4 - Revista Brasileira de Terapia Intensiva
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4 - Revista Brasileira de Terapia Intensiva
Volume 17 - Nº 4 Outubro/Dezembro 2005 RBTI Editorial Tributo ao Professor John Cook Lane 227 COMENTÁRIO One More Time: The Pulmonary Artery Catheter 228 Renato G. G. Terzi Jan Bakker, Hilde d e Geus ARTIGO ORIGINAL 230 Procalcitonina em Teste Semi-Quantitativo e Proteína C Reativa na Avaliação de Pacientes em Pós-Operatório Internados em UTI Mirene de O Silva, João M Silva Júnior, Edvaldo V Campos, Alexandre M Ísola, Cristina P Amendola, Samantha L S Almeida, Ederlon Rezende ARTIGO ORIGINAL 234 Hiperglicemia de Admissão e Hiperglicemia Persistente se Associam com Elevada Morbimortalidade em Pacientes Gravemente Enfermos Luciana Coelho Sanches, Elisângela Fabiana Fernandes Sivieiro, Adriana Carta, Claudinéia Vendramini, Mariana Bucci Sanches, Sáskia Wigman, Sílvia Teixeira Minhoto, Patrícia Serrano, Sergio Mussi Guimarães, Suzana M. Lobo ARTIGO ORIGINAL 238 Análise Comparativa entre os Pesos Corpóreos Estimados e os Medidos obtidos de Pacientes em Estado Crítico Jaciara Machado Viana, Maria Auxiliadora Martins, Antonio Dorival Campos, Aníbal Basile-Filho ARTIGO ORIGINAL 246 Associação do SOFA com a Mortalidade de Idosos com Sepse Grave e Choque Séptico Roberta Lima Lavigne de Lemos, Cid Marcos Nascimento David, Gláucia Maria Moraes de Oliveira, Daniel de Azevedo Amitrano, Ronir Raggio Luiz ARTIGO ORIGINAL Complicações de Pacientes Obstétricas e Puerperais Admitidas em Unidade de Terapia Intensiva 251 Felipe Nunes Vieira, Elise Silva de Sousa, Moisés do Carmo Bastos, Flávia Nunes Vieira, Norma Suely de Carvalho Fonseca, Márcia Cristina Corrêa Vasconcelos ARTIGO ORIGINAL 256 Análise do Atendimento de uma Coorte de Pacientes Graves com Comorbidades: Estudo Observacional ISSN 0103-507X ARTIGO ORIGINAL Avaliação de um Algoritmo para a Adequação da Sedoanalgesia de Pacientes Internados em UTI e Submetidos à Ventilação Mecânica 265 ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL Noninvasive Cardiac Output Estimation from Volumetric Capnography in Experimental Hemorrhagic Shock 270 Rachel Duarte Moritz, Rafael Lisboa de Souza, Fernando Osni Machado Marcos Mello Moreira, Renato Giuseppe Giovanni Terzi, Evandro Luis Assis Ferreira, Ana Cristina de Moraes, William Adalberto Silva CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support 278 Parte I: Método e Definições Ederlon Rezende, Álvaro Réa-Neto, Cid Marcos David, Ciro Leite Mendes, Fernando Suparregui Dias, Guilherme Schettino, Suzana Margareth Ajeje Lobo, Alberto Barros, Eliézer Silva, Gilberto Friedman, José Luiz Gomes do Amaral, Marcelo Park, Maristela Monachini, Mirella Cristine de Oliveira, Murillo Santucci César Assunção, Nelson Akamine, Patrícia Veiga C Mello, Renata Andréa Pietro Pereira, Rubens Costa Filho, Sebastião Araújo, Sérgio Félix Pinto, Sérgio Ferreira, Simone Mattoso Mitushima, Sydney Agareno, Yuzeth Nóbrega de Assis Brilhante ARTIGO ESPECIAL O Início da Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral Moderna no Brasil 282 John Cook Lane ARTIGO DE REVISÃO 285 Disorders of Water Homeostasis in Critically ill Patients Walid Abou Assi, Lawrence S. Weisberg ARTIGO DE REVISÃO 293 Avaliação da Pré-carga e Preditores de Resposta à Expansão Volêmica durante a Ventilação Mecânica Raquel Hermes R. Oliveira, Guilherme Schettino ARTIGO DE REVISÃO 302 O Uso de BiPAP no Edema Agudo de Pulmão de Origem Cardiogênica Jose Albani Carvalho Junior, Mariza Silva Ramos Loesch, Renato Scarsi Testa Alfredo Nicodemos Cruz Santana, Carlos Roberto Ribeiro Carvalho ARTIGO ORIGINAL 262 Relação entre Magnésio Sérico Total e Mortalidade em Pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica em Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória ARTIGO DE REVISÃO - PEDIATRIA 306 Descrição de Técnica para Monitorização Contínua da Saturação Venosa Central de Oxigênio em Crianças com Choque Séptico. Relato de Casos Eduardo Motoyama, Aurélio Yamada, Domingos Dias Cicarelli, Fábio Ely Martins Benseñor, Joaquim Edson Vieira Cláudio Flauzino de Oliveira, Eduardo Juan Troster, Flávio Adolfo Costa Vaz Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 SUMÁRIO Fundada em 1980 Diretoria para o Biênio 2004-2005 Presidente José Maria da Costa Orlando Vice-Presidente Waldemar Henrique Fernal 1º Secretário Marcelo Moock 2º Secretário Luiz Alexandre A. Borges 1º Tesoureiro Rosa G. Alheira Rocha 2º Tesoureiro Afonso José Celente Soares Associação de Medicina Intensiva Brasileira Rua Domingos de Moraes, 814 Bloco 2 – Conj. 23 Vila Mariana – CEP 04010-100 São Paulo – SP Tel.: (11) 5575-3832 [email protected] Indexada na base de dados Lilacs A REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA reserva-se todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção Pan-Americana e da Convenção Internacional sobre os Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela AMIB, que em qualquer situação agirá como sua detentora. Editorial 227 Tributo ao Professor John Cook Lane Renato G. G. Terzi COMENTÁRIO 228 One More Time: The Pulmonary Artery Catheter Uma vez mais: O cateter de artéria pulmonar 230 Procalcitonina em Teste Semi-Quantitativo e Proteína C Reativa na Avaliação de Pacientes em Pós-Operatório Internados em UTI Procalcitonin in Semi-Quantitative Test and Reactive C Protein in the Evaluation of Post-Operative Patients Admitted to a Critical Care Unit Mirene de O Silva, João M Silva Júnior, Edvaldo V Campos, Alexandre M Ísola, Cristina P Amendola, Samantha L S Almeida, Ederlon Rezende ARTIGO ORIGINAL 234 Hiperglicemia de Admissão e Hiperglicemia Persistente se Associam com Elevada Morbimortalidade em Pacientes Gravemente Enfermos Admission and Persistent Hyperglicemia in Association with High Morbimortality in Critically Ill Patients Luciana Coelho Sanches, Elisângela Fabiana Fernandes Sivieiro, Adriana Carta, Claudinéia Vendramini, Mariana Bucci Sanches, Sáskia Wigman, Sílvia Teixeira Minhoto, Patrícia Serrano, Sergio Mussi Guimarães, Suzana M. Lobo ARTIGO ORIGINAL 238 Análise Comparativa entre os Pesos Corpóreos Estimados e os Medidos obtidos de Pacientes em Estado Crítico Comparative Analysis between Estimated and Measured Body Weight in Critically ill Patients Jaciara Machado Viana, Maria Auxiliadora Martins, Antonio Dorival Campos, Aníbal Basile-Filho ARTIGO ORIGINAL 246 Associação do SOFA com a Mortalidade de Idosos com Sepse Grave e Choque Séptico Association of the SOFA in Elderly Patients with Severe Sepsis and Septic Shock Roberta Lima Lavigne de Lemos, Cid Marcos Nascimento David, Gláucia Maria Moraes de Oliveira, Daniel de Azevedo Amitrano, Ronir Raggio Luiz ARTIGO ORIGINAL 251 Complicações de Pacientes Obstétricas e Puerperais Admitidas em Unidade de Terapia Intensiva Complications of Obstetric and Puerperal Patients Admitted to Intensive Therapy Unit Felipe Nunes Vieira, Elise Silva de Sousa, Moisés do Carmo Bastos, Flávia Nunes Vieira, Norma Suely de Carvalho Fonseca, Márcia Cristina Corrêa Vasconcelos ARTIGO ORIGINAL 256 Análise do Atendimento de uma Coorte de Pacientes Graves com Comorbidades: Estudo Observacional Analyze of Outcome in the Hospital Performance of Patients with Comorbidity: An Observational Study Jose Albani Carvalho Junior, Mariza Silva Ramos Loesch, Renato Scarsi Testa ARTIGO ORIGINAL 265 Rachel Duarte Moritz, Rafael Lisboa de Souza, Fernando Osni Machado Jan Bakker, Hilde d e Geus ARTIGO ORIGINAL ARTIGO ORIGINAL Avaliação de um Algoritmo para a Adequação da Sedoanalgesia de Pacientes Internados em UTI e Submetidos à Ventilação Mecânica Assessment of an Analgesia and Sedation Algorithm to Improve Benefits to Critically ill Patients Requiring Mechanical Ventilation 262 Relação entre Magnésio Sérico Total e Mortalidade em Pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica em Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória Total Serum Magnesium and Mortality in Critically ill Patients with SIRS Eduardo Motoyama, Aurélio Yamada, Domingos Dias Cicarelli, Fábio Ely Martins Benseñor, Joaquim Edson Vieira ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL 270 Noninvasive Cardiac Output Estimation from Volumetric Capnography in Experimental Hemorrhagic Shock Estimativa Não-Invasiva do Débito Cardíaco pela Capnografia Volumétrica no Choque Hemorrágico Experimental Marcos Mello Moreira, Renato Giuseppe Giovanni Terzi, Evandro Luis Assis Ferreira, Ana Cristina de Moraes, William Adalberto Silva CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support 278 Parte I: Método e Definições Part I: Method and Definitions Ederlon Rezende, Álvaro Réa-Neto, Cid Marcos David, Ciro Leite Mendes, Fernando Suparregui Dias, Guilherme Schettino, Suzana Margareth Ajeje Lobo, Alberto Barros, Eliézer Silva, Gilberto Friedman, José Luiz Gomes do Amaral, Marcelo Park, Maristela Monachini, Mirella Cristine de Oliveira, Murillo Santucci César Assunção, Nelson Akamine, Patrícia Veiga C Mello, Renata Andréa Pietro Pereira, Rubens Costa Filho, Sebastião Araújo, Sérgio Félix Pinto, Sérgio Ferreira, Simone Mattoso Mitushima, Sydney Agareno, Yuzeth Nóbrega de Assis Brilhante ARTIGO ESPECIAL 282 O Início da Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral Moderna no Brasil The Early Years of Modern Cardiopulmonary Resuscitation in Brazil John Cook Lane ARTIGO DE REVISÃO 285 Disorders of Water Homeostasis in Critically ill Patients Desordens da Homeostase da Água em Pacientes Criticamente Doentes Walid Abou Assi, Lawrence S. Weisberg ARTIGO DE REVISÃO 293 Avaliação da Pré-carga e Preditores de Resposta à Expansão Volêmica durante a Ventilação Mecânica Preload Evaluation and Predictors of Volume Expansion Responsiveness during Mechanical Ventilation Raquel Hermes R. Oliveira, Guilherme Schettino ARTIGO DE REVISÃO 302 O Uso de BiPAP no Edema Agudo de Pulmão de Origem Cardiogênica Noninvasive Ventilation in Cardiogenic Pulmonary Edema Alfredo Nicodemos Cruz Santana, Carlos Roberto Ribeiro Carvalho ARTIGO DE REVISÃO - PEDIATRIA 306 Descrição de Técnica para Monitorização Contínua da Saturação Venosa Central de Oxigênio em Crianças com Choque Séptico. Relato de Casos Description of Technique for Continuous Monitoring of Central Venous Oxygen Saturation in Infants and Children with Septic Shock. Case Reports Cláudio Flauzino de Oliveira, Eduardo Juan Troster, Flávio Adolfo Costa Vaz 223 RBTI REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA CORPO EDITORIAL Editor Chefe Gilberto Friedman Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Conselho Consultivo Cleovaldo S. Pinheiro, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Rachel Moritz, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Santa Catarina, Porto Alegre, SC, Brasil. Werther B. de Carvalho, Professor de Medicina, Escola Paulista de Medicina, Univerasidade Federal de São Paulo, SP, Brasil. Diretor de Publicações AMIB José O Auler, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, SP, Brasil. Editores de Sessão Revisão: Renato G. Terzi, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Estadual de Campinas, SP, Brasil. Pediatria: Jefferson Piva, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Enfermagem: Denis Moura Faria Jr, Enfermeiro Master do CTI do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil. Fisioterapia: Joaquim Minuzzo Vega, Professor de Fisioterapia, Faculdade de Fisioterapia, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP, Brasil. Conselho Editorial Alberto Biestro, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade da República, Montevidéu, Uruguai. Andre Kalil, Assistant Professor of Medicine, University of Nebraska, EUA Anibal Basile-Filho, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina,, Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, SP, Brasil Arnaldo Dubin, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de La Plata, La Plata, Argentina. Carlos Carvalho, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, SP, Brasil. Cid M. David, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Daniel De Backer, Professor de Medicina, Universidade Livre de Bruxelas, Bruxelas, Bélgica Daniel Garros, Pediatric Intensive Care Unit, Stollery Children’s Hospital, University of Alberta, Edmonton, Canada Dinis R. Miranda, Professor de Medicina, Escola de Medicina, Universidade de Gröningen, Holanda. Ederlon C. Rezende, Diretor da UTI, Hospital Público do Servidor Estadual, São Paulo, SP, Brasil. Eduardo Troster, Professor de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Eliézer Silva, Professor de Medicina, Universidade de Santo Amaro, SP, Brasil. Felipe Dal Pizzol, Professor de Medicina, Departamento de Medicina, Laboratório de Fisiopatologia Experimental, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. Francisco J. Hurtado, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade da República, Montevidéu, Uruguai. Guillermo Bugedo, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Chile, Santiago, Chile. Glenn Poblette Hernandez, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Chile, Santiago, Chile. Haibo Zhang, Professor de Anestesia, Medicina e Fisiologia, Universidade de Toronto, Canadá Hervaldo S. Carvalho, Professor de Medicina, Universidade de Brasília, Brasil. Humberto Correa, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade da República, Montevidéu, Uruguai. Jan Bakker, Departmento de Cuidado Intensivo, Centro Médico Erasmus, Roterdam, Holanda Jean-Louis Vincent, Professor de Medicina, Universidade Livre de Bruxelas, Bruxelas, Bélgica. Jean J. Rouby, Professor de Medicina, Universidade de Paris, Paris, França. Luis F. Poli de Figueiredo, Departamento de Cardiopneumologia, Instituto do Coração, Escola de Medicina, Universidade de São Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil. Marcelo Velloso, Professor de Fisioterapia, Centro Universitário Nove de Julho, São Paulo, SP, Brasil. Márcio B. Sá, Investigador Associado, Facultade de Medicina, Universidade Complutense, Madrid, Espanha. Márcio Soares, Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Maria C. B. J. Gallani, Professora de Enfermagem, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil. Maria de Fátima F. Vattimo, Professora de Enfermagem, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, SP, Brasil. Natan Weksler, Assistant Professor on Anesthesiology and Critical Care Medicine, Faculty of Health Sciences, Ben Gurion University of the Negev, Beer Sheva, Israel Patricia M. V. C. Mello, Professora de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Estadual do Piauí, Teresina, Piauí, Brasil. Pedro C. R. Garcia, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Raffo E. Kanashiro, Professor de Medicina, Universidad Nacional Federico Villarreal Lima, Peru Roberto Machado, Associate Investigator, Laboratory of Chemical Biology, Critical Care Department, Clinical Center, National Institutes of Health, Bethesda, EUA Roque Aras Junior, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia, Brasil. Rui P. J. Moreno, Professor de Medicina, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, Portugal. Sebastião Araújo, Professor de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil. Silvia Regina Rios Vieira, Professora de Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Suzana Lobo, Professora de Medicina, Escola de Medicina, FUNFARME, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. Jornalista Responsável Marcelo Sassine - Mtb 22.869 Diretora de Arte Anete Salviano Projeto Gráfico e Produção Editorial MWS Design Fone: (11) 3399-3028 www.amws.com.br A correspondência para publicação deve ser endereçada para: rbti - Revista Brasileira de Terapia Intensiva AMIB Rua Domingos de Moraes, 814 – Bloco 2 – Conj. 23 - Vila Mariana – CEP 04010-100 – São Paulo – SP Tel.: (11) 5575-3832 E-mail:[email protected] 224 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva NORMAS AOS AUTORES A RBTI é uma revista médica com revisão crítica que objetiva melhorar o cuidado dos pacientes agudamente doentes através da discussão, distribuição e promoção de informação baseada em evidência relevante aos profissionais envolvidos com Medicina Intensiva. Ela publica comentários, revisões e pesquisa em todas estas áreas do conhecimento relacionadas aos cuidados intensivos do paciente grave. Informação Geral A RBTI acolhe pesquisa de alta qualidade em qualquer aspecto relacionado ao cuidado intensivo. Todos os trabalhos submetidos serão revisados. Todos os revisores são solicitados a responderem sua decisão inicial em 4 a 6 semanas. Aos autores são solicitados a garantir que nenhum material infrinja direito autoral existente ou direito de uma terceira parte. Os autores que publicam na RBTI, retêm o direito autoral de seu trabalho. Os artigos podem ser em português, espanhol ou inglês. Artigos de Pesquisa A submissão de um artigo de pesquisa relatando pesquisa experimental em humanos ou animais implica que os autores obtiveram aprovação para a sua pesquisa do Comitê de Ética apropriado, e estão em concordância com a Declaração de Helsinque. Uma declaração deste efeito precisa estar incluída no capítulo “Método”. Para todos os artigos que incluem informação ou fotografias clinicas relacionadas a pacientes individuais, um consentimento escrito e assinado de cada paciente, para publicar, precisa ser enviado por correio ou fax ao escritório da revista. O manuscrito deve incluir uma declaração deste efeito na sessão de “Agradecimentos” como a seguir: “Consentimento escrito foi obtido do paciente ou seu parente para publicação do estudo”. Nomes genéricos das drogas devem ser usados. Quando nomes comerciais são usados na pesquisa, estes nomes devem ser incluídos entre parênteses no capítulo “Método”. Como eu organizo meu artigo de pesquisa? Todos os artigos de pesquisa devem incluir as seguintes sessões: Página título: O titulo completo do artigo Os nomes completos de todo os contribuintes Todos os títulos/posições dos contribuintes (assistente, diretor, residente, etc.) O endereço completo (incluindo telefone, fax e e-mail) do autor para correspondência. Resumo: Não deve conter mais que 250 palavras Ser estruturado com os mesmos capítulos usados no texto principal. Mencionar todos os unitermos. Refletir acuradamente todos capítulos do texto principal Todos os trabalhos deverão ser acompanhados de Summary (resumo traduzido), necessariamente em inglês Mencionar os Key Words. Introdução - esta sessão deve ser escrita do ponto de vista dos pesquisadores sem conhecimento de especialista na área e deve claramente oferecer – e, se possível, ilustrar – a base para a pesquisa e seus objetivos. Relatos de pesquisa clínica devem, sempre que apropriado, incluir um resumo da pesquisa da literatura para indicar porque o estudo foi necessário e o que o estudo visa contribuir para o campo. Esta sessão deve terminar com uma breve declaração do que está sendo relatado no artigo. Método - deve incluir o desenho do estudo, o cenário, o tipo de participantes ou materiais envolvidos, a clara descrição das intervenções e comparações, e o tipo de análise usada, incluindo o poder de cálculo, se apropriadas. Resultados e discussão - os resultados e discussão podem ser combinadas em uma sessão única, ou apresentados separadamente. Resultados da análise estatística devem incluir, quando apropriado, riscos relativo e absoluto ou reduções de risco, e intervalos de confiança. A sessão de resultados e discussão pode também ser dividida em subtítulos com leituras curtas e informativas. Conclusões - deve discorrer claramente as conclusões principais da pesquisa e fornecer uma clara explicação da sua importância e relevância. Referências – Prefere-se que não exceda a 30 referências. Figuras e Tabelas: devem ser mantidas separadas do texto principal do artigo. Artigos de Revisão O artigo de revisão é uma descrição compreensiva de certo aspecto Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 de cuidado de saúde relevante ao escopo da revista. Deve conter não mais que 2000 palavras e 50 referências. Existem três tipos principais de revisões: Revisões científicas - descrevendo a ciência que têm impacto clínico; Revisões “bancada a beira do leito” - descrevendo a ciência que suporta situações clínicas; Revisões Clínicas - descrevendo puramente situações clínicas Claramente, estes três tipos de revisões possuem o potencial de se sobrepor, mas o objetivo de dividir a revista desta maneira é contribuir para que os leitores encontrem o tipo de material que estão procurando. Como eu organizo meu artigo de revisão? Todos os artigos de revisão devem ser divididos nas seguintes sessões: Página Título: O título completo do artigo Os nomes completos dos contribuintes Todos os títulos/posições dos contribuintes (como assistente, diretor, residente, etc.) O endereço completo (incluindo telefone, fax e e-mail) do autor correspondente. Resumo: Não ter mais que 250 palavras Ser estruturado como o texto principal. Mencionar todos os unitermos. Refletir acuradamente todos os capítulos do texto principal Todos os trabalhos deverão ser acompanhados de um Summary (resumo traduzido), necessariamente em inglês Referências: Ter no máximo de 50 referências. Figuras e Tabelas: Estas devem ser mantidas separadas do texto principal do artigo. Deve haver, também, o capítulo “Método” que relaciona as fontes de evidência usadas. Se o autor procurou numa bibliografia virtual como a MedLine, por favor, citar as palavras usadas para realizar a procura. Instruções para autores de um comentário? Comentários são curtos (800 a 1000 palavras, excluindo o resumo), artigos de opinião escritos por especialistas e lidos pela comunidade médica em geral. Muitos são solicitados, contudo os não solicitados são bem vindos e são rotineiramente revisados. O objetivo do comentário é destacar algo, expandindo os assuntos destacados, e sugerir a seqüência. Qualquer declaração deve ser acompanhada por uma referência, mas prefere-se que a lista de referências não exceda 15. Para a leitura, as sentenças devem ser curtas e objetivas. Usar subtítulos para dividir o comentário em sessões. Por favor, lembre que, apesar de muitos de nossos leitores serem especialistas, eles podem não ser especialistas na sua área e, assim é necessário explicar toda a terminologia e acrônimos a primeira vez que eles são usados. Por favor, providencie uma lista alfabética de todas abreviações. Assim como os comentários gerais também existem os tipos específicos: Debates clínicos Pro/con Dois autores convidados discutem suas diferentes opiniões sobre um assunto clínico especifico. Os assuntos são levantados através de cenários clínicos escritos pelo editor de sessão. Cada autor é solicitado a escrever um artigo referenciado de 500 palavras, descrevendo se eles concordam ou discordam com o cenário clínico (pro ou con). Os artigos contrários são mostrados aos autores para uma resposta de não mais que 100 palavras. Os autores sabem quem é seu oponente mas não podem ver o artigo oposto até terem submetido seu. Não deve haver mais que 10 referências no artigo de 500 palavras, e duas referências na resposta de 100 palavras. Preferem-se referências de estudos aleatórios e controlados publicados nos últimos 10 anos. Comentários de Pesquisas Os artigos de pesquisa são freqüentemente acompanhados por comentários. Eles visam descrever as qualidades e/ou deficiências da pesquisa, e suas implicações mais amplas. O artigo de pesquisa discutido deve ser a primeira referência do comentário. Comentários publicações recentes Artigos de pesquisa publicados são escolhidos pelo conselho editorial nos últimos seis meses e os relata na forma de um comentário. Como EU organizo meu comentário? Todos os comentários devem incluir as seguintes sessões: 225 NORMAS AOS AUTORES Página Título: deve listar todos os títulos/posições dos contribuintes e endereços completos (incluindo telefone, fax e e-mail), e deve indicar o autor correspondente Resumo: não deve ter mais que 100 palavras e deve mencionar todos os unitermos (não se aplica a debates pro/con). Todos os trabalhos deverão ser acompanhados de um Summary (resumo traduzido), necessariamente em inglês Texto Principal: veja ‘O que é um comentário’ para esclarecimento. Subtítulos: Encoraja-se o uso de subtítulos no seu texto. Instruções para os autores de cartas Damos boas vindas a comentários em qualquer artigo publicado na revista. Elas usualmente não são revisadas, mas, ocasionalmente, podese convidar respostas às cartas para publicação no mesmo número da revista. Preferem-se cartas com menos de 400 palavras e que contenham cinco ou menos referências (a primeira delas o ser referida deve ser o artigo do RBTI ao qual a carta se refere). Os autores devem também providenciar seus dados e endereço completo (incluindo telefone, fax, e e-mail). Todas as cartas são editadas e enviadas para os autores para aprovar antes da publicação. Referências - Prefere-se que as referências não exceda 30. Agradecimentos Estes devem ser concisos. Os autores devem usar esta sessão se eles gostariam agradecer o financiamento da pesquisa ou outra ajuda de organismos acadêmicos; ajuda de colegas ou colaboradores podem também ser mencionado. Os autores devem obter permissão para agradecer a todos mencionados nos agradecimentos. Interesses conflitantes Os autores correspondentes são solicitados a assinar o nosso formulário de interesses conflitantes em nome de todos os contribuintes. Por favor, mencione qualquer ajuda, financeira ou outra qualquer, de entidades comerciais. Como EU envio meu artigo? Todos os artigos (incluindo as figuras) podem ser enviados ao escritório editorial como anexos a e-mail. Eles devem ser menores que 1000Kb. Não exigimos cópia impressa. O texto deve ser feito no programa Word. Se existem figuras, estas devem também ser enviada como anexos a e-mail, os quais devem ser enviados ao escritório editorial. Digite o texto não justificado e sem quebra de palavras com hífens. Não use notas de rodapé. Espaço duplo ao longo do texto. Evite a inclusão de números de páginas. Use o caractere ASCII se possível para caracteres especiais (p. ex.: letras gregas e símbolos matemáticos); se você não conseguir reproduzir um caractere especial no seu arquivo, explique no seu e-mail. O que acontece uma vez que eu submeto o meu artigo? O escritório editorial agradece a todas submissões. Após, potencialmente existem seis estágios: O conselho editorial assegura que o artigo de pesquisa enquadra-se no escopo da revista Sugerem-se três revisores pelo editor para revisar o artigo. Ele é revisado para estrutura, gramática, e estilo da revista. O editor aconselha o conselho editorial se o artigo deve ser aceito, revisto pelos autores ou rejeitado baseado nos relatos dos revisores. O conselho editorial toma a decisão final e os autores são informados. Tem-se o objetivo fornecer uma decisão inicial dentro de 4 a 6 semanas. Se o artigo de pesquisa é aceito, ele é copiado, editado, formatado, e enviado ao autor correspondente para verificação. Será então solicitado a assinar nosso formulário de direitos autorais e separatas e nosso formulário de interesses conflitantes. Como EU formato as referências? Use as abreviações de revistas encontradas no Index Medicus/MedLine. As utilizadas na Revista Brasileira de Terapia Intensiva obedecem as Normas de Vancouver. As citações no texto devem ser feitas de forma sobrescritas e sem parênteses, correspondendo às respectivas referências listadas por ordem cronológica, não-alfabética. Estas devem ser listadas ao final na ordem que aparecem no texto. Cada referência deve ter um número individual de referência (não parte ‘a’ e parte ‘b’, por exemplo). Por favor, evite um excesso de referências. O conselho editorial pode soli- citar a redução do número de referências antes do aceite. Os livros devem ser referidos pelo autor, título, cidade-sede da casa editora, nome editora, número da edição (a partir da 2ª), volume, ano da impressão, e páginas inicial e final citadas. Se tratar de capítulo de livro, fazer constar: autor do capítulo, título do capítulo, a palavra, em: (dois pontos), nome dos editores, título do livro, cidade da editora, editora, nº da edição (a partir da 2ª), volume, ano da publicação e páginas. Quando o artigo tiver mais de três autores deverão ser citados os três primeiros seguidos de et al. Apenas artigos que foram publicados ou que estão em impressão podem ser citados; material não publicado, não deve ser incluído na lista de referências, mas pode ser incluído no texto. A obtenção de permissão para citar dados na forma de comunicações pessoais é de responsabilidade dos autor(es), que deve incluir uma confirmação escrita, que a permissão foi obtida com o manuscrito submetido. EXEMPLO DE REFERÊNCIAS Artigo de jornal Baumann WR, Jung RC, Koss M et al - Incidence and mortality of adult respiratory distress syndrome: a prospective analysis from a large metropolitan hospital. Crit Care Med, 1986;14:1-4. Artigo de suplemento Walker LK - Use of extracorporeal membrane oxygenation for preoperative stabilization of congenital diaphragmatic hernia. Crit Care Med, 1993;21:(Suppl):S379-S380. Livro Doyle AC - Biological Mysteries Solved, 2nd Ed, London: Science Press, 1991. Capítulo de livro Lachmann B, van Daal GJ - Adult Respiratory Distress Syndrome: Animal Models, em: Robertson B, van Golde LMG - Pulmonary Surfactant. Amsterdam, 2nd Ed, Batenburg JJ, Elsevier, 1992;635-663 Resumo publicado Varvinski AM, Findlay GP - Immediate complications of central venous cannulation in ICU. Crit Care, 2000;4:(Suppl1):P6. Artigo In press Kharitonov SA, Barnes PJ - Clinical aspects of exhaled nitric oxide. Eur Respir J, in press. Figuras, Ilustrações, Fotografias e Tabelas Figuras e tabelas devem iniciar com o título que descreve a figura total. Tabelas não devem incluir linhas verticais. Elas não devem tomar mais espaço que duas páginas na revista impressa, incluindo seus títulos e legendas. Elas devem ser mantidas separadas do texto principal do artigo, contendo suas respectivas legendas e assinalando sua exata localização no texto. Somente serão aceitas as ilustrações que permitirem boa reprodução. Se as fotografias forem enviadas diretamente ao escritório, essas não devem ser identificadas diretamente nelas; não escreva no verso das cópias em papel, mas anexe a identificação com os nomes dos autores e o número da figura. A resolução mínima para as figuras é 300 DPI. Lembre-se que na editoração pode reduzir a sua qualidade. Formatos Eletrônicos: TIF (formato preferido para fotos/imagens; mínimo 300 DPI) CorelDraw Excel Unitermos Não mais que cinco palavras chave devem ser listadas em ordem alfabética. Por favor, garanta que as palavras chave são achadas na lista do Medical Subject Headings (MeSH) do Index Medicus. Estas palavras podem ser procuradas no browser da National Library of Medicine (MeSH). Políticas de publicação da RBTI Publicação Submissão de um artigo ao RBTI implica que todos contribuintes leram e concordaram com seu conteúdo. O artigo não foi ainda publicado em outro periódico e não deve estar em avaliação por nenhum outro. Direitos autorais Para artigos de pesquisa (incluindo qualquer material suplementar) e revisão, o direito autoral é dos autores. O direito de todo material publicado na RBTI pertence a ela. A qualidade das figuras, gráficos e fotos são de responsabilidade exclusiva dos autores 226 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Editorial Tributo ao Professor John Cook Lane N este número, o Professor John Cook Lane relata suas pioneiras contribuições à pesquisa e à divulgação da Reanimação Cardiorrespiratória-Cerebral no Brasil. Como seu colega no Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP nos últimos 35 anos, tive o privilégio de conviver com um professor universitário completo que ascenderia à posição de Professor Titular por concurso público, assentado na assistência, na pesquisa, no ensino e na extensão universitária. Implantou e coordenou a disciplina de Cirurgia Vascular do Departamento de Cirurgia formando dezenas de residentes, hoje qualificados cirurgiões vasculares pelo Brasil afora. Como educador, respeitado por seus alunos e colegas, instituíram na pós-graduação as disciplinas de Pedagogia Médica e de Didática Especial. Porém, foi na área de extensão universitária que, junto a profissionais da saúde e à comunidade leiga, tanto no Brasil como no exterior, o Professor Lane deixou seu maior legado. Deve ser registrado que, após o entusiasmo inicial das dé- Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 cadas de 1960 e 1970 com a divulgação das técnicas de reanimação e o treinamento de milhões de leigos em todo o mundo pelos cursos de Basic Life Support, os resultados de uma reanimação tardia, mesmo após a recuperação dos batimentos cardíacos e da circulação (ROSC – return of spontaneous circulation) frustravam os reanimadores pela má evolução, pela mortalidade e pelas eventuais seqüelas neurológicas. Entretanto, um novo surto de entusiasmo surgiu com o advento dos desfibriladores automáticos (AED – automatic external defibrillator) atualmente de baixo custo e que poderiam ser disponibilizados em locais públicos. Porém, o treinamento de leigos, para o uso adequado deste equipamento se faz necessário para que eles possam reanimar o coração em tempo hábil para preservar o cérebro. Os desafios ainda são muitos. Porém, as sementes lançadas pelo Professor Lane deram e ainda deverão dar muitos frutos. Prof. Renato G. G. Terzi Professor Titular da UNICAMP 227 RBTI / COMENTÁRIO One More Time: The Pulmonary Artery Catheter Uma vez mais: O cateter de artéria pulmonar I t took ten years to put the call for a moratorium on the use of the pulmonary artery catheter (PAC)1, following the study by Connors et al.2, into perspective. Despite serious doubts on the validity of the results of this study3 the use of a PAC was from then on generally regarded as a significant risk for the critically ill patient and by some destined to be banned from clinical use to be a research tool only. With the publication of recent well designed randomized clinical studies in specific patient groups and in the general intensive care population together with a cohort study using the same statistical technique used by Connors et al.2 a meta-analysis and several editorials we can now end the discussion on whether the PAC poses a significant risk to the critically ill patient4-12. Nevertheless, several problems in the use of the PAC persist. As a monitoring device the PAC itself cannot influence mortality other than by the complications associated by its insertion and use. From recent studies it is clear that the incidence of complications in experienced centers is low, without the presence of attributable mortality9-11. The PAC can thus only influence mortality if the parameters are correctly measured, interpreted and followed by an adequate treatment protocol. Pulmonary hypertension is common in critically ill patients with septic shock and ARDS and associated with high mortality13-15. Specific treatment has been shown to decrease pulmonary pressures and improve cardiac function and gas exchange16-18. However randomized trials on the effectiveness of the PAC in these patients have not been done. Given its ease of use, its low complication rate and the continuity of the monitoring pulmonary pressures, the PAC is the preferred device in critically ill patients where treatment of pulmonary hypertension is mandatory. The PAC is frequently used to monitor cardiac output (CO) and the pulmonary artery occlusion pressure (PAOP). Although the rationale to measure CO is clear19, the thermodilution technique most frequently used has significant clinical limitations20. However, when a measure of adequacy of global blood flow, the oxygen saturation of the mixed venous blood (SvO2), is added changes in CO can be interpreted in a clinically relevant perspective21. Also the measurement of PAOP has several potential errors that could result in incorrect therapeutic interventions. Many studies have shown that the PAOP is not a sensitive indicator of fluid responsiveness and left ventricular preload. Recently other parameters of (left) ventricular preload (thermodilution end-diastolic volume, intrathoracig blood volume, systolic pressure variation, pulse pressure variation) have shown to be better indicators of fluid responsiveness22. The PAOP can also be used to estimate pulmonary capillary pressure reflecting hydrostatic pressure in the capillaries that is an important factor in the formation of pulmonary edema23. With the use of computer technology adequate estimates of the pulmonary capillary pressure can be derived from the occlusion pressure wave form24,25. However, all these parameters have not been tested in randomized clinical studies. Despite the potential errors in the measurement of PAOP, two recent randomized studies in which 228 the PAOP was a potential clinical important parameter11 and in which the PAOP was a clinical target10 showed that the use of the PAC in patients with ARDS or heart failure did not increase mortality. Nevertheless, when using PAOP in clinical practice the user should be aware of the limitations of these measurements. A recent study showed that many ICU’s insert no more than two PAC’s a month. Lack of clinical indication but also lack of expertise was frequently mentioned as a cause for this low use26. Therefore continued education and training of both nurses and doctors27,28 are therefore mandatory to safely use the PAC. The biggest challenge however lies in the development of a clinical diagnosis and treatment protocol that benefits the patient. Although these have been successfully developed in preoperative optimization29 and to some extend in heart failure patients10 this has not been successful in the general intensive care population9,12. Moreover, in one randomized study on the clinical effectiveness of the PAC, the investigators could not even agree on a therapeutic protocol9. Although this could reflect a desire to control treatment too much, it more likely reflects the different use, interpretation and knowledge of data available to the clinician when using the PAC27,30,31. It is this individual interpretation that will ultimately make a difference. The individual capacity to handle multiple data is however limited to 7 ± 2 parameters32 where a standard hemodynamic monitoring including PAC results in 12 measured variables (ECG, heart rate, systolic/diastolic/mean arterial pressure, systolic/diastolic/mean pulmonary artery pressure, right atrial pressure, PAOP, CO and arterial oxygen saturation) with manifold calculated parameters. Therefore, computer assistance can help to solve this problem. Recently, a knowledge system has shown to increase agreement on the interpretation of PAC data and subsequent therapeutic interventions between intensivists and between residents and senior physicians30,33. The development of adequate protocols to diagnose and treat our critically ill patients now should have our priority. A recently proposed protocol on how to use the PAC based on simple physiological principles is an excellent start21. In conclusion, the PAC is a valuable and safe hemodynamic monitoring device that can supply the intensive care team (doctors and nurses) with valuable information that may benefit the patient. When its use does not result in a beneficial outcome for the patient we should stop blaming the device and start questioning ourselves whether we as an intensive care team are good enough to use this device or have used adequate protocols in the treatment of our patients. Jan Bakker, MD, PhD Hilde d e Geus, MD Department of Intensive Care Erasmus MC University Medical Center Rotterdam PO Box 2040 3000 CA Rotterdam, The Netherlands E-mail: [email protected] RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / COMENTÁRIO REFERENCES 01. Dalen JE, Bone RC - Is it time to pull the pulmonary artery catheter? JAMA, 1996;276:916-918. 02. Connors AF, Speroff T, Dawson NV et al - The effectiveness of right heart catheterization in the initial care of critically ill patients. SUPPORT Investigators. 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Intensive Care Med, 2003;29:735-741 229 RBTI / Artigo Original Procalcitonina em Teste Semi-Quantitativo e Proteína C Reativa na Avaliação de Pacientes em Pós-Operatório Internados em UTI* Procalcitonin in Semi-Quantitative Test and Reactive C Protein in the Evaluation of Post-Operative Patients Admitted to a Critical Care Unit Mirene de O Silva1, João M Silva Júnior1, Edvaldo V Campos1, Alexandre M Ísola2, Cristina P Amendola3, Samantha L S Almeida3, Ederlon Rezende4. SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: Procalcitonin (PCT) and Reactive C Protein (RCP) are acute phase proteins produced due to infectious and inflammatory stimulus and have widespread use because of their clinical applicability and feasibility. The objective of this study is to evaluate which of these markers show better capacity to predict the outcome of post-operative patients referred to ICU. METHODS: Observational study, performed between February and March of 2004 in an ICU tertiary hospital. Postoperative patients with more than 24 hours of ICU stay and older than 18 years were included in this cohort. A semi-quantitative test of PCT (BRAHMS LaboratoryR) was performed after enrolling the patient. RESULTS: 26 patients were included. 31% submitted to non-elective surgery and 69% to elective surgery. The mean age was 71.5 ± 10.6 years and 53% were female. The mean APACHE II and SOFA score were 19.2 ± 4.9 and 5.8 ± 2.5, respectively. Every patient presented two or more criteria for systemic inflammatory response and the rate of ICU mortality was 30.8%. Among the survivors, none presented PCT test > 2ng/ml, against 57.1% of non-survivors (p = 0.02). The mean value of RCP was 13 ± 6.2 between survivors and 15.4 ± 7.3 amongst non-survivors (p = 0.34). The predictive capacity of these variables, as evaluated by the area under the ROC curve was 0.835 to PCT and 0,634 to RCP. CONCLUSIONS: The semi-quantitative test of PCT was better than RCP measurement as predictor of worse outcome in this population. This information would be of utility if provided early at bedside in the identification of patients with potentially unfavorable evolution. Key Words: C reactive protein, Procalcitonin, Postoperative, Prognostic, SIRS A procalcitonina (PCT) e a proteína C reativa (PCR) são proteínas de fase aguda, produzidas a partir de estímulos inflamatórios e infecciosos. A quantificação destes indicadores na prática clínica, por sua praticidade e rapidez, permite avaliação do grau de inflamação ou do processo infeccioso do paciente1,2. A procalcitonina é um polipeptídeo produzido nas células C da tireóide, precursor da calcitonina que age como inibidor da resposta osteoclástica conseqüente à hipercalcemia3. Normalmente sua concentração sérica é baixa ou indetectável, mas pode elevar-se em infecções graves, grandes queimados, politrauma, pós-operatório de cirurgia torácica, cardiovascular e colorretal, em resposta às endotoxinas e citocinas inflamatórias1-3. Estudos recentes mostraram que o gene da calcitonina está presente nas células parenquimatosas do fígado, leucócitos, rins, células adiposas e musculares, as quais são fontes de procalcitonina, após estímulos de lesão teci dual, hipovolemia e endotoxinas4,5. Atualmente, a procalcitonina tem sido usada na diferenciação entre processo séptico e síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), com tendência a valores mais elevados nos infectados, quando se observam valores acima de 2 ng/mL como preditor de sepse grave com acurácia de 90% no estudo de Brunkhorst e col.6,7. No estudo de Meisner e col.8, em população de 130 pacientes de pós-operatório, foram encontrados valores elevados de procalcitonina em cirurgias de grande porte. Entretanto, a correlação com o processos inflamatórios no pós-operatório e o prognóstico ainda não está bem estabelecida. A proteína C reativa é produzida no fígado em resposta à interleucina-1, interleucina-6 e fator de necrose tumoral. Ocorre aumento tanto em processos infecciosos quanto não-infecciosos e seu nível sérico depende da intensidade da resposta inflamatória2,9,10. 1. Médico Assistente do Serviço de Terapia Intensiva Hospital do Servidor Público Estadual 2. Médico Supervisor do Serviço de Terapia Intensiva Hospital do Servidor Público Estadual 3. Residentes em Medicina Intensiva do Serviço de Terapia Intensiva Hospital do Servidor Público Estadual 4. Diretor do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual *Trabalho realizado no Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira – HSPE – FMO, São Paulo, SP Trabalho apresentado pela Dra. Mirene de O Silva para obtenção do Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB. Apresentado em 11 de maio de 2005 – Aceito para publicação em 22 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Rua Pedro de Toledo, 1800 - 6º Andar – Vila Clementino – 04039-901 São Paulo, SP – Fone/Fax 11-5088-8146 – E-mail: [email protected] 230 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original A PCR apresenta importante relação com a gravidade das disfunções orgânicas. No estudo de Lobo e col., pacientes que apresentavam valor de PCR superior a 10 mg/dL tiveram maior incidência de disfunções orgânicas, além de maior mortalidade11. Este estudo tem por objetivo avaliar a capacidade discriminatória destes indicadores inflamatórios, em uma população de pacientes cirúrgicos, correlacionando os valores obtidos depois de completadas as primeiras 24 horas de evolução, com o tempo de internação e desfecho na UTI. Método Foi realizado estudo observacional conduzido em hospital terciário de ensino, no período de 01 de fevereiro a 31 de março de 2004. Trata-se de uma unidade de terapia intensiva clínico-cirúrgica, composta de 20 leitos. Foram incluídos pacientes cirúrgicos admitidos na UTI e com permanência maior do que 24 horas, tanto aqueles submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos como de urgência, que apresentassem, no momento da inclusão no estudo, dois ou mais critérios de resposta inflamatória sistêmica, pelo consenso do American College of Chest Physicians / Society of Critical Care Medicine12. Foram excluídos os pacientes com idade inferior a 18 anos. Foram coletados, no momento da inclusão no estudo, os piores valores das variáveis fisiológicas e dados laboratoriais das primeiras 24 horas de internação na UTI para quantificação do APACHE II (Acute Physiology and Chronic Healt Evaluation versão II) e SOFA (Sequential Organ Failure Score)13. A análise da procalcitonina foi feita através de exame semiquantitativo à beira do leito, com kit do laboratório BRAHMS® e o resultado foi analisado por três diferentes observadores, que não faziam parte do estudo. O resultado poderia ser compatível com níveis de procalcitonina abaixo de 0,5 ng/dL; entre ≥ 0,5 e < 2 ng/dL; entre ≥ 2 e < 10 ng/dL; ou ≥10 mg/dL. A PCR foi analisada laboratorialmente pelo método de Nefelometria (Laboratório Boehring®). Os pacientes foram acompanhados até a alta da UTI para avaliação de mortalidade e tempo de permanência na UTI. Os pacientes foram divididos retrospectivamente de acordo com a presença, ou não, de infecção suspeita/ confirmada e níveis de PCT/PCR. Os dados demográficos foram expressos como média ± desvio-padrão e como percentual ou mediana. Médias de variáveis quantitativas foram comparadas entre dois grupos independentes utilizando teste t de Student. Quando a suposição de igualdade da variância não foi satisfeita, utilizaram-se alternativa não paramétrica na comparação de variáveis quantitativas, os testes de Mann-Whitney e o Qui-quadrado para verificar acurácia da predição. Todos os testes estatísticos foram bicaudais e o nível de significância considerado foi de 0,05. Resultados Foram estudados 26 pacientes com idade média de Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 71,5 ± 10,6 anos, sendo que 14/26 (53%) pacientes eram do sexo feminino. O APACHE médio e o SOFA foram de 19,2 ± 4,9 e 5,8 ± 2,5, respectivamente. Quatorze de 26 pacientes (53%) apresentaram PCT ≥ 2 ng/mL e 17/26 (65%) pacientes apresentaram PCR ≥10 ng/mL (Tabela 1). Nesta coorte a mortalidade durante a internação na UTI foi de 30,8% . Dentre os pacientes alocados, 31% eram de cirurgias de urgência e 69% de cirurgias eletivas. A suspeita ou confirmação de processo infeccioso esteve presente em 6/26 (23%) pacientes (peritonite purulenta, gangrena infectada e abdômen agudo obstrutivo complicado). No restante não havia suspeita de infecção, pois eram cirurgias não contaminadas. A maioria dos pacientes (62,3%) apresentava duas ou mais disfunções orgânicas. Tabela 1 - Dados Demográficos (n = 26) Variáveis Idade (anos) * Sexo (masculino/feminino) (%) APACHE II * SOFA * PCR (≥ 10 mg/dL) (%) PCT (≥ 2 mg/mL) (%) 71,5 ± 10,6 46,2 / 53,8 19,2+4,9 5,8+ 2,5 65 53 * Valores expressos em Média ± DP Os procedimentos cirúrgicos compreendiam cirurgias cardíacas (revascularização miocárdica e trocas valvares), vasculares (amputação de membro, enxerto aortofemoral, correção de aneurisma de aorta), cirurgias abdominais (gastrectomias, obstrução intestinal complicada com ou sem ressecção de alça, histerectomia ampliada, ressecção de cólon), cirurgia neurológica (drenagem de hematoma craniano), e cirurgia de cabeça e pescoço (esvaziamento de neoplasia cervical), como demonstrado na figura 1. Figura 1 – Procedimentos Cirúrgicos Realizados Na análise univariada pode-se verificar que tempo de internação na UTI, número de disfunções orgânicas e procalcitonina ≥ 2 ng/mL foram importantes discriminadores entre sobreviventes e não sobreviventes. A PCR em valores ≥ 10 mg/dL não foi capaz de discriminar os dois grupos (Tabela 2). 231 RBTI / Artigo Original Tabela 2- Análise dos Pacientes Sobreviventes e Não Sobreviventes Variáveis Não Sobreviventes Sobreviventes p Sexo masculino (n = 12)a 2 (16,7%) 10 (83,3%) 0,21 Sexo feminino (n = 14)a 6 (42,9%) 8 (57,1%) Idadeb 70 (54 – 84) 72 (50-96) 0,39 APACHEb 20 (19-24) 19 (8-27) 0,09 SOFAb 6 (2-11) 5 (3-10) 0,37 Disfunção orgânica 3 (2-5) 2 (0-4) 0,03 Cirurgiasb 0,22 Cardíaca 2 (20%) 8 (80%) Neurológica 0 (0%) 1 (100%) Vascular 1 (16,7%) 5 (83,3%) Abdominal 5 (62,5%) 3 (37,5%) Cabeça e pescoço 0 (0%) 1 (100%) Foco infecciosoa 0,63 Sim (n = 6) 1 (16,7%) 5 (83,3%) Não (n = 20) 7 (35%) 13 (65%) Procalcitonina (≥ 2 57,1% 0 0,001 ng/mL) PCR (≥10 mg/mL) 35,5% 64,7% 0,39 Tempo internação UTIb 11 (5-46) 3 (2-20) 0,001 a Teste Qui-quadrado Teste Mann-Whitney b Dos pacientes sobreviventes, 100% apresentavam procalcitonina < 2 ng/mL em contraste com os pacientes não sobreviventes, onde 57,1% tinham procalcitonina ≥ 2 ng/mL (Figura 2). Figura 3 - Curva ROC da PCT e PCR. O tempo de internação na UTI, nos sobreviventes, foi maior para os pacientes com PCT ≥ 2 ng/mL, diferente dos pacientes com PCT < 2 ng/mL onde o tempo de internação foi significativamente menor (log rank = 0,001) (Figura 4). Figura 4 – Tempo de Permanência na UTI dos Sobreviventes de Acordo com o Nível de PCT Figura 2 – Correlação entre Desfecho na UTI e PCT (p = 0,001) A análise do subgrupo de pacientes sem infecção 20/26 (76%) com relação à comparação entre sobreviventes e não sobreviventes na UTI mostra que para pacientes com PCT ≥ 2 ng/mL a ocorrência de óbitos foi de 100% com p = 0,03 (Tabela 3) O ponto de corte da PCT foi ≥ 2 ng/mL, com sensibilidade de 94% (IC = 0,63 – 0,99 ) e especificidade de 65% (IC = 0,43 – 0,83), área sob a curva ROC (Receiver Operating Characteristic) de 0,835. A PCR apresentou uma área sob a curva de 0,634 (Figura 3). 232 Tabela 3 – Desfecho na UTI no Subgrupo de Pacientes sem Infecção com PCT ≥ 2 ng/mL Pacientes não infectados Não sobreviventes (n) Sobreviventes (n) PCT ≥ 2 ng/mL (%) PCT < 2 ng/mL (%) 7 (100) 3 (23,1) 0 (0) 10 (76,9) RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original Discussão A indução da produção de PCT no pós-operatório depende muito do tipo de cirurgia realizada. Estudos mostram que a PCT pode se elevar em 59% dos pacientes em cirurgias torácica e cardíaca e em 95% das cirurgias do intestino8. No estudo de Mimoz e col., após análise de 21 pacientes nas primeiras três horas pós-trauma, encontrou níveis elevados de PCT proporcionalmente à gravidade da lesão quantificada pelo índice ISS (Injury Severity Score)14 e hipovolemia, sem correlação com infecção3. Neste estudo foi demonstrado que os níveis de procalcitonina ≥ 2 ng/mL (teste semiquantitativo) correlacionou-se com maior tempo de internação na UTI e maior mortalidade. A capacidade preditiva dessa variável foi boa, comprovada pela área sob a curva ROC de 0,835. A possibilidade de ter-se encontrado pior evolução dos pacientes com PCT elevada reflete maior lesão desencadeada pela grande resposta inflamatória no peri-operatório a que estes pacientes foram submetidos. Esta informação poderia ser útil para instituição de terapêutica mais precoce e agressiva nos pacientes identificados como graves pelo teste. Apesar dos estudos na literatura mostrarem a PCR como discriminante de resposta inflamatória e mortalidade, nesta amostra não se encontrou diferença significativa em relação aos valores entre sobreviventes e não sobreviventes, como também não discriminou tempo de permanência na UTI, quando medida ao final das primeiras 24 horas de internação na UTI. Talvez a PCR não tenha demonstrado significância no estudo por ter sido quantificada em amostra isolada e não como medidas seriadas, como foi demonstrado em outros estudos11,15. A avaliação exclusiva dos pacientes sem infecção suspeita ou confirmada demonstra o poder discriminatório da PCT em pacientes cirúrgicos complicados. Os resultados reforçam a síndrome de resposta inflamatória não associada a processos infecciosos no pós-operatório, como importantes fatores de pior prognóstico na UTI a depender de sua intensidade no peri-operatório. A possibilidade da realização da procalcitonina como preditor de mortalidade ao longo da evolução nas primeiras 24 horas destes pacientes impõe um tratamento mais agressivo nos pacientes com valores de PCT ≥ 2 ng/mL. Conclusão O teste semiquantitativo de PCT foi superior à dosagem PCR como indicador de pior evolução em amostra de pacientes cirúrgicos, independente da presença, ou não de infecção. Esta informação poderia ser útil na identificação, com um teste a beira do leito, de pacientes com maior potencial de prognóstico desfavorável na UTI. Estudos futuros são necessários para a validação da PCT no pós-operatório de cirurgias de grande porte, com correlação ao seu poder de predizer o prognóstico destes pacientes a partir da presença de resposta inflamatória mais acentuada. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A procalcitonina (PCT) e a proteína C reativa são proteínas de fase aguda produzidas por fatores inflamatórios e infecciosos e são utilizadas Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 por sua praticidade e rapidez de detecção. O objetivo do estudo é a avaliação, entre estes indicadores, da melhor capacidade de predizer a evolução de pacientes no pós-operatório internados em UTI. MÉTODO: Estudo observacional realizado de fevereiro a março de 2004 em UTI de hospital terciário. Foram incluídos os pacientes de pós-operatório com mais de 24 horas de internação em UTI. Teste semiquantitativo de procalcitonina foi realizado a beira leito (Laboratório BRAHMSR). RESULTADOS: Foram incluídos 26 pacientes no pósoperatório de cirurgias, sendo 31% de urgência e 69% eletivas. A idade média foi de 71,5 ± 10,6 e 53% dos pacientes eram do sexo feminino. O APACHE e SOFA médios foram, respectivamente, 19,2 ± 4,9 e 5,8 ± 2,5. Todos apresentavam dois ou mais critérios de resposta inflamatória sistêmica e a mortalidade foram de 30,8%. Entre os sobreviventes nenhum tinha PCT ≥ 2 ng/mL em contraste com 57,1% dos pacientes não sobreviventes que apresentavam PCT ≥ 2 ng/mL (p = 0,02). A média de valor da RCP foi 13 ± 6,2 entre sobreviventes e 15,4 ± 7,3 entre não sobreviventes (p = 0,34). A capacidade preditiva pela curva ROC para a PCT e RCP foi, respectivamente, 0,835 e 0,634. CONCLUSÕES: O teste semiquantitativo para a PCT foi superior à RCP como preditor de pior prognóstico nesta população. Esta informação poderia ser útil, a beira leito, na identificação de pacientes em pós-operatório com maior potencial de prognóstico desfavorável na UTI. Unitermos: Pós-Operatório, Procalcitonina, Prognóstico, Proteína C reativa, SRIS REFERÊNCIAS 01. Ruokonen E, Ilkka L, Niskanen M et al - Procalcitonin and neopterin as indicators of infection in critically ill patient. Acta Anaesthesiol Scand, 2002; 46:398-404. 02. Mimoz O, Benoist JF, Edouard AR et al - Procalcitonin and C-reactive protein during the early posttraumatic systemic inflammatory response syndrome. Intensive Care Med, 1998;24:185-188. 03. Braithwaite S - Procalcitonina: new insights on regulation and origin. Crit Care Med, 2000; 28:586-588. 04. Muller B, Christ-Crain M, Nylen ES et al - Limits to the use of procalcitonin level as a diagnostic marker. Clin Infect Dis, 2004;39:1867-1868. 05. 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METHODS: Prospective data were collected daily on 142 critically ill patients admitted to the ICU over a 6-month period. Admission hyperglycemia was considered for patients presenting with serum glucose higher than 140 mg/dL. Persistent hyperglycemia was defined by the presence of more than two episodes of hyperglycemia, consecutive or not, from admission to 96h post-admission. Acute Physiologic and Chronic Health Evaluation II score (APACHE II) was calculated on admission. Outcome was measured by hospital and ICU length of stay and mortality. RESULTS: Admission hyperglycemia and persistent hyperglycemia were present in 44% and 55% of patients, respectively. Both conditions were associated with organ failure and increased mortality. Logistic regression demonstrated that age greater than 60 (OR, 2.85; IC 95%, 1.02 – 7.98), SOFA maximum (OR, 7.21; IC 95%, 1.95 – 26.68) and APACHE II score (OR, 12.77; IC 95%, 1.46 – 110.2) were independent predictors of death. Presence of infection (OR, 3, 42; IC 95%, 1.28 – 9.15) and high APACHE II (OR, 5.69; IC 95%, 1.48 -21.96) were predictive of prolonged length of stay in the ICU. CONCLUSIONS: Persistent hyperglycemia was associated with greater morbidity and mortality rates but was not an independent predictor of mortality. Key Words: critically ill patients, hyperglycemia, multiple organ failure, mortality. persistent hyperglycemia P acientes gravemente enfermos, com diferentes condições de base, frequentemente sucumbem por uma condição comum que é a sepse e a falência de múltiplos órgãos1. Nas últimas décadas, inúmeras estratégias terapêuticas foram utilizadas nesta condição, que se relaciona com altas taxas de mortalidade, mas poucas obtiveram sucesso2-5. Uma das estratégias bem sucedidas foi o controle intensivo da glicemia com o uso de insulina5. A hiperglicemia durante o estresse ocorre como conse qüência do aumento da liberação de cortisol, epinefrina, norepinefrina, bem como de glucagon e do hormônio de crescimento6-8. A produção hepática de glicose eleva-se apesar da presença de hiperglicemia e liberação aumentada de insulina. A resistência hepática à insulina é caracterizada por aumento dos níveis circulantes de IGF - binding protein –1 (IGFBP-1)9. Soma-se ainda o fato de que durante a resposta inflamatória, mediadores como a Interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral - α (TNF) alteram a homeostasia da glicose, seja estimulando a secreção de hormônios contra-regulatórios, ou alterando a função dos receptores de insulina10-12. Em pacientes admitidos na sala de emergência, os níveis séricos elevados de glicemia correlacionam-se com maior mortalidade13. A presença de hiperglicemia associa-se a um pior prognóstico em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM), trauma e acidente vascular encefálico (AVE)14-22. O objetivo primário deste estudo foi avaliar a correlação entre a presença de hiperglicemia na admissão e/ou hiperglicemia persistente e morbimortalidade em população heterogênea de pacientes gravemente enfermos. Método Estudo prospectivo e observacional que incluiu 142 de um total de 350 pacientes admitidos consecutivamente em Unidade de Terapia Intensiva adulto (24 leitos) clínico-cirúrgica (exceto cirurgia cardíaca), no período de setembro de 2003 a fevereiro de 2004. Foram excluídos os pacientes com tempo de permanência na UTI menor do que 48h ou com expectativa de 1. Médico Residente da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base da FAMERP 2. Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base da FAMERP 3. Enfermeira Residente da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base da FAMERP 4. Médico Intensivista da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base da FAMERP 5. Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base e da Residência Médica em Terapia Intensiva da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Professora Adjunta da Disciplina de Clínica Médica da FAMERP. *Recebido da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), São José do Rio Preto, SP. Apresentado em 18 de agosto de 2005 – Aceito para publicação em 21 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Prof. Dra. Suzana Lobo – Av. Brigadeiro Faria Lima, 5544 – Hospital de Base 7° andar – 15090-000 São José do Rio Preto, SP – E-mail: [email protected] – [email protected] 234 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original vida de menos de 30 dias (203 pacientes) e os pacientes com casos suspeitos ou comprovados de cetoacidose diabética (cinco pacientes). Devido ao caráter observacional do estudo não foi solicitada a aprovação do Comitê de Ética da instituição. As medidas de glicemia realizadas no momento da admissão, 24 e 48 horas depois da internação na UTI e a cada dois dias, até o 14º dia foram avaliadas. As amostras de sangue venoso ou arterial foram coletadas diariamente às 06:00 h como parte da rotina do serviço para as medidas da glicemia (método enzimático - colorimétrico, Dimension RXL, Dade-Behring). Hiperglicemia na admissão (HA) foi considerada nos pacientes com concentrações séricas de glicose maiores do que 140 mg/dL no dia da admissão na UTI. Este valor de glicemia foi escolhido por ter sido aquele recomendado pela campanha Sobrevivendo à Sepse23. Hiperglicemia persistente (HP) foi considerada na presença de duas medidas de glicemia superiores a 140 mg/dL, consecutivas ou não, nas primeiras 96h de admissão. Foram avaliados os dados demográficos, categoria clínica ou cirúrgica, presença de infecção, de falências orgânicas e o escore APACHE II24. Falências orgânicas foram avaliadas com o uso do SOFA escore (Sequencial Organ Failure Assesment) e consideradas na presença de valores de SOFA ≥ 3 25. Falência de múltiplos órgãos foi considerada na presença de falência de dois ou mais órgãos. A análise estatística foi realizada usando Statsoft Inc. Statistic e minitab statistical software. Na análise univariada foi usado o teste t de Student para as variáveis contínuas e o teste Exato de Fisher para as variáveis qualitativas. As seguintes variáveis foram avaliadas: APACHE II > 25, idade > 60 anos, presença de infecção, SOFA total na admissão, SOFA máximo, hiperglicemia na admissão, hiperglicemia no dia 2, hiperglicemia no dia 4 e hiperglicemia persistente. Dentre essas variáveis, as que apresentaram valores de p inferiores a 0,2 foram avaliadas na análise multivariada, com o uso de regressão logística, para estimar probabilidade de estadia hospitalar prolongada ou morte na UTI. A sobrevida foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e comparada entre os grupos com o teste de log-rank. Para todos os testes, p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. tes cirúrgicos. As principais categorias diagnósticas foram pósoperatório (37%), trauma (12%), acidente vascular encefálico (12%), sepse (11%) e pneumonia grave (7%). Hiperglicemia nas primeiras 96h da admissão ocorreu em 58,5% dos pacientes. Hiperglicemia de admissão e hiperglicemia prolongada ocorreram em 44% e 55% dos pacientes, respectivamente. Os valores do escore APACHE II foram significativamente mais elevados em pacientes com HA (18,8 ± 8,0) e HP (17,3 ± 7,8) do que em pacientes sem hiperglicemia (14,0 ± 6,3) (Tabela 1). A análise de regressão logística demonstrou que a presença de infecção (OR, 3,42; IC 95%, 1,28 – 9,15; p=0,014) e o APACHE II > 25 (OR, 5,69; IC 95%, 1,48-21,96; p=0,012) foram preditores independentes de estadia prolongada na UTI. As variáveis independentemente associadas com óbito foram a idade maior do que 60 anos (OR, 2,85; IC 95%, 1,02 – 7, 98; p=0,045), o SOFA máximo >14 (OR, 7,21; IC 95%, 1,95 – 26,68; p=0,003) e o APACHE II > 25(OR, 12,77; IC 95%, 1,46 – 110,2; p = 0,021). As taxas de mortalidade foram 38%, 63% e 71% para os grupos sem hiperglicemia, com HA e HP, respectivamente. Como demonstrado nas curvas de Kaplan-Meyer, a mortalidade foi mais elevada em pacientes com HA (Figura 1) e com HP (Figura 2), em comparação com pacientes que não apresentavam estas condições (valores de p = 0.073 e p = 0,00004 para HA e HP, respectivamente). A figura 3 ilustra o perfil glicêmico em pacientes sobreviventes e não sobreviventes. Discussão Figura 1 – Curva de Sobrevida em Pacientes com Hiperglicemia de Admissão Resultados Os dados demográficos dos pacientes estão demonstrados na tabela 1. Foram avaliados 57 pacientes clínicos e 85 pacienTabela 1 – Dados Demográficos. Pacientes (%) Idade (anos) Pacientes com FMO (%) APACHE II escore SOFA admissão SOFA máximo Estadia UTI (dias) Estadia no hospital (dias) Mortalidade (%) Sem Hiperglicemia 41,5 53,8 ± 20 69 Hiperglicemia de Admissão 44,4 58,6 ± 17,9 82 Hiperglicemia Persistente 43,7 59,9 ± 16,9 80 14,0 ± 6,3 8,4 ± 4,0 10,0 ± 4,2 11 ± 13 22 ± 20 18,8 ± 8,0 * 8,9 ± 4,6 10,6 ± 4,4 16 ± 12 27 ± 29 17,3 ± 7,8* 9,3 ± 4,4 11,0 ± 4,3 16 ± 18 28 ± 29 38 63* 71* Figura 2 – Curva de Sobrevida em Pacientes com Hiperglicemia Persistente SOFA (Sequencial Organ Failure Assesment) * p< 0,05 versus sem hiperglicemia. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 235 RBTI / Artigo Original Glicemia (mg/dL) Figura 3 – Perfil Glicêmico em Pacientes Sobreviventes e não Sobreviventes. Sobreviventes Não Sobreviventes Dias A hiperglicemia é uma alteração extremamente comum em pacientes gravemente enfermos e faz parte da resposta metabólica do organismo ao estresse. Em nosso estudo a presença de hiperglicemia persistente correlacionou-se com significativa maior mortalidade. Neste grupo heterogêneo de pacientes gravemente enfermos admitidos em UTI de alta complexidade observamos uma alta prevalência de hiperglicemia nas primeiras 96h de internação na UTI (58,5%) e uma correlação entre a presença de hiperglicemia na admissão ou de hiperglicemia persistente com morbidade e mortalidade hospitalar. Contudo, nem a presença de hiperglicemia na admissão nem a sua persistência foram preditores independentes de estadia prolongada no hospital ou morte; quando controladas para presença de infecção, falências orgânicas e o escore APACHE II. Em estudos similares, níveis glicêmicos superiores a 200 mg/dL estão associados, independentemente da gravidade da lesão, com maiores taxas de infecção e de mortalidade em pacientes com trauma26. A presença de glicemia elevada na admissão hospitalar foi descrita como fator preditivo independente de prognóstico após IAM14. Hiperglicemia prolongada foi relatada como fator independente associado à expansão da área de infarto cerebral e complicações no período pósAVE e preditiva de maior permanência em ventilação mecânica e no hospital, e taxas de infecção e morte em pacientes politraumatizados27,28. Algumas particularidades e limitações do presente estudo podem ter contribuído com esses resultados. Inicialmente, a heterogeneidade da população avaliada pode ter influenciado nos resultados, dificultando sua comparação com os estudos realizados em grupos homogêneos de pacientes14, 26-28. A presença ou persistência de hiperglicemia pode ainda ser conseqüência do uso de catecolaminas, nutrição parenteral ou de corticosteróides, variáveis que não foram consideradas na análise. O ponto de corte de 140 mg/dL foi maior do que o recomendado em estudos que mostraram os benefícios de um controle rigoroso da glicemia, com manutenção de níveis inferiores a 110mg/dL5. O pequeno tamanho da amostra não permitiu que o impacto de níveis intermediários de glicemia na mortalidade fosse avaliado. Além disso, a análise de regressão logística com- 236 parou a presença de HP e HA com variáveis especialmente designadas para avaliar gravidade, como o APACHE II e o SOFA escore. Também deve ser considerado o fato de que o desenho do estudo não permite uma conclusão final, uma vez que não avaliou o nível de controle da glicemia a que foram submetidos os pacientes assim como não analisou o painel completo de potenciais variáveis passíveis de interferir com estadia hospitalar e morte. Embora a relação entre a hiperglicemia e a lesão celular tenha sido relatada em vários estudos, os mecanismos responsáveis pela maior mortalidade em pacientes com hiperglicemia não controlada podem estar relacionados a mecanismo de inflamação e de coagulação. A glicose é um poderoso mediador pró-inflamatório29. A hiperglicemia interfere com os níveis de interleucina- 8, um potente fator de quimiotaxia para neutrófilos, tem efeitos pró-coagulantes e aumenta o estresse oxidativo resultante da peroxidação lipídica30-33. A glicose também pode interferir nos níveis de óxido nítrico, causando reatividade vascular anormal e má perfusão orgânica33-35. A resposta in vitro dos neutrófilos estimulados por mediadores inflamatórios é inversamente proporcional ao controle glicêmico36-37. Por outro lado, a insulina utilizada no controle da glicemia tem efeitos antiinflamatórios. A diminuição na liberação de espécies reativas de oxigênio e a queda nos níveis séricos de moléculas de adesão como o ICAM 1 e do inibidor do fator ativador do plasminogênio-1 (PAI-1), foram relatados como efeitos da insulina. A insulina também detém efeitos antitrombóticos e fibrinolíticos e aumenta a liberação de óxido nítrico pelo endotélio através da ação sobre a enzima óxido nítrico sintetase (NOS)32. Pacientes gravemente enfermos frequentemente apresentam hiperglicemia persistente. É provável que a hiperglicemia perpetue a resposta inflamatória e interfira com os mecanismos de coagulação resultando em falências orgânicas32. Em pacientes cirúrgicos com hiperglicemia ocorrem alterações na estrutura mitocondrial e na função dos seus complexos oxidativos38. De maior importância foi o achado de que estas alterações foram minimizadas com o tratamento intensivo com insulina e a manutenção de níveis de glicemia entre 80 e 110 mg/dL38. Hiperglicemia durante a internação na UTI relacionou-se também com aumento das taxas de infecção em pacientes cirúrgicos39. Em um grande estudo prospectivo e controlado realizado em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca Van den Berghe e col., demonstraram que a utilização de um rigoroso controle da glicemia em limites de 80 a 110 mg/dL foi capaz de reduzir a incidência de bacteremia em 46%, as taxas de insuficiência renal aguda em 41% a e mortalidade hospitalar em 34% em pacientes5. A prevalência da polineuropatia do doente grave também foi significativamente reduzida com o controle rigoroso da glicemia40. Estes dados sugerem até o momento que pacientes cirúrgicos devem ter seus níveis de glicemia controlados durante a fase crítica de sua doença. A utilização de um protocolo de controle glicêmico na UTI é uma medida simples e de baixo custo, com grande impacto. O presente estudo demonstra que a população da UTI que pode se beneficiar de tal protocolo é ampla e de alto risco de morbidade e mortalidade. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Há evidências crescentes de que a resposta hiperglicêmica ao stress é preditiva de piores resultados. Nosso objetivo foi avaliar a correlação entre a presença de hiperglicemia na admissão e/ou hiperglicemia persistente e morbimortalidade em uma população heterogênea de pacientes gravemente enfermos. MÉTODO: Os dados foram prospectivamente coletados diariamente em 142 pacientes com estadia na UTI maior do que 48h. Hiperglicemia de admissão foi considerada na presença de um nível sérico de glicose > 140 mg/dL na admissão da UTI. Hiperglicemia prolongada foi definida como presença de dois ou mais episódios de hiperglicemia, consecutivos ou não, a partir da admissão até o 14º dia de internação. O tempo de estadia na UTI e no hospital e as taxas de mortalidade hospitalar foram usados com medidas de evolução. RESULTADOS: A hiperglicemia de admissão (HA) e hiperglicemia prolongada (HP) estiveram presentes em 44% e 55% dos pacientes, respectivamente. O APACHE II foi significativamente mais elevado na HA (18,8 ± 8,0) e HP (17,3 ± 7,8) do que na ausência de hiperglicemia (14,0 ± 6,3) (p < 0,05 para ambos). A analise de regressão logística mostrou que a presença de infecção (OR, 3,42; IC 95%, 1,28 – 9,15) e o valor de APACHE II > 25 (OR, 5,69; IC 95%, 1,48-21,96) foram fatores preditivos de estadia prolongada na UTI. As variáveis independentemente associadas com óbito foram a idade maior do que 60 anos (OR, 2,85; IC 95%, 1,02 – 7, 98), o SOFA máximo >14 (OR, 7,21; IC 95%, 1,95 – 26,68) e o APACHE II > 25(OR, 12,77; IC 95%, 1,46 – 110,2). Pacientes hiperglicêmicos à admissão e durante a internação apresentaram mais falências orgânicas e maior mortalidade. CONCLUSÕES: A hiperglicemia persistente associou-se a maiores taxas de morbidade e mortalidade, contudo não foi um preditor independente de mortalidade. Unitermos: falência múltipla de órgãos, hiperglicemia, hiperglicemia persistente, mortalidade, pacientes críticos REFERÊNCIAS 01. Martim GS, Mannino DM, Eaton S et al - The epidemiology of sepsis in the Unites States from 1979 through 2000. N Engl J Med, 2003;348:1546-1554. 02. Amato MB, Barbas CS, Medeiros DM et al - Effect of a protective- ventilation strategy on mortality in the acute respiratory distress syndrome. N Engl J Med, 1998;338:347-354. 03. Rivers E, Nguyen B, Havstad S et al - Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. N Engl J Med, 2001;345:1368-1377. 04. Bernard G, Vincent JL, Laterre PF et al - Efficacy end safety of recombinant human activated protein C for severe sepsis. N Engl J Med, 2001;344: 699-709. 05. 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The objective of the present study was to compare the direct measurement of BW with a portable scale to that estimated visually in critically ill patients, selected according to age range. METHODS: Seventy-four patients (34 males and 40 females) were studied prospectively, and 31 of them were 60 years old or older. At admission, the patient was weighted with a portable scale and BW was then estimated visually by 10 staff persons chosen randomly. The mean estimated BW was compared to the measured one. The patients were divided into two groups according to age, i.e., less than 60 years old (GI) and 60 year old or older (GII). RESULTS: There were no statistically differences in BW and REE (measured x estimated) considering all patients (n = 74), but BW was underestimated in 35 and overestimated in 38, with a significantly greater error for the underestimation (p < 0.05). The GI consisted of 43 patients, and BW and resting energy expenditure (REE) were underestimated in 55.8% of them (n = 24) and overestimated in 41.9% (n = 18), with a significant difference (p < 0.05) in both situations compared to the measured BW and REE. In only patient (2.3%) the estimated BW was equal to that measured. The GII consisted of 31 patients and BW and REE were underestimated in 35.5 of them (n = 11), a result considered to be significant (p < 0.05). The BW and REE were overestimated in 64.5 % (n = 20) of the patients in this group, a result also considered to significant (p < 0.05). In this group, the measured BW and REE were not found to be equal to the estimated values in any patient. CONCLUSIONS: There were no significant differences between estimated and measured BW and REE in all patients. The statistical differences showed in cases of under or overestimation was not clinically important, considering that these differences still remained in the normal range. Key Words: body weight, ICU setting, resting energy expenditure A antropometria corresponde à técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes. Este método foi desenvolvido no final do século XIX, com a utilização de aparelhos simples de medição para quantificar diferenças na forma humana. Um dos laboratórios mais ativos nessa área foi o de Francis Galton, um dos fundadores da biometria. Durante as últimas décadas do século XIX, Galton colecionou dados antropométricos de aproximadamente 17.000 indivíduos1. A era moderna da antropometria nutricional começou com estudos desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial, por Matiegkal2. O interesse desse pesquisador, pela eficiência física dos soldados, conduziu-o a desenvolver métodos de subdivisão do corpo humano em músculos, gordura e osso. As técnicas antropométricas são agora amplamente usadas em muitas áreas da pesquisa biológica moderna. A finalidade dessas medidas é identificar a quantidade e distribuição dos principais determinantes do peso corpóreo. O conhecimento exato do peso corpóreo e da estatura dos pacientes em estado crítico pode ser importante, durante o seu tratamento clínico. Entretanto nota-se que, atualmente, a maioria desses serviços não realiza a pesagem e nem a medida direta da estatura durante a internação de pacientes admitidos nas UTI3. O uso de uma balança portátil à beira do leito na UTI para medida do peso corpóreo é limitado, sendo atribuído a pouca praticidade do método por serem considerados setores de atendimento de urgências e emergências, ou à falta de recursos financeiros para obter o equipamento adequado4. A maior parte dos profissionais médicos e não médicos realiza a estimativa visual do peso corpóreo e da estatura de seus pacientes admitidos nas UTI5. Geralmente, os pacientes em estado críticos admitidos na UTI estão sob ventilação mecânica, onde apresentam períodos de instabilidade hemodinâmica, distúrbios hidroeletrolíticos graves, necessitando de sedação contínua, drogas vasoativas, antibioticoterapia e monitorização hemodinâmica com cateter de Swan-Ganz, que fornecem algumas variáveis cujos cálculos são realizados de acordo com a superfície corpórea do paciente. A maioria das doses das medicações utilizadas no tratamento desses pacientes internados precisa ser calculada e reajustada de acordo com o peso corpóreo real. Vários estudos evidenciaram uma imprecisão na estimativa visual do peso corpóreo e da estatura, havendo tendência de uma maneira geral à subestimação do peso e superestimação da estatura em ambos os sexos6. O objetivo do presente estudo foi comparar a medida direta do peso corpóreo, obtido por intermédio de uma balança 1. Médica Assistente e Pós-Graduanda da Disciplina de Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP – USP. 2. Supervisora de Equipe Médica e Doutora da Disciplina de Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP – USP. 3. Professor Associado do Departamento de Medicina Social (Estatística Médica) da FMRP – USP. 4. Professor Associado e Chefe da Disciplina de Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP – USP. *Dissertação de Mestrado realizada na Disciplina de Terapia Intensiva (Centro de Terapia Intensiva da Unidade de Emergência e Campus – Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto) do Departamento de Cirurgia e Anatomia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP – USP), Ribeirão Preto, SP • Projeto de pesquisa financiado pela FAPESP (99/07266-7). Apresentado em 16 de maio de 2005 – Aceito para publicação em 06 de outubro de 2005 Endereço para correspondência: Av. Bandeirantes, 3900 – 14049-900 Ribeirão Preto, SP – Fone: (16) 602-2439 – E-mail: [email protected] 238 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original portátil, com a estimada visualmente em pacientes em estado crítico, estratificados de acordo com a faixa etária. MÉTODO Foi realizado um estudo prospectivo aleatório realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de pacientes adultos do Campus do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto do Estado de São Paulo – HCRPUSP no período de 06 de maio a 24 de dezembro de 2002. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição. A análise envolveu 74 pacientes de ambos os sexos (34 do sexo masculino e 40 do sexo feminino), com diagnósticos diversos de internação na UTI. Trinta e um pacientes (18 do sexo masculino e 13 do sexo feminino), tinham idade igual ou superior a 60 anos. Foram incluídos os pacientes que tiveram o peso corpóreo e a estatura medida diretamente no momento da admissão na UTI, durante o período da pesquisa. Deve-se salientar que a medida do peso corpóreo é rotineira, em algum momento da internação do paciente na UTI. Os critérios de exclusão foram pacientes que por algum motivo não foram pesados imediatamente no momento da admissão, impossibilidade de dividir a pesquisa do peso corpóreo estimado nas primeiras horas da internação na UTI, gestante, paciente com tala gessada ou gesso ortopédico, conhecimento prévio do peso corpóreo medido do paciente pela equipe da UTI, comunicação interpessoal que influenciasse no valor do peso corpóreo estimado e recusa do paciente ou responsável. Todos pacientes foram estratificados na admissão na UTI de acordo com o índice de gravidade APACHE II7. A computação do sistema APACHE II e a porcentagem do risco de óbito foram efetuada em planilhas do programa Word XP 2003 (Microsoft Office, Microsoft Co. EUA). No momento da admissão na UTI, o paciente era pesado, à beira do leito, através de uma balança portátil, digital (Slingscale 2002, Instrucom/Hill-Rom series, Hillenbrand Industries, EUA). A medida direta do peso corpóreo era realizada pela enfermeira de plantão na UTI ou pelo auxiliar de enfermagem responsável pelo paciente. A balança portátil era erguida através de uma manivela manual até suspender totalmente o paciente para fora do leito, sendo calibrada automaticamente antes de cada medida (Figura Figura 1 – Visão Panorâmica da Balança Digital Portátil. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 1). Todos os pacientes vestiam apenas a roupa padronizada do hospital durante a pesagem, para que não houvesse interferência no valor do peso corpóreo. Em seguida, era realizada a pesquisa do peso corpóreo estimado visualmente. Para cada paciente, participaram 10 pessoas da equipe médica e/ou da enfermagem, escolhidos de maneira aleatória, que escreviam de forma sigilosa dentro de um envelope peso corpóreo estimado visualmente. Esses envelopes eram abertos por outra pessoa, também escolhida aleatoriamente, que em seguida calculava a média dos 10 valores estimados para cada paciente, cujo resultado correspondia ao peso corpóreo estimado. Se, no momento da pesquisa do peso corpóreo estimado, estivesse presente um profissional médico e/ou da enfermagem de outra área do hospital, era permitida sua participação com o intuito de tornar a amostra mais aleatória possível. A estatura foi medida diretamente nos 74 pacientes incluídos na pesquisa, através de uma trena milimetrada, posicionada adequadamente por duas pessoas, tendo como parâmetros de referências à região apical do crânio e o calcâneo, com o paciente sempre na posição supina. Durante a pesquisa foram avaliadas algumas medicações utilizadas pelos pacientes, cujas doses necessitaram ser calculadas e reajustadas de acordo com o peso corpóreo, tais como, midazolam, citrato de fentanil, noradrenalina e amicacina. O cálculo da dose desses medicamentos foi medido tanto para a média resultante dos 10 valores do peso corpóreo estimado para cada paciente, como para o peso corpóreo medido diretamente através da balança portátil. Enquanto o paciente estivesse fazendo uso dessas medicações, era conferido, freqüentemente, durante o dia se suas doses sofriam variações, sendo calculada a dose média diária utilizada. A dose dessas medicações, calculada de acordo com o peso corpóreo estimado, era comparada com a dose calculada pelo peso corpóreo medido de cada paciente. Além disso, baseado nas medicações que necessitaram de ajustes pelo peso corpóreo do paciente, foi realizado uma avaliação pontual de custo financeiro durante a internação na UTI. O gasto energético de repouso (GERH-B) foi calculado através da equação de Harris-Benedict8 para cada paciente, homens e mulheres. Os pacientes foram classificados em grupos de acordo com a idade (idade inferior a 60 anos ou igual ou superior a 60 anos) e, ainda, de acordo com o peso corpóreo estimado. A análise estatística inicial baseou-se no método de Kolmogorov-Smirnov para verificar se as amostras eram provenientes de uma distribuição normal ou Gaussiana. Em seguida, foram utilizadas medidas descritivas de posição e variabilidade das amostras, expressas em médias e desvios-padrão. Ainda, foi levado em consideração o teste t de Student pareado para médias de duas populações correlacionadas, cujos resultados foram considerados estatisticamente significativos às comparações com valores de p < 0,05. Finalmente, foram realizadas comparações dos dados, através do método de avaliação de concordância entre duas medidas clínicas de Bland e Altman9. Considerou-se o intervalo de análise em ± 1,96 DP, a fim de se verificar se os dois procedimentos de medição (estimado e medido) eram intercambiáveis do ponto de vista estatístico e/ou clí- 239 RBTI / Artigo Original Foram avaliados prospectivamente 74 pacientes, sendo 34 do sexo masculino (45,9%) e 40 do sexo feminino (54,1%), com idade média de 51,3 ± 21,2 anos. Trinta e um pacientes (41,8%) tinham idade igual ou superior a 60 anos, com idade média de 72,6 ± 7,5 anos (18 do sexo masculino - 58% e 13 do sexo feminino - 42%). A idade média dos pacientes com menos de 60 anos (n = 43) foi de 36 ± 12,9 anos, sendo 16 do sexo masculino (37,8%) e 43 do sexo feminino (62,8%). O APACHE II médio de todos os casos, no primeiro dia de internação na UTI, foi de 23,9 ± 9,2 e o risco de óbito foi de 47,6 ± 27%. O choque séptico foi o principal diagnóstico de internação na UTI (37,8%; n = 28) nos pacientes envolvidos na pesquisa, sendo a pneumonia nosocomial a causa mais freqüente. Dos 74 pacientes incluídos na pesquisa 47,2% (n = 35) evoluíram para óbito. A estatura média aferida nos 74 pacientes foi de 163,9 ± 8,4 cm. No grupo de pacientes com idade igual ou superior a 60 anos e naqueles com idade inferior a 60 anos, a estatura média foi de 165,2 ± 7,4 cm e 162,9 ± 9,1 cm, respectivamente. Peso Corpóreo e Gasto Energético de Repouso (GER) Medido e Estimado O peso corpóreo medido médio dos 74 pacientes obtido por meio da balança portátil foi de 76,3 ± 21 kg. Nos pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, o peso corpóreo medido médio foi de 72 ± 18,6 kg. Naqueles com idade inferior a 60 anos esse valor foi de 79,3 ± 22,2 kg. O peso corpóreo estimado médio dos 74 pacientes do estudo foi de 75,3 ± 18,4 kg. Nos pacientes com idade igual ou superior a 60 anos o peso corpóreo estimado médio foi de 70,7 ± 11,6 kg, e 77,5 ± 21,4 kg naqueles com idade inferior a 60 anos. O GER médio, calculado a partir do peso corpóreo medido, dos 74 pacientes incluídos nesse estudo, foi de 1917,08 ± 316,25 kcal.d-1, e o estimado foi de 1505,22 ± 284,39 kcal. d-1. Nos pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, esses valores situaram-se em 1351,59 ± 248,02 (medido) e 1354,45 ± 187,17 (estimado) kcal.d-1, e naqueles com idade inferior a 60 anos, 1636,38 ± 308,41 (medido) e 1613,91 ± 295,42 (estimado) kcal.d-1 (Tabela 1). As figuras 2 e 3 representam os valores de peso corpóreo e o gasto energético de repouso (GER) estimado versus real, em kg e kcal.d-1, respectivamente, obtidos na casuística total (n = 74), com média ± 1,96 DP (15,33) e média – 1,96 DP (-13,30). Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre os dois métodos de avaliação, para as duas variáveis citadas (peso real versus estimado, p = 0,24; GER real versus estimado, p = 0,10). Conforme pode ser visualizado na tabela 2, do total de 74 pacientes, 35 (47,2%) tiveram seus pesos corpóreos e GER médios subestimados, sendo esse dado considerado significativo do ponto de vista estatístico (p < 0,05) quando comparado com os pesos corpóreos e os GER medidos dos 240 Pacientes Casuística total (n = 74) Idade ≥ 60 anos (n = 31) Idade < 60 anos (n = 43) Pacientes Casuística total (n = 74) Idade ≥ 60 anos (n = 31) Idade < 60 anos (n = 43) Peso Corpóreo Medido (kg) 76,3 ± 21,0 72,0 ± 18,6 79,3 ± 22,2 GER Medido (kcal.d-1) 1917 ± 316 1351 ± 248 1636 ± 308 Peso Corpóreo Estimado (kg) 75,3 ± 18,4 70,7 ± 11,6 77,5 ± 21,4 GER Estima do (kcal.d-1) 1505 ± 285 1354 ± 187 1614 ± 295 Valores expressos em Média ± DP GER = Gasto energético de repouso (valores arredondados expressos em kcal.d-1). Figura 2 – Diferença versus Média dos Pares dos Pesos Estimado e Real (em kg), de todos os Pacientes do Estudo (n=74). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). Diferença dos Pares Peso Real - Estimado (kg) RESULTADOS Tabela 1 – Pesos Corpóreos Medidos e Estimados na Casuística Total (n = 74), com Idade igual ou Superior a 60 anos (n = 31) e Inferior a 60 anos (n = 43). Peso Médio dos Pares (kg) Figura 3 – Diferença versus Média dos GER (gastos energéticos de repouso) Reais e Estimados (em kcal.d-1), de todos os Pacientes do Estudo (n=74). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). Diferença dos Pares GER Real-Estimado (kcal.d-1) nico. As figuras representam as diferenças dos pares real (ou medido)-estimado versus a média dos pares. As observações das medições sub ou superestimadas não estão graficamente representadas. GER Médio dos Pares (kcal.d-1) pacientes correspondentes. As médias dos pesos corpóreos e dos gastos energéticos de repouso subestimados foram 77,85 ± 15 kg e 1580,13 ± 261,60 kcal.d-1, respectivamente, sendo que as médias dos pesos corpóreos e dos GER medidos, nesse grupo de pacientes, foram de 88,95 ± 18,20 kg e 1661,47 ± 284,55 kcal.d-1, respectivamente. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original Tabela 2 – Comparação dos Valores do Peso Corpóreo e do Gasto Energético de Repouso Medidos dos Pacientes que Tiveram esses Valores, Sub ou Superestimados, na Avaliação Visual pela Equipe da UTI. Pacientes Casuística (n = 35) Idade ≥ 60 anos (n = 11) Idade < 60 anos (n = 24) Pacientes Casuística (n = 35) Idade ≥ 60 anos (n = 11) Idade < 60 anos (n = 24) PC Medido 88,95 ± 18,20 85,44 ± 23,37 84,72 ± 15,87 GER medido 1661 ± 284 1505 ± 314 1732 ± 252 PC Subestimado 77,85 ± 15,0 77,09 ± 16,59 78,20 ± 14,58 GER estimado 1580 ± 261 1413 ± 243 1656 ± 236 Pacientes Casuística (n = 38) Idade ≥ 60 anos (n = 20) Idade < 60 anos (n = 18) Pacientes Casuística (n = 38) Idade ≥ 60 anos (n = 20) Idade < 60 anos (n = 18) PC Medido 68,76 ± 20,76 64,95 ± 10,24 73,20 ± 27,90 GER medido 1386 ± 288 1258 ± 162 1513 ± 354 PC Subestimado 73,35 ± 21,11 69,42 ± 9,55 77,74 ± 27,90 GER estimado 1423 ± 294 1316 ± 150 1567 ± 364 PC = Peso corpóreo (em kg); GER = Gasto energético de repouso (valores arredondados expressos em kcal.d-1). Pacientes com Idade Igual ou Superior a 60 Anos Dos 31 pacientes que pertenciam a esse grupo, 35,5% (n = 11) apresentaram seus pesos corpóreos e os GER subestimados, sendo esse resultado considerado significativo do ponto de vista estatístico (p = 0,0057) quando comparado com os pesos corpóreos e os GER medidos dos respectivos pacientes, que foram de 85,44 ± 23,77 kg e 1505,46 ± 314,12 kcal.d-1. A média dos pesos corpóreos e dos GER subestimados foram de 77,09 ± 16,59 kg e 1413,75 ± 243,38 kcal.d-1, respectivamente. As figuras 4 e 5 re- Diferença dos Pares Peso Real - Estimado (kg) Figura 4 – Diferença versus média dos Pares dos Pesos Estimado e Real (em kg), de Pacientes com Idade Igual ou Superior a 60 Anos (n=31). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). Peso Médio dos Pares (kg) presentam os valores de peso corpóreo e o gasto energético de repouso (GER) estimado versus real, em kg e kcal.d-1, respectivamente, obtidos nesse grupo de pacientes (n = 31), com média + 1,96 DP (15,93) e média – 1,96 DP (-15,77). Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre os dois métodos de avaliação, para as duas variáveis citadas (peso real versus estimado, p = 0,08; GER real versus estimado, p = 0,06). Pacientes com Idade Inferior a 60 anos Do total de 74 pacientes, 58,1% (n = 43) tinham idade inferior a 60 anos. Nesse grupo, os pesos corpóreos e os GER foram subestimados em 24 pacientes (55,8%), sendo considerado um resultado significativo do ponto de vista estatístico (p < 0,05) quando comparado com os pesos corpóreos e os GER medidos dos respectivos pacientes. Apenas um paciente (2,3%) teve o peso corpóreo e o GER medido igual ao peso corpóreo e ao GER estimado. As médias dos pesos corpóreos GER subestimados foram de 78,20 ± 14,58 kg e 1656,39 ± 236,85 kcal.d-1, respectivamente. As médias dos pesos corpóreos e dos GER medidos foram de 84,72 ± 15,87 kg e 1732,69 ± 252,58 kcal.d-1, respectivamente. As figuras 6 e 7 representam os valores de peso corpóreo e o gasto energético de repouso (GER) estimado x real, em kg e kcal.d-1, respectivamente, obtidos nesse grupo de pacientes (n = 43), com média + 1,96 DP (14,76) e média – 1,96 DP (-11,15). Não foram encontradas diferenças estatísticas significantes entre os dois métodos de avaliação, para as duas variáveis citadas (peso real x estimado, p = 0,96; GER real x estimado, p = 0,77). Figura 6 – Diferença versus Média dos Pares dos Pesos Estimado e Real (em kg), de Pacientes com Idade Inferior a 60 Anos (n=43). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). Diferença dos Pares Peso Real - Estimado (kg) Diferença dos Pares GER Real-Estimado (kcal.d-1) Figura 5 – Diferença versus Média dos Pares dos GER Reais e Estimados (em kcal.d-1), de Pacientes com Idade Igual ou Superior a 60 Anos (n=31). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). GER Médio dos Pares (kcal.d-1) Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Peso Médio dos Pares (kg) 241 RBTI / Artigo Original Diferença dos Pares GER Real-Estimado (kcal.d-1) Figura 7. Diferença versus Média dos Pares dos GER Reais e Estimados (em kcal.d-1), de Pacientes com Idade Inferior a 60 Anos (n=43). Valores distribuídos em ±1,96 desvios-padrão (linhas superior e inferior). Catecolaminas Vasoativas A noradrenalina foi administrada em 43,2% dos pacientes (n = 32). De acordo com o peso corpóreo estimado, sua dose foi subestimada em 53,1% (n = 17) e superestimada em 43,7% dos pacientes (n = 14). Em apenas 3,2% dos pacientes (n = 1) a dose média de acordo com o peso corpóreo medido seria igual à estimada. A dose utilizada dessa medicação pelos pacientes envolvidos na pesquisa variou de 0,05 a 4,5 µg.kg-1. min-1. Utilizando-se os pesos corpóreos medidos e os estimados dos pacientes que utilizaram a noradrenalina, observou-se que os gastos foram de R$15.359,00 e R$14.938,35, respectivamente. Antibioticoterapia GER Médio dos Pares (kcal.d-1) Pesos Corpóreos e GER Médios Superestimados Os pesos corpóreos e os gastos energéticos médios foram superestimados em 38 pacientes (51,3%), sendo esse dado considerado significativo do ponto de vista estatístico (p < 0,05) quando comparados com os pesos corpóreos e os GER medidos dos pacientes correspondentes. As médias dos pesos corpóreos e dos GER superestimados foram de 73,35 ± 21,11 kg e 1423,44 ± 294,79 kcal.d-1, respectivamente. As médias dos pesos corpóreos e dos GER medidos foram de 68,76 ± 20,76 e 1386,55 ± 288,27 kcal. d-1, respectivamente. Pacientes com Idade Inferior a 60 Anos Nesse grupo 41,9% (n = 18) apresentaram os pesos corpóreos e os gastos energéticos médios superestimados, sendo esse dado considerado estatisticamente significativo (p < 0,05), quando comparado com os pesos corpóreos e com os gastos energéticos médios dos respectivos pacientes. As médias dos pesos corpóreos e dos gastos energéticos superestimados foram 77,7 ± 27,9 kg e 1567,22 ± 364,67 kcal.d-1, respectivamente. As médias dos pesos corpóreos e dos GER medidos foram 73,2 ± 27,9 kg e 1513,68 ± 354,25 kcal.d-1 , respectivamente. Pacientes com Idade Igual ou Superior a 60 Anos Dos pacientes com idade superior a 60 anos, 64,6% (n = 20) apresentaram seus pesos corpóreos e seus gastos energéticos médios superestimados, sendo considerado um resultado significativo (p < 0,05) quando comparado com os seus pesos corpóreos e os gastos energéticos medidos. As médias dos pesos corpóreos e dos GER superestimados foram 69,42 ± 9,55 kg e 1316,5 ± 150,25 kcal.d-1, respectivamente, enquanto que os medidos foram de 64,95 ± 10,24 kg e 1258,12 ± 162,98 kcal.d-1. Com relação a todos os pesos corpóreos subestimados (n = 35) e superestimados (n = 38), observou-se um erro maior durante a subestimação, sendo esse dado estatisticamente significante (p < 0,05). 242 A amicacina foi utilizada em 35,1% dos pacientes (n = 26). Baseado no peso corpóreo estimado sua dose foi subestimada em 42,3% dos pacientes (n = 11) e superestimada em 54% (n = 14). Em apenas um paciente (3,7%) a dose calculada de acordo com peso corpóreo medido seria igual à estimada. A dose desse antibiótico administrada nesses pacientes variou entre 3,5 mg.kg-1.dia-1 e 15 mg.kg-1.dia-1, cujo ajuste foi baseado na depuração de creatinina. Utilizando-se os pesos corpóreos medidos e os estimados dos pacientes envolvidos no estudo que utilizaram amicacina, o custo financeiro medido foi de R$309,00 e o estimado de R$252,00. Opióides O citrato de fentanil foi utilizado em 51,3% dos pacientes (n = 38). De acordo com o peso corpóreo estimado, sua dose seria subestimada em 55,2% (n = 21) e superestimada em 42,1% (n = 16). Apenas um paciente (2,7%) teve a dose calculada de acordo com o peso corpóreo medido igual à estimada. A dose utilizada nos pacientes deste estudo variou entre 1,2 µg.kg-1.h-1 e 4,8 µg.kg-1.h-1. Considerando o peso corpóreo medido e o estimado dos pacientes envolvidos no estudo que fizeram uso dessa medicação, o custo financeiro real foi de R$7.956,00 e o estimado de R$7.850,00, ocorrendo um gasto a mais de R$106,00 quando fossem utilizados os pesos corpóreos medidos dos pacientes. Benzodiazepínicos O midazolam foi utilizado em 62,1% dos pacientes (n = 46). Baseado no peso corpóreo estimado, sua dose seria superestimada em 52,2% (n = 24) e subestimada em 45,6% dos pacientes (n = 21). Em 2,2% dos pacientes (n = 1) a dose calculada de acordo com peso corpóreo medido seria igual à dose estimada. A dose utilizada nesses pacientes variou entre 1,2 mg.kg-1.h-1 e 0,9 mg.kg-1.h-1. Utilizando-se os pesos corpóreos medidos e os estimados dos pacientes que fizeram uso dessa droga, os gastos foram de R$26.856,00 e R$26.282,00, respectivamente, resultando em um custo a mais R$ 574,00 durante o período de internação na UTI. DISCUSSÃO O processo gerencial de uma UTI é de crucial importância nos dias de hoje, exige precisão na disponibilização e otimiRBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original zação dos recursos oferecidos aos pacientes, incluindo equipamentos e prescrição de medicamentos10. Assim sendo, na maioria das vezes, os pacientes internados nas UTI apresentam instabilidade hemodinâmica e estão sob ventilação mecânica, necessitando utilizar uma grande variedade de fármacos, tais como catecolaminas vasoativas, sedação e antibióticos, por tempo prolongado. Geralmente, nesses pacientes existe um interesse em se administrar drogas sob infusão contínua e com controle rigoroso das doses utilizadas que, na maioria das vezes, são calculadas e ajustadas de acordo com o peso corpóreo do paciente. Isso se deve, principalmente, à necessidade de se manter concentrações plasmáticas constantes por tempo indeterminado, pois apesar dos efeitos desejados, essas drogas podem produzir, em algumas situações, reações adversas importantes, quando não são utilizadas em doses devidamente adequadas. Além dos efeitos étnicos, genéticos e ambientais, causam efeitos diretos ou indiretos, interação com outras drogas (relacionadas e não relacionadas) e alterações orgânicas capazes de interferir na ação, absorção, distribuição e eliminação desses agentes11. Outro aspecto de fundamental importância, tornando-se parte integrante no tratamento e recuperação dos pacientes em estado crítico, é a terapia nutricional, pois com certa freqüência essa população de pacientes desenvolve desnutrição protéico-calórica em situação de estresse12, contribuindo para o aumento da morbidade e mortalidade, particularmente se forem idosos13. Essas foram as principais justificativas para a realização do presente estudo, cujo objetivo foi comparar a medida direta do peso corpóreo com aquela estimada, numa população de pacientes em estado crítico, selecionados de acordo com a idade. Geralmente, esses pacientes apresentam distúrbios do compartimento hídrico, edema e perda de massa muscular, fatores que dificultam uma estimativa precisa do peso corpóreo. Existem poucas informações, na literatura, a respeito da obtenção do peso corpóreo de pacientes em estado crítico. No entanto, em 1999, Coe e col.14 realizaram um estudo envolvendo 38 pacientes no pré-operatório que tiveram o peso corpóreo e a estatura estimada visualmente por quatro pessoas diferentes, sendo dois anestesiologistas; um com 18 e o outro com nove anos de experiência profissional; um cirurgião, com 11 anos de trabalho na área e um funcionário com apenas cinco meses de trabalho com pacientes cirúrgicos. Os valores dos pesos corpóreos estimados pelo anestesiologista com mais tempo de trabalho e pelo cirurgião foram mais próximos do valor real. O segundo anestesiologista, com menor tempo de trabalho, teve uma tendência a superestimação dos pacientes com baixo peso corpóreo e subestimou aqueles com sobrepeso. O funcionário superestimou o peso corpóreo dos pacientes com menos de 100 kg. Em relação à estatura, houve uma superestimação pelos dois anestesiologistas e pelo cirurgião. O funcionário, com menos tempo de experiência, superestimou os pacientes de menor estatura e subestimou aqueles de maior estatura. Em 2000, Leary e col.3 realizaram uma investigação por via telefônica, envolvendo 20 UTI de referência nos Estados Unidos, cujo objetivo era averiguar se o paciente tinha o peso corpóreo e a estatura medida durante a internação hospitalar. Foi observado que nelas, em apenas duas os pacientes eram pesados rotineiramente, e, em 15 delas, media-se a estatura. Baseado nesses resultados iniciais, esses autores realizaram Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 uma interessante pesquisa envolvendo 30 voluntários saudáveis que trabalhavam no centro cirúrgico de um determinado hospital, cujo objetivo era por meio de quatro observadores (três médicos e uma enfermeira) comparar a estimativa visual do peso corpóreo e da estatura com a medida obtida diretamente com o uso de uma balança portátil e fita métrica, respectivamente. Observaram-se diferenças estatísticas significativas entre os valores medidos de forma direta e os estimados por, pelo menos, três dos quatro observadores. Verificou-se, também, uma tendência à subestimação dos indivíduos com baixo peso e uma superestimação daqueles com o peso corpóreo acima do ideal. Em decorrência do envelhecimento da população mundial15, a incidência do número de internações dos pacientes idosos, em UTI, está aumentando de forma gradativa. Nesse grupo de pacientes, além das dificuldades em estimar de forma precisa o peso corpóreo, os riscos de uma terapia nutricional inadequada ou do uso incorreto de uma determinada droga, dependendo de sua farmacocinética, são potencialmente deletérias, podendo resultar resposta terapêutica ineficaz. Ao mesmo tempo, podem ser observadas: nefrotoxicidade, desnutrição grave e outros efeitos adversos no organismo16. A prevalência da desnutrição quando os idosos estão internados, é de 35% a 65%. Portanto, torna-se importante a compreensão da terapia nutricional no retardamento do processo de envelhecimento e na manutenção do estado nutricional adequado. No presente estudo, devido a esses fatores, houve interesse em dividir e analisar os pacientes em dois grupos: aqueles com idade inferior a 60 anos e aqueles com idade igual ou superior a 60 anos, tendo sido observado resultados e diferenças significativas nos parâmetros avaliados. Em 1982, Robinson e col.17 compararam o valor estimado do peso corpóreo e da estatura com o medido diretamente em 112 pacientes clínicos atendidos ambulatorialmente. Esses pacientes foram divididos em quatro grupos distintos: homens jovens com idade entre 21 a 35 anos; homens idosos com 65 anos ou mais; mulheres jovens com 21 a 35 anos e mulheres idosas com idade igual ou superior a 65 anos. O objetivo desse estudo foi avaliar se os valores estimados e os medidos do peso corpóreo e da estatura tinham influência clínica no cálculo da superfície corpórea e do gasto energético de repouso. Observou-se que todos os grupos tiveram tendência a superestimar a estatura, sendo esse resultado mais significativo nos pacientes homens idosos. Com relação ao peso corpóreo, também ocorreu uma superestimação em todos os grupos, com exceção dos homens jovens. Apesar desses resultados, não ocorreram diferenças significativas na prática clínica diária do grupo estudado. Comparando esses resultados com os obtidos no presente estudo, também se observou maior tendência a superestimação dos pesos corpóreos nos pacientes idosos, ou seja, com idade igual ou superior a 60 anos (64,6%). Nos pacientes com idade inferior a 60 anos, houve uma tendência maior à subestimação dos pesos corpóreos, o que ocorreu em 55,8% desses pacientes. É estabelecido pela literatura que ao atingir a meia idade, ocorre um declínio progressivo na estatura dos indivíduos, conseqüência de cifose torácica, compressão dos discos intervertebrais e alteração na angulação do colo femoral. Dados de pesquisas mostraram declínio na estatura de 0,3 cm por década nos homens adultos jovens e 0,8 cm nas mu- 243 RBTI / Artigo Original lheres, com um aumento gradual desse declínio para 1,4 cm e 3,3 cm por década, respectivamente, naqueles acima de 60 anos de idade18. Em 1996, Launer e col.19 compararam o peso corpóreo, a estatura e o índice de massa corporal (IMC) de pessoas idosas de diversas raças que moravam em 19 regiões diferentes. Esses autores, de uma maneira geral, observaram que a estatura e o IMC diminuem progressivamente com a idade, e a prevalência de pacientes com sobrepeso e baixo peso corpóreo variou de forma considerável de acordo com o sexo, idade, raça e região de origem. Apesar desses dados da literatura, no presente estudo observou-se que a estatura média do grupo de pacientes com idade igual ou superior a 60 anos foi maior do que a encontrada nos pacientes com idade inferior a 60 anos, correspondendo a 165,2 ± 7,4 cm e 162,9 ± 9,1 cm, respectivamente. Os pacientes em estado crítico são caracterizados pelo aumento do gasto energético de repouso, correlacionado diretamente com a gravidade da doença20. A maneira habitualmente utilizada de se avaliar o gasto energético, nessa população de pacientes, é por intermédio de equações presuntivas, onde a mais freqüentemente usada é de Harris-Benedict8. No presente estudo, os gastos energéticos de repouso medidos e estimados foram calculados através dessa equação, ocorrendo apenas variação nos valores dos pesos corpóreos medidos e estimados, respectivamente. Esses pacientes apresentam vários fatores que prejudicam a aplicação de maneira precisa de equações presuntivas teóricas, em virtude de sua habilidade e inconstância fisiológica. Ao comparar os cálculos dos gastos energéticos medidos e estimados entre os pacientes do estudo, observou-se diferenças estatísticas significativas (p < 0,05). Entretanto, embora essas diferenças tenham sido significativas, não foram importantes do ponto de vista clínico, pois os intervalos observados por intermédio dos dois métodos (medido e estimado) situam-se dentro da normalidade. As medicações utilizadas pelos pacientes em infusão contínua, cujas doses foram calculadas de acordo com o peso corpóreo medido foram noradrenalina, citrato de fentanil e midazolam. A dose da noradrenalina foi inicialmente calculada baseada no peso corpóreo medido, sendo reajustada à beira do leito de acordo com a resposta hemodinâmica e individual do paciente. Com relação ao citrato de fentanil e ao midazolam a ampla variação de sua dose utilizada pode ser explicada pelos seguintes fatores, resposta individual do paciente; tempo prolongado de uso dessa medicação; particularidade e complexidade do quadro clínico e idade do paciente, pois o envelhecimento afeta, além da distribuição das drogas entre os diferentes tecidos, sua metabolização e excreção21. Durante a realização desse estudo foram utilizados vários antibióticos, porém, a amicacina foi o único cujo cálculo da dose era baseado no peso corpóreo do paciente. Deve-se considerar que quando o paciente recebe essa medicação na dose abaixo da recomendada pode ocorrer uma evolução desfavorável do quadro clínico. Por outro lado, doses excessivas poderão resultar em nefro e ototoxicidade, entre outros efeitos deletérios. No paciente idoso, esses efeitos são mais graves, em decorrência do declínio da reserva funcional do rim com o envelhecimento, além de um maior risco de evoluir para choque séptico, quando a dose do antibiótico não for adequada22. Finalmente, observou-se que a medida direta do peso corpóreo não exerceu influência financeira considerável 244 no cálculo das medicações, cujas doses estavam relacionadas com peso corpóreo do paciente. Em conclusão, observou-se que a comparação entre a medida direta do peso corpóreo e do gasto energético de repouso e a estimada não apresentaram diferenças significativas do ponto de vista estatístico, nos pacientes em estado crítico, selecionados de acordo com a idade. AGRADECIMENTOS Ao apoio financeiro complementar para a execução deste projeto de pesquisa fornecido pela Fundação de Apoio ao Ensino e Pesquisa (FAEPA) do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A antropometria foi desenvolvida no século XIX com o intuito de quantificar e identificar a distribuição dos principais determinantes do peso corpóreo (PC). O objetivo do presente estudo foi comparar a medida do PC por meio de uma balança portátil e a estimada visualmente em pacientes em estado crítico, selecionados de acordo com a faixa etária. MÉTODO: Foram estudados prospectivamente 74 pacientes (34 homens e 40 mulheres). Trinta e um pacientes tinham idade igual ou superior a 60 anos. Na internação, o paciente era pesado por meio de uma balança portátil. Logo em seguida, era realizada a pesquisa do PC estimado por 10 pessoas da equipe, escolhidas aleatoriamente. A média do PC estimada era comparada ao medido. Os pacientes foram divididos em dois grupos: idade inferior a 60 anos e com 60 anos ou mais. RESULTADOS: O grupo total de pacientes (n = 74) não apresentou diferenças estatísticas nos valores de PC e GER (medido versus estimado). Porém, os PC foram subestimados em 35 e superestimados em 38 pacientes, sendo observado um erro bem maior durante a subestimação (p < 0,05). Um grupo era composto por 43 pacientes, com idade inferior a 60 anos, sendo que 55,8% (n = 24) tiveram os PC e os gastos energéticos de repouso (GER) subestimados e 41,9% (n = 18) apresentaram uma superestimativa desses dados, evidenciando-se uma diferença significativa (p < 0,05) em ambas as situações, quando comparadas com os PC e os GER dos respectivos pacientes. Em 2,3% dos pacientes (n = 1) foi observado que os dados medidos eram iguais aos estimados. O outro grupo possuía 31 pacientes, com 60 anos ou mais sendo que 35,5% (n = 11) tiveram os PC e os GER subestimados (p < 0,05). Em 64,5% (n = 20) dos pacientes os PC e os GER foram superestimados, sendo esse dado também considerado significativo (p < 0,05). Nesse grupo, nenhum paciente teve o PC e o GER igual ao estimado. CONCLUSÕES: Não se observou diferença significativa quando comparados os grupos PC e os GER medidos e estimados, no grupo total de pacientes. As diferenças apontadas nos casos de sub ou subestimação não foram importantes do ponto de vista clínico, pois os intervalos encontrados situamse dentro da faixa de normalidade. Unitermos: gasto energético de repouso, pacientes graves, peso corpóreo RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original REFERÊNCIAS 01. Johnson RC, McClearn GE, Yuen S et al - Galton’s data a century later. Am Psychol, 1985;40:875-892. 02. 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J Infect Dis, 1993;167:173-179. 245 RBTI / Artigo Original Associação do SOFA com a Mortalidade de Idosos com Sepse Grave e Choque Séptico* Association of the SOFA in Elderly Patients with Severe Sepsis and Septic Shock Roberta Lima Lavigne de Lemos1, Cid Marcos Nascimento David2, Gláucia Maria Moraes de Oliveira3, Daniel de Azevedo Amitrano4, Ronir Raggio Luiz5 SUMMARY BACKGROUNG AND OBJECTIVES: The SOFA score is an excellent marker of outcome in sepsis; however, there are very few studies, which relate it to mortality in elderly patients with sepsis and septic shock. This objective is to assess the association of the SOFA score and other factors related to mortality in elderly patients with severe sepsis and septic shock. METHODS: A 5-month prospective cohort study of 48 patients aged ≥ 65 showing severe sepsis or septic shock. The variables used were: The SOFA score on days 1, 3, 5, 7, 14, and 28, Δ SOFA (variation of the SOFA score on days 1 and 3), APACHE II, troponin I dosage, BNP and CRP, plasma glucose levels, organ failures, assessment of dependence and cognitive deficit, length of ICU stay, and need for mechanical ventilation. We used Student’s t and the Fischer Exact tests for a statistical analysis. We considered the significance level of 5%. RESULTS: The mean age of patients, of whom 44% were females, was 82 ± 9 years. The mortality was 38%. On days 1, 3, 5, 7, 14, and 28, the SOFA score presented mean values of 7, 6, 5, 5, 3 and 3, respectively thus evidencing a significant relationship between the SOFA score on day 1 (p = 0.002) and day 3 (p = 0.001), including (Δ) SOFA score (p = 0.028), and mortality. The number of failures was also associated with mortality when 2 or more organic failures (p = 0.0001) were present. The other variables were not associated with the mortality. CONCLUSIONS: The SOFA score on days 1 and 3, as well as SOFA variation within the first 72 hours proved to be good predictive markers in elderly patients with septic shock and severe sepsis. The same occurred in the presence of 2 or more organic failures during the course of sepsis. Key Words: elderly, sepsis, SOFA O s preditores de evolução e mortalidade vem sendo extensamente estudados e aplicados, tanto para definir o melhor gerenciamento de recursos financeiros e alterar a conduta terapêutica, quanto para monitorar a performance de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ou comparar as diversas unidades entre si1. Principalmente a partir dos anos 90, diversos índices foram criados, baseados em indicadores clínicos e laboratoriais aferidos nas primeiras 24 horas de internação que, após cálculos matemáticos, poderiam prever a taxa de mortalidade. O APACHE II - Acute Physiology and Chronic Health Evaluation2, o SAPS - Simplified Acute Physiology Score3, o MPM - Mortality Probability Models4 e o LODS - Logistic Organ Dysfunction Score5 se inserem nesse contexto. No entanto, esses índices ignoram as alterações evolutivas durante a estadia na UTI, prevalecendo a gravidade da apresentação inicial da doença. Com o aprofundamento do conhecimento da fisiopatologia da sepse, reconheceu-se que a “falência” orgânica era um processo contínuo e não deveria ser descrita apenas como “presente” ou “ausente”. O tempo era um fator fundamental, visto que as disfunções poderiam regredir completamente ou ter uma piora progressiva, conferindo um pior prognóstico durante a permanência na UTI. Houve então, a necessidade de se desenvolver um índice que pudesse ser obtido de maneira fácil, rápida, à beira do leito, com variáveis simples e objetivas, reprodutível diariamente, a fim de observar variações no grau das disfunções provocadas pela sepse. O SOFA - Sepsis-related Organ Failure Assessment6 foi inicialmente criado em 1995 para avaliação de morbidade em pacientes sépticos, uma vez que a sepse é a principal causa de “falência” orgânica múltipla. Com a observância de que seria facilmente aplicável também em quadros diversos da sepse, teve seu nome modificado para Sequential Organ Failure Assessment. Formado a partir da soma de alterações em seis diferentes sistemas, trouxe a possibilidade de mensurar a disfunção de órgãos separadamente, assim como notar a eficácia de terapêuticas voltadas para aquele sistema orgânico, além de avaliar individualmente os pacientes, defeito comum aos outros escores produzidos7. Com a relação esperada entre morbidade e mortalidade, esse índice foi aplicado com sucesso para previsão de óbito em diversas populações8. A população idosa mundial cresce exponencialmente consumindo cada vez mais recursos materiais, humanos e financeiros dentro das UTI. Estima-se que aproximadamente 60% dos leitos de unidades intensivas, hoje estejam ocupados por pacientes com mais de 65 anos9, a permanência em número de dias é sete 1. Anestesiologista e Pós-Graduanda em Terapia Intensiva da UFRJ; Médica do Prontocor Lagoa 2.Doutor em Ciências Médicas pela UFRJ; Responsável pelo Curso de Pós-Graduação em Terapia Intensiva da UFRJ; Professor Adjunto da Disciplina de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UFRJ 3. Doutora em Cardiologia pela UFRJ; Coordenadora da UTI Prontocor Lagoa 4. Estagiário do Prontocor Lagoa; Acadêmico de Medicina pela UFRJ 5. Doutor em Epidemiologia pela UFRJ e Professor do Departamento de Bioestatística da UFRJ *Recebido da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Prontocor Lagoa Apresentado em 18 de agosto de 2005 – Aceito para publicação 18 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Roberta Lima Lavigne de Lemos – Rua Professor Saldanha, 26 - 5º andar – Lagoa – 22461-220 – Rio de Janeiro, RJ – Fone (21) 2548-9621 / 9805-3133 – E-mail: [email protected] 246 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original MÉTODO Após aprovação do Comitê de Ética do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foram avaliados prospectivamente 48 pacientes consecutivos, durante 28 dias, com idade igual ou superior a 65 anos, internados em uma unidade de terapia intensiva clínica (pacientes com diagnóstico cirúrgico eram transferidos para outra unidade). O diagnóstico de sepse grave ou choque séptico, foi feito obedecendo aos critérios da Conferência de Consenso publicada em 1992 12 associados ao estabelecimento de hipotensão arterial (pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou diminuição de 40 mmHg da pressão arterial sistólica inicial) considerada como “tempo-zero” do estudo. Os pacientes que já estavam na UTI por outras causas e evoluíram com sepse grave ou choque séptico, também foram incluídos no estudo, sendo o SOFA do primeiro dia calculado a partir do tempo zero. Pacientes com diagnóstico de neoplasia em fase avançada ou síndrome de imunodeficiência adquirida foram excluídos, a fim de tornar a amostra homogênea. Dados laboratoriais e clínicos foram observados e o SOFA foi realizado nos dias 1, 3, 5, 7, 14 e 28 de internação. Em pacientes sedados, a escala de coma de Glasgow13 assumida foi àquela calculada no último momento antes da sedação. No cálculo do SOFA diário foram utilizados os piores valores dos parâmetros nas 24 horas. A média do SOFA foi encontrada a partir da soma do SOFA de sobreviventes ou não sobreviventes, dividida pelo seu número absoluto, o Δ SOFA foi definido como a variação do escore nas primeiras 72 horas (entre os dias 1 e 3). Falências orgânicas foram definidas segundo critérios de Le Gall e col.14. Hiperglicemia foi considerada quando houve aumento da glicose sérica > 150 mg/dL em três ou mais dosagens nos exames coletados de rotina (pela manhã) na UTI. Troponina I foi positiva para valores maiores ou iguais a 0,5 ng/mL. BNP (Peptídeo Natriurético tipo B) foi considerado alto com valores acima de 100 pg/mL. PCR (Proteína C reativa) foi elevada a partir de 6 mg/dL. Dependência funcional foi considerada segundo a escala de atividades básicas de vida diária15. Foram utilizados os testes t de Student e o Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Os dados estão apresentados em medianas, médias e desvios-padrão. Tabela 1 – Características da População e Valores de p (n = 48 pacientes) Sobreviventes Não Sobreviventes p Idade (anos) 82 ± 9 (82) 83 ± 9 (84) 0,596 APACHE 19 ± 6 (18) 21 ± 8 (19) 0,396 Tempo de permanência na UTI (dias) 16 ± 19 (13) 13 ± 8 (13) 0,391 Sexo 11 10 0,240 Número de falências orgânicas (três ou mais) 9 16 0,0001 amostra 27 pacientes eram do sexo masculino (56%) e 21 do sexo feminino (44%), sendo que o sexo não esteve relacionado à mortalidade (p = 0,240).O diagnóstico predominante de choque séptico em 71% dos casos, tendo 29% de sepse grave. A mortalidade global foi de 38%. Quarenta e dois porcento dos pacientes tiveram diagnóstico inicial de sepse pulmonar e 58% de sepse urinária, que foram mais prevalentes. O tempo médio de permanência na UTI foi de 16 ± 19 dias para os sobreviventes e 13 ± 8 para os não sobreviventes, não apresentando associação com a mortalidade (p = 0,391). O APACHE II médio dos sobreviventes foi 19 ± 6 e dos não sobreviventes de 21 ± 8 sem associação com a mortalidade (p = 0,396) (Tabela 1). Vinte e oito pacientes (58%) apresentavam algum grau de dependência funcional prévia, sendo que esta não esteve associada à mortalidade (p = 0,561). A hiperglicemia, esteve presente em 75% dos pacientes e não foi associada a maior probabilidade de óbito (p = 0,739). O aumento da troponina I (p = 0,160) não se relacionou com maior mortalidade, assim como o aumento do BNP (p = 0,457), a instalação de falência respiratória com necessidade de ventilação mecânica (p = 0,164) e o aumento da PCR (p = 0,480). O número de falências orgânicas, quando presentes duas ou mais, se associou à maior mortalidade (p = 0,0001), como demonstrado na figura 1. Figura 1 - Número de Falências Orgânicas e sua Associação com a Mortalidade Número de Pacientes vezes maior nos idosos e a incidência de falência respiratória tratada com ventilação mecânica aumenta 10 vezes dos 55 aos 85 anos10, resultando em número crescente de idosos necessitando cuidados intensivos. Diante destes fatos é necessária a validação desse novo escore prognóstico nessa população de características especiais, que apresentam maiores taxas de mortalidade, quando comparados com os jovens, diante de quadros de sepse11. Assim, foi aplicado o SOFA numa população de idosos internados numa UTI clínica, visando observar a relação entre este escore e a mortalidade em pacientes de 65 anos ou mais portadores de sepse grave e choque séptico. RESULTADOS O estudo incluiu 48 pacientes com idade variando entre 65 e 99 anos, tendo média de 82 ± 9 anos (Tabela 1). A idade não se correlacionou com a mortalidade (p = 0,596). Nessa Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 247 RBTI / Artigo Original O SOFA do primeiro dia (SOFA 1) médio foi de 7 ± 4, tendo como mediana 9, com valor mínimo de 2 e máximo de 14 (Tabela 2), associado com a mortalidade, com p = 0,002 (Figura 2). No terceiro dia (SOFA 3) o valor mínimo foi de 0 e o máximo foi de 15, tendo média de 6 ± 4 (Tabela 2), sendo a mediana de 10, também associada com a mortalidade, com p = 0,0001 (Figura 3). O SOFA nos dias 5, 7, 14 e 28 teve, como média, respectivamente 5, 5, 3 e 3, não tendo associaTabela 2 – SOFA Médio e Medianas nos Dias 1, 3, 5, 7, 14 e 28 com Valores de p de acordo com o Número de Pacientes Avaliados. SOFA N SOFA 1 SOFA 3 SOFA 5 SOFA 7 SOFA 14 SOFA 28 48 48 47 45 41 40 Não Sobreviventes Média Mediana 7±4 9 6±4 10 5±4 7 5±4 7 3±3 3 3±4 3 Valor de p Figura 2 - Medianas do SOFA no 1º dia nos Pacientes Sobreviventes e Não Sobreviventes Figura 3 - Medianas do SOFA no 3º Dia em Pacientes Sobreviventes e Não Sobreviventes 248 0,002 0,0001 0,109 0,201 0,954 0,794 ção com a mortalidade como demonstrado na tabela 2. Dos 19 pacientes que foram a óbito, 48% apresentaram aumento do SOFA entre os dias 1 e 3 (Δ SOFA), contra 17% dos pacientes que sobreviveram, sendo o Δ SOFA relacionado com uma maior mortalidade (p = 0,028). DISCUSSÃO No desenvolvimento de um escore prognóstico para aplicação em diferentes unidades de terapia intensiva, alguns itens são desejáveis: a fácil aplicação, através de medidas simples e disponíveis a qualquer momento, a reprodutibilidade e a possibilidade de avaliação de indivíduos com doenças diversas numa mesma unidade, são destacados6. O SOFA, além de englobar os preceitos descritos, pode ser utilizado para definir o grau de disfunção dos vários órgãos e sistemas, em diferentes momentos da uma internação, garantindo uma visão dinâmica da mesma doença. Embora desenhado inicialmente para avaliar o grau de disfunção, inúmeros sucessivos estudos7,8,16 têm comprovado a eficiência do SOFA em prever a mortalidade ao longo do tempo nas UTI. Uma vez que a mortalidade é diretamente relacionada ao grau de disfunção orgânica, é evidente que quanto maior o índice SOFA, provavelmente será maior a taxa de óbitos. No entanto a relação entre o escore e a mortalidade precisa ser ainda extensamente documentada e validada, como observam os próprios autores, encorajando a comparações desse escore em diferentes subgrupos de populações16. O SOFA do primeiro dia (SOFA 1) corresponde ao grau de disfunção que o paciente apresenta já na admissão e pode ser útil para selecionar pacientes com gravidade comparáveis para estudos de população17. Nesse trabalho o SOFA 1 foi associado à mortalidade, mostrando que quanto mais grave for a forma de apresentação inicial da doença, maior a mortalidade, como previsto anteriormente em outro estudo18. O SOFA do terceiro dia também foi associado a um pior desfecho (p = 0,0001), assim como a variação nas primeiras 72 horas de internação (p = 0,028). Isso pode significar que pacientes que permaneceram graves (no 3º dia), apesar da terapêutica instituída no período inicial, tiveram maior probabilidade de ir a óbito, confirmando o conceito atual de que a sepse é uma doença dependente de tempo. O mesmo se refletiu com o Δ SOFA, que traduz os progressos durante a estadia na UTI. Quando houve piora da disfunção apesar do tratamento (aumento do Δ SOFA), a maior parte dos pacientes foi a óbito. Esse fato sugere que a eficácia terapêutica ou a instituição de medidas preventivas para falência de um determinado órgão, podem ser mensuradas pelo Δ SOFA, com impacto sobre a mortalidade, apesar das condições do paciente na admissão. Múltiplos trabalhos demonstram que o aumento da idade está associado à maior mortalidade19,20. No entanto, vários autores observaram21 que as taxas de mortalidade pela sepse são semelhantes em idosos e jovens, quando as doenças de base estavam compensadas, assim como a própria sepse estava sob controle, fato que se repetiu na amostra aqui estudada: a idade não se relacionou com um pior desfecho (p = 0,596). Em muitos desses trabalhos19,20, os pacientes idosos foram estratificados por décadas (65 a 75 anos, 76 a 85 anos), feito que RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original não foi possível reproduzir, devido ao pequeno número da amostra. Posteriormente, com o aumento da população, essa relação será realizada e, só assim, deixar identificar se quanto mais idoso for o paciente, maior probabilidade ele terá de ir a óbito. O APACHE II, índice prognóstico extensamente difundido, foi associado à maior mortalidade em diferentes populações2, dado não reproduzido nesse estudo (p = 0,396). Acredita-se ser esse índice de difícil aplicação em idosos, em decorrência da alta prevalência de comorbidades que têm associação com a mortalidade nessa população18, que não são abordadas por este escore. Em trabalhos anteriores as admissões prévias em UTI, a insuficiência respiratória à admissão e o número de doenças crônicas foram relacionados à mortalidade22, bem como o estado funcional gravemente comprometido, com limitações nas atividades básicas e da qualidade de vida23. Nesse estudo nenhuma dessas variáveis se relacionou com a mortalidade, possivelmente em decorrência da sua alta prevalência na população estudada. Troponina I e BNP, característicos de falência miocárdica durante quadros de choque24,25, também não estiveram relacionados com desfecho desfavorável. Visto ser a doença cardiovascular muito freqüente em indivíduos idosos, os valores de BNP poderiam já estar aumentados antes do diagnóstico de sepse, não sendo considerado fator de exclusão a presença de doença do sistema cardiovascular na admissão. A hiperglicemia vem recentemente mostrando, para diferentes populações, importante correlação com a mortalidade26, entretanto, no presente estudo não foi estatisticamente associada com pior prognóstico. Esses resultados discrepantes podem ser fundamentados na ausência de dados acerca dos níveis glicêmicos no decorrer do dia, e, dada a labilidade da variável estudada, uma aferição diária provavelmente não seja suficiente para avaliar o status do metabolismo intermediário dos pacientes. Além disso, dados como a área sob a curva de níveis glicêmicos diários, como recentemente publicado27, poderiam refletir com mais clareza a disfunção metabólica e sua provável relação com a mortalidade. Por fim, independentemente das questões sobre a medida da variável, a alta incidência de hiperglicemia na população do estudo (75%) dificulta a análise estatística e sua posterior relação com qualquer desfecho estudado. Nesse estudo apenas foram incluídos pacientes clínicos, sendo os pacientes cirúrgicos transferidos para outra UTI da instituição. Isso pode ser considerada uma limitação, já que se excluíram pacientes com sepse abdominal, ou em pós-operatório. No entanto, por ser uma população de idosos onde é alta a incidência de infecções do trato respiratório e urinário, ainda é pertinente, no amplo espectro da apresentação da sepse. Outra limitação do estudo foi a necessidade de estabelecimento de hipotensão arterial como critério de inclusão. Há pacientes com sepse grave que têm diversas formas de apresentação. Como a população em questão era idosa e possuidora de muitas comorbidades que levavam a déficit funcional (caracterizada por dependência nas atividades básicas de vida diária) optou-se por estabelecer esse critério com a finalidade de tornar a população mais homogênea, já que outros critérios de caracterização de sepse grave seriam difíceis de se Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 obter, como por exemplo, alterações do nível de consciência ou hipoperfusão. CONCLUSÃO O SOFA dos dias 1 e 3, o aumento do SOFA nas primeiras 72 horas (Δ SOFA) e o número de falências orgânicas se mostraram relacionados com a maior mortalidade em idosos com choque séptico e sepse grave de origem pulmonar e urinária, confirmando que a gravidade na apresentação da sepse e a terapêutica correta instituída precocemente, têm influência sobre o prognóstico. O mesmo não ocorreu com outros indicadores de uso corrente como a PCR e a troponina I ou com a necessidade de ventilação mecânica e a capacidade funcional anterior ao quadro agudo. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O SOFA é um bom indicador de gravidade, porém existem poucos estudos que o relacionam à mortalidade em idosos com sepse e choque séptico. O objetivo desse estudo foi avaliar a associação do SOFA e outros fatores com a mortalidade em idosos com sepse grave e choque séptico. MÉTODO: Foi realizada uma coorte com 48 pacientes no período de 5 meses, com idade ≥ 65 anos, internados numa UTI clínica, portadores de sepse grave e choque séptico. As variáveis utilizadas foram: SOFA nos dias 1, 3, 5, 7, 14 e 28, ∆ SOFA (variação do SOFA nos dias 1 e 3), APACHE II, troponina I, BNP, PCR, glicemia, falências orgânicas, dependência funcional, tempo de permanência na UTI e a necessidade de ventilação mecânica. Para a análise estatística empregaramse os testes t de Student e Exato de Fisher, considerando-se 5% (nível de significância). RESULTADOS: A idade média dos pacientes foi 82 ± 9 anos, dos quais 44% eram do sexo feminino. O diagnóstico predominante foi choque séptico (71%). A mortalidade foi de 38%. O SOFA nos dias 1, 3, 5, 7, 14 e 28 teve, como média, respectivamente 7, 6, 5, 5, 3, 3, mostrando-se significativamente relacionado com a mortalidade o SOFA dos dias 1 (p = 0,002) e 3 (p = 0,001), bem como o ∆ SOFA (p = 0,028). O número de falências também se associou com a mortalidade (2 ou mais p = 0,0001). As demais variáveis não se associaram com a mortalidade. CONCLUSÕES: O SOFA dos dias 1 e 3, sua variação nas primeiras 72 horas e o número de falências orgânicas se mostraram relacionados com a maior mortalidade em idosos com choque séptico e sepse grave. Unitermos: idoso, sepse, SOFA REFERÊNCIAS 01. 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This objective is describing the main clinical complications and shows the profile of morbidity among obstetric and puerperal patients hospitalized at the ICU. METHODS: A participatory and descriptive observation study was carried out with 26 patients between November 2004 and April 2005, by analyzing the patients’ medical records. To estimate the prognostic index, the APACHE II. Gravity scoring system was used. The data were registered in research protocol. RESULTS: The predominant age bracket was 23 to 29 years old, for 34% of the patients. Eighty one percent (81%) of the patients had gone through 1 to 3 pregnancies. The average time of hospitalization was 6 days. Sixteen of them (66%) had cesarean deliveries. The hypertensive syndromes represented 54% of all hospitalizations, while infectious causes with 27%. Help syndrome 32% and eclampsia 22% were the most common causes. Sixty one percent (61%) did not present comorbidity. According to the APACHE II results, the average for all cases was 11.57. Four patients died, three of them due to sepsis, and one caused by HELLP syndrome. CONCLUSIONS: Among the major complications, hypertensive illnesses had been the most prevalent one, and in relation to morbid-mortality, the death prognostic consisted of approximately 15% of the cases, observing a mortality rate of 15,38%. Key Words: APACHE, Complications, ICU, Pregnancy A morte de mulheres por complicações da gestação, aborto, parto e puerpério representa, em 90% dos casos, um desperdício de vidas1. O óbito materno é um dos mais sensíveis indicadores das condições de vida de uma população2 e reflete, principalmente, a desarticulação, desorganização e qualidade inadequada da assistência de saúde prestada à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal, uma vez que a assistência pronta, oportuna e adequada pode evitar a maioria dessas mortes1,2. Anualmente, 515 mil mulheres morrem por complicações da gravidez, aborto, parto e puerpério, no mundo inteiro3. Hill e col.3, estimaram as taxas de mortalidade materna para todos os países do mundo, em 1995, com indicadores que chegavam a ultrapassar 1.000 mortes maternas para cada 100.000 nascidos vivos, em certos países da África, e atingiam níveis inferiores a 10 por 100.000 nascidos vivos para alguns países da América do Norte e Europa3. Do total, 99% das mortes maternas ocorrem em países em desenvolvimento4. No Brasil, os óbitos maternos correspondem cerca de 6% na faixa etária de 10 a 49 anos5, ocupando a oitava posição entre todas as causas de óbito feminino nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a nona na região Sul e a décima na Sudeste1,5. Os casos nos quais as gestantes ou as puérperas apresentam disfunções sistêmicas agudas, que, se não tratadas apropriadamente, poderiam resultar na sua morte, despontam como indicadores essenciais na avaliação das principais e mais graves doenças obstétricas6. Dentre todas as doenças que se manifestam ou se agravam no decorrer da gravidez, a hipertensão arterial é a mais freqüente, e aquela que se acompanha de maior morbimortalidade materna e perinatal7, incidindo em cerca de 7% a 10% de todas as gestações8. Distúrbios relacionados a ela são a segunda maior causa de mortalidade materna nos Estados Unidos8. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a hipertensão na gravidez, é uma das principais causas de mortalidade, com cerca de 30% do total das mortes maternas, ao lado dos quadros hemorrágicos e infecciosos4,7. Segundo Ratton9, as unidades ou centros de tratamento intensivo constituem um avanço no cuidado do paciente grave, criticamente enfermo, porém com probabilidade de recuperação9. A difusão da assistência intensiva, especificamente obstétrica, ainda é utópica em nosso país; entretanto, movimentos e discussões iniciais para a criação das mesmas já são realidade em certas instituições de ensino, em algumas regiões do Brasil6. O que é mais comumente observado é a generalização da assistência intensiva por profissionais não especializados em intercorrências durante o ciclo gravídicopuerperal.10 A literatura existente sobre a necessidade de cuidados intensivos ou transferências para unidades de terapia intensiva em Obstetrícia ainda é escassa6. Mabie e Sibai11, descreveram 1. Graduando do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará. 2. Médica intensivista da Unidade de Terapia Intensiva da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará *Recebido da Unidade de Terapia Intensiva da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Belém, PA Apresentado em 12 de setembro de 2005 – Aceito para publicação em 27 de outubro de 2005 Endereço para correspondência: Dr. Felipe Nunes Vieira – Av. Governador José Malcher, 2277/1802 – São Braz – 66060-230 Belém, PA – Fone: (91) 3266-8791, 8818-0967 e 9902-1278 – E-mail: [email protected] Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 251 RBTI / Artigo Original recursos de aparelhagem técnica, fundamentais nestes tipos especiais de unidades11. Os mesmos autores ressaltaram ainda os benefícios específicos das unidades de terapia obstétricas, como a melhoria da assistência às pacientes, uma vez que observação rigorosa e organização possibilitariam não só a detecção precoce de doenças intercorrentes, mas também a sua profilaxia6,11. Em razão de cada óbito materno mascarar essas diversas intercorrências, a atenção está sendo voltada para a morbidade propriamente dita, para que esta assegure informações importantes para os programas sobre maternidade segura6. Pouca informação existe sobre os eventos maternos não-fatais, e estes podem representar diferentes padrões de intercorrências ou responder às intervenções de maneira diversa dos casos que resultam nos óbitos maternos12. O objetivo deste estudo foi pesquisar, buscar e descrever as complicações e mostrar o perfil de morbimortalidade de pacientes obstétricas e puerperais internadas na Unidade de Terapia Intensiva, expondo dados que busquem o aperfeiçoamento de cuidados intensivos deste grupo especial de pacientes. MÉTODO As pacientes inclusas nessa pesquisa foram estudadas segundo os preceitos da Declaração de Helsinque e do Código de Nuremberg, respeitando as Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Res. CNS 196/96) do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi realizado após aprovação de projeto de pesquisa pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão de Medicina, pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical / Universidade Federal do Pará, com conhecimento da instituição na qual foi realizada a pesquisa e pelas pacientes estudadas, por meio de termo de consentimento livre e esclarecido. Foi realizado um estudo observacional e descritivo com seguimento de 26 pacientes obstétricas e puerperais internadas na UTI Adulto, da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, no período de Novembro de 2004 a Abril de 2005. A avaliação foi feita por meio de acompanhamento direto às pacientes internadas com análise cuidadosa dos prontuários, incluindo evolução clínica e exames complementares. Os dados foram registrados em protocolo de pesquisa, constituído basicamente de dados de identificação, tipo de parto (vaginal, cesariana, aborto), histórico obstétrico, período de internação na UTI, causa de internação na UTI (diagnóstico sindrômico, causas obstétricas ou não-obstétricas), comorbidades, complicações e outros tópicos sobre a evolução de cada paciente. A morbimortalidade das pacientes obstétricas e puerperais foi analisada por meio de um escore de gravidade de doenças em terapia intensiva denominado Escore de Fisiologia Aguda e Avaliação de Saúde Crônica II (APACHE II) para verificar o índice prognóstico de cada paciente. O resultado deste índice para cada paciente indica a situação prognóstica dos casos relatados sendo que o escore APACHE II mais favorável é zero e, teoricamente o pior é 71. Esta pontuação por meio de uma equação de regressão logística é transformada em probabilidade de óbito obtida em porcentagem. Além dos resultados individualizados, foi 252 realizada a média aritmética dos resultados para se obter o índice de mortalidade geral das pacientes estudadas. Os resultados encontrados foram comparados com a literatura existente, para a obtenção da avaliação clínica dos casos pesquisados. Foram feitas análises estatísticas descritivas para avaliação do comportamento das variáveis encontradas. Estas estatísticas estão apresentadas em tabelas e figuras para melhor compreensão e os casos significativos estão assinalados com asterisco. As análises estatísticas presentes foram desenvolvidas no programa BioEstat 3.0 e os cruzamentos de variáveis, no Epinfo 2000. O teste do Qui-quadrado foi utilizado de acordo com a necessidade. Os dados obtidos foram armazenados e tabulados em Excel 2000 e submetidos a tratamento estatístico descritivo e analítico. RESULTADOS Durante os seis meses de pesquisa, 26 pacientes necessitaram de acompanhamento intensivo. Em relação à faixa etária das pacientes transferidas, a média de idade está em torno de 26 anos. Observou-se uma diferença significativa (p = 0,0056) entres os grupos etários a um nível de significância de 5% (0,05). (Figura 1). A média do tempo de internação das pacientes está em torno de seis dias. Nota-se que houve uma diferença significativa (p = 0,0091) no intervalo do tempo de internação (Tabela I). Figura 1 – Faixa Etária das Pacientes obstétricas FONTE: Protocolo de pesquisa Tabela 1 – Tempo de Internação das Pacientes Tempo de Internação 1 a 3 dias 4 a 7 dias 8 a 11 dias Acima de 11 dias Total Número de Pacientes 7 12* 5 2 26 % 27 46 19 8 100 FONTE: Protocolo de pesquisa * p ≤ 0,05 (Teste Qui-quadrado) Quanto à paridade, foi verificado que a maioria das pacientes haviam tido entre uma e três gestações, com média de duas gestações. Considerando o momento das transferências, houve quatro casos em que as pacientes foram transferidas após episódios de abortamento (17%). Foi verificado que 92,3% das transferências foram realizadas no período puerperal. Quando foi avaliado o tipo de parto, a cesariana representou 66% dos casos, enquanto o parto vaginal corresRBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original pondeu a 17%. Notou-se diferença significativa (p = 0,0025) com nível de significativo de 5%. Entre as causas de internação, 54% (n = 14) eram de etiologia hipertensiva e 27% (n = 7), infecciosa (Tabela II), sendo que as causas obstétricas representaram 69% (n = 18) e as não-obstétricas, 31% (n = 8), com diferença significativa pvalor (p = 0,0025) com nível significativo de 0,05. Considerando as indicações específicas para as transferências, percebe-se que a síndrome Hellp e a eclâmpsia, destacam-se dentre as doenças hipertensivas, representando 46% e 31%, respectivamente. Dentre as causas infecciosas, infecção de parede abdominal (n = 3) e abortamento infectado (n = 2),foram as mais prevalentes. Apenas um caso de descolamento prematuro de placenta (síndrome hemorrágica) foi notificado. Para as outras causas das transferências, destaca-se a média de 31 para um caso de diabetes gestacional (Figura 5). Tabela 4 – Média do APACHE II para Causas Obstétricas de Origem Hipertensivas de Pacientes Obstétricas e Puerperais Internadas. Síndromes Hipertensivas Eclâmpsia DHEG Síndrome HELLP APACHE II (média) 12,25 12,00 9,67 FONTE: Protocolo de pesquisa Figura 3 – Média de APACHE II para as Causas Infecciosas de Internação de Pacientes Obstétricas e Puerperais Tabela 2 - Causas da Internação na Unidade de Terapia Intensiva Causas Síndrome hipertensiva Síndrome infecciosa Síndrome hemorrágica Outras Total Nº de Pacientes 14* 7 1 4 26 % 54 27 4 15 100 FONTE: Protocolo de pesquisa * p ≤ 0,05 (Teste Qui-quadrado) Analisando a presença de co-morbidades entre as pacientes internadas, foi verificado que 61% não as apresentavam, enquanto que 8% possuíam alguma cardiopatia. As outras pacientes apresentavam outras co-morbidades. A mortalidade materna encontrada neste estudo foi de 15%. Observou-se uma diferença altamente significativa entre a evolução das pacientes (p = 0,0009) ao nível significativo de 5% (0,05) (Tabela 3). FONTE: Protocolo de pesquisa Figura 4– Média de APACHE II para Outras Causas de Internação de Pacientes Obstétricas e Puerperais Tabela 3 – Evolução das Pacientes Obstétricas e Puerperais Internadas. Evolução Nº de Pacientes % Alta da UTI 22* 85 Óbito Total 4 26 15 100 FONTE: Protocolo de pesquisa * p ≤ 0,05 (Teste Qui-quadrado) Com relação aos óbitos das pacientes, 75% foram causadas por sepse e 25% por síndrome Hellp (Figura 2). Figura 2 - Causas de Óbito de Pacientes Obstétricas e Puerperais Internadas FONTE: Protocolo de pesquisa A média total de APACHE II encontrada foi de 11,57. As causas de internação na UTI de etiologia hipertensiva apresentaram média de 12,25 para eclâmpsia, 12 para DHEG grave e 9,67 para Síndrome Hellp (Figura 3). Para as causas infecciosas, a média do APACHE II foi de 16 para abortamento infectado e 12 para infecção de parede abdominal (Figura 4). Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 FONTE: Protocolo de pesquisa DISCUSSÃO A internação de pacientes gestantes e puerperais em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é rara, contudo, dentre tais pacientes, apresenta elevada mortalidade13. As complicações que ocorrem intra e pós-parto, tanto obstétricas quanto nãoobstétricas se constituem em grandes desafios para os médicos assistentes de UTI, pois estas pacientes, criticamente doentes, na maioria dos hospitais, têm sido tratadas em UTI gerais sob cuidados de médicos intensivistas os quais têm a responsabilidade de trabalhar com uma diversidade muito grande de doenças14. A FSCM-PA é um hospital público estadual, com residência médica de referência em assistência materno-infantil, situado na cidade de Belém (PA), que presta assistência médica tanto à população local quanto a outros municípios do Estado do Pará registrando a maior concentração de aten- 253 RBTI / Artigo Original dimento do Estado do Pará nesta área, e, portanto, o mais indicado local para tal estudo. Os 26 casos estudados correspondem a todas as pacientes internadas na UTI desta Instituição de Saúde no intervalo de tempo descrito que apresentaram complicações nos períodos pré e pós-parto. As complicações apresentadas pelas pacientes foram as que comumente ocorrem nestas fases da gravidez e que são relatadas na literatura encontrada sobre o assunto. Estas afecções obstétricas podem ocorrer durante toda a idade reprodutiva15. O presente trabalho encontrou uma prevalência da idade média de 26 anos. Quanto à paridade das gestantes, foi observado uma média de duas gestações. Uma vez encontrados esses resultados, verifica-se que a predominância de complicações durante a gestação e no pós-parto aplica-se principalmente em mulheres jovens, previamente hígidas, que estão iniciando suas vidas reprodutivas, sem nenhuma relação com idade avançada ou multiparidade6,14, assim, ressalta-se a necessidade de atenção por parte dos tocólogos para este grupo de pacientes, a princípio, sem riscos para intercorrências. Quanto ao tempo de internação, pela média de dias encontrada pelo presente e por outros trabalhos, deduz-se que as unidades de terapia intensiva, apesar de, na maioria das vezes, terem que se adaptar a esse grupo de pacientes (obstétricas e puérperas), desempenham um trabalho eficiente e em um curto período de internação. Da mesma forma, o presente estudo reafirmou os resultados encontrados por Viggiano e col.6 com relação ao predomínio das transferências puerperais sobre as obstétricas. Por meio desses resultados, somos levados a refletir no momento do puerpério em que essas pacientes são transferidas, uma vez que o predomínio do encaminhamento no pós-parto imediato parece ter expressiva associação com a tentativa de resolução do fator obstétrico, desencadeador das disfunções sistêmicas, antes da transferência das pacientes para a UTI. A cesariana se mostrou predominante quando se avaliou o tipo de parto nos casos pesquisados. A cesariana constitui-se em um dos procedimentos cirúrgicos mais executados e debatidos na atualidade15. Ao longo do tempo, sua realização levanta uma série de questões que refletem sobre o futuro reprodutivo da mulher6,16. Embora este tipo de parto esteja associado a elevados coeficientes de morbimortalidade materna quando comparado ao parto vaginal15, interrupções bem indicadas e oportunas das gestações também podem contribuir de maneira importante para a redução do risco de óbito materno-fetal15,16. As causas de internação na UTI para esse grupo de pacientes foram agrupadas em diagnósticos sindrômicos e estes, em causas obstétricas e não obstétricas. Foi observado, que as síndromes hipertensivas e infecciosas foram responsáveis pela maioria das internações, reafirmando o trabalho realizado por Ramos14. Hazelgrove e col.17, verificaram que as doenças hipertensivas corresponderam à maioria dos casos, seguida das hemorrágicas17. O desfecho determinado pelas síndromes hipertensivas induzidas pela gestação deve continuar preocupando os obstetras, uma vez que o acompanhamento pré-natal adequado, a menção oportuna dos casos mais graves para serviços terciários e o conhecimento das condutas terapêuticas emergenciais destas intercorrências são essen- 254 ciais na tentativa de diminuir este grave e atual problema em Obstetrícia. O abortamento infectado foi a principal causa obstétrica infecciosa, concordando com Viggiano e col.6, porém divergindo de Ramos e col.14, que encontraram a principal causa infecciosa a endometrite puerperal14. Embora, nas últimas décadas, os casos infecciosos durante o ciclo gravídico-puerperal venham diminuindo18, nota-se que a assistência inadequada ao parto e, principalmente, as práticas ilegais de abortamento, ainda fazem parte da triste realidade assistencial deste pais6. É importante que haja o conhecimento por parte dos obstetras das condutas diagnósticas e, sobretudo, terapêuticas, para que seja idealizado o manejo correto dessas situações clínicas provenientes da gestação. Menos da metade das pacientes pesquisadas nesse estudo apresentavam alguma comorbidade associada demonstrando a pouca relação existente entre o estado de saúde prévio da paciente e a possibilidade da mesma de ser acometida por imprevistos complicados na gravidez e puerpério. A mortalidade materna encontrada neste estudo foi relativamente baixa (15,3%), quando comparadas a outras pesquisas. Viggiano e col.6 e Ramos e col.14 Porém, Hazelgrove e col.17 verificaram taxa de apenas 3,3% de óbito materno17. De acordo com AbouZahr e col.19, a mortalidade materna é um sensível indicador de iniqüidade, de acessibilidade a cuidados de saúde e da capacidade do sistema de saúde de responder às necessidades destas mulheres19. A assistência à saúde feita de forma tardia ou inadequada é responsável pela maioria dos óbitos ocorridos durante a gestação, parto e puerpério20. O conhecimento das particularidades da gestação e do bem-estar fetal, assim como o de algumas situações específicas da gestação, é fundamental no sentido de se reduzir a mortalidade das pacientes gestantes e puerperais internadas em Unidade de Terapia Intensiva13. É necessário haver uma vontade política de toda a sociedade para que se reduza, neste meio, a mortalidade materna nos casos realmente inevitáveis20. Os índices prognósticos analisados através do método APACHE II indicaram uma média total de 11,57. Hazelgrove e col.17 em pesquisa semelhante, observaram uma média de pontuação baixa para o APACHE II nos casos estudados, encontrando, portanto, uma baixa mortalidade17. Relataram que admissões em UTI de pacientes obstétricas e puérperas geralmente necessitam mínima intervenção e estão associadas à baixa taxa de mortalidade17. A taxa geral de mortalidade do presente estudo ainda não é a ideal. Contudo, o uso de escores de gravidade de doenças em terapia intensiva, como o APACHE II, é um bom discriminador de resultados de internações em UTI desse grupo de pacientes, no entanto, pode superestimar as taxas de óbito. Dessa forma, os dados encontrados nos fazem refletir se esses escores não possam necessitar de modificações, em pacientes obstétricas, para se ajustarem às respostas fisiológicas da gravidez. A necessidade de um acompanhamento intensivo e por pessoal treinado exige que pacientes graves sejam sempre referidos o mais precocemente possível para hospitais com UTI. O trabalho conjunto entre os médicos intensivistas e os obstetras devem ser sempre estimulado14. O que, dessa forma, parece a solução ideal, onde cada especialista poderia RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original contribuir com suas noções diagnósticas ou terapêuticas para evolução adequada e satisfatória destes casos graves. O presente estudo procurou delinear o perfil da paciente obstétrica e puerperal atendida na UTI, definindo doenças e complicações mais freqüentes e avaliando sua morbimortalidade. A literatura revisada mostrou uma carência de estudos semelhantes que permitissem uma avaliação comparativa com outros centros. A maioria dos estudos revela situações críticas específicas como doença cardiovascular, choque séptico ou efeitos hemodinâmicos21. Acredita-se que sejam necessários mais trabalhos sobre este tema, prospectivos, com casuística ampliada, que comparem protocolos de transferências das pacientes obstétricas para as UTI, com vista a substituir o empirismo que ora reina em relação aos melhores caminhos para a tão desejada redução da mortalidade materna em nosso país. Acrescentamos que devam ser estimulados mais estudos relacionados às pacientes obstétricas na UTI, principalmente no Pará, pois desta maneira poderemos compreender melhor estas complicações graves e, a partir daí, traçar normas que nos auxiliem a diminuir os índices ainda não satisfatórios de morbidade e mortalidade destas pacientes, assim como, seremos capazes de obter estudos comparativos entre os resultados em dois momentos diferentes para concluirmos sobre alguma evolução no manejo da saúde em nossa região. CONCLUSÃO Dentre as principais complicações que levaram pacientes obstétricas e puerperais a internação na Unidade de Terapia Intensiva da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, no período de Novembro de 2004 a Abril de 2005, as doenças hipertensivas foram as mais prevalentes, com 54% dos casos, sendo que a HELLP síndrome e a eclâmpsia foram as principais causas de internação. Em relação a morbimortalidade, a média do APACHE II verificada entre todas as pacientes internadas foi de 11,57 (correspondendo aproximadamente 15% de probabilidade de óbito), observando uma taxa de mortalidade de 15,38%. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A morte por complicações da gestação, aborto, parto e puerpério representa, em 90% dos casos, um desperdício de vidas. Essas complicações constituem grandes desafios para os médicos intensivistas, pois estas pacientes têm sido tratadas em unidades de terapia intensiva (UTI) gerais sob cuidados não-específicos. O objetivo deste estudo foi descrever as principais complicações clínicas e mostrar o perfil de morbimortalidade de pacientes obstétricas e puerperais internadas em UTI. MÉTODO: Foi realizado um estudo observacional e descritivo com seguimento de 26 pacientes, no período de novembro de 2004 a abril de 2005, através de análise dos prontuários. Para estimar o índice prognóstico, foi utilizado escore Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 de gravidade APACHE II. Os dados foram registrados em protocolo de pesquisa. RESULTADOS: A faixa etária predominante encontrada foi de 23 a 29 anos, com 34% das pacientes. 81% tiveram entre uma e três gestações. O tempo médio de internação foi de seis dias. Dezesseis pacientes (66%) realizaram cesariana. As síndromes hipertensivas representaram 54% do total de internações, enquanto as causas infecciosas, 27%. Síndrome HELLP (32%) e eclâmpsia (22%) foram as causas mais freqüentes. 61% não apresentavam comorbidade. A média do APACHE II para todos os casos foi de 11,57. Quatro pacientes evoluíram a óbito, sendo que três devido a sepse e uma, síndrome HELLP. CONCLUSÕES: Dentre as principais complicações, as doenças hipertensivas foram as mais prevalentes e, em relação a morbimortalidade, o prognóstico para óbito correspondeu aproximadamente 15%, observando uma taxa de mortalidade de 15,38%. Unitermos: APACHE, Complicações Obstétricas; UTI REFERÊNCIAS 01. Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos. Dossiê Mortalidade Materna. Disponível em: <http://www.redesaude.org.br/ dossies/html/ dossiemortmaterna .html>. Acessado em 15 de Março de 2005. 02. Belfort P - Mortalidade materna e qualidade de vida. GO Atual. 2000;6 03. Hill K, AbouZahr C, Wardlaw T - Estimates of maternal mortality for 1995. Bulletin WHO 2001;79:182-193. 04. Atrash HK, Alexander S, Berg CJ - Maternal mortality in developed countries: not just a concern of the past. Obstet Gynecol, 1995;86:700-705. 05. Ministério da Saúde/DataSUS: Banco de dados disponível em: <http://www. datasus.gov.br>. Acessado em 10 de Fevereiro de 2005. 06. Viggiano MB, Viggiano MGC, Souza E et al - Necessidade de cuidados intensivos em maternidade pública terciária. Rev Bras Ginec Obst, 2004;26:317-323. 07. Neme B - Obstetrícia Básica. 2ª Ed. São Paulo (SP): Sarvier, 2000. 08. Diretrizes das Doenças Hipertensivas Específicas da Gravidez. FEBRASGO. Disponível em: <http://www.amb.org.br/projeto_ diretrizes/hiperte1.pdf.> Acessado em 14 de maio de 2005. 09. Ratton JLA - Medicina Intensiva. 2ª Ed, São Paulo, Atheneu, 1999. 10. Graham SG, Luxton MC - The requirement for intensive care support for the pregnant population. Anaesthesia, 1989;44:581-584. 11. Mabie WC, Sibai BM - Treatment in an obstetric intensive care unit. Am J Obstet Gynecol, 1990;162:1-4. 12. Mantel GD, Buchmann E, Rees H et al - Severe acute maternal morbidity: a pilot study of a definition for a near-miss. Br J Obstet Gynaecol,1998;105:985-990. 13. Nogueira AA, Reis FJC, Reis PAS - A paciente gestante na unidade de terapia intensiva. Med Rib Preto, 2001;34:123-132. 14. Ramos JG, Costa SM, Oliveira FR et al - Tratamento de gestantes em unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ginec Obstet, 1995;17:837-844. 15. Cecatti G, Pires HMB, Goldenberg P –Cesárea no Brasil: um Direito de Opção, em: Galvão L, Diaz J - Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil. 1ª Ed, São Paulo, Hucitec/Population Council; 1999;237-259. 16. Grimes DA - The morbidity and mortality of pregnancy: still risky business. Am J Obstet Gynecol, 1994;170:1489-1494. 17. Hazelgrove JF, Price C, Pappachan VJ et al - Multicenter study of obstetric admissions to 14 intensive care units in southern England. Crit Care Med, 2001;29:770-775. 18. Faundes A, Ceccati JG, Bacha AM et al - Intervenções para a redução da mortalidade materna. Rev Paul Med, 1989;107:47-52. 19. AbouZahr C, Wardlaw T, Stanton C et al - Maternal mortality. World Health Stat Q, 1996;49:77-87. 20. Tanaka ACA - O desperdício de vidas numa realidade que não se altera. J. Rede Fem. Saúde 1999. 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METHODS: It was had to collected date about adults’ patients that have stayed in one critical care unit since year 2000 in a single communitarian hospital. RESULTS: A total 770 patients were eligible for observation (636 without co morbidities and 134 with some co morbidity describe by APACHE II). The mortality rate was 58.95 percent in co morbidities group and 30.33 percent in the without co morbidities group. The relative risk of death 3.77 (95 percent confidence interval 2.21 to 6.40). The standard mortality ratio was 1.36 for APACHE II in co morbidity group. In this group there was calibration, but the number of patients was small, and discrimination for area under ROC curve was unsatisfactory. CONCLUSIONS: Patients with co morbidities have the same treatment than others patients, but the result is poor in hospital survive. Key Words: APACHE II, comorbidity, MPM II, outcome. A tualmente, a presença de pacientes com comorbidades graves internados nas unidades de terapia intensiva. O índice prognóstico descrito por Knaus e col.1, o modelo APACHE II, define como comorbidade grave um dos seguintes critérios: 1- pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica com hipertensão pulmonar ou dependência de oxigênio domiciliar; 2- pacientes com insuficiência cardíaca, classe funcional IV, pela classificação da New York Heart Association; 3- pacientes com insuficiência renal crônica que necessitam de tratamento com diálise; 4- pacientes com cirrose microscópica ou que tiveram sangramento digestivo alto por hipertensão portal ou encefalopatia hepática; 5- pacientes com imunossupressão, quimioterapia, radioterapia ou recente uso de altas doses de esteróides (mais de 1 mg/kg/dia), ou leucemia, linfoma e AIDS. Esta classificação pode não ser a mais completa, pois outras situações clínicas cursam com outras comorbidades como, por exemplo, pacientes com seqüelas de acidentes vasculares encefálicos, estados de demências avançadas e suas conseqüências, mas é útil descrever o aumento de gravidade e conseqüente risco de óbito. Na literatura médica, foram encontrados vários trabalhos que descrevem o prognóstico e o risco de óbito destes pacientes com as comorbidades descritas pelo APACHE II. Olmo e col.2 mostraram uma sobrevida de 33% em cinco anos de pacientes com cirrose após o primeiro sangramento. Já, Gines e col.3 mostraram que a sobrevida média do paciente com cirrose que desenvolve síndrome hepato-renal é de duas semanas. Em pacientes com insuficiência renal crônica com necessidade de diálise, destaca-se o trabalho de Stoves e col.4 que mostraram uma sobrevida de 30% em cinco anos quando não acompanhada inicialmente por especialistas, e sobrevida de 55% em pacientes com acompanhamento inicial com nefrologistas. Wolfe e col.5 apresentaram uma alta mortalidade de 16,9 pacientes/ano nos pacientes renais crônicos nos Estados Unidos da América. Os pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), Afessa e col.6 mostraram mortalidade de 15% naqueles com descompensação e internação em unidades de terapia intensiva; já Roberts e col.7, na Inglaterra, mostraram que pacientes DPOC internados em hospital têm de 14% de mortalidade após três meses da alta hospitalar e 34% têm pelo menos uma readmissão hospitalar no período. Almagro e col.8 também estudaram a mortalidade de pacientes com DPOC após internação hospitalar em um hospital espanhol, encontrando uma mortalidade de 47,4% em dois anos de seguimento. Em pacientes com insuficiência cardíaca, o trabalho de Cohn e col.9 “The V-HeFT study” demonstraram uma mortalidade em cinco anos de 30%. No estudo do APACHE II, 9% de 5031 pacientes admitidos em Unidades de Terapia Intensiva de 13 hospitais americanos tinham alguma comorbidade segundo Knaus e col.1. Na UTI adulto do Hospital Geral de Itapecerica da Serra foram aplicados os modelos APACHE II e MPM II nos pa- 1. Médico Nefrologista e Intensivista, Certificado pela AMIB (1995). 2. Clínico Geral pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Intensivista certificado pela AMIB (2001). *Recebido do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, SP Recebido em 19 de agosto de 2005 – Aceito para publicação em 31 de outubro de 2005 Endereço para correspondência: Dr. Renato Scarsi Testa – Estrada Keishi Matsumoto 380 – Jardim Santa Luzia – 06805-440 Embu, SP – E-mail: [email protected] 256 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original cientes internados no período de três anos. Dos 790 pacientes avaliados, 134 (17% da amostra) tinham uma das comorbidades descritas pelo APACHE II. O objetivo deste estudo foi descrever o tratamento destes pacientes, com os desfechos e análise do comportamento de discriminação e calibração dos índices prognósticos nas duas categorias de pacientes. Método A proposta do estudo observacional foi encaminhada e aprovada pela Comissão de Ética do hospital. O Hospital Geral de Itapecerica da Serra é estadual, de médio porte e administrado por uma Organização Social de Saúde. A UTI adulto do hospital com sete leitos, a solicitação da vaga é feita, normalmente, pelo médico assistente do paciente ao médico de plantão na unidade. Os dados foram coletados no período de junho de 1999 ao final de dezembro de 2003. Foi realizado um estudo observacional tipo coorte prospectivo, a partir de variáveis coletadas e registradas em Banco de Dados. De acordo com os critérios de Chen e col.10 padronizou-se a coleta da escala de Coma de Glasgow (GCS) da seguinte forma: 1. se o paciente estava sedado pelo efeito anestésico da cirurgia, o (GCS) registrado era o que o médico julgou após cessar seu efeito; 2. para pacientes com motivos de internação clínicos submetidos à ventilação mecânica foi registrado o valor descrito pelo médico previamente à intubação orotraqueal; 3. nas cirurgias de emergência foi considerada a pontuação do (GCS) prévio à cirurgia. O motivo da admissão foi aquele identificado pelo intensivista como o pior diagnóstico nas primeiras 24 horas da unidade, como definido no trabalho do APACHE II. Também foi empregado o modelo de mortalidade predita (MPM II) descrito por Lemeshow e col.11, a partir de 1º de janeiro de 2001. Os dados para o modelo MPM 0 foram baseados em variáveis que foram coletadas uma hora antes e depois à admissão na UTI. Para o MPM 24 foram utilizadas variáveis coletadas nas primeiras 24 horas de admissão na Unidade de Terapia Intensiva. A probabilidade de óbito de cada um destes pacientes foi calculada com os três índices prognósticos já descritos. Para os pacientes que foram re-internados na unidade considerou-se para cálculo da predição de mortalidade os dados referentes à primeira internação. O Banco de Dados foi subdividido em pacientes com comorbidades e sem comorbidades. O critério de comorbidade foi extraído do trabalho do APACHE II1. O teste T foi empregado para verificar as diferenças nas médias das variáveis independentes contínuas nos grupos de pacientes com e sem comorbidades. O teste Qui-quadrado foi utilizado para avaliar as variáveis qualitativas quanto à incidência de uso de procedimentos invasivos na UTI (ventilação mecânica, nutrição enteral, nutrição parenteral, tratamento com diálise, cateter central, cateter de artéria pulmonar) ao uso de medicamentos (antibiótico e drogas vasoativas) e incidência de broncopneumonia associada à ventilação mecânica. A calibração e a discriminação destes modelos foram aplicadas tanto para os grupos de pacientes com e sem comorbidades. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Para discriminar foi construída a curva ROC - Receiver Operating Characteristic, e foi feita uma análise conforme sugerem Hanley e col.12,13 para os dois subgrupos. Para calibrar foi empregado o teste de regressão logística binária de Lemeshow e Hosmer14. Os pacientes em cada grupo foram agrupados em faixas de risco calculado de 10% correlacionados com a mortalidade hospitalar. Foram comparadas as mortalidades observadas com a prevista em cada faixa de risco de 10%. Todo o teste estatístico foi bi-caudal; o nível significativo estabelecido foi de 0,05. Os cálculos foram feitos usando um computador pessoal e o Banco de Dados foi construído em programa Excel (Microsoft). A análise foi feita no aplicativo estatístico SPSS 10.0 (SPSS Inc.). Resultados Foram analisados 770 pacientes onde 636 não tinham comorbidade e 134 (17% da amostra) tinham uma das comorbidades descritas pelo APACHE II. Tabela 1 – Número de Pacientes Com e Sem Comorbidades e Desfechos Clínicos. Sem comorbidade Com comorbidade Total Número de Pacientes 636 134 770 Número de Óbitos 199 79 278 Mortalidade 30,33% 58,95% 35,18% Na tabela 2, estão descritos os números de pacientes com comorbidades categorizando o tipo de comorbidade, quantidade de óbitos e mortalidade. Tabela 2 – Quantidade de Pacientes por Grupo de Comorbidade e Mortalidades. Comorbidades Pulmonar Cardíaca Renal Hepática Imunodepressão Total Número de Pacientes 55 22 14 21 22 134 Número de Óbitos 31 17 5 11 15 79 Mortalidade 56,36% 77,27% 35,71% 52,38% 68,18% 58,95% Na tabela 3, estão apresentados os valores de características dos pacientes. O grupo dos pacientes com comorbidade tem em média mais idade que o subgrupo sem comorbidade. Em todos os índices prognósticos a média de gravidade dos pacientes foi alta, mas na comparação entre os grupos houve diferença estatística significativa entre as médias de gravidades dos pacientes com comorbidades. Os pacientes sem comorbidades ficaram em média 7,79 dias na UTI, já os pacientes com comorbidades ficaram em média 14,03 dias na UTI, sendo significativa a necessidade de maior recurso no grupo de pacientes com comorbidades. Não foram encontradas diferenças na média de permanência hospitalar entre os dois grupos, mostrando que a comorbidade implica numa dependência maior de cuidados de terapia intensiva. 257 RBTI / Artigo Original Tabela 3 – Característica dos Pacientes Estudados e Análise das Variáveis Quantitativas Relacionadas ao Tratamento. Idade média (Anos) APACHE médio Predição de mortalidade do Apache II Predição de mortalidade do MPM 0 II Predição de mortalidade do MPM 24II Permanência UTI (média de dias) Permanência hospitalar (média de dias) Tempo Ventilação Mecânica (média de dias) Uso de nutrição enteral (média de dias) Uso de acesso central (média de dias) Pacientes Sem Comorbidades 50,87 17,05 28,89% 27,14% 28,74% 8,43 22,74 7,79 12,96 10,75 Na tabela 4 estão relacionados os pacientes com comorbidades que necessitaram de mais recursos para tratamento de suas doenças. A taxa de utilização de ventilação mecânica na unidade é alta, 70% para pacientes sem comorbidades e quase 80% para os pacientes com comorbidades, com estatística significativa maior nos pacientes com comorbidades. Além de maior da incidência, ficaram mais tempo em ventilação mecânica (13,37 dias versus 7,79 dias – tabela 3). O mesmo acontece com uso de nutrição enteral e acesso central. Os pacientes com comorbidades são mais graves como indicado pelo índice prognóstico, utilizando mais drogas vasoativas, assim como a necessidade de monitorização da pressão arterial invasiva, uso do cateter de artéria pulmonar e utilização da assistência ventilatória com traqueostomia. Não foram encontradas diferenças entre a utilização de tratamento com diálise, utilização de nutrição parenteral total e uso de antibióticos entre os dois grupos de pacientes estudados. A incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica no grupo de pacientes com comorbidades foi de 25 casos (18%) e no grupo de pacientes sem comorbidades foi de 80 casos (12%), não havendo diferença estatística significativa entre os grupos (Tabela. 4). No grupo de pacientes sem comorbidades a mortalidade hospitalar foi de 30,3%, já no grupo com comorbidades foi de 59%. Na tabela 5 obteve-se a taxa de mortalidade predita que é a razão entre as mortalidades observada e predita (SMR Pacientes Com Comorbidades 56,37 22,64 43,04% 32,70% 36,17% 14,03 24,02 13,37 19,34 11,84 Valor de p no Teste T 0,0006 p < 0,0001 P < 0,0001 0,0310 0,0088 0,0003 0,5196 0,0004 0,0065 p < 0,0001 Geral 51,80 18,00 31,29% 28,04% 30,01% 9,38 22,95 8,83 14,45 10,98 – Standard Mortality Rate). Diferenciou-se a razão para a UTI e o hospital. Para os índices prognósticos APACHE II e MPM 24 II foi obtido excelentes números para UTI, pois estes índices e a mortalidade na UTI sempre foi menor que o predito para o grupo de pacientes sem comorbidades. O número sobe para próximo da razão 1, quando foram observados neste grupo de pacientes, a mortalidade hospitalar de acordo com os dois índices. Para o grupo de pacientes com comorbidades a mortalidade já é próxima da razão 1 nos dois índices na UTI. Quando são vistas a mortalidade hospitalar nestes dois índices no grupo de pacientes com comorbidades, foi observado que eles sempre ultrapassam a razão unitária. Já para o MPM 0 II apenas o SMR UTI dos pacientes sem comorbidades está abaixo da razão 1. Pode-se concluir com estes dados que a unidade consegue chegar muito próximo da média de predição de mortalidade hospitalar para pacientes sem comorbidades, mas não foi mantido o mesmo desempenho no grupo de pacientes sem comorbidades. Os pacientes com comorbidades morrem mais na UTI. A mortalidade hospitalar foi maior nos pacientes com comorbidade obtendo um risco relativo em relação aos pacientes sem comorbidades de 3,77 com intervalo de confiança de 95% (2,21 – 6,40). Na tabela 5, foram descritos os SMR UTI e Hospitalar para cada índice prognóstico, tanto para os portadores de comorbidades como nos pacientes sem comorbidades. Tabela 4 - Análise das Variáveis Qualitativas – Incidência de Procedimentos Invasivos, Uso de Medicações (antibióticos e drogas vasoativas) na Unidade de Terapia Intensiva e Broncopneumonia associada à Ventilação Mecânica. Ventilação mecânica Nutrição enteral Nutrição parenteral Acesso central Antibióticos Tratamento com diálise Traqueostomia Cateter de artéria pulmonar Monitorização de pressão invasiva Dopamina Noradrenalina Dobutamina Broncopneumonia associada à ventilação mecânica invasiva 258 Sem Comorbidade Com Comorbidade Teste Qui-quadrado Geral 70,88% 36,58% 10,82% 55,94% 82,62% 12,80% 13,87% 13,26% 11,43% 18,75% 20,27% 6,55% 12,20% 79,85% 54,85% 8,95% 73,13% 85,82% 17,16% 30,59% 20,89% 16,42% 33,58% 28,36% 14,18% 18,66% 0,034 p<0,001 0,5204 0,0002 0,3671 0,179 p < 0,001 0,02 p < 0,001 p < 0,001 0,038 0,002 0,464 71,68% 38,05% 10,53% 68,31% 82,75% 13,15% 14,67 14,15% 12,35% 19,22% 21,38% 7,25% 13,23% RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original Tabela 5 – SMR para o APACHEII e MPM O II, MPM24 II , em Desfechos na UTI e Hospitalar dos Grupos de Pacientes Com e Sem Comorbidades. Número de pacientes Óbitos na UTI Óbitos no hospital SMR APACHE II UTI SMR APACHE II hospital SMR MPM 0 II UTI SMR MPM 0 II hospital SMR MPM 24 II UTI SMR MPM 24 II hospital Sem comorbidades 636 128 199 0,69 1,05 0,73 1,15 0,69 1,08 Com comorbidades 134 54 79 0,93 1,36 1,25 1,79 1,10 1,61 Geral 770 182 278 0,74 1,15 0,84 1,28 0,78 1,20 Construiu-se uma curva para cada grupo de pacientes para estudar a propriedade discriminatória dos índices prognósticos APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II. As figuras 1 e 2 mostram as curvas. Na tabela 6 estão os valores calculados da área sob a curva ROC. Tabela 6 - Valor da Área sob a Curva ROC. Pacientes sem comorbidades Pacientes com comorbidades Geral dos pacientes APACHE II 0,823 0,672 0,813 MPM 0 II 0,790 0,756 0,793 MPM 24 II 0,844 0,749 0,835 Figura 1 - Curva ROC dos Pacientes Sem Comorbidades APACHE II, MPM0 II e MPM 24 II. Pode-se observar pelos valores expressos na tabela 6, utilizando-se o critério descrito por Hanley13 tem-se um bom poder discriminatório do APACHE II e MPM 24 II para os pacientes sem comorbidades, pois atingem um valor acima de 0,8. Nos pacientes com comorbidades, nenhum dos três índices utilizados atingiu um bom poder discriminatório. Na tabela 7 estão apresentados os valores dos resultados do teste de acurácia de Hosmer Lemeshow para os índices prognósticos APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II para os pacientes sem comorbidades: Tabela 7 - Resultados do Teste de Acurácia de Hosmer Lemeshow para os Índices Prognósticos APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II para os Pacientes sem Comorbidades. APACHE II MPM 0 II MPM 24 II Sensibilidade Sem MPM0 Sem APACHE 1- Especificidade Sensibilidade Figura 2 – Curva ROC dos Pacientes com Comorbidades para os Índices APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II. Com MPM24 Com MPM0 Com APACHE 1- Especificidade Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Graus de Liberdade 8 8 8 Significância 0,068 0,023 0,002 Na tabela 8 estão apresentados os valores dos resultados do teste de acurácia de Hosmer Lemeshow para os índices prognósticos APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II para os pacientes com comorbidades. Tabela 8 - Resultados do teste de acurácia de Hosmer Lemeshow para os índices prognósticos APACHE II, MPM 0 II e MPM 24 II para os pacientes com comorbidades. APACHE II MPM 0 II MPM 24 II Sem MPM24 Resultado Qui-Quadrado 14,567 17,824 24,232 Resultado Qui-Quadrado 9,659 4,469 10,818 Graus de liberdade 8 8 8 Significância 0,290 0,813 0,212 Quanto à calibração através do teste de acurácia tem-se que considerar que nos pacientes sem comorbidades, obtevese um valor de p < 0, 05 nos índices MPM 0 II e MPM 24 II. No APACHE II a calibração foi satisfatória neste grupo de pacientes (Tabela 7). Nos pacientes com comorbidades todos índices estudados conseguiram atingir uma calibração satisfatória, conforme resultados apresentados na tabela 8, porém a amostra muito pequena para considerar este resultado. Discussão Estes resultados mostraram que a população de pacientes estudada é relativamente jovem nos dois grupos. O APACHE II conseguiu distinguir e demonstrar uma gravidade maior nos pacientes com comorbidades. Os pacientes com comorbidade ficaram mais tempo internados na UTI (14 versus 7 dias em média entre os grupos) com p < 0,001 no teste t. Entretanto, não há diferença estatística no tempo de permanência hospitalar nos dois grupos. Além de ficarem mais tempo internados na UTI, os pacientes com comorbidades utilizam mais recursos terapêuticos como ventilação mecânica, nutrição enteral, acesso central, traqueostomia, cateter de artéria pulmonar, monitorização de pressão arterial invasiva e drogas vasoativas. Quando foi estudada a discriminação dos três índices 259 RBTI / Artigo Original prognósticos para pacientes sem comorbidades: o APACHE II e o MPM24 II atingiram uma área sob a curva ROC acima de 0,8 (boa capacidade discriminatória de gravidade destes índices); apenas o MPM 0 II não teve um bom poder discriminatório neste grupo de pacientes. Nos pacientes com comorbidades não foi atingido o valor de 0,8 em nenhum índice prognóstico12,13. No estudo da calibração obteve-se um resultado diferente para o APACHEII do que normalmente se encontra na literatura, pois foi atingida uma calibração satisfatória com valor de p= 0,068 (Tabela 7) para os pacientes sem comorbidades pelo teste de acurácia de Hosmer Lameshow14. Os índices MPM 0 II e MPM 24 II foram encontrados um valor de p < 0,05 no mesmo teste, seguindo os resultados da literatura. No grupo de pacientes com comorbidades, em todos os índices foram obtidos valores que indicam uma calibração satisfatória, porém a amostra é pequena para afirmar tal consideração. O SMR, índice que mede a mortalidade real do grupo de pacientes, corrigido pela média de gravidade do índice prognóstico, procura-se o valor 1 que indica mortalidade igual à média de predição do índice prognostico1,11. No grupo de pacientes sem comorbidades o SMR nos três índices prognósticos para unidade de terapia intensiva foi menor que 1 (0,69 a 0,73). O SMR para a mortalidade hospitalar foi acima da unidade 1 (1,05 a 1,15). Nos pacientes com comorbidades o SMR UTI foi mais próximo da unidade 1 (0,93 a 1,25). Nestes mesmos pacientes o SMR hospitalar ficou acima de 1 (1,36 a 1,79). Portanto ao estudar o APACHEII para UTI do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, pode-se afirmar que o resultado deste centro com pacientes do sistema público brasileiro valida totalmente o índice prognóstico APACHEII. Foi dividida a análise nos grupos de pacientes com e sem comorbidades, observou-se que tirando os pacientes com comorbidades no estudo das propriedades do índice prognóstico APACHEII, obteve-se uma melhora na sua performance em descrever a gravidade destes pacientes. Quando foram comparados o grupo de paciente com comorbidades ao grupo de pacientes que chegaram à UTI sem nenhum diagnóstico de comorbidades obteve-se um risco relativo de óbito de 3,77 com intervalo de confiança de 95% (2,21 – 6,40). Não é fato novo esse grupo de paciente apresentar mortalidade maior, mas o fato de dar um peso de quase quatro vezes o risco de óbito entre os dois grupos de pacientes indica que o índice prognóstico APACHE II acertou em quantificar essa variável no cálculo de predição de mortalidade. O resultado descreveu o evento final dos trabalhos sobre prognósticos apresentados na Introdução2-9, bem como a como sua evolução clínica de pacientes com comorbidades crônicas. Não foi encontrado na literatura, algum trabalho que demonstrasse as características e desfechos dos pacientes com comorbidades como o APACHE II descreve. Porém na análise geral no Brasil foram encontrados trabalhos que sempre apresentam SMR acima da razão 1 para desfechos hospitalares. Bastos15 descreveu um SMR 1,66 para o APACHE II em um trabalho multicêntrico em 10 unidades participantes. Cardoso16 encontrou um SMR de UTI de 1,16 e hospitalar de 1,31 em um hospital universitário paranaense. Alves17 descre- 260 veu um SMR hospitalar para o APACHEII de 1,33 para uma unidade de terapia intensiva do Mato Grosso. Fadiga18 em sua tese de doutorado desenvolvida em um hospital universitário na cidade de São Paulo descreveu um SMR hospitalar para o APACHE II de 1,5. Não é objetivo que o leitor faça a comparação simples com o SMR encontrado, pois a apresentação simples do SMR não descreve as complexidades das unidades e as características dos pacientes admitidos nestes centros, mas ressalta-se que o resultado encontrado é inédito e diferente, pois o SMR chegou para o APACHEII mais perto da razão 1 (1,15 – tabela 5 amostra geral) e diferentemente destes outros grupos foram atingidas descriminações e calibrações satisfatórias para o APACHE II. Pode-se dizer que este índice se encaixa bem para descrever a gravidade do paciente brasileiro e do sistema único de saúde nesse serviço. Com estes resultados foi validado índice prognóstico APACHE II e considera-se desnecessária a construção de índices prognósticos brasileiros para descrever resultado no Hospital Geral de Itapecerica da Serra. A forma como foi estudado o banco de dados foram observados os pacientes com comorbidades e sem comorbidades mostrando que quando foi tirado da média geral o paciente sem comorbidade foi mantida a propriedade do índice prognóstico e foi aproximado mais ainda a SMR para 1,05 (Tabela 5). Portanto, os dados permitem uma reflexão sobre o atendimento dos pacientes com comorbidades. Foi possível demonstrar que estes pacientes são mais graves, utiliza-se da UTI por tempo mais prolongado, utilizam maior número de recursos terapêuticos e por mais tempo. A constatação de maior mortalidade nestes pacientes, indica resultado pobre se for adotado como critério à sobrevida hospitalar pelo APACHEII que já foi provado ser o melhor índice a julgar a gravidade deste paciente. Evidentemente, a qualidade de vida após a alta da UTI, embora não tenha sido o objetivo deste trabalho, pode ser prevista em pacientes com comorbidades mórbidas tão graves como as identificada em na casuística descrita. Não se trata de definir quem se deve ou não ser tratado pela unidade de terapia intensiva, mas antever o grupo de pacientes com comorbidades como pacientes com metas diferentes do grupo de pacientes sem comorbidades. Por outro lado às limitações do presente estudo são: 1- não se fez acompanhamento de sobrevida dos pacientes após alta hospitalar e conseqüentemente avaliação da qualidade de vida; 2- os dados são coletados apenas pelos médicos que trabalham no setor, não passando por auditoria externa. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Os pacientes com comorbidades têm complicações clínicas mais freqüentemente, quando internados têm um risco de óbito maior que pessoas sem comorbidades. Os resultados em unidade de terapia intensiva têm resultados diferentes neste grupo de pacientes. Foram examinados, prospectivamente, a relação entre o tratamento na unidade de terapia intensiva pacientes com comorbidades e o desempenho de dois índices prognósticos quanto à descrição da gravidade destes dois grupos. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original MÉTODO: Foram coletados os dados de pacientes adultos que permaneceram numa unidade de terapia intensiva, desde o ano 2000, em um hospital secundário comunidade. RESULTADOS: Foram elegíveis 770 pacientes (636 sem comorbidades e 134 com pelo menos uma comorbidade descrita pelo APACHE II). A mortalidade foi 58,95% no grupo de pacientes com comorbidades e 30,33% no grupo sem comorbidade. O risco relativo de óbito hospitalar 3,77 (intervalo de confiança a 95% de 2,21 a 6,40). A taxa de mortalidade padrão foi de 1,36 para o APACHEII no grupo com comorbidades. Foi obtida calibração, porém a amostra era pequena para fazer esta consideração. No APACHE II a discriminação determinada pela área sob a curva ROC foi insatisfatória. CONCLUSÕES: Os pacientes com comorbidades têm o mesmo tratamento que os outros pacientes, mas o resultado é insatisfatório na sobrevida hospitalar. Unitermos: APACHEII, comorbidades, conseqüências, MPM II. REFERÊNCIAS 01. Knaus W, Draper EA Wagner DP et al - APACHE II A severity of disease classification system. Crit Care Med, 1985;13:818-829. 02. Olmo JA, Pena A, Serra MA et al - Predictors of morbidity and mortality after the first episode of upper gastrointestinal bleeding in liver cirrhosis. J. Hepatol, 2000; 32: 19-24. 03. Gines A, Escorcell A., Gines P.et al - Incidence , predictive factors, and prognosis of the hepatorrenal syndrome in cirrhosis with ascites. Gastroenterol, 1993; 105:229-236. 04. Stoves J, Bartlett CN, Newstead CG - Specialist follow up of patients before end stage renal failure and its relationship to survival on dialysis. Postgrad Med J, 2001;77: 586-588. 05. Wolfe RA, Ashby VB, Milford EL, et al - Comparison of mortality in all pa- Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. tients on dialyses, patients on dialyses awaiting transplantation, and recipients of a first cadaveric transplant. N Engl J Med, 1999; 341:1725-1730. Afessa B, Morales IJ, Scanlon PD et al - Prognostic factors, clinical course, and hospital outcome of patients with chronic obstructive pulmonary disease admitted to an intensive care unit for acute respiratory failure. Crit Care Med, 2002;30:1610-1615. Roberts CM, Lowe D, Bucknall CE et al - Clinical audit indicators of outcome following admission to hospital with acute exacerbation of chronic obstructive pulmonary disease. Thorax, 2002;57:137-141. Almagro P, Calbo E, Ochoa de Echaguen A - Mortality after hospitalization for COPD. Chest, 2002;121:1441-1448. Cohn JN, Johnson G - Heart failure with normal ejection fraction. The VHeFT Study. 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Tese doutoramento pelo departamento de emergências clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 2001:1-157. 261 RBTI / Artigo Original Relação entre Magnésio Sérico Total e Mortalidade em Pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica em Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória* Total Serum Magnesium and Mortality in Critically ill Patients with SIRS Eduardo Motoyama1, Aurélio Yamada1, Domingos Dias Cicarelli2, Fábio Ely Martins Benseñor3, Joaquim Edson Vieira3. SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: Magnesium plays an important role in homeostasis regulation. Magnesium deficiency is a common situation in patients at postoperative ICU. Even though, relation between hypomagnesaemia and postoperative mortality was not well-established. In this study, we try to related hypomagnesaemia and 28-days mortality in patients with SIRS diagnose in postoperative ICU. METHODS: Forty five patients with SIRS diagnose were evaluated in postoperative period at UTI Anesthesiology / HCFMUSP. APACHE II was calculated for all patients, serum total magnesium value and SOFA were obtained daily during 7 days. Patients were divided in group 1 (hypomagnesaemia) and group 2 (normal serum magnesium) and accompanied for 28 days. RESULTS: Hypomagnesaemia prevalence was 51% of evaluated patients. There was no difference between patients with low or normal serum magnesium related to 28-days mortality. CONCLUSIONS: low serum total magnesium is not related with death in patients with SIRS diagnose at ICU. Key Words: intensive care, magnesium deficiency, magnesium, postoperative complications A relação entre a concentração sérica de magnésio e a mortalidade no período pós-operatório tem sido estudada devido à participação do magnésio em vários processos celulares essenciais, podendo ser encontrado em mais de 300 sistemas enzimáticos1-6. A deficiência de magnésio está associada a diversas complicações: disritmias atriais e ventriculares, insuficiência cardíaca, espasmo coronariano, fadigas respiratória e muscular, broncoespasmo, tetania, convulsões, anormalidades neurológicas, outros distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hiponatremia, hipocalemia, hipofosfatemia) e óbito1-3,5. A hipomagnesemia, portanto, pode interferir na evolução clínica e piorar o prognóstico, principalmente de pacientes graves1,2,5. A hipomagnesemia é freqüente em pacientes graves, sendo sua prevalência estimada em até 66% das admissões de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)3, com etiologia multifatorial (má absorção intestinal, perda por aspiração gástrica, perdas renais, hipoproteinemia, uso de diuréticos, aminoglicosídeos, anfotericina B, ciclosporina e cisplatina2,3,5,7. Nos pacientes no período pós-operatório, sua incidência pode chegar a 90%4, provavelmente causada pela reação endócrino-metabólica, liberação de catecolaminas, reposição volêmica, reposição sangüínea, uso de circulação extracorpórea e alterações no compartimento extracelular devido ao trauma cirúrgico5. As catecolaminas induzem a lipólise e a geração de ácidos graxos que formam sais de magnésio insolúveis que são seqüestrados para o compartimento intracelular, além de aumentarem a captação de magnésio pelas células adiposas6. A regulação da concentração de magnésio é feita primariamente pelo trato gastrintestinal (absorção) e rins (excreção). Aproximadamente 99% do magnésio está armazenado no esqueleto e músculos, apenas 1% pode ser encontrado no compartimento extracelular. No plasma, o magnésio pode estar em três formas: formando complexos com ânions, ligado a proteínas ou em sua forma ionizada (aproximadamente 60%). A porção ionizada é considerada a forma fisiologicamente ativa. A mensuração da fração ionizada é tecnicamente difícil, no entanto, esta pode ser inferida a partir da concentração sérica total, um método mais confiável e de baixo custo1,3,4,8. Sugere-se que a concentração de magnésio fique acima de 1,5 mEq/L em pacientes internados em UTI e acima de 1,8 mEq/L em pacientes com infarto agudo do miocárdio para prevenção de disritmias2. Em cirurgia cardíaca, a hipomagnesemia no período pósoperatório está relacionada a incidência aumentada de disritmias, sendo sua correção bem fundamentada6. No entanto, em outros tipos de cirurgia a relação entre morbidade e mortalidade não está bem documentada3. Este estudo teve por objetivo estabelecer a relação entre a concentração sérica de magnésio total e a mortalidade em 28 dias nos pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) em UTI pós-operatória. Método Após aprovação pelo Comitê de Ética, foi realizado um estu- 1. ME3 da Disciplina de Anestesiologia do HCFMUSP. 2. Médico Assistente da Disciplina de Anestesiologia do HCFMUSP, Especialista em Terapia Intensiva / AMIB. 3. Médico Assistente da Disciplina de Anestesiologia do HCFMUSP. Apresentado em 21 de outubro de 2005 – Aceito para publicação em 09 de dezembro de 2005 *Recebido da Unidade de Terapia Intensiva de Anestesiologia do HCFMUSP, São Paulo, SP Endereço para correspondência: Dr. Domingos Dias Cicarelli – Av. Piassanguaba, 2933/71 – Planalto Paulista – 04060-004 São Paulo, SP – E-mail: [email protected] 262 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original do prospectivo observacional com 49 pacientes no período pósoperatório, admitidos na UTI de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), com diagnóstico de SRIS pelos critérios da ACCP/SCCM9,10. Deste total, foram excluídos quatro pacientes em que a coleta de magnésio não foi realizada diariamente. Os 45 pacientes restantes foram avaliados com relação à idade, determinação diária de magnésio sérico, o Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE II)11 e o Sequential Organ Failure Assessment (SOFA)12. Os pacientes foram acompanhados por sete dias pela concentração sérica de magnésio total e SOFA, tendo sua mortalidade avaliada em até 28 dias. Na admissão, os pacientes foram divididos em dois grupos, o grupo 1 (23 pacientes) com hipomagnesemia e o grupo 2 (22 pacientes) com dosagem de magnésio sérico normal ou hipermagnesemia. De acordo com a rotina da UTI, quando hipomagnesemia era diagnosticada, os pacientes recebiam uma reposição de 1 grama de sulfato de magnésio diluído em solução fisiológica a 0,9% (100 mL) em uma hora, seguida de 0,5 mEq/kg em 12 horas13. A concentração sérica era determinada novamente após 24 h, e caso a hipomagnesemia persistisse, nova correção era realizada. A análise estatística foi realizada através do teste ANOVA e do Qui-quadrado com correção de Yates, considerando significativo p < 0,05. O tamanho da amostra definido foi calculado baseando-se em erros estatísticos padrões: erro tipo I ou α < 0,05 e erro tipo II ou β < 0,2014-16. O tamanho da amostra calculada para este estudo foi de 38 casos14,16, compatível com amostras médias15. maior escore de SOFA dentre os sete dias de acompanhamento. A concentração sérica de magnésio normal, de acordo com o método utilizado pelo laboratório deste hospital, varia de 1,23 a 1,98 mEq/L. A prevalência de hipomagnesemia (magnésio sérico < 1,23 mEq/L) foi de 51%, 44% dos pacientes apresentavam magnésio normal (magnésio sérico entre 1,23 e 1,98 mEq/L) e 4% dos pacientes tinham hipermagnesemia (magnésio sérico > 1,98 mEq/L). Os grupos 1 e 2 eram equiparáveis com relação à condição clínica no momento de sua admissão na UTI (APACHE II e SOFA) e no momento de maior gravidade (SOFA máximo). Não foi encontrada diferença significativa entre a mortalidade em 28 dias nos grupos 1 e 2. Também não houve diferença entre os grupos com relação à evolução para choque séptico. No grupo 1, apenas seis pacientes tiveram a hipomagnesemia corrigida até o dia em que atingiram o SOFA máximo (26,1%), sendo que quatro destes pacientes evoluíram para óbito. Nestes pacientes em que a hipomagnesemia conseguiu ser corrigida não houve diferença na evolução para alta ou óbito em relação aos pacientes em que a hipomagnesemia persistiu. A tabela 2 mostra a evolução dos grupos com relação à dosagem de magnésio e o SOFA nos sete dias de acompanhamento. Os dados analisados não permitiriam afirmar que a hipomagnesemia teve um papel importante na evolução clínica destes pacientes, podendo ser mais uma conseqüência da gravidade do quadro clínico do que a sua causa. Resultados A prevalência de hipomagnesemia nesse estudo foi de 51% dos pacientes, sendo compatível com dados de outros estudos4,5,8. No estudo de Rubeiz e col. foram avaliados 381 pacientes, sendo que a presença de hipomagnesemia no momento da admissão, duplicou a mortalidade de pacientes internados Não houve diferença significativa entre os grupos com relação à idade, APACHE II, SOFA inicial e SOFA máximo (Tabela 1). O SOFA máximo equivale ao dia em que o paciente atingiu o Discussão Tabela 1 – Características e Evolução dos Pacientes Número de pacientes Idade (anos) Peso (kg) Sexo M/F (%) APACHE II SOFA admissão SOFA máximo Mg (mEq/L) Evolução para choque séptico Mortalidade (28 dias) Grupo 1 (hipoMg) 23 58,5 ±15,4 66,8 ±14,4 13/10 (56,5/43,5) 16,7 ± 3,4 9,9 ± 3,5 10,2 ± 3,7 1,05 ± 0,14 13 (56,5%) 12 (52,2%) Grupo 2 (normoMg) 22 54,8 ± 19,6 69,2 ± 9,87 15/7 (68,2/31,8) 17,2 ± 5,8 10,0 ± 4,2 10,0 ± 4,2 1,28 ± 0,31 7 (31,8%) 11 (50%) n = 45 p = 0,484 p = 0,490 28/17 (62,2/37,8) p = 0,706 p = 0,940 p = 0,854 p = 0,094 p = 0,215 p = 0,908 HipoMg – hipomagnesemia; normoMg – normomagnesemia; Mg – dosagem de magnésio sérico total. Tabela 2 – Evolução dos Pacientes nos sete Dias de Acompanhamento. Evolução Grupo 1 SOFA Mg(mEq/L) Grupo 2 SOFA Mg(mEq/L) Admissão 9,9 ± 3,5 1,05 ± 0,14 Dia 1 8,4 ± 2,7 1,06 ± 0,16 Dia 2 8,0 ± 3,8 1,11 ± 0,20 Dia 3 6,9 ± 3,6 1,22 ± 0,26 Dia 4 7,4 ± 4,5 1,14 ± 0,25 Dia 5 7,0 ± 4,4 1,24 ± 0,15 Dia 6 8,4 ± 4,7 1,18 ± 0,17 Dia 7 7,9 ± 4,3 1,20 ± 0,18 10,0 ± 4,2 1,28 ± 0,31 7,7 ± 2,8 1,37 ± 0,27 7,7 ± 3,4 1,50 ± 0,25 7,9 ± 4,2 1,55 ± 0,21 9,2 ± 5,3 1,58 ± 0,22 9,6 ± 4,9 1,62 ± 0,26 9,6 ± 3,6 1,63 ± 0,24 7,1 ± 2,9 1,67 ± 0,25 Mg – dosagem de magnésio sérico total; SOFA – sequential organ failure assessment. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 263 RBTI / Artigo Original na enfermaria e na UTI17. Este é o único estudo na literatura que encontrou relação entre diminuição do magnésio sérico total dosado na admissão e mortalidade. Este fato não pode ser observado nessa casuística, talvez pelo número de pacientes ser menor que o estudo citado. Outra limitação desse trabalho foi não ter a dosagem sérica do magnésio ionizado para comparar com o magnésio total e a evolução dos pacientes. Infelizmente a dosagem do magnésio sérico ionizado não é disponibilizada pelo laboratório. Nesse estudo, também, não incluiu pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, pois estes pacientes são operados em outro instituto do HCFMUSP. Nos estudos de Soliman e col. e de Escuela e col. a hipomagnesemia (ionizada ou total) no momento da admissão na UTI não apresentou relação com a mortalidade de pacientes cirúrgicos e de clínica médica, no entanto o desenvolvimento de hipomagnesemia ionizada durante a internação, aumentou a mortalidade dos pacientes3,8. Diferentemente de Rubeiz e em concordância com esses resultados, Soliman e Escuela não encontraram correlação entre magnésio total baixo na admissão da UTI e mortalidade. Segundo esses autores, somente o magnésio ionizado baixo estaria relacionado com a mortalidade dos pacientes. No entanto, Koch e col.4 acharam dispensável a dosagem de magnésio ionizado, por ela estar diretamente relacionada à dosagem do magnésio total, podendo ser inferida a diminuição do magnésio ionizado através da diminuição do magnésio total. Esta recomendação não pode ser reafirmada, já que outros estudos encontraram resultados díspares, tendo os pacientes evoluídos com hipomagnesemia ionizada e magnésio sérico total normal durante sua estadia na UTI3,8. Foram identificadas as causas exatas da alta prevalência de hipomagnesemia nos pacientes estudados, porém baseado em outros estudos pode-se citar como prováveis causas a nutrição inadequada, vômitos e diarréia (muitas vezes devidos à própria doença cirúrgica), o uso de diuréticos no intra-operatório e no pós-operatório, uso de aminoglicosídeos e uso de soluções para hidratação sem magnésio3,5,8. Koch e col.4 afirmaram a relação entre hipomagnesemia e o desenvolvimento de disfunção cardiovascular e SRIS em pacientes de UTI. Sepse e choque séptico são condições associadas à evolução dos pacientes com hipomagnesemia. Notou-se que dos pacientes com diagnóstico de SRIS, houve uma tendência maior dos pacientes do grupo com hipomagnesemia evoluírem com choque séptico, 56,5%, versus 31,8% do outro grupo, porém sem estatística significativa e sem influência na mortalidade (muito semelhante nos dois grupos). Este fato poderia ser explicado pelo importante papel que o magnésio exerce na função imunológica do organismo. Além de o magnésio ser o antagonista natural do cálcio, podendo evitar assim a propagação da lesão celular perpetuada pelo cálcio, a deficiência de magnésio aumentaria a produção de citocinas inflamatórias com aumento da letalidade das endotoxinas em modelos animais3. Conclusões A dosagem do magnésio sérico total ao invés da fração ionizada na admissão da UTI, com conseqüente diagnóstico de hipomagnesemia, não esteve associada à mortalidade em 28 dias dos pacientes com diagnóstico de SRIS no período pósoperatório. 264 RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: o magnésio é um íon importante na homeostase tendo papel crucial em diversos processos celulares. Sua deficiência é comum no paciente internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no período pós-operatório. No entanto, a relação entre hipomagnesemia e a mortalidade no período pós-operatório é controversa. Neste estudo tentouse estabelecer a relação entre a hipomagnesemia e a mortalidade em 28 dias de pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) em UTI pós-operatória. MÉTODO: Foram estudados 45 pacientes com SRIS no período pós-operatório, admitidos na UTI de Anestesiologia do HCFMUSP. Os pacientes tiveram seu APACHE II calculado e nos sete dias seguintes foram determinados a concentração sérica de magnésio e o SOFA. Os pacientes foram divididos em grupo 1 (hipomagnesemia) e grupo 2 (normomagnesemia) e acompanhados por 28 dias. RESULTADOS: A prevalência de hipomagnesemia neste estudo foi de 51% dos pacientes. Não houve diferença entre pacientes com deficiência ou não de magnésio em relação à mortalidade em 28 dias. CONCLUSÕES: A dosagem baixa de magnésio sérico total não está relacionada à mortalidade em pacientes com SRIS internados em Unidade de Terapia Intensiva. Unitermos: complicações pós-operatórias, cuidados intensivos, deficiência de magnésio, magnésio. REFERÊNCIAS 01. Tong GM, Rude RK - Magnesium deficiency in critical illness. J Intensive Care Med, 2005;20:3-17. 02. Kraft MD, Btaiche IF, Sacks GS et al - Treatment of electrolyte disorders in adult patients in the intensive care unit. Am J Health Syst Pharm, 2005;62:1663-1682. 03. Soliman HM, Mercan D, Lobo SS et al - Development of ionized hypomagnesemia is associated with higher mortality rates. Crit Care Med, 2003;31:1082-1087. 04. Koch SM, Warters RD, Mehlhorn U - The simultaneous measurement of ionized and total calcium and ionized and total magnesium in intensive care unit patients. J Crit Care, 2002;17:203-205. 05. Deheinzelin D, Negri EM, Tucci MR et al - Hypomagnesemia in critically ill cancer patients: a prospective study of predictive factors. Braz J Med Biol Res, 2000;33:1443-1448. 06. Gomez MN - Magnesium and cardiovascular disease. Anesthesiology, 1998;89:222240. 07. Stalnikowicz R - The significance of routine serum magnesium determination in the emergency department. Am J Emerg Med, 2003;21:443-447. 08. Escuela MP, Guerra M, Anon JM et al - Total and ionized serum magnesium in critically ill patients. Intensive Care Med, 2005;31:151-156. 09. Bone RC, Balk RA, Cerra FB et al - American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine Consensus Conference: Definitions for Sepsis and Organ Failure and Guidelines for the Use of Innovative Therapies in Sepsis. Crit Care Med, 1992;20:864-874. 10. Levy MM, Fink MP, Marshall JC et al - 2001 SCCM/ESICM/ACCP/ATS/SIS International Sepsis Definitions Conference. Intensive Care Med, 2003;29:530-538. 11. Beck DH, Taylor BL, Millar BB et al - Prediction of outcome from intensive care: a prospective cohort study comparing Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II and III prognostic systems in a United Kingdom intensive care unit. Crit Care Med, 1997;25:9-15. 12. Vincent JL, Mendonça A, Cantraine F et al - Use of the SOFA score to assess the incidence of organ dysfunction/failure in intensive care units: results of a multicenter, prospective study. Crit Care Med, 1998;26:1793-1800. 13. Marino PL - Compêndio de UTI, 2ª Ed, Porto Alegre: Artmed, 1999. 14. 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Rachel Duarte Moritz1, Rafael Lisboa de Souza2, Fernando Osni Machado3 SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: The correct use of drugs can improve the benefits of ICU treatment without prolonging days in mechanical ventilation and ICU length of stay. Therefore, to monitor the analgesia and sedation level is necessary to achieve this purpose. This objective is or achieves an algorithm to monitor consciousness and mechanical ventilation tolerance and to adequate the drugs dose to target the ideal level sedation and analgesia. To verify the financial costs of the analgesia and sedation drugs. METHODS: Prospective cohort, randomized, controlled, non-blinded study. Participated in this study the patients admitted to the Santa Catarina University Hospital ICU requiring mechanical ventilation for at least 24 h without chronic or acute neurological injury using drugs to promote analgesia and sedation. Twenty patients were randomized, 10 to the study group (SG) and 10 to the control group (CG), and were observed until completed five days in the ICU. Midazolam and fentanyl were the used drugs. Others sedative and analgesic drugs were reported. The patients did not receive neuromuscular blockers. The analgesia and sedation drugs were prescribed and adjusted for the CG according to the physicians’ decision. For the SG the definition of drug doses, was given by the researchers, according to the proposed algorithm considering the sedation Ramsay scale (score 2-3) and analyzing pain using clinical criteria (HR/RR/etc). The financial costs of the drugs used were calculated considering the prices from the medical Brazilian index (brasindice). Test t-student was used to statistical analysis, considering significant p<0.05. RESULTS: The demographic aspects were similar in both groups. The median Apache II score was 23.4 in the CG and 20.5 for the SG (p = ns). The midazolam median daily dose was 0.14 mg/kg/h for the CG and 0.10 mg/kg/h for the SG, representing 42.2% higher for the CG. The fentanyl median daily dose was 1.48 µg/kg/h for the CG and 1.07 µg/kg/h for the SG, representing 38.3% higher for the CG. The median ICU length of stay was 18.1 days for the CG and 13.4 days for the SG, representing a 35% increase for the SG. The midazolam median daily costs was R$66.33 for the GC and R$52.25 for the GE. The fentanyl median daily costs was R$ 46.55 for the GC and R$ 33.84 for the GE. CONCLUSIONS: The use of an algorithm to individualize sedation and analgesia for the mechanically ventilated critically patients resulted in a decrease in the ICU length of stay, a lower dose in both studied drugs and lower financial costs. The statistic analysis was not significant. Key Words: Analgesia, ICU, Monitoring, Sedation A maioria dos pacientes que recebem alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) relata a dor como recordação desagradável desse setor, o desconforto causado pela presença do tubo orotraqueal, a imobilidade, a falta de privacidade e de descanso1-3. Esse fato associado às especificidades do tratamento do paciente crítico, torna imperioso a sedoanalgesia adequada desse paciente. É importante ressaltar que a administração dos fármacos sedativos e analgésicos não é isenta de complicações4. Para que essas complicações sejam evitadas ou diminuídas, tem sido sugerido que a dose dos medicamentos sedativos e analgésicos seja a menor necessária. Dessa forma, a tendência atual é a individualização do tratamento, tornando imprescindível a avaliação continuada e a monitorização da sedoanalgesia5. Escalas numéricas ou aquelas que associam parâmetros clínicos têm sido relatadas como adequadas para a avaliação da analgesia dos pacientes gravemente enfermos6-13. Uma revisão da literatura mostra que a escala de Ramsay é a que tem mostrado maior aplicabilidade prática para a monitorização da sedação14,15. O Consenso Norte Americano, para Sedação e Analgesia em UTI14, define que a avaliação da dor deva ser sistematicamente documentada e realizada através de escalas apropriadas para a população dos pacientes. Para os pacientes que não possam se comunicar, são recomendadas observações objetivas como a expressão facial, o movimento e a postura inadequados, as alterações na freqüência cardíaca (FC), na freqüência respiratória (FR) e na pressão arterial (PA). Após a definição do nível de dor do paciente, esse consenso sugere a reavaliação da terapêutica analgésica. O Consenso Brasileiro para Sedação e Analgesia em UTI15, sugere que, a avaliação periódica da intensidade e qualidade da analgesia, sedação e bloqueio neuromuscular deve ser in- 1. Mestre em Ciências Médicas pela UFSC; Doutora em Engenharia de Produção pela UFSC; Professora Adjunta do Departamento de Clínica Médica da UFSC 2. Médico Residente de Medicina Intensiva do HU-UFSC 3. Mestre em Ciências Médicas pela UFSC; Doutor em Medicina pela USP; Professor Adjunto do Departamento de Clínica Médica da UFSC *Recebido do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), Florianópolis, SC. Apresentado em 17 de outubro de 2005 – Aceito para publicação em 14 de dezembro de 2005 Endereço para correspondência: Dra. Rachel Duarte Moritz – Rua João Paulo, 1929 – Bairro: João Paulo – 88030-300 Florianópolis, SC – Fone: (048) 9972-8800 – E-mail: [email protected] Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 265 RBTI / Artigo Original corporada à rotina da monitorização clínica em UTI. Diante do exposto, a monitoração da sedoanalgesia do paciente crítico deve ser uma rotina nos ambientes de terapia intensiva. Visando a avaliação de um algoritmo que possa ser utilizado para essa monitorização e conseqüente adequação do tratamento desses pacientes, propôs-se este trabalho. Secundariamente, objetivou-se a verificação dos gastos financeiros referentes à administração dos fármacos sedoanalgésicos estudados. Método Este foi um estudo de coorte contemporâneo, aberto, controlado, aleatório, com abordagem quanti/qualitativa. Constou da aplicação e avaliação de um algoritmo (Figura 1) elaborado pelos pesquisadores, que levaram em consideração a tendência atual de monitorização e avaliação continuada dos pacientes submetidos a sedoanalgesia. Os custos relacionados à administração dos fármacos foram calculados baseados nos preços do Guia Farmacêutico Brasíndice. A população alvo do presente estudo incluiu todos os pacientes, internados na UTI de adultos do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de março a novembro de 2004, que foram submetidos à ventilação mecânica por um tempo mínimo de 24 horas e medicados com sedativos e analgésicos. Foram excluídos do estudo as pacientes gestantes, as vítimas de traumatismo cranioencefálico, os que apresentassem outras lesões agudas do sistema nervoso central ou que necessitassem da administração de bloqueadores neuromusculares. Todos os pacientes ou seus representantes legais, após tomarem conhecimento do estudo, forneceram, por escrito, o consentimento para a sua participação. O conhecimento dos resultados e o sigilo das informações foram assegurados, assim como o direito de recusa a continuar participando do estudo a qualquer momento. Os pacientes foram divididos em dois grupos, denominados grupo estudo (GE) e grupo controle (GC), e avaliados por um período mínimo de 24 horas e máximo de 5 dias. Para todos os pacientes, nas primeiras 24 horas do estudo, foram coletados os dados para o cálculo do sistema prognóstico APACHE II. A sedoanalgesia foi iniciada conforme a rotina Figura 1 – Algoritmo para Sedoanalgesia do serviço de Medicina Intensiva do HU/UFSC. Não foram administrados bloqueadores neuromusculares e as drogas sedoanalgésicas foram administradas de forma contínua, sendo aumentada essa infusão nos pacientes agitados. Os fármacos avaliados para a sedoanalgesia foram o midazolam e o fentanil. Os outros sedoanalgésicos utilizados no serviço, e administrados por via venosa contínua, conforme a necessidade do paciente, foram a clonidina, a cetamina e o propofol. No GC a administração desses fármacos foi definida pelo médico intensivista responsável pela rotina. No GE, a avaliação e o reajuste das drogas estudadas foram efetuadas pelos pesquisadores que seguiram o algoritmo apresentado neste estudo e detalhado a seguir. O nível de sedação foi avaliado pela escala de Ramsay, tendo-se como objetivo a menor sedação possível (níveis 2 e 3). A analgesia foi avaliada através de critérios clínicos subjetivos e objetivos, tais como: fácies de dor, movimentos ou postura inadequada, assincronia com o respirador ou dessaturação de oxigênio < 90%, FC > 90bpm e FR > 20 rpm. Foi considerada como analgesia inadequada quando estivessem presentes dois ou mais dos critérios já descritos, não sendo constatada nenhuma outra causa clínica que pudesse explicar a sua ocorrência. O nível de sedoanalgesia foi avaliado, em todos os pacientes, a cada quatro horas, sendo também anotadas as doses administradas dos fármacos analgésicos e sedativos utilizados. Entretanto, os reajustes foram efetuados pelos pesquisadores apenas no GE, tendo em vista os objetivos estabelecidos pelo algoritmo (Ramsay entre 2-3 e menos de 2 critérios clínicos sugestivos de dor). Concomitantemente, foi verificado se houve a administração dos outros fármacos sedoanalgésicos já descritos. Para a análise estatística foi utilizado o teste t de Student, sendo considerado como significativo p ≤ 0,05. Resultados As características demográficas dos pacientes estudados estão apresentadas na tabela 1. O tempo médio, em dias, em que os pacientes foram avaliados nos dois grupos Tabela 1 – Características Demográficas dos Pacientes Estudados Idade média (anos) * Sexo Masculino Feminino APACHE médio * Diagnóstico de admissão Sepse Insuficiência respiratória aguda Outros Uso concomitante de outros sedativos/analgésicos Clonidina Propofol Cetamina Tempo médio UTI (dias) Mortalidade na UTI Grupo Controle N (%) 46,4 ± 22 Grupo Estudo N (%) 40,3 ± 17 p NS 6 (60) 4 (40) 23,4 ± 5 4 (40) 6 (60) 20,5 ± 5 NS 3 (30) 7 (70) 0 4 (40) 4 (40) 2 (20) 3 (30) 2 (20) 1 (10) 18,1 3 (30) 4 (40) 1 (10) 1 (10) 13,4 4 (40) NS * Valores expressos em Média ± DP 266 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo Original de estudo, pode ser constatado na figura 2. A dose média administrada dos fármacos analisados é destacada na figura 3. Nessa figura pode-se observar que os pacientes do GE receberam menor dose diária dos fármacos analisados do que os pacientes do GC. Esses resultados não mostraram diferança estatística significativa. Entretanto, a análise percentual mostrou que os pacientes do GC receberam uma dose 38,3% maior de fentanil e 42,2% maior de midazolam. Na figura 4 pode-se avaliar o custo médio diário do tratamento com o fentanil e com o midazolam. Figura 2 – Número de Pacientes Relacionados com o Tempo, em Dias, que os Pacientes Permaneceram em Estudo nos Dois Grupos Figura 3 – Dose Média Diária Administrada de Fentanil e Midazolam Figura 4 – Custo Médio Diário (Reais) do Tratamento com Fentanil e Midazolam Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Discussão É incontestável a necessidade da sedoanalgesia no paciente crítico. Entretanto, a sedoanalgesia insuficiente ou o seu excesso podem ter efeitos deletérios para esse paciente4,5. Preocupados com esse fato, os autores deste trabalho propuseram um algoritmo visando uma melhor adequação da sedoanalgesia dos pacientes críticos. Neste estudo foi constatado que os grupos avaliados foram homogêneos, principalmente no que concerne à avaliação prognóstica obtida através do índice APACHE II. A influência dos efeitos deletérios da sedação excessiva nos pacientes críticos tem sido bastante estudada nos últimos anos. Em decorrência desse fato a incorporação da monitorização dessa sedação tem sido um fator determinante na avaliação da qualidade do tratamento e do tempo de internação nas UTI12,16. Brattebo e col.17, em um estudo cujo objetivo foi promover estratégias para a sedação de pacientes sob ventilação mecânica, mostraram que simples alterações na prática da sedação, tais como programas educacionais ou desenvolvimento de protocolos, têm influência significativa no tempo de suporte ventilatório. Resultados semelhantes foram descritos por De Jonghe e col.18 que avaliaram a implementação de um algoritmo em 102 pacientes críticos e demonstraram que a adequação da administração dos fármacos sedativos, seguida através de um algoritmo, por uma equipe multidisciplinar, pode influir significativamente no tempo de ventilação mecânica desses pacientes. A interrupção diária da sedação tem sido defendida como um elemento importante para que os efeitos colaterais da sedação excessiva, com concomitante maior tempo de ventilação mecânica e de permanência em UTI, sejam evitados19-21. Schweickert e col.19 avaliaram retrospectivamente 128 pacientes dos quais havia sido efetuada interrupção diária da sedação. Constataram que os pacientes permaneceram menos tempo sob ventilação mecânica, sem que fossem destacadas complicações relacionadas à sedação insuficiente. Neste estudo foi observada uma tendência de que os pacientes do GC permanecessem maior tempo internados na UTI. Foi também constatado que os pacientes do GE receberam menor dose dos sedoanalgésicos avaliados, fato que pode ter contribuído para o seu menor tempo de permanência na UTI. Ressalta-se que os autores deste trabalho defendem a idéia de que, mais importante que a interrupção diária da medicação, é a avaliação contínua do paciente, realizada pelo médico intensivista, que deverá decidir, de forma sistematizada, qual o melhor tratamento para o paciente. Embora a literatura venha dando importância crescente à sedação e analgesia do paciente internado em UTI, experiências desagradáveis ainda são relatadas por aqueles que recebem alta dessa unidade. Destaca-se entre as piores recordações desses pacientes a ansiedade (68%), o desconforto do tubo orotraqueal (60%) e a dor (52%)3. Van de Leur e col.22 relataram as recordações de 125 pacientes que receberam alta de UTI holandesas e concluíram que alucinações são mais prevalentes nos mais idosos, e que os jovens têm maior recordação de quadros dolorosos e do desconforto relacionado ao tubo orotraqueal. Muitos 267 RBTI / Artigo Original são os estudos que mostraram escalas para a avaliação da sedação, entretanto, a avaliação da dor, por ser subjetiva, é mais difícil de ser mensurada. Tendo em vista o bem estar dos pacientes internados em UTI, os autores deste trabalho elaboraram o algoritmo ora avaliado, no qual levouse em consideração, concomitantemente com a sedação, a adequação do tratamento analgésico desses pacientes. Infelizmente, a recordação dos mesmos não foi verificada neste estudo. Indubitavelmente, as UTI têm a finalidade de atender ao paciente gravemente enfermo. Entretanto, não pode deixar de ser considerado o custo versus o benefício do tratamento instituído a esse paciente. Ao mencionar o custo dos fármacos, devem ser levados em consideração tanto os fatores negativos associados aos seus efeitos colaterais quanto ao gasto financeiro decorrente do tratamento. Marx e col.23 realizaram um estudo no qual elaboraram protocolos visando a diminuição dos custos com o tratamento do paciente crítico. Esse estudo resultou numa redução do custo/paciente/dia em 4%, principalmente no que concerne à administração de bloqueadores neuromusculares, ao tempo de ventilação mecânica e ao tempo de internação na UTI. O custo com as drogas sedativas e analgésicas foi estudado por Al-Haddad e col.24. Os autores avaliaram 172 admissões em UTI inglesas e descreveram que a medicação com essas drogas representou 1% dos custos totais do tratamento/dia dos pacientes críticos. Kress e Hall25 constataram que o custo com as drogas sedativas em UTI pode chegar a mais de US$500,00 por dia. Neste estudo foi constatado que o tratamento dos pacientes do GE foi cerca de 67% menor que o dos pacientes do GC. Pode-se constatar que não houve diferença significativa quando foram comparados a dose das medicações avaliadas e o custo do tratamento. Esse fato provavelmente ocorreu pelo número limitado da amostra. Os resultados deste trabalho permitem somente a inferência de que a implantação do algoritmo proposto tenha permitido que os pacientes recebessem uma menor dose dos fármacos sedoanalgésicos avaliados, com conseqüente menor tempo de internação na UTI e menor custo financeiro do tratamento. Aponta-se como principal fator negativo deste estudo o pequeno número da amostra avaliada, que impossibilitou um estudo estatístico mais acurado. Os autores permitem-se sugerir que sejam desenvolvidos trabalhos multicêntricos para a validação do algoritmo proposto. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A sedoanalgesia insuficiente ou excessiva pode ter efeitos deletérios para os pacientes críticos. Portanto, torna-se imprescindível a adequada monitorização da sedoanalgesia. O objetivo deste estudo foi fazer a avaliação de um algoritmo, para a monitorização e conseqüente adequação do tratamento de pacientes críticos, e a verificação dos gastos financeiros referentes à administração dos fármacos sedoanalgésicos estudados. MÉTODO: Estudo de coorte contemporâneo, aberto, 268 controlado, aleatório, com abordagem quanti-qualitativa. Constituíram a amostra os pacientes, internados na UTI de adultos do HU/UFSC, submetidos à ventilação mecânica por no mínimo 24 h, medicados com sedativos e analgésicos e sem doença neurológica. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: estudo (GE) e controle (GC), e avaliados por um período de 24 horas a 5 dias. A sedoanalgesia foi iniciada conforme a rotina do serviço. Nenhum dos pacientes deveria estar recebendo bloqueadores neuromusculares. Os fármacos estudados foram midazolam e fentanil, sendo anotados quais outros fármacos sedoanalgésicos foram utilizados. No GC a sedoanalgesia foi definida pelo médico intensivista do serviço. No GE, essa definição foi efetuada pelos pesquisadores que seguiram o algoritmo proposto, o qual avaliou a sedação através da escala de Ramsay (níveis 2-3) e a dor através de critérios clínicos (FC/FR). Os custos relacionados à administração dos fármacos avaliados foram calculados através do Guia Brasíndice. Para a análise estatística foi utilizado o teste t de Student (significante p ≤ 0.05). RESULTADOS: Foram analisados 20 pacientes (GE = 10/GC = 10). As características demográficas foram semelhantes. O APACHE II médio no GC foi 23,4 e no GE foi 20,5 (NS). A dose média diária administrada do midazolam foi 0,14 mg/kg/h no GC e 0,10 mg/kg/h no GE (NS). O tempo médio de internação foi de 18,1 dias no GC e 13,4 dias no GE (NS). A dose média diária do fentanil foi 1,48 µg/kg/h no GC e 1,07 µg/kg/h no GE (NS). Os pacientes do GC receberam uma dose 38,3% maior de fentanil e 42,2% maior de midazolam. O custo médio diário com o uso do midazolam no GC foi R$ 66,33 e no GE foi R$52,25. O custo com o fentanil foi R$46,55 no GC e R$33,84 no GE. CONCLUSÕES: Embora não tenha havido diferença significativa, os resultados deste trabalho permitem a inferência de que a implantação do algoritmo proposto permitiu que os pacientes recebessem uma menor dose dos fármacos sedoanalgésicos avaliados, com conseqüente menor tempo de internação na UTI e menor custo do tratamento. Unitermos: Analgesia, Monitoração, Sedação, UTI REFERÊNCIAS 01. Capuzzo M, Pinamoni A, Cingolani E et al - Analgesia, sedation, and memory of intensive care. J Crit Care, 2001;16:83-89. 02. 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The objective of this investigation was to develop a noninvasive method based on volumetric capnography to assess hemodynamic behavior as surrogate to invasive cardiac output. METHODS: Hemodynamic and capnographic variables were recorded at different times in seven Large-White pigs submitted to hemorrhagic shock followed by fluid replacement. Thermo dilution cardiac output, volumetric capnogrphy and blood gas analysis data were recorded in all animals at baseline, at an established end point of shock, after volume replacement and one hour after retransfusion. Estimated pulmonary blood flow was calculated from a polynomial equation derived and based on the arterial oxygen saturation and variables such as end tidal PCO2, slope of Phase II and the angle between the Slope of Phase II and the Slope of Phase III of the capnogram. Estimated cardiac output was calculated adding to estimated pulmonary blood flow the venous admixture calculated from the arterial oxygen saturation. RESULTS: The fall in cardiac output correlated with fall in PETCO2 and slope II and with the increase in the angle between the Slope of Phase II and the Slope of Phase III of the capnogram. There was a good correlation between estimated and measured cardiac output in this group of animals (R = 0.871). CONCLUSIONS: Despite several methodological limitations our experimental data exhibited a good correlation of conventional thermo dilution cardiac output and the estimated cardiac output based on derived volumetric capnography variables and on the oxygen saturation of the arterial blood. However, the equation that was developed in our experiment applies exclusively to animals in hemorrhagic shock and under superficial anesthesia. In clinical practice, any extrapolation to other causes of impaired tissue perfusion should be taken with caution. Key Words: capnography, cardiac output, hemorrhagic shock, PETCO2, T he analysis of the concentration of carbon dioxide in exhaled air supplies information about the tissue CO2 production, the respiratory dead space, the adequacy of pulmonary capillary blood flow and the efficiency of pulmonary gas exchange1,2. Several investigators have tried to correlate specific components of the volumetric capnogram with physiological parameters of clinical interest. Fowler3 and later Fletcher4-6 established the quantitative analysis of the expired CO2 related to the exhaled volume (volumetric capnography) permitting to calculate several relevant physiologic variables to monitor respiratory efficiency, gas exchange and matching of perfusion with ventilation. Noninvasive estimation of cardiac output has been long investigated and several methods have been proposed in order to avoid the criticized current invasive techniques. End-tidal carbon dioxide partial pressure (PETCO2) has been shown to be a reliable monitor of pulmonary blood flow during cardiopulmonary resuscitation and has been used as a prognostic variable in cardiac arrest7-12. Cardiac index has been correlated with PETCO2 in hemorrhagic shock13-16. To improve this correlation we recorded and introduced SaO2 to estimate pulmonary shunt. This correction is necessary as long as PETCO2, theoretically, estimates pulmonary capillary blood flow and a correction similar to that applied to partial CO2 rebreathing systems17,18 should be applied. PETCO2, as well as other derived variables from volumetric capnography have been previously published by Arnold19,20. In order to estimate the cardiac output, the estimated pulmonary blood flow must be corrected by the estimated venous admixture (Qva). As can be seen in figure 1 we introduced the estimation of Qva from hemooxymetry in pigs. However, in human beings we propose pulse oxymetry, making the estimation of cardiac output totally noninvasive. The Qva was obtained from the oxygen saturation through a polynomial regression equation derived from the Program OSA 3 developed by Siggard- 1. Fisioterapeuta. Pós-Graduando do Departamento de Cirurgia da FCM da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas 2. Professor Titular do Departamento de Cirurgia da FCM da UNICAMP 3. Médico Intensivista. Pós-Graduando do Departamento de Cirurgia da FCM da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas 4. Biólogo da Disciplina de Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FCM da UNICAMP Universidade Estadual de Campinas *Recebido do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, Campinas, SP • Trabalho realizado, parcialmente, com recursos da FAPESP (Processo 02/05252-3) - São Paulo, SP, Brasil Apresentado em 26 de setembro de 2005 – Aceito para publicação em 12 de dezembro de 2005 Endereço para correspondência: Prof. Dr. Renato Giuseppe Giovanni Terzi – R. Conceição 233/810 – 13010-916 Campinas, SP – Fones: (19) 32517738 – (19) 3789-9298 – AMIB 19-3233-2969 – E-mail: [email protected] - [email protected] 270 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL Andersen21. The objective of this investigation was to develop a totally noninvasive method to assess hemodynamic behaviour as surrogate to invasive cardiac output. Figure 1 – Cardiac Output is the Sum of Pulmonary Capillary Blood (QPCBF) and the Flow not Coming in Contact with Alveolar Air, Called Venous Admixture (Qva). Theoretically, both flows could be estimated by volume capnography and by oximetry. METHODS Large-White piglets (n = 7) weighing between 20 and 25 kg were used in this study approved by the institutional Animal Ethics Committee. The animals were pre-medicated with 10 mg/kg IM ketamine and 0.5 mg IM atropine. They were anesthetized, first by face mask and afterwards by endotracheal tube using nebulized Halothane, always spontaneously breathing room air. A number 5 Swan-Ganz pediatric catheter was introduced into the right femoral vein and guided to the pulmonary artery. A number 6F polyethylene catheter was introduced into the right femoral artery and guided to the abdominal aorta. A number 8F catheter was introduced into the left jugular vein and positioned in the superior vena cava. The correct placement of the catheters was systematically confirmed by the morphology of the pressure curves. Each catheter was filled with a heparinized solution (saline solution containing 5 units of heparin per milliliter). The femoral catheter and the Swan-Ganz catheter were connected to Medex electro-manometers. Cardiac output and arterial pressure were measured using a multiparametric monitor. All pressure measurements were carried out while the animals were in the supine position, and the zero reference point in all cases was the mid-thoracic line of the animal. Calibration of the monitor was carried out using a standard mercury column. Cardiac output (CO) was obtained by thermo dilution using three injections of 5% glucose at a temperature < 5 ºC, with a difference among measurements under 10%. Central temperature was measured directly using the thermistor of the Swan-Ganz catheter located in the pulVolume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 monary artery. Blood samples were collected from the femoral and pulmonary arteries for laboratory measurements of arterial and mixed venous blood. After discarding the fluid occupying dead space in the catheters, arterial and mixed venous blood were collected in heparinized syringes for measurement of blood gases and lactate. Blood samples were immediately processed at 38 ºC in an IL-1640 and automatically corrected to the central temperature of the animal. Lactate was measured in a hand-held lactimeter (Accusport®, Boehringher, Mannhaim). Volumetric capnography (CO2SMO PLUS Dixtal/Novametrix) allowed measuring PETCO2, phase II slope (Slope II), and the angle between Slope II and Slope III. Cardiac output was measured by thermodilution (COtd). The arterial blood saturation (SaO2) was measured through hemo-oximetry (OSM-3) programmed for pig hemoglobin dissociation curve because pulse oximeters are programmed for human hemoglobin. Blood was removed from the animals using the catheter located in the left jugular vein. Within fifteen minutes, bleeding reduced mean arterial pressure (MAP) to 30 mmHg. Successive Accusport® readings at short intervals permitted detection of lactate levels greater than 10 mM/ L, the end-point established to initiate fluid resuscitation. The mean time to reach end-point was thirty minutes from baseline, varying from 20 to 55 minutes. This variability was attributed to individual physiological response to bleeding and anesthesia. Unpublished data from our laboratory proved that a blood lactate level over 10 mM/L was fatal when the hemorrhagic shock was left untreated. The mean amount of blood removed before reaching the endpoint was 4.62 ± 0.45% body weight. Hydroxyethyl starch (HES 130/0.4 at 6%), was administered within 10 minutes and in the following 20 minutes, lactated Ringer’s solution was administered and soon after, the previously collected blood was re-transfused. Hemodynamic and Capnographic Variables were Recorded at 4 Points: Time 1. Baseline: after stabilization Time 2. Shock: after reaching the proposed end-point of shock Time 3. Resuscitation: after fluid replacement with colloid/ crystalloid Time 4. Post-transfusion: after transfusion occurring 60 minutes after fluid resuscitation and 90 minutes after reaching the end-point of shock. Three variables were obtained from the capnogram (Figure 2): PETCO2: End tidal carbon dioxide partial pressure Slope II: Slope of the Phase II of the capnogram Angle: angle between the Slope of Phase II and the Slope of Phase III of the capnogram Two other variables were collected: CO: Cardiac output by thermodilution SaO2: Oxygen Saturation of the arterial blood measured with the hemo-oximeter OSM-3 (Radiometer) programmed for swine blood. 271 RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL Calculated Pulmonary Capillary Blood Flow (QPCBFcalc) Figure 2 – Representative Example of Capnographic Changes Occurring in Severe Hemorrhagic Shock. The calculated pulmonary capillary blood flow was determined subtracting the amount of non-oxygenated blood (venous admixture – Qva) from the measured cardiac output. QPCBFcalc = CO – Qva [2] The correlation coefficient to QPCBFcalc for each individual variable (PETCO2, Slope II, angle between Slope II and Slope III and oxygen saturation of the arterial blood) are presented in table 1. Table 1 – Correlation Coefficients for Individual Capnographic Variables and SaO2. Variable PETCO2 Slope II Angle SaO2 Observe that PETCO2 falls from a normal value of 42mmHg to 11 mmHg. Observe that the Slope II falls from 1324 mmHg/L to 298 mmHg/L and the angle formed by Slope II and Slope III increases from 130 to 150 degrees. Calculation of Qva Venous admixture (Qva) of each animal in each time of the experiment was calculated through a polynomial regression equation based on simulated data processed with FIO2 = 0.21 (room air) from the Oxygen Status Algorithm (OSA-3) as published by Siggaard-Andersen21. The equation and the adjusted polynomial curve are presented in figure 3. The equation derived from Program OSA breathing ambient air is: Qva = 0.1522 +0.01725*SaO2 – 0.0001896* (SaO2)2 [1] Figure 3 – Polynomial Curve Adjusted to Simulated Qva’s Calculated with Different Arterial Oxygen Saturations Breathing Room Air, Assuming that there are no Shifts in the Oxygen Dissociation Curve (normal pH, PCO2 and 2,3-DPG). R 0.8541 0.7797 0.8530 - 0.4870 95% CI for R 0.7059 to 0.9306 0.5734 to 0.8930 0.7040 to 0.9301 - 0.7278 to - 0.1391 Significance P<0.0001 P<0.0001 P<0.0001 P=0.0086 By multiple regression statistics new coefficients of the variables PETCO2, Slope II, angle between Slope II and Slope III and oxygen saturation of the arterial blood were calculated in order to obtain the multiple variables equation to estimate pulmonary capillary blood flow (QPCBFest) (Table 2). Table 2 - Coefficients of the Variables Entered to Estimate Pulmonary Capillary Blood Flow was Derived through a Multiple Regression Equation. Independent variables (Constant) PETCO2 Slope_II Angle SaO2 Coefficient Std. Error t p -233122 -2589 -2591 2590 0.09579 1131 1132 1131 0.08234 -2.288 -2.289 2.288 1.163 0.0317 0.0316 0.0316 0.2566 Multiple correlation coefficient = 0.8921 Sample size = 28 Calculation of Estimated Pulmonary Capillary Blood Flow (QPCBFest) Using the coefficients of the variables obtained in table 1 by multiple regression the following equation was used to estimate pulmonary capillary blood flow (QPCBFest): QPCBFest = 2590*Angle + 0.096*SaO2 - 2591*SlopeII 2589*PETCO2 - 233122 [3] Calculation of Estimated Cardiac Output (COest) Estimated cardiac output (COest) was finally calculated by adding Qva to QPCBFest QPCBF COest =__________ [4] 1 -Qva 272 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL partial pressure of mixed venous blood as well as increase in venous to arterial carbon dioxide gradient (Table 3). Note the increase in PO2a during shock. Twenty-eight pairs of COtd (cardiac output by thermodilution) and COest (cardiac output estimated through noninvasive data of capnography and arterial oxygen saturation) were submitted to a Bland-Altman analysis (Table 4 and Figure 4). RESULTS Observations at four different points of intervention in seven pigs submitted to hemorrhagic shock are presented in twenty-eight sets of data collected in arterial and mixed venous blood. The severity of shock (T = 2 Shock) can be assessed by the increase in base deficit and Blood Lactate. The state of low perfusion is confirmed by a significant fall in the Table 3 – Collected and Calculated Metabolic Variables in Pigs Submitted to Hemorrhagic Shock T 1 2 3 4 Animal PCO2a PCO2 v Delta-PCO2 PO2a PO2v DB Lac 1 45 54 9 82 48 9.4 1.4 2 55 67 12 72 47 9.5 1.6 3 41 49 8 77 45 9.6 1.3 4 43 54 11 65 50 9.1 1 5 48 55 8 74 50 6.1 1.1 6 44 50 7 78 54 7.3 1.6 7 47 53 6 64 47 8.9 2.2 1 20 64 44 104 18 -9.4 10.8 2 34 76 42 101 25 -4.4 10.2 3 21 60 39 106 14 -6.2 10 4 13 47 34 100 14 -8.8 10.2 5 22 61 39 101 25 -9.5 10.3 6 20 61 42 101 25 -9.7 11 7 18 59 41 93 25 -8.1 9.7 1 41 51 10 80 37 -5.5 11.6 2 43 51 8 82 40 -1 7.1 3 38 47 9 90 42 -5.5 13.6 4 43 52 9 85 47 -7.9 12.4 5 37 46 10 80 42 -2.4 9.2 6 36 52 16 99 46 -8.4 12.9 7 37 46 9 84 42 -7.3 12.2 1 47 56 9 63 37 3.7 4.5 2 45 52 6 73 48 6.6 2.6 3 42 46 4 63 40 4.3 5.3 4 40 45 5 70 48 3.3 4.1 5 44 54 10 52 42 2.6 3.1 6 42 48 6 65 48 0.6 5.2 7 49 54 5 53 41 3.5 4.2 T:Time of the experiment (1-Baseline; 2-Shock; 3- Resuscitation; 4-Final). PCO2a (mmHg) arterial carbon dioxide; PCO2v (mmHg): venous carbon dioxide; Delta-PCO2 (mmHg): Venous to arterial carbon dioxide gradient; PO2a (mmHg): Arterial oxygen partial pressure. PO2v (mmHg): Venous oxygen partial pressure. BD (mM/L): Base deficit. Lac (mM/L): Blood Lactate. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 273 RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL Table 4 – Collected and Calculated Variables in Pigs Submitted to Hemorrhagic Shock T Animal CO td Slope II PETCO2 Angle SaO2 Qva Pulm Flow calc Pulm Flow est CO est 1 4.68 0.98 35 139 97.00 0.05 4.44 3.84 4.05 2 3.96 1.48 46 129 91.90 0.14 3.39 4.83 5.65 3 4.05 1.78 40 122 96.90 0.05 3.84 3.97 4.19 4 4.71 1.15 37 135 93.70 0.11 4.18 3.68 4.14 5 4.73 1.32 42 129 94.70 0.09 4.28 4.52 4.99 6 5.41 1.12 39 134 95.00 0.09 4.93 4.32 4.74 7 5.45 1.20 39 133 92.20 0.14 4.69 3.98 4.63 1 0.59 0.38 18 161 98.50 0.02 0.58 1.44 1.47 2 1.11 0.75 28 145 96.70 0.06 1.05 2.73 2.89 3 0.52 0.49 18 155 98.80 0.02 0.51 1.35 1.37 4 0.98 0.16 9 171 99.00 0.01 0.97 0.21 0.21 5 0.62 0.25 17 161 98.00 0.03 0.60 1.33 1.37 6 0.6 0.38 16 160 97.70 0.04 0.58 1.02 1.06 7 0.52 0.22 12 168 97.80 0.04 0.50 0.56 0.58 1 4.68 1.26 41 133 96.20 0.07 4.37 4.63 4.96 2 4.37 1.42 40 130 95.90 0.07 4.06 4.26 4.59 3 5.49 1.47 42 128 97.10 0.05 5.22 4.67 4.91 4 5.28 0.84 36 142 94.30 0.10 4.74 4.00 4.45 5 5.45 1.13 39 134 96.40 0.06 5.11 4.45 4.75 6 3.95 0.78 31 143 96.30 0.06 3.70 3.25 3.48 7 4.63 1.41 39 130 95.60 0.08 4.27 4.08 4.42 1 3.16 1.29 44 132 94.40 0.10 2.84 4.94 5.49 2 4.94 1.23 38 132 95.00 0.09 4.50 3.88 4.26 3 4.33 1.48 38 127 95.30 0.08 3.97 3.64 3.97 4 5.51 0.99 33 137 94.60 0.10 4.98 3.27 3.62 5 4.29 1.26 41 131 90.60 0.17 3.57 4.09 4.91 6 5.5 1.41 44 128 93.10 0.12 4.82 4.69 5.35 7 4.48 1.47 41 130 87.70 0.21 3.52 3.60 4.58 1 2 3 4 T: Time of the experiment (1-Baseline; 2-Shock; 3-Resuscitation; 4-Final). COtd (L/min): cardiac output by thermo dilution; Pulm flow calc (L/min): Calculated pulmonary capillary blood flow; Pulm Flow es (L/min)t: Estimated pulmonary capillary blood flow; COest: Estimated cardiac output. Table 5 – Bland Altman Analysis (COtd vs. COest) Figure 4 – Bland-Altman Difference Plot. Bland-Altman Difference Plot Sample size n = 28 Arithmetic mean 0.04 SD 0,918 Lower limit -1.84 Upper limit 1.76 Linear correlation coefficient 0.87 Mean CO td and CO est (L/min) 274 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL DISCUSSION Gerst et al. in 195922 were the first to report the effect of severe hemorrhage on pulmonary gas exchange. They observed that hemorrhaged dogs under mechanical ventilation exhibited an increased alveolar dead space. Today, pulmonary gas exchange can be evaluated in real time by noninvasive volumetric capnography using available standard commercial equipment (CO2SMO Plus Dixtal/Novametrix). Actually, even standard capnography that displays only PETCO2, have been used to evaluate the recovery of pulmonary blood flow during maneuvers of cardiopulmonary resuscitation7-12. PETCO2 has also been correlated in experimental investigations in different models of hemorrhagic shock13-16. In experiments from our Laboratory in pigs we measured cardiac output by thermodilution and recorded simultaneously volumetric capnography curves. It had been previously reported by Arnold19 that several variables derived from volumetric capnography correlated with cardiac output. The variables with more significant correlation reported by Arnold were PETCO2, slope of the phase II and the angle between slope of the phase II and the slope of the phase III of the capnogram. Briefly, these individual variables have shown a remarkable constant behavior in our experimental model: 1. PETCO2: There is a linear correlation between the absolute level of PETCO2 and cardiac output. PetCO2 falls with cardiac output during hemorrhage and shock and recovers proportionally with fluid replacement with a correlation coefficient of 0.871. 2. Slope of phase two of the capnogram: The inclination of the ascending phase of PCO2 in the transition between the anatomical dead space and the alveolar space falls as cardiac output is reduced during hemorrhage and shock. The correlation coefficient is 0.7797. If pulmonary capillary blood flow decreases during shock is understandable that the rise of PCO2 in the expired air should be slower. In the example given in figure 1 slope II falls from 1324 mm Hg/L to 298 mm Hg/L when pulmonary blood flow falls from 4.28 to 0.6 L/min. 3. Angle between phase two and phase three of the capnogram: This angle increases from 130 degrees to 150 degrees with the fall in cardiac output (as in the example in figure 2). The correlation coefficient is 0.853. The angle widening is somewhat related to the reduced slope II. Despite a small fall in slope III this is not sufficient to compensate for the angle widening. 4. Arterial blood oximetry: oximetry increased with fall in cardiac output. This is explained because the animals were breathing spontaneously and during the shock phase they did hyperventilate. The resultant alveolar hypocarbia prompts an increased alveolar oxygen tension and consequent increase in the oxygen partial pressure of the arterial blood (table 3). However, the correlation coefficient for arterial oxygen saturation was low (- 0.4870). In the present work venous admixture for each moment of the experiment and for each animal was determined by a polynomial regression equation (equation 1) derived from the OSA Program21. The calculated pulmonary capillary blood flow that entered in the multiple regression analysis Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 was obtained subtracting the fraction corresponding to venous admixture (Qva) from the thermodilution cardiac output (equation 2). The four noninvasive variables were submitted to a multiple regression analysis in order to calculate the specific coefficient for each individual variable and derive a general equation so that pulmonary blood flow could be estimated (equation 3). Estimated cardiac output finally was determined correcting the estimated pulmonary capillary blood flow for Qva (equation 4) (Table 4). The estimated cardiac output when compared with the thermodilution cardiac output exhibited a correlation coefficient of 0.87. The analysis of Bland and Altman23 revealed an arithmetic mean of 0.04 with an upper limit of 1.76 and a lower limit of –1.84. The Bland-Altmann statistics is presented in table 5 and the difference plot is presented in figure 4. This investigation has some limitations that should be mentioned. Initially, it is a study carried out in animals submitted to superficial anesthesia and in laboratory controlled physiological conditions. It is known that in clinical practice this is not always the case, so that our conclusions may not be readily applicable in conditions differing from those presented here. Any extrapolation to other causes of impaired tissue perfusion should be taken with caution. The second point to be considered is that these animals were submitted to hemorrhagic shock and a clear correlation was demonstrated between PETCO2 and cardiac output (Figures 5 and 6). The larger standard deviation in noninvasive cardiac output observed in figure 6 during shock is attributed to variations in PETCO2, because it has been shown that a fall of PCO2 excretion in this extreme situation may be induced by low tissue production because of impaired anaerobiosis. For this reason the relationship between CO and PETCO2 is better adjusted by a logarithmic function rather than by a linear correlation as has been previously demonstrated14,15,23. Figure 5 – Noninvasive Cardiac Output Exhibited a Good Correlation when Compared to Simultaneous Thermodilution Cardiac Output in Animals Submitted to Hemorrhagic Shock. Finally, it is assumed that the CO2 partial pressure of the arterial blood equals the partial pressure of the exha- 275 RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL led CO2 at the end of the expiration. However, in clinical practice this is not always true, particularly in patients with imbalance between ventilation and perfusion, and chiefly, in patients with pulmonary embolism. In these cases the alveolar to arterial PCO2 gradient can be much higher than the normal gradient of 5 to 10 mmHg. For all these reasons the equation that was developed in our experiment applies exclusively to animals in hemorrhagic shock and under superficial anesthesia. In any other experimental physiological condition or in specific clinical situations these observations should be confirmed with more comprehensive studies. Figure 6 - Noninvasive Estimated Cardiac Output (COest) followed the Same Variation as Thermodilution Cardiac Output (COtd) with Shock and Resuscitation. Despite several attempts to estimate non invasive cardiac output25,26, end-tidal PCO2 remains an elusive variable open to question if it could be a reliable hemodynamic parameter27,28. However, if more noninvasive variables are added, such as individual components of capnography, PECO2 may, ultimately, come up with an equivalent hemodyT namic surrogate as with pulse oximetry, a parameter considerably different from the original physiological definition, but unquestionably valuable in clinical practice. In conclusion, our experimental data exhibited a good correlation of conventional thermodilution cardiac output and the estimated cardiac output based on derived volumetric capnography variables and on swine arterial blood oxygen saturation. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Tem sido demonstrado que a pressão parcial de gás carbônico exalado no final da expiração (PETCO2) é um monitor confiável do fluxo pulmonar na parada cardiorrespiratória durante as manobras de reanimação cardiopulmonar e, nestas condições, tem sido empregado como variável prognostica. O objetivo desta investigação foi o de desenvolver um método não-invasivo baseado em capnografia volumétrica para avaliar o estado hemodinâmico como substituto da medida invasiva 276 do débito cardíaco. MÉTODO: Variáveis hemodinâmicas e capnográficas foram registradas em diferentes tempos em sete porcos Large-White submetidos a choque hemorrágico seguido de reposição volêmica. O débito cardíaco por termodiluição, a capnografia volumétrica e a gasometria foram registradas em todos os animais no período pré-choque, a um ponto pré-estabelecido de meta do choque, após a reposição volêmica e após a re-transfusão. O fluxo pulmonar foi estimado por equação polinomial derivada e baseada na saturação arterial da hemoglobina e variáveis tais como a PETCO2, a inclinação da fase II e o ângulo formado pelas inclinações da fase II e da fase III do capnograma. O débito cardíaco foi estimado adicionando ao fluxo pulmonar estimado, o fluxo de sangue da mistura venosa calculada a partir da saturação da hemoglobina do sangue arterial. RESULTADOS: A diminuição do débito cardíaco se correlacionou com a redução da saturação da hemoglobina do sangue arterial com a diminuição da PETCO2, com a redução da inclinação da fase II e com o aumento do ângulo formado pelas inclinações das fases II e III do capnograma. Houve uma boa correlação entre o débito cardíaco medido e o débito cardíaco estimado neste grupo de animais (R = 0,871). CONCLUSÕES: A despeito de muitas limitações metodológicas, os dados experimentais demonstram uma boa correlação entre o débito cardíaco convencionalmente medido por método invasivo e o débito cardíaco derivado de variáveis obtidas por capnografia volumétrica de forma não-invasiva. Entretanto, a equação desenvolvida neste experimento se limita a animais em choque hemorrágico sob anestesia superficial. Na prática clínica, a extrapolação para outras causas de hipoperfusão deve ser aplicada com cautela. Unitermos: capnografia, choque hemorrágico, débito cardíaco, PETCO2 REFERENCES 01. Aitken RS, Clarke-Kennedy AE - On the fluctuation in the composition of the alveolar air during the respiratory cycle in muscular exercise. J Physiol, 1928; 65:389-411. 02. Fowler WS - Lung function studies. V. Respiratory dead space in old age and in pulmonary emphysema. J Clin Invest, 1950;29:1439-1444. 03. Fowler WS - Lung function studies. II. The respiratory dead space. Am J Physiol, 1948;154:405-416. 04. Fletcher R - The Single Breath Test For Carbon Dioxide. Lund, Berlings, Arlov, 1986. 05. Fletcher R, Jonson B - Deadspace and the single breath test for carbon dioxide during anaesthesia and artificial ventilation. Effects of tidal volume and frequency of respiration. Br J Anaesth, 1984;56:109-119. 06. 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Ahrens T, Schallom L, Bettorf K et al - End-tidal carbon dioxide measure- RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO ORIGINAL - LABORATORIAL 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. ments as a prognostic indicator of outcome in cardiac arrest. Am J Crit Care, 2001;10:391-398. Guzman JA, Lacoma FJ, Najar A et al - End-tidal partial pressure of carbon dioxide as a noninvasive indicator of systemic oxygen supply dependency during hemorrhagic shock and resuscitation. Shock, 1997;8:427431. Ornato JP, Garnett AR, Glauser FL - Relationship between cardiac output and the end-tidal carbon dioxide tension. Ann Emerg Med, 1990;19:11041106. Dubin A, Murias G, Estenssoro E et al - End-tidal CO2 pressure determinants during hemorrhagic shock. Intensive Care Med, 2000;26:1619-1623. Jin X, Weil MH, Tang W et al - End-tidal carbon dioxide as a noninvasive indicator of cardiac index during circulatory shock. Crit Care Med, 2000:28:2415-2419. 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Anesth Analg, 1994;79:829-833. 277 RBTI / CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support Parte I: Método e Definições* Part I: Method and Definitions Ederlon Rezende, Álvaro Réa-Neto, Cid Marcos David, Ciro Leite Mendes, Fernando Suparregui Dias, Guilherme Schettino, Suzana Margareth Ajeje Lobo, Alberto Barros, Eliézer Silva, Gilberto Friedman, José Luiz Gomes do Amaral, Marcelo Park, Maristela Monachini, Mirella Cristine de Oliveira, Murillo Santucci César Assunção, Nelson Akamine, Patrícia Veiga C Mello, Renata Andréa Pietro Pereira, Rubens Costa Filho, Sebastião Araújo, Sérgio Félix Pinto, Sérgio Ferreira, Simone Mattoso Mitushima, Sydney Agareno, Yuzeth Nóbrega de Assis Brilhante; Painel de Especialistas do Consenso Brasileiro de Monitorização e Suporte Hemodinâmico da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: The multidisciplinary team involved in the care of critically ill patients has to constantly observe the vital signs of these patients to detect any indication of organ dysfunction. Equipments and laboratory tests are also often used in the intensive care setting to assess vital organs perfusion and to early detect tissue hypoxia preventing multiple organ failure. Based on this believe, the Associação de Medicina Intensiva Brasileira – AMIB gathered experts to create guidelines and recommendations for monitoring and hemodynamic support to be used by the healthcare professionals who work in the Brazilian’s Intensive Care Medicine. METHODS: Modified Delphi methodology was used to develop a consensus. AMIB indicated a coordinator who invited more six experts in the area of monitoring and hemodynamic support to constitute the Consensus Advisory Board. Twenty five physicians and nurses selected from different regions of the country completed the expert panel, which reviewed the pertinent bibliography listed at the MEDLINE in the period from 1996 to 2004. RESULTS: Recommendations were made based on 87 questions about basic hemodynamic monitoring, the use of pulmonary artery catheter, alternative methods for cardiac output measuring and volemia estimation, tissue perfusion evaluation and hemodynamic support. CONCLUSIONS: The aim of consensus methods is to determine the extent to which experts agree about a given issue. Methods should not be viewed as a scientific method for creating new knowledge, but rather as processes for making the best use of available information, be that scientific data or the collective wisdom of participants Key Words: Consensus, Delphi Method, Hemodynamic Monitoring Recommendation D urante a prática da Medicina intensiva, os profissionais envolvidos têm de exercer uma vigilância constante das funções vitais do paciente gravemente enfermo e durante esta tarefa se utilizam equipamentos e exames que permitem monitorizar a função de diferentes órgãos. Caso fosse possível simplificar a missão de uma equipe responsável pelos cuidados a um paciente internado em uma unidade de terapia intensiva, seria dito que a principal meta deveria ser a manutenção de um aporte adequado de oxigênio aos tecidos. Para cumpri-la é fundamental a observação constante dos sinais vitais e dos parâmetros hemodinâmicos e de perfusão tecidual, o que em outras palavras define a monitorização hemodinâmica. A partir dessa vigilância contínua, atitudes devem ser tomadas objetivando principalmente a prevenção da hipóxia tissular e a disfunção orgânica ulterior. Não seria, portanto, um exagero afirmar que a monitorização e o suporte hemodinâmico constituem um dos pilares essenciais para a prática da Medicina intensiva. Durante o dia-a-dia, os profissionais envolvidos em Medicina Intensiva necessitam de orientações que possam auxiliar durante a tomada de decisões, porém muitas vezes se deparam com escassez de informações ou ainda com dados em excesso, porém incoerentes. Vislumbrando esse contex- to, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira – AMIB, através do Fundo de Educação e Pesquisa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira - Fundo AMIB, reuniu especialistas com reconhecido conhecimento nesta área a fim de estabelecer diretrizes de monitorização e suporte hemodinâmico para a prática de Medicina Intensiva no Brasil. Cabe ressaltar que o objetivo principal dos métodos de consenso foi determinar o quanto especialistas concordam acerca de um determinado assunto. Não podem ser vistos como métodos científicos para criar novos conhecimentos, mas simplesmente processos para fazer o melhor uso possível das informações, através dos dados científicos disponíveis e sob a visão dos envolvidos. MÉTODO O processo de desenvolvimento de recomendações utilizou o método Delphi modificado para criar e quantificar o consenso entre os participantes. O método Delphi foi desenvolvido pela RAND Corporation (Santa Monica, CA) na década de 50 1. As principais características do método são o anonimato e a retroalimentação controlada2. Os participantes inicialmente responderam um questionário de forma anônima, sem interação face a face, e essas *Apresentado durante o I Simpósio Internacional de Monitorização em UTI, realizado em São Paulo - SP de 5 a 7 de novembro de 2004 Endereço para correspondência: Rua Pedro de Toledo, 1800 6º andar – Vila Clementino – 04039-901 São Paulo, SP – E-mail: [email protected] 278 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support respostas foram posteriormente exibidas aos demais, sem identificação do autor. Em seguida, receberam um sumário estatístico de todas as opiniões expressas durante a discussão e, puderam mudar sua opinião na rodada seguinte. A resposta do grupo na fase final do método Delphi foi consignada como um escore estatístico e o consenso foi considerado atingido quando pelo menos 80% das respostas foram coincidentes. O questionário final foi utilizado para fazer as recomendações, apoiadas em extensa pesquisa bibliográfica. Comitê Consultivo e Membros do Painel de Especialistas A AMIB determinou um coordenador para o consenso, o qual escolheu seis renomados expertos para compor o Comitê Consultivo. Outros 18 especialistas de diferentes regiões do país foram selecionados para completar o painel, num total de 25 médicos e enfermeiros com confirmado conhecimento, atuação e interesse na área de monitorização e suporte hemodinâmico. Todos os participantes foram convidados a assinar um formulário de manifestação de interesses, a fim de explicitar o eventual envolvimento com corporações privadas que porventura pudessem ter interesses de qualquer natureza nas recomendações publicadas. A escolha dos membros do painel de especialistas por regiões do país foi proporcional à distribuição de leitos nas UTI brasileiras, com 01 (4%) da região norte, 01 da região centro-oeste (4%), 04 (16%) da região sul, 05 (20%) da região nordeste e 14 (56%) da região sudeste do Brasil, o que garantiu uma representatividade nacional eqüitativa. Revisão Bibliográfica Foi realizado um levantamento bibliográfico na edLine, envolvendo artigos de língua inglesa, abrangenM do o período de 1966 a 2004. O MeSH destaque monitorização hemodinâmica foi combinado com os termos estudo aleatório controlado, metanálise e recomendações. Artigos de revisão recentes foram pesquisados para adicionar estudos aleatórios e controlados. Os artigos obtidos foram distribuídos aos membros do painel. As pesquisas de literatura foram repetidas durante as rodadas do questionário Delphi. A última pesquisa foi realizada em novembro de 2004. Artigos adicionais foram identificados pelos membros do painel e comunicados ao comitê consultivo através do questionário Delphi. Os artigos utilizados para as recomendações foram graduados conforme o desenho do estudo, seguindo-se os preceitos da moderna Medicina baseada em evidências3 (Tabela 1). Questionário Delphi O comitê consultivo se reuniu para elaborar um conjunto de 124 questões objetivas e subjetivas sobre monitorização e suporte hemodinâmico e tomada de decisões durante o cuidado aos pacientes criticamente enfermos. Determinadas questões utilizaram escalas de opções graduadas, outras eram objetivas, do tipo sim/não e alguVolume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 mas foram abertas, o que permitiu ao especialista fundamentar sua opinião tanto através de sua experiência quanto no conhecimento da literatura. Foi permitido aos membros do painel saltar alguma questão, caso considerassem não ter suficiente domínio sobre o assunto. Grande parte das respostas foi seguida por justificativas e os participantes foram encorajados a incluir referências bibliográficas que fundamentassem sua opinião. No questionário final, utilizado para a elaboração das recomendações, as questões quantitativas e qualitativas foram analisadas estatisticamente, enquanto as subjetivas foram sumarizadas pelo comitê consultivo. Tabela 1 – Classificação dos Artigos e Graduação das Recomendações Graus de Recomendação A A1 A2 B B1 B2 B3 C C D D Base Científica ECR com alto poder estatístico 2 ECR com baixo poder estatístico, Metanálise consistente 1 ECR com baixo poder estatístico, RS qualitativa ECñR, metanálise pouco consistente, estudo de coorte Caso controle, estudos transversais Revisão de casos, base fisiopatológica consistente Base fisiopatológica, Consenso, opinião de especialistas Implicação Prática Seguir a recomendação Seguir a recomendação Considerar fortemente a recomendação Considerar a recomendação Considerar a recomendação Avaliar relação custo-benefício potencial Avaliar relação custo-benefício potencial ECR: ensaio clínico aleatório; ECñR: ensaio clínico não aleatório RS: revisão sistemática Estudos com alto poder estatístico: poucas aferições, pα baixo, intervalo de confiança estreito Estudos com baixo poder estatístico: muitas aferições, pα alto, intervalo de confiança largo Adaptado de “Oxford Center for Evidence-based Medicine Levels of Evidence” Phillips B, Ball C, Sackett D, et al (November 1998) http://www.cebm.net/levels_ of_evidence.asp Processo de Consenso Após elaboração e aprovação final do questionário Delphi pelo comitê consultivo, os membros do painel foram convocados e durante uma reunião realizada na cidade de São Paulo no dia 28 de julho de 2004, foram orientados quanto ao método Delphi, receberam os artigos levantados durante a revisão bibliográfica e o questionário a ser respondido. Posteriormente, todos receberam de volta seu questionário com um resumo das respostas dos demais participantes e foram desafiados a manter suas respostas ou modificá-las, baseados na opinião do grupo. Após a segunda rodada Delphi, o comitê consultivo preparou o questionário final que serviu de base para a elaboração das recomendações. Nos dias 4 e 5 de novembro de 2004, o pai- 279 RBTI / CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support nel de especialistas reuniu-se novamente, quando foi subdividido em quatro grupos: monitorização hemodinâmica básica e cateter de artéria pulmonar; métodos alternativos de monitorização do débito cardíaco e da volemia; monitorização da perfusão tecidual; e suporte hemodinâmico. Aos grupos coube elaborar as recomendações baseando-se no questionário final que sumarizava o consenso, estabelecer os graus de recomendação e aprimorar ainda mais a pesquisa bibliográfica. Ao final do encontro, o coordenador de cada grupo apresentou as recomendações que foram debatidas pelos vinte e cinco especialistas membros do painel, para elaboração do documento final. A figura 1 sumariza o processo de consenso através do método Delphi modificado. Definições e Conceitos A fim de homogeneizar determinados conceitos, algumas definições foram estabelecidas pelo comitê consultivo e são aqui apresentadas: a- Paciente criticamente doente: é o paciente com risco de descompensação ou aquele fisiologicamente instável, necessitando de constante vigilância e titulação contínua do tratamento de acordo com a evolução da sua doença. b- Classificação dos pacientes segundo seu estado hemodinâmico: com relação ao estado hemodinâmico, seus componentes envolvem variáveis de pressão e fluxos cardiovasculares e de perfusão sistêmica: • Estáveis hemodinamicamente: pacientes com seu estado hemodinâmico adequado ou perto da adequação, sem uso de drogas vasoativas ou de qualquer outra forma de suporte cardiovascular. • Compensado hemodinamicamente, mas com risco de descompensação: pacientes com seu estado hemodinâmico adequado ou perto da adequação, mas em uso de drogas vasoativas ou de qualquer outra forma de suporte cardiovascular. • Instáveis hemodinamicamente: pacientes com seu estado hemodinâmico inadequado (nitidamente anormal e não corrigido) e dependente de drogas vasoativas em doses altas ou crescentes ou de qualquer outra forma de suporte cardiovascular. Figura 1: Processo de Consenso Através do Método Delphi Modificado 280 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / CONSENSO BRASILEIRO DE MONITORIZAÇÃO E SUPORTE HEMODINÂMICO Brazilian Consensus on Monitoring and Hemodynamic support Painel de Especialistas do Consenso Brasileiro de Monitorização e Suporte Hemodinâmico Coordenador: Ederlon Rezende, Diretor do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual (São Paulo-SP); Comitê Consultivo: Álvaro Réa-Neto, Professor do Departamento de Clínica Médica da UFPR, Chefe da UTI adulto do Hospital de Clínicas da UFPR, Diretor do CEPETI – Centro de Estudos e Pesquisa em Terapia Intensiva (Curitiba-PR); Ciro Leite Mendes, Coordenador da UTI adulto do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena e Hospital Santa Paula, Médico da Rotina da UTI adulto do Hospital Universitário – UFPB (João Pessoa–PB); Fernando Suparregui Dias, Professor da Faculdade de Medicina da PUC de Porto Alegre, Chefe da UTI geral do Hospital São Lucas da PUC de Porto Alegre (Porto Alegre-RS); Guilherme Schettino, Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP, Médico Assistente da UTI Respiratória do HC da FMUSP, Médico Coordenador da UTI do Hospital Sírio Libanês (São Paulo-SP); Suzana Margareth Ajeje Lobo, Doutora de Medicina pela Universidade de São Paulo, Professora de clínica médica da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Coordenadora do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital de Base – FAMERP (São José do Rio Preto-SP); Cid Marcos David, Presidente do Fundo de Educação e Pesquisa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Doutor em Ciências Médicas, Professor Adjunto da UFRJ (Rio de Janeiro-RJ). Painel de Especialistas: Alberto Barros, Médico Coordenador da UTI do Hospital Português de Recife (Recife-PE); Eliézer Silva, Doutor em Medicina, Médico Supervisor CTI Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo-SP); Gilberto Friedman, Editor Chefe da Revista Brasileira de Terapia intensiva; Médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre FAMED-UFRGS (Porto Alegre-RS); José Luiz Gomes do Amaral, Doutor em Medicina, Chefe da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva da UNIFESP (São Paulo-SP); Marcelo Park, Médico Assistente da Unidade de Terapia Intensiva - Disciplina de Emergências Clínicas – HC-FMUSP (São Paulo-SP); Maristela Monachini, Doutora em Medicina, Médica Assistente da UTI do Hospital Sírio Libanês (São Paulo-SP); Mirella Cristine de Oliveira, Médica Coordenadora do Hospital do Trabalhador (Curitiba-PR); Murillo Santucci César Assunção, Médico Coordenador Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual (São Paulo-SP); Nelson Akamine, Médico Supervisor CTI Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo-SP); Patrícia Veiga C Mello, Médica Coordenadora da Disciplina de Emergência da Universidade Estadual do Piauí, Coordenadora da UTI do Hospital de Terapia Intensiva (Terezina-PI); Renata Andréa Pietro Pereira, Enfermeira Chefe do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual (São Paulo-SP); Rubens Costa Filho, Médico Coordenador CTI do PROCARDÍACO (Rio de Janeiro-RJ); Sebastião Araújo, Médico, Professor Doutor Assistente Departamento de Cirurgia da FCMUNICAMP (Campinas-SP); Sérgio Félix Pinto, Médico Chefe da UTI do Hospital Universitário da UFMS (Campo Grande-MS); Sérgio Ferreira, Médico Chefe da UTI do Hospital Universitário Getúlio Vargas da UFAM (Manaus-AM); Simone Mattoso Mitushima, Enfermeira da UTI do Hospital Sírio Libanês (São Paulo-SP); Sydney Agareno, Médico Vice-Coordenador da UTI Geral do Hospital Português de Salvador (Salvador-BA); e Yuzeth Nóbrega de Assis Brilhante, Médica Coordenadora da UTI do Hospital da UNIMED João Pessoa (João Pessoa-PB). Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Durante a prática da Medicina intensiva os profissionais envolvidos devem exercer vigilância constante das funções vitais do paciente gravemente enfermo. No desempenho dessa tarefa utilizam equipamentos e exames que permitem monitorizar a função de diversos órgãos. Valendo-se dessa vigilância contínua, atitudes podem ser tomadas com o objetivo principal de prevenir a hipóxia tissular e sua conseqüência mais deletéria, as disfunções orgânicas. Nesse contexto, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira – AMIB reuniu especialistas com reconhecido conhecimento nessa área, a fim de estabelecer e recomendar diretrizes de monitorização e suporte hemodinâmico para a prática da Medicina Intensiva no Brasil. MÉTODO: O processo de desenvolvimento de recomendações utilizou o método Delphi modificado para criar e quantificar o consenso entre os participantes. A AMIB determinou um coordenador para o consenso, o qual escolheu seis especialistas para compor o Comitê Consultivo. Outros dezoito peritos de diferentes regiões do país foram selecionados para completar o painel de vinte e cinco especialistas, médicos e enfermeiros. Um levantamento bibliográfico na MedLine, de artigos na língua inglesa, foi realizado no período de 1966 a 2004. RESULTADOS: Foram apresentados recomendações referentes a 87 questões sobre monitorização hemodinâmica básica e cateter de artéria pulmonar; métodos alternativos de monitorização do débito cardíaco e da volemia; monitorização da perfusão tecidual;e suporte hemodinâmico. CONCLUSÕES: Métodos de consenso permitem determinar o quanto especialistas concordam acerca de um determinado assunto. Não podem ser vistos como métodos científicos para criar novos conhecimentos, mas simplesmente processos para fazer o melhor uso possível das informações, através dos dados científicos disponíveis e sob a visão dos envolvidos. Unitermos: Consenso, Método Delphi, Monitorização Hemodinâmica, Recomendação. Referências 01. Dalkey N, Helmer O - An experimental application of the Delphi method to the use of experts. 1962; Publication RM-727-PR. Santa Monica, CA: Rand Corp. 02. Jones J, Hunter D - Consensus methods for medical and health services research. BMJ 1995;311(7001):376-380. 03. Phillips B, Ball C, Sackett D et al - http://wwwcebmnet/levels_of_evidenceasp November 1998. 04. Deakin CD, Low JL - Accuracy of the advanced trauma life support guidelines for predicting systolic blood pressure using carotid, femoral, and radial pulses: observational study. BMJ 2000;321:(7262):673-674. 281 RBTI / ARTIGO ESPECIAL O Início da Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral Moderna no Brasil* The Early Years of Modern Cardiopulmonary Resuscitation in Brazil John Cook Lane1 SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: To summarize pioneer efforts in introducing modern cardiopulmonary resuscitation (CPR) in Brazil starting in early 1960s. CONTEÚDO: Pioneer personal as well as by other colleagues that had contributed to teaching and divulgating the modern CPR technique. CONCLUSIONS: There is a lack of courses on basic and advanced resuscitation in Brazil. There is a great challenge in the area of resuscitation in Brazil. Key Words: Artificial Ventilation, Cardiac Arrest, Cardiopulmonary Resuscitation, Cerebral Resuscitation D urante seu sexto ano de residência cirúrgica nos EUA, o autor começou a pesquisar a reanimação cardiopulmonar. Isso aconteceu no ano de 1960, na Universidade do Sul da Califórnia (University of Southern California) localizada na cidade de Los Angeles. Tal residência médica foi diretamente influenciada pelo Dr. Archer S. Gordon, um dos pioneiros da reanimação moderna (juntamente com James Jude, Peter Safar, Kouwenhoven e Knickerbocker). Terminada sua residência cirúrgica nos EUA, o autor iniciou suas atividades em Campinas, SP, no ano de 1961. No Brasil, o autor não encontrou nenhuma pessoa ou centro de aprendizado e ensino na área de reanimação e, por isso, deu início a trabalhos de pesquisa e ensino na cidade de Campinas, posteriormente estendendo-os ao Brasil e ao exterior (incluindo os seguintes países: Peru, Chile, Argentina e, mais tarde, a República Popular da China, a Alemanha Ocidental e os EUA – mais precisamente a Escola Médica do Sudoeste [Southwestern Medical School] no estado do Texas). História As primeiras publicações do autor foram feitas em 19631,2. Seu primeiro trabalho comparou os métodos de respiração artificial (sem equipamento) de Howard e Silvester e os métodos da respiração boca-a-boca (RBB) e da compressão torácica externa (CTE) isolada em voluntários adultos (com consentimento por escrito), anestesiados, curarizados e intubados. Os trabalhos provaram a superioridade da RBB sobre os demais métodos citados. O terceiro trabalho3 foi desenvolvido em dois grupos de cinco cães anestesiados, curarizados e intubados. O trabalho mostrou que somente a CTE produzia volumes de ventilação limiar nos primeiros cinco minutos, tempo suficiente para a desfibrilação, mas insuficiente na prática clínica por falta de treinamento dos profissionais da área de saúde e a ausência de equipamentos de desfibrilação externa no Brasil. A respiração boca-a-boca (com ar expirado) produzia oxigenação nas carótidas acima de 90%. A partir de agosto de 1961, palestras e demonstrações em manequins foram feitas em inúmeras instituições espalhadas pelo Brasil (Tabela 1). Essas demonstrações tinham a finalidade inicial de ensinar o ABC (Suporte Básico de Vida) da reanimação, com demonstrações e cursos práticos para grupos de até 30 médicos e paramédicos (cursos com duração média de cinco horas cada). Os resultados convenceram os participantes de que a CTE poderia ser feita por médicos e leigos treinados, e que a abertura cirúrgica do tórax deveria ser limitada apenas a situações especiais, principalmente em pacientes traumatizados. A divulgação da experiência no Brasil foi feita através de inúmeras palestras no exterior (Tabela 2). Tabela 1 - Cidades onde Palestras e Cursos Práticos de Suporte Básico de Vida (ABC) foram Ministrados pelo Autor no Brasil. Alfenas, MG Bauru, SP Belém, PA Belo Horizonte, MG Blumenau, SC Bragança Paulista, SP Brasília, DF Campinas, SP Catanduva, SP Curitiba, PR Florianópolis, SC Fortaleza, CE Goiânia, GO Gramado, RS Jundiaí, SP Lins, SP Londrina, PR Porto Alegre, RS Recife, PE Ribeirão Preto, SP Rio de Janeiro, RJ Salvador, BA Santos, SP São Paulo, SP Uberlândia, MG Vitória, ES Tabela 2 - Comunicações da Experiência Brasileira do Autor no Exterior. Buenos Aires, Argentina Cantão, República Popular da China Dallas, Texas, EUA Lima, Peru Oslo, Noruega Pequim, República Popular da China Pittsburgh, Pensilvânia, EUA Santiago, Chile Stuttgart, Alemanha Tel Aviv, Israel Xangai, República Popular da China 1. Professor Titular Colaborador da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Apresentado em 16 de setembro de 2005 – Aceito para publicação em 08 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Rua Cajá, 230 – AlphaVille – 13098-334 Campinas, SP – Fax: (19) 3262-1606 – E-mail: [email protected] 282 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO ESPECIAL No ano de 1973, o autor, em parceria com o Dr. Carlos Frazatto Jr., professor de cirurgia torácica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, produziu o primeiro filme (16 mm) sobre reanimação. Nesse projeto, ele contou com a colaboração de J. B. Duarte que, mais tarde, recebeu da Universidade de São Paulo o título de Doutor Honoris Causa. O único outro filme (16 mm) produzido pelo autor foi em chinês (1977) por ocasião da Primeira Comissão Científica e Cultural entre o Brasil e a República Popular da China. Nesse mesmo ano, o primeiro curso prático de reanimação na China (em manequins) foi ministrado no Hospital Número Um de Pequim. Em 1966, receberam da empresa General Electric do Brasil o primeiro desfibrilador externo (corrente alternada), o qual foi alocado no Hospital Vera Cruz, em Campinas, SP, ao lado do PBX. Quando solicitado por um médico, o aparelho era enviado, sem ônus, para qualquer lugar, na ambulância do pronto socorro. Todavia, esse processo não resultou em uma desfibrilação efetiva devido ao desconhecimento dos médicos acerca das técnicas de RCR, à inadequada instituição do suporte básico de vida e ao tempo de parada cardíaca em geral superior a cinco minutos, muito longo, portanto, para a desfibrilação sem lesão cerebral. Dentro do hospital, os resultados foram mais positivos e incluíram as primeiras desfibrilações e cardioversões elétricas de fibrilação atrial no Brasil. Mais ainda, o terceiro trabalho publicado3 tinha o intuito de demonstrar que a corrente contínua (DC) era superior à corrente alternada (AC) na desfibrilação cardíaca. O trabalho experimental em cães mostrou desfibrilação efetiva no primeiro minuto em 78% das vezes usando a corrente AC e 95% usando a corrente DC. A corrente alternada (AC) foi então abandonada. O autor recebeu de presente três desfibriladores (DC) da American Optical Company e emprestou um aparelho ao Dr. Adib Jatene e outro ao Hospital das Clínicas da FMUSP. O desfibrilador emprestado àquele hospital possibilitou a realização de suas primeiras coronariografias. Logo que a Universidade de São Paulo se tornou autônoma, o desfibrilador permaneceu em uso por mais um ano sob os cuidados do Dr. Edgard San Juan. A experiência adquirida até então resultou em uma tese de livre docência defendida em 19744, seguida por publicações de erros cometidos pelo autor na reanimação5 e a abordagem de complicações sobre o tema6, no ano de 1976. Também como contribuição pioneira, merecem destaque Timerman e Feher7, que publicaram o primeiro manual de reanimação em 1975. O autor escreveu ainda capítulos de livros nacionais8-12 a convite de seus editores para a divulgação do que hoje denominamos ‘compressões torácicas externas’, já que diversos estudos experimentais e clínicos conduzidos a partir da década de 1980 passaram a sugerir que era mais o aumento generalizado da pressão intratorácica, que a compressão direta do coração entre o esterno e a coluna vertebral, um dos principais mecanismos fisológicos de circulação anterógrada do sangue durante a técnica de RCR descrita em 1960. Em 1976, o autor já havia tratado, juntamente com o Dr. Carlos Frazatto Jr.3, na cidade de Campinas, 150 pacientes com fibrilação ventricular (FV). Apenas 25% dos pacientes sobreviveram, devido, em grande parte, à demora entre o início do episódio e a desfibrilação elétrica. Noventa e oito por cento dos pacientes que foram a óbito passaram da FV para Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 a assistolia ou dissociação eletromecânica. Esses resultados negativos se deram por não ter-se estabelecido um sistema de pronto atendimento, ou seja, por não usar o interfone do hospital para chamar uma equipe médica treinada e o enfermeiro com o “carro de parada cardíaca”. Desde o início de suas atividades, em meados dos anos 1970, estabeleceu-se no Hospital Centro Médico de Campinas o código “Doutor Coração”, que é transmitido pelo interfone e informa à equipe de plantão o local da emergência4,8,9,13. Tal código vigora até os dias de hoje, otimizando o tempo e a qualidade do atendimento a pacientes vítimas de PCR intra-hospitalar. O autor também publicou o efeito de agentes físicos na parada cardíaca12, além de ser o primeiro a trazer o ACLS (Suporte Avançado de Vida em Cardiologia) e o PALS (Suporte Avançado de Vida em Pediatria) ao Brasil sob a orientação de: Roger D. White (Mayo Clinic), Ramiro Albarran-Sotelo (American Heart Association) e Leon Chameides [o pai da reanimação pediátrica] (Cardiologia Infantil; Universidade de Connecticut, EUA), este último em duas ocasiões (1984 e 1985), nas quais ministraram cursos em Campinas, SP, e Belo Horizonte, MG. Durante o primeiro curso de PALS realizado em Campinas, Chameides confessou que aquele era o segundo curso de sua carreira, pois o colega ainda estava testando o sistema. Ele levou 11 anos para convencer a American Heart Association (Associação Americana de Cardiologia) e a American Pediatric Association (Associação Pediátrica Americana) do fato de que as duas associações deveriam aprovar um único curso. Muitas viagens foram realizadas e múltiplos encontros transcorreram entre o autor e o Professor Peter Safar, da Universidade de Pittsburgh (ele é co-autor do primeiro livro texto sobre a reanimação em português, de 198114, além de ter sido considerado o pai da reanimação cerebral em nível mundial). Tais encontros tiveram uma influência forte e permanente nos trabalhos do autor. Peter Safar, anestesiologista e pesquisador, publicou mais de 2.000 artigos científicos e foi indicado para o Prêmio Nobel de Medicina. Ele recebeu o primeiro título de Doutor Honoris Causa outorgado pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em 1999. O autor também publicou uma série de artigos no exterior referente ao desafio de ensinar a reanimação em um país emergente (série que será publicada à parte). Estamos no século 21 e os resultados da reanimação ainda são precários por falta de cursos práticos e da falta de manequins para treinamento. Todavia, o Funcor assumiu a liderança e trouxe novamente para o país o curso de ACLS (Suporte Avançado de Vida em Cardiologia) da Associação de Cardiologia Americana. O Brasil é um continente e milhares de vidas ainda podem ser salvas. Em 1967, o autor escreveu o primeiro capítulo de um livro sobre o assunto8. No ano de 1972, escreveu o segundo capítulo de um livro9, editado pelo Professor Hélio Germiniani, no qual explica com detalhes o sistema correto de reanimação e grande importância da sua difusão. Em 1982, o autor escreveu a todas as faculdades de Medicina do país para saber se elas ministravam cursos de reanimação. O resultado mostrou que menos de 10% das instituições que responderam ao questionário o fizeram de maneira positiva. O maior impulso veio quando, em 1985, o Professor Mário Rigatto, presidente do Congresso Brasileiro de Cardiologia (SBC), considerou a Morte Súbita como tema oficial do evento realizado em Porto Alegre. Em 1986, a primeira Comissão 283 RBTI / ARTIGO ESPECIAL Nacional de Reanimação e Emergências Cardíacas foi constituída em congresso da mesma sociedade, então realizado em Belo Horizonte. Faziam parte dela, inicialmente, Aloysio Achutti, Ari Timmerman, Armênio Costa Guimarães, Citânia Lácia Tedoldi, Fernando A. Luchese, Josef Feher, Juarez N. Barbisan, Luiz Carlos Dorneles, Murilo Guérios Bittencourt, Nelson B. C. Marins, Paulo Roberto Cruz Marquetti, Paulo Roberto P. Toscano, Protássio Lemos da Luz, Sérgio Vasconcelos Dornelles e Silvia Regina Rios Vieira. A esses médicos cabe o crédito por espalhar o “evangelho” da reanimação pelo Brasil. O autor foi presidente dessa comissão por 10 anos e, então, o Funcor assumiu sua liderança. Conseguimos trazer para o Funcor, a preço de fábrica, 19 manequins RessuciAnne, os quais foram distribuídos aos membros da Comissão gratuitamente. Em 1987, o autor publicou o Manual de Reanimação Cardiorrespiratória15, para o qual contou com a ajuda inestimável do saudoso Mário Rigatto. Essa edição foi atualizada em 1994, incluindo a reanimação avançada e cerebral16. No Brasil, o texto mais completo (478 páginas) em reanimação foi publicado no ano de 199317 pelo autor, juntamente com Sotelo e col. Crédito especial deve ser dado ao Dr. Ari Timerman18,19 que publicou no exterior e no Brasil a maior experiência clínica nacional em reanimação cardiorrespiratória. Menção honrosa vai também para um grupo de acadêmicos de medicina em Fortaleza, Ceará, por seus esforços incansáveis no ensino prático da reanimação e pela organização do Programa de Ensino e Reciclagem em Saúde Cardiovascular na Universidade Federal do Ceará. Conclusão Devido à falta de um número suficiente de cursos de reanimação básica e avançada e de desfibriladores20-22, muitas vidas ainda serão ceifadas no Brasil. O coração pode voltar a bater, mas os “cinco minutos de ouro” se perdem e o cérebro morre. Existe um desafio imensurável na área de reanimação em nosso país, desafio este que perdurará no século 21. Da experiência brasileira surgiram contribuições a publicações no exterior, inclusive a fabricação da primeira ambulância com teto elevado e UTI móvel23,24 do país. Esses trabalhos serão relatados em um artigo futuro e se referem aos resultados do autor em capacitação de leigos na reanimação. Em resumo, este artigo é a história pessoal do envolvimento do autor com a introdução, divulgação e ensino da moderna técnica de RCR no Brasil. Certamente, deixa de dar crédito, por desconhecimento, a dezenas de outros colegas que levaram avante a missão do ensino nesta área, já que não leram ou deixaram de responder às dezenas de e-mails enviados pelo mesmo durante o processo de levantamento de dados para a elaboração desta breve revisão histórica. Abreviações ABC – Suporte Básico de Vida AC – Corrente Alternada ACLS – Advanced Cardiac Life Support (Suporte Avançado de Vida) DC – Corrente Contínua 284 FV – Fibrilação Ventricular CTE – Compressões Torácicas Externas PALS – Pediatric Advanced Life Support (Suporte Avançado de Vida em Pediatria) RBB – Respiração Boca a Boca SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia Resumo JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Resumir a contribuição histórica própria e de outros pioneiros na introdução da reanimação cardiorrespiratória a partir do início da década de 1960 no Brasil. CONTEÚDO: Publicações pioneiras pessoais e de outros colegas que contribuíram para o ensino e divulgação da técnica no Brasil. CONCLUSÕES: Há falta de cursos de reanimação básica e avançada no Brasil. Existe um desafio imensurável na área de reanimação no Brasil Unitermos: Parada Cardíaca, Reanimação Cardiorrespiratória, Reanimação Cerebral, Ventilação Artificial REFERÊNCIAS 01. Lane JC - Ressuscitação cardiopulmonar I: respiração boca a boca. Rev Paul Med, 1963;63:256-262. 02. Lane JC - Ressuscitação cardiopulmonar II: massagem cardíaca externa. Rev Paul Med, 1963; 64:326-329. 03. Lane JC, Frazatto C, Geronymo W et al - Tratamento da parada cardíaca em fibrilação ventricular sem abertura do tórax. Rev Paul Med, 1966; 68:99-106. 04. Lane JC - Reanimação cardiorrespiratória externa na comunidade: ensino, erros, complicações e resultados. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. Tese (Livre Docência), 1974. 05. Lane JC - Erros em reanimação cardiorrespiratória externa. Rev Paul Med, 1976; 97:118-120. 06. Lane JC - Complicações em reanimação cardiorrespiratória externa. Rev Bras Anestesiol, 1976;45:53-54. 07. Timerman A, Feher J - Manual de ressuscitação cardiopulmonar. São Paulo: Sarvier, 1975. 08. Lane JC - Morte Súbita, em: Cardiologia de Urgências. Editado por Muniz M. Rio de Janeiro: Editora Muniz, Vol. II, 1967;291-323. 09. Lane JC - Parada Cardíaca em Assistolia e Fibrilação Ventricular, em: Cardiologia de Urgências. Editado por Germiniani H. São Paulo: Fundo Editorial Procienx, Vol. II, 1972;223-250. 10. Lane JC - Morte Súbita, em: Muniz M - Tratamento da Angina e do Enfarte, Rio de Janeiro: Editora Guanabarra Koogan, 1977;358-362. 11. Lane JC - Parada Cardíaca, em: Gonçalves L, Oliveira HL, Kieffur J et al - Rio de Janeiro: Editora Guanabarra Koogan, 1980;1552-1557. 12. Lane JC - Perturbações Causadas por Agentes Físicos, em: Gonçalves L, Oliveira HL, Kieffur J et al - Manual de Clínica Médica. Rio de Janeiro: Editora Guanabarra Koogan, 1980: 1552-1553. 13. Lane JC - Método de ensino de reanimação cardiorrespiratória externa. Rev Bras Anestesiol, 1975;43:326-336. 14. Lane JC - Reanimação. Rio de Janeiro: Editora Guanabarra Koogan, 1981. 15. Lane JC - Manual de Reanimação Cardiorrespiratória. São Paulo: Fundo Editorial Byk, 1987. 16. Lane JC - Manual de Reanimação Cardiorrespiratória. 2ª Ed, São Paulo: Fundo Editorial Byk, 1994. 17. Lane JC, Sotelo RA - Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral. Rio de Janeiro: Editora Médica e Científica Ltda, 1993. 18. Timerman A, Piegas LS, Souza JE - Results of cardiopulmonary resuscitation in a cardiology hospital. Resuscitation, 1989;18:75-84. 19. Timerman A, Sauia N, Piegas LS et al - Prognostic factors of the results of cardiopulmonary resuscitation in a cardiology hospital. Arq Bras Cardiol 2001;77:152-160. 20. Lane JC - Desfibrilação cardíaca. Rev Bras Anestesiol, 1983;33:193-198. 21. Lane JC, Nagase Y, Timani AJ et al - Alternativas técnicas para massagem cardíaca externa. Arq Bras Cardiol 1983;41:449-450. 22. Lane JC - Drogas essenciais em reanimação cardiorrespiratória. Rev Bras Anestesiol, 1984;34:265-271. 23. Lane JC - Novo veículo de emergência. Médico Moderno, 1984;3:44-51. 24. Lane JC - Reanimação cardiorrespiratória. Rev Bras Anestesiol, 1985;48:222232. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO Disorders of Water Homeostasis in Critically ill Patients* Desordens da Homeostase da Água em Pacientes Criticamente Doentes Walid Abou Assi1, Lawrence S. Weisberg1 SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: To outline the pathogenesis of hypo and hypernatremia, in order to give intensivists the tools to prevent these important disorders. We present algorithms for diagnosis of hypo- and hypernatremia, and discuss current concepts regarding treatment. CONTENTS: Selected articles relating to water homeostasis. CONCLUSIONS: The understanding of water homeostasis is a complex subject that requires integration of physiological principles directed to the management approach at the bedside. Key Words: hypernatremia, hyponatremia, hyperosmolality, hypertonicity, water homeostasis H ypo and hypernatremia are common disorders in critically ill patients, and are associated with increased morbidity and mortality1,2. In this paper, we summarize the physiology of normal water homeostasis. With that as a foundation, we outline the pathogenesis of hypo and hypernatremia, in order to give intensivists the tools to prevent these important disorders. We present algorithms for diagnosis of hypo and hypernatremia, and discuss current concepts regarding treatment. THE PHYSIOLOGY OF WATER HOMEOSTASIS Sodium is the predominant cation in extracellular fluid; it is effectively restricted to the extracellular space by Na, K-ATPase. Thus sodium and its associated anions largely determine the tonicity, or effective osmolality*, of the extracellular fluid under normal circumstances. Consequently, hypotonicity always implies hyponatremia. Hyponatremia does not necessarily imply hypotonicity. Hyponatremia can coexist with normal or elevated body fluid tonicity, as well as with hypotonicity. Hypernatremia, on the other hand, is always associated with hyperosmolality and hypertonicity. Of course, not all hyperosmolality is caused by hypernatremia (e.g.: hyperglycemia or mannitol infusion). The normal response to water ingestion (of sufficient magnitude to lower the plasma osmolality even slightly) is the excretion of maximally dilute urine (urine osmolality < 100 mOsm/kg). The underlying physiologic sequence is as follows: the plasma hypotonicity causes proportionate swelling of the cells comprising the hypothalamic osmostat. These hypothalamic nuclei then proportionately reduce their synthesis of arginine vasopressin (AVP), also known as antidiuretic hormone (ADH), leading to diminished AVP release into the circulation by the posterior pituitary. The lower circulating AVP concenTonicity or effective osmolality describes the capacity of particles in solution to effect water movement across a semi-permeable membrane like the cell membrane. * tration, in turn, results in the insertion of proportionately fewer water channels (composed of aquaporin-2) into the apical membrane of the epithelial cells lining the collecting duct of the kidney. This, in turn, creates a more water-impermeable conduit, which allows excretion of the dilute urine elaborated by the more proximal segments of the nephron1. Under conditions of plasma hypertonicity (e.g., water deprivation or administration of hypertonic solutions), the cells of the osmostat shrink, leading to higher circulating AVP concentration and proportionately higher water permeability of the collecting duct, and the excretion of a concentrated urine. The urine osmolality is directly proportional to the number of inserted water channels, as long as the interstitium of the renal medulla is normally concentrated, and as long as the “diluting sites” in the nephron (especially the distal convoluted tubule) function properly3. Figure 1 shows the relationship between plasma osmolality, plasma AVP concentration and urine osmolality. The normal “set point” is a plasma osmolality about 285 mOsm/kg. Notice that the minimum urine osmolality is about 50 mOsm/kg, and the maximum about 1200 mOsm/kg. These are determined by the osmolality of the filtrate emerging from the cortical diluting site of the nephron, and by the maximum osmolality of the medullary interstitium, respectively3. When plasma osmolality rises beyond 290-295 mOsm/kg, the thirst center of the hypothalamus is stimulated. At that point, neurologically intact individuals with access to water will drink until the plasma osmolality returns to normal3. It is important to recognize that plasma osmolality is not the only determinant of AVP synthesis and release. Low arterial blood pressure and low effective arterial volume powerfully stimulate AVP release3. This baroreceptor-mediated AVP release is teleological, since water retention is an important component in the defense against hypovolemia. So primal is this circulatory defense that the baroreceptor stimulation predominates over any osmolal effect on AVP release. Thus, a volume-contracted or hypotensive individual will have high 1. Received from Division of Nephrology, Department of Medicine, University of Medicine and Dentistry of New Jersey, Robert Wood Johnson Medical School, Cooper University Hospital, Camden, New Jersey, USA Submitted: September, 24th, 2005 – Accepted: November, 28th, 2005 Address correspondence to: Lawrence S. Weisberg, M.D. – Division of Nephrology – UMDNJ-Robert Wood Johnson Medical School – Education and Research Building – 401 Haddon Ave. – Camden, NJ 08103 – USA – E-mail: [email protected] Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 285 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO Figure 1 - Typical Example of the Relationship between Plasma Osmolality (Posm), Plasma Vasopressin Concentration (PAVP) and Urine Osmolality (Uosm). Figure 2 - Events Leading to Cellular Edema in the Setting of Hypotonicity. PAVP and Uosm vary around the set point to maintain Posm within the range of normal. circulating AVP levels even if his plasma osmolality is low. In addition, circulating AVP levels rise with pain, stress, nausea, hypoxia, hypercapnia, and the use of a variety of medications, most notably narcotic analgesics3. The solid rectangles (a-d) represent the total body water space. Dotted lines represent the cell membrane; i.e. intracellular space; e, extracellular space. The density of the dots is proportional to fluid tonicity. a) Normal tonicity, at equilibrium, with equal intracellular and extracellular tonicities. b) Extracellular hypotonicity, leading to c) water movement down its concentration gradient into cells. d) New equilibrium, with lower total body tonicity and expanded intracellular space. HYPONATREMIA Epidemiology and Clinical Manifestations Hyponatremia (serum sodium concentration <135 mEq/ L) is one of the most common electrolyte disorders, found in approximately 3% of hospitalized patients and as many as 30% of patients in intensive care units1. The clinical manifestations of hyponatremia are largely attributed to intracellular volume expansion (cellular edema), which occurs only when hyponatremia is associated with hypotonicity (Figure 2). Intracellular volume expansion is of greatest consequence in the brain, where it is translated into increased intracranial pressure because of the rigid calvarium1. Most cells--especially brain cells--have adaptive mechanisms for mitigating tonicity-related volume changes4. Cell volume peaks 1 to 2 hours after the onset of acute hypotonicity. Thereafter, solute and water are lost from cells, and cell volume returns toward normal. After several days of sustained hypotonicity, cell volume is restored nearly to normal4. The morbidity and mortality associated with hypotonic hyponatremia are influenced by several factors, including the magnitude and rate of development of the hyponatremia, the patient’s age and gender, and the nature and severity of any underlying diseases4. The very young and very old, females and alcoholics appear to be at particular risk1. Volume adaptation to hypotonicity may be deficient in premenopausal women, 286 who suffer more frequent and more severe neurologic consequences than men with equivalent degrees of hypotonicity5. Neurologic symptoms usually do not occur until the serum sodium concentration falls below 125 mEq/L, at which point the patient may complain of anorexia, nausea, and malaise. At a level between 120 and 110 mEq/L, headache, lethargy, confusion, agitation, and obtundation can be seen. More severe symptoms (seizures, coma) may occur with levels below 110 mEq/L1. Focal neurologic findings are unusual but do occur, and transtentorial cerebral herniation has been described in severe cases, especially in young women6,7. Although symptoms generally resolve with correction of the hypotonicity, permanent neurologic deficits may occur, particularly in acute severe hypotonicity, when the brain’s volume-regulatory defenses may be overwhelmed6. Hypotonicity of this magnitude that develops in less than 24 hours may be associated with residual neurologic deficits and has a 50% mortality rate6. In contrast, when hypotonicity develops more gradually, symptoms are both less common and less severe. Indeed, patients with chronic hyponatremia, even in the range of 115 to 120 mEq/L, may be completely asymptomatic4. Pathophysiology and Differential Diagnosis Recall that hyponatremia may coexist with a normal, high or low plasma osmolality. Thus, the diagnostic algorithm for hyRBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO ponatremia (Figure 3) begins with an assessment of the plasma osmolality. This may be estimated by the following formula: estimated POsm = (2 X SNa)+ (Pgluc ÷ 18) + (BUN ÷ 2.8) Figure 3 – Diagnostic Algorithm for Hyponatremia. SNa, serum sodium concentration; Posm, plasma osmolality (mOsm/kg); Uosm, urine osmolality (mOsm/kg); ECFvol, extracellular fluid volume status; SIADH, syndrome of inappropriate antidiuretic hormone secretion. Where Pgluc is the plasma glucose concentration and BUN is blood urea nitrogen concentration, both in mg/dL. If there is a suspicion that an unmeasured osmotically effective solute may be implicated (e.g., mannitol or glycerol) the POsm should be measured directly. Isotonic hyponatremia (also known as factitious or pseudohyponatremia) is a laboratory artifact seen with analytic techniques that measure the mass of sodium per unit volume of serum sampled1. It is seen in the presence of marked hypertriglyceridemia or paraproteinemia, when the measurement method involves a pre-dilution step. Direct potentiometry (which uses an ion-selective electrode in undiluted serum) avoids this problem8. Hypertonic hyponatremia results from the presence in extracellular fluid of abnormal amounts of osmotically effective solutes other than sodium (e.g.: glucose, mannitol, glycerol). The osmotic pressure exerted by the non-sodium solute leads to redistribution of water from the intracellular to the extracellular fluid compartment, resulting in cellular dehydration and hyponatremia. The hyponatremia is real (not pseudo-), but it is accompanied by hypertonicity and a decrease in cellular volume. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Hypotonic hyponatremia has only one fundamental cause: an inability of the kidney to excrete sufficient electrolyte-free water to match water intake. This may occur either because the normal diluting capacity of the kidney is overwhelmed by excessive water intake, or because the diluting capacity of the kidney is impaired. These alternatives usually can be distinguished by measuring the urine osmolality. A urine osmolality less than 100 mOsm/kg in a patient with hypotonic hyponatremia points to excessive water intake as the cause (Figure 3). It is a prodigious feat for an individual eating a normal diet to overwhelm the normal diluting capacity of the kidney. Estimates are that one can ingest and excrete about 20 liters of water a day without affecting the plasma osmolality appreciably3. Thus, hyponatremia due to excessive water ingestion is most commonly due to so-called psychogenic polydipsia, seen in patients with obsessive-compulsive disorder or psychosis1. (Most patients with psychogenic polydipsia who develop hyponatremia have concurrent urinary diluting defects, either in association with the underlying mental illness (usually schizophrenia) or perhaps as a side effect of psychotropic or anticonvulsant medications)9. Not all patients with hypotonic hyponatremia and a dilute urine have primary polydipsia. The patient may be ingesting a diet so deficient in protein and salt that he generates and excretes very little solute in the urine. In that situation (called beer potomania for obvious reasons)10, although the syndrome has been seen in other patients with very low daily solute intake)11 the low daily solute load limits the total amount of water that can be excreted even with a maximally dilute urine (solute excretion = Uosm X Uvol). This might reduce the maximum water excretion to only 3-4 L/day, a quantity easily exceeded by an enthusiastic beer drinker. A urine osmolality above 100 mOsm/kg in the face of hypotonic hyponatremia signifies impaired urinary diluting capacity. The concentrated urine usually reflects a high circulating AVP level. Since circulating AVP is affected by hemodynamics as well as osmolality, it is helpful at this point in the algorithm to assess the patient’s extracellular fluid volume status. Hypotonic hyponatremia may be associated with normal, decreased, or increased extracellular volume. Euvolemic hyponatremia: patients with pure water excess appear clinically euvolemic because only one third of total body water is extracellular in location (and only one twelfth is intravascular); the only evidence of the increased total body water is low blood urea nitrogen and serum uric acid concentrations1. The paradigm of euvolemic hyponatremia with concentrated urine is the syndrome of inappropriate antidiuretic hormone (SIADH)12. It is characterized by elevated circulating AVP (ADH) levels that are inappropriate to the two physiologic stimuli (i.e., osmotic or hemodynamic) to vasopressin release13. The development of hypotonic hyponatremia in patients with SIADH depends on water ingestion in excess of that eliminated by insensible, gastrointestinal, and renal routes14. Because the normal response to hypotonicity is the elaboration of maximally dilute urine (urine osmolality < 100 mOsm/kg), the urine need only be inappropriately concentrated (i.e., > 100 mOsm/kg in a hypotonic patient) to be compatible with a diagnosis of SIADH. Because hypothyroidism1 and glucocorticoid insufficiency1 may impair urinary dilution, patients in whom a diagnosis of SIADH is entertained should undergo appropriate tests of 287 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO thyroid and adrenocortical function15. Under most circumstances, TSH and morning cortisol concentrations suffice for screening. Once a diagnosis of SIADH is made, its cause must be established, since the cause may have important implications in it own right. Chart 1 lists some of the causes of SIADH. They fall into five major categories: intracranial abnormalities, intrathoracic abnormalities, tumors, drugs and idiopathic. An important variant of SIADH is the reset osmostat syndrome16, in which vasopressin levels are regulated normally by tonicity, but around a lower “set point” than normal. This syndrome is seen most often in patients who are severely debilitated (e. g.: malnutrition, metastatic cancer, advanced tuberculosis) and may account for up to one third of cases of SIADH. The diagnosis of reset osmostat syndrome has important therapeutic implications, as will be discussed later17. Chart 1 – Causes of SIADH Intracranial Abnormalities Infection Stroke Hemorrhage Tumor Intrathoracic Abnormalities Malignancy Pulmonary abscess Pneumonia Pleural effusion Pneumothorax Chest wall deformity Drugs Antidiuretic drugs (vasopressin, DDAVP, oxytocin) Narcotic analgesics Antidepressant medications Major antipsychotic medications Chlorpropamide and other sulfonylurea drugs Carbamazepine Cyclophosphamide Extracranial tumors Small cell lung carcinoma Pancreatic cancer Others HIV/AIDS Hereditary Gain-of-function mutation of vasopressin-2 receptor Miscellaneous Guillain-Barré syndrome Nausea Stress Pain Acute psychosis Idiopathic Hypovolemic hyponatremia: the urinary diluting impairment in hypovolemia is mediated both by decreased delivery of fluid to the diluting segments of the nephron and by hemodynamically stimulated vasopressin release. Thus, the volume-contracted patient cannot excrete electrolyte-free water normally, and even in the face of modest water ingestion readily may become hyponatremic. The cause of the volume contraction usually is obvious (e. g.: hemorrhage, vomiting, diarrhea, diuretics). When it is not, the urine sodium concentration can be helpful in distinguishing between renal and extrarenal solute losses. Renal losses are usually reflected by sodium wasting, and extrarenal losses are usually accompanied by sodium conservation (uri- 288 ne sodium concentration < 10 mM). Exceptions occur in the recovery phase after diuretic therapy (in which solute losses were renal in origin, but the urine sodium concentration is appropriately low once the diuretic is discontinued) and in metabolic alkalosis due to vomiting (in which bicarbonaturia obligates urinary sodium loss). In the latter situation, the urine chloride concentration, which is very low, is the best indicator of extracellular volume depletion18. Cerebral salt wasting may be responsible for hypovolemic hyponatremia in patients with intracranial pathology (e.g.: tumors, hemorrhage). The pathogenesis of the urinary salt wasting is incompletely understood. It may involve alteration in renal sympathetic innervation or an increase in circulating natriuretic factor(s). Regardless of the underlying pathogenesis, the mechanism of hyponatremia in this setting is similar to that of other hypovolemic states. As a hyponatremic syndrome in patients with central nervous system disease, cerebral salt wasting is often difficult to distinguish from SIADH. Particularly confusing in patients with cerebral salt wasting is the finding of hypouricemia (typically seen in SIADH, and usually indicative of subtle volume expansion), which is thought to reflect impaired solute reabsorption in the proximal tubule1. The key features that distinguish cerebral salt wasting from SIADH are volume depletion and urinary sodium excretion inappropriate to the patient’s volume status. The hyponatremia associated with diuretic treatment is multifactorial in origin. Insofar as diuretics produce overt volume depletion, they can cause hyponatremia by the mechanisms discussed above. Thiazides have been associated with the development of severe, symptomatic hyponatremia, particularly in small, elderly women, in the absence of overt signs of volume depletion. The cause of this often precipitous syndrome remains uncertain, but subclinical volume contraction, inhibition of diluting segment function, primary polydipsia in the face of impaired renal diluting ability, and potassium depletion all have been implicated1. Hypervolemic hyponatremia: hypervolemic hyponatremia generally is seen in patients who cannot excrete sodium normally because they have either severe renal failure or one of the pathologic edema-forming states (congestive heart failure, hepatic cirrhosis, the nephrotic syndrome (Figure 3). In the absence of extreme water ingestion, renal failure is an unusual cause of hyponatremia because diluting capacity is preserved even in advanced renal insufficiency19. Hyponatremia is common in the pathologic edema states, especially congestive heart failure and hepatic cirrhosis. The hormonal milieu of such patients is typical of intravascular volume depletion, even though the absolute intravascular volume is increased. Thus, these disorders are said to be characterized by reduced effective circulating volume1. Because of the perceived intravascular volume depletion, renal diluting ability is compromised for reasons similar to those in hypovolemic hyponatremia, and hypotonicity may ensue with even modest levels of water ingestion. Management and Complications The therapy of hyponatremia must be tailored according to (1) the patient’s signs and symptoms, and (2) the duration of the disorder5. Severe hyponatremia (serum sodium concenRBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO tration < 115 mEq/L) can be life-threatening, especially if it develops rapidly, and immediate therapy may be required7. The therapy of symptomatic hyponatremia, irrespective of cause, is directed at raising extracellular fluid tonicity to shift water out of the intracellular space, thereby ameliorating cerebral edema. The rate of correction, however, must be carefully regulated. Overly rapid correction, particularly in patients with chronic hyponatremia, in whom cell volume adaptations may be complete, can produce central pontine myelinolysis20. This so-called osmotic demyelination syndrome is associated with a variety of irreversible neurologic deficits (e. g.: dysarthria, dysphagia, incoordination, quadriplegia, coma), which typically develop 3 to 10 days after treatment1. Additional risk factors for osmotic demyelination include hypokalemia, malnutrition, alcoholism, advanced age and female sex21. For patients with chronic hyponatremia (> 48 hours duration) or hyponatremia of unknown duration, the serum sodium concentration should be raised by a maximum of 0.5mEq/l/hour, 15 mEq/L in the first 24 hours and 25 mEq/L over the first 48 hours. Care should be taken to avoid overcorrecting the serum sodium concentration15,21. In grave situations (serum sodium concentration < 105 mEq/L or in the presence of seizure or coma), initial therapy can be more aggressive (targeting a change in the serum sodium concentration of 1 to 2 mEq/L/h for the first few hours), but the recommended daily target should not be exceeded5,21. Correction of severe symptomatic hypotonic hyponatremia, regardless of cause, should be accomplished with hypertonic (3%) saline (sodium concentration 513 mEq/L). The volume of 3% saline required can be estimated by the following formula: volume of 3% saline (liters/24 hours) = target change SNa (mEq/l/24 hours) X TBW (l) ÷ 513 For example, in a 70-kg man with serum sodium concentration of 105 mEq/L and a total body water of 42 L (60% of body weight), the amount of sodium needed to raise the serum sodium concentration by 10 mEq/L is 10 x 42, or 420 mEq. Therefore, 420 ÷ 513 or 0.82 l of 3% saline would be required in the first 24 hours, or 34 mL/h. The infusion rate may be doubled during the first few hours in severe symptomatic hyponatremia, as long as the total volume administered in 24 hours adheres to the calculation. It is important to recognize that this calculation provides only a rough guideline, as it takes no account of ongoing solute and water losses. The serum sodium concentration must be monitored frequently during treatment to adjust the rate of correction. If the rate of correction begins to exceed the target rate, the hypertonic saline infusion should be stopped; it may be necessary to administer water (enterally or IV) or even desmopressin in order to prevent overly rapid or overcorrection22. Rapid extracellular volume expansion with hypertonic saline can precipitate pulmonary edema, particularly in patients with underlying heart disease. Thus, patients receiving 3% saline should be assessed frequently for evidence of volume overload. A loop diuretic may be administered if necessary, recognizing that this will enhance electrolyte-free water clearance and accelerate the correction. Note that the administration of isotonic (normal) saline to patients with SIADH may lower the serum sodium concentration if the urine osmolality remains high – a process that has been called desalination23. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 The treatment of chronic asymptomatic hypotonicity should be directed at correcting the pathophysiologic mechanisms involved in generating the hypotonic state. Because euvolemic hyponatremia represents pure water excess, treatment depends on restricting water intake to less than daily water output. Patients with SIADH excrete little or no electrolytefree water in the urine. Therefore, if water intake is limited to less than the amount of insensible water losses (approximately 10 mL/kg body weight/d), the serum sodium concentration will slowly rise. Patients with the reset osmostat variant of SIADH do not develop progressive hypotonicity, and therapy is rarely required. If the cause of SIADH cannot be corrected and if water restriction is poorly tolerated or ineffective, demeclocycline (a tetracycline antibiotic that increases electrolyte-free water excretion by inhibiting vasopressin-mediated water reabsorption in the collecting duct) can be used. Demeclocycline is contraindicated in patients with renal disease, hepatic cirrhosis, or congestive heart failure because drug-related renal insufficiency has been described in these situations. Urea (3060 g per day, administered orally) has been used to increase electrolyte-free water clearance, but it is unpalatable and gastrointestinal side effects limit its utility. Specific vasopressin (V2) receptor antagonists, so-called aquaretic agents, are nearing approval for clinical use, and are likely to change the management of patients with SIADH in the future24. Therapy of hypovolemic hyponatremia should be directed at restoring intravascular volume with intravenous isotonic saline while identifying and correcting the cause of the excessive solute loss. Volume repletion readily elicits a water diuresis by increasing the delivery of fluid to the renal diluting segments and suppressing vasopressin release. As with all categories of hypotonic hyponatremia, the rate of correction must be carefully controlled. The treatment of diuretic-induced hyponatremia is straightforward: withdrawing the offending drug, liberalizing salt intake, and repleting body potassium stores usually correct the disorder. The treatment of hypervolemic hyponatremia is difficult and frustrating. Resolution of the hyponatremia associated with any of the pathologic edematous disorders ultimately depends on effective treatment of the underlying disease. Regardless of the specific therapy of the underlying disorder, the mainstay of therapy for the hyponatremic edematous patient remains salt and water restriction. Diuretics are often a double-edged sword in the hyponatremic edematous patient: they may be needed to treat pulmonary vascular congestion, peripheral edema, and ascites, but if used to excess can produce further decrements in effective arterial blood volume and exacerbate water retention. Strategies directed at increasing effective arterial blood volume (e. g.: afterload reduction with angiotensin-converting enzyme inhibitors) have had some success in increasing electrolyte-free water excretion and ameliorating hyponatremia in patients with congestive heart failure. HYPERNATREMIA Epidemiology and Clinical Manifestations Hypernatremia is common in critically ill patients, being present on admission in about 9% of patients, and developing 289 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO during the course of the ICU stay in another 6%25. It is associated with a significantly higher mortality than is seen in patients without hypernatremia25. Sustained hypernatremia develops in patients whose water intake does not match their output. Water ingestion can defend against the development of hypernatremia even when water losses are prodigious. For that reason, hypernatremia upon presentation to the hospital occurs most commonly in patients who are incapacitated: those who have impaired thirst sensation, who cannot access water, or who cannot express their need for water (e. g.: infants and patients with neurologic impairments). Similar predispositions prevail among critically ill patients. Nonetheless, the development of hypernatremia in hospitalized patients is considered to be iatrogenic, reflecting an incomplete understanding of the factors that lead to hypernatremia1. The increased mortality seen in patients with hypernatremia most likely is due to their underlying vulnerabilities rather than an effect of the hypernatremia itself, since it is not proportional to the degree of hypernatremia26. The clinical manifestations of hypernatremia are proportional to the magnitude and rate of rise of the serum sodium concentration, and are attributable to intracellular volume contraction. To counteract cellular volume contraction, cells begin to adapt within minutes of the development of hypernatremia by allowing the influx of electrolytes, thus mitigating cell shrinkage. When hypernatremia lasts more than a few hours, brain cells generate new organic osmolytes (previously called idiogenic osmoles). This leads to further water movement back into brain cells, restoring cell volume nearly to normal after about three days27. Thus, chronic progressive hypernatremia tends to be less symptomatic than acute severe hypernatremia. Most often, patients with longstanding hypernatremia present with weakness, lethargy and confusion. Seizure and coma may supervene. Acute severe hypernatremia may be associated with brain shrinkage and traction on the penetrating vessels, causing intracranial bleeding. Differential Diagnosis The serum sodium concentration reflects the ratio of body sodium content to total body water. Thus, hypernatremia (serum sodium concentration > 145 mEq/L) can result from loss of pure water alone, loss of hyponatric∗ fluid, or a gain of sodium or hypernatric fluid. It is important to distinguish among these paths to hypernatremia since they have diagnostic and therapeutic implications (Figure 4). Euvolemic hypernatremia: hypernatremic patients who appear euvolemic most likely have pure water loss as an explanation for their hypernatremia. This is because the water is lost from all body compartments proportionately; only 1/12 of the water loss is intravascular. For example, a 60 kg woman with a 3L pure water loss would experience an intravascular loss of only 250 mL (clinically in apparent), but would develop a serum sodium concentration of 155 mEq/L ([140 mEq/L X 30 l] ÷ 27 l). Pure water can be lost either through the skin and respiratory tract (so-called insensible * Hyponatric is used here to refer to a fluid with a sodium concentration less than that of plasma. 290 Figure 4 – Diagnostic Algorithm for Hypernatremia. SNa, serum sodium concentration; Posm, plasma osmolality (mOsm/kg); Uosm, urine osmolality (mOsm/kg); ECFvol, extracellular fluid volume status; SIADH, syndrome of inappropriate antidiuretic hormone secretion. losses) or in urine. Insensible losses amount to about 10 mL per kg body weight per day under normal environmental conditions in an afebrile individual with a normal respiratory rate. A hot environment, fever or rapid respiratory rate can increase insensible losses considerably. Note that a patient on a mechanical ventilator using humidified gas will lose no water through the respiratory tract. The loss of large amounts of dilute, electrolyte-free water in the urine is typical of diabetes insipidus (DI)28. Diabetes insipidus may be central (CDI) or nephrogenic (NDI) depending on whether the defect is in vasopressin release from the posterior pituitary or in the renal response to circulating vasopressin, respectively. The causes of DI are shown in chart 2. Most cases of CDI, especially those following trauma or intracranial surgery, are self-limited, lasting three to five days. Of special interest to intensivists is a classic triphasic syndrome that may be seen following severe head trauma: Initially, there is abrupt cessation of vasopressin release from the posterior pituitary, accompanied by polyuria. About a week later, an antidiuretic phase ensues, characterized by urinary concentration and water retention with a tendency toward hyponatremia, lasting five to six days. This appears to result from the release of stored vasopressin from the degenerating hypothalamic neurons. Persistent CDI recurs when the vasopressin stores are depleted1. Regardless of the cause, patients with DI of either type usually have a serum sodium concentration within the normal range because their water ingestion matches their urinary water output. They develop hypernatremia only when they are deprived of water, because of environmental circumstances, mental or physical incapacity, or neglect. An awareness of the causes of DI, a careful history, and familiarity with the differential diagnosis of polyuria will prevent hypernatremia in these circumstances. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO Chart 2 – Causes of Diabetes Insipidus Central Diabetes Insipidus Post-hypophysectomy Post-traumatic Granulomatous diseases Histiocytosis Sarcoidosis Infections Meningitis Encephalitis Inflammatory/autoimmune: hypophysitis Vascular Hypoxia Thrombotic or embolic stroke Hemorrhagic stroke Neoplastic Craniopharyngioma Pituitary adenoma Lymphoma Meningioma Drugs or toxin Ethanol Snake venom Congenital/hereditary Nephrogenic Diabetes Insipidus Drug induced Lithium Demeclocycline Cisplatin Hypokalemia Hypercalcemia Vascular Sickle cell anemia Infiltrating lesions Sarcoidosis Multiple myeloma Amyloidosis Sjögren syndrome Congenital Autosomal recessive: Aquaporin-2 water channel Gene mutations X-linked recessive: avp v2 Receptor gene mutations Hypovolemic hypernatremia: the loss of salt and water, with the water loss greater than the sodium loss, will lead to hypernatremia and volume depletion, manifested by orthostatic or persistent hypotension and tachycardia, and evidence of organ underperfusion (e.g.: acute renal failure and lactic acidosis). For example, if the 60 kg woman whose serum sodium concentration rose to 155 mEq/L had lost the equivalent of half-isotonic saline instead of pure water, her intravascular volume would have contracted by 750 mL, enough to cause at least orthostatic hypotension and tachycardia. A common cause of hypovolemic hypernatremia is the unreplaced loss of gastrointestinal fluids. Most gastrointestinal fluids have an electrolyte concentration below that of plasma: the concentration of sodium plus potassium in stool is roughly constant at 110-120 mEq/L over a wide range of stool volumea. Gastric fluid has an even lower electrolyte concentration: about 40-50 mEq/L total cation concentration2. Diuresis, either osmotic (glucose-, mannitol- or urea-induced) or medication-induced, causes the loss of urine with an electrolyte concentration less than that of plasma, leading to volume contraction and hypernatremia if the losses go unreplaced. The loss of sweat, which contains some sodium, can cause hypovolemic hypernatremia in individuals who exercise vigorously in a hot environment. If the diagnosis is not apparent from the history or the physical exam, a urinary chloride concentration less than 10 mEq/l in the face of hypovolemic hypernatremia suggests that the electrolyte loss is extrarenal (cutaneous or GI)29,30. Hypervolemic hypernatremia: hypervolemic hypernatremia is relatively uncommon and results from the administration of hypertonic sodium salts to patients without free access to water. Patients show signs of extracellular volume expansion (e.g., hypertension, edema, congestive heart failure and pulmonary edema). In infants, this syndrome has been caused by erroneous preparation of dietary formula using salt instead of sugar; in adult outpatients, it may be caused Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 by inadvertent ingestion of concentrated salt solutions. The risk of death is substantial, and seems to be proportional to the serum sodium concentration2. In hospitalized adults, hypervolemic hypernatremia it is most often iatrogenic, caused by intravenous administration of hypertonic sodium bicarbonate (formulated at 1 mEq/mL or 1000 mEq/L) or sodium chloride (3% [513 mEq/L] or 23.5% [4.019 mEq/L]). Not all hypervolemic hypernatremia results from the administration of hypertonic fluids. It may be seen in a volume-expanded patient who then loses hypotonic fluid. Consider, for example, the hemodynamically unstable patient with acute renal failure who is resuscitated with large volumes of isotonic saline solution. When he begins to recover renal function, he will experience a urea and electrolyte diuresis. Hypernatremia will develop in proportion to the electrolyte-free water loss. Treatment The initial treatment of the hypernatremic patient depends on his or her volume status. For patients with pure water losses, who present with normal volume status, therapy has two goals: (1) reduction and/or replacement of ongoing water losses, and (2) replacement of the existing water deficit. The source of ongoing water losses must be identified. If the losses are urinary (Figure 4) and due to central diabetes insipidus, antidiuretic hormone should be administered. In the acute (post-surgical or post-traumatic) setting, L-arginine vasopressin may be used either subcutaneously or intravenously. The advantage of vasopressin in this setting is its short half-life, which allows the physician to repeatedly assess the need for continued hormone replacement, especially when the disorder may be self-limited. Desmopressin (DDAVP) is a synthetic analogue of vasopressin that has no vasoconstrictor properties, thus avoiding the risks of hypertension and myocardial ischemia. DDAVP may be administered subcutaneously, intravenously or intranasally. The treatment of the urinary water losses associated with nephrogenic diabetes insipidus are best treated with thiazide diuretics with or without cyclooxygenase (COX) inhibitors. Because most of these agents are orally administered, treatment of NDI in the critically ill patient often consists of urinary water replacement until he or she is able to take medications by mouth. Excessive insensible water losses can be mitigated by cooling blankets in the febrile patient or by the use of humidified gases for the hyperventilating patient. The total existing body water deficit can be estimated by the following formula: Water deficit (liters) = TBW (1 – [140 ÷ serum sodium concentration]) where TBW is total body water in liters (estimated as about half the body weight in kg). Were example, a 60 kg woman presenting with a serum sodium concentration of 160 mEq/L is estimated to have a total body water deficit of 30 (1 – 0.875) or 3.75 liters. Because this formula is based on an uncertain assumption about the relationship of total body water to body weight under these conditions, it provides only a rough estimate of the water deficit. The rate of administration of water replacement should be proportional the rapidity with which the hypernatremia 291 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO developed. This recommendation is based on our understanding of the time-course of brain cell volume adaptation in hyperosmolar states, and the delayed inactivation of organic osmolytes with rapid correction of hypernatremia27. Thus, if the hypernatremia had developed over only a few hours (such as in post-surgical or post-traumatic DI), it can be corrected just as quickly. On the other hand, hypernatremia of more than a day’s duration, or of unknown duration, must be correctly slowly in order to avoid cerebral edema. In general, one should aim to correct half the water deficit in the first 24 hours, and the remainder over the next 24-48 hours. Water is best administered enterally, as tap water. If that route is unavailable, 5% dextrose in water (D5W) may be used, with the understanding that the capacity to metabolize glucose is limited to about 15 g/hour in a critically ill adult2. Thus, even in nondiabetic patients, the administration of more than 300 ml/h of D5W is likely to result in hyperglycemia, which may be relatively resistant to insulin administration32. Hyperglycemia will exacerbate urinary water losses by causing an osmotic diuresis. Half-normal (0.45%) saline may be a good alternative, as long as one recognizes that only half the administered volume is electrolyte-free water, and that the sodium load may cause unwanted volume expansion. Regardless of the degree of hypernatremia, normal (0.9%) saline should be given intravenously to patients who present with extreme volume depletion, manifested by hypotension, tachycardia and evidence of impaired tissue perfusion. This is consistent with the first principles of emergency and critical care, prioritizing the adequacy of the circulation. Only after the extracellular volume deficits have been largely corrected may the physician direct his or her attention to the total body water deficit patients31. Patients with hypervolemic hypernatremia need reduction in their extracellular and intravascular volume before their water deficit can be corrected. Failure to do so will only exacerbate the volume overload. For patients with adequate renal function, this may be accomplished with the use of diuretic drugs. Loop diuretics tend to cause the excretion of an isotonic urine. Replacement of that urine volume with pure water will allow correction of the hypervolemia and the hypernatremia simultaneously. Because of the imprecision of the estimation formulas and the failure of the foregoing analysis to take account of other fluids and electrolytes both administered and lost, it is crucial that the serum electrolytes be monitored frequently during the correction of hypernatremia, especially in view of the dire consequences of overly-rapid correction32. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Destacar a patogênese da hipo e hipernatremia para fornecer aos intensivistas as ferramentas para prevenir estas importantes desorden. O objetivo deste artigo foi apresentar algoritmos para o diagnóstico de hipo e hipernatremia e discutir os conceitos atuais de tratamento. CONTEÚDO: Artigos selecionados relativos a homeostase da água. CONCLUSÕES: O entendimento da homeostase da água é um tema complexo que exige a integração de prin- 292 cípios fisiológicos direcionados a estratégia de manuseio a beira do leito. Unitermos: hipernatremia, hiponatremia, hiperosmolaridade, hipertonicidade REFERENCES 01. 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Oliveira1, Guilherme Schettino2 SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: Fluid infusion is the main therapeutic strategy for circulatory shock and it aims to reverse shock and maintain adequade tissue perfusion. However, volume expansion may have adverse effects, mainly in patients with acute respiratory failure, and positive-pressure mechanical ventilation may difficult the volemia evaluation in these patients. The objectives of this paper are to introduce static (CVP, PAOP, RVEDV) and dynamic (dPP, dSP, dDown/Up) hemodynamic variables of ventricular preload evaluation. CONTENTS: Critical analysis of each hemodynamic variable advantages, limitations, clinical use perspectives and predictive value of cardiac output increase after fluid infusion in critically ill patients receiving mechanical ventilation. CONCLUSIONS: the dynamic variables have higher predictive value for cardiac output increase after fluid infusion in patients receiving mechanical ventilation than classic static variables of ventricular preload evaluation still in use. More studies are necessary to standardize and automate acquisition techniques of dynamic variables in order to better interpretation. We need to understand the real benefit of cardiac output increase in the different shock settings and justify incorporating these new techniques in clinical practice. Key Words: cardiac index, intensive therapy, mechanical ventilation, monitorization A infusão de fluidos é a intervenção terapêutica inicial durante a reanimação do choque circulatório devendo ser iniciada tão logo se identifique a condição de choque, concomitante ou mesmo antes da definição da sua etiologia1. Essa abordagem justifica-se pela alta freqüência de hipovolemia absoluta ou relativa nos estados de hipoperfusão tecidual mesmo na ausência de hipotensão. O objetivo principal da infusão de fluidos é aumentar o débito cardíaco (DC) e o transporte de oxigênio para atingir a demanda metabólica dos tecidos. Na presença de choque, diante da suspeita de hipovolemia, recomenda-se infundir 500 a 1000 mL de solução cristalóide isotônica ou 300 a 500 mL de solução colóide em 30 minutos. Não havendo melhora da hipotensão, ou na persistência de sinais de hipoperfusão tecidual, deve-se repetir a reposição volêmica, a menos que o diagnóstico de hipovolemia tenha se tornado menos provável, ou ocorram efeitos adversos relacionados à reposição volêmica, tais como edema pulmonar, hemodiluição ou hipotermia2. O efeito hemodinâmico da expansão volêmica ocorre através do aumento do volume sistólico (VS) do ventrículo esquerdo (VE) e, conseqüentemente do DC. No entanto, a relação entre a pré-carga do VE e o VS não é linear e sim, curvilínea como descrito por Frank e Starling3 há quase noventa anos (Figura 1). Sendo assim, o aumento da pré-carga levará a um aumento significativo do VS quando o ventrículo estiver trabalhando na fase ascendente da curva, ou seja, na condição de dependência entre pré-carga e VS. Quando o ventrículo encontra-se na porção mais plana da curva, o Figura 1 – Curva de Frank-Starling A: porção ascendente onde há dependência de pré-carga B: porção plana; independência de pré-carga incremento da pré-carga não mais propicia aumento do VS. Durante a ventilação mecânica com pressão positiva, ocorrem mudanças na relação entre pré-carga e VS devido à variação da pressão intratorácica a cada ciclo respiratório. Essa variação de pressão, transmitida ao espaço pericárdico e aos 1. Médica Intensivista, Assistente da UTI do HCRP, Pós-Graduanda de Pneumologia da FMUSP. 2. Coordenador Médico da UTI do Hospital Sírio Libanês, São Paulo; Médico Assistente da UTI Respiratória do HC da FMUSP. Recebido em 22 de setembro de 2005 – Aceito para publicação em 18 de novembro de 2005 *Recebido do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP Endereço para correspondência: Hospital Sírio Libanês, UTI, 1º andar Bloco C. – Rua Adma Jafet 91, Bela Vista – 01308-050 São Paulo, S.P – Fone/fax: 11-3155-0830 – E-mail: [email protected] Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 293 RBTI / Artigo de REVISÃO vasos intratorácicos e intrapulmonares, juntamente com a variação do volume pulmonar fazem com que ocorra alteração do volume sangüíneo intratorácico, além de determinar variação tanto da pré-carga quanto da pós-carga dos ventrículos direito e esquerdo. Vale a pena salientar que o aumento do DC é uma estratégia benéfica para pacientes com evidência de má perfusão tecidual. Por outro lado, não está claro o benefício do seu aumento isolado em pacientes sem evidências de déficit de perfusional, independentemente do valor do débito cardíaco ou da pressão arterial. Serão discutidos nesta revisão como as variáveis hemodinâmicas classicamente utilizadas para a avaliação da précarga (medidas estáticas) se comportam durante a ventilação mecânica com pressão positiva, e também como as alterações hemodinâmicas causadas pela ventilação mecânica (medidas dinâmicas) podem ser utilizadas para a avaliação da volemia de pacientes críticos, particularmente como preditores do aumento do débito cardíaco após a infusão de volume. nhum dos estudos foi capaz de determinar um valor de corte para guiar a infusão de fluidos. Pressão Venosa Central (PVC) e Pressão de Átrio Direito (PAD) A PVC e a PAD sofrem as mesmas limitações já descritas para a POAP apesar de serem medidas amplamente utilizadas como estimativas de pré-carga durante a monitorização de pacientes críticos. Vale lembrar que a tendência da mudança dos valores diante das intervenções terapêuticas é mais importante como guia para o tratamento do que o valor numérico absoluto dessas variáveis1. Estudos recentes confirmaram o baixo valor preditivo da PVC ou da PAD à expansão volêmica5-7,11. Apenas dois estudos encontraram valores significativamente inferiores entre os respondedores10,12 (7 ± 3,5 versus 10 ± 4 mmHg e 7 ± 1 versus 11 ± 1,5 mmHg, respectivamente). No entanto, houve grande superposição individual dos valores, o que impediu a identificação de um valor de corte para discriminá-los. MEDIDAS ESTÁTICAS Volume Diastólico Final do VD (VDFVD) Pressão de Oclusão da Artéria Pulmonar (POAP) A POAP é obtida insuflando-se o balonete da extremidade distal do cateter de artéria pulmonar. Estima-se a pressão do átrio esquerdo como pré-carga do VE. Para tanto, assume-se uma complacência ventricular fixa, ausência de doença valvar mitral e que o volume diastólico final do VE (VDFVE) seja proporcional à pressão diastólica final do VE (PDFVE) e, esta, à pressão média do átrio esquerdo (PAE). Nessas condições, havendo perfeita transmissão de pressão, a POAP equivaleria à PAE1. Porém, em pacientes críticos, freqüentemente há alteração da complacência e do relaxamento ventricular esquerdo devido ao choque ou isquemia miocárdica, alterações de contratilidade por uso de inotrópicos e vasopressores e alterações da pressão intratorácica causadas pela ventilação mecânica com pressão positiva. Sendo assim, a POAP nem sempre reflete a pré-carga do VE1,4. A curva da POAP oscila com a curva de pressão de vias aéreas quando o paciente encontra-se sob ventilação mecânica (VM) em pressão positiva. Para minimizar a influência da pressão alveolar gerada durante a inspiração, o cateter de artéria pulmonar deve ser posicionado em zona 3 de West, onde a pressão arterial pulmonar é maior que a pressão alveolar, e a POAP deve ser medida durante o final da expiração. Estudos clínicos mostraram que a POAP tem valor preditivo baixo em relação à resposta à expansão volêmica4-7. Apenas três estudos relataram diferença significativa entre os valores de POAP em respondedores e não respondedores à expansão volêmica. Diebel e col. encontraram POAP 14 ± 7 mmHg nos respondedores e 7 ± 2 mmHg nos não respondedores, ou seja, paradoxalmente valores mais elevados nos pacientes que responderam à infusão de fluido8. Tousignant e col.9 e Wagner e col.10 encontraram valores mais baixos no grupo dos respondedores (12 ± 3 versus 16 ± 3 mmHg e 10 ± 3 versus 14 ± 4 mmHg, respectivamente). No último estudo, também foi possível correlacionar o valor inicial da POAP com o aumento do volume sistólico após a expansão. Mas ne- 294 Nos anos 80, foi desenvolvido o cateter de artéria pulmonar volumétrico. Esse cateter calcula a fração de ejeção do VD e o VDFVD por termodiluição. Essas variáveis fornecem melhor estimativa da pré-carga do VD. Sua acurácia foi correlacionada com a ventriculografia, ecocardiografia e estudos cintilográficos mostrando boa concordância1. Estudos comparativos com a PVC e a POAP revelaram que o VDFVD foi o melhor indicador de pré-carga em pacientes cirúrgicos, em vítimas de trauma e pacientes críticos7,13,14. Entretanto, em estudos clínicos, o VDFVD não foi capaz de identificar previamente pacientes respondedores à infusão de fluidos e o seu valor é influenciado pela presença de refluxo tricúspide, fato comum em pacientes críticos com aumento da pressão arterial pulmonar8-10. Diebel e col.8-14, em dois estudos distintos, encontraram maior taxa de resposta à expansão volêmica quando o índice do VDFVD foi menor que 90 mL/ m2, e valor acima de 138 mL/m2 indicou ausência de resposta. Porém, para valores entre 90 e 138 mL/m2, não houve como discriminar os respondedores8,14. Wagner e col.10, estudando o comportamento do VDFVD em nove pacientes, encontraram resposta positiva à expansão volêmica em quatro pacientes com índice acima de 138 mL/m2 e ausência de resposta em três pacientes com índice abaixo de 90 mL/m2 10 contrapondo-se aos valores de corte definidos por Diebel e col 8,14. Área Diastólica Final do VE (ADFVE) A ADFVE medida através de ecocardiografia transesofágica (ETE) também tem sido utilizada para estimar o VDFVE por ser a ETE um método pouco invasivo e de melhor resolução visual que a ecocardiografia transtorácica (ETT), permitindo melhor mensuração da área ventricular e cálculo dos volumes ventriculares. A ADFVE por ETE tem melhor correlação com o VS ou IC em pacientes com função ventricular preservada que as pressões de enchimento POAP e PAD15. Diferentes estudos têm relatado resultados conflitantes RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo de REVISÃO sobre sua utilidade em predizer a resposta à infusão de fluidos em pacientes sob ventilação mecânica9,14-18. Apenas Reuter e col.19 encontraram maior valor preditivo da ADFVE em relação a PAD, POAP e variação do volume sistólico (VVS). Deve-se lembrar que a estimativa da pré-carga é limitada quando há alteração de mobilidade segmentar do VE e que é necessária equipe treinada para manusear a ETE. Doppler Transesofágico Recentemente, a ETE tem sido utilizada juntamente com o Doppler para monitorização hemodinâmica e avaliação da pré-carga ventricular esquerda. O transdutor posicionado no esôfago avalia o formato da onda de fluxo da aorta descendente e infere o VS, DC, enchimento ventricular, resistência vascular sistêmica dentre outras variáveis hemodinâmicas. O DC derivado do Doppler tem mostrado correlação satisfatória com o adquirido por termodiluição20,21. Esta técnica tem sido utilizada para detecção precoce de complicações cardíacas em pacientes críticos, monitorização e guia para infusão de fluidos em pacientes cirúrgicos de moderado e alto risco. O transdutor permanece no esôfago para monitorização contínua do VS e do tempo de fluxo sistólico aórtico corrigido para a freqüência cardíaca (TFc), que estima a pré-carga do VE, sem necessidade de alguém treinado para manusear o aparelho. Pode-se, dessa maneira, otimizar o VS durante o período operatório. Um TFc menor que 0,35 seg parece predizer o aumento do VS após a infusão de fluidos, mas seu valor preditivo ainda não foi avaliado de forma sistemática. Contudo, o emprego dessa técnica foi capaz de reduzir o tempo de internação hospitalar e o tempo para alimentação de pacientes submetidos a grandes cirurgias provavelmente por evitar isquemia da região esplâncnica durante o período perioperatório22,23. Recentemente, o TFc foi avaliado como preditor da resposta à expansão volêmica em pacientes críticos. O valor de 0,277seg foi preditivo do aumento de pelo menos 15% do VS após a infusão de 500 mL de solução fisiológica com sensibilidade de 55% e especificidade de 94%24. Em resumo, tanto as pressões de enchimento cardíaco (PVC, PAD, POAP) como as medidas ecocardiográficas utilizadas à beira do leito para avaliar a pré-carga do VE não se mostraram capazes de identificar de maneira confiável os pacientes que responderão a uma expansão volêmica com aumento do DC, questão de suma importância em pacientes críticos. O uso do Doppler transesofágico parece ser um método promissor para guiar a reposição volêmica em pacientes cirúrgicos de alto risco. MEDIDAS DINÂMICAS A ventilação mecânica com pressão positiva provoca alterações cíclicas na pré-carga e pós-carga dos ventrículos e, por conseguinte, nos seus volumes sistólicos. Durante a fase inspiratória ocorre aumento da pressão pleural, redução do retorno venoso para o átrio direito e diminuição da pré-carga do VD. Paralelamente, ocorre aumento da pressão transpulmonar (diferença entre a pressão alveolar e pressão pleural) e da pós-carga do VD. A diminuição da pré-carga e o aumento da pós-carga levam à redução do VS do VD, com valor mínimo ao final da fase inspiratória. Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Após dois a três batimentos cardíacos, devido à redução do VS do VD, ocorre também a redução do enchimento do VE. Assim, a queda da pré-carga do VE induz a uma diminuição do seu VS, cujo valor mínimo ocorre durante a fase expiratória. Essa variação do volume ejetado pelo VE causa variação similar na pressão arterial sistêmica com oscilações cíclicas na pressão sistólica (dPS) e na pressão de pulso (diferença entre pressão sistólica e diastólica, dPP)25-27. Existem outros fatores que podem contribuir para as oscilações cíclicas do VS do VE. Durante a insuflação pulmonar pode ocorrer a compressão dos capilares alveolares com aumento transitório do enchimento do VE, principalmente em estados de hipervolemia. Também há redução da pós-carga de VE facilitando sua ejeção. Dessa maneira, ocorre aumento do VS do VE na fase inspiratória. Estudos experimentais apontam que esse fato tem papel irrisório na determinação da alteração do VS causada pela ventilação mecânica28,29. Entretanto, Vieillard-Baron e col.30 estudaram as oscilações hemodinâmicas durante a ventilação mecânica em pacientes com lesão pulmonar aguda (LPA) e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) empregando a ETE e demonstraram que durante a insuflação pulmonar havia aumento das áreas do átrio e ventrículo esquerdos, do VS do VE, da pressão arterial sistêmica e da pressão de pulso arterial. Em contrapartida, houve redução do VS do VD. Em estudo posterior, onde foram avaliadas as variações hemodinâmicas com ETE, os autores concluíram que o aumento do VS do VE durante a fase inspiratória da ventilação mecânica resulta principalmente de um maior enchimento ventricular esquerdo31. O quadro 1 resume os principais eventos cardiovasculares que colaboram para a variação cíclica da pressão arterial durante a ventilação mecânica em pressão positiva. Quadro 1 – Eventos Cardiovasculares Decorrentes da Ventilação Mecânica em Pressão Positiva Ventrículo direito Ventrículo esquerdo Pressão arterial Sistólica Inspiração Diminuição do retorno venoso Aumento da pós-carga Diminuição do volume de ejeção Maior retorno de sangue dos capilares pulmonares Aumento do enchimento Aumento do volume sistólico Aumento Expiração Aumento do retorno venoso Aumento do volume de ejeção Redução do retorno venoso Diminuição do enchimento Queda do volume sistólico Diminuição O principal determinante da variação cíclica da pressão arterial durante a ventilação em pressão positiva é a redução da pré-carga do VE causada pela queda do retorno venoso e aumento da pós-carga do VD na fase inspiratória. As variações são mais amplas quando os ventrículos encontram-se na porção ascendente da curva de Frank-Starling, ou seja, quando há dependência de pré-carga para que haja aumento do VS (Figura 1). Devido a essas considerações, as variações hemodinâmicas durante o ciclo respiratório em VM têm sido utilizadas para avaliar a pré-carga ventricular e a resposta à expansão volêmica. 295 RBTI / Artigo de REVISÃO Variação da PAD Magder e col.32,33 demonstraram em pacientes cirúrgicos sob ventilação mecânica com ciclos espontâneos que uma diminuição da PAD maior que 1 mmHg durante o esforço inspiratório foi capaz de predizer o aumento do DC após infusão tanto de solução fisiológica como de albumina a 25%. Em seus dois estudos de avaliação da performance da variação da PAD como preditor de resposta à expansão volêmica em pacientes em ventilação espontânea durante o pós-operatório de cirurgia cardíaca, os autores encontraram resultados satisfatórios, com valores preditivos positivos de 77% e 84% e valores preditivos negativos de 81% e 93%. Apesar dos resultados apresentados, ainda é necessário um cateter de artéria pulmonar para aquisição da variação da PAD e não há estudos em pacientes em UTI sob VM com pressão positiva. Variação da Pressão Sistólica (dPS) Estudos que correlacionam a variação da pressão arterial com a volemia datam de mais de duas décadas34-37. Coyle e col.36, em 1983, usaram a diferença entre a pressão arterial sistólica (PAS) máxima e a mínima durante um ciclo respiratório como indicador de hipovolemia e identificaram o componente de variação superior (dUp) e inferior (dDown) comparando a PAS máxima e a mínima com o seu valor basal ao final da expiração. A figura 2 ilustra esse conceito. Figura 2 – Variação de Pressão Arterial Sistólica de acordo com a Pressão de Vias Aéreas durante a Ventilação Mecânica em Pressão Positiva. PA: pressão arterial, PS Mín: pressão sistólica mínima, PS Máx: pressão sistólica máxima, DDown: componente inferior de variação da pressão sistólica, DUp: componente superior de variação da pressão sistólica, dPS: variação de pressão sistólica, PPMín: pressão de pulso mínima, PPMáx: pressão de pulso máxima, Pva: pressão de vias aéreas. Em 1987, Perel e col.37 passaram a utilizar o termo variação de pressão sistólica (dPS) calculando a média da diferença entre a PAS máxima e mínima de cinco ciclos respiratórios consecutivos. No seu estudo de hemorragia controlada em cães, a dPS aumentou à medida que aumentava o volume de sangue retirado. Rooke e col.38 confirmaram o valor da dPS como indicador de hipovolemia em pacientes cirúrgicos. Os estudos seguintes ratificaram que a dPS era capaz de predi- 296 zer a resposta à expansão volêmica17,39-43. Ao mesmo tempo, notou-se que o componente dDown da dPS também se correlacionava com hipovolemia. A dDown corresponde ao valor da PAS basal subtraído da PAS mínima. A PAS basal é obtida desconectando-se o pacientes da VM, através de pausa expiratória de 6 a 30 segundos, ou considerando-se o valor da PAS ao final da expiração17,38-43. Assim, Tavernier e col.17 conseguiram estabelecer o valor de 5 mmHg de dDown como preditor de aumento de pelo menos 15% do índice do VS em pacientes sépticos após infusão de 500 mL de hidroxietilamida a 6% com valores preditivos positivo e negativo de 95% e 93%, respectivamente. Por outro lado, Denault e col.44 avaliaram os fatores determinantes da dPS durante a VM utilizando a ETE em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica. Os autores não encontraram correlação entre a dPS e a área sistólica, que estima o VS do VE (calculada pela diferença entre as áreas ao fim da diástole e da sístole), e constataram queda significativa da dPS depois da abertura do mediastino. A oscilação da PAS foi atribuída ao aumento da pressão pleural durante a ventilação mecânica e à pressão intratorácica e não à variação do VS do VE. Apesar desse resultado isolado, estudos posteriores correlacionaram a dPS e a dDown com o estado volêmico e demonstraram que estas foram superiores às pressões de enchimento, PAD e POAP, em predizer a resposta à expansão volêmica43,45. Variação da Pressão de Pulso (dPP) A pressão de pulso, definida como a diferença entre a PAS e a diastólica precedente, é diretamente proporcional ao VS do VE. Assim sendo, as variações hemodinâmicas cíclicas decorrentes da ventilação mecânica se refletem na pressão de pulso arterial periférica como já demonstrado por Robotham e col.34 e Jardin e col.35 em 1983. Diferentemente da dPS, a dPP não sofre influência da pressão pleural porque esta afeta tanto a pressão sistólica quanto a diastólica, sendo dependente apenas da pré-carga do VE e da complacência arterial. Expandindo esse conceito, Michard e col.39 demonstraram que a dPP se correlacionou com a diminuição do índice cardíaco (IC) e da pressão arterial sistêmica durante o uso de pressão positiva ao final da expiração (PEEP) de 10 cmH2O em pacientes com LPA. A dPP foi calculada pela seguinte fórmula: dPP(%) = PP máxima – PP mínima (PP máxima + PP mínima) / 2 Além de a dPP ter se correlacionado fortemente com a variação do IC causada pela PEEP (r = 0,91 p < 0,001), nos seis pacientes que apresentaram diminuição acima de 10% do IC, a infusão de 500 mL de hidroxietilamida a 6% em 30 minutos reduziu o valor da dPP39. Posteriormente, o mesmo grupo demonstrou que o valor de corte de 13% de dPP discriminou o aumento de 15% do IC num grupo de 40 pacientes sépticos, sedados e sob ventilação mecânica. Os valores preditivos positivo e negativo de 94% e 96%, respectivamente foram superiores aos da dPS, POAP e PAD quando comparadas as áreas sob a curva ROC (Figura 3). A redução da dPP após expansão volêmica se correlacionou linearmente com o aumento do IC (r2 = 0,85 p < 0,001)40. RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo de REVISÃO Sensibilidade % Figura 3 – Curva ROC comparando dPP, dPS, PAD e POAP como Preditores de Resposta à Infusão de Fluídos (aumento do IC maior que 15%). A área sob a curva da dPP foi maior que as demais (p < 0,01). Adaptado de Michard e col.40. mmol/kg) numa veia central ou periférica para gerar a curva de concentração de lítio em relação ao tempo registrada por um eletrodo acoplado ao cateter arterial sensível exclusivamente ao lítio. A curva gerada permite o cálculo do DC e a calibração do sistema. Ambas as técnicas fornecem o VS a cada batimento e sua variação durante o ciclo respiratório em pressão positiva pode ser acompanhada e calculada conforme a fórmula descrita, semelhante à que define a dPP: VVS(%) = 100 - Especificidade % dPP: variação de pressão de pulso, dPS: variação de pressão sistólica, PAD: pressão de átrio direito, POAP: pressão de oclusão de artéria pulmonar Estudos recentes avaliaram a performance da dPP em situações diversas como hiper e hipovolemia em cães43, pacientes sépticos39,40 e cirúrgicos42,45 antes e depois da toracotomia46,47. Os resultados apontaram a dPP como um índice confiável de avaliação de volemia, preditor de resposta à expansão volêmica, com forte correlação com o aumento do IC, VS e índice de volume diastólico final global e superior a dPS por não sofrer influência da pressão pleural. A facilidade de se obter a medida através de um cateter em artéria radial ou femoral, torna promissor o uso da dPP para avaliação do estado volêmico em pacientes sedados, sob ventilação mecânica, comumente encontrados em centros cirúrgicos e UTI. Variação do Volume Sistólico (VVS) Recentemente, foram desenvolvidas técnicas pouco invasivas para monitorização do VS e do DC através da análise do contorno do pulso arterial. Existem dois sistemas atualmente no mercado. O sistema “PiCCO” (Pulse Contour Continuous Cardiac Output) analisa a área abaixo da curva de pressão arterial sistêmica para calcular o VS. Para sua utilização, é necessário calibrar o sistema determinando-se o DC por termodiluição. Administra-se solução glicosada ou fisiológica em cateter venoso central e a curva de termodiluição será registrada por um termistor localizado no cateter na artéria femoral ou axilar para determinação do DC. Após a calibração, o sistema calcula o VS a cada batimento integrando a área sob a curva da pressão arterial sistêmica. O sistema “LiDCO” (Lithium Dilution Cardiac Output) analisa a onda da pressão arterial sistêmica e a transforma em medida de volume para chegar ao VS. A sua calibração é feita injetando-se uma solução de cloreto de lítio (0,002-0,004 Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 VS máximo – VS mínimo (VS máximo + VS mínimo) / 2 A VVS também tem se mostrado um bom preditor da resposta à expansão volêmica em estudos experimentais em cães43, em pacientes sépticos sob ventilação mecânica48, durante cirurgia cardíaca19,49, inclusive com tórax aberto e neurocirurgia46,47,50. A VVS altera-se tanto com a hipovolemia como com a hipervolemia, sendo um indicador confiável do estado volêmico43. Há forte correlação com o índice de volume diastólico final global avaliado por ETE e com o aumento do IC induzido pela expansão volêmica, com performance semelhante à da dPP. Num trabalho realizado em pacientes submetidos à neurocirurgia eletiva, o valor de VVS de 9,5% foi capaz de definir um aumento de pelo menos 5% do VS com sensibilidade de 79% e especificidade de 93%50. Tanto o sistema PiCCO como o LiDCO fornecem em suas telas a dPP, a dPS e a VVS de maneira automática. Apesar dos valores de DC dos dois sistemas já terem sido comparados com o DC por termodiluição e validados em pacientes, as variáveis dinâmicas automáticas fornecidas pelo monitor não foram comparadas com o cálculo manual. De qualquer maneira, ambos os sistemas facilitarão o uso da VVS, da dPP e dPS à beira do leito. Variação do Pico de Fluxo Sangüíneo Aórtico (VFAo) O fluxo sangüíneo aórtico é diretamente proporcional ao VS do VE e, em pacientes dependentes de pré-carga, seu valor varia com o aumento da pressão pleural provocada pela VM assim como a PAS, o VS e a pressão de pulso. Feissel e col.51, em 2001, demonstraram em 19 pacientes sépticos que a VFAo basal avaliada pela ETE era maior em respondedores à infusão de 8 mL/kg de hidroxietilamida e definiram que 12% de variação da VFAo indicava aumento de pelo menos 15% do IC com valor preditivo positivo de 91% e negativo de 100%51. Slama e col.52, avaliaram a VFAo com Doppler transesofágico, a dPS e a dPP em coelhos submetidos à sangria e retransfusão. Houve correlação entre o volume de sangue retirado e as três variáveis estudadas. No entanto, a VFAo obteve a melhor correlação; 19% ou mais de variação determinou a perda de no mínimo 10% de volemia com 100% de sensibilidade. Mais recentemente, Monnet e col.24 identificaram o valor de 18% de VFAo em pacientes críticos como preditor do aumento de 15% do fluxo aórtico, que é proporcional ao volume sistólico, com sensibilidade de 90% e especificidade de 94%. Além dos poucos estudos utilizando a VFAo, a técnica que utiliza o Doppler transesofágico para sua avaliação pre- 297 RBTI / Artigo de REVISÃO cisa ser bem estabelecida para que mais esta medida venha a servir para monitorização à beira do leito. Variação do Diâmetro da Veia Cava Superior (VCS) Vieillard-Baron e col.53 observaram que um enchimento insuficiente da VCS gera uma tendência ao colapso durante a inspiração em VM com grande variação do diâmetro do vaso a ETE durante o ciclo respiratório em pressão positiva. Sendo assim, o colapso da VCS indicaria hipovolemia relativa à situação de aumento da pressão pleural. Para testar essa hipótese, os autores reavaliaram a variação do diâmetro da VCS após a rápida infusão de fluidos, constatando diminuição significativa da variação. Recentemente, o valor de 36% de colapsibilidade da VCS (diferença entre o maior e o menor diâmetro dividida pelo maior diâmetro) foi proposto como preditivo de aumento de pelo menos 10% do IC após expansão volêmica com sensibilidade de 90% e especificidade de 100%54. Para ser futuramente incorporada à rotina dos serviços que dispõem de ETE, a técnica de avaliação do diâmetro da VCS precisa ser realizada de maneira criteriosa por pessoas treinadas, pois é comum o deslocamento do vaso para a direita durante o ciclo respiratório, o que pode simular colapso55. Variação do Diâmetro da Veia Cava Inferior (VCI) Em 2004, dois estudos clínicos avaliaram a variação do diâmetro da VCI através do ecocardiograma subcostal. O diâmetro da VCI é determinado por sua pressão transmural que depende da PAD e da pressão intra-abdominal56. O aumento da pressão pleural durante a VM eleva a PAD e a pressão da VCI. A pressão transmural da VCI aumenta durante a inspiração e o vaso tende a dilatar. Feissel e col.57, concluíram que uma variação de diâmetro da VCI acima de 12% identifica pacientes que terão aumento de pelo menos 15% do DC após 8 mL/kg de hidroxietilamida com valores preditivos acima de 90%, enquanto Barbier e col.58, determinaram um ponto de corte de 18% com sensibilidade e especificidade de 90%. A facilidade da técnica dá-se pelo uso de ETT, porém necessita de operador treinado para realizar as medidas no modo M. Sua utilização estaria limitada nos casos de aumento da pressão intra-abdominal, em presença de disfunção ventricular direita e de hipertensão pulmonar grave. Variação do Período Pré-Ejeção (PEP) O período pré-ejeção (PEP) corresponde ao tempo entre o início da despolarização e ejeção ventricular no eletrocardiograma. É um intervalo de tempo sistólico que permite avaliar a função ventricular. Apesar do PEP depender da contratilidade cardíaca e discretamente da pós-carga, seu valor sempre diminui quando há aumento de pré-carga. Recentemente, observou-se que, durante a VM, os valores do PEP variavam durante a inspiração e a expiração assim como a curva da PAS59. Por analogia ao conceito de VVS e dPS induzida pela VM, Bendjelid e col.45 estudaram a variação do PEP como predi- 298 tor de resposta à expansão volêmica comparando-o com a dPP, dPS e dDown em 16 pacientes após cirurgia cardíaca, ventilados com PEEP zero e, após 30 minutos, com PEEP de 10 cmH2O. A PAD e a POAP não tiveram valor preditivo. Todas as medidas dinâmicas estudadas se correlacionaram com a queda do IC provocada pela PEEP de 10 cmH2O e com o aumento do VS após a infusão de 500 mL de solução fisiológica. Os autores concluíram que a variação do PEP foi um bom preditor da resposta hemodinâmica a PEEP e um preditor confiável do aumento do IC em resposta à infusão de fluidos em pacientes com função ventricular preservada. Limitações e Perspectivas As medidas dinâmicas preditoras da resposta à infusão de fluidos têm se mostrado confiáveis, acuradas e definitivamente superiores às clássicas pressões de enchimento cardíaco obtidas de forma estática. No entanto, a grande maioria dos estudos foi realizada em animais ou pacientes sedados, algumas vezes curarizados, sem movimentos respiratórios espontâneos, sem disritmia cardíaca ou disfunção ventricular. Portanto, seu real valor para uso nas condições do dia-a-dia ainda depende de validação. Primeiramente, ainda não há padronização de valor de corte das diferentes variáveis descritas. Como cada estudo define de maneira diferente o que seria resposta à infusão de fluidos (aumento de 10 a 20% do IC), o valor de corte para cada variável é difícil de ser definido. Como exemplo, Michard e col.39 encontraram valor de corte de 13% para dPP, enquanto Kramer e col.42 definiram 11%; Feissel e col.57 definiram 12% de variação do diâmetro da VCI, enquanto Barbier e col.58 definiram 18% de distensibilidade da VCI como preditivos de resposta positiva à infusão de fluidos. Não há estudos validando esses valores com maior número de pacientes em diferentes condições clínicas. Em segundo lugar, não existe padronização de como executar as medidas: parâmetros ventilatórios, necessidade de desconexão do ventilador ou tempo de pausa expiratória. A maioria dos estudos utiliza sedação profunda para impedir ciclos respiratórios assistidos ou espontâneos, modo controlado a volume, com PEEP de 5cmH2O ou zero (ZEEP) e volume corrente de 8 a 10 mL/kg. Para mensurar a dDown, é preciso ter um valor basal de referência, geralmente obtido através de pausa expiratória de 6 a 30 segundos ou da desconexão do ventilador. Morelot-Panzini e col.60 compararam medidas da dPP com e sem pausa expiratória do VM. As medidas se correlacionaram fortemente e os autores afirmam que a dPP dinâmica (sem pausa expiratória) pode ser utilizada pelos clínicos para decisão quanto à infusão de fluidos. A única variável estudada foi a dPP, e, portanto, os resultados aplicam-se somente a essa variável. Schwid e Rooke61 compararam a dDown, dUp e dPS aferidas durante apnéia com método automatizado onde o monitor identificava o final da expiração para estabelecer a PAS basal. Houve uma diferença entre os dois métodos de 0,2 mmHg tanto para a dDown com para a dUp, que foi considerada clinicamente insignificante, permitindo concluir boa concordância entre a dPS automática e a obtida durante apnéia. Apenas um estudo incluiu pacientes com disfunção ventricular. Num grupo de 12 pacientes com fração de ejeção RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / Artigo de REVISÃO ventricular inferior a 35%, a VVS se correlacionou com o aumento do índice sistólico após infusão de hidroxietilamida com melhor resultado que a POAP e ADFVE62. Quanto ao volume corrente (VC), Reuter e col.63 estudaram o efeito de diferentes VCs na VVS e dPP em 20 pacientes antes de serem submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica. Aumentando-se o VC de 5 mL/kg para 10 e 15 mL/kg, houve aumento progressivo dos valores da VVS e da dPP com diminuição após a infusão de hidroxietilamida a 6% até aumento de pelo menos 10% do índice de VS. Mesmo após expansão volêmica, os valores de VVS e dPP foram maiores com VC de 10 e 15 mL/kg, permitindo concluir que o VC influencia os seus valores, devendo-se ter cuidado ao utilizar essas variáveis em pacientes ventilados com altos volumes correntes. Recentemente, De Backer e col.64 estudaram a influência do VC na medida da dPP. Os 60 pacientes estudados foram divididos em dois grupos: baixo VC (menor que 8 mL/ kg) e alto VC (pelo menos 8 mL/kg). Os valores de corte da dPP de acordo com a área sob a curva ROC para cada grupo foram de 8% e 12%, respectivamente (Figura 4). A sensibilidade e especificidade foram inferiores no grupo de menor VC, 66% versus 88% e 65% versus 89%, respectivamente. Os autores concluíram que há limitação do valor preditivo da dPP em pacientes ventilados com baixo VC. Figura 4 – Curva ROC Comparando a dPP em Pacientes Ventilados com Volume Corrente de pelo menos 8 mL/kg com aqueles Ventilados com Volume Corrente Inferior a 8 mL/kg. APP 12.8% ∆PP 8% Sensibilidade TV > 8 mL/kg TV < 8 mL/kg 1 - Especificidade ∆PP: variação de pressão de pulso, TV: volume corrente, Linha cheia: volume corrente de pelo menos 8 mL/kg, Linha pontilhada: volume corrente menor que 8 mL/kg. Adaptado de De Backer e col.64 Michard e col.39 avaliaram a dPP em 14 pacientes com lesão pulmonar aguda em ZEEP e PEEP 10 cmH2O. O aumento da PEEP provocou, em média, aumento da dPP de 9% para 16%. Os seis pacientes que apresentaram diminuição de mais de 10% do IC durante PPEEP 10 cmH2O receberam 500 mL de hidroxietilamida com redução da dPP de 21% para 14% em média. Apesar dos autores concluírem que a dPP pode ajudar a predizer o efeito da expansão volêmica Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 em pacientes ventilados com PEEP, a média do valor após expansão volêmica (14%) foi maior que a média do valor durante a VM sem PEEP (9%). Bendjelid e col.45 estudaram a dPS, dDown e dPP em 16 pacientes com ZEEP e 10 cmH2O. Houve correlação entre as três variáveis e as alterações do IC causadas pela PEEP e com o aumento do VS após infusão de solução fisiológica; sendo que a variável que obteve mais forte correlação foi a dPP (r2 0,83 e p = 0,001). Ainda ponderando sobre as limitações das medidas dinâmicas, Jardin65 chama atenção que, em presença de disfunção ventricular direita, uma alta dPP pode não predizer uma resposta positiva à infusão de fluidos. A disfunção do VD é relativamente comum em pacientes críticos devido à depressão miocárdica causada pela sepse ou a cor pulmonale agudo por aumento da resistência vascular pulmonar associado ao aumento da pressão pleural durante a ventilação mecânica66. Nessas circunstâncias, a expansão volêmica não seria capaz de aumentar a pré-carga do VE e seu VS. Em um estudo com 66 pacientes sob VM, houve sete falsos positivos para a dPP. Três apresentaram cor pulmonale agudo e, em quatro casos, ocorreu aumento predominante da dPP durante a inspiração quando comparada à diminuição durante a expiração54. Este fenômeno é causado por aumento da dUp e indica hipervolemia67, e, portanto, não prediz resposta à infusão de fluidos. Ainda existem outros possíveis fatores interferentes na avaliação das medidas dinâmicas: a ocorrência de ciclos espontâneos ou esforço para disparo do ventilador, autoPEEP, presença de disritmias cardíacas, de esforço expiratório em pacientes com obstrução ao fluxo aéreo e de aumento da pressão intra-abdominal. Essas situações não são incomuns na prática clínica e ainda não foram estudadas adequadamente29. Rooke e col.38 não conseguiram determinar com precisão a dDown em pacientes em ventilação espontânea, submetidos à retirada de 1000 mL de sangue, para hemodiluição prévia à cirurgia eletiva e a dPS por vezes variou na direção oposta à esperada. Esse resultado sugere a aplicabilidade das medidas dinâmicas apenas em pacientes sedados e curarizados incapazes de disparar ciclos respiratórios. Finalmente, as medidas dinâmicas são capazes de identificar os pacientes que responderão a fluidos, mas isto não significa que esses devam receber fluidos. É necessário lembrar que mesmo diante de novas ferramentas de monitorização, o tratamento dos pacientes deve ser guiado por consensos de manuseio à luz das evidências. Apesar de existirem estados de hipoperfusão ocultos, não se sabe o benefício do aumento do débito cardíaco em pacientes sem evidência de hipoperfusão. Assim, é importante a avaliação da perfusão tecidual diante do contexto completo de cada paciente antes da decisão terapêutica. As medidas dinâmicas têm maior valor preditivo que as clássicas pressões de enchimento cardíaco (PVC e POAP) para resposta à expansão volêmica em pacientes sedados sob VM. O desenvolvimento de equipamentos capazes de automatizar as aferições, o surgimento de novos estudos de padronização das técnicas para aquisição dessas variáveis e o entendimento do real benefício do aumento do débito cardíaco nos diferentes estados de choque ajudarão a incorporação das variáveis dinâmicas na prática clínica diária. 299 RBTI / Artigo de REVISÃO ABREVIATURAS ADFVE – área diastólica final do ventrículo esquerdo DC – débito cardíaco DDown – variação inferior da pressão arterial sistólica DPP – variação da pressão de pulso DPS – variação da pressão sistólica DUp – variação superior da pressão arterial sistólica ETE – ecocardiografia transesofágica ETT – ecocardiografia transtorácica IC – índice cardíaco LPA – lesão pulmonar aguda PAD – pressão de átrio direito PAS – pressão arterial sistólica PAE – pressão média de átrio esquerdo PEEP – pressão positiva ao final da expiração PEP – período pré-ejeção POAP – pressão de oclusão da artéria pulmonar PVC – pressão venosa central SARA – síndrome da angústia respiratória aguda TFc – tempo de fluxo sistólico aórtico corrigido para a freqüência cardíaca UTI – unidade de terapia intensiva VC – volume corrente VCI – veia cava inferior VCS – veia cava superior VD – ventrículo direito VDFVD – volume diastólico final do ventrículo direito VDFVE – volume diastólico final do ventrículo esquerdo VE – ventrículo esquerdo VFAo – variação de fluxo aórtico VM – ventilação mecânica VS – volume sistólico VVS – variação de volume sistólico RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A infusão de fluidos é o principal tratamento do choque circulatório visando a sua reversão e a garantia de perfusão tecidual adequada. Entretanto, a expansão volêmica pode ter efeitos adversos, principalmente em pacientes com insuficiência respiratória aguda. Além disso, o uso de ventilação mecânica com pressão positiva pode dificultar a avaliação da volemia nesses pacientes. Os objetivos deste estudo foram apresentação das variáveis hemodinâmicas estáticas (p. ex.: PVC, POAP, VDFVD) e dinâmicas (p. ex.: dPP, dPS, dDown/Up) para a avaliação da pré-carga ventricular. CONTEÚDO: Análise crítica das vantagens, limitações, perspectivas de uso na prática clínica e do valor preditivo do aumento do débito cardíaco em resposta à infusão de fluidos das variáveis hemodinâmicas estáticas e dinâmicas em pacientes críticos submetidos à ventilação mecânica. CONCLUSÕES: As variáveis dinâmicas têm maior valor preditivo para o aumento do débito cardíaco após a infusão de fluidos em pacientes submetidos à ventilação com pressão positiva quando comparadas com as variáveis estáticas de avaliação da pré-carga ventricular classicamente utilizadas até o momento. Estudos adicionais são necessários para a melhor padronização e automação das técnicas de aquisição das variáveis dinâmicas, assim como para uma melhor inter- 300 pretação de suas relevâncias fisiológicas e clínicas. É necessário entender o real benefício do aumento do débito cardíaco nos diferentes quadros de choque e assim justificar a incorporação dessas novas técnicas na prática clínica. Unitermos: débito cardíaco, hemodinâmica, monitorização, terapia intensiva, ventilação mecânica. REFERÊNCIAS 01. Cheatham ML, Block EFJ, Nelson LD - Shock: an Overview, em: Irwin RS, Cerra FB, Rippe JM - Intensive Care Medicine. 4th Ed, Philadelphia: Lippincott, Raven, 1999;1967-1979. 02. 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Intensive Care Med, 2004;30:1047-1050. 301 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO O Uso de BiPAP no Edema Agudo de Pulmão de Origem Cardiogênica* Noninvasive Ventilation in Cardiogenic Pulmonary Edema Alfredo Nicodemos Cruz Santana1, Carlos Roberto Ribeiro Carvalho2. SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: The use of CPAP in cardiogenic pulmonary edema (CPE) has already been established in the literature. However, noninvasive ventilation with two pressure levels (BiPAP) has recently been used in this clinical condition. The trials of BiPAP in CPE presented results not consistent and even conflictant, from elevated rate of myocardial ischemia to reduced mortality. So, it is important to analyze these trials with their limitation and what implied in the treatment of patients with CPE. CONTENTS: This review was based on a search in MedLine using the key words pulmonary edema and cardiogenic and randomized trial and (noninvasive ventilation or bilevel positive airway pressure), selecting original articles published from 1966 to 2005, in the English literature. Consequently, six articles were selected. The analysis of these works showed that BiPAP probably did not elevate the rate of myocardial ischemia, and reduced the need of intubation (especially in hypercapnic patients). CONCLUSIONS: BiPAP can be applied in CPE, especially in hypercapnic patients. However, it is necessary a larger study to define if CPAP or BiPAP is better to reduce mortality in this clinical condition. Key Words: bilevel positive airway pressure, cardiogenic, noninvasive ventilation, pulmonary edema, randomized trial O edema agudo de pulmão de origem cardiogênica (EAP) representa uma importante causa de insuficiência respiratória aguda (IRpA) no ambiente do pronto-socorro1. Até hoje, o uso de oxigênio administrado por cateter ou máscara é a terapia padrão preconizada pela American Heart Association no tratamento dessa afecção2. Entretanto, desde 1936, tem-se a descrição do uso de suporte ventilatório não-invasivo nessa situação clínica3. Essa forma de suporte entra nesse cenário com o intuito de melhorar o conforto do paciente e de reduzir as taxas de intubação traqueal e de mortalidade4. Embora não seja por si uma forma de assistência ventilatória mecânica, o CPAP melhora a capacidade residual funcional, diminui as atelectasias e o shunt pulmonar, aumenta a complacência do sistema respiratório e o débito cardíaco dos pacientes com EAP5. O efeito sobre o coração ocorre pela redução na pós-carga ventricular e na pressão transmural no ventrículo esquerdo6,7. Embora com todos esses benefícios, uma revisão sistemática concluiu que um potencial efeito adverso do uso de CPAP nessa situação clínica ainda não pode ser excluída8. Nos últimos anos, foram publicados cinco estudos aleatórios de CPAP versus oxigênio no tratamento do EAP9-13. O grupo CPAP apresentou uma significativa diferença na taxa de intubação orotraqueal em comparação ao oxigênio isolado; assim, a intubação foi evitada em 60% 100% versus 35% a 70% dos pacientes, respectivamente. Também se chegou até a diminuir a mortalidade em 48 horas (7% no grupo CPAP versus 24% no grupo Oxigênio) no trabalho que avaliou idosos com EAP13. O racional para o uso de BiPAP no EAP baseia-se em fundamentos fisiológicos, isso é respaldado pelos dados de o BiPAP apresentar os mesmos benefícios do CPAP (melhora da capacidade residual funcional, diminuição das atelectasias e do shunt pulmonar, aumento da complacência do sistema respiratório e do débito cardíaco em pacientes com EAP), bem como diminuir ainda mais o trabalho respiratório quando comparado ao CPAP (pela existência de pressão de suporte durante a fase inspiratória do ciclo). Apesar disso, os estudos utilizando BiPAP no tratamento do EAP são escassos e não trazem resultados consistentes. Eles variam desde maior taxa de isquemia miocárdica até uma redução da necessidade de intubação14-19. Portanto, faz-se necessário avaliar estes trabalhos, bem como suas possíveis limitações e implicações no manuseio de pacientes com EAP. Dessa forma, foi feito um levantamento dos trabalhos publicados em língua inglesa entre 1966 e 2005, através da MedLine, utilizando-se as palavras-chave: pulmonary edema e cardiogenic e randomized trial e (noninvasive ventilation or bilevel positive airway pressure). Obteve-se um total de seis trabalhos com os requisitos descritos, que serão avaliados a seguir. Mehta e col. (Crit Care Med, 1997)18 Este foi o primeiro trabalho aleatório e controlado que avaliou o uso de BiPAP versus CPAP no tratamento do EAP18. Devido aos resultados iniciais, esse trabalho mostrou uma série de questionamentos. Os critérios de inclusão foram historia, exame físico e radiografia de tórax compatíveis com EAP, freqüência respiratória acima de 30 irpm, sem história de infecção ou aspiração pulmonar. Já os critérios de exclusão foram necessidade de intubação, parada respiratória ou cardíaca, disritmias cardíacas graves ou hipotensão arterial. O 1. Médico Preceptor da Disciplina de Pneumologia da FMUSP 2. Professor Associado / Livre Docente, Chefe da UTI Respiratória, Disciplina de Pneumologia da FMUSP *Recebido da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP Apresentado em 24 de agosto de 2005 – Aceito para publicação em 16 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Dr. Alfredo Nicodemos Cruz Santa – Rua Oscar Freire, 2121/602 – Pinheiros – 05409-011, São Paulo, SP – E-mail: [email protected] 302 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO grupo BiPAP usou o aparelho BiPAP S/T (Respironics, Murrysville, PA) com EPAP de 5 cmH2O e delta de suporte de 10 cmH2O. Já no grupo CPAP, usou-se o valor de 10 cmH2O. Em ambos os grupos, foram utilizados máscara nasal. Havia ainda um grupo histórico tratado com oxigênio, que serviria como controle. O erro alfa era de 0,05 e o poder estatístico inicial de 80%. Entretanto, o estudo foi interrompido precocemente numa análise interina devido a excesso de infarto agudo do miocárdio (IAM) no grupo BiPAP. Assim, 14 e 13 pacientes receberam BiPAP e CPAP, respectivamente. O resultado mostrou taxa de intubação de 7%, 8% e 33% nos grupos BiPAP, CPAP e Oxigênio, respectivamente (p = 0,07). Dessa forma, provavelmente a taxa de intubação nos grupos BiPAP e CPAP seria significativamente menor (com poder estatístico) em comparação ao grupo Oxigênio, se o estudo não tivesse sido interrompido precocemente. Já a taxa de IAM foi de 38% no grupo Oxigênio, 31% no CPAP e significativamente mais alto no BiPAP, 71% (p = 0,05). Entretanto, na sua classificação, 10 pacientes no grupo BiPAP e quatro no CPAP apresentavam dor torácica ou dor referida na mandíbula, sugestiva de isquemia miocárdica (p = 0,06). Outro resultado observado foi a ausência de diferença significativa entre os grupos quanto à taxa de mortalidade e tempo de internação. Entretanto, os autores concluíram que muitos desses resultados podem não ter apresentado estatística significativa porque o estudo foi interrompido precocemente. Apesar disso, nenhuma tendência de diferença foi detectada entre o CPAP e o BiPAP, sugerindo que a eficácia clínica entre eles seria similar. Quanto à maior taxa de IAM, isso poderia ter ocorrido pela diferença inicial entre os grupos no momento da classificação, ou pelo efeito direto do BiPAP, não se chegando a uma conclusão definitiva. Estudo de Masip e col. (Lancet, 2000)15 Neste trabalho aleatório e controlado, comparou-se o benefício do BiPAP versus Oxigênio convencional no tratamento do EAP15. Os critérios de inclusão foram historia clinica, exame físico e radiografia de tórax compatíveis com EAP. Já os critérios de exclusão foram PAS < 90 mmHg, insuficiência renal crônica, qualquer alteração neurológica, IAM com indicação de trombólise, pneumonia associada e necessidade de intubação. O BiPAP (em 19 pacientes) foi realizado com um ventilador Puritan Bennnett 7200 através de máscara facial com EPAP de 5 cmH2O e delta de suporte que proporcionasse um volume corrente de 400 mL. Enquanto o Oxigênio (em 18 pacientes) foi administrado com a máscara de Venturi. O nível significativo foi definido como 0,05, com poder estatístico de 80%. O resultado obtido foi uma taxa de intubação de 5% e 33% nos grupos BiPAP e Oxigênio, respectivamente (p = 0,037). Analisando os pacientes com hipercapnia, quatro em nove foram intubados no grupo Oxigênio, enquanto nenhum em sete no grupo BiPAP (p = 0,08), não atingindo significado estatístico, provavelmente, pelo pequeno número de pacientes hipercápnicos. Já o tempo médio de resolução do EAP foi de 30 e 105 minutos nos grupos com ventilação não-invasiva e Oxigênio, respectivamente (p = 0,002). Quanto aos outros dados, não houve diferença significativa no número total de IAM, na taxa de mortalidade e no tempo de internação hospitalar entre os grupos. O dado adicional de regressão logísVolume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 tica mostrou ser o BiPAP mais eficiente nos pacientes com hipercapnia, com radiografias de tórax com mais alterações de EAP e com classe funcional prévia de ICC mais grave. Assim, os autores concluíram que o BiPAP pode ser usado no manuseio de EAP, principalmente nos pacientes com hipercapnia e com classe funcional de ICC mais grave. Este trabalho ainda sugere que os pacientes que não estejam evoluindo bem com 30 minutos de tratamento com oxigênio devem receber ventilação não-invasiva para facilitar o controle e resolução do EAP. Levitt (J Emerg Med, 2001)16 Este trabalho, aleatório e controlado, comparou o benefício do BiPAP versus Oxigênio convencional no tratamento do EAP16. Os critérios de inclusão foram história e exame físico compatíveis com EAP associado à freqüência respiratória superior a 30 irpm. O único critério de exclusão mencionado foi necessidade de intubação. Vinte e um pacientes foram para a VNI e 17 para o tratamento convencional. O BiPAP foi realizado com máscara facial ou nasal com EPAP de 3 cmH2O e delta de suporte 5 cmH2O; enquanto o Oxigênio foi ofertado por máscara. O nível significativa escolhido foi de 0,05, com poder estatístico de 80%. Porém, este estudo foi interrompido quando foi publicado o trabalho de 1997 18 que apontou um número maior de casos de infarto do miocárdio nos pacientes tratados com essa modalidade ventilatória. As taxas de intubação foram de 23,8% e 41,2% nos grupos BiPAP e Oxigênio respectivamente, porém não houve diferença estatística significativa, provavelmente pelo pequeno numero de pacientes. Também não houve diferença de tempo de internação hospitalar, nem de IAM entre os grupos. A importância desse trabalho residiu no fato de mostrar que a taxa de IAM não foi maior no grupo BiPAP. Isso abria perspectivas da necessidade de novos estudos comparando as modalidades de suporte ventilatório não-invasivo. Além disso, mostrou uma tendência de redução da taxa de intubação no grupo tratado com BiPAP. Nava e col. (Am J Respir Crit Care Med, 2003)17 Este trabalho multicêntrico europeu, também aleatório e controlado, avaliou o uso de BiPAP em relação ao Oxigênio no tratamento do EAP17. Foram selecionados 130 pacientes, em cinco centros hospitalares. O ajuste inicial do BiPAP foi com EPAP de 5 cmH2O e delta de suporte de 5 cmH2O, com FIO2 adequada para manter a saturação da hemoglobina acima de 90%. O grupo Oxigênio recebeu oxigênio na quantidade adequada para manter saturação > 90%. O valor de p escolhido foi de 0,05, com poder estatístico de 90%. A inclusão dos pacientes nos grupos BiPAP e Oxigênio também foram baseados na PCO2 inicial, para posterior avaliação do subgrupo de pacientes hipercápnicos. Como resultado, não houve diferença na taxa de intubação entre os grupos BiPAP e Oxigênio (20% versus 25%, p = 0,530). Entretanto, ao se considerar apenas o subgrupo com PCO2 inicial > 45 mmHg, as taxas de intubação foram de 6% e 29% (p = 0,015) nos grupos BiPAP e Oxigênio, respectivamente. O tempo total de internação hospitalar, o número de IAM e de efeitos adversos foram similares nos dois grupos, 303 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO porém os pacientes em uso de suporte ventilatório não-invasivo apresentaram rápida melhora da relação PO2/FIO2, das freqüências respiratória e cardíaca e do escore de dispnéia. Assim, os autores concluíram que o BiPAP pode ser usado no manuseio dos EAP, principalmente nos pacientes com hipercapnia. Entretanto, sugerem um estudo para comparar diretamente o benefício do BiPAP versus CPAP em comparação com o Oxigênio em pacientes com EAP. Crane e col. (Emerg Med J, 2004)19 Neste trabalho aleatório e controlado, avaliou-se comparativamente o beneficio do tratamento com BiPAP, CPAP e Oxigênio nos pacientes com EAP19. Os critérios de inclusão foram freqüência respiratória superior a 23 irpm, radiografia de tórax compatível com edema pulmonar e pH < 7,35 e os de exclusão foram PAS < 90 mmHg, T > 38 ºC, necessidade de trombólise para IAM, de diálise para insuficiência renal, ou alteração do estado de consciência. Dessa forma, havia 20 pacientes em cada grupo de estudo. O grupo BiPAP usou o aparelho VPAP II ventilador (ResMed, Abingdon, UK) com máscara facial total e ajuste de EPAP de 5 cmH2O e delta de suporte de 10 cmH2O. No grupo CPAP usou-se pressão positiva de 10 cmH2O. No grupo Oxigênio, utilizou-se máscara de oxigênio com fluxo suficiente para manter saturação da hemoglobina acima de 90%. O desfecho primário era “resolução” do EAP nas duas primeiras horas de tratamento no pronto-socorro; já o secundário era taxa de intubação e de sobrevida. A análise estatística foi feita com p = 0,05. O resultado foi “resolução” do EAP em três de 20 pacientes no grupo Oxigênio, 7 de 20 no grupo CPAP e 9 de 20 no grupo BiPAP, porém, não atingiu diferença significativa (p = 0,116), provavelmente pelo número reduzido de pacientes. Também não houve diferença na taxa de intubação e de IAM entre os grupos. Em relação à sobrevida no momento de alta hospitalar, esta foi maior no grupo CPAP (100%) e menor nos grupos Oxigênio (70%) e BiPAP (75%), com diferença estatística (p = 0,029). Os autores concluíram que o uso de CPAP aumenta a sobrevida dos pacientes com EAP. Porém, este dado fica difícil de ser explicado diante da informação de que é o grupo BiPAP que apresenta a melhor taxa de “resolução” do EAP nas primeiras duas horas de tratamento no pronto-socorro. Park e col. (Crit Care Med, 2004)14 Este estudo prospectivo, aleatório e controlado avaliou comparativamente a evolução dos pacientes com EAP tratados com BiPAP, CPAP e Oxigênio14. Os critérios de inclusão foram história e exame físico compatíveis com EAP, freqüência respiratória acima de 25 irpm e radiografia de tórax condizente com edema pulmonar e os de exclusão foram alteração do estado de consciência, vômito incoercível, IAM com supradesnivelamento de ST, PAS < 90 mmHg ou outra pneumopatia descompensada. Foram avaliados 27, 27 e 26 pacientes em cada grupo, respectivamente. O grupo BiPAP usou o aparelho BiPAP Vision system (Respironics, PA, USA) com EPAP de 10 cmH2O e delta de suporte de 5 cmH2O. Este mesmo aparelho foi usado no grupo CPAP, utilizando o valor de 10 cmH2O. No grupo Oxigênio, utilizou-se máscara de Ven- 304 turi de 50% de concentração de O2 no ar inspirado. O desfecho primário foi a taxa de intubação. A análise estatística foi feita com p = 0,05 e poder estatístico de 85%. A mortalidade entre 15 e 60 dias foi considerada como desfecho secundário. As taxas de intubação foram de 7%, 7% e 42% nos grupos BiPAP, CPAP e Oxigênio (p = 0,001). Houve poucos pacientes com hipercapnia neste estudo, e não houve diferença estatística entre a taxas de intubação nos três grupos em pacientes hipercápnicos. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo, a taxa de IAM e o tempo de internação hospitalar foi similar entre os grupos. Entretanto, a mortalidade em 15 dias foi menor nos grupos BiPAP e CPAP em comparação com o Oxigênio (p = 0,006). A mortalidade hospitalar mostrou uma tendência de diminuição nos grupos com ventilação não-invasiva em comparação ao Oxigênio (p = 0,061). Os autores concluem que o BiPAP e CPAP são efetivos no tratamento do EAP, chegando a diminuir a mortalidade em 15 dias. O trabalho ainda discute que, se houver diferença entre estas duas modalidades de ventilação não-invasiva para esta situação clinica, ela provavelmente apresentará pouca significância. Além disso, os autores discutem que quando o BiPAP for utilizado para EAP, o EPAP deve ser ajustado em 10 cmH2O, pois é esse o valor que traz beneficio nos estudos prévios de CPAP e no presente trabalho. Talvez por isso, trabalhos prévios de BiPAP não trouxeram resultado positivo no EAP, uma vez que usaram EPAP 3-5 cmH2O. Conclusão O uso de BiPAP parece não aumentar a taxa de IAM ou de outros efeitos adversos durante o tratamento do EAP. Quanto aos benefícios, o BiPAP mostrou-se útil no manuseio do EAP, parecendo ser tão eficaz quanto o CPAP; especialmente quando se usa EPAP de 10 cmH2O (Tabelas 1 e 2). Porém, no subgrupo de pacientes com EAP que apresenta hipercapnia, o BiPAP surge, provavelmente, como a melhor Tabela 1 – Taxa de Intubação em EAP nos grupos BiPAP, CPAP e Oxigênio em Diferentes Trabalhos Aleatórios e Controlados. Mehta e col.18 Masip e col.15 Hipercapnia Levitt16 Nava e col.17 PCO2 > 45 mmHg Crane e col.19 Park e col.14 BiPAP 7% 5% 0% 23,8% 20% 6% 5% 7% CPAP 8% 5% 7% Oxigênio 33% 33% 44,4% 41,2% 25% 29% 42% Valor de p 0,07 0,037 0,08 NS 0,530 0,015 NS 0,001 NS: sem diferença estatística (porém o trabalho não forneceu o valor do p). Tabela 2 – Ajustes do BiPAP e CPAP nos Diferentes Trabalhos Aleatórios. Mehta e col.18 Masip e col.15 Levitt16 Nava e col.17 Crane e col.19 Park e col.14 BiPAP EPAP:5 Suporte:10 EPAP:5 Suporte:10 EPAP:3 Suporte:5 EPAP:5 Suporte:5 EPAP:3 Suporte:10 EPAP:10 Suporte:5 CPAP 10 10 10 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO estratégia de suporte ventilatório. Entretanto, ainda se faz necessário um estudo com grande número de pacientes para dirimir certas dúvidas, tais como: se o uso do suporte ventilatório não-invasivo (CPAP ou BiPAP) pode realmente reduzir a mortalidade no EAP e se há maior redução de mortalidade no grupo CPAP em relação ao BiPAP (como sugerido no trabalho de Crane e col.). RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O uso de CPAP no tratamento do edema agudo de pulmão de origem cardiogênica (EAP) já está estabelecido. Porém, só recentemente, tem sido avaliada a utilização de ventilação não-invasiva com dois níveis de pressão (BiPAP) nesta situação clinica. Os estudos de BiPAP no EAP trazem resultados não consistentes e até conflitantes, que podem variar desde a maior taxa de isquemia miocárdica até a redução da necessidade de intubação e mortalidade. Portanto, faz-se necessário avaliar criticamente esses trabalhos, bem como suas possíveis limitações e implicações no manuseio de pacientes com EAP. CONTEÚDO: Essa revisão foi baseada em um levantamento de trabalhos, publicados em língua inglesa entre 1966 e 2005, através da MedLine, utilizando-se as palavras-chave pulmonary edema e cardiogenic e randomized trial e (noninvasive ventilation or bilevel positive airway pressure), obtendo-se um total de seis trabalhos. Pela análise dos trabalhos, observa-se que o uso de BiPAP, muito provavelmente, não causa aumento da taxa de infarto agudo do miocárdio, e reduz a necessidade de intubação (em especial naqueles com hipercapnia). Quanto à mortalidade, possivelmente o uso de CPAP ou de BiPAP, indistintamente, reduz a mortalidade no EAP. CONCLUSÕES: A ventilação não-invasiva com dois níveis de pressão (BiPAP) pode ser aplicada nos pacientes com EAP, em especial naqueles com hipercapnia. Porém, faz-se necessário um estudo com maior número de casos para se concluir quanto à superioridade de qualquer método (CPAP versus BiPAP) em relação à redução de mortalidade. Unitermos: cardiogênico, edema pulmonar, estudo aleatório, ventilação não-invasiva Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 REFERÊNCIAS 01. Park M, Lorenzi-Filho G, Feltrim MI et al - Oxygen therapy, continuous positive airway pressure, or noninvasive bilevel positive pressure ventilation in the treatment of acute cardiogenic pulmonary edema. Arq Bras Cardiol, 2001;76:231-230. 02. Advanced Cardiac Life Support. 2nd Ed, Dallas, American Heart Association, 1997. 03. Poulton EP, Oxon DM - Left-sided heart failure with pulmonary edema—Its treatment with the “pulmonary plus pressure machine”. Lancet, 1936;981-983. 04. Mehta S, Hill NS - Noninvasive ventilation. Am J Respir Crit Care Med, 2001;163:540–577. 05. Mehta S - Continuous versus bilevel positive airway pressure in acute cardiogenic pulmonary edema? A good question! Crit Care Med, 2004;32:2546-2548. 06. Buda AJ, Pinsky MR, Ingels NB et al - Effect of intrathoracic pressure on left ventricular performance. 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Case Reports Cláudio Flauzino de Oliveira1, Eduardo Juan Troster2, Flávio Adolfo Costa Vaz3 SUMMARY BACKGROUND AND OBJECTIVES: Early reversal of septic shock is being related to improvement in survival and prognosis. According to recent guidelines, infant and children with septic shock should be aggressively treated directed to clinical and hemodynamic goals, including central venous oxygen saturation. Clinical trial with adult patients with septic shock showed mortality rate reduction with central venous oxygen saturation monitoring and its use as a treatment goal, but there is no similar experience in children and no catheters especially designed for this population. This objective describes a technique for continuous monitoring of central venous oxygen saturation in children. CASE REPORTS: Report of 3 cases and description of technique for continuous monitoring of central venous oxygen saturation in children. In order to continuously monitor the central venous oxygen saturation in children, we had to use a catheter thin and long, with an optic fiber responsible for the oxygen saturation reading. The only option available at our market is the non-balloon dual lumen oximetry catheter, originally designed to monitor jugular bulb oxygen saturation. The catheter is to be inserted through a percutaneous sheath introducer, aiming to place the catheter’s tip at right atrium or superior vena cava. The introducer can be sutured to the patient’s skin and the catheter has to be attached to the introducer. The optic fiber can be connected to the monitor and a venous blood gas analysis must be drawn to calibrate the monitor. CONCLUSIONS: Using the described technique, it is possible to continuously monitor the central venous oxygen saturation in children with septic shock. This monitorization will possibly improve outcome and reduce mortality. Key Words: septic shock, children, monitoring. A reversão precoce do choque séptico está relacionada com melhora do prognóstico e da letalidade. De acordo com protocolos de tratamento recentemente publicados, crianças com choque séptico devem ser agressivamente tratadas, buscando objetivos clínicos e hemodinâmicos, que incluem sinais vitais, débito urinário, nível de consciência e saturação venosa central de oxigênio1-4. Importante ensaio clínico e aleatório, realizado em pacientes adultos com sepse grave, mostrou redução da mortalidade no grupo em que foi feita monitorização contínua da saturação venosa central de oxigênio e se utilizou este dado como um dos objetivos do tratamento. De acordo com este estudo, a avaliação hemodinâmica baseada no exame físico, sinais vitais, pressão venosa central e débito urinário podem não ser suficientes para detectar hipóxia tecidual persistente. Isto significa que, mesmo com melhora da freqüência cardíaca, pressão arterial, tempo de enchimento capilar e débito urinário, pode existir oferta insuficiente de oxigênio que, se detectada, permitiria otimizar o tratamento e melhorar o prognóstico5. Não há experiência de monitorização semelhante em crianças e não existem cateteres especialmente designados para medida contínua da saturação venosa central de oxigênio. Nosso objetivo é descrever uma técnica que permita esta monitorização e relatar três casos em que fez parte dos objetivos terapêuticos. RELATO DOS CASOS Relato de três casos internados na UTI pediátrica e descrição de técnica para inserção de cateter venoso central e monitorização de saturação venosa de oxigênio na veia cava superior em crianças. Caso 1 Paciente com 5 anos, sexo masculino, sem doença de base, admitido com broncopneumonia e choque séptico. Apresentava, além dos sintomas de insuficiência respiratória, taquicardia, pulsos finos, extremidades frias e rebaixamento do nível de consciência. Na primeira hora de tratamento, recebeu 64 mL/kg de solução fisiológica (SF) e foi intubado. Ao final da primeira hora, apresentava freqüência cardíaca (FC) 130 bpm, freqüência respiratória (FR) 24 ipm, pressão arterial (PA) 122 x 61 (74) mmHg, saturação arterial 90% e diurese 2,6 mL/kg/h. Introduzido cateter venoso central com monitorização da saturação venosa central de oxigênio, que mos- 1. Pós-Graduando do Departamento de Pediatria - Preceptor do Centro de Terapia Intensiva do Instituto da Criança do HC-FMUSP 2. Doutor pelo Departamento de Pediatria – Coordenador do Centro de Terapia Intensiva do Instituto da Criança do HC-FMUSP 3. Professor Titular de Pediatria – Diretor do Centro de Terapia Intensiva do Instituto da Criança do HC-FMUSP *Recebido do Centro de Terapia Intensiva do Instituto da Criança do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP Apresentado em 03 de outubro de 2005 – Aceito para publicação em 22 de novembro de 2005 Endereço para correspondência: Dr. Cláudio Flauzino de Oliveira – Rua Capote Valente, 851/53 – 05409-002 São Paulo, SP – E-mail: claudiof@ icr.hcnet.usp.br – Fone: (11) 3069-8594 - Fax: (11) 3069-8503 306 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO - PEDIATRIA trou, neste momento, 62%. Após este resultado, recebeu mais 20 mL/kg de SF, infusão contínua de dopamina e adrenalina, com progressão da saturação venosa central para 67% / 68% / 80% / 80% / 80% nas 5 horas seguintes. Associado milrinona após ecocardiograma com disfunção sistólica. Evoluiu com melhora progressiva, foi extubado e as drogas vasoativas foram suspensas no quinto dia. Alta da UTI no sétimo dia. Caso 2 Paciente com 14 meses, do sexo feminino, sem doença de base, admitida com broncopneumonia, empiema e choque séptico. Na admissão, com insuficiência respiratória, taquicardia, pulsos finos, hipotensão e sonolência. Na primeira hora de tratamento, recebeu 30 mL/kg de SF, foi intubada e apresentava FC 152 bpm, FR 40 ipm, PA 80 x 35 (47) mmHg, saturação arterial 98% e diurese 2,7 mL/kg/h. Monitorização contínua da saturação venosa central de oxigênio mostrando 42% no momento da introdução do cateter. Recebeu transfusão de concentrado de hemáceas e iniciada a infusão contínua de dopamina e dobutamina, com progressão da saturação venosa central para 44% / 50% / 64% / 64% / 79% nas 5 horas seguintes. Reversão do choque e melhora progressiva. Suspensas as drogas vasoativas no quinto dia. Persistiu com insuficiência respiratória e pneumotórax, com melhora após utilização de ventilação de alta freqüência oscilatória. A paciente foi extubada após 18 dias e alta da UTI no 28º dia. Caso 3 Paciente com 18 anos, do sexo masculino, portador de leucemia linfóide aguda, internado por pneumonia e choque séptico. Apresentava, à entrada, sinais de insuficiência respiratória, extremidades quentes, pulsos amplos, tempo de enchimento capilar de 1 segundo e diminuição do débito urinário. Recebeu, na primeira hora de tratamento, 40 mL/kg de SF e apresentava FC 116 bpm, FR 30 ipm, PA 105 x 55 (67) mmHg, saturação arterial 97% e sem diurese. Monitorização contínua da saturação venosa central de oxigênio mostrava 61%. Iniciada infusão contínua de dopamina e recebeu mais 40 mL/kg de SF, titulando para progressão da saturação venosa central para 66% / 78% / 77% / 77% / 77% nas 5 horas seguintes. Nestas 5 horas, apresentou 1000 mL de diurese. Evoluiu com reversão do choque, sendo suspensas as drogas vasoativas e alta no sétimo dia. cateter equipado com fibra ótica e de pequeno calibre é o Cateter Bulbo Jugular de Oximetria (Edwards Lifesciences, Irvine, CA), que tem calibre 4 Fr e 40 cm de comprimento (Figura 1). Este cateter foi originalmente desenhado para ser colocado na veia jugular, para monitorização da saturação de bulbo jugular, em pacientes vítimas de trauma cranioencefálico. Utilizando a técnica modificada de Seldinger, deve-se, em primeiro lugar, colocar o introdutor percutâneo (Figura 2), que pode ser 5 Fr (para lactentes) ou 6 Fr (para crianças). A inserção do introdutor pode ser realizada através de qualquer veia de grande calibre, jugular, subclávia ou femoral. Assim que o introdutor estiver posicionado, o cateter Bulbo Jugular de Oximetria poderá ser inserido através do introdutor (Figuras 3 e 4), procurando deixar a sua ponta posicionada na veia cava superior ou no átrio direito. Enquanto o introdutor percutâneo pode ser suturado na pele do paciente, o cateter de Oximetria deve ser fixado no próprio introdutor, com pontos contínuos ao redor do cateter, amarrando posteriormente ao corpo do introdutor (Figura 5). Após a colocação do cateter 4 Fr de oximetria, a fibra ótica deve ser conectada ao monitor Vigilance (Edwards Lifesciences, Irvine, CA). Uma única mostra de sangue venoso central deverá ser colhida, para que seja feita a primeira calibração do aparelho. Após a calibração, o monitor mostrará continuamente o valor da saturação venosa central de oxigênio (Figura 6). Figura 1 – Cateter Bulbo Jugular de Oximetria 4 Fr/40 cm Figura 2 – Introdutor Percutâneo 5 Fr Descrição da Técnica Para que seja possível a monitorização da saturação venosa central em crianças, é necessária a utilização de um catete que tenha pequeno calibre, para que possa ser utilizado em crianças e lactentes; que seja longo o suficiente para que a ponta do cateter seja posicionada na veia cava superior ou átrio direito, mesmo que seja introduzido através da veia femoral, via comumente utilizada em crianças e que tenha uma fibra óptica em seu interior, capaz de fazer a leitura contínua da saturação venosa e transmiti-la ao monitor. Embora alguns cateteres sejam desenhados para utilização em adultos, não há um equipamento específico para uso no paciente pediátrico. A única opção, disponível no mercado, de Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 307 RBTI / ARTIGO DE REVISÃO - PEDIATRIA Figura 3 – Inserção do Cateter através do Introdutor Percutâneo Figura 6 – Vizualização do Monitor mostrando Continuamente o Valor da Saturação Venosa Central de Oxigênio DISCUSSÃO Figura 4 – Inserção do Cateter através do Introdutor Percutâneo Figura 5 – O Introdutor deve ser Fixado na Pele do Paciente e o Cateter de Oximetria deve ser Fixado ao Introdutor 308 Além das alterações na resistência vascular periférica, freqüentemente encontrada em pacientes adultos com quadro de choque séptico, o paciente pediátrico pode apresentar disfunção cardíaca concomitante, sendo esta, muitas vezes, não detectada e, portanto, responsável pela evolução refratária ao tratamento tradicionalmente empregado. Estudo realizado em 1998, com 50 crianças com choque séptico refratário a volume e a dopamina, mostrou que 80% dos pacientes apresentava baixo índice cardíaco; e 58% apresentava baixo índice cardíaco acompanhado de resistência vascular periférica aumentada6. A ocorrência de disfunção cardíaca nas crianças com choque séptico é um evento importante, principalmente nos pacientes mais graves, que não respondem à volume e/ou infusão de dopamina. Esta observação indica que monitorizar a função cardíaca deve ser essencial para a condução do caso e, mais do que isso, o tratamento direcionado a corrigir esta disfunção cardíaca e o choque séptico pode levar a melhora do desfecho. Nos casos apresentados, fica evidente a ocorrência de disfunção cardíaca relacionada ao choque. Em um dos pacientes, foi necessária a utilização de inibidor da fosfodiesterase, para compensar a disfunção apresentada. Após a resolução do choque, os três pacientes apresentavam-se sem sinais de disfunção cardíaca e obtiveram alta sem medicação. A monitorização da saturação venosa central de oxigênio é um dos métodos pouco invasivos que permite o acompanhamento da função cardíaca do paciente em choque séptico. Valores de saturação venosa central de oxigênio abaixo de 70% estão relacionados a um índice cardíaco abaixo do normal. Durante a monitorização, um aumento na saturação venosa central de oxigênio, na realidade, reflete a melhora do índice cardíaco e, portanto, melhora da perfusão, da oferta de oxigênio e de nutrientes para os tecidos do organismo. Nos três casos apresentados, os pacientes, no final da primeira hora de tratamento, apresentavam melhora dos sinais vitais, com redução da FC, melhora do nível de consciência, PA normal para a idade e diurese normal em dois deles. No entanto, a monitorização da saturação venosa central reveRBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / ARTIGO DE REVISÃO - PEDIATRIA lou que, apesar da aparente melhora e normalidade dos parâmetros verificados, os pacientes ainda não estavam compensados e persistiam com chance de progressão da hipóxia tecidual. Em outras palavras, a saturação venosa central de oxigênio foi um indicador mais sensível para a condução do tratamento. Além disso, o fato de ser contínua a monitorização permitiu o ajuste das condutas adotadas, buscando atingir saturação venosa central de oxigênio acima de 70%. A utilização do cateter de saturação venosa central não esteve associada a nenhuma complicação, seja do procedimento de inserção ou relacionado ao tempo de permanência. A duração de utilização do cateter, nos casos apresentados, foi equivalente à necessidade de manutenção do acesso venoso central. Após suspensão das drogas vasoativas e estabilização do paciente, o cateter pôde ser retirado. A utilização da saturação venosa de oxigênio na veia cava superior ou no átrio direito já foi discutida e bastante estudada. Atualmente, acredita-se que, embora possa existir variação entre o valor encontrado na veia cava superior ou no átrio direito e o valor encontrado em sangue venoso misto (artéria pulmonar), esta diferença não é significativa para o tratamento. Ainda, a saturação venosa medida na veia cava superior ou no átrio direito é mais segura por não necessitar de cateter em artéria pulmonar, e muito mais importante do que o valor absoluto da saturação é sua variação de acordo com o tratamento realizado. O acompanhamento desta variação é que permite melhor ajuste do tratamento, equilíbrio do paciente e melhora do prognóstico7. A demonstração de um método preciso de monitorização da saturação venosa central de oxigênio em criança se torna essencial para o tratamento do choque séptico. A técnica apresentada leva em conta as características específicas do paciente pediátrico, desde lactentes até adolescentes e permite que estes também sejam beneficiados durante o tratamento do choque séptico. A utilização da técnica descrita permite a monitorização continua da saturação venosa central de oxigênio em crianças com choque séptico. É possível que esta monitorização contribua para melhora do prognóstico e redução da mortalidade. RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A reversão precoce do choque séptico está relacionada com melhora da sobrevi- Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 da e prognóstico. Os protocolos recomendam que as crianças com choque séptico sejam agressivamente tratadas, buscando objetivos clínicos e hemodinâmicos, que incluem a saturação venosa central de oxigênio. Estudo em adultos mostrou melhora da sobrevida com monitorização da saturação venosa central e sua utilização como objetivo do tratamento, mas não há informações em crianças e não existem cateteres desenhados para utilização nesta faixa etária. O objetivo deste estudo foi descrever técnica para monitorização contínua de saturação venosa central de oxigênio em crianças. RELATO DOS CASOS: Relato de três casos e descrição de técnica para monitorização contínua da saturação venosa central de oxigênio em crianças. Para ser utilizada em crianças, a monitorização deve ser realizada com cateter longo e de pequeno calibre e deve conter uma fibra óptica em seu interior. A única opção disponível no mercado é o cateter Bulbo Jugular de Oximetria, que tem 4 Fr e 40 cm. O cateter deve ser inserido através de um introdutor, posicionando sua extremidade distal no átrio direito ou na veia cava superior. O introdutor é fixado na pele, enquanto que o cateter deve ser fixado ao introdutor. Depois de conectada a fibra óptica ao monitor, deve ser obtida gasometria para primeira calibração do aparelho. CONCLUSÕES: A utilização da técnica descrita permite a monitorização continua da saturação venosa central de oxigênio em crianças com choque séptico. É possível que esta monitorização contribua para melhora do prognóstico e redução da mortalidade. Unitermos: choque séptico, crianças, monitorização. REFERÊNCIAS 01. Carcillo JA, Fields AI - Clinical practice parameters for hemodynamic support of pediatric and neonatal patients in septic shock. Crit Care Méd, 2002;30:1365-1378. 02. Carcillo JA, Davis AL, Zaritsky A - Role of early fluid resuscitation in pediatric septic shock. JAMA, 1991;266:1242-1245. 03. Booy R, Habibi P, Nadel S et al - Reduction in case fatality rate from meningococcal disease associated with improved healthcare delivery. Arch Dis Child, 2001;85:386-390. 04. Han YY, Carcillo JA, Dragotta MA et al - Early reversal of pediatric-neonatal septic shock by community physicians is associated with improved outcome. Pediatrics, 2003;112:793-799. 05. Rivers E, Nguyen B, Havstad S et al - Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. N Engl J Med, 2001;345:1368-1377. 06. Ceneviva G, Paschall JA, Maffei F et al - Hemodynamic support in fluid-refractory pediatric septic shock. Pediatrics, 1998;102:1-6. 07. Dueck MH, Klimek M, Appenrodt S et al - Trends but not individual values of central venous oxygen saturation agree with mixed venous oxygen saturation during varying hemodynamic conditions. Anesthesiology, 2005;103:249-257. 309 RBTI / índice geral A RBTI agradece a todos os revisores de manuscritos ao longo dos anos 2004 e 2005 que contribuíram para a qualificação da nossa revista. Somente um trabalho de equipe, que envolveu o corpo editorial, os revisores, a secretária permitiu que em dois anos atingíssemos a possibilidade de indexação pelo Scielo. Espero que a indexação se transforme em realidade no ano de 2006. Airton Stein Flávio Fuchs Márcio Soares Alexandre Vargas Schwarzbold Flávio Maciel Marco Stefani André Kalil Francisco Soriano Maria Cecília Anibal Basile-Filho Frederico Bruzzi de Carvalho Maria F F Vattimo Carla Maria Clausi Gilberto Friedman Mário Rodrigues Verde Carlos Carvalho Glen Hernandez Poblete Miguel Gus Carmen S. Valente Barbas Guilhermo Bugedo Milton Caldeira Cassiano Teixeira Guilhermo Ortiz Murillo S. C. Assunção Ciro Leite Mendes Hélio Penna Guimarães Patricia Mello Cláudia Ricachinevsky Janete Salles Brauner Paulo Einloft Cláudio Piras Javier Hurtado Pedro Celiny Garcia Cristina Neuman Jean Charles Pedro Dallago Daniel De Backer Jefferson Piva Pedro Povoa Daniel Garros Joaquim Vega Rachel Moritz Débora Feijó Villas Boas Jorge Salluh Renato Terzi Debora Vieira José Carlos Nicolau Roberto Machado Denis Moura Júnior José Rodolfo Rocco Rogério Friedman Desanka Dragosavac Josué Almeida Victorino Rui Moreno Dinis Reis Miranda Júlio Fiore Sebastião Araújo Ederlon Rezende Jussara Gómez Sérgio Loss Edison M. Rodrigues Filho Lea Fialkow Sérgio Ribeiro Eduardo Passos Luis Antônio Nasi Sérgio Timerman Eduardo Troster Luiz Francisco Poli Silvia Vieira Edwin Koterba Marcelo Rieder Suzana Lobo Felipe Dal Pizzol Márcio Borges Sá Thiago Lisboa 310 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / índice geral ÍNDICE DO VOLUME 17 I - Índice das Matérias -AA Importância do Treinamento Prévio no Uso do Desfibrilador Externo Automático por Fisioterapeutas e Enfermeiros....17(2): 112 A Manutenção do Suporte a Vida em Unidades de Tratamento Intensivo do Sul do Brasil: Os Resultados de um Questionário Ético...............................................................17(1): 15 Comparison Between Direct and Invasive Arterial Blood Pressure Measurement in Non-Hypotensive Critically ill Patients........ 17(2): 108 Complicações de Pacientes Obstétricas e Puerperais Admitidas em Unidade de Terapia Intensiva.....................17(4): 251 Consenso Brasileiro de Monitorização e Suporte Hemodinâmico – Parte I: Método e Definições..........................................17(4): 278 Alterações Clínico-Laboratoriais no Diagnóstico de Sepse Neonatal.................................................................17(3): 194 Controle da Pressão do Balonete de Cânulas Traqueais: Estudo Análise Comparativa entre os Pesos Corpóreos Estimados e os Medidos obtidos de Pacientes em Estado Crítico.............17(4): 238 Contusão Cardíaca. Relato de Caso...........................................17(1): 56 Análise do Atendimento de uma Coorte de Pacientes Graves com Comorbidades: Estudo Observacional.......................17(4): 256 Cardíaco no Choque Hemorrágico Experimental..............17(3): 188 Associação do SOFA com a Mortalidade de Idosos com Sepse Grave e Choque Séptico.........................................17(4): 246 Avaliação da Pré-carga e Preditores de Resposta à Expansão Volêmica durante a Ventilação Mecânica.........17(4): 293 Avaliação de um Algoritmo para a Adequação da Sedoanalgesia de Pacientes Internados em UTI e Submetidos à Ventilação Mecânica...............................17(4): 265 Avaliação do Espaço Morto Alveolar no Tromboembolismo Pulmonar e no Choque Hemorrágico Experimentais............17(1): 6 Prospectivo em Unidade de Terapia Intensiva Geral.........17(3): 185 Correlação entre a Pressão Expiratória Final de CO2 e o Débito Critérios Prognósticos de Pacientes Graves: Comparação entre a Percepção dos Médicos e o Índice APACHE II...................17(3): 176 -DDecisão de não Introduzir ou de Retirar Tratamentos de Suporte para Pacientes Terminais Internados em Unidades de Terapia Intensiva....................................17(3): 181 Descrição de Técnica para Monitorização Contínua da Saturação Venosa Central de Oxigênio em Crianças com Choque Séptico. Relato de Casos...............17(4): 306 Avaliação dos Índices Prognósticos SOFA e MODS em Pacientes após Parada Cardiorrespiratória em Unidade de Terapia Intensiva Geral...................................17(3): 162 Desempenho de Oito Modelos Prognósticos para Pacientes Avaliação Prognóstica de Pacientes com Câncer Gravemente Enfermos........................................................17(1): 48 Disorders of Water Homeostasis in Critically ill Patients.........17(4): 285 -BBird Mark 7: Avaliação e Evolução Clínica durante sua Utilização......................................................................17(2): 94 -CCateter Central de Inserção Periférica em Terapia Intensiva de Adultos............................................................17(1): 23 Comparação do Modo VAPS com os Modos Volume Controlado e Pressão Controlada em Pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda.................................17(2): 89 Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 Internados na Unidade de Terapia Intensiva.....................17(3): 165 -EEscrever um Artigo é Artesanato, Não é Arte! . .......................17(2): 126 Estenose de Traquéia após Intubação Prolongada....................17(1): 40 Etiologia e Fatores de Risco de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica.........................................17(2): 121 -FFatores Prognósticos em Pacientes com Neoplasias Hematológicas Gravemente Enfermos..............................17(3): 170 311 RBTI / índice geral -H- -P- Há Espaço para o CPIS no Manuseio da Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica? ..................................17(2): 129 Perfil e Sobrevida dos Pacientes de Unidade de Tratamento Intensivo de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro..................17(2): 85 Hiperglicemia de Admissão e Hiperglicemia Persistente se Associam com Elevada Morbimortalidade em Pacientes Gravemente Enfermos................................17(4): 234 Por Que Necessitamos de Outros Indicadores de Resposta Inflamatória na UTI?..........................................17(3): 151 Hypophosphatemia in Severe Traumatic Brain Injury..............17(2): 116 -IIncidência de Complicações em Terapia Nutricional Enteral de Pacientes em Estado Grave...............................17(2): 98 Intervenções Psicológicas em Situações de Crise na Unidade de Terapia Intensiva. Relato de Casos...................17(1): 63 -LLithium-Induced Nephrogenic Diabetes Insipidus in Postoperative Patient. Case Report...............................17(3): 221 -MMecanismos de Aumento de la PCO2 Tisular en el Shock.......17(3): 202 Medicina Intensiva Baseada em Evidências..............................17(1): 44 Mortalidade em UTI, Fatores Associados e Avaliação do Estado Funcional após a Alta Hospitalar........................17(2): 80 -NNão é Possível Predizer o Lactato Arterial Elevado Utilizando a Mensuração da Diferença de Base em Pacientes com Sepse Grave na Fase Precoce de Reanimação.........17(3): 157 Níveis Plasmáticos de Vasopressina em Cirurgia Cardíaca com Circulação Extracorpórea.............................17(1): 33 Noninvasive Cardiac Output Estimation from Volumetric Capnography in Experimental Hemorrhagic Shock...........17(4): 270 -OO Início da Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral Moderna no Brasil.............................................................17(4): 282 O Rápido Declínio da Concentração Sérica de Proteína C-Reativa na Fase Inicial da Sepse é Preditivo de Boa Evolução.................................................17(2): 104 O Uso da Ventilação Mecânica Não-Invasiva na Extubação Precoce e Como Técnica de Desmame: Revisão de Literatura..........17(2): 135 O Uso de BiPAP no Edema Agudo de Pulmão de Origem Cardiogênica........................................................17(4): 302 One More Time: The Pulmonary Artery Catheter......................17(4): 228 312 Procalcitonina e Proteína C Reativa como Indicadores de Sepse........................................................17(3): 212 Procalcitonina em Teste Semi-Quantitativo e Proteína C Reativa na Avaliação de Pacientes em Pós-Operatório Internados em UTI..............................17(4): 230 Profundidade de Inserção do Tubo Endotraqueal em Crianças Submetidas à Ventilação Mecânica.............17(3): 198 Proteína C-reativa como Indicador de Infecção. Porque não Experimentar? ..............................................17(3): 207 -RRelação entre Magnésio Sérico Total e Mortalidade em Pacientes com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica em Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória......................................17(4): 262 Relevance of Base Deficit in the Outcome of Critically ill Patients Admitted with Hyperlactatemia .........................17(3): 153 -SSedação e Analgesia em UTI: Velhos Fármacos Novas Tendências...............................................................17(1): 52 Sepse na Sala de Emergência: Um Desafio para Melhoria do Cuidado do Paciente.......................................17(2): 73 Síndrome Miastênica de Lambert-Eathon em Paciente Pediátrico com Desordem na Oxidação dos Ácidos Graxos. Relato de Caso...................................17(2): 142 Sobre a Morte e o Morrer.............................................................17(1): 5 -TTransporte Intra-Hospitalar de Pacientes Graves....................17(3): 217 Tributo ao Professor John Cook Lane......................................17(3): 227 -UUso de Sildenafil® para Facilitar a Retirada de Óxido Nítrico Inalado em Pós-Operatório de Hérnia Diafragmática. Relato de Caso............................................17(1): 60 Uso do MODS Modificado em Pacientes Sépticos no Departamento de Emergência para Predizer Mortalidade...............................17(2): 74 Variações na Mensuração dos Parâmetros de Desmame da Ventilação Mecânica em Hospitais da Cidade de São Paulo................17(1): 28 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / índice geral ÍNDICE DO VOLUME 17 I - Índice dos Autores -A- -C- Adriana Carta...........................................................................17(4): 234 Carla B. R. di Leoni....................................................................17(2): 80 Adrianne Mary Leão Sette e Oliveira.........................................17(1): 60 Carla Barbosa Nonino-Borges...................................................17(2): 98 Adriano da Silva Machado.......................................................17(3): 153 Carla Janaína Guedes..............................................................17(3): 185 Alberto Barros..........................................................................17(4): 278 Alexandre Carvalho Bittencourt.................................................17(1): 23 Alexandre M Ísola....................................................................17(4): 230 Alexandre Toledo Maciel..........................................................17(3): 153 Alexandre Vieira Ribeiro da Silva.............................................17(3): 212 Alfredo Nicodemos Cruz Santana............................................17(4): 302 Almir Galvão Vieira Bitencourt.................................................17(3): 181 Carlos Alberto Polachini...........................................................17(2): 104 Carlos C. I. S. Ovalle.................................................................17(2): 112 Carlos Faria Santos Amaral.......................................................17(1): 60 Carlos Roberto Ribeiro Carvalho..............................17(2): 89; 17(4): 302 Carolina Pinheiro da Silva........................................................17(2): 135 Caroline Fraga Valle.................................................................17(3): 194 Álvaro Avezum...........................................................................17(1): 44 Cassiano Teixeira.....................................................................17(2): 129 Álvaro Réa-Neto.......................................................................17(4): 278 César Augusto Amorim............................................................17(3): 165 Ana Carolina Lobor Cancelier..................................................17(3): 194 Cid Marcos David.............................................................17(4): 246, 278 Ana Cristina de Moraes...........................17(1): 6; 17(3): 188; 17(4): 270 Cíntia Barreto Ferreira.............................................................17(2): 142 Ana Luiza Filgueiras................................................................17(3): 165 Ciro Leite Mendes....................................................................17(4): 278 Ana Paula Goulart....................................................................17(3): 194 Claudinéia Vendramini.............................................................17(4): 234 Ana Paula Pereira Teixeira.........................................................17(1): 23 Ana Paula Resque Senna.................................17(1): 56; 17(3): 162, 185 Anderson José...........................................................................17(2): 94 André Miguel Japiassú............................................................17(3): 217 André Perrilier Schneider........................................................17(3): 162 Andrea Vannini Santesso Caiuby...............................................17(1): 63 Andrey Kaliff Pontes..................................................................17(1): 60 Anibal Basile-Filho...................................................17(2): 98; 17(4): 238 Antônio Almeida Chagas Filho...................................................17(1): 40 Antonio Carlos Christiano Junior.............................................17(2): 104 Cláudio Flauzino de Oliveira....................................................17(4): 306 Cristina P. Amendola..............................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230 -DDaniel de Azevedo Amitrano....................................................17(4): 246 Daniela Gadelha.......................................................................17(3): 165 Daniela Vieira de Andrade........................................................17(2): 135 Danila Vieira Baldini...................................................................17(2): 94 Dayane Otero Rodrigues..........................................................17(2): 121 Antonio Dorival Campos..........................................17(2): 98; 17(4): 238 Denis Faria Moura Júnior..........................................................17(1): 23 Antônio Luís Eiras Falcão........................................17(1): 33; 17(2): 116 Desanka Dragosavac...............................................17(1): 33; 17(2): 112 Arnaldo Dubin..........................................................................17(3): 202 Domingos Dias Cicarelli.........................................17(3): 221; 17(4): 262 Aurélio Yamada........................................................................17(4): 262 Dumar Carlos Rezende Junior.................................................17(2): 104 Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 313 RBTI / índice geral -E- -G- Ederlon Rezende............................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230, 278 Gilberto Friedman..................................17(1): 15; 17(2): 126; 17(4): 278 Edmundo Clarindo Oliveira........................................................17(1): 60 Gilson dos Santos Jr................................................................17(3): 165 Edna Freitas Martins..................................................................17(1): 33 Gilson Feitosa Filho...................................................................17(1): 56 Edson Benassule.......................................................................17(1): 28 Eduardo Juan Troster...............................................................17(4): 306 Eduardo Motoyama..................................................................17(4): 262 Edvaldo V. de Campos............................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230 Elaine Cristina Pacheco.............................................................17(2): 94 Gláucia Maria Moraes de Oliveira............................................17(4): 246 Guilherme de Paula Pinto Schettino..........................................17(2): 89 Guilherme Eckert.....................................................................17(3): 198 Guilherme Schettino........................................................17(4): 278, 293 Gutemberg de Souza Cardoso.................................................17(3): 185 Elaine Cristina Polleti Dias.........................................................17(2): 94 -H- Eliane de Araújo Cintra..............................................................17(1): 33 Hélio Penna Guimarães..............................17(1): 44, 56; 17(3): 162,185 Elias Knobel...............................................................................17(1): 23 Hilde de Geus...........................................................................17(4): 228 Eliézer Silva.............................................................................17(4): 278 Elisângela Fabiana Fernandes Sivieiro....................................17(4): 234 -J- Elise Silva de Sousa.................................................................17(4): 251 Jaciara Machado Viana............................................................17(4): 238 Emerson Abe............................................................................17(3): 221 Eubrando Silvestre Oliveira.....................................................17(2): 129 Evandro Luis Assis Ferreira.....................17(1): 6; 17(3): 188; 17(4): 270 -FFábio Ely Martins Benseñor...................................17(3): 221; 17(4): 262 Fábio Santana Machado..........................................17(1): 40; 17(3): 212 Felipe Dal-Pizzol......................................................................17(3): 194 Felipe Nunes Vieira..................................................................17(4): 251 Felipe Souza............................................................................17(3): 185 Fernanda Umpierre Bueno.......................................................17(3): 198 Fernando Osni Machado........................................17(3): 176; 17(4): 265 Fernando Suparregui Dias.......................................................17(4): 278 Flávia Bittencourt Fontes.........................................................17(3): 165 Jan Bakker..............................................................................17(4): 228 Janaína Maria Miranda Ferreira de Moraes............................17(2): 104 Jane Sant’Anna Castelo...........................................................17(2): 142 Jefferson Pedro Piva..............................................17(2): 126; 17(3): 198 Joana Dantas...........................................................................17(3): 165 João M. da Silva Junior.........................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230 João Marcelo L. Fonseca...........................................................17(2): 80 Joaquim Edson Vieira............................................17(3): 221; 17(4): 262 John Cook Lane.......................................................................17(4): 282 Jorge Bonassa...........................................................................17(2): 89 Jorge Ibrain Figueira Salluh.....................................................17(3): 170 Jorge Valiatti..............................................................................17(2): 89 Jose Albani Carvalho Junior....................................................17(4): 256 José Hervê Diel Barth..............................................................17(2): 129 José Luiz Gomes do Amaral..........17(1): 56; 17(3): 162, 185; 17(4): 278 Flávia Nardes...........................................................................17(3): 165 José Marconi A. Sousa............................................................17(3): 157 Flávia Nunes Vieira..................................................................17(4): 251 José Mário Meira Teles............................................................17(3): 181 Flávia Ribeiro Machado...................................17(1): 56; 17(3): 162, 185 José Rodolfo Rocco.........................................17(1): 48; 17(3): 165, 170 Flávia Serra Neves...................................................................17(3): 181 José Sabino de Oliveira.............................................................17(1): 60 Flávio Adolfo Costa Vaz............................................................17(4): 306 Josiane Alves Caldeira.............................................................17(2): 135 Flávio André Cardona Alves.....................................................17(2): 129 Juliana Carvalho Ferreira..........................................................17(2): 89 Frederico Lomar......................................................................17(2): 108 Júlio Flávio Fiore Júnior............................................................17(1): 28 314 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva RBTI / índice geral -KKonradin Metze............................................................................17(1): 6 -LLara de Araújo Torreão.............................................................17(3): 181 Lawrence S. Weisberg.............................................................17(4): 285 Leandro Taniguchi...................................................................17(2): 108 Leny Vieira Cavalheiro...............................................................17(1): 28 Leopoldo Soares Piegas............................................................17(1): 44 Ley Ortega Bueno....................................................................17(3): 162 Lisa Iwata..................................................................................17(2): 89 Luciana Coelho Sanches.........................................................17(4): 234 Luciana Dias Chiavegato...........................................................17(1): 28 Luciana Duarte Satler de Oliveira............................................17(2): 135 Luciana Reis Guastelli...............................................................17(1): 23 Luciane de Figueiredo Mello...................................................17(3): 165 Luciano Azevedo......................................................................17(2): 108 Luiz André Magno......................................................................17(2): 74 Luiz Carlos Ribeiro Lamblet.......................................................17(1): 23 Luiz Cruz-Neto.........................................................................17(2): 108 Luiz Fernando dos Reis Falcão..................................................17(1): 56 Luiz Rogério Carvalho de Oliveira..............................................17(2): 94 -M- Mariana Bucci Sanches...........................................................17(4): 234 Mariano Janiszewski.................................................................17(1): 40 Marilene da Silva Moura............................................................17(2): 85 Maristela Monachini................................................................17(4): 278 Mariza Silva Ramos Loesch.....................................................17(4): 256 Michelle Machtura Rodrigues....................................................17(1): 28 Mirella Cristine de Oliveira......................................................17(4): 278 Mirene de O. Silva..................................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230 Moisés do Carmo Bastos.........................................................17(4): 251 Murillo Santucci César Assunção............................................17(4): 278 -NNelci Fenalti Höehr..................................................................17(2): 116 Nelson Akamine.......................................................................17(4): 278 Nelson Spector........................................................17(1): 48; 17(3): 170 Nilton Brandão da Silva...........................................................17(2): 129 Norma Suely de Carvalho Fonseca..........................................17(4): 251 Norma Suely Oliveira...............................................................17(2): 142 -OOctávio Messeder....................................................................17(3): 181 Orlando César Mantese...........................................................17(2): 121 Osvaldo Shigueomi Beppu.........................................................17(1): 28 Otávio Berwanger......................................................................17(1): 44 Maíra Ferreira Lobo...................................................................17(2): 94 -P- Marcelo Campos Barbetta.......................................................17(3): 181 Paloma Felga Cariello..............................................................17(3): 165 Marcelo Eller Miranda...............................................................17(1): 60 Paola Bruno de Araujo Andreoli.................................................17(1): 63 Marcelo Park.......................................17(2): 108; 17(3): 153; 17(4): 278 Patrícia Almeida Prebianchi.....................................................17(2): 142 Márcia Cristina Corrêa Vasconcelos........................................17(4): 251 Patrícia Helena Rocha Leal..............................17(1): 56; 17(3): 162, 185 Márcio Soares..................................17(1): 48; 17(2): 73; 17(3): 165, 170 Patrícia Ribeiro Figueiredo......................................................17(2): 135 Marco Aurélio Spegiorin..........................................................17(2): 104 Patrícia Serrano.......................................................................17(4): 234 Marcos Haruki Yokayama........................................................17(3): 221 Patrícia Veiga C Mello..............................................................17(4): 278 Marcos Mello Moreira..............................17(1): 6; 17(3): 188; 17(4): 270 Paula Silveira...........................................................................17(3): 165 Margaret de Castro....................................................................17(1): 33 Paulo Antonio Chiavone.............................................................17(2): 94 Maria Aparecida Yamashita Alves..............................................17(1): 23 Paulo P. Gontijo Filho...............................................................17(2): 121 Maria Auxiliadora Martins........................................................17(4): 238 Paulo Sérgio Andrade Moreira.................................................17(2): 135 Maria Gabriela de Lucca..........................................................17(2): 104 Pedro Celiny R Garcia..............................................................17(3): 198 Maria Rufina de Barros............................................................17(2): 142 Pedro Póvoa.............................................................................17(3): 207 Volume 17 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2005 315 RBTI / índice geral -RRachel Duarte Moritz.........................17(1): 5, 52; 17(3): 176; 17(4): 265 Rafael Lisboa de Souza...........................................................17(4): 265 Rafaela Frare Schwingel.........................................................17(3): 176 Raquel Hermes R. Oliveira.......................................................17(4): 293 Rayne Borges Torres................................................................17(2): 116 Reinaldo Wilson Vieira...............................................................17(1): 33 Renan S. Moraes.......................................................................17(2): 80 Renata Andréa Pietro Pereira..................................................17(4): 278 Sérgio Félix Pinto.....................................................................17(4): 278 Sérgio Ferreira.........................................................................17(4): 278 Sérgio Monteiro Fernando Brodt.............................................17(2): 129 Sérgio Mussi Guimarães........................................17(2): 104; 17(4): 234 Sílvia Teixeira Minhoto.............................................................17(4): 234 Simone Mattoso Mitushima.....................................................17(4): 278 Sofia Petrohilos.........................................................................17(2): 94 Susana Renata Perez Orrico....................................................17(2): 104 Suzana M Lobo............................17(2): 104; 17(3): 151; 17(4): 234, 278 Renato Delascio Lopes....................................17(1): 56; 17(3): 162, 185 Sydney S. Agareno.................................................17(3): 181; 17(4): 278 Renato Giuseppe Giovanni Terzi...................................17(1): 6, 33; 17(2): 116; 17(3): 188; 17(4): 227, 270 -T- Renato Scarsi Testa.................................................................17(4): 256 Thaís Cobucci..........................................................................17(3): 165 Ricardo Martins Borges.............................................................17(2): 98 Thiago Lisboa............................................................................17(1): 15 Ricardo Viégas Cremonese......................................................17(2): 129 Túlio Frederico Tonietto...........................................................17(2): 129 Roberta Lima Lavigne de Lemos.............................................17(4): 246 Rodrigo Abensur Athanazio......................................................17(3): 181 -V- Ronir Raggio Luiz.....................................................................17(4): 246 Valmira Ramos Silva................................................................17(2): 142 Rosane Pimenta de Azevedo.....................................................17(2): 85 Venâncio Pereira Dantas Filho.................................................17(2): 116 Roselaine Pinheiro de Oliveira.................................................17(2): 129 Vladimir Ribeiro Pinto Pizzo.....................................................17(3): 153 Rosmari A. R. A. de Oliveira.....................................................17(2): 112 -W- Rubens Costa Filho..................................................................17(4): 278 -SSamantha L. S Almeida.........................17(2): 74; 17(3): 157; 17(4): 230 Walid Abou Assi.......................................................................17(4): 285 William Adalberto Silva............................17(1): 6; 17(3): 188; 17(4): 270 Sáskia Wigman........................................................................17(4): 234 -Y- Sebastião Araújo....................................17(1): 33; 17(2): 112; 17(4): 278 Yara Juliano.............................................................................17(3): 162 Sérgio da Cunha........................................................................17(2): 85 Yuzeth Nóbrega de Assis Brilhante..........................................17(4): 278 316 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva
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