- Mestrado em Horticultura Irrigada

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- Mestrado em Horticultura Irrigada
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)
MAYARA WESLEY DA SILVA
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata ‘GOLDEN TORCH’ CULTIVADA SOB DIFERENTES
CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE NO SUBMÉDIO VALE DO SÃO
FRANCISCO
JUAZEIRO - BA
2015
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI)
MAYARA WESLEY DA SILVA
CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata ‘GOLDEN TORCH’ CULTIVADA SOB DIFERENTES
CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE NO SUBMÉDIO VALE DO SÃO
FRANCISCO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia
(PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a
obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de
Concentração: Horticultura Irrigada
Orientadora: Profa Dra Elizabeth Orika Ono
Co-orientadora: Profa Dra Maria Herbênia L. C. Santos
JUAZEIRO - BA
2015
_____________________________________________________________________
“Senhor eu quero brilhar por Ti quando o mundo se apagar
Eu quero que através da minha vida
Alguém possa te enxergar
Faze com que mesmo sem palavras eu fale do Teu amor
Eu quero brilhar por Ti,
Brilhar onde quer que for”
(Leonardo Gonçalves)
“Luz do sol,
Que a folha traga e traduz,
Em verde novo
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz”
(Caetano Veloso)
______________________________________________________________________
Dedico:
______________________________________________________________________
Aos meus pais, Geoval e Vera, por sonharem os
meus sonhos e não medir esforços para realizá-los.
A vocês minha sincera admiração, meu respeito e eterna gratidão. AMO vocês.
Agradeço:
______________________________________________________________________
Uma Dissertação não traduz somente os meus esforços, antes constitui o
resultado de várias contribuições que, no seu conjunto, dão corpo às ideias expressas e
permitem a sua apresentação final. Assim, é justo e necessário deixar aqui o meu
reconhecimento e gratidão:
À Deus, meu Senhor e Salvador; Fiel para completar a boa obra que começou
em minha vida!
Ao meu esposo Josinaldo Moreira, por toda paciência, atenção, apoio e amor
presentes em nossa vida a dois.
À minha Mãe Vera e ao meu Pai Geoval. Meus maiores exemplos de superação
e companheiros de todos os momentos.
À minha irmã Marcia, meu apoio constante, minha tradutora oficial e minha
grande companheira.
Ao meu irmão Marcos, meu exemplo de dedicação profissional e apoio
incondicional.
Aos cunhados Warren e Adriana, por todo suporte e atenção.
Aos meus sobrinhos Beatriz e Daniel, que com tanta ternura fazem nossos
esforços valer a pena.
À Professora Doutora Elizabeth Orika Ono pela orientação. Que soube dosar
liberdade, responsabilidade e amizade na medida certa. Levo comigo o aprendizado
para toda a vida.
À Professora Doutora Maria Herbênia Lima Cruz Santos, pela orientação, por
me apresentar e me fazer apaixonar pelo mundo das plantas ornamentais. Pela
oportunidade de trabalhar lado a lado e por ser sempre uma amiga pronta a me ajudar.
À Capes pelo auxílio financeiro imprescindível para a realização deste trabalho.
À Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade do Estado da
Bahia (UNEB) que me propiciaram a formação acadêmica necessária pra chegar até
aqui.
Aos Professores Doutores da UNEB, em especial à Carlos Aragão, Alessandro,
Barbara Dantas, Manoel Abílio, Lindete e Gertrudes Macário de Oliveira pela
contribuição profissional e amizade.
Aos pesquisadores e amigos: Dulce, Caio, Lucas, Adriano, Ivangela e Jadson
pela amizade, pela valorosa e indispensável colaboração. Sem vocês não seria possível a
realização deste trabalho.
Aos funcionários da UNEB, do Setor de Floricultura (Genivaldo e Deinha),
pela colheita de tantas flores, pelas conversas e pelos ensinamentos da floricultura
prática.
Às funcionárias da UNEB, da Secretaria do Programa de Pós Graduação em
Horticultura Irrigada (Selma e Ivana), por estarem sempre dispostas a me ajudar, mesmo
com um curto espaço de tempo.
Aos irmãos na fé da Igreja Batista Emanuel, que me suportaram
espiritualmente e oraram por mim!
Aos irmãos na fé da Missão Metodista, que me ensinaram a viver o evangelho
e a graça salvadora de Jesus Cristo.
Aos amigos da turma de mestrado: Ana Paula, Simone, Diego, Larissa,
Larisse, Keilan, Rodrigo, Márcio, Flávia, Gilmara, Girlândia, Iraí, Ludmilla, por todos
os momentos de estudo, risadas e companheirismo, fazendo da jornada de mestrado um
caminho muito menos solitário.
As amigas de graduação que iniciaram comigo essa jornada, sempre me
incentivando e apoiando: Ana Paula (Russa), Raquel (Fiona), Juliana (K-xota), Letícia
(Mulata) e Beatriz (Karabina).
Enfim, agradeço a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, na
elaboração deste trabalho. Obrigado!
SUMÁRIO
Lista de Figuras ................................................................................................................
Lista de Tabelas ...............................................................................................................
RESUMO .........................................................................................................................
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ABSTRACT ………….....................................................................................................
11
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................
5
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................
8
2.1. Caracterização da espécie ...........................................................................
8
2.2. Intensidade luminosa e o desenvolvimento vegetal ....................................
15
2.3. A manipulação espectral e seu efeito no desenvolvimento vegetal ............
18
2.4. Características dos materiais de cobertura ..................................................
2.5. A modificação espectral e seu efeito no desenvolvimento de plantas
ornamentais ........................................................................................................
3. MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................................
19
3.1. Localização do experimento .......................................................................
24
3.2. Delineamento experimental ........................................................................
24
3.3. Material de propagação e produção de mudas ............................................
25
3.4. Transplantio ................................................................................................
25
3.5. Substrato e adubação ..................................................................................
26
3.6. Sistema de irrigação ....................................................................................
28
3.7. Dados climáticos .........................................................................................
28
3.8. Avaliações ...................................................................................................
29
3.8.1. Avaliações destrutivas ....................................................................
29
3.8.2. Avaliações não destrutivas .............................................................
30
3.9. Analise estatística ..............................................................................
31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................
32
4.1. Caracterização do ambiente ........................................................................
32
4.2. Análise de crescimento ...............................................................................
41
4.3. Produtividade e qualidade das hastes florais ..............................................
55
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................
60
6. CONCLUSÕES ...........................................................................................................
61
7. REFERÊNCIAS ...........................................................................................................
62
20
24
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Figura 2.
Figura 3.
Figura 4.
Figura 5.
Figura 6.
Figura 7.
Figura 8.
Figura 9.
Figura 10.
Figura 11.
Figura 12.
Figura 13.
Figura 14.
Figura 15.
Detalhes das inflorescências de heliconia: inflorescência pendente (A);
inflorescência ereta(B)................................................................................
Detalhes das plantas de Heliconia cv. Golden Torch: inflorescência (A);
utilização no paisagismo (B)....................................................................
Plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟
em estruturas do tipo “sombreiro” cobertas com telas nas cores: azul 3540%
(A),
vermelha
18-21%
(B)
e
preta
45-50%
(C)......................................................................................................
Mudas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ no
período de transplantio para vasos...............................................................
Determinação da massa da matéria fresca, por meio de pesagem em
balança digital, das folhas, pseudocaules e raízes + rizoma de plantas de
Heliconia
psittacorum
x
H.
spathocircinata
„Golden
Torch‟.................................................................................................
Total diário de radiação solar global nos diferentes ambientes de
cultivo................................................................................................
Temperatura média diária para os diferentes ambientes durante o cultivo
de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden
Torch..................................................................................................
Temperatura média horária do ar para os diferentes ambientes do cultivo
de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. (A)
Dia que apresentou menor temperatura mínima no ciclo (20/11/2013) e
(B) dia que apresentou maior temperatura máxima no ciclo
(04/12/13)...................................................................................................
Valores médios mensais da velocidade do vento para os diferentes
ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch..............................................................
Precipitação mensal acumulada no período de novembro/2013 a
maio/2014. Fonte: estação meteorológica da UNEB-Campus III...............
Umidade relativa do ar para os diferentes ambientes durante o cultivo de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, no
período de novembro/2013 a maio/2014.....................................................
Curvas de regressão para número de perfilhos (A), número de folhas (B)
e área foliar (cm²) (C) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de
radiação,
de
novembro
de
2013
a
maio
de
2014....................................................................................................
Curvas de regressão para altura da planta (cm) (A) e comprimento da
maior raiz (cm) (B) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch, durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de
radiação,
de
novembro
de
2013
a
maio
de
2014....................................................................................................
Curvas de regressão para massa de matéria fresca da parte aérea (g) (A),
massa de matéria seca da parte aérea (g) (B), massa de matéria fresca raiz
+ rizoma (g) (C) e massa de matéria seca raiz + rizoma (g) (D) de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante
180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro
de 2013 a maio de 2014..............................................................................
Folhas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch
cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a
maio de 2014................................................................................................
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8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Tabela 2.
Tabela 3.
Tabela 4.
Tabela 5.
Tabela 6.
Tabela 7.
Tabela 8.
Tabela 9.
Tabela 10.
Resultados da análise de material orgânico da Sanvale
Plasticultura e Irrigação. Universidade de São Paulo – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Departamento de
Ciências do Solo. Piracicaba-São Paulo............................................
Resultados da análise do substrato utilizado. Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária: Embrapa Semiárido (CPATSA) Laboratório de Solos e Tecidos Vegetais.......................................
Valores médios mensais de radiação solar global (MJ m-2 d-1) para
os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum
x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio
de 2014........................................................................................
Nível de sombreamento e transmitância indicados pelo fabricante
e medidos sob as diferentes telas.......................................................
Valores médios da temperatura do ar média, máxima e mínima
para os diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia
psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de
2013 a maio de 2014..........................................................................
Número de perfilhos, número de folhas e área foliar (cm²) de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos
30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes
incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.......
Altura da planta (cm) e comprimento da maior raiz (cm) de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos
30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes
incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.......
Massa de matéria fresca da parte aérea (g), massa de matéria seca
da parte aérea (g), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) e
massa de matéria seca raiz + rizoma de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180
dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de
novembro de 2013 a maio de 2014................................................
Índice de clorofila presente nas folhas, em unidades SPAD, em
plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden
Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes
incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.......
Ciclo, número de hastes florais total (NHF Total), número de
hastes florais por metro quadrado (NHF/m²), comprimento médio
das hastes florais (CHF) (cm), diâmetro das hastes florais (DHF)
(cm) e porcentagem de hastes com padrão para comercialização
(HPC) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden
Torch avaliadas no período de 180 dias e cultivadas sob diferentes
incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014.......
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RESUMO
WESLEY, M. S. 2015. Crescimento e produtividade de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata
‘Golden Torch’ cultivada sob diferentes condições de luminosidade no submédio Vale do São
Francisco. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – UNEB –
Universidade do Estado da Bahia
O uso de malhas de sombreamento de diferentes cores pode alterar a qualidade espectral
da radiação e, como consequência, o crescimento e a produção de uma cultura vegetal,
desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar aspectos do crescimento,
produtividade e qualidade das hastes florais de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata „Golden Torch‟ cultivadas sob diferentes condições de luminosidade.
Os tratamentos consistiram em quatro ambientes: malha fotoconversora azul (35-40%);
malha fotoconversora vermelha (18-21%); malha de sombreamento preta (45-49%) e
pleno sol. O experimento constou de duas partes: na primeira realizaram-se avaliações
de crescimento e na segunda, foram estudados aspectos relacionados à produtividade e
qualidade das hastes florais. O delineamento experimental foi em blocos casualizados
em esquema de parcelas subdivididas no tempo, sendo seis blocos por parcela, cada
bloco com onze repetições, totalizando sessenta e seis vasos por parcela. As avaliações
foram realizadas durante seis meses, com intervalos de trinta dias. Foi possível observar
que a diferença de luminosidade nos ambientes provocou variações no desenvolvimento
das plantas de acordo com a variável avaliada. Nas análises de crescimento observou-se
que a malha vermelha contribuiu com o crescimento das plantas, no aumento do número
de perfilhos, número de folhas e altura das plantas. A produtividade e a qualidade das
hastes florais foi superior em plantas cultivadas sob tela azul e preta quando comparada
as plantas cultivadas sob tela vermelha e a pleno sol. Conclui-se, que nas condições
experimentais estabelecidas, as malhas azul (35-40%) e preta (45-49%) proporcionaram
melhor condição de cultivo e produção de hastes florais de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata „Golden Torch‟, quando comparadas aos ambientes a pleno sol e sob
malha fotosseletiva na cor vermelha (18-21%).
Palavras-chave: malhas fotoconversoras, ornamentais, haste floral
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ABSTRACT
WESLEY, M. S. 2015. Heliconia psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' development and
productivity under different light conditions in sub-middle São Francisco Valley. Dissertação
(Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – UNEB – Universidade do Estado da
Bahia.
The use of shading screens of different colors may change the spectral quality of
radiation and as a consequence, the growth and the production of a crop. This study
aims to evaluate the growth, productivity and quality aspects of buds of Heliconia
psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' grown under different light conditions.
The experiment consisted of four environments: Blue shading screen (35-40%); Red
shading screen (18-21%); Black shading screen (45-49%) and Full exposure to sun
light. The analysis was laid into two parts. At the first one, growth assessments took
place, and at the second conditions such as productivity and quality of the buds were
studied to identify potential for large production and a greater range of possibilities for
commercial production of the species in the region. The experimental design was a
randomized complete block in a split-plot in time, being six blocks per plot, each block
with eleven repetitions, a total of sixty six pots per plot. The assessments were carried
out through out a six months period, on a monthly basis. It was possible to observe that
the difference in brightness settings varied with the evaluating variable. During the
growth analysis, it was observed that the red shading screen contributed to the growth of
the plants, thus contributing to the increasing number of tillers, number of leaves and
the plant‟s height. The productivity and the quality of the buds were higher in plants
grown under black and blue screen shading when compared to those plants cultivated
under the red screen shading and full exposure to sun light. In conclusion under the
established experimental conditions, the blue (35-40%) and the black (45-49%) screen
shading provides the best conditions for growth and production of flower stalks of
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata 'Golden Torch' compared the environments
under full exposure to sun ligh , and screen shading (18-21%).
Keywords: shading nets, ornamentals, cut floral stems
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1. INTRODUÇÃO
A floricultura consolida-se como uma atividade econômica relevante. Possui
cerca de 8 mil produtores que cultivam uma área de aproximadamente 13.460 hectares
distribuídos em 12 polos de produção, gerando 206 mil empregos entre produção,
distribuição, varejo e apoio. É importante também ressaltar o aspecto social desse
segmento, uma vez que, o agronegócio de flores e plantas ornamentais é uma atividade
mantida essencialmente por pequenos produtores, que mantém as atividades de origem
familiar, o que contribui para uma melhor distribuição de renda (VENCATO et al.,
2006; IBRAFLOR, 2013; JUNQUEIRA; PEETZ, 2014).
Entre as regiões produtoras de flores, a região Sudeste responde por 53,3% da
floricultura nacional. E na sequência vem as regiões Sul com 28,6% de participação,
Nordeste com 11,8%, Norte com 3,5% e, finalmente, Centro-Oeste, com
representatividade de 2,8%. Entre os estados da região nordeste, o estado de
Pernambuco é o principal produtor nacional de flores de clima temperado e o principal
produtor de flores tropicais, destacando-se na produção de helicônia, zingiber, alpinia e
antúrio (BUAINAIN; BATALHA, 2007; COSTA et al., 2007).
A ideia da produção de flores tropicais como um produto com potencial
econômico para exportação foi introduzida na região do submédio do Vale do São
Francisco no ano de 2004, quando se organizou a Florexport (Associação dos
Produtores de Flores do Vale do São Francisco) (CAVALCANTI, 2004). O submédio
do Vale do São Francisco respondeu anualmente, nesse período, por 20% de toda
produção de flores tropicais do estado de Pernambuco, estimada em 120 mil hastes/mês.
Desse total, cerca de 6,2 mil hastes eram exportadas mensalmente. Entretanto, apesar do
interesse e dos avanços nas negociações com os compradores estrangeiros, a região não
conseguiu atingir os volumes suficientes para assegurar grandes remessas regulares,
12
devido à carência de informações sobre cultivo, nutrição mineral, demanda hídrica,
tratos fitossanitários e influência do clima (radiação solar, temperatura, precipitação,
umidade relativa e vento) sobre essas espécies na região semiárida, o que fez com que
os contratos de exportação fossem revogados e a produção enfraquecida
(CAVALCANTI, 2004).
A radiação solar influencia diretamente os processos metabólicos que
determinam o crescimento das plantas, por ser fonte primária de energia relacionada à
fotossíntese. Isto se deve à absorção de fótons pelos vegetais que, posteriormente, são
utilizados na reação química da fotossíntese para obtenção de energia para os demais
processos fisiológicos relacionados ao desenvolvimento e crescimento da planta
(OREN-SHAMIR et al., 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Desta forma, tem-se utilizado técnicas como iluminação artificial, coberturas
refletoras de solo e telados com malhas neutras e fotoconversoras visando à
manipulação da intensidade e qualidade da radiação no cultivo vegetal, proporcionando
efeitos expressivos no desenvolvimento das plantas (PONS; JONG-VAN BERKEL,
2004; SHAHAK et al., 2004b).
A qualidade da radiação para o bom desenvolvimento das plantas relaciona-se
com a composição do seu espectro, formada pelos comprimentos de onda. As faixas
espectrais mais importantes nos processos fotobiológicos são a ultravioleta, visível e
infravermelho. Diversos processos biológicos influenciados pela radiação são realizados
na faixa do espectro visível, sendo os comprimentos de ondas situados nessa faixa a
principal fonte energética para estimular a fotossíntese e as respostas fotomorfogênicas
(HART, 1988; TAIZ; ZEIGER, 2013).
As plantas possuem mecanismos capazes de responder às alterações na
quantidade e qualidade de luz, assim, podem ocorrer alterações morfológicas (anatomia
e área foliar, concentração de pigmentos, abertura e fechamento estomático, número,
tamanho e localização dos cloroplastos), fisiológicas (taxa de crescimento, condutância
estomática, assimilação de CO2, transpiração, ponto de compensação luminosa) e tem
impacto importante na produção (CAVAGNARO, 2007; DAY et al., 2009).
Assim, faz-se necessário o estudo dos impactos que o uso de telas fotosseletivas
causam na produção de helicônias e tendo em vista o nicho de mercado existente para as
13
flores tropicais e a necessidade de introdução de novas culturas na região semiárida do
submédio do Vale do São Francisco, o presente estudo teve como objetivos:
1. Quantificar o crescimento de plantas de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch submetidas a diferentes disponibilidades de
radiação e
2. Avaliar a produtividade e a qualidade de hastes florais de „Golden Torch‟
cultivadas sob tela azul, vermelha, preta e a pleno sol.
14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Características gerais e cultivo de Helicônias
Existem cerca de 176 espécies de helicônias de ocorrência na região neotropical
e seis espécies nas Ilhas do Pacífico, perfazendo 182 espécies, distribuídas em cinco
subgêneros. Grande parte das espécies foram identificadas no nordeste da América do
Sul, o que confirma a região como um dos centros de diversidade do gênero (CASTRO
et al., 2007a).
As helicônias, conforme a espécie, podem ocorrer em altitudes que variam de 0 a
2000 m (CASTRO; GRAZIANO, 1997) e se adaptam melhor em regiões úmidas, mas
há espécies adaptadas às áreas de secas periódicas (CRILEY; BROSCHAT, 1992).
Algumas espécies são encontradas em florestas montanhosas, ainda que as mais
exuberantes se encontram em terras baixas tropicais, especialmente as espécies
colonizadoras de crescimento contínuo, ao longo de estradas, beira de rios e em
clareiras de florestas úmidas, matas ciliares e matas de galeria. Em habitat de campo
aberto, caracterizado por alta radiação solar, as helicônias podem apresentar mais de
seis metros de altura e formam densos agrupamentos com 50 perfilhos ou mais
(RUNDEL et al., 1998).
O nome Helicônia foi estabelecido por Lineu, em 1771 em referência ao Monte
Helicon, na Beócia, Grécia, local onde viveu Apolo e as Musas, segundo a mitologia
Grega (CASTRO, 1995). As de origem neotropical são popularmente conhecidas como
15
bananeira-de-jardim, bico-de-guará, falsa-ave-do-paraíso, bico-de-papagaio e paquevira,
entre outros (ANDERSON, 1989).
Pertencem à família Heliconiaceae, gênero Heliconia e ordem Zingiberales
(CASTRO, 1995). As helicônias são plantas herbáceas com altura variando de 0,5 a 7,0
m quando medidas do solo até o ponto mais alto das folhas; rizomatosas, perenes, com
pseudocaule ereto, aéreo, formado pela justaposição de bainhas de folhas e dispostas em
fileiras verticais (CRILEY; BROSCHAT, 1992; SHEELA, 2008). As folhas das
helicônias são geralmente esverdeadas e podem apresentar cerosidade na face abaxial
(ARGOLO, 2009). Quanto à disposição das folhas podem ser considerados: musóide,
canóide e zingiberóide (BERRY; KRESS, 1991).
O tipo musóide se caracteriza por apresentar as folhas orientadas verticalmente e
apresentam longos pecíolos, semelhante às plantas de bananeiras. No tipo canóide, as
folhas apresentam orientação, mais ou menos, horizontal e pecíolos curtos, semelhantes
às espécies de Canna. Já o tipo zingiberóide apresenta folhas com pecíolos de tamanho
médio a curto e disposição oblíqua, lembrando a planta de gengibre (BERRY; KRESS,
1991).
As inflorescências surgem na região apical do pseudocaule, podendo ser
pendentes ou eretas, constituídas de brácteas arranjadas dísticamente ou em espiral. As
brácteas, estruturas da planta que lhe dão valor ornamental, são folhas modificadas, com
coloração, tamanho, formato, disposição, textura, número e outros detalhes que variam
muito, sendo estas, características utilizadas na classificação botânica. As brácteas se
unem por meio da ráquis e podem estar dispostas em um ou mais planos, devido à
torção da ráquis, ficando com forma espiralada, e inflorescência pode se desenvolver de
forma pendente ou ereta (BERRY; KRESS, 1991), conforme ilustrado na Figura 1.
16
B
WESLEY, 2013
A
Figura 1 - Detalhes das inflorescências de helicônia: inflorescência pendente (A);
inflorescência ereta (B).
As flores de helicônias são hermafroditas, com cores variando de amarelo a
branco (BERRY; KRESS, 1991). O perianto é composto de três sépalas externas e três
pétalas internas, as quais apresentam diferentes graus de fusão, formando um tubo
aberto de comprimento variado, dependendo da espécie. As flores apresentam seis
estames, cinco férteis e um modificado em estaminóide estéril, filete e anteras lineares
(CRILEY, 1995). O tamanho, forma e inserção dos estames são características
utilizadas para identificação das espécies. As anteras ficam localizadas acima ou no
nível final do perianto. O pólen fica maduro durante o dia, na maioria das espécies. O
estilete acompanha a curvatura do perianto e o ovário é ínfero, trilocular, com
placentação basal, com um óvulo por lóculo (SIMÃO et al., 2006).
A Heliconia psittacorum x H. spathocircinata aristeguieta cultivar Golden
Torch apresenta hábito de crescimento do tipo musóide, altura entre 0,82 e 2,97 m e
inflorescência terminal ereta em um único plano. A inflorescência apresenta de quatro a
oito brácteas de cor amarelo-alaranjada, com flores alaranjadas em seu interior, bráctea
basal com quilha e ponta verde; haste dourada e ocasionalmente com pequena área
vermelha na ponta (MOSCA et al., 2004), podendo ser utilizada como flor de corte e
também no paisagismo, conforme ilustrado na Figura 2.
17
A
B
Figura 2 - Detalhes das plantas de Helicônia cv. Golden Torch: inflorescência (A);
utilização no paisagismo (B).
As espécies do gênero Heliconia são consideradas plantas geófitas tuberosas que
se perpetuam por sementes e caules subterrâneos especializados denominados rizomas,
cuja principal função é servir como fonte de reservas, nutrientes e água para o
crescimento e desenvolvimento sazonal e, assim, assegurar a sobrevivência das espécies
(CASTRO; GRAZIANO, 1997).
O rizoma subterrâneo possui crescimento simpodial, isto é, emite brotações
laterais. Esse crescimento vegetativo é bastante vigoroso e, frequentemente, formam
uma grande população monoclonal (CRILEY; BROSCHAT, 1992). Dentro de uma
mesma espécie pode ocorrer variação quanto ao porte, dependendo da variedade,
cultivar ou forma de condução (BERRY; KRESS, 1991).
O crescimento e distribuição dos rizomas podem variar quanto à distância e
direção entre os novos e velhos brotos, sendo eles retos ou oblíquos e classificados por
Berry & Kress (1991) em quatro grupos:
a) Espaçado: os pseudocaules brotam separados devido ao fato do rizoma
crescer de 20 a 40 cm paralelo à superfície do solo; normalmente ocorre
em espécies que crescem em lugares muito úmidos como a Heliconia
episcopalis.
b) Semi-espaçado: crescem um pouco separados, porém em menor
proporção que as plantas citadas acima. É muito característico em
espécies que crescem a pleno sol como a Heliconia latispatha.
18
c) Agrupado: os pseudocaules crescem um próximo ao outro e com o tempo
vão formando um círculo ao nível do solo como a Heliconia griggsiana.
d) Muito agrupado: são rizomas compactos e os pseudocaules se
desenvolvem de forma muito agrupada, normalmente são espécies que se
adaptam a solos muito inclinados como a Heliconia mutisiana.
O espaçamento para o cultivo de helicônias depende da espécie e/ou cultivar a
ser utilizada. Para espécies produtoras de inflorescências leves e eretas, três plantas por
metro linear é a densidade de plantio mais recomendada, em espaçamento de 30 cm
entre plantas. O plantio deve ser efetuado no centro de canteiros com largura de 0,9 m.
Canteiros mais largos levam ao uso ineficiente do espaço e, os mais estreitos, não só
dificultam a colheita das inflorescências como concorrem para o desenvolvimento de
plantas estioladas nas linhas centrais, devido à dificuldade da entrada de luz através da
folhagem (DONSELMAN; BROSCHAT, 1986; FERNANDES, 2000).
Costa et al. (2006) realizaram estudos de perfilhamento com diversas espécies de
helicônia, concluindo que a adoção de um único espaçamento para diferentes espécies
de helicônia não é recomendado e que as helicônias de pequeno porte, como, por
exemplo, as cultivares e híbridos de H. psittacorum perfilham mais que as helicônias de
grande porte.
Em geral, os genótipos que perfilham muito apresentam expansão mais rápida da
touceira, sendo definidos como de crescimento aberto. Estes devem ser plantados em
espaçamentos maiores que 1,5 x 3,0 m, caso contrário, será necessário desbaste de
perfilhos para que não haja invasão nas entrelinhas. Espaçamentos reduzidos acarretam
rápido adensamento das plantas necessitando renovar o plantio em intervalos de tempo
menores. Genótipos de grande porte com inflorescências eretas e crescimento agrupado
como, por exemplo, H. wagneriana, não devem ser plantadas em espaçamento menores
que o citado anteriormente, pois mostram tendência ao tombamento da planta, levando à
formação de inflorescências inclinadas em relação à haste, característica indesejável
para a comercialização devido à dificuldade de embalagem e transporte (CRILEY,
1988).
A propagação das helicônias pode ser por sementes e por via vegetativa. A
propagação sexuada de helicônia é limitada, já que o fruto apresenta endocarpo duro
que dificulta a germinação das sementes (SIMÃO; SCATENA, 2003). Para a maioria
19
das espécies a germinação ocorre num período de 120 dias, entretanto, para algumas, a
germinação pode demorar até três anos (MARQUES et al., 2004).
Em geral, a propagação comercial se dá por via vegetativa, pela divisão do
rizoma (CRILEY, 1988). Entretanto, esse método contribui na disseminação e acúmulo
de agentes causais de doenças que são transmitidas e intensificadas entre plantios
sucessivos, via rizomas contaminados (TORRES, 2005).
Quanto a nutrição mineral, Albuquerque et al. (2010) e Farias et al (2013)
colocam que para a produção comercial de Heliconia psittacorum x H. pathocircinada,
cv. Golden Torch a combinação da adubação orgânica e mineral aumentou os índices de
produção como número de perfilhos, comprimento da haste floral, diâmetro da haste
floral e comprimento da bráctea, e obtiveram as maiores médias nos tratamentos com
adubação organomineral indicando que a adubação mineral quando complementada
com adubação orgânica, contribui para sua otimização. Os autores relataram também
que, o aumento do número de perfilhos contribuiu para o incremento do número de
folhas e, por conseguinte, da quantidade disponível de fotoassimilados, em razão da
maior absorção da luminosidade.
Por outro lado, Carvalho et al. (2012) avaliando o efeito da adubação orgânica e
mineral no crescimento de Heliconia psittacorum x H. pathocircinada cv. Golden
Torch, constataram, quanto ao número de perfilhos, número de inflorescências,
comprimento da haste floral, massa seca e fresca das hastes florais que não houve
diferenças significativas entre os tipos de adubação.
Quanto à irrigação, a helicônia é sensível à falta de umidade no solo, podendo
afetar a qualidade final do produto, sendo o estresse hídrico notado nestas plantas pelo
enrolamento longitudinal das folhas. Dessa forma, faz-se necessária a utilização de
irrigação complementar em áreas de clima mais seco (LAMAS, 2001).
Segundo
Filisberto
&
Marinho
(2014),
na
região
do
semiárido
a
evapotranspiração média da Heliconia psittacorum x H. pathocircinada cv. Golden
Torch é em média 2,78 mm d-1; e os coeficientes de cultivo determinados para a cultura
são de 0,63 na fase inicial, 0,80 na fase vegetativa e de 1,01 na fase de florescimentocolheita.
20
Entre as práticas de manejo, recomenda-se a remoção das folhas velhas e
doentes, e dos caules secos das plantas que já floresceram, a fim de favorecer o
desenvolvimento da touceira e melhorar a aeração no seu interior. É recomendável o
desbaste das touceiras de helicônias, após o segundo ano de plantio, pois o raleamento
da touceira permite maior entrada de luz, que resulta no aumento da produção de
perfilhos e futuras hastes florais (DONSELMAN; BROSCHAT, 1986; FERNANDES,
2000). Quando o agrupamento de plantas começa a comprometer a produtividade pode
ser feita a divisão de touceiras para a renovação do plantio e obtenção de mudas
(COSTA, 2005).
2.2. Intensidade luminosa e o desenvolvimento vegetal
A luminosidade tem sido entendida como um fator climático que pode interferir
positiva ou negativamente no desenvolvimento das plantas (BOYER, 1982) e
modificações na radiação causam impactos no crescimento, morfologia, anatomia
(DAY et al., 2009; CRAVEN et al., 2010), em diversos aspectos da fisiologia e
bioquímica celular (CAVAGNARO et al., 2007; FAVARETO et al., 2011) e,
finalmente, no florescimento e produtividade (RAVEN et al., 1998). A fotossíntese é
também dependente de fatores ambientais como a luz, concentração interna de dióxido
de carbono (CO2), temperatura, umidade do solo e nutrientes (MELEIRO, 2003).
Por meio do processo fotossintético, a energia radiante é fixada em energia
química potencial utilizada por todos os componentes da cadeia alimentar para realizar
os processos vitais. A radiação solar é também a fonte primária de energia para a
reposição da matéria orgânica consumida na cadeia alimentar (ROSA, 2012).
A absorção da energia luminosa no cloroplasto (localizado no mesofilo foliar)
ocorre em duas unidades funcionais diferentes, chamadas fotossistemas. Essa energia
luminosa captada é utilizada para a transferência de elétrons por uma série de
compostos que agem como doadores e receptores de elétrons. A maioria de elétrons no
final reduz NADP+ em NADPH2. A energia luminosa também é usada para gerar uma
força motriz de prótons através da membrana do tilacóide que é usada para sintetizar
ATP (TAIZ; ZEIGER, 2013).
21
Entretanto, para a planta, a radiação solar não é somente uma fonte de energia
(efeito fotoenergético), mas também um estímulo que governa o condicionamento do
desenvolvimento (efeito fotocibernético) e que, às vezes, funciona como um fator
estressante (fotodestrutivo), sendo que todos esses efeitos da radiação ocorrem por meio
da absorção dos quanta de luz que é a quantidade de energia emitida por cada partícula
de fóton (LARCHER, 2000; TAIZ; ZEIGER, 2013).
As plantas possuem fotorreceptores, pigmentos que funcionam como
transdutores de sinal para proporcionar informações que controlam as respostas
fisiológicas e morfológicas (TAIZ; ZEIGER, 2013).
A variação da intensidade de luz afeta a fotossíntese quando as folhas estão
expostas a uma atmosfera com teores naturais de CO2. A intensidade de luz em que a
fotossíntese se equipara à respiração (taxa de troca de CO 2 é zero) é chamada de ponto
de compensação de luz. Este ponto varia com a espécie, com a própria intensidade de
luz no crescimento e, até certo ponto, com a temperatura e os níveis de CO2. Só ocorrerá
acúmulo de matéria seca acima do ponto de compensação de luz. Diferenças no ponto
de compensação de luz são causadas basicamente por diferenças na taxa de respiração.
Quando a respiração é baixa, a folha requer menos luz para fotossintetizar o suficiente
para compensar o CO2 que está sendo perdido e, consequentemente, o ponto de
compensação de luz é menor (SALISBURY; ROSS, 2013).
As plantas que se desenvolvem em condições de sombra têm algumas
características típicas: apresentam taxas fotossintéticas mais baixas a pleno sol do que
plantas cultivadas ou crescidas em áreas abertas; suas respostas fotossintéticas são
saturadas com muito menos intensidade de luz do que espécies de locais mais
ensolarados; realizam a fotossíntese em altas taxas sobre baixíssima intensidade de luz e
o seu ponto de compensação de luz é geralmente baixo. Estas características permitem
fazer com que elas cresçam lentamente no seu habitat natural e, ainda, sobrevivam em
lugares onde espécies com altos pontos de compensação de luz poderiam não
sobreviver. As plantas de sombra demonstram ainda algumas adaptações, tais como
apresentar razão de 3:1 de fotossistema II para fotossistema I, comparada com 2:1 de
plantas de sol; estas adaptações permitem aumentar a absorção de luz e a transferência
de energia em ambientes sombreados (HOPKINS, 1999).
22
As folhas que crescem na sombra apresentam também algumas características
anatômicas e bioquímicas bem definidas: geralmente, são mais largas e mais finas; têm
mais clorofila por centro de reação e uma alta proporção de clorofila b em relação à
clorofila a, do que folhas crescidas em pleno sol. Estas, por sua vez, são mais espessas
por apresentarem parênquima paliçádico maior ou uma camada adicional de células
companheiras; têm alta concentração da proteína solúvel, a enzima ribulose 1,5difosfato carboxilase (Rubisco) e componentes do ciclo das xantofilas (TAIZ; ZEIGER,
2013).
As diferenças na luminosidade afetam não somente a morfologia, fisiologia e
microestrutura, mas também tem importante impacto na produtividade, sobretudo,
porque o desenvolvimento da planta requer apropriada intensidade luminosa. A
intensidade luminosa excessiva ou baixa irá impedir a fotossíntese nas plantas. O
sombreamento influencia não somente a quantidade de luz recebida pelas plantas, mas
também, modifica outras pequenas condições ambientais, como a temperatura do ar e do
solo, umidade relativa, concentração de CO2 e outros, que são importantes para o
desenvolvimento da planta (SONG et al., 2012).
Quando as folhas de uma planta de sombra são expostas ao excesso de luz a
fotossíntese é inibida. Este fenômeno é chamado fotoinibição que, dependendo da
quantidade de luz, pode vir a gerar danos ao aparelho fotossintético, afetando
diretamente o desenvolvimento e a produção final da planta (HOPKINS, 1999).
Algumas plantas são capazes de se adaptar à variação dos regimes de luz,
crescendo como plantas de sol em áreas ensolaradas e como plantas de sombra em
ambientes sombreados. Porém, plantas que estão adaptadas à ambiente muito
ensolarado ou muito sombreado, dificilmente sobrevivem no ambiente oposto
(HOPKINS, 1999).
Middleton (2001) relata que, muitas vezes, a intensidade de luz inibe a floração e
a frutificação e, algumas vezes, mantém a planta indefinidamente na condição
vegetativa. Flores e frutos gastam muita energia e são, portanto, modestos em cores e
tamanho em espécies adaptadas à sombra.
A radiação solar influencia diretamente sobre os processos metabólicos que
determinam o crescimento e a produção de Heliconia spp. Cada espécie tem diferentes
23
necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral, pode-se dizer que elas
preferem a condição de pleno sol ou sombreamento parcial. A plena exposição ao sol
faz com que a planta necessite de mais água e fertilizantes (BROSCHAT;
DOLSELMAN, 1983; BERRY; KRESS, 1991; SHEELA, 2008).
Dados sobre a exigência de luminosidade de algumas espécies e cultivares de
helicônia na Colômbia foram apresentados por Berry & Kress (1991), como: Heliconia
wagneriana Petersen., H. psittacorum L.f , H. episcopalis Vellozo, H. psittacorum cv.
Sassy, H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, H. pendula Wawra, H.
richardiana Miquel, H. psittacorum x H. marginata e H. psittacorum x H.
spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle: todas apresentam hábito de crescimento
musóide, a maioria com inflorescências eretas e podem ser cultivadas a pleno sol ou sob
sombreamento, que pode variar, dependendo da espécie, de 20 a 70%.
Para Alves (2003), as helicônias de pequeno porte, como a „Golden Torch‟,
geralmente, são aquelas que se adaptam ou apresentam melhores rendimentos a pleno
sol, entretanto, Conceição et al. (2005) observaram que as alturas de perfilhos, principal
e secundário, de plantas de helicônia cv. Golden Torch são reduzidas quando cultivadas
a pleno sol, afetando também o tamanho e a longevidade pós-colheita das
inflorescências.
Broschat & Donseiman (1983) complementam que a pleno sol o crescimento e
florescimento das helicônias é altamente afetados pelos nutrientes. Entretanto, sobre
condições de sombreamento, a luz é o fator limitante e o aumento da quantidade de
nutrientes não aumenta a produção de flores.
2.3. A manipulação espectral e seu efeito no desenvolvimento vegetal
As plantas são sensíveis ao regime luminoso, percebendo a composição espectral
(qualidade), isto é, a faixa de absorção dos fótons, direção, intensidade de luz
(quantidade) e duração do período luminoso (SHAHAK et al., 2004a; TAIZ; ZEIGER,
2013).
Segundo Mcmahon & Kelly (1995) as plantas conseguem reagir às mudanças no
espectro da radiação eletromagnética por meio de alterações na morfologia e nas
24
funções fisiológicas, sendo as mudanças nos espectros de comprimento de onda de 670
nm (vermelho), 730 nm (vermelho distante) e 380 nm (azul) aquelas que mais
influenciam respostas fotosseletivas. Isto é, devido, também, à atividade dos pigmentos
fotossintéticos absorverem luz nestes comprimentos de onda.
Sabendo-se dessas respostas fotosseletivas foram desenvolvidas algumas
estratégias, como a utilização de telas ou plásticos de cobertura que visam simular
diferentes espectros de absorção da radiação solar (BRANT et al., 2009). A partir disso,
se tem utilizado redes ou malhas fotoconversoras coloridas. Estas, inicialmente
utilizadas somente para a proteção contra intempéries físicas e animais, tornaram-se
uma técnica utilizada para filtrar e modular a iluminação, modificando a porção dos
espectros que chega até as plantas, objetivando favorecer o desenvolvimento de
determinadas características específicas, das quais a fisiologia esteja relacionada à
variação do espectro de luz (ILIC et al., 2012).
As malhas fotoconversoras são empregadas na manipulação do desenvolvimento
de plantas, provocando alterações morfológicas e fisiológicas específicas, melhorando o
uso da radiação solar e a produção vegetal (SHAHAK et al., 2004b). Essas malhas
podem diferenciar na sua eficiência em transmitir a radiação difusa e na sua capacidade
de dispersar a radiação direta que a transpassa, em função de suas propriedades físicas.
A dispersão da radiação é fator importante, que estabelece a intensidade de radiação que
atinge a superfície vegetal (OREN-SHAMIR et al., 2001).
No que concerne à fisiologia, os fitocromos ativam fatores transcricionais que
induzem às respostas das plantas à luz. Eles desempenham algumas funções nos
vegetais, dentre as quais se destaca a capacidade de fornecer às plantas condições de
detectarem o sombreamento por outras plantas. Nesse caso, a razão luz
vermelha/vermelho-distante diminui, induzindo plantas de sombra a alocarem a maior
parte de seus recursos para o crescimento em altura; tal desempenho é conhecido como
“resposta de evitação à sombra” (TAIZ; ZEIGER, 2013).
As malhas fotoconversoras Chromatinet da empresa Polysac Plastic Industries
são unidas mais densamente para atingir o mesmo efeito de sombreamento e, de acordo
com o fabricante, alteram o espectro de luz por elas transmitido. A malha azul transmite
luz de uma banda larga em 470 nm (azul), além de outros picos na região do vermelho
distante e infravermelho (acima de 750 nm), enquanto a malha vermelha possui maior
25
transmitância em comprimentos de onda acima de 590 nm (vermelho) e um pico menor
em torno de 400 nm (violeta), reduzindo ondas azuis, verdes e amarelas.
As malhas azul e vermelha alteram a intensidade e a qualidade de radiação que
incidem nas plantas, dissipando a radiação difusa no ambiente de cultivo, o que
favorece o desenvolvimento vegetal por estimular o processo fotossintético. Essas
malhas modificam o espectro de radiação que transmitem (OREN-SHAMIR et al.,
2001).
A malha vermelha reduz os comprimentos de onda azul, verde e amarelo e
aumenta os comprimentos de onda vermelho e vermelho-distante. A malha azul diminui
os comprimentos de onda vermelho e vermelho-distante e aumenta os comprimentos de
onda azul. No entanto, ao contrário da malha vermelha, a malha azul não reduz a razão
vermelho:vermelho distante (V/VD) do espectro da radiação difusa, mas aumenta essa
razão levemente, sendo o aumento da razão azul:vermelho (A/V) seu efeito marcante na
radiação difusa do ambiente de cultivo (SHAHAK et al., 2004b).
Entre as malhas neutras de sombreamento, as de coloração pretas são as mais
empregadas, sendo uma de sua característica a transmissão uniforme da radiação na
faixa do espectro visível, agindo como filtros de densidade neutra. As malhas pretas
diminuem a incidência de radiação na superfície vegetal e não influenciam na qualidade
espectral. A radiação não é difundida, sendo apenas transmitida ao transpassar a malha,
modulando apenas a intensidade luminosa que chega as plantas (OREN-SHAMIR et al.,
2001).
2.4.Características dos materiais de cobertura
1) Tela de sombreamento azul 35-40%
A malha azul muda o espectro da luz que a atravessa, reduzindo as ondas
vermelhas e vermelho distante e acrescentando as ondas azuis. Desta forma, as plantas
cultivadas sob a malha azul se desenvolvem mais paulatinamente, obtendo-se plantas
compactas e com folhagem verde escura. Em plantas de flores pode-se atrasar o início
do florescimento, o que permite ao agricultor programar a produção de acordo com os
requisitos do mercado, sendo adequada para agricultores que cultivam plantas em vasos
26
e querem reduzir o volume de remessa dos seus produtos ao mercado (POLYSACK,
2014) (Figura 3A).
2) Tela de sombreamento vermelha 18-21%
Essa malha manipula o espectro da luz que a atravessa, reduzindo as ondas
azuis, verdes e amarelas e acrescentando as ondas vermelha e vermelha-distante. Como
consequência, as plantas cobertas com malhas vermelhas desenvolvem-se mais
rapidamente; a superfície das folhas é maior; as hastes mais compridas e, em geral, o
volume da folhagem é maior. Em plantas de flores pode-se encurtar o tempo de
florescimento, sem que isso influencie na qualidade da flor (POLYSACK, 2014)
(Figura 3B).
a) Tela de sombreamento preta 45-49%
Amplamente usada para sombrear hortaliças em área aberta e para flores em
viveiros e estufas. Proporciona sombreamento uniforme dos cultivos, protege do
impacto do granizo, atua também como quebra-vento e controla a circulação de ar em
viveiros e estufas (POLYSACK, 2014) (Figura 3C).
A
B
C
Figura 3 – Plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ em
estruturas do tipo “sombreiro” cobertas com telas nas cores: azul 35-40% (A), vermelha
18-21% (B) e preta 45-50% (C).
2.5. A modificação espectral e seu efeito no desenvolvimento de plantas
ornamentais
Plantas de Pittosporum variegatum cresceram mais lentamente sob malha azul,
com inibição da taxa de alongamento, redução da ramificação lateral, encurtamento do
27
internódio e redução da produtividade de ramos comerciais. Contrariamente, plantas
crescidas sob malha vermelha apresentaram maior alongamento, comprimento de
internódio e ramificação, porém de forma mais lenta (OREN-SHAMIR et al., 2001).
As respostas de plantas ornamentais às alterações na qualidade da luz incluem
aumento da área foliar total em Codiaeum variegatum cultivado sob malha de
sombreamento vermelha (GAFFNEY, 2004).
De forma semelhante em plantas de Anthurium andraeanun „Apalai‟ cultivadas
sob malha vermelha observou-se incremento no número de flores/vaso e no tamanho da
inflorescência, aumentando assim, seu valor comercial (KOBAYASHI et al., 2006).
Dracenas deremensis cv. Janet Craig produzidas sob malha vermelha
apresentaram maior número de folhas que parece estar relacionado com um maior nível
de radiação fotossinteticamente ativa (PAR), porém, as folhas foram menores que nos
demais tratamentos, devido ao maior nível total de radiação. Já para a Dracena
marginata cv. Colorama não houve diferença entre a área foliar das plantas cultivadas
sob as diferentes malhas, entretanto, para o parâmetro número de folhas, as plantas
cultivadas sob malha vermelha mostraram-se superiores (KAWABATA et al., 2007).
Meirelles et al. (2007) não observaram diferença do desenvolvimento de mudas
de Rhapis excelsa (Thunberg) Henry ex. Rehder entre as malhas de sombreamento preta
(50% e 80%) e coloridas (preta e vermelha a 50%) para número de folhas, altura e
número de brotos.
Nomura et al. (2009) trabalhando com diferentes malhas de sombreamento na
produção de Anthurium andraeanun „Apalai‟ observaram que plantas cultivadas sob
malha preta apresentaram maior comprimento do pecíolo, maior desenvolvimento de
área foliar em todo o período de estudo e comprimento da haste floral quando
comparada com plantas cultivadas sob malha azul, vermelha e termo-refletora.
Entretanto, o uso de malhas de sombreamento não afetou o início da produção de hastes
florais, ou seja, não provocaram precocidade no florescimento, característica desejada
pelo produtor.
Observou-se que plantas de Catharanthus roseus (L.) G. cv. Pacifica White
cultivadas sob malha vermelha apresentaram maior teor de matéria seca total em relação
aos demais tratamentos. Os maiores conteúdos de matéria seca total e de parte aérea
28
encontrados nas plantas sob malha vermelha podem ter sido ocasionados pela menor
relação vermelho:vermelho distante (V/VD) do espectro da radiação difusa,
proporcionada por esse tratamento. O aumento da relação V/VD proporcionada pelos
filtros pode ser um estímulo para uma maior conversão do fitocromo da forma ativa
(Fvd) para a forma inativa (Fv), reduzindo a relação Fvd/Ftotal, o que causaria maior
alongamento de caules (MORGAN; SMITH, 1978). A área foliar também foi
significativamente afetada pelo sombreamento, onde as plantas sob malha vermelha
exibiram maior superfície total (MELO; ALVARENGA, 2009).
Segundo Brant et al. (2009), plantas de Melissa officinalis L. são insensíveis à
qualidade de luz para a produção de fitomassa e expansão foliar, sendo sensíveis apenas
quanto à intensidade de luz, de forma que o sombreamento empregado pelas malhas
azul, vermelha e preta (50%) foi benéfico em relação às plantas cultivadas a pleno sol.
Lima et al. (2010) observaram que em plantas de Anthurium andraeanun
„Apalai‟, a melhor resposta para altura da planta, comprimento do pecíolo, comprimento
e largura da folha e área foliar (AF), foi apresentada pelas plantas cultivadas sob malha
preta. Observou-se também que, não houve diferença na espessura da folha entre plantas
cultivadas sob malha vermelha, preta, azul e termorefletora. Os autores concluíram que,
as malhas azul e vermelha não propiciaram condição ambiental adequada para o
crescimento do antúrio e indicaram a utilização da malha preta de sombreamento (70%)
para a produção de plantas de antúrio.
Malhas de sombreamento (50%) nas cores preta, vermelha e azul favoreceram o
desenvolvimento inicial de Alpinia purpurata „Jungle Queen‟ e „Jungle King‟ não
diferindo entre si e o desenvolvimento de brotos sob malha vermelha tiveram maior
incremento em altura (SOUZA, 2012).
O diâmetro da roseta e o tamanho das folhas de Aechmea fasciata foram
incrementados pela utilização de malha de sombreamento vermelha em comparação
com as malhas preta, azul e termorefletora (70%) (HOLCMAN; SENTELHAS, 2013).
Vários caracteres de importância agronômica já foram estudados em helicônias,
todavia, na literatura ainda não estão disponíveis informações mostrando o
desenvolvimento de H. psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch sob
diferentes condições de luminosidade.
29
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Localização do experimento
O experimento foi conduzido entre 5 de novembro de 2013 e 5 de maio de 2014
em área experimental no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), da
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III, no município de Juazeiro (BA)
nas coordenadas geográficas 9º 25‟ 10” de latitude sul e 40º 29‟ 16" de longitude oeste e
altitude de 367 m. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é Bswh, que
corresponde à região semiárida. A temperatura mínima média varia de 18,4 a 22,2°C e a
máxima de 29,6 a 33,9°C. O período mais seco do ano e de maior insolação ocorre de
agosto a novembro. A precipitação média anual é de 529 mm, com período chuvoso
concentrado entre os meses de novembro e abril (TEIXEIRA, 2010).
Três estruturas com 10 x 24 m, altura de 3,0 m e estrutura tipo “sombreiro”
foram montadas e cobertas com telas de sombreamento azul (35-40%), vermelha (1821%) e preta (45-49%). As telas azul e preta eram produzidas em teares Raschel (fita) e
a tela vermelha tecida com fios de monofilamento. Em cada um desses ambientes foi
introduzida a cultura de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟.
3.2. Delineamento experimental
O experimento constou de quatro tratamentos, sendo três ambientes com telas de
sombreamento (azul, vermelha e preta) e cultivo a pleno sol. O delineamento
experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas, sendo
30
seis blocos por parcela, cada bloco com onze repetições, totalizando sessenta e seis
vasos por parcela e um total de duzentas e sessenta e quatro plantas.
3.3. Material de propagação e produção das mudas
As unidades propagativas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata
„Golden Torch‟ utilizadas foram provenientes do Viveiro de Produção de Plantas
Ornamentais do DTCS/UNEB.
Realizou-se a divisão das touceiras de plantas adultas e separou-se as unidades
propagativas que eram formadas por uma porção de rizoma. As secções dos rizomas
foram padronizadas de modo a apresentar 10 cm de comprimento e, em média, cinco
gemas entumecidas e 20 cm de pseudocaule. As raízes maiores foram cortadas.
As unidades propagativas foram então transportadas para o Viveiro de Plantas
nativas do DTCS/UNEB onde receberam tratamento de desinfestação em hipoclorito de
sódio a 0,5% por um minuto (imersão) e depois de secas foram plantadas em sacos de
polietileno preto de três dm3 contendo substrato composto de Neossolo flúvico, areia e
esterco caprino curtido e triturado na proporção 1:1:1.
Quinzenalmente as mudas receberam 20 mL de solução nutritiva completa de
Hoagland e Arnon (1950), composta de NH4H2PO4, KNO3, Ca(NO3)2, MgSO4, Fe
EDTA e micronutrientes (H2BO3, MnCl2. 4H2 O, ZnSO4.7 H2O, CuSO4. 5 H2O, e
H2MoO4 H2O).
3.4. Transplantio
O transplantio das mudas para a área experimental foi efetuado 162 dias após o
plantio das unidades propagativas, selecionando-se as plantas mais vigorosas. As mudas
foram transplantadas em vasos de polietileno preto com capacidade para 18 L (Figura
4).
31
Figura 4 - Mudas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟ no
período de transplantio para vasos.
3.5. Substrato e Adubação
O substrato utilizado nos vasos de polietileno foi composto de Neossolo flúvico,
areia e composto vegetal proveniente da Empresa Sanvale Gestão Ambiental (TABELA
1), na proporção 1:1:1.
Uma amostra do substrato utilizado foi analisada pelo Laboratório de Solos e
Tecidos Vegetais da Embrapa Semiárido (TABELA 2) e com base na recomendação de
adubação de Lamas (2002) verificou-se que os teores de nutrientes encontravam-se
dentro dos padrões exigidos para a cultura.
Realizou-se quinzenalmente a adubação de cobertura, na qual foram aplicados:
nitrato de cálcio e fosfato monoamônico através de fertirrigação, durante os 90 dias
iniciais de experimento.
32
Tabela 1. Resultados da análise de material orgânico da Sanvale Plasticultura e
Irrigação. Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”/Departamento de Ciências do Solo. Piracicaba-São Paulo. Data da emissão:
17/01/2013.
Determinações
pH em CaCl2 0,01M
Densidade (g/cm3)
Umidade perdida a 60-65°C (%)
Umidade perdida entre 65-110°C (%)
Umidade total (%)
Inertes
Matéria orgânica total (combustão) (%)
Matéria orgânica compostável (%)
Matéria org. resistente à compost. (%)
Carbono total (orgânico e mineral) (%)
Carbono total (%)
Resíduo mineral total (%)
Resíduo mineral insolúvel (%)
Resíduo mineral solúvel (%)
Nitrogênio total (%)
Fósforo (P2O5) total (%)
Potássio (K2O) total (%)
Cálcio (Ca) total (%)
Magnésio (Mg) total (%)
Enxofre (S) total (%)
Relação C/N (C total e N total)
Relação C/N (C orgânico e N total)
Cobre (Cu) total (mg/kg)
Manganês (Mn) total (mg/kg)
Zinco (Zn) total (mg/kg)
Ferro (Fe) total (mg/kg)
Boro (B) total (mg/kg)
Sódio (Na) total (mg/kg)
Umidade
Natural
7,6
0,63
48,82
2,26
51,08
0
17,68
14,33
3,35
9,82
7,96
31,24
17,6
13,64
0,64
0,54
0,63
4,52
0,2
1,7
15/1
12/1
11
120
51
2903
4
538
Base Seca
60-65°C
101°C
0
34,54
28
6,55
19,19
15,55
61,04
34,39
26,65
1,25
1,06
1,23
8,83
0,39
3,32
15/1
12/1
21
234
100
5672
8
1051
0
36,14
29,29
6,85
20,07
16,27
63,86
35,98
27,88
1,31
1,1
1,29
9,24
0,41
3,48
15/1
12/1
22
245
104
5934
8
1100
33
Tabela 2. Resultados da análise do substrato utilizado. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária: Embrapa Semiárido (CPATSA) - Laboratório de Solos e Tecidos
Vegetais. Data da emissão: 11/02/2014.
Determinação
C.E (mS cm-1)
pH
M.O. (g kg-1)
P (mg dm-³)
K (cmolc dm-³)
Na (cmolc dm-³)
Ca (cmolc dm-³)
Mg (cmolc dm-³)
Al (cmolc dm-³)
Resultado
2,48
7,41
8,04
118,78
2,2
0,34
8,5
5,6
0
Determinação
H + Al (cmolc dm-³)
SB (cmolc dm-³)
CTC (cmolc dm-³)
V%
Cu (mg dm-³)
Fe (mg dm-³)
Mn (mg dm-³)
Zn (mg dm-³)
Resultado
0
16,64
16,64
100
1,15
79,63
71,97
11,25
3.6. Sistema de Irrigação
O sistema de irrigação adotado foi por gotejamento com frequência diária.
Todos os tratamentos receberam a mesma quantidade de água. Os intervalos de rega
foram determinados em função das condições do solo, das necessidades da cultura e das
condições climáticas do período, mantendo o substrato na capacidade de campo.
3.7. Dados Climáticos
Para o monitoramento das condições microclimáticas foi instalado em cada
ambiente, sistema de aquisição de dados e sensores de temperatura e umidade relativa
do ar (psicrômetros), velocidade do vento (anemômetros) e sensor de radiação global
(radiômetros). Os dados de precipitação foram obtidos na estação meteorológica do
DTCS/UNEB, localizada a cerca de 30 m dos ambientes estudados.
Todos os sensores foram conectados ao sistema automático de coleta de dados
(Micrologger CR1000) da Campbell Scientific Inc. alimentado por painel solar,
programado para efetuar leituras a cada segundo e médias horárias e diárias.
Todos os dias os dados armazenados nos microloggers eram transferidos para
um módulo de armazenamento e, depois, para um microcomputador para serem
34
efetuados os cálculos e as análises. Os parâmetros monitorados foram os seguintes:
temperatura, umidade relativa do ar a e radiação global a 1,5 m, e velocidade do vento a
dois metros do solo e radiação solar global.
3.8 Avaliações
3.8.1 Avaliações Destrutivas:
As medidas biométricas foram realizadas durante seis meses, com intervalo de
30 dias durante os 180 dias de experimento. Em cada avaliação destrutiva foi analisada
uma repetição por bloco, totalizando seis plantas por ambiente. As características
avaliadas foram:
Altura de plantas (cm) - A altura das plantas foi obtida através da medição
individual utilizando-se fita métrica graduada em centímetros medindo-se da ponta da
última folha expandida até o ponto de mudança de coloração no colo dos pseudocaules.
Comprimento da maior raiz (cm) - O comprimento da maior raiz foi obtido
pela medição individual do sistema radicular das plantas utilizando-se fita métrica
graduada em centímetros.
Número de perfilhos - Para a contagem do número de perfilhos eram
considerados todos os pseudocaules presentes na planta.
Número de folhas - Para a contagem do número de folhas foram consideradas
todas as folhas expandidas, independente, do tamanho que essas apresentavam.
Área Foliar Total (cm2) – Para a mensuração da área foliar, todas as folhas
expandidas foram retiradas da planta e dispostas sobre uma bancada de coloração
branca. Após a organização das folhas estas foram fotografadas. As fotografias foram
processadas pelo programa Quant® versão 1.0.1 (VALE et al., 2003) obtendo-se a área
foliar em cm2.
Massa de matéria fresca (g) – Para a determinação da massa de matéria fresca
a planta foi cortada e separada em parte aérea (folhas e pseudocaule) e raízes + rizomas.
Cada uma das partes foi pesada em balança digital e, posteriormente, acondicionadas
em sacos de papel já identificados.
35
Massa de matéria seca (g) - Após a determinação da massa de matéria fresca
todas as partes do vegetal, separadamente, foram colocadas em estufa de circulação
forçada de ar a 65°C por 72 h ou até atingir massa constante. Posteriormente, obteve-se
também por meio de pesagem em balança digital a massa de matéria seca de folhas,
pseudocaule e raízes + rizomas (Figura 5).
A
B
C
Figura 5 - Determinação da massa da matéria fresca, por meio de pesagem em balança
digital, das folhas (A), pseudocaules (B) e raízes + rizoma (C) de plantas de Heliconia
psittacorum x H. spathocircinata „Golden Torch‟.
3.8.2 Avaliações Não Destrutivas:
As avaliações não destrutivas foram realizadas em 30 repetições que
permaneceram nos ambientes durante os 180 dias de experimento.
Teor de clorofila nas folhas - O índice de clorofila foi avaliado em unidades
SPAD presente nas folhas de plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata
„Golden Torch‟ utilizando clorofilômetro Soil Plant Analysis Development (SPAD-502,
Minolta, Japão). As leituras com o SPAD-502 foram realizadas em três pontos na face
adaxial da folha. Posteriormente, determinou-se a média das três leituras realizadas. As
avaliações foram realizadas a partir dos 60 dias após o transplantio, com intervalos de
30 dias e em cada avaliação realizou-se a leitura em duas plantas por bloco, totalizando
12 plantas por ambiente.
Número de dias a partir da emissão do perfilho até a data da colheita das
hastes florais (CICLO) – Após a emissão do perfilho foi contabilizado o número de
dias até que a inflorescência atingisse o ponto de colheita, considerando, para este
experimento, como o momento em que a inflorescência apresentasse duas brácteas
36
abertas e o ponteiro fechado, segundo metodologia descrita por Criley et al. (2001) com
apud de Lamas (2004).
Inflorescências colhidas/m² - Considerou-se o número de inflorescências
colhidas no espaço de um metro quadrado. Para o dimensionamento do espaço indicado
foi somada a produtividade de 14 vasos com área de 0,07m²/vaso.
Número de Hastes Florais (NHF) - O NHF foi obtido a partir da contagem de
todas as inflorescências produzidas nas 30 repetições durante o período do experimento.
As inflorescências eram colhidas quando atingiam o ponto de colheita com duas
brácteas abertas e o ponteiro fechado, segundo metodologia descrita por Criley et al.
(2001) com apud de Lamas (2004).
Comprimento da haste floral (CHF) (cm) – O CHF foi medido com a
utilização de fita métrica. Para a aferição do CHF a haste floral colhida a dois cm do
solo era medida do ponto do corte até a base da inflorescência.
Diâmetro médio da haste floral (DHF) (mm) - Mediu-se o diâmetro da base da
haste floral e o diâmetro da base da inflorescência com o auxílio de paquímetro digital
e, posteriormente, determinou-se a média das duas leituras realizadas.
Hastes com padrão para comercialização (HPC) – O padrão de qualidade
obedeceu ao estabelecido por Farias (2004) e Albuquerque (2010) que determinam
como comercializáveis as hastes com comprimento a partir de 70 centímetros e que não
apresentem qualquer injúria ou deformação.
3.9. Análise Estatística
Os dados de crescimento, produtividade e pós-colheita foram submetidos à
análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade. Foi realizada também a análise de regressão polinomial em função das
épocas de avaliação, sendo a escolha da regressão baseada na significância do
coeficiente de determinação das equações obtidas por meio do teste t, utilizando-se o
programa estatístico SISVAR.
37
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Condições climáticas dos ambientes
Radiação Solar Global
As malhas de sombreamento independente da coloração reduziram a radiação
que atingiu as plantas e, além de modificar a radiação que efetivamente chegava às
plantas, também alterou a temperatura e a umidade relativa do ar, modificando o
microclima do local de cultivo.
Fazendo-se uma análise do comportamento do total diário de radiação solar
global nos quatro ambientes onde foram produzidas as plantas de Heliconia psittacorum
X H. spathocircinata „Golden Torch‟ verifica-se que, a radiação que efetivamente
chegou às plantas nos ambientes com as telas foi inferior à registrada a pleno sol, com
os menores valores observados no ambiente com tela preta (Figura 6). Para todo o ciclo
da cultura sob tela preta em média a radiação solar global foi de 11,2 MJ. m-2 d-1, e a
pleno sol foi de 22,0 MJ m-2 d-1.
38
Total diário de Radiação Solar Global (MJ m-²/dia)
30
25
20
Tela Azul
15
Tela Vermelha
10
Tela Preta
5
Pleno Sol
0
Figura 6 – Total diário de radiação solar global (MJ m-2 d-1) nos diferentes ambientes
de cultivo, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
Durante o ciclo da cultura a maior incidência de radiação global foi observada
no mês de janeiro, enquanto a menor, no mês de abril, em média a incidência foi de 24,8
e 19,6 MJ m-2 d-1, respectivamente. Não foram considerados os valores do mês de maio
já que o experimento estendeu-se apenas até o quinto dia do mês. Observa-se também
que para todos os meses, em termos percentuais, a radiação sob as coberturas,
representou 75%, 86,2% e 51% da radiação a pleno sol para as telas azul, vermelha e
preta, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores médios mensais de radiação solar global (MJ m-2 d-1) para os
diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
2013
Ambientes
2014
Novembro Dezembro
Janeiro Fevereiro Março
Abril
Maio
Tela Azul
16,4
15,7
18,6
17,0
17,1
14,7
11,6
Tela Vermelha
18,8
18,1
21,4
19,8
19,7
16,9
13,4
39
Tela Preta
11,1
10,7
12,6
11,6
11,6
10,0
7,9
Pleno Sol
21,8
21,0
24,8
22,8
22,8
19,6
15,5
As telas de sombreamento azul e vermelha apresentaram índices de
sombreamento diferentes do esperado (Tabela 4). Conforme indicado pelo fabricante, a
tela azul bloquearia a entrada de radiação em torno de 35 a 40% e a tela vermelha de 18
a 21%. Esses dados não foram confirmados durante as avaliações realizadas, onde se
observou que as telas azul e vermelha bloquearam 25% e 14% da radiação solar global
respectivamente, ou seja, a radiação global sob tela azul foi 10% maior do que o índice
de transmitância máximo indicado pelo fabricante (60 a 65%), enquanto na tela
vermelha foi superior a 4% (79 a 82%). Em contrapartida, a tela de sombreamento preta
(45-49%) bloqueou 49%, ou seja, a transmitância foi de aproximadamente 51%, valor
igual ao índice mínimo de transparência indicado pelo fabricante (51 a 55%).
Tabela 4 - Nível de sombreamento e transmitância indicados pelo fabricante e medidos
sob as diferentes telas. Juazeiro, BA, 2015.
Tela
Sombreamento indicado
pelo fabricante (%)
Sombreamento
medido (%)
Transmitância (%)
Azul
35-40
25
75
Vermelha
18-21
14
86
Preta
45 – 49
49
51
Araquam (2013), conduzindo experimento na mesma área com a cultura do
pimentão, também verificou que o índice de transmitância da tela azul foi diferente do
indicado pelo fabricante, apresentando transparência superior ao índice máximo; para a
tela vermelha verificou que o índice de transmitância foi próximo ao índice mínimo
indicado pelo fabricante.
A maior transparência observada nas telas vermelha e azul proporcionou maior
incidência de radiação global sobre a cultura e, consequentemente, houve maior
disponibilidade de energia, o que pode ter afetado o desenvolvimento vegetal e a
40
qualidade das hastes florais, uma vez que as plantas cultivadas a pleno sol tinham porte
inferior às plantas cultivadas sob telado e as hastes florais apresentaram menor
comprimento (cm) e apesar de não serem realizadas medições foi observada a
incidência de hastes com quebra de “pescoço” e coloração esbranquiçada.
Temperatura
A temperatura média do ar durante o ciclo da cultura manteve-se entre 27,2 e
27,5°C para os diferentes ambientes de cultivo, o que demonstra que não houve
diferença na temperatura entre as telas, ou seja, a redução da radiação não foi
acompanhada pela redução na temperatura, sendo a temperatura das áreas teladas
próximas a da área a pleno sol (Tabela 5).
A amplitude térmica nas diferentes áreas de cultivo foi benéfica às plantas de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, que mesmo sob
temperaturas superiores a faixa ótima (22-26°C) indicada por Cattley e Brooking (1996)
durante a maior parte do período (Figura 7), não tiveram crescimento vegetativo, nem o
ciclo reprodutivo prejudicado.
Verifica-se na Figura 7 que praticamente não houve diferença entre a
temperatura sob a tela de sombreamento preta e a área a pleno Sol. Esse comportamento
provavelmente está associado ao fato da tela preta absorver e reter maior quantidade de
radiação e, consequentemente, emitir radiação de ondas longas. De acordo com
Araquam (2013), a maior emissão de radiação de ondas longas pelas telas ocorre devido
a maior absorção de radiação por elas em comparação à atmosfera, efeito atribuído à
coloração e material das telas.
Holcman e Sentelhas (2013) também observaram similaridade na temperatura
do ar em área coberta com tela preta e a pleno sol e maiores temperaturas quando se
utilizou outras malhas de sombreamento (termorefletora, vermelha e azul). Já Rocha
(2007), conduzindo experimento com a cultura do tomate, verificou que a temperatura
externa foi sempre inferior a dos ambientes telados.
41
As temperaturas extremas foram observadas nos dias 20 de novembro de 2013
(mínima) e 04 de dezembro de 2013 (máxima). A menor temperatura do ciclo foi
observada às 5:00 h, chegando a 20,13°C; enquanto a temperatura mais elevada do ciclo
(38,7°C) ocorreu às 16:00 h, sendo ambas as temperaturas extremas observadas na área
a pleno sol (Figura 8).
Tabela - 5
Valores médios da temperatura do ar média, máxima e mínima para os
diferentes ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a maio de 2014.
Juazeiro, BA, 2015.
Áreas de Produção
Temperatura (°C)
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
Média
27,2
27,4
27,5
27,5
Máxima
31,0
31,3
31,4
31,5
Mínima
23,1
23,3
23,3
23,1
Temperatura média diária (°C)
Tela Azul
32,0
31,0
30,0
29,0
28,0
27,0
26,0
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
Tela Azul
Tela
Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
Faixa ótima de temperatura
Figura 7 – Temperatura média diária para os diferentes ambientes durante o cultivo de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, novembro de 2013 a
maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
42
Temperatura do ar (°C)
40,00
38,00
36,00
34,00
32,00
30,00
28,00
26,00
24,00
22,00
20,00
0
2
4
6
Tela Azul
8
10 12 14 16 18 20 22 24
Hora
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
Temperatura do ar (°C)
A
40,00
38,00
36,00
34,00
32,00
30,00
28,00
26,00
24,00
22,00
20,00
0
2
Tela Azul
4
6
8 10 12 14 16 18 20 22 24
Hora
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
B
Figura 8 - Temperatura média horária do ar para os diferentes ambientes do cultivo de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch. (A) Dia que apresentou
menor temperatura mínima no ciclo (20/11/2013) e (B) dia que apresentou maior
temperatura máxima no ciclo (04/12/13). Juazeiro, BA, 2015.
43
Velocidade do Vento
De maneira geral, as telas se mostraram eficientes na redução da velocidade do
vento e impediram a ocorrência de efeitos danosos de ventos fortes sobre as plantas,
funcionando como um quebra vento. As maiores velocidades médias do vento foram
registradas no mês de maio e as menores no mês de dezembro, atingindo valores entre
2,0 m s-1 a pleno sol e 0,9 m s-1 sob tela preta (Figura 9).
Velocidade do vento ( m s-1)
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
0,8
0,6
Figura 9 – Valores médios mensais da velocidade do vento para os diferentes
ambientes durante o cultivo de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden
Torch. Juazeiro, BA, 2014.
No ambiente a pleno sol, para todo o período de experimento, a velocidade
média diária do vento variou de 0,5 a 2,7 m s-1, sob tela preta os valores variaram de 0,3
a 2,1 m s-1, para as telas azul e vermelha, de 0,4 a 2,4 m s-1 e 0,3 a 2,4 m s-1
respectivamente. Então, a intensidade dos ventos definida segundo a escala do vento de
Beaufort (Adaptado de PRIMAULT, 1979), foi como ventos calmos a brisa leve (0 a
3,0 m s-1).
Segundo Ometto e Caramori (1981), quando a velocidade do vento é alta, a ação
mecânica sobre as plantas, além de promover a queda de folhas, de flores, frutos, a
quebra de galhos ou mesmo causando anomalias morfológicas, provoca ferimentos que
44
favorecem o ingresso de patógenos como bactérias, vírus e fungos e diminuem a
eficiência fotossintética. Além disso, o vento renova o ar em torno da folha, aumentando
a condutância estomática e proporcionando valores mais elevados de transpiração das
plantas (RIGHI, 2000). Por outro lado, a estagnação também é prejudicial ao bom
desenvolvimento das culturas, assim, o ideal é a existência de vento moderado e,
embora variável entre espécies, em torno de 1,4 a 1,6 m s-1 (VOLPE; SCHÖFFEL,
2001).
Precipitação e Umidade relativa do ar
Ocorreu precipitação pluviométrica em todos os meses de cultivo, com o maior
índice registrado em abril (194,1 mm) e o menor em maio (0,8 mm) (Figura 10).
Consequentemente, a maior umidade relativa para o período foi observada no mês de
abril de 2014, com média de 66,4% e a menor umidade do ar (54,8%) foi observada no
mês de janeiro do mesmo ano (Figura 11).
Seeman (1979) afirma que os valores de umidade relativa do ar são
inversamente proporcionais à temperatura do ar e muito variáveis no interior do
ambiente. Guiselini (2010) verificou similaridade da umidade relativa do ar em três
ambientes protegidos em cultivo de Gérbera. Araquam (2013), trabalhando na mesma
área experimental, também observou que a umidade relativa do ar não apresentou
diferenças entre os ambientes.
45
200,0
Precipitação (mm)
160,0
120,0
80,0
40,0
0,0
Figura 10 - Precipitação mensal acumulada no período de novembro/2013 a maio/2014.
Fonte: estação meteorológica da UNEB-Campus III. Juazeiro, BA, 2014.
Umidade relativa do ar (%)
68
66
64
62
60
Azul
Vermelha
58
Preta
56
Pleno Sol
54
52
Figura 11 - Umidade relativa do ar para os diferentes ambientes durante o cultivo de
Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch, no período de
novembro/2013 a maio/2014. Juazeiro, BA, 2014.
46
4.2. Análise de Crescimento
Durante os 60 dias iniciais do cultivo de H. psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch sob as diferentes telas não foi observada diferença estatística significativa
para número de perfilhos emitidos (Tabela 6). No entanto, aos 90 dias de cultivo o
número de perfilhos das plantas cultivadas sob malha preta foi estatisticamente superior
aos demais tratamentos; entretanto, esse padrão não se repetiu ao longo das demais
avaliações (aos 120, 150 e 180 dias). Aos 120 dias de cultivo o número de perfilhos foi
maior nas plantas sob malha vermelha em comparação à malha preta, enquanto aos 180
dias de cultivo, novamente, a malha vermelha promoveu maior formação de perfilhos
em comparação às plantas a pleno sol.
O número de perfilhos emitidos durante o cultivo é um indicativo da produção
de brotações reprodutivas, as quais potencialmente podem resultar em uma
inflorescência comercial. A variação do perfilhamento está associada às características
genéticas, podendo ser influenciada por outros fatores como as condições climáticas
(FERNANDES, 2000). Meirelles et al. (2007) observaram que o uso de diferentes
malhas de sombreamento não influenciaram no número de brotações de Raphis excelsa.
Já Nomura et al. (2009) e Lima et al. (2010) concordam que a malha preta proporcionou
melhores condições microclimáticas para o crescimento vegetal e para a produção de
hastes florais de Anthurium andreaum „Apalai‟.
Pela análise de regressão, as médias para o número de perfilhos emitidos foram
ajustadas a curvas lineares crescentes para plantas cultivadas sob as diferentes telas e
função quadrática para plantas cultivadas a pleno sol. Quando comparadas as plantas
sob as diferentes telas observa-se que as curvas estão quase sobrepostas durante todo o
experimento, enquanto a pleno sol existe tendência de distanciamento, principalmente,
na última avaliação (Figura 12 A).
As médias para o número de folhas emitidos foram ajustadas a funções lineares
crescentes para plantas cultivadas sob os diferentes tratamentos durante todo o período
(Figura 12 B). Observou-se que nas avaliações realizadas aos 30, 60 e 120 dias após o
transplantio não houve diferença estatística entre os ambientes de cultivo, mas houve
diferença estatística nas avaliações realizadas aos 90, 150 e 180 dias. Aos 180 dias de
cultivo, as plantas cultivadas sob tela vermelha produziram mais folhas que as plantas
47
cultivadas sob tela azul, preta e a pleno sol (Tabela 6). Provavelmente, este aumento
está associado a qualidade da radiação (ao aumento na razão luz vermelho: vermelho
distante), proporcionada pela tela vermelha, que induz o incremento do número de
folhas no dossel da planta.
Segundo Farias (2004) para a diferenciação da inflorescência é necessária a
emissão de quatro a cinco folhas na haste, assim, o número de folhas por perfilho tornase expressivo, já que as folhas são responsáveis pela absorção de luz no processo
fotossintético, influenciando diretamente no desenvolvimento da planta e, também, na
emissão de hastes florais.
Desta forma, de acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, plantas
cultivadas sob tela vermelha poderiam produzir até duas inflorescências a mais por
planta no mesmo período de cultivo. Essa produção representando para o produtor,
menor custo, maior competitividade e maior rentabilidade. Souza (2012) trabalhando
com Alpinia purpurata observou que plantas cultivadas sob tela vermelha apresentaram
maior número de folhas por broto em relação a plantas cultivadas a pleno sol. Resultado
semelhante foi encontrado por Kawabata et al. (2007) que observaram que em plantas
de Dracena deremensis „Janet Craig‟ e D. marginata „Colorama‟ cultivadas sob malha
vermelha foi verificado aumento no número de folhas quando comparados com plantas
cultivadas sob outras malhas. Os autores atribuem o maior desenvolvimento das plantas
ao elevado nível de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) na tela vermelha.
O maior número de folhas apresentado por plantas cultivadas sob tela vermelha,
não resultou em maior área foliar por planta (Tabela 6). Até aos 120 dias de cultivo da
helicônia „Golden Torch‟ não houve diferença significativa quanto à área foliar. Durante
esse período houve aumento da área foliar, como consequência natural do
desenvolvimento das plantas, pois quando jovens apresentam folhas menores e quando
adultas folhas maiores e em maior número.
Aos 150 dias de cultivo, plantas cultivadas sob malha vermelha apresentaram
plantas com maior área foliar, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Já aos
180 dias, plantas cultivadas sob tela preta apresentaram superioridade estatística em
relação aos demais tratamentos, com diferença de 3330,05 cm2 para a área foliar total de
plantas cultivadas a pleno sol e 2760,74 cm2 para a área foliar total de plantas cultivadas
sob tela vermelha.
48
A área foliar para helicônias cultivadas sob tela vermelha e a pleno sol ajustouse a equações lineares crescentes em função das datas de coleta, enquanto para plantas
mantidas sob tela azul e preta o ajuste foi realizado com equações de segundo grau onde
se observa tendência de incremento da área foliar das plantas sob tela azul e preta no
decorrer do tempo (Figura 12 C).
Gaffney (2004) observou que as respostas de plantas ornamentais às alterações
na qualidade da luz incluíram aumento da área foliar total em Pittosporum variegatum
cultivado sob malha de sombreamento vermelha. Da mesma forma, Rocha (2002) e
Holcman e Sentelhas (2013) observaram que a largura e comprimento de folhas de
bromélia foram positivamente influenciadas pela utilização de tela na cor vermelha. Já
Nomura et al. (2009) observaram que plantas cultivadas sob malha preta tiveram maior
área foliar durante os 360 dias de experimento, enquanto que a utilização das malhas de
sombreamento nas cores azul e vermelha foram prejudiciais ao desenvolvimento da área
foliar de Anthurium andraeanum cv. Apalai, onde a maior energia luminosa disponível
para a atividade fotossintética nas malhas azul e vermelha provocou mudanças
fisiológicas ou microclimáticas desfavoráveis no ambiente de cultivo do antúrio,
comprometendo o crescimento, produção e a qualidade das hastes florais.
49
Tabela 6 - Número de perfilhos, número de folhas e área foliar (cm²) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120,
150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
Dias Após o Transplantio
Tratamentos
30
60
90
120
150
180
Equação Matemática
Número de Perfilhos
Tela Azul
2
a
6
a
6,3
b
8,3
ab
9,3
a
9,8
ab
y = 0,0487x + 1,8555
Tela Vermelha
2,5
a
4,8
a
5,8
b
9,3
a
8,2
a
11,2
a
y = 0,0541x + 1,2889
Tela Preta
2,3
a
4,7
a
8,2
a
7,7
b
9,2
a
9,8
ab
y = 0,0481x + 1,9222
Pleno Sol
2,7
a
5
a
6,2
b
7,8
ab
9,7
a
8,3
b
y = -0,0003x² + 0,1072x - 0,4000
CV (%)
13,01
Número de Folhas
Tela Azul
8,6
a
18,4 a
24,6 ab
27,6
a
36,6
a
34
b
y = 0,1758x + 6,5067
Tela Vermelha
11,6 a
17,2 a
20,4 bc
29,2
a
36,8
a
42,2
a
y = 0,2101x + 4,1733
Tela Preta
9,6
a
16,8 a
29,4
a
28,2
a
29,6
b
36
b
y = 0,1611x + 8,0133
Pleno Sol
10,4 a
18,6 a
19,4
c
26,2
a
32,4 ab
34
b
y = 0,1583x + 6,8800
CV (%)
13,44
Área Foliar (cm²)
Tela Azul
2034,33 a 1865,09 a 2114,83 a
4463,99 a
3290,55 b
6796,81 b
y = 0,2517x² - 23,8649 + 2497,9400
Tela Vermelha 2238,84 a 2051,96 a 2260,91 a
3458,46 a
5542,72 a
5073,23 c
y = 24,6112x + 853,5047
Tela Preta
1934,62 a 2155,49 a 1774,83 a
3619,26 a
4289,38 b
7833,97 a
y = 0,4131x² - 50,8115x + 3297,2528
Pleno Sol
1875,96 a 2069,19 a 2324,23 a
3604,53 a
3945,47 b
4703,92 c
y = 20,0479x + 982,1451
CV (%)
14,05
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
50
R²
89,71
91,43
87,27
95,12
90,99
98,59
85,9
96,44
81,67
80,51
95,93
94,42
Número de Perfilhos
12
10
8
Tela Azul
6
Tela Vermelha
4
Tela Preta
2
Pleno Sol
0
Número de folhas
0
30
150
180
A
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
0
Área Foliar (cm²)
60
90
120
Dias Após o Transplantio
30
60
90
120
Dia Após o Transplantio
150
180
B
9000
8000
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
0
30
60
90
120
150
Dias Após o Transplantio
180
C
Figura 12 - Curvas de regressão para número de perfilhos (A), número de folhas (B) e
área foliar (cm²) (C) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch
durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de
2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
51
Para altura da planta ajustou-se as médias a equações de segundo grau em
função das datas de coleta (Figura 13 A). Observou-se que o crescimento em altura de
plantas cultivadas em pleno sol foi menor em todo o período de avaliação. O
crescimento acima da média observado no 30° dia de cultivo não é observado nas
demais avaliações e apesar de não haver diferença estatística entre os tratamentos no
120° dia a altura das plantas cultivadas em pleno sol foi menor, concordando com os
dados das demais avaliações (Tabela 7). Segundo Taiz e Zeiger (2013) essa
característica pode ser observada, uma vez que com o sombreamento, ocorre maior
proporção de luz vermelho-distante, convertida em vermelho, o que induz as plantas a
alocar maior parte de seus recursos para o crescimento em altura.
Holcman e Sentelhas (2013) também observaram que bromélias cultivadas em
pleno sol tiveram a altura reduzida quando comparadas com bromélias cultivadas sob
telas preta e vermelha, demonstrando a mesma tendência das helicônias.
Plantas cultivadas sob telas preta e vermelha tem comportamento semelhante
diferindo estatisticamente na última avaliação em que plantas cultivadas sob tela preta
mostram-se estatisticamente superiores quanto à altura das plantas (Figura 12A).
Concordando com os dados obtidos no presente trabalho Lima et al. (2010) observaram
que a melhor resposta em termos de altura de Anthurium andraeanum cv. Apalai foi
encontrada em plantas cultivadas sob malha preta.
Para o comprimento da maior raiz observou-se diferença estatística aos 30, 60 e
120 dias de cultivo e nessas, plantas cultivadas sob malha azul mostraram-se superiores
(Tabela 7). Entretanto, nas duas últimas avaliações não houve diferença estatística entre
os tratamentos e as equações lineares obtidas através das médias tendem a se aproximar
demostrando tendência de homogeneidade entre os tratamentos (Figura 13 B).
As plantas de helicônia, provavelmente, não desenvolveram raízes mais longas
devido ao fato de terem à sua disposição, dentro dos vasos, os nutrientes necessários.
Além disso, as Heliconiaceaes não desenvolvem raízes longas, mas priorizam a
formação de novos rizomas, garantindo o perfilhamento; tal observação considera
também a massa de matéria seca das raízes + rizoma que, apesar de terem o vaso como
limitador, apresentaram crescente aumento de massa durante o período do experimento.
Ainda nesse sentido, Braga et al. (2009) concluíram que o comprimento das raízes de
mudas micropropagadas de Dendranthema grandiflora cv. Rage não foi influenciado
52
pela utilização de malhas de sombreamento preta, azul e vermelha e, da mesma forma,
Araújo et al. (2009) também não observaram diferença no comprimento de raízes de
Cattleya loddigesii L. cultivadas sob telas azul e vermelha.
160
140
Altura (cm)
120
100
Tela Azul
80
Tela Vermelha
60
Tela Preta
40
Pleno Sol
20
0
0
30
60
90
120
150
Dias Após o Transplantio
180
Comprimento da maior raíz (cm)
A
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
0
30
60
90
120
150
Dias Após o Transplantio
180
B
Figura 13 - Curvas de regressão para altura da planta (cm) (A) e comprimento da
maior raiz (cm) (B) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch,
durante 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de
2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
53
Tabela 7 - Altura da planta (cm) e comprimento da maior raiz (cm) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos
30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias de cultivo sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
Tratamentos
30
60
90
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
CV (%)
86,4
91,6
85,2
92,8
a
a
a
a
98,2
91,6
89
75
a
a
ab
b
97,4
80,2
86,6
67,6
a
bc
ab
c
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
CV (%)
32,8
32,8
25,4
26,6
a
a
b
b
32,8
27,2
25,8
25
a
ab
b
b
33,8
30,2
31,2
31,4
a
a
a
a
Dias Após o Transplantio
120
150
180
Equação Matemática
Altura da planta (cm)
80,6 a
86,2 a
109 b
y = 0,0016x² - 0,2785 + 100,38
80,4 a
82,6 a
112 b
y = 0,0039x² - 0,7675x + 115,78
79 a
84,8 a
137 a
y = 0,0054x² - 0,9208x + 115,62
71 a
60,2 b
109 b
y = 0,0063x² - 1,2927x + 128,50
11,98
Comprimento da maior raiz (cm)
42,8 a
37,6 a
40 a
y = 0,0566x + 30,6933
35,4 b
41 a
42 a
y = 0,0922x + 24,8533
42,6 a
40,4 a
42 a
y = 0,1276x + 21,4000
39,6 ab
40 a
42,2 a
y = 0,1249x + 21,0133
12,19
R²
23,65
77,04
74,05
74,84
57,47
68,17
84,62
88,77
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
54
A qualidade espectral de radiação, a qual as plantas de helicônia foram expostas,
alterou significativamente a massa de matéria fresca (Tabela 8). Pode-se verificar que
houve variação de efetividade da cor da tela nas diferentes avaliações realizadas. Porém,
pode-se observar que plantas cultivadas a pleno sol apresentaram menor massa de
matéria fresca durante o período, podendo-se atribuir o menor acúmulo de massa fresca
ao menor desenvolvimento da planta e ao menor teor de água presente nos tecidos
(Figura 14A).
No estudo de regressão para massa de matéria seca da parte aérea, plantas
cultivadas sob tela vermelha, preta e a pleno sol foram ajustadas a equações lineares
crescentes, enquanto para plantas cultivadas sob malha azul ajustou-se equação de
segundo grau (Figura 14B). A trajetória desenvolvida seguiu o mesmo padrão
observado para massa de matéria fresca, com tendência de aproximação entre plantas
cultivadas sob tela vermelha e preta e com distanciamento de plantas cultivadas a pleno
sol devido ao menor porte e menor área foliar.
Para massa fresca de raiz + rizoma existe diferenças estatísticas em todas as
avaliações a partir da segunda avaliação (Tabela 8). Pode-se observar que, a massa
fresca de plantas cultivadas sob tela azul foi superior aos demais tratamentos em quatro
avaliações, não apresentando o mesmo ritmo de ganho de massa apenas na última
avaliação, realizada aos 180 dias de cultivo.
Plantas cultivadas a pleno sol tiveram menor ganho de massa nas avaliações,
concordando com os dados de massa de matéria fresca e massa de matéria seca da parte
aérea. Fato este que indica o desenvolvimento reduzido das plantas sob essa condição de
luminosidade. Assim, esses dados e as demais variáveis já descritas confirmam a
necessidade do uso de sombreamento para a produção de helicônia em região semiárida.
Observa-se na Figura 14 C que no estudo de regressão, plantas de helicônia
„Golden Torch‟ cultivadas sob tela azul foram ajustadas pela equação linear, enquanto
plantas sob tela vermelha, preta e a pleno sol foram ajustadas pela equação de segundo
grau. Para a massa da matéria fresca plantas sob tela vermelha e preta descrevem a
mesma trajetória, enquanto para plantas a pleno sol há tendência de afastamento a partir
da avaliação realizada aos 120 dias de cultivo.
55
Para massa de matéria seca de raiz + rizoma existe diferenças estatísticas
somente nas duas últimas avaliações. Aos 150 dias de cultivo plantas sob telas azul e
preta apresentaram massa de matéria seca de raiz + rizoma superiores a plantas sob tela
vermelha e a pleno sol e aos 180 dias de cultivo plantas sob tela preta apresentaram
massa de matéria seca de raiz + rizoma superior a todos os tratamentos, enquanto
plantas sob tela azul apresentam as menores médias (Tabela 8).
As médias para massa de matéria seca de raiz + rizoma foram ajustadas por
equações de segundo grau para plantas cultivadas sob todas as condições de
luminosidade, apresentando o mesmo comportamento e com tendência de afastamento
de plantas sob tela preta a partir do quarto mês de avaliação (Figura 14D). Observa-se
então, que o acúmulo de massa seca nas raízes + rizoma não sofreu influência do
espectro de radiação, porém o acúmulo de matéria é positivamente afetado pela redução
da radiação.
56
Tabela 8 - Massa de matéria fresca da parte aérea (g), massa de matéria seca da parte aérea (g), massa de matéria fresca raiz + rizoma (g) e massa de matéria seca raiz
+ rizoma de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de
novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
Dias após o Transplantio
30
60
90
120
150
180
Equação Matemática
R²
Massa de Matéria Fresca da parte aérea (g)
Tela Azul
76,4 a
230,4 a
293,6 a
369,6 a
449,6 a
395,2
b
y =-0,0173x² + 5,8871x - 82,8400
95,76
Tela Vermelha
96
a
181,2 ab
136,8 b
340,8 a
417,2 a
512
a
y = 2,8495x - 18,5333
91,04
Tela Preta
109,6 a
178 ab
298,8 a
362,4 a
440,4 a
577,2
a
y = 3,0419x + 7,4667
98,94
Pleno Sol
105,6 a
126
b
185,6 b
247,4 b
313,6 b
395,2
b
y = 1,9733x + 21,7333
97,67
CV (%)
14,07
Massa de Matéria Seca da parte aérea (g)
Tela Azul
18
a
32,8
a
44,8 ab
56,6 a
75,2
a
72
b
y = - 0,0013x² + 0,6545x - 1,6000
97,15
Tela Vermelha
27,1 a
25,6 ab
32,8 b
54,6 a
78,4
a
88
a
y = 0,4616x + 0,2,6133
91,19
Tela Preta
19,4 a
26
ab
52
a
53,6 a
71,2
a
94
a
y = 0,4859x + 1,6800
96,06
Pleno Sol
19,6 a
19
b
35,2 b
47,8 a
56,4
b
72
b
y = 0,3684x + 2,9867
93,39
CV (%)
24,15
Massa de Matéria Fresca raiz + rizoma (g)
Tela Azul
91,2 a
330
a
496,8 a
656,4 a
1126
a
1080
c
y = 7,1348x - 119,0933
94,63
Tela Vermelha
142,2 a
277,2 ab
354,4 b
518 b
850,8 b
1460,8 b
y = 0,022x² - 2,9035 + 107,7270
94,99
Tela Preta
134,8 a
252,8 ab
472,8 ab
498,8 b
1097,6 a
1594,8 a
y = 0,0256x² - 3,1715 + 112,4850
97,51
Pleno Sol
102 a
168,4 b
454,4 ab
500 b
761,2 b
1080
c
y = 0,0184x² - 2,2889 + 81,4705
93,9
CV (%)
15,56
Massa de Matéria Seca raiz + rizoma (g)
Tela Azul
14,8 a
39,6
a
69,2
a
78,2 a
188
a
277
c
y = 0,0127x² - 0,9933 + 41,5990
97,54
Tela Vermelha
22,8 a
33,3
a
52,8
a
66,2 a
138
b
331,6
b
y = 0,0159x² - 1,4035 + 33,8778
92,59
Tela Preta
22,8 a
30,3
a
74,4
a
58,8 a
198
a
387,2
a
y = 0,0188x² - 1,5978 + 35,0107
93,9
Pleno Sol
16
a
20,2
a
52,6
a
64,3 a
113,2 b
290
bc
y = 0,01376 - 1,1951 + 27,6263
92,74
CV (%)
26,64
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Tratamentos
57
600
500
Tela Azul
400
Tela Vermelha
300
Tela Preta
200
Pleno Sol
100
M. M. S. Parte Aérea (g)
M. M. F. Parte Aérea (g)
700
0
30
60
90
120 150
Dias Após o Transplantio
180
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
30
60
90
120 150
Dias Após o Transplantio
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
A
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0
Tela Azul
0
180
C
M. M. S. Raiz + Rizoma (g)
M. M. F. Raiz + Rizoma (g)
0
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
30
60
90
120
150
Dias Após o Transplantio
180
B
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
0
30
60
90
120 150
Dias Após o Transplantio
180
D
Figura 14 - Curvas de regressão para massa de matéria fresca da parte aérea (g) (A), massa de matéria seca da parte aérea (g) (B), massa de matéria
fresca raiz + rizoma (g) (C) e massa de matéria seca raiz + rizoma (g) (D) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch durante 180
dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
58
Para o índice de clorofila (clorofila a), em unidades Spad, houve efeito
significativo das telas apenas nas duas primeiras avaliações, onde se observou que
plantas cultivadas a pleno sol apresentaram o menor teor de clorofila que plantas
cultivadas nas demais malhas (Tabela 9). Nesse sentido Taiz e Zeiger (2013) afirmam
que folhas de sombra têm mais clorofila por centro de reação e Brant et al. (2011)
colocam que plantas que crescem em ambientes com maior intensidade de luz têm,
frequentemente, características estruturais e químicas que aumentam a interceptação de
luz que alcança o cloroplasto.
Concordando com os dados do presente trabalho, Amarante et al. (2007)
verificaram que o sombreamento das plantas de macieira sob telado preto foi
eficiente em aumentar o teor de clorofila foliar em comparação àquelas plantas
cultivadas a céu aberto.
Para o índice de clorofila b não houve diferença significativa apenas na última
avaliação, onde se observou que, durante todo o período de avaliação, plantas cultivadas
a pleno sol apresentaram menores índices de clorofila (Tabela 9). Ribeiro (2014)
também observou que plantas de Talisia esculenta (A.St.-Hil) Radlk sob tela azul
tiveram aumento no teores de clorofila b.
Análises visuais mostraram que plantas de helicônia desenvolvidas a pleno sol
possuíam folhas com tom de verde mais claro. Ao contrário, folhas de plantas cultivadas
sob malhas preta, azul e vermelha apresentaram tons de verde mais escuro (Figura 15).
A incidência direta da radiação solar sob plantas cultivadas a pleno sol pode ter
provocado algum dano aos cloroplastos devido ao excesso de radiação recebido pelas
plantas (SOUZA, 2012). Comportamento semelhante foi observado em folhas de
Alpinia purpurata quando submetida a diferentes telas de sombreamento (SOUZA,
2012), que segundo Streit et al. (2005) ocorre porque os pigmentos receptores da
radiação dos cloroplastos podem ser foto-oxidados sob radiação intensa e sendo o
processo
de
foto-oxidação
irreversível,
esses
pigmentos
podem
absorver
excessivamente a radiação incidente e associada à interação com o O2 pode promover a
produção de radicais livres, causando a destruição desses pigmentos.
59
Tabela 9 - Índice de clorofila presente nas folhas, em unidades SPAD, em plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de novembro de 2013 a maio de
2014. Juazeiro, BA, 2015.
Tratamentos
60
90
120
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
CV (%)
29,8092
27,9458
31,1542
22,4567
a
a
a
b
25,0342
26,2050
29,2475
24,5925
b
ab
a
b
37,5783
35,8292
36,6875
35,8367
a
a
a
a
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
CV (%)
14,6242
10,6468
16,5617
7,2175
a
b
a
b
16,4200
9,4533
17,7558
8,6267
a
b
a
b
25,4300
17,3725
21,4041
14,5483
a
c
b
c
150
180
Clorofila a
39,1400 a
36,4242
37,6967 a
35,9342
38,7658 a
37,4800
37,5225 a
34,0425
9,57
Clorofila b
23,4925 a
15,5025
21,0392 ab
18,5675
22,3633 a
17,8900
17,5758 b
16,6817
18,23
a
a
a
a
a
a
a
a
Equação Matemática
R²
y = 0,09119x + 22,6628
y = 0,0915x + 21,7348
y = 0,0739x + 25,7990
y = 0,1803x + 11,0495
52,53
68,59
69,71
94,2
y = -0,0024x² + 0,6107x - 14, 9570 74,68
y = 0,0914x + 4,4448
72,56
y = -0,0011x² + 0,2913x + 2,2652 75,41
y = -0,0006x² + 0,2358X - 5,7218 91,4
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
60
TELA AZUL
TELA VERMELHA
TELA PRETA
PLENO SOL
Figura 15 – Folhas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch cultivadas sob diferentes incidências de radiação, de
novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
4.3 Produtividade e qualidade de hastes florais
Para o caráter número de dias a partir da emissão do perfilho até a data da
colheita das hastes florais (CICLO), plantas cultivadas sob tela azul apresentaram a
maior média (133 dias), enquanto plantas a pleno sol indicaram a menor média
completando o CICLO com 126 dias. Porém, esses resultados não caracterizaram
diferença estatística e as plantas submetidas aos demais tratamentos (telas preta e
vermelha) apresentaram valores intermediários, sendo que a diferença do ciclo mais
curto para o ciclo mais longo foi de sete dias (Tabela 10).
Castro (1993) classifica a Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv.
Golden Torch como um híbrido de ciclo curto, que atinge o ponto de colheita em um
período menor que 150 dias após a emissão do perfilho. Genótipos com períodos curtos
entre a emissão do perfilho e a colheita da inflorescência é interessante porque as hastes
florais ficam menos expostas a danos em campo, além da frequente oferta do produto
em plantas que produzem durante todo o ano (COSTA et al., 2007).
Catley e Brooking (1986) observaram ciclo de 180 dias em plantas de helicônia
cultivar Golden Torch, porém em condições de temperatura e luminosidade controladas
61
(32ºC dia/20ºC noite e 24ºC dia/20ºC noite), os mesmos autores observaram que o ciclo
foi reduzido para 140 e 146 dias, respectivamente.
Castro et al. (2007b), Costa et al. (2007) e Rocha et al. (2010) desenvolveram
experimentos sob as mesmas condições no município de Camaragibe, PE, situado a 08°
01‟19‟‟de latitude sul, 34°59‟33‟‟, com temperatura média anual de 25,5°C. Entretanto,
os primeiros autores relatam ciclo de 184,6 dias, enquanto Costa et al. (2007) relatam
que a pleno sol o ciclo durou 117,44 dias e a meia sombra 128,55 dias e Rocha et al.
(2010) observaram que o ciclo para a colheita da inflorescência durou 131,7 dias.
Então, conclui-se que o número de dias compreendido entre a emissão do
perfilho até a data da colheita das hastes florais é uma característica inerente à espécie,
porém, esta está intimamente ligada à temperatura e luminosidade, já que plantas
produzidas sobre temperaturas mais elevadas e maior intensidade luminosa tiveram o
ciclo reduzido.
O número de hastes florais colhidas (NHF) é uma variável bastante apreciada,
uma vez que a maior produtividade pode representar maior número de produtos
comercializáveis. Assim, observou-se diferença significativa no número de hastes
florais total (NHF Total) com superioridade numérica para plantas conduzidas sob tela
preta, seguida de plantas sob tela azul, vermelha e a pleno sol (Tabela 10), o que
comprova que as diferenças na luminosidade afetam não somente a morfologia,
fisiologia e microestrutura, mas também tem importante impacto na produtividade,
sobretudo, porque o desenvolvimento da planta requer apropriada intensidade luminosa;
e a menor porcentagem de luminosidade foi benéfica na produção de hastes florais,
enquanto que a intensidade luminosa excessiva no cultivo da helicônia a pleno sol pode
ter impedido a fotossíntese nas plantas, reduzindo assim, a produtividade (SONG et al.,
2012).
O número de inflorescências/m² (NHF/m²) produzidas sob tela azul e preta
(Tabela 10) foi estatisticamente superior que os demais tratamentos, enquanto o menor
número de inflorescências/m² foi de plantas produzidas a pleno sol (51,5/m²), o que
provavelmente se deu pelo desenvolvimento reduzido das plantas devido a excessiva
intensidade luminosa e do menor perfilhamento quando comparado aos demais
tratamentos (Tabela 6).
62
Segundo Castro (1995), as plantas da espécie H. psittacorum são recomendadas
por serem produtoras de inflorescências leves e eretas, sendo que a produção média de
inflorescências dessa espécie nas condições do Ceará é de 130 hastes/m² no primeiro
ano. Rodrigues (2010) colheu 78 inflorescências/m² aos 12 meses de cultivo e 86
inflorescências/m² aos 15 meses de cultivo a pleno sol, em experimento realizado em
Porto Velho-RO com temperatura média anual de 25°C.
O menor número de inflorescênias/m² encontrado no presente estudo,
comparado com Castro (1995), justifica-se não só pela idade das plantas, mas também
devido as condições climáticas e a forma de condução do experimento. Vale ressaltar
que somente plantas conduzidas a pleno sol não produziram um número satisfatório de
inflorescências, sendo ainda, a produtividade das plantas sob tela preta (91) e azul (85,5)
superior à descrita por Rodrigues (2010) aos 12 meses de cultivo. Também se deve
considerar que a condução em vasos ou a não limitação do número de perfilhos/vaso
pode ter limitado o perfilhamento e, consequentemente, a emissão de inflorescências.
Embora o número de inflorescências/m² do presente experimento tenha sido
inferior ao obtido por Castro (1995), é importante destacar que utilizou-se plantas com
idade de 6 a 13 meses com condições climáticas que diferem das condições dos
trabalhos descritos e que foi conduzido em vasos.
Observa-se ainda na Tabela 10 que para o comprimento da haste (CHF),
plantas cultivadas sob tela preta apresentaram a maior média (69,0 cm), sendo
estatisticamente semelhantes a plantas sob tela azul (66,0 cm). Os dados do presente
trabalho concordam com Nomura et al. (2009) que também observaram os melhores
resultados para comprimento de haste de Anthurium andreaum „Apalai‟ em plantas
cultivadas sob tela preta.
O comprimento das hastes florais é um dos padrões de qualidade observados
para a comercialização de helicônias, já que hastes muito curtas limitam a forma de
utilização em arranjos e são desvalorizadas no mercado (LOGES et al., 2005). Os
valores médios de comprimento de haste do presente trabalho observados nos diferentes
ambientes não atingiram tamanho adequado.
Castro et al. (2007), também trabalhando com „Golden Torch‟ em vasos,
obtiveram hastes de comprimento de 84,6 cm; enquanto Costa et al. (2007) colheram
hastes com 88,25 cm a meia sombra e 73,91 a pleno sol, respectivamente e Albuquerque
63
et al. (2010) observaram comprimento de 83,3 cm em condição de campo. Entretanto,
os trabalhos descritos foram desenvolvidos em regiões cujo clima é do tipo Litorâneo
Úmido, exposto às massas tropicais marítimas e temperatura média entre 25,1°C e
26°C; condição climática diferente da encontrada na área de desenvolvimento do
presente trabalho, além de temperatura média de 27,5°C.
Observou-se que para o diâmetro das hastes florais (DHF) não houve diferença
estatística entre os diferentes tratamentos, contrariando os dados de comprimento de
haste (Tabela 10). Os dados obtidos para o DHF merecem atenção por sua influência na
resistência da flor, manuseio, seleção, embalagem e durabilidade pós-colheita; desta
forma, os valores observados de 0,7 cm são satisfatórios, uma vez que encontram-se
dentro do diâmetro exigido para comercialização (0,70 cm) como afirmados por Lamas
(2002) e Farias (2004).
O diâmetro e o comprimento da haste têm grande importância na resistência da
flor ainda no campo em relação aos ventos, ao transporte do campo para o local de
tratamento e seleção, embalagem e durabilidade pós-colheita, visto que são mais rígidas.
Em geral, nas flores de corte a reserva de carbono contida na haste é utilizada para
estender a longevidade potencial das flores e, quanto maior o comprimento e diâmetro
da haste, maior também a durabilidade pós-colheita (HERMAN et al., 2006, CASTRO
et al., 2007).
Quanto à produtividade comercial, plantas cultivadas sob tela preta e azul
produziram maior porcentagem de hastes florais dentro do padrão de qualidade
estabelecido por Farias (2004) e Albuquerque (2010) (Tabela 10), concordando assim,
com os resultados de Nomura et al. (2009) que também observaram que a maior
quantidade de hastes comercializáveis de Anthurium andraeanum cv. Apalai foi
proveniente de cultivo sob malha preta.
Um ponto a ser destacado é que a faixa de temperatura sob a qual o
experimento foi desenvolvido foi superior em todos os ambientes. A faixa ótima para a
produção de helicônias „Golden Torch‟ indicada por Cattley e Brooking (1996) está
entre 22-26°C, o que aliado à intensa luminosidade pode ter afetado o desenvolvimento
das plantas.
A redução da luminosidade proporcionada pela tela preta (50% de
sombreamento), mesmo que não acompanhada de redução da temperatura,
64
proporcionou um microclima favorável à produção de hastes florais em maior
quantidade e com maior comprimento.
Tabela 10 – Ciclo, número de hastes florais total (NHF Total), número de hastes florais
por metro quadrado (NHF/m²), comprimento médio das hastes florais (CHF) (cm),
diâmetro das hastes florais (DHF) (cm) e porcentagem de hastes com padrão para
comercialização (HPC) de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden
Torch avaliadas no período de 180 dias e cultivadas sob diferentes incidências de
radiação, de novembro de 2013 a maio de 2014. Juazeiro, BA, 2015.
Tela Azul
Tela Vermelha
Tela Preta
Pleno Sol
CV(%)
CICLO
133
a
131,5 a
127
a
126
a
8,72
NHF Total
171 ab
150 b
182 a
103 c
11,23
NHF/m²
85,5 ab
75
b
91
a
51,5
c
10,5
CHF (cm)
66 ab
62 b
69
a
54
c
15,59
DHF (cm)
0,74 a
0,73 a
0,74 a
0,73 a
13,28
HPC (%)
47,5
30
42,5
7,5
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste
Tukey a 5% de probabilidade.
65
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em outras espécies, o uso de telas coloridas promoveu maior massa de ramos,
maior desenvolvimento em altura e alongamento do caule, além de processos
fotomorfogênicos (OREN-SHAMIR, 2001; BRANT et al., 2009) e, apesar de resultados
positivos para número de perfilhos e número de folhas observados em
plantas
cultivadas sob tela vermelha, a maior energia disponível para a atividade fotossintética,
provavelmente, provocou mudanças fisiológicas ou microclimáticas no ambiente de
cultivo da helicônia, que se refletiram negativamente na produção e na qualidade das
hastes florais.
Plantas cultivadas sob malha fotosseletiva azul não se mostraram superiores
para as avaliações de crescimento realizadas em plantas de helicônia, entretanto, a
utilização da mesma é eficiente na produção de hastes florais.
A redução da luminosidade dada pela tela preta (50% de sombreamento),
mesmo que não acompanhada de redução da temperatura, proporcionou microclima
favorável à produção de hastes florais em maior quantidade e com maior comprimento.
66
6. CONCLUSÕES
Pelos resultados obtidos e nas condições deste experimento pode-se concluir
que:

A utilização de telas fotosseletivas, independente de sua porcentagem de
sombreamento, influencia positivamente no desenvolvimento de plantas
de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cv. Golden Torch.

Os ambientes com tela azul (35-40%) e preta (45-49%) proporcionaram
as melhores condições para o cultivo Heliconia psittacorum x H.
spathocircinata cv. Golden Torch na região e no período estudado,
apresentando maior produtividade e maior porcentagem de hastes com
padrão comercial.
67
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