Esquiva experiencial do cliente no grupo terapêutico e promoção de
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Esquiva experiencial do cliente no grupo terapêutico e promoção de
/ Esquiva experiencial do cliente no grupo terapêutico e promoção de aceitação emocional Maria Zilah da Silva Brcndóo'" o presente capítulo tem como objetivos apresentar I 111 x es, questionamentos e estudos de caso sobre a Esquiva I pc rlencial na Terapia de Grupo. 11/ « Para isso o capitulo foi dividido em tópicos, onde serão ntrados: I quiva Experiencial, Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a condição humana perante a dor. li xperiêncías terapêuticas em que os princípios da ACT foram dos em grupos com formato tradicional. 1\ T: Estratégias didáticas e exercícios experienciais para irupos 1\ T: fundamentos filosóficos e teóricos; metas propostas para ( Ituação terapêutica e pesquisas sobre ACT em grupos. I I>I tlll! A xperiência de trabalhos com esta proposta tem sido nrlqu c dera para a terapeuta e autora deste capitulo. 1111111110 rll P I. Ir rnpln Análls do Comportamento, t 1 Londrina, PR. I Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Ziloh da Silva Brandão 1. A condição humana perante a dor ntlr-se aliviado. No entanto, muitas vezes, fugir de tud.o ruim é rnrnente o comportamento I1I "Um monge caminha na floresta, pensativo e preocupado. É apenas um monge comum, não um sábio, não um liberto vivo: não conheceu o despertar, não conheceu a iluminação. Por que está preocupado? Porque ficou sabendo que seu mestreque era, por sua vez, um sábio, um liberto vivo, um desperto _ s que seu mestre, portanto morreu, o que não é grave, assassinado a pauladas por salteadores, o que tampouco o é. Não há a menor necessidade de ser um sábio para compreender que é preciso morrer mais dia menos dia e que a causa não importa muito, que isso apenas impermanência e vacuidade. Qualquer monge que seja sabe disso. Por que, então essa fronte preocupada, essa perplexidade, essa inquietude vaga? Porque uma testemunha, que viu a cena, contou a nosso monge que o sábio, durante as pauladas, gritava atrozmente. E era isso que perturbava o nosso monge. Como um liberto vivo, um desperto, um Buda, podia gritar atrozmente por algumas pauladas impermanentes e vazias? Para que serve a sabedoria, se é para gritar como um ignorante qualquer? Absorto nessa meditação, nosso monge não viu aproximar-se um bando de salteadores, que o atacam de repente e partem-lhe os ossos a pauladas. Durante as pauladas nosso monge gritou atrozmente. Ao gritar, conheceu a iluminação. Que lição tiro disso? Entre outras, esta, que a dor e a angústia fazem parte do real. Que fazem parte da salvação. Que são eternas e verdadeiras, tanto quanto o resto. E que a sabedoria está na aceitação do real, não em sua negação. O que mais natural, quando se sente dor do que gritar? O que mais sábio, quando se está angustiado, do que aceitá-Io? "Enquanto fazes uma diferença entre o samsara e o nirvene", dizia Nagarjuna, "estás no samsara". Enquanto você faz diferença entre sua pobre vida e a redenção, está em sua pobre vida." (Comte Sponville, 1997, pp 19-20) O bloqueio do comportamento de fuga-esquiva na sessão terapêutica tem sido amplamente discutido por seus supostos efeitos aversivos para o cliente e para o terapeuta. Sabe-se que alguns assuntos e algumas reaçõe emocionais do terapeuta que acontecem n provoc m estados corporais negativos no cli nt , I v l/ldo ri I 11/ ,Ir < 1m, ( clinicamente relevante do cliente .. Hayes e Wilson (1994) discutem a aquisição do conceito a 11111111 outras palavras, participando da formaçao e mUd~nç~ do I mlflcado de muitos eventos da vida. Assim, passa-se a uglr ~u vii Ir muitos eventos associados a ruim, mesmo os nao 1" rlenciados como tal. _ I III I "ruim" e a forma como o termo se asso~ia verbalmente Infelizmente, pela própria natureza do ser h,umano, nao mos nunca evitar todos os eventos ruins. Este e o ~aso ~os 11111) rtamentos encobertos como os pens~mentos e sentlrT~.enos. mudá-Ias se as contingências aversivas permanecer~~, em 1111111 rau, sempre presentes ou com a probabilidade rea e se 11 I 1I m presentes? 1'"ti I I I I "li:" A terapia deve evitar técnicas aversiv~s p~ra pr,omover comportamental; talvez não se d~va .Jamals ~sa-Ias. O 1 '111 I Impossível evitar são respostas emocionais negdatlv.a,~queaos N-a o se trata de "pro uzrr essI I IIi IIII J traz para a sessao. s ou sentimentos, mas sim de "aceitar" com que e as II IUtl livremente na sessão, em f unçao - nao - só do " I1I1 . contexto _ b da . I I '1,1 I, mas também em função das próprias assocraçoes ver ais 11I /I 111< o seu relato. 1IIIItI 1I1Ç O terapeuta reforçado r, que constrói uma rel~ção de o cliente, não pode, mesmo assim, evitar s~ntlm~ntos I do cliente, produtos de sua história e de seu dia-a-dia. O 'I''' I relacionamento faz .~ ajudá-Io ~ suportar melhor seu "1111/1111 as sensações positivas provenientes dele. , '1IIIu1 1""1111 I com A redução do sofrimento acontece em função ~e () d Inibição recíproca, quando a confiança se contrapoe I1 I m função da extinção respondente, e segundo Hayes 111 I ( - que W I I 1\ (I I 4) em decorrência da recontextua rizaçao . se refere ", I, I11 [u não é mais necessário lutar contra a ansiedade. I) r H y esse processo de diminuição d? sofr~mento t uno m pod corr r m função da modlftcação dos I -v rb I J IIt r IId de, razão e controle, que I 111111, lei cI I P 1I IV r, v ntos. Quebrando Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão / esses contextos, na terapia, as emoções poderiam ser sentidas de outra forma ou com menor intensidade. As terapias comportamentais tiveram por muito tempo um enfoque nas mudanças de comportamento; a ACT, Terapia de Aceitação e Compromisso, propõe a aceitação. Esta se refere aos comportamentos encobertos ou aos respondentes. O termo é a aceitação emocional. A ação, em contrapartida, pode estar sujeita as mudanças. É o enfrentamento gradual da vida. Revendo, não se trata de dizer que o terapeuta possa ou deva usar técnicas aversivas; não pode e não deve. A técnica chamada bloqueio de fuga-esquiva, refere-se a ajudar o cliente a vivenciar aquilo que é inescapável: seus sentimentos, sensações e pensamentos ruins, produtos de contingências reais da vida. Não é o terapeuta que, deliberadamente, constrói na sessão experiências aversivas. Ele apenas permite a ocorrência de algumas delas, e ajuda o cliente a aceitá-Ias, usando um relacionamento elaborado em bases positivas. Quanto à Psicoterapia Analítica Funcional, a idéia de produzir Comportamentos Clinicamente Relevantes (CRBs) que representem o problema do cliente, não trata de criar sentimentos, mas, sim, de levá-Ios a ocorrer em um ambiente que tem o objetivo de consequenciar, positivamente, o comportamento antes punido e levar os clientes a identificar a tríplice relação de contingência (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001). O cliente que procura terapia nem sempre é um ignorante da vida. Ele já tentou não sofrer, e ele já sabe não ser possível viver sem passar por eventos aversivos. Talvez ele espere que o terapeuta tenha uma solução mágica; mas o terapeuta não a tem. A mágica consiste em aceitar sentimentos e sensações, resultados de sua história e apresentar ações novas para produzirem contingências mais amenas e positivas que, com o passar do tempo, produzirão os sentimentos positivos que o cliente tanto busca. Infelizmente, os negativos também continuarão a existir, uma vez que contingências aversivas podem acontecer independentement ou não das ações. Entretanto, espera-se qu xp riment ção d bom e do ruim melhore o suporte do cli nt I 11' 11 I vid . Muit clientes relatam, na terapia, achar que não "darão conta" do sofrimento inevitável, e a aceitação modifica essa percepção, permite reformular essa regra. As terapias de tolerância e aceitação emocional não são uma proposta sádica para levar o cliente a aprender a sofrer, criando, arbitrariamente, tal sentimentos na sessão, por meio de técnicas aversivas. Elas representam uma estratégia para lidar com a esquiva experiencial, um padrão comportamental comum na psicopatologia que dificulta o contato com as situações potencialmente reforçadoras, restringindo o repertório comportamental do indivíduo. Carlos procurou terapia aos 16 anos, por não estar mais saindo de casa, como forma de evitar ansiedade decorrente de encontrar colegas vistos como líderes. Carlos havia se assustado muito com algumas reações de ansiedade que ocorreram em uma viagem com eles, onde se sentiu constrangido e envergonhado pela sua "timidez". A sensação foi tão aversiva que, para não se sentir mais assim, passou a evitar qualquer contato com eles e com outras pessoas de sua idade. A apresentação pelo cliente do comportamento previamente punido (estabelecer contato) na sessão, foi inicialmente aversiva, até que contingências positivas de apoio do terapeuta e de outras, proveniente da não ocorrência do estimulo aversivo, tomasse lugar. A tolerância é o tempo que o cliente precisa agüentar entre a apresentação do estimulo e extinção da resposta, para a ansiedade decrescer. A tolerância e a aceitação emocional são facilitadas pela empatia e análise funcional do comportamento e pelo grau de confiança do cliente no terapeuta e no procedimento clínico. Esses fatores, na verdade funcionam como eventos disposicionais que Iteram a probabilidade do cliente engajar-se na experiência do momento. O enfrentamento apropriado tenderá a diminuir os déficits comportamentais. A aceitação e a tolerância emocional são processos sendo que o primeiro envolve mais aspectos do que o - o recomend p ra tratar clientes submetidos a n I v r Iv tI 111J11 ti outros que vivenciam Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão problemas existenciais, entendidos aqui como a experienciação emocional negativa. Esta experienciação é proveniente do conhecimento da inevitabilidade de contingências aversivas futuras, resultantes de aprender o significado dos eventos por meio da equivalência que as palavras têm com os fatos e atos, através da possibilidade das primeiras se desprenderem de~te.~ e se associarem a outros estímulos verbais, mudando seus significados iniciais. agir. Mas se ele ajuda? Se impele isso? Se é fator de revolta ou de combate? Vai-se renunciar a pensar, por que isso angustia? A viver porque isso causa medo? A amar, porque isso causa dor? Aceitemos, ao contrário, tanto quanto pudermos, e o podemos apesar de tudo, ao menos um pouco, ao menos às vezes, e esse é justamente o sinal de nossa sanidade, aceitemos em vez de sofrer e de tremer. (ComteSponville, 1997, pp 16-17). Temos medo da morte embora ainda não tenhamos morrido e esse medo é em grande parte construído verbalmente, uma vez que a vida nem sempre é tão boa que a morte pudesse ser encarada como a punição negativa (retirada de algo bom). . Grupos terapêuticos: criando contextos para romover aceitação emocional. A esquiva experiencial é um padrão comportamental baseado numa generalização inadequada, construída verbalmente, partindo do pressuposto de que é possível livrar-se dos sentime~tos negativos, da mesma forma que nos desviamos de um objeto cortante que nos machuca fisicamente. Não é bem assim; sentimentos negativos, assim como a esquiva, são decorrentes de situações aversivas passadas, atuais e dos significados das palavras dos quais não conseguimos nos livrar por meio da luta. Sentimentos não são passíveis de controle voluntário e sua experienciação colocada num contexto terapêutico de confia~ça pode produzir aceitação, entendida como um comportame~t~ ativo de dispor-se a viver a experiência, até que se reduza a averslvidade. Comte-Sponville (1997) ajuda a entender esses processos comportamentais, indicando que a vivencia da angustia, por exemplo, paradoxalmente, melhora a "sanidade mental". O autor faz um belo comentário a esse respeito no trecho a seguir. Não esqueçamos, porém, que a medicina só é válida para os doentes, e que não se poderia considerar como tal todo o indivíduo que teme morrer, sofrer ou não ser amado. Onde est o sintoma? Onde está a patologia? Ele sofrerá de fato, e jamal será amado, com toda evidencia, como t ria desejado. E então? Resta-lhe enfrentar isso, s pua r, m v / d fugIr. Sofre com isso? Mas onde já se viu que totku 011I1111 II/(} 1,/1 J p /01691 o' Que todo ofrim nto . f 1// I/ 10' IIr (11, I 11111) ttc v/v 10/1 a... mas o homem, como o conhecemos, melhor ou pior, é o que o homem fez do homem" (Skinner, 1971). Para o trabalho do analista do comportamento a situação dI I rapia de grupo provê oportunidades únicas para o di I r volvimento de processos de mudança comportamental que 1111111 un a força grupal para criar um contexto sócio verbal que permite v 11 rlze a quebra de alguns paradigmas e regras que estão 1111 I li I ndo o cliente em seus problemas. Inicialmente, os clientes temem o julgamento e a critica Is membros do grupo. Isto acontece porque eles a levam I I 11o, omo se fosse verdade e também porque não conseguem I II 11 Jlr critica ao seu comportamento: encaram-na como uma I I 11Ir t I seu "eu", não enxergam a separação entre o "self" e o I IIltlpOl1 mento. II (11 m O medo da critica faz com que os relatos dos clientes b controle do grupo e que os controles internos estejam 1111 I( 1111 ,I os. O terapeuta deverá buscar procedimentos que levem 1/ Itl mbros a mudar a fonte de controle, e que comecem a 111 li I 11 r m 1 aos seus sentimentos produzidos pelo aqui e agora I ti. O exemplo e estimulação do terapeuta para I t 111 II ti) qu não são punidas, também facilitam esta mudança. judar a pessoa a reconhecer e r m difusão cognitiva, ou seja, 1111. u con qüências, da 'IIY ',WII n ~Irr rd (2004) (/ Terapia Analítico-Comportamental em Grupo definem fusão cognitiva como a crença de que um pensamento que interpreta a experiência é realmente verdade. Segundo Walser e Pistorello (1994), o processo de trabalho em grupo de ACT, está focado em minar aspectos da comunidade sócio-verbal que promove esquiva da experienciação fusão cognitiva. Estes aspectos são particularmente importantes quando se conduz um grupo de ACT, porque o contexto do grupo m si mesmo, é uma comunidade social que exerce algumas influencias previsíveis em seus membros. Qualquer reação emocional agradável ou desagradável que urja na sessão, assim como qualquer fato imprevisível que ocorra poderia ser considerado desruptivo em outra abordagem, é material Importante para o aqui e agora da sessão. Excelentes experiências grupais podem ser observadas iuando o terapeuta ou algum elemento do grupo aponta para os ntextos sócio-verbais que estão determinando as ações e relações ti grupo. Hayes e Wilson, (1994), descrevem o feito dos contextos (11 llt r lidade, controle e das razões na busca desesperada que o I I I 111 f z para controlar seus eventos privados. Nesta luta, as I I.() mocionais aparecem com mais força e os clientes I I 11, I( un vivenciar o contrário do desejado: a ansiedade aumenta. O contexto de literalidade faz com que as palavras por o com os fatos aversivos produzam reações semelhantes Essa reação, explicada experimentalmente nas pesquisas quivalência de estímulos e pela teoria dos quadros relacionais (11.1, ) (Hayes, Barnes-Holmes, & Roche, 2001), é automática e parece 1I uur I para as pessoas em geral e para clientes em particular, que IH m mpre discriminam a diferença entre palavra e fato. As reações I I m parecer deslocadas e exageradas quando estas palavras 1,( m m a ter independência e a produzir reações aversivas distantes f I r IId d que as produziram. Este é o caso do medo de crítica, da IV ,li I n gativa do outro sobre você: a palavr "orítlca" (dita ou P< li , \ I )produz a esquiva pelo seu significado, m m 1" n~o tenha I1 Ivl I X ri nci versiva direta com I I I qlll , I ( o lIlW I un nt , n p m f z r c ntrn v li ç tB Maria Zilah da Silva Brandão Uma cliente com fala fantasiosa, que a protegia da I alidade e da verificação alheia, provocava reações estranhas no li upo que não sabia como mostrar o que era real e o que era exagero. I r via das dúvidas, o grupo dava atenção para tudo. A situação foi 1I ndo insuportável. A T. não queria ajudar, pois achava que o grupo poderia 11 olver sozinho. Ela também lembrou das dicas de Walser e I' torello (2004) em relação aos erros mais freqüentes do terapeuta, li I suas experiências: pensar que o grupo é fraco demais e uperproteqer, não querendo que eles sofram; e/ou querer proteger I liente que estava na "berlinda" pensando que ela não iria agüentar. Infelizmente, isto sempre pode acontecer no meio de uma ( ão na qual o terapeuta "muda de idéia" ou "vira a casaca", e 1110ifica a proposta do grupo cortando a experienciação e aceitação (11 moções negativas. Nesse caso, a "sabedoria" venceu e o terapeuta calou-se. qrupo fez silêncio e ficou ouvindo a cliente que depois de alguns mlnutos disse ao grupo que achava que todos estavam olhando para , I I com uma "cara esquisita". Um membro do grupo disse que I ti nb m achava isso e perguntou o que ela pensava estar acontecendo 11IClU le momento. A cliente respondeu que achava que ela não estava " 1 JI idando". Um membro do grupo disse que gostava dela, mas que 11 , f Ia fantasiosa o deixava irritado (separou a pessoa de seu I umportarnento). Outros elementos do grupo concordaram e o II I lI' uta sugeriu que ela tentasse, agora, falar o que tinha realmente 11 tlI11 cido na sua vida tentando só descrever o fato sem avaliá-lo ou 1111 ,,-I (separar o fato do julgamento ou avaliação do fato). O grupo II 101 u diferencialmente o esforço da cliente em desenvolver uma I " I , nvencional que atingisse esse objetivo. Nesse caso, é importante ressaltar a diferença entre I'1I 111)v r aceitação e retirar a contingência reforçadora que poderia I 111m ntendo o relato fantasioso da cliente. Apenas não dar til, 11 f Ia fantasiosa poderia ter mantido o medo de crítica, IIIIM r iva ou quiva, e o grupo também se esquivaria do I 1111 I1 lI1glm nto m n" r untos pessoais delicados, não I v 111<1 1m, \ 11 H to om I n I. I J Terapia Analítico-Comportamental Maria Zilah da Silva Brandão em Grupo o processo de aceitação no grupo terapêutico pode ocorrer com muita freqüência e na presença de controles bastante sutis. O terapeuta do grupo precisa saber se a confrontação entre grupo, terapeuta e cliente foi aversiva e até que ponto. Há formas diretas e indiretas para se obter essas respostas. Entre as formas diretas há a possibilidade de questionários pós-sessão e, o que é mais freqüente, a análise do "aqui e agora" após cada situação de confronto. A forma "indireta" seria observar, na mesma ou em outra sessão, o movimento do grupo para fazer outros confrontos, quando necessários. Brandão (1999) discute esse assunto procurando diminuir a conotação aversiva desse termo e definindo confronto como um "convite" a terapeutas e clientes para debruçarem-se sobre o "aqui e agora" da sessão e expor opiniões e sentimentos sinceros sobre o assunto em questão. Para a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), diferentemente da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP), as Itu ções de confrontação são convites à reflexão, precisam tlmular a percepção e vivência do cliente dos seus próprios ntimentos e sensações. Nem sempre a relação terapêutica é o bJ tivo de interesse. O que foi vivenciado pelo cliente é o que precisa r captado. Essa é uma diferença entre FAP e ACT nos processos grupais: a FAP estimula análises interpessoais e a ACT intrapessoais, sem que uma análise exclua a outra. Ao contrário, a proposta para o grupo seria uma associação entre ACT e FAP denominada FACT, termo bastante sugestivo (Callaghan, Gregg, Marx, Kohlenberg, & Gifford,2004). O foco até agora tem sido a promoção de aceitação emocional e a difusão cognitiva como estratégias para romper esquiva experiencial, para superar os controles sócio-verbais qu empurram para as tentativas de controle dos pensamentos sentimentos, vistos como causa do comportamento. Um dos exemplos interessant controlar sentimentos pode s r visto n n m p pul r por r pr nt r mult rn: IIIfU nt). Maria, uma cliente de 30 anos, freqüentava o grupo para r menos ansiosa, menos "estressada"; seus padrões de esquiva f xperiencial eram tão freqüentes e consistentes que pareciam uma "c racterística inata de personalidade". Ela respondia racionalmente I experiências do grupo mesmo quando se emocionava; não lI! monstrava sua emoção, apenas falava sobre ela. Nos seus relatos sobre sua história de vida chegou um contar para o grupo que a mãe tinha tido um "problema" quando I I \ tinha 10 anos e, em função disso, teve que se mudar para outra 1111 ide, deixando a filha e o irmão (dois anos mais velho) com o pai, 1'"1 4 anos. Ao relatar esse fato a cliente falou tanto, explicando, li urdo razões convincentes ao comportamento da mãe que o grupo II H lo "entrou" na análise de Maria e não questionou as razões e as lil Ilflcativas dadas pelo cliente sobre o comportamento da mãe e " ntimentos provocados por ela na cliente. f 111 O grupo passou batido pela "frieza" inerente ao relato da , I" 111 . Estava óbvio o controle que a cliente exercia sobre seus 111m ntos e os do grupo; o rol de razões usadas como causa 1I 11 I comportamento da mãe e, principalmente, o controle da raiva, 111 1 10 , decepção e tristeza que o abandono da mãe havia lhe , 111 1 10. I O contexto sócio-verbal em que vivemos torna muito difícil iva ou desprezo pelos próprios pais. Esses sentimentos es contextos) geram culpa e vergonha. Como quase todos I I( humanos têm sentimentos fortes (negativos e positivos) , 11111 IIÇ~O aos pais, a empatia pelos clientes do grupo que poupam I muito grande. Esse era o caso de Maria. Esse era o caso 11" 11111) . resos no contexto que os mantinha na busca de controlar 1'' 111" A terapeuta não poderia deixar passar essa oportunidade li I viII! 11 I r o controle dos contextos sócio-verbais e de promover I queando a esquiva do grupo. A terapeuta também não II I1 1 (11 ,r peitar a dor da cliente e a empatia do grupo; escolheu, 111 I", IIIn tratégia indireta para lidar com o problema. Ela ""11 I 1)\ I dll ndo que pais e mães são pessoas imperfeitas como ,," hum nos, e que só agora, com 40 anos, tendo 111 vlv 11 I d P 11 I d mão, que compreendia os ataques I 11111 O, /1 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão agressivos de seu pai na infância quando ela o contrariava por coisas sem grande importância. Um cliente do grupo falou que também tinha sofrido muito com a falta de participação da mãe em sua vida, em vários momentos, em que a mãe estava ocupada com outros filhos ou problemas. Ia provoca nas pessoas que as praticam e no trabalho de terapias que impedem a experienciação. Hayes continua dizendo que o suicídio uma tentativa de evitar dor, como por exemplo, o caso de uma garota que tentou se jogar na frente de um trem porque a mãe estava morrendo. Vários elementos do grupo interromperam o relato da T. e também começaram a falar de suas experiências e dores na infância. Um cliente, que teve um pai muito autoritário, falou de sua raiva e ódio por nunca ter sido ouvido pelo pai. Chorou ao contar as situações nas quais teve que se submeter às vontades dele. A T. validou a expressão de raiva do cliente mostrando que determinadas situações inevitavelmente geram este sentimento. A sociedade contemporânea tem criado pessoas que cada v z mais querem evitar a dor e obter prazer. Pais, escolas e outros 11 upos sociais e comerciais facilitam a vida diária a tal ponto que multas vezes o contato com frustrações é raro ao ponto de levar ao 111do ou revolta na hora de vivenciá-Ias. Assim, criam-se pessoas 11I s, e não fortes. Nesse momento, outra cliente perguntou para Maria se ela não tinha raiva da mãe tê-Ia abandonado. Maria disse que não, que tinha pena da mãe e entrou em outro rol de explicações. A colega que havia feito a pergunta respondeu que achava que ela estava protegendo, defendendo a mãe. Que as justificativas dela pareciam esquivas. Por que você não teve raiva dela? Quatro anos de afastamento dos filhos é algo sério. Maria permaneceu em silêncio e outras pessoas do grupo contaram suas mágoas (as dizíveis) sobre seus pais. Em outras sessões, Maria foi reconhecendo seus verdadeiros sentimentos com relação à ausência da mãe e até as dificuldades atuais que vivenciava com ela. Maria também reconheceu (e falou) da raiva que sentiu do grupo nesse primeiro dia, quando foi sugerido que sua mãe tinha falhado muito e ela estava tentando "tapar o Sol com a peneira". Maria realmente tinha acreditado nas explicações e justificativas que foram montadas com relação ao abandono da família pela mãe. A aceitação dos fatos e dos sentimentos que ele provocavam, sem possibilidade de explicá-Ios, tornou a esquiv desnecessária, reduziu a ansiedade e Maria desenvolveu comportamentos sociais mais adequados. Hayes (1997), numa conf r n 1\ O/)H I 111' Jr ~ d Psicoterapi s, diss qu qulv XI ( 111 111 111I 1i jlH ( 111)"k / t mil p I 'ÇJI ", r f rlnd 1 t fie 11c 11111111 11111111111111111 111\' qlH Até este momento, as intervenções exemplificadas são 111 rrentes do material que surge no "aqui e agora" das relações 11111/is, a partir de interações entre membros do grupo, e dos seus 11I 1i s "espontâneos" sobre as dificuldades que estão vivendo a I' 11IIr de seus problemas psicológicos que os trouxeram para a " I "I . No entanto, exercícios específicos têm se mostrado 111 1.1 rios para problemas psicológicos graves (alguns tipos de 111111 , rnos de ansiedade, como pânico ou transtorno obsessivo111 e também para "firmar" a posição e disposição dos 11111111ivo), I 111 11II de viver a idéia de aceitação emocional. J I Walser e Pistorello (2004) sugerem que a ACT em grupos nter as estratégias didáticas e vivenciais propostas para individual tal como exposto no Manual do Distanciamento 111111 I nsivo (Hayes, 1987) e na Terapia de Aceitação e 1IIIIplCrni so (Hayes & Wilson, 1994). As extrapolações para o trabalho de grupo não precisam I1111I ri ca a seqüência dos exercícios apresentados, muitas I1 "11I) t m se mostrado úteis e até mais adequadas, no sentido "I '11I1I11c. spectos didáticos e exercícios n terapia de grupo estru- Terapia Analítico-Comportamental Maria Zilah da Silva Brandão em Grupo da coragem e da lucidez? Será a saúde que se quer, ou o conforto? A capacidade de enfrentar o real, ou possibilidade de fugir dele?" '1111 ACT é de difícil aceitação para todos porque é contrária ao I II comum no que diz respeito ao que é problema psicológico e I I I' causas. "Muitos, constatando que a vida não corresponde às sua esperanças, vão então acusar a vida, censurá-I absurdamente por ser o que ela é (como ela seria outr coisa?), enfim enterrar-se vivos no rancor ou no ressentimento ... Prefiro o alegre amargor do amor, d sofrimento, da desilusão, do combate, vitórias e derrota I da resistência, da lucidez, da vida em ato e em verdad . Prefiro a realidade, e a dureza da realidade. Se a vida n corresponde às nossas esperanças, não é forçosament vida que está errada: pode ser que sejam as nossas esperanç que nos enganam, desde o início (desde a nostalgia primelr. que as alimenta), e que a vida só possa desde então n desenganar." (Comte-Sponville, 1997, pp 55). Dizer que o problema não é o problema, que as razões 1IIII aos problemas (sentimentos) não são suas causas e que I 1/1ulvas de controlar os sentimentos dolorosos são inúteis, dá uma I, I I t 10 cliente da diferença entre a ACT e outros tratamentos e I '1111produzir um leve, mas produtivo, sentimento de desamparo II ti vo (Hayes e Wilson, 1994). A ACT, tanto na proposta para indivíduos quanto par grupos, pode apoiar-se em estratégias didáticas que vis m promover a compreensão do trabalho a ser desenvolvido. A apresentação didática também propicia oportunidades para terapeuta discutir o comprometimento do cliente para com a ter f I e sua concordância em passar por algumas estratégias que ir ( mobilizar respostas emocionais. Como sugestão, as primeiras sessões de grupo podr 111 enfocar a explicação do nome ACT e a questão da aceitação e fu cognitiva. Exemplos de processos grupais podem ser usados P Ir deixar mais claro aos clientes experiências que eles pas I Hl Cuidado deve ser tomado para não revelar tudo que será apres nt l( I J aos clientes, pois os fatores desconhecimento e falta de previsibíll llll podem ser importantes em alguns momentos da terapia. As estratégias didáticas também permitem cri t' IlItI melhor vínculo entre os membros do grupo antes qu vlv 111 I dos exercícios tenha início. Em outros casos tais estratógl podl ItI servir para produzir contextos f vor veis ao des nv Ivlm 1110I1 J exercícios ou para gr du r o ,Ir I r v r Ivo d I um tlltWlln Ao x II 11cI dll e IIIH 111e() <111 A' I 11I ()', ,111 1111I t r li ut li Ic 111.11 di 111111 1I1e1 Idl 1111',I I 111I I IIle tlde I, 1/111 IV Propor a aceitação do sofrimento humano em vez de lI/ti 11Iça comportamental para não sofrer mais, cria uma confusão, I t ,11 fundo, o cliente já sabe que este é o caminho. Deve-se explicar que a aceitação emocional diminui as 11'Ilv I de situações importantes, das quais os clientes vinham I I Ii tlvando para não sofrer, e aumenta o contato dos clientes 1II ttu ções reforçadoras. Outros aspectos da ACT que podem dar início as sessões 1111111 I didática são os esclarecimentos de valores dos clientes e 11!llloll1lssos de agir em função das metas estabelecidas. É 1111/111 rue clientes voltem às questões de valores e metas no '1111I I terapia, uma vez que a intimidade entre os membros do "11 111 oplcia o aprofundamento dessas discussões. I Ir 1I r pois da aceitação e em conseqüência das ações em I v 1I res estabelecidos, novos e mais agradáveis sentimentos ti () poderão surgir e serem experienciados. Um cliente, com diagnóstico de stress pós-traumático, 1111crises de enxaqueca e insônia. A cliente relutava em ,,1 I li, I 1111d mente a história do trauma devido a um duplo medo IlIlIltlo 11 essão individual): medo das lembranças ruins e 1i di I( I lção ou pena dos membros do grupo. Pensava em I I 11!l' I I ma ajudando "o outro", fazendo ações voluntárias I 1111 ti, p s s agredidas, sem precisar se expor. II I " No (IlI nto, cliente também apresentava dificuldade em I I P ir mult t mpo, o que vinha causando prejuízo à sua 11ti I pl fi I 11 I. /' Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zi/ah da Silva Brandão o grupo explicou a ela o que era Terapia de Aceitação e Compromisso, e ela se dispôs a "enfrentar" o grupo porque achava que precisava melhorar, uma vez que seus valores e objetivos eram bem definidos: trabalhar na Cruz Vermelha Internacional. Mas sentiase amarrada. Ela não conseguia falar do trauma e durante uma sessão, quando o grupo a estimulou para contar, teve um "desligamento" e não conseguia se conectar a nenhum assunto. Neste momento, a terapeuta foi até a cliente, segurou-lhe a mão enquanto o grupo as observava e voltou ao assunto, contando baixinho para ela a historia do trauma que T. já sabia. Ela ficou olhando-a apavorada e depois caiu no choro. Alguns elementos do grupo foram até ela choraram juntos ou demonstraram seu apoio. Em outras sessões ela foi conseguindo falar do trauma, tolerar cada vez mais suas emoções produzidas pelas lembranças e chegar à exposição da situação traumática de forma cada vez mais descritiva e nua de adjetivos ou superlativos. O grupo ouviu, fez perguntas, fez auto-revelações, e cada um de seus membros demonstrou-se disposto a entrar no processo de grupo e falar de suas dores. Essa forma de trabalhar, usando explicações e as interações do "aqui e agora" do grupo, em nada se opõe aos exercícios estruturados, que podem ser desenvolvidos na mesma sessão para aliviar o impacto negativo que algumas vivências da ACT, colocadas diretamente, podem provocar no inicio do grupo. No entanto, nunca uma estratégia didática pode substituir uma vivência ou uma experiência produzida por um exercício ou análise do "aqui e agora" da sessão do grupo. A proposta da ACT, só para lembrar, é evitar o control excessivo por regras na psicoterapia e produzir mudanças por meio da recontextualização, permitindo que os contextos de literalidad da razão e controle sejam flexibilizados pela vivência grupal. Quanto aos exercícios propostos no protocolo da ACT, estes são usados t nto para o grupo quanto para o atendimento individual, mas a seqü n I. pode ter variações. Com o desenvolvimento das sessões, mult 1 das oportunidades de apresentar os exercfcios s- o produ Id 10 próprios clientes. Em I un m m nto do pr I dI 1 V 11 10 do progr li 1If1 111 I Iele (11, 111' lei P I 1"/1 0, I tr r IpC li' I I I I{ I repara os exercícios que poderão ser úteis, mesmo que alguns deles tenham sido vivenciados. I Os exercícios para cada meta da ACT, descritas neste pitulo, são apresentados aos clientes, sendo que alguns têm se mostrado mais "naturais" e produzido melhores resultados, segundo IV liações informais do terapeuta e mudanças do comportamento tlr cliente na sessão. (i É o caso dos exercícios para promover o contexto do self (2004): 1/111 podem ser a.presentados, segundo Walser e Pistorello 110 1 r co~eço ou fim de cada sessão grupal. Essa repetição dos (rCrCIOspode ser usada mesmo em terapia individual tornando a li riência do self, como contexto, natural no dia-a-dia dos clientes. As explicações sobre o self como contexto tendem a criar I I II \ confusão en.tre os clientes do grupo, mas essas sensações 111 li II m ser aproveitadas para trabalhar desesperança criativa, falta 1 Ir controle e aceitação, O "self" como contexto é definido como 11111 \ I rspectiva de ver a vida a partir de um referencial único e 1111111 ív I que permite ao indivíduo "se ver" e "ver o mundo" sem se I 111111111 IIr com ele. O "eu" não é o seu comportamento' não é seu r 1111111 nto, pensamento ou ação. É o observador de tudo isso; o I 1III xl m que tudo ocorre. A metáfora do tabuleiro de xadrez (Hayes, 1987) é muito ints para o cliente entender e vivenciar seu eu. É pedido I lI! I1l s que fechem os olhos e imaginem em jogo de xadrez II1 'IltI \ peças brancas são seus pensamentos e sentimentos "11 I u pretas os ruins. Todos estão alinhados em cima do tabuleiro " I" 10 meça. Vocês ora correm com a peça branca, ora com a 1 1 I pu I i. V~cês se sentem divididos nesse jogo. Assim, quem 11 1 III I narn ser para sentirem-se melhor? As peças brancas II I 1"1 I \ ? A pergunta é lançada ao grupo que fica a vontade para /I 1 11111 111 xporiência e responder a pergunta. A resposta certa é I IH' I ri m ser o tabuleiro, onde o jogo acontece. 1 1I 11 i utr x rcício, para desenvolver o "eu observador" I I I 1111 Jlr clientes que, sentados, fechem os olhos e se I 11111111111111 I P rt d I olhando para si mesmos. Depois , 11, 111 1I1111l1'1) \ I P rq 1111I 1: III m viu voe s ntado qui? Quem ti til t P( 1I \'11 (lI 11" C c rI< II I I r m nt d "li" r Iv I? Terapia Analítico-Comportamental em Grupo \ Abrir mão das tentativas de controle dos sentimentos dolorosos também é uma necessidade constante no processo de grupo. Dois exercícios são interessantes. O das "algemas chinesas", no qual as pessoas ficam com os dedos presos em canudos de palha se tentarem tirá-los com força. Só com jeitinho, sem forçar, eles irão sair. A reação do grupo é de estranheza e nenhuma explicação deve ser dada até que todos terminem o exercício e discutam suas sensações. Outro exercício para abandonar o controle é o "cabo de guerra", luta imaginária, à beira do precipíc!o, entre an~iedade (imagine um dragão) e o cliente tentando controla-Io. Quem vai ganhar a luta? Quem vai cair no precipício? Como vencer a luta? As melhores respostas são as que sugerem largar a corda, abandonar a luta contra a ansiedade e aceitá-Ia. O grupo oferece boas oportunidades para exercícios de difusão de idéias. A "fala convencionada" é o mais fácil deles, e pode se tornar um hábito entre as pessoas do grupo. Assim, em vez de dizer que "meu marido acordou com cara feia e queria me provo~ar para poder sair de casa ...." poderia ser dito "eu achei que meu mando acordou de cara feia e pensei que ele poderia querer ...". Esta simple mudança deixa clara a diferença entre o fato (estar de cara feia) e o julgamento do fato (eu acho que está). Outro exercício de difusão cognitiva bem interessante par grupos, proposto por Walser e Pistorello (2004), consiste em pedir a todos que escrevam, em cartões, seus principais defeitos e depol os colem em suas roupas, para que possam ver um ao outro e I I seus cartões enquanto passeiam pela sala. Depois de um temp as pessoas se acostumam com o que está escrito e as palavr vão se livrando de seus significados. O grupo fica ligado apen nas pessoas. Há uma perda de respostas ao contexto de literalidadc , Outro exercício é o de disposição e aceitação, escrito 11 , integra por ser muito útil e interessante para grupos de ACT. .Prop lu por Walser e Pistorello (2004), funciona destacando as ditsr n I ntre dor e trauma, usando uma abordagem didática e interativ . Utilize um qu dr "n or" 1 enhe um cfrculo. nquanto r v no u int ri J' I P ,llVI I "dOI", xplique qu I 111vlt IVI I V 11. II d I IHI< 1111 1111 IIIe I nlllC "I n" 11"1111111 I • (l' " I /1 Maria Zilah da Silva Brandão II uma dor vai acontecer, seja ela alguma morte inesperada ou não uma promoção, dentre outras. Explique que não há 11)1 ma de evitar completamente a dor, mas que se deve avaliar "o 11" é que nós tentamos fazer quando experimentamos dor?". Peça 11) integrantes do grupo para que mostrem algumas formas de I umo evitamos a dor. Ao dizer isso desenhe um círculo maior em VI III do primeiro, e escreva o que eles dirão entre os dois círculos. I Illmas das estratégias que eles dirão provavelmente serão a de 111 1)(r, buscar brigas, trabalhar longas horas, tentar suicídio e vários I 1111< . Então, perceba que o círculo vai crescendo: nós sentimos ," 11, ntão bebemos, faltamos às aulas, e depois nos culpamos por I 111 11 S aulas. Depois de cada camada desenhe outro círculo em 1111 I explique que o círculo mais interno de dor é somente isto. I 11I() screva "trauma" no círculo mais externo, observando que, 1"111I I aceitar a dor, criamos o trauma. I onseguirmos Os membros do grupo freqüentemente referem-se aos nas sessões seguintes. Isso pode servir de gancho para r aos clientes que estão discutindo suas lutas: "você acha dentro ou fora do círculo?". Em sua maioria, as experiências aversivas que tentamos 11111 ( II controlar, tornam-se medos de rejeição interpessoal. O 1 11111" 111mmeio rico para a exposição e transformação das funções I. I I1IIl111osde tais eventos privados. Outros exercícios podem 111111111111 p ra o movimento terapêutica. Um exemplo disto é o exercício "olhar para", no qual os /I 11/1111' ntam-se de frente um para o outro em pares. São 1IIIhIr I I Ihar o outro nos olhos, sem conversar ou se comunicar, I I" 11110 P rcebem as reações e as deixam acontecer. Algumas I I 1)( st defensivas mais freqüentes são as de risos, 1I 11ft ( quiva do contato visual. ( II nt os participantes com sentenças do tipo: "perceba 111111) I r os quais você está olhando são humanos"; "deixe 111 "1 I 11 lrl o que você tenha sobre a outra pessoa e permitaII I /)111 I". Continue esse processo por mais três ou 5 11111I, I 111I ,p rmita que os membros do grupo compartilhem " II I' xp ri ncias. Evite expressar interpretações I 1111 11 I, (1t1 f' I ç, m nt rio d I t n- o é um I I) Terapia Analítico-Comportamental Maria Zilah da Silva Brandão em Grupo nabelecido mesmo que as dúvidas, os gritos, e os sentimentos oontracitórios estejam presentes. O grupo, em silêncio, de olhos 11ihados (isso pode ser sugerido em quase todos os exercícios), 111 nsa no que acabou de viver, e depois discute suas impressões. momento adequado para apontar comportamentos de esquiva sutis, apenas ouça. Walser e Pistorello (2004) relatam que este exercício foi unanimemente declarado como o mais benéfico da terapia, em um dos seus grupos. f O objetivo da ACT é a construção de ação comprometida, e o contexto de grupo pode ser bem útil para se conseguir motivação, já que comprometimentos feitos em grupo são mais prováveis de serem seguidos. Para finalizar este capitulo, nada melhor do que voltar a l,tI Ir de aceitação como saída para a esquiva emocional. Um cliente d\) rupo, que já tinha sido tratado de TOC na terapia individual, tpl sentou dificuldade em praticar aceitação de seu sofrimento I 111ado pelas obsessões, e o grupo tentou ajudá-to usando I umplos pessoais, pedindo sua disposição para vivenciar o que I I IV sendo proposto, sem relutar. A sua resistência em aceitar o f.1rImento mobilizou o grupo. A T. pediu que ele durante a meditação, 111'Inicio da sessão, olhasse para seus pensamentos obsessivos f f 1111 e eles fossem parte de um filme, no qual ele não tinha controle 1.111 ( s próximas cenas, e que fosse falando em voz alta o que I IV sentindo e que não tinha controle sobre isso. Na terceira " 111I1 ~o o cliente caiu no choro e gritou que não queria mais pensar, '111 , t va cansado e que não tinha cura. Os membros do grupo se I ruxlmaram e o confortaram dizendo para ele não entrar na luta e 11 f " Ir sua angústia. Quando o cliente parou de chorar a T. disse '1111I I stava tendo três sofrimentos: um pela dor real da obsessão; I' I III do por lutar contra ela e assim torná-Ia mais poderosa; e o li 11f Ir por estar parado, perdendo oportunidades de ter prazer em tllll I tividades do seu dia-a-dia. Quantas dores você quer ter? 11 I prtmeira é real e inevitável! Um exercício de comprometimento é conhecido como a "Grande Olhada". Ela consiste em fazer com que todos os membros sentem-se e, um por um, devem ir até a frente e passar um ou dois minutos olhando nos olhos de cada cliente, despindo-se de todas as suas defesas. Isto deve acontecer com o silêncio dos membros do grupo e com o encorajamento verbal da terapeuta. Você pode encontrar um cliente que se recuse a se levantar e se comprometer na frente do grupo. Quando isso acontecer, direcione-se a outro membro, fazendo assim com que o outro membro saiba que retomarão em alguns minutos. Já que este tende a ser um exercício poderoso, é necessário compaixão por parte da terapeuta. Mas se o cliente aind se recusar, continue. Ele saberá que o problema é fusão com o conteúdo negativo e é importante que você converse com ele apó o exercício. A prática clínica tem demonstrado uma ótima aceitação do exercício "motorista do ônibus" proposto por Hayes e Smith (2005); Wasler e Pistorello (2004); cuja vivência pode levar a vários objetivo tais como desenvolver o contexto do self; praticar difusão cognitivo, e manter compromisso com a ação e direção escolhida. Deve- ( fazer com que o grupo represente fisicamente um ônibus com um dos clientes como motorista, e os outros como passageiros (p I ter um ou dois observadores). Cada passageiro já deve ter rec bldo antes um cartão (ou recebido instrução) dizendo qual o seu P I ( I como passageiro. Um será a ansiedade pedindo para p r r, u110 será a raiva gritando que está no c minho errado, e outro p a crítica dizendo que est dirlqin m I ou o m do di n ônibus vai bater. O m I ri ,I , dI VI xmttnu r n dlr III HI I Alguns membros do grupo concordaram e deram 1.lpl de como tocaram sua vida em direção aos seus valores, I f 11 I dor e de outros sintomas psicológicos. O uso de metáforas também é uma excelente forma de '111111111t mente, evitando o controle instrucional na terapia; uma IfI I 1111I, olocada na hora certa pode produzir material importante, , ti" ·11110 quivas e graduando o contato com a dor. 11 y s e Wilson (1994) descrevem várias delas, que se 11111 un lmpr scindíveis na aplicação formal ou informal da ACT. 1\ I. ,dI I Ipl I, I It ç- o um n ,f' n I não é apenas uma proposta de I 1id hum na, buscada pela filosofia, 1 I Terapia Analítico-Comportamental Maria Zilah da Silva Brandão em Grupo pela religião e outras áreas, como forma de lidar com o sofrimento e não de evitá-Io. 4. Resumo da ACT - Definição; bases filosóficas e teóricas; proposta original de intervenção clínica e pesquisas com grupos "Não é a vida que a pessoa recusa; é o sofrimento, éa velhice, é a doença, é o isolamento ... Não é a felicidade que ela despreza; é da infelicidade que foge. "Todos os homens buscam ser felizes ", dizia Pascal, "até aqueles que vão enforcar-se. " Matam-se para não sofrer mais, para não ser mais infelizes. Isso ainda é procurar a felicidade que é fugir do sofrimento. O suicídio não escapa ao principio de prazer ... Não se dá fim aos seus dias senão por sofrimento ou tristeza ... "(Comte-Sponville, 1997, pp 47). Muito já foi dito sobre ACT neste capítulo, mas, considerando a pouca literatura no Brasil sobre essa área, foi acrescentado esse tópico que pode fornecer melhor base para terapeutas que são iniciantes no assunto e, também, oferecer alguma idéia sobre pesquisa nesta área. A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é baseada na visão de que a linguagem coloquial pode ser fator responsável por muitos problemas do sofrimento humano. Essa terapia integr conhecimento científico sobre comportamento modelado por contingências e relações verbais, o que torna o contexto terapêutico mais eficaz. A ACT está ligada a um programa de pesquisa básic por ter um compromisso com uma análise com precisão, e tende não ver sentimentos ou pensamentos com causas no sentido mecânico (Hayes, Strosahl, Bunting, Twohig & Wilson, 2004). A Terapia de Aceitação e Compromisso tem como objetiv fazer com que o cliente aceite seus t dos do organism , p nsamentos e emoções, con 1c1 rn 1 pc r le como aversiv Qu ndo a pessoa p r d lulru WI1II I I 11, 1'1< I rio p ns m nt " ntim nt m ,,1111"1111 IIII til dI[ I nt m n trn 11) unbiente a fim de ter resultados mais produtivos para o seu bem • I r (Hayes, 1987). Esta terapia tem como base teórica a Teoria dos Quadros I Ii I cionais (RFT). A RFT é uma teoria da linguagem e cognição luunana, que tem como ponto central a premissa de que hu~a~?s '1 li ndem a relacionar eventos sob controle contextual arbitrano. l lumanos, como também não-humanos, são capazes de responder I II I ções de estímulos que são definidas pela propriedade formal d, (ventos relacionados (relações não-arbitrárias), por exemplo, ( olher o maior de dois objetos, independentemente de quais IIIII I s são comparados. Mas apenas humanos conseg~e~ ter o ' II pc nder relacionado com o controle contextual e aplicá-lo em , VI ntos que não são relacionados formalmente. A base filosófica da ACT é uma variação do pragmatismo Funcional. O Contextualismo vê " I V ntos psicológicos como uma interação entre o orga.nis,n:o e o I 111111 xto, que podem ser definidos historicament~. (hístórta ~e '1"1 nrllzado) e pela situação (antecedentes e consequentes atuais, 11 11 I' ). Ações comuns podem ser utilizada~ ~ara. ilustrar es~e 11111111 I ,por exemplo, ir a uma loja. Ir a uma loja Implica uma razao I' 11 \ li, um lugar, um meio para se chegar lá, tudo isso ju~to. ~e o I_ IIIt I ( perde, a ação perde o sentido. Esses eventos Implicam 1111 \ 1111r ção do organismo com o ambiente, e são eventos com 11111 \ ItI,l ria e propósito (Hayes et aI., 2004). '111111 cida como Contextualismo O processo clínico da ACT foi descrito em detalhes pela III til " I V Z no Manual de Desesperança Criativa (Hayes, 1987). A "'1'111,1 I intervenção veio bastante detalhada e com ~á~ias I1 1 lI! I I, exercícios para cada passo do processo terapêutíco. 1111 I I o resumidas a seguir. t belecer um estado de desesperança criativo - nesta quebrar as regras e estratégias que o cliente possui esquivar de seus pensamentos. O Terapeuta deve paciente que todos os seus comportamentos t gora não surgiram efeito "benéfico" em suas 111 11/ I IV( r Iv ,p 10 contrário, tais emoções em alguns casos 1111111 111 Ir un I r'r Ct n I ,port nto, o cliente deve abandonar II II '(IIIPOIIUllI111 ,<111 nv Iv m t ntativadecontrolaros Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão pensamentos. Nesta etapa, a literalidade das palavras é posta em cheque pelo terapeuta; literalidade se refere ao conceito que certas palavras têm para a comunidade verbal, por exemplo, a palavra ansiedade tem valor ruim, aversivo para nossa sociedade. 111dificados, alguns com propostas interessantes e dirigidas a irupos específicos, como por exemplo, o livro de Hayes e Smith (' 005) que é destinado a clientes e o dos autores Luoma, Hayes e W Iser (2007), que é um manual treinamento de terapeutas. Na meta 2 - O problema é o controle - o terapeuta enfatiza que, muitas vezes, a tentativa de controlar os pensamentos e sentimentos se torna o próprio problema. Ou seja, o cliente tenta, de várias maneiras, controlar suas emoções aversivas; tais tentativas são fracassadas, o que traz maior desconforto psicológico para o cliente. Sendo assim o terapeuta deve enfatizar a dificuldade que se tem em controlar os sentimentos, além disso, deve levar o cliente a aceitar suas emoções de modo natural. O modelo de intervenção da ACT, de 1987, foi atualizado 1111vários momentos da obra de Hayes, embora sua essência I mpre tenha continuado a mesma, e pode ser descrito por seis lHO essos (Strosahl, Hayes, Wilson & Gifford, 2004): Na meta 3 - Distinguir as pessoas de seu comportamento - é ensinado para o cliente a discriminar o que está pensando do que realmente está acontecendo. Mostrar para o cliente que sensações e pensamentos, muitas vezes não correspondem ao estado real das coisas, e que essas emoções não impedem de realizar nenhuma de suas ações, em suma, que pensamento não é causa de comportamento. Nessa meta é, também, esclarecer para o cliente como os pensamentos diferem de pessoa para pessoa, como esses são particulares da história de vida de cada organismo, exemplificando para o cliente que o mesmo evento ambiental pode evocar diferentes comportamentos em diferentes pessoas. Na meta 4 - Permitir que a luta pare - o cliente, com o auxilio do terapeuta, "deve permitir que a luta pare", ou seja, o cliente "aceita" seus sentimentos fazendo parte da sua naturalidade, apresentando um nível de tolerância maior aos pensamentos aversivos. O terapeuta deve elucidar que sentimentos aversivos fazem parte d vida de todos e que temos que aprender a conviver e aceitá-Ios. Nas meta 5 - Assumindo um compromisso de ação -, o client gora mais preparado deve assumir um compromisso de ação, ou seja, junto com o terapeuta deve traçar estratégias para um Intervenção efetiva nas contingências, assumindo compromisso d ção e mudança de seu comportamento. I. Aceitação - envolve tomar uma postura de não-julgamento e de levar em consideração a experiência de pensamentos, sentimentos e sensações corporais como elas ocorrem. O cliente "aceita" seus sentimentos como fazendo parte de sua natureza, para passar a apresentar um nível de tolerância maior os pensamentos aversivos. Para ajudar o cliente a promover aceitação, o terapeuta pode, por exemplo, pedir pra que ele screva sobre eventos dolorosos. 'I ifusão cognitiva - A tendência que os humanos têm de viver m um mundo excessivamente estruturado pela linguagem literal é chamada de Fusão. Humanos normalmente não , nseguem distinguir uma palavra conceituada verbalmente cI uma que está sendo diretamente experienciada. O objetivo I difusão cognitiva é ajudar o cliente a detectar as I r priedades escondidas da linguagem que produzem essa 111NO. O terapeuta pode ensinar o cliente mudar a linguagem 11\ essão para descrever eventos privados. I nlr r em contato com o momento presente - AACT promove I tlvo, aberto e indefeso contato com o momento presente. I' Ir i so os clientes são treinados a observar e notar o que I pr sente no ambiente e em experiências privadas. Depois, p dldo a eles que descrevam o que está presente, sem 11111 un nto ou avaliação excessiva. Isso os ajuda a começar I I r v r suas experiências. I mo contexto - Ajuda o cliente a distinguir entre 1I n I hum n s privadas e o contexto em que essa I I li I1 11I I nt .O ntimentos e os pensamentos, que 11til I I \Iti fi ,1111 1111 I , IIP qu s nti ou pensava, têm I qu R c ntemente, foram realizadas várias public I r m qü n Ia e exercícios de int rv nç l)f Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão que passar a serem vistos como produtos de uma história comportamental. O terapeuta deve ajudar o cliente a perceber que ele não é seus pensamentos, memórias, emoções. 5. Valores -AACT ensina aos clientes a distinguir entre escolhas e julgamentos, e a selecionar valores como uma questão de escolha. Os clientes são desafiados a considerar o que eles querem em diferentes áreas de sua vida. 6. Ação e Compromisso - o compromisso envolve definir metas em áreas especificas e agir sobre essas metas. O cliente, junto com o terapeuta, deve traçar estratégias para uma intervenção efetiva nas contingências. A meta é construir padrões comportamentais que comecem a trabalhar a favor do cliente, e não contra eles. AACT pode trazer três benefícios para o cliente na medida em que este pára de se esquivar de seus pensamentos e sentimentos considerados aversivos e que entra em contato com o contexto que evoca tais sentimentos, provavelmente as emoções aversivas associadas a esse evento perdem força e entram em extinção. Outro beneficio é o contato com reforçadores que em virtude do comportamento de esquiva não eram experienciados, ou seja, o cliente entra no contexto que antes se esquivava ou fugia e obtém reforçadores desse contexto. Um terceiro benefício é o aumento do potencial para a ação produtiva, sendo assim o cliente aprende novas maneiras de agir no contexto aversivo obtendo melhores resultados de sua interação com o mesmo (Brandão, 1997). Enfim, a Terapia de Aceitação e Compromisso ganhou, nessa última década, grandes adeptos no mundo. Tal terapia sofreu muitas criticas por parte dos Analistas do Comportamento por ser considerada "cognitivista". Porém está idéia já está ultrapassada novos estudos sobre esta área têm sido desenvolvidos. Muitas pesquisas na área clínica têm mostrado a diferenç \ entre as duas abordagens e a ACT e mais efetiva. Uma pesqui \ em particular pode mostrar a confibialidade das medidas utilizad e apresentar excelentes informações para o terapeuta trabalhar c m fobia social ou outras queixas. l, 6 O artigo escrito por Ossman, Wilson, Storaasli & McNeill (' 06) procurou investigar o impacto da Psicoterapia de grupo II I eada na Terapia de Aceitação e Compromisso, proposta por I ven Hayes com clientes fóbicos sociais e teve como principal 11111 tivo investigar o efeito da ACT no tratamento de indivíduos com 1,1/)1social, explorando a efetividade da ACT na diminuição do nível ," vitação experiencial, o impacto desta estratégia no tratamento 111) , sintomas da fobia social em comparação com intervenções I uqnitivo-comportamentais e mudanças no valor das relações I H.I is e amizades para os participantes. I Atualmente, a terapia cognitivo-comportamental é o modelo disseminado e pesquisado de tratamento para a fobia social, 1", hllndo inúmeras estratégias clínicas, ora de forma isolada, ora ," torrna combinada com outras técnicas. Dentre as formas de II II unento cognitivo-comportamentais mais estudadas, encontra, I I icoterapia de grupo cognitivo-comportamental, que combina " "llc s de reestruturação cognitiva, com sessões de exposição, d, 111de instruções para os clientes praticarem as habilidades li" 11Mas nas situações cotidianas no contexto social. No caso ,I, 101I social, a principal premissa que guia as intervenções • 'I 11111lvo-comportamentaisé a de que os indivíduos podem superar '111111111jar os sintomas de ansiedade através da mudança do I 111111 l'IU e da forma dos eventos cognitivos ou comportamentais. II1 ti. Já aACT, como estratégia de intervenção comportamental, modelo cognitivo-comportamental, visto que não implica I' II I mudança, alteração ou eliminação dos conteúdos privados, , I I I li) idera a tentativa de controle ou mudança do conteúdo I' I' IIloCJI o como problemáticos, e desta maneira não avalia a I I I 11 I d experiência privada indesejável como alvo definitivo do () d mudança cornportarnental. I N caso da ansiedade social, ligada intimamente à 11II li xp rieneial, definida como um processo eomportamental 111'1"1 I soa evita contato com determinadas situações e I' 1I 111.1 I por medo das sensações, sentimentos, pensamentos I I IIII \ evocam. Nestes casos, a ACT pode ser utilizada 1111Iv I I p r do nfoque na forma e no conteúdo do medo I 11111' P lc I I, • P r, mud nças no contexto e na função 1'"11<1I qlH ,11,1 11111111 ) .1,1 d frim nl p I 16 ieo. f / Terapia Analítico-Comportamental em Grupo No estudo foram incluídos 22 participantes (11 homens e 11 mulheres) que foram recrutados via anúncio de jornal e, posteriormente contatados por telefone. Neste primeiro contato por telefone foi administrado" ainda um breve "inventário", com as categorias diagnósticas do DSM para a fobia social. Estes participantes foram divididos em três grupos, e receberam a mesma intervenção, realizada terapeutas-estudantes, treinados para intervir utilizando ACT. No protocolo de pesquisa havia 10 sessões, com duração de 2 horas cada uma, sendo adotados inúmeros padrões comportamentais baseados na aceitação e organizados em torno dos 6 eixos principais. Estes foram integrados às sessões de tratamento utilizando-se para isto metáforas e exercícios de grupos experienciais. Além disso, foram incorporados no estudo quatro medidas dependentes, uma medida de resultado principal e três processos de medição. A medida principal e os processos de medição foram administrados durante a etapa inicial da terapia. Para a medida principal foi utilizado o Inventário de fobia social e ansiedade, que avalia aspectos somáticos, cognitivos e comportamentais da fobia social através de uma ampla gama de ambientes e situações sociais. Já para os processos de medição, foram utilizados o Questionário de Aceitação e Ação, que objetiva principalmente medir a disposição individual para a experienciação de sentimentos e pensamentos e a capacidade para se engajar em ções que propiciem superá-Ias; a Escala Multidimensional d Controle, que procura mensurar a percepção dos indivíduos quant o nível de controle individual em relação aos eventos cotidianos ou dos outros e o Questionário de "importância da vida", que investig os domínios da vida considerados mais importantes pelo participantes. Os resultados encontrados nos estudos apóiam 11 premissa que, com a utilização da ACT, pode-se reduzir a evitaç 10 xperiencial e aumentar a adoção de valores nos relacionament clais, além da diminuição dos sintomas de fobia social entr ) p rticipantes. Além do mais, a escala individual de adoção 11 r I lon mentos social <i rnll I umentou significativ m 111 1 I n d 10 ,e ( , 1/1 111 ti 1 ~o d comp nh m nlo, li tr (li 11(11 ti 1111 til? d Int rv n Maria Ziláh da Silva Brandão Enquanto a medida da fobia social não tenha sido alvo (111 to da intervenção terapêutica, os dados obtidos mostram redução 110 pós-tratamento e a redução foi mantida no acompanhamento. I t positiva correlação entre a diminuição da evitação experiencial ) sintomas de fobia social é algo importante para estudos futuros. I l/forma geral, é importante salientar que a fobia social considera 110 (vel alcançar amplas metas terapêuticas sem adotar, III ( ssariamente, a redução de sintomas como meta do tratamento. I 1111' as limitações do estudo podem-se citar a ausência de I undlções formais de um grupo controle, bem como a amostra I. I Illvamente pequena de participantes. I Os resultados aqui apresentados têm algo de sério e endente ao apontar que a redução da esquiva experiencial e 1 1" moção de aceitação emocional pode produzir aumento de 1 1IIIIp rtamentos que eram conseguidos por estratégias especificas I 11 1 lidar com ansiedade, tais como dessensibilização sistemática, I I truturação cognitiva, estratégias de enfrentamento e exercícios ,I II I ixamento. III pr Hayes, (1997), numa conferencia no Canadá, sugere que as psicoterapias, de diversas abordagens, pudessem ser I I1I II \ S por meio de processos considerados universais, "I, I Iv Idos em todas elas. A redução da Esquiva Experiencial e a 1'111111 >ç o da Aceitação parecem atender perfeitamente aos I '1111 11. s a ser adotados no processo de integração das I' It 111 rnplas. Kohlenberg (1997), na mesma ocasião, também 11 p 1/ I nálise da relação terapêutica como base para a tal , ,I v I til 11 , r ). r tudo que foi discutido neste capítulo, espera-se que a seriedade da proposta da ACT, a sua coerência com , 1111111 Ipl do behaviorismo radical e riqueza do material já testado ,11 1"111(V 1 p ra a clínica, individual e em grupo, o que é um presente I 111 I \I> ut que procuram intervenções eficazes para os clientes, I 11111 I irnb m atendam a audiência cientifica. 111" I' II I ( 1 Ir valorizar e respeitar a dor inerente podemos nos comportar ) Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Maria Zilah da Silva Brandão (em algumas ocasiões) de formar a produzir contingências menos aversivas. Os sentimentos, então, possuem esta característica da incontrolabilidade que tanto incomoda. Quanto mais você se esconde mais o medo aparece! Costuma-se distinguir o medo, que suporia um perigo real, da angustia, que só se basearia nos perigos imaginários, até mesmo não teria objeto. E, por certo, não é a mesma coisa ter medo de um cão real, que ameaça você, e de sabe-se lá o quê, que oprime você. Será tão simples, porém? (Comte-Sponville, 1999, pp 13). II iyes, S.C.; Strosahl, K.D.; Bunting, K.; Twohig, M. & Wilson, K.G. ("004).What is acceptance and commitment therapy. In: S.C. Hayes & I ,I .Strosahl (Eds.) A Practical Guide to Acceptance and Commitment tll/ rapy. New York: Springer, 1-30. l lnyes, S.C., Strosahl, K.D. & Wilson, K.G. (1999).Acceptance and ( ummitment Therapy: An experiential approach to behavior change. New nrk: The Guilford Press. II Iy s, S. C., & Wilson, K. G. (1994). Acceptance and commitment therapy: AIII rlng the verbal support for experiential avoidance. The Behavior Analyst, Ir, 89-303. ,S.C., Wilson, K.G., Gifford, s.v. Bisset, R. & Piasecki, M. (2004). 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