Crie o Seu Próprio Carrinho de Mão
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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JULHO DE 2008 A Liahona De Nossas Mãos para as Suas, p. 38 Conheça o Presidente Eyring e o Presidente Uchtdorf, pp. 6, 14 Uma Caminhada de 40 Quilômetros até a Igreja, p. 22 Deus É Capaz de Guiar as Nações — Ele Pode Guiar Você, p. 30 Um Missionário de Nove Anos, p. A12 ÛÍ—38 ı Ë á ̇¯‡¯Ëı, Ò. ‰Ó ‚ ¥Ì„ ¥ ÄÈ ÂÌÚ 6, 14 ‰ Ë Á  ÒÒ. , Òfl: Ô ‰ÓÙ, Í‚Ë ÓÏÚ ıÚ Ó ñ áÌ‡È Ë‰ÂÌÚ ì Ë Í ‰ ¯ Á ¥ Â Ô ‚ Ô ÂÚ¥ ¥Ì ¥ÎÓÏ Ë—Ç 40 Í Ó‰ 2 Ë Ì‡ , Ò. 30 Ú Ò. 2 Ò Â 2 ·Â ‚ . Ñ1 È Ú ÏÓÊ Â, Ò ÅÓ„  ‚ÂÒÚË ¥Ò¥ÓÌ Ï Ê Ó È Ï Ë ¥˜Ì ’flÚË Ñ‚ tou tou Mao Ou o i i 8 Maima , i. 3 L ao A a m g , rin 14 tu Ey , Lo — e i. 6 le alo en f, M 30 ii sit dor a e la , i. r t li Pe Uch va aiaOe T a ga ia e S sa e na ina ai en u o O a it a la il s it T Fe ere ua ia m a At Ta Iv ilo P le Ia -K ie e a la 40 22 ai on uta 2 i. af i 1 M fa ifea U i. E Ma Fa a, E Se atu O M le Julho de 2008 Vol. 61 Nº. 7 A LIAHONA 02287 059 Publicação oficial em português de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Thomas S. Monson, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, David A. Bednar, Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson Editor: Jay E. Jensen Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi, Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editor Sênior: Larry Hiller Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: R. Val Johnson Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Jennifer Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Joshua J. Perkey, Jan U. Pinborough, Richard M. Romney, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell Secretário(a) Sênior: Laurel Teuscher Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Kim Fenstermaker, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Scott M. Mooy, Ginny J. Nilson Pré-impressão: Jeff L. Martin Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson A Liahona: Diretor Responsável: André B. Silveira Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Marco A. Vizaco © 2008 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. O texto e o material visual encontrados na revista A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não poderá ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet, em vários idiomas, no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique em “Languages”. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73, de acordo com as normas em vigor. “A Liahona”, © 1977 de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol – Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jardim das Nações – Diadema – CEP 09931-610 – SP. ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R$ 22,00. Preço do exemplar avulso em nossas lojas: R$ 2,00. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. 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(A periodicidade varia de um idioma para outro.) A LIAHONA, JULHO DE 2008 P A R A O S A D U LT O S 2 6 14 6 Chamado por Deus 22 25 38 44 14 Um Homem de Família, um Homem de Fé, um Homem Preordenado 48 Mensagem da Primeira Presidência: Dar Ouvidos à Voz dos Profetas Presidente Dieter F. Uchtdorf Presidente Henry B. Eyring: Chamado por Deus Élder Robert D. Hales Presidente Dieter F. Uchtdorf: Um Homem de Família, um Homem de Fé, um Homem Preordenado Élder Russell M. Nelson Fé a Cada Passo … e o Cântico no Coração Deirdre M. Paulsen Mensagem das Professoras Visitantes: Todos os Seres Humanos Foram Criados à Imagem de Deus A Criação das Revistas da Igreja Vozes da Igreja Samaritano com Chave de Fenda Heidi Bartle À Sombra de Suas Asas Paul B. Hatch A Moedinha do Muchacho Natalie Ross Jesus Visitou Mesmo as Américas? Carlos René Romero Comentários 38 A Criação das Revistas da Igreja IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR Estas idéias podem ser usadas em sala de aula ou para ensinar em casa. “Receita para um Lar Feliz,” p. 26: Conte a história da família Ronndahl, que procura os ingredientes para fazer seu lar feliz. Sugere-se uma refeição especial para a família antes da noite familiar. Ao prepararem essa refeição, conversem sobre como cada ingrediente contribui para que a comida fique gostosa, e compare a como cada membro da família é necessário para que o lar seja feliz. “A Mão Orientadora de p. 30: Começe contando algumas das experiências que o Élder Paul teve com a oração. Leia em voz alta as promessas que ele fez na seção “Guiar a Vida das Pessoas”. Leia Alma 34:18–26 e converse sobre o que Amuleque ensinou aos Zoramitas sobre a oração. Peça aos membros da família que contem experiências nas quais a oração os ajudou. Deus”, A8 Crie o Seu Próprio Carrinho de Mão A12 Quer Ir à Primária Comigo? 30 A Mão Orientadora de Deus PA R A O S J O V E N S 26 30 34 26 z Fel i Recei t r a L m a pa ra u Receita para um Lar Feliz Paul VanDenBerghe A Mão Orientadora de Deus Élder Wolfgang H. Paul Agora É o Momento Janessa Cloward O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S A2 A5 A6 A8 A10 NA CAPA Ilustrações fotográficas: John Luke. A12 A15 CAPA DE O AMIGO Travessia do Sweetwater: David Koch, reprodução proibida. A16 Vinde ao Profeta Escutar: A Dádiva do Evangelho Presidente Henry B. Eyring Tempo de Compartilhar: Um Missionário Já Eu Posso Ser Linda Christensen Da Vida do Profeta Joseph Smith: Joseph Muda-se para Ohio Crie o Seu Próprio Carrinho de Mão De um Amigo para Outro: Filhos e Filhas de Deus Élder Paul K. Sybrowsky Quer Ir à Primária Comigo? Reneé Harding Procurar Ser Como Jesus: Jejum da Família Regina Moreira Monteiro Página para Colorir Enquanto você procura pelo anel indonésio do CTR que está escondido nesta edição, pense no que poderia fazer para escolher o que é certo e partilhar o evangelho. TÓPICOS NESTA EDIÇÃO “Agora É o Momento,” p. 34: Falem das três maneiras que Sasha utilizou para ler o Livro de Mórmon. Em que a terceira maneira era diferente das outras duas? Leiam Morôni 10:4–5, e discutam a promessa de Morôni. “Quer Ir à Primária Comigo?” p. A12: Converse com os seus filhos sobre o que eles gostam na Primária. Resuma a história desse artigo junto com sua família. Será que existe alguém que seus filhos gostariam de convidar para ir à Primária? Façam a meta de convidar alguém para ir à reunião dominical da Primária ou a uma de suas atividades. “Jejum da Família”, p. A15: Leia o artigo e considere a possibilidade de criar uma “jarra da cortesia” com sua família. Conversem sobre como o sacrifício e o jejum de Leonardo e de Mariana foram uma bênção para eles e para outras pessoas. Outra idéia seria jejuar em família por alguém que precisa de uma bênção especial e, depois, fazer algo para ajudar a pessoa. Os números representam a primeira página de cada artigo. Noite familiar, 1, 26 A=O Amigo Batismo, 34 O Livro de Mórmon, 47 Bênçãos, 30 Obra missionária, 22, 34, 46, A2, A4, A10, A12, Conversão, A12 A16 Corpo, 25 Criação, 25 Oferta de jejum, 46 Criatividade, 38 Oração, 30, 45, 47, A10 Dedicação, 22 Pioneiros, A8 Espírito Santo, 44, 45, 47 Primária. A12 Exemplo, 34 Profetas, 2 Família, 2, 26 Sacerdócio, A10 Fé, 30, 34 Serviço, 34, 44 Inspiração, 38, 44, 45 Smith, Joseph, A6 Jejum, A15 Templo, A6 Jesus Cristo, 47 Testemunho, 34, 47 Natureza divina, 25, A10 A LIAHONA JULHO DE 2008 1 MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA Dar Ouvidos à Voz dos Profetas P R E S I D E N T E D I E T E R F. U C H T D O R F Segundo Conselheiro na Primeira Presidência FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND Q ue alegria e privilégio é fazermos parte desta Igreja mundial e sermos ensinados e edificados por profetas, videntes e reveladores! Nós, membros da Igreja, falamos muitos idiomas diferentes e somos procedentes das mais diversas culturas, mas desfrutamos as mesmas bênçãos do evangelho. A Igreja é verdadeiramente universal, com membros espalhados pelas nações a proclamar a mensagem universal do evangelho de Jesus Cristo a todos, sem distinção de língua, raça ou origem étnica. Somos todos filhos espirituais de um Deus vivo e amoroso, nosso Pai Celestial, que deseja que tenhamos sucesso em nossa jornada de volta à presença Dele. Em Sua bondade, concedeu-nos profetas para nos ensinar Suas verdades eternas e guiar-nos para que soubéssemos como seguir Seu evangelho. Este ano, despedimonos de um profeta amado, o Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008), que nos liderou durante muitos anos até que o Senhor o chamou para junto de Si. Agora prosseguimos sob a direção do novo profeta que o Senhor chamou para nos conduzir, o Presidente Thomas S. Monson. Devido a Seu grande amor por nós, o Pai nos mandou profetas em nossa época para nos dirigir numa sucessão ininterrupta desde a Restauração desta obra grandiosa, realizada por intermédio do Profeta Joseph Smith no início do século XIX. Sempre recordaremos com carinho e gratidão os pioneiros da Restauração: seus sacrifícios, pesares e lágrimas, mas também sua coragem, fé e confiança no Senhor ao seguirem o profeta Dele em sua época. Não tenho antepassados entre os pioneiros do século XIX. Contudo, desde que me tornei membro da Igreja, senti-me muito próximo desses santos que atravessaram as planícies norte-americanas. São meus antepassados espirituais, como o são para todos os membros da Igreja, seja qual for sua nacionalidade, língua ou cultura. Eles não só estabeleceram um refúgio no Oeste, mas firmaram também os alicerces para a edificação do reino de Deus em todo o mundo. Somos Todos Pioneiros À medida que a mensagem do evangelho restaurado é aceita mundo afora, somos todos pioneiros em nossa própria esfera e circunstância. Eu vivia na Alemanha nos tempos conturbados que se seguiram à II Guerra Mundial quando minha família conheceu A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. George Albert Smith (1870–1951) era o presidente na época. Eu era criança, e minha família perdera todos os bens materiais duas D evido ao grande amor que nos tem, o Pai deu-nos profetas para liderar-nos em nossa época em uma sucessão ininterrupta desde a Restauração desta obra grandiosa no início do século XIX por meio do Profeta Joseph Smith. A LIAHONA JULHO DE 2008 3 permitem que nossos temores assumam o controle de nossa vida nesta época de tensão internacional, incertezas econômicas e políticas e desafios pessoais? vezes no espaço de apenas sete anos. Éramos refugiados e tínhamos um futuro incerto. No entanto, durante esses mesmos sete anos, ganhamos algo cujo valor transcende o de qualquer tesouro terreno. Encontramos um maravilhoso refúgio, um antídoto contra o desespero: o evangelho restaurado de Jesus Cristo e Sua Igreja, dirigida por um profeta verdadeiro e vivo. As boas novas de que Jesus Cristo realizara a Expiação perfeita por toda a humanidade, redimindo todos da morte física e recompensando cada um segundo suas obras, foram o bálsamo benigno que devolveu esperança e paz a minha vida. Sejam quais forem os desafios da nossa vida, nossos fardos podem ser aliviados se crermos em Cristo e em Sua capacidade e poder de nos purificar e consolar. Nossa vida é curada ao aceitarmos Sua paz. O Presidente David O. McKay (1873–1970) era o profeta durante a minha adolescência. Tinha a impressão de conhecê-lo pessoalmente. Sentia seu amor, sua bondade e dignidade; ele me inspirou confiança e coragem na minha mocidade. Embora morasse na Europa, a milhares de quilômetros de distância, eu sentia que ele confiava em mim e não queria decepcioná-lo. Outra fonte de revigoramento era a epístola redigida pelo Apóstolo Paulo na prisão e destinada a Timóteo, seu assistente e amigo mais leal. Ele escreveu: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor” (II Timóteo 1:7–8). Essas palavras de um dos antigos apóstolos do nosso Salvador tiveram uma importância toda especial para mim no pós-guerra e ainda têm hoje. Contudo, quantos de nós 4 Uma Voz Constante Deus nos fala constantemente. Interage igualmente com toda a família humana. Pode ser que pertençamos a uma ala grande ou um pequeno ramo, o clima ou a vegetação pode mudar, a origem cultural e a língua podem variar e a cor da nossa pele pode diferir. Mas o poder e as bênçãos universais do evangelho restaurado estão ao alcance de todos, independentemente de cultura, nacionalidade, sistema político, tradições, idioma, situação econômica ou grau de instrução. Hoje em dia, temos mais uma vez apóstolos, videntes e reveladores que são atalaias na torre, mensageiros da sublime e alentadora verdade. Deus fala conosco por intermédio deles. Eles conhecem a fundo as diferentes circunstâncias vividas por nós membros. Estão neste mundo, mas não são dele. Mostram o caminho e oferecem auxílio para nossas dificuldades — não por meio da sabedoria do mundo, mas da que provém de uma Fonte divina. Há poucos anos, numa Mensagem da Primeira Presidência, o Presidente Thomas S. Monson afirmou: “Os problemas de nossos dias pendem ameaçadoramente sobre nós. Cercados pela sofisticação da vida moderna, olhamos para o céu para encontrar aquele infalível senso de direção a fim de traçarmos e seguirmos um curso sábio e adequado. Aquele a quem chamamos de nosso Pai Celestial não deixará nossa sincera solicitação sem resposta”.1 Temos novamente um profeta vivo na Terra, sim, o Presidente Thomas S. Monson. Ele conhece nossos desafios e receios. Tem respostas inspiradas. Não há motivo para temer. Podemos ter paz no coração e no lar. Cada de um de nós pode exercer influência positiva no mundo guardando os mandamentos de Deus e valendo-se do verdadeiro arrependimento, do poder da Expiação e do milagre do perdão. Os profetas falam a nós em nome do Senhor e com ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: MATTHEW REIER E stamos seguindo os conselhos inspirados dos profetas? O fortalecimento de nossa própria família é um exemplo muito benéfico a ser deixado para a humanidade como um todo. simplicidade divina. Como confirma o Livro de Mórmon: “Pois o Senhor Deus dá luz ao entendimento; porque fala aos homens de acordo com sua língua, para que compreendam” (2 Néfi 31:3). Cabe a nós não só ouvir, mas também agir de acordo com Sua palavra a fim de fazermos jus às bênçãos associadas às ordenanças e aos convênios do evangelho restaurado. Ele garantiu: “Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazeis o que eu digo; mas quando não o fazeis, não tendes promessa alguma” (D&C 82:10). Há momentos em que nos sentimos sobrecarregados, magoados ou desanimados em nosso grande empenho de ser membros perfeitos da Igreja. Mas não se preocupem: há bálsamo em Gileade. Demos ouvidos aos profetas de nossa época, que nos ajudam a nos concentrar nos aspectos primordiais do plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos. O Senhor nos conhece, nos ama, deseja que tenhamos sucesso e nos incentiva, dizendo: “E vede que todas [as] coisas sejam feitas com sabedoria e ordem; porque não se exige que o homem [ou a mulher] corra mais rapidamente do que suas forças o permitam. (…) [Mas] é necessário que (…) seja diligente” (Mosias 4:27). sadias. A despeito de quão dignas e adequadas sejam outras exigências ou atividades, não se deve permitir que substituam os deveres divinamente determinados que só podem ser desempenhados adequadamente pelos pais e pelas famílias”.4 Renovemos, com humildade e fé, nossa dedicação e comprometimento na obediência diligente aos profetas, videntes e reveladores. Escutemos aqueles que possuem todas as chaves do reino e sejamos instruídos e edificados por eles. À medida que lhes damos ouvidos e os seguimos, que nosso coração se transforme a ponto de termos o grande desejo de fazer o bem continuamente (ver Alma 19:33). Assim, seremos pioneiros na edificação de um alicerce espiritual sobre o qual a Igreja se estabelecerá em todo o mundo, a fim de que o evangelho de Jesus Cristo se torne uma bênção para cada filho de Deus e una e fortaleça a nossa família. ■ NOTAS 1. “Navegando em Segurança pelos Mares da Vida”, A Liahona, novembro de 1999, p. 7. 2. Citado em J. E. McCulloch, Home: The Savior of Civilization, 1924, p. 42; Conference Report, abril de 1964, p. 5. 3. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 4. “Carta da Primeira Presidência”, A Liahona, dezembro de 1999, p. 1. Seguir os Conselhos Deles Será que somos diligentes na observância dos mandamentos de Deus, sem darmos passos maiores que as pernas? Ou estamos oferecendo menos do que poderíamos? Estamos utilizando nosso tempo, talentos e recursos com sabedoria? Dedicamos a devida atenção ao que é mais importante? Acatamos os conselhos inspirados dos profetas? O fortalecimento de nossa própria família é um exemplo muito benéfico a ser deixado para a humanidade como um todo. O princípio da noite familiar nos foi apresentado em 1915. O Presidente McKay relembrou os pais em 1964: “Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar”.2 Em 1995, os profetas modernos convidaram o mundo inteiro a fortalecer a família como unidade fundamental da sociedade.3 E em 1999, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos nos exortaram com amor: “Aconselhamos os pais e os filhos a darem o máximo de prioridade à oração familiar, noite familiar, estudo e ensino do evangelho e atividades familiares I D É I A S PA R A O S M E S T R E S F A M I L I A R E S Em espírito de oração, estude esta mensagem e transmita-a usando um método que incentive a participação das pessoas que você estiver ensinando. Seguem-se alguns exemplos: 1. Pergunte às crianças o que precisariam fazer se estivessem num local distante e tivessem de viajar de volta para casa. Mostre como um mapa e um guia podem ser úteis. Explique-lhes que os profetas são guias mandados pelo Pai Celestial para nos ajudar a regressar à Sua presença. Leia um trecho da mensagem que saliente essa idéia. 2. Relate uma lembrança sua sobre o homem que era presidente da Igreja na época da sua infância ou adolescência. Diga como os ensinamentos dos profetas vivos o guiaram no decorrer da sua vida. A LIAHONA JULHO DE 2008 5 Presidente Henry B. Eyring É L D E R R O B E R T D. H A L E S Do Quórum dos Doze Apóstolos A lguns anos depois de se tornar reitor da Ricks College (hoje Universidade Brigham Young – Idaho), Henry Bennion Eyring recebeu uma proposta de emprego de elevada remuneração e prestígio no sul da Califórnia. “Parece uma oportunidade excelente”, comentou o Presidente Spencer W. Kimball quando Henry descreveu a oferta e seus benefícios. “Se um dia precisarmos de você, saberemos onde o encontrar”. Henry achava que o Presidente Kimball, seu tio, lhe pediria que ficasse na Ricks. Na verdade, ficou óbvio que caberia a Henry e sua esposa, Kathleen, orar e jejuar para tomar a decisão, e foi o que fizeram. Dentro de uma semana, o Espírito sussurrou a Henry que ele teria o privilégio de ficar na Ricks College “por mais algum tempo”. Assim, telefonou para Jeffrey R. Holland, na época Comissário do Sistema Educacional da Igreja, e contou-lhe que recusara a proposta. Na mesma noite, Henry recebeu um telefonema do Presidente Kimball. “Vejo que decidiu ficar”, constatou o Presidente Kimball. “É verdade”, respondeu Henry. 6 “Acha que fez um sacrifício?”, perguntou o Presidente Kimball. “Não”, replicou Henry. “Tem razão!”, tranqüilizou-o o Presidente Kimball. Com isso, o Presidente Kimball encerrou a conversa. Para quem conhece Henry B. Eyring, sua disposição de seguir os sussurros do Espírito (mesmo quando isso significa abrir mão do que o mundo considera importante) não constitui surpresa alguma. Ele aprendeu por si mesmo que a fé e a humildade, aliadas à obediência, tornam os filhos de Deus dignos de bênçãos mais preciosas do que todas as riquezas do mundo. Após o falecimento do Presidente Gordon B. Hinckley em 27 de janeiro de 2008, o Presidente Thomas S. Monson chamou o Presidente Eyring para servir como primeiro conselheiro na Primeira Presidência. Anteriormente, o Presidente Eyring servira como segundo conselheiro durante quatro meses, ocupando a vaga deixada pela morte do Presidente James E. Faust. “Hal”, como é conhecido pelos familiares e amigos, nasceu em 31 de março de 1933, em EMBAIXO, à ESQUERDA: FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA EAST HIGH SCHOOL DE SALT LAKE CITY; à DIREITA: à DIREITA: FOTOGRAFIA TIRADA POR CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIAS DE HENRY EYRING E MARY BOMMELI CEDIDAS PELOS LDS CHURCH ARCHIVES; AO FUNDO: FOTOGRAFIAS TIRADAS POR J. SCOTT KNUDSEN E ALLAN DAVEY/MASTERFILE Chamado por Deus Página ao lado, a partir do alto: A família do Presidente Eyring. A partir da esquerda: seu pai, Henry; seus irmãos, Ted e Harden; o jovem Henry ou “Hal”; e a mãe, Mildred. Hal, num anuário da escola secundária de 1951. À direita: Os bisavós, Henry Eyring e Mary Bommeli. Princeton, Nova Jersey. Foi o segundo dos três filhos de Henry Eyring e Mildred Bennion Eyring, sua família dava grande valor tanto à instrução secular como à espiritual. Seu pai era um químico renomado que lecionava na Universidade de Princeton. A mãe, professora adjunta que chefiara o departamento feminino de Educação Física na Universidade de Utah, tirara licença para fazer um doutorado na Universidade de Wisconsin quando conheceu o futuro marido. Juntos, transmitiram aos filhos sua confiança no Senhor e a fé em Seu evangelho. Legado de Fé O Presidente Eyring atribui a origem do legado de fé da família a antepassados que ouviram e seguiram os sussurros do Espírito e a orientação dos líderes do sacerdócio. Seu bisavô, Henry Eyring, que saíra da Alemanha em 1853 aos 18 anos de idade, conheceu a Igreja no ano seguinte em St. Louis, Missouri. Seu desejo de receber uma revelação sobre a Igreja foi concedido em um sonho no qual o Élder Erastus Snow, do Quórum dos Doze Apóstolos, que só viria a conhecer mais tarde, ordenava a ele que se batizasse. Um sonho semelhante, no qual viu o Presidente Brigham Young pela primeira vez, adveio depois em 1860, durante a época em que servia como missionário na área que hoje é constituída pelos estados de Oklahoma e Arkansas.1 Após a missão, esse seu bisavô conheceu a imigrante suíça Mary Bommeli ao se integrar à mesma companhia de pioneiros que ela, a caminho de Utah. Mary, cuja família se filiara à Igreja quando ela estava com 24 anos, fora presa em Berlim, Alemanha, por pregar o evangelho. Na noite em que foi detida, escreveu uma carta ao juiz responsável por seu caso. Falou a ele (que era “um homem do mundo”) sobre a Ressurreição e o mundo espiritual, incentivando-o a arrepender-se para poupar “grande pesar” a ele e a sua família. Logo depois o juiz arquivou o caso e Mary foi posta em liberdade.2 Henry e Mary se casaram pouco depois de chegarem ao Vale do Lago Salgado. Da Europa aos desertos do sul de Utah e do Arizona às colônias do norte do México, os antepassados do Presidente Eyring desbravaram o deserto, propagaram o evangelho, fugiram de perseguições, fundaram escolas e educaram os filhos. A Influência da Esposa Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o racionamento de gasolina impedia a família Eyring de fazer o trajeto de 27 quilômetros até o Ramo de New Brunswick para as reuniões dominicais. Assim, receberam autorização para fazer as reuniões em casa, em Princeton, Nova Jersey. Hal dizia em tom de brincadeira que nunca faltou a A LIAHONA JULHO DE 2008 7 8 de seguir o exemplo do pai quando se deparou com um dilema semelhante, anos depois. Preparação para o Futuro “Na adolescência, percebi o quanto meu irmão era diferente dos demais jovens”, conta Harden Eyring, que considera o irmão mais velho tanto um mentor quanto um amigo. Na época da escola secundária, lembra Harden, Hal mergulhou nas escrituras e leu o Livro de Mórmon cinco vezes. Hal não se considerava superior aos outros, mas recusava-se a participar de atividades que perturbassem sua espiritualidade. Apesar de jogar basquetebol no time da escola (a East High School em Salt Lake City), sua prioridade eram os estudos. “Quando adolescente, eu ia às sorveterias que eram o ponto de encontro dos jovens”, recorda Harden. “Hal, por sua vez, não saía à noite com os amigos. Preferia ler e estudar”. Seu irmão mais velho, Ted (hoje professor de Química na Universidade de Utah), estava no último ano de estudos na instituição quando cursou algumas disciplinas com Hal. Observou que o jovem Hal não ficava atrás de ninguém na classe. “Quando Hal se dedica, consegue qualquer coisa”, ressalta. “Ele é muito divertido e mantém o bom humor mesmo em situações sérias e difíceis. É muito parecido com o nosso pai”. Com o passar dos anos, porém, Hal descobriu uma grande diferença entre ele e o pai. Henry Eyring incentivou os filhos a estudarem física e a se prepararem para uma carreira científica. Obediente, Hal matriculou-se nesse curso na Universidade de Utah, mas certo dia, quando pediu ajuda ao pai para um complexo problema matemático, Henry percebeu claramente que Hal não partilhava sua paixão. “Meu pai estava escrevendo no quadro-negro que tínhamos no porão”, lembra o Presidente Eyring. “De repente, parou. ‘Hal’, disse ele, ‘lidamos com o mesmo tipo de problema semana passada. Não me parece que esteja entendendo melhor agora. Não estudou nesse meio tempo?’” Hal disse que não. Então, admitiu ao pai que a física não À ESQUERDA: QUADRO CEDIDO PELA UNIVERSIDADE DE UTAH; FOTOGRAFIA CEDIDA PELA FAMÍLIA EYRING; À DIREITA: FOTOGRAFIA COM O PRESIDENTE E A IRMà PACKER CEDIDA PELA BYU–IDAHO uma reunião da Primária lá — uma façanha não tão difícil, pois ela foi realizada apenas uma vez na casa deles. O Presidente Eyring sempre recorda o agradável Espírito que reinava nas reuniões sacramentais desse pequeno ramo, composto por sua família e visitantes ocasionais. Ele não se importava que seus familiares fossem os únicos presentes às reuniões ou que ele e seus irmãos constituíssem a totalidade do Sacerdócio Aarônico do ramo. Contudo, à medida que os meninos chegavam à adolescência, sua mãe passou a almejar viver com a família num local com maior concentração de membros da Igreja. Em 1946, Henry estava feliz com sua vida profissional e o sucesso que alcançara em Princeton. Recebera vários títulos de doutor honoris causa e a maior parte dos grandes prêmios de química. Graças a seu aplicado trabalho acadêmico com cientistas de renome internacional, tinha excelentes chances de ser indicado ao Prêmio Nobel. Nessa época, Henry recebeu um telefonema de A. Ray Olpin, reitor da Universidade de Utah, que o convidava para ser o coordenador da pós-graduação lá e continuar suas pesquisas na área da química. Sua esposa, Mildred, deixou a decisão nas mãos de Henry, mas lembrou-o de uma promessa que ele lhe fizera anos antes: mudar-se com a família para mais perto da sede da Igreja quando os meninos crescessem. Quando Henry recusou a proposta, Mildred, que se criara em Utah, pediu-lhe que orasse a respeito da decisão e entregou-lhe uma carta para que lesse ao chegar ao laboratório. Depois de ler a carta, na qual Mildred expressava sua decepção, e depois de orar e ponderar, Henry telefonou para o reitor e aceitou a missão de reforçar o departamento de ciências da Universidade de Utah. O aparente sacrifício de deixar Princeton revelou-se uma bênção para ele e a família. Uma dessas bênçãos foi a disposição de Hal ocupava seus pensamentos constantemente. O pai fez uma pausa e, em seguida, com palavras ternas que liberavam o filho para seguir seu próprio caminho profissional, declarou: “Escolha uma área que o atraia a tal ponto que, quando não tiver nada para pensar, seja ela que lhe venha à mente”.3 Ainda assim, Hal se formou em física em 1955 antes de ingressar na Força Aérea americana. A Guerra da Coréia acabara fazia pouco tempo e o número de rapazes chamados para serem missionários de tempo integral em cada ala fora limitado. A Casa da Missão de Salt Lake City permaneceu fechada durante algum tempo e nenhum missionário partiu para o campo. Contudo, numa bênção, seu bispo prometeu-lhe que o serviço militar seria sua missão. Duas semanas depois de chegar à Base Sandia perto de Albuquerque, Novo México, Hal foi chamado para ser missionário de distrito na Missão dos Estados do Oeste — um chamado que cumpriu à noite e nos fins de semana durante os dois anos de serviço militar. Depois de dar baixa da Força Aérea, Hal matriculou-se na Escola de Pós-Graduação em Administração de Harvard, onde obteve o mestrado em 1959 e o doutorado em 1963, ambos em Administração de Empresas. Embora tivesse capacidade intelectual para brilhar numa carreira científica, Hal descobriu que sua paixão era ensinar, inspirar e fortalecer os outros. Dar Ouvidos ao Espírito Quando ainda estudava em Harvard, no semestre de verão de 1961, Hal conheceu Kathleen Johnson, filha de J. Cyril e LaPrele Lindsay Johnson, de Palo Alto, Califórnia. Ela estava fazendo um curso de férias em Boston e, para Hal, foi amor à primeira vista. Na presença dela, sentia o desejo instantâneo de dar o melhor de si — e esse desejo não esmoreceu ao longo de sua vida em comum. Eles namoraram no verão e continuaram o relacionamento por telefone e cartas depois do retorno de Kathleen à Califórnia. Casaramse em julho de 1962 no Templo de Logan, e o selador foi o Élder Spencer W. Kimball. No mesmo ano, Hal tornou-se professor adjunto na Escola de Pós-Graduação em Administração de Stanford. Nove anos depois, Hal era professor titular em Stanford e servia como bispo da Ala Stanford I; e, como os familiares da esposa moravam nas redondezas, “tudo parecia perfeitamente nos eixos”, recorda. Contudo, em 1971, Kathleen o acordou no meio da noite com duas perguntas inusitadas. A primeira: “Tem certeza de estar fazendo a coisa certa com a sua vida?” Sem saber como poderiam ser ainda mais Página ao lado: Os pais do Presidente Eyring e um retrato de seu pai em 1969. No alto: Na época em que era reitor da Ricks College. À esquerda: Com a esposa, Kathleen, na recepção de seu casamento. No alto, à esquerda: Como reitor da Ricks College na entrega do Prêmio Mulher Exemplar do Ano à Irmã Donna Packer, em 1973. Na foto também se encontram o Presidente Boyd K. Packer e Denece Hansen Johnson, na época presidente da Associated Women Students. A LIAHONA JULHO DE 2008 9 coisa para os jovens pós-graduandos”. Depois de alguns instantes de silêncio, Kathleen pediu: “Vai orar a respeito?” A essa altura de seu casamento, Hal sabia muito bem que não devia ignorar os conselhos da esposa. Levantou-se da cama, ajoelhou-se e fez uma oração. “Não obtive resposta”, conta ele, “e adorei, pois não tinha vontade de ir para lugar algum”. No alto: Como membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1997. À direita: Durante uma visita recente ao sul de Utah. Na extrema direita: Com o Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos numa reunião mundial de treinamento de liderança em junho de 2004. Página ao lado: Retrato da família em 1995. Sentados, a partir da esquerda: Mary Kathleen, o Presidente e a esposa, e Elizabeth. Em pé, a partir da esquerda: John, Matthew, Stuart e Henry. felizes, Hal indagou: “O que quer dizer com isso?” Kathleen respondeu: “Não poderia fazer estudos para Neal Maxwell?” Neal A. Maxwell acabara de ser nomeado Comissário do Sistema Educacional da Igreja. Nem Hal nem Kathleen o conheciam, mas Kathleen sentiu que talvez o marido pudesse fazer mais para mudar a vida das pessoas. “Fazer estudos para Neal Maxwell neste estágio da minha carreira?”, admirou-se Hal. “Afinal de contas”, pensou, “‘fazer estudos’ é 10 No dia seguinte, durante a reunião de bispado, Hal ouviu mentalmente uma voz que viria a conhecer muito bem e que o repreendeu por não levar a sério a inspiração da esposa. “Não sabes o que te aguarda em tua carreira”, foi-lhe dito. “Caso recebas outra proposta de emprego, apresenta-a a mim”. Desconcertado com a experiência, Hal voltou imediatamente para casa. “Temos um problema”, anunciou ele a Kathleen. Achava que errara ao recusar várias propostas de trabalho recebidas enquanto estava em Stanford. “Nunca orei a respeito de nenhuma delas”, admitiu. Consciente de seus limites, começou a orar acerca de seu futuro. Menos de uma semana depois dos questionamentos levantados por Kathleen no meio da noite, o Comissário Maxwell telefonou para Hal e o convidou para uma reunião em Salt Lake City. Ele pegou o avião na manhã seguinte, e os dois homens se À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS TIRADAS POR JED A. CLARK E CHRISTINA SMITH encontraram na casa dos pais de Hal. As primeiras palavras saídas da boca do Comissário Maxwell foram: “Gostaria de convidá-lo para ser o reitor da Ricks College”. Nem mesmo a inspiração da esposa ou a censura espiritual que recebera o haviam preparado para tal surpresa. Avisou ao Comissário Maxwell que precisaria orar a respeito. Afinal, sabia muito pouco sobre a Ricks College. Na manhã seguinte, reuniu-se com a Primeira Presidência. Depois disso, o Comissário Maxwell confirmou que a vaga seria dele caso a aceitasse. Ao voltar para a Califórnia, Hal continuou a orar com fervor. A resposta veio, mas por pouco não passou despercebida. “Ouvi uma voz tão sutil que mal lhe dera atenção”, recorda. “A voz dizia: ‘É minha escola’.” Telefonou para o Comissário Maxwell e anunciou: “Estou a caminho”. Sem hesitar, Hal abriu mão de sua situação confortável como professor titular em Stanford para viver num trailer em Rexburg, Idaho. Só depois da posse como reitor da Ricks College, em 10 de dezembro de 1971, é que se mudou com a família para a nova casa, que ajudara a construir. “Fui para Ricks consciente de algumas coisas”, conta. “Uma delas é que eu não era tão importante quanto achava devido a minha posição de destaque em Stanford. Outra é que eu tinha ciência de que minha esposa recebera a revelação antes de mim. E, por fim, sabia que tinha sorte de estar ali. Assim, não respondo à pergunta: ‘Como eu poderia abandonar minha carreira em Stanford?’ Na verdade, digo: ‘O Pai Celestial está por trás disso. Nunca tive a impressão de que foi um sacrifício’”. Os seis anos que o Presidente Eyring foi reitor em Rexburg revelaram-se uma bênção para sua família e a faculdade. Os conselhos sábios de um humilde mestre familiar ajudaram a tornar esse período memorável. O mestre familiar, um fazendeiro de grande fé, incentivou-o a sair de seu gabinete na reitoria para conhecer e incentivar os professores, funcionários e alunos e para expressar-lhes sua gratidão. Hal orou acerca desse conselho, sentiu-se inspirado a segui-lo e começou a passar mais tempo com os alunos, professores e funcionários dedicados da faculdade. Com a ajuda de outro professor, até deu aulas de religião. Em seu empenho diligente para moldar os alicerces espirituais e acadêmicos da instituição, ele e Kathleen aprenderam a amar a comunidade do campus e os moradores de Rexburg. A Família em Primeiro Lugar Durante os anos que passou em Rexburg, a família Eyring tornou-se ainda mais unida. A essa altura, Hal e Kathleen tinham quatro filhos: Henry J., Stuart, Matthew e John. Depois foram abençoados com duas filhas: Elizabeth e Mary Kathleen. Mesmo numa cidadezinha da zona rural, Hal e Kathleen precisavam ser vigilantes. Uma das preocupações era a quantidade e a qualidade da programação a que os filhos assistiam na televisão. Henry J., o filho mais velho, lembra-se de uma experiência que fez uma diferença significativa no espírito da família Eyring. “Eu e meu irmão estávamos assistindo à televisão numa noite de sábado por volta da meia-noite”, conta Henry J. “Era um programa humorístico de gosto duvidoso que não deveríamos ver. Estávamos no escuro: a única luz no porão era a do televisor. Nossa mãe chegou sem avisar. Estava usando uma camisola branca e esvoaçante, com uma tesoura na mão. Sem fazer barulho, foi para trás do televisor, pegou o fio e então cortou-o com um único golpe. Voaram faíscas e o aparelho parou de funcionar, mas antes, ela já dera meia volta e se retirara sorrateiramente”. Sem se alterar, Henry J. se preparou para ir deitar-se. Contudo, seu criativo irmão cortou o fio de um aspirador quebrado e ligou-o à televisão. Pouco depois, os meninos estavam de novo sentados em frente à televisão, sem terem perdido quase nada do programa. “Porém, foi nossa mãe que riu por último”, conta Henry J. “Ao voltarmos da escola na segunda-feira seguinte, achamos o televisor no chão com um uma rachadura enorme A LIAHONA JULHO DE 2008 11 no espesso vidro da tela. Desconfiamos imediatamente da nossa mãe. Quando a consultamos, respondeu com a expressão mais séria do mundo: ‘Estava passando o espanador embaixo da televisão, e ela escorregou’”. O Presidente Eyring atendeu ao desejo da esposa; e os filhos, o da mãe. E esse foi o fim da televisão na casa da família Eyring. “Em geral, nossa mãe lidera pelo exemplo sereno”, observa Henry J. “Contudo, também é inspirada e destemida. Sua firmeza é uma grande bênção para seus filhos e netos. Tanto em momentos críticos como no dia-a-dia, ela mudou para sempre o curso de nossa vida”. O Presidente Eyring também ressalta que foi a esposa que despertou nele o desejo de dar sempre o máximo de si e ser o melhor possível como pessoa, e é grato por ela ter suscitado nos filhos o mesmo desejo. Ele sempre reconhece e elogia o seu exemplo e a influência espiritual que ela exerce sobre a família. E ela faz o mesmo, externando gratidão pela sensibilidade dele ao Espírito e seu modo eficaz de ensinar e viver o evangelho no lar. “Não havia dúvidas na mente de Hal sobre quem tinha prioridade em seu coração”, garante ela. “Ele trabalhava num ambiente competitivo e cheio de colegas competentes em Stanford, mas sempre colocava a família em primeiro lugar. Ao fim de cada dia, quando nos encontrávamos ao cair da noite, ele perguntava: ‘Para quem não telefonamos?’ Então, guiado pelo Espírito, ia ao telefone e falava com um membro da família que precisava de contato naquela noite”. Sem televisão em casa, os membros da família tinham mais tempo para se dedicar uns aos outros e a interesses diversos, desenvolver talentos, praticar esportes e realizar outras atividades em família. Ao longo dos anos, o Presidente Eyring aperfeiçoou suas aptidões culinárias (faz seu próprio pão), descobriu um talento para a 12 escultura em madeira e aprendeu a pintar aquarelas. Às vezes, manda um cartão de agradecimento ou uma aquarela como lembrança. Hoje, a casa da família Eyring é cheia de quadros, esculturas e móveis que ele criou com o auxílio de mestres talentosos. Muitos desses objetos foram inspirados por conceitos morais ou impressões espirituais. Além disso, ele acha tempo para mandar e-mails todos os dias, algo que chama afetuosamente de “Placas Menores”, para a família, que hoje conta com 25 netos. “O diário da família redigido por nosso pai e enviado por e-mail diariamente com fotos e contribuições dos filhos nos dá a impressão de estarmos juntos à mesa do jantar todas as noites, contando histórias”, declara Henry J. Disposição para Servir Na época, o Presidente Eyring ainda não sabia, mas ao aceitar o cargo de reitor da Ricks College abandonara definitivamente sua carreira secular. Sua atuação na reitoria e o serviço simultâneo como representante regional e membro da Junta Geral da Escola Dominical propiciaram maior contato entre ele e os líderes da Igreja, que reconheceram seus talentos e dons espirituais. O Senhor, por Sua vez, conhecia a disposição dele para servir. Ao confiarem ao Presidente Eyring importantes chamados após seus seis anos na Ricks College, os líderes da Igreja simplesmente seguiram a inspiração que pediram a Deus. Durante o período de preparação para esses chamados, ele era instruído pelo Espírito ao trabalhar, buscava conhecer a vontade do Senhor, ouvia respostas e, como seus antepassados, agia segundo a inspiração recebida. Quando os chamados chegavam, ele estava pronto. Em 1977, Jeffrey R. Holland, novo Comissário do SEI, chamou o Presidente Eyring para servir como Comissário Adjunto. Três anos depois, quando o Comissário Holland se tornou reitor da Universidade Brigham Young, Hal substituiu-o como Comissário do SEI. Serviu nesse cargo até ser chamado para ser o primeiro conselheiro no Bispado Presidente em abril de 1985. Nessa atribuição, usou seus muitos talentos para fazer contribuições importantes nas À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA FAMÍLIA EYRING áreas de administração e supervisão de propriedades, planejamento, projetos, construção de templos e outros assuntos temporais. Em setembro de 1992, voltou a ser o Comissário do SEI e, um mês depois, foi chamado para o Primeiro Quórum dos Setenta. Em 1° de abril de 1995, Henry B. Eyring foi apoiado para integrar o Quórum dos Doze Apóstolos. Desde essa época, vem buscando uma porção maior do Espírito do Senhor e vem abençoando os membros da Igreja em todo o mundo com seus discursos sinceros, serviço amoroso e testemunho contundente do Salvador e de Seu evangelho. Uma Qualificação Única Na conferência geral de outubro de 2007, ao dar testemunho das bênçãos resultantes de buscarmos a mão de Deus em nossa vida, o Presidente Eyring falou por experiência própria. Ele manteve um diário das intervenções do Pai Celestial em sua vida e, com isso, sentiu seu testemunho crescer e adquiriu “uma certeza ainda maior de que o Pai Celestial ouve e responde a nossas orações”.4 A chave para ouvir essas respostas e saber que Deus Se interessa por nossa vida, realça ele, é desenvolvermos um ouvido atento. “Devemos ficar calmos, em silêncio, e ouvir. Sempre que deixei de receber uma impressão inequívoca ou de ouvir a voz do Espírito é porque estava demasiado ocupado, com os pensamentos muito inquietos ou imerso em meu próprio mundo”. O Presidente Eyring sempre viveu os preceitos da décima terceira regra de fé. Os membros da Igreja têm mesmo muita sorte por contarem com ele para servir ao lado do Presidente Thomas S. Monson e do Presidente Dieter F. Uchtdorf. Uma rara combinação de talentos, seu legado de fé, sua vida de preparação, sua dedicação ao serviço e determinação de buscar a Deus e Sua vontade o qualificam de modo único para servir na Primeira Presidência. ■ Página ao lado: Cópia impressa das “Placas Menores” da família, busto de madeira talhado pelo Presidente Eyring e algumas de suas aquarelas. No alto: Com a esposa, após a conferência geral de outubro de 2007. À esquerda: A Primeira Presidência: o Presidente Thomas S. Monson (no centro); o Presidente Henry B. Eyring, Primeiro Conselheiro; e o Presidente Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro. NOTAS 1. Ver Henry J. Eyring, Mormon Scientist: The Life and Faith of Henry Eyring (2007), pp. 127–130. 2. Ver Henry B. Eyring, “A Força da Doutrina”, A Liahona, julho de 1999, pp. 85–88. 3. Ver Gerald N. Lund, “Élder Henry B. Eyring: Moldado por ‘Influências Determinantes’”, A Liahona, abril de 1996, p. 28. 4. Henry B. Eyring, “Oh! Lembrai-vos, Lembrai-vos”, A Liahona, novembro de 2007, p. 67. A LIAHONA JULHO DE 2008 13 Presidente Dieter F. Uchtdorf ÉLDER RUSSELL M. NELSON Do Quórum dos Doze Apóstolos C onseguem imaginar o terror no coração de Dieter Uchtdorf aos 11 anos de idade quando sua família abandonou sua casa na Alemanha Oriental1 em 1952 em busca de liberdade na Alemanha Ocidental? Por motivos políticos, a vida de seu pai corria extremo perigo. Teria de fugir sozinho para diminuir os riscos para a esposa e os filhos. Para não levantar suspeitas, os outros membros da família não poderiam viajar juntos, mas fariam a tentativa separadamente. Assim, elaboraram um plano. Os dois irmãos mais velhos de Dieter, Wolfgang e Karl-Heinz, tomaram o rumo norte ao saírem de sua cidade natal de Zwickau. A irmã, Christel, embarcou com duas outras jovens num trem que faria uma breve passagem pela Alemanha Ocidental a caminho do destino final na Alemanha Oriental. Quando o trem passou pela Alemanha Ocidental, elas convenceram o condutor a abrir a porta e saltaram. Dieter, o caçula, que na época tinha 11 anos de idade, seguiu uma rota diferente com a corajosa mãe. Levaram apenas um pouco de comida e preciosos retratos de 14 família que tinham sido preservados da destruição durante a II Guerra Mundial. Depois de andarem longas horas, os joelhos da mãe de Dieter começaram a se enfraquecer. Dieter carregou os pertences de ambos e ajudou a mãe a subir a última colina rumo à liberdade. Pararam então para fazer uma parca refeição e foi aí que perceberam, ao verem militares russos, que ainda não haviam cruzado a fronteira. Mãe e filho terminaram o lanche, pegaram as bagagens e subiram ainda mais alto antes de atingirem sua meta. Dieter e a mãe continuaram a jornada como refugiados, pedindo carona e caminhando até chegarem ao destino: um subúrbio perto de Frankfurt. Depois de muitos longos e perigosos dias de separação, a família finalmente estava reunida. Os irmãos chegaram primeiro e o pai veio logo depois. Dieter e a mãe chegaram em seguida e a irmã foi a última a unir-se a eles. A grandiosa reunião da família foi um momento de júbilo. O fato de terem deixado para trás quase todos os seus bens era para eles secundário. FOTOGRAFIAS CEDIDAS GENTILMENTE PELA FAMÍLIA UCHTDORF, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; NO ALTO: FOTOGRAFIA TIRADA POR CRAIG DIMOND; AO FUNDO: FOTOGRAFIAS TIRADAS POR MATTHEW REIER E J. SCOTT KNUDSEN Um Homem de Família, um Homem de Fé, um Homem Preordenado O apartamento de um cômodo da família perto de Frankfurt era pequeno e infestado de ratos. O jovem Dieter ficava intrigado com esses roedores que circulavam pela casa. Os transportes coletivos em Frankfurt eram relativamente baratos, mas as condições da família não permitiam que todos fossem à Igreja todas as semanas. Assim, revezavam-se. Não é de admirar que o Presidente Uchtdorf tenha sentimentos tão fortes pela instituição sagrada da família. Com grande sinceridade, testifica que a família foi ordenada por Deus. A família tem suma importância para ele. Foi no seio da família que as sementes da sua fé inabalável foram plantadas, germinaram e cresceram. Com ela, começou a se preparar para o cumprimento de sua preordenação para líder do sacerdócio na Igreja de Deus. Um Homem de Família À esquerda, a partir do alto: Os pais do Presidente Uchtdorf, Hildegard e Karl, no Templo de Berna Suíça. Aos 12 anos de idade. Aos 2 anos de idade (o segundo a partir da direita) com a irmã, Christel (à direita) e dois amigos. À direita, a partir do alto: Dieter (à direita) com amigos na frente da capela de Frankfurt. Numa reunião de jovens adultos solteiros (fileira de trás, na extrema esquerda); Harriet, sua futura esposa, está na frente, a segunda a partir da esquerda. Com o carro de um amigo em Frankfurt. Sete anos antes, perto do fim da II Guerra Mundial, já tinham fugido uma vez, devido à aproximação de tropas estrangeiras. Agora eram refugiados de novo. Mais uma vez, estavam totalmente privados de recursos materiais. Mais uma vez, tinham que começar do nada. Mas tinham uns aos outros. Tinham também profunda fé em Deus e tinham A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, da qual eram membros havia apenas cinco anos. Dieter Friedrich Uchtdorf nasceu de bons pais, Karl Albert e Hildegard Else Opelt Uchtdorf, no dia 6 de novembro de 1940 em MährischOstrau, Tchecoslováquia. A família saiu desse país em 1944 e mudou-se para Zwickau, na Alemanha. Entre 1949 e 1990, a cidade de Zwickau pertenceu à Alemanha Oriental e era um centro de produção de carvão. Devido a sua importância estratégica durante a II Guerra Mundial, tornou-se um dos principais alvos dos bombardeios dos aliados. Dieter, aos quatro anos de idade, sentia medo, mas também fascinação ao ver a luz dos aviões que sobrevoavam a cidade. Recorda-se de sua mãe levando-o a abrigos antiaéreos para se protegerem. O marido da Irmã Uchtdorf fora convocado pelo exército alemão, e ela cuidou A LIAHONA JULHO DE 2008 15 corajosamente da família enquanto a guerra na Europa seguia seu curso implacável. Depois da guerra, o pai de Dieter trabalhou nas minas de carvão e urânio de Zwickau em condições insalubres, o que o predispôs a uma enfermidade maligna que lhe tirou a vida aos 62 anos de idade, na Alemanha. O Presidente Uchtdorf recorda que o pai era um homem afável e amoroso, forte e terno, um portador do sacerdócio que honrou suas responsabilidades de diácono, mestre, sacerdote e élder. Sua mãe, Hildegard, falecida em 1991, não era apenas corajosa, mas também uma verdadeira conversa ao evangelho e uma discípula dedicada que serviu em inúmeros chamados na Igreja. A família foi selada no Templo de Berna, na Suíça em 1956. De lá para cá, Wolfgang e Karl-Heinz, seus irmãos, faleceram. A irmã, Christel Uchtdorf Ash, que serviu como missionária na Alemanha, atualmente reside no Texas, no sul dos Estados Unidos. O Presidente Uchtdorf conheceu sua futura esposa, Harriet Reich, nas reuniões da Associação de Melhoramentos Mútuos da Igreja. Harriet foi batizada com quase 13 anos de idade, juntamente com a mãe e a irmã, depois de os missionários baterem a sua porta e lhes ensinarem o evangelho. O pai de Harriet morrera de 16 câncer apenas oito meses antes. Tanto a mãe como a irmã já são falecidas. Uma bênção notável adveio ao Élder Gary Jenkins, um dos missionários que ensinaram e batizaram a família Reich. Que imensa alegria sentiu quando, décadas depois, no dia 16 de fevereiro de 2008, sua neta, Crystal, foi selada ao marido, Steven, no Templo de Salt Lake por um membro da Primeira Presidência, o Presidente Dieter F. Uchtdorf. Harriet e Dieter foram selados em 14 de dezembro de 1962, no Templo de Berna, na Suíça. Ele diz que Harriet é o sol da sua vida. O apoio dela é uma fonte contínua de força. Ela é o amor da vida dele. Harriet diz que o marido tem um grande coração. “Ele é bondoso. É um líder bom e compassivo. Esse elogio é feito com freqüência por seus antigos colegas de trabalho e também por amigos da Igreja. É um marido maravilhoso, sempre em busca de maneiras de me apoiar. É um homem de grande humor e perspicácia. Sou muito abençoada por ser sua esposa.” Os Uchtdorf têm dois filhos. Antje, a filha, é casada com David A. Evans e o casal tem três filhos: os gêmeos Daniel e Patrick, de 19 anos, e Eric, de oito anos. Vivem em Darmstadt, Alemanha. O filho do casal Uchtdorf, Guido, serviu na Missão Washington D.C. Sul. Casou-se com Carolyn Waldner, de Basiléia, na Suíça. Guido e Carolyn hoje moram perto de Zurique, na Suíça, onde ele é o bispo da Ala Wetzikon, da Estaca St. Gallen Suíça. São pais de três filhos: Jasmim, de sete anos de idade; Robin, de cinco; e Niklas Ivan, de um ano. Ao lhe perguntarem sobre seu pai e o novo chamado que recebeu, Antje declarou: “Somos abençoados por termos pais tão maravilhosos. Quando eu era mais nova, nem me dava conta do quanto meu pai era atarefado, pois sempre tinha tempo para nós. Nunca éramos relegados ao segundo plano. Quando temos um problema, pedimos conselhos a ele e nossos filhos sentem que seu Opa (avô) terá resposta para qualquer pergunta. Agora que ele faz parte da Primeira Presidência, sentimos uma responsabilidade ainda maior de dar o melhor de nós”. Guido tem lembranças semelhantes. Cita uma ocasião há muitos anos em que ele, a irmã, a mãe e o pai fizeram aulas de esqui. Foi o início de uma agradável tradição familiar: esquiar juntos. Guido sabia que a profissão de aviador exigia que seu pai se ausentasse por longos períodos. “Mas quando nosso pai voltava para casa, brincávamos, conversávamos e ríamos juntos”, ressalta Guido. “Isso é que era tempo de qualidade!” Guido e Antje aprenderam com os pais a importância de dedicar tempo à família. Instrutivos ou recreativos, os passeios ajudavam a fortalecer os laços familiares. A atuação de Dieter e Harriet Uchtdorf como pais e avós à distância agora é facilitada pela tecnologia moderna. A troca de e-mails e telefonemas é complementada pela transmissão de clipes de vídeo e fotografias pela Internet. No entanto, continuam a valorizar os momentos passados juntos. Algo de significado especial para Guido foi comparecer à conferência geral de abril de 2008 e ver o pai ao púlpito do Centro de Conferências. Ao ensinar a família, o Presidente Uchtdorf sempre salientou os princípios fundamentais. Como explicou Guido: “Nosso pai nos ensina quais as bênçãos advindas da oração, do estudo das escrituras, da obediência aos mandamentos e de uma atitude positiva. Isso é muito mais importante para ele do que conjecturas sobre a localização de Colobe”. Por ocasião de seu aniversário de 40 anos de casamento, o Presidente e a Irmã Página ao lado: Depois de seis anos na Força Aérea Alemã, Dieter foi também credenciado como piloto pela Força Aérea dos Estados Unidos e recebeu o Troféu de Comandante. No alto: Embora a profissão de piloto exigisse longos períodos de ausência, seus dois filhos (na fotografia com os pais) lembram que o pai sempre dava prioridade a ficar com a família. A LIAHONA JULHO DE 2008 17 Antes de ser chamado para o Primeiro Quórum dos Setenta em 1996, o Presidente Uchtdorf trabalhava para a companhia aérea Lufthansa. Página ao lado: A família Uchtdorf em 2006. De pé, a partir da esquerda: Patrick Evans (neto), Harriet, Dieter e Daniel Evans (neto). Sentados: David Evans (genro), Antje Evans (filha), Eric Evans (neto), Robin Uchtdorf (neto), Carolyn Uchtdorf (nora), Guido Uchtdorf se reuniram no Templo de Berna Suíça com os filhos, o genro, a nora e os netos mais velhos para realizarem juntos ordenanças sagradas. Harriet e Dieter têm enorme carinho por esse templo, pois seus pais, eles e seus filhos foram todos selados nele. Uchtdorf (filho) e Jasmin Uchtdorf (neta). Um Homem de Fé O neto mais novo do Não se pode estudar a vida desse grande homem sem perceber sua fé única e inabalável. Ele tem fé absoluta em Deus, fé no Senhor Jesus Cristo, fé na Igreja e fé em que receberá auxílio celeste quando necessário. Seus pais arriscaram a própria vida por sua liberdade e fé. Seu pai honrou o sacerdócio que lhe fora confiado. Aprendeu com a mãe — principalmente durante a arriscada fuga da Alemanha Oriental — a orar e a confiar no Senhor. O Presidente Uchtdorf qualifica sua mãe de brilhante. Explica que ela era capaz de efetuar mentalmente cálculos matemáticos e ensinou-o a fazer o mesmo. Embora por duas vezes, na condição de refugiados de guerra, tivessem perdido todos os bens materiais, observavam a lei do dízimo. Sabiam que o Senhor abriria as janelas do céu e derramaria bênçãos sobre os cumpridores fiéis desse mandamento.2 Presidente e da Irmã Uchtdorf, Niklas Ivan Uchtdorf, nasceu em 2007. 18 O Presidente Uchtdorf tem um afeto especial pelo falecido Élder Theodore M. Burton (1907–1989), que foi presidente da Missão Alemã Ocidental. Numa época em que muitos bons membros da Igreja estavam emigrando, a família Uchtdorf deu ouvidos ao conselho do Élder Burton de ficar na Alemanha e edificar a Igreja ali. Foi o Élder Burton que ordenou Dieter F. Uchtdorf ao ofício de élder e deu instruções memoráveis que Dieter seguiu à risca. A Irmã Harriet Uchtdorf compreendeu a importância de seguir o conselho do Élder Burton e permanecer na Europa com a família para fortalecer a Igreja local. Eles levaram a sério esse conselho, bem como seus filhos. Agora, em tom de brincadeira, os filhos repreendem os pais por terem ido morar nos Estados Unidos, enquanto eles ficaram na Europa. À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS DO DIÁRIO DE BORDO DA LUFTHANSA, CEDIDAS GENTILMENTE PELA FAMÍLIA UCHTDORF; À DIREITA: FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN É claro que o Élder Burton não foi o único líder a exercer uma influência determinante sobre o Presidente Uchtdorf. Dieter se lembra de seu presidente de ramo na época em que foi designado presidente do quórum de diáconos. O presidente do ramo deu instruções detalhadas sobre os deveres e responsabilidades de um novo presidente de quórum. Dieter recorda o grande impacto que tiveram esses ensinamentos, algo que um líder menos dedicado teria simplesmente negligenciado, pois havia somente mais um membro no quórum de diáconos. A fé dessa família é exemplificada pela fé da avó do Presidente Uchtdorf. Ela estava numa fila para conseguir comida após a II Guerra Mundial quando uma irmã solteira idosa, que não tinha família, a convidou para uma reunião sacramental. A avó e os pais dele aceitaram o convite. Foram à Igreja, sentiram o Espírito, foram edificados pela bondade e gentileza dos membros e inspirados pelos hinos da Restauração.3 Em 1947, os pais de Dieter se batizaram em Zwickau; Dieter foi batizado quase dois anos depois, aos oito anos de idade. O compromisso da família para com a Igreja tornou-se sólido e duradouro. O alicerce de fé de Dieter contribuiu para sua confiança em sua capacidade de ter êxito. Sua carreira começou com estudos de engenharia e, depois, seis anos na Força Aérea alemã. Em seguida, graças a acordos firmados entre o governo da Alemanha e dos Estados Unidos, fez curso de piloto em Big Spring, no Texas, onde recebeu credenciamento de aviador na força aérea de ambos os países. Ganhou o cobiçado Troféu de Comandante por ser o aluno de destaque da classe. Em 1970, aos 29 anos de idade, Dieter F. Uchtdorf recebeu o grau de capitão na companhia aérea Lufthansa. Com o passar do tempo, tornou-se piloto-chefe e vice-presidente sênior das operações aéreas da companhia. Em 2004, antes de ser chamado para o Quórum dos Doze e por pura coincidência, eu e o Élder Uchtdorf viajamos juntos num vôo da Lufthansa para a Europa. Não é raro que passageiros reconheçam e venham cumprimentar uma autoridade geral presente no mesmo vôo. Mas dessa vez, as saudações foram bem diferentes. Quase todos os membros da tripulação da Lufthansa vieram cumprimentar entusiasticamente o antigo piloto-chefe. A LIAHONA JULHO DE 2008 19 Fizeram fila para ter o privilégio de apertar-lhe a mão. Ficou clara para mim a profunda e merecida admiração que eles tinham a ele. Pareciam perceber sua grande fé, bem como o carinho que nutria por eles. A fé do Presidente Uchtdorf no Senhor transparecia à medida que aceitava chamados para servir na Igreja. Em 1985, foi chamado para ser o presidente da Estaca Frankfurt Alemanha. Em seguida, quando os limites mudaram, foi chamado para presidir a Estaca Mannheim Alemanha. Em 1994, foi chamado para o Segundo Quórum dos Setenta, embora tenha continuado na Alemanha e à frente de suas responsabilidades profissionais na Lufthansa. Em 1996, tornou-se autoridade geral em tempo integral para servir no Primeiro Quórum dos Setenta. Três anos depois, o Élder e a Irmã Uchtdorf mudaram-se para Utah, algo que encararam como sua vez de receber um “cargo no exterior”. Quando o Élder Uchtdorf foi chamado para o santo apostolado em outubro de 2004, alguns veículos de imprensa o chamaram de “Apóstolo alemão”. Mas ele salientou, com toda a razão, que foi chamado para representar o Senhor perante as pessoas, e não o contrário. Essa é de fato a sua missão sagrada. Ele deve ensinar e 20 dar testemunho do Senhor Jesus Cristo a “toda nação, tribo, língua e povo”.4 O Élder David A. Bednar foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos na mesma época que o Élder Uchtdorf. Quando o Presidente Uchtdorf foi chamado para a Primeira Presidência, o Élder Bednar comentou: “Sentar-me ao lado do Presidente Uchtdorf e servir e aprender com ele foram bênçãos grandiosas na minha vida. Seus ensinamentos e sua personalidade envolvente e afável me inspiram a trabalhar com maior diligência e a me aperfeiçoar. Amo e apóio o Presidente Uchtdorf em suas responsabilidades sagradas”. Um Homem Preordenado Não é possível estudar a vida desse grande homem sem também se dar conta de sua preordenação para as grandes responsabilidades a ele confiadas. Essa doutrina é ensinada por profetas antigos e modernos. Alma afirmou que o os líderes do sacerdócio “foram ordenados — sendo chamados e preparados desde a fundação do mundo, segundo a presciência de Deus”.5 O Presidente Joseph F. Smith (1838–1918) revelou que os líderes (como o Presidente Uchtdorf) “também estavam entre os grandes e nobres que foram escolhidos no princípio para serem governantes na Igreja de Deus. Mesmo antes de nascerem, eles, com muitos outros, receberam suas primeiras lições no mundo dos espíritos e foram preparados para nascer no devido tempo do Senhor, a fim de trabalharem em sua vinha pela salvação da alma dos homens”.6 Não seria interessante poder perguntar à mãe do Presidente Uchtdorf se pressentira que seu filho mais novo viria um dia a servir na Primeira Presidência da Igreja? O que será que ela sentiu ao criá-lo, proporcionar-lhe a liberdade e salvar-lhe a vida? Certa vez, ela e os filhos estavam num auditório público. Ela foi inspirada a retirar-se imediatamente. Por causa desse sentimento urgente, pegou um carrinho, colocou Dieter dentro e saiu correndo com as crianças o mais rápido possível. Pouco depois, o edifício foi destruído por um bombardeio durante a guerra. A maioria dos ocupantes do auditório morreu. A Irmã Uchtdorf e seus filhos foram poupados. À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN; À DIREITA: FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND Como passou a infância no pós-guerra, o Presidente Uchtdorf se lembra de brincar em ruínas de casas e descobrir pistolas, munição e outras armas na floresta próxima. Todos esses anos, conviveu com os efeitos onipresentes da II Guerra Mundial e a consciência de que seu próprio país infligira terríveis aflições a outras nações. E ele e sua família foram igualmente vítimas de uma ditadura opressora. Tempos depois, quase perdeu a vida quando, ao pilotar um avião, o manche parou de funcionar como deveria. Se não fosse solucionado, esse problema faria o avião perder totalmente o controle e cair. Ele fez várias tentativas infrutíferas de destravar o manche. Repetidas vezes, seu instrutor de vôo lhe deu a ordem de saltar. Por fim, Dieter F. Uchtdorf, um piloto de força fora do comum, conseguiu vencer a resistência e fez uma aterrissagem de emergência bem-sucedida. O Presidente Uchtdorf reconhece a mão do Senhor, que lhe permitiu sobreviver a tal provação.7 A probabilidade matemática de um menino nascido na Tchecoslováquia numa família de conversos e que sobreviveu a uma vida cheia de riscos ser chamado na fase adulta para servir na Primeira Presidência é ínfima. Mas o Senhor conhece e ama esse homem extraordinário desde antes da criação do mundo. Sim, ele foi preordenado para seus deveres como líder na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Agora ele está ao lado do Presidente Thomas S. Monson em seu chamado sagrado. O Presidente Henry B. Eyring e o Presidente Dieter F. Uchtdorf são grandes servos do Senhor, dedicados e capazes de aconselhar o Presidente da Igreja. Esses três sumos sacerdotes presidentes se complementam. Os membros da Igreja seguirão com alegria e gratidão sua liderança inspirada. ■ Página ao lado: O Presidente Uchtdorf e o Élder David A. Bednar foram chamados para o Quórum dos Doze Apóstolos em outubro de 2004. No alto: A nova Primeira Presidência foi anunciada numa entrevista coletiva em Salt Lake City no dia 4 de fevereiro de 2008. NOTAS 1. O nome oficial do país era República Democrática Alemã. 2. Ver Malaquias 3:10; 3 Néfi 24:10. 3. Ver Dieter F. Uchtdorf, “A Oportunidade de Testificar”, A Liahona, novembro de 2004, p. 74. 4. Mosias 3:20; ver também Apocalipse 14:6; 1 Néfi 19:17; 2 Néfi 26:13; Mosias 15:28; 16:1; Alma 37:4; D&C 133:37. 5. Alma 13:3. 6. D&C 138:55–56. 7. Ver Jeffrey R. Holland, “Élder Dieter F. Uchtdorf: Rumo a Novos Horizontes”, A Liahona, março de 2005, p. 13. A LIAHONA JULHO DE 2008 21 Fé a Cada Passo... 22 ...e o Cântico no Coração Quarenta quilômetros de caminhada não era o bastante para impedir o membro brasileiro Paulo Tvuarte de freqüentar a Igreja. D E I R D R E M . PA U L S E N “Que distância ele percorre?”, perguntei, sem fazer a menor idéia da resposta que ouviria do Irmão Sousa. “Ah, 40 quilômetros”, respondeu ele sem se alterar. “Ele sai de casa às 3h da madrugada para chegar na hora às reuniões. Leva oito horas.” Ao converter rapidamente quilômetros em milhas, FOTOGRAFIAS: JOHN KENDALL, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO S empre que canto ou ouço as palavras “Semeando dia a dia, semeando o bem e o mal” ou “Aonde mandares irei, Senhor”, é impossível não pensar em Paulo Tvuarde. Conheci o Paulo num dia quente no Sul do Brasil. As reuniões da Igreja tinham acabado, e a capela estava quase vazia, com exceção de alguns membros sentados no saguão. Meu marido, que na época servia como presidente da Missão Brasil Curitiba, estava reunido com Edson Lustoza Araújo, presidente do Distrito de Guarapuava, Paraná. “Irmã Paulsen”, disse o Irmão Jason Sousa, que servia como conselheiro do meu marido, “viu o irmão sentado na entrada com as botas cheias de lama?” Há muitas estradas de terra vermelha no Sul do Brasil, assim não é incomum ter lama nos sapatos. “Refere-se ao homem magro e moreno com pouco menos de 30 anos?”, indaguei. “Exatamente. O nome dele é Paulo Tvuarde. Ele vem a pé para a Igreja quase todos os domingos, exceto quando a lama está espessa demais e o impede de caminhar. Ele faz isso há 14 anos: desde os 15 anos de idade.” Ao arar seus campos no Sul do Brasil, Paulo Tvuarde planta sementes do evangelho cantando hinos da Igreja “a plenos pulmões”, o que desperta o interesse dos vizinhos. percebi que o Irmão Tvuarde andava 25 milhas para assistir às reuniões da Igreja em Guarapuava! “Por que ele faz isso?”, perguntei, incrédula. “Por acreditar que a Igreja é verdadeira.” “Claro”, respondi, um pouco constrangida por ter formulado uma pergunta tão óbvia. “O que eu queria dizer era: por que ele tem de andar tanto?” A LIAHONA JULHO DE 2008 23 24 Paulo estuda o evangelho à luz do lampião em sua fazenda, situada a 40 quilômetros da capela da Igreja mais próxima. uma ala com uma capela próxima. Contudo, depois de um namoro à distância que culminou com seu casamento com Paulo no Templo de São Paulo em 2003, Rita foi morar com ele na fazenda. Ela se adaptou bem à vida no interior e é grata pela bênção de um casamento no templo. “O mais difícil foi achar um marido”, conta. “Posso me habituar ao restante.” Hoje, ao trabalhar em sua propriedade, Paulo ainda tenta plantar sementes do evangelho cantando hinos para os vizinhos. E continua a percorrer 40 quilômetros até a capela em Guarapuava. Mas agora, viaja acompanhado de Rita e do filho, Saulo. Em vez de saírem domingo de madrugada, tomam o último ônibus da semana na sexta-feira à noite. Depois de um fim de semana de reuniões e convívio com os membros da Igreja, tomam a condução de volta para a fazenda segunda-feira de manhã — felizes por terem indo aonde mandou o Senhor. ■ NOTAS 1. “Semeando”, Hinos, 165. 2. “Aonde Mandares Irei”, Hinos, 167. FOTOGRAFIA DE FAMÍLIA DE MARIA ODETE G. ARAÚJO O Irmão Sousa explicou que Paulo morava no interior, administrando a fazenda da família para permitir que sua mãe, de 74 anos de idade e com problemas cardíacos, morasse em Guarapuava a fim de receber atendimento médico. O Presidente Lustoza era o cardiologista dela. “O Paulo mora sozinho, cuida da lavoura e alimenta os poucos animais que eles possuem”, prosseguiu o Irmão Sousa. “A fazenda não tem eletricidade nem água encanada e fica a oito quilômetros do ponto de ônibus mais próximo. Mas o pior é que não há ônibus no sábado ou domingo. Então ele vem a pé para a Igreja.” O Presidente Lustoza, que estava em reunião com meu marido, disse que o Paulo costumava comparecer pelo menos três domingos por mês. “Ele nunca falta, a menos que as estradas estejam intransitáveis”, contou. “Ele pernoita na cidade no domingo para voltar de ônibus na segunda.” Se Paulo ia à Igreja pelo menos três domingos por mês, passava por ano mais de 300 horas andando quase 1.600 quilômetros só para freqüentar as reuniões! Quando está na fazenda, Paulo achou Paulo e Rita Tvuarde com o uma maneira de partilhar filho, Saulo. o evangelho. “Decidi que, ao arar a terra com meu cavalo, cantaria hinos a plenos pulmões”, disse, sorrindo. “Os vizinhos que estão trabalhando em seus campos me ouvem e perguntam o que estou cantando. Assim posso falar do evangelho.” A caminhada para a Igreja não era o único trajeto regular que Paulo fazia como demonstração de sua fé. Duas vezes por ano, viajava 530 quilômetros para freqüentar o Templo de São Paulo Brasil. Numa dessas viagens, foi apresentado a Rita de Cássia de Oliveira, que trabalhava no templo. A Irmã Odete, esposa do Presidente Lustoza, conhecera Rita anteriormente no templo e incentivara Paulo a escrever para ela. Rita estava acostumada com a vida na cidade grande e gostava de seus amigos e das bênçãos de ser membro de MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Élder Joseph B. Wirthlin, do Todos os Seres Humanos Foram Criados à Imagem de Deus Ensine as escrituras e citações que atendam às necessidades das irmãs que você for visitar. Preste testemunho da doutrina. Convide as irmãs visitadas a externarem o que sentiram e aprenderam. O que Sabemos sobre o Fato de Sermos “Criados à Imagem de Deus”? “E eu, Deus, criei o homem a minha própria imagem, na imagem de meu Unigênito criei-o; homem e mulher criei-os”. Moisés 2:27: Presidente Gordon B. Hinckley “Nosso corpo é sagrado. Foi criado à imagem de Deus. É maravilhoso, o ápice da criação divina. Câmera alguma jamais se igualou à maravilha que é o olho humano. Nunca se fabricou uma bomba capaz de funcionar por tanto tempo e de modo tão intenso como o coração humano. O ouvido e o cérebro são um milagre. (…) Esses órgãos, juntamente com as outras partes do corpo, exemplificam o gênio divino e onipotente de Deus” (“Be Ye Clean”, Ensign, maio de 1996, p. 48). ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: DANILO SOLETA; NO CANTO: DETALHE DE JESUS CRISTO, DE HARRY ANDERSON (1910–2008): Presidente Thomas S. Monson: “Deus, nosso Pai, tem ouvidos para escutar nossas orações. Tem olhos para ver nossos atos. Tem boca para falar conosco. Tem coração para sentir compaixão e amor. Ele é real. Ele Quórum dos Doze Apóstolos: “Devemos conhecer o ‘único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem [Ele enviou]’ (João 17:3)’. (…) Conhecer a Deus é pensar como Ele pensa, sentir como Ele sente, ter o poder que Ele tem, compreender as verdades que Ele compreende e fazer o que Ele faz. Quem conhece Deus se torna semelhante a Ele e tem o tipo de vida que Ele tem, ou seja, a vida eterna. (…) Ele ensinou a Seus discípulos nefitas: ‘Que tipo de homens devereis ser? Em verdade vos digo que devereis ser como eu sou’ (3 Néfi 27:27)” (“Our Lord and Savior”, Ensign, novembro de 1993, p. 7). Susan W. Tanner, ex-presidente vive. Somos Seus filhos, criados a Sua imagem. Parecemo-nos com Ele, e Ele Se parece conosco”. (“I Know That My Redeemer Lives”, Tambuli, abril de 1988, p. 6). Como o Fato de Saber que Fui Criada à Imagem de Deus Pode Ter uma Influência Positiva na Minha Vida? Élder LeGrand Richards (1886— 1983), do Quórum dos Doze “Muitos acham que o corpo lhes pertence e que podem fazer com ele o que bem entenderem, mas Paulo esclareceu que não é o caso, pois fomos comprados por bom preço. Ensinou ainda: ‘Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo’ [I Coríntios 3:17]” (A Marvelous Work and a Wonder, edição revisada em 1966, p. 380). Apóstolos: “Sua mãe ou seu pai alguma vez já lhes disse, (…) ‘lembre-se de que você é filha de Deus e precisa agir de modo condizente’[?] Os missionários usam uma plaqueta como constante lembrete (…) [de] que devem vestir-se de modo recatado e asseado. Tratar as pessoas com educação e esforçar-se para ter a imagem de Cristo em seu semblante. (…) Por convênio, todos também tomamos sobre nós o nome de Cristo. Seu nome deveria estar gravado em nosso coração. Da mesma forma, espera-se que ajamos como filhas dignas do Pai Celestial, que nos enviou à Terra com esta admoestação, ao menos figurativamente: ‘Lembrem-se de quem vocês são!’” (“Filhas do Pai Celestial”, A Liahona, maio de 2007, p. 107). Para aprofundar o estudo, ver Jó 7:17; D&C 110:2–3; Joseph Smith — História 1:17. ■ geral das Moças: A LIAHONA JULHO DE 2008 25 Receita para um Lar Feliz A união, o evangelho e a diversão em conjunto: eis os ingredientes desta família sueca para um bem-sucedido modelo de amor. PA U L VA N D E N B E R G H E Revistas da Igreja S uponha que acorde de manhã ao som de uma música cantada em falsete por uma vozinha fina e estranha na cozinha. É bem provável que fique um pouco confuso e pense numa das seguintes possibilidades: (1) “É a minha irmãzinha procurando bolachas na cozinha” ou (2) “Vim parar na casa errada”. Mas se por acaso você pertencer à família Ronndahl em Kavlinge, Suécia, não há motivo para espanto. Na verdade, você aguarda com ansiedade esse momento todas as semanas: não necessariamente a música, mas o que a família chama de “desjejum de hotel”. “Adoro o desjejum do sábado de manhã”, entusiasmase Isabelle Ronndahl, de 14 anos, quando lhe perguntam quais são algumas das coisas de que mais gosta na sua família. “É o meu pai que sempre prepara, e toda vez é delicioso.” Os outros filhos da família Ronndahl dizem que sim em coro, confirmando entusiasmados. “Acordamos com nosso pai cantando”, explica Andreas, de 16 anos. Alguns dos irmãos logo se encarregam de imitar, e todos riem, inclusive os pais, Brynolf e Kristina. 26 Na casa da família Ronndahl as risadas são uma constante. Descrevem então como, depois da música, o cheiro de bacon e ovos frescos impele a família a saltar da cama todos os sábados de manhã. Ainda mais do que partilhar a refeição, eles gostam de simplesmente estar juntos. FOTOGRAFIAS DA FAMÍLIA RONNDAHL: PAUL VANDENBERGHE; OUTRAS FOTOGRAFIAS: JOHN LUKE Citam outro ingrediente para a sua receita de lar feliz: a noite familiar. Mas nem sempre foi tão simples. “Recordo quando nossas noites familiares se resumiam a longas aulas”, conta Christoffer, de 18 anos, lançando um olhar maroto para a mãe. “Às vezes, eu ficava entediado e dormia”, acrescenta Andreas, que na época tinha apenas cinco anos. “Mas depois, acordava para o lanche.” O irmão Ronndahl explica que, quando os filhos eram pequenos, a esposa costumava preparar lições de mais de uma hora de duração, e as crianças pequenas tinham dificuldade para acompanhar. Agora, a família Ronndahl tem oito filhos, com idades entre 8 e 23 anos. A mais velha, Rebecka, serviu como missionária de tempo integral e agora faz faculdade nos Estados Unidos. Os pais decidiram mudar a maneira de realizar a noite familiar. “Reunimos a família e perguntamos: ‘O que gostariam de fazer?’”, conta a irmã Ronndahl. Os pais não ficaram nada surpresos ao verificarem que as crianças gostavam do lanche, das brincadeiras e dos hinos. Elas até gostavam da idéia de uma lição, desde que fosse curta. O irmão Ronndahl resume bem a situação ao dizer que os ingredientes certos estavam presentes, mas talvez não na quantidade correta. “Constatamos que era preciso também enfocar o lado divertido”, afirma. A irmã Ronndahl decidiu preparar um jantar mais caprichado do que o de costume para que a noite de segunda-feira já começasse de uma maneira especial. CARIDADE A escritura favorita de Isabelle, de 14 anos, é Morôni 7:45–48. São versículos que tratam da caridade, o puro amor de Cristo. “E gosto principalmente do versículo 45”, diz Isabelle. “Nele aprendemos sobre as qualidades maravilhosas da caridade e do amor. Isso me ajuda a lembrar que a caridade é o que realmente importa para voltarmos à presença do Pai Celestial.” A LIAHONA JULHO DE 2008 27 COMO BRINCAR DE GUIA CEGO A brincadeira favorita da noite familiar de Josefin, de 12 anos, é simples e muito divertida. Todos formam um círculo, e uma pessoa é escolhida para ser o “guia”. Recebe uma venda nos olhos e vai para o centro da roda. Apontando o dedo, o guia manda as pessoas do círculo andarem para a direita ou para a esquerda — mudando o sentido de rotação do círculo sempre que mudar a direção de seu dedo. Quando o guia levanta as mãos, todos param. Então, o guia aponta, às cegas, para o círculo. A pessoa que o guia apontar precisa fazer um barulho qualquer: forte ou fraco, engraçado ou o que seja. Se o guia adivinhar quem foi a pessoa que fez o ruído, ela se torna o novo guia. Caso não acerte, o jogo continua com o mesmo guia. 28 Acrescentaram também muitas brincadeiras, canções e hinos. Além disso, diminuíram a lição para uns 10 minutos. A receita deu certo. “As crianças começaram a aguardar a segunda-feira com ansiedade”, rejubila-se Kristina. “Todos passaram a adorar.” Agora que os filhos estão maiores, as lições ficaram um pouco mais longas e profundas. Rosanna, de 20 anos, comenta: “Hoje conseguimos dar lições excelentes. Adoramos falar do evangelho e outros assuntos. É empolgante, pois temos muitas opiniões e idéias. É mais interessante agora porque falamos sobre o que temos vontade de falar”. Mas a música, as brincadeiras e o lanche ainda fazem parte integrante da receita. “Minhas partes prediletas são o lanche e as brincadeiras”, revela Josefin, de 12 anos. “O lanche e as brincadeiras, sem dúvidas”, concorda Christoffer. “Para mim, a melhor parte é a música”, diz Rosanna. “A lição”, sugere Isabelle timidamente. De imediato, os irmãos põem em dúvida, em tom de brincadeira, a sinceridade de Isabelle. “Mas é verdade”, garante ela, séria. “A minha parte preferida é a noite familiar inteira”, afirma Andreas. “A lição, as músicas, as brincadeiras, o lanche — tudo junto é muito divertido. Se fizéssemos a noite familiar sem lição ou sem brincadeiras ou hinos, pareceria estar faltando algo.” “Adoro quando eu e o Brynolf não temos nenhuma incumbência na noite familiar”, diz a irmã Ronndahl. “Podemos, então, ser meros espectadores enquanto as crianças dirigem, dão aula e se encarregam do lanche. Eles fazem tudo. São meus dias preferidos.” Outro ingrediente essencial na receita da família Ronndahl para um lar feliz é o conselho de família que realizam todos os domingos depois das reuniões da Igreja. Eles tratam das atribuições de cada pessoa para a noite familiar seguinte. Como alternam os encargos, todos têm a oportunidade de fazer tudo — da lição ao lanche, passando pelas escrituras. Nessa ocasião, falam também das tarefas domésticas regulares e de como está cada membro da família. Contudo, as reuniões não acontecem só no domingo e na segunda-feira. Tanto Samuel, de 10 anos, como Johannes, de UNIÃO FAMILIAR “A família deve orar junta, ajoelhando-se à noite e de manhã para agradecer pelas bênçãos e fazer pedidos relativos a problemas comuns a todos. A família deve adorar o Senhor junta, participando das reuniões da Igreja e devocionais da família. Os membros da família devem estudar e aprender juntos. (…) A família deve trabalhar em conjunto. (…) Deve também se divertir em conjunto, para que experiências recreativas felizes sejam associadas às atividades familiares. A família deve reunir-se em conselho, abordando todos os assuntos que digam respeito a ela e seus integrantes. A família deve fazer as refeições reunida. A hora das refeições é um momento privilegiado para a família se reunir e se comunicar.” também freqüentam o seminário. 8 (o caçula), declaram que gostam No passado, tanto o pai como a dos passeios e piqueniques em mãe serviram como professores família. O pai concorda. “Todos desse programa, e é claro que tamnós adoramos nadar, seja onde bém participam ativamente de suas for: lagos, mar, rios”, conta o irmão classes e quóruns na Igreja. Ronndahl. Também se reúnem para Esses são os ingredientes que, cantar e tocar instrumentos, formisturados com cuidado, ajudam mando um conjunto musical, pois essa família a ter tanta harmonia. quase todos tocam um ou mais Do mais novo ao mais velho, de instrumentos. pai a filho, todos adoram estar Toda essa união acabou por transjuntos, pois se amam. E são inúformá-los em melhores amigos, e meras as atividades familiares não apenas membros da mesma preferidas, como nadar no mar família. Eles se amam e se apóiam ou brincar de guia cego na noite mutuamente. Fortalecem uns aos familiar (ver detalhe). “Uma outros. Talvez seja por isso que pasÉlder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Parental Leadership in the Family”, das coisas de que mais gosto na sam tanto tempo juntos. Ensign, junho de 1985, pp. 10–11. nossa família é a música”, Ao se fortificarem mutuamente, revela a irmã Ronndahl. os membros da família Ronndahl “Somos uma família também fortalecem a ala e a estaca. musical. Adoramos cantar.” “Vamos a todas as atividades da estaca e todos os passeios É verdade: todos na família Ronndahl e conferências para os jovens”, ressalta o irmão Ronndahl. adoram cantar. Gostam também de ouvir os “Incentivamos nossos filhos a participarem de todos os outros cantarem — principalmente a hilária eventos da estaca e ala. Como as alas aqui não são muito vozinha em falsete que ecoa na cozinha no grandes, há atividades de estaca para reunir os jovens sábado de manhã. ■ com a maior freqüência possível.” Os filhos mais velhos A LIAHONA JULHO DE 2008 29 A Mão Orientadora de Deus Dos Setenta C O Senhor moldará a sua vida segundo os propósitos Dele, se você permitir. E grandes bênçãos resultarão. 30 omo vai ser a sua vida daqui a 10 ou 20 anos? Que tipo de emprego ou carreira você vai ter? Que chamados vai receber na Igreja? Como vai ser a sua família? Posso responder a todas essas perguntas com certeza absoluta: tenho certeza de que não sei. Mas estou igualmente convicto de que Deus, por Sua vez, o sabe. E se você confiar Nele e entregar sua vida nas mãos Dele, verá que Ele o levará em direções inesperadas, dando-lhe experiências e oportunidades maravilhosas. “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5–6). O mesmo Deus que comanda o destino das nações Se importa o bastante com você, um de Seus filhos, para abençoá-lo individualmente. Testemunhei e vivenciei esses dois exemplos da mão orientadora de Deus. Abençoar Nações Inteiras Na minha infância e adolescência, a Alemanha era uma nação dividida. A parte ocidental, onde eu vivia, era livre e democrática e se tornou próspera. A metade oriental era governada por um regime comunista aliado à União Soviética. Uma fronteira separava a Alemanha Oriental da Alemanha Ocidental, com muros, arame farpado, campos minados e torres vigiadas por guardas com metralhadoras. Encurralados no Leste e separados por essa fronteira havia vários santos dos últimos dias que ansiavam por liberdade de culto e pelas bênçãos do templo. Nós, membros da Igreja, sabíamos que um dia — como cumprimento de profecias — o evangelho seria pregado em todas as nações (ver Mateus 24:14). Mas como os exércitos pareciam tão poderosos e os ILUSTRAÇÕES: GREGG THORKELSON É L D E R W O L F G A N G H . PA U L O mesmo Deus que fala aos profetas e altera o curso das nações está disposto a falar a seu coração por meio de Seu Espírito. Ele guiará a sua vida e o ajudará a tornar-se algo maior do que jamais seria capaz sozinho. governos, tão duros de coração, temíamos que somente um grande conflito internacional ou outra calamidade planetária pudesse provocar as mudanças necessárias na Alemanha Oriental, Polônia e demais países sob dominação soviética. Mas o Senhor sabia que não seria assim. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) desafiou todos os membros da Igreja a orarem para que as fronteiras se abrissem. E de modo lento, mas decerto miraculoso, as coisas começaram a mudar. O governo da Alemanha Oriental permitiu a construção de um templo em seu território, e o Templo de Freiberg Alemanha foi dedicado em 1985. Então, em 1988, depois de solicitações dos líderes da Igreja, o governo concordou em deixar os missionários entrarem no país e os missionários da Alemanha Oriental servirem no exterior. Em novembro de 1989, o governo da Alemanha Oriental abriu o Muro de Berlim, que logo foi demolido. O governo caiu, e a Alemanha se reunificou sob um regime democrático. Os historiadores apontam muitas causas para esses eventos extraordinários. Contudo, não tenho dúvidas de que, por trás de tudo isso, o Senhor estava guiando o destino dessas nações a fim de cumprir Seus desígnios. Guiar a Vida das Pessoas Esse mesmo Deus Se interessa por você pessoalmente e guiará e moldará a sua vida para a sua própria bênção e a de outras pessoas — caso você O convide a fazê-lo. Sei disso porque Ele transformou a minha vida e cumprirá Sua promessa de que, se eu O puser em primeiro lugar, Ele me abençoará com as coisas de que necessitar. Vi isso acontecer muitas vezes ao longo dos anos. Nossa família era a única da Igreja em nossa cidade de 60.000 habitantes. Fazíamos o melhor possível para viver o evangelho. Eu sentia o Espírito com freqüência, e nunca 32 duvidava da veracidade do evangelho. Contudo, ao fazer o serviço militar, senti o forte desejo de saber por mim mesmo se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Assim, isolei-me num local e fiz exatamente o que aconselha o Livro de Mórmon (ver Morôni 10:4–5): perguntei a Deus. E recebi um testemunho — uma cálida sensação espiritual de consolo, paz e grande felicidade que jamais esquecerei. Depois do serviço militar, fiz estudos de administração militar no governo da Alemanha Ocidental. Foi muito difícil, mas adquiri uma sólida formação em áreas como finanças, imóveis, direito e assim por diante. Tinha também um chamado na presidência do distrito. Enquanto meus colegas estudavam intensivamente aos domingos, eu cumpria responsabilidades da Igreja e me dedicava à família. Foi penoso, mas as promessas do Senhor são verdadeiras e podemos confiar nelas. Saíme tão bem quanto meus colegas. Depois de me formar, trabalhei para o governo durante oito anos. Tinha um emprego estável e um ótimo plano de aposentadoria. Estava numa situação confortável e meu futuro parecia garantido. Então, o Bispado Presidente da Igreja me perguntou se estaria disposto a mudar-me para Frankfurt para trabalhar como representante de área para a Europa. Teria de abandonar o emprego seguro e a vantajosa aposentadoria. Mas quando orei a respeito com minha esposa, sentimos que era a decisão certa. A partir de então, minha vida seguiu um curso diferente, mas muito abençoado. Minha experiência anterior como funcionário público me preparou para muitas das minhas novas responsabilidades, e aceitar aquele emprego me permitiu servir posteriormente como presidente de missão, algo que seria impossível se eu tivesse permanecido no serviço público. Conto essas coisas com profunda gratidão. Não o faço para me vangloriar, mas para mostrar que o Senhor mudará a sua vida segundo os propósitos Dele, se você permitir. E grandes bênçãos resultarão. Posso prometerlhe que Ele não somente o abençoará em questões importantes como a carreira, mas caso O busque em oração, concederá auxílio também nos pequenos desafios do dia-a-dia. Constatei isso em inúmeras ocasiões. Abençoados Dia a Dia Lembro-me de quando servia como presidente de ramo e estava preenchendo nosso relatório anual de dízimo. Era um belo dia de inverno, e minha esposa estava à minha espera para um passeio. Eu tinha o hábito de fazer relatórios financeiros no serviço público, assim não havia mistérios para mim. Mas a cada vez que eu comparava os valores, o total não batia. Fiz várias tentativas, mas nada funcionou, e comecei a ficar frustrado. Pedi ajuda ao Pai Celestial. Depois de me ajoelhar e orar, não percebi mudança nenhuma. Mas me senti inspirado a reexaminar uma parte específica do arquivo de recibos de doações. Naquela época, as papeletas vinham coladas em blocos, e verifiquei então que dois recibos tinham ficado grudados e pareciam um único. O problema estava resolvido. Os seus desafios podem ser tão corriqueiros quanto o que enfrentei recentemente. Comprei um modem de alta velocidade para o meu computador, mas quando conectei todos os cabos de acordo com as instruções, o aparelho não funcionou. Consultei a seção de dúvidas, reconectei tudo e telefonei para a central de atendimento, mas ainda assim não deu certo. Até levei o equipamento de volta à loja, mas os testes não detectaram nenhum problema. Assim, levei o modem de novo para casa. Mas dessa vez me lembrei de orar. Foi a única coisa de diferente que fiz. Então o aparelho funcionou e continua em boas condições até agora. Alguns eventos afetam nações inteiras. Alguns alteraram por completo os rumos da minha vida. Já outros são bem pequenos, se mantivermos a perspectiva correta. Mas é justamente isso que desejo ressaltar. O mesmo Deus que fala aos profetas e muda o curso da história das nações está disposto a falar a seu coração por meio de Seu Espírito. Ele guiará a sua vida e o ajudará a tornar-se algo maior do que jamais seria capaz sozinho, e Ele o ajudará com seus desafios cotidianos caso confie e se apóie Nele. Ele o conhece, Ele o ama e Suas promessas são certas. ■ A LIAHONA JULHO DE 2008 33 Agora É o M Ser santo dos últimos dias na Ucrânia significa servir e liderar na Igreja — agora. J A N E S S A C LO WA R D I magine que seja membro da Igreja num local em que todos são conversos. Os missionários chegaram ao país há poucos anos. E ao fazer 17 anos, em vez de se tornar presidente das Lauréis, é chamada como presidente da Primária. Para Oksana Fersanova, a Igreja é exatamente assim. Oksana, que mora em Khmelnitski, Ucrânia, foi uma das primeiras pessoas a serem batizadas quando sua cidade foi aberta para a obra missionária em 2006. Pouco tempo após seu batismo, foi chamada para servir como presidente da Primária do pequeno grupo que se reúne na sua cidade. Oksana é bem representativa dos adolescentes da Igreja locais: profundamente envolvidos no serviço e ávidos para partilhar o evangelho num país onde a mensagem do evangelho começa agora a se estabelecer. Em áreas como Khmelnitski, os jovens conversos são cheios de energia, otimismo e um testemunho inabalável do evangelho, o que fortalece a Igreja na Ucrânia. Esperando o Evangelho Oksana tinha um testemunho de Jesus Cristo, mas foi só quando amigos lhe deram um Livro de Mórmon que adquiriu um testemunho de Seu evangelho restaurado. “Ao ler as palavras de Jesus Cristo aos nefitas, tive um sentimento muito forte, e soube que Ele me amava. Orei e recebi um testemunho de que Ele é o meu Salvador e de que o Livro de Mórmon é verdadeiro”, relata Oksana. 34 “Eu sabia que, se Joseph traduzira o Livro de Mórmon e o Livro de Mórmon era verdadeiro, ele era incontestavelmente um profeta de Deus e restaurara o evangelho de Jesus Cristo”, conclui. Seus amigos lhe ensinaram mais sobre o evangelho porque não havia na época missionários em Khmelnitski. Durante quatro anos, ela estudou o evangelho e viveu os princípios da melhor forma possível, orando pela vinda dos missionários. Por fim, em março de 2006, eles chegaram. Oksana e seu amigo Sasha Kubatov foram as primeiras pessoas batizadas em Khmelnitski. Sasha tinha apenas 14 anos quando ganhou um Livro de Mórmon de suas irmãs mais velhas, que tinham se filiado à Igreja em outra cidade. “Elas chamaram atenção para o fato de que eu tinha 14 anos, assim como Joseph Smith ao receber a Primeira Visão. Ele fora imensamente abençoado ainda bem jovem, Bielorrússia • Chernihiv Polônia •Kiev • Lviv Eslováquia FOTOGRAFIAS CEDIDAS GENTILMENTE POR MYREEL LINTON e o mesmo poderia acontecer comigo”, diz. Assim, começou a ler. Leu até chegar aos capítulos relativos a Isaías em 2 Néfi e depois parou. Um ano depois, releu o Livro de Mórmon, mas como documento histórico, e não com o desejo de saber se era verdadeiro. Contudo, quando leu o Livro de Mórmon pela terceira vez, Sasha se concentrou menos nos aspectos históricos e mais na obra de Deus nele registrada. “Ao ler o livro, soube que era verdadeiro, mas ainda não tinha um testemunho firme”, admite. “Queria conversar com os missionários.” Quando os élderes chegaram alguns anos depois, sanaram todas • UCRÂNIA Khmelnitski Hungria via ldá Mo omento Rússia Romênia as suas dúvidas e o ajudaram a se preparar para ser batizado e confirmado. “Ao entrar nas águas do batismo, todos os meus questionamentos desapareceram, e soube que Joseph Smith era um profeta e que o evangelho é verdadeiro”, relata. “Não senti medo, embora soubesse que o restante da minha vida seria diferente.” E, de fato, a vida dele agora está muito diferente. Como mestre familiar, Sasha está aprendendo a magnificar o sacerdócio que possui e a servir no reino do Senhor. Menos de um ano depois de seu batismo, Sasha batizou a mãe e o avô. Agora toda a sua família entrou para a Igreja, e Sasha está animado para levar o evangelho a outras pessoas. “Estou preenchendo os papéis para a missão a fim de pregar o evangelho aonde for chamado e conduzir as pessoas a Deus”, entusiasma-se. “Sua obra deve seguir avante.” Mar Negro Página ao lado: Oksana Fersanova, conversa à Igreja que adora ensinar na Primária. Um grupo de crianças em Chernihiv segura números da Liahona. À esquerda: Sasha Kubatov levou o evangelho à família e agora está se preparando para a missão. Abaixo: O centro da cidade de Lviv. familiares. Na Ucrânia, as pessoas são, em sua maioria, membros desde o nascimento da religião apoiada pelas autoridades. E a família dele não era a exceção. Sua mãe queria que ele adiasse o batismo por alguns anos, assim ele concordou em esperar completar 16 anos. Nesse meio tempo, freqüentou a Igreja semanalmente e começou a servir como pianista do ramo. “Isso me motivava a ir todos os domingos, pois se não comparecesse não haveria ninguém para tocar”, conta Misha. Quando a espera finalmente acabou, Misha foi batizado no Rio Desna, em 1o de julho de 2006. Naquela altura, nem fazia idéia da velocidade com a qual sua família seguiria o seu exemplo. Sua mãe, Olga, começou a freqüentar a Igreja para aprender mais sobre a nova religião do filho. Ia com tanta freqüência que o presidente do ramo lhe pediu que tocasse órgão na reunião sacramental para que o Misha fosse chamado como regente. No alto: Depois de ser batizado aos 16 anos de idade, Misha contou o seguinte sobre a confirmação: “Senti um poder recair sobre mim quando as mãos se impuseram sobre a minha cabeça, e foi uma sensação maravilhosa”. À direita: Misha batizou a mãe, Olga, seis meses após seu próprio batismo. Seguir a Liderança do Senhor Abaixo: Os missioná- Misha Sukonosov nunca imaginou que, ao assistir a aulas de inglês dos missionários em Chernihiv, acabaria sendo conduzido ao evangelho restaurado de Jesus Cristo. Mas a mudança ocorreu depois de vários meses de curso. Misha adorava o espírito que sentia ao aprender inglês com os missionários. E quando, por fim, aceitou o convite de acompanhá-los às reuniões dominicais, ficou surpreso ao sentir esse mesmo espírito na Igreja. Finalmente, um dos élderes o convidou a simplesmente fazer o que sabia ser certo e batizar-se. Misha sabia que precisaria de muita coragem para ir de encontro às tradições rios, membros do ramo e familiares foram apoiar Olga no dia de seu batismo. Página ao lado: Yuri Voynarovich adora servir como líder da missão do ramo e secretário. 36 Depois de ouvir por seis meses o testemunho dos membros, inclusive o do filho, Olga adquiriu o seu próprio testemunho. Misha batizou a mãe em dezembro de 2006. Olga ainda toca órgão todas as semanas. Misha, agora com 17 anos, está sempre atarefado ajudando a presidência do ramo, servindo como missionário de ramo e regendo os hinos na sacramental. “Sei que a Igreja precisa de mim”, reconhece ele. “Sou muito grato por essas oportunidades de servir. A Igreja me ajuda quando ajudo os outros.” Achar a Fé Em Lviv, cidade do Oeste da Ucrânia, Yuri Voynarovich e sua família começaram a buscar a verdade quando ele tinha apenas 10 anos de idade. Ao longo dos anos, visitaram diversas igrejas. Então, seu tio os convidou às reuniões de um ramo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e os pais de Yuri logo foram batizados e confirmados. “No início, não os acompanhei”, conta Yuri. “Prossegui minha busca sozinho.” Mas os pais, que sabiam que a Igreja era verdadeira, não desistiram do filho. Sempre convidaram Yuri para as aulas de inglês e atividades dos jovens, bem como para as reuniões dominicais. Por fim, os próprios missionários o convidaram para as aulas de inglês. “Não consegui dizer ‘não’ para eles”, conta Yuri. Assim, foi. Depois, visitou também a Igreja. E acabou sendo batizado. “Desde esse dia, passei por muitas experiências que fortaleceram e moldaram meu testemunho e caráter e me transformaram em quem sou hoje”, declara. “Vejo muitas pessoas que sofrem devido a más escolhas que fizeram”, constata. “Entendo que às vezes é difícil, devido às tentações e pressão dos amigos, mas não devemos desistir. No futuro colhemos as bênçãos resultantes da obediência.” Yuri, agora com 17 anos de idade, serve como líder da missão e secretário do Ramo de Lviv. “Sou muito grato pela Igreja e tudo o que fez por mim”, diz Yuri. “Amo esta Igreja. Exorto todos a se apegarem à barra de ferro e nunca a soltarem.” ■ A LIAHONA JULHO DE 2008 37 Um ano antes da data de publicação de A Liahona: inicia-se o planejamento. Os artigos são selecionados ou escritos. J Dez meses antes da data de publicação: os artigos escritos por membros da equipe de redação e por membros das presidências de auxiliares ou por Autoridades Gerais são editorados. As contribuições dos leitores também são editoradas nessa fase. á se perguntou como é produzida A Liahona? Ao examinar a revista que tem em mãos, já teve a curiosidade de saber quem a criou e como foi esse processo? Vamos conduzi-lo a uma visita pelos bastidores das revistas da Igreja, para que conheça como são criadas essas publicações. Enquanto você lê esta revista, já estão sendo feitos planos para a edição que será impressa daqui a um ano. Na fase de preparação, os redatores seguem a orientação de vários membros dos Setenta que, por sua vez, transmitem os conselhos do Quórum dos Doze Apóstolos e da Primeira Presidência sobre os assuntos a serem abordados para fortalecer os membros. Com base na orientação das Autoridades Gerais, são escolhidos ou criados os artigos para a revista. A CRIAÇÃO das Revis Os gerentes editoriais de A Liahona e da Ensign conversam sobre um artigo a ser usado em uma futura edição. Um redator das revistas da Igreja em geral tem curso superior, normalmente Jornalismo ou Letras, e vários anos de experiência em redação, edição ou publicação. 38 Nove meses antes da data de publicação: os artigos são examinados por um comitê encarregado e pelas Autoridades Gerais. Oito meses antes da data de publicação: define-se a posição dos artigos na revista. (O prazo para as revistas Friend, New Era e Ensign são dois ou três meses mais tarde.) stas da Igreja FOTOGRAFIAS: WELDEN C. ANDERSEN Quatro Principais Fontes de Artigos das Revistas Os discursos ou escritos do profeta e outras Autoridades Gerais e líderes da Igreja podem ser transformados em artigos. Membros dos Setenta e da presidência das auxiliares redigem artigos para dar suporte aos programas de estudo da Igreja. Os redatores das revistas da Igreja redigem artigos depois de pesquisarem um tema ou visitarem os membros da Igreja de determinado local. Vocês, leitores, escrevem artigos. Suas contribuições permitem que a voz de santos dos últimos dias do mundo inteiro seja ouvida nas revistas. Planejamento de uma Edição O planejamento sempre começa pela revista A Liahona, que é publicada em 51 idiomas. Mensalmente, ela circula em 21 línguas. Nos idiomas com menos assinantes, a periodicidade é de quatro a seis vezes por ano. Nas línguas com um público ainda menor, a revista é publicada uma, duas ou três vezes por ano. A Liahona traz artigos para adultos, jovens e crianças e uma seção local que inclui, entre outras coisas, notícias voltadas para os membros de determinada área da Igreja. Os líderes da Igreja pedem que, na medida do possível, o conteúdo usado em A Liahona corresponda ao que figura nas revistas da Igreja publicadas exclusivamente em língua inglesa: Ensign, New Era e Friend. Ao planejarem as edições mensais de A Liahona, os redatores procuram determinar, em espírito de oração, quais artigos são mais necessários para os membros da Igreja do mundo inteiro. A escolha dos artigos é submetida à aprovação das Autoridades Gerais que servem de consultores no Departamento de Currículo. A LIAHONA JULHO DE 2008 39 CONHECER O P Ú B L I C O - A LV O Os membros da equipe de redação que escrevem e editoram os artigos para adultos, jovens e crianças precisam ter em mente as diferenças básicas entre os diversos grupos de nossos leitores. Quem prepara artigos para as crianças sabe que, entre os 6 e os 12 anos de idade, elas passam por grandes mudanças em sua capacidade intelectual e desenvolvimento emocional. Os redatores estão cientes de que isso também acontece à medida que os adolescentes amadurecem. Os produtores de artigos para adultos procuram lembrar que seus leitores diferem em idade, fase da vida, estado civil e situação familiar. Além disso, como é muito complexo procurar atender às necessidades de leitores do mundo inteiro, nossa missão parece quase impossível. Embora seja impraticável contemplar todos os leitores em uma única edição, empenhamonos ao longo das edições de cada ano para fornecer materiais úteis e inspiradores para todos os nossos assinantes em diferentes fases da vida ou faixas etárias. 40 Sete a oito meses antes da data de publicação: a equipe de design gráfico elabora o projeto visual e faz a diagramação; desenhos, gravuras e fotografias são encomendados a ilustradores e fotógrafos. Composição Gráfica e Produção Redatores de A Liahona e da Ensign discutem a inclusão e ordem de artigos em uma futura edição. Os designers escolhem um formato, as fotografias e outras obras de arte para ensinar os princípios espirituais abordados nos artigos. Aqui, o diretor de arte de A Liahona mostra layouts propostos a redatores e artefinalistas do escritório. Ao diagramarem os artigos, os designers gráficos encomendam ilustrações ou fotografias, conforme a necessidade, a desenhistas e fotógrafos profissionais. Produção Em qualquer dia do ano, encontramos os funcionários da equipe de redação preparando várias edições diferentes para meses futuros. Vemos diferentes etapas desse trabalho: desde o planejamento inicial até a revisão das provas da edição do mês seguinte. (O centro gráfico da Igreja em Salt Lake City, Utah, imprime as revistas de língua inglesa e a maioria das edições de A Liahona.) A redação e a edição dos artigos de cada número da revista são concluídas aproximadamente oito meses antes da data de publicação. Contudo, se nos três ou quatro meses seguintes houver eventos que mereçam ser abordados nas revistas da Igreja, os redatores podem retirar um artigo que constava da programação prévia e substituí-lo por um novo. Todas as revistas da Igreja passam por várias fases de revisão de conteúdo. Depois de editorados, os artigos são lidos pelos revisores encarregados, que incluem membros dos Setenta. Depois de aprovado, o texto é encaminhado para a equipe de design gráfico, que faz a diagramação. Eles podem escolher fotografias e outras obras de arte já existentes ou encomendar novas. Como as páginas da revista A Liahona precisam levar em conta o fato de que ao ser traduzido para diversos idiomas o texto pode ficar maior, cada artigo é concebido com espaço adicional. Ao fim do projeto gráfico, as páginas são submetidas à aprovação de membros dos Setenta e de um ou mais membros do Quórum dos Doze Apóstolos. O processo de produção reserva aproximadamente um mês para a tradução dos artigos da revista A Liahona. Os tradutores são membros da Igreja que moram em diversos lugares do mundo. A partir da sede da Igreja, os artigos de A Liahona são enviados para os tradutores e recebidos de volta por meio eletrônico. Seis meses antes da data de publicação: várias Autoridades Gerais aprovam o layout dos artigos de A Liahona. Os artigos são enviados aos tradutores. Seis meses antes da data de publicação: versões eletrônicas das páginas de A Liahona, em inglês, começam a ser encaminhadas aos encarregados da préimpressão. As versões das páginas nos demais idiomas seguem depois de traduzidas e diagramadas. Na extrema direita: Trabalhando por e-mail, os artistas de produção comunicam-se com tradutores do mundo inteiro e recebem a aprovação da diagramação das páginas. À direita: A produção das revistas em até 51 línguas exige que as páginas sejam diagramadas no computador e que se faça a revisão das provas em cada idioma. Os designers gráficos das revistas da Igreja criam eletronicamente o layout das páginas de cada artigo em inglês. Os artistas da produção reproduzem então esses layouts com o texto traduzido. Um designer das revistas da Igreja costuma ter diploma universitário, vários anos de experiência num estúdio de design e domínio de vários programas de computação gráfica e produção. Dois meses antes da data de publicação: começa a impressão. As revistas Friend, New Era e Ensign são enviadas depois de A Liahona às impressoras do centro gráfico da Igreja em Salt Lake City, Utah. A impressora digital do centro gráfico da Igreja, em Salt Lake City, pode imprimir de 8 a 64 páginas frente e verso, depois cortar e dobrar as páginas impressas em “cadernos” (grandes folhas impressas de páginas múltiplas que se dobram, formando as páginas individuais). Em média, a impressora digital faz 3.000 impressões por hora. Funciona 24 horas por dia, de segunda a sábado, com equipes de quatro pessoas que trabalham em turnos rotativos. Esse operador desdobrou um caderno de 16 páginas e o está inspecionando para “registro” adequado (garantir que as placas de impressão estejam alinhadas corretamente) e correspondência cromática. Essa máquina imprime todas as cores vistas nas revistas combinando apenas quatro cores: azul, vermelho, amarelo e preto. Um a dois meses antes da data de publicação: algumas edições de A Liahona são impressas no país de distribuição. A impressora digital imprime em rolos de papel de mais de 1.200 quilos que contêm cerca de 24 quilômetros de papel. A impressão da Ensign de junho de 2008 precisou de 105 rolos de papel — cerca de 2.560 quilômetros. O papel mostrado abaixo está passando por uma secadora ao sair da impressora. O papel aparece desfocado por estar-se movendo em alta velocidade. Exige-se de um operador de impressora do centro gráfico da Igreja pelo menos cinco anos de experiência e a conclusão de um curso de seis meses a um ano na Graphic Arts Technical Foundation. Idiomas de A Liahona (2008) 42 Albanês Espanhol Italiano Samoano Alemão Estoniano Japonês Sueco Armênio Fijiano Letão Tagalo Bislama Finlandês Lituano Tailandês Búlgaro Francês Malgaxe Taitiano Cambojano Grego Marshallês Tâmil Cebuano Haitiano Mongol Tcheco Chinês Híndi Norueguês Télugo Cingalês Holandês Polonês Tonganês Coreano Húngaro Português Ucraniano Croata Indonésio Quiribati Urdu Dinamarquês Inglês Romeno Vietnamita Esloveno Islandês Russo Um a dois meses antes da data de publicação: começa a impressão, o armazenamento e a distribuição. As revistas são enviadas primeiramente para os locais mais distantes de Salt Lake City. Em muitos países, elas são entregues aos assinantes pelo correio local. Em outros, elas são distribuídas pelas alas e ramos. Impressão e Distribuição Os cadernos impressos passam por uma máquina que os intercala, adiciona a capa e depois os grampeia. Em seguida, corta-se o excesso de papel de cada revista. As revistas prontas são acondicionadas para serem enviadas, por via aérea ou marítima, do centro de distribuição central da Igreja em Salt Lake City. No armazém em que são estocados outros materiais impressos da Igreja, um empregado inspeciona as revistas acondicionadas para envio. Distribuição As páginas da revista com a diagramação final são entregues aos redatores para a revisão das provas impressas. Em seguida, são enviadas eletronicamente ao centro gráfico, cinco meses antes da data de circulação, no caso da revista Liahona em inglês, dois meses antes, no caso das edições de A Liahona em outras línguas, e dois meses antes, no caso das revistas Ensign, New Era e Friend. As seções de notícias de A Liahona vão para o prelo uns dois meses antes da data de lançamento e, no caso da Ensign, por volta de um mês antes. As revistas impressas são acondicionadas e remetidas para fora dos Estados Unidos e distribuídas por diversos meios, inclusive pelo serviço postal local. Nos Estados Unidos, elas são entregues pelo correio. As revistas são enviadas, em primeiro lugar, para áreas distantes e, por último, para os leitores de Utah. O planejamento prevê que as revistas cheguem aos destinatários antes do primeiro domingo do mês da edição, mas pode haver variações. Agora que você está com esta revista em mãos, esperamos que a considere proveitosa para seu crescimento espiritual. Os artigos podem versar sobre a saúde física, as finanças ou outros temas que digam respeito a todos nesta vida mortal, mas o objetivo principal é fortalecer os membros da Igreja espiritualmente. Se tiver comentários sobre os artigos que ler, teremos a satisfação de recebê-los (ver nosso endereço à direita). Caso tenha sugestões sobre como podemos atender melhor a suas necessidades espirituais, também gostaríamos de ouvi-las. Tudo o que pudermos aprender para servir melhor os leitores se reverterá no seu benefício e igualmente no nosso. ■ COMO CONTRIBUIR COM SEUS ARTIGOS Muitos membros não sabem como enviar contribuições às revistas da Igreja. Você pode nos enviar manuscritos sobre assuntos variados, mas já deve ter notado que os artigos que ensinam o significado da doutrina ou das escrituras geralmente são escritos por Autoridades Gerais. Seu artigo terá mais chance de ser publicado se abordar suas reflexões ou experiências espirituais. Quando você escreve sobre coisas que conheceu e vivenciou, suas palavras se revestem de veracidade e autenticidade. Lembrese de que sua contribuição deve, via de regra, aplicar-se a leitores de muitas nações e culturas. Se desejar, entre em contato conosco para saber de nosso interesse, antes de escrever um artigo. Dessa forma, poderemos informarlhe se o tema condiz com nossos planos editoriais. O endereço postal das revistas da Igreja é Liahona (ou Ensign ou New Era ou Friend), 50 E. North Temple St., Rm. 2420, Salt Lake City, UT 841503220, USA. O endereço eletrônico é o nome da revista seguido de @ldschurch.org, por exemplo: [email protected]. A LIAHONA JULHO DE 2008 43 VOZES DA IGREJA O irmão explicou que, ao se preparar pela manhã para as reuniões dominicais, tivera a estranha inspiração de que devia levar uma chave de fenda para a Igreja. Heidi Bartle E u estava ocupada arrumando minhas coisas, depois de dar aula para as Meninas-Moças, e meu marido, Garry, estava no fundo da sala, com nosso bebê de um ano no colo. Nosso filho de três anos, Zach, escapou de nossa vista, foi parar no corredor cheio de gente e seguiu alguém até as portas da capela. Como tanto eu quanto o meu marido achássemos que o Zach estivesse com o outro, demoramos alguns minutos para nos dar conta de sua ausência. Assim que demos pela falta do Zach, nós o avistamos no final do corredor. Mas havia algo de errado. Seu rosto estava vermelho, e ele estava chorando e apertando a mão direita. Nosso bispo, que tentava conduzi-lo até onde estávamos, parecia preocupado. Tive um profundo sentimento de culpa. Meu filho se machucara, e eu não estava por perto para socorrê-lo. O bispo ouvira os gritos aflitos de Zach e correra para acudir. Imediatamente percebeu o problema, mas não sabia o que fazer. Zach havia prendido os dedos no vão da pesada porta externa da capela. Tentar abrir ou fechar a porta apenas piorava a situação: o movimento apertava ainda mais seus dedos, prensando-lhe a mãozinha e provocando imensa dor. 44 Enquanto o bispo e um casal da ala tentavam desesperadamente achar um meio de soltar os dedos do Zach, um irmão de outra ala que se reunia na nossa capela viu o que estava acontecendo. Tirou uma chave de fenda do bolso e a inseriu no vão entre a porta e o batente. Depois, usando a chave de fenda como alavanca, alargou a fenda o suficiente para soltar a mão do Zach. Em meio a suspiros de alívio, o irmão explicou que, ao se preparar pela manhã para as reuniões dominicais, tivera a estranha inspiração de que devia levar uma chave de fenda para a Igreja. A impressão fora tão forte e clara que ele pôs a ferramenta no bolso da calça do terno. Aquele bondoso ato de serviço resultante de uma inspiração celestial me tocou profundamente e me encheu o coração de agradecimento. O Pai Celestial estava velando por meu filho de três anos e inspirou um bom irmão a agir. ■ À Sombra de Suas Asas Paul B. Hatch L ogo após haver terminado meu treinamento básico de piloto em Phoenix, Arizona, e de ter cumprido as horas de vôo solo, recebi permissão para atravessar o estado, pela primeira vez, desacompanhado. Isso significaria um trajeto de duas horas, de Phoenix até Tucson, e depois, o retorno. Entusiasmado com a idéia de voar sozinho a 3.000 metros de altitude, contemplando a beleza das nuvens, montanhas, vales e deserto, nem pensei muito na minha falta de ILUSTRAÇÕES: DOUG FAKKEL Samaritano com Chave de Fenda experiência e nos possíveis perigos que poderia enfrentar. Consultei as previsões meteorológicas, registrei meu plano de vôo e peguei o rádio, a bússola e os instrumentos básicos de vôo. Como costuma acontecer nessa fase de treinamento de pilotagem, ainda não havia recebido instruções sobre o uso de instrumentos avançados. No entanto, o velho avião que eu pilotaria não utilizava nenhum dos instrumentos sofisticados que permitem voar sem referências visuais. Fiquei um pouco nervoso ao decolar sozinho em meu monoplano monomotor, mas o vôo de Phoenix até Tucson transcorreu bem. Vibrei com minhas novas habilidades. Eufórico e confiante e com apenas mais 190 quilômetros pela S egundos depois, o Espírito me sussurrou: “Confie no rádio, na bússola e em seu painel de instrumentos e diminua a altitude”. frente, decolei de Tucson para Phoenix ao final da tarde. Contudo, pouco depois de alçar vôo, fui surpreendido por fortes ventanias que dificultavam o controle do avião. Uma tempestade de areia logo me envolveu, e não consegui enxergar mais nada. Impelido de um lado para outro, perdi o controle e fiquei totalmente desorientado e em pânico, pois sabia estar perigosamente próximo da cadeia de montanhas Catalina. Aflito, pensei em minha vida. Estava noivo e com casamento marcado para o mês seguinte no Templo de Mesa Arizona. Cumprira uma honrosa missão de tempo integral. Sempre me empenhara para guardar os mandamentos e ouvir os sussurros do Espírito Santo. Mais do que nunca, naquele momento, estava precisando de orientação divina. Quase em desespero, fiz uma oração silenciosa. Segundos depois, o Espírito me sussurrou: “Confie no rádio, na bússola e em seu painel de instrumentos e diminua a altitude”. Sem tardar, desci várias dezenas de metros. A visibilidade ainda estava ruim, mas consegui enxergar, lá embaixo, uma rodovia e uma ferrovia. Usando meus instrumentos e seguindo pontos de referência visual, por fim consegui aterrissar no aeroporto de Phoenix após uma experiência angustiante de duas horas. Sempre serei grato pelos sussurros do Espírito Santo e pela promessa em Salmos: “À sombra das tuas asas me abrigo” (Salmos 57:1). ■ A Moedinha do Muchacho Natalie Ross E u e minha companheira missionária estávamos decidindo onde fazer contatos porta a porta quando vimos uma senhora entrando em uma casa. Tínhamos certeza de que estava chegando para preparar o almoço, pois àquela hora o subúrbio de Buenos Aires, Argentina, já estava em peso fechando as portas para a sesta. Quase sem nos darmos conta, minha companheira já estava a ensinar-lhe um princípio do evangelho, e eu estava prestando testemunho de sua veracidade. Narda gostou do que ouviu e convidou-nos para voltar na semana seguinte. Quando chegamos à casa de Narda, seus cinco filhos estavam sentados em volta da mesa nos aguardando. Nem o pai nem a mãe tinham emprego fixo, e sentimos um aperto no coração ao 46 mais velhos haviam começado a ler o Livro de Mórmon e a freqüentar a Igreja, tinham perguntas que precisavam ser respondidas. “Irmã”, perguntou o Cristian, “na Igreja e no Livro de Mórmon, todos falam do jejum. O que significa jejuar?” Ensinamos e testificamos sobre a importância do jejum e depois fizemos uma oração silenpercebermos que ciosa para que a família aceitasse mal tinham o bastante aquele mandamento. para a sobrevivência. Algum tempo depois, Cristian O chão era de terra batida, não nos contou seu testemunho: “Há havia água encanada, e as paredes poucos dias, minha mãe me deu consistiam em tábuas unidas precadinheiro para comprar doces. A riamente com pregos. A única fonte caminho da loja, lembrei da lição de calor era um pequeno fogão de sobre o jejum e tive vontade de uma só boca. experimentar. Mas tinha apenas Por mais pobres que fossem, 20 centavos. Decidi jejuar assim eram ricos no desejo de aprender mesmo e guardar aquelas moedimais sobre Deus. Narda tinha amor nhas para minha oferta”. à Bíblia e a estudava, e queria que Narda tentou disos filhos também tivessem suadir Cristian, por se esse alicerce. Cristian, de empre que tratar de uma quantia doze anos, era um dos que acho que tão pequena, mas ele mais gostava de ouvir as não tenho estava determinado. lições missionárias. Depois condições de fazer Queria viver todos os de deixarmos um Livro de as ofertas de mandamentos de Deus Mórmon com a família, jejum, lembro-me e dar o que podia. ele leu os primeiros livros do Cristian e de Algumas semanas com grande entusiasmo. O sua fidelidade e depois, ele e dois dos marido de Narda também percebo que tenho seus irmãos foram batise interessou, mas era mais do que o sufizados. Os pais se filiatímido e ouvia do quarto. ciente para doar. ram à Igreja no ano Em virtude da situação seguinte. financeira deles, relutamos Hoje, sempre que em ensinar sobre as oferacho que não tenho tas de jejum e o dízimo. condições de fazer as Queríamos que tivessem ofertas de jejum, lembro-me do um firme testemunho de Jesus Cristian e de sua fidelidade e percebo Cristo e da Restauração antes de que tenho mais do que o suficiente apresentarmos princípios que exipara doar. A oferta dele me faz pensar gissem mais fé. Mas como os filhos S na moeda da viúva (ver Marcos 12:42–44). A contribuição pode ter sido pequena, mas Cristian a fez porque verdadeiramente amava a Deus e queria obedecer. ■ Jesus Visitou Mesmo as Américas? Carlos René Romero E m 1960, conheci numa festa um rapaz que me disse que Jesus Cristo visitara as Américas após a Ressurreição. Achei a idéia incrível e quis saber mais, de modo que comecei a pesquisar em bibliotecas e a consultar várias denominações religiosas da minha cidade de San Miguel, El Salvador. Procurei durante quase três anos, mas sem sucesso. Ao comentar com vários líderes religiosos que ouvira falar da visita de Cristo às Américas, disseram-me que eu havia sido enganado. Como minhas buscas foram infrutíferas, acabei achando que eles tivessem razão. Certo dia, dois missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias vieram à minha casa e disseram que tinham uma mensagem importante para a minha família. Recordei de imediato meus questionamentos anteriores e perguntei: “Sabem se Jesus Cristo veio às Américas?” Um dos rapazes respondeu: “Testificamos que sim”. Naquele momento, senti grande entusiasmo na mente e no coração e perguntei: “Como sabem disso?” Ele tirou um livro da bolsa e declarou: “Sabemos que Cristo esteve aqui por causa deste livro, o Livro de Mórmon”. O que os missionários ensinaram naquela primeira palestra me deixou perturbado, e duvidei do relato da visão do Pai e do Filho feito pelo Profeta Joseph Smith. Contudo, o Livro de Mórmon me intrigava, e os missionários continuaram as lições. Certa tarde, os élderes me perguntaram: “Orou para saber se o que estamos ensinando é verdade?” Respondi que sim, mas que não obtivera resposta. “É preciso orar com real intento”, replicaram. Eu estivera estudando o Livro de Mórmon por várias noites e lera sobre a aparição de Jesus Cristo aos nefitas e acreditara nela, mas ainda não conseguia aceitar a visão de Joseph Smith. Meus conflitos internos eram terríveis. Certa noite, ajoelhei-me sozinho e abri o coração a Deus. Disse que precisava saber se Ele de fato Se manifestara a Joseph Smith. Se a resposta fosse sim, prometi que me batizaria na Igreja e que O serviria por toda a vida. Quando me levantei, na manhã seguinte, recebi a resposta por meio do Espírito Santo. Minha mente ficou límpida e meu coração se encheu de paz. A partir daquele momento, não tive mais dúvida alguma de que Joseph Smith era mesmo um profeta de Deus, de que o Livro de Mórmon era outro testamento de Jesus Cristo e de que Jesus Cristo é o nosso Salvador e Redentor. Sei que Cristo veio às Américas após Sua Ressurreição. Minha alma se deleita nesse conhecimento maravilhoso que me foi transmitido de modo incontestável pelo poder do Espírito Santo. ■ A LIAHONA JULHO DE 2008 47 COMENTÁRIOS A Melhor Decisão Em dezembro de 2005, minha mulher e eu recebemos a visita de alguns parentes que são membros da Igreja, na Colômbia. Antes de voltar para casa, meu tio me deu dois presentes maravilhosos: uma combinação tríplice e algumas edições antigas de A Liahona. Comecei a ler a edição de novembro de 2004, com os discursos da conferência geral de outubro. Li “A Condição da Igreja”, do Presidente Gordon B. Hinckley, e “Profetas, Videntes e Reveladores”, do Élder Jeffrey R. Holland. O testemunho daqueles grandes homens me impeliu a começar a ler o Livro de Mórmon e a Bíblia. O resultado foi a coisa mais maravilhosa que já nos aconteceu. Minha mulher e eu tomamos a melhor decisão da nossa vida: fomos batizados e nos tornamos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. confirmou a veracidade dos artigos e me encheu de gratidão. Devido a essas experiências espirituais, senti o desejo de partilhar as mensagens da revista com outras pessoas. Presenteei um primo com uma assinatura. Ele me disse que adora a revista e que sempre a lê. Espero que isso o ajude a compreender a importância de fazer e guardar convênios. Também envio exemplares de A Liahona a uma amiga e professora que mora em outro país. Ela me contou que gosta da revista e deseja continuar a recebê-la. É assim que estou preparando o terreno para que, um dia, ela ouça e aceite o evangelho restaurado. Penélope B. Woodward, Texas, EUA O Espírito da Conferência Quando recebo a edição de conferência de A Liahona, gosto de ver as fotografias de cada página. Adoro ver o rosto das pessoas e todas as várias fotografias da conferência. Isso me ajuda a sentir o espírito que reina no mundo inteiro na época desse evento. Como são belos todos os filhos do Pai Celestial! A edição da conferência sempre me deixa feliz. Recebam meus agradecimentos por todo o trabalho feito nos bastidores. Muito obrigada pela Liahona. Jung YeJi, Coréia O Elias Honesto Gostaria de dizer-lhes o quanto gostamos de A Liahona. Meu filho Elias (que na época estava com dois anos de idade) adorou a história “O Morgan Honesto”, da edição de março de 2007. Eu a li para ele várias vezes. Ele até conseguiu recontá-la corretamente. Ficaria muito grata se continuassem a publicar historinhas desse tipo. Quanto a mim, sempre leio a Liahona de capa a capa e gosto das notícias, dos artigos e das sugestões. Obrigada pela oportunidade de receber esse alimento espiritual. Sonja Görgen, Alemanha Preparar o Terreno Gostaria de externar minha profunda gratidão pela revista Liahona. Meu testemunho muito se fortalece com a leitura atenta de cada revista inspirada. Em inúmeras ocasiões, o Espírito Santo me 48 Envie seus comentários por e-mail para: [email protected]. Ou para: Liahona, Comment 50 E. North Temple St., Rm. 2420 Salt Lake City, UT 84150-3220, USA O texto das contribuições poderá ser corrigido e sintetizado por motivo de espaço ou clareza. FUNDO © COMSTOCK.COM Edgar Henry Muñoz Porras, Colômbia PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U L H O D E 2 0 0 8 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR A DÁDIVA DO EVANGELHO PRESIDENTE HENRY B. EYRING data para encontrar alguém para ser ensinado pelos missionários. Mas cada uma dessas pessoas orou para saber como sábado é um dia de mercado no mundo proceder. inteiro. Em Gana, no Equador e nas Para agirmos de modo adequado e eficaz, Filipinas, as pessoas levam seus produprecisamos tornar-nos semelhantes a esses tos agrícolas e suas obras de artesanato para irmãos em pelo menos dois aspectos. vender na cidade. Conversam com as pesPrimeiro, eles sentem que são filhos amados soas que encontram no caminho. Entre elas, de um Pai Celestial amoroso. Por causa disso, há santos dos últimos dias. Grande parte dos assuntos abordados são os mesmos que O Presidente Eyring oram a Ele com freqüência e facilidade. Segundo, as pessoas que falam facilmente ouviríamos em qualquer lugar do mundo. nos incentiva a do evangelho são gratas seguidoras de Jesus No entanto, há uma diferença em relação partilhar o Cristo. Dão grande valor ao que o evangelho aos membros da Igreja. Pode-se notar isso evangelho. significa para elas. A lembrança da dádiva que tanto em seu olhar quanto em suas palavras. receberam faz com que anseiem que os outros também Eles ouvem atentamente com a expressão de alguém a alcancem. Sentiram o amor do Salvador. que se importa. Orem pela oportunidade de encontrar pessoas que Se a conversa durar mais de alguns minutos, pasaspiram a algo melhor na vida delas. Orem para saber o sará a tratar de temas de profunda importância para que podem fazer para ajudá-las. Suas orações serão resas duas pessoas. Vão conversar sobre o que acreditam pondidas. Vocês conhecerão pessoas preparadas pelo que proporciona felicidade e o que traz tristezas. Às Senhor. E vão sentir-se mais próximos do Pai Celestial, vezes, as pessoas perguntam aos santos dos últimos conscientes de terem feito o que Ele lhes pediu, porque dias: “Por que vocês parecem ter tanta paz na vida?” Ele os ama e confia em vocês. ● Virá então uma resposta serena. Talvez seja sobre o Extraído de um discurso da conferência geral de abril de 2003. Pai Celestial e Seu Filho Jesus Cristo, que apareceram ao jovem Joseph Smith. Pode ser sobre o amoroso ministério do Salvador ressuscitado, conforme desCOISAS EM QUE PENSAR crito no Livro de Mórmon. 1. A seu ver, o que significa “ouvir atentamente com a Pode ser que vocês perguntem: “Como fazer isso? expressão de alguém que se importa”? Como isso faz parte Como posso compartilhar melhor a minha fé?” do processo de compartilhar o evangelho? Estudei cuidadosa e fervorosamente o exemplo de 2. Como você pode se sentir mais perto do Pai Celestial e algumas pessoas que são testemunhas fiéis e eficazes saber que é filho Dele? do Salvador e de Sua Igreja. Não há um modo único 3. Por que você é grato por ser membro da Igreja? de agir. Algumas levam sempre consigo um Livro de Consegue pensar em pessoas que talvez estejam procurando Mórmon para oferecer. Outras estabelecem uma as mesmas bênçãos na vida delas? Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência A2 ILUSTRAÇÃO: SHERI LYNN BOYER DOTY O Ore para ter oportunidades missionárias. Convide seus amigos para atividades da Igreja. Seja um bom exemplo. Compartilhe o evangelho com os outros. Nota: Se não quiser arrancar páginas da revista, copie esta atividade ou imprima-a da Internet em www.lds.org. Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique em “Languages”. Seja um bom amigo. Um Lar que Prega o Evangelho TEMPO DE COMPARTILHAR Um Missionário Já Eu Posso Ser “E, se (…) trouxerdes a mim mesmo que seja Idéias para o Tempo de Compartilhar uma só alma, quão grande será vossa 1. Reúna objetos para tarefas simples que exijam preparação para serem realizadas. (Por exemplo: lavar a louça — objetos como sabão e pano de prato; cozinhar — uma receita e ingredientes.) Prepare uma bolsa com uma tarefa diferente para cada grupo. Peça a um deles que abra a bolsa, determine qual tarefa precisa ser realizada e explique por que cada artigo é necessário para isso. Convide cada classe para fazer uma apresentação ao restante da Primária. Explique às crianças que, assim como precisamos de certas coisas para nos preparar para realizar uma tarefa, devemos fazer certas coisas para nos preparar para ser bons missionários. Coloque as fotografias 605 (Um Menino Orando) e 617 (Examinar as Escrituras) do Pacote de Gravuras do Evangelho no quadro-negro e escreva embaixo delas: “Vou me preparar para ser um missionário orando e lendo as escrituras todos os dias”. Peça às crianças que digam como a prática desse princípio pode prepará-las para a missão. Resuma a história de Alma, o Filho, e dos filhos de Mosias. Ajude as crianças a acharem Alma 17:2–3 e leiam juntos essa passagem. Sublinhe as frases “haviam examinado diligentemente as escrituras para conhecerem a palavra de Deus” e “haviam-se devotado a muita oração”. Preste testemunho do poder da oração e do estudo diário das escrituras e de como isso pode nos preparar para ser missionários. 2. Ponha num recipiente vazio a etiqueta “Fiel e Obediente”. Prepare vários estudos de caso sobre a fé e a obediência para as crianças menores e as maiores (ver Ensino, Não Há Maior Chamado [1999], pp. 161–162). Comece o tempo de compartilhar escrevendo no quadro-negro: “Vou me preparar para ser um missionário sendo fiel e obediente”. Leia essa frase com as crianças. Peça a alguém que escolha um estudo de caso. Deixe a criança ou a classe responder o que fazer. Ressalte que a resposta exige fé e obediência e deixe a criança pôr alguns pequenos objetos (grãos de feijão ou pedrinhas, por exemplo) no recipiente. Depois de cada estudo de caso, cante “Seguindo a Jesus, verdade e luz ao mundo anunciarei”, de “A Igreja de Jesus Cristo” (Músicas para Crianças, 48). A frase “verdade e luz ao mundo anunciarei” significa que seremos missionários. Continue até encher o recipiente. ● alegria” (D&C 18:15). L I N DA C H R I S T E N S E N O Apóstolo Paulo foi um grande missionário. Ele disse: “Não me envergonho do evangelho de Cristo” (Romanos 1:16). Viajou por muitos lugares para pregar o evangelho. Sentia alegria ao proclamar o evangelho e ao ajudar as pessoas a serem felizes. Samuel, irmão do Profeta Joseph Smith, foi o primeiro missionário nos últimos dias. Desde aquela época, mais de um milhão de homens e mulheres serviram como missionários. Cada missionário, como Samuel Smith e Paulo, tem um testemunho do evangelho e quer partilhá-lo com os outros. O Presidente David O. McKay (1873–1970) disse: “Todo membro é um missionário”.1 Isso quer dizer que você pode ser um missionário agora! Partilhar o evangelho com as pessoas ajudará você a ter em mente o seu convênio batismal de recordar sempre de Jesus Cristo. Lembre-se destas palavras: § Um missionário já eu posso ser, Não preciso esperar crescer. Um bom exemplo sempre eu serei E, assim, que tenho um testemunho mostrarei; Que tenho um testemunho mostrarei.2 ILUSTRAÇÕES: THOMAS S. CHILD Atividade Retire a página A4. Recorte a casa e as cinco janelas. Cole cada janela no respectivo contorno existente na casa da família que prega o evangelho. Com a sua família, converse sobre as idéias da casa. Decidam juntos o que podem fazer para ser missionários desde já. Coloque a ilustração do lar que prega o evangelho num local bem visível para toda a família. NOTAS 1. Conference Report, abril de 1959, p. 122. 2. “Um Missionário Já Eu posso Ser”, Músicas para Crianças, p. 90. O AMIGO JULHO DE 2008 A5 DA VIDA DO PROFETA JOSEPH SMITH Joseph Muda-se para Ohio Sou Joseph, o Profeta. Você orou para que eu viesse até aqui. Newel K. Whitney! Era você que eu estava procurando! Joseph tivera uma visão da família Whitney orando para que ele fosse a Kirtland. Reconheceu o Irmão Whitney por causa daquela visão. Você leva vantagem sobre mim. Não sei o seu nome, mas você sabe o meu. Nessa época, a Igreja contava com cerca de 400 membros. A maioria deles morava em Kirtland. Outros membros mudaram-se para lá a fim de ficarem perto do Profeta. O que deseja de mim? Este é o Profeta Joseph. Joseph e Emma ficaram hospedados na casa do casal Whitney durante algumas semanas. A6 Joseph! Joseph! ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Em 1831, Joseph e Emma viajaram para Kirtland, Ohio. Quando chegaram à loja de Newel K. Whitney, Joseph saltou do trenó para cumprimentar aquele membro da Igreja que ainda não conhecera pessoalmente. Alguns meses depois, Joseph e sua família mudaram-se para Hiram, Ohio, onde ele e Sidney Rigdon teriam tranqüilidade para dedicar-se à revisão inspirada da Bíblia. Joseph e a família moraram em Hiram durante um ano. Quando Joseph voltou para Kirtland, o Senhor deu aos santos o mandamento de construir um templo naquele lugar. Joseph teve uma visão de como deveria ser o templo. Tenho o projeto da casa do Senhor, que Ele próprio me confiou. Os santos trabalharam com afinco e fizeram muitos sacrifícios para edificar o templo. Por fim, os santos terminaram o belo templo. Joseph dedicou-o em 27 de março de 1836. Realizamos esta obra em meio a grandes provações e, apesar de nossa pobreza, doamos de nosso próprio sustento para erguer uma casa ao nome do Senhor. Adaptado de Lucy Mack Smith, History of Joseph Smith, ed. Preston Nibley (1979), p. 230; Keith W. Perkins, “From New York to Utah: Seven Church Headquarters”, Ensign, agosto de 2001, pp. 54–55; “House of Revelation”, Ensign, janeiro de 1993, p. 33. Ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (2007), pp. xvii–xviii, 11, 13–14, 159–160, 199, 207–208, 271–273, 307–308. O AMIGO JULHO DE 2008 A7 E m 1856, a primeira companhia de carrinhos de mão de pioneiros da Igreja começou a jornada rumo ao Vale do Lago Salgado. Nos quatro anos seguintes, mais de 3.000 pessoas puxaram e empurraram carrinhos de mão ao longo das planícies dos Estados Unidos. Para fazer o seu próprio carrinho de mão, siga estas instruções. Ao preparar a bagagem, pense no que você teria carregado na viagem. Instruções Retire estas páginas da revista, cole-as em cartolina e recorte os pedaços. Para fazer o fundo e as laterais do carrinho de mão, dobre os lados, a frente e traseira do desenho parecido com um caixote e cole as orelhas deixadas para facilitar a montagem. Cole uma roda e um cabo de cada lado para puxar o carrinho. Cole a barra transversal na extremidade dos cabos. Dobre as bordas do restante das figuras para que fiquem de pé. Ponha o pai e a mãe do lado de dentro da barra transversal. (Cole o braço do pai fora do cabo para que pareça que ele está puxando o carrinho.) Ponha a filha e os mantimentos em cima do carrinho e coloque o filho onde possa ajudar a empurrar. Não se esqueça de pendurar a panela no fundo! CRIE O SEU PRÓPRIO CARRINHO DE MÃO A8 ILUSTRAÇÕES: VAL BAGLEY Nota: Se não quiser arrancar páginas da revista, copie esta atividade ou imprima-a da Internet em www.lds.org. Para o inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique em “Languages”. O AMIGO JULHO DE 2008 A9 DE UM AMIGO PARA OUTRO Filhos e Filhas de Deus “Não temos nós todos um mesmo Pai?” (Malaquias 2:10). N De uma entrevista com o Élder Paul K. Sybrowsky, dos Setenta, que serve atualmente como presidente da Área Austrália, realizada por Melvin Leavitt. A10 asci de bons pais. Meu pai e minha mãe respeitavam os valores de honestidade e integridade ensinados pelo evangelho, mas não eram ativos na Igreja. Mas como meus amigos iam à Primária, eu os acompanhava. Sentia-me feliz lá e nunca tinha vontade de faltar. A Primária se tornou a minha família da Igreja. Todas as semanas, eu ia à reunião sacramental com os meus amigos da Primária. Não compreendia totalmente o significado do sacramento, mas sabia que sentia algo especial quando o tomava. Entendi os sentimentos ligados a um convênio antes mesmo de aprender essa palavra. Quando fiz 12 anos, meu quórum do Sacerdócio Aarônico se tornou minha segunda família da Igreja. Sentia grande amor e reverência pelo sacerdócio. Como presidente do quórum de diáconos, dirigia as reuniões do quórum e, quando era ordenado um novo diácono, eu lhe dava as boas-vindas com um pequeno discurso. Lembro-me de dizer nessas ocasiões: “Este é o sacerdócio de Deus. Você precisa honrá-lo”. Depois da escola secundária, alistei-me no exército. Meu oficial comandante deume a oportunidade de me tornar oficial comissionado do Exército dos Estados Unidos. Ele era gentil, mas também muito grande e imponente. As pessoas não conseguiam recusar seus pedidos. Perguntei se poderia pensar no assunto em casa. Orei naquela noite e veio-me à mente a oração batismal que se encontra em Doutrina e Convênios 20:73: “Tendo sido comissionado por Jesus Cristo, eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Na manhã seguinte, disse ao oficial comandante que decidira aceitar uma comissão, mas que seria comissionado pelo Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo. Expliquei que ia servir como missionário para a minha Igreja. A sensação de receber resposta a essa oração foi ILUSTRAÇÃO: ROBERT A. MCKAY; FOTOGRAFIA GENTILMENTE CEDIDA PELA FAMÍLIA SYBROWSKY O Élder Sybrowsky com a família em 2006. maravilhosa e vivenciei-a várias outras vezes ao orar sobre decisões importantes. Tenho a impressão de sempre ter tido consciência de que o Pai Celestial e Jesus Cristo me conhecem e me amam. Minha conversão deve ter começado assim que passei a freqüentar a Primária e lá senti o Espírito. Isso continuou nos meus quóruns do Sacerdócio Aarônico e no campo missionário. E prossegue ainda hoje. Somos todos filhos do Pai Celestial. Ele nunca Se esquece disso, mas nós, às vezes, sim. Por isso Ele nos deu o princípio da fé para nos lembrar. Para nos ajudar a desenvolver fé Nele, o Pai Celestial nos concede o dom da experiência. Ao pensar na minha vida até agora, sinto gratidão pelas experiências que ajudaram a aumentar a minha fé. Aproveitem as experiências que o Pai Celestial lhes conceder. Aprendam com elas o que Ele deseja que aprendam. O Pai Celestial dá a cada um de nós experiências que ajudarão a fortalecer nossa fé Nele e em Seu Filho. Se algumas de suas experiências forem tristes, lembrem que vocês são filhos do Pai Celestial e que Ele os ama. Essa é uma âncora segura que nunca será removida. Jamais! Ela é eterna e está fincada no plano de salvação. Apeguemse a ela custe o que custar. ● Quer Ir à Primária Comigo? “É por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas” (Alma 37:6). RENEÉ HARDING Inspirado numa história verídica T “Os missionários mais eficazes, tanto membros quanto de tempo integral, sempre agem por amor”. Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Compartilhar o Evangelho”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 8. A12 odos na terceira série concordavam, inclusive eu, que a Christy era a melhor nos jogos de balanço e trepatrepa. Ninguém subia mais rápido ou balançava tão alto quanto ela. E também era imbatível nos jogos com bola. Mas, para mim, o mais importante era que eu e a Christy éramos boas amigas. Certo dia na escola, durante o recreio, ela me perguntou: “Quer ir à Primária comigo?” Eu nunca ouvira falar da Primária antes. “O que é isso”?, indaguei. A Christy explicou: “A Primária é algo especial na minha Igreja, apenas para as crianças. Se você for, vai cantar músicas, fazer amigos, aprender coisas novas e conhecer a minha professora da Primária, que é um amor de pessoa”. “Tanto quanto a Sra. Palmer?”, perguntei, convencida de que nenhuma professora poderia ser tão simpática quanto a nossa da terceira série. A Christy deu uma risada. “É sim! Tão simpática quanto a Sra. Palmer”. Depois da aula, corri para casa e perguntei a minha mãe se poderia ir à Primária. Ela não ficou tão entusiasmada com a idéia quanto eu. “Preciso me informar um pouco mais”, avisou. “Qual é o nome da igreja da Christy?” Foi uma pergunta difícil para começar e eu disse a minha mãe: “Não lembro. É um nome comprido que nunca ouvi antes”. Ao ver a expressão de preocupação da minha mãe, percebi que não era um bom sinal. “Espere aí. Vou telefonar para a Christy agora mesmo!” Corri para o telefone e disquei o número dela antes de minha mãe poder dizer qualquer outra coisa. ILUSTRAÇÕES: STEVE KROPP O telefone tocou duas vezes antes de Christy atender. “Alô?” “Christy!”, exclamei. “Qual é mesmo o nome da sua igreja?” Ouvi com atenção e depois repeti: “Mãe, o nome da igreja da Christy é A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Como a fisionomia da minha mãe não mudou, eu sabia que precisava de ajuda. Perguntei pelo telefone: “Christy, acha que a sua mãe poderia falar com a minha sobre a Primária?” Acho que a Christy sentiu o desespero da minha voz, pois exatamente cinco segundos depois sua mãe estava na linha. Em poucos instantes minha mãe e a da Christy estavam conversando e rindo como velhas amigas. Então, a minha mãe disse à mãe da Christy que, sim, eu poderia ir à Primária! Quando fui à Primária pela primeira vez, vi que tudo era como Christy havia descrito, e ainda melhor. A Christy tinha mesmo razão: a nossa professora da Primária era excelente. Tanto quanto a Sra. Palmer. Até me deu um livreto. Voltei para casa naquele dia e mostrei o livro a minha mãe e lhe contei tudo o que vira na Primária. Até cantei a música “Olá” (Músicas para Crianças, 130) para ela e meus dois irmãos, assim como todas as crianças tinham cantado para mim. Ao olhar a gravura de Jesus Cristo na capa do meu livreto e ler algumas páginas, minha mãe ficou com um olhar sereno e pensativo. Então, disse que eu poderia ir com a Christy para a Primária todas as semanas, se eu assim quisesse. Eu queria muito, mas acabei indo apenas mais algumas vezes, pois entramos de férias de fim de ano e nossa família viajou. Pusemos as bagagens no carro e percorremos os quase 3.000 quilômetros que separam a Califórnia da fazenda da minha avó no Illinois. No segundo dia de viagem, ao passarmos por Utah, vimos painéis na estrada com o nome da igreja da Christy. Eles convidavam as pessoas a verem algo chamado Centro de Visitantes de Salt Lake City. Minha mãe disse que gostaria de ir lá para conhecer melhor a Igreja. Quando entramos no centro de visitantes, fomos saudados por um homem gentil com uma plaqueta com seu nome. Enquanto ele nos mostrava o local, a minha mãe fez muitas perguntas, e ele respondeu a A14 todas com muito entusiasmo. Ao fim da visita, minha mãe deixou por escrito no livro de visitantes seu nome e endereço e marcou “sim” na opção ao lado, indicando assim, que gostaria de receber mais informações sobre a Igreja. Quando voltamos das férias, dois rapazes que chamavam a si mesmos de élderes vieram ao nosso apartamento. Disseramnos que eram missionários que tinham recebido do Centro de Visitantes de Salt Lake City o pedido da minha mãe de informações sobre a Igreja. Indicaram que teriam grande prazer em ensinar a nossa família sobre o plano do Pai Celestial e o evangelho de Jesus Cristo. Foi então que os missionários começaram a ensinar a nossa família. Na primeira vez que fomos à Igreja juntos, eu disse a minha família que deveríamos cruzar os braços quando entrássemos na capela. Eu tinha aprendido na Primária que essa era uma maneira de demonstrar reverência. Naquele dia, todos tentamos manter os braços cruzados, mas como muitas pessoas vieram apertar nossa mão e nos dar as boas-vindas à Igreja, não foi possível por muito tempo. Ao fim das lições com os missionários, perguntaram a minha mãe se ela gostaria de ser batizada e se tornar membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ela respondeu que precisava orar a respeito. Na manhã seguinte, às 6h da manhã, telefonou para os élderes e disse que orara a noite inteira para saber se deveria ser batizada e a resposta tinha sido afirmativa! Eu e meus irmãos também dissemos que queríamos ser batizados. Ainda me lembro de quando entrei na água da fonte batismal. Estava vestida de branco e sentindo tanta felicidade interior que tive vontade de rir e gritar ao mesmo tempo. Olhei para cima e vi minha mãe chorando de alegria. Em seguida, olhei para a Christy, que estava tão animada quanto eu, pois na verdade tudo começara com sua pergunta: “Quer ir à Primária comigo?” ● PROCURAR SER COMO JESUS Jejum da Família “Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). á alguns anos, nossa família resolveu fazer um jejum especial pelas vítimas de uma catástrofe natural ocorrida num país distante. Sugeri que, após o jejum, doássemos ao fundo humanitário da Igreja as moedas das nossas jarras de economias. Temos em casa duas jarras em que colocamos moedas. Uma delas é a jarra da cortesia: sempre que alguém ajuda o outro ou faz uma boa ação, coloco uma moeda lá dentro. No fim do ano, costumamos usar o dinheiro dessa jarra para realizar um passeio em família. A outra é a jarra da descortesia: sempre que alguém eleva o tom de voz ou briga, precisa pôr nela uma moedinha. Esse dinheiro é doado a crianças carentes. H Quando demos início ao jejum, começamos também a contar nossas moedas. O Leonardo, de nove anos de idade, foi buscar o seu próprio cofrinho. Esvaziou-o por completo e ainda separou alguns de seus brinquedos, dizendo que queria doá-los também. A Mariana, de 12 anos, também acrescentou de seu próprio dinheiro à doação. Embora a soma oferecida pelas crianças fosse modesta, era tudo o que possuíam. O jejum é um sacrifício para o Leonardo e a Mariana, assim como abrir mão do dinheiro da jarra. Mas quando os vi contribuir com as suas próprias economias, tive a confirmação de que se importavam de verdade com os filhos do Pai Celestial que sofriam do outro lado do mundo. ● ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: MATTHEW REIER Regina Moreira Monteiro, Brasil O AMIGO JULHO DE 2008 A15 ILUSTRAÇÕES: APRYL STOTT PÁGINA PARA COLORIR COMO EU SEI QUE SOMOS TODOS FILHOS DE DEUS, VOU PARTILHAR O EVANGELHO COM OS OUTROS “E, se trabalhardes todos os vossos dias clamando arrependimento a este povo e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma, quão grande será vossa alegria com ela no reino de meu Pai!” (D&C 18:15). A16 Estátua de bronze de Samuel H. Smith: Dee Jay Bawden Samuel H. Smith, irmão fiel de Joseph e Hyrum Smith, foi um dos primeiros missionários da Igreja. Do primeiro semestre de 1830 até dezembro de 1833, Samuel caminhou mais de 6.400 km distribuindo os exemplares do Livro de Mórmon que levava na mochila. O dia 13 de março de 2008 marca o bicentenário do nascimento de Samuel. ands Our H 8 Fromours, p. 3 Y to d g an 14 t Eyrinpp. 6, iden rf, t Pres htdo k Mee ident Uc Wal eter Pres ilom 22 40-K — ns The urch, p. Natio 30 to Ch GuideYou, p. ry, Can iona God n Guide Miss -Old He Ca Year ein AN 2 p. F1 J á se perguntou como é produzida A Liahona? Ao examinar a revista que tem em mãos, já teve a curiosidade de saber quem a criou e como foi esse processo? Vamos conduzi-lo a uma visita pelos bastidores das revistas da Igreja, para que conheça como são criadas essas publicações. Ver “A Criação das Revistas da Igreja”, p. 38.
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