Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado aos Sistemas

Transcrição

Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado aos Sistemas
i
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Agronomia
Departamento de Zootecnia
Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado
aos Sistemas de Cria
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
Publicação Ocasional n°1
Júlio Otávio Jardim Barcellos
Eduardo Castro da Costa
Maurício Dallmann da Silva
Cláudio Eduard Neves Semmelmann
Yuri Regis Montanholi
Ênio Rosa Prates
Roberto Grecellé
Rafael Mendes
Carolina Wunsch
Joilmaro Rodrigo Pereira Rosa
Porto Alegre, Setembro de 2003
ii
Capa: Elvis Branchini
CIP - CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO
C919
Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria / Júlio Otávio Jardim Barcellos... [et al.]. –
Porto Alegre : Departamento de Zootecnia da UFRGS,
2003.
72p. - (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte;
Publicação Ocasional, 1)
1. Bovinos de corte : Crescimento de novilhas : Sistema
de produção. : I. Barcellos, Júlio. II. Costa, Eduardo. III.
Silva, Maurício. IV. Semmelmann, Cláudio. V. Montanholi,
Yuri. VI. Prates, Ênio da Rosa. VII. Grecellé, Roberto. VIII.
Mendes, Rafael. IX. Wunch, Carolina. X. Rosa, Joilmaro.
XI. Título. XII. Série.
CDD: 636.2
CDU: 636
Catalogação na publicação:
Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS
iii
ÍNDICE
INTRODUÇÃO....................................................................................................................
1
O FENÔMENO DO CRESCIMENTO................................................................................
3
Crescimento compensatório....................................................................................
11
CRESCIMENTO E PUBERDADE......................................................................................
13
Puberdade...............................................................................................................
13
Mecanismos endócrinos que controlam a puberdade.............................................
13
Fatores que determinam a puberdade....................................................................
15
Peso vivo......................................................................................................
15
Estrutura corporal.......................................................................................
19
Efeitos do frame sobre a idade à puberdade...................................
19
Relação Peso:altura.........................................................................
24
Teor de gordura corporal............................................................................
25
EFEITOS GENÉTICOS SOBRE A IDADE À PUBERDADE.........................................
30
Ganho de peso pós-desmame.......................................................................
34
Efeitos da idade sobre o aparecimento da puberdade................................
41
CRESCIMENTO E IDADE DE ACASALAMENTO............................................................
38
Importância da idade de acasalamento..................................................................
38
Sistemas de alimentação..........................................................................................
41
Acasalamento da novilha aos 26-27 meses.............................................................
50
Acasalamento da novilha aos 17-18 meses.............................................................
54
Acasalamento da novilha aos 14-15 meses.............................................................
58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................
65
iv
Nota sobre os autores
Júlio Otávio Jardim Barcellos – Médico Veterinário, Doutor em Zootecnia, Prof. Adjunto do
Dep. de Zootecnia da Faculdade de Agronomia – UFRGS. ([email protected]).
Eduardo Castro da Costa - Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Doutorando do Curso de Pósgraduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia –
UFRGS.
Maurício Dallmann da Silva – Médico Veterinário, Mestre em Zootecnia.
Cláudio Eduard Neves Semmelmann - Médico Veterinário, Mestre em Zootecnia, Professor
do Centro Agrotécnico de Lages, Doutorando do Curso de Pós-graduação em
Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Yuri Regis Montanholi - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em
Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Ênio Rosa Prates - Engenheiro Agrônomo, PhD., Professor Associado do Dep. de Zootecnia
da Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Roberto Grecellé - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia,
Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Rafael Caniedas Mendes - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em
Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Carolina Wunsch – Zootecnista, Mestranda do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área
de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS.
Joilmaro Rodrigo Pereira Rosa - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Zootecnia, Doutorando
do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de
Agronomia – UFRGS.
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
1
INTRODUÇÃO
A criação da novilha de reposição em gado de corte é com certeza uma das etapas
mais importantes dentro de um sistema de produção voltado à cria. Melhorar a reprodução
de fêmeas jovens, através da inclusão de alimentos adicionais no processo de recria é
importante para o aumento da produtividade em sistemas de cria. No entanto, pode não ser
sustentável economicamente. Portanto, conhecer de forma mais clara as implicações do
ritmo de crescimento das mesmas torna-se cada vez mais importante na recria de fêmeas.
Diferente dos animais destinados à produção de carne, a fêmea, com o objetivo de
procriar, exige procedimentos alimentares e de manejo distintos. Contudo, a fisiologia do
crescimento per si segue os mesmos princípios fisiológicos e ponderais do macho.
A novilha de cria, tem uma meta definida a partir do seu nascimento, estabelecida pela
decisão de sua incorporação no núcleo de matrizes do rebanho. Para esta inclusão,
necessário será atingir o preceito fisiológico número um - a puberdade. Ou seja, crescer para
alcançar a puberdade dentro dos limites biológicos para a espécie está determinado
geneticamente. No entanto, a expressão desse potencial será intimamente dependente da
velocidade de crescimento estabelecida por um programa nutricional previamente
programado. Uma vez que, para a novilha alcançar a puberdade numa determinada idade, o
seu peso vivo ainda constitui o fator mais importante, fundamental será o entendimento de
como este peso vivo pode ser biológica e economicamente alcançado, numa tentativa de
sempre obter a melhor eficiência no sistema de produção.
O componente peso vivo é uma forma de manifestação do crescimento, mas envolve
fenômenos complexos na sua expressão. Neles incluem a composição do ganho de peso, a
velocidade e a cronologia de como se distribui esse ganho. Todos relacionados com os
aspectos endócrinos que ligam a nutrição com o eixo hipófise-ovário. Além destes, uma
série de outras variáveis também interagem na expressão do peso vivo. Portanto, para
entender o crescimento do indivíduo destinado a reprodução, é necessária uma compreensão
mais ampla do que apenas fazer o animal crescer para a produzir carne.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
2
Uma vez entendido os mecanismos que envolvem o crescimento e pré-fixado o alvo a
ser alcançado, por ocasião da puberdade e início do acasalamento da novilha, programas
nutricionais poderão ser melhor direcionados visando maximizar o aproveitamento dos
recursos alimentares dos sistemas locais de produção. Esta ênfase especial sobre a
alimentação decorre do fato deste item ser o mais oneroso no custo de produção e também
porque a novilha tem uma baixa eficiência de transformação do recurso alimentar em
produto - a sua progênie. Evidentemente, que outros fatores precisam ser considerados no
programa de criação da novilha, como os aspectos relacionados com sua fertilidade
intrínseca, características de adaptação, precocidade sexual, facilidade de parto e futura
habilidade materna.
Na tabela 1 são demostrados os indicadores de produtividade atuais na bovinocultura
de corte do Estado do Rio Grande do Sul. Claramente observa-se a evolução nesses
indicadores nos últimos 10 anos, em especial nos ítens relacionados com a eficiência
reprodutiva. Neste contexto, foi gerada esta revisão no sentido de apresentar novas
alternativas
tecnológicas
para
potencializar
os
resultados
desta
pecuária
em
desemvolvimento.
Tabela 1. indicadores da bovinocultura de corte no Estado do Rio Grande do Sul
Parâmetro
Idade acasalamento
Unidade
34-36 m
24-26 m
18 m
14 m
Idade de abate
Taxa de natalidade
Novilhas acasaladas aos 2 anos
Novilhas acasaladas aos 14 meses
Novilhas acasaladas aos 18 meses
Primíparas aos 3 anos (repetição)
Vacas de segunda cria aos 4 anos
Vacas adultas
Média
%
meses
%
Valor
20,0
73,0
5,0
2,0
36,0 – 40,0
87,0
52,0
58,0
37,0
59,0
68,0
62,0
Fonte: Barcellos et al., 2003.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
3
O FENÔMENO DO CRESCIMENTO
O animal inicia o seu crescimento determinado para alcançar o seu alvo, denominado
tamanho maduro. Isto é determinado geneticamente. É claramente entendido que sobre
condições adequadas de nutrição, os animais alcançarão o seu tamanho adulto de uma forma
bem definida. Deste modo, tem sido descrita a curva de crescimento como uma forma para
expressar o crescimento animal. Uma simples observação da curva de crescimento (Figura
1) demonstra duas fases: uma fase inicial, onde a taxa de ganho de peso é crescente e a fase
final, onde a taxa de ganho é decrescente.
F in al
P eso Viv o (k g )
In icial
Tem p o (D ias)
Figura 1. Curva de crescimento de um animal com tamanho maduro de 500 kg. (Fonte:
Jessop, 2003).
No fenômeno do crescimento, um dos problemas que ocorre é o fato do ganho no
tecido corporal ocorrer de forma composta a partir de diferentes constituintes – cinzas,
proteínas e gorduras. Neste fenômeno, contudo, sempre há uma tentativa do animal em
atingir sua massa protéica específica no corpo, a qual depende das condições ambientais.
Quando o animal é mantido num ambiente nutricional favorável, o peso do corpo em
proteína aumenta de forma previsível, seguindo o padrão da curva de crescimento e
determinado matematicamente pela Equação de Gompertz.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
4
onde:
P
Peso do conteúdo protéico do corpo (kg)
Pm Peso em proteína do corpo no tamanho maduro (kg)
G0 Variável de Gompertz = -2,586
B
Taxa de ganho protéico
Para entender como estes parâmetros influenciam a forma da curva de crescimento, é
necessário explorar como uma variação em cada parâmetro influencia a curva. Pm determina
a posição assintótica e o valor máximo no qual o peso protéico é alcançado. A taxa na qual a
curva alcança este valor é determinada por B, sendo que um maior valor de B faz com que
mais rapidamente seja alcançado o Pm (peso do corpo em proteína, no tamanho maduro) e
vice-versa. A variável de Gompertz (Go) determina a posição da curva. Os efeitos das
P e so em p ro teín a (k g )
variações de B e G0 são demonstrados nas figuras 2 e 3.
Tem p o (D ia s)
Figura 2. Efeitos da
variação na taxa de ganho protéico (B) na forma da curva de
crescimento, mantendo fixos os parâmetros Pm (80 kg) e Go (-2,586). (Fonte:
Jessop, 2003).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
5
O crescimento ocorre no âmbito celular, pois os animais são constituídos de células
individuais. O tamanho das células no animal na maturidade, não varia entre espécies,
apenas variando o número de células dentro do corpo. Portanto, uma análise histológica não
P e so d e P ro te ín a (k g )
permite diferenciar, pelo tamanho, a célula de um elefante da célula de um camundongo.
Tem p o (D ia s)
Figura 3. Efeitos da
alteração na variável de Gompertz sobre a forma da curva de
crescimento, mantendo fixos os parâmetros Pm (80 kg) e B (0,0072). (Fonte:
Jessop, 2003).
A forma inicial da curva de crescimento é determinada pela fisiologia celular. Na fase
inicial do crescimento ocorre uma acentuada multiplicação no número de células. A taxa na
qual o número de células aumenta é exponencial e isto pode, parcialmente, explicar a forma
da curva de crescimento no seu período inicial. As células resultantes do processo de
multiplicação começam a crescer para atingir o seu próprio tamanho final. Cada célula vive
e sobrevive num ambiente iônico. Este ambiente é constituído de cargas negativas a partir
do DNA e proteínas, as quais são moléculas grandes e inábeis para atravessar a membrana
celular. Estas cargas negativas estão num equilíbrio com as cargas dos íons potássio,
constituindo um gradiente iônico na membrana plasmática, particularmente representado
pelos gradientes gerados pelo Cloro, Sódio e Potássio. Embora, a membrana plasmática não
seja permeável a pequenos íons, em muitas situações, tanto o Cloro como o Sódio, podem
deixar o espaço celular, contra o seu gradiente de concentração. Esta taxa é muito baixa,
mas diferente de zero. Este fenômeno faz com que a água seja puxada osmoticamente para o
interior da célula, causando um aumento no tamanho da célula. A manutenção deste volume
celular é garantida através da bomba de sódio, cujo funcionamento ocorre às custas de
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
6
energia (ATP). A taxa pela qual ocorre este mecanismo depende da área superficial da
célula. Células menores tem um menor custo energético do que células grandes. Portanto, é
possível estimar que o custo energético de manutenção do gradiente celular depende da
superfície celular. Como o tamanho das células, no animal maduro, não varia com o
tamanho do animal, desta maneira, também não ocorrerá variação na demanda
energética/célula no mesmo. Portanto, o uso da energia pelos animais não varia com o
tamanho maduro. Animais pequenos tem uma maior taxa metabólica (por kg de peso) do
que os animais grandes. Pesquisas históricas demonstraram que a taxa metabólica varia com
o peso vivo na potência 0,73. Isto demonstra que, embora a taxa metabólica aumente com o
aumento do tamanho do animal, esta não ocorre de forma diretamente proporcional ao peso
vivo. Como o tamanho das células não varia entre os animais, mas sim o seu número de
células, isto significa que a atividade por célula declina com o aumento do tamanho do
animal. Deste modo, as células de um animal grande não produzem energia tão rapidamente
como as de um animal pequeno. Provavelmente este mecanismo esteja relacionado com a
superfície celular e as perdas de calor pela célula.
Cada célula tem uma exigência de energia de mantença, também chamada de custo
fixo ou taxa metabólica basal. Isto representa o custo para substituir a degradação de
proteína, DNA e lipídeos e ainda manter o gradiente iônico. Aproximadamente 60% deste
custo é para substituir estruturas e 40% para o funcionamento da bomba iônica. À medida
que avança o crescimento celular o custo vai sendo alterado. Nas células pequenas, que
representam a fase inicial de crescimento, ocorre um maior custo energético com o
crescimento celular e à medida que a célula aproxima-se do tamanho adulto, ocorre
predomínio do custo energético destinado à reparação celular e à bomba de íons. Assim, o
custo não é alterado por célula, mas a partição da demanda de energia somente para
mantença varia significativamente. Portanto, a energia disponível para o crescimento é
maior numa célula pequena (fase inicial do crescimento) do que numa célula grande (fase
final do crescimento). Nesta última, o aumento na superfície da célula demanda mais
energia para a bomba de íons e deixa disponível menos energia para o crescimento.
A capacidade metabólica da célula varia com o tamanho adulto. Em animais pequenos
a capacidade celular total é maior do que nos animais grandes. Isto explica porque a taxa de
crescimento nos animais grandes é menor do nos animais pequenos. Esta afirmativa é válida
quando é comparada a taxa de crescimento, mas não em números absolutos. Nos animais
grandes há um maior número de células e o valor total do crescimento é maior. Se
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
7
comparada à curva de crescimento de animais de diferentes tamanho maduro fica mais fácil
de compreender estas afirmações (Figura 4). Esta figura demonstra o padrão de crescimento
protéico nos animais. Animais pequenos alcançam a massa protéica na maturidade mais
% M assa p ro téica n a m atu rid ad e
cedo do que animais grandes. Isto é explicado pelo parâmetro B, na Equação de Gompertz.
Tem p o rea l (D ias)
Figura 4. Variação da massa protéica em função do tempo em animais de diferentes
tamanhos. (Fonte: Jessop, 2003).
A taxa de deposição de proteína (B) é constante entre animais. No entanto, mediante
derivações matemáticas e considerando a função tempo, e calculando o tempo metabólico, é
possível comparar a deposição de proteína em animais de diferentes tamanhos. Na base do
tempo metabólico, a deposição de proteína é igual para indivíduos de diferentes tamanhos.
É conhecido que a deposição de 1,0 g de proteína dentro do corpo do animal está
associada com a retenção de 3,8 g de água e 1,0 g cinzas (minerais), e que a deposição de
1,0 g de lipídeos está associada com a retenção de 0,07 g de água. Deste modo, pode-se
predizer o padrão de crescimento de um animal a partir do padrão de crescimento em
proteínas e lipídeos.
O potencial de crescimento dependerá das diferenças entre os custos fixos de
mantença da célula e sua taxa metabólica. Como os custos fixos são determinados pelo
tamanho da célula e a taxa metabólica declina com o aumento do tamanho maduro, a
proporção da taxa de crescimento também declina com o avanço do tamanho indivíduo.
As considerações sobre os processos fisiológicos no âmbito celular permitem entender
o uso da energia pelo animal. Muitos custos energéticos são conseqüências de um processo
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
8
metabólico ou fisiológico particular e deste modo, a manipulação dos mesmos é muito
limitada. Altas taxas de atividade metabólica significam aumento das exigências basais das
células individualmente. A habilidade para a célula crescer ou dividir-se está na dependência
de estímulos hormonais. Estes estímulos aumentam o uso de energia de mantença. Assim,
indivíduos com maior potencial genético para crescimento também têm exigências
intracelulares maiores do que animais de menor potencial para crescimento. Como a
prioridade celular na fase inicial é crescer e os nutrientes são dirigidos a este processo,
somente quando a célula ou seu conjunto atingem um determinado tamanho, é que outras
funções fisiológicas, como a puberdade, será priorizada.
A estimativa do padrão de crescimento permite calcular as exigências de nutrientes de
um animal desde o nascimento até a maturidade. Conhecendo o padrão de crescimento, é
possível calcular a taxa de deposição de proteína e gordura no animal numa idade
determinada. Este ritmo de crescimento determina uma curva específica para cada
componente corporal (Figura 5).
A partir desses entendimentos é possível calcular a quantidade de nutrientes
necessárias para alcançar essas taxas de ganho. Além disto, também será possível calcular as
exigências de mantença. A soma destas exigências dará a quantidade de nutrientes que o
animal necessita absorver no trato digestivo para atender geneticamente um determinado
padrão de crescimento.
A deposição de novas proteínas no corpo pelo animal, exige aminoácidos, a partir dos
quais ocorre a síntese de proteína, e energia para a totalidade desse processo. O custo
energético da síntese de proteínas é em torno de 12 Mcal por kg de proteína retida. A
energia exigida para deposição de lipídios representa a energia armazenada dentro dos
lipídios do corpo (aproximadamente 9,5 Mcal/kg) e o custo energético para sua síntese. Em
última análise, isto depende se os lipídios depositados são originados a partir de ácidos
graxos de cadeia longa (1,0 Mcal/kg depositado) no trato digestivo (presentes no alimento)
ou se eles são sintetizados a partir de pequenas moléculas (glicose) ou ácidos graxos voláteis
(3,94 Mcal/kg depositado). O somatório do custo energético de deposição de lipídios de uma
fonte composta resulta em torno de 13 Mcal/kg.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
9
Tax a d e G an h o (k g /d ia)
P ro te ín a s
L ip íd io s
Tem p o (D ia s)
Figura 5. Taxa de ganho em proteína e lipídios pelo animal em função do tempo. (Fonte:
Jessop, 2003).
As exigências de energia para atender os custos de crescimento em proteína e lipídios
constituem a mantença do animal. As exigências de mantença compreendem um número de
componentes, sendo o principal a taxa metabólica basal. Outros componentes referem-se a
atividade, termoregulação e desafios imunológicos. A atividade, representada pelo trabalho
muscular, exige energia. A taxa de calor perdido a partir do corpo que excede a produção de
calor representa uma queda da temperatura. Nos animais homeotérmicos os mecanismos de
adaptação reduzem essas perdas e incrementam a produção de calor corporal as custas do
aumento das exigências energéticas da mantença. Os mecanismos de combate frente aos
agentes infecciosos também incrementam o custo energético da mantença.
Sob o ponto de vista produtivo, os principais componentes do peso de um animal são
os ossos, os músculos, as vísceras e a gordura. Os órgãos e tecidos apresentam diferentes
taxas e velocidades de crescimento e maturação, influenciadas pelo nível nutricional e pela
fase da vida do indivíduo. Incialmente cresce o tecido nervoso, após o tecido ósseo,
muscular e a finalização do crescimento se dá com a deposição de gordura que é o tecido
adiposo (Figura 6). Desta forma a composição corporal muda ao longo do tempo devido as
diferenças na velocidade de crescimento e maturação tecidual (Owens, 1993). Segundo
DiMarco (1993), com respeito a deposição de gordura, primeiro se acumula a gordura
intermuscular, após a interna, a subcutânea e finalmente a intramuscular (marmoreio). A
quantidade de gordura passa a ser importante nos mecanismos de surgimento da puberdade e
na fertilidade da novilha de corte (Barcellos, 2001).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
% d a ta x a d e cresc im e n to
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
10
C o n su m o d e
Tecid o n erv oso O sso s M ú scu lo s G o rd u ra alim e n to s
Id ad e d esd e a co n cep ç ão a té a m atu rid ad e
Figura 6. Curva de crescimento de cada componente corporal da fecundação até a maturidade.
(Fonte: Owens, 1993 - Adaptado).
Peso ou massa corporal versus idade animal resulta na curva de crescimento (Webster,
1989). A curva de crescimento (Figura 7) apresenta uma forma sigmóide, onde início do
período de inflexão é representado pela puberdade. Neste momento, ao redor dos 12-14
meses de idade, ocorre uma desaceleração do crescimento e a ovulação. O peso encontra-se
em torno de 65% do peso maduro. Balanços endócrinos e de composição corporal são
específicos nessa fase de vida do indivíduo, bem como a repartição de nutrientes, processos
de síntese e secreção, que culminam com a preparação da fêmea para o início da procriação.
480
P u berd ade
P eso V iv o (k g )
400
300
250
150
0
6
12
18
24
M atu rid ad e
Id ad e em m eses
Figura 7. Curva de crescimento padrão para vacas de corte com tamanho adulto de 480 kg e
momento de ocorrência da puberdade.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
11
Crescimento compensatório
O crescimento compensatório refere-se ao período de crescimento acelerado, numa
determinada idade, após um período de restrição nutricional. A restrição pode ser produzida
por uma escassez na quantidade ou na qualidade de alimentos. Esse período em geral é
relativamente longo para assegurar uma adaptação
a um baixo nível nutricional e
posteriormente ocorrer o crescimento compensatório. A ocorrência desse fenômeno tem sido
estudada com exclusividade em machos ou animais destinados a produção de carne, em
particular antes de alcançarem o peso maduro. Há um período de tempo relativamente
longo, cientistas vêm estudando os mecanismos que permitem entender completamente esse
fenômeno, contudo, elas não são suficientemente claras para possibilitar uma manipulação
segura no desenvolvimento dos animais aproveitando economicamente esse potencial para
compensar o crescimento. Sua ocorrência pode ser verificada pelas inclinações das
derivadas do segmento das curvas de crescimento (Figura 8), pós-restrição, de animais cuja
alimentação foi restringida e comparando-as com as inclinações de animais que não foram
restringidos. Pela inclinação das retas do crescimento na fase de realimentação é notada a
ocorrência ou não da compensação.
Figura 8 .Esquema hipotético mostrando as várias possibilidades de curvas de crescimento
com e sem compensação do ganho e compensação completa ou parcial. (Fonte:
Boin & Tedeschi, 1997 - Adaptado).
No período de crescimento compensatório, quando a taxa de ganho é de uma
magnitude superior ocorre uma completa compensação do ganho que não ocorreu no
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
12
período de restrição. Por outro lado, quando ela não é tão elevada, esta compensação pode
ser parcial e ocorrer um comprometimento no ritmo de desenvolvimento do animal até a
alcançar o tamanho maduro. Obviamente, que em ambos os casos, os efeitos conhecidos e
mensurados são em animais destinados ao abate. Porém, em tratando-se de novilhas
destinadas a reprodução não há qualquer evidência desses mecanismos e de respostas de
animais submetidos a períodos de restrição e a ganhos compensatórios. Cabe lembrar que no
crescimento compensatório em geral trata-se de menores taxas de ganho de de peso,
portanto, raros são os trabalhos em que a perda de peso é exercitada.
Alguns princípios que ocorrem com animais para produção de carne podem ser
inferidos para as fêmeas destinadas a reprodução, como a idade em que ocorre a restrição.
Ryan (1990) demonstrou que animais que sofrem restrição logo após o nascimento tendem a
não apresentar ganho compensatório e eles podem ter o peso adulto comprometido em
relação aos que não sofreram restrição. No caso da novilha, o momento em que ela atingiria
a puberdade já estaria comprometido, pois, o ponto biológico na curva de crescimento está
relacionado diretamente com o peso vivo e com a idade cronológica. Assim, ela ocorrerá em
idade mais avançada. Também deve ser ressaltado, que a deposição de proteína estaria
comprometida, pois está altamente correlacionada com o peso à maturidade e com isto os
mecanismos endócrinos que interpretam a composição corporal, no momento da puberdade,
estariam recebendo sinais insuficientes para desencadear esse evento.
A severidade, segundo Ryan (1990), estaria mais relacionada com o tempo de
permanência do animal em crescimento compensatório do que com a taxa de ganho
compensatório. Experimentos demonstram que animais com perda de 0,080 kg/d tiveram 82
dias de crescimento compensatório, enquanto que outros com perda de 0,230 kg/d tiveram
compensação por 180 dias. Em se tratando de novilhas de cria isto pode significar o atraso
em 6 meses para inclui-la num programa de acasalamento. Em sistemas de acasalamento aos
14 meses, submeter as novilhas a taxa de ganho de peso inferior a 0,300 kg/dia no pósdesmame durante a estação seca ou inverno e, porteriormente, aproveitar o ganho
compensatório de primavera, pode atrasar o aparecimento do primeiro estro. Portanto, o
aproveitamento do ganho compensatório pode ser explorado em novilhas que são incluídas
na reprodução com idade superior aos 18 meses de idade. Assim, esta pode ser uma
estratégia bioeconômica para aqueles ambientes em que ocorrem restrições nutricionais no
primeiro período pós-desmama da terneira ou naqueles em que a mesma somente terá
condições de acasalamento aos 24 meses de idade.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
13
CRESCIMENTO E PUBERDADE
Puberdade
A puberdade na novilha é o resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem
no eixo endócrino-reprodutivo (Schillo et al., 1992). Ainda que esses eventos tenham sido
bem documentados, pouco é conhecido sobre os mecanismos que controlam o período que
inicia a puberdade na novilha.
Geralmente, de uma maneira arbitrária, é entendido por puberdade o início da
atividade ovariana, acompanhada de ovulação (Peters & Ball, 1987). Além disto, é
necessário o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e da estrutura corporal, para permitir
uma eficiente procriação (Kinder et al., 1995). Na novilha, ela ocorre após um período de 6
a 24 meses de maturação pós-natal, numa taxa que depende fundamentalmente de fatores
ambientais e genéticos. Portanto, é provável que a puberdade ocorra num estágio fisiológico
específico do animal, o qual independe muitas vezes da idade cronológica (Moran et al.,
1989). Contudo, como os sistemas de produção utilizam um calendário de manejo para o
acasalamento e parição, a cronologia do aparecimento do primeiro cio da novilha tem se
constituído em importante parâmetro.
Mecanismos endócrinos que controlam a puberdade
A função reprodutiva na novilha de corte é controlada por interações entre o sistema
nervoso central, hipófise e o ovário. Os centros cerebrais superiores recebem informações
neurais a partir dos ambientes externo e interno. Destaca-se nessas mensagens a percepção
da estrutura corporal e do peso vivo, a idade, a temperatura ambiente, a condição nutricional
e as interações sociais (Bagley, 1993). Além destas, perfis endócrinos e relações entre
hormônios também são percebidos pelos centros cerebrais superiores. Todas essas
informações são processadas no hipotálamo e traduzidas por meio de sinais
neuroendócrinos, os quais vão comandar o desencadeamento das liberações hormonais
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
14
necessárias ao desenvolvimento da atividade pré-puberal (Kinder et al., 1995; Cameron,
1996).
A partir das mensagens percebidas pelo sistema nervoso central, estímulos são
dirigidos à hipófise para síntese e liberação dos hormônios folículo estimulante (FSH) e
luteinizante (LH). Estes, após serem sintetizados pela hipófise são liberados na corrente
sanguínea de forma pulsátil a partir dos quatro meses de idade. Entretanto, seus níveis são
extremamente baixos e insuficientes para promover o desenvolvimento no ovário
desencadeando uma onda folicular mais efetiva. Além dos baixos níveis, a freqüência de
seus pulsos é extremamente baixa o que impede uma ação mais intensa (Moran et al., 1989).
Em torno de 50 dias antes da puberdade, ocorrem de 1 a 4 picos pulsáteis por dia . Nesse
período, quando a novilha ainda não apresenta os requisitos básicos, os quais são sentidos
como mensagens positivas no sistema nervoso central, relacionadas com o peso vivo e com
a condição nutricional, o hipotálamo encontra-se altamente sensível aos baixos níveis de
esteróides circulantes. Estes esteróides de origem da supra-renal e de pequenas estruturas
foliculares do ovário, atuam no âmbito do hipotálamo e da hipófise, através de uma
retroalimentação negativa sobre a síntese e secreção de fatores de liberação de
gonadotrofinas (GnRH) e diretamente sobre o LH. O número de receptores para o estradiol,
na eminência média do hipotálamo, decresce no período pré-puberal e este decréscimo pode
resultar numa menor inibição dos níveis de estradiol sobre o mecanismo de liberação de LH
(Evans et al., 1994).
No sistema de controle estão envolvidos os neurotransmissores opióides, os quais
também atuam inibindo o hipotálamo de ações mais intensas sobre a produção de GnRH. No
momento em que a novilha alcança as condições fisiológicas de desenvolvimento corporal e
status nutricional, esta sensibilidade aos opióides é diminuída e a presença de fatores de
liberação de gonadotrofinas passa a ser mais atuante (Short & Adams, 1988; Roche &
Diskin, 1995).
À medida que os sinais ambientais e metabólicos são positivamente percebidos pelo
SNC, a sensibilidade aos esteróides e aos neuroopióides é diminuída, ocorrendo um
aumento na freqüência de liberação do LH, o qual coincide com o período de início da
puberdade. Conforme Wolfe et al. (1991), o bloqueio dos neuroopióides com o uso de
naloxone em novilhas pré-púberes, produz um aumento nos níveis circulantes de LH e
antecipação da puberdade. Portanto, o ovário está preparado para responder ao estímulo
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
15
como na vaca adulta. Porém, o que falta na realidade é o estímulo hormonal para produzir
crescimento, maturação e ovulação no folículo (Bronson & Manning, 1991).
Um outro aspecto envolvido no sistema de controle é a morfologia dos neurônios
produtores de GnRH. Antes da puberdade eles são menos sensíveis a conexões sinápticas
que conduzem as mensagens ao hipotálamo e com isto produzem menos GnRH (Wray &
Hoffman, 1986). No momento que ocorre o amadurecimento do indivíduo, o qual pode ser
um tamanho somático ou de estrutura corporal, estas estruturas neurais são modificadas e
atuam mais ativamente na modulação e na ocorrência da puberdade.
No momento em que surgem fatores associados à maturidade fisiológica e o sistema
nervoso central detecta relações neuro-endócrinas favoráveis, a produção de LH conduz a
um desenvolvimento folicular mais intenso, a presença de um folículo dominante e a
ocorrência da ovulação (Sirois & Fortune, 1988). A partir desse episódio, a formação do
corpo lúteo e a conseqüente produção de progesterona, em níveis superiores a 1 ng/ml,
darão a continuidade cíclica do estro e configura-se a presença da puberdade na novilha
(Evans et al., 1994).
Fatores que determinam a puberdade
Peso vivo
O peso corporal é um importante monitor para estimar quando as novilhas alcançarão
a puberdade. Deste modo, a alimentação necessária para alcançar um peso alvo, para um
determinado genótipo, permitirá que a novilha expresse seu potencial para a fertilidade
(Patterson et al., 1992a).
As evidências de que a ocorrência de um peso vivo mínimo, associado à idade
cronológica em novilhas de corte, seria o principal mecanismo desencadeador da expressão
da atividade reprodutiva, é do consenso de vários autores (Lamond, 1970; Roche & Diskin,
1995). Conforme Schillo et al. (1992), o período do início da puberdade é determinado por
uma quantidade total de crescimento alcançado durante o pós-desmame para atingir um peso
mínimo. Taxas de ganho de peso superiores a 0,400 kg/dia, no pós-desmame, não afetam a
idade na puberdade, pois o ritmo de crescimento produz pouco efeito na manifestação do
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
16
primeiro cio, após um certo peso crítico ter sido atingido. No entanto, existe uma correlação
inversa e significativa entre ganho de peso e idade à puberdade (Smith et al., 1976).
Vários estudos correlacionando a idade cronológica e o peso vivo com o primeiro cio
fértil resultaram em valores mais significativos para o peso vivo, sendo que o estro sempre
ocorreu numa faixa de peso restrito, para cada genótipo, independente do tempo necessário
para atingir esse peso (Patterson et al., 1992b). Contudo, a puberdade não pode ser
simplesmente ou exclusivamente explicada por essa variável. Há, sem dúvida, um
mecanismo complexo envolvendo a taxa de crescimento, peso vivo e idade à puberdade.
O manejo reprodutivo da novilha é voltado aos processos fisiológicos que influenciam
o momento da puberdade (Patterson et al., 1991). Desta forma, o objetivo da seleção e
manejo de novilhas de corte é que estas venham a conceber cedo na estação de monta e parir
cedo minimizando os custos de desenvolvimento (Greer et al., 1983). Segundo Patterson et
al. (1991), o peso recomendado ao acasalamento é de 65% do peso maduro da raça. Day et
al. (1986), relataram que em novilhas cruzadas (1/2 Shorthorn, 1/4 Hereford e 1/4 Red
Angus) alimentadas normalmente, a puberdade ocorreu aos 428 dias de idade e 308 kg de
peso vivo
De um modo geral, a novilha está apta para o acasalamento ao alcançar, no mínimo,
60 - 65% do peso vivo da vaca adulta. No entanto, para as raças sintéticas, em particular
cruzas Britânicas x Zebuínas, esse percentual pode ser levemente superior. Novilhas
oriundas de rebanhos, onde as vacas adultas demonstram pesos em torno de 480 kg,
deveriam pesar entre 312 – 330 kg, por ocasião do início da temporada reprodutiva. Em um
experimento (Barcellos, 2001), avaliando o peso à puberdade em novilhas Braford de vários
graus de sangue (Tabela 2), demonstrou pesos relativamente altos para todas as
combinações raciais. O autor demonstrou que animais com maior percentual de indicus
necessitam de um maior peso vivo em relação à vaca adulta para alcançar a puberdade. Isto
demonstra que para o primeiro acasalamento ser eficiente, serão necessários sistemas de
criação da terneira que possibilitem a mesma alcançar esses pesos, independente da idade ao
primeiro serviço.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
17
Tabela 2. Peso e percentual do peso vivo de novilhas Braford de vários graus de sangue por
ocasião da puberdade.
Grau de sangue
Peso ao 10 cio (Kg)
% do Peso da Vaca Adulta
25N-75H (1/4B)
324,0a
60
37,5N-62,5H (3/8B)
319,0a
62
43,7N-56,3H (3,5/8B)
325,0a
66
50N-50H (1/2B)
343,0b
65
75N-25H (3/4B)
353,0b
70
a- Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05).
Fonte: Barcellos, 2001.
Conforme o trabalho conduzido por Barcellos (1996), o peso da novilha Braford
apresenta uma relação linear com a taxa de prenhez no seu primeiro acasalamento (figura 9).
100
Prenhez (%)
90
80
70
60
50
280
290
300
310
320
330
Peso no Início do Acasalamento (kg)
Figura 9. Efeitos do peso no início do acasalamento na taxa de prenhez de novilhas Braford
acasaladas aos 24 meses de idade (Fonte: Barcellos, 1996).
Trabalhando com novilhas Hereford, Silva (2003) verificou que o peso ao início do
acasalamento exerceu efeito sobre a taxa de prenhez, independente da novilha ter sido
acasalada aos 18 ou 24 meses, haja vista ter havido a diferença significativa (P<0,05) de 30
kg entre prenhes e vazias.
A análise de regressão destes dados experimentais, agrupando por peso no início do
acasalamento (PIA), por intervalos de 15 kg demonstrou uma relação quadrática entre o
peso ao início do acasalamento e a taxa de prenhez (Figura 10). Conforme aumentou o peso
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
18
no acasalamento, ocorreu um aumento da taxa de prenhez, até um valor de máximo, onde a
partir deste as novilhas também não conceberam, evidenciando que, a partir de um peso de
332,7 kg, outros fatores podem estar influenciando a reprodução.
Taxa de prenhez (%)
100
80
60
40
20
0
246
261
276
291
306
321
336
351
366
PIA (kg)
Figura 10. Regressão do peso no início do acasalamento (PIA) sobre a taxa de prenhez (TP)
(Fonte: Silva, 2003).
Cohen & Gardner (1980), analisando aspectos reprodutivos de novilhas Hereford,
verificaram a manifestação de cio de 5% e 95% em animais com pesos de 187 kg e 280 kg,
respectivamente. Esses autores observaram que novilhas com 231 kg, metade delas
alcançaram a puberdade.
Segundo Ellis (1974), a relação entre peso ao início do acasalamento e taxa de parição,
diferentemente do encontrado por Silva (2003), foi linear dos 175 kg aos 265 kg. Nesta
amplitude, para cada 10 kg de incremento no peso, a taxa de parição aumentou 7%.
A análise dos pesos entre novilhas que conceberam ou não, é uma maneira de mostrar
a importância da necessidade de bons pesos ao início das temporadas de acasalamento, para
que sejam alcançados índices de prenhez compatíveis com aumento de produtividade e por
conseqüência, melhor eficiência do sistema produtivo. Alguns autores têm disponibilizado
esses dados, independente dos tratamentos utilizados (Tabela 3).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
19
Tabela 3. Pesos ao início do acasalamento para novilhas que viriam a conceber ou não e
respectivas taxas de prenhez
Peso (kg)
Diferença
Prenhes Falhadas
(%)
17-18
275,1a
258,5b
6,5
20,60
14-15
248,3a
227,2b
9,2
59,39
17-18
294,5a
270,9b
8,8
50,00
26-27
313,8a
288,4b
8,6
78,00
Fonte
Idade (meses)
Semmelmann & Lobato, 2001
Rocha & Lobato, 2002b
Silva, 2003
Prenhez (%)
a,b- Letras diferentes na linha diferem estatisticamente (P<0,05).
Em geral, em grupos com melhores taxa de prenhez são observadas maiores
diferenças entre prenhas e vazias, evidenciando dessa forma que o peso continua
influenciando decisivamente a taxa de concepção em novilhas de corte.
Estrutura corporal
Efeitos do frame sobre a idade à puberdade
O frame (Figura 11), definido por alguns pesquisadores por estrutura corporal, é
obtido a partir da medição da altura da garupa numa idade particular (Tabela 4) e está
correlacionado com a taxa de crescimento do animal (BIF, 1996). Conforme Baker et al.
(1988), a altura da garupa ou estrutura, é a forma mais conveniente de descrever o tamanho
esquelético em bovinos de corte. Deve ser salientado que esta medida deve ser ajustada para
idade para permitir a comparação entre animais de diferentes idades, pois animais com taxa
de crescimento adequado serão classificados no mesmo frame score durante sua vida à
medida que sua altura aumenta. Evidente que essa medida tem uma forte influência da
nutrição.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
20
Figura 11. Local de medição da altura de garupa (polegadas) para cálculo do frame, em
novilhas de corte (BIF, 1996).
Animais de maior estrutura corporal, mais altos, maior tamanho adulto, podem ter
impactos negativos no desempenho reprodutivo, como atraso na idade à puberdade e menor
eficiência reprodutiva, particularmente quando os recursos alimentares são escassos
(Fitzhugh, 1978). Entretanto, Mercadante et al. (2003) não verificaram efeitos negativos nos
parâmetros idade ao primeiro parto e dificuldades ao parto quando compararam linhagens de
Nelore selecionadas por maior altura e peso vivo ao sobreano. As novilhas e vacas das
linhagens selecionadas e tradicional foram 19% e 15% mais pesadas e 4% mais altas ao
início da estação de acasalamento que as do grupo controle.
Vargas et al. (1998), trabalhando com novilhas Brahman em ambiente tropical,
encontraram uma correlação alta entre a idade à puberdade e a altura na garupa. A
correlação genética entre essas características foi 0,65. Portanto, novilhas mais altas aos 18
meses foram mais tardias na puberdade. Em outro trabalho, Vargas et al. (1999) verificaram
que novilhas de estrutura corporal grande foram 46 dias mais tardias na puberdade do que
novilhas de pequena estrutura.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
21
Tabela 4. Altura da garupa (cm) e escore de Frame de novilhas de corte dos 5 aos 21 meses de
idade
Escore de Frame*
Idade
(meses)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
5
84
89
94
99
104
110
115
120
125
6
86
92
97
102
107
112
118
123
128
7
89
94
99
104
110
115
120
125
130
8
91
96
101
107
112
117
122
127
132
9
93
98
103
109
114
119
124
129
134
10
95
100
105
111
116
121
126
131
136
11
97
102
107
112
117
122
128
133
138
12
99
104
109
114
119
124
129
134
139
13
100
105
110
115
120
125
130
135
140
14
101
107
112
117
121
127
132
137
142
15
103
108
113
118
123
128
133
138
143
16
104
109
114
119
124
129
134
139
143
17
105
110
115
119
124
129
134
139
144
18
106
110
115
120
125
130
135
140
145
19
106
111
116
121
126
131
136
140
145
20
107
112
116
121
126
131
136
141
146
21
107
112
117
121
127
131
136
141
146
Fonte: BIF, 1996 (adaptado).
*Escore de frame= -11,548 + 0,4878 H – 0,0289 I + 0,0000146 I2 + 0,0000759 H * I
H= altura em polegadas.
I= idade em dias.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
22
Ao avaliarem diferentes raças, Cundiff et al. (2001) verificaram que o peso vivo das
novilhas aos 400 e 550 dias não variou em função da raça do pai, mas a altura de garupa aos
550 dias sofreu influência significativa (Tabela 5). Novilhas filhas de touros Simmental,
Charolês e Limousin foram significativamente mais altas que filhas de Angus e Red Angus.
As novilhas filhas de touros Hereford ou Gelbvieh tiveram
classificação de Frame
intermediário, não diferindo das novilhas com frame maior (Limousin, Simmental ou
Charolês) ou menor (Angus e Red Angus). As novilhas filhas de touros Limousin tiveram
manifestação de cios significativamente menor com um ano de idade e tiveram idade à
puberdade significativamente maior que as filhas de Angus ou Red Angus. A raça do pai
não interferiu na taxa de prenhez. Deve ser salientado, que no presente trabalho, as novilhas
foram submetidas a níveis nutricionais sem restrição. Entretanto, com certeza, qualquer
limitação na taxa de ganho de peso permitiria a manifestação mais clara das diferenças entre
animais de frame grande ou intermediários.
Tabela 5. Características de crescimento e puberdade de novilhas de corte conforme a raça do
pai
18 meses
Raça do pai
N°
Peso 400
dias, kg
Hereford
46
375,5
433,9
128,8
Angus
47
397,3
433,0
Red Angus
50
395,0
Simmental
56
Gelbvieh
Peso
kg
Altura
cm
Frame
Puberdade
Prenhez
%
%
Peso
kg
Dias
5,6
93,5
323,8
337
96
127,3
5,3
100
329,7
324
86
440,7
126,2
5,1
100
327,9
325
87
384,1
441,6
130,4
6,0
99,6
336,1
327
91
62
367,8
424,9
129,3
5,7
92,4
317,1
317
78
Limousin
51
378,2
436,7
130,6
6,0
84,0
352,8
352
83
Charolês
53
376,0
436,7
129,9
5,9
89,0
329,7
337
94
Fonte: Cundiff et al, 2001 – adaptado.
Os animais de maior estatura, normalmente apresentam um prolongamento no período
de inflexão da curva de crescimento, retardando a maturidade e início de acúmulo de
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
23
gordura corporal, o que pode refletir numa maior idade à puberdade (DeNise & Brinks,
1985).
Novilhas de maior estrutura necessitam de maiores taxas de ganho diário de peso para
alcançar o peso ótimo na puberdade do que novilhas de menor estrutura. Numa situação de
menor disponibilidade de nutrientes, as novilhas menores (Figura 12) podem alcançar mais
facilmente a puberdade do que as de maior estrutura (Barcellos et al., 2001).
Conforme Euclides Filho (2001), a relação do tamanho adulto com a eficiência
biológica de produção interage com o meio ambiente. Assim, nos sistemas de produção mais
limitados, os animais de médio porte, de menores exigências de mantença, são mais
eficientes. Segundo o autor, novilhas cruzas Angus-Nelore com 13-14 meses de idade,
apresentaram uma taxa de prenhez de 84%, enquanto nas cruzas Simental-Nelore, de maior
frame, o índice foi de 60%. Provavelmente, as diferenças na idade à puberdade foram as
responsáveis pelas diferenças na prenhez.
470
IP (dias)
450
430
410
Y = 9,69x + 379,5 r
2=
.79
390
370
4
5
6
7
8
Estrutura Corporal (Frame)
Figura 12. Relação entre a estrutura corporal (Frame) e a idade à puberdade de novilhas
Braford mantidas num ganho de peso pós-desmame de 0,500 kg/dia (Fonte:
Barcellos, 2001).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
24
Relação Peso:altura
Um parâmetro que reflete, de uma forma combinada, um provável status nutricional, é
a relação peso:altura (kg/cm). Conforme Fox et al. (1988), aos 426 dias, a novilha deveria
apresentar uma relação de 2,53 kg/cm de altura, independente do tamanho do animal.
Barcellos (2001), encontrou uma relação de 2,60 kg/cm, aos 388 dias, por ocasião da
puberdade em novilhas Braford (Figura 13). Para cada 0,1 unidade de aumento na relação
peso:altura aos 11 meses de idade, ocorreu uma redução de 4,2 dias na idade à puberdade.
Nesse trabalho, foram observados efeitos mais evidentes dessa relação nas novilhas com
maior percentagem de sangue zebuíno, sugerindo que estas novilhas necessitam de um
melhor equilíbrio entre o peso vivo e altura do que novilhas menos azebuadas no momento
da puberdade. Portanto, a relação peso:altura pode ser considerada um melhor estimador da
estrutura corporal do animal do que seu peso vivo, pois reúne os dados do peso vivo, o qual
depende da composição corporal, com o frame, expressando uma qualificação do tamanho.
IP (dias)
Além disso, pode ser aferida facilmente por ocasião das pesagens dos animais.
500
480
460
440
420
400
380
360
340
320
300
Y= - 143,26x + 740,97
r2 = .68 (P<0,01)
1,9
2,1
2,3
2,5
2,7
2,9
Relação Peso:Altura aos 11 meses
Figura 13. Efeitos da relação peso:altura, aos 11 meses, sobre a idade à puberdade de novilhas
de corte Braford (Fonte: Barcellos, 2001).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
25
Teor de gordura corporal
A relação entre a composição do tecido animal num determinado peso vivo com o
aparecimento da puberdade foi inicialmente identificada em humanos. A lenta maturação do
hipotálamo e hipófise, para desencadear o primeiro estro, é acompanhada também por uma
lenta maturação do corpo, o qual não é dependente unicamente do tamanho mas de uma
proporção relativa de ossos, músculos e gordura (Frisch, 1984).
A fêmea jovem não pode ovular pela primeira vez até ela acumular uma quantidade
crítica de gordura em relação a sua massa corporal como um princípio de sobrevivência e
preservação das espécies representadas pelas exigências nutricionais da gestação e lactação
(Bronson & Manning, 1991).
Na espécie bovina, as diferenças na composição corporal entre raças de maturidade
precoce e tardia, num peso semelhante, conduzem à possibilidade da existência do efeito de
uma proporção de gordura ou proteína na determinação da puberdade.
Conforme Staples et al. (1998), a gordura pode influenciar a reprodução através da
melhoria do status energético, esteroidogênese, modulação da insulina e modulação da
produção e liberação das prostaglandinas.
Buskirk et al. (1996) constataram uma relação entre a espessura de gordura na altura
da 13a costela e a percentagem de novilhas púberes antes do acasalamento. Cerca de 32%
das novilhas que apresentavam 2,9 mm de gordura estavam ciclando no início do
acasalamento, enquanto novilhas com uma espessura de 5,8 mm de gordura, 93% estavam
ciclando. Os autores concluíram que a redução da energia na dieta, diminuiu o IGF-I e
aumentou o nível de STH com o desacoplamento do eixo energético.
Simpson et al. (1998) mediram a composição corporal de novilhas Hereford, Senepol
e cruzas, no momento da primeira concepção. O peso vivo explicou 55% da variação da
idade à puberdade, enquanto que a inclusão da composição corporal melhorou o coeficiente
de determinação em apenas dois pontos percentuais. Num outro trabalho, Barcellos (2001)
encontrou uma correlação de –0,58 entre a espessura de gordura de cobertura e a idade à
puberdade em novilhas Braford. Neste trabalho, foi observada uma melhor correlação entre
as duas variáveis quando a gordura de cobertura foi avaliada aos 11 meses de idade.
Os efeitos da espessura de gordura sobre a idade à puberdade são menores à medida
que a novilha torna-se mais gorda. Isto sugere que a partir de um nível mínimo de tecido
adiposo, outros fatores passam a atuar na modulação do surgimento da puberdade.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
26
As diferenças de deposição de gordura nos diversos tecidos do corpo, podem alterar a
proporção de tecidos metabolicamente ativos e influenciar o relacionamento entre a
mantença e peso vivo (Buckley et al., 1990).
A comprovação da hipótese de que a composição corporal influi na puberdade ainda
precisa ser mais bem estudada, embora os resultados de sua avaliação possam determinar
sistemas de alimentação da novilha que produzam ganhos de peso qualificados para a
obtenção de uma composição e peso corporal específicos que precedem o acasalamento.
Conforme Jenkins & Ferrel (1997), no mesmo grau de maturidade, praticamente não
há diferenças nas proporções químicas do corpo vazio. Os autores consideram “peso
maduro” quando o animal apresenta 0,25 kg de gordura/kg de peso vivo vazio. Até os 12
meses de idade, ocorre uma grande alteração na relação entre a proporção de estruturas de
altas demandas de energia, como os órgãos internos, com o restante do corpo. Esse ponto
específico da curva de crescimento, poderia gerar os sinais metabólicos para desencadear a
puberdade.
Uma hipótese que tenta explicar o relacionamento entre a puberdade e a nutrição é a
diminuição da sensibilidade do hipotálamo aos baixos níveis de estrógenos circulantes à
medida que o peso vivo se aproxima de um “peso mínimo” alvo. Este peso mínimo
garantiria um tamanho somático ao hipotálamo que o tornaria maduro e seria menos
estimulado por baixos níveis de estrógenos para liberar o LH de uma forma pulsátil mais
intensa e com maior freqüência (Evans et al., 1994; Kinder et al., 1995).
As alterações no metabolismo intermediário, com flutuações no peso vivo e/ou
gordura podem influenciar a secreção de LH. Uma subnutrição determina aumento de ácidos
graxos não esterificados, hormônio do crescimento (GH) e diminuição da insulina, IGF-I
(fator do crescimento semelhante à insulina) e tirosina. Fisiologicamente, os ácidos graxos e
o GH são inibidores do LH, enquanto IGF-I, insulina e tirosina são estimuladores. No
entanto, é esperado que a disponibilidade de energia total, mais do que um metabólito ou
hormônio específico, determine os efeitos da nutrição sobre a secreção de LH pré-puberal.
Roberts et al. (1997) construíram um modelo de relações entre o STH-IGF-I- IGFproteína transportadora, como um eixo responsável pelo estresse nutricional. O hipotálamo
pode perceber as variações do status nutricional e metabólico pelas alterações nessas
relações do eixo. Em ratos, com deficiência nutricional, ocorre uma queda na circulação do
IGF-I devido a uma maior captura do hormônio com seus receptores localizados na
eminência média, e, com isto, menor crescimento folicular.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
27
Essa hipótese que associa o STH/IGF-I e crescimento ovariano foi comprovada por
Chase et al. (1998), os quais identificaram que o STH estimula a secreção hepática de IGF-I,
que por sua vez estimula o desenvolvimento ovariano. Barcellos et al. (2002) demonstraram
que maiores níveis de IGF-I aos 60 dias antes da puberdade, como conseqüência de ganhos
de peso mais elevados, resultaram numa redução linear na idade à puberdade de novilhas
Braford de vários graus de sangue (Figura 14). As funções dos receptores ovarianos para as
gonadotrofinas são IGF-I dependente. Enquanto a novilha não alcança um nível de
STH/IGF-I, característicos de um estado-peso corporal somático-cronológico, não ocorre
secreção folicular e afinidade dos receptores foliculares às gonadotrofinas. Em animais com
deficiências de receptores para o STH, ocorre um atraso no desenvolvimento folicular,
associado ao menor desenvolvimento ponderal. O provável local dessa limitação,
representado pela menor concentração de IGF-I, se dá devido às menores quantidades de
receptores para o STH no folículo e pela menor sinalização do segundo mensageiro.
Contudo, em estudos conduzidos por Hall et al. (1994), não foram observados efeitos da
somatotrofina na idade à puberdade de novilhas de corte. Concluíram os autores, que o STH
exógeno não afetou a liberação de LH.
500
(Equação geral) Y = -0,4425x + 480,31
r 2 = 0,5072 (P<0,05)
IP (dias)
450
25N
37,5N
43,7N
50N
75N
400
350
300
50
100
150
200
250
300
350
IGF-I ng/ml - 60 dias
Figura 14. Efeitos dos níveis de IGF-I aos 60 dias antes da puberdade sobre a idade à
puberdade (Fonte: Barcellos et al., 2002).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
28
Um trabalho conduzido por Barcellos et al. (2001), demonstrou uma alta correlação
entre a camada de gordura de cobertura e a idade à puberdade de novilhas de corte (Figura
15). À medida que as novilhas foram tornando-se mais gordas, ocorria uma redução na
idade ao primeiro cio. Possivelmente, em genótipos azebuados, o status nutricional e uma
Idade à Puberdade, dias
reserva energética mínima seja desencadeante da puberdade da novilha.
480
450
420
390
360
330
300
1,8
3,3
4,0
4,6
5,1
6,0
Espessura de Gordura (mm)
Figura 15. Efeitos da espessura de gordura de cobertura na idade à puberdade de novilhas de
corte Braford (Fonte: Barcellos et al., 2001).
A leptina parece ser o elo entre a condição nutricional e a reprodução, ela age
centralmente no eixo hipotálamo-hipófise através de seus receptores e do NPY;
periféricamente, a leptina tem efeito direto sobre as gônadas (Williams et al., 2002).
Na fase pré-puberal, a variação dos níveis de leptina está intimamente associada a
variação no peso vivo (r=0,85; P<0,02). Depois do peso vivo, o nível de leptina foi o melhor
estimador do momento da puberdada em novilhas de corte com até 12 meses de idade. Os
níveis de leptina aumentaram linearmente desde a 16ª semana de vida até o momento da
primeira ovulação na primavera/verão e neste período estiveram intimamente associados
com os níveis de IGF-I e o peso vivo (Garcia et al., 2002; Garcia et al., 2003).
No ovário bovino, a leptina antagoniza diretamente o efeito estimulatório da insulina
sobre a esteroideogênese das células granulosas e teca, causando redução na secreção de
estradiol. Na ausência da insulina, a leptina tem pequeno ou nenhum efeito sobre
esteroideogênese das células granulosas. A leptina tem maior efeito inibidor da insulina nas
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
29
células granulosas não diferenciadas, pois o número de receptores nessas células decresce à
medida que os folículos crescem e se desenvolvem, resultando em folículos dominantes
menos sensíveis aos efeitos negativos da leptina.
Estudos em bovinos indicam que o efeito inibitório da ação da leptina sobre a insulina
não é por meio da inibição direta da ligação da insulina com o seu receptor. A leptina atenua
a fosforilação da tirosina no receptor do substrato-1 da insulina em cultura de células e altera
a sensibilidade da insulina em ratos.
O NPY é o principal mediador da leptina no hipotálamo para regular LH e
somatotrofinas (Williams et al., 2002). Trabalhos indicam efeitos estimulatório ou inibitório
do NPY sobre LH, dependendo da espécie e condição corporal. Embora o NPY possa
estimular a liberação de LH em ratos sob dieta normal, estes efeitos são maiores durante o
estresse nutricional tanto em ruminantes como em não ruminantes. Sob estas condições, a
expressão dos receptores da leptina são suprimidos enquanto os receptores do NPY são
elevados. Isto resulta em supressão da liberação de LH e alteração do comportamento
ingestivo.
Segundo Williams et al. (2002), os receptores da leptina tem sido encontrados no arco
do hipotálamo e núcleo ventromedial em todas as espécies que já foram estudadas, áreas
envolvidas no comportamento ingestivo, reprodução e crescimento. Tem sido proposto que
a leptina pode sinalizar os neurônios que contém GnRH diretamente. Porém pequena coexpressão entre neurônios que contém GnRH e receptores da leptina tem sido observada. É
mais provável que a leptina exerça seus efeitos via rede neural através dos NPY e POMC
(proópiomelanocortinas).
Diskin et al. (2003) em extensa revisão demonstraram (Figura 16) relacionamento
entre diversos mecanismos favoráveis que interligam a nutrição com a fisiologia ovariana,
fundamental para a ocorrência da puberadade. Os autores demonstraram através de uma
regressão logística a probabilidade de ovulação da novilha a partir de um diâmetro folicular
de 9mm. Quando o folículo apresentava um diâmetro inferior a esse valor a probabilidade de
ovular foi menor que 20%. Esses resultados confirmam dados obtidos por Barcellos (2001).
Portanto, com essas evidências experimentais fica cada vez mais claro o relacionamento e a
importância da alimentação adequada no período pré-puberal da novilha para seu
amadurecimento sexual adequado.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
30
C ére b ro
NPY & EOP
L e ptin a
H ip otálam o
G nRH
P itu itá ria A n terior
FSH
Te c id o
A d ipo so
G lic ose
GH
F íg ad o
LH
F e ed b ac k
n eg a tivo
d e este róide
& p ro te ín a
IG F-I
P â n c re a s
FD
In su lin a
N
U
T
R
I
Ç
Ã
O
F a to res a utó crin os
& p ará crin o s
Figura 16. Representação esquemática dos mecanismos prováveis que demonstram os efeitos
da nutrição sobre o desenvolvimento folicular. (Fonte: Diskin et al., 2003 adaptado).
Efeitos genéticos sobre a idade à puberdade
O peso vivo, no qual é alcançada a puberdade, pode ser influenciado pela variação
genética entre e dentro de raças. Assim, as raças de corte de rápido crescimento e de grande
tamanho adulto alcançam a puberdade mais tardiamente e com um maior peso vivo relativo
(Patterson et al., 1992b) do que as de menor ganho e de tamanho menor (Martin et al.,
1992). Freetly & Cundiff (1997), avaliando 1275 novilhas, encontraram variações entre e
dentro de raças com a mesma magnitude, contudo, sem ocorrer diferenças significativas
entre raças no percentual de novilhas púberes no final do acasalamento.
Os efeitos genéticos sobre a idade de aparecimento da puberdade em novilhas foram
estudados por Smith et al. (1976) e Laster et al. (1979). Esses autores, respectivamente,
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
31
demonstraram valores de 0,41, e 0,67 para a herdabilidade dessa característica. Morris &
Wilson (1997), trabalhando com uma população de novilhas da raça Angus, encontraram
efeitos genéticos importantes sobre a idade à puberdade. Novilhas oriundas de um rebanho
selecionado para precocidade sexual foram 81 dias mais jovens na puberdade e 18% mais
leves do que as novilhas originadas de um rebanho sem um programa de seleção para essa
característica.
Weekley et al. (1993), avaliando os efeitos da raça do touro e do plano nutricional
pós-desmame sobre o percentual do peso maduro como “peso alvo” para manifestação da
puberdade, obtiveram um valor médio de 62,7%. Ajustando os valores para a raça do pai
foram obtidos percentuais de 59,8, 61,7, 63,2, 64,2 e 65,3% para novilhas filhas de
Simental, Senepol, Braford, Simbrah e Brahman, respectivamente. Nesse trabalho os autores
comprovaram que as novilhas filhas de touros com 25, 44 e 56% de sangue Brahman
atingiram a puberdade aos 362, 430 e 448 dias, respectivamente. Newman & Deland (1991),
no semi-árido australiano, encontraram uma idade mais tardia ao primeiro cio para novilhas
cruzas zebuínas comparadas com cruzas leiteiras ou continentais.
Um trabalho conduzido por Silva et al. (1996), demonstrou que novilhas cruzas Bos
indicus, acasaladas aos 18 meses, com peso inicial de 260 kg, apresentaram 36% de
prenhez, evidenciando assim a necessidade de obtenção de um maior peso no início do
acasalamento em genótipos azebuados. A diferença entre o peso das que conceberam e o das
que falharam foi de apenas 13 kg.
Em experimentos comparando novilhas Bos taurus e Bos indicus, estas últimas
atingiram a puberdade numa idade mais avançada (Hearnshaw et al., 1994). Outros autores
têm evidenciado que animais cruzas Bos taurus x Bos indicus atingem a puberdade mais
cedo do que as raças puras, atribuindo-se à ocorrência da heterose. No entanto, Wolfe et al.
(1990), não encontraram efeitos da heterose para a idade à puberdade. É possível que os
efeitos da heterose e da combinação genética aditiva apresentem maior intensidade em
baixos níveis nutricionais. Nessas condições, as cruzas atingiriam a puberdade mais cedo,
simplesmente por uma melhor adaptação aos escassos recursos alimentares do que as raças
puras. Evidentemente que sob o ponto de vista experimental ocorre um confundimento entre
os efeitos genéticos e os níveis nutricionais, dificultando melhor interpretação dos
resultados.
DeRouen & Franque (1989), avaliando o desempenho reprodutivo de novilhas Angus,
Brahman, Charolês e Hereford acasaladas aos 14, 21 e 27 meses de idade, encontraram
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
32
superioridade na taxa de prenhez das raças européias em relação à zebuína, evidenciando
que a superioridade foi decrescendo à medida em que o acasalamento ocorria em idade mais
avançada.
Estudos conduzidos por Cundiff et al. (1993) e Gregory et al. (1993), compilando
dados de vários experimentos demonstraram valores para a idade na puberdade em novilhas
de várias raças (Tabela 6) onde as cruzas zebuínas foram mais tardias. Sempre a maior idade
ao primeiro cio esteve associada ao maior percentual de sangue zebuíno da novilha.
Tabela 6. Idade e peso à puberdade de vários grupos raciais de novilhas
Grupo Racial
Peso à Puberdade (kg)
Idade à Puberdade (dias)
Jersey
294
317
Longhorn
287
370
Hereford
320
365
Red Poll
304
353
Devon
322
364
Shorthorn
348
359
Galloway
312
365
Brangus
333
385
Santa Gertudis
335
391
Sahiwal
298
427
Brahman
332
439
Nelore
329
412
Gelbvieh
328
341
Simental
340
360
Limousin
325
391
Charolês
337
393
Chianina
332
400
Fonte: Cundiff et al., 1993; Gregory et al., 1993 (adaptado).
No Rio Grande do Sul, um trabalho conduzido por Rocha (1997) identificou idades ao
primeiro cio de 438, 435 e 445 dias para novilhas Hereford, ¼ Nelore-3/4 Hereford e 3/8
Nelore- 5/8 Hereford, respectivamente. Entretanto, avaliando a taxa de prenhez a autora
observou maiores valores para Hereford e 3/4 Hereford do que para novilhas com maior
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
33
sangue zebuíno (3/8 Nelore- 5/8 Hereford). Barcellos (2001), comparando a idade à
puberdade de novilhas Braford, mantidas em três níveis nutricionais pós desmama (Tabela
7), observou
uma tendência de aumento na idade à puberdade à medida em que
incrementou a participação de sangue Nelore.
Embora, as diferenças na idade à puberdade não sejam tão expressivas, um outro
aspecto que deve ser considerado é a distribuição com que os cios se manifestam em cada
grupo racial.
Tabela 7. Idade à puberdade (dias), de novilhas de corte Braford, conforme o ganho de peso
no pós desmama e o grau de sangue
Ganho de Peso
Grau de Sangue
Média
(kg/d)
1/4B1
3/8B
3,5/8B
1/2B
3/4B
0,500
428aA
433aA
440aAC
408aB
456aC
433
0,750
346bA
382bB
408bC
374bB
459aC
319
1,000
356bA
334cB
369cA
376bA
410bC
337
Média
376
383
405
386
441
363
1-
1/4 de sangue Zebuíno (Nelore) – 3/4 de sangue Hereford.
a,b-Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05).
A,B-Médias na linha seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05).
Fonte: Barcellos, 2001.
Na Tabela 8 está demonstrada a freqüência de novilhas Braford em cio, quando
submetidas à uma taxa de ganho de peso pós-desmame em torno de 0,750 kg/dia, em
intervalos de 21 dias que antecedem o início do acasalamento (15/11). Esses resultados
mostram claramente que as novilhas com mais de 3/8B somente começam a ciclar próximo
o início da estação reprodutiva e num percentual menor do que novilhas com mais sangue
Hereford. Portanto, as novilhas mais azebuadas tem menores probabilidades de virem a
conceber numa estação de acasalamento com períodos fixos. Desta maneira, isso precisa ser
considerado num programa de acasalamento em idades precoces onde incluem novilhas com
altos percentuais de sangue Bos indicus, pois estas por serem mais tardias, não respondem
adequadamente aos incrementos dos níveis alimentares durante a sua criação para esse
objetivo.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
34
Tabela 8. Freqüência de novilhas em cio, em intervalos que antecedem o início do
acasalamento, conforme o grau de sangue
Intervalo do início do
% de novilhas em cio
acasalamento (dias)
1/4B
3/8B
3,5/8B
1/2B
3/4B
- 63
75
20
0
0
0
- 42
100
54
0
0
0
- 21
100
72
11
66
0
0
100
90
88
66
0
Fonte: Barcellos, 2001.
Ganho de peso pós-desmame
A variável ganho de peso pós-desmame é talvez a mais importante na determinação do
peso com que a novilha chegará no seu alvo, por ocasião da puberdade. Seus efeitos sobre a
idade à puberdade tem sido motivo de vários estudos.
Wiltbank et al. (1985) demonstraram que novilhas da raça Hereford alcançam a
puberdade com um peso de 238, 248 e 259 kg, porém com 433, 411 e 388 dias de idade,
respectivamente. O fator de maior efeito na idade para alcançar o peso mínimo foi a taxa de
ganho de peso no pós-desmame de 0,230, 0,450 e 0,680 kg/dia, respectivamente.
A partir da fixação de um peso mínimo para ser atingida a puberdade, Fox et al.
(1988) sugeriram taxas de ganho de peso necessárias em determinados períodos da vida para
alcançá-lo. Assim, para novilhas manifestarem o primeiro estro aos 264 kg, elas devem ter
um ganho de peso dos 7 aos 12 meses na ordem de 0,602 kg/dia. Se o peso alvo é 280 kg na
idade de 350 dias, uma terneira desmamada com 160 kg aos 180 dias, necessitará ganhar
120 kg em 170 dias, ou seja, um ganho diário de 0,705 kg/dia (Deutscher, 1996).
Lynch et al. (1997) manipularam o ganho de peso no pós-desmame para maximizar as
vantagens do ganho compensatório e observaram em novilhas alimentadas para ganhar
0,600 kg/dia, durante 160 dias, ou 0,250 e 1,14 kg/d,
durante 112 e 48 dias,
respectivamente, uma idade de 406 e 386 dias na puberdade, respectivamente. Estes
resultados mostram que há uma ampla possibilidade de manipulação dos ganhos de peso
para minimizar os custos com alimentação.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
35
Alternativas nutricionais que maximizem o uso dos nutrientes para antecipar o
aparecimento da puberdade têm sido estudadas por alguns autores. Lalman et al. (1993)
testaram o emprego de proteína não degradável, ácido propiônico ou monensina sódica em
novilhas no pós-desmame e não observaram diferenças na idade ao primeiro estro. No
entanto, foram constatados alguns mecanismos que podem afetar a puberdade. Neste
experimento, o consumo de proteína não degradável melhorou a disponibilidade de
propionato, com maior ganho de peso e antecipação da puberdade. Purvis & Whittier
(1996), testando ionóforos e vermífugos, encontraram redução na idade à puberdade
exclusivamente devido às alterações no aproveitamento dos nutrientes.
Barcellos (2001), alimentando novilhas Braford no pós-desmame, submetidas a várias
taxas de ganho de peso (Tabela 9), observou uma redução na idade à puberdade à medida
que aumentava o nível nutricional. De um modo geral, uma maior redução na idade à
puberdade foi notada a partir do incremento no ganho de peso de 0,500 para 0,750 kg/dia,
do que nas outras taxas de ganho. Nesse trabalho, foram observados efeitos significativos do
peso vivo aos 11 meses de idade sobre os parâmetros reprodutivos. Isto tem uma implicação
prática, pois sistemas alimentares que estabeleçam altas taxas de ganho de peso, semelhante
a flushing, devem levar em consideração o ritmo de ganho desde o desmame. Assim,
animais submetidos a níveis nutricionais muito baixos até os 9 meses e recebendo um
incremento significativo no ganho após essa idade, poderão atrasar a idade à puberdade.
Conforme Hall et al. (1997), a restrição no ganho até 9,5 meses para não retardar a idade à
puberdade não deve ser inferior a 0,450 kg/d. Portanto, nos sistemas locais de produção,
ganhos lineares e superiores a essas taxas encontram algumas limitações bioeconômicas.
Tabela 9. Efeitos do ganho de peso pós-desmame na idade à puberdade de novilhas Braford
Taxa de Ganho (kg/d)
Idade à Puberdade (dias)
0,500
433a
0,750
319b
1,000
337b
1,250
358b
a- Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05).
Fonte: Barcellos, 2001.
A definição da idade com que a novilha será acasalada definirá o peso alvo ao início
do período reprodutivo e o ritmo de crescimento na fase pós-desmama (Tabela 10).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
36
Portanto, a necessidade de ganho seria determinada pelo peso ao desmame e pela idade de
acasalamento. Quando mais cedo a novilha for acasalada, maior ganho de peso pósdesmama será exigido.
Tabela 10. Taxa de ganho de peso diário necessária para alcançar o peso de 300 kg no início
do acasalamento de novilhas de corte, conforme o peso ao desmame e a idade de
acasalamento
Peso ao desmame
Idade de Acasalamento (meses)
(kg)
14
18
24
150
0,660
0,410
0,250
170
0,570
0,360
0,220
190
0,480
0,300
0,190
Fonte: Barcellos et al., 2003.
Na Tabela 11 são demonstrados os ganhos de peso necessários para alcançar o
acasalamento em diferentes idades, quando o sistema alimentar permite apenas a
manutenção do peso vivo no primeiro inverno. Evidentemente, que nessa situação há uma
inviabilidade de acasalar a novilha aos 14 meses.
Tabela 11. Taxa de ganho de peso diário necessária para alcançar o peso de 300 kg no início
do acasalamento de novilhas de corte que mantém o peso no primeiro inverno,
conforme o peso ao desmame e a idade de acasalamento.
Idade de Acasalamento (meses)2
Peso ao desmame
(kg)1
14
18
24
150
2,000
0,710
0,340
170
1,730
0,610
0,300
190
1,470
0,520
0,250
1
- Desmame em abril;
- Acasalamento em 15 de novembro, aos 14 ou 24 meses e em 10 de abril aos 18 meses.
2
Fonte: Barcellos et al., 2003.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
37
Efeitos da idade sobre o aparecimento da puberdade
A puberdade da novilha de corte, dentro de um mesmo grupo genético, é pouco
influenciada pela idade cronológica e depende muito mais do peso vivo do animal (Cupps,
1991). Na própria evolução da espécie, o fator tamanho corporal parece ter sido o
determinante das condições básicas para início da reprodução e perpetuação da espécie
(Hamond, 1927). Novilhas que não alcançam um peso mínimo (Lamond, 1970), mesmo em
idades superiores a 24 meses, ainda não atingem a puberdade.
Em sistemas intensivos de produção há sintonia entre a idade do animal, o surgimento
da puberdade e o período de acasalamento aos 14-15 meses de idade. Normalmente, a
maioria das novilhas se torna púbere em torno dos 12 meses desde que, seu peso corporal
alcance um percentual específico do peso vivo da vaca adulta, característico de cada raça
(Lamond, 1970; Roche & Diskin, 1995).
Wehrman et al. (1996), trabalhando com um expressivo número de novilhas cruzas
britânicas, identificaram que apenas 25% delas apresentavam função lútea antes dos 300
dias de idade. Os autores encontraram, para novilhas criadas ganhando 0,750 kg/dia no pósdesmame, uma idade média de 402 dias na puberdade.
De modo geral, a maioria dos experimentos avalia os efeitos da idade à puberdade em
novilhas submetidas a diferentes taxas de crescimento ou de diferentes grupos genéticos
(Patterson et al., 1992a; Gregory et al., 1993). Os resultados geralmente apresentam uma
interação entre a idade e o nível nutricional, dificultando o isolamento do fator idade, pois
este tem menor importância econômica do que a nutrição num sistema onde a alimentação
ainda é o principal limitante. Entretanto, é possível que novilhas de genótipos mais tardios
(Gregory et al., 1978; Cundiff et al., 1993), excedam os 14-15 meses para manifestação da
puberdade. Nesta situação, ainda com a manipulação do peso vivo é possível atingir
amplitudes significativas na redução da idade à puberdade. Deste modo, como o peso vivo
apresenta correlações mais expressivas com a idade à puberdade, para animais de mesmo
grupo genético, é natural que a maioria dos trabalhos procurem estudar os seus efeitos.
Além disto, a identificação de indivíduos mais precoces dentro de um mesmo grupo
genético também possibilita, através de programas de seleção, uma redução na idade à
puberdade em genótipos mais tardios.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
38
CRESCIMENTO E IDADE DE ACASALAMENTO
Importância da idade de acasalamento
Os sistemas de produção diferem pelo grau de utilização da terra, máquinas, insumos e
técnicas de manejo. Estes fatores interagem resultando em mudanças na eficiência
econômica conforme a intensidade com que são aplicados. A idade ao primeiro
acasalamento é uma medida de manejo que caracteriza bem a intensificação do sistema, e
idade à puberdade torna-se mais importante quanto mais intensivo for o sistema de produção
(Restle et al. 1999).
Short et al. (1994) apresentam as principais vantagens e desvantagens de acasalar-se
novilhas em idades mais precoces. Como vantagens os autores relacionaram o retorno mais
rápido do investimento, o aumento da vida produtiva da vaca e a menor relação entre
reposição e reprodução, onde diminui a quantidade de fêmeas em recria. As desvantagens
são o aumento dos custos para que a novilha possa entrar em reprodução em uma idade mais
jovem, o aumento da distocia e outros problemas relacionados, incluindo custos,
investimentos em manejo para lidar com problemas de parto e uma menor taxa de retorno ao
cio do que vacas mais velhas. A estrutura do rebanho, num sistema de cria, está relacionada
diretamente com a idade de acasalamento (Tabela 12). Percentual de fêmeas, matrizes,
fêmeas jovens e taxa de reposição são os parâmetros mais significativos. Portanto,
manipular essas variáveis dentro do meio de produção tem constituído em importante
estratégia para melhor eficiência.
A idade à puberdade é uma característica considerada de baixa herdabilidade, com
valores variando de 0,20 (Arije e Wiltbank, 1971) a 0,41 (Laster et al., 1979), assim como as
demais características reprodutivas, é grandemente dependente de fatores ambientais, entre
os quais, exerce maior efeito o nível nutricional.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
39
Tabela 12. Participação da novilha no rebanho conforme o sistema de produção
Categoria
3 anos
2 anos
1 ano
Vacas
32,6
29,0
34,6
Touros
1,3
1,1
1,4
Terneiros (as)
16,3
24,6
31,1
Novilhas 1a
8,1
11,5
15,3
Novilhas 2a
8,1
11,2
Novilhas 3a
7,8
Novilhos 1a
8,1
11,5
Novilhos 2a
8,1
11,2
Novilhos 3a
7,8
15,3
Dependendo da idade de acasalamento, as características ponderais e de potencial
genético contribuem com diferentes valores (Tabela 13). Mesmo que o potencial genético
tenha de pouca a baixa influência em idades de acasalamento maiores, Lobato (2003)
destaca a necessidade de potencial genético inerente em função do tempo em que esta
característica evolui em um rebanho.
Tabela 13. Nível de contribuição de uma característica ponderal e do potencial genético na
idade de acasalamento
Idade de Acasalamento (meses)
Nível de Influência
Peso Alvo
Potencial Genético
36
baixo
sem efeito
24
médio
baixo
18
alto
médio
12
alto
alto
É necessário um manejo nutricional que possibilite as novilhas atinjirem seu peso
mínimo com certa antecedência, pois Byerley et al. (1987) verificaram maior percentagem
de prenhez para novilhas inseminadas no terceiro estro que no primeiro estro pós-puberdade,
e maior proporção de retorno de cio para as novilhas inseminadas no primeiro estro. Bagley
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
40
(1993), em sua revisão, estipulou que a falta de planejamento ou atenção a detalhes em
qualquer uma área do processo de manejo pode resultar em falha irreparável para novilhas
conceberem aos 14 meses de idade. Segundo Laflamme (1993), a nutrição de novilhas para
um bom desenvolvimento até o acasalamento tem efeitos a longo prazo em seu desempenho
produtivo. O uso de forragem conservada ou ração comercial no período entre o desmame e
o acasalamento aos 14 meses reduz o risco de insucesso no “sistema um ano” (Rocha &
Lobato, 2002).
Idade ao primeiro parto é importante para o produtor porque pode afetar o tamanho e
composição do rebanho e o número de animais disponíveis para venda, e para os
melhoristas, influencia o ganho genético anual. Além disso, o descarte de novilhas falhadas
ao primeiro acasalamento é uma prática que melhora a eficiência (Núñez-Domingez et al.
1991).
A produtividade do sistema, em termos de kg de terneiro desmamado por hectare,
aumenta conforme diminui a idade ao primeiro parto, mas a magnitude da resposta é
dependente da taxa de natalidade do rebanho. Somente com altas taxas de natalidade é
justificável, do ponto de vista biológico, reduzir a idade ao primeiro parto de 3 para 2 anos
(Beretta et al, 2001).
Segundo Lesmeister et al. (1973), novilhas que pariram mais cedo pela primeira vez
tendem a parir mais cedo no resto de sua vida produtiva que as que pariram tarde. Além
disso, desmamam mais quilos de terneiro durante toda a sua vida. Terneiros que nasceram
mais cedo cresceram significantemente mais rápido do nascimento ao desmame e foram
mais velhos e pesados ao desmame. O tempo de vida produtiva das vacas foi afetada pela
época do primeiro parto e novilhas que pariram pela primeira vez aos dois anos de idade o
fizeram mais cedo dentro da estação de parição em seus partos subseqüentes. Os autores
sugerem que um número de novilhas maior que o necessário poderia ser colocado em
reprodução e ao final da estação de monta as que conceberam mais tarde poderiam ser
descartadas. No mesmo trabalho experimental, a maioria das novilhas acasaladas aos dois
anos tinha falhado ao conceber com um ano; portanto é provável que fossem animais com
menor capacidade reprodutiva inerente. Já Chapman et al. (1978), usaram novilhas
semelhantes para acasalar aos 12 ou 24 meses. Estes autores colocaram que a prática de
acasalar novilhas para parir aos dois anos ao invés de três é questionável. Particularmente
em regiões onde os animais tendem a ser mais leves, o estresse de parir aos dois anos pode
impedir um desempenho reprodutivo subseqüente satisfatório e resultar em pequena ou
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
41
nenhuma vantagem econômica. As características mais ligadas com a economia de bovinos
de corte, as percentagens de nascimento e desmame e peso ao desmame, não foram afetadas
pela idade ao primeiro parto.
Sistemas de alimentação
Uma vez definido o ganho de peso para alcançar o objetivo proposto (Tabela 14), que
é a idade ao primeiro parto, manejos alimentares poderão ser empregados no sistema de
produção, associando aspectos biológicos e econômicos.
Durante a fase de aleitamento as terneiras podem ter ganho de peso maximizado pelo
uso de alimentação suplementar através de sistemas do tipo creep feeding ou creep grazing.
São práticas recomendáveis quando se maneja terneiras filhas de primíparas ou raças de
tamanho grande. Apesar das desvantagens operacionais, Pascoal et al. (1998) consideram
que a técnica pode ser justificada em sistemas “um ano”. O fornecimento de concentrados
de bom valor nutritivo no sistema de creep feeding propicia que os terneiros tenham um
bom consumo de alimentos sólidos em cochos no momento do desmame, o que vem a
facilitar muito o manejo inicial do desmame precoce.
O creep grazing é um sistema que além de fornecer suplementação alimentar ao
terneiro pode desenvolver a sua habilidade em procurar alimentos fora da orientação da
vaca, porém apresenta desvantagens, assim como o creep feeding, no que diz respeito ao
manejo intenso e ao fato de alguns terneiros levarem mais tempo para adaptarem-se ao
sistema, causando assim desuniformidade no consumo de alimentos e por conseqüência no
crescimento do lote.
O monitoramento do desenvolvimento de fêmeas de reposição quando alimentadas em
creep feeding deve ser feito para que não ocorra excessiva deposição de gordura, que apesar
de auxiliar a atingir pesos adequados para reprodução à idades jovens, pode ainda causar
decréscimo no desenvolvimento da glândula mamária, resultando em menor produção de
leite (McCann, 1999) e diminuir a longevidade, número de terneiros desmamados e pesos ao
desmame (Patterson et al., 1992a). O uso de implantes pode contribuir para a mudança da
composição do ganho de peso nesta fase, mas os efeitos sobre o desempenho reprodutivo da
futura vaca podem ser negativos. Novilhas filhas de touros Charolês e vacas cruzas de raça
leiteira com Shorthorn que ganharam 1 kg/dia desde o desmame até o acasalamento aos 15
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
42
meses de idade produziram mais kg de terneiros durante sua vida que novilhas que tiveram o
mesmo ganho diário acasaladas com 350 kg de peso vivo ou acasaladas com 350 kg de peso
aos 15 meses (Laflamme, 1993). A superioridade das novilhas melhor alimentadas ocorre
nos primeiros anos, os efeitos a longo prazo são apenas extensão da vantagem inicial.
Peso à desmama é tão importante quanto mais intensivo for o sistema. Baixo peso à
desmama pode exigir ganho de peso pós-desmama elevado e difícil de ser obtido, colocando
o acasalamento aos 14-15 meses em risco. O peso ao desmame e o peso adulto irão
determinar o ganho de peso diário médio necessário no período desmama-acasalamento
(Tabela 14).
Tabela 14. Ganho de peso necessário (kg/dia) do desmame aos seis meses de idade até o
acasalamento aos 14 meses de idade conforme peso ao desmame e peso adulto.
Peso da vaca adulta, kg
400
440
480
520
560
Peso da novilha na puberdade, kg
Peso desmame, kg
260
286
312
338
364
150
0,458
0,567
0,675
0,783
0,892
160
0,417
0,525
0,633
0,742
0,850
170
0,375
0,483
0,592
0,700
0,808
180
0,333
0,442
0,550
0,658
0,767
190
0,292
0,400
0,508
0,617
0,725
200
0,250
0,358
0,467
0,575
0,683
210
0,208
0,317
0,425
0,533
0,642
Freitas et al. (2003) utilizaram novilhas com peso de 134,13 kg aos sete meses, e
mesmo com bom manejo alimentar pós-desmame e ganho de peso que superou os 100 kg
entre o desmame e o início do acasalamento, verificaram taxas de natalidade baixas (<50%)
em relação ao investimento em alimentação durante o inverno (Tabela 15).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
43
Tabela 15. Ganho de peso médio diário (GDM) durante o período de alimentação no inverno,
peso ao início do acasalamento (PIA) e taxa de prenhez de novilhas submetidas a
diferentes sistemas alimentares pós-desmama
Tratamentos
GDM, kg/dia
PIA, kg
Prenhez, %
SU68%
0,500 b
234,12 b
12,8B
SU75%
0,479 b
232,30 b
23,1B
SUPAS
0,697 a
260,73 a
48,7A
CONF
0,777 a
254,31a
43,6A
a,b: Letras diferentes na coluna diferem teste de Tukey (P<0,05).
A,B: Letras diferentes na coluna diferem teste Qui-quadrado (P<0,05).
SU68%: Suplementação do campo nativo 1,5% PV com a ração comercial (14% PB; 68% NDT).
SU75%: Suplementação do campo nativo 1,5% PV com a ração comercial (14% PB; 75% NDT).
SUPAS: Pastagem de aveia, azevém, trevo branco e cornichão + 0,5% PV.
CONF: Confinamento silagem de milho e ração na proporção de 4/1.
Fonte: Freitas et al., 2003.
Em ambientes onde ocorre limitações nutricionais ou em sistemas em intensificação,
pode ser uma alternativa o desmame precoce (60 dias) para a otimização do uso dos recursos
do processo de produção. A maneira de realizar o desmame é fruto de um planejamento
adequado e pode variar através dos anos, na data, alimentação, manejo e categorias de
ventres a ser desterneirados, mas ao se proceder a separação dos terneiros das vacas deve-se
ter como objetivo oferecer melhores condições para vaca voltar à conceber e, no mínimo,
manter os terneiros crescendo como se estivessem ao pé de suas mães (Rovira, 1996).
Em desmames onde a dieta é composta de suplemento concentrado e campo nativo
como base volumosa, a média de desempenho é de 0,55 kg/dia de ganho de peso em animais
que evoluem de 80 até 165 kg no período dos 60 aos 120 dias de idade, conforme relatos de
Pascoal et al. (1998). Estes autores encontraram desempenho superior ao substituir o campo
nativo por silagem de aveia pré-secada, na relação volumoso: concentrado de 50:50 com
base na matéria seca, alimentando terneiros Braford (5/8 Hereford, 3/8 Nelore) em
confinamento a partir dos 72 até os 156 dias de idade em experimento delineado a fim de
avaliar diferentes níveis de proteína bruta, conforme pode ser observado na Tabela 16.
Observando o ganho de peso obtido é possível concluir que é suficiente até para
sistemas "um ano", porém o experimento aqui relatado trata-se da alimentação de machos,
assim os ganhos obtidos com fêmeas provavelmente seriam um pouco menores.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
44
TABELA 16. Desempenho em confinamento de terneiros desmamados aos 72 dias de idade,
frente a diferentes níveis de proteína bruta
Nível de proteína bruta %
14
16
18
20
Peso inicial (18/01), kg
90
92
93
91
Peso final (11/04), kg
150
157
154
152
Ganho médio diário, kg
0,72
0,77
0,72
0,73
Cons. de matéria seca, kg/dia
3,07
3,23
3,32
3,13
Conversão alimentar
4,3
4,2
4,6
4,3
Fonte:Pascoal et al. 1998.
O uso de alimentação de maior custo é justificado pela alta conversão alimentar
verificada nesta fase, desta maneira, no sistema "um ano", deve ser acumulado o máximo de
peso possível para que nas etapas seguintes do manejo destas terneiras seja necessário um
ganho de peso possível em recursos como campo nativo suplementado e pastagens
cultivadas sujeitas a riscos devidos à fatores climáticos. O peso ao desmame ou aos seis
meses, no caso de desmame precoce, define o ganho de peso diário necessário para chegar
ao início da primavera com um peso próximo ao peso alvo para o acasalamento (Tabela 17).
A novilha destinada ao acasalamento aos 14-15 meses deve ter o seu peso no início da
primavera aproximando-se do peso alvo da puberdade, para assegurar cios mais férteis e
concentrados no início do período de acasalamento. Na Tabela 17 podem ser avaliados a
confiança de ganhos pré- e pós-desmame e o peso no final do inverno. Esses dados
conduzem a uma conclusão óbvia, onde a terneira tem que ser desmamada ou alcançar um
peso aos 6 meses em torno de 180 kg para, após, mediante ganhos de 0,350 – 0,450 kg/dia
alcançar em torno de 55 – 60% do peso da vaca adulta no início da primavera. Dessa forma
o "sistema 1 ano" terá sucesso.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
45
Tabela 17. Ganho de peso diário (kg/dia) necessário dos seis meses de idade até o início da
primavera conforme o peso inicial da terneira
Peso, kg
GDM
Nascer Desmame pré-desmame
Peso em 1 de setembro conforme o ganho pós-desmama
0,15
0,25
0,35
0,45
38
150
0,622
177
195
213
231
38
160
0,678
187
205
223
241
38
170
0,733
197
215
233
251
38
180
0,789
207
225
243
261
38
190
0,844
217
235
253
271
38
200
0,900
227
245
263
281
38
210
0,956
237
255
273
291
O desmame em pastagem de milheto em substituição ao campo nativo propicia um
bom desenvolvimento (Pascoal et al., 1999). Conforme os autores, o alto teor de proteína
bruta da pastagem de milheto, complementada com o uso de suplementos energéticos como
o grão de milho ou sorgo acrescido de minerais causa uma redução dos custos com o
alimento concentrado. Com uma suplementação diária na base de 1% do peso vivo é
possível um ganho de 0,600 kg por dia por animal (Tabela 18).
Tabela 18. Dieta para terneiros de 100 kg desmamados em milheto visando ganho de 0,6
kg/dia.
.
P.B
NDT
CMS, kg
%
Kg
%
kg
Exigências
2,8
13,57
0,38
71,43
2,00
Concentrado
1,0
16,00
0,16
70,00
0,70
Pastagem
1,8
17,00
0,31
67,00
1,21
Total
2,8
16,80
0,47
68,21
1,91
CMS= Consumo de matéria seca.
PB= Proteína bruta.
NDT= Nutrientes digestíveis totais.
Fonte: Pascoal et al. (1999).
Observando os percentuais totais de nutrientes fornecidos por esta dieta e levando em
conta o valor nutritivo dos alimentos empregados é possível inferir que um aumento do
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
46
nível de suplemento para 1,25% do peso vivo pode elevar os ganhos por uma diminuição do
teor de proteína bruta e aumento de NDT. Com o avanço do peso dos terneiros o nível de
suplementação pode ser reduzido sem afetar o ganho de peso pelo fato de seu sistema
digestivo ter atingido um grau de desenvolvimento capaz de comportar maior ingestão de
forragem
Para o primeiro acasalamento aos 18 e 24 meses, existem amplas possibilidades de
atingir o objetivo, conforme alguns sistemas alimentares propostos (Tabela 19). A
intensificação do sistema de produção, e portanto, aumentando o seu custo, também é
biologicamente viável para acasalar a novilha aos 14 meses de idade (Tabela 20).
Tabela 19. Caracterização de alguns sistemas alimentares pós-desmame para novilhas
destinadas ao acasalamento aos 18 meses
Sistema Alimentar
Ganho de peso (kg/dia)
Custo/Novilha – R$
0,200
30,00
0,200
27,00
0,200
48,00
Pastagem Cultivada4
0,200
60,00
Silagem5
0,200
61,20
Suplemento local1
Sal proteinado com feno
Ração comercial
3
2
1
- Farelo de arroz; Resíduos de pré-limpeza de lavouras;
- Feno de campo nativo ou campo natural diferido no final do verão com sal proteinado de alto
consumo.
3
- Suplemento com 14% PB e 65% de NDT na proporção de 1% do peso vivo.
4
- Pastejo de 2 horas ao dia e o restante do período mantidas no campo nativo.
5
- Silagem na proporção de 30% do peso vivo, adicionada de nitrogênio não protéico. Restante do
período em campo nativo.
Fonte: Barcellos et al., 2003.
2
É importante salientar que o custo alimentar para acasalar aos 14 meses é maior do
que aos 24. Além disso, fundamental é entender que a idade ao primeiro acasalamento é
uma das variáveis do processo e de medida de eficiência da novilha. Contudo, e talvez mais
importante, é a repetição de prenhez no segundo período reprodutivo. Neste sentido, para a
repetição de prenhez da novilha parida aos 24 meses, existe uma diferença de custo de maior
magnitude comparada à novilha parida aos 36 meses, do que no primeiro acasalamento (14
x 24 meses).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
47
Tabela 20. Caracterização de alguns sistemas alimentares pós-desmame para novilhas
destinadas ao acasalamento aos 14 meses
Período I1
Sistema
Ganho de Peso e
Período II2
Custo/Novilha
kg/d
R$/cab
Sistema
kg/d
R$/cab
Ganho - kg
R$/cab.
F. Arroz 1,5%3 0,300
30,00
P. cultivada
0,800
120,00
100
150,00
F. Arroz 1,0%
0,200
25,50
P. cultivada
0,900
150,00
100
175,50
Ração Comerc. 0,500
61,80
P. cultivada
0,600
69,00
100
130,80
63,00
P. cultivada
0,510
69,00
100
132,00
Pastagem4
0,600
1
- Junho à Agosto.
- Setembro à Outubro.
3
- 1,5% do peso vivo.
4
- Pastagem de outono com aveia ou azevém.
Fonte: Barcellos et al., 2003.
2
Na tabela abaixo é demonstrado que as exigências nutricionais de uma novilha
acasalada aos 14 meses aumenta em 30% no final de gestação e 45% no início da lactação.
Novilhas paridas aos dois anos tem maiores exigências determinadas pela gestação e
lactação do que paridas aos três anos. Acrescente-se a isto o fato de que a função de
crescimento ainda representa 17% das exigências de energia comparada à novilha parida aos
três anos. Alem disto, o crescimento tem prioridade na utilização dos nutrientes em relação à
reprodução. Portanto, sob qualquer limitação alimentar, os prejuízos na repetição de prenhez
serão maiores nas novilhas com partos aos 24 meses.
Tabela 21. Incremento das exigências de energia metabolizável de novilhas de corte conforme
a idade de acasalamento
Aumento das exigências de energia
Idade de Acasalamento
(%)
Energia destinada para
(meses)
Pré-parto
Pós-parto
crescimento (%)
24
26
40
7
18
28
42
10
14
30
45
17
Fonte: Barcellos, 2000.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
48
Uma outra comparação entre os dois sistemas é com relação à capacidade de suporte
dos campos do Cone Sul (Tabela 22). Ou seja, no início da lactação, onde permite colocar
53 novilhas paridas aos 36 meses somente seria possível colocar 38 paridas aos 24, para que
as exigências sejam atendidas em ambas as situações.
Tabela 22. Capacidade de suporte do campo nativo para atender as exigências de energia
metabolizável de novilhas de corte conforme a idade ao primeiro parto.
Idade ao Parto
Número de Novilhas em 100 hectares
(meses)
No primeiro acasalamento
Final da Gestação
Início da Lactação
36
100
74
53
30
100
72
48
24
100
70
38
Fonte: Barcellos, 2000.
Em se tratando de campo nativo, a redução de lotação não é suficiente para atender as
exigências, pois a densidade nutricional da forragem é insuficiente ainda que sua
disponibilidade seja aumentada em três vezes. Então, somente com pastagens cultivadas de
boa qualidade, mantendo as relações de lotação da tabela anterior, é possível esse ajuste.
Novilhas paridas aos 24 meses exigem uma área de pastagem cultivada três vezes maior do
que no acasalamento. Num sistema fechado de produção, outras categorias precisam ser
“apertadas” na lotação para sobrar às primíparas. Nessa época do ano (primavera), quase
todas as categorias estão em fases prioritárias, ficando difícil fazer essa adequação. Por essas
razões, os índices de repetição de prenhez aos 24 meses são modestos. Contudo, quando as
exigências são atendidas não há diferença na repetição de prenhez entre partos aos 24 ou 36
meses, ainda que seus custos sejam diferentes.
Uma situação intermediária, é o acasalamento da novilha aos 18 meses, em abril/maio,
como uma alternativa para melhorar a eficiência reprodutiva e econômica. Na tabela anterior
foram apresentadas essas relações comparadas com o acasalamento aos 14 meses. Novilhas
paridas aos 27-29 meses (Janeiro e Fevereiro), somente voltam a ser acasaladas aos 36
meses, parindo sua segunda cria aos 46 meses. Portanto, numa produtividade no mínimo
igual ao acasalamento aos 24 meses. Porém, com diferenças fundamentais na curva de
exigências nutricionais.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
49
Barcellos et al. (2000), demonstrou que a redução da carga animal (Tabela 23) pósdesmame melhorou a eficiência reprodutiva de novilhas de corte aos 18 meses de idade,
contudo, a eficiência ainda é baixa quando o peso vivo mínimo no início do acasalamento
não é alcançado pela maioria das novilhas.
Tabela 23. Efeitos da carga animal sobre o desempenho de novilhas de corte acasaladas aos
18 meses de idade
Ano
Peso no início do acasalamento (kg)
Taxa de prenhez (%)
300 kg/ha
200 kg/ha
300 kg/ha
200 kg/ha
I
260a
282b
35,7a
56,0b
II
268a
290b
37,0a
60,0b
III
257a
279b
35,0a
55,3b
Média
261a
283b
35,9a
57,1b
a,b- Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes apresentam significância (P<0,05).
Fonte: Barcellos et al., 2000.
Trabalhos conduzidos no Rio Grande do Sul (Barcellos et al., 2000; Silva et al., 2001;
Silva et al., 2002; Silva, 2003), vem demonstrando a viabilidade biológica (Tabela 24) e
econômica para o acasalamento aos 18 meses, como um estágio intermediário aos sistemas
mais intensivos de produção. Dificuldades tecnológicas e de infra-estrutura podem apontar
para essa idade de acasalamento como uma estratégia de produção nos sistemas pecuários
locais.
Tabela 24. Desempenho reprodutivo de novilhas de corte acasaladas aos 18 ou 24 meses de
idade
Idade do
Acasalamento
(meses)
Grupo de
Peso
Leves
Peso no início
do acasalamento
(kg)
264
18
Pesadas
24
% do peso
maduro
Taxa de prenhez
(%)
59
26,7a
301
67
73,3b
Média
282
62
50,0A
Leves
285
63
72,4a
Pesadas
331
73
83,3b
Média
308
68
77,9B
a,A- Médias na coluna, seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05).
Fonte: Silva, 2003.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
50
A redução da idade de acasalamento dos 24 para os 18 meses requer que as novilhas
apresentem um maior peso vivo no início da estação reprodutiva para assegurar elevados
índices de prenhez. Para isto, são necessárias melhorias nutricionais no sistema atual de
criação em campo nativo no pós-desmama. Sampedro (2003) observou que em condições
subtropicais, que a incorporação de suplementos em taxa de 0,7% do peso vivo no pósdesmame (período de inverno ou estação das geadas), melhorou a utilização do campo
natural e possibilitou, a um custo de 80,00 R$/cab., um aumento de 75 para 91% de prenhez
aos 18 meses. Portanto, alternativas locais também devem ser avaliadas para melhoraros
níveis de prenhez aos 18 meses.
Acasalamento da novilha aos 26-27 meses
Em sistemas com primeira parição aos quatro anos de idade, a taxa de desfrute do
rebanho fica em torno de 10%. Este índice pode ser próximo a 20%, se a primeira parição
ocorrer aos 3 anos de idade (Fries, 2003).
O principal componente que determina a idade de acasalamento é a condição
nutricional que possibilitará que a novilha chegue na data de acasalamento com peso
adequado para o seu grupo genético. O acasalamento aos 26-27 meses não necessita de
ganho de peso constante, em média são necessários 300 gramas por dia desde o desmame,
com a utilização de ganho compensatório de primavera, é possível passar por períodos de
perda ou manutenção de peso.
No acasalamento aos 24 meses os fatores nutricionais e genéticos são de relevância
menos significativa. No entanto, os ganhos diários proporcionados exclusivamente pela
pastagem natural podem limitar o desenvolvimento com o qual as novilhas atinjam a
puberdade nesta idade em uma proporção aceitável, conforme o constatado por Salomoni et
al. (1988) ao avaliarem o desempenho de novilhas das raças Hereford, Aberdeen angus, ½
Nelore ½ Angus, ¾ Nelore e ¼ Angus e Brangus primeira geração e bi-mestiças, mantidas
em campo nativo. Na média, os animais atingiram a puberdade aos 27,8 meses com peso de
278,8 kg. Os mais precoces foram os da raça Brangus (primeira geração) que manifestaram
o primeiro cio aos 23,7 meses com 270,3 kg em 100% das novilhas observadas. Os autores
concluíram que seria possível acasalar somente 55% das novilhas do estudo e com idade
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
51
média de 27 meses, mostrando assim que exclusivamente pastagem natural pode não ser um
recurso forrageiro suficiente para entoure aos 24 meses.
Em simulação conduzida por Beretta et al. (2001), a redução da idade ao parto de 4
para 3 anos necessita que 7,5% da área seja cultivada com pastagens de crescimento
inverno/primaveril quando a taxa de natalidade é 70%; quando este índice é 80%, a área de
pastagem cultivada necessária é 5,9% da área total apenas para atender as necessidades do
rebanho de cria.
Experimentos avaliando o desenvolvimento de novilhas desde o desmame até o
acasalamento aos dois anos de idade são em pequeno número e em sua maioria exploram a
pastagem como alimentação exclusiva. Um dos objetivos é maximizar a utilização de
pastagens através de técnicas de pastejo e uso adequado de suplementos.
Restle et al. (1999) utilizaram pastagens de aveia (avena strigosa) mais azevém
(Lolium multiflorum) na recria de novilhas de diferentes grupos genéticos dos sete aos 12 e
dos 20 aos 24 meses, no restante do tempo permaneceram em campo nativo. Mesmo as
novilhas do grupo genético Nelore, que manifestaram cio em idade mais avançada, o
fizeram em tempo hábil para serem acasaladas aos 26-27 meses (Tabela 25).
Tabela 25. Médias para peso inicial (kg), e peso e idade (dias) ao primeiro cio de acordo com
sistema de acasalamento e grupo genético de novilhas mantidas em pastagem de
estação fria nos dois primeiros invernos.
Grupo genético
Primeiro cio
Peso 7 meses
Peso
Idade
Charolês (C)
178a
352a
623b
Nelore (N)
146b
299a
754a
Média das puras
162B
326A
689A
½ CN
184a
323a
568a
½ NC
181a
368a
634a
Média das cruzadas
183A
346A
600B
Heterose
13,0
6,1
-12,9
a,b (P<0,05) na mesma coluna para C vs. N e 1/2CN vs. 1/2NC; A,B (P<0,05) na mesma coluna para
puras vs. cruzadas.
Fonte: Restle et al, 1999.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
52
A utilização de pastagem nativa melhorada de azevém (Lolium multiflorum L.) e trevo
vesiculoso (Trifolium vesiculosum cv. Yuchi) em sistema de pastejo rotativo “ponta” e
“rapador” no desenvolvimento de novilhas de corte mestiças durante o primeiro e segundo
invernos/primaveras pós-desmama até o final do primeiro acasalamento aos 22-24 meses de
idade foi avaliada por Pereira Neto et al. (1999). No período de verão/outono e
acasalamento os animais foram mantidos num único lote em campo natural, em um só lote.
Neste sistema de pastejo, o lote “ponta” consumiu a metade superior da pastagem
disponível; enquanto o lote “rapador” consome a metade inferior. Os animais do lote ponta
obtiveram maior GDM e conseqüentemente maior peso vivo ao final do primeiro ano, ao
final do segundo ano e ao início e final do acasalamento que os animais do lote rapador
(Tabela 26).
Durante o
acasalamento
os
animais
do
lote rapador ganharam
significativamente mais peso, provavelmente porque os animais estavam adaptados a
selecionar a sua dieta em uma pastagem de pior qualidade. Ao início do experimento as
novilhas foram classificadas em "leves" e "pesadas" dentro de cada grupo de pastejo e esta
diferença se manteve até o final do acasalamento, já o GDM não diferiu entre leves e
pesadas em nenhum período. As novilhas leves que pastejaram no grupo ponta atingiram o
início do acasalamento com peso adequado (300,7 kg), enquanto as leves do grupo rapador
atingiram 293 kg somente no final da estação de acasalamento. Desta forma, o sistema de
utilização de pastagens "ponta" e "rapador" é uma maneira de possibilitar que cheguem ao
acasalamento com desenvolvimento adequado um maior número de novilhas do rebanho
que tenham baixo peso inicial.
Também avaliando o sistema de pastejo "ponta e rapador", Pereira Neto & Lobato
(1998) não detectaram diferenças na taxa de prenhez (87,3 vs. 83,5%) das novilhas dos dois
grupos. A avaliação do escore do trato reprodutivo ao início da estação de acasalamento
mostrou que as novilhas do lote "ponta" tiveram atividade ovariana significativamente mais
desenvolvida que as do lote "rapador" (74 vs. 43%; P<0,05), indicando estarem aptas a
conceber ao início da estação de monta. Entretanto, Beretta & Lobato (1996), em outro
experimento, verificaram maior taxa de prenhez nas novilhas do lote "ponta" que nas do lote
"rapador" (100 vs. 71%; P<0,01), mas a data média de concepção não diferiu entre os
grupos.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
53
Tabela 26. Média obtidas pelo método dos quadrados mínimos para pesos vivos (kg) e ganho
de peso diário médio (GDM, kg/cab/dia) de novilhas em dois sistemas de pastejo e
dois pesos iniciais desde o desmame até o fim do acasalamento aos dois anos.
Período
Ordem de pastejo
Grupo de peso
Ponta
Rapador
Leve
Pesada
Início 1° ano
110,3
107,6
98,8
119,2*
Final 1° ano
195,6**
168,1
166,4
197,3*
Início 2° ano
236,4**
218,6
213,2
241,8*
Final 2° ano
316,3**
274,1
281,5
308,8*
Início Acasalamento
318,5**
275,7
282,0
312,2*
Final Acasalamento
341,5**
304,4
307,2
338,7*
1° ano
0,790**
0,560
0,626
0,723
2° ano
0,753**
0,522
0,644
0,632
0,303
0,377*
0,332
0,349
Pesos
GDM
Acasalamento
(*) P<0,05.
(**) P<0,001.
Fonte: Pereira Neto et al. 1999.
Uma alternativa ao uso de pastagens no segundo inverno pode ser a suplementação
em campo nativo durante o final do verão e início do outono antecedentes ao acasalamento,
esta tecnologia visa manter a taxa de crescimento obtida durante o verão, quando as
pastagens nativas apresentam maior crescimento e qualidade. O grão de aveia preta foi
usado como suplemento energético associado à uréia, monensina sódica ou ambas na recria
de novilhas de sobreano mantidas em campo nativo (Pascoal et al., 2002). As novilhas que
ao início do experimento, na média dos tratamentos, tinham 243,1 kg de peso vivo,
realizaram ganhos de peso de 0,525 kg/cab/dia de 28/01 até 11/03; de 12/03 até 22/04 o
ganho diário foi de 0,349 kg/cab/dia, sendo a redução devido ao declínio natural da
qualidade da pastagem e não da quantidade, visto que a massa de forragem disponível no
primeiro e segundo período foi 2.237 e 2.503 kg de matéria seca/ha, porém com menor taxa
de acúmulo no segundo período (19,07 e 4,14 kg/ha/dia, respectivamente). No total do
período (84 dias), o melhor desempenho foi observado nos animais recebendo monensina
sódica e uréia associadas ao grão de aveia, não diferindo dos que receberam aveia e
monensina, 0,539 e 488 kg/cab/dia, respectivamente. O tratamento aveia + monensina
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
54
apresentou menor custo por kg de peso produzido (0,43 R$/kg de peso vivo), representando
89,58% do custo do peso ganho pelos animais recebendo somente grão de aveia (Bernardes
et al, 2002).
Acasalamento da novilha aos 17-18 meses
Uma alternativa para reduzir a idade do primeiro acasalamento para menos de dois
anos e evitar os altos custos de recria para acasalar aos 14 meses é o acasalamento aos 18
meses, preferencialmente no outono. O acasalamento de outono exige ganhos de peso
moderados e de maior intensidade no período final da recria. Além disso, animais que
nascem no outono atingem os seis meses de idade em condições de verão e sua idade à
puberdade é reduzida (Schillo et al, 1992).
O acasalamento aos 18 meses é colocado como uma maneira para obter maiores
índices de reprodutivos no segundo serviço aos 36 meses (Sampedro et al, 1995), neste
sistema, a novilha receberá o primeiro serviço no outono e os subsequentes na primavera,
desta forma, o primeiro intervalo parto concepção será alongado, e o seu segundo
acasalamento será sem cria ao pé.
Silva (2003) obteve uma taxa de prenhez aos 18 meses em novilhas Hereford de 52%.
No segundo acasalamento, com 36 meses de idade o autor observou uma taxa de repetição
de prenhez de 100% para as novilhas paridas aos 30 meses e de 84% para as paridas aos 36
meses de idade. Isto demonstra, uma alteração significativa na demanda nutricional dessa
novilha por ocasião seu segundo período reprodutivo. A análise da idade ao primeiro
acasalamento sobre os parâmetros produtividade e eficiência mostrou que o acasalamento
aos 24 meses apresentou uma maior produtividade que o acasalamento aos 18 meses,
decorrente de uma maior taxa de prenhez e também de um maior peso a desmama,
produzindo então um maior número de quilogramas de terneiro desmamado por vaca
exposta. Quando avaliada a eficiência das novilhas em seu primeiro acasalamento, também
foi encontrada diferença significativa entre as idades, apesar do peso no início do
acasalamento do grupo acasalado aos 24 meses ter sido maior.
Em rebanhos em transição do sistema "dois anos" para sistema "um ano", o
acasalamento aos 18 meses pode ser um passo intermediário (Barcellos, 2000; Semmelmann
et al, 2001).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
55
Morrison et al. (1992) conduziram um experimento em que novilhas Angus e Angus x
Hereford nascidas no outono ou na primavera foram acasaladas no outono ou na primavera
para atingir o primeiro parto com 24 ou 30 meses de idade. Desconsiderando a estação de
nascimento, as novilhas acasaladas para parir com 30 meses tiveram uma taxa de
crescimento mais lenta após o desmame, mas foram mais altas e pesadas ao acasalamento e
tiveram estado corporal semelhante às acasaladas para parir aos 24 meses. As novilhas
nascidas no outono foram mais pesadas ao desmame, que ocorreu no verão, mas
apresentaram menor taxa de ganho de peso pós-desmame e foram mais leves, mais baixas e
tiveram pior condição corporal ao acasalamento que as nascidas na primavera e
desmamadas no outono. A percentagem de novilhas nascidas na primavera que apresentou
cio nos primeiros 21 dias do período reprodutivo foi maior para as acasaladas para parir aos
30 meses, no outono. Entretanto, ao final do período reprodutivo a percentagem de prenhez
foi igual para ambas idades. O efeito da idade ao primeiro parto sobre características
reprodutivas, desconsiderando-se a estação de nascimento da novilha, foi significativamente
melhor para as novilhas acasaladas para parir seu primeiro terneiro aos 30 meses.
O período de recria da novilha nascida na primavera para acasalamento aos 18 meses
envolve um inverno como período crítico. Frente a necessidade de ganhos de peso
moderados durante este período, Sampedro et al. (1995) sugerem o uso de pastagens nativas
mais suplemento protéico durante este período desde que a pastagem tenha boa
disponibilidade de massa de forragem, para isto pode-se recorrer ao diferimento. Foi
avaliado o efeito de níveis de torta de algodão e peso de matéria seca de forragem disponível
por animal no início do inverno sobre o desempenho de novilhas a serem acasala das no
outono seguinte (Tabela 27).
Os animais suplementados ganharam mais peso durante o inverno e os efeitos da
suplementação refletiran-se também em maior ganho de peso durante o verão e maior peso
ao acasalamento. Os animais não suplementados apresentaram um pequeno ganho
compensatório no verão, mas não o suficiente para eliminar as vantagens da suplementação.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
56
Tabela 27. Pesos médios ao início do inverno, primavera e ao entoure (1 de fevereiro)
segundo o manejo alimentar das novilhas no inverno prévio
Oferta de MS
Suplemento
Kg MS/cab
Kg/cab/dia
1000
2500
N°
Peso vivo, kg
Maio
Ganho total,
Setembro
Entoure
kg/cab
0,0
75
202
205
299
97
0,5
85
191
211
298
107
1,0
75
197
231
314
117
0,0
28
201
228
315
114
0,5
32
200
244
328
128
1,0
28
205
258
343
138
Fonte: Sampedro et al., 1995.
Trabalhando exclusivamente com campo nativo, Montanholi et al. (2003) agruparam
novilhas Hereford de 12-14 meses de idade em leves, médias e pesadas e manejaram a carga
animal a fim de obterem pesos de acasalamento semelhantes aos 18 meses(Tabela 28).
Tabela 28. Peso vivo, altura e relação peso altura para os grupos de peso a cada mês do
período experimental.
DATA
15/11/2002 12/12/2002 17/01/2003 21/02/2003 26/03/2003 23/04/2003
Grupo
Peso vivo, kg
PESADO
218,6 a
227,2 a
238,1 a
259,3 a
291,0 a
302,5 a
MEDIO
207,4 b
209,4 b
232,3 b
254,3 a
282,4 b
300,2 a
LEVE
191,4 c
197,1 c
227,4 b
246,0 b
281,0 b
297,9 a
Grupo
Altura (cm)
PESADO
110 a
111 a
114 a
116 a
118 a
119 a
MEDIO
108 b
108 b
112 b
114 b
116 b
117 b
LEVE
107 b
108 b
110 c
112 c
115 b
116 b
Grupo
Relação peso:altura
PESADO
1,98 a
2,04 a
2,09 a
2,23 a
2,46 a
2,54 a
MEDIO
1,92 b
1,93 b
2,08 a
2,22 a
2,44 a
2,58 a
LEVE
1,79 c
1,82 c
2,07 a
2,19 a
2,44 a
2,56 a
a,b,c medias seguidas por letras diferentes diferem (P<0,05).
Fonte: Montanholi et al, 2003.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
57
Os ganhos obtidos foram 0,665; 0,725 e 0,832 kg/cab/dia, respectivamente. O peso
dos lotes no início do acasalamento foram semelhantes (P<0,05), e considerando o peso
adulto do rebanho, foi adequado para um bom desempenho reprodutivo. Os animais que
foram mais pesados (grupo pesado) ao início do experimeto também foram mais altos. Ao
final, os tratamentos eliminaram as diferencas de peso vivo e relação peso:altura, porém as
novilhas do grupo "pesadas" continuaram mais altas que as demais.
Alternativas de alimentação para o acasalmento de novilhas Nelore aos 18 meses no
Estado de São Paulo foram estudadas por Semmelmann et al. (2001). Os tratamentos
consistiram em sistemas alimentares no período seco (05 a 10/96): Brachiaria brizantha cv.
Marandu, Brachiaria brizantha cv. Marandu + suplemento líquido, milheto (Pennisetum
americanum cv. (L.) Leeke) e Brachiaria brizantha cv. Marandu + Sal Proteinado. Maior
peso vivo, ganho de peso diário e condição corporal foi verificado nos sistemas utilizando
Brachiária + suplemento líquido e Milheto após o período da estação seca. Porém ao final
do acasalamento, não foram detectadas diferenças em GDM durante o acasalamento,
condição corporal e idade ao acasalamento entre os tratamentos. A taxa de prenhez média
foi 20,6% e também não diferiu entre os tratamentos. As novilhas que vieram a ficar prenhes
tiveram menor peso ao nascer e foram mais pesadas em todas as ocasiões, apresentaram
maior GDM do nascimento ao acasalamento, tiveram maior idade de acasalamento e melhor
condição corporal em todas as avaliações, e ao sobreano receberam melhor escore para
conformação, precocidade e musculosidade. Estes resultados indicam que estes parâmetros
são válidos como base de um processo de seleção de terneiras para melhor desempenho
reprodutivo.
Um aspecto importante no sistema de acasalamneto aos 18 meses, é que estação
reprodutiva, em geral nos meses de abril e maio, coincide com o período onde as espécies
forrageiras de ciclo estival estão no estádio final do seu ciclo reprodutivo. Com isto ocorre
uma perda da qualidade nutricional. Além disto, alteração climáticas, representadas por
pluviosidade e baixas temperaturas, configuram uma condição ambiental que associada à
alimentação pode limitar o crescimento da novilha. Diskin et al. (2003) demonstraram que a
interrupção (leve perda de peso) no crescimento em novilhas cruzas Angus x Hereford, em
22 dias já conduziu ao anestro. Esta, certamente tem sido a causa de baixas taxas de prenhez
que vem sendo obtidas nos sistemas de produção com acasalamentoaos 18 meses. Portanto,
garantir a continuidade do crescimento no período reprodutivo será essencial para uma boa
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
58
prenhez (Silva, 2003), especialmente quando as novilhas iniciam o acasalamento com peso
limite.
Acasalamento da novilha aos 14-15 meses
A redução das idades de acasalamento e de abate têm um princípio básico: o aumento
da eficiência biológica pela redução do gasto com alimentação de manutenção das
categorias em recria. Neste aspecto, o acasalamento aos 14-15 meses é o ponto máximo
onde a pecuária de corte comercial se encontra, porém a eficiência biológica pode não estar
associada à eficiência econômica em função do custo do nível nutricional superior
necessário nos sitemas mais intensivos.
Na pecuária de corte intensiva , com acasalamento aos 14-15 meses de idade, os
ganhos de peso realizados nos 100 dias pós-desmame podem determinar o sucesso ou
fracasso deste sistema (Pötter et al, 1998).
Em simulação, os autores supracitados verificaram proporções de 9,99% de vacas
primíparas de três anos no sistema de acasalmento aos dois anos, enquanto no sistema com
um ano ao acasalmento, a proporção de primíparas foi de 10,96% com dois anos de idade,
isto pode reduzir o peso médio do rebanho, pois segundo Laster et al (1979), novilhas filhas
de vacas com 5 anos ou mais foram 11 kg (P<0,01) mais pesadas ao desmame e 9 kg
(P<0,01) aos 400 dias em relação às filhas de vacas com 4 anos, portanto a proporção de
novilhas que ingressam na categoria de ventres a cada ano em um rebanho pode vir a
interferir nos pesos ao desmame e na idade à puberdade das produções seguintes por um
decréscimo na idade média das vacas em reprodução. Conforme Beretta et al. (2001), o
menor peso à desmama dos bezerros filhos de vacas primíparas aos dois anos é a causa do
menor impacto produtivo da redução da idade ao primeiro acasalamento de dois para um
ano que reduzir esta idade de três para dois anos.
Durante o outono e inverno os animais mantidos exclusivamente em pastejo sofrem
reduções no desempenho podendo ocorrer perda de peso, que são situações intoleráveis no
sistema “1 ano”. O período crítico situa -se no final do ciclo das espécies de estação quente e
durante a implantação e estabelecimento das pastagens de estação fria. O campo nativo
mesmo com boa disponibilidade possui valor nutritivo em declínio (Tabela 29).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
59
Tabela 29. Disponibilidade (kg de MS/ha), Proteína Bruta (PB), digestibilidade in vitro da
matéria orgânica (DIVMO) do campo nativo nos meses de Abril a Julho.
Mês
Abril
Maio
Junho
Julho
Disp.
2000
1867
1952
1861
Vaz, 1998
PB (%)
DIVMO (%)
5,4
40,1
5,7
26,9
5,2
22,9
4,9
23,1
Disp.
1918
2003
1849
2267
Alves Filho, 1995
PB (%)
DIVMO (%)
5,5
28,19
5,4
22,26
4,9
21,49
4,7
21,43
Nesta ocasião o uso de suplementação é uma decisão adequada, tendo como base o
campo nativo com boa disponibilidade (entre 1500 e 2000 kg MS/ha). O fato da
disponibilidade de subprodutos pela integração lavoura-pecuária ser freqüente em
estabelecimentos que adotam o sistema “1 ano”, torna esta prática viável.
No sistema “1 ano”, é difícil que as forrageiras de estação fria não participem do plano
de alimentação do rebanho durante o inverno/primavera, entretanto a sua forma de utilização
pode ser variável. Ganhos de pesos diários de 0,679 kg até pouco mais de 1,1 kg por animal
são possíveis usando-se uma variedade de espécies e pastejo controlado como ferramenta de
manejo (Lesama & Moojen, 1999; Roso & Restle, 2000).
Rocha & Lobato (2002a) avaliaram o desempenho de novilhas dos grupos genéticos
Hereford; 3/4 Hereford-1/4 Nelore e 5/8 Hereford-3/8 Nelore em diferentes sistemas de
alimentação no outono/inverno pós-desmama, durante 88 dias. Posteriormente, as novilhas
foram mantidas em pastagem melhorada (azevém, trevo branco e cornichão), até o final do
acasalamento aos 14-15 meses de idade. Os sistemas de alimentação utilizados foram
pastejo contínuo em pastagem cultivada de azevém, pastejo contínuo em pastagem nativa
com suplementação energético-protéica e confinamento a céu aberto, recebendo silagem de
sorgo + nitrogênio não-protéico (uréia + sulfato de amônio). Os tratamentos não diferiram
para as características peso vivo e ganho de peso. Entretanto a condição corporal ao final
dos 88 dias de alimentação foi maior para os animais em confinamento. No período
seguinte, as novilhas inicialmente mantidas exclusivamente em pastagem ganharam mais
peso e foram mais pesadas e tiveram maior estado corporal, esta superioridade manteve-se
até o final do acasalamento, os demais grupos não diferiram entre si (Tabela 30).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
60
Tabela 30. Ganho diário médio de peso (GDM), médias de peso vivo (PV) e condição
corporal (CC) de novilhas conforme sistemas alimentares no primeiro inverno pósdesmama e até o final do acasalamento
Sistema de alimentação
Parâmetro
Pastagem
Suplementação
Confinamento
Média
Tratamentos (0-88 dias)
PV final, kg
189,52a
192,84a
191,38a
191,25
GDM, kg/cab/dia
0,390a
0,429a
0,412a
0,410
3,2b
3,2b
3,3a
3,2
CC final
Pós-tratamentos – início do acasalamento (88-160 dias)
PV final, kg
247,41a
235,42b
234,83b
239,78
GDM, kg/cab/dia
0,802a
0,589b
0,604b
0,674
3,6a
3,4c
3,5b
3,5
CC final
Durante acasalamento
PV final, kg
283,21a
273,61b
275,55b
277,45
GDM, kg/cab/dia
0,456c
0,496b
0,529a
0,496
CC final
3,81a
3,68b
3,74b
3,74
a,b,c Valores seguidos por letras distintas na mesma linha diferem (P<0,05).
Fonte: Rocha & Lobato, 2002a.
O desempenho reprodutivo das novilhas foi avaliado (Rocha & Lobato, 2002b). Os
diferentes sistemas de alimentação pós-desmame resultaram em taxas de prenhez, parição e
desmama semelhantes (Tabela 31). Analisando todas as novilhas, independente do sistema
de alimentação, verificou-se que as novilhas que vieram a ficar prenhes sempre foram mais
pesadas e tiveram melhor condição corporal do desmame até o final do acasalamento e
foram mais velhas ao início do acasalamento (413,5 vs. 407,8 dias; P<0,05). O ganho diário
médio também foi maior para as novilhas que conceberam, exceto durante o acasalamento,
onde não houve diferença.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
61
Tabela 30. Efeito dos sistemas alimentares no outono/inverno pós-desmama sobre o
percentual de prenhez, parição e desmama em novilhas acasaladas aos 14-15 meses
Parâmetro
Sistema de alimentação
Média
Pastagem
Suplementação
Confinamento
Prenhez, %
61,54
64,70
52,63
59,39
Parição, %
50,35
57,14
48,12
51,78
Desmama, %
42,66
51,26
37,59
43,54
P>0,05.
Fonte: Rocha & Lobato, 2002b.
Beretta & Lobato (1998) também não encontraram efeito de sistema de alimentação
durante o inverno sobre o comportamento reprodutivo de novilhas das raças Hereford e
Aberdeen Angus. Foram testados a utilização de pastagem natural melhorada com azevém e
cornichão cv. São Gabriel; suplementação energético-protéica em campo nativo e
confinamento a céu aberto com alimentação à base de feno de pastagem natural melhorada e
concentrado. As novilhas chegaram ao início do período de inseminação com os diferentes
pesos de 230,3; 215,1 e 216,1 kg e condição corporal semelhante de 3,01; 2,54 e 2,54 pontos
(escala de 1-5) para os tratamentos pastagem, suplementação e confinamento,
respectivamente. A proporção de novilhas ciclando que foi 27, 24 e 24%, na mesma ordem
anterior, não diferiu entre os sistemas de alimentação, concordando mais com o
comportamento do parâmetro condição corporal que com o parâmetro peso vivo ao início do
período de inseminação em 07 de dezembro.
O efeito de níveis de suplementação energética em pastagem cultivada de aveia preta
mais azevém no crescimento de novilhas Charolês e suas cruzas com Nelore foram
avaliados por Frizzo et al. (2003). Foram utilizados níveis de 0; 0,7 e 1,4 % do peso vivo/dia
de farelo de arroz integral e polpa cítrica na proporção de 1:1. O manejo da pastagem visou
obter massa de forragem de 1500 kg/ha de matéria seca, por meio do pastejo contínuo com
lotação variável. O período de pastejo foi de 124 dias. As novilhas suplementadas
realizaram maior ganho de peso, tiveram melhor estado corporal e maior manifestação de
cios. Além disso a suplementação proporcionou maior carga animal, e consequentemente,
maior ganho de peso vivo/ha. Os parâmetros peso vivo inicial e final, área pélvica e altura
de garupa não variaram entre os tratamentos. Durante o período experimental as novilhas
ganharam em média 115 kg e aumentaram 9,9 cm de altura de garupa (Tabela 32).
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
62
Tabela 32. Efeito de níveis de suplemento sobre crescimento e puberdade de novilhas
mantidas em pastagem de aveia mais azevém.
Parâmetro
Nível de suplemento , %PV
Sem suplemento
0,7
1,4
GDM, kg/dia**
0,716b
0,901a
0,844ab
Peso inicial, kg
168
203
205
Peso final, kg
267
331
323
Área pélvica, cm2
81,9
101,9
86,3
Altura inicial, cm
99,6
104,6
105,2
Altura final, cm
110,2
115,2
113,6
Idade, dias
280
257
254
Peso, kg
270
261
251
CC (0-5)**
3,6b
3,9a
3,9a
Cio, %*
9,1b
68,7a
70,6a
Puberdade
* Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste do Qui-quadrado (X2).
** Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste “t”.
Fonte: Frizzo et al. (2003)
Os coeficientes de correlação de 0,97; 0,98 e 0,98 entre peso e % de cios; idade ao
primeiro cio e % de cios e peso e idade ao primeiro cio, respectivamente, revelam que as
novilhas que apresentaram maior percentagens de cios durante o primeiro período de
acasalamento foram as mais velhas e mais pesadas, concordando com resultados verificados
por Azambuja (2003). Na Tabela acima é salientada a importância do escore de condição
corporal como ferramenta de manejo, pois constitui-se numa medida instantânea que não
necessita da contenção do animal ou equipamentos especiais, porém está intimamente
relacionado com a quantidade de reserva corporal e desempenho reprodutivo. Neste aspecto,
a alimentação com silagens durante o inverno, além de possibilitar oferta constante e
manipulável, confere maior condição corporal ao início do acasalamento que a pastagem
como fonte de volumoso (Rocha & Lobato, 2002a; Azambuja, 2003). Contudo, nesses
experimentos, sempre a taxa de prenhez foram relativamente baixas, limitadas
especialmente pelos baixos pesos ao início do acasalamento.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
63
Os efeitos positivos da alimentação diferenciada no período do inverno sobre o
desenvolvimento das novilhas pode ser prejudicado se no período subsequente não for
oferecido um bom nível nutricional. Novilhas mantidas em campo nativo dos 12 aos 14
meses perderam peso e condição corporal após um período de bom desenvolvimento dos 8
aos 12 meses (Pilau et al., 2002) (Tabela 33).
Tabela 33. Ganho médio diário, peso vivo e condição corporal de novilhas sob diferentes
sistemas de alimentação em pastagem de aveia + azevém (8-12 meses de idade) e
em campo nativo sob único lote (12-14 meses de idade)
Tratamento
Ganho Diário Médio
Peso Vivo
Condição Corporal
8-12
12-14
12 meses
14 meses
12 meses
14 meses
Kg/dia
Kg/dia
kg
kg
1-5
1-5
DFA
0,603 b
- 0,085
238 b
234 b
3,2 b
3,0 bc
DFB
0,522 b
- 0,027
230 b
229 b
3,1 b
2,9 c
DFBS
0,772 a
- 0,168
276 a
268 a
3,6 a
3,2 a
DFAS
0,802 a
- 0,202
271 a
270 a
3,5 a
3,1 ab
Média
0,675 A
- 0,115 B
254
250
3,4 A
3,0 B
Letras, AB, distintas para cada variável na linha (P<0,05)
Letras, ab, distintas na coluna (P<0,05)
DFA- disponibilidade de forragem alta (1500 kg/ha de MS)
DFB- disponibilidade de forragem baixa (1200 kg/ha de MS)
DFBS- disponibilidade de forragem baixa (1200 kg/ha de MS) + suplementação
DFAS- disponibilidade de forragem alta (1500 kg/ha de MS) + suplementação
Fonte: Pilau et al, 2002.
A perda de peso neste período deve ser evitada quando o objetivo for o acsalamento
aos 14-15 meses, pois o uso das reservas corporais (perda de condição corporal) aumenta a
concentração de ácidos graxos não esterificados circulantes, que têm efeito depressivo no
comportamento reprodutivo. Para obter ganho de peso durante o período de acasalamento,
Vaz (1998) avaliou o efeito de níveis de suplementação energético-protéica sobre o
desempenho de novilhas Charolês, Nelore e suas cruzas mantidas em pastejo contínuo em
campo nativo. Os níveis de 0,0; 0,35 e 0,70% do peso vivo tiveram efeito linear positivo
sobre o ganho de peso e estado corporal no período de acasalamento. O ganho de peso diário
médio e condição corporal final foram respectivamente 0,432; 0,510 e 0,727 kg e 3,04; 3,39
e 3,52 pontos. O tratamento com maior nível de suplemento resultou em maior percentagem
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
64
de parição (67,5%) que os demais (26,3 e 35% para os níveis 0,35 e 0,0%). Além de maior
percentagem de cios, a suplementação propiciou um maior concentração de cios na primeira
metade do acasalamento, sendo 66,7 e 64,5% dos cios nos níveis de 0,35 e 0,7% PV, e 50%
nos animais sem suplementação (P<0,05). Em condições experimetais semelhantes, os
níveis de 0,0; 0,35; 0,70 e 1,05% do peso vivo também tiveram efeito linear positivo sobre o
ganho de peso durante o acasalamento, porém a suplementação não teve efeito sobre a
manifestação de cios (22,2; 16,7; 16,7 e 33,3%, respectivamente) (Costa et al, 2003).
Numa análise econômica, Pötter & Lobato (1998) compararam os índices produtivos
de rebanhos com diferentes idades ao acasalamento. O sistema 1 ano produziu maior
margem bruta. Dentro das alternativas de alimentação no sistema 1 ano, a que usou
forragem conservada apresentou menor margem, em função do custo da alimentação e
gastos oparacionais, porém com maior segurança quanto a fatores climáticos. No sistema 1
ano, a produção de kg/ha foi maior, mas existe um componente de custo representado pela
inclusão de suplemento, que tem o forte impacto do preço dos grãos, causando pequena
vantagem econômica ao sistema dois anos. Nos sitemas 1 ano com alimentação baseada em
pastagens (PAST) e campo nativo suplementado (CNR), o sistema torna-se vulnerável a
qualquer variável de natureza ambiental (Tabela 34).
Tabela 34. Resultados comparativos sistema 1 ano x 2 anos (1998).
Sistemas
Receita Bruta
Custos Variáveis
Margem Bruta
R$/ha/ano
PAST
167,29
72,61
94,68
CNR
176,36
71,75
104,61
SIL
176,36
85,50
90,86
Dois anos
160,51
61,22
99,29
Tradicional
77,71
45,00
32,71
Um ano
Fonte: Pötter & Lobato, 1998.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLEN, R.E., MERKEL, R.A., YOUNG, R. B. Cellular aspects of muscle growth: Myogenic cell
proliferation. J. Anim. Sci., Champaing, v.49, p.115-127, 1979.
ALVES FILHO, D.C. Evolução do peso e desempenho anual de um rebanho de cria, constituído
por fêmeas de diferentes grupos genéticos. Santa Maria-RS, UFSM, 1995. Dissertação (Mestrado
em Zootecnia), Curso de Pós- graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 1995.
ARIJE, G.E., WILTBANK, J.N. Age and weight at puberty in hereford heifers. J. Anim. Sci.
Champaign, v.33, n.2, p.401-406, 1971.
AZAMBUJA, P.S. Sistemas de recria de terneiras para acasalamento aos 14/15 meses de idade. Porto
Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003, 186p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia), Curso de Pós–graduação em Zootecnia, 2003.
BAGLEY, C.P. Nutritional management of replacement beef heifers: a review. J. Anim. Sci.,
Champaign, v.71, n.12, p.3155-3163,1993.
BAKER, J.F., STEWART, R.S., LONG, C.R. et al. Multiple regression and principal components
analysis of puberty and growth in cattle. J. Anim. Sci., Champaign, v. 66, n. 11, p.2147-2158, 1988.
BARCELLOS, J.O.J. Acasalamento de novilhas de corte: sonho e realidade. Angus@news. Porto
Alegre, V. 3, Agosto, Associação Brasileira de Criadores de Angus, Porto Alegre, 2000.
BARCELLOS, J.O.J. et al. Recientes avances en la pubertad de vaquillonas Braford. In:
CONGRESSO MUNDIAL DE BRAFORD, 2, 2003. Corrientes, Argentina. Anais...Corrientes, 2003.
p.34-54.
BARCELLOS, J.O.J. Puberdade em novilhas Braford: desenvolvimento corporal e relações
endócrinas. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001, 164p. Tese
(Doutorado em Zootecnia), Programa de Pós–graduação em Zootecnia da Faculdade de AgronomiaUFRGS, 2001.
BARCELLOS, J.O.J., OSPINA, H., PRATES, E.R. et al. Carga animal pós-desmame e desempenho
reprodutivo de novilhas de corte acasaladas aos 18 meses de idade. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37., 2000, Viçosa. Anais... Viçosa, UFV, 2000.
Publicado em CD (2000) ; [CD-ROM] 3p.
BARCELOS.J.O.J. Dados do autor. Compilados em extensão. s/n. Porto Alegre. DZ/UFRGS.2003.
BARCELLOS, J.O.J. Efeitos do peso ao entoure sobre a taxa de prenhez. Dados não publicados. Bagé,
RS, 1996.
BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R., LÓPEZ, J. et al. Influência da estrutura corporal na idade à
puberdade de novilhas Braford. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba, FEALQ, 2001. p.397-398.
BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R., MÜHLBACH, P.R.F. et al. Efeito dos níveis de IGF-I na Idade
à puberdade de novilhas Nelore-Hereford. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais... Recife, UFRPE, 2002. Publicado em CD (2002); [CDROM] 4p.
BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R., MÜHLBACH, P.R.F. et al. Effects of liveweight and different
Nelore x Hereford crosses on age at puberty. Biotecnology in Animal Husbrandry, Belgrade, v.17,
p.57-65, 2001.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
66
BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R., SILVA, M.D. Manejo da novilha de corte e a idade à
puberdade. In: VII ciclo de palestras em produção e manejo de bovinos, Canoas-RS, 2002, Anais....
Canoas, 2002. p. 95-125.
BEEF IMPROVEMENT FEDERATION (BIF) Guidelines. 7.ed. [S.l.], 1996. p.17-20.
BERETTA, V., LOBATO, J.F.P. Efeitos da ordem de utilização de pastagens melhoradas no ganho de
peso e comportamento reprodutivo de novilhas de corte. R. Soc. Bras. Zootec., v.25, n.6, p.1196-1206,
1996.
BERETTA, V., LOBATO, J.F.P. Sistema “um ano” de produção de carne: avaliação de estratégias
alternativas de alimentação hibernal de novilhas de reposição. Rev. Bras. Zoot., Viçosa, v.27, n.1,
p.157-163, 1998.
BERETTA, V., LOBATO, J.F.P., MIELITZ NETTO, C.G.A. Produtividade e eficiência biológica de
sistemas pecuários de cria diferindo na idade das novilhas ao primeiro parto e na taxa de natalidade do
rebanho no Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Zoot., Viçosa, v.30, n.4, p.1278-1286, 2001.
BERGE, P. Long-term effects of feeding during calfhood on subsequent performance in beef cattle (a
review). Livestock Production Science, v. 28, p. 179-201, 1991.
BERNARDES, R.A.L.C., ALVES FILHO, D.C., PACHECO, P.S. et al. Avaliação econômica da
suplementação energética com grão de aveia preta associado ou não a uréia e/ou monensina sódica
para novilhas de corte na fase de recria. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais... Recife : UFRPE, 2002, [CD-ROM] 3p.
BOIN, C., TEDESCHI, L.O. Sistemas intensivos de produção de carne bovina: II. Crescimento e
Acabamento. In: SIMPÓSIO SOBRE PECUÁRIA DE CORTE, 4., Piracicaba, 1996. Anais.
Piracicaba: FEALQ, 1997. p.205-228.
BRONSON, F.H., MANNING, J.M. The energetic regulation of ovulation: a realistic role of body fat.
Biol. Reprod., Champaign, v.44, n.6, p.945-950, 1991.
BUCKLEY, B.A., BAKER, J.F., DICKERSON, G.E. et al. Body composition and tissue distribution
from birth to 14 months of beef heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v.68, n.12, p.3109-3123, 1990.
BUSKIRK, D.D., FAULKNER, D.B., HURLEY, W.L. et al. Growth, reproductive performance,
mammary development, and milk production of beef heifers as influenced by prepubertal dietary
energy and administration of bovine somatotropin. J. Anim. Sci., Champaign, v.74, n.11, p.26492662, 1996.
BYERLEY, D. J., STAIGMILLER, R. B., BERARDINELLI. et al. Pregnancy rates of beef heifers
bred either on puberal or third estrus. J. Anim. Sci., Champaign, v.65, p.645-650, 1987.
CAMERON, J.L. Nutritional Determinants of Puberty. Nut. Rev., Lawrence, v.54, n.2, p.17-22, 1996.
CHAPMAN, H. D., YOUNG, J. M., MORRISON, E. G. et al. Differences in lifetime productivity of
Herefords calving first at 2 and 3 years of age. J. Anim. Sci., Champaign, v.46, n.5, p.1159-1162,
1978.
CHASE, C.C., KIRBY, C.J., HAMMOND, A.C. et al. Patterns of ovarian growth and development in
cattle with a growth hormone receptor deficiency. J. Anim. Sci., Champaign, v.76, n.1, p.212-219,
1998.
COHEN, R.D.H., GARDNER, D.L., LANGLANDS, J.P. A note on the relationship between live
weight and incidence of oestrous in Hereford heifers. Animal Production, Edinburgh, v.31, p. 221222, 1980.
COSTA, E.C., RESTLE, J., BRONDANI, I.L. et al. Novilhas mantidas em pastagem nativa durante o
período de acasalamento aos 14 meses, suplementadas com diferentes níveis de concentrado. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria.
Anais... Santa Maria, UFSM, 2003, [CD-ROM] 4p. Prod. e Manejo.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
67
CUNDIFF, L.V., SZABO, F., GREGORY, K. et al. Breed comparisons from de MARC-ARS-USDA
Germplasm Evaluation Program. In: MEETING OF BEEF IMPROVEMENT FEDERATION, 25.,
1993, Asheville, North Carolina. [Asheville, Norte Carolina : [s.n.], 1993. 17p.
CUNDIFF, LV., WHEELER, T.L., GREGORY, K.E. et al. Preliminary results from cycle vii of the
cattle germplasm evaluation program at the Roman L. Hruska U.S. Meat Animal Research Center.
Roman L. Hruska U.S. Meat Animal Research Center. (Germplasm Evaluation. Program Progress:
Report No. 21), 14p. 2001.
CUPPS, P.R. Reproduction in Domestic Animals. 4a. ed. San Diego : Academic Press, 1991. 670p.
DAY, M. L., IMAKAWA, K., ZALESKY, D. D. et al.. Effects of restriction of dietary energy intake
during the prepubertal period on secretion of lutinizing hormone and responsiveness of the pituitary to
luteinising hormone-releasing hormone in heifers. J. Anim. Sci., Champaing, v.62, p.1641-1648,
1986.
De NISE, R.S.K., BRINKS, J.S. Genetic and environmental aspects of the growth curve parameters in
beef cows. J. Anim. Sci., Champaign, v.61, n.5, p.1431-1443, 1985.
DeROUEN, S.M., FRANKE, D.E. Effects of sire breed, breed type and age and weight at breeding on
calving rate and date in beef heifers first exposed at three ages. J. Anim. Sci., Champaing, v.67,
p.1128-1137, 1989.
DEUSTSCHER, G.H. Developing Replacement Beef Heifers (Weaning-Breeding): Breeding &
Reproduction. Lincoln : University of Nebraska Cooperative Extension, 1996. .8p. (Bulletin 7).
DISKIN, M.G., MACKEY, D.R., ROCHE, J.M. et al. Effects of nutrition and metabolic status on
circulating hormones and ovarian follicle development in cattle. Anim. Reprod. Sci. v.78, p. 345-370,
2003.
ELLIS, R.W. The relationship between percentage calving and weight at joining in early Hereford
heifers. Proc. Austr. Soc. Anim. Prod., Sidney, v.10, p. 55-58, 1974.
EUCLIDES FILHO, K. O efeito do tamanho das reprodutrizes sobre a eficiência da produção de carne
e de bezerros desmamados. In: SIMPOSIO NACIONAL PRODUÇÃO E GERENCIAMENTO DA
PECUÁRIA DAE CORTE, 2., 2001, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2001. p.196-208.
EVANS, A.C.O., ADAMS, G.P., RAWLINGS, N.C. Follicular and hormonal development in
prepubertal heifers from 2 to 36 weeks of age. J. Reprod. Fert., Cambridge, v.102, n.1, p.463-470,
1994.
FITZHUGH, H.A. Animal size and efficiency, with special reference to the breeding female. Anim.
Prod., Edinburgh, v.27, n.4, p.393-401, 1978.
FOX, D.G., SNIFFEN, C.J., O´CONOR, J.D. Adjusting nutrient requirementes of beef cattle for
animal and environmental variations. J. Anim. Sci., Champaign, v.66, n.5, p.1475-1453, 1988.
FREETLY, H.C., CUNDIFF, L.V. Postweaning growth and reproduction characteristics of heifers
sired by bulls of seven breeds and raised on different levels of nutrition. J. Anim. Sci., Champaign,
v.75, n.11, p.2841-2851, 1997.
FREITAS, S.G., LOBATO, J.F.P., TAROUCO, A.K. et al. Desempenho reprodutivo e produtivo de
novilhas de corte aos dois anos de idade submetidas a diferentes alternativas de alimentação. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria.
Anais... Santa Maria, UFSM, 2003, [CD-ROM] 4p. Prod. e Manejo.
FRIES, L.A. Genética para um sistema de produção de ciclo curto. In: SIMPÓSIO DA CARNE
BOVINA, I: Da produção ao mercado consumidor. São Borja, RS, 2003. Anais…Porto Alegre: Ed.
UFRGS, 2003.p.47-82.
FRISCH, R.E. Body fat, puberty and fertility. Biol. Rev., Davia, v.59, n.2, p.161-188, 1984.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
68
FRIZZO, A., ROCHA, M.G., RESTLE, J. et al. Suplementação energética na recria de bezerras de
corte mantidas em pastagem de inverno. R. Bras. Zootec., v.32, n.3, p.643-652, 2003.
GARCIA. M.R., AMSTALDEN, M., MORRISON, C.D. et al. Age at puberty, total fat and conjugated
linoleic acid contend of carcass, and circulating metabolic hormones in beef heifers fed a diet high in
linolenic acid beginning at four months of age. J. Anim. Sci., Champaing, v.81, p.261-268. 2003.
GARCIA. M.R., AMSTALDEN, M., WILLIAMS. S.W. et al. Serum leptin its adipose gene
expression during pubertal development, the estrous cycle, and different seasons in cattle. J. Anim.
Sci. v.80, p.2158-2167. 2002.
GREER, R.C., WHITMAN,R.W., STAIGMILLER, R.B. et al. Estimating the impact of management
decisions on the occurrence of puberty in beef heifers. J. Anim. Sci., Champaing, v.56, n.1, p.30-39,
1983.
GREGORY, K. E., CUNDIFF, L.V., KOCH, R.M. et al. Germplasm utilization in beef cattle: beef
research. Progress Report, Clay Center, ARS 71, n.4, p.7-19, 1993.
GREGORY, K.E., LASTER, D.B., CUNDIFF, L.V. et al. Heterosis and breed maternal and
transmitted effects in beef cattle. II. Growth rate and puberty in females. J. Anim. Sci., Champaign,
v.47, n.5, p.1042-1053, 1978.
HALL, J.B., SCHILLO, K.K., FITZGERALD, B.P. et al. Effects of recombinant bovine somatotropin
and dietary energy intake on growth, secretion of luteinizing hormone, follicular development, and
onset of puberty in beef heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v.72, n.3, p.709-718, 1994.
HALL, J.B., STAIGMILLER, R.B., SHORT, R.E. et al. Effect of age and pattern of gain on induction
of puberty with a progestin in beef heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v.75, n.6, p.1606-1611, 1997.
HAMMOND. J. The physiology of reproduction in the cow. Cambridge : Cambridge University
Press. 690p, 1927.
HEARNSHAW, H., ARTHUR, P.F., BARLOW, R. et al. Evaluation of Bos indicus and Bos taurus
straightbreds and crosses. II. Post-weaning growth, puberty and pelvic size of heifers. Aust. J. Agric.
Res., Port Melbourne, V. 45, n.3, p.783-794, 1994.
JENKINS, T.G., FERRELL C.L. Changes in proportions of empty body depots and constituents for
nine breeds of cattle under various feed availabilities. J. Anim. Sci., Champaign, v.75, n.1, p.95-104,
1997.
JESSOP, N. Growth Animal. Short Course – Occasional publication. 153p. School of Agriculture
Building. Cambridge University. 2003.
KINDER, J.E., BERGFELD, E.G.M, WHERMAN, M.E. et al. Endocrine basis for puberty in heifers
and ewes. J. Reprod. Fert., Cambridge, v.49, (sup.), p.393-407, 1995.
LAFLAMME, L. F. 1993. Effect of degree of fatness in yearling replacement heifers on lifetime
performance. Can. J. Anim. Sci. 73:295-301.
LALMAN, D.L., PETERSEN, M.K., ANSOTEGUI, R.P. et al. The effects of ruminally undegradable
protein, propionic acid, and monensin on puberty and pregnancy in beef heifers. J. Anim. Sci.,
Champaign, v.71, n.11, p.2843-2852, 1993.
LAMOND, D.R. The influence of undernutrition on reproduction in the cow. Anim. Breed. Abstr.,
Edinburgh, v.38, p.359-372, 1970.
LASTER, D.B., SMITH, G.M., CUNDIFF, L.V. et al. Characterization of biological types of cattle
(Cycle II). II. Postweaning growth and puberty of heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v.48, n.2, p.500506, 1979.
LESAMA, M.F., MOOJEN, E.L. Produção animal em gramíneas de estação fria com fertilização
nitrogenada ou associadas com leguminoas, com ou sem fertilização nitrogenada. Ciência Rural.
V.29, n.1, p.123-128, 1999.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
69
LESMEISTER, J.L., BURFENING, P.J., BLACKWELL, R.L. Date of first calving in beef cows and
subsequent calf productions. J. Anim. Sci. V.36, n.1, p.1-6. 1973
LOBATO, L.F.P. A "vaca ideal" e seu manejo em sistemas de produção de ciclo curto. In: SIMPÓSIO
DA CARNE BOVINA, I: Da produção ao mercado consumidor. São Borja, RS, 2003. Anais…Porto
Alegre: Ed. UFRGS, 2003.p.09-46.
LYNCH, J.M., LAMB, G.C., MILLER, B.L. et al. Influence of timing of gain on growth and
reproductive of beef replacement heifers. J. Anim. Sci., Champaing, v.75, n.7, p.1715-1722, 1997.
MARTIN, L.C., BRINKS, J.S., BOURDON, R.M. et al. Genetic effects on beef heifer puberty and
subsequent reproduction. J. Anim. Sci., Champaign, v.70, n.12, p.4006-4017, 1992.
McCANN, M.A. Creep feeding beef calves. University of Georgia College of Agricultural &
environmental sciences.1999. Pesquisado da Web.
MERCADANTE, M.E.Z., PACKER, I. U., RAZOOK, A. G. et al. Direct and correlated responses to
selection for yearling weight on reproductive performance of Nelore cows. J. Anim. Sci. v.81, p.376384.2003.
MONTANHOLI, Y.R., BARCELLOS, J.O.J, COSTA, E.C. et al. Effects of stocking rate on the
yearling beef heifers (in press). IX WORLD CONFERENCE ON ANIMAL PRODUCTION.
Proceedings… Porto Alegre, RS, Brasil, 2003.
MORAN, C., QUIRKE, J.F., ROCHE, J.F. Puberty in Heifers: a Review. Anim. Reprod. Sci.,
Amsterdam, v.18, n.1-2, p.167-182, 1989.
MORRIS, C.A., WILSON, J.A. Progress with selection to change age at puberty and reproductive rate
in Angus cattle. Proc. of the N. Z. Soc. of Anim. Prod., Palmerston North, v.57, p.9-11, 1997.
MORRISON, D. G., FEAZEL, J. I., BAGLEY, C. P., BLOUIN, D. C. Postweaning growth and
reproduction of beef heifers exposed to calve at 24 or 30 months of age in spring and fall seasons. J.
Anim. Sci. Champaign, v.70, p.622-630, 1992.
NEWMAN, S., DELAND, M.P. Lifetime productivity of crossbred cows 2. Age and weight at first
oestrous, calf birth weight, assisted calving, calving interval and reproduction rate. Aus. J. of Exp.
Agric., Port Melbourne, v.31, p.293-300, 1991.
NUÑEZ-DOMINGUEZ, R., CUNDIFF, L. V., DICKERSON, G. E. et al. Lifetime production of beef
heifers calving first at two vs. three years of age. J. Anim. Sci., v.69, p.3467-3479, 1991.
OWENS, F.N., DUBESKI, P., HANSON, C.F. Factors that alter the growht and development of
ruminants. J. Anim. Sci., Champaing, v.71, p.3138-3150, 1993.
PASCOAL, L.L., BRONDANI, I.L., BERNARDES, R.A.C. Avaliação de dietas para desmame,
suplementação e confinamento. In: Restle, J. et al. Confinamento, pastagens e suplementação para
produção de bovinos de corte. UFSM, Santa Maria, 1999. p.125-146. 258p.
PASCOAL, L.L., RESTLE, J., ALVES FILHO, D.C. Alimentação e manejo do terneiro desmamado
aos 60- 90 dias de idade. In: RESTLE, J. et al. Produção intensiva com qualidade em bovinos de
corte. UFSM: Santa Maria, RS, 1998, p. 89- 103, 125 p.
PASCOAL, L.L., RESTLE, J., PACHECO, P.S. et al. Grão de aveia preta (avena strigosa) como
suplemento energético associado ou não a uréia e/ou monensina sódica para novilhas de corte de
diferentes grupos genéticos na fase de recria. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais... Recife : UFRPE, 2002, [CD-ROM] 3p.
PATTERSON, D. J.; CORAH, L. R.; BERTHOUR, J. R. et al. Evaluation of reproductive traits in Bos
taurus and Bos indicus crossbred heifers: effects of postweaning energy manipulation. J. Anim. Sci.
Champaign,v.69, p.2349-2361, 1991.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
70
PATTERSON, D.J., CORAH, L.H., BRETHOUR, J.R. et al. Evaluation of reproductive traits in Bos
taurus and Bos indicus crossbred heifers: relationship of age at puberty to length of the postpartum
interval to estrus. . J. Anim. Sci. Champaign, v.70, n.12, p.1994-1999, 1992b.
PATTERSON, D.J., PERRY, R.C., KIRACOFE, G.H. et al. Management consideration in heifer
development and puberty. J. Anim. Sci., Champaing, v.70, n.12, p.4018-4035, 1992a.
PEREIRA NETO, O.A., LOBATO, J.F.P. Efeitos da ordem de utilização de pastagens nativas
melhoradas no desenvolvimento e comportamento reprodutivo de novilhas de corte. Rev. Bras.
Zootec., Viçosa., v.27, n.1., p.60-65, 1998.
PEREIRA NETO, O.A., LOBATO, J.F.P., SIMEONE, A. Sistema de pastejo rotativo “ponta e
rapador” para novilhas d e corte. I. Desenvolvimento corporal. Rev. Bras. Zootec. Viçosa, v.28, n.1,
p.137-142. 1999.
PETERS, A.R., BALL, P.J.H. Reproduction in Cattle. London : Butterworths, 1987. 191p.
PILAU, A., ROCHA, M.G., RESTLE, J. et al. Desenvolvimento reprodutivo de novilhas sob
pastagem de aveia+azevém com ou sem suplementação energética aos animais. In: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria. Anais... Santa
Maria: UFSM, 2003, [CD-ROM] 5p.
PÖTTER, L., LOBATO, J.F.P., MIELITZ NETTO, C.G.A. Produtividade de um modelo de produção
para novilhas de corte primíparas aos dois, três e quatro anos de idade. Rev. Bras. Zootec., Viçosa,
v.27, n.3, p. 613-619, 1998.
PURVIS, H.T., WHITTIER, J.C. Effects of ionophore feeding and anthelmintic administration on age
and weight at puberty in spring-born beef heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v. 74, n.4, p.736-744,
1996.
RESTLE, J., POLLI, V.A., SENNA, D.B. Efeito de grupo genético e heterose na idade à puberdade e
desempenho reprodutivo de novilhas de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. V.34, n.4.
p.701-707. 1999.
ROBERTS, A.J., NUGENT, R.A., KLINDT, J. et al. Circulating insuline-like growth factor I,
insuline-like growth factor binding proteins, growth hormone, and resumption of estrus in postpartum
cows subjected to dietary energy restriction. J. Anim. Sci., Champaign, v.75, n.7, p.1909-1917, 1997.
ROCHA, M.G. Desenvolvimento e características de produção e reprodução de novilhas de corte
primíparas aos dois anos de idade. Tese (Doutorado em Zootecnia), Curso de Pós- graduação em
Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997, 247p.
ROCHA, M.G., LOBATO, J.F.P. 2002a. Sistemas de alimentação pós-desmama de bezerras de coste
para acasalamento com 14/15 meses de idade. Rev. Bras. Zootec., v.31 n.4, p.1814-1822.
ROCHA, M.G., LOBATO, J.F.P. 2002b. Avaliação do desempenho reprodutivo de novilhas de corte
primíparas aos dois anos de idade. Rev. Bras. Zootec., v.31 n.3, p.1388-1395(suplemento).
ROCHE, J.F., DISKIN, M.G. Hormonal regulation of reproduction and interactions with nutrition in
females ruminants. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON RUMINANT PHYSIOLOGY, 8.,
1995, Stuttgart. Proceedings: Ruminant Physiology: digestion, metabolism, growth and reproduction.
[Stuttgart] : [s.n.], 1995. p.409-428.
ROSO, C., RESTLE, J. Aveia preta, triticale e centeio em mistura com azevém. 2. Produtividade
animal e retorno econômico. Revista Brasileira de Zootecnia. V.29, n.1, p.85-93,2000.
ROVIRA, J. Manejo nutritivo de los rodeos de cria em pastoreo. Montevidéo. Hemisferio Sur.
1996.287 p.
RYAN, W.J. Compensatory growth in cattle and sheep. Nutrition Abstracts and Reviews. Series B,
v. 60, p. 653-664, 1990.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
71
SALOMONI, E., BORBA, E.R., DEL DUCA, L.O.A. et al. Idade e peso à puberdade em fêmeas de
corte puras e cruzas em campo natural. Pesq. Agropec. Bras. Brasília, v.23 n.10, p.1171-1179. 1988.
SAMPEDRO, D., VOGEL, O., CELSER, R. Alternativas de manejo para entorar la vaquilla a los
18 meses de edad: Su influencia sobre el porcentaje de 2o entore y prenhez. Mercedes: INTA, 1995.
9p. (Circular Técnica).
SAMPEDRO, D. Como eligir un suplemento para el proximo invierno. Mercedes: INTA, 2003. 3p.
(Circular Técnica).
SCHILLO, K.K., HALL, J.B., HILEMAN, S.M. Effects of nutrition and season on the onset of
puberty in beef heifer. J. Anim. Sci., Champaign, v.70, n.12, p.3994-4005, 1992.
SEMMELMANN, C.E.N., LOBATO, J.F.P., ROCHA, M.G. Efeito de sistemas de alimentação no
ganho de peso e desempenho reprodutivo de novilhas Nelore acasaladas aos 17/18 meses. Rev. Bras.
Zootec., Viçosa, v.30, n.3, p.835-843, 2001.
SHORT, R.E., ADAMS, D.C. Nutritional and hormonal interrelationships in beef cattle reproduction.
Can. J. Anim. Sci., Ottawa, v.68, n.1, p.29-39, 1988.
SHORT, R.E., STAIGMILLER, R.B., BELLOWS, R.A., GREER, R.C. Breeding heifers at one year
of age: biological and economic considerations. In: FIELDS, M.J.; SAND, R.S. Factors Affecting
Calf Crop. Boca Raton : CRC Press, 1994. p.55-68.
SILVA, M.D. Desempenho reprodutivo de novilhas de corte acasaladas aos 18 ou 24 meses de idade.
Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003, 107p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia), Curso de Pós–graduação em Zootecnia, 2003.
SILVA, M.D., BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R. et al. Efeito da idade do acasalamento sobre as
taxas de prenhez de novilhas Hereford. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba, FEALQ, 2001. p.395-397.
SILVA, M.D., BARCELLOS, J.O.J., PRATES, E.R. et al. Influência da idade e do peso ao início do
acasalamento sobre a taxa de prenhez de novilhas Hereford. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais... Recife : UFRPE, 2002,
[CD-ROM] 4p.
SILVA, M.D., PAUPÉRIO, L.F., SILVA, J.L.C. et al. Efeito do desmame precoce no
desenvolvimento ponderal de novilhas de corte acasaladas aos 18 meses de idade. In: VIII SALÃO E
V FEIRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Propesp/UFRGS, 1996. Porto Alegre, Livro de Resumos, P.
Alegre, Editora da UFRGS, 1996, p.85.
SIMPSON, R.B., CHASE, C.C., HAMMOND, A.C. et al. Average daily gain, blood metabolites, and
body composition at first conception in Hereford, Senepol, and reciprocal Crossbred heifers on two
levels of winter nutrition and two summer grazing treatments. J. Anim. Sci., Champaign, v.76, n.2, p.
396-403, 1998.
SIROIS, J., FORTUNE, J.E. Ovarian follicular dynamics during the estrous cycle in heifers monitored
by real-time ultrasonography. Biol. Reprod., Champaign, v.39, n.2, p.308-317, 1988.
SMITH, G.M., FITZHUGH, H.A., CUNDIFF, L.V. et al. A genetic analysis of maturing patterns in
straightbred and crossbred Hereford, Angus and Shorthorn cattle. J. Anim. Sci., Champaign, v.43, n.1,
p.389-373, 1976.
STAPLES, C.R., J.M. BURKE, J.M., THATCHER, W.W. Symposium: optimizing energy nutrition
for reproduction dairy cows. J. Dairy Sci., Champaign, v.81, n.3, p.856-871, 1998.
VARGAS, C.A., ELSO, M.A., CHASE, C.C. et al. Estimation of genetic parameters for scrotal
circumference, age at puberty in heifers, and hip height in Brahman cattle. J. Anim. Sci., Champaign,
v.76, n.10, p.2536-2541, 1998.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)
Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS
72
VARGAS, C.A., OLSON, T. A., CHASE, C.C. et al. Influence of frame size and body condition score
on performance of Brahman cattle. J. Anim. Sci., Champaign, v. 77, n.12, p.3140-3139, 1999.
VAZ, R.Z. Desenvolvimento e desempenho reprodutivo de novilhas de corte submetidas a
diferentes níveis de suplementação durante o primeiro período reprodutivo aos quatorze meses
de idade. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Curso de Pós–graduação em Zootecnia, Universidade
Federal de Santa Maria, 1998, 98p.
WEBSTER, A.J.F. Bioenergetics, Bioengineering and Growth. Anim. Prod. Edinburgh, v. 48, p.249268, 1989.
WEEKLEY, K.A., MARSHALL, T.T., HARGROVE, D.D. Effects of nutritional environment on
percentage of mature weight at which crossbred heifers of varying proportion of Brahman breeding
attain puberty. In: BEEF CATTLE SHORT COURSE, 1993, Florida. [S.l. : s.n.], 1993. p. 54-59.
WEHRMAN, M.E., KOJIMA, F.N., SANCHEZ, T. et al. Incidence of precocious puberty in
developing beef heifers. J. Anim. Sci., Champaign, v.74, n.10, p.2462-2467, 1996.
WILLIAMS, G.L., AMSTALDEN, M., GARCIA, M.R. et al. 2002.Leptin and its role in the central
regulation of reproduction in cattle. Domestic Animal Endocrinology. 5345:1–11.
WILTBANK, J. N. Changing reproductive performance in beef cows herds. In: ANNUAL
CONFERENCE ON ARTIFICIAL INSEMINATION AND EMBRYO TRANSFER, 1985, Denver.
Proceedings... Columbus : National Association of Animal Breeders, 1985. p.15-27.
WOLFE, M.W., STUMPF, T.T., ROBERSON, M.S. et al. Opioid and 17ß-estradiol regulation of LH
and FSH secretion during sexual maturation in heifers. Dom. Anim. End., Washington, v.8, n.6,
p.491-498, 1991.
WOLFE, M.W., STUMPF, T.T., WLFE, P.L. et al. Effect of selection for growth traits on age and
weight at puberty in bovine females. J. Anim. Sci., Champaign, v.68, n.6, p.1595-1602, 1990.
WRAY, S., HOFFMAN, G. Postnatal morphological changes in rat LHRH neurons correlated with
sexual maturation. Neuroendocrin., Farmington, v.43, n.1, p. 93-97, 1986.
BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto
Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1)