Revista Ambiente Legal Junho/2012
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Revista Ambiente Legal Junho/2012
Nº 7 junho 2012 Serviços em Meio Ambiente, Direito, Consultoria e Transporte Atuamos nos ramos de Consultoria em Meio Ambiente, Licenciamento, Gestão e Monitoramento Ambiental de empreendimentos modificadores do ambiente, Auditoria Ambiental, Reabilitação de Áreas Degradadas, Transporte e Destinação Final de Resíduos Sólidos em geral, além de participação e fomento a Organizações não-governamentais (ONG`s). www.pepecambiental.com.br E d i t o r i a l Voltamos! Depois de um período sabático, voltamos. Cheios de energia e para fazer a diferença. Victor Agostinho Nosso objetivo é continuar como referência no jornalismo ambiental e refletir, sempre com visão crítica, o que existe de mais contemporâneo na construção de uma sociedade sustentável, de maneira a estimular as boas discussões e seus protagonistas. Temos a pretensão de acertar. Acertar no assunto, no enfoque e no tom, tendo como premissas a verdade factual e a independência de abordagem, como deve acontecer com as publicações comprometidas com seus leitores. Fizemos algumas mudanças neste nosso retorno. A periodicidade agora é mensal. Assim, poderemos abordar, num menor espaço de tempo, mais temas que interessam aos que nos acompanham. Outra modificação é a tiragem, que, de 12 mil exemplares, passou agora para 15 mil revistas. Nesta edição, contamos com a ajuda incansável de uma equipe que, além de não medir esforços para fazer jornalismo de primeira linha, trouxe enfoques novos para assuntos que estão à vista de todos. Foi assim quando pegamos um helicóptero para fotografar, com exclusividade para os leitores de Ambiente Legal, os aterros clandestinos de resíduos sólidos da Região Metropolitana de São Paulo, ou quando procuramos o consultor Willliam Dent, um dos idealizadores do Sebrae, para entender como pequenas empresas e produtores rurais podem oferecer produtos com qualidade e obter lucro com isso. Outro destaque desta edição é a entrevista com Thomas Bauer, professor da Universidade de Viena, que propõe um novo paradigma, a sustentabilidade cultural. Boa leitura e até a próxima edição! Victor Agostinho Editor-chefe Quem fez esta Ambiente Legal Danielle Denny Fernanda Médici Diogo Colognesi Nei Santi Jr. João Magalhães Luca Camargo Antônio Carlos Lago 3 R ev i s t a A m b i en t e Le g a l REVISTA Índice ISSN - 1809-8835 Revista Ambiente Legal Nº 7 / junho de 2012 Capa: Luciana Teixeira de Camargo 3 5 Editorial Páginas Verdes “Acabar com a sacola plástica é uma péssima idéia” Entrevistado: Celso Russomano 10 O que esperar da Rio+20 13 Ouvi Dizer 16 Porto da Discórdia 18 Singelo, mais irreversível 20 Terra de ninguém 22 Levar pra onde? 24 Sustentabilidade empresarial independe do porte da organização 25 Oportunidade histórica 28 Dignidade reciclada 30 Crítica de um espectador engajado a um péssimo espetáculo 32 E o consumidor pagou a conta 34 Sustentabilidade cultural, não apenas a ambiental, é o novo paradigma 36 Francamente A disposição de solos e resíduos da construção civil e a lacuna da legislação paulista 4 Revi st a Ambie n te Le ga l A Revista Ambiente Legal é uma publicação mensal, de circulação nacional e distribuição dirigida e por assinatura editada pela AICA - Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental. Expediente AMBIENTE LEGAL: Rua Jaspe, 80 – Aclimação – São Paulo CEP 01531-060 – São Paulo - SP Tel./Fax: (5511) 3384-1220 DIRETOR PRESIDENTE: Antonio Fernando Pinheiro Pedro DIRETOR COMERCIAL: Horácio Peralta EDITOR-CHEFE: Victor Agostinho CONSELHO EDITORIAL: Antonio Fernando Pinheiro Pedro, Armando Pedro, Horácio Peralta, Luciane Helena Vieira e Victor Agostinho PROJETO GRÁFICO: João Magalhães / jotac.com.br REPORTAGEM E FOTOGRAFIA: Danielle Denny, Fernanda Médici e Nei Santi Júnior COLABORADORES: Antonio Carlos Lago EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Jotac.com.br IMPRESSÃO GRÁFICA: Garilli TIRAGEM: 15.000 exemplares CONTATE A REVISTA AMBIENTE LEGAL: Correspondência: Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas - cartas e e-mails devem conter o nome completo, telefone e endereço do remetente. Por razões de espaço ou falta de clareza, as mensagens poderão ser publicadas de forma resumida. 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Ninguém está autorizado a reproduzir textos e fotos ou solicitar produtos e serviços para reportagens da revista Ambiente Legal, exceto com autorização da AICA. “Acabar com a sacola plástica é uma péssima idéia” velou uma mudança na percepção da população, que passou a enxergar no acordo entre a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e o Governo do Estado de São Paulo, que obrigou os supermercados a suspenderem a distribuição dessas embalagens, uma desvantagem para o consumidor, ganhos econômicos para os supermercados e nenhuma vantagem ambiental. Russomano começou sua carreira como apresentador de televisão em um programa de variedades, até o dia em que se deparou com sua mulher internada em um hospital, vítima de negligência médica. Depois da morte da mulher, usou o espaço que dispunha na televisão e sua formação em Direito para informar a população sobre os direitos do consumidor. Seu programa, com viés popular, foi um sucesso imediato, especialmente na classe "c", carente de um defensor. Do programa televisivo à Câmara Federal foi um pulo. No último dia 22 de maio, já como pré-candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Russomano decidiu lançar o movimento "#VoltaSacolinha". A Campanha quer o retorno das sacolas plásticas aos supermercados da cidade, que foram extintas em abril sob o pretexto de proteção ambiental. Na mesma semana que o ex-deputado lançou sua campanha, o jornal "Folha de S.Paulo" publicou pesquisa de opinião apontando que 69% dos paulistanos entrevistados em supermercados acreditam que os estabelecimentos deveriam voltar a distribuir gratuitamente as sacolas plásticas para o transporte de suas mercadorias. A pesquisa re- A pesquisa apontou ainda que 43% dos entrevistados acreditam que o principal motivo para o fim das sacolinhas foi o interesse econômico dos supermercadistas e outros 35% acreditam que foi por imposição das autoridades. Apenas para 22% o acordo teve como objetivo a preocupação com o meio ambiente. Em relação ao maior beneficiado com o fim das sacolas, a grande maioria, 64%, afirmou que supermercados são os que mais ganharam com a medida. Somente um terço apontou que o meio ambiente foi beneficiado. Para turbinar seu movimento, Russomano colocou um site (www.voltasacolinha.com.br) na rede contendo a petição pública a ser encaminhada ao Ministério Público Estadual e ao Procon-SP. seu objetivo é arregimentar o maior número de assinaturas possíveis em favor da volta da embalagem plástica. A campanha também está sendo divulgada nas redes sociais sob a hashtag #VoltaSacolinha. Até o fechamento desta edição, 3.371 pessoas já tinham assinado o manifesto. Leia a seguir trechos de entrevista concedida pelo ex-parlamentar ao diretor da Ambiente Legal, Fernando Pinheiro Pedro, sobre a prestação Fotos: TV Ambiente Legal P á g i n a s Ve r d e s D ifícil encontrar no Brasil alguém tão identificado com a defesa do consumidor do que o jornalista, advogado e ex-deputado federal Celso Russomano. Além de ser referência no tema, Russomano tem o mérito de ajudar a disseminar por toda a America Latina o Código de Defesa do Consumidor, na verdade um exercício diário de cidadania. 5 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l do chassi de caminhão foi fei“No episódio da sacolinha, os to para carregar vereadores foram induzidos ao carga e gado. Ele tem mola para erro, e eu já vi muito disso no levar esses produCongresso Nacional” tos. Uma pessoa Ambiente indo para casa e Legal – Como o voltando todos senhor avalia o os dias em um dificuldade de entender que o setor público como prestador de ônibus desse tipo vai ter proCódigo de Defesa do Consuserviços ao consumidor? blema de rim ou de coluna. O midor abrange o setor público. problema é de saúde. Como se O poder público exige da iniCelso Russomano - É péssimo. não bastasse isso, fomos pesquiciativa privada tudo. Exige da A qualidade da prestação de sersar e encontramos 65% dos ôniiniciativa privada acessibilidade viço público é a pior que tem, bus de São Paulo montados em para as pessoas com deficiência, e a gente fez questão, quando cima de chassis de caminhão e o exige qualidade na prestação construiu o Código de Defesa resto, monobloco. O monoblode serviço e exige qualidade no do Consumidor, de deixar bem co tem mais condição. Ele tem fornecimento do produtor, mas claro que os serviços públicos suspensão. A sociedade toda não cumpre nada disso. Não dá estão enquadrados na legislapaga a conta por meio do SUS acessibilidade e o serviço é de ção. Tanto que está no artigo ou da previdência, quando essas péssima qualidade. terceiro, que estabelece que pessoas ficam fora do mercado fornecedor é toda pessoa física de trabalho porque tem probleAmbiente Legal - Falta o ou jurídica, pública ou privada, ma de rim ou de coluna. quê, planejamento? nacional ou estrangeira, que desenvolva qualquer tipo de presAmbiente Legal – O senhor Celso Russomano - Falta planetação de serviço. Também conscompara o transporte público jar, com certeza absoluta. A méta no artigo 22 que os serviços brasileiro ao de gado? de serviço oferecida pelo setor público e, naturalmente, sobre a sacolinha descartável. públicos por si, como saúde, educação ou segurança pública, prestados por empresas, concessionárias ou permissionárias, são obrigados a prestar serviços adequados, eficientes e seguros. Isto está no texto do Código de Defesa do Consumidor, mas ainda a sociedade como um todo, incluindo o serviço público de uma maneira geral, tem muita 6 Revi st a Am bie n te Le ga l dia de velocidade do transporte coletivo do ônibus em São Paulo é de 11 km a 13 km por hora. O cidadão não tem transporte coletivo e faltam corredores que precisam ser construídos, mas, o pior não é isso, o pior é a qualidade do transporte coletivo. Os ônibus são montados em cima de chassis de caminhão. Qual a diferença? O montado em cima Celso Russomano - Exatamente. Em um país tropical, você não pode ter esse tipo de transporte sem ar-condicionado. Como se não bastasse isso, nos horários de picos eles diminuem a quantidade de ônibus. Deveria aumentar nos horários de pico a quantidade. As pessoas não podem ser transportadas em um ônibus como se estives- sem numa latinha de sardinha. Por isso, a população não deixa de usar seu carro para optar pelo transporte coletivo. Por outro lado, a tarifa de táxi é extremamente cara. Temos que reduzir a tarifa para que as pessoas comecem a andar de táxi, como acontece em Nova York, por exemplo, onde você levanta a mão e param três táxis ao seu lado. Lá a tarifa é barata. Temos que tirar o imposto, o ICMS, da parte da prefeitura em cima da gasolina do táxi. Um táxi transporta em média 70 pessoas por dia. P á g i n a s Ve r d e s Ambiente Legal – Qual sua opinião sobre inspeção veicular? Celso Russomano - Sou favorável à inspeção, não sou favorável à cobrança da inspeção, porque a gente já está pagando o IPVA. Então, acho que a inspeção veicular é saudável para todos nós. Por isso que ela existe. O triste da inspeção veicular é o seguinte: primeiro a cobrança da taxa, e, em segundo lugar, a corrupção em cima dela, porque muita gente estava aprovando seu veículo sem levar o carro até a vistoria. Isso é gravíssimo. Ambiente Legal – E muita gente sendo obrigada e repetir uma vistoria por nada. meio ambiente. Eu acho assim: a inspeção veicular, se não for cobrada, acaba a corrupção. Ela já está embutida no IPVA, e a parte do IPVA que cabe ao município, a prefeitura vai receber. Agora, quando você começa a cobrar, você começa inserir um contexto no meio, que é a corrupção. Ambiente Legal – Como o senhor avalia o fim da sacolinha de plástico em São Paulo? Não é, na verdade, um grande dano ao consumidor? Celso Russomano - Dano ao consumidor existe com certeza absoluta. A sacola está sendo cobrada. Um supermercado médio gastava por ano R$ 50 mil com as sacolinhas. Cobravam isso inserido no preço do alimento. Agora eles tiram do mercado a sacolinha e fica o quê? Fica nada. Alguém viu algum supermercado que baixou o preço porque ele tirou as sacolinhas dos caixas? Ou algum supermercado que está doando esse dinheiro para alguma entidade de caridade? Ou algum supermercado está doando dinheiro para o meio ambiente? Ambiente Legal – E a contaminação dos alimentos? Celso Russomano - É escorrer um pouquinho do líquido da carne ou do queijo, dos produtos in natura de uma maneira geral, e vamos ter aí uma quantidade imensa de bactérias contaminando produtos que posteriormente vamos consumir. É uma péssima idéia. Os vereadores foram induzidos ao erro e eu já vi muito disso no Congresso Nacional. Ambiente Legal – A indústria brasileira não consegue atender a demanda... Celso Russomano - Não tem sacola plástica e a gente vai ter que embalar o lixo com alguma coisa. Tomei o cuidado de andar nos bairros nobres de São Paulo filmando o lixo das pessoas que tem dinheiro, nos Jardins e no Morumbi, para saber se as pessoas usavam o saco de lixo ou se as pessoas usavam a sacolinha plástica. E pasme, 90% usavam a sacolinha plástica para embalar o lixo. Quanto ao fato de reciclar, estou dizendo o seguinte: muito antes de você usar essa sacola ou ela se destruir no meio ambiente, você está reutilizando ela. Então, é uma forma de reciclagem, porque reciclagem é você pegar o produto servido e transformá-lo em produto servido. O pior disso é o tiro no pé que os supermercadistas deram. Ambiente Legal – O que fazer agora? Celso Russomano - E as pessoCelso Russomano - Estou faas repetindo a vistoria. Aquelas zendo um movimento pela inque levam, repetindo a vistoria. ternet para ver se a gente começa E, aquelas que não levam, ficam a mudar esse quadro e fazer com andando com o que os supermercarro totalmencados voltem a te desregulado, respeitar o direito “Sou favorável à inspeção, cheio de probledo consumidor. mas, sem fazer mas contra a cobrança. o que de fato Ambiente LeNós já pagamos IPVA” deveriam fazer gal – O senhor para controlar o acha que o pro- 7 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l para os membros de todos “A sociedade como um todo tem os países o que muita dificuldade de entender que significava cada artigo e porque o Código de Defesa do Consumidor aquele artigo tiabrange o setor público” nha aquele texto. Celso RussomaTive toda a pacino - Sem dúvida. ência. Eu disse: Um amigo me “Olha, vamos e notei uma dificuldade muito ligou e disse: “acabei de ser assalfazer um negócio? Nós vamos grande dos países da América tado e estava com o Bulgari aqui discutindo artigo por artigo. Latina, que não tinham legislano braço, o que eu faço? Pedi Se tiver artigo que vocês não ção. Quando a gente começou a ajuda a um policial que estava concordam depois da minha trabalhar nisso, em 1996, nem fazendo patrulhando o trânsito explicação a gente deixa para a Argentina, Uruguai e Paraguai, e ele falou que não podia sair de próxima reunião” . Eu explicava que fazem parte do Mercosul, onde estava”. Orientei meu amium artigo e o pessoal aprovava, tinham uma legislação consugo a fazer um boletim de ocoroutro, aprovava e aprovava. Fui P á g i n a s Ve r d e s blema de segurança, dentro de uma relação de consumo, é um assunto muito mal tratado por aqui? 8 rência em uma delegacia. Vamos entrar com uma ação contra a Fazenda Pública. O resultado na Primeira Instância obrigou o Estado a pagar o relógio. Ora, se os serviços públicos estão enquadrados no Código de Defesa do Consumidor, e se eles não tem qualidade e segurança, o Estado que pague a conta. Talvez com um monte, uma demanda de ações, acorde o governador para saber que tem que dar segurança com qualidade. Ambiente Legal - Mudando de assunto, como foi a aprovação do Código de Defesa do Consumidor do Parlamento Latino Americano? Celso Russomano - Estava no Parlamento Latino Americano Revi st a Am bie n te Le ga l merista. Um belo dia, depois de várias reuniões do Parlamento Latino Americano (são 22 países que integram o parlamento), estávamos em Guayaquil, no Equador, e já tínhamos passado em reuniões em Cuba, Peru e Chile, com uma dificuldade muito grande de construir um texto para o Código de Defesa do Consumidor do Parlamento Latino Americano. E aí o presidente da comissão disse para mim: “Olha, Celso, você é o que mais conhece aqui. Você não quer presidir a seção?”. A gente já tinha construído o texto, mas não tinha um acordo, não tinha um artigo sequer. Eu disse: “Tá bom, eu assumo. Você pediu para eu assumir e eu assumo”. Eu assumi a presidência e comecei a explicar fazendo um por um, passando dois dias trabalhando em cima disso. Quando todos menos perceberam, a gente tinha aprovado o Código Latino Americano de Defesa do Consumidor na íntegra, com uma diferença do código brasileiro, que é a obrigatoriedade da colocação de embalagem dos produtos no mercado de consumo, não agredir o meio ambiente, que era um avanço violento que a gente ainda não conseguiu chegar a esse texto na legislação consumerista brasileira. Aí, eu disse: “Declaro aprovado o Código Latino Americano de Defesa do Consumidor”. Todo mundo ficou assustado e me olhando, como aprovado? Depois todo mundo começou a bater palma, porque estava aprovado. Publicidade e Internet é a nossa praia Há 17 anos no mercado, atendemos clientes em todo o país, eliminando fronteiras e distâncias. 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Não vai ser conclusiva, nem sediará assinatura de tratados decisivos como houve na Rio 92 (os quais foram negociados por anos antes daquela conferência). Para a iniciativa privada, as expectativas seguem a mesma toada. O empresariado faz parte do grande grupo heterogêneo chamado sociedade civil e na Rio+20 se fará representar pelo BASD (Business Action for Sustainable Development), formado por três grandes grupos: ICC (International Chamber of Commerce), WBCSD (World Business Council for Sustainable Development) e UNGC (United Nations Global Compact). Cada um destes grupos congrega empresas individualmente e em conjunto, como as confederações de indústria, comércio e agricultura dos mais variados países. Para Aron Belinky, da Vitae Civilis, a Rio+20 é uma “peça em dois atos”. Durante os 15 dias, no Rio, será o momento para a sociedade civil, como um todo, expressar seus interesses e prioridades. Serão mais de 500 “side events” no Riocentro, mais de 90 na Arena da Barra, mais de 700 na 10 Revi s ta Am bie nte Le ga l Cúpula dos Povos. No segundo ato, de implementação de políticas públicas, segundo ele, a sociedade civil precisará encontrar formas de agir e os canais de participação ainda precisam ser mais claros. “Precisará haver pressão sobre os representantes políticos para que sejam convertidas em ações as prioridades identificadas durante a conferência”, afirma Belinky. Para Marcelo Vianna, da ICC, o mais importante é o “day after da Rio+20”, ou seja, o que vai ser feito posteriormente, em função de como os setores estarão organizados. Afinal, “ninguém é contra as ações sustentáveis. A discussão é sobre como elas devem ser implementadas, por isso o plano de trabalho para os dias seguintes é o mais importante”. A Rio+20 tem como temática a economia verde no contexto da erradicação de pobreza e do desenvolvimento sustentável. Esse conceito de economia verde foi cunhado pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), que elaborou em novembro de 2011 um relatório extenso, com 631 páginas, sobre o tema (disponível online em inglês e em português na versão resumida). Nesse contexto, o BASD identificou 10 condições sistêmicas, que necessitam ser providas para que se chegue à economia verde, conforme explica Olympio Barbanti Jr., especialista em sustentabilidade do Ministério do Meio Ambiente para o diálogo do setor privado na Rio+20. Além disso, apresentou 10 proposições de ações a serem tomadas. Veja o resumo no quadro ao lado. 11 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Rio+20: sonho, realidade ou pesadelo P arece que agora será mais difícil entender porque em 92 os problemas vistos como ambientais são conceituados hoje como ações não implementadas de desenvolvimento sustentável. Na prática, vem acontecendo muitas promessas, acordos, reuniões, decisões, deslocamentos para inúmeros eventos e debates em alguns segmentos, mas, de fato, pouca coisa de concreto vem ocupando espaços positivos na mídia. Tenho acompanhado o processo e o que fica claro é a vontade dos organizadores de produzirem mais resultados do que as últimas conferências. O que se quer hoje é resgatar a mobilização da sociedade e da organização da Rio 92, que conseguiu uma forte reunião política e possibilitou a adoção de importantes acordos multilaterais na área ambiental e do desenvolvimento sustentável. No entanto, alguns depoimentos de dirigentes tentam chamar a atenção do mundo para o que foi planejado, visando cumprir uma grande agenda ambiental no Brasil, com a organização da Rio+20. Para mim, é visível que o fato que está em jogo é a adoção de modelos de desenvolvimento e isto vem sendo discutidos nos últimos 20 anos e o resultados já conhecemos. O que nunca faltou foram ideias, proponentes, atores e governanças capazes de acabar com o engarrafamento de tantas propostas. A ministra do Meio Ambiente Izabela Teixeira afirmou que “a Rio+20 não apresentará novos compromissos, mas será importante por permitir a criação de medidas que deem condições de se implementar o conceito de desenvolvimento sustentável”. Já o Subsecretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas e Secretário-Geral da Rio+20, Sha Zukang, declarou que “agora é a hora para uma discussão profunda sobre como se pode melhorar o apoio ao crescimento verde e ao desenvolvimento sustentável”. Outra declaração que me chamou atenção foi a do Ministro das Relações Exteriores, Antônio de 12 Revi s ta Am bie nte Le ga l Por Antônio Carlos Lago Aguiar Patriota. Para ele, “a Conferência pode ser vista como um chamado à responsabilidade coletiva diante dos desafios impostos à comunidade internacional nas esferas ambiental, econômica e social”. O ministro montou uma mega-estrutura para coordenar a organização da Rio+20 e espera progressos e resultados da reunião. Estas declarações apontam resultados, preocupações e sinalizam para o mesmo gargalo das propostas surgidas nos últimos 20 anos. O sonho continua e o que espero é acordar numa outra realidade e não em mais um pesadelo como vem sendo avaliado por alguns segmentos do terceiro setor e pela própria mídia nacional e internacional, que vem cobrindo a real expectativa dos países que já confirmaram presença. São avaliações que circulam pela falta de visibilidade, de credibilidade, da mobilização da sociedade e da efetiva participação do corpo técnico ambiental dos governos que nem sempre conseguem espaços para colocarem em prática os seus conhecimentos, visando garantir a qualidade de vida da sociedade e um meio ambiente mais justo e equilibrado. As propostas que serão novamente debatidas e sugeridas durante os preparativos da Rio+20 tem seus objetivos e interesses e a principal finalidade é criar estrutura institucional e condições para implementar o desenvolvimento sustentável baseado no tripé da Conferência, que são as questões sociais, econômicas e ambientais. O sonho é conseguir este resultado de equilíbrio sem tropeçar nas decisões políticas de cada nação. A realidade é colocar em prática o que for acordado entre as lideranças. Se mais uma vez ficarmos apenas no discurso das promessas, o pesadelo vai continuar por mais 20 anos. Só nos resta ter esperança e acreditar no esforço e mobilização da sociedade para pressionar cada vez mais os dirigentes e governantes e, assim, quem sabe, garantir decisões e resultados capazes de mudar a imagem de incertezas que a Conferência tem demonstrado. 13 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l 14 Revi s ta Am bie nte Le ga l AGORA VOCÊ PODE UNIR A QUALIDADE AO CONFORTO DE TER A SUA CAMISA SOB MEDIDA ONDE QUISER. APROVEITE A FACILIDADE DE COMPRAR PELA INTERNET E RECEBA, NA SUA CASA OU NO SEU TRABALHO, UMA CAMISA CONFECCIONADA COM TECIDOS NOBRES E FEITA ESPECIALMENTE PARA VOCÊ. 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Ativistas, ambientalistas e moradores se mobilizam contra a ampliação. 16 Revi s ta Am bie nte Le ga l Foto: Victor Agostinho duas cidades mais afetadas com a ampliação do porto, Ilhabela e São Sebastião, foi surpre- Malu Moreira: decisão errada e autoritária endente. São Sebastião passou de 33 mil para 74 mil habitantes. Já Ilhabela saltou de 13 mil para 28 mil habitantes. Naturalmente, como a maioria das cidades brasileiras, as duas sofrem com falta de empregos para os moradores, déficit habitacional e com infra-estrutura precária de coleta de esgoto, com redes que não cobrem nem 10% das casas. “Por ingenuidade, e necessidade, alguns moradores imaginam que este tipo de crescimento vai trazer benefícios ou empregos. Sabemos que nem são tantos empregos assim. As vagas mais qualificadas serão preenchidas por pessoas contratadas de fora da região. Essa mão-de-obra necessária vai atrair mais contingentes vindos de fora. Nós não temos capacidades de infra-estrutura de saneamento, de saúde ou de educação”, afirmou Malu Moreira. O que segura o início da ampliação propriamente dita do porto é o licenciamento ambiental, ainda não aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Foto: Leandro Amaral A Companhia Docas de São Sebastião, responsável pela administração do porto, alega ser a localização do porto o maior motivo para implantação, com acesso às rodovias Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Dutra e D. Pedro, que cortam o Vale do Paraíba, região que corresponde a 3% do PIB brasileiro. O primeiro passo para tirar o projeto do papel foi dado mês passado com o início das obras de duplicação dos acessos da rodovia Tamoios, que liga o Vale do Paraíba ao porto. Até o final de 2013, 49 quilômetros serão alargados para absorver o futuro movimento de caminhões. Outras obras viárias estão previstas, mas os editais de licitação ainda não foram lançados. Espera-se uma movimentação de 170 caminhões por hora, ou cerca de quatro mil por dia. “É óbvio que a escolha feita pelo governo do Estado vai destruir uma das mais belas áreas do litoral paulista. É uma decisão ambientalmente errada, economicamente discutível e politicamente autoritária”, afirmou Malu Moreira, moradora de São Sebastião e organizadora do evento anual “Terra Deusa - A Arte da Vida em Sociedades Sustentáveis”. Olhando para os projetos de ampliação, a ativista pergunta: “Crescimento para onde, para quem e porquê?” Em 20 anos, o crescimento populacional das Cerca de 240 mil contêineres serão movimentados por mês no novo porto 17 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Foto: Fernanda Médici Sergio Watanabe, do Sinduscon, e Rubens Risek, da Secretaria do Meio Ambiente, apresentam o convênio Singelo, mas irreversível Às vésperas de ser divulgado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que estipula metas para os diferentes setores darem destinação adequada a seus resíduos, construtores e governo paulista criam convênio que avança na gestão das sobras dos canteiros de obras Por Victor Agostinho Convênio entre o setor de construção civil e o governo de São Paulo para incentivar a melhoria da gestão dos resíduos das obras foi assinado mês passado. Esta não é a primeira iniciativa que pretende colocar o setor no patamar da sustentabilidade, mas, é apontada por especialistas como um caminho sem volta, que deve ser aprimorado. Quando se parte do pressuposto que a contribuição das cidades para o processo de aquecimento global é total e que toda a discussão ambiental, mais cedo ou mais tarde, recai sobre como são construídas as cidades e o que é feito dessas sobras da construção, o documento acordado en- 18 Revi s ta Am bie nte Le ga l tre o Sinduscon-SP (Sindicato da Construção) e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado assume importância inusitada. A assinatura do convênio acontece em um momento que, após sancionada a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERN), de 2006, e em 2010 a lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), está para ser divulgado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que estipula metas para os diferentes setores darem destinação adequada a seus resíduos, incluindo, no caso do setor da construção, metas para que os municípios implantem áreas de transbordo e triagem, reciclado- ras e aterros para receber os resíduos inertes da construção. Rubens Rizek, secretário–adjunto da Secretaria do Meio Ambiente, definiu o acordo como um “ganhaganha”. “Poucos assuntos são tão nobres quanto a reciclagem da construção civil. Os construtores geram nas cidades impactos diretos. Tem o material que sobra e pode ser reciclado, e tem também o transporte desse material, que gera trânsito nos municípios. Enfim, a ideia é gerar menos impactos e maior reaproveitamento”, afirmou. O convênio prevê ações muito simples de educação ambiental para os gestores municipais e orientação para os agentes públicos e privados. O mais importante, entretanto, é o compromisso da construção civil com a informatização da gestão dos resíduos e conseqüente divulgação dos dados coletados. As informações captadas pela construção civil vão servir de subsídio para que sejam elaboradas normas e legislações que aperfeiçoem um modelo sustentável de construção e de gestão de resíduos. Todo este esforço da construção civil tem, naturalmente, um lado ambiental importante. Mas, não menos importante, são os frutos econômicos que a destinação adequada dos resíduos pode gerar dentro de critérios que incluem a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético do material residual. De acordo com Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP, nos últimos anos a entidade tem procurado inserir o setor na nova Economia Verde, com empreendimentos e projetos que contemplem critérios de sustentabilidade. “Entendemos que o sucesso para a competitividade das empresas da construção civil passa por essa inserção”, resumiu. 19 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Bota-fora localizado em Itapecerica da Serrra, na rodovia Regis Bitencourt, altura do quilômetro 285 Terra de ninguém Aterros ilegais proliferam na região metropolitana de São Paulo N ada menos que 108 depósitos clandestinos de resíduos sólidos estão espalhados pela região metropolitana de São Paulo. A maioria destes aterros ilegais está contaminada com borra oleosa, detritos industriais e até pó-da-china. O alerta foi feito pelo diretor da Apetres (Associação Paulista das empresas de Tratamento e Destinação de Resíduos Urbanos), Horácio Peralta, durante a apresentação do convênio entre o Sinduscon e o governo, na Assembleia Legislativa. Segundo Peralta, existe hoje, na legislação que norteia o transporte e a disposição de resíduos só- 20 Revi s ta Am bie nte Le ga l lidos, uma brecha para que sejam depositados na cidade de São Paulo, sem controle, solos contaminados. Trata-se da Resolução 56/SMA, que admite, para efeitos de correção topográfica, que os resíduos sejam usados em terraplenagem sem nenhum tipo de verificação de contaminantes. Peralta criticou a deseconomia causada pelas empresas que lançam resíduos em áreas ilegais. Para ele, além do mal em si da contaminação, que fica sem tratamento adequado, existe o desperdício de um material que poderia ser reciclado, gerando trabalho e renda para toda uma cadeia produtiva. Fotos: Fernanda Médici De acordo com levantamento apresentado pelo advogado Fernando Pinheiro Pedro, um dos redatores do documento apresentado ao governo paulista, são lançados clandestinamente todos os dias em São Paulo volume de resíduos que equivale a dois estádios do Pacaembu. “Temos que saber como realizar esse gerenciamento, que se repete em todas as regiões brasileiras. Nossos aterros serão futuras minas para reciclagem. Por isso, temos que ter muito cuidado com os aterros para que não fiquem comprometidos”, disse. A partir da denúncia feita pela Apetres, Ambiente Legal decidiu sobrevoar alguns dos 108 vazadouros irregulares. Durante duas horas, a reportagem pode verificar 10 áreas de descarte clandestino, onde estão sendo lançados solos de escavação, entulho de obras e resíduos domésticos. Tudo feito de maneira indiscriminada, sem o tratamento necessário ao anteceder o descarte. Em alguns casos, como no aterro de Itaquaquecetuba, o descarte invade córregos e rios e é realizado até sobre área verde. Empresas que descartam resíduos irregularmente cobram por este serviço R$ 70,00 por metro³. Já as empresas que atuam regularmente, respeitando a legislação, cobram R$ 180,00 por metro³ de resíduos transportados. Aterro ao lado da rodovia Castelo Branco (km 26) momentaneamente paralisado por conta de deslizamento Tratores trabalham na deposição irregular de resíduos na Estrada do Preju, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo Também na Castelo Branco, resíduos começam a se aproximar da pista Na lagoa de Carapicuíba, abaixo do Rodoanel, atividades à todo vapor sem fiscalização 21 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Levar pra onde? A destinação de animais silvestres capturados das mãos de traficantes é o nó crítico na atuação da Polícia Ambiental paulista Entre setembro e novembro, período de reprodução, os psitacídeos viram alvo dos traficantes U m dos grandes desafios da Polícia Ambiental de São Paulo é o tráfico ilegal de animais. No ano passado, no país, foram apreendidos com traficantes cerca de 100 mil animais. São Paulo contribuiu com quase um terço dessas apreensões (27.686). Passada a primeira etapa da operação de repressão, surge um novo problema: a destinação desses exemplares silvestres. Num país carente de estrutura para tratar a fauna, boa parte da atividade dos policiais fica restrita a encontrar instituições que possam receber e dar tratamento adequado aos animais. A Polícia Ambiental paulista, de acordo com seu comandante, o coronel Milton Sussumo Nomura, dispõe de 2.400 homens, 550 veículos e 112 22 Revi s ta Am bie nte Le ga l subsedes para desenvolver as atividades. Isso é suficiente? Na opinião de Nomura, é preciso aumentar a eficácia não apenas a estrutura. "O grande desafio é trabalharmos com o que temos. E temos que rever os procedimentos do policiamento ambiental". O coronel explica que a Polícia Ambiental traça estratégias para agir nas três fases de ação dos traficantes: captura, transporte e comércio. “Quando falamos de tráfico de animais, a fase mais importante é a da captura, que não depende apenas do Estado de São Paulo, na medida em que maioria acontece em outros Estados. A nossa ação é dificultada porque não estamos presentes nessa primeira fase. Resta à polícia a atuação do transporte e no comércio.” Foto: Danielle Denny Foto: www.sxc.hu Nomura, comandante da Polícia Militar Ambiental, mapeia as principais rotas de tráfico no Estado No ranking dos animais mais traficados encontram-se os mamíferos, os répteis e, campeões absolutos, os pássaros. De setembro a novembro, por exemplo, que é o período de reprodução dos psitacídeos, o serviço de inteligência da Polícia Ambiental mapeia os principais eixos rodoviários de tráfico de animais e prepara as operações de repressão. E é exatamente nesta época do ano que são apreendidos os filhotes de papagaios. A estratégia de Nomura parece que está dando certo e os números mostram melhoras na ação policial. De 2010 a 2011, foi registrado aumento na quantidade de animais silvestres que passou pelas mãos da Polícia Ambiental. O salto nas apreensões foi de 15%, ou seja, de 23 mil para 27.686 exemplares de animais silvestres. O nó crítico que a Polícia Ambiental não consegue desatar fica para o processo de destinação. A legislação prevê que a destinação dos animais deve ser zoológicos ou instituições legalizadas. “O fato é que se tem uma carga de quase 30 mil animais por ano. A quantidade de animais acaba exaurindo a capacidade dessas instituições em recebê-los. A solução, na maioria dos casos, é orientar as patrulhas que fazem essas apreensões e se deslocar por dezenas, quando não centenas, de quilômetros até encontrar a destinação adequada”, disse Nomura. 23 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l A maioria das empresas de pequeno porte adota algum tipo de prática sustentável: 70,2% realizam coleta seletiva, 72,4% controlam o consumo de papel, 80,6% a água, 81,7% a energia. Essa foi a constatação da pesquisa divulgada em maio passado pelo SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que entrevistou 3.912 empresários de micro e pequenos negócios em todo o Brasil. O engajamento de toda a sociedade, principalmente das empresas, a despeito do seu tamanho, é fundamental para implementar os valores da sustentabilidade. Com a globalização, os agentes políticos nacionais perdem cada vez mais relevância, cedendo espaço para a iniciativa privada, que, por meio de sua atuação, inclusive transnacional, acaba substituindo o Estado em muitas de suas antigas atribuições. Não basta apenas cumprir as normas e diretrizes do Global Compact, da OCDE (Organização para a cooperação e desenvolvimento econômico), da Lei Sarbanes-Oxley, ou ostentar certificações como o Global Reporting Initiative (GRI), ISO 14000, Índice Dow Jones de Sustentabilidade (IDJS) ou ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial - BOVESPA). Todos estes modelos devem ser tomados como um convite à reflexão, uma métrica para possibilitar que os resultados sejam comparados. Eles facilitam o relacionamento das empresas com os seus públicos e, principalmente, com os negociadores das Bolsas de Valores. Mas os indicadores refletem apenas parte do cotidiano empresarial nos relatórios, não espelham perfeitamente o dia-a-dia da gestão. Além disso, os custos, literalmente milionários para adaptação, impedem que muitas corporações se submetam. Dessa forma, o foco não pode ser os prêmios e certificados, mas sim, os resultados efetivos conseguidos com a administração responsável e ética. A propriedade tem de ser lucrativa e cumprir a sua função social, conforme previsto na Constituição brasileira (Art. 5º, XXIII). As normas e o controle estatal estão cada vez mais exigentes e rigorosos, principalmente no que tange a aspectos ambientais e trabalhistas. Assim, cumprir a função social pode ser a opção mais rentável, uma vez que significa, além de 24 Revi s ta Am bie nte Le ga l Foto: Fernanda Médici Sustentabilidade empresarial independe do porte da organização Por Danielle Denny economizar em multas e condenações, deixar de perder dinheiro, implementando processos mais eficientes e econômicos que evitem desperdícios, reutilizem e deem destinação adequada aos resíduos. Além disso, uma empresa socioambientalmente comprometida experimenta ganhos de reputação que podem ser capitalizados em outras áreas. De acordo com o escritor Mario Rosa, autor de “A Era do Escândalo”, entre outros títulos, uma empresa com boa imagem pode comprar melhor, cobrar mais, contratar os melhores funcionários, custar menos e ser mais competitiva. Para disseminar oportunidades nesse sentido, é indispensável a inovação, e empresas de qualquer tamanho podem surgir com produtos, ideias e processos novos. Nas estruturas menores e menos burocratizadas, o ambiente é ainda mais propício para converter essas inovações em estratégia de mercado ou de competividade. Assim, para as micro e pequenas empresas essa pode ser uma excelente oportunidade de negócio. A DryWash é um exemplo. Para economizar os 300 litros de água que se usam para lavar cada carro em um lava-rápido convencional, o dono fez experiências químicas usando a batedeira da sogra e com isso desenvolveu uma formula pioneira em todo o mundo, hoje patenteada. Além dos royalties dos produtos, a DryWash fatura com a prestação de serviços de lavagem a seco e com uma ampla rede de franquias. Com a mudança de valores da sociedade, os consumidores passaram a valorizar os progressos sociais e ambientais do setor privado, juntamente com preço e qualidade. Assim, o comprometimento socioambiental pode agregar valor e favorecer pequenos empreendimentos, na medida em que consumidores conscientes aceitam pagar um preço maior por um produto mais ecológico e privilegiam empresas locais. O desafio de implementar os valores de desenvolvimento sustentável é comum, tanto para os grandes como para os pequenos negócios. Lucrarão mais os que conseguirem se antecipar, aproveitando a janela de oportunidade da Economia Verde. Fotos: Arquivo William Dent Já estão incluídos no projeto piloto de capacitação 14 viveiros fluminenses Oportunidade histórica Projeto capacita viveiros para entregar ao Rio 24 milhões de mudas de árvores antes das Olimpíadas Quando foi escolhida para sediar as Olimpía- das de 2016, a cidade do Rio assumiu com o Comitê Olímpico compromisso de plantar 24 milhões de árvores. Os atuais viveiros fluminenses, sozinhos, não conseguirão dar conta do pedido. Portanto, mais do que um desafio, esta é uma oportunidade histórica para o surgimento de novos pequenos e médios produtores de mudas. Já para os viveiristas instalados, a demanda criada pelos Jogos Olímpicos poderá servir para alavancagem e ampliação de seus negócios. 25 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Vislumbrando a possibilidade de profissionalizar As aulas de capacitação foram divididas em todo um setor, o economista e consultor norte-ameriduas frentes, uma gerencial/financeira, com foco no cano William Dent, que quatro décadas atrás ajudou planejamento estratégico do negócio, e outra técnia implantar o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às ca, com o objetivo de agregar qualidade no produto Micros e Pequenas Empresas), entrou em campo e e uniformidade na produção. começou a desenvolver Segundo o econoum projeto piloto para camista, todos os que partipacitar viveiristas. cipam do projeto sentiam Dent, por meio de que estavam deficientes na área de controles fisua Natural Partners, uma nanceiros e na parte de ONG norte-americana que vem operando no Bramarketing. sil, com parceiros brasilei“É muito fácil prever ros, desde 2003, aposta a produção. Eu posso com em viveiros florestais como certeza produzir cem mil negócios sustentáveis. mudas e investir capital para Ele conta que o prialcançar essa meta. Mas, meiro passo dado para a e como vender? Pra quem implantação de uma rede Qualidade técnica norteia produção de mudas vender? Como me conectar capaz de fornecer mudas com os grandes demandapara a Cidade Maravilhosa dores, como aquele grande foi diagnosticar a situação. complexo petrolífero que As conclusões dos estudos vai estar implantado lá no iniciais não poderiam ser fundo da Baía de Guanabamais desanimadoras. Para ra?”, afirma Dent. sua surpresa, o economisDentro do setor de ta descobriu que nenhum fornecimento de mudas, viveirista sabia o custo de o Pró-Viveiros quer atuseu produto. ar ainda em outras opor“Qual o custo métunidades de negócios dio de produção de uma que estão se abrindo no muda? Ou cem mil mu- Dent: emprestou seu prestígio ao projeto Estado do Rio. “Muitas das? É uma coisa fundaempresas trabalham com mental saber o retorno a compensação ambiental que atividade dá para o para cumprir a legislação. produtor rural ou ao peTemos que nos preparar queno empresário. Mas, para isso também”, de nem isso estava muito acordo com o consultor. claro”, diz Dent. Um dos que deram O projeto piloto hoje apoio imediatamente à envolve 14 viveiros e foi iniciativa de Dent foi a organizado de maneiFundação Citi, ligada ao ra que metade deles seja Citibank, pelo fato de que produtor rural e o resesse é um programa que tante ONG’s e pequenas Viveiristas recebem também apoio empresarial cumpre com os requisitos da nova Economia Verde. empresas. O piloto foi batizado de Projeto Pró-Viveiros. “A nova economia verde é realmente geradora de muitas oportunidades. É questão de talO viveiro de referência do projeto fica no município de Silvio Jardim, no Estado do Rio, e vez começar a enxergar os recursos naturais de uma forma mais amigável”, acredita o incansável é o maior empregador da cidade, gerando quase 200 empregos. William Dent. 26 Revi s ta Am bie nte Le ga l jotac.com.br Soluções para a visibilidade e fortalecimento da imagem de empresas e organizações do 3º. Setor A Agência de Inteligência Corporativa e Ambiental - AICA -, está entre as empresas que se preocupam com negócios sustentáveis e éticos. Sua origem se identifica com o inicio da consciência ambiental no País. Parceira de entidades de referência no setor, a AICA oferece um novo horizonte de oportunidades para instituições competitivas e que buscam continuamente inovar e tornar mais eficazes seus projetos educativos e políticas de responsabilidade socioambiental. A AICA desenvolve, planeja e implementa: Publicações e peças de apoio a estratégias de comunicação; eventos corporativos como congressos, seminários e workshops; projetos em educação ambiental, responsabilidade socioambiental, ecoturismo e turismo rural; assessoria técnica ao setor produtivo e novos empreendimentos na área de negócios sustentáveis. 27 Rua Jaspe, 80 - Aclimação - Cep: 01531-060 - São Paulo - SP - Tel/fax: (5511) 3384.1220 - www.aica.com.br R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Dignidade reciclada Instituto aposta no reaproveitamento de resíduos como ferramenta pedagógica Por Fernanda Médici A apresentação de uma banda composta por crianças e adolescentes chamou a atenção de quem visitou a 11ª Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo. Batizado como Reciclasom, o conjunto usa instrumentos reciclados e é resultado da iniciativa do Instituto Terra Viva (ITT). O ITT é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que tem como objetivo a reeducação ambiental, a inclusão social das comunidades carentes e o desenvolvimento sustentável. O instituto está localizado em São Matheus, na zona leste da capital paulista, região pobre, carente de infra-estrutura de saneamento básico, coleta de lixo regular e asfalto em todas as ruas. Nas palavras da diretora do ITT, Solange Maria dos Santos, “o que se busca, no fundo, é o resgate da dignidade dos moradores, que não tem muitas opções”. As atividades estão divididas em seis projetos: Capoeira, Espaço Jovem, Oficina de Espanhol, Brincando e Aprendendo, Oficina de Música Reciclasom e Oficina de Artesanato. Dentre seus projetos, o mais famoso é o Reciclasom, patrocinado também pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) desde o ano passado. Idealizado pelo músico e educador social Márcio Valério Mendes dos Santos, o Reciclasom faz as crianças se envolverem desde a criação dos instrumentos com materiais reciclados até chegar às aulas de teoria musical e violão. O ITT também oferece atividades na área educacional, com oficinas para reforço escolar. 28 Revi s ta Am bie nte Le ga l Reciclasom leva sua batucada sustentável, patrocinada pelo BID, ao Memorial da América Latina 1% do faturamento da máquina que recicla resíduos de construção civil é doado ao instituto Fotos: Arquivo ITT As salas são divididas de acordo com a idade. Para crianças de 5 anos a 10 anos, são desenvolvidas atividades lúdicas complementando a alfabetização e estimulando o gosto pela leitura. Para os adolescentes de 11 anos a 18 anos, é oferecido reforço na área de idiomas com aulas de português, inglês e espanhol. As oficinas educacionais dispostas pelo ITT à comunidade recebem resíduos para confecção dos instrumentos e dos produtos artesanais diretamente do Aterro Inerte de Itaquera, que doa o material para que sejam reciclados. Todo o dinheiro arrecadado é investido para a melhoria do ITT, que também trabalha com parcerias e doações de empresas e pessoas físicas. Uma parceria do ITT que tem dado certo foi feita com a empresa Pepec Ambiental, que transporta, trata e recicla resíduos em São Paulo. A Pepec doa 1% do faturamento que obtém com a máquina Hammel, equipamento importado da Alemanha que reaproveita o entulho da construção civil como matéria-prima para novos tijolos. As sobras da construção são jogadas dentro da máquina, trituradas e processados para virarem insumos. Os produtos feitos a partir do entulho custam cerca de 30% mais barato. A Hammel está sendo utilizada para realizar obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. Compromisso ambiental Edu Rennes e Renan: não basta cantar, tem que ter uma mensagem Edu Renes e Rennan eram jardineiros em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira paulista. Eles se conheceram e descobriram que, além de gostar de cantar, poderiam fazer juntos algo pelo meio ambiente. Desde 2009, quando oficializaram a parceria, os dois, por meio da música, passam em seus shows a consciência da preservação do meio ambiente e a preocupação com as gerações futuras. Segundo Rennan, não basta cantar, “mas conscientizar nosso público sobre a importância de ser sustentável.” A dupla, que já se apresentou no rodeio de Barretos, grava este ano seu primeiro CD. “Vamos doar parte do lucro ao Instituto Terra Viva”, promete Rennan. 29 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l c ó digo florestal Crítica de um espectador engajado a um péssimo espetáculo Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro O processo de redefinição do Código Flores- tal Brasileiro parece uma novela interminável. Início em “preto e branco” Em 1934, um código de estrutura fascista permitia ao governo traçar áreas de proteção florestal visando, sobretudo, permitir a homogeneização da produção florestal brasileira, como insumo para a crescente produção industrial, a siderurgia, a fabricação de papel e a construção civil. Capítulo longo, cheio de grandes momentos - guerra mundial, enorme crise na silvicultura nacional, o Serviço Florestal, fim da ditadura do Estado Novo, nova Constituição Federal, desmatamento em larga escala, ligas camponesas e golpe militar. Termina assim, inconcluso, como aqueles documentários do antigo Canal 100. Verde Oliva domina a cena O segundo capítulo da novela se inicia com cores fortes, com marcha militar e com o final funesto do Código de 34. Em dado momento, o clima do programa melhora; ocorre a edição de um novo Código, a Lei 4.771, de 1965, par e passo com a promulgação do Estatuto da Terra, das ações de reforma agrária em larga escala e a introdução dos direitos trabalhistas no campo. No entanto, há um paradoxo não resolvido pelos roteiristas governamentais: como conciliar essa legislação rural com a nova e radical mudança na geografia nacional, econômica e humana, em curso? Hordas de migrantes tomam os centros urbanos da Região Sudeste, transformam uma nação predominantemente rural num país urbanizado e industrializado. Por outro lado, o próprio governo inicia amplo movimento de colonização e integração nacional. O espetáculo do “integrar para não entregar” surge e descompensa toda a trama –o código praticamente entra em desuso e o IBDF, sucessor do antigo Serviço Florestal, passa a incentivar o desmatamento para promover o “reflorestamento”... 30 Revi s ta Am bie nte Le ga l Duas Constituições Federais e uma nova legislação de controle de poluição -introduzida de forma descompassada com a agricultura (pois o foco original dela não era o campo)- deformam o Código de 65 e lhe retiram o caráter rural e desenvolvimentista, visando torná-lo, quase quarenta anos após, um renegado resistente do passado, o “Estranho Sem Nome”. O capítulo termina com o famoso “trielo” do Bom, o Mau e o Feio, no melhor estilo “western spaghetti”. Alien dança com os lobos O terceiro capítulo começa em clima tenso, com o espetáculo das queimadas em larga escala na região amazônica, ambientalistas em fúria e grande pressão internacional. O presidente FHC chama seu Ministro do Meio Ambiente, o qual, como um Doutor Frankenstein, cria um monstro de papel. Surge um documento provisório sem personalidade, lotado de boas intenções discursivas e despropositadas, com conceituações pretensiosas (para APP e Reserva Legal, por exemplo) e redução da maior conquista do homem –a agricultura– a uma arrogante e natureba definição de “uso alternativo do solo” (tem outro???). A Medida Provisória 2.166 de 2001 é o pior capítulo de todos. Uma farsa irreconhecível para o setor agrícola e inaplicável para a fiscalização ambiental. E ainda teve quem regulamentasse isso em Resoluções, portarias e decretos...Terror classe B total. Avatar e Comandos em Ação Em meio a operações tipo “Tropa de Elite”, com fiscais do IBAMA e Policiais Federais vestidos de “Falcon”, pastoreando “Bois-Piratas”, surge a urgente e necessária conversão da Medida Provisória em lei. Começa o importante processo legislativo a cargo do Congresso Nacional. Um verdadeiro “Crepúsculo dos Deuses” sem a qualidade Wagneriana. Ópera lotada de coreo- Ilegalidade insuperável Decididamente, duro de assistir... Há, no entanto, uma falha clamorosa no roteiro oficial. A lei florestal é matéria complexa e intrinsecamente conflituosa. Some-se a essa complexidade a pendente reapreciação pelo Parlamento Nota: O centenário Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, chegou a essa conclusão no início de Junho de 2012 e, para tanto, programou um debate para o dia 17/6/12, no Rio de Janeiro, em pleno período da Conferência Rio+20. Foto: Arquivo AICA Quando tudo parecia terminar num gran finale democrático (aplausos de uns e apupos de outros)... o choque: o último capítulo transforma-se na reedição do “Walking Dead”. Mortos vivos sedentos, inoculados na nova Medida Provisória 571/2012, banhados no sangue da nova Lei Florestal 12.651/2012, amputada pelo veto a pouco mais de uma dezena de artigos. O resultado artístico dessa tragicomédia é funesto para a agricultura nacional e absolutamente inócuo para a política ambiental. À guisa de demonstrar eficácia para a resolução de um conflito, a presidente Dilma encaminhou mensagem de veto parcial ao Congresso, mensagem esta, diga-se, muito mal redigida... com razões extremamente singelas, como que pedindo reedição das normas que pretendia sepultar. Simultaneamente, tratou de editar nova Medida Provisória, reiniciando a novela do processo legislativo, sem atentar que a permanência indefinida de todo esse conflito pode custar muito caro ás instituições envolvidas e, principalmente, fragilizar ainda mais o pacto federativo. O Congresso Nacional, bem ou mal, cumpriu e cumprirá com seu papel constitucional, e desagradará, de novo, a todos. dos vetos efetuados na Lei sancionada e a nova Medida Provisória baixada. Tem-se, assim, que jamais, em tempo algum, poderia a Presidente Dilma sancionar a Lei Florestal n. 12.651, determinando sua imediata entrada em vigor! O artigo 8º. da Lei Complementar 95, de 1998, é expresso ao mandar que leis versando sobre matéria complexa devam contemplar prazo razoável para entrar em vigor a fim de propiciar o amplo conhecimento da população. O texto da Lei Complementar dispõe estar reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” apenas para leis de pequena repercussão. Ora, já que estava vetando parcialmente o texto do projeto de Lei que iria sancionar e enviando Medida Provisória, visando suprir as ”lacunas” deixadas pelos vetos, deveria a Presidente da República vetar também o artigo 84 da lei que sancionava, o artigo que determina a entrada em vigor imediata do diploma. Devia, a Presidente, em obediência aos parâmetros estabelecidos na Lei Complementar, estabelecer o prazo mínimo de 60 dias para a entrada em vigor da Lei 12.651. Dessa forma, permitiria que o Parlamento discutisse com cautela os vetos apresentados e examinasse com folga a Medida Provisória. Isso sim, poderia conferir segurança jurídica ao marco legal pretendido para tão sensível questão, num Estado Democrático de Direito. Nada disso foi feito e o que tivemos foi uma tosca apresentação da Lei, dos vetos e da Medida Provisória, por meio de uma coletiva de imprensa protagonizada por um quarteto ministerial desafinando, em meio ao coro do descontentamento geral, sem qualquer eco ou fumaça de bom Direito. O que teremos, para os próximos meses, como se vê, será uma espécie de “Avatar X Predador”, sob risco do espetáculo terminar sem plateia. Enquanto isso, a agricultura empobrece, a natureza fenece e as cidades padecem. grafias de gosto duvidoso, com pas de deux, saltos, espacates midiáticos, acompanhados de performances de primas-donas do ambientalismo brasileiro, musas e musos do agronegócio. O lado bom disso tudo é que todos, no entanto, acompanharam, bem ou mal, o ritmo democraticamente conduzido no processo legislativo pelo parlamento nacional. A volta dos que não foram 31 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l E o consumidor pagou a conta Acordo firmado entre governo paulista e setor supermercadista para diminuir uso da sacolinha descartável prejudica quem deveria ser beneficiado Por Fernanda Médici O Foto: Danielle Denny O governo imaginou estar fazendo sua parte no que começou como uma bem-intencionada suporte à sustentabilidade quando fechou o acordo. iniciativa para retirar bilhões de toneladas de plástiAfinal, o que estava co do meio ambiente, em discussão era a se transformou num retirada de circulação problema para o conde 7 bilhões de sacosumidor paulista, únilinhas, jogadas anuco personagem “penaalmente nos lixões e lizado” na cadeia que aterros do Estado de envolve fornecimento São Paulo. e descarte das sacolas Para os supermerplásticas não-reutilicadistas, o acordo não záveis. pode ser melhor: reDesde o dia 25 presenta uma econode janeiro, o Estado mia anual de R$ 500 de São Paulo convive milhões, os coloca no com a seguinte realimesmo rol dos que dade: supermercadislutam pela sustentatas não precisam mais bilidade do planeta fornecer sacolas pláse, de quebra, os livra ticas descartáveis para de ter que encamios consumidores. nhar para reciclagem O acordo firmaa montanha de pado entre a Secretaria pelão que se acumudo Meio Ambienla diariamente nos te paulista e a APAS depósitos. Sem falar (Associação Paulista no lucro da venda da de Supermercados) sacola de plástico. estabelece que o conO vereador Fransumidor que quiser lecisco Chagas (PT) é var alimentos e outros taxativo com este asprodutos para casa sunto: “O fim das sadeverá ter sua sacola colinhas é um grande não-descartável. golpe contra o bolso Poderá ainda, caso do consumidor. É tiprecise carregar mais rar dinheiro do povo produtos do que imaAgora o consumidor paga R$ 0,15 por sacola e repassar às redes de ginou inicialmente, supermercados”. comprar a sacolinha Estudo realizado pelo IPT (Instituto de Pesquidescartável no próprio supermercado, pagando R$ sas Tecnológicas de São Paulo) mostra que a sacola 0,15 por unidade. Como última alternativa para levar plástica comum, apresentada como a grande vilã, a suas compras, o consumidor poderá utilizar caixas de inimiga do meio ambiente, é uma das que menos papelão que o comerciante cede gratuitamente. 32 Revi s ta Am bie nte Le ga l Foto: Arquivo AICA Cerca de 7 bilhões de sacolas plásticas são descartadas todos os anos nos aterros e lixões paulistas polui e se decompõe mais facilmente, depois da sacola de papel. O trabalho apontou o tempo de decomposição das embalagens, que depende da quantidade de fungos e bactérias que consomem determinado produto. Quando os microorganismos se alimentam deste material, é liberado gás carbônico. A quantidade de gás liberado indica se o material é mais ou menos biodegradável. A sacola de papel teve o melhor resultado, com 41% de gases liberados. A sacola plástica comum, 28% de gases; a sacola de amido de milho, 15% de gases; e, por último, a sacola oxidegradável, com apenas 2% de gases. Do ponto de vista da contaminação dos alimentos transportados, o fim da sacolinha descartável foi um tiro no pé do consumidor. De acordo com Roberto de Oliveira, biomédico conhecido como Dr. Bactéria, “não dá para se prever que tipos de microrganismos estarão presentes em uma sacola reutilizável. Por exemplo, se for colocada carne na sacola, e se sucos desta carne vazarem nela, teremos a possibilidade da contaminação por Salmonella. A mesma coisa para hortaliças e frutas. O contato com as mãos pode acarretar microrganismos como coliformes fecais, Staphylococcus aureus, responsável por intoxicações alimentares e feridas com pus, além de faringites e sinusites”. Segundo Oliveira, o consumidor que estiver usando as sacolas retornáveis terá que tomar cuidados constantes de limpeza. “A periodicidade vai depender do grau de utilização, podendo ser semanal, mensal ou quinzenal. Aconselho ferver a sacola por cinco minutos ou imergir em uma solução de água sanitária (duas colheres de sopa por um litro de água). Também lavar com água e sabão e secar ao sol ajudam a descontaminar”, afirmou. 33 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l Sustentabilidade cultural, não apenas a ambiental, é o novo paradigma T homas Bauer, professor de Mídia Audiovisual no Departamento de Mídia da Universidade de Viena e Membro da Associação Austríaca de Ciências da Comunicação, fala com exclusividade para Ambiente Legal sobre o significado do termo sustentabilidade. Confira abaixo entrevista concedida a Danielle Denny, Maria Helena Charro, Sérgio Pinheiro e Helena Navarrete. Ambiente Legal – Explique melhor. 34 Revi s ta Am bie nte Le ga l Foto: Danielle Denny Bauer - Na Europa, o conceito de sustentabilidade está se alargando para a sustentabilidade da educação, sustentabilidade da arte, sustentabilidade da política, sustentabilidade da universidade. A sustentabilidade é um valor pelo qual entendemos que temos que usar os recursos da natureza e recursos imaAmbiente Legal teriais de uma maneira Os pobres e miseráveis que eles possam se regesão as maiores vítimas da nerar. A regeneração dos crise ambiental. Indira valores imateriais cultuGandhi, na Rio 92, disse rais é ainda mais difícil que a pobreza é a pior que a regeneração da napoluição. No entanto, a tureza, porque vivemos maioria dos ambientalisem uma sociedade onde tas foca apenas a presersomos dominados ou vação de outras espécies dominamos os outros. animais, ignorando os Dominação é um fato, homens. O que o senhor não muda. O que temos acha disso? que aprender é que a estabilidade só existe se Thomas Bauer - É nehouver mudança. Sociecessário cuidar do meio dade só existe se houver ambiente e dos recursos mudanças sociais. Mídia naturais, mas não estasó existe se houver mumos apenas vivendo no danças midiáticas. EduThomas Bauer: Só cuidar do ambiente natural não é suficiente ambiente natural, vivecação só existe se houver mos em um ambiente mudanças educacionais. cultural tomando conta do meio ambiente natural. Mudanças de paradigmas são necessárias para Só cuidar do meio ambiente natural não é suficienque esses bens culturais se regenerem. No caso te. O que precisamos é de sustentabilidade na cultuespecífico da Comunicação, a mudança da forra, na maneira como olhamos a cultura. ma distributiva, da lógica linear (TV, rádio, im- prensa) para a mídia social, com lógica reticular, é uma mudança na ontologia de comunicação, é uma outra maneira de estar na sociedade. Nós não temos que chorar pelo fim do jornalismo tradicional. Foi um estágio, agora temos de buscar respostas para os novos desafios. Caos, conflitos, são formas dialéticas de regenerar os recursos de sustentabilidade. Ambiente Legal - Que relação pode ser estabelecida entre a sustentabilidade ambiental e a redução da desigualdade no mundo? dado, para serem capazes de questionar a nós mesmos, nossas instituições, nossos modelos. Os Verdes não têm mais essa autenticidade, se tornaram um modelo dentro da sociedade. A Ciência e Arte são instituições que podem ser livre de modelos pré-estabelecidos. Por isso é problemático combinar educação com ciência. Perdemos a liberdade da ciência. A universidade se torna um curso de treinamento. Ambiente Legal - Existe um limite para o capitalismo? Bauer - Pensando na qualidade de vida das diversas sociedades do mundo e no estágio civilizacional que cheBauer - Toda cultura se desenvolve até um gamos na Europa, a ponto de sabermos usar os recursos ponto em que se destrói, se torna obsoleta, de forma a sobreviver a nós mesmos e a possibilitar a mata a si mesma. Deixa de ser cultura e passa a existência das próximas gerações, temos a responsabiser tecnologia. A cultura é aberta (open source) lidade de socializar esse know how (que é diferente de enquanto tecnologia é um código fechado. A conhecimento -knowledge). Mas, transferir tecnologia, mídia social, atualmente, mostra que o projeto sem levar em consideração as particularidades locais, da mídia tradicional organizada está obsoleto. é perigoso, pode ser uma forma opressiva, como foi Este sonho acabou. Causa medo, mas tem que a colonização e as ser assim. Superar obras missionárias. esse medo faz parte, “O movimento verde passou a fazer Melhor seria treinar para surgirem com parte do sistema. Não é mais um os diferentes povos novas formas, nopara se auto conhevos sonhos. contraponto, conta com o sistema cer e, assim, desene o sistema conta com ele” volver sua própria Ambiente Legal competência, não - Como está sendo simplesmente repetindo os modelos já existentes. discutido o tema da Rio+20 na Europa? Ambiente Legal - O que seria uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza? Bauer - Se você diz que é ‘verde’ entende-se que é de acordo com uma ideologia política, a favor da democratização, da inclusão de gênero, do uso ecológico dos recursos naturais. O problema é que o movimento verde passou a fazer parte do sistema. Não é mais um contraponto, conta com o sistema e o sistema conta com ele. O Verde já é uma estrutura básica da sociedade. Precisamos do desafio de pensar conexões de fora que não sejam parte da estrutura. Nossa sociedade tem instituições para isso: a Ciência e a Arte, por exemplo, podem questionar a sociedade, os valores, a ideologia. Em virtude disso, a liberdade da Ciência e da Arte deve ser zelada com muito cui- Bauer - Meu sentimento é que a expectativa não está muito alta, por isso não está chamando muita atenção. É relevante apenas para quem faz parte do movimento ecológico. Está fora do mainstream da política e da notícia. Tem muito a ser feito para se conseguir mais publicidade, caso contrário a Rio+20 vai se tornar outra mera carta de intenções, sem efetividade. Contudo, eu, pessoalmente, tenho grandes expectativas, porque ela está ligada a uma nova imagem de Brasil, que está desenvolvendo muito rápido, que está em condição de emprestar dinheiro para a Zona do Euro. O Brasil está avançando e, junto com China e Índia, está se tornando um fator indispensável para entender o desenvolvimento do mundo e passa a ter voz. Nesse contexto Rio+20 vai ser muito importante. 35 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l A disposição de solos e resíduos da construção civil e a lacuna da legislação paulista Foto: Arquivo AICA francamente Antonio Fernando Pinheiro Pedro A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos veio em boa hora para transformar nossa Construção Civil, setor no qual o desperdício de material e o descuido com o destino dos resíduos constituiu-se numa constante histórica. Várias são as construtoras empenhadas, hoje, em conferir sustentabilidade ambiental à suas atividades, havendo no SINDUSCON – Sindicato da Construção Civil, em São Paulo, empenho programático para otimização do gerenciamento dos resíduos do segmento. Na outra ponta, o setor de destinação e disposição dos resíduos e rejeitos da Construção Civil tem se organizado visando conferir razão econômica à uma atividade que, até poucos anos atrás, era dominada por “terralheiros” e “bota-foras” ocasionais e clandestinos. O Poder Público, antes da entrada em vigor da Lei Federal, já estava cuidando de estabelecer marcos normativos para a atividade, conquistando um melhor monitoramento do fluxo de geração e destinação dos resíduos da construção civil – entulhos, solos e materiais agregados. Até reclassificando tecnicamente os materiais e definindo competências. Agora, com o novo marco legal, todo o SISNAMA poderá incrementar esse processo de controle. Recente resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama 448/2012, nesse sentido, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos provenientes da Construção Civil, mantendo a classificação de resíduo da construção “classe A” para o material oriundo da escavação de terrenos, incluindo solos de atividades de terraplenagem. O artigo 4º, parágrafo 1º, desta Resolução, aponta para a vedação expressa de disposição de resíduos da construção civil em aterros domiciliares, em áreas de bota-fora, em encostas, corpos d´água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei. O Estado de São Paulo, ao atender a Resolução CONAMA 307/2002 (alterado pela Norma 448/2012), já havia editado a Resolução SMA 41/2002, que estabelecia diretrizes para o licenciamento de aterros de inertes e da construção civil, impondo ao interessado a adoção de mecanismos de 36 Revi s ta Am bie nte Le ga l controle ambiental da área, identificação do gerador, volumetria e qualificação analítica do material de ingresso no local de destino final (aterro). No entanto, a gestão ambiental paulista, à guisa de melhorar o arcabouço legal de controle da poluição, acabou por interferir, contraditória e negativamente, no setor da destinação e disposição final dos resíduos da Construção Civil, revogando a Resolução SMA 41/2002 e dispondo de forma equivocada, por meio de marco legal genérico e falho, regime de disposição de solos que abriu caminho para o escoamento irregular de terra contaminada e demais materiais controlados. Com efeito, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, ao editar a Resolução SMA 56/2010, estranhamente dispensou do licenciamento ambiental “a recepção exclusivamente de solo com a finalidade de regularização de terreno, para ocupação por edificação ou outro uso” e, contraditoriamente, não especificou qualquer mecanismo adicional para garantir que o solo mencionado, efetivamente, fosse o proveniente de jazida. Conforme caracterizado pelo próprio Código Nacional de Mineração, a utilização de solo estranho à própria jazida, vinculada às atividades de nivelamento, escavação ou terraplenagem, por si só descaracterizaria o benefício da lei, sendo mais grave a transgressão se a atividade envolver remuneração pela terra utilizada ou o lançamento em locais exteriores à obra. O vácuo normativo permitiu que atividades clandestinas desviassem solos contaminados ou mesmo outros materiais para “áreas de nivelamento”, sem qualquer embasamento técnico ou avaliação de risco. A situação contraria o disposto na Resolução CONAMA 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, recentemente alterada pela Resolução CONAMA 448/2012, pois, sob o pretexto de nivelar topograficamente logradouros particulares que necessitam de alteamento de cota original do terreno, municipalidades da região metropolitana concedem autorizações para a dita regularização to- pográfica com a recepção de material terroso, sem qualquer controle da origem do material, sua qualidade ambiental e ensaios técnicos que atendam o disposto na norma ABNT que trata de aterros e terraplenagem (norma NBR 15113) e sua qualificação ambiental (NBR 10004). Sedimentos de dragagem de corpos d´água e solo turfoso, que seguem a norma federal (resolução Conama 344/2004 e resolução SMA 39/2004), para disposição final, são ignoradas e o solo e sedimentos seguem para localidades que não cumprem o rito administrativo Federal e Estadual. Ditos resíduos (solo, e outros materiais resultantes da escavação e dragagem), são lançados rotineiramente, por exemplo, em áreas localizadas nas fronteiras do munícipio de São Paulo, cujo espaço cúbico disponível serve aos préstimos das empresas de terraplenagem e construtoras que praticam ato de comércio sobre o material escavado. A subversão ocorre na completa ignorância por parte dos geradores, transportadores e prefeituras que não atendem ao disposto na norma federal (resolução Conama 448/2012), e permitem o ingresso de qualquer tipo de solo sem identificação de sua origem, qualidade ambiental e técnica operacional, e completa alteração da qualidade paisagística e ambiental. Não só o aspecto administrativo da falta de controle está em jogo. O próprio espírito da legislação de politica urbana e o desenvolvimento da função social da cidade ficam afetados, especialmente porque o resíduo da construção civil, disposto em locais inadequados, contribui para degradação da qualidade ambiental. Por outro lado, basta uma visita em qualquer obra de escavação privada para observar visualmente o excesso de peso imposto ao veículo que transporta o resíduo, declaradamente impresso, muitas vezes, no manifesto de carga contratado pelas construtoras. O artigo 257, parágrafo 6º, do Código Nacional de Trânsito, estabelece a responsabilidade solidária do transportador e embarcador (gerador) por infração à legislação de trânsito e transporte. No caso em tela, há infração pelo excesso de peso bruto total no veículo, se o peso declarado for superior ao limite legal- a resolução 258/2007 do CONTRAN, em seu artigo 12, estabeleceu regras nesse sentido, para excesso de peso entre eixos. O fato é que a situação acima descrita, com todos os desdobramentos sinérgicos que resvalam até para as normas de trânsito, acarreta enorme deseconomia, representada pelas perdas no fluxo dos resíduos sólidos da construção civil, perdas essas direcionadas a bota-foras clandestinos e atividades de nivelamento topográfico irregulares. O vazadouro clandestino de materiais provenientes da construção civil inclui resíduos contaminantes, que deixam de ser tratados e dispostos adequadamente e se tornam fator de degradação ambiental de novas áreas nos centros urbanos. Outro aspecto da questão diz respeito ao fato do licenciamento ambiental dos aterros e áreas de beneficiamento de resíduos, não se encontrar harmonizado com as autorizações municipais pertinentes às obras e reformas da construção civil geradoras dos resíduos, bem como escavação de solo e terraplenagem. A fiscalização ambiental das obras acima mencionadas, bem como das obras públicas e de significativo impacto ambiental, carece de regramento e documentação que garantam o correto rastreamento da origem e destino do fluxo dos materiais resíduos e rejeitos da construção civil. Nesse sentido, é nosso pensamento, compartilhado pela Apetres (Associação Paulista das Empresas de Tratamento e Destinação de Resíduos Urbanos), que o Governo do Estado de São Paulo, efetivamente: A) Determine a criação de mecanismo normativo de rastreamento de origem e destino do fluxo de materiais resíduos e rejeitos da construção civil, que vinculem a destinação destes a aterros e estações de beneficiamento devidamente licenciados pela autoridade ambiental competente, e que condicionem a conclusão das obras civis à comprovação da destinação e disposição final ambientalmente adequada dos resíduos e rejeitos delas provenientes, no cumprimento exato dos termos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal 12.305/2010; B) Implemente combate dedicado aos botaforas e outras áreas clandestinas de destinação de resíduos e disposição de rejeitos da construção civil, integrando o corpo técnico de fiscalização do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais – SEAQUA, com o Sistema Estadual de Segurança Pública, de forma a coibir a atividade criminosa representada pela destinação irregular dos resíduos e rejeitos da construção civil, contribuindo para a sensível redução da deseconomia representada por este fenômeno criminológico. É preciso, portanto, que o governo paulista, urgentemente, corrija estas distorções administrativas, para que de fato se possa falar em uma gestão ambiental de resíduos sólidos que saia efetivamente do discurso fácil e ingresse na dura realidade da implementação da lei ambiental. 37 R ev i s t a A m b i en t e L eg a l foto do m ê s Por Nei Santi Jr. Áreas de Atuação Consultoria Análise de riscos socioambientais Defesa em inquéritos e processos administrativos e judiciais Licenciamento ambiental Estudos de impacto ambiental Gestão legal de passivos ambientais Mercado de carbono Gestão de resíduos sólidos Contratos públicos, licitações e concessões Pareceres, estudos e análises jurídico-institucionais Capacitação e treinamento de equipes Resolução de conflitos regulatórios Saneamento, energia e infraestrutura Direito do Consumidor Direito Penal e Administrativo Disciplinar Responsabilidade civil Direito de Família e Sucessões Rua Jaspe, 80, Aclimação, São Paulo, SP CEP 01531-060 www.pinheiropedro.com.br Brasília, Cuiabá, Recife, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro jotac.com.br Direito, Meio Ambiente e Sustentabilidade