- Mestrado em Horticultura Irrigada
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI) MAYARA WESLEY DA SILVA CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE Heliconia psittacorum x H. spathocircinata ‘GOLDEN TORCH’ CULTIVADA SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE NO SUBMÉDIO VALE DO SÃO FRANCISCO JUAZEIRO - BA 2015 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI) MAYARA WESLEY DA SILVA CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE Heliconia psittacorum x H. spathocircinata ‘GOLDEN TORCH’ CULTIVADA SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE NO SUBMÉDIO VALE DO SÃO FRANCISCO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Horticultura Irrigada Orientadora: Profa Dra Elizabeth Orika Ono Co-orientadora: Profa Dra Maria Herbênia L. C. Santos JUAZEIRO - BA 2015 _____________________________________________________________________ “Senhor eu quero brilhar por Ti quando o mundo se apagar Eu quero que através da minha vida Alguém possa te enxergar Faze com que mesmo sem palavras eu fale do Teu amor Eu quero brilhar por Ti, Brilhar onde quer que for” (Leonardo Gonçalves) “Luz do sol, Que a folha traga e traduz, Em verde novo Em folha, em graça, em vida, em força, em luz” (Caetano Veloso) ______________________________________________________________________ Dedico: ______________________________________________________________________ Aos meus pais, Geoval e Vera, por sonharem os meus sonhos e não medir esforços para realizá-los. A vocês minha sincera admiração, meu respeito e eterna gratidão. AMO vocês. Agradeço: ______________________________________________________________________ Uma Dissertação não traduz somente os meus esforços, antes constitui o resultado de várias contribuições que, no seu conjunto, dão corpo às ideias expressas e permitem a sua apresentação final. Assim, é justo e necessário deixar aqui o meu reconhecimento e gratidão: À Deus, meu Senhor e Salvador; Fiel para completar a boa obra que começou em minha vida! Ao meu esposo Josinaldo Moreira, por toda paciência, atenção, apoio e amor presentes em nossa vida a dois. À minha Mãe Vera e ao meu Pai Geoval. Meus maiores exemplos de superação e companheiros de todos os momentos. À minha irmã Marcia, meu apoio constante, minha tradutora oficial e minha grande companheira. Ao meu irmão Marcos, meu exemplo de dedicação profissional e apoio incondicional. Aos cunhados Warren e Adriana, por todo suporte e atenção. Aos meus sobrinhos Beatriz e Daniel, que com tanta ternura fazem nossos esforços valer a pena. À Professora Doutora Elizabeth Orika Ono pela orientação. Que soube dosar liberdade, responsabilidade e amizade na medida certa. Levo comigo o aprendizado para toda a vida. À Professora Doutora Maria Herbênia Lima Cruz Santos, pela orientação, por me apresentar e me fazer apaixonar pelo mundo das plantas ornamentais. Pela oportunidade de trabalhar lado a lado e por ser sempre uma amiga pronta a me ajudar. À Capes pelo auxílio financeiro imprescindível para a realização deste trabalho. À Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) que me propiciaram a formação acadêmica necessária pra chegar até aqui. Aos Professores Doutores da UNEB, em especial à Carlos Aragão, Alessandro, Barbara Dantas, Manoel Abílio, Lindete e Gertrudes Macário de Oliveira pela contribuição profissional e amizade. Aos pesquisadores e amigos: Dulce, Caio, Lucas, Adriano, Ivangela e Jadson pela amizade, pela valorosa e indispensável colaboração. Sem vocês não seria possível a realização deste trabalho. Aos funcionários da UNEB, do Setor de Floricultura (Genivaldo e Deinha), pela colheita de tantas flores, pelas conversas e pelos ensinamentos da floricultura prática. Às funcionárias da UNEB, da Secretaria do Programa de Pós Graduação em Horticultura Irrigada (Selma e Ivana), por estarem sempre dispostas a me ajudar, mesmo com um curto espaço de tempo. Aos irmãos na fé da Igreja Batista Emanuel, que me suportaram espiritualmente e oraram por mim! Aos irmãos na fé da Missão Metodista, que me ensinaram a viver o evangelho e a graça salvadora de Jesus Cristo. Aos amigos da turma de mestrado: Ana Paula, Simone, Diego, Larissa, Larisse, Keilan, Rodrigo, Márcio, Flávia, Gilmara, Girlândia, Iraí, Ludmilla, por todos os momentos de estudo, risadas e companheirismo, fazendo da jornada de mestrado um caminho muito menos solitário. As amigas de graduação que iniciaram comigo essa jornada, sempre me incentivando e apoiando: Ana Paula (Russa), Raquel (Fiona), Juliana (K-xota), Letícia (Mulata) e Beatriz (Karabina). Enfim, agradeço a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, na elaboração deste trabalho. Obrigado! SUMÁRIO Lista de Figuras ................................................................................................................ Lista de Tabelas ............................................................................................................... RESUMO ......................................................................................................................... 8 9 10 ABSTRACT …………..................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 8 2.1. Caracterização da espécie ........................................................................... 8 2.2. Intensidade luminosa e o desenvolvimento vegetal .................................... 15 2.3. A manipulação espectral e seu efeito no desenvolvimento vegetal ............ 18 2.4. Características dos materiais de cobertura .................................................. 2.5. A modificação espectral e seu efeito no desenvolvimento de plantas ornamentais ........................................................................................................ 3. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 19 3.1. Localização do experimento ....................................................................... 24 3.2. Delineamento experimental ........................................................................ 24 3.3. Material de propagação e produção de mudas ............................................ 25 3.4. Transplantio ................................................................................................ 25 3.5. Substrato e adubação .................................................................................. 26 3.6. Sistema de irrigação .................................................................................... 28 3.7. Dados climáticos ......................................................................................... 28 3.8. Avaliações ................................................................................................... 29 3.8.1. Avaliações destrutivas .................................................................... 29 3.8.2. Avaliações não destrutivas ............................................................. 30 3.9. Analise estatística .............................................................................. 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 32 4.1. Caracterização do ambiente ........................................................................ 32 4.2. Análise de crescimento ............................................................................... 41 4.3. Produtividade e qualidade das hastes florais .............................................. 55 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 60 6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 61 7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 62 20 24 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Figura 2. Figura 3. Figura 4. Figura 5. Figura 6. Figura 7. Figura 8. Figura 9. Figura 10. Figura 11. Figura 12. Figura 13. Figura 14. Figura 15. Detalhes das inflorescências de heliconia: inflorescência pendente (A); inflorescência ereta(B)................................................................................ Detalhes das plantas de Heliconia cv. Golden Torch: inflorescência (A); utilização no paisagismo (B).................................................................... Plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ em estruturas do tipo “sombreiro” cobertas com telas nas cores: azul 3540% (A), vermelha 18-21% (B) e preta 45-50% (C)...................................................................................................... Mudas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ no período de transplantio para vasos............................................................... Determinação da massa da matéria fresca, por meio de pesagem em balança digital, das folhas, pseudocaules e raízes + rizoma de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟................................................................................................. Total diário de radiação solar global nos diferentes ambientes de cultivo................................................................................................ Temperatura média diária para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch.................................................................................................. Temperatura média horária do ar para os diferentes ambientes do cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. (A) Dia que apresentou menor temperatura mínima no ciclo (20/11/2013) e (B) dia que apresentou maior temperatura máxima no ciclo (04/12/13)................................................................................................... Valores médios mensais da velocidade do vento para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch.............................................................. Precipitação mensal acumulada no período de novembro/2013 a maio/2014. Fonte: estação meteorológica da UNEB-Campus III............... Umidade relativa do ar para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, no período de novembro/2013 a maio/2014..................................................... Curvas de regressão para número de perfilhos (A), número de folhas (B) e área foliar (cm²) (C) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.................................................................................................... Curvas de regressão para altura da planta (cm) (A) e comprimento da maior raiz (cm) (B) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.................................................................................................... Curvas de regressão para massa de matéria fresca da parte aérea (g) (A), massa de matéria seca da parte aérea (g) (B), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) (C) e massa de matéria seca raiz + rizoma (g) (D) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.............................................................................. Folhas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014................................................................................................ 17 18 27 32 36 39 42 43 44 46 46 51 53 58 61 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6. Tabela 7. Tabela 8. Tabela 9. Tabela 10. Resultados da análise de material orgânico da Sanvale Plasticultura e Irrigação. Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Departamento de Ciências do Solo. Piracicaba-São Paulo............................................ Resultados da análise do substrato utilizado. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: Embrapa Semiárido (CPATSA) Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais....................................... Valores médios mensais de radiação solar global (MJ m-2 d-1) para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014........................................................................................ Nível de sombreamento e transmitância indicados pelo fabricante e medidos sob as diferentes telas....................................................... Valores médios da temperatura do ar média, máxima e mínima para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014.......................................................................... Número de perfilhos, número de folhas e área foliar (cm²) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014....... Altura da planta (cm) e comprimento da maior raiz (cm) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014....... Massa de matéria fresca da parte aérea (g), massa de matéria seca da parte aérea (g), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) e massa de matéria seca raiz + rizoma de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014................................................ Índice de clorofila presente nas folhas, em unidades SPAD, em plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014....... Ciclo, número de hastes florais total (NHF Total), número de hastes florais por metro quadrado (NHF/m²), comprimento médio das hastes florais (CHF) (cm), diâmetro das hastes florais (DHF) (cm) e porcentagem de hastes com padrão para comercialização (HPC) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch avaliadas no período de 180 dias e cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014....... 33 34 39 40 42 50 54 57 60 65 9 RESUMO WESLEY, M. S. 2015. Crescimento e produtividade de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata ‘Golden Torch’ cultivada sob diferentes condições de luminosidade no submédio Vale do São Francisco. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – UNEB – Universidade do Estado da Bahia O uso de malhas de sombreamento de diferentes cores pode alterar a qualidade espectral da radiação e, como consequência, o crescimento e a produção de uma cultura vegetal, desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar aspectos do crescimento, produtividade e qualidade das hastes florais de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ cultivadas sob diferentes condições de luminosidade. Os tratamentos consistiram em quatro ambientes: malha fotoconversora azul (35-40%); malha fotoconversora vermelha (18-21%); malha de sombreamento preta (45-49%) e pleno sol. O experimento constou de duas partes: na primeira realizaram-se avaliações de crescimento e na segunda, foram estudados aspectos relacionados à produtividade e qualidade das hastes florais. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas no tempo, sendo seis blocos por parcela, cada bloco com onze repetições, totalizando sessenta e seis vasos por parcela. As avaliações foram realizadas durante seis meses, com intervalos de trinta dias. Foi possível observar que a diferença de luminosidade nos ambientes provocou variações no desenvolvimento das plantas de acordo com a variável avaliada. Nas análises de crescimento observou-se que a malha vermelha contribuiu com o crescimento das plantas, no aumento do número de perfilhos, número de folhas e altura das plantas. A produtividade e a qualidade das hastes florais foi superior em plantas cultivadas sob tela azul e preta quando comparada as plantas cultivadas sob tela vermelha e a pleno sol. Conclui-se, que nas condições experimentais estabelecidas, as malhas azul (35-40%) e preta (45-49%) proporcionaram melhor condição de cultivo e produção de hastes florais de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟, quando comparadas aos ambientes a pleno sol e sob malha fotosseletiva na cor vermelha (18-21%). Palavras-chave: malhas fotoconversoras, ornamentais, haste floral 10 ABSTRACT WESLEY, M. S. 2015. Heliconia psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' development and productivity under different light conditions in sub-middle São Francisco Valley. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – UNEB – Universidade do Estado da Bahia. The use of shading screens of different colors may change the spectral quality of radiation and as a consequence, the growth and the production of a crop. This study aims to evaluate the growth, productivity and quality aspects of buds of Heliconia psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' grown under different light conditions. The experiment consisted of four environments: Blue shading screen (35-40%); Red shading screen (18-21%); Black shading screen (45-49%) and Full exposure to sun light. The analysis was laid into two parts. At the first one, growth assessments took place, and at the second conditions such as productivity and quality of the buds were studied to identify potential for large production and a greater range of possibilities for commercial production of the species in the region. The experimental design was a randomized complete block in a split-plot in time, being six blocks per plot, each block with eleven repetitions, a total of sixty six pots per plot. The assessments were carried out through out a six months period, on a monthly basis. It was possible to observe that the difference in brightness settings varied with the evaluating variable. During the growth analysis, it was observed that the red shading screen contributed to the growth of the plants, thus contributing to the increasing number of tillers, number of leaves and the plant‟s height. The productivity and the quality of the buds were higher in plants grown under black and blue screen shading when compared to those plants cultivated under the red screen shading and full exposure to sun light. In conclusion under the established experimental conditions, the blue (35-40%) and the black (45-49%) screen shading provides the best conditions for growth and production of flower stalks of Heliconia psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' compared the environments under full exposure to sun ligh , and screen shading (18-21%). Keywords: shading nets, ornamentals, cut floral stems 11 1. INTRODUÇÃO A floricultura consolida-se como uma atividade econômica relevante. Possui cerca de 8 mil produtores que cultivam uma área de aproximadamente 13.460 hectares distribuídos em 12 polos de produção, gerando 206 mil empregos entre produção, distribuição, varejo e apoio. É importante também ressaltar o aspecto social desse segmento, uma vez que, o agronegócio de flores e plantas ornamentais é uma atividade mantida essencialmente por pequenos produtores, que mantém as atividades de origem familiar, o que contribui para uma melhor distribuição de renda (VENCATO et al., 2006; IBRAFLOR, 2013; JUNQUEIRA; PEETZ, 2014). Entre as regiões produtoras de flores, a região Sudeste responde por 53,3% da floricultura nacional. E na sequência vem as regiões Sul com 28,6% de participação, Nordeste com 11,8%, Norte com 3,5% e, finalmente, Centro-Oeste, com representatividade de 2,8%. Entre os estados da região nordeste, o estado de Pernambuco é o principal produtor nacional de flores de clima temperado e o principal produtor de flores tropicais, destacando-se na produção de helicônia, zingiber, alpinia e antúrio (BUAINAIN; BATALHA, 2007; COSTA et al., 2007). A ideia da produção de flores tropicais como um produto com potencial econômico para exportação foi introduzida na região do submédio do Vale do São Francisco no ano de 2004, quando se organizou a Florexport (Associação dos Produtores de Flores do Vale do São Francisco) (CAVALCANTI, 2004). O submédio do Vale do São Francisco respondeu anualmente, nesse período, por 20% de toda produção de flores tropicais do estado de Pernambuco, estimada em 120 mil hastes/mês. Desse total, cerca de 6,2 mil hastes eram exportadas mensalmente. Entretanto, apesar do interesse e dos avanços nas negociações com os compradores estrangeiros, a região não conseguiu atingir os volumes suficientes para assegurar grandes remessas regulares, 12 devido à carência de informações sobre cultivo, nutrição mineral, demanda hídrica, tratos fitossanitários e influência do clima (radiação solar, temperatura, precipitação, umidade relativa e vento) sobre essas espécies na região semiárida, o que fez com que os contratos de exportação fossem revogados e a produção enfraquecida (CAVALCANTI, 2004). A radiação solar influencia diretamente os processos metabólicos que determinam o crescimento das plantas, por ser fonte primária de energia relacionada à fotossíntese. Isto se deve à absorção de fótons pelos vegetais que, posteriormente, são utilizados na reação química da fotossíntese para obtenção de energia para os demais processos fisiológicos relacionados ao desenvolvimento e crescimento da planta (OREN-SHAMIR et al., 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013). Desta forma, tem-se utilizado técnicas como iluminação artificial, coberturas refletoras de solo e telados com malhas neutras e fotoconversoras visando à manipulação da intensidade e qualidade da radiação no cultivo vegetal, proporcionando efeitos expressivos no desenvolvimento das plantas (PONS; JONG-VAN BERKEL, 2004; SHAHAK et al., 2004b). A qualidade da radiação para o bom desenvolvimento das plantas relaciona-se com a composição do seu espectro, formada pelos comprimentos de onda. As faixas espectrais mais importantes nos processos fotobiológicos são a ultravioleta, visível e infravermelho. Diversos processos biológicos influenciados pela radiação são realizados na faixa do espectro visível, sendo os comprimentos de ondas situados nessa faixa a principal fonte energética para estimular a fotossíntese e as respostas fotomorfogênicas (HART, 1988; TAIZ; ZEIGER, 2013). As plantas possuem mecanismos capazes de responder às alterações na quantidade e qualidade de luz, assim, podem ocorrer alterações morfológicas (anatomia e área foliar, concentração de pigmentos, abertura e fechamento estomático, número, tamanho e localização dos cloroplastos), fisiológicas (taxa de crescimento, condutância estomática, assimilação de CO2, transpiração, ponto de compensação luminosa) e tem impacto importante na produção (CAVAGNARO, 2007; DAY et al., 2009). Assim, faz-se necessário o estudo dos impactos que o uso de telas fotosseletivas causam na produção de helicônias e tendo em vista o nicho de mercado existente para as 13 flores tropicais e a necessidade de introdução de novas culturas na região semiárida do submédio do Vale do São Francisco, o presente estudo teve como objetivos: 1. Quantificar o crescimento de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch submetidas a diferentes disponibilidades de radiação e 2. Avaliar a produtividade e a qualidade de hastes florais de „Golden Torch‟ cultivadas sob tela azul, vermelha, preta e a pleno sol. 14 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Características gerais e cultivo de Helicônias Existem cerca de 176 espécies de helicônias de ocorrência na região neotropical e seis espécies nas Ilhas do Pacífico, perfazendo 182 espécies, distribuídas em cinco subgêneros. Grande parte das espécies foram identificadas no nordeste da América do Sul, o que confirma a região como um dos centros de diversidade do gênero (CASTRO et al., 2007a). As helicônias, conforme a espécie, podem ocorrer em altitudes que variam de 0 a 2000 m (CASTRO; GRAZIANO, 1997) e se adaptam melhor em regiões úmidas, mas há espécies adaptadas às áreas de secas periódicas (CRILEY; BROSCHAT, 1992). Algumas espécies são encontradas em florestas montanhosas, ainda que as mais exuberantes se encontram em terras baixas tropicais, especialmente as espécies colonizadoras de crescimento contínuo, ao longo de estradas, beira de rios e em clareiras de florestas úmidas, matas ciliares e matas de galeria. Em habitat de campo aberto, caracterizado por alta radiação solar, as helicônias podem apresentar mais de seis metros de altura e formam densos agrupamentos com 50 perfilhos ou mais (RUNDEL et al., 1998). O nome Helicônia foi estabelecido por Lineu, em 1771 em referência ao Monte Helicon, na Beócia, Grécia, local onde viveu Apolo e as Musas, segundo a mitologia Grega (CASTRO, 1995). As de origem neotropical são popularmente conhecidas como 15 bananeira-de-jardim, bico-de-guará, falsa-ave-do-paraíso, bico-de-papagaio e paquevira, entre outros (ANDERSON, 1989). Pertencem à família Heliconiaceae, gênero Heliconia e ordem Zingiberales (CASTRO, 1995). As helicônias são plantas herbáceas com altura variando de 0,5 a 7,0 m quando medidas do solo até o ponto mais alto das folhas; rizomatosas, perenes, com pseudocaule ereto, aéreo, formado pela justaposição de bainhas de folhas e dispostas em fileiras verticais (CRILEY; BROSCHAT, 1992; SHEELA, 2008). As folhas das helicônias são geralmente esverdeadas e podem apresentar cerosidade na face abaxial (ARGOLO, 2009). Quanto à disposição das folhas podem ser considerados: musóide, canóide e zingiberóide (BERRY; KRESS, 1991). O tipo musóide se caracteriza por apresentar as folhas orientadas verticalmente e apresentam longos pecíolos, semelhante às plantas de bananeiras. No tipo canóide, as folhas apresentam orientação, mais ou menos, horizontal e pecíolos curtos, semelhantes às espécies de Canna. Já o tipo zingiberóide apresenta folhas com pecíolos de tamanho médio a curto e disposição oblíqua, lembrando a planta de gengibre (BERRY; KRESS, 1991). As inflorescências surgem na região apical do pseudocaule, podendo ser pendentes ou eretas, constituídas de brácteas arranjadas dísticamente ou em espiral. As brácteas, estruturas da planta que lhe dão valor ornamental, são folhas modificadas, com coloração, tamanho, formato, disposição, textura, número e outros detalhes que variam muito, sendo estas, características utilizadas na classificação botânica. As brácteas se unem por meio da ráquis e podem estar dispostas em um ou mais planos, devido à torção da ráquis, ficando com forma espiralada, e inflorescência pode se desenvolver de forma pendente ou ereta (BERRY; KRESS, 1991), conforme ilustrado na Figura 1. 16 B WESLEY, 2013 A Figura 1 - Detalhes das inflorescências de helicônia: inflorescência pendente (A); inflorescência ereta (B). As flores de helicônias são hermafroditas, com cores variando de amarelo a branco (BERRY; KRESS, 1991). O perianto é composto de três sépalas externas e três pétalas internas, as quais apresentam diferentes graus de fusão, formando um tubo aberto de comprimento variado, dependendo da espécie. As flores apresentam seis estames, cinco férteis e um modificado em estaminóide estéril, filete e anteras lineares (CRILEY, 1995). O tamanho, forma e inserção dos estames são características utilizadas para identificação das espécies. As anteras ficam localizadas acima ou no nível final do perianto. O pólen fica maduro durante o dia, na maioria das espécies. O estilete acompanha a curvatura do perianto e o ovário é ínfero, trilocular, com placentação basal, com um óvulo por lóculo (SIMÃO et al., 2006). A Heliconia psittacorum x H. spathocircinata aristeguieta cultivar Golden Torch apresenta hábito de crescimento do tipo musóide, altura entre 0,82 e 2,97 m e inflorescência terminal ereta em um único plano. A inflorescência apresenta de quatro a oito brácteas de cor amarelo-alaranjada, com flores alaranjadas em seu interior, bráctea basal com quilha e ponta verde; haste dourada e ocasionalmente com pequena área vermelha na ponta (MOSCA et al., 2004), podendo ser utilizada como flor de corte e também no paisagismo, conforme ilustrado na Figura 2. 17 A B Figura 2 - Detalhes das plantas de Helicônia cv. Golden Torch: inflorescência (A); utilização no paisagismo (B). As espécies do gênero Heliconia são consideradas plantas geófitas tuberosas que se perpetuam por sementes e caules subterrâneos especializados denominados rizomas, cuja principal função é servir como fonte de reservas, nutrientes e água para o crescimento e desenvolvimento sazonal e, assim, assegurar a sobrevivência das espécies (CASTRO; GRAZIANO, 1997). O rizoma subterrâneo possui crescimento simpodial, isto é, emite brotações laterais. Esse crescimento vegetativo é bastante vigoroso e, frequentemente, formam uma grande população monoclonal (CRILEY; BROSCHAT, 1992). Dentro de uma mesma espécie pode ocorrer variação quanto ao porte, dependendo da variedade, cultivar ou forma de condução (BERRY; KRESS, 1991). O crescimento e distribuição dos rizomas podem variar quanto à distância e direção entre os novos e velhos brotos, sendo eles retos ou oblíquos e classificados por Berry & Kress (1991) em quatro grupos: a) Espaçado: os pseudocaules brotam separados devido ao fato do rizoma crescer de 20 a 40 cm paralelo à superfície do solo; normalmente ocorre em espécies que crescem em lugares muito úmidos como a Heliconia episcopalis. b) Semi-espaçado: crescem um pouco separados, porém em menor proporção que as plantas citadas acima. É muito característico em espécies que crescem a pleno sol como a Heliconia latispatha. 18 c) Agrupado: os pseudocaules crescem um próximo ao outro e com o tempo vão formando um círculo ao nível do solo como a Heliconia griggsiana. d) Muito agrupado: são rizomas compactos e os pseudocaules se desenvolvem de forma muito agrupada, normalmente são espécies que se adaptam a solos muito inclinados como a Heliconia mutisiana. O espaçamento para o cultivo de helicônias depende da espécie e/ou cultivar a ser utilizada. Para espécies produtoras de inflorescências leves e eretas, três plantas por metro linear é a densidade de plantio mais recomendada, em espaçamento de 30 cm entre plantas. O plantio deve ser efetuado no centro de canteiros com largura de 0,9 m. Canteiros mais largos levam ao uso ineficiente do espaço e, os mais estreitos, não só dificultam a colheita das inflorescências como concorrem para o desenvolvimento de plantas estioladas nas linhas centrais, devido à dificuldade da entrada de luz através da folhagem (DONSELMAN; BROSCHAT, 1986; FERNANDES, 2000). Costa et al. (2006) realizaram estudos de perfilhamento com diversas espécies de helicônia, concluindo que a adoção de um único espaçamento para diferentes espécies de helicônia não é recomendado e que as helicônias de pequeno porte, como, por exemplo, as cultivares e híbridos de H. psittacorum perfilham mais que as helicônias de grande porte. Em geral, os genótipos que perfilham muito apresentam expansão mais rápida da touceira, sendo definidos como de crescimento aberto. Estes devem ser plantados em espaçamentos maiores que 1,5 x 3,0 m, caso contrário, será necessário desbaste de perfilhos para que não haja invasão nas entrelinhas. Espaçamentos reduzidos acarretam rápido adensamento das plantas necessitando renovar o plantio em intervalos de tempo menores. Genótipos de grande porte com inflorescências eretas e crescimento agrupado como, por exemplo, H. wagneriana, não devem ser plantadas em espaçamento menores que o citado anteriormente, pois mostram tendência ao tombamento da planta, levando à formação de inflorescências inclinadas em relação à haste, característica indesejável para a comercialização devido à dificuldade de embalagem e transporte (CRILEY, 1988). A propagação das helicônias pode ser por sementes e por via vegetativa. A propagação sexuada de helicônia é limitada, já que o fruto apresenta endocarpo duro que dificulta a germinação das sementes (SIMÃO; SCATENA, 2003). Para a maioria 19 das espécies a germinação ocorre num período de 120 dias, entretanto, para algumas, a germinação pode demorar até três anos (MARQUES et al., 2004). Em geral, a propagação comercial se dá por via vegetativa, pela divisão do rizoma (CRILEY, 1988). Entretanto, esse método contribui na disseminação e acúmulo de agentes causais de doenças que são transmitidas e intensificadas entre plantios sucessivos, via rizomas contaminados (TORRES, 2005). Quanto a nutrição mineral, Albuquerque et al. (2010) e Farias et al (2013) colocam que para a produção comercial de Heliconia psittacorum x H. pathocircinada, cv. Golden Torch a combinação da adubação orgânica e mineral aumentou os índices de produção como número de perfilhos, comprimento da haste floral, diâmetro da haste floral e comprimento da bráctea, e obtiveram as maiores médias nos tratamentos com adubação organomineral indicando que a adubação mineral quando complementada com adubação orgânica, contribui para sua otimização. Os autores relataram também que, o aumento do número de perfilhos contribuiu para o incremento do número de folhas e, por conseguinte, da quantidade disponível de fotoassimilados, em razão da maior absorção da luminosidade. Por outro lado, Carvalho et al. (2012) avaliando o efeito da adubação orgânica e mineral no crescimento de Heliconia psittacorum x H. pathocircinada cv. Golden Torch, constataram, quanto ao número de perfilhos, número de inflorescências, comprimento da haste floral, massa seca e fresca das hastes florais que não houve diferenças significativas entre os tipos de adubação. Quanto à irrigação, a helicônia é sensível à falta de umidade no solo, podendo afetar a qualidade final do produto, sendo o estresse hídrico notado nestas plantas pelo enrolamento longitudinal das folhas. Dessa forma, faz-se necessária a utilização de irrigação complementar em áreas de clima mais seco (LAMAS, 2001). Segundo Filisberto & Marinho (2014), na região do semiárido a evapotranspiração média da Heliconia psittacorum x H. pathocircinada cv. Golden Torch é em média 2,78 mm d-1; e os coeficientes de cultivo determinados para a cultura são de 0,63 na fase inicial, 0,80 na fase vegetativa e de 1,01 na fase de florescimentocolheita. 20 Entre as práticas de manejo, recomenda-se a remoção das folhas velhas e doentes, e dos caules secos das plantas que já floresceram, a fim de favorecer o desenvolvimento da touceira e melhorar a aeração no seu interior. É recomendável o desbaste das touceiras de helicônias, após o segundo ano de plantio, pois o raleamento da touceira permite maior entrada de luz, que resulta no aumento da produção de perfilhos e futuras hastes florais (DONSELMAN; BROSCHAT, 1986; FERNANDES, 2000). Quando o agrupamento de plantas começa a comprometer a produtividade pode ser feita a divisão de touceiras para a renovação do plantio e obtenção de mudas (COSTA, 2005). 2.2. Intensidade luminosa e o desenvolvimento vegetal A luminosidade tem sido entendida como um fator climático que pode interferir positiva ou negativamente no desenvolvimento das plantas (BOYER, 1982) e modificações na radiação causam impactos no crescimento, morfologia, anatomia (DAY et al., 2009; CRAVEN et al., 2010), em diversos aspectos da fisiologia e bioquímica celular (CAVAGNARO et al., 2007; FAVARETO et al., 2011) e, finalmente, no florescimento e produtividade (RAVEN et al., 1998). A fotossíntese é também dependente de fatores ambientais como a luz, concentração interna de dióxido de carbono (CO2), temperatura, umidade do solo e nutrientes (MELEIRO, 2003). Por meio do processo fotossintético, a energia radiante é fixada em energia química potencial utilizada por todos os componentes da cadeia alimentar para realizar os processos vitais. A radiação solar é também a fonte primária de energia para a reposição da matéria orgânica consumida na cadeia alimentar (ROSA, 2012). A absorção da energia luminosa no cloroplasto (localizado no mesofilo foliar) ocorre em duas unidades funcionais diferentes, chamadas fotossistemas. Essa energia luminosa captada é utilizada para a transferência de elétrons por uma série de compostos que agem como doadores e receptores de elétrons. A maioria de elétrons no final reduz NADP+ em NADPH2. A energia luminosa também é usada para gerar uma força motriz de prótons através da membrana do tilacóide que é usada para sintetizar ATP (TAIZ; ZEIGER, 2013). 21 Entretanto, para a planta, a radiação solar não é somente uma fonte de energia (efeito fotoenergético), mas também um estímulo que governa o condicionamento do desenvolvimento (efeito fotocibernético) e que, às vezes, funciona como um fator estressante (fotodestrutivo), sendo que todos esses efeitos da radiação ocorrem por meio da absorção dos quanta de luz que é a quantidade de energia emitida por cada partícula de fóton (LARCHER, 2000; TAIZ; ZEIGER, 2013). As plantas possuem fotorreceptores, pigmentos que funcionam como transdutores de sinal para proporcionar informações que controlam as respostas fisiológicas e morfológicas (TAIZ; ZEIGER, 2013). A variação da intensidade de luz afeta a fotossíntese quando as folhas estão expostas a uma atmosfera com teores naturais de CO2. A intensidade de luz em que a fotossíntese se equipara à respiração (taxa de troca de CO 2 é zero) é chamada de ponto de compensação de luz. Este ponto varia com a espécie, com a própria intensidade de luz no crescimento e, até certo ponto, com a temperatura e os níveis de CO2. Só ocorrerá acúmulo de matéria seca acima do ponto de compensação de luz. Diferenças no ponto de compensação de luz são causadas basicamente por diferenças na taxa de respiração. Quando a respiração é baixa, a folha requer menos luz para fotossintetizar o suficiente para compensar o CO2 que está sendo perdido e, consequentemente, o ponto de compensação de luz é menor (SALISBURY; ROSS, 2013). As plantas que se desenvolvem em condições de sombra têm algumas características típicas: apresentam taxas fotossintéticas mais baixas a pleno sol do que plantas cultivadas ou crescidas em áreas abertas; suas respostas fotossintéticas são saturadas com muito menos intensidade de luz do que espécies de locais mais ensolarados; realizam a fotossíntese em altas taxas sobre baixíssima intensidade de luz e o seu ponto de compensação de luz é geralmente baixo. Estas características permitem fazer com que elas cresçam lentamente no seu habitat natural e, ainda, sobrevivam em lugares onde espécies com altos pontos de compensação de luz poderiam não sobreviver. As plantas de sombra demonstram ainda algumas adaptações, tais como apresentar razão de 3:1 de fotossistema II para fotossistema I, comparada com 2:1 de plantas de sol; estas adaptações permitem aumentar a absorção de luz e a transferência de energia em ambientes sombreados (HOPKINS, 1999). 22 As folhas que crescem na sombra apresentam também algumas características anatômicas e bioquímicas bem definidas: geralmente, são mais largas e mais finas; têm mais clorofila por centro de reação e uma alta proporção de clorofila b em relação à clorofila a, do que folhas crescidas em pleno sol. Estas, por sua vez, são mais espessas por apresentarem parênquima paliçádico maior ou uma camada adicional de células companheiras; têm alta concentração da proteína solúvel, a enzima ribulose 1,5difosfato carboxilase (Rubisco) e componentes do ciclo das xantofilas (TAIZ; ZEIGER, 2013). As diferenças na luminosidade afetam não somente a morfologia, fisiologia e microestrutura, mas também tem importante impacto na produtividade, sobretudo, porque o desenvolvimento da planta requer apropriada intensidade luminosa. A intensidade luminosa excessiva ou baixa irá impedir a fotossíntese nas plantas. O sombreamento influencia não somente a quantidade de luz recebida pelas plantas, mas também, modifica outras pequenas condições ambientais, como a temperatura do ar e do solo, umidade relativa, concentração de CO2 e outros, que são importantes para o desenvolvimento da planta (SONG et al., 2012). Quando as folhas de uma planta de sombra são expostas ao excesso de luz a fotossíntese é inibida. Este fenômeno é chamado fotoinibição que, dependendo da quantidade de luz, pode vir a gerar danos ao aparelho fotossintético, afetando diretamente o desenvolvimento e a produção final da planta (HOPKINS, 1999). Algumas plantas são capazes de se adaptar à variação dos regimes de luz, crescendo como plantas de sol em áreas ensolaradas e como plantas de sombra em ambientes sombreados. Porém, plantas que estão adaptadas à ambiente muito ensolarado ou muito sombreado, dificilmente sobrevivem no ambiente oposto (HOPKINS, 1999). Middleton (2001) relata que, muitas vezes, a intensidade de luz inibe a floração e a frutificação e, algumas vezes, mantém a planta indefinidamente na condição vegetativa. Flores e frutos gastam muita energia e são, portanto, modestos em cores e tamanho em espécies adaptadas à sombra. A radiação solar influencia diretamente sobre os processos metabólicos que determinam o crescimento e a produção de Heliconia spp. Cada espécie tem diferentes 23 necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral, pode-se dizer que elas preferem a condição de pleno sol ou sombreamento parcial. A plena exposição ao sol faz com que a planta necessite de mais água e fertilizantes (BROSCHAT; DOLSELMAN, 1983; BERRY; KRESS, 1991; SHEELA, 2008). Dados sobre a exigência de luminosidade de algumas espécies e cultivares de helicônia na Colômbia foram apresentados por Berry & Kress (1991), como: Heliconia wagneriana Petersen., H. psittacorum L.f , H. episcopalis Vellozo, H. psittacorum cv. Sassy, H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, H. pendula Wawra, H. richardiana Miquel, H. psittacorum x H. marginata e H. psittacorum x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle: todas apresentam hábito de crescimento musóide, a maioria com inflorescências eretas e podem ser cultivadas a pleno sol ou sob sombreamento, que pode variar, dependendo da espécie, de 20 a 70%. Para Alves (2003), as helicônias de pequeno porte, como a „Golden Torch‟, geralmente, são aquelas que se adaptam ou apresentam melhores rendimentos a pleno sol, entretanto, Conceição et al. (2005) observaram que as alturas de perfilhos, principal e secundário, de plantas de helicônia cv. Golden Torch são reduzidas quando cultivadas a pleno sol, afetando também o tamanho e a longevidade pós-colheita das inflorescências. Broschat & Donseiman (1983) complementam que a pleno sol o crescimento e florescimento das helicônias é altamente afetados pelos nutrientes. Entretanto, sobre condições de sombreamento, a luz é o fator limitante e o aumento da quantidade de nutrientes não aumenta a produção de flores. 2.3. A manipulação espectral e seu efeito no desenvolvimento vegetal As plantas são sensíveis ao regime luminoso, percebendo a composição espectral (qualidade), isto é, a faixa de absorção dos fótons, direção, intensidade de luz (quantidade) e duração do período luminoso (SHAHAK et al., 2004a; TAIZ; ZEIGER, 2013). Segundo Mcmahon & Kelly (1995) as plantas conseguem reagir às mudanças no espectro da radiação eletromagnética por meio de alterações na morfologia e nas 24 funções fisiológicas, sendo as mudanças nos espectros de comprimento de onda de 670 nm (vermelho), 730 nm (vermelho distante) e 380 nm (azul) aquelas que mais influenciam respostas fotosseletivas. Isto é, devido, também, à atividade dos pigmentos fotossintéticos absorverem luz nestes comprimentos de onda. Sabendo-se dessas respostas fotosseletivas foram desenvolvidas algumas estratégias, como a utilização de telas ou plásticos de cobertura que visam simular diferentes espectros de absorção da radiação solar (BRANT et al., 2009). A partir disso, se tem utilizado redes ou malhas fotoconversoras coloridas. Estas, inicialmente utilizadas somente para a proteção contra intempéries físicas e animais, tornaram-se uma técnica utilizada para filtrar e modular a iluminação, modificando a porção dos espectros que chega até as plantas, objetivando favorecer o desenvolvimento de determinadas características específicas, das quais a fisiologia esteja relacionada à variação do espectro de luz (ILIC et al., 2012). As malhas fotoconversoras são empregadas na manipulação do desenvolvimento de plantas, provocando alterações morfológicas e fisiológicas específicas, melhorando o uso da radiação solar e a produção vegetal (SHAHAK et al., 2004b). Essas malhas podem diferenciar na sua eficiência em transmitir a radiação difusa e na sua capacidade de dispersar a radiação direta que a transpassa, em função de suas propriedades físicas. A dispersão da radiação é fator importante, que estabelece a intensidade de radiação que atinge a superfície vegetal (OREN-SHAMIR et al., 2001). No que concerne à fisiologia, os fitocromos ativam fatores transcricionais que induzem às respostas das plantas à luz. Eles desempenham algumas funções nos vegetais, dentre as quais se destaca a capacidade de fornecer às plantas condições de detectarem o sombreamento por outras plantas. Nesse caso, a razão luz vermelha/vermelho-distante diminui, induzindo plantas de sombra a alocarem a maior parte de seus recursos para o crescimento em altura; tal desempenho é conhecido como “resposta de evitação à sombra” (TAIZ; ZEIGER, 2013). As malhas fotoconversoras Chromatinet da empresa Polysac Plastic Industries são unidas mais densamente para atingir o mesmo efeito de sombreamento e, de acordo com o fabricante, alteram o espectro de luz por elas transmitido. A malha azul transmite luz de uma banda larga em 470 nm (azul), além de outros picos na região do vermelho distante e infravermelho (acima de 750 nm), enquanto a malha vermelha possui maior 25 transmitância em comprimentos de onda acima de 590 nm (vermelho) e um pico menor em torno de 400 nm (violeta), reduzindo ondas azuis, verdes e amarelas. As malhas azul e vermelha alteram a intensidade e a qualidade de radiação que incidem nas plantas, dissipando a radiação difusa no ambiente de cultivo, o que favorece o desenvolvimento vegetal por estimular o processo fotossintético. Essas malhas modificam o espectro de radiação que transmitem (OREN-SHAMIR et al., 2001). A malha vermelha reduz os comprimentos de onda azul, verde e amarelo e aumenta os comprimentos de onda vermelho e vermelho-distante. A malha azul diminui os comprimentos de onda vermelho e vermelho-distante e aumenta os comprimentos de onda azul. No entanto, ao contrário da malha vermelha, a malha azul não reduz a razão vermelho:vermelho distante (V/VD) do espectro da radiação difusa, mas aumenta essa razão levemente, sendo o aumento da razão azul:vermelho (A/V) seu efeito marcante na radiação difusa do ambiente de cultivo (SHAHAK et al., 2004b). Entre as malhas neutras de sombreamento, as de coloração pretas são as mais empregadas, sendo uma de sua característica a transmissão uniforme da radiação na faixa do espectro visível, agindo como filtros de densidade neutra. As malhas pretas diminuem a incidência de radiação na superfície vegetal e não influenciam na qualidade espectral. A radiação não é difundida, sendo apenas transmitida ao transpassar a malha, modulando apenas a intensidade luminosa que chega as plantas (OREN-SHAMIR et al., 2001). 2.4.Características dos materiais de cobertura 1) Tela de sombreamento azul 35-40% A malha azul muda o espectro da luz que a atravessa, reduzindo as ondas vermelhas e vermelho distante e acrescentando as ondas azuis. Desta forma, as plantas cultivadas sob a malha azul se desenvolvem mais paulatinamente, obtendo-se plantas compactas e com folhagem verde escura. Em plantas de flores pode-se atrasar o início do florescimento, o que permite ao agricultor programar a produção de acordo com os requisitos do mercado, sendo adequada para agricultores que cultivam plantas em vasos 26 e querem reduzir o volume de remessa dos seus produtos ao mercado (POLYSACK, 2014) (Figura 3A). 2) Tela de sombreamento vermelha 18-21% Essa malha manipula o espectro da luz que a atravessa, reduzindo as ondas azuis, verdes e amarelas e acrescentando as ondas vermelha e vermelha-distante. Como consequência, as plantas cobertas com malhas vermelhas desenvolvem-se mais rapidamente; a superfície das folhas é maior; as hastes mais compridas e, em geral, o volume da folhagem é maior. Em plantas de flores pode-se encurtar o tempo de florescimento, sem que isso influencie na qualidade da flor (POLYSACK, 2014) (Figura 3B). a) Tela de sombreamento preta 45-49% Amplamente usada para sombrear hortaliças em área aberta e para flores em viveiros e estufas. Proporciona sombreamento uniforme dos cultivos, protege do impacto do granizo, atua também como quebra-vento e controla a circulação de ar em viveiros e estufas (POLYSACK, 2014) (Figura 3C). A B C Figura 3 – Plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ em estruturas do tipo “sombreiro” cobertas com telas nas cores: azul 35-40% (A), vermelha 18-21% (B) e preta 45-50% (C). 2.5. A modificação espectral e seu efeito no desenvolvimento de plantas ornamentais Plantas de Pittosporum variegatum cresceram mais lentamente sob malha azul, com inibição da taxa de alongamento, redução da ramificação lateral, encurtamento do 27 internódio e redução da produtividade de ramos comerciais. Contrariamente, plantas crescidas sob malha vermelha apresentaram maior alongamento, comprimento de internódio e ramificação, porém de forma mais lenta (OREN-SHAMIR et al., 2001). As respostas de plantas ornamentais às alterações na qualidade da luz incluem aumento da área foliar total em Codiaeum variegatum cultivado sob malha de sombreamento vermelha (GAFFNEY, 2004). De forma semelhante em plantas de Anthurium andraeanun „Apalai‟ cultivadas sob malha vermelha observou-se incremento no número de flores/vaso e no tamanho da inflorescência, aumentando assim, seu valor comercial (KOBAYASHI et al., 2006). Dracenas deremensis cv. Janet Craig produzidas sob malha vermelha apresentaram maior número de folhas que parece estar relacionado com um maior nível de radiação fotossinteticamente ativa (PAR), porém, as folhas foram menores que nos demais tratamentos, devido ao maior nível total de radiação. Já para a Dracena marginata cv. Colorama não houve diferença entre a área foliar das plantas cultivadas sob as diferentes malhas, entretanto, para o parâmetro número de folhas, as plantas cultivadas sob malha vermelha mostraram-se superiores (KAWABATA et al., 2007). Meirelles et al. (2007) não observaram diferença do desenvolvimento de mudas de Rhapis excelsa (Thunberg) Henry ex. Rehder entre as malhas de sombreamento preta (50% e 80%) e coloridas (preta e vermelha a 50%) para número de folhas, altura e número de brotos. Nomura et al. (2009) trabalhando com diferentes malhas de sombreamento na produção de Anthurium andraeanun „Apalai‟ observaram que plantas cultivadas sob malha preta apresentaram maior comprimento do pecíolo, maior desenvolvimento de área foliar em todo o período de estudo e comprimento da haste floral quando comparada com plantas cultivadas sob malha azul, vermelha e termo-refletora. Entretanto, o uso de malhas de sombreamento não afetou o início da produção de hastes florais, ou seja, não provocaram precocidade no florescimento, característica desejada pelo produtor. Observou-se que plantas de Catharanthus roseus (L.) G. cv. Pacifica White cultivadas sob malha vermelha apresentaram maior teor de matéria seca total em relação aos demais tratamentos. Os maiores conteúdos de matéria seca total e de parte aérea 28 encontrados nas plantas sob malha vermelha podem ter sido ocasionados pela menor relação vermelho:vermelho distante (V/VD) do espectro da radiação difusa, proporcionada por esse tratamento. O aumento da relação V/VD proporcionada pelos filtros pode ser um estímulo para uma maior conversão do fitocromo da forma ativa (Fvd) para a forma inativa (Fv), reduzindo a relação Fvd/Ftotal, o que causaria maior alongamento de caules (MORGAN; SMITH, 1978). A área foliar também foi significativamente afetada pelo sombreamento, onde as plantas sob malha vermelha exibiram maior superfície total (MELO; ALVARENGA, 2009). Segundo Brant et al. (2009), plantas de Melissa officinalis L. são insensíveis à qualidade de luz para a produção de fitomassa e expansão foliar, sendo sensíveis apenas quanto à intensidade de luz, de forma que o sombreamento empregado pelas malhas azul, vermelha e preta (50%) foi benéfico em relação às plantas cultivadas a pleno sol. Lima et al. (2010) observaram que em plantas de Anthurium andraeanun „Apalai‟, a melhor resposta para altura da planta, comprimento do pecíolo, comprimento e largura da folha e área foliar (AF), foi apresentada pelas plantas cultivadas sob malha preta. Observou-se também que, não houve diferença na espessura da folha entre plantas cultivadas sob malha vermelha, preta, azul e termorefletora. Os autores concluíram que, as malhas azul e vermelha não propiciaram condição ambiental adequada para o crescimento do antúrio e indicaram a utilização da malha preta de sombreamento (70%) para a produção de plantas de antúrio. Malhas de sombreamento (50%) nas cores preta, vermelha e azul favoreceram o desenvolvimento inicial de Alpinia purpurata „Jungle Queen‟ e „Jungle King‟ não diferindo entre si e o desenvolvimento de brotos sob malha vermelha tiveram maior incremento em altura (SOUZA, 2012). O diâmetro da roseta e o tamanho das folhas de Aechmea fasciata foram incrementados pela utilização de malha de sombreamento vermelha em comparação com as malhas preta, azul e termorefletora (70%) (HOLCMAN; SENTELHAS, 2013). Vários caracteres de importância agronômica já foram estudados em helicônias, todavia, na literatura ainda não estão disponíveis informações mostrando o desenvolvimento de H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch sob diferentes condições de luminosidade. 29 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Localização do experimento O experimento foi conduzido entre 5 de novembro de 2013 e 5 de maio de 2014 em área experimental no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, no município de Juazeiro (BA) nas coordenadas geográficas 9º 25‟ 10” de latitude sul e 40º 29‟ 16" de longitude oeste e altitude de 367 m. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é Bswh, que corresponde à região semiárida. A temperatura mínima média varia de 18,4 a 22,2°C e a máxima de 29,6 a 33,9°C. O período mais seco do ano e de maior insolação ocorre de agosto a novembro. A precipitação média anual é de 529 mm, com período chuvoso concentrado entre os meses de novembro e abril (TEIXEIRA, 2010). Três estruturas com 10 x 24 m, altura de 3,0 m e estrutura tipo “sombreiro” foram montadas e cobertas com telas de sombreamento azul (35-40%), vermelha (1821%) e preta (45-49%). As telas azul e preta eram produzidas em teares Raschel (fita) e a tela vermelha tecida com fios de monofilamento. Em cada um desses ambientes foi introduzida a cultura de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟. 3.2. Delineamento experimental O experimento constou de quatro tratamentos, sendo três ambientes com telas de sombreamento (azul, vermelha e preta) e cultivo a pleno sol. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas, sendo 30 seis blocos por parcela, cada bloco com onze repetições, totalizando sessenta e seis vasos por parcela e um total de duzentas e sessenta e quatro plantas. 3.3. Material de propagação e produção das mudas As unidades propagativas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ utilizadas foram provenientes do Viveiro de Produção de Plantas Ornamentais do DTCS/UNEB. Realizou-se a divisão das touceiras de plantas adultas e separou-se as unidades propagativas que eram formadas por uma porção de rizoma. As secções dos rizomas foram padronizadas de modo a apresentar 10 cm de comprimento e, em média, cinco gemas entumecidas e 20 cm de pseudocaule. As raízes maiores foram cortadas. As unidades propagativas foram então transportadas para o Viveiro de Plantas nativas do DTCS/UNEB onde receberam tratamento de desinfestação em hipoclorito de sódio a 0,5% por um minuto (imersão) e depois de secas foram plantadas em sacos de polietileno preto de três dm3 contendo substrato composto de Neossolo flúvico, areia e esterco caprino curtido e triturado na proporção 1:1:1. Quinzenalmente as mudas receberam 20 mL de solução nutritiva completa de Hoagland e Arnon (1950), composta de NH4H2PO4, KNO3, Ca(NO3)2, MgSO4, Fe EDTA e micronutrientes (H2BO3, MnCl2. 4H2 O, ZnSO4.7 H2O, CuSO4. 5 H2O, e H2MoO4 H2O). 3.4. Transplantio O transplantio das mudas para a área experimental foi efetuado 162 dias após o plantio das unidades propagativas, selecionando-se as plantas mais vigorosas. As mudas foram transplantadas em vasos de polietileno preto com capacidade para 18 L (Figura 4). 31 Figura 4 - Mudas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ no período de transplantio para vasos. 3.5. Substrato e Adubação O substrato utilizado nos vasos de polietileno foi composto de Neossolo flúvico, areia e composto vegetal proveniente da Empresa Sanvale Gestão Ambiental (TABELA 1), na proporção 1:1:1. Uma amostra do substrato utilizado foi analisada pelo Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais da Embrapa Semiárido (TABELA 2) e com base na recomendação de adubação de Lamas (2002) verificou-se que os teores de nutrientes encontravam-se dentro dos padrões exigidos para a cultura. Realizou-se quinzenalmente a adubação de cobertura, na qual foram aplicados: nitrato de cálcio e fosfato monoamônico através de fertirrigação, durante os 90 dias iniciais de experimento. 32 Tabela 1. Resultados da análise de material orgânico da Sanvale Plasticultura e Irrigação. Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Departamento de Ciências do Solo. Piracicaba-São Paulo. Data da emissão: 17/01/2013. Determinações pH em CaCl2 0,01M Densidade (g/cm3) Umidade perdida a 60-65°C (%) Umidade perdida entre 65-110°C (%) Umidade total (%) Inertes Matéria orgânica total (combustão) (%) Matéria orgânica compostável (%) Matéria org. resistente à compost. (%) Carbono total (orgânico e mineral) (%) Carbono total (%) Resíduo mineral total (%) Resíduo mineral insolúvel (%) Resíduo mineral solúvel (%) Nitrogênio total (%) Fósforo (P2O5) total (%) Potássio (K2O) total (%) Cálcio (Ca) total (%) Magnésio (Mg) total (%) Enxofre (S) total (%) Relação C/N (C total e N total) Relação C/N (C orgânico e N total) Cobre (Cu) total (mg/kg) Manganês (Mn) total (mg/kg) Zinco (Zn) total (mg/kg) Ferro (Fe) total (mg/kg) Boro (B) total (mg/kg) Sódio (Na) total (mg/kg) Umidade Natural 7,6 0,63 48,82 2,26 51,08 0 17,68 14,33 3,35 9,82 7,96 31,24 17,6 13,64 0,64 0,54 0,63 4,52 0,2 1,7 15/1 12/1 11 120 51 2903 4 538 Base Seca 60-65°C 101°C 0 34,54 28 6,55 19,19 15,55 61,04 34,39 26,65 1,25 1,06 1,23 8,83 0,39 3,32 15/1 12/1 21 234 100 5672 8 1051 0 36,14 29,29 6,85 20,07 16,27 63,86 35,98 27,88 1,31 1,1 1,29 9,24 0,41 3,48 15/1 12/1 22 245 104 5934 8 1100 33 Tabela 2. Resultados da análise do substrato utilizado. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: Embrapa Semiárido (CPATSA) - Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais. Data da emissão: 11/02/2014. Determinação C.E (mS cm-1) pH M.O. (g kg-1) P (mg dm-³) K (cmolc dm-³) Na (cmolc dm-³) Ca (cmolc dm-³) Mg (cmolc dm-³) Al (cmolc dm-³) Resultado 2,48 7,41 8,04 118,78 2,2 0,34 8,5 5,6 0 Determinação H + Al (cmolc dm-³) SB (cmolc dm-³) CTC (cmolc dm-³) V% Cu (mg dm-³) Fe (mg dm-³) Mn (mg dm-³) Zn (mg dm-³) Resultado 0 16,64 16,64 100 1,15 79,63 71,97 11,25 3.6. Sistema de Irrigação O sistema de irrigação adotado foi por gotejamento com frequência diária. Todos os tratamentos receberam a mesma quantidade de água. Os intervalos de rega foram determinados em função das condições do solo, das necessidades da cultura e das condições climáticas do período, mantendo o substrato na capacidade de campo. 3.7. Dados Climáticos Para o monitoramento das condições microclimáticas foi instalado em cada ambiente, sistema de aquisição de dados e sensores de temperatura e umidade relativa do ar (psicrômetros), velocidade do vento (anemômetros) e sensor de radiação global (radiômetros). Os dados de precipitação foram obtidos na estação meteorológica do DTCS/UNEB, localizada a cerca de 30 m dos ambientes estudados. Todos os sensores foram conectados ao sistema automático de coleta de dados (Micrologger CR1000) da Campbell Scientific Inc. alimentado por painel solar, programado para efetuar leituras a cada segundo e médias horárias e diárias. Todos os dias os dados armazenados nos microloggers eram transferidos para um módulo de armazenamento e, depois, para um microcomputador para serem 34 efetuados os cálculos e as análises. Os parâmetros monitorados foram os seguintes: temperatura, umidade relativa do ar a e radiação global a 1,5 m, e velocidade do vento a dois metros do solo e radiação solar global. 3.8 Avaliações 3.8.1 Avaliações Destrutivas: As medidas biométricas foram realizadas durante seis meses, com intervalo de 30 dias durante os 180 dias de experimento. Em cada avaliação destrutiva foi analisada uma repetição por bloco, totalizando seis plantas por ambiente. As características avaliadas foram: Altura de plantas (cm) - A altura das plantas foi obtida através da medição individual utilizando-se fita métrica graduada em centímetros medindo-se da ponta da última folha expandida até o ponto de mudança de coloração no colo dos pseudocaules. Comprimento da maior raiz (cm) - O comprimento da maior raiz foi obtido pela medição individual do sistema radicular das plantas utilizando-se fita métrica graduada em centímetros. Número de perfilhos - Para a contagem do número de perfilhos eram considerados todos os pseudocaules presentes na planta. Número de folhas - Para a contagem do número de folhas foram consideradas todas as folhas expandidas, independente, do tamanho que essas apresentavam. Área Foliar Total (cm2) – Para a mensuração da área foliar, todas as folhas expandidas foram retiradas da planta e dispostas sobre uma bancada de coloração branca. Após a organização das folhas estas foram fotografadas. As fotografias foram processadas pelo programa Quant® versão 1.0.1 (VALE et al., 2003) obtendo-se a área foliar em cm2. Massa de matéria fresca (g) – Para a determinação da massa de matéria fresca a planta foi cortada e separada em parte aérea (folhas e pseudocaule) e raízes + rizomas. Cada uma das partes foi pesada em balança digital e, posteriormente, acondicionadas em sacos de papel já identificados. 35 Massa de matéria seca (g) - Após a determinação da massa de matéria fresca todas as partes do vegetal, separadamente, foram colocadas em estufa de circulação forçada de ar a 65°C por 72 h ou até atingir massa constante. Posteriormente, obteve-se também por meio de pesagem em balança digital a massa de matéria seca de folhas, pseudocaule e raízes + rizomas (Figura 5). A B C Figura 5 - Determinação da massa da matéria fresca, por meio de pesagem em balança digital, das folhas (A), pseudocaules (B) e raízes + rizoma (C) de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟. 3.8.2 Avaliações Não Destrutivas: As avaliações não destrutivas foram realizadas em 30 repetições que permaneceram nos ambientes durante os 180 dias de experimento. Teor de clorofila nas folhas - O índice de clorofila foi avaliado em unidades SPAD presente nas folhas de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ utilizando clorofilômetro Soil Plant Analysis Development (SPAD-502, Minolta, Japão). As leituras com o SPAD-502 foram realizadas em três pontos na face adaxial da folha. Posteriormente, determinou-se a média das três leituras realizadas. As avaliações foram realizadas a partir dos 60 dias após o transplantio, com intervalos de 30 dias e em cada avaliação realizou-se a leitura em duas plantas por bloco, totalizando 12 plantas por ambiente. Número de dias a partir da emissão do perfilho até a data da colheita das hastes florais (CICLO) – Após a emissão do perfilho foi contabilizado o número de dias até que a inflorescência atingisse o ponto de colheita, considerando, para este experimento, como o momento em que a inflorescência apresentasse duas brácteas 36 abertas e o ponteiro fechado, segundo metodologia descrita por Criley et al. (2001) com apud de Lamas (2004). Inflorescências colhidas/m² - Considerou-se o número de inflorescências colhidas no espaço de um metro quadrado. Para o dimensionamento do espaço indicado foi somada a produtividade de 14 vasos com área de 0,07m²/vaso. Número de Hastes Florais (NHF) - O NHF foi obtido a partir da contagem de todas as inflorescências produzidas nas 30 repetições durante o período do experimento. As inflorescências eram colhidas quando atingiam o ponto de colheita com duas brácteas abertas e o ponteiro fechado, segundo metodologia descrita por Criley et al. (2001) com apud de Lamas (2004). Comprimento da haste floral (CHF) (cm) – O CHF foi medido com a utilização de fita métrica. Para a aferição do CHF a haste floral colhida a dois cm do solo era medida do ponto do corte até a base da inflorescência. Diâmetro médio da haste floral (DHF) (mm) - Mediu-se o diâmetro da base da haste floral e o diâmetro da base da inflorescência com o auxílio de paquímetro digital e, posteriormente, determinou-se a média das duas leituras realizadas. Hastes com padrão para comercialização (HPC) – O padrão de qualidade obedeceu ao estabelecido por Farias (2004) e Albuquerque (2010) que determinam como comercializáveis as hastes com comprimento a partir de 70 centímetros e que não apresentem qualquer injúria ou deformação. 3.9. Análise Estatística Os dados de crescimento, produtividade e pós-colheita foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Foi realizada também a análise de regressão polinomial em função das épocas de avaliação, sendo a escolha da regressão baseada na significância do coeficiente de determinação das equações obtidas por meio do teste t, utilizando-se o programa estatístico SISVAR. 37 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Condições climáticas dos ambientes Radiação Solar Global As malhas de sombreamento independente da coloração reduziram a radiação que atingiu as plantas e, além de modificar a radiação que efetivamente chegava às plantas, também alterou a temperatura e a umidade relativa do ar, modificando o microclima do local de cultivo. Fazendo-se uma análise do comportamento do total diário de radiação solar global nos quatro ambientes onde foram produzidas as plantas de Heliconia psittacorum X H. spathocircinata „Golden Torch‟ verifica-se que, a radiação que efetivamente chegou às plantas nos ambientes com as telas foi inferior à registrada a pleno sol, com os menores valores observados no ambiente com tela preta (Figura 6). Para todo o ciclo da cultura sob tela preta em média a radiação solar global foi de 11,2 MJ. m-2 d-1, e a pleno sol foi de 22,0 MJ m-2 d-1. 38 Total diário de Radiação Solar Global (MJ m-²/dia) 30 25 20 Tela Azul 15 Tela Vermelha 10 Tela Preta 5 Pleno Sol 0 Figura 6 – Total diário de radiação solar global (MJ m-2 d-1) nos diferentes ambientes de cultivo, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Durante o ciclo da cultura a maior incidência de radiação global foi observada no mês de janeiro, enquanto a menor, no mês de abril, em média a incidência foi de 24,8 e 19,6 MJ m-2 d-1, respectivamente. Não foram considerados os valores do mês de maio já que o experimento estendeu-se apenas até o quinto dia do mês. Observa-se também que para todos os meses, em termos percentuais, a radiação sob as coberturas, representou 75%, 86,2% e 51% da radiação a pleno sol para as telas azul, vermelha e preta, respectivamente (Tabela 3). Tabela 3 – Valores médios mensais de radiação solar global (MJ m-2 d-1) para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 2013 Ambientes 2014 Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Tela Azul 16,4 15,7 18,6 17,0 17,1 14,7 11,6 Tela Vermelha 18,8 18,1 21,4 19,8 19,7 16,9 13,4 39 Tela Preta 11,1 10,7 12,6 11,6 11,6 10,0 7,9 Pleno Sol 21,8 21,0 24,8 22,8 22,8 19,6 15,5 As telas de sombreamento azul e vermelha apresentaram índices de sombreamento diferentes do esperado (Tabela 4). Conforme indicado pelo fabricante, a tela azul bloquearia a entrada de radiação em torno de 35 a 40% e a tela vermelha de 18 a 21%. Esses dados não foram confirmados durante as avaliações realizadas, onde se observou que as telas azul e vermelha bloquearam 25% e 14% da radiação solar global respectivamente, ou seja, a radiação global sob tela azul foi 10% maior do que o índice de transmitância máximo indicado pelo fabricante (60 a 65%), enquanto na tela vermelha foi superior a 4% (79 a 82%). Em contrapartida, a tela de sombreamento preta (45-49%) bloqueou 49%, ou seja, a transmitância foi de aproximadamente 51%, valor igual ao índice mínimo de transparência indicado pelo fabricante (51 a 55%). Tabela 4 - Nível de sombreamento e transmitância indicados pelo fabricante e medidos sob as diferentes telas. Juazeiro, BA, 2015. Tela Sombreamento indicado pelo fabricante (%) Sombreamento medido (%) Transmitância (%) Azul 35-40 25 75 Vermelha 18-21 14 86 Preta 45 – 49 49 51 Araquam (2013), conduzindo experimento na mesma área com a cultura do pimentão, também verificou que o índice de transmitância da tela azul foi diferente do indicado pelo fabricante, apresentando transparência superior ao índice máximo; para a tela vermelha verificou que o índice de transmitância foi próximo ao índice mínimo indicado pelo fabricante. A maior transparência observada nas telas vermelha e azul proporcionou maior incidência de radiação global sobre a cultura e, consequentemente, houve maior disponibilidade de energia, o que pode ter afetado o desenvolvimento vegetal e a 40 qualidade das hastes florais, uma vez que as plantas cultivadas a pleno sol tinham porte inferior às plantas cultivadas sob telado e as hastes florais apresentaram menor comprimento (cm) e apesar de não serem realizadas medições foi observada a incidência de hastes com quebra de “pescoço” e coloração esbranquiçada. Temperatura A temperatura média do ar durante o ciclo da cultura manteve-se entre 27,2 e 27,5°C para os diferentes ambientes de cultivo, o que demonstra que não houve diferença na temperatura entre as telas, ou seja, a redução da radiação não foi acompanhada pela redução na temperatura, sendo a temperatura das áreas teladas próximas a da área a pleno sol (Tabela 5). A amplitude térmica nas diferentes áreas de cultivo foi benéfica às plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, que mesmo sob temperaturas superiores a faixa ótima (22-26°C) indicada por Cattley e Brooking (1996) durante a maior parte do período (Figura 7), não tiveram crescimento vegetativo, nem o ciclo reprodutivo prejudicado. Verifica-se na Figura 7 que praticamente não houve diferença entre a temperatura sob a tela de sombreamento preta e a área a pleno Sol. Esse comportamento provavelmente está associado ao fato da tela preta absorver e reter maior quantidade de radiação e, consequentemente, emitir radiação de ondas longas. De acordo com Araquam (2013), a maior emissão de radiação de ondas longas pelas telas ocorre devido a maior absorção de radiação por elas em comparação à atmosfera, efeito atribuído à coloração e material das telas. Holcman e Sentelhas (2013) também observaram similaridade na temperatura do ar em área coberta com tela preta e a pleno sol e maiores temperaturas quando se utilizou outras malhas de sombreamento (termorefletora, vermelha e azul). Já Rocha (2007), conduzindo experimento com a cultura do tomate, verificou que a temperatura externa foi sempre inferior a dos ambientes telados. 41 As temperaturas extremas foram observadas nos dias 20 de novembro de 2013 (mínima) e 04 de dezembro de 2013 (máxima). A menor temperatura do ciclo foi observada às 5:00 h, chegando a 20,13°C; enquanto a temperatura mais elevada do ciclo (38,7°C) ocorreu às 16:00 h, sendo ambas as temperaturas extremas observadas na área a pleno sol (Figura 8). Tabela - 5 Valores médios da temperatura do ar média, máxima e mínima para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Áreas de Produção Temperatura (°C) Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol Média 27,2 27,4 27,5 27,5 Máxima 31,0 31,3 31,4 31,5 Mínima 23,1 23,3 23,3 23,1 Temperatura média diária (°C) Tela Azul 32,0 31,0 30,0 29,0 28,0 27,0 26,0 25,0 24,0 23,0 22,0 21,0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol Faixa ótima de temperatura Figura 7 – Temperatura média diária para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 42 Temperatura do ar (°C) 40,00 38,00 36,00 34,00 32,00 30,00 28,00 26,00 24,00 22,00 20,00 0 2 4 6 Tela Azul 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Hora Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol Temperatura do ar (°C) A 40,00 38,00 36,00 34,00 32,00 30,00 28,00 26,00 24,00 22,00 20,00 0 2 Tela Azul 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Hora Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol B Figura 8 - Temperatura média horária do ar para os diferentes ambientes do cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. (A) Dia que apresentou menor temperatura mínima no ciclo (20/11/2013) e (B) dia que apresentou maior temperatura máxima no ciclo (04/12/13). Juazeiro, BA, 2015. 43 Velocidade do Vento De maneira geral, as telas se mostraram eficientes na redução da velocidade do vento e impediram a ocorrência de efeitos danosos de ventos fortes sobre as plantas, funcionando como um quebra vento. As maiores velocidades médias do vento foram registradas no mês de maio e as menores no mês de dezembro, atingindo valores entre 2,0 m s-1 a pleno sol e 0,9 m s-1 sob tela preta (Figura 9). Velocidade do vento ( m s-1) 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 0,8 0,6 Figura 9 – Valores médios mensais da velocidade do vento para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. Juazeiro, BA, 2014. No ambiente a pleno sol, para todo o período de experimento, a velocidade média diária do vento variou de 0,5 a 2,7 m s-1, sob tela preta os valores variaram de 0,3 a 2,1 m s-1, para as telas azul e vermelha, de 0,4 a 2,4 m s-1 e 0,3 a 2,4 m s-1 respectivamente. Então, a intensidade dos ventos definida segundo a escala do vento de Beaufort (Adaptado de PRIMAULT, 1979), foi como ventos calmos a brisa leve (0 a 3,0 m s-1). Segundo Ometto e Caramori (1981), quando a velocidade do vento é alta, a ação mecânica sobre as plantas, além de promover a queda de folhas, de flores, frutos, a quebra de galhos ou mesmo causando anomalias morfológicas, provoca ferimentos que 44 favorecem o ingresso de patógenos como bactérias, vírus e fungos e diminuem a eficiência fotossintética. Além disso, o vento renova o ar em torno da folha, aumentando a condutância estomática e proporcionando valores mais elevados de transpiração das plantas (RIGHI, 2000). Por outro lado, a estagnação também é prejudicial ao bom desenvolvimento das culturas, assim, o ideal é a existência de vento moderado e, embora variável entre espécies, em torno de 1,4 a 1,6 m s-1 (VOLPE; SCHÖFFEL, 2001). Precipitação e Umidade relativa do ar Ocorreu precipitação pluviométrica em todos os meses de cultivo, com o maior índice registrado em abril (194,1 mm) e o menor em maio (0,8 mm) (Figura 10). Consequentemente, a maior umidade relativa para o período foi observada no mês de abril de 2014, com média de 66,4% e a menor umidade do ar (54,8%) foi observada no mês de janeiro do mesmo ano (Figura 11). Seeman (1979) afirma que os valores de umidade relativa do ar são inversamente proporcionais à temperatura do ar e muito variáveis no interior do ambiente. Guiselini (2010) verificou similaridade da umidade relativa do ar em três ambientes protegidos em cultivo de Gérbera. Araquam (2013), trabalhando na mesma área experimental, também observou que a umidade relativa do ar não apresentou diferenças entre os ambientes. 45 200,0 Precipitação (mm) 160,0 120,0 80,0 40,0 0,0 Figura 10 - Precipitação mensal acumulada no período de novembro/2013 a maio/2014. Fonte: estação meteorológica da UNEB-Campus III. Juazeiro, BA, 2014. Umidade relativa do ar (%) 68 66 64 62 60 Azul Vermelha 58 Preta 56 Pleno Sol 54 52 Figura 11 - Umidade relativa do ar para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, no período de novembro/2013 a maio/2014. Juazeiro, BA, 2014. 46 4.2. Análise de Crescimento Durante os 60 dias iniciais do cultivo de H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch sob as diferentes telas não foi observada diferença estatística significativa para número de perfilhos emitidos (Tabela 6). No entanto, aos 90 dias de cultivo o número de perfilhos das plantas cultivadas sob malha preta foi estatisticamente superior aos demais tratamentos; entretanto, esse padrão não se repetiu ao longo das demais avaliações (aos 120, 150 e 180 dias). Aos 120 dias de cultivo o número de perfilhos foi maior nas plantas sob malha vermelha em comparação à malha preta, enquanto aos 180 dias de cultivo, novamente, a malha vermelha promoveu maior formação de perfilhos em comparação às plantas a pleno sol. O número de perfilhos emitidos durante o cultivo é um indicativo da produção de brotações reprodutivas, as quais potencialmente podem resultar em uma inflorescência comercial. A variação do perfilhamento está associada às características genéticas, podendo ser influenciada por outros fatores como as condições climáticas (FERNANDES, 2000). Meirelles et al. (2007) observaram que o uso de diferentes malhas de sombreamento não influenciaram no número de brotações de Raphis excelsa. Já Nomura et al. (2009) e Lima et al. (2010) concordam que a malha preta proporcionou melhores condições microclimáticas para o crescimento vegetal e para a produção de hastes florais de Anthurium andreaum „Apalai‟. Pela análise de regressão, as médias para o número de perfilhos emitidos foram ajustadas a curvas lineares crescentes para plantas cultivadas sob as diferentes telas e função quadrática para plantas cultivadas a pleno sol. Quando comparadas as plantas sob as diferentes telas observa-se que as curvas estão quase sobrepostas durante todo o experimento, enquanto a pleno sol existe tendência de distanciamento, principalmente, na última avaliação (Figura 12 A). As médias para o número de folhas emitidos foram ajustadas a funções lineares crescentes para plantas cultivadas sob os diferentes tratamentos durante todo o período (Figura 12 B). Observou-se que nas avaliações realizadas aos 30, 60 e 120 dias após o transplantio não houve diferença estatística entre os ambientes de cultivo, mas houve diferença estatística nas avaliações realizadas aos 90, 150 e 180 dias. Aos 180 dias de cultivo, as plantas cultivadas sob tela vermelha produziram mais folhas que as plantas 47 cultivadas sob tela azul, preta e a pleno sol (Tabela 6). Provavelmente, este aumento está associado a qualidade da radiação (ao aumento na razão luz vermelho: vermelho distante), proporcionada pela tela vermelha, que induz o incremento do número de folhas no dossel da planta. Segundo Farias (2004) para a diferenciação da inflorescência é necessária a emissão de quatro a cinco folhas na haste, assim, o número de folhas por perfilho tornase expressivo, já que as folhas são responsáveis pela absorção de luz no processo fotossintético, influenciando diretamente no desenvolvimento da planta e, também, na emissão de hastes florais. Desta forma, de acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, plantas cultivadas sob tela vermelha poderiam produzir até duas inflorescências a mais por planta no mesmo período de cultivo. Essa produção representando para o produtor, menor custo, maior competitividade e maior rentabilidade. Souza (2012) trabalhando com Alpinia purpurata observou que plantas cultivadas sob tela vermelha apresentaram maior número de folhas por broto em relação a plantas cultivadas a pleno sol. Resultado semelhante foi encontrado por Kawabata et al. (2007) que observaram que em plantas de Dracena deremensis „Janet Craig‟ e D. marginata „Colorama‟ cultivadas sob malha vermelha foi verificado aumento no número de folhas quando comparados com plantas cultivadas sob outras malhas. Os autores atribuem o maior desenvolvimento das plantas ao elevado nível de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) na tela vermelha. O maior número de folhas apresentado por plantas cultivadas sob tela vermelha, não resultou em maior área foliar por planta (Tabela 6). Até aos 120 dias de cultivo da helicônia „Golden Torch‟ não houve diferença significativa quanto à área foliar. Durante esse período houve aumento da área foliar, como consequência natural do desenvolvimento das plantas, pois quando jovens apresentam folhas menores e quando adultas folhas maiores e em maior número. Aos 150 dias de cultivo, plantas cultivadas sob malha vermelha apresentaram plantas com maior área foliar, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Já aos 180 dias, plantas cultivadas sob tela preta apresentaram superioridade estatística em relação aos demais tratamentos, com diferença de 3330,05 cm2 para a área foliar total de plantas cultivadas a pleno sol e 2760,74 cm2 para a área foliar total de plantas cultivadas sob tela vermelha. 48 A área foliar para helicônias cultivadas sob tela vermelha e a pleno sol ajustouse a equações lineares crescentes em função das datas de coleta, enquanto para plantas mantidas sob tela azul e preta o ajuste foi realizado com equações de segundo grau onde se observa tendência de incremento da área foliar das plantas sob tela azul e preta no decorrer do tempo (Figura 12 C). Gaffney (2004) observou que as respostas de plantas ornamentais às alterações na qualidade da luz incluíram aumento da área foliar total em Pittosporum variegatum cultivado sob malha de sombreamento vermelha. Da mesma forma, Rocha (2002) e Holcman e Sentelhas (2013) observaram que a largura e comprimento de folhas de bromélia foram positivamente influenciadas pela utilização de tela na cor vermelha. Já Nomura et al. (2009) observaram que plantas cultivadas sob malha preta tiveram maior área foliar durante os 360 dias de experimento, enquanto que a utilização das malhas de sombreamento nas cores azul e vermelha foram prejudiciais ao desenvolvimento da área foliar de Anthurium andraeanum cv. Apalai, onde a maior energia luminosa disponível para a atividade fotossintética nas malhas azul e vermelha provocou mudanças fisiológicas ou microclimáticas desfavoráveis no ambiente de cultivo do antúrio, comprometendo o crescimento, produção e a qualidade das hastes florais. 49 Tabela 6 - Número de perfilhos, número de folhas e área foliar (cm²) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Dias Após o Transplantio Tratamentos 30 60 90 120 150 180 Equação Matemática Número de Perfilhos Tela Azul 2 a 6 a 6,3 b 8,3 ab 9,3 a 9,8 ab y = 0,0487x + 1,8555 Tela Vermelha 2,5 a 4,8 a 5,8 b 9,3 a 8,2 a 11,2 a y = 0,0541x + 1,2889 Tela Preta 2,3 a 4,7 a 8,2 a 7,7 b 9,2 a 9,8 ab y = 0,0481x + 1,9222 Pleno Sol 2,7 a 5 a 6,2 b 7,8 ab 9,7 a 8,3 b y = -0,0003x² + 0,1072x - 0,4000 CV (%) 13,01 Número de Folhas Tela Azul 8,6 a 18,4 a 24,6 ab 27,6 a 36,6 a 34 b y = 0,1758x + 6,5067 Tela Vermelha 11,6 a 17,2 a 20,4 bc 29,2 a 36,8 a 42,2 a y = 0,2101x + 4,1733 Tela Preta 9,6 a 16,8 a 29,4 a 28,2 a 29,6 b 36 b y = 0,1611x + 8,0133 Pleno Sol 10,4 a 18,6 a 19,4 c 26,2 a 32,4 ab 34 b y = 0,1583x + 6,8800 CV (%) 13,44 Área Foliar (cm²) Tela Azul 2034,33 a 1865,09 a 2114,83 a 4463,99 a 3290,55 b 6796,81 b y = 0,2517x² - 23,8649 + 2497,9400 Tela Vermelha 2238,84 a 2051,96 a 2260,91 a 3458,46 a 5542,72 a 5073,23 c y = 24,6112x + 853,5047 Tela Preta 1934,62 a 2155,49 a 1774,83 a 3619,26 a 4289,38 b 7833,97 a y = 0,4131x² - 50,8115x + 3297,2528 Pleno Sol 1875,96 a 2069,19 a 2324,23 a 3604,53 a 3945,47 b 4703,92 c y = 20,0479x + 982,1451 CV (%) 14,05 *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. 50 R² 89,71 91,43 87,27 95,12 90,99 98,59 85,9 96,44 81,67 80,51 95,93 94,42 Número de Perfilhos 12 10 8 Tela Azul 6 Tela Vermelha 4 Tela Preta 2 Pleno Sol 0 Número de folhas 0 30 150 180 A 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 0 Área Foliar (cm²) 60 90 120 Dias Após o Transplantio 30 60 90 120 Dia Após o Transplantio 150 180 B 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 C Figura 12 - Curvas de regressão para número de perfilhos (A), número de folhas (B) e área foliar (cm²) (C) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 51 Para altura da planta ajustou-se as médias a equações de segundo grau em função das datas de coleta (Figura 13 A). Observou-se que o crescimento em altura de plantas cultivadas em pleno sol foi menor em todo o período de avaliação. O crescimento acima da média observado no 30° dia de cultivo não é observado nas demais avaliações e apesar de não haver diferença estatística entre os tratamentos no 120° dia a altura das plantas cultivadas em pleno sol foi menor, concordando com os dados das demais avaliações (Tabela 7). Segundo Taiz e Zeiger (2013) essa característica pode ser observada, uma vez que com o sombreamento, ocorre maior proporção de luz vermelho-distante, convertida em vermelho, o que induz as plantas a alocar maior parte de seus recursos para o crescimento em altura. Holcman e Sentelhas (2013) também observaram que bromélias cultivadas em pleno sol tiveram a altura reduzida quando comparadas com bromélias cultivadas sob telas preta e vermelha, demonstrando a mesma tendência das helicônias. Plantas cultivadas sob telas preta e vermelha tem comportamento semelhante diferindo estatisticamente na última avaliação em que plantas cultivadas sob tela preta mostram-se estatisticamente superiores quanto à altura das plantas (Figura 12A). Concordando com os dados obtidos no presente trabalho Lima et al. (2010) observaram que a melhor resposta em termos de altura de Anthurium andraeanum cv. Apalai foi encontrada em plantas cultivadas sob malha preta. Para o comprimento da maior raiz observou-se diferença estatística aos 30, 60 e 120 dias de cultivo e nessas, plantas cultivadas sob malha azul mostraram-se superiores (Tabela 7). Entretanto, nas duas últimas avaliações não houve diferença estatística entre os tratamentos e as equações lineares obtidas através das médias tendem a se aproximar demostrando tendência de homogeneidade entre os tratamentos (Figura 13 B). As plantas de helicônia, provavelmente, não desenvolveram raízes mais longas devido ao fato de terem à sua disposição, dentro dos vasos, os nutrientes necessários. Além disso, as Heliconiaceaes não desenvolvem raízes longas, mas priorizam a formação de novos rizomas, garantindo o perfilhamento; tal observação considera também a massa de matéria seca das raízes + rizoma que, apesar de terem o vaso como limitador, apresentaram crescente aumento de massa durante o período do experimento. Ainda nesse sentido, Braga et al. (2009) concluíram que o comprimento das raízes de mudas micropropagadas de Dendranthema grandiflora cv. Rage não foi influenciado 52 pela utilização de malhas de sombreamento preta, azul e vermelha e, da mesma forma, Araújo et al. (2009) também não observaram diferença no comprimento de raízes de Cattleya loddigesii L. cultivadas sob telas azul e vermelha. 160 140 Altura (cm) 120 100 Tela Azul 80 Tela Vermelha 60 Tela Preta 40 Pleno Sol 20 0 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 Comprimento da maior raíz (cm) A 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 B Figura 13 - Curvas de regressão para altura da planta (cm) (A) e comprimento da maior raiz (cm) (B) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 53 Tabela 7 - Altura da planta (cm) e comprimento da maior raiz (cm) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Tratamentos 30 60 90 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol CV (%) 86,4 91,6 85,2 92,8 a a a a 98,2 91,6 89 75 a a ab b 97,4 80,2 86,6 67,6 a bc ab c Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol CV (%) 32,8 32,8 25,4 26,6 a a b b 32,8 27,2 25,8 25 a ab b b 33,8 30,2 31,2 31,4 a a a a Dias Após o Transplantio 120 150 180 Equação Matemática Altura da planta (cm) 80,6 a 86,2 a 109 b y = 0,0016x² - 0,2785 + 100,38 80,4 a 82,6 a 112 b y = 0,0039x² - 0,7675x + 115,78 79 a 84,8 a 137 a y = 0,0054x² - 0,9208x + 115,62 71 a 60,2 b 109 b y = 0,0063x² - 1,2927x + 128,50 11,98 Comprimento da maior raiz (cm) 42,8 a 37,6 a 40 a y = 0,0566x + 30,6933 35,4 b 41 a 42 a y = 0,0922x + 24,8533 42,6 a 40,4 a 42 a y = 0,1276x + 21,4000 39,6 ab 40 a 42,2 a y = 0,1249x + 21,0133 12,19 R² 23,65 77,04 74,05 74,84 57,47 68,17 84,62 88,77 *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. 54 A qualidade espectral de radiação, a qual as plantas de helicônia foram expostas, alterou significativamente a massa de matéria fresca (Tabela 8). Pode-se verificar que houve variação de efetividade da cor da tela nas diferentes avaliações realizadas. Porém, pode-se observar que plantas cultivadas a pleno sol apresentaram menor massa de matéria fresca durante o período, podendo-se atribuir o menor acúmulo de massa fresca ao menor desenvolvimento da planta e ao menor teor de água presente nos tecidos (Figura 14A). No estudo de regressão para massa de matéria seca da parte aérea, plantas cultivadas sob tela vermelha, preta e a pleno sol foram ajustadas a equações lineares crescentes, enquanto para plantas cultivadas sob malha azul ajustou-se equação de segundo grau (Figura 14B). A trajetória desenvolvida seguiu o mesmo padrão observado para massa de matéria fresca, com tendência de aproximação entre plantas cultivadas sob tela vermelha e preta e com distanciamento de plantas cultivadas a pleno sol devido ao menor porte e menor área foliar. Para massa fresca de raiz + rizoma existe diferenças estatísticas em todas as avaliações a partir da segunda avaliação (Tabela 8). Pode-se observar que, a massa fresca de plantas cultivadas sob tela azul foi superior aos demais tratamentos em quatro avaliações, não apresentando o mesmo ritmo de ganho de massa apenas na última avaliação, realizada aos 180 dias de cultivo. Plantas cultivadas a pleno sol tiveram menor ganho de massa nas avaliações, concordando com os dados de massa de matéria fresca e massa de matéria seca da parte aérea. Fato este que indica o desenvolvimento reduzido das plantas sob essa condição de luminosidade. Assim, esses dados e as demais variáveis já descritas confirmam a necessidade do uso de sombreamento para a produção de helicônia em região semiárida. Observa-se na Figura 14 C que no estudo de regressão, plantas de helicônia „Golden Torch‟ cultivadas sob tela azul foram ajustadas pela equação linear, enquanto plantas sob tela vermelha, preta e a pleno sol foram ajustadas pela equação de segundo grau. Para a massa da matéria fresca plantas sob tela vermelha e preta descrevem a mesma trajetória, enquanto para plantas a pleno sol há tendência de afastamento a partir da avaliação realizada aos 120 dias de cultivo. 55 Para massa de matéria seca de raiz + rizoma existe diferenças estatísticas somente nas duas últimas avaliações. Aos 150 dias de cultivo plantas sob telas azul e preta apresentaram massa de matéria seca de raiz + rizoma superiores a plantas sob tela vermelha e a pleno sol e aos 180 dias de cultivo plantas sob tela preta apresentaram massa de matéria seca de raiz + rizoma superior a todos os tratamentos, enquanto plantas sob tela azul apresentam as menores médias (Tabela 8). As médias para massa de matéria seca de raiz + rizoma foram ajustadas por equações de segundo grau para plantas cultivadas sob todas as condições de luminosidade, apresentando o mesmo comportamento e com tendência de afastamento de plantas sob tela preta a partir do quarto mês de avaliação (Figura 14D). Observa-se então, que o acúmulo de massa seca nas raízes + rizoma não sofreu influência do espectro de radiação, porém o acúmulo de matéria é positivamente afetado pela redução da radiação. 56 Tabela 8 - Massa de matéria fresca da parte aérea (g), massa de matéria seca da parte aérea (g), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) e massa de matéria seca raiz + rizoma de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Dias após o Transplantio 30 60 90 120 150 180 Equação Matemática R² Massa de Matéria Fresca da parte aérea (g) Tela Azul 76,4 a 230,4 a 293,6 a 369,6 a 449,6 a 395,2 b y =-0,0173x² + 5,8871x - 82,8400 95,76 Tela Vermelha 96 a 181,2 ab 136,8 b 340,8 a 417,2 a 512 a y = 2,8495x - 18,5333 91,04 Tela Preta 109,6 a 178 ab 298,8 a 362,4 a 440,4 a 577,2 a y = 3,0419x + 7,4667 98,94 Pleno Sol 105,6 a 126 b 185,6 b 247,4 b 313,6 b 395,2 b y = 1,9733x + 21,7333 97,67 CV (%) 14,07 Massa de Matéria Seca da parte aérea (g) Tela Azul 18 a 32,8 a 44,8 ab 56,6 a 75,2 a 72 b y = - 0,0013x² + 0,6545x - 1,6000 97,15 Tela Vermelha 27,1 a 25,6 ab 32,8 b 54,6 a 78,4 a 88 a y = 0,4616x + 0,2,6133 91,19 Tela Preta 19,4 a 26 ab 52 a 53,6 a 71,2 a 94 a y = 0,4859x + 1,6800 96,06 Pleno Sol 19,6 a 19 b 35,2 b 47,8 a 56,4 b 72 b y = 0,3684x + 2,9867 93,39 CV (%) 24,15 Massa de Matéria Fresca raiz + rizoma (g) Tela Azul 91,2 a 330 a 496,8 a 656,4 a 1126 a 1080 c y = 7,1348x - 119,0933 94,63 Tela Vermelha 142,2 a 277,2 ab 354,4 b 518 b 850,8 b 1460,8 b y = 0,022x² - 2,9035 + 107,7270 94,99 Tela Preta 134,8 a 252,8 ab 472,8 ab 498,8 b 1097,6 a 1594,8 a y = 0,0256x² - 3,1715 + 112,4850 97,51 Pleno Sol 102 a 168,4 b 454,4 ab 500 b 761,2 b 1080 c y = 0,0184x² - 2,2889 + 81,4705 93,9 CV (%) 15,56 Massa de Matéria Seca raiz + rizoma (g) Tela Azul 14,8 a 39,6 a 69,2 a 78,2 a 188 a 277 c y = 0,0127x² - 0,9933 + 41,5990 97,54 Tela Vermelha 22,8 a 33,3 a 52,8 a 66,2 a 138 b 331,6 b y = 0,0159x² - 1,4035 + 33,8778 92,59 Tela Preta 22,8 a 30,3 a 74,4 a 58,8 a 198 a 387,2 a y = 0,0188x² - 1,5978 + 35,0107 93,9 Pleno Sol 16 a 20,2 a 52,6 a 64,3 a 113,2 b 290 bc y = 0,01376 - 1,1951 + 27,6263 92,74 CV (%) 26,64 *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Tratamentos 57 600 500 Tela Azul 400 Tela Vermelha 300 Tela Preta 200 Pleno Sol 100 M. M. S. Parte Aérea (g) M. M. F. Parte Aérea (g) 700 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol A 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 0 Tela Azul 0 180 C M. M. S. Raiz + Rizoma (g) M. M. F. Raiz + Rizoma (g) 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 B 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol 0 30 60 90 120 150 Dias Após o Transplantio 180 D Figura 14 - Curvas de regressão para massa de matéria fresca da parte aérea (g) (A), massa de matéria seca da parte aérea (g) (B), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) (C) e massa de matéria seca raiz + rizoma (g) (D) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 58 Para o índice de clorofila (clorofila a), em unidades Spad, houve efeito significativo das telas apenas nas duas primeiras avaliações, onde se observou que plantas cultivadas a pleno sol apresentaram o menor teor de clorofila que plantas cultivadas nas demais malhas (Tabela 9). Nesse sentido Taiz e Zeiger (2013) afirmam que folhas de sombra têm mais clorofila por centro de reação e Brant et al. (2011) colocam que plantas que crescem em ambientes com maior intensidade de luz têm, frequentemente, características estruturais e químicas que aumentam a interceptação de luz que alcança o cloroplasto. Concordando com os dados do presente trabalho, Amarante et al. (2007) verificaram que o sombreamento das plantas de macieira sob telado preto foi eficiente em aumentar o teor de clorofila foliar em comparação àquelas plantas cultivadas a céu aberto. Para o índice de clorofila b não houve diferença significativa apenas na última avaliação, onde se observou que, durante todo o período de avaliação, plantas cultivadas a pleno sol apresentaram menores índices de clorofila (Tabela 9). Ribeiro (2014) também observou que plantas de Talisia esculenta (A.St.-Hil) Radlk sob tela azul tiveram aumento no teores de clorofila b. Análises visuais mostraram que plantas de helicônia desenvolvidas a pleno sol possuíam folhas com tom de verde mais claro. Ao contrário, folhas de plantas cultivadas sob malhas preta, azul e vermelha apresentaram tons de verde mais escuro (Figura 15). A incidência direta da radiação solar sob plantas cultivadas a pleno sol pode ter provocado algum dano aos cloroplastos devido ao excesso de radiação recebido pelas plantas (SOUZA, 2012). Comportamento semelhante foi observado em folhas de Alpinia purpurata quando submetida a diferentes telas de sombreamento (SOUZA, 2012), que segundo Streit et al. (2005) ocorre porque os pigmentos receptores da radiação dos cloroplastos podem ser foto-oxidados sob radiação intensa e sendo o processo de foto-oxidação irreversível, esses pigmentos podem absorver excessivamente a radiação incidente e associada à interação com o O2 pode promover a produção de radicais livres, causando a destruição desses pigmentos. 59 Tabela 9 - Índice de clorofila presente nas folhas, em unidades SPAD, em plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Tratamentos 60 90 120 Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol CV (%) 29,8092 27,9458 31,1542 22,4567 a a a b 25,0342 26,2050 29,2475 24,5925 b ab a b 37,5783 35,8292 36,6875 35,8367 a a a a Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol CV (%) 14,6242 10,6468 16,5617 7,2175 a b a b 16,4200 9,4533 17,7558 8,6267 a b a b 25,4300 17,3725 21,4041 14,5483 a c b c 150 180 Clorofila a 39,1400 a 36,4242 37,6967 a 35,9342 38,7658 a 37,4800 37,5225 a 34,0425 9,57 Clorofila b 23,4925 a 15,5025 21,0392 ab 18,5675 22,3633 a 17,8900 17,5758 b 16,6817 18,23 a a a a a a a a Equação Matemática R² y = 0,09119x + 22,6628 y = 0,0915x + 21,7348 y = 0,0739x + 25,7990 y = 0,1803x + 11,0495 52,53 68,59 69,71 94,2 y = -0,0024x² + 0,6107x - 14, 9570 74,68 y = 0,0914x + 4,4448 72,56 y = -0,0011x² + 0,2913x + 2,2652 75,41 y = -0,0006x² + 0,2358X - 5,7218 91,4 *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. 60 TELA AZUL TELA VERMELHA TELA PRETA PLENO SOL Figura 15 – Folhas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. 4.3 Produtividade e qualidade de hastes florais Para o caráter número de dias a partir da emissão do perfilho até a data da colheita das hastes florais (CICLO), plantas cultivadas sob tela azul apresentaram a maior média (133 dias), enquanto plantas a pleno sol indicaram a menor média completando o CICLO com 126 dias. Porém, esses resultados não caracterizaram diferença estatística e as plantas submetidas aos demais tratamentos (telas preta e vermelha) apresentaram valores intermediários, sendo que a diferença do ciclo mais curto para o ciclo mais longo foi de sete dias (Tabela 10). Castro (1993) classifica a Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch como um híbrido de ciclo curto, que atinge o ponto de colheita em um período menor que 150 dias após a emissão do perfilho. Genótipos com períodos curtos entre a emissão do perfilho e a colheita da inflorescência é interessante porque as hastes florais ficam menos expostas a danos em campo, além da frequente oferta do produto em plantas que produzem durante todo o ano (COSTA et al., 2007). Catley e Brooking (1986) observaram ciclo de 180 dias em plantas de helicônia cultivar Golden Torch, porém em condições de temperatura e luminosidade controladas 61 (32ºC dia/20ºC noite e 24ºC dia/20ºC noite), os mesmos autores observaram que o ciclo foi reduzido para 140 e 146 dias, respectivamente. Castro et al. (2007b), Costa et al. (2007) e Rocha et al. (2010) desenvolveram experimentos sob as mesmas condições no município de Camaragibe, PE, situado a 08° 01‟19‟‟de latitude sul, 34°59‟33‟‟, com temperatura média anual de 25,5°C. Entretanto, os primeiros autores relatam ciclo de 184,6 dias, enquanto Costa et al. (2007) relatam que a pleno sol o ciclo durou 117,44 dias e a meia sombra 128,55 dias e Rocha et al. (2010) observaram que o ciclo para a colheita da inflorescência durou 131,7 dias. Então, conclui-se que o número de dias compreendido entre a emissão do perfilho até a data da colheita das hastes florais é uma característica inerente à espécie, porém, esta está intimamente ligada à temperatura e luminosidade, já que plantas produzidas sobre temperaturas mais elevadas e maior intensidade luminosa tiveram o ciclo reduzido. O número de hastes florais colhidas (NHF) é uma variável bastante apreciada, uma vez que a maior produtividade pode representar maior número de produtos comercializáveis. Assim, observou-se diferença significativa no número de hastes florais total (NHF Total) com superioridade numérica para plantas conduzidas sob tela preta, seguida de plantas sob tela azul, vermelha e a pleno sol (Tabela 10), o que comprova que as diferenças na luminosidade afetam não somente a morfologia, fisiologia e microestrutura, mas também tem importante impacto na produtividade, sobretudo, porque o desenvolvimento da planta requer apropriada intensidade luminosa; e a menor porcentagem de luminosidade foi benéfica na produção de hastes florais, enquanto que a intensidade luminosa excessiva no cultivo da helicônia a pleno sol pode ter impedido a fotossíntese nas plantas, reduzindo assim, a produtividade (SONG et al., 2012). O número de inflorescências/m² (NHF/m²) produzidas sob tela azul e preta (Tabela 10) foi estatisticamente superior que os demais tratamentos, enquanto o menor número de inflorescências/m² foi de plantas produzidas a pleno sol (51,5/m²), o que provavelmente se deu pelo desenvolvimento reduzido das plantas devido a excessiva intensidade luminosa e do menor perfilhamento quando comparado aos demais tratamentos (Tabela 6). 62 Segundo Castro (1995), as plantas da espécie H. psittacorum são recomendadas por serem produtoras de inflorescências leves e eretas, sendo que a produção média de inflorescências dessa espécie nas condições do Ceará é de 130 hastes/m² no primeiro ano. Rodrigues (2010) colheu 78 inflorescências/m² aos 12 meses de cultivo e 86 inflorescências/m² aos 15 meses de cultivo a pleno sol, em experimento realizado em Porto Velho-RO com temperatura média anual de 25°C. O menor número de inflorescênias/m² encontrado no presente estudo, comparado com Castro (1995), justifica-se não só pela idade das plantas, mas também devido as condições climáticas e a forma de condução do experimento. Vale ressaltar que somente plantas conduzidas a pleno sol não produziram um número satisfatório de inflorescências, sendo ainda, a produtividade das plantas sob tela preta (91) e azul (85,5) superior à descrita por Rodrigues (2010) aos 12 meses de cultivo. Também se deve considerar que a condução em vasos ou a não limitação do número de perfilhos/vaso pode ter limitado o perfilhamento e, consequentemente, a emissão de inflorescências. Embora o número de inflorescências/m² do presente experimento tenha sido inferior ao obtido por Castro (1995), é importante destacar que utilizou-se plantas com idade de 6 a 13 meses com condições climáticas que diferem das condições dos trabalhos descritos e que foi conduzido em vasos. Observa-se ainda na Tabela 10 que para o comprimento da haste (CHF), plantas cultivadas sob tela preta apresentaram a maior média (69,0 cm), sendo estatisticamente semelhantes a plantas sob tela azul (66,0 cm). Os dados do presente trabalho concordam com Nomura et al. (2009) que também observaram os melhores resultados para comprimento de haste de Anthurium andreaum „Apalai‟ em plantas cultivadas sob tela preta. O comprimento das hastes florais é um dos padrões de qualidade observados para a comercialização de helicônias, já que hastes muito curtas limitam a forma de utilização em arranjos e são desvalorizadas no mercado (LOGES et al., 2005). Os valores médios de comprimento de haste do presente trabalho observados nos diferentes ambientes não atingiram tamanho adequado. Castro et al. (2007), também trabalhando com „Golden Torch‟ em vasos, obtiveram hastes de comprimento de 84,6 cm; enquanto Costa et al. (2007) colheram hastes com 88,25 cm a meia sombra e 73,91 a pleno sol, respectivamente e Albuquerque 63 et al. (2010) observaram comprimento de 83,3 cm em condição de campo. Entretanto, os trabalhos descritos foram desenvolvidos em regiões cujo clima é do tipo Litorâneo Úmido, exposto às massas tropicais marítimas e temperatura média entre 25,1°C e 26°C; condição climática diferente da encontrada na área de desenvolvimento do presente trabalho, além de temperatura média de 27,5°C. Observou-se que para o diâmetro das hastes florais (DHF) não houve diferença estatística entre os diferentes tratamentos, contrariando os dados de comprimento de haste (Tabela 10). Os dados obtidos para o DHF merecem atenção por sua influência na resistência da flor, manuseio, seleção, embalagem e durabilidade pós-colheita; desta forma, os valores observados de 0,7 cm são satisfatórios, uma vez que encontram-se dentro do diâmetro exigido para comercialização (0,70 cm) como afirmados por Lamas (2002) e Farias (2004). O diâmetro e o comprimento da haste têm grande importância na resistência da flor ainda no campo em relação aos ventos, ao transporte do campo para o local de tratamento e seleção, embalagem e durabilidade pós-colheita, visto que são mais rígidas. Em geral, nas flores de corte a reserva de carbono contida na haste é utilizada para estender a longevidade potencial das flores e, quanto maior o comprimento e diâmetro da haste, maior também a durabilidade pós-colheita (HERMAN et al., 2006, CASTRO et al., 2007). Quanto à produtividade comercial, plantas cultivadas sob tela preta e azul produziram maior porcentagem de hastes florais dentro do padrão de qualidade estabelecido por Farias (2004) e Albuquerque (2010) (Tabela 10), concordando assim, com os resultados de Nomura et al. (2009) que também observaram que a maior quantidade de hastes comercializáveis de Anthurium andraeanum cv. Apalai foi proveniente de cultivo sob malha preta. Um ponto a ser destacado é que a faixa de temperatura sob a qual o experimento foi desenvolvido foi superior em todos os ambientes. A faixa ótima para a produção de helicônias „Golden Torch‟ indicada por Cattley e Brooking (1996) está entre 22-26°C, o que aliado à intensa luminosidade pode ter afetado o desenvolvimento das plantas. A redução da luminosidade proporcionada pela tela preta (50% de sombreamento), mesmo que não acompanhada de redução da temperatura, 64 proporcionou um microclima favorável à produção de hastes florais em maior quantidade e com maior comprimento. Tabela 10 – Ciclo, número de hastes florais total (NHF Total), número de hastes florais por metro quadrado (NHF/m²), comprimento médio das hastes florais (CHF) (cm), diâmetro das hastes florais (DHF) (cm) e porcentagem de hastes com padrão para comercialização (HPC) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch avaliadas no período de 180 dias e cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015. Tela Azul Tela Vermelha Tela Preta Pleno Sol CV(%) CICLO 133 a 131,5 a 127 a 126 a 8,72 NHF Total 171 ab 150 b 182 a 103 c 11,23 NHF/m² 85,5 ab 75 b 91 a 51,5 c 10,5 CHF (cm) 66 ab 62 b 69 a 54 c 15,59 DHF (cm) 0,74 a 0,73 a 0,74 a 0,73 a 13,28 HPC (%) 47,5 30 42,5 7,5 *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. 65 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em outras espécies, o uso de telas coloridas promoveu maior massa de ramos, maior desenvolvimento em altura e alongamento do caule, além de processos fotomorfogênicos (OREN-SHAMIR, 2001; BRANT et al., 2009) e, apesar de resultados positivos para número de perfilhos e número de folhas observados em plantas cultivadas sob tela vermelha, a maior energia disponível para a atividade fotossintética, provavelmente, provocou mudanças fisiológicas ou microclimáticas no ambiente de cultivo da helicônia, que se refletiram negativamente na produção e na qualidade das hastes florais. Plantas cultivadas sob malha fotosseletiva azul não se mostraram superiores para as avaliações de crescimento realizadas em plantas de helicônia, entretanto, a utilização da mesma é eficiente na produção de hastes florais. A redução da luminosidade dada pela tela preta (50% de sombreamento), mesmo que não acompanhada de redução da temperatura, proporcionou microclima favorável à produção de hastes florais em maior quantidade e com maior comprimento. 66 6. CONCLUSÕES Pelos resultados obtidos e nas condições deste experimento pode-se concluir que: A utilização de telas fotosseletivas, independente de sua porcentagem de sombreamento, influencia positivamente no desenvolvimento de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. Os ambientes com tela azul (35-40%) e preta (45-49%) proporcionaram as melhores condições para o cultivo Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch na região e no período estudado, apresentando maior produtividade e maior porcentagem de hastes com padrão comercial. 67 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, A. W. ROCHA, E. S.; COSTA, J. P. V. DA; FARIA, A. P.; BASTOS, A. L. Produção de Heliconia Golden Torch influenciada pela adubação mineral e orgânica. Revista. Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, p.1052-1058, 2010. ALVES, R. M. O. Cultivo de heliconias na Bahia. Revista Bahia Agricola ,v.5, n.3, p.9-11, 2003. ANDERSON, I. Evolutionary scenario for the genus Heliconia. In: HOLMNIELSON, I.C., BALSLEV, H. (eds.).Tropical forest; botanical dynamics, speciation and diversity. London: Academic Press Limited, p.173-184. 1989. ANDREOLA, F.; COSTA, L. M.; MENDONÇA, E. S.; OLSZEVSKI, N. Propriedades químicas de uma terra roxa estruturada influenciada pela cobertura vegetal de inverno e pela adubação orgânica e mineral. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.24, p.609-620, 2000. AMARANTE, C. D., STEFFENS, C. A., MOTA, C. 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