras pessoas, assim vão surgindo os problemas de desenvolvimento e de escolaridade (COSTA; ROSSETIFERREIRA, 2009). A guarda pode provisória ou definitiva, pode ser modificada a qualquer momento, visando o interesse do menor. Colocar crianças/adolescentes em abrigos é uma medida de proteção para os quais a família, normalmente, não está em condições de oferecer cuidados, seja por questões financeiras, drogas, maus tratos, dentre outros. A intenção dos abrigos é fornecer uma melhor qualidade de vida e proteção para as crianças/ adolescentes, temporariamente ou por tempo indeterminado. Crianças/adolescentes acolhidas nos abrigos são de ambos os sexos e idades. Os abrigos oferecem condições de higiene, segurança, espaços de lazer, recreação e estudos, e toda uma estrutura, até mesmo afetiva, que não teriam em casa. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (2010): Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 88 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 19. - § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS O abrigo é considerado o recurso extremo de amparo e de guarda provisória de crianças/adolescentes em face da fragilização dos vínculos familiares; destina-se a atender crianças e adolescentes, que pela extrema fragilização dos vínculos familiares, necessitam desta proteção, pois não tem onde morar e não podem viver com seus pais, nem podem contar com um tutor ou guardião que por eles se responsabilizem até que a situação familiar seja fortalecida e se evite sua estruturação na rua, ou quando já estruturados se propõe a uma mudança de vida. Enfim, deve-se constituir um espaço de acolhimento saudável, de proteção e guarda provisória da criança de do adolescente, a instituição deve estar voltada para a reinserção familiar biológica, relação afetiva com novo âmbito de moradia e para a construção de autonomia em dependência. O estabelecimento dos vínculos com os novos responsáveis (direção/monitores) e outros acolhidos, dá-se com o tempo uns com mais rapidez, outros com mais lentidão. Seria necessário para o desenvolvimento das crianças, principalmente nos vínculos, que elas ficassem nos abrigos provisoriamente e por um curto período de tempo, voltando para casa ou para um novo lar, porém não é o que ocorre, existem crianças que ficam toda a infância em abrigos, intercalando idas e vindas para os pais, o que gera um dano psíquico e de vínculos muito grande para essas crianças. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 89 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, N. R. A.; ROSSETI-FERREIRA, M. C. Acolhimento Familiar: uma alternativa de proteção para crianças e adolescentes Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(1), 111-118, 2009. Estatuto da Criança e do Adolescente – 7ª edição, 2010 -http:// b d . c a m a r a . g o v. b r / b d / b i t s t r e a m / h a n d l e / b d c a m a r a / 7 8 5 / estatuto_crianca_adolescente_7ed.pdf MARTINS, D. G. & ROCHA, A.http://www3.mackenzie.br/editora/ index.php/ptp article/viewFile/ 1098/810, Universidade Presbiteriana Mackenzie: São Paulo, 2001. MARQUES, C. M. L.; CANO, M. A. T.; VENDRUSCOLO, T. S. – A percepção dos cuidadores sociais de crianças em abrigos em relação ao processo do cuidar – Serviço Social & Realidade, Franca, 16(2): 2241, 2007. NOGUEIRA, P. L. –Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado – 4º ed. São Paulo: Saraiva, 1998. OLIVEIRA, B. O que é Psicologia da Saúde – O trabalho do Psicólogo na Psicologia da Saúde, 2010. Disponível em: http:// www.psicologiananet.com.br/o-que-e-psicologia-da-saude%E2%80%93-o-trabalho-do-psicologo-na-psicologia-da-saude/1739/. Acesso em: 05/09/2011. ROMANO, B. W. Princípios para a prática da Psicologia Clínica em hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. SILVA, M. N. M. Crianças e adolescentes: as vítimas de maus-tratos e negligência precoce Revista da ABPp, março 2007. 90 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DEFICIÊNCIA VISUAL: PENSANDO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE E AS PRÁXIS PSICOLÓGICAS Ayla Gabriele Pereira de MELO¹ Juliana BARACAT² ¹ Acadêmica do curso de Psicologia da FASU - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] ² Orientadora Mestre Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde de Garça – SP – Brasil. e-mail: [email protected] ³Curso de Psicologia, Faculdade de Ciências da Saúde – FASU, Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça-GARÇA/SP – Brasil. www.grupofaef.edu.br RESUMO Este artigo objetiva fazer um levantamento de dados e informações relativas à deficiência visual, bem como a melhora da qualidade de vida através de recursos como a psicomotricidade e as necessidades das práticas da ciência psicológica. Desde a produção de buscas e descobertas científicas até a comprovação das mesmas, trazendo para próximo do convívio do leitor. Palavras chaves: deficiência visual, psicologia, psicomotricidade. ABSTRACT This article aims aims to survey data and information relating to visual impairment, as well as improving quality of life through Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 91 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA features such as psychomotor and needs of practices of psychological science. Since the production of scientific discoveries and searches until proof of the same, bringing the reader close to the living. Key words: visual impairment, psychology, psychomotor. 1.INTRODUÇÃO O trabalho objetiva oferecer maiores esclarecimentos quanto à deficiência visual, para o entendimento mais completo do homem a respeito de sua condição humana, suas potencialidades, e essas sujeitas a qualquer momento à incapacidade. Ademais este artigo é fruto dos estudos efetuados na disciplina Psicologia da pessoa com deficiência, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. 2.A DEFICIÊNCIA VISUAL E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR A deficiência visual é considerada a perda da visão que não é possível ser corrigida ou recuperada com lentes por prescrição regular (WHALEY, WONG citado por MOURA, PEDRO, 2006). Outros autores consideram como a perda total da visão até a ausência de projeção de luz (SOARES, SILVA, GOMES et al, 2012). Vitor da Fonseca (1995) reconhece que não se pode definir critérios numéricos pois reduziria consideravelmente o problema, porém apresenta como uma tentativa de tornar mais objetiva as avaliações, os seguintes critérios: cegueira como a capacidade visual de 20/200 ou inferior no melhor olho (o indivíduo distingue a 20 pés, o que o olho normal enxergaria a 200); amblíope àquele com capacidade visual inferior a 20/70 e que podem ler letra impressa; e cego àquele que não pode ler letra impressa. Outras definições encontradas, foram: A criança que enxerga estabelece uma comunicação visual com o mundo exterior desde os primeiros meses de vida porque é estimulada a olhar para tudo o que está à sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das pessoas e dos objetos sem sair do lugar. A visão reina soberana na hierarquia dos sentidos e ocupa uma posição proeminente no que se refere à percepção e integração de formas, contornos, tamanhos, cores e imagens que estruturam 92 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF a composição de uma paisagem ou de um ambiente. É o elo de ligação que integra os outros sentidos, permite associar som e imagem, imitar um gesto ou comportamento e exercer uma atividade exploratória circunscrita a um espaço delimitado. (MEC, 2007. pág. 15). Estudos realizados Conselho Brasileiro de Oftamologia (CBO) indicam em 2004 haver entre um a 1,2 milhão de cegos e 4 milhões de pessoas com deficiência visual grave no Brasil, desses sendo 5% crianças cegas de um olho e 60% desses casos poderiam ser evitados caso fosse tratados precocemente. Segundo as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) extraídas do Censo 2010, os números apontam para 35,8 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, coleta realizada utilizando como critérios a dificuldade permanente de enxergar e o grau como nenhuma dificuldade; alguma dificuldade, grande dificuldade; não consegue de algum modo. Dados da Organização Mundial de Saúde ( OMS) indicam que cerca de 500 mil crianças ao ano ficam cegas no mundo. (TOLEDO, PAIVA, CAMILO et al., 2010). A visão, responsável pelo envio de 85% dos estímulos enviado ao cérebro e também no desenvolvimento da locomoção e mobilidade (CERQUEIRA apud TOLEDO et al, 2010) qualquer prejuízo ou o fato de perder a visão precocemente ou nascer sem a mesma comprometerá atividades básicas como segurança, integridade, recreação, auto-imagem, orientação, liberdade, percepção e aprendizagem (GÂNGAR citado por LOPES, KITADAI, OKAI, 2010). Enquanto a criança se desenvolve, seu sistema motor sofre influências de mecanismos visuais, táteis e áudio-motores e, a partir deles, constrói ou modifica suas posturas corporais. Em crianças sem deficiência visual, esses mecanismos funcionam através de conexões neurais, conexões possíveis devido aos estímulos enviados por órgãos sensitivos já totalmente formados ao nascimento. (ADAMS, VICTOR, ROPPER citado por Lopes et al, 2010). Embora os bebês recémnascidos ainda não interpretem os sinais sensoriais (ainda não há evidências a respeito), as crianças que não recebem o “input” visual necessitam de caminhos diferentes de investigação e acompanhamento (Salgado citado por Lopes et al, 2010). O controle visual que possibilita autocorreção do corpo e sua ausência colabora para que o sistema nervoso central adapte-se através de outros mecanismos como a propriocepção, sistema Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 93 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA vestibular e cerebelo (MOTTA citado por LOPES et al, 2010). Porém, variando o grau de deficiência, seu comprometimento e fatores externos não conseguem dar informações necessárias, resultando em crianças que não atingem o potencial de desenvolvimento em sua coordenação e inclusive no desenvolvimento neuropsicomotor (SALGADO citado por Lopes et al, 2010). Afirma Motta: “A criança com visão subnormal ou cegueira congênita é desprovida de conhecimento prévio” (citado por LOPES et al, 2010, p.151). A falta de compreensão dos trajetos sensoriais resultam em alterações na coordenação motora e problemas de respostas cognitivas ao comparem seus desempenhos com crianças videntes (MASIN citado por TOLEDO et al, 2010). Dentre o período escolar, é comum os professores confundirem ou interpretarem erroneamente alguns comportamentos dos alunos que tem baixa visão e que oscilam entre ver/não ver. Tais discriminações variam de lugar, posição de objeto, iluminação, movimento, profundidade, percepção de formas que não condizem com o potencial da visão. Os professores não sabem como lidar com alunos cegos, há problemas de aproximação, comunicação, tabus que os impedem de saber o que e como fazer no processo ensinoaprendizagem.( TOLEDO et al, 2010). A psicomotricidade do indivíduo é desenvolvida de acordo com o crescimento e amadurecimento. Atualmente estudos qualificam características e algumas associações de determinados comportamentos como condizentes à determinada faixa etária. Esses resultados foram padronizados a partir de estudo como de Gallahue, em 2005, que atribui às ações dos indivíduos sendo representações de como o indivíduo vê o mundo e o seu corpo (SOCARES, SILVA, GOMES et al, 2012).Psicomotricidade é também entendida como uma nova abordagem do corpo humano. Abordagem que através da terapia psicomotriz dispõe a desenvolver as capacidade/potencialidades expressivas do indivíduo, olhar o homem como o seu corpo, entendêlo uma coisa una e não divisível (COSTE, 1992). Tais conceitos de aprendizagens citados anteriormente, que podem provocar lacunas no desenvolvimento da criança podem e devem ser trabalhados com recursos como a psicomotricidade. Meur e Staes (1989) nos dizem da importância do trabalho de educação 94 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF psicomotora e de sua necessidade de início precoce, propiciando melhor desempenho e desenvolvimento tanto no esquema corporal quanto cognitivo, às pessoas envolvidas no trabalho de educação ou reeducação psicomotora, como os pais e os professores. A visão, sendo um dos principais receptores de estímulos, possui relevância no desenvolvimento motor, devido a mesma colocar o indivíduo em contato com a realidade externa, permitindo ter experiências na exploração do meio, do próprio corpo em relação ao meio, aos outros (SOARES et al, 2012). A diminuição ou a ausência da visão compromete as interpretações de sensações corporais, construções e reconhecimentos de definições ambientais (pistas), autoconhecimento do corpo, o desenvolvimento do esquema corporal, (o que compromete também o desenvolvimento da personalidade) dificuldade de comunicação não verbal e noção espacial (SOARES et al, 2012). Um estudo de caso realizado por Soares et al (2012) com um participante do sexo masculino, de 23 anos, que possuía diagnóstico médico de grave comprometimento da visão desde a infância, demonstra que, com a utilização de práticas e estimulações psicomotoras como a observação, exercícios de equilíbrio, com o professor realizando intervenções cinestésicas a todo o momento, exercícios que trabalham o desenvolvimento de esquema corporal com auxílio de estímulos sonoros, exercícios de marcha com uso de bengala adaptativa, exercícios que atuam no desenvolvimento situacional trabalhando a orientação, mobilidade e orientação espacial, esses e outros exercícios que atuam no desenvolvimento cognitivo. Em seus resultados, os autores constataram o desenvolvimento, organização e melhoras no entendimento das relações espaciais, que como cita os autores, são funcionalidades essenciais para a adaptação do sujeito fora do ambiente familiar. A relevância de aprimoramentos em suas orientações e mobilidades a fim da independência do deficiente visual. Outro dado encontrado é a significância de grande valor do uso da bengala adequada para o processo de desenvolvimento da independência do deficiente visual se realize. PRÁXIS PSICOLÓGICAS Como descrito anteriormente, as situações, bem como as dificuldades encontradas pelos indivíduos com necessidades Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 95 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA especiais, geralmente não estão sendo aproveitadas pelos envolvidos do meio como os pais, os professores, etc. como recurso ao desenvolvimento dos mesmos. Tal comportamento agrava a necessidade de oferta de serviços especiais a esses sujeitos. A este tema é proposto serviços especiais como a educação especial e a reabilitação, o trabalho do psicólogo pode ser compreender ambos como ainda na clínica (AMIRALIAN, 1986) A educação especial visa, de modo geral, o desenvolvimento de capacidades intelectuais, físicas, intelectuais ou sócio-emocionais. A reabilitação busca proporcionar condições para que o indivíduo se torne apto a recuperar ou adquirir outras habilidades distintas daquelas, caso possuísse; anteriormente à condição incapacitada (ganhou destaque no fim da II Guerra Mundial devido a necessidade de atendimento ao mutilados). Ambos os recursos podem proporcionar e objetivar aquele indivíduo incapacitado, a possibilidade de ser funcional novamente e apto para uma vida produtiva. Porém para que isso ocorra, é fundamental trabalhar com uma equipe multidisciplinar, desde já incluso o psicólogo (AMIRALIAN, 1986). A atuação do psicólogo em atividades com sujeitos divergentes tem sido delimitada ao longo do tempo e de forma ainda que complexa. A heterogeneidade da clientela pode variar de incapacidades físicas sensoriais (cegueira e surdez), físicas motoras (amputação, paralisias) entre outras incapacidades intelectuais, sociais ou emocionais; de acordo existem duas vertentes que podem facilitar os estudos, sendo a primeira focada em investigar as condições básicas e os efeitos psicológicos que compreendem todos os indivíduos que se encontram dentre uma população divergente e a segunda a fim de estudar situações e problemas específicos de cada grupo delimitado (AMIRALIAN, 1986). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados bibliográficos encontrados demonstram a importância da visão em todo o sistema sensorial e consequentementes alterações no desenvolvimento psicomotor, aprendizado, entre outras; as necessidade de maiores pesquisas sobre a condição da deficiência visual. Encontrados também conceituações 96 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF diferentes de acordo com cada autor encontrado. Verifica-se a contribuição significativa que a psicomotricidade como abordagem e sua eficácia em prática como no estudo de caso. Nota-se a necessidade de produção de mais conhecimentos e aprofundamentos teóricos e práticos das práxis psicológicas, bem como suas publicações. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIRALIAN, M. L. T. M. Psicologia do Excepcional. São Paulo: EPU, 1986 COSTE, J. C. A psicomotricidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. FONSECA, V. Educação Especial: Programa de Estimulação Precoce – uma introdução as ideias de Feuerstein. 2 edição. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico. Característica gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro, p.1-215, 2010. LOPES, M. C. B.; KITADA, S. P. S. ; OKAI, L. A.Avaliação e tratamento fisioterapêutico das alterações motoras presentes em crianças deficientes visuais. Rev. Bras. Oftal. 2004. 63 (3): 155-161. Disponível em: http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/ 05/alteracoes-motoras-em-dv.pdf#page=11. Acesso em: 12/05/2013 MEUER., A; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e infantil.[Tradutoras Ana Maria Izique Galuban e Setsuko Ono]. São Paulo: Manole, 1989. MOURA, G. R.; PEDRO, E. N. R. Adolescentes portadores de deficiência visual: percepções sobre sexualidade. Rev Latino-am Enfermagem. 2006 março-abril; 14(2):220-6 . Disponível em: www.eerp.usp.br/rlae. Acesso em: 12/03/2013 SOARES, F.A.; SILVA, T.R.; GOMES, D.P. e PEREIRA, E.T.. A contribuição da estimulação psicomotora para o processo de independência do deficiente visual.Motri. [online]. 2012, vol.8, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 97 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA n.4 pp. 16-25 . Disponível em: <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-107X2012000400003 &lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12/05/2013. TOLEDO, C. C.; PAIVA, A. P. G.; CAMILO, G. B. Detecção precoce de deficiência visual e sua relação com o rendimento escolar: study in A. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 4, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442302010000400013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 12/05/2013. 98 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF UMA DISCUSSÃO SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO Janaina de Aguiar BISPO 1 Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹ José Wellington SANTOS ² 1 Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. ² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO A depressão expressa no termo original, do latim, composto por duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando, portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo, pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de sintomas psicóticos ou não. O texto relata sobre o conceito de depressão e seus principais sintomas, as características da depressão psicótica, os aspectos clínicos e diagnósticos. Aponta também para dados epidemiológicos baseados na OMS (Organização Mundial da Saúde) e em alguns artigos encontrados sobre o dado tema. Palavras chaves: Aspectos clínicos, Depressão Psicótica, Diagnósticos, Sintomas. ABSTRACT Depression expressed in the original term, from the Latin, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 99 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA composed of two words, the (downward) and Premere (press), meaning therefore that the subject is, as to his state of mind, pressed down. Depression can be characterized by psychotic symptoms or not. The paper reports on the concept of depression and its main symptoms, features of psychotic depression, the presence of psychotic symptoms in depression, the clinical and diagnostic aspects. It also points to epidemiological data based on the WHO (World Health Organization) and found some articles on the given topic. Keywords: Clinical aspects, Psychotic Depression, Diagnostic, Symptoms. 1.INTRODUÇÃO A depressão expressa no termo original, do latim, composto por duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando, portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo, pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de sintomas psicóticos ou não (DELOUYA, 2001). O objetivo do artigo é descrever sobre o tema depressão, destacando seus principais sintomas, os sintomas psicóticos, os aspectos clínicos e os diagnósticos. A depressão psicótica é um tipo de depressão grave, que além de apresentar os sintomas geralmente apresentados em uma depressão, há também sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Quando comparado a episódios depressivos nãopsicóticos, a depressão psicótica é mais grave, pois há maior risco de suicídio (PORTO, 1999). Estudos revelam que a epidemiologia da depressão é algo discutido cada dia mais. Os transtornos depressivos são prevalentes, tendem a afetar adultos jovens, e apresentam um curto episódico e crônico (LIMA, 1999). Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2020 a depressão será o principal distúrbio mental nos países desenvolvidos, chegando a ocupar a segunda posição, essa previsão foi baseada nas estatísticas reais: em 2000, cerca de um milhão de pessoas cometeram suicídio, e os indícios é a depressão. Além disso, alguns textos de KAPLAN & SADOCK (1995) apud LIMA (1999), indicam que sintomas psicóticos acontecem em cerca de 100 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 15% de todos os pacientes com depressão. Segundo CORYELL (1984) e SPITZER (1978) apud LIMA (1999) os sintomas psicóticos surgem em mais de 25% dos pacientes deprimidos acolhidos em hospitais. Depressão psicótica é uma depressão grave, na qual acontecem adjuntos aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgão ou alucinações com conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de teor depressivo, negativo são classificados como sintomas psicóticos humor-congruentes (de doença, culpa, punição, morte, etc.). Caso os sintomas psicóticos não sejam de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos humorincongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autoreferentes, etc.) (DALGALARONDO 2008, p.312). A depressão pode ser tratada em qualquer situação terapêutica ou tratamento psíquico, uma vez que “fuga para as cavernas” que se identifica na reclusão depressiva tem sua relativa semelhança com a busca de ajuda, tratamento ou análise. A violência sob qual o individuo se encontra, é a busca para a caverna, seu lugar de abrigo. Portanto, a sessão, o analista, o enquadre e a análise, em seu conjunto, tornam-se refúgio ou abrigo, que faz com que o paciente consiga com o tempo transformar a caverna em seu lar (DELOUYA, 2001). O tratamento mais usado para a depressão é a psicoterapia, porém, em casos de transtornos depressivos mais graves, que é o caso da depressão psicótica, deve haver uma combinação de medicamentos e psicoterapias, que é provavelmente o método mais eficiente de tratamento (CASTRO, 2011). 2.CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO A depressão do ponto de vista psicopatológico tem como elementos mais destacados o humor triste e o desânimo, entretanto, se caracteriza por vários sintomas: psíquicos (humor depressivo, perda da auto-estima, ideações suicidas, redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades antes agradáveis, fadiga e diminuição da capacidade de pensar, se concentrar ou tomar decisões); fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse sexual e também queixas múltiplas: dores pelo corpo, maior Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 101 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sensibilidade aos estímulos, entre outras) e evidências comportamentais (retraimento social, comportamentos suicidas, crises de choro, lentidão generalizada ou agitação, irritabilidade e diminuição da capacidade para desenvolver suas atividades laborativas e sociais habituais) (PORTO, 1999). A depressão psicótica pode ser conceituada no decorrer de um rompimento com a realidade, através de alucinações e delírios durante um episódio de depressão maior. O DSM-IV define que a depressão maior requer pelo menos duas semanas de humor deprimido ou a perda de interesse em quase todas atividades, acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionados de depressão a partir de uma lista que inclui alterações de peso, sono, apetite ou atividade psicomotora, energia diminuída, sentimentos de inutilidade ou culpa, dificuldade de pensar, concentra-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação, ou tentativas de suicídio. Esses sintomas devem ter surgido recentemente ou ter piorado claramente em comparação ao estado anterior ao episódio da pessoa, esses sintomas devem persistir durante a maior parte do dia, em quase todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas, e causar sofrimento e prejuízo clinicamente significativos nas áreas social. Os sintomas citados não devem ser causados pelo luto ou abuso de substâncias ou condição clínica (PARKER, 2009). A depressão maior é subdividida em múltiplos subgrupos, alguns ponderados do ponto de vista categorial, como, psicótica, melancólica, catatônica, alguns etiologicamente,como, pós-parto, sazonais, atípicas, e alguns de forma dimensional, que envolve gravidade, persistência e cronocidade (PARKER, 2009). Embora a depressão seja descrita em vários artigos e livros como uma psicopatologia que apresenta vários sintomas devemos levar em consideração a individualidade das pessoas, sua vivência e sua personalidade (DELOUYA, 2001). A depressão é vista na atualidade como um dos principais distúrbios em crescimento, baseados em alguns escritos de Freud, escritores relacionam esse crescimento da depressão com a pósmodernidade, relacionada com a falta de um líder e ao desamparo da sociedade (DELOUYA, 2001). A depressão pode estar presente, em formas graves, em que há 102 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF a presença de sintomas psicóticos (delírios e alucinações). Alucinações são alterações da senso-percepção nas quais o paciente apresenta percepções falsas (na ausência de um estímulo real), que podem ocorrer nas diferentes modalidades sensoriais; olfativa, visual, tátil e auditiva. Os delírios são alterações do conteúdo do pensamento, geralmente envolvendo interpretação incorreta de fatos reais. Os delírios depressivos podem ser congruentes com o humor ou incongruentes (PORTO, 1999). Os delírios depressivos congruentes com o humor incluem delírios de ruína, de punição merecida, delírios de culpa, e delírios de niiliismo. As pessoas que apresentam depressão delirante podem interpretar eventos comuns que ocorrem no dia a dia como ênfases de defeitos pessoais, ao tempo em que se culpam de forma indevida e inapropriada. O paciente volta no tempo, com a finalidade de se acusar por supostos delitos ou atos culposos do passado, remoendo receios indevidos. Os delírios de ruina pode se apresentar como: ruína de corpo (negação de órgãos e/ou delírios hipocandríacos), ruína espiritual (delírios de culpa e acusações por pecados cometidos) e ruína de riqueza (delírios que envolve a pobreza e a miséria). A forma como esse delírio se apresenta depende da personalidade do paciente (PORTO, 1999). Os delírios incongruentes com o humor relacionam-se a temas de perseguição, e delírios de estar sendo controlado. Esses tipos de delírios estão associados a um prognóstico que não são muito raros dos estados ditos “esquizoafetivos” (PORTO, 1999). As alucinações que geralmente acompanham os estados depressivos são transitórias e não elaboradas. São associadas com o humor depressivo, como, vozes que condenam o paciente, choro de defuntos, condenação do demônio, entre outras. Raramente ocorrem alucinações não congruentes com o humor (PORTO, 1999). As ideias de suicídio são frequentemente encontradas nos casos de depressão, em que há presença de sintomas psicóticos ou não. As motivações para o suicídio estão associadas ao desejo de por fim a um estado emocional penoso e tido como interminável, distorções cognitivas, como, encontrar dificuldade para superar as perdas sofridas e outros buscam a morte como punição para suas supostas culpas. Os pensamentos de suicídio podem variar desde o desejo de estar morto, até planos que estabelecem o momento, o modo e o Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 103 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA lugar para cometer o ato de se matar. Esses tipos de pensamentos relátivos à morte devem ser investigados, para que se possa prevenir atos suicidas, dando oportunidade ao doente de se expressar a respeito deles (PORTO, 1999). O diagnóstico dos estados depressivos deve levar em conta, se os sintomas são primários ou secundários a doenças físicas e/ou uso de drogas e medicamentos. Para diagnosticar um paciente com depressão psicótica é necessário ter cautela, pois devido as características da psicose dificulta a relacionar com a depressão maior, mas, há semelhanças nos sintomas entre as pessoas que tem depressão psicótica, como, exposições anormais de emoção, pensamentos suicidas, discurso desorganizado, confusão, delírios,perda de contato com a realidade, alucinações e medo constante (PORTO, 1999). Atualmente, estão sendo feitas algumas pesquisas por alguns médicos para diferenciar o tratamento de depressão psicótica com a depressão sem sintomas psicóticos, esses estudos começaram devido á maioria dos pacientes psicóticos apresentar dificuldades para responder ao tratamento, os dados preliminares coletados são que pacientes com depressão psicótica apresentam alterações no volume de determinadas estruturas cerebrais (CASTRO, 2011). O tratamento da depressão psicótica pode ser feita através de uma internação hospitalar, constante visitação médica e acompanhamento psicológico. A combinação de antidepressivos e medicamentos antipsicóticos costumam fazer os sintomas ficarem mais leves. Um método também usado é a eletroconsulsoterapia que geralmente é usado quando os antidepressivos e antipsicóticos não produzem o resultado esperado (CASTRO, 2011). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A depressão é um distúrbio que é muito presente na nossa sociedade, de acordo com os estudos e pesquisas tende a crescer ainda mais. Baseados em escritos de Freud esse fenômeno está ligado ao desamparo da sociedade pós-moderna. Depressão psicótica é um tipo de depressão grave onde além dos sintomas apresentados em uma depressão, há a presença de delirios e alucinações. Deve-se levar em consideração independente dos sintomas e gravidade do 104 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF quadro clínico a individualidade da pessoa, sua vivência e sua personalidade, que são aspectos que estão ligados ao diagnóstico da psicopatologia. Nesses casos de depressão é comum o paciente ter pensamentos de suicidio, a depressão psicótica é caracterizada como um distúrbio grave que deve ser tratado através de psicoterapia, medicações e em casos mais graves internações. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, F. Médicos criam método para diagnóstico da depressão psicótica. Neurociência. 29 de agosto de 2011. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª edição. 2008 DELOUYA, D.. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. – (Coleção clínica psicanalítica/ dirigida por Flávio Carvalho Ferraz). DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (Trad. Cláudia Dornelles; 4 e.d. rev. – Porto Alegre: Artmed, 2002 LIMA, M. S. Depressão, epidemiologia e impacto social. Revista Brasileira de Psiquiatria. Depressão, vol. 21, 1999. PORTO, J. A. D. Conceito e diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatia. vol.21, p. 06-11, 1999. PARKER, G.; Brotchie, H. Depressão maior suscita questionamento maior. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 31, São Paulo, 2009. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 105 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 106 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DISFORIA DE GÊNERO OU TRANSEXUALISMO MASCULINO E SUAS ESPECIFICIDADES Natália Cristina DE MARCO Dayran Karam DOS REIS 1 1 2 Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF - Garça – SP - Brasil. e-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO A disforia de gênero não é especifica e não acomete indivíduos específicos, é uma condição onde as pessoas desde crianças ‘não aceitam’ o sexo de nascimento, relatam que nasceram no corpo errado, se vestem com roupas femininas e na fase adulta chegam até a fazer operação de troca de sexo, mas para isso há um diagnostico preciso com um equipe multidisciplinar. Palavras-Chave: Disforia de gênero masculino, Família, Sociedade. ABSTRACT The gender dysphoria is not specific and not affects specific individuals, is a condition where people from kids ‘not accept’ the sex of birth, reported that they were born in the wrong body, dress up in women’s clothing and adulthood will even make sex-change Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 107 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA operation, but for that there is a precise diagnosis with a multidisciplinary team. Keywords: dysphoria of male gender, Family, Society 1.INTRODUÇÃO A aceitação da família, de certa forma, é uma incógnita, pois eles agem das formas mais variadas possíveis, porém a grande maioria, depois de um tempo, até “raciocinar” o que está acontecendo passa a aceitar. Já o preconceito frente a sociedade é diferente, as pessoas “preferem criticar” do que tentar entender, é mais simples falar do que se colocar no lugar do outro, sempre existe aquele pensamento “isso nunca vai acontecer comigo ou na minha família”; o mundo hoje em dia, é aberto a novas experiências, não é porque hoje as pessoas tem mais coragem de falar que isso nunca existiu antes, hoje está tudo mais explícito e as pessoas não tem a capacidade de aceitar isso, por qual motivo? O que há de errado em se aceitar e ser feliz? Nada? Se as pessoas são felizes como são, porque não aceitar aos outros que escolhem ser “diferentes”, ser eles mesmos? Eis as questões mais difíceis de responder, pois a sociedade de hoje ainda segue muito as regras culturais de que homem tem que casar com mulher e vice versa. Mas se a decisão é de cada um, porque não aceitar ou ao menos respeitá-las? Eis mais uma vez as questões que tentarei responder ao longo do trabalho. Sociedade X Preconceito. E relacionado ao trabalho do psicólogo, qual a importância de sua participação? Qual a importância do acompanhamento antes e depois da cirurgia? Dessa forma, tratar de um tema que ainda é um tabu pra sociedade é algo que motiva, pois para ter um melhor entendimento sobre o assunto e de alguma forma contribuir para que o tema seja visto de outra forma, começar a ser mais aceito e também mais abordado pela sociedade, que ao invés de falar, citar e conversar sobre o assunto prefere não se manifestar e deixar que continue da mesma forma. A disforia de gênero começa a ser observada desde a infância, quando a criança se identifica mais com brincadeiras do sexo oposto, é necessário um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar para que o diagnóstico seja preciso. É uma incompatibilidade entre 108 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF o sexo ‘de origem’ e a sua identidade de gênero, nestes indivíduos, o desejo de pertencer ao sexo oposto é extremamente forte, procurando desesperadamente a terapia hormonal e a cirurgia, com este objetivo (ATHAYDE, 2001). O presente estudo se propôs a: - Pesquisar bibliograficamente a partir de quando se pode ser diagnosticada a disforia de gênero, quais as mudanças, o preconceito por parte da sociedade e o tratamento feito com o paciente até a mudança de sexo. Em decorrência das pesquisas, é visado: - Pesquisar o comportamento do indivíduo, da família e da sociedade; - Descrever quais os requisitos para a cirurgia. 2.FAMÍLIA, SOCIEDADE E O “SONHO” DA CIRURGIA O transexualismo Masculino é uma condição que necessita da “colaboração” de diversos profissionais trabalhando em conjunto, visando somente um indivíduo, pois é um diagnóstico e tratamento que tem de ser feito com muita precisão, pois uma vez operado não há mais volta. São recomendados cerca de dois anos de tratamento, acompanhamento e cuidados antes do procedimento cirúrgico, para que seja feito o diagnóstico correto, pois em casos de diagnóstico incorreto pode levar a pessoa até ao suicídio (ATHAYDE, 2001). O transexualismo alcançou a categoria de fenômeno social com a intervenção médica feita em Jorgensen, “... Caso Jorgensen, Harry Benjamin, endocrinologista alemão muito interessado no fenômeno transexual, concluiu em 1954 o processo de alteração corporal do paciente, realizando a vaginoplastia. Já em 1953 havia introduzido o termo transexualismo...” (Apud COSSI, 2011, p. 34) Dessa forma, os meios de comunicação expandiram a divulgação do transexualismo pelo seu grande interesse no caso e, desde então, foi como se abrissem uma possibilidade de cada um poder “escolher” o seu sexo (FRIGET, 2002, p. 26-7, citado por COSSI, 2011, p. 34). O transexualismo ainda é um tema ‘generalizado’, mesmo assim vou trabalhar com o tema “disforia de gênero masculino” e “transexualismo masculino”. Alguns termos que podem ser utilizados: Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 109 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O transexualismo como um fenômeno, claramente contrasta nossos entendimentos comuns sobre sexualidade, mas não é uma depravação sexual e sim a forma mais extrema de distúrbio da identidade sexual. Também chamado de disforia de gênero, é uma incompatibilidade entre o sexo anatômico de um indivíduo e a sua identidade de gênero. Gênero: é o que o ser humano se torna socialmente, em termos de homem ou mulher; Identidade de gênero: é convicção interna de masculinidade ou feminilidade; Papel do gênero (gender role): é o estereótipo cultural do que é masculino ou feminino; Desordens da identidade de gênero: é quando existe uma discordância entre o sexo biológico e sua identidade de gênero, entre as quais se encontra o transexualismo. Nestes indivíduos, o desejo de pertencer ao sexo oposto é extremamente forte, procurando desesperadamente a terapia hormonal e a cirurgia, com este objetivo. Consequentemente seu sofrimento é tanto e tão urgente que podem chegar as extremo de automutilação e suicídio. (ATHAYDE, pag. 2,2001). Não existe um processo que seja específico na construção da identidade de gênero nos transexuais. O gênero só existe na prática, na vivência e na realização. Os fatos que vão “fazer” o gênero são de colocar uma certa roupa, escolher uma certa cor, escolher certos acessórios, como será o corte de cabelo, como irá andar e até mesmo sua estética corporal. (BENTO, 2006) De acordo com COSSI (2011) o termo disforia de gênero surge a partir do que visa Money em 1980 e entra no DSM III. O preconceito hoje em dia ainda é muito grande por parte das próprias pessoas com o ‘problema’ (disforia de gênero) e maior ainda por parte da sociedade, que não está preparada para aceitar os tipos de mudanças que as pessoas decidem fazer em si, não por estética, mas muitas vezes pela não aceitação do corpo com o qual nasceu no caso a intenção dessas pessoas não é somente se vestir como mulheres ou algo do gênero, é uma ‘questão’ de se sentir bem com seu corpo, é uma ‘questão’ de ver o corpo da forma como realmente o sente (LACERDA, 2004). Disforia de gênero ou transexualismo é um quadro clínico que está em discussão hoje em dia, e gera uma grande polêmica. É uma problemática que se manifesta na identidade sexual. As pessoas vivem em discordância em relação ao seu sexo, relatam pertencer ao sexo oposto ou se identificar com ele, assim grande parte busca por 110 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF tratamentos hormonais, mudança de sexo e consequentemente mudança de nome. (COSSI, 2011) De acordo com Matilde Josefina Sutter Hojda: Transexual é o indivíduo que repudia o sexo que ostenta anatomicamente. Sendo o fato psicológico predominante na transexualidade, o indivíduo identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália externa e interna de um único sexo. O transexual não se confunde com o homossexual, pois este não nega seu sexo, embora mantendo relações sexuais com pessoas do seu próprio sexo. Não se confunde, ademais, com o travesti, que em seu fetichismo é levado a se vestir nos moldes do sexo oposto. Não se identifica, ademais, com o bissexual, indivíduo que mantém relações sexuais com parceiros de ambos os sexos. (Apud LACERDA, pag. 3, 2004) BENTO (2006) cita que a sociedade ou as pessoas que buscam mais a fundo esse assunto, querem falar dessas pessoas fazendo somente algumas perguntas que são superficiais, porém, “ninguém sabe como vivem, não sabem sobre suas sexualidades, sonhos, desejos..” De acordo com ATHAYDE (2001) essas pessoas sente-se aprisionadas ao corpo errado, com isso buscam mudanças anatômicas, no caso, que seriam as cirurgias tanto de implante de silicone, como após terapia a cirurgia de mudança de sexo ou a transgenitalização. Porém, nessa cirurgia pode haver complicações, com isso, no Brasil são poucas clinicas que fazem esse tipo de cirurgia, pois os médicos a consideram auto risco e “preferem não se arriscar”, ou seja, ou os pacientes pagam caro em clínicas particulares, ou vão em busca dessa “melhoria” no exterior. A cirurgia não é a cura para o distúrbio, e sim um procedimento de bem estar emocional. Os centros médicos que realizam esse tipo de cirurgia de transgenitalização estabelecem um conjunto de regras, a qual falarei em breve. De acordo com o CID-10: F64 Transtornos da identidade sexual: F64.0 Transexualismo: Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado. F64.2 Transtorno de identidade sexual na infância Transtorno que usualmente primeiro se manifesta no início da infância (e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 111 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sempre bem antes da puberdade), caracterizado por um persistente em intenso sofrimento com relação a pertencer a um dado sexo, junto com o desejo de ser (ou a insistência de que se é) do outro sexo. Há uma preocupação persistente com a roupa e as atividades do sexo oposto e repúdio do próprio sexo. O diagnóstico requer uma profunda perturbação de identidade sexual normal; não é suficiente que uma menina seja levada ou traquinas ou que o menino tenha uma atitude afeminada. Os transtornos da identidade sexual nos indivíduos púberes ou pré-púberes não devem ser classificados aqui mas sob a rubrica F66.-. CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO Não posso considerar o sexo como um elemento apenas fisiológico, determinado geneticamente e imutável; há décadas a medicina permite que o indivíduo se adeque ao sexo que tem certeza pertencer porém, a cirurgia ainda apresenta distintos questionamentos . O transexualismo Masculino é uma mulher no corpo de homem e o transexualismo feminino, é o homem no corpo de mulher, isso seria uma neurodiscordância de gênero; entende-se que a transexualidade pode ser determinada por uma alteração genética no componente cerebral, combinado com alteração hormonal e o fator social (Apud VIEIRA, 2000), porém Cossi ressalta que: “... Os transexuais apresentam órgãos genitais normais, assim como suas características sexuais secundárias. Apresentam os cromossomos sexuais XX no caso das transexuais femininas e XY no caso dos transexuais masculinos, ou seja, são geneticamente e anatomicamente normais.” (COSSI, pag. 39, 2011). Para poder iniciar o processo de cirurgia é feia uma triagem rigorosa nos transexuais primários, visando às chances de sucesso no pós-operatório; é utilizada uma equipe multidisciplinar com profissionais especializados no assunto, a equipe é composta por: um endocrinologista, um psiquiatra, um psicólogo e um cirurgião plástico, que vão analisar o grau de feminilidade do paciente. Dessa forma, o papel do psicólogo é muito importante na indicação ou não do paciente para a cirurgia, durante o processo e no pós-operatório (VIEIRA, 2000). A cirurgia é irreversível, e não é só mudar de sexo, é colocar a aparência física do paciente de acordo com sua verdadeira identidade sexual. Em partes visa melhorar a saúde do paciente, dessa forma, o 112 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF médico além de ministrar hormônios pode fazer a cirurgia de adequação. Mas, o cirurgião plástico não pode ser obrigado a conseguir a ‘cura’ com o resultado; o orgasmo e o prazer são resultados de diversos fatores. Esteticamente o efeito deverá ser semelhante ao sexo ‘desejado’, mas não se pode falar em perfeição, embora a nova genitália deva permitir ao paciente que realize normalmente suas necessidades fisiológicas (VIEIRA, 2000). Em 1978 que iniciou uma nova visão para a lei relacionada ao código penal brasileiro; onde um cirurgião plástico que havia realizado uma cirurgia de transgenitalização foi condenado a dois anos de reclusão por infringir a lei, mas ele atuou dentro dos limites de exercício não cometendo crime e em 1979 por votação unanime ele foi absolvido (VIEIRA, 2000). Não é necessário que o transexual entre com uma ação em juízo para obter autorização para a cirurgia, é competência médica e não de ordem judicial, sendo resolvido de acordo com os princípios éticos, no qual, os profissionais tem conhecimento e formação para conhecer os aspectos que envolvem a cirurgia (VIEIRA, 2000). Somente em 10 de setembro de 1997 o Conselho Federal de Medicina, através da Resolução 1482/97 autorizou experimentalmente (em hospitais universitários e hospitais públicos adequados para pesquisa) a cirurgia de transgenitalização do tipo neocolpovulvoplastia, neofaloplatia e/ou procedimentos complementares sobre as gônodas ou caracteres sexuais secundários como tratamento para os transexuais. Dessa forma, para avaliação haverá uma equipe multidisciplinar composta por: Médico-Psiquiatra, Cirurgião, Psicólogo e Assistente Social; São necessários dois anos de acompanhamento em conjunto. Os critérios estabelecidos para os candidatos são: Diagnóstico médico de transexualismo, maioridade de 21 anos de idade e a ausência de características físicas inapropriadas para a cirurgia, também é exigido o termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com a Resolução CNS nº 196/96 (VIEIRA, 2000). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A disforia de gênero ou transexualismo não acomete indivíduos específicos, tanto que se da em homens e mulheres (no caso só Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 113 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA trabalhei na parte do homem que quer virar mulher) e também não posso dizer que é uma doença específica pois os indivíduos são geneticamente e anatomicamente normais. São pessoas que discordam do sexo de nascimento, acreditam tem nascido no corpo errado. A meu ver, muitas pessoas se assumem somente depois de muitos anos, se casam, tem filhos, por medo do que a sociedade pode dizer e depois acabam por assumir sua verdadeira “identidade”, depois de analisar muito a situação e perceber que se aceitar primeiramente vai ser menos “doloroso”, se assumem e procuram pela cirurgia, que se da somente depois de no mínimo dois anos de tratamento com uma equipe multidisciplinar e o diagnóstico preciso, neste momento o trabalho do psicólogo é muito importante, pois ele que vai fazer a maior parte da análise para o diagnóstico, o tratamento adequado e o acompanhamento do paciente após a operação, utilizando de técnicas e métodos que ajudam na própria aceitação do paciente e da família. Quanto a sociedade não há muito o que se fazer, acredito que o preconceito surge pela falta de conhecimento, a generalização, o modismo e o sensacionalismo que muitas vezes a mídia impõe, transexualismo não é uma escolha. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, L. R. de – Transexualidade: dos transtornos às experiências singulares – Mestrado em Psicologia Clínica, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), 2010. ATHAYDE, A. V. L. de – Transexualismo Masculino – Arq. Bras. Endocrinol. Metab., vol.45 nº4, São Paulo, Aug. 2001. BENTO, B. – A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual – Rio de Janeiro: Garamond, 2006. CID-10 online www.psicologia.pt/instrumentos/dsm_cid/cid.php acesso em 02 de Outubro de 2013 as 14:30. COSSI, R. K. – Corpo em obra: contribuições para a clínica psicanalítica do transexualismo – São Paulo: nVersos, 2011. 114 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LACERDA, H. H. - Transexualismo – Tese de conclusão de curso de Ciências Juridicas, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, divisão técnica de pesquisa, p. 3, nov. 2004. OLTAMARI, L. C. – Política e sexualidade: notas sobre o combate ao preconceito contra os homossexuais – Psicologia & Sociedade, 22(3), 608-611, 2010. VIEIRA, T. R. – Aspectos psicológicos, médicos e jurídicos do transexualismo – Psicólogo informação, ano 4, nº 4, p. 63-77, jan/ dez, 2000. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 115 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 116 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ESPAÇO POTENCIAL: UM SONHO REALIZADO LOTERIO, Larissa Quinhoneiro1 PESSIM, Larissa Estanislau2 SOUZA, Michele Nunes Fraquetto de¹ REIS, Mestranda Dayran Karam dos3 1 Acadêmicas do Curso de Formação de Psicologia da FAEF. 2 Acadêmicas do Curso de Formação de Psicologia da FAEF. 3 Supervisora de Estágio do Curso de Psicologia da FAEF. RESUMO Segundo a ONU, o autismo acomete cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. Em crianças, é mais comum que o câncer, a AIDS e o diabetes. Este artigo tem como objetivo descrever as características e tipos de tratamento para o autismo, investigar o trabalho da Instituição Concedente do Estágio Supervisionado em Psicologia em Instituição de Saúde, a atuação do Psicólogo nessa Instituição e a historia da mesma desde sua criação até os dias de hoje. Foi realizado um levantamento de dados com base no acervo bibliográfico e busca eletrônica de artigos. Os resultados encontrados mostraram que há diversos tipos de autismo, ou seja, o autismo se apresenta como um espectro, a criança pode ter um grau mais leve ou um grau mais acentuado. Palavras-chave: Autismo. Espectro Autista. Tratamentos. ABSTRACT According to the ONU, autism affects approximately 70 million Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 117 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA people worldwide. In children, it is more common than cancer, AIDS and diabetes. This article aims to describe the characteristics and types of treatment for autism, investigating the work of the Institution Granting the Supervised Internship in Psychology in Health Institution, the role of the psychologist in this institution and the history of it since its inception to the present day . A survey-based data in bibliographic and electronic search of articles. The results showed that there are different types of autism, or autism presents as a spectrum, the child may have a mild level or greater degree. Keywords: Autism. Autistic Spectrum. Treatments. 1.INTRODUÇÃO Este artigo foi desenvolvido pelas alunas do curso de Psicologia durante o estagio na área de Saúde, realizado em uma instituição direcionada ao Autismo “Espaço Potencial”, localizada na cidade de Marília. Quanto à metodologia, foi realizado um levantamento de dados no acervo da Biblioteca Central da FAEF- Associação Cultural e Educacional de Garça - e busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados do Scholar Google Acadêmico, Scielo, Pubmed e Periódico CAPES. As palavras-chave usadas foram: autismo, espectro autista, tratamentos. [...]o autismo, embora possa ser visto como uma condição médica, também pode ser encarado como um modo de ser completo, uma forma de identidade profundamente diferente [...] (OLIVERS SACKS) No que se refere ao Autismo, o termo originário da palavra grega autos, que significa próprio, foi cunhado por Eugene Bleuler em 1911, para descrever um sintoma da esquizofrenia, definido como estreitamento com o mundo exterior (FRITH, 1989 citado por AMORIM, 2006). Em 1943, Kanner descreveu, sob o nome Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo, um quadro caracterizado por isolamento extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. Esse conjunto de sinais foi por ele visualizado como uma doença específica relacionada a fenômenos da linha esquizofrênica (ASSUMPÇÃO JR, PIMENTEL, 2000). 118 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Inicialmente foi valorizada a hipótese de que o autismo era causado por fatores psicológicos e de que os pais eram responsáveis pelo surgimento deste quadro por apresentarem um comportamento frio e obsessivo com os seus filhos. Com o passar do tempo, essa hipótese foi posta de lado pela literatura médica e atualmente se considera o autismo como uma desordem neurobiológica, apesar do mecanismo preciso da doença ainda não ser conhecido (GIKOVATE, 2009). O Autismo – chamado pela CID-10 de “Autismo Infantil” e de “Transtorno Autístico” pelo DSM-IV – manifesta-se desde a primeira infância, ou seja, antes dos 3 anos de idade. Atinge 3 a 4 vezes mais meninos que meninas. Caracteriza-se por problemas sérios nas interações sociais, na comunicação e no comportamento, o qual é bastante limitado, e de natureza repetitiva e estereotipada (DSM IV, 1995). Deve-se esclarecer que há diversos quadros de autismo para diferentes pessoas, isso depende de fatores como, a idade e o nível intelectual de cada indivíduo, isso é o que se pode chamar de espectro autista. (RIVIÈRE, citado por OLIVEIRA, 2011). O espectro autista é o diagnóstico dado a pessoas que apresentam algumas características autísticas, porém não se enquadram dentro do autismo devido ao fato de ser um transtorno profundo do desenvolvimento. O autismo “parece remeter a um conjunto bastante heterogêneo de individualidades, cujos níveis evolutivos, 18 necessidades educativas e terapêuticas e perspectivas vitais são bastante diferentes” (RIVIÈRE, citado por OLIVEIRA, 2011). O autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno, sendo que, em crianças, é mais comum que o câncer, a Aids e o diabetes. Em termos clínicos, os sintomas podem estar presentes desde o nascimento (70% dos casos) ou surgirem em algum momento antes dos três anos de idade em uma criança que teve o desenvolvimento aparentemente normal (30% dos casos). A criança apresenta se desligada do meio e não responde ao chamado do seu nome. Não retribui um sorriso e faz pouco contato com o olhar. É capaz de ficar muito tempo sozinha e só procura os outros para satisfazer suas necessidades (GIKOVATE, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 119 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Entender e dominar o mundo singular dos indivíduos com autismo é ter a oportunidade de participar de um milagre diário: a redescoberta do que há de mais humano em nós e neles (SILVA, 2009). As pesquisas demonstram que o tratamento mais eficaz é uma combinação de programas especializados, englobando: programa educacional, intervenções na comunicação, desenvolvimento de habilidades sociais e intervenção comportamental. Outros tratamentos, tais como terapia ocupacional e fisioterapia podem promover progressos porque atuam nas possíveis comorbidades, como dificuldades motoras e sensoriais (LEVY, S, HYMAN, S. 2008). Alguns autores afirmam que o planejamento do tratamento deve ser estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente. Portanto, com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas (BOSA, 2006). Segundo Bosa (2006) alguns autores salientam quatro alvos básicos de qualquer tratamento: 1) estimular o desenvolvimento social e comunicativo; 2) aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; 3) diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e 4) ajudar as famílias a lidarem com o autismo. 2.ESPAÇO POTENCIAL: DESENVOLVENDO POTENCIALIDADES A instituição concedente do estágio é o Espaço Potencial de Marília que cuida de cerca de 60 crianças e jovens autistas (e outras crianças e jovens com transtornos similares). É uma Sociedade Civil de Direito Privado e filantrópica que tem por objetivo principal promover a atenção integral a essas crianças e jovens em aspectos referentes à saúde, educação e socialização, busca fortalecer o vínculo familiar e social destas pessoas com vista à inclusão, autonomia e independência. O interesse pela escolha do estágio nessa instituição justifica-se por acreditar que o autista tem potencial para aprender e pelo interesse em conhecer de perto o mundo particular que eles vivem. 120 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF É uma instituição de educação e saúde voltada a alunos autistas, que surgiu da união de alguns pais e amigos de crianças e jovens autistas ou com transtornos globais do desenvolvimento que tiveram seus filhos convidados a se retirar da escola porque não havia condições de atender às suas necessidades. Na época, a cidade não contava com nenhuma escola que tivesse um serviço especializado para os autistas, nem a saúde nem a educação pública forneciam um ambiente qualificado para estas crianças (CORREIO MARILIENSE, 2012). Os pais preocupados, estavam comprometidos a oferecerem um espaço que estimulasse essas crianças no crescimento e desenvolvimento de seus potenciais, bem como na busca pelos seus direitos, assim, se uniram na criação do projeto (CORREIO MARILIENSE, 2012). Desta forma, resolveram criar, elas próprias, uma alternativa para o desenvolvimento das suas crianças, assim em 30 de abril de 2009 foi fundado o Espaço Potencial. Em abril de 2010 passa a funcionar em caráter oficial, nessa época eram seis crianças atendidas, com envolvimento e participação direta dos pais. É reconhecida como Utilidade Pública Municipal pela Lei nº 7273/11; com Registro no Conselho Municipal de Defesa da Criança e Adolescente número 022/12 (CORREIO MARILIENSE, 2012.) Neste momento a instituição é composta por duas professoras, sendo uma psicopedagoga; uma psicóloga; uma fonoaudióloga; uma assistente social e dois auxiliares de classe, a maioria são voluntários. Porém, com o passar do tempo o objetivo se voltou não só para apontar soluções para o entrave existentes no processo educacional ou social do autista, mas propor também uma reflexão acerca de como este assunto vem sendo discutidos na sociedade e nos poderes competentes. Enquanto por um lado as crianças eram atendidas em suas áreas específicas com uma proposta pedagógica diferenciada e baseada no apoio ao atendimento das necessidades básicas de cada um, visando o desenvolvimento de seu potencial; por outro lado, os pais e amigos criaram um grupo para refletir sobre assuntos ligados à temática e discutir as formas alternativas de organização formal deste trabalho na comunidade local. As reflexões deste grupo foram pautadas na escassez de equipamento social no município, a incapacidade de atender a essa Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 121 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA demanda, embora tivesse resguardados por lei, inúmeros direitos a criança autista, como acesso a cultura, lazer, educação e principalmente a saúde, direitos esses fundamentais para exercício pleno de sua pessoa, porém ignorados pelos poderes públicos competentes, pois não há iniciativa no 3° setor (instituição de atendimento), profissionais capacitados, nem tão pouco, especialistas suficientes na rede para atender a demanda. Realizaram vários encontros com os pais e alguns amigos que assumiram a causa a fim e com ações conjuntas e imediatas pudessem pensar na organização deste grupo como representante do desejo da maioria (CORREIO MARILIENSE, 2012.) Desta forma, o referido grupo optou pela criação de uma Associação de Pais e Amigos destas crianças e jovens na cidade de Marília, onde pudesse oferecer um espaço privilegiado no atendimento de suas necessidades e no desenvolvimento das potencialidades dos autistas. Esse trabalho aconteceu por dois anos e meio, com 10 (dez) crianças/ jovens de 03 a 24 anos como um “projeto piloto”, mantido pelos pais, amigos e comunidade, através de eventos realizados para mantê-lo. Em meados de 2011, representantes do poder público municipal com a iniciativa de estabelecer parceria financeira com a Associação Espaço Potencial para o atendimento da demanda, que era de 37 crianças/jovens, dado ao sucesso dos resultados obtidos, engrossando assim a luta pela defesa dos direito desta parcela da população. Atualmente, a instituição atende 62 crianças/jovens e está localizada na Rua Coronel José Braz, 1.131, no bairro Salgado Filho (atrás do Marília Tênis Clube), na zona oeste da cidade. A instituição mantém suas atividades de segunda a sexta-feira nos dois períodos e os alunos também participam de atividades externas. Os profissionais trabalham com atendimentos de forma individual e as crianças/jovens são acompanhadas diariamente. É estimulado o desenvolvimento das capacidades motoras, cognitivas, equilíbrio pessoal e inserção social, visando a aquisição do conhecimento, habilidades e formação de seus hábitos e atitudes e ainda do despertar de suas potencialidades. Buscam a redução ou eliminação de comportamentos inadequados, centrado na estrutura de condutas e posturas, propiciando à criança sua independência e, à sua família qualidade de vida. 122 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Através do convênio formado com a prefeitura a instituição conta com um grupo de profissionais: psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, psicopedagogo, fisioterapeuta e educador social e físico, que buscam juntos a formação integral nas áreas da saúde, educação e socialização. São utilizados os programas: Teacch (Tratamento e Educação para Autista e Crianças com Déficits Relacionados à Comunicação); - O PCS (Programa de Comunicação Alternativa Suplementar); - O ABA (Análise Aplicada do Comportamento); Equoterapia (Por meios de cavalos, visa o bem estar físico e emocional, supera-se os danos sensórias, motores, cognitivos e comportamentais); Apoio Familiar (De forma individual e grupal, via orientação, acompanhamento, atendimento psicossocial e encaminhamento à intervenção terapêutica, a fim de minimizar as dificuldades vivenciadas por elas e o fortalecimento familiar. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em todos os transtornos invasivos do desenvolvimento os sintomas aparecem nos primeiros anos de vida. Por isso é muito importante que os pais ou professores, ao detectarem algo diferente na criança, encaminhem-na para profissionais especializados, pois quanto mais cedo descobrir o diagnóstico, melhor será para o desenvolvimento da mesma. O diagnóstico é sempre muito difícil para a família. Há vários tipos de autista, um tratamento que é indicado para um pode não funcionar para o outro. Isso angustia ainda mais os pais, que depois de passarem pela fase da negação e do luto do filho ideal, começam a correr atrás de todos os tipos de tratamentos possíveis que ofereçam a cura. Muitas vezes acabam se decepcionando, pois o autismo não tem cura e as melhorias no desenvolvimento e no comportamento da criança vem com o tempo. É necessário conhecer a fundo “o seu” autista para que se possa trabalhar seu potencial e suas habilidades, pois cada pequena conquista é uma grande vitória para eles. É preciso comemorar, reconhecer e estimular, para que eles se tornem cada vez mais independentes. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 123 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A equipe do Espaço Potencial nos recebeu muito bem desde o primeiro dia de estágio. Nos inseriu em suas atividades e projetos; esclarecem nossas dúvidas e nos deixam a vontade para participar de todas as programações. É uma instituição que leva o trabalho super a sério e se engajam na luta em prol das crianças/jovens autistas. É muito gratificante e também tem sido muito enriquecedor, para nós, como estagiárias, ter acesso a prática nessa área de educação especial, ter o apoio e abertura da Instituição. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, L. C. D. O conceito de morte e a Síndrome de Asperguer. 2008. 116 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Associação Americana de Psiquiatria. Manual de estatística e diagnóstico de transtornos mentais (DSM IV TM) 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. ASSUMPCAO JR, Francisco B and PIMENTEL, Ana Cristina M. Autismo infantil. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 37-39. ISSN 1516-4446. BOSA, Cleonice Alves. Autismo: intervenções psicoeducacionais. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, p. 47-53, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s1/a07v28s1.pdf > Acesso em: 15 set. 2008. Correio Mariliense: Com 40 autistas, Espaço Potencial será inaugurado no próximo dia 04. Publicado em: 25/04/2012. Acesso em: 21 set de 2013. Disponível em <http://www.correiomariliense. com.br/materia.php?materia=24661> Correio Mariliense: Marília Shopping Expõe sobre o ‘Dia do Autismo’. Publicado em: 31/03/2012. Acesso em: 21 set de 2013. Disponível em <http://www.correiomariliense.com.br/materia.php? materia=23878> GIKOVATE, C. G. Autismo: Conceito, Diagnóstico e Quadro Clínico. In:LA-MOGLIA, A. (Coord.). Tema sem inclusão: Saberes e práticas 124 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Rio de Janeiro: Synergia/UNIRIO, 2009. LEVY, S. E.; HYMAN, S. L. Tratamentos Médicos Complementares e Alternativos para Crianças com Transtornos do Espectro Autista. Volume 17, No 4. Publicado em Outubro de 2008. Disponível em:<http://www.ama.org.br/site/images/stories/Voceeaama/ artigos/090330tratamentocamart.pdf>. Acesso em 03 nov. 2012. OLIVEIRA, A. L. Formação de Professores na Educação Básica para Atuar com Educandos com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) no Processo de Educação Inclusiva. Universidade Federal do Paraná, 2011. O.M.S. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticos. Trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed. 1993, p. 149-158. SILVA, A. B. B. Mundo Singular. 1. Ed. São Paulo: Fontanar, 2009. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 125 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 126 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ESTUDO DE CASO SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MODERADA NO CAPS Janaina de Aguiar BISPO ¹ Frederico de Conte Blaziza MACHADO ¹ Hélide Maria PARRERA¹ Esp. Mestranda Dayran Karam dos REIS ² ¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. ² Supervisora de Estágio e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO Este artigo trata-se da apresentação de um estudo de caso sobre uma pessoa com retardo mental moderado que frequenta a instituição CAPS. O objetivo é mostrar como o grupo de estagiários trabalharam com o caso no CAPS, quais atividades foram desenvolvidas, as observações dos estagiarios e os resultados alcançados com o trabalho desenvolvido. Foram utilizadas algumas atividades lúdicas e a técnica projetiva da Gestalt-terapia e a paciente aprendeu a se comunicar com mais faclidade e a lidar melhor com a frustração. Palavras-chave: CAPS, Estagiários, Retardo Mental. ABSTRACT This article is in the presentation of a case study of a person Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 127 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA with mental retardation. The aim is to show how the group of trainees worked with the case in CAPS, which activities were developed, the observations of the trainees and the results achieved with the work. Some entertaining activities and projective technique of Gestalt therapy was used and the patient learned to communicate more and better faclidade deal with frustration. Keywords: CAPS, Interns, Mental Retardation. 1.INTRODUÇÂO A Psicologia da Saúde surgiu da necessidade de promover e de pensar o processo saúde/doença como um fenômeno social. Além disso, o aumento dos custos dos serviços de saúde tem colocado em destaque a importância da educação sobre exercícios saudáveis e políticas de prevenção que permitem uma intervenção integral, aumento dos números de adesão a tratamentos e diminuição do impacto da doença sobre o funcionamento integral do indivíduo. Sabe-se que o conceito de saúde esta sujeito a compreensão que se tem do ser humano e da sua relação com o meio ambiente. Esse conceito varia de cultura para cultura. A transmissão desses valores se dá, pelos meios de comunicação de massa. Via mídia, a saúde, um problema humano e existencial, pode ser compartilhada por todos os segmentos da sociedade. Para esses segmentos sociais, a saúde e a doença abarcam uma complicada interação entre os aspectos psicológicos, físicos, ambientais e sociais da condição humana e seus significados, demonstrando uma relação que decorre o corpo social e individual, o ser humano enquanto ser global. (MARTINS & JUNIOR 2001). Segundo a Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e um dever do Estado; as ações e serviços públicos de saúde são responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Cabe ao SUS fazer a vigilância sanitária, e a vigilância sanitária está no SUS. Ela é o SUS que todo mundo usa, pois todos utilizam diariamente algum produto ou serviço controlado pela Vigilância Sanitária (BORBA, 2010). Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na 128 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cidade de São Paulo: seu nome era Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. A invenção desse CAPS e dos outros que surgiram com o tempo em outros lugares e com outros nomes, participou de um movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que procuravam o avanço da assistência no Brasil e apontavam o estado precário dos hospitais psiquiátricos, que até o momento eram o único recurso reservado aos usuários portadores de transtornos mentais. Os serviços de saúde mental passam a existir em várias cidades do país e vão se estabilizando como dispositivos ativos na redução de internações e na mudança do modelo assistencial. Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente a partir da Portaria GM 224/92 e eram determinados como “unidades de saúde locais/regionais, na qual há uma população adscrita determinada pela condição local e que proporcionam atendimento de cuidados mediadores entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois períodos de quatro horas, por equipe multiprofissional” (BRASIL, 2004). O CAPS busca como objetivo principal a desinstitucionalização, que significa restituir a dignidade da pessoa em sofrimento mental mediante a reconquista de sua cidadania, da promoção de tratamentos dignos, que superem o modelo clínico, com base na atenção médico-biológica centrada na patologia e no hospitalocentrismo, mediante o estabelecimento de redes de cuidados substitutivas, entre elas, hospitalização parcial, existência de leitos em hospitais gerais, pensões protegidas, centros de atenção psicossocial (OLIVEIRA, 2002). 2.RELATO DO CASO A pessoa a qual se baseia esse estudo tem 32 anos, as inicias do nome são I. P. C., do sexo feminino, solteira, nacionalidade brasileira, é da cor parda e sua formação escolar é ensino fundamental incompleto. A queixa principal é a impulsividade, instabilidade emocional, hipocondria e alguns momentos de agressividade. A paciente tem o diagnóstico fechado feito pela psiquiatra do CAPS I de Garça, com a ajuda da psicóloga da instituição. O diagnóstico é F31.0-Transtorno Afetivo Bipolar, episódio atual hipomaníaco, F10.2– Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 129 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcoolsíndrome da dependência, e F71- Retardo Mental Moderado. De acordo com a psicóloga do CAPS I de Garça - SP, os dados sobre a família e a paciente são os seguintes: a paciente chegou até o CAPS, pois fazia uso excessivo de bebida alcoólica, o que a tornava agressiva e impulsiva. A mãe é permissiva, sempre deixou a filha fazer o que quer, a paciente começou a fumar com aproximadamente 12 anos de idade, parou de estudar na 3ª série, começou a beber, e sair com vários homens a troco de dinheiro, muitas vezes a troco de moeda ou doce. Desde adolescente a paciente teve várias internações devido a bebida, mas devido a sua debilidade intelectual não conseguia acompanhar o tratamento no CAPS AD, assim começou a se tratar no CAPS I. A mãe da paciente ficou doente, e quem começou a tomar conta dela foi uma irmã. Depois que a irmã começou a cuidar dela, a paciente melhorou muito, pois a irmã era firme, não permitia que ela fizesse o que queria. A paciente parou de beber há 2 anos, quando entrou no CAPS I, começou o tratamento e largou a bebida. A paciente é solteira e não está namorando. As condições de higiene da paciente são um pouco ruim, mas de acordo com a psicóloga do CAPS, a paciente melhorou muito, teve até algumas aulas sobre higiene e ultimamente tem se cuidado, apesar de precisar melhorar um pouco ainda. A condição econômica da família é classe média baixa. O relacionamento familiar da paciente é bom com todos da família. A paciente se apresenta nos encontros terapêuticos limpa e razoavelmente bem vestida. No momento, a paciente não ingere mais bebida alcoólica há aproximadamente 2 anos, e fuma desde os 13 anos de idade. Em relação ao repouso a paciente dorme 10 horas por dia e tem o sono tranquilo e profundo. O asseio corporal é feito parcialmente todos os dias, toma banho todos os dias, as roupas estão sempre parcialmente limpas, e sempre está de chinelo, não gosta de usar outros sapatos. Ela fuma, estudou apenas até a 3ª série, no momento não trabalha, e frequenta todos os dias a instituição CAPS I de Garça. Faz acompanhamento psicológico e medicamentoso devido a sua necessidade, a paciente tem diagnostico fechado de F31.0-Transtorno Afetivo Bipolar, episódio atual hipomaníaco, F10.2–Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool- síndrome da dependência, e F71- Retardo mental moderado, faz uso das seguintes medicações: Levomepromazina 25 mg, toma 2 comprimidos de manhã, 2 comprimidos a tarde e 4 a 130 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF noite, é um antipsicótico que ajuda a dormir; Haloperidol (haldol) 25 mg, toma 1 comprimido pela manhã, ajuda a não ter alucinação e a melhorar o comportamento; Biperideno 20 mg, toma 1 comprimido pela manhã e 1 a noite, combate os efeitos colaterais do haldol como enjoou e tremores; Carbonatolitil 300 mg, toma 1 comprimido de manhã, 1 comprimido a tarde e 1 a noite, baixa a euforia, quando a paciente está no período maníaco; Clorpormazina 100 mg, toma 1 comprimido a noite, é um antipsicótico que ajuda a dormir e Diazepam 10 mg, toma um comprimido a noite, para ajudar a dormir.Não freqüenta igrejas, mas se diz Católica. Não tem namorado, mas ás vezes sai com alguns homens. Como outras informações a paciente tem um filho de 7 anos, foi casada durante 3 meses com o pai da criança, mas depois largou, a irmã a ajuda cuidar de seu filho. 3.ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Durante as atividades desenvolvidas foi utilizada a técnica projetiva da Gestalt-terapia, algumas atividades lúdicas e ensinamos a letra de música “Evidências” de Chitãozinho e Xororó, com o intuito de estimular a memória da paciente. Durante os encontros fizemos várias atividades que serão descritas a seguir: “Caixinha de Comandos”, atividades que estimulam pensamento lógico, raciocínio, a memória, soma, relacionar com sons e animais, alfabeto, nomes dos integrantes, motricidade; Fabricamos e jogamos boliche, utilizamos garrafas pet, e tinta guache; Desenhos para colorir; Revistas, jornais para fazer recortes demonstrando o que sentiam e o que gostavam; Massinha de modelar; Pintura com os dedos; Amarelinha; Futebol; Montar quebra-cabeça; Atividades de raciocínio; Ensinamos a cantar a música”Evidências” de Chitãozinho e Xororó; Dança; Atividades e jogos com bexigas; Adivinhar o que o colega estava desenhando em uma lousa com giz; Reconhecimento das partes do corpo com a música: “Cabeça, Ombro, Joelho e Pé”; Dinâmica do “Rolo de Barbante”, com o intuito de cada membro receber e dar elogios; Dinâmica Linha do Tempo.- escrever ou desenhar o que eles pensaram e sentiram na primeira vez que fomos no CAPS, durante , e o que esperavam, depois. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 131 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 4.O PROCESSO DE EVOLUÇÃO Os encontros terapêuticos aconteceram toda quarta-feira às 14h, desde setembro de 2013, desde o primeiro encontro a paciente se mostrou dinâmica, falava bastante, interagia com os estagiários e com os outros pacientes, fez todas as atividades propostas com facilidade, e de certa forma liderava o grupo durante as atividades. I. P. C. demonstra vontade de participar dos encontros terapêuticos e está respondendo bem ao trabalho terapêutico, cooperando com o que é proposto, faltou apenas um dia no encontro, pois estava com dor de barriga, Durante esses meses de psicoterapia grupal, aplicamos a técnica projetiva da Gestalt-terapia, através de várias atividades, como desenhos, pintura com os dedos, revistas, jornais para fazer recortes demonstrando o que sentiam e o que gostavam e atividade com massinha de modelar, dentre outras atividades, as quais todas a paciente teve uma ótima participação. 5.RESULTADOS ALCANÇADOS I. P. C. obteve melhora com a comunicação, depois das atividades que fizemos a paciente começou a se comunicar melhor, e também aprendeu a lidar melhor com a frustração, o processo da terapia foi desenvolvido com facilidade, e foram alcançados alguns resultados satisfatórios. Como estagiários tivemos resultados satisfatórios, como, ampliação do nosso conhecimento, conseguimos criar o vínculo terapêutico e foi uma experiência satisfatória para nós, fomos recebidos muito bem pela paciente que aderiu ao processo terapêutico com facilidade. 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS Através das observações dos estagiários, durante o processo terapêutico a paciente demonstrou facilidade em liderar e mobilizar o grupo para fazer as atividades. A paciente tem demonstrado vontade de melhorar, tem realizado o que tem sido proposto na terapia grupal, 132 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF o que tem ajudado muito no processo da terapia e alcançado resultados satisfatórios. I. P. C. quer continuar a psicoterapia pois, acredita que pode obter benefícios e devido ao vinculo terapêutico que fizemos com ela. Hoje, I. P. C., lida melhor com a frustração, e consegue controlar melhor a sua impulsividade. Além do tratamento medicamentoso que recebe para melhorar os transtornos que tem, a paciente tem recebido estímulos positivos através das atividades que realizamos com ela, ajudando a melhorar o retardo mental moderado que ela tem. 7.BIBLIOGRAFIA DE APOIO BORBA, R. M. O que é saúde, 2010. Disponível em: http:// www.adocontb.org.br/index.php?codwebsite=&codpagina =00020975. Acesso em: 15/08/2013. BRASIL. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Série F. Comunicação e Educação em Saúde. Brasília, DF, 2004. MARTINS, D.G.; JUNIOR, A.R.; Psicologia da saúde e o novo paradigma: novo paradigma?- Trabalho apresentado na MesaRedonda Psicologia Clínica e Saúde Pública, no I Congresso de Psicologia Clínica, Universidade Presbiteriana Mackenzie, ocorrido entre os dias 14 e 18 de maio de 2001, São Paulo – SP OLIVEIRA, F.B., Construindo saberes e práticas em saúde mental. Ed. Universitária, 2002. 226 p. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 133 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 134 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ÉTICA, COMPROMISSO SOCIAL E POLÍTICO NO TRABALHO DO PSICÓLOGO QUE ATUA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS Danuza Sgobbi SAES1 1 Departamento de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça/SP, Brasil, email: [email protected] RESUMO A psicologia se constituiu de forma plural e multifacetada, com diversas conceituações sobre seus objetivos, objetos e métodos e fins, que podem ser dos mais humanos até aqueles relacionados a normatizações e exclusão; mas também produziu grande conhecimento científico acerca da natureza humana e contribuiu para a promoção de modos de vida mais saudáveis, permitindo a ampliação dos espaços de inserção, como nas Instituições Públicas, onde o profissional lida com questões complexas, relacionadas à realidade social e, variáveis institucionais com as quais pode não estar preparado. Concluímos que esta atuação exige preparo profissional, responsabilidade ética, compromisso social e político. Palavras Chave: Psicologo, Instituições Públicas, Psicologia. ABSTRACT The psychology consisted of plural and multifaceted way, with various conceptualizations of their goals, methods and objects and Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 135 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA purposes, that may be the most human to those related to norms and exclusion; but produced extensive scientific knowledge of human nature and contributed to the promotion of healthier lifestyles, allowing the expansion of the areas of insertion as in Public Institutions, where staff deal with complex issues related to social reality and institutional variables which can not be prepared. We conclude that this action requires professional training, ethics, social responsibility and political commitment. Word Keys: Psychologist, Public Institutions, Psychology. 1.INTRODUÇÃO No sentido de tornar clara a construção teórica que motivou e embasou o presente estudo, iniciaremos com uma contextualização da psicologia enquanto ciência, o que em nosso entendimento caracterizou sua construção como profissão e esta, por sua vez, justificou sua inserção nas instituições públicas. Tal esforço se deve ao fato de acreditarmos que as ciências em geral e as pesquisas em particular devem para justificar seus métodos; apresentar as idéias e teorias que os embasam, apesar de nem sempre esta tarefa ser fácil ou unânime entre os pensadores. As ciências constroem um modo específico de apreender os fatos que se propõem a explicar, através de formulações conceituais, cada uma delas com um método, de acordo com o objeto que dá seu estudo. (Jupiassu,1989; Rappaport, 1982). A psicologia enquanto ciência não se desenvolveu de forma linear e nem homogênea, mas sim através da confluência de outras ciências e a partir de uma profusão de diferentes interpretações acerca do que ela se propunha. (Figueiredo, 1996) As idéias que deram origem a Psicologia estiveram presentes no pensamento humano desde a antiguidade, porém, nos meados do século XIX e começo do século XX afirma-se como um domínio do saber, mas sem excluir esta pluralidade de tendências. (Nascimento e col., 2006) Esta multiplicidade, então, pode-se dizer é constitutiva da formulação do que é psicológico, não apenas na contemporaneidade, pois, sua própria invenção não pode ser desvinculada das condições 136 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que possibilitaram seu nascimento, que não foi fruto da evolução natural de uma tendência ou de indivíduos isolados, mas de um movimento de indagação suscitado pela leitura de diferentes percursos, saberes e práticas. (Ferreira, 2006) Assim, nascida de idéias muita antigas e de diversas áreas do saber, vai se constituindo de forma plural e multifacetada, através de diversas conceituações acerca de seus objetivos, objetos e métodos e mesmo, de seus fins, que podem ser dos mais libertários e humanos até aqueles relacionados a normatizações e modelos de exclusão das pessoas. (Bock,1999) Em sua busca por reconhecimento enquanto ciência, porém, assentou suas bases em um modelo positivista que buscava descrever o comportamento humano, encontrar desvios, realizar comparações, com um enfoque individualista. (Figueiredo, 1996; Gomes, 2003) A psicologia ocupou um papel importante na sociedade durante o século XX, ajudando a construir o mundo e as pessoas que foram se constituindo neste, inventando e transformando diversas idéias, mas também tomando lugar como uma técnica de regulamentação, um pretenso conhecimento sobre as pessoas, muitas vezes, com o intuito de administrá-las ou moldá-las. (Rose, 2008) Com o desenvolvimento industrial e a demanda de mão de obra, surge a necessidade de seleção de pessoas, triagem de pessoal, bem como, avaliação de competências e de desempenho acadêmico e escolar, lançando as bases para a avaliação psicológica. Também tomam vulto os trabalhos de psicoterapia clínica. E, em todas estas frentes de trabalho percebemos um enfoque individualista. (Figueiredo, 1996) A Psicologia, desta forma, tomou o lugar de uma técnica de regulamentação, um pretenso conhecimento sobre as pessoas, muitas vezes, com o intuito de administrá-las ou moldá-las, reproduzindo os interesses da elite, com suas idéias universalizantes. (Rose, 2008; Brambilla e Avoglia,2010) Em 1962 é reconhecida como profissão e gradativamente vai se inserindo na vida das pessoas e nas diversas áreas de atuação e passa a ocupar um papel importante na sociedade durante o século XX, ajudando a construir o mundo e as pessoas, inventando e transformando diversas idéias. (Ferreira, 2006) Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 137 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA As questões políticas, neste momento, não eram priorizadas nos discursos e práticas dos psicólogos, pois, a Psicologia era valorizada por seus aspectos técnicos e científicos, alienada do processo histórico e político da qual estava inserida (Bock,2009) Não há que se duvidar, porém, que em seu tempo de existência a Psicologia produziu grande volume de conhecimento científico acerca da natureza humana, acumulando conhecimentos e buscando contribuir para a promoção de modos de vida mais saudáveis, o que permitiu a ampliação de seus espaços de inserção. (Moura, 1999; Mazer, 2010) A criação destes espaços foi ampliando de tal forma, a inserção do psicólogo na sociedade que, podemos dizer, transformou aquilo que se consideraria, no início desta ciência, como peculiar de sua área e atuação. (Colosio, 2012) A transformação desta profissão, como ocorre com outras se deu, então, em razão de sua interação com o contexto social, pois sua aplicação veio de demandas específicas das mais diversas situações humanas. (Ferreira,2006; Freire, 2003) Desta forma, cada vez mais os psicólogos foram sendo chamados a atuar em contato direto com a realidade sócio-econômica nacional e de acordo com as necessidades que surgiam, gerando novos padrões de serviços. Nas últimas décadas ocorreu uma crescente expansão do campo de trabalho no setor público, graças a um histórico de abertura política e democratização (Bastos & Achcar, 1994; Pessoti, 2004; Colosio, 2012) Desta forma, a inserção em diferentes espaços deu-se na prática atendendo à emergência das demandas sociais e políticas, mas não foi acompanhada por uma atualização e formação adequada de preparo para estas atuações. 2.DESENVOLVIMENTO No setor público, podemos dizer, a atuação do psicólogo está concentrada nas áreas da educação, justiça e saúde, caracterizando assim, grande demanda de serviços que, mesmo muito diversos entre si, possuem como característica em comum, o fato de se realizarem em contextos institucionais e serem diretamente influenciados pelas demandas, vicissitudes e imperativos destes 138 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF As instituições públicas impõem ao Psicólogo a necessidade de trabalhar diante de uma realidade complexa relacionada às questões Institucionais, isto é, como um profissional inserido em um contexto imaterial de instituição, que tem uma jurisdição, política, pauta, ideologias, mediadas pelo Estado, permeando as relações e cumprindo uma função social, bem como, está nela submetido a um grupo, sujeito a burocracia e às relações de poder. (Guirado,1986) Além disso, atualmente vivemos um tempo de redução dos espaços de subjetividade que se faz mais marcante nos espaços públicos de instituições e organizações, que passam a ser lugares não implicados com o resgate do sentido e os sujeitos sociais são destituídos de razão, representação e simbolização, bem como, possibilidades de aprendizagem e crescimento. (Andrade e Morato, 2004). Outra questão, segundo Guirado (1986), característica das Instituições Públicas se refere ao caráter alienante de suas práticas, pela estratificação e hipertrofia que produz nas estruturas de dominação do instituído. Esta alienação remete a processos complexos, que se reproduzem pela articulação de instâncias psíquicas e institucionais, que se estruturam na cultura e se impõem aos indivíduos como uma violência simbólica. Também está relacionada à dignidade do trabalho, infelicidade dos servidores. Esta situação serve a perversão do Estado que cumpre os interesses da elite dominante. (Matos, 1994) Na instituição, na atuação em equipes multiprofissionais, necessita delimitar sua atuação e saber, muitas vezes, na intersecção com outras áreas e saberes, nem sempre sintonizados ou concordantes com a Psicologia no tratamento dos fatos, objetos e fenômenos. Além disso, cabe ao serviço público o atendimento a camadas da população excluídas de benefícios sociais, vivendo em situações precárias, desprovidas de dignidade e em relações humanas destruídas, pois, a realidade brasileira é dominada por desigualdades, opressão e sofrimento. (Guzzo,2007) A sua inserção nesta realidade deu-se não apenas como resultado do espaço conquistado pela profissão, como também respondendo a demandas e urgências da realidade social, de modo que pode não Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 139 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ter ocorrido suficiente preparo teórico e técnico para lidar as demandas que se impunham. A atuação com a problemática trazida por uma população carente, vai muito além da compreensão individualista e subjetiva de mundo da qual o psicólogo possui formação. Assim, o caráter individualista e essencialmente subjetivo da formação do profissional em contraposição com uma realidade macro social pungente pode ter imposto dificuldades e obstáculos de toda ordem, suscitando críticas, inclusive, justificadas. (Ceneide e Ceverny, 2012) Estas críticas baseiam-se no fato de que a formação do profissional, permaneceu voltada para uma realidade de consultório e os psicólogos se viram obrigados a atuar em espaços que desconheciam, sem ter submetido suas teorias às necessárias revisões críticas. Tal fato levou a discussões quanto às finalidades da prática profissional e profissão, bem como, críticas à formação e atuação. (Bastos & Achcar, 1994; Moura, 1999) O trabalho em instituições, então, denunciou as limitações dos profissionais da psicologia para sua inserção em uma realidade distinta da clínica, e a psicologia,então, vem enfrentando uma crise, na qual, muitas de suas práticas e âmbitos de atuação vêm recebendo severos questionamentos. (Andrade & Morato, 2004; Colosio, 2012) Estes questionamento, contudo, devem ser acolhidos como oportunidades de revisão de nosso fazer, já que faz parte de um processo de amadurecimento da profissão, um olhar crítico sobre sua atuação (Moura 1999; Pessoti, 2004) Precisamos reconhecer que nem todas as atividades a serem realizadas estão definidas previamente, pois, estão sendo construídas e decididas a cada momento. Entretanto, isso não significa um fazer sem critério nem direção, o trabalho se apóia em um saber que vai se fazendo no coletivo da própria prática, mas que precisa ser constantemente repensado e reformulado. (Nascimento e col.; 2006) Os profissionais que atuam nesta realidade acabam se paralisando e perdendo o significado de envolvimento e transformação de seu trabalho. Mas, eles necessitam de uma nova consciência de humanidade. Os psicólogos devem abandonar uma postura neutra e de omissão, se comprometer com a realidade e libertação da população, o que pode ser desafiador e difícil. (Guzzo,2007) 140 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Devemos buscar um trabalho que vá além das práticas assistencialistas e da reprodução de modelos e desenvolver nossa atuação a partir da escuta das reais demandaS da população brasileira para construir práticas que vão ao seu encontro. (Andrade e Morato, 2004) Precisamos lembrar que o trabalho está voltado para seres humanos e deve se pautar em princípios de respeito, beneficência e justiça e os profissionais devem se eximir de causar qualquer dano às pessoas que confiam sua subjetividade á eles. (Hutz,2009; Pelini e Leme, 2011) Igualmente importantes são as questões relacionadas ao processo de formação e as distorções nas práticas e na ética de sua utilização, para que não se corra o risco de causar danos, ou propiciar estigmatizações de qualquer natureza, às pessoas atendidas sejam em qualquer contexto. (Noronha, 2002 e 2009; Santos, 2011) As práticas psicológicas devem se libertar, portanto, dos mecanismos de disciplinamento, normalização e controle, se comprometer com a realidade do país, buscando a conscientização e superação da alienação, libertação das relações de dominação. Isto exige uma mudança de perspectiva teórica e prática na atuação profissional. (Freire,2003; Guzzo, 2007) Ela deve, portanto, partir em sua prática, de um compromisso social e responsabilidade ética e atuar na potência política da vida e promover modos de vida mais saudáveis e ter um compromisso com a garantia dos direitos humanos. (Moura, 1999; Gomes, 2003; Pessoti, 2004; Nascimento,2006) O trabalho psicológico em um contexto institucional deve considerar que faz parte de um campo de forças, produz realidades, não apenas as revela e tem como objetivo investigar formas de afetar as relações institucionais, sendo assim, seu objetivo deve ser também de afetar as relações de saber e poder, buscando possibilidades de alterá-las. (Machado, 2011) O trabalho do psicólogo em instituições públicas parece ser uma atividade complexa onde o profissional é chamado a atuar no interior de problemáticas relacionadas não apenas com aspectos subjetivos e individuais, mas também aqueles de ordem social e política. Discutir o trabalho do psicólogo em instituições públicas, não Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 141 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tem a ver apenas com o amadurecimento crítico e reflexivo da profissão, mas também com um necessário compromisso social e ético. Pois, os serviços de psicologia, antes de qualquer coisa, estão a serviço do Outro, da população, que busca e necessita de qualidade de vida. (Freire, 2003) Para Morato (2004) trabalhar em uma dimensão ética significa considerar os valores como criações humanas, acolher as diferenças, nos diversos contextos, libertando-se dos valores predominantes, principalmente quando se trabalha com populações de baixo nível sócio econômico. A Psicologia, para Bock (1999),deve se desenvolver vinculada à sociedade que a acolhe, mantendo um vínculo e compromisso com as necessidades e demandas da maioria da população brasileira. 3.CONCLUSÃO Concluindo, então, acreditamos que nas Instituições Públicas está uma grande oportunidade do psicólogo oferecer um fazer que busque a humanização e qualidade de vida para pessoas que não podem encontrar este profissional de outra forma. Temos, portanto, obrigação ética e compromisso social em oferecer um trabalho de qualidade, que humaniza, que desperta, que reconhece, mas será que é possível fazê-lo? Acreditamos que sim, desde que estejamos prontos a superar as dificuldades das formações acadêmicas e dos enfoques essencialmente clínicos e individualizantes, compreendermos as variáveis relacionadas à realidade em que estivermos inseridos, não só buscando entendê-las, mas intervindo sobre elas. Mais que isso, não nos furtarmos ao posicionamento ético e político diante de questões que dizem respeito ao cuidado integral com o outro e com seu sofrimento que está tão atrelado a questões emocionais, quanto sociais, culturais e econômicas. Lançarmos um olhar sobre os múltiplos determinantes institucionais que incidem cotidianamente em nosso trabalho, ultrapassando os limites das relações individuais para intervir no coletivo e nas relações institucionais. Com este estudo, portanto, não buscamos apenas as limitações 142 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e dificuldades encontradas pelo psicólogo para oferecer um trabalho ético e politicamente orientado à sua população; mas propomos que é possível superá-las, garantindo assim, o aprimoramento de nosso trabalho que pode levar a seu melhor reconhecimento e ampliação. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE,A.N.; MORATO, H.T.P. Para Uma Dimensão Ética da Prática Psicológica em Instituições. Revista Estudos de Psicologia, 9(2),345353pp,2004. BASTOS, A.V.B. ; ACHCAR,R. dinâmica Profissional e formação do Psicólogo: Uma Perspectiva de Integração. In Psicólogo Brasileiro: Práticas emergentes e Desafios para a Formação, Casa do Psicólogo, São Paulo, 1994. BOCK, A.M.B. A Psicologia a caminho do Novo século: identidade profissional e compromisso social. Revista Estudos de Psicologia, 4(2), 315-329pp, 1999. CENEIDE, M. J. L.; CEVERNY, M. de O. 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RESUMO O objetivo do experimento piloto é apresentar os resultados obtidos através do experimento realizado com o processo de fantasia como instrumento psicoterapêutico utilizado pela Gestalt-terapia, como forma do indivíduo ter contato com a realidade através da fantasia. O experimento foi realizado com quatro pessoas, a viagem de fantasia utilizada foi a viagem que está no capitulo 1 do livro “Descobrindo crianças” de Violet Oaklander. A viagem de fantasia é um método que se torna eficaz quando o paciente traz uma experiência para o aqui-e-agora, visualizando do que encenando, com essa técnica o paciente “percebe-se no contexto, a fim de lidar melhor com ele agora, a fantasia pode ser relativa a um evento esperado e um evento metafórico. Palavras-chave: Experimento, Gestalt-terapia, Método de Fantasia. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 147 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The objective of this pilot study is to present the results obtained from the experiment with the process of fantasy as psychotherapeutic tool used by Gestalt therapy as a means of individual having contact with reality through fantasy. The experiment was conducted with four people, the fantasy trip the trip that was used is in Chapter 1 of the book “Discovering Children” Violet Oaklander. A fantasy trip is a method that becomes effective when the patient brings an experience to the here-and-now, you will see that the staging, with this technique the patient “is perceived in the context in order to better deal with it now , the fantasy may be related to an expected event and a metaphorical event. Keywords: Experiment, Gestalt Therapy, Method Fantasy. 1.INTRODUÇÃO Segundo Yontef(1998), a Gestalt-terapia provavelmente tem a maior variedade de estilos e modalidades em Psicoterapia, ela é praticada em terapia individual, em grupos, em Worshops, com casais, com famílias e com crianças, e é praticada em famílias, agências de serviços, hospitais, clinicas particulares, centros de crescimentos, e assim por diante. Os estilos em cada modalidade variam em muitas dimensões: Grau e tipo de estruturas; quantidade e qualidade de técnicas usadas, freqüências das sessões, facilidadedificuldade de se relacionar; foco no corpo; cognição, sentimentos, contato interpessoal, e assim por diante (p. 42). As modalidades da Gestalt-terapia, têm em comum os princípios gerais, ênfase na experiência direta e na experimentação (fenomenologia), uso do contato direto e presença pessoal (existencialismo dialógico) e ênfase nos conceitos de campo “do que” e do “como” e do “aqui-e-agora”. Dentro desses parâmetros, as intervenções de desenvolvem de acordo com o contexto e a personalidade do Terapeuta e do paciente. As diferenças técnicas não são importantes, embora o tipo e a qualidade do contato terapêutico, um ajuste entre a atitude e a ênfase do terapeuta, e as necessidades do paciente sejam importantes; os aspectos vitais como: 148 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF metodologia geral, o relacionamento e a atitude é que se torna mais importante na Gestalt-terapia (YONTEF, 1998, p. 43). Um dos métodos utilizados pela terapia da Gestalt é viagem de fantasia, esse método torna eficaz quando o paciente traz uma experiência para o aqui-e-agora, visualizando do que encenando, com essa técnica o paciente “percebe-se no contexto, a fim de lidar melhor com ele agora. A fantasia poderia ser relativa a um evento esperado, um evento metafórico, e assim por diante, num outro caso uma paciente que está trabalhando seu sentimento de vergonha e auto-rejeição é solicitada a imaginar uma mãe que com sinceridade, diz “eu te amo como você é”, conforme a fantasia vai sendo exposta de modo detalhado. A paciente lida com a sua experiência, esta fantasia ajuda a paciente a perceber as possibilidades de autorealização em relação a um sentimento maternal e serve como transição para integrar a idéia de paternidade boa.A imagem pode ser usada para trabalhar entre sessões ou como meditação, ela também suscita sentimentos de experiências com abandono, perda e criação difícil (YONTEF, 1998, p. 45). O método de Viagem de Fantasia utiliza a imaginação criativa é constante, é o contato com a realidade através da fantasia, que possibilita ao parceiro terapêutico projetar suas esperanças, vontades, desejos, medos etc.. Existe a possibilidade da conscientização das necessidades, estar aqui e lá permite o autoconhecimento pela presentificação das experiências não entendidas, a situação problema é vivenciada interiormente, podendo ser objetivada em cada uma das possibilidades (PERLS, 1977; RIBEIRO, 1999; BERVIQUE 2006 apud REIS, 2011). De acordo com Lima e Orgler 2007, a viagem de fantasia é um dos métodos utilizados em Gestalt-terapia para fazer aparecer elementos do fundo. O procedimento tem objetivo de ampliara awareness, possibilitando o autoconhecimento pela busca do presente nas experiências não percebidas. Segundo Stevens, 1976: “É valioso tornar-se mais consciente de si próprio e é muito importante também comunicar esta consciência a alguém; desta forma, sua vida torna-se interligada com a de outros num contato honesto [...] projeção numa situação de fantasia, reidentificação através da dramatização e diálogo [...] diferentes contextos de fantasia fazem a diferença. Você descobrirá também Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 149 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que alguns dos seus principais sentimentos e temas reaparecem, apesar das situações diferentes. Isto é mais uma confirmação de que aquilo que você experiência nestas fantasias é uma expressão real da sua existência: como você realmente vive, sente, age.” O objetivo é usar o meio de identificação, ao invés de interpretar, fazer com que se tome consciência delas e que sejam juntadas, como parte da própria personalidade. Assim as fantasias são a chave para a conscientização das próprias necessidades (BUROW; SCHERPP, 1995, apud REIS, 2011). Este método é muito utilizado com grupos, mas também pode ser usada individualmente. Com ótimos resultados com adultos e com crianças, que por conta própria, já a utilizam em suas brincadeiras (LIMA E ORGLER, 2007). Oaklander (1980, p. 25) utilizou esse método com crianças e nos diz: Através da fantasia pode nos divertir com a criança e também descobrir qual é o processo dela. Na maioria das vezes o seu processo de fantasia, que consiste na forma como faz as coisas e se move no seu mundo fantasioso, é o mesmo que seu processo de vida. Podemos trazer à luz aquilo que está oculto ou que ela evita, e podemos também descobrir o que se passa na vida da criança a partir dela própria. Por essas razões encorajamos a fantasia e a utilizamos como instrumento terapêutico. Ao fazermos uso desse recurso, devemos das instruções para que fique confortável e comece a entrar em contato com suas percepções, sua respiração, enfim, a entrar em contato consigo mesma. A fantasia deve ser narrada com voz calma, pausada, facilitando a “entrada” na história (LIMA E ORGLER, 2007). No livro de Stevens (1976), temos uma série de exemplos de fantasia, um dos exemplos é a “Loja abandonadas e a loja de trocas”, em que pedimos para a pessoa “entrar na loja”, escolher um objeto e deixar um objeto seu em troca. Violet Oaklander, no primeiro capítulo do livro Descobrindo crianças (1980), apresenta a fantasia da caverna, que pode ser utilizada em crianças e adultos. Trata-se de uma viagem imaginária na qual o cliente é convidado a passear por uma floresta, sentir o ar do campo, o cheiro de mato, terminando em uma caverna onde tem uma porta com seu nome escrito, que é o “seu lugar”. Ao voltar da fantasia, o cliente faz um desenho revelando o que havia nesse lugar. Em 150 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF seguida, é encorajado a relatar suas experiências, como o que viu e seus sentimentos. As fantasias podem ser criadas pelo terapeuta para facilitar a expressão e o trabalho com aspectos evitados ou ignorados. De acordo com Juliano, 1999, nos fala que “[...] são recurso preciosos para ‘mobilizar’ o fundo, tornando-o mais rico, mais consciente. Em geral, funciona enriquecendo o campo perceptual que estava estreitando por questões existenciais.” A Viagem de Fantasia é promovida no presente, como se estivesse acontecendo agora. A evidência no presente, na metodologia da Gestalt-terapia, é uma herança taoísta e zen-budista: “Permaneça no presente. O presente é mais acessível do que as lembranças do passado e do que as fantasias sobre o futuro. Fique atento, ao que está acontecendo agora” (HEIDER, 1980, p.27, apud REIS, 2011). O objetivo deste artigo é apresentar os resultados obtidos através do experimento realizado com o processo de fantasia como instrumento psicoterapêutico utilizado pela Gestalt-terapia, como forma do indivíduo ter contato com a realidade através da fantasia. 1.1.Quanto à metodologia O experimento foi desenvolvido pelo grupo de experimentadores composto por cinco universitários, alunos do 8º termo do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. O grupo experimental foi composto por quatro sujeitos voluntários da escola EMEF Eduardo Souza Porto, da cidade de Fernão SP, que fizeram o experimento de Viagem de Fantasia. A preparação dos experimentadores foi realizada através da leitura do capitulo 1 do livro “Descobrindo crianças” de Violet Oaklander, que fala sobre a fantasia. Foi aplicada a Viagem de Fantasia que está no capitulo 1 do livro “Descobrindo crianças” de Violet Oaklander. Durante a aplicação do experimento, uma experimentadora aplicou o método e depois pediu para cada um desenhar o que viu na viagem de fantasia, e os outros quatro experimentadores observaram e anotaram a experiência de cada individuo. O experimento foi executado na sala de aula da escola EMEF Eduardo Souza Porto, da cidade de Fernão SP, um ambiente calmo Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 151 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA com algumas cadeiras em círculo. Pedimos para os voluntários que se sentessem nas cadeiras de maneira em que se sintam confortáveis e para fecharem os olhos, e a experimentadora começou a ler pausadamente a viagem de fantasia para os participantes. 2.EXPERIMENTO Primeiro realizamos o exercício de consciência corporal e logo em seguida a vigem de fantasia, ambos serão descritos a seguir: Agora gostaria que vocês ficassem o mais confortável possível; fechem os olhos e entrem em seu espaço. Quando você fecha os olhos, existe um espaço onde você se encontra. É o que eu chamo de seu espaço. Você ocupa este espaço nesta sala, ou em qualquer lugar que esteja, mas geralmente não o nota. Com os olhos fechados, você consegue ter a sensação desse espaço – onde o seu corpo está, e o ar que está em volta de você. É um lugar gostoso de estar, porque ele é o seu lugar, o seu espaço. Note o que está acontecendo no seu corpo. Note se existe tensão em alguma parte. Não tente relaxar estas partes em que você talvez esteja tenso ou rijo. É só notá-las. Percorra o seu corpo da cabeça até os dedos dos pés, e procure notar. Como você está respirando? Está dando respiradas profundas, ou respiradas curtas e rápidas? Agora eu gostaria que você desse algumas respiradas bem profundas. Deixe o ar sair com um som. Haaaaaaaah. Muito bem. Agora vou contar uma pequena estória, e levar você para uma viagem de faz-de-conta. Veja se consegue acompanhar. Imagine aquilo que estou contando, e veja como se sente ao fazê-lo. Perceba se está gostando ou não dessa viagenzinha. Quando você chegar a alguma parte que não goste, não precisa ir. Basta escutar a minha voz, acompanhar se você quiser, e vamos ver o que acontece. “Quero que você imagine que está caminhando numa floresta. Árvores por todos os lados e passarinhos cantando. O sol passa através das árvores, e há sombra. É gostoso caminhar nessa floresta. Ao longo da trilha há flores, florzinhas do mato. Você está caminhando por esta trilha. Dos lados há rochas e de vez em quando você vê um pequeno animal fugindo em disparada, um coelhinho talvez. Você está caminhando, logo começa a perceber que a trilha está subindo, e que você está indo montanha a cima. Agora você sabe que está escalando uma montanha. Quando você chaga no topo da montanha, você se senta numa rocha enorme 152 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF para descansar. Você olha em volta. O sol está brilhando; aves voam em torno de você. Bem na sua frente, com um vale no meio, há outra montanha. Você pode ver que nessa outra montanha há uma caverna, e fica desejando estar lá. Você nota que os pássaros voam pra lá com facilidade, e gostaria de ser pássaro. De repente, pois isto aqui é uma fantasia e tudo pode acontecer, você percebe que se transformou num pássaro! Então você decola e voa facilmente para o outro lado. (Pausa para dar um tempo para voar). “Do outro lado você aterrissa sobre uma rocha, e instantaneamente se transforma em você mesmo outra vez. Você trepa nas rochas procurando uma entrada para a caverna, e enxerga uma pequena porta. Você se agacha, abre a porta e entra na caverna. Lá dentro há espaço de sobra para você ficar de pé.Você dá uma volta examinando as paredes da caverna, e de repente nota uma passagem – um corredor. Você anda por este corredor, e de repente nota que há filas e filas de portas, cada uma com um nome escrito. De repente você chega a uma porta onde está escrito o seu nome. Você fica parado na frente da sua porta, pensando nela. Você sabe que já, já vai abri-la e passar para o outro lado da porta. Você sabe que este vai ser o seu lugar. Por ser um lugar do qual você lembra, um lugar que você conhece agora, um lugar com o qual você sonha, um lugar que você talvez nem goste, um lugar que você nunca viu, um lugar dentro ou um lugar fora. Você não vai saber enquanto não abrir a porta. Mas, qualquer lugar que seja, este será o seu lugar. “Então você gira a maçaneta e passa pela porta. Olhe para o seu lugar! Você está surpreso? Dê uma boa olhada. Se você não vê lugar nenhum, invente um agora. Veja oi que há aí, onde é que ele fica, dentro ou fora. Quem está aí? Há gente, gente que você conhece ou não conhece? Há animais? Ou não há ninguém? Como você se sente nesse lugar? Note como você está se sentindo. Você se sente bem ou não? Olhe em volta, passeie pelo lugar. (Pausa.) Quando tiver acabado, abra os olhos e estará de novo nesta sala. (Pausa). A experimentadora pediu para os voluntários pegarem uma folha e lápis de cor e/ou giz de cera e desenhar o lugar que viram na fantasia. Desenhe o seu lugar o melhor que puder. Se quiser, pode desenhar os seus sentimentos em relação ao lugar, usando cores, formas e traços. Após o desenho, eles voltaram para o círculo e foi feita as seguintes perguntas para cada participante: Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 153 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA - O que você desenhou? - O que esse desenho representa para você? - Qual foi a sua experiência? 2.1.RESULTADOS Durante a execução do experimento não encontramos nenhuma dificuldade, os participantes conseguiram concluir até o final o experimento. Através dos relatos de cada indivíduo, pode-se dizer que os participantes se sentiram bem durante a aplicação do experimento, podemos perceber também que no método de Viagem de Fantasia, as pessoas fantasiam com seu referencial pessoal. Abaixo os relatos dos indivíduos: - I:”Eu desenhei uma caverna, senti uma grande paz, queria estar lá, uma sensação de paz”. - B:”Eu desenhei uma academia, faço educação física, eu gosto de fazer, me senti bem”. - L:”Eu desenhei um lugar que eu nunca estive, uma floresta, representa o meu futuro, foi uma experiência boa, foi muito bom”. - C: “Eu desenhei uma caverna, uma porta, dentro da porta um lugar com pessoas, eu vejo pessoas precisando de ajuda, foi muito bom”. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desse trabalho, foi possível verificar a aplicabilidade da viagem de fantasia, com o intuito de obter resultados sobre conteúdos pessoais de fantasia de cada participante do experimento. Aprendemos a controlar a ansiedade, trabalhar em equipe, e ainda que para o experimento tenha eficácia é importante que o sujeito se entregue, projetando-se na fantasia. Por tanto através do método de viagem de fantasia, foi possível fazer cada individuo viajar na fantasia, projetando seus afetos, medos e desejos. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JULIANO, J.C. A arte de restaurar histórias, São Paulo: Sumus, 1999. 154 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LIMA, P.; ORGLER, S. Dicionário de Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007. OAKLANDER, V. Descobrindo crianças. São Paulo: Summus, 1980. REIS, D. K. INFLUÊNCIAS ESPIRITUALISTAS NA METODOLOGIA DA GESTALT-TERAPIA: UM ESTUDO TEÓRICO.2011. Monografia apresentada como requisito do curso de Psicologia – FAEF/ACEG/ FASU, Garça – SP. STEVENS, J. Tornar-se presente. São Paulo: Summus, 1976. YONTEF, Gary M. Processo, diálogo e awarenees ensaios em Gestaltterapia. Summus editorial, 1998. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 155 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 156 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MÍDIA E SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO SOBRE AS POSSÍVEIS IONFLUÊNCIAS DA MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DAS NOVAS SUBJETIVIDADES Janaina de Aguiar BISPO 1 Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹ José Wellington SANTOS ² 1 Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. ² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO O presente artigo teve como objetivo investigar na literatura sobre mídia e subjetividade, no sentido geral, destacando principalmente a influência da mídia na construção das novas subjetividades. Para executá-lo usei a pesquisa bibliográfica. Na introdução relata sobre a mídia como instrumento de manipulação e a construção da subjetividade. No desenvolvimento foram discorridos sobre o consumismo e a auto-valorização do corpo, mostrando a influência que a mídia tem sobre a sociedade induzidos ela ao consumismo e levando a busca pelo corpo perfeito. Concluindo, que a mídia tem grande influência sobre a construção das subjetividade, e vem surgindo novas subjetividades baseados nos modelos impostos pela mídia. Palavras chaves: influência, mídia, subjetividade. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 157 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The present study aimed to investigate the literature on media and subjectivity, in the general sense, particularly focusing on the influence of media in the construction of new subjetividades.Para run it used the literature. In the introduction reports on the media as an instrument of manipulation and construction of subjectivity. In developing discorridos were about consumerism and self-worth of the body, showing the influence the media has on society induced her to consumerism and leading the search for the perfect body. In conclusion, the media has a great influence on the construction of subjectivity and new subjectivities are emerging based on models imposed by the media. Keywords: influence, media, subjectivity, 1.INTRODUÇÃO A mídia é considerada o quarto maior segmento econômico do mundo, e a maior fonte de entretenimento e informação que a população possui. O poder da manipulação que a mídia possui pode agir como um tipo de controle social, que ajuda no processo de massificação da sociedade, que procede de várias pessoas que caminham sem opinião própria (SILVIA, 2006). Sendo um instrumento de manipulação, a mídia é utilizada para serviços de interesses particulares, criando percepções e novos modos de subjetividade, e influenciando e modificando contextos sociais, cria valores e verdades, fazendo com que várias pessoas enxerguem o mundo através de suas lentes (SILVIA, 2006). A subjetividade é construída de várias formas dentro do ambiente social, por ações acometidas por um grupo, como também pela mídia. O indivíduo vai se constituindo a partir de suas experiências de vida, sua subjetividade passa a ser tudo que ele vivencia (BRADO, 2010). “As máquinas tecnológicas de informação e de comunicação operam no núcleo da subjetividade humana, não apenas no seio de suas memórias, da sua inteligência, mas também da sua sensibilidade, dos seus afetos, dos seus fantasmas inconscientes (...)” (BARADO, 2010 apud GUATTARI, 1992, p.14). 158 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Novas subjetividades estão surgindo baseado nas informações que a mídia impõe ao homem, o que influencia na sua maneira de viver e complica na hora de fazer escolhas por conta própria (SILVIA, 2006). A mídia dita normas de como deve ser o corpo das pessoas e também que elas têm que viver no mundo do sexo. Destaca o corpo belo, enfatizando a magreza, e cria padrões de beleza, tendo ampla valorização da aparência atlética, e mostrando em exibição corpos “perfeitos”. Essa alta valorização e busca do corpo perfeito transmitido pela mídia reforça o narcisismo contemporâneo, através da busca por meios para se chegar ao corpo perfeito (SILVA; BRAZ; SILVIA, 2011). Quando se analisam as crianças em relação à mídia de massa e à cultura popular, nossa tendência é defini-las como consumidores, expectadores, receptores, vítimas. Mas elas também são usuários daquela mídia e daquela cultura: fazem escolhas e interpretações, delineiam o que querem [...]. Enxergar as crianças como receptoras passivas do poder da mídia nos coloca em conflito com as fantasias que elas escolheram e, portanto, com as próprias crianças. Enxergá-las como usuárias ativas permite que trabalhemos com o entretenimento que as ajude a crescer (JONES, 2004, p. 20 apud ALMEIDA, FERREIRA, 2006). Sendo assim, fica clara a grande influência da mídia na construção da subjetividade, e de contexto e normas sociais, fazendo as pessoas ver as coisas como a mídia quer. A subjetividade é construída através das experiências vividas pelo indivíduo e baseado nas informações que a mídia impõe ao homem, o que influencia em suas escolhas. Além disso, a mídia dita normas sobre o corpo belo, tendo uma ampla valorização da aparência atlética, reforçando o narcisismo, onde é possível ver um exemplo de influência da mídia sobre a construção da subjetividade. A mídia é um fenômeno que está freqüentemente presente na sociedade, tendo grande influência na construção das novas subjetividades. Logo, como acadêmica do curso de Psicologia me interesso muito por esse tema, com esse trabalho pretendo promover maior aprendizagem para as pessoas sobre a influência da mídia na construção das novas subjetividades e de contextos e normas sociais, e considerando também que vivemos na era da informação, onde a maioria das pessoas tem acesso á mídia. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 159 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O objetivo desse trabalho é investigar na literatura sobre mídia e subjetividade, no sentido geral, destacando principalmente a influência da mídia na construção das novas subjetividades. A metodologia utilizada para a realização desse artigo foi o levantamento bibliográfico através de artigos acadêmicos que relatavam sobre o dado tema. 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A OCNSTRUÇÃO DAS NOVAS SUBJETIVIDADES A mídia se destaca como fundamental no meio social. O domínio da mídia cresce de forma exacerbada, a escola, o esporte, a economia, a política, são marcados pelo meio de comunicação de massa. O avanço tecnológico ligado a necessidade de troca de informação, possibilitou que os meios de comunicação crescesse tomando um lugar influente e central na sociedade. Há o surgimento de uma nova produção da subjetividade, baseado nas relações e experiências apresentadas pela mídia (SILVIA, 2006). Hoje em dia a sociedade dá valores aos bens, ao materialismo, os modos de subjetivação parte da equação SER-TER. Por causa disso, o homem sob “ataque” da mídia e do consumismo, é transformado em um consumidor, seduzido pelas novidades do mercado ele compra compulsivamente e quer obter produzidos socialmente cobiçados buscando ser aceito no meio (SILVIA, 2006). Praticar o consumo está associado à participação de um mundo de prazeres, no qual o homem se sente realizado ao obter o objeto almejado, o qual produz uma sensação de liberdade e poder. Portanto, ao praticar o consumo as pessoas se tornam imediatistas e frustradas, como diz Debord (1997, p. 44) “ondas de entusiasmo por determinado produto, apoiado e lançado por todos os meios de comunicação, propagam-se com grande rapidez”; após o consumo do objeto desejado, passado o momento de excitação fervorosa, o fetichismo da mercadoria some e é preciso encontrar outra objeto de consumo, pois o que foi adquirido anteriormente perde o sentido, o valor, assim que se toma posse dele (SILVIA, 2006). A comunicação midiática proporciona novas formas de sociabilidade. A informação é transformada em mercadoria, as 160 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF propagandas de cigarros e bebidas, são exemplos, de unificação da beleza, juventude, e riqueza, apresentando sempre um atleta vencedor. A mídia reforça a cultura, através da desvalorização do outro, celebrando a gratificação imediata de desejos e pulsões. A obsessão pelo corpo perfeito, materialismo nas relações, fetichismo da juventude, falta de valores como a ausência de obrigações e sanções morais são valores centrados no espetáculo e no consumo que são produzidos pela mídia (SILVIA, 2006). A mídia cada vez mais mostra através dos programas de televisão, revistas e jornais novidades em setores de cosméticos, vestuário e alimentação. As propagandas o tempo todo mostram sucesso e felicidade. De modo, que as pessoas que vêem isso, pensam que conseguirão sucesso e felicidade obtendo esses produtos (CRUZ et al, 2008). Algumas revistas, que seria uma mídia escrita se mostram sensacionalistas quando abordam questões como a valorização do estilo atlético que são impostas ao público, geralmente feminino (CRUZ et al, 2008). (...) a boa forma passa a ser considerada uma espécie de melhor parte do indivíduo e que, por isso mesmo, tem o direito e o dever de passar por todos os lugares e experimentar diferentes acontecimentos. Mas aquilo que ainda não é boa forma e que o indivíduo considera “apenas” o seu corpo, torna-se uma espécie de mala por vezes incomodamente pesada, que ele necessita carregar, embora muitas vezes ele queira escondê-la, eliminá-la ou aposentála. Durante séculos o corpo foi considerado o espelho da alma. Agora ele é chamado a ocupar o seu lugar (...) ( CRUZ et al, 2008 apud SANT’ANNA, 2001, p. 108). O modernismo contemporâneo trouxe o capitalismo, onde tudo que queremos obter está à venda, inclusive o corpo. O consumismo gerado pela mídia mostra os modelos de roupas estereotipados; a manufatura de cosméticos distribuindo a cada dia uma nova fórmula, com gel e cremes redutivos para eliminar as gorduras do corpo e a indústria farmacêutica faturando alto com medicamentos que inibem o apetite, cada vez mais a mídia mostrando modelos de corpos perfeitos, interferindo na construção da subjetividade das pessoas (CRUZ et al, 2008). Inserido na apreensão da subjetividade feminina sobre a imagem de si, é possível perceber duas extremidades do culto do corpo, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 161 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA obesidade e anorexia, um verdadeiro cabo de guerra, na qual nenhum dos lados sai vitorioso. (CRUZ et al, 2008). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Hoje em dia todos tem acesso a midia, que influencia a população através dos vários meios de comunicação, os assuntos que mais são mostrados através da mídia influenciando na construção de novas subjetividades, são sobre a busca do corpo perfeito e sobre o consumismo, enfatizando tal coisas como se tendo um corpo perfeito e determinados profutos você será feliz e bem sucedido. Sendo assim, é possível concluir que a mídia tem grande influencia na construção de novas subjetividades, tendo um poder de manipulação sobre as pessoas, fazendo com que tais indivíduos vejam as coisas e acontecimentos da vida conforme é imposto pela mídia. Uma das formas de diminuir essa influência seria as pessoas se tornar mais criticas não aceitando as coisas como lhe são impostas e tendo decisões e escolhas de uma forma autêntica. 4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, L. L.; FERREIRA, M. F. 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Hilton Aparecido SANTOS1 Maria Thatiani BRATICHE2 Juliana BARACAT3 1 Acadêmico do curso de Psicologia FAEF. E-mail: [email protected] 2 3 Acadêmica do curso de Psicologia FAEF. E-mail: [email protected] Docente do curso de Psicologia FAEF. E-mail: [email protected] RESUMO Este estudo tem como finalidade apresentar uma breve revisão de literatura sobre a relevância da Psicologia da motivação para as relações humanas. Tem como objetivo evidenciar as necessidades psíquicas para a busca da sua realização na vida do indivíduo. Palavras-chaves: conflitos, relações humanas, sentido da vida. ABSTRACT This study aims to present a brief review of literature on the relevance of the Psychology of Motivation for human relationships. This study aims to present a brief review of literature on the relevance of the psychology of motivation for human relationships Key-words: conflits, human relations, meaning of life. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 163 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1.INTRODUÇÃO A Psicologia da Motivação compreende o estudo do comportamento do indivíduo apoiado por suas motivações. Esta abordagem permite compreender como os seres humanos, em determinadas e diferentes situações, são motivados ou não a ação (MARQUES 2010). É certo que cada pessoa tem seu próprio modo de compreender os impulsos externos e internos, afinal, somos seres únicos com experiências únicas e estas moldam nossa personalidade e consequentemente nossos comportamentos. A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, em que direciona e intensifica os objetivos de um indivíduo (CABRAL 2009). Segundo Todorov e Moreira (2005) a Motivação, assim como aprendizagem, é um termo largamente usado em compêndios de Psicologia e, como a aprendizagem, é usado em diferentes contextos com diferentes significados. O mesmo autor pode empregar o termo de maneira diversa num mesmo parágrafo. Ainda segundo Todorov e Moreira (2005) traz algumas definições sobre a motivação, entre elas: “Um motivo é uma necessidade ou desejo acoplado com a intenção de atingir um objetivo apropriado”(KRENCH & CRUTCHFIELD, 1959, p. 272); “Uma busca dos determinantes (todos os determinantes) da atividade humana e animal”.(YOUNG, 1961, p. 24); “A propriedade básica dos motivos é a energização do comportamento”.(KIMBLE & GARMEZY, 1963, p. 405); “O energizador do comportamento”(LEWIS, 1963, p. 560). Um exame cuidadoso da palavra (motivo) e de seu uso revela que, em sua definição, deverá haver referência a três componentes: o comportamento de um sujeito; a condição biológica interna relacionada; e a circunstância externa relacionada.(RAY, 1964, p. 101). 2.DESENVOLVIMENTO Dentro da Psicologia da motivação é possível notar uma teoria que classifica quais as necessidades consideradas básicas para uma vida “saudável”, entre estas chamamos a atenção para a Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow. Como citado por Bueno (2002), 164 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Maslow buscou compreender o homem dentro de uma percepção multidimensional, considerando a existência de diversas necessidades, desde as mais básicas até as mais complexas. Maslow desenvolveu cinco categorias gerais de necessidades, que ele considerava exaustivas e mutuamente exclusivas: as necessidades fisiológicas, as necessidades de segurança, as necessidades sociais, as necessidades do ego e as necessidades de auto-realização (ou auto-atualização). Para ele o comportamento é motivado por necessidades a que ele deu o nome de necessidades fundamentais. As necessidades fisiológicas são aquelas relacionadas às necessidades mais básicas do indivíduo. São necessidades biológicas como a fome, a sede, o sono. As necessidades de segurança surgem na medida em que as fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas. Levam as pessoas a protegerem-se de qualquer perigo, seja ele real ou imaginário físico ou abstrato. Também diz respeito à necessidade se sentir-se seguro epistemologicamente, fazendo com que o indivíduo busque nas religiões e filosofias de vida um arsenal epistêmico que lhe garanta o sentido da vida (LA PUENTE, 1982). As necessidades sociais referem-se à necessidade de afeto das pessoas que consideramos (namorado, filhos, amigos). São necessidades sociais presentes em todo ser humano. Estas versam sobre a necessidade de amar e sentir-se amado, tanto que Maslow identifica na não satisfação destas as origens do adoecimento psíquico. As necessidades de estima dizem respeito às necessidades ou desejos das pessoas de uma auto-avaliação estável, bem como, uma auto-estima firme. A satisfação desta, gera sentimentos de auto-confiança, de valor, de capacidade e sentimento de utilidade. Quando não saciadas geram sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo As necessidades de autorealização são necessidades de crescimento e revelam uma tendência de todo ser humano em realizar de forma plena o seu potencial (GUIMARÃES, 2001). A teoria psicanalítica de Sigmund Freud, segundo Faria (2010) diz que o comportamento é determinado pela motivação inconsciente e pelos impulsos instintivos. Freud divide a psique em inconsciente, consciente e pré-consciente, naquilo que conhece-se como primeira tópica. Agrega a esta a chamada segunda tópica, que são o ego, o id Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 165 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e o superego. Estas últimas articulam-se à primeira tópica, sendo que apenas o id é totalmente inconsciente. O inconsciente é a essência do indivíduo, quem ele realmente é. Os desejos sexuais e os reprimidos são gerados por ele. O consciente é questão moral e cultural que influencia esse ser. As convenções da sociedade que o integra. E o controle tem o papel de intermediação entre o id e o ego Para Rowell (1998) o id é o reservatório inconsciente das pulsões as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta a possibilidade de consequências indesejáveis. O ego funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também contenha elementos inconscientes, pois evoluiu a partir do id. Regido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. Apenas parcialmente consciente, o superego serve como um censor das funções do ego (contendo os ideais do indivíduo derivados dos valores familiares e sociais), sendo a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição. Desta forma, estes seres psíquicos que habitam a mente humana, articulam-se de forma dinâmica, cabendo ao ego administrar os conflitos erigidos entre id e superego, entre princípio do prazer e princípio de realidade, ou mesmo, entre o ego e o mundo externo (ROWELL, 1998). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente revisão de literatura descreveu sobre algumas definições quanto à palavra motivação, e através das teorias expostas foi possível observar aspectos que englobam essa busca por assimilar os conhecimentos apresentados para uma melhor vivência. A teoria de Maslow consegue mostrar qual a hierárquia de necessidades para um indivíduo, através da classificação exposta o ser humano pode vir a trabalhar aspectos que não estejam fluindo de maneira positiva, e assim procurar promover melhorias em sua vida. Cabe ressaltar que a terapêutica de Maslow visa substituir os alvos da necessidade, de forma a auxiliar o sujeito a superar 166 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF necessidades pouco satisfeitas, para que venha a alcançar a autorrealização. Com a relação exposta acerca da Psicanálise também é possível notar a motivação presente em nossas vidas, em que id, ego e superego acaba exercendo sua função e consequentemente contribuindo para a motivação humana. O Id surgindo do desejo imediatista, do querer. O Ego servindo como ponto de equilíbrio para o Superego. E o Superego no sentido de contenção das vontades do Id. Desta forma, espera-se que este estudo seja uma contribuição aos profissionais da área da saúde, humanas e qualquer forma de comunicação social no intuito de mostrar o conhecimento de teorias motivacionais e a uma possível forma de colocá-la em prática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, M. As Teorias de Motivação Humana e Sua Contribuição Para a Empresa Humanizada: Um Tributo a Abraham Maslow. 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Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 167 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA MARQUES, J. R. Psicologia da Motivação. 2010. Disponível em http:/ /www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching-epsicologia/psicologia-da-motivacao/. Acessado em 18/05/2013. ROWELL, M. H. III. Teoria Psicanalítica Clássica. Disponível em http:/ /www.freudpage.info/freudpsicoteoria.html. 1998 Acessado em 15/ 05/2013. TODOROV, J. C. MOREIRA, M. B. O Conceito de Motivação na Psicologia. Rev. bras. ter. comport. cogn. Vol.7 nº.1, São Paulo, Jun. 2005. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/ scielo.php?pid=S1517-55452005000100012&script=sci_arttext. Acessado em 16/05/2013. 168 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) E A DEMÊNCIA: DESTAQUES NA SAÚDE MENTAL Janaina de Aguiar BISPO 1 Frederico de Conte Blaziza MACHADO ¹ Hélide Maria PARRERA¹ Esp. Mestranda Dayran Karam dos REIS² 1 Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. ² Supervisora de Estágio e Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO O presente artigo relata sobre como surgiu, o que é e quais são os objetivos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e sobre demência como uma síndrome bastante presente na sociedade. Depois é abordado sobre a importância do apoio da família com pessoas que tem doença mental, mostra o CAPS como uma alternativa para eles, e aponta a definição e características da demência. A metodologia utilizada para a realização desse artigo foi o levantamento bibliográfico através de livros e artigos acadêmicos que relatavam sobre o dado tema. Palavras-chave: CAPS, Demência, Saúde Mental. ABSTRACT This article reports on how it came, what it is and what the Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 169 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA goals of the Center for Psychosocial Care (CAPS), and on dementia as a syndrome very present in society. Is then approached about the importance of family support to people who have mental illness, shows the CAPS as an alternative for them, and points out the definition and characteristics of dementia. The methodology used to conduct this article was the literature through books and scholarly articles that reported on the given theme. Keywords: CAPS, Dementia, Mental Health. 1.INTRODUÇÃO Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na cidade de São Paulo: seu nome era Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. A invenção desse CAPS e dos outros que surgiram com o tempo em outros lugares e com outros nomes, participou de um movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que procuravam o avanço da assistência no Brasil e apontavam o estado precário dos hospitais psiquiátricos, que até o momento eram o único recurso reservado aos usuários portadores de transtornos mentais. Os serviços de saúde mental passam a existir em várias cidades do país e vão se estabilizando como dispositivos ativos na redução de internações e na mudança do modelo assistencial. Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente a partir da Portaria GM 224/92 e eram determinados como unidades de saúde locais/regionais, na qual há uma população adscrita determinada pela condição local e que proporcionam atendimento de cuidados mediadores entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois períodos de quatro horas, por equipe multiprofissional (BRASIL, 2004). Os NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial), assim como os CAPS, os CERSAMs (Centros de Referência em Saúde Mental) e outros tipos de serviços substitutivos que têm aparecido no país são recentemente regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e associam a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa portaria reconheceu e aumentou o funcionamento e a complexidade dos CAPS, que têm o mandato de dar um atendimento durante o dia às pessoas 170 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, num dado território, apresentando cuidados clínicos e de reabilitação psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo centrado no hospital, impedindo as internações e beneficiando o exercício da cidadania e da inserção social dos usuários e de suas famílias (BRASIL, 2004). O objetivo dos CAPS é proporcionar atendimento à população de sua área de alcance, desempenhando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo ingresso ao trabalho, exercício dos direitos civis, lazer, e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental instituído para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos. Seu principal atributo é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica (BRASIL, 2004). Os trabalhos realizados nos CAPS se caracterizam por acontecerem em um espaço aberto, acolhedor e inserido na cidade, no bairro. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o indivíduo e sua singularidade, sua cultura, sua história, e sua vida quotidiana. As oficinas terapêuticas são uma das formas fundamentais de tratamento oferecido nos CAPS. Essas oficinas são atividades desempenhadas em grupo com a presença e orientação de um ou mais estagiários, profissionais, e/ou monitores (BRASIL, 2004). A demência é uma síndrome muito presente nos CAPS, e é caracterizada por um declínio das funções cognitivas, incluindo o distúrbio de memória, sintomas comportamentais e psicológicos e ter intensidade e duração suficientes para prejudicarem a função social e ocupacional (VALE, 2007). Apesar das demências ocorrer mais nos idosos, envelhecimento não é a sua causa, pode ocorrer em alguns jovens e adultos, e não obrigatoriamente ela é progressiva e degenerativa. A demência afeta as seguintes funções mentais: memória, atenção, linguagem, raciocínio, julgamento, orientação, calculo, praxias, gnosias e funções executivas (VALE, 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 171 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O objetivo do artigo é descrever como funciona o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e a demência, no sentido geral, como fatores de extrema importância para a saúde mental. 2.CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) UMA ALTERNATIVA PARA DOENTES MENTAIS O primeiro contato que as pessoas tem com o mundo é através dos nossos pais, sendo na família que recebemos os primeiros valores, as primeiras relações afetivas, e encontramos as respostas para as situações do dia-a-dia e dividimos nossas dúvidas, angústias e temores. A família desempenha papel de fundamental importância para a formação do indivíduo, pois é considerada a base principal para o desenvolvimento humano. Segundo OLSCHOWSKY E SCHRANH, 2006, a doença mental junto com a patologia psiquiátrica vem ligados o estigma, o preconceito e a exclusão do indivíduo com sofrimento psíquico. Sentimentos como revolta, medo, vergonha, constituem a complexidade desse fenômeno, pois o doente e a família, além do tratamento, devem aprender a lidar com o imaginário da incapacidade e o perigo em relação ao louco, evitando os próprios preconceitos e os da sociedade. Uma das mudanças ocasionadas com a nova assistência psiquiátrica foi a de proporcionar que o doente mental permaneça com sua família, mas para que essa relação seja saudável, é preciso que o serviço esteja juntamente com uma rede articulada de apoio e de organizações que se dedique a oferecer um cuidado contínuo. O comprometimento da família no cuidado do doente se faz necessário de uma nova organização familiar e aquisição de habilidades que podem desestruturar as atividades dos familiares. Essa responsabilidade do familiar com o doente também é positiva, pois além de aumentar suas relações, o familiar passa a ser um parceiro da equipe de saúde para cuidar do doente, facilitando as ações de promoção da saúde mental e de inserir o indivíduo na sociedade. Várias vezes, o familiar responsável dirige sua dedicação e seu tempo no cuidado da pessoa com sofrimento psíquico, assim, gera a transformações na sua vida, como dificuldades no trabalho e diminuição do lazer. O pensamento que temos em relação a equipe de saúde mental, é que deve estar atenta e comprometida com esse 172 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF problema: a dificuldade do cuidado da família e do usuário, buscando construir opções de apoio e formas que facilitem a participação e a integração da família. (OLSCHOWSKY, A.; SCHRANH, 2006). Em relação a experiência em saúde mental, podemos perceber que quando um familiar fica doente, acontece uma mudança na convivência diária da família, gerando ansiedade e preocupação, e que na maioria das vezes, acreditamos que estamos imunes à doença. Quando ficamos doentes ocorre a desorganização no modo de funcionamento de uma família, pois é um acontecimento imprevisível (OLSCHOWSKY, A.; SCHRANH, 2006). Falando em Reforma Psiquiátrica brasileira e das lutas “antimanicomiais”, surge como alternativa o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que veio inovar estratégias ao modelo hospitalocêntrico da saúde mental no país. O CAPS é financiado pelo SUS, e criado pela portaria 224/92 (BRASIL, 1992), viabilizou-se a ampliação desses equipamentos substitutivos, ocorrendo o aumento de 160 para quase quinhentas unidades em menos de 10 anos no país. Os CAPs apresentam-se como serviços comunitários regionais compostos por equipes multiprofissionais onde deve haver um cuidado para que os pacientes tenham não só uma abordagem psicológica e medicamentosa de sua doença, mas também social. A Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica seguiram rumos paralelos e acabaram por expressar um distanciamento disciplinar (Onocko Campos, 1998). A necessidade da comunicação entre saúde coletiva e saúde mental é reconhecida pelo Ministério da Saúde e permanece praticamente inexplorada, sendo de máxima importância social. Por ser uma iniciativa nova, a avaliação dos CAPS torna-se essencial para a identificação de questões que possam contribuir para um aperfeiçoamento desses serviços. O movimento da luta antimanicomial contribui na formação do cenário nacional de luta em prol dos direitos dos usuários e familiares a uma atenção digna dos serviços de saúde, através de ações que se multiplicam e pautam pela criatividade dos protagonistas, que buscam mudar o imaginário social sobre a loucura. O movimento da luta antimanicomial traz em seu conjunto os princípios de Honneth quando busca trazer à consciência da sociedade as situações de desrespeito, que os portadores de transtorno mental sofrem, sendo no convívio com a sociedade, ou sendo na atenção à saúde mental. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 173 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Ainda destaca o sentimento de injustiça, a privação de direito, como um fator importante na luta por reconhecimento (HONNETH, 2003). Outro ponto a ser destacado é que, em 25 anos de existência, o movimento da luta antimanicomial não se institucionalizou. Ele ainda apresenta em sua caminhada debates sobre seus rumos, colocando em cenários diversos usuários, familiares e trabalhadores como protagonistas do processo em curso na construção de uma nova forma de cuidado em saúde mental. O CAPS busca como objetivo principal a desinstitucionalização, que significa restituir a dignidade da pessoa em sofrimento mental buscando reconsquistar sua cidadania, pelo direito de tratamentos dignos, que superem o modelo clínico, com base na atenção médicobiológica centrada na patologia e no hospitalocentrismo, mediante o estabelecimento de redes de cuidados substitutivas, entre elas, hospitalização parcial, existência de leitos em hospitais gerais, pensões protegidas, centros de atenção psicossocial. (OLIVEIRA, 2002). O Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira está Estruturado na Declaração de Caracas, que passou a elaborar seus princípios básicos, definidos pela regionalização, hierarquização, complementaridade do setor privado, descentralização e integração (NICK; OLIVEIRA, 1998, p. 584). O CAPS estrutura-se como novo espaço da terapia psiquiátrica, que tem objetivo proporcionar assistência multiprofissional e busca a reinserção social de seus usuários, prevenindo internações não necessárias e compulsivas, combatendo o preconceito e discriminação (CUNHA, 2003). Com isso, o CAPS tem como objetivo oferecer um espaço de tratamento, reabilitação, acolhimento, relações interpessoais e produção de novas subjetividades às pessoas portadoras de transtorno mentais. Por isso, é necessário que as equipes multiprofissionais dos CAPS, estabeleçam uma relação de confiança com seus usuários, capaz de demonstrar a sociedade com que suas falas e atos são acolhidos. 2.1.DEFINIÇÃO DE DEMÊNCIA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS. Dividida em 3 estágios como Leve, Moderada e Grave demência é uma síndrome que vem crescendo cada vez mais entre a população idosa e até mesmo em meio à os jovens, devido ao uso acentuado de drogas (psicotrópicas) e álcool. A demência possui causas especificas, 174 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF dentre elas: doença de Pick, doença de Creutzfeldt-Jakob, doença de Huntington, doença de Parkinson, vírus da imunodeficiência humana e traumatismo craniano, doença de Biswanger, escleroses e muitas outras. A demência acaba sendo uma doença essencialmente dos idosos, devido ao aumento exacerbado da população com mais de 60 anos. Segundo o DSM-IV no ano de 2030, estima-se que 20% da população terá mais de 65 anos. A demência possui estágios progressivos e estáticos, permanentes e reversíveis, afetando diretamente a linguagem, memoria, atenção, coordenação, personalidade, percepção, raciocínio, velocidade motora e funções cognitivas em geral. Se estima que 30% dos casos tenham alucinações e 40% tenham delírios e apenas 15% dos casos diagnosticados de demência sejam reversíveis. Para um diagnóstico de demência, de acordo com Manual de diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais é necessário que os sintomas resultem em um comprometimento significativo no funcionamento social ou ocupacional e represente um declínio significativo a partir do nível anterior de funcionamento. Muitas vezes os sintomas não são notados, pois são ignorados pelo paciente e pelas pessoas próximas a ele por serem muito “sutis”, se agravando conforme a demência progride, fazendo com que o paciente ou seus relativos procurem um médico anos após a aparição dos primeiros sintomas. Aqueles que procuram atendimento psicossocial logo no inicio possui uma maior chance de fazer com que os sintomas fiquem estáticos ou até regridam, embora demência causada por encefalites, paradas cardíacas com hipóxia cerebral, traumatismo cranianos possam ser súbitas. Como citado a cima o tratamento depende da circunstancia da demência podendo muitas vezes conter os sintomas ou até mesmo reverte-los, mas na maioria dos casos psicoterapias e medidas farmacológicas servem apenas para “atrasar” o agravamento dos sintomas. A psicoterapia é altamente recomendada para estimular a memória, melhorar habilidades psicomotoras, orientação espacial e da realidade, depressão, comportamentos agressivos e várias outras situações. Os medicamentos entram para o “suporte” ao trabalho do psicólogo (Antipsicóticos, Estabilizadores de Humor, Estimulantes do SNC, Realçadores Cognitivos “...”), e também é fundamental que a família de o apoio e atenção necessária para melhora do paciente. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 175 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse artigo contribuiu para ampliar o nosso conhecimento sobre a teoria de CAPS, demência e saúde mental, no sentido geral, na prática temos aprendido muito sobre o funcionamento do CAPS através de atividades e oficinas realizadas com os pacientes do CAPS I de Garça, tem sido uma experiência muito interessante e gratificante para nós, os pacientes e os funcionários são bem receptivos, e tem colaborado e incentivado para desenvolver as atividades de uma maneira criativa. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, G.C.; COSTA, T.G.; MORENO, V.; Movimento da luta antimanicomial: trajetória, avanços e desafios. Saúde Mental, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 45-50, jan./jun. 2012. BRASIL – Portaria 224/92. Estabelece diretrizes e normas para o atendimento em saúde mental. Brasília: Diário Oficial da União, 1992. BRASIL. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Série F. Comunicação e Educação em Saúde. Brasília, DF, 2004. CUNHA, M.T.R., Gerência enquanto instrumento para mudanças em um serviço, substitutivo de saúde mental no município de Uberaba: estudo de caso, 2003. 108f. HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática dos conflitos sociais. Tradução Luiz Repa. São Paulo: Editora 34, 2003. 291p. KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. NICK, E., OLIVEIRA, S.B. Tendência políticas de saúde mental no Brasil. J. Brás. Psiquiátrica. v. 47, n. 11, p. 583-589, nov. 1998. 176 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF OLIVEIRA, F.B., Construindo saberes e práticas em saúde mental. Ed. Universitária, 2002. 226 p. OLSCHOWSKY, A.; SCHRANH, G.; O centro de Atenção Psicossocial e as estratégias para inserção da família. Recebido: 24/10/2006. ONOCKO CAMPOS, R – O planejamento no divã ou análise crítica de uma ferramenta na gênese de uma mudança institucional. Dissertação de mestrado, Campinas: departamento de Medicina Preventiva e Social, FCM-Unicamp, 1998. SOUZA, A.R.; Centro de Atenção Psicossocial: perfil epidemiológico dos usuários. Fortaleza, Fevereiro,2007. VALE, F. DEMÊNCIAS. Grupo de Neurologia Comportamental. HCFMRPUSP, Medicina, Abril, 2007. VAZ, A.C.M.; Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) sob a óptica das Unidades Básicas de Saúde. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de PósGraduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2007. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 177 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 178 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS Graziella Russo CHERUBINI1 Daiane Nascimento LIMA2 Juliana BARACAT3 1 2 Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: [email protected] Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: [email protected] 3 Docente do curso de Psicologia. E-mail: [email protected] RESUMO O presente artigo tem como objetivo propor soluções para que os educadores infantis sejam capacitados para atender alunos com necessidades educativas especiais dentro das classes de ensino regular. É expresso por lei o direito de todos à uma educação de qualidade, independente de diferenças individuais, portanto, é de extrema importância que os professores estejam aptos a adequar alunos com N.E.E no ambiente escolar juntamente com alunos que não possuem algum tipo de necessidade especial, através de projetos pedagógicos específicos na instituição de ensino. Palavras chave: necessidades educativas especiais; projetos pedagógicos; soluções. ABSTRACT This paper aims to propose solutions for the early childhood Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 179 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA educators are able to meet students with special needs within the regular education classes. It is expressed by law the right of all to a quality education, regardless of individual differences, so it is extremely important that teachers are able to match students with SEN in the school environment with students who do not have some kind of special need, through specific educational institution in educational projects. Keywords: needsteaching projects; solutions; special educational. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo é fruto da disciplina Psicologia da Pessoa com Deficiência, e tem o objetivo de apresentar as principais dificuldades que os professores encontram no processo de educação de alunos com necessidades educativas especiais inclusos nas escolas de ensino regular. Assim como os idosos e as mulheres, as crianças são vítimas de preconceitos e sofrem abuso de poder, em algumas sociedades. A problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Há um julgamento que distingue “deficiente” de “não-deficiente”, uma relatividade cultural que procura “excluir” ou “afastar” os considerados “indesejáveis”, cuja presença incomoda a ordem social (FONSECA, 1995). Ademais, o autor comenta a frequencia de uma postura idealizadora das crianças e pessoas em geral na escola, posto que as expectativas idealizadas vão de encontro com a realidade dos seres, com suas limitações e potencialidades variadas dado a singularidade dos sujeitos. 2.DESENVOLVIMENTO TEÓRICO A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais (N.E.E) em classes de ensino regular passou a ser considerada como uma forma democrática de avanço aos direitos e oportunidades educacionais a partir de 1994, após ser aprovada pela Conferência Mundial de Educação Especial, com a Declaração de Salamanca. (de Salamanca, Declaração. “Sobre princípios, políticas e práticas na 180 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF área das necessidades educativas especiais.” Espanha: Salamanca 1994). O papel do professor, juntamente com os projetos pedagógicos especializados da instituição de ensino, é de extrema importância, pois eles precisam ter uma capacitação adequada para atender esses alunos com necessidades educativas especiais em classes de ensino regular. É expresso por lei que todos os indivíduos têm direito à educação, independente de diferenças individuais, e protegidos de quaisquer preconceitos, tal como inscrito na Declaração Universal dos Direitos do Homem, (1948). O presente artigo tem como objetivo, apresentar os direitos conquistados pelas pessoas com N.E.E dentro do ambiente educacional e propor soluções para que os educadores sejam capacitados para atender a esses alunos. É expresso na Declaração de Salamanca: (SALAMANCA, 1994) · cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem, · cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias, · os sistemas de educação devem ser planejados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades, · as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades, · as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação custoqualidade, de todo o sistema educativo. Não há fortes razões para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular não seja aceita. Essa perspectiva de integração já não é nova, segundo a constituição do Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 181 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp) do Ministério de Educação e Cultura (MEC), de 1974, a orientação de voltava para a integração: Os alunos deficientes, sempre que suas condições pessoais permitirem, serão incorporados à classes comuns de escola do ensino regular quando o professor de classe dispuser de orientações e materiais adequados que lhe possibilitem oferecer tratamento especial a esses deficientes(BRASIL apud BUENO, 1999, p.2). É necessário, portanto, que os professores possuam a capacitação adequada para o ensino regular e programas especializados. O papel do educador é primordialmente importante para que esses alunos com necessidades educativas especiais tenham a oportunidade de aprender de acordo com suas limitações. Os professores não receberam uma formação especializada para lidar com essa situação, visto que a inclusão é uma situação nova em ambiente escolar. A capacitação de professores para a compreensão dos alunos com N.E.E. não é o suficiente, é necessária a construção de uma nova visão de ensino e de aprendizagem, fundada em atitudes favoráveis à inclusão (OMOTE; OLIVEIRA; BALEOTTI; MARTINS; 2005). O processo de integração não se deve somente a uma lei, os profissionais da rede regular de ensino, para atender pessoas com necessidades educativas especiais, devem ter conhecimento sobre diferentes áreas, como psicologia, medicina, pedagogia, entre outros. Um saber interdisciplinar é indispensável no processo de integração. A escola, como uma instituição mediadora, é a grande responsável por levar cultura às pessoas, mais do que a família e o meio social. É através da escola que a sociedade adquire, fundamenta e modifica conceitos de participação, colaboração e adaptação. Embora outras instituições como família ou igreja tenha papel muito importante, é da escola a maior parcela. (MANTOAN apud DO PRADO e MAROSTEGA, 2001, p. 2) É fundamental para o desenvolvimento de pessoas com N.E.E, adotar novas perspectivas, concepções pedagógicas e abordagens interativas, “em que a aprendizagem abre caminhos que favorecem o desenvolvimento” (MARCHESI e MARTIN apud BUENO, 1999, p. 2). A inclusão não deve apenas ser colocada em prática com alunos que possuem N.E.E., mas sim, com todos os alunos mesmo que estes 182 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF não possuam algum tipo de deficiência. O termo “inclusão” pretende definir igualdade, por isso, pessoas que possuem ou não algum tipo de necessidade, devem ser atendidas da mesma maneira, porém, levando em consideração que alunos com N.E.E, geralmente, possuem uma certa limitação física e/ou mental que deverá ser respeitada. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que pessoas com necessidades educativas especiais são protegidas por lei, como proclamado na Declaração de Salamanca e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, é necessário que esses alunos sejam vistos de forma igualitária perante outros alunos dentro da instituição de ensino. Nos dias atuais, já observamos uma considerável evolução em relação a inclusão, porém, ainda é necessário quebrar muitos preconceitos e a ideia da incapacidade dessas pessoas com N.E.E. Os educadores devem estabelecer projetos específicos para que esses alunos possam adequar-se ao ambiente escolar, em classes de ensino regular. Acreditamos que essa incapacidade que a sociedade enxerga nessas pessoas, é um preconceito, uma desigualdade irreal, pois todos possuem capacidades que podem ser consideradas de acordo com suas limitações, o que falta é oportunidade para essas pessoas mostrarem o quão participativas podem ser na sociedade, e, principalmente, o ambiente escolar, que tem grande responsabilidade em levar educação à esses alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, José Geraldo Silveira. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas? Revista Brasileira de Educação Especial 3.05, 1999, 07-25. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Espanha: Salamanca (1994). http://scholar.google.com.br/. Acessado em: 29/03/2014. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM. Adotada e Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 183 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. http:// scholar.google.com.br/. Acessado em 29/03/2014. FONSECA, Vítor da. Educação especial: um programa de estimulação precoce. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. KAFROUNI, Roberta Mastrantonio; PAN, Miriam Aparecida Graciano de Souza. A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais e os impasses frente à capacitação dos profissionais da educação básica: um estudo de caso. Interação em Psicologia (Qualis/CAPES: A2) 5.1, 2005. PRADO, Ana Maria do; MAROSTEGA, Vera Lucia. A inclusão do portador de necessidades especiais em âmbito social e escolar. Revista Educação Especial, 2012. SANCHES, Isabel; TEODORO, Antonio. Da integração à inclusão escolar: cruzando perspectivas e conceitos. Revista Lusófona de Educação8, 2006, p. 7. OMOTE, Sadao, et al. Mudança de atitudes sociais em relação à inclusão. Paidéia 15.32 (2005): 387-96. 184 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PEQUENO HANS: UM CASO DE FOBIA José Wellington dos SANTOS1 Jéssica MANTOANI 2 Lucimara Cristina LOPES 3 Simone VILAS BOAS 4 4 1 Docente do curso de psicologia da FAEF/ACEG [email protected] 2 Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG [email protected] 3 Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG [email protected] Discente do Curso de Psicologia - – FASU/ACEG [email protected] RESUMO O caso do pequeno Hans é um dos casos bem sucedidos de Sigmund Freud no qual sua ideias sobre a sexualidade infantil são apresentadas, tendo o complexo de édipo como seu núcleo central. Um garoto de cinco anos apresenta fobia a cavalo. O sintoma surge no momento em que o pai, que vivia viajando a trabalho, aposentase e fica mais presente em casa. Este artigo pretende discutir a função dos sintomas fóbicos na economia psíquica do pequeno Hans. Faremos isto a partir da obra “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos” onde Freud relata o caso. Palavras chave: fobia, deslocamento, sintoma, sexualidade, neurose Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 185 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The case of Little Hans is one of the successful cases of Sigmund Freud in which his ideas about infantile sexuality are presented, and the Oedipus complex as its central core. A five year old boy has horse phobia. The symptom arises at the time that his father, who lived traveling for work, retires and is more present at home. This article discusses the role of social phobia symptoms in the psychic economy of Little Hans. We do this from the book “Analysis of a phobia in a five year old boy” where Freud reports the case. Keywords: phobia, displacement, symptoms, sexuality, neurosis 1.INTRODUÇÃO A fobia começou a ser estudada pela psicanalise, por Freud a partir do caso bem sucedido do pequeno Hans. Sabe- se acordo com dicionário de psicanalise, organizado por Chemama, (apud SILVA, 2005. p. 2) que a fobia é caracterizada por um “ataque de pânico diante de um objeto, animal ou determinada organização do espaço, que funcionam como sinais de angústia”. Por que surgiria, então, a fobia? Qual o seu papel enquanto sintoma? São questões que pretendemos discutir no presente trabalho com a finalidade de entender os aspectos mais importantes do sofrimento de um garoto neurótico que embora tivesse bons pais que descrevem Hans como uma criança alegre, franca, desenvolve um medo irracional de cavalo. Considerando que o sintoma tem uma função na economia psíquica do sujeito, qual o papel da fobia na vida mental do pequeno Hans? Esta é a questão fundamental que o presente trabalho pretende discutir. Faremos isso a partir do caso apresentado por Freud que se encontra em “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, V. X). Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, V. X) Rio de Janeiro: Imago. 186 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. O PAPEL DA FOBIA NA ECONOMIA PSÍQUICA DO PEQUENO HANS Fobia é uma neurose caracterizada pela localização da angústia em pessoas, coisas e situações que se tornam, assim, objeto de um terror paralisante (fobias) e pelas medidas de defesa contra o aparecimento do objeto fóbico ou da angústia que são condutas evitativas. (QUILES, 1986, p.50). Freud coloca que o sintoma fóbico do pequeno Hans tem como principal papel diminuir a angústia de castração. O sintoma é mais que uma disfunção a ser reparada, ele ensina algo sobre a causalidade do sujeito. A formação do sintoma é o caminho que o ego encontra para resolver o conflito entre as exigências do Id e as censuras do superego e da cultura. Como observa Nagera: Se essas pulsões, que são incompatíveis com a individualidade atual do sujeito, adquirem suficiente intensidade, deve resultar um conflito entre elas e a outra opção de sua personalidade, aquela que manteve sua relação com a realidade. Esse conflito é resolvido pela formação de sintomas... em todas as neuroses os sintomas patológicos são realmente os produtos finais de tais conflitos os quais culminaram em “repressão” e “divisão do ego”. (NAGERA, 1970, p.90) O pequeno Hans tem o desejo de ficar com a mãe e de afastar o seu pai, mas pelo medo da castração ele recalca os impulsos hostis contra o pai, o que dá início à formação do sintoma. Por ter esses impulsos a criança teme que o pai vá castigá-la, ameaçá-la. O medo que Hans tinha do pai foi deslocado para o cavalo, por quem ele temia ser mordido. Assim, ele restringe a situação de angústia ao encontro com o cavalo (e com aquilo que se associa ao cavalo), que pode ser evitado, em contraste com o contato com o pai, do qual ele não poderia fugir. A fobia permite que o sujeito contorne a castração e possa evitar o confronto com ela, é uma defesa porque na escolha de um objeto (cavalo) dá-se uma significação para a irrupção de angústia (afeto sem representação), transformando-a em medo, o que é mais tolerado com maior facilidade pelo sujeito. 2.1 – A FOBIA COMO SATISFAÇÃO SUBSTITUTA DA PULSÃO AGRESSIVA OU SEXUAL Na perspectiva freudiana, o sintoma é o retorno do recalcado e porta um sentido inconsciente decifrável na experiência analítica. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 187 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O sintoma é uma satisfação substitutiva de uma satisfação impossível. Sobre esta ótica, a fobia de Hans por cavalos e seu medo de ser mordido por ele, são advindos de um passeio com sua mãe e viu um acidente com cavalos, no qual viu um cavalo de ônibus cair e escoicear com suas patas. Isso lhe causou uma grande impressão, ficou aterrorizado e pensou que o cavalo estivesse morto. Ver aquele cavalo caindo, representava para Hans de forma inconsciente, a realização do seu desejo de morte contra o seu pai. Era a satisfação substitutiva do ID de forma indireta e disfarçada. Como brm afirma Freud “Nas neuroses, são os instintos sexuais que sucumbem à ‘repressão’, e constituem assim a base mais importante para a gênese dos sintomas, que podem, por conseguinte, ser encarados como substitutos de satisfações sexuais”. (FREUD, 1996, p. 130). 2.2 – A FOBIA COMO MECANISMO DE DEFESA Mecanismo de defesa é uma denominação dada por Freud para as manifestações do Ego diante das exigências das outras instâncias psíquicas (Id e Superego), com a finalidade de proteger o Ego de um possível desprazer psíquico, anunciado por esses sentimentos de ansiedade, medo, culpa, entre outros. Em suma, os mecanismos de defesa são ações psicológicas que buscam reduzir as manifestações iminentemente perigosas ao Ego. No evidente caso do pequeno Hans, sua fobia foi resultante do conflito entre sua sexualidade infantil recalcada e as exigências da realidade moral imposta pela cultura. Seu medo da ameaça de castração, e a culpa por desejar sua mãe e nutrir contra o seu pai desejos de morte, foi recalcado para o inconsciente, desenvolvendo fobia a cavalos, mantendo a homeostase do seu conflito deslocando todos os seus sentimentos hostis para com o seu pai aos cavalos. Um dos mecanismos de defesa utilizado pelo fóbico, talvez o principal, é o deslocamento que consiste em desviar a pulsão para um alvo que substitui o alvo original que se encontra reprimido. (QUILES, 1986, p.57). 2.3 – A FOBIA COMO GANHO SECUNDÁRIO Em Psicanálise, entende-se como ganho secundário as vantagens advindas da neurose, as quais apresentam soluções menos 188 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF conflituosas entre a dimensão crítica da mente e o desejo de origem inconsciente. Um dia, quando Hans estava na rua, foi acometido de um ataque de ansiedade. Não podia, contudo, dizer de que é que tinha medo; mas logo no início desse estado de ansiedade deixou escapar para seu pai o motivo para estar doente, o ganho proveniente da doença. Queria ficar com sua mãe e acariciá-la. Ao discutir sobre a reação negativa do paciente diante da melhora, Freud afirma: Não há dúvida de que existe algo nessas pessoas que se coloca contra o seu restabelecimento, e a aproximação deste é temida como se fosse um perigo. Estamos acostumados a dizer que a necessidade de doença nelas levou a melhor sobre o desejo de restabelecimento. Se analisarmos essa resistência da maneira habitual, então, mesmo depois de feito o desconto de uma atitude de desafio para com o médico e da fixação às diversas formas de ganho com a doença, a maior parte dela ainda resta, e revela-se como o mais poderoso de todos os obstáculos à cura, mais poderoso que os conhecidos obstáculos da inacessibilidade narcísica, da atitude negativa para com o médico e do apego ao ganho com a enfermidade. (1996, p.) Ao manter a mãe perto dele através da doença, o pequeno Hans não se sente culpado pelos seus desejos, mas um doente. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho não tinha a intenção de fazer uma discussão profunda da neurose fóbica e sim fazer algumas considerações sobre a fobia a partir do caso do pequeno Hans, no qual Freud apresenta algumas das suas ideias sobre a sexualidade infantil. A fobia era a prática sexual daquele garoto neurótico que tinha uma fixação na figura da mãe e uma consequente hostilidade ao pai. O Neurótico é alguém que encontra no sintoma uma forma de resolução do seu conflito através da satisfação substituta e ganho secundário. REFERENCIA CHEMAMA, R. (Org.) (1995). Dicionário de Psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas FREUD, S. Os chistes e sua relação com o inconsciente In: Edição Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 189 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 8. Rio de Janeiro: Imago, 1996b. FREUD, Sigmund. O caso Schereber, artigos sobre técnica e outros trabalho. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Edição Standard. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. Freud, S. (1909/1996). Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, V. X) Rio de Janeiro: Imago. NAGERA, Humberto. Conceitos Psicanalíticos Básicos de Metapsicologia, Conflitos, ansiedade e outros temas. São Paulo: Ed. Cultrix, 1970. QUILES. Manuel Ignacio. Neurose. Editora Ática, São Paulo, 1986. SILVA, C. S. C. O entendimento psicanalítico da fobia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de psicologia, 2005. 190 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O SELF REAL E O SELF IDEAL NA CONCEPÇÃO DE CARL ROGERS Emerson RIBEIRO1 Frederico de Conti Blaziza MACHADO¹ Michele Nunes Fraquetto de SOUZA¹ Profª. Dra. Janete de Aguirre BERVIQUE² 1 Discentes do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA ² Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO Este estudo tem como objetivo discorrer sobre a concepção de Carl Rogers de self ideal e de self real e, também, conceituar congruência e incongruência. Palavras-chave: Carl Rogers, Self ideal, Self real, congruência. ABSTRACT This studyaims to reflectanddiscussthe conceptionofCarlRogerson therealselfand theideal selfand also conceptualize congruence and incongruence. Keywords: CarlRogers, idealself, realself, congruence Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 191 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1. INTRODUÇÃO Carl Rogers nasceu em 1902, em Oak Park, Illinois, no subúrbio de Chicago. Sua família era religiosa e a supressão de emoções e a enfatização do comportamento moral eram sua principal característica.Todavia, esses ensinamentos fundamentalistas dominaram Rogers até a adolescência, o forçando a viver com a visão de mundo de outra pessoa em vez da própria (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002 p. 314.), culminando futuramente na criação de sua teoria. Em l959 Rogers elabora seu principal trabalho teórico;no geral, define uma série de conceitos, criando teorias da personalidade e modelos de uma terapia, mudanças da personalidade e relações interpessoais, estabelecendo uma estrutura através da qual as pessoas possam construir e modificar suas opiniões a respeito de si mesmas. Rogers (apud FADIMAN;FRAGER, 2004, p. 359) acreditava que “a realidade das pessoas são assuntos pessoais então só podem ser conhecidos pelos próprios indivíduos”. Ele afirmava também que todos os seres humanos são motivados fundamentalmente por um processo voltado para o crescimento, que ele denomina tendência para a realização.Em sua teoria, revela que as pessoas usam suas experiências para se definir. Rogers desenvolveu uma abordagem psicoterapêutica chamada Terapia Centrada na Pessoa (ACP), que consiste em um trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da autoestima, da autoconfiança e do amadurecimento emocional. Cada indivíduo possui um campo de experiências único, contendo tudo o que se passa no organismo como: eventos, percepções, sensações e impactos dos quais as pessoas não tomam consciência. Isso não é uma entidade estável, imutável,em que a idéia do eu não representa uma acumulação de inúmeras aprendizagens e condicionamentos efetuados na mesma direção. O objetivo geral do artigo é investigar na literatura, a concepção de self real e self ideal de Carl Rogers, e os objetivos específicos do artigo é esclarecer a concepção de self real e ideal em Carl Rogers e definir congruência e incongruência. 192 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. TEORIA DO SELF O self, para Rogers, consiste num conjunto de percepções,de valores conscientes do eu; assim é o self que estabelece interação entre o organismo e o meio.É uma extensa teoria fenomenológica (voltada para a experiência subjetiva de mundo do indivíduo), sendo assim a visão pessoal do mundo. Segundo Rogers(apudSCHULTZ; SCHULTZ 2002, p. 318), o impacto do mundo experiencial, o ambiente ou situações cotidianas, a realidade de nosso ambiente depende da percepção que temos dele, que nem sempre condiz com a realidade. “Para mim a experiência é a mais alta autoridade. O critério de validade é a minha própria experiência” (ROGERS, apud SCHULTZ; SCHULTZ 2002, p. 318). Tal noção de percepção subjetivanão é legado de Rogers;pois, essa idéia chamada Fenomenologia é antiga e, sendo assim, a única realidade da qual podemos estar seguros é o nosso próprio mundo de experiências, nossa percepção interna da realidade. Rogers que, atéentão, acreditava serem os fatores externos indicadores mais importantes do comportamento, concluiu que o nível de autodiscernimento de uma pessoa é o indicador mais importante (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002, p. 318). 2.1. DESENVOLVIMENTO DO SELF É importante, para maior compreensão da teoria, o entendimento de organismo; este é a pessoa total, incluindo todas as necessidades inatas básicas: necessidades de sobrevivência como alimento, descanso, sexo, sentimentos e emoções, e necessidades sociais das quais a consideração positiva se torna mais importante (FONTANA, 2002, p. 267). Conforme Schultz e Schultz (2002), a consideração positiva consiste na aceitação e aprovação ainda quando crianças, sendo a força socializadora e motivadora de comportamentos; sem a consideração positiva, o indivíduo não teria uma consideração positiva de si mesmo já que esta o faz obediente aos pais, professores. Quando os pais direcionam certa quantidade de afeto e amores Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 193 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ao bebê, estãocontribuindo para o desenvolvimento do comportamento do mesmo, que vai girar em torno desses afetos. Essas necessidadesdo organismo, quando satisfeitas, fazem com que o indivíduo esteja em congruência com seu self. Na medida em quesão ampliados nossos encontros sociais ainda como bebês,é desenvolvido nosso campo experiencialde maneira mais complexa, tornando-o diferente dos demais.Essa diferenciaçãodefinida por aquilo que é ‘’eu’’ e aquilo que é o “outro”, objetos e eventos externos a mim, é conhecida como self ou autoconceito. Rogers (apud, SCHULTZ e SCHULTZ, 2002) afirmava que o autoconceito é,também, a imagem do que somos,deveríamos e gostaríamos de ser. Com o surgimento do self há nos bebês uma necessidadeque Rogers denomina de consideraçãopositiva, sendo estaaceitaçãoaprovação e amor por parte das outras pessoas onde o comportamento do bebê é direcionado pela quantidade dessesafetos. Quando a consideração positiva não é oferecidaa atualização e o desenvolvimento do self serãoentrevados. Caso isso venha a ocorrer frequentemente, os bebês param de se esforçar para atualizar o self culminando com ações incoerentes, uma vez que passaram a agir de forma a receberem consideração positiva dos outros . Com o tempo a consideração positiva passa a vir mais de dentro de nós do que de outras pessoas(autoconsideração positiva) que acaba se tornando forte como nossa necessidade de consideração positiva pelos outros. Para simplificar podemos utilizar o exemplo de uma criança que recebe carinho e afeto dos pais quando estão contentes; essa criança vai desenvolver autoconsideração positiva sempre que se comportar de maneira contente. Vale ressaltar que tanto a consideração positiva como a autoconsideração positiva são recíprocas, os pais podem não reagir de forma a aprovar o comportamento de seu bebe, não reagindo desse modo com consideração positiva, pois, alguns comportamentos são perturbadores. Todavia, os bebês aprendem que todo afeto tem preço dependendo da maneira adequada de se comportar, entendendo que às vezes são premiados eoutras vezes não (SCHULTZ e SCHULTZ, 2002). Toda vez que um bebe se comportar de maneira inapropriada despertando a desaprovação do progenitor, a criança aprende a desaprovar a si mesma subjugandose e padrões externos de 194 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF julgamento passam a ser internos e pessoais.A autoconsideração nesse caso será apenas em situações cuja aprovação dos pais aconteça; na verdade nessas condições o autoconceito dessas crianças passa a funcionar como substituto dos pais . Tendo internalizado as normas dos pais, elas passam a agir de acordo com estas normas a fim de receberem consideração positiva dos pais desenvolvendo autoconsideração positiva. Desse modo aprendem a inibir comportamentos satisfatórios não agindo de maneira livre e espontânea; por se julgarem em todo comportamento acabam impedindo o desenvolvimentoe atualização plena do self, sendo este desenvolvimento inibido por essas condições. 2.2. CONGRUÊNCIA E INCONGRUÊNCIA A congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência da comunicação e a tomada de consciência. Um alto grau da congruência significa que a comunicação (o que se está expressando), a experiência (o que está ocorrendo em nosso campo) e a tomada de consciência (o que se está percebendo) são todas semelhantes(FONTANA, 2002). Nossas observações e as de um observador externo seriam consistentes. Um exemplo seria as crianças pequenas que exibem alta congruência porque expressam seus sentimentos logo que seja possível com o seu ser total. Quando uma criança tem fome ela toda está com fome neste exato momento! Quandouma criança sente amor ou raiva ela expressa plenamente essas emoções. Isto pode justificar a rapidez com que a criança substitui um estado emocional por outro. A expressão total de seus sentimentos permite que elas liquidem a bagagem emocional que não foi expressa em experiências anteriores. A congruência é bem descrita por um Zen-budista ao dizer: “Quando tenho fome, como; quando estou cansado, sento-me; quando estou com sono, durmo”. Já a incongruência ocorre no momento em que existem diferenças entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação. Ela é definida não só como inabilidade de perceber com precisão, mas também como inabilidade de comunicação. Recebe o nome repressão o momento em que a incongruência esta entre a tomada de consciência e a experiência(FONTANA, 2002 p. 268). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 195 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Este tipo de incongruência é muitas vezes percebido como mentira, inautêntico ou desonesto. Muitas vezes esses comportamentos tomam-se foco de discussões em terapias de grupo ou em grupos de encontro. Embora tais comportamentos pareçam ser realizados com malícia, terapeutas e treinadores relatam que a ausência de congruência social, aparente falta de boa vontade em comunicar-se, é com freqüência uma falta de autocontrole e consciência pessoal. A pessoa não é capaz de expressar suas emoções e percepções reais em virtude do medo e de velhos hábitos de encobrimento que são difíceis de superar. Por outro lado, é possível que a pessoa tenha dificuldade em compreender o que os outros esperam dela. A incongruência pode ser sentida como tensão, ansiedade ouem circunstâncias mais extremas como confusão interna. Um paciente internado em hospital psiquiátrico que declara não saber onde está, em que hospital, qual a hora do dia, ou mesmo quem ele é, está exibindo alto grau de incongruência. A discrepância entre a realidade externa e aquilo que ele está subjetivamente experienciando tomou-se tão grande que ele não é capaz de atuar. A maioria dos sintomas descritos na Literatura psiquiátrica pode ser vistos como formas de incongruência. Para Rogers, a forma particular de distúrbio é menos crítica do que o reconhecimento de que há uma incongruência que exige uma solução. Todavia esses indivíduos não aprendem somente a inibir esses comportamentos inaceitáveis, mas futuramente podem negar ou deformar a maneira de perceber o seu mundo experiencial ao sustentar percepções distorcidas de certas experiências acabam se tornando alienadas de seu verdadeiro self , ou seja passamos a avaliar nossas experiências não como contributos para desenvolvimento e tendência atualizante, por meio de avaliação organismica e sim por meio da consideração positiva dos outros daí que chamamos incongruência,todavia pode ser definida como a discrepância entre a auto imagem de uma pessoa e os aspectos de sua experiência. Essa deformação do mundo experiencial contribui para alienação do verdadeiro self , desse modo é a alienação básica no homem cuja fidelidade fracassou em si mesmo, sua valorização organísmica natural da experiência, mas em nome da preservação da consideração positiva dos outros passou a falsificar alguns dos valores que experimenta e a percebê-los apenas em termos de seu valor para os outros. Contudo 196 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF essa não foi uma escolha consciente, mas um desenvolvimento natural e trágico no início da infância (ROGERS, 1959). Todavia quando estas incongruências são manifestadas é possível o desenvolvimento da ansiedade. E importante destacar que a saúde emocional é uma função da nossa compatibilidade entre o nosso auto conceito e nossas experiências. 2.3. SELF REAL E SELF IDEAL O Self consiste num processo constante de formar-se e reformarse à medida que essas situações são experienciadas pelo organismo. Rogers separa O SELF entre self ideal e o real; self ideal seria “o auto-conceito que o indivíduo mais gostaria de possuir, sobre o qual atribui o maior valor para si mesmo”(ROGERS apud FADIMAN , 2004, p. 359,). É um modelo pelo qual uma pessoa pode se esforçar. Como o self ele é uma estrutura mutante, constantemente sofrendo redefinição. O self ideal pode se tornar um obstáculo para a saúde pessoal quando ele difere muito do self real. O self real é quem você realmente é, onde contém a tendência para a realização; sendo assim o real é aceitar-se como se é na realidade e não como se quer ser (ideal), isso é um sinal de saúde mental. È importante destacar o que foi dito acima que o espaço entre o eu real e o eu ideal, o “eu sou” e “eu deveria” é chamado de incongruência. As pessoas que sofrem dessa discrepância entre o real e o ideal muitas vezes não estão dispostas a ver a diferença entre ideais e atos. Rogers defendia que o homem desenvolve sua personalidade a serviço de objetivos positivos, e cada organismo apresenta determinadas aptidões, capacidades e potencialidades inatas. Neste processo único para cada pessoa, ocorrem experiências e comportamentos congruentes e incongruentes, ambos necessários ao crescimento saudável e inevitável. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo claro do comportamento e dos valores reais de uma pessoa é um obstáculo ao crescimento pessoal. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 197 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Quando a incongruência é uma discrepância entre a tomada de consciência e a comunicação a pessoa não expressa o que está realmente sentindo, pensando ou experienciando. Este tipo de incongruência é muitas vezes percebido como mentiroso , inautêntico ou desonesto. Em sua teoria, Rogers destaca duas necessidades importantes para o indivíduo, a necessidade de consideração positiva e a necessidade de auto-consideração, ambas aprendidas. A primeira desenvolve-se quando o indivíduo é bebê e a segunda em virtude de o bebê receber a consideração positiva dos outros. A necessidade de auto-estima é inerente a todo ser humano, e seu processo iniciase desde a infância até a maturidade. A importância do relacionamento com os pais ou cuidadores, como ela vivencia os sentimentos de amor e de apreço das pessoas significativas para si que, primordialmente, são os pais. As pessoas significativas para a criança têm uma forte influência sobre ela e a formação da imagem que tem de si mesma, bem como o rumo de sua vida. Os pais querem determinar quais sentimentos e ações são aprovados ou recusados, é nesse momento que a criança pode entrar num conflito, pois ela acaba por excluir as experiências reprováveis, mesmo que para si estejam corretas, assim tenta ser o que os outros querem ao invés de ser como é. Sua teoria baseava-se no impulso do individuo para o crescimento, saúde e adaptação. A terapia era um modo de libertar o cliente pra retornar seu desenvolvimento normal. Ela enfatizava o sentimento mais do que o intelecto, a situação imediata de vida mais do que o passado. Rogers conclui que em cada um de nós existe um impulso natural para sermos o mais competentes e capazes que biologicamente pudermos ser. Assim como uma planta cresce para se tornar uma planta saudável, e uma semente contém de si o impulso para tornarse uma árvore, também uma pessoa é compelida a tornar-se uma pessoa inteira, completa e auto-realizada (FADIMAN, 2004). 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Rogers e a perspectiva centrada na pessoa. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto 198 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Alegre: Editora Artmed, 2004. SCHULTZ, D.P.; SCHULTZ, S.E. Teorias da personalidade 7. Ed. Universidade do sul da Florida: Ed Cengage Learning, 2002 . FONTANA, D. Psicologia para professores (Psychology of teachers).2.ed Macmillan Press Ltd com the britshpsicologycal society: Loyola, 200. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 199 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 200 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O SONHO NA REALIDADE COTIDIANA EM MEDARD BOSS Janaina de Aguiar BISPO1 Bruna Carolina Montoro FERNANDES2 Simone VILASBOAS3 Janete de Aguirre BERVIQUE4 1 Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA 2 Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA 3 Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA 4 Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Integral – FAEF, Sociedade Cultural e Educacional de Garça – S/S LTDA. RESUMO O presente artigo tem como objetivo a exposição do sonho na realidade cotidiana em Medard Boss, no primeiro momento é discutido sobre o significado dos sonhos, desde a história antiga. Depois é abordado sobre o que Medard Boss diz sobre os sonhos, sua contribuição na compreensão do sonhar do ser humano e a sua utilização no cotidiano da clinica e considerações sobre a Psicologia Existencial. Após estudo de inúmeros casos, Medar dBoss demonstra que não existe ruptura entre o modo de ser no sonhar e o modo de ser na vigília. A metodologia utilizada para a realização desse artigo foi o levantamento bibliográfico através de livros acadêmicos e artigos que relatavam sobre o dado tema. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 201 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavras-chave: Gestalt- terapia, MedardBoss, Perls, Sonho. ABSTRACT This article aims to show the dream into reality in everyday MedardBoss, the first moment is discussed about the meaning of dreams, from ancient history. After that is addressed on the Boss says about dreams, their contribution to the understanding of the dream of the human and its use in everyday clinical considerations and Existential Psychology. After studying countless cases, Boss shows that there is no break between the mode of being in the dream and way of being in Eve. The methodology used to conduct this article was the literature through academic books and articles that reported on the given theme. Keywords: Dream, Gestalt therapy, Medard Boss, Perls. 1.INTRODUÇÃO Desde a História antiga e atualidade, há interesse pelos significados dos sonhos.Na antiguidade eles eram considerados como “mensageiros dos deuses”. Na tradição chinesa do século XVIII a.C, sabe-se que Confúcio retirava sua sabedoria dos sonhos. Na época helenística, havia 420 templos dedicados a Esculápio, na qual praticava-se a incubação, que consistia em dormir no templo para sonhar com a cura de doenças. O indivíduo dormia em pele com sangue de cabra ou de carneiro que eram sacrifícios para os deuses; e grandes serpentes verdes e amarelas de dois metros de comprimento ficavam à noite pelo pavimento, entre pétalas de flores e as pessoas que dormiam; eram os tratamentos, que eles acreditavam que levavam para uma cura mais rápida. Seguindo o pensamento de Perls (1997), encontramos tudo o que precisamos no sonho, na periferia do sonho. A parte da personalidade que está faltando, a dificuldade existencial, tudo está aí. É uma espécie de ataque central bem no meio da sua não-existência. O sonho encontra-se nos interesses da Gestalt-terapia e Perls ficou famoso a partir de seus trabalhos com sonhos, que são relatados no livro Gestalt-terapia explicada, do qual extraímos o trecho a seguir. 202 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Todos os diferentes elementos do sonho são fragmentos da personalidade. Como o objetivo de cada um de nós é tornar-se uma personalidade saudável, ou seja, unificada, é preciso reunir os diferentes fragmentos do sonho. Nós devemos nos reapropriar desses elementos projetados, fragmentados, de nossa personalidade e recuperar assim o potencial escondido no sonho (...). Em Gestalt- terapia os sonhos não são interpretados. Fazemos dele algo bem mais interessante. Em vez de analisar, autopsiar o sonho, nós queremos trazêlo de volta à vida. A forma de chegar a isto é reviver o sonho como se ele sedesenrolasse atualmente. Em vez de contá-lo como se fosse uma história passada, dramatize-o, encene-o no presente, de modo que ele se torne parte de você mesmo, de modo que você esteja verdadeiramente envolvido nele (...). Se você quiser trabalhar sozinho com um sonho, escreva-o, faça a lista de todos os seus elementos, de todos os detalhes, depois trabalhe com cada um, tornando-se cada um deles (PERLS, 1976, p.101). Assim, a função do sonho é apontar para aquilo que a pessoa luta contra em si mesmo, demonstrando a dificuldade existencial, a parte da personalidade que está faltando (PERLS, 1997, p. 102) e que o indivíduo aliena em sua vida desperta. A compreensão do sonho promovida pelo gestalt-terapeuta objetiva um encontro do paciente exatamente com aquilo que ele necessita reassimilar. A reassimilação dá-se por um aprendizado proporcionado pela identificação, e a tomada de consciência é o meio da descoberta (PERLS, 1997, p. 106). 2.CONSIDERAÇÕES SOBRE O SONHO NA PSICOLOGIA EXISTENCIAL PARA MEDARD BOSS Portella et al (2000) a Psicologia Existencial representada por Binswanger assim como para Medard Boss, é que se opõe à aplicação do conceito de causalidade das ciências naturais à Psicologia. Não existe relação de causa e efeito na existência humana. No máximo, existem apenas sequências de comportamentos. Assim como o Existencialismo, rejeita a causalidade, rejeitando também o Positivismo, o determinismo e o materialismo. A Psicologia deve acompanhar seu próprio método, a Fenomenologia, e seus próprios conceitos, modos de existência, “ser-no-mundo”, liberdade, responsabilidade, “vir-a-ser”, transcendência, espacialidade, temporalidade e muitos outros, todos derivados da ontologia de Heidegger. A análise da existência de, Heidegger, se baseia na concepção de que o homem não é mais compreendido em termos de alguma Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 203 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA teoria, mas em termos de um elucidação puramente fenomenológica da estrutura total ou articulação total da existência como ser-nomundo. (BERVIQUE, 2013, p. 96). Portella et al (2000) a estrutura da existência “ser-no-mundo”, quanto ao Dasein foi, formulada por Binswanger e Boss. Boss referese ao termo Dasein análise, como um cauteloso explicação da natureza específica da existência humana, ou ser-no-mundo; segundo Boss o homem revela o mundo. Portanto, na Análise Existencial ou do Dasein, para Boss, é ver o que está na experiência e descrevê-lo tão exatamente quanto a linguagem o permita. O Ser-além-do-mundo, é que a existência apenas consiste em nossas possibilidades de relacionamento com o que encontramos. Ele afirma que “o homem existe sempre e somente com uma miríade de possibilidades de relacionar-se e de descobrir os seres vivos e as coisas que ele encontra”. Em outras palavras, ele afirma: “o homem deve acolher todas as suas possibilidades de vida, se apropriar delas e junta-las para invenção de um eu verdadeiro e livre”. (PORTELLA et al apud Boss, 1979). Boss (1979) não se refere aos modos-de-ser-no-mundo no mesmo sentido de Binswanger, mas fala das características que estão em toda existência humana. Essas características chamam-se existenciais. Entre as mais importantes estão a espacialidade, temporalidade, corporeidade, experiência num mundo partilhado, e o estado de entusiasmo ou sintonia. No que se refere ao tema deste artigo, a literatura deixou claro que Boss utilizou a Dasein análise nos sonhos; como existencialista não acredita no conceito do simbolismo, pois o sonho é outro modo de ser-no-mundo. Para ele, os sonhos são revelações da existência e não disfarces. Seu significado existencial demonstra-se e não deve ser buscado em algum conteúdo oculto ou elaboração onírica por trás da cena. (PORTELLA et al apud Boss, 1979). O sonho é um modo específico de estar-no-mundo, como um mundo específico e um modo específico de existir. No sonho nós vemos o homem como um todo, o conjunto de seus problemas, numa modalidade existencial diferente do que na vigília, mas contra o pano de fundo e com estrutura de articulação a priori, e também o sonho é de importância terapêutica capital para o analista existencial.Porque por meio da estrutura dos sonhos que ele é capaz, 204 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF primeiramente, de mostrar ao paciente a estrutura do seu ser-nomundo numa maneira geral, e, em também ele pode, nesta base, liberá-lo para a totalidade das possibilidades existenciais do ser, em outras palavras para a determinação aberta (Entshlossenheit): ele pode, para usar a expressão de Heidegger, “recuperar” (zurückholen) a existência de uma existência de sonhos para uma capacidade genuína de ser ela própria. (BERVIQUE, 2013, p. 96). Na Dasein análise, o sonhar deve ser reconhecido como um modo de existência, igualmente quando está acordada (BOSS, 1979 , p. 27). Boss sustenta que o sonhar assemelha-se ao estado desperto, em razão de o sonhador poder interferir ativamente na circunstância sonhada. Ele afirma que assim como a tomada de decisão voluntária referente a entes caracteriza tanto o estar desperto, quanto o sonhar, qualquer outro modo de comportamento aberto aos seres humanos acordados pode ocorrer também durante o sonhar (BOSS, 1979, p. 180). A primeira diferença que Boss faz entre o sonhar e a vigília é a maneira marcadamente diferenciada do campo de abertura perceptiva e liberdade, aberto e mantido pela existência do sonhador em ambos os estados (BOSS, 1979, p. 191). Em sua análise sobre a natureza do sonhar, ele se encontra com o aperto da abertura desempenhada no sonhar em oposição à amplidão da abertura presente para o indivíduo desperto. Há uma realidade diferente entre sonhar e estar desperto e, consequentemente, modos distintos de experienciar essas realidades. A existência de realidades paralelas: o sonhar e o estar desperto; é defendida por Boss através da constatação de que o sonhador, muitas vezes, reconhece que está sonhando e, assim, é capaz de distinguir que não está vivenciando eventos reais tais como os que são dados em vigília. (SANTOS, 2004 apud BOSS). Existem, segundo Boss, diferenças qualitativas na abertura dos dois estados: a abertura da experiência onírica é mais limitada que a do estado desperto. Essa limitação do mundo onírico reflete nos entes sonhados. Ao sonhar, os entes são apenas percebidos imediata e sensorialmente, e no presente, ao passo que no estado desperto além dos entes serem também percebidos de imediato, podem ainda ser recordados ou esperados. (SANTOS, 2004 apud BOSS). Boss (1977) relata sobre sonhos: “andar e sonhar, como duas Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 205 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA maneiras diferentes de realização da mesma histórica existência humana, estão fundamentalmente juntos na mesma existência” (p. 190), ou, “nós não temos sonhos, nós somos nossos sonhos” (Boss, 1963, p. 261). O sonho, para ele não é um conteúdo simbólico, como diziam Freud e Jung, mas uma contínua existência que encontra esclarecimento na continuidade das essências do estado consciente, o que é presente na fenomenologia de Boss é a probabilidade do acontecimento poder aparecer, sem a distorção das interpretações teóricas. O sonho desvela de sua maneira peculiar, sentidos conectados à mesma abertura, seja por meio das sensações, das imagens, das situações sonhadas, etc. (TORRES et al apud Boss, 1979). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS O sonho é um caminho para ser e o sentido da Dasein análise. Um caminho perto da autenticidade e distância dos diversos vícios intelectuais presentes na contemporaneidade herdados do pensamento moderno. O sonhar e o estar desperto é definido por Boss (1979) através da constatação de que o sonhador, muitas vezes, reconhece que esta sonhando e assim é capaz de distinguir que não está vivenciando eventos real tais como os que são em vigília. Após estudo de inúmeros sonhos, ele mostra que não existe ruptura entre o modo de ser no sonhar e o modo de ser na vigília. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERVIQUE, J. A. TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS Fenomenológicas, Existenciais e Humanísticas I. COLETÂNIA DE TEXTOS. pág. 96, 2013. BOSS, M. Na Noite Passada Eu Sonhei..., 3. ed. São Paulo: Summus,1979(1975). GINGER, S. Gestalt-Uma terapia de contato. Editora:Summus. GOMES, W. Influências da Fenomenologia e da Semiótica na Psicoterapia. PSICO. Vol. 12, pág. 127-144,1986. 206 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PERLS, F.S. Gestalt-terapia explicada. Editora:Summus, 1977. PERLS, F.S. A abordagem gestáltica e a testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar,1997. PORTELLA, D. C. P. et al. Existencialismo. Jornal Online Existencial. Edição Especial. Caderno de Temas Existenciais, 2000. SANTOS, Í. P. A. Sonho e alucinações visuais: Propostas fenomenológicas para sua compreensão, interpretação e intervenção psicológica. Perspectivas da Psicoterapia Existencial. Universidade Paulista-UNIP e Universidade Alvorada/DF, Brasil, 2004. TORRES, A. R. R. Esboço onírico na prática fenomenológicoexistencial. 2007. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 207 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 208 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PERDAS PARENTAIS LOPES, Mileni Cristina1 SANTOS, José Wellington dos2 1 Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF- Garça– SP – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Psicologia da FAEF- Garça- SP- Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Os seres humanos precisam do outro para se desenvolver melhor a sua personalidade, quando ocorre o rompimento deste vinculo acontece diversas disfunções, principalmente quando for uma pessoa amada. A morte do filho é considera uma dor intensa, cruel, dolorosa é difícil de aceitar, pois não seguiu o ciclo de vida normal, dos mais velhos partirem antes dos mais novos. Quando acontece ao contrario do filho morrer antes dos pais, podem ocorrer diversos sentimentos nos pais sendo o mais comum à culpa, pois sentem-se incapaz de ter feito alguma coisa para evitar ou salvar o filho da morte. Muitas vezes os casais se separam após a morte do filho, pois não encontram, mas razoes para continuarem juntos. PALAVRAS CHAVES: Filho, morte, pais e vínculos afetivos. ABSTRACT Humans need each other to better develop his personality, when the breaking of this bond occurs various disorders, especially when Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 209 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA a loved one occurs. The death of the child is considered an intense, cruel, painful pain is difficult to accept because it did not follow the normal life cycle, before departing for older youngsters. When it is the opposite of child die before their parents, many parents may experience feelings in the most common being to blame, because they feel incapable of having done something to avoid or save his son’s death. Often couples split up after the death of his son, did meet, but reasons to stay together. KEYWORDS: Son, death, parents and affective bonds. 1.INTRODUÇÃO A todo momento em nossas vidas nos deparamos com as perdas afetivas nos quais nos causam intenso sofrimento e dor, principalmente quando perdemos uma pessoa que seja realmente significativa para nós. E com bases nessas perdas que surgem diversas perguntas que buscamos respostas: como será a vida diária com a ausência da pessoa amada? Com bases nesse estudo focaremos nas perdas parentais de como os pais reagem após a perda de seu filho pela morte, será que é possível fazer o desligamento total desse vinculo? Ao longo desta pesquisa buscaremos respostas para tais perguntas. O objetivo geral desta pesquisa é investigar e compreender na literatura psicológica sobre as perdas parentais. A pesquisa será feita através da revisão de literatura através de textos que discutem sobre o tema, sites de apoio, artigos acadêmicos e livros. A realidade é o grande vilão do desejo, mas a realidade também é bondosa, pois como uma mãe que às vezes é dura, ela nos ensina a viver, a amar fazendo usufruir de tudo que a vida lhe oferece, apesar das perdas que sofremos ao longo da vida. Desde cedo presenciamos perdas, mas nossos educadores fazem de tudo para evitarmos o contato com este tal sofrimento, temos sentimentos negativos em relação à morte e a evitamos, portanto quando ficamos frente a frente com a morte não sabemos como lidarmos com ela. Quanto maior for o apego afetivo da pessoa amada, maior será o sofrimento causado pela perda (COMIN, 2004). O entorpecimento e a dificuldade de assimilar a perda são características marcantes do luto. A primeira sensação após sofrer 210 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF uma perda é de não acreditar no fato e a segunda sensação é de negação da morte. Nesse momento o apoio familiar e amigos são fundamentais no processo do luto, a dor da perda é muito intensa para quem o vivencia e o enlutado sente-se sensível perante este sofrimento, portanto o apoio emocional o ombro amigo as palavras de conforto devem ser vindas com sinceridade (SOUZA, 2012). Perder um filho é considerado a dor mais profunda, pois não é um evento normal, interrompe o ciclo de vida natural, o considerado normal é os pais morrerem antes do filho, quando acontece ao contrario quebra-se o paradigma normal do ciclo de vida, os pais sente-se severamente abalados com o fato, na qual a culpa são sentimentos comuns, acham-se incapazes de proteger o filho deixando-o morrerem (BRANDÃO, 2009). Durante a todo o momento de nossas vidas há faltas, e, portanto essas faltas nos trazem dor e sofrimento, pelo fato de não aceitar essa dor que ocorre o luto, e quando não aceitamos a perda a dor será maior. Sabemos que todo ser vivo tem inicio e infelizmente terá um fim, mesmo sabendo disto preferimos acreditar que tudo será eterno (COMIN, 2004). Cada pessoa elabora e usam recursos diferentes para enfrentar a dor da perda, cada um tem suas experiências, crenças e valores de acordo com o histórico de vida, a perda de um filho é considerado uma dor irreparável e injusta. (ALARCÃO, CARVALHO e PELLOSO, 2008). 2.ANALISE PSICOLOGICA DE PAIS QUE PERDERAM OS FILHOS PELA MORTE A dor da perda da pessoa amada é considerada uma dor terrível, deixa marcas para sempre, mais a perda de um filho segundo Gonzala (2006), é mil vezes pior, pois é uma dor injusta, profunda, extrema e afeta todos os membros da família, o social e a estrutura familiar (ALMEIDA, SANTOS e HASS, 2011citado por GONZALA, 2006). Embora a dor da perda do filho seja diferente para cada um dos pais, pois dependerá do vinculo afetivo que ambos os pais mantêm com o filho, se o vinculo entre filho e pais for muito forte, a dor da perda será devastadora e o luto perante essa dor será maior. A elaboração do luto dependerá de como ambos reagirá após a morte do filho, à dor Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 211 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pode ser tão intensa para alguns pais que eles nem consigam ajudar a si próprio (ALMEIDA, SANTOS e HASS, 2011). A forma na qual ocorre à morte é um fator que influência bastante no processo de luto, existem varias forma de a pessoa lidar com as perdas, em casos de perdas por patologias graves a pessoa ao longo do tempo vem se preparando, já em casos de perdas repentinas como acidentes e suicídios há um alto grau de culpa e rejeição de aceitar o fato da morte, são comuns os sentimentos de raiva pelo falecido pelo fato de tê-lo deixado sozinho ou porque não conseguiu fazer nada para que a morte fosse evitada. A morte de um filho inesperada traz intensos conflitos para os pais, o processo de elaboração é complicado causando desorganização, sentimentos de impotência e principalmente sentem-se culpados com a morte (PASSARO, GERARDI apud CASSELLATO, 1998). Na morte inesperada não deu tempo de fazer despedidas do falecido, nesse caso não ocorreu nenhum luto antecipatório. Ao saber que o filho não existirá e não será mais membro da família é muito doloroso, causando nos pais a sensação de falha e irresponsabilidade na criação dos filhos (BRANDÃO, 2009, citado por BROWN, 1995). Como no caso do incêndio da boate Kiss ocorrido em 27 de Janeiro de 2013 em Santa Maria (RS), vários pais perderam seus filhos em um único dia. O que era para ser uma festa, uma diversão para os jovens se tornou em tragédia, que levou mais de 240 jovens a morte. Os pais deram autonomia para seus filhos, na qual todos os jovens buscam, naquele dia seria mais um dia de diversão, entretenimento e lazer para os jovens, nunca se imaginou que a diversão se tornaria em tragédia. A morte não esperada dos filhos causou um grande choque inicial para os pais quando souberam da noticia (SOUZA, 2012). Em relato de uma mãe que perdeu sua filha após incêndio na boate Kiss: Após um ano da tragédia na boate Kiss em Santa Maria, Ligiane Righi da Silva mãe de uma das vitimas relata que ainda sente a presença da filha Adrielle em quase todos os momentos, disse que algumas vezes nas refeições em família coloca um prato de comida na mesa para a filha que morreu. A mãe da vitima ainda relatou que luta na justiça para punir os envolvidos, pois quer um ambiente de maior segurança para sua outra filha viva.(http:// www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2014/01/26/ interna_brasil,486170/mae-de-vitima-da-boate-kiss-diz-que-ainda-colocaprato-na-mesa-para-filha.shtml). 212 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Ao perder um filho perdem-se muitas perspectivas de futuro, pois é neles que os pais depositam sonhos, desejos e projetos de futuro, um filho não é somente uma extensão biológica como também psicológica pelo fato de todo amor, carinho, dedicação, atenção que são investidos neles. Ao perder um filho, perdem-se parte de si próprio (BRANDÃO, 2009). O tempo é o melhor remédio, só ele dará o conforto necessário, só com o tempo os pais conseguiram entender o que de fato ocorreu e começam a reorganizarem suas vidas conforme o possível (PASSARO e GERARDI citado por VIORST 2004). Diante de uma morte cuja causa não é natural crescem os sentimentos de incompreensão, injustiça e revolta. A perda torna-se inaceitável, por tirar dos seus filhos o direito de viver, diferentemente de quando a morte acontece pelo processo natural de envelhecimento ou doença. Quando ela ocorre por ato de crueldade dos homens se torna inadmissível e inconfortável para as mães (ALARCÃO; CARVALHO E PELLOSO, 2008). As mães são aquelas que talvez sintam mais culpadas pela morte, pois tem a crença que poderia ter feito algo na qual tivesse evitado a morte e ter salvo o filho, também podem pensar que cometeu um pecado por não cumprir os deveres maternos e o ter deixado o filho morrer antes dela. A partir do momento que este ligamento afetivo é rompido inesperadamente, o sistema familiar muda, os pais tem a sensação de fracasso em relação à criação do filho, sentem-se incapazes de serem cuidadores. Quando a morte é inesperada há grandes chances de luto perturbado. Para superar a perda inesperada os pais necessitam de tempo para se ajustar-se a vida sem o filho, deverá ajustar-se ao novo modelo do funcionamento familiar, quanto mais dramático for à morte do filho maior será o tempo para assimilar a nova situação, nesse caso a perda de interesse pelo mundo externo é comum perante a fatalidade que sofreu (ALMEIDA, SANTOS e HASS, 2011). A mãe ao perder um filho de uma maneira brusca e inesperada, o sentimento de perda é irreparável é comum que esse sentimento ao longo do tempo se agrave, levando a não aceitação da morte, levando a desorganização em sua vida diária e impotência. Para uma mãe o sentimento pelo filho continua preservados e sempre são revividos em lembranças. (ALARCÃ, CARVALHO E PELLOSO, 2008). Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 213 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O choque da perda dos filhos causa um grande impacto na vida diária dos pais, segundo os autores Casellato e Motta (2002) são divididos em quatro dimensões, são elas: a individual, conjugal, familiar e a social. A seguir explicaremos as quatro dimensões (PASSARO, GERARDI citado por CASELLATO e MOTTA, 2002). A primeira dimensão é a individual é relatada por mães que vivenciaram a perda do filho, a mãe enlutada perde parte de si mesma, perde sua esperança de cuidadora e também perde sua identidade. Segundo Weiss (apud Coelho, 2000) o luto individual segue três principais tarefas na elaboração do luto, tais como: o fato de continuar a vida diária mantendo uma vida com qualidade seguindo adequadamente os papeis sociais (PASSARO e GERARDI citado por COELHO, 2000); A segunda dimensão é a conjugal, a morte do filho tem efeitos diferentes na vida do casal, pois cada um tem seu modo de pensar e reagir e lidar com o pesar, nesta fase pode ocorrer conflitos como problemas sexuais. Os pais têm sentimentos ambivalentes perante a morte, quebram-se padrões na vida do casal, es colocarem culpa no outro. O divorcio pode ocorrer nessa fase, pois o filho era o que mantinha o casal junto e sem ele não há razoes para os pais continuarem juntos; A terceira dimensão é a familiar, a perda causa grandes impactos no sistema familiar, a família deve se reorganizar perante a ausência do membro falecido, devem-se estabelecer regras e papeis para os membros sobreviventes. Portanto a família deve se readaptar e continuar a vida diária e sempre buscando manter o equilíbrio; A quarta e ultima dimensão é a social, a perda de um filho causa um grande impacto na vida dos pais, é um evento significativo, e a sociedade muitas vezes não sabe lidar com os pais enlutados e agem de forma inadequada. Muitos mitos e crenças são descritos pela sociedade tais como: os pais reagem da mesma forma ao perderem um filho, mais ao longo do tempo a dor passará e retornará a vida diária como era antes da perda ou também que não é o fim do mundo que ainda existem pessoas vivas que os amam (PASSARO e GERARDI, citado por CASSELATO e MOTTA, 2002). A morte de um jovem é interpretada como interrupção no seu ciclo biológico e isso provoca sentimentos de impotência, frustração, tristeza, dor, sofrimento 214 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e angústia. Sabe-se que a morte é um fato inevitável, contudo, é difícil aceitar que aconteça precocemente. Lidar com a morte é uma questão difícil, muito pior quando ocorre com um filho, isso porque a morte de um jovem é uma situação que não é naturalmente pensada pela família, pois o normal seria que os pais morressem antes na perspectiva do ciclo vital (ALARCÃO; CARVALHO E PELLOSO, 2008). Não importa qual seja a idade do falecimento do filho a dor será intensa, injusta e marcante para todos os membros da família. A morte quando ocorre no parto ainda não se estabeleceu um vinculo afetivo entre a família. O sentimento de culpa da mãe pode se estabelecer por não conseguir manter uma gravidez segura durante a gestação, nesse caso deve ser trabalhada a perda com ambos e o apoio familiar e de amigos são fundamentais nesse processo, se caso houver trauma nesse período é possível que haja separação do casal (BRANDÃO, 2009). Quando o bebê nasce com algum tipo de anomalias ou doenças crônicas e graves e leva a falecer logo nos primeiros dias ou meses de vida, os pais frequentemente têm sentimentos de frustação, pois foram depositados no bebê sonhos, expectativas, esperanças de uma vida melhor para o filho e não foi possível concretizar todos os desejos dos pais após a morte (BRANDÃO, 2009). A morte quando ocorre com o filho ainda criança, causa intensos conflitos e culpa dos pais por não serem capazes o suficiente para cuidar do filho, pois a criança precisa dos cuidados dos pais para sobreviver e manterem seguras. Os papeis da criança quando falecida influência diretamente de como os pais iram reagir, por exemplo, a perda de um único filho, morte em acidentes, única menina ou único menino entre irmãos esses tipos de mortes podem ser muito difíceis de fazer o luto (BRANDÃO, 2009). Quando a morte ocorre na adolescência, fase da vida complicada, tumultuada e estressante para pais e filhos. Nessa fase a maioria das mortes acontece por acidentes ou suicídio, assim o grau de ruptura tende a ser maior para os familiares e pais. Esse rompimento pode gerar conflitos em todos os membros da família, podendo ocorrer divorcio, depressão ou doença física, geralmente ocorre em filhos adolescentes vivos que presenciam a dor da perda (BRANDÃO, 2009). A morte do filho na vida adulta é profunda e injusta é uma dor Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 215 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA duradoura, é a fase na qual os filhos estão cheios de planos e desejos para o futuro. Os familiares sobreviventes ficam paralisados perante essa dor e perdem a motivação de continuar seus projetos de vida. Alguns pais tem dificuldade para lidarem com os filhos vivos e passam a terem sentimentos ambivalentes, por um lado temem em investir afetivamente no filho e novamente ocorrer à perda e já por outro lado superprotegem o filho com medo que o percam novamente. (BRANDÃO, 2009). Quanto maior for o investimento afetivo objetal, maior será a energia para o desligamento deste vinculo afetivo, então se imaginamos quanta energia será necessária para os pais se desligarem de seus filhos, se isso for possível, pois os pais que tiverem grandes vínculos com seus filhos nunca será possível romper afetivamente, mesmo que o fato da morte tenha ocorrido há muito anos (OLIVEIRA e LOPES, 2008). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Todos seres vivos irão passar pela experiência da morte ou presenciaram a morte de uma pessoa amada. Não é fácil lidar com as perdas é difícil aceitar e lidar com ela, pois é uma dor injusta e profunda. Portanto podemos considerar que a morte de um filho é ainda mais doloroso, pois acredita-se que deve seguir o ciclo de vida natural dos pais que são mais velhos partirem antes do filho que ainda é novo. Quando acontece a morte do filho os pais que realmente amaram seus filhos nunca se esquecerá do filho morto, sempre será lembrado, mesmo que a morte tenha ocorrido há muitos anos atrás. A morte repentina dos filhos causa ainda mais danos nos pais, pois é uma morte inesperada e com isso ficam-se buscando respostas intermináveis porque o filho e não “eu” que seria os pais. A culpa frequentemente é um sentimento comuns nos pais, pois acham-se que tinham dever de proteger sua prole, evitando qualquer dano e sofrimento ao filho. O filho é considerado como a continuação dos pais. Alguns pais vivem em função dos filhos e quando acontece o rompimento desse laços afetivo pela morte causam diversas disfunções na vida familiar, social e intima é comum nessa fase ocorrer separações do casal, pois o casal não vê mais nenhum motivo para estarem juntos. 216 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O luto patológico acontece quando os pais apesar da morte do filho ainda vivem em função do filho falecido e quando se tem outro filho surgem sentimentos ambivalentes em relação ao filho vivo, ao mesmo tempo que temem em investir afetivamente no filho e perder o filho novamente e por outro superprotegem com medo de perder novamente. É importante que os pais consigam retornar a vida diária, e aproveitar as pessoas vivas que estão ao seu lado. Não há formulas que façam os pais se desligarem dos filhos mortos e nem é possível, o único remédio é o tempo que lhe darão o conforto necessários e o apoio familiar perante o enlutado. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALARCÃO, A. C. J; CARVALHO, M. D. de B.; PELLOSO, S. M. A morte de um filho jovem em circunstancias violenta: Compreendendo a vivencia da mãe. Maringá, 2008. ALMEIDA, E. J. de; SANTOS, S. G; HASS, E. I. Padrões especiais em mães que perderam filhos por morte súbita. Revista de Psicologia da IMED, vol.3. p.607-616, Porto Alegre, 2011. SOUZA, A. P de. A morte de um ente querido: a espiritualidade como facilitadora do processo de luto. Belo Horizonte, 2012. PASSARO, B. M.; GERARDI, C. B. Como eu vivo é a maior homenagem para meu filho... São Paulo, 2006. BRANDÃO, F. R. M. A Repercussão da morte de um filho de um filho na organização e estrutura familiar: Uma revisão de literatura. S/ C, 2009. BOWLBY, J. Formação e Rompimentos dos Laços Afetivos. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 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Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF REVISÃO HISTÓRICO CRÍTICA SOBRE O ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE INFRATOR NO BRASIL E O PAPEL DO PSICOLOGO Danuza SAES1 1 Departamento de Psicologia, Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça – SP, Brasil, [email protected] RESUMO O atendimento ao adolescente infrator no Brasil se confunde com a história do atendimento à criança e adolescentes excluídos e marginalizados e as políticas de atendimento têm a marca do abandono e da punição. Apenas nas últimas décadas, a partir de forte movimento nacional e internacional, começaram a existir leis e políticas para garantir os direitos desta população, como o ECA, mas que ainda estão longe de serem efetivadas. Um dos avanços deste setor foi a inserção do trabalho do psicólogo que hoje já conta com suficientes regulamentações e reconhecimento. PALAVRAS – CHAVE: Adolescente Infrator, Psicólogo, ECA. ABSTRACT The offending adolescent care in Brazil is intertwined with the history of child care and excluded and marginalized young people and care policies have the mark of abandonment and punishment. Only in recent decades, from a strong domestic and international movement, began to be laws and policies to ensure the rights of this Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 219 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA population, such as ACE, but are still far from being effected. One of the advances in this sector was the inclusion of the work of the psychologist who today has sufficient regulations and recognition.. WORD KEYS: adolescent Offenders, psychologist, ECA INTRODUÇÃO Para compreendermos a inserção e contexto do trabalho do Psicólogo junto ao adolescente infrator, faz-se necessária uma contextualização histórica, cultural, social e política do atendimento a esta população não só por este profissional, mas por toda uma rede onde este se integra. Precisamos também compreender que ao falarmos de criança e adolescente estamos nos remetendo a um conceito circunscrito histórica, geográfica e culturalmente, pois, cada época e contexto deram sua própria interpretação sobre estes. (Ariés, 1981 ; Cruz e Guareschi; 2005) A invenção e construção destes termos, bem como, as condutas e políticas de atendimento estão relacionadas à intervenção social e controle que passaram pela exclusão, caridade, filantropia, eugenia, pela gestão e tutela de acordo com os interesses e relações de poder dominantes, portanto, as práticas de atendimento á criança e adolescente não podem ser pensadas sem levar em consideração estas forças. (Ariés, ; Cruz e Guareschi; 2005; Arantes, 2011) DESENVOLVIMENTO Desde o período da colonização brasileira, encontramos registros acerca destas práticas, que parecem deixar claro que não existia uma categoria universal de criança, pois, fossem elas portuguesas, escravas ou indígenas possuíam diferentes olhares e pareciam não compartilhar da mesma natureza humana. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes, 2009) As crianças indígenas brasileiras foram a via de acesso para que os jesuítas pudessem incutir nestes povos sua própria cultura e crença religiosa, para tanto, já se praticava o afastamento do convívio familiar e comunitário para o recolhimento em locais determinados 220 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pelos religiosos. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes, 2009) Em período, subseqüente surgem as rodas dos expostos, destinadas a recolher os filhos gerados em situações de adultério, miscigenação, entre outras que diferiam dos padrões exigidos pela família tradicional, lá eram simplesmente abandonados sem qualquer implicação para quem o fizesse. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes, 2009) As Casas de Misericórdia, colônias agrícolas e Orfanatos surgiram no sentido de dar algum apoio às crianças abandonadas; estas casas de caráter religioso subsistiam de donativos e espalharam – se pelo país, nelas as crianças viviam em péssimas condições e havia alto índice de mortalidade, sendo que as que sobreviviam eram encaminhadas precocemente ao trabalho, abandonadas ou dependiam da “caridade cristã”. (Priore e Venâncio, 2010; Arantes,2009) Com o Brasil independente, proclamada a República, a industrialização crescente e abolição da escravatura houve aumento do aglomerado urbano, piora na qualidade de vida da população e aumento da criminalidade. Assim, um grande número de pessoas, inclusive crianças e jovens, independentemente de suas idades, foram enviadas para as “Casas de Correção”, muitas vezes, por motivos injustificados. (Priore e Venâncio, 2010) Inicialmente, se a autoridade judiciária verificasse que houve discernimento, a criança receberia o mesmo tratamento de um adulto, mas nesta época começa a surgir uma preocupação com as crianças e adolescentes que cometessem delitos. (Arantes, 2009) Começa a surgir o termo “menor” para crianças abandonadas e supostamente criminosas e para estas busca-se uma tutela que tinha caráter correcional, repressivo e punitivo, justificada em nome da prevenção e do seu bem estar. (Arantes, 2009) Em 1861 é decretada a criação do Instituto de Menores e a Casa de Correção da Corte, para dar abrigo às crianças e aos jovens em situação de criminalidade, porém, estes locais só vão efetivamente surgir no final do Século XIX. (Marcílio, 2001) Nestas casas, o maior objetivo era a educação moral e religiosa e o instrumento utilizado para tanto eram os castigos corporais, o período de internação era longo: ia desde oito anos até a idade de Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 221 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA maioridade. Ao término desta internação, os jovens eram transferidos para escolas de guerra. (Marcílio, 2001) Em 1891 a maioridade penal é estabelecida aos nove anos, e houve a criação de um juízo específico para menores, mas em 1927 entra em vigor o Código de Menores, que estabeleceu a maioridade penal aos 18 anos e transformou o ‘menor’ em uma categoria jurídica. (Marcílio, 2001) Neste período, médicos, juristas e outros homens da ciência começaram a propagar idéias higienistas que preconizavam a pobreza e a hereditariedade como fatores determinantes do comportamento delitivo, assim, seria necessário o afastamento das crianças de seu ambiente sócio familiar a fim de que recebessem educação e hábitos adequados. (Oliva e Kauchakje, 2009) Em 1941, no governo Getúlio Vargas, é criado o SAM – Serviço de Assistência ao Menor, na tentativa de congregar o aparato público e instituições particulares, criando normas para seu funcionamento e atendimento, tendo caráter centralizador e baseado no Ministério da Justiça. (Cruz e Guareschi; 2005) Este órgão legitimava a doutrina da situação irregular e partia de posturas coercitivas e excludentes, bem como atendia precariamente as crianças, com instituições inchadas, grande número de fugas, rebeliões e denúncias de abusos e maus tratos, até que uma comissão de inquérito extingue o SAM. (Cruz e Guareschi; 2005) Em 1964 com o golpe Militar é criada a FUNABEM (Fundação Nacional de Bem Estar do Menor), subordinada financeira e administrativamente à Presidência, passa a tratar o menor como assunto de Segurança Nacional, herdando do SAM as locações, funcionários, internos e as práticas repressivas, não concretizou suas propostas originais de prevenção e descentralização e não melhorou a situação das crianças na prática. (Alves,2001; Cruz e Guareschi; 2005) Em 1976 a Funabem é extinta e passa a se chamar FEBEM ((Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor). Esta instituição era destinada a atender tanto crianças “abandonadas” quanto infratores. (Alves,2001; Guirado, 1985) Desde sua criação ela foi alvo de críticas por ser uma instituição conservadora, contrária à mudança, que resiste em romper com a 222 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF violência física e, ainda sofria de mazelas como escassez de funcionários, super lotação, inadequação dos espaços, prevalecendo o mal estar até mesmo entre os funcionários. (Guirado,1985; Lima, 2006) Em 2006 a FEBEM passa a se chamar Fundação Casa, com o intuito de marcar uma época de alteração, descentralização do atendimento, fim das grandes unidades, entre outras promessas. (disponível em www.fundacaocasa.sp.gov.br/) Em relação à legislação que regula o atendimento ao adolescente infrator vemos que houve um longo caminho que se iniciou com lutas e debates de âmbito nacional e internacional. (Oliva e Kauchakje, 2009) Os primeiros grandes marcos foram : a Declaração de Genebra de 1924 convenção e Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e convenção americana dos direitos Humanos de 1969. Tais documentos aliados a intensa mobilização, geraram debates que se refletiram no Brasil. (Lima,2006; Oliva e Kauchakje, 2009) A constituição de 1988 foi o primeiro dispositivo nacional a assegurar direitos das crianças e adolescentes. (Brasil, 1988) Em 1990 é promulgada a importante Lei 8069/90, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente. (Lima,2006; Brasil,1990) Trata-se de uma lei civilizatória que trouxe inúmeras inovações e avanços, pois, passa a tratar a criança e o adolescente como prioridade absoluta, como merecedores de proteção integral, pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e, mais que isso, os eleva a categoria de sujeitos e cidadãos. (CFP, 2011) Ele é dirigido á todas as crianças e adolescentes e rompe com a doutrina da situação irregular. Traz um grande avanço em relação ao adolescente infrator, pois, o responsabiliza, mas assegura ao mesmo direitos individuais e processuais. (CFP, 2010 e 2011) Determina medidas sócio educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços a comunidade, liberdade Assistida, Semiliberdade e Internação; que deverão ser impetradas de acordo com a natureza do ato, bem como, capacidade do adolescente e o afastamento do convívio social que sempre deverá respeitar os princípios de brevidade e excepcionalidade. (Brasil,1990, CFP, 2010) Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 223 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA As medidas, segundo o ECA, devem ser cumpridas segundo algumas prerrogativas, assegurando-se sempre ao adolescente, em qualquer uma delas, as condições de vida,saúde,educação,bem como, atendimento adequado. (Brasil,1990. CFP, 2010) Em 2006, complementado a implementação do Eca, surge o SINASE (Sistema Nacional De Atendimento Sócio Educativo) que organizado pela Secretaria Nacional de direitos Humanos e Conselho Nacional dos direitos da Criança e do Adolescente, visa enfrentar as situações de violências e violações de direitos no cumprimento de medidas sócio educativas. (Brasília,2006) Ele busca ser um sistema integrado que articula as diversas esferas de poder e de atendimento ligadas às medidas sócio educativas e, ainda, formular diretrizes de atendimento. (Brasília,2006) Diante de todo este avanço, ainda nos defrontamos com situações reais de violência e violação e direitos conforme constatação realizada por inspeção nas Unidades de Internação de todo os país realizada em parceria entre a OAB e o conselho Federal de Psicologia. (CFP, 2006) Este documento comprova que de forma generalizada pelo país nos defrontamos com situação de barbárie e péssimo atendimento nas medidas sócio educativas de internação. (CFP, 2006) Mas, sabemos que não cabe á apenas um conjunto de leis mudar a realidade e as práticas de uma sociedade, há ainda muitos desafios a resistir e combater. pois, ainda não há efetividade nas ações e promoção dos direitos da criança e adolescente em termos de políticas públicas. (Oliva e Kauchakje, 2009) Os centros de internação, em nosso país, ainda sofrem de precariedades, superlotação, condições de insalubridade, abusos, descasos, torturas físicas e psicológicas, assim, a prática institucional que predomina é a não socializadora composta por elementos de insegurança,medo e violência (Napoli, 2011; Coutinho e cols,2011) O que verificamos na prática é que as Instituições que prestam atendimento aos adolescentes infratores, em regime de internação, acabam por reproduzir a cultura presidiária, em suas regras, linguagens e ritos, em geral, são se mostram sistemas refratários e resistentes a mudança. (Lima, 2006) 224 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A internação possui, na verdade, um tríplice aspecto: punir, intimidar e recuperar o infrator, contudo, esses três aspectos não se coadunam e um impede a realização do outro. (Jessé,1998) Os sistemas fechados não dão possibilidades de êxito aos profissionais responsáveis pelo tratamento, já que os agentes não podem conciliar uma tarefa custodial com uma missão terapêutica, assim, as medidas em meio aberto vêm sendo amplamente utilizadas no mundo inteiro. (Jessé,1998) As instituições fechadas são claras representantes do que denominaram como instituições totais, isto é, espaços destinados ao controle social e perpetuação do status quo vigente, pois, controlam a vida dos indivíduos a ela submetidos que são desapropriados de sua individualidade através das regras que os impõe. (Foucault 1999; Goffman (1987) Nestas instituições prevalecem as relações sociais autoritárias e até mesmo violentas, sendo que esta violência vai desde a humilhação até o dano físico. E em resposta os internados criam sistemas próprios para burlar as leis institucionais impostas, desenvolvem uma linguagem própria e controles sociais informais. (Goffman ,1987) O que impera nestas instituições são as relações de poder, um grupo é “subordinado” a outro que vai remodelar e vigiar o primeiro,é o poder da disciplina na “construção” e controle dos indivíduos. Vemos ainda que, o exame e a avaliação dos “internados” é um dos instrumentos de reprodução e manutenção do poder e da disciplina. (Foucault, 2008) Não podemos desconsiderar o sofrimento emocional que é produzido nos funcionários através das relações que são estabelecidas neste contexto que, muitas vezes, tendem a reproduzir a cultura vigente da violência, do poder e da submissão. (Lima, 2006) O ECA, na exigência do trabalho multiprofissional ao adolescente infrator, assegurou a inserção e manutenção do psicólogo nas instituições que prestam este tipo de atendimento, assim, se por um lado abre-se um fértil campo de trabalho, por outro temos de nos posicionar profissionalmente no enfrentamento das mazelas que ainda fazem parte destes contextos. (CFP, 2010) As questões relacionadas ao trabalho do psicólogo junto ao adolescente infrator e em medidas sócio educativas é tão complexa, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 225 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que o próprio Conselho Federal de Psicologia tem se mobilizado em reflexões e debates que se refletiram no seminário Nacional sobre a Atuação dos psicólogos junto aos adolescentes privados de Liberdade que ocorreu em 2006, bem como, na Cartilha de Referências técnicas para atuação de psicólogos no âmbito das medidas sócio educativas em Unidades de Internação (CFP, 2006;CFP,2010) O psicólogo que atua inserido neste sistema de atendimento necessita refletir sobre seu papel nele, pois, ele tem como obrigação realizar uma intervenção crítica e transformadora, eximindo-se de preconceitos e estigmas, promover condições para combater todas as violações que ali ocorrem, sem qualquer neutralidade neste sentido. (KOLLER, 2002; CFP, 2010) Sua contribuição vai além de subsidiar decisões judiciais, ele deve prestar um atendimento de qualidade ao adolescente que infraciona, considerando o contexto de sua história , sua subjetividade,bem como, situando-o em um contexto social, político e cultural, compreendo todas as variáveis implicadas em seu comportamento. (CFP, 2010) Ainda, deve ter conhecimento teórico e técnico vasto na área, bem como, de todos os documentos, normativas e regulamentações que o embasam, não restringindo seu trabalho a elaboração de relatórios, mas sim abarcara aplicação de todas as suas técnicas na rotina de atendimento, nas mais diversas situações e contextos, proporcionado experiências terapêuticas e de ressignificação. (KOLLER, 2002; CFP, 2010) CONCLUSÃO Ao longo da história da humanidade e em diferentes civilizações, crianças e adolescentes vêm sendo tratados de forma desrespeitosa, vítimas de todo tipo de violência, mas muitos avanços ocorreram com base em lutas, debates, que geraram legislações e mudanças institucionais. Mas, ainda há muito que se conquistar, pois, é necessário implementar e aprimorar o Eca para transformá-lo em realidade para toda a população. As medidas sócio educativas carecem de efetividade e ainda são pautadas em modelos de disseminação e manutenção da violência e 226 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF do sofrimento, e as políticas públicas pouco respaldo oferecem para uma mudança efetiva nestas práticas. Uma das grandes conquistas no atendimento ao adolescente infrator foi a obrigatoriedade de atendimento Psicossocial, o que assegurou a atuação do Psicólogo nesta área, abrindo-se um grande campo de trabalho, bem como, de intervenção junto a esta população. Hoje já é possível para este profissional, contar com Referenciais técnicos que dão suporte a sua atuação, que deve ser pautada em amplo conhecimento teórico e técnico, bem como, em posicionamentos éticos e humanizadores. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.F.T. Efeitos da internação sobre a psicodinâmica de adolescentes autores de ato infracional. São Paulo, 2001. 230p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 2001. ARANTES, E.M.M. Proteção Integral à Criança e ao Adolescente: Proteção Versus Autonomia. Revista Psicologia Clínica, vol 21, n2, 431-450pp, Rio de Janeiro, 2009. ARIES, p. História social da Criança e da Família, Editora LTC, 1981. BRAMBILLA,B.B.; AVOGLIA, H.R.C. 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E-mail para contato: [email protected] Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF – Garça – SPBrasil - http://www.grupofaef.edu.br/ RESUMO Em decorrência dos altos índices de divórcio no Brasil constatase que muitas são as marcas deixadas nos cônjuges e filhos, sendo essas muitas vezes desencadeadas por sentimentos de ódio, raiva, repulsa, vingança, mentiras e contradições. Por meio desses sentimentos instigam os filhos a que desenvolvam atitudes e sentimentos negativos contra o cônjuge que não detém a guarda. O presente estudo objetiva traçar o perfil do genitor alienador bem como identificar como esse genitor age em relação aos filhos e genitor alienado. Palavras-chave: Alienador. Perfil. Divórcio. Sindrome Alienação Parental. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 231 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Due to the high divorce rates in Brazil-it appears that many are the marks left on spouses and children, and these often triggered by feelings of hatred, anger, disgust, revenge, lies and contradictions. By means of these feelings entice children to develop negative attitudes and feelings toward the spouse who has custody. This study aims to profile the alienating parent and to identify how this parent acts in relation to the children and the alienated parent. Keywords: Divorce. Parental Alienation Syndrome. Alienating. Profile. INTRODUÇÃO Em 2011, o Brasil registrou a maior taxa de divórcios desde 1984, chegando a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 243.224. O casamento também aumentou, em 2011 foram registrados 1.026.736 casamentos, 5% a mais que no ano anterior. O ano de 2011 foi o primeiro no qual as novas regras foram observadas, revelando que o número de separações caiu de 67.623 processos ou escrituras, em 2010, para 7.774 e a taxa de divórcio aumentou. O aumento do número de divórcios ocorreu devido à aprovação da Emenda Constitucional nº 66 que eliminou os prazos para o divórcio ao extinguir o instituto da separação judicial, evitando os longos processos em que se buscava quem era o culpado pelo fim do casamento (IBGE, 2011). Verificou-se, também, que as mulheres ainda são a maioria na responsabilidade pela guarda dos filhos. Entretanto, houve um aumento de 5,4% na guarda compartilhada, que representa mais que o dobro do verificado em 2001. A guarda compartilhada foi mais frequente no Pará e no Distrito Federal. A Lei 11.698/2008 prevê que, sempre que for possível, a guarda compartilhada, modelo de convivência em que pai e mãe se responsabilizam conjuntamente pela educação e cuidado com os filhos, deverá ser decretada pelo juiz (ANOREG/DF, 2013). Diante da realidade do divórcio no Brasil e, em se tratando do evento mais estressante no ciclo de vida dos indivíduos, verifica-se 232 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que as consequências nos filhos são preocupantes e significativas. A saída de um dos pais da residência não é a única mudança na vida dos filhos que acompanha o divórcio parental. Podem acontecer: declínio econômico, mudança de casa e de escola e afastamento de amigos (AMATO, 2001; HETHERINGTON; STANLEY-HAGAN, 1999). Neste sentido, Souza (1999) acrescenta outras mudanças, tais como, menos acesso a avós, menos contato com um dos pais, instabilidade produzida e o possível prolongamento do conflito parental através de disputas de guarda e pensão. O recasamento também pode ser encarado como uma das possíveis consequências, criando uma teia complexa de relacionamentos (DANTAS at al., 2004). A literatura científica tem explorado e descrito numerosos fatores que contribuem para as adaptações que o ajustamento de crianças e adolescentes pós-divórcio enfrentarão como o tempo de separação, as características da personalidade desses, sua idade na ocasião da separação, o gênero, o nível de conflito entre os pais e a qualidade da parentalidade (AMATO, 2006). Segundo Alemão (2012), no Brasil, a Alienação Parental surgiu com mais intensidade quase simultaneamente com a Europa em 2002, mas entrou em vigor em 2010. Conforme o art. 2º da Lei 12.318/10 (BRASIL, 2010) que passou a ser uma das mais recentes conquistas, ligada à garantia da convivência familiar e direitos da criança e do adolescente: Considera-se ato de Alienação Parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. O artigo 1º da Lei 12.318/10 (BRASIL, 2010) define ainda a Alienação Parental como sendo: “(...) ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este” (LAP, 2010: art.1º). Quando no divórcio a guarda dos filhos não é compartilhada entre os pais a probabilidade de ocorrência da Síndrome da Alienação Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 233 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Parental – SAP é significativa. Segundo Trindade (2007), essa síndrome é um transtorno de ordem psicológica que agrega sintomas em que um genitor – denominado alienador - mediante várias estratégias visa o impedimento e destruição de seus vínculos com o outro genitor – denominado alienante – sem que se tenham motivos reais e relevantes para essa prática. No entanto, a literatura existente sobre o assunto enfatiza, em sua maioria, os reflexos da SAP nas crianças envolvidas, no entanto, muito pouco se procura esclarecer o perfil do alienador nessa prática. O alienador é, na maioria das vezes, a mãe por ser detentora da guarda monoparental muito utilizada no Brasil, pois tem mais tempo de se relacionar com a criança, e ainda por quase sempre estar movida pela raiva e ressentimento decorrentes do fim do relacionamento conjugal. O alienador pode ser ainda avós, familiares, padrasto/madrasta, pai e amigos que exerçam esse papel com o objetivo de dificultar a relação entre a criança e o cônjuge alienado (SILVA, 2011). O presente artigo tem o intuito de estudar a Alienação Parental no tocante ao perfil do alienador os diversos motivos que o levam a manipular a criança até afastá-la do cônjuge alienado caracterizando a Síndrome de Alienação Parental (SAP). PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DO ALIENADOR Silva (2011) descreve o perfil psicológico do alienador como exercendo o papel de “vítima “perante outros profissionais, amigos e Judiciário; esquizo-paranóide que consegue fazer uma divisão rígida das pessoas em “boas “ (a favor dela) e “más”(contra ela) sentindose perseguido, injustiçado e indefeso; psicopata que não sente culpa ou remorso, não tendo a mínima consideração pelo sofrimento alheio (filhos), nem respeitando regras, leis e sentenças judiciais. Alemão (2012 apud Trindade, 2007) descreveu amplamente as características, condutas, comportamentos e sentimentos do genitor alienador, a saber: 1- Comportamentos: dependência; baixa autoestima; condutas de não respeitar as regras; hábito contumaz de atacar as decisões judiciais; litigância como forma de manter aceso o conflito familiar 234 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e de negar a perda; sedução e manipulação; dominância e imposição; queixumes; histórias de desamparo ou, ao contrário, de vitórias afetivas; resistência a ser avaliado e; resistência recusa, ou falso interesse pelo tratamento. 2. Condutas: apresentar o novo cônjuge como novo pai ou nova mãe; interceptar cartas, e-mail s, telefonemas, recados, pacotes destinados aos filhos; desvalorizar o outro cônjuge perante terceiros; desqualificar o outro cônjuge para os filhos; recusar informações em relação aos filhos (escola, passeios, aniversários, festas etc.); falar de modo descortês do novo cônjuge do outro genitor; impedir visitação; “esquecer” de transmitir avisos importantes/compromissos (médicos, escolares, etc.); envolver pessoas na lavagem emocional dos filhos; tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar o outro; trocar nomes (atos falhos) o sobrenomes; impedir o outro cônjuge de receber informações sobre os filhos; sair de férias e deixar os filhos com outras pessoas; alegar que o outro cônjuge não tem disponibilidade para os filhos; falar das roupas que o outro cônjuge comprou para os filhos ou proibi-los de usá-las; ameaçar punir os filhos caso eles tentem se aproximar do outro cônjuge; culpar o outro cônjuge pelo comportamento dos filhos e; ocupar os filhos no horário destinado a ficarem com o outro; 3. Outros comportamentos: obstrução a todo contato; falsas denúncias de abuso físico, emocional ou sexual; deterioração da relação após a separação e; reação de medo da parte dos filhos. 4. Sentimentos: destruição, ódio e raiva; inveja e ciúmes; incapacidade de gratidão; superproteção dos filhos; desejos (e comportamentos) de mudanças súbitas ou radicais (hábitos, cidade, país) e; medo e incapacidade perante a vida, ou poder excessivo (onipotência). Para Gardner (2002) o alienador também possui comportamentos típicos para essa prática, tais como: recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos; organizar várias atividades com os filhos durante o período que o outro genitor deve normalmente exercer o direito de visitas; apresentar o novo cônjuge aos filhos como sua nova mãe ou seu novo pai e por vezes insistir que a criança utilize esse tratamento pessoal; interceptar as cartas e os pacotes mandados aos filhos; desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos; recusar informações ao outro genitor sobre as atividades em que os filhos estão envolvidos (esportes atividades escolares, grupos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 235 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA teatrais, escotismo, etc.); falar de maneira descortês ao novo cônjuge do outro genitor; impedir o outro genitor de exercer seu direito de visita; “esquecer” de avisar o outro genitor de compromissos importantes (dentistas, médicos, psicólogos); envolver pessoas próximas (sua mãe, seu novo cônjuge, etc.) na lavagem cerebral de seus filhos; tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor (escolha da religião, escolha da escola, etc.); trocar (ou tentar trocar) seus nome e sobrenomes; impedir o outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou médicas dos filhos; sair de férias sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira ocupar-se dos filhos; falar aos filhos que a roupa que o outro genitor comprou é feia, e proibi-los de usá-las; ameaçar punir os filhos se eles telefonarem, escreverem, ou a se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira; culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos. Segundo Silva (2011 apud Lippian, 2004) além das habituais estratégias utilizadas pelo alienador, existe uma caracterizada ainda como a mais sórdida delas a qual caracteriza o nível grave da SAP que é a falsa acusação de abuso sexual, identificada cada vez mais nas Delegacias de Polícia de todo o país. Nestes casos, a veracidade ou a falsidade do abuso sexual deverá ser investigada. Não são raras as interpretações ou memórias equivocadas por parte da criança e a submissão ao adulto que levem o menor a mentir sobre o suposto abuso sexual e a formular denúncias, cabendo aos profissionais envolvidos manter o distanciamento necessário para a apuração dos fatos. Cabe aqui enfatizar a necessidade de um trabalho multidisciplinar para esses casos mais complexos (SILVA, 2011 apud PILLAI, 2005). A indução dos filhos a formular falsas acusações de abuso sexual contra o pai alienado, além de ser um ato lesivo à moral, e que depreciará para sempre a vida de quem foi acusado, em determinados momentos da vida dos filhos essa “manobra sórdida” encontrará espaço no desenvolvimento psicossexual infantil (SILVA, 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo objetivou identificar o perfil do alienador na Síndrome de Alienação Parental e constatou-se, entre outras 236 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF características que o mesmo age de forma a agredir e se vingar do cônjuge alienado por motivos decorrentes de um relacionamento anteriormente desgastado culminando em divórcio, utilizando-se de meios sórdidos com envolvimento dos filhos que detém a guarda, levando-os a destruição de vínculos com o alienado e consequências emocionais irreparáveis na vida adulta. Verificou-se que por questões culturais, a guarda materna ainda é adotada de forma majoritária no país, o que contribui, e muito, para o aumento da Alienação Parental. Acredita-se que com o exercício da guarda compartilhada entre pai e mãe, na divisão das responsabilidades sobre os filhos ajudaria no equilíbrio da relação evitando maiores desgastes. Cabe ainda salientar que o rompimento de vínculo matrimonial, em hipótese alguma, deve afetar os filhos com ou sem influencia de um dos pais, pois os mesmos devem ser protegidos de quaisquer efeitos que o divórcio possa causar. Por se tratar de uma problemática bastante ampla, não se esgotaram todos os aspectos a serem investigados, sendo assim, novos estudos devem ser realizados no sentido de detectar os motivos que levam o alienador a agir dessa forma, para suprir a lacuna hoje existente no tocante ao apoio preventivo às famílias em crise em seus relacionamentos conjugais e bem como atendimento psicológico ao alienador que, por vezes, já apresenta indícios de tal prática alienante dentro do vínculo conjugal mesmo antes do divórcio. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ALEMÃO, K.A. Sindrome de Alienação Parental (SAP). In Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n.99, abril 2012. AMATO, P. R. Sentindo-se preso entre os pais: relações adultos das crianças com os pais e bem-estar subjetivo. Journal of Marriage and Family, 68 (1), 2006, p. 222-235. ASSOCIAÇÃO DOS NOTICIÁRIOS E REGISTRADORES DO DISTRITO FEDERAL (ANOREG/DF). Brasil registra a maior taxa de divórcios desde 1984. Bem Paraná, 2013. 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Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: REFLEXOS NA FAMÍLIA ENLUTADA HANDA, Luciana Zombini1 FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues2 1 2 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF . E-mail para contato: [email protected] Pedagoga, Orientadora Educacional, Psicóloga clínica e Docente Mestre do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. E-mail para contato: [email protected] RESUMO Diversas são as causas que levam o adolescente à prática do suicídio, no entanto, as estatísticas não apresentam os reais motivos em virtude principalmente de fatores familiares como a ocultação, sentimentos de culpa e vergonha, entre outros. A literatura existente relata exaustivamente as causas do suicídio na adolescência, mas na sua minoria, dá ênfase à família enlutada. Assim, este estudo objetiva investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os reflexos na família em casos de suicídio na adolescência, os sentimentos envolvidos, enfim, o lidar com o período de luto. Palavras-chave: Adolescência. Enfrentamento. Família. Suicídio. . ABSTRACT There are several causes that lead adolescents to commit suicide, however, the statistics do not show the real reasons mainly due to Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 239 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA family factors such as concealment, feelings of guilt and shame, among others. The existing literature extensively reports the causes of suicide in adolescence, but in his minority, emphasizes the bereaved family. Thus, this study investigates, from a literature search, the reflexes in the family in cases of suicide in adolescence, the feelings involved, finally, the deal with the mourning period. Keywords: Adolescence. Coping. Family. Suicide. INTRODUÇÃO Segundo Avanci (2004), a adolescência foi descrita de acordo com o paradigma biomédico, como uma fase do desenvolvimento humano de transição entre a infância e a vida adulta, na segunda década da vida, notada principalmente pelas transformações biológicas na puberdade e relacionadas a maturidade biopsicossocial. Essas transformações são apresentadas como elementares da vida dos indivíduos, o que leva a identificar a adolescência como sendo um período crítico, norteado de momentos de definições de identidade sexual, profissional, de valores e sujeito a crises que muitas vezes são tratadas como patológicas. Vários aspectos influenciam no processo de adolescer, entre eles a família e a sociedade. Esses caminham juntos ao processo biológico contribuindo positiva ou negativamente para a formação do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000) aponta o suicídio como um problema de saúde publica mundial estando em muitos países entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 a 44 anos e a segunda causa de morte entre indivíduos de 10 a 24 anos. No entanto, essas estatísticas não são confiáveis e muitas vezes são subestimadas devido às alterações nos atestados de óbito solicitadas pela família e a própria sociedade em virtude do estigma que essa prática oferece. As estatísticas não apresentam reais motivos nos casos concretos em virtude de vários fatores, sendo a ocultação e a vergonha, os principais deles (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013). Alguns pesquisadores (ARAUJO; VIEIRA; COUTINHO, 2010) apontam como principais fatores de risco para o suicídio na adolescência a presença de sintomas depressivos, tais como: sentimentos de tristeza, desesperança, falta de motivação, depreciação de humor, perda ou ganho significativo de peso, 240 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF problemas de sono, capacidade diminuída de pensar ou concentrarse. Um estudo de Scavacini (2013) apresenta como principais causas do suicídio na adolescência a depressão, os problemas familiares, envolvimento com drogas, bulling, falta de amigos, insegurança, baixa auto-estima, dificuldade em lidar com as pressões impostas pela sociedade (escolha de carreira, primeiro emprego, adaptação ao meio), discriminação social e racial. Segundo Dutra (2002) a solidão é um sentimento muito comum entre os adolescentes que cometem suicídio. Nestes casos, os jovens relatavam sentirem falta de amigos e reclamavam não ter ninguém para dividir experiências e tristezas, apresentando maior probabilidade de desenvolver problemas emocionais, comportamentais e afetivos. Diante da prática do suicídio existem os “sobreviventes” que não são somente os familiares, mas também os amigos de escola, comunidade, igreja e até mesmo a pessoa que atropela um suicida têm a necessidade de cuidados por meio de grupos de apoio (SCAVACINI, 2013). Conforme verificado, a literatura existente sobre o suicídio na adolescência relata exaustivamente suas causas nessa fase do desenvolvimento humano, mas, sem dar ênfase aos reflexos desse ato na família enlutada. Dada a relevância que a perda de um membro da família tem tanto para o indivíduo como para todo o sistema familiar, bem como os efeitos e implicações das diferentes formas de se lidar e de se compreender a morte, considera-se a necessidade de estudos que propiciem a abordagem e a reflexão sobre como ela é vivenciada no âmbito individual e familiar, uma vez que a experiência da perda por morte será inevitável em algum momento da trajetória de vida de todo ser humano, e mais especificamente, quando se trata de morte violenta como o suicídio (BARBOSA, 2011). No sentido de diminuir a lacuna existente na literatura conforme exposto acima, esta pesquisa tem como objetivo investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os reflexos na família enlutada em casos de suicídio na adolescência. REFLEXOS NOS FAMILIARES ENLUTADOS São denominados “sobreviventes” todas as pessoas afetadas por um suicídio: pais, filhos, irmãos, familiares, amigos, colegas etc. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 241 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Também são consideradas sobreviventes pessoas que perderam alguém significativo por suicídio e aquelas que tiveram a vida afetada ou mudada por causa dessa morte (SCAVACINI K. 2003). Vários sentimentos podem ocorrer nos membros da família dos adolescentes que cometeram suicídio, em especial, nos pais enlutados. A morte de um filho pode representar a impotência do amor dos pais para evitar esse evento final, podendo colocar em dúvida a qualidade desse amor, como se tivesse fracassado. Eles podem ainda sentirem-se culpados por sobreviverem ao filho (OLIVEIRA; LOPES, 2008). Segundo Laplanche e Pontalis (2004) na morte abrupta ocorre uma ruptura brusca no investimento objetal, emergindo a pulsão de morte, que é uma categoria fundamental das pulsões que se contrapõem à de vida, tendendo à autodestruição. Esta pode ser ainda maior quando a morte foi violenta, com mutilação do corpo, e principalmente quando ocorreu por suicídio, suscitando um forte sentimento de culpa, fracasso e impotência. Não é raro ocorrer nesses pais momentos de sofrimento psíquico ou mesmo somático em datas especiais como aniversário de morte ou nascimento. Podem ocorrer ainda sintomas de pânico, boca seca e outras indicações da atividade do sistema nervoso autônomo relacionadas ao período de dor. Alguns também podem apresentar ideação suicida (PARKES, 1988; OLIVEIRA, 2008). O traço mais característico do luto não é a depressão profunda, mas sim, episódios agudos de dor, com muita saudade e dor psíquica. Observa-se ainda que o refúgio no alcoolismo representa uma saída encontrada para aqueles familiares que já bebiam e apresentavam um ajustamento psíquico precário (PARKES, 1998 apud OLIVEIRA, 2008). O impacto da perda na família pode gerar uma crise por conta da necessidade de seus membros continuarem desempenhando os diversos papéis, com a sobrecarga do luto dos demais elementos da família, agravadas pelas reações próprias da sintomatologia do luto individual. Tal crise deverá ser então superada para que uma reorganização do sistema familiar possa ocorrer, implicando construção de uma nova identidade (BROMBERG, 1997). Uma morte brusca exige dos enlutados um rompimento repentino, de modo que não houve uma preparação prévia, o que é comum nos 242 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF casos de acidentes. Nestes casos, a questão conjugal merece atenção especial. Poucos estudos focalizam a experiência dos pais enlutados e, especialmente, os efeitos da experiência da perda sobre o relacionamento conjugal dos mesmos. Assim, dada a parentalidade e a conjugalidade, a vivência do luto pode promover maior aproximação ou distanciamento do casal enlutado (MORELLI, 2013). Da mesma forma, um profissional de saúde mental também pode auxiliar os membros de uma família a permanecerem conectados uns com os outros, poderá ocorrer um profundo impacto sobre o ajustamento a longo prazo da família após uma morte (BROWN, 2001). Neste sentido, Shneidman (1973) aponta a posvenção como qualquer ato apropriado e de ajuda que aconteça após o suicídio com o objetivo de auxiliar os sobreviventes a viver mais, com mais produtividade e menos estresse. São ações, atividades, intervenções, suporte e assistência para aqueles impactados por um suicídio completo, ou seja, os sobreviventes. É uma ferramenta reconhecida mundialmente como um componente importante no cuidado da saúde mental dessas pessoas. A pósvenção tem o objetivo de trazer alívio dos efeitos relacionados com o sofrimento e a perda. Prevenir o aparecimento de reações adversas e complicações do luto. Minimizar o risco de comportamento suicida nos enlutados por suicídio. Promover resistência e enfrentamento em sobreviventes (BEAUTRAIS, 2004; SCAVACINI, 2011; FUKUMITSU, 2013). No Brasil ainda faltam Políticas Públicas para implantação da posvenção nas redes de atendimento aos familiares enlutados. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo objetivou identificar e enfatizar os reflexos da prática do suicídio de adolescente na família enlutada, mais especificamente os sentimentos de culpa, vergonha e dor ao lidar com o período de luto, crises familiares decorrentes da morte por suicídio de um filho e adaptação familiar. Também objetivou sensibilizar os adolescentes com ideação suicida dos reflexos que seus atos poderão ocasionar na família nuclear. Diante dessas problemáticas enfrentadas pela família enlutada, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 243 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA o apoio por meio de intervenção comunitária tem um papel extremamente importante. Na verdade, sendo o luto uma reação à privação ou perda, a dificuldade de envolvimento e integração social no decurso do luto pode representar um obstáculo ao curso do desenvolvimento saudável do processo (YOUNG; PAPADATOU, 2003 apud REBELO, 2003). Por meio da partilha das emoções do luto vividas ou em curso, segundo Rebelo Rebelo (2003), em grupos de discussão temática, as pessoas em luto encontram saídas individuais para os problemas de conflito social inerentes às fases de indiferença e desorganização emocional do processo. Por se tratar de uma problemática bastante ampla, não se esgotaram todos os aspectos a serem investigados, sendo assim, novos estudos devem ser realizados no sentido de ajudar familiares e profissionais da área da saúde no enfrentamento do luto e suas consequências, principalmente à criação de políticas publicas tão necessárias para suprir a lacuna hoje existente no tocante ao apoio preventivo a adolescentes e aos familiares enlutados. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ARAUJO, L, C; VIEIRA, K; COUTINHO, M. Ideação suicida na adolescência: um enfoque psicossociológico no contexto do ensino médio. Psico-USF,(15)1:47-57, 2010. AVANCI, R.C., O adolescente que tenta suicídio: estudo epistemológico em uma unidade de emergência. Ribeirão Preto 2004 BARBOSA, C.G.; MELCHIORI,L.E. ; NEME, C.M.B. Morte, família e a compreensão fenomenológica:: revisão sistemática de literatura. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.17, n. 3, p.363-377, dezembro 2011. BRAGA, Luisa de Lima; DELL’AGLIO, Debora Dalbosco. 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RESUMO A depressão expressa no termo original, do latim, composto por duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando, portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo, pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de sintomas psicóticos ou não. O texto relata sobre o conceito de depressão e seus principais sintomas, as características da depressão psicótica, os aspectos clínicos e diagnósticos. Aponta também para dados epidemiológicos baseados na OMS (Organização Mundial da Saúde) e em alguns artigos encontrados sobre o dado tema. Palavras chaves: Aspectos clínicos, Depressão Psicótica, Diagnósticos, Sintomas. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 247 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Depression expressed in the original term, from the Latin, composed of two words, the (downward) and Premere (press), meaning therefore that the subject is, as to his state of mind, pressed down. Depression can be characterized by psychotic symptoms or not. The paper reports on the concept of depression and its main symptoms, features of psychotic depression, the presence of psychotic symptoms in depression, the clinical and diagnostic aspects. It also points to epidemiological data based on the WHO (World Health Organization) and found some articles on the given topic. Keywords: Clinical aspects, Psychotic Depression, Diagnostic, Symptoms. 1. INTRODUÇÃO A depressão expressa no termo original, do latim, composto por duas palavras, de (para baixo) e premere (pressionar), significando, portanto, que o sujeito está, quanto a seu estado de ânimo, pressionado para baixo. A depressão pode se caracterizar através de sintomas psicóticos ou não (DELOUYA, 2001). O objetivo do artigo é descrever sobre o tema depressão, destacando seus principais sintomas, os sintomas psicóticos, os aspectos clínicos e os diagnósticos. A depressão psicótica é um tipo de depressão grave, que além de apresentar os sintomas geralmente apresentados em uma depressão, há também sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Quando comparado a episódios depressivos nãopsicóticos, a depressão psicótica é mais grave, pois há maior risco de suicídio (PORTO, 1999). Estudos revelam que a epidemiologia da depressão é algo discutido cada dia mais. Os transtornos depressivos são prevalentes, tendem a afetar adultos jovens, e apresentam um curto episódico e crônico (LIMA, 1999). Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2020 a depressão será o principal distúrbio mental nos países desenvolvidos, chegando a ocupar a segunda posição, essa previsão foi baseada nas estatísticas reais: em 2000, cerca de um 248 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF milhão de pessoas cometeram suicídio, e os indícios é a depressão. Além disso, alguns textos de KAPLAN & SADOCK (1995) apud LIMA (1999), indicam que sintomas psicóticos acontecem em cerca de 15% de todos os pacientes com depressão. Segundo CORYELL (1984) e SPITZER (1978) apud LIMA (1999) os sintomas psicóticos surgem em mais de 25% dos pacientes deprimidos acolhidos em hospitais. Depressão psicótica é uma depressão grave, na qual acontecem adjuntos aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgão ou alucinações com conteúdos depressivos. Se os sintomas psicóticos são de teor depressivo, negativo são classificados como sintomas psicóticos humor-congruentes (de doença, culpa, punição, morte, etc.). Caso os sintomas psicóticos não sejam de conteúdo negativo, são denominados sintomas psicóticos humorincongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autoreferentes, etc.) (DALGALARONDO 2008, p.312). A depressão pode ser tratada em qualquer situação terapêutica ou tratamento psíquico, uma vez que “fuga para as cavernas” que se identifica na reclusão depressiva tem sua relativa semelhança com a busca de ajuda, tratamento ou análise. A violência sob qual o individuo se encontra, é a busca para a caverna, seu lugar de abrigo. Portanto, a sessão, o analista, o enquadre e a análise, em seu conjunto, tornam-se refúgio ou abrigo, que faz com que o paciente consiga com o tempo transformar a caverna em seu lar (DELOUYA, 2001). O tratamento mais usado para a depressão é a psicoterapia, porém, em casos de transtornos depressivos mais graves, que é o caso da depressão psicótica, deve haver uma combinação de medicamentos e psicoterapias, que é provavelmente o método mais eficiente de tratamento (CASTRO, 2011). 2.CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DE SINTOMAS PSICÓTICOS NA DEPRESSÃO A depressão do ponto de vista psicopatológico tem como elementos mais destacados o humor triste e o desânimo, entretanto, se caracteriza por vários sintomas: psíquicos (humor depressivo, perda da auto-estima, ideações suicidas, redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades antes agradáveis, Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 249 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA fadiga e diminuição da capacidade de pensar, se concentrar ou tomar decisões); fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse sexual e também queixas múltiplas: dores pelo corpo, maior sensibilidade aos estímulos, entre outras) e evidências comportamentais (retraimento social, comportamentos suicidas, crises de choro, lentidão generalizada ou agitação, irritabilidade e diminuição da capacidade para desenvolver suas atividades laborativas e sociais habituais) (PORTO, 1999). A depressão psicótica pode ser conceituada no decorrer de um rompimento com a realidade, através de alucinações e delírios durante um episódio de depressão maior. O DSM-IV define que a depressão maior requer pelo menos duas semanas de humor deprimido ou a perda de interesse em quase todas atividades, acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionados de depressão a partir de uma lista que inclui alterações de peso, sono, apetite ou atividade psicomotora, energia diminuída, sentimentos de inutilidade ou culpa, dificuldade de pensar, concentra-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação, ou tentativas de suicídio. Esses sintomas devem ter surgido recentemente ou ter piorado claramente em comparação ao estado anterior ao episódio da pessoa, esses sintomas devem persistir durante a maior parte do dia, em quase todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas, e causar sofrimento e prejuízo clinicamente significativos nas áreas social. Os sintomas citados não devem ser causados pelo luto ou abuso de substâncias ou condição clínica (PARKER, 2009). A depressão maior é subdividida em múltiplos subgrupos, alguns ponderados do ponto de vista categorial, como, psicótica, melancólica, catatônica, alguns etiologicamente,como, pós-parto, sazonais, atípicas, e alguns de forma dimensional, que envolve gravidade, persistência e cronocidade (PARKER, 2009). Embora a depressão seja descrita em vários artigos e livros como uma psicopatologia que apresenta vários sintomas devemos levar em consideração a individualidade das pessoas, sua vivência e sua personalidade (DELOUYA, 2001). A depressão é vista na atualidade como um dos principais distúrbios em crescimento, baseados em alguns escritos de Freud, escritores relacionam esse crescimento da depressão com a pós250 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF modernidade, relacionada com a falta de um líder e ao desamparo da sociedade (DELOUYA, 2001). A depressão pode estar presente, em formas graves, em que há a presença de sintomas psicóticos (delírios e alucinações). Alucinações são alterações da senso-percepção nas quais o paciente apresenta percepções falsas (na ausência de um estímulo real), que podem ocorrer nas diferentes modalidades sensoriais; olfativa, visual, tátil e auditiva. Os delírios são alterações do conteúdo do pensamento, geralmente envolvendo interpretação incorreta de fatos reais. Os delírios depressivos podem ser congruentes com o humor ou incongruentes (PORTO, 1999). Os delírios depressivos congruentes com o humor incluem delírios de ruína, de punição merecida, delírios de culpa, e delírios de niiliismo. As pessoas que apresentam depressão delirante podem interpretar eventos comuns que ocorrem no dia a dia como ênfases de defeitos pessoais, ao tempo em que se culpam de forma indevida e inapropriada. O paciente volta no tempo, com a finalidade de se acusar por supostos delitos ou atos culposos do passado, remoendo receios indevidos. Os delírios de ruina pode se apresentar como: ruína de corpo (negação de órgãos e/ou delírios hipocandríacos), ruína espiritual (delírios de culpa e acusações por pecados cometidos) e ruína de riqueza (delírios que envolve a pobreza e a miséria). A forma como esse delírio se apresenta depende da personalidade do paciente (PORTO, 1999). Os delírios incongruentes com o humor relacionam-se a temas de perseguição, e delírios de estar sendo controlado. Esses tipos de delírios estão associados a um prognóstico que não são muito raros dos estados ditos “esquizoafetivos” (PORTO, 1999). As alucinações que geralmente acompanham os estados depressivos são transitórias e não elaboradas. São associadas com o humor depressivo, como, vozes que condenam o paciente, choro de defuntos, condenação do demônio, entre outras. Raramente ocorrem alucinações não congruentes com o humor (PORTO, 1999). As ideias de suicídio são frequentemente encontradas nos casos de depressão, em que há presença de sintomas psicóticos ou não. As motivações para o suicídio estão associadas ao desejo de por fim a um estado emocional penoso e tido como interminável, distorções cognitivas, como, encontrar dificuldade para superar as perdas Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 251 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sofridas e outros buscam a morte como punição para suas supostas culpas. Os pensamentos de suicídio podem variar desde o desejo de estar morto, até planos que estabelecem o momento, o modo e o lugar para cometer o ato de se matar. Esses tipos de pensamentos relátivos à morte devem ser investigados, para que se possa prevenir atos suicidas, dando oportunidade ao doente de se expressar a respeito deles (PORTO, 1999). O diagnóstico dos estados depressivos deve levar em conta, se os sintomas são primários ou secundários a doenças físicas e/ou uso de drogas e medicamentos. Para diagnosticar um paciente com depressão psicótica é necessário ter cautela, pois devido as características da psicose dificulta a relacionar com a depressão maior, mas, há semelhanças nos sintomas entre as pessoas que tem depressão psicótica, como, exposições anormais de emoção, pensamentos suicidas, discurso desorganizado, confusão, delírios,perda de contato com a realidade, alucinações e medo constante (PORTO, 1999). Atualmente, estão sendo feitas algumas pesquisas por alguns médicos para diferenciar o tratamento de depressão psicótica com a depressão sem sintomas psicóticos, esses estudos começaram devido á maioria dos pacientes psicóticos apresentar dificuldades para responder ao tratamento, os dados preliminares coletados são que pacientes com depressão psicótica apresentam alterações no volume de determinadas estruturas cerebrais (CASTRO, 2011). O tratamento da depressão psicótica pode ser feita através de uma internação hospitalar, constante visitação médica e acompanhamento psicológico. A combinação de antidepressivos e medicamentos antipsicóticos costumam fazer os sintomas ficarem mais leves. Um método também usado é a eletroconsulsoterapia que geralmente é usado quando os antidepressivos e antipsicóticos não produzem o resultado esperado (CASTRO, 2011). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A depressão é um distúrbio que é muito presente na nossa sociedade, de acordo com os estudos e pesquisas tende a crescer ainda mais. Baseados em escritos de Freud esse fenômeno está ligado 252 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ao desamparo da sociedade pós-moderna. Depressão psicótica é um tipo de depressão grave onde além dos sintomas apresentados em uma depressão, há a presença de delirios e alucinações. Deve-se levar em consideração independente dos sintomas e gravidade do quadro clínico a individualidade da pessoa, sua vivência e sua personalidade, que são aspectos que estão ligados ao diagnóstico da psicopatologia. Nesses casos de depressão é comum o paciente ter pensamentos de suicidio, a depressão psicótica é caracterizada como um distúrbio grave que deve ser tratado através de psicoterapia, medicações e em casos mais graves internações. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, F. Médicos criam método para diagnóstico da depressão psicótica. Neurociência. 29 de agosto de 2011. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª edição. 2008 DELOUYA, D.. Depressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. – (Coleção clínica psicanalítica/ dirigida por Flávio Carvalho Ferraz). DSM-IV-TR – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (Trad. Cláudia Dornelles; 4 e.d. rev. – Porto Alegre: Artmed, 2002 LIMA, M. S. Depressão, epidemiologia e impacto social. Revista Brasileira de Psiquiatria. Depressão, vol. 21, 1999. PORTO, J. A. D. Conceito e diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatia. vol.21, p. 06-11, 1999. PARKER, G.; Brotchie, H. Depressão maior suscita questionamento maior. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 31, São Paulo, 2009. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 253 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 254 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF UMA INVESTIGAÇÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE O FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA - TAG 2 TINETTI, Milena de Oliveira1 FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues2 1 Acadêmica do Curso de Psicologia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. E-mail: [email protected] Pedagoga, Orientadora Educacional, Psicóloga clínica e Docente Mestre do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. E-mail para contato: [email protected] Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF – Garça – SPBrasil - http://www.grupofaef.edu.br/ RESUMO A preocupação é um fenômeno antigo, porém universal e sua patologia é definida pelo “excesso” e o fato de ser considerada de difícil controle. O Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG é caracterizado por uma preocupação desproporcional em relação ao futuro. O objetivo dessa pesquisa foi investigar, por meio de um levantamento bibliográfico, o funcionamento neuropsicológico do indivíduo com TAG. Os resultados encontrados demonstraram que algumas áreas e estruturas cerebrais estão envolvidas diretamente, das mais “simples” às mais complexas, como o sistema límbico, a amígdala e o hipocampo. Palavras chaves: Ansiedade. Ansiedade Generalizada. Funcionamento Neuropsicológico. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 255 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Worry is an old, but universal and its pathology is defined by the “excess” phenomenon and the fact that it is considered difficult to control. The Generalized Anxiety Disorder - GAD is characterized by a disproportionate concern about the future. The objective of this research was to investigate, through a literature neuropsychological functioning of individuals with GAD. The results showed that some brain areas and structures are directly involved, the “simpler” to more complex, such as the limbic system, the amygdala and hippocampus. Keywords: Anxiety. Generalized Anxiety. Neuropsychological functioning. 1.INTRODUÇÃO Muito tem se falado ultimamente sobre ansiedade e pessoas que se percebem muito ansiosas. No Brasil, os transtornos de ansiedade apresentam uma alta prevalência (9,5% a 17,5%) estando associados a uma elevada demanda potencial estimada (5,5% a 12%) para casos necessitados de assistência. Esses dados, juntamente com a morbidade e os custos associados a essas patologias, indicam que os transtornos de ansiedade constituem um grupo de transtornos de grande importância para a saúde individual e pública (ALMEIDA et al, 2002). O termo ansiedade provém do grego Anshein, que significa “estrangular, sufocar, oprimir”. A ansiedade está relacionada ao acréscimo da percepção à dor; é um estado de humor desconfortável e de apreensão negativa em relação ao futuro, ou seja, uma inquietação desagradável, que envolve respostas que têm por objetivo a proteção. O indivíduo fica angustiado, tenso, preocupado, nervoso ou irritado (BARROS et al, 2003). Do ponto de vista biológico, é um estado de funcionamento cerebral, ligado à percepção de contextos ambientais temíveis, que possibilita a identificação do perigo e o grau de ameaça. É um estado emocional com elementos psicológicos e fisiológicos que faz parte das experiências humanas normais, ela passa a ser patológica quando 256 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF é desproporcional à situação que a desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione (ANDRADE; GORENSTEIN, 1998). É considerada doença quando excede aspectos adaptativos prejudicando o desempenho de funções, indo de normal à parte de transtornos psiquiátricos, podendo ser: branda ou intensa, sucinta ou prolongada, levando a danos sociais. Ansiedade é um sentimento de medo, diante de algo desconhecido e para qual não se tem uma resposta precisa (MASCELLA, 2011). As síndromes ansiosas são ordenadas inicialmente em dois grupos: a) ansiedade generalizada (TAG) que são quadros em que a ansiedade é constante e permanente e, b) crises de pânico que são quadros em que há crises de ansiedade abruptas e mais ou menos intensas (HOLLANDER; SIMEON, 2004, apud DALGALARRONDO, 2008). O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um transtorno crônico que refere-se a uma ansiedade com duração de no mínimo seis meses, com excessivas preocupações imaginárias e múltiplos sintomas somáticos (DSM, 2002). Estima-se na população em geral uma prevalência de 5,7% de TAG durante a vida (PESQUISA NACIONAL DE COMORBIDADES – NCS, 2005). A CID-10 (2007) define o TAG como um quadro ansioso generalizado e persistente, que pode estar relacionado a diversos eventos e diferentes atividades do cotidiano. São identificados os seguintes aspectos diagnósticos: reação aguda a evento estressante ou traumático recente; sofrimento extremo resultado de um evento recente ou preocupação com o evento; sintomas podem ser primariamente somáticos e outros sintomas podem incluir: humor deprimido; ansiedade; preocupação; sentimento de incapaci-dade de funcionar. No mesmo sentido, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais IV (DSM-IV, 2002) classifica como transtornos de ansiedade em: transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico, agorafobia, fobia social, transtorno obsessivocompulsivo (TOC), fobias específicas e transtorno de estresse póstraumático e ainda descreve alguns critérios de diagnósticos para o mesmo: a) ansiedade e preocupação excessivas, na maioria dos dias por período mínimo de 6 meses, em diferentes atividades e eventos da vida; b) o indivíduo considera difícil controlar a preocupação; c) a ansiedade e a preocupação estão associadas a pelo menos três dos Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 257 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA seguintes sintomas: inquietação ou sensação de estar “com os nervos à flor da pele”; fatigabilidade, cansaço fácil; dificuldade de concentrar-se, sensações de “branco” na mente; irritabilidade, “pavio curto”; tensão muscular, dificuldade de relaxar; allteração do sono (dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto); d) o foco da ansiedade ou preocupação não é decorrente de outro transtorno; e) a ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; f) a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral nem ocorre exclusivamente durante um Transtorno do Humor, Transtorno Psicótico ou Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. O TAG é uma doença com múltiplas causas, entre elas estão fatores genéticos e psicossociais, e costuma se agravar durante eventos estressantes como casamento, divórcio, promoção, demissão, hospitalização de entes queridos, nascimento de filhos, etc. (POSSENDORO, 2007). Segundo Mascella (2011) o Transtorno de Ansiedade Generalizada apresenta múltiplos sintomas somáticos: cefaleia, dores musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Essa ansiedade patológica crônica não é limitada a uma situação ambiental ou a um objeto especifico. Tendo em vista a complexidade de tal transtorno e a presença de pouca literatura esta pesquisa bibliográfica foi direcionada para investigar e descrever o possível funcionamento neuropsicológico do indivíduo com TAG. O FUNCIONAMENTO NEUROPSICOLÓGICO NOS INDIVÍDUOS COM TAG O Sistema Límbico encontra-se relacionado ao controle e à elaboração de significativa parte dos comportamentos motivados e da emoção, sendo formado pelas estruturas: tálamo, epitálamo, hipocampo, amígdalas, cíngulo e septo. A serotonina (neurotransmissor presente nas fendas sinápticas responsável pela comunicação entre os neurônios) influi sobre todas as funções 258 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cerebrais, ela regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções neuroendócrinas, a temperatura corporal, a sensibilidade à dor e a atividade motora. Em quadros de ansiedade, a transmissão serotonérgica se encontra diminuída ocasionando quadros de hipoglicemia e alterações no ritmo circadiano (RANGÉ, 2001). De acordo com Rangé (2001) o cérebro humano apresenta vários circuitos neurais relacionados com a detecção de estímulos de perigo, bem como com a expressão de reações de defesa frente a esses estímulos. Há estruturas localizadas no tronco encefálico, como a Coluna Dorsolateral da Matéria Cinzenta Periaquedutal (MCPD); o lócus coeruleus (principal produtor de noradrenalina) e os núcleos da rafe (principais produtos de serotonina). A MCPD é altamente eficaz contra estímulos de perigo real; projeções que descem da MCPD atingem a medula espinhal e acionam um conjunto de reações comportamentais. Da MCPD também partem projeções ascendentes que atingem o complexo amigdaloide (localizado no lobo temporal de ambos os hemisférios cerebrais), epicentro da circuitaria neural responsável pela modulação de reações presentes no medo e na ansiedade. As estruturas neuroanatômicas associadas (por exemplo, a amígdala, lócus coeruleus, córtex pré-frontal direito), anormalidades nos transmissores de serotonina, o ácido gama-aminobutírico (GABA) e o hormônio liberador de corticotrolina (CRH), são descritos como vulnerabilidades biológicas para a ansiedade (RANGÉ, 2001). O fato de o complexo de amigdaloide ser uma estrutura importante do circuito neural relacionado com ansiedade antecipatória indica que essa estrutura participa de vários transtornos de ansiedade, como por exemplo, o TAG. Uma maior sensibilidade do núcleo lateral da amígdala pode tornar uma pessoa mais relativa a estímulos ambientais, reagindo de forma defensiva a situações que outras pessoas simplesmente ignoram (RANGÉ, 2001). A amígdala, por suas inerências que saem do núcleo central atingindo o hipotálamo e o tronco cerebral, é capaz de desencadear a resposta hormonal e neurovegetativa de estresse. Por outro lado, devido à sua conexão com o núcleo basal de Meynert, consegue modular a direção da atenção para o estímulo perigoso. A produção, na amígdala, do efeito de potenciação em longo prazo pode explicar Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 259 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sua participação nos processos de ansiedade e estresse póstraumático, nos quais as associações entre sinais perigosos e a resposta de estresse são aprendidos e reforçados, ocasionando os sintomas somáticos de ansiedade (LeDOUX, 2000, apud BUTMAN, 2001). O núcleo lateral da amígdala representa a via de entrada, sendo responsável pelo processamento de estímulos do meio externo, pode estar funcionando de maneira adequada, mas o núcleo central da amígdala, que representa a via de saída, sendo responsável pela ativação de reações motoras e fisiológicas frente a situações de perigo, na ausência de qualquer situação de perigo, apresenta uma atividade exageradamente alta. O contato contínuo e incontrolável com estímulos de perigo pode causar um desequilibro no funcionamento do hipocampo (participa da regulação de reações hormonais e está envolvido com sistemas neurais que participam da formação das memórias que chegam até a consciência), levando uma falha nesse sistema de retroalimentação negativa da atividade hormonal. Esse quadro caracteriza o aspecto crônico de vários transtornos de ansiedade (RANGÉ, 2001). O hipocampo, ao processar as reações hormonais, de acordo com Rangé et al (2011), pode ativar sistemas de memória explícita com situações de perigo, por meio de projeções até áreas corticais superiores, como o córtex pré-frontal, considerado a “sede da personalidade”, responsável pelas tarefas cognitivas mais sofisticadas e complexas da mente humana. Esses processos mnemônicos de longa duração podem produzir preocupações crônicas, persistentes e excessivas. A preocupação é um fenômeno universal e sua patologia é definida por dois critérios: o “excesso” e o fato de ser considerada de difícil controle. Assim, o diagnóstico e o tratamento do TAG podem ser um grande desafio, mesmo para um clínico experiente. O tratamento farmacológico é um dos principais tipos de tratamentos do TAG. Atualmente, os principais fármacos prescritos são: Benzodiazepínicos, Buspirona, Antidepressivos, Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina, antihistamínicos, antipsicóticos e fitoterápicos. Até poucos anos, a única alternativa eram os benzodiazepínicos, entretanto, desde a introdução da buspirona, única azapirona disponível no Brasil, o leque 260 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de medicamentos eficazes no TAG tem-se ampliado (ANDREATINI; BOERNGEN-LACERDA; FILHO, 2001). As intervenções cognitivo-comportamentais para o tratamento do TAG também tem sido utilizadas com bastante sucesso. A Terapia Cognitiva-comportamental faz uso de diferentes e eficazes técnicas para os transtornos de ansiedade, tais como: a psicoeducação, a identifi-cação dos pensamentos automáticos e das emoções, a identi-ficação das crenças centrais e intermediárias, a reestruturação cognitiva, e a resolução de problemas e a avaliação do processo (OLIVEIRA, 2011). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Transtorno de Ansiedade gera preocupações excessivas, por período mínimo de seis meses, em diferentes atividades e eventos cotidianos da vida, associados a sintomas somáticos. Os pacientes com TAG normalmente preocupam-se desproporcionadamente com o futuro, têm dificuldades para tomar decisões, para solucionar problemas e cometem vários erros do pensamento, como por exemplo, a catastrofização, por ter dificuldade de raciocinar com base na realidade. Suas interpretações dos eventos tomam grandes proporções, enfatizando os aspectos negativos e ignorando os positivos. O objetivo da presente pesquisa foi investigar o funcionamento neuropsicológico do indivíduo com Transtorno de Ansiedade Generalizada. Os resultados encontrados demonstraram que a partir da definição de que a ansiedade generalizada é a percepção de uma ameaça e preocupações imaginárias e excessivas, estão envolvidas algumas áreas e estruturas cerebrais como a coluna dorsolateral da matéria cinzenta periaquedutal (MCPD), localizada no tronco encefálico, eficaz contra os estímulos de perigo real; a conexão da amígdala com o núcleo basal de Meynert que modula a atenção para o estímulo perigoso e ainda, o núcleo lateral e central da amígdala, que representa, respectivamente, a via de entrada, responsável pelo processamento de estímulos do meio externo, e a de saída, responsável pela ativação de reações motoras e fisiológicas frente a situações de perigo. Esta pesquisa contribui para que profissionais da área da saúde conheçam o funcionamento neuropsicológico nos indivíduos com TAG Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 261 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e, assim, possam compreender melhor este tipo de transtorno, trabalhando no sentido da prevenção, diagnóstico e tratamentos mais adequados. É importante ressaltar o quanto isso se faz necessário, uma vez que, uma pessoa com TAG apresenta forte potencial para o desenvolvimento de depressão e abuso de substâncias. Outras pesquisas são necessárias para uma melhor análise uma vez que foram encontrados poucos trabalhos neste sentido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA FILHO, L.M.; MARI, J.J.; COUTINHO, E.; FRANÇA, J.F.; FERNANDES, J.G.; ANDREOLI, S.B. et al. Estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas urbanas brasileiras (Brasília, São Paulo, Porto Alegre). 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Transtornos de ansiedade em mulheres: gênero influência o tratamento? Revista Bras. Psiquiatria, 27(2), 2005, p. 43-50. 262 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MASCELLA, V. Stress, Sintomas de Ansiedade e Depressão na Migrânea e Cefaléia Tensional. 2011. 65p. Dissertação (Mestrado) – PUC, Campinas, 2011. OLIVEIRA, M. I. S. Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de ansiedade: Relato de Caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7(1), 2011, p. 30-34. POSSENDORO, G. Transtorno de ansiedade generalizada. TCC para os transtornos de ansiedade. Casa do psicólogo, 2007. RANGÉ, B. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um Diálogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2001. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 263 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 264 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XVII MANUAL DE PUBLICAÇÕES DO SIMPÓSIO DA FAEF QUEM SERIAMENTE ESTUDA NO NÍVEL SUPERIOR FAZ PESQUISA... QUEM PESQUISA QUER PUBLICAR 1. Por que quem estuda nível superior deve fazer pesquisa? Porque o ensino superior visa à formação de um profissional liberal e este profissional somente será liberal e autônomo se aprendeu a pesquisar de forma sistemática e científica e se adquiriu este hábito permanentemente em sua vida. 2. E se o universitário não realizar pesquisa, em sua formação superior, será um profissional fracassado? Certamente, primeiro porque não saberá atualizar seus conhecimentos na área profissional e ficará ultrapassado, pois as ciências e as tecnologias evoluem a cada dia e quem não sabe pesquisar não saberá se atualizar, e depois porque não saberá resolver problemas novos na sua área profissional, devendo assim ser comandado e monitorado, ou seja, poderá exercer cargos mais baixos onde seus superiores comandem suas ações profissionais. Resumindo: terá o diploma de nível superior mas exercerá apenas as funções de nível técnico, por absoluta incompetência. 3. Onde posso publicar minhas pesquisas? Uma das opções é nos Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da FAEF realizados anualmente. 4. O que é “Anais dos Simpósios de Ciências Aplicadas da FAEF”? A FAEF realiza anualmente o “Simpósio de Ciências Aplicadas”, durante o primeiro semestre de cada ano, tratando-se de um evento Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 265 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA científico, devidamente planejado, visando à apresentação de trabalhos científicos de toda comunidade acadêmica: professores e alunos. Os trabalhos aceitos pela Comissão Científica são apresentados oralmente ou em painéis e são publicados nos ANAIS de cada simpósio. 5. Como devo apresentar os trabalhos realizados para serem aprovados e publicados? De acordo com as Normas para Publicação nos “Simpósios de Ciências Aplicadas” descritas abaixo: 1. Encaminhamento: os trabalhos para apreciação, devem ser identificados como para “Simpósio” (especificar a área de conhecimento – Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Direito, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Pedagogia, Psicologia, Turismo e Sistemas de Informação) e poderão ser enviados pela Internet, no endereço [email protected] (atentando para o tamanho do arquivo que não deverá ultrapassar 3 Mb, já inclusos tabelas e gráficos) ou via correio em CD (devidamente identificado), gravado em editor de texto Word for Windows, para o endereço: Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso à Garça km 1, Campus Rosa Dourada – caixa postal 61, CEP 17400-000, Garça/SP. Os textos devem apresentar as seguintes especificações: página A4, fonte Times New Roman, corpo 12, entrelinhas 1,5, com 3cm de margem superior, inferior, esquerda e direita. Os trabalhos devem conter de 6 a 15 páginas, incluindo as referências bibliográficas. 2. Informar endereço completo, telefone e e-mail para contato futuro. 3. Serão aceitos trabalhos escritos nos seguintes idiomas: espanhol, inglês e português. 4. Apresentação dos trabalhos: 4.1. Título e Identificação do(s) autor(es) 4.1.1 Título completo do artigo em LETRA MAIÚSCULA: em negrito, centralizado e fonte tamanho 12. 4.1.2 Nome completo do(s) autor(es) (por extenso e apenas o SOBRENOME EM MAIÚSCULA): alinhado à direita, fonte tamanho 12, com indicação para nota de rodapé. 266 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4.1.3 Na nota de rodapé, deve constar filiação científica, na seguinte ordem: Departamento, Instituto ou Faculdade, Universidade – SIGLA – CIDADE/ESTADO – PAÍS e endereço eletrônico, fonte tamanho 10. 4.1.4 Entre o título e os dados de identificação do(s) autor(es), deve existir espaço de uma linha. 4.1.5 Todos os subtítulos devem estar alinhados à esquerda, em CAIXA ALTA, negrito e fonte tamanho 12. 4.2. Resumo e Abstract RESUMO de, no máximo, 100 palavras e de três a cinco palavraschave (termos ou expressões que identifiquem o conteúdo do trabalho). O título, o resumo e as palavras-chaves deverão ser no idioma do texto. O corpo do texto pertencente ao resumo deve estar em espaçamento entre linhas simples e fonte tamanho 10. A seguir, deve constar o ABSTRACT e Keywords, nos mesmos moldes do resumo. 4.3. Corpo do texto: 4.3.1 Subitens destacados em negrito, no mesmo corpo do texto, alinhados à esquerda. 4.3.2 Texto contendo, sempre que possível: a) INTRODUÇÃO (com exposição de objetivos e metodologia); b) DESENVOLVIMENTO (com subtítulo derivado do título; corpo do texto com as reflexões ou ainda Material e Métodos, Resultados e Discussão), c) CONCLUSÃO ou CONSIDERAÇÕES FINAIS e REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Obs: Os artigos que, por preferência do autor, não tenham a estrutura contida neste item não serão excluídos. 4.3.3 Todo o corpo do texto deve estar em espaçamento 1,5, contendo sempre o espaço de uma linha entre os subtítulos e o texto. 4.3.4 Notas de rodapé devem ser, na medida do possível, incluídas no corpo do texto. 4.3.5 Tabelas e gráficos deverão ser numerados, sequencialmente, em algarismos arábicos e encabeçados por seus respectivos títulos. 4.3.6 Fotografias e ilustrações poderão ser coloridas e deverão ser inseridas no corpo do texto, numeradas, sequencialmente, e com legendas. 4.3.7 Referências no corpo do texto deverão ser feitas pelo sobrenome do autor, entre parênteses e separado por vírgula da data de publicação e da(s) página(s) utilizada(s) tanto para citação direta como indireta.Ex: (SILVA, 1984, p. 123). Caso o nome do autor esteja citado no texto, deverá ser acrescentada a data e paginação entre parênteses. Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 267 Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF S OCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Por exemplo, “Silva (1984, p. 123) aponta...”. As citações de diversas obras de um mesmo autor, publicadas no mesmo ano, deverão ser discriminadas por letras minúsculas em ordem alfabética, após a data, sem espaçamento (SILVA, 1984a; 1984b). Quando a obra tiver até três autores, estes deverão ser separados por ponto e vírgula (SILVA; SOUZA, 1987). No caso de três ou mais, indica-se o primeiro, seguido da expressão “et al”. (SILVA et al., 1986). As citações literais, com mais de três linhas devem seguir este modelo, estando o texto entre linhas simples, com fonte tamanho 11, entre aspas e seguida da referência do autor, com nome, data e página referente” (SILVA, 1987, p.82). 4.3.8 Vale ressaltar que, “as citações literais com no máximo três linhas deverão estar entre aspas, como parte do texto, seguidas de sua referência”. 4.3.9 Anexos e/ou Apêndices serão incluídos somente quando imprescindíveis à compreensão do texto. 4.4. Referências bibliográficas: 4.4.1 As referências bibliográficas deverão ser arroladas no final do trabalho, pela ordem alfabética do sobrenome do(s) autor(es), obedecendo às normas da ABNT (NBR 6023, de agosto de 2002). Ex: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1986. 4.4.2 Para referência de segunda mão, um autor citado pelo autor do texto siga o exemplo: (LAKATOS apud SEVERINO, 1990, p. 25). 5. Os trabalhos de alunos e de orientandos deverão, antes de serem encaminhados, receber a aprovação dos professores em cujas disciplinas, práticas ou estágios eles foram elaborados; ou de seus orientadores de projetos de iniciação científica ou de trabalhos de conclusão de curso. 6. Serão publicados os trabalhos aprovados e recomendados por pareceristas das áreas correspondentes, que constituem a Comissão Científica do Simpósio. 7. É vedada a reprodução dos trabalhos em outras publicações eletrônicas. 8. Os trabalhos que não estiverem de acordo com estas normas de formatação serão devolvidos ao(s) autor(es); podendo ser refeitos e apresentados em outra oportunidade, mediante os critérios 5 e 6. 268 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XVII Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 9. Os casos não previstos por estas Normas serão resolvidos pela Comissão Científica do Simpósio. 10. Os dados e conceitos emitidos nos trabalhos, bem como a exatidão das referências bibliográficas, são de inteira responsabilidade de seus autores. Garça, 3 de março de 2014. COMISSÃO CIENTÍFICA DO SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAEF. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420 Via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 Garça/SP: Editora FAEF, 2014. Vol 04 (07 vols.) - ISSN 1676-6814 269
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