Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado aos Sistemas
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Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado aos Sistemas
i Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia Departamento de Zootecnia Crescimento de Fêmeas Bovinas de Corte Aplicado aos Sistemas de Cria Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS Publicação Ocasional n°1 Júlio Otávio Jardim Barcellos Eduardo Castro da Costa Maurício Dallmann da Silva Cláudio Eduard Neves Semmelmann Yuri Regis Montanholi Ênio Rosa Prates Roberto Grecellé Rafael Mendes Carolina Wunsch Joilmaro Rodrigo Pereira Rosa Porto Alegre, Setembro de 2003 ii Capa: Elvis Branchini CIP - CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO C919 Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria / Júlio Otávio Jardim Barcellos... [et al.]. – Porto Alegre : Departamento de Zootecnia da UFRGS, 2003. 72p. - (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte; Publicação Ocasional, 1) 1. Bovinos de corte : Crescimento de novilhas : Sistema de produção. : I. Barcellos, Júlio. II. Costa, Eduardo. III. Silva, Maurício. IV. Semmelmann, Cláudio. V. Montanholi, Yuri. VI. Prates, Ênio da Rosa. VII. Grecellé, Roberto. VIII. Mendes, Rafael. IX. Wunch, Carolina. X. Rosa, Joilmaro. XI. Título. XII. Série. CDD: 636.2 CDU: 636 Catalogação na publicação: Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS iii ÍNDICE INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1 O FENÔMENO DO CRESCIMENTO................................................................................ 3 Crescimento compensatório.................................................................................... 11 CRESCIMENTO E PUBERDADE...................................................................................... 13 Puberdade............................................................................................................... 13 Mecanismos endócrinos que controlam a puberdade............................................. 13 Fatores que determinam a puberdade.................................................................... 15 Peso vivo...................................................................................................... 15 Estrutura corporal....................................................................................... 19 Efeitos do frame sobre a idade à puberdade................................... 19 Relação Peso:altura......................................................................... 24 Teor de gordura corporal............................................................................ 25 EFEITOS GENÉTICOS SOBRE A IDADE À PUBERDADE......................................... 30 Ganho de peso pós-desmame....................................................................... 34 Efeitos da idade sobre o aparecimento da puberdade................................ 41 CRESCIMENTO E IDADE DE ACASALAMENTO............................................................ 38 Importância da idade de acasalamento.................................................................. 38 Sistemas de alimentação.......................................................................................... 41 Acasalamento da novilha aos 26-27 meses............................................................. 50 Acasalamento da novilha aos 17-18 meses............................................................. 54 Acasalamento da novilha aos 14-15 meses............................................................. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 65 iv Nota sobre os autores Júlio Otávio Jardim Barcellos – Médico Veterinário, Doutor em Zootecnia, Prof. Adjunto do Dep. de Zootecnia da Faculdade de Agronomia – UFRGS. ([email protected]). Eduardo Castro da Costa - Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Doutorando do Curso de Pósgraduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Maurício Dallmann da Silva – Médico Veterinário, Mestre em Zootecnia. Cláudio Eduard Neves Semmelmann - Médico Veterinário, Mestre em Zootecnia, Professor do Centro Agrotécnico de Lages, Doutorando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Yuri Regis Montanholi - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Ênio Rosa Prates - Engenheiro Agrônomo, PhD., Professor Associado do Dep. de Zootecnia da Faculdade de Agronomia – UFRGS. Roberto Grecellé - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Rafael Caniedas Mendes - Médico Veterinário, Mestrando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Carolina Wunsch – Zootecnista, Mestranda do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Joilmaro Rodrigo Pereira Rosa - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Zootecnia, Doutorando do Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Área de Produção Animal, Faculdade de Agronomia – UFRGS. Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 1 INTRODUÇÃO A criação da novilha de reposição em gado de corte é com certeza uma das etapas mais importantes dentro de um sistema de produção voltado à cria. Melhorar a reprodução de fêmeas jovens, através da inclusão de alimentos adicionais no processo de recria é importante para o aumento da produtividade em sistemas de cria. No entanto, pode não ser sustentável economicamente. Portanto, conhecer de forma mais clara as implicações do ritmo de crescimento das mesmas torna-se cada vez mais importante na recria de fêmeas. Diferente dos animais destinados à produção de carne, a fêmea, com o objetivo de procriar, exige procedimentos alimentares e de manejo distintos. Contudo, a fisiologia do crescimento per si segue os mesmos princípios fisiológicos e ponderais do macho. A novilha de cria, tem uma meta definida a partir do seu nascimento, estabelecida pela decisão de sua incorporação no núcleo de matrizes do rebanho. Para esta inclusão, necessário será atingir o preceito fisiológico número um - a puberdade. Ou seja, crescer para alcançar a puberdade dentro dos limites biológicos para a espécie está determinado geneticamente. No entanto, a expressão desse potencial será intimamente dependente da velocidade de crescimento estabelecida por um programa nutricional previamente programado. Uma vez que, para a novilha alcançar a puberdade numa determinada idade, o seu peso vivo ainda constitui o fator mais importante, fundamental será o entendimento de como este peso vivo pode ser biológica e economicamente alcançado, numa tentativa de sempre obter a melhor eficiência no sistema de produção. O componente peso vivo é uma forma de manifestação do crescimento, mas envolve fenômenos complexos na sua expressão. Neles incluem a composição do ganho de peso, a velocidade e a cronologia de como se distribui esse ganho. Todos relacionados com os aspectos endócrinos que ligam a nutrição com o eixo hipófise-ovário. Além destes, uma série de outras variáveis também interagem na expressão do peso vivo. Portanto, para entender o crescimento do indivíduo destinado a reprodução, é necessária uma compreensão mais ampla do que apenas fazer o animal crescer para a produzir carne. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 2 Uma vez entendido os mecanismos que envolvem o crescimento e pré-fixado o alvo a ser alcançado, por ocasião da puberdade e início do acasalamento da novilha, programas nutricionais poderão ser melhor direcionados visando maximizar o aproveitamento dos recursos alimentares dos sistemas locais de produção. Esta ênfase especial sobre a alimentação decorre do fato deste item ser o mais oneroso no custo de produção e também porque a novilha tem uma baixa eficiência de transformação do recurso alimentar em produto - a sua progênie. Evidentemente, que outros fatores precisam ser considerados no programa de criação da novilha, como os aspectos relacionados com sua fertilidade intrínseca, características de adaptação, precocidade sexual, facilidade de parto e futura habilidade materna. Na tabela 1 são demostrados os indicadores de produtividade atuais na bovinocultura de corte do Estado do Rio Grande do Sul. Claramente observa-se a evolução nesses indicadores nos últimos 10 anos, em especial nos ítens relacionados com a eficiência reprodutiva. Neste contexto, foi gerada esta revisão no sentido de apresentar novas alternativas tecnológicas para potencializar os resultados desta pecuária em desemvolvimento. Tabela 1. indicadores da bovinocultura de corte no Estado do Rio Grande do Sul Parâmetro Idade acasalamento Unidade 34-36 m 24-26 m 18 m 14 m Idade de abate Taxa de natalidade Novilhas acasaladas aos 2 anos Novilhas acasaladas aos 14 meses Novilhas acasaladas aos 18 meses Primíparas aos 3 anos (repetição) Vacas de segunda cria aos 4 anos Vacas adultas Média % meses % Valor 20,0 73,0 5,0 2,0 36,0 – 40,0 87,0 52,0 58,0 37,0 59,0 68,0 62,0 Fonte: Barcellos et al., 2003. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 3 O FENÔMENO DO CRESCIMENTO O animal inicia o seu crescimento determinado para alcançar o seu alvo, denominado tamanho maduro. Isto é determinado geneticamente. É claramente entendido que sobre condições adequadas de nutrição, os animais alcançarão o seu tamanho adulto de uma forma bem definida. Deste modo, tem sido descrita a curva de crescimento como uma forma para expressar o crescimento animal. Uma simples observação da curva de crescimento (Figura 1) demonstra duas fases: uma fase inicial, onde a taxa de ganho de peso é crescente e a fase final, onde a taxa de ganho é decrescente. F in al P eso Viv o (k g ) In icial Tem p o (D ias) Figura 1. Curva de crescimento de um animal com tamanho maduro de 500 kg. (Fonte: Jessop, 2003). No fenômeno do crescimento, um dos problemas que ocorre é o fato do ganho no tecido corporal ocorrer de forma composta a partir de diferentes constituintes – cinzas, proteínas e gorduras. Neste fenômeno, contudo, sempre há uma tentativa do animal em atingir sua massa protéica específica no corpo, a qual depende das condições ambientais. Quando o animal é mantido num ambiente nutricional favorável, o peso do corpo em proteína aumenta de forma previsível, seguindo o padrão da curva de crescimento e determinado matematicamente pela Equação de Gompertz. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 4 onde: P Peso do conteúdo protéico do corpo (kg) Pm Peso em proteína do corpo no tamanho maduro (kg) G0 Variável de Gompertz = -2,586 B Taxa de ganho protéico Para entender como estes parâmetros influenciam a forma da curva de crescimento, é necessário explorar como uma variação em cada parâmetro influencia a curva. Pm determina a posição assintótica e o valor máximo no qual o peso protéico é alcançado. A taxa na qual a curva alcança este valor é determinada por B, sendo que um maior valor de B faz com que mais rapidamente seja alcançado o Pm (peso do corpo em proteína, no tamanho maduro) e vice-versa. A variável de Gompertz (Go) determina a posição da curva. Os efeitos das P e so em p ro teín a (k g ) variações de B e G0 são demonstrados nas figuras 2 e 3. Tem p o (D ia s) Figura 2. Efeitos da variação na taxa de ganho protéico (B) na forma da curva de crescimento, mantendo fixos os parâmetros Pm (80 kg) e Go (-2,586). (Fonte: Jessop, 2003). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 5 O crescimento ocorre no âmbito celular, pois os animais são constituídos de células individuais. O tamanho das células no animal na maturidade, não varia entre espécies, apenas variando o número de células dentro do corpo. Portanto, uma análise histológica não P e so d e P ro te ín a (k g ) permite diferenciar, pelo tamanho, a célula de um elefante da célula de um camundongo. Tem p o (D ia s) Figura 3. Efeitos da alteração na variável de Gompertz sobre a forma da curva de crescimento, mantendo fixos os parâmetros Pm (80 kg) e B (0,0072). (Fonte: Jessop, 2003). A forma inicial da curva de crescimento é determinada pela fisiologia celular. Na fase inicial do crescimento ocorre uma acentuada multiplicação no número de células. A taxa na qual o número de células aumenta é exponencial e isto pode, parcialmente, explicar a forma da curva de crescimento no seu período inicial. As células resultantes do processo de multiplicação começam a crescer para atingir o seu próprio tamanho final. Cada célula vive e sobrevive num ambiente iônico. Este ambiente é constituído de cargas negativas a partir do DNA e proteínas, as quais são moléculas grandes e inábeis para atravessar a membrana celular. Estas cargas negativas estão num equilíbrio com as cargas dos íons potássio, constituindo um gradiente iônico na membrana plasmática, particularmente representado pelos gradientes gerados pelo Cloro, Sódio e Potássio. Embora, a membrana plasmática não seja permeável a pequenos íons, em muitas situações, tanto o Cloro como o Sódio, podem deixar o espaço celular, contra o seu gradiente de concentração. Esta taxa é muito baixa, mas diferente de zero. Este fenômeno faz com que a água seja puxada osmoticamente para o interior da célula, causando um aumento no tamanho da célula. A manutenção deste volume celular é garantida através da bomba de sódio, cujo funcionamento ocorre às custas de BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 6 energia (ATP). A taxa pela qual ocorre este mecanismo depende da área superficial da célula. Células menores tem um menor custo energético do que células grandes. Portanto, é possível estimar que o custo energético de manutenção do gradiente celular depende da superfície celular. Como o tamanho das células, no animal maduro, não varia com o tamanho do animal, desta maneira, também não ocorrerá variação na demanda energética/célula no mesmo. Portanto, o uso da energia pelos animais não varia com o tamanho maduro. Animais pequenos tem uma maior taxa metabólica (por kg de peso) do que os animais grandes. Pesquisas históricas demonstraram que a taxa metabólica varia com o peso vivo na potência 0,73. Isto demonstra que, embora a taxa metabólica aumente com o aumento do tamanho do animal, esta não ocorre de forma diretamente proporcional ao peso vivo. Como o tamanho das células não varia entre os animais, mas sim o seu número de células, isto significa que a atividade por célula declina com o aumento do tamanho do animal. Deste modo, as células de um animal grande não produzem energia tão rapidamente como as de um animal pequeno. Provavelmente este mecanismo esteja relacionado com a superfície celular e as perdas de calor pela célula. Cada célula tem uma exigência de energia de mantença, também chamada de custo fixo ou taxa metabólica basal. Isto representa o custo para substituir a degradação de proteína, DNA e lipídeos e ainda manter o gradiente iônico. Aproximadamente 60% deste custo é para substituir estruturas e 40% para o funcionamento da bomba iônica. À medida que avança o crescimento celular o custo vai sendo alterado. Nas células pequenas, que representam a fase inicial de crescimento, ocorre um maior custo energético com o crescimento celular e à medida que a célula aproxima-se do tamanho adulto, ocorre predomínio do custo energético destinado à reparação celular e à bomba de íons. Assim, o custo não é alterado por célula, mas a partição da demanda de energia somente para mantença varia significativamente. Portanto, a energia disponível para o crescimento é maior numa célula pequena (fase inicial do crescimento) do que numa célula grande (fase final do crescimento). Nesta última, o aumento na superfície da célula demanda mais energia para a bomba de íons e deixa disponível menos energia para o crescimento. A capacidade metabólica da célula varia com o tamanho adulto. Em animais pequenos a capacidade celular total é maior do que nos animais grandes. Isto explica porque a taxa de crescimento nos animais grandes é menor do nos animais pequenos. Esta afirmativa é válida quando é comparada a taxa de crescimento, mas não em números absolutos. Nos animais grandes há um maior número de células e o valor total do crescimento é maior. Se BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 7 comparada à curva de crescimento de animais de diferentes tamanho maduro fica mais fácil de compreender estas afirmações (Figura 4). Esta figura demonstra o padrão de crescimento protéico nos animais. Animais pequenos alcançam a massa protéica na maturidade mais % M assa p ro téica n a m atu rid ad e cedo do que animais grandes. Isto é explicado pelo parâmetro B, na Equação de Gompertz. Tem p o rea l (D ias) Figura 4. Variação da massa protéica em função do tempo em animais de diferentes tamanhos. (Fonte: Jessop, 2003). A taxa de deposição de proteína (B) é constante entre animais. No entanto, mediante derivações matemáticas e considerando a função tempo, e calculando o tempo metabólico, é possível comparar a deposição de proteína em animais de diferentes tamanhos. Na base do tempo metabólico, a deposição de proteína é igual para indivíduos de diferentes tamanhos. É conhecido que a deposição de 1,0 g de proteína dentro do corpo do animal está associada com a retenção de 3,8 g de água e 1,0 g cinzas (minerais), e que a deposição de 1,0 g de lipídeos está associada com a retenção de 0,07 g de água. Deste modo, pode-se predizer o padrão de crescimento de um animal a partir do padrão de crescimento em proteínas e lipídeos. O potencial de crescimento dependerá das diferenças entre os custos fixos de mantença da célula e sua taxa metabólica. Como os custos fixos são determinados pelo tamanho da célula e a taxa metabólica declina com o aumento do tamanho maduro, a proporção da taxa de crescimento também declina com o avanço do tamanho indivíduo. As considerações sobre os processos fisiológicos no âmbito celular permitem entender o uso da energia pelo animal. Muitos custos energéticos são conseqüências de um processo BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 8 metabólico ou fisiológico particular e deste modo, a manipulação dos mesmos é muito limitada. Altas taxas de atividade metabólica significam aumento das exigências basais das células individualmente. A habilidade para a célula crescer ou dividir-se está na dependência de estímulos hormonais. Estes estímulos aumentam o uso de energia de mantença. Assim, indivíduos com maior potencial genético para crescimento também têm exigências intracelulares maiores do que animais de menor potencial para crescimento. Como a prioridade celular na fase inicial é crescer e os nutrientes são dirigidos a este processo, somente quando a célula ou seu conjunto atingem um determinado tamanho, é que outras funções fisiológicas, como a puberdade, será priorizada. A estimativa do padrão de crescimento permite calcular as exigências de nutrientes de um animal desde o nascimento até a maturidade. Conhecendo o padrão de crescimento, é possível calcular a taxa de deposição de proteína e gordura no animal numa idade determinada. Este ritmo de crescimento determina uma curva específica para cada componente corporal (Figura 5). A partir desses entendimentos é possível calcular a quantidade de nutrientes necessárias para alcançar essas taxas de ganho. Além disto, também será possível calcular as exigências de mantença. A soma destas exigências dará a quantidade de nutrientes que o animal necessita absorver no trato digestivo para atender geneticamente um determinado padrão de crescimento. A deposição de novas proteínas no corpo pelo animal, exige aminoácidos, a partir dos quais ocorre a síntese de proteína, e energia para a totalidade desse processo. O custo energético da síntese de proteínas é em torno de 12 Mcal por kg de proteína retida. A energia exigida para deposição de lipídios representa a energia armazenada dentro dos lipídios do corpo (aproximadamente 9,5 Mcal/kg) e o custo energético para sua síntese. Em última análise, isto depende se os lipídios depositados são originados a partir de ácidos graxos de cadeia longa (1,0 Mcal/kg depositado) no trato digestivo (presentes no alimento) ou se eles são sintetizados a partir de pequenas moléculas (glicose) ou ácidos graxos voláteis (3,94 Mcal/kg depositado). O somatório do custo energético de deposição de lipídios de uma fonte composta resulta em torno de 13 Mcal/kg. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 9 Tax a d e G an h o (k g /d ia) P ro te ín a s L ip íd io s Tem p o (D ia s) Figura 5. Taxa de ganho em proteína e lipídios pelo animal em função do tempo. (Fonte: Jessop, 2003). As exigências de energia para atender os custos de crescimento em proteína e lipídios constituem a mantença do animal. As exigências de mantença compreendem um número de componentes, sendo o principal a taxa metabólica basal. Outros componentes referem-se a atividade, termoregulação e desafios imunológicos. A atividade, representada pelo trabalho muscular, exige energia. A taxa de calor perdido a partir do corpo que excede a produção de calor representa uma queda da temperatura. Nos animais homeotérmicos os mecanismos de adaptação reduzem essas perdas e incrementam a produção de calor corporal as custas do aumento das exigências energéticas da mantença. Os mecanismos de combate frente aos agentes infecciosos também incrementam o custo energético da mantença. Sob o ponto de vista produtivo, os principais componentes do peso de um animal são os ossos, os músculos, as vísceras e a gordura. Os órgãos e tecidos apresentam diferentes taxas e velocidades de crescimento e maturação, influenciadas pelo nível nutricional e pela fase da vida do indivíduo. Incialmente cresce o tecido nervoso, após o tecido ósseo, muscular e a finalização do crescimento se dá com a deposição de gordura que é o tecido adiposo (Figura 6). Desta forma a composição corporal muda ao longo do tempo devido as diferenças na velocidade de crescimento e maturação tecidual (Owens, 1993). Segundo DiMarco (1993), com respeito a deposição de gordura, primeiro se acumula a gordura intermuscular, após a interna, a subcutânea e finalmente a intramuscular (marmoreio). A quantidade de gordura passa a ser importante nos mecanismos de surgimento da puberdade e na fertilidade da novilha de corte (Barcellos, 2001). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) % d a ta x a d e cresc im e n to Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 10 C o n su m o d e Tecid o n erv oso O sso s M ú scu lo s G o rd u ra alim e n to s Id ad e d esd e a co n cep ç ão a té a m atu rid ad e Figura 6. Curva de crescimento de cada componente corporal da fecundação até a maturidade. (Fonte: Owens, 1993 - Adaptado). Peso ou massa corporal versus idade animal resulta na curva de crescimento (Webster, 1989). A curva de crescimento (Figura 7) apresenta uma forma sigmóide, onde início do período de inflexão é representado pela puberdade. Neste momento, ao redor dos 12-14 meses de idade, ocorre uma desaceleração do crescimento e a ovulação. O peso encontra-se em torno de 65% do peso maduro. Balanços endócrinos e de composição corporal são específicos nessa fase de vida do indivíduo, bem como a repartição de nutrientes, processos de síntese e secreção, que culminam com a preparação da fêmea para o início da procriação. 480 P u berd ade P eso V iv o (k g ) 400 300 250 150 0 6 12 18 24 M atu rid ad e Id ad e em m eses Figura 7. Curva de crescimento padrão para vacas de corte com tamanho adulto de 480 kg e momento de ocorrência da puberdade. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 11 Crescimento compensatório O crescimento compensatório refere-se ao período de crescimento acelerado, numa determinada idade, após um período de restrição nutricional. A restrição pode ser produzida por uma escassez na quantidade ou na qualidade de alimentos. Esse período em geral é relativamente longo para assegurar uma adaptação a um baixo nível nutricional e posteriormente ocorrer o crescimento compensatório. A ocorrência desse fenômeno tem sido estudada com exclusividade em machos ou animais destinados a produção de carne, em particular antes de alcançarem o peso maduro. Há um período de tempo relativamente longo, cientistas vêm estudando os mecanismos que permitem entender completamente esse fenômeno, contudo, elas não são suficientemente claras para possibilitar uma manipulação segura no desenvolvimento dos animais aproveitando economicamente esse potencial para compensar o crescimento. Sua ocorrência pode ser verificada pelas inclinações das derivadas do segmento das curvas de crescimento (Figura 8), pós-restrição, de animais cuja alimentação foi restringida e comparando-as com as inclinações de animais que não foram restringidos. Pela inclinação das retas do crescimento na fase de realimentação é notada a ocorrência ou não da compensação. Figura 8 .Esquema hipotético mostrando as várias possibilidades de curvas de crescimento com e sem compensação do ganho e compensação completa ou parcial. (Fonte: Boin & Tedeschi, 1997 - Adaptado). No período de crescimento compensatório, quando a taxa de ganho é de uma magnitude superior ocorre uma completa compensação do ganho que não ocorreu no BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 12 período de restrição. Por outro lado, quando ela não é tão elevada, esta compensação pode ser parcial e ocorrer um comprometimento no ritmo de desenvolvimento do animal até a alcançar o tamanho maduro. Obviamente, que em ambos os casos, os efeitos conhecidos e mensurados são em animais destinados ao abate. Porém, em tratando-se de novilhas destinadas a reprodução não há qualquer evidência desses mecanismos e de respostas de animais submetidos a períodos de restrição e a ganhos compensatórios. Cabe lembrar que no crescimento compensatório em geral trata-se de menores taxas de ganho de de peso, portanto, raros são os trabalhos em que a perda de peso é exercitada. Alguns princípios que ocorrem com animais para produção de carne podem ser inferidos para as fêmeas destinadas a reprodução, como a idade em que ocorre a restrição. Ryan (1990) demonstrou que animais que sofrem restrição logo após o nascimento tendem a não apresentar ganho compensatório e eles podem ter o peso adulto comprometido em relação aos que não sofreram restrição. No caso da novilha, o momento em que ela atingiria a puberdade já estaria comprometido, pois, o ponto biológico na curva de crescimento está relacionado diretamente com o peso vivo e com a idade cronológica. Assim, ela ocorrerá em idade mais avançada. Também deve ser ressaltado, que a deposição de proteína estaria comprometida, pois está altamente correlacionada com o peso à maturidade e com isto os mecanismos endócrinos que interpretam a composição corporal, no momento da puberdade, estariam recebendo sinais insuficientes para desencadear esse evento. A severidade, segundo Ryan (1990), estaria mais relacionada com o tempo de permanência do animal em crescimento compensatório do que com a taxa de ganho compensatório. Experimentos demonstram que animais com perda de 0,080 kg/d tiveram 82 dias de crescimento compensatório, enquanto que outros com perda de 0,230 kg/d tiveram compensação por 180 dias. Em se tratando de novilhas de cria isto pode significar o atraso em 6 meses para inclui-la num programa de acasalamento. Em sistemas de acasalamento aos 14 meses, submeter as novilhas a taxa de ganho de peso inferior a 0,300 kg/dia no pósdesmame durante a estação seca ou inverno e, porteriormente, aproveitar o ganho compensatório de primavera, pode atrasar o aparecimento do primeiro estro. Portanto, o aproveitamento do ganho compensatório pode ser explorado em novilhas que são incluídas na reprodução com idade superior aos 18 meses de idade. Assim, esta pode ser uma estratégia bioeconômica para aqueles ambientes em que ocorrem restrições nutricionais no primeiro período pós-desmama da terneira ou naqueles em que a mesma somente terá condições de acasalamento aos 24 meses de idade. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 13 CRESCIMENTO E PUBERDADE Puberdade A puberdade na novilha é o resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no eixo endócrino-reprodutivo (Schillo et al., 1992). Ainda que esses eventos tenham sido bem documentados, pouco é conhecido sobre os mecanismos que controlam o período que inicia a puberdade na novilha. Geralmente, de uma maneira arbitrária, é entendido por puberdade o início da atividade ovariana, acompanhada de ovulação (Peters & Ball, 1987). Além disto, é necessário o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e da estrutura corporal, para permitir uma eficiente procriação (Kinder et al., 1995). Na novilha, ela ocorre após um período de 6 a 24 meses de maturação pós-natal, numa taxa que depende fundamentalmente de fatores ambientais e genéticos. Portanto, é provável que a puberdade ocorra num estágio fisiológico específico do animal, o qual independe muitas vezes da idade cronológica (Moran et al., 1989). Contudo, como os sistemas de produção utilizam um calendário de manejo para o acasalamento e parição, a cronologia do aparecimento do primeiro cio da novilha tem se constituído em importante parâmetro. Mecanismos endócrinos que controlam a puberdade A função reprodutiva na novilha de corte é controlada por interações entre o sistema nervoso central, hipófise e o ovário. Os centros cerebrais superiores recebem informações neurais a partir dos ambientes externo e interno. Destaca-se nessas mensagens a percepção da estrutura corporal e do peso vivo, a idade, a temperatura ambiente, a condição nutricional e as interações sociais (Bagley, 1993). Além destas, perfis endócrinos e relações entre hormônios também são percebidos pelos centros cerebrais superiores. Todas essas informações são processadas no hipotálamo e traduzidas por meio de sinais neuroendócrinos, os quais vão comandar o desencadeamento das liberações hormonais BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 14 necessárias ao desenvolvimento da atividade pré-puberal (Kinder et al., 1995; Cameron, 1996). A partir das mensagens percebidas pelo sistema nervoso central, estímulos são dirigidos à hipófise para síntese e liberação dos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Estes, após serem sintetizados pela hipófise são liberados na corrente sanguínea de forma pulsátil a partir dos quatro meses de idade. Entretanto, seus níveis são extremamente baixos e insuficientes para promover o desenvolvimento no ovário desencadeando uma onda folicular mais efetiva. Além dos baixos níveis, a freqüência de seus pulsos é extremamente baixa o que impede uma ação mais intensa (Moran et al., 1989). Em torno de 50 dias antes da puberdade, ocorrem de 1 a 4 picos pulsáteis por dia . Nesse período, quando a novilha ainda não apresenta os requisitos básicos, os quais são sentidos como mensagens positivas no sistema nervoso central, relacionadas com o peso vivo e com a condição nutricional, o hipotálamo encontra-se altamente sensível aos baixos níveis de esteróides circulantes. Estes esteróides de origem da supra-renal e de pequenas estruturas foliculares do ovário, atuam no âmbito do hipotálamo e da hipófise, através de uma retroalimentação negativa sobre a síntese e secreção de fatores de liberação de gonadotrofinas (GnRH) e diretamente sobre o LH. O número de receptores para o estradiol, na eminência média do hipotálamo, decresce no período pré-puberal e este decréscimo pode resultar numa menor inibição dos níveis de estradiol sobre o mecanismo de liberação de LH (Evans et al., 1994). No sistema de controle estão envolvidos os neurotransmissores opióides, os quais também atuam inibindo o hipotálamo de ações mais intensas sobre a produção de GnRH. No momento em que a novilha alcança as condições fisiológicas de desenvolvimento corporal e status nutricional, esta sensibilidade aos opióides é diminuída e a presença de fatores de liberação de gonadotrofinas passa a ser mais atuante (Short & Adams, 1988; Roche & Diskin, 1995). À medida que os sinais ambientais e metabólicos são positivamente percebidos pelo SNC, a sensibilidade aos esteróides e aos neuroopióides é diminuída, ocorrendo um aumento na freqüência de liberação do LH, o qual coincide com o período de início da puberdade. Conforme Wolfe et al. (1991), o bloqueio dos neuroopióides com o uso de naloxone em novilhas pré-púberes, produz um aumento nos níveis circulantes de LH e antecipação da puberdade. Portanto, o ovário está preparado para responder ao estímulo BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 15 como na vaca adulta. Porém, o que falta na realidade é o estímulo hormonal para produzir crescimento, maturação e ovulação no folículo (Bronson & Manning, 1991). Um outro aspecto envolvido no sistema de controle é a morfologia dos neurônios produtores de GnRH. Antes da puberdade eles são menos sensíveis a conexões sinápticas que conduzem as mensagens ao hipotálamo e com isto produzem menos GnRH (Wray & Hoffman, 1986). No momento que ocorre o amadurecimento do indivíduo, o qual pode ser um tamanho somático ou de estrutura corporal, estas estruturas neurais são modificadas e atuam mais ativamente na modulação e na ocorrência da puberdade. No momento em que surgem fatores associados à maturidade fisiológica e o sistema nervoso central detecta relações neuro-endócrinas favoráveis, a produção de LH conduz a um desenvolvimento folicular mais intenso, a presença de um folículo dominante e a ocorrência da ovulação (Sirois & Fortune, 1988). A partir desse episódio, a formação do corpo lúteo e a conseqüente produção de progesterona, em níveis superiores a 1 ng/ml, darão a continuidade cíclica do estro e configura-se a presença da puberdade na novilha (Evans et al., 1994). Fatores que determinam a puberdade Peso vivo O peso corporal é um importante monitor para estimar quando as novilhas alcançarão a puberdade. Deste modo, a alimentação necessária para alcançar um peso alvo, para um determinado genótipo, permitirá que a novilha expresse seu potencial para a fertilidade (Patterson et al., 1992a). As evidências de que a ocorrência de um peso vivo mínimo, associado à idade cronológica em novilhas de corte, seria o principal mecanismo desencadeador da expressão da atividade reprodutiva, é do consenso de vários autores (Lamond, 1970; Roche & Diskin, 1995). Conforme Schillo et al. (1992), o período do início da puberdade é determinado por uma quantidade total de crescimento alcançado durante o pós-desmame para atingir um peso mínimo. Taxas de ganho de peso superiores a 0,400 kg/dia, no pós-desmame, não afetam a idade na puberdade, pois o ritmo de crescimento produz pouco efeito na manifestação do BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 16 primeiro cio, após um certo peso crítico ter sido atingido. No entanto, existe uma correlação inversa e significativa entre ganho de peso e idade à puberdade (Smith et al., 1976). Vários estudos correlacionando a idade cronológica e o peso vivo com o primeiro cio fértil resultaram em valores mais significativos para o peso vivo, sendo que o estro sempre ocorreu numa faixa de peso restrito, para cada genótipo, independente do tempo necessário para atingir esse peso (Patterson et al., 1992b). Contudo, a puberdade não pode ser simplesmente ou exclusivamente explicada por essa variável. Há, sem dúvida, um mecanismo complexo envolvendo a taxa de crescimento, peso vivo e idade à puberdade. O manejo reprodutivo da novilha é voltado aos processos fisiológicos que influenciam o momento da puberdade (Patterson et al., 1991). Desta forma, o objetivo da seleção e manejo de novilhas de corte é que estas venham a conceber cedo na estação de monta e parir cedo minimizando os custos de desenvolvimento (Greer et al., 1983). Segundo Patterson et al. (1991), o peso recomendado ao acasalamento é de 65% do peso maduro da raça. Day et al. (1986), relataram que em novilhas cruzadas (1/2 Shorthorn, 1/4 Hereford e 1/4 Red Angus) alimentadas normalmente, a puberdade ocorreu aos 428 dias de idade e 308 kg de peso vivo De um modo geral, a novilha está apta para o acasalamento ao alcançar, no mínimo, 60 - 65% do peso vivo da vaca adulta. No entanto, para as raças sintéticas, em particular cruzas Britânicas x Zebuínas, esse percentual pode ser levemente superior. Novilhas oriundas de rebanhos, onde as vacas adultas demonstram pesos em torno de 480 kg, deveriam pesar entre 312 – 330 kg, por ocasião do início da temporada reprodutiva. Em um experimento (Barcellos, 2001), avaliando o peso à puberdade em novilhas Braford de vários graus de sangue (Tabela 2), demonstrou pesos relativamente altos para todas as combinações raciais. O autor demonstrou que animais com maior percentual de indicus necessitam de um maior peso vivo em relação à vaca adulta para alcançar a puberdade. Isto demonstra que para o primeiro acasalamento ser eficiente, serão necessários sistemas de criação da terneira que possibilitem a mesma alcançar esses pesos, independente da idade ao primeiro serviço. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 17 Tabela 2. Peso e percentual do peso vivo de novilhas Braford de vários graus de sangue por ocasião da puberdade. Grau de sangue Peso ao 10 cio (Kg) % do Peso da Vaca Adulta 25N-75H (1/4B) 324,0a 60 37,5N-62,5H (3/8B) 319,0a 62 43,7N-56,3H (3,5/8B) 325,0a 66 50N-50H (1/2B) 343,0b 65 75N-25H (3/4B) 353,0b 70 a- Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Fonte: Barcellos, 2001. Conforme o trabalho conduzido por Barcellos (1996), o peso da novilha Braford apresenta uma relação linear com a taxa de prenhez no seu primeiro acasalamento (figura 9). 100 Prenhez (%) 90 80 70 60 50 280 290 300 310 320 330 Peso no Início do Acasalamento (kg) Figura 9. Efeitos do peso no início do acasalamento na taxa de prenhez de novilhas Braford acasaladas aos 24 meses de idade (Fonte: Barcellos, 1996). Trabalhando com novilhas Hereford, Silva (2003) verificou que o peso ao início do acasalamento exerceu efeito sobre a taxa de prenhez, independente da novilha ter sido acasalada aos 18 ou 24 meses, haja vista ter havido a diferença significativa (P<0,05) de 30 kg entre prenhes e vazias. A análise de regressão destes dados experimentais, agrupando por peso no início do acasalamento (PIA), por intervalos de 15 kg demonstrou uma relação quadrática entre o peso ao início do acasalamento e a taxa de prenhez (Figura 10). Conforme aumentou o peso BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 18 no acasalamento, ocorreu um aumento da taxa de prenhez, até um valor de máximo, onde a partir deste as novilhas também não conceberam, evidenciando que, a partir de um peso de 332,7 kg, outros fatores podem estar influenciando a reprodução. Taxa de prenhez (%) 100 80 60 40 20 0 246 261 276 291 306 321 336 351 366 PIA (kg) Figura 10. Regressão do peso no início do acasalamento (PIA) sobre a taxa de prenhez (TP) (Fonte: Silva, 2003). Cohen & Gardner (1980), analisando aspectos reprodutivos de novilhas Hereford, verificaram a manifestação de cio de 5% e 95% em animais com pesos de 187 kg e 280 kg, respectivamente. Esses autores observaram que novilhas com 231 kg, metade delas alcançaram a puberdade. Segundo Ellis (1974), a relação entre peso ao início do acasalamento e taxa de parição, diferentemente do encontrado por Silva (2003), foi linear dos 175 kg aos 265 kg. Nesta amplitude, para cada 10 kg de incremento no peso, a taxa de parição aumentou 7%. A análise dos pesos entre novilhas que conceberam ou não, é uma maneira de mostrar a importância da necessidade de bons pesos ao início das temporadas de acasalamento, para que sejam alcançados índices de prenhez compatíveis com aumento de produtividade e por conseqüência, melhor eficiência do sistema produtivo. Alguns autores têm disponibilizado esses dados, independente dos tratamentos utilizados (Tabela 3). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 19 Tabela 3. Pesos ao início do acasalamento para novilhas que viriam a conceber ou não e respectivas taxas de prenhez Peso (kg) Diferença Prenhes Falhadas (%) 17-18 275,1a 258,5b 6,5 20,60 14-15 248,3a 227,2b 9,2 59,39 17-18 294,5a 270,9b 8,8 50,00 26-27 313,8a 288,4b 8,6 78,00 Fonte Idade (meses) Semmelmann & Lobato, 2001 Rocha & Lobato, 2002b Silva, 2003 Prenhez (%) a,b- Letras diferentes na linha diferem estatisticamente (P<0,05). Em geral, em grupos com melhores taxa de prenhez são observadas maiores diferenças entre prenhas e vazias, evidenciando dessa forma que o peso continua influenciando decisivamente a taxa de concepção em novilhas de corte. Estrutura corporal Efeitos do frame sobre a idade à puberdade O frame (Figura 11), definido por alguns pesquisadores por estrutura corporal, é obtido a partir da medição da altura da garupa numa idade particular (Tabela 4) e está correlacionado com a taxa de crescimento do animal (BIF, 1996). Conforme Baker et al. (1988), a altura da garupa ou estrutura, é a forma mais conveniente de descrever o tamanho esquelético em bovinos de corte. Deve ser salientado que esta medida deve ser ajustada para idade para permitir a comparação entre animais de diferentes idades, pois animais com taxa de crescimento adequado serão classificados no mesmo frame score durante sua vida à medida que sua altura aumenta. Evidente que essa medida tem uma forte influência da nutrição. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 20 Figura 11. Local de medição da altura de garupa (polegadas) para cálculo do frame, em novilhas de corte (BIF, 1996). Animais de maior estrutura corporal, mais altos, maior tamanho adulto, podem ter impactos negativos no desempenho reprodutivo, como atraso na idade à puberdade e menor eficiência reprodutiva, particularmente quando os recursos alimentares são escassos (Fitzhugh, 1978). Entretanto, Mercadante et al. (2003) não verificaram efeitos negativos nos parâmetros idade ao primeiro parto e dificuldades ao parto quando compararam linhagens de Nelore selecionadas por maior altura e peso vivo ao sobreano. As novilhas e vacas das linhagens selecionadas e tradicional foram 19% e 15% mais pesadas e 4% mais altas ao início da estação de acasalamento que as do grupo controle. Vargas et al. (1998), trabalhando com novilhas Brahman em ambiente tropical, encontraram uma correlação alta entre a idade à puberdade e a altura na garupa. A correlação genética entre essas características foi 0,65. Portanto, novilhas mais altas aos 18 meses foram mais tardias na puberdade. Em outro trabalho, Vargas et al. (1999) verificaram que novilhas de estrutura corporal grande foram 46 dias mais tardias na puberdade do que novilhas de pequena estrutura. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 21 Tabela 4. Altura da garupa (cm) e escore de Frame de novilhas de corte dos 5 aos 21 meses de idade Escore de Frame* Idade (meses) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 5 84 89 94 99 104 110 115 120 125 6 86 92 97 102 107 112 118 123 128 7 89 94 99 104 110 115 120 125 130 8 91 96 101 107 112 117 122 127 132 9 93 98 103 109 114 119 124 129 134 10 95 100 105 111 116 121 126 131 136 11 97 102 107 112 117 122 128 133 138 12 99 104 109 114 119 124 129 134 139 13 100 105 110 115 120 125 130 135 140 14 101 107 112 117 121 127 132 137 142 15 103 108 113 118 123 128 133 138 143 16 104 109 114 119 124 129 134 139 143 17 105 110 115 119 124 129 134 139 144 18 106 110 115 120 125 130 135 140 145 19 106 111 116 121 126 131 136 140 145 20 107 112 116 121 126 131 136 141 146 21 107 112 117 121 127 131 136 141 146 Fonte: BIF, 1996 (adaptado). *Escore de frame= -11,548 + 0,4878 H – 0,0289 I + 0,0000146 I2 + 0,0000759 H * I H= altura em polegadas. I= idade em dias. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 22 Ao avaliarem diferentes raças, Cundiff et al. (2001) verificaram que o peso vivo das novilhas aos 400 e 550 dias não variou em função da raça do pai, mas a altura de garupa aos 550 dias sofreu influência significativa (Tabela 5). Novilhas filhas de touros Simmental, Charolês e Limousin foram significativamente mais altas que filhas de Angus e Red Angus. As novilhas filhas de touros Hereford ou Gelbvieh tiveram classificação de Frame intermediário, não diferindo das novilhas com frame maior (Limousin, Simmental ou Charolês) ou menor (Angus e Red Angus). As novilhas filhas de touros Limousin tiveram manifestação de cios significativamente menor com um ano de idade e tiveram idade à puberdade significativamente maior que as filhas de Angus ou Red Angus. A raça do pai não interferiu na taxa de prenhez. Deve ser salientado, que no presente trabalho, as novilhas foram submetidas a níveis nutricionais sem restrição. Entretanto, com certeza, qualquer limitação na taxa de ganho de peso permitiria a manifestação mais clara das diferenças entre animais de frame grande ou intermediários. Tabela 5. Características de crescimento e puberdade de novilhas de corte conforme a raça do pai 18 meses Raça do pai N° Peso 400 dias, kg Hereford 46 375,5 433,9 128,8 Angus 47 397,3 433,0 Red Angus 50 395,0 Simmental 56 Gelbvieh Peso kg Altura cm Frame Puberdade Prenhez % % Peso kg Dias 5,6 93,5 323,8 337 96 127,3 5,3 100 329,7 324 86 440,7 126,2 5,1 100 327,9 325 87 384,1 441,6 130,4 6,0 99,6 336,1 327 91 62 367,8 424,9 129,3 5,7 92,4 317,1 317 78 Limousin 51 378,2 436,7 130,6 6,0 84,0 352,8 352 83 Charolês 53 376,0 436,7 129,9 5,9 89,0 329,7 337 94 Fonte: Cundiff et al, 2001 – adaptado. Os animais de maior estatura, normalmente apresentam um prolongamento no período de inflexão da curva de crescimento, retardando a maturidade e início de acúmulo de BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 23 gordura corporal, o que pode refletir numa maior idade à puberdade (DeNise & Brinks, 1985). Novilhas de maior estrutura necessitam de maiores taxas de ganho diário de peso para alcançar o peso ótimo na puberdade do que novilhas de menor estrutura. Numa situação de menor disponibilidade de nutrientes, as novilhas menores (Figura 12) podem alcançar mais facilmente a puberdade do que as de maior estrutura (Barcellos et al., 2001). Conforme Euclides Filho (2001), a relação do tamanho adulto com a eficiência biológica de produção interage com o meio ambiente. Assim, nos sistemas de produção mais limitados, os animais de médio porte, de menores exigências de mantença, são mais eficientes. Segundo o autor, novilhas cruzas Angus-Nelore com 13-14 meses de idade, apresentaram uma taxa de prenhez de 84%, enquanto nas cruzas Simental-Nelore, de maior frame, o índice foi de 60%. Provavelmente, as diferenças na idade à puberdade foram as responsáveis pelas diferenças na prenhez. 470 IP (dias) 450 430 410 Y = 9,69x + 379,5 r 2= .79 390 370 4 5 6 7 8 Estrutura Corporal (Frame) Figura 12. Relação entre a estrutura corporal (Frame) e a idade à puberdade de novilhas Braford mantidas num ganho de peso pós-desmame de 0,500 kg/dia (Fonte: Barcellos, 2001). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 24 Relação Peso:altura Um parâmetro que reflete, de uma forma combinada, um provável status nutricional, é a relação peso:altura (kg/cm). Conforme Fox et al. (1988), aos 426 dias, a novilha deveria apresentar uma relação de 2,53 kg/cm de altura, independente do tamanho do animal. Barcellos (2001), encontrou uma relação de 2,60 kg/cm, aos 388 dias, por ocasião da puberdade em novilhas Braford (Figura 13). Para cada 0,1 unidade de aumento na relação peso:altura aos 11 meses de idade, ocorreu uma redução de 4,2 dias na idade à puberdade. Nesse trabalho, foram observados efeitos mais evidentes dessa relação nas novilhas com maior percentagem de sangue zebuíno, sugerindo que estas novilhas necessitam de um melhor equilíbrio entre o peso vivo e altura do que novilhas menos azebuadas no momento da puberdade. Portanto, a relação peso:altura pode ser considerada um melhor estimador da estrutura corporal do animal do que seu peso vivo, pois reúne os dados do peso vivo, o qual depende da composição corporal, com o frame, expressando uma qualificação do tamanho. IP (dias) Além disso, pode ser aferida facilmente por ocasião das pesagens dos animais. 500 480 460 440 420 400 380 360 340 320 300 Y= - 143,26x + 740,97 r2 = .68 (P<0,01) 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7 2,9 Relação Peso:Altura aos 11 meses Figura 13. Efeitos da relação peso:altura, aos 11 meses, sobre a idade à puberdade de novilhas de corte Braford (Fonte: Barcellos, 2001). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 25 Teor de gordura corporal A relação entre a composição do tecido animal num determinado peso vivo com o aparecimento da puberdade foi inicialmente identificada em humanos. A lenta maturação do hipotálamo e hipófise, para desencadear o primeiro estro, é acompanhada também por uma lenta maturação do corpo, o qual não é dependente unicamente do tamanho mas de uma proporção relativa de ossos, músculos e gordura (Frisch, 1984). A fêmea jovem não pode ovular pela primeira vez até ela acumular uma quantidade crítica de gordura em relação a sua massa corporal como um princípio de sobrevivência e preservação das espécies representadas pelas exigências nutricionais da gestação e lactação (Bronson & Manning, 1991). Na espécie bovina, as diferenças na composição corporal entre raças de maturidade precoce e tardia, num peso semelhante, conduzem à possibilidade da existência do efeito de uma proporção de gordura ou proteína na determinação da puberdade. Conforme Staples et al. (1998), a gordura pode influenciar a reprodução através da melhoria do status energético, esteroidogênese, modulação da insulina e modulação da produção e liberação das prostaglandinas. Buskirk et al. (1996) constataram uma relação entre a espessura de gordura na altura da 13a costela e a percentagem de novilhas púberes antes do acasalamento. Cerca de 32% das novilhas que apresentavam 2,9 mm de gordura estavam ciclando no início do acasalamento, enquanto novilhas com uma espessura de 5,8 mm de gordura, 93% estavam ciclando. Os autores concluíram que a redução da energia na dieta, diminuiu o IGF-I e aumentou o nível de STH com o desacoplamento do eixo energético. Simpson et al. (1998) mediram a composição corporal de novilhas Hereford, Senepol e cruzas, no momento da primeira concepção. O peso vivo explicou 55% da variação da idade à puberdade, enquanto que a inclusão da composição corporal melhorou o coeficiente de determinação em apenas dois pontos percentuais. Num outro trabalho, Barcellos (2001) encontrou uma correlação de –0,58 entre a espessura de gordura de cobertura e a idade à puberdade em novilhas Braford. Neste trabalho, foi observada uma melhor correlação entre as duas variáveis quando a gordura de cobertura foi avaliada aos 11 meses de idade. Os efeitos da espessura de gordura sobre a idade à puberdade são menores à medida que a novilha torna-se mais gorda. Isto sugere que a partir de um nível mínimo de tecido adiposo, outros fatores passam a atuar na modulação do surgimento da puberdade. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 26 As diferenças de deposição de gordura nos diversos tecidos do corpo, podem alterar a proporção de tecidos metabolicamente ativos e influenciar o relacionamento entre a mantença e peso vivo (Buckley et al., 1990). A comprovação da hipótese de que a composição corporal influi na puberdade ainda precisa ser mais bem estudada, embora os resultados de sua avaliação possam determinar sistemas de alimentação da novilha que produzam ganhos de peso qualificados para a obtenção de uma composição e peso corporal específicos que precedem o acasalamento. Conforme Jenkins & Ferrel (1997), no mesmo grau de maturidade, praticamente não há diferenças nas proporções químicas do corpo vazio. Os autores consideram “peso maduro” quando o animal apresenta 0,25 kg de gordura/kg de peso vivo vazio. Até os 12 meses de idade, ocorre uma grande alteração na relação entre a proporção de estruturas de altas demandas de energia, como os órgãos internos, com o restante do corpo. Esse ponto específico da curva de crescimento, poderia gerar os sinais metabólicos para desencadear a puberdade. Uma hipótese que tenta explicar o relacionamento entre a puberdade e a nutrição é a diminuição da sensibilidade do hipotálamo aos baixos níveis de estrógenos circulantes à medida que o peso vivo se aproxima de um “peso mínimo” alvo. Este peso mínimo garantiria um tamanho somático ao hipotálamo que o tornaria maduro e seria menos estimulado por baixos níveis de estrógenos para liberar o LH de uma forma pulsátil mais intensa e com maior freqüência (Evans et al., 1994; Kinder et al., 1995). As alterações no metabolismo intermediário, com flutuações no peso vivo e/ou gordura podem influenciar a secreção de LH. Uma subnutrição determina aumento de ácidos graxos não esterificados, hormônio do crescimento (GH) e diminuição da insulina, IGF-I (fator do crescimento semelhante à insulina) e tirosina. Fisiologicamente, os ácidos graxos e o GH são inibidores do LH, enquanto IGF-I, insulina e tirosina são estimuladores. No entanto, é esperado que a disponibilidade de energia total, mais do que um metabólito ou hormônio específico, determine os efeitos da nutrição sobre a secreção de LH pré-puberal. Roberts et al. (1997) construíram um modelo de relações entre o STH-IGF-I- IGFproteína transportadora, como um eixo responsável pelo estresse nutricional. O hipotálamo pode perceber as variações do status nutricional e metabólico pelas alterações nessas relações do eixo. Em ratos, com deficiência nutricional, ocorre uma queda na circulação do IGF-I devido a uma maior captura do hormônio com seus receptores localizados na eminência média, e, com isto, menor crescimento folicular. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 27 Essa hipótese que associa o STH/IGF-I e crescimento ovariano foi comprovada por Chase et al. (1998), os quais identificaram que o STH estimula a secreção hepática de IGF-I, que por sua vez estimula o desenvolvimento ovariano. Barcellos et al. (2002) demonstraram que maiores níveis de IGF-I aos 60 dias antes da puberdade, como conseqüência de ganhos de peso mais elevados, resultaram numa redução linear na idade à puberdade de novilhas Braford de vários graus de sangue (Figura 14). As funções dos receptores ovarianos para as gonadotrofinas são IGF-I dependente. Enquanto a novilha não alcança um nível de STH/IGF-I, característicos de um estado-peso corporal somático-cronológico, não ocorre secreção folicular e afinidade dos receptores foliculares às gonadotrofinas. Em animais com deficiências de receptores para o STH, ocorre um atraso no desenvolvimento folicular, associado ao menor desenvolvimento ponderal. O provável local dessa limitação, representado pela menor concentração de IGF-I, se dá devido às menores quantidades de receptores para o STH no folículo e pela menor sinalização do segundo mensageiro. Contudo, em estudos conduzidos por Hall et al. (1994), não foram observados efeitos da somatotrofina na idade à puberdade de novilhas de corte. Concluíram os autores, que o STH exógeno não afetou a liberação de LH. 500 (Equação geral) Y = -0,4425x + 480,31 r 2 = 0,5072 (P<0,05) IP (dias) 450 25N 37,5N 43,7N 50N 75N 400 350 300 50 100 150 200 250 300 350 IGF-I ng/ml - 60 dias Figura 14. Efeitos dos níveis de IGF-I aos 60 dias antes da puberdade sobre a idade à puberdade (Fonte: Barcellos et al., 2002). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 28 Um trabalho conduzido por Barcellos et al. (2001), demonstrou uma alta correlação entre a camada de gordura de cobertura e a idade à puberdade de novilhas de corte (Figura 15). À medida que as novilhas foram tornando-se mais gordas, ocorria uma redução na idade ao primeiro cio. Possivelmente, em genótipos azebuados, o status nutricional e uma Idade à Puberdade, dias reserva energética mínima seja desencadeante da puberdade da novilha. 480 450 420 390 360 330 300 1,8 3,3 4,0 4,6 5,1 6,0 Espessura de Gordura (mm) Figura 15. Efeitos da espessura de gordura de cobertura na idade à puberdade de novilhas de corte Braford (Fonte: Barcellos et al., 2001). A leptina parece ser o elo entre a condição nutricional e a reprodução, ela age centralmente no eixo hipotálamo-hipófise através de seus receptores e do NPY; periféricamente, a leptina tem efeito direto sobre as gônadas (Williams et al., 2002). Na fase pré-puberal, a variação dos níveis de leptina está intimamente associada a variação no peso vivo (r=0,85; P<0,02). Depois do peso vivo, o nível de leptina foi o melhor estimador do momento da puberdada em novilhas de corte com até 12 meses de idade. Os níveis de leptina aumentaram linearmente desde a 16ª semana de vida até o momento da primeira ovulação na primavera/verão e neste período estiveram intimamente associados com os níveis de IGF-I e o peso vivo (Garcia et al., 2002; Garcia et al., 2003). No ovário bovino, a leptina antagoniza diretamente o efeito estimulatório da insulina sobre a esteroideogênese das células granulosas e teca, causando redução na secreção de estradiol. Na ausência da insulina, a leptina tem pequeno ou nenhum efeito sobre esteroideogênese das células granulosas. A leptina tem maior efeito inibidor da insulina nas BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 29 células granulosas não diferenciadas, pois o número de receptores nessas células decresce à medida que os folículos crescem e se desenvolvem, resultando em folículos dominantes menos sensíveis aos efeitos negativos da leptina. Estudos em bovinos indicam que o efeito inibitório da ação da leptina sobre a insulina não é por meio da inibição direta da ligação da insulina com o seu receptor. A leptina atenua a fosforilação da tirosina no receptor do substrato-1 da insulina em cultura de células e altera a sensibilidade da insulina em ratos. O NPY é o principal mediador da leptina no hipotálamo para regular LH e somatotrofinas (Williams et al., 2002). Trabalhos indicam efeitos estimulatório ou inibitório do NPY sobre LH, dependendo da espécie e condição corporal. Embora o NPY possa estimular a liberação de LH em ratos sob dieta normal, estes efeitos são maiores durante o estresse nutricional tanto em ruminantes como em não ruminantes. Sob estas condições, a expressão dos receptores da leptina são suprimidos enquanto os receptores do NPY são elevados. Isto resulta em supressão da liberação de LH e alteração do comportamento ingestivo. Segundo Williams et al. (2002), os receptores da leptina tem sido encontrados no arco do hipotálamo e núcleo ventromedial em todas as espécies que já foram estudadas, áreas envolvidas no comportamento ingestivo, reprodução e crescimento. Tem sido proposto que a leptina pode sinalizar os neurônios que contém GnRH diretamente. Porém pequena coexpressão entre neurônios que contém GnRH e receptores da leptina tem sido observada. É mais provável que a leptina exerça seus efeitos via rede neural através dos NPY e POMC (proópiomelanocortinas). Diskin et al. (2003) em extensa revisão demonstraram (Figura 16) relacionamento entre diversos mecanismos favoráveis que interligam a nutrição com a fisiologia ovariana, fundamental para a ocorrência da puberadade. Os autores demonstraram através de uma regressão logística a probabilidade de ovulação da novilha a partir de um diâmetro folicular de 9mm. Quando o folículo apresentava um diâmetro inferior a esse valor a probabilidade de ovular foi menor que 20%. Esses resultados confirmam dados obtidos por Barcellos (2001). Portanto, com essas evidências experimentais fica cada vez mais claro o relacionamento e a importância da alimentação adequada no período pré-puberal da novilha para seu amadurecimento sexual adequado. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 30 C ére b ro NPY & EOP L e ptin a H ip otálam o G nRH P itu itá ria A n terior FSH Te c id o A d ipo so G lic ose GH F íg ad o LH F e ed b ac k n eg a tivo d e este róide & p ro te ín a IG F-I P â n c re a s FD In su lin a N U T R I Ç Ã O F a to res a utó crin os & p ará crin o s Figura 16. Representação esquemática dos mecanismos prováveis que demonstram os efeitos da nutrição sobre o desenvolvimento folicular. (Fonte: Diskin et al., 2003 adaptado). Efeitos genéticos sobre a idade à puberdade O peso vivo, no qual é alcançada a puberdade, pode ser influenciado pela variação genética entre e dentro de raças. Assim, as raças de corte de rápido crescimento e de grande tamanho adulto alcançam a puberdade mais tardiamente e com um maior peso vivo relativo (Patterson et al., 1992b) do que as de menor ganho e de tamanho menor (Martin et al., 1992). Freetly & Cundiff (1997), avaliando 1275 novilhas, encontraram variações entre e dentro de raças com a mesma magnitude, contudo, sem ocorrer diferenças significativas entre raças no percentual de novilhas púberes no final do acasalamento. Os efeitos genéticos sobre a idade de aparecimento da puberdade em novilhas foram estudados por Smith et al. (1976) e Laster et al. (1979). Esses autores, respectivamente, BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 31 demonstraram valores de 0,41, e 0,67 para a herdabilidade dessa característica. Morris & Wilson (1997), trabalhando com uma população de novilhas da raça Angus, encontraram efeitos genéticos importantes sobre a idade à puberdade. Novilhas oriundas de um rebanho selecionado para precocidade sexual foram 81 dias mais jovens na puberdade e 18% mais leves do que as novilhas originadas de um rebanho sem um programa de seleção para essa característica. Weekley et al. (1993), avaliando os efeitos da raça do touro e do plano nutricional pós-desmame sobre o percentual do peso maduro como “peso alvo” para manifestação da puberdade, obtiveram um valor médio de 62,7%. Ajustando os valores para a raça do pai foram obtidos percentuais de 59,8, 61,7, 63,2, 64,2 e 65,3% para novilhas filhas de Simental, Senepol, Braford, Simbrah e Brahman, respectivamente. Nesse trabalho os autores comprovaram que as novilhas filhas de touros com 25, 44 e 56% de sangue Brahman atingiram a puberdade aos 362, 430 e 448 dias, respectivamente. Newman & Deland (1991), no semi-árido australiano, encontraram uma idade mais tardia ao primeiro cio para novilhas cruzas zebuínas comparadas com cruzas leiteiras ou continentais. Um trabalho conduzido por Silva et al. (1996), demonstrou que novilhas cruzas Bos indicus, acasaladas aos 18 meses, com peso inicial de 260 kg, apresentaram 36% de prenhez, evidenciando assim a necessidade de obtenção de um maior peso no início do acasalamento em genótipos azebuados. A diferença entre o peso das que conceberam e o das que falharam foi de apenas 13 kg. Em experimentos comparando novilhas Bos taurus e Bos indicus, estas últimas atingiram a puberdade numa idade mais avançada (Hearnshaw et al., 1994). Outros autores têm evidenciado que animais cruzas Bos taurus x Bos indicus atingem a puberdade mais cedo do que as raças puras, atribuindo-se à ocorrência da heterose. No entanto, Wolfe et al. (1990), não encontraram efeitos da heterose para a idade à puberdade. É possível que os efeitos da heterose e da combinação genética aditiva apresentem maior intensidade em baixos níveis nutricionais. Nessas condições, as cruzas atingiriam a puberdade mais cedo, simplesmente por uma melhor adaptação aos escassos recursos alimentares do que as raças puras. Evidentemente que sob o ponto de vista experimental ocorre um confundimento entre os efeitos genéticos e os níveis nutricionais, dificultando melhor interpretação dos resultados. DeRouen & Franque (1989), avaliando o desempenho reprodutivo de novilhas Angus, Brahman, Charolês e Hereford acasaladas aos 14, 21 e 27 meses de idade, encontraram BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 32 superioridade na taxa de prenhez das raças européias em relação à zebuína, evidenciando que a superioridade foi decrescendo à medida em que o acasalamento ocorria em idade mais avançada. Estudos conduzidos por Cundiff et al. (1993) e Gregory et al. (1993), compilando dados de vários experimentos demonstraram valores para a idade na puberdade em novilhas de várias raças (Tabela 6) onde as cruzas zebuínas foram mais tardias. Sempre a maior idade ao primeiro cio esteve associada ao maior percentual de sangue zebuíno da novilha. Tabela 6. Idade e peso à puberdade de vários grupos raciais de novilhas Grupo Racial Peso à Puberdade (kg) Idade à Puberdade (dias) Jersey 294 317 Longhorn 287 370 Hereford 320 365 Red Poll 304 353 Devon 322 364 Shorthorn 348 359 Galloway 312 365 Brangus 333 385 Santa Gertudis 335 391 Sahiwal 298 427 Brahman 332 439 Nelore 329 412 Gelbvieh 328 341 Simental 340 360 Limousin 325 391 Charolês 337 393 Chianina 332 400 Fonte: Cundiff et al., 1993; Gregory et al., 1993 (adaptado). No Rio Grande do Sul, um trabalho conduzido por Rocha (1997) identificou idades ao primeiro cio de 438, 435 e 445 dias para novilhas Hereford, ¼ Nelore-3/4 Hereford e 3/8 Nelore- 5/8 Hereford, respectivamente. Entretanto, avaliando a taxa de prenhez a autora observou maiores valores para Hereford e 3/4 Hereford do que para novilhas com maior BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 33 sangue zebuíno (3/8 Nelore- 5/8 Hereford). Barcellos (2001), comparando a idade à puberdade de novilhas Braford, mantidas em três níveis nutricionais pós desmama (Tabela 7), observou uma tendência de aumento na idade à puberdade à medida em que incrementou a participação de sangue Nelore. Embora, as diferenças na idade à puberdade não sejam tão expressivas, um outro aspecto que deve ser considerado é a distribuição com que os cios se manifestam em cada grupo racial. Tabela 7. Idade à puberdade (dias), de novilhas de corte Braford, conforme o ganho de peso no pós desmama e o grau de sangue Ganho de Peso Grau de Sangue Média (kg/d) 1/4B1 3/8B 3,5/8B 1/2B 3/4B 0,500 428aA 433aA 440aAC 408aB 456aC 433 0,750 346bA 382bB 408bC 374bB 459aC 319 1,000 356bA 334cB 369cA 376bA 410bC 337 Média 376 383 405 386 441 363 1- 1/4 de sangue Zebuíno (Nelore) – 3/4 de sangue Hereford. a,b-Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05). A,B-Médias na linha seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05). Fonte: Barcellos, 2001. Na Tabela 8 está demonstrada a freqüência de novilhas Braford em cio, quando submetidas à uma taxa de ganho de peso pós-desmame em torno de 0,750 kg/dia, em intervalos de 21 dias que antecedem o início do acasalamento (15/11). Esses resultados mostram claramente que as novilhas com mais de 3/8B somente começam a ciclar próximo o início da estação reprodutiva e num percentual menor do que novilhas com mais sangue Hereford. Portanto, as novilhas mais azebuadas tem menores probabilidades de virem a conceber numa estação de acasalamento com períodos fixos. Desta maneira, isso precisa ser considerado num programa de acasalamento em idades precoces onde incluem novilhas com altos percentuais de sangue Bos indicus, pois estas por serem mais tardias, não respondem adequadamente aos incrementos dos níveis alimentares durante a sua criação para esse objetivo. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 34 Tabela 8. Freqüência de novilhas em cio, em intervalos que antecedem o início do acasalamento, conforme o grau de sangue Intervalo do início do % de novilhas em cio acasalamento (dias) 1/4B 3/8B 3,5/8B 1/2B 3/4B - 63 75 20 0 0 0 - 42 100 54 0 0 0 - 21 100 72 11 66 0 0 100 90 88 66 0 Fonte: Barcellos, 2001. Ganho de peso pós-desmame A variável ganho de peso pós-desmame é talvez a mais importante na determinação do peso com que a novilha chegará no seu alvo, por ocasião da puberdade. Seus efeitos sobre a idade à puberdade tem sido motivo de vários estudos. Wiltbank et al. (1985) demonstraram que novilhas da raça Hereford alcançam a puberdade com um peso de 238, 248 e 259 kg, porém com 433, 411 e 388 dias de idade, respectivamente. O fator de maior efeito na idade para alcançar o peso mínimo foi a taxa de ganho de peso no pós-desmame de 0,230, 0,450 e 0,680 kg/dia, respectivamente. A partir da fixação de um peso mínimo para ser atingida a puberdade, Fox et al. (1988) sugeriram taxas de ganho de peso necessárias em determinados períodos da vida para alcançá-lo. Assim, para novilhas manifestarem o primeiro estro aos 264 kg, elas devem ter um ganho de peso dos 7 aos 12 meses na ordem de 0,602 kg/dia. Se o peso alvo é 280 kg na idade de 350 dias, uma terneira desmamada com 160 kg aos 180 dias, necessitará ganhar 120 kg em 170 dias, ou seja, um ganho diário de 0,705 kg/dia (Deutscher, 1996). Lynch et al. (1997) manipularam o ganho de peso no pós-desmame para maximizar as vantagens do ganho compensatório e observaram em novilhas alimentadas para ganhar 0,600 kg/dia, durante 160 dias, ou 0,250 e 1,14 kg/d, durante 112 e 48 dias, respectivamente, uma idade de 406 e 386 dias na puberdade, respectivamente. Estes resultados mostram que há uma ampla possibilidade de manipulação dos ganhos de peso para minimizar os custos com alimentação. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 35 Alternativas nutricionais que maximizem o uso dos nutrientes para antecipar o aparecimento da puberdade têm sido estudadas por alguns autores. Lalman et al. (1993) testaram o emprego de proteína não degradável, ácido propiônico ou monensina sódica em novilhas no pós-desmame e não observaram diferenças na idade ao primeiro estro. No entanto, foram constatados alguns mecanismos que podem afetar a puberdade. Neste experimento, o consumo de proteína não degradável melhorou a disponibilidade de propionato, com maior ganho de peso e antecipação da puberdade. Purvis & Whittier (1996), testando ionóforos e vermífugos, encontraram redução na idade à puberdade exclusivamente devido às alterações no aproveitamento dos nutrientes. Barcellos (2001), alimentando novilhas Braford no pós-desmame, submetidas a várias taxas de ganho de peso (Tabela 9), observou uma redução na idade à puberdade à medida que aumentava o nível nutricional. De um modo geral, uma maior redução na idade à puberdade foi notada a partir do incremento no ganho de peso de 0,500 para 0,750 kg/dia, do que nas outras taxas de ganho. Nesse trabalho, foram observados efeitos significativos do peso vivo aos 11 meses de idade sobre os parâmetros reprodutivos. Isto tem uma implicação prática, pois sistemas alimentares que estabeleçam altas taxas de ganho de peso, semelhante a flushing, devem levar em consideração o ritmo de ganho desde o desmame. Assim, animais submetidos a níveis nutricionais muito baixos até os 9 meses e recebendo um incremento significativo no ganho após essa idade, poderão atrasar a idade à puberdade. Conforme Hall et al. (1997), a restrição no ganho até 9,5 meses para não retardar a idade à puberdade não deve ser inferior a 0,450 kg/d. Portanto, nos sistemas locais de produção, ganhos lineares e superiores a essas taxas encontram algumas limitações bioeconômicas. Tabela 9. Efeitos do ganho de peso pós-desmame na idade à puberdade de novilhas Braford Taxa de Ganho (kg/d) Idade à Puberdade (dias) 0,500 433a 0,750 319b 1,000 337b 1,250 358b a- Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente (P>0,05). Fonte: Barcellos, 2001. A definição da idade com que a novilha será acasalada definirá o peso alvo ao início do período reprodutivo e o ritmo de crescimento na fase pós-desmama (Tabela 10). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 36 Portanto, a necessidade de ganho seria determinada pelo peso ao desmame e pela idade de acasalamento. Quando mais cedo a novilha for acasalada, maior ganho de peso pósdesmama será exigido. Tabela 10. Taxa de ganho de peso diário necessária para alcançar o peso de 300 kg no início do acasalamento de novilhas de corte, conforme o peso ao desmame e a idade de acasalamento Peso ao desmame Idade de Acasalamento (meses) (kg) 14 18 24 150 0,660 0,410 0,250 170 0,570 0,360 0,220 190 0,480 0,300 0,190 Fonte: Barcellos et al., 2003. Na Tabela 11 são demonstrados os ganhos de peso necessários para alcançar o acasalamento em diferentes idades, quando o sistema alimentar permite apenas a manutenção do peso vivo no primeiro inverno. Evidentemente, que nessa situação há uma inviabilidade de acasalar a novilha aos 14 meses. Tabela 11. Taxa de ganho de peso diário necessária para alcançar o peso de 300 kg no início do acasalamento de novilhas de corte que mantém o peso no primeiro inverno, conforme o peso ao desmame e a idade de acasalamento. Idade de Acasalamento (meses)2 Peso ao desmame (kg)1 14 18 24 150 2,000 0,710 0,340 170 1,730 0,610 0,300 190 1,470 0,520 0,250 1 - Desmame em abril; - Acasalamento em 15 de novembro, aos 14 ou 24 meses e em 10 de abril aos 18 meses. 2 Fonte: Barcellos et al., 2003. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 37 Efeitos da idade sobre o aparecimento da puberdade A puberdade da novilha de corte, dentro de um mesmo grupo genético, é pouco influenciada pela idade cronológica e depende muito mais do peso vivo do animal (Cupps, 1991). Na própria evolução da espécie, o fator tamanho corporal parece ter sido o determinante das condições básicas para início da reprodução e perpetuação da espécie (Hamond, 1927). Novilhas que não alcançam um peso mínimo (Lamond, 1970), mesmo em idades superiores a 24 meses, ainda não atingem a puberdade. Em sistemas intensivos de produção há sintonia entre a idade do animal, o surgimento da puberdade e o período de acasalamento aos 14-15 meses de idade. Normalmente, a maioria das novilhas se torna púbere em torno dos 12 meses desde que, seu peso corporal alcance um percentual específico do peso vivo da vaca adulta, característico de cada raça (Lamond, 1970; Roche & Diskin, 1995). Wehrman et al. (1996), trabalhando com um expressivo número de novilhas cruzas britânicas, identificaram que apenas 25% delas apresentavam função lútea antes dos 300 dias de idade. Os autores encontraram, para novilhas criadas ganhando 0,750 kg/dia no pósdesmame, uma idade média de 402 dias na puberdade. De modo geral, a maioria dos experimentos avalia os efeitos da idade à puberdade em novilhas submetidas a diferentes taxas de crescimento ou de diferentes grupos genéticos (Patterson et al., 1992a; Gregory et al., 1993). Os resultados geralmente apresentam uma interação entre a idade e o nível nutricional, dificultando o isolamento do fator idade, pois este tem menor importância econômica do que a nutrição num sistema onde a alimentação ainda é o principal limitante. Entretanto, é possível que novilhas de genótipos mais tardios (Gregory et al., 1978; Cundiff et al., 1993), excedam os 14-15 meses para manifestação da puberdade. Nesta situação, ainda com a manipulação do peso vivo é possível atingir amplitudes significativas na redução da idade à puberdade. Deste modo, como o peso vivo apresenta correlações mais expressivas com a idade à puberdade, para animais de mesmo grupo genético, é natural que a maioria dos trabalhos procurem estudar os seus efeitos. Além disto, a identificação de indivíduos mais precoces dentro de um mesmo grupo genético também possibilita, através de programas de seleção, uma redução na idade à puberdade em genótipos mais tardios. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 38 CRESCIMENTO E IDADE DE ACASALAMENTO Importância da idade de acasalamento Os sistemas de produção diferem pelo grau de utilização da terra, máquinas, insumos e técnicas de manejo. Estes fatores interagem resultando em mudanças na eficiência econômica conforme a intensidade com que são aplicados. A idade ao primeiro acasalamento é uma medida de manejo que caracteriza bem a intensificação do sistema, e idade à puberdade torna-se mais importante quanto mais intensivo for o sistema de produção (Restle et al. 1999). Short et al. (1994) apresentam as principais vantagens e desvantagens de acasalar-se novilhas em idades mais precoces. Como vantagens os autores relacionaram o retorno mais rápido do investimento, o aumento da vida produtiva da vaca e a menor relação entre reposição e reprodução, onde diminui a quantidade de fêmeas em recria. As desvantagens são o aumento dos custos para que a novilha possa entrar em reprodução em uma idade mais jovem, o aumento da distocia e outros problemas relacionados, incluindo custos, investimentos em manejo para lidar com problemas de parto e uma menor taxa de retorno ao cio do que vacas mais velhas. A estrutura do rebanho, num sistema de cria, está relacionada diretamente com a idade de acasalamento (Tabela 12). Percentual de fêmeas, matrizes, fêmeas jovens e taxa de reposição são os parâmetros mais significativos. Portanto, manipular essas variáveis dentro do meio de produção tem constituído em importante estratégia para melhor eficiência. A idade à puberdade é uma característica considerada de baixa herdabilidade, com valores variando de 0,20 (Arije e Wiltbank, 1971) a 0,41 (Laster et al., 1979), assim como as demais características reprodutivas, é grandemente dependente de fatores ambientais, entre os quais, exerce maior efeito o nível nutricional. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 39 Tabela 12. Participação da novilha no rebanho conforme o sistema de produção Categoria 3 anos 2 anos 1 ano Vacas 32,6 29,0 34,6 Touros 1,3 1,1 1,4 Terneiros (as) 16,3 24,6 31,1 Novilhas 1a 8,1 11,5 15,3 Novilhas 2a 8,1 11,2 Novilhas 3a 7,8 Novilhos 1a 8,1 11,5 Novilhos 2a 8,1 11,2 Novilhos 3a 7,8 15,3 Dependendo da idade de acasalamento, as características ponderais e de potencial genético contribuem com diferentes valores (Tabela 13). Mesmo que o potencial genético tenha de pouca a baixa influência em idades de acasalamento maiores, Lobato (2003) destaca a necessidade de potencial genético inerente em função do tempo em que esta característica evolui em um rebanho. Tabela 13. Nível de contribuição de uma característica ponderal e do potencial genético na idade de acasalamento Idade de Acasalamento (meses) Nível de Influência Peso Alvo Potencial Genético 36 baixo sem efeito 24 médio baixo 18 alto médio 12 alto alto É necessário um manejo nutricional que possibilite as novilhas atinjirem seu peso mínimo com certa antecedência, pois Byerley et al. (1987) verificaram maior percentagem de prenhez para novilhas inseminadas no terceiro estro que no primeiro estro pós-puberdade, e maior proporção de retorno de cio para as novilhas inseminadas no primeiro estro. Bagley BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 40 (1993), em sua revisão, estipulou que a falta de planejamento ou atenção a detalhes em qualquer uma área do processo de manejo pode resultar em falha irreparável para novilhas conceberem aos 14 meses de idade. Segundo Laflamme (1993), a nutrição de novilhas para um bom desenvolvimento até o acasalamento tem efeitos a longo prazo em seu desempenho produtivo. O uso de forragem conservada ou ração comercial no período entre o desmame e o acasalamento aos 14 meses reduz o risco de insucesso no “sistema um ano” (Rocha & Lobato, 2002). Idade ao primeiro parto é importante para o produtor porque pode afetar o tamanho e composição do rebanho e o número de animais disponíveis para venda, e para os melhoristas, influencia o ganho genético anual. Além disso, o descarte de novilhas falhadas ao primeiro acasalamento é uma prática que melhora a eficiência (Núñez-Domingez et al. 1991). A produtividade do sistema, em termos de kg de terneiro desmamado por hectare, aumenta conforme diminui a idade ao primeiro parto, mas a magnitude da resposta é dependente da taxa de natalidade do rebanho. Somente com altas taxas de natalidade é justificável, do ponto de vista biológico, reduzir a idade ao primeiro parto de 3 para 2 anos (Beretta et al, 2001). Segundo Lesmeister et al. (1973), novilhas que pariram mais cedo pela primeira vez tendem a parir mais cedo no resto de sua vida produtiva que as que pariram tarde. Além disso, desmamam mais quilos de terneiro durante toda a sua vida. Terneiros que nasceram mais cedo cresceram significantemente mais rápido do nascimento ao desmame e foram mais velhos e pesados ao desmame. O tempo de vida produtiva das vacas foi afetada pela época do primeiro parto e novilhas que pariram pela primeira vez aos dois anos de idade o fizeram mais cedo dentro da estação de parição em seus partos subseqüentes. Os autores sugerem que um número de novilhas maior que o necessário poderia ser colocado em reprodução e ao final da estação de monta as que conceberam mais tarde poderiam ser descartadas. No mesmo trabalho experimental, a maioria das novilhas acasaladas aos dois anos tinha falhado ao conceber com um ano; portanto é provável que fossem animais com menor capacidade reprodutiva inerente. Já Chapman et al. (1978), usaram novilhas semelhantes para acasalar aos 12 ou 24 meses. Estes autores colocaram que a prática de acasalar novilhas para parir aos dois anos ao invés de três é questionável. Particularmente em regiões onde os animais tendem a ser mais leves, o estresse de parir aos dois anos pode impedir um desempenho reprodutivo subseqüente satisfatório e resultar em pequena ou BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 41 nenhuma vantagem econômica. As características mais ligadas com a economia de bovinos de corte, as percentagens de nascimento e desmame e peso ao desmame, não foram afetadas pela idade ao primeiro parto. Sistemas de alimentação Uma vez definido o ganho de peso para alcançar o objetivo proposto (Tabela 14), que é a idade ao primeiro parto, manejos alimentares poderão ser empregados no sistema de produção, associando aspectos biológicos e econômicos. Durante a fase de aleitamento as terneiras podem ter ganho de peso maximizado pelo uso de alimentação suplementar através de sistemas do tipo creep feeding ou creep grazing. São práticas recomendáveis quando se maneja terneiras filhas de primíparas ou raças de tamanho grande. Apesar das desvantagens operacionais, Pascoal et al. (1998) consideram que a técnica pode ser justificada em sistemas “um ano”. O fornecimento de concentrados de bom valor nutritivo no sistema de creep feeding propicia que os terneiros tenham um bom consumo de alimentos sólidos em cochos no momento do desmame, o que vem a facilitar muito o manejo inicial do desmame precoce. O creep grazing é um sistema que além de fornecer suplementação alimentar ao terneiro pode desenvolver a sua habilidade em procurar alimentos fora da orientação da vaca, porém apresenta desvantagens, assim como o creep feeding, no que diz respeito ao manejo intenso e ao fato de alguns terneiros levarem mais tempo para adaptarem-se ao sistema, causando assim desuniformidade no consumo de alimentos e por conseqüência no crescimento do lote. O monitoramento do desenvolvimento de fêmeas de reposição quando alimentadas em creep feeding deve ser feito para que não ocorra excessiva deposição de gordura, que apesar de auxiliar a atingir pesos adequados para reprodução à idades jovens, pode ainda causar decréscimo no desenvolvimento da glândula mamária, resultando em menor produção de leite (McCann, 1999) e diminuir a longevidade, número de terneiros desmamados e pesos ao desmame (Patterson et al., 1992a). O uso de implantes pode contribuir para a mudança da composição do ganho de peso nesta fase, mas os efeitos sobre o desempenho reprodutivo da futura vaca podem ser negativos. Novilhas filhas de touros Charolês e vacas cruzas de raça leiteira com Shorthorn que ganharam 1 kg/dia desde o desmame até o acasalamento aos 15 BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 42 meses de idade produziram mais kg de terneiros durante sua vida que novilhas que tiveram o mesmo ganho diário acasaladas com 350 kg de peso vivo ou acasaladas com 350 kg de peso aos 15 meses (Laflamme, 1993). A superioridade das novilhas melhor alimentadas ocorre nos primeiros anos, os efeitos a longo prazo são apenas extensão da vantagem inicial. Peso à desmama é tão importante quanto mais intensivo for o sistema. Baixo peso à desmama pode exigir ganho de peso pós-desmama elevado e difícil de ser obtido, colocando o acasalamento aos 14-15 meses em risco. O peso ao desmame e o peso adulto irão determinar o ganho de peso diário médio necessário no período desmama-acasalamento (Tabela 14). Tabela 14. Ganho de peso necessário (kg/dia) do desmame aos seis meses de idade até o acasalamento aos 14 meses de idade conforme peso ao desmame e peso adulto. Peso da vaca adulta, kg 400 440 480 520 560 Peso da novilha na puberdade, kg Peso desmame, kg 260 286 312 338 364 150 0,458 0,567 0,675 0,783 0,892 160 0,417 0,525 0,633 0,742 0,850 170 0,375 0,483 0,592 0,700 0,808 180 0,333 0,442 0,550 0,658 0,767 190 0,292 0,400 0,508 0,617 0,725 200 0,250 0,358 0,467 0,575 0,683 210 0,208 0,317 0,425 0,533 0,642 Freitas et al. (2003) utilizaram novilhas com peso de 134,13 kg aos sete meses, e mesmo com bom manejo alimentar pós-desmame e ganho de peso que superou os 100 kg entre o desmame e o início do acasalamento, verificaram taxas de natalidade baixas (<50%) em relação ao investimento em alimentação durante o inverno (Tabela 15). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 43 Tabela 15. Ganho de peso médio diário (GDM) durante o período de alimentação no inverno, peso ao início do acasalamento (PIA) e taxa de prenhez de novilhas submetidas a diferentes sistemas alimentares pós-desmama Tratamentos GDM, kg/dia PIA, kg Prenhez, % SU68% 0,500 b 234,12 b 12,8B SU75% 0,479 b 232,30 b 23,1B SUPAS 0,697 a 260,73 a 48,7A CONF 0,777 a 254,31a 43,6A a,b: Letras diferentes na coluna diferem teste de Tukey (P<0,05). A,B: Letras diferentes na coluna diferem teste Qui-quadrado (P<0,05). SU68%: Suplementação do campo nativo 1,5% PV com a ração comercial (14% PB; 68% NDT). SU75%: Suplementação do campo nativo 1,5% PV com a ração comercial (14% PB; 75% NDT). SUPAS: Pastagem de aveia, azevém, trevo branco e cornichão + 0,5% PV. CONF: Confinamento silagem de milho e ração na proporção de 4/1. Fonte: Freitas et al., 2003. Em ambientes onde ocorre limitações nutricionais ou em sistemas em intensificação, pode ser uma alternativa o desmame precoce (60 dias) para a otimização do uso dos recursos do processo de produção. A maneira de realizar o desmame é fruto de um planejamento adequado e pode variar através dos anos, na data, alimentação, manejo e categorias de ventres a ser desterneirados, mas ao se proceder a separação dos terneiros das vacas deve-se ter como objetivo oferecer melhores condições para vaca voltar à conceber e, no mínimo, manter os terneiros crescendo como se estivessem ao pé de suas mães (Rovira, 1996). Em desmames onde a dieta é composta de suplemento concentrado e campo nativo como base volumosa, a média de desempenho é de 0,55 kg/dia de ganho de peso em animais que evoluem de 80 até 165 kg no período dos 60 aos 120 dias de idade, conforme relatos de Pascoal et al. (1998). Estes autores encontraram desempenho superior ao substituir o campo nativo por silagem de aveia pré-secada, na relação volumoso: concentrado de 50:50 com base na matéria seca, alimentando terneiros Braford (5/8 Hereford, 3/8 Nelore) em confinamento a partir dos 72 até os 156 dias de idade em experimento delineado a fim de avaliar diferentes níveis de proteína bruta, conforme pode ser observado na Tabela 16. Observando o ganho de peso obtido é possível concluir que é suficiente até para sistemas "um ano", porém o experimento aqui relatado trata-se da alimentação de machos, assim os ganhos obtidos com fêmeas provavelmente seriam um pouco menores. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 44 TABELA 16. Desempenho em confinamento de terneiros desmamados aos 72 dias de idade, frente a diferentes níveis de proteína bruta Nível de proteína bruta % 14 16 18 20 Peso inicial (18/01), kg 90 92 93 91 Peso final (11/04), kg 150 157 154 152 Ganho médio diário, kg 0,72 0,77 0,72 0,73 Cons. de matéria seca, kg/dia 3,07 3,23 3,32 3,13 Conversão alimentar 4,3 4,2 4,6 4,3 Fonte:Pascoal et al. 1998. O uso de alimentação de maior custo é justificado pela alta conversão alimentar verificada nesta fase, desta maneira, no sistema "um ano", deve ser acumulado o máximo de peso possível para que nas etapas seguintes do manejo destas terneiras seja necessário um ganho de peso possível em recursos como campo nativo suplementado e pastagens cultivadas sujeitas a riscos devidos à fatores climáticos. O peso ao desmame ou aos seis meses, no caso de desmame precoce, define o ganho de peso diário necessário para chegar ao início da primavera com um peso próximo ao peso alvo para o acasalamento (Tabela 17). A novilha destinada ao acasalamento aos 14-15 meses deve ter o seu peso no início da primavera aproximando-se do peso alvo da puberdade, para assegurar cios mais férteis e concentrados no início do período de acasalamento. Na Tabela 17 podem ser avaliados a confiança de ganhos pré- e pós-desmame e o peso no final do inverno. Esses dados conduzem a uma conclusão óbvia, onde a terneira tem que ser desmamada ou alcançar um peso aos 6 meses em torno de 180 kg para, após, mediante ganhos de 0,350 – 0,450 kg/dia alcançar em torno de 55 – 60% do peso da vaca adulta no início da primavera. Dessa forma o "sistema 1 ano" terá sucesso. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 45 Tabela 17. Ganho de peso diário (kg/dia) necessário dos seis meses de idade até o início da primavera conforme o peso inicial da terneira Peso, kg GDM Nascer Desmame pré-desmame Peso em 1 de setembro conforme o ganho pós-desmama 0,15 0,25 0,35 0,45 38 150 0,622 177 195 213 231 38 160 0,678 187 205 223 241 38 170 0,733 197 215 233 251 38 180 0,789 207 225 243 261 38 190 0,844 217 235 253 271 38 200 0,900 227 245 263 281 38 210 0,956 237 255 273 291 O desmame em pastagem de milheto em substituição ao campo nativo propicia um bom desenvolvimento (Pascoal et al., 1999). Conforme os autores, o alto teor de proteína bruta da pastagem de milheto, complementada com o uso de suplementos energéticos como o grão de milho ou sorgo acrescido de minerais causa uma redução dos custos com o alimento concentrado. Com uma suplementação diária na base de 1% do peso vivo é possível um ganho de 0,600 kg por dia por animal (Tabela 18). Tabela 18. Dieta para terneiros de 100 kg desmamados em milheto visando ganho de 0,6 kg/dia. . P.B NDT CMS, kg % Kg % kg Exigências 2,8 13,57 0,38 71,43 2,00 Concentrado 1,0 16,00 0,16 70,00 0,70 Pastagem 1,8 17,00 0,31 67,00 1,21 Total 2,8 16,80 0,47 68,21 1,91 CMS= Consumo de matéria seca. PB= Proteína bruta. NDT= Nutrientes digestíveis totais. Fonte: Pascoal et al. (1999). Observando os percentuais totais de nutrientes fornecidos por esta dieta e levando em conta o valor nutritivo dos alimentos empregados é possível inferir que um aumento do BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 46 nível de suplemento para 1,25% do peso vivo pode elevar os ganhos por uma diminuição do teor de proteína bruta e aumento de NDT. Com o avanço do peso dos terneiros o nível de suplementação pode ser reduzido sem afetar o ganho de peso pelo fato de seu sistema digestivo ter atingido um grau de desenvolvimento capaz de comportar maior ingestão de forragem Para o primeiro acasalamento aos 18 e 24 meses, existem amplas possibilidades de atingir o objetivo, conforme alguns sistemas alimentares propostos (Tabela 19). A intensificação do sistema de produção, e portanto, aumentando o seu custo, também é biologicamente viável para acasalar a novilha aos 14 meses de idade (Tabela 20). Tabela 19. Caracterização de alguns sistemas alimentares pós-desmame para novilhas destinadas ao acasalamento aos 18 meses Sistema Alimentar Ganho de peso (kg/dia) Custo/Novilha – R$ 0,200 30,00 0,200 27,00 0,200 48,00 Pastagem Cultivada4 0,200 60,00 Silagem5 0,200 61,20 Suplemento local1 Sal proteinado com feno Ração comercial 3 2 1 - Farelo de arroz; Resíduos de pré-limpeza de lavouras; - Feno de campo nativo ou campo natural diferido no final do verão com sal proteinado de alto consumo. 3 - Suplemento com 14% PB e 65% de NDT na proporção de 1% do peso vivo. 4 - Pastejo de 2 horas ao dia e o restante do período mantidas no campo nativo. 5 - Silagem na proporção de 30% do peso vivo, adicionada de nitrogênio não protéico. Restante do período em campo nativo. Fonte: Barcellos et al., 2003. 2 É importante salientar que o custo alimentar para acasalar aos 14 meses é maior do que aos 24. Além disso, fundamental é entender que a idade ao primeiro acasalamento é uma das variáveis do processo e de medida de eficiência da novilha. Contudo, e talvez mais importante, é a repetição de prenhez no segundo período reprodutivo. Neste sentido, para a repetição de prenhez da novilha parida aos 24 meses, existe uma diferença de custo de maior magnitude comparada à novilha parida aos 36 meses, do que no primeiro acasalamento (14 x 24 meses). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 47 Tabela 20. Caracterização de alguns sistemas alimentares pós-desmame para novilhas destinadas ao acasalamento aos 14 meses Período I1 Sistema Ganho de Peso e Período II2 Custo/Novilha kg/d R$/cab Sistema kg/d R$/cab Ganho - kg R$/cab. F. Arroz 1,5%3 0,300 30,00 P. cultivada 0,800 120,00 100 150,00 F. Arroz 1,0% 0,200 25,50 P. cultivada 0,900 150,00 100 175,50 Ração Comerc. 0,500 61,80 P. cultivada 0,600 69,00 100 130,80 63,00 P. cultivada 0,510 69,00 100 132,00 Pastagem4 0,600 1 - Junho à Agosto. - Setembro à Outubro. 3 - 1,5% do peso vivo. 4 - Pastagem de outono com aveia ou azevém. Fonte: Barcellos et al., 2003. 2 Na tabela abaixo é demonstrado que as exigências nutricionais de uma novilha acasalada aos 14 meses aumenta em 30% no final de gestação e 45% no início da lactação. Novilhas paridas aos dois anos tem maiores exigências determinadas pela gestação e lactação do que paridas aos três anos. Acrescente-se a isto o fato de que a função de crescimento ainda representa 17% das exigências de energia comparada à novilha parida aos três anos. Alem disto, o crescimento tem prioridade na utilização dos nutrientes em relação à reprodução. Portanto, sob qualquer limitação alimentar, os prejuízos na repetição de prenhez serão maiores nas novilhas com partos aos 24 meses. Tabela 21. Incremento das exigências de energia metabolizável de novilhas de corte conforme a idade de acasalamento Aumento das exigências de energia Idade de Acasalamento (%) Energia destinada para (meses) Pré-parto Pós-parto crescimento (%) 24 26 40 7 18 28 42 10 14 30 45 17 Fonte: Barcellos, 2000. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 48 Uma outra comparação entre os dois sistemas é com relação à capacidade de suporte dos campos do Cone Sul (Tabela 22). Ou seja, no início da lactação, onde permite colocar 53 novilhas paridas aos 36 meses somente seria possível colocar 38 paridas aos 24, para que as exigências sejam atendidas em ambas as situações. Tabela 22. Capacidade de suporte do campo nativo para atender as exigências de energia metabolizável de novilhas de corte conforme a idade ao primeiro parto. Idade ao Parto Número de Novilhas em 100 hectares (meses) No primeiro acasalamento Final da Gestação Início da Lactação 36 100 74 53 30 100 72 48 24 100 70 38 Fonte: Barcellos, 2000. Em se tratando de campo nativo, a redução de lotação não é suficiente para atender as exigências, pois a densidade nutricional da forragem é insuficiente ainda que sua disponibilidade seja aumentada em três vezes. Então, somente com pastagens cultivadas de boa qualidade, mantendo as relações de lotação da tabela anterior, é possível esse ajuste. Novilhas paridas aos 24 meses exigem uma área de pastagem cultivada três vezes maior do que no acasalamento. Num sistema fechado de produção, outras categorias precisam ser “apertadas” na lotação para sobrar às primíparas. Nessa época do ano (primavera), quase todas as categorias estão em fases prioritárias, ficando difícil fazer essa adequação. Por essas razões, os índices de repetição de prenhez aos 24 meses são modestos. Contudo, quando as exigências são atendidas não há diferença na repetição de prenhez entre partos aos 24 ou 36 meses, ainda que seus custos sejam diferentes. Uma situação intermediária, é o acasalamento da novilha aos 18 meses, em abril/maio, como uma alternativa para melhorar a eficiência reprodutiva e econômica. Na tabela anterior foram apresentadas essas relações comparadas com o acasalamento aos 14 meses. Novilhas paridas aos 27-29 meses (Janeiro e Fevereiro), somente voltam a ser acasaladas aos 36 meses, parindo sua segunda cria aos 46 meses. Portanto, numa produtividade no mínimo igual ao acasalamento aos 24 meses. Porém, com diferenças fundamentais na curva de exigências nutricionais. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 49 Barcellos et al. (2000), demonstrou que a redução da carga animal (Tabela 23) pósdesmame melhorou a eficiência reprodutiva de novilhas de corte aos 18 meses de idade, contudo, a eficiência ainda é baixa quando o peso vivo mínimo no início do acasalamento não é alcançado pela maioria das novilhas. Tabela 23. Efeitos da carga animal sobre o desempenho de novilhas de corte acasaladas aos 18 meses de idade Ano Peso no início do acasalamento (kg) Taxa de prenhez (%) 300 kg/ha 200 kg/ha 300 kg/ha 200 kg/ha I 260a 282b 35,7a 56,0b II 268a 290b 37,0a 60,0b III 257a 279b 35,0a 55,3b Média 261a 283b 35,9a 57,1b a,b- Médias na mesma linha seguidas de letras diferentes apresentam significância (P<0,05). Fonte: Barcellos et al., 2000. Trabalhos conduzidos no Rio Grande do Sul (Barcellos et al., 2000; Silva et al., 2001; Silva et al., 2002; Silva, 2003), vem demonstrando a viabilidade biológica (Tabela 24) e econômica para o acasalamento aos 18 meses, como um estágio intermediário aos sistemas mais intensivos de produção. Dificuldades tecnológicas e de infra-estrutura podem apontar para essa idade de acasalamento como uma estratégia de produção nos sistemas pecuários locais. Tabela 24. Desempenho reprodutivo de novilhas de corte acasaladas aos 18 ou 24 meses de idade Idade do Acasalamento (meses) Grupo de Peso Leves Peso no início do acasalamento (kg) 264 18 Pesadas 24 % do peso maduro Taxa de prenhez (%) 59 26,7a 301 67 73,3b Média 282 62 50,0A Leves 285 63 72,4a Pesadas 331 73 83,3b Média 308 68 77,9B a,A- Médias na coluna, seguidas de mesma letra não diferem significativamente (P>0,05). Fonte: Silva, 2003. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 50 A redução da idade de acasalamento dos 24 para os 18 meses requer que as novilhas apresentem um maior peso vivo no início da estação reprodutiva para assegurar elevados índices de prenhez. Para isto, são necessárias melhorias nutricionais no sistema atual de criação em campo nativo no pós-desmama. Sampedro (2003) observou que em condições subtropicais, que a incorporação de suplementos em taxa de 0,7% do peso vivo no pósdesmame (período de inverno ou estação das geadas), melhorou a utilização do campo natural e possibilitou, a um custo de 80,00 R$/cab., um aumento de 75 para 91% de prenhez aos 18 meses. Portanto, alternativas locais também devem ser avaliadas para melhoraros níveis de prenhez aos 18 meses. Acasalamento da novilha aos 26-27 meses Em sistemas com primeira parição aos quatro anos de idade, a taxa de desfrute do rebanho fica em torno de 10%. Este índice pode ser próximo a 20%, se a primeira parição ocorrer aos 3 anos de idade (Fries, 2003). O principal componente que determina a idade de acasalamento é a condição nutricional que possibilitará que a novilha chegue na data de acasalamento com peso adequado para o seu grupo genético. O acasalamento aos 26-27 meses não necessita de ganho de peso constante, em média são necessários 300 gramas por dia desde o desmame, com a utilização de ganho compensatório de primavera, é possível passar por períodos de perda ou manutenção de peso. No acasalamento aos 24 meses os fatores nutricionais e genéticos são de relevância menos significativa. No entanto, os ganhos diários proporcionados exclusivamente pela pastagem natural podem limitar o desenvolvimento com o qual as novilhas atinjam a puberdade nesta idade em uma proporção aceitável, conforme o constatado por Salomoni et al. (1988) ao avaliarem o desempenho de novilhas das raças Hereford, Aberdeen angus, ½ Nelore ½ Angus, ¾ Nelore e ¼ Angus e Brangus primeira geração e bi-mestiças, mantidas em campo nativo. Na média, os animais atingiram a puberdade aos 27,8 meses com peso de 278,8 kg. Os mais precoces foram os da raça Brangus (primeira geração) que manifestaram o primeiro cio aos 23,7 meses com 270,3 kg em 100% das novilhas observadas. Os autores concluíram que seria possível acasalar somente 55% das novilhas do estudo e com idade BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 51 média de 27 meses, mostrando assim que exclusivamente pastagem natural pode não ser um recurso forrageiro suficiente para entoure aos 24 meses. Em simulação conduzida por Beretta et al. (2001), a redução da idade ao parto de 4 para 3 anos necessita que 7,5% da área seja cultivada com pastagens de crescimento inverno/primaveril quando a taxa de natalidade é 70%; quando este índice é 80%, a área de pastagem cultivada necessária é 5,9% da área total apenas para atender as necessidades do rebanho de cria. Experimentos avaliando o desenvolvimento de novilhas desde o desmame até o acasalamento aos dois anos de idade são em pequeno número e em sua maioria exploram a pastagem como alimentação exclusiva. Um dos objetivos é maximizar a utilização de pastagens através de técnicas de pastejo e uso adequado de suplementos. Restle et al. (1999) utilizaram pastagens de aveia (avena strigosa) mais azevém (Lolium multiflorum) na recria de novilhas de diferentes grupos genéticos dos sete aos 12 e dos 20 aos 24 meses, no restante do tempo permaneceram em campo nativo. Mesmo as novilhas do grupo genético Nelore, que manifestaram cio em idade mais avançada, o fizeram em tempo hábil para serem acasaladas aos 26-27 meses (Tabela 25). Tabela 25. Médias para peso inicial (kg), e peso e idade (dias) ao primeiro cio de acordo com sistema de acasalamento e grupo genético de novilhas mantidas em pastagem de estação fria nos dois primeiros invernos. Grupo genético Primeiro cio Peso 7 meses Peso Idade Charolês (C) 178a 352a 623b Nelore (N) 146b 299a 754a Média das puras 162B 326A 689A ½ CN 184a 323a 568a ½ NC 181a 368a 634a Média das cruzadas 183A 346A 600B Heterose 13,0 6,1 -12,9 a,b (P<0,05) na mesma coluna para C vs. N e 1/2CN vs. 1/2NC; A,B (P<0,05) na mesma coluna para puras vs. cruzadas. Fonte: Restle et al, 1999. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 52 A utilização de pastagem nativa melhorada de azevém (Lolium multiflorum L.) e trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum cv. Yuchi) em sistema de pastejo rotativo “ponta” e “rapador” no desenvolvimento de novilhas de corte mestiças durante o primeiro e segundo invernos/primaveras pós-desmama até o final do primeiro acasalamento aos 22-24 meses de idade foi avaliada por Pereira Neto et al. (1999). No período de verão/outono e acasalamento os animais foram mantidos num único lote em campo natural, em um só lote. Neste sistema de pastejo, o lote “ponta” consumiu a metade superior da pastagem disponível; enquanto o lote “rapador” consome a metade inferior. Os animais do lote ponta obtiveram maior GDM e conseqüentemente maior peso vivo ao final do primeiro ano, ao final do segundo ano e ao início e final do acasalamento que os animais do lote rapador (Tabela 26). Durante o acasalamento os animais do lote rapador ganharam significativamente mais peso, provavelmente porque os animais estavam adaptados a selecionar a sua dieta em uma pastagem de pior qualidade. Ao início do experimento as novilhas foram classificadas em "leves" e "pesadas" dentro de cada grupo de pastejo e esta diferença se manteve até o final do acasalamento, já o GDM não diferiu entre leves e pesadas em nenhum período. As novilhas leves que pastejaram no grupo ponta atingiram o início do acasalamento com peso adequado (300,7 kg), enquanto as leves do grupo rapador atingiram 293 kg somente no final da estação de acasalamento. Desta forma, o sistema de utilização de pastagens "ponta" e "rapador" é uma maneira de possibilitar que cheguem ao acasalamento com desenvolvimento adequado um maior número de novilhas do rebanho que tenham baixo peso inicial. Também avaliando o sistema de pastejo "ponta e rapador", Pereira Neto & Lobato (1998) não detectaram diferenças na taxa de prenhez (87,3 vs. 83,5%) das novilhas dos dois grupos. A avaliação do escore do trato reprodutivo ao início da estação de acasalamento mostrou que as novilhas do lote "ponta" tiveram atividade ovariana significativamente mais desenvolvida que as do lote "rapador" (74 vs. 43%; P<0,05), indicando estarem aptas a conceber ao início da estação de monta. Entretanto, Beretta & Lobato (1996), em outro experimento, verificaram maior taxa de prenhez nas novilhas do lote "ponta" que nas do lote "rapador" (100 vs. 71%; P<0,01), mas a data média de concepção não diferiu entre os grupos. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 53 Tabela 26. Média obtidas pelo método dos quadrados mínimos para pesos vivos (kg) e ganho de peso diário médio (GDM, kg/cab/dia) de novilhas em dois sistemas de pastejo e dois pesos iniciais desde o desmame até o fim do acasalamento aos dois anos. Período Ordem de pastejo Grupo de peso Ponta Rapador Leve Pesada Início 1° ano 110,3 107,6 98,8 119,2* Final 1° ano 195,6** 168,1 166,4 197,3* Início 2° ano 236,4** 218,6 213,2 241,8* Final 2° ano 316,3** 274,1 281,5 308,8* Início Acasalamento 318,5** 275,7 282,0 312,2* Final Acasalamento 341,5** 304,4 307,2 338,7* 1° ano 0,790** 0,560 0,626 0,723 2° ano 0,753** 0,522 0,644 0,632 0,303 0,377* 0,332 0,349 Pesos GDM Acasalamento (*) P<0,05. (**) P<0,001. Fonte: Pereira Neto et al. 1999. Uma alternativa ao uso de pastagens no segundo inverno pode ser a suplementação em campo nativo durante o final do verão e início do outono antecedentes ao acasalamento, esta tecnologia visa manter a taxa de crescimento obtida durante o verão, quando as pastagens nativas apresentam maior crescimento e qualidade. O grão de aveia preta foi usado como suplemento energético associado à uréia, monensina sódica ou ambas na recria de novilhas de sobreano mantidas em campo nativo (Pascoal et al., 2002). As novilhas que ao início do experimento, na média dos tratamentos, tinham 243,1 kg de peso vivo, realizaram ganhos de peso de 0,525 kg/cab/dia de 28/01 até 11/03; de 12/03 até 22/04 o ganho diário foi de 0,349 kg/cab/dia, sendo a redução devido ao declínio natural da qualidade da pastagem e não da quantidade, visto que a massa de forragem disponível no primeiro e segundo período foi 2.237 e 2.503 kg de matéria seca/ha, porém com menor taxa de acúmulo no segundo período (19,07 e 4,14 kg/ha/dia, respectivamente). No total do período (84 dias), o melhor desempenho foi observado nos animais recebendo monensina sódica e uréia associadas ao grão de aveia, não diferindo dos que receberam aveia e monensina, 0,539 e 488 kg/cab/dia, respectivamente. O tratamento aveia + monensina BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 54 apresentou menor custo por kg de peso produzido (0,43 R$/kg de peso vivo), representando 89,58% do custo do peso ganho pelos animais recebendo somente grão de aveia (Bernardes et al, 2002). Acasalamento da novilha aos 17-18 meses Uma alternativa para reduzir a idade do primeiro acasalamento para menos de dois anos e evitar os altos custos de recria para acasalar aos 14 meses é o acasalamento aos 18 meses, preferencialmente no outono. O acasalamento de outono exige ganhos de peso moderados e de maior intensidade no período final da recria. Além disso, animais que nascem no outono atingem os seis meses de idade em condições de verão e sua idade à puberdade é reduzida (Schillo et al, 1992). O acasalamento aos 18 meses é colocado como uma maneira para obter maiores índices de reprodutivos no segundo serviço aos 36 meses (Sampedro et al, 1995), neste sistema, a novilha receberá o primeiro serviço no outono e os subsequentes na primavera, desta forma, o primeiro intervalo parto concepção será alongado, e o seu segundo acasalamento será sem cria ao pé. Silva (2003) obteve uma taxa de prenhez aos 18 meses em novilhas Hereford de 52%. No segundo acasalamento, com 36 meses de idade o autor observou uma taxa de repetição de prenhez de 100% para as novilhas paridas aos 30 meses e de 84% para as paridas aos 36 meses de idade. Isto demonstra, uma alteração significativa na demanda nutricional dessa novilha por ocasião seu segundo período reprodutivo. A análise da idade ao primeiro acasalamento sobre os parâmetros produtividade e eficiência mostrou que o acasalamento aos 24 meses apresentou uma maior produtividade que o acasalamento aos 18 meses, decorrente de uma maior taxa de prenhez e também de um maior peso a desmama, produzindo então um maior número de quilogramas de terneiro desmamado por vaca exposta. Quando avaliada a eficiência das novilhas em seu primeiro acasalamento, também foi encontrada diferença significativa entre as idades, apesar do peso no início do acasalamento do grupo acasalado aos 24 meses ter sido maior. Em rebanhos em transição do sistema "dois anos" para sistema "um ano", o acasalamento aos 18 meses pode ser um passo intermediário (Barcellos, 2000; Semmelmann et al, 2001). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 55 Morrison et al. (1992) conduziram um experimento em que novilhas Angus e Angus x Hereford nascidas no outono ou na primavera foram acasaladas no outono ou na primavera para atingir o primeiro parto com 24 ou 30 meses de idade. Desconsiderando a estação de nascimento, as novilhas acasaladas para parir com 30 meses tiveram uma taxa de crescimento mais lenta após o desmame, mas foram mais altas e pesadas ao acasalamento e tiveram estado corporal semelhante às acasaladas para parir aos 24 meses. As novilhas nascidas no outono foram mais pesadas ao desmame, que ocorreu no verão, mas apresentaram menor taxa de ganho de peso pós-desmame e foram mais leves, mais baixas e tiveram pior condição corporal ao acasalamento que as nascidas na primavera e desmamadas no outono. A percentagem de novilhas nascidas na primavera que apresentou cio nos primeiros 21 dias do período reprodutivo foi maior para as acasaladas para parir aos 30 meses, no outono. Entretanto, ao final do período reprodutivo a percentagem de prenhez foi igual para ambas idades. O efeito da idade ao primeiro parto sobre características reprodutivas, desconsiderando-se a estação de nascimento da novilha, foi significativamente melhor para as novilhas acasaladas para parir seu primeiro terneiro aos 30 meses. O período de recria da novilha nascida na primavera para acasalamento aos 18 meses envolve um inverno como período crítico. Frente a necessidade de ganhos de peso moderados durante este período, Sampedro et al. (1995) sugerem o uso de pastagens nativas mais suplemento protéico durante este período desde que a pastagem tenha boa disponibilidade de massa de forragem, para isto pode-se recorrer ao diferimento. Foi avaliado o efeito de níveis de torta de algodão e peso de matéria seca de forragem disponível por animal no início do inverno sobre o desempenho de novilhas a serem acasala das no outono seguinte (Tabela 27). Os animais suplementados ganharam mais peso durante o inverno e os efeitos da suplementação refletiran-se também em maior ganho de peso durante o verão e maior peso ao acasalamento. Os animais não suplementados apresentaram um pequeno ganho compensatório no verão, mas não o suficiente para eliminar as vantagens da suplementação. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 56 Tabela 27. Pesos médios ao início do inverno, primavera e ao entoure (1 de fevereiro) segundo o manejo alimentar das novilhas no inverno prévio Oferta de MS Suplemento Kg MS/cab Kg/cab/dia 1000 2500 N° Peso vivo, kg Maio Ganho total, Setembro Entoure kg/cab 0,0 75 202 205 299 97 0,5 85 191 211 298 107 1,0 75 197 231 314 117 0,0 28 201 228 315 114 0,5 32 200 244 328 128 1,0 28 205 258 343 138 Fonte: Sampedro et al., 1995. Trabalhando exclusivamente com campo nativo, Montanholi et al. (2003) agruparam novilhas Hereford de 12-14 meses de idade em leves, médias e pesadas e manejaram a carga animal a fim de obterem pesos de acasalamento semelhantes aos 18 meses(Tabela 28). Tabela 28. Peso vivo, altura e relação peso altura para os grupos de peso a cada mês do período experimental. DATA 15/11/2002 12/12/2002 17/01/2003 21/02/2003 26/03/2003 23/04/2003 Grupo Peso vivo, kg PESADO 218,6 a 227,2 a 238,1 a 259,3 a 291,0 a 302,5 a MEDIO 207,4 b 209,4 b 232,3 b 254,3 a 282,4 b 300,2 a LEVE 191,4 c 197,1 c 227,4 b 246,0 b 281,0 b 297,9 a Grupo Altura (cm) PESADO 110 a 111 a 114 a 116 a 118 a 119 a MEDIO 108 b 108 b 112 b 114 b 116 b 117 b LEVE 107 b 108 b 110 c 112 c 115 b 116 b Grupo Relação peso:altura PESADO 1,98 a 2,04 a 2,09 a 2,23 a 2,46 a 2,54 a MEDIO 1,92 b 1,93 b 2,08 a 2,22 a 2,44 a 2,58 a LEVE 1,79 c 1,82 c 2,07 a 2,19 a 2,44 a 2,56 a a,b,c medias seguidas por letras diferentes diferem (P<0,05). Fonte: Montanholi et al, 2003. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 57 Os ganhos obtidos foram 0,665; 0,725 e 0,832 kg/cab/dia, respectivamente. O peso dos lotes no início do acasalamento foram semelhantes (P<0,05), e considerando o peso adulto do rebanho, foi adequado para um bom desempenho reprodutivo. Os animais que foram mais pesados (grupo pesado) ao início do experimeto também foram mais altos. Ao final, os tratamentos eliminaram as diferencas de peso vivo e relação peso:altura, porém as novilhas do grupo "pesadas" continuaram mais altas que as demais. Alternativas de alimentação para o acasalmento de novilhas Nelore aos 18 meses no Estado de São Paulo foram estudadas por Semmelmann et al. (2001). Os tratamentos consistiram em sistemas alimentares no período seco (05 a 10/96): Brachiaria brizantha cv. Marandu, Brachiaria brizantha cv. Marandu + suplemento líquido, milheto (Pennisetum americanum cv. (L.) Leeke) e Brachiaria brizantha cv. Marandu + Sal Proteinado. Maior peso vivo, ganho de peso diário e condição corporal foi verificado nos sistemas utilizando Brachiária + suplemento líquido e Milheto após o período da estação seca. Porém ao final do acasalamento, não foram detectadas diferenças em GDM durante o acasalamento, condição corporal e idade ao acasalamento entre os tratamentos. A taxa de prenhez média foi 20,6% e também não diferiu entre os tratamentos. As novilhas que vieram a ficar prenhes tiveram menor peso ao nascer e foram mais pesadas em todas as ocasiões, apresentaram maior GDM do nascimento ao acasalamento, tiveram maior idade de acasalamento e melhor condição corporal em todas as avaliações, e ao sobreano receberam melhor escore para conformação, precocidade e musculosidade. Estes resultados indicam que estes parâmetros são válidos como base de um processo de seleção de terneiras para melhor desempenho reprodutivo. Um aspecto importante no sistema de acasalamneto aos 18 meses, é que estação reprodutiva, em geral nos meses de abril e maio, coincide com o período onde as espécies forrageiras de ciclo estival estão no estádio final do seu ciclo reprodutivo. Com isto ocorre uma perda da qualidade nutricional. Além disto, alteração climáticas, representadas por pluviosidade e baixas temperaturas, configuram uma condição ambiental que associada à alimentação pode limitar o crescimento da novilha. Diskin et al. (2003) demonstraram que a interrupção (leve perda de peso) no crescimento em novilhas cruzas Angus x Hereford, em 22 dias já conduziu ao anestro. Esta, certamente tem sido a causa de baixas taxas de prenhez que vem sendo obtidas nos sistemas de produção com acasalamentoaos 18 meses. Portanto, garantir a continuidade do crescimento no período reprodutivo será essencial para uma boa BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 58 prenhez (Silva, 2003), especialmente quando as novilhas iniciam o acasalamento com peso limite. Acasalamento da novilha aos 14-15 meses A redução das idades de acasalamento e de abate têm um princípio básico: o aumento da eficiência biológica pela redução do gasto com alimentação de manutenção das categorias em recria. Neste aspecto, o acasalamento aos 14-15 meses é o ponto máximo onde a pecuária de corte comercial se encontra, porém a eficiência biológica pode não estar associada à eficiência econômica em função do custo do nível nutricional superior necessário nos sitemas mais intensivos. Na pecuária de corte intensiva , com acasalamento aos 14-15 meses de idade, os ganhos de peso realizados nos 100 dias pós-desmame podem determinar o sucesso ou fracasso deste sistema (Pötter et al, 1998). Em simulação, os autores supracitados verificaram proporções de 9,99% de vacas primíparas de três anos no sistema de acasalmento aos dois anos, enquanto no sistema com um ano ao acasalmento, a proporção de primíparas foi de 10,96% com dois anos de idade, isto pode reduzir o peso médio do rebanho, pois segundo Laster et al (1979), novilhas filhas de vacas com 5 anos ou mais foram 11 kg (P<0,01) mais pesadas ao desmame e 9 kg (P<0,01) aos 400 dias em relação às filhas de vacas com 4 anos, portanto a proporção de novilhas que ingressam na categoria de ventres a cada ano em um rebanho pode vir a interferir nos pesos ao desmame e na idade à puberdade das produções seguintes por um decréscimo na idade média das vacas em reprodução. Conforme Beretta et al. (2001), o menor peso à desmama dos bezerros filhos de vacas primíparas aos dois anos é a causa do menor impacto produtivo da redução da idade ao primeiro acasalamento de dois para um ano que reduzir esta idade de três para dois anos. Durante o outono e inverno os animais mantidos exclusivamente em pastejo sofrem reduções no desempenho podendo ocorrer perda de peso, que são situações intoleráveis no sistema “1 ano”. O período crítico situa -se no final do ciclo das espécies de estação quente e durante a implantação e estabelecimento das pastagens de estação fria. O campo nativo mesmo com boa disponibilidade possui valor nutritivo em declínio (Tabela 29). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 59 Tabela 29. Disponibilidade (kg de MS/ha), Proteína Bruta (PB), digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) do campo nativo nos meses de Abril a Julho. Mês Abril Maio Junho Julho Disp. 2000 1867 1952 1861 Vaz, 1998 PB (%) DIVMO (%) 5,4 40,1 5,7 26,9 5,2 22,9 4,9 23,1 Disp. 1918 2003 1849 2267 Alves Filho, 1995 PB (%) DIVMO (%) 5,5 28,19 5,4 22,26 4,9 21,49 4,7 21,43 Nesta ocasião o uso de suplementação é uma decisão adequada, tendo como base o campo nativo com boa disponibilidade (entre 1500 e 2000 kg MS/ha). O fato da disponibilidade de subprodutos pela integração lavoura-pecuária ser freqüente em estabelecimentos que adotam o sistema “1 ano”, torna esta prática viável. No sistema “1 ano”, é difícil que as forrageiras de estação fria não participem do plano de alimentação do rebanho durante o inverno/primavera, entretanto a sua forma de utilização pode ser variável. Ganhos de pesos diários de 0,679 kg até pouco mais de 1,1 kg por animal são possíveis usando-se uma variedade de espécies e pastejo controlado como ferramenta de manejo (Lesama & Moojen, 1999; Roso & Restle, 2000). Rocha & Lobato (2002a) avaliaram o desempenho de novilhas dos grupos genéticos Hereford; 3/4 Hereford-1/4 Nelore e 5/8 Hereford-3/8 Nelore em diferentes sistemas de alimentação no outono/inverno pós-desmama, durante 88 dias. Posteriormente, as novilhas foram mantidas em pastagem melhorada (azevém, trevo branco e cornichão), até o final do acasalamento aos 14-15 meses de idade. Os sistemas de alimentação utilizados foram pastejo contínuo em pastagem cultivada de azevém, pastejo contínuo em pastagem nativa com suplementação energético-protéica e confinamento a céu aberto, recebendo silagem de sorgo + nitrogênio não-protéico (uréia + sulfato de amônio). Os tratamentos não diferiram para as características peso vivo e ganho de peso. Entretanto a condição corporal ao final dos 88 dias de alimentação foi maior para os animais em confinamento. No período seguinte, as novilhas inicialmente mantidas exclusivamente em pastagem ganharam mais peso e foram mais pesadas e tiveram maior estado corporal, esta superioridade manteve-se até o final do acasalamento, os demais grupos não diferiram entre si (Tabela 30). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 60 Tabela 30. Ganho diário médio de peso (GDM), médias de peso vivo (PV) e condição corporal (CC) de novilhas conforme sistemas alimentares no primeiro inverno pósdesmama e até o final do acasalamento Sistema de alimentação Parâmetro Pastagem Suplementação Confinamento Média Tratamentos (0-88 dias) PV final, kg 189,52a 192,84a 191,38a 191,25 GDM, kg/cab/dia 0,390a 0,429a 0,412a 0,410 3,2b 3,2b 3,3a 3,2 CC final Pós-tratamentos – início do acasalamento (88-160 dias) PV final, kg 247,41a 235,42b 234,83b 239,78 GDM, kg/cab/dia 0,802a 0,589b 0,604b 0,674 3,6a 3,4c 3,5b 3,5 CC final Durante acasalamento PV final, kg 283,21a 273,61b 275,55b 277,45 GDM, kg/cab/dia 0,456c 0,496b 0,529a 0,496 CC final 3,81a 3,68b 3,74b 3,74 a,b,c Valores seguidos por letras distintas na mesma linha diferem (P<0,05). Fonte: Rocha & Lobato, 2002a. O desempenho reprodutivo das novilhas foi avaliado (Rocha & Lobato, 2002b). Os diferentes sistemas de alimentação pós-desmame resultaram em taxas de prenhez, parição e desmama semelhantes (Tabela 31). Analisando todas as novilhas, independente do sistema de alimentação, verificou-se que as novilhas que vieram a ficar prenhes sempre foram mais pesadas e tiveram melhor condição corporal do desmame até o final do acasalamento e foram mais velhas ao início do acasalamento (413,5 vs. 407,8 dias; P<0,05). O ganho diário médio também foi maior para as novilhas que conceberam, exceto durante o acasalamento, onde não houve diferença. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 61 Tabela 30. Efeito dos sistemas alimentares no outono/inverno pós-desmama sobre o percentual de prenhez, parição e desmama em novilhas acasaladas aos 14-15 meses Parâmetro Sistema de alimentação Média Pastagem Suplementação Confinamento Prenhez, % 61,54 64,70 52,63 59,39 Parição, % 50,35 57,14 48,12 51,78 Desmama, % 42,66 51,26 37,59 43,54 P>0,05. Fonte: Rocha & Lobato, 2002b. Beretta & Lobato (1998) também não encontraram efeito de sistema de alimentação durante o inverno sobre o comportamento reprodutivo de novilhas das raças Hereford e Aberdeen Angus. Foram testados a utilização de pastagem natural melhorada com azevém e cornichão cv. São Gabriel; suplementação energético-protéica em campo nativo e confinamento a céu aberto com alimentação à base de feno de pastagem natural melhorada e concentrado. As novilhas chegaram ao início do período de inseminação com os diferentes pesos de 230,3; 215,1 e 216,1 kg e condição corporal semelhante de 3,01; 2,54 e 2,54 pontos (escala de 1-5) para os tratamentos pastagem, suplementação e confinamento, respectivamente. A proporção de novilhas ciclando que foi 27, 24 e 24%, na mesma ordem anterior, não diferiu entre os sistemas de alimentação, concordando mais com o comportamento do parâmetro condição corporal que com o parâmetro peso vivo ao início do período de inseminação em 07 de dezembro. O efeito de níveis de suplementação energética em pastagem cultivada de aveia preta mais azevém no crescimento de novilhas Charolês e suas cruzas com Nelore foram avaliados por Frizzo et al. (2003). Foram utilizados níveis de 0; 0,7 e 1,4 % do peso vivo/dia de farelo de arroz integral e polpa cítrica na proporção de 1:1. O manejo da pastagem visou obter massa de forragem de 1500 kg/ha de matéria seca, por meio do pastejo contínuo com lotação variável. O período de pastejo foi de 124 dias. As novilhas suplementadas realizaram maior ganho de peso, tiveram melhor estado corporal e maior manifestação de cios. Além disso a suplementação proporcionou maior carga animal, e consequentemente, maior ganho de peso vivo/ha. Os parâmetros peso vivo inicial e final, área pélvica e altura de garupa não variaram entre os tratamentos. Durante o período experimental as novilhas ganharam em média 115 kg e aumentaram 9,9 cm de altura de garupa (Tabela 32). BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 62 Tabela 32. Efeito de níveis de suplemento sobre crescimento e puberdade de novilhas mantidas em pastagem de aveia mais azevém. Parâmetro Nível de suplemento , %PV Sem suplemento 0,7 1,4 GDM, kg/dia** 0,716b 0,901a 0,844ab Peso inicial, kg 168 203 205 Peso final, kg 267 331 323 Área pélvica, cm2 81,9 101,9 86,3 Altura inicial, cm 99,6 104,6 105,2 Altura final, cm 110,2 115,2 113,6 Idade, dias 280 257 254 Peso, kg 270 261 251 CC (0-5)** 3,6b 3,9a 3,9a Cio, %* 9,1b 68,7a 70,6a Puberdade * Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste do Qui-quadrado (X2). ** Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste “t”. Fonte: Frizzo et al. (2003) Os coeficientes de correlação de 0,97; 0,98 e 0,98 entre peso e % de cios; idade ao primeiro cio e % de cios e peso e idade ao primeiro cio, respectivamente, revelam que as novilhas que apresentaram maior percentagens de cios durante o primeiro período de acasalamento foram as mais velhas e mais pesadas, concordando com resultados verificados por Azambuja (2003). Na Tabela acima é salientada a importância do escore de condição corporal como ferramenta de manejo, pois constitui-se numa medida instantânea que não necessita da contenção do animal ou equipamentos especiais, porém está intimamente relacionado com a quantidade de reserva corporal e desempenho reprodutivo. Neste aspecto, a alimentação com silagens durante o inverno, além de possibilitar oferta constante e manipulável, confere maior condição corporal ao início do acasalamento que a pastagem como fonte de volumoso (Rocha & Lobato, 2002a; Azambuja, 2003). Contudo, nesses experimentos, sempre a taxa de prenhez foram relativamente baixas, limitadas especialmente pelos baixos pesos ao início do acasalamento. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 63 Os efeitos positivos da alimentação diferenciada no período do inverno sobre o desenvolvimento das novilhas pode ser prejudicado se no período subsequente não for oferecido um bom nível nutricional. Novilhas mantidas em campo nativo dos 12 aos 14 meses perderam peso e condição corporal após um período de bom desenvolvimento dos 8 aos 12 meses (Pilau et al., 2002) (Tabela 33). Tabela 33. Ganho médio diário, peso vivo e condição corporal de novilhas sob diferentes sistemas de alimentação em pastagem de aveia + azevém (8-12 meses de idade) e em campo nativo sob único lote (12-14 meses de idade) Tratamento Ganho Diário Médio Peso Vivo Condição Corporal 8-12 12-14 12 meses 14 meses 12 meses 14 meses Kg/dia Kg/dia kg kg 1-5 1-5 DFA 0,603 b - 0,085 238 b 234 b 3,2 b 3,0 bc DFB 0,522 b - 0,027 230 b 229 b 3,1 b 2,9 c DFBS 0,772 a - 0,168 276 a 268 a 3,6 a 3,2 a DFAS 0,802 a - 0,202 271 a 270 a 3,5 a 3,1 ab Média 0,675 A - 0,115 B 254 250 3,4 A 3,0 B Letras, AB, distintas para cada variável na linha (P<0,05) Letras, ab, distintas na coluna (P<0,05) DFA- disponibilidade de forragem alta (1500 kg/ha de MS) DFB- disponibilidade de forragem baixa (1200 kg/ha de MS) DFBS- disponibilidade de forragem baixa (1200 kg/ha de MS) + suplementação DFAS- disponibilidade de forragem alta (1500 kg/ha de MS) + suplementação Fonte: Pilau et al, 2002. A perda de peso neste período deve ser evitada quando o objetivo for o acsalamento aos 14-15 meses, pois o uso das reservas corporais (perda de condição corporal) aumenta a concentração de ácidos graxos não esterificados circulantes, que têm efeito depressivo no comportamento reprodutivo. Para obter ganho de peso durante o período de acasalamento, Vaz (1998) avaliou o efeito de níveis de suplementação energético-protéica sobre o desempenho de novilhas Charolês, Nelore e suas cruzas mantidas em pastejo contínuo em campo nativo. Os níveis de 0,0; 0,35 e 0,70% do peso vivo tiveram efeito linear positivo sobre o ganho de peso e estado corporal no período de acasalamento. O ganho de peso diário médio e condição corporal final foram respectivamente 0,432; 0,510 e 0,727 kg e 3,04; 3,39 e 3,52 pontos. O tratamento com maior nível de suplemento resultou em maior percentagem BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 64 de parição (67,5%) que os demais (26,3 e 35% para os níveis 0,35 e 0,0%). Além de maior percentagem de cios, a suplementação propiciou um maior concentração de cios na primeira metade do acasalamento, sendo 66,7 e 64,5% dos cios nos níveis de 0,35 e 0,7% PV, e 50% nos animais sem suplementação (P<0,05). Em condições experimetais semelhantes, os níveis de 0,0; 0,35; 0,70 e 1,05% do peso vivo também tiveram efeito linear positivo sobre o ganho de peso durante o acasalamento, porém a suplementação não teve efeito sobre a manifestação de cios (22,2; 16,7; 16,7 e 33,3%, respectivamente) (Costa et al, 2003). Numa análise econômica, Pötter & Lobato (1998) compararam os índices produtivos de rebanhos com diferentes idades ao acasalamento. O sistema 1 ano produziu maior margem bruta. Dentro das alternativas de alimentação no sistema 1 ano, a que usou forragem conservada apresentou menor margem, em função do custo da alimentação e gastos oparacionais, porém com maior segurança quanto a fatores climáticos. No sistema 1 ano, a produção de kg/ha foi maior, mas existe um componente de custo representado pela inclusão de suplemento, que tem o forte impacto do preço dos grãos, causando pequena vantagem econômica ao sistema dois anos. Nos sitemas 1 ano com alimentação baseada em pastagens (PAST) e campo nativo suplementado (CNR), o sistema torna-se vulnerável a qualquer variável de natureza ambiental (Tabela 34). Tabela 34. Resultados comparativos sistema 1 ano x 2 anos (1998). Sistemas Receita Bruta Custos Variáveis Margem Bruta R$/ha/ano PAST 167,29 72,61 94,68 CNR 176,36 71,75 104,61 SIL 176,36 85,50 90,86 Dois anos 160,51 61,22 99,29 Tradicional 77,71 45,00 32,71 Um ano Fonte: Pötter & Lobato, 1998. BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C.; SILVA, M. D. et al. Crescimento de fêmeas bovinas de corte aplicado aos sistemas de cria. Porto Alegre : Departamento de Zootecnia - UFRGS, 2003. 72 p. (Sistemas de Produção em Bovinos de Corte. Publicação Ocasional, 1) Sistemas de Produção em Bovinos de Corte – UFRGS 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, R.E., MERKEL, R.A., YOUNG, R. B. Cellular aspects of muscle growth: Myogenic cell proliferation. J. Anim. Sci., Champaing, v.49, p.115-127, 1979. ALVES FILHO, D.C. Evolução do peso e desempenho anual de um rebanho de cria, constituído por fêmeas de diferentes grupos genéticos. Santa Maria-RS, UFSM, 1995. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Curso de Pós- graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 1995. ARIJE, G.E., WILTBANK, J.N. Age and weight at puberty in hereford heifers. J. Anim. Sci. Champaign, v.33, n.2, p.401-406, 1971. AZAMBUJA, P.S. Sistemas de recria de terneiras para acasalamento aos 14/15 meses de idade. 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