civilizado
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HISTÓRIA O Ligier civilizado Texto e fotos: Thierry Lesparre O Ligier JS2 é a imagem de Guy Ligier, podemos amá-lo ou não, mas não pode ser ignorado. 62 | www.toposeclassicos.pt | Fevereiro 2014 HISTÓRIA N ascido 12 de Julho de 1930 em Vichy, o jovem Guy Ligier começou a trabalhar com a idade de 14 anos como aprendiz de talhante. Atleta bem sucedido destacou-se em todas as disciplinas que praticou, desde o remo até ao rugby. Em 1957, arruma os ténis, para começar com algum sucesso nas corridas de motos e conseguirá mesmo dois títulos de campeão da França na sua Norton 500cc. Preparando-se para o futuro investe os ganhos da competição na compra da sua primeira pá mecânica que marcará o arranque da empresa de trabalhos públicos Ligier. Em 1960 tenta o automobilismo ao volante de um Fórmula Júnior Elva. Uma empresa em crescimento e problemas frequentes no Elva, levam Guy Ligier a dar um passo atrás na competição. Mas o intervalo será curto, na verdade, vai retomar as corridas esporadicamente nos ralis - no Tour de Corse em 63 e 24 Horas de Le Mans em 64. No ano seguinte, junta-se à equipa “Ford France” e esta é uma oportunidade para o condutor de Vichy revelar abertamente as suas características de condutor versátil. Mas para Guy Ligier a Fórmula 1 é o seu objectivo e é aos 36 anos, com a ajuda da BP, que participará no seu primeiro Grande Prémio. Entre 1966 e 1967, Guy vai correr um total de doze Grandes Prémios dirigindo um Cooper T81 com motor Maserati e depois com um Brabham BT20. No ano seguinte, funda com José Behra a “Écurie Inter Sport BP” que alinha dois McLaren M4 A, um para ele e outro para o seu amigo Jo Schlesser. No mesmo ano, a Honda entrega a Jo Schlesser o volante de um dos seus F1 RA302 no GP de França. Jo vê nisso a sua oportunidade de correr o seu primeiro Grande Prémio. Infelizmente, ele só fará 3 voltas do Circuito de Rouen Essarts antes que o carro japonês se vire e arda. Muito afetado pela morte trágica de seu amigo Guy Ligier pensa em deixar a competição, mas a paixão continua a ser muito forte. É altura de realizar o sonho antigo que dividia com Jo Schlesser, construir o seu próprio carro. Ele tem uma idéia muito clara do que quer. Não deve ser muito grande, tem de ter uma boa visibilidade para a frente, sem saliências, um motor potente e boa tração. No entanto, deve ser habitável, com portas e acessos suficientemente grandes para garantir uma fácil acessibilidade, a adequada para o uso diário - o objetivo era a possibilidade da sua comercialização. A concepção do carro é confiada a Michel Tetu, um jovem engenheiro que começou na CD, enquanto a carroçaria é projetado por Pietro Frua, o famoso fabricante de carroçarias de Turim. O JS1 (nomeado a partir das iniciais de seu amigo que desaparecera cedo demais) fez sua primeira aparição pública no Salão Automóvel de Paris em 1969. Dificilmente adaptável à produção em pequenas séries, o Ligier JS1 dá lugar a uma versão mais civilizada, o JS2 cujo protótipo é apresentado no Salão de Paris, em Outubro de 1970. O desenho da carroçaria vem das oficinas Abrest, perto de Vichy e é novamente assinado por Pietro Frua. O JS2 inicialmente é equipado com um Ford V6 2600cc de injeção de 165CV, no entanto, no aspecto da motorização nada estava ainda decidido, corriam boatos de que o modelo base poderia ser equipado com um V6 Maserati. Em ambos os casos, o JS2 vinha equipado com uma caixa de cinco velocidades sincronizadas SM. O Fevereiro 2014 | www.toposeclassicos.pt | 63 HISTÓRIA preço de venda do novo Ligier rondava os 59 mil francos, embora nenhuma data ainda tivesse sido anunciada para a comercialização. Entretanto, o anúncio pela Ford de que iria desenvolver o seu próprio Grande Turismo, o GT70, e a decisão de não fornecer o seu motor ao fabricante de Vichy, leva Guy Ligier a voltar-se agora, logicamente, para a Citroën, que já fornece a caixa de velocidades e poderia fornecer o motor Maserati, a marca italiana fazia parte do mundo Citroën. Michel Tetu é obrigado a reformular o eixo traseiro do JS2 para ser capaz de acolher o V6 italiano na sua versão de 2670cc. Enquanto isto, Guy Ligier, que não estava satisfeito com o projeto de Pietro Frua, confia a carroçaria a Pichon-Parat para alguns retoques. O primeiro JS2 com motor Maserati será apresentado ao público no Salão Automóvel de Paris, em Outubro de 1971. O preço é agora de 74 mil francos, ou seja 15.800 mais do que o SM. Em Fevereiro de 73, o Ligier JS2 adota o motor V6 da Merak. A cilindrada passa de 2670cc para os 2965cc, o que resulta num ganho de potência de 25CV em relação à versão anterior e, ao mesmo tempo dá-se mais um aumento de preço, que passa agora para os 74.500 Francos. Em Abril de 1974 a parceria com a Citroën reforça-se. Guy Ligier passa a poder contar com a rede Citroën para distribuir e oferecer um serviço pós-venda para os seus carros. No entanto, após o primeiro choque petrolífero o ambiente económico não é o mais favorável para a comercialização de carros desportivos. Enquanto a Citroën entrega a produção dos últimos SM à Ligier, a fabricação dos JS2 parou praticamente. Esta interrupção forçada foi aproveitado por Guy Ligier para reformular radicalmente o carro. A evolução final do JS2, facilmente reconhecivel pelos seus faróis retráteis e as suas jantes de 5 porcas, é apresentado no Salão Automóvel de Genebra, em 1975. O preço de venda é fixado nos 80 mil francos. Apenas sete Ligier JS2 da última geração serão montados, mas Guy Ligier já tem sua cabeça num outro projecto e acaba por fechar definitivamente a página do JS2 para se dedicar inteiramente a um novo desafio, a Fórmula 1.< 64 | www.toposeclassicos.pt | Fevereiro 2014 HISTÓRIA Fevereiro 2014 | www.toposeclassicos.pt | 65