Novo conceito na clareação dentária pela técnica no
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Novo conceito na clareação dentária pela técnica no
Caso Clínico Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório Fabiano Carlos Marson*, Luis Guilherme Sensi**, Rodrigo Reis*** Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar o tempo de decomposição e o pH dos agentes clareadores utilizados na clareação no consultório, em relação ao tempo de aplicação. Foram selecionados 4 agentes clareadores e divididos em 4 grupos (n = 5): G1 Opalescence Xtra Boost (Ultradent); G2 - Whiteness HP Maxx (FGM); G3 - Lase Peroxide Sensy (DMC) e G4 White Gold Office (Dentsply). A manipulação dos agentes clareadores seguiu as orientações do fabricante. Para avaliação da dosagem de peróxido de hidrogênio em relação ao tempo, foi utilizado o método de titulação do peróxido de hidrogê- nio com permanganato de potássio preconizado pelo manual de farmacopéia americana (USP) e avaliação do pH do agente clareador através do papel indicador universal de Merck. No teste estatístico de ANOVA, foi observado a hipótese de igualdade entre os grupos, avaliando o fator decomposição em relação ao tempo. No tratamento clareador de dentes vitais através da técnica no consultório com peróxido de hidrogênio, não há necessidade de trocas do agente clareador durante a sessão clínica, quando o agente clareador utilizado mantêm o pH neutro. Palavras-chave: Clareação dentária. Peróxido de carbamida. Peróxido de hidrogênio. *Professor doutor de Dentística e Clínica Integrada da Faculdade Uningá. Coordenador do curso de especialização em Dentística da Faculdade Uningá/Maringá e Uningá/Cuiabá. **Professor doutor de Dentística, Universidade de Baltimore, Maryland, EUA. ***Mestre em Odontologia Restauradora e Biomateriais pela Universidade de Michigan. Doutor em Odontologia pela UFRJ. Professor coordenador de Dentística e Materiais Dentários da FO-UNIGRANRIO. R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 55 Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório INTRODUÇÃO ção da moldeira plástica; Atualmente, há uma grande procura dos pa- - fator marketing dos meios de comuni- cientes por tratamentos estéticos. Um sorriso cação e do dentista em relação à clareação com dentes brancos e alinhados é tão cultuado no pela mídia que passou a ser o desejo de grande pacientes consultório, 4,11 sendo solicitada pelos . parte da população. Um dos tratamentos mais Vale ressaltar que, para a correta escolha da solicitados é a clareação dentária, que tem a técnica de clareação, é necessária a avaliação finalidade de melhorar a aparência dos den- completa do paciente, identificando o estado tes. Este procedimento pode ser realizado em bucal através de radiografias, anamnese e exa- dentes vitais, de duas formas: técnica em casa me clínico, visando diagnosticar a causa da al- (supervisionada pelo dentista, que necessita da teração de cor. O diagnóstico irá nortear o den- colaboração do paciente), ou técnica no con- tista na definição de qual plano de tratamento sultório (realizada pelo profissional), erronea- será mais adequado7,22. mente denominada técnica a laser 13,16. As empresas que fabricam os agentes cla- Na técnica de clareação dentária no consul- readores recomendam que estes permane- tório são utilizadas concentrações mais altas, çam, no máximo, por 15 min sobre a superfície variando de 30% a 38% de peróxido de hidro- dentária, podendo-se repetir esse processo por gênio, em algumas aplicações. No entanto, o 3 vezes na mesma sessão clínica. Contudo, não profissional deve ficar atento durante o pro- há, na literatura científica, uma base consolida- cedimento clareador, pois a alta concentração da deste protocolo. Devido ao surgimento de pode induzir efeitos colaterais, como sensibi- novas perguntas sobre a técnica de clareação lidade dentária, irritação gengival e ulceração dentária, torna-se importante o estudo da efi- nos tecidos moles bucais. Todos os tecidos mo- cácia deste procedimento. Dessa forma, este les do paciente (gengivas, bochechas, língua e trabalho tem como objetivo avaliar in vitro a lábios) devem ser isolados do contato com o decomposição do agente clareador, em relação produto clareador. O profissional e sua equipe ao tempo, e verificar os resultados na clínica. também devem se precaver, utilizando luvas, aventais ou jalecos de manga comprida e óculos de proteção. A grande vantagem da técnica Foram utilizados quatro agentes clareado- de clareação dentária no consultório é que os res para verificação da decomposição do gel resultados são alcançados em poucas, porém em relação ao tempo de utilização, compondo . os 4 grupos estudados (Tab. 1). Utilizou-se o Embora a clareação caseira seja a técnica método da USP (United States Pharmacopeia), mais utilizada, consagrada e estudada há quase que as indústrias de produtos para saúde, cos- 20 anos, alguns pacientes não optam por este méticos e farmacéuticos utilizam para aferir tratamento, pois: o teor e demais propriedades relevantes das longas consultas (de duas a quatro sessões) 9,13 - não querem utilizar o produto clareador todos os dias, durante o período de 2 a 3 semanas; - não se adaptam à técnica devido à utiliza- 56 MATERIAL E MÉTODOS R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 matérias-primas, no caso específico, o peróxido contido nos agentes clareadores. Foram utilizados 30 corpos-de-prova para cada grupo avaliado, totalizando 120 corpos- Fabiano Carlos Marson, Luis Guilherme Sensi, Rodrigo Reis Tabela 1 - Características dos grupos amostrais estudados. nome comercial %* fabricante manipulação G1 Opalescence Xtra Boost 38% Ultradent duas seringas que se acoplam uma contém o peróxido e a outra o ativador G2 Whiteness HP Maxx 35% FGM mistura da fase 1(peróxido) com a fase 2 (espessante) na proporção de 3 gotas de peróxido para 1 gota de espessante G3 Lase Peroxide Sensy 35% DMC mistura da fase 1 (peróxido) com a fase 2 (espessante) na proporção de 3 gotas de peróxido para 1 gota de espessante G4 White Gold Office 35% Dentsply duas seringas que se acoplam uma contém o peróxido e a outra o ativador * Concentração de peróxido de hidrogênio. de-prova. Para obtenção de cada média e des- guinte fórmula: vio-padrão foram utilizados 5 corpos-de-prova (n = 5), que estão dispostos no tabela 2. V x fc x 1,701 x 100 C= m O método utilizado para verificação da concentracão do peróxido em relação ao tempo Onde: de aplicação foi a titulação de peróxido de hi- C = concentração (p/p) de peróxido de hi- drogênio com permanganato de potássio. Este método descreve a dosagem de peróxido de hidrogênio e aplica-se a amostras que contenham essa substância. O presente método baseia-se na reação de permanganometria, conforme a fórmula: drogênio; V = volume de permanganato de potássio 0,1N utilizado na titulação, em mililitros; fc = fator de correção da solução de permanganato de potássio 0,1N; m = massa da amostra em miligramas. 2KMnO4 + 5H2O2 + 4H2SO4 = 2KHSO4 + 2MnSO4 + 5O2 + 8H2O Para verificação do pH foi utilizado o papel A mistura do agente clareador seguiu as indicador universal (Merck). Este papel vem normas de cada fabricante (Tab. 1). Após a cortado em tiras impregnadas com reagente mistura do agente clareador, foi pesada ana- em embalagem que apresenta a escala de co- liticamente uma quantidade de amostra, que res, cada cor indica um pH diferente, que vai continha aproximadamente 20g de peróxido de 1 a 14 (método da USP - United States Phar- de hidrogênio, em um béquer de 100ml. Na se- macopeia). qüência, foram adicionados 10ml de água des- O seguinte procedimento foi utilizado: mis- tilada e transferida quantitativamente para um turou-se o agente clareador de acordo com as balão volumétrico de 250ml. Transferiu-se 5ml normas do fabricante de cada produto; em se- da solução amostral para um frasco de iodo guida, a mistura foi colocada em contato com de 250ml e adicionados 20ml de ácido sulfú- o papel indicador; aguardou-se 1 minuto, para rico 2N. Foi feita a titulação com a solução de que houvesse tempo de reação entre o papel e permanganato de potássio 0,1N, até que a cor a mistura; e foi comparada a coloração obtida rosa-pálida persistisse por quinze segundos. na tira de papel (Merck) com o padrão da emba- Após, os dados obtidos foram aplicados na se- lagem, obtendo-se o pH do produto. R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 57 Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório Tabela 2 - Média ± desvio-padrão dos resultados da decomposição do gel clareador em relação ao tempo. 0 min 5 min 15 min 25 min 35 min 45 min Opalescence Xtra Boost 36,01 ± 6,33 35,91 ± 4,32 35,24 ± 3,99 34,24 ± 3,45 33,47 ± 4,32 33,16 ± 4,78 Whiteness HP Maxx 32,53 ± 2,45 31,08 ± 2,23 30,87 ± 2,01 30,51 ± 2,67 28,96 ± 2,29 29,36 ± 2,98 Lase Peroxide Sensy 35,97 ± 2,56 34,64 ± 1,78 35,01 ± 1,79 34,38 ± 1,89 32,89 ± 2,89 33,64 ± 2,12 White Gold Office 35,39 ± 1,67 34,85 ± 1,78 33,82 ± 2,02 32,56 ± 1,54 31,99 ± 1,99 30,57 ± 1,77 Tabela 3 - Médias dos valores do pH do gel clareador em relação ao tempo inicial e final do tratamento clareador. 40 35 30 G1 25 G2 20 G3 15 G4 10 5 0 0 min 5 min 15 min 25 min 35 min 45 min 0 min (inicial) 45 min Opalescence Xtra Boost 9 9 Whiteness HP Maxx 7 5 Lase Peroxide Sensy 10 5 White Gold Office 7 7 Gráfico 1 - Resultados da decomposição do gel clareador em relação ao tempo. RESULTADOS de idade, insatisfeita com a coloração dos seus As médias dos valores da decomposição do dentes, compareceu ao consultório solicitando gel clareador em relação ao tempo estão suma- de tratamento estético. Após exame clínico, rizadas na tabela 2 e no gráfico 1 e as médias radiográfico e anamnese da paciente, verificou- dos valores do pH do gel clareador na tabela 3. se que os dentes eram naturalmente amarela- A análise de variância (ANOVA) foi utilizada dos (Fig. 1, 2). para verificar se existia diferença estatística en- Foi indicada a clareação dentária na técnica tre os grupos analisados, aplicada a um nível de no consultório, utilizando peróxido de hidro- 5% de significância e, a partir deste, a hipóte- gênio a 38% Opalescence Xtra Boost (Ultra- se de igualdade entre os grupos foi aceita (p > dent, EUA). A paciente foi esclarecida sobre os 0,0002). procedimentos a serem realizados, bem como a respeito dos possíveis efeitos colaterais do CASO CLÍNICO 1 Paciente do gênero feminino, com 22 anos 58 R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 tratamento clareador (sensibilidade dentária passageira e irritação gengival). No início do Fabiano Carlos Marson, Luis Guilherme Sensi, Rodrigo Reis Figura 1 - Aspecto do sorriso, onde se observa os dentes naturalmente amarelados Figura 2 - Vista intrabucal frontal de uma jovem de 22 anos. Figura 4 - Durante a terceira sessão de aplicação do agente clareador, observa-se que não foi realizada a troca do agente clareador e, também, não foi utilizada fonte de luz auxiliar. Figura 3 - Após a aplicação da barreira para proteção da gengiva (GingiDam,Villevie),foi polimerizado cada dente por 10s. Em seguida foi aplicado o gel clareador Opalescente Xtra Boost (Ultradent) com concentração de peróxido de hidrogênio a 38%. tratamento clareador, é primordial a conferên- gengival fotopolimerizável Gingi Dam (Den- cia da cor dos dentes, através da escala de cor, talville, Joinville, Brasil) prevenindo o contato registrando-a no prontuário. Outra opção é ti- do gel clareador com o tecido gengival. Após, rar fotografias iniciais para compará-las ao final foi polimerizado cada dente por 10 segun- do tratamento ou, ainda, clarear inicialmente o dos, através do LED SmartLite PS (Dentsply). É arco superior e posteriormente o inferior. de fundamental importância a conferência da Para facilitar o procedimento de clareação, adaptação da barreira gengival, pois, se hou- foram utilizados afastador labial (Jon, São Pau- ver espaço, o gel clareador escoará e ficará em lo), óculos de proteção, protetor intrabucal contato com a gengiva marginal, promovendo e sugador plástico acoplado à bomba vácuo irritação gengiva e desconforto ao paciente. O de alta potência de sucção. Foi utilizado iso- agente clareador utilizado foi o Opalescence lamento relativo da gengiva com o protetor Xtra Boost (Ultradent, EUA), à base de peróxido R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 59 Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório Figura 5 - Vista lateral após a terceira sessão do gel clareador. Figura 6 - Aspecto do sorriso 30 dias após o tratamento clareador. de hidrogênio a 38%, aplicado sobre a super- ver o aspecto final da clareação dentária, após fície vestibular dos dentes no arco superior, 30 dias do término do tratamento clareador. sem aplicação de qualquer fonte de luz (Fig. 3). O paciente foi submetido a 3 sessões de clareação, com intervalo de 1 semana entre elas (Fig. 4). O tratamento clareador foi realizado da mesma forma, alterando apenas o gel clareador. Em cada sessão clínica, foi aplicado o gel de A jovem paciente possuía os dentes hereditaria- peróxido de hidrogênio a 38%, que permane- mente amarelados, considerada a melhor indi- ceu por 45 minutos. Não foi utilizado qualquer cação para a clareação de dentes vitais (Fig. 7). tipo de fonte auxiliar (luz halógena, LED, LED Em pacientes mais idosos, a clareação dentária + laser infravermelho, laser ou arco de plasma) responde mais lentamente, devido à menor per- pois a clareação dentária depende do agente meabilidade do dente, necessitando de mais clareador e não da fonte auxiliar sessões, ou dias de tratamento, para se obter 3,8,9 , ou seja, não existe necessidade da associação de fon- 60 CASO CLÍNICO 2 um bom resultado. te catalizadora. O próprio fabricante do gel Para a clareação dos dentes vitais, foi utiliza- clareador não recomenda o uso de fonte de do o isolamento relativo da gengiva e a prote- luz. A camada de gel aplicada na vestibular dos ção do paciente da mesma maneira do caso clí- dentes superiores foi de, aproximadamente, nico 1. O agente clareador utilizado foi o White 1mm de espessura. Com o auxílio de um pincel, Gold Office (Dentsply, Brasil) à base de peróxido o gel foi movimentado, para liberar eventuais de hidrogênio a 35%, aplicado sobre a superfície bolhas de oxigênio e melhorar o contato com vestibular dos dentes a serem clareados, simul- os dentes. taneamente nos arcos superior e inferior. Após os 45 minutos de cada sessão clínica, O gel clareador é composto de duas seringas, o agente clareador e a barreira gengival Gingi uma contendo o peróxido de hidrogênio e outra Dam foram removidos. Nas figuras 5 e 6 pode-se o ativador. A mistura do gel clareador seguiu as R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 Fabiano Carlos Marson, Luis Guilherme Sensi, Rodrigo Reis Figura 7 - Dentes naturais vitais amarelados. Figura 8 - Aspecto após aplicação do gel clareador White Gold Office (Dentsply) sobre a face vestibular dos dentes, permanecendo por 45 minutos sem remoção do agente clareador. normas do fabricante, acoplando as duas bisnagas e misturando o peróxido com o ativador por 20 vezes. O mesmo foi aplicado, com a ponteira, sobre a superfície vestibular dos dentes a serem clareados (Fig. 8, 9). Nenhuma fonte de luz foi aplicada. A paciente foi submetida a três sessões de clareação com peróxido de hidrogênio a 35%, com uma aplicação do gel clareador em cada Figura 9 - Observa-se os itens fundamentais para a clareação dentária no consultório: afastador labial, protetor lingual, óculos de proteção e sugador de alta potência. sessão clínica, com duração de 45 minutos em cada consulta, o intervalo entre as sessões foi R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 61 Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório Figura 10 - Remoção do agente clareador White Gold Office com sugador endodôntico, após aplicação. de 7 dias. Para que haja uma maior estabilidade Com auxílio de um pincel, o gel foi movi- da cor na técnica no consultório, é necessário mentado, para liberar eventuais bolhas de oxi- que se realize de duas a três sessões clínicas, ou gênio e melhorar o contato com os dentes. Para a associação das técnicas (caseira e consultório). remoção do gel clareador, foi utilizada a cânula A paciente foi monitorada, evitando-se o conta- aspiradora, evitando o contato do gel com os to do gel com a gengiva, e consultada quanto ao tecidos marginais (Fig. 10). desconforto ou sensibilidade. 62 R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 Ao final de cada sessão, foi aplicado flúor neu- Fabiano Carlos Marson, Luis Guilherme Sensi, Rodrigo Reis Figura 11 - Aspecto frontal do sorriso após o tratamento clareador. Figura 12 - Aspecto laterais do sorriso. tro incolor por 10 minutos, com o objetivo de DISCUSSÃO evitar a sensibilidade dentária e a remineraliza- No surgimento da técnica de clareação ção do esmalte. Não há necessidade de polimen- dentária no consultório, foi preconizada a as- to dos dentes, a fim de evitar a desmineralização sociação de fontes auxiliares de energia (luz e o desgaste no elemento dentário. O aspecto halógena, arco de plasma, LED, LED + laser infra- final após as 3 sessões clínicas pode ser visto nas vermelho, e laser) com o objetivo de acelerar a figuras 11 e 12. reação de oxi-redução do gel clareador25. Porém, R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 63 Novo conceito na clareação dentária pela técnica no consultório vários trabalhos realizados em ambiente labo- fator importante, pois as soluções clareadoras ratorial ou clínico comprovaram que o impor- com pH ácido podem promover alterações na tante no resultado final da clareação é o agen- topografia e permeabilidade do esmalte e maior te clareador utilizado, o tempo de aplicação e sensibilidade dentária2,21. O pH neutro ou bási- o número de sessões clínicas, e não a fonte de co dos agentes clareadores pode minimizar as luz . A utilização das fontes auxiliares alterações na estrutura dentária e os efeitos co- de luz é apenas mais uma promessa milagrosa, laterais, como sensibilidade dentária e irritação (dentre tantos outros mitos já lançados no mer- gengival3,21. 10,12,13-20,22,23 Neste estudo foi verificado que, após um cer- cado odontológico). A indicação padrão do tempo de aplicação dos to tempo da manipulação do agente clareador, agentes clareadores, na técnica no consultório, o pH ficou ácido. Por isso, esses materiais devem é de, no máximo, 15 minutos, porém, não há na ser removidos em até 25 minutos após sua ma- literatura uma base consolidada sobre este pro- nipulação. Os géis clareadores que mantêm o tocolo. Verifica-se, através dos resultados, que a pH básico ou próximo do neutro podem ser uti- decomposição do agente clareador em relação lizados, sem troca, sobre o elemento dentário, ao tempo é mínima, sem diferença estatística, permanecendo sobre a estrutura dentária por ou seja, os agentes clareadores avaliados pro- até 45 minutos. movem clareação após 15 minutos . 17,18 Na clareação dentária, quando empregada a CONCLUSÃO técnica no consultório, é preconizado o uso de O gel clareador utilizado na técnica no con- agente clareador em alta concentração (peróxi- sultório é estável, em relação à sua decomposi- do de hidrogênio de 35% a 38 %), o que pode ção, até 45 minutos após a sua aplicação. promover alterações na morfologia dos tecidos e nas estruturas dentárias . Porém, os dados 5,24 referentes às alterações morfológicas dos te- Para um melhor resultado na técnica no consultório, é necessário que se realize, no mínimo, duas sessões clínicas. cidos dentários são conflitantes, em função da Na clareação dentária pela técnica no con- grande variedade de metodologias utilizadas, sultório não há necessidade do uso de fontes bem como da diversidade dos agentes clarea- ativadoras. dores, tempo de aplicação, suas concentrações, O gel clareador não precisa ser trocado de 15 pH do agente clareador e marcas comerciais em 15 minutos na mesma sessão clínica, para . Entretanto, os efeitos adversos ve- agentes clareadores que até 45 minutos mante- utilizadas 1,24 rificados in vitro não são encontrados quando realizados in situ ou in vivo nham seu pH acima do pH crítico. . 11,12 A maior preocupação na indicação das técnicas de clareação é a possibilidade da desmineralização do esmalte dentário. Alguns géis clareadores possuem pH ácido, o que pode favorecer essa desmineralização. Os agentes clareadores avaliados neste estudo, inicialmente, possuíam pH próximo ao neutro ou básico, 64 R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008 Enviado em: maio de 2008 Revisado e aceito: junho de 2008 Fabiano Carlos Marson, Luis Guilherme Sensi, Rodrigo Reis New concept for the in-office bleaching technique Abstract The aim of this work was to evaluate the decom- hydrogen peroxide dosage, in relation to time, position time and pH of in-office bleaching gels followed the USP recommendations, whereas the and their relation to the application time. Four evaluation of pH was completed through Merck’s bleaching gels were selected and divided in the universal indicating paper. ANOVA indicated that following experimental groups: G1 - Opalescence the hypothesis of equality between the groups Xtra Boost (Ultradent); G2 - Whiteness HP Maxx was true, evaluating the factor decomposition (FGM); G3 - Lase Peroxide Sensy (DMC) and G4 - in relation to time. Therefore, there’s no need to White Gold Office (Dentsply). The manipulation replace the bleaching gel during in-office bleach- of the bleaching gel followed the manufacturers’ ing sessions as long as the used gel keeps its instructions. The method for evaluation of the neutral pH. KEY WORDS: Dental bleaching. Carbamide peroxide. Peroxide hydrogen. Referências 1. AL SHETHRI, S.; MATIS, B. A.; COCHRAN, M. A.; ZEKONIS, R.; STROPES, M. A. Clinical evaluation of two in office bleaching products. Oper. Dent., Seatle, v. 28, no. 5, p. 488-495, Sept./Oct. 2003. 2. ANDRADE, A. P. Efeito da técnica de clareamento no conteúdo mineral do esmalte dental humano. 2005. 92 f. 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Aspen Park Trade Center CEP: 87.013-040 - Centro - Maringá / PR E-mail: [email protected] 66 R Dental Press Estét, Maringá, v. 5, n. 3, p. 55-66, jul./ago./set. 2008
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